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Capítulo
1. DEFINIÇÃO
2. EPIDEMIOLOGIA
A análise de Feign et al. (5) mostrou que as doenças cerebro-vasculares (DCV) foram a
segunda maior causa de mortalidade e a terceira maior causa de incapacitação funcional
(4,5% do total). Em relação a países de baixa e média renda, dois fatores encontrados
são importantes: o impacto social e a ocorrência do total de AVC no mundo - 85%
acontecem nesses lugares. Em nações com renda per-capita maior, houve diminuição da
incidência de 42% nos últimos 40 anos, enquanto nas de renda média e baixa, houve
aumento de 100%. O indicador DALY (disability-adjusted life-years) nestes países é
basicamente 7 vezes maior que os de renda mais alta. (6)
A prevalência mundial de DCV foi de 42,4 milhões de pessoas, com 24,9 milhões de
quadros isquêmicos. A incidência, prevalência e mortalidade por DCV variam de
acordo com regiões mundiais, devido a fatores raciais, étnicos, sociais, econômicos e
culturais. Além disso, a maior prevalência dos dois tipos de eventos de AVC podem se
dar por uma maior acurácia diagnóstica de eventos quase assintomáticos, associando
melhor atenção primária e melhores exames de imagem. No Brasil, o risco de morrer
por DCV diminuiu para 40,9 a cada 100.000 habitantes, de 1980/82 a 2000/02, em
ambos os sexos, principalmente em regiões mais desenvolvidas. (7,8,9)
Dois terços das DCV ocorrem em pacientes com menos de 70 anos, e uma questão a se
pensar seria a maior incidência de fatores de risco, como os metabólicos. Ademais,
mesmo que ocorra uma tendência de queda de incidência de AVEI principalmente em
mulheres, uma maior mortalidade é encontrada nesse grupo, mais de 55.000 de DCV em
relação a homens. (5, 7, 10)
Cerca de 12% das DCV são precedidas por AIT, com risco de desenvolver um AVE em
2 dias de 3-10% e em 90 dias 9-17%. Quanto à recorrência existe um risco de 3,1%,
11,1%, 26,4% e 39,2% em 30 dias, 1 ano, 5 anos e 10 anos após o acidente. (7)
3. FISIOPATOLOGIA
4. FATORES DE RISCO
A correlação entre DALY associada a DCV se pauta nos fatores de hipertensão arterial,
alto IMC, hiperglicemia, dislipidemia, baixa taxa de filtração glomerular, poluição do ar
e exposição a chumbo. (13)
5. DIAGNÓSTICO
Quando um paciente procura atendimento médico com quadro clínico que sugere um
AVE ou AVC, a equipe responsável pelo atendimento deve realizar uma primeira
abordagem, que compõe principalmente, avaliar sinais vitais, fazer um exame
neurológico direcionado e fazer o encaminhamento do paciente para a emergência para
a definição diagnóstica, realizar o manejo na fase aguda e investigação etiológica. O
Acidente Vascular Encefálico é uma emergência e seu manejo adequado na fase aguda
reduz mortalidade e sequelas que venham acontecer.(20) O diagnóstico consiste no
raciocínio clínico, pautado na anamnese e exame físico, aliado a exames
complementares, principalmente de imagem. É essencial o diagnostico diferencial de
outras doenças que possam ter sintomatologias semelhantes ao AVC.(1)
Alguns sinais de alerta são essenciais para poder direcionar o médico frente a um
possível caso de AVE, como:(22)
Utiliza-se a escala do National Institute of Health Stroke Scale (NIH) para avaliar o
Acidente Vascular Encefálico, que avalia a relevância e a gravidade do déficit
neurológico após o AVC, quanto maior a pontuação mais amplo e severo é o dano,
(Quadro abaixo) (22)
Figura 2. Escala de AVC do National Institute of Health Stroke Scale (NIH). Fonte:
Página da Web – Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde
Alguns exames complementares são fundamentais para vincular com mais exatidão o
Acidente Vascular Cerebral, principalmente exames de imagem, que falaremos a seguir,
dentre os exames laboratoriais podemos citar:(22)
Hemograma: Hemoglobina (Hb), hematócrito (Ht) e plaquetas, úteis
principalmente para avaliar uma possível hemorragia em curso;
Coagulograma: TP/TTPA, necessários para a avaliação da coagulação
sanguínea;
Glicemia: Diagnosticar possíveis alterações, hipoglicemia ou hiperglicemia;
Função renal, ureia e creatinina séricos;
Dosagem de íons;
Gasometria arterial.
Uma TC do crânio sem contraste é válida para a identificação dos sinais precoces do
Acidente Vascular Cerebral, porém o mais importante é excluir uma possível
hemorragia intracerebral, tumores e lesões que possam imitar um acidente vascular
cerebral isquêmico agudo. Na avaliação de hemorragia intracraniana aguda a TC é
importante, uma vez que produz um bom contraste entre o coágulo alto atenuante
(“brilhante”) e o coágulo baixo atenuante (escuro”) de fluido cerebrospinal. (Imagem 2,
3 e 4). A disponibilidade e velocidade dessa ferramenta a tornam muito útil na avaliação
inicial de pacientes com suspeita de AVC. (25, 26, 27)
Os estudos convencionais de ressonância magnética cerebral podem levar até uma hora
para serem concluídos. O estudo não é muito bom na detecção de edema citotóxico ou
intracelular que é observado na fase aguda ou menos de 24 horas do AVC. A RM de
crânio pode ser considerada nos casos onde o diagnóstico clínico é difícil, ou onde há
escolha de terapias que necessitam do exame para guiar o procedimento. A imagens são
boas na detecção de edema vasogênico que está presente na fase subaguda do AVC e é
visto por mais de 24 horas a vários dias. (25, 26, 27)
Imagem 5. RM de crânio, infarto subagudo da artéria cerebral média direita. Fonte:
Publicação Online – 2014, Jornal Vascular Brasileiro
5.C.3. ENXAQUECA
6. INVESTIGAÇÃO ETIOLÓGICA
Classificação de TOAST
o Aterosclerose de grandes artérias;
o Oclusão de pequenas artérias;
o Embolia Cardíaca;
o Outras etiologias de AVC;
o AVC de causa indeterminada.
Trata-se de patologias das artérias de grandes calibres que compõe a rede de irrigação
cerebral, podem ser divididas em extra e intracranianas. Sendo a carótida interna a
artéria mais acometida, principalmente na sua origem, na região cervical. Alguns fatores
de risco predispõem a aterosclerose de grandes artérias, como, hipertensão arterial,
diabetes, dislipidemia, tabagismo, entre outros, além de alterações na parede endotelial
e algumas patologias inflamatórias, como alguns tipos de artrite. (1, 22)
É a doença que acomete artérias de calibres menores que fazem a perfusão sanguínea de
áreas mais profundas do encéfalo, geralmente sua sua obstrução leva à isquemia
lacunar, infarto menor do que 15mm. (1, 22)
Dentre as outras causas de AVC, vale ressaltar causas inflamatórias, como as vasculites,
que devem ser levadas em consideração naqueles pacientes com ausência de fatores de
risco. Além de causas genéticas, doenças hematológicas que se associam à estados de
pró-coagulação e quadros de hiperviscosidade sanguínea, principalmente em pacientes
jovens e sem fatores associados. Doenças linfo proliferativas, como linfoma e leucemia,
aparecem como possíveis causas de AVC por mecanismos de hiperviscosidade com
consequente comprometimento do fluxo cerebral. Outra causa hematológica vinculado
ao acidente vascular cerebral é a anemia falciforme. (1, 22)
CIRCULAÇÃO ANTERIOR:
8. TRATAMENTO
8.A. TROMBÓLISE
A alteplase é utilizada na dose de 0,9 mg/kg, sendo infundido 10% do total em bolus e o
restante em bomba de infusão por uma hora, a trombectomia é considerada em pacientes
com janela de oportunidade entre 4,5 horas e 6 horas, em pacientes com déficit
neurológico grave, oclusão de grandes artérias diagnosticado por métodos de imagem e
que passaram por cirurgia de grande porte. (1, 20, 22, 23, 26)
Além disso existem alguns critérios de inclusão e exclusão para o a trombólise: (1, 20,
22, 23)
As técnicas mais aceitas atualmente são aquelas que incluem craniectomia ampla com
duroplastia e sem ressecção do tecido cerebral. O procedimento inclui algumas
complicações, principalmente hidrocefalia, infecções, convulsões, hibernação paradoxal
e síndrome do sinking skin flap. (1, 20, 22, 23)
Uma das complicações mais comuns do AVC é o edema cerebral. Geralmente esse
edema segue uma cronologia, surge como edema citotóxico e posteriormente, como
componente vasogênico, o pico do edema ocorre entre o terceiro e o quinto dia após o
evento. (1, 20, 22, 23)
A craniectomia precoce dentro das primeiras 48 horas aparece como a medida mais
eficaz. O monitoramento invasivo da pressão intracraniana é indispensável para o
tratamento clínico. A cabeceira deve ser mantida elevada a 30º, evitar hiponatremia,
manter uma pCO2 entre 30 e 35 e manter boa perfusão cerebral. (1, 20, 22, 23)
10. REABILITAÇÃO
Os fatores de riscos não modificáveis são aqueles que não podemos alterar diretamente,
porém seu conhecimento é importante para o a qualificação do risco do paciente, pois
podem aumentá-lo. Abaixo é listado esses fatores: (18, 19)
Cessação do tabagismo;
Revascularização da carótida;
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