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SEMIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO

Os quadros clínicos de alterações no sistema nervoso são muito


semelhantes entre si. Logo, várias enfermidades podem levar a uma
manifestação clínica em comum.
Nos tratamentos, pouquíssimas enfermidades possibilitam tratamento
específico. Normalmente os tratamentos são paleativos e sintomáticos.

Outra coisa importante no exame físico do sistema nervoso, é que


pouquíssimas vezes ou em nenhum caso, apenas com o exame físico se faz
o diagnóstico ou sequer uma suspeite.
Apenas uma enfermidade, que o quadro clínico é típico e fácil de
diagnosticar é o TÉTANO – quadro clínico clássico. Mas tirando esse caso
do tétano, os quadros clínicos são completamente inespecíficos – várias
enfermidades se encaixam como diagnóstico.

Em casos de alterações no sistema nervoso, os exames complementares


são muito utilizados e úteis para se chegar ao diagnóstico.

Com o exame físico conseguimos no máximo identificar uma síndrome –


ou seja, diagnóstico neuroanatômico (qual a parte do sistema nervoso
está envolvido).

 Síndrome encefálica
 Síndrome cerebelar
 Síndrome de tronco cerebral
 Síndromes para cada nervo craniano
 Síndrome cervical
 Síndrome medular

O quadro clínico neurológico SEMPRE vai depender da área que foi


afetada.

A mesma doença pode apresentar quadros clínicos diferentes.

A epidemiologia é algo importante – Para diagnosticar, é necessário


exames complementares e o mais importante – ISOLAR O VÍRUS ou
BACTÉRIA.
FUNÇÕES DO SISTEMA NERVOSO:
Função aferente – sensitiva (propriocepção - consciência):
Função motora autônoma (simpático e parassimpático)
Função somática
O exame do sistema nervoso é apenas funcional – verificando a função do
sistema nervoso espontaneamente ou por estimulação.
A única parte anatômica que conseguimos inspecionar é a retina no
exame oftálmico.

Ao examinar o paciente, precisamos confirmar se realmente aquele


quadro é neurológico.
 Claudicação X Ataxia
Claudicação é uma alteração no movimento oriundo de um problema
ortopédico.
A ataxia é uma alteração no movimento devido a uma alteração
neurológica.

O envolvimento do sistema nervoso pode ser primário ou secundário. É


muito comum uma enfermidade neurológica ser sequela de algo que não
é neurológico.
Por exemplo: Encefalopatia Hepática – quadro de encefalite, porém
causada secundariamente por uma hepatopatia.

O grande objetivo do exame do sistema nervoso é identificar em que


parte do sistema está ocorrendo a alteração – diagnóstico
neuroanatômico. Classificando como uma síndrome.
A maioria dos prognósticos são ruins.

1. IDENTIFICAÇÃO
2. ANAMNESE
Pergunta-se sobre alterações de comportamento e se houve reicidiva, se o
animal é vacinado, qual o manejo do animal, ambiente em que o animal
vive, saber a epidemiologia regional, saber o tipo de plantação no pasto,
etc.
Feita a anamnese, poderemos classificar os processos patológicos
neurológicos em focal (alteração em uma determinada região – reflexo
pupilar) ou difuso (alterações sistêmicas – convulsão).
Os processos focais normalmente são vasculares (AVC) e os processos
difusos normalmente são por intoxicações, infecções virais ou bacterianas
e processos metabólicos.

Podemos classificar os processos patológicos neurológicos em relação ao


tempo.
Um quadro neurológico agudo que não progride, normalmente é vascular
ou traumático.
Um quadro neurológico agudo que progride simétrico, normalmente é por
intoxicações, nutrição e infermidades metabólicas.
Um quadro neurológico agudo progressivo e assimétrico, normalmente é
causada por infecções.

3. EXAME FÍSICO GERAL


Avaliaremos:
 Atitude ou estado de consciência (avaliar se o animal está alerta ou
não) – é somático e está totalmente ligado ao sistema nervoso.
 Comportamento (avaliar o comportamento normal daquele animal
– subjetivo e é diferente em cada animal).
 Postura (posição do animal em relação ao plano físico – estação,
decúbito, posição de sapo)
 Movimento (Ataxia X Claudicação)
 As incoordenaçoes motoras sem alteração de atitude e
comportamento, são síndromes medulares. A ataxia sem
envolvimento do estado de consciência e comportamento, é uma
síndrome medular.
As ataxias com envolvimento da atitude e comportamento, é uma
síndrome encefálica.

Neurônio motor superior – Nasce no encéfalo e faz sinapse com o


neurônio motor inferior que se liga na musculatura.
Temos duas síndromes motoras superior, que tem como característica
paralisia espástica/rígida (convulsão e epilepsia).
Neurônio motor inferior – É um neurônio periférico que inerva os
músculos. Uma lesão nesse nervo tem como característica uma paralisia
flácida.

4. EXAME ESPECÍFICO
Na avaliação do animal, nós examinaremos por parte as suas estruturas
corporais – cabeça, pescoço, membros anteriores, lombo, membros
posteriores e cauda.
Cada estrutura iremos avaliar as funções de cada um e estimular funções
para observar se há alterações.

No exame da cabeça, devemos avaliar a postura, posição da cabeça, olhos


e orelhas, se há estagmo, se há tremores, se há disfagia.
Devemos saber os doze pares de nervos cranianos e suas funções – saber
o que a lesão de cada um causa no animal.

É importante fazer o teste de reflexo de ameaça para avaliar o nervo


óptico e nervo facial – observar a atitude do animal.

O reflexo pupilar (nervo óptico e nervo oculomotor) não avalia


integridade encefálica e sim a atividade entre o caminho de respostas
entre os nervos.

O animal pode ter cegueira e ter o reflexo pupilar normal – a lesão para
causar a cegueira é no encéfalo e não nos nervos ópticos e oculomotor.

No exame da cabeça tentamos classificar o quadro em síndromes


cerebral, mesencefálica, vestibular e cerebelar.

No exame da coluna, avaliaremos desde a parte cervical até a calda. Uma


lesão medular caracteriza um estado de consciência mantido, porém
haverá uma perda ou déficit sensitivo e motor de acordo com a altura da
lesão medular.

 Paresia (paralisia incompleta) – Fraqueza muscular


 Paralisia (perda total do movimento)
 Paraparesia
 Tetraparesia
 Tetraplegia

Não devemos confundir com lesões de nervos periféricos (ex: tétano)!!!!

Assim como no encéfalo, cada parte da medula irá causar uma síndrome
(cervical, cervico-torácico, toraco-lombar, lombo-sacro e coxígena).
Para cada seguimento da coluna, iremos palpar e estimular para observar
se há alguma alteração.

5. EXAMES COMPLEMENTARES
- Diagnósticos por imagem
- Análise do líquido cefalorraquidiano
- Diagnóstico pós mortem
- PCR

Síndrome (córtex cerebral):


1. Déficit de postura
2. Convulsão
3. Alteração do estado mental
4. Cegueira
5. Opistótono
6. Disfagia

Síndrome (tronco cerebral):


1. Ataxia
2. Dismetria
3. Disfagia
4. Pupila dilatada

TERMOS:
Paresia
Ataxia
Espasticidade
Hipermetria

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