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ESTUDO DIRIGIDO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR – 2023
1) Introdução
Segundo World Heart Federation, “Devido ao envelhecimento da população, aumento
dos fatores de riscos e melhora da sobrevida de pacientes com condições
cardiovasculares, a prevalência de IC está aumentando globalmente para um número
estimado de 26 milhões, com milhões adicionais de casos não diagnosticados. As taxas
de reinternações são altas: 50% são readmitidos dentro de seis meses após a alta”. O risco
de desenvolver IC é de 1 para 5 indivíduos. Em face desses dados, é imperativo seu
diagnóstico com impacto favorável na abordagem desses pacientes.
2) Definição e epidemiologia
Síndrome clínica com sintomas típicos, que podem ser acompanhados de sinais, causada
por alterações cardíacas funcionais e/ou estruturais, resultando em diminuição do débito
cardíaco e/ou aumento das pressões intracardíacas.
Atinge 1 a 2% da população adulta, com aumento de sua prevalência com a idade,
alcançando ≥ 10% naqueles com > 70 anos de idade. O risco para desenvolver IC após os
55 anos é de 33% nos homens e de 28% nas mulheres. A taxa de internação varia de 32 a
44%. A reinternação é mais frequente em idosos, com taxas de 25% em 1 mês e de 70%
em 1 ano. A mortalidade total é de 7 a 17%.
3) Fisiopatologia
Para este tópico, vocês podem consultar a página eletrônica
https://www.academiademedicina.com.br/genmedicina/insuficiencia-cardiaca-
definicao-epidemiologia-fisiopatologia-e-classificacao/
Além disto, devem rever o mecanismo de Frank Starling, saber sobre os determinantes
do débito cardíaco (pré-carga, pós-carga, contratilidade do miocárdio e frequência
cardíaca).
4) Sintomas e sinais
As manifestações clínicas da insuficiência cardíaca são divididas em dois grandes grupos:
intolerância aos esforços e retenção hídrica. Cite as manifestações de cada grupo no
quadro abaixo.
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5) Exame físico
O exame físico pode demonstrar alterações nos dados vitais, ectoscopia e nos principais
sistemas (respiratório, cardiovascular e abdome). Consultem os livros e revejam a
semiologia de cada sistema para entender cada alteração.
6) Caso clínico
Paciente feminina, de 62 anos de idade, queixa-se de dispneia de esforço progressiva há
2,5 anos com piora há 15 dias, com dispneia para tomar banho. Refere, também, oligúria,
empachamento pós-prandial e edema de membros inferiores. Diagnóstico de diabete
melito e hipertensão arterial sistêmica há 10 anos em uso de metformina, insulina NPH e
captopril. Nega outros antecedentes, nega etilismo e/ou tabagismo. Ao exame: Orientada
no tempo e no espaço, edema de MMII 2+/4+, presença de máculas hipercrômicas, com
espessamento da pele, na região posterior do pescoço, restante da ectoscopia normal. Peso
78,5 kg, altura 1,58 m, IMC: 31,4 kg/m2.
PA MSD posição sentada: 148/96 mmHg (em duas ocasiões), posição supina 146/96
mmHg e de pé (3º min) 140/82 mmHg, e em MSE 152/98 mmHg (posição sentada); FP
92 bpm; FR 20 irpm.
SR: tórax de conformação normal, expansibilidade normal, frêmito toracovocal
preservado, som claro pulmonar, som vesicular rude, com crepitações teleinspiratórias
finas, fixas, em regiões infraescapulares.
SCV: pulso carotídeo de pequena amplitude e aplainado, pulsos arteriais periféricos
regulares e simétricos; ingurgitamento jugular a 4 cm do ângulo esternal, presença do
descenso x’; impulso cardíaco apical (ICA) palpável no 6º espaço intercostal esquerdo
(EIE), 2 cm laterais em relação a linha hemiclavicular (LHC), extensão de 3 cm, tipo
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Sobre este caso clínico, leia com atenção e responda às questões que se seguem.
a) Explique a fisiopatologia do diagnóstico sindrômico referente à dispneia da
paciente.
b) Explique sobre o comportamento da pressão arterial com a mudança da posição
supina para o ortostatismo (o que é normal e por quê e qual a alteração e sua
denominação).
c) Explique o mecanismo das crepitações nesta paciente.
d) Qual o significado de B3 nesta paciente? Esta bulha sempre está presente nesta
condição clínica?
e) Liste as hipóteses diagnósticas com suas classificações completas.
TEMA VALVOPATIAS
As valvopatias apresentam uma prevalência de até 13%, considerando aqueles com mais
de 75 anos de idade. Os dados epidemiológicos, a fisiopatologia, o quadro clínico e o
exame físico são as ferramentas para o diagnóstico clínico das valvopatias. A anatomia e
a fisiologia cardíacas (incluindo o ciclo cardíaco) devem ser revistas. Alterações da
pressão arterial, do pulso carotídeo (e outros pulsos arteriais), do pulso venoso jugular,
da inspeção e palpação do tórax anterior e da ausculta cardíaca são parte fundamental
para o raciocínio clínico e o diagnóstico das valvopatias.
Valvopatia IM
Fase do ciclo cardíaco
(sistólico/diastólico)
Duração (proto, meso, tele e holo)
Intensidade (graus I a VI)/campânula ou
diafragma do estetoscópio
Localização e Irradiação
Frequência (baixa, média e alta)
Características de B1 e B2
Presença de B3/B4?
Qualidade/timbre (áspero, suave, musical,
aspirativo, tipo arrulho)
Configuração (crescente, decrescente,
crescente-decrescente, platô, variável)
Ruídos associados
Resposta a manobras (com o ciclo
respiratório, posição, exercício)
Mecanismos
Valvopatia EAo
Fase do ciclo cardíaco
(sistólico/diastólico)
Duração (proto, meso, tele e holo)
Intensidade (graus I a VI)/campânula ou
diafragma do estetoscópio
Localização e Irradiação
Frequência (alta, média e baixa)
Características de B1 e B2
Presença de B3/B4?
Qualidade/timbre (áspero, suave, musical,
aspirativo, tipo arrulho)
Configuração (crescente, decrescente,
crescente-decrescente, platô, variável)
Ruídos associados
Resposta a manobras (com o ciclo
respiratório, posição, exercício)
Mecanismos
Valvopatia EM
Fase do ciclo cardíaco
(sistólico/diastólico)
Duração (proto, meso, tele e holo)
Intensidade (graus I a VI)/campânula ou
diafragma do estetoscópio
Localização e Irradiação
Frequência (alta, média e baixa)
Características de B1 e B2
Presença de B3/B4?
Qualidade/timbre (áspero, suave, musical,
aspirativo, tipo arrulho)
Configuração (crescente, decrescente,
crescente-decrescente, platô, variável)
Ruídos associados
Resposta a manobras (com o ciclo
respiratório, posição, exercício)
Mecanismos
Valvopatia IAo
Fase do ciclo cardíaco
(sistólico/diastólico)
Duração (proto, meso, tele e holo)
Intensidade (graus I a VI)/campânula ou
diafragma do estetoscópio
Localização e Irradiação
Frequência (alta, média e baixa)
Características de B1 e B2
Presença de B3/B4?
Qualidade/timbre (áspero, suave, musical,
aspirativo, tipo arrulho)
Configuração (crescente, decrescente,
crescente-decrescente, platô, variável)
Ruídos associados
Resposta a manobras (com o ciclo
respiratório, posição, exercício)
Mecanismos
CASO CLÍNICO 1
SCV: pulso carotídeo com amplitude e contorno normais, pulsos arteriais periféricos
regulares e simétricos, pulso venoso jugular (PVJ) normal, impulso cardíaco apical (ICA)
palpável no 5º espaço intercostal esquerdo (EIE), na linha hemiclavicular (LHC),
extensão de 1,5 cm, tipo valvar. B1 palpável. Ritmo cardíaco regular (RCR) em 2 T,
bulhas hiperfonéticas, presença de sopro mesotelediastólico II/VI, de média frequência,
no ápice e axila E, mas audível em decúbito semilateral esquerdo.
CASO CLÍNICO 2
HP: Hipertensão arterial há 2 anos, em uso de losartana (50mg de 12/12 horas). Tabagista
(20 anos/maço), com cessação do hábito tabágico há 5 anos.
Exame físico:
SCV: pulso carotídeo com elevação ampla e colapso abrupto. Pulsos arteriais periféricos
regulares, simétricos, com amplitude normal. PVJ sem alterações. ICA palpável no 6º
EIE, 1 cm à esquerda da LHC, tipo propulsivo, com extensão de 3 cm. RCR em 3 T (B3),
hipofonese de B2. Sopro protodiastólico II/VI, mais audível na borda esternal direita
superior, com o paciente sentado e inclinado para frente. Sopro mesossistólico III/VI,
mais audível em foco aórtico, raspante, sem irradiação.
CASO CLÍNICO 3
HF: Irmã, 58 anos, com história de diagnóstico de diabete melito há 3 anos. Mãe falecida
logo após o parto do paciente (não soube precisar sua idade).
Exame físico:
PA: 114/78 mmHg (MSD, posição sentada), PA:112/78mmHg (MSE, posição sentada),
PA: 116/80 mmHg (MSD, posição supina), PA:108/70 mmHg (MSD, no 3º min da
posição ortostática).
SCV: pulso carotídeo com ascensão lenta e de amplitude diminuída. PVJ sem alterações.
ICA palpável no 5º EIE, na LHC, tipo valvar, sustentado, com extensão de 2,5 cm.
Frêmito sistólico palpável na borda esternal direita alta. RCR em 3T (B4), hipofonese e
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a. Por que o paciente apresenta precordialgia? Por que não houve melhora com
nitrato sublingual?
b. Qual a causa dos episódios de síncope?
c. Por que foi palpável um frêmito sistólico? Ele denota gravidade da doença?
d. Qual a fisiopatologia da B4 apresentada? Ela significa a presença de insuficiência
cardíaca?
e. Como explicar a hipofonese e o desdobramento paradoxal de B2?
f. Como fazer o diagnóstico diferencial do sopro apresentado?
g. Qual o tipo do pulso apresentado e qual sua fisiopatologia?
CASO CLÍNICO 4
Exame físico:
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PA: 138/86 mmHg (MSD, posição sentada) PA: 140/88 mmHg (MSD, posição supina),
PA:138/88 mmHg (MSD, no 3º min da posição ortostática).
SCV: pulso carotídeo e pulsos arteriais periféricos normais. PVJ normal. ICA não
palpável. RCR em 2T, hipofonese de B1 e sopro mesotelessistólico II/VI, no foco mitral,
irradiando para axila, com clique mesossistólico.