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Apontamentos Patologia Sistémica 2022-2023 - setembro 2022

DOENÇA ARTERIAL CORONARIA / SINDROME CORONÁRIA (EAM)

Conceito – o que é doença arterial coronariana?

A doença arterial coronariana afeta as artérias que fornecem sangue para o coração. Ocorre
quando a passagem de sangue arterial através das artérias coronárias, se estreita por
formação de placas obstrutivas, incluindo colesterol, depósitos de gordura, cálcio e outras
substâncias. É a principal causa de morte (homens e mulheres).

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A doença aterosclerótica é uma doença crónica que progride silenciosamente ao longo da
vida até um estado avançado, altura em que ocorrem os sintomas, e resulta da formação de
placas de ateroma nas paredes das artérias, diminuindo progressivamente o seu lúmen.
Estas placas podem evoluir para a formação de trombos que podem ocluir artérias em
diversos órgãos, nomeadamente no cérebro [Acidente Vascular Cerebral (AVC)], coração
(EAM), pulmões [Tromboembolia Pulmonar (TEP)], ou membros inferiores [Trombose Venosa
Profunda (TVP)].

uma vez instalada a DCV, continua a ser imperioso:

- o controlo dos FRCV (obesidade, tabagismo, sedentarismo, diabetes e HTA),

- adesão ao regime medicamentoso (prevenção secundária), os utentes


frequentemente não aderem à terapêutica, mantendo comportamentos de RCV.

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Pela primeira vez, em Portugal, o peso relativo das doenças do aparelho circulatório na
mortalidade total situou-se abaixo dos 30%, revela e demonstra o cumprimento das metas
definidas pelo PN DCCV…

De uma forma global, assistiu-se a uma melhoria de todos os indicadores sobre doenças
cérebro-cardiovasculares, como resultado de uma ação combinada das medidas preventivas
- Salienta-se o funcionamento adequado das Unidades de Intervenção Coronária Percutânea
no Enfarte Agudo do Miocárdio, em articulação estreita com o sistema de assistência pré-
hospitalar de emergência (Vias Verdes Coronárias e do AVC).

Contudo, as doenças cardiovasculares mantêm-se como a principal causa de morte em


Portugal, justificando-se que se mantenham no topo das prioridades no que se refere ao
planeamento em saúde

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ETIOLOGIA – SC / EAM

O que causa a doença arterial coronariana/Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM).?

Estão sob um risco mais alto de desenvolver uma doença arterial coronariana:

- pessoas com um histórico de colesterol alto,

- com diabetes,

- fumadores,

- com hipertensão arterial (HTA),

- obesidade,

- stress,

- álcool em excesso,

- histórico familiar de doença cardíaca.

- a menopausa/climatério também pode aumentar risco HTA nas mulheres.

A menopausa também pode aumentar risco HTA nas mulheres.


“Sintoma da menopausa”: “ondas”/fases de calor, hipertensão arterial, etc.

a maioria das mulheres pensa no calor e na osteoporose. Poucas sabem que, nesta fase, é preciso se preocupar também com um
mal silencioso, que não provoca sintomas iniciais, mas que pode trazer sérias complicações à saúde: a hipertensão arterial.

Geralmente acontece em mulheres entre os 45 e 55 anos, durante o período conhecido como climatério, que representa a
transição entre a fase reprodutiva e a não reprodutiva. Nessa faixa etária, há a redução da produção de estrogénio pelos ovários
de forma gradativa, até cessar completamente.

Essa mudança, além de causar todos os sintomas clássicos, como o excesso de calor, também reduz a proteção cardiovascular
promovida por essa hormona, que estimula a dilatação dos vasos, o que facilita o fluxo sanguíneo e reduz o risco de DCV. Além
disso, tem propriedades que evitam o envelhecimento e o endurecimento dos vasos sanguíneos. Por isso, a sua redução, promove
a HTA.

Considerações de normalidade (saúde) / não normalidade (doença):

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Artérias saudáveis são normalmente limpas, suaves e lisas. As paredes das artérias são
flexíveis e podem se expandir para permitir a passagem de mais sangue através do músculo
(miocárdio), quando necessário.

A doença arterial coronariana pode começar com um ferimento/lesão no revestimento da


parede arterial, que pode ser causado por tabagismo, colesterol alto, pressão arterial alta e
diabetes.

Quando esta situação ocorre, o organismo começa um processo de cicatrização que faz com
que placas se formem onde as artérias foram lesadas.

Com o tempo, as placas podem estreitar ou bloquear completamente algumas de suas


artérias coronárias. Este processo reduz o fluxo de sangue rico em oxigênio para o miocárdio.

Um coágulo de sangue também se pode formar neste local, estreitando ainda mais as artérias
e piorando a dor no peito (angina) ou provocando um Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM).

SEMIOLOGIA - EAM (Sinais e Sintomas)

Dor Torácica (angina) O coração recebe menos oxigénio - o coração altera/diminui a sua
fisiologia, pode irradiar para os braços ou para o maxilar.

A angina pode ocorrer durante:

- períodos de stress,

- atividades físicas, como trabalho ou exercícios, ou mesmo em repouso.

Qualquer pessoa que sentir dor no peito/torácica ou sinais de um EAM deve procurar ajuda
médica rapidamente.

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Dispneia

Sensação de dificuldade em respirar. Nos casos de patologia cardíaca é despoletada em


esforço e em decúbito dorsal, melhorando com a posição de sentado.

Síncope

Perda súbita da consciência devida à hipoperfusão cerebral global transitória

caracterizada por início rápido, curta duração e recuperação completa e espontânea. Quando
de origem cardiovascular, pode ser por hipotensão ou intolerância ortostática, por arritmias
(taqui ou bradiarritmias) ou devido a cardiopatias estruturais, principalmente com disfunção
miocárdica ou estenose aórtica.

Palpitações

Sensação desconfortável do batimento cardíaco, tanto pode ser por arritmias benignas como
extrassístoles e taquicardias, como podem ser mais graves se forem de origem ventricular,

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podendo levar à morte. É necessário caracterizar o modo de início, cronologia, localização,
qualidade, duração, intensidade, manifestações associadas, fatores precipitantes, agravantes e
de alívio, além do terminus do episódio.

Outros sintomas são: tontura, e diaforese (transpiração excessiva, "suor frio").

DIAGNÓSTICO – EAM

DEVE SER AVALIADA A HISTÓRIA CLÍNICA:

- antecedentes pessoais, antecedentes familiares,

- medicação do domicílio,

- identificação de fatores de risco - tabagismo, consumo de álcool, hábitos alimentares,

- condição psicossocial,

- história ocupacional

O diagnóstico de SCA é fundamental para a ativação rápida da via verde coronária e baseia-
se na interpretação do Eletrocardiograma (ECG) (presença ou não de supradesnivelamento do
segmento ST) e dos biomarcadores (nomeadamente troponina) que permitem distinguir entre
Angina Instável (AI) e EAM com ou sem supradesnivelamento do segmento ST

Existem várias formas/exames para diagnosticar a doença arterial coronariana:

A - Eletrocardiograma (ECG), mostra a atividade elétrica do coração e as alterações


decorrentes do EAM (elevação da onda ST …)

B - teste/prova de esforço regista a atividade elétrica do coração com a atividade física.

C - angiografia coronária que pode mostrar a ocorrência de algum bloqueio e/ou


estreitamento no fluxo sanguíneo numa artéria coronária. Um contraste especial é injetado
nas artérias coronárias de maneira que elas possam ser visualizadas através de uma imagem
de raio X. As informações da angiografia podem ajudar na decisão de qual será seu
tratamento.

D - Marcadores bioquímicos / Enzimas (CK-MB, LDH, troponinas)

A - ELETROCARDIOGRAMA (ECG), mostra a atividade elétrica do coração e as alterações


decorrentes do EAM (elevação da onda ST …).

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B - TESTE/PROVA DE ESFORÇO regista a atividade elétrica do coração com a atividade física.

Semelhante à realização do ECG, este exame é utilizado para observar a natureza do ECG
quando o coração e o sistema cardiovascular estão expostos a um aumento de stress aeróbio,
normalmente com o utente a correr numa passadeira. Nem todos os utentes têm capacidade
de realizar este exame, nomeadamente utentes com estenose aórtica grave, doenças do
tronco comum, AI, insuficiência cardíaca avançada e EAM recente (5 dias)

Cateterismo cardíaco de diagnóstico

Procedimento invasivo que combina a avaliação hemodinâmica e angiográfica de diferentes


estruturas do coração com vista à realização de um diagnóstico de patologias do foro
cardiovascular, sendo uma técnica que suporta a realização de vários procedimentos de
diagnóstico e terapêutica em cardiologia de intervenção.

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A Sociedade Europeia de Cardiologia recomenda a realização de angiografia coronária:

1. Urgente, em utentes com angina refratária (persistência de sintomas superior a três


meses apesar da terapêutica médica otimizada e revascularização), ou recorrente,
insuficiência cardíaca, arritmias potencialmente fatais ou instabilidade hemodinâmica;

2. Precoce, inferior a 72 horas, seguida de revascularização por intervenção coronária


percutânea (ICP) ou cirurgia de bypass coronário, em utentes com características de risco
intermédio a alto.

Por outro lado, a angiografia não é recomendada como avaliação invasiva de rotina de utentes
sem características de risco intermédio a alto.

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QUEM ESTÁ SOB RISCO?

- terá um risco maior de desenvolver a doença arterial coronariana (DAC - EAM) se


apresentar qualquer um dos itens abaixo:

- Histórico de colesterol alto

- Diabetes

- Fumar

- Pressão arterial alta

- Estar acima do peso normal

- fatores de risco não modificáveis: menopausa, envelhecimento, histórico familiar de doença


cardíaca.

- fatores de risco modificáveis – o que fazer:

- Parar de fumar

- Controlar o colesterol

- Atividade física com regularidade

- Adotar uma dieta saudável

- Controlar a pressão arterial (e diabetes)

- Consultas médicas regulares

TRATAMENTO (Médico)

- Pode ser controlada com uma combinação de mudanças no estilo de vida, exercícios, dieta,
… e tratamento médico/cirúrgico. O tratamento dependerá da gravidade de sua doença.

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MÉDICO: Existem medicamentos para aliviar o desconforto no peito (angina), devido à
obstrução do fluxo coronário:

1. AS ESTATINAS “tratam as placas”, estão indicadas no tratamento da hipercolesterolemia e


na prevenção das doenças cardiovasculares associadas a aterosclerose (administração por via
oral).

- As estatinas inibem a enzima HMG-CoA reductase (3-hidroxi-3-metil-glutaril-coenzima A


reductase), a enzima responsável pela regulação de colesterol no fígado.

EFEITOS DAS ESTATINAS: Diminuição do nível de colesterol sanguíneo, principalmente dos LDL
("mau colesterol"), Aumentam o HDL ("bom colesterol"), Diminuem os triglicerídeos, Melhora
a função do endotélio dos vasos, Estabiliza a placa aterosclerótica, Efeito antitrombótico, reduz
a inflamação.

Ex: Sinvastatina, Atorvastatina: inibição irreversível da HGM-reductase (longa atuação),


Lovastatina, Pravastatina, Rosuvastatina

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O regime medicamentoso deve ser revisto/ajustado, dando ênfase ao nome dos
medicamentos, quais as suas indicações, doses, horários e possíveis efeitos colaterais. As
pessoas devem ser orientadas a tomar sempre a medicação, mesmo que não manifestem
sintomatologia.

Cabe aos enfermeiros instruir as pessoas a levar a tabela ou as receitas da medicação sempre
que forem à consultas ou quando estiverem internadas, facilitando assim possíveis casos de
omissão, aumento de dosagem ou confusão, promovendo uma adequada reconciliação
terapêutica, prevenindo eventos adversos.

O regime medicamentoso do utente com SCA, geralmente inclui os seguintes grupos


farmacológicos:

ANTITROMBOTICOS - antiagregantes plaquetário, anticoagulantes, fibrinolíticos

ANTIDISLIPIDÉMICOS – Estatinas, Inibidores da absorção do colesterol, Fibratos,

ANTIANGINOSOS – nitratos, bloqueadores dos canais de cálcio (BCC), beta bloqueadores (BB),

ANTIHIPERTENSORES – Diuréticos, Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA),


Adrenégicos, bloqueadores dos canais de cálcio (BCC), beta bloqueadores (BB), Antagonistas
dos recetores de angiotensina (ARA)

ANTIDIABÉTICOS - Os inibidores SGLT2 (medicamentos antidiabéticos orais inibidores do co-


transportador de sódio e glucose 2 (SGLT2) - canagliflozina, dapagliflozina e empagliflozina)
e/ou outros medicamentos na gestão da diabetes (tipo 2-metformina ou tipo 1-insulina)

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ETIOLOGIA

Em geral, não se consegue detetar uma causa específica de hipertensão na grande maioria
dos doentes. Quando a HTA não tem causa aparente, chama-se-lhe HIPERTENSÃO ESSENCIAL

Por este motivo (95% sem causa identificada), não é apropriado nem desejável, e nem sequer
possível, investigar a causa em todos os indivíduos com HTA. Contudo, em casos selecionados,
especialmente os doentes resistentes à terapêutica, os casos mais graves e os hipertensos
jovens, ou em que se levante qualquer suspeita clínica, devem ser investigados, no sentido
de detetar causas curáveis de hipertensão. Como nestes casos a cura da doença é possível, os
exames para pesquisa da causa de HTA devem, por isso, ser realizados se houver sinais ou
sintomas suspeitos.

ETIOLOGIA “Própria”

Hoje pensa-se que a HTA é devida a uma combinação de fatores hereditários, ambientais e
de erros no estilo de vida, como:

Idade: tende a aumentar com a idade. Para tal contribui o fato dos nossos vasos sanguíneos
perderem a sua elasticidade ao longo dos anos

Raça: A HTA pode acometer qualquer pessoa. Contudo, é mais comum e tendencialmente
mais precoce e grave em indivíduos de raça negra, comparativamente com os caucasianos.

Sexo: Antes dos 45 anos, a HTA parece ser mais frequente entre os homens. No entanto, a
partir dos 65 anos, após o início da menopausa, são as mulheres que estão em maior risco de
desenvolver esta condição.

Hereditariedade: A existência de uma história familiar de HTA aumenta a probabilidade de


desenvolver esta doença

Stress: Elevados níveis de stress podem aumentar temporariamente a PA

Excesso de consumo de sal: É sabido que um elevado teor de sal na dieta é, também, um
importante fator de risco no aumento da PA

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Alimentação inadequada: Uma dieta rica em calorias, com alto teor de gorduras saturadas e
pobre em nutrientes essenciais é prejudicial à saúde e contribui para o desenvolvimento de
doenças cardiovasculares

Excesso de peso corporal: para além de apresentarem um maior risco de desenvolver HTA,
têm tendencialmente níveis mais elevados de colesterol e triglicerídeos e maior probabilidade
de vir a ter diabetes e problemas cardíacos

Excesso de álcool: O consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode aumentar


significativamente a PA, doenças cardíacas, doenças hepáticas, depressão e suicídio.

Sedentarismo: maior risco de obesidade, HTA e doenças cardíacas.

Tabaco: É conhecida a relação entre o tabagismo e os problemas respiratórios e cancro do


pulmão. Mas, o consumo crónico e prolongado do tabaco também constitui uma causa
importante de doenças cardiovasculares.

HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA

As causas (conhecidas) da hipertensão secundária, embora relativamente raras, têm grande


importância por serem potencialmente curáveis. As causa mais importantes:

- Doença renal - Nem todas as doenças renais se associam a HTA mas, por outro lado,
elas são a principal causa de HTA secundária conhecida, sobretudo as doenças do
parênquima renal. A estenose (estreitamento) da artéria renal é uma causa
relativamente rara, mas que se diagnosticada, pode, em muitos casos, ser curada
cirurgicamente ou, mais recentemente por angioplastia (idêntica à dilatação arterial
no EAM).

- Doenças endócrinas - São muito raramente causa de hipertensão. As mais frequentes


atuam através de uma produção hormonal aumentada pelas suprarenais, geralmente
por um tumor que pode ser removido cirurgicamente, como por exemplo, o
hiperaldosteronismo primário, o feocromocitoma ou mesmo a síndrome de Cushing.

- Doença iatrogénica - Anticoncetivos orais. Quase todas as mulheres que tomam a


pílula sofrem uma elevação, mesmo que ligeira, da pressão arterial (os estrogénios
aumentam a síntese hepática do substrato de renina … angitensina 2). Num pequeno
número de casos, essa elevação pode ser considerável e levar a HTA.

O hiperaldosteronismo primário é um estado de produção de aldosterona excessivo de forma


inapropriada, relativamente independente do sistema renina-angiotensina. A função da
aldosterona (supra renal) no metabolismo é controlar o sódio e o potássio.

Feocromocitoma é um tumor que normalmente se origina das células cromafins das glândulas
adrenais, o que provoca a superprodução de catecolaminas, hormonas potentes que causam
hipertensão arterial e outros sintomas.

A síndrome de Cushing é uma doença/situação clinica causada por exposição prolongada a


níveis excessivos de cortisol ou outros glicocorticoides de fontes endógenas ou exógenas. É
caracterizada clinicamente por obesidade na parte superior do corpo, hipertensão arterial,
diabetes, osteoporose e excesso de líquido corporal.

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A HTA pode levar a graves lesões dos órgãos vitais, tais como:

- Diminuição gradual da função do órgão, devido a um fornecimento insuficiente de sangue.


Esta diminuição ou perda da função pode ser rápida e maciça quando um vaso estreitado se
fecha completamente, se rompe ou é obstruído por um coágulo, interrompendo totalmente o
fornecimento de sangue ao órgão. A consequência pode ser, por exemplo, um EAM, um AVC
ou uma gangrena do pé, de acordo com o território afetado.

- A parede arterial enfraquecida pela pressão arterial elevada pode ceder e dilatar-se,
formando um pequeno balão - aneurisma. Se isto acontecer, na artéria aorta ou numa artéria
do cérebro, poderá ocorrer uma crise cardiovascular que põe em risco a vida do indivíduo

- A HTA obriga o coração a trabalhar mais para bombear o sangue através dos vasos. Este
maior esforço leva o coração a hipertrofiar-se (dilatar-se). Como consequência pode surgir
insuficiência cardíaca (quando o coração já não consegue bombear sangue suficiente para
satisfazer as necessidades do organismo). Por outro lado, o fluxo de sangue ao músculo
cardíaco pode tornar-se insuficiente surgindo angina de peito.

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- Recomendar a automedição da PA - obter informações sobre a eficácia da medicação anti
hipertensora e em algumas situações, tais como:

- Avaliar a "Hipertensão de Bata Branca", definida como uma elevação persistente da PA no


consultório e valores normais fora deste. Tal acontece porque, por vezes, em ambiente de
consulta, algumas pessoas ficam mais ansiosas, o que contribui para um aumento transitório
da PA;

- Avaliar a "Hipertensão Mascarada". Ao contrário do que se verifica na "Hipertensão de Bata


Branca", nesta condição verificam-se valores normais de PA no consultório, mas valores
elevados fora deste;

- Hipertensão Gestacional - surge somente depois da 20ª semana de gestação –


(pré)eclâmpsia que é um quadro de hipertensão arterial e de proteinúria (perdas de
proteínas na urina).

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• A Monitorização da PA em casa - MAPA (monitorização ambulatória de
pressão arterial) obedece a alguns princípios e reúne características
específicas, nomeadamente no que respeita ao tipo de aparelhos e forma de
medição.

TRATAMENTO Medicamentoso / Não Medicamentoso

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As TIAZIDAS são um grupo de fármacos diuréticos, que atuam no rim, aumentando o volume e diminuindo a
concentração da urina.

Mecanismo de ação

Inibem o transportador de Na+/Cl-, codificado pelo gene SLC12A3, das células tubulares distais. Diminuem assim a
reabsorção de sais e água associada. Aumentam a excreção dos iões sódio, potássio e magnésio .

Efeitos

atuam provocando um aumento da excreção de sódio, potássio e água, principalmente. Parece que a longo tempo
têm um efeito vasodilatador porém este efeito ainda não está bem provado. Seria, segundo alguns estudos, devido
a uma ativação dos canais de potássio-cálcio-dependentes.

Usos clínicos

O uso de diuréticos deve ser feito com restrição do sal na dieta, pois o seu efeito poderá aumentar o apetite por sal,
e se este for ingerido em grandes quantidades, não terá efeito.

• Diurético de primeira escolha no tratamento da hipertensão arterial, sobretudo nos idosos, segundo o
maior estudo de anti-hipertensivos já realizado (ALLHAT).

• Insuficiência cardiaca inicial (a tardia é com um diurético da ansa).

• Hipercalciúria idiopática

• Diabetes insipidus de causa renal: efeito paradoxal- diminuem o volume da urina neste caso.

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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

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FISIOPATOLOGIA - Insuficiência VE

Na insuficiência cardíaca devido à disfunção ventricular esquerda, o débito cardíaco diminui e


a pressão venosa pulmonar aumenta. À medida que a pressão capilar pulmonar excede a
pressão oncótica das proteínas plasmáticas (cerca de 24 mmHg), extravasa líquido dos
capilares para espaço intersticial e alvéolos, reduzindo a competência pulmonar, aumentando
o trabalho respiratório. O acúmulo intenso de líquido nos alvéolos - edema pulmonar: o
sangue arterial pulmonar desoxigenado passa através dos alvéolos pouco ventilados,
diminuindo a oxigenação arterial sistémica (Pao2), provocando dispneia.

Na insuficiência de VE grave ou crónica, desenvolvem-se derrames pleurais, agravando ainda


mais a dispneia. A ventilação por minuto aumenta e, assim, a Paco2 diminui e o pH sanguíneo
aumenta (alcalose respiratória).

SEMIOLOGIA

Os Sintomas de insuficiência cardíaca não são sempre óbvios. Algumas pessoas em fases
muito iniciais da insuficiência cardíaca podem não ter qualquer sintoma. Outras podem ignorar
os sintomas como cansaço ou falta de ar, considerando sinais de envelhecimento.

Por vezes são mais evidentes, devido à incapacidade do coração em bombear sangue de
forma eficiente para os órgãos (como os rins e o cérebro, o próprio coração, etc.), incluem:

Por vezes são mais evidentes, devido à incapacidade do coração em bombear sangue de
forma eficiente para os órgãos (como os rins e o cérebro, o próprio coração, etc.), incluem: -
Dispneia acentuada

- Edema dos membros inferiores

- “Falta de energia”, sensação de cansaço

- Dificuldade em dormir à noite devido a problemas respiratórios

- Abdómen edemaciado, perda de apetite

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- Tosse com muco "espumoso"

- Confusão

- Perda de Memória

DIAGNÓSTICO

A Pressão Arterial Média (PAM)

Corresponde à pressão sanguínea média entre as pressões sistólica e diastólica, na aorta.

Objetivo: saber se o sangue circula bem.

- A diastólica é multiplicada por dois porque o sistema circulatório passa cerca de 2/3 do
tempo em fase diastólica, na qual "descansa“.

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- Por exemplo: uma pessoa com: diastólica - 87 e sistólica de 120.

Logo: PAM = (2(87) + 120)/3 = (294)/3 = 98 mmHg.

PAM = (2PAD) + PAS)/3

- Valores entre 70 e 110 mmHg são considerados normais. A pressão arterial média é usada
para determinar se o sangue circula bem por todos os órgãos do corpo; valores de PAM acima
de 60 indicam uma boa circulação.

TRATAMENTO

1. TERAPIA DE RESSINCRONIZAÇÃO CARDÍACA - PACEMAKER

Em algumas pessoas com insuficiência cardíaca, os ventrículos do coração não contraem ao


mesmo tempo, forçando o coração a trabalhar mais. Estas pessoas podem beneficiar da
terapia de ressincronização cardíaca (TRC), com um Pacemaker/marca-passo.

O Pacemaker envia pequenos estímulos elétricos a ambos os ventrículos para ajudá-los a


contraírem com padrão mais sincronizado. Isso pode melhorar a capacidade do coração para
bombear o sangue e o oxigénio para o corpo.

2. MUDANÇAS NO ESTILO DE VIDA

Recomendável mudanças de estilo de vida, tais como parar de fumar, limitar a ingestão de
sódio (sal), perda de peso ou reduzir nível de stress.

Estas mudanças podem ajudar a aliviar alguns dos sintomas associados com insuficiência
cardíaca e reduzir a pressão sobre coração.

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TRATAMENTO

- Na pericardite aguda provocada por vírus ou sem causa esclarecida, o tratamento pode ser
feito com repouso e aspirina ou algum anti-inflamatório comum. Se a dor não melhorar
dentro de uma semana, o quadro precisa ser reavaliado.

Outro medicamento que pode ser usado é a colchicina, que, além de melhorar os sintomas da
pericardite aguda, também reduz o risco de recorrências (atenção/cuidado nos critérios para o
uso deste medicamento…)

Podem ser necessários corticoides.

- Quando a causa da pericardite é identificada, como nos casos de infeções por bactérias ou
tuberculose, também faz parte do tratamento o uso de antibióticos dirigidos para essas
infeções.

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VALVOPATIAS CARDÍACAS

VALVOPATIAS CARDÍACAS – conceito – etiologia - semiologia

A valvulopatia, também chamada de valvulopatia cardíaca, é um conjunto de doenças que


afetam as válvulas cardíacas

Ocorre devido ao endurecimento/alterações das válvulas (infeções, malformações


congénitas, HTA, outras doenças CV, etc.), dificultando o trabalho do coração em bombear o
sangue para todas as partes do corpo, o que pode levar ao desenvolvimento de outros
problemas como insuficiência cardíaca, arritmia ou até paragem cardíaca.

São mais frequentes em homens a partir dos 65 anos e mulheres a partir dos 75 anos, e
muitas vezes não apresentam sintomas fáceis de identificar. No entanto, como há uma
dificuldade do coração bombear o sangue, a pessoa pode se sentir constantemente cansada,
fraca ou com falta de ar.

Disfunções das válvulas cardíacas incluem:

• Regurgitação aórtica: insuficiência da válvula aórtica que causa refluxo do sangue da


aorta para o ventrículo esquerdo durante a diástole

• Estenose aórtica: estreitamento da válvula aórtica, obstruindo o fluxo sanguíneo do


ventrículo esquerdo para a aorta ascendente durante a sístole

• Regurgitação mitral: insuficiência da válvula mitral que provoca o fluxo do sangue do


ventrículo esquerdo para o AE durante a sístole ventricular.

• Estenose mitral: estreitamento do orifício mitral que obstrui o fluxo sanguíneo da AE


para o ventrículo esquerdo.

• Prolapso da válvula mitral: abaulamento das cúspides da válvula mitral para o AE


durante a sístole

• Regurgitação pulmonar: insuficiência da válvula pulmonar que provoca fluxo


sanguíneo da artéria pulmonar para o ventrículo direito durante a diástole.

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• Estenose pulmonar: estreitamento da via de saída pulmonar provocando obstrução
do fluxo sanguíneo do ventrículo direito para a artéria pulmonar durante a sístole

• Regurgitação tricúspide: insuficiência da válvula tricúspide, que provoca fluxo


sanguíneo do ventrículo direito para AD durante a sístole

• Estenose tricúspide: estreitamento do orifício tricúspide que obstrui o fluxo


sanguíneo do AD para o ventrículo direito

TRATAMENTO

• Valvuloplastia ou substituição valvular

Em situações menos graves, o tratamento requer apenas observação periódica, sem nenhum
tratamento ativo por muitos anos. Em geral, nem estilo de vida nem fármacos alteram a
história natural da lesão valvular.

Em situações moderadas ou graves com sintomas ou disfunção cardíaca, pode ser necessário
valvuloplastia (reparação da válvula), ou substituição valvular.

Anticoagulação para pacientes com válvula cardíaca artificial.

A anticoagulação é necessária para prevenir tromboembolismo. A duração do tratamento e o


fármaco utilizado diferem com base no tipo de prótese e das características do doente (…):

• Tromboembolismo prévio

• Fibrilação auricular

• Fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) ≤ 35%


Nota: Se a cirurgia de revascularização do miocárdio está indicada, é possível tratar cirurgicamente (durante a
mesma cirurgia) quaisquer lesões valvulares moderadas ou graves, mesmo que assintomáticas.A profilaxia da
endocardite é indicada quando há uma história de endocardite e para pacientes com válvulas cardíacas mecânicas.

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PATOLOGIA RESPIRATÓRIA

Como se diagnosticam as doenças respiratórias?


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- observação clínica,

- técnicas e meios complementares de diagnóstico: testes da função respiratória, testes de


sons respiratórios, broncografia, broncoscopia, laringoscopia, radiografia pulmonar, depuração
mucociliar, testes de provocação nasal, etc.

Quais são os principais sintomas de doença respiratória?

Cada doença tem sintomas específicos. Contudo, os mais comuns:

- tosse, a rouquidão,

- nariz entupido,

- dores no peito, dores de garganta, garganta irritada,

- “pingo” no nariz,

- dificuldade em respirar quando não está a fazer esforço (a subir escadas, a andar, a fazer
exercício), - dispneia

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ETIOLOGIA

A pneumonia é uma doença grave, sendo mais frequente nos adultos com mais de 60 anos de
idade, afetando no entanto de igual modo ambos os sexos.

Existe uma variedade de designações aplicadas a várias formas de pneumonia, que refletem a
epidemiologia do processo e o provável agente causador. Pois, apesar da melhoria dos
métodos de identificação e de diagnóstico, só uma pequena percentagem do agente causador
da pneumonia é identificado:

- Pneumonia bacteriana

- Pneumonia vírica

- Pneumonia fúngica

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- Pneumonia química

- Pneumonia de aspiração

- Pneumonia atípica

- Pneumonia comunitária, nosocomial

Pneumonia bacteriana

Denomina-se pneumonia bacteriana quando a doença é causada por bactérias. O agente


bacteriano mais comum é o Streptococcus pneumoniae (agente da pneumonia
pneumocócica), seguido pelo haemophilus influenzae, daí que todos os esquemas de
tratamento empírico devam abranger estes agentes.

Os agentes gram negativos como Escherichia coli, Klebsiella, Enterobacter são menos
frequentes, porém existe um risco acrescido em doentes com doenças crónicas (doença
cardíaca, neoplasias, insuficiência renal, diabetes, etc.), alcoolismo e em doentes que
estiveram hospitalizados.

A Pseudomona é um agente agressivo que provoca formas graves de pneumonia, todavia, é


um agente pouco frequente. Atinge, essencialmente, pacientes portadores de doenças
pulmonares crónicas graves.

As pneumonias nos doentes imunodeprimidos (doentes com HIV por exemplo) podem ser
originadas por outro tipo de agentes que não provocam doença em indivíduos saudáveis.

Pneumonia vírica

A causa mais comum de pneumonia viral ou vírica é a provocada pelo vírus Influenza A (O
vírus Influenza é o causador da gripe e é classificado em A, B e C), que ocorre
predominantemente nos meses de inverno.

Alguns indivíduos infetados por outros vírus, nomeadamente o vírus da varicela e da


mononucleose (vírus Epstein-Barr), podem desenvolver um quadro de pneumonia, embora
raramente ocorra em indivíduos saudáveis.

Pneumonia fúngica

A pneumonia fúngica é provocada por fungos. Este tipo de pneumonia ocorre essencialmente
em indivíduos imunodeprimidos, daí serem denominados de agentes oportunistas - a cândida
e o pneumocistis jiroveci, muito comum em doentes com SIDA.

Pneumonia química

Por vezes, a inalação de gases tóxicos provenientes da libertação de dióxido de azoto, pode
provocar uma doença aguda que simula uma pneumonia bacteriana ou vírica aguda quer na
clínica quer na radiografia do tórax. O mesmo se passa com os trabalhadores da indústria
têxtil (essencialmente em tinturarias), expostos a aerossóis de produtos químicos orgânicos.

Pneumonia de aspiração

A pneumonia por aspiração pode ocorrer após um episódio de aspiração (ex. do conteúdo
gástrico) ou de obstrução brônquica por um corpo estranho (ex. alcoolismo, refluxo esofágico
noturno, uma sessão prolongada na cadeira odontológica, epilepsia).

43
Se não for tratada, a pneumonia por aspiração pode progredir rapidamente para um processo
necrosante que é geralmente devido a um organismo anaeróbio. O processo pode envolver
um segmento pulmonar, um lobo, ou um pulmão inteiro. Em alguns doentes, a pneumonia
necrotizante culmina com abcessos pulmonares, noutros por sua vez a aspiração produz uma
doença com uma duração de várias semanas que se caracteriza por mal-estar, tosse produtiva
e febre baixa.

Pneumonia atípica

Denomina-se pneumonia atípica cuja doença se caracteriza pela existência de escassa


expetoração e não se revela agente nos esfregaços de expetoração ou culturas (incluindo para
micobactérias e Legionella). A manifestação clínica da doença é geralmente subaguda e a
imagem radiológica que consiste de infiltrados irregular. A febre e leucocitose periférica são
menos comuns ou intensas do que em pneumonias bacterianas comuns.

Os agentes causadores deste tipo de doença são muito heterogéneos e denominam-se


atípicos: Mycoplasma pneumoniae, chlamydia psittaci, chlamydia pneumoniae, vírus do trato
respiratório (influenzae, adenovírus, VSR, parainfluenzae vírus), outros vírus (Varicela zóster,
Epstein Barr, citomegalovírus), bactérias (Legionella, Y. Pestis, B. anthracis), Ricketsia

Pneumonia comunitária, nosocomial

A maior parte das pneumonias desenvolvem-se na comunidade onde o doente está inserido,
sendo por tal motivo designada por pneumonia adquirida na comunidade ou pneumonia
comunitária.

Pode acontecer em internamento no hospital, sendo neste caso designada de pneumonia


hospitalar ou pneumonia nosocomial.

SEMIOLOGIA

O principal sintoma da pneumonia aguda é, geralmente, a tosse que surge juntamente com
pelo menos outro sintoma, a saber:

• Expetoração;

• Febre;

• Falta de ar ou dificuldade em respirar;

• Desconforto no peito ou dor do tipo “pontada”, “dor nas costas”.

… podem haver ainda outros sintomas, tais como: hipersudorese (suores), arrepios, calafrios,
fadiga, mialgias, anorexia (perda de apetite), cefaleias, estados confusionais, desconforto e dor
torácica, hemoptise (sangue na expetoração) e dor abdominal.

A pneumonia em idosos pode surgir sem febre. Neste grupo de doentes a pneumonia pode
ser uma doença silenciosa, na medida em que se apresenta com sintomas inespecíficos
(confusão, desequilíbrio, dores abdominais e perda de urina) que, por vezes, atrasam e
dificultam o diagnóstico.

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TRATAMENTO – questões pertinentes:

Pneumonia é contagiosa?

A pneumonia é contagiosa ou transmissível, ou seja, a doença pode ser transmitida de pessoa


para pessoa. No entanto, o agente mais comum, o Streptococcus pneumoniae, coloniza as
vias aéreas superiores podendo originar outro tipo de doenças, tais como: doença invasiva
disseminada (meningite) ou infeções respiratórias superiores (otite média, sinusite). O
mesmo acontece com a maioria dos agentes causadores, podendo dizer-se que pode ocorrer
contágio ou que se “pega” ou transmite, mas nem sempre origina pneumonia, por vezes os
mecanismos de defesa do individuo conseguem suster ou eliminar a infeção.

Noutro tipo de agentes, a transmissão pode dever-se à exposição a pássaros, gado, condutas
de ar condicionado ou aerossóis.

Complicações da pneumonia

As pneumonias podem gerar complicações inerentes à propagação da infeção, como sepsis,


abcesso pulmonar (morte de parênquima pulmonar), empiema (pus na cavidade torácica) ou
devido ao processo de cicatrização/inflamação crónico (Bronquiectasias, fibrose), podendo
provocar, desta forma, lesões irreversíveis.

Pneumonia tem cura?

O prognóstico depende de vários fatores que vão desde o agente causador e mecanismos de
defesa do doente à rapidez de início do tratamento, idade, outras doenças.

De uma forma geral, a pneumonia da comunidade possui um curso benigno e uma boa
evolução, no entanto, por vezes, ocorre uma progressão acelerada e pode levar rapidamente à
sépsis (infeção generalizada) e consequentemente à morte.

Não existe qualquer remédio natural ou caseiro que tenha provado curar ou tratar a
pneumonia, pelo que se deve tomar consciência da seriedade da doença e recorrer aos
serviços médicos com a maior urgência possível.

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No tratamento da pneumonia deve-se avaliar a gravidade da mesma, tendo em consideração
alguns fatores, tais como: idade, sintomas, tensão arterial, outros problemas de saúde, apoio
em casa, entre outros.

Tratamento da pneumonia ligeira

O tratamento é perfeitamente exequível de ser efetuado em casa.

- Antibioterapia, logo que possível após o diagnóstico (informar alergias à penicilina...)

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (2003) recomenda como primeira opção no caso de


pneumonia ligeira a Eritromicina, claritromicina e azitromicina, e como segunda opção
doxiciclina, levofloxacina e moxifloxacina.

Pode também ser com amoxicilina/ clavulanico ou fluoroquinolona e como segunda opção a
associação amoxicilina/ clavulanico com a doxiciclina. – DEPENDE DA SITUAÇÃO CLINICA…

O doente deve informar caso não comece a sentir melhorias 3 dias após o início da toma dos
antibióticos ou se em qualquer momento, sentir que o seu estado se está agravar.

TRATAMENTO DA PNEUMONIA GRAVE

Pode ser necessário internamento, com análise da expetoração, análises ao sangue e,


eventualmente, um teste de urina para auxiliar na descoberta da causa da infeção.

- Antibioterapia tão rapidamente quanto possível após o diagnóstico. Por norma, estes
devem ser ministrados durante as primeiras 4 horas após a admissão.

Por norma, o doente não deve ter alta, caso nas últimas 24 horas tenha tido dois ou mais dos
seguintes sintomas:

• Febre;

• Batimento cardíaco rápido (Taquicardia) ou elevada frequência respiratória;

• Baixa quantidade de oxigénio no sangue;

• Tensão arterial baixa;

• Confusão mental.
O que esperar depois de iniciar os antibióticos?

Os sintomas devem começar a melhorar logo que inicie a toma dos antibióticos, todavia essa melhoria verificar-se-á
mais rapidamente em algumas pessoas do que noutras, dependendo da gravidade da pneumonia.

Após o início dos antibióticos, deve esperar:

• 1 semana - a febre deve ter desaparecido;

• 4 semanas - o seu peito deve ficar mais aliviado e vai produzir menos expetoração;

• 6 semanas - vai ter menos tosse e vai respirar mais facilmente;

• três meses - a maioria dos sintomas terão desaparecido, podendo todavia ainda se sentir cansado.

O doente deve informar o seu médico/enfermeiro se considerar que os seus sintomas estão a piorar ou se eles
não estão a apresentar melhorias, conforme seria esperado.

As alterações radiográficas (RX de tórax) são as que mais demoram a desaparecer, podendo persistir durante 4 a 12
semanas. De uma forma geral, o doente deverá repetir o RX cerca de 6 semanas após o diagnóstico.

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ETIOLOGIA

As principais causa de DPOC:

- tabagismo,

- fumo das lareiras para cozinhar e aquecer casas mal ventiladas,

- suscetibilidade genética à doença, porque apenas cerca de 20 a 30% dos fumadores


desenvolvem DPOC clinicamente significativa. No entanto, muitos fumadores perdem
função pulmonar de uma forma significativa, mas mantêm-se assintomáticos (sem
sintomas).

- Genética - deficiência de alfa-1-antitripsina

- Em cerca de 1% dos doentes com DPOC, a doença resulta de uma doença genética que
causa baixos níveis de uma proteína chamada alfa-1-antitripsina. A alfa-1-antitripsina
(AAt) é produzida no fígado e secretada na corrente sanguínea para ajudar a proteger
os pulmões. Esta deficiência pode afetar o fígado, bem como os pulmões. As lesões
pulmonares podem ocorrer muito cedo (bebés e crianças), não só em adultos com
longa história tabágica.

- Asmáticos fumadores - A combinação de asma, uma doença inflamatória crónica das vias
aéreas e tabagismo aumenta exponencialmente o risco de DPOC. - Exposição ocupacional a
poeiras e produtos químicos

- A exposição a longo prazo a vapores químicos no local de trabalho pode irritar e inflamar os
pulmões.

- Exposição a fumos provenientes das lareiras - Nas zonas rurais, as pessoas expostas a fumo
para cozinhar e aquecer as casas mal ventiladas correm maior risco de desenvolver DPOC.

- Idade - A DPOC desenvolve-se lentamente ao longo dos anos, sendo que a maioria das
pessoas possuem pelo menos 40 anos quando os sintomas se manifestam.

SEMIOLOGIA

47
Os sintomas de DPOC geralmente não aparecem até que tenha ocorrido uma degradação
pulmonar significativa e, geralmente, pioram ao longo do tempo, particularmente se a
exposição ao fumo persistir. O principal sintoma é uma tosse diária e expetoração em pelo
menos três meses por ano durante dois anos consecutivos.

Podem incluir também:

• Dispneia (falta de ar), especialmente durante atividades físicas;

• Sibilância;

• Opressão torácica (aperto no peito);

• Expetoração matinal, devido ao excesso de muco nos pulmões;

• Tosse crónica com expetoração (expetoração) que pode ser transparente, branco,
amarelo ou esverdeado;

• Extremidades dos dedos cianóticos (coloração azulada);

• Infeções respiratórias frequentes;

• Fadiga;

• Perda de peso não intencional (em fases avançadas da doença);

• Edemas (inchaço) membros inferiores.

DIAGNÓSTICO

Pode não ser diagnosticada até que a doença esteja muito avançada e as intervenções clínicas
sejam menos eficazes.

- Antecedentes familiares e pessoais: exposição a irritantes pulmonares - especialmente o


fumo do cigarro.

- Provas funcionais respiratórias: Testes de função pulmonar que medem a quantidade de ar


que se pode inalar e expirar, e se os pulmões estão a oxigenar o sangue convenientemente.

- Espirometria é o teste de função pulmonar mais comum. Durante este exame, o doente
sopra num grande tubo conectado a uma pequena máquina chamada espirómetro. Esta
máquina mede a quantidade de ar que os pulmões podem conter e a rapidez com que o ar é
expelido para fora dos pulmões.

A espirometria pode detetar a DPOC, mesmo antes de aparecerem os sintomas. Este exame,
também deve ser usado para acompanhar a progressão da doença e para monitorizar o
tratamento. A espirometria deve incluir a prova de broncodilatação. Outros testes de função
pulmonar incluem a medição de volumes pulmonares, capacidade de difusão do monóxido
de carbono e oximetria de pulso.

- Raio x do tórax - pode mostrar enfisema, uma das principais causas de DPOC (e outros
problemas…)

- Tomografia computadorizada torácica (TAC) - pode ajudar a detetar enfisema, detetar


cancro do pulmão, etc.

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- Gasimetria - Análise dos gases sanguíneos arteriais - mede a capacidade dos pulmões para
absorver o oxigénio e remover o dióxido de carbono…

- Testes laboratoriais (análises ao sangue). Não são utilizados para diagnosticar DPOC, mas
podem ser utilizados para determinar a causa dos sintomas ou excluir outras doenças. Por
exemplo, testes laboratoriais podem ser úteis na determinação de alteração genética de
déficit de alfa-1-antitripsina (Aat - é uma enzima produzida pelo fígado, que inibe a ação de
outras enzimas chamadas protéases que provocam destruição dos alvéolos), que pode ser a
causa de alguns casos de DPOC. Este teste deve ser feito se o doente tem uma história familiar.

DPOC tem cura?

Um diagnóstico de DPOC não é o “fim do mundo”. A maioria das pessoas tem formas ligeiras
da doença para as quais é necessário pouco tratamento além da cessação tabágica.

Para os estadios mais avançados da doença, estão disponíveis terapêuticas eficazes que
podem controlar os sintomas, reduzir o risco de complicações e exacerbações e melhorar a
capacidade de manter uma vida ativa.

Importante deixar de fumar, pois é a única maneira de impedir a progressão desta doença.
Mas, parar de fumar não é fácil. Esta tarefa pode parecer particularmente assustadora e difícil
nos doentes que já tentaram e não tiveram êxito.

TRATAMENTO

- Broncodilatadores

É um inalador (“bomba”) e tem o objetivo de relaxar os músculos das vias aéreas. Alivia a
tosse e falta de ar.

Dependendo da gravidade da doença, pode ser necessário um broncodilatador de curta ação


antes das atividades, o uso de um broncodilatador de ação prolongada todos os dias ou
ambos.

Os broncodilatadores de curta duração incluem salbutamol, terbutalina e brometo de


ipratropio. Os broncodilatadores de longa duração incluem brometo de tiotrópio, salmeterol,
formoterol, indacaterol, aclidínio e umeclidinio.

- Corticosteróides inalados

Medicamentos corticosteróides inalados podem reduzir a inflamação das vias aéreas e ajudar
a evitar exacerbações. Os efeitos secundários podem incluir contusões, infeções orais e
rouquidão. Esses medicamentos são úteis para pessoas com exacerbações frequentes de
DPOC. Fluticasona e budesonida são exemplos de esteróides inalados.

- Combinação de inaladores

Alguns medicamentos combinam broncodilatadores e esteróides inalados. Salmeterol e


fluticasona; o formoterol e budesonide, o formoterol e a fluticasona são exemplos de
combinação de inaladores.

- Esteróides orais

Para as pessoas que têm uma exacerbação aguda moderada ou grave, as administrações
curtas (por exemplo, cinco dias) de corticosteróides orais impedem o agravamento da DPOC.

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No entanto, o uso a longo prazo destes medicamentos pode ter efeitos secundários graves,
tais como: o aumento de peso, diabetes, osteoporose, cataratas e um risco aumentado de
infeção.

- Teofilina - É um broncodilatador. Evita exacerbações. Podem ter efeitos secundários:


náuseas, cefaleias (dor de cabeça), taquicardia (batimento cardíaco rápido) e tremor. Os
efeitos secundários estão relacionados com a dose.

- Antibióticos - Infeções respiratórias, como bronquite aguda, pneumonia e gripe, podem


agravar os sintomas da DPOC. Os antibióticos ajudam a tratar as exacerbações agudas. A
azitromicina provou prevenir exacerbações, também pelas suas propriedades anti-
inflamatórias. Tendo assim indicação em doentes selecionados.

- Oxigenoterapia - Se não houver oxigénio suficiente no sangue, pode ser necessário oxigénio
suplementar.

Algumas pessoas com DPOC usam oxigénio apenas durante as atividades ou durante o sono.
Outros usam oxigénio continuamente. A oxigenioterapia pode melhorar a qualidade de vida.

- Programa de reabilitação pulmonar - Importante o treino de exercício/fisioterapia, nutrição


(alimentação) e o ensino. A reabilitação pulmonar provou diminuir o número de
internamentos, aumentar a capacidade de realizar as atividades quotidianas e melhorar a
qualidade de vida.

- Cirurgia - A cirurgia é uma opção para algumas formas de enfisema grave que não
melhoram o suficiente com as medidas descritas anteriormente. As opções cirúrgicas
incluem:

Cirurgia de redução do volume pulmonar. Remoção de tecido pulmonar danificado dos


pulmões - cria espaço extra na cavidade torácica para que o tecido pulmonar saudável possa
expandir e o diafragma seja mais eficiente.
Transplante pulmonar. Pode melhorar a capacidade respiratória e tornar o doente ativo. No
entanto, é uma operação que tem riscos significativos, tais como: a rejeição de órgão, e é
necessário tomar ao longo da vida medicamentos imunossupressores.

Bulectomia. Grandes espaços aéreos (bolhas) que se formam nos pulmões quando as paredes
dos alvéolos são destruídas. Estas bolhas podem tornar-se muito grandes e causar problemas
respiratórios. Remoção de bolhas dos pulmões para ajudar a melhorar o fluxo de ar.

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TIPOS DE ASMA

A asma é uma doença heterogénea com diferentes processos subjacentes.

Muitos tipos foram identificados, alguns dos mais comuns incluem:

- Asma alérgica

A asma alérgica ou asma atópica é o fenótipo de asma mais facilmente reconhecido, que
muitas vezes começa na infância – (asma infantil), e está associada a história do passado e/ou
familiar de doença atópica, tal como o eczema, rinite alérgica ou alergia a alimentos ou
medicamentos.

Os doentes com este tipo da asma geralmente respondem bem ao tratamento com
corticosteróides inalados (“bomba para asma”).

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- Asma não alérgica

Alguns adultos têm asma que não está associada com a alergia que não respondem tão bem
ao tratamento com corticosteroide inalado. Este tipo de asma é também denominada asma
intrínseca.

- Asma de inicio tardio (adulto)

Alguns adultos, especialmente mulheres, apresentam-se com asma, pela primeira vez na idade
adulta. Na maioria dos casos, tende a ser não-alérgica, e muitas vezes necessitam de doses
mais elevadas de corticoides.

- Asma ocupacional

A asma ocupacional ou asma laboral, ou seja, adquirida no local de trabalho pode ser
induzida ou (mais frequentemente) agravada pela exposição a alérgenos ou outros agentes
sensibilizadores no trabalho. A rinite ocupacional pode preceder a asma um ano antes. Na
asma ocupacional, os seus sintomas melhoram quando o doente está afastado do local de
trabalho (fins de semana ou férias). Isto é importante para confirmar o diagnóstico de asma
ocupacional.

- Asma induzida pelo exercício físico

O exercício físico é um importante estímulo para desencadear sintomas de asma e


habitualmente a broncoconstrição e a sintomatologia pioram logo após terminar o exercício
(asma de esforço).

Esta designação é aplicada apenas quando os sintomas de asma se relacionam exclusivamente


com o exercício físico. Daí que, o diagnóstico de asma em atletas deve ser confirmado por
testes de função pulmonar, geralmente com teste de provocação brônquica,

ASMA – SEMIOLOGIA

Existem sinais e sintomas respiratórios típicos de asma:

• Sibilos, falta de ar, tosse, aperto no peito. Os sibilos são popularmente denominados
de “pieira”, “chiadeira”, “farfalheira”, entre outros;

• Os sintomas, muitas vezes, pioram à noite ou no início da manhã; denominada por


asma noturna;

• Os sintomas variam ao longo do tempo e de intensidade;

• Os sintomas são desencadeados por infeções víricas (constipações), exercício físico,


exposição a alérgenos, mudanças no clima, risos e substâncias irritantes (fumo,
poluição ou cheiros fortes).

Todavia, algumas características reduzem a probabilidade de se tratarem de sintomas


respiratórios associados à asma:

• Tosse isolada, sem outros sintomas respiratórios;

• Produção crónica de expetoração - a tosse asmática é caracteristicamente seca;

• Falta de ar associada a tonturas, sensação de desmaio ou formigueiro nas mãos e nos


pés (parestesia). Esta situação associa-se mais a asma emocional ou crise histérica

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ASMA - DIAGNÓSTICO

• identificação da associação de um padrão característico de sintomas respiratórios


como pieira, falta de ar (dispneia), aperto torácico e tosse, com a confirmação de
um exame de espirometria.

• Se possível, a espirometria de apoio diagnóstico de asma deve ser efetuada quando


surgem os sintomas iniciais, pois os sintomas de asma, de uma forma geral podem
melhorar espontaneamente ou com tratamento.

• A asma em idosos é de mais difícil diagnóstico devido à má perceção da limitação do


fluxo aéreo - existe uma aceitação da dispneia como sendo “normal” na velhice,
associada à redução da atividade física.

• A presença de outras doenças também complica o diagnóstico, ou seja, os sintomas


de pieira, falta de ar e tosse que pioram no exercício ou à noite, podem ser causados
por doença cardiovascular ou insuficiência ventricular esquerda, que são comuns nesta
faixa etária – denominada asma cardíaca.

• Neste grupo etário, uma história clínica cuidadosa e um bom exame objetivo,
complementado com um RX de Tórax e um eletrocardiograma (ECG), irão auxiliar no
diagnóstico.

• Nesta faixa etária, a asma é muitas vezes confundida com a Doença Pulmonar
Obstrutiva crónica (DPOC).

Asma é contagiosa?

• A asma não é contagiosa, ou seja, não se “pega” ou não é transmitida de pessoa para
pessoa.

• No entanto, existe uma forte componente genética familiar na transmissão da asma.


Ou seja, a doença poderá ser transmitida de pais para filhos.

• Embora não se verifique em todos os tipos de asma, um início de sintomas


respiratórios na infância, uma história de rinite alérgica ou eczema, ou uma história
familiar de asma ou alergia, aumenta a probabilidade de os sintomas respiratórios
serem devidos a asma.

Asma tem cura?

• A asma não tem cura, apesar da asma ser uma doença crónica e poder cursar sem
sintomas durante longos períodos.

• Um bom controlo da asma caracteriza-se pela presença mínima de sintomas durante


o dia e à noite, pouco uso de medicação de alívio (Beta 2 agonista - salbutamol ou
terbutalina), ausência de exacerbações, ausência de limitações na atividade física e
uma normal função pulmonar (espirometria). Este controlo total, pode não ser
conseguido nos casos de uma asma grave (asma severa) ou moderada.

ASMA – TRATAMENTO

- Feito com base no controlo dos sintomas, necessidade de tratamento com


broncodilatadores em SOS (Beta 2 agonista de curta ação) e na melhoria da função
respiratória.

53
Estes objetivos são atingidos quando se estabelece uma relação de equilíbrio entre a
prescrição dos fármacos e a correção da sintomatologia e da função respiratória.

Deste modo, deve-se ajustar a terapêutica e os inaladores ao doente, não devendo este, em
caso algum automedicar-se.

Nos doentes com poucos sintomas, boa função respiratória e sem risco de exacerbações,
(asma leve ou ligeira) o tratamento incide nos beta2 agonistas de curta ação em SOS.

O tratamento medicamentoso com corticóides inalados é altamente eficaz na redução dos


sintomas de asma, na prevenção de exacerbações, hospitalizações e mortes relacionadas
com a doença.

Nos doentes com sintomas persistentes e/ou exacerbações ainda que se esteja a efetuar
tratamento com corticoides inalados, deve tentar-se a resolução de problemas comuns, como
a técnica de inalação, a adesão ao tratamento, a exposição a alergénios persistente e
comorbilidades.

O refluxo gastroesofágico pode desencadear agudizações de asma, sendo uma das causas de
mau controlo da doença. O mecanismo não está bem definido mas presume-se que a irritação
da mucosa esofágica condicione broncospasmo.

No caso de existir um bom controlo da asma com recurso à medicação durante cerca de 3
meses, pode tentar reduzir-se a dosagem dos medicamentos para tentar encontrar o mínimo
tratamento que controle os sintomas e as exacerbações.

É essencial um bom ensino no manuseamento dos inaladores (“bombas”) para que os


medicamentos sejam eficazes e identificar e tratar os fatores de risco modificáveis (por
exemplo deixar de fumar).

Nas asmas alérgicas em que a o controlo do alergénio é difícil pode ponderar-se o recurso a
imunoterapia (vacina para as alergias).

Crise ou “ataque de asma”

A asma agudizada ou agudização asmática; “ataque de asma” ou “crise asmática”, são


emergência médica.

Estes “ataques” ou “crises” de asma são caracterizados por alguns sintoma: dispneia, tosse e
pieira.

As infeções respiratórias, especialmente virais e o contacto com alergénios são as causas que
habitualmente precipitam estas crises.

O tratamento de um “ataque ou crise de asma” tem por base a correção da causa subjacente
(eventualmente antibiótico no caso de infeção).

O tipo de tratamento e a forma de o administrar vai depender da gravidade da exacerbação


(endovenoso, comprimidos, Xarope...). Apenas em situações muito graves deve ser utilizada a
forma de aerossol por nebulizadores.

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Bronquite crónica

A bronquite crónica é uma doença mais grave e é provocada por uma irritação ou inflamação
da mucosa brônquica de forma continuada.

Esta doença é caracterizada por tosse com expetoração mucosa que dura pelo menos três
meses, com episódios recorrentes durante pelo menos dois anos consecutivos.

A irritação constante provocada pelo fumo do tabaco é a base da fisiopatologia da bronquite


crónica.

A bronquite crónica e o enfisema pulmonar são duas doenças incluídas na denominada


doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).

Bronquite asmática, Bronquite alérgica

Os termos bronquite alérgica e bronquite asmática são usados para descrever a asma.

Trata-se de uma doença crónica que tem como causa a inflamação das vias aéreas. A asma,
também designada de bronquite asmática ou asma brônquica, é das doenças respiratórias
crónicas mais frequentes em todo o mundo e que apresenta um maior aumento de incidência
nas três últimas décadas anos, estimando-se que uma em cada vinte pessoas padeça de asma.

Bronquite – Etiologia - causas

Pode dizer-se que a bronquite aguda é uma bronquite infeciosa. É um tipo de infeção mais
comum durante os meses de inverno e está associado com infeções por vírus respiratórios
rhinovirus, coronavirus, influenza e adenovirus (bronquite viral ou vírica).

Podemos ter outros agentes etiológicos da bronquite aguda: Mycoplasma pneumoniae,


Chlamydia pneumoniae, e a Bordetella, ou uma “invasão” secundária por bactérias como
Haemophilus influenzae ou Streptococcus pneumonia que podem desempenhar um papel
importante na bronquite (bronquite bacteriana).

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No caso da bronquite crónica a causa mais comum é o tabaco. No entanto, a poluição do ar,
poeiras e gases tóxicos no ambiente ou local de trabalho também podem contribuir par esta
patologia.

É a variabilidade individual condicionada pelo componente genético ou hereditário associados


ao exercício físico e à alimentação que leva a que uns fumadores desenvolvam bronquite
crónica e outros não.

Sintomatologia

Bronquite aguda - sintomas

A tosse e o desconforto torácico são os sintomas mais proeminentes da bronquite aguda.

Inicialmente, a tosse é não produtiva, mas ao longo do tempo transforma-se em tosse com
expetoração mucosa. Com a progressão da doença a expetoração pode tornar-se purulenta e
estar raiada de sangue, no entanto é um sintoma que deverá ser sempre valorizado e
enquadrado noutras hipóteses de diagnóstico.

Geralmente há febre e calafrios durante um a dois dias.

Muitos doentes com bronquite aguda também desenvolvem traqueíte. Os sintomas de


envolvimento traqueal incluem dor sub-esternal associada com a respiração que se intensifica
com a tosse.

Bronquite crónica - sintomas

Na bronquite crónica, a tosse e a expetoração mucosa são sintomas ligeiros que


acompanham o doente bronquítico durante muitos anos e este não valoriza. Mais tarde,
podem surgir os restantes sintomas da bronquite crónica: a fadiga e a falta de ar.

Os sintomas de bronquite crónica podem incluir:

• Tosse;

• A expetoração (catarro) é habitualmente mucosa, branca, mas poderá ser amarelada


ou esverdeada em situações de infeção. Raramente é raiada de sangue – expetoração
hemoptoica. Os doentes com bronquite crónica apresentam aumento das glândulas
mucosas dos brônquios conduzindo a uma maior produção crónica de muco e
consequentemente ao aparecimento de tosse crónica com expetoração (“catarro do
fumador”);

• Fadiga;

• A dispneia (falta de ar), inicialmente surge quando o doente efetua grandes esforços,
como por exemplo uma caminhada ou subir umas escadas. A evolução da doença
começa a interferir com as atividades diárias e quando realiza pequenos esforços,
como por exemplo tomar banho;

• Desconforto torácico.

Os sintomas na bronquite avançada, já são bem claros e limitadores, designadamente a


hipoxia (baixa quantidade de oxigénio no sangue), falta de ar em repouso, fraqueza muscular

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generalizada e desnutrição. Como consequência deste envolvimento sistémico, em último
caso, a bronquite pode levar à morte.

Diagnóstico

Bronquite - diagnóstico

O diagnóstico de bronquite é efetuado tendo por base a história clínica e o exame objetivo.
Alguns exames auxiliares ou complementares de diagnóstico servem para excluir outras
patologias e estadiar a gravidade da doença. Assim, podem ser solicitados:

• Análise da expetoração: A expetoração é o muco que é excretado dos pulmões com a


tosse.

• Provas funcionais respiratórias: Durante este teste de função pulmonar, o doente


sopra num aparelho chamado espirómetro, que mede a quantidade de ar dos seus
pulmões e a rapidez com que é feita a expiração. Este teste verifica se há sinais de
DPOC ou asma;

• A radiografia (RX) de tórax: Poderá ajudar a determinar se existe pneumonia ou


outras doenças que justifique a tosse.

A bronquite é contagiosa?

Podemos considerar que a bronquite aguda é contagiosa ou transmissível. Ou seja, a


bronquite “pega-se” ou transmite-se de pessoa para pessoa, na medida que, geralmente é
causada por vírus - os mesmos vírus que causam constipações e gripe (influenza).

A forma de contágio (ou modo de transmissão) deste tipo de vírus é feita através de
aerossóis (gotículas de água libertadas nos espirros e na tosse). Quando essas gotículas
emitidas por um doente infetado entram em contacto com os olhos, boca ou nariz de outra
pessoa, esta pode contrair a doença.

Os adultos mais velhos, lactentes e crianças jovens têm maior vulnerabilidade à infeção e
consequentemente a bronquites agudas. Do mesmo modo, as pessoas que fumam ou que
convivem com fumadores têm um risco acrescido de contrair bronquite aguda e bronquite
crônica.

No caso da bronquite crónica não existe qualquer risco de contágio, existem sim, fatores que
aumentam o risco de contrair esta doença, tais como:

• O fumo do cigarro é o fator primordial no desenvolvimento da doença;

• Exposição a substâncias irritantes no trabalho. O risco de desenvolver bronquite é


maior em trabalhadores que lidam com certas substâncias irritantes pulmonares, tais
como poeiras ou vapores químicos e fumos;

• Refluxo gastroesofágico: repetidos ataques de azia podem irritar a garganta e tornar


o individuo mais propenso a desenvolver bronquite.

• Bronquite tem cura?

• A maioria dos casos de bronquite aguda resolve-se espontaneamente e sem


tratamento médico no espaço de 2 semanas.

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• Um único episódio de bronquite não é motivo de preocupação. Deve ter em conta que
nalgumas pessoas pode evoluir para pneumonia.

Tratamento

• Bronquite – o tratamento é Medicamentoso

• A bronquite aguda, geralmente, resulta de uma infeção vírica, de modo que os


antibióticos (ex. amoxicilina) não são eficazes. No entanto pode prescrever-se um
antibiótico, se houver suspeita de uma infeção bacteriana a sobrepor-se à infeção
vírica inicial.

• Os antitússicos e alguns xaropes para tosse podem ser contraproducentes, pois não
devemos suprimir a tosse com expetoração, pois esta ajuda a remover irritantes de
pulmões e dos brônquios. Se a tosse impede de conciliar o sono, podem ser
ministrados antitússicos para o doente poder descansar à noite.

Se o doente tem asma ou doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), pode recomendar-se
um inalador e outros medicamentos para reduzir a inflamação e abrir passagens estreitadas
nos pulmões. Em termos de medicamentos, o tratamento consiste basicamente em dois
grandes grupos de medicamentos inalados (“bombas”):

• Broncodilatadores– medicamentos que ajudam no alivio da tosse e na falta de ar ao


diminuírem a obstrução brônquica. (Salbutamol, terbutalina, brometo de ipratrópio,
indacaterol, olodaterol, aclidinio, glicopirrónio, tiotrópio, umeclidinio);

• Corticoides inalados – diminuem a inflamação brônquica e reduzem o risco de


exacerbações da doença. (Budesonida e fluticasona).

Para além do tratamento realizado com medicamentos, a reabilitação pulmonar, composta


por técnicas respiratórias (incluindo o tratamento fisioterapêutico), exercício físico, nutrição e
ensinos sobre a forma de respirar e lidar com a doença colaboram na melhoria da dispneia, da
tolerância ao exercício e do tempo de vida. De salientar que a reabilitação respiratória é mais
do que uma mera fisioterapia.

Caso o doente possua uma patologia pulmonar/respiratória, na generalidade, deve ter em


atenção os seguintes aspetos:

• Deixar de fumar;

• Evitar inalação de substâncias irritantes;

• Praticar exercício físico regularmente;

• Evitar a exposição a ar frio;

• Prevenir infeções respiratórias (vacinação pneumocócica e gripal).

O doente jamais se deverá automedicar ou tentar encontrar resolução para o problema em


qualquer tipo de tratamentos alternativos. Consulte com urgência o médico pneumologista
nos casos de agravamento da sintomatologia.

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A fibrose quística, é uma doença genética que afeta uma proteína do corpo, conhecida
como CFTR (do inglês, Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator), que
resulta na produção de secreções muito espessas e viscosas, que são difíceis de eliminar e
que, assim, acabam se acumulando no interior de vários órgãos, principalmente no pulmão e
no trato digestivo.

Esse acúmulo das secreções pode acabar causando sintomas que afetam a qualidade de vida,
como dificuldade para respirar, sensação constante de falta de ar e infeções respiratória
frequentes. Além disso, podem ainda haver sintomas digestivos, como produção de fezes
volumosas, gordurosas e com mal cheiro ou prisão de ventre, por exemplo.

Na maior parte das vezes, os sintomas da fibrose cística aparecem na infância e a doença é
diagnosticada cedo, no entanto, também existem pessoas que quase não apresentam
sintomas e, que, por isso, podem ter um diagnóstico mais tardio. Em qualquer caso, o
tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível, já que previne o agravamento da doença e
ajuda a controlar os sintomas, quando existem.

Grupos de risco

A fibrose quística é mais frequente na população caucasiana (é a doença genética fatal mais
comum entre estas crianças), embora esteja a crescer noutras etnias. Afeta cerca de 1 em
cada 2.500 recém-nascidos, tendo uma incidência semelhante nos sexos feminino e
masculino.

Em Portugal nascem todos os anos 30 a 40 crianças com fibrose quística. Estima-se que haja
no mundo 60 mil doentes.

Como é uma doença autossómica recessiva (só se manifesta se houver dois genes
recessivos), é difícil saber quantas pessoas possuem o gene. Ainda assim, os cientistas
estimam que 7 milhões de pessoas sejam portadoras da anomalia genética da fibrose quística.

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Tratamento

Deve ser dirigido às manifestações clínicas de cada pessoa, tendo em conta a sua idade e o
grau de evolução da patologia. Dirige-se à doença pulmonar, à doença pancreática e às
deficiências nutricionais:

• Antibióticos;

• Broncodilatadores.

Em fases avançadas da doença, pode ter de se fazer um transplante pulmonar. Recomenda-


se que os pacientes sejam seguidos em centros especializados.

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A radioterapia tem o risco de desencadear pneumonia por radiação quando grandes áreas do
pulmão são expostas a doses elevadas de radiação no decorrer do tempo. Pode surgir
pneumonite por radiação até 3 meses depois do tratamento. Tosse, dispneia, febre de baixa
intensidade ou dor torácica.

Trata-se a pneumonite por radiação com corticoides ajustados ao longo de várias semanas e
broncodilatadores para alívio dos sintomas.

Ablação por radiofrequência, que utiliza corrente elétrica de alta frequência para destruir as
células tumorais, é uma técnica que às vezes pode ser usada em pacientes com tumores
pequenos e em estágio inicial ou tumores pequenos. Este procedimento pode preservar
melhor a função pulmonar do que a cirurgia, porque é menos invasivo e pode ser apropriado
para doentes que não são têm indicação cirurgica.

Imunoterapia aproveita o sistema imunitário para eliminar o tumor. É usada para tratar
tumores de pulmão de células não pequenas em estágio avançado (IV).

Quimioterapia, (com ou sem radioterapia), utiliza-se em função do estado da doença. Em


muitos pacientes, a quimioterapia prolonga a sobrevida e melhora a qualidade de vida o
suficiente para justificar a sua utilização. Em geral.

A cirurgia pode ser curativa nos de tumores pequenos, focal e sem disseminação (como o
nódulo pulmonar solitário). Depende muito da condição/situação clinica – decisão terapêutica
da equipa médica (…).

Na quimioterapia, em geral, utilizam-se regimes de quimioterapia com composto de platina


(cisplatina ou carboplatina), bem como com outros fármacos, como irinotecano, topotecano,
alcaloides da vinca (vimblastina, vincristina, vinorelbina), fármacos alquilantes (ciclofosfamida,
ifosfamida), doxorrubicina, taxanos (docetaxel, paclitaxel) e gencitabina.

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