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1-CLASSIFICAÇÃO E PROPEDÊUTICA:
- DEFINIÇÃO:
- De acordo com o padrão de acometimento dos nervos periféricos, as NP podem
ser classificadas em:
- Radiculopatias: Resultam no acometimento das raíses nervosas e podem se
anteriores ou posteriores. As posteriores bem mais comuns.
- Plexopatias: São decorrentes das afecções dos plexos nervosos (complexas
redes de raízes, sensitivas e motoras).
- Mononeuropatias: consiste no envolvimento de um único nervo periférico.
- Mononeuropatias múltiplas: consistem no acometimento de dois ou mais
nervos periféricos individuais. Envolvimento topográfico e temporal assimétrico dos
nervos periféricos define mononeuropatia múltipla
- Polineuropatias (PN): As polineuropatias consistem no envolvimento simultâneo
e simétrico dos nervos periféricos, de distal para proximal.
- CLASSIFICAÇÕES:
- A) ETIOLOGIA: Podem ser adquiridas ou hereditárias. Sabe-se que nas crianças,
as hereditárias representam cerca de 85% e as adquiridas 15%, enquanto que, nos
adultos estes dados se invertem.
NP Hereditárias
Neuropatia hereditária sensitivo-motora (Doença de Charcot-MarieTooth)
Amiloidose Familiar
Porfiria entre outras.
- B) EVOLUÇÃO:
- AGUDAS: Os sintomas apresentam uma evolução de até quatro semanas.
- Os principais exemplos de neuropatias agudas são: polineuropatia inflamatória
desmielinizante aguda, porfiria , tóxicos, neuropatia diabética proximal, vasculítes e
ganglionopatias.
- SUBAGUDAS: Evolução dos sintomas em quatro a oito semanas.
- Suas etiologias são variadas e incluem vasculites sistêmicas ou isoladas do
SNP, neuropatias paraneoplásicas, diabetes, neuropatias tóxicas e outras.
- CRÔNICAS: Evolução superior a oito semanas.
- É a categoria que compreende a mais ampla variedade de etiologias como
neuropatias hereditárias e a polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica.
- FLUTUANTES: As neuropatias periféricas podem apresentar flutuações ao longo
do tempo, com períodos de remissão e exacerbação dos sintomas.
- C) SÍTIO DA LESÃO:
- AXONAIS: São decorrentes da injúria ao axônio do neurônio com consequente
degeneração axonal.
- As polineuropatias axonais apresentam um padrão predominantemente distal
com evolução ascendente do tipo comprimento dependente, pois os maiores nervos
tendem a ser afetados primeiros.
- DESMIELINIZANTES: São aquelas decorrentes do comprometimento da bainha de
mielina.
- A desmielinização pode ser segmentar ou homogênea. Podem afetar tanto os
membros inferiores quanto os membros superiores em conjunto ou isoladamente, sem
um padrão obrigatoriamente ascendente.
- MISTAS: São aquelas em que existe um comprometimento tanto dos axônios
quanto da bainha de mielina.
DIAGNÓSTICO:
- Essencialmente clínico;
- ENMG:
- Serve para o discrime diagnóstico com as doenças medulares, da placa motora
e dos músculos. Revela se a PN é do tipo axonal ou desmielinizante e ajuda para a
determinação do prognóstico das NP.
- Exames de sangue e urina:
- Glicemia de jejum e pós-prandial na suspeita de PN diabética, hemograma,
VHS, ureia, creatinina, Vitamina B12, homocisteína, ácido metilmalônico, hormônios
da tireóide, pesquisa de HIV, HTLV-1, Hepatite B e C.
- Nas PN paraneoplásicas e autoimunes fazem-se necessário a pesquisa de
anticopos anti-Hu, anti-Pi, anti GM1, anti GQ1D e outros.
- Nas PN hereditárias realiza-se hoje exame de DNA.
- Líquor:
-Torna-se importante nas PN desmielinizantes quando as proteínas costumam
estar elevadas e nas PN infecciosas com alterações específicas.
- Biópsia de nervo:
- É realizada em nervo sensitivo superficial, sendo o sural o mais biopsiado.
- É mandatória para o diagnóstico de vasculite, lepra, amiloidose e outras
afecções mais raras.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
- MIOPATIAS:
- Nestas a fraqueza costuma ser proximal.
- A ausência de distúrbios sensitivos subjetivos e objetivos, os reflexos
profundos que só se abolem tardiamente.
- O aumento de enzimas musculares séricas e o padrão miopático na ENMG
confirmam a natureza miopática.
- MIELOPATIAS:
- Se acompanham de abolição de reflexos profundos por vezes simulam
doença do SNP
- Nível sensitivo com alterações esfincterianas.
- LESÕES DE TRONCO CEREBRAL:
- Tetraplegias flácidas agudas podem ocorrer por acometimento do tronco.
2-NEUROPATIAS FOCAIS
- DIAGNÓSTICO:
- Clínico, solicitando o paciente à fazer manobras dos músculos da face.
- Sinal de Bell é patognomônico.
- ETIOLOGIA:
- Variada, desde o seu núcleo no tronco cerebral;
- Infecciosos: meningites e otites
- Neoplásicos: neurinoma do acústico, tumor de base de crânio.
- Traumáticos: fratura do rochedo temporal
- Vasculares: tronco cerebral
- Desmielinizantes: esclerose múltipla.
- Polirradiculoneurites: SGB
- EXAME NEUROLÓGICO:
- Normal, exceto pela hiperacusia, alterações gustativas e do lacrimejamento.
- Avaliar bem o V e VIII nervos. Sensibilidade da córnea e funções vestibulares.
- Avaliação do otorrinolaringologista nos casos duvidosos.
- EXAMES COMPLEMENTARES:
- HC, VHS, Glicemia de jejum e HIV.
- Radiografia de crânio e osso temporal: na suspeita de lesões ósseas
- TCC e RNM de crânio: para afastar lesões no tronco e pontocerebelar.
- ENMG: em todos os casos para confirmar o diagnóstico e avaliar o prognóstico.
- Bloqueio funcional (neuropraxia): bom prognóstico.
- Axonotmese: denuncia recuperação lenta ou sequela permanente.
- SÍNDROME DE RAMSAY-HUNT
- PFP provocada pelo herpes-zóster.
- Otalgia e vesículas no pavilhão auricular.
- Hiperacusia com lacrimejamento normal.
- PROGNÓSTICO:
- PFP idiopática tem resolução em 90% das vezes.
- Resolução demora de 2 a 4 semanas. Orientar o paciente.
- Sequela mais comum: sincinesias, ao piscar o olho o paciente pode repuxar a boca
e o inverso também pode ocorrer.
NEURITE ÓPITICA: NO
- Processo inflamatório do nervo óptico.
- Causado por: - infecção (vírus, bactérias e fungos),
- processos desmielinizantes
- doenças autoimunes.
- Estão excluídos da denominação NO: processos compressivos, vasculares e
tóxicos-carencias ( Neuropatias ópticas).
- Principal causa: doença desmielizante – EM. Entre 15% a 20% dos pacientes com
EM apresentam manifestação inicial a neurite óptica.
- QUADRO CLÍNICO:
- NO desmielinizante:
- Dor retrocular exacerbada pela movimentação do olho, que pode preceder os
sintomas visuais em alguns dias.
- Embaçamento visual que evolui no decorrer de horas ou no máximo de 10 dias
para perda visual variável.
- Discromatopsia: para o amarelo na fase inicial e vermelho na fase de
recuperação está presente quase universalmente.
- Fenômeno de Uhthoff: piora da acuidade visual com aumento da temperatura
corporal ( atividade física ou exposição ao sol), mais comum na fase de recuperação.
- EXAME NEURO-OFTALMOLÓGICO:
- Solicitar avaliação do Oftalmologista, caso ainda não tenha sido feita.
- Déficit pupilar aferente relativo: pupila de Marcus-Gunn no olho acometido.
- Alterações campimétricas centrais na maioria das vezes.
- Fundo de Olho: Normal em 2/3 dos pacientes.
Edema de papila óptica leve a moderada no 1/3 restante.
- Ausência de alterações ao fundo de olho: neurite retrobulbar.
- Presença de alterações ao fundo de olho: papilite.
- Na presença de hemorragias peripapilares e exsudatos retinianos: avaliar
diagnostico alternativo.
- DIAGNÓSTICO:
- História clínica e exame neuro-oftatalmológico.
- Exames laboratoriais: HC, VHS, Glicemia de jejum, FAN (fator antinuclear), VDRL,
Vitamina B12, Eletroforese de proteínas.
- RNM de órbitas e crânio: sempre deve ser realizada idealmente até 2 semanas da
instalação do quadro.
- Principal papel da RM: auxilia no diagnóstico diferencial e identificar os pacientes
de alto risco de conversão para EM.
- TRATAMENTO:
- TT de escolha: pulsoterapia com metilprednisolona intravenosa, 1g/ dia, 3 dias
consecutivos.
- Utilizar ivermectina antes da pulsoterapia.
- FISIOPATOLOGIA:
- NOIA-NA: mecanismo hemodinâmico com infarto em zonas de fronteira vascular da
artéria central da retina.
- OBS: a NOIA-NA é a causa mais comum de perda visual monocular em
indivíduos com mais de 50 anos.
- NOIA-A: causada por vasculite que acomete as artérias ciliares posteriores, com
estreitamento do lúmen vascular com trombose e oclusão dos vasos.
- OBS: principal causa de NOIA-A é a arterite de células gigantes (ACG), mas
pode ser causada também por LES e outras vasculites.
- NOIP: devido a concomitância de hipotensão arterial grave e anemia.
- OBS: pacientes durante cirurgia, anemia falciforme.
- QUADRO CLÍNICO:
- NOIA-NA:
- Perda visual monocular súbita, indolor, sobretudo de manhã, ao acordar.
- 10% dos pacientes podem ter dor retrocular leve, não agravada pela
movimentação dos olhos.
- Déficit visual principal: altitudinal inferior, com preservação da visão central.
- Fundoscopia: edema de papila é comum, e geralmente associado à
hemorragias retinianas, com duração de aproximadamente 4 a 8 semanas.
- Amaurose fugaz: muito rara na NOIA-NA
- NOI-A:
- Acomete principalmente as mulheres.
- Perda visual súbita monocular, mais grave que a NOIA-NA.
- Amaurose fugaz: ataques premonitórios de perda visual transitória é bastante
típica.
- Fundoscopia: papila edemaciada e esbranquiçada.
- Pode ocorrer bilateralmente.
- Avaliar sintomas gerais de ACG, que podem preceder o quadro em 2 a 3
meses.
- ACG:
- VHS + PCR: devem ser realizados antes do tratamento com corticoides.
- Padrão ouro: biópsia de artéria temporal
- Manifestações sistêmicas da ACG:
- Cefaléia.
- Polimialgia reumática;
- Mal estar e claudicação da mandíbula
- Febre baixa.
- NOIP:
- É uma complicação rara de 1% de todos os procedimentos cirúrgicos
- Mais comuns em cirurgias cardíacas e de coluna vertebral.
- 70% dos casos ocorre perda visual bilateral e simultânea.
- Déficit visual é percebido já no pós-operatório imediato, mas pode ocorrer até
10 dias do procedimento.
- Raramente pode ocorrer a NOIP por ACG, mas este é diagnóstico de
exclusão.
- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
- Neurite ópitica desmielinizante
- Neuropatia ópitica hereditária de Leber.
- TRATAMENTO:
- NOIA-NA:
- Não há tratamento efetivo.
- AAS como prevenção secundária.
- NOIA-A:
- É uma urgência médica
- Metilprednisolona IV 1g/ dia, durante 3 a 5 dias e a seguir:
- Prednisona oral 80 mg/dia por 30 dias
- Prednisona oral 60 mg/dia por 30 dias
- Prednisona oral 40 mg/dia a partir do terceiro mês.
ESPASMO HEMIFACIAL:
- CARACTERÍSTICA:
- Hiperatividade unilateral do nervo facial.
- Espasmo do músculo orbicular do olho, de todos da expressão facial até o
platisma.
- Pode ocorrer em surtos e continuar durante o sono.
- Evolutivamente: pode haver leve grau de paresia facial : porém é raro.
- CAUSAS:
- Compressão vascular nas radículas no sulco bulbopontino em 85% dos casos.
- Outras causas: cistos, neoplasias, aneurismas, MAVs, lesões ósseas no ângulo
pontocerebelar.
- DIAGNÓSTICO:
- Clínico, unilateral, que pode piorar com cansaço e emoções.
- Pode estar associado à nevralgia do trigêmeo: tic convulsif
- Bilateral ocorre em apenas 1% dos casos.
- Eletromiografia pode ser indicada nos casos com paresia facial.
- RNM de crânio deve ser realizada para afastar outras causas possíveis.
- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
- Mioquimia facial
- Sincinesias pós-paralisia facial
- Crise epiléptica focal
- Mioclonia da face, espasmos mastigatórios.
- TRATAMENTO:
- Carbamazepina e clonazepam podem diminuir a ansiedade e melhorar o quadro.
- Atualmente 2 técnicas bem estabelecidas para o tratamento.
- Descompressão microcirúrgica.
- Injeção de toxina botulínica.
- TÚNEL DO CARPO:
- É um canal ósseo ligamentar não dilatável, pelo qual passam 10 estrutudas.
- 9 tendões de músculos flexores.
- Nervo mediano.
- Parede posterior: ossos do carpo.
- Parede anterior: ligamento transverso do carpo.
- O nervo mediano após passar esse canal emite um ramo motor recorrente:
- Musculatura da região tenar e movimento de oponência e abdução do polegar.
- Sensorial para face ventral da mão, além do 1, 2, 3 e porção medial do 4 dedo.
- EPIDEMIOLOGIA:
- 40% das vezes é bilateral.
- Acomete principalmente a mão direita.
- Acomete mais mulheres, na idade entre 40 e 60 anos.
- FISIOPATOLOGIA:
- Espessamento dos tendões dos flexores, com aumento da pressão sobre o nervo
mediano, reduzindo progressivamente o fluxo sanguíneo arterial e retorno venoso.
- CAUSAS:
- Principais causas: inflamatórias: sinovite hipertrófica, tenossinovite, artrite
reumatoide (60% destes pacientes);
- Traumática: ocupacional ou associada à fratura.
- Metabólicas e endócrinas: diabetes, hipotireoidismo, acromegalia, gravidez,
menopausa, contraceptivos orais ( responsáveis por 15%)
- Tumores, infecções e malformações congênitas.
- QUADRO CLÍNICO:
- Pode ser divido em 4 fases a saber:
- PRECOCE:
- Sintoma inicial é o formigamento do dedo médio, podendo acometer o indicador
e o polegar.
- Evolução lenta, de aproximadamente 1 ano.
- Exame físico: o paciente pode não ter alterações motores e sensitivas
significativas. Pode haver sinal de Tinel e Phalen.
- ENMG: pode ter aumento da latência distal do potencial de ação sensorial.
- RX, TC e RNM de punho: pode ser normais.
- Tratamento: afastamento do paciente das atividades repetitivas, AINE e
imobilização da mão com tala. Afastar causas reversíveis.
- INTERMEDIÁRIA:
- Parestesias tornam-se mais contínuas;
- Dormência nas pontas dos dedos e dor se instala á noite, pela estase venosa.
- Hipoestesia tátil e dolorosa nas pontas do dedos, além de fraqueza motora.
- Phalen e Tinel positivos.
- ENMG: pode demonstrar aumento da latência para potencias sensoriais e
motor.
- Tratamento inicialmente clínico, podendo posteriormente ser cirúrgico.
- AVANÇADA:
- Perda permanente da motricidade e sensibilidade.
- Dificuldade para escrever, desabotoar a camisa e segurar objetos.
- Hipoestesia grave no trajeto do nervo mediano e sinais de atrofia tenar.
- ENMG: desnervação muscular e fibrilação além de retardo de condução
nervosa.
- Tratamento cirúrgico indicado.
- AGUDA:
- Causas de aumento agudo da pressão no túnel do carpo:
- Hematomas em hemofílicos e usuários de anticoagulantes.
- Trombose arterial, fraturas de Colles, infecções, gravidez e traumatismo local.
- Sintomas agudos sem atrofia da região tenar.
- ENMG sem relevância.
- Rx, TC, USG e RNM são decisivos.
- DIAGNÓSTICO:
- Suspeita clínica.
- ENMG é decisiva.
- RX de punho com incidência para túnel do carpo: deve ser realizado para avaliar
deformidades.
- TC e RNM em alguns casos.
- ETIOLOGIA:
- Sono prolongado sobre o braço, em geral em pessoas alcoolizadas (mão caída)
- Lesões por arma de fogo.
- Compressão por muleta
- Fraturas no úmero, cotovelo, lesões por arma branca e de fogo.
- Fraturas proximais do rádio e compressão do nervo interósseo posterior.
- DIAGNÓSTICO:
- História clínica e exame neurológico.
- Mão em gota (caída) é indicativa de lesão, mas por si só não localiza o local da
lesão.
- Lesão proximal: compromete a extensão do punho e dos dedos, além do braço
com hiporreflexia ou arreflexia do triceptal.
- Lesão ao nível do antebraço: mão em gota, com comprometimento do músculo
braquiorradial e extensor longo do carpo, mas função do tríceps preservada.
- ENMG: informa o local da lesão e diz se é desmielinizante, axonal ou mista.
- Lesão desmielinizante: redução da velocidade de condução em um segmento do
nervo com amplitude do potencial de ação sensorial ou motor, parcial o totalmente
preservados. Em geral apresentam boa recuperação.
- Lesão axonal: velocidade de condução preservada.
- Lesão por trauma: pode ser mista, axonal e desmielinizante.
- Após uma lesão aguda: ENMG deve ser realizada a partir da segunda semana
do trauma, podendo ser observado sinais de reinervação.
- Rx: pode evidenciar fraturas, calo ósseo, luxação de articulação e fragmentos
metálicos.
- USG: auxiliar a delimitação do sítio da lesão.
- RNM: método indispensável nas lesões traumáticas de nervos periféricos.
OBS:
- Síndrome do interósseo posterior:
- Conjunto de sinais resultantes do comprometimento do nervo interósseo
posterior.
- Síndrome do supinador:
- Dor na porção anterior dos antebraço com fraqueza dos músculos inervados
pelo nervo interósseo posterior.
- TRATAMENTO:
- Solicitar avaliação da neurocirurgia em lesões traumáticas ou por encarceramento.
- Tratamento conservador:
- Nas lesões compressivas por muletas e na paralisia do ´´sábado a noite``: essas
lesões são por neuropraxia, e a recuperação costuma ser espontânea em 6 a 8
semanas.
- Paralisia por garroteamento: reabilitação e uso de órteses apropriadas são
recomendas. Recuperação em 6 a 12 meses.
- Nevralgia amiotrófica: pode ser tratada com corticoides.
- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
- Lesões no braço, cotovelo e antebraço podem causar sintomas semelhantes.
- Se for de pequena intensidade: parestesias intermitentes ao longo de 5 e porção
medial do 4 dedo e da mão.
- Alterações sensitivas na região dorsal e palmar da mão, inervada pelo ulnar.
- Lesão grave: sintomas sensoriais constantes e fraqueza dos músculos intrínsecos
da mão inervados pelo ulnar.
- Perde capacidade de pinça e preensão.
- Atrofia dos interósseos, principalmente da ´´tabaqueira anatômica``
- Mão em garra/ garra ulnar.
- DIAGNÓSTICO:
- Clínica.
- ENMG: localiza a lesão.
- Afasta outros diagnósticos: radiculopatia de C8, plexopatia de tronco
inferior e esclerose lateral amiotrófica.
- RX do cotovelo, punho ou da mão: pode evidenciar fraturas, alterações artríticas e
anomalias congênitas.
- USG: útil para evidenciar lesões tumorais, compressão extrínseca, edema,
aumento de volume e mobilidade.
- RNM: mais sensível que o USG. Importante nas intervenções cirúrgicas.
- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
- Radiculopatia de C8, pode acometer também o nervo mediano.
- Síndrome do desfiladeiro toráxico;
- Compressão no canal de Guyon: pode preservar a sensibilidade dorsal da mão,
pela ausência de acometimento do ramo sensorial cutâneo dorsal.
- TRATAMENTO:
- Baseado na etiologia e gravidade dos sintomas.
- CAUSAS:
- Principal nervo lesado nos MMII, principalmente na cabeça da fíbula.
- Neuropatia do fibular nesta localização pode ser por: trauma, compressão ou
tração. Durante posições inadequadas em procedimentos cirúrgicos.
- Sempre avaliar na história pregressa: coma, anestesia prolongada, perda
excessiva de peso e rápido ( após cirurgia bariátrica ou regime ), agachamento
prolongado das pernas, uso de próteses, meias elásticas, posição de litotomia.
- Cirurgias no joelho, mordidas de animais e fraturas locais.
- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
- Unilaterais em 90%.
- Fraqueza da dorsoflexão do tornozelo/pé: pé caído. Marcha escarvante.
- Fraqueza na eversão do pé e na extensão dos dígitos.
- Reflexo aquileu, flexão plantar e flexão dos dedos: normais.
- Alterações sensoriais: dorso do pé e região distal lateral da perna.
- Pode haver sinal de Tinel na região da cabeça de fíbula.
- EXAMES COMPLEMENTARES:
- ENMG: localiza a lesão e revela e fisiopatologia da lesão: axonal ou
desmielinizante, e detecta precocemente sinais de regeneração nervosa.
- NEUROPRAXIA: bloqueio de condução.
- Laboratório: na suspeita de doenças sistêmicas, como diabetes, vasculites,
neuropatia da hanseníase;
- HC, VHS e PCR, glicemia, função hepática, renal e tireoidiana, sorologia para
hepatite B e C, HIV e baciloscopia do tecido comprometido caso haja suspeita de
hanseníase.
- RX: detectar anormalidades ósseas na cabeça da fíbula.
- USG da fossa poplítea e da região da cabeça da fíbula: cisto de Baker, cisto
gangliônico e aneurismas.
- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
- Descartar causas de pé caído:
- Radiculopatia de L5: história de dor lombar, fraqueza na flexão plantar e na
abdução da coxa.
- Plexopatia lombosacra: semelhante a radiculopatia de L5, porém o déficit motor
aparece também nos músculos proximais: coxa e glúteo.
- TRATAMENTO:
- Neuropatia do fibular comum na cabeça de fíbula: fisioterapia e utilização de
órteses para o pé caído. Melhora a marcha e previne contratura do tornozelo.
- Tratamento cirúrgico: em casos de laceração do nervo
- Reinervação muscular ocorre na velocidade de 1 mm/dia.
- QUADRO CLÍNICO:
- São insidiosos, com queimação, parestesias e disestesias na região plantar e
pododáctilos.
- Dor pode se irradiar para o calcanhar e panturrilha e pode se agravar com:
- Atividade, posição ortostática e no período noturno.
- Sintomas podem ser agravados pela: dorsoflexão + eversão do pé.
- Pode haver atrofia da musculatura intrínseca do pé, com a evolução.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
- Neuropatias interdigitais: Neuroma de Morton e de Joplin;
- Polineuropatia periférica;
- Fasciíte plantar.
- Radiculopatia de S1.
- EXAMES COMPLEMENTARES:
- ENMG: a técnica é difícil e pode vir normal em alguns casos
- RNM tem achados positivos em 88%.
- CAUSAS:
- Idiopática.
- Obesidade, diabetes, procedimentos cirúrgicos pélvico-abdominais.
- Compressão externa: cintos, roupas apertadas e poltrona de avião.
- QUADRO CLÍNICO:
- Parestesia, disestesia e dor em queimação na face anterolateral da coxa.
- Agravada pela posição ortostática de longa duração.
- Hiperpatia: contado da área afetada com roupas pode causar dor.
- Exame: hipoestesia e pode haver rarefação de pelos.
- Reflexo patelar normal.
- ENMG de MMII: solicitar com avaliação do nervo cutâneo lateral da coxa.
- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
- Radiculopatia de L2-L3: neste há presença de alteração no reflexo patelar e
lombalgia, e o déficit sensorial geralmente inclui face medial da coxa.
PATOGÊNESE:
- Polineuropatia e neuropatia autonômica: alterações metabólicas microvasculares.
- Neuropatias focais: oclusão de arteríolas endoneurais, com resultante dano
isquêmico ao nervo.
- Na maioria dos casos ocorre distribuição distal nos membros, predominando nos
inferiores, com padrão típico de lesão axonal comprimento dependente, conhecido
como “em botas e luvas”, que ocorre também no pré-diabetes.
- Esses sintomas dolorosos geralmente são piores durante o decúbito, principalmente,
à noite, interferindo, com frequência na qualidade do sono.
- Síndrome das Pernas Inquietas pode estar associado a lesão de fibras finas.
- O exame exame neurológico, em geral, revela hipoestesia termo-algésica distal. Em
algumas situações, encontramos hiperalgesia e/ou alodínea.
- Os reflexos profundos: estão, habitualmente, normais quando as fibras finas são
envolvidas, passando a reduzidos ou abolidos quando as fibras grossas são lesadas,
particularmente os reflexos aquileus.
- A força: encontra-se normal bem como a sensibilidade proprioceptiva, ao início dos
sintomas.
- Quando diante de um diabético verificamos comprometimento motor importante,
considerar a possibilidade de neuropatia inflamatória associada
(polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória crônica associada ao diabetes -
CIDP-plus).
- Neuropatia hiperglicêmica:
- Dor nas porções distais dos membros inferiores, parestesias, preservação da
sensibilidade ou leve hipoestesia termoalgésica, com alodinia;
- Redução da velocidade de condução nervosa;
- O restabelecimento da normalidade glicêmica reverte a sintomatologia
rapidamente.
- Mononeuropatias:
- Na prática clínica, quando nos deparamos com paciente apresentando neuropatia
focal, particularmente decorrentes de compressão, como, por exemplo, a síndrome do
túnel do carpo (STC), devemos investigar a possibilidade da concomitância de DM.
- Neuropatias cranianas:
- A mais encontrada é a paralisia do nervo oculomotor (III nervo):
- Manifesta-se de modo agudo com dor retro-orbitária, seguida por diplopia e
ptose palpebral, ipsilaterais.
- As fibras nervosas parassimpáticas, que inervam as pupilas, são poupadas,
portanto a “oftalmoplegia diabética” constitui-se numa paralisia oculomotora
extrínseca.
- O III e o VI nervos são os mais frequentemente afetados.
- Paralisia de Bell (nervo facial) é mais frequente em pacientes diabéticos.
4-POLINEUROPATIAS- PN
- CIRURGIA BARIÁTRICA:
- As complicações podem ser irreversíveis.
- Neuropatias periféricas:
- Polineuropatias: 67%
- Mononeuropatias: meralgia parestésica e paralisia do nervo fibular.
- Síndrome de Guillain-Barré
- Radiculomielopatias agudas.
- EXAMES COMPLEMENTARES:
- Sangue: podem apresentar elevação dos níveis séricos de transaminases.
- Líquor: costuma ser normal, mas pode apresentar elevação do conteúdo protéico.
- ENMG: é compatível com uma polineuropatia axonal.
- As alterações mais comuns são abolição ou redução da amplitude dos
potenciais motores e sensitivos, além de pequena redução da velocidade de condução
motora e/ou sensitiva.
- bópsia de nervo periférico sural: revela perda axonal afetando fibras mielinizadas
e nao-mielinizadas.
- TRATAMENTO:
- Interromper o alcoolismo e reposição de vitaminas.
- Tiamina ( B1 )300mg VO 8/8 hrs.
- Ácido fólico 5mg VO 1x/dia.
- Citoneurim 5000: na deficiência de B12 associada.
- Tratamento padrão da dor neuropática, se houver.
5-POLINEUROPATIAS GENÉTICAS:
- QUANDO PENSAR:
- História familiar positiva
- Idade de início: a maioria inicia a doença na juventude.
- Deformidades esqueléticas: escoliose ou pé cavo, que também pode estar
presente em outras neuropatias adquiridas.
- Evolução: lenta e progressiva na maioria das vezes.
- CONCEITO:
- As neuropatias hereditárias são um grupo grande e heterogêneo de doenças
caracterizadas por degeneração comprimento-dependente das fibras nervosas
motoras e sensitivas.
- CLASSIFICAÇÃO:
- Subdivididas em 2 grandes grupos, aquele no qual a neuropatia é a única
doença, ou a principal) do paciente e aquele no qual a neuropatia é apenas parte de
uma doença mais complexa.
- O primeiro grupo é frequentemente identificado como CMT e neuropatias
correlatas e é composto por 3 grandes divisões:
- Neuropatias hereditárias sensitivas ou neuropatias hereditárias sensitivo-
autonômicas (NHSA).
- Neuropatias hereditárias motoras ou amiotrofias espinhais distais (NHM).
- Neuropatias hereditárias motoras e sensitivas (NHMS), sendo chamado de
doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT).
- VELOCIDADE DE CONDUÇÃO:
- De acordo com a velocidade de condução (VC) dos nervos mediano ou ulnar, a
CMT pode ser subdividida em um grupo axonal (VC > 45 m/s), um grupo com VC
intermediária (25 m/s < VC < 35 m/s) e um grupo mielínico (VC < 35 m/s).
- DOENÇA DE CHARCOT-MARIE-TOOTH:
- É a mais frequente das enfermidades hereditárias neuromusculares.
- Quadro clínico:
- Início na infância ou adolescência.
- Fraqueza e atrofia muscular distal nos membros inferiores, podendo atingir os
superiores
- Amiotrofia de membros inferiores: atrofia de panturrilhas ou pseudo-hipertrofia de
panturrilhas.
- Reflexos profundos: costumam estar abolidos e há leves alterações distais de
sensibilidade.
- Pé cavo e escoliose costuma estar presente.
- Pode haver: alteração de cordas vocais, diafragma e na pele.
- CMT- 3: início na infância, com presença de escoliose e pé cavo pronunciados.
- Paciente incapacitado de andar antes dos 20 anos.
- Tratamento: alimentação balanceada, terapia física e ocupacional.
6-NEUROPATIA DE FIBRAS FINAS: NFF
- CONCEITO:
- É neuropatia de fibras amielínicas (C) e fibras mielínicas de pequeno calibre (A
delta).
- As fibras descritas conduzem a sensibilidade dolorosa, térmica e autonômica,
provocando a neuropatia dolorosa.
- Caracteriza-se esta neuropatia por dor, dos mais variados tipos, como queimação,
agulhadas, pontadas, alodinia.
- Iniciando-se nos membros inferiores: comprimento dependente.
- Exame da força, reflexos e da sensibilidade proprioceptiva está normal.
- ENMG: que estuda as fibras de grande calibre, também encontra-se sem
alterações.
- Poligangliononeuropatia de fibras finas: o acometimento pode ser no corpo das
células dos gânglios das raízes posteriores.
- DIAGNÓSTICO:
- Critérios diagnósticos:
1 - Quando dois dos seguintes exames estiverem alterados:
2 - Sinais clínicos de acometimento de fibras finas: hipoestesia dolorosa ou térmica,
e/ou alodinia e/ou hiperalgesia, com distribuição de polineuropatia comprimento
dependente ou não comprimento dependente.
3 - Exames eletrofisiológicos demonstrando limiar alterado para dor e/ou
temperatura.
- ETIOLOGIA:
- Diabetes e intolerância a glicose: principal etiologia de NFP.
- Síndrome metabólica.
- Hipotireoidismo.
- Carência de Vitamina B12.
- Infeciosas: HIV, HTLV e uso da TARV, Vírus C e B, Hanseníase.
- Tóxicas e medicamentosas, Álcool.
- Doenças autoimunes e Doença celíaca.
- Sarcoidose. Síndrome de Sjogren. Artrite Reumatóide.
- Doenças inflamatórias do aparelho digestivo.
7-SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ:
- CONCEITOS E DEFINIÇÃO:
- É uma polirradiculoneuropatia desmielinizante aguda.
- Apresenta instalação aguda, com fraqueza muscular ascendente e progressiva.
- Na maioria dos casos: dissociação proteíno-citológica no LCR.
- A maioria dos pacientes percebe inicialmente a doença através de sensação de
parestesias nas extremidades distais dos membros inferiores e, em seguida,
superiores. Dor neuropática lombar ou nas pernas pode ser vista em pelo menos 50%
dos casos.
- Progressão de sinais e sintomas por mais de 8 semanas exclui o diagnóstico de
SGB, sugerindo então polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica (PDIC).
- Apenas 15% dos pacientes ficarão sem nenhum deficit residual após 2 anos do
início da doença.
- CID-10:
- G61.0 Síndrome de Guillain-Barré
- EVENTOS PRECEDENTES:
- 66% apresentam exposição a infecções ou vacinal.
- Gastroenterite ou IVAS.
- ASPECTOS CLÍNICOS:
- Pode haver desde tetraparesia leve à tetraplegia.
- Pode envolver os músculos do tronco e associar a paralisia bulbar, facial (50%) e
oftalmoplegia externa.
- Reflexos: hipo ou arreflexia. Raramente normais.
- Evolução: curso monofásico de até 5 semanas e o nadir geralmente ocorre até a 2
semana.
- Fraqueza: simétrica, geralmente nesta ordem: membros inferiores, braços, tronco,
cabeça e pescoço.
- Sensibilidade: discretos, podendo haver hipoestesia nas mãos, pés e porção
mediana do abdome.
- Nervos cranianos: facial, trigêmeo, hipoglosso e os da mobilidade extrínseca dos
olhos.
- Recuperação da fraqueza: se inicia 2 a 4 semanas após o nadir ser atingido,
podendo durar meses. A maioria dos pacientes se recuperam até o 6 mês.
- Disautonomia: taquicardia ou bradicardia, arritmias, hipo ou hipertensão, além de
sintomas vasomotores.
- 20% necessitaram de ventilação mecânica e o óbito ocorre em 5% decorrente de
insuficiência respiratória, pneumonia aspirativa, embolia pulmonar, arritmias cardíacas
e sepse hospitalar
- SINTOMAS INCOMUNS:
- Apesar de raros, não eliminam a possibilidade de SGB:
- Febre
- Hipoalgesia ou anestesia grave associada a dor.
- Retenção urinária transitória pode ocorrer, mas a função esfincteriana está
preservada.
- EXAMES:
- LCR:
- Elevação de proteínas, que se verifica de forma mais acentuada na 2 semana.
- Celularidade normal, com no máximo 10. Nos HIV pode atingir 50 células.
- ENMG:
- Padrão indicativo de desmielinização multifocal ou polirradiculoneuropatia axonal.
- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
- Mielite: principal, avaliar bem nível sensitivo.
- Uso de verniz ou ato de cheirar cola.
- Porfiria intermitente aguda: solicitar dosagem de porfobilinogênio e ácido
aminolevulínico na urina.
- Botulismo. Paralisia periódica familiar.
- Tóxicas: nitrofurantoína, dapsona ou organofosforados.
- DIAGNÓSTICO CLÍNICO:
- Devem obrigatoriamente apresentar graus inequívocos de fraqueza em mais de um
segmento apendicular de forma simétrica, incluindo musculatura craniana.
- Os reflexos miotáticos distais não podem estar normais.
- Febre e disfunção sensitiva deve levantar suspeita de outra etiologia:
INFECCIOSA.
- DIAGNÓSTICO LABORATORIAL:
- Proteinorraquia acompanhada por poucas células mononucleares é o achado
laboratorial característico, evidente em até 80% dos pacientes após a segunda
semana.
- Na primeira semana, a proteinorraquia pode ser normal em até 1/3 dos pacientes.
- Caso o número de linfócitos no (LCR) exceda 10 células/mm3 ,deve-se suspeitar
de outras causas: HIV.
- DIAGNÓSTICO ELETROFISIOLÓGICO:
- O ideal seria examinar o paciente após a primeira semana do início dos sintomas.
- A ausência de achados eletrofisiológicos neste período não exclui a hipótese de
SGB.
- Na neurocondução motora: os marcos de desmielinização: latências distais
prolongadas, lentificação de velocidade de condução, dispersão temporal, bloqueio de
condução e latências da onda-F prolongadas.
- Na neurocondução sensitiva: anormalidades tanto na velocidade de condução
quanto na amplitude.
- CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS:
- Para a definição do diagnóstico de SGB, sendo exigidas todas as condições
abaixo:
• presença de 2 critérios essenciais;
• presença de pelo menos 3 critérios clínicos sugestivos de SGB;
• não apresentar mais de 1 situação que reduza a possibilidade de SGB;
• não apresentar nenhuma situação que exclua o diagnóstico de SGB;
• caso apresente 1 achado que reduza a possibilidade de SGB, deve ter LCR e
estudo neurofisiológico compatíveis com a doença e investigação adicional criteriosa
com intuito de afastar outras etiologias.
- CASOS ESPECIAIS:
- CRIANÇAS:
- Embora a posologia mais usada da imunoglobulina intravenosa (IGIV) seja de 0,4
g/kg por 5 dias, o tempo de uso da IGIV em crianças não deve ultrapassar 2 dias.
- SÍNDROME DE MILLER-FISHER:
- É uma variante da SGB, caracterizada pela tríade ataxia, arreflexia a
oftalmoplegia.
- Diplopia é a queixa inicial mais frequente, seguida por ataxia de etiologia
provavelmente sensitiva.
- Eletrofisiologia: redução das amplitudes do potencial de neurocondução sensitiva
fora de proporção ao prolongamento das latências distais ou lentificação das
velocidades de condução sensitiva.
- TRATAMENTO:
- Existem dois tipos de tratamento para SGB: (1) antecipação e manejo das
comorbidades associadas; (2) tratamento da progressão dos sinais e sintomas visando
menor tempo de recuperação.
- Áreas de atenção incluem prevenção de fenômenos tromboembólicos,
monitorização cardíaca, avaliações seriadas de reserva ventilatória e de fraqueza
orofaríngea, proteção de vias aéreas, manejo apropriado da função intestinal e da dor,
nutrição e suporte psicológico adequados.
- A fisioterapia motora deve ser iniciada nesta fase precoce.
- Determinação da gravidade clínica proposta por Hughes: considerada doença leve
de 0-2 e moderada-grave de 3-6:
0 - Saudável
1 - Sinais e sintomas menores de neuropatia, mas capaz de realizar tarefas manuais
2 - Apto a caminhar sem auxílio da bengala, mas incapaz de realizar tarefas manuais
3 - Capaz de caminhar somente com bengala ou suporte
4 - Confinado a cama ou cadeira de rodas
5 - Necessita de ventilação assistida
6 – Morte
- Glicocorticoides:
- Não está indicado uso de glicocorticoides.
- Plasmaférese:
- Encontrada em poucos centros.
- Imunoglobulina humana intravenosa (IGIV):
- É o tratamento de escolha.
- É recomendado para todos os pacientes em estágio moderado-grave no período de
2-3 semanas após o início dos sintomas, mas geralmente é inútil após o 17 dia.
- Imunoglobulina hiperimune : frascos-ampola de 0,5; 1,0; 2,5, 3,0; 5,0 e 6,0 g.
- 0,4 g/kg/dia ( 400mg/Kg/dia ): por via intravenosa durante 5 dias.
- Diluição: 1g/ 33 mL de diluente próprio.
- Deve ser interrompida caso haja qualquer evidência de perda da função renal e
anafilaxia.
- É obrigatória a informação ao paciente ou a seu responsável legal dos
potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento
preconizado neste Protocolo.
8-POLIRRADICULONEUROPATIA INFLAMATÓRIA
DESMIELINIZANTE CRÔNICA
CIDP
- DEFINIÇÕES:
- A PDIC é caracterizada pela ocorrência de fraqueza muscular simétrica, distal e
proximal, com evolução progressiva por, pelo menos, dois meses. A condição é
associada com diminuição dos reflexos, paresias, hiperproteinorraquia e sinais
histológicos de desmielinização nervosa.
- Manifesta-se por distúrbio predominantemente motor de mais de um membro
acrescido de comprometimento sensorial de discreto a moderado. Em geral há hipo ou
arreflexia.
- Quando existe comprometimento sensorial a fibras de grosso calibre são as
mais atingidas.
- EXAMES COMPLEMENTARES:
- ENMG dos 4 membros: processo desmielinizante multifocal.
- Biópsia do nervo: evidência inequívoca de desmielinização.
- Líquor: menos de 10 células, caso seja HIV + menor de 50 células.
- Hiperproteinorraquia
- VDRL e FTAbs: negativos.
- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
- Guillain-Barré: nadir de no máximo 35 dias, enquanto a CIDP progride por mais de
2 meses.
- INVESTIGAÇÃO:
- Protocolo mínimo:
- ENMG, estudo do Líquor, VHS e PCR, eletroforese de proteínas,
imunoeletroforese, pesquisa da proteína de Bence-Jones (urina)
- Sorologias: HIV, Hepetite B e C.
- Hemograma, TSH e T4L.
- Vitamina B12 e ácido fólico: dosagem.
- TRATAMENTO:
- Objetivos: intervir nas alterações imunológicas com substâncias
imunossupressoras.
- Primeira linha: corticoides ou imunoglobulina humana em altas doses, seguidos
por plasmaférese.
- CORTICOSTERÓIDES: constituem tratamento padrão ouro.
- Prednisona e metilprednisolona.
- INTRODUÇÃO:
- O comprometimento do sistema nervoso periférico antes, durante e mesmo após o
término do tratamento, ou seja, a alta da medicação específica (poliquimioterapia), é
responsável pela maioria das deficiências e deformidades associadas à hanseníase.
- DEFINIÇÃO:
- A neuropatia da hanseníase resulta, principalmente, de um processo inflamatório
dos nervos periféricos, cuja intensidade, extensão e distribuição dependem da forma
clínica, da fase evolutiva da doença e dos fenômenos de agudização durante os
episódios reacionais, ou seja, a reação tipo 1 ou reação reversa (RR) e a reação tipo 2
ou o eritema nodoso hansênico (ENH), podendo acometer ramos cutâneos ou o tronco
do nervo, de maneira isolada (mononeuropatia) ou múltipla (mononeuropatia múltipla).
- Estes episódios reacionais envolvendo os nervos são clinicamente conhecidos
como neurites.
- Os outros mecanismos de lesão do sistema nervoso periférico na hanseníase deve
ser considerado ainda um outro fator agravante, de natureza extrínseca, qual seja, a
compressão e o aprisionamento do nervo edemaciado por estruturas anatômicas
vizinhas.
- CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS:
- Para a classificação da forma neural primária (HNP), considerando-se que não
existem lesões de pele e a baciloscopia é negativa, os critérios disponíveis são
relativos aos achados clínicos, neurológicos e imunológicos, ou seja:
- • O critério clínico leva em consideração o número de nervos comprometidos.
- • O imunológico, isto é, o teste de Mitsuda;
- • Sorologia para o antígeno PGL-1;
- • A histopatologia de nervo se for encontrada anormalidade.
- O exame histopatológico do nervo periférico, colhido por biópsia, é de grande
importância para o diagnóstico da hanseníase, pois traz uma contribuição relevante ao
somar-se aos dados clínicos, eletroneuromiográficos, laboratoriais e epidemiológicos
obtidos do paciente.
- SUSPEITA DIAGNÓSTICA:
- São considerados suspeitos de HNP os pacientes que apresentam o com-
prometimento nervoso periférico como primeira manifestação do tipo mononeuropatia,
mononeuropatia múltipla ou polineuropatia – mononeuropatia confluentes –, sem outra
etiologia suspeita na anamnese médica e sem lesão de pele identificável clínica e
laboratorialmente, OU SEJA, QUALQUER PACIENTE.
- Serviços de Neurologia: Após anamnese clínica e havendo suspeita de
mononeuropatia múltipla, deve-se encaminhar o paciente para a eletroneuromiografia.
Se confirmada a neuropatia, encaminha-se ao Serviço de Hansenologia ou
Dermatologia, para investigação de pele, exame minucioso e pesquisa baciloscópica
completa, ou seja, a realização do índice baciloscópico e a biópsia de pele em área
hipoestésica. Caso não sejam encontradas alterações, retornar ao Serviço de
Neurologia para indicação da biópsia de nervo.
- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
- Deverá ser direcionado para as doenças que causem mononeuropatia,
mononeuropatia múltipla ou similares, as quais suportam um amplo elenco de
etiologias:
a) inflamatórias: colagenoses e vasculites não-sistêmicas;
b) metabólicas: diabetes, hipotireoidismo e dis- função hipofisária;
c) infecciosas: hanseníase e AIDS;
d) causas traumáticas e posturais, ou seja, as compressões agudas;
e) congênitas ou hereditárias: siringomielia/siringobulbia, insensibilidade
congênita à dor, neuropatia hereditária por suscetibilidade a paralisias por pressão
(neuropatia tomaculosa);
f) as tumorais: neuromas e neurilemomas.
- QUADRO CLÍNICO:
- Na hanseníase, há o acometimento de fibras autonômicas, sensitivas e motoras.
- Entre as manifestações autonômicas, destaca-se a perda da sudorese, resultando
em pele ressecada. O acometimento das fibras cutâneas resulta na perda da
sensibilidade à dor, ao frio, ao calor e, mais tardiamente, também ao tato;
- Quando há lesão do tronco dos nervos periféricos, há acometimento sensitivo,
autonômico e motor no território do(s) nervo(s) afetado(s), resultando em perda de
todas as formas de sensibilidade (dor, frio, calor, tato, parestesia e posição segmentar)
e de paresia, paralisia e atrofia muscular.
- A neuropatia inflamatória (neurite) pode ser aguda ou crônica.
- As neurites agudas se apresentam de forma abrupta, com quadro objetivo de
hipersensibilidade à palpação, dor intensa, espontânea ou desencadeada pela
palpação.
- As neurites crônicas se caracterizam por um início insidioso e lentamente
progressivo, apresentando, inicialmente, apenas leves alterações sensitivas,
progredindo com alterações sensitivo-motoras e com sintomatologia dolorosa variável.
- A neuropatia não-dolorosa conhecida como “neurite silenciosa”, se caracteriza
por alteração da função sensitiva ou sensitivo-motora na ausência de fenômenos
álgicos.
- NOTA 1:
- A presença ou ausência de dor é outro aspecto notável da neuropatia da
hanseníase. A dor da neuropatia (neuralgia) pode ocorrer durante o processo
inflamatório, associado ou não à compressão neural, ou então decorrer de seqüela da
neurite (dor neuropática).
- A distinção entre as duas situações é importante, pois implica em tratamentos
particularizados.
- EXAME FÍSICO:
- O exame físico destes pacientes deve incluir:
A) a palpação dos troncos nervosos, particularmente do nervo ulnar, no túnel
epitrócleo-olecraniano; do mediano, na face anterior do punho, na entrada do túnel do
carpo; do tibial posterior, no túnel do tarso e do fibular, no joelho, abaixo da cabeça da
fíbula até a fossa poplítea.
B) o mapeamento sensitivo do tato cutâneo, utilizando-se o conjunto de
monofilamentos de náilon de Semmes – Weinstein nos territó- rios específicos dos
troncos nervosos das mãos e pés, recomendado para o programa de controle da
hanseníase.
C) o teste manual de força dos músculos dos membros superiores e inferiores
mais freqüentemente acometidos, recomendado pelo programa de controle da
hanseníase.
- NOTA 2:
- As formas das neuropatias da hanseníase devem ser caracterizadas segundo o
tempo de evolução, o tipo de reação e a sintomatologia álgica:
1. TEMPO DE EVOLUÇÃO:
• Agudas e subagudas, com menos de três meses de evolução (neurites);
• Crônicas, com mais de três meses de evolução.
2. TIPO DE REAÇÃO:
• Tipo 1 ou reação reversa (RR);
• Tipo 2 ou de eritema nodoso hansênico (ENH).
3. SINTOMATOLOGIA ÁLGICA:
• Dor aguda ou crônica, incluindo aquela da seqüela da neurite (dor neuropática);
• Neuropatia silenciosa (“neurite silenciosa”).