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NEUROLOGIA DE

GRANDES ANIMAIS
AULA 1
Dácio de Castro Dias
Neurologia Clínica dos Ruminantes

- Introdução

a) Desafios da Neurologia

b) Custo x Benefício

c) Avanços
Anatomia e Fisiologia do Sistema
Nervoso

 Sistema Nervoso Central (SNC): encéfalo e


medula espinhal;

 Sistema Nervoso Periférico (SNP): nervos


cranianos, nervos espinhais.
Anatomia e Fisiologia do Sistema
Nervoso

Cérebro

Tronco Medula
encefálico espinhal
Cerebelo

Nervos cranianos
Encéfalo +
nervos espinhais
Anatomia e Fisiologia do Sistema
Nervoso
Sistema Nervoso Periférico (SNP)

 Nervos cranianos (12 pares)


- Originam-se no encéfalo

 Nervos espinhais
- Originam-se na medula e emergem das vértebras
Anatomia e Fisiologia do Sistema
Nervoso
 Funções do Sistema Nervoso

- Motora: realizada pelos neurônios motores  paralisias ou


paresias flácidas (lesão nos inferiores) ou espástica
(superiores);

- Proprioceptiva: noção espacial  ataxias;

- Nocioceptiva ou sensitiva: resposta à dor;

- Do sistema nervoso autônomo: atividade da m.lisa, cardíaca,


glândulas.
Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Identificação
 Anamnese
 Exame Físico (identificação dos sinais, interpretação
das informações, localização das lesões);
 Diagnósticos diferenciais
 Exames Complementares
 Diagnóstico
 Prognóstico
 Tratamento
 Prevenção
Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Identificação:
- Espécie;
- Raça;
- Sexo;
- Idade;
- Utilização;
- Valor;
- Local de origem.
Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Anamnese

- Dados epidemiológicos: morbidade, mortalidade;

- História clínica: início dos sinais clínicos, evolução,


tratamento realizado, doenças anteriores;

- Manejo: alimentação, vacinação, ambiente.

Responsável por grande parte do diagnóstico!!!!


Exame Clínico do Sistema Nervoso
 Exame Físico

- Importância da realização do exame físico:

a) Localização e diagnóstico de inúmeras enfermidades;

b) Diferenciar intensidade dos sintomas com mau


prognóstico;

c) Evitar novas transmissões e zoonoses;

d) Evitar gastos desnecessários.


Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Dificuldades da realização do exame físico:

a) Tamanho dos animais;

b) Difícil e escasso acesso ás estruturas neurológicas;

c) Respostas apenas dos estímulos provocados nas


estruturas.
Cerebelo

Cérebro
Tronco Medula espinhal
encefálico
 Ataxia: Impossibilidade de coordenar os movimentos
voluntários estando conservada a força muscular e a
vontade de os executar. (Incoordenação motora)
 Paresia: diminuição do tônus muscular e
incapacidade parcial de realizar movimentos
voluntários.
 Paralisia : Perda, temporária ou definitiva, da função
motora de um ou mais músculos ou de uma parte do
corpo, devida a lesão nervosa
 Hipermetria: Alteração da coordenação de
movimentos que ultrapassam o ponto fixado e
observado.
 Propriocepção: capacidade de percepção do
posicionamento dos membros.
 Nocicepção : sensação ou perceção de dor.
Anatomia e Fisiologia do Sistema
Nervoso
Sistema Nervoso Central (SNC)

Encéfalo
- Cérebro (telencéfalo + diencéfalo);

- Cerebelo;

- Tronco cerebral (mesencéfalo, ponte e bulbo).

BARROS et al., 2006


Anatomia e Fisiologia do Sistema
Nervoso

Cérebro (telencéfalo + diencéfalo)

Telencéfalo:
- Córtex cerebral: comportamento, nocicepção e propriocepção,
visão, audição;
- Núcleos basais: tônus muscular, iniciação e controle da atividade
motora (andar e correr).

Diencéfalo:
- Hipotálamo: modula o SNA (apetite, sede, controle temperatura);
- Tálamo: nocicepção, propriocepção, consciência;
- Subtálamo ou epitálamo: consciência.
Anatomia e Fisiologia do Sistema
Nervoso
Cerebelo

- Coordenação de movimentos;

- Tônus muscular;

- Propriocepção;

- Equilíbrio.
Anatomia e Fisiologia do Sistema
Nervoso
Tronco Cerebral (mesencéfalo + ponte + bulbo)

Mesencéfalo:
- Consciência;
- Núcleo dos nervos cranianos III e IV;

Ponte:
- Núcleo do nervo craniano V;
- Centro vital de respiração e sono;

Bulbo ou medula oblonga:


- Núcleos dos nervos cranianos VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII
Anatomia e Fisiologia do Sistema
Nervoso
• Medula espinhal:

- Caudalmente ao bulbo;

- Regiões cervical (C1 a C5), cérvicotorácica (C6 a T2),


tóracolombar (T3 a L3), lombosacra (L4 a S2),
sacrococcígea (S3 ao último segmento medular);

- Cauda equina: conjunto de nervos espinhais;

- Carreadora de informações motoras (encéfalo – SNP) ou


sensoriais (SNP – encéfalo).
Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Exame físico

 Avaliação da integridade encefálica:


- Estado mental (nível de consciência) –
apatia/depressão/sonolência, excitabilidade.
Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Exame físico

 Avaliação da cabeça:
- Posição;
- Avaliação dos nervos cranianos;
- Avaliação da integridade visual;

- Simetria, reflexos, movimentação e tônus muscular.


Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Exame físico

 Avaliação da cabeça:
- Posição – rotação (vestibular), pressão contra objetos
(cérebro).

Mayhew, 2009 Borges et al., 1999


Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Exame físico

 Avaliação da cabeça:

- Avaliação dos nervos cranianos (tronco): olfação, visão,


movimentação de orelhas, pálpebras, lábios, simetria e
tônus da musculatura facial, preensão e mastigação de
alimentos, movimentação da língua e deglutição.
Exame Clínico do Sistema
Nervoso
 12 pares de nervos cranianos podem ser
rapidamente avaliados. Devemos lembrar
apenas que no conjunto são responsáveis
pela olfação, visão, movimentação de
oreIhas, pálpebras, lábios, simetria e
tônus da musculatura facial, preensão e
mastigação de alimentos, movimentação
de língua e deglutição.
AVALIAÇÃO DOS NERVOS CRANIANOS
I. Olfatório Resposta a químicos não irritantes (xilol, benzeno),
Exame Clínico do Sistema Nervoso
oferecimento de alimentos atrativos e com a mão fechada
II. Óptico Teste da ameaça, reflexo pupilar
III. Óculomotor Ausência de reflexo pupilar, sem cegueira. Estrabismo ventro-
 Avaliação da integridade encefálica:
lateral e/ou paralisia palpebral
- Integridade nasEstrabismo
IV. Troclear funçõesdorsaldos nervos cranianos.
V. Trigêmio Tônus mandibular, movimentos mastigatórios (paralisia
mandibular). Ver atrofia muscular (masseter ou temporal),
reflexo palpebral, perda da sensibilidade da face, córnea e
mucosa nasal
VI. Abducente Estrabismo medial e exoftalmia
VII. Facial Paralisia facial (pálpebra, orelha, lábio, nariz)
VIII. Vestíbulo coclear Surdez e desequilíbrio para o lado da lesão (unilateral) ou para
os dois lados (bilateral). Torção da cabeça e/ou nistagmo
horizontal ou rotatório
IX. Glossofaríngeo e X. Disfagia, megaesôfago, paralisia ou paresia da faringe,
Vago alterações da voz. Examinar o reflexo da deglutição
XI. Acessório Atrofia dos músculos esterno cefálico, braquiocefálico e
trapézio
XII. Hipoglosso Controle muscular, desvio ou atrofia da língua
Borges et al., 1999
Riet-Correa et al., 2002
Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Exame físico

 Avaliação da cabeça
 Avaliação da integridade visual:

cegueira central x cegueira periférica


Mayhew, 2009

 reflexo de ameaça
 reflexo palpebral
 reflexo pupilar
 reflexo de córnea
Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Localização anatômica x sinais clínicos:

Cérebro: alterações na atitude ou estado mental:


agressividade ou depressão, sonolêcia, andar
compulsivo, pressão da cabeça, convulsões, cegueira
central, mugidos, estrabismo, opistótono.

BARROS et al., 2006


Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Localização anatômica x sinais clínicos:

Cerebelo: ataxia, dismetria, tremores intencionais,


quedas, andar em círculos, nistagmo, opistótono.

BARROS et al., 2006


Resposta
exagerada à reação
tônica do pescoço
(sinal de
Magnus-Klein)
Resposta normal à reação tônica do pescoço
Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Localização anatômica x sinais clínicos:

Tronco encefálico: depressão, paresia, paralisia,


alterações de nervos cranianos

BARROS et al., 2006


Exame Clínico do Sistema Nervoso
 Localização anatômica x sinais clínicos:

Sistema vestibular (ouvido interno, nervo vestíbulo


coclear, núcleos vestibulares): ataxia, torção da
cabeça, nistagmo, estrabismo, andar em círculos.

BARROS et al., 2006


Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Localização anatômica x sinais clínicos:

Medula espinhal: alterações nocioceptivas, ataxia,


paralisia espástica ou flácida.
Exame Clínico do Sistema
Nervoso
Exame Clínico do Sistema
Nervoso
Região Cervical (C1-C5): lesões severas nesta
região da medula espinhal acometerão os quatro
membros. As compressões medulares neste local
provocam sinais mais severos em membros pélvicos
devido ao posicionamento mais superficial dos tratos
motores relacionados aos membros pélvicos . Em
compressões leves desta região apenas os
membros pélvicos estarão acometidos . Em casos
onde os pélvicos apresentam grau de
incoordenação acentuado, sem sinais de torácicos,
a lesão deve ser caudal a T3.
Exame Clínico do Sistema
Nervoso
Região Cérvico-torácica (C6-T2):
Acometimento dos quatro membros sendo que
lesões nesta região geralmente provocam
sinais muito evidentes principalmente nos
membros torácicos.

Região Toracolombar (T3-L3): Membros


torácicos normais e membros pélvicos
afetados, podendo a intensidade variar
dependendo da severidade da lesão medular.
Exame Clínico do Sistema
Nervoso
Região Lombosacra (L4-S2): Acometimento
apenas dos membros pélvicos, com a
extensão caudal da lesão pode ocorrer a
síndrome da cauda eqüina.

Região Sacro-coccígea: Síndrome da cauda


eqüina (diminuição ou ausência da
movimentação da cauda, diminuição ou
ausência de sensibilidade na região perineal,
diminuição do tônus do esfíncter anal e
incontinência urinária.
Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Exame físico
 Avaliação do pescoço, membros torácicos, troncos e
membros pélvicos:

- Avaliação do tônus muscular;


- Alterações de postura, assimetrias;
- Sensibilidade cutânea;
- Posicionamento proprioceptivo dos membros;
- Reflexo interdigital;
- Reflexo dos tendões.
Exame Clínico do Sistema Nervoso

Dirksen; Grunder, Stober, 1993


Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Exame físico
 Avaliação do reto, bexiga, ânus e cauda:
Dirksen; Grunder, Stober,
1993
- Reflexo da cauda;
- Reflexo do ânus;
- Teste sensorial do períneo.
Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Exame físico
 Avaliação da marcha e postura (tronco, cerebelo,
medula):

- Visualizar a caminhada em linha reta, por todos os


ângulos;
- Puxar a cauda lateralmente com o paciente parado e
caminhando em linha reta (comprimento do passo,
trajetória e posição dos membros);
- Observar o paciente andando em círculos;
- Testes de propriocepção.
Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Reações posturais
Exame Clínico do Sistema
Nervoso
 Postura;
 Palpação do pescoço e da
 Simetria de pescoço e tronco; coluna dorsal;
 Andar e trotar em linha reta;  Manipulação do pescoço;
 Afastar;  Sensibilidade do pescoço;
 Andar em círculos abertos e  Reflexo músculo-cutâneo;
fechados;
 Deslocamento lateral dos
 Andar em círculos fechados; membros torácicos
 Descer e subir rampas;  Observação de atrofias
 Ultrapassar pequenos musculares;
obstáculos durante a  Deslocamento da garupa
locomoção; com o animal parado em
 Observação do andar com o locomoção;
animal montado;  Tônus anal, movimentação
 Andar com o pescoço estendido da cauda e sensibilidade
e flexionado perineal;
Exame Clínico do Sistema Nervoso

 Exames Complementares

- Exame do Fluido Cérebro Espinhal (FCE);


- Exame Histopatológico/Microbiológico;
- Exame radiográfico simples ou constrastado
(mielografia);
- Eletroencefalografia (EEG);
- Tomografia computadorizada;
- Ressonância magnética.
EXAME FÍSICO e
COMPLEMENTARES
 avaliação do comportamento (estado mental)
 postura
 Movimentos (andar, trotar e galopar)
 pares de nervos cranianos,
 Reações
 Reflexos espinhais
 análise do líquido cefalorraquidiano
 Radiografias simples ou contrastadas (mielografia)
 eletroencefalografias,
 tomografia computadorizada
 ressonância magnética
Exame do fluido cerebroespinhal (líquor)
Exame do Fluido Cérebro Espinhal

 Materiais necessários
Exame do Fluido Cérebro Espinhal

 Locais de colheita

- Cisterna magna, cisterna


cerebelo-medular (região
atlanto-occipital)

Dirksen; Grunder, Stober, 1993


De Lahunta, Glass, 2009
Exame do Fluido Cérebro Espinhal

 Locais de colheita

- Espaço lombo-sacro (L6 – S1)

De Lahunta, Glass, 2009


Dirksen; Grunder, Stober, 1993
Bordos caudais tuberosidades coxais
Borda caudal de L6
Borda cranial de S2
Borda cranial da tuberosidade sacral

De Lahunta, Glass, 2009


Exame do Fluido Cérebro Espinhal

 Encaminhamento da amostra ao laboratório:

- Identificada;
- Refrigerada;
- Formulário de requisição (suspeita clínica ou diagnóstico
anatômico).
Exame do Fluido Cérebro Espinhal

 transparência e cor: incolor e claro

 teor de proteínas: 0,1 a 0,4 g/dL

 contagem de células: menor que


10 leucócitos/µL

 quadro celular: 60 a 80% de


linfócitos e 20 a 40% de monócitos

 teor de glicose: 2,2 a 2,4 mmol/L


Exame histopatológico/microbiológico
Exame Clínico do Sistema Nervoso

- Exame Histopatológico/Microbiológico:

a) Histopatológico:
adequada fixação:
formol 10%, 1 semana;

b) Bacteriológico e
virológico: refrigeração.
BARROS et al.,
HISTOPATOLÓGICO

MICROBIOLÓGICO
BARROS et al.,

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