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Dividido em IC com fração de ejeção preservada (FEVE normal; ≥ DIREITA: Disfunção do lado direito, geralmente por insuficiência
50%), ou IC com fração de ejeção reduzida (< 40%). ventricular direita, que cursa com congestão sistêmica
(turgência jugular patológica, hepatomegaila, ascite, edema de
Pacientes com fração de ejeção entre 40-49% é chamada de IC MMII.
de fração de ejeção intermediária.
Exemplos: cor pulmonale, infarto do ventrículo direito
Esta diferenciação é importante devido a relação com as e miocardiopatias.
etiologias, as comorbidades associadas e à resposta à
terapêutica. BIVENTRICULAR: quando cursa com congestão sistêmica e
pulmonar pelo acometimento dos dois lados.
A IC de fração de ejeção reduzida também pode ser chamada de
sistólica, devido a perda da capacidade contrátil do miocárdio, 5) De acordo com débito cardíaco:
que provoca a dilatação ventricular, causa baixo DC e aumento
do VDF. BAIXO DÉBITO:
Aparece inicialmente aos esforços, devido a incapacidade do Sopro sistólico em foco mitral, causado pela insuficiência mitral
coração de aumentar o débito durante o esforço. secundária à dilatação do VE.
Sintomas: fadiga muscular, indisposição, mialgia, cansaço, Ausculta pulmonar: estertores pulmonares nos terços inferiores
lipotímia → ocorre por inadequada perfusão muscular durante dos hemitórax ocorrem na IVE, devido à congestão e edema
o esforço físico. pulmonar.
CHOQUE CARDIOGÊNICO: O extremo da insuficiência cardíaca, Hepatopatia congestiva: muito comum, frequentemente
manifestação comum nas formas agudas graves ou terminal da dolorosa, distensão aguda da cápsula hepática.
forma crônica de ICC. Estado de choque (hipoperfusão orgânica
generalizada), associado à hipotensão grave (PA sistólica < 80
mmHg) que não responde à reposição volêmica.
Casos muito agudos descompensados podem levar à congestão
hepática grave, havendo icterícia, hiperbilirrubinemia, aumento
das transaminases, insuficiência hepática.
EXAMES COMPLEMENTARES
1) ECOCARDIOGRAMA
A volemia é o principal determinante para a presença de sinais e Recomendada na avaliação inicial de todos os pacientes com IC,
sintomas relacionados à IC, a possibilidade de se obterem para avaliar sinais de cardiopatia estrutural, como HVE, isquemia
estimativas das pressões intracavitárias pelo ecocardiograma miocárdica, áreas de fibrose, distúrbios de condução
torna este método valioso na avaliação dos pacientes com atrioventricular, bradicardia, taquiarritmias.
suspeita de IC.
4) RADIOGRAFIA DO TÓRAX:
O ecocardiograma é indicado de maneira rotineira em pacientes
com mudança significativa do estado clínico, com Recomendada na avaliação inicial dos pacientes com sinais e
descompensação da IC ou perante progressão de sintomas. sintomas de IC para avaliar cardiomegalia e congestão pulmonar.
Realização de novo eco em 3 a 6 meses após tratamento com Este exame tem mais valor no contexto da IC aguda, em que as
medicações que modificam o prognóstico, para avaliar alterações da congestão pulmonar são mais intensas.
remodelamento reverso e estratificação do prognóstico.
5) RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CARDÍACA
2) PEPTÍDEOS NATRIURÉTICOS
Método padrão ouro para medidas dos volumes, massa
Os peptídeos natriuréticos BNP e NT-proBNP são necessários e miocárdica e da fração de ejeção de ambas as cavidades
auxiliam de forma considerável para diagnóstico de IC em ventriculares.
emergências e ambulatoriais.
6) SPECT de perfusão miocárdica
Observação: Os peptídeos elevam-se em condições de anemia,
A cintilografia miocárdica de perfusão pela técnica tomográfica
IRC, idade avançada e estão mais baixos quando há obesidade.
deve ser considerada para a avaliação funcional não invasiva da
perfusão miocárdica naqueles pacientes portadores
de DAC sem angina nos suspeitos de DAC, para
avaliar isquemia e viabilidade miocárdica.
7) PET:
8) ANGIOTOMOGRAFIA CORONÁRIA
Observação 2: A dosagem de peptídeos natriuréticos está
Avaliação não invasiva da presença de DAC nos pacientes com IC
incluída como critério diagnóstico de ICFEp (sinais e sintomas de
IC, níveis elevados de peptídeos, sinais ecocardiográficos que 9) TESTE DE ESFORÇO CARDIOPULMONAR
sugiram alteração estrutural e/ou disfunção diastólica).
Permite a avaliação objetiva e quantitativa da capacidade
funcional, pela medida do consumo de volume de oxigênio no
pico do esforço, além de avaliar outras variáveis prognósticas,
como relação entre ventilação e produção de CO2 e ventilação
oscilatória durante o esforço.
PREVENÇÃO
A prevenção de IC envolve abordagem por estágios, de modo
que pacientes em estágios A e B não desenvolveram sinais e
sintomas de IC.
Prevenção do estágio A: A intensidade e duração do tabagismo 3) ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES
associado a marcadores séricos de injúria miocárdica e MINERALOCORTICOIDES
anormalidades na estrutura e na função cardíacas. (Espironolactona/eplerenona):
A ingesta de álcool em quantidade leve à moderada poderia Indicados em pacientes sintomáticos com disfunção sistólica do
estar associada ao menor risco de IC. A elevação das VE, em classes funcionais II a IV da NYHA, associados ao
transaminases hepáticas parece identificar os indivíduos com tratamento padrão, apresentando efeitos sobre mortalidade e
maior risco de IC relacionado ao consumo de álcool. re-hospitalização.
A HAS é fator de risco para desenvolvimento de IC, tanto por A dose inicial recomendada é de 25 mg ao dia, podendo ser
aumentar o risco de IAM quanto por levar anormalidades na aumentada para 50 mg ao dia, caso os níveis séricos de potássio
estrutura e na função cardíaca pelo aumento da pós carga estejam adequados, ou reduzida para 12,5 mg ao dia ou em dias
arterial. O tratamento de IC reduz o risco de hospitalização. alternados em casos elevados de potássio.
Em pacientes com DAC, as estatinas tem efeito modesto na Não se deve administrar a combinação de antagonista da
progressão para IC. aldosterona, IECA e BRA, pelo risco de efeitos colaterais, em
especial de hipercalemia.
Prevenção do estágio B: Uso de IECA em pacientes
assintomáticos com fração de ejeção reduzida, de etiologia O uso de espironolactona em pacientes com insuficiência renal
isquêmica ou não, reduz a chance de progressão para IC e níveis séricos limítrofes de potássio deve ser feito com cautela,
sintomática. necessitando-se de monitorização frequente e periódica da
função renal e de eletrólitos.
Antagonista de aldosterona reduz a mortalidade pós IAM.
4) INIBIDORES DA NEPRILISINA E DOS RECEPTORES DA
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ANGIOTENSA (Sacubitril/Valsartana)
COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA
1) IECA E BRA Nova classe terapêutica que atua simultaneamente no SRAA e na
endopeptidase neutra (inibidor da neprilisina e do receptor de
Benefícios na evolução dos pacientes com ICFEr, tanto em angiotensina – INRA).
relação à morbidade, como à mortalidade, além de conferir
melhora da qualidade de vida. O primeiro fármaco da classe é o LCZ696, que é uma molécula
que combina a valsartana e o sacubitril (inibidor da neprilisina)
Os BRAs são alternativa com eficácia comparável aos IECA, em uma única substância. Ao inibir a neprilisina, a degradação
indicados em pacientes com intolerância ou alergia. de peptídeos natriuréticos, da bradicinina e de outros peptídeos
é diminuída.
A intolerância aos IECAs é definida pela presença de tosse
persistente e debilitante ou angioedema. Foi recomendada a troca de IECA/BRA para sacubitril/valsartana
nos pacientes com ICFEr que persistem sintomáticos, mesmo
Devido ao risco de piora da função renal, hipercalemia e após o emprego de doses otimizadas dos bloqueadores neuro-
hipotensão arterial, os IECA/BRA devem ser introduzidos em hormonais.
doses baixas e titulação progressiva até atingir doses alvo.
Dose inicial de sacubitril/valsartana é de 49/51 mg,
2) BETABLOQUEADOR respectivamente a cada 12 horas, para pacientes em uso de
doses altas de IECA/BRA com pressão arterial preservada.
Fármacos de primeira linha do tratamento da ICFEr, determinam
benefícios clínicos na mortalidade global, na morte por IC e Pacientes com pressão arterial reduzida, idosos ou pacientes que
morte súbita, além de melhora sintomas e reduzir taxas de toleram apenas doses baixas de IECA/BRA, a dose inicial deve ser
rehospitalização por IC. 24/26 mg a cada 12 horas. As doses devem ser aumentadas
progressivamente a cada 2 a 4 semanas, mediante monitoração
Uso de carvedilol, bisoprolol e succinato de metoprolol.
da função renal e eletrólitos, e sintomas hipotensivos, até a dose
Sobre o uso dos BB na ICFEr sintomática: O remodelamento alvo de 97/103 mg a cada 12 horas.
reverso e aumento da FEVE, e a consequente melhora dos
Para minimizar o risco de angioedema causado pela
sintomas de IC ocorrem apenas algumas semanas ou meses após
sobreposição de IECA e inibição da neprilisina, o IECA deve ser
a introdução do BB. Desta forma, deve-se iniciar o tratamento
suspenso pelo menos 36 horas antes de iniciar o
com doses baixas, com aumento progressivo a cada 2 semanas,
sacubitril/valsartana, e o tratamento combinado com um IECA
mediante monitoração de bradicardia ou piora dos sintomas de
(ou BRA) e sacubitril/ valsartana está contraindicado.
IC. Caso haja acentuação dos sintomas, ajuste de diuréticos e
vasodilatadores deve ser tentada antes de se considerar a 5) IVABRADINA
redução da dose ou suspensão do BB.
A FC elevada é um marcador de eventos em IC, podendo ser
Na presença de bloqueios atrioventriculares, deve-se, considerada um alvo terapêutico.
primeiramente, reduzir ou suspender outros fármacos que
atuem no nodo atrioventricular, como digoxina e amiodarona. A ivabradina inibe seletivamente a corrente If no tecido do nó
sinoatrial, reduzindo a FC.
O uso da ivabradina em pacientes em ritmo sinusal, A IC aguda é classificada de acordo com quatro aspectos:
sintomáticos, com FC ≥ 70 bpm e FEVE ≤ 35% foi associada à síndrome clínica de apresentação (insuficiência ventricular
redução do desfecho de morte cardiovascular ou hospitalização esquerda, IC congestiva, choque cardiogênico e edema agudo de
por IC, redução de hospitalização total, redução da pulmão); tempo de evolução da doença (IC aguda nova ou
hospitalização por IC e morte por IC. crônica agudizada); tipo de disfunção ventricular (IC com ICFEp
− considerada FEVE > 50%; IC com ICFEi − ou seja, com FEVE 40%
A ivabradina não deve ser utilizada durante a gravidez. e 50%; e ICFEr representada por FEVE < 40%); e modelo clínico-
hemodinâmico, por meio do exame clínico avalia a presença de
6) DIGITÁLICOS (digoxina) congestão ou baixo débito cardíaco, classificando o paciente em
quatro categorias (quente-congesto, se sem baixo débito com
Correlação com diminuição das hospitalizações por IC e redução
congestão; quente-seco, se sem baixo débito ou congestão; frio-
em mortes relacionadas à IC.
congesto, se baixo débito e congestão; e frio-seco, se com baixo
7) DIURÉTICOS DE ALÇA E TIAZÍDICOS debito e sem congestão
DIAGNÓSTICO
Etapas: presença ou não de IC aguda; modelo
fisiopatológico de apresentação (aguda nova ou crônica
agudizada); tipo de insuficiência cardíaca (ICFEp ou ICFEr);
definição do fator etiológico e a presença do fator
descompensador; modelo clínico-hemodinâmico; presença
de comorbidades não cardiovasculares descompensadas;
e, por fim, perfil de risco prognóstico clínico admissional.
INS UF I C IÊN C IA CA R D ÍA C A AG U DA
A IC aguda é uma das principais causas de internação hospitalar,
estando relacionada ao aumento da mortalidade e a
necessidade de reinternação em curto e longo prazos.
DESENVOLVIMENTO DA IC AGUDA
SUPORTE RESPIRATÓRIO
A presença de congestão pulmonar, associada ou não com a
redução do débito cardíaco, ocasiona redução da função
pulmonar e aumento do shunt intrapulmonar, com consequente
hipoxemia e aumento do trabalho respiratório → causa acidose
metabólica e disfunção orgânica e o comprometimento da
função cardíaca.
A escala mais validade é o ADHERE, que utiliza: PAS, BUN, ureia,
O suporte respiratório tem como alvo estabelecer SatO2 > 90%
creatinina sérica.
e redução do trabalho respiratório, tendo como opção a
oxigenoterapia com cateter nasal ou máscara, suporte
ventilatório não invasivo com pressão positiva e suporte
ventilatório invasivo com pressão positiva.
3) VASODILATADORES
Os vasodilatadores endovenosos na
IC aguda tem atuação na redução
das pressões de enchimento
ventricular esquerdo e na redução
da impedância da ejeção do
ventrículo esquerdo, melhorando o
desempenho na função ventricular
e na redução da insuficiência mitral e aórtica →
TERAPÊUTICAS ADMISSIONAIS E DE MANUTENÇÃO aumento do débito cardíaco e melhora da perfusão
1) DIURÉTICOS renal.
Produzem melhora da perfusão de órgãos, com consequente Serviços especializados no manejo da IC por equipe
melhora na disfunção orgânica, assim como da contratilidade e multiprofissional parecem melhorar a adesão do paciente ao
redução da pós-carga. tratamento, aumentando sua qualidade de vida com o benefício
adicional de reduzir a frequência de hospitalizações e visitas às
5) DESMAME DE AGENTES ENDOVENOSOS unidades de emergência.
As drogas endovenosas (vasodilatadoras e inotrópicos) devem O portador de IC controlada (classe funcional II-III) também se
ser empregadas na fase inicial mais precoce do tratamento dos beneficia de programas de reabilitação cardiovascular
pacientes comic aguda, quando se espera alcançar a estabilidade monitorada e programada, aumentando a tolerância ao
hemodinâmica e o controle dos sintomas de dispneia. exercício e a qualidade de vida, sem, contudo, reduzir a
mortalidade por IC no longo prazo.
Após atingir a estabilidade hemodinâmica, também pelo efeito
de diuréticos em promover hipervolemia, as drogas CONTROLE DOS FATORES DESCOMPENSANTES
endovenosas devem ser retiradas de forma gradual e VACINA
substituídas por vasodilatadores orais. Com esta estratégia,
garante-se a manutenção dos efeitos hemodinâmicos benéficos Infecções nas vias aéreas são importantes fatores de
dos vasodilatadores e/ou inotrópicos sem que ocorra o "rebote" descompensação no portador de IC. Por este motivo, tais
e piora da congestão e queda do débito cardíaco indivíduos devem receber, rotineiramente, vacinação anti-
influenza e anti-pneumocócica
TR AT AME NT O NÃ O FA R MA C OL Ó GI C O DAS I C S
TABAGISMO
Medidas gerais
Aumenta o risco de doença coronariana e infecções pulmonares;
DIETA
portanto, devem ser estimulados a abandonar o tabagismo
O paciente com sintomas congestivos deve restringir a ingestão (ativo e passivo).
de sal. Quanto maior o consumo de sal, maior será o acúmulo de
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS (AINES):
líquido e a volemia do doente. No entanto, consumos muito
baixos de sal, principalmente no paciente que está tomando Tanto os AINEs clássicos como os inibidores seletivos da COX-2
diuréticos, podem baixar em excesso a volemia, precipitando
promovem retenção hidrossalina e elevação da pressão arterial.
sintomas de baixo débito cardíaco. Por isso, recomenda-se uma Os inibidores da COX-2 também possuem efeito pró-trombótico.
ingestão de 4-6 gramas de sal (NaCl) ou 2 a 3 gramas de sódio
Tais medicamentos, portanto, devem ser evitados nos pacientes
por dia. com IC. Outras drogas potencialmente associadas à
descompensação da IC são os hipoglicemiantes orais
A restrição líquida (1-1,5 L por dia) está indicada apenas nos
tiazolidinedionas, que promovem retenção renal de sal e água,
pacientes com hiponatremia (< 130 mEq/L) ou com retenção de
podendo causar congestão.
líquido não responsiva ao uso de diuréticos e restrição da ingesta
de sal. ORIENTAÇÕES PARA VIAGENS
Suplementos calóricos são recomendados para os pacientes com Recomenda-se profilaxia para trombose venosa profunda em
caquexia cardíaca e nos casos de IC avançada. Orienta-se uma pacientes com IC independentemente da classe funcional. Está
ingestão calórica diária de 28 kcal/kg para pacientes com estado indicado o uso de meia elástica de média compressão para
nutricional adequado e 32 kcal/kg para pacientes abaixo do peso viagens prolongadas, devendo-se avaliar o uso de heparina
ideal. profilática subcutânea quando a viagem durar > 4 h.
REPOUSO
Quando um paciente previamente compensado, isto é, sem
dispneia em repouso ou aos mínimos esforços, se apresenta com
uma piora aguda do quadro cardíaco, na maioria das vezes há
um fator causando esta descompensação. Entre os fatores
relacionados como causadores de descompensação, o mais
importante é a não aderência ao tratamento.