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CARDIOPATIAS CONGÉNITAS
Causadas por defeitos anatómicos que permitem que um volume de sangue arterial faça
bypass à circulação sistémica e vá para a circulação pulmonar, sobrecarregando-a.
Se os shunts ocorrer a nível ventricular e das grandes artérias (CIV; CAP) podem levar a
quadros de insuficiência cardíaca na infância, sopros e má progressão ponderal. Causa
aumento de débito e pressão pulmonar (HTP) e consequente dilatação e hipertrofia
ventricular esquerda (HVE).
Se o shunt é a nível auricular (CIA), o quadro de IC vai ser mais discreto. Inicialmente vai
apenas causar aumento de débito pulmonar sem aumento de pressão, o que pode levar a
dilatação/hipertrofia ventricular direita (HVD). Só a partir da 3ª década de vida é que começa
o aumento da pressão pulmonar.
O tratamento cirúrgico acarreta alguns riscos, pois algumas proteínas fetais, como o
colagénio, são mais rígidas, dificultando a cirurgia.
CIV
Para o diagnóstico podemos recorrer RX tórax e ECG, mas o definitivo é feito por Eco.
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O tratamento da CIV pode ser realizado por cirurgia, intervenção percutânea (apenas em
casos de comunicações no meio do septo, ou seja, na zona muscular longe de estruturas
valvulares) ou procedimentos híbridos (abre-se o tórax, mas não o coração).
CIA
Tal como na CIV, é o ecocardiograma que faz o diagnóstico. Nestes casos, não é visível uma
cardiomegália no RX pois são as cavidades direitas e não as esquerdas que estão
hipertrofiadas.
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Quanto ao tratamento, é feito por cateterismo no caso das CIA centrais e por cirurgia no
caso das CIA mais periféricas.
CAP
O diagnóstico é por ecografia e o tratamento por ser por cirurgia ou técnicas percutâneas.
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Evolução dos Shunts Esquerdo-Direito
Quando os shunts E-D não são corrigidos, especialmente em casos de CIV e CAP, podem
causar doença vascular pulmonar irreversível: Síndrome de Eisenmenger. Isto ocorre, pois,
a quantidade de sangue extra nos pulmões vai dilatar as artérias pulmonares e aumentar a
pressão, ou seja, a força exercida sobre a parede dos vasos. Mas esta parede tem
mecanismos de adaptação ao aumento de pressão, que se iniciam com a produção de
produtos metabólicos que causam o espessamento da camada média com consequente
diminuição do lúmen arterial. A resistência vascular pulmonar vai tornar-se muito elevada
causando uma inversão do sentido do shunt (passa a D-E) e o doente torna-se cianótico.
Nesta altura, o shunt torna-se intratável, pelo que a única opção terapêutica é o transplante
cardio-pulmonar, mas tem mortalidade muito elevada.
2. CARDIOPATIAS CIANÓTICAS
Consequências da cianose:
Dessaturação crónica
Isquémia
Hipodesenvolvimento
Policitémia
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Tetralogia de Fallot (TOF)
Nos doentes com poucos dias de vida pode tentar-se a reabertura do canal arterial com
administração de prostaglandina E1 ou E2. Deve ser administrado oxigénio. Os valores
hematológicos devem ser avaliados periodicamente e a anemia ferropénica tratada. A
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policitémia e as crises de hipoxia são indicações para tratamento cirúrgico. Todos os doentes
(operados ou não operados) devem ser submetidos a profilaxia da endocardite infeciosa. A
cirurgia paliativa tem como objetivo aumentar o fluxo pulmonar e está indicada nos casos
graves de tetralogia de Fallot, com hipoplasia dos ramos da artéria pulmonar; constitui uma
emergência nos lactentes com crises de hipoxia não controláveis com terapêutica médica.
Utiliza-se a anastomose de Blalock-Taussig, modificada, entre a artéria subclávia e os ramos
da artéria pulmonar com interposição de um tubo de Gore-Tex. A cirurgia de correção total
consiste no encerramento da comunicação interventricular com remendo de Dacron e
alargamento da câmara de saída do ventrículo direito com ressecção de bandas musculares;
e, se necessário, alargamento do anel pulmonar com colocação de remendo de
homoenxerto com válvula pulmonar mono cusp. As indicações para esta cirurgia variam com
a experiência dos centros, mas a tendência atual é ser realizada após os 3 meses, dada a sua
complexidade.
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origem e divisão das artérias coronárias são frequentes, sendo o seu conhecimento
importante para a correção cirúrgica. Cerca de metade dos doentes com TGA não têm
qualquer outra anomalia associada exceto a manutenção da permeabilidade do forame oval
e/ou do canal arterial. Em cerca de 25% dos casos existe comunicação interventricular (CIV)
e, nestes casos podem existir obstáculos na câmara de saída do ventrículo esquerdo.
A Atriosseptostomia por cateter, descrita por Rashkind e Miller em 1966, foi o fator que teve
maior influência na sobrevivência das crianças com TGA. Nesta técnica, a passagem brusca,
através do septo interauricular, de um cateter munido de um balão com soro, permite criar
uma comunicação interauricular. A manobra é controlada por ecocardiograma
bidimensional, devendo ser realizada nos primeiros dias de vida, pois raramente tem êxito
após o terceiro mês.
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O tratamento cirúrgico consiste na correção anatómica do defeito e é chamado de “Switch
arterial”. Consiste na secção da aorta e da artéria pulmonar acima do orifício valvular, sutura
da aorta com o orifício valvular da pulmonar, e da pulmonar com o orifício valvular da aorta,
e também transferência das artérias coronárias para a nova aorta. Deve ser realizada nas
primeiras semanas de vida enquanto o ventrículo esquerdo mantém a capacidade de
adaptação a pressões sistémicas.
Apresentação neonatal com sintomas graves, sendo críticos quando ocorre encerramento
do canal arterial. Se o obstáculo se localiza à direita, o RN apresenta-se com um quadro de
cianose grave. Se o obstáculo se localiza à esquerda, o RN apresenta-se com quadro de
choque cardiogénico com IC de baixo débito.
O tratamento é emergente e passa por manter a patência do canal arterial e tratar o choque.
O diagnóstico pré-natal é muito importante pois permite o planeamento da terapêutica
médica com PGE1.
Entende-se por estenose pulmonar qualquer obstrução à saída do ventrículo direito. Pode
ocorrer a vários níveis: valvular, subvalvular e supravalvular. A principal consequência da
estenose pulmonar é a elevação da pressão ventricular direita que é proporcional à
gravidade da estenose e destina-se a manter o débito cardíaco. O aumento da pressão
provoca hipertrofia ventricular direita, também proporcional à gravidade do obstáculo.
Quando é excedida a capacidade de o ventrículo direito gerar a pressão necessária para
ultrapassar o obstáculo, surge insuficiência ventricular direita, e a hipertrofia dá lugar à
dilatação. Trata-se duma situação extrema, observada em dois grupos de doentes: os recém-
nascidos que têm uma reserva cardíaca muito limitada; e, mais raramente, nos casos de
estenose pulmonar grave diagnosticada tardiamente.
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Os doentes estão geralmente assintomáticos e a curva de crescimento é normal. Ausculta-
se sopro de expulsão (em crescendo-decrescendo), audível sobre o bordo esquerdo do
esterno, com irradiação para o lado direito do pescoço.
O diagnóstico pode ser feito por ECG e Eco. No RX tórax podemos ver, em casos de estenose
grave, a procidência do arco pulmonar na silhueta cardíaca, correspondente à dilatação pós-
estenótica do tronco da artéria pulmonar e cardiomegália por dilatação da aurícula direita.
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A SCEH manifesta-se logo nas primeiras horas de vida com dispneia, hipoxémia, acidose,
vasoconstrição das extremidades, pulsos débeis e taquicárdia (choque). Pode não existir
cianose importante, mas os sinais de insuficiência cardíaca como hepatomegália edema
pulmonar e ritmo de galope podem estar presentes.
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4. CARDIOPATIAS OBSTRUTIVAS NÃO DEPENDENTES DE CANAL ARTERIAL
Coartação da Aorta
A coartação da aorta pode associar-se a outras anomalias cardíacas como: válvula aórtica
bicúspide, comunicação interventricular, estenose aórtica e malformações da válvula
mitral. Por vezes existe associação com anomalias extracardíacas: como artéria subclávia
direita com origem distal à inserção do canal arterial ou aneurismas do polígono de Willis.
Após o nascimento, com o encerramento do canal arterial e do forame oval, todo o débito
sistémico tem de atravessar o segmento estenosado. As alterações hemodinâmicas
dependerão da gravidade da obstrução e da presença de lesões associadas. A resistência à
ejeção ventricular condiciona aumento da pressão sistólica no ventrículo esquerdo e aorta
ascendente. Se a coartação for grave ou de instalação rápida (como acontece no recém-
nascido com o encerramento do canal arterial) desenvolve-se disfunção sistólica e diastólica
aguda com consequente insuficiência cardíaca e choque cardiogénico. Nos casos de
obstrução menos significativa, a sobrecarga de pressão leva à hipertrofia do ventrículo
esquerdo. No segmento distal à coartação verifica-se dilatação pós-estenótica, com parede
arterial de espessura reduzida. As consequências a longo prazo traduzem-se na presença
frequente de aneurismas saculares do polígono de Willis e no desenvolvimento de
hipertensão arterial na metade superior do corpo. Nas crianças mais crescidas, a doença não
é tão grave pois já desenvolveram circulação colateral através de shunts com as artérias
intercostais (visível no RX como erosões no bordo inferior das costelas).
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Nos recém-nascidos e lactentes com coartação grave, a forma de apresentação é
insuficiência cardíaca de baixo débito com má perfusão periférica, palidez, hipersudorese,
taquipneia e taquicardia. As crianças mais velhas e os adultos são frequentemente
assintomáticos ou apresentam sintomas inespecíficos: cefaleias, epistáxis, claudicação
intermitente e complicações da doença hipertensiva. Qualquer que seja a forma de
apresentação, os pulsos femorais apresentam amplitude diminuída e estão atrasados em
relação aos braquiais (podendo estar normais se existir canal arterial de grande calibre com
shunt direito-esquerdo), existindo gradiente tensional entre os membros superiores e
inferiores. Pode existir sopro de expulsão no bordo esquerdo do esterno com irradiação para
a região interescapular, e sopro contínuo na parede anterior do tórax ou no dorso devido à
presença de circulação colateral.
Para diagnóstico pode recorrer-se a RX Tórax, ECG, Ecocardiografia e Doppler. A Eco, além
de definir a localização e tipo da coartação, permite avaliar a sua gravidade e o diagnóstico
de lesões associadas. Nos casos de má janela ecocardiográfica, pode recorrer-se à RM para
estudo morfológico.
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