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Fisiopatologia
A pericardite pode ser
Aguda
Subaguda
Crônica
A pericardite aguda
se desenvolve rapidamente, causando reação
inflamatória do saco pericárdico e muitas
vezes derrame pericárdico. A inflamação pode
se estender para o miocárdio epicárdico
(miopericardite). A doença aguda pode tornar-
se subaguda ou crônica. Essas formas se
desenvolvem lentamente; sua característica
marcante é o derrame.
A pericardite subaguda ocorre em semanas a
meses após um evento desencadeador.
A pericardite constritiva crônica é menos comum
do que no passado.
A constrição subaguda (semanas a meses após uma
lesão desencadeadora) é cada vez mais
reconhecida. A variante transitória da pericardite
constritiva desaparece espontaneamente ou após
terapia médica.
A pericardite crônica é definida como pericardite
persistente > 6 meses.
O derrame pericárdico é o acúmulo de líquido
no pericárdio. O líquido pode ser seroso (às
vezes, com filamentos de fibrina),
serossanguinolento, hemorrágico, purulento ou
quiloso.
tamponamento cardíaco quando um grande derrame
pericárdico compromete o enchimento cardíaco,
acarretando baixo Débito Cardiaco e, às vezes,
choque e morte. Se o líquido (em geral, sangue) se
acumular rapidamente, mesmo pequenas quantidades
(p. ex., 150 mL) podem provocar tamponamento,
uma vez que o pericárdio não consegue se distender
de maneira rápida o suficiente para a acomodação. O
acúmulo lento de até 1.500 mL pode não desencadear
tamponamento.
Ocasionalmente, a pericardite acarreta
espessamento intenso e enrijecimento do
pericárdio (pericardite constritiva).
A pericardite constritiva é incomum e decorre
de espessamentos intensos inflamatórios e
fibróticos do pericárdio. Às vezes, os folhetos
parietal e visceral aderem-se mutuamente ou ao
miocárdio. O tecido fibrótico geralmente
contém depósitos de cálcio.
O pericárdio rígido e espesso compromete
acentuadamente o enchimento ventricular,
diminuindo o volume de ejeção e o DC. O
acúmulo significativo de líquido pericárdico é
raro. A alteração do ritmo é comum. As
pressões diastólicas nos ventrículos, átrios e
leitos venosos tornam-se praticamente as
mesmas.
Ocorre congestão venosa sistêmica, causando
transudação considerável de líquido dos capilares
sistêmicos, com edema pendente e, posteriormente,
ascite. A elevação crônica da pressão venosa sistêmica e
da pressão venosa hepática pode levar à cicatriz hepática,
chamada cirrose cardíaca, caso em que, os pacientes
podem se apresentar inicialmente para avaliação da
cirrose. A constrição do átrio esquerdo, do ventrículo
esquerdo ou ambos pode elevar a pressão venosa
pulmonar. Ocasionalmente, derrame pleural se
desenvolve.
Etiologia
A pericardite aguda pode ser decorrente de
infecção, distúrbios autoimunes ou
inflamatórios, uremia, trauma, infarto do
miocárdio, câncer, radioterapia e certos
fármacos ( Causas da pericardite aguda).
A pericardite infecciosa é, com mais
frequência, de origem viral ou idiopática. A
pericardite bacteriana purulenta é incomum,
mas pode suceder endocardite infecciosa,
pneumonia, sepse, trauma penetrante ou
cirurgia cardíaca. Com frequência, a causa não
pode ser identificada (denominada pericardite
inespecífica ou idiopática), mas muitos desses
casos são provavelmente virais.
O IAM é responsável por 10 a 15% dos casos de
pericardite aguda. A síndrome pós-IM (síndrome de
Dressler) é uma causa menos comum atualmente e
ocorre quando a reperfusão com PTCA ou o uso de
fármacos trombolíticos não são efetivos. Ocorre
pericardite após pericardiotomia (denominada
síndrome pós-pericardiotomia) em 5 a 30% das
cirurgias cardíacas. A síndrome pós-pericardiotomia,
síndrome pós-IM e pericardite traumática abrangem a
síndrome de lesão pós-cardíaca.
Causas da pericardite aguda
A pericardite subaguda é um prolongamento
da pericardite aguda e, portanto, tem as
mesmas causas. Derrame pericárdico crônico
ou pericardite constritiva crônica pode ocorrer
após pericardite aguda de quase qualquer
etiologia. Além disso, alguns casos ocorrem
sem pericardite aguda prévia.
O hipotireoidismo pode causar derrame pericárdico e
pericardite por colesterol. A pericardite por colesterol é uma
doença rara que pode estar associada a mixedema, na qual
uma efusão pericárdica crônica tem nível elevado de colesterol
desencadeando inflamação e pericardite.
A pericardite crônica com efusão extensa (serosa,
serossanguinolenta ou com sangue) é mais comumente
causada por tumores metastáticos, mais frequentemente por
carcinoma de mama ou pulmão, sarcoma, melanoma,
leucemia, ou linfoma.
Quadro clínico
A pericardite aguda tende a causar dor torácica
e atrito pericárdico, às vezes com dispneia. A
primeira evidência pode ser tamponamento,
com hipotensão, choque ou edema pulmonar.
Áudio
Atrito pericárdico
Como a inervação do pericárdio e do miocárdio é a mesma, a
dor torácica da pericardite é, às vezes, semelhante à da
inflamação ou isquemia miocárdica: a dor precordial ou
subesternal, vaga ou lancinante, pode irradiar-se para pescoço,
linha do trapézio (especialmente à esquerda) ou ombros. A dor
varia de leve a grave. Ao contrário da dor torácica isquêmica,
a dor decorrente da pericardite é, em geral, agravada por
movimentação torácica, tosse, respiração ou ao engolir a
comida, podendo ser aliviada ao sentar-se e inclinar-se para
frente.
Pode haver taquipneia e tosse improdutiva, sendo comum febre, calafrios e
fraqueza.
Em 15 a 25% dos pacientes com pericardite idiopática, a recorrência dos
sintomas é intermitente por meses ou anos (pericardite recorrente).
O sinal físico mais importante é o atrito pericárdico sistólico e o diastólico
ou trifásico; porém, com frequência, o atrito é intermitente e evanescente.
Pode existir somente durante a sístole ou, menos frequentemente, apenas
durante a diástole. Se o atrito não for auscultado com o paciente sentado e
inclinado para frente, a ausculta deve ser tentada com o diafragma do
estetoscópio e com o paciente apoiado nos quatro membros. Às vezes, um
componente pulmonar do atrito é notado à respiração devido inflamação da
pleura adjacente ao pericárdio.
Derrame pericárdico
•Atrito pericárdico
•Alterações no ECG
•Derrame pericárdico
Podem ser necessários ECG seriados para revelar essas alterações. O ECG na
pericardite aguda pode revelar anormalidades confinadas aos segmentos ST e
PR e ondas T, geralmente na maioria das derivações. (Alterações do ECG na
derivação aVR geralmente ocorrem na direção oposta das outras derivações.)
Ao contrário do IM, a pericardite aguda não desencadeia infradesníveis recíprocos dos
segmentos ST (exceto nas derivações aVR e V1) e não existem ondas Q patológicas. Podem
ocorrer alterações no ECG na pericardite em 4 estágios, embora nem todos os 4 estágios
estejam presentes em todos os casos.
• Estágio I: segmentos ST mostram supradesnivelamento côncavo; segmentos PR podem estar
infradesnivelados ( Pericardite aguda: ECG, estágio 1.)
• Estágio II: segmentos ST retornam à linha de base; ondas T se achatam.
• Estágio III: as ondas T estão invertidas por todo o ECG; a inversão das ondas T ocorre depois
que o segmento ST retornou à linha de base e, portanto, difere do padrão de isquemia aguda
ou IM.
• Estágio IV: alterações na onda T desaparecem.
A ecocardiografia na pericardite aguda normalmente mostra derrame, o que ajuda a confirmar
o diagnóstico, exceto em pacientes com pericardite aguda puramente fibrinosa nos quais a
ecocardiografia muitas vezes é normal. Resultados indicando envolvimento miocárdico
incluem nova disfunção ventricular esquerda focal ou difusa.
Derrame pericárdico
O diagnóstico é sugerido pelos achados clínicos, mas em geral é
presumido pelo aumento da silhueta cardíaca na radiografia de
tórax. No ECG, a voltagem do QRS está geralmente diminuída e o
ritmo sinusal permanece em cerca de 90% dos pacientes. Com
derrames grandes e crônicos, o ECG pode mostrar alternância
elétrica (i.e., a amplitude das ondas P, QRS ou T aumenta e diminui
em batimentos alternados). A alternância elétrica está associada a
variações na posição cardíaca (coração oscilante).
Radiografia do tórax de um paciente com efusão pericárdica
A ecocardiografia estima o volume de líquido
pericárdico; identifica tamponamento cardíaco,
miocardite aguda e/ou insuficiência cardíaca; e pode
sugerir a causa da pericardite.
Pacientes com ECG normal, derrames pericárdicos
pequenos (< 50 mL) e ausência de suspeita por
anamnese e exame físico devem ser observados com
exame clínico seriado e ecocardiografia. Outros
pacientes devem ser avaliados de forma mais
detalhada para se determinar a etiologia.
Pericardite constritiva
O diagnóstico pode ser presumido com base nos achados clínicos de ECG, radiografia
de tórax e ecocardiograma com Doppler, mas normalmente há necessidade de
cateterismo cardíaco e
TC (ou RMN).