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Copyright © 2020 Vanderlucia Martins

MEU CONSIGLIERE

1ª Edição | Criado no Brasil


Edição digital

Autora: Vanderlucia Martins


Capa: Magnifique Design
Revisão e diagramação: Luana Souza
Artes dos capítulos: AK Diagramação

——————

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.


PROIBIDA A REPRODUÇÃO E ARMAZENAMENTO DE QUALQUER PARTE DESTE LIVRO,
ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS, SEM CONSENTIMENTO E AUTORIZAÇÃO POR
ESCRITO DO AUTOR.
Agradecimentos
Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Epílogo
Minhas outras obras
Sobre a autora
Bom... Primeiramente quero agradecer a Deus por
mais um livro concluído. Não tem como citar o nome de
todas as pessoas que ajudaram, então seria injusto com
algumas.
Quero agradecer à galera da Wattpad, que mesmo nas
dificuldades ajudaram-me a seguir em frente; e à minha
família por me incentivar a lutar pelos meus sonhos.
Fiz grandes amigos ao decorrer desse caminho
literário, que me impulsionaram a não desistir com as
dificuldades e os momentos críticos. Thank you very much,
Lucélia e Amanda!
Não poderia deixar de falar da pessoa que mais me
ajudou, a minha assessora maravilhosa, parceira e amiga
Fran Mamede, uma mulher com o coração de ouro, que
aprendi a amar e respeitar pela guerreira que é. Dedico esse
livro a você!
Deimon Davenport é um homem com desejos obscuros, que não tem
piedade, nem sente remorso pelas pessoas. A única coisa que lhe importa é
seus irmãos e tudo que tem. Ameaça à sua família é um erro que será pago
com sangue. Ele precisa se casar para governar Las Vegas ao lado do seu
irmão, como o seu braço direto, e encontra a oportunidade perfeita na filha de
um traidor. Deimon observa-lhe a bastante tempo. Ele a quer e ela será dele.
Gena é uma moça linda e desde que era uma criança sofre nas mãos do
padrasto abuso físico é psicológico. Quando já não tem mais esperança, numa
noite inesperada encontra a oportunidade de ter uma nova vida: um homem
lindo de olhos verdes cuida dos seus machucados e dá-lhe a vida da qual ela
nunca sonhou.
Olho para a vadia ajoelhada à minha frente. Detesto traidores,
principalmente se forem mulheres. Sempre pensam que me dando a boceta
podem me manipular. Não sou idiota! Depois que acabar com ela, vou
despedaçá-la numa cova rasa, onde ninguém jamais irá achá-la! Todos que
entram nessa vida sabem o preço pela traição: a morte. Sem pena, nem
piedade, é melhor Samira estar falando a verdade, ou estará morta em alguns
segundos. Odeio prostitutas! Ela é uma das nossas novas. Ingênua demais e
confia em todo mundo. Ainda não aprendeu a ser ardilosa. Putas do caralho!
Só servem para chupar paus!
— Levante-se! Quero você inclinada sobre a mesa! Vou foder a sua
bunda! — ordeno abrindo o cinto da minha calça calmamente enquanto
observo Samira puxar a saia até a cintura fina e abaixar a calcinha sobre as
coxas bem torneadas.
Ela olha para trás, nervosa, e eu mantenho o meu olhar nos seus. Se
inclina sobre a mesa, apoiando-se nos antebraços e mostrando a bunda
redonda para mim. Uma bunda linda! Acaricio as suas nádegas firmes, que
daqui a uns anos estarão moles de tanto serem fodidas. Visto o meu pau com
uma camisinha, pois não sou louco de foder nenhuma dessas putas sem
proteção. Mesmo que todas façam exames regularmente, não confio nessas
vadias.
Acaricio a sua boceta vagarosamente, sem pressa. Ela geme baixinho
quando a sua excitação molha os meus dedos. Começo a deslizar no seu ânus
apertado, com um gemido rouco. A sensação do meu pau sendo esmagado
pelo seu buraquinho estreito é maravilhosa! Fodo-a selvagemente, gozando
em sua bunda. Não sou um egoísta do caralho. Retiro meu pau para fora
colocando outra camisinha e deslizo em sua boceta com estocadas rápidas e
curtas. Aproximo a boca lentamente do seu ouvido.
— Você não roubou o dinheiro, Samira? — indago dando meus últimos
impulsos em sua boceta.
— Não, senhor. Gefrete disse que me mataria se eu não mentisse. Vim
lhe contar. Ele vai me acusar de algo que não fiz. — confessa chorando
baixinho. Seu desespero é evidente.
Deslizo meu pau para fora. Ela está falando a verdade. Consigo sentir o
cheiro de uma mentira há quilômetros de distância. Vou pintar as paredes
com o sangue daquele velho maldito! Meus lábios se repuxam em alegria,
porque sempre quis foder aquele bastardo com uma faca. Ele trabalha com as
finanças da Camorra, mas não por muito tempo, e cuida apenas de 5% do
nosso dinheiro. Lucramos bilhões durante o ano com drogas, prostitutas e
corridas de rua, sem contar nas pessoas que pagam para ter nossa proteção
pelo mundo.
— Tudo bem, Samira. Não tivemos essa conversa. Vou cuidar de tudo.
— retruco liberando-a.
Ela é nova, mas não é burra. Pego meu celular no bolso da calça jogada
em cima da mesa e ligo para o meu irmão Damen, que deve estar fodendo
alguma puta. Vai adorar saber disso, visto que faz tempo que procura um
motivo para matar o bastardo. Na minha opinião, esse velho já estaria morto,
porém, Damen não gosta de desperdiçar ninguém que ele possa usar.
— O que você quer? — meu irmão atende do seu jeito costumeiro. Ele
não tem paciência, nem um pouco.
— Você vai adorar isso! — anuncio alegremente fechando a calça.
Samira sai como o diabo foge da cruz.
— Anda! Não tenho o dia todo, porra! — late impaciente.
O que estava fazendo? Fodendo alguém? Sim, eu empatei sua foda.
— O filho da puta do Gefrete está manipulando os números das
finanças. — declaro lavando as mãos na pia e ele solta uma risada perversa,
adorando a situação.
— Vou pintar as paredes com o sangue daquele maldito! —Damen
declara sorrindo sombriamente.
— Provavelmente. — Jogo a camisinha no lixo. — Vamos marcar um
jantar especial hoje à noite? — sugiro, mas não pela mesma razão do meu
irmão. Quero ver aquela garota novamente. Ela é linda, apesar de estar
sempre triste. Seus olhos são sem vida e é muito magra. A maioria das
modelos teriam inveja dela. Eu sei que não é por sua escolha. Tenho a
observado por meses, é perfeita para mim. Mesmo sabendo que tenha sido
prometida a outro, será minha. Se Matteo Mazza insistir em tê-la, ele vai
morrer tragicamente. Ninguém nunca saberá o que aconteceu, mas Gena
Lombardi vai ser minha de um jeito ou de outro. Agora não preciso mais
matar aquele idiota do Matteo.
— Seria muito agradável, eu suponho. — Damen confessa dando uma
risada cruel.
A sua excitação deixa-me ansioso e louco para colocar as mãos naquele
velho sádico.

*****

Chegamos à casa do Gefrete às 20h em ponto, como o combinado. A


esposa do velho maldito, uma garota da idade da sua filha, abre a porta me
secando descaradamente. Ela é dissimulada feito uma cobra peçonhenta.
Levanto uma das sobrancelhas num questionamento silencioso. Detesto
mulheres oferecidas, principalmente quando são comprometidas. Não que eu
recuse uma foda selvagem com uma delas. Fodo todos esses cérebros de
passarinho.
— Boa noite, senhores. — ela cumprimenta com uma voz melosa.
Reviro os meus olhos. Que mulher mais dissimulada! Damen a lança
um olhar irritado. Que oferecida! A paciência dele é ainda mais curta que a
minha.
— Onde está seu marido? — meu irmão vai direto ao ponto, como
sempre, e passa por ela. Negócios sempre vêm em primeiro lugar. Ele está
ansioso para derramar sangue.
— Na sala, aguardando os senhores. — responde me analisando de
cima a baixo.
Esses olhares sugestivos do caralho estão começando a me irritar
seriamente. Se fosse qualquer outra mulher, eu já estaria entre as pernas dela,
fodendo a sua boceta com força, até ela não andar mais. Nem morto o meu
pau subiria com esse olhar! Não sou um bom homem, nem quero ser um. Eu
a comeria sem problema, contudo, se estivesse vendada, para eu não ter que
ver a sua cara. Todavia, um traidor é sempre um traidor. Essa é a questão.
Cumprimento a minha companhia para a noite. O velho desgraçado não
perde por esperar. Dou o meu sorriso predatório, um sorriso de lobo. Gefrete
se encolhe imperceptivelmente, mas eu percebo, e Damen também. É sinal de
que ele está devendo, e muito.
— Algo especial, capo? — O desgraçado está nervoso, quase suando.
Uma visita nossa nunca é algo bom.
— Por que não jantamos primeiro? Depois discutiremos alguns
assuntos importantes com você. — meu irmão fala com impaciência. Quer
jogar um pouco com o velho. Ele ama esses malditos jogos: deixar a presa
louca antes de matá-la.
— Depois do jantar. — acrescento dando ênfase no “depois”.
Dou mais um dos meus sorrisos predatórios e Gefrete engole em seco.
O cara dá muita bandeira. Gena aparece no topo da escada. Seus cabelos são
loiros, é linda e tem a aparência de uma boneca. Possui grandes olhos verdes,
sem vida, e uma boca carnuda que faz o meu pau pulsar dentro da calça
quando penso em fodê-la. Ela está mais magra do que me lembro, e muito
pálida, contudo, nem isso tira sua beleza. Usa uma quantidade de maquiagem
muito grande, e eu conheço esse truque: por baixo está cheia de hematomas.
Sou um filho da puta sem coração, mas não bato em mulheres inocentes por
diversão. Ela para um momento no degrau, aparentando estar tonta ou fraca
demais. Respira lentamente. Sua respiração começa a acelerar enquanto tenta
se acalmar.
Gena volta a descer a escada, cumprimenta-nos educadamente e se
senta de maneira elegante, porém, estremece violentamente. O seu corpo não
consegue reprimir. Ela leva a mão ao lado da cabeça, fazendo uma careta de
dor. Essa garota está mais do que machucada, ela foi espancada. O meu
sangue ferve de raiva. Como ele ousa bater no que é meu?!
— Pode me mostrar o banheiro, Gena? — pergunto.
Damen me analisa curiosamente. A garota está há mais de trinta
minutos encarando o vazio e o seu olhar não têm esperança. A observo desde
que entrou na sala. Que crueldades ela vem passando! Por quantas já passou
para chegar a esse ponto? Sem esperança, sem vida. A garota pisca me
fitando com os seus lindos olhos verdes. Eles ficariam mais bonitos se fossem
felizes e brilhassem de felicidade.
— Claro, senhor Davenport! — murmura com uma voz angelical, se
levantando. O seu pequeno corpo treme violentamente e é evidente o esforço
que faz para conter os tremores. Caminha lentamente pelos corredores e me
mostra a porta do banheiro. — Aqui, senhor! — Mantém a cabeça sempre
baixa, como uma empregada do tempo da escravidão.
Seguro o seu braço com delicadeza, levando-a comigo. Ela está dura
como uma estátua. Encosto a porta vagarosamente, ficando à sua frente. Gena
fica bem quietinha, como se estivesse em transe, e nem respirando está.
— Você é uma ótima mentirosa. Mal está conseguindo ficar em pé. —
sussurro ao pé do seu ouvido.
Toco em sua cabeça, discretamente, onde tem vários machucados na
parte lateral. Velho maldito! Deve ser um sádico miserável. Será que abusa
sexualmente da filha? Esse pensamento quase me deixa louco.
Ela se encolhe violentamente indo um pouco para trás.
Autopreservação! São sinais de uma pessoa que sofre agressões
constantemente. O desgraçado gosta de espancar a filha... Interessante! Não
sinto pena por ninguém, mas por essa garota sim. Vou me lembrar disso
quando estiver enfiando a faca, uma Karambit CS Go, na garganta do
miserável. Ficará perfeita enfiada lá.
— Por favor, não me machuque! Não suporto mais! — sussurra
fracamente, com lágrimas insistindo em cair.
Arrasto o meu polegar por sua bochecha. Tem a pele tão sedosa!
— Não vou te machucar. Você tem uma escolha e espero que decida o
certo. Ninguém nunca mais vai tocar em você. Eu prometo. — falo perto dos
seus lábios. Sinto uma vontade louca de prová-los, que por certo devem ser
muito doces.
Beijo apenas o canto da sua boca, fazendo a sua respiração acelerar.
Gena tem cheiro de flores suaves.
— Obrigada! — murmura quase que inaudível. Se eu não estivesse
perto, não teria ouvido.
Estamos saindo do banheiro, quando encontro Natasha parada
observando diretamente Gena. O seu olhar têm um ódio impressionante.
Mulherzinha irritante! Dois minutos em sua presença me faz querer matá-la.
— Gefrete me mandou ver porque estão demorando tanto. — o seu tom
é como se estivesse ameaçando alguém.
Gena se encolhe com as suas palavras e me encara com os seus lindos
olhos grandes, em busca de ajuda. Ela realmente está ameaçando-a?
— Mantenha a sua boca fechada, senão você estará morta. Entendeu,
vadia? — pergunto cheio de ódio e aperto a minha mão em volta do seu
pescoço, o suficiente para cortar seu oxigênio.
— Sim. Entendi, Deimon. — concorda manhosa.
Aperto sua garganta com mais força. Seus olhos chocolates ficam
enormes e cheios de luxúria. Sorrio cruelmente antes de liberá-la, entretanto,
mais tarde ela me paga. Natasha volta a caminhar, lançando um olhar de
aviso para Gena.
— Vamos! O meu marido está nos esperando. — diz.
Natasha está me ameaçando? O que passa na cabeça dessa mulher?
Sinto uma vontade louca de enfiar uma faca na sua garganta e deixá-la se
engasgar com o próprio sangue.
— Você terá uma surpresa nada agradável quando retornarmos à sala.
— eu profiro para Natasha, desdenhosamente.
— O quê? — a vadia pergunta começando a ficar desconfiada. Tarde
demais!
— Você verá! — murmuro.
Quando chegamos à sala, Gefrete está desacordado no chão. Sua esposa
encara-me assustada e eu sorrio cruelmente para ela, que se encolhe. Gena
suspira agudamente ao meu lado, com o seu olhar cheio em um turbilhão de
emoções.
— Imaginei que ele precisava descansar. — Damen diz secamente.
Seus olhos azuis ficam mais escuros e isso mostra o nível de satisfação que
está.
— Você tem razão. — concordo.
— Entrem no carro! Sem gracinha! — meu irmão ordena arrastando o
homem magro pelo chão.
Gena não sai do lugar, mas não por desobediência, e sim porque está
em choque. Passo o meu braço em volta da sua cintura fina, apertando-a
contra mim, e ela geme baixinho com dor, assim como Natasha quando
afrouxo o meu aperto e a seguro com força. Contudo, não me importo.
Coloco-a no banco da frente com Damen e entro atrás com a garota, que
ainda está assustada. Evito tocar na sua cabeça.
— O que vai acontecer comigo? — Gena sussurra olhando para o nada.
— Não vai acontecer nada, anjo. — garanto.
Preciso de uma esposa para assumir o cargo de consigliere. Já que
Damen se recusa, um de nós dois tem que casar. Gena é linda e será ótima
para mim pelas informações que tenho dela. Anny não pode ser minha
mulher. Lucas nunca permitiria, até porque ele quer a sua princesinha fora de
um submundo cheio de crimes e mortes. Mesmo assim, a mesma não faz o
meu tipo. É linda, não posso negar, entretanto, é um baita de um problemão
da porra. Não temos atração física ou emocional um pelo outro, apesar de ela
ser incrivelmente sexy e caliente. É também muito independente.
Damen estaciona o carro em um dos galpões supostamente abandonado
e tira do bagageiro um Gefrete que está se debatendo. Gena não se mexe,
apenas assiste a cena com olhos arregalados. A sua respiração está ofegante,
ela está no limite. Se continuar assim, terá um colapso em breve.
— Saia do carro! — ordeno à Natasha, que me espia sem entender.
— Como? — indaga fazendo charme.
Maldita! A minha paciência está no limite.
— Essa é a última vez que repito: saia da porra do carro!
Torno a falar calmamente cada palavra e ela finalmente abre a porta do
veículo, se atrapalhando. Ajudo Gena a sair, guiando-a com gentileza para
uma das cadeiras. Senta-se e estremece novamente. Como dizia mamãe, uma
esposa deve ser tratada com respeito, não como uma prostituta qualquer.
— Fique aqui! Já volto. — Caminho até o meu irmão, que está tendo
uma conversa acalorada com Gefrete. — Quero ela! — meneio a cabeça em
direção à Gena.
— Por quê? — Damen questiona me olhando seriamente.
— Porque sim. — respondo mantendo a visão dentro dos seus olhos
azuis profundos. Ele não me nega nada, por mais que isso lhe custe. Sempre
fomos nós dois contra o mundo.
— Já desistiu da estrangeira? — pergunta sarcasticamente se referindo
à Anny.
Não tenho nada com a garota, apenas passei alguns meses no Brasil
cuidando dela. Estava grávida e mal conseguia se mover de tão grande. É
uma pessoa maravilhosa. Eu gosto dela como amiga, mas nada além disso. É
incrível e muito mandona para o meu gosto, ademais, é mãe de trigêmeos, o
que é muita responsabilidade. Não me importaria de cuidar dos bebês se
estivéssemos apaixonados, mas isso não aconteceria tão cedo. Gosto de
mulheres mais maleáveis, e Anny não é uma delas. Não mesmo! A menina
grita com o Lucas, sem contar que o tem enrolado em volta do seu dedo
mindinho.
— Não tenho sentimentos por ela. Já te falei isso. — Observo a linda
mulher sentada na cadeira, parecendo mais pálida do que antes.
— Tudo bem. Você quem sabe. — responde. — Vamos ver se ela não é
como o pai. — continua sem me dar tempo para dizer algo.
Estreito os meus olhos em sua direção e vejo apenas um sorriso
malvado. Fico quieto esperando ver o que pretende fazer.
— Por que estou amarrado? — Gefrete pergunta tentando se soltar, o
que é extremamente inútil e impossível.
— Você está nos roubando! Cala a porra da boca! — Damen ordena
com um sorriso de lobo e o velho fica quieto rapidamente.
Ouço vozes na sala, então desço a escada vagarosamente, com medo.
Se eu for rápido demais, posso cair. Minhas costelas estão doendo e minha
cabeça lateja de dor como se tivesse um coração lá dentro batendo e batendo.
Dois homens estão sentados no sofá: o chefe da máfia e o seu irmão, o
consigliere. Damen quem comanda toda Las Vegas com mãos de aço. A sua
palavra é lei.
Balanço a cabeça. Por favor! Sem fraqueza agora! Com toda a força de
vontade que tenho consigo manter-me de pé. Cumprimento a todos,
educadamente, e sento-me elegantemente tentando não estremecer, mas
fracasso miseravelmente. Deimon estreita a visão para mim e finjo não
perceber a pergunta em seus olhos verdes esmeraldas. Apenas desvio o olhar.
Natasha faz de tudo para chamar a sua atenção, o que provavelmente vai
custá-la uma surra do todo poderoso Gefrete.
Mantenho-me calada sem prestar atenção na conversa e sustento a
visão focada numa foto minha de quando criança abraçada com mamãe,
sorrindo. Momentos raros de felicidade que foram ficando cada vez mais
escassos.
— Pode me mostrar o banheiro, Gena? — Deimon pergunta tirando-me
dos meus pensamentos.
Forço um sorriso no rosto. que mais provavelmente parece uma careta,
e levanto-me com muito esforço para não gritar de dor. Seus olhos
avaliadores estão cheios de conhecimento. Ele sabe exatamente o que está
acontecendo comigo. Aprendi que ninguém se importa em ajudar quem sofre
agressão.
— Claro, senhor Davenport! — o guio pelo corredor.
Deimon não diz nada, apenas continua me analisando. Então falo:
— Aqui, senhor! — o mesmo continua me avaliando.
Segura o meu braço, puxando-me para dentro do banheiro.
— Você é uma ótima mentirosa. Mal está conseguindo ficar em pé. —
diz baixinho ao pé do meu ouvido.
O meu corpo se encolhe automaticamente preparando-se para receber
agressões. Então sinto o seu polegar se arrastando levemente pela minha
bochecha. Abro as pálpebras, surpresa.
— Por favor, não me machuque! Não suporto mais! — sussurro.
— Não vou te machucar. Você tem uma escolha e espero que decida o
certo. Ninguém nunca mais vai tocar em você. Eu prometo. — Beija o canto
dos meus lábios levemente, me pegando de surpresa.
— Obrigada! — agradeço baixinho.
Então ele me guia para fora do banheiro. Natasha está na porta me
observando com raiva.
— Gefrete me mandou ver porque estão demorando tanto. — Olha
diretamente para mim, com um sorrisinho cruel.
O sangue some todo do meu rosto. Serei punida e provavelmente
perderei a consciência. A minha visão vai diretamente para Deimon, somente
para encontrá-lo me encarando atentamente.
— Mantenha a sua boca fechada, senão você estará morta. Entendeu,
vadia? — Deimon pergunta com uma voz assustadoramente baixa e aperta o
pescoço dela. Eu encolho-me com a dureza da sua voz. O rosto de Natacha
está vermelho.
— Sim. Entendi, Deimon. — concorda manhosa.
Ele sorri cruelmente. O seu sedutor sorriso vacila.
— Vamos! O meu marido está nos esperando. — diz como se fosse um
lembrete. O sorriso do homem se alarga ainda mais.
— Você terá uma surpresa nada agradável quando retornarmos à sala
— fala diretamente para Natasha. O seu rosto fica branco.
— O quê? — questiona com um sorriso amarelo.
— Você verá! — É tudo o que responde.

*****

Não me lembro de muita coisa. Desde o momento em que vi aquele


homem deitado no chão, quase me ajoelhei agradecendo a Deus. Ele tarda,
mas não falha. Tento manter os tremores do meu corpo sob controle toda vez
que sou espancada. Tenho uma crise depois e geralmente desmaio. Estou
muito fraca.
— Você está me dizendo que uma simples prostituta conseguiu roubar
6 milhões sem você perceber? — Damen pergunta aproximando o rosto dele.
— Sim, estou falando a verdade. — meu pai diz e recebe um soco na
boca, que faz a sua cabeça ir para trás.
Me sinto um monstro. Por quê? Estou desfrutando de cada soco que
Gefrete leva. Sinto-me vingada. Mesmo sabendo que irão me matar também,
fico satisfeita. É como uma droga em meu sistema, dando-me prazer. Vê-lo
gritar de dor e implorar por misericórdia é quase como uma música para os
meus ouvidos. Meus lábios repuxam num sorriso de satisfação.
— Você está mentindo! Sabe o que faço com traidores? — o capo
indaga batendo nele novamente, fazendo-o cuspir sangue no chão. Sua boca
está ensanguentada e inchada.
— Estou dizendo a verdade! — Gefrete garante. Até eu sei que está
mentindo.
— Tudo bem! Não preciso que você confesse nada. Já tenho a prova da
sua traição. — Damen diz sorrindo e eu encolho-me na cadeira com o seu
sorriso. É pura crueldade desenfreada.
— Por favor! Não me mate! Posso devolver tudo! — implora.
Suplico silenciosamente para que Deus não permita que ele seja
perdoado.
— Não vou matar você.
Ele suspira de alívio e o meu coração afunda sem esperança.
— Espero que você tenha sido um bom pai. — Deimon sorri para mim
e me olha como se soubesse o que vou escolher. Lembro das suas palavras
dentro do banheiro.
Gefrete me dá um olhar de aviso, mas dessa vez não me encolho,
porque tenho a sua maldita vida em minhas mãos.
— Se escolher transar conosco toda vez que quisermos, você salva a
vida do seu pai e madrasta. Se não, morre junto com eles. O que você
escolhe? — o capo pergunta.
Prefiro vê-los mortos do que sacrificar o meu corpo para mantê-los com
vida.
— Escolhe certo, vadia! — Gefrete rosna para mim e o meu sorriso se
alarga.
— Vocês vão morrer se depender de mim. — confessa fracamente.
— Você também vai morrer, vadia! — grita desesperado tentando se
soltar da cadeira. O seu desespero agrada-me de uma forma assustadora.
— Terei o prazer de vê-lo morrer. — Aliso meu vestido.
Todos estão olhando para mim.
— Por que não escolheu a primeira opção? Não somos tão feios assim.
— Damen pergunta encarando-me. Ele parece totalmente à vontade com a
situação.
— Vocês são lindos, porém, prefiro vê-los mortos. — Simplesmente
tento respirar normalmente. Por favor! Agora não!
— Entendo. Você percebe que vai morrer também, certo? — questiona.
Não me importo. Prefiro morrer a ter que ser espancada todos os dias.
Deimon continua me analisando enquanto Natasha tenta chamar a sua
atenção.
— Não me importo. Só me matem por último. Quero ter a satisfação
de ver eles morrerem. — respondo tentando respirar compassadamente.
— Sou seu pai, Gena! — Me fita. Posso ver o ódio em seus olhar por
ter que suplicar a mim pela sua vida.
— Não, você não é meu pai. — afirmo.
Os tremores do meu corpo começam a aumentar. Minha bochecha arde
com o tapa que Natasha dá em meu rosto. Ela me olha com ódio, mas para
mim tanto faz. Apenas continuo olhando-a, sem esbouçar qualquer dor, já
que me acostumei a isso. Fui espancada a vida toda.
— Você é uma egoísta! Sempre teve tudo! E agora não quer dormir
com eles para salvar as nossas vidas! — ela grita e em seguida se joga em
cima de mim. Sinto o segundo tapa e espero o terceiro, que não vem. Não me
mexo, fico imóvel. — EU TE ODEIO! — grita.
Meus olhos estão fixos em seu rosto. Deimon retira Natasha de cima de
mim, com brutalidade, arremessando-a do outro lado do galpão. Ela solta um
grito de dor.
— Encoste nela mais uma vez e você será a primeira a morrer, vadia!
— ele rosna me pegando no colo. — Está tudo bem, anjo. — Ajeita-me em
seus braços, passando as mãos pelos meus cabelos longos.
Solto um gemido de dor. Minha cabeça está doendo. Aconchego-me no
seu corpo grande. É tão quente! Quando mamãe estava viva, ela sempre me
dava muito amor. Esse é o primeiro gesto de carinho que recebo em anos.
Tenho medo de ter falsas esperanças e tudo desabar novamente sobre mim.
Parece uma mentira o seu cuidado, mas espero nunca descobrir. As minhas
pálpebras estão pesadas e a respiração acelerada. O meu corpo está tremendo
violentamente. Não consigo respirar direito e debato-me em busca de ar. Os
meus pulmões estão ardendo à procura de oxigênio. Vou me perdendo.
Espero que dessa vez eu possa morrer em paz.
— Ela está sufocando! — resmungo chamando Damen.
Tento manter a calma. Gena é tão pequena. Seguro o seu corpo em
meus braços e ela busca por oxigênio. O seu rosto de anjo está vermelho e
algo estranho acontece dentro do meu peito. Não sei explicar, mas pela
primeira vez na vida tenho medo. Venho a observando por meses.
— A coloque no chão! — meu irmão manda ao meu lado e assim eu
faço. Deixo a minha mão embaixo da sua cabeça. Está muito machucada.
— Vou iniciar a reanimação cardiopulmonar. — Me abaixo, quando a
voz asquerosa de Gefrete me para.
— É assim mesmo, ela desmaia. Nada demais! — o maldito diz
satisfeito.
— Nem pense nisso! Mato você antes que chegue na porta! — Damen
rosna com a arma na mão.
Natasha estava se esgueirando, achando que não estávamos prestando
atenção nela. Estúpida! Meu irmão nunca desliga a atenção ao seu redor. Ele
é como sentinela: vê tudo à sua volta.
— Eu não fiz nada. — admite chorando enquanto retorna.
— Sim, você fez. Ficaria viva se não tivesse batido nela. — Damen
aponta para Gena desmaiada.
Verifico o seu batimento cardíaco e está baixo. Precisa de um médico.
— Você cuida dessas merdas! — Levanto a garota em meus braços. O
seu corpo frágil não pesa nada. Ela se debateu e desmaiou.
— Mudei de ideia. Não vou matá-los agora. Merecem passar pelo
inferno antes de eu lhes conceder a morte. — meu irmão rosna cheio de ódio.
— Para mim está ótimo. Deixe-a viva como umas das prostitutas de
rua. — sugiro apontando para Natasha. Quero vê-la sofrer por ter se atrevido
a tocar em minha futura esposa.
— Tenho algo mais digno em mente. O velho merece uma estadia na
casa do Ernesto. Ele vai cuidar muito bem de você, Gefrete. — Ernesto gosta
de sexo violento. O cara tem quase 2 metros de altura de puro músculo e
força. Gosta de homens. Adora uma bunda!
— Por favor! Me mata, mas isso não! — grita desesperado se
debatendo na cadeira.
Caminho rapidamente enquanto Damen resolve o que fazer com essas
vidas de merda. Coloco Gena no banco da minha Lamborghini preta. Deixo o
outro carro para o meu irmão. Ligo para o médico, que estará no meu
apartamento em breve. É mais perto que a mansão. Dirijo rapidamente pelos
veículos e logo chego no local. Deposito Gena na cama. Os seus gemidos
angustiados causam-me uma agonia sem explicação. Com cuidado retiro os
seus saltos.
— Pode examiná-la! — ordeno à Sebastián. É um dos médicos da
Camorra.
Ele toca no corpo frágil de Gena, examinando-a. Vou buscar um copo
de água, pois ela provavelmente estará sedenta quando acordar. O médico
está enfiando uma agulha em seu braço e colocando soro em sua veia.
— Então, Sebastián? — pergunto do outro lado da cama.
— Ela está com febre de 43°, o que pode ser perigoso. Também tem
uma ferida na cabeça. Aconselho levá-la ao meu hospital, senhor. — sugere
verificando sua pressão.
— Não pode cuidar dela aqui? — indago.
— Não exatamente, senhor. Uma febre nesse nível é perigosa.
Precisamos fazer um raio x completo. A pancada na cabeça pode causar
sérios danos. — explica.

*****
Estou estressado com essa demora toda. Faz mais de 4 horas que
levaram Gena de mim, e até agora nada, nenhuma notícia. Vou acabar
matando alguém.
— Senhor! — Sebastián me chama e eu caminho até o seu consultório,
fechando a porta atrás de mim.
— Por que a demora toda? — questiono sem paciência.
— Foi preciso fazer mais exames, senhor. Ela tem duas costelas
fraturadas e muitas marcas de agressões pelo corpo, tanto novas quanto
antigas. A pancada na cabeça não causou nenhum trauma e a febre já baixou.
Pode levá-la para casa. Vou apenas passar alguns remédios para dor. —
explica.
— As fraturas não precisam de cirurgia? — Passo a mão pelos meus
cabelos.
— Não, senhor. As fraturas são consideradas simples. Ela precisa
apenas de repouso, uma alimentação saudável e nada de exercícios. Qualquer
coisa o pode me chamar. — Entrega-me os medicamentos.
Abro a porta do meu apartamento com uma Gena adormecida. É um
sacrifício. Deposito-a na cama e em seguida tiro as suas roupas. A sua pele de
anjo está toda machucada e há marcas de todos os tipos de abusos. Vou matar
lentamente aquele desgraçado. Então esse é o motivo dela estar usando
vestido de mangas longas em pleno verão. Las Vegas está num calor infernal.
É assim que ela cobre as marcas de agressões pelo seu pequeno corpo.
Tomei uma ducha rápida e vesti uma calça de moletom preta e folgada.
A garota se remexe na cama abrindo os seus lindos olhos verdes. A sua
respiração acelera quando percebe que não está sozinha. Olha em volta
provavelmente se perguntando onde se encontra. Aproximo-me da cama sem
fazer movimentos bruscos.
— Está tudo bem, anjo. — Me aproximando e ela se encolhe contra a
cabeceira da cama, com olhos arregalados e a respiração ofegante. — Ei! Está
tudo bem. — Asseguro, me sentando na ponta da cama.
— Por que estou aqui? — tem uma voz fraca.
Percebe que está nua, então puxa a coberta, cobrindo-se. As suas
bochechas ficam vermelhas de vergonha.
— Você desmaiou. Estava muito machucada e teve que ser levada para
o hospital — explico calmamente e ela analisa em volta novamente,
hesitante.
— Por que estou sem roupa? — questiona segurando o lençol sobre os
seios pequenos, que aliás são lindos. Não deveria ter notado, mas notei. Não
que eu fosse fazer alguma coisa a respeito. Não sou um estuprador de merda
e nem tenho necessidade disso.
— O médico precisava examiná-la. Suas costelas estão fraturadas. —
informo.
Gena não esbouça nenhuma reação. Não foi por esse motivo que tirei
suas roupas, apenas queria que ela se sentisse confortável.
— Você vai me machucar também? — pergunta num fio de voz,
sempre analisando as suas mãos no colo. Gena é mais quebrada do que
pensei.
— Não. Vem! Você precisa comer. — a chamo lhe entregando uma das
minhas camisetas, que veste e faz uma careta de dor.
— Preciso da minha calcinha. — diz envergonhada.
As suas bochechas estão vermelhas, uma cor em seu rosto que a deixa
ainda mais linda. Vou ao closet, pego uma cueca nova e a entrego.
Provavelmente vai ficar um pouco folgada, contudo, é o que tenho por agora.
— É nova. As suas roupas estão na secadora. Não pensei que você
acordaria agora. — explico lhe entregando.
— Obrigada! — sussurra.
Gena está vestida. A minha camisa fica abaixo das suas coxas. Estendo
a mão num comando silencioso, o que a deixa hesitada por um momento, mas
logo coloca a sua mão trêmula na minha. Pego-a no colo e ela endurece
contra mim, porém, em seguida relaxa um pouco. Provavelmente tem medo
de me dar confiança e depois eu machucá-la.
Coloco dois sanduíches na sua frente. Gena começa a comer como se
estivesse morrendo de fome. Faço de conta que não vejo nada. Talvez não
coma há dias. Vou alimentá-la direito.
— Quer mais um pouco? — indago.
Acena com a cabeça, afirmando. Depois de alimentada, a coloco na
cama. Dorme rapidamente. A sua expressão é pacífica. Deito-me ao seu lado,
deixando o máximo de espaço possível entre nós. Não quero machucá-la sem
querer.

*****

O meu nariz está coçando. Tento mexer os meus braços, mas tem
alguém em cima deles. O meu corpo fica tenso. Abro as pálpebras
vagarosamente. Gena está dormindo aconchegada comigo. O seu corpo
pequeno se encaixa perfeitamente ao meu. Não me mexo, apenas continuo
olhando-a enquanto dorme profundamente. Linda! Passo os meus dedos pelos
seus fios dourados. Meu celular começa a tocar. Maldição! Ela aconchega-se
ainda mais a mim. Seu corpo fica totalmente rígido e a sua respiração acelera.
Está acordada.
— Bom dia, anjo. — Beijo sua cabeça.
Ela não se mexe. O seu peito sobe e desce rapidamente. E o maldito
celular não para de tocar! Desvencilho-me do seu corpo pequeno. A sua
respiração começa a voltar ao normal. Vejo o nome do meu irmão na tela do
celular.
— Fala, porra! — atendo irritado.
Por que ele tem que me ligar tão cedo assim? O que aconteceu?
— Lucas quer saber se você vai buscar a garota Anny daqui a uma
semana. — diz impaciente. Mas quando o meu irmão tem paciência? Nunca!
Fito a linda moça que me observa atentamente. Mantenho o meu olhar
fixo nos seu. Daqui a uma semana estará quase recuperada.
— Sim. Vou buscá-la. Só isso? — questiono sem a menor paciência.
— Como está a menina? — pergunta.
Estreito os meus olhos, mesmo com ele não podendo ver. O que
pretende?
— Está bem, entretanto, com algumas costelas fraturadas e marcas de
agressões por todo o corpo, antigas e novas. — eu respondo e ela se encolhe.
— Você já decidiu o que fazer com eles, já que ficou com a menina? A
vagabunda da madrasta já teve um test drive gratuito ontem à noite para todos
que quisessem fodê-la. — Sorri.
Ele está adorando essa situação. Dou graças a Deus por tê-lo como
irmão. Nunca vou querê-lo como inimigo. É melhor não estar na sua mira,
porque você preferirá o inferno. É pura crueldade, a definição do diabo. Não
que eu não seja um monstro criado também, mas temos uma diferença:
Damen aprecia todas as maldades que faz, já para mim tanto faz, não me
importo, apenas me acostumei a elas. Contudo, não vou mentir que na
maioria das vezes gosto bastante.
— E Gefrete? — pergunto.
Ao mencionar esse nome, os olhos de Gena se enchem de lágrimas.
— Ele está sendo bem cuidado, até demais para o meu gosto. A sua
bunda provavelmente está sangrando de tanto ser usada. Preciso sair. —
Desliga.
Nem me preocupo em reclamar. Ele nunca se despede mesmo.
— O que vai acontecer comigo? — A garota fita as mãos.
— Nada. Se você tivesse escolhido a primeira opção, meu irmão te
mataria sem pensar duas vezes. — Me aproximo dela e o seu corpo fica
tenso.
Levanto-a da cama e ela faz um som estrangulado no fundo da
garganta. Provavelmente esperou ser espancada por mim. Vi tantas vezes a
minha mãe apanhar, suplicando para ser salva. Assisti os seus olhos perderem
o brilho a cada dia. Eles ficaram sem vida, até que ela não suportou mais e
pulou de uma janela do décimo andar. Vocês devem estar pensando que eu a
achei egoísta. Não penso assim. Já tínhamos 10 anos, e éramos velhos o
suficiente para cuidar de nós mesmos. De qualquer maneira, mamãe nunca
pôde nos proteger, pois sempre esteve fraca demais pelas agressões que sofria
diariamente.
— Você precisa comer. Está muito magra. — Coloco-a na cadeira.
— Obrigada! — agradece puxando minha camisa para baixo. O seu
cheiro está por todo o meu corpo.
Faço um sanduíche, o suficiente para alimentá-la bem.
— O que vai fazer comigo? — pergunta novamente.
A sua cabeça está baixa em sinal de derrota. Fica observando a comida
ainda intocada no prato.
— Nada. Você será minha esposa.
Seus olhos verdes esmeraldas enchem-se de pavor.
Vocês devem estar pensando que me senti ofendido. Na verdade não.
Ela tem razão de estar apavorada. Todos no nosso mundo conhecemos a
minha fama de "o sem coração".
— Por que eu? — seu tom de voz é choroso.
— Não se preocupe. Não vou machucá-la, nem obrigá-la a ter relações
sexuais comigo. — sou sincero. Não preciso estuprar uma mulher para fazer
sexo. Não tenho necessidade disso.
— Por que quer casar comigo?
— Você é perfeita para mim. Agora coma! Quero você saudável. —
Levanto-me e beijo a sua bochecha.
Mamãe sempre dizia: “Trate sua esposa com carinho, mesmo que não a
ame”. Umas das coisas que Damen e eu nunca esqueceremos.
Gena termina de comer e me analisa como se não soubesse o que fazer.
Ela tem que perder esse medo comigo. Gosto de mulheres submissas apenas
na cama.
— Pode fazer o que quiser, anjo. — falo olhando-a remexer as mãos no
colo.
— Posso tomar um banho? — pergunta timidamente.
— Claro que sim! Não precisa me perguntar nada. Você pode banhar,
comer, assistir... Tudo o que lhe der vontade. — Retiro a mesa.
Eu mantenho-me no lugar limpando a louça suja e Gena se levanta,
estremecendo. Começa a subir a escada em uma lentidão torturante.
— Espera! — peço fazendo-a parar completamente.
O médico disse que ela não pode fazer esforço. Sou um filho da puta
por não me lembrar disso.
— O quê? — indaga com a voz fraca.
— Você não pode fazer esforço. — Levanto-a em meus braços.
— Não precisa. Estou acostumada. — sussurra.
A raiva aumenta dentro de mim. Esses filhos da puta que se acham
machões ao espancarem mulheres frágeis! Se sentem poderosos, todavia, não
passam de covardes de merda. Fodidos molengas! Homens crescidos de
verdade não têm necessidade de agredir uma mulher inocente apenas por
diversão, pois sabem a força que tem.
— De agora em diante, desacostume-se. — ordeno colocando-a no
chão.
— Tudo bem. — murmura puxando minha camiseta para baixo.
Ela tem 1,69 no máximo. Gosto da sua altura, se encaixa perfeitamente
com a minha.
— Quando você terminar, vamos fazer compras. Precisa de roupas. —
digo.
— Não posso ir. Estou sem o que vestir. — diz suavemente me olhando
com apreensão. Provavelmente espera ser espancada por mim a qualquer
momento.
Entro no closet, pego um conjunto de saia e blusa e uma lingerie.
Mandei uma das prostitutas comprar enquanto ela ainda dormia.
— Aqui. — entrego-a.
— Podemos ir buscar minhas roupas. Não precisa comprar. — sugiro
com a mesma apreensão de antes.
Eu até poderia fazer isso, mas seu passado é doloroso. Ver algumas
coisas pode fazê-la lembrar dos maus-tratos, e isso não é bom.
— Vamos às compras. Vida nova, tudo novo! — Me aproximo e Gena
estremece, mas não sai do lugar.
Circulo a sua cintura colando o meu corpo ao seu tão frágil e beijo o
canto da sua boca. A respiração dela acelera e ela me fita com aqueles
malditos olhos grandes, temerosos.
— Espero você em meia hora, anjo. — Dou um selinho em seus lábios
suculentos, fazendo-a inalar agudamente em busca de ar. Em seguida faz um
som no fundo da garganta.
Entro no closet, pego um terno meu, desço e vou para um dos quartos
de hóspede. Tomo uma ducha demorada. O meu pau está mais duro que barra
de ferro. Não vou me masturbar. Não mesmo, porra! A água gelada faz o meu
pênis voltar a se comportar.
Depois de vestido, bato na porta do seu quarto.
— Entre! — Gena pede com a sua voz suave.
Entro. Percorro todo o seu corpo com meus olhos. Apesar de magra
demais, continua lindíssima. Meu pau pulsa na calça enquanto admiro suas
curvas. Linda pra caralho!
— Você está linda, anjo. — elogio. Ela apenas sorri timidamente.
— Obrigada!
— Vamos! — Estendo minhas mãos. Gena fita os seus pés delicados.
Sigo a visão dela. Está descalça. Ah, porra! Me esqueci de entregar os seus
saltos. Pego eles e sento Gena na beirada da cama. — Vem! Deixe-me calçá-
la! — peço.
O seu rosto fica vermelho de vergonha.
— Posso fazer isso. — Se aproxima de mim.
— Vamos, anjo! — Bato em minha perna.
Ela para frente à mim, eu seguro uma de suas pernas e calço o salto alto
em seus pés delicados.
— Obrigada!
— Está pronta? — pergunto.
Gena apenas acena com a cabeça, afirmando.

*****

Estamos há um tempo no Shopping. As pessoas não param de nos olhar


com curiosidade. No início Gena ficou desconfortável com a atenção toda.
Continuamos caminhando pelas lojas e ela fica um pouco sem graça na hora
de fazer as compras. A garota precisa aprender muitas coisas, mas vamos a
um passo de cada vez, passos de bebê.
A ajudo a escolher roupas. Sua preferência é sempre por aquelas que
cobrem todo o seu corpo. Não gosto disso. É linda demais para se vestir
como uma freira. Seus olhos vão aumentando conforme vamos comprando as
peças. Gena tem que se soltar mais como a minha futura esposa, porém, não
posso obrigá-la a isso, porque provavelmente é algo que nunca teve:
liberdade.
Estamos em um almoço agradável, onde a faço comer bastante. Creio
que quanto mais engordar, mais bonita ficará. Descubro que suas cores
favoritas são branco, vermelho e preto, e que também gosta de ler. Quando
percebo que está ficando triste, mudo de assunto. Ela provavelmente não tem
muito para me contar. Seguro o tempo todo a sua mão e o passar das horas a
faz relaxar em minha volta e até soltar alguns sorrisos tímidos ou
envergonhados.
Está ficando tarde e eu preciso conversar com Damen. Resolvo voltar
antes do planejado. As roupas serão entregues amanhã. Tenho que ir ao
supermercado também, visto que a geladeira está vazia.
*****

Sento-me no sofá, ligando a TV no plantão de fofocas. É sério isso?


Mal coloquei o pé para fora de casa e já estou nas manchetes?
"Um dos bilionários mais cobiçados de Las Vegas é visto essa tarde de
mãos dadas com uma linda loira. É, mulheres! Parece que um dos irmãos
Davenport foi finalmente fisgado."
— Vocês pensam que dessa vez é pra valer? — Ema pergunta.
Já a fodi algumas vezes. Tão fútil quanto parece. Quando ela quis algo
a mais que foda casual, terminei tudo.
— Quem sabe?! A moça é linda! Vamos esperar e acompanhar o
desenrolar dessa história. — diz Melissa.
Desligo a televisão, porque já ouvi demais. Peço uma pizza extragrande
para comermos. Gena subiu há uns trinta minutos. Teve tempo o suficiente
para banhar.
Bato na porta antes de entrar. Gena está sentada na ponta da cama,
enrolada numa toalha, e me olha com aflição enquanto remexe as mãos no
colo.
— Posso pegar uma das suas camisetas? — Alterna a visão entre mim e
as mãos.
— Não precisa pedir. — Abaixo-me na sua frente e seguro as suas
mãos, que estão trêmulas. Faço uma massagem liberando um pouco da
tensão.
— Não queria que você ficasse bravo comigo por mexer nas suas
coisas sem permissão. — diz observando as nossas mãos unidas. Me
mantenho analisando o seu rosto.
— Você está com medo de mim? — indago.
Gena olha para todo os lados, menos para mim. Eu já sabia a resposta
antes mesmo de perguntar. Ela tem medo de mim. Provavelmente mais
apreensão do que medo. Entendo o seu lado. Nos conhecemos há apenas 48h,
o que não é tempo o suficiente para haver confiança. Para alguém que era
espancada diariamente, não tem muitos traumas. Não surta quando chego
perto e muito menos desmaia.
— Às vezes. Bem... B... Be... É... Você é a única pessoa que foi gentil
comigo depois que minha mãe morreu. — gagueja enquanto busca por ar.
— Entendo. Vamos dar um passo de cada vez, anjo. — Aperto as suas
mãos.
— Tá bom. — concorda com a voz bem baixinha.
Levanto-me vagarosamente e fico no nível dos seus olhos.
— Não vou bater em você, anjo. Sei da força que tenho e não preciso
espancá-la para mostrar o quão forte sou. — eu asseguro e ela respira em
alívio.
— Obrigada! — agradece segurando o meu olhar.
Me aproximo, mas ela se afasta um pouco, segurando a toalha com
força. Dou-lhe um pequeno sorriso e em seguida beijo o canto da sua boca,
fazendo-a soltar um gemido baixo em surpresa. A porra do meu pau acaba de
pulsar dentro da calça. Me afasto antes que faça besteira. Prometi que
ninguém nunca mais a machucaria, e isso também inclui a mim. Sou um
homem de palavra.
Entro no banheiro e tomo a ducha mais demorada da vida. Quando
saio, Gena já está vestida em uma das minhas camisetas brancas, que fica
igual a um vestido curto nela. Vesti uma cueca boxer. Ela arregala os olhos
assim que me vê e respira audivelmente enquanto observa o meu corpo
abertamente. Deixo-a apreciar a visão. Pelo seu choque, percebo que nunca
viu um homem pelado na vida.
— Vamos! A pizza vai esfriar. — Estendo a mão, fazendo-a sair do
transe.
Suas bochechas estão vermelhas de vergonha. Ela sabe que foi pega me
analisando abertamente.
Coloco a caixa de pizza na sala de estar e ligo a televisão procurando
um bom filme na Netflix.
— O que você quer assistir? — pergunto servindo refrigerante.
— Não sei do que gosto. — responde envergonhada.
— Não tem do que se envergonhar, anjo. Vamos descobrir do que você
gosta. — digo enquanto zapeio pelos filmes.
Gena gosta de filmes de ação, e graças a Deus por isso! Depois que
terminamos de comer, deito-me no sofá, me atentando às suas reações
conforme o filme vai passando.
— Vem! Deita aqui! — peço me afastando um pouco, dando-lhe
espaço para deitar junto comigo.
Ela me observa com o medo evidente em seus olhos verdes. Se deita ao
meu lado como uma estátua de tão dura que está. Puxo uma manta sobre o
seu corpo pequeno, encostando-a em mim. Ela é muito sensível ao frio e usa
o meu braço como travesseiro. Fica mais dura. Afasto o meu quadril da sua
bunda, porque o meu pau está começando a ficar totalmente duro. A garota
provavelmente entraria em pânico se sentisse o meu pênis tocar na sua
bundinha redonda.
Gena relaxou com o passar dos minutos e logo estava totalmente
aconchegada a mim. Adormeceu no meio do filme. Desligo a televisão
quando termina, coloco-a em minha cama e me deito ao seu lado. Logo está
grudada comigo como se eu fosse sua âncora, seu bote salva-vidas.
Acordo com o meu corpo quente e sinto uma mão segurando
possessivamente a meu bumbum. O meu corpo fica tenso no exato momento
em que o meu cérebro percebe isso. Fico como uma estátua. Ninguém nunca
encostou no meu bumbum. Começo a me afastar vagarosamente tentando não
acordá-lo, o que é impossível. Quando sua mão sobe para a cintura, eu relaxo,
pois assim ela sai da minha nádega pelada. Por que a camisa dele tem que me
deixar nua?
— Bom dia, anjo. — sua voz está rouca.
A minha cabeça está no seu peito musculoso e o meu braço está em
volta da sua cintura.
— Bom dia. — murmuro quietinha. Não quero irritá-lo. Mesmo que
tenha prometido nunca me machucar, não quero provocá-lo para descobrir.
— Tenho que sair hoje. Você vai ficar bem sozinha? — Alisa minhas
costas.
Deimon realmente confia em mim para me deixar só em seu
apartamento?
— Vou. — garanto abrindo as pálpebras e encontrando lagoas verdes
me olhando intensamente.
— Vou mandar alguém trazer comida para você. — diz.
A sua carícia em minhas costas me faz sentir coisas estranhas entre as
pernas.
— Posso preparar a refeição. — garanto.
Não quero incomodá-lo. Sempre fiz de tudo na casa do meu pai, de
comida à limpeza. Apanhava se não saísse conforme o desejo dele. Espero
que esteja queimando no inferno.
— Tudo bem. Você sabe o que é melhor. — Beija meus lábios. O toque
é tão leve que é quase inexistente.
Depois disso ele se levanta apenas de cueca. Sinto as minhas bochechas
esquentarem de vergonha. O seu corpo é lindo. Tem duas tatuagens em cada
um dos braços, que parecem muito complexas: um relógio antigo misturado
com o rosto de um leão de olhar feroz que tem uma coroa na cabeça, e uma
rosa finalizando no seu antebraço; e no outro braço há uma mulher com asas
de anjo pisando em rosas que pingam sangue. Gostaria de perguntar se esses
desenhos tem algum significado especial para ele, mas prefiro ficar calada.
Não é da minha conta.
— Vou fazer o seu café. O que deseja? — Desvio a minha visão da sua
bunda firme.
Ele se vira para mim com uma carranca. Encolho-me com a ferocidade
em seu rosto. Essa é a primeira vez que faz isso. Os meus olhos se arregalam
e o pavor começa a crescer dentro de mim.
— Gena, pelo amor de Deus! Não vou te machucar. Você não é uma
empregada nesta casa. Faça o café da manhã porque está com fome, não
porque é sua obrigação. Você será minha esposa, não funcionária. — Suaviza
a expressão e eu suspiro aliviada.

*****

Fiz uma omelete para mim e panquecas para Deimon, que saiu logo
depois do café da manhã, me deixando sozinha. Já comi e arrumei o
apartamento inteiro. Sento-me em frente à televisão. Ele me ensinou como
usar a Netflix. Procuro os filmes que mais gosto e sinto-me uma burra sem
saber nada. Como diz o ditado: “Um passarinho criado em cativeiro nunca
conhecerá a liberdade”. Nunca entendi o significado deste ditado, até este
momento. Mesmo sendo livre de alguma forma, não me conheço e não sei do
que gosto. Isso me deixa frustrada.
Mesmo Deimon me deixando à vontade, constantemente estou
cautelosa à sua volta. Não vou perder esse comportamento tão cedo, e isso é
triste. Sempre vou estar com medo de fazer algo errado e apanhar. No fundo
sei que prometeu nunca levantar a mão para mim, mas mesmo assim não
posso confiar. Estamos compartilhando um apartamento há menos de 80
horas. Ele continua sendo um estranho para mim. Já nos encontramos em
algumas festas, mas nunca trocamos uma palavra. Agora eu vou ser mulher
de um dos homens mais cruéis, o “monstro”, como é conhecido.
Todos dentro da Camorra são monstros criados e ensinados a serem os
piores. Nunca vou querer apertar os botões dele para descobrir os seus
limites. Apesar de ter sido gentil comigo, homens da máfia gostam de
quebrar as suas esposas. Conquistam a confiança delas e depois o verdadeiro
inferno começa. Estou morrendo de medo. Deimon pode ser como o meu
padrasto. O meu sangue gela com essa possibilidade. Não suporto mais ser
espancada. Prefiro morrer do que voltar a viver naquele inferno outra vez.
Vocês devem achar que existe outra solução, mas não há quando se
vive num mundo como o meu. Vi e vivi na pele a dor de ser espancada
diariamente, ser depressiva e não ter a menor esperança. Ainda me lembro do
dia em que encontrei a minha mãe com os pulsos cortados, numa poça de
sangue. Nunca tirei essa imagem da cabeça. Mamãe tinha só 50 anos e era
linda. Todos dizem que sou sua cópia fiel.
Às vezes me perguntava porque as pessoas não nos ajudavam, se
estávamos bem ao lado delas pedindo socorro. Simplesmente fingiam não ver
e continuavam com as suas vidas perfeitas. Não são seus problemas, não é
mesmo? Até que um dos seus filhos entre em depressão e vejam o quão
difícil é, ou até que sofram agressão do marido ou namorado. Quem se
importa com quem está sendo violentada? Ninguém! Não está sendo com
você, então está tudo maravilhoso. Que sociedade hipócrita do caralho!
Todos os anos fazem campanhas sobre violência doméstica, mas quem de
verdade pratica o que se fala? Nenhum deles! Suspiro cansada dessa situação.
Não consigo superar a morte da minha mãe. Mesmo me sentindo
aliviada, nunca julguei a sua escolha. Ela se libertou dessa vida miserável.
Até ontem eu também não tinha esperança. Ainda não tenho muita. Os meus
medos nunca me deixarão confiar em alguém o suficiente para não temer a
traição.
Vi mamãe morrer um pouco a cada dia. Os seus olhos perderam o
brilho gradualmente, assim como os meus. Ela veio da Rússia em busca de
um novo recomeço, mas entrou num inferno igual ao anterior. Não tinha mais
volta. Viu a esperança em Gefrete, o homem a quem fui ensinada a chamar de
pai. Com toda a sua gentileza ofereceu ajuda à minha mãe, que aceitou.
Depois de casada, o inferno começou. Ela sempre dizia que não era tão ruim
quanto o antigo sofrimento. Sofreu demais nesse mundo. Espero que tenha
um descanso digno na outra vida.
Sei que não sou filha de Gefrete. Mamãe disse que sou filha de um
mafioso Russo. Que Deus me ajude! Mamãe, por favor, se você está aí em
cima, ajude-me! Choro lembrando de tudo o que passei, das noites sem sono
causadas pela dor e dos dias de fome. Uma vez quase morri desidratada, mas
Gefrete nunca me deixava morrer. E se Deimon for como ele ou pior? Choro
muito até adormecer no sofá.

*****

O quarto está escuro. Um arrepio sobe pela espinha causando calafrio.


Piso no chão úmido e fedorento. Uma sombra cai sobre mim.
— Você não vale nada, vagabunda! — Ele me chuta.
O terror enche o meu corpo, paralisando-me como uma toxina. Não
imploro mais. Gefrete adora me ver implorar. Desde os meus 14 anos quer
isso: me humilhar e me fazer suplicar pela vida. Quando criança, eu sempre
fazia isso, e ele adorava se sentir o poderoso. Desde então, não rogo mais,
pois não muda em nada. Sempre apanho da mesma forma, suplicando ou
não. As suas agressões são pesadas e mais frequentes e violentas do que
antes.
— Acha que ficando calada vai se livrar de mim, puta? Responde,
porra! — grita batendo a minha cabeça no chão.
Lágrimas saltam dos meus olhos. A dor é excruciante, insuportável. É
como se a sua cabeça estivesse sendo partida ao meio. Continuo muda. Não
digo uma palavra.
— É assim? Vamos ver o quanto você é durona, prostituta! — rosna me
chutando a barriga, cortando o meu oxigênio. Sinto o mundo ficar preto.
Essa foi a primeira vez de muitas em que fui espancada até desmaiar.
Acordo com água gelada sendo jogada em meu rosto. As agressões
continuam. Ele me bate com um chicote longo. Gritos são abafados pelos
meus lábios. Sinto o gosto metálico do sangue em minha boca. Os meus
dentes cortam o lábio inferior. Faço força para não gritar de dor. Levanto o
meu corpo tentando me soltar da cama, mas não consigo. É como se eu
estivesse pregada.
— Gena! Acorda, anjo! — uma voz ao longe me chama. Deve ser o
anjo que veio me levar. Eu finalmente morri. Estou livre!
Os meus gritos e soluços não vão mais fazer ou trazer o seu sorriso de
satisfação doentia que sente em me machucar. O meu corpo não suporta
mais. Os meus soluços são quebrados. Ele me matou. Mas por que o meu
corpo ainda está doendo? Por que estou vendo o meu padrasto? Por que
estou chorando?
— Gena, porra! Acorda! — Braços me apertam fazendo meus
machucados doerem ainda mais.
Depois de morta, vou continuar sofrendo? Me debato tentando me
soltar.
— Você nunca se verá livre de mim, Gena! Nunca, vadia! — a voz
asquerosa do meu padrasto grita enquanto ele arremessa uma faca em meu
peito. — Morra, vagabunda! Morra! — berra triunfante.
Eu grito debatendo-me, mas braços fortes me seguram com força.
— Está machucando! — Choramingo de dor tentando soltar as mãos.
Não consigo parar o meu desespero. Choro ainda mais aflita. Olho
para a faca enfiada em meu peito e há riachos vermelhos de sangue
escorrendo pela minha roupa. Quero sair desse inferno.
— Sou eu, anjo, o Deimon. Você está tendo um pesadelo. Acorda! —
fala o anjo.
Será que dessa vez vai me ajudar? Paro de me debater. O anjo
acaricia os meus cabelos. O seu toque é tão suave. Inclino-me em sua
direção. Ele vai me tirar daqui. Beijos suaves são dados em minhas
pálpebras.

*****

Abro os meus olhos vagarosamente. O rosto do anjo está cheio de


preocupação. É Deimon. Eu não morri. Foi um pesadelo, uma memória
horrível. Estou sentada em seu colo. Agarro-me a ele como se fosse uma
tábua de salvação e choro tentando consolar-me.
— Não estou lá. — murmuro baixinho para mim mesma.
Choro inconsolavelmente em seus braços. O meu corpo sacode com a
força dos meus soluços.
— Não, anjo. Você está aqui comigo. — diz suavemente alisando os
meus cabelos. O seu toque me acalma, os meus soluços diminuem e eu
apenas me aconchego em seu pescoço passando os braços em volta dos seus
ombros.
— Você teve um pesadelo, anjo. — Beija os meus cabelos ao mesmo
tempo em que suas mãos fazem um vai e vem suave nas minhas costas.
Deimon encosta-se no sofá, me deixando praticamente deitada em cima
do seu corpo. Já mais calma, continuo com as minhas pálpebras fechadas.
Respirar o seu perfume amadeirado é como um calmante para mim. As
lágrimas já secaram e apenas sigo tentando não chorar novamente.
— Sobre o que era seu pesadelo? — pergunta enquanto fungo o seu
pescoço.
Aconchego-me ainda mais ao seu corpo. O seu braço aperta em torno
de mim. Não quero chorar novamente. Vou reviver tudo outra vez e não sei
se estou pronta para contar meus tormentos.
Posso falar um pouco. Se eu me esforçar, consigo.
— Foi a primeira vez que ele me bateu até eu perder a consciência.
Depois me chicoteou amarrada na cama. — conto chorando novamente. Foi
uma das vezes em que quase morri.
Um rosnado vem atrás de mim e eu pulo agarrando-me ainda mais a
Deimon. Se não foi ele, então quem? Aperto ainda mais os meus braços em
volta do seu pescoço.
— Desculpa. — murmuro olhando em seu queixo. A sua mão segura a
minha bochecha, obrigando-me a levantar o rosto.
— Não se desculpe por isso, ok? — ordena.
Apenas balanço a cabeça afirmando.
Abro a porta do meu apartamento. Estou morto de cansaço. Aqueles
filhos da puta dos russos estão sendo um pé no saco. A primeira coisa que
ouço quando dou dois passos para dentro são gritos cheios de agonia. Gena!
O meu sangue corre rápido pelas veias. Quem diabos passou pela portaria e
pelos meus seguranças? Para entrar aqui é preciso uma senha que apenas três
pessoas sabem, mas todas elas estavam comigo. O elevador não sobe nem
desce sem esse código. A escada de incêndio é a mesma coisa.
Tiro a arma do coldre e Damen faz o mesmo, apreensivo. Temos que
discutir um assunto com Lucas mais tarde e sairemos juntos para vê-lo.
Caminho lentamente pela sala de estar, mas não vejo ninguém. A cena que
avisto faz algo estranho no meu peito. Gena está gritando e se debatendo no
sofá enquanto chora inconsolavelmente. Está se contorcendo. Me aproximo
lentamente. Ela se debate como se estivesse tentando soltar-se de algo. Tento
acordá-la, mas nada acontece.
— Foda-se! O que eu faço? — pergunto a Damen, que está olhando
tudo com as sobrancelhas juntas. O que está planejando?
— Tente acalmá-la como você costuma fazer. Não sei, porra! —
murmura.
Puxo-a para o meu colo e ela se debate ainda mais.
— Sou eu anjo, o Deimon. Você está tendo um pesadelo. Acorda! —
peço suavemente.
Gena para instantaneamente de se debater e abre os lindos olhos verdes.
Vejo tanto sofrimento neles que poderia me afogar com tanta dor. Me abraça
soluçando e passa os braços em volta do meu pescoço. Acontece aquela coisa
novamente em meu peito que não sei explicar o que é.
Ela está mais calma em meus braços e mantém as pálpebras fechadas
como se estivesse com medo de abri-las. Damen foca nela sem piscar.
Gefrete vai conhecer o inferno na terra. O rosto da garota está inchado
de tanto chorar. Quanto tempo está nesse pesadelo? Converso com ela um
pouco. Quero saber sobre o seu passado, um passado fodido. Está quase
dormindo em cima de mim.
— Acho melhor você ajudá-la a relaxar. Uma ducha vai auxiliar. —
meu irmão murmura baixinho sem olhar para mim. O que ele vai fazer?
Odeia ver qualquer mulher ser agredida inocentemente apenas por prazer. É
como se estivesse vendo nossa mãe novamente.
— Por quê? — indago desconfiado.
Gena aperta ainda os braços em volta de mim. Acorda da névoa de
torpor depois de muito chorar.
— Ajude-a a relaxar, seu tapado! — profere esfregando as mãos pelos
cabelos.
Faz quase dois anos que Damen anda estranho, e ainda não descobri o
que é. Ele não gosta de falar sobre o assunto.
— Humm! Entendi. — resmungo irritado com o seu silêncio. Sei que
está planejando algo. Mas o quê?
— Vou fazer algo para ela comer. — Se levanta.
Não gostamos de deixar Romero por muito tempo sem um de nós dois.
Jasper é um dos meus melhores amigos, e quando é necessário que saia eu e
meu irmão, Enzo ou ele fica com o garoto. O mesmo é muito sensível, uma
criança fofa e feliz, tudo que nunca fomos. Damen é quem mais fica com o
menino. Eu viajo muito, então passo pouco tempo junto dele.
Me levanto lentamente com Gena nos braços. Parece um bebê no meu
colo, alguém que precisa ser cuidada. Nunca cuidei de ninguém sem ter um
interesse por trás. Só tive uma exceção na vida: Anny. Mesmo que Gena de
alguma forma me interesse, me beneficia. Anny me conquistou quando nos
encontramos pela primeira vez. Ela gritou com Lucas. A menina é
esquentada.
Observo a linda mulher em meus braços, tão linda e tão quebrada.
— Isso sempre acontece? — Coloco-a na ponta da cama.
— Não. Foi a primeira vez. — responde com a voz muito baixinha.
Tem a fala suave igual a de um anjo.
Passo os meus polegares pela sua bochecha macia. Os seus olhos
verdes me fitam como se eu fosse sua luz. Oh, meu anjo! Se você soubesse
que sou apenas escuridão, não me olhava assim. Balanço a cabeça em
entendimento. Quando as agressões pararam, o seu subconsciente começou a
revivê-las em forma de pesadelo.
Entro no banheiro enchendo a banheira com água quente. Coloco
alguns sais de banho e outras essências. Retiro a camiseta, ficando apenas de
calça jeans. Volto ao quarto e Gena não mexeu um músculo sequer.
— Vem! — Puxo a sua blusa.
O seu corpo fica tenso. Está mais imóvel que antes, mal respira.
— Ei! Não vou fazer nada. — asseguro terminando de puxar sua blusa
pela cabeça. Abro o fecho do sutiã e ela prende a respiração. Levanta o braço
e cobre os seios pequenos. O seu olhar está cheio de pânico. — Gena! —
chamo novamente.
Eu sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas ela precisa relaxar um
pouco. Não que uma mulher normal se sentiria a vontade com um homem
desconhecido tirando a sua roupa.
— Desculpe. Não me acostumei com você.
— Tente se acostumar comigo. — Puxo sua calça jeans pelas pernas
longas. Deixo-a apenas de calcinha. Ela teria um treco se ficasse
completamente nua.
Quando percebe que não vou tirar sua calcinha, solta a respiração que
estava segurando. Pego-a novamente em meus braços e a deposito na
banheira cheia de espuma. Em seguida retiro minha calça, entrando atrás
dela. O seu corpo fica tenso novamente. Dessa vez não falo nada, apenas
coloco-a entre as minhas pernas. Suas costas delicadas encostam em meu
peito. Vejo-a soltar um gemido baixo de apreciação. Deslizo uma das mãos
para a sua barriga suave, acariciando-a em pequenos círculos. Ela tenciona
novamente, mas não paro, apenas faço carinho lentamente na lateral do seu
corpo com os meus polegares. Logo está relaxada e aconchegada em mim.
Afasto o meu quadril quando sua bunda deliciosa encosta no meu pau. O meu
sangue corre rápido pelas veias, indo direto para ele, que está latejando
dolorosamente, louco para entrar no seu calor. Solto um gemido de dor.
Subo meus dedos e acaricio debaixo dos seus seios lindos de bicos
rosadinhos que cabem perfeitamente em minhas mãos. Porra! Não vou fazer
isso. Não sou um fodido tarado. Gena acabou de sair de um pesadelo, não
vou assustá-la. Me inclino para a frente e o seu rosto está suave, quase
dormindo. Porra! Dormindo? Oh! Foda-se!
Retiro-a da banheira e enrolo uma toalha rapidamente em seu corpo o
mais rápido que consigo.
— Já está fria a água. — não sei porque senti necessidade de justificar
as minhas ações.
Retiro a sua calcinha por baixo da toalha. Ela está tão grogue que não
percebe o que acabo de fazer. Pego um blusão cinza e uma calça preta, que
visto nela sem calcinha mesmo. Não quero fazer merda. Essa garota tem um
jeito que me deixa louco. Se eu ficar vendo-a sem roupa, exibindo o seu
corpo sexy para mim, será difícil segurar os meus desejos. As minhas bolas
vão explodir de tanto tesão.
Visto as roupas rapidamente, como se estivesse pegando fogo. Gena
parece sonolenta. Mesmo que esteja precisando comer, coloco-a em uma das
cadeiras. Damen põe um prato cheio de comida na sua frente.
— Obrigada! — sussurra timidamente. As suas bochechas ficam
vermelhas de vergonha.
Meu irmão apenas a olha com o seu escrutínio tranquilo. Levanto as
sobrancelhas para ele e Gena fica tensa com sua avaliação silenciosa. Ela não
gosta de estar no centro das atenções.
Vocês estão achando que sou burro, já que ele está encarando a Gena.
Errado! Não tem nada que meu irmão não veja. O homem tem uma visão
maldita. Me ignora completamente.
— Está se sentindo melhor, Gena? — Damen pergunta suavemente.
— Sim. Obrigada! — agradece olhando para mim. Me sento à sua
frente.
— Coma, anjo! — Empurro o prato na sua direção.
Começa a comer vagarosamente, quando a campainha toca. Quem
será? Não estou esperando ninguém.
— Você está esperando alguém? — pergunto ao meu irmão e me
levanto. Ele se levanta também.
— Jasper. Veio deixar Romero. — Empurra-me de volta na cadeira e
em seguida caminha em direção à porta.
Faço uma cara feia para ele e Gena me dá um sorriso lindo.
— Oi, P. — a voz da criança enche a casa de fofura.
— Como foi seu dia, amigão? — ouço Damen perguntar.
Acho que ele se sente como pai dele, porque desde os 9 meses de vida
do Romero, está sempre presente. Não fico tanto com eles. Sou um rastreador
e sempre estou na estrada. No início senti um pouco de ciúme dos dois, mas
depois de um tempo entendi. Meu irmão é mais assíduo em sua vida e
provavelmente um pai para o garoto.
— Bem. Tio Jasper me levou pra tomar sorvete. — conta.
Gena me olha com surpresa quando vê Damen carregando o menino no
colo e beijando a sua bochecha gordinha. Os seus homens teriam um derrame
se vissem isso.
— Oi, D. — Romero fala abrindo um sorriso pra mim e estende os seus
pequenos bracinhos em minha direção.
Pego-o no colo e esfrego a barba em seu pescoço, o que o faz soltar
uma gargalhada feliz.
— P, socorro! — o garoto grita entre risadas ao mesmo tempo em que
tenta se soltar. Meu irmão apenas sorri da cena.
— Não, não. — Damen responde se sentando.
— Por favor! Me ajuda! — Romero clama e ri bastante.
Uma risadinha baixa vem da mesa. É ela que está sorrindo
verdadeiramente.
— O que fez hoje, pequeno? — questiono mesmo já tendo o ouvido
falar sobre seu dia.
— Tio Jasper me levou para tomar sorvete. — Enrola as perninhas em
volta da minha cintura.
— Isso que é tédio. — Faço cócegas no seu pescoço com a barba
novamente. Ele dá gargalhadas e tenta se soltar.
Coloco-o no chão, ajeitando a sua roupa. Romero é pequeno para a sua
idade. Tem cabelos cacheados, olhos verdes e é gordinho. Ele encara Gena e
os seus olhinhos brilham com curiosidade. Depois fita Damen. É incrível essa
ligação entre eles. O menino sempre procura sua ajuda ou permissão.
— E você? — o pequeno pergunta referente à Gena, subindo no colo
do meu irmão.
Ela me fita, procurando ajuda.
— Pode responder, anjo. — Sento-me ao seu lado.
— Sou Gena. — se apresenta timidamente enquanto analisa o seu
rostinho gordinho.
Ele inclina-se sobre a mesa.
— Romero. — diz segurando o rosto dela com as duas mãos pequenas,
assim como nós fazemos com ele.
Ela fica um pouco tensa, porém, depois relaxa no seu toque. Recebe um
beijo molhado na bochecha e sorri docemente retribuindo o gesto.
— Você é fofo! — o anjo elogia baixinho acariciando a bochecha
macia de Romero, que solta uma risadinha e senta em cima da mesa. Logo
está arrastando sua bunda até ela.
— Quer brincar comigo? — o menino pergunta segurando o rosto lindo
de Gena.
A visão dela corre para mim e em seguida para Damen. Ela não sabe o
que fazer.
— Vai lá, anjo! Tenho assuntos para resolver com meu irmão. — falo
ao mesmo tempo em que observo o garoto escorregar no seu colo. A sua
mãozinha segura bem onde eu queria estar agarrando agora: nos seus seios
maravilhosos.
Ela respira agudamente e Damen solta uma risada assistindo a cena
engraçada.
— Ele é só um bebê, anjo. — explico retirando as mãozinhas do
Romero dos seus seios perfeitos.
— Segure em outro lugar, pequeno. Aqui é estritamente proibido. —
digo.
— Aqui? — Aperta novamente os seios dela com suas mãozinhas
pequenas, com toda sua inocência de criança.
Não consigo me segurar e solto uma risada alta. A garota está vermelha
igual a um tomate.
— Isso mesmo, pequeno! Não pode tocar aí. — Mordo os seus dedos e
ele dá uma risadinha, passando os braços em volta do pescoço da Gena.
— Do que você quer brincar? — ela pergunta segurando em suas
costas.
— Hum! Já sei! Esco... conde. — Enrola as palavras.
— Vai se esconder. — pede colocando Romero no chão, que corre com
suas pernas pequenas enquanto ela caminha até ele.
— O que está acontecendo entre vocês? — Damen indaga assim que
Gena está fora do alcance da sua voz.
— Nada. — sou sincero.
— Isso é sério? — resmunga.
— Sim. — confirmo.
— Lucas pediu para lembrá-lo de ir busca a garota. — Meu irmão
batuca os dedos na mesa ao mesmo tempo em que acompanha Gena e
Romero brincarem.
— Ela não é uma simples garota, é um mulherão da porra! — falo
apenas para irritá-lo. Não que seja mentira. Anny é um mulherão da porra
totalmente. Mãe de trigêmeos. A mulher é uma fortaleza.
— Se você diz. — profere sem me olhar.
— Vou levá-la para a mansão. — Coloco meus pés em cima da mesa.
— É o quê? — Estreita a visão. — Você sabe que não gosto das suas
ficantes em torno de Romero. — reclama esfregando a barba bem aparada.
Não adianta eu falar que não tenho nada com ela. Nunca vai acreditar.
— Vou deixá-la na mansão enquanto eu estiver viajando. — informo.
Damen olha Gena. A mansão também é minha.
— Por quê? — questiona.
— Porque eu quero. — respondo simplesmente.
— Você quem sabe. — rebate.
Meu irmão ficou aqui até Romero começar a cochilar no colo de Gena.
Ele não tirava os olhos dele, o que é engraçado, já que a garota não faria
nenhum mal ao menino.
— Quer jantar comigo amanhã? — sugiro.
Ela está quase dormindo aconchegada a mim.
— Uhum! — Enfia o rosto no meu pescoço.
Acaricio as suas costas delicadas.
Daqui a dois dias terei que buscar Anny no Brasil. Não queria deixar
Gena sozinha, mas é necessário.
— Você não está me ouvindo, não é? — pergunto analisando seu rosto
adormecido.
Respiro relaxado e passo meus braços de forma mais apertada na sua
cintura, adormecendo.
DOIS DIAS DEPOIS

Acordo com Gena se contorcendo na cama. Está tentando sair dos meus
braços sem me acordar, o que é impossível.
— Bom dia, anjo. — falo abrindo as pálpebras.
Me acostumei tão rápido com ela.
— Bom dia. Preciso usar o banheiro. — fica envergonhada.
Solto sua cintura e ela levanta correndo para o banheiro. Dou uma
gargalhada. Está se acostumando comigo, por mais incrível que pareça.
Continuo deitado. Pretendo levá-la para um almoço fora e escolher o
seu anel de noivado. Ainda não falei nada sobre o casamento com o meu
irmão, e quando Anny chegar será a hora certa de comentar o assunto.
Gena aparece vestida em uma das minhas camisas. Está mais gordinha
e linda, como pensei que ficaria. Deslumbrante! A sua pele fica cada dia mais
macia. Se deita novamente, mas não se aconchega a mim. Faço uma careta,
pego-a pelo quadril e a puxo. Ela solta um gritinho de surpresa e em seguida
começa a rir. Cada minuto que passamos juntos é gratificante.
— O seu lugar é aqui. — Rolo em cima dela.
Fico entre as suas pernas, o que a deixa rígida por um momento, mas
logo relaxa. Entendo os medos que tem e não forçaria seus limites. Acaricio
seu rosto e lábios com meus dedos macios. Sua boca está levemente aberta,
então eu abaixo a minha em direção da dela. Faz dias que estou com uma
vontade louca de prová-la.
Saboreio os seus lábios, deslizando a língua entre eles e apreciando o
seu sabor. Gena hesita por um momento, mas depois retribui o beijo com
timidez. O seu primeiro beijo é comigo. Todas as suas primeiras vezes
pertencerão a mim. Possessividade enche o meu peito.
Seu corpo delicado e macio embaixo de mim interrompe o beijo. Ela
está respirando rápido. Me analisa com os seus olhos grandes verdes. Volto a
beijá-la. Meus lábios apreciam o seu sabor doce. Enfio a língua na sua boca,
explorando cada pedacinho dela. As suas pernas se apertam em volta de mim,
uma posição perfeita para eu penetrar em sua pequena boceta.
Interrompo o beijo, senão farei uma merda. Sua respiração está
acelerada e o seu peito sobe e desce ofegante.
— Deimon! — sussurra num fio de voz.
— Aonde você quer almoçar? — pergunto.
O meu pau está pressionado contra a sua boceta e quase gemo em
apreciação. Gena é toda suave. Foda-se! Porra de perfeição!
— Não sei. — responde com aqueles olhos inocentes brilhando.
Ela será minha morte. Porra de bolas verdes do caralho! Não consigo
transar com ninguém, e isso não é normal. Suas mãos delicadas estão
posicionadas em meu peito, dando-me uma boa sensação.
— Vou escolher. — digo baixinho observando sua boca carnuda. Me
abaixo ficando completamente em cima dela.
— Deimon! — murmura com a respiração acelerada.
Me apoio em meus antebraços, esmagando seus seios, e volto a beijá-
la, mas dessa vez lentamente, saboreando os lábios deliciosos que tem. Ela
hesita alguns segundos antes de me beijar timidamente de volta. Essa timidez
está me matando.
Puxo suas pernas, colocando-as em torno do meu quadril e gemo
quando o meu pau pressiona sua boceta. A sensação esmagadora e deliciosa
me invade. Esfrego-me em seu calor. Estou me torturando, uma tortura
gostosa. Ela solta um gemidinho em surpresa enquanto exploro cada
pedacinho do seu corpo. É como um vício: nunca é o suficiente e sempre vou
querer mais dela. O meu pau está duro como pedra. Quero entrar no seu
canal, que deve ser muito apertado, maravilhosamente quente e molhado.
Gemo com o pensamento.
Ela sobe as mãos pelo meu pescoço e acaricia meus cabelos. Não sabe
se puxa ou se faz carinho. Acaricio suas pernas e esfrego nela o meu pau cada
vez mais num ritmo lento e torturante.
— Deimon, está doendo. — murmura entre os meus beijos.
— Está tudo bem. Só relaxa. — Beijo seu pescoço.
Gena solta outro gemidinho baixo, ainda tímida. Deslizo uma mão pela
lateral do seu corpo ao mesmo tempo em que movo a outra para dentro da sua
camiseta. Seguro o seu seio, massageando-o. É perfeito e cabe
adequadamente em minha mão.
— Deimon! — sussurra angustiada contra meus lábios. Ela
provavelmente nunca gozou, então não entende o prazer que seu corpo está
sentindo.
— Apenas relaxe! Vou cuidar de você. — Abro alguns botões, o
suficiente para dar acesso ao paraíso.
Abocanho o seu mamilo, sugo e lambo enquanto massageio o outro.
Gena levanta o quadril da cama em busca de mais atrito. Quero estar
enterrado dentro da sua boceta apertada, mas não será hoje. Ela não está
preparada para um passo tão grande. A chupo fortemente e ouço os seus
gemidos tímidos que estão me deixando louco.
Desço uma das mãos e esfrego o seu clitóris em círculos por cima da
calcinha. Porra! Está malditamente molhada. O tecido está completamente
encharcado.
— Isso, anjo! Goza pra mim! — ordeno quando o seu corpo estremece
gozando.
O rosto dela está vermelho e a sua boquinha rosadinha está aberta
respirando pesadamente. Seus olhos sonolentos estão brilhando de satisfação.
Minha respiração acelera. Um leve sorriso aparece no seu rostinho de anjo.
— O que foi isso? — sussurra me analisando atentamente. Mantenho-
me em cima dela.
— Você gozou. — afirmo retirando meus dedos da sua boceta.
Os seus olhos se arregalam quando percebe onde minha mão estava.
— Oh, meu Deus! Isso é errado! — sussurra assustada.
— Por quê? — Deposito um beijo em seus lábios inchados dos meus
beijos.
Meu pau continua latejando, necessitado.
— Mamãe disse que ninguém pode me tocar aí. — sussurra de novo,
corando lindamente. Está envergonhada.
— Quando nos casarmos, poderemos fazer isso e muito mais. Você
será minha esposa, anjo. — Retiro uma mecha de cabelo do seu rosto.
— É isso que um marido faz? — Cora novamente.
— Mais ou menos. Vamos a um passo de cada vez. — sugiro.
Não sei como explicar essas coisas para a uma mulher que quero
transar.
— Humm... — geme quando me mexo em cima dela.
— O que foi? — pergunto.
Preciso me aliviar. Ficar em cima dela não está ajudando. Sinto o calor
da sua boceta no meu pau.
— Bem, é que... É... É que tem algo duro fazendo coisas estranhas na
minha... É... É... É... — gagueja.
Gena é mais inocente do que pensei. Será que nunca viu ninguém sem
roupa ou o que um casal faz entre quatro paredes? Imagino as coisas que
poderei fazer com ela quando estiver pronta para mim.
— Você fala do meu pau pressionando contra a sua boceta deliciosa?
— Esfrego-me nela, que estremece ligeiramente.
— Oh! Bem... Sim. — sussurra fracamente.
— Vem! Vamos tomar um banho. — Liberto-a.
Me levanto ficando de joelhos entre as suas pernas, tendo uma bela
visão da sua boceta molhada pelo gozo. O tecido da sua calcinha está
encharcado. Gemo de frustração. Por que tem que ser malditamente gostosa?
Esse jeitinho inocente me leva à loucura.
Olho para o seu rosto e ela fita com intensidade a minha cueca. Não é
uma boa ideia banharmos juntos, pois provavelmente vou encostá-la na
parede e fodê-la até o esquecimento. Isso seria um desastre. Me aproximo da
sua boceta dando um leve beijo.
— Deimon! — grita tentando fechar as pernas, mas não deixo.
Puxo a sua calcinha para o lado, expondo a sua boceta para mim, que é
linda e toda rosadinha. Perfeita! Passo a língua por sua fenda molhada. O seu
sabor é inebriante.
— Deimon, o que está fazendo? — pergunta com a voz entrecortada.
Não sabe se reclama ou se entrega-se ao prazer.
— Provando o seu sabor. — Sugo o seu néctar.
— É estranho… Muito... Muito bom! — murmura gemendo.
Oh, meu anjo! Você não tem ideia das coisas sujas que penso em fazer
com você. Sugo o seu clitóris e ela solta um grito em surpresa, se
contorcendo de prazer.
— Deixe-me ouvi-la, anjo. — ordeno contra a sua boceta.
Gena resmunga esfregando-se em meu rosto e rebolando sensualmente
contra a minha língua, que penetra o seu canal onde desejo colocar o meu pau
em breve. Volto a chupá-la e mordisco seus lábios grossos. Ela solta um
gritinho enquanto goza novamente. Uma visão linda. As suas costas
levantaram da cama no momento que gozou lindamente. Foda-se! Será minha
em breve. Coloco sua calcinha de volta no lugar. É deliciosa como eu
imaginava. Limpo a boca, perguntando:
— Vou banhar. Você vem?
Por favor, não aceita! Ou vou fazer algo estúpido e depois me
arrepender.
— Posso dormir mais um pouquinho? — pede com as pálpebras
fechadas.
— Sim. O que você quiser. — respondo entrando no banheiro.
Tomo uma ducha com água gelada depois de ter me masturbado
imaginando fodê-la por todos os seus orifícios. Porra! Essa menina será
minha morte.
Me arrumo, pois preciso sair e comprar um anel de noivado. Gena
ainda está adormecida na cama. Acho que o orgasmo a deixou sonolenta.
Caminho até ela e sacudo suas pernas. Nada. Apenas grunhe adormecida.
— Anjo, estou saindo. — Beijo sua bochecha macia.
— Uhum. — resmunga novamente.
Não está acordada. Provavelmente nem vai se lembrar do que falei.
Pego um papel no criado-mudo e escrevo rapidamente.
“Anjo, fui trabalhar. Descansa! Está proibida de arrumar o
apartamento. Volto para te pegar ao meio-dia. Vamos almoçar fora. Deimon
Davenport”.
Saio fechando a porta do apartamento. Entro na minha Lamborghini
preta e vermelha. Tenho uma visita super feliz ao meu futuro sogro.

*****
Estaciono em frente a uma das boates de prostituição, “Your Pleasure”,
e cumprimento uns clientes que ainda estão aqui com algumas das prostitutas.
Desço a escada direto para o porão. O velho deve estar com os olhos sem
vida, exatamente como Gena estava. Felicidade corre pelas minhas veias.
— Como está a estadia? — pergunto ao hóspede de Ernesto.
Ele não responde, apenas me analisa. Olhos sem essência, exatamente
como os da Gena quando a conheci.
— Por favor, me mata! — Gefrete suplica chorando.
Filho da puta miserável! Molenga! Mal começou o seu inferno e já está
implorando. O futuro será triste para ele.
— Já? Mas você não é durão? — Me sento na sua frente.
— Por favor! Não suporto mais! — implora novamente.
— Está exatamente como sua filha estava. Lembra de quando você a
espancava até vê-la perder a consciência? — questiono calmo, mas por dentro
quero matar lentamente e esfolar esse miserável filho da puta. O seu fim não
será indolor, e sim extremamente doloroso.
— Ela não é minha filha! — grita.
Interessante! Isso não muda nada. Seus atos o colocaram aqui neste
exato lugar, nesta situação.
— Não me importo. — falo com frieza.
Ele só tem mais uma semana de vida mesmo. Ernesto já está aqui para
terminar o trabalho. A pele dele está toda roxa e o seu rosto está desfigurado.
— Seu desgraçado! Você transformou a minha mulher numa prostituta.
Tenho que vê-la ser fodida ao mesmo tempo em que sou violentado por um
monstro. — grita descontrolado.
Não me importo. Seu desespero me agrada. Solto uma risada cruel de
satisfação.
— Você via apenas alguns dos programas dela, mas a partir de agora
verá todos. Homens usando o seu corpo enquanto é fodido como o miserável
que é. — Me levanto e me aproximo da cela, encarando-o.
— Por favor! — suplica novamente.
— Não. Sogrinho, obrigado pela linda mulher. — Saio.
Ele grita descontrolado e eu sorrio triunfante. O seu fim está tão
próximo. Sinto o sabor correndo pelas veias. Não tem preço, nem explicação
vê-lo quebrado, sem esperança. Subo a escada, me afastando dos gritos de
dor do Gefrete. Ernesto tinha acabado de chegar quando saí.
— Deimon, por favor! Me tira daqui, meu amor! — Natasha implora
abraçando-me.
Empurro-a para longe. Puta do caralho!
— Primeiro: não sou seu amor. Segundo: não me interessa a sua vida
de merda. — rosno e caminho para fora da “Your Pleasure”.
Entro em uma das joalherias da minha família, pois preciso de algo
grandioso, porém simples. Olho várias opções. Algumas me agradam.
Escolho o que mais gostei e acho que vai combinar com ela. É um solitário
com várias pedrinhas em volta do aro.
Quando chego em casa, Gena está sentada assistindo o filme “Avatar”.
Quando me vê, as suas bochechas ficam vermelhas, provavelmente se
lembrando da nossa manhã. Só de pensar, meu pau pulsa. Preciso transar com
ela.
— Oi. — Caminho até ela.
Beijo a sua boca com vontade. Os seus lábios são macios e viciantes.
Estou perdido com essa garota.
Respiro com dificuldade. A boca do Deimon me faz ter sensações
estranhas. Sinto-me muito bem, mas ele interrompe o beijo. Esfrego as pernas
uma na outra aliviando um pouco a queimação em meu centro.
— Já está pronta? — pergunta.
— Sim. — Fito seus olhos verdes.
— Vou tomar um banho rápido e já volto. — Beija-me mais uma vez.
Ele faz com que eu sinta sensações tão boas! Nunca me senti assim,
satisfeita, e calma com alguém. E se me machucar depois? Não consigo parar
de pensar nisso. Que escolha eu tenho? Nenhuma.
Depois de alguns minutos aparece vestido de forma casual.
— Pronta, anjo? — Estende a mão para mim e passa o braço em volta
da minha cintura de forma possessiva.
— Vamos passar a tarde fora. — anuncia ajeitando-me em seu carro.
— Aonde vamos? — pergunto me sentindo mais à vontade com ele.
— Almoçar e depois comprar mais algumas coisas para você. — Retiro
o carro da garagem.

*****

Caímos num silêncio confortável. O almoço foi agradável. Deimon


sabe como me deixar à vontade.
— Isso deveria ser feito num jantar, mas não tenho muito tempo. Viajo
hoje à noite. — ele me informa e meu coração acelera. Vai me abandonar?
Eu sei. Ninguém nunca se importa o suficiente comigo. Sinto meus
olhos marejarem, mas não posso chorar.
— Irei ao Brasil. Você vai ficar com os meus irmãos Damen e Romero.
Não se preocupe. Damen vai cuidar de você.
O capo continua. Sinto um alívio tão grande que não sei nem como
explicar.
— Tá bom — concordo baixinho.
Sinto o meu peito apertar. O que é isso?
— Serão apenas três dias e estarei de volta. Quero te dar uma coisa.
Vamos nos casar em algumas semanas. — anuncia colocando uma caixinha
vermelha à minha frente.
— Pode abrir, anjo. — incentiva.
Observo a caixinha por um minuto, com as mãos trêmulas, e abro.
Dentro tem um anel. É lindo! Uma pedra grande e algumas menores ao redor.
Delicado. Mas por quê?
Como se estivesse lendo meus pensamentos, Deimon fala:
— O seu anel de noivado. — retira o anel das minhas mãos trêmulas e
desliza-o em meu dedo.
Olho para a minha mão. Não sei o que isso significa. Mas serei mesmo
a sua esposa? Por que não escolheu outra?
— Obrigada! É lindo! — agradeço observando suas íris verdes.
Ele sorri para mim e acaricia a minha mão. Não me acostumo com a
gentileza vinda de alguém como Deimon. Apesar de nunca ter me
machucado, tenho medo de me adaptar com essa vida e ela me dá uma
rasteira. Não tenho mãe, nem irmãos. Sou apenas eu. Me sinto tão sozinha no
final do dia. Queria uma família.
— Você gostou? — Faz carinho no meu pulso.
— Gostei. O que quer dizer? — fico receosa.
— Isso significa que você é minha noiva agora. É minha, apenas
minha. — Puxa-me para mais perto.
— Oh! — é tudo que consigo falar.
Ele passa a mão nos meus cabelos e em seguida beija-me lentamente
como se estivesse me saboreando. Beijo-o de volta segurando suas madeixas.
Deimon me puxa para mais perto do seu corpo quente.
— O senhor deseja mais alguma coisa? — a garçonete pergunta e me
analisa de forma estranha.
— Teria chamado. — meu noivo responde voltando a me beijar.
— Deimon! — murmuro me afastando da garçonete.
Ela ainda continua no mesmo lugar. Os seus olhos estão em mim.
Seguro com força o pescoço dele. Conheço esse olhar. Gefrete me encarava
assim antes de me bater.
— O que está esperando, Samira? É melhor você parar de olhar para
ela assim. Quer voltar a ser prostituída? — pergunta com uma voz baixa, mas
levanta todos os pelos do meu corpo. É assustador.
— Desculpe, senhor. Não vai acontecer novamente. — a moça sai
quase que correndo.
— Ninguém vai machucá-la, anjo. — Acaricia os meus cabelos.
Acredito nele. A minha vida era um inferno. O que eu tenho a perder?
Depois de almoçarmos, Deimon me levou às compras outra vez. Me
sinto envergonhada, pois já compramos tanta coisa. Onde eu usarei tudo isso?
— Quer tomar um sorvete? — pergunta quando saímos da loja de
roupas íntimas. As minhas bochechas começam a esquentar.
— Sim. Está muito quente. — profiro analisando em volta.
Todos nos acompanham com o olhar. É estranho ficar no centro das
atenções e não estar sendo espancada.
— Você fica linda quando envergonhada. — Passa o polegar pela
minha bochecha.
— Hum! — resmungo. É muito embaraçoso.
Deimon solta uma risada rouca e entramos em uma sorveteria.
— Qual sabor você quer? — Faz um movimento de vai e vem nas
minhas costas. É tão relaxante! Me deixa à vontade.
— Chocolate. — escolho sorrindo para ele.
— Imaginei. — Beija a ponta do meu nariz.
— Por quê? — pergunto encontrando os seus olhos.
— Geralmente as mulheres gostam de chocolate. — pressupõe e faz os
pedidos em seguida.
— Oh!
— O que vamos fazer agora? — questiono.
Ele me olha intensamente por um longo momento, deixando-me
desconfortável. Estou cansada, mas não vou lhe dizer isso. Tenho sorte de
estar sendo tratada com gentileza. Não vou abusar da sorte, porque ela não
cai no mesmo lugar duas vezes.
— Vamos pegar algumas das suas roupas no apartamento e depois vou
te deixar na mansão. — explica.
O meu coração acelera. Não quero ficar sozinha com o seu irmão.
Damen me assusta com aqueles olhos profundos, me dá medo. Ele tem uma
escuridão assustadora.
Não falo nada enquanto descemos para o estacionamento. Meu noivo
para segurando o meu braço, me colocando atrás dele, e em seguida puxa
uma arma da parte de trás da calça. Nem percebi que estava armado. Nunca
cheguei perto do cós da sua calça, não tinha como saber. O meu sangue corre
rápido pelas veias.
— O que aconteceu? — sussurro baixinho. Ele apenas faz sinal de
silêncio e olha através da coluna, voltando a guardar a arma no cós da calça.
— Está tudo bem? — desconfio.
— Sim. Só alguns abutres. — explica, mas não entendo nada, e em
seguida passa o braço em volta de mim.
— Deimon! — sussurro. Isso está estranho. O que está acontecendo?
— Está tudo bem. Só alguns repórteres. Mantenha-se calma e não
responda nada!
Ele mal termina de falar e estamos cercados por um monte de
repórteres gritando perguntas em nossa direção.
— Senhor Davenport, vocês estão namorando? Vai mesmo se casar?
Quem é a moça que está com você?
Deimon apenas ignora caminhando entre eles e abrindo um espaço em
direção ao carro.
— Você está grávida? Onde se conheceram? Qual a relação entre
vocês? — uma das repórteres grita para mim.
Me encolho pressionando-me contra o meu noivo, que me aperta para
junto do seu corpo grande e forte. Graças a Deus chegamos ao carro! Ele abre
a porta para mim e eu entro rapidamente, enquanto o mesmo empurra alguns
repórteres antes de entrar.
— Você está bem? — pergunta tocando na minha perna nua.
— Sim.
O resto da viagem está sendo feita em silêncio. Não digo nada. Deimon
tem uma expressão no rosto que me dá medo. Mal respiro. Olho pela janela e
os prédios vão passando rapidamente.
Entramos no apartamento. Está tão silencioso. É como se pudéssemos
ouvir o pensamento um do outro.
Arrumo a minha mala em silêncio. Estou quase terminando de fechá-la.
Tenho as mãos tremendo. Eu preciso respirar e me aclamar. São apenas três
dias.
— Sinto muito por hoje. — interrompe o fluxo dos meus pensamentos
e segura as minhas mãos, fitando o meu rosto.
— Estou bem. — respondo uma meia verdade. O meu estado
emocional está uma bagunça.
Por que sinto vontade de abraçar esse homem que me observa e balança
a cabeça?
— Ok. Vamos! — Termina de fechar a mala.
Meu noivo começa a se afastar da cidade. Uns 10 minutos e uma
mansão aparece à nossa frente, bem escondida. Ele estaciona em frente e me
ajuda a descer. Olho em volta. Uau! É linda! Puro luxo. Extravagância.
Nunca tinha vindo aqui. De qualquer maneira, eu não estou autorizada a sair,
a não ser para fazer compras.
— Que lindo! — falo para Deimon, que está pegando as malas em
silêncio.
— Vou colocar as suas coisas no meu quarto e te mostro a mansão. —
Abre a porta.
— Tá bom. — concordo observando em volta. Isso deve custar uma
fortuna.
— Já volto. — Sobe a escada.
Deus! Por que tem um aquário desse tamanho dentro de casa? Isso é
uma planta dentro? A mansão é muito moderna. A casa que vivi desde que
era criança, é estilo vitoriano.
— Olha o que temos aqui! — uma voz ecoa atrás de mim. O meu
sangue gela na mesma hora.
Matteo! Seria meu futuro marido. Ainda estava em negociação. Me
viro lentamente. O cara é lindo, alto, tem olhos escuros e cabelos pretos. É
cruel como o meu padrasto. A sua crueldade me apavora. Viro-me
lentamente. Deimon, por favor! Volta logo! Ele está mais perto do que eu
gostaria e sorri como uma hiena.
— A minha futura esposa está tão linda! — Se aproxima e eu me
encolho contra o vidro.
Deimon, por favor! Me tira daqui! — suplico em pensamento.
— O que foi? Perdeu a língua? — debocha se aproximando em passos
largos e fica a um passo de mim. Sinto o pânico tomar conta do meu corpo.
Ele levanta a mão. Minha respiração e o meu coração aceleram
parecendo que vão sair do peito. Faz semanas que não sou espancada. Matteo
vai me bater? Sinto os meus olhos marejarem.
— Se eu fosse você, não encostaria nela. Meu irmão te mata. — Damen
diz se sentando no sofá. Nem o vi entrar.
Matteo ainda está com a mão no ar.
— Por quê me mataria? Ela será minha esposa. O meu pai está em
negociação com o dela. — fala presunçosamente segurando os meus cabelos.
O pânico começa a me subir pela garganta, apertando-a. Por favor! Não
quero sufocar.
— Você acabou de assinar a sua sentença de morte. Agora tire as suas
malditas mãos dela! — Deimon rosna jogando o cara no chão e colocando o
pé em sua garganta. Ele sufoca em busca de oxigênio. — Onde você esteve
nas duas últimas semanas? — Aperta o pé sobre a garganta do Matteo. O seu
rosto está vermelho, buscando por oxigênio.
— O que diabos está acontecendo aqui?! — Vikkito pergunta entrando
na sala.
Meu noivo pega uma arma na parte de trás da calça, colocando-a em
cima da perna.
— Responde! — Deimon ordena levantando o pé.
— Nova York. — Matteo afirma respirando com dificuldade.
— Você acha que pode chegar tocando em minha mulher? — Sorri.
Posso ver o ódio e a crueldade desenfreada em seu rosto. Esse é o
monstro que todos conhecem.
— Sua mulher? — Vikkito pergunta e olha o seu filho no chão. Em
seguida seus olhos vêm sobre mim, cheios de ódio.
Outros homens entram na sala, assistindo a cena, mas ninguém fala
nada, nem tentam ajudar Matteo. Nenhum deles ousaria irritar Deimon.
— Exatamente! A minha mulher. E o seu filhinho aqui achou que
poderia encostá-la na parede com essas mãos imundas. — rosna retirando
uma faca de dentro do coldre e encara a lâmina reluzente.
Matteo se contorce no chão.
— Vamos conversar. — Vikkito tenta se aproximar dando um passo
em direção ao seu filho.
— Fique onde você está! Conhece as regras — Deimon rosna raivoso,
me fazendo saltar com a dureza da sua voz. Aço puro. Ele sorri enfiando a
faca no estômago do Matteo, que solta um grunhido agonizante.
Grito de pavor vendo o sangue correr pela faca. Vermelho e mais
vermelho.
— Ele foi avisado. Não devia ter tocado nela ou desobedecido minha
ordem. Eu disse que meu irmão o mataria, contudo, me desafiou mesmo
assim, tocando-a. — Damen rosna cada palavra, brincando com a arma na
mão.
— Deimon! — o chamo num sussurro abafado. A voz que sai da
garganta é um fio. Mal consigo respirar.
Ele me fita como se estivesse me percebendo só agora. Seu olhar volta
para o cara sangrando. Meu choro começa a se intensificar e a minha
garganta está prestes a fechar. Escorrego pelo vidro. Meus olhos não saem da
cena que presencio. Posso ver a incerteza no rosto dele, que não sabe se me
ajuda ou se mata Matteo.
— Deimon! — murmuro entre soluços novamente. Era como ver a
mamãe morrendo outra vez em uma poça de sangue.
— Damen, cuida dele? — meu noivo pergunta para o seu irmão.
— Pode deixar comigo. — ele responde e em seguida levanta e agarra
Matteo pelo braço.
Assisto a cena com os olhos arregalados. A maldade que vejo não tem
tamanho. E o pior de tudo: não sinto pena do cara. Sou um ser humano
horrível! Observo meu noivo caminhar em minha direção. Ele me levanta em
seus braços, como se eu não pesasse nada.
— Respira, anjo! — Coloca a mão no meu rosto. Em seguida sobe a
escada e para por um momento, olhando para trás.
— Quero que todos saibam! Se tocarem na minha mulher, eu mato! E
não vai ser limpo. Você vai servir de exemplo, Matteo. Só não vou te matar
agora porque o meu irmãozinho está aqui. — Deimon rosna com uma voz
dura fazendo os pelos do meu pescoço levantarem. Em seguida volta a
caminhar.
O seu corpo grande me acalma. Puxo uma respiração longa, tentando
levar oxigênio para os meus pulmões.
— Isso! Respira, meu anjo! — me incentiva e depois me coloca na
cama.
A sua visão está direcionada ao meu rosto e o ar passa pelos meus
pulmões.
— Eu sinto muito! — sussurro envergonhada.
Os meus olhos se enchem de lágrimas não derramadas. Ele matou
alguém hoje porque tenho pavor das pessoas chegarem perto de mim.
— Não se desculpe. — murmura me puxando para o seu colo.
Passo os meus braços em volta do seu pescoço, colocando a minha
cabeça em seu ombro. O seu corpo e a sua força sempre me acalma. Deimon
é como uma âncora para mim, o meu bote salva-vidas. Ele se deita me
levando junto. Me encosto em seu peito usando o seu braço como travesseiro.
Passa os dedos pelos meus cabelos numa massagem relaxante. Bocejo
fechando as pálpebras e adormeço.

*****

Acordo sozinha na cama e analiso em volta. Está tudo escuro. Não


conheço esse lugar. O meu pulso acelera. Então sinto o seu cheiro. Deimon!
Estou no seu quarto, na sua cama. Levanto vagarosamente e tem uma luz
saindo por baixo da porta. Caminho até lá, abro-a e me deparo com um
corredor enorme em tons de branco. Não sei para onde ir. Está tudo tão
quieto.
Tomo coragem e saio do quarto vagarosamente. Não tenho certeza se
tenho permissão para sair do daqui, mas me arrisco. Meu noivo disse que
posso fazer o que quiser.
Ouço vozes em algum lugar da casa e sigo para o lado oposto da
conversa. Não quero ver ninguém. Paro na escada em tons de preto. Conheço
esse lugar. Oh meu Deus! É onde Deimon matou Matteo. Está tudo limpo
como se nada tivesse acontecido aqui.
Caminho vagarosamente até a porta, me sento no chão e olho o céu.
Está tão lindo! Há estrelas brilhando.
Me perdi admirando tudo que não percebi quando alguém se
aproximou. Duas mãos pequenas seguram o meu ombro. Endureço na mesma
hora e a minha respiração acelera.
— Oi, Gi. — Romero diz com a sua voz suave de criança.
Graças a Deus é apenas ele! Respiro profundamente aliviada e viro-me
lentamente na sua direção. O menino está usando um pijama do Superman e
me encara com os seus olhos parecidos com os do Deimon. Tem os cabelos
sedosos em todas as direções e segura um bichinho de pelúcia em uma das
mãos, arrastando-o pelo chão.
— Oi, coisa fofa. — cumprimento Romero e relaxo na sua presença.
Ele é apenas um bebê.
O garoto senta nas minhas pernas, encostando a cabecinha nos meus
seios. Passo os meus braços em sua volta.
— Tá sem sono? — Acaricio os seus cabelos. Ele esfrega os olhos e
abre a boca bocejando.
— Uhum! P. tá fazendo um lanche. — Mexe os pés em meu colo.
Ficamos em silêncio. Acho que ele está cansado. Fecho as pálpebras e
aperto os meus braços em volta dele, que aconchega-se a mim. Tenho medo
de derrubá-lo e Damen me matar por machucar o seu irmãozinho.
— Quem é essa garota, Damen? — uma voz grossa ecoa com um
sotaque forte.
— Fala baixo, amor. Ela está dormindo. É tão linda! — uma voz de
mulher diz mais longe.
Abro as pálpebras vagarosamente. Ainda está meio escuro. Alguém
deve ter acendido a luz enquanto eu cochilava encostada contra a parede.
Romero se mexe em meu colo e eu o ajeito melhor. Está dormindo
profundamente. Não quero acordá-lo.
Olho para cima, me deparando com um homem alto, forte e de olhos
escuros inclinados em cima de mim. O meu sangue corre mais rápido.
Analiso em volta, freneticamente, em pânico, e encontro duas mulheres
exatamente iguais me olhando atentamente. Uma delas está embalando um
bebê nos braços. Não falo nada. O rapaz levanta a sobrancelha para mim,
chegando mais perto, e eu me afasto bruscamente. Está próximo demais.
Afasto-me mais um pouco. O meu coração bate rápido e ele estreita a visão
para mim.
— Quem é você? E por que está com Romero? — pergunta com uma
voz dura. O meu sangue gela e corre furiosamente pelas veias. — Responde!
— ele ruge.
O meu corpo tenciona em apreensão. Quem é este? É tão assustador
quanto o Damen. Os meus olhos se arregalam e me sinto encurralada feito
um animal preso. Não tenho mais para onde ir. Estou realmente presa.
— Amor, acho que ela mora aqui. Damen nunca deixaria alguém que
não fosse de confiança chegar perto do Romero. — fala a garota com o bebê,
se aproximando um pouco.
— Você tem razão. — concorda.
Ele não se afasta para que eu possa passar.
— Cara, se afasta dela! Ela tem fobia de toques, principalmente se
forem de homens. Você está perto demais. — Damen aparece ao meu lado e
me olha. Em seguida avista Romero dormindo em cima de mim.
O homem alto se afasta e eu respiro em alívio. Olho para Damen,
agradecida, que sorri levemente para mim.
— Pensei que meu irmãozinho estivesse assistindo TV. — Se aproxa.
O meu corpo fica tenso novamente, mas não falo nada, me mantenho
calada. Ele é meu capo e tenho que mostrar respeito.
— Eu o pego ou você me dá? — questiona na minha frente.
Não tenho certeza se consigo me levantar com Romero nos braços.
— Você pode pegar. — sussurro baixinho e afasto meus olhos do seu
rosto.
— Vou encostar no seu braço. — Se aproxima ainda mais e agacha
antes de chegar perto de mim, para parecer menos assustador. Agradeço o seu
gesto. Me toca saber que ele quer me deixa confortável.
Sinto os olhos de todos sobre nós. Damen ajeita o Romero nos braços e
em seguida me analisa.
— Quer ajuda para levantar? — pergunta se afastando um pouco e me
dá espaço.
— Oh! Nã... o... Não... Dei... mo... n... Deimon... — gaguejo nervosa.
— Meu irmão já foi para a viagem. Não vai demorar. Enquanto não
estiver aqui, vou cuidar de você. Vem! Precisa comer. — manda.
Levanto-me vagarosamente sem encará-lo.
— Ooi. — sussurro baixinho para as três visitas que nos observam com
curiosidade.
Respondem de volta me lançando olhares curiosos. Caminho atrás do
Damen, vagarosamente.
— Vou colocá-lo na cama e volto em 2 minutos. A cozinha fica ali. Me
espere lá. — o capo ordena apontando para a porta à esquerda.
— Obrigada! — Caminho em direção à porta. Não quero desobedecê-
lo.
Os meus olhos se arregalam. É linda, Jesus! Tem tons de branco e
preto, é elegante e totalmente perfeita. Enorme! Eu adoraria usá-la.
— O que você quer comer? — Damen pergunta atrás de mim. Quase
caio da cadeira com o susto. Eu estava tão entretida apreciando a cozinha que
nem o vi entrar.
— Não sei. Eu posso fazer. — sugiro olhando para as minhas mãos
enquanto ele abre a geladeira em busca de ingredientes.
— Sinta-se em casa! — diz e me explica onde ficam as coisas.
— Obrigada! — agradeço sua gentileza.
Damen está sendo gentil comigo, tentando me deixar à vontade. Não
tem obrigação de cuidar de mim, mas mesmo assim faz isso sem reclamar.
Não que para um capo o passatempo favorito fosse bancar a babá comigo.
Ele provavelmente tem coisas melhores para fazer.
— Você quer também? — Busco na geladeira ingredientes para um
hambúrguer.
— O que você vai fazer? — Senta-se na cadeira da bancada de
mármore. Sinto os seus olhos me queimando nas costas.
— Um hambúrguer. Posso fazer de carne ou de presunto e queijo. —
explico o observando por cima dos ombros.
— Pode ser de carne. — Levanta e caminha para o meu lado. Meu
corpo fica tenso na mesma hora e ele levanta as sobrancelhas perfeitas para
mim.
— Vou fazer o suco. — diz.
Trabalhamos juntos num silencioso confortável. Ele não me toca. Está
sempre deixando um grande espaço entre nós dois.
— Posso te fazer uma pergunta? — murmuro baixinho, analisando-o.
— Sim. Mas não sei se posso responder. — fala.
— Quem eram aquelas pessoas? — Sussurro com medo de ter ido
longe demais.
Damen sorri apenas em um puxar de boca.
— O homem é Lucas, meu primo, capo da máfia brasileira; a mulher
com a criança é a Sara, sua esposa; e a outra é a Sasha, sua irmã gêmea. —
informa. Me mantenho calada. Apenas coloco dois hambúrgueres em cima da
bancada. — Era só isso. Pensei que você soubesse quem é Lucas. Ele já
participou de várias festas da Camorra. Todos o conhecem no nosso mundo.
— Me avalia.
Eu não participava de muitas festas, principalmente porque estava
quase sempre morta de dor ou desmaiada. Quando ia, não prestava atenção
em ninguém, muito menos nos homens.
— Não participei de muitas festas. — informo me sentando longe dele.
— Imaginei. — Come seu hambúrguer, sem me olhar.
Como em silêncio, bebendo o meu suco de laranja.
— Você me permite dormir? — peço depois de terminar a refeição.
— Faça o que quiser. Não é uma prisioneira nesta casa, Gena. Você é
do Deimon. Não precisa da minha permissão para nada. E obrigado pela
comida! — Se levanta.
— Obrigada!
Vou para quarto do meu noivo e me deito em sua cama. O local tem
tons de marrom escuro e branco e uma cama gigantesca branca com duas
poltronas à sua frente. Puxo as cobertas para cima do meu corpo, fechando as
as pálpebras.

*****

Já é dia seguinte e me sinto nervosa, pois não tive notícias do Deimon.


Será que vai voltar logo? Entro no banheiro todo em tons de branco, com
uma banheira enorme no centro. Alguns produtos do meu noivo estão na
bancada junto com uns meus.
Faço uma higiene matinal e lavo meus cabelos rapidamente com o
shampoo do Deimon. Não peguei os meus na pressa de ontem. De banho
tomado abro a minha mala que está no canto do quarto. Visto uma calça
folgada e uma blusa apertada. Não gosto de mostrar as costas, porque ela é
toda arranhada das chicotadas que levei durante a vida. Por isso uso sempre
roupas fechadas.
Desço a escada, lentamente, um passo de cada vez. Não sei o que me
espera hoje. Enrolei o máximo que pude para descer. Damen está sentado no
sofá com um tablet nas mãos. Ele me olha por cima do aparelho, dando um
pequeno sorriso.
— Bom dia, senhor Davenport. — Paro no pé da escada.
— Só Damen! Nada de senhor comigo. — Se levanta.
Estremeço quando ele chega perto. Não tão perto, porém, o mais
próximo que já esteve de mim antes.
— Claro!
— Tem café da manhã na cozinha. — Volta ao seu lugar.
— Obrigada! Estou faminta. — Caminho para a cozinha.
Damen apenas assente e volta a atenção para o tablet.

*****

Estou sentindo falta do Deimon. Gostaria de vê-lo logo. Sinto-me


melhor com ele. Os últimos dois dias têm sido tristes e vazios. Ultimamente
apenas como e durmo. Não sei explicar, mas não consigo dormir à noite sem
meu noivo. Tenho rolando pela cama, sem sono.
O ponto alto dos meus dias tem sido Romero. É uma criança muito
fofa, educada e que me faz sorrir. Damen me trata bem, mas não chega perto
de mim a menos que seja necessário.
Deimon volta em breve. Sinto-me solitária sem aquele sorriso lindo
estampado em seu rosto.
Está quase anoitecendo e não consigo dormir, como nas outras noites.
Caminho pelo quarto sem saber o que fazer desde que saí da sala deixando
Damen assistindo um desenho infantil, o que é engraçado partindo de um
assassino. Vê-lo com Romero deitado em seu peito musculoso é uma cena
linda, mas é meio irônico ele ser tão cuidadoso com o irmão, sendo que tira
vidas o tempo todo.
Às vezes eu pego o capo me olhando com as sobrancelhas juntas. Não
consigo ver atrás da sua máscara. Todo homem feito usa máscaras
escondendo os seus verdadeiros pensamentos e sentimentos — se é que eles
têm algum.
Não saio da mansão. Ando apenas pela cozinha e sala, e fico no quarto
a maior parte do tempo. Essa será mais uma noite solitária.
Já está quase anoitecendo quando um carro chega na mansão. Quem
será que chegou? Talvez seja Deimon. Mas não... Ainda falta um dia para ele
voltar. A curiosidade vence e eu me levanto da cama vagarosamente a passos
lentos. Olho pela janela, porém, não dá para ver direto. É uma mulher de
cabelos longos, no meio da bunda. Ela usa um short que me deixa com as
bochechas vermelhas de vergonha. Sorri para alguém e depois passa os
braços em volta do pescoço de um homem, que a abraça de volta, levantando-
a do chão. Meu mundo cai quando o cara vira o rosto em minha direção.
Deimon! Desejaria não ter visto pela janela.
Eu sei que não devo confiar em ninguém. Ele quer um casamento por
conveniência, não porque sente qualquer coisa por mim. Por que gostaria de
mim? Tenho fobia a todos os tipos de coisas, não sou atraente e muito menos
sexy. Quem iria querer a filha de um traidor para ser sua mulher e para ter
algo que não fosse somente de aparências? Eu sei a resposta. Ninguém.
Eu quis acreditar que alguém me enxergaria além de um simples objeto
de espancamento, contudo, eu serei isso mais uma vez. Uma esposa perfeita
apenas nas aparências. Não sou o suficiente para uma pessoa amar ou se
interessar. Eu não valho a pena. Meu coração morre. Não sou nada mais que
um incômodo. Ninguém me ama. Não tenho família. Agora eu posso ver isso.
É como se tudo tivesse se quebrado em milhões de pedacinhos dentro de
mim.
Deimon solta a mulher com um beijo na testa e depois ela segura um
bebê nos braços. Ele coloca outro bebê no colo dela e pega mais um bebê.
Trigêmeos. Eles parecem felizes, como uma família deve ser, e eu não faço
parte disso. Não tenho nada, nenhum motivo para viver. Lágrimas correm
livremente pelo meu rosto. Não suporto mais ver a cena.
Me afasto da janela, sentindo o choro vir. Deito na cama. A dor é
insuportável. Meu noivo tem filhos: três bebês. Por que quer casar comigo?
Pensei por um instante que eu fosse um pouquinho importante na vida dele.
Eu me iludi. Foi apenas ilusão. Fico entre o sono e o choro esperando-o
aparecer, e nada. Não vem. Por que se importaria comigo?
Levanto vagarosamente, encho a banheira de água e retiro as roupas.
Está fria, mas não me importo. Eu entro. Só quero que essa dor pare. Ela tem
que ir embora. Está me machucando.
Não sei quanto tempo passou. Meu corpo está leve e uma luz brilha.
Sinto uma tranquilidade tão grande tomando conta de mim. A luz branca vai
crescendo e crescendo. Finalmente tenho paz. Ouço uma voz de longe me
chamando, entretanto, não me viro para ver quem é. Apenas sigo o clarão
branco que me guia rumo à paz. No fundo sei que estou morrendo. Já estou
morta por dentro, sem vida. É como se alguém tivesse arrancado meu coração
sem anestesia.
— Você está congelando, porra! — a voz rosna novamente e eu sorrio
me entregando ao anjo.
Abro a porta do meu quarto devagar. Gena deve estar dormindo. Senti
tanto sua falta e daquele sorriso tímido, o que é realmente estranho para um
homem como eu. Não sou um cara que tem saudade de alguma mulher.
Ela não está na cama. Vou para o banheiro e não acredito no que meus
olhos estão vendo. Gena está deitada dentro da banheira, boiando. Sua boca
está roxa e seu queixo treme. A única coisa fora da água é seu nariz. Me
arrependo de ter colocado quase uma piscina em meu banheiro. O seu
semblante mostra paz, como se tivesse encontrado conforto.
— Você está congelando, porra! — Puxo-a para fora da água, mas ela
não esbouça nenhuma reação além de um sorriso feliz.
O que aconteceu? É como se um interruptor tivesse sido desligado nela.
— Gena, anjo! Acorda! — tento acordá-la novamente.
Enxugo o seu corpo pequeno, colocando-a na cama e retiro minhas
roupas, colando meu corpo ao seu para aquecê-la. Ligo o aquecedor e em
seguida pego dois edredons, cobrindo-a. Ela desmaiou assim que a tirei da
banheira. Que demônios aconteceu?
— O que aconteceu com você, anjo? — Acaricio seu rostinho delicado.
Dorme pacificamente.
Damen me deve uma explicação, mas vou deixá-lo em paz apenas hoje
à noite. Acabou de descobrir sua paternidade. Porém, amanhã vai me dizer
que merda fez. Eu não acredito que meu irmão é pai dos filhos da Anny.
Quando eles discutiam pela casa, eu ouvia tudo. Senti uma emoção diferente
quando a mãe dos trigêmeos me colocou como padrinho dos bebês e em
seguida me deixou colocar o nome de Bernardo em um deles. Amanhã ele me
deve explicações, muitas delas.
— Humm. — Minha noiva se remexe e uma lágrima solitária escorre
pelo seu rosto de anjo.
— Acorda, meu amor. — peço acariciando seus cabelos sedosos.
— Você me deixou. — murmura chorando e se agarrando a mim entre
o sono e a consciência.
Sinto uma dor em meu peito ao saber que sou a causa do seu
sofrimento. Não dormirei durante à noite, simplesmente vou velar o sono do
meu anjo. O que levou Gena a acreditar que eu a tenha abandonado? Será que
ouviu algumas das merdas que Damen fala sobre a estrangeira que ele não
sabia quem era?
— Eu não te abandonei. — afirmo abraçando seu corpo pequeno.
Parece mais frágil que antes.
Meu irmão jamais a machucaria. Gena é minha. Sempre respeitamos o
limite um do outro. O que houve com ela?
— Gena! Gena! — chamo.
Se remexe abrindo aqueles olhos verdes para mim. Senti tanta falta
deles. Ela me encara, no entanto, não diz nada, mas posso ver a dor refletida
em seu rosto. Em seguida fecha as pálpebras fazendo mais lágrimas
escorrerem pela sua bochecha. Mas que porra! Odeio vê-las!
— Olha para mim! — comando suavemente.
Não gosto de vê-la sofrendo assim. É uma ironia dos infernos vindo de
mim, uma pessoa que adora infligir dor e sofrimento. Como uma boa
submissa, Gena obedece, abrindo os olhos.
— Ouça, meu anjinho. — peço calmamente avaliando suas reações.
Ela se mantém imóvel, sem dizer uma palavra.
— Eu não te abandonei. Fui buscar Anny e meus sobrinhos. Nada além
disso. Não deixe essa linda cabecinha pensar demais, ok? — Acaricio seus
lábios com o polegar.
Outra lágrima desce pela sua bochecha. Posso ver o alívio em seu
rostinho delicado. Gena viu com Anny. Essa é a única explicação lógica.
— Eu senti sua falta. — murmura baixinho.
Essa declaração faz o meu coração acelerar de forma estranha.
— Também senti muito sua falta. — Beijo sua boca carnuda com
delicadeza. Seu corpo pequeno escala o meu. Desço as mãos pelas suas
costas delicadas, apalpando cada centímetro do seu corpo. — Por que pensou
que te abandonei? — pergunto interrompendo o beijo.
Sua respiração acelera e suas bochechas ficam vermelhas de vergonha.
Ainda está meio pálida.
— E... Eu.
— Pode falar, anjo. Não vou ficar chateado — Dou um selinho em seus
lábios.
— Eu vi você com os bebês e a mulher linda. — murmura deitando a
cabeça em meu ombro.
— A Anny. — Acaricio seus cabelos meio molhados.
— Uhum.
— A garota que você viu é a mãe dos filhos do meu irmão. — digo
calmamente e ela levanta a cabeça, encontrando o meu olhar.
— Damen tem um filho? — questiona passando a mão pelo meu rosto,
me surpreendendo.
— Sim. Eu também não sabia. — falo apreciando seu carinho.
— Não sabia que ele tinha mulher. — Beija meu queixo.
O que aconteceu com ela? Estou gostando disso, de vê-la à vontade
comigo.
— Ele não tem... Ou não tinha. Foi coisa de uma noite, e o resultado foi
os trigêmeos. — Dou uma leve risada e beijo a pontinha do seu nariz.
— Como você a conhece? — indaga.
— Ela é protegida do Lucas. — respondo fazendo círculos em suas
costas lentamente.
— Humm. Ele deve estar feliz.
— Muito. Você já comeu? — desconfio de que Gena não esteja se
alimentando bem.
— Damen não me deixou pular uma refeição. — Sorri.
— Te tratou bem? — indago rolando, ficando por cima dela, que solta
um gritinho e sorri.
Se eu soubesse que essa viagem fosse fazê-la se soltar, teria feito antes.
Fico entre suas pernas. A única coisa entre nós dois é a minha cueca.
Gemo quando ela enrola as pernas no meu quadril e beija meu pescoço. Sua
boceta está esfregando contra o meu pau. Jesus! Cadê a Gena tímida? Estou
gostando dessa nova mulher.
Gemidos altos ecoam pelo quarto e ela me fita com olhos arregalados.
— O que é isso? — pergunta.
Deus! Continua inocente.
— Meu irmão transando. — explico e escorrego a mão em sua coxa.
— Humm. Por que ela está gritando? — Se contorce embaixo de mim.
Solto uma risada por causa sua inocência.
— Oh, meu amor! Logo você vai saber. — Sugo a pele do seu pescoço
elegante.
— Oh! Ok. — Geme.
— É isso que eles estão fazendo. — afirmo acariciando os seios
maravilhosos dela.
— Humm. — seus olhos verdes crescem, brilhando de desejo.
— Está bom? — pergunto trilhando um caminho de beijos entre o vale
dos seus seios.
— Muito! É errado. — fala com a respiração acelerada e se contorce
em baixo de mim.
— Tudo bem. Quero apenas beijar você. — Deposito um beijo em sua
bocetinha. Está molhada.
— Deimon!
— Sim. — Lambo o seu clitóris e em seguida o sugo fortemente.
Sua mão segura meus cabelos, me puxando para mais perto. A beijo e
chupo com lambidas lentas. Sua respiração acelera quando coloco um dedo
dentro dela num movimento de vai e vem.
— Oh, meu Deus! — geme alto enquanto bombeio meu dedo dentro do
seu canal apertado.
Sugo seu clitóris saboreando seu sabor. Meu pau está totalmente duro
contra a minha cueca. A sensação da sua bocetinha quente sugando o meu
dedo me faz querer deslizar meu pau dentro dela e fodê-la até o
esquecimento.
— Isso, meu anjo! — incentivo os seus gemidos tímidos.
Gena se contorce em busca de mais.
— Deimon... Oh... Oh! — geme.
Escorrego a outra mão até um dos seus seios, massageando-o
delicadamente.
— Goza pra mim, meu anjinho! — ordeno e a sua boceta suga meu
dedo.
Pressiono contra o seu ponto G e ela goza com um grito. Retiro meu
dedo de dentro da sua bocetinha e me abaixo sugando o seu gozo. O meu pau
está babando, necessitado. O coloco para fora da cueca enquanto me
masturbo sob os seus olhos curiosos. A minha respiração acelera quando a
sua boquinha abre em busca de ar. Quero deslizar o meu comprimento entre
os seus lábios e foder a sua boca deliciosa.
Levo uma mão até a sua boceta novamente, circulo o seu clitóris
levemente e bombeio furiosamente a outra sobre o meu pênis. Respiro de
forma mais acelerada quando a sua bocetinha rosadinha começa a brilhar de
excitação. Estou perto. Sinto as minhas bolas apertando e o meu pau
engrossando. Posiciono-me entre as suas pernas.
— Amor? — sussurra como uma pergunta.
— Não vamos fazer isso hoje. — Dou batidas com o meu pênis sobre o
seu clitóris.
O meu sangue corre mais rápido, indo direto para o meu pau, deixando-
o dolorosamente duro igual ferro. Esfrego ele por toda a sua bocetinha,
voltando a batê-lo em cima do seu clitóris, fazendo-a ofegar lindamente.
— Oh, meu Deus! Está vindo novamente. — sussurra arqueando as
costas na cama ao mesmo tempo em que goza fortemente.
Pressiono o meu pênis com mais força, gozando sobre a sua boceta.
Deito-me sobre ela, beijando os seus lábios, e gemo na sua boca. Nunca senti
essa adrenalina com ninguém e nós nem transamos ainda.
Depois de tomar um banho juntos, Gena logo pega no sono e eu fico
velando-o. Beijo a pontinha do seu nariz e puxo o seu corpo para o meu. Uma
sensação boa envolve o meu coração.
No dia seguinte não vi os bebês, nem a mulher do Damen. Mal
amanheceu e Deimon já me levou de volta para o apartamento. Me senti
grata. Acho que não conseguiria encarar a garota. Tenho medo de estar
sonhando e quando acordar ela ser a mulher do meu noivo e mãe dos seus
filhos. Eu não suportaria perdê-lo. Passei o dia preocupada. Não quero vê-la.
E se for má como Natasha? Não vou suportar. Mas também não posso surtar
antes de conhecê-la. Deimon me disse que ela é uma ótima pessoa. Vou
confiar em suas palavras. Ele voltou para almoçar comigo e depois tornou a
cuidar dos assuntos da máfia.
No outro dia me levou de volta para a mansão, tarde da noite, e logo eu
estava dormindo no seu abraço.

*****
Acordo com meu corpo quente. Deimon está com os braços em volta de
mim e minha cabeça permanece em seu ombro. Olho para seu rosto
adormecido pacificamente. Seus lábios grossos estão entreabertos enquanto
respira pesadamente. Passo as pontas dos meus dedos pela sua face. Ele
começa a abrir os olhos verdes e um sorriso brinca em seus lábios. Quero
beijá-lo.
— Bom dia. — Faço cafuné em seus cabelos sedosos e macios.
— Bom dia, meu amor. — diz.
Meus olhos se arregalam em surpresa ao ouvi-lo me chamar de “amor”.
Ele sorri beijando meus lábios rapidamente e depois se levanta.
— Já? — fico apreensiva.
Deimon me analisa, então sorri de forma sensual.
— Vou ver os bebês. Anny não consegue cuidar deles sozinha. —
Puxa-me da cama.
— Os bebês? — Cubro meus seios com as mãos.
— Anjo, já vi tudo que tem aí. — Retira meus braços de cima dos meus
seios.
Tomamos um banho rápido e nos beijamos novamente ao mesmo
tempo em que ele esfregava meu corpo. Só de pensar, fico com as bochechas
vermelhas ao lembrar-me das suas mãos sobre mim. Minha vagina pulsa.
— Vamos! — Entrelaça seus dedos aos meus.
Caminhamos pelo corredor e ele abre uma das portas lentamente. Três
bebês lindos estão balbuciando entre si.
— Cadê os bebês do titio? — Chega perto de um deles.
Eles gritam estendendo os braços e Deimon vai pegando-os e
colocando-os na cama. Dois homenzinhos e uma princesinha. São lindos e
tem os olhos do Damen.
— Pode pegar, anjo. — fala trocando as roupas dos pequenos.
Aproximo-me da cama lentamente e sento observando Deimon despi-
los, deixando-os completamente nus. O vejo entrar no banheiro e depois
voltar, pegando um dos trigêmeos nos braços.
— Cuida deles, anjo, enquanto dou banho no Bernardo. — pede
sumindo no banheiro.
Depois de alguns minutos todos os bebês estão banhados e cheirosos.
Fico impressionada vendo-o cuidar de três crianças com tanto carinho.
— Pega ela. — Me estende a princesa de olhos azuis claros. Ela sorri
como um anjinho, mostrando os dentinhos.
— E se eu deixá-la cair? — pergunto nervosa, mudando o peso do meu
corpo de uma perna para outra.
— Não vai, anjo. — me encoraja me segurando pela cintura e em
seguida beijando minha testa com carinho.
Suspiro aliviada com sua confiança e seguro a princesa em meus braços
com cuidado enquanto Deimon pega os dois meninos.
Descemos a escada rumo à piscina e ele deposita as crianças na
espreguiçadeira. Depois estica um cobertor no chão, ajeitando-os em cima.
Será um pai maravilhoso.
— São lindos! — murmuro olhando a pequena princesa em meus
braços.
— São. Quer ter filhos? — Acaricia as cabecinhas dos pequenos em
seu colo.
Gostaria de ter meus próprios filhos um dia. Eles nunca passarão pelo
que passei. Mas será que Deimon quer?
— Quero. E você? — questiono nervosa observando o seu rosto ao
mesmo tempo em que retiro meus cabelos da mãozinha da pequena.
— Quero. — Sorri para mim.
Ouço barulho de passos, viro-me na direção deles e meu coração
acelera. Deus! Ela é linda! Cabelos longos de uma cor que nunca vi e olhos
verdes perfeitos, dos quais nunca poderei competir. Abaixo a cabeça em
derrota.
— Mamã! Mamã! Mamã! — um dos bebês grita estendendo os
bracinhos gorduchos. Logo todos estão fazendo o mesmo.
Ela sorri para os filhos de uma forma maternal, com carinho e amor.
Senta no chão e vejo as três crianças caminhando com suas pernas instáveis
em sua direção, sentando entre suas pernas.
Remexo as mãos no colo, olhando-a, nervosa. Ela me encara e então
sorri falando:
— Oi. Sou Anny. — se apresenta estendendo sua mão para mim.
Encaro Deimon em busca de ajuda e ele balança a cabeça levemente.
— Gena. Prazer em te conhecer, Anny. — me apresento apertando sua
mão levemente.
— Nossa! Que bom ter uma garota aqui também. — profere analisando
o meu noivo.
Meu coração afunda um pouco quando ele sorri em sua direção.
— Você mora aqui? — a mulher questiona abraçando os filhos.
Olho para Deimon novamente, pois não sei como responder essa
pergunta. Ele acena levemente outra vez.
— Não. Daqui a três semanas. — informo remexendo as mãos
novamente.
— Humm. Pensei que você morasse aqui. — diz calmamente, bem
suave, me fitando atentamente.
— Não. Só depois do casamento. — digo.
Deimon já havia falado com o seu irmão sobre o casamento, então não
vejo por que Anny não saber. Talvez eu queira apenas que ela saiba que ele
terá uma mulher, mesmo não mostrando qualquer interesse amoroso nele.
— Você vai casar? — parece incrédula. Dá uma olhada para o meu
noivo que me fez encolher agitada. — Você vai se casar, seu merda? Não ia
me contar? — fala raivosa.
Demonstro uma expressão de pânico para ele, que permanece calmo no
seu lugar.
— Bom... Eu ia te contar. — responde calmamente.
— É por isso que queria que eu ficasse aqui por um mês? Você não
presta! — ela esbraveja lançando punhais com o olhar para Deimon. Posso
perceber um certo ar de zombaria em seu tom.
Mantenho-me calada, pois não sei como agir.
— Não é bem assim, sua chata. Só acertei o nosso casamento hoje. —
mente.
Não entendi por que ele mentiu. Também não falou se matou o meu
pai.
— Pera aí! Você estava namorando e não me contou? Porra! Estou me
sentindo traída. Só falta o Lucas agora. Você me escondendo as coisas... Vou
te matar! — fala sem parar.
Espera! Ela disse que vai matá-lo? Os meus olhos se arregalam em
surpresa.
— Oh, porra! Não me encare assim. Não namoramos. No nosso mundo
os casamentos são arranjados, então tecnicamente não te escondi nada. —
Deimon afirma e os meus olhos marejam.
Não estamos namorando? Então o que sou para ele?
— Menos mal. Se você estivesse namorando com ela e não tivesse me
falado, estaria morto. — Mira nos seus olhos.
— Sabe... Às vezes você me dá medo com esse seu jeito assassino. —
meu noivo diz balançando a cabeça.
— A culpa é de vocês. — Anny acusa.
Me sinto mal. Ele nunca vai gostar de mim como uma mulher. Não sou
bonita, sou quebrada e filha de um traidor.
— Não mesmo. Graças a Deus que a minha mulher é um anjinho.
Coitado do meu irmão por ter uma diaba como você. — Deimon a provoca.
Levanto a cabeça e vejo-o brincar com o bebê em seu colo.
— Ela é linda! — ela me elogia, me surpreendendo. Os seus olhos
verdes estão em mim quando sorri gentilmente.
— Obrigada! Você também. — Dou-lhe um sorriso tímido.
— Que nada! Se ele pisar na bola, me fala, que lhe darei uma surra. —
Sorri.
Deimon solta uma gargalhada fazendo-me sorrir. Sinto-me aliviada
quando a vejo com Damen entre beijos. Eles parecem apaixonados.
Estou na cozinha fazendo um almoço rápido com a ajuda de Anny. Ela
tem uma conversa leve.
— A minha mãe morreu cedo. — Deposito a lasanha em cima da mesa.
— A minha também. Nunca conheci o meu pai. — diz com amargura.
— E o seu pai?
Fico tensa. Os meus olhos se arregalam em apreensão.
— Nunca o conheci. — digo desviando o meu rosto do dela.
— Ok. Isso não é assunto. — fala observando os seus filhos sentados
no chão e ajeita os cabelos atrás da orelha. É uma mulher muito simples.
— Como conheceu o capo? — indago.
— Capo? — questiona.
Porra! Os meus olhos se arregalam. Ela não sabe que ele é um mafioso,
e ainda por cima o capo?
— O Damen. — reforço desviando do assunto.
— Em uma das boates. — responde.
Tivemos um almoço agradável. Foi engraçado ver Damen todo sujo de
comida enquanto Deimon o provocava dizendo que conseguia alimentar
todos os três bebês sem se sujar. Senti o capo tenso quando Anny me contou
que foi seu irmão que escolheu o nome do Bernardo. Acho que ele sentiu
vontade de participar desses momentos.
— Vamos, anjo! Está tarde. — meu noivo diz se levantando da cadeira
e beijando os cabelos de Anny.
Ouço Damen rosnar e seu irmão apenas dá de ombro.
Decidi levar Gena para dançar hoje à noite, para ter novas experiências.
Ela está linda, uma mulher incrivelmente sexy. Vejo-a nervosa ao escolher
uma roupa. Sua respiração está acelerada e me olha em busca de ajuda.
— É só uma dança, anjo. Novas experiências. — Acaricio suas mãos e
em seguida as subo pelas costas.
— Estou nervosa. — admite encarando-me muito desamparada. Dói
vê-la assim.
— Ninguém vai tocar em você além de mim. — afirmo.
Puxo os seus lábios em direção aos meus num beijo molhado. Sua
língua timidamente entra na minha boca, me provando. Solto-a e procuro
uma roupa que não revele demais. Escolho um vestido preto elegante,
totalmente confortável e com mangas longas. Fica no meio das suas coxas.
— Esse! — Entrego-a. Ela me olha em pânico. — Ôh, meu anjo, confia
em mim! Se alguém te tocar, eu mato. — garanto.
Ela respira pesadamente balançando a cabeça e afirmando. Isso
mesmo! Quero ver novamente a mulher que me beijou quando cheguei de
viagem. Essa mulher que Gena é.
Tomo um banho rápido e acompanho todos os passos dela. Sei que está
nervosa. Quero curar as suas cicatrizes aos poucos. Não vou ser hipócrita
pensando que serei a salvação de todas as suas feridas, porque não sou. Vou
mostrar-lhe o caminho e sempre estarei ao seu lado. Quando ela cair, vou
levantá-la e caminhar junto dela, dando-lhe apoio.
Gena se veste como uma mulher sensual. O vestido ficou perfeito nela.
Está deslumbrante e linda!
— Você está linda! — a elogio segurando sua cintura.
— Você não acha muito curto? — Cora lindamente.
Passo as pontas dos meus dedos sobre a sua bochecha macia.
— Está perfeita! — elogio.
Libero-a e ela pega a bolsa em cima da cama.
Resolvi ficar no meu apartamento até Gena estar mais relaxada comigo.
Depois do casamento terá Anny e meu irmão à sua volta.
Uma hora depois estaciono o meu Bugatti de frente a uma das nossas
boates de luxo. “D.D.D.” é uma das mais caras de Las Vegas. Todos sabem
quem manda nessa cidade. Aparentemente parece só uma simples boate de
luxo, mas não é apenas isso. Tem um porão no subsolo. Se algo der errado,
resolvemos as coisas lá.
Ajudo Gena a sair do carro e coloco uma mão possessiva em suas
costas. Ela é minha.
— Está cheio. — Olha apavorada em volta.
— Sim, um pouco. Vamos beber e dançar! — digo com uma voz baixa
ao pé do seu ouvido, fazendo-a tremer.
— Nunca bebi antes — diz.
— Vai beber hoje. — Beijo a ponta do seu nariz, puxando-a para os
meus braços.
Caminho com passos firmes. As mulheres param para me observar
como sempre e eu ignoro os seus olhares sugestivos. Tenho uma princesa ao
meu lado e não preciso de vadias interesseiras. Me querem por status ou
dinheiro.
Os homens estão despindo descaradamente a minha mulher. Rosno nas
suas direções. É melhor pararem com essa merda ou vou matá-los
lentamente. Esses filhos da puta! Eles desviam os olhos dela quando
percebem a ameaça que eu reflito na face.
— Por que estão nos observando? — Aperta seu corpo pequeno contra
o meu.
— A sua beleza. — Sorrio radiante para ela e a guio em direção ao bar.
Assim que chegamos bato no balcão chamando a atenção do barman.
Sento puxando Gena para o meu colo. Não quero nenhum filho da puta
colocando a mão na minha mulher, tocando-a. Não vou matar ninguém na
sua frente outra vez.
Rynce se vira para mim, me cumprimentando, e depois o seu rosto fica
pálido, como se tivesse visto um fantasma. Sua visão está no anjo sentado em
meu colo. Estreito os meus olhos para ele, que nem reage à ameaça.
— É melhor você parar de encarar a minha noiva assim. — rosno entre
dentes.
— Perdão, senhor. Bem... Ela parece com a minha mãe. — Desvia o
olhar dela, que se remexe desconfortável em meu colo.
— Tá tudo bem. — Gena fala segurando meu rosto em suas mãos
delicadas.
— Ok, cara. Só não faça isso novamente. Ela não gosta — confirmo.
Sei que a sua mãe foi morta carbonizada num acidente, mas mesmo
assim não vou aceitar que fique babando em cima dela simplesmente por
isso. Ele nos serve duas taças de vinho tinto e volta ocasionalmente a
observar Gena.
— Você pode me dar um pouco de água, por favor? — meu anjo pede
suavemente analisando o rosto de Rynce.
— Sim, senhorita! — fala.
— Só Gena. — diz com suavidade e lhe dar um sorriso tímido.
Ele assente como um robô e entrega um copo a ela.
— É ruim. — afirma olhando para o vinho na minha mão depois de
experimentar uma taça.
Dou risada da sua afirmação.
— Você não gostou? — Cubro seus lábios com os meus num beijo
rápido. Sinto os seus dedos gelados nos meus cabelos numa carícia lenta.
— E então? — pergunto novamente.
— Não. — Sacode a cabeça com veemência e descansa em meu ombro.
— Quer dançar? — sugiro esfregando suas costas em um vai e vem
suave.
— Não sei dançar. Aqui está bom. — Afunda o rosto na curva do meu
pescoço.
— Posso te ensinar. — Puxo-a mais para cima, no meu colo. Ela
apenas resmunga esfregando o nariz no meu pescoço.
— Você vai dormir? — indago divertido. É o que provavelmente iria
acontecer depois de uma taça de vinho.
— Talvez. — Fuça o meu pescoço.
Solto uma risada. As suas pálpebras estão fechadas. Está bêbada.
— Ei! Não dorme! — Sacudo-a.
— Você está sendo mau. — profere irritada.
Rio achando graça do seu jeitinho bravo.
— Sou mau? — Passo os dedos nos seus fios, trançando-os.
— Não, mas agora está sendo. — Está bêbada com apenas uma taça de
vinho. Isso foi muito rápido, muito rápido.
— Você está bêbada? — questiono.
Ela abre os olhos verdes e em seguida e balança a cabeça afirmando.
Morde o meu lábio inferior levemente.
— Quer mais? — ofereço.
Mesmo já sabendo da sua resposta, as suas bochechas estão
vermelhinhas e suaves, igualmente a um anjo com toda sua inocência.
— É muito ruim. — Faz uma careta fofa.
Deus, como fui ter tanta sorte assim?
— Quer tentar outra coisa? — sugiro.
— Quero algo gostoso, mas não você. — Sorri e pisca os olhos para
mim, atrevida. O meu sorriso aumenta.
— Você não me quer? — faço uma cara de ofendido e ela apenas ergue
os ombros como se não desse a mínima importância.
Bato no balcão novamente e nem preciso chamar, porque Rynce não
tira os olhos de nós dois. Isso me faz questionar o porquê disso. Terei uma
conversa com ele mais tarde. Não gosto de ninguém analisando o que é meu.
Gena é minha.
— Traga uma bebida doce. — ordeno no meu tom e o aviso é claro.
— Sim, senhor. — Sai para preparar a bebida.
Alguns minutos depois traz uma pinã corada numa cor azul. Gena me
olha em busca de ajuda. Pego o copo e a entrego.
— Você precisa ter confiança. — digo. Em alguns momentos não
estarei ao seu lado.
— Eu estou tentando, mas está difícil. — murmura baixinho levando a
bebida até a boca.
— Humm! É tão gostoso! Mas não tanto quanto você. — Se inclina
para a frente num beijo gostoso.
— Onde você escondeu a minha mulher? — pergunto.
— Não sei. — responde completamente bêbada.
Hoje será mais uma noite no bar da boate dos desgraçados Davenport.
Faz seis malditos meses que estou aqui.
Os meus pensamentos são interrompidos quando Deimon bate no
balcão. Viro-me lentamente. Odeio esse filho da puta miserável! Tão cheio de
si, se achando dono do mundo. Ainda não descobri nada sobre o pai deles. Os
malditos são muito cuidadosos e não deixam nem uma ponta solta. No final
todos estarão mortos de qualquer maneira.
O meu sangue some da face quando vejo o rosto da garota sentada em
suas pernas. É a cópia perfeita da mamãe. Tem olhos, cabelos e boca
iguaizinhos. Não sei ainda se a voz é exatamente idêntica. Não consigo
esconder o meu choque a tempo. Ela fica desconfortável sob meus olhos. O
maldito estreita a visão para mim em aviso.
— É melhor você parar de encarar a minha noiva assim. — o filho da
puta rosna para mim.
Noiva?
— Perdão, senhor! Bem... Ela parece com a minha mãe. — os meus
olhos parecem ter vida própria, sempre voltando para a garota logo à frente.
— Tá tudo bem. — Ela o admira com adoração. Sua voz é tão suave e
cheia de amor, igualmente a da mamãe.
Minha mãe morreu mesmo ou teve sua morte forjada?
— Ok, cara. Só não faça isso novamente. Ela não gosta. — afirma.
Volto a observar a linda garota em seu colo. Por que não gostaria? O
cara nunca apareceu com uma mulher aqui, então isso significa que ela é
importante. Ele sempre fode as prostitutas ou qualquer moça aleatória, mas é
apenas isso.
Sirvo duas taças de vinho tinto. Por várias vezes senti uma vontade
quase que incontrolável de envenená-los, mas fui proibido pelo meu irmão
mais velho. Passamos anos planejando nossa vingança e não vou colocar tudo
a perder agora.
— Você pode me dar um pouco de água, por favor? — pede.
Gostaria de saber seu nome e assim poderei saber tudo sobre ela. E o
mais importante: por que se parece tanto com a minha mãe?
— Sim, senhorita. — falo.
— Só Gena. — diz suavemente e me dar um sorriso tímido, igual
mamãe.
E se ela for minha irmã? Tenho que falar com os meus irmãos sobre
essa garota. Mas não posso entrar em contato com eles antes dos nove meses.
Observo o resto da noite ele tratá-la como um bebê. Isso me deixa
confuso, porém, não importa. Se Gena for minha irmã, a levarei comigo para
Moscou, onde é o seu lugar.
Guardo o copo que ela bebeu. Preciso saber a verdade. Um exame de
DNA é tudo que preciso. Ninguém ficará sabendo, até ser tarde demais.
Depois do nosso casamento há alguns meses, Gena vem se mostrando
uma mulher completamente diferente. A nossa cerimônia foi bem simples, e
apenas meu irmão, Anny, Jasper e Enzo estavam presentes. Não havia razões
para outras pessoas de fora participarem. Além do mais, minha esposa nunca
se deu bem com multidões.
É gratificante vê-la pegando confiança e se divertindo mais. Ontem
veio sorrindo para mim e em seguida sentou-se escanchada em meu colo.
Logo as nossas bocas estavam grudadas num beijo cheio de luxúria
acumulada. Quando separamos as nossos lábios, suas bochechas estavam
num tom de rosa delicado. O meu pau fica duro com a lembrança dela
sentada em cima dele.
Entro no quarto com um buquê de rosas nas mãos. Às vezes os gestos
mais simples têm mais significado do que algo grande.
Vocês devem estar pensando que estou falando como um maricas e não
feito o mafioso cruel que sou. Bem... Deixa eu lhes dizer uma coisa. Minha
mulher deve ser tratada como rainha e não como uma prostituta qualquer.
Abro a porta do quarto vagarosamente e ela está apenas numa lingerie
cor da pele. Linda! Porra, tão perfeita! Fico olhando-a enquanto me movo
pelo quarto em sua direção.
— Oi, anjo — Entrego-lhe o buquê de flores.
— Oh! Obrigada pelas flores! — Sorri e em seguida beija os meus
lábios rapidamente.
— Dormiu bem? — Passo as pontas dos meus dedos pela lateral do seu
corpo pequeno. Vejo os arrepios se formarem na sua pele delicada.
— Sim. — Sussurra.
Beijo o canto da sua boca carnuda e em seguida enfio a língua,
penetrando-a como se fosse a sua bocetinha. Ela geme contra os meus lábios.
— Cada dia que passa, você está mais gostosa. — Seguro as suas
nádegas enquanto as massageio com força, esmagando o meu pau entre nós
dois.
— Oh! Não estou não. — nega entre gemidinhos ofegantes. Geme
baixinho se pressionando contra mim.
Não suporto mais ficar apenas no sexo oral. Quero mais, muito mais!
— Vamos viajar! — informo assim que separamos as nossas bocas.
Nos últimos dias as coisas estão mais quentes entre nós. Quero possuir
cada parte dela.
— Para onde? — pergunta com os olhos pesados de desejo.
— Fernando de Noronha. — Desço a mão na sua bunda redonda.
— Que país? Nunca ouvir falar desse lugar. — confessa gemendo.
— Brasil. Vamos junto com Damen. — respondo lambendo o seu
pescoço elegante.
— Sim.
Tive certeza que ela não estava falando da viagem, mas sim dos meus
dedos entrando na sua calcinha encharcada. Sua bocetinha e a calcinha estão
completamente molhadas de excitação. Quero transar com ela, mas não vai
ser hoje. Quero fazer algo especial. A sua primeira vez será dolorosa e farei o
possível para ser prazeroso para ela. Darei o meu melhor. Gena tem muitas
memórias sofridas. Quero deixá-la confortável quando for me reivindicar o
seu corpo.
Ah, nossa! Eu nunca tinha ido a qualquer lugar fora de Las Vegas.
Deus! Aqui é lindo! Posso enxergar o fundo do mar em algumas partes.
Quando chegamos não deu para ver muita coisa, já que estava de noite.
Tomamos um café rapidamente pela manhã, que estava muito gostoso. Eu
estou muito ansiosa para conhecer tudo.
Deimon coloca uma sunga típica do país, me expondo a bunda durinha.
Coloco um biquíni, morrendo de vergonha, pois nunca fiquei em roupas
íntimas na frente de outras pessoas. Descemos de mãos dadas apreciando a
paisagem incrível, um paraíso na terra. Fomos por uma escada de madeira
que dá acesso à praia. Cristo! As minhas bochechas estão vermelhas de
vergonha vendo o tamanho dos biquínis das mulheres daqui.
— O que foi? — Segura meus braços.
— Nada. — falo olhando para o outro lado.
— Qual é, anjo? — Sorri sedutoramente para mim e chega mais perto.
A minha respiração acelera e o meu coração bate mais rápido com a sua
aproximação.
— Elas estão praticamente nuas. — digo envergonhada, escondendo o
meu rosto em seu peito musculoso.
Ele sorri me abraçando de volta. Quem poderia dizer que um monstro
cuidaria tão bem de mim?
— É biquíni fio dental. — Sorri contra os meus cabelos.
— É meio revelador. — murmuro.
— Você ficaria sexy em um desses. — Aperta a minha bunda.
Solto um gritinho de surpresa observando em volta. Alguém poderia
ver.
— Deimon! — digo esbaforida analisando a sua cara de diversão.
— Anjo, ninguém vai nos prender só porque estou apalpando a minha
esposa. — fala divertido e eu lhe reviro meus olhos.
Então ele faz algo que nunca fez antes: bate no meu bumbum. Não
doeu, apenas me pegou de surpresa. Olho feio para ele, que está se divertindo
com a situação toda.
— Você é mau. — acuso descendo a escada.
Chego na areia e retiro as havaianas, colocando-as nas mãos.
— Aonde vamos? — Encaro a sua bunda forte e apertada pela sunga.
— Vamos apenas relaxar hoje, mas amanhã iremos ao buraco do
galego. — Puxa-me pela mão.
— Humm. — solto um grunhido observando novamente a sua bunda.
— Para com isso! — rosna parando na minha frente.
— O que eu fiz? — Percorro a visão pelo seu corpo grande. Sinto uma
vontade louca de pular em cima dele e enchê-lo de beijos.
— Você sabe. — afirma.
— Não.
— Gena, não faz isso. Eu vou te jogar nas costas e foder você. — diz
ao pé do meu ouvido, beijando abaixo da minha orelha.
Gemo para que apenas ele possa ouvir, bem pertinho dele, fazendo-o
sorrir.
— Hoje à noite você finalmente será minha. — afirma sugando o
lóbulo da minha orelha, fazendo-me gemer novamente.
— Você está me deixando completamente molhada. — digo.
Timidamente escorrego as mãos em sua cintura e ele exala agudamente.
— Você vai me matar, porra! — Me puxa.
— Eu não fiz nada. — me defendo e ele sorri, balançando a cabeça
afirmando.
Deimon estende uma toalha na areia, se sentando em seguida, e me
puxa entre as suas pernas. Encosto a cabeça em seu peito forte e aprecio o seu
calor. Ficamos assim por um tempo. É tão gostoso estar coladinha ao seu
corpo.
— Vamos! Você quer dá um mergulho agora? — sugere com as
pálpebras fechadas.
— Quero só um pouquinho. — Abro os olhos.
Ele me ajuda a levantar. O tempo está gostoso.
Coloco o meu pé na água e está gelada. Não quero mais banhar.
— Não. Tá muito fria. — Dou um passo para trás.
Deimon estreita a visão para mim, caminhando na minha direção. Ele
não vai fazer isso!
— Não está tão fria assim. — afirma me agarrando pela cintura.
Grito em surpresa quando me arrasta sobre os ombros. Sim, ele vai!
— Me solta, Deimon! — grito.
As pessoas com certeza estão vendo a minha bunda. Ele apenas sorri do
meu desespero.
— Você vai banhar sim! — Me joga na água.
Sinto a água fria passando pelo meu corpo e em seguida braços fortes
estão me pegando sem deixar que eu me afogue. Não sei nadar.
— Malvado! — falo chateada e respiro pesadamente.
Ele está se divertindo. Passo as pernas em volta da sua cintura e na
mesma hora sua risada morre.
— Diaba! — rebate.
Captura a minha boca enquanto as suas mãos vagueiam pelo meu
corpo, causando arrepios. Nos beijamos com paixão. Alguns assobios me
fazem sair do transe.
— Que vergonha! — Enterro meu rosto em seu pescoço.
— Você é minha esposa. Não tem porque ter vergonha, anjo. — Nos
tira da água.
Deito em cima do seu corpo, pegando um pouquinho do seu calor.
— O que você gostava de fazer antes de me conhecer? — Passo os
dedos em seus cabelos macios.
— Geralmente eu rastreava. — me conta com sua respiração uniforme.
Como sempre calmo.
— O que gosta de fazer no seu tempo livre? — refaço a pergunta, já
que ele nunca me disse o que faz nos seus momentos de lazer.
— Esportes radicais, corrida de rua... — fala. Posso sentir um sorriso
na sua voz.
— Hum! Por que ninguém sabe sobre o seu irmãozinho? — já queria
saber isso há um tempo.
Ele nada diz. Fica calado um longo tempo. O meu corpo fica tenso. Eu
preciso aprender a calar essa boca grande. Mesmo que até hoje não tenha me
batido, não quero que isso mude.
Às vezes penso como seria se mamãe ainda estivesse viva. Como
estaria? Será que tenho irmãos ou irmãs? Isso nunca saberei, porque nem o
seu nome verdadeiro sei. Nunca me contou. Sempre que eu perguntava, ela
falava que era melhor eu nem saber, para a minha própria proteção.
— Damen não quer que ninguém descubra quem ele é. — responde
depois de um tempo. É como se estivesse pensando nas próprias palavras.
— Ok. — fico sem graça.
Não vou mais perguntar sobre nada. Quando ele quiser me contar algo,
fará isso. Fico quieta em cima do seu corpo, com os olhos fechados,
apreciando o calor. Esse lugar é gostoso.
— Quer comer? — sugere depois de um tempo. Eu realmente estou
faminta.
— Só um pouquinho. — digo.
Não consigo sair do lugar. Está gostoso ficar em cima do seu corpo
quente. Beijo a sua nuca e em seguida passo a ponta da língua no mesmo
lugar.
— Anjo! — rosna se mexendo embaixo de mim.
Levanto a cabeça de forma estúpida, como se ele estivesse me olhando.
Deimon está deitado de bruços.
— Sim. — Beijo o seu pescoço cheiroso.
— Diaba! — resmunga novamente.
— Diaba? — estreito meus olhos.
— Sim. Você está se tornando uma. — afirma com diversão.
— Não estou nada. — nego chateada. Diabos são feios, muito feios.
— Você precisa sair de cima de mim, anjo. — fala divertido enquanto
me mantenho em cima dele.
— Não quero. — Me seguro a ele.
De repente sou virada e estou com as costas contra a areia. Deimon fica
em cima de mim. Os seus olhos verdes estão brilhantes e há um sorriso lindo
nos seus lábios. Ele é tão sorridente! Beijo sua boca rapidamente. As minhas
bochechas estão vermelhas de vergonha.
— Você vai me matar de susto. — Estreito os meus olhos para ele, que
me beija carinhosamente.
— Antes disso, você me matará primeiro. — resmunga passando a mão
pela minha bunda.
— Deimon, as pessoas estão vendo! — Tento retirar a sua mão do meu
bumbum, mas sem sucesso.
— Oh, meu anjo, aqui as pessoas não se importam com demonstração
de carinho. — Beija o meu pescoço.
— Não? — Olho em volta e vejo casais se beijando como se estivessem
a sós.
— Não. Todos fazem o que tem vontade. — Me segura pela nuca e
captura os meus lábios num beijo. Sua língua entra na minha boca. Me agarro
nos seus braços fortes e solto um gemido baixinho.
— Você disse que ia me alimentar. — falo entre os seus beijos.
Ele sorri para mim e se levanta, me ajudando a ficar em pé.

*****

Depois do almoço resolvemos ficar no quarto da pousada assistindo um


filme de terror. Eu não, Deimon assistia.
— Isso aqui é ruim. — confirmo olhando o filme. Criticamente, é
péssimo. Eu já gritei várias vezes e me joguei em seu colo.
— É só um filme. — Sorri enquanto a minha cabeça está na curva do
seu pescoço.
— Muito ruim! Nunca compre uma boneca para mim. — reforço dando
uma espiada no filme. Tem uma mulher vestida de noiva cuspindo algo na
boca da menina. Eca!
— Vou lhe dar uma de presente. — Aperta a minha cintura.
— Nem vem! — reclamo.
Nunca mais vou deixá-lo escolher um filme.

*****

Já é noite e fomos para um luau, como Deimon chama. Eu estou


realmente cansada. Encosto a cabeça no ombro dele, observando as pessoas
dançando e se divertindo. A cultura aqui é realmente diferente. Todos são
calorosos.
— Está cansada? — Passa o braço na minha cintura.
— Não muito. — profiro.
Olho uma das garotas que está sentada à nossa frente. Seus olhos não
saem do meu marido. Estreito a visão. Isso não é legal de se fazer: fitar com
malícia um homem casado.
— Se você quiser, podemos voltar para o quarto, anjo — Beija a minha
testa com ternura.
A garota faz cara de nojo, mas não me importo. O marido é meu.
— Estou bem assim. — Lhe um pequeno sorriso e ele sorri de volta,
beijando os meus lábios rapidamente.
Encosto a cabeça em seu ombro, adormecendo.

*****

Alguém sacode o meu ombro, me chamando suavemente. Abro as


pálpebras, me acostumando com a claridade. Devo ter pego no sono durante a
dança. Analiso em volta e as pessoas ainda estão se divertindo. Sinto os meus
olhos pesados voltarem a se fechar.
Deimon me chama novamente. Desperto e encaro o lindo rosto dele.
Está bem perto do meu.
— Vamos! — Ajuda-me a levantar.
— Que horas são? — pergunto ao mesmo tempo em que ajeito o meu
vestido.
— Umas 10 horas. — Passa o braço em volta do meu quadril enquanto
eu fico em pé.
— Pensei que fosse mais tarde. — Passo o meu braço em volta da sua
cintura.
— Você dormiu o luau todo. — Me pega no colo e eu solto um grito
em surpresa.
Às vezes acho que vou ter um ataque cardíaco de tanto susto que já
levei durante essa viagem.
— Eu sinto muito! — é sincero.
Suspiro encostando a bochecha no seu peito e ele caminha até a nossa
cabana. Em seguida abre a porta, me colocando no chão.
— Desculpa dormir o luau todo. — digo.
— Não se preocupe. — Retira a camisa e a joga na cama.
— Se importa se eu tomar um banho? — questiono.
Ele estreita os olhos para mim. Não gosta quando peço permissão para
fazer as coisas mais simples. Às vezes eu me esqueço que tenho uma vida
diferente agora.
— Anjo, pode fazer o que você desejar. — Beija minha testa com
carinho.
De vez em quando tenho medo de acordar e perceber que foi apenas um
sonho e que a vida continua a mesma. Mas fitando esses olhos verdes cristais,
percebo que a minha realidade é ser feliz agora. Gostaria de poder ser mais
forte, mais solta, uma mulher com determinação. Não posso continuar assim,
quebrada psicologicamente. Eu preciso de ajuda. Quando voltarmos para Las
Vegas, vou falar com Deimon sobre isso. Quero ser mais que uma mulher
que vai esperá-lo voltar para casa. Não que isso seja errado.
Vejo Anny todos os dias e tenho vontade de ser mais como ela: solta,
sorridente, feliz e realizada. Quero ser uma nova pessoa. Vejo meu marido
retirar as roupas e desejo ser uma mulher forte.
Tomo um banho rápido e o meu cansaço desaparece junto com a água
que lava o meu corpo. Visto uma camisola branca muito pequena. O meu
homem gosta dessas coisas. Deimon está com os cabelos molhados. Deve ter
usado o outro banheiro.
— Vem aqui, pequena. — Estende a mão para mim e eu engatinho pela
cama, chegando até ele e me aconchegando ao seu lado.
— Está cansada? — Passa o polegar pelo meu lábio inferior.
— Não. — respondo.
Respiro fundo e observo seus olhos verdes cheios de desejo. Ele
assente com a cabeça, capturando meus lábios num beijo lento e suave. As
suas mãos descem pelo meu corpo, acariciando os meus seios. Gemo na sua
boca com a maravilhosa sensação se espalhando pelo meu corpo. Deimon
retira a camisola de mim e suga meus mamilos com a boca. A pressão vai
direto para o meu centro pulsante. Isso é perfeito! Sinto algo se construindo
dentro de mim.
Meu esposo puxa a minha calcinha para o lado e coloca um dedo dentro
de mim em um movimento de vai e vem torturante. Arqueio as costas da
cama em busca de mais atrito. O formigamento no meu centro fica mais
difícil de suportar. Tento aliviar o meu desejo, pressionando-me contra a sua
mão.
— Ohhh... — gemo desamparada quando Deimon pressiona num ponto
extremamente gostoso dentro de mim.
Os seus gemidos se misturam aos meus numa canção. Deus, eu não vou
suportar! A minha vagina está palpitando ao mesmo tempo em que pequenos
choques elétricos passam pelo meu corpo quando meu homem esfrega o meu
clitóris em círculos suaves.
— Isso! — grito quando gozo em seu dedo.
Deimon solta os meus seios da boca com um som molhado. As minhas
bochechas esquentam quando ele sorri para mim e arrasta a língua sobre a
pele do meu pescoço, causando-me arrepios. Solto um gemido baixo quando
meu esposo arrasta a minha calcinha pelas coxas. Respiro de forma mais
acelerada quando escova-me os seus dedos sobre a minha abertura
novamente.
— Você está bem? — pergunta observando seus dedos incrivelmente
habilidosos me acariciando.
— Ohhh... — solto um gritinho baixo quando ele beija e suga a minha
boceta melada.
Sinto-me escorrer contra a sua boca carnuda. Meu marido introduz
novamente o seu dedo para dentro de mim e eu arqueio o quadril em busca de
mais. Movimenta a sua mão em um vai e vem maravilhoso. Os meus seios
doem de necessidade. Levo minhas mãos para puxar os mamilos levemente e
Deimon aumenta as suas investidas.
— Porra! Sexy! — rosna enquanto a sua mão não para com a fricção
em minha vagina.
— Mais! — sussurro em desespero. Eu preciso de muito mais dele.
— Calma! Não quero te machucar. — Suga o meu clitóris com força,
fazendo-me gozar novamente.
Ele retira o dedo de dentro de mim e logo depois me agarra nas coxas,
tirando a cueca rapidamente e se esticando entre as minhas pernas. O seu
pênis esfrega contra a minha vagina e ele geme um som rouco do fundo da
garganta. A sua ereção está roçando na minha intimidade.
— Quero beijar você! — admito entre lufadas de ar.
Os seus dedos acariciam os meus seios. Oh, Deus! Tão gentilmente
numa carícia lenta e suave.
— Eu quero você! — assume.
Suga a pele do meu pescoço e eu gemo em seu ouvido. O meu corpo
está em chamas. Sinto uma necessidade de ser preenchida. Não sei como
explicar, é um desejo ardente.
— Eu também quero você! — afirmo entre gemidos. As minhas pernas
automaticamente passam em volta da sua cintura e o meu centro pressiona
contra o seu pênis duro. — Sim! — gemo baixinho olhando diretamente no
seu rosto.
— Anjo! — murmura voltando suas carícias entre as minhas pernas. Os
seus dedos incrivelmente habilidosos esfregam o meu clitóris em círculos,
aumentando a pressão dentro de mim. Seus olhos estão no meu rosto cheio de
luxúria. — Vai doer um pouquinho, mas depois passa rapidinho. Eu prometo.
— Me encara.
Fico tensa na mesma hora. Faz tanto tempo que não sinto dor. O seu
olhar acalma a minha hesitação, os meus medos e pesadelos.
— Shhh! É só um pouquinho. Logo passa. — me acalma.
Relaxo um pouco, pois nunca mentiu para mim. Eu confio nele. Sinto a
sua ponta esfregando em minha boceta e dou um gemido ofegante com a
sensação. Deimon geme empurrando seu pênis na minha entrada. Uma
pequena ardência começa e ele esfrega o meu clitóris com uma rapidez
impressionante. Gemo descontrolada. Dói muito! É como se não fosse caber
dentro de mim. Choramingo com a sensação de estar sendo rasgada e esticada
ao limite.
Meu marido vai entrando centímetro por centímetro dentro de mim e a
dor vai aumentando. Eu começo a lacrimejar e algumas lágrimas escapam.
Ele está todo enterrado dentro de mim. Os seus olhos verdes estão pesados e
a sua respiração acelerada. Continua esfregando meu clitóris lentamente. A
dor vai se transformando em desconforto e já posso sentir pequenos lampejos
de prazer no meu canal.
Me beija novamente e os seus lábios estão quentes, suaves e
carinhosos. Se move lentamente fazendo a dor voltar.
— Deimon! — sussurro engolindo em seco. — Deimon! — digo
baixinho num fio de voz.
— Sinto muito, anjo! — Captura uma lágrima solitária na minha
bochecha.
Eu posso sentir cada centímetro seu dentro de mim. Parece dividir-me
ao meio. Me beija com gentileza e cuidado. Meus dedos deslizam pelas suas
costas, afundando nos seus músculos.
— Pode se mexer. — peço.
— Tem certeza? — pergunta entre beijos.
— Sim. — sussurro baixinho.
Deimon desliza para fora de mim, fazendo-me ofegar com uma pontada
de desconforto. Ele inclina a sua cintura aumentando os movimentos. Ofego
em surpresa. Continua em um ritmo lento, balançando o seu quadril devagar
em movimentos suaves. Desliza o polegar sobre o meu clitóris, acariciando-o,
enquanto afunda profundamente dentro de mim, uma e outra vez. O meu
prazer está vindo cada vez mais rápido. Ele rosna em meus lábios, mantendo
as estocadas calmas. Estou ofegante gemendo de prazer quando meu homem
empurra mais profundo no meu interior. As minhas paredes apertam o seu
pênis e eu gozo debaixo dele. Sua boca está na minha pele e em todos os
lugares quando ele goza com um gemido gutural. Em seguida beija todo o
meu rosto.
Meu esposo fica em cima de mim, então depois se retira com cuidado e
entra no banheiro. Não me mexo, continuo como estou. Ele volta com uma
toalha molhada nas mãos.
— Deixa eu cuidar de você. — Passa a toalha morna entre as minhas
pernas. Apenas gemo em alívio.
Levanto e me sento na cama, ficando desconfortável. Ergo meus olhos
e vejo meu marido me observando atentamente. Mantenho-me quieta.
— Está bem? — pergunta.
Percorro a visão pelo seu corpo e então vejo o seu pênis manchado de
sangue. Meus olhos se arregalam.
— Por que tem sangue no seu pênis? — pergunto e sinto as minhas
bochechas aquecerem, me lembrando dele dentro de mim.
— Sangue do seu hímen rompido. — Me coloca no centro da cama e se
deita atrás de mim, beijando a minha bochecha.
Fecho as pálpebras, adormecendo.
Não gosto de ver dor no rosto da minha mulher. Nunca tinha me
sentido tão mal em infligir isso a alguém. Quando vi a sua face de anjo
expressar o quanto estava doloroso, me senti péssimo. Olho seu rostinho
delicado dormindo profundamente. Depois de transarmos, ela praticamente
apagou. Dei-lhe um remédio para dor, e mesmo sabendo que não ajuda
muito, um pouquinho já será o bastante.
Não consigo dormir direito. Eu sabia que Gena era apertada, mas não
tinha ideia do quanto. Sua bocetinha rosada me esmagou e quase não
consegui me conter. Pensei em todos os seus traumas e não fui egoísta como
o meu pau queria.
Passo meus dedos pelo seu rosto macio. Não sei explicar, mas eu não
sou assim, não trato mulheres como uma rainha. Mas minha esposa mexeu
com algo dentro de mim. Talvez seu sofrimento tenha me afetado. Nunca fui
de cuidar de mulher nenhuma além de Gena e Anny. Não quero ser
precipitado demais, mas ela entrou em mim de uma forma diferente.

*****

Ela se mexe ao meu lado. Apenas depois das três horas da manhã eu
consegui dormir um pouco. Geme baixinho se movimentando e em seguida
encosta a cabeça em meu ombro.
— Bom dia, anjo. — falo.
Olho seu rostinho e ela abre aqueles malditos olhos verdes para mim.
— Bom dia. — Sua boca carnuda se repuxa num sorriso tímido.
— Como está se sentindo? — Passo minha mão pelas suas costas numa
carícia lenta.
Gena se mexe fazendo uma careta e depois morde os lábios grossos.
Puxo-os entre os dentes, libertando-os.
— Dolorida. — responde.
Suas bochechas ficam num tom de rosa delicado e passo meus
polegares por elas.
— Eu sinto muito, anjo! Se tivesse uma forma de você não sofrer, eu
faria. — sou sincero.
— Estou bem. — Acaricia minha barba. Gosto dela bem aparada.
— Quer comer agora? — Passo meus olhos pelo seu corpo
maravilhosamente nu contra o meu.
Sua pele junto da minha e seu cheiro de mulher me seduzem cada dia
mais.
— Não. Quero banhar antes disso. — Levanta a cabeça e me encara.
— Vou fazer o pedido. — Levanto-me.
— Você não vai banhar comigo? — pergunta em apreensão.
Odeio quando ela faz isso. Sei que é uma reação do seu corpo e que não
consegue evitar, mas me deixa louco.
— Sim. Só vou fazer o pedido. Me espera aqui. — afirmo.
Faço nossos pedidos e em seguida entro no banheiro, enchendo a
banheira de água e adicionando sais de banho.
— Vem! — chamo-a e retiro minha cueca boxer.
Gena se levanta da cama e estremece violentamente com o desconforto.
— Está doendo? — pergunto preocupado.
Sei que ela não é sensível a dor por causa das agressões diárias que
sofreu durante sua vida, mas não gosto de vê-la assim.
— É só desconfortável quando anda. — confessa.
Caminha até mim, sorrindo, e em seguida passa os braços em volta do
meu pescoço. Seguro-a firme contra meu corpo.
— Meu beijo de bom dia! — peço beijando seus lábios, degustando o
seu sabor.
Minhas mãos apertam sua bunda e ela geme em desconforto. Congelo
meu toque no lugar.
— Desculpa! — Solto seu bumbum delicioso e encosto-a na parede.
— Estou bem. — confirma novamente.
— Vamos tomar banho e depois alimentar você. — Passo as mãos
pelos meus cabelos.
Ela está muito sensível. Meu pau precisa se acalmar.
— Tá bom.
Ajudo Gena a entrar primeiro na banheira e logo depois me posiciono
atrás dela com cuidado. Suas costas estão pressionadas no meu peito e a sua
cabeça descansa no meu ombro. Ela solta um suspiro de satisfação quando
acaricio sua pele sedosa.
— Tão bom! — murmura baixinho se apertando entre as minhas
pernas. Sua bocetinha esfrega em meu pau.
— Anjo! — aviso.
Ela não está pronta para me ter outra vez. Suas paredes estão muito
sensíveis.
— O quê? — pergunta com aqueles malditos olhos inocentes.
Essa inocência misturada com um pouco de atrevimento está me
matando aos poucos.
— Posso bater nessa bunda. — Beijo sua cabeça.
— Desculpa! — Afasta seu bumbum delicioso do meu pau faminto.
— Você às vezes é muito inocente, anjo. — Beijo sua cabeça
novamente.
— Sou? — Vira o rosto em minha direção. Seus olhos estão nos meus.
— Sim. — Sorrio de forma reconfortante.
— Isso é bom? — pergunta suavemente.
Às vezes amo sua inocência, mas quando sou torturado por ela... Aff!
Mas sim, me cativa o seu jeitinho inocente.
— Sim. Vem! A água já está fria. — Me levanto.
Meu pau está totalmente duro, mas finjo que nada está acontecendo.

*****

Depois do café da tarde, porque da manhã não foi, ficamos no quarto.


Gena está muito quietinha, pois ficar andando não ajuda em sua
sensibilidade. São quase cinco horas da tarde e eu a observo sorrir sozinha
para a televisão.
Hoje é nosso último dia no Brasil e amanhã voltamos para casa, porém,
Damen fica aqui. Las Vegas não pode ficar sem nós dois por muito tempo,
senão dá merda em poucos segundos.
— Por que está me olhando assim? — questiona com sua voz suave.
— Assim como? — Levanto uma sobrancelha interrogativa.
— Sem piscar. — Fica vermelha.
— Nada. Só apreciando você. — sou sincero.
Minha mulher está linda num pequeno short e uma blusa. Nunca mostra
as costas. Quando voltarmos para Vegas, fará uma cirurgia plástica e ela
nunca mais se lembrará do seu passado toda vez que se ver no espelho.
— Hum! — Volta seus olhos para o filme.

*****

Depois de jantarmos, seu corpo pequeno está enrolado no meu


enquanto dorme. Amanhã será um dia cansativo para ela, pois voltaremos
para Las Vegas e a viagem será muito longa. Não tento dormir com Gena
novamente, mesmo com meu pau duro e necessitado. Ele não faz nada para
me ajudar, mas não sou um filho da puta sem coração.
Masturbo-me no banheiro imaginando sua bocetinha apertada
esmagando meu pênis ao mesmo tempo em que minhas mãos sobem e
descem num ritmo constante e feroz. Gozo chamando seu nome.
Volto para a cama e puxo seu corpo para mais perto, inalando o seu
aroma doce. Minha mulher é só minha.

*****

Assim que chego em Las Vegas tenho que resolver vários assuntos.
Uma semana e isso aqui está um inferno, cheio de trabalho. Não posso deixar
Gena sozinha, porque ela não suporta ficar perto das pessoas ainda para ter
um guarda-costas. Então veio comigo enquanto resolvo alguns problemas na
boate.
— Rynce! — o chamo ajudando Gena a se sentar.
— Me chamou, senhor? — responde encarando minha mulher e em
seguida seus olhos voltam rapidamente para mim.
— Você vai cuidar da minha esposa enquanto eu vou lá em baixo
resolver alguns problemas. — falo pausadamente e ele balança a cabeça em
afirmativo. — Sabe o que isso significa: se algo acontecer com ela...
— Tudo bem, senhor. — Me olha nos olhos.
Rynce tem algo de familiar, mas ainda não consegui descobrir com
quem.
— Mas se Gena estremecer, chorar ou alguém tocá-la, eu mato você.
Ninguém encosta nela a menos que ela esteja confortável com isso.
Entendeu? — pergunto num tom mortal.
— Sim, senhor — confirma sem vacilar.
Às vezes Deimon exagera com sua proteção, apesar de eu realmente
não gostar que ninguém se aproxime de mim e muito menos me toque. Meu
coração acelera com seu cuidado. Beijo seus lábios antes de deixá-lo ir.
— Não demore! — peço.
Não gosto de ficar sozinha com um estranho por muito tempo.
— Serei rápido. Eu prometo. — Beija meus lábios rapidamente.
Fico olhando-o enquanto ele caminha em passos firmes.
— Oi. Sou Rynce. — o rapaz de cabelo loiro escuro se apresenta.
— Gena! Eu me lembro de você. — falo.
Olho em volta do bar de cores prata e alguns tons de branco e preto. A
palavra certa seria puro luxo.
— Oh! Bem, fico feliz que você se lembre de mim. — Sorri.
— Tenho memória fotográfica. — Sorrio de volta.
Ele observa cada movimento meu, mantendo o sorriso nos lábios.
— Você pode não me olhar assim? Eu não gosto. — sou sincera.
— Desculpa! Você parece com a minha mãe. — responde.
— Tudo bem. Ela morreu? — pergunto nervosa, analisando seus olhos.
Eles são tão gentis e familiares, mas ao mesmo tempo tristes e magoados.
— Morreu num acidente. E a sua mãe? — questiona.
Ele deve ser novo em Las Vegas, pois todo mundo conhece a história
da minha mãe. Todos que são da máfia.
— Ela se suicidou. — revelo. Minha respiração acelera ao lembrar-me
do momento em que a encontrei morta.
— Eu sinto muito. Quer um pouco de água? — oferece nervoso.
Lembro-me das palavras do meu marido e dou-lhe um sorriso
reconfortante.
— Está tudo bem. Eu entendo os motivos dela fazer isso. Antes do
Deimon, eu provavelmente teria o mesmo destino que ela. — Sorrio
tristemente.
— Vamos, anjo! — a voz rouca de meu esposo me chama.
Meu sorriso aumenta.
— Foi bom te conhecer, Rynce. Até a próxima! — Abraço a cintura do
Deimon.
— Até mais, senhora. — se despede e estreito meus olhos para ele. Não
gosto que me chamem de senhora.
— Só Gena! — Dou-lhe um pequeno sorriso.
— Você está bem, anjo? — Meu marido procura meu rosto.
— Estou bem. — Fico na ponta dos pés e escoro meus lábios nos seus.
Ele retribui meu beijo.
— Vamos, anjo! Você está cansada da viagem. — Me conduz para fora
da boate.
— Não estou tão cansada assim. — Entro em seu Bugatti.
— Não? — Coloca a mão na minha perna e a acaricia em um vai e vem
torturante.
— Humm. — solto um grunhido arrepiando-me com sua carícia em
minha coxa nua.
Ele sorri de forma sensual. Desde a nossa primeira vez, ele não tocou
mais em mim. Será que fiz alguma coisa de errado? Talvez não tenha gostado
do que fizemos. Olho seu rosto lindo em busca de qualquer indício, mas
como sempre não mostra nada, a não ser que deseje.
— O que foi, anjo? — Me observa enquanto sobe a mão mais para
cima da minha coxa nua, bem perto da vagina. Eu quero que ele me toque lá.
Deimon faz carinho bem na curva da minha coxa. Respiro agudamente
excitada.
— Por que não me tocou mais? — pergunto baixinho e minha
respiração acelera.
— Como assim? — questiona lentamente e me olha de um jeito
interrogativo.
— Desde a nossa primeira vez, você não me tocou mais. — digo num
fio de voz, olhando para o lado de fora da janela.
— Você estava muito sensível. O que está pensando? — Aperta minha
perna, me chamando a atenção para ele.
— Eu pensei que não gostou do que nós fizemos. — respondo com
minhas bochechas pegando fogo e ele me encara como se eu estivesse louca.
Em seguida solta uma risada.
— Ôh, meu amor, eu não gostei, eu adorei o que fizemos. — Estaciona
em frente à mansão.
— Mesmo? — Coro sob os seus olhos intensos.
— Sim. Vou provar isso quando entrarmos por aquela porta. — Passa o
dedo na minha fenda, sobre a calcinha. Gemo de excitação.
— Vai doer? — pergunto.
A minha respiração está rápida, correndo como cavalos selvagens pelo
Oeste.
— Não, meu anjo. Vou lhe dar apenas prazer. — fala ao pé do meu
ouvido, passando a língua sobre a minha orelha. Eu arrepio necessitada.
— HUMM. — gemo em seu ouvido.
— Vem! — Sai do carro.
Abro a porta saindo. Minhas pernas estão fracas. Ele segura a minha
mão, guiando-me para dentro. Subimos a escada direto para o nosso quarto.
Deimon o decorou enquanto eu ainda estava no seu apartamento. Tenho o
meu próprio closet e todas as roupas e sapatos que você possa pensar.
Os meus pensamentos são interrompidos quando meu marido beija
suavemente os meus lábios. Suas mãos descem para o meu vestido e logo o
puxa pela minha cabeça. Escorrego minha mão para dentro da sua camisa,
apertando o seu peito firme e apreciando o seu corpo forte e lindo.
— Quero você de todas as formas possíveis. — confessa entre beijos.
O meu corpo esquenta com suas carícias e palavras.
— Eu também quero você. — admito ofegante.
Minha calcinha fica molhada enquanto recebo os seus beijos e carinhos.
Desço as mãos, abrindo sua calça jeans e puxando-a para baixo revelando a
sua ereção poderosa para mim. Escoro meus dedos na sua ponta sedosa e ele
geme baixinho contra os meus lábios. Aperto-o de leve, pois não quero
machucá-lo. Escorrego a minha mão ao longo do seu comprimento numa
carícia suave. Os meus gemidos se misturam com os seus quando ele move
seus dedos longos para dentro da minha calcinha, acariciando-me em um vai
e vem torturante. O seu polegar passa por cima do meu clitóris me fazendo
contorcer em busca de mais. Deimon coloca outro dedo dentro de mim.
Exclamo em surpresa.
Meu prazer aumenta quando ele acelera seus movimentos. Um
desconforto ao longe logo é substituído pelo prazer. Aperto minha mão em
volta do seu pênis com mais força e ele geme alto. Sinto que estou quase lá.
Minhas paredes apertam seus dedos e gemo cada vez que vou chegando mais
perto.
— Deimon! — chamo seu nome entre gemidos enquanto gozo
fortemente.
Encosto a cabeça em seu peito firme. Seu pau pulsa na minha mão e
algo quente atinge minha barriga e ele solta um longo gemido como se
estivesse sentindo dor. Analiso minha barriga e em seguida o seu rosto. Seus
olhos estão pesados, cheios de luxúria e desejo.
— Mais! — peço baixinho passando o dedo no líquido branco em
minha barriga. Em seguida levo à boca, saboreando seu gosto. É salgado, não
é ruim.
— Porra! Você será minha morte! — rosna.
Seu pau fica duro novamente contra meu estômago. Olho para cima e
ele me empurra na cama, ficando entre minhas pernas. Simplesmente desliza
para dentro de mim com cuidado. Para por um momento, esperando eu me
acostumar com seu tamanho. Sinto-me preenchida e completa com seu pau
em meu interior. Gemo de prazer quando meu homem começa a se mover
lentamente. Seus gemidos vão aumentando junto com os meus. Preciso de
mais.
— Mais, por favor! — suplico em seu ouvido entre beijos.
— Graças a Deus! — fala.
Seus movimentos vão aumentando em um vai e vem delicioso: dentro,
fora, dentro, fora... Agarro suas costas enfiando minhas unhas em sua pele e
ele geme acelerando ainda mais suas investidas.
— Ohhh! Sim, amor! — gemo de prazer, sem fôlego, e ele mordisca
minha boca.
Suas estocadas são mais fortes e mais rápidas. Meus gemidos vão
ficando mais altos.
— Enrola as pernas na minha cintura. — rosna e em seguida volta a me
beijar.
Faço o que pede.
— Uau! Oh! — gemo com a sensação maravilhosa crescendo dentro de
mim.
Deimon vai mais fundo dentro do meu canal. Mais fundo e mais veloz.
Seus gemidos roucos vão ficando mais ofegantes, assim como os meus.
— Por favor! — suplico. Eu preciso da minha libertação.
Ele joga seu polegar sobre meu clitóris, esfregando-o em movimentos
rápidos. Ofego com a sensação e sinto minha boceta apertar seu pênis. Ele
rosna. Me quebro em pequenos pedaços quando gozo com força. É como se
meu corpo estivesse sendo acariciado por pequenos choques. Meu marido
solta um gemido longo e em seguida se derrama dentro de mim com mais
alguns impulsos.
— Linda! — Beija meus lábios.
— Foi muito gostoso! — falo entre beijos.
— Você é muito deliciosa! — me elogia.
Beija meu pescoço, descendo para os meus seios e sugando-os
avidamente. Seu pênis sai de dentro de mim, fazendo-me soltar um gemido.
Ele me morde de leve e depois passa a língua, acalmando o local.
A pele do seu seio onde mordi está vermelha. Vê-la se contorcer
debaixo de mim traz uma satisfação inexplicável. Abocanho seu outro
mamilo, mordiscando-o e sugando-o com vontade. Ela levanta o quadril em
busca de mais. Sua respiração está mais rápida, mais arfante. Seus olhos estão
fechados e a boca aberta em busca ar. Sei quando ela está perto.
Quero tentar algo diferente. Afasto-me dela e seus olhos verdes abrem
em confusão. Ainda estou de calça, então retiro-a junto com a cueca, sob seu
olhar.
— Vem aqui! — chamo.
Gena desce da cama, ficando ao meu lado. A cama é alta o suficiente
para a posição que eu quero.
— Deite-se aqui de barriga para baixo! Abra as pernas! — instruo.
Ela faz o que mando, colocando a bunda para cima em minha direção.
Seu ânus pequeno apertado e sua boceta molhada estão sob meus olhos.
Acaricio seu bumbum redondo e ela geme em apreciação. Passo meus dedos
em suas dobras macias, escorrendo pelo seu ânus. Ela exclama agudamente.
Hoje não, outro dia.
— Hoje não, anjo. — acalmo-a depositando beijos ao longo da sua
coluna elegante.
Minha mulher geme quando minha ponta escora sua entrada. Ainda
está segurando o peso do corpo.
— Solta o peso do corpo, diaba! — Esfrego meu pênis ao longo da sua
abertura e ela faz o que peço. Agora está do jeito que quero.
Deslizo em seu canal apertado, segurando em sua bunda. Estou
totalmente enterrado em seu corpo delicioso. Gemo com a sensação
esmagadora. Bombeio meu quadril em um vai e vem rápido. Seus gemidos
são como músicas para os meus ouvidos. Aumento mais a velocidade,
apertando meu pau contra sua bocetinha, e logo ela está gozando novamente.
Dou mais alguns impulsos antes de me derramar dentro dela com um gemido
torturado.
Ela enfia o rosto no travesseiro, me retiro de dentro do seu canal, com
um longo gemido. Deito-me na cama, puxando-a para meu corpo. Suas
pálpebras estão fechados e sua boquinha aberta.
— Você está bem? — pergunto esfregando suas costas levemente.
— Você acabou comigo. — Encosta a cabeça em meu peito.
Solto uma risada da sua afirmação.
Sinto-a cada vez melhor. Sei que Anny está ajudando bastante com seu
progresso em ter mais confiança nas pessoas ao redor.
— Manda meus irmãos analisarem esse DNA com todos eles. —
ordeno à Vikkito Ricci, um dos únicos homens que tenho para me dar
suporte. O idiota foi morrer. Estúpido! Se achou dono do mundo e dificultou
as coisas.
— Sim, senhor. — concorda.
Já colhi uma amostra do meu DNA. Se der positivo, Gena Davenport é
minha irmã. Mas a pergunta é: o que realmente aconteceu com minha mãe?
Já fiquei me questionando isso desde que a vi, se essa vingança será justa.
— O que aconteceu? — indago.
— Deimon matou meu filho ontem. — vocifera odioso.
— O que ele fez?
Uma das coisas que sei é que Damen nunca desperdiça um soldado sem
um real motivo. Matteo fez uma estupidez bem grande para ser morto.
— Tocou na prostituta dele. — responde batendo na parede.
— Prostituta? — questiono. Pensei que ele estivesse casado com Gena.
— Aquela vadia! — Ele está começando a me irritar. — Aquela
maldita! Eu estava acertando com o pai dela para casá-la com meu filho.
Quando viajamos para a Rússia, com detalhes para o seu irmão, Gefrete
morreu e o miserável do Deimon ficou com a garota. Desgraçado!
Aparentemente a vagabunda tem medo de ser tocada por qualquer um. —
Cospe e soca a parede.
— Continua! — mando.
Matteo morreu por ser um irresponsável. Não se deve tocar na
protegida de qualquer homem feito.
— A vadia faltou ter um treco, então Deimon simplesmente enfiou a
faca no meu filho, bem na minha frente. Eu pensei que essa era a punição,
mas não, eles o torturaram por um mês. Você sabe o que é ver seu filho
morrer aos poucos? — Chuta a parede.
Não sei, porque não sou estúpido. Matteo teve apenas o que mereceu.
— Não. — nego.
Se ele não fosse necessário, eu mesmo o mataria.
— Ele voltou de uma viagem e matou o meu filho. Vou matá-lo
lentamente, mas antes vou foder aquela prostituta, bem na sua frente. —
rosna fazendo meu sangue ferver de ódio.
— Presta atenção! — Agarro a sua camisa.
Minha vontade é de matá-lo, mas não posso, não por agora.
— O erro foi do estúpido do seu filho. — rosno encarando-o. Enquanto
ele for necessário para mim, não vou matá-lo. — Você terá sua vingança.
Mantenha a porra da sua cabeça fria e não faça besteira, ou você não terá ela
em cima do pescoço por muito tempo. — aviso entre os dentes.
— Sim, senhor. — Treme levemente, pois sabe do que sou capaz.
— Agora pode ir! — ordeno.
Vikkito sai sem dizer mais uma palavra. Traidores de merda! Odeio
todos eles! Erram e ainda querem estar certos. Ele não vai tocá-la. Mato-o
antes que possa dar dois passos em sua direção.
Pego minha arma, colocando-a na parte de trás da calça. Nunca baixo a
guarda em volta dos Davenport. Os malditos são como sentinelas atentos,
cuidadosos com tudo a sua volta. Não confiam em ninguém.
Pelo menos tive um pequeno progresso desde que Deimon voltou da
lua de mel, pois ele tem deixado Gena comigo todas as noites no bar. Pude
conhecê-la melhor. Ela é muito tímida, reservada, cuidadosa e adora o marido
como se fosse seu ar. Isso me incomoda um pouco.
Não descobri ainda porque não gosta de outras pessoas a tocando além
do esposo. Gena entra em pânico se alguém chega perto demais. Vi Deimon
cortar a garganta de um dos soldados pelo simples fato de ter encostado no
cabelo dela. Seus olhos se encheram de pânico e começou a chorar. Só se
acalmou quando ele a abraçou dizendo que estava tudo bem. Não consigo
tirar essa cena da minha cabeça. O que aconteceu com ela?
Desde então a garota fica comigo, ajudando-me até ele resolver alguns
problemas. A cada vinte minutos o cara vem vê-la para saber se está bem.
Seus olhos brilham quando o vê chegando.
Mantenho-me calado quando Deimon está por perto. É muito
cuidadoso com a esposa e isso me intriga. Seus olhos digitalizam todo o seu
rosto em busca de qualquer indício de desconforto nela todas as vezes que
vem. Virou um ritual.
— Você não precisa fazer isso. — Gena fala com doçura e passa as
pontas dos dedos na barba do marido.
— Não gosto de deixar você sozinha por tanto tempo assim. — Beija o
canto da boca dela.
Mantenho-me calado, apenas atendendo os clientes, mas sempre ligado
na conversa dos dois. Já descobri informações importantes. Damen está no
Brasil e tem três bebês. Tudo isso eu soube pela garota. Não consegui passar
essa informação para meus irmãos, pois é como se eu estivesse traindo-a.
— Eu não vou ter outro ataque de pânico. — ela garante.
Isso chama a minha atenção. Nunca falou sobre isso comigo. Já vi um
dos seus ataques uma vez, mas não sabia que era frequente.
— Eu mato se alguém tocá-la. — ele avisa.
Se eu fosse um maldito maricas, estaria com as pernas tremendo.
— Estou bem. Rynce não deixou ninguém me tocar. — ela responde e
em seguida estão se beijando com paixão.
Se Gena for minha irmã, não vou conseguir matá-lo. Parece que seu
marido é a única pessoa capaz de acalmá-la. Não vou ser hipócrita achando
que se o matar, vamos nos tornar uma família feliz, porque isso nunca será
possível se seu marido for morto pelos meus irmãos.
Talvez ela não seja minha irmã, e caso não for, nossa vingança
continua de pé. Tudo mudaria. Por que sua mãe se matou?
— Você parece pensativo. — a garota fala se sentando em uma das
cadeiras.
— Nada de mais. — Sorrio radiante e ela estreita a visão para mim. Em
seguida levanta a sobrancelha loira escura.
— Você tem os olhos parecidos com os da mamãe — parece pensativa.
— Os cabelos também. — murmura como se fosse para si mesma.
— O que disse? — quero saber mais.
— Nada. Só pensando alto. — Sorri.
— Ok. Tudo bem. — concordo, mesmo querendo fazer mais perguntas.
Não posso parecer muito interessado em sua vida pessoal, porque isso pode
levantar suspeita.
— Você nunca me disse sua idade. — interrompe meus pensamentos.
— 23 anos. E você? — pergunto ansioso.
— 20 anos. — Sorri.
— Novinha. — digo.
Tão nova e já casada! Não que seja diferente em Moscou.
— Você não é tão velho assim. — responde em seguida. Parece triste.
— O que foi? — Chego mais perto do que já ousei chegar, o que a faz
tencionar um pouco. Paro na mesma hora e ela relaxa logo.
— Damen está chegando amanhã, então não vou mais te ver. — Sorri
tristemente.
— Você pode vir uma vez na semana. — sugiro.
Realmente gosto da sua companhia.
— Não sei. Vou falar com meu marido. Por favor, não me entenda mal.
Eu gosto de conversar com você, tipo como um irmão mais velho. Bom… Eu
não tenho um. Você é o mais próximo disso. — Sorri.
— Vamos, anjo! — Deimon a chama.
Vejo eles saírem abraçados e ela olhando-o com adoração.
Isso mudaria muita coisa no futuro e eu não sabia, até um furacão de
cabelos pretos entrar em minha vida, me mostrando que às vezes nem tudo
que acreditamos ser verdade, realmente é.
— Seja bem-vinda de volta! — Abraço Anny.
Eu senti sua falta. Ela está sempre me ajudando.
— Obrigada! Foi bom visitar minha terra. — Me beija na bochecha.
— Que bom! — Abraço-a junto com sua pequena Beatriz. Acho lindos
os olhos azuis cristais dela.
— Como foram as coisas por aqui? — pergunta como se tivesse
passado um ano fora.
Eu sorrio e Anny abraça meu marido.
— Está indo tudo maravilhoso. — afirmo sorrindo timidamente.
— Como está, Gena? — Damen se preocupa.
— Estou bem. — confirmo.
O capo coloca a mão nas minhas costas e meu corpo tenciona um
pouco com seu contato. Sempre evita me tocar, mas ele é meu cunhado,
minha família. Retribuo o gesto, agradecendo a gentileza.
— Bem. Obrigada! Teve uma viagem tranquila? — questiono meio
nervosa, pois nunca trocamos mais do que duas palavras. Ocasionalmente
almoçamos juntos ou jantamos. Damen e Deimon passam o dia todo fora,
trabalhando.
— Foi cansativo. — responde com um fantasma de um sorriso sexy.
Pego Benjamin nos braços. Está quase fechando os olhos de cansaço.
Beijo suas bochechas gordinhas.
— Como foi a viagem? Fala para a titia! — pergunto para o bebê,
suavemente, que apenas vira a cabeça para o lado, bocejando. — Você está
bem cansado. — murmuro esfregando suas costas carinhosamente. É tão
fofo!
— Você quer ajuda? — sugiro à Anny.
Ela suspira olhando para os filhos quase dormindo de cansaço em seus
braços e no meu.
— Eu agradeço. Estou um pouco cansada. — Começa a subir a escada.
Sigo atrás dela, segurando Benjamin com firmeza, para não deixá-lo
cair.
— Eles já comeram? — Me sento na cama com cuidado para não
deixar o bebê aborrecido.
— Damen já está fazendo a papa deles. — Sorri gentilmente.
— Pode dar banho nele para mim? — pede retirando as roupas da
Beatriz, que choraminga chateada.
— Claro! — Retiro as roupas do gorduchinho.
Dou banho nele com medo de derrubá-lo. É tão lindo! Tenho vontade
de morder essas bochechas fofas. Isso é um pensamento malvado. Balanço a
cabeça, mandando-o para longe de mim. Começo a colocar a sua fralda com
cuidado, passando uma pomada de assadura.
— Como está indo você e Deimon? — Anny pergunta.
Levanto meus olhos, encontrando os seus em mim. Ela está me
encarando atentamente.
— Estamos bem. Ele é bom para mim. — afirmo com as bochechas
pegando fogo de vergonha.
— Essas bochechas coradas significa que vocês fizeram sexo. — Anny
abre um sorriso satisfeito.
Minhas orelhas esquentam junto com o meu rosto. Provavelmente estou
igual um tomate.
— É sim. — digo envergonhada, me concentrando em Benjamin.
— Você gostou? — indaga com um sorriso divertido.
— Muito! — respondo querendo enfiar a cabeça no chão, como um
avestruz, e nunca mais sair de lá.
Como ela consegue falar de sexo tão fácil assim?
— Não se envergonhe. Fico feliz que vocês estejam fazendo o
casamento funcionar. — é sincera.
— Eu realmente estou feliz. — admito terminando de vestir o bebê, que
já está dormindo no berço com os braços abertos e a boquinha fazendo um
pequeno bico fofo. — Vou fazer algo para vocês comerem. — proponho.
— Obrigada! Mas podemos pedir alguma coisa. Não é necessário fazer
nada. — sugere.
— Não é incômodo. Vou fazer alguma coisa e já volto. — Saio.
Uma macarronada será mais rápida. Pego os ingredientes, deixando
tudo em ordem, pronto para cozinhar.
— Vai fazer o que, anjo? — Deimon pergunta se sentando à minha
frente com um lindo sorriso no rosto. Meu coração palpita.
— Uma macarronada à bolonhesa. — informo encontrando seus olhos,
com um sorriso tímido.
— Está com fome? — Caminha até mim, tocando minhas costas.
— Não é para mim. Anny está com fome e me ofereci para fazer algo
para eles comerem. — digo encarando seu rosto.
— Me deixa ajudar? — propõe.
— Não precisa. — falo.
Já tinha terminado de cortar tudo que preciso.
— Se você diz. — Senta e me observa atentamente.
— É simples. — afirmo. — Pode avisar que já terminei? — peço ao
meu esposo, que estava terminando de arrumar a mesa.
— Claro, anjo!
Ele sai e eu coloco a macarronada em uma travessa, deixando pronta
para servir.
— O cheiro está uma delícia! — Damen fala me fazendo pular de
susto.
— Obrigada! Espero que goste. — Dou espaço para ele passar. Ainda
não me dou bem com proximidade masculina.
— Você tem que trabalhar isso. — meu cunhado diz enchendo o prato
de macarronada.
Ele falou sobre o pânico que tenho dos homens ou de pessoas em geral?
— No quê? — Direciono minha visão para longe do seu rosto, porque
Damen tem um jeito de olhar intenso, que é desconcertante.
— Está segura porque pertence ao meu irmão, não importa onde você
esteja. — Me observa novamente. A sinceridade brilha em suas profundezas
azuis.
— Eu sei. Estou tentando. — garanto segurando as lágrimas. Não vou
chorar como uma criança emotiva.
— Eventualmente você vai conseguir. — afirma se sentando à mesa e
começando a comer.
— Um dia eu consigo. — Dou um pequeno sorriso e Damen acena com
a cabeça.
— Sim. Você está uma delícia. — meu marido fala e minhas bochechas
esquentam de vergonha.
— O cheiro está uma delícia. — Anny elogia. Vem em seu pequeno
short, descendo a escada.
— Está uma delícia, boneca. — o capo diz e recebe um beijo dela.
— Posso ver um psicólogo? — Gena pergunta se abaixando bem na
minha frente. Sua boceta lisinha está bem na altura do meu pau.
— Você tem certeza? — Passo meu dedo em sua abertura. Ela me olha
com olhos enormes e a respiração acelerada.
— Acho que seria bom. — responde puxando o ar ruidosamente.
Coloco minha mão em suas costas, impedindo-a de se levantar. Essa
posição está perfeita para eu foder sua bocetinha. Me ajoelho beijando sua
boceta e ela geme. Chupo com vontade seus lábios e abro suas dobras com os
dedos, fodendo seu buraquinho com a língua.
— Deimon! — geme entregue a mim.
Sua boceta está molhada. Pego um pouco dos seus sucos, empurrando
meu dedo em seu ânus vagarosamente. Gemo desejando que fosse meu pau.
— Oh, meu Deus!
Movo meu dedo devagar e o ânus dela o suga. Meu pau se contorce
mais duro dentro da cueca. Lambo e chupo sua boceta. Ela grita oscilando
para a frente, gozando. Puxo a cueca para baixo, me levanto acariciando meu
pênis dolorido e pressiono contra a sua entrada apertada. Gemo me segurando
em sua cintura e colando seu corpo contra o meu. Aperto seus seios,
massageando os mamilos rígidos. Empurro mais forte em seu canal,
gemendo.
— Deixe-me ouvi-la! — peço quando Gena começa a segurar os
gemidos.
— Amor! — diz embriagada tentando não gozar.
A pressão em minhas bolas aumenta e eu coloco meu dedo em seu
clitóris, esfregando-o com rapidez. Gena goza indo para a frente. Aumento as
estocadas rápidas e curtas, gozando também. Deslizo para fora da minha
pequena esposa, vagarosamente, e a levo para a cama, me deitando com ela
em meus braços.
— Vem, anjo! — chamo-a.
— Já vou, amor! — responde correndo pelo quarto.
Jesus Cristo! Às vezes essa mulher me faz subir nas paredes. Ela corre
balançando sua bunda deliciosa na minha frente.
— Se você continuar assim, não vamos sair desse quarto, anjo. —
Ajeito meu pau dentro da calça.
Seus olhos verdes brilham em excitação.
— Seria bom. — Lambe os lábios grossos dela.
Rosno enquanto aperto a cabeça do meu pau firmemente.
— Vem aqui! — Puxo meu pênis para fora e ela caminha lentamente
em minha direção, olhando minha mão brincar com ele. — Quero sua boca!
— digo encarando seus lagos verdes esmeraldas.
Gena balança a cabeça e se ajoelha à minha frente. Acaricio seus
cabelos sedosos e ela lambe os lábios vermelhos, fazendo meu pau engrossar.
— Eu quero! — diz baixinho.
— Você quer? — Passo meus dedos pelos seus lábios sexies.
— Sim. Por favor! — suplica sensualmente.
— Não. Você está sendo uma menina má. — Beijo sua boca e deslizo a
língua nos seus lábios, explorando cada pedacinho dela.
Gena geme baixinho, segurando meu pau com mais força. Gemo em
sua boca. Ela me empurra na cadeira e desce beijando minha barriga —
lambendo para ser mais exato. — Dou gemidos ao mesmo tempo em que
analiso seus olhos verdes. Minha mulher passa a língua em minha ponta.
— Chupe seu marido, anjo! — Encaro seu rosto.
— Não. Você está sendo um menino muito mau. — acusa muito
suavemente, se levantando.
Vou mudar seu apelido de anjo para diaba, porque é isso que se tornou.
Aquele anjo tímido quase não existe mais. Não reclamo, pois gosto dessa
nova mulher.
— Você se tornou uma diaba. — digo chateado vendo-a se vestir como
se nada tivesse acontecido. — Está brincando, né? — Acaricio meu pau.
— O quê? — questiona entrando no closet.
Diaba! Isso tem dedo da Anny. Ela está ensinando muitas coisas
erradas para a minha esposa. Vai me pagar muito caro por isso.
— Venha aqui ou vou transar com você de quatro aí mesmo! — Me
aproximo enquanto acaricio meu pênis lentamente.
Os olhos dela brilham excitados. Se quiser jogar, é melhor saber que
vou ganhar o jogo.
— É mesmo? — Percorre a visão pelo meu corpo e observa minha mão
trabalhando em meu pau num vai e vem lento.
— Talvez eu queira. — Puxo seus seios para fora do sutiã e beijando-o.
Vou arrastando a língua entre eles.
— Isso! — Geme.
Empurro-a na cama e ela abre as pernas sedutoramente.
— Você vai me matar! — Beijo seus seios saborosos.
— Claro que não! — Sorri com aquele mesmo sorriso ingênuo.
— Monta em mim! — mando e deito de costas na cama.
— Sim. — aceita e fica com as bochechas coradas, escalando meu
corpo.
— Senta devagar, esposa. — Puxo seu cabelo e beijo seus lábios.
— Deixa de ser mandão! — reclama irritada e dou uma risada.
— Mandão nada, anjinho. — Dou-lhe um tapa na bunda e ela geme
baixinho.
Gena escorrega sobre meu estômago, colocando uma perna de cada
lado. Gemo quando senta em cima de mim com sua boceta molhadinha
encostando em minha pele.
— Amor! — murmura me olhando com aqueles malditos olhos cheios
de tesão.
— Sim! — Levanto seu quadril e empurro nela lentamente, gemendo
com a sensação esmagadora.
Ela geme baixinho, subindo e descendo em meu comprimento. Se
abaixa aumentando a pressão em meu pau.
— Sim! — Geme quando cavalga mais rápido.
Acaricio seu clitóris encontrando seus impulsos no meio do caminho.
— Ohhhh! — Solta mais gemidos, aumentando seus movimentos e
gozando em meu pau.
Acompanho-a e gozo em seu canal apertado. Ela desaba em cima de
mim, gemendo.
— Vamos passar o dia na cama comigo dentro de você. — afirmo
beijando seus lábios.
— Uma maravilhosa ideia. — Sorri.
— Está com fome? — Acaricio seu rostinho delicado.
— Não. Quero dormir um pouquinho. — Se aconchega a mim.
— Está tão cansada assim? — Beijo seu pescoço.
— Só um pouquinho. — Escorrega em meu pau.
— Meu anjo, ainda estou dentro de você. Se não quer ser fodida
novamente, é melhor me tirar daí. — falo gemendo torturantemente. Ainda
estou duro como ferro.
Chamo-a novamente. Meu Cristo! Já está dormindo. Viro-a lentamente
na cama, saindo de seu canal.
— Diaba! — resmungo para mim mesmo enquanto a olho dormir.
Queria sair hoje e dançar um pouco. Estamos tanto em alerta que nem
nos divertimos mais. Deixo Gena dormindo. Seu rosto está sereno e em paz.
Tomo um banho demorado.

*****

Preparo uma festa na piscina apenas para os mais próximos. Saio para
comprar alguma bebidas enquanto Anny prepara a comida. Alec decidiu vir
comigo assim que Jasper chegou. Não entendi, mas acho que ele não gosta do
meu amigo. Alec é um cara legal, bastante centrado e não fala muito, a não
ser quando sua irmã está perto. Eles brincam o tempo todo como duas
crianças.
— O que você tem contra o Jasper? — pergunto olhando a estrada já de
volta para casa.
Ele me analisa, mas não responde de imediato.
— Não gosto da relação dele com a minha irmã. Lydia é diferente. É
complicado. — Olha para fora da janela. — Por quê?
De repente o encaro interrogativamente.
— Nada. Só o jeito que você encarou ele quando chegou. — digo com
sinceridade.
— Lydia tem um passado sofrido. É complicado. Só não quero vê-la
sofrer novamente, cara. Deixa quieto! — age como se estivesse falando
demais.
— Ok. Não vou fazer mais perguntas. — garanto estacionando na
garagem.
Pego as bebidas, levando-as para a cozinha e Alec me ajuda.
— Cadê a Gena? — pergunto à Lydia, que está sentada no sofá com o
barman.
Levanto a sobrancelha para Alec num modo interrogativo e ele ergue os
ombros como se não se importasse com o que ela faz.
— Está na piscina. — Lydia informa, dando-me uma piscadela.
A levanto minha sobrancelha em questionamento.
— O quê? — Sorri com seu jeito debochado.
— Nada, ligeirinha. — Saio e ouço sua risada.
— Pare de babar, Jasper! Sua baba está escorrendo pelo queixo. — falo
bem ao pé do seu ouvido. O cara está afogando na própria saliva.
Ele me mostra o dedo e eu saio rumo à piscina, com um olhar raivoso
para Lydia. Vejo Gena com Bernardo no colo e caminhando em minha
direção enquanto conversa com ele, como se o pequeno estivesse entendendo
cada palavra dela.
— Já acordou? Dormiu pouco. Não está mais cansada? — Beijo sua
bochecha e passo meus braços em sua volta.
Ela sorri com seu jeitinho de anjo, me abraçando de volta.
— Acordei assim que você saiu. — Fica nas pontas dos pés e passa as
mãos em meus cabelos.
— Está bem? — Pego Bernardo dos seus braços.
— Sim. — confirma.
— Titio! — o menino murmura sorrindo e eu beijo sua bochecha
macia, acariciando seus cabelos sedosos.
— Como está meu sobrinho favorito? — Passo a barba em seu
rostinho, fazendo-o soltar gargalhadas felizes.
— Para, amor! Vai deixar marcas vermelhas nele. — Gena ri.
Aperto meu braço em volta da sua cintura, agarrando-a firme e
mantendo-a no lugar. Passo a barba em seu pescoço e ela grita tentando se
soltar. A seguro com mais firmeza e Bernardo berra se divertindo e
gargalhando. Seus pedidos de socorro vão aumentando.
— Me solta! Preciso usar o banheiro. — ela suplica e eu paro meus
ataques.
— A titia Gena está se comportando mal. — falo com Bernardo e ela
faz uma cara de assassina.
— Cala a boca, amor!
— Está vendo? A titia está sendo safada? — pergunto e ele bate
palmas.
— Sim! Sim! — o pequeno grita sorrindo.
— Para, amor! — Ela fica vermelha.
— Ok. Não vamos mais falar do comportamento feio da titia Gena. —
digo para o Bernardo, que me dá um sorriso desdentado.
— Vamos contar para a sua mamãe que seu titio está te ensinando coisa
errada. — Gena sorri e caminha rumo à cozinha. Minha mulher se
transformou numa diaba sexy.
— Não mesmo, diaba! — Agarro-a.
Ela sorri passando os braços em volta da minha cintura sem imprensar
o bebê entre a gente. Não vou deixá-la me dedurar para Anny. Aquela mulher
é um demônio na terra quando se trata dos filhos, que no caso são meus
sobrinhos.
— Não seja um péssimo marido. — Beija meu queixo.
— Não estou sendo um péssimo marido para você. — Beijo sua boca,
explorando cada pedacinho seu, degustando seus lábios saborosos.
— Parem de safadeza na frente do meu filho! — Anny pega a criança
dos meus braços, com um olhar feio em minha direção.
— Do que você está falando? — Volto a beijar Gena, apertando sua
bunda para enfatizar a pergunta.
— Você está me dando enjoo de tanta melação. — Anny sai com uma
risada.
— Assim como você e meu irmão transando na piscina ontem? — grito
atrás dela.
É algo que não quero ver novamente. Muito nojento! Lembro de
quando meu irmão também me pegou transando no corredor semana passada.
Gena ainda não consegue encarar Damen direito sem ruborizar.
Anny me mostra o dedo atrás das costas, para o filho não ver, e solto
uma risada do seu jeito debochado. Caminho para a sala, seguindo-a, onde
todos estão conversando. Sento na poltrona, levando Gena comigo.
— Já terminaram a lua de mel, Deimon? — Lydia pergunta sorrindo do
seu jeito peculiar.
— Nunca! Minha vida é uma lua de mel. — Dou-lhe uma piscadela.
— Eu ouvi vocês hoje de manhã. — provoca batendo palma e pula no
colo do Rynce.
Jasper fica tenso e estreito meus olhos em sua direção num
questionamento silencioso. Ele balança a cabeça de leve como se dissesse um
“depois”. Estão transando desde que se viram. Será que têm sentimentos um
pelo outro?
— Isso deve ser difícil para você, né? — pergunto para ela.
— Nem tanto. Não fico para trás. — responde tocando o colar no
pescoço. Seus olhos têm um brilho diferente.
— Se você diz. — Beijo os cabelos da Gena.
Rynce observa cada movimento meu como se estivesse me avaliando.
Isso já me incomoda há um tempo. Ele está escondendo alguma coisa e eu
vou descobrir o que é. Tenho ficado com um pé atrás em relação à ele.
Damen sabe de alguma coisa, mas não quer compartilhar comigo.
Me sinto tão feliz nesses meses, mais do que já fui em minha vida toda.
Nunca pensei que fosse possível ter o que tenho agora: amor, felicidade,
amigos que se importam comigo e, principalmente, um marido perfeito.
Sentada no colo dele sorrio das suas palhaçadas.
— Não é anjo? — pergunta.
Não sei do que está falando. Estava pensando alto e não prestei atenção
na conversa.
— O quê? — Encaro seus olhos verdes cristais.
— No que estava pensando, anjo? — Passa a mão pela minha perna e
dou meu sorriso convincente — ou pelo menos tento.
Ele sorri de volta, tocando a ponta do meu nariz.
— Só no quanto você me faz feliz. — afirmo baixinho e ele me puxa
para mais perto.
— Nós nos fazemos felizes, anjo. — Beija minha boca vagarosamente.
— Vão para um quarto! — Anny provoca.
Vejo Deimon mostrar o dedo do meio, já que ela estava no colo do
Damen se pegando com ele horas antes, com mão boba e tudo mais.
— Eles não precisam de um. — meu cunhado diz com aquela sua voz
rouca, provocando o irmão.
Minhas bochechas esquentam quando eu lembro de quando ele nos
pegou transando no corredor. Foi tão vergonhoso! Não consegui encará-lo
por dias, e ainda não consigo sem recordar da cena.
— Vocês também. Lembram do jardim? E também tem a piscina. —
meu marido provoca.
Anny engasga com a bebida e Damen dá pequenos tapas em suas
costas. Todos começam a rir, se divertindo às nossas custas.
— Por que você está corando, Gena? — Jasper pergunta me fazendo
esconder o rosto no pescoço do Deimon, envergonhada.
Meu esposo rosna para seu amigo, fazendo a sala cair na gargalhada
novamente.
— Eu corto sua língua, meu amigo. — ameaça o cara.
Os cabelos do meu pescoço arrepiam. Jasper apenas solta uma risada
rouca e os outros acompanham, se divertindo. Esse clima descontraído e o ar
leve de família me deixa muito feliz. Nunca tive isso.
— Vamos dançar? — Anny fala batendo palmas e se levantando.
Ela cambaleia, sendo amparada pelo marido. Acho que bebeu muito.
Lydia não está diferente. Seus olhos negros estão divertidos, mas não está tão
bêbada assim.
— Vamos tirar a sorte. — Lydia se mexe no colo do Rynce como se
estivesse dançando alguma coisa.
Essa é a primeira vez dele entre a gente. Acho que Lydia o trouxe
apenas para irritar Jasper, já que os dois são como cão e gato e vivem
brigando.
— Estou fora! Não danço. Só se for obrigado. — Deimon diz.
— Tirar a sorte? — Damen pergunta olhando Anny, esperando uma
resposta.
— É. Tirar a sorte. — Lydia afirma como se a resposta fosse simples.
Fica em pé e puxa Rynce pela mão.
— Eu não danço muito bem. Você sabe disso. — ele responde se
levantando.
É lindo! — admito em pensamento. — Deimon jamais deve saber, ou
ele mataria o cara por isso.
— Nem vem! Você é maravilhoso! — ela contrapõe colocando Shawn
Mendes e Camila Cabello na música Señorita para tocar. — Vamos, gatão!
Dança contemporânea não te faz menos homem. — o chama e balança o
quadril sensualmente.
Nossa! A garota é realmente sexy! Já tinha a visto dançar, e é quente.
Quando Rynce começa a acompanhá-la na dança, meu queixo cai. Ele é
maravilhoso e se move facilmente.

*****

Nunca me diverti tanto na minha vida. Hoje foi especial. Íamos sair
para comemorar nove meses de casados, mas assim foi maravilhoso. Deito na
cama com os braços abertos. Estou morta de cansaço e bêbada.
— Obrigada por hoje, marido. — agradeço piscando meus olhos para
ele, tentando parecer sensual.
Deimon vira me encarando e sorri. Em seguida amarra meus cabelos.
Talvez achou que eu fosse vomitar.
— Está tentando me seduzir, anjo? — Puxa minhas roupas com
cuidado, me despindo.
— Está funcionando? — pergunto esperançosa, segurando seu pescoço
enquanto tento beijá-lo.
Ele apenas sorri, usando a oportunidade para puxar minha blusa pela
cabeça.
— Você não precisa. — Me senta na cama.
— Não? Por que não ganhei meu beijo? — tento seduzi-lo novamente.
— Se comporta, anjo! — pede entrando no closet e pegando minhas
roupas íntimas.
Me veste como se eu fosse um bebê. Por que ele está me tratando igual
um?
— Malvado! — Choramingo enfiando meu rosto no travesseiro.
— Abra a boca! — Me puxa de volta para sentar, coloca duas pílulas na
minha boca e me entrega um copo de água.
— O que é isso? — pergunto.
Não gosto de remédio. Já tomei muitos em minha curta existência.
— Um analgésico e seu anticoncepcional. Não quero ter um filho
agora. — Beija minha cabeça.
Eu também não quero um bebê agora. Quero me curar ainda mais para
pensar num filho.
— Você é ruim! Não quer satisfazer sua esposa. — Beijo seu tanquinho
sarado, deslizando minha língua entre os gominhos.
— Em que você se transformou? — resmunga esfregando meu coro
cabeludo num cafuné gosto.
— Em sua mulher. — afirmo.
Gemo em apreensão. Os dedos do Deimon estão fazendo coisas
maravilhosas. Fecho minhas pálpebras, caindo no sono.
Minha cabeça está doendo. É como se estivesse alguém batucando
dentro dela com várias baterias. Gemo. Minha boca está seca da ressaca de
ontem. Levanto a cabeça, mas tudo está doendo. Resmungo novamente,
abrindo meus olhos. A claridade incomoda, mas tento me acostumar.
— Você bebeu demais. — Deimon fala muito alto de algum lugar do
quarto.
— Shhh! — reclamo cobrindo meu rosto.
Procuro meu marido pelo quarto e encontro-o encostado na porta,
colocando suas abotoaduras e me observando com seus lindos olhos. Está
vestido num terno preto elegante. Totalmente perfeito! Delicioso!
— Vai sair? — pergunto passando as mãos pelas pálpebras, tentando
expulsar o sono para longe.
— Sim. Uma das nossas boates foi atacada. — responde caminhando
em minha direção com seu jeito sexy e predador.
Me encosto na cabeceira da cama, analisando atentamente seus lábios
repuxarem num sorriso sexy.
— Você sabe quem foi? — fico nervosa.
Não gosto quando ele sai para resolver assuntos da máfia. Fico
preocupada todos os dias, pois tenho medo de perdê-lo.
— Vou resolver isso. Provavelmente o Cartel. — Passa as pontas dos
dedos em meu rosto e beija minha testa com carinho.
— Volta para mim! — sussurro baixinho encarando seu rosto perfeito.
Não posso viver sem ele. Deimon se tornou meu tudo, meu salvador,
meu protetor, e o mais importante de tudo, o meu amor. Toda vez que sai,
digo as mesmas palavras na esperança sempre volte para mim. Tenho medo
de que um dia não retorne. Peço a Deus que nunca permita que isso aconteça.
Ser consigliere e o segundo no comando de uma das organizações mais
poderosas do mundo é um risco constante. Está sempre na mira dos inimigos.
— Sempre! — Me entrega um copo com água e dois comprimidos
brancos, que levo à minha boca e engulo.
— Vai se sentir melhor. — afirma baixinho, acariciando meus lábios e
limpando uma gota de água.
— Obrigada, amor! — Passo meus braços em volta da sua cintura e ele
segura meus cabelos, puxando para trás com delicadeza, e beija minha boca
rapidamente.
— Preciso ir. E você precisa comer algo. — aconselha dando-me um
último beijo antes de sair do quarto.

*****

Depois que Deimon saiu, voltei a dormir e só acordei agora. Já é outro


dia. Olho em volta e a cama do meu lado está totalmente uma bagunça,
contudo, o lado do meu marido está arrumado. Onde ele está? Que horas
chegou?
Tomo um banho o mais rápido que posso. Estou morrendo de fome,
pois não me alimento desde ontem. Mesmo assim minha ressaca melhorou.
Meu Cristo! Nunca mais vou beber dessa maneira.
Desço a escada, vagarosamente, tentando não fazer muitos movimentos
bruscos, para não vomitar a água que tomei.
— Bem-vinda! — Anny fala assim que entro na cozinha e me sento à
mesa.
— Estou acabada. — profiro baixinho olhando-a fazer o almoço para
nós.
Ela gosta de cozinhar, e é uma das coisas que amo fazer também.
Estamos revezando ao longo do dia: uma faz o almoço e a outra a janta.
— Somos duas! — resmunga de volta, colocando legumes em quatro
pratos: almoço das crianças.
— E os bebês? — pergunto pegando uma maçã na geladeira e dando
uma mordida.
— Brincando lá fora com Alec. — Sorri, porém, seu sorriso parece
estranho, como se tivesse algo errado. — Nunca mais vou beber. — fala
quando as crianças entram gritando pelo seu nome.
Ela sorri com adoração para os filhos. Meu coração aquece vendo essas
pequenas criaturas felizes.
— Bom dia, garotas. — Alec entra cumprimentando atrás dos
pequenos.
Ainda não entendi porque ele está aqui. Mas não que eu me importe.
Deimon anda muito desconfiado ultimamente desde que eles chegaram.
— Você quer morrer? — Anny pergunta mostrando-lhe um sorriso
cheio de dentes.
— Não. Obrigado! Tenho uma mulher grávida para cuidar e uma irmã
que me deixa louco a cada segundo. — Sai com uma piscadela.
Minha boca cai aberta. Ele é muito sexy e alto.
— Não vou te ensinar nada hoje. — ela informa colocando pratos de
legumes na frente dos filhos que estão sentados em suas cadeirinhas.
Não sei como consegue cuidar deles sozinha sem virar zumbi.
— Não sei se consigo aprender nada desse jeito. — sou sincera. Não
estou de ressaca, mas minha cabeça ainda está bêbada.
Desde que Anny começou a me ensinar a lutar, me sinto mais
confiante, mas mesmo assim não gosto que ninguém me toque,
principalmente homens. Eles ainda me deixam muito nervosa. As únicas
pessoas do sexo masculino além do meu marido que não me deixam tensa ou
em pânico são Rynce, Alec, Damen e Jasper. Não que me toquem com
frequência. Qualquer outro cara, principalmente um que eu não conheça, não
consigo me controlar e tenho um ataque. Estou tentado matar meus demônios
aos poucos, deixando-os completamente fora da minha vida.
Agora tenho amigos fiéis, um marido maravilhoso que faz tudo por
mim. Esses nove meses de casada com Deimon me fizeram mais feliz do que
minha vida toda já fez.
Não posso ficar lamentando o passado, porque é uma perda de tempo.
Não consigo mudar nada do que aconteceu, mas sou capaz de modificar meu
futuro. Esse eu posso decidir: sem agressões, sem dor e sem sofrimento. Não
posso dizer que daqui para frente será apenas felicidade, pois a vida é cheia
de obstáculos. É como uma roda-gigante: um dia você está em cima, no outro
está em baixo. Por isso dou valor a cada segundo que estou junto das pessoas
que eu amo. Vou superar as dificuldades a cada dia.
— Você está feliz agora? — a pergunta de Anny me pega de surpresa.
Ela conhece minha história e as coisas que sofri desde que era uma criança
pequena.
— Estou. — Sorrio.
Ela se tornou uma grande amiga. No início fiquei com ciúme dela, de
como conversava com meu marido e das brincadeiras, mas depois fui
percebendo que Anny não é esse tipo de mulher.
— Fico feliz por você. — admite limpando a bagunça que as crianças
fizeram.
— Você parece triste. — falo.
Seus olhos estão vermelhos. Estava chorando? Ela não me olhou
diretamente, o que é estranho, pois sempre faz isso quando está conversando
com as pessoas.
— Nada que eu não deva ter percebido. — Sorri tristemente.
Não entendo o que quis dizer. Ontem aconteceu alguma coisa?
— Vai me contar? — indago.
— Estou indo embora amanhã. — Limpa uma lágrima solitária.
Meu coração aperta com a sua afirmação.
— Você está brincando, né? — pergunto.
Não pode ser verdade. Ela estava feliz da última vez que nos vimos.
Quando encaro seu rosto, percebo que não é brincadeira.
— Por quê? — questiono baixinho, olhando minhas mãos.
— Ele estava comigo por causa dos nossos filhos. — Lágrimas
escorrem pela sua face.
Pensei que eles se amassem. O meu coração aperta ainda mais.
— Tem certeza? — Pego a sua mão sobre a mesa, dando-lhe um pouco
de força.
Olho a marca branca do anel de noivado em seu dedo, mas tenho
certeza que marcas mais fortes estão em seu coração, não sobre sua pele.
— Tenho. O pior de tudo é que eu amo Romero como um filho e não
quero deixá-lo. — lamenta e começa a chorar.
Me levanto rapidamente, abraçando-a com força, e ela chora
inconsolavelmente em meus braços. Nunca sabemos o que o amanhã nos
reserva. Pode ser dor, solidão, felicidade, amor ou carinho.
Damen aparece na porta nos analisando com as sobrancelhas juntas.
Nos seus olhos têm um misto de preocupação. O corpo de Anny enrijece nos
meus braços quando percebe a presença do meu cunhado. É como se ela o
sentisse antes de vê-lo. Eu nem o vi chegar. Faço cara feia, observando-o
com raiva. Sua expressão reflete dor.
Minha amiga limpa as lágrimas e se recompõe. Tiro meus braços da sua
volta, lhe dando espaço.
— Boneca! — Damen fala de um jeito que não sei explicar, como se
com essa simples palavra estivesse dizendo tudo.
— Não me chame assim! — ela rosna raivosa, passando por ele sem
olhá-lo.
Fico sentada vendo as crianças brincarem na sala como irmãos. Isso
será doloroso, pois todos vão perder. No entanto, Romero vai sofrer mais que
os outros. Anny tem razão. Ele já a trata como sua mãe. Será um baque
grande para o menino.
FLASHBACK

— Você está se perdendo, Yore. — meu irmão mais velho rosna.


O que ele quer? Que eu entre mais fundo com minhas investigações,
para ser morto? Não mesmo!
— Você acha que é fácil? Só porque tenho acesso à casa deles?
Errado! Eles são malditos sentinelas, Victor. Nada é fácil nessa porra! —
respondo num rosnado, chateado.
Que inferno ele está pensando de mim?! Que vou trair minha própria
família? São tudo o que me resta.
— Já faz um mês que você não liga com informações. — afirma me
fitando com seus malditos olhos frios e calculistas.
— O que você quer? Sou vigiado o tempo todo. Eles não deixam seus
soldados fora da rédea e provavelmente sabem sobre o ataque também. —
falo.
Estão muito calmos para o meu gosto.
— Por que acha isso? — pergunta folheando os papéis.
— Talvez porque eles não são otários, Victor. Os soldados ultimamente
andam soltos, sendo que Damen mantém todos numa coleira apertada. —
afirmo a verdade.
— Acho que não. Não são tão espertos assim. Eu sabia que era um
grande erro mandar você como espião para o território da Camorra. — me
repreende.
Fecho minhas pálpebras na tentativa de conter a raiva que cresce
dentro de mim.
— Quando isso acontecer, não diga que não avisei. — Sorrio
mostrando todos os meus dentes.

*****

Lembro da conversa que tive com meu irmão antes do fracasso.


— O que eu te falei? — rosno para meus irmãos, encarando bem cada
um.
— Sim. Falou. — Ian confirma me olhando com orgulho, apesar do
fracasso.
Nosso plano não era matar nosso primo Lucas, e sim os Davenport.
Mas não acho que eles merecem a morte.
— De todas as maneiras, Sharon estaria morto. — Victor rosna
analisando meu rosto, com ódio.
Sharon estava nos usando para chegar em nosso primo, e isso não tem
perdão.
— Descobri algumas coisas que podem mudar tudo sobre nossa
vingança. — digo olhando em cima do criado-mudo a foto de Gena, Lydia e
Anny sorrindo para mim enquanto eu fotografava.
— Agora você foi longe. — Ian ruge levantando-se da cadeira.
Victor faz um gesto para ele ficar calado e se manifesta.
— Por que você acha isso? — Cruza as mãos em frente ao corpo.
— O que deu o DNA? — indago. Espero que o resultado seja positivo.
— De quem é aquele DNA? — Victor questiona.
Se ele não acredita em mim agora, imagina se eu falar sobre a Gena.
— Qual o resultado? — estou ansioso.
— Positivo. — confirma.
Meu sangue some do rosto. Não pode ser verdade. Mas é. Eu tenho
uma irmãzinha e não posso tirar dela o seu marido. Ele é seu mundo.
— Rynce, você está em casa? — Lydia pergunta batendo na porta. Meu
sangue corre mais rápido nas veias. Será mais um mês sem contato com meus
irmãos.
— Você tem que voltar. — Victor ordena. Acho que ele está com mais
medo de me perder do que do resultado da vingança ser positiva.
— Acho que não. — Gena fala com toda a calma na sua voz fofa.
Desligo bem na cara do meu irmão, sem dizer uma palavra. Fecho meu
computador, guardando-o debaixo da cama. Em seguida abro a porta e lá está
minha irmãzinha e a garota mais quente que já vi, porém, complicada demais
para mim.
— Oi gatão. — Lydia me cumprimenta, beijando meus lábios
igualmente doces como o mel.
— Oi gata selvagem. — A beijo de volta.
As bochechas da Gena estão vermelhas de vergonha, então eu a beijo
lá. Ela sorri timidamente, mas devolve o gesto com um abraço delicado.
Ainda me surpreendo com sua delicadeza, sendo esposa de quem é. Minha
irmã! Olho bem o seu rostinho suave. Têm olhos da cor dos de Ian.
— Oi Ryn. — Gena cumprimenta passando por mim.
Oh, pequena! Se você soubesse que é uma princesa da Bratva e agora
uma rainha da Camorra.
— Oi fofura. — Dou-lhe um sorriso sincero, querendo abraçá-la e dizê-
la que tem irmãos, que é parte da minha família.
— Você vai nos levar para sair? — ela sorri timidamente enquanto olha
em volta do meu apartamento. Um apartamento simples, porém, bem
arrumado. Gosto das minhas coisas organizadas.
— Para onde? — Visto a camisa e percebo seu desconforto.
— Não sei. — as meninas falam juntas.
— Que tal um café e depois um sorvete? — Lydia sugere se jogando no
sofá.

*****
Meia hora depois estamos andando pelas ruas de Las Vegas, com as
garotas se divertindo. Almoçamos em um dos restaurantes mais luxuosos da
cidade e logo entramos na sorveteria.
— Quero dois de chocolate, por favor! Bem caprichado! — Gena faz
seu pedido.
Não gosto muito de sorvete, então fico apenas atento ao meu redor.
— Você não quer? — minha irmãzinha sorri daquele seu jeitinho
angelical.
Fico me perguntando como Deimon não a quebrou. Ele é um filho da
puta brutal.
— Não gosto muito de sorvete. — sou sincero.
— Eu gosto, já que nunca tinha tomado quando criança. — ela conta
tristemente.
— Você nunca fala sobre sua família. — Coloco a mão nas costas
delas.
— Não fale sobre esse assunto, garotão! — Lydia sugere cutucando
meu queixo.
— Estou bem. Minha mãe se suicidou porque não suportava mais
sofrer. — há uma dor na voz.
— E seu pai? — Faço pequenos círculos nas suas costas.
— Não sei quem é. Minha mãe fugiu dele quando descobriu que estava
grávida de mim. — afirma me dando um sorriso triste.
— Isso é triste. — Fico feliz por ela estar me dando as peças do quebra-
cabeça.
— O que mais vamos fazer? — Lydia muda de assunto e Gena
provavelmente fica muito triste lembrando o passado.
— Acho que voltar para casa. Hoje é meu aniversário e meu marido
deve estar aprontando alguma coisa. — Gena tem um sorriso genuíno ao falar
sobre o esposo.
— Parabéns! — falo calmamente.
— 21 anos. — Sorri.
Me divirto muito andando pelas ruas. Almoçamos juntos. Ryn é sempre
cuidadoso comigo. Me deixa feliz saber que ele tem o mesmo sentimento de
amizade por mim.
Meu celular toca dentro da bolsa e eu pego-o rapidamente, empurrando
o resto do meu sorvete na boca.
“Amor”.
O nome do meu marido aparece na tela do celular. Meu coração acelera
toda vez que o vejo.
— Oi, amor. Onde você está? — pergunto.
— Em casa. Cadê você? — indaga com um tom de preocupação em sua
voz rouca, mas ainda assim suave.
— Saí com a Lydia e o Ryn. — conto.
— Onde exatamente você está? Vou até você, anjo. — Bate uma porta.
Dou as instruções corretamente e depois de um tempo Deimon
estaciona o seu McLaren P1 GTR na nossa frente, incrivelmente sexy. Sorri
para mim, saindo do carro. Meus lábios se abrem num sorriso gigantesco.
— Oi, anjo. — Beija minha boca, me apertando junto ao seu corpo
grande.
— Oi. — Suspiro respirando pesadamente contra seu peito musculoso.
— Fiquei preocupado quando cheguei em casa e você não estava. —
Beija meus lábios rapidamente enquanto encara Rynce duramente.
— Anny não falou que saímos? — pergunto tocando seu tórax,
chamando sua atenção para mim.
— Ela saiu. — Beija meus cabelos.
— Desculpe! Nós resolvemos sair. Eu devia ter avisado a você. —
profiro com tristeza.
— Não se preocupe. Hoje é seu aniversário anjo, então vamos
comemorar! — responde para mim, mas seus olhos estão no meu amigo.
— Guarda esse olhar mortal. Nós que fomos buscá-lo. — Lydia diz
remexendo o quadril levemente na nossa frente.
— Não foi culpa dele, meu amor. — digo e sua visão volta para mim.
Ele balança a cabeça, afirmando.
— Tenho um presente para você em casa. — Deimon volta sua atenção
para mim.
— Vocês vão ficar bem se eu for? — pergunto para meus amigos.
— Não tem problema. — Rynce garante.
Me desembaraço do meu marido, dando um abraço apertado nele, que
me ajuda a entrar no carro.
Chegamos em casa e tem um carro estacionado com um de buquê
enorme em cima do capô preto e sem brilho. É um Mercedes com uma faixa
escrita “Feliz aniversário, anjo”.
Minha boca cai aberta e meus olhos enchem de lágrimas.
— Oh, amor! — Começo a chorar.
— Isso significa que você gostou? — Me abraça forte capturando
minha boca num beijo feroz.
— Sim! — Sorrio e pulo em seus braços, enrolando as minhas pernas
na sua cintura enquanto beijo seus lábios com ganância.
Eu fiquei com um pouco de ciúme quando Anny ganhou vários carros.
Eu gostaria de ter um só para mim. Desde que aprendi a conduzir, ele me
prometeu um. Fico tão feliz que começo a chorar.
— Shhh, anjo! Faço tudo por você. — fala no meu ouvido.
Às vezes a pessoa certa não existe. Somos todos errados e temos que
buscar alguém que aceite nossas imperfeições e nossos defeitos, e eu
encontrei alguém sem estar procurando.
— Obrigada, amor! — sussurro entre soluços.
— De nada. Vem! Tenho mais uma coisa para você. — Me coloca no
chão, limpando minhas lágrimas com as pontas dos dedos, e beija os meus
lábios rapidamente.
Me conduz direto para o nosso quarto. Em cima da cama tem uma
bandeja cheia dos meus doces favoritos e um bolo de chocolate — o que mais
gosto. — Me viro para meu esposo, que está encostado na parede me
observando com um sorriso no rosto. Meus olhos lacrimejam novamente.
Fiquei triste quando disse que tinha que sair para resolver alguns assuntos no
trabalho justo no dia do meu aniversário, porém, preparou uma surpresa para
mim. Caminho até ele passando os braços em volta da sua cintura e
escondendo o rosto em seu peito.
— Obrigada!
Deimon apenas sorri e me abraça de volta. Procuro seus lábios e dou
pequenos beijos em seu rosto, fazendo-o sorrir.
— Em toda a minha maldita vida, nunca pensei que ficaria feliz vendo
um sorriso em seu rosto. — sussurra em meu ouvido.
Levanto meus olhos, encontrando os seus verdes. Eu amo esse homem!
Tenho medo de falar em voz alta e perdê-lo.
— Você me faz feliz. — murmuro ao invés de dizer o que realmente
sinto.

*****

Deliciei-me com as guloseimas e depois fizemos sexo. Meu desejo por


ele só aumenta a cada dia que passa. É algo inexplicável.
— O que foi? — pergunto assim que entro na sala e encontro Anny
debruçada sobre seu notebook, teclando violentamente.
— Lembra da Amélia? — questiona sem desviar a visão da tela.
Amélia é uma amiga dela que passou uns três dias aqui quando estava
fugindo para a Rússia. Se escondeu de um traficante obcecado por ela. É
linda e parece uma princesa da Disney com seus grandes olhos azuis e
cabelos negros como a meia-noite.
— O que tem ela? — fico preocupada.
Amélia é delicada e ao mesmo tempo segura das suas decisões. Ficou
com a gente uns três dias antes de retornar à Moscou, quando veio ver as
amigas pela segunda vez.
— Ele descobriu onde ela está? — pergunto à Anny, que no momento
olha para os filhos brincando à sua frente.
— Não! — diz com uma voz calma, mas firme, quando Bernardo puxa
os cachos do Romero.
— Desculpa, mama! — murmura com aqueles olhos grandes,
envergonhado.
— Não se desculpe, comigo. Peça ao seu irmão! — ela repreende e
assim ele faz.
— O que vai fazer? — Observo a tela do notebook.
— Vamos avisá-la. — Me olha. — Me empresta seu computador? —
pergunta ansiosa.
— Já volto.
Subo para o quarto, pego meu notebook e desço rapidamente,
entregando para ela.
MOSCOU, RÚSSIA

Hoje faz 21 anos que a minha mãe morreu queimada dentro de um


fodido carro por aquele maldito filho da puta miserável. Roy vai pagar pelo
seu erro. Vou matá-lo lentamente e somente quando estiver morto terei paz.
Vê-lo sangrar aos meus pés será a minha maior recompensa. Não terá
tamanho. O meu sangue corre mais rápido pelas veias como veneno, cheio de
adrenalina. Estou louco para colocar as mãos neles. Eu e meus irmãos vamos
banhar no sangue dos seus dois filhos. Rasgaremos cada um deles. Vou fazê-
lo sentir o que sentimos quando perdemos o que mais importava em nossa
vida.
Faz pouco mais de 12 anos que me tornei capo. Desde então coloco o
meu plano em prática: matar a família mais poderosa dos EUA. Não sobrará
ninguém para contar a história quando eu terminar com eles. Esse é o plano.
Vikkito Ricci é um dos meus homens mais fiéis e me mantém
informado de tudo que preciso saber para o meu novo plano desde que o
ataque de Sharon falhou miseravelmente. Mesmo se a Camorra não tivesse o
matado, eu mesmo teria feito isso com as minhas próprias mãos.
O que me preocupa é como eles conseguiram acabar com mais de 30
homens misteriosamente. Ainda não consigo entender. O plano inicial era
matar Damen e o seu irmão, e deixar Roy fodido Davenport para mim, no
entanto, Sharon tentou me usar desde o início. Não funcionou e tirei os meus
homens a tempo. Seu intuito sempre foi matar o meu primo Lucas.
Hoje está sendo um dia triste, mas fingimos que nada aconteceu, pois
somos homens feitos, e exatamente por isso sofremos em silêncio. Estamos
os três sentados em volta da mesa de reunião, olhando um para o outro,
quietos.
Yore está me deixando preocupado. Faz mais de quatro meses que não
entra em contato comigo. Não sei o que está acontecendo. Suas ligações são
curtas e sem nenhuma informação importante. Já ordenei que voltasse, mas
como sempre, me desobedece.
— O senhor precisa de mais alguma coisa? — Amélia pergunta para o
meu irmão Ian, com a sua voz suave.
— Não, Amélia. Pode ir! — ele responde educadamente.
Todos a tratam bem. Ela é minha. É a única que não sabe ainda, mas
em breve saberá. Desde o momento em que coloquei os meus olhos nela
servindo café, se tornou minha. Sigo-a todos os dias desde então, e quando
estou ocupado, um dos meus homens cuida da sua proteção. Nem conto mais
quantos já matei por estarem atrás dela.
Amélia se despede saindo rapidamente, me expondo a sua bunda
perfeita numa saia lápis sexy. O meu pau se contorce dentro da calça.
Um celular começa a tocar, me tirando dos meus devaneios, e procuro
o aparelho. Encontro-o debaixo de alguns papéis, em cima da mesa. Amélia
esqueceu o celular quando saiu. “Gena Davenport” é o nome que aparece na
tela. O meu sangue ferve ao ver esse sobrenome justo hoje. Olho para os
meus irmãos e nos seus rostos estão refletidos o meu ódio.
— Desculpa, senhor! Esqueci meu celular. — Amélia diz entrando na
sala, observando o aparelho em minha mão, que começou a desligar.
— Quem era? — pergunta tentando ligá-lo. Sem sucesso.
— Gena Davenport. — falo entre dentes, tentando controlar a raiva,
mostrando que ela acabou de ser descoberta. Mas para a minha surpresa, não
se assusta, nem percebe o ar crepitando em volta da sala.
— Oh, meu Deus! Posso usar o computador, senhor? É importante. —
questiona torcendo a mão em um gesto nervoso.
— Pode. Mas tem um pequeno problema: todos nós veremos com
quem você está falando. — Aponto em direção ao computador, que é ligado
ao telão da sala de reunião.
— Não tem problema. Obrigada! — Corre para o notebook e senta na
cadeira, digitando furiosamente no teclado e ligando uma chamada de vídeo
rapidamente.
— Graças a Deus que você está viva! Precisa sair da Rússia agora! —
uma mulher extremamente linda, parecendo uma boneca de tão perfeita,
aparece digitando furiosamente em outro notebook.
— Por quê? — Amélia pergunta em português rapidamente.
— Lucas me ligou há pouco dizendo que ele fugiu. Lamento te contar
isso, porém, o mais provável é que esteja indo atrás de você. — explica em
português.
A minha mãe era brasileira, então sabemos o idioma. Falamos
fluentemente como uma forma de nunca esquecermos as raízes.
— Oh, meu Deus! Ele não pode vir aqui! Tem aquele negócio com a
máfia russa. — afirma quase entre lágrimas.
Isso me chama a atenção. Encaro meus irmãos e eles estão prestando
atenção na conversa com o mesmo interesse que eu.
— Sim. Ninguém sabe muito sobre a máfia russa. Amélia, estamos
preocupadas. — a moça do outro lado completa.
Mas quem está atrás dela?
— E se ele já estiver aqui? — está quase chorando.
Os meus olhos não saem do seu rosto.
— O meu irmão vai tentar falar com os russos.
Como o irmão dela vai entrar em contato com a gente?
— O que eu faço? — Amélia indaga.
Oh, minha querida! Você não vai a lugar nenhum.
— Você vem para Las Vegas! Temos um pouco de tempo até ele
chegar até você. Não deixei rastro seu. — a mulher responde.
Só sobre o meu cadáver ela vai para Las Vegas!
— Não quero colocar vocês em perigo. — minha garota diz enxugando
as lágrimas que descem pelo seu lindo rosto delicado.
— Confia em mim! Não estaremos em perigo. — a moça fala com um
sorriso estranho no rosto.
— Você tem certeza? — Amélia questiona.
Ela está mais segura comigo e não vai sair da Rússia.
— Estou monitorando todos os aeroportos apenas por precaução, pois
ele não vai usar um provavelmente e vai embarcar num avião particular. — a
mulher reflete. É esperta demais para o meu gosto! — Espera um pouco. A
Gena está chegando. Vem dizer um “oi” para a Amélia!
Ela não é a Gena? Quem é? Se eu não tivesse recusado as fotos das
mulheres, eu saberia exatamente.
— Afasta um pouco. Oi, Amélia. Como está? — uma voz idêntica a da
mamãe fala antes do seu rosto exatamente igual encher a tela.
Solto uma respiração aguda. Não pode ser! Devo estar ficando louco.
Ela é uma cópia da minha mãe. Os meus irmãos estão todos hipnotizados
analisando a garota de sorriso gentil da chamada de vídeo.
— Estou bem. — Amélia afirma.
— Vamos buscar você. Ryn vai ficar com as crianças. — Gena
responde sorrindo do mesmo jeitinho que mamãe fazia quando tentava nos
acalmar.
— Eu posso pegar um voo comercial. — minha garota sugere.
— O que você acha, Ryn? — Gena pergunta com um sorriso e muita
doçura, olhando para trás.
A minha visão não sai do rosto da garota. Não consigo desviar o olhar
dela.
— De quem vocês estão falando, princesa? — essa é a voz do meu
irmão.
Tento manter a expressão neutra, mas pela primeira vez parece difícil.
— Scarface. Ele é russo, um traficante de drogas do Rio de Janeiro. —
minha garota informa.
Eu não sabia que estava fugindo de alguém. As minhas informações
sobre ela são poucas.
— Porque ele não pode entrar na Rússia? — meu irmão pergunta
curiosamente.
— Não sei muito. Apenas sei que ele traiu os caras grandes. — Amélia
admite.
Isso me deixa em alerta. Só tem uma pessoa que me traiu.
— Esse não é o nome dele. — a mulher com cabelos exóticos afirma.
Muito perspicaz.
— Você está certa. Quando chegou à essa conclusão? — Yore indaga.
Sempre fazendo as perguntas certas.
— Se eu estivesse fugindo da máfia, mudaria tudo para ficar totalmente
diferente, começando pelo nome, uma das mudanças mais importantes.
Fugiria para outro território, um mais improvável. A máfia brasileira e a russa
são aliadas, e mesmo não tendo laços estreitos, ainda assim somos primos e
aliados de longa data. A Bratva não pensaria nessa possibilidade. — ela
responde olhando diretamente o meu irmão.
Muito inteligente. Como sabe tanto sobre nós?
— Como você sabe tanto sobre a Rússia? — Yore parece desconfiado.
Ele tem que vir embora. Se a moça sabe sobre isso, deve saber que ele é
um traidor infiltrado.
— Não sei muito, só o que o meu irmão me contou. Aquele idiota
também não sabe muitas coisas. — ela resmunga colocando o cabelo atrás
das orelhas.
— Você é uma princesa da máfia. Por que ninguém sabe sobre você ser
irmã do Lucas? — meu irmão questiona.
— Não gosto da minha vida exposta mais do que já é. Mas vamos
voltar para o assunto mais importante aqui: como ele vai entrar na Rússia sem
os caras grandes perceberem? Só existe uma maneira para isso: alguém de
dentro está ajudando-o. — ela pressupõe.
Tem uma boa teoria e pode estar certa. Essa mulher não é só um rosto
bonito, é também inteligente e estratégica.
— Eles devem estar planejando isso há um tempo. — outra garota
aparece empurrando Yore para a frente da tela. Essa eu já tinha visto antes, é
a Lydia.
— Presta atenção, Amélia! A gente vai buscar você. Até lá, não fique
sozinha. Entendeu? — ordena autoritária.
— A gente vai ligar de quatro em quatro horas. Não se preocupe. Nada
de ruim vai te acontecer. Se for preciso, vamos entrar em Moscou e tirar você
daí e talvez matar alguns desses bastardos. — Lydia fala.
Garota atrevida! Nem sabe quem somos. Se soubesse, nem precisaria
entrar em contato.
Os meus irmãos estão me analisando com as sobrancelhas levantadas.
— Obrigada, Gena, Anny e Lydia! — Amélia agradece.
Conforme ela foi falando os nomes das garotas, elas foram acenado
com a cabeça. Em seguida encerra a chamada, ficando calada e observando a
tela preta.
— Você está bem? — pergunto em russo.
Ela não sabe que pude entender toda a conversa, mesmo misturada com
o inglês e o português.
— Sim, senhor. — confirma sem me olhar nos olhos.
— Não gosto de mentiras, Amélia. A verdade! — repreendo com a voz
que uso com os meus homens.
A garota estremece, mas não diz uma palavra. Pega o celular em cima
da mesa, caminhando para a saída, e assim que chega na porta, a bloqueio.
Ela tenta abrir a passagem, mas quando percebe que está trancada, vira-se em
nossa direção, com as sobrancelhas juntas e o rosto irritado.
— O senhor pode abrir a porta, por favor? — pede em um fio de voz.
— Não, querida. Agora sente aqui! — mando apontando para a cadeira
à minha frente.
— Não. Isso é um problema pessoal. — rebate ainda encostada na
porta, como se estivesse com medo de mim.
— Querida, não me faça ir pegar você. — rosno.
Não gosto de desobediência, porém, ela continua no mesmo lugar,
como uma garota petulante.
— Vou ficar onde estou e não vou sair daqui. Você não tem esse
direito. — ofega ao terminar de falar.
Isso, pequena! Eu sou um leão e você uma gazela.
— Tenho e posso fazer o que quiser nesse país. — Cruzo minhas mãos
em cima da mesa.
— Não. — nega novamente.
Levanto-me e sinto os olhos dos meus irmãos em mim, queimando
sobre a minha pele.
— Venha aqui, Amélia! — rosno fazendo-a estremecer novamente,
mas não sai do lugar, apesar do medo evidente.
— O senhor não tem esse direito. Me deixa sair? Por favor! —
murmura baixinho.
Chego perto como um leão se aproxima da sua presa, agarro a sua
cintura, jogando-a por cima do meu ombro, e ela grita tentando se soltar, o
que é inútil. Aceno para Ian abrir a porta e a garota continua suplicando para
ser colocada no chão.
— Me solta! Você não tem esse direito! — exclama tentando se livrar
de mim novamente.
Dou um tapa na sua bunda, bem forte, e ela dá um grito em surpresa.
— Vo.... c... ê... não fez... N... ão... po... de... fa... zer... isso. — ofega
contra as minhas costas enquanto segura a minha bunda. Posso sentir o cheiro
da sua excitação, apesar do seu nervosismo.
— Posso. Você é minha desde o momento em que a vi. — afirmo e lhe
dou outro tapa, deixando-a quietinha, com a respiração acelerada e excitada.
O meu pau se contorce louco por ela, para deslizar na sua boceta molhada
para mim.
— Não. — murmura fracamente me mordendo as costas, que
estremecem.
Continuo andando. Uma mordida não vai me parar, pois já sofri dores
piores, e a maioria delas proporcionadas pelo meu pai.
— Se você não parar de se debater, vou levantar a sua saia e bater na
sua bunda até deixá-la completamente vermelha. — rosno dando palmadas no
seu bumbum novamente, porém, com mais força.
— Oh, meu Deus! — ofega, contudo, fica quieta e respira pesadamente.
— Não, querida. Sou apenas eu. — Acaricio a sua bunda redonda.
— Você está me apalpando? — pergunta indignada.
— Sim. Estou apenas conferindo o que é meu. — Subo a minha mão
por baixo da saia apertada dela.
— Eu. Não. Sou. Sua. — rosna pausadamente cada palavra.
— Sim. Você. É. Minha — rebato igualmente.
Não tenho mais tempo para levar as coisas com calma. Já esperei
demais. Ela será minha.
Ian abre a porta do carro e eu deposito uma Amélia chateada no banco
de trás, que me lança no momento olhares mortais.
— Você não tem esse direito. — fala arrumando os cabelos pretos atrás
da orelha. Suas bochechas estão coradas.
— Eu tenho e eu posso. — Travo as portas quando ela tenta abrir.
— Idiota! Estúpido! Arrogante! — resmunga em português, mas eu
finjo não entender nada do que está falando.
— O que você disse? — Encaro dentro dos seus olhos azuis.
— Não é da sua conta! — exclama.
Ela começa a lacrimejar e depois funga. Em seguida vira o rosto para o
outro lado, me ignorando, mas é inútil.
— É da minha conta, princesa, porque eu sou capo dessa porra! —
rosno olhando feio para ela. Os seus olhos ficam arregalados em surpresa.
— Oh, meu Deus! Você é um criminoso! — murmura tentando abrir a
porta do carro novamente, porém, não há como fugir, e logo vai descobrir
isso.
— Exatamente. Sou um criminoso, assassino, traficante... Como você
quiser me chamar. Sou todas essas coisas, princesa, e você será minha
esposa. — Dou-lhe um sorriso sombrio.
Ela fica tão quietinha que nem parece estar respirando.
— O que você quer comigo? — sussurra num fio de voz quase chorosa,
contudo, isso não me comove. Lágrimas e súplicas são as coisas que mais
ouço ao longo do dia.
— Nada de mais. — respondo.
Ela só terá que me dizer qual a relação dela com os malditos Davenport
e ser minha esposa. Simples.
— Então me deixa ir embora! — pede me fitando com uma raiva mal
disfarçada.
— Você já era minha mesmo antes de saber. — digo sem rodeio.
Nunca fui um homem de suavizar as palavras.
— Eu não sou um objeto para ser de alguém, senhor Stepanov. —
rebate entre dentes.
Eu sei que ela não é um objeto ou qualquer uma, no entanto, é assim
que as coisas são.
— Eu nunca disse isso. — Entro na garagem subterrânea da mansão.
— Não precisa me falar nada. As suas ações me dizem tudo que preciso
saber. — rosna para mim.
Se fosse qualquer outra pessoa fazendo isso, eu a esfolaria viva e
depois cortaria a sua garganta, e ainda a assistiria se afogar no próprio
sangue. Porém, aqui está Amélia, viva e deslumbrante com todas as suas
curvas perfeitas e tentadoras.
— Vamos, anjo! Chuta mais alto! — tento incentivá-la a se esforçar
mais um pouco.
Não quero que minha esposa seja uma presa fácil justamente quando a
Bratva está sendo uma dor na bunda. Precaução nunca é demais. Gena é a
mulher mais segura de Las Vegas, porém, prevenir é sempre bom. O filho da
puta que ousar encostar o dedo na nela, já pode considerar isso suicídio. A
diferença é que não será indolor, mas sim extremamente doloroso.
— Estou tentando, amor. — murmura exausta tentando acertar a minha
cabeça com um chute, que apesar de ser bem colocado, precisamos trabalhar
mais no seu ataque.
Ela tem que ser mais precisa e com um pouco mais de agilidade. Isso
vai acontecer com o tempo.
— Mantenha a guarda levantada e use os braços para bloquear. —
instruo novamente quando ela baixa a guarda.
Ela está cansada, no limite, mas aprende rápido. Lydia e Anny são boas
professoras e a ensinaram direitinho. Gena teve uma evolução veloz, no
entanto, preferi eu mesmo assumir seu treinamento quando percebi que ela é
natural lutando. Achei que quando aprendesse a se defender, os ataques de
pânicos parariam com o tempo, mas não aconteceu. Está mais confiante,
contudo, não tanto como eu gostaria, mas já é um começo. Já tem coragem o
suficiente para iniciar o sexo, o que no começo do nosso casamento morria de
vergonha de fazer.
— Preciso descansar. — Mira um chute nas minhas costelas, que eu
bloqueio com o meu braço.
— Você não acertou um chute, anjo. — aviso.
Estou sendo injusto com ela, mas a quero sempre segura. Ter alguém
em que você se importa nesse mundo é perigoso demais, porém, é um risco
que estou disposto a correr.
— Você está sendo injusto. — Um soco seu passa raspando no meu
queixo e eu sorrio com a sua pequena demonstração de raiva.
— Melhor. — falo.
Gena não gosta quando treinamos no ginásio, pois foi em um desses
que ela viu seu fodido pai pela última vez. Quero que ela mate cada um dos
seus demônios. O seu passado tem que ficar onde ele pertence, não no futuro.
Se eu tiver que empurrar um pouco, vou fazer isso, sem culpa ou remorso.
— Você está tentando se livrar de mim? — pergunta me dando um
sorriso angelical e logo depois chutando minha barriga, me fazendo
estremecer levemente. Não foi um chute forte, nem perto de me machucar.
— Bem pensado, esposa. — Me sento no chão.
Gena senta na minha frente, cansada. As suas bochechas estão
vermelhas e o corpo molhado de suor.
— De nada. — Passa a toalha em todo o rosto.
— Quero te ensinar uma coisa nova hoje. Você está muito cansada? —
Direciono minha visão para os ganchos pendurados em cima do teto e ela
segue o meu olhar.
Estremece negando com a cabeça.
— Acho que não estou pronta para isso. — murmura.
Resquícios de pânico chegam aos seus olhos esmeraldas. Ela tem pavor
de ser restringida, mas precisa disso para se livrar daquele filho da puta de
uma vez por todas.
— Eu nunca forçaria você além do seu limite, no entanto, precisa
vencer isso. — Toco sua mão, que está tremendo levemente.
— Eu sei. — confirma baixinho se arrastando na minha direção e
depositando a cabeça no meu ombro. Respira ainda ofegante.
— É só dizer para parar e assim eu faço. — Passo meus braços em
volta da sua cintura, puxando-a para mais perto.
— Ok. — concorda ainda mais fatigada.
Acaricio suas bochechas, beijando a sua testa com carinho. Me levanto
trazendo-a comigo. Gena está apreensiva, o seu corpo está tenso e os seus
olhos estão selvagens. Seguro o seu corpo pequeno contra mim, acalmando o
nervosismo dela.
— Se não quiser, não precisa fazer isso hoje, apenas outro dia. —
sugiro.
Quero que ela supere os seus demônios, mas não vou forçá-la muito
além dos seus limites. Desenhei uma linha aí.
— Eu quero. — responde num murmuro, me olhando com confiança.
Nunca faria nada para trair essa confiança.
— Tudo bem. — Beijo seus lábios carnudos.
Gena acena com a cabeça, afirmando, e eu prendo os seus pulsos sem
tirar os meus olhos do seu rosto, monitorando todas as suas reações. Não vou
vê-la sufocando nunca mais. Ela fica ansiosa analisando as correntes em seus
pulsos.
— Quero lhe mostrar que mesmo estando amarrada, você pode se
defender. Se o seu inimigo chegar perto o suficiente, pode matá-lo com as
pernas. — Subo as correntes.
— Como assim? — sussurra chorosa. Os seus lindos olhos brilhando
com lágrimas fazem o meu coração apertar.
Seguro as suas pernas, mostrando-a que não tem nada a temer, e ela
relaxa um pouco quando os seus braços não seguram o peso do seu corpo.
— Se você conseguir passar as pernas em volta do pescoço do seu
oponente, pode matá-lo sem usar muita força. — Mostro-a como fazer e ela
presta atenção em tudo.
— Segure nas correntes com força enquanto estrangula o seu oponente.
Preste bastante atenção e nunca subestime o seu inimigo. — instruo.
Isso é uma lição importante. Nunca devemos achar que somos
invencíveis. Temos que estar sempre trabalhando para não cair num estado
cômodo e confortável. A maioria das mulheres solta o seu oponente cedo
demais, o que é um erro muito grave que geralmente custam as suas vidas.
— Amor! — reclama com um pequeno sorriso vacilante.
— Se depender de mim, você nunca passará por isso, mas caso
aconteça, saberá como se defender. — Libero as suas mãos e a desço com
cuidado, a depositando no chão.
— Não sei se consigo matar alguém. — é sincera.
Ela é uma mulher naturalmente gentil, com alma de anjo, então isso
não me surpreende.
— Eu sei. Apenas lembre-se que a pessoa que está lá vai te matar. —
Puxo-a para o meu colo.
— Mas se eu o matar, como vou me soltar depois? — Se senta em meu
colo.
— Outro dia te mostro. Vamos! Você está muito cansada. — Levo-a
nos meus braços.
— Obrigada por ser paciente. — agradece beijando meu rosto e o meu
coração faz aquela coisa estranha novamente.
— Não quero nada tocando você, anjo. Farei de tudo para protegê-la.
Matarei, mutilarei e destruirei todos sem piedade. — Toco a minha testa na
sua.
Gena suspira passando os braços em volta do meu pescoço e beija o
meu queixo com carinho. Nesses últimos meses descobri uma mulher
diferente, cheia de vida, encantadora, sexy e principalmente feliz. Vê-la
crescer me enche de uma felicidade sem tamanho. Eu sei o significado dos
meus sentimentos pela minha esposa, mas simplesmente não consigo admitir
em voz alta. Toda vez que estou dentro dela, quase falo as palavras.
— Eu sei. Por isso que te amo! — Gena sussurra baixinho, me
encarando.
Congelo. O seu corpo pequeno também congela em meus braços e a
sua respiração acelera. Os seus olhos estão arregalados, como se tivessem me
contando um segredo acidentalmente.
— Deimon! — murmura baixinho, quase que inaudível, e eu aperto-a
contra o meu corpo, capturando a sua boca num beijo feroz, exigente e
desejoso. O meu sangue corre veloz pelas minhas veias.
— Eu também te amo, pequena! — digo assim que afasto a minha boca
da sua. Os seus olhos enchem-se de lágrimas e ela chora baixinho. — O que
foi pequena? — Me sento em um dos sofás que instalamos para o conforto
das crianças.
— Eu... E... E... Não acredito que você me ama. — sussurra embargada
de felicidade e beija os meus lábios.
Sorrio triunfante. O amor nos deixa vulneráveis.
— Eu te amo, pequena! — Beijo seu pescoço elegante e vou descendo.
Depois de fazer amor com o meu marido, eu estou suada e muito feliz.
Deimon disse que me ama. As nossas respirações aceleradas, a minha
bochecha pressionada contra o seu coração, a sua mão deslizando pelos meus
cabelos carinhosamente... Eu o amo com todo o meu corpo, alma e coração.
Beijo os seus lábios, chorosa e muito emocionada. A alegria está
transbordando de dentro de mim como um vulcão em erupção. Nunca estive
tão feliz como estou nesse momento.
— Vamos, anjo! — meu marido pede afastando o cabelo do meu rosto.
— Preciso de um banho. — Me levanto do seu colo e cubro os
meus seios com as mãos. Se alguém entrar, me verá nua.
— Ninguém ousará entrar aqui, anjo. — Meu esposo afasta as minhas
mãos dos meus seios, passando o polegar por cima dos mamilos.
Me afasto vagarosamente. As minhas pernas estão cheias com a
liberação dele.
— Sério? — pergunto.
Deimon pode pensar assim, mas eu não confio nisso. Há uma
possibilidade acontecer e não quero que outro homem me veja nua.
— Sim. Agora vem! Vamos banhar. — me chama e entramos no
banheiro.
Ele liga a ducha e a água cai no piso. Prendo o meu cabelo num coque
em cima da cabeça para não molhá-lo.
— Podemos almoçar em casa? — Passo o sabonete em meu corpo.
Essa semana toda estamos sempre saindo para almoçar fora, mas quero
passar um tempo com as meninas, ter um dia das garotas.
— Podemos sim, anjo. — responde.
Ele me toma o sabonete líquido e passa em meu corpo. Os seus dedos
tocam a minha intimidade e pequenos arrepios familiares se espalham pelo
meu centro.
— Deimon! — suspiro ofegante, apreciando o seu carinho sobre o meu
corpo.
— Se inclina para a frente! — ordena me mordendo a orelha.
Faço o que pede. A sua ponta desliza suavemente para dentro de mim e
eu gemo quando ele empurra mais fundo. Os seus golpes suaves e constantes
no meu canal molhado aumentam o meu prazer e eu ofego gemendo. Meu
canal o aperta quando gozo fortemente com as minhas mãos apoiadas na
parede.
Depois que terminamos de banhar, voltamos para casa. Agora estamos
todos sentados à mesa, conversando animadamente. A mão do Deimon na
minha perna numa presença constante fazem pequenos círculos em minha
coxa.
— Nós vamos sair hoje à noite, só as garotas. — Anny informa
colocando comida na boca do Benjamin e sentado nas suas pernas.
Olho para Damen, que está alimentando sua filha, e ele para com a
colher em frente à boquinha rosadinha e aberta da Beatriz, que espera
ansiosamente pela comida. A sua visão está na sua mulher, com as
sobrancelhas juntas. Não gostou da ideia.
— Como? — meu cunhado pergunta estreitando os olhos exóticos em
direção à esposa.
— Eu preciso sair e me divertir, amor. — minha amiga afirma
limpando a boca do filho enquanto ele boceja esfregando os olhos da mesma
cor que os do pai.
— Eu sei. Vou pensar em alguma coisa. — Damen fala voltando a
atenção para a filha.
— Você não entendeu, baby. Dia das garotas. Sem homens, amor —
Anny responde com firmeza.
Olho para Deimon, dando-lhe um sorriso tímido e esperando a sua
ajuda.
— Você quer ir, anjo? — Me observa com um pequeno sorriso.
— Sim, eu gostaria. — Limpo a boca do Bernardo com um pano.
— Não é assim, boneca. Vocês precisam de proteção. — Damen a
observa seriamente. Sua expressão não admite objeção.
— Por que somos mulheres? Não precisamos. Sabemos nos cuidar. —
Anny rebate.
— Ficaremos bem. — falo fitando meu marido.
— Eu posso concordar, no entanto, Jasper vai estar lá para cuidar de
vocês. — meu cunhado dá o veredito final.
— Tudo bem. Espero que ele vire um fantasma, pois não quero vê-lo.
— minha amiga exige.
Eu não me importaria se o meu marido fosse, e até gostaria que ele
estivesse lá. Não costumo ficar muito tempo longe dele, contudo, isso é um
passo para superar os meus medos.
— Vou deixar o Rynce atento em você. — Deimon murmura ao pé do
meu ouvido, beijando-o levemente e me causando arrepios.
— Tudo bem. — Sorrio de volta, feliz. Me sinto à vontade com Rynce.
— Jasper vai estar bem perto de vocês. — Damen afirma embalando a
filha nos braços, a pressionando contra o peito e depositando um beijo em sua
bochecha gordinha.
— Não mesmo! Ele pode ser um fantasma, não me importo, mas ser
minha sombra está fora de cogitação. — Anny reclama batendo o pé.
— O seu subchefe pode ficar bem longe de mim. — Lydia entra na
cozinha, com um dos seus shorts jeans curtinhos.
— Lá vem vocês dois novamente! — meu marido fala e Lydia ignora
simplesmente colocando salada e frango assado no prato e sentando à minha
frente.
— Essas são minhas condições. — meu cunhado é firme.
— Não. Deixe o Rynce de folga hoje. Ele cuida da nossa proteção. —
Anny sugere.
Eu gosto do jeito dela e desejo um dia poder ser assim. Não sei por que
elas precisam de proteção, pois sabem se defender de qualquer ataque melhor
que ninguém. Damen e Deimon trocam um olhar estranho.
— Vocês vão me deixar louco! — meu cunhado afirma passando as
mãos pelos cabelos num gesto de nervoso.
— Vem, anjo! — meu marido puxa a minha mão e caminhamos para
cima.
— Está tudo bem? — Me sento na cama.
— Sim. Você tem certeza que quer ir hoje? — Beija os meus lábios
rapidamente.
— Eu gostaria que você fosse comigo. — Encosto-me ao seu corpo
grande.
— Ok. Vou estar lá. No entanto, vou observar de longe.
O que eu mais amo nele é que sempre pensa em mim primeiro, no meu
bem estar, e se eu me sinto confortável.
— Obrigada, amor! — Sorrio.
— Não há de que, anjo. — Esfrega seu nariz no meu pescoço.
— Você se importaria se eu fizesse faculdade à distância? — pergunto
rapidamente.
Eu gosto muito de fotografia e gostaria de fazer um curso ou uma
faculdade relacionada a isso. Não sei ainda.
Deimon me analisa por um longo tempo, me deixando completamente
envergonhada com a sua avaliação minuciosa. Abaixo os meus olhos para as
minhas mãos, que começam a suar.
— O que você quer? — Escorrega na minha frente.
Levanto o meu olhar ao encontro do seu.
— Eu gosto de fotografia. Gostaria de me aprofundar mais no assunto.
— respondo esfregando as mãos na calça.
— Tudo bem, anjo. — Sorri para mim de forma reconfortante e eu
respiro aliviada.
Nunca imaginei que a minha vida poderia mudar para melhor.
— Obrigada, amor! — Beijo seus lábios.
— Vou descobrir uma maneira de você fazer isso e continuar segura.
— Abraça-me.
— Eu sei que sim. — confirmo. Eu sei que Deimon encontrará uma
maneira de me deixar fazer faculdade.
Os seus lábios tocam a ponta do meu nariz num beijo doce.
DOIS DIAS ANTES DO CASAMENTO DA ANNY

Preciso entrar em contato com os meus irmãos, mas não tenho certeza
se é sensato fazer isso agora. Eles não vão entender as coisas que descobri
sobre a nossa mãe. Contudo, preciso voltar para casa. Damen e Deimon já
estão de olho em mim, e é uma questão de tempo até eles descobrirem quem
sou — se é que já não sabem e estão apenas querendo saber os meus
objetivos. — Se isso acontecer, estarei morto e pedaços meus serão entregues
à minha família em sacos plásticos, e aí será uma espiral infinita de matança.
Mas agora eu tenho uma irmãzinha para pensar e proteger.
@Lydia: Estou indo te ver.
@Eu: Estou te esperando.
Visualizo a mensagem de Lydia por vários minutos e meu
subconsciente me avisa que o meu tempo havia se acabado. Fico me
perguntando se ela me mataria sem pensar duas vezes. Vejo as inúmeras
mensagens e ligações dos meus irmãos — todas ignoradas. — O que eles
estão pensando? Talvez que resolvi traí-los.
Meia hora depois Lydia bate na porta. Ela tem a chave do apartamento.
Por que não usou? Pego uma arma na gaveta, retiro a corrente e vejo ela e
Anny paradas à minha porta. Levanto a sobrancelha para a garota do capo:
uma mulher difícil, porém, tem o meu respeito e gosto bastante dela.
Podemos dizer que nos tornamos amigos.
Beijam o meu rosto e entram em meu apartamento. Vejo as armas na
parte de trás das suas calças assim que tiram os casacos, se sentando.
— Oi, Yore. — Anny cumprimenta calmamente.
Nenhuma delas pegou a arma, então isso significa que não estou
totalmente ferrado. O meu sangue gela. Caminho lentamente, sentando no
sofá logo em frente. Me fazer de ingênuo ou desentendido não funciona com
elas.
— Como você descobriu? — questiono pensando nas minhas opções.
Preciso fugir sem matá-las.
— Tenho os meus meios. — Anny inclina-se para a frente.
— Você me usou? — Lydia pergunta passando as mãos pelos cabelos
negros num gesto nervoso.
— Não. — sou sincero.
O capo não está aqui. É um bom sinal.
— O que um mafioso russo da elite faz como o barman de uma boate?
— Anny me analisa atentamente.
Mantenho o meu rosto calmo, mas por dentro estou nervoso.
— Eu estou aqui há quatro anos. Sou o filho mais novo do antigo capo
da Rússia. Há mais ou menos 22 anos minha mãe morreu carbonizada num
acidente de carro, e isso era tudo o que eu e meus irmãos sabíamos sobre o
ocorrido. Alguns meses depois, Roy, pai do seu marido, assumiu a
responsabilidade por sua morte. O meu pai, claro, não se importou. Bastante
tempo depois ele morreu misteriosamente pelas nossas mãos. Passamos anos
planejando nos vingar. Eu vim para cá com 19 anos e já são cinco anos
colhendo informações. Foi então que vi Gena. — digo calmamente fazendo
uma pausa e tomando fôlego.
— Continua! — Lydia pede.
Não sei o que fazer se elas tentarem me humilhar, talvez as mate.
Respiro profundamente olhando nos olhos de Anny. Ela é quem eu tenho que
convencer no final de tudo se eu quiser sair vivo sem uma luta.
— Gena é a cópia perfeita da minha mãe, então foi aí que percebi que
mamãe não tinha morrido anos atrás como pensávamos, mas sim a mesma ou
alguém forjou a sua morte. Na primeira vez que a vi, pensei que estava
ficando louco por causa dos anos longe de casa, contudo, guardei o copo que
ela bebeu e fiz um teste de DNA. Gena é minha irmã. — afirmo convicto.
É tudo que sei sobre o assunto. Dentro da máfia as mortes por suicídio
são estritamente proibidas de se comentar.
— Fico feliz que você tenha confiado na gente e contado a verdade. —
Anny admite se levantando e vindo na minha direção. Fico tenso com a sua
aproximação repentina. — A sua mãe fugiu com a ajuda da minha. Elas eram
irmãs. Nenhuma das duas podia ficar juntas no mesmo lugar, ou o seu pai as
encontraria. — completa se sentando na mesinha de centro na minha frente e
pegando a minha mão.
— Como sabe disso? — pergunto aceitando seu carinho, mas ainda
assim curioso sobre o fato dela saber disso mais do que eu.
— Somos primos. Lembra? — Sorri.
— Sim.
— Bom... Continuando... A minha mãe e a sua, a tia Mariana,
conseguiram fugir e vieram para Vegas em busca de uma vida melhor.
Entraram num inferno quase igual ao anterior. O padrasto da Gena batia nelas
até desmaiarem. — prossegue e suspira fortemente com pesar.
— Esses são os motivos da minha irmã não gostar de estranhos
tocando-a — afirmo mais para mim mesmo do que para outra pessoa.
— Isso. A sua mãe se matou por não suportar tanto sofrimento —
Lydia acrescenta, cutucando o meu queixo.
Levanto os meus olhos, sentido com a história. Não tenho lembranças
dela. Era muito novo quando supostamente morreu.
— Obrigado! — agradeço.
Finalmente tenho o meu fechamento. Se fosse capaz, com certeza
choraria.
— No entanto, você tem até o meu casamento para voltar para a Rússia.
O Damen está a um passo de chegar à verdade. — Anny continua.
— Eu sabia que essa hora um dia ia chegar, mas em outras
circunstâncias. — sou sincero.
— Fica para o meu casamento. No outro dia você pode ir? — pergunta.
— Claro! — concordo.
Tento não pensar que joguei cinco anos da minha vida fora. O que me
conforta é saber que tenho uma irmã no meio dessa merda toda, uma luz no
fim do túnel.
— Podemos ser amigos até você resolver isso e poder contar à Gena
que ela tem irmãos. A minha amiga merece isso. — Lydia aconselha
sorrindo.
As garotas estarem aqui e não me matarem mostra que alguma coisa eu
significo para elas.
— Claro que sim! — respondo sendo abraçado pelas duas.
— Onde o Vikkito Ricci entra na história? — Anny passa os dedos
pelos meus cabelos carinhosamente.
— Ele fica encarregado de levar a informação para os meus irmãos.
Não que eu tenha conseguido muitas. O Damen é muito esperto. — confesso.
— Informação confirmada. — Lydia fala mexendo no celular.
— Desde quando você sabe disso? — questiono. Eu tenho a impressão
de que já faz um tempo.
— Desde que percebi sua obsessão pela Gena. Estava observando-a o
tempo todo. — Anny confirma as minhas suspeitas.
Dei muita bandeira. Imagina você acabar de descobrir que tem uma
irmãzinha e não poder dizer nada. É extremamente difícil manter os olhos
longe.
— Entendo. Como você descobriu tudo isso sobre mim? — eu quero
saber. Isso é intrigante.
— Sou uma hacker. — Anny admite suspirando pesadamente. Isso
explica muita coisa.
— Uma não, a melhor de todas, a famosa Ghost. — Lydia confidencia
orgulhosa.
Levanto a sobrancelha. Todos sabem sobre ela, no entanto, ninguém a
pegava ou conseguia qualquer pista sua. Um fantasma por completo.
— Posso pelo menos passar essa semana perto da minha irmã? — Eu
gostaria de contar a verdade antes de ir embora.
— Não acho uma boa ideia. Deimon está bastante incomodado com
você olhando demais para o anjo dele. — Lydia fala com uma risada gostosa.
— Podemos pedir uma noite só das meninas e você se despede dela. —
Anny sugere.
É uma boa ideia. Não sei quanto tempo vai demorar para nos vermos
novamente.
— Obrigado por isso. — agradeço.
Depois de mais algumas perguntas, elas foram embora, me deixando
com os meus pensamentos perturbados. Será que vou me acostumar a viver
com os meus irmãos novamente como antes? Eu amo eles, mas são idiotas
passados do limite.
Mando uma mensagem pedindo para o meu irmão mandar o jatinho
particular em uma semana. Anny me dará cobertura. Agora cabe a mim
escrever o meu futuro.
DESPEDIDA

— Uma noite só nossa? — Passo um batom em meus lábios


rapidamente enquanto Anny prepara os cabelos com um babyliss. — Não
gosto de ficar longe do meu marido. — prossigo e me olho no espelho.
Eu fico muito nervosa sem Deimon. Não consigo evitar essa reação do
meu corpo.
— Tudo bem. Depois das dez horas ele pode aparecer. Não tem
problema. Até lá vamos ser apenas nós mulheres — Lydia fala me dando
uma piscadela sensual. Ela é linda de uma forma que você se sente ofuscada
por estar ao lado dela.
— Vamos fazer isso. — respondo. Tenho que tentar perder um pouco
dos meus medos.
— Eba! Isso mesmo! — Anny comemora me dando um abraço
apertado.
— Obrigada! — agradeço.
Elas estão sempre tentando me fazer ganhar mais confiança. Me sinto
grata pelo carinho.
— Você terá uma surpresa maravilhosa hoje. — Anny conta batendo
palmas eufóricas antes de se afastar.
— Surpresa? — Sorrio.
— Sim. Uma das coisas que você mais deseja. — Lydia completa
orgulhosamente tocando a ponta do meu nariz.
Não entendo o que elas querem dizer. Uma das coisas que eu gostaria
era de ter irmãos ou irmãs, e isso não é possível alcançar. Apenas sorrio
sabendo que não é viável. Posso não ter irmãos de sangue, mas tenho de
coração.
Saio e encontro o meu marido na porta do quarto de Damen, onde
estávamos nos arrumando, encostado na parede com os braços cruzados.
Caminho vagarosamente em sua direção e passo os meus braços em volta do
seu pescoço, sentindo o seu calor e o seu amor. As suas mãos
automaticamente apertam a minha cintura e beija o topo da minha cabeça.
— Você está linda, anjo! — elogia afagando meus cabelos, que estão
em cachos indisciplinados.
O meu vestido é meio curto. Se comparado ao das meninas, está
comportado. É branco com pequenos furos na lateral e alças finas.
— Obrigada! — agradeço contra o seu pescoço, sentindo o seu cheiro
masculino.
— Se divirta! E não se preocupe. Às 22h estarei lá para você. — Aperta
os seus braços à minha volta.
— Eu sei. — confirmo ainda sem soltá-lo. Me sinto confortável e
calma em seus braços. Deimon tem esse poder sobre mim.
Sempre que ele está longe, não consigo dormir direito, pois é como se a
minha respiração ficasse curta. Eu preciso dele o tempo todo.
— Você precisa ir, anjo. Já está atrasada. — Afrouxa o seu abraço.
Fito seus olhos antes de beijá-lo carinhosamente. Os seus lábios são
suaves sobre os meus.
— Vou sentir sua falta. — Me afasto um pouco.
Deimon pega a minha mão, dando um pequeno sorriso, e me segue em
direção à escada.
— Estarei lá o mais breve possível. — afirma beijando cada um dos
meus olhos antes de me deixar ir. — Se divirta, anjo! — pede fechando a
porta do carro assim que entro.
Anny solta um pequeno sorriso em minha direção.
Quando chegamos em frente à boate, Anny desce pela garagem
subterrânea, estaciona e saímos. Arrumo as minhas roupas, que estão um
pouco amassadas.
— Vem! Vamos encontrar o Rynce primeiro. — Lydia fala passando o
braço no meu, assim como Anny faz do outro lado.
Estou protegida no meio delas. Eu fico feliz pelo cuidado que sempre
têm comigo.
— Ele veio? — pergunto enquanto andamos para uma das salas VIP
que nós sempre usamos para nos divertir um pouquinho.
— Sim. Está nos esperando aqui. — Anny aponta para o meu amigo
sentado no sofá de canto com um celular na mão.
Ele olha para cima assim que ouve nossa voz.
— Oi, princesinha. — Rynce diz se levantando e beija a minha
bochecha rapidamente.
— Oi, Ryn, — cumprimento dando-lhe um sorriso e ganho um abraço
apertado e delicado que me aquece.
Rynce nunca me abraçou forte e muito menos tentou ser mais que um
amigo. É como se nos conhecêssemos a vida toda.
— Vocês demoraram muito. — Ryn beija a bochecha das meninas.
— Gena quase não soltou Deimon. — Lydia afirma me fazendo corar
envergonhada.
— Ok. Vamos nos apressar antes que o cão de guarda chegue. — Anny
diz fechando a porta e o meu corpo estremece.
— Quem é o cão de guarda? Por que vamos nos apressar? — pergunto
nervosa e olhando em volta, com aquela sensação de que os meus pulmões
não estão produzindo oxigênio o suficiente.
— Vamos sentar. — Anny coloca sua mão sobre a minha e eu a deslizo
sobre a dela, aceitando o seu conforto.
O ar parece pesado na sala, se crepitando.
— Você lembra da sua mãe? — meu amigo se inclina para a frente,
mas sem invadir o meu espaço pessoal.
— Sim. — confirmo simplesmente.
Não entendo. O que a minha mãe tem a ver com ele?
— Como ela se chamava? — ele pergunta rapidamente, parecendo
apressado.
— Mariana. Mas esse não é seu nome. — respondo ficando ainda mais
nervosa.
— Relaxa! Não entra em pânico. Isso é importante para você. — Anny
dá um aperto em minhas mãos e eu aceno com a cabeça, afirmando.
— Nossa mãe se chamava Mariana. — Rynce fala.
Os meus olhos se arregalam e a minha respiração acelera. A nossa
mãe? Ele é meu irmão? Eu tenho um irmão?
— Você... é... me... eu... ir... mão? — gaguejo enquanto as lágrimas
descem livremente pelo meu rosto.
— Sim. Não só eu. Você tem três irmãos. — admite. A sua voz está
diferente, emocionada.
— Oh, meu Deus! — Choro sendo abraçada por ele.
Passo os meus braços na sua cintura, chorando como uma criança. Algo
dentro de mim reacende.
— Toma! — Lydia me dá um copo com água assim que me afasto do
Ryn.
Pego o copo com as minhas mãos trêmulas e bebo. Já mais calma,
espero saber mais. Como ele descobriu? Onde estão os meus outros irmãos?
Quando vou poder vê-los? Ele tem certeza? Sou mesmo a sua irmã?
Rynce limpa as minhas lágrimas com um lenço, sorrindo. O seu sorriso
é brilhante.
— O meu nome é Yore Stepanov.
O meu mundo para nesse momento. É muita coisa em pouco tempo
para o meu cérebro registrar.
— Yore Stepanov? — indago.
O seu rosto está próximo do meu.
— Sim. Sou russo e você é uma princesa da Bratva. — acrescenta
tocando em meu nariz.
— Você não pode ficar aqui. — murmuro.
O meu coração está acelerado. Se ele for descoberto, morre. Eu estou
muito feliz em ter irmãos de sangue e não posso perdê-lo agora.
— Hey! Não chora. Eu tenho que voltar para o meu país. Vou entrar em
contato com o seu marido, uma trégua talvez. — Limpa as minhas lágrimas.
— Acabo de descobrir que tenho irmãos e você vai embora? — falo
chorosa.
— Deimon está chegando perto demais. Se ele descobre, aí sim estarei
morto. — responde com um sorrisinho triste.
— Você vai voltar para me ver? — Me jogo em seus braços lhe
abraçando com força, me sentindo estranhamente completa.
— Mantenha contato comigo. Está bem? — peço olhando dentro dos
seus olhos.
Sou preenchida por lágrimas e Yore me abraça para ir embora.
— Se cuida e não faça besteira! — fala, mas não me garante que vai
manter contato.
— Por favor! — sussurro em seu abraço. O meu coração está doendo
muito.
— Vamos nos manter em contato.
— Podemos te acompanhar até o aeroporto? — questiono esperançosa,
segurando o seu rosto em minhas mãos. Eu quero mais tempo com ele.
Todos se entreolham dizendo muito sem palavras. Nós não podemos ir,
porque chamaria muita atenção.
— Não, minha princesinha. Se o seu marido vier e você tiver saído, ele
colocará Vegas inteira atrás de você. Faz assim: vamos nos falar todos os
dias. Eu prometo. — me garante antes de me apertar forte. Eu aprecio muito
esse gesto.
O meu coração acelera sabendo que o meu tempo acabou quando ele
me afasta, abraçando Anny.
— Seja forte! — meu irmão pede colocando em meu pescoço um
cordão com asas em cima de um coração azul safira.
Os meus sentimentos estão à flor da pele.
— Não me esqueça. — Suspiro fatigada. Os meus pulmões não estão
querendo funcionar corretamente.
— Nunca! Voltarei em breve.
Com mais um abraço apertado vejo uma lágrima escorrendo pela sua
bochecha.
Ele se foi com a Lydia. Me ajoelho chorando. Não consigo respirar
corretamente. Sinto os braços de Anny à minha volta, esfregando minhas
costas, enquanto ela fala palavras carinhosas para mim. Então tudo fica preto.
— Cara, você vai furar o carpete de tanto ficar andando de um lado
para o outro. Nem faz 20 minutos que elas saíram. — Damen resmunga
divertido embalando a minha sobrinha nos braços. A pequena sorri para mim.
— Não gosto da ideia de ela estar sozinha, sem mim. — confesso me
sentando no sofá.
Isso não está ajudando. Tenho que admitir: estou apreensivo. Os meus
sentidos me dizem que tem algo errado e eu sinto isso em meu peito mais
forte conforme os minutos se arrastam.
— Se acontecer alguma coisa, Anny vai te ligar. — meu irmão fala
totalmente calmo.
Ele tem confiança em sua esposa. Não que eu não tenha na minha.
Porém, Gena tem muitos traumas e qualquer coisa pode causá-la um colapso.
— Eu sei. Mas diz isso para o meu coração. — respondo olhando o
celular pela centésima vez. Já se passou uma hora.
Que se dane! Para mim já deu!
— Aonde você vai? — Damen tem um sorriso convencido no rosto.
— Vou ver a minha mulher. — confirmo pegando a chave do meu
carro.
— Está se preocupando por nada. — Meu irmão bate no meu ombro e
sobe a escada.
O meu celular toca e vejo o nome da Gena. Respiro aliviado ao olhar o
visor do meu aparelho.
— Oi, anjo. — Sorrio.
— Sou eu, Anny.
O meu sangue gela. Aconteceu alguma coisa, eu sei disso.
— Ela desmaiou. — fala ao telefone.
Corro entrando em meu carro. Preciso saber se ela está bem. Eu sabia.
Foi uma péssima ideia deixá-la sair sem mim.
Assim que chego na boate, pulo para fora do veículo e subo a escada de
dois em dois degraus.
— Onde vocês estão? — pergunto assim que Anny atende o celular.
— Na sala VIP, a de sempre. — informa ofegante.
Abro a porta, de supetão, e vejo o meu pequeno anjo desacordado com
a cabeça nas pernas da amiga.
— Anjo! — a chamo pegando-a em meu colo.
Seu rostinho perfeito está banhado em lágrimas. Ver isso faz o meu
coração se apertar esmagadoramente.
— O que aconteceu? — Limpo seu rostinho suave.
— Isso é delicado. — Anny responde me olhando com cautela.
— Espero que seja mesmo. — falo raivoso.
Eu deixei Gena sob os seu cuidado e ela me decepcionou. Espero que
tenha uma boa explicação.
— Anjo! Acorda!
Ela teve um colapso. Gena apenas se remexe, mas não acorda.
— Vamos para casa! — minha cunhada sugere pegando as bolsas
delas.
Levo o meu anjo em meus braços direto para o carro.
Assim que chegamos em casa, subo direto para o nosso quarto,
depositando a minha esposa na cama. Acaricio o seu rostinho e ela está
dormindo profundamente. O que aconteceu? Anny me deve uma explicação e
vai ser agora. No entanto, não quero deixar Gena sozinha. Ela pode acordar
desorientada.
Eu preciso saber a verdade. Alguns minutos serão o suficiente.
— O que você fez? — pergunto assim que entro na sala, encontrando
minha cunhada deitada no peito do meu irmão enquanto ele beija a sua
bochecha carinhosamente.
Ela levanta a cabeça, me olhando feio. Eu quero saber o que aconteceu
com a minha mulher.
— Não fala assim com ela! — Damen rosna num aviso.
Nunca brigamos ou discutimos e eu sabia que isso acabaria quando
chegasse em Anny.
— Eu não fiz nada. — Ela me encara feio pela primeira vez.
— Por que Gena desmaiou? — ignoro o olhar de aviso do meu irmão.
— Deixa que ela te conta. — Anny pede repousando a cabeça de volta
no peito do seu marido, fechando as pálpebras.
— Você sabe o que aconteceu? — pergunto para Damen, que não me
responde, e apenas me olha com aquela maldita paciência que desenvolveu
durante o seu atual casamento.
Eu gostava mais quando meu irmão era esquentado. Ele sabe de tudo.
Duvido que sua esposa tenha escondido qualquer coisa dele.
Volto para o meu quarto e me deito ao lado dela. Passo os meus braços
à sua volta e ela se mexe, gemendo.
— Yor... e... m... eu irm... ão. — murmura chorosa.
— “Yore meu irmão”? — repito baixinho tocando sua bochecha macia.
— Anjo! Acorda! — Sacudo seus ombros delicadamente.
Os seus lindos olhos se abrem e estão cheios de lágrimas. Ela se aperta
contra os meus braços, chorando, e eu agarro-a com mais força em meus
braços, capturando os seus lábios num beijo delicado, suave e reconfortante.
Gena soluça colocando o rosto em meu pescoço.
— E… u... te... nho... irmãos. — murmura chorando.
— Irmãos? — pergunto limpando minha garganta.
— Sim. Mas ele não pode ficar. — chora ainda mais.
— Como? — quero saber.
Não tem como ela ter irmãos. Certo?
— Eu sou russa. — desaba em meus braços.
— Russa? — Limpo suas bochechas.
— Sim. — confirma e apaga novamente.
Me levanto e corro direto para baixo. Encontro quem eu estou
procurando na sala de estar. O meu irmão ainda está aqui, aos beijos com a
sua mulher. Isso me irrita profundamente.
— A minha esposa é russa? — anuncio minha presença.
A raiva me queima sobre a pele. Pego a mesinha de centro e a lanço
para longe, tentando controlar a fúria.
— Tecnicamente não. Ela é filha do antigo capo da Rússia. — Anny
informa como se isso não significasse nada.
— Por que ela está em Vegas? — questiono.
Espero que não esteja me traindo ou que isso não seja planejado, uma
armação.
— A sua mãe fugiu quando estava grávida dela, e assim se tornou
mulher do Gefrete. O resto você já sabe. — Anny prossegue.
O alívio que eu sinto não tem explicação.
— Você sabe quem são os irmãos dela? E como ela descobriu isso? —
pergunto.
— São quatro. Rynce é irmão dela, que na verdade se chama Yore
Stepanov, o filho mais novo do Mikhail Stepanov; tem Victor, o mais velho;
Ian, o segundo; e Igor, o terceiro. — continua enquanto troca um olhar
silencioso com o meu irmão.
— Desde quando você sabe disso? — Encaro seu rosto.
— Já faz um tempo. — afirma.
Ela novamente achou que devia guardar isso apenas para ela? Mesmo
que seja um gênio, tinha que ter me contado. É da minha mulher que se trata.
— Não vem com essa, cara! Se eu contasse a verdade, você o mataria
sem pensar duas vezes. Eu não sabia de tudo. E depois? — Anny suspira
pesadamente, como se eu não tivesse pensado direito.
— Entendo. — é tudo que o respondo.
Minha cunhada está certa. Eu teria o matado. E depois? Gena me
perdoaria por tirar os seus desejos? Eu acho que não.
Me sento na ponta da cama, velando o seu sono. Se Yore for realmente
seu irmão, não posso tocá-lo, a não ser que ele se torne uma ameaça para ela
ou faça um movimento para machucá-la.

*****

UMA SEMANA DEPOIS

Tudo está voltando ao normal vagarosamente. Gena está feliz por ter
irmãos e eu estou apreensivo, fazendo de tudo para ela se sentir à vontade
novamente.
— Você está melhor? — pergunto à minha mulher sentada em meu
colo.
— Estou. Só gostaria de conhecê-los. — murmura tristonha.
— Vai dá tudo certo. — prometo e passo a mão pelas suas mechas
sedosas.
— Eu sei. Yore disse que está esperando o nosso irmão voltar da lua de
mel. —confessa.
Eu não gosto de vê-la assim, triste. Essa expectativa de conhecer os
irmãos está me deixando ainda mais receoso, porque ela pode se decepcionar.
Me abaixo beijando seus lábios carnudos. Minhas mãos sobem por
baixo da sua blusa, apertando os seus seios pequenos. O seu gemido baixo faz
o meu pau pulsar. Gena puxa a minha camisa, colocando as pernas em volta
do meu quadril e pressionando a boceta quente bem em cima do meu pênis.
Gemo puxando-a para mais perto e aperto a sua bunda deliciosa. Ela geme
em meus lábios, rebolando no meu colo. Puxo a sua calcinha para o lado e
toco na sua boceta molhada. Fodidamente molhada para mim. Esfrego o seu
clitóris rapidamente, querendo provar o seu sabor. O meu sangue pulsa mais
rápido, indo direto para o meu pau. Abro minha calça jeans e coloco o meu
pênis para fora.
— Eu quero você! — confessa ofegante, gemendo. Os seus olhos estão
cheios de desejo.
Puxo sua blusa, rasgando-a. Eu preciso estar dentro dela. Gena arfa
quando sugo os seus mamilos pequenos na boca.
— Monta em mim! — peço contra o seu peito.
Ela levanta o quadril, colocando-me dentro dela. Gemo devorando seus
seios saborosos. Ela começa a se mover desejosa. Levanto a cintura,
encontrando os seus impulsos descoordenados.
— Vamos, gostosa! — Aperto sua bunda, esfregando seu clitóris.
As minhas bolas apertam e aquele arrepio gostoso sobe pela minha
coluna. Aumento as minhas investidas, indo mais fundo.
— Oh, amor! — Gena sussurra.
Sua bocetinha suga o meu pau enquanto ela goza, caindo sobre mim.
Mordo o seu lábio, gozando também. A minha esposa está mole em meus
braços, respirando pesadamente comigo ainda dentro dela.
— Eu te amo! — fala em meu ouvido, beijando levemente abaixo da
minha orelha.
— Também te amo, pequena! — confesso me levantando com ela em
meus braços.
Deposito-a na cama, ficando entre as suas pernas. O meu pau já está
pronto e com tesão novamente, mas o meu maldito celular toca, acabando
com o clima.
— Porra! — Paro.
Essa semana não fui trabalhar, então Damen está com as mãos cheias.
Eu preciso voltar. No entanto, o que Vikkito quer? Esse filho da puta está me
dando nos nervos!
— Os russos atacaram um dos nossos laboratórios. — fala rápido
demais.
Russos, os irmãos da minha esposa. O que eles querem?
— Já estou chegando. — Desligo.
— Eu preciso resolver algumas coisas. — digo.
Não tenho tempo de esperar Lydia acordar, mas Gena estará segura.
Nem mesmo um louco atacaria a nossa mansão. Eu não gosto de arriscar
quando se trata dela, mas por outro lado, não posso levá-la comigo.
— Vou ficar bem. — ela garante sorrindo docemente como o anjo que
é.
O meu coração se aperta. Eu tenho um mau pressentimento.
Eu estou ainda mais feliz. Tenho irmãos e gostaria de conhecê-los.
Me visto e desço para a sala. Vou assistir a um filme de ação, pois
preciso me distrair. Deimon saiu para resolver alguns problemas da máfia e
eu fiquei meio que sozinha. Lydia ainda está dormindo e Anny saiu com o
Damen e as crianças. Eu falo todos os dias com Yore. Estamos nos dando
muito bem, melhor do que antes.
@Eu: Onde você está?
@Yore: São Petersburgo.
Ele envia uma foto e eu sorrio mandando beijos.
@Eu: Quanto tempo você demora até Moscou?
Estou curiosa e fiz até uma pequena pesquisa sobre a cidade.
“Chamada de vídeo”.
Deslizo sobre a tela e atendo o meu irmão, que aparece com um lindo
sorriso.
Sinto uma dor excruciante na parte de trás da minha cabeça e apago,
entrando na escuridão.

*****

Quando acordo, a minha cabeça dói e tudo está latejando. Tento


esfregar os meus olhos para espantar a névoa de dor e a ânsia de vômito.
Minhas mãos estão amarradas e o pânico começa a tomar conta de mim.
Onde estou? Quem me bateu?
— Não! Não! — reclamo chorosa e começo a sufocar.
Sacudo o meu corpo, tentando respirar. Deimon? Começo a chorar.
— Acorda, bela adormecida! — o timbre grosso de alguém que fumou
metade da vida permeia meus sentidos.
Não abro os meus olhos, no entanto, eu conheço essa voz. Vikkito, o
meu pior pesadelo.
— Abre esses olhos, puta!
Sinto o gosto de sangue na boca antes de desmaiar novamente.
Lar, doce lar! No entanto, não parece tão doce assim. No momento em
que os meus pés pisam no solo de Moscou, me sinto estranho. A
familiaridade veio até mim. Respiro profundamente o ar e olho em volta.
Sinto saudade de casa, mas não tanto como eu pensei que seria.
— Quanto tempo, irmãozinho! — Ian é o primeiro a me abraçar,
desajeitado.
— Cinco anos. — Toco seu ombro.
— Victor? — questiono ajeitando a bolsa sobre os ombros. Eu preciso
falar com ele rapidamente.
— Lua de mel. O filho da puta se casou. — meu irmão informa e
levanto a sobrancelha para ele.
— Desde quando? — pergunto sério.
— Semana passada.
— Que estranho! Ele não me falou nada.
— Você está estranho. — Observa-me atentamente.
— Nós não nos vemos há anos. Eu cresci, seu velho! — Entro no carro.
— Percebi. Me conta o que aconteceu. — pede.
Ainda não está na hora de contar tudo o que descobri.
— Quando todos estiverem aqui, eu conto. — digo olhando para a
frente.
— Ok, garoto. — concorda.
Logo eles começarão a perceber que o irmãozinho que eles viram há
cinco anos não existe em algumas partes. Eu mudei muito, não só
fisicamente, mas também psicologicamente.
— Cadê os outros? — pergunto à ele ao mesmo tempo em que mando
mensagem para a minha irmã. Ela não responde. Será que aconteceu alguma
coisa?
— Estão à sua espera em casa. Como foi em Las Vegas? — reformula a
pergunta. Uma armadilha que eu não vou cair.
Las Vegas me ensinou muitas coisas, e uma delas foi a endurecer na
marra. Antes não matava, agora não me importo nem um pouco, não faz
diferença.
— O que vocês estão aprontando? — indago e olho o meu celular
novamente sem responder a sua pergunta espertinha.
— Nada. O que você está esperando? — Inclina a cabeça em direção ao
meu aparelho.
— Algo importante. — é tudo que respondo.
Ian me observa estranhamente. Não sabe como lidar comigo.
— Com quem Victor se casou? — quero saber.
— Com a minha secretária. — Estaciona em frente à mansão que passei
quase a minha vida toda.
Saio do carro, olhando em volta, e percebo que as coisas estão
diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. A porta se abre e Igor aparece, quase
tão alto quanto eu.
— E aí, cara? — cumprimento-o tocando seu ombro desajeitadamente.
— Porra! Você cresceu! — admite. Ele está alguns centímetros mais
baixo que eu.
— É impressão minha ou você encolheu? — observo pegando minha
bolsa.
— Vai se foder! — esbraveja tentando dar um tapa atrás da minha
cabeça, mas antes dele chegar perto, o bloqueio com o meu braço.
Sorrio. Algumas coisas nunca mudam. Me questiono se está mais forte
que eu e se os seus reflexos rápidos são melhores que os meus.
— Caralho! — chingo em português. Anny e Lydia me ensinaram
algumas palavras que eu não sabia.
— Vejo que você aprendeu coisas novas. Eu estou maluco para ver. —
Igor confessa eufórico.
Bufo. Eu sou o mais novo, contudo, ele é quem age como um. Meu
celular toca e vejo o nome da Gena. Atendo rapidamente.
— Oi, princesinha. — Caminho para dentro e deixo os meus irmãos
para trás, com as sobrancelhas juntas.
— Yore! — Gena murmura fraca.
— Aconteceu alguma coisa? — fico preocupado.
— Não. Bom... Eu desmaiei depois que você saiu, mas estou bem. —
responde e eu posso sentir o seu pequeno sorriso angelical.
— Desmaiou? Por quê?
Me jogo no sofá. O meu corpo está um pouco dolorido da viagem.
— Falta de ar. Mais ou menos isso — explica tristemente.
— Foi ao médico? — pergunto aflito.
— Não. Só preciso do Deimon. — admite.
Não é saudável a sua dependência por ele, mas quem sou eu para falar
sobre o que não é benéfico?
— Entendo. Desde quando você tem falta de ar? — Olho para os meus
irmãos, sem mostrar nada.
— Desde que me entendo por gente. — confessa.
— Nos vemos em breve. O seu marido já sabe? — Encaro o lustre
luxuoso no teto.
— Sim. Ele ficou surpreso. — responde com um pequeno risinho.
— Ficou? Isso significa que o Damen não sabia? — questiono. Não
falei muito com Anny quando estava lá.
— Damen soube nos primeiros anos que você chegou aqui. — Anny
me surpreende. Como? Eu sempre fui cuidadoso.
— Capeta! — exclamo. Eles são realmente uns gênios.
— Você não me chamou disso! — Ela sorri e eu também.
— Sim, ele te chamou. — Lydia reforça.
— Gata selvagem, você também? — Rio alto.
— Sí, yo también estoy acá. Nosotros estamos escuchando usted (Sim,
eu também estou aqui. Estamos ouvindo você). — Lydia se comunica em
espanhol.
— Mia cara! (Minha querida!) — murmuro em italiano.
— Chegou bem? — Anny pergunta.
— Acabei de chegar. — informo.
— Bom... Aproveite os seus irmãos. — Lydia se despede.
— Nos dê notícias. — Gena pede suavemente.
— Pode deixar, princesinha. Até breve! — me despeço.
Suspiro com os olhos fechados. Isso vai ser osso.
— Se vocês não se importam, vou banhar e dormir. — profiro sem
esperar suas respostas, pois continuam me observando atônitos.
Uma semana se passou e Victor está voltando hoje — se já não estiver
chegado. — A sua lua de mel em Roma finalmente tinha acabado e eu
poderei rever Gena em breve. Resolvo visitar uma das minhas cidades
preferidas, São Petersburgo, que continua maravilhosa como me lembro.
@Princesinha: Onde você está?
Essa hora Victor já chegou. Três horas de trem e estou em casa. Sinto-
me estranho, pois percebi que os meus irmãos estão apreensivos comigo,
como se não me conhecessem mais. Não tiro a razão deles, porque estou
diferente do que estão acostumados.
@Eu: São Petersburgo.
Sorrio.
@Princesinha: Quanto tempo você demora até Moscou?
De carro são 8 a 9 horas e de trem são 4 horas no máximo.
Resolvo ligar e assim que ela atende o celular cai da sua mão, me
mostrando toda a cena na sala. Coloco o dedo na câmera rapidamente.
— Agora você vai ter o que merece, puta! — Vikkito puxa o cabelo da
minha irmã e encara seu rosto desacordado.
O meu sangue gela de raiva e medo. Eu vou matá-lo da forma mais
cruel que existe. Como conseguiu entrar na mansão sem Anny perceber?
Apressadamente ligo para ela e vai direto para a caixa postal. Só falta
Deimon. Caixa postal também. Lydia atende no quarto toque.
— Onde você está? — pergunto entrando no carro alugado, indo direto
para o metrô. O trem sai em 10 minutos.
— Na mansão. — responde.
— Vikkito está aí. Eu estava falando com a Gena em uma chamada de
vídeo e ele bateu na cabeça dela com uma arma. — explico apressadamente.
A linha fica muda. Que ela consiga pará-lo.
Entro no metrô, correndo, e três horas depois estou em Moscou. Pego o
meu carro, indo direto para casa.
Assim que chego vejo Victor com uma mulher de cabelos pretos e
olhos azuis sentada em uma das suas pernas. Não tenho tempo para
amenidades. Olho para o meu alvo. Meu sangue corre pelas veias, cheio de
ódio. Dimitri, um dos filhos de Vikkito. Se me lembro bem, é um miserável
igual ao pai. Agarro-o pela camisa, o jogando no chão, e puxo a faca do
coldre nas minhas costas. Ele nem percebeu quando o alcancei.
— Eu adoro rever você, amigo. — desdenho e aperto a faca no seu
pescoço.
— Você está louco?! — murmura.
Eu estou louco para fodê-lo com a minha faca e foder as consequências
de uma máfia ultrapassada que não muda as leis.
— O que você está fazendo, Yore? Solte Dimitri agora! — Victor
ordena, mas não me importo. Aperto a faca fazendo seu sangue escorrer
lindamente pela sua pele morena.
— Vou te fazer uma pergunta bem simples. — digo demonstrando o
meu demônio interior louco por sangue.
— Você é louco! — Dimitri exclama tentando se soltar, o que faz a
faca afundar na sua carne.
Eu solto uma risada perversa.
— Não se aproxime! — aviso a Igor, que está tentando se mover
furtivamente na minha direção.
— Vamos, velho amigo! Para onde o seu papai está levando a minha
irmã? — Inclino-me para mais perto.
Eu posso ouvir as sutis respirações dos meus irmãos.
— Do que você está falando? — a sua voz treme e ele desvia o olhar.
Eu sorrio novamente, pegando uma segunda faca e afundado em seu
estômago.
— Resposta errada. — Faço uma cara de decepção.
— Eu não sei. Por favor! — implora.
Mentiroso! Vamos ver até quando consegue manter essa mentira.
— Ah, sério? Eu mal comecei e já está pedindo “por favor”? Bem,
deixa eu pensar: tenho 13 horas para você me falar o que eu quero saber. Para
onde o fodido do seu pai levou a minha irmã? — pergunto novamente, mas
dessa vez afundo a faca com vontade.
— Para com essa porra, Yore! — Victor vocifera.
Eu rio baixinho. Isso é culpa dele. Eu pedi para ele eliminar Vikkito,
mas não acreditou em mim.
— Ou o quê? Você sabe onde a nossa irmã está? — Mostro os dentes.
Victor não responde. É o eu que imaginava.
— Não. Então não se meta! — aviso voltando para a minha presa.
— Você já pensou bastante. Qual é sua resposta? — Torço a faca.
— Pra cá, para a sua casa. — confessa gritando de dor.
— Viu? Não foi tão difícil, foi? — Subo cortando sua carne e ele grita
se debatendo.
Me ataca e eu o bloqueio com a mão, deixando a faca dentro do seu
corpo.
— Não seja desobediente. Estou sendo carinhoso. — Prendo seu olhar
no meu.
— Você ficou louco?! — Ian entra na sala.
— Isso não é nada perto das coisas que faço. — admito dando-lhe o
meu sorriso torcido.
— Dimitri, onde o avião vai pousar? — pergunto.
— Nas empresas Stepanov. — Chora baixinho.
— Entendo. Quem deu permissão? — Me inclino para a frente.
— Igor, meu pai pediu a pequena puta. — ele murmura e eu corto a sua
garganta no meio da frase. Eu sabia que Vikkito estava nos traindo há
bastante tempo.
— Você fala demais, amigo. — O observo se engasgar no próprio
sangue. Uns 20 minutos no máximo e estará morto.
Limpo minhas mãos nas calças, que está coberta de sangue. Idiota!
Sujou a minha roupa com o seu sangue imundo!
O meu celular começa a tocar e o nome do Deimon aparece.
— Eu mato você, seu filho da puta! Não me importo se é irmão dela.
Onde está a minha mulher? — grita descontrolado.
— Não estou com ela. Vikkito está. — informo.
— Vikkito? — repete.
— Como você pôde deixá-la sozinha? — pergunto raivoso.
— Ela ficou com a Lydia. — ele explica e eu bufo.
— Aonde a levou? — sua voz é dura, sem mostrar fraqueza.
— Moscou. — é tudo que respondo.
— Não o mate. Ele é meu. — Desliga.
Em outras palavras, eles estão vindo e confiam em mim para salvá-la,
já que estão 5 horas atrasados.
— Você já chega matando os meus homens? — Victor se senta.
Me jogo no sofá, bufando como se não tivesse um cara no chão
agonizando até a morte.
— Quem manda você ter mais traidores do que homens leais? — digo.
Mando uma mensagem para a Anny e depois recebo as coordenadas de
onde eles estão.
— Do que você está falando? — Victor pergunta como se eu tivesse
perdido a cabeça.
— Essa fodida hierarquia de velhos ultrapassados que só querem enfiar
uma faca nas suas costas. — falo sem olhar na sua direção.
— Vejo que foi um grande erro mandá-lo para Las Vegas. — repete
isso novamente, mas dessa vez não me sinto inútil.
— Ah, claro! Era eu que estava sendo usado? Era eu que está sendo
manipulado? Não só manipulado por um filho da puta, mas por anos e anos,
Victor. — respondo amargamente.
Ele avança em mim, mas não me mexo no lugar, apenas o analiso de
perto.
— Me respeita, moleque! — rosna na minha cara.
— Não. Quem não está prestando atenção é você. Quem contou sobre a
morte da minha mãe? Vikkito. Quem te apresentou Sharon? Vikkito. Então
não venha com essa de “moleque” para cima de mim! — exponho a verdade
bem diante dos seus olhos em uma bandeja de prata. — E quando você
descobriu que Sharon só estava usando você, o que fez com Vikkito? Nada!
Simplesmente acreditou na sua palavra. — Sorrio amargamente empurrando-
o de cima de mim. Neste mundo não existe confiar em palavras, mas sim em
fatos. — Quando falei que Las Vegas era forte e não são ingênuos, em quem
você acreditou? Vikkito. — aponto cada acontecimento ao longo desses cinco
anos.
Victor fica parado apenas me observando.
— Você não sabe do que está falando. — responde. Mas vejo que ele
percebeu a verdade. Eu rio.
— O que Vikkito disse sobre o DNA? Deixe-me pensar. Que é da
nossa mãe e que isso comprova que eles foram responsáveis, mesmo que
tenham assumido autoria? — sou sarcástico. — Não é da nossa mãe e sim da
nossa irmã. Mamãe não foi assassinada, ela fugiu. — Encosto-me no sofá,
vendo a cara de choque de todos eles.
— Não. Eu vi o corpo. — Igor se manifesta e me olha com
desconfiança.
— Um corpo não significa nada. Você deveria saber disso. — vocifero
irritado. — Sabe o que é mais irritante? Que ambos desconfiam de mim, do
próprio irmão, no entanto, acreditam em um cara que não é nada de vocês.
Apenas um velho antiquado em busca de poder. — falo amargamente.
Eu imaginei que aquele maldito estivesse manipulando meus irmãos,
mas não dessa forma.
— Você já contou para a sua esposa que quando vocês tiverem um
filho e ele já for um homem feito, ela vai perder um dos dois? Que ela vai ver
o seu marido morrer ou ver o seu filho matando o pai dele nesse ritual
abominável? — pergunto na cara do Victor, que recua com as minhas
palavras.
— Não pensei nisso. — confessa.
— Pois pense! Já está na hora de fazer mudanças. Eu vou salvar a
minha irmã. — Saio.
Acho que isso foi pesado demais para eles. As coisas que eu vi me
fizeram perceber que estamos parados no tempo em relação às outras
organizações criminosas ou máfias.

*****

13 HORAS DEPOIS
Eu estou pronto esperando dentro da sala de tortura com as armas nas
mãos. Quando a porta se abre, Nicolai entra com a minha irmã nos braços. Eu
atiro em sua perna e pego Gena com cuidado. Os meus irmãos cuidarão do
Vikkito.
— O que está fazendo? — Nicolai pergunta segurando a perna. Eu
sorrio.
— Muita coisa. — Atiro em sua cabeça.
Descanse em paz! Espero que seja no inferno.
A minha cabeça está latejando e sinto que estou sendo carregada. Toda
vez que eu acordava, Vikkito estava na minha frente e eu desmaiava
novamente. Não me lembro quantas vezes isso aconteceu. Não conseguia
fazer nada.
— Princesinha! — alguém chama de longe.
Não respondo, porque me sinto fraca. A minha boca está seca, tenho
fome e tudo lateja. Vem na minha cabeça imagens do Deimon deitado com as
cobertas até a cintura e sorrindo para mim esta manhã. Não faço a menor
ideia de que horas seja. Sinto algo macio contra as minhas costas.
— É ela?
Quem está aqui? Oh, Deus! Por favor! Eu não quero viver um inferno
novamente. Vikkito vai começar a me machucar. Me debato tentando me
soltar e me sinto sufocada. Vou em busca de ar e começo a chorar. Eu preciso
do meu ar: Deimon.
— Dei... mo... n! De... i... mo... n! A... m... o... r! — murmuro vendo
os seus lindos olhos carinhosos.
Eu puxo as minhas mãos, mas elas estão amarradas.
— N... ã... o. — balbucio soluçando.
— Abra os olhos! Sou eu, Yore. Vamos, princesinha! Respire!
Eu não consigo. As minhas mãos estão amarradas e eu não gosto de
ficar presa. Me faz lembrar do passado.
— Desamarrem as mãos dela, seus idiotas!
Estou livre.
— Abra esses lindos olhos e respire calmamente!
Eu começo a respirar com calma, mas não está ajudando.
— Abra os olhos!
Abro lentamente encontrando o meu irmão sobre mim, desamarrando
as minhas mãos. Respiro aliviada. Lágrimas de alívio descem pelo meu rosto
enquanto me lanço em Yore, o abraçando forte.
— Shhh! Você está segura agora. Você está segura agora. — repete
acariciando meus cabelos.
— Onde estou? — pergunto olhando em volta.
Três homens estão sentados perto demais de mim. Me agarro ao meu
irmão, tremendo, e o pânico começa a rasgar pela minha garganta.
— Yore! — Choro baixinho. A minha respiração começa a acelerar.
Estou entrando em pânico.
— Eles não vão te machucar. — Yore promete e me sento em seu colo.
Coloco o meu rosto em seu pescoço, tentando respirar, mas não está
funcionando.
— Se afastem! — ele manda.
Eu posso sentir os seus olhos sobre mim. Não gosto das pessoas me
encarando assim.
— Pense no que te faz feliz. — sugere acariciando as minhas costas.
O meu marido me faz feliz.
— Deimon. Onde está? — Limpo as lágrimas.
— A caminho. Não se preocupe. — Me levanta nos braços e eu
escondo o meu rosto em seu peito.
— Está sentindo dor? — pergunta caminhando pelo corredor.
— No meu rosto. — digo. Está queimando.
— Eu sinto muito! Devia tê-lo matado! — fala.
— Por que eu? — questiono.
Já sofri tanto. Não mereço isso.
— Ele é um filho da puta sádico! — Me coloca na cama.
Olho as minhas roupas sujas de sangue e estremeço.
— Obrigada! Posso usar o chuveiro? — peço.
O cheiro daquele velho está nas minhas roupas. Estremeço. Quero
vomitar.
— Vou pegar algumas roupas com a mulher do Victor. — ele afirma
sem saber se busca as roupas para mim, me deixando sozinha, ou se fica
comigo. Não quero ficar só.
— Você quer vir? — sugere.
— Sim. — Pego sua mão estendida. Seus olhos estão preocupados.
Sorrio fracamente estremecendo com a dor na bochecha.
— Vamos achar um remédio para dor primeiro. — Me guia pela
escada.
— Obrigada! — Limpo uma lágrima solitária.
— Não chore! Você ficará bem. — Me abraça.
— Eu sei. — confirmo. Mas não tenho certeza se as minhas emoções
voltarão ao normal logo.
Descemos a escada, vagarosamente, com meus passos pequenos e
inseguros, atrás do meu irmão.
— São apenas os nossos irmãos. — Yore fala assim que entramos na
sala.
— Não sei se consigo. — Não de uma vez. Sorrio tristemente.
— Entendo. Vamos com calma. — pede e me leva caminhando na
direção dos homens.
Pressiono-me nas costas dele.
— Oi. — o ruivo se aproxima e aperto ainda mais forte a mão do Yore.
— Não se aproximem. Ela não gosta que toquem nela. — meu irmão
adverte fazendo o ruivo parar, levantando as sobrancelhas. Observo-os
nervosa.
— Tudo bem. Sou Igor. — se apresenta dando um passo mais perto e
eu seguro a camisa do meu irmão com força. Ele balança a cabeça, fazendo-o
parar.
— Oi. — murmuro olhando Yore com incerteza.
Ele sorri apertando minha mão e dou um pequeno sorriso, levando-a ao
rosto.
— Está doendo? — o homem com olhos azuis cristais se aproxima um
pouco mais.
— Um pouco. — respondo.
Não dói tanto como uma pessoa normal sente quando se machuca, pois
tenho costume com dor.
— Sou Victor, o seu irmão. — Chega mais perto e eu me agarro ao
corpo do Yore, literalmente.
— Não se aproximem! Vocês querem fazê-la entrar em pânico ou
desmaiar? — ordena se afastando para trás e me levando com ele.
— Sou Ian. — fala o de cabelo castanho mel, se mantendo distante.
— Oi. — cumprimento e eles me fitam fixamente.
— Estou com sede. — afirmo. A minha garganta está seca.
— Você pode pegar algumas roupas com a sua mulher? — Yore
pergunta.
— Sim. — Victor confirma saindo.

*****

Já de banho tomado, morrendo de fome e chateada pelas reações do


meu corpo, estou congelando novamente, quando alguém chega perto de
mim. Yore me dá um remédio para dor e passa pomada em meu machucado.
Há uma mancha roxa na minha bochecha e outra na cabeça, da pancada. Me
pergunto o que ele teria feito comigo se eu não estivesse desmaiada a viagem
toda.
Estou nervosa. Todos na sala estão me observando atentamente. Cada
movimento e reação minha são acompanhados de perto por cinco pares de
olhos curiosos. Os meus nervos estão à flor da pele. Nunca estive sozinha
com pessoas estranhas. Nem o fato de conhecer Amélia previamente acalma a
histeria do meu corpo. Perco o controle das minhas emoções. A cada segundo
que passa a ansiedade me domina. Já se passaram quatro horas que estou aqui
e o Deimon ainda não chegou. Oh, meu Deus! O que ele está pensando sobre
o meu sequestro? Eu preciso dele. Tenho que abraçá-lo, sentir o seu cheiro e
a maciez do seu copo. Eu quase perco tudo: meu marido, minhas amigas,
meus sobrinhos e as minhas duas famílias. Estou certa que morreria depois
das perversidades que aquele maldito pretendia fazer comigo.
Limpo uma lágrima solitária que escorre pelo meu rosto. Já estou há
muito tempo sem dormir. O desgaste emocional começa a cobrar o preço
sobre mim. A minha cabeça está latejando e os meus olhos estão doendo.
— De onde você é? — Igor pergunta.
Tenho certeza que ele sabe de onde sou e talvez queira apenas puxar
conversa comigo e me conhecer melhor.
— De Las Vegas. — respondo cansada.
As minhas pálpebras estão quase fechando, pesadas. A dor não ajuda.
O meu corpo está cansado e quase entrando em colapso. Isso não é bom.
— Você trabalha? — Ian indaga.
Estamos todos sentados na sala de estar e na televisão passa um filme
que eu não tenho a menor ideia do que seja. Não consigo me concentrar em
nada.
— Não. Deimon acha perigoso. Ele diz que não preciso. Você trabalha?
— pergunto incerta, esfregando os meus olhos com a mão, tentando
apaziguar a dor.
— Sim. Sou o mais inteligente da família. — Me faz sorrir um pouco.
Estremeço com a dor. O meu lábio inferior está meio estourado com o
tapa que Vikkito me deu. A minha bochecha está doendo muito.
— O mais otário também. — Victor fala batendo na cabeça dele,
fazendo Ian simplesmente sorrir, como irmãos que se amam.
— Quando Deimon vai chegar? — sussurro baixinho apenas para que o
Yore escute. Ele está com os meus pés em seu colo, massageando-os e
apertando os pontos tensos.
— Em uma hora no máximo. — me garante dando um sorriso
reconfortante.
Fecho os meus olhos novamente. Nem me lembro de quantas vezes
dormi levemente e acordei. O remédio que tomei é forte.
— Você não quer dormir? — Amélia pergunta sentada no colo do meu
irmão Victor.
Sinto um pouco a familiaridade de uma família unida, assim como nós
em Las Vegas. Amélia me ajudou com os meus machucados na hora de
desinfetar e aplicar o remédio.
— Não. Obrigada! Vou esperar Deimon chegar. — falo com um sorriso
agradecido, mas envergonhada pela situação toda.
— Faria bem se você dormisse um pouco. — ela sugere dando um
sorriso tímido.
Tenho medo de dormir e ter um pesadelo. Não quero sonhar.
— Se vocês estiverem cansados, podem ir dormir. Não se preocupem
comigo. — profiro morrendo de vergonha e Yore sorri apertando meu pé.
— Não. Estamos bem. — Victor afirma. Ele parece ser um pouco com
o Damen, mas não tão assustador como ele, só que ainda assim emana uma
vibe perigosa.
— Deita aqui um pouquinho! — Yore pede indo para a ponta do sofá e
me dando espaço.
Me estico no sofá, colocando a cabeça nas pernas dele. Fecho as
pálpebras e acabo pegando no sono.
Quando acordo falta menos de cinco minutos para Deimon chegar.
Todos ainda estão assistindo ao filme, despreocupados. Sento aconchegando-
me um pouco na lateral do corpo do Yore, então pontos vermelhos na camisa
de todos me chama atenção. Olho em meu corpo, procurando saber se tem
alguma arma apontada para mim, e quando não acho, sinto um alívio que faz
os meus olhos lacrimejarem. Isso é o meu marido entrando com estilo. Eu sei
disso.
Me levanto e não dizem nada, apenas me observam. Pela janela não
vejo ninguém. A noite está escura como breu, mas isso não significa que eles
não estão lá.
— Yore! — o chamo baixinho.
Meu coração está acelerado e a felicidade me queima por dentro.
Deimon veio me buscar.
— O quê? — Me encara e caminha, ficando ao meu lado.
— Eles chegaram. — Abraço-o rapidamente e ele olha o jardim mal
iluminado.
— O alarme teria tocado caso fosse ele. — Victor argumenta num pulo.
Pensei que estivessem entretidos no filme.
— Você não o conhece. Deimon passaria entre nós e vocês não o
veriam. Me dê sua arma! — peço a Yore.
Ele me entrega e vê a luz vermelha em nossos irmãos. Balança a cabeça
em entendimento. Não tem uma arma apontada em sua direção.
— Você tem razão. Estão aqui. — Yore confirma abrindo a janela mais
um pouco e observando o jardim.
— O quê? — Igor indaga.
Pego a arma, destravando-a assim como meu marido vinha me
ensinando. Pode ser ele ou não.
— Você é louco de entregar uma arma para ela. — Ian fala sentado no
outro sofá. São muito lerdos para entenderem as coisas.
— Olhem a camisa de vocês. Isso é o Deimon. — digo olhando para
fora, procurando onde ele está.
Todos olham para baixo e enxergam o ponto vermelho. Estão na mira
dos franco-atiradores. Se a intenção fosse matá-los, não seria difícil.
— Fechem as janelas! — Victor rosna empurrando Amélia para o chão.
— Eu não faria isso. Se Deimon ao menos pensar que isso significa
perigo para ela, não vai hesitar em nos matar. — Yore explica.
Ele está certo. Se isso interferisse na minha segurança, meu esposo
atiraria neles sem pensar duas vezes.
Começo a caminhar lentamente e assim que chego perto da porta uma
mão enluvada tapa a minha boca e um braço aperta a minha cintura. Eu grito
assustada, mas nenhum som sai. Um cheiro familiar me acolhe. Eu conheço
esse cheiro e esse corpo. Relaxo em seus braços.
— Amor! — murmuro.
As lágrimas de felicidade e medo descem livremente pelo meu rosto.
Quase morri e agora eu tenho tudo de volta.
— Anjo! — cochicha e me aperta em seus braços, beijando meus
cabelos e me cheirando desesperadamente.
Viro em seus braços e encontro os seus lindos olhos perfeitos que me
oferecem gentileza e amor, me mostrando um novo mundo.
— Oi. — respondo abraçando o seu pescoço e beijando os seus lábios
loucamente.
Deimon nos afasta. A nossa respiração está ofegante. Ele leva a mão
até a minha bochecha machucada e a toca levemente. Seus olhos fecham e ele
respira fundo várias e várias vezes tentando se acalmar. Seu corpo grande fica
tenso de raiva.
— Eu vou matá-los! — rosna e me beija levemente.
Retribuo o seu beijo mesmo doendo muito. Eu queria estar com ele,
sentir o seu corpo no meu e ter o seu carinho me fazendo esquecer o que
aconteceu.
— Eles não me bateram, foi o Vikkito. — explico pressionando a
minha bochecha contra o seu coração, que bate num ritmo acelerado.
— Você está bem? — Passa os dedos pelos meus cabelos.
Eu gemo de dor, fechando os olhos. Deimon congela no lugar e retira a
mão dos meus cabelos.
— Estou bem. Não se preocupe. — acalmo-o beijando seu queixo.
Eu posso sentir as suas armas pelo corpo, várias delas. Me pressiono
ainda mais contra ele sem deixar de encarar seus olhos cheios de ódio e
raivosos. Eu acaricio os seus cabelos loiros cor de mel, mostrando que estou
bem.
— Deixa eu ver! — Deimon pede me virando lentamente.
Não está tão ruim assim, contudo, sei que ele vai pensar diferente. O
seu xingamento baixo e a mudança na respiração me mostra o quão péssimo
achou.
— Oh, anjo! Desculpa por ter quebrado a minha promessa! — Me
abraça e me joga em seus braços, apertando o seu pescoço com força.
— Eu te amo! — confesso sentindo seu calor.
— Eu também te amo! Tive tanto medo de te perder. — Beija os meus
lábios carinhosamente sem tocar na minha cabeça.
— Gena! — Yore me chama e chega perto de nós. Me afasto de
Deimon quando os seus passos se aproximam.
— Estou bem. — confirmo.
— Você é muito descuidado. — é a primeira coisa que meu marido fala
na sala, anunciando a sua presença. Todos os olhos estão nele.
— Digo o mesmo de você. — Yore rebate com as mãos nos bolsos.
— Claro! Se você tivesse matado aquele filho da puta como prometeu à
Anny, a minha mulher estaria em casa e bem, sem nenhum maldito arranhão.
— responde caminhando em direção ao meu irmão, com uma expressão de
ódio.
Entro na sua frente, tocando o seu peito. Eu sei o que ele vai fazer. Os
seus olhos vão para mim me pedindo “desculpa” com o olhar. Não há razão
para ele se sentir culpado.
— Estou bem, amor. — reforço entrelaçando os nossos dedos.
— Você dormiu? — Ele está tenso. O seu controle está por um fio.
— Cadê os demais? — Yore pergunta e os outros observam a cena com
um súbito interesse.
— Anny está lá como uma franco. — meu esposo responde mostrando
num ponto onde ela está. — Lydia está no porão nesse exato momento. —
continua esfregando meu pescoço com a mão livre, me deixando
completamente relaxada.
— É claro que está. — Yore murmura.
— Os meus outros homens estão por aí. — Deimon prossegue e beija o
topo da minha cabeça. — Você precisa dormir. — aconselha me puxando
para o sofá e tira as armas espalhadas pelo corpo, colocando-as em baixo do
casaco.
— Obrigada! — agradeço me deitando em cima do seu corpo grande.
Meu marido se ajeita para que eu possa ficar confortável, sem tirar o
olhar dos meus irmãos.
— As meninas vão passar a noite mirando neles? — pergunto baixinho.
Deimon está vestido de preto, lindo.
— Anny e Lydia, podem descer aqui! Os outros mantenham as suas
posições e fiquem em alerta. Ninguém passa por aquela porta sem ser
revistado, entenderam? — meu marido ordena com uma voz de aço,
apertando algo no ouvido.
Fecho os meus olhos, relaxando, e em seguida durmo.
Eu estou tentando não matar os irmãos da minha mulher, porém, está
sendo uma tarefa extremamente difícil. A visão do seu rostinho machucado
me fez querer matá-los lentamente por não darem um fim naquele miserável
fodido do Vikkito. Gena mal repousa o rosto em meu peito e já está apagada,
dormindo. Beijo levemente a sua bochecha machucada.
— Eu espero que você não tenha matado o meu entretenimento. — falo
assim que tenho certeza que ela está dormindo profundamente.
A sua respiração calma e rosto sereno me mostra quão cansada está. Me
levanto com ela em meus braços e deposito-a no sofá, ajeitando-a de forma
confortável.
— Você ficou louco? Para que fazer um plano se ia jogar fora? —
Anny indaga entrando na sala e colocando o seu fuzil em cima da mesa.
— Anny! — Yore a chama, se levantando. — Como você está? — A
abraça.
— Bem. Só cansada demais. — responde.
Os seus olhos me imploram para ter calma, o que não prometo nesse
momento. A única coisa que quero é matá-los.
— Lamento por isso. — Yore pelo menos é sincero, não é um covarde.
— Vocês entram no meu território e na minha casa como se fossem
donos. Querem começar uma guerra? — Victor vocifera. — Amélia, vá para
o quarto, por favor! — pede e a mulher sobe a escada, vagarosamente.
Eu rio. Espero que ele não seja burro para brigar comigo hoje.
— Você é um hipócrita de merda! Seu covarde! Manda o seu irmão
para nos espionar por cinco anos e ainda acha que tem o direito de bater o pé
pra mim? — confronto perigosamente calmo.
— O seu pai supostamente matou a nossa mãe. — ele rosna.
É burro ou otário? Se isso fosse verdade, Gena não existiria.
— Você é estúpido? O meu pai não matou a sua mãe. Ela se suicidou.
Você pode ser o dono dessa cidade devido à decadência, mas me pergunto:
até quando? — debocho.
Passamos pelas suas defesas sem o menor problema. Nem nos viram
chegar.
— Vou matar você, seu miserável! — Victor grunhe e caminha na
minha direção.
Eu rio baixinho sem humor. A porra da decadência deles custou
manchas roxas na minha mulher. O que teria acontecido se esse pequeno
ratinho não estivesse aqui para salvá-la? Estávamos com quatro horas de
atraso. Se algo tivesse acontecido com ela, eu mostraria a eles um verdadeiro
banho de sangue que nunca viram na vida.
— Eu mato todos vocês agora, e quando o reforço chegar, eu os mato
também. Nem perceberam quando nós chegamos. Fracos! Defasados! Isso é
o que vocês são. Sabem o que a minha esposa já passou? Não. A arrastaram
para essa porra e agora não querem me ver? Eu tenho uma má noticia para
vocês: eu vou ficar aqui até quando e o quanto eu quiser. — confronto
baixinho olhando dentro dos seus olhos.
— Não.
— Então não se meta no meu caminho. Agradeça à sua irmã, porque
ela é a razão para vocês estarem vivos. — digo me aproximando.
— Vamos com calma aqui. Vocês não querem acordar a Gena. —
Anny se mete no meio de nós dois e coloca a mão em meu peito.
Pequeno demônio. Ela tem razão, mas não muda o fato de que ainda
quero matá-los.
— Não se meta, garota! — o ruivo pede fazendo minha cunhada soltar
aquele sorriso assustador.
— Igor, o ruivo cobiçado, mulherengo e irresponsável de Moscou. Não
sai dos tabloides de escândalos e confusões. Vagabundo e inconsequente que
faz os seus irmãos limparem a sua sujeira, como por exemplo a morte da
prostituta semana passada. Não sou qualquer garota, e sim aquela que sabe
tudo sobre vocês. Então sente na porra desse sofá ou eu faço você sentar!
Cale essa boca se não quiser perder a língua, moleque! — Anny rosna
voltando a sentar ao lado de Yore, que não fala nada.
— Você tem sorte do meu irmão não está aqui, ou você estaria se
afogando no próprio sangue. — falo me sentando.
— A minha paciência está acabando. — Victor se manifesta.
O cara tem tudo para ser o homem mais poderoso da Bratva em toda a
história, mas se deixa ser controlado dessa maneira.
— A minha já se foi há muito tempo. — sou sarcástico.
— Já chega os dois! — Lydia exclama entrando com aquela vibe
inquietante que tem apresentando nos últimos dias. — O negócio é o
seguinte: quero saber quando posso matar aquele filho da puta. — questiona
olhando diretamente para mim.
— Ele é meu. — afirmo. Eu sou o único que vai matá-lo lentamente.
Ela dá de ombro, se agarrando com Yore.
— Ok, vocês têm razão. Estamos ultrapassados. Que tal nos darem
umas dicas? — Ian me surpreende.
Olho o meu pequeno anjo se mexendo inquieta. Sua respiração está
acelerada, o que é um péssimo sinal, assim como seus gemidos baixos e
murmúrios incoerentes.
— Nã… ão... Não. — ela começa a gemer e a chorar.
— Shhh, anjo! — Beijo seus lábios e ela se acalma instantaneamente.
O meu peito aperta dolorosamente preocupado. Me sento colocando
Gena em meu colo. Odeio essa merda mais que tudo! Ela fez um progresso
incrível e agora estamos regredindo.
— Por que ela faz isso? — Victor pergunta se aproximando e eu o paro
com um olhar de advertência. Pode ser irmão dela, no entanto, quando se
trata dos seus pesadelos, é melhor ela não ver outras pessoas. — Ela não vai
surtar comigo. — continua.
Eu rio baixinho. Ele mal a conhece. Não porque é engraçado, mas sim
por ser uma merda fodida. Eu entendo a minha mulher melhor do que
ninguém.
— Se Gena acordar e você estiver inclinado sobre ela, sim, ela vai. —
Retiro seu cabelo do rostinho perfeito.
— Você fez isso com nossa irmã? — Ian pergunta.
— Você não sabe de nada, então não faça pergunta de merda. — Lydia
grunhe impacientemente. Eu posso dizer que ela está se cansando desse
interrogatório sem sentido.
— Você acha que se eu tivesse feito isso, Gena confiaria em mim? —
pergunto perigosamente.
Que demônios há com esses imbecis? Sugerir que espanco a minha
mulher por diversão.
— Não. — Victor responde.
— Queremos conhecê-la. — Igor fala.
Eles querem, contudo, Gena não ficará aqui com uma proteção meia-
boca.
— É, vocês querem, porém, ela não ficará aqui onde pode ser atingida
com facilidade. Nem perceberam quando entrei. Não servem para protegê-la.
— falo demonstrando o meu desagrado.
— Entendo. — Victor responde.
Gena é importante demais. Jamais vou arriscar a sua vida novamente. A
segurança desse lugar é péssima e ela não estará segura o suficiente. Volto os
meus olhos para a minha pequena esposa que dorme pacificamente.
— Vamos conversar amanhã. Gena precisa dormir. — digo secamente.
— Corredor à esquerda. Podem escolher qualquer um dos quartos. —
Yore informa se levantando.
— Valeu! Vocês ficam no mesmo quarto? — pergunto à Anny, me
inclinando sobre a minha esposa.
Coloco os meus braços em baixo dela levantando-a vagarosamente para
não acordá-la.
— Não. Vou ficar com Yore. — Lydia dá uma piscadela sensual.
— Vamos ficar no mesmo quarto. — Anny profere olhando sério para
Lydia.
Eu sorrio ironicamente empurrando o meu pé na coxa de minha
cunhada. Mulher mandona do caralho!
— Não se esqueça. Eu ainda limpo o chão com você. — Anny
debocha.
Ela pode, no entanto, não será nada fácil nós dois morrermos durante a
luta. Ignoro a sua provocação e falo:
— Você sabe que está com duas encrencas, né?
Yore simplesmente sorri, ignorando meu tom de aviso. Se acontecer
alguma coisa com Anny, Damen vai pintar essa cidade com sangue, uma
verdadeira matança.
Subo a escada devagar para não acordar Gena. Amanhã eu matarei
Vikkito de forma lenta e suave, igualmente à degustação de uma comida, a
sua preferida.
Ver meu irmão destroçar um homem como se não fosse nada me
deixou orgulhoso pra caralho. Ele cresceu e eu nem percebi. Eu gosto de
infligir dor aos meus inimigos e aprecio cada uma delas. É relaxante. Acabo
de descobrir que não somos mais apenas quatro irmãos, mas sim cinco. Não
tive reação alguma ao ver aquela pequena garota, que agora é a minha irmã
caçula. É o meu dever protegê-la. É nosso dever.
Eu simplesmente não consigo assimilar as coisas que acontecem
consecutivamente. Não podemos chegar a mais de um metro dela, que os
seus olhos se enchem de pavor e medo, o que mostra que ela deve ter passado
por várias experiências ruins. Aqueles grandes olhos verdes contam muitas
histórias de terror. Fico me questionando que tipo de horror ela teve que
passar ou ainda passa na mão daquele filho da puta do marido. Yore pode
confiar neles, mas eu não. Eles são como cobras traiçoeiras esperando o
momento certo para atacarem.
— Por que ela age assim? — Igor questiona assim que Yore some na
cozinha com a nossa irmã grudada nele como a sua tábua de salvação.
A garota o olha com toda a confiabilidade. Isso me fez perceber que ele
trabalhou mais do que eu pensava, com o pavor, óbvio, que ela teme em
chegar perto das pessoas. Deve ter ralado muito para ter a sua total confiança.
— Não faço a menor ideia, só sei que isso não é bom. — Me sento e
espero Amélia trazer as roupas para Gena vestir.
A minha esposa está me lançando punhais com os olhos. Ela é nova
nessa vida e vai levar muito tempo para se acostumar.
— Será que ele bate nela? — Ian questiona passando a mão pelo cabelo
em um gesto nervoso, olhando para a nossa irmã.
— Se esse for o caso, nós vamos matá-lo.
Não estamos numa boa fase dentro da máfia, mas isso não importa, não
significa nada. Já falhamos com ela por vinte e um anos. Podemos matá-lo
sem problemas.
— Yore está diferente. Não sei. É como se ele não tivesse muitas
emoções. — Ian observa.
Olhamos nosso irmão dar água na boca de nossa irmã, sempre
cuidadoso, como se ela fosse de vidro e pudesse quebrar a qualquer
momento.
— Ele está escondendo as emoções e seus verdadeiros sentimentos da
gente. — Igor confirma com uma careta.
No momento em que o vi passando pela porta, procurei o meu irmão
que mandamos para Las Vegas há cinco anos e não achei. Está crescido e
endurecido pela vida e pelas brutalidades que teve que fazer. Desenvolveu as
suas habilidades e tornou-se um assassino de verdade.
— Aqui está, amor. — Amélia coloca as roupas em minhas mãos.
— Obrigado! — Me levanto.
Não chego perto de Gena novamente. A minha irmã apenas me analisa
com olhos arregalados e a respiração muito ofegante, apreensiva.
— Obrigada! — ela agradece se pressionando nas costas de Yore.
— De nada. — Volto para a sala de estar.
— O que ela está fazendo aqui sem o marido? — Amélia questiona
passando os braços à minha volta, me puxando para um lugar mais reservado.
Eu sei que está no limite, até porque não lhe dei explicação, pois não tive
muito tempo.
— Não está aqui por escolha. — explico encarando minha pequena
esposa.
— Como assim?
— Foi sequestrada. — respondo.
— Não me diga que você fez isso! — Amélia me olha com decepção e
eu respiro fundo sem deixá-la se afastar de mim.
— Não fui eu, foi Vikkito que fez pelas minhas costas. — informo-a e
beijo seus lábios rapidamente, acalmando a sua fera interior. As mulheres têm
uma maneira irritante de nos pegar pelas bolas e depois disso você está na
palma da mão delas.
Gena está adormecida com a cabeça nas pernas do Yore e com a
bochecha machucada. Parece um sacrilégio contra a sua pele branca e
perfeita. No momento em que pegou no sono, ficou se mexendo
inquietantemente e manteve a respiração ofegante. Toda vez que abre os
olhos me deixa preso no passado, visto que a cópia da nossa mãe naquelas
esmeraldas perfeitas. Ela consegue pegar no sono e dorme profundamente por
mais de três horas.

*****

HORAS MAIS TARDE

Só pode ser brincadeira! Estamos na mira de franco-atiradores, sem


poder fazer absolutamente nada. Fui tão descuidado ao ponto de uma mulher
perceber antes de mim? Nos acomodamos, esse é o problema. Ficamos
desatentos e agora todos nós somos um alvo.
— Vai atrás dela! — ordeno.
Gena saiu com uma arma na mão faz alguns minutos e Yore é o único
que não está com uma mira no seu peito ou na cabeça.
— Deimon está atrás daquela coluna. — ele responde sem se mover do
lugar.
É claro que está. No momento em que passássemos, seríamos
surpreendidos e seria tarde demais para qualquer reação.
— Por que o alarme não tocou? — pergunto chateado.
— A mulher do irmão fez isso acontecer. É um gênio, e isso é
brincadeira de criança para ela. Sabe a Ghost? — Yore indaga com um
evidente respeito e admiração na voz.
— Sim.
Todos nós sabemos da sua existência, no entanto, ninguém sabe quem é
e de onde é, por isso é chamada de fantasma.
— Ela é de Vegas, a mulher do Damen. Vamos dizer que seja um
perigo ambulante. — responde como se não fosse nada.
Não basta eles serem um problema, as mulheres também tinham que
ser perigosas.
Eu sei que Deimon é um homem perigoso, mas não pensei que fosse
tanto quando o vi. Os meus instintos gritavam para matá-lo. Aqueles olhos
estranhos e frios refletem muito ódio, raiva e desejo de matar. Eu posso sentir
o cheiro de sangue emanando dele. Nos mataria sem pensar duas vezes, nem
hesitaria pôr um milésimo de segundo. Não tiro a sua razão, uma vez que eu
faria o mesmo e muito mais em seu lugar.
Enquanto ele troca farpas com Yore, não fica de costas para nenhum de
nós. É um homem extremamente cauteloso. Eu quero esmagar o seu pescoço.
Ninguém entra em meu território achando que pode mandar em mim. Porém,
ele não para de me surpreender, dado que cuida da minha irmã como se ela
fosse um bebê precioso. Percebo que a ama.
Quando aquela garota de cabelos exóticos entra na sala olhando cada
um de nós como se nos conhecesse, eu soube que ela é a famosa hacker.
— Uau, menina! Onde você encontrou essa beldade? — ela fala para a
minha esposa, abraçando-a, como se há pouco não estivesse mirando nas
nossas cabeças.
— Eu não estava procurando. — Amélia responde.
Analiso a pequena garota, que parece muito frágil, mas tenho certeza
que não é, para estar aqui. A confiança com que ela se move pelo ambiente é
desconcertante.
— Vamos aos negócios! — Deimon fala ainda com a cabeça de Gena
em sua perna.
Assim que ele se afasta, ela começa a se mexer inquietantemente.
— Por que não? — Me levanto.
O cara não me segue e muito menos se põe de pé.
— Vamos ser aliados e isso acaba. — sugere apontando para a minha
irmã dormindo. — Se ela sofrer ao menos um arranhão, por menor que seja,
vou transformá-los em uma poça sangrenta, mesmo sendo irmãos dela. —
avisa.
Ele poderia tentar.
— Ela poderá vir nos visitar de vez em quando? — questiono.
Estou disposto a fazer todas as mudanças que Deimon quiser se nos
permitir vê-la de vez em quando. Se tornou evidente que Gena adora o
marido. Seus olhos brilham como dois faróis quando o olha.
— Venha aqui, Enzo! — Ele não responde a minha pergunta. Isso não
será nem um pouco fácil.
Mal o sol sai e espero a minha esposa despertar. Ela surtaria se
acordasse num lugar desconhecido e sozinha.
— Anjo! — chamo-a demonstrando todo o meu amor.
Ela se mexe vagarosamente, abrindo as pálpebras. A mancha roxa perto
dos seus lábios está mais clara e o meu corpo ferve de muito ódio.
— Amor! — murmura me abraçando.
Já tomei uma ducha e fiz uma ligação para Damen informando sobre
toda a situação. Tenho certeza que a Anny já falou tudo o que aconteceu. Vai
ser um dia difícil, mas não vou deixar Gena longe de mim, porém, as coisas
que preciso fazer, ela não pode ver. Quebrei a minha promessa uma vez e
isso nunca mais vai acontecer.
— Está se sentindo bem? — pergunto analisando seu rostinho perfeito.
— Sim. Estou faminta. — Sorri docemente e depois estremece.
O meu ódio sobe e o sangue ferve de raiva. A única coisa que eu quero
é matar todos que a tocaram e a fizeram chorar.
Gena se levanta rapidamente, entrando no banheiro. A sigo de perto
sem deixá-la fora da minha vista. De banho tomado descemos a escada direto
para a cozinha, onde todos estão tomando café. A conversa pode ser ouvida
do andar de cima.
— Bom dia. — minha esposa murmura com as bochechas coradas de
vergonha.
— Não me diga que vocês estavam transando! — Lydia profere
passando as mãos pela barriga da minha esposa, que enfia o rosto em meu
peito, morrendo de vergonha.
— A resposta é “não”. Não que isso seja da sua conta. — respondo me
sentando na cadeira e puxo Gena para o meu colo.
— O que quer comer? — pergunto.
Ela está com a cabeça encostada em meu ombro enquanto eu acaricio
os seus cabelos distraidamente, me mantendo longe do seu machucado.
— Qualquer coisa. — responde.
— Que horas vocês vão voltar? — Ian pergunta olhando diretamente
para mim.
— Quando eu terminar com Vikkito. — Pego um Pirozhki e entrego à
Gena, que começa a comer gemendo baixinho.
— Não podem ficar mais um pouco? — pergunta o ruivo.
Não é uma boa ideia. Não gosto deles nem um pouco. Gena me olha
com aqueles malditos olhos inocentes. Eu sei o que esse olhar significa: ela
quer ficar e conhecer os seus irmãos. Respiro profundamente. Isso vai ser
osso.
— Está bem. Vocês voltam ainda hoje. — falo apontando para Lydia e
Anny, que estão numa conversa com Amélia.
— Deixa de ser mandão! — Anny revira os olhos.
— Só estou repassando o que Damen falou. — digo e volto a atenção
para a minha mulher.
— Cala a boca, Deimon! Eu tenho quatro filhos pequenos para cuidar.
É claro que vou voltar logo. — Anny resmunga.
Aff! Eu mereço! Ignoro a sua farpa. Ela pode fazer isso o dia todo.
— Você precisa comer mais. — falo levando o copo com suco de
laranja à boca de Gena, que o toma em pequenos goles e em seguida sorri
para mim, beijando o meu queixo.
— Sentiu a minha falta? — pergunto baixinho limpando o canto da sua
boca com o meu dedo.
— Você sabe que sim. — admite.
O que esses otários estão olhando? Levanto a sobrancelha em ironia.
— O que foi? — pergunto.
Eles parecem idiotas me encarando como se tivessem sofrido um
derrame cerebral.
— Nada. Você parece... Como eu posso dizer? Uma pessoa acessível.
— responde o ruivo.
Eu bufo. São um bando de otários.
— Engano o seu. — sou irônico.
— Não fique chateado com eles. — Gena pede baixinho, chamando a
minha atenção de volta para ela.
— Eles me dão nos nervos. — falo me concentrando totalmente nela.

*****

— Podemos conversar a sós? — Victor pergunta assim que o café da


manhã termina.
Olho para a minha esposa dormindo em meu colo e volto a observá-lo,
levantando a sobrancelha.
— Você pode soltá-la por meia hora? — Ian sugere.
— A resposta é “nem fodendo”. Vão esperar até ela acordar. —
respondo sem rodeios e Igor suspira pesadamente.
Deixar Gena sozinha em um lugar que ela não está familiarizada? Não
mesmo! Ela acordaria gritando e chorando em pânico.
Pego o meu celular e mando uma mensagem para Enzo. Cinco minutos
depois aparece, como prometido, todo vestido de preto.
— Sim! — ele fala olhando desconfiado para os homens na sala. Os
seus passos são cautelosos.
— Você vai ficar atento com a minha esposa! — ordeno e a surpresa
cruza seu rosto, mas esconde rapidamente.
— Claro! Contudo, não sei se isso é uma boa ideia. — responde.
Acordo Gena e aviso que estou saindo rapidamente.
— Se ela acordar, não chegue perto dela e fale de uma boa distância,
dois metros no mínimo. — aviso. Ele conhece bem o histórico dela.
Deposito Gena no sofá. Anny e Lydia já voltaram para Las Vegas.
Enzo é um bom soldado e o nosso executor. Pode matar uma pessoa de mil
maneiras diferentes antes dela dar dois passos em direção à minha mulher.
— Certo. Apenas isso? — Me encara.
— Não. Se qualquer pessoa se aproximar dela, mate sem hesitar. —
ordeno segurando o seu olhar. Sua boca se puxa num sorriso sombrio.
— Pode deixar. — responde se sentando com as costas contra a parede.
Assim está protegido e tem uma visão privilegiada do ambiente.
— Isso não é necessário. — Victor fala com uma expressão
desaprovadora. Estou pouco me fodendo pra ele.
— Para mim é. — rebato e caminhamos rumo ao escritório.
— É muito possessivo. — Igor diz sentando-se no sofá.
— Não. Sou prevenido e precavido. — argumento me sentando do lado
oposto deles.
— Obsessivo ou lunático, não sei. — Victor fala.
— Não estou aqui para vocês ficarem me analisando. — fico
impaciente. — O que querem saber? — pergunto.
— A história da nossa irmã. — Ian profere.
— Por onde eu começo? Eu conheci Gena há um ano e meio. Gefrete, o
pai dela, ou padrasto, era nosso contador. Ele estava nos roubando.
Descobrimos bem no início e o matamos. Dei uma escolha para ela: morrer
com o seu pai e madrasta ou ficar comigo e o meu irmão e salvar os dois. —
digo calmamente.
— Seu filho da puta! — Victor rosna caminhando na minha direção e
eu levanto a sobrancelha para ele. Yore segura o irmão torcendo os seus
braços atrás das costas.
— Me solta! Vou matar esse filho da puta! — Victor rosna e eu apenas
sorrio como um bom provocador que sou.
— Bom... Continuando a história... Gena escolheu morrer ao invés de
salvar a vida do pai. Ela escolheu certo e por isso está viva. Se tivesse
escolhido o contrário, estaria morta agora. Então me casei com ela. — falo
sério.
Victor está calmo novamente, como se não tivesse acabado de tentar
me bater ou sei lá o quê.
— Ela tem sérios traumas, ataques de pânico e vários tipos de fobias
que vocês possam imaginar. — prossigo.
— O que aconteceu com ela? — Igor indaga.
— Ela sofria agressões desde que era uma criança. Já foi muitas vezes
espancada até desmaiar, afogada, açoitada e outras coisas mais que não vou
mencionar. Vocês não têm noção das coisas que passei com Gena durante
esse um ano e meio para ela poder dormir uma noite inteira sem acordar
gritando e revivendo os horrores que passou, para agora virem trazer o caos
até ela. Vamos ter que passar por tudo novamente. — mostro minha raiva.
— Entendo. O que aconteceu com a nossa mãe? — Victor pergunta.
— Ela morreu, se suicidou para ser mais específico. Ela não conseguiu
suportar tamanha violência. Quando descobriu que estava grávida, sua irmã a
ajudou a fugir, mãe da Anny. — respondo com um movimento de mão.
— Entendo, a mãe do Lucas — Igor fala.
— Exatamente. Agora que vocês já sabem o que queriam, vou ver a
minha mulher. — Saio.
Eu confio em Enzo, mas não abusarei da sorte.
— Você vai matá-lo? — Gena pergunta baixinho com os olhos cheios
de lágrimas não derramadas.
Me levanto e beijo a sua boca carnuda rapidamente.
— Sim. Ninguém toca no que é meu e vive para contar. — Saio e deixo
Enzo de olho nela.
Gena não ficará desprotegida nunca mais. Juro pela minha honra!
— O que você está pensando? — Victor questiona passando na minha
frente.
Eu não confio nele, nem em ninguém além do meu irmão, Lucas e
Jasper, que é o que tenho mais perto de um amigo. Também tenho confiança
no Enzo em algum grau, entretanto, isso no nosso mundo é perigoso.
— Em esfolá-lo vivo. — afirmo sem elaborar uma resposta detalhada.
Logo verão do que estou falando.
Ele me lança um olhar e eu sorrio debochadamente sem demonstrar
reação. É um bastardo que tem tudo para ser uma força inquestionável,
porém, está preso demais nas tradições sem sentido.
Seguimos pelo corredor em silêncio e assim que chego no porão vejo
Vikkito no chão amarrado numa corrente curta. Os três irmãos da minha
esposa já estão dentro da cela e conversando entre si. Eu sorrio
perigosamente para o desgraçado.
— Vou te matar, seu miserável! — Vikkito grita assim que me vê
parado na porta.
— Acho que não. Você é o único que vai estar morto em alguns
segundos, horas ou dias... Não sei, ainda não decidi. — respondo.
Ele se levanta, me atacando. É um homem velho, sem agilidade e fraco
pelos anos que acabam hoje. Bloqueio o seu ataque, dando-lhe uma
cotovelada em seu pescoço e em seguida um soco na boca. O indivíduo solta
um grito caindo no chão e se contorcendo de dor. A tarde para ele não será
fácil se só com isso está gritando de dor.
— Eu adorei destroçar o seu filhinho. Que pena que ele era um
molenga! Agora sei a quem puxou: você. Sinto muito! Ele não aguentou nem
os primeiros carinhos. Espero que você me proporcione mais entretenimento.
— falo cada palavra com um sorriso predatório no rosto.
Vikkito tenta me atacar novamente, mas não passa nem perto. As
correntes o puxam para trás. Soco a sua cara miserável seguidas vezes e o
sangue começa a descer pela boca e nariz.
— Se aquela puta visse as coisas que você é capaz de fazer, correria de
você, seu monstro! — Cospe sangue no chão e eu gargalho perversamente.
— Você acha que ela não sabe com quem está casada? — pergunto
inclinando-me sobre ele e puxando a minha faca.
Os seus olhos estão aterrorizados e a sua coragem foi embora quando
coloquei o objeto cortante na sua pele. Eu sorrio mostrando o meu demônio
interior sedento por seu sangue, querendo derramá-lo e banhar nele. Eu posso
sentir o seu medo e o terror se espalhando pelo seu sistema nervoso como
uma droga.
— Você jamais deveria ter tocado nas asas da minha mulher. — Sorrio
demonstrando que estou apenas começando e enfio a faca em sua carne,
cortando-a vagarosamente.
— Filho da puta! Espero que morra! — grita chorando.
— Oh! Você é o único que está morrendo. Aquelas asas estavam
perfeitas, suas penas sem manchas. E o que você faz? Suja de sangue. —
murmuro cada palavra, enfiando a minha faca lentamente no seu estômago
repetidas vezes.
— Eu devia ter fodido aquela puta e depois tê-la matado sem piedade.
— grita entre a agonia e o medo. Eu sei o que ele está tentando fazer: me
deixar cego de raiva para matá-lo mais rápido.
— Você poderia, mas não vai, já que estará morto, assim como os seus
filhos. — argumento demonstrando todo o meu ódio.
Eu prometi à minha esposa que ninguém nunca a tocaria sem o seu
consentimento.

*****

Nas próximas horas Vikkito disse tudo o que precisava saber. Igor já
tinha vomitado no chão. Um molenga! Yore teve a sua participação quando
terminei e literalmente não se importou com a cena à sua frente. Duvido que
algo assim o incomode. Ele já fez muitas coisas repugnantes para nós, então
duvido que se impressione facilmente, depois de tudo que o meu irmão o
mandou fazer.
— Vocês são piores do que pensei. — Ian profere.
Eu posso ver que ele está tentando não vomitar e eu sorrio. O porão
estava com um fedor de urina e outras coisas.
— Você não viu nada. Isso é o que acontece com quem mexe com a
minha mulher. — Mostro os dentes.
— Você é insano! — Ian exclama.
— Você devia ver o meu irmão em ação. — falo passando por ele.
— Não. Obrigado! — Igor diz. Parece doente, um garoto ingênuo.
— Vamos mesmo fazer uma trégua? — Ian questiona duvidoso.
— Se não estivéssemos numa trégua, não estaríamos aqui conversando
tranquilamente. — Lavo as minhas mãos. Estou coberto de sangue, assim
como o meu corpo.
— O que vamos fazer em relação à nossa irmã? — Yore pergunta atrás
de mim se lavando um pouco.
— Nada. A não ser que isso aqui vire uma fortaleza como Vegas. Então
Gena poderá vir, mas acompanhada de Enzo ou de mim. — respondo sem
olhá-los. Enzo tem muito a perder: uma irmã que ama muito.
— Beleza! — Victor confirma.
Eu posso dizer que ele prefere cortar o próprio pescoço antes de
concordar com a nossa ajuda.
— Isso não é sua morte. — Encaro-o.
— Podemos começar quando quiser. — Ian lança um olhar frustrado.
Isso vai ser trabalhoso, mas não me importo com essas merdas de
demonstrações de fraqueza. Todos nós temos uma, por menor que seja.
— Beleza. Que tal começar tirando a mamata gorda daqueles velhos
filhos da puta? — sugiro.
Me refiro àqueles com ideias retrógradas, que ganham metade do
dinheiro que a máfia produz, sem trabalhar, como se fossem reis.
— Eu sempre quis fazer isso. — Yore admite. Os seus olhos se enchem
com uma alegria sombria. Se parece muito com o Damen quando tinha 13
anos, ansioso para matar.
Uma semana depois e estou de volta em casa. Me sinto mais leve,
pronta para iniciar uma nova família, ser uma nova mulher, sem amarras do
passado.
Resolvo fazer uma surpresa para Deimon, que está sempre me
surpreendendo, e eu nunca fiz nada disso para ele.
— Você tem certeza? — Lydia pergunta pela milésima vez.
Eu fiquei com medo de sair nos primeiros dias depois que fui
sequestrada, mas hoje eu decidi que quero comprar uma lingerie sexy, de
preferência vermelha e que combine com as botas que a Lydia me emprestou.
O meu rosto esquenta enquanto dirijo a minha Ferrari pelas ruas de Vegas.
— Tenho. Quero surpreender o Deimon. — falo sem desviar o olhar da
frente.
Ganhei mais três carros de presente. Eu nem uso um, imagina os
quatro.
— Tenho certeza que ele vai adorar. — minha amiga dá um sorrisinho
sacana.
Enzo ultimamente é minha sombra constante quando não estou em
casa.
— Você acha mesmo? — pergunto incerta, pois nunca fiz esse tipo de
coisa antes.
— Sim. Homem adora uma lingerie sexy. — Solta um sorriso maroto e
confiante.
Eu espero que Deimon goste. Já estou morrendo de vergonha só em
pensar no que ele dirá.
— O que mais eu posso fazer? — pergunto encostando em frente à uma
das boutiques. Aqui tem peças incríveis.
Respiro profundamente tentando esconder o meu embaraço.
— Vamos às compras. — Lydia fala cutucando meu queixo e desce.
Enzo já está ao meu lado abrindo a porta do carro para mim.
— Se me permite, senhora. — fala.
— Gena! — o corrijo com gentileza.
Ele me olha sem dizer nada e sei que ainda assim vai continuar me
chamando de senhora.
Desde o momento em que entramos na loja, a vendedora está ao nosso
redor como uma mãe galinha.
— Porque o seu guarda-costas tem que ser um gostoso? — minha
amiga pergunta baixinho conferindo Enzo descaradamente.
— Deve ser tesão dos irmãos. — falo olhando algumas peças.
— Provavelmente. Nunca prestei muita atenção nele. — desdenha.
— Ele é meio-irmão do Jasper. Você não sabe? — Me viro para ela,
que olha o moreno alto de cabelos pretos, olhos negros e uma barba rala,
assim como a do meu marido.
Lydia levanta as sobrancelhas interrogativamente.
— Sim. Uma delícia! — Confere-o descaradamente.
— Não sei.
Enzo foi escolhido para ser meu guarda-costas porque é menos
assustador que os outros, porém, eu tenho certeza que é tão mortal quanto
qualquer outro homem feito ou até mais. Ele não fala muito comigo, a menos
que eu pergunte, e as suas respostas são sempre “Sim”, “Não”, “Claro,
senhora” e “Desculpe, senhora”. Quase um mordomo.
— Isso não é uma surpresa.

*****

Limitei-me em escolher as minhas roupas e em seguida fizemos unhas


e cabelos no salão. Depois passamos no Spa. A nossa pele foi massageada
com óleo e outras especiarias. Eu espero conseguir fazer tudo que tenho em
mente.
Respire! Apenas respire! É o seu marido. — falo para o meu
subconsciente, que não para quieto.
Dez minutos antes do Deimon chegar, eu acendo as pequenas velas
com cheiro gostoso. Quando ele entrar pela porta será recebido pelo aroma
delicioso.
No momento em que o seu carro estaciona, tudo está do jeito que eu
quero, nos mínimos detalhes. Pego o champanhe, meu favorito, e coloco
dentro do gelo, e também o vinho do meu marido, seu predileto. Visto uma
das camisas sociais, colocando uma barreira na minha pele. Me sentiria muito
envergonhada se ele chegasse e me encontrasse apenas com a lingerie
vermelha e as botas de salto alto, esperando-o sentada na cama.
Anny fez sua comida favorita, já que eu ainda não aprendi a fazer no
ponto que ele gosta. Coloco-a em cima da cama e deixo os meus cabelos
soltos. Me passaram um pouco de maquiagem, mas sem exagerar.
Quando a porta se abre, Deimon entra todo vestido de preto, com
elegância. Ele olha para o quarto todo iluminado pelas velas e a sua boca se
puxa num sorriso sexy.
— Isso é tudo para mim? — Se aproxima.
Respiro fundo, nervosa, e me levanto. Os seus olhos vão para as minhas
pernas nuas, brilhando com luxúria acumulada. Desde que fui sequestrada,
ele não me tocou mais. Nos beijávamos, mas quando as coisas esquentavam,
sempre parava e não passava disso.
— Sim. — afirmo.
O meu rosto está ficando vermelho de vergonha.
— O que tem por baixo dessa camisa? — questiona curioso e caminha
na minha direção.
Eu respiro ofegante e torço as mãos, nervosa, em meu colo.
— Vamos comer! — sugiro me aproximando enquanto tento não
tremer com o nervosismo.
— Se for para comer você, eu quero. — Beija meus lábios
carinhosamente.
— A comida é a sua favorita. — Fecho os meus olhos, sentindo o
formigamento familiar se espalhando pelo meu corpo.
As suas mãos automaticamente apertam a minha bunda e eu gemo
baixinho contra os seus lábios.
— A comida vai esfriar. — falo entre gemidos ofegantes.
— Não me importo. — Caminha em direção à cama e fica apenas de
calça. Eu sorrio novamente tentando não parecer nervosa. — Gostosa! —
Beija os meus lábios avidamente.
Eu estou curioso para saber o que a minha esposa está escondendo
embaixo da minha camisa. Aquela bota de salto alto grita “Me foda” junto
com essa camiseta tapando apenas a bunda e escondendo sua bocetinha
perfeita de mim, intensificando ainda mais o apelo sexual, me deixando duro
como ferro.
— O que tem embaixo dessa camisa? — pergunto depois de termos
jantado.
Eu jogaria a comida para fora da cama se não fosse grosseria. Sei que
ela está se esforçando para me agradar e é a primeira vez que faz algo para
me surpreender.
— Nada de mais. — Suas bochechas ficam extremamente vermelhas.
Não seria nada. Pego os pratos, colocando-os em cima da mesinha, e
Gena respira audivelmente assim que me arrasto em sua direção.
— Você está perfeita!
Beijo seu pescoço elegante e pequenos arrepios se formam em sua pele
macia e cheirosa, e também o seu queixo. Me aproximo capturando seus
lábios suavemente. As nossas línguas se envolvem numa dança erótica. Solto
um gemido. Desabotoo a camisa que ela veste, passo a passo, e assim que
vejo a minúscula lingerie vermelha, o meu pau estremece em apreciação.
Levanto para apreciar a visão: pernas abertas, cabelos espalhados pela cama e
olhar desejoso. Passo as mãos pelos seus seios suculentos, descendo pela
lateral do corpo dela, parando no seu centro molhado. Eu posso ver a renda
vermelha encharcada. Fecho os olhos, gemendo. Porra, isso é quente! Abro
minha calça e a jogo longe, me deitando entre as suas pernas.
— Eu amei a lingerie, mas ela vai ter que sair. — Abocanho os seus
seios, sugando-os com força. Parecem maiores do que antes.
Gena arqueia as costas da cama, gemendo ofegante. Tiro a lingerie e
vou descendo rumo ao paraíso. Beijo a sua barriga, enfiando a minha língua
em seu umbigo.
— Oh, amor! — murmura espalhando mais as pernas sobre a cama.
Passo a língua sobre o seu clitóris, me deliciando do seu sabor
inebriante. Chupo as suas dobras, gemendo e apreciando o seu gosto. Gena
rebola em minha boca. Subo a mão, apertando os seus mamilos e fazendo-a
soltar um grito de prazer. A minha recompensa são seus sucos em minha
língua quando ela goza. O meu pau já está louco para entrar nela. Pressiono-a
contra o colchão deposito pequenos beijos suaves por todo o seu corpo, até
capturar os seus lábios carnudos. Esfrego a cabeça do meu pau na sua
entrada. Nós gememos e assim que começo a deslizar em seu canal apertado
com pequenos impulsos, as minhas mãos viajam pela sua pele delicada,
apertando e acariciando-a.
Gena coloca as pernas em volta da minha cintura, aumentando os meus
movimentos, que vão gradualmente mais fundo.
— Isso, safada! — Mordo levemente um dos seus seios.
— Mais forte! — implora presa na névoa de prazer, cortando a minha
pele com as unhas.
Eu gostaria de devorá-la de todas as formas, consumi-la. Não tem nem
explicação. Sinto arrepios da coluna até o meu saco, que o aperta
deliciosamente. Sua bocetinha suga o meu pau. Me retiro de dentro dela e
rapidamente e recebo um olhar indignado. Sorrio.
— De quatro, querida esposa! — mando.
Gena geme, ficando na posição que pedi. Está perto da sua libertação.
Acaricio a sua bunda e passo o meu pau nas suas dobras, deslizando outra vez
no seu calor, mais apertado e molhado. Empurro velozmente segurando os
seus cabelos e a fodendo com força. Os seus gemidos se tornam gritos
abafados. Acaricio o seu ânus pequeno e passo o meu dedo na sua vagina
melada com os seus sucos. Introduzo o meu dedo vagarosamente dando
tempo para ela se acostumar e não doer.
Estou sobrecarregada de tanto prazer e meus seios estão duros como
ferro enquanto eu tento me manter de quatro feito uma cachorrinha obediente.
O meu corpo zumbe com necessidade.
— Por favor! — suplico entre gemidos ofegantes.
— Mais um pouco! — Deimon geme, empurra o seu dedo em meu
ânus e come a minha boceta mais forte.
A minha vagina está tendo pequenos espasmos. Eu preciso gozar.
Assim que os dedos do meu marido tocam o meu clitóris, eu gozo com um
grito, caindo para a frente. Deimon bombeia mais algumas vezes, gozando
com um gemido longo.
Me viro na cama, arfando.
— Você está mais deliciosa! — Beija os meus lábios carinhosamente.

*****

Em seguida transamos mais três vezes: uma na banheira, uma contra a


parede e mais uma na cama comigo por cima. Eu caí depois, apagando
rapidamente.
— Deixem de ser sapecas, moleques! — reclamo com os meus
sobrinhos, que estão correndo numa perseguição engraçada.
Agora já me acostumei com o nosso novo estilo de vida: a casa cheia
de crianças. É uma bagunça e risadas por completo, mas no início foi
estranho pra caralho.
— Não sou moleque. — Romero rebate sem parar de correr.
Estamos na área da piscina, sentados numa espreguiçadeira. Anny e
Damen com certeza estão fodendo em algum lugar da casa. São como dois
coelhos. Maldição! Não posso dizer que não faço o mesmo, porque faço. É
uma delícia! É como estar no paraíso, só que esse paraíso se chama Gena.
— Vem brincar com a gente, tio! — Bernardo pede vindo em minha
direção, com as bochechas coradas de tanto correr.
É engraçado vê-los misturando o inglês e o português. Quando eles
falam, você tem que prestar bastante atenção para entender.
— Você acha que eu tenho idade para correr como uma criança? —
pergunto me aproximando deles.
Ficam pensativos e me olham sem saber o que responder.
— O papai brinca com a gente. — Benjamin argumenta se afastando de
mim. Ele é como Damen: cérebro e cautela. Já Bernardo é mais parecido
comigo.
Eu sorrio em sua direção e o garoto começa a correr. Em alguns passos
eu já estou com ele de cabeça para baixo enquanto gargalha feliz. A inocência
é boa.
— Isso significa que vou pegar todos vocês. — Coloco Benjamin no
chão e corro atrás dos outros, que gritam e riem felizes.
Eu peguei todos eles e joguei na piscina. Estou molhado e sujo de terra,
uma bagunça total. Pareço um garoto de quinze anos no auge dos hormônios.
Minha linda esposa aparece com um lanche para as crianças. Ela sorri
para mim daquele jeito delicado e adorável.
— Você está imundo! — fala assim que vê meu estado lamentável.
— Estou completamente limpo. — Seguro sua cintura mais cheinha. Eu
estou feliz que ela esteja se alimentando melhor.
— Você vai me sujar. — reclama entre meus beijos.
Pego-a pela cintura, a jogo por cima do meu ombro e pulo na piscina
para alegria das crianças.
— Você não fez isso! — Gena resmunga fazendo cara de irritada e
retirando o cabelo dos olhos, contudo, está lutando contra um sorriso.
— Claro que fiz. — admito colocando minha mão embaixo da sua
blusa e esfregando o meu polegar por sua barriga mais redondinha e linda.
— Você é malvado! — Enrola as pernas em volta da minha cintura e
pressiona seu centro contra o meu pau, que ganha vida instantaneamente.
Eu gemo baixinho contra seu pescoço elegante.
— Tia Gena, nós podemos comer? — Beatriz pergunta limpando as
mãozinhas sujas na blusa mais suja ainda.
Anny vai ter um treco quando ver seus filhos completamente sujos e
molhados.
— Vamos para a piscina das crianças! Assim não temos que lavar esses
pestinhas. — Coloco Gena sentada na borda da piscina e saio.
Eu adoro meus sobrinhos, no entanto, eles têm uma energia
interminável. É como uma bateria de carga infinita: nunca se cansam.
— Vamos lavar as mãos primeiro! — minha mulher pede mostrando a
piscina deles que meu irmão mandou fazer, como se não tivesse água o
suficiente nessa casa.
Retiro as roupas deles, deixando-os apenas de cueca e Beatriz de
calcinha. Devoram a comida em questão de segundos. Me sento dentro da
piscina ridiculamente pequena, que nem chega aos meus joelhos, uma cena
ridícula de se ver.
— Estou faminta! — Gena confessa devorando os hambúrgueres
enquanto senta entre as minhas pernas, encostando-se em meu peito com um
gemido de satisfação. Já é o segundo hambúrguer que ela come em questão
de segundos.
— Percebi. — respondo prestando atenção nas crianças brincando na
água.
— Quero sorvete depois. — minha esposa diz e eu levanto as
sobrancelhas para ela. Tem vários deles na geladeira e ela pode pegar quando
desejar.
— Tem na geladeira — falo olhando seu rosto ansioso.
— Não do que eu quero. — Me encara com olhos pidões.
O que está acontecendo com ela? Eu sorrio levemente e beijo seu nariz.
— Qual você quer? — Aperto sua cintura.
— Gelato de pistache com amêndoas, chocolate, baunilha e amora. —
responde como se já estivesse sentindo o sabor na boca, pela forma com que
passa a língua nos lábios.
— Tudo isso? — questiono.
Ela geralmente não pede as coisas, então significa que quer muito.
— Sim. Pode ser agora? — Se vira em minha direção.
— Agora? Não pode ser depois? — Fito seus olhos, que se enchem de
lágrimas.
Ela começa a chorar, literalmente, pela primeira vez, e eu não sei o que
fazer.
— O que foi? — Seguro seu rosto e limpo as lágrimas.
O que fiz para ela chorar inconsolavelmente? Me sinto horrível em vê-
la assim e não sei o que fazer.
— Eu quero muito! — afirma contra o meu pescoço, ainda fungando.
— Vou comprar. — Beijo seus lábios e saio.
Tomo um banho rápido para ir comprar seu sorvete, porém, antes liguei
para a sorveteria deixar tudo pronto.
Levo meia hora, e quando volto, ela já está me esperando na sala, com
um sorriso lindo nos lábios.
— Aqui está. — Entrego a ela, que sorri para mim como se eu tivesse
dado o mundo. E porra! Eu quero dar o mundo.
— Obrigada, amor! Te amo! — Beija meus lábios e corre até a cozinha
para abrir todos os potes.
Damen está no local fazendo um sanduíche para comer e olha a cena
com as sobrancelhas levantadas, analisando tudo como um maldito
computador.
— Não me pergunte. — falo me sentando.
Gena come um pouco de cada sorvete, gemendo com todas as
colheradas. Isso está ficando perturbador. Ah, foda-se! É sensual.
— Você vai passar mal se continuar comendo desse jeito. — aviso.
— Você é tapado. — meu irmão diz batendo em meu ombro e sai.
— Está uma delícia! Você quer um pouco? — oferece me olhando tão
feliz quanto uma criança num parque de diversões pela primeira vez.
— Não. Obrigado, anjo! — falo.
Gena vai passar mal comendo essas porcarias todas. Ela come, come e
come… Eu estou ficando louco.
— Você não vai comer mais. — Me levanto e tiro os potes da sua
frente.
Minha mulher chora como uma criança fazendo birra. Minha cabeça
vai explodir com esse fodido comportamento dela. Largo tudo e ela volta a
comer. Quando termina se inclina para trás, suspirando feliz.
— Está satisfeita? — pergunto preocupado com esse tanto de sorvete e
dois hambúrgueres.
Se começar a sair sorvete pelo ouvido dela, eu não vou ficar surpreso.
— Muito! Vou dormir. — Se levanta.
Ela precisa de um médico, um psicólogo, porque eu não estou
entendendo mais nenhuma reação dela. Estou ficando louco.
— Vou ficar louco. — falo só.
— Por que está falando sozinho? — Lydia indaga baixinho.
Nem percebi quando ela entrou. Estou ficando desatento.
— Gena chorou por causa de um fodido sorvete, mas o pior foi quando
tentei tirar dela. Você precisava ver. Ela gritou e berrou igual uma criança
malcriada. — Passo as mãos pelos meus cabelos.
— Jura que você não sabe? — pergunta baixinho bem perto do meu
ouvido.
— Não sei. Devo? A única coisa que sei é que ela está fodendo com
meus malditos miolos.
Fecho meus olhos, respiro profundamente e tento manter a calma. Eu
preciso ver se ela está bem.
— Ela está grávida, seu babaca! — joga a bomba como se não fosse
nada.
— É o quê? — pergunto. Lá vem ela com suas brincadeiras.
Não tem possibilidade, porque nós sempre fomos cuidadosos e nos
protegemos. Nunca transamos sem proteção, mesmo que nenhum método
seja 100% seguro.
— Homem são tão lerdos quando se trata disso. — Bate em meu ombro
e sai com um olhar no rosto que diz que eu estou sendo um idiota.
Subo a escada, vagarosamente. Grávida! Meu anjo! Ela está grávida e
vamos ser pais! Não sei se estou preparado para ser pai.
Acabo esbarrando em meu irmão.
— Já percebeu? — questiona sorrindo, como se eu fosse idiota.
— O que eu percebi? — Passo por ele sem dar moral para as suas
provocações.
— Você já sabe, só não quer contar, seu medroso. — responde me
dando um sorriso debochado.
Filho da puta esperto! Continuo ignorando-o e vou direto para o meu
quarto. Gena não está dormindo. Olho no closet e nada. Onde ela se meteu
dessa vez? Vou enlouquecer.
Debruço sobre o vaso sanitário, vomitando. Eu comi sorvete demais.
Respiro aliviada quando paro. A minha alegria dura pouco e começo tudo
novamente, só que dessa vez mais forte. Não tem mais nada dentro de mim e
ainda assim estou expelindo água pura.
— Você está bem? — Deimon entra no banheiro.
Como eu posso responder vomitando? Não estou bem. Que pergunta
idiota! Eu bateria nele se não estivesse colocando minhas tripas para fora. Oh,
meu Deus! Estou me tornando uma esposa horrível. Começo a chorar. Ele
tem sido um ótimo marido desde que nos conhecemos e eu estou sendo uma
péssima mulher.
— Respira devagar! — pede segurando meu cabelo enquanto esfrega
minhas costas.
Respiro profundamente pelo nariz quando termino de vomitar. Estou
cansada e fraca demais para me levantar. Me encosto contra Deimon. As suas
mãos passam pelo meu cabelo e ele beija o meu rosto inteiro.
— Está melhor? — Me levanta nos braços.
— Sim. Só um pouquinho fraca. — Encosta minha cabeça em seu peito
musculoso, onde encontro conforto.
— Você precisa de um médico. — Me coloca na cama.
— Estou bem, amor. — Me deito e fecho os olhos.
— Sim. Você precisa descansar um pouco. — Coloca as cobertas sobre
mim, se senta na ponta da cama e me observa com preocupação.
— Estou bem. Só comi demais. — Pego sua mão.
— Sim. Mas acho que nossa família vai crescer. — Coloca a mão sobre
a minha barriga.
Eu encaro sua mão e depois os seus olhos verdes água.
— Você acha que estou grávida? — Me sento na cama.
— Sim, acho. — Beija meus lábios carinhosamente. Meu coração fica
acelerado e os meus olhos se arregalam.
— Eu não sei. — Escorrego para o seu colo.
— Precisamos ver um médico. — Me aperta em seus braços.
Meu coração bate forte como cavalos correndo pelo Oeste. Uma
emoção toma conta de mim sem explicação. Lágrimas de felicidade descem
pelo meu rosto. Um bebê! Meu bebê! Nosso bebê!
*****

Estamos sentados na sala de espera há menos de cinco minutos. Eu


estou morrendo de ansiedade. Respiro profundamente tentando manter a
calma.
— Isso está começando a me irritar. — Deimon fala e eu congelo no
lugar analisando seu rosto perfeito, mas sério.
— O quê? — pergunto pensando no que fiz de errado.
— Essa demora da porra. — Se levanta e caminha em direção à garota
da recepção.
O rosto da moça fica branco quando meu marido fala baixinho com ela
num tom ríspido e duro. Está ameaçando ela? Eu diria que sim, pela sua
expressão.
Me levanto vagarosamente e toco nele, que se vira para mim e suaviza
o rosto bonito.
— Não estamos aqui nem há dez minutos. — falo e seus braços
circulam minha cintura.
— Já era para nós estarmos indo embora. — Beija a ponta do meu nariz
carinhosamente e eu sorrio vagarosamente me encostando em seu peito
musculoso.
— Você está tão ansioso quanto eu? — pergunto passando minha mão
em seu braço.
Ele me olha e depois sorri me apertando contra o seu corpo.
— Muito. Estou parecendo um fodido bebê. — Beija meus lábios
rapidamente e logo a doutora chama meu nome.
Eu respiro fundo e me sento à sua frente.
— Bom dia, senhora Davenport. — cumprimenta a doutora July.
— Oi, doutora. — Deimon responde e aperta a minha mão suavemente.
— Já fez um teste de farmácia? — a médica pergunta.
Não fiz. Estava com medo de ter uma felicidade e depois me frustrar se
o teste de sangue desse negativo.
— Não. — digo.
— Podemos fazer esse ultrassom logo? — meu marido sugere
impaciente.
— Claro, senhor. — July confirma e em seguida me dá um vestido
aberto na frente, já que o que o que estou usando é apertado.
Deimon me ajuda a deitar na maca.
— Fique calma! O gel pode ser um pouco frio. — a doutora fala
passando o treco gelado sobre minha barriga. Um arrepio me percorre. É
muito frio!
Sorrio fracamente para meu esposo, que está tenso observando tudo
com olhos de falcão.
— E então? — ele pergunta olhando a tela. Está tudo preto e eu não
vejo nada.
July sorri para mim.
— Meus parabéns! Você está grávida, mamãe. — afirma com um
sorriso.
Olho para o meu marido, que está encarando a tela. Os seus olhos
encontram os meus e uma emoção toma conta deles. Deimon se abaixa e
beija os meus lábios com uma paixão avassaladora.
— Você vai ser papai! — murmuro em seus lábios.
— Eu te amo, mamãe! — sussurra de volta.
— Eu também amo você!
O que estou sentindo não tem explicação. Vou ser mãe! O meu bebê
será amado, só conhecerá amor.
— Podemos ver o sexo, doutora? — pergunto emocionada.
— Ainda não. Você está grávida a pouco tempo. É apenas um abacate
pequeno ainda. — explica.
Eu me sinto radiante.
Depois de saber todas as vitaminas que tenho que tomar e as novas
mudanças na minha alimentação, o meu rosto está completamente colorido de
tanto sorrir. Yore vai ficar feliz em saber. Abraço o meu marido.
— O que você está pensando? — questiono, visto que Deimon está
quieto demais desde que deixamos o consultório da doutora July.
— Será uma menina ou um menino? Podemos ter trigêmeos como a
Anny. Já pensou? — Sorri. Eu morreria de felicidade.
— Vamos cuidar do meu jeito.
— Sim, vamos.
Os meses se passaram rapidamente depois que descobri a gravidez. É
uma experiência incrível ter uma vida crescendo dentro de você. Amo estar
grávida, contudo, estou me sentindo enorme. Já estou com seis meses. Os
enjoos matinais estão melhores do que nos últimos meses, e também perdi
muito peso. Comer se tornou meu passatempo preferido, porque a fome está
cada vez maior. Conforme os meses foram chegando, descobri que as
grávidas podem ficar emotivas, e eu sou uma delas. Choro por tudo. Deimon
não sabe mais o que fazer comigo a cada vez que choro vendo um comercial
de filhotes de cachorrinho ou quando ele não me deixa fazer alguma coisa.
O sol está lindo. É um dia perfeito para ficar na piscina. As minhas
costas estão doendo e resolvo entrar na água para aliviar. Vesti um biquíni
branco delicado e espero que ele esteja no lugar. Minha barriga está grande e
mal consigo ver meus pés. Gemo com a sensação gostosa da água fresca em
meu corpo.
— Está se sentindo bem? — Anny pergunta chegando perto de mim.
Sim, eu estou melhor. Ela está usando um minúsculo biquíni vermelho
e sexy.
— Estou. Meu pequeno parece que quer comer agora. — Mergulho
mais fundo na água.
— Ainda não consigo entender. Por que você não quer saber o sexo do
bebê? — questiona incrédula. Nós não queremos saber o sexo do bebê antes
do parto.
— Pode ser que tenha mais de um bebê aí dentro. Sua barriga está
bastante grande para seis meses. — Lydia fala vestida em um biquíni preto
tão pequeno quanto o da Anny.
Nossos maridos estão cuidando das crianças na piscina deles e nós
estamos tendo um tempo de meninas.
— Eu quero ter uma surpresa, saber só no dia. — Passo a mão sobre
minha barriga numa carícia lenta.
— Quando eu estava grávida quis saber o sexo. Fiquei louca quando vi
que eles estavam com as perninhas fechadas. — Anny fala olhando para os
filhos na outra piscina com Damen, Deimon e Jasper com Benjamin nas
costas.
— Quero esperar e Deimon também. Vai ser uma surpresa para nós
dois. — afirmo analisando meu marido brincar com Bernardo, que percebe
que está sendo observado e encontra o meu olhar, sorrindo, e eu jogo um
beijo para ele e uma piscadela sensual.
— Vocês são muito pacientes. No momento em que eu descobrir que
estou grávida, vou querer saber o sexo. — Lydia confessa passando a mão
sobre a minha barriga. Eu sorrio.
Amei escolher as roupinhas em cores suaves. Mil opções para decidir e
muitos nomes possíveis. Meu filho será amado. Não, ele já é amado. Eu o
amo com todo o meu coração.
— Fico pensando com quem ele vai se parecer. — digo pensativa.
Acho que ele ou ela terá mais do Deimon do que de mim. Os meus
sobrinhos são muito mais parecidos com o pai do que com a Anny.
— Provavelmente com Deimon, se o sangue dele for tão forte quanto
do Damen. — Anny opina.
— Eu também acho.
— Como está a convivência com seus irmãos? — Lydia pergunta.
Yore fez um grupo no WhatsApp para nos comunicarmos melhor e nos
conhecermos um pouco mais. Meus irmãos estão sempre me fazendo
perguntas sobre meu dia e sobre como estou me sentindo. Me sinto mal por
não tê-los abraçado quando tive chance, mas naquele momento não consegui,
pois meu corpo não me obedeceu. Victor falou que quando meu filho nascer,
todos vem nos visitar. A aliança com a Camorra não está indo tão bem quanto
eu gostaria, então eles não se sentem à vontade para vir aqui. Espero que com
o tempo as coisas mudem.
— Estamos indo bem, pelo que Enzo informou para Deimon. —
respondo.
Damen mandou Enzo para auxiliá-los e ele estará de volta em um mês.
— Me pergunto como eles vão reagir. — Lydia fala.
Moscou é bem diferente de Vegas em muitos aspetos. A cultura e as
tradições deles são completamente diferentes das nossas.
— Acho que vão se acostumar com o tempo. — Anny diz.
— Provavelmente. Jasper disse que seu irmão é meio cruel. — Lydia
responde.
— Ele é letal. Já o vi em ação. — Anny murmura.
— Eu imaginei isso quando Deimon o escolheu para ser meu guarda-
costas. — enfatizo.
— Me pergunto como Damen reagirá se nós tivermos mais um filho. —
Anny fala.
— Você quer ter mais um? — pergunto surpresa. Ela me disse que não
estava pronta para ter filhos tão cedo, pois os quatros são suficientes.
— Ainda não, mas daqui a uns cinco anos... Quem sabe? — responde
nos fazendo sorrir. Depois da minha gravidez ela tem falado bastante sobre
isso.
— Imaginei. — Lydia profere dando uma gargalhada. — Enquanto isso
vamos transar muito e praticar para não fazer nenhum filho feio. Vamos nos
aperfeiçoar e assim eles vão ser perfeitos. — prossegue me lançando um
olhar safado.
— Gena que gosta. Eu sou uma freira necessitando de um pouco de
pecado. — Anny me provoca e dá uma risada.
— Não muito. Não faço isso. — nego e minhas bochechas esquentam
de vergonha.
— Não minta! Eu morei aqui por bastante tempo para saber que todos
vocês são como fodidos coelhos e transam em todos os cantos da casa. —
Lydia provoca.
— Não sei do que você está falando. — Mergulho e minha vagina
pulsa só de eu pensar em Deimon dentro de mim se movendo e me beijando.
— Gena, ouço você gritando quase toda a noite. Gritos para todo o lado
depois que as crianças estão na cama. — Lydia sussurra e meu rosto esquenta
de constrangimento. É esquisito saber que outra pessoa ouve você fazendo
sexo.
— Eu gosto de brincar e não grito. — Viro de costas para ela, que solta
uma gargalhada alta.
— Qual a coisa mais louca que vocês já fizeram durante o sexo? —
Anny quer saber.
Meu rosto esquenta ainda mais lembrando de quando Deimon colocou
seu dedo em meu ânus. Foi tão bom! Nunca pensei que sentiria tanto prazer
no meu lugar proibido.
— Eu já fiz sexo em uma loja, elevador, em cima de um prédio e numa
praia pública. — Lydia começa listando os lugares.
Minha boca está aberta. A vida sexual que tenho, comparada a dela, é
monótona.
— Cristo! Me sinto uma puritana ouvindo você falar. — Anny
resmunga.
— Imagina eu! — falo envergonhada.
— E você? — Lydia pergunta para mim.
— No jardim, na piscina e no ginásio. Minha vida sexual não é tão
interessante como a sua. — respondo e meu rosto pega fogo, de timidez. Não
faço muitas loucuras.
— E você Anny? — indago.
— Meu senhor! Jardim, piscina, elevador, carro e no canto da boate. —
confessa olhando para longe.
— Que quente! Isso que é vida agitada. — murmuro.
Me sinto quente. O meu desejo por Deimon depois de grávida
aumentou três vezes mais.
— Só eu? — Anny pergunta.
— Acho que sim. — confirmo.

*****

Depois da tarde maravilhosa na piscina estou cansada. Os meus seios


estão doloridos. Visto apenas uma calcinha e me aproximo do Deimon, que
está deitado com as mãos atrás da cabeça e me olhando atentamente enquanto
caminho pelo quarto. Escalo a cama e me aconchego em seus braços com um
gemido de satisfação.
— Está sentindo dor? — pergunta passando a mão sobre a minha
barriga numa carícia lenta e suave.
— Não. Estou bem — afirmo e me aconchego ainda mais ao seu corpo
grande, sentindo o seu calor.
— A sua barriga está ficando mais clara. — Ele fala todas as mudanças
do meu corpo, visto que percebe e aprecia cada uma delas.
— Dizem que quando a barriga é mais clara, geralmente é menina. —
digo descendo a minha mão para o seu peito, indo cada vez mais para baixo,
e beijo os seus lábios com voracidade.
A minha vagina pulsa necessitada. Desço a mão para o seu pau, sobre a
sua cueca, e o acaricio lentamente. Eu o quero dentro de mim. Gemo
baixinho contra os seus lábios. As mãos do Deimon passam pelo meu corpo e
assim que os seus dedos tocam a minha vagina, ela palpita. Eu empurro o
meu quadril contra os seus dedos
— Anjo! — murmura baixinho.
Desce a mão para dentro da minha calcinha e com impaciência rasga o
tecido com rapidez. Eu o quero o tempo todo. Amo sentir o seu cheiro, seu
gosto.
— Isso! — gemo apertando ainda mais o seu pau, tirando-o para fora
da cueca boxer.
— Entra em mim! — suplico abrindo as minhas pernas e dando-lhe
livre acesso.
Eu estou muito molhada e sinto o meu corpo formigando. Meus seios
estão duros e necessitados. Gemo roucamente.
Deimon beija meu mamilo e eu arqueio o quadril, pressionando-o
contra os seus dedos, que trabalham em mim, me penetrando vagarosamente.
— Oh, anjo! — sussurra entre mordidas.
— Por favor! Entra em mim! — peço novamente, ofegante, e abro as
minhas pernas sobre a cama.
— Deite-se sobre os travesseiros! — comanda rouco e coloca um
travesseiro sobre a minha coluna, elevando a minha bunda.
Gemo baixinho. Meu centro aperta dolorosamente. Meu marido se
ajoelha entre as minhas pernas, me penetrando com lentidão e gemendo. Fico
completamente louca de desejo. Arrepios correm sobre a minha pele e eu
respiro ofegante apreciando cada estocada em minha boceta.
— Mais! Mais! — sussurro baixinho numa música, arfante, fitando os
seus olhos verdes cheios de luxúria.
Os seus gemidos roucos e sensuais me deixa ainda mais molhada.
— Não. Posso machucar o nosso filho. — fala mantendo as suas
estocadas lentas e constantes.
Deslizo a mão sobre a minha vagina e esfrego o clitóris com força.
Gemo em apreciação.
— Oh, porra! — exclama aumentando um pouco as suas estocadas,
mas não como eu quero.
Grito de surpresa quando ele retira a minha mão e dá um pequeno tapa
sobre o meu clitóris. O clímax percorre o meu corpo por inteiro. Com mais
alguns impulsos Deimon se derrama dentro de mim.
— Você precisa ser mais cuidadosa, anjo. — Acaricia a minha barriga
com carinho e em seguida dá um beijo.
Eu sei que ele tem razão, no entanto, sempre o quero dentro de mim. O
meu corpo fica em chamas apenas em encontrar os seus olhos lindos. Fica
impossível pensar em controle.
— Desculpa! Você é tão sexy que não consigo resistir. — admito.
Ele retira o travesseiro debaixo da minha bunda, com cuidado, e depois
entra no banheiro.
— Se eu deixar, você quebra o meu pau, anjo. — fala de dentro do
banheiro.
Sorrio satisfeita. O meu apetite sexual está lá em cima — ou em baixo,
se é que me entendem.
— É. E você gosta. — rebato fechando meus olhos, sem me mexer.
— Não posso reclamar. Estou adorando! — admite e aparece
completamente nu me mostrando o seu corpo perfeito.
Minha boca saliva apreciando seu pênis ainda duro.
— Nem eu. — digo olhando o seu corpo, desejosa.
Deimon estreita a visão para mim, sabendo os meus pensamentos sujos.
Gena sorri para mim, nua e totalmente exposta aos meus olhos. A sua
boceta está brilhando de desejo e ela está excitada novamente.
— Anjo! — advirto.
Podemos fazer sexo regularmente, sempre tomando cuidado e sem
exagero, porém, regular não chega nem perto do que estamos fazendo durante
a gravidez. Gena desenvolveu um apetite sexual e quer transar o tempo todo.
Não que eu esteja reclamando, porque não estou. O seu corpo está mais
suave, perfeita, uma mulher totalmente segura dos seus desejos, o que me
deixa completamente duro o tempo todo. Quando ela monta em mim, sem
vergonha, me deixa louco de tesão. Assim que o nosso filho nascer, vou
experimentar quão apertada a sua bunda deliciosa é.
— O que é, amor? — pergunta se sentando na cama e me olha com o
desejo renovado.
— Você sabe. — respondo pegando-a em meu colo.
Gena solta um gritinho e depois sorri.
— Estou pesada. Me coloca no chão. — reclama quietinha contra mim.
— Não está nada. — afirmo. Posso carregá-la sem o menor problema.
— Estou muito gorda. — fala passando os braços em volta do meu
pescoço.
— Você não está gorda. — reforço.
Não sei de onde ela tira essas ideias. O seu estado emocional oscila
muito: uma hora ela está sorrindo, feliz, e no segundo seguinte está chorando
ou zangada comigo porque saí e não a trouxe sorvete. Nem conto as vezes
que saio e tenho que passar na porra de uma sorveteria cheia de babacas
frescos.
— Estou gorda. Você não me acha mais atraente? Você não gosta mais
de mim? — pergunta com lágrimas nos olhos assim que a coloco na banheira.
— Eu nunca vou deixar de te desejar. Você está cada dia mais sexy. —
confesso entrando junto com ela.
— É mesmo? — questiona se sentando em meu colo e sorri.
Eu deveria saber que depois de uma sessão de choro, vem sexo quente
e delicioso.
— Sim. — respondo seguido de um gemido quando Gena esfrega a sua
boceta sobre o meu comprimento.
— Você me quer? — Beija o meu pescoço.
— Você sabe que sim. Sempre quero você. — Capturo seu mamilo na
boca.
— Oh, amor! — Geme me colocando dentro dela.
— Diaba! — murmuro.
Quando ela começa a descer furiosamente em mim, me afasto um
pouco, dando espaço para a sua barriga. Sugo os seus lábios deliciosos num
beijo quente e molhado. As nossas línguas dançam sensualmente enquanto os
nossos gemidos enchem o banheiro.
— Me toca! — pede ofegante.
Retiro a minha mão da sua bunda e passo-as ao longo das suas pernas.
Chego elas até a sua boceta e acaricio o seu clitóris enquanto gememos e
gozamos juntos novamente. Gena cai sobre mim, exausta. Acaricio as suas
costas e beijo a sua testa com amor.
— Isso foi maravilhoso! — elogia carinhosamente e beija os meus
lábios devagarinho.
Ela está cansada. As suas bochechas estão coradas e há um lindo
sorriso no seu rosto.
— É uma palavra muito fraca para definir nós dois. — respondo
devolvendo o beijo, demonstrando todo o meu amor.
— Eu sei. Te amo muito! — murmura contra mim.
— Também te amo, pequenina! — Volto a beijá-la de maneira quente,
molhada e sensual.
Gena tem o melhor sabor que já provei na vida. Me levanto com ela em
meus braços e enxugo o seu corpo lentamente.
— Você precisa dormir. — Me deito atrás dela.
— Estou cansada. — responde sonolenta e se encosta em mim.
Em menos de dez minutos ela está dormindo pacificamente.

*****

Acordo cedo e preparo o café da manhã da minha esposa. A primeira


coisa que ela pensa quando acorda é sexo e depois comida.
— Como ela está hoje? — Anny pergunta enquanto faz um hambúrguer
de frango.
Espero que Gena continue dormindo. Ela não suporta ver frango na sua
frente, que vomita.
— Melhor, eu acho. — respondo fazendo bacon com ovos fritos.
— Fica melhor nos últimos meses. — informa.
Eu realmente espero que sim, por que não suporto mais vê-la
vomitando.
— Assim espero. — profiro.
— Bem... Damen já sabe e acho que você deve saber também. Ontem
Victor ligou. Ele fez uma limpa. — fala.
— Matou aqueles velhos? — pergunto.
Mandamos um dos nossos melhores homens para ajudá-los e espero
que continuem assim.
— Sim, todos. Eles aprendem rápido. Enzo os fez torturar cada um
lentamente. — prossegue.
— Até que enfim!
Se fosse em Vegas, aqueles velhos malditos já estariam mortos há
muito tempo.
— Damen acha a mesma coisa. — murmura.
— Bom dia. — Gena aparece num vestido solto e incrivelmente linda.
— Oi, anjo! — Vou até ela, beijo os seus lábios rapidamente e em
seguida coloco o seu café na sua frente assim que se senta.
— Obrigada! — agradece, no entanto, empurra tudo para a frente e se
levanta.
— Você precisa comer. — digo e Gena sorri sentando em minhas
pernas.
— Você está com má intenção? — pergunto.
No último mês venho fugindo da cama antes dela acordar. Se eu não
fujo, Gena quer passar a manhã toda transando. Se não estivesse carregando
nosso filho, eu não sairia de dentro dela.
— Não. Acordei e estava sozinha na cama.
— Vim fazer o seu café da manhã. — profiro uma meia e verdade.
— Eu queria você primeiro, depois o café da manhã. — afirma com os
olhos cheios de lágrimas.
— Você me terá depois que comer — murmuro ao pé do seu ouvido e o
seu rosto se ilumina.
Que sonho a minha mulher chorar por sexo! Que sorte eu tenho! O meu
pau engrossa ficando pronto para mais tarde. Bem... Depois do café seu corpo
não permite muito. Espero que depois que o nosso filho nascer, ela continue
fogosa assim.
— Por que tem que ser você? — pergunto assim que chego na boate.
Anny e Damen estão visitando Lucas e foram passar uma semana lá, o
que me deixa tecnicamente sozinha em casa. Enzo ainda não voltou de
Moscou, e ele era a minha sombra diária. Depois do incidente, há alguns
meses, não fico mais sozinha, nem sem proteção. Deimon se tornou mais
exigente e firme com a minha segurança. Não gosto de ficar só, e apesar de
ser tarde da noite, não me importo de vir com ele. Meu marido não me deixa
de qualquer maneira.
— Por que é meu trabalho. — ele responde apertando minha perna.
— Está tarde. Não pode ser amanhã? — Inclino o banco para trás e fico
mais confortável. A minha barriga é uma coisa grande e não é mais fácil me
sentir cômoda.
— Não, anjo. Amanhã não quero ter nada pra fazer. — explica.
— Podemos fazer um piquenique? — peço baixinho, aproximando o
meu rosto do seu.
— Claro que sim! Eu montado em você. — sugere ao pé do meu
ouvido e beija o meu pescoço. Gemo baixinho pensando no quão bom será.
— Vamos! Eu preciso usar o banheiro.
A minha bexiga está cheia novamente e parece quatro vezes menor que
antes. A cada cinco minutos tenho que urinar. É um incômodo, porém, amo a
ideia de que o meu bebê vai nascer em breve e logo estará em meus braços.
— Claro!
Deimon sai e depois abre a porta para mim, me ajudando e passando o
braço em volta da minha cintura. Retribuo o abraço até onde a minha barriga
permite e em seguida beijo os seus lábios carinhosamente.
— Gostaria de sentir você dentro de mim, contudo, necessito muito me
aliviar. — confesso contra os seus lábios.
— Vamos, pequenina! — Coloca uma mão nas minhas costas e me
guia para dentro do elevador.
— Vamos demorar muito? — pergunto baixo fazendo ele sorrir da
minha impaciência.
Acabamos de chegar eu sei, mas estou ficando fatigada rápido. O
cansaço também está me matando.
— Não. No máximo uma hora. Quando chegarmos em casa faço uma
massagem em seus pés. — afirma. Uma proposta deliciosa, porque os meus
pés estão inchados.
Deimon abre a porta, entrando no escritório todo em tons pretos e
branco.
— Droga! Esqueci que o banheiro daqui está com defeito. Mas tem um
no corredor.
— Vou no outro então. — Caminho para a saída.
Deimon levanta rapidamente, me seguindo, e eu franzo a testa. O
banheiro é ao lado. Um gemido meu e ele ouve.
— Vou apenas ao banheiro. Não precisa me acompanhar. Se eu
demorar mais de cinco minutos, você vem atrás de mim. — digo.
Ele tem que resolver logo os seus problemas, visto que quero a minha
cama e preciso descansar as minhas costas.
Deimon parecia preocupado quando disse que precisava vir verificar
um assunto importante. Realmente deve ser, pois ele nunca arrisca a minha
segurança. Sua inquietação me deixa frustrada.
— Está bem. — concorda, volta para trás da mesa e começa a mexer
numa pilha de papéis.
A boate está lotada de pessoas dançando e se divertindo, porém, no
andar de cima não tem ninguém além de nós dois. Caminho vagarosamente e
olho em volta do corredor iluminado e elegante. Entro na primeira porta. Não
dá mais pra segurar.
Lavo as minhas mãos quando algo me chama a atenção: um pedaço de
pano azul por baixo de uma das baias. Me aproximo lentamente. Os meus
olhos arregalam quando encontro um pequeno bebê dormindo pacificamente
como se não estivesse no chão frio. As suas roupinhas estão sujas. Ele não
parece maltratado, pelo contrário, é um tanto gordinho. O meu coração
acelera. Não posso me abaixar, visto que a minha barriga não permite. Os
seus cabelos são negros e tem uma boquinha vermelhinha num bico fofo. A
sua pele parece porcelana de tão branca. Será macia também? Os meus olhos
devem estar mentindo para mim. Por que a sua mãe teria o abandonado? Por
que ela o deixou justamente aqui, onde só pessoas influentes passam?
Caminho até a porta, sem tirar os meus olhos do bebê. Deimon vai me ajudar
a pegá-lo. Eu quero a criança. Meu coração aperta só de olhar esse pequeno
ser tão indefeso e frágil.
— Deimon! — o chamo alto o suficiente para me ouvir, mas sem
assustá-lo.
Menos de um minuto e ele aparece com uma arma na mão. Olha para
todos os lados. Como se fosse possível não assustá-lo. Está sempre em alerta,
vigiando os arredores.
— Por que está chorando? — Limpa minhas lágrimas.
Não percebi que estava assim. Malditos hormônios! Eles me tornaram
uma chorona. As minhas emoções ficaram instáveis com a gravidez.
— Pega para mim, por favor! — Mostro o rapazinho no chão.
— O quê? — pergunta ainda fitando o meu rosto, sem olhar para onde
estou apontando.
— Eu não posso pegá-lo. — Indico o pequeno bebê novamente, deitado
em cima de uma manta completamente suja.
Deimon caminha lentamente e cauteloso, como se o bebê fosse uma
bomba prestes a explodir. Se abaixa e olha a criança. É um recém-nascido,
pelo tamanho. Por que uma mãe faz isso com o seu próprio filho? O seu
sangue.
— Você não viu ninguém? — Coloca a criança nos braços, com
cuidado.
O meu coração aquece vendo a sua delicadeza.
— Não. Dá ele pra mim! — peço silenciosamente pelo bebezinho,
estendendo os meus braços.
Ele olha a criança, caminha até mim e me entrega, depois beija a ponta
do meu nariz e limpa os meus olhos molhados de lágrimas. É tão pequeno,
frágil, lindo e perfeito. Um desejo de proteção queima dentro do meu
coração. Como alguém pôde fazer isso? Ele abre a boquinha e procura o meu
seio, fazendo sucção com a boca, como se estivesse mamando. Começo a
lacrimejar novamente. O bebê deve estar faminto.
— Ele está com fome. — Passo o meu polegar sobre a sua bochecha
macia e rechonchuda.
— Vou mandar alguém comprar comida para ele. — Deimon fala sem
tirar a visão de mim e depois disca no celular, dando a ordem.
— Vem! Vamos para a minha sala imediatamente. Lá é mais seguro. —
sugere.
Minha atenção está no pequeno pacote em meus braços.
— Ele é tão lindo! — Seguro-o mais apertado contra mim.
— Sim. Vamos para a minha sala! — insiste e coloca uma mão nas
minhas costas.
O bebê começa a choramingar em meus braços e o meu coração aperta.
Assim que chego ao escritório, sento com cuidado, para não assustá-lo.
Aguardo ele abrir as pálpebras, ansiosamente, que tremem, e em seguida
arregala seus olhos negros como a noite. Sua mãozinha segura o meu seio
enquanto começa a choramingar, querendo sugá-los.
— Amor! — murmuro chorosa.
É horrível passar fome e eu sei mais do que ninguém. A sensação do
estômago roncar, reclamando, e não ter nada para comer, é esmagadora. Me
sinto insignificante, impotente e miserável. Não suporto ver a cena. O meu
coração se parte. Ver alguém tão pequeno com apenas alguns meses de vida,
sofrer, é horrível.
— Eu entendo, anjo. Logo ele será alimentado. — Esfrega as minhas
costas com carinho.
— Eu sei. Só que eu já passei muita fome e compreendo o quão ruim é.
— Esfrego as costas do bebezinho, delicadamente, que se acalma olhando
meu rosto.
— Tudo bem, anjo. Geovani deve estar chegando. — Toca a bochecha
do bebê.
Puxo um pouco a manta para tocar a sua mãozinha, que está muito fria.
Não sei quanto tempo passou no chão frio.
— Está frio. Tem alguma toalha no banheiro, para aquecê-lo? — peço
para o meu marido, encarando-o diretamente.
— Vou ver. Espera um instante. — Se levanta enquanto ajeito aquele
pequeno corpinho, apertando-o contra mim, para lhe esquentar mais rápido.
— Aqui está, anjo. — Me entrega uma toalha de banho.
Ele me ajuda a retirar a manta suja e um pedaço de papel cai no chão.
Os meus olhos ficam grudados nele. Deimon pega, desdobra-o e depois lê. As
suas sobrancelhas juntas significam muitas coisas. Não gostou do que está
escrito ou achou triste.
— Deixe-me ver! — Estendendo a mão.
— Anjo!
— Por favor!
Ele me olha por um minuto e depois me entrega o papel.
“Se você está lendo essa carta, significa que encontrou o meu filho. Por
favor, cuide dele! Eu não posso ficar com meu bebê, porque é muito
perigoso. Eles vão nos achar e nos matar. Não quero isso para o meu
bebezinho, meu homenzinho, que acabou de iniciar a sua vida. Não sou uma
péssima mãe. Eu amo de mais o meu pequeno Micael para deixá-lo morrer.
Suplico! Zele por essa criança. Ele tem apenas dois meses e nasceu dia 05/04.
De coração partido, eu o deixei. Espero que seja feliz. É tudo que peço. Tome
conta dele como se fosse seu. Uma mãe faz tudo pelo seu filho. Apenas diga
que ele foi amado e que enquanto eu viver sempre o levarei comigo dentro do
meu coração. Sei que o que estou pedindo é muito, porém, não há outra
escolha além de contar com você. Seja uma boa pessoa”.
O meu coração acelera. Uma mãe desesperada. Ela não teve alternativa.
Começo a chorar e penso como deve ser horrível tomar essa decisão.
Eu conheço esse olhar no rosto da minha esposa. Gena quer ficar com o
pequeno Micael. Analiso o bebê de olhos escuros, que suga a mamadeira
como se não tivesse comido há dias. No entanto, duvido muito disso. Com
essas bochechas gordas e esse corpinho gordinho, ele é bem cuidado. Quem é
a mãe? Por que deixou justamente aqui? Quem vai matá-los? Tenho um
mistério nas mãos. Como o pôs aqui sem que ninguém visse? Muitas
perguntas sem respostas, mas não por muito tempo. Preciso voltar para casa e
Gena precisa de repouso, não ficar ao meu redor vendo o meu estresse, ainda
mais com as suas emoções à flor da pele.
As câmeras de segurança devem ter filmado alguma coisa.
— Fica aqui! Já volto, anjo. — Beijo a sua boca carnuda.
Preciso ter uma conversinha com os guardas.
— Não demora! — pede baixinho com os olhos cheios de lágrimas.
— Estarei aqui num instante. — Beijo sua boca novamente.
— Confio em você.
O meu coração acelera com a sua afirmação. Eu sei que confia em mim
há muito tempo, contudo, ela admitir sempre me deixa feliz.
— Eu sei. Te amo, anjo! — Saio.
Desço a escada, rapidamente, e bloqueio o elevador. Ninguém irá subir
ou descer sem passar por mim. Lá em cima tem somente a Gena. Verifiquei
antes de deixá-la sozinha.
— Vocês viram uma mulher com uma criança entrar na boate? —
pergunto para Jasper, que está no pé da escada, apalpando Lydia.
Ele vira a cabeça na minha direção e depois sorri. Quando vê o meu
rosto, seu sorriso desliza. Estou fervendo de raiva. É a porra da nossa boate!
Uma mulher passar pela segurança sem levantar suspeita e sem ser notada é o
cúmulo do absurdo, ainda mais com uma criança. É uma porcaria
imperdoável, um absurdo! Eu preciso estar de olho nessa merda.
Comandamos a porra dessa cidade com mãos de aço e ninguém ousa nos
desafiar. Isso não pode acontecer novamente. Amanhã todos os nossos
soldados terão uma conversinha comigo. Vou moldá-los para que voltem a
ser atentos, com muita porrada, para nunca mais esquecerem de manter a
vigilância.
— Mulher? Criança? — Jasper pergunta.
— Sim. Uma mulher com uma criança. Ela não só entrou, como
conseguiu chegar no andar de cima e deixar o bebê lá, sem levantar suspeitas.
— deixo toda a minha raiva sair.
Se fosse um inimigo, teria nos matado. Gena está grávida do nosso
filho e isso a deixa vulnerável, um alvo fácil.
— Como é? Isso é impossível! — meu amigo fala, fazendo o meu
sangue ferver de raiva.
— Então me explica aquela criança lá em cima! — sou sarcástico e
mostro a escada.
— Com quem você deixou o bebê? — questiona.
— Está com a Gena. — Subo o degrau.
Jasper não ter notado é um fodido de um maldito sinal. Mas como ele
repararia, se está mais interessado em foder a esposa?
— Vou ficar com ela enquanto vocês dois conversam. — Lydia passa
por mim.
— Valeu! — agradeço e a vejo subir rapidamente.
— Como isso aconteceu? — quero uma explicação.
— Não faço ideia. Acabei de chegar.
— Vamos ver as filmagens!
— Vou falar com os seguranças e já volto.
— Certo. Me encontra na sala das filmagens. — Saio.
Antes dou uma olhada em minha esposa, para saber como ela está. Paro
na porta e olho Lydia acariciando os cabelos do bebê.
— Ele é tão lindo! — ela elogia.
— Sim. Tão perfeito! — Gena concorda.
Através dos seus olhos sei que ela ficará com o bebê. Eles brilham com
admiração para a criança, cheios de ternura e amor.
— Ah! Está tudo certo, amor? — minha esposa pergunta assim que me
vê encostado na porta.
— Sim. Vim ver como você está. — Me aproximo dela, que sorri
lindamente para mim.
— Podemos ficar com ele se a mãe não voltar? — pergunta com um
pequeno sorriso hesitante.
— Você o quer? — Me agacho na sua frente.
— Sim. — Sorri docemente, toca o meu cabelo e olha dentro dos meus
olhos.
— Então ele é nosso. — falo e seu rosto se ilumina em felicidade.
— Obrigada, amor! — agradece e me beija.
— Faço tudo por você. — afirmo e acaricio o seu rostinho delicado.
— Por isso que eu te amo! — diz.
— Eu preciso ir. — digo sem querer deixá-la.
— Entendo. Vou ficar bem. — Acaricia a bochecha do bebê.
— Não demoro. Você precisa descansar. — Saio.
Faz mais de uma hora que olho os vídeos da câmera de segurança, e
nada de estranho. Talvez esse seja o problema: alguém que não levante
suspeita. Apenas as garçonetes tem acesso a esse andar, fora os seguranças,
mas no mês passado contratamos uma nova garçonete.
— A nova garçonete! — profiro.
— O turno dela acabou uma hora atrás. — Jasper afirma.
— As filmagens do turno dela.
— Por que você acha isso?
— Ela é a única nova por aqui e não sabemos muito sobre ela.
— Chloe, esse é o nome dela.
— Certo.
Depois de meia hora, eu estou certo. Chloe subiu a escada com uma
bolsa grande o suficiente para caber um bebê. Olha para todos os lados e só
depois sobe, um pouco antes de nós chegarmos.
— Você está certo. — Jasper concorda.
— Encontre ela! — ordeno.
— Certo. Pode deixar.
— Vou para casa, pois Gena está cansada. Qualquer coisa me liga. —
Me levanto.
— Certo. Cuide da sua mulher. — Bate em meu ombro e sai.
Encontro Gena deitada no sofá com Micael em cima dela. Me
aproximo vagarosamente, sem fazer movimentos bruscos, para não assustá-
los. Ela deve estar muito cansada, para ter adormecido.
— Anjo! — chamo suavemente.
Ela se mexe, apertando os braços em volta de Micael, como se ele fosse
cair a qualquer momento.
— Amor! — murmura baixinho tentando se sentar.
Me aproximo, tiro o bebê de cima dela e o ajeito em meus braços. Ele
faz alguns barulhinhos com a boca. Fofo! Depois volta a dormir.
— Vamos! Você está muito cansada para ainda estar acordada. —
Ajudo ela a levantar.
— Um pouco. Os meus olhos estão pesados. — confirma.
A sua visão corre para Micael, que dorme pacificamente em meus
braços.
Depois de meia hora estamos em casa e de banho tomado.
Banho o pequeno Micael, que não gosta da ideia, mas é necessário, pois
está sujo. Visto nele um pequeno macacão branco do enxoval do nosso bebê.
Não temos berço ainda para ele, porém, amanhã vou cuidar disso. É lindo e
agora é nosso, o nosso filho. Gena não aguentou e já está dormindo
profundamente. Ajeito bebê ao meu lado da cama de um jeito que não o
machuque. Será uma noite longa e não vou conseguir dormir, por medo de
machucá-lo.
— Por que não podemos ajudar a mãe dele? — Gena pergunta
amamentando o pequeno Micael, que suga a mamadeira com vontade. Os
seus olhinhos estão atentos em cada movimento ao seu redor.
— Você não o quer? — Fito seus olhos verdes.
— Sim, mas o lugar dele é com a sua mãe. Nós podemos ficar com ele
até você achá-la. — diz sem desviar a visão do pequeno bebê.
— Entendo. Jasper está fazendo uma busca pela cidade. Não quero
envolver Damen nisso. — falo.
Já está na hora do Enzo voltar. Não confio em ninguém com Gena, sem
contar que ela já está acostumada com ele ao seu redor.
— Obrigada, amor! — agradece.
Estou me perguntando o que fez ela mudar de ideia. O que se passa por
sua cabecinha?
— Eu pensei que você quisesse ficar com ele, ser mãe dele. — Me
agacho na sua frente e beijo a sua bochecha.
— Sim. Mas ele tem uma mãe. Nunca me perdoaria por tomar o lugar
que não é meu. — profere fazendo uma pausa.
— Do que você não se perdoaria? — pergunto baixinho.
Não tem nada que ela tenha que se culpar.
— Ontem eu falei que o queria, como se ele não tivesse uma mãe.
Micael tem uma que o ama a ponto de deixá-lo à própria sorte. — responde
lacrimejando.
Meu peito contrai dolorosamente quando vejo esses grandes olhos
tristes.
— Entendo. Não se culpe! Você apenas quis protegê-lo. Ele é lindo!
Quem não iria querê-lo? — Limpo as lágrimas que descem pela sua
bochecha.
— Eu sei.
— Não se sinta culpada! Vou fazer tudo que estiver ao meu alcance
para ajudá-la. — asseguro.
— Logo você verá a sua mamãe. — ela diz para o menino, que segura
os dedos dela com força enquanto suga o leite até ficar quase sem ar.
Gena puxa a mamadeira para fora da sua boquinha gulosa e ele reclama
choramingando.
— Não tenha grandes expectativas. Para uma mulher, ela é muito
escorregadia. — falo.
Desde ontem Jasper não tem sequer uma pista dela. Pode ter fugido
para Chicago, e lá tem a Roupa. Em Nova York tem a Famíglia e na Itália a
máfia siciliana. Muitas possibilidades para escolher. Eu não posso fazer nada
a respeito se ela estiver em qualquer uma dessas organizações.
— Vou fazer uma chamada. Já volto. — Passo o meu polegar pelo
rostinho delicado de Micael, que dorme tranquilamente.
— Vou colocá-lo para dormir. — Gena o coloca no ombro para arrotar,
dando pequenos tapinhas nas costas dele.
— Estarei lá num instante. — Me afasto dela.
Disco o número do Jasper. Ele deve ter alguma notícia ou pelo menos
uma pista. Não é possível. Atende no segundo toque.
— Sim, chefe! — parece apressado, ofegante.
— Alguma coisa sobre a mãe do Micael? — questiono.
Ele faz uma pausa prolongada, e isso é um “sim”, mas o que vem a
seguir não é bom.
— Foda-se! Sim. Lamentavelmente ela levou seis tiros. — informa
apressado.
Morta? Por quem? Merda! Mil vezes merda!
— Porra! Ela está morta? — pergunto.
Odeio essa porra! O meu corpo está zumbindo de ódio.
— Ainda não. Já chamei uma ambulância e estou fazendo o impossível
para salvá-la. — diz.
— Inferno! Quem atirou nela? — quero saber.
— A Famíglia. Lydia está a caminho e vai ficar com a sua mulher. Ela
deve estar chegando agora. Precisa vir aqui. Essa porra está ficando feia e
você sabe mais sobre medicina do que eu. — murmura.
Ele mal fecha a boca e um carro estaciona em frente à garagem.
— Já estou indo. — Desligo.
— Que bom que te achei. — Lydia fala ofegante.
— Eu já sei. Não fala nada para a minha mulher. — Saio sem esperar a
sua resposta.
Meia hora depois entro no quarto de um motel barato. Isso foi feio. Há
sangue para todos os lados. Ando em volta, sem pisar nele. Uma pequena
mulher está deitada no chão, respirando ofegante e toda ensanguentada, e até
seus cabelos negros estão cobertos pelo líquido vermelho.
— Como ela está? — pergunto baixinho.
A moça não vai sobreviver. Só um milagre a faria viver ou a vontade
do criador. Sim, eu acredito que ele existe. Não me pergunte o motivo, pois
posso matar você por isso.
— Ela não vai aguentar por mais tempo. — Jasper informa e se afasta
um pouco, me dando espaço.
Me agacho ao seu lado. Dois tiros na barriga. Espero que não tenha
perfurado nenhum órgão vital. Mais dois nas suas pernas, que não estão
quebradas, e foram apenas de raspão, assim como nos braços. Eles realmente
a queriam morta. Aqui entra a pergunta mais importante: por quê?
— S... e... n… hor, por f... a... vor! — murmura baixinho com o rosto
contorcendo de dor.
Pego a sua mão, dando um leve apertão, sem machucá-la.
— Sim, eu achei o pequeno Micael. — informo.
Tento lhe dar um pouco de conforto antes da sua partida iminente. Ela
sorri fracamente e estremece com violência, começando a chorar de dor.
— Cuide do meu sobrinho! — Chloe pede suavemente. Se esse for seu
nome.
— Não é seu filho? — pergunto baixinho.
Aproximo o meu rosto dela, para poder ouvir melhor o que vai falar.
Pressiono a mão em seu ferimento e tento estancar um pouco o sangramento.
— Não. Ema é. Ela morreu durante o parto. Depois fiquei fugindo e já
era tarde demais. Aqueles abutres o acharam, e ele é só um bebezinho. Eu
fugi novamente, mas não demorou muito e eles me encontraram. Eu deixei a
carta que a minha irmã escreveu. Eu sinto muito, senhor! Cuide dele por
mim! Eu suplico! Estou morrendo e percebo isso. — fala baixinho, quase que
inaudível.
Nunca senti compaixão por ninguém, mas pela segunda vez na vida eu
tenho muito ódio pelo que fizeram a ela em meu território.
— Você não vai morrer. Eu vou cuidar de vocês dois. Eu prometo. —
asseguro.
Ela sorri fracamente, sabendo que vai falecer. Seu estado é crítico.
— Obrigada! Ame Micael! — sussurra e aperta minha mão com as
únicas forças que tem.
— Os médicos chegaram. — Jasper anuncia ainda fazendo pressão na
barriga da Chloe. As suas mãos estão cheias de sangue, completamente
cobertas, assim como as minhas.
— A moça tem que viver! Se ela morrer, eu mato vocês! — ameaço
assim que os médicos cercam a pequena mulher no chão.
Eles me fitam com olhos arregalados. Sei que não é justo, pois farão de
tudo para salvá-la.
— Como eles passaram por nossas defesas? — rosno chutando a
parede.
Quero matar, mutilar alguém.
— John, o dono desse motel, começou a nos espionar para eles essa
semana. — Jasper responde.
O filho do Jordan. Entendo. Pensei que apenas o velho tivesse nos
traído, mas o filho também. Vamos ter que dá uma lição.
— Vamos fazer uma caçada. — falo.
— Você vai fazer uma demonstração? — Mostra os dentes num sorriso
assustador.
— Sim. Já passou do tempo. Estão surgindo muitos filhos da puta
traidores. Esses velhos dos infernos! — rosno.
99% dos nossos soldados são leias até os ossos, mas para alguns das
famílias mais antigas, do tempo do nosso pai, de vez em quando temos que
mostrar quem é que manda. Esses filhos da puta miseráveis estão me
deixando louco! Vou fazer uma limpa e será hoje. Nunca demos segundas
chances e não vai ser agora que vamos começar. Isso acaba e vai ser será
agora! Vou cortar o mal pela raiz!
— Damen precisa voltar. — Jasper profere.
— Não vou discutir o assunto com ele. Depois vamos dar uma limpa.
— respondo.
Meu irmão precisa do seu tempo. Eu posso resolver.
— Ligue para o Enzo. Ele precisa voltar. A partir de hoje vai cuidar da
garota. — ordeno.
Ela vai ficar na casa dele e assim não terá imprevisto. Quero saber mais
sobre quem vou estar cuidando.
— Ok. Ele já está querendo voltar de qualquer maneira. Não sei porque
se ofereceu para ir. — reflete.
— Talvez ele só quisesse derramar o sangue daqueles bastardos. —
digo.
— Pode ser. Enzo tem uma fascinação doentia por tortura. — murmura.
— Isso o faz perfeito para o trabalho. — falo.
As pessoas ficam sempre inquietas ao nosso redor, e não tiro as suas
razões. Todos em Vegas sabem quem somos.
— Amor! — chamo.
Nada. Será que saiu sem me falar? Não, o Deimon não me deixaria
sozinha com o Micael.
— Amor! — chamo mais uma vez.
Ele sempre responde quando chamo seu nome. Desço a escada,
vagarosamente. O bebê está dormindo profundamente no berço que meu
marido comprou e montou hoje de manhã.
Preciso fazer compras novamente, visto que Micael precisa de muitas
coisas e não temos tudo. Ainda vamos terminar as compras essa semana para
a chegada do nosso filho ou filha.
— Gena, você está aí? — Lydia pergunta.
— Oh! Sim, aqui! Não grite! Vai acordar o Mica. — digo baixinho.
Ele tem um sono leve. Quase tive um ataque de fofura hoje de manhã
ao ver o bebê pressionado contra meu esposo enquanto eles dormiam serenos.
Não resisti e tirei uma foto para guardar.
— Desculpa! Você agora é uma mamãe. — Sorri.
— Deimon foi procurar a mãe dele, mas no momento vou ser sua mãe.
— respondo caminhando para a cozinha.
— Chloe deve estar muito longe, quem sabe. — reflete.
— Por que você pensa assim? — Tomo um pouco de suco.
— Se ela quer proteger o filho, não vai ficar onde o deixou.
Provavelmente já chegou no território de outra máfia. — fala.
Ele precisa da mãe dele, mas até lá ele será meu bebezinho, o meu
pequeno Mica.
— Entendo. Espero que Deimon encontre ela antes disso acontecer. —
murmuro.
— Espero que sim. — diz.
— Como é a sensação de ser mãe antes de ter o seu próprio filho? —
pergunta baixinho olhando minha barriga.
— É incrível! Quando vi aquele bebezinho, uma sensação esmagadora
me dominou por dentro. Não existe explicação. — respondo sorrindo.
— Imagino. — fala de forma estranha.
— Quando você terá os seus? — indago.
Ela está sempre grudada com os meus sobrinhos e é apaixonada por
eles.
— Agora não. Quero curtir um pouco mais o meu marido. — murmura
com um olhar malicioso.
— Se você diz. — profiro.
— Se eu estiver com uma barriga enorme, não poderei transar do jeito
que gosto, bastante rápido. — Pisca fazendo as minhas bochechas ficarem
rosas de vergonha.
— Não precisa de detalhes. — repreendo e ela sorri gostosamente, se
divertindo com o meu constrangimento.
— O que vamos fazer para comer? — Confere a geladeira.
— Uma lasanha à bolonhesa seria perfeita. — sugiro. Estou desejando
uma há dias.
— Perfeito! Tem tudo aqui. — Coloca os ingredientes em cima da
bancada.
Olho para a babá eletrônica, me certificando que Mica continua
dormindo de barriga para cima.
— Vamos começar! Será que Deimon vai comer em casa? Não me
falou nada. — Ele geralmente me acorda quando precisa sair.
— Acho que não. Foi resolver uns problemas com o Jasper. Vamos
fazer um dia das garotas. — sugere.
É uma ótima ideia. Eu preciso relaxar um pouco. Nem me lembro a
última vez que sentamos só as meninas para conversar.
— Boa ideia. — falo.

*****

Passamos a tarde juntas, conversando tranquilamente. Comemos várias


besteiras, todas as que desejamos. Micael é bem calmo e quase não chora,
nem dá muito trabalho.
— O que o bebezinho da mamãe quer? — pergunto acariciando sua
bochecha macia. A sua boca pequena se puxa num fantasma de um
sorrisinho. — Nada, meu pequenino. — sussurro fazendo cosquinhas nele.
Visto Mica com um macacão, deixando-o aquecido.
Já passa da meia-noite quando Deimon chega. O seu rosto está
completamente estranho e a sua calma parece forçada. Nada parece estar no
lugar.
— Está bem? — Coloco Micael na cama.
— Nada para se preocupar, anjo. — garante.
Ele não está falando a verdade. Deposito travesseiros em volta do Mica,
para protegê-lo, e caso role pela cama, não caia no chão. Me aproximo do
meu marido, que arranca a camisa com tanta raiva que o tecido rasga.
— Me diz o que aconteceu! — peço parando seu ataque de ódio contra
a roupa. Os seus olhos verdes brilham em fúria mal contida.
— Você não devia ouvir isso, mas fiz uma limpeza naqueles bastardos.
— me conta passando os braços em volta da minha cintura e beija os meus
cabelos carinhosamente.
Eu temo que essa limpeza não seja de pele ou corporal.
— Limpeza? — indago baixinho.
Passo os meus braços em volta do seu pescoço elegante e beijo o seu
queixo com amor.
— Sim. Matei todos que acham que a Camorra aceita traidores. Jamais
vamos aceitá-los! Sharon morreu, no entanto, deixou algumas sementes más.
Eu cortei e queimei cada uma delas. — responde olhando para longe, com o
corpo tenso.
— Entendo. — Me recosto em seu corpo grande.
— Vou tomar um banho. Já volto — Beija meus lábios rapidamente.
Me sento na poltrona, mas antes peguei Micael e o coloquei em cima
de mim. Brinco com suas mãozinhas pequenas e ele sorri levemente. Está
inquieto. Acordou e não quis mais dormir.
— Você é perfeito, Mica! — sussurro baixinho, esfregando meu nariz
no seu.
Tão pequeno! O que será que aconteceu com sua mãe? Por onde anda
agora? Está segura? Ela deve estar aflita sem saber com quem está seu filho e
se vão cuidar bem dele.
A água para de correr no banheiro e olho para a porta, esperando
ansiosamente Deimon sair. Ele aparece com uma toalha em volta do seu
quadril estreito.
— Porque esse gongo ainda está acordado? — Se aproxima.
— Não sei. Ele está inquieto. Acordou e não dormiu mais.
Toco a pontinha do nariz do Micael, que abre a boquinha procurando a
mamadeira. Sorrio.
— Não é uma mamadeira, filho. — Deimon fala.
Meu coração acelera ouvindo-o chamar o Mica de filho
— Já está com fome, mamãe? — pergunto baixinho.
— Você é maravilhosa! — meu marido elogia baixinho e acaricia o
rostinho delicado do pequeno.
Meus olhos enchem de lágrimas e dou um discreto sorriso.
— Obrigada, amor! Achou a mãe dele? — sussurro.
— Ainda não. Vem! Deita aqui enquanto faço o leite dele! — pede.
Ele entra no closet e depois volta vestido numa cueca preta. Me levanto
vagarosamente e coloco Mica na cama, me deitando de lado. Com oito meses
de gravidez é impossível achar uma posição confortável.
— Isso devia ser um crime. — Salivo com o seu corpo perfeito.
— Anjo! — murmura baixinho num aviso.
— O quê? — sussurro secando novamente o seu corpo.
— Cristo, mulher! Vou fazer a mamadeira desse pequeno. Já volto e
cuido de você. — Sai com um olhar sexy na minha direção.
A minha boceta pulsa. Oh, merda! Não é aconselhável fazer sexo com
tanta frequência durante o período final da gravidez. Se controla, Gena!
— Estou sendo uma péssima mãe por pensar em sexo com você deitado
ao meu lado? — pergunto baixinho fazendo carinho nos cabelos negros de
Mica. — Sim, mas seu papai é uma delícia. Você sabia? Oh, meu Deus! Você
não deve saber. Vou me comportar como uma mãe responsável. — prometo.
Ouço uma risada grossa atrás de mim. Deimon. Ele provavelmente
ouviu tudo. Só tinha que esquentar o leite.
— A mamãe passa o dia inteiro pensando no seu papai aqui. — diz
pegando Mica nos braços.
O meu coração acelera e dá um pulo apaixonado ouvindo-o falar
“papai” para o bebê pela segunda vez. Será que vai amar Micael como o seu
filho se a sua mãe não aparecer? Eu acho que sim.
Meu marido senta na poltrona, dando mamadeira para o pequenino,
com os olhos fixos em seu rosto.
— Você mudaria o nome dele se por uma hipótese a mãe dele estivesse
morta? — questiona fazendo o meu coração acelerar dolorido.
Não. Ela deve ter um carinho por esse nome. Eu deixaria como está e
assim ele terá algo da sua mãe de sangue.
— Não. Acho que esse nome significa muito para a mãe dele. —
respondo tristemente.
Ela está morta. Deimon não faria essa pergunta se ela estivesse viva. Só
perguntou para avaliar a minha reação e emoções. Uma lágrima solitária
escorre pela minha bochecha e eu a limpo rapidamente. Nem sequer a
conheci, mas sinto a sua dor. Fez de tudo para salvar o seu pequeno e no final
morreu.
— Eu sinto muito, anjo! — Coloca Mica para arrotar.
— Eu nem a conheço e sinto uma dor aqui. — murmuro chorosa
empurrando as lágrimas de volta.
— Aquela moça não é mãe dele, é tia. A sua mãe morreu durante o
parto. — me conta.
Ele se levanta e depois me abraça com carinho.
— Me dá ele! — peço.
A necessidade de tê-lo perto de mim se tornou grande.
— Você achou a moça? A tia dele. — pergunto baixinho balançando
Mica para dormir.
— Sim. Jasper a encontrou quase morta. Ela levou seis tiros. —
explica.
Posso ouvir a raiva mal disfarçada na sua voz. Oh, meu Deus! Que
crueldade! Congelo no lugar, tentando não soluçar. Não posso passar meu
nervosismo para o Mica. Os bebês são muito sensíveis.
— Todas as duas deram a vida por você, filho. — falo chorando.
Ele já está dormindo, como se nada tivesse acontecido à sua volta.
Perdeu a mãe e a tia.
— Chloe ainda não está morta. — Deimon confessa baixinho e acaricia
os meus cabelos carinhosamente.
— Não? — Respiro aliviada.
— Não. Ela está em coma, em estado crítico. Não sei se vai sobreviver.
—responde.
Vou orar pela sua vida. Por favor, Deus! Dê a ela mais uma chance!
— Ela vai viver. — sussurro observando o seu rosto.
Ele não acredita que ela possa sobreviver.
— Vamos dormir! Amanhã é um novo dia, novas oportunidades. —
Coloca Mica no berço e depois se ajeita atrás de mim.
Sempre haverá novas oportunidades. Onde existe esperança, há fé.
— Como está a moça? — pergunto baixinho, enrolada contra Deimon,
enquanto ele acaricia o meu rosto com as pontas dos dedos.
— Está estável. — sussurra.
— Isso é bem melhor. — afirmo.
Já faz duas semanas que encontramos Micael na boate. Chloe está
estável, mas não fora de perigo. Está num quarto totalmente equipado para a
sua situação, com todos os aparelhos, para o caso de uma emergência. Tudo
foi montado na casa de Enzo. Ele é letal, e por esse motivo vai cuidar da
segurança dela até ela acordar do coma. Espero que seja logo. Ninguém sabe
se está viva ou morta. É triste ver uma moça tão linda lutando pela vida com
garra. Já pode se considerar uma guerreira. É uma guerreira.
— Temos que registrar Mica. — Deimon diz beijando os meus lábios
carinhosamente e levanta-se.
Eu sei que em algum momento faríamos isso, só não imaginei que fosse
tão rápido.
— Eu sei. Ele está mais seguro com a gente.
— Érico vem hoje para fazer isso. — informa.
Não sabemos quando a tia do Micael vai acordar. Espero que seja logo.
É triste ver alguém passar a vida inteira num coma profundo, vegetando.
— Vamos ser pais dele legalmente? — pergunto encontrando seus
olhos verdes brilhantes.
— Sim. Pelo pouco que Chloe falou, ele está em perigo. Ninguém vai
contestar as minhas declarações. — responde sorrindo lindamente para mim.
— Eu sei.
Tento me levantar sem ajuda, mas não consigo. A minha barriga está
enorme e pesada. Os meus pés estão inchados e as minhas pernas e costas
doem. Tenho me movido como uma lesma de tão grande que estou.
— Está se sentindo bem? — Deimon pergunta preocupado me
ajudando a levantar.
— Pesada demais. — Gemo.
As minhas costas não param de doer. Nos últimos três meses as dores
são constantes. Doutora July disse que é normal nesse período da gravidez.
— Daqui a duas semanas ele ou ela vai nascer. — Massageia as minhas
costas.
Gemo com a maravilhosa sensação dos seus dedos habilidosos. Estou
doida para que o meu bebê nasça logo. Isso é doloroso.
— Espero que nasça logo. Não aguento mais sentir dores nas costas. —
confesso.
Nem consigo mais levantar da cama sem a ajuda de alguém. É
frustrante. Não posso mais pegar Mica em pé, visto que tenho que ficar
sentada. Temo derrubá-lo, porque ele está pesado para mim.
— Vamos tomar um banho! Vai ajudar um pouco. — sugere.
Sempre ajuda. Eu quero mais que um banho, no entanto, estamos
proibidos de fazer sexo.
— Obrigada! Ainda tem que banhar o pequenino.
Entro na ducha, apreciando o frescor da água.
— Deixa comigo! Vem! Vou lavar os seus cabelos. — fala.
Ele pega o tubo de shampoo e passa o produto pelos meus fios. Aprecio
a massagem que faz em meus cabelos. Se continuar assim vou dormir em pé.
Na última semana não preguei os olhos direito, pois nunca encontro uma
posição confortável.
De banho tomado estou sentada no sofá com o meu pequenino em cima
de mim fazendo todos os barulhos existentes.
— Ele é uma fofura e me faz querer ter mais um, porém, quando vejo
os meus aprontando, desisto da ideia no segundo depois. — Anny admite
fazendo gracinha para Mica, que sorri.
Minha amiga tem cuidado dele quando Deimon está fora trabalhando.
Não posso mais banhá-lo. Então Anny que cuida, já que não consigo mais
fazer isso. Tenho medo de derrubá-lo.
— As crianças iriam adorar. — digo.
— Fariam a festa.
— Você realmente quer mais um? — pergunto.
Essa é a segunda vez que ela menciona isso.
— Sim. Mas não agora, mais para frente — diz.
— Deixa os seus filhos crescerem mais.
— Sim. Como você está lidando com fato de ser mãe antes do
esperado? — Passa o dedo na bochecha do meu pequenino.
É uma sensação esmagadora de maravilhosa!
— Maravilhosamente incrível! Não tem explicação. — sou sincera.
— Fico feliz. Você merece. Vou fazer o almoço, então qualquer coisa
me chama. — Sai.
— Obrigada! — agradeço.
— De nada.

*****

Meio-dia Érico chega. Fazemos todos os trâmites, já que Anny colocou


Micael como se nós tivéssemos o adotado. O rapaz faz apenas o
procedimento dos papéis.
— Vai dar certo? — pergunto baixinho para Deimon.
— Sim. Não tem como ninguém provar nada. — me assegura e suspiro
aliviada.
— Que bom. — falo.
— Preciso sair. Não sei que horas volto. — diz.
— Está bem. — concordo.
Ele beija os meus lábios e sai.
Pego o meu celular e digito uma mensagem no grupo dos meus irmãos.
Achei fofo o nome. Me toca muito como eles se esforçam para me conhecer.
@Eu: Tenho novidades.
Em menos de um minuto começa a cair mensagem sem parar. Como
sempre Yore é o primeiro a responder.
@Yore: O quê? Faz duas semanas que você está sumida. Aconteceu
alguma coisa?
Pela sua escrita, está super preocupado. Me sinto mal por não ter dito
nada, mas não posso falar muito sobre Mica. São muitas explicações e a
minha cabeça está cheia com essa situação toda.
@Igor: Oi, pequena. Como está?
Sempre carinhoso. Ele brinca mais que os outros, contudo, sinto que é
uma máscara, mas não tenho certeza.
@Victor: Hey, princesa! Está sumida.
Victor é sério, mas sempre com uma suavidade incrível. Ele é muito
preocupado. Acho que se sente um pouco culpado pelas coisas ruins que
aconteceram comigo.
@Ian: Hola, petit. Está viva! EBA!
Cristo! Ninguém é mais dramático que Ian.
@Eu: Tive uns problemas. Estou bem. Desculpa não ter dado notícias
para vocês. Quero apresentar uma pessoa muito especial.
Vou falar apenas por cima e não entrarei em detalhes.
@Yore: Não me diga que o meu sobrinho já nasceu!
Posso a ver a euforia na sua escrita.
@Ian: É isso?
Lá vem o dramático.
@Victor: Mande uma foto! Quero vê-lo.
Cristo! Eles nem esperam eu falar o que é.
@Igor: Cristo! Deixa ela falar!
Isso me faz sorrir.
@Eu: Não. Esse pequeno não quer nascer tão cedo, kkkk. Mas esse aí é
o sobrinho de vocês também.
Espero que eles gostem do meu pequenino. Mando um vídeo do Micael
sorrindo para Deimon enquanto ele faz gracinha.
@Eu: Esse é meu filho, Mica ou Micael. Ele é adotado.
Espero ver as reações deles, mas sei que não é possível, pois estamos
cada um atrás de uma tela de celular.
@Victor: Por que vocês adotaram um filho, se você está grávida?
@Yore: Pode nos contar a verdade. Você perdeu o bebê?
Cristo! Por que eles pensam isso? Passo a mão na minha barriga.
Não ouça isso, filho! — murmuro alisando a barriga com carinho.
@Ian: Pode confiar na gente. Somos seus irmãos.
@Igor: Se você está grávida, não tem porque adotar outra criança
quando está prestes a dar à luz.
@Eu: Não perdi o meu filho. Resolvemos adotá-lo por que ele foi
abandonado.
Respondo por alto sem dar muitas explicações ou informações que
possam nos comprometer no futuro.
@Yore: Parabéns! Deimon não para de nos surpreender.
@Eu: Deimon faz tudo por mim.
Não sei porque eles se surpreendem. Meu marido sempre faz tudo por
mim. Ele quer me ver feliz.
@Victor: Parabéns, pequena! É surpreendente que ele aceite uma
criança que não é dele.
@Eu: Ele não se importa com o sangue. A família é escolha.
@Ian: Poucos homens no lugar dele fariam isso, pequena. Meus
parabéns!
@Igor: Concordo. É meio complicado o nosso mundo. Meus parabéns!
@Eu: Obrigada! Preciso ir. Nos falamos mais tarde. Até mais! Beijo!
Todos se despedem mandando beijos, prometendo virem me ver
quando eu der à luz.
Me recosto no sofá, vendo Mica dormir em cima da minha barriga. Não
é certo, sendo que pode machucar o seu irmão. Puxo ele para cima de volta
para o meu braço. As quatro fofuras do mundo entram correndo na sala, e
quando me veem, param na minha frente.
— Titia, você já teve o bebê? — Beatriz pergunta com seus olhinhos
curiosos.
Eu sorrio. Desde que eles chegaram, uma semana atrás, vêm fazendo
esse tipo de pergunta. É a coisa mais fofa do mundo.
— Não. Esse aqui a cegonha nos deu de presente. — respondo tocando
minha barriga, sorrindo.
Ela balança a cabecinha como se estivesse entendendo, mas amanhã vai
perguntar a mesma coisa.
— Sua barriga ainda tem um nenê, né, tia? — Benjamin pergunta e
coloca a mãozinha na minha barriga numa carícia lenta.
Eu sorrio para o pequeno gênio.
— Sim. Logo a cegonha vai trazer outro bebê para brincar com vocês.
— Passo a mão nos seus cabelos sedosos.
— Podemos brincar com ele? — Bernardo questiona e imita o seu
irmão, colocando a mão na minha barriga.
— Sim. Mas ele tem que crescer mais. — digo.
Encontro os seus olhos sapecas, tão parecidos com os dos Deimon.
— Ah, sim. Aí podemos brincar com ele. — Romero conclui,
empurrando os cachos dos olhos.
— Isso. — confirmo.
QUASE DUAS SEMANAS DEPOIS

— Você precisa descansar! Deixa de ser teimosa! — aconselho.


Gena precisa saber a hora de parar. Está na semana de dar à luz e não se
aquieta. Está cansada. Posso ver a exaustão no seu rosto. Hoje especialmente
tem andado de um lado para o outro, inquieta.
— Desculpa! Vou me aquietar. — diz.
Fico apenas observando de longe cada movimento dela. Se senta no
sofá procurando uma posição confortável, mas nada. Sei que é difícil ficar
sempre quieta, mas é o necessário.
— Vamos! Vou te ajudar a levantar. — digo.
Ela balança a cabeça, envergonhada.
— Não se envergonhe. — peço e ela sorri fracamente, meio pálida.
Eu estou mais preocupado dela se machucar do que com a sua
inquietação.
— Desculpa! Estou te dando trabalho. — fala.
— Não é isso. Posso ver que você está exausta. — profiro.
— Sim, um pouco. Quero deitar. — admite.
Subimos a escada com passos de bebê. Eu estou desconfiado. Gena tem
uma barriga muito grande, que não é tanto quanto a da Anny, mas ainda
assim eu tenho as minhas desconfianças. Não falo nada e guardo para mim.
Ajudo ela a se deitar. Minha esposa solta um longo gemido. Nenhuma
posição é confortável nos últimos dois meses.
— Se eu precisar, chamo. — assegura.
— Qualquer coisa me chama. Vou fazer a mamadeira do Mica. —
Beijo a sua boca antes de sair.
Desço e faço a mamadeira de Micael antes que ele comece a chorar.
Não tenho saído de casa, visto que a qualquer momento Gena pode entrar em
trabalho de parto, e quando isso acontecer, quero estar aqui.
Termino de esquentar o leite. O pequeno sorri quando me vê e o meu
coração dá um pequeno pulo.
— Você quer a dedeira, filho? — pergunto fazendo ele agitar as
perninhas e os braços. — Isso é um “sim”, pequenino?
Me sento com ele deitado em cima das minhas pernas e coloco a
mamadeira na sua boca. Mica suga com vontade.
— Vamos com calma! — sussurro baixinho.
Puxo um pouco a mamadeira quando o pequeno suga rápido demais.
— Você está veterano na arte de ser pai. — Damen diz se sentando na
minha frente.
— Pratiquei com os seus. — falo.
— Imagino como você praticou. — profere.
— Passei meses sem dormir. — respondo.
Lembro da época que passei cinco meses no Brasil quando Anny teve
os seus pestinhas. Nós dois dormíamos amontoados na mesma cama. Quando
estávamos quase pegando no sono, um dos três acordava chorando.
— Imagino! Você tem certeza que vai mantê-lo? — meu irmão
questiona.
Levanto os meus olhos, encontrando os seus sérios.
— Sim. Já amo esse pequeno.
Coloco Mica para arrotar e Damen sorri em entendimento.
— Eu sei disso. Nós precisamos melhorar mais a nossa segurança. Não
estou gostando de como está. — diz.
O seu rosto demonstra desaprovação. Sorrio para ele. Nós sempre
falamos a mesma língua quando se trata dos assuntos da Camorra.
— Vamos arrancar todas as raízes de possíveis vermes! Chega de
jogos! — sugiro.
Nós dois gostamos de jogar, mas Damen gosta mais do que eu. Agora
temos muito a perder: esposa e filhos.
— Mais pulso forte. Temos mulher e filhos para proteger. — expõe o
meu pensamento.
— Vamos testar todos os nossos soldados. Quem não for leal... —
deixo a frase no ar.
— Isso. Nós estamos mantendo na rédea curta com quem não tem
lealdade, e por isso temos pouca traição, mas não é o suficiente. Vamos
acabar com isso. — fala.
— Vamos esmagar cada um desses filhos da puta! — rosno raivoso.
— Não vamos só esmagar, mas também destruir cada um lentamente.
— A expressão de Damen mostra raiva.
— Como você acha que os irmãos da minha esposa estão indo? —
pergunto olhando meu filho.
— Eu diria que perfeitos. Eles aprendem rápido. — responde.
Anny está sempre monitorando cada um deles.
— Certo. Vou colocar esse pequeno na cama. — Me levanto. Já está
tarde.
— Vamos esperar a sua mulher dar à luz, para começarmos. — Se
levanta também.
— Certo.
Subo a escada, abro a porta vagarosamente sem fazer barulho e coloco
Mica no berço. Gena está dormindo.
Tomo um banho demorado e visto uma calça de moletom. Me deito do
outro lado da cama para dar espaço para Gena se mover sem esbarrar em
mim. Depois de quase três anos juntos é ruim dormir sem estar abraçado com
ela, mas quero que esteja confortável. Passo as pontas dos meus dedos pelo
seu rosto delicadamente, que está inchado.
Não entendia quando as pessoas falavam que o amor é a coisa mais
perigosa que existe. Por amor fazemos loucuras e damos tudo para ver quem
amamos, feliz. Nos tornamos fortes, no entanto, vulneráveis. Você jamais
quer perder a pessoa amada.
Beijo a bochecha da minha esposa. O meu coração pulsa ao vê-la tão
frágil. Possessividade enche o meu peito. Gena se tornou tudo na minha vida.
Vamos tornar a Camorra mais forte e nada nem ninguém vai tocar no que
mais amo. Com esse pensamento e promessa adormeço.
Desde ontem à noite tento não demonstrar, mas as dores em meu
quadril vêm aumentando. Não consigo disfarçar nem pegar Mica de tanta dor.
Tento esconder tomando banho e me mantendo longe de todo mundo, mas
ficar distante do Deimon é uma tarefa difícil, porque ele me segue com o
olhar a todo segundo. Semana passada foi um alarme falso e todos ficaram
loucos. Quero ter certeza dessa vez. Respiro compassadamente enquanto
ando pelo quarto. Mica tenta chamar minha atenção com sorrisinhos e
gritinhos felizes. Dou-lhe um sorriso amarelo.
— Você quer brincar? — pergunto passando a mão pela sua barriga e
ele ri feliz.
— Isso é um “sim”? A mamãe não pode agora. — Aperto meus lábios
juntos para não gritar de dor.
Me curvo, gemendo. Dessa vez não parece alarme falso. Respiro fundo
quando a dor vem mais forte.
— Deimon! — o chamo engolindo um grito. — Deimon! — chamo
mais alto dessa vez.
Me inclino colocando minha testa contra a proteção do berço.
— Anjo! — Meu marido se aproxima.
Gemo novamente quando outra contração vem. Mica sorri dos meus
gemidos como se fossem as coisas mais engraçadas.
— Você está bem? — Esfrega minhas costas numa carícia lenta.
— Sim. Acho que ele quer nascer. — Solto outro gemido e quase grito.
A dor em meu quadril e costas estão ficando insuportáveis.
— Precisamos ir para o hospital. — diz calmo me pegando no colo.
— Tem o Mica e as roupas do bebê. — falo por cima dos meus
grunhidos.
— Anny cuida disso. — afirma e desce a escada vagarosamente.
Eu estou muito pesada para ele me carregar, no entanto, não reclamo,
pois não sei se consigo descer a escada de qualquer maneira.
— O que foi? — minha amiga pergunta assim que nos vê.
— Ela está em trabalho de parto. Cuida do Mica e pega a bolsa do bebê
para mim! — Deimon pede e volta a caminhar.
Anny sobe a escada, correndo, e logo depois aparece com a bolsa na
mão.
— Seja forte! Lembre-se que depois que o seu bebê nascer, você não se
lembrará mais da dor. — Beija minha testa e depois sai.

*****

Escolhi ter o parto natural. Quando chegamos ao hospital, uma equipe


já estava pronta à minha espera. Deve ser obra da Anny e eu a agradeço por
isso. As contrações estão vindo cada vez mais rápidas.
— Respire compassadamente! — Deimon instrui enquanto eu estou
sentada dentro da água.
Eu já estou com 9 cm de dilatação, mas ainda não é o suficiente para
meu bebê nascer. Eu não estou mais suportando a dor. Começo a chorar.
— Dê algo à ela para a dor, porra! — ele rosna e todos ao nosso redor
estão tensos e apreensivos.
As mãos do meu marido fazem uma massagem no meu quadril numa
carícia lenta. Meu rosto está contra seu pescoço e eu choro tentando respirar
compassadamente e me manter calma.
— Não podemos. O bebê já está para nascer, senhor. — diz a doutora
July depois de me examinar novamente.
— Foda-se! — ele exclama massageando minhas costas.
Eu estava ficando louco vendo Gena gemer e chorar de dor. Não existia
explicação para definir a pressão dentro do meu peito. Me senti impotente,
como nunca na minha vida. Sempre que eu quero alguma coisa, eu vou lá e
consigo, mas naquele momento não pude fazer nada. Ontem à noite eu estava
desconfiado quando fomos deitar e minhas suspeitas se confirmaram de que
ela estava sentindo dor e não quis me falar. Meia hora depois que chegamos
ao hospital, Gena deu à luz a duas meninas. Não consigo explicar a sensação
quando vi os rostinhos das minhas filhas. Proteção e amor queimam dentro
do meu peito. Beijo a testa da minha esposa, que está exausta.
— Eu te amo! — Coloco sua testa na minha.
— Eu também. — Sorri fraca e pálida enquanto nossas filhas são
examinadas.

*****

Depois de 24 horas estamos de volta em casa. Nossas pequenas estão


saudáveis e não precisaram de nenhum cuidado extra.
— Deixa eu te ajudar! — Damen vem ao meu lado e pega minha
pequena esposa no colo. Quase protesto.
Ele é meu irmão, minha carne. Gena não reclama ou sequer estremece.
São anos de convivência e ela confia nele. Isso me deixa feliz. Pego nossas
filhas em suas cadeirinhas.
— Deixa eu ver! — Anny aparece e analisa atentamente minhas
meninas. — Elas parecem mais com a Gena, mas os olhos são seus. — Pega
uma delas.
Ainda não decidimos os nomes, mas cada uma tem uma pulseira de
identificação, já que são idênticas. A única diferença é que uma tem uma
mancha na orelha.
— Verdade. São lindas! — respondo orgulhoso e minha cunhada sorri
brincando com minhas pequeninas.
— Isso me lembra anos atrás quando nós passamos noites acordados
cuidando dos meus filhos. — ela diz sem olhar para mim.
— Como está meu pequenino? — pergunto.
Não consigo apreciar o fato de ser pai sem saber como Mica está. Eu
sei que Anny cuidou bem do meu filho, mas fazer minha cabeça e coração se
convencer disso é totalmente diferente. Eu confio nela e no meu irmão com
minha vida, contudo, a apreensão nunca vai embora.
— Ele se comportou bem, mas sentiu falta de vocês. Chorou um pouco
— ela responde.
Gena e eu estávamos preocupados com ele.
— Imagino. Como está Chloe? — questiono.
Anny ficou de descobrir tudo sobre ela. Não queremos ter uma surpresa
indesejada se ela sobreviver.
— Está melhor. Seu nome não é Chloe, e sim Luna Rizzo. Tem 21 anos
e é filha de um dos subchefes da Famíglia. Nada demais. Ela não é uma
garota convencional, é um pouco parecida com a Lydia, pelo que descobri. —
informa.
Isso deixa as coisas melhores. Mandamos cada um dos seus soldados
em sacos plásticos junto com seus informantes, como presente. Se eles
querem guerra, é guerra que terão.
— Isso é bom. — Subo a escada.
Não sei por que não pensamos em colocar um elevador nessa casa.
Minha cunhada entra primeiro e senta na ponta da cama. Gena está com
Mica nos braços, que sorri feliz para ela.
— Não sentiu falta do papai, filho? — pergunto.
Beijo sua cabecinha e ele ri alegre, estendendo o corpinho.
— Ele está feliz em te ver, amor. — Gena diz suavemente e eu sorrio
para ela, beijando sua testa levemente.
— Vocês dois não brincam em serviço, né? — Anny fala e eu levanto
minha sobrancelha em confusão. Não entendi o que ela quis dizer.
— Damen fez três de uma vez, e você fez dois, três com Mica. Esperma
olímpico — Dá um sorriso para o meu irmão.
— Meu esperma é atleta. — Damen fala dando um tapa na bunda da
esposa.
— Olha a safadeza na frente dos meus filhos! — rosno da mesma
maneira que minha cunhada gosta de fazer quando estou beijando a Gena na
frente das crianças.
— Quem está com safadeza aqui? — Meu irmão me encara.
— Vocês, crianças! — Aponto para a porta e Damen sorri saindo com
Anny.
— Você não precisava expulsá-los do nosso quarto. — Gena fala.
— Não. Mas eu quis. Meu irmão fez a mesma coisa comigo uma vez.
— argumento e sento na cama com Mica nos braços.
— Temos que pensar nos nomes para elas. — Minha esposa diz e
observa nossas pequenas dormindo.
— O que você sugere? — Passo meus dedos em seus cabelos perfeitos.
— Eu gosto de Karen e Ivanna. São nomes bonitos. — sugere e fita
meus olhos.
Eu concordo que são. Gostaria de colocar o nome da minha mãe.
— Karen Lauanny ficaria mais lindo. — sugiro sem desviar meus olhos
do seu.
Ela lacrimeja, pois sabe o quão importante minha mãe foi.
— É lindo, amor! Karen Lauanny e Ivanna Lauanny. — Me abraça e eu
beijo seus cabelos com carinho.
— Está decidido então. — concluo.
Um mês se passou desde que dei à luz as coisas mais lindas do mundo.
Estamos nos adaptando à nova rotina. Não é nada fácil ser mãe de gêmeos e
nem sei como Anny conseguiu cuidar dos três filhos e depois de mais um
sem ficar louca. Ela tem me ajudado pra caramba quando Deimon não está.
Meus bebês são calmos e é como se eu tivesse trigêmeos de qualquer
maneira, porque Mica tem apenas quatro meses de diferença das meninas.
Deposito uma manta no chão e depois coloco meu menino em cima,
deixando-o assistir um desenho infantil. As meninas estão em seus bebês
confortos.
— Não vire uma péssima mãe, princesinha. — Yore fala em pé no
meio da porta, todo de preto e parecendo mais másculo.
Sem me conter levanto correndo em sua direção e jogo meus braços em
volta do seu pescoço, enrolando minhas pernas em volta da sua cintura.
— Oi.
— Você é louca. Não pode sair correndo. — ele fala me abraçando
forte.
— Senti saudades. — ignoro sua preocupação.
— Eu também. Vai me apresentar meus sobrinhos? — pergunta me
colocando no chão.
— Deixa de ser folgado, Yore! É a minha vez. — é a voz do Igor.
Viro minha cabeça em sua direção e ele está em pé, encostando na
parede, e olhando nós dois com um sorriso no rosto. Hesito um pouco sem
saber o que fazer, mas sem pensar duas vezes caminho até ele e passo meus
braços em volta do seu pescoço. Suas mãos escorrem das minhas costas até a
cintura, apertando-a levemente.
— Oi. — digo me afastando e fitando seus olhos.
— Oi, pequena. Como está? — Igor pergunta e sua boca se repuxa no
canto num sorriso sexy.
— Bem. Vem! Vamos sentar! — Volto para o sofá.
— Tio! — Benjamin aparece abraçando as pernas de Yore.
— Como está, campeão? — ele pergunta jogando-o nas costas.
— Bem. A mamãe disse que você estava chegando. — Ajeita seus
óculos no rosto.
— Sua mãe é uma mulher inteligente. — meu irmão afirma.
— Só vocês vieram? — pergunto.
— Não. Victor e Ian estão chegando. — Igor responde e se senta ao
meu lado observando Mica concentrado em mim e depois olha as minhas
pequenas.
— São lindos! — elogia.
— Obrigada! — agradeço com um pequeno sorriso.
— Anjo! — Deimon me chama do andar de cima.
Ele estava dormindo. Nos últimos dias meu marido e Damen têm
passado muitos dias fora. Não me diz o que está fazendo, mas também não
pergunto.
— Aqui, amor. — respondo.
— Vejo que vocês chegaram. — Meu esposo fala e desce a escada.
— Sim. — Igor responde encarando Deimon com cautela.
— Cadê os demais? — meu marido questiona dando um comprimento
de mão aos meus irmãos.
Um carro estaciona em frente à mansão.
— Chegaram. — Yore diz se sentando.
Mica grita levantando os braços para o pai, que sorri pegando o
pequeno gongo e pressionando-o contra o peito com cuidado.
— Você quer o papai? — pergunta beijando as bochechas gordinhas de
Micael, que grita sorrindo.
— Hey! Alguém em casa? — Amélia indaga e eu me levanto indo
direto para o hall de entrada.
— Oii. — cumprimento e abraço-a.
— Isso está diferente da última vez que estive aqui. — fala me
liberando.
— Mudamos por causa das crianças. — explico.
Olho para Victor e Ian, que parecem não saber o que fazer.
— Oi, Victor. — Fico na ponta dos pés, passo os meus braços em volta
do seu pescoço e ele retribui o abraço na minha cintura.
— Oi, princesinha. — Beija meus cabelos.
Me afasto dele assim que sou liberada.
— Oi, pequena. — Ian me abraça forte.
— Oi. Fizeram uma boa viagem? — pergunto.
— Sim. Foi tranquila. Estou morrendo de cansaço. — Amélia profere
ao meu lado.
— Que bom! Vamos nos sentar. — digo caminhando rumo à sala.
— Cadê os seus pequenos? — Ian pergunta vindo atrás de mim.
— Na sala com Deimon. — Sorrio docemente para a Amélia.
Yore está sentado com Benjamin nas pernas.
— O que você achou de Vegas? — pergunto passando por cima das
pernas de Yore, que sorri e aperta a minha cintura.
— Cadê a minha gata selvagem? — ele indaga.
— Na casa dela. — respondo.
— Que malvada! Nem veio me receber. Estou magoado — Yore diz.
Eu sorrio sabendo que ele está brincando.
— Nem eu sabia que vocês viriam. — falo sentando nas pernas do meu
marido.
— Pedi para Deimon não avisar. — Yore confessa.
— Quase morri do coração. — resmungo.
Victor e Ian ainda estão em pé.
— Podem sentar, gente! — eu aviso.
Amélia está em frente ao bebê conforto das minhas pequenas fazendo
gracinha.
— Qual o nome delas? — ela pergunta.
— A menor é Karen e a maior é Ivanna, e esse rapazinho aqui é o
Micael. — falo.
— Que lindinho! — murmura e eu sorrio levemente.
Damen entra na sala com Beatriz nos braços daquele jeito de que quer
mostrar quem manda no lugar. É inquietante quando faz isso.
— Boa tarde, gente. — cumprimenta e aperta a mão dos meus irmãos.
Todos parecem desconfortáveis com a situação.
— Fiquem à vontade. — meu cunhado pede e se senta em uma das
poltronas.

*****

Os dois dias em que os meus irmãos estiveram em Vegas foram bons.


Pude conhecer melhor cada um. Deimon me deixou à vontade, no entanto,
Damen estava sempre alerta, olhando tudo cautelosamente. Eu os entendo.
Estavam no mesmo ambiente que todos. Se quisessem fazer qualquer
maldade, podiam conseguir. Graças a Deus correu tudo bem!
— Ele parece o seu filho agora. — Enzo diz sentado no sofá com uma
bebida no copo.
— Ninguém diria que Mica não é meu filho. — respondo.
Os seus cabelos eram tão pretos quanto os do Damen, mas agora estão
ficando mais claros.
— Realmente. E você matou Érico. Ninguém tem como provar nada.
— Jasper fala.
— Matei. Não confiava nele, muito menos com isso. — digo ajeitando
meu menino em meus braços.
— Achei melhor não arriscar também. — Damen concorda.
— O que faremos com Luna se ela não acordar? — Enzo questiona.
Eu olho para Damen. Ele que decide o que faremos com ela.
— Nada. Vai passar a vida toda lá até ficar velha e morrer. — meu
irmão responde com indiferença.
Eu sinto pena dela, mas isso é tudo.
— Certo. — Enzo concorda virando o copo.
— Eu estou pensando aqui: como você vai fazer para manter os
homens longe das tuas filhas? — Jasper indaga com um sorriso sacana.
Eu sorrio. ninguém chega perto das minhas princesas.
— Matando cada um. — Mostro os dentes e faço todos caírem na
risada.
— Cara, uma hiena sorri mais bonito que isso. — meu irmão diz com
um sorriso sacana no rosto.
Eu sorrio para ele, que estreita seus olhos exóticos para mim.
— Não se esqueça que você também tem uma filha linda. — provoco
Damen com um sorriso sacana e ele fecha a cara na mesma hora.
— Eu mato lento é cruelmente quem tocar na minha menina. — rosna
baixinho.
Sorrio da sua raiva mal disfarçada.
— Você sorriu muito cedo. — Enzo fala.
— Por que eu não mato vocês? — Damen se questiona.
— Porque somos seus amigos. — Jasper afirma solícito e o meu irmão
encolhe os ombros como se não se interessasse.
— Se vocês não se importam, vou ver se Gena está precisando da
minha ajuda. — Me levanto.
Ninguém fala nada. Subo a escada direto para o meu quarto. Minha
mulher está tentando vestir as nossas pequenas, que rolam de um lado para o
outro. Coloco Mica no berço.
— Deixe Karen comigo! — Pego a pequena sapeca em meus braços e
ela sorri lindamente para mim. Seus olhos são iguais aos meus, mas o cabelo
é da sua mãe. Totalmente parecida com Gena
— Obrigada, amor! — agradece.
O meu coração acelera quando Gena sorri fracamente de um jeito que
me prende a cada dia. Visto minha filha e me sento com ela no colo. Gena
está com Ivanna em seus braços, me observando.
— O que foi? — pergunto baixinho colocando o meu braço embaixo da
bunda da Karen.
— Nada. Apenas me surpreendo com a sua delicadeza. — diz.
Não sou delicado, só cuido do que é meu. Franzo o cenho e respondo:
— Não sou delicado, anjo.
Ela sorri e depois me beija. Acaricio seu cabelo, aprofundando o beijo,
e Gena geme na minha boca enquanto a sua mão desliza para a frente da
minha calça jeans, apertando o meu pau.
— Anjo! — murmuro me afastando.
Meu pau está muito duro, mas as crianças ainda estão acordadas. Não
podemos fazer nada.
— Eu sei.
Eu estou molhada só de ver Deimon andando apenas de cueca boxer
pelo quarto. Lambo meus lábios secos. Nos últimos meses não estamos temos
tempo para nós dois, visto que as crianças ocupam esse período e consomem
todos os segundos do meu dia. E à noite estou cansada demais para transar.
Nossa vida sexual está uma calamidade. Se fazemos sexo duas vezes por mês
é um recorde. Desde que me casei, transávamos quase todos os dias. Fico
molhada só de lembrar. Sinto falta disso agora mais que nunca.
Karen e Ivanna estão com oito meses e Mica vai fazer um ano semana
que vem. Me levanto, aproveitando que as crianças estão dormindo, e
Deimon ergue as sobrancelhas em concentração. Desde ontem estamos
tentando ver se as crianças dormem no outro quarto, que é ligado ao nosso, e
deu certo. Passo minhas mãos pelos braços do meu marido e beijo suas
costas. Ele suspira segurando minha cintura possessivamente e esmagando
seus lábios contra os meus. Gemo alisando seu cabelo.
— Quero foder você. — diz massageando meus seios vagarosamente.
— Eu quero ser fodida bem forte. — murmuro. Minha boceta já está
molhada de desejo.
Deslizo minhas mãos até o seu pau, que já está duro como ferro e
pronto para mim. Em seguida puxo sua cueca e masturbo seu pênis
vagarosamente. Deimon geme trazendo sua mão para o meio das minhas
pernas.
Eu estou nua esperando ansiosamente ele terminar de ver se está tudo
bem com nossos filhos.
Meu homem volta, dedilha meu clitóris e eu abro minhas pernas dando-
lhe mais acesso. Nossos beijos são quentes e molhados, cheios de desejo.
Meus seios estão doloridos e os meus mamilos duros, necessitados. Gemo
quando ele coloca dois dedos em meu canal, me fodendo veloz. Gemo
correndo minha mão em seu pau com mais força, fazendo-o gemer
roucamente.
Aperto seu domínio sobre mim, me empurrando rumo à cama, onde eu
me bato. Me deito enrolando as pernas em volta da sua cintura estreita e
choramingo gozando assim que Deimon toca meu clitóris novamente.
— Eu te amo! — afirmo beijando seus lábios.
Ele geme deslizando a cabeça do seu pau sobre minhas dobras. Eu
estou sensível. Puxo o bico dos meus seios enquanto meu marido empurra
seu pau para dentro de mim.
— Isso! Assim! — Gemo jogando minha cabeça para trás e Deimon
suga meus mamilos com a boca.
— Isso, safada! — rosna contra meus seios, estocado forte, rápido, duro
e feroz.
Meus gemidos se tornam gritos. Desço minha mão entre nossos corpos
e acaricio meu clitóris freneticamente. A pressão dentro de mim se torna cada
vez mais difícil de suportar.
— Porra! — meu homem rosna me puxando para a beira da cama, para
que minha bunda fique mais alta, dando-lhe melhor acesso.
Gozo com um grito estridente e ele tapa minha boca com a mão,
gozando dentro de mim.
— Eu te amo! — fala ainda em cima de mim.
Eu não digo nada, pois não tenho força para isso. Minhas pernas estão
como gelatinas, lânguidas pelo prazer.
— Fica de quatro! — ordena saindo de dentro do meu canal.
Seu pau continua duro e ereto, apontando diretamente para mim.
Posiciono-me nas mãos, ficando de quatro, e empino a bunda para ele, que
acaricia minha bunda, dando pequenos beijos.
— Você quer ser chupada ou fodida? — pergunta passando os dedos do
meu ânus até minha vagina.
Eu gemo. Quero os dois.
— Os dois. — murmuro empurrando minha bunda contra sua mão.
Deimon bate forte na minha nádega esquerda. Não tão forte para causar
dano, mas o suficiente para me fazer delirar de prazer. Ele desfere mais tapas
em minha bunda. Está ardendo. Gemo e grito de prazer com sua boca em
minhas dobras.
Meu esposo dá uma palmada entre minhas pernas fazendo minha
boceta pegar fogo. Gozo com um grito contra os travesseiros.
O prazer me deixa mole e a minha respiração fica acelerada. Ofego. Ele
puxa minhas pernas para baixo.
— Abre mais as pernas! — diz em um comando. Sua voz está rouca de
desejo.
Obedeço imediatamente fazendo o que pediu.
Deimon puxa meu cabelo, enrolando-o nas mãos e deslizando-se para
dentro de mim com um impulso forte. Me puxa colando seu peito em minhas
costas, batendo forte em mim. Sua mão foi para o meu pescoço. Leva minha
boca à sua num beijo molhado e cheio de luxúria. Gememos juntos. A sua
mão desce esfregando meu clitóris com força, me fazendo gozar novamente
enquanto ele continua estocando fundo em minha boceta pulsante e molhada.
Dá mais alguns impulsos antes de gozar com um som selvagem.
Não caio para a frente porque ele está me segurando. Estou mole,
cansada e principalmente satisfeita.
— Te machuquei? — pergunta acariciando minha barriga e depois me
vira, fitando meus olhos.
— Estou bem. — afirmo sorrindo para meu marido, dando um selinho
em seus lábios carnudos.
— Estava com saudade disso. — Me aperta em seus braços e eu
descanso a cabeça em seu ombro.
— Eu também. — admito suspirando feliz.
— Vem! Vamos tomar um banho! — me chama e alisa minha bunda.
Levanto meus olhos para ele. Deimon não está me convidando para
banhar, mas sim para ser fodida novamente.
— Sim. Estou precisando. — Sorrio apertando sua bunda durinha e ele
ri descontraído me pegando nos braços.
— Muita surra de pau! — diz me beijando lento e suave.
Soltou mais um sorriso e aperto seu nariz.
— Isso é grosseria, marido.
Deimon me depositando na banheira e depois entra cruzando as pernas.
Sento em seu colo, de frente para ele.
— Não é grosseria. — responde passando meus braços em volta do seu
pescoço e apertando os seus na minha cintura.

*****

Depois de mais uma relação amorosa na banheira estou pronta para


dormir.
— Estava pensando em levar Mica novamente aonde a tia dele está. —
Deimon diz avaliando minha expressão.
— Você acha que vai ajudá-la a acordar, já que o trauma está ligado ao
seu estado emocional? — pergunto.
— Sim. Mas também para Micael manter contato a tia que arriscou
tudo por ele. — reflete passando a mão em meu braço nu numa carícia lenta.
— É uma boa ideia. — concordo.
Já passou quase um ano, e nada dela acordar. O médico disse que pode
ser alguma coisa relacionada ao seu lado emocional. Não há nada que
possamos fazer.
— Você acha que quando ela acordar, vai querer ficar com Mica? —
pergunto com meu coração apertado.
— Não. Mica é nosso filho. Estou pouco me fodendo se ela vai querer
ficar com ele. — rosna me fazendo saltar com sua ferocidade.
— Amor, é a tia dele. — Tento reprimir minha tristeza.
Mica se tornou meu filho, mas não posso ficar privando-o da única
pessoa que carrega seu sangue.
— Não me importo, anjo. Eu amo aquele garoto como meu filho de
sangue. Se ela tivesse acordado no primeiro mês, poderia ficar com ele, mas
agora é nosso filho. — informa sua decisão.
— Luna não teve essa escolha. — falo.
— Eu sei. Ela pode vê-lo quando quiser. — murmura me puxando para
mais perto do seu corpo.
Deimon não mudará de ideia. Não que eu esteja saltitando para deixar
Mica ir embora. Ele é meu bebê lindo.
— Vamos dormir antes que aqueles pequenos acordem com fome. —
sugiro tentando aliviar a tensão que tinha se formado no quarto. O ar está
grosso.
— Temos duas horas antes deles acordarem. — informa olhando o
relógio de cabeceira.
Ele puxa o edredom para cima dos nossos corpos e adormecemos
rapidamente.
Minhas filhas sorriem para mim assim que me veem. Beijo minha
esposa, depois minhas pequenas e em seguida o meu filho, que arrasta a
bunda pelo chão com confiança. Mica já dá pequenos passos e não tem medo
de nada. Ele agarra as pernas da Gena, levantando, e me dá um sorriso
babado. Sua boca está suja de cenoura e macarrão.
— Que bagunça, filho! — digo tocando sua cabeça loira clara.
O pequeno sorri apertando ainda mais as pernas da mãe.
— Ele está virando uma bola. — Damen afirma com um sorriso de
canto de boca.
— Puxando aos primos. — Anny completa dando um beijo em meu
irmão.
— Olha a safadeza na frente dos meus filhos! — Provoco.
— O que é safadeza, mamãe? — Benjamin pergunta empurrando os
óculos para cima.
Ele não parece um nerd, mas sim um playboy sexy. Eu sorrio
imaginando quando eles crescerem. As mulheres vão cair em cima deles
como abutres. Bernardo tem a cara mais sem vergonha do mundo. Nem vou
comentar.
— Explica, Deimon, o significado! — Anny late para mim e eu levanto
a sobrancelha para ela.
— Amor! — Gena me chama com um pequeno sorriso enquanto tira
nossas filhas da cadeirinha.
— Então, tio Deimon, o que é safadeza? Mamãe disse que você vai
explicar. — Benjamin insiste me olhando com concentração, como se o que
eu iria dizê-lo fosse de extrema importância.
— Sai dessa que eu quero ver! — Damen provoca se divertindo ao
mesmo tempo em que come suas panquecas.
O que vou dizer para esse pestinha? O moleque é um gênio.
— Foda-se! Nada que você deva saber. — digo sem rodeios.
Ele junta as sobrancelhas.
— “Foda-se”! — Bernardo me imita.
— Está bem. — Benjamin responde voltando para sua comida.
— Bernardo! — Anny repreende.
Não sei porque ela se dá ao trabalho. Eles serão assassinos quando
completarem a idade. Damen já está treinando os dois com pequenas lutas,
para não machucar seus pequenos corpos. Eles gostam de treinar entre si.
— Está perdendo tempo. — Aponto para Bernardo.
Ela precisa se acostumar com isso. Minha cunhada suspira olhando
para o marido.
— Eu sei. — admite.
Pego Karen nos braços e ajeito seu cabelo loiro, tirando mechas da sua
testa.
— Sasha mandou um convite de casamento. — Damen avisa.
— Quando? — pergunto.
Sasha é a irmã gêmea da esposa do meu primo Lucas, uma gata se
quiserem saber.
— Daqui a três meses. — Anny responde.
— Tem o casamento do Ian daqui a três meses também. — Gena
profere olhando para mim.
Levanto as sobrancelhas. Damen não me falou isso, que as datas são no
mesmo dia ou próximas.
— Não me diga que são no mesmo dia! — Volto minha atenção para a
minha filha, que puxa minha gravata.
Minha esposa não quer faltar à festa de casamento do irmão e Anny não
quer deixar de ir para o da amiga. Uma confusão da porra!
— Na mesma semana. — Minha cunhada me encara com expectativa.
Dessa vez eu não posso ajudá-la. Nós teríamos que dar um jeito e eu
não vou tirar isso da minha mulher. É a chance de estar com os irmãos que a
vida tirou dela.
— Qual a diferença? — indago olhando para a minha esposa.
— Um no final da semana e o outro no início. — Damen responde e eu
respiro aliviado.
— Não vejo o problema. — declaro.
Será umas 15 horas de viagem para o Brasil e quase a mesma coisa
para Moscou.
— Estávamos pensando em passar essa semana lá. — Damen sugere.
Nem vem com essa! Ele viaja para o Brasil direto.
— Cara, dessa vez não vai dar, a não ser que vocês passem a outra
semana. Isso aqui não pode ficar um dia sem nós. — argumento olhando
dentro dos seus olhos.
— Vou pensar em alguma coisa. — meu irmão comenta.

*****

Depois do café da manhã viemos para a casa do Enzo. Ele está nos
esperando. Liguei avisando que ia ver como Luna está.
— Você acha que ela vai se lembrar do Mica? — Gena pergunta com a
mão sobre minha perna.
— Espero que sim. — falo esperançoso, saindo do carro.
Desamarro meu filho da cadeirinha. Ele está dormindo. gena estende os
braços para mim e entrego Micael para ela, que pressiona nosso filho contra o
peito.
— Nós podemos trazer o Mica mais de uma vez. — Gena sugere.
Desde que Luna entrou em coma, trazemos Micael para visitá-la pelo
menos uma vez por semana.
— É perigoso demais, anjo. — aviso.
Sempre há possibilidade de sermos seguidos. Nunca trazemos o nosso
menino em dias programados, é sempre aleatoriamente. Quando se é um
mafioso e consigliere de uma das organizações mais poderosas do mundo,
jamais se deve criar rotina.
— Eu sei. — murmura ficando na ponta dos pés, me beijando.
Seguro a sua cintura levemente, para não esmagá-la. Mica está entre
nós. A porta da mansão se abre e Enzo aparece numa calça jeans, sem
camisa. Estreito os meus olhos. Está me provocando.
— Nossa! — Gena suspira analisando Enzo.
— Se você suspirar mais uma vez, eu o mato. — rosno em seu ouvido.
Gena arregala os olhos e em seguida tapa a boca para esconder o
sorrisinho. Enzo quer morrer. Esse filho da puta! Coloco a minha mão na
base das costas da minha esposa e a guio para dentro da mansão.
— Você quer morrer? — pergunto para Enzo, mostrando-lhe os dentes.
Ele sorri e coloca a camisa, com um sorriso no rosto.
— Ainda não, chefe. Tem muita mulher para foder. — fala nos dando
passagem.
Gena engasga com uma risada.
— Que tal eu arrancar a sua língua? — sugiro.
— Não. Obrigado! Tenho muita boceta para foder com ela. — responde
para que apenas eu possa ouvir.
Rosno novamente. Não quero a minha mulher imaginando a cena,
muito menos com outro homem.
— E Luna? Como está? — questiono olhando dentro dos seus olhos.
Toda a graça some do rosto do Enzo.
— Na mesma. — Enzo diz nos guiando para o quarto.
Uma moça presa em vários aparelhos. O seu cabelo está enorme e o seu
rosto tem um semblante de paz.
— Oi, Luna. Trouxemos Mica para te visitar. — Gena pronuncia se
sentando em uma das cadeiras que ficam no quarto dela.
Ela toma cuidado com as mãozinhas de Micael. Ele está num período
em que quer agarrar tudo.
— Ela abriu os olhos ontem e depois dormiu novamente. — Enzo conta
ajeitando os cabelos da Luna.
— Talvez você devesse conversar com ela. — Gena sugere também
arrumando os cabelos da moça.
— Eu faço isso todos os dias. — Enzo profere dando uma piscadela
para a minha esposa.
Rosno num aviso. O que está havendo com esse cara? Parece fora do
personagem.

*****

Já em casa, no quarto, Gena está pensativa e deitada em cima de mim


enquanto eu acaricio os seus cabelos sedosos.
— Você acha que o Enzo já teve alguma coisa com a Luna antes dela
entrar em coma? — minha esposa questiona.
— Sim. Não sei exatamente o que houve entre eles. — respondo
puxando seu corpo mais para cima.
Beijo os seus lábios, degustando a sua boca deliciosa.
Querem saber o que futuro reserva?
Quando o jatinho pousa em Moscou, estou uma pilha de nervos. É
minha segunda vez aqui. A primeira foi uma experiência traumatizante e não
gosto nem de lembrar.
— Vai dar tudo certo, anjo! — Meu marido me dar força e beija minha
testa, demonstrando seu carinho.
— Obrigada! Será que a noiva dele vai gostar de mim? — pergunto
devolvendo o seu beijo.
— Claro que sim! Você é perfeita! — Me abraça.
Olho para os dez guarda-costas sentados no fundo do jatinho, fingindo
não ver nossa troca de carícias.
— Obrigada! Mas você não acha exagero esse tanto de guarda-costas?
— indago olhando os brutamontes altos e fortes. Suas expressões duras feito
aço. A vibe que emanam mostra o quão perigosos são.
— Não. Precaução nunca é demais. — afirma colocando Karen nos
braços, seguido por Ivanna.
Me abaixo pegando um Mica que dorme profundamente. Ele é um bebê
pesado para a sua idade, e grande também, um ano e alguns meses.
— Eu sei. — afirmo apanhando a bolsa com as coisas mais necessárias
dos meus filhos. Quando se tem três, para sair é preciso levar a casa junto.
— Seus irmãos não sabem que estamos chegando. — Deimon
murmura. Eu quis fazer uma surpresa. Apenas Amélia está sabendo da nossa
chegada. — Temos que ser cuidadosos. — prossegue descendo a escada e
esperando por mim.
— Eu sei. Vou ligar para ela. — confirmo.
Coloco meu pequeno na cadeirinha, amarrando-o corretamente. Anny
arrumou tudo para chegarmos sem sermos notados.
Um dia depois do casamento do Ian nós voltaremos para Las Vegas.
Assim Damen e Anny poderão ir ao Brasil, para o casamento da Sasha com
Marcos, o lenhador sexy, que será no final da semana. Que Deimon não ouça
meus pensamentos. Ele mataria o noivo por isso.
Disco o número da Amélia, entrando no carro. Deimon já terminou de
arrumar nossas pequenas em suas cadeirinhas. Cada dia que passa, meus
filhos ficam mais parecidos com o pai. Seus cabelos são meus, mas o resto é
do meu marido. Ele não acha, mas eu sim. Na opinião dele, as meninas
parecem comigo.
— Oi. — minha amiga atende.
— Oi. Já chegamos. — confirmo.
Estou usando um celular irrastreável.
— Sério? Que bom! Já estão chegando? — Eu posso ouvir a alegria em
sua voz.
— Estamos a caminho. — respondo enquanto Deimon dirige pelas ruas
de Moscou.
Os guardas estão nos seguindo a uma distância segura para não levantar
suspeitas nem a atenção das pessoas erradas.
— Ok. Vou te mandar a senha do portão e desligar a câmera também.
— Encerra a chamada.
— E? — Deimon indaga me olhando e eu sorrio tocando sua coxa
grossa.
— Está tudo certo. Ela me deu o código do portão. — explico
mostrando a tela do celular para ele, que sorri para mim, beijando minha mão.
— Eles vão adorar ver você, mas com certeza não vão gostar do fato de
entramos em seu território sem sermos detectados pela segunda vez. — meu
marido diz apertando minha mão.
Eu não me importo com isso. Não vou me envolver nesses assuntos.
Homens feitos têm o orgulho muito frágil, e com certeza vou ferir o dos meus
irmãos, como mafiosos.
Deimon para em frente ao portão enorme e eu desço. Digito o código e
olho para a câmera que está desligada. Os portões se abrem e meu marido
posiciona uma arma em cima da perna, olhando para todos os lados,
vigilante.
— Isso é meio perigoso, anjo. Essa é última vez que faremos isso sem
um dos seus irmãos saber. — Me dá um pequeno beijo na ponta do nariz.
— Desculpa! — murmuro. Não pensei nisso.
Ele estaciona em frente à garagem e sai vagarosamente analisando em
volta. Parece não ter ninguém, mas nem sempre é verdade.
— Você acha que eles já nos viram? — pergunto abrindo a porta do
carro.
— Sim, anjo. As cortinas se mexeram levemente. — Deimon responde
desamarrando Mica enquanto eu cuido das pequenas.
A porta da frente abre e meu esposo fica tenso, com sua arma na mão.
Amélia vem em nossa direção, sorridente.
— Oi, gente. — nos cumprimenta me abraçando forte.
Eu gosto do jeito caloroso dela.
— Amélia, como vai? — Deimon pergunta.
— Bem. Venham! Eles estão para chegar. Como eu desliguei algumas
câmeras, vão achar que tem algo errado e estarão aqui em vinte minutos. —
Amélia diz com um sorriso gigantesco.
— Meus irmãos não estão em casa? — pergunto pegando Karen nos
braços.
— Não. Eles tinham uma reunião na empresa. — responde fazendo
aspas no ar e eu sorrio do seu jeito espontâneo.
— Posso pegar uma se você quiser. — ela se oferece para segurar uma
das pequenas, chegando mais perto, e Deimon se mantém calado.
— Obrigada! Elas estão cada dia mais pesadas. — informo dando
passagem para ela pegar Ivanna.
— Elas estão fofas! — Amélia diz segurando minha menina
cuidadosamente.
Entramos numa sala extremamente extravagante. A primeira vez que
estive aqui, não me atentei a nada. Estava muito atordoada para prestar
atenção em alguma coisa.
— Está linda essa sala! — murmuro para mim mesma.
— Tem algum quarto para colocarmos os pequenos? — Deimon
pergunta olhando em volta.
— Tem sim. Desculpa! Vamos! — Amélia nos guia pela casa.
— Anny mandou beijos. — eu digo para Amélia. As duas são
brasileiras e grandes amigas.
— Que fofa! — responde abrindo a porta do quarto em que ficamos da
outra vez.
— Sinto muito não ter nada preparado para os bebês! Amanhã vamos
providenciar. — ela se desculpa.
— Não esquenta. O bebê conforto é confortável para as meninas e Mica
dorme na cama com a gente. — Deimon explica colocando nosso menino na
cama.
Sigo seu exemplo e deposito Karen na cama também, e Amélia faz o
mesmo com Ianna, vagarosamente, como se tivesse medo de machucá-la.
Alguns minutos e dois carros estacionam cantando pneus. Deimon sorri
ajudando-me a ajeitar os travesseiros em volta dos nossos filhos.
— Dez minutos de resposta. — meu marido fala passando os braços em
volta da minha cintura.
— São vinte minutos de viajem até a empresa. — Amélia informa
passando por nós.
Mal chegamos à escada e Victor aparece com armas em punho. Ele nos
avalia por um tempo, sem baixar a guarda. A mão do meu marido descansa
frouxamente perto da sua arma.
— Está tudo bem, amor? — Amélia pergunta passando os braços em
volta da cintura do meu irmão.
— Por que você desligou as câmeras? — Victor questiona totalmente
focado em sua esposa.
— Gena queria fazer uma surpresa, então eu as desliguei. Sabia que
vocês viriam o mais rápido possível. — ela explica.
Meu irmão levanta os olhos como se tivesse me notando pela primeira
vez e eu sorrio para ele, que retribui o gesto. Dou um passo para a frente,
porém, o braço do meu marido está firme em volta de mim como aço puro,
não me permitindo avançar.
— Amor! — murmuro baixinho apenas para ele ouvir.
Deimon solta minha cintura vagarosamente e Victor se desvencilha da
esposa, me dando um abraço de urso. Eu o abraço de volta. Uma sensação de
familiaridade me acolhe. Ele é cheiroso, muito mesmo!
— Bem-vinda, pequena! Senti sua falta. — meu irmão confessa sem
me soltar.
— Eu também. Desculpa te causar estresse! — falo.
Ele deve ter ficado louco pensando que tinha acontecido algo com sua
mulher.
— Não se preocupe! — pede me liberando e me analisa de cima a
baixo.
— Cadê os outros? — pergunto me afastando de volta para os braços
do meu marido, que está estranhamente inquieto.
— Verificando se está tudo em ordem. — Victor me dá uma piscadela
e eu sorrio fracamente. Ele é sexy. — Deimon, como está? — o cumprimenta
estendendo a mão.
— Bem. Bom te ver. — Meu marido aperta a mão do meu irmão.
— Está limpo. — alguém fala.
Yore de onde está só vê Victor, porque a coluna me deixa coberta,
portanto, ele não está me vendo. Sua postura é relaxada.
— Você está muito acomodado. — digo aparecendo em sua frente e
jogo meus braços em volta do seu pescoço.
— Quer me matar do coração? — Yore pergunta me abraçando forte.
Braços de aço me esmagam enquanto ele me levanta do chão. Dou
risada quando me roda no ar.
— Não. Te amo! — Aperto meus braços em seu pescoço, por medo de
cair.
— Eu também. — afirma me colocando no chão, com um beijo na
minha testa.
— Por que não fui convidado para essa reunião? — Igor avançando em
nossa direção e me agarra pela cintura.
Grito surpresa. Não esperava ele me puxar assim.
Deimon se move em minha direção e seus olhos verdes digitalizam
meu rosto. Ele para quando percebe que estou me divertindo. Gargalho
quando Igor me levanta mais alto que Yore. Eu sei que é uma disputa entre
eles. É como todos os irmãos devem ser. Me sinto feliz. Uma sensação de paz
me acolhe.
Ian me pega dos braços de Igor.
— Oi, pequenina. — diz me apertando em seus braços.
— Oi. Você está me esmagando. — murmuro com um sorriso feliz.
— Porra! Coloca ela no chão! — Yore diz para Ian, me tirando dos
braços dele.
Eu grito, dessa vez porque pensei que fosse cair.
— Parem com essa porra! Se vocês a derrubarem, vou bater a merda
para fora de vocês. — Deimon rosna ao meu lado, me pegando nos braços.
— Como está? — Ian pergunta me puxando em um abraço delicado.
— Bem. Obrigada! Cadê a noiva feliz? — pergunto fitando seus olhos.
— Está na casa dela. À noite ela vem jantar aqui. — Ian responde me
beijando na testa.
— Adorarei conhecê-la. — digo arrumando minha blusa.
— Aposto que sim. — Ian confirma.
— Vamos nos sentar. — Amélia sugere enquanto Deimon ajeita meu
cabelo.
— Eu realmente odeio quando eles te jogam para cima. — meu marido
sussurra em meu ouvido apenas para eu ouvir.
— Eu sei. — afirmo beijando o canto da sua boca.
Gritos estridentes soam do andar de cima.
— Fome. — murmuro.
— Oh! Você trouxe meus pequenos! — Yore fala passando por mim.
Eu sorrio acompanhando Deimon, já que Yore não esperou pela minha
resposta.
— Seus irmãos são bipolares. — meu esposo fala encostando-me na
parede.
— É? — pergunto enquanto ele morde meus lábios sensualmente.
— Graças a Deus que você não é como eles! — Me beija nos lábios e
eu sorrio retribuindo o gesto.
— Vamos! Nossos filhos estão morrendo de fome. — falo passando
por baixo dos seus braços.

*****

Umas oito horas da noite e está tudo preparado para o jantar. Só


estamos a meia hora esperando a noiva do meu irmão chegar. Ela está
atrasada uma hora e meia. Ian está irritado e seus olhos estão brilhando de
raiva. Ele se levanta rapidamente e sai para o jardim.
— Vou falar com ele. — digo e pego meu celular, saindo.
Deimon não diz nada, apenas balança a cabeça, afirmando.
Desço a escada, vagarosamente, e encontro Ian sentado no banco e
olhando para o céu. Meus saltos altos afundam na grama e eu retiro eles,
colocando-os nas mãos. Meu irmão olha por cima do ombro, me dando um
pequeno sorriso.
— Oi. Posso sentar? — pergunto colocando os saltos na ponta do
banco.
— Claro!
— Posso te fazer uma pergunta? — não quero ser intrometida e sair
fazendo questionamentos sem sua permissão.
— Claro que sim!
— É um casamento por conveniência? — pergunto olhando em seus
olhos.
— Sim. Ela foi prometida a mim antes mesmo de nascer. — responde
tocando minha mão.
— Oh!
— Não fique triste. Nós temos muita história. Quem sabe um dia eu
possa te contar? — diz com um sorriso. Seus olhos semelhantes ao meu.
— Um dia você me conta.
— Você é feliz? — Me puxa para uma das suas pernas.
Fico tensa por um momento, mas depois relaxo. Ele é meu irmão.
— Muito! Como nunca fui. Meu marido e meus filhos são tudo para
mim, e vocês. — sou sincera.
Passo meus braços em volta do seu pescoço.
— Isso me deixa feliz, mesmo sabendo que falhamos com você. — Dá
um leve apertão em minha cintura. Eu sorrio levemente.
— Não se culpe! Depois que perdi mamãe, Deimon entrou na minha
vida, e desde então fui feliz, e depois vieram vocês. — Lhe dou um abraço
reconfortante.
— Me sinto mal pelas coisas que você passou. Não sei explicar. —
responde olhando para longe.
— Arrependimento pelo passado é um desperdício de tempo. — digo.
Em uma vez nas crises de pânico, Deimon disse essa frase para mim, e
eu guardei como uma experiência.
— Você é tão linda quanto nossa mãe era. — me surpreende. Eles
nunca falam sobre ela.
Fico um pouco envergonhada.
— Ela era linda! — murmuro com pesar.
— Não vamos ficar tristes! — pede beijando minha testa em sinal de
ternura e amor.
— Está certo. Vamos voltar! — Me levanto.

*****

O resto da noite foi agradável, mesmo com a noiva não aparecendo.


Jantamos juntos e conversamos sobre tudo um pouco. Conheci um pouco
mais sobre meus irmãos. Cada um tem seu jeito peculiar.
No dia seguinte conheci a noiva do meu irmão, Kate. Ela é bonita e
fútil. Nem conversei com ela, pois tudo que fala é sobre vestido. A menina só
pensa em vestidos, roupas... E tudo tem que ser glamoroso.
O casamento foi como qualquer outro: aplausos falsos, cheio de
glamour e tudo na aparência. Eu estou cheia disso. Sinto muito pelo meu
irmão.
Depois do casamento voltamos para Vegas. Estar de volta em casa é a
melhor sensação do mundo, e nos braços de quem se ama é melhor ainda.
Após fazer amor estamos suados, mas felizes e com uma família e um
futuro maravilhoso pela frente.
— Eu te amo! — falo beijando o peito do Deimon.
— Eu também te amo, anjo! — responde.
A vida pode me pisar quantas vezes quiser, mas me levantarei mais
forte, porque agora eu tenho família e sou amada.
10 ANOS DEPOIS

— Vamos comer, crianças! — chamo-as.


Eles estão todos sentados numa roda, conversando como se fossem
adultos e entendessem as dificuldades do mundo. Meus bebês cresceram
rápido. Karen tem seus cabelos loiros, assim como Ivanna. Meus sobrinhos já
são quase homens feitos. Bernardo olha para mim por cima do ombro e vejo
que é uma cópia perfeita do meu marido. Benjamin é idêntico ao Damen, em
elegância e inteligência, já Beatriz é igualzinha a mãe, com seus longos
cabelos exóticos e olhos verdes brilhantes.
— Já vamos, mãe. — Mica responde com um sorriso cínico no rosto.
Ele está enorme para seus quase doze anos de idade. Olhos negros,
cabelos mais escuros ainda. Sorrio fracamente para meu menino, que me dá
uma piscadela. Meu coração quase sai pela boca vendo isso.
Eles estão sempre juntos, como uma família deve ser: unida. Romero já
é um homem feito com sua juba cacheada, no entanto, se mantém fiel a seus
primos e irmãos mais novos.
Fico parada observando meus filhos e sobrinhos. É incrível ver essa
nova geração se erguendo com garra e convicção.
— O que você está olhando tão fixamente assim? — Deimon pergunta
ao meu lado, deslizando uma mão na minha cintura.
— Nossos filhos. Eles estão cada dia maiores. — respondo beijando
sua bochecha macia.
Ele sorri, sempre amoroso. Nosso amor ficou mais forte, mais sólido.
Dou minha vida por essa família, por minha família.
— É verdade. Está me dando até uma nostalgia. — diz me apertando
contra seu peito musculoso.
Deposito meu rosto contra seu coração, que agora tem meu nome e dos
nossos filhos tatuados sobre ele. Inalo seu aroma masculino, sentindo a
sensação de plenitude me cercar.
— Você está se sentindo nostálgico? — pergunto com as sobrancelhas
juntas e um sorriso aparece em seus lábios sexies.
— Você me passou com esse olhar de cachorrinho. — diz beijando a
ponta do meu nariz.
— Amor! — sussurro indignada, olhando feio em sua direção.
Deimon sorri e beija meus lábios carinhosamente. Sua língua desliza na
minha boca, em uma dança exótica, me saboreando, e eu gemo baixinho em
seus lábios. Aperto minhas pernas, juntando-as, quando minha vagina pulsa
necessitada. Minhas mãos sobem por sua camisa, apertando seus músculos, e
ele apalpa a minha bunda. Solto mais um gemido.
— Que nojo, mãe! — Mica diz entrando entre mim e seu pai.
Não aguento esse menino. Tem gênio e personalidade dominante.
— Por quê? — pergunto passando meus braços em sua volta. Ele já é
mais alto que eu.
— Mães não beijam e também não namoram, mamãe. Não é Karen? —
pergunta olhando sua irmã, em busca de ajuda.
— Isso mesmo, mamãe! — Karen confirma.
Sorrio dando passagem para eles, que caminham para a cozinha.
— Pode namorar, mamãe, mas não na nossa frente. — Ivanna diz como
se fosse um segredo e Deimon solta uma risada, mexendo nos cabelos dela.
— Vou passar cola nos meus olhos, tia. — Benjamin fala ajeitando os
cabelos, que mantém maiores que o do seu irmão, o que lhe dá um toque de
mistério.
— Boa ideia, irmão. — Bernardo diz me dando um sorriso sexy.
Meu Deus! Isso é sacanagem. Essa criança parece um playboy malvado
com essa idade.
— Você tem razão. Talvez seja melhor furar os olhos. — Romero diz
pensativo e eu estreito meus olhos para ele.
— Vocês precisam comer. — digo mostrando a cozinha para eles.
— Não. Eles precisam de uma boceta. — Deimon afirma e eu arregalo
meus olhos, me virando rapidamente para o meu marido.
— Você não disse isso para nossos filhos e sobrinhos! — fico de boca
aberta.
— Falei sim. Eles não são mais virgens, anjo. — responde.
— Não me diga que você...? — deixo a pergunta no ar, olhando
incrédula para meu marido.
Ele não deu uma prostituta para Mica ter sua primeira vez, né?
— Não precisa disso. Eles encontram seus entretenimentos por conta
própria. — responde e beija meus lábios rapidamente, saindo.
Meu filho só tem onze anos, e é uma criança, apesar do seu tamanho.
— Fico feliz que ele tenha encontrado uma mãe em você. — Luna diz
ao meu lado, observando Mica com a cabeça apoiada de Ivanna.
Encontro seus olhos. É uma mulher linda.
— Obrigada! O amo como meu filho. Ele é meu filho. — respondo
dando um abraço apertado nela.
— Eu sei. Minha irmã deve estar feliz vendo como ele é amado. —
fala.
— Espero que sim. — digo limpando uma lágrima solitária que escorre
pelo seu rosto.
— Solta minha mulher! — Enzo diz ao meu lado, puxando Luna para
seus braços.
— Idiota! — Passo por eles, que começam a sussurrar baixinho. Nem
quero saber o que estão falando.
Apesar de todas as dificuldades que passei, valeu a pequena ter isso
tudo.
— Hoje você está parecendo radiante, anjo. — Deimon elogia beijando
meus lábios carinhosamente.
— Só hoje? — questiono baixinho, passando meus braços em volta do
seu pescoço.
— Você é sempre linda, meu amor! — Me puxa para o seu colo
enquanto se senta no sofá.
— Te amo, Deimon Davenport! — murmuro em seus lábios.
— Também te amo, anjo! — Beija minha testa em sinal de respeito e
carinho.
Me sinto maravilhada vendo minha família reunida. Nós tornamos isso
uma rotina, então todo final de semana estamos juntos. Olho Damen e Anny
conversando tranquilamente com Lydia e Jasper.
Me sinto parte dessa família. Eu sou mãe, mulher, e o principal de tudo:
feliz. Nunca na minha vida jamais imaginei que seria tão feliz e teria uma
família que me ama.
Observo meus filhos conversando entre eles, unidos como se fossem
trigêmeos. Apesar de Mica saber que não é nosso filho legítimo, mas de
coração, não me importa o sangue que corre em suas veias. Ele é nosso filho
e sempre será. Olho para meu marido, com um leve sorriso no rosto. Aprendi
que o nosso destino é a gente que faz e que felicidade se conquista, se luta
por ela. Como meu marido diz: "Nada que vale a pena vem sem sacrifício".
Hoje eu entendo o significado dessa frase. Todos nós percorremos um longo
caminho até chegarmos aqui.
Não aceite agressões das pessoas. Ninguém tem o direito de espancar
você. Quem bate uma vez, bate duas. O amor não traz dor, ele traz felicidade.
Escute o conselho de uma pessoa que sofreu agressão a maior parte da vida.
Sei como dói, o quanto é humilhante e quão inútil e sem valor nos sentimos.
Porém, isso não é verdade. Não é sua culpa. Não tente colocar a
responsabilidade do seu agressor sobre você.
Você é uma vítima. Denuncie!
Você é um ser humano com direitos e valor. Para viver assim, não vale
a pena.
Com carinho, Gena Davenport.
The End.
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Meu capo (Livro 1)


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Anny Sofia, vinte e dois anos de idade, acaba de se formar em direito.


Batalhadora, sempre lutando para viver do melhor com seu próprio dinheiro e
suas próprias conquistas. E mesmo sendo órfã, se tornou uma mulher forte e
determinada que luta pelos seus princípios e ideais.
Depois da formatura, Anny ganha uma viagem para Las Vegas, onde
comemora com seus amigos a tão sonhada conclusão do curso. Resolvendo
se divertir, ela curte a última noite da viagem, não economizando na bebida, e
é nessa noite, apenas uma noite antes de voltar para sua realidade, que um
homem lindo e misterioso cruza seu caminho. Mesmo sem sequer o conhecer,
ambos têm uma noite regada a bebida e muito sexo selvagem e quente.
Damen é um monstro criado e desde criança aprendeu a sobreviver, a
não confiar em ninguém além do seu irmão Deimon e a não demonstrar seus
sentimentos. O preço do amor de alguém é muito alto e ele não está disposto
a pagar. Sendo capo de Las Vegas se tornou cruel e implacável, não se
importando com os outros.
Quando seu caminho se cruza com uma linda mulher, desde o momento
em que seus olhos a vê dançando sensualmente, tudo muda e ele decide que
ela será dele. Depois de quase dois anos se reencontraram novamente, só que
com uma consequência em mãos. O que mudou em suas vidas? O que o
futuro reserva para Anny e Damen?
Meu subchefe (Livro 3)
Em breve na Amazon

Lydia
Eu nunca imaginei que amaria mais alguém. Depois que perdi meu
grande amor, jurei para mim mesma que isso jamais aconteceria novamente,
até encontrar aqueles malditos olhos negros como a meia noite.
Meu amor virou decepção. Pela primeira vez desejei entregar meu
coração a ele, depois de Andrey. Mas como tudo na vida dura pouco...
Uma das coisas que mais odeio na minha vida é traição.

Jasper
Quando você percebe que cometeu a maior burrada da sua vida, não
tem mais volta. Ver mágoa em seus olhos escuros me destrói a cada dia. Não
sou feliz e talvez eu não mereça isso. Fiz de tudo para conseguir seu amor.
Não sou humano... Bom, não quero ser. Eu sempre consigo o quero e Lydia
será minha custe o que custar!

Acompanhe comigo essa história de amor. O que acontecerá entre


Jasper e Lydia?
Vanderlúcia Martins Carvalho tem 22 anos e nasceu
no estado do Tocantins. Desde os dez anos lê assiduamente.
Como ela mesmo diz: “O mundo da literatura é fascinante e
incrível”. A cada livro há uma nova aventura diferente e
um mundo desconhecido para desbravar.
Com onze anos escreveu seu primeiro livro de
romance. Nunca pensou em seguir uma carreira literária,
mas esse pensamento mudou quando no ano de 2017 seu
irmão mais novo sofreu um grave acidente, ficando
tetraplégico. Ela voltou então a escrever como uma forma
de fugir da realidade. Atualmente tem três romances dark,
com um deles ainda em andamento.

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