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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA – PROBLEMA 4 3) Com a progressão da doença:

A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica em que o


De acordo com ACC/AHA que enfatiza o desenvolvimento e a
coração é incapaz de bombear sangue de forma a atender às
progressão da doença.
necessidades metabólicas tissulares, ou faz apenas com elevadas
pressões de enchimento.

Causada por alterações estruturais ou funcionais


cardíacas e caracteriza-se por sintomas e sinais
típicos, com redução do DC e elevadas pressões de
enchimento no repouso ou no esforço. Pode haver
perda de massa miocárdica, cursando com dilatação
e/ou hipertrofia compensatória do VE.

No Brasil, a principal etiologia é a cardiopatia


isquêmica crônica, seguida de HAS. 4) Quanto ao lado do coração:

CLASSIFICAÇÃO ESQUERDA: Decorrente da disfunção do lado esquerdo,


1) Pela fração de ejeção ou mecanismos fisiopatológicos: geralmente, insuficiência ventricular esquerda, que cursa com
congestão pulmonar (dispneia, ortopneia, dispneia paroxística
A função sistólica (capacidade de ejetar o sangue) pode ser noturna.
estimada pela Fração de Ejeção (FE), definida como o percentual
do volume diastólico final que é ejetado, ou seja: FE = DS/VDF x Exemplos: IAM, cardiopatia hipertensiva,
100. Normal = 50-70%. miocardiopatia idiopática ou por doença valvar.

Dividido em IC com fração de ejeção preservada (FEVE normal; ≥ DIREITA: Disfunção do lado direito, geralmente por insuficiência
50%), ou IC com fração de ejeção reduzida (< 40%). ventricular direita, que cursa com congestão sistêmica
(turgência jugular patológica, hepatomegaila, ascite, edema de
Pacientes com fração de ejeção entre 40-49% é chamada de IC MMII.
de fração de ejeção intermediária.
Exemplos: cor pulmonale, infarto do ventrículo direito
Esta diferenciação é importante devido a relação com as e miocardiopatias.
etiologias, as comorbidades associadas e à resposta à
terapêutica. BIVENTRICULAR: quando cursa com congestão sistêmica e
pulmonar pelo acometimento dos dois lados.
A IC de fração de ejeção reduzida também pode ser chamada de
sistólica, devido a perda da capacidade contrátil do miocárdio, 5) De acordo com débito cardíaco:
que provoca a dilatação ventricular, causa baixo DC e aumento
do VDF. BAIXO DÉBITO:

A IC de fração de ejeção normal também pode ser chamada de ALTO DÉBITO:


diastólica, devido a contração do miocárdio está normal, mas há
restrição patológica ao enchimento diastólico, podendo ocorrer ETIOLOGIA
por alteração do relaxamento muscular ou redução da
complacência ventricular.

2) Com a gravidade dos sintomas:

De acordo com NYHA, se baseia na tolerância ao exercício e varia


da ausência de sintomas até a presença dos sintomas em
repouso.

Pacientes em NYHA III a IV apresentam condições clínicas MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS


progressivamente piores, internações hospitalares mais Normalmente os pacientes são assintomáticos, no entanto
frequentes e maior risco de mortalidade. devido ao baixo débito ou pela síndrome congestiva iniciam-se
os sintomas.
Os pacientes com NYHA II apresentam sintomas mais estáveis e
internações menos frequentes, mas pode haver morte súbita SÍNDROME CONGESTIVA PULMONAR:
sem piora de sintomas.
Com comprometimento do VE → pulmões congestos com
acúmulo de líquido intersticial e intra-alveolar.

Congestão aumenta dispneia: dispneia aos esforços


(devido ao aumento da pressão de enchimento);
ortopneia; dispneia paroxística noturna.

EDEMA AGUDO DE PULMÃO:

É o extremo da congestão pulmonar.

Paciente com intensa crise de taquidispneia e ortopneia,


associada à insuficiência respiratória e cianose central.
DIAGNÓSTICO
Expectoração de líquido róseo.
EXAME FÍSICO:
Estertores pulmonares audíveis acima da metade do hemitórax; Pesquisa de sinais de aumento da pressão venosa jugular e
presença de B3 na ausculta cardíaca.
A PA capilar pulmonar > 25 mmHg e o raio X com infiltrado
bilateral em asa de borboleta e dilatação vascular. Pulso arterial: no início é normal, e em fases mais avançadas
pode ter baixa amplitude pelo baixo débito cardíaco.
SÍNDROME CONGESTIVA SISTÊMICA:
Pulso venoso e turgência jugular: DADO FUNDAMENTAL!
Com o avançar da disfunção de VE → hipertensão arterial Turgência jugular patológica a 45º é um sinal fidedigno e precoce
pulmonar secundária → VD sobrecarregado entra em falência de IVD.
→ insuficiência biventricular → síndrome de congestão
sistêmica, o que pode haver melhora da congestão pulmonar Pesquisa do refluxo hepatojugular, faz-se pressão sobre o QSD
porque chega menos sangue ao pulmão. do abdome observando se haverá aumento na altura do pulso
jugular > 1 cm. Se houver, RHJ presente;
Sintomas predominantes são incômodos causados pela
síndrome edemigênica e de congestão orgânica: edema de Ausculta cardíaca: A B1 pode ser hipofonética
MMII, bolsa escrotal, ascite, dispneia por derrame pleural, dor (hipocontratilidade do VE) e B2 hiperfonética (hipertensão
abdominal em hipocôndrio direito devido hepatomegalia arterial pulmonar).
congestiva; congestão da mucosa intestinal causa saciedade
Aparecimento da terceira bulha, produzido pela desaceleração
precoce, dor abdominal difusa, náuseas, diarreia e enteropatia
do fluxo de sangue no final da fase de enchimento rápido da
perdedora de proteína.
diástole.
SÍNDROME DE BAIXO DÉBITO:
Aparecimento de quarta bulha é mais comum na isquêmica e na
Acentuada nos casos de IC sistólica. cardiopatia hipertensiva.

Aparece inicialmente aos esforços, devido a incapacidade do Sopro sistólico em foco mitral, causado pela insuficiência mitral
coração de aumentar o débito durante o esforço. secundária à dilatação do VE.

Sintomas: fadiga muscular, indisposição, mialgia, cansaço, Ausculta pulmonar: estertores pulmonares nos terços inferiores
lipotímia → ocorre por inadequada perfusão muscular durante dos hemitórax ocorrem na IVE, devido à congestão e edema
o esforço físico. pulmonar.

EMAGRECIMENTO E CAQUEXIA CARDÍACA: A síndrome de derrame pleural é frequente na IVE e na IC


biventricular, pois a drenagem pleural é dependente do sistema
Paciente com IC tende a perder massa muscular devido a venoso pulmonar e sistêmico.
alteração entre o débito cardíaco e a demanda metabólica da
musculatura esquelética. Anasarca: nas fases avançadas, com IC biventricular, o paciente
apresenta edema generalizado, com predomínio nas regiões
Pode haver redução da absorção intestinal de nutrientes. dependentes da gravidade (MMII e bolsa escrotal).

CHOQUE CARDIOGÊNICO: O extremo da insuficiência cardíaca, Hepatopatia congestiva: muito comum, frequentemente
manifestação comum nas formas agudas graves ou terminal da dolorosa, distensão aguda da cápsula hepática.
forma crônica de ICC. Estado de choque (hipoperfusão orgânica
generalizada), associado à hipotensão grave (PA sistólica < 80
mmHg) que não responde à reposição volêmica.
Casos muito agudos descompensados podem levar à congestão
hepática grave, havendo icterícia, hiperbilirrubinemia, aumento
das transaminases, insuficiência hepática.

Respiração de Cheyne-Stokes: período de apneia alternando-se


com período de hiperpneia, geralmente ocorre durante o sono.

EXAMES COMPLEMENTARES
1) ECOCARDIOGRAMA

EXAME DE ESCOLHA PARA DIAGNÓSTICO E SEGMENTO.

Avalia função ventricular sistólica esquerda e direita, função


diastólica, espessuras parietais, tamanho das cavidades, função
valvar, estimativa hemodinâmica não invasiva e das doenças do
pericárdio. 3) ELETROCARDIOGRAMA EM REPOUSO:

A volemia é o principal determinante para a presença de sinais e Recomendada na avaliação inicial de todos os pacientes com IC,
sintomas relacionados à IC, a possibilidade de se obterem para avaliar sinais de cardiopatia estrutural, como HVE, isquemia
estimativas das pressões intracavitárias pelo ecocardiograma miocárdica, áreas de fibrose, distúrbios de condução
torna este método valioso na avaliação dos pacientes com atrioventricular, bradicardia, taquiarritmias.
suspeita de IC.
4) RADIOGRAFIA DO TÓRAX:
O ecocardiograma é indicado de maneira rotineira em pacientes
com mudança significativa do estado clínico, com Recomendada na avaliação inicial dos pacientes com sinais e
descompensação da IC ou perante progressão de sintomas. sintomas de IC para avaliar cardiomegalia e congestão pulmonar.

Realização de novo eco em 3 a 6 meses após tratamento com Este exame tem mais valor no contexto da IC aguda, em que as
medicações que modificam o prognóstico, para avaliar alterações da congestão pulmonar são mais intensas.
remodelamento reverso e estratificação do prognóstico.
5) RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CARDÍACA
2) PEPTÍDEOS NATRIURÉTICOS
Método padrão ouro para medidas dos volumes, massa
Os peptídeos natriuréticos BNP e NT-proBNP são necessários e miocárdica e da fração de ejeção de ambas as cavidades
auxiliam de forma considerável para diagnóstico de IC em ventriculares.
emergências e ambulatoriais.
6) SPECT de perfusão miocárdica
Observação: Os peptídeos elevam-se em condições de anemia,
A cintilografia miocárdica de perfusão pela técnica tomográfica
IRC, idade avançada e estão mais baixos quando há obesidade.
deve ser considerada para a avaliação funcional não invasiva da
perfusão miocárdica naqueles pacientes portadores
de DAC sem angina nos suspeitos de DAC, para
avaliar isquemia e viabilidade miocárdica.

7) PET:

Avaliação do metabolismo energético miocárdico e


indicar a presença da viabilidade miocárdica.

8) ANGIOTOMOGRAFIA CORONÁRIA
Observação 2: A dosagem de peptídeos natriuréticos está
Avaliação não invasiva da presença de DAC nos pacientes com IC
incluída como critério diagnóstico de ICFEp (sinais e sintomas de
IC, níveis elevados de peptídeos, sinais ecocardiográficos que 9) TESTE DE ESFORÇO CARDIOPULMONAR
sugiram alteração estrutural e/ou disfunção diastólica).
Permite a avaliação objetiva e quantitativa da capacidade
funcional, pela medida do consumo de volume de oxigênio no
pico do esforço, além de avaliar outras variáveis prognósticas,
como relação entre ventilação e produção de CO2 e ventilação
oscilatória durante o esforço.

PREVENÇÃO
A prevenção de IC envolve abordagem por estágios, de modo
que pacientes em estágios A e B não desenvolveram sinais e
sintomas de IC.
Prevenção do estágio A: A intensidade e duração do tabagismo 3) ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES
associado a marcadores séricos de injúria miocárdica e MINERALOCORTICOIDES
anormalidades na estrutura e na função cardíacas. (Espironolactona/eplerenona):

A ingesta de álcool em quantidade leve à moderada poderia Indicados em pacientes sintomáticos com disfunção sistólica do
estar associada ao menor risco de IC. A elevação das VE, em classes funcionais II a IV da NYHA, associados ao
transaminases hepáticas parece identificar os indivíduos com tratamento padrão, apresentando efeitos sobre mortalidade e
maior risco de IC relacionado ao consumo de álcool. re-hospitalização.

A HAS é fator de risco para desenvolvimento de IC, tanto por A dose inicial recomendada é de 25 mg ao dia, podendo ser
aumentar o risco de IAM quanto por levar anormalidades na aumentada para 50 mg ao dia, caso os níveis séricos de potássio
estrutura e na função cardíaca pelo aumento da pós carga estejam adequados, ou reduzida para 12,5 mg ao dia ou em dias
arterial. O tratamento de IC reduz o risco de hospitalização. alternados em casos elevados de potássio.

Em pacientes com DAC, as estatinas tem efeito modesto na Não se deve administrar a combinação de antagonista da
progressão para IC. aldosterona, IECA e BRA, pelo risco de efeitos colaterais, em
especial de hipercalemia.
Prevenção do estágio B: Uso de IECA em pacientes
assintomáticos com fração de ejeção reduzida, de etiologia O uso de espironolactona em pacientes com insuficiência renal
isquêmica ou não, reduz a chance de progressão para IC e níveis séricos limítrofes de potássio deve ser feito com cautela,
sintomática. necessitando-se de monitorização frequente e periódica da
função renal e de eletrólitos.
Antagonista de aldosterona reduz a mortalidade pós IAM.
4) INIBIDORES DA NEPRILISINA E DOS RECEPTORES DA
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ANGIOTENSA (Sacubitril/Valsartana)
COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA
1) IECA E BRA Nova classe terapêutica que atua simultaneamente no SRAA e na
endopeptidase neutra (inibidor da neprilisina e do receptor de
Benefícios na evolução dos pacientes com ICFEr, tanto em angiotensina – INRA).
relação à morbidade, como à mortalidade, além de conferir
melhora da qualidade de vida. O primeiro fármaco da classe é o LCZ696, que é uma molécula
que combina a valsartana e o sacubitril (inibidor da neprilisina)
Os BRAs são alternativa com eficácia comparável aos IECA, em uma única substância. Ao inibir a neprilisina, a degradação
indicados em pacientes com intolerância ou alergia. de peptídeos natriuréticos, da bradicinina e de outros peptídeos
é diminuída.
A intolerância aos IECAs é definida pela presença de tosse
persistente e debilitante ou angioedema. Foi recomendada a troca de IECA/BRA para sacubitril/valsartana
nos pacientes com ICFEr que persistem sintomáticos, mesmo
Devido ao risco de piora da função renal, hipercalemia e após o emprego de doses otimizadas dos bloqueadores neuro-
hipotensão arterial, os IECA/BRA devem ser introduzidos em hormonais.
doses baixas e titulação progressiva até atingir doses alvo.
Dose inicial de sacubitril/valsartana é de 49/51 mg,
2) BETABLOQUEADOR respectivamente a cada 12 horas, para pacientes em uso de
doses altas de IECA/BRA com pressão arterial preservada.
Fármacos de primeira linha do tratamento da ICFEr, determinam
benefícios clínicos na mortalidade global, na morte por IC e Pacientes com pressão arterial reduzida, idosos ou pacientes que
morte súbita, além de melhora sintomas e reduzir taxas de toleram apenas doses baixas de IECA/BRA, a dose inicial deve ser
rehospitalização por IC. 24/26 mg a cada 12 horas. As doses devem ser aumentadas
progressivamente a cada 2 a 4 semanas, mediante monitoração
Uso de carvedilol, bisoprolol e succinato de metoprolol.
da função renal e eletrólitos, e sintomas hipotensivos, até a dose
Sobre o uso dos BB na ICFEr sintomática: O remodelamento alvo de 97/103 mg a cada 12 horas.
reverso e aumento da FEVE, e a consequente melhora dos
Para minimizar o risco de angioedema causado pela
sintomas de IC ocorrem apenas algumas semanas ou meses após
sobreposição de IECA e inibição da neprilisina, o IECA deve ser
a introdução do BB. Desta forma, deve-se iniciar o tratamento
suspenso pelo menos 36 horas antes de iniciar o
com doses baixas, com aumento progressivo a cada 2 semanas,
sacubitril/valsartana, e o tratamento combinado com um IECA
mediante monitoração de bradicardia ou piora dos sintomas de
(ou BRA) e sacubitril/ valsartana está contraindicado.
IC. Caso haja acentuação dos sintomas, ajuste de diuréticos e
vasodilatadores deve ser tentada antes de se considerar a 5) IVABRADINA
redução da dose ou suspensão do BB.
A FC elevada é um marcador de eventos em IC, podendo ser
Na presença de bloqueios atrioventriculares, deve-se, considerada um alvo terapêutico.
primeiramente, reduzir ou suspender outros fármacos que
atuem no nodo atrioventricular, como digoxina e amiodarona. A ivabradina inibe seletivamente a corrente If no tecido do nó
sinoatrial, reduzindo a FC.
O uso da ivabradina em pacientes em ritmo sinusal, A IC aguda é classificada de acordo com quatro aspectos:
sintomáticos, com FC ≥ 70 bpm e FEVE ≤ 35% foi associada à síndrome clínica de apresentação (insuficiência ventricular
redução do desfecho de morte cardiovascular ou hospitalização esquerda, IC congestiva, choque cardiogênico e edema agudo de
por IC, redução de hospitalização total, redução da pulmão); tempo de evolução da doença (IC aguda nova ou
hospitalização por IC e morte por IC. crônica agudizada); tipo de disfunção ventricular (IC com ICFEp
− considerada FEVE > 50%; IC com ICFEi − ou seja, com FEVE 40%
A ivabradina não deve ser utilizada durante a gravidez. e 50%; e ICFEr representada por FEVE < 40%); e modelo clínico-
hemodinâmico, por meio do exame clínico avalia a presença de
6) DIGITÁLICOS (digoxina) congestão ou baixo débito cardíaco, classificando o paciente em
quatro categorias (quente-congesto, se sem baixo débito com
Correlação com diminuição das hospitalizações por IC e redução
congestão; quente-seco, se sem baixo débito ou congestão; frio-
em mortes relacionadas à IC.
congesto, se baixo débito e congestão; e frio-seco, se com baixo
7) DIURÉTICOS DE ALÇA E TIAZÍDICOS debito e sem congestão

Utilizados em pacientes com IC para alívio de congestão, devido ABORDAGEM INICIAL


ao efeito terapêutico ao provocar diurese e alívio de sobrecarga 1º. Definição do risco imediato de vida.
volêmica.
2º. Diagnóstico de IC aguda;
8) NITRATO E HIDRALAZINA
3º. Perfil de risco prognóstico intra-hospitalar
Primeira estratégia vasodilatadora que demonstrou efeitos
benéficos sobre desfechos clínicos em pacientes com IC. 4º. Terapêutica admissional.

Estas quatro etapas são realizadas dentro dos primeiros 120


Inferior ao uso de IECAs.
minutos de admissão, para estabelecer o tratamento.
A associação nitrato-hidralazina melhorou a qualidade de vida e
DEFINIÇÃO DO PACIENTE DE ALTO RISCO DE VIDA IMEDIATO
reduziu em 33% a taxa de hospitalizações por IC.
Avalia o paciente através do fator causal, da apresentação
clínica, presença de arritmias ou bradiarritmias ou
alterações isquêmicas agudas no ECG, na presença da
elevação de troponina ou de indicadores de inflamação.

Estes pacientes devem ser tratados nos primeiros 30


minutos da admissão.

DIAGNÓSTICO
Etapas: presença ou não de IC aguda; modelo
fisiopatológico de apresentação (aguda nova ou crônica
agudizada); tipo de insuficiência cardíaca (ICFEp ou ICFEr);
definição do fator etiológico e a presença do fator
descompensador; modelo clínico-hemodinâmico; presença
de comorbidades não cardiovasculares descompensadas;
e, por fim, perfil de risco prognóstico clínico admissional.

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA


COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO PRESERVADA
Nos pacientes com ICFE preservada não houve benefícios
quanto a mortalidade com o esquema farmacológico, portanto,
deve ser realizado controle dos fatores de risco (HAS, DM,
Obesidade) e uso de BRA e espironolactona para reduzir
internações.

INS UF I C IÊN C IA CA R D ÍA C A AG U DA
A IC aguda é uma das principais causas de internação hospitalar,
estando relacionada ao aumento da mortalidade e a
necessidade de reinternação em curto e longo prazos.

As principais etiologias: isquêmica, hipertensiva, dilatada


idiopática, valvar, doença de Chagas.
A suspeita clínica de IC aguda tem como base a identificação da A radiografia de tórax permite a avaliação da área cardíaca e da
presença da congestão pulmonar ou sistêmica por meio da congestão pulmonar, ajuda na diferenciação das causas
história clínica e do exame físico. torácicas e pulmonares de dispneia.

O ecocardiograma deve ser realizado em todos os


pacientes nas primeiras 48horas de admissão, apresenta
particular importância nos pacientes com choque
cardiogênico e IC aguda nova, e as definições do fator
etiológico, do grau de disfunção ventricular, da avaliação
da congestão pulmonar e sistêmica e da identificação do
fator mecânico são importantes para direcionamento
precoce da terapêutica.

DESENVOLVIMENTO DA IC AGUDA

Os critérios de Framingham apresentam grande acurácia


diagnóstica podendo chegar a 75%.

A história clínica pregressa ou de internação por IC bem


definidos são fortes indicadores de diagnóstico positivo de IC
aguda.

Os exames laboratoriais e de imagem devem ser solicitados na


admissão para complementar a avaliação clínica no diagnóstico
da IC aguda, definir o fator causal e o diagnóstico diferencial,
detectar comorbidades que possam agravar a IC aguda, definir e
quantificar a congestão pulmonar e sistêmica e na presença de
baixo débito cardíaco, assim como auxiliar no estabelecimento
do perfil de risco admissional e prognóstico intra-hospitalar.

Os peptídeos natriuréticos devem ser utilizados na rotina da


avaliação diagnóstica admissional na sala de emergência de
pacientes com dispneia ou suspeita de IC aguda, pois
apresentam alto valor preditivo. Afastam diagnóstico quando
BNP < 100 pg/mL e NT-proBNT < 300 pg/mL. FATORES DE DESCOMPENSAÇÃO DA IC AGUDA

A presença de níveis elevados de BNP > 500 e NT-proBNP > 900


indicam fortemente o diagnóstico de IC aguda.

Outros exames laboratoriais que devem ser solicitados na


admissão são: troponina (na suspeita de doença arterial
coronária, miocardite ou Takotsubo); eletrólitos (Na, K e Mg);
função renal (ureia/ creatinina); proteína C-reativa;
coagulograma; proteínas totais e frações; hemograma
completo; transaminase glutâmico oxalacética (TGO),
transaminase glutâmico pirúvica (TGP) e bilirrubinas; TSH, se >
60 anos ou suspeita ou doença tireoidiana; glicemia; e
gasometria venosa e lactato.

O ECG permite suspeitar da etiologia de IC e da causa da


descompensação.
PERFIL CLÍNICO HEMODINÂMICO Temos, como principais distúrbios a serem identificados e
A avaliação clínica de sinais de congestão pulmonar ou sistêmica, corrigidos, presença de situação clínica de risco imediato de vida;
e da presença ou não de baixo débito cardíaco estabelece quatro suporte respiratório; terapêutica para correção dos distúrbios
modelos clínicos-hemodinâmicos, sendo o perfil de congestão clínicos e hemodinâmicos; tratamento dos fatores causais e
associado à ausência de sinais de baixo débito cardíaco (quente- desencadeantes; e tratamento de comorbidades
congesto) o mais frequentemente observado e de melhor descompensadas associadas.
prognóstico, e o manuseio terapêutico com diuréticos e
vasodilatadores.

Cerca de 20% dos pacientes apresentam o modelo de


congestão associado ao baixo débito cardíaco (frio-
congesto). Estes pacientes apresentam pior prognóstico e,
frequentemente, necessitam de suporte inotrópico
associado a diuréticos.

A utilização do ecocardiograma transtorácico ou ultrassom


torácico em conjunto com a avaliação clínica ajuda de
forma significativa a estabelecer com maior certeza o
modelo clínico-hemodinâmico do paciente.

PERFIL DE RISCO ADMISSIONAL


A estimativa de risco admissional do paciente de
mortalidade intra-hospitalar deve ser estabelecida por
meio do perfil de risco clínico.

SITUAÇÃO CLÍNICA DE RISCO IMEDIATO DA VIDA


O reconhecimento, na admissão ou nas primeiras 24 horas, de
situações que coloquem o paciente em alto risco, deve ser feito
de forma rotineira.

SUPORTE RESPIRATÓRIO
A presença de congestão pulmonar, associada ou não com a
redução do débito cardíaco, ocasiona redução da função
pulmonar e aumento do shunt intrapulmonar, com consequente
hipoxemia e aumento do trabalho respiratório → causa acidose
metabólica e disfunção orgânica e o comprometimento da
função cardíaca.
A escala mais validade é o ADHERE, que utiliza: PAS, BUN, ureia,
O suporte respiratório tem como alvo estabelecer SatO2 > 90%
creatinina sérica.
e redução do trabalho respiratório, tendo como opção a
oxigenoterapia com cateter nasal ou máscara, suporte
ventilatório não invasivo com pressão positiva e suporte
ventilatório invasivo com pressão positiva.

Oxigenoterapia está indicada em todos os pacientes com SatO2


< 90% com cateter nasal ou máscara, com oxigênio a 100% 3 a 5
L/minuto, sendo que em pacientes com DPOC o recomendado é
O protocolo tem quatro etapas principais, que necessitam ser 1 a 2 L/minuto.
cumpridas para o alcance dos benefícios clínicos: (1) diagnóstico
precoce e tratamento intenso e precoce para descongestão da Suporte ventilatório não invasivo com pressão positiva está
IC aguda; (2) monitorização clínica e laboratorial frequentes para indicado em todos os pacientes com SatO2 < 90% com esforço
detectar e corrigir precocemente o desenvolvimento de para- respiratório, ou desconforto respiratório, que não apresentaram
efeitos; (3) orientação terapêutica e de hábitos de vida pré-alta melhora com oxigenoterapia.
hospitalar; (4) reavaliação clínica e laboratorial em até 7 dias pós
alta hospitalar. O perfil de risco destes pacientes deve ser O suporte ventilatório invasivo deve ser considerado nos
reavaliado frequentemente, pois eles podem evoluir para uma pacientes que se mantêm sintomáticos e/ou hipoxêmicos
condição de risco mais elevada, indicando a necessidade de mesmo com outras formas não invasivas de suporte de oxigênio,
revisão da estratégia terapêutica. quando há insuficiência respiratória aguda, com choque
cardiogênico, na presença de desorientação, ou caso exista
MA N EJ O D O PA C IE N TE C O M I NS U F I CIÊ N C IA alguma contraindicação ao suporte mecânico respiratório não
CA R D ÍA CA AGU D A DE S C O MPE NS A DA invasivo.
A terapêutica admissional dos pacientes com IC aguda tem como
objetivos a correção dos distúrbios cardiopulmonares.
TERAPÊUTICA PARA CORREÇÃO DOS DISTÚRBIOS CLÍNICOS E SatO2 > 90% em ar ambiente; frequência cardíaca < 100 ppm;
HEMODINÂMICOS frequência respiratória < 22 irpm; PAS 110 a 130 mmHg.
A terapêutica se dá pela análise de variáveis clínicas obtidas do
fluxograma de diagnóstico admissional: modelo de 2) SÍNDROME CARDIORRENAL – ULTRAFILTRAÇÃO E
desenvolvimento da IC aguda + fator causal + PAS + modelo DIÁLISE
clínico hemodinâmico.
A coexistência de IR e IC é definido como síndrome cardiorrenal,
estando relacionado a um pior
prognóstico intra-hospitalar.

Na ausência de resposta adequada


aos diuréticos, os pacientes
necessitam de outras medidas para
remoção de fluido e redução das
escórias nitrogenadas, por isso o
uso da ultrafiltração e diálise.

3) VASODILATADORES

A definição dos perfis clínico-


hemodinâmicos à beira do leito, de
forma não invasiva, a partir de
aspectos do exame físico, é uma
estratégia segura e amplamente
utilizada para orientar o emprego
das drogas vasodilatadoras e/ou
agentes inotrópicos nos pacientes
com IC aguda.

Os vasodilatadores estão indicados


nos pacientes com perfil
hemodinâmico quente-congesto,
na ausência de hipotensão arterial
ou choque cardiogênico,
hipovolemia ou comorbidades
como sepse.

Os vasodilatadores endovenosos na
IC aguda tem atuação na redução
das pressões de enchimento
ventricular esquerdo e na redução
da impedância da ejeção do
ventrículo esquerdo, melhorando o
desempenho na função ventricular
e na redução da insuficiência mitral e aórtica →
TERAPÊUTICAS ADMISSIONAIS E DE MANUTENÇÃO aumento do débito cardíaco e melhora da perfusão
1) DIURÉTICOS renal.

O alvo terapêutico na IC aguda é a REDUÇÃO DA CONGESTÃO, 4) INOTRÓPICOS


que está presente na maioria dos pacientes.
Aplica-se para pacientes com hipotensão arterial sintomática,
A furosemida é o principal diurético utilizado, sendo usado de baixo débito cardíaco com disfunção orgânica ou no choque
forma intensa e com início precoce, para promover a cardiogênico.
descongestão de forma eficaz, com resultados de melhora
Objetivo de melhorar o débito cardíaco, a manutenção da
clínica, redução da internação e reinternação por IC.
pressão de perfusão e o fluxo adequado para órgãos.
Administrada por IV, com dose inicial de 20 a 40 mg, em bólus,
A dobutamina segue sendo o agente inotrópico mais usado, pois
em pacientes que não vinham em uso prévio ou com uso
melhora hemodinamicamente com aumento do débito cardíaco
crônico.
dose-dependente e não causa hipotensão arterial.
São alvos clínicos com a terapêutica diurética de descongestão
Pode ser associada à noradrenalina, em pacientes com choque
(8-10): diurese (1 L nas primeiras 6 horas; 1,5 a 2,5 mL/kg/hora);
cardiogênico.
ausência de ortopneia e esforço respiratório em 24 horas;
ausência de dispneia aos mínimos esforços em até 72 horas;
A milrinona apresenta propriedades inodilatadoras e promove O paciente muito sintomático (classe funcional III ou IV) ou
aumento do débito cardíaco e queda da resistência vascular descompensado da IC deve ficar de repouso o máximo possível.
pulmonar e sistêmica, sem aumentar o consumo miocárdico de
oxigênio. O repouso muscular reduz a demanda metabólica, facilitando o
trabalho cardíaco, que é manter um débito adequado para todos
A levosimendana apresenta efeito inotrópico positivo, associado os tecidos, sem elevar muito as suas pressões de enchimento.
com vasodilatação arterial e vascular pulmonar. Pode ser
utilizada em pacientes em uso de BB, mas possui efeito Assim, melhora o débito para o cérebro, para o miocárdio, para
hipotensor e arritmognico. as vísceras e, principalmente, para os rins. O aumento do fluxo
renal aumenta a diurese e reduz a liberação de renina e,
A noradrenalina está indicada em pacientes com importante consequentemente, angiotensina II e aldosterona, diminuindo a
hipotensão arterial ou choque cardiogênico, ou na presença de retenção de líquido e a congestão.
inflamação sistêmica associada ao quadro de IC aguda. Além de
aumentar o débito cardíaco, tem importante função Por outro lado, pacientes com IC compensada devem procurar
vasoconstritora para sustentar a PA. realizar atividades normais do dia a dia, de acordo com seu limite
individual.
Os inotrópicos apresentam benefícios na melhora da dispneia e
no baixo débito. CLÍNICA DE IC E REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR

Produzem melhora da perfusão de órgãos, com consequente Serviços especializados no manejo da IC por equipe
melhora na disfunção orgânica, assim como da contratilidade e multiprofissional parecem melhorar a adesão do paciente ao
redução da pós-carga. tratamento, aumentando sua qualidade de vida com o benefício
adicional de reduzir a frequência de hospitalizações e visitas às
5) DESMAME DE AGENTES ENDOVENOSOS unidades de emergência.

As drogas endovenosas (vasodilatadoras e inotrópicos) devem O portador de IC controlada (classe funcional II-III) também se
ser empregadas na fase inicial mais precoce do tratamento dos beneficia de programas de reabilitação cardiovascular
pacientes comic aguda, quando se espera alcançar a estabilidade monitorada e programada, aumentando a tolerância ao
hemodinâmica e o controle dos sintomas de dispneia. exercício e a qualidade de vida, sem, contudo, reduzir a
mortalidade por IC no longo prazo.
Após atingir a estabilidade hemodinâmica, também pelo efeito
de diuréticos em promover hipervolemia, as drogas CONTROLE DOS FATORES DESCOMPENSANTES
endovenosas devem ser retiradas de forma gradual e VACINA
substituídas por vasodilatadores orais. Com esta estratégia,
garante-se a manutenção dos efeitos hemodinâmicos benéficos Infecções nas vias aéreas são importantes fatores de
dos vasodilatadores e/ou inotrópicos sem que ocorra o "rebote" descompensação no portador de IC. Por este motivo, tais
e piora da congestão e queda do débito cardíaco indivíduos devem receber, rotineiramente, vacinação anti-
influenza e anti-pneumocócica
TR AT AME NT O NÃ O FA R MA C OL Ó GI C O DAS I C S
TABAGISMO
Medidas gerais
Aumenta o risco de doença coronariana e infecções pulmonares;
DIETA
portanto, devem ser estimulados a abandonar o tabagismo
O paciente com sintomas congestivos deve restringir a ingestão (ativo e passivo).
de sal. Quanto maior o consumo de sal, maior será o acúmulo de
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS (AINES):
líquido e a volemia do doente. No entanto, consumos muito
baixos de sal, principalmente no paciente que está tomando Tanto os AINEs clássicos como os inibidores seletivos da COX-2
diuréticos, podem baixar em excesso a volemia, precipitando
promovem retenção hidrossalina e elevação da pressão arterial.
sintomas de baixo débito cardíaco. Por isso, recomenda-se uma Os inibidores da COX-2 também possuem efeito pró-trombótico.
ingestão de 4-6 gramas de sal (NaCl) ou 2 a 3 gramas de sódio
Tais medicamentos, portanto, devem ser evitados nos pacientes
por dia. com IC. Outras drogas potencialmente associadas à
descompensação da IC são os hipoglicemiantes orais
A restrição líquida (1-1,5 L por dia) está indicada apenas nos
tiazolidinedionas, que promovem retenção renal de sal e água,
pacientes com hiponatremia (< 130 mEq/L) ou com retenção de
podendo causar congestão.
líquido não responsiva ao uso de diuréticos e restrição da ingesta
de sal. ORIENTAÇÕES PARA VIAGENS
Suplementos calóricos são recomendados para os pacientes com Recomenda-se profilaxia para trombose venosa profunda em
caquexia cardíaca e nos casos de IC avançada. Orienta-se uma pacientes com IC independentemente da classe funcional. Está
ingestão calórica diária de 28 kcal/kg para pacientes com estado indicado o uso de meia elástica de média compressão para
nutricional adequado e 32 kcal/kg para pacientes abaixo do peso viagens prolongadas, devendo-se avaliar o uso de heparina
ideal. profilática subcutânea quando a viagem durar > 4 h.

REPOUSO
Quando um paciente previamente compensado, isto é, sem
dispneia em repouso ou aos mínimos esforços, se apresenta com
uma piora aguda do quadro cardíaco, na maioria das vezes há
um fator causando esta descompensação. Entre os fatores
relacionados como causadores de descompensação, o mais
importante é a não aderência ao tratamento.

Estes fatores descompensam o paciente pelos seguintes


mecanismos:

(1) por aumentar a demanda metabólica (infecções, anemia,


estresse, gestação, etc.) exigindo assim maior trabalho cardíaco;
(2) por reduzir ainda mais a capacidade contrátil (infarto agudo,
isquemia, drogas); (3) por aumentar a pós-carga (hipertensão
arterial); (4) por aumentar excessivamente a pré-carga (abuso de
sal, drogas retentoras de líquido); (5) por reduzir o tempo
diastólico para o enchimento ventricular e levar à perda da
sincronia AV (taquiarritmias), ou por reduzir diretamente o DC
(bradiarritmias).

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