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Nº 4, 11 de Agosto de 2022

Manual de Orientação
Departamento Científico de
C a r d i o l o g i a e N e o n a t o l o g i a (2019-2021)

Sistematização do atendimento ao
recém-nascido com suspeita ou
diagnóstico de cardiopatia congênita

Departamento Científico de Cardiologia


Presidente: Jorge Yussef Afiune (Autor)
Secretária: Márcia Fernanda Da Costa Carvalho
Conselho Científico: Cristiane Nogueira Binotto, Gisele Correia Pacheco Leite,
Márcio Miranda Brito, Maurício Laerte Silva, Patrícia Guedes de Souza

Departamento Científico de Neonatologia


Presidente: Maria Albertina Santiago Rego (Revisora)
Secretária: Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck (Revisora)
Conselho Científico: Alexandre Lopes Miralha, Danielle Cintra Bezerra Brandão,
João Henrique Carvalho Leme de Almeida, Leila Denise Cesário Pereira,
Lícia Maria Oliveira Moreira, Marynea Silva do Vale, Salma Saraty Malveira,
Silvana Salgado Nader

ba desde cardiopatias simples sem repercussão


Introdução
clínica até cardiopatias complexas e de extrema
gravidade, sendo considerado o responsável
As cardiopatias congênitas são defeitos pela maioria dos óbitos decorrentes das malfor-
estruturais do coração que estão presentes mações congênitas e por cerca de 10% a 15%
na vida fetal e ao nascimento. Esse grupo re- dos óbitos infantis3. A maioria das cardiopatias
presenta cerca de 30% de todas as malforma- congênitas ocorre de forma isolada, porém ou-
ções congênitas1 e tem incidência em torno tras anomalias extracardíacas estão presentes
de 9,4 casos para cada 1000 nascidos vivos em cerca de 25% dos bebês cardiopatas4. As
(IC95%: 8,6-10,2), de acordo com estudo epide- cardiopatias congênitas que se apresentam no
miológico recentemente publicado2. Trata-se de período neonatal geralmente são graves e ne-
um grupo heterogêneo de doenças que englo- cessitam de tratamento clínico especializado

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Sistematização do atendimento ao recém-nascido com suspeita ou diagnóstico de cardiopatia congênita

desde as primeiras horas de vida, além de ne- primeiros dias de vida ou até o final do primeiro
cessitarem, na sua grande maioria, da realização mês de vida. Estas cardiopatias também são cha-
de cirurgia cardíaca ou de cateterismo interven- madas de cardiopatias canal-dependentes pois
cionista ainda nos primeiros dias de vida. Esse a persistência do canal arterial aberto é funda-
tipo de tratamento cirúrgico ou intervencionista mental para a sobrevivência destes bebês nos
é realizado em centros especializados de car- primeiros dias de vida. As principais cardiopatias
diologia e cirurgia cardíaca neonatal que geral- congênitas críticas são as seguintes:
mente se encontram distantes geograficamente
das maternidades. Isso torna o tratamento des- 1.1. Cardiopatias com fluxo pulmonar
ses bebês um grande desafio para o nosso sis- dependente do canal arterial
tema de saúde, visto que temos que conseguir Neste grupo encontram-se cardiopatias que
identificar rapidamente o recém-nascido (RN) apresentam uma obstrução anatômica ao fluxo
cardiopata, estabilizar o seu quadro clínico e he- pulmonar de grau acentuado, podendo ocorrer
modinâmico e após isso conseguir que o mesmo atresia da valva pulmonar ou estenose pulmonar
seja transferido para um centro de referência de grau acentuado.
cardiológico.
O quadro clínico predominante é de cianose
O diagnóstico das cardiopatias congênitas que é decorrente uma mistura de fluxo intracar-
pode ser feito na vida fetal, através de ultrasso- díaca da direita para esquerda além de uma re-
nografia e ecocardiografia fetal, ou após o nasci- dução acentuada do fluxo pulmonar. O bebê ge-
mento através do exame clínico pós-natal, teste ralmente nasce bem e logo nas primeiras horas
de oximetria de pulso e ecocardiografia fetal. de vida começa a apresentar cianose em repouso
Neonatologistas e pediatras têm um papel fun- e às mamadas que progride rapidamente à medi-
damental neste cenário pois são eles os profis- da que ocorre o fechamento do canal arterial e a
sionais responsáveis por identificar estes sinais redução do fluxo pulmonar. Geralmente não há
clínicos no período ao redor do nascimento e sinais de baixo débito sistêmico ou de descon-
tomar as medidas necessárias para estabilização forto respiratório significativo e o uso de oxigê-
do quadro até que se faça o tratamento específi- nio através de máscara ou mesmo após intubação
co de cada cardiopatia. traqueal não resulta em melhora significativa da
saturação periférica, o que ajuda a fazer o diag-
nóstico diferencial com doenças ventilatórias no
período neonatal. Na radiografia de tórax obser-
varemos trama vascular pulmonar reduzida, sem
Principais cardiopatias
velamentos pulmonares significativos, podendo
no período neonatal
ou não haver cardiomegalia. As principais car-
diopatias deste grupo são as seguintes:
As cardiopatias congênitas que se manifes- • Atresia pulmonar com septo ventricular íntegro
tam no período neonatal são geralmente muito
• Síndrome de hipoplasia do coração direito
graves e têm incidência em torno de 3 a cada
1000 nascidos vivos. Podemos dividi-las em dois • Estenose pulmonar valvar crítica
grupos principais, de acordo com a gravidade e a • Atresia pulmonar com comunicação interventri-
fisiopatologia da cardiopatia5. cular
• Tetralogia de Fallot com atresia pulmonar ou
1. Cardiopatias congênitas críticas: são aquelas
com estenose pulmonar crítica
que se manifestam no período neonatal por hi-
póxia, insuficiência cardíaca ou baixo débito sis- • Ventrículo único com atresia pulmonar ou este-
têmico e que necessitam de intervenção cirúrgi- nose pulmonar crítica (ex.: atresia tricúspide)
ca ou de cateterismo intervencionista logo nos • Anomalia de Ebstein da valva tricúspide

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1.2. Cardiopatias com fluxo sistêmico cúspide com coarctação de aorta; dupla via de
dependente do canal arterial entrada de ventrículo esquerdo com coarctação
de aorta)
Neste grupo encontram-se cardiopatias que
apresentam obstrução
1.2.1. Cardiopatias com circulação em paralelo
anatômica ao fluxo sistêmico, podendo haver e circulação dependente de comunicação
atresia ou estenose crítica da valva aórtica ou interatrial
obstrução crítica no arco aórtico.
Neste grupo encontram-se as cardiopatias
Do ponto vista fisiopatológico, estas cardio- que mantém circulação em paralelo mesmo após
patias apresentam o fluxo sistêmico dependen- o nascimento, sendo a transposição das grandes
te do canal arterial. A criança geralmente nasce artérias a cardiopatia mais importante deste
bem e após algumas horas de vida apresenta grupo. Nesta doença o retorno venoso sistêmico
sinais de baixo débito sistêmico e congestão é direcionado do ventrículo direito para a aor-
venosa pulmonar, quadro este caracterizado ta e o retorno venoso pulmonar é direcionado
inicialmente por taquidispneia progressiva que do ventrículo esquerdo para a artéria pulmonar,
culmina com sinais de choque (má perfusão pe- mantendo-se assim uma circulação em parale-
riférica, taquicardia, palidez cutânea, redução lo. A manifestação clínica principal é a cianose
da amplitude dos pulsos arteriais, hipotensão, precoce (primeiro dia), associada a taquipneia e
acidose metabólica e falência cardiopulmonar). desconforto respiratório. Neste tipo de cardio-
Este quadro ocorre por redução do fluxo sistê- patia, é obrigatório haver alguma comunicação
mico causado pelo fechamento progressivo do entre os átrios (forame oval ou comunicação in-
canal arterial aliado ao aumento do fluxo pulmo- teratrial) ou entre os ventrículos (comunicação
nar o que acarreta um desequilíbrio na relação interventricular) para que haja mistura sanguí-
entre os fluxos sistêmico e pulmonar. O quadro nea entre as circulações sistêmica e pulmonar.
clínico principal é o de taquipneia e baixo débi- Apesar desta cardiopatia não ser considerada
to sistêmico. Cianose clínica é pouco frequente, canal-dependente, a manutenção do canal arte-
entretanto a saturação periférica geralmente rial aberto é importante para que haja aumento
fica entre 90% e 95%. O exame cardiológico do fluxo pulmonar e consequentemente do re-
mostra precórdio hiperdinâmico com impulsões torno venoso pulmonar para o átrio esquerdo
palpáveis, hiperfonese de bulhas (principal- e a partir daí ocorra aumento do fluxo do átrio
mente da 2ª bulha na área pulmonar), podendo esquerdo para o átrio direito, fazendo com que
ou não apresentar sopro cardíaco. A radiogra- o fluxo de sangue oxigenado chegue até a aor-
fia de tórax revela cardiomegalia discreta com ta. O diagnóstico diferencial principal desta
aumento significativo da trama vascular pul- cardiopatia se faz com a hipertensão pulmonar
monar, o que dificulta o diagnóstico diferencial persistente no RN cujo quadro clínico é muito
com doenças pulmonares no período neonatal. semelhante. O exame físico não mostra sopros
As principais cardiopatias deste grupo são as cardíacos, porém chama atenção a hiperfonese
seguintes: da 2ª bulha na área pulmonar. A radiografia de
tórax mostrará uma área cardíaca normal ou um
• Síndrome de hipoplasia do coração esquerdo
pouco aumentada com um aumento da trama
• Estenose aórtica crítica vascular pulmonar. As principais cardiopatias
• Coarctação de aorta crítica ou hipoplasia do deste grupo são as seguintes:
arco aórtico • Transposição das grandes artérias
• Interrupção do arco aórtico • Transposição das grandes artérias com CIV
• Ventrículo único funcional com coarctação ou • Dupla via de saída de ventrículo direito com
interrupção do arco aórtico (ex.: atresia tri- CIV subpulmonar

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Sistematização do atendimento ao recém-nascido com suspeita ou diagnóstico de cardiopatia congênita

• Conexão anômala total de veias pulmonares característica principal é a presença de shunt


forma obstrutiva (CIA restritiva ou infradia- esquerda-direita exclusivo com hiperfluxo pul-
fragmática) monar. O quadro clínico é o de taquidispneia e
• Ventrículo único funcional com atresia de valva insuficiência cardíaca, não havendo cianose. Os
atrioventricular e CIA restritiva sintomas tornam-se mais exuberantes a partir da
segunda semana de vida à medida que a resis-
1.3. Cardiopatias congênitas graves: Qualquer tência vascular pulmonar se reduz e o fluxo pul-
cardiopatia que não se enquadre na categoria monar aumenta de forma rápida. Ao exame físico
anterior, porém que apresente sinais de insufi- geralmente se observa um precórdio hiperdinâ-
ciência cardíaca ou hipóxia e que necessitará de mico e hiperfonese da 2ª bulha na área pulmo-
correção cirúrgica ou de cateterismo intervencio- nar. A saturação periférica geralmente está nor-
nista ao longo do primeiro ano de vida. As prin- mal (>95%), não havendo sinais de baixo débito
cipais cardiopatias congênitas são as seguintes: sistêmico. A radiografia de tórax mostrará área
cardíaca aumentada e um aumento da trama
1.3.1. Cardiopatias com shunt misto vascular pulmonar. Os principais exemplos deste
grupo são os seguintes:
Neste grupo de cardiopatias encontram-se
aquelas em que existe uma mistura intracardía- • Comunicação interventricular grande
ca bidirecional (shunt esquerda-direita e shunt • Defeito do septo atrioventricular forma total
direita-esquerda). O quadro clínico geralmente é
• Persistência do canal arterial de grande tama-
de taquidispneia e insuficiência cardíaca decor-
nho
rente de hiperfluxo pulmonar, além de discreto
grau de cianose decorrente do shunt direita- • Janela aorto-pulmonar
-esquerda. Os sintomas tornam-se mais exube- • Origem anômala da artéria pulmonar da aorta
rantes após a segunda semana de vida à medida
que ocorre uma redução da resistência vascular
pulmonar e aumento do fluxo pulmonar. O exa-
me físico geralmente mostra um precórdio hi-
perdinâmico, bulhas hiperfonéticas, não haven-
Como fazer o diagnóstico das
cardiopatias congênitas no RN
do sopros cardíacos significativos. Cianose pode
ocorrer, porém, é bem discreta e a saturação
periférica geralmente está entre 85% e 95%. 1. Diagnóstico fetal das cardiopatias
Em geral, não há sinais de baixo débito sistê- congênitas: ecocardiografia fetal
mico. A radiografia de tórax mostrará área car-
A grande maioria das cardiopatias congêni-
díaca aumentada e aumento da trama vascular
tas críticas ou graves pode ser diagnosticada no
pulmonar. Estas cardiopatias não são conside-
período fetal por ultrassonografia gestacional e
radas do tipo canal-dependente. Os principais
ecocardiografia fetal. Alguns estudos mostram
exemplos deste grupo são os seguintes:
que a taxa de diagnóstico fetal dessas cardiopa-
• Conexão anômala total de veias pulmonares tias está aumentando nos últimos anos, podendo
• Tronco arterial comum chegar a valores em torno de 80% em países de
• Ventrículo único funcional com ou sem esteno- renda alta6. Em relação ao Brasil, estima-se que a
se pulmonar taxa global de diagnóstico fetal esteja em torno
de 30%, mas com grande variabilidade nas dife-
1.3.2. Cardiopatias com shunt esquerda-direita rentes regiões do país7.
exclusivo
O objetivo principal do diagnóstico fetal das
Neste grupo de cardiopatias encontram- cardiopatias congênitas é o de planejar adequa-
-se os defeitos septais de grande tamanho cuja damente o tratamento pós-natal do bebê além

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de orientar e preparar a família para esta situa- Outro aspecto muito importante é o fato de que
ção. A partir do diagnóstico fetal podemos nos com diagnóstico fetal e o nascimento da criança
organizar para que o nascimento ocorra em um em centro terciário, evitaríamos a necessidade
centro terciário de neonatologia ou de cardio- de transferir e de transportar um recém-nascido
logia neonatal e que o RN receba o tratamento tão grave de uma unidade hospitalar para ou-
neonatal e cardiológico adequado desde os pri- tra, reduzindo assim os riscos e os custos com o
meiros minutos de vida extrauterina. Isto poderá transporte.
reduzir o risco de hipóxia ou choque, bem como
permitirá que o tratamento cirúrgico ou inter- Na Figura 1, podemos observar uma suges-
vencionista seja feito ainda nos primeiros dias tão de fluxograma para o diagnóstico fetal das
de vida, antes que ocorra a deterioração clínica. cardiopatias congênitas.

Figura 1. Fluxograma para diagnóstico fetal das cardiopatias congênitas

Gestante

Pré-natal: Realizar ultrassom morfológico (1º e 2º trimestre)

Não Suspeita de cardiopatia fetal? Sim

Realizar Ecocardiograma Fetal


(a partir de 20 semanas)

Seguir o Sem Com


Pré-natal habitual cardiopatia cardiopatia

Cardiopatia Cardiopatia
“não crítica e “não grave” “crítica ou grave”

• Pré-natal habitual • Pré-natal em serviço


• Avaliação especializado
cardiológica do bebê • Parto em centro
no berçário ou após a terciário de
alta, porém ainda no neonatologia e
1º mês de vida cardiologia neonatal

Fonte: modificado de Pedra SFR et al. Diretriz Brasileira de Cardiologia Fetal. Arq Bras Cardiol. 2019;112(5):600-648

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Sistematização do atendimento ao recém-nascido com suspeita ou diagnóstico de cardiopatia congênita

1.4. Teste da oximetria de pulso para triagem te quando realizado após 24 horas de vida é de
de cardiopatias congênitas críticas no RN: apenas 0,05%, bem menor que a taxa observada
teste do coraçãozinho quanto realizado antes das 24 horas de vida que
é de 0,5%11.
O diagnóstico precoce das cardiopatias con-
gênitas críticas no RN é crucial visto que o atra-
so no diagnóstico está relacionado a aumento O protocolo do teste do coraçãozinho
de morbidade e mortalidade nesta população8.
Sabemos também que RN com cardiopatias con- Deve-se utilizar um equipamento de oxime-
gênitas críticas e graves podem estar assintomá- tria de pulso com sensores apropriados para RN
ticos nas primeiras 48 horas de vida, podendo e que tenha tecnologia que permita a leitura
até mesmo receber alta hospitalar sem que se adequada em situações de baixa perfusão e na
faça a suspeita clínica de cardiopatia, o que pode presença de movimentos.
ocorrer em até 30% dos casos como demonstra- As medidas de oximetria devem ser reali-
do em estudos prévios9. zadas em dois sítios: na mão direita (medida
A utilização da oximetria de pulso como pré-ductal) e em um dos membros inferiores
ferramenta de triagem neonatal para detecção (medida pós-ductal). Os valores obtidos devem
destas cardiopatias pode ajudar a detectar a hi- ser analisados da seguinte forma:
poxemia presente na maioria destas cardiopa- • Teste negativo: SpO2 maior ou igual a 95% e
tias, em uma fase em que o exame clínico ainda a diferença entre as medidas no membro su-
não consegue detectar. Considera-se como nor- perior direito e o membro inferior deve ser
mal a SpO2 maior ou igual a 95% e uma dife- menor ou igual a 3%. Nessa situação, a pro-
rença de SpO2 entre o membro superior direito babilidade de cardiopatia congênita crítica é
e um dos membros inferiores menor ou igual a pequena e o RN deve seguir os cuidados ha-
3%, sendo que alterações dessas medidas mos- bituais da maternidade. Vale ressaltar que
traram que podem ser utilizadas para a suspeita um teste do coraçãozinho negativo não exclui
de cardiopatia congênita crítica no recém-nas- completamente a presença de cardiopatia con-
cido, apresentando uma sensibilidade de 76% gênita. Caso o RN apresente diagnóstico fetal
e especificidade de 99% para o diagnóstico ou sinais clínicos sugestivos de cardiopatia
definitivo10. congênita, a avaliação cardiológica deverá ser
realizada.
• Teste positivo: SpO2 menor ou igual a 89% no
membro superior direito ou no membro infe-
Em quem e quando devemos rior. Nessa situação, o RN deverá ser reavalia-
realizar o teste do coraçãozinho? do de forma minuciosa pelo médico pediatra/
neonatologista e a avaliação cardiológica e
ecocardiográfica deverá também ser realiza-
Devemos realizar este teste de forma rotinei- da para confirmação diagnóstica. É importante
ra em todos os RN com idade gestacional igual ressaltar que este RN não deveria receber alta
ou maior que 35 semanas e que se encontram hospitalar antes que seja realizada esta avalia-
clinicamente bem, assintomáticos, em ambiente ção cardiológica.
de alojamento conjunto.
• Teste duvidoso: SpO2 entre 90% e 94% ou
O teste deve ser feito preferencialmente en- uma diferença entre as medidas do membro
tre 24 e 48 horas de vida. Esta estratégia mos- superior direito e o membro inferior maior ou
trou reduzir a taxa de falso positivo ao mesmo igual a 4%. Nesta situação, o teste deve ser re-
tempo em que não retarda o diagnóstico nos ca- alizado novamente após uma hora por até duas
sos patológicos. A taxa de falso positivo do tes- vezes. Caso as medidas de oximetria se man-

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tenham nestes valores mesmo após a terceira duzir consideravelmente o número de falsos
avaliação, o teste será considerado positivo e o positivo com o teste.
RN deverá ser submetido à avaliação cardioló-
gica/ecocardiográfica. A realização do reteste Na Figura 2, está representado um fluxogra-
nesta situação mostrou-se importante por re- ma para interpretação do teste do coraçãozinho.

Figura 2. Fluxograma para interpretação do teste do coraçãozinho

TESTE DO CORAÇÃOZINHO
Aferir a oximetria de pulso na mão direita (MSD)
e em um dos pés (MI), entre 24 e 48 horas de vida
(recém-nascidos com IG>35 semanas, assintomáticas)

SpO2 entre 90 e 94% ou SpO2 ≥ 95% e


SpO2 ≤ 89%
≠ entre MSD e MMI ≥ 4% ≠ entre MSD e MMI ≤ 3%

Repetir o teste após 1 hora

SpO2 entre 90 e 94% ou ≠ SpO2 ≥ 95% e


SpO2 ≤ 89%
entre MSD e MMI ≥ 4% ≠ entre MSD e MMI ≤ 3%

Repetir o teste após 1 hora

SpO2 entre 90 e 94% ou ≠ SpO2 ≥ 95% e


SpO2 ≤ 89%
entre MSD e MMI ≥ 4% ≠ entre MSD e MMI ≤ 3%

TESTE POSITIVO
Realizar avaliação neonatal e cardiológica TESTE NEGATIVO
completa (exame clínico e ecocardiograma) Seguimento neonatal de rotina
Não dar alta até esclarecimento diagnóstico!

1.5. Diagnóstico clínico pós-natal cardiopatias congênitas críticas e graves se apre-


Os principais sinais clínicos sugestivos de sentam por um ou mais dos seguintes cenários
cardiopatia congênita crítica no RN geralmen- clínicos5:
te surgem nos primeiros dias de vida de forma • Hipoxemia e cianose: Sinal clínico caracterís-
relativamente rápida e são decorrentes das mu- tico das cardiopatias críticas com fluxo pul-
danças que ocorrem no padrão da circulação fe- monar dependente do canal arterial (atresia
tal e neonatal. A redução da resistência vascular pulmonar) ou cardiopatias com circulação em
pulmonar concomitantemente ao aumento do paralelo (transposição das grandes artérias).
fluxo pulmonar aliados ao fechamento do canal O diagnóstico diferencial principal deve ser
arterial são os principais mecanismos fisiopato- feito com doenças pulmonares do período
lógicos envolvidos nesse processo. Em geral, as neonatal e hipertensão pulmonar persisten-

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te no RN. Uma forma de se tentar realizar o de cardiopatia congênita, podemos dizer que os
diagnóstico diferencial é pelo teste de hiperó- principais são os seguintes:
xia. Caso ocorra aumento significativo da PO2
• alterações da frequência cardíaca: bradicardia
(>250mmHg) ou da SpO2 (>97%) após o RN
(FC <90bpm) ou taquicardia (FC > 180bpm);
receber O2 a 100%, podemos praticamente
excluir a possibilidade destas cardiopatias. • taquipneia (FR > 70irpm)
Por outro lado, se a PO2 ficar < 100mmHg ou • hipoxemia (SpO2 menor que 95%)
a SpO2<85% a probabilidade de cardiopatia é
• presença de impulsões precordiais visíveis ou
muito alta.
palpáveis (decorrente de dilatação ventricular
• Baixo débito sistêmico: Quadro clínico carac- direita ou esquerda);
terístico das cardiopatias congênitas críticas
• hiperfonese de bulhas cardíacas, principalmen-
com fluxo sistêmico dependente do canal ar-
te da 2ª bulha em foco pulmonar (decorrente de
terial (ex.: síndrome de hipoplasia do coração
hipertensão pulmonar ou de alteração da posi-
esquerdo). Os sinais e sintomas principais são
ção das valvas arteriais);
taquipneia progressiva, cansaço às mamadas,
palidez cutânea, redução da amplitude dos • presença de sopros cardíacos patológicos (so-
pulsos arteriais e tempo de enchimento capilar pro sistólico > +++ ou sopro contínuo);
prolongado. Estes sinais geralmente surgem de • redução da amplitude ou assimetria dos pulsos
forma rápida e progressiva a partir das 24 ho- arteriais (sinais de baixo débito sistêmico ou de
ras de vida em decorrência do fechamento do possível coarctação de aorta).
canal arterial e do desequilíbrio entre os fluxos
pulmonar e sistêmico. O diagnóstico diferencial 1.6. Diagnóstico definitivo pelo
principal se faz principalmente com a sepse ecocardiograma pós-natal:
neonatal que apresenta quadro clínico bem se-
O ecocardiograma com mapeamento de fluxo
melhante, porém com outros sinais sugestivos
em cores é o método de escolha para se realizar
de infecção.
o diagnóstico definitivo das cardiopatias congê-
• Insuficiência cardíaca: Um dos sinais clínicos nitas no RN, bem como o diagnóstico diferencial
mais precoces de insuficiência cardíaca no RN entre cardiopatia e outras doenças neonatais.
é a presença de taquipneia em repouso. Uma Este exame fornece informações precisas sobre
frequência respiratória maior que 70 por minu- a anatomia do defeito cardíaco e da função car-
to é um sinal de alerta, mesmo na ausência de díaca, condições da circulação transicional e ca-
cianose ou de outros sinais de insuficiência car- nal arterial e de pressão pulmonar. É um exame
díaca. Nas cardiopatias congênitas com shunt não invasivo, de baixo custo e de fácil reprodu-
esquerda-direita ou com shunt misto costu- tibilidade, podendo ser realizado na própria uni-
mam se apresentar com sinais progressivos de dade de tratamento neonatal intensivo.
insuficiência cardíaca desde os primeiros dias
de vida, porém estes sinais ficam mais exube- Este exame pode ser realizado incialmente
rantes a partir da segunda semana de vida em pelo próprio neonatologista que tenha treina-
decorrência do grande aumento do fluxo pul- mento em ecocardiografia funcional e posterior-
monar. Cansaço e sudorese as mamadas, taqui- mente confirmado por um profissional habilita-
cardia e taquidispneia são os sinais mais fre- do em cardiologia e ecocardiografia pediátrica.
quentes nesta situação. Algum grau de cianose Entretanto, vale lembrar que o tratamento inicial
também pode estar presente nas cardiopatias do RN com suspeita de cardiopatia congênita crí-
com shunt misto. tica não pode ser postergado até que se realize
o ecocardiograma, principalmente no que se re-
Em relação aos sinais do exame físico cardio- fere ao uso de prostaglandina E1, como veremos
lógico do RN que podem sugerir o diagnóstico a seguir.

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co, sendo que a oxigenioterapia poderá acarre-


Tratamento inicial do recém-nascido
tar um agravamento nessa situação devido aos
com cardiopatia congênita crítica
efeitos de vasodilatação pulmonar.
De uma forma simplificada podemos dizer que
Cardiopatias congênitas críticas representam devemos utilizar oxigenioterapia nos RN cardio-
uma emergência médica e necessitam de um patas que apresentarem SpO2 menor que 80%
tratamento imediato para evitarmos que ocorra e evitar o uso de oxigênio se a SpO2 for maior
uma deterioração clínica rápida e muitas vezes que 90%.
irreversível. Idealmente, esse tratamento deve
ser iniciado imediatamente após o nascimen- • Ventilação mecânica
to ou nas primeiras horas de vida, e tem como Nas cardiopatias congênitas que se manifestam
objetivo principal manter o débito cardíaco pul- preferencialmente com cianose e que estejam
monar e sistêmico adequados e equilibrados por mantendo uma boa ventilação e débito sistêmi-
meio de clínicas de suporte hemodinâmico e co adequado, a ventilação mecânica não trará
ventilatório. Como o tratamento definitivo des- nenhum benefício significativa na oxigenação.
sas cardiopatias é realizado na maioria das vezes Entretanto, em situações em que a saturação
em centros terciários de cardiologia e cirurgia periférica estiver persistentemente menor que
cardiológica neonatal, torna-se essencial que o 70%, a ventilação mecânica poderá ser neces-
RN seja estabilizado e posteriormente transpor- sária. Por outro lado, nos RN com cardiopatias
tado para esses centros. O papel do pediatra da que cursam com baixo débito sistêmico ou in-
assistência neonatal e ou neonatologista é o de suficiência cardíaca, a ventilação mecânica é
instituir as medidas necessárias para obter esta frequentemente necessária e benéfica, pois
estabilização clínica inicial até que o RN chegue acarreta redução acentuada do trabalho respi-
ao centro terciário. ratório, redução do consumo de oxigênio e me-
lhora da perfusão tecidual.
As principais medidas a serem instituídas no
manuseio dessas cardiopatias são as seguintes: De forma geral podemos dizer que ao se colo-
car um RN com cardiopatia congênita crítica em
• Oxigenioterapia ventilação mecânica, devemos procurar como
RN com cardiopatia congênita com fluxo pul- alvo terapêutico uma SpO2 periférica entre
monar dependente do canal arterial (ex.: atresia 85% e 90%. Vale lembrar, entretanto que nas
pulmonar) ou com circulação em paralelo (ex.: cardiopatias com shunt misto ou shunt exclu-
transposição das grandes artérias) geralmente sivamente esquerda-direita, como os defeitos
apresentam hipoxemia acentuada (SpO2 menor septais (CIV), a saturação alvo deverá ser mais
que 80%) e necessitam de suporte de oxigênio elevada (maior que 92%).
na fase inicial do tratamento. Devemos ofertar
• Uso de prostaglandina E1 (PGE1)
oxigênio na forma de cateter ou capacete ou em
ventilação mecânica para tentarmos aumentar Diante de RN que tenha diagnóstico fetal de
um pouco a saturação arterial de O2 e conse- cardiopatia congênita crítica ou que apresen-
quentemente o transporte de O2 aos tecidos. te quadro clínico sugestivo de cardiopatia
Por outro lado, para as cardiopatias com fluxo congênita crítica, devemos iniciar imediata-
sistêmico dependente do canal arterial (ex.: sín- mente o uso de PGE1 por via endovenosa. As
drome de hipoplasia do coração esquerdo), que situações clínicas em que está indicado o uso de
geralmente não apresentam hipoxemia acen- PGE1 são:
tuada na fase inicial, o uso de oxigenioterapia • Hipoxemia persistente e não responsiva ao
deve ser evitado. Neste grupo de cardiopatias uso de oxigenioterapia (cardiopatias con-
geralmente já existe uma situação de aumento gênitas com fluxo pulmonar dependente do
do fluxo pulmonar e redução do fluxo sistêmi- canal arterial ou com circulação em paralelo);

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Sistematização do atendimento ao recém-nascido com suspeita ou diagnóstico de cardiopatia congênita

• Baixo débito sistêmico ou choque não res- 0,01mcg/kg/min, podendo ser aumentada gra-
ponsivo às medidas iniciais de tratamento dativamente até a dose de 0,05mcg/kg/min, de
(cardiopatias com fluxo sistêmico dependen- acordo com a resposta clínica
te do canal arterial).
Via de utilização: Recomenda-se utilizar um
Em qualquer uma dessas situações, a utili- acesso venoso profundo e preferencialmente
zação de PGE1 deve ser feita de forma imedia- central para a infusão desta medicação. O uso
ta, não havendo necessidade de se aguardar a desta medicação em acesso venoso periférico
confirmação diagnóstica, que geralmente é feita não é recomendado, pois a perda temporária
pelo ecocardiograma pós-natal. deste acesso venoso e conseguinte interrupção
da infusão da medicação poderão trazer conse-
A PGE1 tem ação dilatadora na camada mus-
quências catastróficas para o RN, pois em alguns
cular lisa do canal arterial nos primeiros dias de
minutos poderá ocorrer a constrição do canal
vida pós-natal. Esse efeito vasodilatador vai se
arterial e o recrudescimento do quadro clínico
reduzindo até o final do primeiro mês de vida ou
inicial.
se houver um fechamento total do canal arterial.
Por isso é muito importante que o seu uso seja Efeitos colaterais: Apneia e hipotensão são
feito de forma rápida ainda nos primeiros dias os efeitos colaterais mais frequentes e ocorrem
de vida. Por ser uma medicação que apresenta principalmente quando se utilizam doses mais
um início de ação muito rápido, é possível ob- elevadas (acima de 0,03mcg/kg/min). Outros
servarmos uma boa resposta clínica após 15 a efeitos colaterais são a hipertermia, irritabilida-
30 minutos de infusão, caracterizada por uma de, edema de mãos e pés além de “rash” cutâ-
melhora da SpO2 ou dos sinais de baixo débito neo.
sistêmico.12
Na Figura 3 podemos observar um fluxogra-
Dose utilizada: A PGE1 deve ser utilizada ma com sugestão de tratamento inicial das prin-
em infusão contínua sendo a dose inicial de cipais cardiopatias congênitas críticas no RN.

Figura 3. Fluxograma com sugestão de tratamento inicial das principais cardiopatias congênitas críticas no RN

CARDIOPATIAS CONGÊNITAS CRÍTICAS NO RECÉM-NASCIDO

CC CRÍTICAS COM HIPOXEMIA CC CRÍTICAS COM BAIXO DÉBITO


RESISTENTE A OXIGÊNIO SISTÊMICO OU CHOQUE

CC COM FLUXO PULMONAR CC COM CIRCULAÇÃO CC COM FLUXO SISTÊMICO


CANAL DEPENDENTE EM PARALELO CANAL DEPENDENTE
(Cardiopatias com atresia ou (Transposição das (Síndrome hipoplasia coração esquerdo,
estenose pulmonar crítica) grandes artérias) coarctação/interrupção arco aórtico)

TRATAMENTO INICIAL TRATAMENTO INICIAL


Prostaglandina E1: iniciar imediatamente (acesso Prostaglandina E1: iniciar imediatamente (acesso
venoso profundo) venoso profundo)
Oxigenioterapia pode ser utilizada Evitar oxigenioterapia
Suporte ventilatório (intubação pode ser necessária) Suporte ventilatório (intubação pode ser necessária)
Manter SpO2 entre 85% e 90% Manter SpO2 entre 85% e 95%

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2. Transferência e transporte do RN Muita atenção deve ser dada ao padrão respi-


com cardiopatia congênita crítica para ratório do lactente e caso ele ainda não este-
um centro de referência ja intubado, mas se encontra com desconforto
respiratório, pode ser que seja mais seguro
Após a estabilização inicial, o RN com car-
realizar o seu transporte em ventilação me-
diopatia congênita crítica deverá ser transferi-
cânica. A ventilação deverá ser feita em ven-
do e transportado para um centro especializa-
tilador neonatal ou pediátrico ou ainda por
do em cardiologia neonatal. Idealmente, essa
ventilação manual com bolsa, devendo estar
transferência deverá ocorrer em um prazo de
muito atentos ao risco de barotrauma durante o
até sete dias, antes que ocorram complicações
transporte.
infecciosas, neurológicas ou hemodinâmicas
que possam comprometer o resultado final do A equipe que realizará o transporte deve
tratamento. ser composta por indivíduos com experiência
e competência para tratar RN graves, e que te-
O transporte deve ser feito por equipe de-
nham habilidade para proceder a uma intubação
vidamente capacitada e treinada para cuidar de
e obtenção de acesso vascular durante o trans-
RN crítico. Além disso, os equipamentos e meio
porte, caso seja necessário.
de transporte também devem ser adequados às
suas demandas clínicas. Infelizmente, em muitas Durante o transporte, o bebê deve ser moni-
situações o transporte do RN pode acarretar um torizado continuadamente por monitor cardíaco
desequilíbrio hemodinâmico e ventilatório tão com traçado eletrocardiográfico, oximetria de
acentuado que pode comprometer até mesmo a pulso e, se possível, capnografia. O nível de SpO2
vida da criança. desejável para o bebê durante o transporte, de-
verá ser previamente discutido entre as equipes
Os pontos críticos a serem observados para
de transporte e equipe neonatal e individualiza-
a realização do transporte deste RN são a ma-
do para cada situação.
nutenção de acesso venoso e via aérea seguros.
O acesso vascular deverá ser utilizado para o A Tabela 1 sumariza a abordagem inicial dos
uso de PGE1 e inotrópicos, os quais não pode- principais grupos de cardiopatias que se apre-
rão ser descontinuados durante o transporte. sentam no período neonatal.

Tabela 1. Sistematização da abordagem inicial de cardiopatias no período neonatal

Tipo de Início dos Apresentação Tratamento


Principais cardiopatias
cardiopatia sintomas clínica inicial inicial

CC com fluxo • Síndrome de hipoplasia 1ª semana Cianose +++ Prostaglandina E1


pulmonar canal- do coração direito (Atresia de vida SpO2: <85% Oxigenioterapia
dependente pulmonar) Taquidispneia Suporte
• Atresia pulmonar com CIV discreta ventilatório
• Estenose pulmonar crítica,
• Tetralogia de Fallot
• Atresia tricúspide com estenose
pulmonar
• Ventrículo único com estenose
ou atresia pulmonar

continua...

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Sistematização do atendimento ao recém-nascido com suspeita ou diagnóstico de cardiopatia congênita

... continuação

Tipo de Início dos Apresentação Tratamento


Principais cardiopatias
cardiopatia sintomas clínica inicial inicial

CC com fluxo • Síndrome de hipoplasia do 1ª semana Cianose + Prostaglandina E1


sistêmico canal- coração esquerdo (atresia de vida SpO2: 85 a 95% Suporte
dependente aórtica) Taquidispneia ventilatório
• Coarctação de aorta ou acentuada
Interrupção do arco aórtico Sinais de baixo
• Estenose aórtica crítica débito sistêmico
• Ventrículo único com
coarctação ou interrupção do
arco aórtico

CC com circulação • Transposição das grandes 1ª semana Cianose +++ Prostaglandina E1


em paralelo artérias de vida SpO2: <85% Oxigenioterapia
Taquidispneia Suporte
moderada ventilatório

CC com shunt • Tronco arterial comum, 2ª semana Cianose + Diurético


misto • Conexão anômala total de veias de vida SpO2: 85 a 95% Suporte
pulmonares Taquidispneia ventilatório
• Ventrículo único sem estenose acentuada
pulmonar

CC com shunt • Comunicação interventricular 2ª semana Cianose ausente Diurético


esquerda-direita grande de vida SpO2: >95% Suporte
exclusivo • Defeito total do septo Taquidispneia ventilatório
atrioventricular total acentuada
• Persistência do canal arterial
• Janela aorto-pulmonar
• Origem anômala de artéria
pulmonar da aorta

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Diretoria Plena (em processo de formação)


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