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CHOQUE OBSTRUTIVO

Definição
Definido como uma redução do débito cardíaco secundário a um enchimento ventricular
inadequado.
Fisiopato : Ocorre devido ao bloqueio mecânico de fluxo sanguíneo na circulação pulmonar
ou na sistêmica, o que acarreta na diminuição do débito cardíaco, uma vez que o retorno
venoso está prejudicado e não há o adequado enchimento ventricular. Geralmente acomete
o ventrículo direito.

Causas
Aumento da pressão intratorácica: pneumotórax hipertensivo
Fisiopatologia: Ar no espaço pleural promovendo aumento da pressão intrapleural e
diminuição do volume pulmonar. Essa pressão aumentada leva ao colapso mecânico das
grandes veias, como a cava inferior.. Assim, o retorno venoso é comprometido, diminuindo o
débito cardíaco, fazendo hipotensão arterial e choque.
CLÍNICA: dor torácica, dispnéia, taquicardia e distensão de jugulares.

Tamponamento cardíaco: trauma, câncer


Fisiopatologia: ocorre um acúmulo de líquido entre as lâminas parietal e visceral do
pericárdio seroso do coração. Como o pericárdio fibroso (que está mais externo ao seroso)
possui uma consistência mais firme, há um aumento concêntrico do pericárdio. Assim,
tem-se aumento da pressão intrapericárdica com consequente diminuição do retorno
venoso e da dilatação ventricular durante a diástole, o que acarreta em baixo volume
diastólico e consequentemente sistólico, reduzindo assim o débito cardíaco, o que gera
hipotensão arterial e choque.
É comum em ferimentos penetrantes, mas pode ocorrer também em traumas
torácicos contusos, infecções, neoplasias e rupturas miocárdicas pós IAM.
CLíNICA : taquicardia, pulso paradoxal ( queda da PA maior que 10-12 mmHg durante
inspiração ), distensão das jugulares e hipotensão.

Tromboembolismo pulmonar
Fisiopatologia: na existência de um trombo na circulação venosa, este pode destacar
pequenos êmbolos devido ao atrito do fluxo sanguíneo. Por meio do retorno venoso, os
êmbolos atingem o coração direito, passam pelas artérias pulmonares e chegam aos
capilares pulmonares. Devido ao pequeno calibre, os êmbolos estacionam e obstruem
esses vasos. Quando uma rede capilar fica significativamente obstruída, há aumento da
pressão na artéria pulmonar, diminuindo a capacidade de contração do ventrículo direito,
com sua consequente dilatação e disfunção. A dilatação do VD gera abaulamento do septo
interventricular em direção ao VE, reduzindo sua capacidade de enchimento. Assim, há um
débito cardíaco baixo.

Clínica
Pacientes com PA sistólica < 90 mmHg ou 30 % abaixo da PA basal
Taquicardia, pulso filiforme
Evidências de má perfusão tissular periférica. Paciente se encontra com
extremidades pálidas, frias, viscosas e, frequentemente, cianóticas, assim como os lóbulos
das orelhas, o nariz e os leitos ungueais. O tempo de enchimento capilar é prolongado
Os pulsos periféricos são fracos e tipicamente rápidos
Alteração do estado mental (letargia, confusão, sonolência
Oligúria (má perfusão renal)
Congestão pulmonar
Diagnóstico:
achado sugestivo de choque obstrutivo é a turgência da jugular, sem
edema pulmonar.
● Hemograma, eletrólitos, glicemia e exame de urina;
● Exames de raios-X;
● Eletrocardiograma;
● Ureia e creatinina;
● TGO, TGP e bilirrubinas;
● Gasometria venosa e arterial;
● Lactato;
● Enzimas cardíacas;
● BNP;
● D-dímero;
● Ultrassom de abdômen.

Exames complementares
● acidose metabólica (HCO3- < 20 mEq, pH < 7,3, BE < 0)
● Débito urinário < 0,5 mL/kg/hora
● Lactato > 3 mmol/L
● PaCO2 < 32 mmHg
Fatores de risco:
● Trauma;
● Doenças autoimunes;
● Câncer;
● Tuberculose (esses fatores em relação ao tamponamento pericárdico);
● Hipertensão pulmonar aguda (em relação à embolia pulmonar);
● Ventilação mecânica com altos valores de PEEP;
● Síndrome da veia cava superior;
● Tumores no mediastino (em relação à obstrução extrínseca ou de estruturas
adjacentes ao coração).

Tratamento : realizado através do tratamento da causa do choque


Pneumotórax hipertensivo: deve ser tratado assim que o diagnóstico for realizado. É
feita com uma punção com agulha de grande calibre no segundo ou terceiro espaço
intercostal anterior, na linha hemiclavicular sob o bordo superior da costela, mudando de
pneumotórax hipertensivo para um pneumotórax aberto.
Tamponamento pericárdico: drenagem do derrame, administração de volume
visando ao aumento do enchimento ventricular.
A drenagem do derrame por descompressão cirúrgica é preferida em
situações normais. Porém, em situações de risco imediato é recomendado a
pericardiocentese
Tromboembolismo pulmonar: rápida desobstrução da artéria pulmonar, que pode ser
conseguida através de trombolíticos, que promovem uma reperfusão pulmonar mais
precoce que a heparina. Ou ainda a embolectomia.
Referência:
1. MOURÃO JÚNIOR, C.A.; SOUZA, F.S. Fisiologia do Choque. HU Revista, Juiz de
Fora, v. 40, n. 1 e 2, p. 75-80, jan./jun. 2014.
2. TRENTINI, M. C. Choque. Botucatu-SP, 2011. 20 f. Trabalho de Conclusão de Curso
– Faculdade de Medicina Veterinária Zootecnia – Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” – UNESP.
3. Obstructive Shock. Cleveland Clinic, 2022. Disponível em:
https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/22768-obstructive-shock. Acesso em:
27 março 2023.
4. VOLSCHAN, André. Choque obstrutivo. Rev Socerj, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p.
67-69, jun. 2001.
5. PERICÁRDICO, TAMPONAMENTO. Choque obstrutivo. Rev SOCERJ, v. 14, n. 2, p. 67,
2001.
6.

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