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MORFOFUNCIONAL
CURSO DE MEDICINA
Orientadores:
Adriana Oliveira
Eduardo Soares
Hudson Wallença
Lyah Lamarck
Wydeglannya de Aguiar
OBJETIVOS:
1. Identificar distúrbios cardíacos e respiratórios na criança
2. Descrever os aspectos fisiopatológicos dos distúrbios cardíacos e respiratórios na criança
3. Avaliar as ferramentas diagnósticas nos distúrbios cardíacos e respiratórios na criança
4. Compreender a farmacoterapia nos distúrbios cardíacos e respiratórios na criança
APRESENTAÇÃO
Os sistemas circulatório e respiratório estão intimamente ligados, uma vez que é o sangue que
transporta o oxigénio a todas as regiões do corpo humano onde ele é necessário. O sistema
circulatório é constituído pelo coração e por vasos sanguíneos que transportam o sangue.
O sistema respiratório é constituído pela cavidade nasal que filtra, aquece e umedece o ar; pela
nasofaringe, onde o ar passa para a garganta; pela glote; pela laringe onde se dá a produção de
sons; pela traqueia, pelos brônquios; pelos bronquíolos e pelos alvéolos. Os distúrbios cardíacos
e respiratórios estão diretamente relacionados às alterações desses componentes anatômicos
citados.
Paciente P.H.B, 8 anos, sexo masculino, 130cm, 30Kg, natural de Imperatriz-MA, chega ao pronto
socorro acompanhado de sua mãe para atendimento médico, onde conforme informado pela
mesma, a criança não consegue realizar suas atividades diárias como de costume há uma
semana. No atendimento médico constatou-se: febre (37,7°C), expansão pulmonar e murmúrio
vesicular diminuído, tosse produtiva, FR: 28 irpm e FC: 90bpm. Além disso, a criança durante a
consulta diz ao médico que sente dor no peito quando tosse. A mãe relata para o médico que
com aproximadamente 3 meses de idade, a criança foi diagnostica com uma “tal cardiopatia
congênita” chamada coarctação da aorta, onde logo após o diagnóstico, realizou uma cirurgia
reparadora e de lá para cá não precisou de mais procedimentos cirúrgicos. O médico deixa a
criança em observação e solicita exame de imagem (Raio-X) e de sangue para se obter um
melhor diagnóstico. Após realização do Raio-X, é evidenciado consolidação no segmento lateral
do lobo médio do pulmão direito (Figura 1). Ao exame de sangue constatam-se: VHS: 110fL (ref.
80 a 100fL); leucócitos: 15.500/mm3 (ref. 3.600 a 11.000/mm³); neutrófilos: 8.000/mm3 (ref. 1.700
mm3 a 7.800mm3) e Proteína C Reativa: 13mg/L (ref. até 10mg/L), o que sugere Pneumonia
Adquirida na Comunidade (PAC) de caráter bacteriano. É prescrito pelo médico: amoxicilina
suspensão (250mg/5ml) 50mg/kg/dia, V.O por 10 dias e dipirona 500mg/ml (10 gotas 6/6h, se
febre). Realizar retorno em 2 dias.
Figura 01: Visualização do raio-X
Diante do caso apresentado, siga os comandos a seguir:
Coarctação da aorta
Morfologia
A coarctação da aorta pode ser localizada ou segmentar e apresentar-se nas regiões pré-ductal,
paraductal e pós-ductal. A localização mais comum é entre a subclávia esquerda e a junção
aortoductal, ou seja, a região pré-ductal. A coarctação segmentar é mais comum nos neonatos e nos
lactentes, e a localizada, nas crianças maiores. Lesões associadas são frequentes e entre as
principais estão: PCA, CIV, CIA, SHVE, transposição dos grandes vasos da base e dupla via de saída
do ventrículo direito. A ocorrência de lesões obstrutivas múltiplas esquerdas, associadas à coarctação
de aorta, é chamada de síndrome de Shone.
Fisiopatologia
Quando a coarctação da aorta é muito importante, o débito sanguíneo para o dimídio inferior do corpo
é feito pelo canal arterial. Com o fechamento do canal, há súbito aumento no retorno venoso pulmonar
e na pós-carga do ventrículo esquerdo. Consequentemente, desenvolve-se a falência do ventrículo
esquerdo, com aparecimento de sinais de IC grave.
A coarctação não crítica evolui com hipertrofia do ventrículo esquerdo e hipertensão arterial na parte
superior do corpo. Se a obstrução faz-se gradualmente, desenvolve-se a circulação colateral com
pouco comprometimento no débito para a parte inferior do corpo.
Manifestações clínicas
O neonato com coarctação grave desenvolve clínica de IC e, algumas vezes, choque cardiogênico, na
2ª ou na 3ª semana de vida. Há ausência de pulsos em membros inferiores e normalmente não se
ouve sopro. O quadro clínico pode ser mais precoce e mais intenso quando há associação de CIV.
Crianças maiores podem ser assintomáticas, e a suspeita diagnóstica é feita pela diferença de pulsos
entre os membros superiores e os inferiores e hipertensão arterial. Outras queixas como fadiga,
cefaleia, epistaxe e dor em membros inferiores são frequentes. O sopro cardíaco pode ser audível na
fúrcula e na região interescapular, mas sua presença no precórdio é, em geral, consequência de
anomalias associadas. O sopro contínuo da circulação colateral é raro na criança pequena.
Exames complementares
Nas crianças maiores, a radiografia de tórax pode ser normal com dilatação da aorta ascendente. Em
escolares e adolescentes, observam-se o “sinal de 3” e erosões nas superfícies inferiores das
costelas. O eletrocardiograma apresenta-se normal ou com sobrecarga ventricular esquerda. O
ecocardiograma com Doppler é um exame importante no auxílio diagnóstico. Há necessidade de
demonstrar a coarctação na imagem ecocardiográfica, pois o gradiente de pressão pode estar
ausente ou subdimensionado nas coarctações graves. A ressonância magnética ou a tomografia
helicoidal são exames que demonstram com mais clareza o tipo de lesão.
Em alguns pacientes, o cateterismo pode ser necessário para confirmação diagnóstica ou para
esclarecer outras anomalias associadas. A maior indicação, no entanto, é para o tratamento, que pode
ser feito com dilatação por balão ou aplicação de stent.
Tratamento
A indicação para tratamento invasivo (dilatação ou cirurgia) deve ser feita em todos os pacientes
sintomáticos e nos pacientes assintomáticos que apresentarem hipertensão arterial ou sinais de
repercussão hemodinâmica nos exames complementares.
O tratamento deve ser de urgência nos recém-nascidos e lactentes com IC, e eletivo nos pacientes
assintomáticos em torno do 1º ano de vida.
A abertura da coarctação é feita pelo cateterismo cardíaco, como mencionado anteriormente, ou por
cirurgia. No neonato e no lactente, o melhor tratamento é o cirúrgico. A dilatação com balão é mais
utilizada em casos de recoarctação ou em casos de coarctação nativa em pacientes maiores.
Evolução
A mortalidade é alta nas crianças que desenvolvem IC. O paciente sem reparo ou correção tardia
evolui normalmente, com hipertensão arterial na vida adulta. Nos pacientes com coarctação
importante, assintomáticos ou com poucos sintomas na infância, a evolução natural mostra morte
prematura em torno da 3ª ou 4ª década de vida, tendo como causas: IC, ruptura da aorta, endocardite
bacteriana e hemorragia intracraniana.
Fonte - Artigo sugerido nas referências: ASSUNÇÃO, R.G; PEREIRA, W.A.; ABREU, A.G. Pneumonia bacteriana:
aspectos epidemiológicos, fisiopatologia e avanços no diagnóstico. Rev. Investig, Bioméd, v. 10, n. 1, p. 83-92, 2018.
Fisiopatologia
Elementos estruturantes das bactérias, como flagelo, fímbrias e polissacarídeos, tornam o processo
de adesão mais ágil e preciso. No epitélio do sistema respiratório, levam a adesão e, em alguns
casos, a consecutiva infecção. Em geral, esses agentes patogênicos originam-se principalmente da
microbiota endógena do paciente e de indivíduos próximos a ele. Quando oriundos de outras fontes,
advém especialmente das mãos dos profissionais de saúde e materiais/equipamentos hospitalares
não estéreis.
Classificação
A pneumonia pode ser classificada em: Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC), Pneumonia
Adquirida em Hospital (PAH) e a Pneumonia Adquirida em Ambiente Hospitalar por Ventilação
Mecânica (PAV). Assim, a PAC é uma infecção aguda do parênquima pulmonar, origem comunitária
ou que se manifesta em até 48 horas pós-internação.
A PAH é o tipo mais grave e caracteriza-se por só ser diagnosticada pós-internação, normalmente
após 48 de internação. Estima-se que até 1,1% de todos os pacientes internados a desenvolva e,
apesar da baixa incidência, possui mortalidade de até 50%, principalmente quando relacionada a
microrganismos multirresistentes, estando associada também a elevação de gastos com internação.
PAV, por sua vez, é considerada a segunda infecção nosocomial mais comum e a principal causa de
morte em pacientes em estado críticos pelo caráter invasivo dos procedimentos de ventilação
mecânica. Sua relevância clínica torna-a um constante desafio para as equipes de saúde. Difere da
PAH por seu desenvolvimento ocorrer após 48 horas após a intubação orotraqueal; é subclassificada
em PAV precoce, quando se manifesta até 4 dias após o procedimento, e PAV tardia, quando
manifesta-se 5 dias após o procedimento. O principal meio de transmissão de PAV é sabidamente por
meio de profissionais da saúde, especialmente o contato com diferentes doentes sem a higienização
das mãos, além do uso de materiais e equipamentos respiratórios não estéreis.
05. Discorra sobre os critérios para internação em casos de pneumonias agudas segundo
Rodrigues e Filho (2016):
Fonte - Artigo sugerido nas referências: RODRIGUES, J.C.; FILHO, L.V.R.F.S. Pneumonias agudas na criança.
Atualize-se. v.1, n.5, 2016.
Os principias critérios utilizados na prática clínica para indicação de internação de crianças com
pneumonias agudas são:
Idade inferior a 2 meses;
Toxemia ou quadro séptico;
Hipoxemia que requer administração de oxigênio suplementar;
Insuficiência respiratória aguda;
Incapacidade de tolerar medicação via oral;
Fatores sociais que impossibilitem a reavaliação, caso ocorra piora clínica;
Pacientes com alguma doença de base que possa alterar a evolução clínica da pneumonia
(anemia falciforme, síndrome nefrótica, imunodeficiências congênitas ou adquiridas);
Presença de complicações (derrame pleural, abscesso pulmonar, pneumatoceles,
cavitações, pneumotórax).
Entretanto, exames complementares podem auxiliar o processo diagnóstico. Na busca pelo agente
etiológico, a hemocultura é recomendada para todos os pacientes hospitalizados por PAC. Por
sua vez, a pesquisa viral em secreções respiratórias é sensível para a investigação da etiologia, além
de ser um exame pouco invasivo.
No derrame pleural, quando possível, o exame bacteriológico (bacterioscópico e cultura) pode ser
de utilidade na identificação da etiologia. A relação entre a proteína total e a desidrogenase lática
(LDH) do líquido pleural e do plasma é importante no diagnóstico diferencial entre exsudato e
transudado.
Quando a dúvida recai sobre a Chlamydia sp, a pesquisa de anticorpos IgM ou IgG também está
indicada.
Testes inespecíficos, como as dosagens de proteína C-reativa, procalcitonina, velocidade de
hemossedimentação e contagem de leucócitos, têm valor limitado na presunção da etiologia da
PAC, podendo sugerir infecção bacteriana quando os valores forem muito elevados,
aparentemente, acima do percentil 90 ou mais. Na infecção por Chlamydia trachomatis a presença
de eosinofilia é frequente.
Mecanismo de ação:
Indicações clínicas
Infecções provocadas pelos agentes suscetíveis: infecções de vias aéreas superiores e inferiores
adquiridas na comunidade, como otites médias agudas, sinusites agudas, pneumonia e
faringoamigdalite bacteriana; infecção urinária; febre tifoide; gonorreia; profilaxia de endocardite
bacteriana.
REFERÊNCIAS
ASSUNÇÃO, R.G; PEREIRA, W.A.; ABREU, A.G. Pneumonia bacteriana: aspectos epidemiológicos, fisiopatologia
e avanços no diagnóstico. Rev. Investig, Bioméd, v. 10, n. 1, p. 83-92, 2018.
GUYTON. A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
KATZUNG, Bertram G.; MASTERS, Susan B.; TREVOR, Anthony J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Rio
de Janeiro: AMGH, 2017. 1202 p.
KOROLKOVAS, A.; FRANÇA, F.F.A.C. Dicionário terapêutico Guanabara. 21.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2015.
PEREIRA, A.C.C. et al. Abordagem endovascular na terapêutica da coarctação de aorta. Brazilian Journal of
Health Review, v. 4, n. 2, p. 4066-4080, 2021.
PICON, P.X.; MAROSTICA, P.J.C.; BARROS, E. Pediatria: consulta rápida. Artmed, 2010. 1096p.
RODRIGUES, J.C.; FILHO, L.V.R.F.S. Pneumonias agudas na criança. Atualize-se. v.1, n.5, 2016.
TORTORA, G.J. Princípios de anatomia e fisiologia. 14ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2018.