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DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO

INTRODUÇÃO
• Muitas doenças são caracterizadas por lesões
difusas, causadas por vírus, bactérias, toxinas,
distúrbios nutricionais e defeitos neurológicos,
podendo os achados clínicos de cada uma das
doenças ser similares.
• Apesar das dificuldades, o clinico de grandes
animais tem a obrigação de tentar fazer o
melhor diagnóstico possível, utilizando meios
de auxilio disponíveis.
• Muito poucas doenças do sistema nervoso dos
animais pecuários são tratadas com sucesso
por um longo período de tempo.
• O sistema nervoso não é, por si próprio,
independente dos outros, órgãos e sua
capacidade funcional é regulada, em grande
parte, pela função dos outros sistemas,
particularmente o sistema cardiovascular.
• A hipoxia (anoxia) causada por doenças
cardiovasculares muito comumente leva a
uma função cerebral alterada por causa da
dependência do encéfalo de adequado
suprimento de oxigênio.
POSTURA E ANDAR
• A capacidade de um animal manter a postura
normal e caminhar com um andar normal
depende amplamente do tônus da
musculatura esquelética, mas também da
eficiência dos seus reflexos posturais.
• O passo mais difícil, quando se tem um defeito
de andar ou postural, é decidir se ele é
originário do esqueleto, dos músculos ou do
suprimento dos nervos.
PERCEPTIVIDADE SENSORIAL
• Os testes de percepção sensorial em animais
só podem ser objetivos, e nunca subjetivos,
como podem ser em humanos, e todo teste
usado em animais pressupõe a integridade do
sistema motor.
ESTADO MENTAL
• A depressão ou intensificação do estado
psíquico não são difíceis de julgar,
particularmente se o proprietário do animal é
observador e preciso. A dificuldade é
usualmente decidir se a anormalidade se deve
às alterações primárias ou secundárias no
encéfalo.
PRINCIPIOS DA DISFUNÇÃO NERVOSA
• O tecido nervoso é limitado nos mecanismos
pelos quais pode responder a influências
nocivas.
Modos de disfunção nervosa

• A excitabilidade da célula nervosa pode ser aumentada


por vários fatores, como drogas estimulantes, inflamação
e graus moderados dessas influências que, na forma mais
grave, podem causar depressão da excitabilidade.
• Os fenômenos de irritação podem resultar de muitas
causas, como inflamação do tecido nervoso, causada por
bactérias ou vírus, certas intoxicações nervosas, anoxia e
edema. As principais manifestações do sistema nervoso
são a tetania, o tremor muscular, as convulsões de todo o
corpo dentro do sistema motor bem como a hiperestesia
e parestesia no sistema sensorial.
Sinais de liberação

• A exacerbação da atividade normal do sistema


nervoso ocorre quando os centros nervosos
inferiores são liberados dos efeitos inibitórios
dos centros superiores.
Paralisia devido a destruição tecidual

• Graus de depressão da atividade podem


ocorrer com a depressão da atividade
metabólica das células nervosas, sendo o
estágio terminal a completa paralisia, quando
o tecido nervoso é destruído.
• Depressão da atividade pode resultar da falha
do suprimento de oxigênio e outros nutrientes
essenciais, de forma direta pela ausência total
ou indiretamente pela falha da circulação local.
Choque nervoso
• Uma lesão aguda do sistema nervoso causa
danos às células nervosas ao redor da lesão,
mais pode haver, perda temporária da função
nas partes do sistema nervoso que não forem
diretamente acometidas.
Manifestações clinicas das doenças do sistema

• Estado Mental: os estados de excitação


consistem em mania, frenesi e
comportamento agressivo, manifestações da
excitação geral do córtex cerebral.
• Mania: o animal age de maneira estranha e
parece indiferente ao ambiente que o cerca.
Atitudes de mania são lambidas, mastigação
de materiais estranhos, às vezes do próprio
animal, vocalizações anormais, mugidos
constantes, cegueira aparente, andar em
locais estranhos, andar cambaleante e
agressividade em animais normalmente
dóceis.
• Frenesi: caracteriza-se pela atividade violenta
e com pouca atenção ao ambiente ao redor do
animal.

• Comportamento agressivo: a agressão e a


vontade de atacar outros animais, humanos
ou objetos inertes são caracterizados de
estágios iniciais da raiva e doença de Aujeszky
em bovinos.
• Estado mentais deprimidos: são sonolências,
lassitude, narcolepsia/catalepsia, sincope e
coma. Todos são manifestações de depressão
da função cerebral em vários graus e ocorrem
como resultado das referidas influências, as
quais deprimem, a função do sistema nervoso,
assim como as que acometem, o
comportamento, provavelmente via sistema
límbico.
• As causas mais comuns em animais pecuários
são: Depressão que leva ao coma; Sincope e
Narcolepsia (catalepsia).
• Andar compulsivo ou pressionar a cabeça
contra objetos: a pressão da cabeça contra
obstáculos é uma síndrome caracterizada por
empurrar a cabeça contra objetos fixos em um
canto da baia, encostando-se a um pilar ou
entre mourões de cercas.
• Andar errante: síndrome similar, porém
menos grave do que o andar compulsivo, é o
andar errante, depressão mental grave,
aparente cegueira, protrusão da língua com
contínuos movimentos de mastigação, apesar
de o animal ser incapaz de ingerir alimentos
ou beber água.
• Movimentos involuntários: são devido a
contrações musculares involuntárias, as quais
consistem em graduações das fasciculações,
espasmos, tremores, tetania, ataques
epiléticos ou convulsões.
• Tremor: essa é uma contração espasmódica
momentânea dos músculos esqueléticos,
continua e repetitiva, geralmente visível e
palpável. O verdadeiro tremor geralmente é
intenso, suficiente para causar incoordenação
e incapacidade acentuada de andar.
• Tiques: são movimentos de contração
espasmódica momentânea com intervalo de
tempos maiores do que os tremores,
apresentando os intervalos geralmente vários
segundos de duração e quase sempre são
mais longos.
• Tetania: é a contração contínua dos músculos
sem tremor. A causa mais comum é a
intoxicação pelo Clostridium Tetani a partir de
infecção localizada com o microorganismo.
• Convulsões: ataques epiléticos, são contrações
musculares violentas que acometem parte ou
todo o corpo.
• São resultados de descargas elétricas
anormais nos neurônios do prosencéfalo que
atingem as áreas motoras somáticas e
viscerais, iniciando movimentos espontâneos.
Anormalidades da postura e andar

• Postura: podem ser adotadas


intermitentemente pelos animais com dor, nas
doenças do sistema nervoso, a anormalidade
geralmente é continua.
• Doença Vestibular: é um sistema
proprioceptivo que ajuda o animal a manter a
orientação em seu ambiente com relação à
gravidade.
• Andar: os componentes essenciais de uma
anormalidade neurólogica do andar são a
fraqueza e a ataxia.
• Doença cerebelar: quando a função cerebelar
é anormal, aparece ataxia, uma
incoordenação da ação muscular ou do andar.
• Doença da medula espinhal: pode causar
variados graus de fraqueza e ataxia é comum
em grandes animais. A fraqueza é provocada
por danos aos neurônios motores superiores e
pelo déficit proprioceptivo nos neurônios
sensoriais ascendentes.
PARALISIA
• As lesões do córtex motor em animais
pecuários não produzem qualquer déficit no
andar, nem ocorre qualquer paresia, apesar de
lesões agudas a fraqueza poder ser evidente
por um ou dois dias.
DISTURBIOS SENSITIVOS
• As lesões do sistema sensorial raramente são
diagnosticadas em animais, exceto as que
afetam a visão e o aparelho vestibular, por
causa da impossibilidade de mediações das
respostas subjetivas.
CEGUEIRA
• Manifesta-se como anormalidade clinica em
que o animal esbarra em objetos que deveria
evitar.
Anormalidades do sistema nervoso
autônomo
• As lesões que afetam o fluxo cranial
parassimpático ocorrem pelo
desenvolvimento dos nervos oculomotor,
facial, vago e glossofaríngeo, ou dos seus
núcleos, sendo os efeitos produzidos
discutidos no exame individual dos nervos.
O EXAME NEUROLÓGICO
• O objetivo primário do exame neurológico é
confirmar se existe ou não anormalidades
neurológicas e identificar a lesão.
CABEÇA

• Comportamento: o proprietário deve ser


questionado sobre comportamentos anormais
do animal, nos quais podem-se incluir
mugidos, bocejos, lamber, manias, convulsões,
agressividade, pressionar a cabeça sobre
obstáculos, curso errante, andar compulsivo e
balançar a cabeça.
• Estado Mental: baseia-se no nível de atenção
ou consciência do animal. O coma é um
estado de completa irresponsividade aos
estímulos nocivos.
• Postura e coordenação da cabeça: as lesões
do sistema vestibular freqüentemente
resultam em desvio da cabeça.
• As lesões do cérebro produzem desvio da
cabeça e pescoço. Na doença cerebelar,
podem ocorrer tremores da cabeça,
exagerados no esforço de movimentos
involuntários.
• Nervos cranianos: Anormalidades da função
dos nervos cranianos auxiliam a localizar a
lesão periférica ou no tronco encefálico.
• Nervos olfatório: Os testes de olfato são
insatisfatório em animais por causa das suas
respostas ao alimento pela visão e som.
• Nervo óptico: Os únicos testes de acuidade
visual aplicáveis aos animais são os do reflexo
de preservação do olho: provocando o
fechamento das pálpebras e a retirada da
cabeça, quando se direcionam os dedos para
os olhos, e ao fazer o animal se mover em
direção a algum obstáculo.
• Nervo oculomotor: Inerva os músculos
constritores da pupila na íris e todos os
músculos extrínsecos do globo ocular exceto o
obliquo dorsal, o reto lateral e os refratores.
• Nervo troclear: Esse nervo inerva somente os
músculos obliquo dorsal do olho, de modo
com que os movimentos externos e a posição
do globo ocular se encontram anormais,
quando o nervo é lesado.
• Nervo trigêmeo: A parte sensorial do nervo
trigêmeo inerva as fibras sensitivas da face e
pode ser examinada pelo teste do reflexo
palpebral e sensibilidade a face.
• Nervo abducente: ornecer as fibras motoras
para o músculos retrator e reto lateral do
globo ocular, a lesão do nervo pode resultar
em protrusão e desvio medial do globo.
• Nervo facial: Inerva os músculos que
movimentam as orelhas, pálpebras, lábios e
narinas, além das vias motoras dos reflexos de
ameaça, palpebral e corneal.
• Nervo vestibulococlear: Não é facilmente
testada por um simples exame, porém falha
em responder aos sons agudos repentinos,
produzidos fora da visão do animal, e sem
mover correntes de ar, sugere surdez.
• Nervo glossofaríngeo e nervo vago: É sensorial da
faringe e laringe, e o nervo vago é motor para
essas estruturas. A disfunção de tais nervos
geralmente é acompanhada de paralisia dos
referidos órgãos com sinais de disfagia ou
incapacidade de deglutir.
• Nervo acessório espinhal: A perda da função pode
levar à paralisia dos músculos trapézio,
braquiocefálico, esternocefálico e perda da
resistência para elevar a cabeça.
• Nervo hipoglosso: Inervação motora da língua,
a função deste nervo pode ser examinada
melhor pela observação da atividade motora
da língua.
MECANISMOS FISIOPATÓLOGICOS DAS
DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO
• As causas infecciosas podem ser por vírus,
bactérias, fungos;
• Substâncias exógenas, como chumbo, sal,
selênio;
• Substâncias endógenas, como toxinas
bacterianas, amônia;
• Causa metabólicas e nutricionais;
• Acidose associada com diarréia;
• Lesões traumáticas e físicas do encéfalo e
medula espinhal;
• Neoplasias do sistema nervoso e
• Malformações.
• Resposta do sistema nervoso central às lesões:
Pode responder às lesões com alterações
morfológicas que consistem em edema
cerebral e tumefação do encéfalo, inflamação
e desmielinização.
DOENÇAS DIFUSAS DO ENCEFÁLO
• HIPOXIA CEREBRAL: ocorre quando o
suprimento de oxigênio para o encéfalo é
reduzido por qualquer razão.
• ETIOLOGIA: todas as formas de hipóxia, como
as formas anêmicas, anóxicas, histotóxicas e
estagnantes, causam algum grau de hipoxia
cerebral. A hipóxia encefálica pode ser
secundária à hiopóxia sistêmica geral ou ser
causada por lesões restritas a cavidade
craniana.
TRATAMENTO
• O fornecimento de oxigênio é essencial e
geralmente pode ocorrer apenas pela
remoção do agente causador. Um estimulante
respiratório em casos agudos.
AUMENTO DA PRESSÃO INTRACRANIANA

• O edema cerebral difuso e a tumefação do


encéfalo ocorre de forma aguda e causam
aumento da pressão intracraniana.
• ETIOLOGIA: poderão ser vasogênicos, quando
houver um aumento da permeabilidade do
endotélio capilar; citotóxicos, todos os
elementos do tecido cerebral.
TRATAMENTO
• Depende da causa, o edema associado a
polioencefalomalacia responde precocemente
ao tratamento como a tiamina. O edema do
encéfalo responde ao tratamento parenteral
com soluções hipertônicas e corticosteróides.
HIDROCEFALIA
• A hidrocefalia obstrutiva pode ser congênita
ou adquirida, mais em muitos casos ela pode
ocorrer devido a um defeito de drenagem.
ENCEFALITE
• Inflamação do encefálo, caracteriza-se nos
estágios iniciais, por sinais de movimentos
involuntários, seguidos por sinais causados
pela perda da função nervosa.
TRATAMENTO
• Tratamento específicos são indicados em cada
uma das doenças. Os antimicrobianos são
indicados para a meningoencefalomielite
bacteriana. O objetivo deve ser o
fornecimento de tratamento por liquido
intravenoso e terapia eletrolítica ou
alimentação por sonda gástrica durante a fase
aguda.
ENCEFALOMALACIA OU DOENÇA DEGENERATIVAS
DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

• A leucoencefalomalacia e a
polioencefalomalacia referem-se ao
amolecimento das substâncias brancas e
cinzenta.
• A abiotrofia é a degeneração prematura dos
neurônios devido a um erro metabólico
hereditário de desenvolvimento.
TRATAMENTO
• O prognóstico depende da natureza da lesão.
Os casos iniciais de polioencefalomalacia
podem ser recuperados completamente, se
tratados com níveis adequados de tiamina. A
encefalomalacia pela intoxicação por chumbo
é incurável.
LESÃO TRAUMÁTICA DO ENCEFÁLO
• Os efeitos do trauma no encéfalo variam com
o local e extensão da lesão, inicialmente o
choque nervoso é comum e ocorre seguido de
morte.
TRATAMENTO
• Nos animais que recuperam a consciência
dentro de poucas horas ou no inicio, o
prognostico é favorável, e pouco ou nenhum
tratamento especifico pode ser necessário, a
não ser os cuidados de enfermagem. Quando
o coma demorar mais de três a seis horas, o
prognóstico será desfavorável, a eutanásia
recomendada.

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