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-Estratificação de pacientes com ataque isquêmico temporária.

Os sintomas estão associados com perda de


transitório no pronto-socorro. Rodrigo Díaz Olmos - alguma função, como motora (fraqueza), visual
Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da (diminuída), sensitiva (anestesia) ou de fala (diminuída
Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão ou alterada) que duram geralmente menos de uma hora.
de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Além disso exames de imagem não evidenciam infarto
Docente da FMUSP. -Última revisão: 09/06/2009 agudo no local afetado. O mecanismo fisiopatológico é
- Livro Ataque isquémico transitório de joan semelhante ao AVCI, exceto que o AIT se reverte
montaner- 1 ed 2009 espontaneamente enquanto o AVCI apresenta sinais
-O exame neurológico 7 edicao dejong- seção D nervos clínicos persistentes (maior ou igual 24 horas) e
cranianos infarto em exames de imagem.
-Braz. J. of Develop.,Curitiba, v.6, n.8,p. Epidemiologia
do ataque isquêmico transitório no Brasil 2020 p2- Quais são os fatores de risco do AIT?
_ tratado de neurologia da cademia brasileira de Os principais fatores de risco modificáveis para acidentes
neurologia ed 2 vasculares cerebrais isquêmicos são:
-Endocrinologia clinica de lucio villar ● Fibrilação atrial (principal causa cardioembólica)
-50 casos clínicos em neurocirurgia e neurociência- ● Estreitamento (estenose) da artéria carótida no
editora sanar 2018 pescoço
H1- O acidente isquêmico transitório apresenta como ● Níveis altos de colesterol (formação de ateromas)
sinais clínicos disartria e déficit motor, tendo como ● Doença arterial coronariana
fatores de risco etilismo, tabagismo e hipertensão ● Hipertensão arterial
necessitando receber atenção ambulatorial. ● Diabetes
p1 - O que é o AIT e quais suas classificações? ● Resistência à insulina
Um ataque isquêmico transitório (AIT) é uma isquemia ● Tabagismo
cerebral focal que causa déficits neurológicos transitórios ● Obesidade, particularmente se o excesso de peso
repentinos e não é acompanhada de infarto cerebral estiver ao redor do abdômen (maior
permanente (p. ex., resultados negativos na RM circunferência abdominal)
ponderada em difusão). É causada por um bloqueio ● Consumo excessivo de álcool
temporário do fornecimento de sangue ao cérebro, o qual ● Falta de atividade física
pode ser gerado por diversos motivos. O AIT é similar ● Dieta pouco saudável (como aquelas que apresentam
ao acidente vascular encefálico isquêmico, exceto que os um teor elevado de gorduras saturadas, gorduras trans e
sintomas duram normalmente menos de 1 h; É muito calorias)
improvável a ocorrência de infarto quando os deficits ● Depressão ou outros tipos de estresse mental
desaparecem no período de 1 h. AITs são mais comuns ● Doenças cardíacas que aumentem o risco de que
em indivíduos de meia-idade e idosos. Os AIT aumentam coágulos sanguíneos (trombos) se formam no coração,
acentuadamente o risco de acidente vascular encefálico, se desprendem e se desloquem pelos vasos sanguíneos
com início nas primeiras 24 h. Os AIT podem constituir como êmbolos (como um ataque cardíaco ou em uma
um sinal de alerta de um acidente vascular cerebral arritmia cardíaca denominada fibrilação atrial)
isquêmico iminente. As pessoas que sofreram um AIT ● Endocardite infecciosa (infecção do revestimento do
têm muito mais probabilidade de sofrer um acidente coração e, geralmente, das válvulas do coração)
vascular cerebral do que as que não sofreram um AIT. O ● Uso de cocaína ou anfetaminas
risco de acidente vascular cerebral (principalmente o ● Inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite)
isquêmico) é maior durante as primeiras 24 a 48 horas ● Distúrbios coagulatórios que resultem em coagulação
após um AIT. Reconhecer um AIT, identificar e tratar a excessiva
sua causa ajuda a prevenir um acidente vascular ● Uso de terapia com estrogênio, incluindo
cerebral. contraceptivos orais
Existem dois tipos de AVC, o AVC isquêmico Os fatores de risco que não podem ser modificados
(AVCI), e o AVC hemorrágico (AVCH), sendo o AVCI incluem
mais comum chegando a 70,4 % dos casos.4O Ataque ● Ter sofrido um acidente vascular cerebral
Isquêmico Transitório (AIT) representa um dos principais anteriormente
fatores de risco para o desencadeamento do AVCI. ● Ser homem
Pacientes que tiveram AIT tem alto risco de sofrer ● Ter mais idade
um evento isquêmico definitivo -o AVCI, chegando a ● Ter familiares que sofreram um acidente vascular
mais de 10% de chances nas primeiras 48 horas após cerebral
AIT.5 O AIT é caracterizado por uma disfunção O AIT além de ser um fator derisco para AVC, também
neurológica causada por isquemia cerebral aponta como risco para disfunções cardiovasculares em
pessoas hipertensas, destacando a vulnerabilidade da Um Acidente isquêmico Transitório normalmente resulta
população idosa para ocorrência desse agravo em que de obstrução de uma artéria que supre sangue para o
a hipertensão arterial apresenta alta cérebro, mais comumente um ramo de uma das artérias
prevalência.16Estudos recentes destacaram que AIT carótidas internas. Consequentemente, as células do
e AVC ocorrem majoritariamente em idosos, cérebro ficam privadas de sangue. A maioria das células
destacando-se médias de idade de 64 e 70 anos. Quanto cerebrais morrem se for privada de sangue por 4,5
ao sexo, o acometimento de indivíduos do sexo horas. Como o AIT costuma demorar apenas uma hora,
masculino é levemente superior ao feminino, essas não morrem e o paciente não tem problemas
corroborando com os resultados do presente estudo. crônicos.
Em relação ao AVC no Brasil, o sexo feminino apresenta CAUSAS COMUNS:
maior incidência e a doença ocupa o segundo lugar no Normalmente, as obstruções são coágulos sanguíneos
ranking das principais causas de óbitos entre as (trombos) ou pedaços de depósitos de gordura
mulheres. É neste sentido que Ministério da Saúde (ateromas, ou placas) devido à aterosclerose. Essas
vem intensificando políticas públicas que concentram obstruções ocorrem frequentemente nas seguintes
maiores esforços na prevenção e redução de formas:
morbimortalidade por doenças cardiovasculares e Ao se formar e bloquear uma artéria: Um ateroma na
cerebrovasculares. Deste modo, as taxas de mortalidade parede de uma artéria pode continuar a acumular
por AVC em mulheres com idades entre 30 a 69 anos material de gordura e tornar-se suficientemente grande
caíram nos anos de 2010 e 2016 11%, reflexo das para bloquear a artéria. Mesmo que a artéria não esteja
Ações Estratégicas para o Enfrentamento das completamente bloqueada, o ateroma estreita a artéria e
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) focando diminui o fluxo sanguíneo através dela, assim como um
na atenção básica onde épossível resolver até 80% dos cano entupido retarda o fluxo de água. O sangue lento
problemas de saúde..21 Tais Ações Estratégicas incluem tem maior probabilidade de coagular. Um grande coágulo
iniciativas e investimentos federais em programas que já pode impedir que sangue suficiente passe através da
existem na Atenção Primária à Saúde, resultando artéria estreita, provocando a morte das células cerebrais
também na melhora da cobertura da Estratégia Saúde da irrigadas por tal artéria. Ou se um ateroma se abrir
Família (ESF) em 2006 e 2016 de 45,3% e 64,0% (romper), o material dentro dele pode desencadear a
respectivamente.22Apesar do AIT ser mais comum em formação de um coágulo de sangue que pode obstruir a
idosos, também pode ocorrer em crianças. Os principais artéria. Ao deslocar-se de uma outra artéria para uma
fatores de risco para a ocorrência em crianças incluem: artéria no cérebro: Um pedaço de um ateroma ou um
arteriopatia, história de AVC prévio, doença congênita coágulo de sangue na parede de uma artéria pode soltar-
do coração, distúrbio autoimune, doença falciforme e se e viajar através da corrente sanguínea (tornando-se
sexo feminino. Os sintomas em crianças com AIT além um êmbolo). O êmbolo pode, então, se alojar em uma
dos já mencionados em adultos, pode-se incluir o estado artéria que irriga o cérebro e obstruir o fluxo sanguíneo
mental alterado, tontura e dor de cabeça. O AIT ali. Embolia refere-se a obstrução das artérias por
infantil recebe menos atenção comparado ao adulto materiais que se deslocam através da corrente
efaltam melhores descrições para direcionar os sanguínea para outra parte do corpo. É mais provável
profissionais de saúde no atendimento nessa faixa que essas obstruções ocorram em artérias já estreitadas
etária. Entretanto, as crianças tem mais chance de por depósitos de gordura ou por um coágulo.
ficarem saudáveis após AIT e algumas não necessitam Ao deslocar-se do coração para o cérebro: Coágulos
de encaminhamento para reabilitação,23,24 sanguíneos podem formar-se no coração ou em uma
corroborando com os resultados da taxa de mortalidade válvula cardíaca, particularmente nas válvulas artificiais e
que entre crianças foi a menor. válvulas que foram lesionadas por infecção do
p3 - Qual a fisiopatologia do AIT associada aos fatores revestimento do coração (endocardite). Esses coágulos
de risco descritos acima ? podem se desprender, viajar como êmbolos e obstruir
A hipertensão constitui uns dos principais fatores de risco uma artéria no cérebro. Os acidentes vasculares
para AITS pois a alta pressão arterial agride as paredes cerebrais provocados por esses coágulos de sangue são
das artérias. Essa agressão pode lesionar a camada mais frequentes entre as pessoas que:
endotelial desses vasos e obstruir o mesmo, impedindo a ● Foram recentemente submetidas a uma intervenção
passagem de sangue e levando a um AIT, se brando e cirúrgica no coração;
se for desobstruído em até uma hora, ou um AVE ● Tiveram um ataque cardíaco;
isquêmico, se o corpo não conseguir se regenerar a ● Apresentam uma valvulopatia ou um ritmo cardíaco
tempo. Além disso, uma alta PA e essa constante irregular (arritmia), sobretudo uma frequência cardíaca
agressão auxiliam para formação de ateromas, rápida e irregular, chamada fibrilação atrial (principal
importante causador de AITs e AVE’s isquêmicos. causa cardioembólica).
Os coágulos sanguíneos em uma artéria do cérebro nem colaterais, que podem oferecer proteção contra
sempre causam um acidente vascular cerebral. Se o acidentes vasculares cerebrais. Então, quando uma
coágulo quebrar espontaneamente em menos de 15 a 30 artéria é bloqueada, o fluxo de sangue continua através
minutos, as células cerebrais não morrem e os sintomas de uma artéria colateral, às vezes impedindo um
das pessoas se resolvem. Tais eventos são chamados acidente vascular cerebral. Outras pessoas nascem com
ataques isquêmicos transitórios (AITs). Se uma artéria se pequenas artérias colaterais. As pequenas artérias
estreitar muito gradualmente, outras artérias por vezes colaterais podem ser incapazes de passar bastante
se expandem para suprir sangue às partes do cérebro sangue para a área afetada, por isso resulta em acidente
normalmente supridas pela artéria obstruída. Portanto, vascular cerebral.
se um coágulo ocorrer em uma artéria na qual se O corpo também pode se proteger contra acidentes
desenvolveram artérias colaterais, as pessoas podem vasculares cerebrais pelo crescimento de novas artérias.
não apresentar sintomas. Quando os bloqueios se desenvolvem lenta e
INFARTOS LACUNARES gradualmente (como ocorre na aterosclerose), novas
Um acidente vascular encefálico isquêmico pode resultar artérias podem surgir com o tempo para manter o
de infartos lacunares. Esses pequenos infartos (≤ 1,5 fornecimento de sangue para a área afetada do cérebro
cm) ocorrem em pacientes com obstrução não e, assim, evitar um acidente vascular cerebral. Se um
aterotrombótica de pequenas artérias perfurantes que acidente vascular cerebral já ocorreu, o crescimento de
irrigam estruturas corticais profundas; a causa usual é a novas artérias pode ajudar a evitar um segundo acidente
lipo-hialinose (degeneração da camada média das vascular cerebral (mas não podem reverter o dano que
pequenas artérias e substituição por lipídeos e foi feito).
colágeno). Há controvérsias se êmbolos causam infartos p4 - Qual o quadro clínico do AIT?
lacunares. Infartos lacunares tendem a ocorrer em Os sinais e sintomas do acidente isquêmico transitório
pacientes idosos com diabetes ou hipertensão mal dependem da parte do cérebro comprometida. Ainda que
controlada. muitas vezes os padrões de deficits neurológicos
SOBRE A IRRIGAÇÃO: sugiram artéria comprometida (ver tabela: Síndromes
O sangue é fornecido para o cérebro por meio de dois selecionadas de acidente vascular encefálico), a
pares de grandes artérias: correlação geralmente é imprecisa. Os sintomas do AIT
● As artérias carótidas internas, que levam o sangue do têm início súbito, geralmente com duração de 1 a 30
coração ao longo da frente do pescoço, saindo da minutos, para depois desaparecerem por completo. Os
carótida comum, que vem arco aórtico (lado esquerdo) e pacientes podem ter vários AIT por dia, ou apenas 2 ou 3
do tronco braquiocefálico (lado direito) em vários anos. Em geral, os sintomas são similares em
● As artérias vertebrais, que levam o sangue do coração ataques sucessivos na artéria carótida, mas variam um
ao longo da parte de trás do pescoço, as duas vêm das pouco em ataques vertebrobasilares sucessivos.
artérias subclávias.
No crânio, as artérias vertebrais se unem para formar a
artéria basilar (na parte de trás da cabeça). As artérias
carótidas internas e a artéria basilar se dividem em
vários ramos, incluindo as artérias cerebrais. Alguns
ramos se unem para formar um círculo de artérias
(polígono de Willis), que liga as artérias vertebrais e
carótidas internas. Outras artérias se ramificam a partir
do polígono de Willis, como estradas de uma rotatória.
Os ramos levam o sangue para todas as partes do
cérebro. Principais:
Quando as grandes artérias que irrigam o cérebro sofrem ACM Esquerda:
uma obstrução, algumas pessoas não apresentam ● Déficit motor e sensorial contralateral;
sintomas ou sofrem apenas um acidente vascular ● Afasia (pode ser sensitiva ou motora, a depender do
cerebral leve. Mas outras pessoas com o mesmo tipo de local afetado);
obstrução apresentam um acidente vascular cerebral ● Desvio ocular para a esquerda (desvia para o lado
isquêmico maciço. Por quê? Parte da explicação são as afetado);
artérias colaterais. As artérias colaterais correm entre ACM Direita:
outras artérias, proporcionando conexões extras. Essas ● Déficit motor e sensorial contralateral;
artérias incluem o polígono de Willis e as conexões entre ● Heminegligência;
as artérias que se ramificam a partir do polígono. ● Desvio ocular para a direita (desvia para o lado
Algumas pessoas nascem com grandes artérias afetado);
ACA:
● Paresia de predomínio crural contralateral (MMII - de predição clínica são idade = 60 anos (1 ponto),
Relação com a localização dos hipertensão arterial (1 ponto), fraqueza unilateral (2
membros inferiores no homúnculo de penfield ser nesta pontos), alteração da fala sem fraqueza unilateral (1
região); ponto), duração dos sintomas > ou = 60 min (2
● Incontinência urinária; pontos); de 10 – 59 min (1 ponto) e < 10 min (0
● Apraxia da marcha; pontos). O escore máximo é de 6 pontos. Pacientes
ACP: com escore menor que 4 apresentam baixo risco de
● Hemianopsia homônima contralateral; apresentar um AVC nos 7 dias subsequentes, podendo
● Cegueira cortical unilateral; receber aspirina em baixas doses (100 a 300 mg) e ter
● Perda de memória; alta para avaliação ambulatorial precoce (ver a
revisão Ataque Isquêmico Transitório e Acidente
Vascular Cerebral e os 3 comentários de artigos
sobre Tratamento Precoce de Ataques Isquêmicos
Transitórios). A validação das outras duas regras de
predição pode trazer novas informações de utilidade
clínica adicional. Este editor recomenda que se utilizem
as regras de decisão clínica associadas a uma boa
avaliação clínica dos pacientes que se apresentam com
AIT no pronto-socorro.
Regras de predição clínica (clinical prediction rules)2
Uma regra de decisão clínica ou de
predição clínica (clinical decision rules ou clinical
prediction rules) pode ser definida como uma ferramenta
clínica que quantifica as contribuições individuais que
vários componentes da história clínica, do exame físico e
de resultados de exames laboratoriais têm para se
chegar ao diagnóstico, prognóstico ou a resposta
provável ao tratamento em um paciente individual. As
regras de decisão clínica têm como objetivo testar,
simplificar e aumentar a acurácia das avaliações
diagnósticas e prognósticas dos médicos e
provavelmente são mais úteis em situações em que o
processo de decisão é complexo, os riscos clínicos são
altos e em situações em que há oportunidade de
economizar recursos sem comprometer a qualidade de
atendimento. O processo de desenvolvimento de uma
p5 - Como é feito o manejo clínico na atenção regra de decisão ou predição clínica começa com a
ambulatorial? construção de uma lista de potenciais preditores do
A avaliação do risco de AVC em pacientes com AIT é desfecho de interesse. Esta lista geralmente inclui itens
uma atribuição do médico de emergência de extrema da história clínica, do exame físico e de exames
importância, não só pela freqüência da condição em laboratoriais básicos. Então parte-se para um estudo de
questão como também pela gravidade e pela derivação, em que os investigadores avaliam um grupo
possibilidade de evitar complicações (AVC) no curto de pacientes e determinam se os preditores clínicos
prazo. Entretanto, trata-se de uma condição clínica que, potenciais estão presentes e o status dos pacientes em
ao mesmo tempo em que é potencialmente grave, há relação ao desfecho de interesse. Realiza-se geralmente
casos que podem ser manejados ambulatorialmente, um análise de regressão logística para se determinar que
evitando-se internações desnecessárias e exames preditores clínicos são mais poderosos e quais podem
complementares de urgência sem uma contrapartida de ser omitidos da regra. Uma vez derivada a regra de
melhora de desfechos clínicos importantes. Assim, predição através do estudo deste primeiro grupo de
regras de decisão clínica podem facilitar a decisão sobre pacientes parte-se para a validação da regra em geral
o manejo de pacientes com AIT. Das três regras de realizada em populações distintas do grupo de
predição avaliadas, a regra ABCD é a mais consistente e derivação. A depender do estágio de desenvolvimento de
a mais útil clinicamente, uma vez que foi validada em uma regra de predição clínica (se foi apenas derivada, se
mais de um estudo prospectivo, atingindo nível de foi validada em apenas outro estudo ou validada em
evidência 2. Os fatores de risco incluídos nesta regra
mais de uma população) atribuem-se níveis de evidência
para a regra conforme ilustra a tabela abaixo.

Tabela 1: Hierarquia das evidências para as


regras de decisão clínica
Nível 1: regras podem ser usadas numa ampla
variedade de situações com confiança de que ela pode
modificar o comportamento dos médicos e melhorar o
prognóstico dos pacientes.
Necessidade de validação em pelo menos um
estudo prospectivo numa população diferente e uma
análise de impacto demonstrando mudança no
comportamento dos médicos com consequências
benéficas.
Nível 2: regras podem ser usadas em uma
variedade de situações com confiança em sua acurácia.
Acurácia demonstrada em um grande estudo
prospectivo de validação incluindo um amplo espectro de
pacientes e médicos ou validada em vários estudos
menores que diferem entre si.
Nível 3: regras que os médicos podem usar com
precaução e apenas se os pacientes no estudo são
semelhantes àqueles avaliados pelo médico.
Validados em apenas uma amostra prospectiva
pequena Anatomia externa
Nível 4: regras que precisam de avaliação As Figuras 11.3 e 11.4 apresentam algumas
adicional antes de serem aplicadas clinicamente características importantes do tronco encefálico. Na
Regras derivadas, mas não validadas, ou validadas superfície ventral, o limite rostral do tronco encefálico é
apenas em amostras separadas da mesma população de demarcado pelos tratos ópticos que passam a seu redor
derivação, em bases de dados retrospectivos ou através para alcançar os corpos geniculados laterais. Descendo
de técnicas estatísticas. abaixo dos tratos ópticos estão os volumosos
pedúnculos cerebrais. O espaço entre os pedúnculos é a
H2- O exame neurológico dos nervos cranianos, fossa interpeduncular. Na margem superior da fossa
caracterizado por: Diplopia vertical, ptose palpebral à interpeduncular estão os corpos mamilares. Na parte
esquerda , paresia da adução do olho e do olhar vertical profunda está a substância perfurada posterior, onde os
à esquerda associados a hipertensão e ao quadro súbito vasos perfurantes paramedianos da artéria basilar
de hemiplegia direita são achados clínicos iniciais de um penetram na porção superior do tronco encefálico e no
AVEH. tálamo. O NC III (oculomotor) emerge da fossa e segue
p0- Quais os pares de nervos cranianos e suas funções, para frente entre as artérias cerebelar superior e cerebral
anatomia? posterior. No limite caudal da fossa interpeduncular está
a junção do mesencéfalo com a ponte. A saliência da
porção anterior da ponte, em razão, principalmente, das
fibras subjacentes do pedúnculo cerebelar médio (PCM)
(braço da ponte), cruza o espaço entre os 2 hemisférios
do cerebelo e transpõe o vão entre o mesencéfalo e a
medula oblonga (do latim, pons, ponte). A raiz do NC V
(trigêmeo) está fixada lateralmente no nível da porção
média da ponte. O sulco basilar, local de passagem da
artéria basilar, cruza a ponte de baixo até em cima. Na
junção pontobulbar saem, da região medial para a
lateral, os NC VI (abducente), VII (facial) e VIII
(vestibulococlear). O nervo intermédio ocupa posição
imediatamente lateral à raiz principal do nervo facial. A
divisão vestibular do NC VIII situase medial e
ligeiramente rostral à divisão coclear. A medula oblonga
ou bulbo tem 24 a 30 mm de comprimento e estende-se O assoalho do quarto ventrículo tem o formato romboide
da junção pontobulbar e das estrias medulares acima ou de losango e é denominado fossa romboide. O
até as raízes inferiores do nervo hipoglosso e o plano pedúnculo cerebelar superior (PCS) forma as paredes
inferior de decussação das pirâmides – imediatamente laterais superiores da cavidade do quarto ventrículo, e o
rostral à saída das radículas superiores de C1 no nível pedúnculo cerebelar inferior (PCI) forma as demais
do forame magno. As duas colunas das pirâmides, que paredes. Nos recessos laterais do ventrículo, perto dos
contêm os tratos corticoespinais, descem ao longo da forames de Luschka, entram os nervos vestibular e
face anterior do bulbo. Feixes entrelaçados de fibras coclear. No assoalho do ventrículo, há fissuras ou sulcos
cruzadas no extremo caudal do bulbo marcam a longitudinais que separam estrias e protuberâncias. A
decussação das pirâmides. A medula espinal está fissura longitudinal medial está na linha mediana e
situada caudalmente à decussação. separa os dois lados. As duas depressões do sulco
Imediatamente lateral às pirâmides na parte superior da limitante, que separa estruturas da placa basal (motoras)
medula olblonga está a saliência oval da oliva, sob a qual de estruturas da placa alar (sensoriais), ocupam posição
está o núcleo olivar inferior. Os filamentos do NC XII lateral. As estrias medulares do quarto ventrículo formam
(hipoglosso) saem no canal entre a pirâmide e a oliva. uma faixa de fibras mielínicas que atravessam o
Os NC IX (glossofaríngeo), X (vago) e a raiz craniana do assoalho ventricular. As fibras originam-se do núcleo
NC XI (acessório) saem no sulco retro-olivar, em arqueado externo, situado anterior às pirâmides, e
sequência rostral-caudal. seguem em direção ao PCI. Duas saliências medianas
no assoalho ventricular, rostrais às estrias medulares,
são os colículos faciais, sob os quais estão os núcleos
do NC VI e o joelho do NC VII. Ao longo dos mesmos
meridianos, em posição caudal às estrias, estão os
trígonos do nervo hipoglosso, sob os quais estão os
núcleos do NC XII. Lateralmente aos trígonos do nervo
hipoglosso estão os trígonos do nervo vago (ala cinerea),
sob os quais estão os núcleos motores posteriores dos
nervos vagos. A área postrema (zona de gatilho
quimiorreceptora) é uma faixa estreita ao longo da face
caudal do trígono do nervo vago. Em região ainda mais
lateral, perto das zonas de entrada do NC VIII, estão as
áreas vestibulares. Na extremidade caudal do quarto
ventrículo está o óbex, ponto em que o quarto ventrículo
comunica-se com o canal central da medula espinal. O
formato da fossa romboide na extremidade caudal do
ventrículo assemelha-se a uma caneta; é denominado
calamus scriptorius. Na face dorsal, em posição caudal
ao ventrículo, estão os tubérculos gráceis na linha
mediana e os tubérculos cuneiformes em posição logo
lateral; eles se fundem nos fascículos grácil e cuneiforme
inferiormente. Em posição lateral aos tubérculos grácil e
cuneiforme estão os PCI.
Visão geral dos nervos cranianos III a XII
Esta seção apresenta um resumo dos NC com início ou
término no tronco encefálico. Os nervos são analisados
Figura 11.4 mostra o tronco encefálico, com o cerebelo em mais detalhes nos capítulos subsequentes.
removido e o quarto ventrículo aberto. O limite rostral do Oculomotor (NC III)
tronco encefálico é delimitado por sua junção com o O NC III origina-se do complexo oculomotor no
pulvinar do tálamo. As elevações proeminentes dos mesencéfalo e conduz fibras motoras para os músculos
colículos superior e inferior formam a lâmina do teto. O extraoculares, além de fibras parassimpáticas para a
corpo pineal estende-se em sentido caudal entre os pupila e o corpo ciliar. Sai do mesencéfalo na fossa
colículos superiores. O colículo superior está conectado interpeduncular, passa entre as artérias cerebral
ao corpo geniculado lateral pelo braço do colículo posterior e cerebelar superior e segue ao longo da artéria
superior e o colículo inferior está conectado ao corpo comunicante posterior. O nervo atravessa o seio
geniculado medial por seu braço. O NC IV (troclear) sai cavernoso, onde tem importantes relações com a artéria
em posição imediatamente caudal ao colículo inferior. carótida, as vias simpáticas pericarotídeas ascendentes
e os NC IV, V e VI. Depois de sair do seio cavernoso e intermédio; seu principal componente é a corda do
atravessar a fissura orbital superior, o terceiro nervo tímpano, responsável pela sensibilidade gustativa dos
supre os músculos reto medial, oblíquo inferior, retos 2/3 anteriores da língua.
superior e inferior e levantador da pálpebra. Os nervos Vestibulococlear (NC VIII)
ciliares longos desviam-se bruscamente em direção ao Estímulos auditivos ativam as células pilosas no órgão
gânglio ciliar, do qual se originam nervos ciliares curtos espiral (de Corti). As fibras nervosas que suprem as
que suprem a íris e o corpo ciliar. células pilosas são os processos periféricos dos
Troclear (NC IV) neurônios bipolares que constituem o gânglio espiral no
O NC IV origina-se do núcleo do nervo troclear no nível centro da cóclea. Os processos centrais desses
do colículo inferior e segue um trajeto posterior e circular neurônios formam o nervo coclear, que segue um trajeto
até sua decussação e saída através do teto. O nervo direto pelo meato acústico interno e pelo APC, entra no
espirala-se ao redor do tronco encefálico, segue para tronco encefálico na junção pontobulbar e faz sinapse
frente, atravessa o seio cavernoso próximo do NC III, nos núcleos cocleares.
atravessa a fissura orbital superior e entra na órbita para O nervo vestibular origina-se do gânglio vestibular (de
suprir o músculo oblíquo superior. Scarpa). Os processos periféricos de seus neurônios
Trigêmeo (NC V) bipolares recebem impulsos do utrículo, do sáculo e dos
As fibras motoras do NC V originam-se do núcleo motor três canais semicirculares; os processos centrais
na porção média da ponte, saem lateralmente, conduzem esses impulsos pela porção vestibular do NC
atravessam o gânglio de Gasser (trigeminal) e seguem VIII.
com o ramo sensorial mandibular até saírem do crânio Glossofaríngeo (NC IX)
através do forame oval. As fibras motoras do nervo O núcleo ambíguo envia axônios pelo NC IX para inervar
trigêmeo suprem os músculos masseter, temporal e o plexo faríngeo. As funções dos NC IX e X são
pterigóideos. praticamente inseparáveis nesse aspecto. O único
As fibras sensoriais do nervo trigêmeo originam-se das músculo inervado apenas pelo NC IX é o estilofaríngeo.
divisões oftálmica, maxilar e mandibular que suprem a Em companhia do NC X e XI, o nervo sai do crânio pelo
face. Fibras do nervo oftálmico entram no crânio pela forame jugular. O NC IX também conduz fibras
fissura orbital superior, e as fibras maxilares entram pelo gustativas do terço posterior da língua e leva fibras
forame redondo; os dois tipos atravessam o seio parassimpáticas para a glândula parótida.
cavernoso antes de se juntarem ao gânglio. As fibras Vago (NC X)
mandibulares entram pelo forame oval. As fibras O NC X conduz fibras motoras do núcleo ambíguo até o
sensoriais terminam no núcleo sensorial principal na palato, a faringe e a laringe. Além disso, um importante
ponte e no núcleo do trato espinal, que se estende da componente origina-se do núcleo motor posterior do
ponte até a parte superior da medula cervical. nervo vago, que contém fibras parassimpáticas para
Abducente (NC VI) inervar vísceras do tórax e do abdome. O nervo vago
As células de origem do NC VI estão na ponte, perto do também conduz fibras aferentes viscerais e gustativas.
centro pontino do olhar lateral. Os axônios seguem para Acessório (NC XI)
frente pela substância da ponte, entrelaçados nas fibras O nervo acessório tem duas partes: A porção espinal
corticoespinais descendentes, e saem anteriormente. O origina-se dos neurônios motores inferiores na porção
NC VI ascende no clivo, atravessa o seio cavernoso em superior da medula cervical. Por causa de sua origem no
companhia dos NC III, IV e V, e depois atravessa fissura arco branquial, sai lateralmente, segue para cima, entra
orbital superior e entra na órbita para inervar o reto no crânio pelo forame magno e ascende até o forame
lateral. jugular. Essas fibras acabam por inervar os músculos
Facial (NC VII) esternocleidomastóideo e trapézio. A porção craniana do
Axônios do NC VII originam-se do núcleo facial no NC XI origina-se do núcleo ambíguo, sai lateralmente,
tegmento pontino, seguem para trás, para cima e ao une-se à raiz espinal por um curto espaço e, então,
redor do núcleo de NC VI e, depois, cruzam a ponte e desvia-se rapidamente e une-se aos NC IX e X. Não é
saem lateralmente. Na companhia do NC VIII, o NC VII possível separar suas funções das funções do nervo
cruza o APC, entra no meato acústico interno e segue ao vago.
longo dele. Curva-se para baixo e afasta-se do NC VIII Hipoglosso (NC XII)
no joelho externo, adjacente ao gânglio geniculado. O NC XII origina-se de neurônios motores no núcleo do
Depois de atravessar o restante do osso petroso, o NC nervo hipoglosso, sai do bulbo anteriormente no sulco
VII sai pelo forame estilomastóideo, vira-se para frente, entre a pirâmide e a oliva, deixa o crânio pelo forame do
passa sob a glândula parótida e ramifica-se em divisões hipoglosso e segue para frente para inervar a língua.
superior e inferior para inervar os músculos da expressão p1 - Como é feito o exame neurológico dos nervos
facial. Junto com o nervo facial segue o nervo cranianos
p2 - Quais os achados do exame neurológico em um Coagulopatia incluindo a associada a medicações
paciente com AVEH? antitrombóticas, especificamente anticoagulantes orais, é
também causa de HIC. HIC associada ao uso de
anticoagulantes chega a 15% de todos os casos em
séries recentes. O uso de anticoagulantes orais aumenta
o risco de hemorragias entre 8 e 11 vezes, notadamente
em pacientes com idade avançada, diabéticos,
hipertensos, com antecedentes de AVC isquêmico ou
traumatismo craniano. Diferentemente da HIC de causa
hipertensiva, a progressão desses sangramentos pode
p3 - O que é um AVEH e qual sua fisiopatologia? ser mais lenta, em cerca de 48 a 72 horas, e costumam
O AVE hemorrágico tem como definição sangramento evoluir com grandes volumes de hematomas,
espontâneo dentro ou ao redor do encéfalo, ou seja, característica clínica que interfere no prognóstico desses
intraparequimatosos ou subaracnóideo. pacientes.
Hemorragia subaracnóidea: geralmente é causada por Outras etiologias de HIC incluem ruptura de aneurismas
ruptura de vasos na superfície ou nas proximidades do intracranianos (usualmente se apresentando como
cérebro ou dos ventrículos, como exemplos mais comuns hemorragia subarcnóidea), malformações arteriovenosas
aneurismas e malformações vasculares. (MAV) (HIC é manifestação de MAV em 60% dos casos),
Hemorragia intraparenquimatosa: é causada pela ruptura trombose venosa cerebral com infartos venosos, tumores
de artérias no interior da substância cerebral, geralmente intracranianos, drogas de abuso e vasculopatias não
como consequência de uma hipertensão artéria crônica ateroscleróticas. Vasculites autoimunes relacionadas a
mal controlada, angiopatia amiloide, ou até mesmo uma outras doenças sistêmicas e vasculites primárias do
malformação vascular rota. Ademais, essas hemorragias sistema nervoso central (SNC) podem ocasionar tanto
podem ser causadas também por traumas. infartos quanto sangramentos intracranianos. A síndrome
COMO OCORRE: da vasoconstrição reversível (SVCR) pode se apresentar
Quando não é causada por traumas, a Hemorragias com hematomas intraparenquimatosos ou hemorragia
intracerebrais (HIC). HIC é resultado de inúmeros subaracnóidea.
processos fisiopatológicos que levam à ruptura de vasos p4 - Qual o quadro clínico do AVEH?
sanguíneos resultando em hematoma dentro do O paciente com suspeita de AVCh apresenta sinais de
parênquima cerebral e consequente compressão de alerta que incluem déficits neurológicos de início súbito,
estruturas encefálicas. A principal causa hipertensiva são especialmente localizados, que progridem em minutos ou
os micronauerismas de Charcot-Bouchard. horas.
Artérias perfurantes em ponte, mesencéfalo, tálamo, Esses sinais de alerta são:
núcleos da base e cerebelo, cronicamente danificadas ● ASTENIA: Fraqueza muscular súbita ou alteração
pela hipertensão, são suscetíveis à ruptura, sendo estas sensitiva súbita unilateral;
as localizações mais frequentes da hemorragia ● DISARTRIA: Dificuldade repentina para falar ou
hipertensiva. Cerca de 50 a 70% dos pacientes com HIC compreender;
são hipertensos. A ação crônica da hipertensão sobre a ● AMAUROSE/HEMIANOPSIA: Perda visual súbita,
parede das artérias cerebrais promove progressiva especialmente se unilateral;
hiperplasia das células musculares lisas, posteriormente ● ATAXIA: Perda súbita do equilíbrio ou incoordenação
substituídas por colágeno, levando a enfraquecimento da motora repentina;
parede das artérias e maior propensão à ruptura Quando o AVC é hemorrágico, os seguintes sintomas os
vascular. Esse fenômeno, conhecido como lipo-hialinose, diferencia de um AVC isquêmico:
ocorre principalmente em pequenos vasos profundos. ● Rebaixamento súbito do nível de consciência;
Deposição de amiloide em vasos intracranianos é causa ● Cefaleia súbita.
de HIC em pacientes com mais de 60 anos, em geral ● Náuseas e vômitos;
hemorragias lobares. A angiopatia amiloide é a principal ● Elevação da pressão arterial.
causa de HIC não hipertesiva e pode causar
sangramentos recorrentes ou em diferentes regiões
cerebrais simultaneamente. A lesão histopatológica
observada em estudos de autópsia cerebral demonstra
um material amiloide corado pelo vermelho do Congo,
birrefringente, que provoca um enfraquecimento da
parede dos vasos.
● Spot-sign: é caracterizado pelo extravasamento de
contraste dentro do hematoma detectado pela angioTC;
● Leakage sign: mais sensível e específico, é obtido por
meio de TC de crânio realizada 5 minutos após a
angioTC, com análise das duas imagens (fase arterial e
tardia). O aumento de 10% de unidades de Hounsfield
entre as duas imagens determina um leakage sign
positivo;
● Island sign é definido como pequenos hematomas
dispersos e separados do hematoma principal na TC
sem contraste;
● Blend sign: é visto em hematomas heterogêneos, com
p5 - Quais síndromes clínicas mais comuns de cada áreas relativamente hipoatenuantes adjacentes a áreas
nervo craniano? hiperatenuantes;
H3- O aumento da pressão intracraniana e a herniação ● Black hole sign: é definido com uma área
cerebral causam: redução do nível de consciência, hipoatenuante (black hole) encapsulada dentro do
midríase à esquerda e alteração do padrão respiratório, hematoma, e o satellite sign é definido com pequenas
sendo confirmado o diagnóstico do AVEH por exames de hemorragias (&lt; 10 mm) próximas ao hematoma, porém
imagem. completamente isoladas da hemorragia principal; É
p1 - Como é feito o diagnóstico do AVEH e seus achados importante estimar o volume do hematoma, visto que
na TC ? hematomas maiores têm pior prognóstico. Uma forma de
Para o diagnóstico dos acidentes vasculares cerebrais prática de estimar o volume do hematoma é utilizando a
hemorrágicos deve-se associar a histórica clínica com fórmulaabc/2 descrita na Figura 1.
um dos três métodos de neuroimagem utilizados: EXAMES LABORATORIAIS:
● Tomografia computadorizada de crânio sem contraste: Dentre os exames laboratoriais, devem estar presentes
é altamente sensível para a detecção de hemorragia hemograma completo com:
intracraniana e tem maior disponibilidade na emergência, ● Dosagem de plaquetas;
sendo mais rápida e bastante sensível. ● Eletrólitos;
● Angiotomografia cerebral; ● Função renal;
● Ressonância magnética do encéfalo: nas sequências ● Estudos de coagulação;
gradiente-eco e suscetibilidade em T2, são tão sensíveis ● Testes toxicológicos;
quanto a TC para detecção de hemorragia aguda e até ● Teste de gravidez na mulher em idade fértil.
mais sensíveis na detecção de hemorragia prévia. No p2 - Quais os tipos de AVE e como diferenciá-los?
entanto são mais demoradas e muitas vezes não estão Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) ou acidentes
disponíveis. vasculares encefálicos estão em 5o
A partir desses exames é possível diferenciar uma lu-gar entre as principais causas de morte (5%) nos
isquemia e hemorragia, localizar o sangramento, suas Estados Unidos. Os acidentes vasculares encefálicos
dimensões e possíveis deslocamentos de estruturas são classificados como isquêmicos ou he-morrágicos. Os
(herniações). Ainda pode-se detectar malformações acidentes vasculares encefálicos isquêmicos são os AVC
arteriovenosas, aneurismas e tumores. mais comuns (85-90%) e resultam da obstrução vascular
Hemorragia: Achado hiperdenso e de margens por um coágu-lo sanguíneo (formação de trombo em
irregulares em TC; torno de uma placa aterosclerótica) ou êmbolo (acidente
Isquemia ou sangue coagulado: Achado hipodenso e de vascular encefálico por embolia) que circula de algum
margens irregulares em TC; local no corpo até o encéfalo. A perda súbita do
ACHADOS: A deterioração neurológica precoce após a suprimento sanguíneo sistêmico em consequência de
HIC está relacionada, em parte, ao sangramento ativo parada cardíaca ou sangramen-to pode resultar em
que pode se estender por horas após o início dos acidente vascular encefálico isquêmico por hipoperfusão.
sintomas. A expansão do hematoma tende a ocorrer Os acidentes vascu-lares encefálicos hemorrágicos
precocemente e aumenta o risco de desfecho funcional causados por san-gramento podem ocorrer dentro do
desfavorável e morte. Existem diversas formas de prever encéfalo (in-traparenquimatoso ou intraventricular) ou
o crescimento do hematoma. Algoritmos como o BRAIN fora do encéfalo, nos espaços epidural, subdural ou
(Tabela 2) e achados de neuroimagem como spot-sign, subaracnóideo. A hipertensão é a causa primária de
leakage sign, island sign, blend sign, black hole sign e sangramentos intracerebrais. O acúmulo de sangue nos
satellite sign auxiliam na avaliação de risco de expansão espaços extracerebrais em geral re-sulta em pressão
do hematoma. intracraniana aumentada e em deslocamento de tecido
encefálico ou hernia-ção que pode resultar rapidamente o Poliúria, polidipsia, nictúria, arritmias e rabdomiólise
em coma e morte. O tratamento em longo prazo da (quadros mais graves);
pressão arterial sistêmica elevada (hipertensão) pode ● Alcalose metabólica: Secundária à cossecreção de H+
diminuir significativamente o risco de acidentes pelo túbulo renal;
vasculares encefálicos isquêmicos e hemorrági-cos. Os ● Supressão de renina:
fármacos anticoagulantes são eficazes na redução dos ● Sem edema periférico:
acidentes vasculares encefálicos is-quêmicos em ● Expansão do volume de líquido extracelular e
pacientes com risco aumentado de formação espontânea hipervolemia;
de trombos. ● Anormalidades no metabolismo da glicose:
RASTREAMENTO:
p3- De acordo com a localização da hemorragia, quais O rastreamento deve ser realizado em todos os
as síndromes clínicas apresentadas pelo paciente? pacientes considerados de risco para HAP
(mencionados anteriormente). O procedimento
empregado consiste na avaliação da relação
aldosterona/atividade da renina plasmática ([RAR];
aldosterona plasmática em ng/dℓ sobre a atividade
plasmática de renina [APR] em ng/mℓ/h). A RAR é mais
H4- Achados dos exames laboratoriais como , sensível quando realizada no meio da manhã e após um
hipocalemia e hiperglicemia confirmam o diagnóstico da período de repouso sentado de 5 a 10 minutos; o
hipertensão arterial secundária a hiperaldosteronismo paciente deve estar recebendo dieta sem restrição de sal
primário, sendo necessário internação para e estar repleto em potássio, visto que a hipocalemia inibe
monitorização do quadro e um tratamento adequado. a secreção de aldosterona.

p0 - O que é o hiperaldosteronismo e qual sua


classificação ?
Caracteriza-se pela secreção autônoma de aldosterona,
principalmente pela zona glomerulosa das adrenais,
(independente da angiotensina II e dos níveis de
potássio) e não supressível por sobrecarga de sódio. O
excesso de aldosterona promove retenção renal de sódio
e água, expansão do volume do líquido extracelular com APR suprimida em presença de níveis normais altos ou
supressão da atividade plasmática de renina (APR) e elevados de aldosterona caracteriza o diagnóstico de
hipocalemia com alcalose metabólica, por conta do HAP, mas pode estar presente em 25 a 30% dos
aumento da excreção de potássio e H+. Além disso, hipertensos essenciais (aqueles com “renina baixa”), os
quando em níveis elevados, a aldosterona tem efeito no quais têm níveis de aldosterona normais.
estresse oxidativo, aumentando o risco cardiovascular e OBS:
a morbimortalidade. As duas principais etiologias do HAP
são o adenoma produtor de aldosterona (APA) e a
hiperplasia adrenal bilateral (HAB), classicamente
chamada de hiperaldosteronismo idiopático (HAI).
Juntas, correspondem a 95% dos casos, sendo a HAB
mais prevalente (cerca de 60% dos casos).
p1 - Quais os exames laboratoriais para diagnosticar
hiperaldosteronismo e quais as etiologias?
Quadro típico:
● Hipertensão: é a regra, podendo ser grave e refratária
à terapêutica habitual;
● Hipocalemia: 30-40%, levando a manifestações
específicas:
o Fadiga;
o Indisposição;
o Cãibras
o Astenia;
o Parestesias;
TESTES CONFIRMATÓRIOS
É recomendado que o paciente com RAR elevada seja
submetido a um teste de confirmação para definir a
autonomia da secreção de aldosterona, devido às
elevadas taxas de falso- positivos, principalmente
naqueles em uso de medicamentos que possam
influenciar no teste. Não há recomendação de teste
confirmatório específico para supressão de aldosterona;
os testes mais utilizados estão no Quadro 44.3. Contudo,
pelas diretrizes atuais da Endocrine Society, pacientes
com hipocalemia espontânea, APR indetectável e
aldosterona &gt; 20 ng/dℓ, não necessitam de testes
adicionais. Em protocolos recentes, pacientes com RAR
elevada, APR suprimida e aldosterona &gt; 30 ng/dℓ,
independentemente dos níveis de potássio, podem ser
dispensados de testes confirmatórios. Esta abordagem
reduz em 30% a necessidade de testes adicionais,
simplificando o diagnóstico de HAP.
Atenção:
● Pacientes com hipocalemia espontânea, APR
indetectável e aldosterona &gt; 20 ng/dℓ, não necessitam
de testes adicionais.
● Pacientes com RAR elevada, APR suprimida e
aldosterona &gt; 30 ng/dℓ, independentemente dos
níveis de potássio, podem ser dispensados de
testesconfirmatórios.

DEFINIÇÃO ETIOLÓGICA:
A síndrome do HAP engloba vários subtipos dentro de
dois grupos principais: os tumores, em que o adenoma
produtor de aldosterona (APA) é o exemplo típico, e as
hiperplasias, em que se destaca a hiperplasia adrenal
bilateral (HAB), também chamada hiperaldosteronismo
idiopático (HAI).
Exames de imagem são os principais meios para definir
a etiologia.
p2 - Quais os tipos de tratamento para
hiperaldosteronismo?

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