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SEMIOLOGIA DE NEONATOS

O cuidado com o neonato começa desde o momento da concepção desse animal – ou


seja, precisamos lembrar dos cuidados com a mãe desse neonato e o ambiente em
que ela e ele vivem – período e ambiente de reprodução desses animais.

Saber selecionar os animais (machos e fêmeas) para a reprodução e cruza desses


animais, é essencial para um futuro manejo dos filhotes que estão por vim. Existem
casos em que o touro é muito maior do que a matriz e a mesma não consegue fazer
um parto normal ou até mesmo sente dificultade de amamentar esse bezerro por
conta do seu tamanho e altura do úbere.

 FATORES DE INTERFEREM NA VIABILIDADE DE UM NEONATO:


1. Idade das matrizes – O animal precisa estar preparado para a idade
reprodutiva. Um animal muito jovem ou muito idoso, pode não haver
habilidade materna.
2. Vacinações das matrizes prenhas
3. Score corporal da matriz fêmea
4. Ambiente de criação – Relação de higiene sanitária
5. Condições climáticas
6. Superlotação nos rebanhos – Broncopneumonias ou outras doenças
transmissíveis
7. Partos distórcicos

 CONSEQUÊNCIAS DA SUPERLOTAÇÃO:
1. Doenças infecciosas
2. Filhotes mais fortes – conseguem mamar mais que outros – morte de
neonatos mais fracos

 FASE PERINATAL
É a fase de vida do animal até 24h após o seu nascimento.

 FASE NEONATAL
Depende da espécie – de um modo geral, podemos definir que é a fase de vida do
animal até 28 dias após o seu nascimento.
As condições adequadas para um neonato é que eles fiquem em um local seco – pois,
locais com correntes de ar podem levar à alterações do aparelho respiratório. Nesse
ambiente, é necessário ter um fator de umidade relativa entre 60 a 70% de umidade.
Em locais de muito frio ou muito calor devido à alterações climáticas, é necessário que
o veterinário ou proprietário adeque o ambiente para receber e cuidar daqueles
animais. Por exemplo, uso de campânulas em climas frios.
É necessário lembrarmos que o momento do parto é um momento de transição, em
que o animal está saindo de um ambiente e indo para outro totalmente diferente em
todos os sentidos. É importante observamos isso e prestarmos muita atenção nesses
animais – obter um controle das constantes fisiológicas desses animais: FC, FR,
TEMPERATURA, FEZES E COMPORTAMENTO.
Em casos de partos distórcicos, são situações em que é imprescindível ajudar esses
animais – mãe e filho. PORÉM, ATENÇÃO! A ajuda só deve ser prestada em casos de
necessidade. Não precisamos TOCAR no animal (caso não precise) e sim devemos
OBSERVÁ-LOS. Nem toda intercorrência precisa da ação do médico veterinário!

No caso de animais órfãos ou imaturos, devemos reconhecer se eles são animais


normais ou não – para isso, devemos ter conhecimento das estruturas anatômicas.
A maturidade desse animal é algo que devemos observar.

As necessidades do neonato no momento do nascimento se baseia na sua adaptação


no ambiente, controle das trocas gasosas, eliminação dos próprios escrementos,
controle de temperatura, fluxo sanguíneo e a procura pelo alimento.

Devemos observar as fezes dos animais – se houve a eliminação do mecônio (resto de


alimentação do período fetal para não haver uma infecção).
É necessário reconhecer a maturidade do animal – observando o seu
desenvolvimento fetal e de neonato, tendo como base o reconhecimento do tipo de
placenta daquela espécie (importante para adquirir imunidade transplacentária) –
ruminantes (sidesmocorial), cadela e gata (endoteliocorial), porca e égua
(epiteliocorial).
A importância no reconhecimento dessas placentas, é que na placenta da porca, por
exemplo, não existe a passagem de imunoglobulinas – ou seja, os filhotes nascem com
um sistema imunológico “imaturo” e adquire essas imunoglobulinas após o seu
nascimento ingerindo o colostro – imunidade passiva.

O colostro é o leite produzido antes do animal nascer (3 semanas antes do parto) e


este não pode ser retirado.
A função desse leite é fornecer imunoglobulinas, nutrientes, elementos celulares e
fatores antimicrobianos para os filhotes.
BANCO DE COLOSTRO: Retirar o colostro de fêmeas de alta produção de colostro ou
fêmeas que perderam filhotes, colocar em garrafas limpas e congela à temperatura
ideal (não pode levar choque térmico – leva à desnaturação das proteínas). O banco de
colostro é uma grande opção para reserva de colostro em uma propriedade.
Para uma boa produção de colostro, o escore corporal da fêmea prenha e uma
prenhez tranquila, é necessária. Isso envolve uma boa alimentação, estado de saúde
controlada e ausência de estresse.

 PRODUÇÃO DE COLOSTRO:
De um modo geral, a produção do colostro pela fêmea geralmente ocorre de 3 a 10
dias antes do parto e ocorre uma redução desse colostro e da sua qualidade com o
passar do tempo, além disso a absorção pelo filhote também diminui – por isso é
muito importante o animal tomar o colostro até 6 horas após o parto.
As imunoglobulinas presentes no colostro são IgG, igA e igM.

Isoeritrólise – é uma condição na qual durante a gestação, a égua produz anticorpos


contra hemácias. Ou seja, no momento em que o potro toma o colostro, ele entra em
uma anemia hemolítica.

 FATORES QUE INTERFEREM NO CONSUMO DE COLOSTRO:


1. Na ingestão do colostro pode haver uma falta de habilidade materna
2. O animal pode ter um emboletamento
3. Deficiência de visão no filhote
4. Alterações como isoeritrólise
5. Conformações alteradas e úberes e tetos
6. Nutrição inadequada da mãe
Consequências: Alta taxa de morbidade e mortalidade; Alta taxa de patógenos no
ambiente; Animais que não ganham peso (baixa taxa de produção).

 MANEJO:
Tanto o animal estabulado quanto o animal em pastejo é necessário um manejo
correto. No animal estabulado, nós temos a capacidade de observação. Já no animal a
pasto, precisa-se ter uma maior atenção.

EXAME CLÍNICO DO NEONATO

 IDENTIFICAÇÃO
 ANAMNESE
Em um animal nascido com menos de 24h, é importante e necessário perguntar-mos
ao proprietário – Quanto tempo esse animal levou para ingerir o colostro? Qual o tipo
de parto (eutórcico ou distórcico)? Qual histórico da mãe? Quais as condições
higiênico-sanitárias do local? Quais as condições ambientais?
 EXAME FÍSICO
O primeiro exame físico é o reconhecimento da maturidade daquele animal que
acabou de nascer – O pelame está normal? A dentição (erupções dentárias) está
normal? As estruturas físicas estão normais? Avaliar FR, FC e temperatura, estão
normais? Esse animal está maduro o suficiente para ter nascido? Observar as garras e
cascos dos animais recém-nascidos para avaliar a maturação dessas estruturas; Avaliar
se o animal está urinando e defecando normalmente.
Com o decorrer do tempo, já começamos a avaliar o estado nutricional daqueles
animais nascidos.

CUIDADOS:
 Cura do umbigo:
É necessário para não ser um local de entrada para infecções. Utiliza-se Iodo à 2%.

PRINCIPAIS INFECÇÕES BACTERIANAS:


 Poliartrites – Inflamação de mais de uma articulação, muito causada por
infecções no umbigo.
 Onfalites – Ocorre por conta de um mal tratamento do úraco.
 Diarréias
 Septicemias
 Pneumonias

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