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28/10/2016

Introdução
NEUROLOGIA • Convulsão é um termo “consagrado pelo uso”.

• Principal alteração clínica na neurologia


Distúrbios Convulsivos em veterinária.
Pequenos Animais
• Causas intracranianas, extracranianas e
Prof. MSc Rodrigo Filippi Prazeres idiopática.
Disciplina de Clínica Médica Especial de Pequenos Animais
Universidade Paulista

Terminologia Terminologia
• Convulsão é um sintoma:

– Período clínico de comportamento anormal,


causado por uma descarga elétrica, paroxística,
descontrolada e transitória, nos neurônios
cerebrais (March, 1998).

• Epilepsia é uma doença:

– Seu principal sintoma é a convulsão.

Etiopatogenia Etiopatogenia
• Desencadeada por estímulo sensorial, químico • Aumento da estimulação de neurotransmissores
ou elétrico; enfermidades intrínsecas do SNC. excitatórios.

– Glutamato.
– Intoxicação, traumatismo, neoplasia, hidrocefalia,
falência de órgãos, hipoglicemia, toxemias, ou
• Diminuição da inibição dos neurotransmissores
EPILEPSIA.
inibitórios.

• Perda do equilíbrio entre mecanismos – GABA.


gabaérgicos e mecanismos excitatórios (sinapses
glutamaérgicas). • LIMIAR CONVULSIVO montante mínimo de
estimulação necessária para produzir uma convulsão.

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Classificação Etiológica Classificação Baseada no Aspecto


• Sintomática – secundária: • Focal ou parcial:
– Hidrocefalia, encefalite, traumatismo, neoplasia.
– Pequena frequência.
• Reativa: – Área focal de atividade neuronal anômala no
córtex.
– Doenças metabólicas e tóxicas. – Manifestações clínicas dependem da localização.
• Idiopática:
Simples X Complexas
– Não há causa conhecida!
– Geralmente epilepsia.

Classificação Baseada no Aspecto Classificação Baseada no Aspecto


Simples Complexas Simples Complexas
• Sem perda de consciência; • Alterações de consciência; • Sem perda de consciência; • Alterações de consciência;
• Manifestações focais • Convulsões psicomotoras; • Manifestações focais • Convulsões psicomotoras;
motoras, sensitivas, • Reconhecimento difícil em motoras, sensitivas, • Reconhecimento difícil em
animais; animais;
autonômicas, psíquicas; autonômicas, psíquicas;
• Confusão mental; • Confusão mental;
• Raras em cães e gatos. • Midríase; • Raras em cães e gatos. • Midríase;
• Contração musculatura da • Contração musculatura da
face; face;
• Comportamento bizarro • Comportamento bizarro
intermitente (lamber, mastigar, intermitente (lamber, mastigar,
agressividade). agressividade).

Classificação Baseada no Aspecto Classificação Baseada no Aspecto


• Generalizadas: • Pequeno mal:

– Mais frequentes distúrbios metabólicos, – Perda generalizada do tono muscular;


tóxicos, nutricionais, epilepsia idiopática. – Perda extremamente breve da consciência;
– Animais não reagem a estímulos;
– Discretos eventos motores;
– Manifestações clínicas simétricas e sincrônicas.
– Midríase;
– Ptialismo;
– Pequeno ou grande mal.
– Contrações finas e frequentes dos lábios e
pálpebras.

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Classificação Baseada no Aspecto Classificação Baseada no Aspecto


• Mioclônicas: • Clônicas:

– Espasmos musculares; – Contrações musculares rítmicas.


– Sem perda de consciência;
– Generalização secundária.

Classificação Baseada no Aspecto Classificação Baseada no Aspecto


• Tônicas: • Grande mal:

– Com ou sem perda da consciência; – Convulsões tônico-clônicas;


– Aumento tono muscular; – Queda;
– Minutos a horas. – Perda de consciência;
– Relaxamento de esfíncteres;
– 60% das convulsões de gatos;
– 80% das convulsões de cães.

Fases da Convulsão Fases da Convulsão


• Prodrômica: • Aura:

– Dias, horas ou minutos que antecedem a – Momentos que antecedem a crise.


convulsão. – Relacionado ao foco primário.
– Alteração de comportamento. – Movimentar um grupo muscular específico, olhar
– Ocorre em cerca de 40-50% dos animais. fixo ou vocalização.

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Fases da Convulsão Etiologia


• Ictal: • Resumindo:

– Convulsão propriamente dita. – Causas Intracranianas:


– Lembrar da classificação - focal, generalizada.
• TCE, neoplasias, encefalites e hidrocefalia.
• Pós-ictal:
– Causas extracranianas:
– Período pós convulsão ou fase de recuperação.
– Andar atáxico, polidpsia ou polifagia, aumento de • Metabólicas, tóxicas e nutricional.
libido.
– Idiopática.

Etiologia Etiologia
• Animais jovens: • Animais entre 1 e 5 anos:

– Doenças congênitas hidrocefalia, lissencefalia. – Epilepsia idiopática:


– Hipoglicemia das raças toy jejum prolongado. • Normal entre as crises;
– Verminose por Toxocara sp. somente animais • Histórico familiar;
gravemente parasitados. • Raça Pastor Alemão, Setter Irlandês, São Bernardo,
– Anastomose porto-sistêmica Yorkshire Terrier. Poodle Miniatura, Teckel, Cocker Spaniel, Beagle,
Schnauzers, Fox Terrier e Husky Siberiano.
– Cinomose! • Sexo macho >>> fêmeas.

– Cinomose!

Etiologia Etiologia
• Animais > 5 anos: • Pense sempre também em:

– Traumatismos últimos 6 meses a 2 anos!


– Neoplasias:
– Intoxicação:
• Aproximadamente 2/3 dos pacientes com neoplasias
intracranianas – primeiro sintoma. • Animal agressivo ou late muito à noite;
• Produto/medicamento no animal ou ambiente.
– Cinomose!
– Doenças metabólicas;

– Isquemia anestesia recente, ixodidiose, cardiopatia.

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Etiologia Diagnóstico
• Em felinos: • Não há diagnóstico específico...

– Epilepsia verdadeira é rara! – Use o bom senso e se baseie nas suspeitas para
firmar o diagnóstico.
– Pensar em doenças infecciosas:
• Não esqueça de buscar causa de base.
• Micoplasmose;
• FIV;
• FelV;
– Não esqueça da glicemia.
• PIF;
• Toxoplasmose? • Pode ser causa ou consequência!

Diagnóstico Diagnóstico
• Identificação • Anamnese:

– Espécie; – Paciente imunizado, desverminado?


– Raça; – Histórico familiar?
– Sexo; – Antecedentes mórbidos;
– Idade. – Produtos tóxicos;
– Mecanismos desencadeadores;
– Correlação com exercícios, alimentação;
– Frequência e duração.

Diagnóstico Diagnóstico
• Exame físico: • Exame complementares:
– Geral→ “do focinho à cauda”.
– Hemograma;
– Exame neurológico... – Bioquímica Sérica;
• Estado mental e comportamento; – Líquido Cefalorraquidiano;
• Postura; – EEG e ECG;
• Marcha;
• Tremores involuntários; – Raio-X;
• Reações posturais; – Tomografia Computadorizada;
• Nervos cranianos;
• Reflexos miotáticos; – Ressonância Nuclear Magnética.
• Avaliação sensorial.

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Tratamento Tratamento
• Objetivos: • Go low, go slow...

– Diminuir a intensidade ; – Iniciar com dose mínima;


– Aumentar os intervalos entre as crises; – Necessário 2 a 3 meias vidas para concentração
– 3 a 4 convulsões por ano; sérica estável;
– Após o controle aguardar um ano para retirar ou – Monoterapia X Politerapia;
diminuir o anticonvulsivante. – Lembrar dos objetivos!

Tratamento Tratamento
• Fenobarbital (2 a 10mg/kg / VO / BID): • Fenobarbital (2 a 10mg/kg / VO / BID):

– De eleição! – Iniciar com dose baixa (2-3mg/kg/BID).

– Absorvido em 2 horas e pico plasmático em 4-8 horas:


– Efeitos colaterais:
• 50% se liga à proteína plasmática;
• 2/3metabolizado no fígado; • Sonolência, obesidade, neutropenia, teratogenicidade e
• 1/3 no rim; hepatotoxicidade.
• Excitação aumentar a dose em 25%.
– Estimulação do GABA. • Sonolência excessiva diminuir a dose em 25%.

Tratamento Tratamento
• Fenobarbital (2 a 10mg/kg / VO / BID): • Brometo de Potássio (20 a 40mg/kg / VO / SID
ou BID):
– Monitorar ALT e FA:

• Aumentos de 2/3 x os valores de referência podem ocorrer – Segunda escolha:


sem lesão hepática.
• Aumentos superiores podem refletir hepatotoxicidade.
• Refratários ao fenobarbital ou hepatopatas;
• Em caso de necessidade diminuir, sendo 25% da dose a cada
30 dias. • Excreção renal;
• Efeitos colaterais PD/PU, sonolência, letargia, ataxia e
– Fenobarbital sérico: pancreatite.
• Só ou com fenobarbital...
• 15-40 µg/dL (ideal 25-30 µg/dL).

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Tratamento Tratamento
• Mono ou Associação? • Tratamentos alternativos:

– De cada 100 epiléticos... – Primidona (Primidon®)


– Carbamazepina (Tegretol®)
• 60 controlam com mono. – Difenil-hidantoína (Hidantal®)
– Gabapentina (Neurontin®)
• 40 não controlam:
– Benzodiazepínicos (Valium®)
– 20 controlam bem com associação;
– 20 não controlam bem.

Tratamento Tratamento Crise Convulsiva


• E se mesmo assim falhar? • Primeiramente, manter a CALMA...

– Reavaliar diagnóstico; – Depois, segurar o animal e anamnese dirigida:


– Avaliar proprietário;
– Reavaliar a dose. • Quantas crises, já é tratado, foi medicado nas últimas
horas???

– Acesso venoso.

– Glicemia!

Tratamento Crise Convulsiva Tratamento Crise Convulsiva


• Diazepan IV, intranasal ou intraretal: • Crise refratária?

– 0, 5 a 01mg/kg a cada 10’ – repetir por 3 vezes. – Infusão contínua de diazepam:

– Associar com fenobarbital: • 0,5-2mg/kg/hora


• Diazepam (10mg/mL) em 100mL de glicose 5% ou sol.
fisiológica = 0,1mg/mL, ou seja, 5 a 20 mL/kg/hora.
• 2-4mg/kg/ IM ou IV a cada 20-30’.
• Dose cumulativa máxima 20mg/kg.
• Pode-se manter esta dose a cada 6 horas por um ou dois – Infusão contínua de fenobarbital:
dias.
• 2 a 16 mg/hora
– Glicemia! • Fenobarbital (200mg/2mL) em 100mL de glicose 5% ou sol.
fisiológica = 2mg/mL, ou seja 1 a 8 mL/kg/hora.

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Tratamento Crise Convulsiva Tratamento Crise Convulsiva


• Ainda em crise refratária, o que se pode • Ainda em crise refratária, o que se pode
utilizar? utilizar?

– Outros fármacos:
– Inalatória:
• Propofol;
• Isofluorano, como última tentativa. • Pentobarbital;
• Caro e inviável se as outra drogas não funcionarem. • Acepromazina;
• Apenas para ganhar tempo! • Quetamina;
• Xilazina;
• Zolazepan associado a tiletamina.

Se Não Tratar? Quando Iniciar o Tratamento?


• Foco em espelho: • Cão, Poodle Miniatura, 3 • Cão, Pastor Alemão, 5 anos
anos de idade, de idade, com histórico de
apresentou uma crise convulsões há 3 anos.
– Geração de um outro foco em hemisfério convulsiva ontem à noite. Eventos de grande mal
contralateral em área homóloga. Tratar? anualmente. De ontem até o
atendimento – 6 crises.
 Sim Tratar?
• Fenômeno Kindling:  Não
 Talvez  Sim
 Chorar?  Não
– Piora dos episódios convulsivos pelo menor  Talvez
intervalo entre as mesmas e maior tempo de  Chorar?

duração.

Dúvidas?

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