Você está na página 1de 3

08/08/2023, 22:09 Condutas em rebaixamento do nível de consciência

Definição

As alterações do nível de consciência também são conhecidas como sonolência, letargia, obnubilação, torpor e coma. As principais diferenças entre esses
variados estados neurológicos são:

1. O paciente sonolento responde a estímulos verbais ou ao toque leve.


2. O paciente letárgico ou obnubilado responde a estímulos mais vigorosos.
3. O paciente em estupor apresenta redução da vigília, com retirada somente a estímulos vigorosos e/ou dolorosos.
4. O paciente em coma está em um estado de ausência de responsividade total ou quase total, em que os olhos se encontram fechados, não
obedecendo a comandos, não apresentando abertura ocular mesmo a dor e sem movimentos espontâneos. Deve durar mais de uma hora para ser
diferenciado de síncope e de concussão cerebral.

As alterações no nível de consciência constituem emergência médica, portanto a abordagem deve ser focada e objetiva, começando sempre pelo CAB
(Circulation - circulação , Airways - proteção de vias aéreas, Breathing - respiração ). Após a estabilização do paciente, deve-se fazer um rápido exame físico
geral seguido pelo exame neurológico.

CAB

Verificar se as vias aéreas estão desobstruídas; checar se a respiração está fornecendo oxigenação adequada (ofertar oxigênio suplementar nos casos de
hipoxemia ou estabelecer via aérea e assistência ventilatória se o Glasgow for menor do que 9); aferir a pressão arterial e a frequência cardíaca.

Exame físico geral

Procurar por sinais de trauma. Hematomas perioculares bilaterais (sinal do Guaxinim) são sugestivos de fratura de base do crânio. Se houver suspeita de
trauma, o coluna cervical deve ser imobilizada até a realização de exames de imagem (tomografia e/ou ressonância da região cervical). Marcas de agulha
sugerem uso de drogas ilícitas. Petéquias ocorrem em meningites e na coagulação intravascular disseminada. Rigidez de nuca é observada nos casos de
meningite e hemorragia subaracnoíde.

História clínica

Instalações súbitas, de segundos a minutos, sugerem eventos vasculares como acidentes vasculares encefálicos isquêmicos ou hemorrágicos, traumas ou
intoxicações. Instalações subagudas e crônicas ocorrem nos casos de processos expansivos, infecções e distúrbios metabólicos. Uso de anticoagulantes
pode sugerir sangramento encefálico. Uso de drogas antiepiléticas podem sugerir estado de mal epiléptico ou intoxicação pelas drogas. Questionar quanto a
ocorrência de trauma. História de doença psiquiátrica ou depressão são alertas para a possibilidade de intoxicação exógena. Queixa de cefaleia e febre
sugerem meningoencefalites. Nos casos de cefaleia súbita deve-se investigar hemorragia subaracnoíde, e cefaleia subaguda e crônica sugerem processos
expansivos.

Obter um acesso venoso calibroso. Checar a glicemia capilar o mais rápido possível.

Exame físico geral

Procurar por sinais de trauma. Hematomas perioculares bilaterais (sinal do Guaxinim) são sugestivos de fratura de base do crânio). Marcas de agulha
sugerem uso de drogas ilícitas. Petéquias ocorrem em meningites e na coagulação intravascular disseminada. Rigidez de nuca é observada nos casos de
meningite e hemorragia subaracnoíde.

Nível de consciência

Determinar a intensidade do estímulo necessário para obter uma resposta, e qualificar a resposta obtida, através de estímulos verbais seguido de estímulo
doloroso caso o paciente não apresente resposta a voz.

Resposta ocular Resposta verbal Resposta motora Pontuação

Sem abertura ocular Sem resposta verbal Sem resposta motora ao estímulo doloroso 1

petdocs.ufc.br/index_artigo_id_359_desc_Clínica_pagina__subtopico_33_busca_ 3/5
08/08/2023, 22:09 Condutas em rebaixamento do nível de consciência

Abertura ocular ao estímulo doloroso Sons incompreensíveis Apresenta extensão ao estímulo doloroso 2

Abertura ocular ao estímulo verbal Palavras inapropriadas Apresenta flexão ao estímulo doloroso 3

Abertura ocular espontânea Desorientado Apresenta retirada ao estímulo doloroso 4

Orientado Localiza o estímulo doloroso 5

Obedece comandos 6

Padrão respiratório

Irregularidades neste padrão podem ajudar a localizar a topografia da lesão encefálica. As alterações mais frequentes do padrão ventilatório são: respiração
de Cheyne-Stokes, hiperventilação, respiração apnéustica, respiração atáxica e síndrome de Ondine.

Tamanho e reatividade das pupilas

Apresentam grande valor localizatório. É a parte do exame físico mais importante para diferenciar causa metabólica da estrutural do coma. A aferência desse
reflexo é via nervo óptico (II nervo craniano), e a eferência, via nervo oculomotor (III nervo craniano).

Motricidade ocular e respostas óculo-vestibulares

Ao examinar o paciente, primeiro deve-se observar a posição primária do olhar, com atenção para desvio do olhar conjugado, estrabismo, desalinhamento
vertical do olhar, nistagmo ou movimentação oculares espontâneas. Caso o paciente atenda a comandos, testar a movimentação ocular solicitando que olhe
para cima, para baixo e para cada um dos lados.

Resposta motora

1. Déficits motores podem ser documentados observando através do estímulo doloroso. A resposta será assimétrica, com menor movimentação no
lado acometido.
2. Disfunções corticais ou subcorticais acima do mesencéfalo: flexão e rotação interna com adução dos membros superiores e extensão e rotação
interna dos inferiores.
3. Lesões abaixo do núcleo rubro mas sem acomentimento do núcleo vestibular podem apresentar a postura de decerebração, ou seja, extensão e
pronação dos membros superiores e extensão dos membros inferiores ao estímulo doloroso. As posturas de decerebração e de corticação podem
estar presentes também em comas de causas metabólicas.

Exames complementares

1. Sangue: hemograma, eletrólitos (sódio, cálcio, fósforo, magnésio), função renal, hepática, tireoidiana, coagulograma, gasometria arterial. Em casos
selecionados, dosar nível sérico de algumas drogas e screening toxicológico.
2. Tomografia de crânio deve ser o primeiro exame de imagem. Boa sensibilidade para detectar sangramentos (hemorragia subaracnoíde, hematoma
subdural, hematoma extradural, hematoma intraparenquimatoso), hidrocefalia, tumores e infartos cerebrais extensos.
3. Em casos sugestivos de herniação, deve-se tomar medidas urgentes como a administração de solução salina hipertônica ou manitol, intubação
orotraqueal, ventilação mecânica e hiperventilação.
4. Caso o exame mostre infarto cerebral extenso, avaliar indicação de craniectomia descompressiva.
5. Se houver um hematoma intraparenquimatoso, hematoma extradural ou subdural pode haver indicação de drenagem do hematoma com urgência.
6. Eletroencefalograma deve ser realizado nos casos em que há histórico de crise convulsiva, ou nos casos em que a etiologia do coma permanece
indefinida.

Orientações de retorno ao pronto-atendimento

1. - Cefaleia
petdocs.ufc.br/index_artigo_id_359_desc_Clínica_pagina__subtopico_33_busca_ 4/5
08/08/2023, 22:09 Condutas em rebaixamento do nível de consciência

2. - Sonolência excessiva
3. - Irritabilidade e ansiedade
4. - Desmaio, fraqueza, perda de força muscular e parestesia
5. - Dificuldade na fala, ou compreensão e memória
6. - Distúrbios de personalidade
7. - Confusão mental ou rebaixamento do nível de consciência
8. - Náuseas, vômitos ou tonturas
9. - Déficit auditivo ou visual

Fonte:

João Kleber de Almeida Gentile, Hebert Santos Himuro, Salomón Soriano Ordinola Rojas, Viviane Cordeiro Veiga, Luis Enrique Campodonico Amaya, Júlio
César de Carvalho - Managements in patients with traumatic brain injury;

Pitta, José Cássio do Nascimento - Diagnóstico e conduta dos estados confusionais

Machado A. - Neuroanatomia Funcional

Protocolos de clínica médica http://www.2gse.cbmerj.rj.gov.br/documentos/Protocolo%20UPAs%2024h/Cap_2.pdf

© 2023 PET docs


Desenvolvido por SyTesk

petdocs.ufc.br/index_artigo_id_359_desc_Clínica_pagina__subtopico_33_busca_ 5/5

Você também pode gostar