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Arif Jivan
, MD, PhD, Northwestern University Feinberg School of Medicine
Última revisão/alteração completa jul 2020
Infarto agudo do miocárdio é necrose miocárdica resultante de obstrução aguda de uma artéria coronária.
Os sintomas incluem desconforto torácico com ou sem dispneia, náuseas e diaforese. O diagnóstico é
efetuado por ECG e pela existência ou ausência de marcadores sorológicos. O tratamento consiste em
fármacos antiplaquetários, anticoagulantes, nitratos, betabloqueadores, estatinas e terapia de reperfusão.
Para infarto do miocárdio com elevação do segmento ST, reperfusão de emergência com fármacos
fibrinolíticos, intervenção percutânea ou, ocasionalmente, cirurgia de revascularização do miocárdio. Para
infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST, a reperfusão é por meio de intervenção percutânea ou
cirurgia de revascularização do miocárdio.
Nos EUA, ocorre anualmente cerca de 1,0 milhão de infartos do miocárdio. O infarto do miocárdio resulta
na morte de 300.000 a 400.000 pessoas (ver Parada cardíaca).
Fisiopatologia do infarto agudo do
miocárdio
O infarto do miocárdio é definido como necrose miocárdica em © SPRINGER SCIENCE+BUSINESS
uma condição clínica consistente com isquemia miocárdica (1). MEDIA
Essas condições podem ser atendidas por meio de elevação de
biomarcadores cardíacos (preferencialmente, troponina
cardíaca [cTn]) acima do 99th percentil do limite superior de
referência (LSR) e pelo menos um dos seguintes:
Sintomas da isquemia
Evidências nas imagens de nova lesão do miocárdio ou nova alteração da contração segmentar da
parede
Critérios ligeiramente diferentes são usados para diagnosticar IM durante e após intervenção
coronariana percutânea ou cirurgia de revascularização do miocárdio, e como causa de morte súbita.
Tipo 1: IM espontâneo causado por isquemia devido a um evento coronário primário (p. ex.,
ruptura, erosão ou fissuras na placa; dissecção coronária)
Tipo 2: isquemia devido a aumento da demanda de oxigênio (p. ex., hipertensão), ou diminuição do
fornecimento (p. ex., espasmo ou embolia arterial coronariana, arritmia, hipotensão)
Tipo 4a: associado com intervenção coronariana percutânea (sinais e sintomas de infarto do
miocárdio com valores cTn > 5 × 99º percentil do LSR)
Localização do infarto
Infarto do ventrículo direito geralmente resulta de obstrução da coronária direita ou uma artéria
circunflexa esquerda dominante; é caracterizado por pressão de enchimento do ventrículo direito
elevada, muitas vezes com regurgitação tricúspide grave e redução do débito cardíaco.
O infarto inferoposterior provoca algum grau de disfunção do ventrículo direito em cerca da metade
dos pacientes, e provoca alteração hemodinâmica em 10 a 15%. Deve-se considerar a disfunção do
ventrículo direito em qualquer paciente que desenvolva infarto inferoposterior e elevação da pressão
venosa jugular, com hipotensão ou choque. O infarto do ventrículo direito que complica o infarto do VE
aumenta significativamente a taxa de mortalidade.
Os infartos anteriores tendem a ser maiores e estão associados de prognóstico pior que os infartos
inferoposteriores. Eles geralmente ocorrem por obstrução da artéria coronária esquerda, especialmente
da artéria descendente anterior; infartos póstero-inferiores refletem obstrução da artéria coronária
direita ou artéria circunflexa esquerda dominante.
Extensão do infarto
Transmural
Não transmural
Os infartos não transmurais (como os subendocárdicos) não atravessam a parede ventricular e provocam
apenas alterações no segmento ST e na onda T (ST-T). Normalmente, os infartos subendocárdicos
envolvem o terço interno do miocárdio, onde a tensão de parede é mais elevada e o fluxo sanguíneo
miocárdico é mais vulnerável às alterações circulatórias. Tais infartos podem ocorrer após hipotensão
prolongada.
Como a profundidade transmural da necrose não pode ser determinada clinicamente com precisão, os
infartos, geralmente, são classificados como IMCST ou IMSST pela presença ou ausência de elevação do
segmento ST ou ondas Q no ECG. A extensão de miocárdio destruído pode ser aproximadamente
estimada pela amplitude e duração do aumento da CK ou pelos níveis máximos das troponinas mais
dosadas.
IMCST (transmural) é a necrose miocárdica com alterações do ECG constituídas por elevação do
segmento ST, as quais não se revertem rapidamente com nitroglicerina. A troponina I ou troponina T e
CK são elevados.
1. Thygesen K, Alpert JS, Jaffe AS, et al, the Writing Group on behalf of the Joint ESC/ACCF/AHA/WHF Task
Force for the Universal Definition of Myocardial Infarction: ESC/ACCF/AHA/WHF Expert Consensus
Document Third Universal Definition of Myocardial Infarction. Circulation 126:2020–2035, 2012. doi:
10.1161/CIR.0b013e31826e1058
Geralmente, o primeiro sintoma do infarto é a dor subesternal, visceral e profunda, descrita como dor ou
pressão, irradiada para dorso, mandíbula, braço esquerdo ou direito, ombros ou todas essas áreas. A dor
é semelhante à angina do peito, mas geralmente é mais grave e tem longa duração; mais
frequentemente acompanhada de dispneia, diaforese, náuseas e vômitos; e aliviada um pouco ou
apenas temporariamente com repouso ou nitroglicerina. Entretanto, o desconforto pode ser leve e cerca
de 20% dos IAMs são silenciosos (assintomáticos ou com sintomas vagos e não reconhecidos como
doença pelo paciente) e ocorrem com mais frequência em diabéticos. Geralmente, os pacientes
interpretam o desconforto como indigestão, em especial porque o alívio espontâneo pode ser falsamente
atribuído à eructação ou ao consumo de antiácidos.
As mulheres têm mais probabilidade de desenvolver desconforto torácico atípico. Os pacientes mais
idosos podem referir dispneia mais que dor torácica do tipo isquêmica.
Nos episódios isquêmicos graves, o paciente muitas vezes tem dor significativa e sente-se inquieto e
apreensivo. Podem ocorrer náuseas e vômito, especialmente na vigência de IM inferior. Dispneia e
ap ee s o. ode oco e áuseas e ô to, espec a e te a gê c a de e o . sp e a e
fraqueza podem prevalecer em virtude de insuficiência do VE, edema pulmonar, choque, ou predominar
a arritmia significativa.
A pele pode estar pálida, fria e diaforética. É possível identificar cianose central ou periférica. O pulso
pode ser filiforme e a pressão arterial é variável, embora, inicialmente, muitos pacientes desenvolvam
algum grau de hipertensão durante a dor.
Em geral, as bulhas cardíacas são distantes, e quase sem exceção ausculta-se a B4. Pode-se auscultar
sopro sistólico suave no ápice (refletindo disfunção do músculo papilar). Durante o exame inicial, a
ausculta de atrito ou de sopros mais nítidos sugere cardiopatia prévia ou outro diagnóstico. A detecção
de atrito dentro de algumas horas após o início dos sintomas de IM sugere pericardite aguda, em vez de
IM. Entretanto, os atritos, geralmente evanescentes, são comuns nos 2º e 3º dias após IMCST. A palpação
da parede torácica é dolorosa em 15% dos pacientes.
ECG periódicos
Angiografia coronária imediata (a menos que fibrinolíticos sejam administrados) para pacientes
com IMCST ou complicações (p. ex., dor torácica persistente, hipotensão, marcadores cardíacos
acentuadamente elevados, arritmias instáveis)
Angiografia coronária tardia (24 a 48 h) para pacientes com IMSST sem complicações
A avaliação começa com ECG inicial e seriado e dosagens seriadas dos marcadores cardíacos para ajudar
a diferenciar a angina instável do infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IMCST) e do infarto
do miocárdio sem elevação do segmento ST (IMSST). Essa distinção é a base da estratégia de decisão
porque os fibrinolíticos beneficiam os pacientes com IMCST, mas podem aumentar o risco de portadores
de IMSST. Além disso, é indicado cateterismo cardíaco urgente para os pacientes com IMCST, mas
geralmente não para aqueles com IMSST.
ECG
O ECG é o exame mais importante e deve ser realizado dentro de 10 minutos das manifestações.
Infarto agudo lateral do ventrículo esquerdo (traçado obtido poucas horas após o início da
doença)
Há um evidente elevação hiperaguda do segmento ST nas derivações D1, aVL, V4 e V6, bem como
infradesnível recíproco em outras derivações.
Infarto ventricular esquerdo (diafragmático) inferior agudo (traçado obtido poucas horas
após o início da doença)
Persistem as ondas Q significativas com diminuição da elevação do segmento ST nas derivações D2,
D3 e aVF.
Os segmentos ST agora estão isoelétricos. Ondas Q anormais nas derivações D2, D3 e aVF indicam
que persistem cicatrizes miocárdicas.
As ondas Q patológicas não são necessárias ao diagnóstico. O ECG deve ser analisado cautelosamente
porque a elevação do segmento ST pode ser sutil, particularmente nas derivações inferiores (D2, D3 e
aVF), às vezes, a atenção do interpretador focaliza erroneamente as derivações com elevação do
segmento ST. Se os sintomas forem característicos, a elevação do segmento ST no ECG tem
especificidade de 90% e sensibilidade de 45% para diagnóstico de infarto do miocárdio. Os traçados
seriados (obtidos a cada 8 h no 1º dia e, a seguir, diariamente), os quais revelam a evolução gradual para
um padrão mais normal e estável, ou o desenvolvimento de ondas Q anormais no decorrer de poucos
dias tende a confirmar o diagnóstico.
Se houver suspeita de infarto do ventrículo direito (ventrículo direito), geralmente registra-se um ECG de
15 derivações; derivações adicionais são colocadas em V4-6R e, para detectar infarto posterior, V8 e V9.
O diagnóstico de IM por ECG é mais difícil quando existe padrão de bloqueio de ramo esquerdo, pois ele
se assemelha às alterações do IMCST. A elevação do segmento ST concordante com o complexo QRS
sugere fortemente IM da mesma forma que a elevação do segmento ST > 5 mm em pelo menos 2
derivações precordiais. Mas, geralmente, qualquer paciente com sintomas suspeitos e BRE de
desenvolvimento recente (ou que não se sabe que é antigo) é tratado como se apresentasse IMCST.
Os métodos anteriores, menos sensíveis, de dosar cTn dificilmente detectavam o cTn, exceto nos
pacientes com doença cardíaca aguda. Portanto, um resultado Tn "positivo" (acima do limite de detecção)
era bem específico. Mas os novos testes para hs-cTn podem detectar pequenas quantidades de cTn em
muitas pessoas saudáveis. Assim, os níveis de hs-cTn precisam ser referenciados para o intervalo normal,
e são definidos como "elevados" apenas quando estão acima de 99% da população de referência. Além
disso, embora um nível de cTn elevada indique lesão celular miocárdica, ele não indica a causa do dano
(embora qualquer elevação da cTn aumente o risco de resultados adversos em muitas doenças). Além da
síndrome coronariana aguda (SCA), muitas outras doenças, cardíacas ou não, podem aumentar os níveis
de hs-cTn (ver tabela Causas da elevação dos níveis de troponina); nem todos os níveis elevados de hs-
cTn representam infarto do miocárdio, e nem todas as necroses miocárdicas resultam de um evento de
síndrome coronariana aguda, mesmo quando sua etiologia é isquêmica. Entretanto, ao detectar níveis
mais baixos de cTn, ensaios hs-cTn permitem a identificação mais precoce do IM do que outros ensaios, e
substituíram outros testes de marcador cardíaco em muitos centros.
Deve-se medir o nível de hs-cTn em pacientes com suspeita de infarto do miocárdio na apresentação e 3
h mais tarde (em 0 e 6 h se um ensaio Tn padrão for utilizado).
Deve-se interpretar todos os exames laboratoriais tendo como perspectiva a probabilidade de doença
anterior ao exame (ver também Entendendo os exames complementares e seus resultados). Isso é
especialmente relevante para a dosagem de hs-cTn, dada a sensibilidade muito alta desse teste, mas se
aplica a todos os ensaios de cTn.
Deve-se interpretar o nível de cTn com base na probabilidade de doença no pré-teste do paciente, que é
estimada clinicamente com base em:
Sintomas
ECG
Uma probabilidade alta pré-teste associada a nível elevado de cTn é altamente sugestivo de infarto do
miocárdio, enquanto uma probabilidade baixa pré-teste associada a nível normal de cTn é improvável
que represente infarto do miocárdio. O diagnóstico é mais desafiador quando os resultados dos testes
são discordantes com a probabilidade pré-teste, caso em que níveis seriados de cTn muitas vezes
ajudam. Um paciente com baixa probabilidade pré-teste e nível inicialmente um pouco elevado de cTn
que permanece estável em outros testes provavelmente tem doença cardíaca não SCA (p. ex.,
insuficiência cardíaca, doença coronariana estável). Mas se o nível de repetição aumentar
significativamente (> 20 a 50%) a probabilidade de infarto do miocárdio torna-se muito mais alta. Se um
paciente com alta probabilidade pré-teste tem um nível normal de cTn que sobe > 50% quando o cTn é
repetido, infarto do miocárdio é provável; níveis normais contínuos (muitas vezes incluindo em 6 h e
além quando a suspeita é elevada) sugerem necessidade de buscar um diagnóstico alternativo.
Angiografia coronariana
A angiografia coronariana, na maioria das vezes, combina diagnóstico e ICP (angioplastia, implantação de
stent). Quando possível, angiografia coronária de emergência e ICP são realizadas o mais rápido possível
após o início do infarto agudo do miocárdio (ICP primária). Em muitos centros terciários, essa abordagem
reduziu significativamente a morbidade e mortalidade e melhorou os resultados a longo prazo.
Frequentemente, o infarto é realmente evitado quando o tempo entre a dor e a ICP é curto (< 3 a 4>
A angiografia é obtida urgentemente para os pacientes com IMCST, dor torácica persistente apesar de
terapia medicamentosa máxima, e pacientes com complicações (p. ex., marcadores cardíacos
acentuadamente elevados, presença de choque cardiogênico, regurgitação mitral aguda, CIV arritmias
instáveis). Os pacientes com IMSST sem complicação, cujos sintomas foram resolvidos, normalmente se
submetem a angiografia nas primeiras 24 ou 48 h de hospitalização para detectar lesões que podem
requerer tratamento.
Insuficiência cardíaca
Instabilidade hemodinâmica
Diabetes melito
Pacientes que recebem reperfusão (fibrinólise ou ICP) têm taxa de mortalidade hospitalar de 5 a 6%,
versus 15% para pacientes elegíveis, mas que não recebem terapia de reperfusão. Em centros com
programas estabelecidos para ICP primária, a taxa de mortalidade hospitalar informada é <>
A maioria dos pacientes que morrem de choque cardiogênico tem um infarto ou a combinação de cicatriz
e infarto recentes afetando ≥ 50% da massa do VE. Cinco características clínicas indicam 90% de risco de
morte nos pacientes com IMCST (ver tabela Risco de morte em 30 dias no IMCST e Risco de eventos
adversos em 14 dias no IMSST):
A taxa de mortalidade dos pacientes que sobrevivem à hospitalização inicial é de 8 a 10% no primeiro
ano após infarto do miocárdio. A maioria das fatalidades ocorre nos 3 ou 4 primeiros meses. Arritmia
ventricular persistente, insuficiência cardíaca, baixa função ventricular e isquemia recorrente indicam
risco elevado. Muitas autoridades recomendam ECG de esforço antes da alta hospitalar ou dentro de 6
semanas. O bom desempenho no esforço sem alterações do ECG associa-se a prognóstico favorável, não
exigindo, normalmente, avaliação ulterior. O baixo desempenho no esforço acompanha-se de
prognóstico reservado.
O desempenho cardíaco após a recuperação depende amplamente da proporção de miocárdio operante
que sobrevive ao episódio agudo. Lesão aguda contribui para cicatrizes de infartos prévios. Quando >
50% da massa do VE é lesionada, a sobrevida prolongada é incomum.
Tratamento infarto agudo do CALCULADORA CLÍNICA:
Cuidado pré-hospitalar
Oxigênio
Ácido acetilsalicílico
Nitratos
E i h t t édi i d
Encaminhamento para um centro médico apropriado
Deve-se estabelecer uma via IV confiável, administrar oxigênio (tipicamente 2 L por cânula nasal) e
instalar monitoramento contínuo de ECG de derivação única. Intervenções pré-hospitalares pela equipe
médica de emergência [incluindo ECG, ácido acetilsalicílico mastigável (325 mg) e tratamento da dor com
nitratos] podem reduzir o risco de mortalidade e complicações. Dados diagnósticos precoces e resposta
ao tratamento podem ajudar a determinar a necessidade e a escolha do momento adequado para
revascularização.
Internação hospitalar
Para IMCST, a estratégia de reperfusão pode incluir terapia fibrinolítica ou ICP imediata. Para pacientes
com IMSST, a angiografia pode ser realizada entre 24 e 48 h após a internação se o paciente estiver
clinicamente estável. Se o paciente estiver instável (p. ex., mantendo os sintomas, com hipotensão ou
arritmias sustentadas), então fazer angiografia imediatamente (ver figura Abordagem ao infarto agudo
do miocárdio).
*A administração de morfina deve ser criteriosa (p. ex., se nitroglicerina for contraindicada ou se o
paciente apresentar sintomas apesar da nitroglicerina). Novos dados sugerem que a morfina
compromete a atividade de alguns inibidores do receptor P2Y12 e pode contribuir para piores
desfechos do caso.
†Complicado significa que a internação hospitalar foi complicada por angina recorrente ou infarto,
insuficiência cardíaca ou arritmias ventriculares recorrentes sustentadas. A ausência de qualquer um
desses eventos é chamada não complicado.
Diabetes tratada
Além disso, para lesões extensas ou próximas de pontos de bifurcação, a ICP frequentemente não é
apropriada.
Todos os pacientes devem receber fármacos antiplaquetários, anticoagulantes e, se houver dor torácica,
fármacos antianginos. O uso de fármacos específicos depende da estratégia de reperfusão e de outros
fatores; sua seleção e uso são discutidos em Fármacos para síndrome coronariana aguda. Iniciar outros
fármacos, como betabloqueadores, inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA) e estatinas,
durante a internação (ver tabela Fármacos para doença coronariana).
Os pacientes com infarto agudo do miocárdio devem receber o seguinte (a menos que contraindicado):
Betabloqueador
inibidor da ECA
Estatina
Prescrevem-se 160 a 325 mg de ácido acetilsalicílico (sem revestimento entérico) para todos os pacientes
para os quais não há contraindicação, que são administrados no início das manifestações e, em seguida,
prescrevem-se 81 mg, uma vez ao dia, indefinidamente. A mastigação da primeira dose antes da
deglutição acelera a absorção. O ácido acetilsalicílico reduz a taxa de mortalidade em curto e longo
prazos. Em pacientes submetidos à ICP, uma dose inicial de clopidogrel (300 a 600 mg por via oral 1
vez/dia), prasugrel (60 mg por via oral em dose única) ou ticagrelor (180 mg por via oral em dose única)
melhora os resultados, particularmente quando administrados com 24 h de antecedência. Para ICP
urgente, prasugrel e ticagrelor têm início mais rápido e podem ser preferidos.
Administra-se heparina de baixo peso molecular (HBPM), heparina não fracionada ou bivalirudina para
pacientes, a menos que haja contraindicação (p. ex., sangramento ativo). O uso de heparina não
fracionada é mais complicado porque requer ajustes frequentes na dosagem (a cada 6 horas) para
alcançar um tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) alvo. As HBPM têm melhor
biodisponibilidade, são administradas por dosagem simples, baseada no peso sem monitoramento do
TTPa e sem titulação de dose, sendo menor o risco de trombocitopenia induzida por heparina.
Bivalirudina é recomendada para aqueles com história conhecida ou suspeito de trombocitopenia
induzida por heparina. Os anticoagulantes são mantidos para:
Duração da internação hospitalar (nos pacientes recebendo HBPM) ou por 48 h (nos pacientes
recebendo heparina não fracionada) em todos os outros casos
Considerar um inibidor da glicoproteína IIb/IIIa durante a ICP para lesões de alto risco (alta carga de
trombo, sem refluxo). Abciximabe, tirofibana e eptifibatide parecem ter eficácia equivalente e a escolha
do fármaco deve depender de outros fatores (p. ex., custo, disponibilidade, familiaridade). Esse fármaco é
mantido por 6 a 24 h.
É possível tratar a precordialgia com nitroglicerina ou, algumas vezes, morfina. A nitroglicerina é
preferível à morfina, que deve ser usada criteriosamente (p. ex., se o paciente tiver contraindicação à
p ee e à o a, que de e se usada c te osa e te (p. e ., se o pac e te t e co t a d cação à
nitroglicerina ou sentir dor apesar da nitroglicerina). Inicialmente, a nitroglicerina é administrada via
sublingual, seguida por infusão IV contínua se necessário. A morfina, 2 a 4 mg, IV repetida a cada 15
minutos, se necessário, é altamente efetiva, mas pode deprimir a respiração e reduzir a contratilidade
miocárdica, sendo um potente dilatador venoso. As evidências também sugerem que o uso de morfina
interfere em alguns inibidores do receptor P2Y12. Um grande ensaio retrospectivo mostrou que a
morfina pode aumentar a letalidade do infarto agudo do miocárdio (1, 2). Hipotensão e bradicardia
secundárias à morfina podem ser geralmente superadas pela elevação imediata dos membros inferiores.
O tratamento convencional de todos os pacientes com angina instável é feito com betabloqueadores,
inibidores da ECA e estatinas. Betabloqueadores são recomendados, a menos que contraindicados (p.
ex., bradicardia, bloqueio atrioventricular, hipotensão ou asma), especialmente para pacientes de alto
risco. Os betabloqueadores reduzem frequência cardíaca, pressão arterial e contratilidade, diminuindo
assim a carga de trabalho cardíaco e a demanda de oxigênio. Inibidores de ECA podem fornecer proteção
cardíaca em longo prazo melhorando a função endotelial. Se um inibidor de ECA não é tolerado por
causa de tosse ou exantema (mas não angioedema ou disfunção renal), pode-se substituí-lo por receptor
do bloqueador da angiotensina II. As estatinas também são o tratamento convencional,
independentemente dos níveis lipídicos, e devem ser mantidas indefinidamente.
Para pacientes com IMSST: intervenção coronariana percutânea imediata para pacientes instáveis
ou entre 24 e 48 h para pacientes estáveis
Para pacientes com IMCST, ICP de emergência é o tratamento preferível para infarto do miocárdio com
elevação do segmento ST quando disponível de uma maneira oportuna (tempo entre a entrada e inflação
do balão < 90 minutos) por um cirurgião experiente. Se for provável um atraso significativo na
disponibilidade da ICP, deve ser realizada trombólise para pacientes com IMCST que preencham os
critérios (ver Extensão do infarto). A reperfusão com o uso de fibrinolíticos é mais eficiente se estes
forem administrados nos primeiros minutos ou horas depois do começo do infarto do miocárdio. Quanto
mais cedo os fibrinolíticos começarem a agir, melhor. O objetivo é que o tempo de entrada até a
aplicação da injeção seja de 30 a 60 minutos. O benefício é maior dentro de 3 h, mas os fármacos podem
surtir efeito até em 12 h. As características e a seleção das fármacos fibrinolíticos foram discutidas
anteriormente neste capítulo.
Pacientes instáveis com IMSST (aqueles com sintomas persistentes, hipotensão ou arritmias
sustentadas) devem ser encaminhados diretamente ao laboratório de cateterismo cardíaco para
identificar lesões coronarianas que exigem ICP ou cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM).
Para pacientes com IMSST sem complicações, a reperfusão imediata não é tão urgente porque é
incomum haver uma artéria totalmente obstruída relacionada com o infarto na apresentação. Tais
pacientes tipicamente se submetem a angiografia nas primeiras 24 a 48 h de internação a fim de
identificar lesões coronarianas que requeiram ICP ou cirurgia de revascularização do miocárdio.
Os fibrinolíticos não são indicados para nenhum paciente com IMSST. Os riscos excedem os potenciais
benefícios.
Avaliação funcional
Mudanças no estilo de vida: exercícios regulares, modificação da dieta, perda ponderal, cessação
do tabagismo
Doença aguda e tratamento do infarto do miocárdio devem ser usados para motivar fortemente o
paciente a modificar os fatores de risco. O prognóstico pode ser melhorado pela avaliação dos estados
físico e mental, assim como pela discussão desses aspectos com o paciente, a fim de aconselhá-lo sobre
estilo de vida (p. ex., tabagismo, dieta, trabalho, lazer e exercícios) e modificação decisiva em tais fatores
de risco.
Na alta hospitalar, todos os pacientes devem continuar a terapia com fármacos antiplaquetários
apropriados, estatinas, antianginosos e outros fármacos com base nas comorbidades.
1. Meine TJ, Roe MT, Chen AY, et al: Association of intravenous morphine use and outcomes in acute
coronary syndromes: results from the CRUSADE Quality Improvement Initiative. Am Heart J 149(6):1043–
1049, 2005. doi 10.1016/j.ahj.2005.02.010
2.Kubica J, Adamski P, Ostrowska M, et al: Morphine delays and attenuates ticagrelor exposure and action
in patients with myocardial infarction: the randomized, double-blind, placebo-controlled IMPRESSION
trial. Eur Heart J 37(3):245–252, 2016. doi: 10.1093/eurheartj/ehv547
Pontos-chave
Para pacientes com IM com elevação do segmento ST (IMCST), fazer imediatamente uma
angiografia com intervenção coronariana percutânea (ICP); se ICP imediata não está
disponível, administrar fibrinolíticos.
Para pacientes com IM sem elevação do segmento ST (IMSST) que estão estáveis, realizar a
angiografia em 24 a 48 h; para aqueles que estão instáveis, fazer imediatamente
angiografia com ICP.
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