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Clínica de Cães e Gatos

Neurologia
Exame Neurológico: 8– Vestibulococlear;
- Resenha e anamnse; 9– Glossofaríngeo;
- Exame clínico geral; 10– Vago;
-Exames complementares: hemograma, bioquímicos, 11– Acessório;
urinálise, imunologia, sorologia, microbiologia, coleta e 12– Hipoglosso.
análise do líq. Cefalorraquidiano (anestesia geral,
tricotomia e punção, com contra-indicação para Avaliação da medula espinhal: é considerada o centro
animais com risco anestésico ou possibilidade do dos reflexos e conduz impulso motor e sensorial. Por
aumento da pressão intracraniana – avalia-se pacientes isso, tem função relacionada a locomoção e reflexos
com diminuição da atividade mental ou mesmo o dos membros, causando paresia (fraqueza muscular)
coma). ou paralisia, ataxia – podendo ser proprioceptiva
- Exame neurológico: ajuda na localização da lesão, (baixar da cabeça pra tentar proteger o membro
magnitude (quanto do sistema foi comprometido) do pélvio – relacionado com gravidade), vestibular (por
dano sofrido, diagnóstico, tratamento e prognóstico. perda de equilíbrio, acompanhado de nistagmo e
Aqui, avalia-se estado mental, comportamento, função lateralização de cabeça) ou cerebelar (acompanhada
dos nervos cranianos – muito importantes por serem de hipermetria – aumento do ângulo dos membros),
os primeiros a darem os sinais neurológicos, andar em círculos e claudicação.
postura/marcha/locomoção, reações posturais,
reflexos espinhas e nocicepção (dor). Nunca A paresia ou paralisia podem não constar com ataxia
menosprezar nenhuma informação fornecida pelo por estarem relacionadas com o componente motor
tutor!!!! do nervo, enquanto a ataxia está relacionada com o
- Exames diagnósticos: diagnóstico por imagem componente sensorial.
(tomografia computadorizada ou mioelografia – RX
contrastado da coluna). Testes de Reações Posturais: o mais conhecido é a
propriocepção (reconhecimento do posicionamento
Cuidados de Enfermagem: a melhora dos animais do corpo com relação ao meio).
também depende dos cuidados pós-operatórios.
Manipulação, acolchoamento, troca de decúbito, Para avaliar: encosta-se a superfície dorsal da pata do
alimentação e higiene. animal no chão e espera que ele retome o
O carrinho cadeirinha auxiliam na fisioterapia. Portanto, posicionamento sozinho. No saltitamento, segura-se 3
é indicado quando estiver bem adaptado ao animal pra membros e faz-se com que ele salte com um
evitar lesões, e dar o tempo do cachorro descansar. membro só. Posicionamento visual, quando o animal
Indica-se o uso de 10-15min por 3x por dia. antecipa o movimento pra chegar perto da mesa.

O sistema nervoso é dividido em central e periférico. Reflexos espinhais:


As estruturas mais importantes são o prosencéfalo,
ponte e bulbo e o cerebelo. Graduação do Reflexo:
- Normal;
Nervos periféricos e espinhais. - Diminuído ou ausente;
- Aumentado;
Essas informações devem ser obtidas na anamnese. -Aumentado com o clono (várias flexões do membro
em resposta a um único estímulo).
Nervos cranianos: 12 pares, distribuídos na região
ventral do encéfalo. Intumescência Cervical – C6-T2
1– Olfatório; Intumescência Lombar – L4-S2
2– Óptico; - São áreas de alargamento das vértebras. A origem
3– Oculomotor; do neurônio motor inferior é na intumescência, que é
4– Troclear; a região de plexo braquial e lombo-sacro. É dividida e
5– Trigêmeo; segmentos:
6– Abducente; 1º porção: C1 – C5 NMS
7– Facial; 2º porção: intumescência cervical C6-T2 NMI
3º porção: T3-L3 caudal à intumescênciaNMS - Febre.
4º porção: intumescência lombar L4-S2 NMI
Epilepsia e Convulsão
O neurônio motor inferior recebe informação do n. Convulsão: manifestação clínica da atividade elétrica
motor superior. anormal excessiva ou hipersincrônica no córtex
Quando a lesão for nas regiões de intumescência, os cerebral.
sinais vão ser de n. motor inferior naquele membro. Epilpesia idiopática;
Epilepsia adquirida relacionada com tecido cicatricial;
Encefalopatias Lesões intracranianas: malformações congênitas,
Distúrbios intracranianos. neoplasias, doenças inflamatórias, doença vascular,
Atividade mental anormal: comportamento anormal e condições degenerativas.
compulsivo, delírio, convulsões, depressão grave, Causas extracranianas: toxinas ou doenças
letargia e coma. metabólicas (hipoglicemia, doença hepática e uremia).
Pode ocorrer por:
- Trauma externo; Epilepsia e Convulsão
- Distúrbios vasculares (hemorragia, infarto); Anticonvulsivantes:
- Anomalias (hidrocefalia, hipoplasia cerebelar); - Fenobarbital; - Levetiracetam;
- Doenças inflamatórias (encefalite); - Brometo de Potássio; - Felbamato;
- Doenças degenerativas; - Gabapentina; - Diazepam;
- Tumores cerebrais (primários ou metastáticos). - Zonisamida; - Clorazepato.
Terapias alternativas: dieta e acunpuntura.
Hidrocefalia Terapia de emergência:
É um distúrbio congênito, onde há dilatação do sistema - Diazepam; - Fenobarbital;
ventricular cerebral. - Pentobarbital; - Propofol.
O animal possui características como:
- Cabeça ampliada; Traumatismo Craniano
- Fontanelas persistentes; Causas:
- Suturas cranianas palpavelmente abertas. - Acidente automobilístico;
- Quedas;
● Sinais Clínicos: - Brigas.
- Lentidão de aprendizagem; Consequências: dependem da localização/gravidade da
- Embotamento mental ou depressão; lesão.
- Comportamento anormal episódico ou constante; À medida que o cérebro aumenta com o edema ou
- Andar em círculos; hemorragia, há um aumento da pressão intracraniana,
- Cegueira cortical; levando à diminuição da perfusão cerebral e dano
- Convulsões; cerebral adicional.
- Tetraparesia; Deve ser feita avaliação sistêmica e neurológica
- Nistagmo. repetida a cada 30 minutos (escala de coma de
Glasgow modificada).
Doencas Inflamatórias Não-Infecciosas – Encefalites
Meningite-arterite responsiva a esteroides;
Meningoencefalite canina de origem desconhecida;
Meningoencefalite granulomatosa; Escala Modifica de Glasgow:
Meningoencefalite necrosante; Avalia atividade motora, reflexos do tronco cerebral e
Leucoencefalite necrosante; nível de consciência.
Meningoencefalite/meningite eosinofílica canina; Graduação de 1 a 6.
Pontuação total de 8 ou menos associada a
Síndrome canina do tremor responsivo a esteroide probabilidade de sobrevida de menos de 50%.
Polioencefalite felina.

● Sinais Clínicos:
- Dor cervical;
- Rigidez;
- Relutância em andar;
- Arqueamento da coluna;
- Resistência da manipulação passiva da cabeça e
pescoço;
Formação de esporões (bico de papagaio) ou ponte
óssea completa.

Discopatia – Doenca do Disco Intervertebral


Hansen tipo 1: extrusão do núcleo pulposo.
Hansen tipo 2: protrusão do anel fibroso.

Trauma Medular Agudo

Estenose Lombossacra Degenerativa


● Sinais Clínicos:
Acidentes Vasculares Encefálicos – Isquêmico ou - Anormalidades posturais;
- Ataxia;
Hemorrágico - Tolerância reduzida;
Início hiperagudo de anormalidades neurológicas. - Intolerância ao exercício;
Os déficits neurológicos refletem o local da lesão - Relutância em subir e descer degraus;
vascular, sendo mais comuns em cães os derrames no - Enrijecimento dos membros pélvicos;
prosencéfalo e cerebelo e em gatos o infarto no - Posição alterada da cauda e dor à sua elevação.
prosencéfalo e tronco cerebral.
Infarto Fibrocartilaginoso
Síndrome da Disfuncão Cognitiva (SDC) Pode ocorrer por:
Doença neurodegenerativa com declínico cognitivo - Trombocitopenia;
gradual. - Intoxicação por warfarina;
Acomete cães e gatos idosos. - Hemofilia A;
- Anomalias vasculares;
Neoplasias Intracranianas - Neoplasia vertebral primária ou metastática.
Primários ou metastáticos
Pode ser meningioma, glioma, plexo coroide ou Mielopatia Degenerativa Canina
hipofisários. Etiologia desconhecida.
Ocorre uma progressão lenta dos sinais neurológicos. É a degeneração axônica e perda de mielina em
tratos da medula espinhal e raízes dorsais.
● SinaisClínicos:
- Disfunção neurológica assimétrica;
- Andar em círculos compulsivo.
Discoespondilite e Espondilite
É a infecção do disco intervertebral e placas
terminais vertebrais adjacentes.
Mielopatias Bacteriano ou fúngico.
Doenças do desenvolvimento e malformações. Há disseminação hematógena da infecção a partir de
Pode haver aplasia, hipoplasia ou displasia. focos infectados no organismo.
Não possui etiologia definida. As manifestações clínicas
dependem do grau de acometimento.
A incidência baixa.
● Sinais Clínicos:
- Dor na coluna;
Espondiolose - Sinais sistêmicos: febre, anorexia, depressão e perda
Doença degenerativa da coluna vertebral. de peso.
- Déficits neurológico: compressão da medula por Neoplasia da Medula Espinhal e Estruturas
tecido inflamatório.
Secundárias

Tétano
Doença causada pela prod. de neurotoxinas pela O objetivo das toxinas é chegar na medula espinhal e
bactéria Clostridium tetani. no encéfalo. Ela pode chegar pela placa neuromotora
– sobe pelo axônio do neurônio motor até chegar no
Ao se multiplicar, ela fica na fase vegetativa, corpo celular encontrado na medula espinhal. Ao
produzindo as toxinas tetanospasmina (responsável chegar nesse local, uma parte progride pela sinapse
pelos sinais clínicos e que penetra a partir do foco dos neurônios e subindo em direção ao encéfalo –
infeccioso no ferimento) e tetanolisina (que provoca pela via ascendente, através da barreira
hemólise in vitro e aumenta a necrose in vivo, hematoencefálica. Mas pode chegar também
expandindo o foco infeccioso), causando necrose nos diretamente pelo sangue, atravessando a bhe ou pelos
tecidos e auxiliando na multiplicação da bactéria, pois nervos cranianos.
se trata de uma bactéria anaeróbia e só se multiplica
sem O2. A tetanospasmina se une aos axônios dos neurônios,
unindo-se de modo irreversível. A recuperação de
Também produz a toxina não espasmogênica, que pacientes com tétanos é muito lenta – pode ocorrer
aparentemente (ainda não está bem claro seu efeito) de 3 sem. até 2 meses. Ela impede que os neurônios
atua estimulando o sistema nervoso autônomo e moduladores bloqueie a atividade de dois
potencializando a tetanospasmina. neurotransmissores – a glicina e o gaba. Se for na m.
Pode esporular rapidamente. O esporo é uma forma espinhal, os músculos estarão completamente
de resistência, onde a bactéria espera condições ideias contraídos (hipertonia muscular) e com reflexos
como ausência de O2 e presença de matéria orgânica extremamente exacerbados (hiperreflexia) – chamado
para se multiplicar novamente. Podem durar anos no de crise tetânica. Já no cérebro, essa inibição causa
ambiente. convulsões.
Se fizermos a limpeza do ferimento antes da
Essas bactérias vivem no intestino dos animais na soroterapia, pois se mexermos no foco da infecção
forma vegetativa, mas as toxinas produzidas não elas liberam uma quantidade de toxinas muito grande,
conseguem ser absorvidas pela mucosa. O animal que que vai pro sangue e depois diretamente pro cérebro
mais produz essas bactérias nas fezes é o equino – – caracterizando convulsões. Então, a soroterapia
ele é o animal mais sensível ao tétano. SEMPRE deve ser feita primeiro – com soro
Quanto mais suscetível o animal, maior a facilidade da hiperimune, pois possui muitos anticorpos pra
união da toxina com o receptor. O fato do animal ser neutralizar a toxina. Mas o soro NÃO remove a toxina
jovem também aumenta a suscetibilidade. que já chegou no SNC.

● Patogenia: ● Sinais Clínicos:


A bactéria normalmente causa a infecção em algum - Iniciam 5 a 10 dias após o ferimento. Podem retardar-
ferimento com condição de anaerobiose (corpo se por até 3 semanas. Às vezes, não se detectam os
estranho, mordida, contaminado com fezes). ferimentos à consulta.
O período de incubação é de 5-10 dias, mas pode levar - Normalmente os animais são atendidos quando o
até 3 semanas. quadro já está generalizado, mas inicialmente pode
Ao desconfiar do tétano, sempre procura-se por aparecer localizada.
ferimentos (mesmo pequenos). Existe o tétano - Esses sinais localizados aparecem principalmente na
dentário também – em fraturas ou trocas dentárias, região de ferimento. Mas em seguida se disseminam.
infectando a polpa do dente.
Tétano localizado: é mais comum em carnívoros que
Existe o tétano tardio – animal que sofreu cirurgia ou nas demais espécies, devido à maior resistência à
ferimento que só se desenvolve quando o tecido toxina.
cicatriza. Caracteriza-se por um aumento da rigidez de um
Nos filhotes é comum a contaminação umbilical. músculo ou todo o membro próximo à ferida. Progride
Apesar dos jovens serem mais suscetíveis, se lentamente para o outro membro e daí para o SNC.
recuperam mais rápido.
Tétano generalizado: deambulação rígida e a cauda - Swab em lâmina com coloração de Gram, PODE ser
fica esticada ou virada para cima. Dificuldade em ficar que se visualize. Mas nem se faz isso;
de pé ou deitar-se confortavelmente. - Hemograma é útil apenas pelo estado geral do animal
Em geral, são eles: (não indicam necessariamente a doença) – que
- Marcha rígida; normalmente apresentam leucocitose, neutrofilia com
- Hiperreflexia; desvio à esquerda, aumento de CK por excesso de
- Hiperextensão das patas quando localizado; trab. muscular.
- Muita dor muscular (pode gemer/chorar);
● Tratamento:
- Dificuldade para deitar/levantar;
- Pescoço opistótono; - O animal pode vir a óbito a qualquer momento pelas
- Enrugamento da testa; complicações ou pela própria doença. Porém, quando
- Ereção das orelhas; o animal se recupera, nunca mais tem sequela;
- Enoftalmia com projeção da terceira pálpebra; - É um tratamento caro pelo longo tempo de
- Hipercontratilidade dos masseteres, fazendo com que internação;
o animal não abra a boca. É chamada de trismo – mas - A recuperação é muito lenta e pode até piorar
não é patognomônico. quando internado em estágio inicial;
- Riso sardônico – sinal facial onde há repuxamento do
canto labial. Ocorre em cães mas é mais comum em É feito da seguinte forma:
humanos mesmo. - Soro hiperimune (soro anti tetânico) – via IV por
- Decúbito lateral totalmente rígido, sem conseguir se gotejamento (5 a 10 minutos) de 100 a 1000 unidades
mexer. Quando o animal estiver com rigidez em todos por kg. Nunca ultrapassar mais de 20mil unidades,
os membros, é patognomônico de tétano. podendo causar choque anafilático no cão. Uma parte
do soro deve ser infiltrado em volta e por baixo do
Essa doença NÃO causa inconsciência, por isso causa local do ferimento sempre que possível. É bom
muito terror no animal. administrar dose teste prévia (0,1 – 0,2 ml ID ou SC) 15
A principal complicação é pneumonia por aspiração ou a 30 minutos antes da IV, de preferência ID na pele da
hipostase. face interna da coxa ou do abdome, sem tricotomia, e
Normalmente, o animal morre em uma crise tetânica comparar com um controle negativo de solução
(contratura muscular violenta), pela rigidez da fisiológica e, se possível, um positivo de histamina. A
musculatura intercostal, impedindo que ele respire. A formação de uma pápula ou vesícula eritematosa
toxina que age no SNA também mata, pois interfere pode prever a anafilaxia.
na atividade cardíaca do animal. Ele entra em -Quando se espera anafilaxia, administra-se
bradicardia e bradiarritmia, sofrendo uma parada glicocorticóide e anti- histamínico previamente à
cardíaca. Mas se houver estimulação simpática, pode soroterapia.
ocorrer taquiarritmia. - NÃO se repete administração de soro.
Os esfíncteres também são contraídos, por isso sofre - Se o ferimento for no dente, ele deve ser removido
retenção de fezes e urina, podendo sofrer e irrigado com uma solução que mate a bactéria: água
hidronefrose ou IR. oxigenada e compostos de iodo (mas nunca em gatos
para não apresentarem iodismo);
● Patologia:
- Pode-se utilizar a via intracisternal (1- 10 UI/kg) –
Macroscopicamente e microscopicamente no mas é arriscado pela questão anatômica e também é
cadáver, não existe nenhuma lesão de tétano. necessário anestesiar o animal;
Então, um animal que morre com sinais de suspeita de - Eliminação do foco infeccioso cirurgicamente se
tétano e com ausência desses sinais – já fecha esse possível, limpando e debridando o tecido necrosado;
diagnóstico. Em exames ultramicroscópicos - Antibioticoterapia: penicilina G (IV ou PO por sonda)
(microscopia eletrônica), aparecem as lesões nos é preferível. Porém, não chega em tecido desvitalizado
axônios. – por isso importante o debridamento. O metronidazol
(IV) também é muito eficaz;
● Diagnóstico:
- Em complicações urinárias, a penicilina e o metro são
- Clínico (pode ser concomitante com endometrite ou ineficazes nessas infecções, mesmo que não atuem
piometra), com ferimentos recentes ou doença no tétano – como amoxicilina c/ clavulanato;
periodontal/troca dentária; -Acepromazina/Clorpromazina pra relaxamento
- Ao estabilizar o animal e ele ser submetido a muscular sempre (até que ele se recupere bem);
anestesia geral, ele sofre um relaxamento muscular e - O diazepam pode ser associado com a acepromazina,
permite a abertura da boca em casos de trismo e pra diminuir convulsões e relaxar musc;
outras manipulações; - O fenobarbital só se utiliza em casos de convulsão;
- Na crise tetânica, TEM que fazer anestesia geral mas
nunca os dissociativos. De preferência o propofol;
- Se necessário analgesia, administra-se dipirona. antibacteriana – NÃO É imunológica, pois essa vacina
Outros não consegue suplantar a resistência natural que eles
opióides que não sejam o tramadol, predispõe já possuem à doença.
convulsões; -Cuidar de ferimentos, utilizando anti-sepsia e
- Esse animal precisa urinar e defecar, através de antibioticoterapia correta.
sonda; - Pode causar reação local e sistêmica.
- Sonda esofágica pra alimentar o animal. - Porém, todo veterinário deve fazer a profilaxia
tetânica. A vacina dura 5 anos, por isso, a vacina infantil
● Prognóstico: reservado. não vale mais. A profilaxia correta são 3 doses de
vacina. Entre primeira e segunda dose, o intervalo é de
● Profilaxia: 4-6 semanas. Entre segunda e terceira dose, de 6-12
- A vacina antitetânica é feita para equinos e humanos. meses.
Cães e gatos NÃO FAZEM.
- A profilaxia é cirúrgica, de enfermagem e

Botulismo
Gatos são mais resistentes. em uma paralisia generalizada de neurônio motor
Muito mais comum em cães. inferior e disfunção parassimpática. A morte sobrevém
É uma intoxicação alimentar, mais comum nos animais por paralisia respiratória. Sempre há o potencial de
pela toxina A. recuperação completa.
Causada pelo Clostridium botulinum, mecanismo - Normalmente não causa sequelas, mas alguns cães
semelhante ao tétano. podem apresentar megaesôfago.
Essa toxina é rapidamente absorvida pelo trato
digestório – a partir do estômago. - O animal começa se recuperando sempre da frente
Em alguns animais, pode haver botulismo infeccioso – pra trás.
mas é bem incomum. - Pode ser confundida com poliradiculoneurite.
Em humanos, é comum a proliferação em conservas,
iogurte, embutidos e mel. Por isso não se deve ● Tratamento:
administrar mel pra crianças com menos de 1 ano de ⟶ Suporte alimentar;
idade (quanto mais jovem, mais suscetível). ⟶ Suporte eletrolítico;
Em herbívoros, é comum ao roer carcaças ou silagem. ⟶ Lavagem gástrica e enema pra esvaziar o trato
Em cães, normalmente adquirem bebendo água onde gastrointestinal e eliminar as toxinas;
tem muita matéria orgânica (lodo nos períodos de ⟶ Existe um soro antibotulínico (não é eficaz sobre
seca), ou em leitos aquáticos onde morreram aves, a toxina que já adentrou a placa neuromotora) de difícil
pois são muito suscetíveis ao botulismo. acesso;
Nos alimentos, é inativada na temperatura de 80oC por - Assim como no tétano, o animal precisa defecar e
30 min, e na temp. e 100oC por 10min. Muito comum urinar;
na conserva de palmito. -Antibioticoterapia – apenas para prevenir infecções
secundárias, como a urinária;
● Sinais Clínicos: - É um tratamento caro e o animal pode morrer a
- Fraqueza; qualquer momento.
- Paralisa flácida – ascendente, começa de trás pra
frente; ● Diagnóstico:
- Constipação e retenção urinária; - Histórico do animal;
- Atonia (perda do tônus, fraqueza) - Lavado gástrico com pesquisa da toxina (mas são
- Arreflexia ou hiporreflexia; poucos que fazem).
- Não causa dor, mas não tem efeito analgésico. - Há novos testes in vitro para identificação da toxina:
radioimunoensaio, hemaglutinação passiva, ELISA e
● Patogenia: PCR.
- É a toxina orgânica mais potente. - Não há lesão visível macroscópica nem à microscopia
- A toxina atua nas placas neuromotoras e previne a ótica. Apenas a microscopia eletrônica evidencia lesões
liberação de acetilcolina, inibindo a geração de um na placa neuromotora.
potencial de ação e induzindo paralisia flácida. A ligação
da toxina nas membranas pré-sinápticas é irreversível ● Profilaxia:
e a recuperação se dá apenas quando são formadas - Impedir o acesso dos animais a carniças; checar a
novas fibras nervosas. O bloqueio da acetilcolina resulta fonte de água; não administrar alimentos enlatados
com qualquer alteração organoléptica, como - Cozinhar o alimento suspeito por 30 minutos a 80oC
estufamento da lata, presença de gás, entre outros. ou por 10 minutos a 100oC.

Raiva
Quase sempre por mordida de animal raivoso que Fase prodrômica:
esteja eliminando o vírus na saliva. Mas também pode - O vírus se multiplica nos miócitos e ainda não
haver infecção aerógena do vírus aerossolizado em penetrou nos neurônios.
cavernas com morcegos. - Em cães dura de 2 a 3 dias e em gatos, 1 a 2 dias;
2-4 dias em humanos (nesse período, o uso de soro
Raiva urbana: transmitida por cães e gatos – mais antirrábico em humanos ainda tem eficácia;
zoonótica de todas. O último caso foi em 1981 em cães .- Querer se esconder;
e 1971 em humanos. - Apreensão, nervosismo, ansiedade, solidão e febre
variável;
Raiva quiróptera: morcegos não hematófagos. - Pode haver dilatação pupilar com ou sem reflexos
Raiva dos herbívoros: morcegos hematófagos. palpebrais e corneais lentos;
Raiva silvestre: comum transmissão por saguis e - A maioria lambe constantemente o local de
raposas. inoculação, devido a um prurido, e podem coçar e
Aqui é controlada. morder até ulcerá-la.
- Fase Furiosa (clínica): o vírus chega ao SNC e iniciam
● Profilaxia:
os sinais clínicos típicos da doença.
- Vacinação. - Dura de 1 a 7 dias;
- Causada por um vírus de RNA envelopado – - Inquietação e irritabilidade;
portanto, é um vírus relativamente frágil. É em forma - Aumenta a resposta a estímulos auditivos e visuais;
de bala, do gênero Lyssavirus, família Rhabdoviridae. - Excitação, fotofobia, hiperestesia, latem para objetos
- Possui um antígeno de superfície, a glicoproteína G, imaginários e caçam moscas imaginárias;
que estimula a produção de imunoglobulinas - Comem objetos estranhos (alotriofagia), como
protetoras. Também é utilizada para compor vacinas madeira, que se tornam corpos estranhos no tubo
de subunidades, obtidas por biologia molecular. digestivo;
- Bastante sensível no ambiente à formalina, fenol, - Evitam contato com as pessoas e procuram locais
halogenados (iodo), mercuriais, ácidos minerais e escuros e quietos;
outros - Tentam atacar e morder a gaiola ou local onde estão
desinfetantes. Também ao calor e luz ultravioleta. presos;
- A produção de vacina antirábica é feita com a - Incoordenação muscular, desorientação e convulsões
glicoproteína de envelope. epilépticas;
- Quando a inoculação é próx. da medula espinhal ou - Senão morre durante uma convulsão, pode
cérebro, o período de incubação é menor. progredir para um rápido estágio paralítico que
- Quando o vírus chega no cérebro, ele sai pelos culmina na morte;
nervos Crianianos até as gl. salivares e tecidos do corpo. - Gatos desenvolvem mais consistentemente a fase
Ele chega na saliva de 1-5 dias antes de apresentar os furiosa, com comportamento estranho e errático.
sinais clínicos da fase aguda. Tentam atacar objetos que se movem. Tremores
- Nos humanos, a profilaxia pós exposição pode ser musculares, fraqueza e incoordenação. Alguns correm
feita até 48h antes que o vírus chegue nos neurônios. sem parar até que morrem de exaustão.
- Produz os Corpúsculos de Negri (de inclusão) no - Animais dóceis ficam agressivos e os silvestres ficam
cérebro, tronco cebral e medula. Em equinos, no dóceis;
cérebro é menos comum, por isso pode dar falso - Aumento na prod. de saliva;
negativo em exames do tecido nervoso. - Podem se automutilar.
- O período de incubação, até aparecerem sinais no
SNC é de 3 semanas a 6 meses (3 a 6 semanas, mais Fase Paralítica:
tipicamente) em cães; 2 a 6 semanas em gatos e 3 - Desenvolve-se em 2 a 4 dias (1 a 10) após o
semanas a 12 meses em humanos. aparecimento dos primeiros sinais clínicos;
- Excreção do vírus inicia em um breve período - Dura 2 a 4 dias, geralmente entrando em coma, no
ANTES dos sinais neurológicos e continua até o animal final, e morrendo de paralisia respiratória;
morrer. - Paralisia motora que progride do local da mordida até
o SNC. Paralisia dos nervos cranianos, se a mordida foi
● Sinais Clínicos: na face;
- Sinais de lesão no tronco cerebral: paralisia laríngea renais (Vero) de primatas Cercopithecus sabaeus –
(latido muda de timbre). Salivação ou espuma macaco-verde (PVCV).
excessiva pela incapacidade de deglutição. Respiração - Para animais, há vacinas produzidas a partir de vírus
profunda e laboriosa. Mandíbula caída e, por fim, cultivado em células renais de hamsters neonatos ou
paralisia dos de fibroblastos de hamster (para bovinos), de
músculos respiratórios; subunidades (glicoproteína G para cães).
- Sons de engasgo (o proprietário acha que está com - A vacina para gatos deve estar licenciada para esse
um objeto entalado na garganta). Proprietários e fim, já que são mais sensíveis à raiva vacinal.
veterinários podem se infectar ao tentar retirar o - Hoje em dia, praticamente todas as vacinas são
suposto objeto da garganta do animal; obtidas de cultivo celular, pois produzem menos
- Ocasionalmente desenvolvem essa fase seguida à reações alérgicas, ou são vacinas de subunidades.
prodrômica. - Vacinas atenuadas são mais eficazes, porém podem
desencadear raiva pós-vacinal, o que não acontece
● Patologia: com as inativadas (por isso as últimas são mais usuais).
- Não há lesões macroscópicas no SNC; - Para serem eficazes, as vacinas inativadas devem ter
- Manguitos perivasculares e inflamação não supurativa alta concentração de vírus. Isso era obtido multiplicando
no SNC; o vírus em cérebro de camundongo neonato, que não
- O vírus produz corpúsculos de inclusão tinha ainda mielina, substância antigênica que podia
citoplasmáticos causar encefalomielite alérgica à vacina.
(corpúsculos de Negri). - Modernamente, obtêm-se produtos mais
imunogênicos e menos alergênicos, através da
● Diagnóstico: adaptação do vírus em meios de cultivo celulares. A
- O padrão ouro é o teste de imunofluorescência utilização de adjuvantes, como o hidróxido de alumínio,
direta (IFD), onde encuba-se o tecido nervoso. Se aumenta a resposta imune.
houver “céu estrelado”, é positivo. Detecta - Há uma tendência à produção de vacinas de
imunoglobulinas circulantes de modo rápido e sensível. subunidades purificadas, sem possibilidade de causar
Envolve incubação do soro suspeito com vírus e doença vacinal e muito pouco alergênicas.
posterior inoculação em cultivo celular. Redução de
50% ou mais de imunofluorescência no tapete de ● Reações vacinais:
células indica alta taxa de imunoglobulinas no soro - Mais frequentes: dor no local de aplicação,
suspeito. claudicação e linfadenopatia regional.
- Quando for feita eutanásia, preservar o cérebro. - Às vezes, há febre e sinais sistêmicos (mais com
- Desconfia-se, clinicamente, quando há transtornos vacinas de cultivo celular, pois contêm mais antígenos).
neurológicos e mudanças súbitas de comportamento. - Em felinos, a vacina deve ser realizada apenas SC,
pelo risco de gerar uma miosite dolorosa autolimitante
● Tratamento: o membro vacinado. Caso ocorra, tratar com anti
- Absolutamente não é recomendada (proibida por lei, inflamatório e analgésico.
de fato), pois animais recuperados excretam o vírus -Vasculite cutânea focal: mácula alopécica
por longos períodos, podendo infectar outros animais hiperpigmentada 3 a 6 meses pós-inoculação SC. Mais
e pessoas, além do quê, a possibilidade de recuperação em Poodles. Tratamento: pentoxifilina oral ou
é virtualmente nula. tacrolimus tópico (0,1% BID prn). Já houve caso de um
cão que morreu de anafilaxia subsequente a um
● Profialxia: reforço. IM diminui a chance de reação local, mas
Vacinação aumenta a de anafilaxia.
- Nenhuma medida reduziu tanto a incidência de raiva - Polirradiculoneurite autoimune: Ocorre mais com
humana quanto a vacinação sistemática dos cães. vacinas inativadas obtidas de cérebro de camundongo.
- Atualmente, a maioria das vacinas antirrábicas para Isso ocorre porque há contaminação por mielina de
animais é obtida de cultivo celular não cerebral e camundongos mais velhos ou por conter nervos
inativadas, minimizando a possibilidade de originar raiva periféricos mielinizados. Alguns cães podem
vacinal ou sinais neurológicos imunomediados de desenvolver paralisia com conservação de sensibilidade
desmielinização. dolorosa à palpação muscular.
- Para humanos, são utilizadas a vacina obtida a partir
de vírus obtido de cérebro de camundongos neonatos ● Manejo de Cães e Gatos Mordidos:
(Fuenzalida & Palácios), de cultivo em células - Cães e gatos mordidos ou arranhados por animal
diplóides humanas (HDCV), obtida de embrião de pato potencialmente raivoso, ainda mais na ausência do
de animal agressor, devem ser considerados como
ovo inoculado (PDEV), de embrião de galinha (PCEV – atacados por animal raivoso em áreas prevalentes da
já comentadas acima) e a partir de cultivo em células
doença. A diferença do manejo desse animal vai - Esquema vacinal para casos leves, com observação
depender de vacinação prévia ou não. do animal agressor: não utiliza soro e vacina nos dias
- Recomendação legal para manejo de animais não 0, 2 e 4 (Fuenzalida & Palácios) ou 0, 3 e 7 (de
vacinados mordidos por animal raivoso: eutanásia embrião de pato). Esse esquema se aplica para casos
imediata ou isolamento estrito por 6 meses e onde houve possibilidade de manter o animal preso
vacinados 1 mês antes de serem liberados. para observação.
- Animais vacinados mordidos por animal raivoso: - Quando o animal fugiu (sem possibilidade de
revacinar imediatamente e confinar por 90 dias, sob observação), em casos leves, o esquema fica:
observação estrita de sinais neurológicos. A) Vacina Fuenzalida-Palácios: 7 doses em dias
-Manejo de animais que morderam pessoas: consecutivos e 2 doses de reforço 10 e 20 dias após
recomendação legal de observar por 10 dias (melhor a administração da sétima dose.
seria por 3 semanas), mesmo se forem vacinados. B) Vacina de embrião de pato: 5 doses nos dias 0, 3,
Havendo sinais neurológicos, fazer eutanásia e testar 7, 14 e 28.
por DFA. Esse período de 10 dias é adequado na - Esquema vacinal para pessoas não previamente
grande maioria dos casos, pois caso o paciente já imunizadas e em casos graves: soro 20 U/kg – no
esteja eliminando o vírus na saliva quando morder um caso de HRIG (soro com imunoglobulina humana) e 40
humano, é quase certo que apresentará sinais clínicos U/kg no caso de SAR (soro de origem equina), aplicado
de raiva nesse período. metade no local da mordida e o resto IM no glúteo),
mais 5 doses IM de 1 ml de vacina no deltóide, nos dias
● Profilaxia Pós Exposição para Humanos: 0, 3, 7, 14 e 28 (para vacina de embrião de pato) ou
- O tratamento de ferimentos por mordida deve ser mais 10 doses de vacina em dias consecutivos e 3
agressivo. Lavagem minuciosa, aplicação de etanol doses de reforço 10, 20 e 30 dias após a décima dose
(43% ou mais concentrado). Irrigar a lesão com grande (vacina Fuenzalida & Palácios).
quantidade de solução aquosa de sabão à base de - O soro é infiltrado em volta e por baixo de toda
amônio quaternário sob pressão. alesão (pode diluir com solução fisiológica, se
- Ferimentos profundos puntiformes devem ser necessário)
lavados sob pressão com solução salina com seringa e e o restante é aplicado no músculo deltóide.
agulha romba. Agulha calibre 19 e seringa de 15 ml são
ideais. ● Profilaxia Pré Exposição:
- Pessoas são tratadas com soro (profilaxia pós- - Utilizada para pessoal com alto risco recreacional ou
exposição em casos graves ou acidentes com ocupacional (quem trabalha com animais silvestres ou
morcegos); Imunoglobulina humana antirrábica (HRIG) é recolhidos de rua).
mais imunopotente e menos alergênica. É administrado - Feita em veterinários em área prevalente da doença,
com a primeira dose de vacina e não é repetido, pois tratadores de animais, biólogos de vida silvestre,
interferirá com respostas subsequentes às vacinas. técnicos de laboratório e crianças em áreas altamente
Essa imunoglobulina, porém, é de difícil obtenção, já enzoóticas.
que provém de doadores voluntários vacinados. - Aplica-se 3 doses de vacinas IM no deltóide nos dias
Usualmente se utiliza soro de origem equina (SAR). 0, 7 e 28 (vacina de embrião de pato) ou ID nos
- O soro deve ser aplicado, de preferência, no dia zero mesmos dias no caso de vacina oriunda de embrião
da profilaxia vacinal pós-exposição. Tendo havido mais de galinha, células vero de primata ou diplóde humana.
vacinações respectivas, o soro não é mais necessário. No caso da vacina Fuenzalida & Palácios, é nos
- Vacina antirrábica humana de célula diplóide é dias 0, 2, 4 e 28, aplicadas IM no deltóide.
altamente efetiva em pré e pós-exposição. É mais - Para pessoas de alto risco (técnicos de laboratório),
imunogênica e menos alergênica que outras vacinas. fazer titulação a cada 6 meses e revacinar quando cair
- A terapia deve começar tão cedo quanto possível, o título. Veterinários e biólogos em áreas de risco:
dentro de 24 horas ou menos da mordida. titular a cada 2 anos e revacinar, se necessário. O título
- Pode haver falha vacinal quando é aplicada no glúteo de proteção mínima é 0,5U de anticorpos/ml. A
em vez do deltóide. titulação já
- São considerados casos graves (que exigem soro- é realizada após o décimo dia da vacinação, em
vacinação): atividades de alto risco.
- Ferimento nas extremidades (mãos, pés e cabeça), - Para pessoas que trabalham em situação de alto risco
devido à maior quantidade de tecido nervoso nesses (laboratórios lidando com o vírus) ou veterinários de
locais, contato da saliva com mucosas, ferimentos áreas enzoóticas, a sorologia deve ser repetida
múltiplos e/ou extensos e ferimentos puntiformes com semestralmente e vacinar em caso de menor do que
pouca possibilidade de limpeza efetiva. 0,5U/ml. Nos demais casos, refazer a sorologia
- São considerados casos leves: mordidas não graves anualmente e vacinar quando necessário.
(superficiais) em outras partes do corpo, arranhaduras. - Hipersensibilidade é o principal efeito colateral: 1 a 6%
das pessoas apresentam alergia do tipo III e
manifestações localizadas (urticária, artralgia, eritema,
febre, náusea e vômito dentro de 1 semana do reforço
vacinal).

Doenças Helmínticas
Todos os cães que vivem no meio rural, - Em sua maioria, atuam nos helmintos presentes da
especialmente os que tem contato com pastagem, luz do TGI. Porém, ainda existem larvas nos tecidos.
devem ser tratados com Praziquantel a cada 6 sem. Por isso, devem ser repetidos.
(esse fármaco age nos cestódeos, como as tênias). Ao - A maioria desses AH orais devem passar pelo verme
dar a medicação, nas primeiras 24h o animal elimina (contato direto), porém, se o animal está com diarreia,
muitos helmintos viáveis, inclusive os ovos, ele passa direto pelo TGI e pode não ter tempo
contaminando mais ainda a pastagem. Por isso, manter suficiente de contato com o helminto.
os animais presos em um período de 24h após adm, - As avermectinas (lactonas macrocíclicas) agem na luz
enterrando ou queimando as fezes. e nos tecidos, porém sua eficácia é zero contra

Helmintoses de Cães e Gatos: Cestoda e Trematoda.


- Causam mais doença clínica em filhotes, mas animais - Em sua maioria, são seguros. Mas evitar Albendazol
adultos também podem ter. em gatos e filhotes (menos de 6m).
- Nos filhotes (principalmente que tem acesso à rua), - A piperazina é o mais seguro pra Ascarídeos adultos,
faz-se everminação mais intensiva. porém além de ser difícil de ser encontrada (mais em
- Não se admite presença de helmintos em pequenos agropecuárias que vendam coisas sobra aves),
animais. Eles devem ser erradicados. também possui um cálculo difícil (tem que descontar
o sal e fazer o cálculo de diluição). Pra outros helmintos
● Helmintoses Intestinais: não é eficaz.
Sintomático. - Ao atender um animal com verminose clínica, o
Chamados de helmintoses clínicas. ambiente já está infestado. Por isso, também deve ser
- Diarreia; tratado (incidência de luz solar, vassoura de fogo se
- Palidez de membranas mucosas; possível, detergente (atua na casca dos ovos e parede
- Vômito; interna dos cistos/oocistos) que facilita o uso posterior
- Aumento de vol. Abdominal (mais comum em do desinfetante.
filhotes, principalmente o Toxocara); - Os fármacos mais utilizados são albendazol,
- Apatia e anorexia; febendazol, praziquantel, pirantel, oxantel, febantel (se
- Condição da pelagem e estado geral. converte em febendazol ao passar pelo fígado),
- Muitas vezes, o animal pode estar com a doença ivermectina, piperazina, mebendazol, moxidectina,
subclínica. Ainda assim, deve ser tratado. selamectina e milbemicina.
- Pra diagnóstico das helmintoses, é indicado fazer o - O verme mais prevalente e patogênico em cães e
EPF. Normalmente, pra classe nematoda fazemos o gatos é o Ancylostoma caninum. Possui uma saliva
exame de flutuação (Willis Mollay), que indica os anticoagulante, ficando grudado na mucosa. Esse
Strongyloidea (ancylostoma, trichuris, ascarídeos por sangue é utilizado pra sua respiração. Depois, vem o
ex) Dipylidium caninum, T. vulpis e por último, T. canis.
.- Se demorar mais de 48h pra fazer o exame após a
coleta, pode se enxergar uma larva. Porém, o Toxocara canis
Strongyloides stercoralis já aparece como larva. - São ascarídeos.
- Apesar de ser Cestoda, alguns ovos de tênia podem - Nos gatos, é o Toxocara gatii.
ser vistas pela técnica de Flutuação. - São parasitos grandes, que causam mais patogenia
- A cápsula ovígera de cestódeo como Dipyilidium, não em animais jovens.
pode ser confundida com os ovos. Pra visualizá-la, o - Nos animais adultos, a manifestação é subclínica em
exame utilizado é o de Sedimentação (Dennis, Stone sua maioria, pois desenvolvem imunidade e diminuem
e Swanson). Porém, na realidade é mais comum notar a infestação.
as proglotes móveis saindo nas fezes ou pelo ânus.
● Ciclo evolutivo:
- A maioria dos exames de fezes dos animais que tem
dipylidium dá negativo, mesmo que ele tenha o - Cães com < 3 meses: ciclo pulmonar. Se passarem
helminto. Pra ver a cápsula ovígera, seria necessário em grande quantidade, causam pneumonia eosinofílica.
romper a proglote na hora de fazer o exame. Então, alguns filhotes podem desenvolver sinais
respiratórios;
● Observações dos Fármacos:
- Cães > 6 meses: migração somática (passam cutânea.
principalmente pelo fígado, mas se passarem muitas
larvas, pode haver hepatite eosinofílica). Trichuris vulpis
- Gestação: infecção pré-natal (animal já nasce com o - Produz uma inflamação intestinal muito grande,
verme), infecção transmamária. Ambas podem podendo causar a morte do animal.
permanecer pelo resto da vida nas fêmeas, pois - Não é zoonose.
podem estar em hipobiose (quando o verme aguarda - O ciclo é direto.
condições ideais pra se multiplicar novamente).
● Sinais Clínicos:
● SinaisClínicos: - Colite e tiflite;
- Pneumonia; - Diarreia com sangue;
- Vômito/diarreia; - Cólica;
- Convulsões (por hipoglicemia ou toxemia - Tenesmo;
verminótica); - Vômito;
- Peritonite por obstrução intestinal. - Perda de peso, anemia, etc.
* Diagnóstico:
- Hemograma (leucocitose, eosinofilia); ● Diagnóstico:
- EPF de flutuação; - Técnica de Flutuação.
- Larvas nas fezes. - A identificação dos seus ovos é inconfundível. São
- É uma Zoonose, larva migrans visceral. A ingestão ovos bioperculados de casca espessa.
de ovos no homem causa granuloma eosinofílico no - É um verme muito resistente.
fígado ou descolamento de retina do globo ocular.
Muito grave em crianças. Dipylidium caninum
- Tênia mais comum dos cães e gatos, pouco
Toxocara cati patogênico.
- Localização: ID. - Para tratar, devemos eliminar tanto o parasito quanto
- Não transmitem via útero, apenas via transmamária. o hospedeiro intermediário (pulga, piolho).
● Diagnóstico: EPF.
● Sinais Clínicos:
Ancylostoma - Prurido anal;
- Enterite catarral.
Ancylostma caninum
- Verme gastrointestinal mais patogênico, pela ação de ● Diagnóstico:
imunodepressão e ingestão sanguínea. - EPF por sedimentação ou proglótides nas fezes.
- Nas pessoas, esse parasito não completa o ciclo. Ele - Apesar de ser zoonose, seu risco é muito baixo. Pode
causa a Larva migrans cutânea, ou bicho geográfico – ocorrer em bebês mas eles precisariam ingerir a pulga
causando muita dor. também.

● Ciclo evolutivo: ● Tratamento: qualquer produto com praziquantel.


- Percutânea (penetra na pele do cão). Estes,
desenvolverão pododermatite e dermatite no Dirofilariose
abdômen; - Verme do coração.
- Ingestão de larvas; - Causada pela Dirofilaria immitis, sua incidência no RS
- Transmamária: eliminado no leite só até 3 semanas é pequena, mas é uma doença importante.
pós parto. Recentemente, foi encontrado um caso dela no estado.
- Cada helminto ingere 0,1-0,5 ml/dia de sangue. - A dose pequena de ivermectina nos produtos de
prevenção de helmintose, não afetando a parte
● Sinais
Clínicos: intestinal.
- Anemia; - No homem, não completa o ciclo, ficando somente
na forma larval (microfilaria). Porém, quando as larvas
- Diarreia sanguinolenta (melena); migram pelo pulmão, formam nódulos granulomatosos
- Hipoproteinemia. que podem ser confundidos com câncer.
- Ciclo: da picada do mosquito até o desenvolvimento
● Diagnóstico: adulto, o parasito leva de 50-70 dias.
- É o parasito mais fácil de achar no exame de - Para profilaxia em viagens, o ideal é administrar
flutuação. milbemicina. Se esquecer, pode-se fazer um
- Difícil eliminar em solos terrosos. tratamento de até 3 tratamentos mensais após o
- Ancylostoma braziliense também causa larva migrans retorno.
● Diagnóstico: Hidatidose
- Técnica de Knott; - Verme do TGI.
- Kit de ELISA pra antígenos de Dirofilaria adulta. - Causada pelo Echinococcus granulosus,
Porém, detecta a dirofilaria fêmea; Toxascaris leonina
- Ecocardiograma. Uncinaria stenocephalis
- O Proheart SR-12 é um produto novo de longa ação Strongyloides stercoralis
pra profilaxia de Dirofilariose. Também atua contra
Ancylostoma (4 m).

Doenças Protozoarianas
Giardia - Albendazol – apesar da boa eficácia, não pode usar
- Protozoário intestinal. em animais com menos de 6m, e em gatos pode
- Parasita mamíferos e ocasionalmente, o homem. causar depressão grave de MO vermelha;
- Algumas cepas podem ser zoonóticas, mas é raro. - Metronidazol: pode ser utilizado, mas a eficácia é
- É comum que seus cistos estejam presentes em média. Elimina a maior parte das giárdias, mas nem
poços artesianos, águas paradas, etc. Por isso é sempre todas. Então, o animal pode ficar portador da
importante saber onde o animal toma água. giárdia.
- A visualização dos cistos é possível pela técnica de
● Prevenção:
Faust.
- Os trofozoítos ficam no intestino. - Vacinação: na realidade não evita que os animai se
- O animal elimina os cistos por ciclo. Por isso, as vezes infectem, mas diminuem a liberação dos cistos nas
o exame pode dar negativo. O indicado é realizar 3 fezes.
exames consecutivos pra ter certeza se o animal é
positivo. Porém, em alguns casos pode ser que precise Isospora
de mais exames. - Protozoário intestinal.
- Em casos mais difíceis, pode-se fazer endoscopia - Pode infectar tanto cães quanto gatos.
com aspirado que deverá ser visualizado - Normalmente causa sinais clínicos em filhotes,
imediatamente no microscópio. Então, veremos os podendo ser confundida com viroses ou verminoses.
trofozoítos. - A técnica de flutuação permite a visualização dos
oocistos (são bem pequenos).
● Patogenia: - Ciclo: direto.
- Pode não produzir sinal clínico. - No ambiente, os oocistos podem sobreviver por
- Ao atendermos um animal com giardíase clínica, o anos.
animal deve ser tratado, seus contactantes e o - Causam uma enterite, principalmente diarreia com
ambiente também. sangue.
- Pode ser pequena ou fatal. Depende do grau de
imunidade do animal. ● Diagnóstico:
- Método de Sheater.
● Sinais Clínicos:
- Võmito; ● Tratamento:
- Diarreia com muco (pode ser aguda, crônica ou ⟶ Medicamentos a base de sulfas.
intermitente);
- As vezes as fezes podem ter sangue, ser
esverdeada ou com espuma; Toxoplasmose
- Dor abdominal. Protozoário intestinal transmitida pelo Toxoplasma
gondii.
● Diagnóstico:
Zoonose transmitida através da caixa de areia, água
- Técnica de Faust: possibilita a visualização do cisto. contaminada ou vegetais contaminados com oocistos
- Em alguns casos, 3 amostras consecutivas com do toxoplasma. Tudo isso se não lavar as
intervalo de um dia. mãos/vegetais.
Porém, os hospedeiros intermediários são bovinos e
● Tratamento:
suínos, e muita gente se contamina através da carne
- Banho do animal infectado; mal cozida desses animais ou de embutidos
- Desinfecção com amônia quaternária;
- Febendazole/Febantel – por 3 dias consecutivos;
(principalmente crus, como a morcilha), porém nesse O problema está nos soronegativos, pois não possuem
caso estão em forma de taquizoítos/bradizoítos. O fato imunidade pro protozoário já nunca tiveram contato.
de manipular a carne contaminada pro preparo No homem, pacientes com aids desenvolvem
também contamina as mãos das pessoas. toxoplasmose cerebral (40%).

Hospedeiro definitivo: felinos. É o único animal capaz ● Diagnóstico:


de eliminar nas fezes e contaminar o ambiente. Porém, - Sorologia é o mais indicado. A sorologia IgG não faz
também faz o ciclo sistêmico do parasito. diagnóstico da doença, e sim pra saber se a pessoa
Os taquizoítos se proliferam muito rápido nos tecidos, tem imunidade à doença. Pra saber se há a doença,
causando a doença clínica. Se manifestam tem que fazer IgM. Se estiver elevado, então é positivo.
normalmente quando o animal tem alguma - Pra biópsia, o órgão que mais apresenta a doença é
imunodepressão. o fígado.
Os bradizoítos são a forma de resistência que ficam
nos tecidos em “silêncio”. Na imunodepressão, viram ● Tratamento:
taquizoítos. ⟶ Clindamicina possui bastante sucesso, mas não
O oocisto só está presente nas fezes dos gatos – pode ser utilizado em fêmeas prenhes.
isso ocorre apenas uma vez na vida (até 14 dias). Isso ⟶ Sulfa + Trimetoprim: apesar de ser um bom
acontece ou quando são filhotes, ou quando sofrem fármaco, não atua nos bradizoítos. Por isso, tem que
imunodepressão (felv/fiv positivos). No ambiente, ser administrado um corticoide junto., que causará uma
sobrevivem por até um ano e meio. Esses animais não imunodepressão, obrigando os bradizoítos a virarem
tem alteração clínica e nem nas fezes – taquizoítos, pra que a sulfa mate tudo.
aparentemente está tudo normal.
● Profilaxia:
Os sinais clínicos não são padronizados, porque tudo - Lavar verduras;
depende do local de proliferação do protozoário. Se - Carne bem cozida/assada;
atingir SNC, causam sinais neurológicos. Se a - Limpeza das fezes;
multiplicação for nos olhos, pode causar cegueira, - Manipulação da carne;
déficit visual. No fígado, hepatite. Além de febre, - Roedores são fonte de infecção pra gatos.
letargia, inapetência e diarreia.
As fezes dos gatos devem ser colocadas sempre no Bradizoítos e taquizoítos não sobrevivem na carne
lixo. Lembrando que não pode ser oferecido pra após a salga, cura ou aquecimento, bem como
animais como suínos – a famosa “lavagem”, pois congelamento.
nesses animais possuem uma grande facilidade pra
contrair a doença.
Quando o gato é soropositivo, significa que o animal já
teve contato com o protozoário e eliminou os oocistos.

Hemocitozoários
eritrócito), causando hemoglobinemia e hemoglobinúria.
Babesiose - Hemólise extravascular (o eritrócito é fagocitado por
Transmitida por carrapatos, principalmente o macrófagos, principalmente no baço). O sinal clínico
Rhipicephalus sanguineus, mas o Amblyoma também mais característico é a icterícia, mas pode haver
pode transmitir. É causada pela Babesia canis vogeli, B. bilirrubinúria e esplenomegalia.
canis canis e B. canis rossi, consideradas babesias - O sangramento na Babesia não indica a doença, e só
grandes. Há relatos de transmissão por B. gibsoni, ocorre quando há a forma hiperaguda, onde o animal
considerada uma babesia pequena. tem uma multiplicação excessiva do parasito, causando
Mais comum em cães. É bem raro em gatos uma vasculite generalizada.
domésticos. - A presença de esferócitos pode indicar a doença,
Parasitam eritrócitos. mas é mais indicativo de anemia hemolítica
Pro carrapato transmitir a doença, ele normalmente imunomediada.
precisa ficar de 2-3 dias grudados nos cães.
● Sinais Clínicos:
No microscópio, vemos ela mais comumente na forma
clássica, chamada de Merozoíto. - Em sua maioria, afetam cães com menos de um ano,
porém é possível que ocorra em qualquer idade.
● Patogenia:
- Os sinais mais clássicos são anemia, prostração, febre
- Hemólise intravascular (o protozoário rompe o e icterícia.
- Forma aguda: anemia, icterícia, esplenomegalia, Transmitida por carrapatos, parasitados pelo
linfadenopatia e vômito. protozoário Rangelia vitalli.
- Crônica: febre, hiporexia, perda de peso e
linfadenopatia (não são muito bem definidos). ● Sinais Clínicos:
- Babesiose cerebral: é rara. Predominam sinais - Sangramento (ponta da orelha, olhos, petéquias,
neurológicos, inclusive com hemorragia no SNC. sufusões, epixtase).
- O sangramento na ponta da orelha também é sinal
● Diagnóstico: de picada pela mosca dos estábulos, que causa
- NÃO se faz mais esfregaço sanguíneo pra granuloma com neovascularização – cada vez que o
hemocitozoário, pois a possibilidade de falso negativo animal sacode a cabeça, há sangramento.
é muito alta, principalmente em casos de - Pode haver icterícia por hemólise extra vascular.
esplenomegalia acentuada, pois ocorre sequestro de - Palidez de mucosas.
parasitos. Em último caso, fazer com sangue capilar, - Gastroenterite.
pois os parasitos se concentram nessa área. - Edema subcutâneo (mais comum nos membros
- PCR (resultado bastante sensível e confiável, porém pélvicos).
é caro) – melhor diagnóstico. - Esplenomegalia.
- Alterações hematológicas: anemia regenerativa, em - Muito difícil de ser encontrada na circulação.
alguns casos trombocitopenia, leucocitose, etc.
- Existe um kit de ELISA pra exames rápidos, mas é Geralmente aparece como inclusões dentro de
espécie-específico. macrófagos e monócitos.

● Tratamento: ● Patogenia:
⟶ O trat. padrão é com Dirpopionato de Imidocarb, - Causa muito sangramento porque os macrófagos se
porém é perigoso pela baixa margem de segurança. aderem nos vasos sanguíneos, causando lesão
5-7mg/kg IM 2 doses com intervalos de 14 dias. Esse endotelial.
animal deve ser observado pra ver se não apresentará
sinais muscarínicos como vômito, diarreia, bradicardia e ● Diagnóstico:
respiração ruidosa. - PCR (é um pouco difícil encontrar laboratório que
⟶ Cuidado com posologias elevadas, não podem ser faça pra essa doença).
utilizadas em cães grandes pelo alto peso de - EPS (comum falso negativo).
esqueleto, com alto risco de intoxicação.
⟶ O antídoto da intoxicação por imidocarb é a ● Tratamento:
Atropina. É bom aplicar 20-30min na dose normal - Basicamente igual à babesia.
(0,044 mg/kg IM) antes do imidocarb. - Qualquer doença causada por hemocitozoário que
⟶ O Diminazeno também pode ser utilizado, porém, curse com anemia grave (hematócrito com menos de
a intoxicação é irreversível. Os sinais são de necrose 15% ou trombocitopenia grave), devem ser tratadas
hemorrágica no SNC e no fígado, e não possuem com glicocorticoide concomitante até normalizar os
antídoto. valores (normalmente de 5-7 dias), pois a anemia e
⟶ Ao eliminar a Babesia, a imunidade do animal trombocitopenia aumentam com os fármacos pro
também vai embora. Portanto, o animal pode contrair parasito.
a doença novamente.
⟶ A Doxiciclina vem sendo usada por ser Mycoplasmose
babesiostática, que não mata o parasito mas inibe sua Doença causada pelo Mycoplasma haemofelis. É um
multiplicação. “parasita” obrigatório que se multiplica aderidos a
Apenas em casos de tutores que não conseguem superfície dos eritrócitos de felinos domésticos.
controlar carrapatos e se o animal não estiver tão Vetores: piolhos, pulgas e carrapatos.
comprometido. Não é a dose antibiótica e sim pra Pode haver contaminação por ingestão de sangue (em
babesiose (mais alta). brigas com mordidas).
É considerado que o animal que contraiu a doença vai
● Profilaxia: permanecer com o agente pra sempre. O animal
- NÃO se admite carrapatos em animais de companhia. tratado pode voltar a manifestá-la quando houver
- O Rhipicephalus não gosta de vegetação e sim de queda na imunidade.
construções. Por isso, não se indica cortar grama e etc, Há uma relação entre micoplasmose e fiv/felv. Então,
a não ser que seja o Amblyomma. todo animal diagnosticado com essa doença deve fazer
obrigatoriamente o exame pra felv e filv.
Rangelia
● Sinais Clínicos:
- Febre; Causada bactéria Ehrlichia canis, que parasitam
- Prostração; carrapatos. Poucos relatos na nossa região.
- Anemia;
- Pode apresentar icterícia; ● SinaisClínicos:
- Há hemólise intra e extravascular. - Forma aguda:
- Febre;
● Diagnóstico: - Pode haver hemorragia por lesão endotelial.
- EPS: mais chance do que as outras doenças, mas - Fase sub- clínica: sem sinais clínicos.
podem desaparecer da circulação em um período de - Fase crônica:
2h, sequestrado pelo tecido linfático.Por isso, pode dar - Quando atinge MO, fazendo com que o animal pare
falso negativo também. Sempre com esfregaço direto de produzir cél. (pancitopenia).
do sangue, não pode ter anticoagulante, pois o EDTA - Anemia, trombocitopenia, leucopenia, etc.
descola os mycoplasmas da superfície do eritrócito. - Epixtase, petéquias, hematúria.
- PCR. - Infecções secundárias: insuficiência renal,
- Anemia regenerativa no hemograma. pneumonias, etc.
OBS: O felv muitas vezes cursa com anemia - É uma das principais indicações pra hemodiálise.
arregenerativa. Então, se um animal tiver FELV + - O anaplasma fagocitófilo infecta neutrófilos, causando
Micoplasmose, o animal pode ter tanto anemia sinais articulares como claudicação, poliartrite. É a
regenerativa quanto arregenerativa. espécie que afeta equinos, mas também pode infectar
cães.
● Tratamento: - Anaplasma platis infecta plaquetas, causando
⟶ Doxiciclina: 5mg/kg PO q. 12/3sem. Sempre que o trombocitopenia e hemorragia.
gato for tratado com essa medicação via oral, ele deve
obrigatoriamente receber uma seringa de água em ● Diagnóstico:
seguida, pois os resíduos do fármaco que ficam no - PCR;
esôfago causa esofagite e estenose do órgão no - Existe um snap test disponível, mas é menos
processo de cicatrização. sensível;
⟶ Também administrar glicocorticoide em caso de - Raro encontrá-la no esfregaço sanguíneo.
anemia grave até o hematócrito elevar. Se estiver
menor que 15%, realizar transfusão sanguínea. ● Tratamento:
⟶ A enrofloxacina é um tratamento alternativo na ⟶ Doxiciclina – 5-10 mg/kg PO q12-24/ 21 dias.
impossibilidade de adm. a doxiciclina pro gato. Dose: ⟶ Em casos de depressão de MO, estimula-se
5mg/kg PO q.12/2sem. É muito perigoso e aumenta a dependendo da cél. que está em carência.
chance de cegueira aguda e degeneração da retina. EX: Neutrófilos -> Filgrastim;
⟶ Todo gato doador de sangue deve ser testado Eritrócitos -> Nandrolona;
pra FIV/FELV. Plaquetas -> Vincristina.

Ehrliquiose

Leishmaniose Visceral Canina


Zoonose grave. - É a forma do inseto.
Causada pelo protozoário Leishmania infantum Forma amastigota:
(chagasi). - Fica dentro de macrófagos e monócitos nos animais
O hospedeiro preferencial são os cães domésticos e e seres humanos.
silvestres (principalmente o Graxaim). Os silvestres não Período de incubação: 3m à 7a.
apresentam sinais clínicos.
O gato é um hospedeiro acidental. ● Estadiamento da doença:
Vetor: inseto hematófago Lutzomyia longipalpis., - A: Exposição.
chamando de Mosquito-Palha ou Birigui. É um inseto - B: Infecção.
minúsculo que possui hábitos noturnos. - C: Doença.
Pessoas com imunodepressão contraem a doença - D: Doença severa.
com muita facilidade, aumentando a mortalidade.
Esse inseto se multiplica na matéria orgânica vegetal, ● Sinais Clínicos:
camas de galinheiro e coelhos – nunca na água. - Baixa tolerância ao exercício;
- Perda de peso;
Forma promastigota: - Pelagem ruim;
- Sonolência; - Sorologia – teste rápido de triagem (TR-DPP). É um
- Alta ingestão de água; teste de imunocromatografia. Se der negativo,
- Anorexia; normalmente esse animal é considerado sem
- Diarreia; leishmania. Se der positivo, faz-se mais um teste
- Sangramento; sorológico de ELISA pra confirmar, pois pode dar falso
- Desmaio; positivo por reação cruzada.
- Conjuntivite. - O PCR pode ser feito direto em laboratório particular.
* Exame clínico: Mas é um exame caro.
- Linfadenomegalia generalizada; - Um cão que adquire a doença, pode soroconverter
- Dermatopatia (seborreia furfuracea) – muito comum, de 5m até 2a após infecção. Não se testa animais de
raramente prugirinosas. Normalmente começam na até 3 meses de idade.
cabeça. Pode haver alopecia periocular/binocular; - ALERE: não é muito realizado.
- Caquexia;
- Alteração locomotora; ● Tratamento:
- Hipertermia; ⟶ Coleira repelente (SEMPRE). Apenas as 3 marcas
- Conjuntivite; são aprovadas: Scalibor, Seresto ou Leevre. Sua
- Baço palpável; validade é variável, a que dura mais é a Seresto. O
- Onicogrifose (é um forte indicativo, mas não efeito leva de 2-3 semanas pra iniciar.
patognomônico); ⟶ Vacinação: Leishtec. Porém, nenhum trabalho
- Rinite/Ceratite/Pneumonia/Uveíte; confirma a profilaxia da doença.
- Esplenomegalia (sempre presente); ⟶ A eutanásia é recomendada, mas há tratamento.
- A maioria dos cães morre com insuficiência renal. ⟶ Miltefosina: só pode ser adquirido direto do
Essa doença causa muita imunodepressão, podendo laboratório mediante contrato assinado pelo veterinário
causar outras doenças concomitantes. e pelo tutor. Sempre deve ser associado à coleira e é
A LVC sempre cursa com gamopatia policlonal, que é muito caro. A cada 4m o animal precisa ser testado
um aumento de todas as globulinas. Não é pra ver se não há multiplicação do agente pro resto
patognomônico mas um grande indicativo. da vida. A cura é apenas CLÍNICA, não produz clínica
parasitológica – portanto, continua sendo portador.
● Diagnóstico: ⟶ É uma doença muito relacionada com a pobreza
- Hiperproteinemia; – cães de rua. Por isso, a eutanásia pode ser indicada.
- Hiperglobulinemia (mais importante);

Sistema Urinário
Doença renal: lesões nos rins que causam doença - São causas pré-renais (vasculares ou isquêmicas);
ATÉ 75%. Ainda não está insuficiente. - Anestesia/Cirurgia;
- Diminuição do débito cardíaco;
Insuficiência Renal Aguda (IRA) - Desidratação;
.Perda rápida de 75% da função dos néfrons (horas a - CID;
dias): - Hipotensão;
- Trombose.
- Azotemia; - Necrose tubular isquêmica;
- Anormalidades hídricas, eletrolíticas e ácido-básicas; - Em pacientes cardiopatas, considera-se doença pré-
- Uremia. renal.
Condição tratável e que pode ter cura – por isso, é
obrigação do veterinário descobrir a etiologia. Doenças tubulares tóxicas
Fases indução (48h), manutenção (quadro clínico - É a mais comum.
frequente, onde o animal não consegue produzir urina - Causa lesão de célula tubular.
– o rim para de funcionar – então, o animal entra em - São causas renais;
oligúria/anúria) e recuperação (pode recuperar ou - Intoxicação por etilenoglicol;
desenvolver DRC). - Agentes quimioterápicos como doxorrubicina e
cisplatina;
● Causas renais: - Imunossupressores (azatioprina);
Doenças tubulares isquêmicas - Inibidores da ECA (captopril);
- Aqui, não chega sangue. Normalmente decorre de - Hemoglobina e mioglobina;
uma azotemia pré-renal; - Veneno de cobra.
- Em animais nefropatas, evitamos o uso de anti- IRA quanto na DRC. Se a densidade urinária estiver
inflamatórios. aumentada, o rim está alterado.
- ATB e Anti-Inflamatórios.
● Diagnóstico - IRA:
Doenças tubulares inflamatórias Anamnese e exame físico;
- Infecções (pielonefrite, leptospirose). Azotemia
- Pré-renal: hiperestenúria > 1.030- 1.035;
Doenças glomerulares - Renal: isostenúria 1.008-1.012;
- Também chamadas de síndrome nefrótica: - Pós-renal: hiperestenúrica > 1.030-1.035.
- Glomerulonefrites; História clínica
- E. canis e D. immitis; - Duração dos sinais, doença infecciosa, uso de
- Fiv, Felv, Pif; medicamentos, produção de urina.
- Piometra; Exame físico
- Diabetes mellitus, Hiperadrenocorticismo; - Boa condição corporal, úlceras orais, tamanho/dor
- Linfossarcoma; dos rins.
- Nefropatias familiares; Exames complementares
- Seu quadro clínico muitas vezes consta com edema - Urinálise: isostenúria, proteinúria, cilindrúria;
periférico e ascite pela perda de proteína. - Aumenta U e C (não é um bom diferencial);
- Aumenta GGT.
Causas pós-renais
- Ruptura de bexiga ou uretras por trauma, ● Diagnóstico - DRC:
cateterização ou compressão. Resenha
- A ruptura das bexigas pode ocorrer através da Cães
cistocentese. Por isso, ela precisa ser ESVAZIADA pra - Raça (doença renal familiar): Basenji, Beagle, Bull
esse procedimento. Terrier, CairnTerrier, Chow Chow, Cocker Spaniel,
Dobermann Pinscher, Pastor Alemão, Lhasa Apso,
Doenca Renal Crônica (DRC) Schnauzer, Norwegian Elkhound, Rottweiler, Samoieda,
Presença de lesão renal persistente (3 meses), com Shar Pei, ShihTzu e Poodle.
perda definitiva e irreversível de massa funcional e/ou - Sexo.
estrutural de um ou de ambos os rins, com ↓ taxa de - Idade: 7 anos.
filtração glomerular de até 50% em relação ao seu Felinos
normal. - Raças: Persa, Himalaia e cruzamentos.
Teoria da hiperfiltração por menos néfrons fazendo - Sexo.
esforço: - Idade: 9 anos.
- Hipertensão glomerular;
● Sinais clínicos:
- Há fibrose renal;
- Neoplasias: prevalência baixa (1%); - Poliúria e polidpsia;
- Doença renal familiar (em animais jovens). - Letargia, anorexia, e perda de peso;
- Vômitos, diarreia, úlceras gastrintestinais, fraqueza e
● Diagnóstico:
intolerância a exercícios;
- O primeiro exame deveria ser a urinálise, apesar de
● Exame físico:
não ser feito rotineiramente.
Deve ser coletada a primeira urina da manhã. - Desidratação e emagrecimento;
Deve-se avaliar densidade, presença da proteína (não -Palidez das mucosas, úlceras orais e hálito urêmico;
pode estar presente) e a presença de cilindros. - Rins pequenos ou irregulares.
- Relação proteína/creatinina em pacientes crônicos
● Exames complementares:
sempre deve ser pedida porque é precoce na
identificação da proteinúria. - Urinálise: isostenúria, proteinúria;
- GGT urinário: é indicativo de lesão tubular. Não é um - Aumenta U e C;
bom exame pra DRC. - Dimetilarginina simétrica (SDMA).
- SDMA: muito indicado pra DRC. - Associar proteinúria com hipertensão.
- Filtrado glomerular: densidade de 1008 – 1012
● Tratamento:
- Urina do cão: 1025-1034 / Gato: 1035-1040;
Canino, macho, Pit Bull, 2 anos e 18 kg. Foi atendido no
Um paciente em que o rim para de funcionar, o valor HV apresentando claudicação de MPD com suspeita
de densidade fica semelhante ao do filtrado. Por isso é de ruptura do LCC. Estava sendo medicado há 12 dias
chamada de isostenúrica. Isso pode ocorrer tanto na com cetoprofeno. O proprietário relatou hiporexia há
2 dias e vômito. O médico suspeitou de IRA e solicitou
creatinina (4,2 Ul/L) e ureia (206 mg/dl), isostenúria. O ⟶ 9. Considere diálise peritoneal e hemodiálise
US revelou áreas de hipoecogenicidade em córtex - Oligo-anúria não responsiva
renal, compatíveis com infarto renal. - Hiperhidratação
- Hipercalemia
Qual o tratamento? - Azotemia não responsiva
Identificar se é IRA ou DRC agudizada e internar. - Uréia > 100 mg/dl
⟶ 1. Interromper uso de agentes nefrotóxicos. - Creatinina > 10,0 mg/dl
⟶ 2. Identificar e tratar alterações pré e pós-renais.
⟶ 3. Fluidoterapia: Caso clínico
- Soluções: RL; Canino, macho, raça Pit Bull, 2 anos de idade, 18 kg. IRA.
- Volume: cálculo de desidratação no momento que o Exames: creatinina (4,2 UI/L) e ureia (206 mg/dl),
paciente chega. O fluido deve ser reposto em um isostenúria. Esse animal recebeu tratamento intensivo
período de 4-6 horas (75%). Tanto a falta quanto o (15 dias). Valores de creatinina (2,8 UI/L) e ureia (142
excesso de fluido podem levar o animal à morte. mg/dl). Proteinúria: 0,5, PA: 140 mm Hg. Melhora clínica.
- Grau de desidratação:
Inaparente: Até 5% O que fazer? Como tratar?
Leve: 5-7% Princípios da terapia: nutrição, equilíbrio hidroeletrolítico
Moderada: 7-9% e ácido-básico. Resolução dos sinais clínicos com
Severa: 10-12% tratamento sintomático e terapia renoprotetora.
Choque: 12-15%
Recomendação geral:
- Déficit existente (ml) = peso (kg) x % desidratação - Descontinuar drogas nefrotóxicas;
x 10 + necessidade de manutenção (ml) = peso (kg) x - Identificar e tratar anormalidades pré e pós-renais;
40-60ml/kg/dia + perdas contínuas: 60ml/kg - Excluir outras condições tratáveis: ITU/litíase.
- É bom que o animal seja sondado. A recomendação pra pacientes crônicos é NÃO
⟶ 4. Avaliar a produção urinária: volume desejado: 2 internar, principalmente gatos em função do estresse.
5 ml/kg/hora
⟶ 5. Diurese e reversão da oligúria ⟶ Equilíbrio hídrico: livre acesso à água. Somente nas
- Furosemida: 2 mg/kg - 6 mg/kg IV e observar pelos situações em que o paciente não mantém a hidratação
próx. 30-40min pra ver se o animal urina. Se não urinar, mesmo tomando água. Então, faz-se fluidoterapia SC.
aumenta-se a dose; - Gatos SC: 75-100 ml/dose (1, 2 ou 3 dias);
- Manitol 20%: 0,5-1,5g/kg/15 min, a cada 4-6h. - Cães SC: 40-60 ml/kg.
OBS: se o animal não sofrer poliúria com nenhum dos ⟶ Nutrição: Hill’s k/d e Royan canin Renal são rações
medicamentos, pode ser que o animal piore ou venha terapêuticas. Introduzir em casa e não na internação
a óbito. Se o animal perder peso, ele pode estar principalmente pra gatos – fazem aversão ao alimento
desidratando. e se experimentarem em momento de estresse,
⟶ 6. Controle das alterações eletrolíticas nunca mais vão querer comer novamente. Elas
- Hipercalemia (> 6,5-7 mEq/L): precisam possuir restrição de proteína, restrição de
ECG: distúrbio na condução, bradicardia fósforo, ácidos graxos polinsaturados- ômega 3 e
Fluidoterapia controle Na, K, pH. Deve-se fazer um estímulo a
⟶ 7. Controle das alterações ácido-básicas alimentação como aquecer o alimento e
- Acidose metabólica medicamentos como Ciproheptadina 1-3mg/kg, PO ou
- Fluidoterapia Mirtazapina 1,5-3
- Bicarbonato de sódio 1 a 2 mEq/kg, IV, lenta mg/gato, 72h.
⟶ 8. Tratamento sintomático ⟶ Equilíbrio eletrolítico: fósforo
Anti-eméticos: - Dieta/2-4 semanas x aumenta P = hidróxido de
- Metoclopramida: 0,2-0,4 mg/kg, TID-QID, IV-PO-SC alumínio (30-60 mg/kg/dia TID)
- Clorpromazina: 0,2-0,5 mg/kg, q 6-8h, SC, IM, IV ⟶ Equilíbrio eletrolítico: potássio
- Ondasetrona: 01-0,2 mg/kg, q 8h, SC - Gluconato de potássio: 1-2 mEq/kg/dia < 2,5 mEq/L
- Maropitant: 1 mg/kg, q 24h, SC ⟶ Equilíbrio ácido-básico: acidose metabólica
Anti-secretores: Acidose metabólica:
- Cimetidina 5 - 10 mg/kg PO, IM, IV q 6 – 8h - Bicarbonato de Na PO 8-15 mg/kg, BID/TID
- Ranitidina 0.5 - 2.0 mg/kg PO, IV q 8 – 12
- Famotidina 0.5 - 1.0 mg/kg PO, IM, IV q 12 - 24h ● Sinais clínicos: anemia
- Omeprazole 0.5 - 1.0 mg/kg PO q 24h - Sangramento GI
- Sucralfato 0.5 - 1 g PO q 6 - 8h - Deficiência Fe: sulfato ferroso: 5-20 mg/kg, PO
- Clorexidine (solução a 0,1 a 0,2%) Solução oral q 6 a - Deficiência de eritropoietina (se repõe em HTC
8 horas <20%) com eritropoietina recombinante humana,
onde indução: 100 UI/Kg SC, TIW até HTC desejado - Urinálise por cistocentese, que deve ser enviado pro
(30%) e manutenção: 50-100 UI/Kg SIW ou BIW. A exame qualitativo de urina e cultura/antibiograma. Nos
ação ocorre em 2-8 sem./efeitos colaterais. exames, visualiza-se pH da urina e presença de
⟶ Terapia renoprotetora: redução da proteinúria proteinúria de origem vesical. Na microscopia, vê-se
- Valor da RPC: leucócitos (piúria) e bactérias. Não se indica cultura de
< 0,2 – 0,4 (0,5 cão) urina coletada de outra forma que não seja a
> 0,4 (0,5 cão) cistocentese, pois não há certeza de que a urina seja
- Benazepril: 0,25-0,5 mg/kg, SID-BID, PO – muito estéril.
indicado em pacientes DRC;
- Enalapril: 0,5 mg/kg, SID-BID, PO. ● Agentes mais frequentes:
⟶ Terapia renoprotetora: controle da hipertensão - - E. coli;
Estágio Hipertensão - Staphylococcus;
I >180 mm Hg - Proteus;
II >160 mm Hg - Existem bactérias que produzem a enzima urease,
III >160 mm Hg que na presença da água se converte em uréia, que
IV >160 mm Hg se converte em amônio+dióxido de carbono,
- Benazepril: 0,25-0,5 mg/kg, SID-BID, PO; aumentando a excreção de amônia na urina e
- Amlodipina: 0,125 to 0,25 mg/kg, SID, PO. aumentando também a possiblidade de formação de
urólitos – é a estruvita.
● Sinaisclínicos: sinais GI
- Bloqueador de receptor H2; ● Tratamento:
- Anti-eméticos; Pode-se fazer terapia empírica com fármacos simples,
- Protetor de mucosa; como:
⟶ Amoxicilina: 11-15mg/kg q8h PO;
Doencas do Trato Urinário Inferior: ⟶ Amoxi+Clavulanato: 12,5-25 mg/kg q8h PO;
Distúrbios da Micção: ⟶ Sulfa+Trimetoprim: 15mg/kg q12h PO.
- Disúria (dor); - Estrangúria (esforço);
● Duração do Tratamento:
- Polaquíuria/polaciúria (pouca quantidade);
- Periúria (lugares inapropriados); - Processos agudos/simples: 7 dias;
- Hematúria (sangue na urina). - Crônico/Complicado: 4-6 semanas ou mais.

Infecção de trato urinário (ITU); Urolitíase


Urolitíase; Concreção sólida de diversos formatos formados pela
DTUIF (neoplasia bexiga/uretra, doença prostática e união de íons, presentes no trato urinário. O trato
doença neurogênica). urinário deve fazer eliminação de produtos em forma
solúvel, portanto, o corpo estranho não consegue ser
Infeccão de Trato Urinário (ITU) eliminado.
Decorrentes de bactérias, podendo ocorrer por via Uma das causas discutidas sobre a formação desses
Ascendente (mais comum) ou Hematógena. cristais se dá pela supersaturação por alimentação
Ocorre principalmente pela E. coli por ser muito úmida e excesso de sal.
resistente, mas outras bactérias também pode fazer a A presença de cristais na urina NÃO é sinônimo de
infecção. urolitíase, pois ocorre quando a urina demora pra ser
Não são comuns em gatos como doença de origem. processada depois da coleta.
A sondagem pode ser risco de contaminação do trato A bexiga é o local de predilação pra formação de
urinário. cálculos em cães e gatos.
A presença de glicosaminoglicanos fazem uma barreira Ocorre supersaturação de urina -> os íons se unem -
impermeável na mucosa vesical. Os gatos > formam cristais insolúveis -> formação de urólitos.
possuem menos glicosaminoglicanos e mastócitos
nessa região. ● Os urólitos mais comuns são:
O animal chega com os sintomas urinários, mas sem Podem ser cálculos simples, com 100% de composição
sinais sistêmicos. Na palpação, a bexiga pode estar única. Mas também podem haver cálculos mistos. Isso
menor pelo histórico de urinar toda hora. Pode haver é feito através de análise.
um pouco de dor à palpação vesical.
Alguns animais são assintomáticos, como por exemplo Estruvita: formado por fosfato de magnésio e amônio.
os doentes renais crônicos. Se forma ou pela supersaturação da urina (origem

● Diagnóstico:
estéril), ou porque o animal teve uma infecção de trato O papel da dieta é fazer com que o animal ingira mais
urinário, houve maior conc. de amônio (origem água -> urinando mais -> dissolvendo mais.
bacteriana).
- É favorecido na urina alcalina. Existem raças Doenca do Trato Urinário Inferior dos Felinos
predispostas como coker, labrador, pastor alemão,
basset, etc;
(DTUIF)
- Mais comum em fêmeas; Complexo de sinais clínicos que acometem a vesícula
- Ocorre mais em animais jovens. urinária ou uretra dos gatos domésticos, como
hematúria, disúria, polaquiúria ou estrangúria. Pode ser
Oxalato de Cálcio: prevalência menor em cães. É uma doença obstrutiva ou não.
formado na urina ácida e não tem nada relacionado
com a infecção de trato urinário. Teoricamente, deve- Idiopática: Cistite intersticial (65-80%). Esses animais
se verificar se o animal não possui um aumento da tem um no maior de mastócitos na parede vesical e
excreção do cálcio. um no menor de excreção dos glicosaminoglicanos. A
- Mais comum nos machos; obstrução pode ocorrer em gatos que não possuem
- Shih-Tzu, Lhasa, Yorkshire. urólitos. É chamada de Síndrome de Pandora, a
mucosa inflama sem nenhuma causa. Urólitos:os gatos
Ácido Úrico/Urato de Amônia: mais comum nos fazem onda alcalina da urina depois da ingesta do
dálmatas machos. alimento (4h após alimentação), então, a urina fica mais
concentrada. No caso dos tampões uretrais, também
Cistina e Sílica: são cálculos pouco frequentes. há obstrução, porém não tem urólito.
Raramente a DTUIF será causada por infecção do
Anamnese: trato urinário, EXCETO em gatos que foram sondados
- Raça; várias vezes.
- Sexo;
- Idade; ● Fatores de risco:
- Dieta (acidificante/alcalinizante/ração seca); - Mais comum em animais de 4-5 anos;
- Distúrbio na micção; - Lembrar que o macho pode - Acontece em machos e fêmeas, em machos ocorre
estar obstruído; mais pela obstrução;
- Histórico médico/sinais sistêmicos; - Sedentarismo, estresse e confinamento;
- Medicamentos. - Histórico de dieta seca em geral (o gato precisa se
acostumar a comer ração úmida desde novo);
● Diagnóstico: - Gatos gostam de potes largos, água limpa e fresca,
- Urinálise: hematúria, piúria, protenúria, bacteriúria e pois não gostam de molhar os bigodes – por isso,
cristalúria (mas NÃO indica urolitíase, e sim que está acabam não bebendo água;
concentrada a ponto de fazer união de íons). - Recomenda-se uma caixa de areia e mais uma por
- Cultura e atb. gato. Ex: 2 gatos -> 3 caixas de areia. Sempre em
- RX e US: alguns cálculos podem ser visualizados ambientes em que as pessoas não transitem.
nesses exames.
● Diagnóstico:
● Tratamento: - Urinálise;
⟶ Animal obstruído: o animal precisa ser tranquilizado - Cultura;
com analgésicos e em muitas vezes até anestesiado. - RX e US.
O dedo deve ficar na uretra pélvica e introduzir - Se não houver obstrução: periúria, hematúria, disúria,
solução fisiológica. São as técnicas de estrangúria, polaciúria e lambedura da genitália.
retrohidropropulsão. -Se houver obstrução: vocalização, pênis congesto,
⟶ Animal não obstruído: cistotomia. etc.
OBS: O único cálculo que pode ser dissolvido com
terapia médica é o cálculo de estruvita PURO. Então, ● Tratamento – Uretropatia Obstrutiva:
pode-se optar por: ⟶ Abordagem rápida e eficiente, com coleta de
⟶ Dieta acidificante: Royal Urinay – NaCl, Hill’s – pH sangue pra hemograma e exames bioquímicos.
(5,9 - 6,1) ou Equilibrio Urinary, por 8-10 semanas. ⟶ Procedimento: MUITA paciência
⟶ Se houver relação com infecção bacteriana, se
mantém antibiótico. 1) Analgesia + Anestesia – a sondagem é dolorosa. Ele
Diante dos outros cálculos, a resolução é cirúrgica precisa estar no fluído LENTO, em pequena
associada à dietas de prevenção (normalmente quantidade apenas pra ter acesso venoso;
alcalinizantes ou que aumentam a ingesta de água). 2) Tricotomia;
A recidiva não é incomum.
3) Massagem peniana por mais ou menos 5min – pois Quando isso ocorrer, a sonda pode ser retirada e o
se houver tampão uretral por matriz orgânica, ele animal deve ser observado.
pode ser dissolvido e eliminado pela uretra. Até esse Não há recomendação de usar atb pelo uso da sonda.
momento, enquanto o animal está sendo anestesiado. A recomendação é que após a retirada da sonda e
Pode fazer uma leve pressão vesical; observação, só depois se faça a coleta de cistocentese.
5) Se não houver desobstrução, indica-se a
cistocentese. A agulha deve ser introduzida na região ⟶ Casos de IRA: o animal pode fazer uma diurese
ventral da bexiga, no polo cranial, pois se for pós- obstrutiva, então se mantém o animal em
introduzida no polo caudal a agulha pode escapar. Ela fluidoterapia de hidratação (2-3ml/kg/h). Uréia e
deve ser esvaziada ao máximo. O objetivo é aliviar a Creatinina devem ser avaliadas.
distensão, material pra exames e redução da dor. Se
feita incorretamente, pode haver ruptura de bexiga ou
uroabdome;
6) Sondagem parcial + irrigação com solução salina.
Feita com sonda flexível SEM mandril, introduzindo
2cm da sonda na uretra. Deve ser instilado 100ml da
solução fisiológica – e em gatos hipotérmicos, a
solução deve estar em temperatura ambiente. NUNCA
aquecida. Isso pode causar distensão da uretra, se
movimentando e voltando pra bexiga ou ser removido;
7) Retrohidropopulsão com sondagem total. A uretrostomia só é indicada em animais que NÃO
8) Na prática, em geral a sonda é fixada. Mas no TEM como desobstruir. Mas aumenta a suscetibilidade
máximo por 48h – porém na prática as vezes se à doenças infecciosas.
mantém de 3-5 dias.
Ao passar a sonda, sempre fica indicado fazer a
lavagem vesical até que a urina saia bem clarinha.

Sistema Cardiovascular
● Sinais Clínicos: esquerdo. Então, há sístole ventricular – onde ocorre
- Tosse (mais em cães); o fechamento da valva mitral, para que no momento
- Perda de peso/caquexia; da contração, o fluxo sanguíneo se direcione somente
- Intolerância ao exercício; pra aorta. Se não houver uma boa vedação, parte do
- Ascite; sangue retorna pro átrio – que é o que acontece
- Distrição respiratória (dificuldade); nessa doença. Esse retorno é chamado de
- Síncope; regurgitação, fazendo com que os baroceptores e
-Podem haver pacientes assintomáticos, alguns órgãos note a falta de volume, resultando em
especialmente felinos. uma ativação de mecanismos que tentará repor o
volume.
Degeneracão Mixomatosa da Valva Mitral:
Principal doença cardíaca em cães – 75-85%. O cérebro aumenta a liberação de vasopressina,
Ocorre em todas as raças, mas mais comum em inibindo a diurese pra regular volume no organismo.
pequenas e médias. Ocorre uma vasoconstrição (pra segurar a pressão),
Há maior predisposição para: Poodle, Teckel, Yorkshire aumentando reabsorção de água, aumentando pré
terrier, Shih-tzu e Cavalier King Charles Spaniel (mais carga (retorno que chega ao coração) e pós carga
afetada). (resistência do coração), melhorando a redistribuição
Está ligado à uma característica poligênica (mais de de sangue. Junto com isso, ocorre diminuição da
um gene). perfusão renal pelas células da mácula densa –
Ocorre um espessamento da valva mitral. Isso faz ativando sistema renina-angiotensina-aldosterona,
com a que, ao invés da valva vedar o átrio do fazendo retenção de Na (osmoticamente ativo – onde
ventrículo pra que haja a passagem adequada de tem Na, é possível reter líquido). Pode haver
sangue, ela estará em graus diferentes de abertura, remodelamento cardíaco – alteração morfológica do
causando diversos problemas. coração. Normalmente, essa alteração indica que um
ou ambos os átrios sofreu aumento de tamanho.
Mecanismo Fisiológico Cardiovascular: deve haver
abertura da mitral com contração atrial esquerda,o ● Diagnóstico:
sangue passa do átrio esquerdo e enche o ventrículo - Auscultação – existem alguns graus, são eles:
⟶ Pimobendan – 0,25-0,3 mg/kg PO BID;
⟶ iECA: Benazepril, Enalapril ou Lisinopril;
⟶ Furosemida 2 mg/kg PO BID;
⟶ Dieta.
⟶ Dependendo da gravidade de sinais, pode-se
adicionar um segundo diurético caso a resposta do
primeiro não seja eficiente (10-15 dias):
⟶ Espironolactona 2 mg/kg SID.
- Estágio D: paciente que já teve choque cardiogênico,
piorando progressivamente, etc. Então, aumentamos a
posologia.
⟶ Pimobendan 0,25-0,3 mg/kg PO TID;
⟶ iECA: Benazepril / Enalapril / Lisinopril;
⟶ Furosemida 2 mg/kg PO TID ou Torsemida;
⟶ Dieta;
- Raio-X (possui algumas limitações, mas traz
⟶ Espironolactona 2 mg/kg SID;
informações complementares importantes). O VSH
mede o tamanho do contorno do coração em relação ⟶ Vasodilatação adicional: Anlodipina/ hidralazina.
ao número de vértebras (contagem a partir da T4,
observando quantos corpos vertebrais os eixos curto ● Condições associadas:
-Fibrilação atrial: Diltiazem, Digoxina ou ocasionalmente
e longo somam), que deve ser menor que 11,5 – mas
possui a limitação de mensurarmos apenas a silhueta Amiodarona;
cardíaca e não o coração em si – ou seja, pode haver -Hipertensão pulmonar: se for leve (35-50) –
moderada (50-80) não tratamos. Se for grave (> 80),
acúmulo de gordura ou efusão, que falsamente
aumentam o tamanho do coração – é mais uma Sildenafil 1-2 mg/kd BID/TID. Isso porque os fármacos
pulmonares “fazem mal” pro coração, e vice-versa.
opção pra quando não há possibilidade de fazer um
ecocardiograma. A principal finalidade é buscar
evidência de congestão (edema pulmonar) além de ICC na Emergência
outras enfermidades broncopulmonares; - Insuficiência Miocárdica (há uma queda na
- Ecodopplercardiografia (US cardíaco): traz o máximo contratilidade cardíaca – o átrio aumenta o tamanho e
de informação possível. Toda vez que as cores ficam não contrai de maneira eficiente);
em mosaico, indica turbulência – o sangue regurgita. É - Sobrecarga de pressão ou volume;
importante avaliar parâmetros, como relação átrio - Aumento da rigidez cardíaca (disfunção aórtica).
esquerdo e aorta – NÃO PODE SER AO CONTRÁRIO - Devemos verificar se há perfusão periférica
– (deve ser > 1,6) ou o diâmetro interno do VE em adequada. Podemos ter 4 perfis de congestão:
diástole indexado (deve ser > 1,7) ou normalizado ● Perfil A: boa perfusão e não há retenção de líquido;
(Ved/Peso elevado na 0,294). ● Perfil B: boa perfusão mas com sinal de congestão
(edema pulmonar);
● Estadiamento: ● Perfil L: não tem perfusão adequada mas também
- Estágio A: pacientes com risco de doença cardíaca não tem congestão;
(não possuem sinais clínicos), somente devem ser ● Perfil C: não tem perfusão e tem congestão.
monitorados com frequência (a cada ano fazer um - Nesses pacientes, reduzimos volume com diurese ou
ecocardio e etc); vasodilatação, melhoramos contratilidade e ajustamos a
- Estágio B: pacientes que possuem sopro mas não pressão.
possuem sinais clínicos. Ele é dividido em B1 (não há
remodelamento cardíaco) e B2 (há remodelamento - Se forem B/C:
cardíaco). Pra haver sinal clínico, precisa ter Diuréticos (furosemida);
remodelamento. Tratamos somente o B2 – onde: Venodilatadores (nitroprussiato);
⟶ Pimobendan – 0,25-0,3 mg/kg PO BID (só no Arteriodilatadores (anlodipina ou hidralazina).
estágio que há remodelamento);
⟶ Cuidado nutricional (indicar ração cardíaca); - Se foram L/C:
⟶ Se o aumento atrial for muito significativo, também Melhorar contratilidade (pimobendam e dobutamina);
associa-se o inibidor de ECA, como Benazepril, Enalapril Ajustar a pressão (noradrenalina);
ou Lisinopril.
- Estágio C: há evidência de insuficiência cardíaca e Medidas adicionais:
precisa de tratamento. Normalmente, apresenta sinais - Sedação;
como letargia, prostração, distrição respiratória e - Morfina;
quadro congestivo. Entramos em “triplaterapia”. - Ventilação mecânica;
- Avaliar desidratação, pode ser necessário repor O ECG é obrigatório na emergência: deve-se
volume (o uso inadequado de diurético pode causar identificar possíveis arritmias como fibrilação atrial,
ascite). contração ventricular prematura ou contração atrial
prematura.
Cardiomiopatia Hipertrófica Felina e Na radiografia (só com o paciente estável), deve-se
buscar sinais de congestão e utilizar TFAST na
Tromboembolismo Arterial: emergência.
Principal doença cardíaca dos gatos. O exame que confirma a patologia é a Ecocardiografia.
Se tem predisposição pra raças grandes e peludas,
mas pode ocorrer em outros animais. ● Tratamento:
Nesses animais, ocorre uma hipertrofia ventricular - Oxigenoterapia;
concêntrica esquerda, que é uma anormalidade - Beta-bloqueador: é a droga de escolha pra diminuir
diastólica – não relaxa perfeitamente, impossibilitando FC.
o enchimento adequado do ventrículo e não havendo ⟶ Atenolol (6,25-12,5 mg/gato PO q12-14h).
ejeção, diminuindo o DC e fazendo com que haja uma ⟶ Propanolol (5-10 mg/gato PO q8h-12h).
maior demanda de oxigênio do miocárdio. - Bloqueador de canal de cálcio: em casos de
Ocorre uma taquicardia compensatória por consumo hipertensão. Associado com o beta-bloqueador pode
alto, diminuindo tempo diastólico, impedindo a causar hipotensão – trabalhar com cuidado.
oxigenação correta do miocárdio e favorecendo o ⟶ Diltiazem (10 mg/kg PO q24h).
surgimento de arritmias ventriculares. - Inibidor de ECA:
Aqui, o ventrículo aumenta pra dentro. ⟶ Enalapril (0,5 mg/kg PO q12-24h).
O sopro nesses pacientes não é por disfunção da ⟶ Benazepril (0,25-0,5 mg/kg PO q24h).
mitral, e sim porque a força do músculo é tão grande ⟶ Clopidogrel: para evitar a formação de novos
que a mitral não consegue segurar o fluxo, fazendo trombos.
com que haja regurgitação. Nesse momento, a Não quebra os que já foram formados. > 75 mg/gato
pressão intraatrial aumenta, formando um mega-átrio. no primeiro dia; após, 18,75 mg/gato q 24h.
O mega-átrio pode causar estase sanguínea e
⟶ Pimobendam;
formação de trombos, acometendo o animal com o
⟶ Diurético.
tromboembolismo arterial. Isso se agrava porque os
gatos possuem uma predisposição pra formação de
● Prognóstico:
coágulos.
- CMH: reservado;
- TEA (tromboembolismo arterial): desfavorável.
● Sinais Clínicos: são inespecíficos.
- Taquipneia;
- Dispneia; Arritmias
- Letargia; BAV – Bloqueio Átrio Ventricular:
- Paralisia dos membros pélvicos (comum que ocorra Ocorre um atraso do impulso do átrio pro ventrículo.
no tromboembolismo). O que difere nos graus é o quanto do impulso está
Os objetivos terapêuticos são diminuir frequência atrasado.
cardíaca, aumentar o tempo diastólico, diminuir
agregação plaquetária e melhorar sinais de congestão. ⟶ 1º Grau:
- Atraso na condução do impulso.
● Auscultação cardíaca: - Onda P e depois QRS.
- Sopro sistêmico próximo do esterno; - Ocorre um aumento de distância de 0,13 em cães e
- Sopros podem estar aumentados durante períodos 0,09 em gatos.
de taquicardia; - Não causa muito problema. Deve-se cuidar
- Ritmo de galope (B3); situações/fármacos que diminuem FC.
- Arritmias. - Não há tratamento. Deve ser monitorado.

● Auscultação pulmonar: ⟶ 2º Grau:


- Associado a congestão; - Mobitz Tipo 1: chamado de fenômeno de
- Aumento do som broncovesicular; Wenckenbach. Ocorre um fenômeno chamado de
- Os sons diminuídos ou abolidos indicam efusão pleural. onda P bloqueada onde o intervalo P-QRS aumenta
- Podem haver achados como distensão jugular, má gradativamente. Não há tratamento e também deve-
perfusão, sinais de TEA e pulso femoral se evitar situações que causem queda da FC. Pode ser
diminuído/abolismo. feito o teste da atropina pra ver se a FC sobe após
Não ocorrem alterações laboratoriais específicas. 30 min.
- Mobitz Tipo 2: mesmo com o bloqueio da onda P, a Sinais de fraqueza, intolerância ao exercício como nos
distância não aumenta – fica fixa. É a onda P bloqueada bloqueios.
sozinha. Mesmas condições do tipo 1, associada a uma Mecanismos envolvidos: aumento de automaticidade,
tentativa de tratamento com Propantelina (0,5-2 reentrada e despolarização atrasada.
mg/kg PO BID ou TID), que é um agente
anticolinérgico que pode ser usado cronicamente para ● Predisposição: Boxer e Dobermann, e gatos com
aumentar FC e evitar os bloqueios. hipotireoidismo.
Distúrbios eletrolíticos podem estar associados, como
⟶ 3º Grau: hipocalcemia e hipomagnesemia.
- É sintomático;
● Tratamento:
- Histórico de síncope, fraqueza, intolerância ao
⟶ Amiodarona (5-10 mg/kg PO BIDA) para arritmias
exercício.
refratárias em cães.
- Ocorre um bloqueio entre o átrio e ventrículo do
⟶ Em casos de VPC isolado, pode-se utilizar lidocaína
paciente, funcionando cada um em um ritmo.
sem vasoconstritor (bolus de 1-2 mg/kg seguido de CRI
- Deve ser monitorado com marcapasso (se não
de 0,5 mg/kg/h).
monitorado, chega um momento em que o animal vai
a óbito). Só ocorre em SP ou PR. É muito caro.
● Outras condições:
- Congênitas: persistência do ducto arterioso, estenose
VPC – Complexo Ventricular Prematuro de artéria pulmonar, comunicação inter-atrial,
É o contrário do bloqueio. comunicação inter-ventricular, tetralogia de Fallot
É o impulso cardíaco originado dentro do ventrículo (estenose pulmonar + defeito septal ventricular +
ao invés do nó sinusal. sobreposição da aorta dsv + hipertrofia VD).

Sistema Respiratório
Funções: Cão: 10-35min;
Absorção de gás oxigênio e eliminação de dióxido de Gato: 20-40min.
carbono – é a principal função; - Atitude do animal;
Regulação de pH sanguíneo; - Padrão respiratório:
Proteção contra patógenos e substâncias irritantes Taquipneia: aumento da FR.
inaladas; Pode indicar efusões torácicas, pneumotórax e hérnia
Termorregulação. diafragmática.

● Composição: Bradipneia: diminuição da FR.


Sistema Condutor – Vias Aéreas: Pode indicar depressão respiratória, coma ou
- Condução, umidificação e depuração do ar. hipertensão intracraniana.

Alvéolos: Hiperpneia: aumento da profundidade.


- Hematose. Pode indicar acidose, febre, exercício ou excitação.

Ossos e músculos do tórax e abdômen: Hiperventilação: aumento da ventilação.


- Ventilação.
Obstrutivo: lento e profundo.
● Exame Clínico: Pode indicar paralisia laríngea, colapso ou compressão
Resenha; traqueal.
Anamnese:
- Espirro; Restritivo: aumento da frequência e diminuição da
- Secreção nasal; amplitude.
- Tosse; Típico de problemas no parênquima pulmonar ou
- Ruídos respiratórios; tórax.
- Dispneia;
- Síncope; - Coloração das mucosas;
- Falta de ar. - Auscultação (traquéia – diferenciar sons), entrada do
tórax e nas laterais;
● Inspeção: - Percussão: seios paranasais (suspeita de
- Frequência Respiratória: sinusite/tumoração) e tórax;
- Palpação: narinas, traqueia e tórax.
Animais que apresentam desconforto respiratório ● Tosse:
grave devem ser contidos minimamente pra que eles - Possuem receptores na laringe, traqueia e brônquios.
não fiquem excitados, pois a hiperpneia pode Os alvéolos não costumam causar tosse.
aumentar qualquer obstrução respiratória.
Todos os pacientes com dispneia grave devem ser ● Corrimento Nasal:
oxigenados. Se necessário, podemos sedar
(acepromazina é o mais indicado) e se necessário, Resenha;
fazer uma toracocentese. - Pode ser uni ou bilateral;
- Seroso ou Mucopurulento (com ou sem sangue);
● Oxigênio: - Hemorrágico puro (chamado de epixtase ou
- Pode ser dado por tubo se o paciente permitir, com hemoptise).
menos de 3 cm das narinas. É a maneira menos - Abordagem diagnóstica: > Anamnese: agudo ->
invasiva. corpo estranho, infecções virais felinas ou trauma;
- Pode ser feito por máscara (8-12L/min). crônico -> infecção micótica ou massas
- Colar de Crowe (adaptação do colar elisabetano) –
3,5L/min por 15min. Ele deve ser vedado de 50-75%, ● Sinais Clínicos:
e podem ser colocados cubos de gelo. Unilateral: CE, pólipos ou abcesso dentário;
- Sonda nasal para animais extremamente calmos (50- Bilateral: doenças sistêmicas ou infecções.
150 mL/kg/min). Deve ser medida até o canto medial
do olho e final da narina, elevamos a cabeça do ● Exame clínico: simetria facial, cavidade oral, palpação
paciente. dos linfonodos mandibulares e dos ossos nasais.
Pode causar reflexo de espirro, mas em seguida
normaliza. O ideal é fixar com ponto com bloqueio local ● Exames complementares: Raio X nasal e torácico,
(mais indicado) ou cola cirúrgica. swab nasal, tomografia, rinoscopia, biópsia ou
sanguíneo conforme sintomas.
● Intubação: somente quando os métodos anteriores
não forem suficientes pra melhorar o padrão
respiratório do animal. Doenca Localizada na Cavidade Nasal e Seios
Paranasais
● Traqueostomia: em último caso, se necessitar
Tumor nasal;
intubação por várias horas. Evita o edema de laringe.
Rinite e sinusite crônica:
- Secreção bilateral;
Espirro, Reflexo Expiratório e Tosse - Bactérias de difícil acesso pela cobertura óssea;
Quando agredimos o sistema condutor, ele reage - Realizar cultura e antibiograma.
Pode ser através de espirro, reflexo expiratório e Corpo estranho;
tosse. Aspergilose.
Funções fisiológicas de defesa pra expulsar corpo
estranho, muco excessivo e debris. Distúrbios do Trato Respiratório Inferior
Quando persistente, pode indicar algumas doenças. Pneumonia Bacteriana;
Traqueobronquite Infecciosa.
● Espirro:
- Pode ser devido a um corpo estranho, inflamação da Doenças Sistêmicas:
mucosa nasal e etc. Normalmente ocorre por pólipo Coagulopatias;
ou corpo estranho na cavidade nasal. Leishmaniose visceral;
- Existe o espirro reverso, que indica um estímulo na Hipertensão sistêmica.
nasofaringe. É uma crise respiratória que dura de 1-2
min. Ocorre pelo aprisionamento da epiglote no palato
Tumores Nasais:
mole. As raças menores são mais predispostas em
geral. Após essa ocorrência, o animal normaliza. Na Muito malignos.
ausência de sintomas associados, ensinamos pro tutor Prognóstico ruim – normalmente os animais chegam
algumas manobras como estímulo de deglutição em estágio avançado. Se houver sangramento, o
(ajeitando o posicionamento do palato e epiglote) ou prognóstico é ainda pior.
um “assoprão”. Raças de focinho longo (dolicocefálicas) são mais
predispostos.
● Reflexo Expiratório:
- Respiração rápida pra expulsar algo. Normalmente ● Sinais Clínicos:
dura pouco tempo. - Epixtase (no início não sangra);
- Secreção uni ou bilateral (mucopurulenta - Na osteotomia, uma das complicações é o
hemorrágica); desenvolvimento da síndrome de Horner.
- Aumento do volume nasal; Estertores
- Espirro; Ruídos ou roncos grosseiros e audíveis.
- Epífora (lacrimejamento). Na auscultação, fica exacerbado.
Técnica da Lâmina Fria (se embaçar, tem fluxo). Indicam obstrução de vias aéreas superiores – mais
Técnica do algodão (tem que estar bem desfiado– se frequente lesão de faringe, mas pode ser nasal
movimentar, tem fluxo). também.
● Diagnóstico:
- SOB ANESTESIA.
Síndrome Braquicefálica
- Exame Radiográfico: é mais acessível. Sempre deve Esses animais podem apresentar estenose nasal ou
ser solicitado antes da tomografia. prolongamento do palato mole. Podem ocorrer em
- Tomografia – mas ambos não são definitivos. conjunto também. A origem é genética.
- A partir desses exames, escolhemos entre rinoscopia Ocorre resistência ao fluxo de ar – então o animal
ou biópsia nasal. faz cada vez mais força pra respirar, podendo causar
- O problema da rinoscopia é que o endoscópio precisa eversão e hiperplasia dos sáculos laríngeos
ser pequeno. (reviramento) ou colapso laríngeo pela pressão
negativa intensa.
●Tratamento:
⟶ Cirúrgico; ● Sinais Clínicos:
⟶ Exérese tumoral; - Estertor respiratório;
⟶ Rinotomia dorsal. - Dispneia de grau variado;
- Intolerância a exercício;
O prognóstico pode melhorar com quimioterapia e - Cianose;
radioterapia. Pra animais não tratados, o prognóstico é - O calor e estresse aumentam muito esses sintomas.
péssimo – o animal vem a óbito rapidamente. A ausculta torácica desses animais é muito difícil.
Radiografias torácicas devem ser realizadas pra
descartar possíveis doenças concomitantes ou por
Pólipos Nasofaríngeos Felinos: consequência (esses animais podem desencadear uma
Crescimento benigno. bronquite ou pneumonia).
Mais frequente em animais jovens e com origem
desconhecida. Esses animais podem apresentar cardiomegalia (por
tentar compensar a falta de oxigênio), edema,
Se o animal não permitir exame clínico, o animal pode pneumonia ou hipoplasia traqueal.
ser sedado. A larginoscopia deve ser feita (sob anestesia).
Pode haver associação com vírus respiratório. Inespeção das cavidades nasais.
Muitas vezes, abrindo a boca já é possível a
visualização do pólipo. ● Tratamento:
Podem se estender pra dentro do canal auditivo ⟶ Redução de peso;
externo. ⟶ Restrição de exercícios;
⟶ Em caso de angústia respiratória, o animal deve
● Diagnóstico: ser sedado e receber oxigênio. Pode-se administrar
- Sob anestesia; corticoides (dexametasona – 0,2-1mg/kg ou
- Exame da cavidade oral e otológico – pode-se prednisona/prednisolona – 0,5-1mg/kg). Se a
visualizar um aumento de volumeou o pólipo em si. temperatura estiver elevada, também deve ser feito o
- Eventualmente pode ser visto por exame resfriamento do animal.
radiográfico. ⟶ Os corticoides são bons por inibir o ácido
aracdônico, evitando que haja formação de
● Tratamento: leucotrienos. Se forem aines, por inibir a COX, ocorre
⟶ Extração cirúrgica - tração suave e contínua pela um desvio dos leucotrienos e pode até exacerbar a
cavidade oral. inflamação.
⟶ Eventualmente pode ser removido por
arranchamento, contendo a hemorragia com
compressão.
Estenose nasal
⟶ Se a base do pólipo não puder ser acessada, deve Obstrução da entrada de ar. O animal apresenta
ser feito o acesso por via osteotomia da bula timpânica. principalmente esforço inspiratório, muitas vezes
respirando somente pela boca. Normalmente ficam
muito cansados. O tratamento é a rinoplastia (abertura
nasal), que deve ser feita a partir de 3-4 meses de Geralmente é bilateral e os machos são os mais
idade. afetados, ocorrendo em qualquer idade e raça, mas
sendo mais comum nos cães mais velhos.
Prolongamento de palato mole
Obstrui a passagem de ar pra glote, dificultando a ● Causas:
deglutição. Eles fazem um grande esforço inspiratório. Lesão Nervosa Direta:
No momento do exame, ele já pode imediatamente - Trauma cervical;
fazer a cirurgia caso seja diagnosticado. O tratamento - Inflamação;
é a ressecção do palato mole. - Neoplasia – nesse caso pode ser unilateral;
Polineuropatia e Polimiopatia:
- Podendo ser congênita ou idiopática, é uma
Eversão dos Sáculos Laríngeos degeneração que afeta o nervo laringorrecorrente e
Ocorre um aumento da obstrução de ar e é outros nervos, levando a outros sintomas (paralisia de
considerado o primeiro estágio do colapso de laringe. todo o músculo de inervação de facial ou da coxa.
O tratamento é a ressecção dos sáculos laríngeos Parte do temporal é afundada, as vezes tem um lado
evertidos. mais caído que o outro, músculos da coxa atrofiado)
até mesmo distantes. Pode ser imunomediada ou
● Diagnóstico: também secundária a hipotireoidismo.
- Laringoscopia em decúbito esternal sob anestesia pra
avaliar faringe e laringe.
Pode ser necessária a lateralização das aritenoides,
Miastenia Gravis
que é um tratamento pra paralisia de laringe – na Anquilose
intenção de deixar a laringe mais aberta, aumentando - As articulação da laringe não se movimenta mais pela
a possibilidade de passagem de ar. união das cartilagens.
Depois dos procedimentos, o animal pode ter que Raças Predispostas: mais comum no Golden e Bouvier
fazer uma traqueostomia temporária. O tutor precisa de Flandres. Além de Husky, Bull Terrier, Pastor
ficar ciente disso. Isso ocorre quando o paciente tiver Alemão Branco, Dálmata, Labrador e Cão dos Pirineus.
uma formação de edema exagerado.
● Sinais Clínicos:
Colapso Laríngeo - Estertor respiratório (ronqueira na hora de dormir ou
Ocorre perda da rigidez da cartilagem hialina, podendo após exercícios);
causar obstrução das vias aéreas superiores, num grau - Dispneia inspiratória;
de 1-3. Essa alteração é secundária à obstrução crônica - Intolerância ao exercício;
das vias aéreas superiores. Normalmente ocorre em - Disfonia;
animais com mais de 2 anos de idade. Esses animais - Disfagia (perda do movimento de deglutição, e sua
apresentam angústica respiratória de grau variável, maior complicação é a falsa via que pode causar uma
conforme o grau de colapso. O diagnóstico é a pneumonia). O prognóstico dos pacientes com esse
laringoscopia. Indica-se realizar radiografia torácica. sintoma é reservado.
Indica-se a traqueostomia permanente. Esse orifício
tem tendência a fechar caso o animal tenha uma ● Diagnóstico:
cicatrização excessiva, fazendo com que haja - Laringoscopia direta com sedação leve pra que ainda
intervenção cirúrgica novamente. apareçam os reflexos. Se não houver reflexo de
Ao abrir uma via aérea, o ar não passa pela laringe e fechamento da laringe, é indicativo de paralisia.
nem cordas vocais, então o animal fica mudo. - Importante realizar RX de tórax pra ver se há
pneumonia aspirativa ou edema pulmonar.
OBS: se no momento do exame o movimento é
Paralisia de Laringe paradoxal à respiração (inspira – fecha, expira abre um
Varia de leve a grave. pouquinho), é indicativo de colapso de laringe. O
Ocorre falha das aritenoides em abduzir durante a movimento deve ser contrário.
inspiração, é uma falha na inervação da musculatura. A
cartilagem não se move. Ocorre então uma ● Tratamento Conservador:
“ronqueira”, pois o animal respira e a laringe não se - Glicocorticoides de curta ação (prednisona ou dexa)
mexe. Os sintomas são de leve a grave. porque geralmente o processo da doença cursa com
Os músculos abdutores são inervados pelo laríngeo inflamação;
recorrente. -Antibioticoterapia em caso de pneumonia aspirativa;
Essa paralisia pode levar a um colapso. - Evitar exercícios;
- Evitar ganho de peso;
- Evitar estresse;
- Cirúrgico: lateralização da aritenoide (restrito aos - Bronquite crônica e pneumonia = fatores
animais que só possuem sintomas respiratórios e não complicadores;
digestórios – a unilateral é a mais realizada). A média - Estertor respiratório intenso.
de sobrevida é de 1-5 anos, pois ocorre uma
degeneração que compromete outros músculos ● Diagnóstico:
também, dificultando a deglutição do animal – ele para - RX cervicotorácico: RX na inspiração para ver o
de se se alimentar – portanto, a morte pode ocorrer colapso cervical e RX na expiração para ver o colapso
por desnutrição ou por doenças respiratórias. A torácico.
principal complicação é a falsa via por uma abertura - Broncoscopia – além de diagnostico, auxilia a avaliar
muito grande durante a lateralização, e nesses casos o grau.
indica-se laringectomia - Fluoroscopia.
parcial, traqueostomia permanente ou se nenhum dos -Descartar doenças cardíacas com ecocardiograma.
procedimentos anteriores forem efetivos, indica-se Pode estar associado à doenças cardíacas também.
laringectomia total.
A principal complicação é a pneumonia por aspiração. ● Tratamento:
⟶ Tratar bronquite ou pneumonia;
● Tratamento Emergencial: ⟶ Sempre tentar o tratamento conservador
⟶ Fluidoterapia e Oxigênio; primeiro;
⟶ Cães com hipertermia (>41oC): sedativos, banhos ⟶ Não usar coleira;
de água fria e aplicação de álcoo. Pode ser colocado ⟶ Perder peso, pois muita gordura na região cervical
na frente de ventilador e dipirona pra baixar a é onde há mais incidência de colapso;
temperatura; ⟶ Não fazer exercícios;
⟶ Na suspeita de edema de laringe, corticoides ⟶ Evitar calor e stress;
(predinosa e dexa); ⟶ Ansiolíticos se necessário;
⟶ Estabilização e posteriormente cirurgia. ⟶ Fenobarbital: quando sabe-se que haverá um
evento estressante (ano novo);
● Colapso de Traqueia: ⟶ Antitussígeno – para melhor a inflamação e
Obstrução causada por flacidez e achatamento interromper a tosse;
cartilaginoso, graduada em grau I, II, III e IV. ⟶Broncodilatadores quando o animal tem bronquite
Pode ser: crônica;
- Congênito: sintomas entre 1 e 2 anos – tutor ⟶ Corticoide – CURTO PERÍODO – 5 dias em dose
referencia roncos. Mais comum no yorkshire e antiinflamatórios;
pinscher; - Tratar doenças cardíacas concomitantes;
- Adquirida: nutrição, desordens neurológicas e - Tratamento cirúrgico em cães com obstrução grave
degeneração da matriz cartilaginosa. ou sem resultado no tratamento clínico.

Grau I e II podem ser tratados clinicamente. Tosse


Graus III e IV também são tratados clinicamente Sequência de reflexos que acontecem na intenção de
(conservador), mas se não responderem ao expulsar o fator patógeno.
tratamento, faz-se tratamento cirúrgico. Localização dos receptores da tosse: laringe, traqueia
e brônquios.
● Sinais clínicos:
- Colapso cervical: mais comum na forma congênita. A compressão súbita das vias aéreas causada pela
Ocorre a obstrução inspiratória. tosse pode causar ou exacerbar uma traqueíte ou
- Colpaso torácico: mais comum na forma adquirida. bronquite.
Ocorre a obstrução expiratória. Podem ocorrer alterações degenerativas, resultando
- O colapso pode ser dinâmico e ocorrer durante uma em colapso bronquial e bronquiectasia.
determinada fase da respiração: inspiratório -> cervical;
expiratório -> torácico. ● Estímulos geradores de tosse:
- Tosse não produtiva também chamada de grasnar - Inflamação;
de ganso; - Mecânico;
- Tosse induzida à palpação caso o animal não esteja - Químico;
com tosse. Então, o reflexo de tosse é positivo e o - Térmico (normalmente frio).
animal não para mais de tossir;
- Estalo no final da expiração – indica colapso ● Origem da Tosse:
brônquico além do colapso da traqueia (mau - Laringe: sob forma de ataque, pode ser violenta e
prognostico – nem se indica ciru). Dificilmente visto no por vezes é acompanhada de vômitos de muco ou
RX; saliva.
- Traqueia: tipo ruidoso, explosivo, semelhante a latido. - Manter o animal em um ambiente limpo, removendo
- Brônquios: na fase aguda não é fácil de diferenciar todas as substâncias nocivas (cigarro, pó, spray de
da traqueíte. limpeza ou desodorantes);
- Caminhadas leves (sempre devagar, na intenção de
● Histórico: movimentar o animal e descolar o muco, abrindo as
- Duração; vias aéreas pequenas);
- Característica; - Uso de peiteiras para substituir coleira;
- Momento da tosse: nortuna -> coração, edema ou - Nebulização (pode ser levar o animal pro banheiro
colapso de traqueia; diurna -> pneumonias, processos no momento do banho do tutor, ou com nebulizador
infecciosos, bronquite, bronquiectasia, doenças com NaCl 0,9% de 10-20min;
parasitárias, alérgias ou neoplásicas; dionoturna -> - Redução de peso.
progressão de problema cardíaco ou psicogênica;
após refeição -> obstrução das vias aéreas superiores, ● Abordagem medicamentosa:
paralisia laríngea ou distúrbio esofágico. ⟶Antitussígenos pra quando a tosse for incessante,
- Pedir gravação. mesmo que seja produtiva. Butorfanol (0,5mg/kg VO
a cada 6-12h) ou Codeína 1mg/kg VO a cada 6-8h.
● Classificação: ⟶Corticoides de inalação: fluticasone, beclometasona
- Aguda: menos 3 semanas - ex: Infecção viral do trato ou budesonide. Sempre solicitar o uso de espaçador
respiratório superior. pra inalação de criança e adaptar uma máscara.
- Crônica: mais de 8 semanas. É nesse caso que ela ⟶ Mucolítico: reduz a viscosidade do muco e falicita
se torna importante e deve ser tratada. sua expectoração. N-Acetilcisteína: inalação sol. a 20%
- Produtiva: formação do muco ou expectoração de - 5/15min, ou VO 10 mg/kg BID.
pus. ⟶ Broncodilatadores: reduz broncoespasmo e a
- Seca. inalação é preferível à oral. Salbutanol/albuterol: 0,02 -
- Persistente; 0,05 mg/kg BID ou TID, Aminofilina: 10 mg/kg TID ou
- Paroxística. ⟶ Terbutalina: VO 1,25 a 5 mg/animal TID - na
inalação, 0,15 a 0,5 mg/kg TID.
● Causas:
- Colapso das vias aéreas; Hipoplasia Traqueal
- Inflamação e irritação das vias aéreas; É o estreitamento do lúmen traqueal por má
- Cardiogênica: causada por aumento de átrio formação congênita com predisposição em
esquerdo (cardiomegalia) ou edema pulmonar; braquicefálicos. Essa traqueia é normalmente mais
- Broncopneumonia.; rígida.
- Neoplasia pulmonar (metástase ou primária).
● Sinais Clínicos:
● Exame específico: - Pode estar associado à uma angústia respiratório
- Percussão: se houver pneumotórax, há percussão continua;
timpânica. Se houver consolidação pulmonar ou - Tosse;
efusão, há percussão maciça. - Traqueíte recidivante;
- Palpação: tanto da traqueia quanto da laringe, - Broncopneumonia;
estimulando reflexo da tosse. - Problemas cardíacos.
- Auscultação: auscultar traqueia e pulmões.
● Diagnóstico:
● Exames complementares: - RX: faz-se um índice pro cálculo do lúmen traqueal.
- Hemograma: pode haver anemia com processo Dividimos entrada torácica pelo tamanho da traqueia
inflamatório crônico ou policetemia compensatória por na entrada do tórax – se for menor que 0,2, é
hipóxia. Pode haver também eosinofilia em casos de indicativo de hipoplasia traqueal.
infiltração pulmonar ou leucocitose com neutrofilia em - 5 meses de idade (crises de tosse ou diminuição da
casos de pneumonia bacteriana. traqueia à palpação).
- Bioquímicos: para check-up.
- Parasitológico. ● Tratamento:
- RX de tórax (muito importante). ⟶ Sintomático: conforme o que animal apresentar,
- Lavado traqueal para citologia e microbiológico. administramos atb, broncodilatadores, antitussígenos,
- Avaliação cardiológica. perda de peso e evitar estresse e agitação.
● Abordagem não medicamentosa:
Bronquite Crônica Canina
Inflamação crônica causada por infecção, alergia,
toxinas. Ocorre mais em cães de meia idade ou idoso ● Tratamento:
e raças pequenas. ⟶ Antibioticoterapia com base no citológico (1 semana
Esses animais têm tosse crônica de progressão lenta após resolução – repetir lavado em alguns casos);
que piora com estresse e pode ter como complicação - Posteriormente com base na cultura e antibiograma:
frequente o aparecimento de infecções bacterianas, ⟶ Amoxicilina com clavulanato, onde:
hipertensão pulmonar, micoplasma e bronquiectasia. CÃES 20-25 mg/kg, TID
No exame físico se nota aumento dos sons GATOS 10-20 mg/kg TID
respiratórios, creptações e sibilos e pode apresentar ⟶ Sulfonamida - trimetoprim: 15 mg/kg, BID ou
estalo ao final da expiração (colapso brônquico) Cefalexina 20-40 mg/kg TID.
indicando uma doença mais avançada. Pode haver
vômito pós tosse. Doenças Infecciosas do Trato Respiratório de
Cães
● Diagnóstico: associar os sinais clínicos com o RX de
tórax (normalmente há padrão brônquico), lavado Trato Respiratório Alto
broncoalveolar (citologia, bacteriológico e micológico) e Cavidade nasal, seios nasais, faringe, laringe, traqueia
broncoscopia. e grandes brônquios.

● Tratamento: individualizado. Trato Respiratório Baixo


⟶ Deve-se evitar fatores alérgenos. Fazer profilaxia Brônquios menores, bronquíolos e parênquima
dentaria em casos de doença periodontal moderada- pulmonar.
severa.
⟶Manter a hidratação (não administrar diuréticos), Lavado Traqueal/Bronquial
submeter o animal à um vaporizador ou vapor do O objetivo é coletar material direto do trato
banheiro diariamente e fazer controle de peso. respiratório sem encostar na boca, diminuindo a
⟶ O uso de broncodilatadores também é contaminação.
preconizado (Teofilina: cão -> 9mg/kg TID; gato -> Devem ser feitos três exames: bacteriológico com
4mg/kg BID – ou de longa ação, onde cão: 10 mg/kg antibiograma, micológico e citológico.
BID; gato -> 15 mg/kg SID a noite), além de corticoides OBS: a intensidade da tosse NÃO tem relação com a
(prednisona/prednisolona 0,5 mg/kg BID por 1 semana) gravidade das doenças.
e inibidores de tosse como precaução. Pode não ser
totalmente curada, mas com controle dos sintomas há Traqueobronquite Infecciosa Canina:
um bom prognóstico. Também chamada de tosse dos canis ou gripe dos
cães.
Pneumonia Bacteriana: Atinge todos os cães, mas é mais grave em cães
Causada pela Bordetella bronchiseptica, treptococcus jovens e braquicefálicos (pela complicação anatômica).
spp., Staphilococcus spp., Pasteurella
spp., Klebsiella spp., Proteusspp. ou Pseudomonas spp. Forma não complicada: é a mais comum e atinge o
As bactérias podem colonizar as vias aéreas, os trato respiratório superior. É menos grave apesar dos
alvéolos ou o interstício podendo levar a uma sinais clínicos exacerbado, o prognóstico geralmente é
BRONQUITE BACTERIANA (vias aéreas), favorável.
BRONCOPNEUMONIA OU PNEUMONIA BACTERIANA
(vias aéreas, alvéolos e interstício). Forma complicada: quando a doença atinge o trato
respiratório inferior/baixo.
● Sinais clínicos:
- Tosse (geralmente produtiva); ● Etiologia: o agente mais comum é o vírus da
- Corrimento nasal mucopurulento bilateral; Parainfluenza canina (Paramyxovírus da família
- Dispneia (angústia respiratória); Paramyxoviridae). É envelopado (mais frágil) e de RNA.
- Intolerância ao exercício; A transmissibilidade é aerógena, através de secreções
- Letargia; respiratórias e saliva – portanto, se espalha muito
- Anorexia; rápido em uma população canina. Por isso, os surtos
- Febre; são frequentes em estabelecimentos onde os animais
- Crepitações e sibilos expiratórios à ausculta pulmonar; ficam aglomerados. Pessoas podem espalhar o vírus
em contato com outros animais.
● Diagnóstico: - Em segundo lugar: Bordetella bronchiseptica. São
- Exame Raio X; habitantes normais do trato respiratório alto dos
- Hemograma; mamíferos. Existem cepas adaptadas a cada espécie.
- Lavado traqueal - Cultura bacteriológica e micológico; Se torna patogênico devido à fatores predisponentes
– o mais comum é a infecção viral (parainfluenza ou ● Sinais Clínicos:
cinomose). Porém, pode causar a doença por si só Forma Não Complicada:
também. Essa bactéria pode ter potencial zoonótico - Período de incubação curto.
para pessoas com imunodepressão grave (HIV - Tosse produtiva (importante perguntar se outros
positivoou crianças). contactantes também tossem). Essa tosse
- Pasteurella, bactérias Coccos, Escherichia coli (se normalmente é muito intensa e alta (são acessos/crises
dissemina por infecção), Klebsciella (é mais frequente de tosse), podendo até fincar as unhas no chão ou
e preocupa pela tendência à arrepiar os pelos. É comum que ao final dessa tosse o
resistência/multirresistência), Pseudomonas, etc. animal expectore (pra fora ou mesmo engolir). Essa
- Essa infecção pode ser única ou múltipla. secreção é espumosa, que pode variar de branco a
- Alguns outros vírus também podem causar a amarelada/esverdeada.
infecção, como Reovírus, Adenovírus (CAV 2 – - Secreção nasal bilateral que pode variar de serosa a
presente nas vacinas dos cães), Herpesvírus, etc. mucoide/mucopurulenta. Pode ser pouca ou
abundante.
● Fatores predisponentes: - Secreção ocular bilateral.
- Idade: animais mais jovens tendem a ter doenças - Normalmente não apresenta febre. No máximo,
mais graves. febrícola.
- Raça: a braquicefalia é um fator agravante. Animais - Esse animal se alimenta, fica disposto (não abatido,
com colapso traqueal (York, poodle, shih tzu). etc).
- Acúmulo de animais: pela grande possibilidade de - Tende a ser auto limitante (7-15 dias).
expansão da doença. - Importante estar atento, pois pode evoluir para
- Temperatura/umidade: quando o animal respira em complicada após descer pelo trato respiratório,
umambiente frio e úmido, ele resfria o trato alto e causando um agravamento sistêmico do paciente.
baixa a imunidade do local.
- Imunodepressão. Forma Complicada:
- Copatogenia: presença de outras doenças - Tosse produtiva de menor intensidade. Se o paciente
concomitantes que podem resultar na estiver com o esputo seco (principalmente com febre
traqueobronquite. e desidratado), ela parece não produtiva porque o
- Deficiência de IgA. animal não consegue eliminá-lo. Por isso, o animal deve
- Coleira apertada/enforcador. ser bem auscultado, na busca de sons extertores.
- Pacientes com hábito de passear “arrastando” o - Abatido.
proprietário. - Hiporético/anorético.
- Pacientes que vivem em ambientes com muita - Tendência a desidratação.
poeira. - Febre.
- Cardiomiopatia dilatada.
- Hipoplasia traqueal. ● Diagnóstico:
- Na nossa realidade, não existem exames específicos
● Patogenia: o vírus limita a multiplicação no trato para as formas virais. Por isso, fazemos um diagnóstico
respiratório (normalmente alto – forma não presuntivo e diferencial de cinomose.
complicada). - No caso das bactérias, é importante fazer um lavado
- Sempre houver patogenia bacteriana, o prognóstico traqueal. O mais simples é anestesiar o animal, passar
é pior. No caso da Bordetella, por causar ciliostase um traqueotubo estéril, procurando não encostar na
(paralisação dos cílios), ocorre um acúmulo de boca do animal. Então, intubamos de forma
secreção no trato respiratório. Nas infecções orotraqueal, e por dentro do traqueotubo, passamos
superficiais, é difícil que as células da imunidade uma sonda longa (esofágica, urinária só em pequenos)
cheguem nesses agentes infecciosos. Por isso, o também estéril, onde colocamos solução fisiológica
tratamento é demorado (pode levar semanas). morna (37oC) e aspirar imediatamente. Esse volume
- A desidratação é um grande complicador da doença, aspirado é normalmente muito pequeno, mas ele já
principalmente com a febre. Pois as vias aéreas ficam permite que os 3 exames sejam feitos. O volume é
secas, dificultando a eliminação do esputo. Por isso a de normalmente 1mL por kg (NUNCA passar de 20mL)
nebulização é um tratamento auxiliar importante – então, é perigoso. Estar atento aos sinais
nesses casos. respiratórios que o animal vai apresentar (normalmente
extertor e tosse).
-Forma não complicada: cursa com traqueíte, A solução é rapidamente absorvida pela mucosa
bronquite, faringite e rinite. respiratória, por isso, se o animal estiver muito
- Forma complicada: cursa com broncopneumonia. comprometido com secreção respiratória ou edema
pulmonar, o quadro pode ser agravado – então,
sempre adaptamos o volume de soro conforme o
estado do paciente. Essa é a forma não invasiva. Se o Quando o paciente vai melhorando, a quantidade do
paciente ficar muito “afogado”, administrar furosemida. esputo e tosse aumentam naturalmente – portanto,
não é significativo de piora do paciente. ⟶
- Lavado transtraqueal: o cateter fica preso na traqueia. Hemogramas seriados são bons aliados para
Pode ser feito com cateter venoso ou agulha (mais acompanhar esse paciente – o desvio pode aumentar
perigoso com agulha pela rigidez). É bom que o animal no início, mas depois diminui. Se o paciente não
esteja sedado (no mínimo). Então, o líquido é colocado melhorar, o tratamento está errado – nesse caso,
dentro da traqueia. A posição correta é com o alertar o tutor sobre a possibilidade do lavado traqueal
pescoço opistótono em decúbito esternal, mas muitas (há risco de óbito).
vezes o líquido desce e dificulta a manobra. Então, em ⟶ Resguardar o animal do frio e cuidar os fatores
geral, o animal fica em decúbito lateral e erguemos um predisponentes.
pouco a parte posterior do animal (com anestesia
geral). Forma Complicada:
A vantagem desse lavado, é a diminuição da ⟶ Nebulização: pode ser feita com antibióticos como
contaminação. A desvantagem é o risco – pode causar Gentamicina, Amicacina ou Polimixina B (melhor de
enfisema subcutâneo ou perfuração traqueal. O ideal todos, mas difícil conseguir, além de ser cara). Sessões
é utilizar um cateter longo – pois ele vai até os de 20min, uma vez por turno, de preferência com
brônquios, gerando um resultado mais fidedigno de máscara – mas em último caso, faz-se nebulização
agente etiológico. É comum sangrar – mas essas ambiental (mas a eficácia com a antibiótico é quase 0).
hemorragias normalmente não são importantes, mas ⟶ Antibióticos se a etiologia for bacteriana.
sabotam o exame citológico. ⟶ NÃO usar antitussígeno.
⟶ Se o paciente tiver comprometimento pulmonar
- Broncoscopia: é um excelente exame, mas é um grave (principalmente edema pulmonar), NÃO
exame raro e caro. ADIANTA usar AINE por não funcionar no trato baixo.
Optar pelo corticoide.
- Raio X de Tórax: na forma não complicada, só ajuda ⟶ Mucolíticos: Acetilsisteína ou Carbocisteína. Mas
pra dizer que não há alteração, servindo de diagnóstico nunca misturar com outra medicação oral (esperar
diferencial. E na forma complicada, só aparece uma pelo menos 2h entre ele e outra medicação), pois
imagem de broncopneumonia, porém, pode ter várias pode fornecer enxofre pras moléculas de outras
etiologias (viral, bacteriana, fúngica, neoplásica). Por isso, fármacos e ao desnaturá-las, perder eficácia. NÃO É
é importante muita experiência do radiologista. EXPECTORANTE.
⟶ Não parar o tratamento cedo mesmo que o animal
- Hemograma: na forma não complicada, há neutrofilia melhore. Essa antibioticoterapia tem que se feita NO
sem desvio, linfopenia moderada/pequena se for MÍNIMO por 10 dias, mas o ideal é 2 semanas.
etiologia viral (hemograma de estresse). Na forma
complicada, há leucocitose e com certa frequência, o ● Profilaxia:
desvio (hemograma infeccioso). - Vacinas: polivalente ou específica para
traqueobronquite. Porém, a eficácia não é muito
● Tratamento: grande – então, mesmo um animal vacinado pode
Forma Não Complicada: consiste em aliviar a tosse: desenvolver a doença, mas de forma menos intensa.
⟶ Em geral, AINE’s: Meloxicam. A vacina tópica nasal é mais eficaz por estimular a
⟶ Em casos de tosse muito intensa, corticoides em produção de IgA, mas é mais trabalhosa.
dose BAIXA: menor que 0,5mg/kg de Prednisona, por - Afastar os animais e fazer diagnóstico diferencial de
causar imunodepressão. Mas sempre que der, evitar. outras patologias que cursam com tosse.
⟶ Antitussígeno: mas o paciente deve ser BEM
avaliado, pois se o animal tiver esputo purulento, esse
esputo vai ficar retido. Utilizamos quando o esputo é Complexo Respiratório Felino
pouco abundante os antitussígenos menos potentes
pra reduzir intensidade e frequência da tosse, como a
Cloperastina. Antitussigenos opioides podem causar Rinotraqueíte Viral Felina
acúmulo de esputo no paciente nesses casos. Também chamada de gripe dos gatos.
⟶ Antibióticos somente na presença de secreção Causada pelo herpesvírus felino do tipo 1. É envelopado
amarelada/esverdeada. Indica-se Amoxicilina COM – portanto, frágil no ambiente. Seu material genético
Clavulanato (bem seguros), Fluoroquinolona, Doxiciclina é DNA.
ou Cefalosporinas. Se fizermos atb empírica, o animal
precisa apresentar melhora clínica em 48h (redução Os maiores problemas são:
da febre, melhora da disposição e apetite do paciente). - Disseminação aerógena, por isso o principal sinal
clínico é o espirro. Portanto, o vírus é eliminado pelo
espirro ou pelas secreções do corpo. Normalmente, - Espirros paroxísticos.
quando um paciente se contamina com o herpesvírus, - Secreção nasal bilateral serosa ou mucopurulenta
ele permanece sempre com o genoma do vírus (bastante ou pouca).
incorporado nas células do corpo dele – não significa - Perda de olfato temporário.
que o animal viva doente, mas ela pode se manifestar - Úlceras na cavidade oral.
novamente em casos de estresse ou uso prolongado - Anorexia – param de comer pela perda olfativa e
de corticoides. No caso dos gatos estressados, eles pelas úlceras.
eliminam o vírus através da saliva de forma - Febre.
assintomática. - Obstrução nasal.
- Provoca necrose nas células infectadas, mas é - Respiração com a boca aberta/entreaberta.
dependente da temperatura corporal do animal – só - Gatos braquicefálicos: necrose e deformação dos
se multiplica em epitélios frios. Então, no gato, sua ossos etimoturbinados, podendo desenvolver sinusite
multiplicação é limitada nas cavidades nasal e oral, recorrente.
faringe e superfície ocular (principalmente córnea e - Sialorreia (saliva espumosa) – reação à dor pelas
conjuntivas oculares). Se a temperatura do animal úlceras.
baixar, ele corre um risco enorme porque a - Secreção ocular e infecção da córnea do gato,
multiplicação irá ocorrer em qualquer tecido, causando desenvolvendo úlceras de córnea. As úlceras mais
extensas áreas de necrose e podendo levar o animal comuns são as tradicionais, mas existe um tipo de
à óbito. Por isso, nunca deixar os animais chegarem na úlcera patognomônica de infecção por herpesvírus.
hipotermia. Essas úlceras são chamadas de dendríticas, parecidas
- É um vírus de alta difusibilidade. com ramificações. São muito dolorosas e raras,
- O animal precisa ficar completamente isolado do podendo ocorrer em gatos, humanos e equinos.
restante dos animais, e o tratamento deve ser feito Exigem tratamento prolongado e colírio antiviral de
pro último. Sempre usar luvas pra evitar que o vírus Aciclovir.
fique mais tempo na nossa pele. - Em casos muito graves, pode haver
Animais que fazem tricotomia e possuem a doença comprometimento das mucosas oculares, causando
podem desenvolver lesões herpéticas na pela quemose. Mas não é patognomônico de rinotraqueíte.
tricotomizada por ficar mais fria. O animal acaba coçando e machucando com as unhas,
As pessoas que lidam com esses animais representam causando lesões graves nos olhos.
um papel importante na disseminação do vírus, pois - O gato desenvolve sequestro corneano, que é uma
em contato com a pele humana suada, o tempo de lesão de necrosa da córnea, que fica com aspecto
vida do vírus aumenta. negro ou marrom escuro. O herpesvírus pode causar
Não é zoonótico. essa lesão, mas não é patognomônico da doença. É
O gato infectado pode apresentar doença moderada, mais comum em gatos exoftálmicos (gatos
leve ou não ficar doente e tornar-se apenas portador. braquicefálicos com olhos saltados). A correção é
O gato recuperado ou vacinado também pode adquirir cirúrgica e a recidiva é recorrente.
o vírus e tornarem-se portadores, mas as chances são - Pode haver sequelas como aderência da pálpebra
menores. inferior na 3a pálpebra, ou a conjuntivalização (quando
O animal elimina o vírus quando está doente ou ele perde a margem de limite do crescimento da
recuperado, mas se estiver recuperado esse período conjuntiva com a córnea, então a conjuntiva cresce
varia de 10-14 dias no máximo, mas não elimina sempre. por cima da córnea. É mais frequente em felinos
É uma eliminação de curta duração – porém, pode jovens, mas normalmente responde bem ao
eliminar várias vezes. tratamento com colírio de iodopovidona. Também
A gata portadora do vírus costuma eliminar ele nas podem desenvolver rinite atrófica ou rinite plasmacítica
secreções sem sintomas, e no final da lactação – (inflamação da cavidade nasal com formação de
contaminando os filhotes. Por isso, em gatas de pólipos).
reprodução que são portadoras, recomenda-se o - Jamais administrar corticoide se houver lesão de
desmame precoce com 30 dias do filhote, pois nesses córnea, pois ele impede sua regeneração e pode
primeiros dias o animal ainda estará protegido pelos causar perfuração do globo ocular – seja tópico ou
anticorpos colostrais da mãe. sistêmico.
O prognóstico em gatos adultos é favorável, exceto - Aborto. Esse vírus é a principal causa de aborto em
em gatos braquicefálicos. Em filhotes, o prognóstico é gatas quando a doença está no estágio de doença
reservado. clínica. Mesmo que ela não desenvolva os sinais
Gatos portadores de FIV/FELV são mais suscetíveis a clínicos, ela pode apresentar abortos intermitentes (em
apresentar a doença de forma mais grave ou algumas aborta e em outras não) por uma necrose
duradoura. nos sítios de fixação da placenta no endométrio.

● Sinais Clínicos: ● Diagnóstico:


- Normalmente é baseado nos sinais clínicos. - Sialorreia.
- Se tiver mais de um animal espirrando no ambiente, - Respiração com boca entreaberta.
é praticamente certo que é rinotraqueíte. - Podem haver sinais de espirro pela lesão na mucosa
- Isolamento viral com swab da mucosa do gato. Mas oral. Pode haver secreção nasal.
é raro quem faça no BR – apenas em laboratórios de - Causa aumento de temperatura corporal.
virologia. Para descobrir se um animal são é portador - Dificuldade de deglutição.
do vírus, dá-se uma dose de dexametasona e a partir - Podem desenvolver a “faucite”.
do 4o dia, inicia-se o cultivo da orofaringe do animal. - Pode causar ulceração na parte sem pelo do nariz.
- Deve ser feito diagnóstico diferencial. - Síndrome da manqueira – é uma miosite onde o
- Os gatos com rinotraqueíte que nunca curam devem gato apresenta dor muscular e claudicação.
ser verificados para FIV/FELV e clamidiose.
Geralmente acontece em um membro e depois
● Tratamento: é sintomático. passar para os outros membros. É autolimitante e
- Nutrição: o pior recurso é usar os orexígenos por pouco comum.
serem menos eficazes. O animal precisa ser forçado a - Existe um mutante do vírus que causa uma doença
comer – ele deve comer o que quiser, mesmo que sistêmica e ocorre em ambientes multigatos. Esses
não seja adequado (carne crua, AD, creme de leite, ou animais normalmente morrem por insuficiência múltipla
mesmo o buffetzinho). Se o animal não quiser comer de órgãos. Essa cepa não foi encontrada no Brasil.
de jeito nenhum (não dar forçada com seringa porque
vai tudo pro pulmão), aí optamos pela sonda
nasoesofágica se o animal não comer em 24h, ou a ● Diagnóstico:
sonda esofágica (é vantajosa pela facilidade de - Normalmente sintomático, especialmente com febre,
administração de alimento, mas precisa de anestesia úlceras orais e síndrome respiratória.
geral). Se optar pela Mirtazapina, não podemos esperar
pelo resultado – se não comer, parar de administrar. ● Tratamento: também é sintomático.
⟶Antibiótico: em casos de secreção mucopurulenta ⟶ Não tem indicação para medicamentos tópicos
ou comprometimento pulmonar. As fluoroquinolonas virais.
são perigosas. A enrofloxacina não pode ser usada por ⟶ Não existe tratamento antiviral específico.
mais de 7 dias, e deve ser administrada SID. ⟶ AINE’S são boas alternativas, mas quando não
⟶ AINE’S: são muito benéficos. O mais utilizado é o respondem – por exemplo na síndrome da manqueira,
meloxicam. administramos o corticoide.
⟶ Corticoides não são indicados.
⟶ Em casos de febre, administrar diporona. ● Profilaxia: vacinação.
⟶ Em casos de úlcera bucal, aplicar lidocaína nas
úlceras (apesar de não durar muito tempo). Clamidiose Felina
⟶ A L Lisina e B12 podem ser utilizadas para É causada por uma Chlamydophila (clamídia).
suplementar. É zoonose.
⟶ No caso de comprometimento ocular, aplicar São agentes de multiplicação intracelular obrigatória,
colírios com aine (dicoflenaco por exemplo). formando grandes corpúsculos de inclusão –
⟶ Administrar um epitelizante (são pomadas). chamados de mórulas.
⟶ Antibiótico ocular também.
Quanto utilizamos a vacina, o animal não pode entrar ● Sinais Clínicos:
em contato através da mucosa com a vacina, pois ele - Conjuntivite severa que inicia unilateral e transmite
pode se infectar com o herpesvirus vacinal e pro outro lado, virando bilateral. Não afeta a córnea do
desenvolver a rinotraqueíte (geralmente é branda). O gato.
período de incubação é muito curto. - Quemose.
- Espirros – pode haver secreção nasal.
Calicivirose Felina - Pode ser pulmonar mas é de difícil diagnóstico
Causada pelo Calicivírus felino, de RNA e sem envelope (sorológico ou lavado traqueal c/ citologia).
– resistente.
● Diagnóstico:
● Sinais Clínicos: - Citologia por raspado da conjuntiva palpebral do gato
- Causa doença clínica com manifestação (SEM SECREÇÃO) com swab.
principalmente oral – a marca registrada são as úlceras
bucais. ● Tratamento:
Normalmente tendem a aumentar e são bem ⟶ Doxiciclina oral + Oxitetraciclina tópico (pomada).
dolorosas. Nesse tratamento, o prognóstico é bom.
Micoplasmose Pulmonar Felina:
● Profilaxia: Causada pelo Mycoplasma felis, é rara e com
- Evitar contato de gatos com passarinhos. diagnóstico extremamente difícil.
- Isolar animais doentes.
- Vacinação (apenas algumas possuem a clamídia).

Doenças Polissistêmicas
Cinomose - Ação imunomediada: quando o organismo começa
Virose mais importante dos cães. combate ao vírus, ele combate também áreas que
Causada pelo vírus Morbillivirus, da família não devera combater, destruindo outros tecidos junto
Paramyxoviridae. É um vírus envelopado (frágil). com o vírus. Isso é característico no SNC. Quando a
Apesar de aconselharmos o tutor a adquirir outro bainha de mielina é rompida devido à infecção dos
animal após a morte de outro por cinomose por 6 astrócitos, as cél. de Scwhan são destruídas, e aí além
meses, os estudos comprovam que a durabilidade varia do corpo combater o vírus, ele também combate a
de 2-4 semanas. É um vírus de RNA. mielina.
Ocorre em canídeos, mustelídeos e o mão pelada. Nos - No trato respiratório, o vírus normalmente vai ter
silvestres, a doença sempre é mais grave. uma copatogenia bacteriana. No trato digestório e na
Não é zoonose. pele, a patogenia é só viral. Nos olhos, o vírus ataca
Filhotes são mais suscetíveis, mas pode ocorrer em muito a glândula lacrimal, tornando o olho seco.
qualquer idade. - O vírus produz corpúsculo de inclusão, chamados de
É eliminado pela urina, fezes, secreções respiratórias corpúsculos de Lentz – ocorre na fase aguda. Só
– disseminação aerógena. Por isso, a aglomeração dos acontecem quando o vírus está no corpo, então,
animais é um fator predisponente. quando um animal tem apenas sequelas de cinomose,
Ocorre em animais não vacinados. eles não são encontrados – chamada de fase crônica.
Todos os animais de qualquer raça podem pegar a Esses corpúsculos na maioria das vezes são
doença. citoplasmáticos, mas no SNC são intranucleares. É uma
das raras doenças que pode provocar dois tipos de
● Patogenia: corpúsculo.
- As rotas de penetração do vírus mais frequentes são
oral e inalatória. Os tecidos são afetados são o nervoso, ● Sinais Clínicos:
trato respiratório, digestório e a pele. Porém, ele se - Existem 4 fases: epitelial, neurológica, respiratória e
dissemina pelo corpo inteiro do animal. - Quando o cão digestória. Mas nem todos os animais passam por
adquire a doença, o vírus pode ter mais de um destino. todasas fases.
O vírus é eliminado quando o animal é vacinado, após - Sinais neurológicos: paralisia facial, distúrbios
uma multiplicação limitada. O outro destino leva o neurológicos SEMPRE devem ser levados em
animal à doença, que depende da imunidade do animal consideração pra doença, mesmo que não aparentem.
e da agressividade do vírus, pois existem cepas Esses sinais não são padronizados. Pode ocorrer
mais/menos virulentas ou que atingem regiões mais agressividade episódica, epilepsia cinomótica, salivação
“específicas”. espumosa, estado de transe, paresia ou paralisia. Os
- O animal pode morrer, se recuperar sem sequelas sinais neurológicos respondem muito mal às terapias.
ou se recuperar com sequelas.
- Alguns cães que adquirem o vírus, se recuperam e Nesses casos, o prognóstico é reservado. É comum
se tornam portadores dele apenas no cérebro – isso que os animais comece com a convulsão focal e
é chamado de encefalite do cão velho. Esse animal não depois generalize. - Presença de pústulas – ocorre
elimina o vírus, então ele não é contagioso. mais na fase inicial e são visíveis em áreas com pouco
- O período de incubação médio da doença é de 2 pelo. NÃO são pústulas bacterianas e são bem frágeis,
semanas. rompendo-se sozinhas e formando uma crosta e
mudando a pigmentação. - Hiperceratose – a pele das
● Existem duas patogenias: “almofadas” e da “trufa”
- Ação direta nas células do corpo: quando o vírus se começa a rachar. Essa manifestação é muito
multiplica em grande quantidade em algum local, relacionada a sinais neurológicos. Não é patognomônica.
causam morte e necrose das células. Por exemplo, Mas a maioria dos cães não apresenta.
quando ocorre em filhotes no SNC, causa encefalite - Vômito.
direto e o animal vai a óbito. - Diarreia sem hematoquezia (normalmente).
- A fase respiratória é causada por uma
broncopneumonia. É grave. Pode haver ressecamento Hepatite Infecciosa Canina
ocular (os animais podem apresentar úlcera de córnea). Também chamada de doença do olho azul pelo edema
- No exame de fundo de olho, pode-se enxergar uma de córnea, mas não é uma lesão patognomônica. Não
necrose chamada de lesão de medalhão de ouro. Mas confundir com catarata. Normalmente é autolimitante
é raro. (dura umas 3 semanas).
- Tosse produtiva de baixa/média intensidade. Vírus de DNA sem envelope – bem resistente no
- Prostração e perda de peso. ambiente. Não é zoonose.
- Secreção nasal. O período de incubação varia de 10-14 dias.
- Cegueira com midríase. O vírus é eliminado nas secreções do animal,
- Mioclonia. principalmente pela urina em períodos longos – até 9
- Ataxia dos membros posteriores principalmente. meses.
Causa vasculite – se muito intensa, leva a uma diátese
● Sequelas: hemorrágica fatal.
- Neurológicas: mioclonia, paresia, paralisia na fase Causa nefrite intersticial e virúria (eliminação do vírus
aguda ou crônica. pelos rins).
- Podem ocorrer apenas crises episódicas.
- Na encefalite do cão velho o animal apresenta ● Sinais Clínicos:
alterações comportamentais e convulsões. Esses - Febre.
animais normalmente vão a óbito. - Hepatomegalia.
- Hipoplasia de esmalte dentário, com áreas de - Pode apresentar icterícia (incomum nos tecidos).
corrosão. Pode ocorrer em vários ou poucos dentes. - Vômito.
Não é patognomônico de cinomose, mas quase - Diarreia.
sempre é sequela. - Pode haver aumento de linfondos cervicais e edema
- Ceratoconjuntivite seca – mas na maioria das vezes de cabeça. Raro.
é um processo imunológico. - Tonsilite e faringite (com disgafia).
- Megaesôfago (muito raro).
- Na necropsia pode haver secreção das vias aéreas. Em geral, é autolimitante e o tratamento é de suporte.
- O diagnóstico é microscópico, na busca de Alguns animais ficam com uma degeneração hepática
corpúsculo de lentz, desmielinização e manguitos progressiva, como a cirrose. Então, sobrevivem
perivasculares (essa é comum em qualquer encefalite). durante alguns meses e depois vão a óbito. Esses
- No leucograma, é comum leucocitose com neutrofilia animais provavelmente também terão encefalopatia
com ou sem desvio e linfopenia. É muito difícil hepática.
encontrar corpúsculos no sangue. Em geral, eles se recuperam da doença.
O diagnóstico dessa doença normalmente é
● Diagnóstico: necroscópico.
- Existem 2 técnicas: Há presença de corpúsculo de inclusão intranucleares
- Kit ELISA para antígeno viral. Pode ser de sangue ou no fígado, rins e endotélio.
secreção ocular.
- PCR – é mais sensível que o ELISA. ●Tratamento sintomático com antiemético,
- O teste de anticorpos só serve pra conferir se o hepatoprotetores, pomada oftálmica, etc.
animal ficou imunizado com a vacinação, ou se um
animal que nunca foi vacinado já teve.
Leptospirose
Causada pela bactéria Leptospira. Não esporula e
possui forma de “saca rolha”. Sobrevive em condições
● Tratamento:
de água e ph neutro-alcalino. A temperatura ideal pode
⟶ Não há tratamento específico ainda, então, é feito
variar de 0 à muito alta. Não se multiplica no ambiente,
de forma sintomática.
somente em pessoas e animais. Possui uma cápsula
⟶ Anticonvulsivante pra epilepsia cinomótica NÃO
com toxinas que permitem a infecção no ser humano.
funciona.
Por se corar em prata, é chamada de argentafim.
⟶ Glicocorticoide não funciona. Apenas reduz alguns
Seu reservatório são os roedores, principalmente a
sinais, mas ao parar de usar, os sinais ressurgem.
ratazana (Rattus norvegicus).
Exceto em casos de edema pulmonar.
Não causa doença nos roedores.
A patogenia varia conforme o sorotipo.
● Prognóstico: reservado a desfavorável.
É uma doença de notificação obrigatória.
Os cães mais suscetíveis são os jovens (mas pode
● Profilaxia: vacinação.
afetar qualquer um), cães que circulam nas ruas, com - Sinais neurológicos.
acesso à banhados, que vivem em áreas de enchente - Icterícia.
ou transbordamento de esgoto e cães de caça.
É comum a necrose de língua em nefropatias. Mas Quando o animal sobrevive à doença, ele começa a
também é importante atentar-se na possibilidade de produzir imunoglobulinas contra a leptospira, que vão
leptospirose. eliminar a bactéria de quase todos os tecidos, exceto
dos rins. Por isso, o animal pode continuar infectando
Todos os contactantes devem ser tratados também. e ainda sofrer com IRA.
A vacina só confere proteção consistente contra o
sorotipo presente na vacina. ● Diagnóstico:
A leptospira penetra por qualquer mucosa – até - O padrão ouro é o teste de aglutinação
mesmo na pele íntegra, mas não sobrevive no pH do microscópica/MA. É um teste sorológico. Em uma
estômago. diluição de soro 1:100, ele fica em contato com cada um
Não há disseminação aerógena, mas se o local for dos sorotipos do laboratório. Então, o soro fica
lavado com lava jato, a bactéria pode aerossolizar encubado com cada sorotipo pra olhá-lo no
artificialmente. microscópio, pra ver se há alguma aglutinação. Se
A lama também é propícia pra leptospira. houver, naquele soro tinha IgM contra o sorotipo de
Os roedores eliminam a bactéria pela urina. leptospira, que acaba grudando as bactérias. Se tiver
A pessoa não fica portadora mesmo que ela não seja mais de 50% de aglutinação, é considerado reagente.
tratada, mas os animais podem ficar. Os que não aglutinarem, nem continuam o teste –
considerado não reagente. Se aglutinar um pouco,
● Patogenia: pode indicar que o animal teve contato com a
- Ocorre através da cápsula que libera toxinas, leptospira ou mesmo com a vacina, mas não está com
produzindo uma inflamação intensa e causando a doença. Até 1:800 pode ser reação vacinal, mas o
necrose dos tecidos. O que determina a leptospirose mais comum é 1:200 no máx.
clínica e sua intensidade são a imunidade que o animal
tem à leptospira, o sorotipo da leptospira e a - A leptospira canicola, mesmo com o animal doente
quantidade do inóculo (quantas leptospiras entraram no pode dar títulos baixos ou moderados por estar
paciente). Se multiplica primeiramente diretamente no adptada ao animal.
sangue do paciente, causando hemólise e - Se o quadro for muito grave e não der tempo de
hemoglobinúria. soroconversão, o exame pode dar não reagente.
- Nos herbívoros, a patogenia da icterícia ocorre pela - PCR (mas é difícil pela grande quantidade de reação
hemólise. Nos cães, ocorre pela lesão hepática. cruzada com outras bactérias). É o melhor diagnóstico
- Do sangue, a bactéria se multiplica em muitos pro início da doença.
órgãos/tecidos, principalmente rins e fígado. - Imunofluorescência – não é utilizado no RS/BR.
- Pode atingir o SNC e causar sinais neurológicos em - Pesquisa de leptospirúria – exige muita experiência
casos mais graves, principalmente meningoencefalite. do profissional e precisa ser rápido, pois depende da
- Pode causar miosite, com muita dor muscular. leptospira viva.
- Afeta muito o trato gastrointestinal, causando - Não se faz cultura de leptospira.
gastrites severas e ulcerativas em função da
associação da toxina da leptospira com a uremia. Pode ● Tratamento:
haver melena, hematêmese e diarreia. ⟶ O paciente pode apresentar sequelas se for
- Período de incubação: variável. Pode ser até em tratado. É uma doença de internação, e durante esse
questão de horas quando é hiperaguda. Mas em geral, período o animal continua eliminando a bactéria na
ocorre nas primeiras 3 semanas. urina. Por isso, é preciso tratar com muito cuidado.
⟶ O animal que teve a doença fica imunizado por
● Sinais Clínicos: mais ou menos 8-10 meses. Se ele voltar pro mesmo
- Febre. ambiente e sem profilaxia, como a imunidade do animal
- Prostração. decresce, ele poderá desenvolver a doença
- Vômito/diarreia. novamente e muitas vezes sem sinais clínicos – o
- Hemorragia: epixtase, sangramento anal, equimose, animal se tornará um portador.
petéquias, etc. ⟶Para eliminar a Leptospira: os livros recomendam
- Dor (principalmente na região lombar). Ampicilina/Penicilina pra eliminar a bactéria dos tecidos,
- Oligúria/anúria pela nefrite aguda. e quando o animal melhorar, substituir por Tetraciclina
- No fígado, causa uma grave hepatite com uma (Doxiciclina) pra eliminar dos tecidos e dos rins –
desagregação dos lóbulos hepáticos. Pode haver porém, possui um leve potencial nefrotóxico. O
cirrose. tratamento pode ser feito somente com doxiciclina,
- Tosse, dispneia, secreção nasal, etc.
manejando com o tratamento de nefropatia (IRA). O gato portador não elimina o vírus constantemente.
Outra opção são as
Fluoroquinolonas (como Enrofloxacina). O tratamento Existem duas formas de PIF: Efusiva/úmida ou Não
da bactéria leva 2 semanas. efusiva/seca.
⟶ Alguns autores recomendam acidificar a urina com A forma efusiva é a mais comum.
Vitamina C pra diminuir a chance da bactéria Sua célula alvo é o macrófago, e pra facilitar essa
permanecer viável. entrada, ele induz que o organismo produza uma
enorme quantidade de imunoglobulinas, pra que ele
● Profilaxia: seja recoberto por esses anticorpos, facilitando a
- Vacinação anual (em algumas regiões, fagocitose. Por isso dizemos que a imunidade humoral
semestralmente). do indivíduo não ajuda. Os macrófagos se aderem no
- Antisséptico ambiental: hipoclorito de sódio ou cloro endotélio dos vasos e na serosa. Então, os anticorpos
(tem que ser a base de cloro). se grudam no vírus que está aderido, causando uma
- Eliminar roedores. intensa inflamação generalizada do leito vascular
(vasculite).
As pessoas infectadas podem manifestar gripe forte
com febre, dor no corpo (articular, muscular – Os manguitos perivasculares com neutrófilos e
principalmente nas panturrilhas), prostração (a pessoa plasmócitos no corte histológico é patognomônico de
fica super abatida), sinais digestivos, dor de garganta e PIF. Então, há uma vasculite piogranulomatosa com
bastante dor de cabeça. Esses são os sinais leves. A infiltrado neutrofílico e plasmacítico.
pessoa pode se curar sozinha nesses casos. Nos casos Com a lesão dos vasos, ocorre um extravasamento
graves, a pessoa pode apresentar icterícia (sempre de plasma – essa é a chamada forma efusiva, onde o
indica gravidade no ser humano), podem aparecer plasma extravasa pras cavidades peritoneal e torácica,
manchas vermelhas (exantemas), pode desenvolver gerando acúmulo de líquido.
IRA.
Por isso, orientamos o tutor a procurar um posto de ● Sinais Clínicos:
saúde ou infectologista SE HOUVEREM SINAIS Forma Efusiva:
afirmando que tem um animal com suspeita de - Efusão abdominal indolor (aumento de vol.
leptospirose. Abdominal).
- Se houver efusão torácica, o animal pode apresentar
Não esquecer de fazer sorologia em todos os animais dispneia, cansaço, respiração de boca aberta e cianose.
contactantes com o suspeito, e tratar todos que forem - Febre (mais intensa no fim da tarde/noite).
reagentes. - Emagrecimento.
- O óbito normalmente ocorre por lesão renal ou
respiratória. É muito comum encontrar essa vasculite
Peritonite Infecciosa Felina (PIF)
nos rins.
Causada pelo Corona Vírus Felino tipo 1 (FECOV). - Meningoencefalite com sinais neurológicos.
É um vírus frágil, encapsulado. - Uveíte.
No gato, a principal via de eliminação é as fezes. Nas - Raramente icterícia.
fezes secas, o vírus pode ficar infectante por até 7
semanas. Forma Não Efusiva:
Qualquer gato pode contrair a doença, mas é mais - Uveíte.
comum em felinos jovens. - Nistagmo.
A capacidade do vírus se disseminar na população é - Sinais neurológicos variados, principalmente
muito alta (100%). Então, quando tem um gato convulsão.
eliminador, todos os gatos que convivem com ele, - Febre.
contraem o vírus – mas só em torno de 10% deles - Emagrecimento.
desenvolvem a PIF. - Nessa forma, o animal sobrevive mais tempo.
No momento em que o gato desenvolve a doença
clínica, ela é 100% fatal. ● Diagnóstico:
Quando um gato é portador do FECOV e sofre uma - Atualmente existem kits de exame sorológico que
imunodepressão (por qualquer razão), ele tende a podem diagnostica a doença, mas somente em animais
desenvolver a doença clínica num período de 4-6 que possuem a doença clínica.
semanas. - Bioquímica sérica: ao desconfiarmos de PIF, temos
Essa doença tende a permanecer endêmica na que pedir mensuração de albumina e globulina, que
população de gatos. devem ser divididas (albumina/globulina) – se der mais
Os animais também podem se infectar por secreção que 0,8, não é PIF. Se der menos que 0,5 pode ser
nasal ou saliva.
PIF. Se der menos que 0,2 a possibilidade de PIF é ou transudato – chamado de teste rivalta. Se formar
enorme. Essa é a relação albumina/globulina. ocoágulo, é exsudato positivo
- Hemograma: neutrofilia e linfopenia (-1500 linfócitos).
- Na forma efusiva, o diagnóstico é pela análise do ● Tratamento:
fluido. Esse líquido pode variar de transparente, - É pra prolongar a vida do gato. Na forma efusiva,
amarelado, rosado ou esverdeado. Podem ter flocos nem é recomendado. Normalmente indica-se
de fibrina (grumos). Não tem cheiro. Ao agitar com ar eutanásia.
em seringa ou tubo de ensaio, forma espuma difícil de - Pode-se fazer tratamento imunodepressor com
desmanchar. Na geladeira, fica com aparência de gel. corticoide em alta dose, mas só visam a sobrevida
Na análise bioquímica do líq. também deve ser feita também.
relação alb/glob.
- O padrão ouro é a coleta de líquido, centrifugá-lo, ● Profilaxia:
pegar o sedimento e fazer DFA. Então, ocorrerá a - Evitar ambientes multigatos.
imagem de céu estrelado como na raiva. Porém, esse - Limpar frequentemente sua caixa de areia.
teste quase não é feito.
- Ao misturar o líquido com ácido acético, ele forma
um coágulo. Serve pra analisar se o fluido é exsudato

Imunoprofilaxia
É a prevenção de doenças utilizando o sistema O soro de equino em outras espécies é chamado de
imunológico dos animais. heterólogo (há chances de reação anafilática). Se for
Existem duas modalidades de imunoprofilaxia: passiva utilizado em outro cavalo, chamamos de soro
e ativa. homólogo.
A utilização do soro autólogo se dá pelo uso do
Imunoprofilaxia Passiva: quando o veterinário oferece mesmo indivíduo – serve pra tratamento de úlceras
pronto pro paciente através da utilização de soro de de córnea (acelerar cicatrização, etc).
animais imunizados com os antígenos (agentes Via do sorohiperimune: preferencialmente IV. Pode ser
etiológicos) contra os quais se quer conferir proteção, feito IM ou SC complementar à IM, mas não é muito
ou quando a mãe oferece através do colostro. Esse indicado.
soro só é utilizado em animais privados do colostro, Vantagem: produzir uma defesa imediatamente.
por isso os animais precisam mamar o colostro, pois Desvantagem: possibilidade de anafilaxia ou
nele contém imunoglobulinas e células (principalmente transmissão de agente etiológico da espécie.
linfócitos).
É necessário que todos os animais mamem o colostro Imunoprofilaxia Ativa: é a infecção natural ou adquirida
por pelo menos as primeiras 24h. artificialmente por meio de vacinas. Serve par provocar
imunidade protetora e memória imunológica (humoral
O leite também possui imunoglobulinas e células, mas e celular).
ocorre somente pra fazer proteção local – na luz do
trato digestório. ● Indicações: proteção individual e populacional dos
Então, em animais que recebem mães adotivas, animais.
enriquecem nutricionalmente com seu leite, e não no Vias: a maioria é SC, mas algumas são aplicadas por
aspecto imunológico. Da mesma forma como o leite via IM. Também existem vacinas tópicas.
artificial funciona.
Os soros hiperimunes são produzidos em equinos -Vantagens: memória imunológica além da proteção
vacinados contra aquilo que se quer produzir populacional e individual.
imunoglobulinas. Por exemplo, no soro antiofídico, eles
recebem pequenas doses de peçonha e desenvolvem -Desvantagens: as vacinas atenuadas possuem o
imunidade contra eles. Por ser um animal agente vivo com virulência reduzida (capacidade
grande,podemos retirar um grande volume de sangue infectante reduzida). Se essa vacina for aplicada em
e separar o soro (plasma onde já houve o animais com imunodepressão ou mal atenuada, pode
esgotamento dos fatos de coagulação). Além disso, são causar a doença – chamamos de reversão à virulência.
excelentes soroconversores (capacidade do indivíduo
produzir uma resposta humoral ao ser desafiado por O lote da vacina sempre deve ser registrado.
um antígeno – produção de imunoglobulinas). Algumas vacinas podem causar reações locais (edema,
Quando vacinamos cães e gatos, o nosso objetivo é dor, abcessos, etc). Pode haver reação sistêmica
ter uma soroconversão e uma proteção celular. (anafilaxia, por exemplo). Pode ocorrer malaise – febre
baixa, mal estar geral. Em alguns casos, vômito e fiquem refratárias, além de reduzir a multiplicação do
diarreia. agente viral intracelular. Por isso, não vacinamos animais
Não se vacina fêmeas prenhes. Se forem vacinadas, com intervalos menores do que 2 semanas,
precisa ser vacina inativada. principalmente se a vacina for atenuada.
O colostro possui uma quantidade enorme de
imunoglobulinas que podem interferir nas vacinas dos Vacina de Sub-Unidade: é um tipo de vacina inativada.
filhotes. Por isso, estabelecemos uma data pra
primovacinação (primeira vacina). Deve ser feita no Quando um vírus invade o corpo do animal, ele possui
período de menor interferência possível com a muitos determinantes antigênicos diferentes, mas
imunidade materna. É um grande problema com as apenas um deles confere proteção. Quando o corpo
vacinas atenuadas (possui uma pequena massa que produzir anticorpos contra o antígeno, ele tá
aumenta no corpo do paciente). Ao vacinarmos um produzido contra o agente patogênico – esse é o que
animal muito cedo com a vacina atenuada, ela é chamamos de determinantes principal. O animal
destruída pelos anticorpos colostrais do corpo do também produz anticorpos pros determinantes
paciente, e essa vacina precisa da multiplicação do redundandes, porém não tem utilidade na proteção
agente – então, não faz efeito. Outro motivo é a deles. Para produzir essas vacinas, pega-se o genoma
reversão da virulência. O vírus da parvovirose quando desse agente patogênico, e descobre-se qual a
inoculado através da vacina em cães com menos de sequência de genes que codifica pra produção desse
30 dias pode causar uma lesão na barreira determinante antigênico. Esse sequência é acoplada
hematoencefálica. em um plasmídeo que será oferecido para uma
bactéria (apenas o plasmídeo possui afinidade com a
Vacinas Inativadas: agentes que não se multiplicam e bactéria, que o captará por pinocitose). A bactéria
por isso, são disponibilizados em maior quantidade. incorpora esse plasmídeo no seu material genético,
Podem ser inativadas de várias maneiras – a mais expressando a sequência genômica e produzindo uma
comum é por calor. grande quantidade do determinante antigênico. Então,
Exemplos: coronavirose, raiva, parvovirose, cinomose, o laboratório separa os determinantes, coloca o
leucemia viral, leptospirose e bordetelose. adjuvante e produz uma vacina que utilizará apenas o
São vacinas de alta massa. determinante antigênico que induz proteção, ao invés
de utilizar a partícula viral inteira.
-Vantagens: não existe risco de reversão à virulência.
É menos suscetível à inativação ambiental. Essa vacina é chamada de purificada, pois não é
composta do agente inteiro e sim somente do
-Desvantagens: podem causar reação anafilática. Na determinante que confere proteção.
ordem: raiva, leptospirose e coronavirose. Também Produzidas por técnicas de biologia molecular,
estimula somente a defesa humoral. reduzem a alergenicidade. Essas vacinas contém
apenas os antígenos importantes para conferir
Vacinas Atenuadas: quando o agente se multiplica imunidade.
dentro do organismo do animal. A capacidade Um exemplo é um tipo de vacina contra leucemia
patogênica do agente, que estará vivo, é reduzida felina, que utiliza a proteína viral P45 apenas.
(baixa massa). São produzidas através da multiplicação
do agente em células que não são do hospedeiro. -Vantagens: eliminação dos determinantes
redundantes, estimulando o sistema imune de forma
-Vantagens: nível de proteção maior e mais completo. mais eficaz. Além disso, não há possibilidade de
reversão à virulência.
-Desvantagens: reversão à virulência, além de ser mais
frágil à inativação ambiental (sensível ao calor, a vacina -Desvantagens: são bem caras.
não pode congelar).
Existe uma forma mais simples dessa vacina que é
Ao aplicar a vacina pela primeira vez, ocorre uma utilizada na vacina contra Leptospirose. Nesta, pegam-
resposta de imunoglobulinas – mas somente a partir se as leptospiras e faz-se a sonicação, onde ela se
da segunda dose que a resposta fica consistente. Por rompe e por processos de centrifugação, separa-se a
isso, a maioria das vacinas possuem reforços mesmo fração do determinante antigênico que se quer por
sendo atenuadas, exceto vacina da raiva e vacina nasal peso molecular.
pra traqueobronquite infecciosa.
O interferon é produzido em grande quantidade Indicadas em prenhez, animais debilitados ou
quando o animal sofre uma infecção ou quando é imunossuprimidos e para diminuir a alergenicidade de
vacinado. Uma das suas principais funções é reduzir a vacinas inativadas ou quando as vacinas vivas causam
invasão do agente nas células, fazendo com que elas a doença. Existe contra leptospirose (envelope
bacteriano), bordetelose (antígeno de parede celular),
leucemia viral (glicoproteína gp70 e antígeno P45) e Vacina Polivalente
raiva (glicoproteína G). Cães:
-V2= parvovirose; cinomose;
Vacina de Vetor de Expressão: é uma vacina viva. O -V3= parvovirose; cinomose; coronavirose;
vetor de expressão é um vírus utilizado pra carregar -V8= cinomose, parvovirose, coronavirose, hepatite
material genético de outro vírus e infectar o animal infecciosa canina, traqueobronquite infecciosa canina (2
vacinado. Então, há uma sequência de gene que veio agentes), leptospirose (canicola e
de um vírus (doador) e é colocada em outro vírus icterohaemorrhagiae);
(receptor) que incorpora a sequência genômica do -V10= idem + leptospiras pomona e grippotyphosa;
doador, tornando-se receptor. Por isso, consideramos -V11= idem + leptospira copenhageni.
um vírus mutante. -V12= idem + leptospira pyogenes.
Esse vírus, sem ser atenuado, será injetado no animal. Gatos:
Ele deve ser apatogênico – não pode causar doença, -Tríplice= panleucopenia, calicivirose e rinotraqueíte;
mas tem que ter multiplicação limitada no indivíduo -Quádrupla= idem + clamidiose;
vacinado. No Brasil, só temos uma vacina desse tipo, é -Quíntupla= idem + leucemia viral felina.
pra Cinomose, chamada de Recombitec. As outras
vacinas pra cinomose são atenuadas. A recombitec é
feita a base do vírus da varíola dos canários – que
Vacinas Essenciais (não conforme Colavac):
infecta algumas células do cão. Ao infectar essas Cães:
células, o material genético mutante do vírus é -Parvovirose;
incorporado no DNA do cachorro, que expressará a -Cinomose;
proteína do doador, conferindo a imunidade do cão. -Hepatite infecciosa canina;
-Raiva (por lei, é a única obrigatória).
-Vantagens: nunca vai reverter à virulência e também
é pura na produção de determinantes antigênicos. Gatos:
-Panleucopenia;
-Desvantagens: se utilizada sozinha, produzirá defesa -Rinotraqueíte;
contra o vetor de expressão. O animal fica imunizado -Calicivirose;
contra o vetor de expressão, combatendo-o e -Raiva.
diminuindo progressivamente essa infectividade e
também a produção de determinante antigênico. Vacinas Não Essenciais (não conforme Colavac):
Cães:
Vacinas de DNA: essa vacina pega o DNA viral e injeta -Traqueobronquite infecciosa;
diretamente no indivíduo. Então, o DNA viral é captado -Leptospirose.
pelas células da pessoa, que começarão a produzir o
determinante antigênico. É experimental – é a vacina Felinos:
mais moderna que existe. Pra felinos, existe uma vacina -Clamidiose;
assim pro Felv mas não existe no BR. -Imunodeficiência viral (não tem no BR);
-Bordetelose (não tem no BR).
Validades
-Vacinas vivas iotilizadas: 24 meses (2 anos). Vacinas Não Recomendadas:
-Vacinas vivas resfriadas: 12 meses. Cães:
-Vacinas vivas líquidas congeladas: 24 meses. -Coronavirose;
-Vacinas vivas congeladas em nitrogênio líquido: 36 -Giardíase.
meses.
-Vacinas inativadas: 24 meses. Felinos:
-Diluentes (exceto água): 36 meses. -PIF (não tem no BR).
-Vacinas éticas são aquelas produzidas no laboratório OBS: alguns animais não são capazes de fazer uma
para apenas o veterinário aplicar. soroconversão adequada, mesmo recebendo a vacina
-A vacina da leptospira é anual (em um ano faz da melhor qualidade. Algumas raças (Rottweiler,
polivalente e no outro leptospira). Dobermann ou qualquer outro animal) são
-Parvo e cinomose não são anuais. predispostas. Por isso, recomenda-se testar se houve
-A Leishtec é a única vacina pra leishmaniose visceral soroconversão. Aqui no BR só existe um kit de
com comercialização permitida no Brasil. detecção de anticorpos que é pra Cinomose, onde a
-A vacina quíntupla pra gatos é a que engloba o Felv partir da 4a semana da última dose da vacina
(leucemia felina).
polivalente, fazemos o kit. Se der reagente, significa A vacina contra panleucopenia poderia ser aplicada a
que o animal está protegido. cada 3 anos, porém só é comercializada junto com
outros antígenos.
Alterações no calendário canino, segundo A vacina polivalente é reforçada a cada 2 anos, depois
da vacina com 1 ano de idade, porém:
COLAVAC/FIAVAC p/ a vacina polivalente: - Contra calicivirose e rinotraquíte: cada 1-3 anos,
Recomendam que os cães estejam recebendo vacina conforme o risco, então deveria ser, obedecendo à
até 16a semana, então, se fizer o calendário iniciando leucemia, cada 2 anos, porém, em ambientes muito
com 6 semanas e intervalos de 3 semanas, serão 5 suscetíveis de se adquirir doenças do complexo
doses de vacina (julgo exagerado). respiratório, deveriam ser anuais (nesse caso alternar
Iniciando com 6 semanas, se fizer com intervalos de 4 vacina com e sem leucemia).
semanas, serão 4 doses.
Se começar com 8 semanas e intervalos de 3 Em relação à clamidiose, os reforços devem ser
semanas, serão 4 doses. anuais (avaliar bem a necessidade).
Se começar com 8 semanas e intervalos de 4
semanas, serão 3 doses. Em relação à leucemia, é essencial no primeiro ano de
Reforçar com 1 ano de vida e, a partir daí, a cada 2 vida (inclusive o reforço com 1 ano de idade) e
anos. complementar a partir daí, dependendo do risco do
Em relação à leptospirose, usar, na primovacinação, gato contrair a doença. Se o protocolo não for feito
vacina sem esse antígeno e, querendo proteção adequadamente, os animais não ficam protegidos.
consistente, reforçar anualmente usando vacina só
com leptospira (alternando com a polivalente). Há um raro risco dessa vacina causar o sarcoma in situ
Em relação à traqueobronquite, reforços anuais com (no local da vacina). É importante esclarecer a raridade
vacina específica, alternando com a polivalente. pro tumor. Então, orientamos sobre os riscos da
Cães que iniciam o calendário com mais de 16 semanas: contração do felv – filhotes de até 1 ano, gatos com
2 doses com intervalos de 3-4 semanas. acesso à rua, adultos que convivem com gatos
errantes, adultos que se hospedam ou viajam
CALENDÁRIO VACINAL GATO (1o ano), segundo a regularmente e adultos que vivem em ambientes de
AAFP – American Association of Feline Practitioners 3 ou mais gatos – se não, colocamos a situação da
- 2013 internação (risco de alguém trocar os potes de comida
8 semanas: primeira polivalente quíntupla ou quádrupla ou panos de uso), e aí fica a critério do tutor.
ou tríplice, por 3-4 semanas, segunda polivalente
quíntupla ou quádrupla ou tríplice por 3-4 semanas. Gatos onde o calendário iniciou com mais de 16
semanas: 2 doses com intervalos de 3-4 semanas.
Terceira polivalente quádrupla ou tríplice (vacinar até Atualmente, a leucemia viral não são mais 3 doses
que tenha 16-20 semanas de idade). consecutivas e sim 2 doses. Mas a vacina polivalente
Obs: notar que a vacina c/ o FeLV (quíntupla) foi só são 3 doses – então: no calendário duas vacinas são
nas primeiras duas doses. A última dose é com a quíntuplas e a outra deve ser tríplice.
polivalente s/ o FeLV. Esse animal deve ser vacinado A legislação diz que o reforço da raiva é ANUAL!!!!
ano sim e outro não.
O primeiro reforço do animal deve ser quando o animal
Alterações no calendário felino, segundo completa um ano de idade.
COLAVAC/FIAVAC p/ a vacina polivalente:
Os gatos devem ser vacinados, com a bateria inicial, O intervalo das vacinas não pode ser menor que 2
até estarem com 16 semanas ou mais, então: semanas, mesmo que sejam vacinas diferentes. O
- Se fizer o calendário iniciando com 6 semanas (vacina melhor seriam 4 semanas de intervalo (vacinar o
sem leucemia) e intervalos de 3 semanas, serão 5 mínimo possível o animal, dentro das regras).
doses de vacina (julgo exagerado).
- Iniciando com 6 semanas (vacina sem leucemia), se O animal não pode terminar a vacinação antes da 16ª
fizer com intervalos de 4 semanas, serão 4 doses. semana, independente de quando se ele começou a
- Se começar com 8 semanas (vacina com leucemia) vacinação com 6 ou 8 semanas. Então, alguns animais
e intervalos de 3 semanas, serão 4 doses (a com podem receber 4 doses, 5 doses ou 3 doses.
leucemia só nas primeiras 2).
Os reforços anuais iniciam quando o gato completar 1 OBS: gato adulto que não foi vacinado ou não se sabe
ano de idade. histórico: 2 doses de quíntupla com 3-4 sem. intervalo
e segue anualmente daí.
OBS 2: antes de vacinar um gato adulto, ele precisa
ser testado para fiv/felv, porque se ele for positivo,
não vai adiantar vacinar, pois isso além de aumentar as - Não protegem 100% da população.
chances de sarcoma vacinal, não traz benefícios. - Cepa errada.
- Atenuação excessiva.
Falhas Vacinais: - Desinfetantes usados em seringas ou agulhas.
● Origináriasdo Paciente:
● Originárias do Profissional:
- Imunodeficiências: pode ocorrer em animais maus
soroconversores. Em cães, indica-se o teste de - Mistura imprópria.
anticorpos da cinomose. O hemograma dessesanimais -Terapêutica farmacológica: uso de corticoides, drogas
é normal. É uma condição genética. Mas, existem imunodepressoras, citotóxicas, etc. Exceto o
animais que ficam imunodeficientes em alguns glicocorticoide em doses BAIXAS.
momentos e depois se recuperam. Esses animais são - Uso concomitante de soro hiperimune. Após seu uso,
assintomáticos. deve-se esperar no mínimo 3 semanas pra iniciar
vacinação.
É a principal causa de falha vacinal em Rotweiller e - Via de administração errada.
Doberman’s. -Subdose: a única exceção para diminuir a quantidade
- Interferência com Ig maternas: interferência c/ de vacina é na via intranasal em animais bem pequenos
anticorpos colostrais. Quando mais cedo o animal for – nestes, utiliza-se a vacina inteira com metade do
vacinado, maior o risco de interferência. diluente.
- Idade: não se deve vacinar animais com menos de
30 dias. Os animais idosos não respondem tão bem Efeitos Adversos:
pela queda da imunidade. Devem ser vacinados da Origem imunológica: principalmente reação de
mesma forma. hipersensibilidade do tipo 1.
- Prenhez: não vacinar cadelas prenhes – ela estará Em cães, é mais comum com a antirábica, lepto e
imunodeprimida e pode comprometer os fetos coronavirose.
também. Nos gatos, é com a antirábica e do Felv. Quanto maior
- Estresse: animal que vive permanentemente em o uso de vacinas simultâneas, maior a probabilidade de
condições de estresse, com a hipercortisolemia ter essa reação.
constante – esse hormônio é super imunodepressor. Maior probabilidade com a V12 + antirábica pelo
-Alterações de temperatura corporal: a hipotermina excesso de antígeno c/ adjuvante (porém, pode ser
prejudica muito o sistema imunológico. Porém, aqui feito).
estamos falando sobre a hipertermia por estresse. A Raramente, pela vacina da parvo, pode haver a
temperatura corporal acima de 39,8o destrói a fração hipersensibilidade do tipo 2 (citotóxica).
atenuada das vacinas. Nunca vacinar animal com febre
(indica doença). ● Originários do agente vacinal:
- Doença em incubação: nesses casos, a vacina não O principal problema é a reversão à virulência em
protege a tempo e com a vacina atenuada ocorre um animais debilitados, muito novos ou fetos. Nunca deixar
somatório de problemas. O ideal é esperar o período o gato lamber ou vacina porque eles podem
de incubação, orientando o tutor a isolar o animal. Se desenvolver rinotraqueíte por contaminação direta de
o animal não apresentar nada, aí sim vacinamos. Do mucosa. Por isso, sempre introduzir toda a agulha
contrário, tratamos a doença. Se houver desconfiança, quando a vacina for subcutânea.
aferir temperatura – normalmente fica elevada nesses
casos, e no hemograma há linfopenia. ● Originários
do adjuvante:
- Debilidade geral ou doenças concomitantes. Abcessos, dor, etc.
OBS: quando o animal apresenta vermes SEM
manifestação clínica, ele pode sim ser vacinado. ● Veiculação de agentes adventícios: muito raro.
OBS: se um paciente que apresentar alergia (atópico)
● Originárias da Vacina: ou alguma doença imunomediada (miosite dos
- Inativação na manipulação: nunca misturar as vacinas músculos mastigatório, lúpus, etc), é importante cuidar
na mesma seringa. e discutir com o tutor se ele quer mesmo fazer a
-Estocagem imprópria: sempre deve ser conservada vacina – pode apresentar um agravamento dessa
(de preferência uma geladeira só para vacinas). A condição pós vacinal, pois as vacinas ativam o sistema
temperatura da vacina deve oscilar entre 2-6º C (o imune.
ideal seriam 4º C). Não pode congelar e nem
esquentar – nesses casos, devem ser descartadas.

Leucemia Viral Felina


Neoplasia maligna de origem da MO vermelha. – muito comum através de lambedura entre gatos,
Essa manifestação é diferente das outras leucemias. principalmente filhotes lambidos pela mãe. Pode ser
A grande maioria dos gatos que adquire o vírus, transmitido “in útero” – não é muito esclarecida, pois
adquire até os 4 meses (são extremamente normalmente as gatas transmitem felv pós-nascimento.
suscetíveis). A transfusão sanguínea também pode ser uma forma
de transmissão – existem muitos animais
Até os 8 meses de idade, a suscetibilidade diminui um assintomáticos, mas com o vírus se multiplicando, por
pouco. O gato adulto também pode se contaminar, isso só se admite transfusão em gatos após testar o
mas é mais difícil (devem ter contato prolongado com doador (OBRIGATÓRIO). Os animais mais suscetíveis
quem elimina o vírus) ou em casos de são os filhotes. Não há transmissão aerógena, porém,
imunodepressão. para
que os positivos possam ficar no mesmo local que os
Podem ser contaminados pela própria mãe. negativos, não pode haver troca de pratos e caixas de
Pertence à família Retrovírus, do grupo oncornavírus areia entre gatos. Aparentemente, não há transmissão
(podem induzir neoplasias malignas). São de RNA, transmamária.
envelopado. Eles normalmente se incorporam no
organismo do paciente e permanecer até o fim das Quando um gato é contaminado com o vírus, ele pode
suas vidas. Não significa que todos os gatos que ter destinos diferentes.
entraram em contato com ele, desenvolvem a doença - Eliminar o vírus pelo sistema imunológico (o animal
– 40 % dos infectados conseguem eliminar o vírus tem de 16-18 semanas pra tentar eliminá-lo) – se não
através do seu sistema imunológico. eliminar nesse período, há infecção das células da MO,
ou desenvolver a doença (normalmente morrem
Na manifestação clínica, normalmente são fatais. entre 2-5 anos).
Tropismo pelas células pluripotenciais. - 20% dos gatos podem desenvolver a condição
Na membrana celular da célula infectada pelo vírus, latente – quando o animal se infecta (inclusive MO),
ficam algumas partículas virais. Quando o sistema mas para de se multiplicar. Esse animal tem genoma
imune é eficiente, ele mesmo elimina essas partículas. viral nas cél. pluripotenciais, mas não há produção de
Porém, com o vírus prefere os linfócitos, ao invadi-lo, partículas virais.
ele transforma a célula em um “berçário” de vírus, Normalmente não há sinal clínico e esse animal não
perdendo sua função. Há uma proteína produzida está transmitindo o vírus. Esse animal NÃO produz
quando o vírus está se multiplicando na célula, chamada P27, portanto, não é detectado no snap-test. Em
de P27. algum momento da vida desse gato, haverá
É essa proteína que é detectada no Snap-Test. Por multiplicação do vírus, causando doença e finalmente
isso, os testes podem fazer diagnóstico do FIV/FeLV. positivando o teste.
Na leucemia, ocorre por detecção de antígeno. Na Por isso é comum que animais adultos/sem contato
imunodeficiência, ocorre por detecção de anticorpo. A com outros animais manifestem a doença (contraíram
proteína P15, também produzida, é uma das principais ainda filhotes).
causas da imunodepressão – ela por si só já causa isso. - Em torno de 5-10% dos gatos, podem tornarem-se
E a proteína gp70 faz parte só do envelope, produzida portadores sãos (quando há multiplicação em mínima
pra imunização do gato (é essa proteína que uma das proporção). Não aparecem sinais clínicos, mas nesse
vacinas visa). caso, pode haver transmissão para outros gatos.
Porém, a possibilidade é menor.
O FOCMA aparece nas células neoplásicas. Um kit Alguns gatos podem desenvolver o câncer causado
para detectar anticorpos FOCMA já existe, detectando pelo FeLV, mas não são detectados no snap-test e
a possibilidade de desenvolver neoplasias. Não há no nem transmitem o vírus, pois a incorporação do pró-
BR. vírus no núcleo da célula ocorreu próximo a um
A enzima transcriptase reversa (RT) pertence ao oncogene, mas o animal eliminou o vírus no período
vírus e é ativada quando ele entra na célula, copiando necessário.
o material genético do vírus (RNA) em um molde de
DNA, chamada de pró-vírus. É esse que adentra no ● Sinais Clínicos:
núcleo da célula e se integra ao seu genoma. Se essa - Os sinais são muito variados. Por isso, todos os gatos
incorporação ocorrer próximo a um oncogene (que doentes devem ser testados.
se transforma em cél. neoplásica), o indivíduo pode -Imunodepressão: normalmente com desenvolvimento
desenvolver neoplasia. de outras doenças. Os sinais clínicos não são os
Causa muita imunodepressão nos gatos. clássicos da doença. Principalmente micoplasmose
hemocitotrópica, rinotraqueíte, PIF, panleucopenia ou
Transmissão: a principal rota é salivar. Quando ele entra micoses (qualquer doença infecciosa).
em contato com qualquer mucosa, penetra ativamente
- Neoplasias – principalmente linfonodos, baço e timo - No caso do FeLV, é possível que um gato testado
– mas pode ocorrer em qualquer lugar). Tirando o dê positivo e soronegativar com o tempo, no caso de
sistema linfático, é comum atingir olhos, rins, pele, trato animais não doentes. Isso ocorre por ele ter se curado,
digestório e SNC (infiltrativo – confundida com doença ou quando o animal se torna latente. Pra saber se é
intestinal inflamatória, ou nodular). Esse vírus também latente, só com PCR.
é capaz de induzir uma linfadenite generalizada, mas - A única chance de dar falso positivo é se o gato for
não é tumor. testado até os 6 meses. Esses animais precisam ser
- Os sinais vão variar conforme a localização do tumor. retestados após essa idade.
- Os gatos que desenvolvem massa, podem
desenvolver obstrução intestinal. ● Tratamento:
- Pode formar o condrossarcoma (tumor de - O objetivo é apenas prolongar a sobrevida do gato
cartilagem). – não tem cura.
Ocorrem mais lesões na face do gato. - Normalmente o tratamento é sintomático. Dão
- Anemia arregenerativa. Se manifesta como anemia resultado no início, mas conforme a doença evolui, vai
grave (mucosas muito pálidas), com sinais de fraqueza, perdendo a eficácia.
cansaço, respiração ofegante, intolerância ao exercício.
Esse animal morre muito rápido. ● Profilaxia:
- Pode causar aborto nas gatas prenhes. - Testar todos os gatos de ambiente de multigatos.

Alguns animais podem desenvolver linfoma intestinal e Devem ser retestados também.
não possuírem o vírus do FeLV. Nem sempre que der - Vacinação. Alguns gatos possuem predisposição
negativo, significa que seja só a doença intestinal. O genética a desenvolver sarcoma por injeção de
animal precisa ser monitorado e isso não pode ser dito irritantes. Ao injetar uma substância irritante (adjuvante)
pro tutor. há uma proliferação de fibroblastos (é
normal). Porém, nos animais predispostos, ao se
● Diagnóstico: multiplicarem, sofrem uma transformação neoplásica.
- No hemograma, aparece linfopenia. Mas não dá pra É um tumor agressivo mas pouco metastático. Se for
se fixar muito. Para afirmar a anemia arregenerativa, a feita uma remoção com ampla margam de segurança
contagem de reticulócitos deve ser feita, porém, não e com biópsia, essa cirurgia é curativa, mas isso
faz parte do hemograma. É um exame separado. depende da região atingida. Por isso, a vacina deve ser
- Os gatos com micoplasmose hemocitotrópica feita nos membros posteriores/laterais dos joelhos
mesmo sendo FeLV positivo, pode aparecer anemia (locais amputáveis). Não repetir as vacinas no mesmo
REgenerativa. local.
- O exame bioquímico vai alterar conforme o órgão Primeira dose na face interna do joelho direito, segunda
atingido. dose face externa do joelho esquerdo, e assim
- O diagnóstico definitivo deve ser feito com a prova sucessivamente.
sorológica. Pode ser feito PCR de sangue ou ELISA. - Os animais soropositivos devem ser isolados dos
- O melhor resultado é dado pelo Snap Test. O teste outros gatos.
só é válido se o furinho do lado do orifício do sangue - Qualquer injeção subcutânea que forme nódulos e
ficar colorido. No meio, deve aparecer a bolinha azul. persista por mais de 3 meses, fique maior que 2cm
Se não aparecer, o teste é inconfiável. Se aparecer a OU continue a aumentar o tamanho 1 mês após a
bolinha azul à esquerda, FIV positivo. Se aparecer à injeção, deve ser feita a biópsia e remoção com ampla
direita, é FeLV positivo. Se aparecer as duas, é positivo margem de segurança (chamada de regra 3,2,1).
pros dois. É muito confiável mas não detecta Não é zoonose.
portadores sãos algumas vezes, e não detecta gatos
latentes.

Imunodeficiência Viral Felina


Vírus causado pela família Retrovírus, do grupo adultos machos, pois eles brigam mais. Também pode
Lentivírus. Envelopado, de RNA. Muito semelhante ao ser transmitido pelo sêmen (venereamente). Há
HIV. transmissão in útero. Com relação a transmissão
Não é zoonose. transmamária, ainda se estuda (não é importante se
houver). Outra transmissão é pela transufão sanguínea.
● Transmissão: saliva (precisa de solução de
continuidade, não entra direto por mucosa) – mais ● Há 3 fases:
comum por mordidas. Por isso, é mais comum em - Aguda inicial: incubação de 1-3 meses. Esse animal
apresenta febre, neutropenia e linfadenomegalia
generalizada, de forma discreta. Por isso, normalmente
é indetectável.
- Latente intermediária: de 3 meses a muitos anos. O
animal não apresenta sinais clínicos, porém, é
soropositivo.
- Crônica terminal: sinais clínicos progressivos até a
morte. A duração é variável – depende dos sintomas
do gato. Uma dessas manifestações, chamados de
FAIDS (multissistêmica grave). O mais comum é que o
animal apresente imunodepressão, principalmente
com doenças bucais severas, como gengivite, doença
periodontal, faucite, etc.Também podem apresentar
otite crônica/infecção cutânea incuráveis. Também
induz uma atrofia muscular intensa, fazendo com que
eles emagreçam. Induz febre e pode induzir sinais
neurológicos por aumentar a concentração de
glutamato no cérebro.
Esse vírus NÃO é oncogênico, mas aumenta a
incidência de câncer em gatos soropositivos por falha
do sistema imunológico.

● Diagnóstico:
- Snap Test.
- PCR.
- Raramente, pode acontecer de um gato com faids
terminal ficar soronegativo. Isso ocorre porque como
o teste detecta anticorpo, o animal pode ter
esgotamento imunológico, de tão afetados que ficaram
os seus linfócitos.
- No hemograma, aparece linfopenia e leucopenia,
além de anemia arregenerativa (que ocorre em
qualquer doença inflamatória crônica nos gatos).

● Tratamento:
- Sintomático.

● Profilaxia:
- Igual ao FeLV + castração de machos + evitar que
o gato saia de casa.
- Não há vacinação no brasil.

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