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Amor em Família @ Copyright 2015 - L.

Symone

Todos os direitos reservados.

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autorização por escrito da autora.

Está é uma obra de ficção qualquer semelhança, com nomes, pessoas, locais ou fatos, será mera
coincidência.

Revisão: Jéssica Driely e Luziana Lima

Capa: Dri K. K. - Capista


“Às vezes no amor ilícito está toda a pureza do corpo e alma, não abençoado por um padre, mas
abençoado pelo próprio amor".

Clarice Lispector
Capítulo 1

Eu gostaria muito de poder mentir nesse momento, dizer que estou doente ou qualquer coisa parecida,
mas não posso, não dessa vez que minha irmã implorou dizendo que precisa da minha presença.

Clarissa me fez prometer que cuidaria de Clara minha sobrinha e afilhada, enquanto ela resolve as
coisas do aniversário de quatro anos de Clara. Não me entenda mal eu amo minha afilhada ela é uma
doçura de menina, mas não concordo com algumas atitudes de Clarissa e ultimamente todos nossos
encontros terminam em briga.

Termino de fazer a trança em meu cabelo, confiro meu visual no espelho, estou ótima. Simples, nada
chamativa, pego minha bolsa e saio. Morar sozinha é uma maravilha, adoro sair e não ter que dar
satisfação a ninguém.

Clarissa e eu moramos na mesma rua ela no início e eu no final, por isso vou caminhando, preciso
acalmar meu coração idiota antes de chegar à casa dela. Deus! Isso é tão errado, meu coração não
devia bater descompassado toda vez que vejo o Davi, mas ele se comporta assim desde a primeira
vez que o conheci.

Há cinco anos Clarissa chegou em casa apresentando o namorado que conheceu na faculdade. Sim,
sou apaixonada pelo agora atual marido da minha irmã e isso é muito, muito errado.

Na época eu era só uma menina encantada pelo namorado da irmã mais velha, mas quando as
semanas, meses e depois anos começaram a passar e o sentimento só aumentar tomei ciência que era
muito mais que uma paixão de adolescente. Afastei-me, tive alguns encontros passageiros com outros
garotos, mas nada sério, saí até do país para fazer um intercâmbio, mas a saudade acabava comigo
então resolvi voltar.

Mas quando voltei, eles já tinham se casado, pois ela ficou grávida, aquilo foi minha ruína. Decidi
voltar a morar no exterior, nossa família tem boas condições financeiras, meu pai conseguiu me
bancar lá, até que eu terminasse os meus estudos e conseguisse arcar com minhas despesas. Eu
consegui, morei fora durante os últimos anos, mas um acontecimento trágico me trouxe de volta.
Minha mãe faleceu, um câncer em estágio avançado a tirou de nós.

Ela morreu levando com ela meu segredo, ela era a única que sabia sobre meu sentimento e seu
último pedido para mim foi que eu nunca fizesse nada a respeito do que sinto por Davi, que eu
guardasse o sentimento comigo até um novo amor surgir. Mas ela não tinha que pedir isso eu nunca
faria nada para acabar com o casamento da minha irmã mesmo ela não merecendo um homem como
Davi.

Mais alguns passos e estou no jardim deles, a minha irmã com certeza já deve ter saído, isso
significa que é Davi que irá me receber. Ele fica em casa a maioria do tempo trabalhando em seu
estúdio, ele é produtor musical, então mesmo ele estando em casa é preciso alguém aqui para cuidar
de Clarinha, toco a campainha e já escuto os passos e os gritinhos de Clara.

- Dinda você veio me ver - Ela grita e passa correndo por Davi, que acaba de abrir a porta, ela se
joga em meus braços.

- Ah meu amor, a dinda está com muita saudade de você. - Aperto-a entre meus braços dando
beijinhos em seu rosto.

- Vem vamos brincar lá no meu quarto. - Ela me puxa e Davi sorri, ah... Davi sorri, suspiro eu amo
seu sorriso.

Sou um mulher de vinte e quatro anos derretida por um simples sorriso. Me mate agora.

- Ela não parava de perguntar por você Carol. - Sua voz grave acaba comigo, amo quando ele diz
meu nome. Meu Deus, imagino ele sussurrando com essa voz em meu ouvido falando meu nome... É
melhor eu parar de pensar nisso agora.

- Já estou aqui florzinha da dinda. - Volto minha atenção para Davi. - Clarissa já foi? – Pergunto já
sabendo a resposta.

- Sim, ela estava com pressa. - Eu sei qual a pressa dela, mas lógico que não irei me intrometer na
vida deles.

- Entra fica à vontade, a casa é sua. - Ele me dá passagem e sigo Clara até seu quarto.

♡♡

Não sei se foi medo, mas fiquei brincando no quarto com Clara até ela dormir, agora estou aqui
velando seu sono. Meu anjinho, tão linda e inocente as coisas alheias que acontece com os adultos.
Beijo sua testa e saio em silêncio na ponta dos pés. Já está escuro Clarissa já deveria estar em casa.

Eu sei onde ela está e não tem nada a ver com o aniversário da Clarinha, mas quem sou eu para
contar alguma coisa, minha irmã não terminou os estudos é uma dona de casa que precisa do marido,
não vou fazer nada que prejudique a estabilidade da Clara.

Caminho em silêncio até a cozinha, preciso de um copo d’água, ao abrir a geladeira vejo um garrafa
de vinho pela metade, seria ótimo, acho que preciso de álcool para tirar esses pensamentos da minha
mente.

Pego uma taça, encho até a borda e bebo com gosto, gostaria muito de esquecer tudo ao meu redor,
esquecer o Davi e seguir minha vida sem sofrer por um homem que nunca vai ser meu.

Sinto sua presença antes mesmo de ouvir sua voz e fico tensa imediatamente.

- Você e suas tranças não é Carol?! - Davi puxa uma banqueta e senta de frente para mim. Percebo
que ele bebeu, pois sinto o cheiro de álcool vindo do seu hálito.

- O que posso dizer... Amo tranças. - Dou de ombros e tento meu melhor para parecer indiferente a
sua presença.

Davi é lindo com seus quase um metro e noventa de altura, barba cerrada, cabelo castanho cortado
bem baixinho, músculos definidos sem ser exagerados, minha irmã é uma mulher de sorte, mas é uma
pena ela não dar valor nisso.

- O que faz aqui bebendo? - Davi pergunta me olhando.

- Clara dormiu então pensei... - Tento me explicar.

- Não digo por isso, é que nunca vi você beber, você é tão menina. - Ele diz franzindo a testa.

- Não sou uma menina Davi, sou bem crescida. - O fato de saber que ele me vê como uma menina me
irrita.

- Posso perceber isso muito bem.

Engulo em seco, não posso confundir suas palavras. - Clarissa já deve estar a caminho e Clara
dormiu, acho melhor eu ir embora. - Levanto, mas ele segura meu pulso.

- Fica, por favor, Clarissa ainda vai demorar, estou precisando de companhia adulta.

- Como assim? - Pergunto sem entender.

- Ultimamente com o curso de enfermagem que ela está fazendo, não está tendo muito tempo para nós.
- Ele diz balançando a cabeça.

Sinto um aperto no peito com essa informação, minha irmã não pode fazer isso, ela está tão errada!

- Sinto muito Davi. - Sei que ele não vai entender minhas palavras de duplo sentido, mas eu
realmente sinto muito, por tudo.

- É por uma boa causa, ela teve que abrir mão de tudo quando Clara nasceu, agora ela está
começando de novo.
- Sei...

- Está tudo bem? - Ele me questiona com um olhar interrogativo.

- Claro! Eu só não estou acostumada a beber. - Dou de ombros.

- Para tudo tem uma primeira vez, vamos encher a cara Carol?! - Ele diz sorrindo.

Eu não sei por que, mas foi exatamente o que fiz, bebemos até começar a cantar como loucos, Davi
coloca Happy do Pahell Willians em um volume mais baixo para não acordar Clara, e eu começo a
dançar na mesma hora, adoro esse tipo de música!

Eu nunca vi Davi tão solto, aliás, eu nunca o tinha visto um pouco embriagado, ele dança e em algum
momento se aproxima mais de mim, eu paro na hora, eu nunca deixei meu corpo tão próximo ao dele,
é perigoso, ele pode estar agindo de forma inocente, mas eu sei o que ele causa em mim. Seu toque
me causa arrepios e não sei se posso resistir com ele estando tão perto.

No refrão, Davi me puxa pela cintura e cola seu corpo ao meu, céus ele está rebolando e se
esfregando em mim!

Meu corpo responde ao dele imediatamente, busco seu toque com sede e fome, meu Deus eu não
posso pensar essas coisas! Eu me afasto dançando sem dar muito na cara que estou desesperada por
seu toque, ele nem percebe, enche mais uma taça de vinho e bebe de uma só vez.

- Acho que vou indo Davi. - Informo a ele que me olha com cara de pidão.

- Fica mais um pouco Carol! Preciso da sua companhia, minha vida anda tão sozinha. - Ele lamenta.

- Ah não fala assim Davi, vai ficar tudo bem. - Para ele falar isso é porque já deve estar bêbado, ele
nunca foi de falar muito comigo ainda mais algo tão pessoal.

- Eu não deveria estar falando isso com você, me desculpa, é que a Clarissa anda tão ocupada e
distante, você sabe se está acontecendo alguma coisa e ela não quer me falar?

Fico em choque. - Eu não sei de nada Davi. - Indago nervosa.

- Imaginei, é que vocês sempre foram tão amigas, pensei que estivesse acontecendo alguma coisa...

- Como eu disse, fica tranquilo vai dar tudo certo. - Toco seu ombro em um gesto de apoio e esse foi
meu erro, mais uma vez estou perto demais. - Mas agora de verdade eu preciso ir. Tomo coragem
para fazer algo que nunca fiz antes, fico na ponta dos pés e beijo seu rosto, bem perto de sua boca,
ele está quente, eu estou quente, meu Deus eu sou louca.
Saio antes que me perca em minhas próprias atitudes e prometo a mim mesma não voltar nessa casa
tão cedo, eu aprendi que manter distância de Davi é a melhor forma de levar minha vida, não posso
começar agora a querer me dar ao luxo de estar perto dele mais do que deveria.

Caminho com lágrimas escorrendo por meu rosto, pergunto-me quando vou deixar de ser tão patética
e tentar parar de amar um homem que nunca vai ser meu, a não ser em meus sonhos?
Capítulo 2

Na manhã seguinte as batidas em minha porta me tiram do maravilhoso sonho onde Davi beijava-me
com doçura e paixão, quem está me acordando justo nesse momento? Resmungo um palavrão.

Pego o robe curto de seda branca, calço minhas pantufas da Margarida e corro pra atender a porta
mesmo descabelada, só que ao abrir a porta arrependo-me no instante seguinte de ter feito tudo isso.
Pois Davi está me olhando espantado, merda! Devo estar pior do que a aparência do cocô do cavalo
do bandido.

Mas encontro minha dignidade. - Aconteceu alguma coisa?

- Posso entrar?

- Claro! - Abro mais a porta e ele entra em silêncio, aponto o sofá, ele senta e me olha preocupado.

- Você está me assustando Davi, aconteceu alguma coisa?

- Estão todos bem, eu só quero me desculpar pessoalmente por ontem à noite.

- Ah. - Não consigo dizer mais nada.

- Não me comportei adequadamente com você, peço que me perdoe também se a chateei com meus
problemas. - Davi não me olha nos olhos, está envergonhado.

- Davi não se preocupa com isso, amigos são pra isso mesmo.- Ele volta seu olhar para mim.

- Não somos amigos.

Nossa! Isso foi...

- Desculpa não era para sair dessa forma. - Mas ele também não diz como deveria ser.

Fico em silêncio, essa é a primeira vez em anos que ele vem na minha casa sozinho. Não sei bem
como me comportar, mas educação é tudo.

- Você quer um café?- Pergunto me levantando, já indo para a cozinha.

- Eu te acordei, me desculpa.- Ele fala sem jeito.


- Desde que abri a porta, você só tem pedido desculpa Davi.

- Desculpa. - Ele diz em resposta, eu sorrio, ele também sorri, mas continua. - Não sei como agir
com você. - Ele dá de ombros, isso foi meio esquisito, resolvo não comentar nada.

Volto alguns minutos depois com duas xícaras de café fumegantes. – Aqui. - Estendo a dele, que pega
tocando em meus dedos, só isso é capaz de me fazer recuar em imediato.

- Algum problema?- Pergunta preocupado.

- Nenhum. - Tento sorrir.

- Você não vai trabalhar?- Onde o Davi quer chegar? Ele não é de puxar assunto sem motivos.

- Eu trabalho em casa lembra?- Sou revisora.

- Sim, Claro, você é formada em letras.

- Isso, sou revisora e tradutora, amo meu trabalho.

Davi continua me olhando como se sua visita tivesse outro motivo e ele estivesse esperando alguma
coisa acontecer.

- Davi desculpa, mas preciso me vestir, tenho que dar uma saída agora na parte da manhã.- Ele
precisa ir embora logo.

- Eu posso te dar uma carona, sei que você não gosta de dirigir.- Ele sorri e tenho vontade de
implorar para que ele não o faça.

- É fora da sua rota. - Tento sair dessa.

- Eu devo isso a você depois de ontem.

- Não deve, mas se você faz questão, em alguns minutos estou pronta.

- Tome o tempo que precisar.

Praticamente saio correndo da sala, meu Senhor, o Davi não pode querer se aproximar de mim, não
agora, depois de anos me afastando, não sou tão forte assim não posso me dar ao luxo de tê-lo tão
perto.

Tiro o robe a camisola e entro de baixo do chuveiro, preciso esfriar meu corpo, tenho que me
acalmar. Não importa que ele esteja na sala, preciso fazer o que faço todos os dias de manhã, passo a
mão em meios seios, descendo por minha barriga, levo meus dedos ao meu sexo e esfrego meu
clitóris com força em movimentos circulares e rápidos, em segundos me sinto mais úmida, penetro
dois dedos dentro de mim enquanto imagino Davi entrando e saindo de dentro de mim, é o suficiente,
logo estou gozando chamando seu nome bem baixinho.

Desligo o chuveiro, pego um roupão e entro no closet pego uma roupa adequada para ir a editora,
hoje tenho que passar lá, uma vez ao mês preciso ir a editora e ver como está tudo, na realidade meu
sonho é ter minha própria editora, estou fazendo uma poupança só para isso, acredito que em alguns
anos vou conseguir meu objetivo.

Termino de me arrumar, mas fico com vergonha de voltar a sala, ainda que ele não saiba o que
acabou de acontecer no meu banheiro é um pouco constrangedor. Pego minha bolsa respiro fundo e
vamos lá.

- Estou pronta. Vamos? - Forço meu melhor sorriso.

- Claro! - Ele levanta, caminha em minha direção e me acompanha, mas para minha alegria ou tristeza
- ainda estou decidindo - ele coloca sua mão na base da minhas costas.

informo a ele o endereço da editora e entramos no seu carro em silêncio, realmente não gosto de
dirigir até tenho meu carro, para casos de emergências, mas desde um pequeno acidente de trânsito
que bati na traseira de um carro e o motorista ficou descontrolado querendo me agredir que evito ao
máximo dirigir.

Davi fica ainda mais sexy dirigindo então desvio meu olhar para a janela com meus pensamentos a
mil. Até que sua voz me chama.

- Carol eu não quero ser chato, mas... você não tem alguma ideia do que possa estar acontecendo com
a Clarissa?

Eu não vou me meter nisso, se ele está desconfiado de alguma coisa, vai ter que descobrir sozinho. -
Não Davi. - Agora sei, porque, ele me procurou.

- Tem alguma coisa errada, dá para ver que ela está diferente até com a Clarinha. Está distante.

Se eu não tivesse visto, nunca acreditaria que minha irmã está traindo o Davi, mas ela não dar
atenção a filha por conta disso, já é demais. Muita irresponsabilidade. Lembro como se fosse hoje,
passei no curso dela com a Clarinha para fazer uma surpresa e a surpreendida foi eu ao ver minha
irmã aos beijos com um cara, sorte que Clarinha estava distraída jogando no meu celular e não viu
nada. O pânico no olhar da minha irmã ao nos ver me deu certeza que o caso já era antigo.

Assim que chegamos em casa a questionei, ela chorou, gritou que estava apaixonada pelo cara, mas
que não tinha coragem para largar o Davi, me fez prometer que nunca contaria nada, mas também a
fiz prometer decidir o que queria da vida.

- Conversa com ela Davi. - Respondo trazendo meus pensamentos para a realidade.

- E você acha que não tentei? Ela está fugindo de mim, só penso o pior. E se ela estiver doente e
estiver escondendo isso da família?

- Tenho certeza que não é isso. - Respondo no automático, ele me olha sério.

Nossa viagem segue em silêncio e graças a Deus chegamos logo. - Obrigada Davi. - Logo pego a
maçaneta, mas a porta está travada. - Você pode abrir, por favor?

- Eu vou abrir, só me dê um minuto, hoje Clarissa vai levar Clarinha para dormir na casa de uma
amiguinha e depois vai para o curso, estarei sozinho. - Ele faz uma pausa, procurando por palavras e
meu coração bate freneticamente. - Pensei em repetir a noite de ontem, sua companhia foi muito
agradável. - Ele termina de falar me olhando em expectativa.

Quer saber? Porque não? Eu posso me controlar, se ele quer minha companhia quem sou eu pra negar,
estou mais para implorar por isso.

- Na minha casa ás sete horas. - Sorrio e ele destrava as portas. Saio antes que volte atrás em minha
decisão.

Meu dia passou mais rápido e feliz, sei que tem tudo a ver com a fato de receber Davi em minha casa
mais tarde. Para ser sincera não estou nervosa, estou animada que não vou passar mais uma noite
sozinha em casa, dessa vez tenho companhia, uma que amo a cada dia mais.

Volto para casa uma hora antes de Davi chegar e preparo uns petiscos pra gente, coloco cerveja,
vinho e energético para gelar, mesmo sabendo que ele prefere mais vinho. Tomo um banho, decido
vestir uma bermudinha jeans e uma blusinha soltinha, não vou seduzir ninguém, não preciso querer
chamar atenção.

A campainha toca me fazendo pular de susto. - Fica calma. São só dois adultos tomando uma bebida
e conversando.

Abro a porta para Davi que está lindo, lindo de verdade, bermuda, blusa e chinelos, é lindo de
qualquer forma, ele sorri ao me ver e exibe a garrafa de vinho em sua mão.

- Entra Davi. - Ele me dá um beijo no rosto e passa por mim. - Vou pegar as taças. - Na cozinha tomo
um segundo para respirar e agir como uma adulta normal. Volto para a sala com as taças, ele está
olhando alguns CDs da Ana Carolina que tenho.

- Posso? - Exibe o CD eu aceno em resposta e ele coloca no home theater, a voz dela enche o
ambiente, sento na poltrona vermelha perto da janela e Davi no sofá, ele enche nossas taças e estende
a minha.

- Clarinha perguntou por você hoje. - Ele diz e eu sorrio.

- Eu amo aquela garotinha.

- Ela também te ama. - Ele sorri.

E assim começamos um bom papo, Davi é inteligente, conversar com ele não é entediante ele sabe
levar a conversa e ainda tirar alguns risos, falamos muito sobre a Clarinha e a nova escola, um futuro
que queremos para ela. Ele é um pai e um bom marido, o marido da minha irmã, eu não posso
esquecer isso.
Capítulo 3

No momento que Davi começa a ficar mais descontraído eu também me sinto mais a vontade e
esqueço todo aquele nervosismo inicial, fui tão tola de abdicar da presença de Davi durante todos
esses anos, sendo que consigo controlar minhas emoções perfeitamente. É uma companhia agradável
além de que posso alimentar um pouco mais meu amor por ele, ter um pouco dele.

Alguns anos desisti de esquecer o Davi, ele preenche todos meus pensamentos, enche meu coração de
amor até transbordar, antes eu achava que todas essas emoções me davam uma grande agonia, até que
me conformei e aceitei, não adianta fugir de um sentimento que está cravado dentro do meu coração,
não posso fugir de mim mesma.

- Você lembra de quando fui a casa dos seus pais pela primeira vez? - Pergunta descontraído.

- Claro! Você estava nervoso por causa do meu pai, achei que faria xixi nas calças. - Lembro rindo
dele.

- Você rir porque não foi contigo, seu António colocou a maior pressão. - Diz rindo.

Já disse que amo a risada dele não é?!

- Clarissa até tentou me acalmar, mas não funcionou só na hora... - Ele diz pensativo.

- Eu sei. - Digo baixinho, mas ele escuta.

- Sabe? - Ele diz sem graça.

- Sim, eu estava no meu quarto quando vocês chegaram, estava indo tomar banho, quando abri a porta
vi você e minha irmã... Hum... Você sabe... - Eu peguei eles transando no banheiro de casa.

Davi está pálido. - Carol me desculpa, você era só uma menina, não deveria ter visto aquilo.

- Eu sou apenas um ano mais nova que a Clarissa Davi, eu tinha dezessete anos, não fale como se
fosse cinco anos. - Digo irritada.

- Esqueço que você só é um ano mais nova, você estava no último ano do ensino médio e Clarissa no
primeiro da faculdade.

Se fosse eu a mais velha, quem sabe não seria eu a mulher de Davi hoje. Repreendo meus próprios
pensamentos, isso não é uma coisa bonita de pensar.
- Durante esses anos nunca a vi na companhia de um namorado Carol! - Não é uma pergunta.

- Foquei em outras áreas da minha vida. - Dou de ombros.

- Entendo, mas você é linda, como resistiu às cantadas durante esses anos?

Eu nunca tive um namorado serio por causa de Davi, sei lá nunca me senti atraída por ninguém, o
suficiente para um namoro, lógico que teve alguns beijos com alguns caras, mas nada sério. Sim
tenho vinte e quatro anos e sou virgem. Não estou esperando o Davi - sei que isso nunca vai
acontecer - só não apareceu à pessoa certa ainda.

- Você se acostuma com o tempo.

Ana Carolina já acabou, agora estamos ouvindo Os Tribalista e de repente começa a tocar Velha
Infância.

Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo

Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito

Davi fica de pé. - Dança comigo?

Eu não sei o que dizer, essa é uma música lenta e linda, as palavras tocam a alma, é insano aceitar.

- Por favor. - Insiste, com aquele sorriso lindo estendendo sua mão, pego sem piscar, ele cola seu
corpo ao meu e me odeio por ser tão fraca.

Dançamos lentamente, minhas mãos envolta do seu pescoço, minha cabeça apoiada em seu peito,
suas mãos em minha cintura. Meus olhos estão fechados, não deveria, mas estão, isso torna o
momento especial e vou guardá-lo pela eternidade em minha memória.

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor
Dançamos até a música acabar, mas cometo um enorme erro ao levantar minha cabeça e olhar nos
olhos de Davi, ele tem um brilho diferente, sinto um arrepio percorrer minhas costas, mas não dou
lugar a minha imaginação fértil, Davi bebeu, suas pupilas estão dilatadas é normal.

Me afasto tentando voltar ao meu estado normal, mas sinto o olhar de Davi sob mim, sinto minha pele
queimar e me recrimino por aceitar dançar, estava tudo ótimo sem o contato físico, agora eu estraguei
tudo!

- Carol. - Sua voz está rouca.

- Davi eu... - Não consigo terminar de falar, pois Davi me puxa colando seus lábios aos meus, ele
está me beijando, Davi está me beijando!

Eu deveria gritar, pedir para ele parar, mas não faço nada disso, eu sou fraca o suficiente para não
resistir e correspondo ao beijo de Davi, colocando minhas mãos em sua nuca, e acariciando seu
pescoço e cabelo, o beijo do homem que amo em silêncio durante seis anos. Tento não pensar em
nada e esquecer tudo que me faça lembrar que isso que está acontecendo é errado.

Davi não desgruda seus lábios do meu, eu amo isso, eu amo ele. Perco-me nas sensações do meu
corpo, na batida frenética do meu coração, até que Davi geme meu nome baixinho, isso me faz
desfalecer de vez, esfrego meu corpo ao dele sentindo sua ereção.

Acredito ser o sinal que Davi queria para continuar, pois ele me guia pela casa até chegar ao meu
quarto, não a dúvidas eu quero ser dele, ao menos essa noite eu quero pertencer ao Davi.

Ele monta em mim enquanto tira meu short junto com a calcinha, a blusa ficou entre a sala e o quarto,
ele observa meu corpo com fascínio e sinto meu corpo em chamas.
- Linda. - Ele sussurra em meu ouvido e distribui beijos molhados em meu pescoço, sua língua faz
círculos em toda minha pele deixando seu rastro quente por todo caminho. Davi começa a tirar meu
sutiã enquanto olha dentro dos meus olhos.

Sua língua desce vagarosamente para minha barriga, chupando, mordendo, lambendo passeia entre
minhas coxas até parar em meu sexo, onde arquejo em surpresa, sua língua é quente, molhada e eu
nunca senti isso na minha vida, ele me chupa como se estivesse beijando a minha boca, passando a
língua no meu clitóris e descendo para a minha entrada enquanto seu dedo me acaricia. Alguns
minutos depois que Davi está me chupando, começo a sentir meu sexo se contrair, estou mais
molhada do que um dia imaginei ser possível até que gozo como uma louca gritando seu nome e ele
não tira a boca do meu sexo, lambe até o último resquício do meu orgasmo.

Davi se afasta e mesmo de olhos fechados posso sentir ele me observar, minha intuição me diz que
ele acabou de se arrepender. Depois que minha respiração volta ao normal, tomo coragem e abro os
olhos, o arrependimento nos olhos de Davi traz uma pontada de dor ao meu coração.
Ele levanta da cama agoniado, com culpa, ele anda de um lado para o outro em silêncio, sento na
cama puxando o lençol, de repente sinto uma vergonha moral do que acabou de acontecer, trair minha
irmã e ser rejeitada faz com que me sinta a pior pessoa do mundo.

Davi caminha para mais perto da cama, quando vai dizer alguma coisa, seu celular começa a tocar,
ele atende rápido.

- Oi amor. - Sua voz ainda está rouca, ele limpa a garganta para continuar a falar com ela.

Ele escuta algo que ela diz, e antes de falar olha para mim. - Estou na casa do Rafael. - Sinto uma dor
maior ainda cortar meu coração, não era para chegar nessa situação, saber que minha irmã não é fiel
ao seu marido não me dá o direito de querer estar com ele.

Não quero escutar mais nada então levanto, vou ao banheiro enrolada no lençol e coloco um roupão,
depois que ele for embora eu tomo um banho e posso me afundar em um poço de autolamentação.
Quando volto ao quarto Davi está sentado em minha cama com o celular nas mãos.

Ele me olha com culpa e quase imploro para que ele não me olhe assim.

- Carol eu... - Ele parece não saber o que falar então facilito para ele.

- Davi, por favor só volte para casa, nunca aconteceu nada. - Levanto meu olhar para ele que me
observa.

- Claro. - Ele levanta e passa por mim, como se nada tivesse acontecido entre nós.

A porta da frente bate com força, imediatamente me jogo na cama em lágrimas, eu não me arrependo
do que aconteceu, é errado eu sei, mas falar isso para o meu coração, dizer ao meu corpo para não
responder a Davi é missão impossível. Ele não estava bêbado e nem eu, talvez estávamos um pouco
mais corajosos, mas as perguntas que ficam é se Davi queria de verdade me tocar? Mas a culpa não
deixou, eu teria chance com Davi? Sei que fiz uma promessa a minha mãe, mas depois do que
aconteceu a dúvida surgiu, ele me desejou e isso eu tenho certeza.

Mas rejeitou em seguida. A razão volta, eu não tenho chance e mesmo que tivesse, não posso fazer
nada a respeito. Acho que está na hora de voltar a morar no exterior, quem sabe dessa vez algum
francês não consegue me fazer esquecer esse amor sem sentido.
Capítulo 4

A última vez que vi o Davi foi na minha casa na quarta-feira, hoje é sábado e daqui a pouco é a
festinha da Clarinha, como tia e madrinha não posso deixar de comparecer, mas não sei como vou me
comportar, preciso agir naturalmente, como eu disse nada aconteceu, é como se aquele dia nunca
tivesse existido. Só de pensar nisso meu estomago se revira.

Tenho vontade de estar bem vestida essa noite, sou uma mulher que prefere mais calças jeans e
sapatilhas do que vestidos e saltos, mas essa noite preciso de algo que aumente minha autoestima, ser
rejeitada daquela forma meio que acabou com a minha, então preciso recuperá-la.

Mas não consigo usar nada vulgar, aliás, não tenho nada desse tipo no meu guarda-roupa, pego um
vestido soltinho que marca minha cintura, um salto que tenho guardado para ocasiões especiais, faço
uma maquiagem básica e solto meu longo cabelo preto. Sorrio ao ver o resultado, gosto do que vejo,
estou bonita e isso me dá um pouco mais de confiança.

Saio de casa no horário que está marcado para começar a festinha, enquanto caminho imagens
daquela noite ainda insistem em aparecer na minha mente. Que raiva! Pareço uma adolescente
desesperada por atenção.

Chego a casa deles mais rápido do que gostaria, paro na porta alguns segundos antes de tocar a
campainha, levo um susto quando a porta se abre e lógico meu coração perde uma batida ao ver Davi
parado, ele me observa e para minha surpresa sorrir.

- Precisamos conversar. - Ele puxa levemente meu braço me conduzindo até o escritório, não me
dando tempo nem ao menos de protestar.

Meu susto maior é quando a porta se fecha e ele me beija, choque é a única coisa que sinto, não
consigo nem corresponder ao beijo. Davi me tira do chão me colocando sentada em sua mesa
parando entre minhas pernas.

Ele para o beijo olhando dentro dos meus olhos como se visse dentro da minha alma. - Beije-me
Carol. - Seu pedido é música para meus ouvidos, ele se aproxima com mansidão e toma meus lábios.
Nos beijamos por minutos que mais parecem horas, suas mãos estão em volta do meu pescoço,
segurando com força.

Até que ele me solta, mas não se distância. - Eu sei que é errado, que eu não deveria querer isso, mas
não paro de pensar em você Carol.

♡♡
Acordo com mais preguiça que o normal estou exausta depois da noite com Davi. Eu quebrei a
promessa que fiz a minha mãe. Eu sou uma péssima pessoa eu sei.

Mas depois da declaração de Davi naquele dia no escritório eu não resisti. Estamos juntos a três
meses, não oficialmente, ele ainda está casado com a Clarissa, eu não contei a ele sobre a traição
dela, nós não falamos sobre ela quando estamos juntos. Como se isso tirasse a culpa que estamos
sentindo.

Duas vezes por semana ele vem e passa a noite comigo, me faz sua mulher, mas vai embora ainda de
madrugada. Ele conta para ela que vai jogar na casa de uns amigos. Outra mulher já teria percebido,
mas Clarissa está desatenciosa demais com Davi para perceber.

A primeira noite com ele foi inesquecível, lembro com riqueza de detalhes, sua expressão ao
perceber minha virgindade a forma como me amou e adorou cada parte do meu corpo ainda me fazem
estremecer...

Tinha algumas semanas que estava só em beijos com Davi, ele falou que poderia esperar o tempo
necessário, pois não queria passar a impressão errada de que era algo puramente sexual. Eu por
mais que desejasse muito não estava totalmente preparada, e ainda nem havia contado que era
virgem.

Uma noite em que estávamos só nos amassos assistindo a um filme na sala as coisas entre nós
foram ficando mais quente, mãos ousadas tanto minhas quanto dele foram maravilhosas, eu o
toquei e fiquei impressionada com seu tamanho e grossura. Mesmo sem saber muito o que fazer
Davi parecia estar gostando até que gozou na minha mão então foi a minha vez ele me tocou e só
essa sensação foi capaz de me levar a loucura.

Davi continuou a me beijar e sem muito me controlar pedi que me levasse para a cama, eu queria
ser dele de todas as formas. Ele me deitou na cama com muito cuidado e tirou minha roupa
lentamente, massageou meus seios de uma forma erótica, passando a ponta da língua, causando
arrepios para em seguida chupá-los como se fosse uma fruta. Me contorci de prazer embaixo dele.
Davi não me deixou tocá-lo disse que a noite seria minha e foi isso que aconteceu, ele venerou
tanto meu corpo que não sei quantas vezes gozei até que enfim ele me penetrasse.

Foi quando ele percebeu que era virgem. Ele parou, me olhou, franziu o cenho e me perguntou.

- Você tem certeza Carol? - Perguntou com um brilho no olhar, concordei com um aceno, as
palavras ficaram presa na garganta.
Ele sorriu e então me levou para outro mundo, um onde eu nunca tinha estado, o prazer se
espalhou por todo meu corpo, Davi foi maravilhoso, perfeito. Um dia que nunca vou esquecer...

Balanço a cabeça trazendo meus pensamentos para a realidade. Não conversamos sobre o casamento
dele é como se ele fosse solteiro e não tivéssemos que tocar nesse assunto. Estou aproveitando cada
segundo ao lado dele, mas o momento de tocar no assunto chegou.

Ontem descobri que estou grávida, estou calma apesar de tudo, sou independente, tenho casa própria,
posso criar meu filho sozinha. Mas seria perfeito se Davi estivesse comigo. Preciso contar a ele
sobre a gravidez e ver o que pretende fazer. Mas como amante não sei quanto tempo posso ficar
escondendo esses detalhes.

Batidas na porta me tiram dos meus pensamentos. Calço minhas pantufas e vou atender.

Clarissa está na porta. Desde que esse caso com o Davi começou evito encontrar minha irmã. Não
quero olhar para ela e ver a vadia que eu sou.

- Oi.- Ela me cumprimenta timidamente.

- Oi, quer entrar? - Dou passagem a ela que passa por mim.

Clarissa é o oposto de mim, a não ser pelo formato violão do nosso corpo, herdado da nossa mãe,
não somos parecidas em mais nada.

- Preciso falar com você. - Ela está agitada e por um momento penso que ela possa ter descoberto
sobre minha traição.

- O que aconteceu? – Pergunto receosa.

- Não é o que aconteceu e sim o que vai acontecer. – Ai meu Deus!

- Não estou entendendo Clarissa.

- Eu vou deixar o Davi.

O que?

- Eu não posso mais fazer isso, vou deixá-lo essa noite, ele vai na casa dos amigos beber a Clarinha
vai estar na casa do nosso pai, vou arrumar minhas malas e fugir com o Otávio.

- Você não pode estar falando sério. – Digo sentindo um resquício de felicidade eu sei é errado, mas
estou sentindo.
- A decisão está tomada.

- Mas e a Clara? – Minha pequena felicidade morre no momento que faço essa pergunta.

- O Davi é um bom pai e conto com você para ajudá-lo até poder levá-la comigo.

- Você sabe que o Davi não vai permitir que você leve a Clarinha, pelo amor de Deus Clarissa você
precisa dar uma explicação a ele! – Digo a repreendendo.

- Vou deixar uma carta.

- Ah quanta consideração sua, ele vai adorar!

- Qual é Carol?! Estou tentando.

- Não, não está! Você está fugindo.

Ela suspira e levanta. - Preciso ir. - Me abraça meio sem jeito, eu não sei quando vou vê-la e sinto
uma agonia tomar conta de mim.

- Clarissa. – Preciso tirar esse peso do meu coração.

- Sim?

- Eu o amo. - Digo simplesmente.

- Eu sei, eu sempre soube. - Sua resposta me surpreende.

Ela beija meu rosto. - Lute por ele agora. – Sorri e vai embora.

Sento no sofá, totalmente abismada com essa conversa minha irmã vai embora, deixar a filha com o
pai irá viver um amor e ela sabe que amo seu marido. Que loucura!

♡♡

A porta da minha casa se abre, eu já sei que é Davi, pois ele tem a chave, estou na cozinha
preparando uma massa para o jantar. Ele chega me abraçando por trás, cheirando meu pescoço.

- Hum... Como eu amo seu cheiro. - Ele me vira de frente e beija meus lábios.
Ainda não trocamos as três palavras mágicas, mas quando ele diz coisas desse tipo... Ah
simplesmente suspiro.

Mas antes de qualquer coisa preciso contar sobre tudo, vou começar pelo mais importante, nosso
bebê.

- Precisamos conversar Davi.

- Claro, algum problema? - Sempre atencioso.

- Vamos para sala. - Pego sua mão e sentamos no sofá. - Davi você lembra aquele dia que ficamos
bêbados aqui em casa, há um mês?

- Claro que sim! - Ele sorrir.

- Lembra que não nos protejamos? - Seu olhar me diz que ele já entendeu.

- Não pode ser. - Sua voz está calma, mas vejo desespero em seus olhos.

- Eu não me senti bem essa semana e já estava com consulta no ginecologista marcado, acabei
descobrindo no mesmo dia com um exame se sangue.

O rosto de Davi perde toda a cor e ele levanta me encarando.

- Você tem certeza que é meu?

Como?

- Você está realmente me perguntando isso? - Levanto indignada com sua acusação.

Ele se aproxima e segura minha mão. - Desculpa, eu não deveria ter dito isso.

Eu entendo que ele esteja nervoso, mas estou magoada com suas palavras.

- Davi eu te amo desde sempre, a primeira vez que te vi, já te amei. - Abrir meu coração para ele só
o faz soltar minhas mãos e me olhar com a expressão fechada.

- Você sempre me amou? - Pergunta chocado.

- Sempre. - Aproximo-me dele, faço um gesto de carinho em seu rosto, ele fecha os olhos. -Talvez
possamos começar nossa própria família. - Ele abre os olhos.

- Não vou deixar a Clarissa!


- Davi ela vai...

- Não vou deixar minha mulher e filha, desculpa Carol, mas não posso mais fazer isso, se você tinha
esperança de ficarmos juntos sinto por magoá-la, mas não vou fazer isso com minha família. - Cada
palavra sua são cortes em meu coração. - Depois conversamos sobre nosso bebê, vou ajudá-la em
tudo, mas agora preciso ir. - Ele beija meu rosto e sai da minha vida da mesma maneira que entrou.
Do nada.

Não sei explicar porque, mas ainda que a dor que estou sentindo esteja me rasgando por dentro, não
consigo chorar. Sento no sofá em choque com a conversa que acabamos de ter.

Então eu era só a amante, ele nunca largaria a Clarissa para ficar com a gente. Coloco a mão em
minha barriga, isso está realmente acontecendo?

Vou para minha cama e me deito, quero chorar, quero gritar, mas não consigo fazer nada disso, meus
pensamentos parecem me sufocar e minha alma quer gritar em silêncio em meio a dor.

♡♡

Acordo com meu celular tocando, levanto assustada, não percebi o sono chegando ontem à noite.

- Alô. – Digo sonolenta.

- Carol o que a desmiolada da sua irmã tem na cabeça?

Fiquei quase uma hora no celular com meu pai, ele está furioso com a Clarissa, disse que o Davi
ligou para ele contando. Eu só ouço e concordo com alguns sim, o senhor está certo, depois de algum
tempo desligo.

Estou no chuveiro, um banho sempre teve a capacidade de fazer com que me sinta renovada. Mas está
na hora de sair meus dedos estão começando a enrugar.

Quando chego ao quarto levo um susto ao ver Davi sentado na minha cama com cara de choro. Não
acredito que ele veio até aqui para lamentar a partida da minha irmã. Respiro fundo e vou até o
guarda-roupa, deixo a toalha cair no chão e coloco minhas roupas.

- Você sabia! - Ele acusa.

- Sim. – Digo sem demonstrar nenhuma emoção.


- Porque não me contou?

- Eu tentei ontem. - Digo de forma acusadora.

- Carol sobre ontem...

- Eu não quero ouvir Davi.

- Podemos tentar Carol. - Sorrio em deboche.

- Agora você quer tentar? – Grito. - Obrigada pelo convite Davi, mas não quero ser a segunda opção
de ninguém.

- Não é isso Carol, você não é minha segunda opção, eu saí mal daqui ontem, eu gosto de você, mas
fiquei com medo, não achei que seria justo abandonar minha família, achei que estava sendo egoísta
só de desejar isso, eu quero você na minha vida e isso fez com que eu me sentisse péssimo me dá
uma chance de concertar tudo.

- Vá para casa Davi, você precisa cuidar da sua filha.

- Não seja tão dura comigo Carol, você disse que me ama.

- Sim, mas eu também me amo.

Davi se levanta e caminha na minha direção. - Eu queria ter sido egoísta como sua irmã, mas não
consegui. Eu aprendi a te amar, você não é minha segunda opção. Sempre foi você.

- Não foi o que pareceu ontem à noite Davi.

- Carol...

- Davi... Adeus. – Digo mesmo com toda dor em meu peito.


Capítulo 5

Hoje completa exatamente seis meses que Clarissa foi embora, Clarinha ainda pergunta por ela todos
os dias e sente sua ausência, Davi segue com sua vida como se minha irmã nunca tivesse feito parte
dela, não sei se ele a odeia por tê-lo deixado ou por ter deixado a Clarinha, é difícil dizer.

E eu tenho feito de tudo para ajudar, Clarinha é minha sobrinha e afilhada, preciso cuidar dela como
se fosse minha. Quanto a minha gravidez, estou enorme, Davi tem me acompanhado no pré-natal,
sempre preocupado comigo e o bebê, não falamos mais sobre nós, quando ele tenta eu sempre
encerro o assunto. Ser dispensada por ele daquela forma ainda não sai da minha cabeça, ele ter
voltado no dia seguinte pedindo para tentarmos foi um fiasco, pode ser bobeira minha, mas gostaria
de ter sido escolhida primeiro. Mas nos últimos dias ele tem se aproximado lentamente, sempre
carinhoso e atencioso, tem sido difícil resistir.

Agora mesmo estou na casa dele cuidando da Clarinha, ele teve que sair a trabalho e pediu que eu
cuidasse dela, ainda cheguei a pedir que ele levasse ela para minha casa, mas ele insistiu que eu
viesse. Clarinha já dormiu e estou com muito sono, não dormir bem na noite passada. Saio do quarto
dela e vou para sala, está tarde são quase onze horas da noite e ele não chegou. Estaria com alguém?
Urg! Mesmo que esteja isso não é da minha conta. Ao menos tento me convencer disso. Deito no sofá,
cansada demais para ficar sentada.

Acordo meio sonolenta aconchegada a um peito forte e quentinho. Peito forte e quentinho? Levanto
no susto e vejo que estou no quarto de Davi, em sua cama e ele está ao meu lado. Seus olhos estão
fechados, sua respiração pesada. Está dormindo. Lindo como sempre.

Consegui fugir do Davi durante esses meses, mas aqui estou agora olhando hipnotizada para ele como
se não tivesse sido magoada há meses. Sei muito bem que não tenho que guardar esse tipo de
sentimento, mas não consigo evitar.

Faço um leve carinho em seu rosto, Deus como amo esse homem, ter uma pequena parte dele dentro
de mim, me faz amá-lo ainda mais. Minha pequena nasce daqui a alguns meses, escolhemos o nome
da nossa pequena Luiza juntos, sim, por mais que esteja com problemas com Davi, quando o assunto
é nossa filha, coloco tudo de lado. Quando descobrimos que era uma menina ficamos muito felizes.

Ainda não contamos a Clarinha que ela vai ter uma irmã, estamos com medo de ser muita informação
e mexer com a cabecinha dela. Quanto ao meu pai quando descobriu ele deu um soco na cara do
Davi. Mas já está tudo bem. Ele ficou nervoso, gritou e até chorou, mas disse para acertarmos nossas
diferenças e não colocar a Clarinha no meio da nossa bagunça.

Olhar assim para Davi tão pertinho, é um erro, mas não posso evitar. Sei que ele está se esforçando
para mostrar que Luiza, Clara e eu estamos na sua vida agora, mas não quero que ele esteja comigo
só por causa da bebê, quero que me ame, como eu o amo, ele sempre foi um cara correto, então
pensei se ele realmente estava comigo era porque gostava de mim. Mas gostar e amar são coisas
diferentes.

Estou com sete meses de gestação, carente e sozinha. Tudo seria mais fácil se a gente se acertasse.
Mas quem sabe um dia? Como diz o ditado nunca diga nunca.

- Se um dia. - Levo um susto quando ouço sua voz. - Você me perdoar, por aquelas palavras, vou ser
o homem mais feliz do mundo. - Conclui olhando em meus olhos.

- Por que estou na sua cama? - Desconverso

- Você estava dormindo no sofá quando cheguei, você nem se moveu quando a peguei nos braços e
trouxe-a para o quarto.

Fico em silêncio e Davi se aproxima. - Me dá uma chance Carol, só uma, por favor. - Seus olhos
parecem suplicar.

- Já falamos sobre isso Davi. – Tento levantar-me, mas ele me segura.

- Não, você só disse que não queria mais tocar nesse assunto. Estamos com nosso bebê a caminho,
seu pai já sabe sobre nós a Clarinha te adora, nada mais nos impede.

- Você nos impede Davi.

- Não! Eu já expliquei, estava confuso, pensando no melhor para Clara. Carol não faz isso com a
gente meu amor. – Olho para ele com os olhos arregalados, ele me chamou de amor. - Sim você é,
meu amor!

- Davi...

- Quer saber Carol? Anos atrás quando fui a sua casa conhecer a família da Clarissa me arrependi de
estar com ela assim que coloquei os olhos em você. Meus pensamentos gritavam que eu estava com a
garota errada, mas eu já estava lá, seria errado terminar tudo com ela e procurar você, os anos foram
passando e você estava sempre distante, foi fácil enquanto você não estava aqui... Mas você voltou,
aquele dia aqui em casa... Eu... Eu quase a beijei, a procurei no dia seguinte porque já sentia falta
depois de estar tão perto. E aí tudo foi acontecendo, eu queria aquilo e quando aconteceu, porra, eu
fui feliz pra cacete. Então coloquei tudo a perder, não aguento mais essa dor, estar longe de você está
acabando comigo. Perdoa-me, seja minha. Para sempre.

Eu não tenho reação, só consigo olhar para ele e pensar em tudo que está acontecendo, lágrimas
descem por meu rosto.
- Não chora só quero você aqui comigo, onde deveria ter sido seu lugar anos atrás. Escolhi fazer o
certo uma vez Carol e não deu certo, seis anos depois ainda me arrependo da minha escolha, eu
nunca amei sua irmã e ela nunca me amou, ficamos juntos pela Clara, as aparências enganam Carol. -
Ele senta e segura minha mão.

- Eu... Eu não sei o que dizer Davi.

- Diga que me perdoa por eu ter sido um covarde com você duas vezes e não lutar pela mulher que
amo. - Meu coração falha uma batida.

- Ama? - Minha voz sai fraca.

- Sim Carol eu te amo! - Ele sorri.

- Ah Davi, eu também te amo, sempre amei. - Quase não consigo terminar de falar, Davi já está me
abraçando e beijando.

Me deita com cuidado na cama, continua a me beijar com saudade e paixão, ele desliza seus dedos
entre minhas coxas puxando de lado minha calcinha, já estou molhada, cheia de desejo e excitada só
com nossos beijos.

- Quero tanto você Carol. - Sua voz rouca me faz delirar ainda mais.

- Me toma Davi, sou toda sua. - Sussurro.

Mas ele só me penetra com seu dedo enquanto passa sua língua por minhas curvas arredondadas por
conta da gravidez, mas não tenho vergonha, rebolo pedindo mais e Davi coloca mais um dedo, tremo
e fechos os olhos me deliciando com as sensações que meu corpo sente, ouço Davi gemer baixinho e
então ele me beija, puxa minha calcinha para baixo e o ajudo meio sem jeito ele tira a bermuda e a
Box, fazendo com que sua ereção pule para fora imediatamente.

Com cuidado Davi me vira de lado e deita-se da mesma forma, colando seu corpo ao meu fazendo
sua ereção tocar meu sexo e sinto um arrepio assim como um frio na barriga, estar com ele trás
sensações que nunca pensei ser possível. - Ah... Davi... - Minha voz sai trêmula. – Agora, por favor.

- Como quiser meu amor. - Então ele desliza para dentro de mim e me perco em seus braços e no
prazer maravilhoso que toma meu corpo.

Davi aumenta seu ritmo e eu sei que já estou perto, gemidos preenchem todo quarto, viro minha
cabeça para olhar dentro dos seus olhos quando alcançamos o clímax juntos.

Eu estou no lugar certo, Davi é meu amor, eu lutei por ele agora serei feliz, já perdemos tempo
demais.
Epílogo

Davi
Eu pensei que nunca sentiria esse amor avassalador e viveria essa felicidade ao lado da Carol, ela é
tudo que eu sempre desejei. Comecei uma vida com a Clarissa, mas meu coração nunca esteve com
ela. Aquele dia que cheguei em casa e ela estava indo embora minha única frustração era saber que
ela estava abandonando a filha. Mas isso é passado, ela fez as escolhas dela.

Quando Carol me deu uma segunda chance fiz por merecer seu perdão, ela estava magoada comigo
com toda razão, mas Carol é a pessoa mais bondosa que conheci me perdoou mesmo eu sendo um
babaca e depois disso tento todos os dias fazer com que ela não se arrependa.

Clarinha aceitou bem nossa relação e seu Antônio está se adaptando. Nos casamos antes de Luiza
nascer, nossa bebê já está com três meses, uma gracinha com aquelas bochechas redondas
gorduchinhas. Minha princesa.

Hoje deixei minhas mulheres em casa e saí para resolver umas coisas do estúdio, não vejo à hora de
voltar para minhas garotas. Estaciono o carro, pego as sacolas com as mamadeiras novas que
comprei para Luiza, abro a porta de casa devagar, não sei se ela está dormindo, se eu acordá-la,
Carol me mata!

Mas ao ver quem está parada na sala me da vontade de gritar muito alto para que vá embora.

- Até que enfim alguém apareceu. - Clarissa diz com sarcasmo.

- O que está fazendo na minha casa? – Pergunto nervoso.

- Sua casa? Até onde sei, essa casa é da Carol. – Ela sorri cinicamente.

- Não seja cínica, tenho certeza que você já sabe que agora moro aqui.

- Nossos antigos vizinhos me atualizaram com as informações do seu novo casamento. Não acha que
foi rápido demais Davi?

- Não lhe devo satisfação.

Ela dá um passo à frente e eu dou um para trás querendo que ela fique bem longe de mim, nesse
momento Carol entra com Luzia no colo. E tem a mesma reação que eu ao ver Clarissa, fica parada
olhando para ela.

Solto as sacolas no sofá e vou para seu lado, pego Luiza e a levo para seu quartinho. Quando volto as
duas ainda estão em silêncio até que Clarissa fala.
- Quando disse para conquistar ele, não pensei que seguiria meu conselho irmã. – Ela diz como se
estivesse com raiva.

- Clarissa... – Carol fica sem palavras.

- Amor, você não precisa responder isso. - Abraço-a meio de lado.

- Ah que lindinhos. - Clarissa está me irritando.

- Acho melhor você ir andando Clarissa. – Falo perdendo minha paciência.

- Só quero ver minha filha. - Ela diz ríspida.

- Agora você lembra que tem uma?

- É meu direito Davi, agora que estou de volta a cidade, quero ver minha filha regularmente.

- Davi a Clarinha sente falta dela. - Meu amor diz olhando em meus olhos.

Respiro profundamente. - Tudo bem Clarissa, vamos organizar os fins de semana pra você.

- Obrigada.

Ela começa a caminhar para sair, eu tiro Carol do caminho, não querendo que Clarissa tente fazer
alguma coisa com ela. Clarissa olha para Carol e para na frente dela, elas se olham e vejo os olhos
de minha princesa marejados. Clarissa inesperadamente a abraça tirando-a dos meus braços, Carol
envolve seus braços ao redor da irmã. Ouço quando Clarissa diz baixinho para ela. – Desculpe-me o
ressentimento, Otávio me deixou, eu aprendi a minha lição. Seja muito feliz minha irmã. - Ela beija o
rosto de Carol e sai em silêncio.

Carol volta seu olhar para mim, seu rosto está banhado em lágrimas. - Não fica assim, meu amor.

- Ah Davi, tirei um peso tão grande de cima de mim. - Ela me abraça.

- Eu sei. - Beijo sua testa.


♡♡
Hoje é a festa de um aninho da Luiza, vai ser uma festa pequena para a família e alguns amigos.
Todos estamos muito felizes, tudo está em seu devido lugar, a vida não poderia ser melhor.

Clarissa não foi mais embora e vejo que ela está recuperando o tempo perdido com a Clara. Como
estamos morando na casa da Carol, Clarissa esta vivendo em nossa antiga casa, está se virando bem
sozinha. Minha filha ficou muito feliz com a volta da mãe. Enfim Clarissa parece ter amadurecido.
Ela e Carol se falam normalmente e fico muito feliz por isso, não suportaria ver o sofrimento da
minha esposa.

- Amor! - Carol me grita, tirando-me de meus pensamentos.

- Oi linda. - Levanto do sofá e vou para o quarto ver o que ela quer.

- Distrai a Luiza, preciso tomar um banho. - Ela me dá um selinho e corre para o banheiro.

- Papa. - Luzia diz balançando seu chocalho.

Sorrio. - Oi minha bonequinha, é o papai. - Pego Luiza no colo e fico com ela até Carol voltar, mas
ela acaba cochilando.

- Dormiu? - Carol pergunta baixinho, quando sai do banheiro, aceno que sim.

- Tomara que ela acorde antes do horário da festinha, se não vai ficar enjoadinha. - Coloco Luiza na
nossa cama.

- Amor preciso falar com você. - Carol está séria e fico meio preocupado. - Vamos para a sala?

Assinto e a sigo em silêncio sem saber o que está acontecendo, sento no sofá e a puxo para sentar no
meu colo. - O que foi?

- Tenho uma surpresa. - Ela diz sorrindo e fico mais aliviado.

- Então me conta, quero sorrir também.

Carol me beija e sinto todo meu corpo reagir a ela, não sei se ela sabe o poder que tem sobre mim,
mas se souber eu não ligo, quero ser tudo que ela quiser que eu seja, quero ser sua vida assim como
ela é a minha e viver ao seu lado até o último segundo da minha vida. Ela para nosso beijo com um
selinho e sorri.

- Estou grávida.

E então estou sorrindo junto com ela, eu tenho tudo que sempre desejei.

FIM...
Nota da Autora
Amor em família é o conto de estreia da série "Contos sobre amores proibidos”
Você pode encontrar mais informações sobre os romances da autora na página do facebook L.
Symone – Autora ou no Wattpad @LSymone.

Abraços,
L. Symone.

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