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Machaddo
OUÇA AQUI
Eu nunca tive medo
De montanha russa
Mas, do jeito que você tá me olhando assusta
Eu já não sou o mesmo
Então me ama
Ferra minha vida
E faz voar borboletas na minha barriga
Então me ama
Do jeito que quiser
Hoje eu te quero mais menina e menos mulher
— Diana, que bom que chegou — dona Francisca fala séria sem
me olhar. — Preciso que arrume tudo. Isso virou um caos sem você,
anotei no papel e você passa para o computador. Preciso do prontuário
dos pacientes da semana. Acho que apaguei alguns, você vê isso e refaz
o que for preciso.
Sinto vontade de chorar, mas coloco um sorriso no rosto e vejo a
mulher me deixar sozinha com Pudim, que está quietinha desde que
saímos de casa.
— Diana, você apareceu — Tiffany diz parando na minha frente. —
O que houve? Você não é de sumir e não acreditei quando meu primo
ligou e falou que você estava doente.
— Sequestraram a Pudim. — Encontro a voz e ela olha para a
caixa rosa que estou segurando. — Seu primo me ajudou, estava
desesperada.
— Sinto muito. Como ela está?
— Assustada. Não quis deixá-la em casa e a trouxe para levá-la ao
pet shop depois. — Olho para a minha gata. — Ela vai ficar quietinha
comigo.
— Deixe que dou banho nela. Sei cuidar de animais traumatizados,
não precisa ter medo — fala carinhosa e toca meu braço. — Eu já tive um
cachorrinho quase na mesma situação, mas ao contrário da sua gata, ele
foi abandonado e estava assustado. Vou examiná-la.
— Ela está assustada. Pode se machucar e te machucar. — Busco
algo para não ficar longe da minha gata.
— Diana, eu sou uma profissional, se ela estiver muito agitada, vou
sedá-la e fazer os exames. Precisamos descobrir se não está machucada
por dentro, talvez esse medo todo não seja só medo e sim dor. — Alcança
a alça da caixa. — Confia em mim, amiga, Pudim está bem. Me envie o
prontuário dela e você a terá no fim do dia, cheirosinha — garante e
assinto, mas não deixo que ela pegue a caixa. Levo até a sala e deixo
Pudim sobre a mesa, acariciando sua cabeça e converso com ela,
dizendo que está tudo bem. Deixo um beijo em sua cabeça e saio da sala,
sentindo meu peito se apertar. Não gosto de ficar longe dela, mas sei que
ela está bem.
Minha gata está bem e salva, e isso é tudo o que importa.
Ao me sentar na cadeira de trabalho, solto um lamúrio alto vendo a
bagunça que Francisca deixou e estalo os dedos, sem saber por onde
começar.
Pudim se esfrega nos meus pés antes de entrar na caixa para tirar
sua soneca. Hoje faz um mês que ela foi resgatada, acabou ganhando
mais peso e está mais manhosa que nunca, e não nos separamos nem
mesmo para que eu vá ao banheiro.
Vi Lorenzo algumas vezes nesse meio tempo, e para não perder o
costume, as nossas trocas de farpas aconteceram, mesmo que não
estando tão animada para isso, já que ele salvou o ser mais importante na
minha vida.
O clima na mansão está horrível, minha mãe insiste para que eu
converse amigavelmente com José, que voltou a jogar e perdeu o único
carro da família. Minha avó jogou tudo na cara da filha e antes, disse em
alto e bom-tom que só não deixa a casa porque a dona sou eu, e isso fez
uma nova guerra se iniciar, mas dessa vez entre mim e minha irmã, que
não acha justo a casa e o terreno serem meus.
Não tenho culpa se minha avó achou uma boa ideia eu ser a dona,
ela que discuta com dona Venécia.
— Diana, os relatórios estão errados — Francisca joga na minha
cara a pasta. — Refaça e me entregue em duas horas.
— Não tem nada de errado nos relatórios. Tiffany mesmo viu e
assinou — falo indignada e a mulher me olha sob os óculos de grau.
— Está chamando sua chefe de mentirosa? — Nego e ela batuca
os dedos sobre o mármore. — Não é porque você está saindo com o dono
disso aqui, que você tem voz. Você é uma mera secretária, que se não
refazer os relatórios em duas horas, vai ser demitida. Está avisada.
Engulo em seco e abro a pasta, vendo que não tem nada de
errado.
— Não gostei da fonte usada — fala em bom-tom já me deixando
sozinha.
Respiro fundo e busco pela cópia do documento, mudando a fonte
e mudando algumas coisas de lugar. O sininho da porta me desconcentra
e ao virar, encontro Gustavo com dois copos de bebida e um sorriso falso
nasce em meus lábios.
— Boa tarde, Diana! — Sorri me estendendo um copo. — O dia
está friozinho, resolvi passar para te deixar um chá quentinho.
Ele tem feito muito isso nas últimas semanas.
— Que gentileza sua. — Sorrio pegando o copo e agradeço por ele
estar quentinho. — Como Timoteo está?
— Bem. Amanhã é a consulta dele. — Sorri e apoio o braço no
balcão. — Ele está com saudades dos seus afagos.
— Ah, que fofo! — murmuro engolindo o líquido quente e sentindo
meu estômago protestar pelo gosto amargo.
— Diana — ergo os olhos encontrando os deles brilhantes —,
estive pensando, se qualquer dia desses você não gostaria de almoçar
comigo?
O convite chega junto com o barulho do sininho e meu sorriso
morre ao ver Lorenzo e Joshua entrando juntos. Os olhos azuis de
Lorenzo passam de mim para Gustavo, que espera minha resposta.
— Então, Di, o que acha?
— Claro, vou adorar almoçar com você — minto e sinto um frio na
barriga com o olhar sério de Lorenzo.
— Então é assim? — A voz de Lorenzo chega forte me assustando.
— A gente tem uma briguinha boba e você já corre para outro?
Sinceramente, Diana Maria, achei que fosse me perdoar.
— Do que você está falando, Lorenzo? — questiono entrando em
desespero e ele se aproxima do balcão, expulsando Gustavo.
— Como do quê, meu amor? Do nosso mesversário de namoro que
acabei esquecendo. — Encara-me com intensidade. — Eu pedi
desculpas, não quis te magoar.
— Lorenzo! — Meu tom é de aviso, mas ele não se importa.
— Nunca achei que fosse se vingar assim. Agora entendo o motivo
de não me atender... — Vira-se para Gustavo — Já estava com outro na
mira.
— NÃO! Pare de ser mentiroso, Lorenzo. — Olho para o Gustavo.
— Nós não temos nada. Eu o odeio do fundo da minha alma. Lorenzo e
eu somos inimigos há vinte e cinco anos... É tudo mentira dele para
estragar minha felicidade.
— Mentira? — Lorenzo diz e o olho com raiva. — Não é isso que os
sites de fofoca dizem.
E sem esperar, ele coloca o celular na frente do meu rosto, onde
tem uma foto nossa e a seguinte legenda: Coração do grande empresário
Lorenzo Clifford foi fisgado?
— Isso é mentira! — murmuro e olho para ele. — Seu desgraçado,
isso aqui é mentira. Eu nunca iria querer ter algo com você.
— Amor, chega de fingimentos. — Suspira dramático e sinto
vontade de socá-lo. — Todo mundo já sabe e estão felizes por nós. Não
precisamos mais fingir essa inimizade.
Aperto o aparelho entre minhas mãos e Josh força uma tosse, só
ouço o barulho do sininho e ao olhar, vejo Gustavo sair correndo.
— Chá de novo, Diana Maria? — Pega meu copo e joga na lixeira.
— Você detesta chá. Deveria ter falado a ele, e ainda bem que te salvei
desse almoço, já pensou se ele te leva para comer comida japonesa?
— Seu desgraçado, por que está fazendo isso? — questiono com
raiva e jogo o celular sobre seu peito, o qual ele pega sem nem fazer
careta. — Josh, ligue para a sua mãe e avise que ela vai ficar sem um
filho hoje, porque eu vou matar o Lorenzo. Matar e comer o coração.
— Assim que as mulheres de antigamente demostravam seu amor
pelo marido. — Faz graça e bato as mãos na mesa, fazendo minhas
canetas caírem. — Diana Maria, pelo amor de Deus, já chega desse
fingimento, meu amor. Todos já sabem sobre nós.
— Não existe nós — murmuro entredentes e ele sorri se
aproximando e espalmando as mãos sobre o mármore.
— Existe sim. Chega de fingimento, coelhinha. — Pego meu
bloquinho e jogo em seu rosto. — Você tem uma dívida comigo — fala tão
baixo que assim que processo a informação, deixo a minha pedra cair no
chão, fazendo um barulho.
Meu coração vai parando de bater aos poucos e meu corpo cai
sobre a cadeira, miro o sorriso vitorioso no rosto do Lorenzo e sinto
vontade de morrer. Esse desgraçado nasceu para ferrar a minha vida.
Josh força uma tosse e meus olhos vão para ele, que parece mais
perdido que eu nessa história toda. Sinto vontade de chorar e tudo piora
ao ouvir a voz de Francisca:
— Diana, os relatórios, ou quer ser demi... — Sua voz morre ao ver
Lorenzo parado. — Senhor Clifford, não sabia que viria hoje.
— Pois é, passei para dar um oi para a minha namorada — fala
cínico.
Prefiro sumir do que ser namorada do secretário do capeta.
Ai, meu Deus, dai-me sabedoria para me livrar dessa história, ou
ainda vou parar na cadeia por assassinato.
Não lembro ao certo quando Diana começou a me considerar seu
inimigo mortal. Talvez desde sempre? Não faço ideia, mas a questão é
que agora parece realmente que ela vai me matar, e posso ter dado
motivos, mesmo que sem querer.
Porra, vou fazer trinta anos semana que vem e acabei de agir como
uma criança birrenta que estava perdendo seu doce. Mas não importa
mais, porque espantei o vovozinho que lhe dá os chás que tanto odeia.
— Senhora Francisca, será que podemos conversar sobre os
relatórios? Também tive umas ideias para atrair mais clientes — meu
irmão diz ao sentir o clima estranho e a mulher baixinha apenas assente
intercalando o olhar entre mim e Diana, que segura com força um lápis.
— Na verdade, terão que fazer isso aqui porque preciso conversar
a sós com a minha namorada — repito a palavra e os olhos azuis estão a
dois segundos de pularem em meu rosto. — Josh, cuide de tudo, volto em
meia hora.
— E se ele não voltar, não se preocupe em procurá-lo, estará
jogado em uma vala qualquer — Diana diz e é possível sentir a verdade
em sua voz. Mantenho-me calmo por fora, tentando manter tudo em
ordem. Vejo-a sair de trás do balcão e respiro aliviado ao vê-la entregar a
corrente da gata para o meu irmão.
— Mamãe volta logo, e dependendo de como as coisas aconteçam,
teremos que virar fugitivas — murmura olhando para mim e a gata mia
alto, aprovando a ideia da dona.
— Vamos, querida, ainda preciso ir trabalhar. — Cutuco a coelhinha
com vara curta e novamente seus olhos dobram de tamanho.
Sem dizer uma só palavra, deixamos a clínica para trás e
caminhamos até a lanchonete. Deixo que Diana escolha a mesa mais
afastada e vou até o balcão fazer o pedido, voltando em segundos e a
encontrando ainda mais brava.
— Você tem merda na cabeça?
— Isso não é jeito de falar com seu namorado — murmuro olhando
para os lados e vendo se tem alguém prestando atenção em nós.
— Namorado? Bebeu urina? Deus, se eu tivesse uma faca...
— Diana Maria — falo sério e sua respiração se altera, ficando
mais forte. — A questão aqui é de suma importância e espero que deixe
de ser criança e me ouça.
— Criança? Você entra na clínica estragando meus esquemas e a
criança sou eu? Que ideia foi essa de dizer que somos namorados? Que
matéria era aquela? — Bate as mãos na mesa e a garçonete aparece com
nosso café. — Fez toda aquela cena ridícula, me fez passar vergonha...
Agradeço, pois o meio segundo que a mulher parou ao lado da
mesa, serviu para me manter longe da fúria de Diana.
— Lorenzo, você tem um minuto para me explicar a merda que fez
ou vou te matar com o meu café. — A firmeza das suas palavras me pega
desprevenido e sei que ela é capaz disso, até porque quando tínhamos
doze anos, ela avisou que se eu não parasse de atormentá-la trocaria
meu shampoo por xixi, mas acabou que ela trocou meu shampoo por tinta
verde fluorescente.
Fiquei quase dois meses brilhando.
— Certo, apenas me ouça. — Coloco a mão sobre a mesa e
diminuo meu tom de voz, olhando em volta. — Preciso de uma namorada
e vai ser você. Nem abra a boca para negar, você tem uma dívida comigo,
afinal, resgatei sua gata.
— Eu iria...
— O dinheiro veio da minha conta pessoal e não estou te cobrando
juros, então, fica quieta e me ouve — peço um pouco irritado e me
arrependo pela brutalidade das minhas palavras.
— Fale, seu minuto está quase acabando.
— Você sabe que desde sempre a empresa é meu sonho de
consumo. Sentar no topo e comandar, estudei e me dediquei para isso. —
Vejo-a levar o café até os lábios. — Meu avô quer se aposentar, e para
que eu fique no cargo que é meu por mérito e direito, preciso querer
construir uma família.
— Onde eu entro nisso?
— Como minha namorada e futuramente esposa. — Ela tosse e me
apresso em bater em suas costas. — Não vamos chegar a nos casar, só
vamos fingir que estamos fazendo planos e tudo mais. Em seis meses no
máximo, você me dá um pé na bunda e fim de romance. Eu sofro na
presidência e você sai como a destruidora de corações.
— O que te faz pensar que eles vão acreditar? — pergunta com a
voz rouca pela recente crise de tosse.
— Bom, o seu ódio mortal por mim é que não. — Faço graça e me
arrependo. — Todos dizem que vamos ter alguma coisa desde que temos
dez anos, e você me jogou na piscina só porque te olhei por três
segundos.
— Você me encarava como um psicopata e falou que meu biquíni
era feio. — Lembra e acabo sorrindo com a lembrança. Foi uma tarde e
tanto, tirando a parte de eu quase morrer afogado.
— Que seja! Minha mãe te adora, meu avô considera muito seu pai
e tem umas fotos nossas rodando pela internet. Você está sendo
apontada como meu grande amor. — Faço drama e ela revira os olhos. —
Faz quase três meses que não saio com nenhuma mulher, Gabriel mesmo
espalhou pela família e logo as fotos de nós dois no dia do resgate
surgiram. Acho que tinha algum paparazzi na frente da sua casa.
Ela me olha desconfiada e opto por não contar que a ideia foi
minha, ela não precisa saber todos os passos do meu belo plano para
conseguir a cadeira da presidência.
— O que eu ganho?
— Um namorado lindo, bom de cama e que vai te mimar...
— Eu vou te matar — murmura entredentes. — Não vamos transar,
se tocar em mim com segundas intenções, faço picadinho de você,
Lorenzo. Se quer mesmo que eu entre nessa, vai ter que se contentar
com meus beliscões e em ser fiel. Serão seis meses de celibato.
— Você é muito carinhosa com os outros, já com o seu namorado,
fala até em greve, que feio! — Tento novamente fazer graça e só ganho
mais um olhar irritado. — Certo, vamos falar como dois adultos.
— Até que enfim, e pode agilizar? Sabe como é, meu chefe é um
pé no saco que só me dá mais trabalho, sem aumentar meu salário —
alfineta me fazendo sorrir.
— Diana, você precisa pagar a dívida e eu preciso de uma
namorada para enganar meu avô. Será um acordo vantajoso, se aceitar
eu cobro apenas a metade do valor que te emprestei e ainda te dou o seu
apartamento que comprei por uma mixaria.
— Meu apartamento? — Concordo e seus olhos ganham um brilho
diferente. — Um apartamento e um carro zero na garagem?
— Isso está saindo mais caro — murmuro e ela finge não me ouvir.
— Um apartamento, um carro zero na garagem e mais um closet
com roupas, sapatos e bolsas do ano? Acho que posso topar.
— Diana, eu quero uma namorada não uma golpista. Não vou
ceder ao que você quer.
— Vai sim, porque eu mereço, afinal, vou ter que te aturar. — Sorri
e estende a mão na minha direção. — Eu quero um contrato. No fim disso
tudo, saio com cem mil a menos de dívida, meu apartamento, um carro e
uma pensão gorda por seis meses.
— DIANA MARIA! — Trinco o maxilar e sua mão continua
estendida.
— É pegar ou largar, Lorenzo. Veja pelo lado bom, eu quis a
pensão, não as roupas.
Respiro fundo e sem alternativas aperto sua mão, selando nosso
acordo e sentindo que isso vai dar muito errado, mas está feito.
— Que eu não me arrependa até o fim.
— Que eu não te mate até o fim. — Pisca os grandes cílios e volta
a tomar seu café como se nada tivesse acontecido.
O que eu não faço pela minha cadeira?
Olho-me uma última vez no espelho e saio do quarto, encontrando
meu cachorro esparramado em meu sofá. Moro a duas quadras da casa
dos meus pais, meu avô e meu irmão moram com eles. Ganhei essa
mansão quando fiz dezoito anos, foi o último presente de dona Germânia
e só vim morar aqui, depois que adotei o Hades.
— Ei, se comporte — falo e ele continua roncando com a boca
fechada e a língua para fora, com as quatro patas viradas para cima. —
Hades? Cachorro preguiçoso, estou saindo.
Balanço as chaves e ele dá um pulo, me olhando atentamente.
— Seu safado! Quer ir passear na casa da vovó? — Boceja vindo
para perto de mim. — Vai ter que se comportar e nada de ficar pedindo
carinho. Hoje a família vai saber que eu e a coelhinha estamos juntos.
Não estrague meus planos. — Arrumo sua coleira e pego a guia — E vá
até ela pedir carinho. Só até ela, mostre que está acostumado com ela.
Entendeu?
Hades me responde com um bocejo e beijo sua cabeça,
acariciando seu pescoço gordo.
— Apenas ela, Hades, ou mando a Tiffany aumentar sua dieta.
Como todo bom animal, Hades ignora e caminha apressado até a
porta. A casa é grande, por isso tenho algumas empregadas, que apenas
acenam quando saio. Arrumo Hades na cadeirinha e pego meu celular,
vendo se minha falsa namorada não me enviou algo, e tenho apenas as
mensagens visualizadas.
Desde que selamos nosso acordo, ela não quis mais olhar na
minha cara, isso tem cinco dias, mas hoje vai mudar. Josh é quem mais
me incomoda sobre esse relacionamento, tentando entender como
aconteceu e apenas o ignoro, não combinamos nada e pelo andar da
carruagem, não iremos combinar, será tudo no improviso.
— Esteja gata e gostosa, coelhinha. — Envio o áudio e entro no
carro, dando partida e deixando minha mansão para trás.
— Essas aqui são as cores para a mesa. Qual você gosta mais?
— Rosa. Irá combinar com os vestidos das madrinhas e com todo o
resto — respondo cansada e minha sogra assente animada.
Passar por essa tortura de ter que escolher entre um e outro não
estava no contrato e juro que vou fazer o idiota sentado ao meu lado
pagar.
— Então, cunhadinho — minha irmã coloca os peitos falsos sobre a
mesa quase exibindo-os por completo e sinto uma raiva descomunal, que
acabo descontando na perna de Lorenzo com um beliscão.
— Diana Maria, meu amor, não gostou desse tom? — pergunta
segurando minha mão e aponta para um tom de rosa claro, meio
brilhante.
— Lorenzo — Emília chama sua atenção novamente. — Como foi
que se apaixonou pela Diana? Ela é tão...
— Ela — responde e o olho. — A pergunta não é como me
apaixonei, e sim, por que não antes?
Os olhos azuis miram os meus e um frio estranho se instala na
minha barriga.
— Diana, cada uma das suas madrinhas vai escolher um vestido,
ou quer todos iguais?
— Eu quero escolher o meu, Diana não tem um pingo de senso. Já
até sei qual vai ser o seu vestido de noiva, vi um lindo — minha irmã fala
levando a taça de suco à boca.
— Emília, sem senso é você — minha avó diz olhando feio para a
neta e minha mãe se dói, olhando feio para a mãe. — O casamento é da
Diana, guarde suas opiniões para o seu.
— A Diana não tem...
— Quero os vestidos iguais. Um rosa claro, meio opaco. As flores,
as mais delicadas e em tons de branco e rosa. — Sorrio e dona Caroline
anota. — Estava pensando em casar no Pallece. O que acha, querido?
Um final de semana de festas?
— Esse hotel é caríssimo! — Minha mãe abre a boca.
Os dedos de Lorenzo apertam minha cintura e Tiffany percebe,
escondendo um sorriso.
— Lorenzo, meu filho, responda sua noiva. Participe, será um
momento de vocês — dona Caroline ralha e o aperto em minha cintura
diminui, aproveito sua distração e novamente o belisco na coxa.
— A conta pode ficar um pouquinho salgada. — Uso meu tom mais
brando e olho para Lorenzo. — Mas merecemos depois de tantos anos
brigando e guardando esse amor no fundo de nossas almas.
Ele me encara como se quisesse fechar as mãos em meu pescoço
e Marta consegue fazer eu desejar isso após abrir a boca:
— Seu pai vai amar entrar com você.
— Não. Vou entrar sozinha. — Sou seca na resposta e viro para a
minha sogra. — Veremos o local em outro momento, preciso ir para o
trabalho antes que meu chefe encontre motivos para me demitir.
— Ele não faria isso.
— Ah, eu faria, mamãe — responde e esfrega a barba em meu
ombro. — O que eu não daria para ter Diana o dia todo ao meu lado, mas
também preciso trabalhar.
Meu rosto esquenta pelo olhar das cinco mulheres e sem querer
prolongar mais, me despeço delas, saindo de mãos dadas com Lorenzo.
Solto-me assim que chegamos ao seu carro e abro a porta de trás para
pegar Pudim.
— Diana Maria, hotel Pallace? Tá maluca?
— Maluco está você ao querer negar algo à sua noivinha. — Toco
sua mandíbula. — Você não queria uma noiva? Agora aguente. Obrigada
por ficar com a Pudim, seu Mathias, até mais — murmuro para o homem
que sorri pequeno. — Não se atrase para o trabalho, querido, nosso
casamento não sairá por menos de duzentos mil reais.
Dou as costas com Pudim em meus braços e caminho de volta
para a clínica veterinária, pensando em diversas formas de me vingar.
O tão temido dia do casamento chegou e contrariando minhas
expectativas, estou uma pilha de nervos. Gastei mais do que o imaginado
com esse casamento falso, não quero nem imaginar o quanto vou gastar
no dia que me casar de verdade.
Diana Maria contratou até um adestrador, tudo para que Hades e a
gata entrassem com as alianças, confesso que imaginei Hades correndo
para longe com as alianças presas no pescoço, por isso, minha mãe
achou mais prudente ele levar meus votos.
— Nervoso? — Assusto-me com a entrada repentina do meu pai e
solto o ar pela boca. — Eu não estava tão nervoso, como você. Não vá
desmaiar, toda a família está aí.
— Achei que seria algo pequeno.
— Acredite, para a sua mãe e sua noiva, está tudo pequeno. — Ri
e coloca a mão no bolso. — Como foi a sessão de fotos?
— Calma. Não achei que Gabriel e Josh apareceriam vestidos de
noiva — comento lembrando de ver os dois com vestidos bufantes para a
sessão de fotos.
Isso sem contar nas duas horas que passei fazendo poses sem vê-
la, nem tem necessidade de tudo isso, mas sei que se negasse algo, meu
avô desconfiaria. E o que são algumas fotos, comparada a minha cadeira
na presidência?
— Olha se não é o noivo que escondeu todo o jogo. — O velho
Antony entra sorrindo. — Confesso que achei que demoraria mais.
— Deveria demorar mais, só que foi na pressão — comento e ele ri.
— Diana queria esperar mais, estão comentando que ela está grávida.
— Eu também espero que isso não demore a acontecer — meu pai
fala e o suor desce puro gelo pela minha testa. — Um mini Antony Júnior
neto.
— Pelo amor de Deus, pai. — Solto o ar devagar. — Será Lorenzo
Junior. Chega de Antony nessa família.
— Não fale assim, Lorenzo Antoniel. — Meu avô faz graça.
— Está na hora — minha mãe anuncia entrando no quarto. — Está
tudo tão lindo, meu filho. Não estrague seu penteado, pois quero tudo
registrado desse momento. Estão gravando também, então não se
preocupe com nada, apenas foque na sua noiva que está linda.
— Mãe, ela não fugiu, não é?
— Não. Até te mandou esse bilhetinho. — Entrega-me um papel e
caminho até a janela.
Observo só convidados sentados, conversando, o juiz de paz
conversando animadamente com dona Venécia, e tento relaxar meu
corpo.
É só um casamento. Um evento qualquer.
“SE EU NÃO ENTRAR EM DEZ MINUTOS, NÃO ME PROCURE,
EU FUGI”
Balanço a cabeça sabendo que ela não vai fazer isso, já que
assinou um contrato na semana passada, alegando que se casaria
comigo e que ficaríamos juntos por seis meses, até ela me chutar para
fora. Confesso que imaginar Diana Maria pedindo o divórcio, sem nem ao
menos termos casado, traz uma sensação estranha no meu estômago.
— Vamos, Lorenzo?
Confirmo com a cabeça e guardo o papel no meu bolso,
caminhando até a minha mãe, que sorri emocionada.
O jardim da mansão está magnífico, minha mãe fez um verdadeiro
milagre em duas semanas e tenho certeza de que ela conseguiria fazer
dez vezes mais luxuoso se tivéssemos dado um tempo maior.
Graças a Deus a agenda do hotel estava lotada, com uma vaga só
para daqui dois meses e por isso, minha mãe convenceu Diana a casar na
mansão, que foi palco de muitas brigas de infância e discussões na nossa
adolescência.
A marcha nupcial começa a tocar e meu nervosismo se triplica,
paraliso ao vê-la dentro de um vestido simples, mas elegante. O tecido
branco cobre quase todo seu corpo, deixando um pouco do busto e os
ombros de fora, o decote em forma de coração faz minha boca se abrir em
desejo.
Porra!
Diana Maria caminha lentamente, o buquê com flores brancas,
rosas e roxas não se destacam tanto quanto seus lábios pintados de rosa
claro. Ela não usa véu, seus cabelos estão longos, com um penteado
trançado e em seu pescoço, o colar de pedraria azul que minha mãe
emprestou. Nossos olhares se encontram e os convidados evaporam,
minha garganta prende em um bolo e dou um passo na sua direção.
Ao estender minha mão em sua direção, sinto meu coração bater
mais forte e o sorriso nos lábios da minha coelhinha, me diz que ela
também sentiu.
— Está linda! — murmuro e seu rosto ganha um tom avermelhado.
Paramos em frente ao juiz de paz e não consigo desgrudar nossas
mãos.
— Boa tarde a todos, é com imensa alegria que celebro o amor
entre esses dois jovens...
Olho de canto de olho para Diana e suspiro, vendo a pele exposta
arrepiada. Não consigo controlar meus lábios que sobem em um sorriso e
volto minha atenção ao homem baixinho e careca, que continua falando
sobre o amor.
— Lorenzo Antoniel Clifford, é de livre e espontânea vontade que
recebe Diana Maria Ferreira de Castro como sua esposa?
A pergunta ecoa e a olho. Seus olhos azuis expressivos me
prendem e o sim sai alto o suficiente apenas para que ela e o juiz ouçam.
— Diana Maria Ferreira de Castro, é de livre e espontânea vontade
que recebe Lorenzo Antoniel Clifford como seu esposo?
— Sim — murmura umedecendo os lábios.
Viramos um de frente para o outro e seguro suas duas mãos,
sentindo a maciez e calor da sua pele. Diana parece tão afetada quanto
eu, e dos seus olhos, lágrimas finas escorrem pelo rosto, fazendo um
caminho sobre a maquiagem.
— Seus votos, Lorenzo — meu irmão diz fazendo todos rirem.
Assobio e Hades aparece correndo, não conseguindo frear e se
atrapalhando na cauda do vestido, que só agora percebi.
— Ei, garotão. — Contrariado, solto a mão dela e me abaixo
próximo ao meu cachorro. — Foi muito bem, agora vai lá com a vovó —
mando após pegar o papel e acaricio sua cabeça. Hades me obedece e
vai para perto da minha mãe, pulando na cadeira e sentando bonitinho, e
ao seu lado está a Pudim, que se recusou a entrar andando, o que
atrasou a cerimônia.
Limpo a garganta e olho para as palavras no papel, encaro Diana
que agora, me encara com expectativa.
— Tínhamos só cinco anos quando você chutou a minha canela,
aos dezessete, foi uma joelhada que quase me impossibilitou de ter filhos
— falo e todos riem, mas ela continua séria. — Aos vinte nos separamos,
para nos reencontrarmos com vinte e seis, e por Deus, como a menina
magrinha que odiava pentear o cabelo se transformou em um mulherão
que carrega o deboche como melhor amiga? Quando te encontrei, não
conseguia enxergar a Diana da minha infância e adolescência, mas sim a
Diana Maria, a que virou minha vida de cabeça para baixo. A que me tira
do sério e que tem uma gata que me odeia, mas se ela te faz feliz, o que
eu posso fazer? — pergunto olhando no fundo dos seus olhos. — Eu não
consigo ver outra mulher senão Diana Maria, a minha confidente e hoje,
mulher. E mal posso esperar para saber o que o futuro nos reserva,
querida, só quero que saiba que estarei ao seu lado em todos os
momentos.
Levo a mão ao seu rosto secando sua lágrima e escorrego a mão
para sua nuca, puxando sua cabeça de leve e beijando sua testa.
— Lorenzo, o secretário do capiroto — murmura se afastando. —
Se te chutei, foi porque me provocou. Se te acertei, foi para que nenhuma
outra te quisesse, se te atormentei a infância e adolescência, foi para ficar
marcada a vida inteira em sua vida. Quando foi embora para estudar,
achei que minha vida teria paz, mas não teve. — Lágrimas mais grossas
descem pelo seu rosto e continuo com o polegar, tentando secar. — Você
é insuportável, e passo a maior parte do tempo querendo te matar, mas
confesso que eu também não saberia fechar os olhos e saber que você
não está por perto. Seus olhos me acalmam, seu perfume, que eu gritava
aos quatro ventos que era horrível, se tornou meu lar, junto do seu abraço
quente. Você se tornou meu lar, Lorenzo, e mesmo que você me
atormente o resto da vida, eu não quero outra, senão com você.
— Diana — murmuro emocionado e ela traz sua mão ao meu
rosto.
Nossas testas se tocam novamente, fecho meus olhos não
compreendendo a guerra de sentimentos dentro de mim.
Uma guerra que só Diana Maria desperta e cessa.
Uma guerra, que eu tenho certeza de que vou perder.
Olho para a aliança de ouro ocupando um espaço singelo no anelar
esquerdo e suspiro. As coisas saíram do controle.
Os votos, aqueles votos, não eram os meus. Eu tinha escrito algo
bonitinho, mas ouvi-lo me fez esquecer o papel e improvisar. Improvisei e
escancarei meu coração na sua frente.
E o beijo? Simples, mas carregado de sentimentos.
— Minha esposa, me daria a honra da primeira dança? — Sua voz
rouca em meu ouvido me arrepia e assinto, girando em seus braços. —
Não acho que se esconder do marido esteja no contrato.
— Não seja idiota no meu casamento — murmuro deixando que ele
me conduza para a pista de dança, improvisada.
A orquestra que dona Caroline fez questão de contratar começa a
tocar uma música de Marron 5 e Lorenzo coloca uma mão em minha
cintura e eleva a outra. Respiro fundo antes de colocar minha mão em seu
ombro e aceitar que me conduza em uma valsa lenta e apaixonante.
Nossos olhares estão presos um no outro, e meu coração bate
esmurrando tudo à volta. Mantenho a cabeça erguida ao rodopiar em seus
braços, esquecendo onde estamos. Lorenzo me conduz com firmeza,
sorrindo e mantendo sempre os olhos em mim, ora desviando para meus
lábios que parecem dormentes pelo beijo que me deu após trocarmos a
aliança.
Após o último giro, Lorenzo faz meu corpo deitar para trás e nossos
narizes se tocam. Deslizo a mão pelo seu rosto e nossos lábios se
encostam de leve, em um beijo mais calmo que o antigo. Ao me subir,
abraça minha cintura e uma salva de palmas surge, nos assustando.
— Nossa vida de casados está só começando, Diana Maria Castro
Clifford. Senhora Clifford — sussurra e Josh aparece pedindo uma dança.
Sem lua de mel, a desculpa foi: muito trabalho para poucos dias de
descanso, então ficou acordado para dona Caroline, que supostamente
iremos sair de férias em seis meses e curtir uma viagem de casal. Mal
sabe a mulher que em seis meses estarei pedindo o divórcio, e não
curtindo a Grécia.
— Bem-vinda ao seu lar — Lorenzo fala abrindo a porta da frente e
me encarando.
— Legal — murmuro soltando Pudim, que entra na mansão e se
espreguiça, e Hades vem para perto dela, cheirando-a.
— Esse animal não vai machucar meu cachorro?
— Esse animal é a Pudim e ela não é agressiva. Tem que cuidar se
o seu animal não vai engolir a minha gata — aponto para seu peito e ele
respira fundo.
— Hades só come comida premium.
Fecho a mão em punho, mas sorrio e o ignoro, olhando em volta. O
casamento ocorreu à tarde, e a hora do sim aconteceu bem no horário do
pôr-do-sol, e segundo dona Caroline, as fotos ficaram lindas.
— Não vai entrar?
— Você não me convidou para entrar — digo elevando uma
sobrancelha e ele bufa, esfregando as mãos pelo rosto.
O vento frio da madrugada bate em meu corpo e sem que eu
espere, tenho meu corpo suspenso e Lorenzo está entrando dentro da
casa.
— Os funcionários olham a câmera de segurança, não seria legal,
estarmos brigando no primeiro dia de casados — justifica e começa a
subir as escadas.
Fico em silêncio sendo preenchida pelo seu perfume e fecho os
olhos quando ele empurra a porta do quarto.
— Nós não vamos dormir juntos — falo ao ser colocada na cama.
— Pode ir para o outro quarto e foda-se as empregadas, elas não têm
nada a ver com a vida dos patrões.
— Tem razão, mas elas vão correndo contar para o meu avô. —
Livra-se da gravata e começa a desabotoar a camisa. — Vamos dividir o
quarto por uma semana, depois vemos o que faremos.
— Lorenzo, isso não estava no contrato.
— Foda-se o contrato. — Livra-se do sapato e abre o cinto de
couro. — Eu só quero dormir.
— O sofá é seu. — Fico em pé e também começo a me livrar da
minha roupa.
Primeiro meus sapatos, e depois chego na parte mais difícil: os
botões da parte de trás. Eu queria algo mais simples, mas minha sogra
não encontrou.
— Pode me ajudar? — peço me virando e sinto os dedos de
Lorenzo em minha pele.
— Gostei dos cabelos novos.
— Que bom, paguei com o seu cartão — falo e começo a tirar os
grampos. — Eu também gostei, estava sentindo falta dos meus cabelos
longos.
— Você fica linda de qualquer maneira e não leve a mal. Vamos
ficar casados por seis meses, devemos pelo menos ter uma boa
convivência — concordo, mesmo sabendo que tudo o que não teremos é
isso.
Não tenho tempo para agarrar a parte da frente e o vestido cai, me
deixando nua da cintura para cima e ouço Lorenzo praguejando alto atrás
de mim.
— Boa convivência, lembre-se disso — falo agarrando a parte da
frente e tentando me cobrir. — Pode fechar os olhos?
— E perder de ver sua bunda branquinha mal coberta por uma
calcinha? Nunca. Pelo amor de Deus, Diana, cinta liga e meias?
— Você é um idiota, Lorenzo. Deus, que vontade de te jogar pela
janela. — Caminho para uma porta que descubro ser o closet, e minhas
roupas já estão penduradas nos cabides.
— Correndo do seu marido, que feio.
— Feio você vai ficar quando eu te picar com o meu salto — grito
pegando uma camisola.
Coloco o vestido de lado e o olho, sorrindo. É um modelo simples,
mas que paguei com o suor do meu trabalho. Não era o que eu queria,
mas ficou lindo em mim do mesmo jeito, minha irmã que engula a sua
opinião.
— Coelhinha? — Vejo sua mão com a camisa branca, em sinal de
paz. — Posso entrar?
— Claro, já estou saindo — falo e seu corpo quase nu, entra.
A pele bronzeada e com uma fina camada de pelos negros no
tórax, é uma verdadeira paisagem digna de uma pintura. A barriga
trincada e com as duas entradinhas na lateral, apontando para o meio de
suas pernas, que pela minha virgindade, deve ser maior que os meus
brinquedinhos.
— Você fica com a cama e eu com o sofá — fala e eu assinto,
prendendo a respiração.
Aguentei trinta anos sendo virgem, posso aguentar mais seis
meses. Que merda você está pensando, Diana?
— Eu vou colocar comida para a Pudim — aviso e saio do closet,
tropeçando na minha malinha pequena.
A escondo embaixo da cama e deixo o quarto a passos largos.
Lorenzo não pode ver o que tenho naquela mala, porque eu acho
que se ele ver, vai ser o fim da tal boa convivência.
— Pudim, mamãe... — Paro de falar ao ver a porta aberta e
nenhum sinal do Hades ou da Pudim. — LORENZO. EU. VOU. TE.
MATAR!
Eu vou ficar viúva sem nem completar uma semana de casada,
disso eu tenho certeza!
Sempre soube que casar era uma tarefa difícil, mas nunca imaginei
que casando com Diana Maria, eu pagaria todos os meus pecados. Desde
que moro aqui, Hades nunca fugiu, mesmo com a porta aberta, ele nunca
sentiu curiosidade em sair correndo, mas foi só a gata ir, que ele achou
uma boa ideia ir atrás.
Cinco da manhã, eu com um sono da porra e com quarenta por
cento do corpo embriagado, procurando por aqueles dois fujões. Minha
sorte foi ter encontrado os dois na cabine da segurança, o que rendeu
muita zoação, já que segundo manda a tradição, eu deveria estar
aproveitando minha lua de mel, e depois de mais um ato heroico com a
gata, fui obrigado a dormir no sofá.
Diana Maria, minha esposa, me fez dormir no sofá.
Tudo bem que eu mereci, afinal, inventei que deveria dormir no
quarto dela por conta das empregadas, sendo que ninguém sobe para
essa área, senão a senhora Edna, minha governanta.
Foi o pior começo de casamento da história.
É um falso casamento, mas ainda assim, um casamento.
— Vai trabalhar? — questiono após engolir meu café. — Foi uma
simples pergunta, não precisa me olhar assim.
— Te olhei normal, se está com medo é porque tem culpa no
cartório — responde levando um pedaço generoso de pão à boca.
— Almoçamos juntos?
— Não. Basta ouvir seus roncos, ter que almoçar já é um caminho
muito longo para mim. — Sorri falsamente. — Vou deixar a Pudim, preciso
resolver umas coisas no banco.
— Edna irá cuidar dela, deixe-a com coleira, caso ela pense em
fugir novamente — peço ficando em pé. — Vai querer carona ou vai pedir
um carro?
— Carona — responde engolindo o restante do pão. — Vou apenas
escovar os dentes — grita saindo correndo e volto a me sentar, vendo que
ela esqueceu o celular de capa rosa sobre a mesa. Balanço a cabeça,
cansado e com uma puta dor de cabeça, fico em pé, caminhando até o
banheiro do andar de baixo.
Dois dias de casamento e eu nem sei por que estou querendo
felicidade, Diana Maria me odeia mesmo. Não sei por que eu ainda tento
ser amigo dela. Não sei!
Um paisente de Natal
Ethan tem tudo que um homem de quase trinta anos pode querer:
estabilidade financeira, uma empresa para chamar de sua, mulheres, o
carro do ano, uma família amorosa (apesar de intrometida e fofoqueira)
Bom... Ele acha que tem tudo.
Como CEO de uma construtora, ele se vê obrigado a passar mais
de cinco horas dentro de um carro; tudo para convencer a dona da
floricultura que sua proposta de compra é irrecusável. Só não imaginava
que se esbarraria em uma maluca de sorriso fácil, olhos castanhos e
língua sem freios. Também não esperava conhecer o pequeno Oliver.
Ethan jura de pé junto que nunca vai ter um relacionamento e que
está para nascer a tal mulher da sua vida. O que não sabe é que, talvez,
ela já tenha nascido.
Só nos resta descobrir se ele chegará inteiro até o final.
Não entendeu o que eu quis dizer? Então, venha conhecer a minha
“maluca”! Eu te garanto boas risadas.
Dia dos Namorados - Conto
Ethan e Lili estão de volta, e dessa vez mais apaixonados que
nunca.
Em uma história recheada de risadas e amor, vamos descobrir
como os dois pombinhos pretendem passar o primeiro Dia dos
Namorados, e mais, vamos dar uma espiadinha em como as coisas em
Alegria do Norte estão.
Um sonho de Namorado é apenas um bônus para comemorar o
amor e deve ser lido após “Um paisente de Natal”, porque vai haver
spoiler e algumas referências ao primeiro livro.
Bom, espero que se divirtam, se apaixonem e curtam muito esse
casal.
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