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Tati Dias

1ª Edição
2018
São Paulo / Brasil
Copyright © 2018 Tati Dias

Capa: Tati Dias


Revisão: Margareth Antequera
Diagramação Digital: Tati Dias

Os direitos autorais dessa história pertencem à autora.


Esta é uma obra de ficção.
Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

O trabalho Doce Professor de Tati Dias está licenciado com uma


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parte dessa obra, através de quaisquer meios ─ tangível ou
intangível ─ sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº.
9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Sinopse
Um professor universitário que desfruta do sexo fácil com
suas alunas, apesar da proibição da instituição de ensino para a
qual trabalha.
Um descarado? Provavelmente, mas ele está prestes a ser
fisgado e terá que lidar com isso.
David passou os últimos anos se aproveitando do cargo para
estar com as alunas mais quentes e dispostas do campus, elas
eram capazes de tudo para melhorar suas notas.
Isso até uma certa garota cruzar seu caminho, nos
corredores da universidade, e ele descobrir que as vezes não
podemos ter o que mais desejamos.
Ele sabia que ela era diferente, que não deveria chegar perto
dela e foi firme por longos quatro anos.
Quando Amanda estava para se formar, David viu que era
sua última chance e se arriscou...
Foi a melhor noite da sua vida, mas ele descobriu que ela
estava deixando a cidade para sempre.
Agora ele precisará descobrir aonde encontrá-la e pior,
decidir se deve interferir em seu futuro.
Nosso apaixonado Dom Juan será capaz de enfrentar o
mundo para estar ao lado de seu amor?
Índice

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Epílogo
Redes Sociais
Prólogo

David
Universidade da Califórnia em Los Angeles - UCLA
Início do ano letivo
O relógio na cabeceira marcava 6h30m da manhã, respirei
fundo antes de me empurrar para fora da cama. O primeiro dia de
aula sempre era exaustivo, a recepção aos calouros, almoço de
boas-vindas, dar informações, conseguir que eles chegassem a
tempo nas aulas, sem se perderem nos corredores, isso quando os
pais não apareciam junto com o aluno.
Não sei como fui me meter no comitê de boas-vindas. Na
verdade, sei sim, Rachel, a coordenadora do curso de história, me
fez uma mamada fenomenal e quando percebi, eu estava dizendo
sim, enquanto gozava em sua boca. Sorte que não foi um pedido de
casamento.
Entrei debaixo do chuveiro pensando nas novas alunas, eu
estava curioso em ver se alguma caloura se destacaria, sempre
havia os mesmos estereótipos, a nerd, a patricinha, a porra louca, a
gostosa pra caralho.
Eu prefiro as gostosas pra caralho.
E haviam as princesas, dessas eu sempre me mantive bem
longe.
Meu celular avisou a chegada de uma mensagem quando
voltei ao quarto, jogando a toalha sobre o ombro, peguei o aparelho
e abri a mensagem.
"Mande uma foto de você neste momento"
Erika era com certeza da categoria “das gostosas pra
caralho”.
Sorri e olhei para o meu corpo nu no espelho do outro lado do
quarto, musculatura definida, ABS, tanquinho, ombros largos, coxas
grossas e um pau de bom tamanho, mesmo em descanso.
Sorrindo, focalizei a câmera do celular em um ângulo em que
não pegava o meu rosto e bati a foto, enviando para ela em seguida.
"Está bom assim?", perguntei.
"Professor, você me deixou com água na boca, se eu
estivesse aí já tinha colocado minha boca em você"
Ainda sorrindo larguei o celular, precisava me arrumar ou
chegaria atrasado.
Apressado, vesti minha roupa e deixei o quarto, levando a
mochila com o que precisaria para o dia, olhei a hora e vi que ainda
havia tempo para preparar minha vitamina, algum hábito saudável
eu tinha que manter, já que minha corrida e o mar ficariam de fora
da agenda até as aulas engrenarem.
Enquanto batia as frutas no liquidificador, peguei o celular de
novo para respondê-la.
Uma foto de seus seios nus havia chegado naquele
momento, ela apertava os dois juntos e na mesma hora senti o meu
pau repuxar por baixo da cueca.
"Gosta de espanhola?"
Porra, quem não gosta?
Pena que eu teria que me afastar dela, porque a garota era
muito boa para uma foda, mas Erika era uma veterana do último ano
de Publicidade e não sabia que eu estava a par dos seus planos de
me prender em um relacionamento.
E isso não aconteceria nem em sonhos.
Uma nova mensagem chegou.
"Te espero no depósito ao lado da sala 21, às 9h, vou
engolir você inteiro".
Bem, boquete nunca engravidou ninguém.
"OK".
Respondi bebendo a vitamina rapidamente, em seguida
peguei a mochila, chave da moto e deixei meu apartamento.

Amanda
Convencer meu pai a me deixar ir para a universidade não foi
uma tarefa fácil, na verdade foi a custo de muita conversa e
promessas, que ele me deixou sair de nossa mansão cheia de
seguranças em Hamptons Bay e fingir ser uma pessoa normal pelos
quatro anos seguintes, do outro lado do país.
Mais especificamente em Los Angeles. E Los Angeles estava
se mostrando muito mais do que eu esperava. Muito mesmo.
— Você está em que curso? - uma morena linda me
perguntou enquanto eu olhava o quadro onde havia um mapa com a
localização das salas de aula.
A universidade era gigantesca, parecia uma cidade e tudo
estava mapeado naquela parede, desde a Reitoria até a Biblioteca.
— História e você? – respondi.
— Também, meu nome é Karine e o seu?
— Amanda.
— Bem, Amanda, eu não conheço ninguém aqui e você?
— Ninguém também. - falei sorrindo para ela.
— Ótimo, vamos ser "isoladas" juntas então, porque esse
povo parece que nasceu com um nabo enfiado no rabo.
Olhei espantada para ela e do nada comecei a rir, a coitada
deve ter me achado uma louca, afinal a piada nem era tão
engraçada assim, mas nunca, ninguém ousou falar daquela forma
perto de mim.
Meu pai mataria quem fizesse isso.
— Ei, você está bem? – Ela perguntou me olhando confusa.
— Desculpe. Sim, eu estou bem, e você está certa, as
poucas pessoas que se dignaram a falar comigo agiram como se
tivessem um nabo... onde você falou.
Rindo, demos o braço uma a outra, como se fôssemos velhas
amigas e fomos em busca da sala onde aconteceria a nossa
primeira aula.
O campus estava uma confusão só, alunos novos como nós,
estavam espalhados por todos os lados. Quando cheguei, fui
recebida por uma comissão de boas-vindas, eles explicaram onde
encontrar o prédio do meu curso e confesso que não pude deixar de
notar um professor maravilhoso que estava no meio do comitê.
Ele chegou a falar comigo, mas me vi tão sem jeito que
respondi sua pergunta e me afastei.

Assistimos a primeira aula e na seguinte estávamos no


corredor de novo, procurando a sala da próxima aula.
— Droga, Amanda eu esqueci o estojo na sala, vou voltar pra
buscar, te encontro na sala, OK? - Karine avisou se afastando.
— OK, você sabe a sala? - perguntei.
— Sei sim, sala 21, te encontro lá. - Ela respondeu já
andando apressada.
Sozinha de novo, eu andei pelos corredores a procura da tal
sala, um aluno me indicou um corredor e avisou que lá haviam duas
portas, uma era a da sala de aula e a outra era um pequeno
depósito, não tinha erro.
Agradeci correndo na direção indicada, e suspirei aliviada
quando encontrei o tal corredor, olhei para as portas e descobri que
não havia qualquer indicação de qual era o depósito e qual a sala de
aula, elas eram iguais.
— Droga. - resmunguei tentando a sorte, abri uma delas e
entrei sem olhar, fechando a porta atrás de mim.
Era a porta errada, eu estava no pequeno e escuro depósito.
Irritada, segurei a maçaneta para sair dali quando ouvi um
gemido baixo. Dizem que a curiosidade matou um gato, eu não
sabia que virar para tentar descobrir o que estava acontecendo
afetaria tanto a minha vida.
Curiosa, me virei de novo e com a vista já acostumada com a
pouca luz, eu pude vê-lo.
Era um dos professores que vi há pouco na entrada do
campus, ele era lindo e estava de olhos fechados, uma mulher
estava ajoelhada na sua frente, mantendo o seu pau na boca,
enquanto ele segurava sua cabeça, com os cabelos dela enrolados
em sua mão.
Fiquei sem ação, olhando fascinada ela tirar seu pau da boca
devagar, até soltá-lo totalmente e ele bater contra a barriga dele.
O professor olhou para baixo e então a puxou em pé.
— Fique inclinada sobre a mesa. - Ele falou enquanto abria
uma embalagem de camisinha.
— Não precisa disso. - A mulher sussurrou.
Em seguida ela se inclinou sobre a mesa e subiu a saia, até
ter sua bunda nua exposta.
Olhei para ele e percebi que fora o zíper aberto, por onde seu
pau saltava, sua roupa estava toda no lugar.
— Você sabe que não me arrisco nunca. - Ele respondeu
com a voz rouca.
Engoli em seco assistindo enquanto ele desenrolava a
camisinha sobre seu sexo duro.
Duro e grande.
Senti minha boceta pulsar, me mostrando o quanto aquilo
estava me afetando e sem querer ofeguei.
Foi quando ele me descobriu observando a cena e sorriu,
segurando o pau em uma das mãos, enquanto apoiava a mão na
coluna na mulher.
— Se empine mais. - Ele falou ainda me olhando.
Mordi os lábios enquanto assistia ele se afundar dentro dela,
que gemeu e ele empurrou mais, até sumir inteiro.
Minha calcinha estava me incomodando, minha calça, até
mesmo o meu sutiã parecia apertado.
— Sem gritos, esse lugar está muito cheio hoje. - Ele falou
olhando para mim.
Era a minha deixa para sair dali. Trêmula, abri uma fresta da
porta e me esgueirei por ela.
Uma vez do lado de fora, eu olhei para a porta na minha
frente e ao invés de entrar, saí a procura de um banheiro, eu me
sentia suada, o coração acelerado e as pernas bambas. Precisava
me refrescar.
No caminho cruzei com a Karine.
— Ei, ainda perdida? - Ela brincou sorrindo.
— Não, preciso ir ao banheiro, te encontro na sala de aula.
— Você está corada, tudo bem com você?
— Sim, tudo bem, eu já volto.
Deixando Karine no meio do corredor, eu corri para o
banheiro mais próximo, uma vez lá dentro, respirei aliviada em estar
sozinha.
Coloquei o material e minha bolsa na beirada da pia e me
debrucei sobre ela, molhando o rosto.
Era muita informação, eu precisava me adaptar a minha nova
realidade.
Meu pai me isolou do mundo, e agora eu teria que aprender a
lidar com tudo de uma só vez.
Devagar, fechei a torneira e sequei o rosto e as mãos, mas
eu ainda estava com calor, então arranquei o twin-set que usava e
guardei na bolsa. Respirei fundo me ajeitando e apanhei minhas
coisas deixando o banheiro apressada.
O encontrão foi inevitável, assim como o choque quando eu
percebi quem era.
Droga. Droga. Mil vezes droga.
— Me desculpe. - sussurrei sentindo sua mão queimar minha
cintura, mesmo sobre a camisa que eu usava.
Era ele, o professor que vi na chegada ao campus mais cedo,
o homem de momentos atrás.
Ele saía do banheiro masculino quando nos esbarramos,
ninguém diria que o vi momentos antes fazendo sexo, ele estava
totalmente recomposto.
Eu me vi perdida em seus olhos azuis.
— Desculpe, princesa. - Ele sussurrou.
O sinal tocou anunciando a troca de aula e eu me afastei
quase correndo, me misturando no meio dos outros alunos, em
busca da sala da próxima aula.
Encontrei a Karine na porta e entramos, procurando duas
cadeiras vazias para nós.
Todos estávamos sentados, aguardando a chegada do
professor quando a porta foi aberta e ele entrou.
Mas. Que. Grande. Merda.
Seu olhar me encontrou assim que ele colocou o material
sobre a mesa.
— Bom dia a todos, sejam bem-vindos à vida adulta, sou o
professor David, vocês estarão comigo nos próximos quatro anos de
suas vidas, pois ministro várias matérias do curso, começaremos
por uma Introdução à Civilização Ocidental entre o período de 843 e
1715, espero que a adaptação de vocês seja fácil.
— Oh, meu Deus! É o professor gostosão das boas-vindas. -
Karine comentou baixo ao meu lado.
— Quieta. - falei entre dentes.
— Ele é bom demais pra ser de verdade, olha essa bunda. -
Ela continuou sussurrando.
— Algum problema, senhoritas? - O professor perguntou.
— Não senhor. - respondi prontamente.
— Já que querem tanto falar, se apresentem para nós. - Ele
pediu fazendo sinal para que eu me levantasse.
Obrigada, Karine, pensei comigo.
Nervosa, levantei para me apresentar, ou tentar, já que eu
não podia falar quem eu era na verdade.
— Meu nome é Amanda Sanders, sou da Carolina do Sul. - e
sentei novamente, esperando a vez da Karine.
— De onde? - ele perguntou.
— Não entendi. - respondi confusa.
— Qual o condado, de onde você vem?
— Charleston. - respondi no modo automático, eu ainda não
havia me acostumado a minhas falsas origens.
— Certo. - Ele falou ajeitando algo na mesa. — E sua amiga?
Foi a vez da Karine se levantar.
— Me chamo Karine Carter, e estou aqui para aproveitar tudo
o que a vida de universitária puder me oferecer. - Ela respondeu
sorrindo para a classe e recebendo aplausos dos garotos e um
sorriso do professor.
— Certo, senhoritas, sejam bem-vindas à universidade, agora
por favor não atrapalhem mais a minha aula, deixem a conversa
para depois.
Ele se voltou para os outros alunos e apresentou o curso,
dando uma noção do que veríamos em sua matéria e pareceu se
esquecer de nós, pedindo aos outros que se apresentassem
também.
Olhando para ele, eu me perguntei como seriam os meus
próximos anos ali na universidade.
Capítulo 1

Amanda
Vinte de novembro - Final do sétimo ciclo
Três anos e meio depois
Estava perturbada com a notícia que havia acabado de
receber quando a Karine saiu me arrastando pelo campus.
Pela manhã nossas notas foram fixadas em um quadro e
descobrimos que fomos mal na prova de História Contemporânea, o
que poderia nos reprovar na matéria e nos obrigar a ficar mais seis
meses na universidade.
Desde então ela dizia saber como resolver o problema da
nota baixa, mas que precisava esperar o fim do dia e precisaria de
mim.
Só que naquele momento eu estava tentando falar com a
minha mãe para descobrir porque os meus planos de passar o
feriado sossegada no meu apartamento, estavam indo por água
abaixo.
Pouco depois de sairmos da última aula, meu pai me ligou
avisando que eu era esperada em casa para o feriado.
Em casa, entendam nossa mansão em Hamptons Bay, Long
Island, onde morei desde que nasci, vivi quase que escondida da
imprensa, grande parte da minha vida, e onde minha mãe passava a
maior parte do tempo, apesar dos nossos apartamentos em
Manhattan e em Washington onde meu pai ficava durante a semana
por causa do trabalho.
— Eu preciso de você em casa. - Foi tudo o que ele falou
mais cedo.
— Mas papai, eu...
— Sem desculpas Amanda, ou você vem ou eu vou te
buscar, o jatinho já está a caminho, esteja pronta no início da noite,
vão te avisar quando pousarem.
E ele desligou. Simples assim. Esse era o senador Johnson,
meu pai.
Em todo esse tempo estudando do outro lado do país, eu só
voltei para casa nos feriados de fim de ano, até mesmo nas férias
eu sempre tinha uma desculpa, mas dessa vez ele não aceitou
qualquer tentativa de eu ficar na Califórnia.
Olhei para a Karine e ela andava apressada na minha frente,
atravessando o campus quase correndo para ver se ainda pegava o
professor David em sua sala.
— Calma Karine, eu vou acabar caindo. - reclamei enquanto
tentava acompanhar os seus passos, e responder a minha mãe no
celular ao mesmo tempo.
— Estamos chegando, larga essa droga pelo amor de Deus,
depois você pode falar com o idiota que quiser, agora, por favor,
foque no meu problema, eu preciso pegá-lo ainda na sala.
Ela sabia que era com a minha mãe que eu estava falando,
mas eu perdi as contas de quantas vezes Karine falou coisas com a
intenção de me chocar, apenas para ver minha reação.
Depois de todo esse tempo de convivência, eu ainda me
perguntava de onde veio essa amizade. Eu me questionava se era
só por causa do primeiro dia de aula mesmo.
Poucos meses depois de nos conhecermos, Karine estava
ocupando o outro quarto do meu apartamento, e se eu não cortasse
suas asas, ela teria se chamado dona do lugar.
É, essa era minha melhor amiga, ela tem estado sempre
comigo. Praticamente um cão de guarda, afastando qualquer
pessoa que se aproximasse tentando fazer amizade comigo.
O único cara que furou seu bloqueio foi Adan. Um rapaz que
conheci na praia durante um período em que ela esteve fora, foi
com ele o meu primeiro beijo e com quem perdi a virgindade, mas
duas semanas depois, quando ela retornou, conseguiu afastá-lo em
questão de dias.
— Não sei o porquê te aguento. - resmunguei subindo a
escada da administração.
— Porque você me ama, e sabe que vai sentir minha falta
quando isso acabar. - Ela falou abrindo a porta do prédio.
— Isso o que quer fazer é loucura. - reclamei a seguindo.
— Não seja cansativa Amanda, apenas me siga.
— Mas...

Karine
— Não adianta, você não vai me fazer mudar de ideia, eu
preciso que ele feche a minha nota. - falei mais uma vez.
Amanda tentava me convencer a desistir dos meus planos e
isso não ia acontecer.
Caminhávamos pelos corredores vazios da administração,
procurando uma sala especificamente.
— Mas ele é mais velho, Karine e isso que você vai fazer...
— Deixa de ser cega, ele é um homem muito do gostoso e se
tiver que dar pra ele fechar minha nota, eu dou, você deveria pensar
nisso, sua nota foi pior do que a minha.
— Eu não teria coragem, você não deveria ter também.
— Eu não tenho é minha mãe disposta a bancar mais seis
meses aqui, eu não posso tomar “bomba” Amanda, eu tenho que
me formar no meio do ano que vem e ponto final.
— Também não quero ficar mais um ano aqui. - Ela sussurrou
enquanto me seguia pelos corredores até pararmos em frente a
porta.
Olhamos juntas para a sala dele, era fim de tarde e término
da última aula.
— Pense bem, se descobrirem... - Ela tentou mais uma vez.
— Ninguém vai descobrir, o campus está às moscas por
causa do feriado, é agora ou nunca.
— Isso é loucura, Karine.
— Fique aqui fora de olho, qualquer coisa você bate na porta.
— E se ele não aceitar?
— Tá brincando? Esse homem me come com os olhos todo
dia, hoje ele vai me comer de verdade.
— Karine...
— Fica de olho e me deseje sorte, a fama dele é de que tem
uma pegada boa.
Bati na porta e recebi ordem de entrar, abrindo mais um
botão da minha camisa, eu pisquei para a Amanda e entrei,
trancando discretamente a porta atrás de mim.
Ele estava sentado atrás da mesa, com uma pilha de provas
na sua frente e afastando os óculos, me olhou de cima a baixo.
— Posso te ajudar em alguma coisa, Karine? - sua voz
grossa me deixou arrepiada.
— Espero que sim, professor. - falei me aproximando da
mesa.
— Diga. - Ele pediu se recostando na cadeira, soltando os
óculos sobre a mesa e mantendo sua caneta na mão.
Inclinei-me sobre a mesa, deixando que ele tivesse uma boa
visão dos meus seios, eu havia retirado o sutiã momentos antes de
entrar em sua sala.
Ele engoliu em seco, de onde estava eu senti seus olhos
queimarem minha pele.
— Eu precisava conversar com o senhor sobre a minha nota.
- expliquei empurrando os seios para frente.
— Ah sim, sua nota, você foi muito mal na última prova.
— Eu sei, tive uma noite difícil e estava sem condição de me
concentrar.
Na verdade, que a santa Amanda não soubesse disso, pois
ela havia me proibido de levar os garotos para casa, mas eu recebi
uma visita surpresa no meio da madrugada e o idiota me deixou
toda assada, na hora da prova eu estava tão dolorida que mal podia
me manter sentada, fora o sono terrível.
— Eu entendo, e no que eu posso te ajudar? - Ele perguntou
se fazendo de desentendido.
— O que eu preciso fazer para melhorar minha nota? -
perguntei com um sorriso, virando a cabeça de lado.
— Você sabe que para fazer a prova novamente, eu vou
precisar de uma justificativa. - Ele explicou soltando a caneta e
entrelaçando as mãos.
— Não era bem isso que eu tinha em mente.
Com um sorriso sacana no rosto, ele empurrou sua cadeira
para trás, abrindo espaço entre seu corpo e a mesa.
— Venha cá. - Ele chamou.
Era a minha deixa.
Aprumando o corpo, dei a volta na mesa e me recostei nela,
bem na sua frente, seus olhos se fixaram em minhas pernas, a
minha microssaia não deixava muita coisa escondida, olhei para sua
calça e o volume que vi me deixou com água na boca.
Sua grande mão tocou minha coxa e foi subindo, mas de
repente ele retirou a mão e olhou para a porta.
— Eu tranquei. - avisei.
— Você fará tudo o que eu mandar?
— Sim. – prometi já ansiando por ele.
Na mesma hora suas mãos estavam em seu zíper.
— Então me mostre o que pode fazer para melhorar sua
nota. – ele pediu me olhando.
Seu pau foi tirado para fora, ele era grosso, grande e estava
duro, sem pensar duas vezes, cai de joelhos entre suas pernas,
segurando aquela maravilha nas mãos.
Minha boca encheu de água, descobri que minha mão não se
fechava ao seu redor, segurando-o com as duas mãos, eu deslizei a
língua sobre a grande cabeça rosada, senti o gosto de seu pré-
sêmen e minha boceta pulsou, eu queria senti-lo me preenchendo.
Abocanhei o que pude, sugando com fome, querendo tudo.
— Ahhh... isso carinho...
Sua voz rouca me mostrando o tesão que sentia e me fez
ansiar por sentir toda aquela carne dentro de mim.
Retirei minhas mãos e o forcei em minha boca, sentindo-o
bater em minha garganta, na mesma hora suas mãos estavam em
meus cabelos, me prendendo no lugar.
— Olhe pra mim, putinha, quero ver você me engolindo.
Levantei os olhos encontrando os dele, sua respiração estava
pesada, dava para ver que transpirava.
— Chupa com vontade, me faça gozar em sua boca.
Eu sentia a saliva acumular na boca e estava engasgando
quando empurrei a cabeça para trás, suas mãos me puxaram, até
ele estar fora da minha boca.
Meio engasgada, tomei ar e deslizei a língua por todo o seu
pau, fechei a mão em punho, segurando o quanto podia dele, eu
mantive a cabeça de seu pau na boca, enquanto trabalhava com a
mão, o masturbando.
— Mais rápido, mais... ahhhhh... - Ele falou quase sem voz e
então fechou os olhos.
Seu corpo começou a tremer e logo o seu gozo quente bateu
em minha garganta, continuei com ele na boca, sugando até a
última gota.
— Levanta e abra a camisa. - Ele ordenou, em seguida.
Levantei e abri os botões, seus dedos tocaram meus
mamilos, apertando-os, uma corrente pareceu ligar diretamente
entre meus seios e minha boceta, que pulsou mais uma vez.
Ele abriu a gaveta e puxou a carteira de dentro, de onde
retirou uma camisinha.
— Tire a calcinha.
Aquele homem mandando em mim estava me levando a
loucura.
Sorrindo, eu levantei a saia, mostrando minha boceta nua
para ele.
— Isso é que se chama estar preparada, afaste as pernas,
me deixe olhar você direito.
Ele jogou a carteira na gaveta aberta e deixou a camisinha
sobre a mesa, se inclinando para frente, então ele colocou um dedo
sobre minha boceta, empurrando para dentro, deslizando sobre
minha umidade, afundando em minhas carnes, sua outra mão
buscou um de meus seios, apertando.
— Deliciosamente molhada, não sei quem eu provo primeiro.
- Ele murmurou olhando os dedos molhados que saiam de dentro de
mim.
Um gemido escapou de meus lábios, chamando sua atenção,
novamente o sorriso de lado brilhou em seu rosto.
— Isso me deu uma ideia, vire-se e se apoie na mesa. - Ele
falou se afastando.
Fiquei de costas para ele e ouvi o barulho da sua cadeira se
movendo no chão, em seguida sua mão estava em meu quadril e a
outra me empurrava deitada sobre sua mesa.
— Perfeito. - Ele falou segurando minha bunda e a
apertando.
E então, suas mãos afastaram minhas nádegas, permitindo
que ele encaixasse seu rosto e sua boca devorasse minha boceta.
— Oh Deus! - gemi enquanto minhas pernas viravam geleia.
Ele afastou o rosto e senti que um dedo, dois na verdade,
estavam dentro de mim, enquanto sua boca mordia minha bunda.
— Isso é um banquete. - Ele disse se afastando.
Uma das mãos apertou minha bunda enquanto seus dedos
ainda estavam fundos dentro do meu corpo.
— Estou me perguntando, será que cabe mais um dedo,
querida? Se você aguentar, a próxima coisa que vai sentir será meu
pau te fodendo.
— Ohhh... – Merda, minha boceta pulsou sobre seus dedos,
só de ouvir ele falando assim.
Um tapa estralou em minha bunda e meu ventre tremulou,
seus dedos saíram de dentro de mim e em seguida voltaram a
forçar a entrada, eram três, como ele disse e faziam pressão, sendo
empurrados, socados, me preparando para receber seu pau.
Ele retirou a mão e ouvi o barulho do pacote da camisinha
sendo rasgado, pouco depois ele estava empurrando seu grande e
duro sexo dentro de mim.
— Ohhh... - gritei descontrolada, era muito, era mais do que
eu podia aguentar, mas eu queria mais ainda.
— Céus... você é apertada garota, parece uma luva se
fechando sobre mim.
Uma de suas mãos procurava meu clitóris e quando achou,
meu corpo saltou com o toque.
— É isso que você queria? - Ele perguntou.
— Eu vou gozar...
— Então goza putinha, vamos, goze, quero você mais
molhada ainda.
Suas estocadas fortes me deslocavam da mesa, seus dedos
sobre meu clitóris me tiravam da terra, sem ar, senti um orgasmo
rasgar o meu corpo, me lançando a outro mundo.
Levei alguns segundos para perceber que ele ainda estava
dentro de mim, socando e falando comigo, tentei prestar a atenção,
mas entendi pouco do que ele murmurava.
— Porra, você está me ordenhando, assim eu não vou
aguentar... - e então ele se foi.
Eu me senti vazia sem tê-lo dentro de mim.
— O quê? - perguntei sem entender e olhei para trás.
Meu professor se sentou na cadeira, mantendo o pau na
mão.
— Venha aqui e sente no meu colo, quero provar esses
peitos gloriosos.
— Você não vai tirar a roupa? - perguntei me juntando a ele.
— Não, mas você vai, quero te comer assim, tire a roupa e
venha aqui.
— Mas...
— Sem “mas”... aqui, sente no meu pau, quero me afundar
nessa boceta de novo. - Ele falou segurando o pau para que eu me
sentasse nele.
Sem parar para pensar, arranquei a camisa e a saia, indo me
sentar sobre ele.
Foi diferente, a posição fez com que ele afundasse em minha
boceta conforme eu me sentava, e ele foi fundo dessa vez, me
deixando sem fôlego.
— Agora me deixe provar essas tetas deliciosas. - Ele falou
segurando meus seios com as duas mãos e abocanhando um,
chupando como se mamasse.
Ele estava dentro de mim, fundo e sua boca brincava com
meu seio, meu corpo inteiro estava correspondendo a suas carícias.
— Não vamos deixar o outro com ciúme, não é? - Ele
brincou, trocando de seio.
Céus, o homem era intenso, sua mão massageava um seio
enquanto ele sugava o outro, sem perceber eu comecei a rebolar
em seu colo, um novo orgasmo estava nascendo dentro de mim,
meu corpo estava se preparando para gozar mais uma vez e eu não
sabia se iria aguentar.
— Rebola mais no meu pau, gostosa, isso...
Firmando os joelhos na lateral da sua cadeira, eu passei a
me mover, sentindo-o entrar e sair de dentro de mim, eu estaria
fodida no dia seguinte, com as pernas doendo, mas era impossível
parar, eu queria mais, eu precisava de mais e o filho da puta
continuava brincando com meus seios.
— Pare. - Ele falou soltando meus seios, mas eu ignorei a
ordem, eu estava quase gozando.
Um sonoro tapa estralou em minha bunda e minha boceta se
fechou sobre seu sexo.
Ele me segurou pela cintura e me tirou do seu colo.
— NÃOOO. - gritei implorando por poder continuar.
— Você não me obedeceu, paramos por aqui.
— Não, não, por favor, eu preciso. - Implorei caindo de
joelhos em sua frente e segurei seu pau, empurrando-o em minha
boca.
— Garota... essa sua boca sabe o que fazer, mas não
adianta, pode se vestir e sair. - Ele falou se afastando de mim.
— Não, por favor, eu preciso ...
— Sei, sei, a nota, eu vou resolver isso.
— Não... eu preciso gozar, você precisa acabar...
— Você vai me obedecer?
— Sim, eu vou, juro. – prometi, praticamente implorando.
Ele me olhou, ainda nua na sua frente, e apontou para a
mesa.
— Deite-se.
Corri para ficar na mesma posição que estava antes.
— Não, de frente agora, me deixe te ajudar.
Subi na mesa com a ajuda dele e me deitei, em seguida tive
minhas pernas levantadas.
— Segure seus joelhos. - Ele mandou e eu segurei meus
joelhos dobrados contra o peito.
Eu nunca estive tão exposta e ansiava por seu próximo
passo, até que senti seus dedos de novo me tocando.
— Rosada, molhada e pronta para gozar. - Ele segurou meu
clitóris e meu corpo tremeu, quase soltei as minhas pernas.
— Se soltar eu paro. - Ele avisou.
— Eu estou segurando. - respondi.
— Boa menina.
Merda, me senti feliz pelo elogio e minha boceta pulsou mais
uma vez.
— Querida, você já tem um Dom? - Ele perguntou parando
de me tocar.
— O quê? Não, claro que não, não sou desse tipo.
— Que tipo? O tipo de mulher que sente prazer em ter um
homem lhe dando ordens enquanto lhe dá prazer?
— Eu... eu...
— Benzinho, você é com certeza, cem por cento sub,
pesquise mais sobre isso, você vai descobrir um outro mundo,
agora... vamos terminar com isso.
Suas mãos seguraram nas minhas coxas e seu pau afundou
em mim mais uma vez.
— Ohhh... - O gemido escapou de meus lábios enquanto ele
bombava forte contra minha boceta, cada vez mais rápido, cada vez
mais forte.
— A visão que estou tendo daqui é perfeita... - Ele murmurou.
Novamente sua mão estava em meu clitóris e com algumas
carícias o mundo explodiu mais uma vez, o gozo foi tão forte agora
que acho que perdi os sentidos.
Abri os olhos quando senti algo quente bater em minha
barriga, só então percebi que minhas pernas estavam abaixadas e
era sua porra que escorria por meu corpo.
Fiquei parada, sem ação, nem vi quando ele tirou a
camisinha.
Puta que pariu, foi a melhor foda da minha vida.
Ele pegou papel toalha e limpou minha barriga, em seguida
me ajudou a sair da mesa, olhei para ele e vi que já estava com a
calça fechada.
— Se vista a arrume o cabelo. - Ele falou enquanto tentava
arrumar a coisas no lugar.
Eu me ajeitei, e esperei para saber o que ele ia dizer.
— Muito bem, vou corrigir novamente a sua prova. - Ele falou
se sentando e puxando algumas provas de uma gaveta.
Não levou nem cinco minutos e ele mostrou minha prova com
um 6, escrito no lugar onde ficava a nota.
— Melhor?
Não era perfeito, mas fechava a nota do semestre.
— Obrigada. – Agradeci.
Ele andou em direção a porta e a destrancou.
— E eu teria transado com você sem precisar de uma
desculpa. – falei sorrindo, louca para estar com ele de novo.
Uma gargalha escapou dele.
— Bom feriado Karine, e avise a Amanda que quero falar
com ela semana que vem. - Ele falou enquanto eu passava por ele.
— Se é para o que estou pensando, esqueça, ela é muito
certinha. - avisei tentando fazer com que ele desistisse da ideia.
— Eu sei, mas nem pense em contar o que aconteceu. - Ele
disse sério.
Parei do lado de fora, enquanto ouvia a porta ser fechada.
O safado era realmente muito gostoso, olhei para a Amanda
sentada do outro lado do corredor mexendo no celular e sorri, ela
nem imaginava que a paixão dela dos últimos anos estava de olho
nela, sorri, mas mesmo assim ele realmente não tinha a menor
chance, talvez valesse até uma aposta, eu duvidava que ele
conseguisse comer a princesa de Hamptons.
— Vamos embora? - chamei guardando minha prova.
— Tudo resolvido?
— Sim, sem problemas, ele corrigiu novamente minha prova,
acho que você pode melhorar sua nota, ele pediu para você o
procure na volta do feriado. - avisei minha amiga, sorrindo para mim
mesma.
Essa eu pagava para ver.
Capítulo 2

Amanda
Início da noite
Um jato particular me esperava no aeroporto, ao atravessar a
porta senti que deixava Amanda Sanders do outro lado, em terra
firme.
— Boa noite senhorita Lee, teremos aproximadamente cinco
horas de voo pela frente, seu pai mandou avisá-la que estarão à sua
espera no aeroporto JFK. - Jake, um dos pilotos avisou assim que
entrei.
Olhei para o meu relógio e fiz os cálculos rapidamente, eu
chegaria em casa de madrugada.
— Obrigada. - respondi enquanto me sentava em uma das
poltronas.
— Qualquer problema é só chamar pela Linda. - Ele falou
voltando para sua cabine.
O que teria acontecido? Por que a pressa do meu pai? Ele
me deixou viver o sonho de uma vida normal por todo esse tempo e
do nada me mandava voltar para os feriados?
Eu deveria ir para a casa em algumas semanas para o fim de
ano e depois voltar a Los Angeles, para o meu último semestre.
Apesar de minha mãe dizer que não sabia de nada, eu
estava duvidando.
Tentando relaxar, eu puxei os fones de ouvido da bolsa,
escolhi uma pasta com músicas do Ed Sheeran e fechei os olhos,
disposta a esquecer o aviso que a Karine me deu e todo o seu
significado.
A fama do professor vinha de longa data, eu mesmo o vi em
ação, mas ele sempre se manteve distante de nós, mesmo com a
Karine o provocando todo o tempo.
Suspirei, eu precisava esquecer por pelo menos algum tempo
os últimos acontecimentos.
Foi difícil saber o que estava acontecendo atrás daquela
porta, mesmo nunca tendo falado nada sobre o que sentia para a
Karine.
Contei de trás para a frente fazendo um exercício de
relaxamento e me perdi na música que tocava.

— Senhorita Lee. - Ouvi alguém me chamar.


Abri os olhos assustada e percebi que havia dormido durante
toda a viagem, me sentei direito e senti o estômago reclamar de
fome.
— Sim? - perguntei confusa à Linda, a aeromoça que
trabalhava para nós.
— Já vamos aterrissar, por favor aperte o seu cinto. - Ela
pediu com o seu sorriso profissional.
— Certo, obrigada.
Tentando acordar direito, prendi o cinto e segurei nos braços
da poltrona, lembrando o quanto odiava quando o avião pousava.
Logo ele estava tocando a pista e pouco depois taxiava, até o
hangar.
Os seguranças me esperavam lá dentro, ao lado de um dos
carros do meu pai.
Fui levada para o carro e em menos de cinquenta minutos eu
descia na porta de casa.
— Filha! - Minha mãe exclamou, vindo me receber.
— Mamãe, por que está acordada a uma hora dessa? -
perguntei a abraçando.
— E não estar aqui para te receber? De jeito nenhum, seu pai
me mandou ir deitar, mas eu não conseguiria dormir sem ver você
sã e salva dentro de casa.
Explicado de onde veio o meu pânico de avião?
— Eu estou bem, mãe. - Garanti sorrindo, enquanto a
abraçava.
— Tem se cuidado direito? Você sabe que deve manter uma
alimentação saudável, estou achando você pálida.
— Mamãe, está tudo bem, eu juro.
— Aqui está sua bagagem, senhorita Lee. - Um dos
seguranças avisou, segurando minha mala.
— Entregue ao Jackson, diga para deixar no quarto dela e
avise que ele pode se deitar. - Minha mãe respondeu por mim.
— Sim, senhora. - O rapaz respondeu e entrou na casa.
— Onde está o papai? - perguntei quando ela me soltou.
— Você o conhece, se recolheu faz tempo. - Mamãe
respondeu dando de ombros.
Esse era o senador Johnson, me mandou atravessar o país e
não se deu ao trabalho de me esperar.
— Você comeu alguma coisa durante o voo? - ela perguntou,
interrompendo meus pensamentos.
— Na verdade, eu dormi todo o tempo.
— Então vamos até a cozinha providenciar algo para você
comer.
A cozinha estava impecável, os empregados eram mantidos
na linha pela governanta, que esteve na família da minha mãe por
anos, antes de vir trabalhar para nós.
— Vejamos o que tem na geladeira. - Minha mãe falou
abrindo a porta.
— Deseja algo, senhora? - Greta apareceu na porta da
cozinha, nos assustando.
— Oh, Greta, eu falei para ir se deitar, Amanda está com
fome.
— Eu vou... - A mulher começou a falar, atravessando a
cozinha.
— Não senhora, vá dormir que eu me viro, é uma ordem. -
falei impedindo que ela tomasse à frente.
Se deixássemos, um banquete seria posto na mesa em
minutos.
— É sério Greta, vá dormir, vou comer um sanduíche e tomar
um suco, sou capaz de fazer isso sozinha. - Afirmei.
— Se a senhorita insiste. – Ela falou contrariada.
— Eu insisto, você também mamãe, vá descansar.
— Mas sanduíche, Amanda? – minha mãe perguntou
também não concordando com o meu lanche.
Mal cheguei e já sentia falta do meu apartamento.
— Sim, uma vez ou outra não vai me matar, agora vá
descansar, mamãe. - pedi mais uma vez.
— Vou te fazer companhia, pode ir Greta, deixaremos tudo
limpo.
— Podem deixar dentro da pia senhora, de manhã Anna dará
um jeito nisso. – A governanta pediu.
— Certo, agora vá, boa noite.
A mulher ainda nos olhou em dúvida, e saiu em seguida.
Enquanto minha mãe retirava os frios e o leite da geladeira,
peguei o pão e me sentei no banco junto a bancada.
— Lave a mão, mocinha.
Sorrindo, beijei sua cabeça e fui até o lavabo, quando voltei
um prato com o sanduíche e um copo de leite me esperava sobre a
mesa da copa.
— Mãe, não precisava.
— Eu sei, agora coma, você precisa dormir, teremos um fim
de semana movimentado.
Eu, que tinha o pão na mão e ensaiava a primeira mordida,
coloquei ele de volta no prato, perdendo o apetite.
— O que está havendo, mãe? - perguntei a ela, que havia se
sentado na minha frente, do outro lado da mesa.
— Seu pai vai falar com você amanhã.
— Mamãe...
— Amanhã Amanda, agora eu quero apenas aproveitar a
minha filha que não vejo há meses. - Ela respondeu segurando a
minha mão.
— Estou tão ansiosa que duvido conseguir pregar os olhos.
— Pois não devia, não vai acontecer nada que seja uma
surpresa, agora coma e depois quero saber das novidades.
O cansaço estava batendo e eu sabia que nada mais sairia
de sua boca, então voltei ao meu lanche, pensando apenas na
minha cama.
— Juro que conto tudo quando acordar.
— Tudo bem, eu posso esperar e livre-se dessa roupa, você
sabe que seu pai não aprova que se vista dessa forma.
Olhei para o jeans rasgado e a camiseta branca que usava,
eram roupas de grife, caríssimas, mas para o meu pai, eram trapos.
— Tudo bem, mãe.
— E esse colar?
— São pérolas de verdade, papai me deu no meu
aniversário.
— Oh sim, verdade, tinha esquecido.
Terminei meu lanche e ela apanhou a louça, colocando-a
dentro da pia.
— Eu vou lavar. – avisei.
— Esqueça, amanhã é capaz da Greta reclamar com o seu
pai. - Ela falou parecendo frustrada.
— Algum problema?
— De modo algum, vamos, você precisa descansar. - Ela
respondeu pegando a minha mão e me puxando para o andar de
cima.
Na porta do quarto eu a abracei antes de entrar, ela era a
única coisa que sentia falta quando estava longe.

Manhã Seguinte
Encontrei meus pais tomando o café da manhã quando desci.
— Ora, ora, a bela adormecida acordou finalmente. - Meu pai
resmungou olhando o relógio.
— Oi papai. - Respondi beijando o seu rosto.
— Você sabe que ela chegou de madrugada. - Minha mãe o
lembrou enquanto eu beijava o seu rosto também.
— Sim, eu sei e sei também que as duas andaram se
aventurando pela cozinha.
— Eu queria um lanche. - expliquei.
— Temos pessoas para fazer isso. - Ele respondeu.
— Sério papai, minha mão não caiu, eu tenho me virado nos
últimos anos, não tenho?
— Esses dias estão contados. - Ele falou se levantando.
— Você não acabou o seu café, Johnson. – minha mãe o
lembrou.
— Estou satisfeito. Amanda, assim que acabar aqui, estarei
na biblioteca esperando por você.
— Tá. - respondi sentando a mesa e pegando a jarra de
suco.
— Como é? - a voz dele soou enérgica e o ar pareceu parar.
— Sim, senhor. Desculpe. – Corrigi-me rapidamente.
— Não faça com que eu me arrependa de ter permitido essa
loucura, você tem vinte minutos para me encontrar, e Agnes,
sairemos às 11h30m em ponto. - E tendo dito isso, meu digníssimo
pai nos deixou.
Minha mãe pareceu soltar a respiração aos poucos, e eu
novamente senti falta do meu pequeno apartamento perto do
campus.
— Coma logo e vá, você sabe que ele não gosta de esperar.
Eu me servi de um pouco de suco e peguei uma torrada.
— Sair para aonde? - perguntei.
— Almoço no clube, você terá que se trocar.
— Preciso mesmo ir?
— Eu avisei que será movimentado o fim de semana.
— Certo. - Engoli o resto do suco e me levantei.
— Coma direito.
— Não dá, preciso saber o que está acontecendo.
Deixei a sala de jantar e fui em direção a biblioteca.

Horas mais tarde


Senti que iria sufocar a qualquer momento, apesar de saber
que isso um dia iria acontecer, eu tinha um turbilhão de sentimentos
girando dentro de mim e isso não era bom. Minha vontade era de
gritar, sair correndo, sumir. Tudo ao mesmo tempo.
Porém, me mantive firme ao lado do meu pai, eu estava
vestida de acordo com o que ele achava adequado. Um tailleur rosa
claro, saltos e um coque baixo, a única diferença entre mim e minha
mãe era a cor do tailleur.
Essa era a figura que ele queria apresentar a Samuel Parker,
meu futuro marido.
Chegamos ao clube pouco antes de meio-dia, meu pai
sempre gostou de chegar adiantado em seus compromissos.
— Eles logo devem estar chegando. - Meu pai falou mais
para ele mesmo do que para nós.
Seu sonho sempre foi ter um filho, infelizmente tiveram que
se contentar comigo, pois meu pai sofreu um acidente andando a
cavalo e tornou-se estéril, ao menos não podia culpar minha mãe.
Mas seu sonho roubado estava cobrando o preço agora, me
cobrando na verdade, pois ele estava se aposentando e, queria
colocar no seu lugar no senado alguém que ele pudesse manipular
e assim não perder o poder.
E essa pessoa era o meu noivo.
Ou futuro noivo, pois só oficializaríamos a união quando eu
voltasse para casa em definitivo.
Engoli em seco, segurando o tremor que ameaçava sacudir o
meu corpo.
Eu tinha uma semana para voltar, era todo o tempo que eu
teria para apagar a existência de Amanda Sanders da face da Terra.
Eu sempre soube que era temporário, mas ter uma nova
identidade, uma nova origem e poder viver de uma forma totalmente
diferente da que vivi foi no mínimo libertador.
Agora eu sabia o que era viver de outra forma e o futuro que
aceitei para mim há anos, não era mais suficiente.
Eu queria ser Amanda Sanders de verdade, pensei comigo,
piscando para impedir as lágrimas de rolarem.
Olhei para o céu azul através dos óculos escuros, respirando
fundo.
Estávamos em uma mesa no deck, de onde eu podia ver o
mar e sua imensidão, enquanto embarcações entravam e saiam da
marina.
— Se controle. - Minha mãe falou baixo, aproveitando que
meu pai estava distraído com o garçom.
Pisquei algumas vezes e assenti.
— Lá estão eles. - Meu pai falou feliz, se levantando.
Uma família se aproximava, o homem parecia ter a idade do
meu pai e a mulher bem mais nova do que ele, junto a eles, vinha
uma menina pré-adolescente e um homem que só podia ser o
Samuel.
De longe ele me pareceu familiar.
Só quando chegaram perto de nós foi que percebi o engano,
era o Adan quem os acompanhava, eu não entendi o que ele fazia
ali e ensaiei um sorriso para cumprimentá-lo, quando percebi que
ele fingia não me conhecer.
— Amanda, este é Samuel Parker e sua família. - Meu pai
estendeu a mão o cumprimentando.
— É um prazer finalmente conhecê-la Amanda, deixe-me
apresentar os meus pais...
Eu entrei no modo automático e não ouvia mais nada do que
diziam.
Conheci Adan por acaso em um fim de semana em Los
Angeles e por uma semana eu tive a chance de estar com alguém
que me fazia bem, e me fez deixar de pensar no meu professor.
Minha frustração aumentou ainda mais conforme entendi que
fui enganada por ele, isso só serviu para deixar as coisas piores e a
mim prestes a explodir.
Agindo como ele, forcei um sorriso polido e fingi que não o
conhecia também, apresentações feitas, nos sentamos para o mais
longo almoço da minha vida.
Uma hora depois, meu pai sugeriu que déssemos uma volta
para nos conhecermos, enquanto os adultos conversavam sobre o
noivado.
— Posso ir também? - Carol, a menina, perguntou
empolgada com a possibilidade de sair da mesa.
— Claro. - respondi estendendo a mão para ela.
Senti o olhar do meu pai sobre mim e ignorei, eu precisava de
distância para poder respirar.
Deixamos a sede e andamos até o limite da passarela do
clube, dali em diante meus saltos me impediam de seguir.
Caroline soltou minha mão e correu para a areia da praia,
rindo feliz.
— Por que não faz o mesmo? - Samuel perguntou apontando
para as sandálias da irmã, esquecidas no chão ao meu lado.
— Porque eu seria assassinada por meu pai quando
voltássemos.
— Que bobagem, seu pai é um homem incrível.
Olhei para ele imaginando que o encontraria rindo, mas não,
ele falava a sério.
— Talvez não estejamos falando da mesma pessoa. -
respondi desviando o olhar.
— Eu admiro muito o seu pai, minha família vem de uma
longa tradição na área de advocacia, eu fui o primeiro a me
interessar por uma carreira política e meu pai não aprovou.
— E onde o meu pai entra nisso?
— Eu o conheci em um congresso do partido, eu fui até lá
para fazer contatos e sondar o terreno.
— E acabou caindo nas graças do senador Johnson. -
concluí.
— Sim.
— Isso foi antes ou depois de me conhecer em Los Angeles?
— Depois. Eu precisava ver você, mas em minha defesa, ele
sabe que fui até lá, só fingi não te conhecer agora a pouco para não
ter que dar explicações para a minha família, mas para todos os
efeitos, nos conhecemos agora.
— Mas ele sabe o que houve? – perguntei.
— Não. - Ele respondeu baixo, olhando para o mar.
— É uma pena saber que o Adan não existe, eu gostei muito
dele. - falei me sentindo triste.
A lembrança doce que guardei daqueles dias tinham perdido
o brilho.
— Fui eu mesmo aqueles dias com você. - Ele se justificou.
— Certo. - Mostrando claramente que não acreditava nele.
— Você também não foi sincera. - Ele falou irritado.
— As situações são bem diferentes, na verdade aquela é a
Amanda verdadeira, e essa aqui é a mulher com quem você vai se
casar. - falei abrindo os braços.
— Ei, eu gostei da garota que conheci na praia.
— Ela ficou em Los Angeles. - avisei olhando o mar.
Ficamos em silêncio alguns segundos, até ele voltar a falar.
— Seu pai não explicou porque o nome falso. - Senti que ele
olhava para mim, mas continuei assistindo as embarcações
navegarem até a marina.
— Era isso ou viver rodeada de seguranças, o que seria o
mesmo que continuar aqui. Em Los Angeles poucas pessoas sabem
quem eu sou de verdade, estive escondida dentro de casa a maior
parte do tempo. - falei sem explicar o motivo.
— E por que isso? - Ele perguntou segurando no meu braço.
— Ei, Sam, eu quero sorvete. - Carol voltou para perto de
nós, descabelada e suja de areia.
E eu agradeci mentalmente sua interrupção.
— Vamos tomar sorvete então, o que vai querer? - Ele
perguntou para a irmã.
— Um bem grande, na taça, com calda e tudo o que tenho
direito. - Ela respondeu empolgada.
— Você sabe que a sua mãe vai reclamar.
— O papai não vai deixá-la brigar. Você vai tomar sorvete
também, Amanda?
— Claro, por que não? - respondi enquanto voltávamos para
a sede, com Samuel carregando as sandálias da irmã.
A volta para casa foi tensa, eu não via a hora de poder me
trancar em meu quarto.
— Essa noite temos um baile beneficente, esteja pronta às
oito. - Meu pai avisou quando sai do carro.
Olhei para ele sem acreditar no que ouvi.
— Mas...
— Às oito horas Amanda, e o Samuel vai conosco, vocês
precisam ser vistos juntos, não se atrase porque vamos de
helicóptero.
Dito isso, ele entrou na biblioteca, me deixando sozinha com
a minha mãe.
— Filha...
— Agora não mãe, eu preciso de um tempo. - falei subindo a
escada quase correndo.
Mal tive tempo de trancar a porta do quarto antes ter uma
crise nervosa.
Capítulo 3

Amanda
Um vestido verde escuro, longo, estava pendurado na porta
do meu closet, assim como o sapato no mesmo tecido e as joias
que acompanhariam o traje.
Só os notei quando consegui me controlar, e em um raro
acesso de raiva, arranquei meus sapatos e os joguei longe.
Senti um alívio pelos segundos de rebeldia, então fiz o
mesmo com a roupa e em seguida soltei o cabelo, coisa que meu
pai detestava.
Eu estava me revoltando contra um destino que eu já sabia
ter sido traçado para mim há muito tempo, mas mesmo assim
estava difícil me controlar depois que senti como era ter outra vida.
Percebi que não estava preparada para me despedir da
Califórnia e tudo o que ela representava.
Liberdade, estudos, David... empurrei longe o último
pensamento.
— Filha, precisa de ajuda para se arrumar? A Meg vem
arrumar o meu cabelo às quatro. - Minha mãe perguntou do outro
lado da porta.
— Eu me viro, não se preocupe. - respondi sem abrir a porta.
— Certo, qualquer coisa me chame.
— Obrigada. - respondi e a ouvi se afastar.
O relógio marcava duas horas da tarde, sem me preocupar
em vestir uma roupa, me joguei na cama usando apenas calcinha e
sutiã, e dormi quase que imediatamente.
Acordei com a batida insistente na porta.
— Amanda, olha a hora. - Minha mãe falou e mais uma vez a
ouvi se afastar assim que respondi.
Inferno.
Olhei o relógio e pulei da cama, eu tinha pouco mais de uma
hora e meia para estar pronta.
Eu me enfiei embaixo do chuveiro, tomei um banho rápido e
me concentrei em meu cabelo.
Eu não o queria preso, então encontrei uma fivela cravejada
de esmeraldas que combinava com as outras joias que me foram
enviadas.
Prendi o cabelo de lado, fiz a minha maquiagem e comecei a
me vestir, nisso só me restava meia hora.
Vinte minutos depois eu estava pronta e não me reconheci no
espelho.
A universitária estava se despedindo aos poucos, enquanto a
dama da sociedade vinha à tona.
— Amanda? - Mais uma vez minha mãe bateu em minha
porta e dessa vez eu a abri.
— Estou pronta mãe, podemos ir. - respondi passando por
ela.
— Certo, seu pai e o Samuel nos esperam.
Eles estavam no pé da escada, os dois impecavelmente
vestidos, Sam era bonito, com origem latina, ele me tirou o fôlego
quando o vi pela primeira vez ao me salvar de um atropelamento,
que agora acredito ter sido arranjado.
Assim como o meu pai estendeu a mão para a minha mãe,
ele fez o mesmo para mim, e ao tocar seus dedos eu percebi que o
encanto havia se quebrado.
Eu não senti nada.
— Você está linda. - Ele falou beijando minha mão.
— Obrigada. - respondi forçando um sorriso.
— Vamos logo, não quero chegar tarde, tem uma porção de
pessoas que você precisa conhecer Samuel. - Meu pai falou,
levando minha mãe para fora de casa.
Assim era o meu pai, contatos políticos era o que o moviam.
Deixamos a casa e logo estávamos no ar, em direção ao tal
baile onde só a nata da sociedade estaria presente.
Como eu esperava, foi um festival de sorrisos falsos e alegria
forçada, eu estive longe daquilo por quatro anos e não sentia a
menor falta.
— Você poderia ao menos fingir se interessar pela causa. -
Samuel resmungou parado ao meu lado, girando o seu drink no
copo.
— Eu estive em mais desses bailes do que poderia desejar.
— Você está sendo esnobe. - Ele respondeu erguendo a
sobrancelha.
— Não seja ridículo, eu conheço a fundação que será
beneficiada, fingir uma alegria que não sinto não fará diferença a
essas crianças. - respondi amarga.
— Porque não vão dançar um pouco, o jantar ainda vai
demorar, só depois poderemos circular. - Meu pai falou enquanto
pegava uma taça de champagne da bandeja do garçom que
passava por nós.
— Eu acho... - Comecei a falar.
— Ótima ideia senador, vamos querida, dançar vai lhe fazer
bem. - Samuel me cortou e saiu me puxando para o salão onde
outros casais dançavam.
— Por que isso agora? - perguntei quando me vi presa em
seus braços.
— Você está longe de parecer uma noiva feliz e as pessoas
começam a notar.
— Eu quero que essas pessoas se fo...
— Opa, opa, se acalme. - Ele me cortou.
Olhando para os lados, Samuel me puxou para fora do salão,
através das portas do jardim.
A noite fresca pareceu me devolver um pouco de vida.
— Grande parte dessas pessoas financiam a carreira política
do seu pai, ofendê-las não é uma boa ideia. - Ele começou a falar
assim que nos vimos a sós no imenso jardim.
Eu me afastei em silêncio, tentando me manter sã, mas a
revolta crescia cada vez mais, dentro de mim.
— Eu não posso fazer isso Samuel. - falei de costas para ele,
que ficou em silêncio e achei que havia sido deixada sozinha.
Girei o corpo para procurá-lo e fui surpreendida por seus
braços que me enlaçaram pela cintura, em seguida eu estava sendo
beijada e procurei pelo carinho que senti quando nos conhecemos
há meses.
E não o encontrei, na verdade, eu não senti nada, nosso
breve romance foi uma tentativa, minha, em tirar alguém da cabeça.
Alguém inalcançável para mim.
Eu me deixei ser beijada, mas não correspondi e depois de
um tempo ele me soltou.
— Eu gostei de estar com você na praia, gostei de sentir o
seu corpo sob o meu, sei que sua primeira vez não foi fantástica,
mas não tivemos tempo de estarmos juntos de novo, pois sua amiga
voltou e não nos deixou um minuto sozinhos.
Fechei os olhos tentando colocar os pensamentos em ordem.
— Escute, Adan...
— Samuel, ou Sam, se preferir, eu sou o Samuel, Adan não
existe, quando voltei de lá eu aceitei os planos do seu pai para mim,
mas também tenho os meus planos, sei o que ele quer, só que não
sou um boneco para ser manipulado.
— E nem eu. - respondi seca.
— Esse casamento vai acontecer Amanda, é a vontade do
seu pai, você sempre soube que esse seria o seu destino, casar
com um homem que se encaixasse nos joguetes dele.
Dei um passo para trás, saindo de seus braços.
— Eu sei, mas ainda tenho uma semana de liberdade,
Amanda Sanders tem direito a uma última semana de vida e vou
aproveitar isso.
Ele colocou as mãos nos bolsos e me encarou.
— Entendi.
Nesse momento a banda parou de tocar e o jantar foi
anunciado.
— Finja descontração, na volta para casa resolvemos isso.
Com essas palavras, ele segurou em meu braço e voltamos
para o baile.
As quatro horas seguintes foram uma tortura, meu pai
circulava pelo salão apresentando Samuel como a grande solução
para os problemas do mundo, mais alguns anos e talvez até
tentassem lançá-lo como candidato à presidência.
Que Deus me ajudasse.
— Tudo bem, querida? - Minha mãe perguntou tocando
minha mão.
Estávamos sentadas ainda a mesa de jantar, junto a algumas
senhoras que também tinham seus maridos circulando pelo baile.
— Sim. Eu vou ao toalete, já volto. - Avisei deixando a mesa.
Enrolei um pouco lá dentro e quando estava saindo uma
garota entrou e ficou encostada na porta, me encarando.
Pelos trajes, ela obviamente não estava no baile, seu All Star
e jeans não davam margens a dúvidas.
— Então você é a tal. - Ela falou me olhando.
— Acho que estou em desvantagem querida, não faço ideia
de quem seja você, ou de onde saiu. - respondi cansada daquele
longo dia.
E acertei na mosca, pois toda a empáfia da garota
desapareceu por alguns minutos.
Até ela estufar o peito e voltar a falar.
— Eu que deveria me casar com o Sam, esses eram os
nossos planos até você aparecer.
Segurei o riso e a encarei cruzando os braços.
— Você quis dizer até as ambições políticas dele aparecerem
e ele perceber que precisava de um casamento com uma pessoa
que o ajudasse.
Novamente ela murchou, se ela queria lutar pelo homem que
amava, não seria daquela forma.
— Ele vai perceber que sou a pessoa certa para ele e desistir
desse casamento.
— Ótimo, lute pelo que quer, já que eu tenho as mãos atadas
a este respeito. - falei a afastando da porta.
Ela piscou confusa.
— Como assim?
Parei segurando o trinco e me virei.
— Qual o seu nome?
— Mônica.
— Pois bem Mônica, o seu príncipe encantado não é o meu
príncipe encantado, cabe a você fazê-lo mudar de ideia.
Deixei o banheiro para trás e com ele, uma garota que mais
parecia uma adolescente, disposta a tudo pelo meu "noivo".
Grande noite.
Avistei minha mãe em uma roda de mulheres e tive vontade
de ir na direção contrária, mas acenei e me juntei a ela.

Horas mais tarde


Quando finalmente meu pai se deu por satisfeito com os
contatos que fez, resolveu que podíamos ir embora.
Eu me sentia um corvo, de mau humor, cansada, com frio,
pois o tempo mudou durante o jantar, e pensando na garota do
banheiro.
Assim que entramos em casa, Samuel pegou o seu paletó
que estava sobre os meus ombros e segurando minha mão, chamou
pelo meu pai, que caminhava em direção a escada.
— Algum problema?
— Não, nenhum senhor, a Amanda me falou que tem
algumas coisas para resolver na Califórnia e que o senhor deu a
próxima semana para ela fazer isso.
— Exatamente.
— Bem, ela cumpriu sua agenda hoje e sabemos que
amanhã o senhor e a senhora Lee terão que voar para Washington,
então acho que ela pode voltar amanhã para Los Angeles e
começar a arrumar sua mudança.
— Como assim? Quando resolveram isso? - Meu pai
perguntou estreitando os olhos.
Definitivamente Samuel não conhecia o senador o suficiente,
ou jamais falaria com ele daquela forma.
— Durante o baile, depois que o senador Jefferson avisou
que teriam que estar em Washington amanhã.
Meu pai olhou para nossas mãos unidas e com um sorriso de
lado, concordou com a minha partida antecipada.
— Tudo bem, vá se despedir de seu noivo e depois vá
descansar, amanhã te levarão de volta a Los Angeles.
Ainda em choque, eu agradeci.
Meus pais subiram e me vi acompanhando Samuel até o seu
carro.
— Sei que você não tem ninguém lá, mas só para reforçar,
você é minha, fui o seu primeiro homem e serei o único, não se
esqueça disso, vejo você no próximo fim de semana. – ele falou
entrando em seu carro.
— Samuel, quem é Mônica? – perguntei de repente.
Ele ficou pálido na mesma hora.
— Ninguém.
— Ela é alguém e pela sua palidez, alguém importante.
— Não, você está enganada, não é ninguém importante.
Dizendo isso, ele ligou o carro e foi embora.
Levei alguns segundos para processar o que tinha acabado
de acontecer, e então fui direto para o meu quarto, louca para
aprontar a minha mala.
Na manhã seguinte os meus pais voaram para Washington
enquanto eu embarcava de volta à Califórnia, meu dia de Ação de
Graças seria na paz do meu apartamento, como desejei desde o
início.
Amanda Sanders estava de volta e ainda tinha uma semana
de sobrevida.
Assim que cheguei chamei pela Karine no WhatsApp, ela
respondeu que não podia conversar e que não voltaria depois do
feriado, pois ficaria em casa com a mãe durante aquela semana.
Imediatamente eu tentei ligar para ela, sem sucesso. Nós
precisaríamos combinar o que faríamos sobre o apartamento.
Eu me joguei na cama pensando no que fazer, meu
estômago mais uma vez reclamou de fome, eu estava me
descuidando e passando muito tempo sem comer, coisa que não
devia fazer.
Retirei algo do freezer e deixei no micro-ondas enquanto
passeava pelo apartamento e decidia o que fazer o resto da tarde.
Depois de comer, troquei de roupa, me vestindo de gente
normal e deixei o apartamento em direção à praia, eu queria ver o
fim da tarde sentada na areia da praia e foi o que fiz.
De short, camiseta e chinelo, coloquei uma toalha sobre a
areia e me sentei, olhando o movimento do fim de tarde. De longe
dava para ver o movimento das pessoas no píer de Santa Mônica, o
parque fervilhava de gente e percebi que nunca fui lá.
Vários surfistas ainda estavam no mar e fiquei olhando-os
surfando, até um deles chamar a minha atenção enquanto saia da
água com a prancha embaixo do braço.
Professor David, era ele, fiquei olhando-o caminhar até duas
garotas e parar para conversar, eu as reconheci também, ambas
eram alunas da faculdade e depois de conversarem um pouco,
deixaram a praia juntos.
Suspirando, voltei a olhar o mar, eu estava ali para me
despedir daquela praia e mais uma vez afastei meus pensamentos
daquele homem.
Capítulo 4

David
Quarta-feira
Passei todo o fim de semana pensando nela e quando a
terça-feira passou e ela não me procurou, comecei a me preocupar.
— Amanda! Fique. Preciso falar com você. - avisei assim que
a aula terminou.
Percebi Sharon parar perto dela e prestei a atenção no que
falavam enquanto guardava minhas coisas.
— Tudo bem, Amanda?
Amanda olhou para ela antes de responder.
— Sim, tudo certo.
— Tem certeza? Quer que eu te espere?
— Não precisa, obrigada.
— A Karine não voltou ainda? - Ela insistiu.
— Não, acho que só semana que vem.
— Certo, vou esperar por você lá fora.
— Não precisa, daqui a pouco eu te encontro na próxima
aula.
Relutante, a morena se afastou me olhando até sair.
Um a um os outros alunos também deixaram a sala de aula,
até ficarmos apenas nós dois.
— Onde está sua amiga? – perguntei enquanto fechava
minha bolsa.
— A Karine?
— Isso.
— Foi visitar a família no feriado e ainda não voltou, se o
senhor quiser falar com ela, acho que só na próxima semana. - Ela
respondeu ficando em pé.
— Quero apenas saber se ela deu o meu recado. - perguntei
parado ao lado da minha mesa.
— Que o senhor queria falar comigo?
— Esse mesmo.
— Sim, ela avisou.
— E por que não me procurou?
Parecendo nervosa, ela mordeu os lábios rosados, me
deixando louco por prová-los.
— Amanda? - chamei seu nome me aproximando de sua
mesa.
— Desculpe professor, eu não... – Ela balbuciou e ficou
muda.
— Você não, o que? - parei na sua frente, de braços
cruzados.
Ela baixou a cabeça, seu comportamento submisso me fazia
desejá-la ainda mais.
A garota era a imagem da inocência, tudo nela me tentava e
com muito esforço me mantive afastado dela por todo esse tempo.
— Você prefere fazer essa matéria de novo no ano que vem?
— Não... - Ela começou e parou, me encarando através dos
óculos.
Seus olhos azuis me lembravam o céu.
— Então esteja na minha sala em dez minutos. – falei virando
de costas.
— Professor...
— O quê?
— Eu estou... - mais uma vez ela parou, parecia ter
dificuldade de falar.
— Diga Amanda, você está o quê?
— Eu não vou...
Eu já sabia o que ela ia dizer e a cortei, a putinha da Karine
havia falado demais.
— Junte suas coisas e venha comigo. - ordenei colocando
minha bolsa atravessada no ombro.
— Mas ainda tenho uma aula.
— Agora, Amanda. – exigi.
Rapidamente ela juntou seu material e abraçou o caderno
contra o peito.
— Venha. – chamei.
Se eu não fizesse nada, a garota iria escapar por entre meus
dedos, e eu não podia deixar isso acontecer, talvez tivesse
esperado tempo demais.
Atravessamos os corredores da universidade repletos de
alunos, eu sentia os olhos nos seguindo a cada passo, seria
impossível entrar com ela em minha sala sem chamar a atenção.
Parei de repente e senti seu corpo bater contra as minhas
costas.
— Oh, desculpe. - Ela sussurrou.
Olhei para trás e para baixo, assim tão perto eu pude
perceber que ela alcançava meu peito.
Fiquei imaginando-a tão pequena em meus braços.
Aspirei fundo seu perfume e sacudi a cabeça, ali não.
— Você tem uma aula agora, certo?
Ela ajeitou os óculos antes de responder.
— Sim, tenho uma aula de Filosofia agora.
Olhei para o meu relógio, minhas aulas estavam encerradas,
mas eu teria que esperar por ela.
— Eu tenho algumas provas para corrigir, assista sua aula e
venha me procurar, estarei em minha sala te esperando.
Ela levou alguns segundos para responder, aqueles grandes
olhos fixos em mim estavam acabando comigo, eu estava à beira de
cometer uma loucura.
— OK. - Ela responde se afastando.
— Amanda?
— Oi?
— Nem pense em ir embora sem me procurar, fui claro?
— Sim.
— Sim, o quê?
— Sim, senhor. – Meu pau se retesou quando ouvi essas
palavras saírem de sua boca.
— Ótimo, estarei em minha sala esperando por você. – falei
entre os dentes.
— Mas o senhor não costuma ficar até tão tarde. – Ela
perguntou me surpreendendo ao demonstrar que prestava a
atenção em meus hábitos.
Eu precisava descobrir como era estar com ela.
Suas boas maneiras, sua voz serena, suas roupas discretas,
ela parecia uma flor pronta para ser colhida.
Até colar de pérolas ela usava, sobre uma camiseta básica e
jeans, mas nela, era elegante.
Merda, eu estava enganando quem? Eu a queria para mim,
mesmo que isso custasse meu emprego.
— Eu vou ficar te esperando. – avisei.

O tempo pareceu se arrastar, eu parecia um animal enjaulado


durante os quarenta minutos seguintes, e quase saltei sobre a mesa
quando ela bateu na porta.
— Entre. – Dei a ordem, me levantando.
Amanda entrou e parou encostada a porta.
— Venha, sente aqui. – falei indicando o sofá e me sentei
nele também.
— Professor...
— David. – Eu a corrigi.
— Oi?
— Me chame de David.
Ela sentou no sofá e eu deslizei para o seu lado.
— Certo Amanda, você sabe o que aconteceu aquele dia?
Dessa vez ela não se fez de desentendida.
— Sim.
Inferno, Karine.
— Me diga o que sua amiga te falou depois que saiu da
minha sala?
— Nada, disse apenas que tudo estava resolvido.
— Então?
— Ela me disse o que pretendia fazer para melhorar a nota.
— E você deduziu que...
— Prof... David, eu conheço minha amiga e sei sua fama,
então por favor, não tente dizer que não aconteceu o que sei que
aconteceu.
— Por isso não foi me procurar?
— Eu não sou como ela, você não é o primeiro a pensar
assim por nos ver juntas.
— Só um idiota para pensar em algo assim, você não tem
absolutamente nada parecido com ela.
Ela abaixou a cabeça, a valentia em me enfrentar havia ido
embora.
— Por que então?
Eu não tinha uma resposta.
Eu me virei, ficando de frente para ela, que levantou a
cabeça, seus olhos estavam fixos em mim.
Tirei seus óculos, colocando sobre a mesinha ao lado e
toquei seu pescoço, deslizando a mão até seu rosto, acariciando
seus lábios com um dedo.
— Eu vou te beijar. – avisei e sem lhe dar chance de
resposta, cobri sua boca.
Merda, merda, merda.
Eu senti meu pau mais duro do que já havia sentido na vida.
Eu queria me afundar dentro daquela menina até me sentir
totalmente engolido por sua boceta.
— Espere. – Ela pediu me empurrando levemente.
— O que foi?
— Eu não consigo pensar com você me beijando. – Ela
explicou ofegante.
— Ótimo carinho, não pense, apenas sinta.
Voltei a cobrir seus lábios com os meus e me surpreendi
sendo correspondido, seus lábios macios acariciavam os meus e
como se tivessem vontade própria, minha mão livre buscou seus
seios.
Eles eram firmes, macios, seus mamilos duros apertavam a
palma das minhas mãos.
Eu precisava prová-los.
Girei nossos corpos e com delicadeza eu a deitei no sofá,
sem deixar de beijá-la.
Desci a mão por seu corpo, até tocar sua boceta por cima da
calça e apertei a mão, ouvindo-a arfar com a carícia.
Mordiscando seu pescoço, eu puxei sua camisa de dentro da
calça e levantei, deixando aquelas duas delicias nuas, ela não
usava sutiã, e os dois apontavam para mim. Minha boca salivou
enquanto eu abocanhava seu seio, me deliciando como o contato.
Seus gemidos estavam me deixando louco, eu precisava
provar cada centímetro daquele corpo e enquanto chupava seu seio,
sentia o mamilo duro contra o céu da boca, me deixando maluco.
Eu me apoiava no cotovelo, recostado sobre ela, abracei seu
corpo com o braço apoiado e com a outra mão abri sua calça,
deslizando a mão para baixo dela e dentro de sua calcinha.
Seu corpo pulou quando toquei seu clitóris, parecia seda
quente sob meus dedos.
— Ohhh... – Ela chiou e olhei em seu rosto perfeito.
Os olhos fechados, a boca aberta formando um "O", ela se
apoiava nos cotovelos e tentava buscar ar.
Minha boca não deixava seus seios em paz, eles eram duas
delicias que eu não conseguia ficar longe, não ali, com eles tão ao
meu alcance, meus dedos também não deixavam seu clitóris em
paz, sua boceta estava cada vez mais molhada e eu já estava
imaginando seu gosto em minha boca.
Ouvi barulho no corredor e saltei, correndo trancar a porta,
voltei rápido para o seu lado, antes que ela voltasse a pensar.
A visão que tive era como olhar o paraíso.
Puxei sua calça, levando junto sua calcinha, ela
automaticamente abriu as pernas e eu me encaixei no meio delas,
sua boceta era rosa, como eu imaginei e estava tão molhada que
brilhava, varri toda ela com a língua, e me concentrei em chupar seu
clitóris já sensível. Ela pulou gemendo e rebolando, firmei a palma
da minha mão sobre seu ventre, segurando-a no lugar e empurrei
minha língua dentro dela.
— Oh céus... – Ela gemeu de olhos fechados, empurrando o
quadril em minha direção.
Sua boceta se desmanchava em minha boca, seu gosto era
minha perdição, acariciei sua entrada com um dos dedos e algo me
ocorreu.
— Querida? – Eu a chamei.
Ela estava tão longe que não ouviu meu chamado.
— Ei, pequena...
— Hum?
— Você é virgem?
— Oi? – Ela perguntou confusa.
— Você é virgem, carinho?
Eu queria a verdade, se ela fosse, eu não passaria dali,
senão...
— Oh, não, eu não...
Foi o suficiente, um predador que estava sufocado dentro de
mim e eu nem sabia, não gostou da resposta, eu queria ser o seu
primeiro e único, sacudi a cabeça empurrando esse pensamento
para longe, voltei as carícias, deslizando dois dedos dentro dela,
enquanto a chupava.
Seu corpo suava e tremia, minha gatinha estava prestes a
gozar e eu queria provar cada gota dela.
— Ohhh... eu... - Ela gemeu novamente.
Suguei com mais força e ela veio para mim, se desfazendo
em minha boca.
Meu pau latejava dentro da calça, implorando por ela,
querendo estar dentro daquela boceta que mais parecia um favo de
mel.
Sem parar para pensar, empurrei minha calça junto com a
cueca, jogando ambas no chão.
— Deite direito, querida. – pedi.
Ela puxou a própria camisa e arremessou no chão, junto das
minhas roupas e se arrumou no sofá, abrindo as pernas para mim.
Empurrando para longe qualquer pensamento racional, eu
me ajeitei sobre ela e deslizei o meu pau sobre suas carnes
molhadas, enquanto a abraçava e cobria seus lábios com os meus.
Sua boca macia se abria para me receber, assim como o seu
corpo, me afastei e com um só impulso eu me vi dentro dela.
Ela era quente, apertada, e estava molhada de seu gozo,
aquela delícia era muito mais do que imaginei, muito mais do que
sequer sonhei, eu me perguntei se era possível ficar viciado em uma
pessoa depois de estar com ela uma única vez.
Seus gemidos me trouxeram de volta a realidade, ela agitava
o quadril embaixo de mim, procurando algum atrito que a levasse a
um novo orgasmo.
Comecei a me mover, com estocadas leves a princípio, me vi
aumentando o ritmo, instigado por seus gemidos de tesão, ela
estava cada vez mais molhada, seu corpo inteiro grudado ao meu,
suado, suas mãos em garras apertavam meu ombro, afundando
suas unhas bem feitas em minha carne.
— Mais... mais... por favor... – Ela implorou, se fechando ao
meu redor, enquanto cruzava as pernas em minhas costas.
Ela queria mais? Então eu daria mais, eu daria tudo a ela, ela
também não iria querer outro homem quando eu acabasse.
Ajoelhando-me no sofá, eu empurrei suas pernas para cima,
segurando-as juntas, apertando sua boceta fechada sobre meu
sexo, e então dei o que ela queria, aumentei a força das estocadas,
empurrando firme e cada vez mais rápido dentro dela.
Quase sem fôlego, coloquei mão no meio de suas pernas em
busca do clitóris, ela tremeu e explodiu, me levando junto com ela.
Sem forças, desabei sobre seu corpo e girando para ficar
embaixo, abracei seu corpo e fechei os olhos, sem forças, mas senti
meu pau ainda duro, eu queria mais, com um sorriso eu relaxei,
pensando que a próxima seria ainda melhor.

Quando os abri novamente, senti falta de seu corpo sobre o


meu, olhei em volta e a encontrei se vestindo.
— Onde pensa que vai? – perguntei insatisfeito.
— Para casa. – Ela respondeu enquanto fechava a calça.
— Ainda não terminamos. – falei me sentando.
— Sim terminamos, eu preciso arrumar minhas coisas, tenho
um avião para pegar em dois dias. – Ela explicou pegando seu
material.
— Como assim? Que avião? – perguntei confuso.
— Eu estou deixando a cidade.
— Por quê? – Eu me senti alarmado.
— Olhe professor, eu não vim te procurar porque eu estou
voltando para casa, meu pai sempre foi contra minha vinda para a
faculdade, mas me deixou frequentar enquanto procurava um noivo
para mim, eu já tranquei o curso, foi meu último dia de aula.
— Noivo? – pulei do sofá e me vesti apressado.
Eu não sei o que havia com a minha cabeça, mas eu não
podia deixá-la ir assim.
— Eu me caso em algumas semanas, fui informada no
feriado, quando eu o conheci. – Ela explicou com a voz monótona,
sem qualquer expressão, como se comentasse um cardápio.
— Você não pode...
— Eu devo, você não entende, eu... eu preciso ir. – Seu olhar
finalmente me disse algo, me disse que ela não queria aquilo.
— Amanda, você não pode ser forçada a se casar contra a
vontade.
— Adeus, o que aconteceu aqui foi maravilhoso, vou guardar
para sempre comigo. – Ela falou me deixando sozinho.
Fiquei parado no meio da sala, sem ação, como assim ela
estava indo embora?
Corri atrás dela e encontrei os corredores vazios e na
penumbra, a noite já havia caído, ouvi então a porta da entrada
batendo, travando, agora só o zelador conseguiria abrir.
— Inferno. – resmunguei voltando para minha sala.
Sobre a mesinha de canto, seus óculos repousavam,
esquecidos, o apanhei apressado e fui à procura do zelador.
Capítulo 5

Amanda
Aquilo não devia ter acontecido.
Saí apressada de sua sala, decidida a não olhar para trás,
aquilo não podia ter acontecido, não agora.
Passei quatro anos sendo mantida longe dele, e agora que
estava de partida...
Olhei em volta e vi que o estacionamento estava deserto,
apenas o meu carro e a moto dele estavam lá, olhei para a moto
lembrando todas as vezes em que sonhei andar nela, agarrada a
sua cintura, sentindo o seu corpo contra o meu.
Sacudindo a cabeça, entrei no carro e deixei o campus da
universidade para trás, ele e tudo o que representava,
principalmente o meu professor, o homem que amei e odiei em
segredo nos últimos quatro anos.
Acelerei o carro com pressa de chegar em casa, decidida a ir
embora imediatamente.
Quando virei a esquina onde morava, percebi que ele estava
descendo da moto, e ficou parado ao seu lado.
Nervosa, parei o carro e o observei por alguns segundos.
Como um homem podia ser tão lindo? Tão perfeito? Tão
gostoso? E tão sem vergonha?
Saber de suas aventuras com as outras alunas me
machucaram durante todos esses anos, cada novo boato que surgia
era uma nova estaca em meu coração.
Desci do carro e bati a porta, o que afinal ele estava fazendo
ali?
Como se atrevia a vir atrás de mim? Afinal, já teve o que
queria e eu teria sua lembrança para mim, guardada no peito.
Ele parou de braços cruzados ao lado da moto, cada
centímetro de seu corpo era uma tentação.
— O que está fazendo aqui? - esbravejei, irritada.
— Ainda não terminamos.
— Sim, terminamos, eu estou partindo, esqueceu?
Fui surpreendida por Sharon que passou por nós com o
namorado e quase parou.
— Precisamos conversar, você decide onde, aqui no meio da
rua com todos olhando ou lá dentro. - Ele falou, apontando meu
prédio com a cabeça.
Olhei a nossa volta e percebi que começávamos a chamar a
atenção.
— Espere aqui. - falei voltando ao meu carro, onde peguei o
material e a bolsa.
Ele ficou me olhando, seguindo meus movimentos.
— Vamos. - chamei, entrando no prédio.
Em silêncio, caminhamos juntos até a porta do meu
apartamento, que destranquei.
A primeira coisa que vi foram as três malas encostadas ao
lado do sofá, percebi seu olhar sobre elas também.
— Você falou sério sobre estar indo embora. - Sua voz saiu
baixa e rouca.
— Sim, é sério.
— Como não fiquei sabendo disso?
— Eu tratei direto com a reitoria, eu ia simplesmente
abandonar, mas me convenceram a trancar o curso.
— Isso significa que você pode voltar mais tarde e terminar.
Neguei com a cabeça.
— Não David, isso não vai acontecer, essa Amanda que você
conhece deixará de existir assim que eu pegar o avião.
— Então vá de carro, me deixe levar você até lá, deve dar
quantos dias daqui até a Carolina do Sul?
Carolina do Sul. Ele sequer sabia quem eu era de verdade.
— Você tem que trabalhar e eu preciso voltar para casa o
quanto antes.
Ele se aproximou, segurando minha cabeça entre as suas
mãos.
— Eu não posso deixar você partir.
— Não é como se você tivesse algum direito de opinar. – Eu
o lembrei.
— Não estou opinando, estou pedindo, você não pode ir.
Engoli em seco, eu queria me atirar em seus braços.
— Quatro anos. – sussurrei. — Você teve quase quatro anos,
e agora resolveu me acrescentar a sua longa lista de conquistas.
Ele me soltou e se afastou andando pelo apartamento.
— Pode me chamar de louco, mas eu quero você desde o
primeiro dia.
— Então por que ficou longe? Por que todas as outras menos
eu?
— Sexo fácil, nunca obriguei ninguém, apenas peguei o que
me ofereceram. – Ele falou se defendendo.
— Ainda não entendo.
— Você simplesmente me parecia algo que eu não podia
tocar, Amanda.
— E você tocou todas nesse campus, menos em mim. –
acusei.
— Eu não achava certo, era como se eu fosse sujar você se
a tocasse.
— E o que mudou?
— Vamos entrar no último semestre e senti que precisava
tentar.
— E a Karine?
— Ah, Karine é uma... - Ele parou percebendo que ergui a
sobrancelha. — Ela foi um erro.
— Entendi, mas agora é tarde demais.
— Não foi tarde demais, basta você não ir, fique Amanda,
fique comigo.
— Ficar aqui significaria romper com a minha família, você
vale esse sacrifício, David? - perguntei tentando magoá-lo, para que
fosse embora.
— Não, eu não acho que valha tudo isso, mas o que sinto...
Neguei mais uma vez.
— Não fale em sentimento, você só queria transar comigo e
conseguiu, se tivesse tentado antes, com certeza já teria
conseguido há muito tempo.
— Eu quero mais de você, fique e vamos descobrir onde isso
vai dar.
— Não posso.
— Quando você parte?
— Eu deveria partir sexta, mas resolvi ir antes.
— Fique e passe os próximos dias comigo.
Neguei com a cabeça.
— Não acho uma boa ideia.
— Não pense, apenas venha comigo, pegue alguma muda de
roupa e vamos sair daqui. – Ele falou sério.
— Isso é loucura.
— Que seja, você tem dez minutos ou vai assim mesmo, ah
leve seu biquíni também.
Sem parar para pensar muito, corri até meu quarto
apanhando algumas roupas e colocando em minha bolsa.
Voltei a sala e ele me aguardava na porta.
— Pronta? – Ele perguntou me olhando.
— Aonde você vai me levar?
— Confie em mim.
Era louco, na verdade insano, mas o que eu tinha a perder?
Ainda tinha alguns dias de liberdade e ia aproveitar.
— Tudo bem.
Segurando minha mão, ele me levou escada abaixo e me
entregou seu capacete.
— Já andou de moto antes?
— Nunca. – respondi sentindo o coração acelerar.
— Então, só se segure firme em mim.
Montando na moto, ele me mostrou onde apoiar o pé e saiu
rua abaixo, em direção à praia, comigo abraçada a sua cintura.
Percorremos algumas quadras, o vento da noite era gelado,
mas logo ele parou em frente à sua casa.
— O que estamos fazendo aqui? Você nunca traz ninguém
aqui.
— Você não é ninguém, venha querida. – Ele falou
segurando minha mão enquanto subíamos a escada até sua porta.
Sua casa não era nada do eu tinha imaginado, decorada com
capricho, parecia um reduto masculino perfeito.
Ainda sem soltar a minha mão, fui levada através de um
corredor, onde ele abriu a porta e me mostrou seu quarto.
— Você é a primeira mulher que trago aqui.
— O que quer provar, David?
— Que você é minha. – Ele falou me puxando para os seus
braços.
Nossos corpos se enroscaram um no outro e me vi fora da
Terra mais uma vez, eu não exagerei quando disse mais cedo que
perdi a capacidade de raciocinar quando ele me beijou, eu, mais
uma vez estava perdendo o juízo.
Eu precisava dele de novo, meu corpo estava em chamas,
senti minha vagina úmida implorando por ele.
Ansiosa, eu puxei a camisa dele para fora de seu corpo, eu
queria sentir sua pele roçando a minha, eu queria deixá-lo marcado,
para que ele se lembrasse de mim por algum tempo, depois que eu
partisse.
Apressada, toquei sua pele por baixo da camisa e fui em
busca do zíper da sua calça, eu precisava de mais dele, eu queria
tudo.
— Espere. - Ele falou segurando a minha mão.
— Já que você veio atrás de mim, eu quero tudo o que eu
tenho direito.
— E terá querida, mas antes eu preciso provar cada
centímetro de você.
Minhas pernas foram abertas e logo em seguida eu senti seu
sexo dentro de mim, deslizando centímetro por centímetro, nada
nunca seria igual a sensação que eu estava sentindo.
Ele empurrou tudo até eu me sentir completamente
preenchida, todo o ar me fugiu e eu abri a boca, tentando recuperar
o fôlego e seus lábios cobriram os meus.
Logo seu corpo começou a se mover, seu pau parecia tão
grande que cada vez que era empurrado dentro de mim mais uma
vez fazia meu corpo ficar mais tenso, eu sabia que não demoraria a
gozar e queria retardar ao máximo esse momento.
— Deixe vir querida, a noite está apenas começando.
Ele parecia estar lendo minha mente, ou o meu corpo, pois
explodi em seguida, gritando o seu nome.
Ele diminuiu o ritmo, mas não parou, levei alguns segundos
para recuperar a mente e só então notei e havia fincado as unhas
em suas mãos, que estavam apoiadas na cama, perto da minha
cabeça.
Olhando em seus olhos eu soltei suas mãos, sem conseguir
deixar de olhá-lo.
— Bem-vinda de volta. - Ele sussurrou com um sorriso.
Devolvi o sorriso e o vi ficar de joelhos na cama, me
segurando pela cintura.
— Agora é minha vez de subir nessa montanha russa e você
vem de novo. - O sorriso malicioso dele sozinho já quase me fez
gozar outra vez.
As investidas voltaram a ficar fortes e dessa vez eram mais
rápidas, eu senti o novo orgasmo se construir dentro de mim em
segundos, uma tensão enorme crescia em meu corpo e eu me vi
incapaz de aguentar.
— Eu não... - Ele não me deixou acabar, seus dedos
buscaram meu clitóris mais uma vez e no primeiro toque eu explodi.
Não senti ele gozar dentro de mim e nem processei o que
aquilo poderia significar.
Quando abri os olhos ele havia me virado de costas e beijava
minha coluna.
Sorri preguiçosa.
— Você não precisa se recuperar, não? - brinquei e senti o
corpo arrepiar com as carícias.
— Eu quero aproveitar cada segundo com você. - Ele
respondeu e deu uma leve mordida na minha bunda.
Senti meu coração apertar, por alguns segundos eu esqueci
que tínhamos um relógio correndo contra nós.
— Sua pele parece seda, agora seja uma boa garota e se
ajoelhe, porque quero você de quatro agora.
Obedeci imediatamente e suas mãos me abriram para ele,
enquanto sua boca buscava meu sexo.
Tremi mais uma vez, antecipando o que ainda viria e o senti
empurrar dois dedos em minha vagina, mexendo os dois sem deixar
de me lamber.
— Quero ver você gozar de novo meu bem. - Ele falou
usando a outra mão para tocar meu clitóris.
Minha perna ficou trêmula e me vi gozando de novo, seus
dedos dentro de mim fazendo um barulho molhando enquanto
deslizavam em meu gozo.
Senti que ele forçou mais um dedo dentro de mim, fazendo
com que um gemido escapasse dos meus lábios.
— Deliciosa. - Ele falou e então os dedos se foram.
Suas mãos apertaram minha bunda, e então uma se afastou,
descendo um tapa estralado, que me fez saltar.
— Ei!
— Calma, empine bem essa bunda, porque eu vou te comer
assim querida, quero ver enquanto você engole meu pau. - Ele
avisou rouco, enquanto empurrava seu pau dentro de mim outra
vez.
— Como você pode estar tão duro? Você tomou alguma
coisa? - perguntei fazendo graça, enquanto ele empurrava o pau de
uma vez só.
— Com você eu não preciso disso. - Ele disse sem fôlego. —
Se prepare para sair da Terra de novo, querida.
Minhas pernas quase não suportavam o meu peso, cada vez
que seu pau afundava em meu corpo, meu ventre tremia e a tensão
aumentava dentro de mim.
Eu achava que não conseguiria gozar de novo, mas mais
uma vez eu me sentia perto de explodir em um novo orgasmo.
Ele tirou o pau e olhei confusa.
— Você é boa demais pra ser de verdade, eu quero ver você
me cavalgar como uma amazona, meu bem. - Ele falou se deitando
ao meu lado.
Seu pau estava entre os seus dedos, e ele fez sinal para que
eu subisse sobre ele.
Todo o ar fugiu dos meus pulmões quando me sentei,
sentindo seu pau ganhar espaço enquanto me invadia.
— Oh Deus! - gemi tentando encontrar fôlego.
— Isso querida, me engole inteiro, quero sentir sua bunda
batendo na minha coxa.
— Oh! David! - eu não sabia se seria capaz, ele era grande,
em tudo, e eu me sentia totalmente preenchida.
— Falta pouco linda. - O suor escorria em seu peito e testa.
— Eu não consigo.
— Sim, você consegue, apenas solte o corpo.
Uma de suas mãos mais uma vez encontrou meu
supersensibilizado clitóris, e começou a provocá-lo, fazendo com
que meu corpo relaxasse e aceitasse o que falta dele dentro de
mim.
— Oh céus!
— Deixe seu corpo se acostumar agora anjo, venha cá e me
beije.
Deitando sobre ele, com os joelhos firmados na cama, cobri
sua boca com a minha.
Suas mãos enlaçaram minha cintura, me prendendo no lugar
enquanto ele dava leves estocadas, se afundando e saindo de mim.
Meu cabelo parecia uma cortina, caindo sobre nós.
Conforme ele foi aumentando a velocidade, meu corpo se
preparou para um novo orgasmo e quando ele chegou foi tão
intenso que por segundos eu perdi os sentidos.
Acordei com ele beijando a minha testa.
— Descanse um pouco princesa, vou levar você até o céu
várias vezes esta noite.
E ele me levou muito além da Terra, foi com certeza a melhor
noite da minha vida e pela manhã, ao abrir os olhos, tive a visão do
seu corpo perfeito em repouso ao meu lado. Sorri me aninhando ao
dele e fechei os olhos novamente, aproveitando o momento.
Capítulo 6

David
Acordei com seu corpo quente enroscado ao meu, Amanda
era mais do que perfeita e eu precisava convencê-la a ficar, olhei
para seu rosto perfeito e me senti um idiota apaixonado.
A claridade que entrava pela janela me trouxe de volta a
realidade, e eu sabia que se a deixasse ir para seu apartamento, eu
não conseguiria mais chegar perto dela, minha menina era capaz de
pegar o próximo avião para fugir do que estava acontecendo.
Pulei da cama sem acordá-la e fui para a sala, a primeira
coisa a fazer era garantir minha folga na universidade pelos menos
por aquele dia, depois eu iria mostrar a ela uma Los Angeles que eu
tinha certeza de que ela ainda não conhecia.
Depois de falar com Rachel e explicar que precisava resolver
um problema pessoal, arrumei nosso café da manhã e fui acordar
minha menina.
Ela ainda dormia quando voltei ao quarto e deixando a
bandeja sobre o criado-mudo, me juntei a ela na cama, beijando seu
corpo delicioso.
— Hum... – seu gemido me mostrou que ela acordava.
Deslizei minha boca por sua pele quente, descendo pelo
abdômen reto e fui em direção a sua boceta, eu nunca me cansaria
daquela delícia molhada.
— Dave...
Não havia tempo para nenhuma espera, eu precisava dela
mais uma vez e rapidamente me desfiz da bermuda que usava.
— Eu preciso de você carinho, se abra pra mim... – pedi, me
encaixando entre as suas pernas.
Seus olhos estavam grudados nos meus enquanto eu
afundava meu pau dentro dela e parei, desfrutando de sua quentura.
Puxando o ar, ela deslizou os braços sobre meus ombros e
me puxou, cobrindo minha boca com a sua e meu corpo começou a
cobrar alguma ação.
Devagar, fui me movendo cada vez mais rápido, ela enlaçou
as pernas nas minhas e afundou os dedos em meus braços, me
fazendo sentir suas unhas entrando em minha carne.
— Mais, mais... – Minha menina pedia e eu dei o que ela
queria, aumentando o ritmo das estocadas e a levando a um rápido
orgasmo.
Senti o calafrio subir pela coluna e perdi o controle, gozando
mais uma vez dentro do meu anjo.
Nunca deixei de ter cuidado, nunca deixei de me prevenir,
parecia que eu estava me autossabotando.
Sem forças, me joguei para o lado, levando-a comigo, até tê-
la sobre o meu corpo.
— Preciso ir pra casa, você tem aula daqui a pouco. – Ela
falou levantando a cabeça.
— Hoje eu não saio de perto de você.
— Como assim? – Amanda perguntou se sentando do meu
lado.
— Estou de folga e nós vamos passar o dia fora, agora tome
um banho e coma seu café da manhã, estou lá na sala te
esperando, OK?
Havia um grande ponto de interrogação em seu rosto.
— David?
— Te espero lá embaixo meu anjo, não demore, tenho
algumas coisas programadas para o nosso dia e talvez seja bom
colocar o biquíni que pedi para trazer, a não ser que queira nadar
nua.
Sua cara de espanto foi minha resposta, sem esperar que
falasse alguma coisa, deixei o quarto e fui preparar uma cesta de
piquenique.

Ouvi seus passos pelo corredor vinte minutos depois,


encontrei-a na varanda, olhando a vista maravilhosa que eu tinha da
praia.
— Tudo pronto? – perguntei.
— Onde você quer me levar?
— Surpresa, mas dessa vez vamos de carro, pois temos
algumas coisas para levar. – falei pegando a cesta de cima da
mesa.
— O que é isso?
— Surpresa querida, já falei, vamos?
Com um sorriso desconfiado, Amanda me seguiu para fora
da casa.
Deixei a cesta no banco de trás do carro e abri a porta para
ela entrar, em alguns minutos estávamos na estrada a caminho de
uma praia em particular.
Praia Escondido era uma praia praticamente particular, entre
centenas de condomínios fechados havia um portão no meio da
vegetação e lá, depois de digitar uma senha, tive o portão liberado.
— Onde estamos David?
— Vou te apresentar um dos meus maiores tesouros, mas
não se preocupe é um tesouro da família. – brinquei enquanto
descíamos a escada até chegar a uma passarela que terminava na
areia.
Ouvi minha menina arfar atrás de mim quando finalmente
pode enxergar toda a extensão da praia a nossa frente. O lugar era
fantástico, realmente de tirar o fôlego.
— Isso aqui é perfeito. – Amanda falou extasiada.
— Eu sabia que você iria gostar. Vamos, este mar
maravilhoso está nos esperando. – chamei deixando a cesta de
piquenique na sombra, junto com nossas coisas.
Sorrindo, me desfiz da minha roupa e corri para o mar, onde
o sol refletia nas ondas.

Amanda
Eu estava sonhando ou em algum programa de TV?
Como fui parar em uma praia aparentemente deserta com o
meu professor? O homem que pareceu me ignorar durante os
últimos anos?
— Você vem ou tenho que ir até aí te buscar? – Ele gritou de
dentro da água.
Puxei a toalha de dentro da bolsa e a abri sobre a areia,
soltando a bolsa sobre ela, eu resolvi deixar o bom senso de lado de
vez e puxei minha camisa por sobre a cabeça, deixando a parte de
cima do biquíni a mostra e em seguida arranquei o short jeans.
Só então olhei para o mar, procurando por ele e o descobri
parado na beira da água, me olhando.
Ele esticou a mão me chamando e me vi correndo ao seu
encontro.
A água estava gelada quando bateu nos meus pés, mas ele
me pegou no colo e apesar de meus protestos, fomos para dentro
da água, onde ele me escorregou por seu corpo até meus pés
tocarem o chão.
— Está frio. – reclamei tremendo.
— Eu te aqueço princesa. – Ele falou me abraçando e mais
uma vez cobrindo meus lábios com os seus.
Eu me perdi naquele beijo e todo o frio foi embora, o mar não
estava agitado, na verdade, parecia uma piscina e quando ele me
levantou pela cintura, enlacei minhas pernas ao redor de seu
quadril.
Segurando embaixo dos meus braços, David me deitou sobre
a água, me segurando para não afundar.
— Abra os braços e relaxe. – Ele falou me segurando, mas
eu estava com medo e não soltava seu braço.
— Confie em mim. – Ouvi-o pedir mais uma vez e o atendi.
A sensação era maravilhosa, perfeita, me senti voando,
flutuando, me senti livre como nunca me senti antes.
Não percebi que sorria até ele falar.
— O sorriso mais perfeito do mundo, é melhor sairmos daqui.
Venha.
Levando-me ainda presa a sua cintura, ele voltou a areia e
me deitou sobre a toalha, se encaixando sobre meu corpo.
Senti seu sexo duro contra meu corpo, ele esfregava sua
excitação contra o tecido molhado do meu biquíni e parecia que não
havia nada entre nós, mas havia e era demais.
Puxei a corda dos laços da tanga, deixando o tecido solto.
Ele ajoelhou entre minhas pernas mais uma vez, e abaixou a própria
bermuda, deixando que seu pau pulasse para fora.
Senti vontade de prová-lo e me perguntei se teria coragem de
fazer isso antes de ir embora.
— Não me olhe assim ou sou capaz de gozar feito um
adolescente.
Senti o rosto corar por ter sido pega em flagrante.
— Nunca tenha vergonha de nada quando estivermos juntos,
OK?
Concordei com a cabeça e novamente fui beijada e ele
estava dentro de mim mais uma vez.
— Não corremos o risco de sermos vistos? – perguntei algum
tempo depois, quando nos recuperávamos.
Estávamos deitados pegando sol, minha pele já seca estava
morna e meu corpo todo parecia amortecido.
— Você é como uma droga viciante. – Deixei escapar e
continuei de olhos fechados, como se não tivesse dito nada demais.
Mas para mim, aquilo era demais e a vergonha me consumia.
— Ei, o que você falou?
— Nada. – Desconversei me sentando e vestindo minha
camisa e o short sobre a pele nua.
— Nada mesmo? - Ele perguntou também se sentando e
vestindo sua bermuda.
— É, nada. – Resolvi olhar para ele e percebi seu ar de riso.
No minuto seguinte eu estava em seu colo e ele fazia
cócegas em minha cintura.
— Vamos confesse, diga o que falou, quero saber se ouvi
direito.
— Não! Pare! – Eu gritava rindo e tentando me soltar.
— Confesse.
Sem fôlego, me dei por vencida e parei de lutar, relaxando
em seus braços.
— Eu falei que você parece uma droga viciante. – sussurrei.
— Acho que entrou água no meu ouvido, não ouvi direito o
que você falou.
Rindo, eu rolei para fora de seu colo, levantando em seguida.
— Eu falei que você é uma droga viciante. - gritei e sai
correndo, sabendo que ele viria atrás de mim.
Claro que fui alcançada, me vi rolando com ele na areia da
praia e sendo beijada mais uma vez.

Quando voltamos até nossas coisas o dia estava mais


quente, então sentamos na sombra das árvores e espalhamos sobre
a toalha tudo o que tinha dentro da cesta.
— Quantas pessoas vão comer com a gente? – perguntei
brincando.
— Quero você bem alimentada. – Ele brincou abrindo a
garrafa de vinho.
Havia frutas, queijos, pães, geleias, e claro a garrafa de
vinho.
— Tem um suco se você preferir. – Ele avisou, ficando sério.
— Eu vou tomar um pouco do vinho com você.
— OK. – Ele falou nos servindo.
Em seguida ele pegou um morango e colocou na minha boca,
para que eu mordesse e comeu o resto da fruta.
Fiz o mesmo e passamos um delicioso tempo nos
alimentando daquela forma, até que me vi farta.
— Chega, não aguento mais, estou ficando com sono. –
confessei tentando conter um bocejo.
— Vamos juntar as coisas e descansar um pouco aqui na
sombra, daqui a pouco vamos embora.

A tarde já estava chegando ao fim quando resolvemos voltar,


mas ao invés de ir para sua casa, ele passou direto e me senti triste,
pensando que nosso momento juntos havia acabado.
— Por que essa cara? – Ele perguntou de repente.
— Que cara?
— Você parece chateada, aconteceu alguma coisa?
— Não, nada demais.
Surpresa, o vi passar direto por minha rua também e olhei
para trás fazendo careta.
— Você passou direto. – avisei.
— Sim, eu quero que você conheça uns amigos.
— David, eu estou toda suja de areia, não visto nada por
baixo dessa roupa, não estou em condição de conhecer ninguém.
— Relaxe e não se preocupe meu anjo. – Ele falou parando o
carro em frente a uma oficina.
— David. – gemi vendo um sujeito grandalhão sair da oficina
limpando as mãos em um pano.
— Ei cara, onde está sua moto? – O cara perguntou sorrindo
para ele.
— Estou de quatro rodas hoje. – David respondeu abrindo a
minha porta para que eu saísse do carro.
— Eiii, eu perdi alguma coisa? – O ursão perguntou me
olhando.
É, é isso, o amigo do David parecia um grande urso loiro.
— Will, essa é a Amanda, eu a trouxe para que você e a
Michelle a conhecessem, ela está em casa?
— Sim, sim, ela acabou de chegar, está lá dentro com as
meninas. Entrem. – Ele chamou entrando na nossa frente.
— Michelle, David está aqui e trouxe alguém com ele. – O
homem gritou assim que atravessou a porta.
Poucos segundos depois uma morena com traços indígenas
apareceu na cozinha e sorria como se tivesse acabado de ganhar
um doce.
— Não acredito nisso, David finalmente trouxe alguém pra
gente conhecer? É isso mesmo? – Ela perguntou sorrindo enquanto
o abraçava.
David estava tão vermelho que tive dó dele.
Capítulo 7

David
A visita ao Will e a Michelle se prolongou por mais tempo do
que eu previ, já era tarde quando voltamos para a minha casa e
Amanda estava caindo de sono.
Eu a levei de colo até a minha cama e dormi abraçado ao seu
corpo, foi uma das melhores noites da minha vida.
Pela manhã, quando acordei, ela me olhava.
— Hoje você vai trabalhar. – Ela afirmou.
— Não, vou ficar com você novamente.
— Eu preciso ir à universidade de qualquer modo, você dá
suas aulas e eu resolvo algumas coisas.
— Você vai encontrar comigo depois?
— Eu espero por você em minha casa.
— Não, venha para cá, vou deixar uma chave com você.
— Não precisa fazer isso.
— Eu quero encontrar você aqui quando chegar, OK?
— Certo, agora vamos sair dessa cama, você tem aula em
quarenta minutos, então é melhor correr. – Amanda respondeu se
esquivando de meus braços.
Ela deixou o quarto e me deitei sobre o seu travesseiro, seu
cheiro estava nele e eu me vi aspirando seu perfume.
Merda. Virei uma menininha apaixonada.
Deixando o travesseiro de lado, fui para o chuveiro tentando
diminuir o tesão que estava sentindo, Amanda estava certa, eu não
podia deixar de dar aula de novo sem ter uma justificativa plausível.
Quando deixei o banheiro, percebi que estava em cima da
hora e corri para me vestir, eu ainda não sabia se Amanda iria
comigo ou teria que deixá-la em casa antes.

Amanda
Pulei da cama quando percebi que ele pretendia me segurar
e sorrindo, deixei o quarto e fui preparar o café da manhã.
Pouco tempo depois ele entrava na sala arrumando a blusa,
tinha o cabelo molhado e carregava sua bolsa de trabalho.
— Estou em cima da hora, te deixo em casa ou vamos direto
para a Universidade?
— Me deixe em casa, preciso trocar de roupa.
— Deixei você dormir cheia de areia. – Ele lembrou.
— Eu tomei um banho quando acordei, não vai comer nada?
— Não dá tempo, como alguma coisa lá, vamos?
Ele pegou um chaveiro em uma gaveta e me entregou.
— Por favor...
— Eu estarei aqui, juro. – Prometi.
Segurando-me pela cintura, ele me beijou até me deixar sem
ar.
— Vamos indo. Tenho poucas aulas hoje.
— Venho pra cá depois do almoço, OK?
— Perfeito.

Ele me deixou na porta do meu prédio, fiquei olhando-o se


distanciar e estremeci, pensando no meu futuro.
— Tudo bem, Amanda?
Assustei-me com a pergunta e descobri Sharon parada ao
meu lado.
— Sim, tudo bem.
— Não vai a aula hoje?
— Tenho algumas coisas para resolver, até mais. – falei me
afastando dela.
Eu tinha coisas para embalar e realmente eu precisava voltar
à Universidade, pois o reitor estava fora da cidade quando fui avisar
que iria abandonar o curso, por telefone ele me convenceu a trancar
o curso e pediu que eu retornasse antes de partir, para
conversarmos pessoalmente.
Ajeitei algumas coisas e tentei mais uma vez falar com a
Karine, o que não consegui.
Deixei tudo pronto, em seguida tomei outro banho e fui para à
Universidade, David atravessava o campus quando cheguei e quase
tropecei olhando para ele, eu e todas as mulheres e pela primeira
vez ele não estava flertando com todo mundo, ao contrário, parecia
sério e distraído.
Apressei o passo até a reitoria e perdi mais de uma hora lá,
mas quando sai, meu curso estava oficialmente trancado, eu tinha
boas notas e havia fechado aquele semestre com tranquilidade, era
uma pena não poder conclui-lo.
Apressada, voltei para a casa dele e mal havia entrado, ele
chegou.
Fui pega de surpresa pela cintura e no momento seguinte eu
estava em seu colo, sobre o sofá.
— Ei. – gritei rindo.
— Primeiro me beije, depois reclame. – Seus lábios estavam
sobre os meus no minuto seguinte e me senti derreter contra o seu
corpo.
— Planejei passear com você hoje, me diga onde gostaria de
ir. – Ele falou rouco, quando afastei a boca da sua.
Eu estava distraída procurando a barra de sua camisa para
puxá-la fora de seu corpo.
Fiquei olhando para ele, processando o que ele falou e então
algo me ocorreu.
— Pacific Park.
— Sério? – Ele perguntou com um sorriso.
— Sim, quero andar em tudo o que tenho direito, montanha-
russa, roda-gigante, navio pirata... tudo.
— Seu desejo é uma ordem princesa, mas antes, preciso
estar dentro de você mais uma vez. – Ele falou parecendo ler meus
pensamentos.
Minha camisa foi parar longe e sua boca estava mais uma
vez sobre o meu seio, gemi, abraçando seu pescoço, apertando-o
contra o meu corpo.
— Droga. - Ele reclamou tentando abrir a calça e se
atrapalhando.
— Eu... Whou. - Comecei a falar e vi o mundo girar enquanto
era deitada no sofá.
Em seguida sua boca estava em meu corpo mais uma vez,
me fazendo estremecer.
Senti sua língua torturando meu mamilo e minha calcinha
umedecer, me levando a empurrar o quadril em sua direção.
Minha calça foi aberta no mesmo instante.
— Calma querida, temos tecido demais aqui. - Ele falou
puxando a calça com a calcinha junto.
Senti o beijo entre minhas coxas e sabia o que viria a seguir,
sua boca estava sobre minha vagina, me levando a loucura.
Meu corpo tremia e eu me vi implorando por libertação.
— Por favor... David...
— Um segundo, carinho. - Ele falou se afastando.
Olhei para ele e vi que sua roupa voava pela sala, em
seguida ele estava dentro de mim.
Eu me senti tão perfeitamente preenchida por ele, que pouco
depois eu estava gozando, totalmente perdida.
Ele estava dentro de mim, empurrava e saia, e era bom,
muito bom e eu me vi empurrando contra ele, em busca de um novo
orgasmo.
— Isso meu bem, vem comigo, vamos juntos dessa vez.
Goze pra mim amor.
E eu explodi novamente relaxando exausta no sofá, David
caiu sobre mim, totalmente rendido.

Meia hora se passou até que tivemos forças para nos mexer
e sair do sofá, saímos de moto pouco depois, rumo ao píer de Santa
Mônica e ao Pacific Park, como pedi.
Era dia de semana e baixa temporada, portanto nem tudo
estava funcionando, mas valeu o passeio e tivemos a roda-gigante
só para nós, com direito a ficar parado no alto enquanto nos
beijávamos tendo o oceano pacífico como cenário.
— Estou com fome. - avisei quando descemos.
— Eu também, mas acho que queremos coisas diferentes. -
Ele respondeu me fazendo corar.
Olhei para ele sem saber o que dizer e ganhando um beijo na
ponta do nariz, fui levada até os restaurantes que haviam no píer.
— Não se preocupe com o preço, você é minha convidada,
OK? - Ele falou quando peguei o cardápio.
Eu me escondi atrás do cardápio, sentindo meu coração
afundar ao ouvir aquilo, eu não era quem ele pensava e o passeio
perdeu um pouco do brilho.
Após o jantar, descemos para a praia e andamos pelo
calçadão, mas eu tinha perdido a espontaneidade. Estava sendo
forçada a encarar a realidade.
— Você está calada, tudo bem? - Ele perguntou me fazendo
parar e tocando o meu rosto.
— Estou cansada, se importa se formos embora?
— Tudo bem, vamos pegar a moto, rapidinho estamos em
casa.
— Eu prefiro ir para o meu apartamento hoje. - falei
abaixando a cabeça.
— Sem problemas, mas já aviso que vou ficar com você.
— Eu...
— Não tem negociação.
— OK.
Subi na traseira de sua moto e me abracei a ele sentindo o
peso do mundo nas costas.
Engoli em seco e deixei o choro para mais tarde.

Assim que cruzamos a porta, fui puxada para os seus braços


e nem tentei resistir, apenas abri a boca e me deliciei com seus
lábios devorando os meus, se eu tinha apenas aquela noite ali,
então, eu iria aproveitá-la ao máximo.
Sua boca deixou a minha e ele passou a mordiscar meu
pescoço, deixando o meu corpo mole.
— Onde é o seu quarto, querida? - ele sussurrou junto ao
meu ouvido, me causando arrepios.
Sem ter muita condição de raciocinar, eu apenas apontei em
direção ao corredor onde ficavam os dois quartos e o banheiro.
Ele me levantou no colo e atravessou a sala, entrando em
meu dormitório.
— Como soube? - perguntei enquanto era gentilmente
colocada na cama.
— Seu perfume me levou até a porta certa. - Ele respondeu
se deitando ao meu lado e capturando minha boca mais uma vez.

Eu me sentia toda dolorida quando acordei e fiquei alguns


minutos olhando para ele, com cuidado deixei a cama e me troquei,
eu precisava ir embora o quanto antes, ou não teria mais coragem,
depois de vestida eu olhei uma última vez para ele, foram os três
dias mais maravilhosos da minha vida.
Meu delicioso professor dormia relaxado sob os lençóis, seu
corpo totalmente exposto, olhei sua bunda, suas pernas, gravei
cada centímetro na memória e sem acordá-lo, deixei a cama.
Com o peito apertado eu escrevi um bilhete, deixando na
cama ao seu lado, junto com a sua roupa dobrada.
Aqueles dias me acompanhariam pelo resto da minha vida.
Olhando mais uma vez para ele, deixei o quarto, e apanhei
minhas malas, o táxi já me aguardava na frente do prédio e com
lágrimas nos olhos fui em frente, rumo ao meu destino.

Sharon
— Ela está embarcando senhor, foi antes do previsto e
acabou pegando um voo comercial.
— Sozinha? – o senador perguntou.
— Não senhor, Collins está no mesmo voo.
— Ótimo, tudo resolvido? Sabe por que ela voltou antes da
hora?
— Não sei dizer senhor, ela se recolheu cedo e saiu logo que
amanheceu.
— Ótimo, resolva as pendências e volte o mais breve
possível.
— Sim senhor.
Desliguei o celular olhando para a moto do professor David
parado na porta do prédio da senhorita Lee.
Nosso tempo ali tinha acabado, Collins já havia levado suas
coisas e eu estava indo também.
De dentro do meu carro, vi a vaca da Karine chegar e esperei
até o professor sair.
O senador deveria ter afastado aquela vagabunda assim que
ela mostrou que não valia nada, mas ele preferiu pagar para ela
manter todos longe.
Ligando o carro, me coloquei em direção à faculdade, nossos
dados precisavam sumir.
Eu sabia que tinha colocado nosso pescoço a prêmio por não
ter interferido no que aconteceu e foi difícil segurar Richard, mas a
garota precisava de uma boa lembrança, ninguém merece um
casamento arranjado em pleno século 21.
Ainda mais com um noivo que não me inspirou confiança
alguma quando veio vê-la e nós tivemos que ficar de longe, mas
agora pelo menos a senhorita Lee teve sua despedida e eu sabia
que o almofadinha mereceu ser passado para trás.
Capítulo 8

David
O som de uma porta batendo me acordou. Na mesma hora
eu senti falta do seu corpo junto ao meu e abri os olhos.
— Amanda? - chamei por ela já pulando da cama.
A claridade do dia entrava pela janela, incomodando os meus
olhos, pisquei algumas vezes enquanto me enrolava em sua colcha
e deixava o quarto.
Eu fiz o meu melhor nos últimos dias, na esperança de que
ela mudasse de ideia e naquele momento começava a temer que
não tivesse adiantado
Andei pelo corredor ouvindo barulho na cozinha.
— Querida, você...
Merda.
Karine estava de volta, e na pior hora possível.
— Ei professor, bom dia. - Ela falou sorrindo, tomando um
gole do seu café, encostada na pia.
— Karine.
— Pelo visto eu teria perdido a aposta. - Ela falou ainda rindo
me olhando dos pés à cabeça.
— Que aposta?
— Eu duvidei de você David, eu realmente não achei que
você conseguiria.
— Conseguiria o que exatamente? - perguntei incomodado
com o seu tom.
— Oh, você sabe, comer a nossa princesa de Hamptons,
mas você conseguiu, meus parabéns. Eu estou muito surpresa, ei,
pra quanto foi a nota dela? - Ela perguntou fazendo careta e
sorrindo ao mesmo tempo.
Tinha algo errado, eu só não sabia o que era.
Ainda.
— Você fez algum tipo de aposta sobre isso?
— Claro que não, não tive tempo, estive fora desde a última
vez que nos vimos, aliás... - ela parou de falar, se aproximando e
esticando a mão para tocar o meu peito nu.
Segurei o seu pulso no ar.
— Para onde ela foi? - perguntei me afastando.
Dando de ombros, ela voltou para perto da pia.
— Para casa, não foi o que disse?
— Você tem o endereço dela?
— Na verdade, não, ela nunca me deu.
— Depois de todo esse tempo morando juntas? Duvido, eu
quero a verdade, Karine.
— A que nos foi contada ou a verdade mesmo? - Ela estava
brincando comigo e eu estava ficando irritando com aquilo.
O sorriso cínico que nasceu em seus lábios me alertou para
sua resposta.
— Karine... - falei em tom ameaçador.
— OK, OK, Charleston, não foi o que ela nos disse?
Soltando a colcha presa a minha cintura, eu andei nu pela
cozinha, até estar a apenas alguns centímetros dela, que olhava
fixamente para o meu pau, chegando a lamber os lábios.
— Karine.
— Hum? - Ela respondeu me olhando, seus mamilos
marcavam a blusa branca que usava.
Encostei contra seu corpo, falando baixo em seu ouvido.
— Essa é a verdade?
— Deus. - Ela gemeu tentando esfregar a boceta no meu
pau.
— Karine, onde ela está? - perguntei olhando em seus olhos.
— Amanda se foi, esqueça-a, ela vai nos esquecer, nós
ficamos para trás, aliás, tudo aqui ficou para trás.
Eu me afastei dela, sem deixar de olhá-la.
— O que significa isso?
— Você nunca mais irá poder sequer chegar perto dela, mas
eu estou aqui e minha boceta está louca por você, por que não
aproveita? - Ela falou puxando a blusa sobre a cabeça, deixando os
seios nus.
— Não. Eu passo. - falei cruzando os braços.
Raiva brilhou em seus olhos.
— Certo, feche a porta quando sair. - Ela falou andando em
direção ao corredor.
— Eu vou encontrá-la. - avisei.
— Você não vai conseguir, não até que seja tarde demais.
Esqueça a Amanda professor, ela foi só mais uma na sua longa
lista, sabemos disso. - Ela falou parando na porta do banheiro.
— E se não for isso?
— O quê? O maior comedor da Universidade foi fisgado?
Péssima ideia David, faça como sempre fez e siga para a próxima
mulher.
— Eu vou procurar por ela.
— Você não vai encontrá-la, já falei, não se pode encontrar
quem não existe. - Ela respondeu e se trancou no banheiro.
Amanda existia sim, eu ainda tinha a sensação do corpo dela
enroscado ao meu, ela existia e eu estava indo encontrá-la onde
quer que fosse.
Voltando ao seu quarto, abri as portas do closet e o encontrei
vazio, não havia nada dela, finalmente olhei para a cama e vi um
bilhete no travesseiro.
Frustrado, apanhei o papel e guardei no bolso, em seguida
me vesti, pronto para ir embora dali, na saída do quarto vi os óculos
que trouxe para ela na noite anterior, ele ficou esquecido sobre a
cômoda.
Peguei e olhei com calma, colocando no rosto, e descobri
que ele não tinha grau.
Pensei no que Karine havia acabado de dizer sobre ela não
existir e fiquei mais determinado a encontrá-la.
Deixei o apartamento para trás pensando em tudo o que
aconteceu nas últimas horas, acelerando a moto cada vez mais,
senti a frustração me corroer.
Fui direto para à Universidade, eles tinham que ter o
endereço dela cadastrado no sistema.
Poucas pessoas circulavam pelo campus em plena manhã de
sábado, fui até minha sala, onde acessei o sistema com os registros
dos alunos.
O registro de Amanda não aparecia para mim, e isso não era
normal. Com o cenho franzido, desliguei o computador e deixei
minha sala indo em direção ao prédio da reitoria, onde ficava a
secretaria geral da Universidade.
Com sorte eu poderia ter alguma ajuda do plantonista.
Deus finalmente sorriu para mim, dona Mirtes estava sozinha
na sala e era uma das poucas mulheres que ao invés de querer
entrar na minha cueca, torcia para que eu encontrasse alguém e
sossegasse.
Bem, se era o que estava acontecendo comigo ou não, eu
precisava descobrir e para isso, eu tinha que encontrar minha
menina.
— Você não dá aula hoje professor, o que faz aqui?
Sorri meu melhor sorriso, me aproximando do balcão de
atendimento.
— Mirtes meu anjo, eu preciso de socorro.
— O que você aprontou dessa vez?
— Juro que não fiz nada, mas preciso encontrar uma aluna
que trancou o curso esta semana.
Ela me olhou desconfiada por alguns segundos, então voltou
ao computador.
— Quem é a aluna?
— Amanda Sanders.
Suas mãos descansaram sobre o teclado e seu olhar pousou
em mim.
— Essa menina não é o seu tipo de material, meu rapaz, o
que você quer com ela?
— Preciso encontrá-la Mirtes, é importante. Temos um
assunto pendente.
Ela voltou a digitar e vi claramente quando franziu o cenho.
— O que houve?
— Isso é estranho.
Dei a volta no balcão e olhei a tela do computador.
— O quê?
— O registro não existe, parece ter sido deletado, veja.
Na tela, aparecia que ela não existia no sistema.
— Isso já aconteceu?
— De modo algum. O que está havendo menino?
— É o que quero saber Mirtes.
— Aquela amiga dela não pode te ajudar?
— Não, no momento estou questionando o quando aquela
garota é amiga dela.
— Você tentou?
— Falei com ela há pouco, ela me disse para esquecer.
— Talvez seja o melhor a fazer.
— Só depois que falar com ela, Mirtes.
Ela fechou programa no computador, me olhando em
seguida.
— Não vejo como te ajudar professor, mas o que tiver que
ser, será.
— Não sou de ficar sentado esperando Mirtes, e depois, você
não viu a cara dela quando conversamos, acho que ela precisa de
ajuda.
— E você será o seu super-herói?
— Se eu puder fazer algo por ela. - falei dando de ombros.
— Ela pediu socorro? Você deveria procurar a polícia.
— E dar queixa do quê? Desaparecimento? Pelo modo que a
Karine falou, talvez até o seu nome seja falso.
— Vamos fazer assim, segunda eu vou sondar as coisas por
aqui, ver o que descubro e te falo, tudo bem?
— Eu agradeceria, muito.
— Certo, mas veja bem o que vai aprontar, hein?
— Juro que vou me comportar. - falei piscando para ela, e em
seguida voltando para o outro lado do balcão.
— Ótimo, até segunda-feira, rapaz.
— Até Mirtes. - respondi saindo para o pátio externo.
O dia estava lindo e não era nem 9 da manhã, colocando o
capacete, montei na moto e fui para a oficina do Will, pelo menos lá
eu teria alguma distração pelas próximas horas.

Amanda
Eu havia combinado com o meu pai que voltaria no fim do
dia, então o nosso jatinho ainda não estava no aeroporto quando
cheguei.
Como uma fugitiva, eu saquei dinheiro e comprei minha
passagem em um voo comercial, usando o meu nome verdadeiro e
avisei ao meu pai que estava embarcando, para que alguém
estivesse me esperando quando pousasse.
Claro que ele quis saber o porquê da pressa, afinal eu
implorei para estar ali e agora estava voltando antes da hora.
Mas eu não podia ficar mais tempo, reencontrar o David era
um risco que eu não iria correr.
Com o coração dolorido, entrei no avião dizendo adeus a
tudo o que ficou para trás. Incluindo... ele.
Horas depois
Eu estava vivendo um pesadelo, quando cheguei em casa,
meu pai me esperava na biblioteca em companhia do Samuel.
Fui comunicada que em uma semana o nosso noivado seria
anunciado e o casamento marcado para um mês depois.
Por que a pressa? Porque o senador tinha pressa e isso era
tudo o que importava.
As eleições estavam se aproximando e o nome do Samuel
precisava começar a ser vinculado ao do meu pai, mostrando assim,
ele como o seu substituto na câmara do senado.
— Vai haver festa? – perguntei ao meu pai.
— Organizaremos um jantar no Plaza para anunciar o
noivado.
— E o casamento?
— Um serviço de assessoria foi contratado, eles têm estado
em contato com a sua mãe que transmitirá a você as decisões que
terá que tomar.
— Entendi, tem algo agendado para hoje ou posso
descansar?
— Você deve ser vista com o seu noivo.
— Se o meu noivo não se importar, eu gostaria de deixar
qualquer compromisso para amanhã. - falei olhando para o Samuel
que concordou.
— Tudo bem então, vá descansar por que a partir de amanhã
sua vida vai girar em torno desse casamento, entendeu?
— Sim, senhor. - respondi me levantando.
— E isso é para vocês dois, qualquer coisa que tentar
atrapalhar os planos será varrida para debaixo do tapete, fui
bastante claro?
Senti o sangue fugir do meu rosto e olhei para o meu noivo
que apesar da aparente tranquilidade, apertava o maxilar, tenso.
— Fui claro? - Meu pai insistiu quando não obteve resposta.
— Sim. - sussurrei.
— Perfeitamente.
Eu e Samuel respondemos ao mesmo tempo.
— Ótimo, pode ir Amanda, eu tenho algumas coisas para
discutir com o Samuel ainda.
Sai apressada, antes que eles mudassem de ideia e me
refugiei em meu quarto.
Minha mãe estava no clube com suas amigas, então tranquei
a porta para não ser perturbada e fui em busca do meu celular, não,
o celular da Sanders, já que eu ainda não havia me desfeito do chip
usado na Califórnia.
Mal liguei o aparelho e várias notificações começaram a
chegar, eram mensagens e chamadas perdidas da Karine.
Liguei de volta imediatamente, levei dias até conseguir falar
com ela desde os feriados e quando consegui explicar o que estava
acontecendo ela disse que só voltaria no fim de domingo.
— Karine? O que aconteceu? - perguntei quando ela
atendeu.
— Ei garota, tentei chegar antes de você partir, mas não
consegui. - Ela atendeu alegre.
No fundo eu podia ouvir a música alta. Sem alguém para
controlá-la, mesmo com o aluguel pago adiantado, ela conseguiria
ser expulsa do prédio.
Suspirei lembrando a mim mesma que não era da minha
conta.
— Sinto muito, saí antes do previsto.
— E me deixou um senhor presente aqui, obrigada. - Ela
gargalhou quando acabou de falar.
Droga, ela encontrou o David ainda lá.
— Deixei-o dormindo.
— Foi o que imaginei quando ele apareceu no meio da sala
embrulhado em um lençol e com cara de sono.
Fechei os olhos imaginando a cena e senti o coração apertar.
— Ele falou alguma coisa? - perguntei em um sussurro.
— Ah, bem, você conhece o David, nós chegamos a trocar
uma ou duas palavras antes dele...
— Ele perguntou por mim?
— Claro que sim garota, ele perguntou se você já tinha ido.
— Entendi.
— Aí eu brinquei que era sua substituta e quando vi, ele
estava me arrastando para sua cama, que fogo é aquele? Precisei
de um banho de imersão quando ele foi embora agora a pouco.
Fechei os olhos apertados, tentando sufocar o que sentia.
— Sinceramente, duvido que alguma mulher consiga segurar
aquele homem um dia, ele parece não poder ver um par de pernas.
- Ela gargalhou mais uma vez, rindo da própria piada.
Forcei um riso, já arrependida de ter ligado.
— É. - Foi tudo o que pude falar.
— Mas, verdade seja dita, o safado sabe o que faz e é
impossível dizer não para ele, deixei que fizesse o que quis comigo,
até na mesa ele me comeu. - Ela completou rindo.
— Nossa, que honra para ele. - respondi irônica.
— Ele falou o mesmo, e ainda disse que adorava meu corpo,
esse cara é um deus Amanda, não vejo a hora de transar com ele
de novo.
— Vocês vão se ver outra vez?
— Sim, ele foi um doce, combinamos de irmos à praia
amanhã e depois terminamos o dia na casa dele.
— Ele nunca leva ninguém lá. - Deixei escapar.
Ele me levou, mas ela não sabia disso.
— Pois é menina, eu quase desmaiei quando ele sugeriu
isso. - Nova gargalhada.
— Ei, Karine, eu preciso ir, esse chip ficará desligado, mas
qualquer coisa você deixa mensagem.
— OK, princesa dos Hamptons, boa sorte aí, beijos. - Ela se
despediu e desligou, sem me deixar falar nada.
Mas o que eu tinha pra falar? Que ela era uma vaca? Uma
vagabunda? Nada disso seria novidade para ela, todos a chamavam
assim no campus.
Desliguei o aparelho e escondi, meu pai havia me mandado
destruí-lo.
Eu me encolhi na cama sentindo todo o corpo dolorido pelo
que aconteceu na noite anterior, ele foi intenso, como se quisesse
me deixar marcada na alma.
E logo depois transou com ela, o que provava que ficar teria
sido uma grande burrada.
Deixei finalmente as lágrimas correrem, chorei tudo o que
tinha para chorar, pois aquela história tinha que acabar ali.
Quando eu saísse daquele quarto, Amanda Lee Johnson
estaria de volta e agora para ficar.
Ri sozinha pensando que precisava realmente parar com
aquilo ou qualquer pessoa acharia que eu tinha dupla
personalidade.
Acabei adormecendo e no fim da tarde minha mãe me
chamou para lanchar com ela e começar a conversar sobre o
casamento, afinal era muita coisa e pouquíssimo tempo.
Tomei um banho e desci para encontrá-la, totalmente fora do
ar.
Capítulo 9

David
Segunda-feira
Eu estava na minha sala, separando alguns documentos que
levaria comigo para minha entrevista no dia seguinte, quando o
telefone tocou.
— Professor David? É a Mirtes, o senhor pode me encontrar
na lanchonete da entrada do campus? Finalmente vou pagar aquele
café que estou te devendo. - Ela completou com um riso nervoso.
Entendi que era alguma coisa importante, pois ela não me
devia nenhum café.
— Agora? - perguntei olhando a hora no relógio, em quarenta
minutos eu tinha a minha última aula do dia.
— Sim, será rápido, sei que tem aula daqui a pouco. - Ela
falou e desligou.
Saí imediatamente para encontrá-la, imaginando o que ela
teria descoberto.
Atravessei o campus apressado e entrei na lanchonete
olhando ao redor sem encontrá-la, pouco depois a senhora baixinha
a simpática veio se juntar a mim.
Pegamos nossos cafés e nos sentamos em uma mesa
afastada.
— O que houve Mirtes?
— Eu vou ser rápida, quando cheguei hoje cedo, queriam
saber o que houve com os dados da senhorita Sanders, já que era
eu quem estava de plantão no fim de semana.
— Então a Universidade não foi a responsável por isso. -
Conclui.
— Não, e como pode ter sumido sem ninguém saber o que
aconteceu?
— Essa história está me deixando louco, começo a ver teoria
da conspiração em tudo. - falei passando as mãos pelo cabelo,
bagunçando-o todo.
— Isso fica cada vez mais estranho, os registros dela
precisavam ser atualizados, nunca sabemos se o aluno vai voltar,
então eles têm cinco anos para nos procurar, só então os dados são
arquivados, foi por isso que descobriram que havia sumido.
— Entendi, algo mais?
— Eu falei que tentei entrar neles no sábado e já não
existiam.
— E?
— Claro que quiseram saber o porquê tentei acessá-los.
Inventei uma desculpa qualquer, não importa. Olhe David, eu
consegui o celular dela, pois estamos tentando localizá-la, mas vai
direto para a caixa postal.
— Qual o número? - perguntei ansioso.
Ela me olhou parecendo preocupada.
— Eu passei a manhã toda pensando nisso, se devia te dar
ele.
— Por quê?
— Não vá atrás dessa menina David, isso está muito
estranho e começo a achar que pode ser perigoso.
Segurando minha xícara, dei um gole no meu café pensando
no que tinha acabado de ouvir.
Não. Não a procurar não era uma opção, eu precisava vê-la,
passei o fim de semana grudado no Will e sua família para me
manter distraído e não pensar nela o tempo todo.
— Eu preciso vê-la, nem que seja só para ela me dizer que
está tudo bem e me mandar embora.
Ela ainda me olhou enquanto bebia o seu café, parecendo
tomar uma decisão.
— Bem, você é um homem adulto, aqui está o número e seja
o que Deus quiser. - Ela falou me empurrando um papel dobrado.
— Obrigado. – Agradeci apanhando o papel.
Ela levantou se despedindo, mas parou parecendo decidir se
falava algo.
— Tem uma coisa.
— O quê? – perguntei.
— Sharon e Richard Collins.
— Sei quem são, o que tem?
— São da mesma turma que ela, certo?
— Isso.
— Eles também deixaram a Universidade e adivinha o que
aconteceu com os registros deles? – Ela não deu a resposta e nem
precisava, era uma pergunta retórica.
Guardei o número no bolso e voltei para minha sala ansioso
para ligar, e assim como aconteceu com a Mirtes, a ligação foi direto
para a caixa postal.
Minha aula estava para começar e depois eu tinha um voo
para pegar, guardei o número de volta no bolso e fui para a sala de
aula.

Dia seguinte
A vaga em Princeton era uma oportunidade única, eu estaria
à frente do departamento de História, fora das salas de aula e com
tempo para minhas pesquisas.
Quando cheguei, fui muito bem recebido e me senti
empolgado ao conhecer as instalações da Universidade, ali eu
estaria longe da praia, mas minha carreira acadêmica daria um
grande salto.
Voltei para Los Angeles no início da tarde com a certeza de
ter me saído bem, o reitor praticamente me garantiu isso, eu só teria
que aguardar a ligação deles.
Apesar do cansaço, eu estava eufórico e logo depois de
chegar a casa eu saí de novo, indo parar na oficina do Will.
Assim que desliguei a moto, ouvi sua voz me chamando.
— Entre aqui, estou de olho nas meninas enquanto a
Michelle não chega. - Ele me chamou da porta de sua cozinha.
A oficina foi construída na frente de sua casa, ela era
exclusiva, Will ganhava a vida montando e dando manutenção
apenas na marca Harley Davidson.
— E aí, como foi?
— Incrível, acho que estou dentro. - falei sorrindo.
— Parabéns cara, vamos sentir sua falta, mas fico feliz por
você. - Ele falou me abraçando.
— Obrigado, onde estão as crianças?
— Assistindo TV lá em cima, sente aí, a Michelle deve estar
chegando.
Sentei em uma das cadeiras em volta da mesa e suspirei
cansado, admitindo para mim mesmo que a visita deveria ter ficado
para o dia seguinte, mas eu precisava dividir aquilo com alguém.
— E pode ter certeza que sempre que puder estarei por aqui,
é menos de cinco horas de voo. - falei apoiando os cotovelos na
mesa.
— Ei, você está com uma cara estranha e não é só o
cansaço, o que houve? - ele falou buscando um café para mim na
pia.
Consegui enrolar ele e Michelle durante todo o fim de
semana, mas era hora de me explicar.
Cocei a barba rala que começava a despontar, antes de
contar o que estava acontecendo, ele com certeza, diria o mesmo
que a Mirtes.
— Quer minha opinião? Segue para a próxima calcinha. - Foi
tudo o que disse quando acabei.
— Não posso. - falei negando com a cabeça.
— Ei, por isso se enfiou aqui no fim de semana?
Dei de ombros, sem responder.
— Espere um pouco, se você praticamente montou
acampamento aqui nos últimos dias... quando foi a última vez que
transou, cara?
— Sexta. - respondi de pronto, foi quando estive com ela pela
última vez.
Se eu não estivesse aborrecido com suas perguntas, teria
morrido de rir com a cara de espanto dele.
— Deixa de ser idiota, Will. - Michelle falou, entrando na
cozinha.
— Obrigado, Mi. - falei ganhando um beijo no rosto.
— Ei, desde quando você está aqui? - Will perguntou a
esposa.
— Cheguei a tempo de ouvir nosso amigo aqui confessar que
foi fisgado por aquela garota que ele trouxe aqui.
— Eu não... - comecei a dizer, mas fui interrompido.
— Já conseguiu falar com ela? - Ela me cortou, mostrando
que realmente ouviu nossa conversa.
— Não, caixa postal direto. - respondi frustrado.
Dormi tarde na noite anterior, insistindo em ligar naquele
bendito número.
— Me deixe ver esse número. – Ela pediu esticando a mão.
O papel que a Mirtes me deu ainda estava no meu bolso e
entreguei a ela.
— Certo, espere um minuto. – Ela falou pegando o telefone e
deixando a cozinha.
Ficamos os dois em silêncio, Will havia descoberto o dom do
silêncio finalmente.
Pouco depois Michelle estava de volta, ela colocou o telefone
no lugar e dando a volta na mesa, sentou no colo do marido.
— Querido, de onde essa garota disse que era? – ela
perguntou.
— Charleston. – respondi.
— A última vez que esse celular esteve ligado foi no sábado
e ele estava em Long Island.
— Long Island, aonde exatamente?
— Hamptons Bay.
— Ei, você esteve perto, cara. - Will falou empolgado, pois eu
estive a menos de uma hora de distância dela, onde quer que ela
estivesse naquela bendita ilha
— Eu não tenho bola de cristal Will, não adianta muita coisa
por enquanto. - respondi desanimado.
Levantei da cadeira onde estive sentado e fui até a porta, lá
fiquei olhando as árvores do quintal, enquanto tentava lembrar dos
últimos acontecimentos, revi tudo o que conversamos até a hora em
que acordei sem ela na manhã de sábado e dei de cara com sua
amiga, algo estava me escapando.
"Princesa de Hamptons".
Isso, foi isso o que Karine falou.
Amanda era de Nova York e não da Carolina do Sul,
provavelmente esteve usando um nome falso como eu já suspeitei,
mas por que o mistério?
Voltei para perto deles na mesa.
— Como descobriu isso Mi?
— Eu tenho meus contatos. – Ela brincou.
— E algum desses contatos consegue descobrir se uma
pessoa usou identidade falsa?
Michelle, que esteve brincando com o marido e sorria quando
entrei, ficou séria imediatamente.
— Isso é coisa séria, Dave.
— Eu sei, mas depois de ouvir tantas insinuações de que
Amanda Sanders não existe, começo a desconfiar que seja
verdade.
— Você pode ter razão, vou tentar descobrir isso para você,
mas não vai ser agora.
— Tudo bem. - Aceitei sem outra opção, Michelle trabalhava
na emergência do Medical Center e com certeza tinha muitos
contatos na polícia.
— Preciso voltar ao trabalho, vem comigo Dave? - Will
perguntou colocando a esposa de pé.
— Tenho que voltar pra casa e dormir por 12 horas seguidas,
odeio voar. Estou morto. - respondi seguindo atrás dele enquanto
ele deixava a cozinha.
— Certo, bom descanso então, eu tenho uma moto para
terminar ainda hoje.
— Obrigado. - gritando um adeus para a Michelle eu montei
em minha moto e parti.
As pessoas normalmente achavam que era brincadeira, mas
minha amizade com o Will veio através da Michelle, eu a conhecia
desde a escola, estudamos juntos o ensino médio e sempre fomos
amigos, o que ninguém acreditava era que nunca aconteceu nada
entre nós, ela era como uma irmã.

Amanda
— Você está perfeita, filha. – Minha mãe falou batendo
palmas e sorrindo.
Era o sexto vestido que eu provava, e em todos, ela teve a
mesma reação.
— O que você achou? - Ela me perguntou.
Eu estava a quilômetros de distância de ser uma noiva
entusiasmada e isso tornava minha opinião totalmente inútil.
Forcei um sorriso antes de responder.
— É bonito.
— Mas ainda não é "o" vestido, já vi pela sua cara,
experimente aquele de princesa que separei, ele é perfeito,
grandioso como o seu pai gostaria que fosse.
— Claro, vou provar agora mesmo. – respondi sorrindo.
Aparentemente já tínhamos um vencedor, independente da
minha escolha.
Voltei a pequena sala onde eu estava trocando os vestidos e
enquanto a consultora da loja me ajudava a tirar o vestido sereia
que eu estava vestindo, uma dúvida me ocorreu.
— Esse vestido é exclusivo? - perguntei apontando para o
modelo que iria vestir a seguir.
— Sim, é da última coleção da Pnina Tornai.
— OK, vamos a ele então, algo me diz que encontramos o
meu vestido ideal. - falei brincando, fazendo menção ao programa
de TV sobre vestidos de noiva.
— Tomara. – A moça respondeu sorrindo.
O vestido serviu como uma luva, minha mãe ficou
emocionada e quando colocaram o véu, eu tive que admitir que era
o que o meu pai gostaria de ostentar no casamento da única filha.
— Acho que é esse. - falei olhando no espelho.
— Querida, ele é exclusivo? - Minha mãe perguntou e eu
sorri para a moça que me atendia.
— Sim, como a senhora mesmo viu eu tive que buscá-lo lá
atrás, vestidos exclusivos ficam separados, esse foi feito para a NY
Bridal Fashion Week e depois veio direto para cá.
— Perfeito, e o preço?
— Ele custa $15,900.00.
— Ótimo, só estou em dúvida quanto a esse decote.
Droga.
— Mamãe. - resmunguei.
— Seu pai pode não gostar. - Ela se justificou.
— Podemos falar com a estilista para ver se dá pra fechar um
pouco.
— Isso seria perfeito querida, veja isso por favor, não importa
o valor.
— Sim senhora, vamos resolver isso já, a estilista está
acompanhando uma prova, eu já volto. - A moça falou nos deixando
a sós.
Quando retornou, ela trouxe a própria Pnina, que ficou de
resolver o problema, elas tinham menos de cinco semanas para me
entregar o vestido pronto, então acertamos que eu voltaria na
semana seguinte para ver a solução que encontraram.
Deixamos a loja, e na calçada enquanto esperávamos nosso
motorista, com dois seguranças ao nosso lado, tive a sensação de
estar sendo observada, olhei em volta e não vi ninguém conhecido.
Foi somente quando o carro parou na calçada e eu esperava minha
mãe se acomodar para poder entrar que vi a garota que me abordou
no baile, parada do outro lado da rua.
Mônica, a amiga de Samuel.
A figura sombria, embrulhada em um grande casaco negro e
surrado, destoava das pessoas sorridentes a sua volta.
— Entre logo Amanda, nós temos hora, Cloe já deve estar a
nossa espera. - Minha mãe chamou a minha atenção.
Sentindo um calafrio, entrei no carro e fomos ao encontro da
assessora, na catedral de Saint Patrick's.
Ainda virei a cabeça tentando enxergá-la, mas ela havia
sumido como uma assombração.
— Algum problema?
— Hum? Não, tudo certo, mãe e o jantar de sábado? -
perguntei tentando distraí-la e esquecendo a garota.
— Está tudo sob controle, seu pai quer que nos
concentremos no casamento.
— Certo. - respondi olhando pela janela do carro, tínhamos
uma boa distância para percorrer e me distrai olhando o trânsito
enquanto minha mãe não parava de falar.
Ela continuava falando e sem querer eu viajei até minha
última noite com David.
— Seu pai pediu que encontrássemos com ele para almoçar.
Franzi o cenho voltando a realidade.
— Ele não foi para Washington?
— Não, hoje é aniversário do seu tio, ele marcou uma missa
no Marco Zero e nós vamos acompanhá-lo.
— Só nós?
— Claro que não, você conhece seu pai quando está em
campanha, ele disse que vai amanhã, hoje ele era mais útil aqui.
— Entendi.
— E você e o Samuel? Estão se dando bem? Nem vi você
chegar ontem.
Eu e Samuel? O que eu poderia dizer a ela sem chocá-la?
Porque estava fora de questão contar que ele insistiu durante todo o
jantar em me levar para o seu apartamento, ele queria relembrar
nossa noite em Los Angeles.
Só que isso não ia acontecer, não enquanto eu não fosse sua
esposa e dividir a cama com ele fosse uma obrigação.
— Estamos nos conhecendo mãe. – respondi sendo evasiva.
— Ele é tão bonito e um perfeito cavalheiro, seu pai parece
ter encontrado o filho com quem sempre sonhou.
Sorri para ela, engolindo a resposta que eu gostaria de dar.
— Eu percebi.
O celular dela tocou e fiquei em paz com os meus
pensamentos, pela janela vi que estávamos chegando.
A catedral era fabulosa, meu pai não estava medindo
esforços para que o meu casamento fosse o casamento do ano,
quanto mais grandioso, mais chamaria a atenção, quanto mais
chamasse a atenção, mais contribuições seriam atraídas, descobri
que a lista de convidados já havia passado de quinhentas pessoas
há muito tempo.
Afinal, a "princesa de Hamptons" estava se casando.
— Está tudo certo aqui, data e hora confirmadas, eu queria
que vocês me encontrassem para olharmos a igreja e resolvermos
os detalhes como a música de entrada, entre outras coisas. – Cloe
falou olhando suas anotações assim que nos encontramos com ela.
— Você conseguiu a data? - Minha mãe perguntou
entusiasmada.
— A influência do seu marido foi decisiva nisso.
— Perfeito.
Sim, minha mãe parecia ter descoberto a palavra "perfeito"
no dicionário.
— Ótimo. - respondi com um sorriso polido.
— Mas não podemos demorar Cloe, o senador nos espera. -
Minha mãe avisou.
— Oh, bem, se preferirem, podemos apenas olhar a igreja e
marcamos para amanhã uma reunião. - A moça sugeriu.
— Para mim parece perfeito. - Mamãe concordou e eu
escondi uma careta.
— Certo, vamos olhar por aí então. - Ela falou guardando seu
bloco de notas e nos acompanhando pelos corredores da enorme
catedral.
Capítulo 10

David
Dias depois
Eu estava dormindo pouco, sendo relapso com o serviço, não
tinha voltado na oficina do Will há dias e ainda não tinha nenhuma
nova pista sobre o paradeiro de Amanda.
Toda vez que tentava dormir, assim que fechava os olhos, ela
dominava os meus sonhos e eu acordava suado, gemendo o seu
nome, e duro feito uma pedra.
Era melhor que eu a encontrasse logo, pois banho frio não
estava mais fazendo efeito.
— Inferno. - gemi com a testa encostada contra o azulejo
gelado enquanto gozava nos ladrilhos do banheiro, apertando meu
sexo entre os dedos.
Mais uma vez eu buscava algum alívio embaixo da água
gelada, e mais uma vez aquilo se mostrava inútil.
Ainda trêmulo, ainda duro e beirando o desespero, eu deixei
o banheiro enrolado em uma toalha e me joguei de novo na cama,
apagando em seguida.
Acordei quando sua boca se fechou sobre meu pau, senti o
veludo molhado acariciar a cabeça, enquanto suas mãos estavam
espalmadas em minhas coxas.
Abri os olhos e ela estava ajoelhada no meio das minhas
pernas, completamente nua.
Minha menina estava ali, finalmente.
Sua boca se afastou e foi substituída por suas mãos, que se
fecharam sobre o meu pau, segurando firme enquanto sua língua
brincava sobre a cabeça rosada.
— Amanda...
— Shiiiu... não acorde professor, antes você tem que gozar
na minha boca. - Ela falou voltando a lamber toda extensão do meu
pau dessa vez.
Acordar? Quem está dorminho? Aquilo não podia ser um
sonho, ela estava ali comigo e eu só gozaria quando estivesse
dentro dela.
— Venha cá, querida. - falei enrolando minha mão em seu
cabelo e a trazendo para cima de mim.
Ela se assustou e se agarrou ao meu corpo.
— Se prepare. - falei ao abraçá-la e girei nossos corpos, com
a intenção de ficar sobre ela.
A sensação foi de flutuar, e então o impacto da minha cabeça
batendo no chão me acordou finalmente.
— Merda. - resmunguei alisando a cabeça enquanto o
despertador disparava, avisando que era hora de acordar.
Sentei no chão, encostado contra a cama e desliguei o
alarme.
Ainda era muito cedo, eu entraria mais tarde naquele dia,
mas tentar dormir de novo estava fora de questão.
Olhei para baixo e o lençol enrolado no meu quadril parecia
uma tenda de circo.
Fazendo uma careta, levantei e largando o lençol no chão,
voltei ao banheiro para mais uma missão impossível.
Momentos depois eu checava minha caixa postal na bancada
da cozinha enquanto olhava a página do Times na internet, sobre as
últimas notícias do cenário político, tentando me distrair através da
revista.
Uma corrida fazia parte dos meus planos para logo em
seguida, talvez o desgaste físico me ajudasse a relaxar.
Eu ainda estava aguardando o retorno da direção de
Princeton, por isso ouvia as mensagens da caixa postal de hora em
hora.
Enquanto passava os olhos sobre as notícias, resolvi tentar a
Karine mais uma vez, mesmo sabendo que seria quase inútil, liguei
para ela.
— Karine, é o...
— Professor David, reconheceria sua voz em qualquer lugar
professor. Se quiser estarei na sua casa em alguns minutos. - Ela
perguntou com voz melosa.
Fiquei mudo, olhando fixamente para a tela do notebook.
— Professor?
— Eu... eu quero saber se você tem notícias. - balbuciei.
— Nada professor, ela está ocupada com o casamento. - Ela
respondeu.
— Certo, obrigado. - Agradeci já desligando.
— Sério, é só isso? Não está precisando de companhia?
— Não, não, está tudo bem, obrigado, até mais tarde. - Nem
a deixei falar, eu precisava desligar imediatamente.
Era ela.
Finalmente eu a havia encontrado, estava bem ali na minha
frente, na seção sobre política.
A manchete falava sobre o senador Johnson e a foto o trazia
com a família.
"O senador Johnson foi visto esta semana visitando o Marco
Zero, memorial às vítimas do 11 de setembro, vale lembrar que o
senador mantinha um escritório na Torre Norte e por pouco não foi
uma das vítimas. Entre os funcionários que faleceram, vítimas do
atentado, o senador perdeu também seu irmão, Peter Lee Johnson,
que era seu assessor de imprensa. Na visita, o senador estava
acompanhado de sua esposa, senhora Agnes Lee Johnson, sua
filha, que esteve estudando no exterior, a senhorita Amanda Lee
Johnson e do seu futuro genro e possível herdeiro político o
advogado Samuel Parker, da conceituadíssima empresa de
advocacia Parker & Parker. O prefeito e algumas outras
personalidades políticas também acompanhavam ao senador, que
mandou rezar uma missa em homenagem ao irmão que estaria
fazendo cinquenta e seis anos no dia de hoje."
Amanda Lee Johnson.
Amanda era filha do senador Johnson. A raposa velha do
senado era malvista por muitos e talvez fosse o motivo da troca do
nome da filha enquanto cursava a universidade. Sua segurança.
— Achei você, querida. - falei, sorrindo para a tela.

Amanda
Finalmente eu estava tendo um dia de folga, meus pais
estavam em Washington em um evento privado, onde não podiam
arrastar a mim e nem ao Samuel com eles.
Aproveitando a tarde de descanso, peguei um romance na
biblioteca e o meu notebook, me fechando em meu quarto.
Depois de acessar minhas redes sociais, me lembrei que o
meu facebook como Amanda Sanders não foi deletado.
— Muito bem, vamos acabar logo com isso. - resmunguei
digitando a senha.
Assim que entrei na plataforma, dezenas de mensagens
começaram a pipocar na tela, o que era de se esperar, afinal eu não
me despedi de ninguém.
Mas quando comecei a olhar, percebi que a maioria era da
Karine.
Senti-me em falta com ela por não ter ligado mais e por isso
fui primeiro em suas mensagens.
"Amanda, liga o celular."
"Amanda, preciso falar com você."
"Afinal o que está acontecendo? Você sumiu".
"Preciso que retorne minhas ligações."
"Você falou que eu não precisava me preocupar, agora
querem que eu saia do apartamento."
"AMANDA, QUE INFERNO, CADÊ VOCÊ?"
"Deixa pra lá, já resolvi".
"Os boatos sobre o David acalmaram, parece que ele não
tem saído com ninguém depois daquele dia."
"Ele me ligou agora há pouco, só para ouvir a minha voz,
não é fofo?"
Aquilo beirava a loucura, era muita mensagem, algumas
quase que seguidas.
"Oi, desculpe, meu pai não me deixa nem respirar, não
mande mais nada para cá, estou deletando o perfil".
Enviei e vi que até dona Mirtes, da secretaria havia me
enviado uma mensagem.
"Estamos preocupados com você querida, por que sumiu
dessa forma? Mande notícias."
Sorri lembrando da simpática senhora que sempre tinha uma
bala para oferecer. Ela brincava que se sentia uma abelha.
Eu estava começando a respondê-la quando uma mensagem
da Karine chegou.
"Quase tive que me mudar, você disse que eu não
precisava me preocupar."
Olhei para a tela alguns minutos antes de responder.
"Até que horas tem ido suas festas?"
Ela não respondeu de imediato, aproveitei para responder a
dona Mirtes, mandando lembranças e dizendo que estava tudo bem.
Preferi não contar que ia excluir o perfil.
Respondi as outras mensagens e quando fui olhar como
deletar o perfil, chegou a resposta da Karine.
"Isso não importa, consegui uma pessoa que resolveu
tudo aqui, agora vão me deixar em paz."
Perfeito.
"Ainda bem que tudo foi resolvido, assim que der eu te
ligo, boa sorte aí".
Fechei a conversa e exclui o perfil.
Agora que estava longe, falar com ela estava me fazendo
mal, parecia que havia maldade em cada palavra que ela dizia,
como eu não sentia isso antes?
Curiosa, fui atrás do celular que eu já deveria ter destruído.
Haviam várias ligações perdidas dela e de outros números
não identificados, suspirei desligando novamente o aparelho.
A batida discreta na porta me lembrou que eu não estava
totalmente a sós em casa.
— Entre, Greta. - respondi guardando o celular.
— Surpresa, querida. - Samuel falou, abrindo a porta.
Aquilo realmente foi uma surpresa.
— O que faz aqui? - perguntei fechando o notebook.
— Vim te fazer companhia, já que seus pais estão fora. - Ele
respondeu encostado contra a porta.
— Logo eles estarão de volta. - respondi alarmada.
— Sinto te decepcionar, mas o senador me ligou e avisou que
eles não retornariam hoje.
Gelei por dentro, eu não confiava nada nele, já que vinha
deixando claro seu desejo de ir para a cama comigo novamente.
— E por que ele não me ligou?
— Você conhece o seu pai, ele praticamente me entregou a
responsabilidade de cuidar de você.
— Não exagere, como entrou aqui?
— Quem seria louco de me barrar e correr o risco de perder o
emprego quando tudo isso for meu? - Ele respondeu presunçoso.
— Seu?
— Oras, você sabe que vou ser responsável por tudo isso,
afinal sou o herdeiro do seu pai.
— Herdeiro político. - Eu o corrigi.
— Que se casará com sua filha única, como vê, bebê, tudo
será meu, incluindo você e esse corpo delicioso. - Ele falou
passeando os olhos pelos meus seios.
— Meu pai pode mudar de ideia. - falei enquanto procurava
uma saída.
— Então que tal garantirmos o nosso herdeiro? Um neto seria
um belo presente para o seu pai. - Ele falou se aproximando da
cama onde eu estava sentava.
Afastando o notebook, pulei imediatamente, parando do outro
lado.
— Sexo só na lua de mel, Samuel, e filhos não tão cedo.
— Não seja careta Amanda, é normal namorados transarem
antes de casar, e depois, esqueceu o que houve entre nós? Eu
quero cada centímetro de você, não tenha dúvida disso.
— E se eu disser que não?
— Você vai dizer que sim, dessa vez será diferente. - Ele
falou se aproximando.
Desesperada, presa entre ele e a porta, me lembrei da garota
do baile.
— Eu vi a Mônica de novo. – falei de repente.
Como da outra vez que falei nela, seu rosto perdeu a cor,
mas dessa vez suas feições se fecharam.
— Não deixe que aquela garota chegue perto de você,
entendeu? Eu achei que já tinha resolvido isso.
— Acho que não resolveu.
— Esqueça dela e venha cá. - Ele falou esticando a mão em
minha direção.
A batida na porta foi seguida da entrada intempestiva de
Greta, que parou no meio do quarto.
— Senhor Samuel, o senador deseja falar com o senhor no
telefone, ele ligou na linha privada da biblioteca.
— Diga que estou ocupado, depois eu ligo para ele.
— Desculpe senhor, mas pelo tom de voz dele, é melhor
atender.
— Certo, eu já volto. - Ele falou e saiu irritado do meu quarto.
— Senhorita Lee...
— Obrigada Greta. - Eu olhei agradecida para ela.
— Ele vai voltar senhorita, o senador mandou que a senhorita
fosse para o apartamento na cidade.
— Talvez seja melhor mesmo.
— Desça pela escada de serviço, assim não terá que passar
pela biblioteca, seu carro já foi retirado da garagem.
Apanhando um casaco e minhas botas, eu deixei meu quarto
e fiz o que ela falou, descendo pela escada de serviço, indo parar
direto na cozinha.
Greta vinha atrás de mim trazendo minha bolsa.
— Como o meu pai... - comecei a perguntar vestindo o
casaco, o frio estava maior a cada dia, anunciando um inverno
rigoroso.
— Eu o avisei da chegada do senhor Samuel, seu pai é bem
antiquado menina, e pediu que fosse avisado caso o seu noivo
aparecesse sem convite.
Fechei o casaco já entrando no carro, as botas foram jogadas
no banco do passageiro, assim como a minha bolsa.
— Meu futuro noivo acha que já é o dono da casa Greta,
esse é o problema.
— Pobre criança, ele acha que engana o senador?
Dei de ombros e me despedindo dela, fugi da minha própria
casa para evitar um noivo inconveniente.
— Senhorita Lee. – O chefe da segurança me chamou
quando cheguei aos portões.
— Senhor Jacobs, meu pai me mandou para o apartamento
da cidade por conta da visita inesperada que acabou de chegar.
— Nós podemos colocá-lo para fora.
— Seria perfeito, mas acredito que meu pai não quer chegar
a esse extremo.
— Sim senhorita, vou mandar dois homens acompanhá-la.
— Certo. – falei fechando a janela, não havia argumentos, a
distância era grande, foi um milagre ter passado todo o tempo que
fiquei na Califórnia sem nenhum segurança.
Assim que saí, pensei melhor sobre o meu destino, se eu
fosse para o nosso apartamento em Nova York, seria questão de
horas até o Samuel estar batendo na porta, eu precisava ir para
outro lugar.
Foi quando lembrei do meu primo e mandei uma mensagem
para ele, avisando da minha chegada.
Uma hora depois eu chegava a vinícola de Robert,
considerada uma aposta promissora, a vinícola que sua esposa
Violet herdou dos pais vinha se destacando no mercado
internacional.
Olhei pelo retrovisor e vi o carro dos seguranças entrando na
propriedade atrás de mim.
— Ei, acho que conheço você. - Robert brincou quando desci
do carro.
— Engraçadinho. - respondi o abraçando.
— Vamos entrar, está frio aqui fora. - Ele convidou.
Estava mesmo, como eu só parei para colocar minha bota
quando me vi a quilômetros de casa, meus pés estavam congelados
ainda.
— Tudo bem por aqui? Onde está sua esposa? — Perguntei
enquanto entrávamos em sua deliciosamente aquecida cozinha.
— Ela já vem, sente aí enquanto faço um café fresco para
nós.
Sentei na cadeira junto a mesa e esperei por ele que logo se
juntou a mim.
— Agora me conte o que aconteceu, faz séculos que não te
vejo.
Infelizmente era verdade, não séculos, mas pelo menos dois
anos.
— Bem, não sei se você já soube, mas vou me casar em
breve.
— Oh sim, eu soube que finalmente o senador achou o
“marido perfeito" para a "princesa de Hamptons". - Ele deu ênfase a
palavra marido fazendo gesto de aspas com os dedos.
— Odeio ser chamada assim.
— Culpe ao senador. - Ele falou dando de ombros com ar de
riso.
Violet, sua esposa, juntou-se a nós, sentando no colo dele
depois de me cumprimentar.
— Tudo bem, Amanda?
— Tudo ótimo.
— Amanda estava para começar a me contar o que tem feito
da vida, porque se despencou até aqui com esse tempo e o
principal, como virou a noiva daquele idiota do Samuel Parker. - Meu
primo falou me olhando.
Suspirei e cruzei os braços sobre a mesa.
— Se você me servir aquele café, para eu me aquecer eu
conto tudo, mas como souberam do noivado? Ele ainda não
aconteceu.
Violet desceu do colo do meu primo e nos serviu o café em
três xícaras fumegantes, voltando para onde estava.
— Levo algo para os seguranças lá fora? – Ela perguntou me
entregando a minha xícara.
— Depois eu levo um café para eles. – Robert respondeu por
mim.
Meu primo a abraçou, beijando seus cabelos e eu senti inveja
da cumplicidade e do carinho que ambos demonstravam com
pequenos gestos.
Eu nunca teria aquilo com o tipo de casamento que me
aguardava.
Provando o café, vi meu primo me empurrar seu celular e
curiosa o peguei para olhar.
Era uma foto da missa que foi celebrada dias antes no
memorial.
— Porque você não foi? – perguntei.
— Talvez porque não tenha sido avisado. - Ele falou dando
de ombros.
Assim era o senador, se a pessoa não lhe era útil, era
descartada a ponto de não avisar ao meu primo da homenagem que
seria feita ao próprio pai.
— Sinto muito. - falei me sentindo péssima.
— Não sinta prima, eu fiz minha homenagem lembrando dele
em minhas orações, eu não preciso dos circos armados pelo seu pai
para lembrar do meu.
— Certo. – Concordei, ainda sem graça.
— Agora explique o que está acontecendo. – Ele pediu.
Passei a próximas horas contando desde a minha vida de
universitária anônima até o motivo de estar ali.
— Você deixou alguém para trás em L. A.? - Violet perguntou
quando acabei de contar.
— Não... quer dizer, não exatamente. - E pela primeira vez
me vi falando abertamente sobre o David.
— Você pensou em ficar? - Violet perguntou quando acabei
de contar.
— Por alguns segundos, sim. - respondi olhando para a
caneca vazia.
— E por que não fez isso? - ela continuou.
— Você não conhece o senador Vi, ele teria ido como um rolo
compressor em cima dos dois. - Robert explicou.
— E você vai cumprir as ordens dele e se casar com o cretino
do Samuel. - Ela concluiu me olhando.
— Vou, não tenho escolha, de onde conhecem o Samuel?
— Estivemos na Universidade na mesma época, felizmente
não no mesmo curso. Mas tive o desprazer de conviver com ele,
pois na época namorava Mônica, minha colega de quarto.
— Mônica? Como ela é? - perguntei interessada.
Quando Violet acabou de descrever a amiga, eu olhava
espantada para ela.
— Violet, como era o relacionamento deles? - perguntei
quase sem voz.
— Intenso e doentio, esse é o resumo perfeito.
— Doentio?
— Sim, viviam brigando, os dois muito ciumentos, ele chegou
a bater nela e foi quando a família a tirou para longe daqui. Acho
que era bem capaz de se matarem se continuassem juntos.
Um calafrio correu o meu corpo.
— Ela está de volta, eu a vi duas vezes já. – avisei.
Foi a vez da Violet me olhar espantada.
— Será que... - Ela parou a frase no meio.
— Estão juntos de novo? Tenho quase certeza.
— Ela não vai aceitar o casamento.
— Não, não vai. - concordei com ela.
Capítulo 11

David
Sábado
Era meio da tarde quando finalmente desembarquei no
aeroporto JFK, o mau tempo atrasou o voo e quase me impediu de
chegar a Nova York.
— Bem princesa de Hamptons, estou chegando. - murmurei
enquanto atravessava o saguão do aeroporto, procurando a
empresa de aluguel de carros.
Parei para tomar um café e foi quando uma foto do casal me
chamou a atenção na primeira página do jornal que estava sobre
uma das mesas.
O senador Johnson comemora hoje nos salões do Plaza o
noivado de sua filha Amanda Lee Johnson com Samuel Parker, com
uma lista seleta de convidados, os noivos oficializam a união e
anunciam para breve o enlace matrimonial.
Sem qualquer plano em mente, aluguei o carro e sai rumo ao
hotel, lá eu pensaria no que fazer.
Assim que descobri quem ela era de verdade, passei a
pesquisar tudo sobre a família Johnson e encontrei manchetes
sobre a festa de noivado no dia seguinte no hotel Plaza.
Tirei duas semanas de afastamento na Universidade e
preparei tudo para viajar, incluindo uma reserva no hotel que, por
pouco, não consegui fazer, pois o senador havia reservado a
maioria dos quartos, segundo a atendente.
Era loucura, mas eu precisava estar frente a frente com ela,
nem que fosse para me despedir, o bilhete que ela deixou ainda
estava comigo na minha carteira.
A primeira pessoa que vi quando parei na porta do hotel foi
Sharon, usando um uniforme de uma empresa de segurança.
Passei por ela tentando não ser visto e fui em direção a
recepção, fazer o check-in e subir para o meu quarto.
Senti-me aliviado quando consegui pegar o cartão do quarto
e fui para o elevador, mas uma mão segurou a porta e Sharon
entrou, deixando a porta se fechar atrás dela.
— O que faz aqui professor?
A grande pergunta da noite.
— Eu ia fazer a mesma pergunta Sharon, escolha
interessante de roupa para um noivado.
Ela ficou corada olhou o painel do elevador.
— O senhor está em que andar?
— Terceiro, e deixe essa bobagem de senhor de fora. –
respondi no momento em que o elevador parava no meu andar.
— Vou acompanhá-lo, precisamos conversar.
Uma vez dentro do quarto, ela fechou a porta e me encarou.
— Se está aqui, é porque sabe a verdade.
— Pensei que soubesse de toda a verdade, até dar de cara
com você.
— Eu e Collins fomos para a universidade para cuidar da
segurança dela.
— Ela sabe?
— Não, ela pensa que o pai a deixou por conta própria.
Passando a mão pelo rosto, atravessei o quarto até parar em
frente a janela.
— Por isso estava no seu carro na porta dela de manhã? –
perguntei.
— Pensei que não havia sido vista.
— Eu a vi, mas se ela já tinha ido, por que estava ali?
— Vi a Karine chegar, eu queria saber se agi certo ao não
interferir.
— Eu não fiquei.
— Eu sei, e fiquei muito feliz com isso, mas tenho que
perguntar de novo professor, por que está aqui?
— Eu preciso vê-la. - respondi parando em sua frente.
— Não é uma boa ideia, você sabe disso.
— Sim, eu sei, mas ainda assim estou aqui, ela está no
hotel?
— Sim. Do décimo andar em diante está tudo fechado, só os
convidados têm acesso, o que pensa fazer?
— Não faço ideia, só pensei em chegar aqui.
— Genial. – Ela falou exasperada.
— Ei, eu cheguei aqui, não cheguei?
— Desculpe, mas a pior parte vem agora.
Virei de frente para ela, a encarando.
— Me coloque lá em cima.
— Você está louco.
Sem falar nada, continuei olhando para ela.
— Isso é loucura, mesmo que eu te ajude a chegar lá em
cima, como pensa chegar até ela? O andar em que a família está
tem vários outros seguranças. - Ela falou exasperada.
— Então, tenho que tentar na festa. - concluí.
— Também estará cheia de seguranças.
— Eu posso me passar por garçom, não importa, eu só volto
para Los Angeles depois que falar com ela.
Suspirando, ela me olhou mais um pouco e se virou para a
porta.
— Não saia daqui, eu volto.
Sentei no sofá que havia no quarto e aguardei ansioso,
olhando as horas passarem lentamente no relógio.
Quase duas horas depois, ela voltou e me entregou um
crachá.
— Saia do hotel e dê a volta, na lateral fica a entrada de
serviço, use esse crachá para entrar, a equipe terá um reforço por
hoje e você estará dentre eles. Haverá uma reunião em meia hora
na cozinha para dar instruções a todos.
— Entendi, obrigado.
— Ótimo e por favor, não faça com que eu me arrependa.
Fiz o que ela mandou, deixei o hotel e voltei pela entrada de
serviço, e uma vez lá dentro, me passei por um dos garçons que
reforçaria a equipe, recebi o uniforme que eles usavam e o próximo
passo era encontrar Amanda.
Fomos levados para a cozinha no andar onde ficava o salão
onde aconteceria o jantar, aproveitando o grande movimento, deixei
a cozinha e entrei em um dos corredores tentando conhecer o
ambiente, eu estava em uma área restrita e todo cuidado era pouco.
Ouvi passos vindos em minha direção e entrei na primeira
porta que encontrei, era um pequeno quarto, cheio de material de
limpeza e fiquei com a porta entre aberta aguardando para poder
sair.
Um casal passou e parou logo depois, conversando baixo,
olhei pela fresta e o homem segurava firme no braço da mulher,
como se a arrastasse. O interessante era que a mulher vestia uma
roupa de camareira e por pura sorte eu consegui ouvir o que diziam.
— Eu já falei mil vezes, fique fora disso, não procure por ela,
não se meta, não tente estragar tudo ou eu não respondo por mim. -
O homem falou visivelmente tentando se conter.
— Você não pode se casar com ela. - A mulher choramingou
enquanto ele apertava a mão em seu braço.
— Eu preciso, será que você não entende? Que merda! Já
expliquei mil vezes, tudo o que eles têm será meu, tenho o senador
na palma da minha mão, eu me transformei no filho que ele sempre
quis.
— Por favor Sam, eu não vou suportar ver você casado com
ela, minha família também tem dinheiro.
— Querida, eu preciso me casar com ela, senão tudo o que já
fiz terá sido à toa.
— Tenho medo de você não me querer mais. - Ela falou
tentando abraçá-lo.
— Isso não vai acontecer, basta você parar de me aborrecer,
entendeu? – ele falou segurando os seus pulsos.
— E o nosso filho?
Ele mudou quando ela disse isso e a abraçou beijando sua
cabeça.
— Está tudo dando certo, querida, eu vou me casar com ela,
mas será por pouco tempo, OK? Logo estarei livre.
— Então prometa nunca tocar nela.
— Mônica...
— Prometa Sam, eu morro um pouco cada vez que imagino
vocês transando, você é meu, só meu, entendeu?
— Mônica, não pense nisso, OK? Não vai acontecer, agora
vá para casa que amanhã eu vou te ver.
— Hoje... Diga que vai me ver assim que sair daqui e que vai
ficar a noite toda, jure e vou embora.
— Tudo bem, mas agora vá.
— Eu vou, mas não esqueça que eu te amo e serei a única
mãe de seus filhos.
A moça então beijou sua boca rapidamente e sorrindo, correu
pelo corredor sumindo de vista, em seguida o homem olhou ao
redor e voltou para a festa.
Soltei o ar que nem percebi que retinha, respirando direito.
Amanda podia estar correndo perigo e ninguém sequer
imaginava aquilo.
Tentando voltar para a cozinha, entrei em um outro corredor e
vi que havia pego o caminho errado, foi quando eu a avistei parada
perto da entrada do salão.
Tão linda e tão solitária.
Fiquei parado, sem ação, apenas observando a princesa de
Hamptons. Aquela não era a garota que conheci na Califórnia, a
tensão parecia que iria quebrá-la ao meio a qualquer momento.
Ela percebeu minha presença e olhou em minha direção.
Hipnotizado, comecei a caminhar em sua direção até cair em
mim, não dava para falar com ela ali, parei onde estava e pude ver
claramente as mudanças em sua expressão, susto, alívio e por fim
medo.
— Amanda. - sussurrei voltando a caminhar.
— Amanda, onde você está com a cabeça? Ande logo que
nós temos uma programação a seguir. - Era o senador que saia do
salão e caminhava até ela.
Ela me olhou preocupada e sutilmente fez não com a cabeça,
em seguida andou em direção a ele.
— Estou aqui papai, vim pegar um ar. - Ela explicou.
— Estamos atrasados. - O senador reclamou e a levou de
volta a festa.
Olhei para dentro através da porta, a riqueza do lugar
chegava a incomodar, finalmente eu parei para pensar se eu deveria
interferir na vida dela.
O que um professor universitário poderia oferecer a alguém
que já tinha tudo?
Aturdido, achei o meu caminho e parei na entrada da cozinha
que era usada pelos funcionários, de lá pude ouvir quando a música
parou e o pai dela começou a falar no microfone, anunciando
oficialmente o noivado.
Frustrado, voltei para a cozinha me misturando ao caos que
havia ali e quando vi, tinha uma bandeja nas mãos e entrava no
salão, servindo champagne.
Circulando entre os convidados, mais uma vez me vi cara a
cara com ela.
— Aqui rapaz, me dê uma dessas. - O senador pediu,
trocando a taça vazia que tinha nas mãos por uma da minha
bandeja.
— Beba um pouco Amanda, você precisa de alguma cor
neste rosto, parece que vai desmaiar a qualquer momento.
Ele mesmo trocou a taça dela e em seguida virou a própria
em um gole só.
— Vou precisar de mais do que isso se quiser ficar
minimamente bêbado. - Ele resmungou se afastando.
Olhei para ela que tinha os olhos fixos em mim.
— Deseja algo?
— Sim. - Ela respondeu bebendo todo o conteúdo de sua
taça e pegando outra.
— Precisamos conversar. - falei baixo.
Ela virou a nova taça e eu me vi preocupado.
— Escuta...
— Vá embora, por favor. - Ela sussurrou e virando de costas
para mim se misturou aos convidados.
Eu a segui com os olhos enquanto ela atravessava o salão e
sumia por uma porta.
Livrei-me da bandeja sobre a primeira mesa que encontrei e
apressado, atravessei o salão, entrando na mesma porta que ela, a
tempo de vê-la entrar no banheiro feminino.
Eu estava em uma antessala com sofás, onde ficavam os
banheiros feminino e masculino.

Amanda
Eu sentia o corpo todo trêmulo, respirei fundo tentando me
acalmar, eu sabia que seria um dia difícil, mas ele estava se
superando, principalmente pelas visitas surpresa.
Que diabos David fazia ali?
— Você está bem, princesa?
Virei assustada e o encontrei parado perto da porta fechada.
— O que faz aqui? Alguém pode entrar. – falei baixo,
preocupada.
— A porta está trancada. Amanda, eu precisava ver você. -
Ele falou se aproximando.
— Como conseguiu entrar na festa?
— Tive uma ajuda inesperada. - Ele brincou com ar de riso.
— Quem?
— Não importa agora. – Ele respondeu fechando os olhos e
aspirando meu perfume.
— Você deve partir imediatamente. – falei me encostando a
parede, pois me senti um pouco tonta.
Em segundos ele estava ao meu lado e segurou a minha
mão, acariciando os dedos.
— Sentiu alguma coisa?
— Apenas uma leve tontura, o que faz aqui David? É sério. -
perguntei novamente abrindo os olhos.
Ele ficou em silêncio me olhando, seu cabelo estava uma
bagunça e alguns cachos caindo em sua testa, deixando-o mais
lindo.
— Já falei, eu precisava ver você. - Ele respondeu baixo,
chegando mais perto.
— Por quê?
— Acho que o motivo foi porque você me deixou quando pedi
que ficasse.
— Você viajou de um lado ao outro do país porque se sentiu
rejeitado?
Ele deu de ombros e sorriu.
— É uma boa explicação.
— Mas é a verdade? – perguntei com o coração acelerado.
— Não, não é. – ele respondeu me olhando.
— Então me diga a verdade. – pedi.
Ele suspirou, passando uma das mãos pelo meu rosto.
— Olha, não sei se é uma boa hora para essa conversa, ela
será longa e logo alguém vai bater à porta.
— Pensei que tivesse ido embora quando pedi.
— Não pude, não sem conversar com você.
— Onde você está hospedado?
— Essa noite tenho um quarto aqui, depois eu vejo para onde
vou.
— Me dê o seu celular. - Pedi estendendo a mão.
Peguei o celular e anotei o número do meu primo, eu sabia
que podia confiar nele.
— Ligue para esse número, é do meu primo Robert, ele e a
esposa Violet tem uma vinícola, não é muito perto daqui, mas é
segura, diga que pedi que ele o hóspede, OK?
— Tem certeza?
— Sim.
— Você vai até lá para conversarmos?
— Assim que possível.
Ele deu mais um passo e já estava tão perto, me vi
hipnotizada por seus olhos claros.
— Não acho que seja...
Ele não me deixou terminar, sua boca cobriu a minha, me
tirando a capacidade de raciocinar, como sempre acontecia.
Seus lábios macios acariciavam os meus, enquanto sua mão
se fechava em minha cintura e meu corpo reagiu imediatamente ao
seu toque.
Enrosquei os braços em seu pescoço, puxando-o mais para
perto, enquanto sua boca devorava a minha, era uma explosão de
sensações só com um beijo.
Até a batida insistente na porta nos trazendo de volta de
forma abrupta.
— O que... - comecei a falar, totalmente perdida.
— Amanda, está tudo bem aí? - A voz do Samuel chegou até
nós.
— Inferno. - resmunguei me afastando do David.
— Vamos abrir essa porta e acabar com essa palhaçada. -
Ouvi David falar irritado.
Ele só podia estar brincando.
— Você está louco?
— Amanda. - Chamaram de novo.
— Vamos princesa, você é minha, eu não vou abrir mão de
você.
Apavorada, peguei sua mão e o puxei para a o fundo do
banheiro, empurrando-o dentro de uma das portas das cabines
individuais.
— Aguarde até eu sair, depois vá e procure o meu primo, ele
ainda deve estar na festa, amanhã eu te procuro.
— Amanda... – Ele começou a falar.
— Vá David, por favor...
Ouvimos novamente o barulho da fechadura sendo forçada e
com um beijo rápido em meus lábios, ele se fechou na cabine.
Corri para a porta do banheiro e a abri.
— Mas que diabos... - Samuel reclamou quando abri a porta,
pois estava encostado nela e perdeu o equilíbrio.
— Algum problema?
— Você sumir no meio da festa é um problema, venha,
segundo o cronograma devemos dançar agora. - Ele falou me
arrastando para o meio do salão.
Enquanto dançávamos eu senti que perdia a luta com o meu
corpo e ele entrava em colapso, me fazendo desmaiar no meio da
festa.
Capítulo 12

Amanda
Quando acordei estava de volta ao quarto do hotel e bem
longe do burburinho da festa.
Enxerguei meus pais e o Samuel parados perto da porta me
olhando e o doutor Summers, médico da família desde sempre,
sentado na beira da minha cama.
— Tudo bem, querida? – O médico perguntou tomando minha
pressão.
Confusa, tentei entender o que aconteceu, enquanto ele
retirava o aparelho do meu pulso e o guardava.
— Acho que sim. – respondi sentindo a boca seca.
— Ótimo. Senador, podem nos deixar a sós alguns minutos?
– doutor Summers pediu.
— Pra que isso? – Samuel perguntou irritado.
Definitivamente um desmaio não fazia parte do cronograma
da festa.
— Quem é o médico aqui, rapaz? - O doutor perguntou
olhando por cima de seus óculos.
— Estaremos aguardando no corredor. - Meu pai falou,
levando minha mãe e o Samuel para fora do quarto.
— O que houve? - perguntei, assim que ficamos sozinhos.
Minha voz não passava de um sussurro.
— Você teve um desmaio menina, mas a sua pressão já está
normalizando, acredito que ela tenha caído muito.
— Entendi.
— Você sentiu alguma coisa antes de desmaiar?
Lembrei da tontura que senti pouco antes enquanto
conversava com o David.
— Me senti um pouco tonta, depois o ouvido pareceu tampar
e a vista escureceu.
— Me diga uma coisa e por favor, seja sincera meu bem,
alguma possibilidade de uma gravidez?
Senti que poderia desmaiar novamente e balancei a cabeça,
negando. Eu não queria nem pensar nessa possibilidade.
— Olhe, sua saúde é o mais importante, entendeu?
— Sim, o senhor acha que pode ser algo mais sério?
Ele ficou calado alguns minutos me olhando.
— Você não fez os exames anuais, fez?
— Não. – confessei.
— Venha me ver segunda-feira, sem falta, tudo bem? Por
hora vou ver o que posso fazer por você. – Ele falou andando até a
porta.
— Como assim? - sussurrei.
— Confie em mim, criança. - Ele respondeu e abriu a porta,
pedindo que eles voltassem.
— O que aconteceu, doutor? - Meu pai perguntou se
aproximando da cama.
— Eu acredito que a preocupação com o casamento possa
ser o motivo, mas não vou descartar nada enquanto não a examinar
com calma, quero que ela esteja em meu consultório na segunda-
feira logo cedo, vou pedir que faça uma série de exames.
— Não me enrole Peter, é sério? – Meu pai continuou,
nervoso.
O senador nunca se deixava ver naquele estado, mas se eu
caísse doente mais uma vez, seus planos teriam que ser revistos.
— Eu não posso dar nenhum diagnóstico assim sem um
exame Johnson, mesmo porque, estou evitando pensar no pior,
como eu disse, pedi que ela vá ao consultório para que eu possa
examiná-la, mas adianto que essa perda de peso me deixou
preocupado. Ela parece estar no limite.
— Como sabe que ela perdeu peso? - Meu pai era o único a
manter uma conversa com o médico.
— Eu estava no clube sábado passado, então eu digo que se
quiserem ter uma noiva no altar no dia do casamento, a deixem
descansar um pouco.
— O que o senhor sugere?
— Amanda é muito sensível senador, o senhor sabe disso,
deixem que ela tire algum tempo só para ela, só isso por hora.
— Um tempo para ela?
— Sim, tenho certeza que vocês têm várias pessoas já
contratadas envolvidas nesse casamento relâmpago, deixem que
trabalhem e o que precisar da presença de alguém, a senhora Lee
resolve.
— E ela deve fazer o quê? – Meu pai continuou.
— O que quiser, é tão difícil assim não a ter sob controle? –
O doutor perguntou com um sorriso.
— Isso é mesmo necessário? – minha mãe perguntou,
entrando na conversa.
— Como eu disse, se a quiserem de pé no altar, sim.
— Tudo bem então, que ela tenha esse tempo para si,
contanto que não faça besteira. - Meu pai concordou.
— Mas temos compromissos... – Samuel começou a falar.
— Que ela poderá cumprir perfeitamente, eu sugeri algumas
horas, apenas deixem que ela respire, só isso.
— Tudo bem. - Meu noivo concordou.
— O que você acha disso, querida? Tudo bem para você? -
Doutor Summers perguntou para mim piscando um olho.
Minha resposta foi um enorme sorriso.
— Acho que posso lidar com isso. – respondi.
— Ótimo, lembre-se do que eu falei, quero você no meu
consultório segunda-feira pela manhã, OK?
— Tudo bem, doutor.
— Agora recomendo que durma, chega de festa para você ou
pode voltar a desmaiar. E não queremos isso, certo senador?
— Claro que não.
— Foi o que pensei, afinal a imprensa está em peso aí. - O
médico falou sorrindo e nos deixou a sós.
Meu pai andou até as portas de vidro e ficou olhando para
fora, enquanto minha mãe e Samuel aguardavam em silêncio.
— Vou providenciar para que você tenha um tempo livre, mas
não abuse, e vá ao consultório do doutor na segunda, OK?
— Obrigada.
— Agora descanse, nós temos alguns contatos a fazer antes
que a festa termine, vamos dizer que você passou mal porque não
se alimentou bem hoje, por estar ansiosa.
— Sim senhor.
— Você se sente melhor filha? Quer que eu fique com você?
- Minha mãe se ofereceu.
— Vamos Agnes, e você também Samuel, nem invente de
querer ficar aqui, preciso dos dois, o que o doutor lembrou é
verdade, a imprensa está lá embaixo, louca para saber o que
aconteceu.
Meu pai saiu levando os dois com ele e finalmente respirei
aliviada, pegando um robe, me desfiz da roupa de festa e deitei para
descansar.
Fechei os olhos relembrando o meu dia, ele poderia ser
resumido em uma palavra.
Infernal.
Comecei com uma ligação do meu pai avisando que estavam
indo me buscar, logo depois um helicóptero chegou a vinícola para
me trazer direto para Manhattan, pousando no heliporto do hotel.
A partir do momento em que coloquei os pés no quarto, eu
senti que perdia totalmente o controle sobre minha vida.
Agindo como um robô, me deixei pentear, maquiar e vestir
para a festa por uma equipe contratada apenas para isso.
Um cronograma me foi entregue por Cloe, marcando onde,
quando e como eu deveria estar em cada momento da festa.
No meio da tarde, Samuel chegou com a família, eles
ocuparam alguns quartos no mesmo andar que nós, e pouco depois
das oito da noite os convidados começaram a chegar.
O jantar pequeno anunciado por meu pai uma semana antes,
tinha mais de quinhentos convidados. Fiquei imaginando a quantas
andava a lista de convidados para o casamento.
— Filha, você está linda, espero que tudo corra bem esta
noite. - Minha mãe falou ajeitando o decote do meu vestido.
Quando cheguei no fim da manhã encontrei o vestido em
meu quarto, todo em renda, branco perolado e um pouco acima do
joelho, assim como uma mala com roupas minhas para nossa
estada ali naquela noite.
Talvez não fosse o que eu escolheria, mas ao menos era
bonito, como naquele momento eu não tinha voz ativa em qualquer
decisão, apenas aceitei.
— Obrigada mamãe.
— Vamos descer? Seu pai está chamando.
— Me dê mais uns minutinhos, sim?
— Algum problema? Falta alguma coisa?
— Vontade de descer? - Sugeri desanimada.
— Você sabia que esse dia chegaria filha, foi ideia sua
lembra? E eu pedia a Deus que o rapaz fosse alguém que pudesse
te fazer feliz e acho que esse pode.
Forcei um sorriso e olhei para ela.
— Obrigada.
— Mas parece que não é mais o suficiente para você, não é?
Você está mudada Amanda, voltou para casa diferente e estou me
arrependendo de ter te ajudado a convencer o seu pai a permitir
aquela loucura.
— Vai ficar tudo bem, não se preocupe, avise ao papai que
em cinco minutos eu desço.
— Você sabe que ele vai reclamar.
— Diga que estou no banheiro, sobre isso ele não tem o
poder de mandar.
Ela me olhou séria e enfim me deixou sozinha com meus
pensamentos, caminhei até a porta da varanda e a abri, sentindo o
ar frio do inverno que se aproximava bater em meu rosto, gelando o
meu corpo na mesma hora.
Ouvi a porta ser aberta, e pensei ser minha mãe que voltava.
— Ele quer engravidar você o mais depressa possível. - A
voz chegou até mim, vinda de dentro do quarto.
Virei na mesma hora e Mônica estava lá, bem no meio do
quarto, usando o uniforme das camareiras do hotel.
— Mônica, o que você faz aqui?
— Ele não ama você, ele me ama. – Ela continuou ignorando
o que eu disse.
Lembrei do que Violet contou e tive pena da garota, aquela
história tinha tudo para não acabar bem.
— Eu não quero ter um filho com ele. - falei tentando
tranquilizá-la.
— Mas vai ter, ele é irresistível, ninguém consegue dizer não
pra ele.
— Você não conseguiu.
— Não, nunca.
— E gostaria de ter um filho com ele. – afirmei.
— Eu vou ter, nosso bebê já está a caminho, mas ele disse
que precisa se casar com você.
— Ele disse por quê?
— Por causa do dinheiro do seu pai.
Ouvi barulho no corredor, alguém voltava para me buscar.
— Tem alguém vindo, é melhor você ir para casa, OK?
— Ele sempre disse que nos casaríamos na primavera, no
Central Park. - Ela continuou me ignorando, com o olhar distante.
Sua voz embargada mostrava que ela estava a ponto de
chorar.
— Querida, eu não quero me casar com ele.
A porta foi aberta e Cloe apareceu enquanto Mônica sumia
dentro do banheiro da suíte.
— Senhorita, o senador ordenou que descesse.
Olhei em direção ao banheiro e fui para a porta, partindo com
nossa organizadora de casamentos.
Esse foi apenas o início da noite, um pouco mais tarde eu vi o
Samuel arrastando a Mônica para longe, mas quando consegui ir
atrás eu não os vi mais, e fui surpreendida então com a presença do
David lá fora.
Por alguns segundos eu esqueci tudo e voltei a me sentir
viva, isso até avistar o meu pai vindo em minha direção e entrar em
pânico de que ele visse meu professor ali.
Foi quando fiz um gesto para que ele parasse e fui ao
encontro do meu pai, voltando para a festa, onde me desliguei mais
uma vez, cumprindo minha obrigação e tentando descobrir se ele
ainda estava por perto.
Eu havia acabado de receber os cumprimentos quando o vi
carregando uma bandeja e me senti curiosa em saber o que ele
fazia ali, afinal de contas?
Meu pai o parou e pediu uma bebida, nos deixando a sós em
seguida e ele aproveitou para falar comigo, entrei em pânico,
temendo por ele.
Meu pai seria capaz de matá-lo.
E me vi pedindo que ele fosse embora. Eu pedi que ele fosse
embora quando tudo o que queria fazer era que ele me tirasse dali.
Com medo de perder o controle, fugi dele e fui seguida,
nossa rápida conversa e nosso beijo só serviu para me deixar mais
aflita e desesperada para sumir.
Acho que foi o que fiz quando desmaiei.
De olhos abertos, eu olhava fixamente para o teto, minha
mente ia direto em uma única direção: David.
Como ele entrou na festa? Quem o ajudou? E o principal, o
que diabos ele estava fazendo ali?
Minha noite seria longa, mas a primeira coisa que faria no dia
seguinte era procurar por ele na casa do meu primo.
Capítulo 13

David
Voltei à cozinha pronto para deixar a festa, eu precisava sair
dali antes que fizesse besteira.
Troquei de roupa e sai de lá, em busca de ar fresco.
Já na porta, eu apanhei o celular para procurar o número do
primo dela e distraído, não vi que havia um caminhão manobrando
para deixar as dependências do hotel também.
Só senti um forte impacto quando alguém se jogou sobre
mim, fazendo com que caíssemos no chão longe da traseira do
caminhão.
— Está tudo bem aí? - Ouvi uma voz de mulher perguntar,
mas não conseguia vê-la.
Eu não podia respirar com o peso do homem que estava
sobre mim, tentei empurrá-lo, mas ele mesmo escorregou para o
lado, se sentando.
— Querido, você está bem? – novamente a mulher
perguntou.
O barulho do motor do caminhão ainda ligado tornava
qualquer conversa impossível.
— O senhor está bem? – O motorista perguntou.
— Sim Sean, não se preocupe. – respondeu o homem que
me empurrou.
— O senhor viu que não foi culpa minha, o cara apareceu do
nada. – O rapaz se justificou.
— Sim, eu vi, pode ir embora e tire e caminhão daqui logo,
antes que reclamem do barulho. – O homem pediu.
— Sim senhor. – o rapaz respondeu.
Aturdido e completamente ignorado, vi o rapaz voltar para a
cabine do pequeno caminhão e ir embora.
Era uma ótima forma de acabar minha noite.
Alcancei o meu celular no chão e a tela estava quebrada.
— Mas que grande merda. - falei me levantando.
O casal ainda estava do meu lado, mas o homem já estava
de pé.
Virei para ir embora, ignorando os dois já que também estava
sendo ignorado por eles.
— Ei, não vai nem agradecer? - A mulher gritou.
— Obrigado. - gritei de volta, sem me virar.
— Ei, seu babaca, meu marido... – a mulher começou a falar.
— Chega Violet, deixe o cara... – o marido dela tentou contê-
la.
— Mas Robert, você podia ter se machucado. – Ela falou
parecendo preocupada.
Parei na mesma hora e me virei devagar.
— Robert e Violet? - perguntei aos dois.
— Sim. - O cara respondeu abraçado a mulher.
Olhei para o caminhão que estava parado mais a frente e vi
que ele transportava bebida.
— Você é o primo da Amanda? – perguntei.
— Sim, quem é você?
— Meu nome é David, e pelo visto começamos da forma
errada, sua prima acaba de me passar o seu número, na verdade eu
estava ligando para você quando saía, acho que sou sua missão de
caridade de hoje. - falei me aproximando e mostrando o celular
quebrado.
— Realmente ele estava tocando. - Ele falou pegando o
próprio aparelho — É o seu número? - Ele perguntou mostrando a
tela.
— Sim, ele mesmo.
— Certo, em que posso ajudar?
— Eu não sou daqui, vim para conversar com sua prima e
não tivemos tempo, estou hospedado no hotel, mas ela me passou
o seu número, sua prima pediu que você me hospede até que ela
possa te fazer uma visita.
— Você é o David de Los Angeles? O professor comedor? -
Robert perguntou rindo.
Um gemido escapou da minha boca, fiquei imaginando o que
Amanda poderia ter contado.
— Pelo silêncio acho que é você mesmo, se prepare, pois
vou querer saber como diabos veio parar aqui.
— Sem problema, separe o vinho, pois sei que tem bastante.
- brinquei tentando descontrair a conversa.
— Você está de carro professor?
— Sim, ele está no estacionamento do hotel.
— Certo. Feche sua conta e nos encontre aqui embaixo, vou
pegar o meu carro e você nos segue, temos bem uma hora de
estrada, você está bem para dirigir?
— Sim, sem problemas.
Deixamos o hotel e eu segui atrás deles, como ele falou,
levamos uma hora até a vinícola.
Robert guardou o seu carro e me indicou onde guardar o meu
enquanto sua esposa entrava na casa.
— A casa deve estar gelada, Violet entrou para ligar o
aquecedor, a temperatura está caindo rápido esta noite.
Depois de fechar a garagem, ele me levou para dentro da sua
casa e perto da lareira já acesa, realmente estava muito frio.
— Acho que teremos neve antes da hora. – Robert
comentou.
— Fique à vontade David. - Sua mulher falou sentada perto
do fogo, já se aquecendo.
— Obrigado.
— Eu vou avisar a minha prima que você está com a gente e
daqui a pouco conversamos, quero entender o que está
acontecendo. - Ele falou se retirando da sala.
— Venha, sente-se perto do fogo, vai se aquecer mais rápido.
- Violet me chamou.
— Obrigado. - Agradeci chegando perto da lareira.
— Prontinho, ela já está quase dormindo. - Robert voltou a
sala com o vinho e as taças na mão.
— Ela está bem? - perguntei.
— Disse que sim, aconteceu alguma coisa? - Ele perguntou
nos servindo.
Dei um gole e senti o sabor incrível do vinho.
— Ela me pareceu no limite quando sai. - expliquei e vi o
quanto o casal ficou preocupado.
— Estão forçando demais a coitada. - Violet comentou.
— Por que ela não pode simplesmente dizer não? - perguntei
tentando entender.
— Professor, ninguém diz não ao senador Johnson. - Robert
explicou se mostrando contrariado.
— E ele quer esse casamento. - concluí.
— Mais do que isso, ele precisa de um herdeiro político e
pensa que achou a pessoa "perfeita", alguém que possa moldar e
controlar.
Pensei no que ouvi no hotel.
— Esse cara está fingindo ser o que não é.
— Você o conhece?
— Não, eu o vi hoje e sem querer ouvi ele conversando com
uma mulher, e pelo que ouvi, eles estão juntos e ela está com
ciúme.
Percebi a troca de olhares entre o casal e me preocupei.
— Você ouviu o nome dela em algum momento nessa
conversa? - Violet perguntou.
— Sim, deixe-me ver se lembro. - Pedi relembrando a
conversa. — Mônica.
Violet se jogou para trás no sofá e Robert mostrou o seu
desagrado levantando enquanto soltava sua taça na mesa.
— Preciso de algo mais forte. - Ele falou indo até o bar que
havia em um canto da sala.
— Pela reação de vocês eu estou mais preocupado, Amanda
está em perigo? - perguntei.
— Sim.
— Não.
Os dois falaram ao mesmo tempo e eu fiquei olhando para
eles alguns minutos.
— Não temos como saber isso, Robert. - Violet falou para o
marido.
Perguntei-me se eles poderiam nos ajudar.
— Por que vocês saíram cedo da festa?
— Não fomos convidados, de última hora a Amanda
descobriu e pediu que fôssemos, por ela nós resolvemos passar lá
apenas para dar apoio. - Violet respondeu olhando para o marido.
— Eu mostrei meu desagrado em ver o senador Johnson
usar a morte do meu pai no 11 de setembro em suas campanhas, a
partir daí deixei de fazer parte da família.
— Entendi, mas não para Amanda. - concluí.
— Não para ela.
— Então podem me ajudar a descobrir como tirá-la disso? -
perguntei achando que valia a pena arriscar.
— Tem certeza disso, professor? Você quer mesmo interferir
na vida dela? Ainda não entendi o que você faz aqui. - Robert
perguntou.
E eu precisava colocar as cartas na mesa, se queria
conquistar a confiança deles.
— Eu passei a última semana procurando por ela. - Comecei
a explicar.
— Não foi o que disseram a ela. - Violet avisou.
— Como assim? – perguntei.
— A amiga dela falou que você transou com ela quando
acordou, sem sequer perguntar por ela. – Robert explicou.
— Aquela vagabunda. – falei entredentes.
— Isso significa que isso não aconteceu? – Foi a vez de
Violet perguntar.
— Não, claro que não, olhem, eu não tenho sido nenhum
santo, mas eu não toco em outra mulher desde que sua prima se foi.
— Uma semana? – A mulher continuou como uma
inquisidora.
— Sim, um recorde segundo meu amigo Will. – respondi com
um meio sorriso.
— E o que isso significa? – Robert voltou a entrar na
conversa.
— É o que vim descobrir.
— Você ama minha prima, professor?
— Eu não sei o que sinto, só sei que estou encantado desde
que a vi, quando chegou a Califórnia.
— Mas nunca a procurou.
— Não, eu me mantive longe dela.
— Por quê?
— Porque eu via que ela era especial, eu brincava que ela
era uma princesa, e princesas são as mais perigosas. - respondi
como se fosse óbvio.
— Sem saber que é como a chamam por causa do meu tio.
— Eu não sabia.
— Esse papo tá ficando meio louco. - Violet falou sorrindo.
— Princesas podem te deixar de quatro só com um sorriso. -
Expliquei.
— Acho que não adiantou muito. – Ela ria abertamente agora.
— Também acho que não, eu resisti por três anos e meio, e
então percebi que ela só tinha mais um semestre. Que eu tinha só
mais um semestre. - respondi sentindo a sala rodar e a língua pesar.
— Acho que entendi. - Robert falou. — Seu tempo estava
acabando.
— Sim, estava. - Senti a cabeça pesada e passei a mão
sobre os olhos.
— Você está bem?
— Sim, tudo bem. Tem mais uma coisa que descobri hoje,
Amanda foi vigiada durante todo o tempo em que esteve em Los
Angeles.
Robert arregalou os olhos, possesso.
— Filho da puta, eu sabia que ele não a deixaria livre.
— Como sabe, professor? - Violet perguntou.
— Encontrei uma de minhas alunas no hotel. - Expliquei.
— Ela pode ter sido convidada. - Violet tentou encontrar uma
explicação.
— Não, nós conversamos, ela admitiu e me ajudou a entrar
na festa.
Ficamos em silêncio e senti minhas pálpebras pesarem.
— Quando foi a última vez que você comeu alguma coisa,
David? - Violet perguntou, chamando a minha atenção.
Fiz um pequeno esforço tentando lembrar.
— Acho que foi durante o voo para cá. - respondi.
— E isso faz quanto tempo?
— Muito. - respondi tomando o último gole da taça.
— Ótimo, e agora está se enchendo de vinho, vamos até a
cozinha, você precisa comer alguma coisa e depois o Robert vai te
mostrar o seu quarto, amanhã continuamos essa conversa. - Violet
falou deixando a sala.
— Ela acha que estou bêbado. - falei rindo.
— Cara, você está bêbado. - Robert falou sorrindo.
— Impossível, bebi só uma taça.
— De estômago vazio. - Ele lembrou.
Ele estava certo, fechei os olhos e foi pior, pois tudo rodou a
minha volta.
— Amanhã eu vou ver minha princesa. - falei tentando me
levantar.
— Vai sim. - Robert concordou vindo em meu auxilio.
— Acho que estou amando a princesa de Hamptons, mas
não sei se é isso, nunca amei ninguém assim. - Continuei falando
sem parar e falando demais.
— Traga ele Robert, vou dar um café enquanto esquento a
sopa.
Robert me ajudou a andar até a quente e aconchegante
cozinha.
— Achei que meu pau fosse congelar de frio dentro do carro.
- falei enquanto ele me sentava na cadeira.
— O carro não tem aquecedor? - Robert me perguntou rindo.
— Sim, mas na Califórnia não faz frio assim, sua casa é
quente.
— Tome seu café. - Violet me entregou a xícara.
— Obrigado, acho que eu preciso dormir. - falei sentindo os
olhos pesados.
— Vou arrumar um sanduíche e você vai deitar, combinado?
— OK. - concordei apoiando a cabeça nas mãos e apagando
sem nem tocar no café.
Capítulo 14

Amanda
A primeira coisa em que pensei quando abri os olhos foi que
David estava em Nova York e logo eu estaria com ele.
— Amanda, se apronte, estamos deixando o hotel em meia
hora. - Minha mãe me avisou através da porta do quarto.
Pulei da cama imediatamente, correndo para me aprontar, eu
precisava ir para casa antes de conseguir ir para a vinícola. Eu só
esperava conseguir sair sozinha.
— Como você está, filha? - Minha mãe perguntou quando
encontrei com ela, meia hora depois.
— Eu estou bem, mamãe. Onde está o papai?
— Saiu logo cedo, o senador Jefferson o chamou para uma
reunião de última hora, alguma coisa que precisa ser aprovada essa
semana.
— Certo, estamos indo?
— Sim, o helicóptero nos aguarda, nossa bagagem será
levada pelos seguranças.
— Tudo bem.
Estávamos entrando no elevador quando percebi que deixei o
celular no quarto.
— Espere mamãe, eu já volto. - falei já voltando ao quarto
que estive ocupando.
A porta estava aberta e ouvi uma voz conhecida vinda dele
conforme me aproximava.
— Está tudo certo por aqui, a bagagem da senhorita Lee já
desceu, estou só olhando se nada ficou para trás.
Nesse momento eu parei na porta do quarto e fiquei chocada.
O que a Sharon fazia ali com o uniforme da empresa de
segurança?
Ela também me olhava chocada, ficando pálida.
— Sharon...
— Senhorita Lee, Amanda...
O rápido conhecimento de que fui enganada me deixou
petrificada.
— Eu...
— Esqueci o meu celular aqui, você o viu? – perguntei.
Ela retirou o aparelho do bolso e me entregou.
— Obrigada. - falei virando de costas para deixar o quarto.
— Eu sinto muito, estava cumprindo ordens.
— Eu entendo, preciso ir.
— Fui eu quem o ajudou a entrar aqui ontem. - Ela falou
rapidamente, enquanto eu deixava o quarto me fazendo voltar para
dentro.
Suspirei olhando para ela.
— Eu preciso processar tudo isso, depois conversamos. -
falei e sai novamente.
Sentia que estava pisando em nuvens, encontrei minha mãe
no elevador e subimos para pegar o helicóptero.
— Samuel já foi? - lembrei de perguntar a minha mãe.
— Sim, ele e a família partiram ontem mesmo.
— OK.
Fizemos o resto da viagem em silêncio, helicóptero não era
um lugar bom para conversas.
— Eu vou sair. - Avisei assim que chegamos em casa.
— Achei que ficaria descansando hoje.
— Eu vou até o Robert, mal os vi ontem.
Ela desviou os olhos, mexendo o açúcar de sua xícara.
— Eles saíram cedo.
— Será que não foi por que foram convidados de última
hora?
— Oh! Querida, você sabe como seu pai é.
Ela falou dando de ombros, antes eu não ligava, mas agora
sua passividade me incomodava e o pior, era o que esperavam de
mim e eu sabia que não aguentaria isso por muito tempo.
— Mais um motivo para ir vê-los. – falei.
— Avise aos seguranças.
— OK, mas eu vou usar o meu carro. - Avisei subindo a
escada.
A maioria das pessoas não sabiam que o meu carro, que eu
ganhei quando fiz dezesseis anos, era blindado e cheio de
mecanismos de segurança, era a condição para que eu tivesse o
meu próprio carro.
E eu nem era filha do presidente, mas a carreira política do
meu pai lhe rendeu inimigos tão poderosos e perigosos quanto ele
próprio.
Já no meu quarto, chamei a sala da segurança, pedindo para
ver a Sharon assim que ela chegasse, se estranharam o pedido,
não falaram nada.
Uma hora depois ela bateu na porta do meu quarto.
— David está no Robert, estou indo até lá e vou pedir que a
partir de agora você seja responsável pela minha segurança.
— Amanda...
— Você me deve essa Sharon.
— Eu estava fazendo o meu trabalho.
— Ótimo, e vai continuar fazendo, só que agora eu preciso
descobrir o que ele faz aqui.
— Ele não falou, disse apenas que precisava vê-la.
— Bem, então vamos indo, porque temos um bom percurso
pela frente.
— Sim, senhora.
— Vou avisar que quero você comigo, me espere lá embaixo.
Ela deixou o quarto e eu soltei um longo suspiro, tentando me
recuperar da tontura que sentia mais uma vez.
Pouco mais de uma hora depois eu entrava na propriedade
do meu primo, sendo seguida pelo carro da firma de segurança com
Sharon e Richard dentro.
Eu esperava encontrar todos já acordados na casa, mas fui
surpreendida com a notícia de que David ainda dormia.
— O que vocês aprontaram ontem? Ele sempre acorda cedo.
– falei estranhando.
— E como você sabe disso? – Robert perguntou.
— Ele costuma correr antes das aulas, alguns dos atletas da
Universidade o acompanham, e não mudem de assunto. – expliquei.
— Só conversamos um pouco enquanto tomávamos uma
taça de vinho. – Foi a vez da Violet contar.
— Foi só uma, mesmo? – perguntei levantando a
sobrancelha.
— Bem, na verdade ele mal aguentou uma, não sabíamos
que ele estava sem comer e ele capotou. – Violet explicou.
— Não acredito... Bob... - Olhei acusadora para ele.
— Ei, calma, ele está bem, talvez de ressaca. - Meu primo
levantou as mãos se defendendo.
— Aqui, leve esse suco e esse comprimido para ele. - Violet
me entregou um copo com suco natural e o comprimido.
— Onde está? – perguntei.
— Segunda porta à direita. - Ela indicou.
Subi a escada e entrei no quarto mal iluminado, senti o calor
aconchegante e levei alguns segundos processando o que via.
David estava nu.
Fechei a porta com cuidado, passando a chave e com a mão
trêmula, coloquei o seu suco na mesinha ao lado da porta, deixando
o comprimido lá também e caminhei até a janela.
Abri um pouco a grossa cortina e enxerguei suas roupas
amontoadas no chão, ao lado da cama.
Dobrei peça por peça, as coloquei na cadeira, e finalmente
parei de adiar, me sentando ao seu lado e tocando o seu ombro.
— David?
A colcha estava enrolada na altura do seu quadril, eu podia
ver não só o peito bronzeado, mas cada gomo do seu abdômen
bem trabalhado e o “V” da sua virilha.
Seu sexo estava coberto, mas eu via perfeitamente o seu
contorno.
Era só esticar a mão.
Engoli em seco, tentada a tocá-lo. Eu sentia tanto a sua falta.
— Eu não vou virar fumaça se você me tocar. - Ele falou
parecendo ler meus pensamentos.
Rapidamente levantei os olhos de seu corpo e encontrei os
dele, fixos em mim.
Minha boca estava seca, ele provavelmente estava mal, de
ressaca e eu só conseguia pensar em uma coisa.
Senti-lo dentro de mim outra vez.
Ele estendeu a mão e tocou o meu rosto, acariciando minha
pele.
— Como você está se sentindo hoje? - Ele perguntou.
— Eu estou bem, mas me mandaram te trazer um remédio
para sua ressaca.
Ele gemeu fechando os olhos.
— Seu primo me embebedou.
Levantei pegando o remédio e o suco, entregando em sua
mão.
Ele sentou e engoliu os dois.
— Sabe onde tem um banheiro aqui? - ele perguntou olhando
em volta.
Apontei para uma porta que havia do outro lado do quarto.
— Certo, eu já... - Ele parou de falar e olhou para si. — Por
que estou sem roupa?
— Eu ia fazer a mesma pergunta. - respondi sorrindo.
Desenrolando a colcha da cintura, ele levantou nu da cama e
pegou sua bolsa que estava ao lado da porta.
— Eu já volto.
— Te espero lá embaixo. - sussurrei quase sem voz, olhando
seu corpo.
Sua ereção matinal era uma provocação.
— Seja lá o que for que está pensando, não pare. – ele
brincou.
— David. - sussurrei engasgada.
— Fique aqui que eu já volto, só preciso tirar esse gosto
horrível da boca.
Ele entrou no banheiro e eu percebi que sorria enquanto me
deitava na cama, para esperá-lo.
O safado era lindo demais e sabia disso.
A pergunta do doutor Summers me veio à mente e tremi de
imaginar o que isso significaria, se fosse verdade.
Ele saiu do banheiro já recomposto, mas ainda nu.
— Será que você poderia vestir alguma coisa?
— Tem certeza?
— Por favor, precisamos conversar.
Vestindo uma boxer preta, ele veio se sentar aos pés da
cama.
— David, por que veio? - perguntei quebrando o silêncio.
Ele se apoiou na mão e me olhou.
— Porque eu precisava.
— Eu não entendo. - falei me sentando.
— Não foi só sexo Amanda, você não é mais uma na lista, eu
tentei te falar ainda em Los Angeles, mas você não deixou. - Sua
voz se tornou intensa conforme ele falava.
— Olhe...
— Eu falei sério quando disse que você era algo para não ser
tocado. - Ele me cortou, impedindo que eu continuasse.
— Mas você tocou. - lembrei.
— Toquei e como eu imaginei, descobri que não queria tocar
em mais ninguém.
— Por favor, não venha me dizer que não esteve com
nenhuma outra mulher depois que parti. - falei revirando os olhos.
— Eu não estive com nenhuma outra mulher depois que você
partiu e não revire os olhos para mim, estou falando a verdade.
— A Karine contou que vocês passaram o dia na cama
depois que fui embora.
— Ela mentiu, eu não encostei um dedo nela apesar de ela
ter tentado.
— David...
— Eu preciso que você acredite em mim.
— Desculpe, mas é difícil...
— Eu mudei Amanda...
— Por que é tão importante que eu acredite em você? - Eu o
cortei exasperada.
— Porque o que tivemos foi pouco, porque quando me vi
dentro de você, me apertando dentro do seu corpo, pele contra pele,
eu vi que estava perdido. - Ele falou chegando mais perto de mim.
Pele contra pele.
Engoli em seco antes de perguntar.
— David, nós não usamos camisinha, usamos?
Eu me arrependi de perguntar assim que fiz a pergunta, a
culpa estava estampada em seu rosto.
— Oh Deus! - falei cobrindo o rosto com as mãos.
— Você está grávida?
— Não, claro que não... eu... eu não sei David, e se estiver?
O que eu vou fazer? Meu pai vai nos matar.
Ele me puxou sentada, me abraçou apertado e beijou meus
cabelos.
— Ele não vai te matar querida, porque você vai voltar para
Los Angeles comigo.
Senti o seu coração batendo contra a minha mão e levantei o
rosto.
— Eu não...
Não terminei de falar, sua boca cobriu a minha e me vi
engolida por um mar de sensações.

David
Minha princesa estava nos meus braços finalmente, e antes
que ela se afastasse eu a beijei.
Senti quando ela se rendeu e abriu os lábios, me deixando
aprofundar o beijo.
Devagar eu fiz com que ela se deitasse novamente e me
deliciei com o sabor de seus lábios macios, nossas línguas se
provocavam brincando, enquanto minha mão desceu por suas
coxas até seu joelho, puxando sua perna por cima do meu quadril.
Empurrei uma de minhas pernas por entre as dela e desci
minha boca por seu pescoço.
Minha pequena gemeu quando mordisquei o seu pescoço e
senti quando ela rebolou o quadril, apertando sua doce boceta
contra o meu pau.
Abri sua camisa, puxando seu sutiã até seu mamilo aparecer
e sem pensar duas vezes eu o abocanhei, sugando com vontade.
— Ohhh...
Seus gemidos me tiravam a razão, quase fazendo um ser
primitivo surgir no meu lugar.
Girando-a na cama, fiz com que deitasse de costas e abri sua
calça jeans empurrando para baixo, até ter espaço para a minha
mão sumir por dentro de sua calcinha.
No primeiro toque seu quadril pulou buscando mais, e eu iria
dar muito mais.
Senti meus dedos deslizarem por sua carne macia e
molhada, ela estava tão molhada que era possível ouvir o barulho
dos meus dedos brincando com seus clitóris e afundando naquela
delícia.
Afastei minha boca de seus seios e voltei ao seu pescoço até
chegar ao seu ouvido.
— Essa boceta é só minha. - Na mesma hora fui
surpreendido com o espasmo que apertou meus dedos dentro dela.
Sorri agradecido pela descoberta.
Eu me afastei um pouco sem deixar de mover os dedos
dentro dela.
Ela abriu os olhos enevoados e me olhou.
— Você gosta quando eu falo assim, minha princesa?
Seu olhar mostrou que ela não estava entendendo.
Sorrindo e resolvi fazer um teste.
Afundando dois dedos dentro dela, me inclinei até o seu
ouvido de novo.
— Você quer o meu pau nessa boceta gostosa? - sussurrei.
Ela tremeu nos meus braços, mostrando que estava quase
gozando, mais um toque, só mais um.
Busquei seu clitóris enquanto abocanhava seu seio
novamente e ela veio como um raio, explodindo em minha mão.
Mas eu precisava de mais dela.
Puxei sua calça, tirando totalmente e vi sua boceta rosada
brilhando de seu gozo, ela ainda tinha os olhos fechados e respirava
como se tivesse corrido uma maratona.
Eu me encaixei entre suas pernas e lambi aquela maravilha
molhada.
Senti seus dedos se fecharem sobre os meus cabelos.
— Dave... - Ela sussurrou engasgada.
Abocanhei seu sexo deixando minha língua torturar seu
clitóris sensível.
Ela mesma se livrou da camisa que usava e do sutiã,
jogando-os longe, em seguida tive a visão dela apertando os seios
entre os dedos.
Aquilo era demais, era um banquete para um homem faminto.
Levantando o corpo, me deitei sobre ela buscando sua boca.
Ela largou o seio, segurando a lateral da boxer que eu usava,
e puxou para baixo.
Droga, era hora de ter algum bom senso.
Afastando-me dela, puxei minha carteira do criado-mudo e
peguei a camisinha.
Se ela não estivesse grávida, era preciso resolver nossas
vidas primeiro.
Ela me olhava ansiosa enquanto eu tirava de vez a boxer e
colocava a camisinha.
Em seguida eu estava em cima dela de novo, me enterrando
em seu doce corpo.
E era bom, tão bom que me vi mais duro do que já estava.
Seus braços se fecharam ao redor do meu tórax, enquanto
suas unhas entravam na minha pele.
Devagar, me mexi, sentindo-a se fechar mais sobre o meu
pau.
— Carinho... - gemi sem fôlego, ela estava me apertando, me
empurrando até à beira.
— Princesa, relaxe ou esse passeio não irá durar nada. - falei
baixo, beijando sua têmpora.
Aos poucos ela relaxou e eu pude me mover, a princípio com
leves estocadas e aos poucos aumentando o ritmo.
— Dave... - ela gemeu dobrando os joelhos na altura da
minha cintura e afundando a unha na minha bunda.
— Ahhhh... - gritei quando vi que estava perdendo o controle.
Rapidamente procurei seus lábios enquanto meus dedos
encontravam seu clitóris outra vez, levando-a além da borda.
Ela se fechou novamente sobre o meu pau, me ordenhando
dessa vez.
Uma, duas, três estocadas fortes e eu explodi também,
saindo do planeta Terra.
— Você é minha Amanda, minha para amar e cuidar. -
sussurrei antes de fechar os olhos um pouco para me recuperar.
Foi incrível, eu me sentia incrível, o mundo fora daquele
quarto não existia.
Éramos apenas nós dois.
— Você viu como somos perfeitos juntos querida? - falei
beijando seu cabelo.
Ela ficou muda, me olhando.
— Você precisa confiar em mim, carinho, eu sei que posso
cuidar de você. - afirmei mais uma vez, olhando dentro dos meus
olhos.
Ela apenas concordou com a cabeça.
— Então volte comigo.
Ela mordeu os lábios antes de responder.
— Impossível, no mínimo meu pai destruiria sua carreira.
— Eu não ligo, você é mais importante, eu preciso demais de
você.
— Estou aqui, não estou?
— Por quanto tempo? Qualquer coisa que você me ofereça
que não seja ir embora comigo, será pouco.
— Eu não posso te oferecer nada David, é melhor você ir
embora.
— Não sem você.
— Você não entende, eu não vou me perdoar se alguma
coisa te acontecer, ficar aqui é perigoso, vá embora, por favor.
— Você vai levar esse casamento adiante?
— Sim. Não posso voltar atrás.
— Mesmo ele sendo uma fraude?
— Não vou decepcionar o meu pai de novo.
— Como assim?
— Por minha culpa meu pai não pôde ter o filho homem que
sempre sonhou.
— Explique.
— Meu pai queria um herdeiro e ganhou uma herdeira,
faltava o seu príncipe, só que por minha causa ele sofreu um
acidente e se tornou estéril, e eu prometi dar o seu herdeiro com o
meu casamento.
— Como foi esse acidente?
— Não importa.
— Quantos anos você tinha?
— Onze.
— Muito nova para prometer algo assim, não acha?
— Não acho. Eu sei que isso é importante para ele.
— Esse cara que ele arrumou vai ser a ruina do seu pai.
— Se for, foi escolha dele.
Suspirei frustrado.
— E o amor?
— Pare David, por favor, você também não me ama, é só
sexo.
Algo remexeu dentro do meu peito com o que ela falou. Não
era só sexo e eu teria que provar isso a ela.
— Quanto tempo falta para o casamento? - perguntei seco,
tendo uma ideia.
— Um mês.
— Então eu vou ficar até o casamento, nós vamos nos ver
todos os dias até a véspera do casamento, será quando irei embora.
— David...
— Pense que eu serei sua despedida de solteira, sexo à
vontade, posso te ensinar muitas coisas.
Seu rosto ficou vermelho com o que eu disse, mas ela não
recusou.
— Isso não é justo, será pior, você não vê? - Ela ainda
relutou.
— Eu vou ficar, e você virá me ver.
— Estou cansada de gente querendo mandar em mim.
— Você virá querida, porque é o que quer também, admita.
— E depois?
— Eu vou te deixar em paz e nós dois teremos boas
lembranças.
Percebi que ela estava pensando sobre o assunto.
— Teremos esses trinta dias para guardar de recordação.
Segurei o seu rosto enquanto meus lábios cobriam os seus.
— Ei pombinhos, o almoço está pronto, venham comer. -
Robert bateu à porta nos interrompendo.
— Nós já vamos. - respondi sem soltar o seu rosto.
— Não demorem. - Robert gritou mais uma vez e o ouvimos
se afastar.
Aproveitei para sair da cama, a conversa estava tensa
demais e eu precisava de uma pausa.
— Estou com fome. - comentei.
Sem dizer uma palavra, ela se levantou e foi se vestir
também.
Quando chegávamos ao térreo, toquei o seu braço para
chamar sua atenção.
— Nós ainda não terminamos. - falei segurando sua mão e
entrando na cozinha.
Robert e Violet nos aguardavam já colocando a mesa.
Capítulo 15

Amanda
Após o almoço, Robert avisou que tinha trabalho a fazer com
a esposa, nos deixando a sós outra vez.
— Fiquem à vontade, no meio da tarde nós estaremos de
volta. - Violet falou enquanto se preparava para sair.
— Você tem hora para voltar, Amanda? - Robert perguntou.
— Não, meu pai foi cedo para Washington. - respondi
sorrindo aliviada.
— Então nos espere para podermos conversar. - Meu primo
pediu.
— Pode deixar.
— Você tem certeza quanto a louça? - Violet lembrou que me
ofereci para dar um jeito na cozinha.
— Claro que sim, não se preocupe, eu sei usar uma máquina
de lavar louça.
— Tudo bem, pode deixar a louça dentro da máquina, mais
tarde eu guardo. - Ela falou piscando para mim.
Após eles saírem, levei toda a louça usada no almoço para a
pia.
— Você vai mesmo lavar tudo isso? - David perguntou com a
sobrancelha levantada.
— Oras, você acha que eu usava louça descartável nesses
últimos anos? - brinquei retirando meus anéis, inclusive a aliança de
noivado e deixando sobre a ilha no meio da cozinha.
Retirando a sujeira maior da louça, fui colocando tudo dentro
da máquina de lavar.
— Viu só. - brinquei enquanto acabava de secar a pia.
Não o vi se aproximar, apenas senti seu corpo me apertar
contra a pia e seus lábios em meu pescoço.
— Dave, eles podem voltar. - sussurrei já sentindo o corpo
amolecendo.
— Eles vão demorar. - Ele respondeu mordiscando o meu
pescoço.
— Oh Deus! - exclamei jogando o corpo para trás e sentindo
perfeitamente seu pau pressionado minha bunda.
— Venha cá, querida. - Ele falou me girando de frente e me
sentando sobre a pia fria.
— David, aqui não...
— Calma, eu já tiro você daí. - Ele falou apalpando os meus
seios e beijando a minha clavícula.
Uma de suas mãos desceu, tocando minha boceta por cima
da calça, senti seus dedos sobre o tecido e minha calcinha
umedecer.
— Droga, você não está facilitando pra mim. - reclamei
entredentes.
— Você também não baby, você deveria andar sempre de
vestido ou saia a partir de agora.
A gargalhada que me escapou foi tão espontânea que joguei
a cabeça para trás enquanto ria e acertei na prateleira que havia na
parede atrás de mim.
— Ai. – Eu me queixei colocando a mão sobre o lugar.
Na mesma hora eu estava no chão e ele me abraçava,
tentando ver o local da batida.
— Você está bem? Quer ir para o hospital?
— Não, não, calma, me deixe respirar, se acalme. - Pedi me
apoiando nele.
— Você vai desmaiar?
— De novo, por favor, chega de desmaios. - Tentei brincar.
Ele se afastou um pouco e me olhou mais preocupado ainda.
— Por quê? Você andou desmaiando mais vezes? Quando?
— Calma, eu tive um desmaio ontem, durante a festa.
— Quando isso? Eu não fiquei sabendo.
— Foi depois que conversamos, talvez você já tivesse ido
embora.
Novamente ele me apertou entre seus braços.
— Sim, eu saí logo em seguida, me desculpe.
— Te desculpar por quê?
— Por não ter estado lá.
— E você iria fazer o que David? Não teriam deixado você
nem chegar perto de mim.
— Mas...
— Já foi, OK? Já passou.
Ele ficou em silêncio, me mantendo em seus braços por um
tempo.
— Ainda assim eu queria ter estado lá, para cuidar de você. -
Ele sussurrou beijando minha testa.
— Não foi nada demais.
— E essa batida de agora?
— Também não foi nada mais grave, OK?
— Tem certeza?
— Sim querido, não se preocupe.
— Certo, o que quer fazer agora?
Pensei alguns minutos antes de responder.
— Eu vou lá fora falar com os seguranças e depois vamos
subir.
Um sorriso safado brilhou em seu rosto.
— Subir?
— Sim, espere aqui, eu já volto.
Violet havia feito alguns sanduíches a meu pedido e uma
garrafa de café fresco.
Apanhando o embrulho eu olhei para ele que parecia querer
sair comigo.
— Por favor fique, eu não sei se a Sharon falou que você
está aqui. - Pedi.
— É a Sharon aí fora?
— Sim, descobri tudo hoje de manhã.
— E você está bem com isso?
— Não, mas isso pode nos ajudar, agora fique quietinho que
eu já volto.
Deixei a casa e fui até o carro, o clima entre os dois não era
dos melhores, mas deixei o lanche e avisei que ficaria mais um
tempo por lá.
David estava olhando pela janela quando entrei.
— Será que eles são um casal mesmo ou fingiram isso
também?
— Boa pergunta. Então, onde paramos?
— Na parte em que voltamos para o quarto.
— É, você falou sério mais cedo?
— Sobre o quê?
— Me ensinar algumas coisas? - perguntei olhando para o
seu peito, totalmente envergonhada.
Que merda eu estava falando? Senti meu rosto esquentar,
com certeza estava mais vermelho do que um tomate.
— Venha, vamos resolver isso lá em cima. - Ele falou me
puxando pela mão escada acima.
— Ei, calma.
Sorrindo, parei no meio do quarto enquanto ele trancava a
porta.
— Muito bem meu anjo, agora me diga o que tem em mente?
Abaixei a cabeça sem saber por onde começar.
— Estou esperando. - Ele falou cruzando os braços,
encostado contra a porta.
— Bem... - Comecei sem jeito olhando para as minhas mãos.
— Sim?
— Você falou que poderia me ensinar algumas coisas...
— E?
— Você vai me fazer dizer tudo?
— Dizer o que, carinho?
— Que merda David, não tenho experiência nenhuma,
principalmente se comparado a você, e minha timidez não ajuda,
então, por favor, você pode me ajudar a me soltar e me ensinar
algumas coisas sobre sexo?

David
Mas que porra era essa? Ela estava falando sério?
— É sério isso? - perguntei ainda sem acreditar.
— Sim, você não falou sério quando se ofereceu?
— Falei, mas achei que você não fosse aceitar.
— Ah tá, entendi, então vamos esquecer.
— Espere, você quer isso pelo seu noivo?
— Não, claro que não, quero por mim, eu preciso me soltar,
me libertar de várias outras formas, ou você não notou ainda?
Que Deus me ajude.
Desencostei da porta e fui até ela, andando ao seu redor.
Engoli em seco antes de começar a falar.
— Você já se tocou alguma vez, querida?
— Como?
— Se tocou, brincou com o seu corpo? Descobriu os
prazeres que você pode dar a si mesma?
— Oh! Não, nunca. – respondeu sem jeito.
— Mas teve curiosidade?
— Sim, mas aprendi que era errado.
— Não querida, não é errado, quem falou isso para você é
que está errado, ou está precisando de uma boa foda. - falei
irritando.
Ela era doce, meiga, tímida, mas eu a vi gozando e sabia o
quão longe ela poderia chegar.
Era só não forçar o seu limite.
— Então faça uma coisa, carinho, abra os botões da sua
camisa e solte o sutiã. - Pedi parando atrás dela.
Percebi ela hesitar por alguns segundos e então começou a
abrir a camisa.
Fechei os olhos em busca de algum autocontrole.
Quando os abri, enxerguei uma poltrona do outro lado do
quarto e um espelho enorme perto da janela.
Puxei a poltrona para perto da cama, e coloquei o espelho do
outro lado, encostado na parede de frente para a poltrona, deixando
a cama entre os dois.
— Vire-se. - Pedi já totalmente controlado.
Ela girou o corpo de frente para mim, a camisa aberta e o
sutiã solto, sobre seus arrebitados e gloriosos seios.
— Toque os seus seios.
Timidamente, ela os roçou rapidamente.
— Não querida, lembra como eu os toquei?
Ela fechou os olhos e passou a língua sobre os lábios antes
de responder com um sussurro.
— Sim.
— Então faça da mesma forma, acaricie, toque os mamilos,
brinque com eles.
Ainda sem jeito, ela colocou a mão por baixo do sutiã e
apertou seus seios, o delicado sutiã de renda atrapalhava, mas não
me impedia de ver seus dedos passando sobre os seus mamilos e
eles responderem ao seu toque imediatamente.
Novamente sua língua passou sobre seus lábios.
E meu pau endureceu mais um pouco.
Seus mamilos estavam duros feito dois botões e eu louco
para senti-los contra a língua.
— Querida, tire a blusa e o sutiã e sente aqui. - Apontei a
cama.
Ela fez o que pedi e arregalou os olhos quando percebeu que
estava de frente para o espelho.
Com as duas mãos no bolso, andei para trás dela, de forma
que ela não me visse, nem pelo espelho.
— Está vendo como eles estão?
— Sim. - Ela sussurrou olhando o próprio corpo.
— Toque-os novamente, olhando como seu corpo reage.
Respirando fundo, ela apertou novamente os seios entre os
dedos.
— Com delicadeza, sinta como sua pele é macia, veja como
você está ficando rosada.
Ela pareceu espantada quando notou isso.
— Abra as mãos e deixe as palmas sobre os mamilos, faça
movimentos circulares, bem de leve.
Pelo espelho percebi quando os seus olhos começaram a
escurecer, e ela entreabriu os lábios buscando ar.
Eu me movi, sentindo o desconforto entre as pernas e olhei
para baixo.
Duro, meu pau marcava perfeitamente sua extensão no
tecido da calça.
Eu estava sendo testado ali.
Sentindo o sangue quente correr pelo meu corpo, me sentei
na poltrona, entrando em seu raio de visão e percebi que ela me
olhava, seus olhos eram duas contas escuras.
— Você está bem, carinho? Quer continuar?
— Sim, eu quero. – Ela respondeu com a voz rouca.
— Então agora se desfaça da calça e sente com as pernas
abertas no mesmo lugar que estava.
Observei-a se despir e sentar como mandei.
— Toque a sua calcinha e me diga como está.
Seus dedos escorregaram pelo tecido.
— Está úmida. – Ela avisou.
— Se acaricie através da renda, toque seu clitóris.
Ela puxou o ar para os pulmões antes de fazer o que disse.
— Me diga o que sente. – pedi a ela.
— Algo bom, é como se meu corpo estivesse esquentando.
— É assim que se sente quando está comigo?
— Quase...
— Apoie os pés na beirada da cama e empurre a calcinha de
lado.
Ela fez o que pedi novamente e ficou se olhando.
— Você não é linda? Tudo nessa boceta é perfeito e olha
como está molhada. Agora deixe seus dedos sentirem como ela
está macia e molhada. E depois empurre dois dedos dentro de você.
Deliciado, observei enquanto ela fazia o que mandei.
— Ohhh... - Ouvi seu gemido e quase gemi junto quando
seus dedos sumiram de minha vista.
Desconfortável, mudei de posição, meu pau estava me
matando de tão duro.
— Agora tire e veja como estão molhados.
Eles brilhavam quando ela puxou os dois.
— Gostou?
— Sim.
— Então coloque de novo e brinque um pouco com eles
dentro de você, sinta o quanto é apertada, quente e molhada.
— Dave... - Ela gemeu meu nome enquanto ondulava o
quadril contra sua mão.
— Isso, carinho, é bom, não é?
Alisei meu pau sobre o tecido da calça, tentando dar algum
alívio a mim mesmo.
— Dave, posso vê-lo? – ela pediu, me surpreendendo.
— Como?
— Eu posso ver como ele está?
Suspirando, eu levantei e abri minha calça, meu pau saltou
duro, reto, desesperado por atenção, ele chegava a estar úmido, de
tão perto de gozar que eu estava.
Sentei com ele na mão e passei a me masturbar com a mão
em punho, subindo e descendo cada vez mais rápido, meus olhos
fixos em seus dedos através do espelho.
Ainda de costas, Amanda me surpreendeu virando na cama e
parando de frente para mim.
Ela estava tão perto que eu podia sentir o seu cheiro.
Cada vez mais duro, eu sabia que não iria durar muito e nem
ela, que suada e vermelha, ofegava enquanto seus dedos entravam
e saiam de sua boceta.
— Dave... eu vou...
Ela não terminou de falar, gozando no meio da frase e caindo
para trás sobre a cama.
Suas pernas estavam abertas e o brilho de seu gozo descia
por suas coxas.
Esgotado, cai de joelhos no chão e sem deixar de me
masturbar, abocanhei sua boceta suculenta.
Seu gosto explodiu em minha boca e eu cheguei ao meu
limite, gozando em seguida enquanto tremores corriam o seu corpo
conforme eu a chupava.
— Eu acho que morri. - Ela sussurrou acariciando o meu
cabelo enquanto eu descansava a cabeça sobre suas pernas.
Capítulo 16

Amanda
Meu corpo parecia não me pertencer, com os olhos
semicerrados, vi quando ele levantou e sumiu dentro do banheiro.
Pouco depois, retornou trazendo uma toalha na mão, ela
havia sido molhada na água morna, e foi passada pelo meu corpo
suado e sensível.
Com cuidado ele limpou minhas coxas e me cobriu com uma
colcha.
— Aonde você vai? - perguntei quando ele se afastou de
novo.
— Vou tomar um banho e já volto, descanse. - Ele respondeu
e me deixou sozinha de novo.
Fechei os olhos tentando não pensar no que eu havia
acabado de fazer, mas estava envergonhada, virei de bruços e
escondi o rosto no travesseiro tentando conter o riso histérico.
Logo depois David estava de volta, limpo, lindo e cheiroso.
Ele havia trocado de roupa, e foi colocar as coisas de volta
aos seus lugares.
— Eu nunca imaginei que um espelho poderia ser tão sexy. -
falei vendo-o encostar o espelho onde costumava ficar.
— Tudo depende de como vê as coisas, você, por exemplo.
— O que tem eu? Nem tente me convencer de que sou sexy.
- respondi rindo.
Depois de colocar a poltrona no lugar, ele veio até a cama,
afastou a colcha, e deitou sobre mim, que ainda estava de bruços, e
nos cobriu.
Sua coxa se apertou contra a minha enquanto minhas pernas
eram afastadas uma da outra.
— O que está fazendo? - perguntei curiosa.
— Nada, relaxe. - Ele sussurrou.
Em seguida começou a beijar minhas costas, e conforme se
movia, o tecido grosso da sua calça roçava na minha pele,
causando arrepios.
— David... - arfei.
De repente seus dedos estavam em minha bunda, e em
seguida se esgueiravam entre elas, até tocar...
— Não. Pare. - Pedi tentando me virar.
Ele se afastou e eu girei o corpo, ficando de frente e
cruzando os braços sobre meus seios.
— Calma querida, eu nunca te forçaria a nada.
— Eu não...
— Tudo bem, sei que isso pode ser um tabu, muita gente
acredita que não se pode ter prazer no sexo anal.
— É claro que não.
— Depende, carinho, se o homem sabe o que está fazendo,
será algo prazeiroso para os dois.
— Não foi o que ouvi.
— Tudo bem, deixamos essa conversa para outra hora,
chega de lições por hoje. Por que não se veste? Logo os donos da
casa estarão de volta.
— Sim, eu vou me vestir. - respondi sem me mover.
— OK. - Ele falou me olhando.
— Você... você poderia? - perguntei fazendo gesto com a
mão para que se virasse.
— Me virar? Fechar os olhos? Depois do que acabou de
acontecer?
Droga. Ele estava certo.
Respirei fundo e tentando aparentar naturalidade, deixei a
cama e fui pegar a minha roupa.
Todo o tempo senti seus olhos sobre mim, mas evitei olhar
para ele, até estar completamente vestida.
— Já volto. - falei entrando no banheiro.
Só depois que estava dentro dele e com a porta fechada foi
que percebi que poderia ter recolhido minha roupa e me vestido ali.
— Droga. - falei comigo mesma enquanto lavava o rosto e
ajeitava o cabelo.
Já minimamente recomposta, voltei ao quarto. David havia
arrumado a cama e olhava pela janela.
— Olá?
— Oi, parece que vai chover, temos que ir embora logo.
— Está tão escuro lá fora, acho que agora é tarde demais,
teremos que esperar a chuva cair e passar.
— Vai deixar os dois presos no carro? - Ele perguntou se
referindo a Sharon e Richard.
— Eles estão fazendo o trabalho deles.
— Mas estão há horas dentro daquele carro.
— Você sabe que eles podem sair, né? Não estão trancados.
Ficamos em silêncio olhando o vento forte agitar as parreiras
do lado de fora.
— Amanda, você vai manter sua palavra? - Ele perguntou
sem se virar.
Caminhei até ele, passando os meus braços em sua cintura e
apertando meu rosto contra suas costas.
— Você tem certeza disso? - perguntei preocupada.
— Sim, eu tenho. - Ele respondeu colocando as mãos sobre
as minhas e apertando.
— Eu não tenho certeza de como fazer, mas sim, eu vou
tentar vir ao seu encontro durante todo este mês, mas e o seu
emprego?
— Eu nunca tirei férias, depois da licença, eu entro em
contado com eles para obter mais tempo.
— Não se prejudique por mim, não vale a pena.
Na mesma hora, ele se virou de frente para mim, me
abraçando também.
— Nunca mais diga isso entendeu? Por você, tudo vale a
pena. - Em seguida sua boca estava sobre a minha mais uma vez.
Seu beijo foi intenso, como se tentasse me provar algo, como
se ele quisesse tomar de volta as palavras que eu havia acabado de
dizer.
— Dave... - falei afastando minha boca, em busca de ar.
— Adoro quando me chama desse jeito, sei que está
desarmada.
— Como assim?
— Normalmente você me chama de David, quando se rende,
relaxa e me chama de Dave.
— Eu... não...
— Sim meu doce... e eu não estou reclamando. - Ele falou
me beijando novamente.
O barulho do lado de fora da casa chamou nossa atenção e
olhamos ao mesmo tempo o carro do Robert parar na garagem.
— Vamos descer, prefiro que nos encontrem lá embaixo.
— Tudo bem, querida. - Ele respondeu pegando sua mala e
abrindo a porta do quarto para deixarmos nosso refúgio.
Assim que chegamos na sala, Violet abriu a porta e entrou
sendo seguida por meu primo.
— Que vento horrível, parece que vai desabar o mundo lá
fora. - Robert entrou reclamando.
— Ei pombinhos, tudo bem por aqui? - Violet perguntou indo
direto para a lareira.
— Tudo bem. - respondi enquanto David deixava a mala no
pé da escada e me levava para sentar ao seu lado em um dos
confortáveis sofás.
— Está mais frio lá fora, essa casa parece um oásis. – ela
continuou.
— Daqui a pouco precisamos ir. - avisei.
Notei a troca de olhares entre o casal.
— O que houve?
— Nada, deixe pra lá.
— Robert o que...
— Seu pai me ligou perguntando o que diabos você veio
fazer aqui.
Meu celular, que passou a tarde esquecido na bolsa,
começou a tocar.
Apanhando o aparelho, ouvi a voz do meu pai assim que
atendi.
— Que diabos você está fazendo fora de casa depois de
aprontar aquele circo na festa ontem?
Circo? Sério?
Respirei fundo e me levantei do sofá, indo me isolar na
cozinha.
— Eu precisava falar com o Robert, papai.
— Precisava? Precisava? Você precisa colocar a cabeça no
lugar, isso sim, você exigiu a presença deles na festa e eu cedi, não
vejo necessidade de você correr para a casa deles, agora veja se
tem algum juízo na cabeça e volte já para casa.
— Está chovendo aqui, assim que passar eu vou.
— Agora Amanda, eu fui retirado de uma reunião por seu
noivo porque ele não conseguia falar com você. - Ele terminou aos
berros.
Samuel. Inferno.
— Eu vou falar com ele.
— Imediatamente. - Ele gritou e teve um acesso de tosse.
— Papai?
— Eu quero que vá para casa e amanhã cedo, quero você no
consultório do doutor Summers, fui claro?
— Sim senhor. Mas não posso sair agora, a chuva está muito
forte e está ventando bastante.
— Quero você em casa assim que possível ou um helicóptero
irá te buscar. - A ligação foi encerrada em seguida e eu fiquei muda
com o celular na mão.
— Você está bem?
Dei um pulo quando ouvi a voz atrás de mim.
— Meu pai sempre foi uma pessoa difícil de lidar e agora...
— Agora está pior.
— Sim. - concordei.
— Ou será que é porque você mudou e não quer mais
aguentar isso?
Talvez ele estivesse certo, eu mudei. E a nova Amanda não
queria mais aquela vida, mas ainda não sabia como escapar.
— Pode ser, eu preciso ir embora assim que a chuva parar. -
avisei.
— Tudo bem, eu vou quando você for, venha, a sala está
mais confortável. - Ele falou esticando a mão para mim.
Violet e Robert conversavam quando voltamos a sala, David
mais uma vez me puxou para sentar junto dele no sofá.
Robert tinha uma manta sobre ele e Violet e uma outra
dobrada sobre o braço do sofá.
— Ei, segurem. - falou jogando a manta para nós.
David a pegou e abriu sobre nossas pernas.
— Eu vou embora assim que a chuva se acalmar. - avisei.
— Vou aproveitar e ir com ela, já abusei da hospitalidade. -
David avisou apertando os braços ao meu redor.
— Você vai embora? Achei que o plano era ficar e lutar. -
Violet perguntou.
— Eu vou voltar para Hamptons com ela, ficarei em alguma
pousada pelos próximos dias.
— E qual o plano? - Robert perguntou dessa vez.
— Fazê-la mudar de ideia. – David respondeu sorrindo.
— Mas em uma pousada vocês serão vistos. - Violet falou
perecendo preocupada.
— Não temos escolha. - David respondeu.
— Bem, nós mantemos um escritório no centro de Hamptons
e o apartamento em cima só é usado quando precisamos ficar por
lá. O que acham? - Robert ofereceu.
Senti meus olhos úmidos pela emoção.
— É sério isso? - perguntei engasgada.
— Sim, assim vocês podem se encontrar com tranquilidade,
quem sabe esse cara te convença a desistir. - Robert falou
levantando os ombros e sorrindo.
— Obrigada, de verdade, eu amo vocês. - agradeci.
— Obrigado. - David agradeceu também.
— Você vai precisar abastecer a despensa. - Violet lembrou.
— Sem problemas. - David respondeu.
— Ótimo e como ainda está chovendo, o que nos deixa com
tempo para conversar, então que tal falarmos do Samuel e da
Mônica? - Robert perguntou.
— Ela me pareceu bem fora de controle. - Deixei escapar.
— Esse é o nosso medo Amanda, eu ouvi os dois ontem e
suspeito que ela esteja grávida e com ciúme de você. - David falou
preocupado.
— Eu a vi ontem também, ela esteve no meu quarto e falou
em gravidez, mas ela foi além, disse que ele me quer grávida o mais
depressa possível, para garantir o herdeiro para o meu pai. - contei
a eles.
— Amanda, estamos preocupados que você possa estar em
perigo. - Violet falou séria.
— Ela não me parece tão perigosa, parece alguém perdida,
precisando de socorro. - Ponderei.
— Eu vi os dois juntos Amanda, a relação deles é doentia,
não estou falando isso à toa, eles... - ela continuou.
— Princesa, e se você estiver grávida? - David falou
interrompendo Violet.
— Grávida? - Robert perguntou alarmado.
— Ainda não sabemos, mas é uma possibilidade. - David
explicou.
— Preciso passar pelo doutor Summers, amanhã. - falei sem
jeito.
— Precisa? - Robert perguntou de novo.
— Rotina. - expliquei olhando para ele.
Meu histórico médico era mantido a sete chaves e poucas
pessoas o conheciam.
— Tem certeza de que ele é a pessoa certa? - Robert
perguntou.
— Preciso ir ao consultório dele de qualquer jeito, mas talvez
eu precise de um outro médico.
— Posso te indicar a minha, mas ela é de Nova York, você
consegue uma desculpa para ir até lá? - Violet ofereceu.
— Eu vou pensar em algo, você pode marcar para mim?
— Claro, amanhã mesmo. - Ela concordou.
A chuva dava sinal de estar diminuindo e senti um aperto no
peito, eu não queria ir para casa, eu não queria mais fazer parte
daquele mundo mesquinho.
Se ao menos eu tivesse alguma forma de escapar sem
causar dano a ninguém.
— Vou preparar um café da tarde reforçado para vocês, para
poderem partir. - Violet falou se levantando.
— Vou com você querida, preciso pegar mais lenha no porão.
— Eu te ajudo. - David se ofereceu levantando também.
— Nada disso, tive trabalho para arrumar uma desculpa e
deixar vocês sozinhos, não estrague. - Robert respondeu rindo.
Os dois sumiram pela porta da cozinha e David sentou de
novo me puxando contra o seu peito, foi quando o meu celular
voltou a tocar.
Era minha mãe dessa vez.
— Mãe?
— A ligação está péssima, onde você está Amanda?
— Ainda estou na casa do Robert, mãe, já falei com o papai,
assim que o temporal passar eu vou para casa.
— Não saia enquanto estiver chovendo, não quero você
acidentada na estrada.
— Tudo bem mãe, eu vou desligar, até mais.
Deixei o aparelho na mesa de centro e me recostei,
encolhida, contra o peito do David.
— Mais problemas?
— Os mesmos, eu gostaria... - Parei sem coragem de
completar.
— Gostaria de que, minha princesa?
Suspirei antes de responder.
— Gostaria de ser outra pessoa, ser a Amanda Sanders de
verdade e ser dona do meu destino.
— Você é querida, só precisa dar o seu grito de liberdade.
— Não sei se posso.
— Eu estou aqui para te dar força e depois fugir com a minha
princesa em meu cavalo branco.
Rindo, ele segurou meu rosto com carinho e me beijou mais
uma vez.
— Hum, pensei que você estivesse aqui para me ensinar
algumas coisas.
— Claro que sim, e deixar você tão louca por meu corpo que
vai lutar para não ficar longe de mim. - Ele falou rindo e voltando a
me beijar.
Em segundos sua mão estava apertando os meus seios sob
a manta e meu corpo queria mais dele.
— Venham vocês, o vento praticamente parou e a chuva está
fraca. - Violet chamou.
— Ande Amanda, não quero um helicóptero pousando no
meio do vinhedo outra vez e fazendo o estrago que a chuva não fez.
Robert estava certo, era comer algo e sair, antes que viessem
atrás de mim.
— Como você sabe que ele falou no helicóptero? – perguntei.
— Conheço o senador, sente-se. - Robert disse sorrindo.
Passamos a próxima meia hora conversando e comendo, foi
o tempo de a chuva parar de vez e nós nos despedirmos.
— Volte quando quiser David, será sempre bem-vindo. -
Robert falou apertando sua mão.
— Obrigado.
— Aqui, esse é o endereço e as chaves do apartamento, não
esqueça que precisa abastecer a dispensa. - Violet entregou a ele.
— Será que ele encontra algum lugar aberto hoje? -
questionei.
— Por isso não, espere. - Violet falou correndo para a
cozinha e voltando pouco depois com uma sacola.
— Isso dá para quebrar um galho por hoje, amanhã você se
vira.
Dali mesmo nos despedimos e seguimos com nossos carros
pela estrada, com ele se mantendo sempre atrás de mim e o carro
dos seguranças também.
Levei-o até a rua do escritório do meu primo e parei o carro
para me despedir.
Sharon e Richard pararam e aguardaram.
David desceu do carro e entrou no meu, por sorte a rua
estava deserta por causa da chuva fraca que caía.
— Amanhã eu tenho consulta e eu passo aqui. - falei
beijando rapidamente seus lábios.
— Não esqueça de sua promessa. - Ele lembrou.
— Pode deixar.
Trocamos outro beijo rápido e ele se despediu, voltando ao
seu carro.
Ligando o meu, segui para casa, como quem vai para a
masmorra.
Capítulo 17

David
Assim que entrei no apartamento deixei a sacola que a Violet
me deu sobre a pia e fui acender as luzes para conhecer o
ambiente.
O lugar estava mobiliado e decorado, e era perfeito para
minha breve temporada ali.
Sentei no sofá pensando em tudo o que aconteceu nas
últimas 48 horas.
Finalmente eu a tinha encontrado e os próximos trinta dias...
vinte e nove na verdade eu teria que convencê-la que o lugar dela
era ao meu lado.
Amanda havia entrado em meu sistema e cada vez mais, eu
precisava dela em minha vida.
O celular vibrou, avisando que chegava uma mensagem do
Will, por sorte, a tela não estava quebrada como pensei depois da
queda e o aparelho estava funcionando normalmente.
"Ei cara, tá vivo?"
Ri do exagero.
"Sim, estou vivo"
"Caralho, você quer me matar? A Michelle queria que eu
pegasse um avião e fosse te procurar, você não dá sinal de vida
há mais de 24 horas, seu imbecil"
"Desculpe".
"E a última mensagem você dizia que ia tentar invadir o
hotel, imbecil"
"Você já me chamou de imbecil"
"Se eu estivesse do seu lado te dava um soco."
"Guarde para quando eu voltar, agora você quer as
novidades ou vai continuar me xingando?"
Dessa vez levou alguns segundos para a resposta chegar.
"Conte logo, estamos curiosos, conseguiu falar com
ela?"
"Vou te ligar"
Digitei o número dele e fui atendido no primeiro toque.
— Ei, desculpe, eu estava com ela até agora há pouco. -
Expliquei a ele.
— Se acertaram, então?
— Mais ou menos, tenho que ficar por aqui pelos próximos
trinta dias.
— Enlouqueceu? Você tem que estar de volta em quinze
dias.
— Eu vou me preocupar com isso depois, agora eu tenho que
convencer minha princesa de que sou o melhor para ela.
— Como assim?
— Ela ainda não desistiu do casamento, tenho um mês para
convencê-la a desistir.
— Mas que porra. O que você pensa fazer?
— Vou me tornar a pessoa mais importante da vida dela.
— Em um mês?
— Sim, esse é o plano.
— Que Deus te ajude, meu amigo.
— Eu conto com isso cara.
— Onde você vai ficar? Está em algum hotel? As coisas são
caras por aí.
— Estou no apartamento de um amigo, na verdade do primo
dela e ela vem me ver amanhã de novo.
— David, isso é loucura, você sabe, não é? - A voz dele
mostrava que estava preocupado.
— Sim, mas eu vou fazer assim mesmo.
— Certo, tenha cuidado, eu andei pesquisando sobre o
senador e não gostei do que li.
— Eu sei Will, mas ainda assim eu vou ficar.
— Você é quem sabe, a Michelle mandou um beijo.
— Diga que mandei outro.
— Vê se não some de novo, OK?
— Pode deixar, até mais.
— Até.
Fiquei parado olhando para a parede depois que desliguei.
Sim, era loucura. Mas não ficar, não era mais uma opção, eu
precisava lutar por ela.

Amanda
Pouco depois de me separar do David, eu estava
atravessando os portões da mansão, morei ali minha vida toda e
agora não me sentia mais em casa, eu queria a simplicidade do meu
apartamento em Los Angeles de volta.
Sharon e Richard foram para a parte de trás da casa, onde os
carros da segurança ficavam. Manobrei o meu carro na garagem e
desliguei o motor observando a porta abaixar.
Enquanto pegava minha bolsa a porta do passageiro foi
aberta pelo Samuel que entrou e se sentou ao me lado, mostrando
estar muito irritado.
— O que você pensa que está fazendo? - perguntei
impaciente, eu não podia enfrentar ao meu pai, mas não seria
dominada por ele.
— Posso saber onde você se enfiou? - Ele perguntou
ignorando minha pergunta.
— Eu já conversei com o meu pai, pergunte a ele. - respondi
soltando o cinto de segurança e abrindo a porta do carro.
A dor no meu pulso foi instantânea, conforme ele fechou a
mão sobre ele.
— Eu estou perguntando a você Amanda, é a mim que você
deve explicações, e onde está sua aliança?
Merda.
— Me solte, agora. - falei entredentes.
— Onde esteve Amanda?
— Escute bem, eu não vou abaixar a cabeça para você,
entendeu?
Sua expressão que já não era boa, ficou mais sombria ainda
e seus dedos apertaram mais o meu pulso, me fazendo soltar um
grito de dor.
A porta da garagem foi aberta novamente e meu pai
apareceu diante do meu carro.
— O que está havendo aqui? Por que está demorando a
entrar Amanda?
Com um tranco eu soltei o meu braço e desci do carro
segurando o meu pulso.
— O seu futuro genro está tentando me mostrar o tipo de
marido vai ser.
— Samuel?
— Um mal-entendido senador, o senhor não ia ficar em
Washington?
— Algo me disse que eu deveria vir para casa, agora você
pode me explicar o que estava acontecendo?
— Eu estava nervoso, passei a tarde preocupado com
Amanda e quando finalmente ela chega, está sem a aliança.
O olhar severo virou imediatamente para mim.
— Amanda?
— Eu deixei na casa do Robert, tirei para lavar a mão e
esqueci, vou ligar para ele imediatamente, pedindo que guardem,
assim que der eu vou buscar.
— Amanhã.
— Amanhã eu tenho consulta com o doutor Summers.
— E a tarde preciso dela para algumas decisões sobre o
casamento. - Minha mãe entrou na conversa.
— Amanhã Amanda, só não te faço buscar agora porque é
capaz de você arrumar uma desculpa para ficar lá.
— Papai...
— Mande o Robert trazer ou mandar por alguém, providencie
para que esses anéis estejam em seu dedo até amanhã no fim do
dia, fui claro?
— Sim, papai.
— Samuel, a chuva já passou e aqui está tudo sob controle,
você já pode ir para casa. – ele continuou.
— Pensei em ficar por aqui, senador.
— Pensou errado, vá para casa e me encontre em
Washington amanhã de manhã.
Senti seu olhar sobre mim, mas não me virei, a última coisa
que eu precisava era aguentar sua raiva.
— Agora se despeça de seu noivo e entre Amanda. – meu
pai ordenou.
— Sim, senhor. Até amanhã, Samuel. – me despedi.
— Até terça, nós ficaremos em Washington amanhã, só
voltaremos terça-feira, para o leilão beneficente. – meu pai me
corrigiu.
— Certo, até terça então, boa noite.
Apressada, entrei em casa e fui direto para o meu quarto, eu
precisava ligar para o Robert e pedir minha aliança.
— Amanda? Algum problema? - Robert perguntou assim que
atendeu a ligação.
— Não exatamente, preciso que você veja se meus anéis
estão na sua pia.
— Espere um minuto.
Ouvi a voz da Violet de fundo, perguntando o que tinha
acontecido e ele se explicando.
Pouco depois ele voltou ao celular.
— Estão aqui sim, três anéis e sua aliança, certo?
— Isso mesmo, eu preciso deles amanhã Robert, tem alguém
que possa trazer para mim?
— Eu não sei prima, não tenho planos de ir para esse lado
amanhã, na verdade teremos alguns turistas por aqui.
— Droga, o que faço?
— Teve problemas?
— Você sabe que sim, tenho até amanhã à noite para estar
com eles nos dedos.
— O David não pode vir buscar?
— Eu... eu não posso pedir isso a ele.
— Lógico que pode.
— Não sei, e depois nem tenho o número dele.
— Isso é o de menos, eu te passo, anote e ligue já para ele. -
Ele falou já ditando o número.
Eu não anotei, na verdade eu o decorei instantaneamente.
Fiquei parada olhando para o celular, decidindo se ligava ou
não.
O toque me assustou, fazendo com que eu quase deixasse o
aparelho cair.
— Droga. - resmunguei segurando-o direito.
Ele parou e voltou a tocar.
Finalmente reconheci o número.
— Alô. - falei em um fio de voz.
— O Robert disse que você precisa de um favor meu, o que
é?
— David, eu...
— Algum problema, princesa?
— Eu deixei meus anéis lá, e preciso deles amanhã, com
urgência.
— Você quer que eu busque para você? É isso?
— Sim, você pode?
— Claro, não se preocupe, que horas você vai passar aqui?
— Quando sair do consultório do doutor Summers, fica aí
perto.
— Por volta de que horas?
— Depois das dez.
— Tudo bem, me espere se eu ainda não estiver de volta.
— OK, eu espero. Obrigada.
— Por nada querida, até amanhã.
Eu me despedi e desliguei sentindo as mãos trêmulas.
Olhei para elas e vi que meu pulso estava ficando roxo, eu
não teria como disfarçar.
Desci para beber algo que pudesse me aquecer e dei de cara
com o meu pai deixando a cozinha.
— O que faz aqui? – ele perguntou.
— Vim atrás de algo para beber.
— Ótimo, precisamos conversar, venha comigo. - Ele falou
voltando para a biblioteca.
Eu o segui já imaginando o que iria ouvir.
Ele percebeu que eu segurava o pulso e tirou minha mão,
olhando o hematoma.
— O que é isso?
— Nada, papai.
— Foi o Samuel? - Ele perguntou segurando meu braço para
olhar direito. — Eu fiz uma pergunta.
— Sim.
— Amanhã eu converso com ele sobre isso, ele quer acabar
com a carreira antes de começar? Um escândalo por ferir a própria
esposa não será bem visto. Vamos, entre. - Ele falou parando na
porta do escritório.
A porta foi fechada depois que entrei e ele foi se sentar em
sua poltrona, apanhando um charuto.
— Muito bem, o senador Jefferson faz questão de dar de
presente a viagem de lua de mel de vocês. Vou deixar você escolher
o local. - Ele falou como se estivesse me dando a melhor notícia do
mundo.
Forcei um sorriso e me preparei para as opções, ele com
certeza teria algum lugar "ideal" em mente.
— Separei alguns destinos, eu quis cuidar disso
pessoalmente.
Certo, por pessoalmente ele quis dizer que vou escolher o
lugar que ele acha adequado e depois ele vai avisar o senador.
— Que tal Ibiza, papai? - soltei antes que ele pudesse falar.
Sua cara feia foi a resposta e eu tive que segurar a risada.
— Aqui está, Alpes, Grécia, Dubai, Paris, apesar de você já
conhecer ou Veneza.
— Sempre quis fazer um tour pela Itália.
— Isso terá que ficar para depois, vocês terão que estar de
volta em uma semana.
— Certo, o senhor perguntou ao meu noivo?
— Ele disse que você deve resolver.
— Pode ser Paris.
— Ótimo, vou providenciar tudo.
— Obrigado, papai. - falei me levantando.
— Amanda, você mudou.
— Eu cresci papai.
— É mais do que isso, sua mãe te ajudou com a história da
faculdade, mas ela mesma confessou que está te achando mudada.
Aquilo me surpreendeu.
— Como assim?
— Sim, você não tem conseguido disfarçar quando algo te
desagrada. E parece que tudo te desagrada atualmente.
— Eu sinto muito.
— Você tem um mês para colocar a cabeça no lugar e se
entender com o Samuel, não vou deixar que desista desse
casamento.
— Mesmo contra minha vontade?
— Mesmo assim, esse casamento vai acontecer, você
prometeu.
— E se o Samuel não...
— O Samuel foi escolhido a dedo, ele serve as minhas
necessidades políticas, e isso é tudo.
— Sim, senhor.
— Eu vou te dar o tempo que o doutor pediu, como uma
readaptação, apenas para não te pressionar demais, entendeu?
— Entendi.
— Agora vá se deitar, boa noite.
— Papai?
— O que foi agora?
— Eu já sei sobre os seguranças em Los Angeles.
— Percebi quando me informaram que você pediu para eles
te acompanharem hoje.
— Eu gostaria que isso fosse mantido de agora em diante.
Ele parou para pensar um pouco.
— Tudo bem, agora boa noite. - Ele falou me dispensando.
Deixei o seu escritório com o coração acelerado, eu não
sabia por quanto tempo iria suportar aquilo.
Tudo o que eu queria era ter o David me aguardando lá em
cima.
Capítulo 18

Amanda
— Senhorita Lee, o doutor a está aguardando, pode entrar.
O doutor Summers estava sentado em sua cadeira mexendo
no celular quando entrei.
— Ah essas tecnologias, elas me deixam maluco, estou velho
demais para aprender determinadas coisas. - Ele resmungou
jogando o celular na gaveta.
— Bom dia, doutor. - respondi sorrindo enquanto me sentava.
— Bom dia menina, como está se sentindo?
— Eu estou bem.
— Ótimo, sem mais desmaios ou mal-estar?
— Sem.
— Você sabe que vou ter que pedir uma bateria de exames,
certo?
— Sim, eu sei.
— Mas antes preciso saber se está grávida.
Engoli em seco olhando para ele.
— Vou entender se você não se sentir à vontade em falar
sobre isso comigo, mas você precisa ver alguém.
— Me indicaram uma médica, doutora Anette, mas o
consultório é em Manhattan, não sei como conseguirei ir até lá sem
minha mãe.
— Os exames precisarão ser feitos lá, talvez você consiga
alguns dias de folga, que tal?
— Isso seria perfeito.
— Mas não deve ir sozinha, ainda estou preocupado com seu
desmaio e a essa altura torço por uma gravidez, você já passou dos
cinco anos de remissão, já te dei alta, mas...
— O senhor tem receio que ele volte mais uma vez.
— A última vez nos pegou de surpresa.
— Doutor, eu estou bem, há anos que não tenho qualquer
sintoma.
— Mas não fez o checkup do ano passado.
— Eu evitei vir para casa, mas tenho cuidado da minha
saúde.
— Bom, mas não ótimo, ótimo seria se tivesse feito seus
exames no ano passado.
— Desculpe.
— Certo, vamos ver, vou te pedir um monte de exames, isso
vai te manter longe daqui por algum tempo, volte aqui quando tiver
todos os resultados e eu ficarei tranquilo em ver que está tudo bem.
— Obrigada, doutor.
Sai do consultório com a cabeça um pouco fora do ar, eu
preferia pensar que foi um colapso nervoso, apenas isso.
Deixei o carro no estacionamento da clínica e avisei aos
seguranças que estaria no escritório do meu primo que era quase
em frente, fui andando até lá e subi para o apartamento torcendo
para que o David já estivesse de volta.
— Ei, boneca, já foi ao médico?
Não consegui responder, minha garganta parecia ter travado,
senti algo que nunca senti, dessa vez eu tive mais medo do que
antes, aquela maldita não podia estar de volta.
David estava parado no meio da sala e me olhou
preocupado, abrindo os braços para mim.
Eu me atirei sobre ele e caímos sobre o sofá, seus braços se
fecharam, apertando o meu corpo contra o dele.
— Ei, o que aconteceu? – ele perguntou.
Balançando a cabeça eu o apertei também, sentindo o calor
do seu corpo me aquecer.
— Amanda, o que...
Não deixei que terminasse de falar, cobrindo sua boca com a
minha. Eu precisava me sentir viva, eu não queria pensar no que o
médico falou.
Segurando as pontas de sua camisa, eu as puxei, fazendo
com que os botões voassem para todos os lados.
— Amanda, calma...
— Eu preciso de você. - O cortei mais uma vez, enquanto
tentava abrir sua calça.
— Pare.
— Não, me fode David, me faça gozar como nunca gozei
antes.
— Droga. - Ele resmungou e me abraçou de novo, girando
nossos corpos no sofá, até estar sobre mim.
— David... - reclamei tentando ainda abrir sua calça.
Suas mãos seguraram meus pulsos me fazendo gemer de
dor, foi quando ele viu as marcas roxas em minha pele branca.
— O que diabos está acontecendo? - Ele estava ajoelhado
entre as minhas pernas agora.
— Agora não, por favor, eu preciso de você. - Implorei quase
chorando.
— Se acalme, OK?
— Dave... - Senti quando a primeira lágrima rolou e fechei os
olhos apertado.
Ele me pegou no colo e carregou através do apartamento, me
deitando na cama.
— Querida, olhe pra mim.
Apesar de relutante, abri os olhos úmidos e vi seu rosto
preocupado.
— O que está acontecendo?
— Eu preciso sentir você dentro de mim, por favor, me fod... -
Seu dedo foi colocado sobre os meus lábios, me impedindo de
continuar.
— Eu não fodo você, nós fazemos amor, entendeu?
Acenei com a cabeça.
— Quero ouvir sua resposta.
— Sim, entendi. - respondi apalpando-o sob a calça e o
sentindo endurecer.
— Amanda...
— Por favor Dave, não me faça implorar mais.
— Tudo bem pequena, mas depois vamos conversar. - Ele
falou acabando de tirar a camisa e se deitando ao meu lado.
— OK. - sussurrei o beijando de novo.
Suas mãos acariciavam meu corpo com cuidado, quase que
com reverência e não era o que eu precisava naquele momento.
— Dave, assim não.
Na mesma hora suas mãos estavam longe de mim e ele se
deitou de costas na cama.
Droga, onde estava a porra do professor comedor afinal?
Sentei na cama puxando o vestido de lã acima do quadril e
sentei sobre suas pernas, finalmente abrindo sua calça.
— Ei, ei...
— Se você me parar de novo eu vou embora. - Ameacei
olhando séria para ele.
— OK. - Ele respondeu levantando as mãos acima da
cabeça.
Sorri para ele e me ocupei em acabar de abrir sua calça e
segurar seu pau entre os dedos.
Ele estava duro quando o tirei para fora, e minha boca
encheu de água, eu estava curiosa em sentir seu gosto, afinal nunca
tinha feito sexo oral antes, mas naquele momento eu queria outra
coisa.
Afastando minha calcinha fora do caminho eu me sentei
sobre ele, sentindo cada centímetro que se afundava dentro de mim.
— Ohhh... - O gemido dele me tirou o ar.
Só quando senti minha bunda bater em suas coxas foi que
parei e espalmando as mãos em seu peito, comecei a me mexer, a
princípio devagar, fui acelerando o ritmo até sentir que o estava
cavalgando.
— Querida. - Ele falou colocando as mãos na minha bunda e
empurrando seu pau com mais força dentro de mim.
— Mais, mais rápido. - Pedi, sentindo meu corpo cada vez
mais tenso.
E ele aumentou a velocidade, suas estocadas ficando mais
rápidas e profundas.
— Dave, eu... - não consegui terminar, sentindo que explodia
alucinada sobre ele.
Meu corpo parecia não me pertencer, o senti ainda dentro de
mim, afundando algumas vezes até gozar também.
Eu estava flutuando em um mundo de prazer.
Suspirando, me deixei ficar deitada sobre ele até estar quase
adormecida e ele me rolar para o lado, puxando uma coberta sobre
nós.
Adormeci ali mesmo, aconchegada em seus braços,
acordando um tempo depois, sem noção de onde estava.
— Querida? - Ele chamou quando me mexi.
— Hum?
— Você está melhor?
— Sim.
— Ótimo. Agora você vai me contar o que está havendo.
Suspirei abrindo os olhos e deitando a cabeça sobre seu
peito, fiquei em silêncio algum tempo, pensando por onde começar.
— Amanda?
— Eu tive câncer, por duas vezes, a primeira vez eu era
pouco mais do que um bebê, eu não me lembro de nada a não ser
um terror por agulhas que carrego até hoje.
Ele ficou em silêncio, apenas apertando mais os braços ao
meu redor.
— Ele foi curado, vencemos os cinco anos de remissão,
comemoramos na Disney e tudo, mas quando menos esperávamos,
ele estava de volta.
Comecei a desenhar figuras com o dedo sobre seu peito,
pedindo forças para continuar.
— Eu tinha onze anos, e dessa vez eu me lembro de tudo,
cada detalhe e foram dois anos de muita luta.
— Até que vocês o venceram novamente.
— Sim, eu tinha dezessete quando recebi alta e dessa vez eu
não quis comemorar, ao invés disso convenci minha mãe a me
ajudar a ir para a faculdade, e conseguimos que meu pai permitisse
minha ida.
— E isso tem seis anos?
— Sim, mas o meu desmaio deixou o meu médico
preocupado, e ele pediu uma tonelada de exames.
— E te assustou.
— Não sei se consigo aguentar tudo de novo.
— Você é forte querida e eu vou estar aqui.
— Vou ter que ir a Nova York, os exames serão feitos lá e vou
aproveitar para ver a médica que a Violet indicou.
— Se você estiver grávida...
— Vou perder o bebê com o tratamento. - respondi sentindo
as lágrimas correrem até seu ombro.
Ele me apertou contra seu corpo de novo e senti quando
beijou minha cabeça.
O telefone começou a tocar e eu o segurei quando tentou se
levantar.
— É a terceira vez que toca, preciso atender.
Eu o soltei e vi quando pegou seu celular, logo em seguida
me olhou preocupado, me passando o aparelho.
— Diabos Amanda, vou mudar o número do meu celular, o
seu pai não me deixa trabalhar, faz horas que você saiu do médico,
por que não atende a porra do seu celular?
— Eu vou ligar para ele Robert, me desculpe.
— Que voz é essa princesa? O que houve? - Ele perguntou
preocupado.
— Nada, estou com o David e me distrai, vou ligar para o
meu pai agora mesmo, beijo. – Despedi-me e já desliguei, saltando
da cama em busca do meu celular.
Peguei o aparelho e me assustei com a hora, era quase uma
da tarde, eu estive no escritório do doutor Summers passava das
nove.
Olhei pela janela e avistei Sharon parada do outro lado da
rua.
— Papai. - falei quando ele atendeu.
— Por que não me ligou quando saiu do consultório? Onde
você se meteu dessa vez? - Ele perguntou irritado do outro lado.
— Escute...
— Escute você, sua mãe está preocupada, a equipe de
segurança não te encontrou onde disse que estaria.
— Papai, me escute...
— Fale.
— O doutor Summers me pediu uma bateria de exames, ele
tem receio... - Parei de falar, sentindo que poderia chorar de novo.
Meu pai ficou mudo do outro lado da linha.
— O senhor está aí?
— Vou ligar para o doutor Summers, fale com sua mãe. - Ele
falou e desligou.
Fechei os olhos e senti mais uma vez os braços do David se
fecharem ao meu redor.
— Vai dar tudo certo, querida, não se torture sem saber o que
é, ligue para a sua mãe, eu vou preparar algo para você comer.
— Estou sem fome.
— Mas vai comer mesmo assim, ligue para a sua mãe. - Ele
falou e me deixou sozinha.
Liguei para minha mãe avisando que estava bem e que logo
estaria em casa.
Quando acabei de falar com ela, abri a janela do apartamento
e acenei para Sharon, mostrando onde eu estava.
— Está pronto aqui, Amanda. - David me chamou na
cozinha, ele tinha o almoço preparado e já na mesa.
— Uau!
— É apenas uma massa, nada demais, mas ao menos você
terá comido alguma coisa. - Ele falou puxando a cadeira para mim.
— Obrigada. - Agradeci ouvindo o barulho da porta do
apartamento sendo aberta.
Robert e Violet entraram parecendo muito preocupados.
— Ei, nós largamos uma entrega na metade para vir correndo
para cá e vocês estão almoçando? - Robert reclamou.
— Sim, estão servidos? O David que fez. - falei olhando para
eles.
— Mas... - Robert começou
— Eu aceito, a cara está ótima, como aprendeu a cozinhar
assim David? - Violet perguntou se servindo.
— Minha mãe é uma perfeita mãe italiana, aprendi
maravilhas com ela quando fui morar sozinho. - David explicou e eu
percebi então que não sabia nada sobre ele.
— Oh, ela deve ser formidável, onde ela se esconde?
— Em Los Angeles, preciso visitá-la, por falar nisso.
— Você é filho único?
— Que nada, família italiana, o que você acha? - Ele
perguntou rindo.
— Um monte de irmãos. - Violet falou rindo.
— Dois irmãos e uma irmã, ela é a caçula.
Robert ainda estava parado, confuso, na porta da cozinha e
eu olhava a conversa animada dos dois enquanto brincava com a
comida.
— Coma princesa, você precisa se alimentar. - David me
falou baixinho.
— OK, chega disso, eu quero saber o que houve, você está
mais branca do que já é Amanda, e dá pra ver que está abatida. -
Robert falou irritado.
Largando os talheres, eu olhei para o David e suspirei, sem
vontade de repetir a história mais uma vez.
Ele segurou minha mão e falou por mim.
— O médico dela está com receio que a doença que ela teve,
anos atrás, esteja de volta mais uma vez.
Meu primo ficou pálido e Violet foi ao seu socorro.
— Porque ele acha que voltou? - Robert perguntou.
— Ela teve um desmaio no sábado...
— E eu emagreci muito em pouco tempo. - Completei.
— Quando vai fazer os exames?
— Estou indo para Manhattan para fazer isso, mas antes
preciso passar na doutora Anette. - Expliquei.
— Quando você vai?
— Acredito que amanhã, mas David quer ir comigo e duvido
que eu consiga convencer minha mãe a não ir.
— Eu posso ir com você. - Violet se ofereceu.
— Mas você precisa trabalhar. – eu a lembrei.
— Seu primo se vira por alguns dias, certo marido?
— Sim, claro.
— Obrigada. – Agradeci.
— Vá para casa, avise que eu vou te acompanhar, se
imponha, eu volto com a minha bagagem ainda hoje.
— Eu encontro com vocês lá, então. - David avisou.
— E os seguranças? - Robert perguntou.
— Sharon e Richard, claro.
— Ótimo.
Violet largou o prato que usou dentro da pia e assim como
entraram, os dois saíram como dois furacões.
— Ela parece um tornado. – David comentou.
— Sim, e isso faz um bem enorme ao meu primo.
— Você tem condição de ir dirigindo para casa?
— Sim, eu estou bem.
— Espere um minuto.
Ele se levantou e foi até a janela, acenando para Sharon que
pouco depois estava na porta do apartamento.
— O que houve?
— Ela está nervosa por causa da conversa com o médico,
não acho que deva dirigir.
— Tudo bem, eu vou com ela, Richard vai guiando o nosso
carro.
— Obrigado, Sharon.
— Certo. - Ela falou sem jeito.
Segurei o rosto de Amanda entre as mãos e beijei levemente
seus lábios.
— Vá querida, eu vou arrumar minhas coisas e aguardar
notícias.
— Certo, eu ligo para você assim que tiver tudo resolvido.
— Tudo bem, agora se acalme, eu prefiro acreditar que não é
o que o médico suspeita. Entendeu?
— OK.
— Te vejo em algumas horas, princesa. - Ele falou beijando
minha cabeça.
Eu me arrastei para longe dele, sem querer sair dali, mas eu
tinha uma batalha para travar, se queria ele ao meu lado nos
próximos dias.
E não seria gritando e berrando que eu dobraria os meus
pais.
Entrei no carro ao lado de Sharon e logo eu estava chegando
em casa, onde minha mãe me aguardava nervosa.
Capítulo 19

Amanda
Assim que atravessei as portas da mansão minha mãe veio
ao meu encontro.
— O que está havendo, afinal? Seu pai está vindo para casa
assim do nada? O que estão escondendo de mim?
Droga. Meu pai deixou para que eu contasse a ela.
— Calma mamãe, venha se sentar aqui. - pedi levando-a pela
mão até uma das salas.
— Não tente me enrolar Amanda. - Ela falou parando no meio
da sala.
— Tudo bem, é que o doutor Summers cobrou meu checkup
anual, ele se preocupou por causa do meu desmaio de sábado.
— Meu Deus! - Ela falou caindo sentada no sofá.
— Terei que ir para Manhattan pelos próximos dias.
— Certo, eu vou arrumar minha bagagem, será que vamos
demorar? Eu tenho tanta coisa para resolver sobre o casamento.
— Eu sei que está muito ocupada e por isso perguntei a
Violet se ela poderia me acompanhar, assim você não precisa se
ausentar.
— Que absurdo, se você estiver doente é claro que quero
estar com você.
— Tenho certeza de que não é nada, e papai não vai adiar o
casamento por uma suspeita, então acho que ele vai preferir que
você fique.
— Eu vou com você e fim de conversa.
— Certo, eu vou subir e arrumar minha bolsa, quando o papai
chegar me avise, por favor. - pedi segurando sua mão.
— Você não vai almoçar?
— Já comi, não se preocupe. - Beijando o seu rosto, eu
deixei a sala e fui para o meu quarto.
Não adiantava discutir com ela, meu pai teria que concordar
comigo.
Poucas horas depois, Greta batia à porta do meu quarto
avisando que me aguardavam na biblioteca.
Meu pai estava sentado atrás de sua escrivaninha e minha
mãe na cadeira a sua frente quando entrei.
— Pois bem, eu conversei com o doutor Summers após falar
com você, porque não fez o checkup ano passado?
— Eu estive ocupada e esqueci.
— Você se descuidou e isso pode nos atrapalhar Amanda.
— Nos atrapalhar?
— Pode nos custar essa campanha.
Eu não devia mais me espantar com o que o meu pai dizia,
mas me espantava.
— Não entendi.
— Não posso mais manter você escondida enquanto se trata,
eu preciso de você saudável e feliz ao lado do seu marido, enquanto
lançamos a candidatura dele.
Fechei os olhos tentando esconder o desprezo que crescia
dentro de mim, mas eu poderia usar essa preocupação dele com a
política ao meu favor.
— Papai, podemos estar nos preocupando à toa, vamos ver
os resultados dos exames.
— Assim espero.
— Quanto a minha ida ao hospital, podemos tentar ser
discretos sobre isso.
Ele me olhou parecendo interessado.
— Explique.
— Pensando em não tirar a mamãe daqui, eu pedi a Violet
que me acompanhasse.
— Isso é sua ideia de discreto?
— Sim, sem ela posso ir com menos seguranças, Sharon e
Richard...
— Esqueça esses dois, eles perderam você hoje.
Merda, não.
— Eu estava onde falei, Robert mantém um apartamento em
cima do escritório e sei onde fica a chave, era lá que eu estava, eu
queria ficar sozinha.
— Ainda assim.
— Por favor papai, eles não tinham como saber, foi culpa
minha.
Ele suspirou rolando uma caneta entre os dedos.
— Vou pensar sobre isso, continue a explicar sua ideia de
discrição.
— Quanto menos pessoas souberem que estou lá, melhor.
— Sim.
— Ao invés de ir para o nosso apartamento, podemos nos
hospedar em um hotel com o nome da Violet.
Finalmente consegui despertar seu interesse.
— E seu nome não apareceria. - Ele concluiu.
— Sim, seriamos apenas nós duas e dois seguranças, um
casal no quarto ao lado jamais chamaria a atenção.
— Você pode ter razão, uma ida discreta, sem alarde e
tiramos essa história a limpo logo de uma vez.
— Exatamente.
— Eu quero ir com ela. - Minha mãe resolveu se manifestar.
— Melhor você ficar Agnes, ela tem razão, ir e voltar
discretamente, infelizmente no hospital não temos o que fazer, pois
Peter já falou com eles, vou apenas reforçar a necessidade de que
sejam discretos.
— Certo.
— Você já tem tudo pronto?
— Sim.
— Mande a mulher de Robert vir para cá, quanto antes
saírem, melhor, vou providenciar o helicóptero.
— Papai...
— O que foi agora, Amanda?
— Helicóptero passa longe de discreto.
Ele parou para pensar novamente.
— Tem razão, terão que ir de carro, vou providenciar as
reservas do hotel enquanto vocês partem, agora me deixem
sozinho, vou conversar com o chefe da segurança e explicar o meu
plano.
— OK.
— Amanda, mantenha a imprensa longe de você. Entendeu?
— Sim.
— Você tem hora marcada amanhã no Memorial Sloan-
Kettering. Todos os exames serão feitos nos próximos dias.
— Certo, mais uma coisa papai.
— O quê?
— Por favor mantenha o Samuel ocupado, eu não tenho
condições de lidar com ele agora.
— Com certeza, se você não está lá, não tem porque ele
estar.
— Ótimo, obrigada.
Deixei a sala com minha mãe atrás de mim, ela não se
conformava em não me acompanhar, mas até mesmo ir ao
ginecologista seria impossível com ela a tiracolo.
— Mamãe, eu tenho certeza de que é um alarme falso, são
só alguns exames, prometo que se houver qualquer problema eu te
chamo, alguém precisa continuar com os planos para o casamento.
— Promete me avisar mesmo? – Ela pediu preocupada.
— Sim, eu juro, agora preciso falar com a Violet, tudo bem?
— Tudo bem, vou subir com você. - Ela falou passando o
braço em meu ombro.
Enquanto terminava de arrumar minha bolsa, mandei uma
mensagem para a Violet, pedindo que fosse ao meu encontro e
outra para o David, confirmando nossa ida.
"Quanto tempo para vocês chegarem lá?"
Ele perguntou.
"Acho que dentro de uma hora e meia estaremos
chegando, ficaremos em um hotel, depois te mando o nome.
Respondi.
"Tudo bem princesa, esta noite você vai dormir nos meus
braços".
Sua resposta me causou borboletas no estômago, tentando
esconder o sorriso, entrei no meu closet em busca de privacidade.
"Estou contando com isso".
Respondi e guardei o celular, eu precisava terminar de
arrumar minhas coisas.
David
Eu simplesmente me recusava a pensar na possibilidade de
que ela estivesse doente.
Amanda estava sob um grande estresse com o casamento
que não queria e isso poderia explicar sua crise nervosa.
Preocupado, olhei mais uma vez o endereço que ela me deu,
elas já estavam no hotel, na cobertura, e mais uma vez me
perguntei o que eu fazia ali.
— Alô. - Atendi o celular que tocava no meu colo.
— David, você está chegando? - Violet perguntou
preocupada.
— Sim, mais uns dez minutos.
— Certo, estamos esperando, você tem o número da suíte.
Vinte minutos depois eu estava parado no elevador,
aguardando-o chegar a cobertura.
Assim que a porta do quarto foi aberta pela Violet, eu a vi
sentada no sofá, Amanda parecia uma menina perdida e senti um
nó na boca do estômago.
— Entre David, alguém aqui parece precisar de uma injeção
de ânimo. - Violet falou enquanto eu entrava.
— Eu imagino, como vieram parar em um hotel? - perguntei
olhando em volta, o lugar parecia um apartamento, e dos grandes
pelo que pude ver.
— Convenci o senador de que é melhor assim, para
mantermos tudo em sigilo. - Amanda explicou enquanto eu me
aproximava dela.
— Na cobertura? – perguntei levantando a sobrancelha.
— Isso eu não tive controle. – Ela respondeu dando de
ombros.
— Como você está?
— Melhor, é difícil quando recebemos a notícia, mas depois
vem a resignação.
— Pare Amanda, você não sabe se a doença voltou, começo
a achar que esse doutor se precipitou. – pedi segurando sua mão.
— Concordo, você tem estado no seu limite, está estressada,
apenas isso, você vai ver. - Violet falou me apoiando.
— Vocês estão esquecendo de que ainda há o risco da
gravidez. – lembrei.
— Isso será a primeira coisa a se descobrir amanhã. – Violet
falou.
— Marcaram a consulta? - perguntei.
Eu estava torcendo para que tivéssemos um bebê a caminho,
mas ao mesmo tempo eu sabia que ela teria problemas com isso.
— Sim, eu liguei de casa antes de sair. Eu vou pedir alguma
coisa pra comermos, você comeu no caminho pra cá?
— Na verdade não, estou só com o almoço.
— Vou ver o que tem, veja se anima essa mulher.
— Precisa de ajuda? – Amanda perguntou.
— Eu sei usar o telefone, fiquem aí. - Violet brincou nos
deixando a sós.
Olhei para a Amanda e ela parecia cansada, me sentei ao
seu lado e a puxei para o meu colo, segurando o seu rosto entre as
mãos e a encarando.
— Você não está doente. - falei firme.
Ela suspirou e soltou o rosto das minhas mãos, olhando para
baixo.
— Eu vou estar bem melhor quando estiver com esses
exames nas mãos.
— Todos estaremos mais tranquilos.
Ela deitou a cabeça no meu peito e me abraçou.
— Obrigada. – Ela agradeceu.
— Pelo quê? – perguntei.
— Pela força que está passando para mim.
— Não tem o que agradecer. – falei beijando seus lábios
levemente.
Uma suave batida na porta nos avisou da chegada de
alguém, Violet a abriu e Sharon entrou, acompanhada por Richard.
— Amanda, você deveria ter nos avisado que ele viria
também. - Foi a primeira coisa que Sharon falou.
— Você deveria ter deduzido isso, afinal porque eu pediria
para vocês virem? - Amanda perguntou a olhando séria.
— Senhorita Lee, nós não vamos acobertar isso. - Richard
falou olhando para Amanda ainda no meu colo.
Amanda olhou para Sharon, que suspirou.
— Sim, nós vamos Richard, senão vão pensar que isso já
vinha acontecendo em Los Angeles e nós não fizemos nada.
— Se descobrirem... – ele começou.
— Estaremos ferrados de qualquer modo.
Uma nova batida na porta deixou os dois em alerta.
— Ei, se acalmem, é só o serviço de quarto, nós pedimos
comida. - Violet avisou indo até a porta novamente.
— Espere. - Richard falou, olhando pelo olho mágico. —
Pode abrir, é só o serviço de quarto. – Ele falou repetindo as
palavras de Violet.
Aguardamos enquanto o carrinho era deixado perto da mesa
de jantar e o rapaz ia embora.
— Nós ficaremos de olho no quarto, não faça nenhuma
besteira senhorita Lee, estamos aqui para garantir sua segurança.
— Tudo bem. - Amanda respondeu.
— Até amanhã.
— Escutem, vocês não estão sendo nada discretos com esse
uniforme. - Ela lembrou.
Sharon olhou para si mesma e sorriu.
— Amanhã isso não acontecerá.
— Ei, pombinhos, nossa comida já está na mesa, pedi um
lanche leve, hoje acho que precisamos de descanso. - Violet nos
chamou da copa.
— Até amanhã, senhorita Lee. - Richard se despediu.
— Não querem comer conosco? – Amanda perguntou.
— Obrigado, já comemos. - Richard falou deixando o quarto
com Sharon atrás dele.
Havia suco, sanduíches e salada nos esperando na mesa,
comemos em silêncio e despachamos a Violet para seu quarto, para
descansar.
Levantamos da mesa e deixei que ela me levasse para o
quarto pela mão.
— Trouxe sua bolsa?
— Sim. - respondi colocando-a no chão do quarto, perto da
porta.
— Eu tomei banho quando chegamos, se quiser fazer o
mesmo...
— Eu gostaria.
Ela me indicou o banheiro da suíte e trancando a porta do
quarto, se deitou na cama.
— Não durma, eu já volto. - falei enquanto pegava roupa
limpa na bolsa e entrava no banheiro.
Em menos de cinco minutos eu estava de volta, ainda
amarrando o cadarço da calça de moletom e a encontrei mexendo
no celular.
— Ola. - falei me sentando ao seu lado.
Deixando o aparelho sobre o criado-mudo, ela sorriu pra mim,
tocando meu peito.
— Não vai ficar com frio? - Ela perguntou quando me viu sem
camisa.
— Eu estou bem, aqui está bem aquecido, nem parece que
está tão frio lá fora.
Escorregando até estar junto a mim, sua mão deixou meu
peito e tocou o meu rosto.
— O que veio fazer aqui professor? - Ela sussurrou me
olhando dentro dos meus olhos e me vi hipnotizado.

Amanda
David ficou me olhando, como se estivesse longe e levou
alguns segundos para me responder.
— Acho que você já fez essa pergunta. - Ele respondeu
também sussurrando.
— E ainda estou confusa com sua resposta.
Levantando da cama, ele pegou a carteira de cima da
cômoda e a abriu, puxando um pedaço de papel que me estendeu.
Reconheci imediatamente o bilhete que deixei ao seu lado na
cama, eu sabia o que estava escrito de cor, cada palavra escrita ali.
— Por que está me devolvendo isso? - perguntei sem
entender.
— Eu não pude ler.
— Dave...
— Eu precisava ouvir de você, por favor, carinho.
Eu amassei o bilhete na mão, sentindo o aperto no peito.
— Não importa.
— Pra mim importa.
— Eu disse apenas que era tarde demais e disse adeus. -
falei, me deitando.
— Não é tarde demais. - Ele respondeu se deitando ao meu
lado na cama, me puxando para os seus braços. — Agora
descanse, amanhã você terá um dia cansativo. - falou beijando
minha cabeça.
Suspirei acomodando a mão sobre o seu peito e senti o seu
coração batendo contra a minha palma.
Sem resistir, eu passei os dedos sobre os poucos pelos
sedosos que ele tinha e surpresa, vi seus mamilos se arrepiarem.
— Querida, é melhor parar...
Mais por instinto e curiosidade do que qualquer outra coisa,
levantei a vista até encontrar os seus olhos e abaixei a boca
tocando sua pele quente, úmida e cheirando a sabonete.
Percebi ele segurar a respiração sem deixar de me olhar e
deslizei os lábios sobre sua pele, fazendo com que ele
estremecesse.
— Eu...
Antes que ele falasse, passei a língua por sua pele até
chegar ao mamilo, que pareceu um botão depois do meu toque.
Adorando a novidade, fiz o mesmo com o outro.
— Deus! - David sussurrou jogando a cabeça para trás.
Levantei minha cabeça e mordi seus lábios de leve, antes de
me afastar.
— Qual minha lição de hoje, professor?
— Hoje não tem lição. - Ele respondeu rouco.
— Você prometeu, lembra? Todo dia, até a véspera do
casamento.
— Amanda...
— Por favor, professor. - Pedi voltando a me abaixar e
descendo a boca sobre o seu mamilo.
Ele respirou fundo, se rendendo a mim.
— Acho que você está se saindo muito bem sem precisar de
instruções.
— Devo continuar, então?
— Por favor, sinta-se à vontade para explorar.
Sorri me sentando.
— É como desvendar um brinquedo novo. - falei deslizando
as pontas dos dedos por sua pele, através do peito, até a cintura da
calça, que deixava de fora o início do seu “V”, onde era possível ver
a marca da sunga.
— Então aproveite. - Ele respondeu cruzando as mãos
embaixo da cabeça.
Minha experiência era quase nula, mas eu estava curiosa
com algo desde que senti sua boca sobre mim.
Olhando a calça cinza de moletom, dava para ver
perfeitamente seu grande e grosso sexo empurrando o tecido mole
para o alto.
Levei a mão até ele, segurando entre os dedos ainda sob o
tecido.
Minha mão não se fechou totalmente, espantada, levei a
outra mão até ele e me surpreendi vendo que também não fechava.
— Você pode abaixar a calça se quiser. - Sua voz era
irreconhecível.
Olhei para ele e rapidamente voltei a olhar seu sexo,
segurando o elástico da calça, soltei o cadarço e puxei para baixo
do seu quadril.
Seu pau era tão grande, e bonito, e grosso, e rosa...
Fechei a mão obre ele, sentindo sua pele macia entre meus
dedos.
A sensação era diferente, ele estava duro, mas ainda assim
era macio.
— Feche a mão, apertando e depois suba e desça... - ele
falou mostrando o movimento com gestos.
Fiz o que ele falou e ouvi seu gemido, ao mesmo tempo em
que ele crescia mais ainda.
Parecia uma barra de ferro revestida de seda.
Continuei os movimentos e de repente ele estava
empurrando o quadril contra minhas mãos.
Uma gota surgiu sobre sua cabeça rosada e sem pensar me
abaixei e lambi.
— Por Deus Amanda, você vai me matar. - Ele falou
entredentes, fechando os olhos.
— Não gostou? Quer que eu pare?
— Não carinho, apenas não esperava por isso, agora faça o
que tem vontade.
— OK. - respondi com um sorriso e voltei a minha atenção
para o que fazia.
Eu continuei subindo e descendo minha mão, apertando seu
pau entre os dedos e mais uma vez aproximei minha boca, eu podia
ser um pouco ingênua, mas senti meu corpo aquecer conforme
ouvia seus gemidos baixos e roucos.
E queria mais deles.
Abri a boca, fechando-a sobre a cabeça e na mesma hora
seus olhos se abriram, fixos em mim.
Eu estava amando deixá-lo tão excitado e me senti poderosa,
como nunca me senti antes.
Eu me senti mulher, uma mulher que dava prazer ao seu
homem.
Empolgada, retirei as mãos e tentei colocá-lo na boca,
consegui boa parte, mas não todo.
— Querida. - Ele me chamou tocando o meu cabelo.
Olhei para ele e vi quando respirou fundo.
— Eu nunca vou tirar essa imagem da cabeça.
Tirei a boca de seu membro e sorri, lambendo-o como um
picolé.
— Gosta? Estou fazendo direito? – perguntei.
— Você é perfeita, desse jeito eu vou gozar logo.
Sorrindo, lambi seu pau novamente, dessa vez brincando
com a língua sobre a cabeça. Voltei a engoli-lo, sentindo-o bater na
garganta e retirei sentindo que engasgava.
— Querida, isso é tortura.
Sorri e usando apenas uma das mãos, eu comecei
novamente o movimento de sobe e desce.
Seu pau estava cada vez mais duro, mais grosso, parecia
uma barra de ferro agora e ele empurrava o quadril novamente.
Seu corpo brilhava de suor e me vi abocanhando apenas a
cabeça dessa vez.
— Caralho, vou gozar princesa. – sua voz saiu sufocada.
Senti quando seu gozo bateu quente contra minha garganta e
excitada como estava, nem pensei em sair dali, sorvendo cada gota
que saia.
Incrivelmente, ele ainda estava duro quando o soltei, eu beijei
sua coxa, antes de cair deitada ao seu lado.
Não levou nem dez minutos para ele estar sobre mim,
cobrindo minha boca com a sua, enquanto encaixava o corpo entre
as minhas pernas e tirava minha calcinha do caminho.
— Você devia estar nua pra facilitar nossa vida. - Ele
resmungou.
Sorri e então perdi o fôlego sentindo-o se afundar em meu
corpo.
— Sua boceta é perfeita meu doce, parece ter sido feita pra
mim.
— Dave... - falei firmando os pés na cama e empurrando o
quadril para cima.
— Isso querida, se abra pra mim, me deixe entrar.
Ele empurrou o seu pau dentro de mim, só parando quando
seu quadril bateu no meu corpo.
— O mais doce prazer que já provei, essa boceta gostosa é
só minha. - Ele falou no meu ouvido e senti minha vagina se contrair
ao seu redor.
Sorrindo, ele levantou a cabeça e sorriu antes de beijar meu
queixo.
— Você gosta de palavras sujas, carinho? - Seu ar de riso era
perfeitamente notado.
— Eu não... - Comecei a dizer, envergonhada.
— Sim, você gosta, cada vez que eu falo alguma coisa você
me aperta mais e fica mais molhada.
Ele empurrou mais uma vez.
— Deliciosamente molhada.
Senti o rosto esquentar e escondi o rosto em seu peito.
— Ei querida, olhe pra mim.
Com muito custo eu atendi o seu pedido.
— Nunca tenha vergonha de nada quando estiver comigo,
lembra que eu já te falei isso? Você tem um mundo para descobrir e
eu quero saber tudo o que te deixa excitada, entendeu?
— Sim. - respondi em um sussurro.
— Ótimo, porque agora eu vou me acabar nessa boceta
gostosa, como eu disse antes. - Ele falou sorrindo e me beijou
voltando a se mover dentro de mim.
Uma de suas mãos estava no meu seio acariciando o mamilo
que já estava dolorido.
Usando a outra mão como apoio, ele desceu mais a mão livre
e acariciou meu clitóris, fazendo meu corpo vibrar.
— Eu estou pronto de novo querida, só que dessa vez você
vem comigo. - Ele avisou intensivando as investidas e as carícias.
Senti quando meu corpo chegou ao limite e explodiu junto
com ele.
Parecia que fogos explodiram no teto do quarto.
— Definitivamente você é uma droga viciante. - Deixei
escapar ainda de olhos fechados.
— Você também, princesa. - Ele falou rolando para o lado e
me puxando para os seus braços.
Acho que nem cheguei a abrir os olhos, apaguei ali mesmo.
Capítulo 20

David
Manhã seguinte
— Princesa, hora de acordar. - Chamei baixinho.
Ela estava deliciosamente deitada sobre mim e minha
vontade era estar dentro dela de novo, e de novo, e de novo, mas
sua saúde vinha em primeiro lugar.
— Amanda? - chamei de novo, dessa vez mais alto.
— Hum?
— Temos que levantar, você tem hora querida, lembra?
Devagar, seus olhos se abriram e um sorriso brilhou em seus
lábios.
— Bom dia, faz tempo que não durmo tão bem. - Sua voz era
baixa e rouca e meu pau respondeu por vontade própria,
endurecendo mais.
— Eu também. - respondi beijando sua cabeça.
Nesse momento ouvimos batidas na porta do quarto.
— Casal do ano, hora de acordar. - Violet avisou.
— Já acordamos. - respondi.
— Ótimo, temos que sair em meia hora, já pedi nosso café.
Ouvimos seus passos se afastando pelo corredor e nos
olhamos sorrindo.
— Temos que ser rápidos.
— Sim, se eu quiser passar na médica antes, melhor
corrermos.
Deixando a cama, arrumei minha calça no lugar e fui para o
banheiro.
— Vou só jogar uma água no corpo, já volto.
— OK.
Quando voltei ao quarto, ela estava sonolenta ainda, mas
levantou e foi se arrumar.
Encontramos Violet na copa, sentada, tomando o seu café.
— Pedi o café, mas não sei o que costumam comer.
— Não se preocupe, eu me viro. - respondi puxando a
cadeira para Amanda sentar.
— E eu estou sem fome. - Amanda falou olhando para as
coisas que haviam sobre a mesa.
— Coma ao menos uma fruta, temos que sair logo. - Violet
falou se servindo de mais café.
Enquanto eu me servia, percebi que Amanda ficava cada vez
mais pálida.
Preocupado, me levantei da cadeira para ficar por perto, o
que foi nossa sorte, pois ela perdeu os sentidos logo em seguida.
— Violet. - chamei por ela sem perceber que ela já estava ao
nosso lado.
— Vamos para o hospital direto. - Ela avisou já com o
telefone na mão.
— Avise a Sharon. - lembrei enquanto deixávamos nossa
suíte.

Dez minutos depois nós estávamos na recepção do hospital,


aguardando por notícias, a consulta foi cancelada e avisamos da
possível gravidez quando chegamos.
Ansiosos, quase pulamos em cima da enfermeira que veio
nos dar notícias sobre ela.
— Podem se acalmar, foi só uma queda de pressão, já
estabilizou, vamos começar a fazer os exames, foi pedido urgência
então, ela vai passar o dia aqui, se quiserem podem ir embora e
voltar no fim do dia.
— Eu vou ficar. - avisei.
— Eu também. – Violet falou m seguida.
— Tudo bem, existe uma lanchonete no subsolo, qualquer
novidade nós os chamamos.
— Enfermeira, sobre a gravidez?
— Será feito este exame também. – ela respondeu e se
afastou.
Sentei no sofá, apoiando o cotovelo no joelho e fechei os
olhos, com a cabeça entre as mãos.
— David, nós precisamos avisar sobre o desmaio. - Richard
falou parando ao meu lado.
— Se vocês fizerem isso eu terei que sair. - falei olhando para
ele.
— Nós não vamos. - Sharon entrou na conversa.
— Sharon. - Ele reclamou olhando para ela agora.
— Ela precisa dele aqui, não do pai ou da mãe.
— É nossa obrigação relatar...
— Venha comigo. - Ela falou segurando na manga do casaco
dele e puxando através do corredor.
— Espero que ela consiga convencê-lo. - comentei olhando
os dois se afastarem.
— Aposto que ela consegue. Vai dar tudo certo. - Violet falou
sentando ao meu lado.
— Eu estou tentando ser otimista. Mas meu estômago parece
ter um buraco.
— Estou do mesmo jeito, mas ela precisa de nós.
— Eu sei.
— David, se ela estiver doente...
— Ela não está. – falei firme.
— Mas se estiver, o que você vai fazer? Vai enfrentar com ela
ou vai embora?
A pergunta foi ofensiva, mas eles não me conheciam, na
verdade nem eu estava me reconhecendo nos últimos tempos.
— Eu não vou a lugar nenhum. – garanti.
— Ótimo, mas temos uma outra situação, e se ela estiver
bem, mas grávida?
— Vamos comprar uma briga feia com o senador, não é?
— Sim, vocês vão.
— Mas eu gosto da ideia de ter uma família com ela. - falei
sentindo o sorriso aparecer no meu rosto.
— Eu vou gostar de ter um sobrinho.
O celular dela começou a tocar.
— É o Robert, eu já volto. - Ela falou se levantando.
Violet ficou parada junto a uma janela, enquanto falava no
celular.
Fiquei olhando para a parede, o relógio parecia ter se
congelado.

— Você é um dos acompanhantes da senhorita Lee, certo? -


uma outra enfermeira veio me perguntar algum tempo depois.
— Sim, eu sou.
— Senhor David?
— Exatamente.
— Ela já tem o resultado de um dos exames e pediu para
falar com você.
Olhei para Violet, que me pareceu preocupada, em seguida
me afastei, seguindo a enfermeira.
Entrei no quarto e a vi deitada na cama, de olhos fechados.
— Amanda? - chamei baixinho.
Imediatamente seus lindos olhos se abriram.
— O exame de gravidez deu positivo. - Ela sussurrou
parecendo ansiosa.
— Então nós temos um bebê a caminho. - falei me
aproximando da cama e sentando ao seu lado.
— Sim.
— Você aceita se casar comigo?
— Dave, não é hora.
Suspirei segurando suas mãos.
— Eu fui o culpado, esqueci da camisinha, mas eu estou feliz
com a ideia de ser pai.
— Você não entende...
— Então me explique, carinho.
— Odeio quando você me chama assim, parece um apelido
genérico, que você usa com todas.
— Não existe todas, existe uma única pessoa, você, acredite
em mim. - Ele falou beijando meus lábios.
— Dave...
— Me explique o que eu não estou entendendo.
— Nós temos dois problemas, primeiro que se eu estiver
doente, não vou conseguir levar a gravidez adiante se fizer
tratamento...
— Você não está doente.
— Se eu não estiver doente, teremos meu pai pela frente, ele
não vai aceitar.
— Amanda, eu sou um homem adulto, estou dando um
tempo para você se resolver, mas eu vim para lutar por você.
— Você não sabe do que ele é capaz.
— Vamos nos preocupar com isso depois, agora eu quero
beijar você. - falei cobrindo os seus lábios com os meus.
Ela era minha e ia ter um filho meu.
— Escute... - Ela falou se afastando.
— O quê?
— Esses exames...
— O que tem?
— Alguns, o resultado sai ainda hoje, mas outros sairão nos
próximos dias.
— Ficaremos por aqui esse tempo?
— Sim.
— Por mim tudo bem.
— Senhorita, temos uma ressonância para fazer agora. -
Uma enfermeira avisou entrando no quarto.
— Eu espero lá fora. - avisei.
— Você não precisa ficar preso aqui o dia todo.
— Eu só saio daqui com você, nós todos estamos te
esperando.
Com um rápido beijo em seus lábios, eu deixei o quarto para
trás.
Sharon e Richard estavam de volta quando entrei na sala de
espera, e todos me olharam ansiosos.
— E então?
— É... nós vamos ter um bebê. - falei tentando inutilmente
conter o sorriso.
Violet e Sharon sorriram de volta e Richard me olhou sério.
— Você tem consciência da briga que está entrando? - Ele
me perguntou.
— Eles agora são minha família e vou lutar por eles.
— OK.
— Deixe de ser chato Rick, no momento tudo o que podemos
fazer é dar os parabéns a ele. – Sharon falou sorrindo.
Finalmente os três me cercaram para me parabenizar.
— Eu preciso dar uma saída, e de alguém que conheça a
cidade. – pedi, pronto para colocar meu plano em prática.
— Eu vou. - Richard se ofereceu.
— Obrigado, acredito que seja rápido. - avisei enquanto
saíamos.
Realmente foi rápido e em pouco mais de uma hora depois,
estávamos de volta e eu tinha tudo o que precisava guardado no
bolso.
Já estava no fim da tarde quando finalmente deixamos o
hospital, Amanda parecia cansada, abatida, mas um pouco mais
animada, um dos exames que tínhamos o resultado apontava não
haver nenhuma doença, mas precisávamos aguardar os outros para
confirmar.
— Hotel? - Violet perguntou assumindo o volante do carro.
Eu estava no banco de trás com Amanda e nossos
seguranças nos seguiam em outro carro.
— Eu queria jantar em algum lugar. - Amanda falou olhando
pela janela.
Sua mão estava entre as minhas desde que ela deixou o
quarto do hospital.
— Vamos ter que ir ao hotel nos trocar de qualquer modo,
podemos jantar no restaurante de lá.
— Não, me levem a algum lugar sossegado, quero um lugar
tranquilo.
— Quer ir no Cacth? - Violet sugeriu.
— Não, nada de peixe cru pra mim hoje, nem tailandesa ou
qualquer coisa exótica. - Amanda falou fazendo careta.
— Aonde, então?
As duas decidiam onde jantaríamos e eu só conseguia
pensar no nosso bebê a caminho.
— Serafina? – Violet voltou a sugerir.
— Perfeito, e fica a caminho do hotel.
— Qual a especialidade deles? - perguntei interessado.
— Comida italiana, preciso de comida que me faça sentir
viva. - Minha princesa falou sorrindo.
— Eu posso te fazer se sentir viva. - brinquei beijando seus
lábios.
— Não tenho dúvidas.
— Ei, eu estou aqui. - Violet brincou, olhando o trânsito rumo
ao restaurante.

Amanda
O ambiente acolhedor e tranquilo, por ser cedo ainda, era o
que eu precisava.
Sharon e Richard ocuparam uma mesa ao lado da nossa e
disfarçavam examinando o menu.
— Você está bem mesmo? Nós deveríamos ter levado você
direto para o hotel. - David falou me olhando.
— Querido, nós vamos apenas comer e ir embora, eu juro
que estou bem. - garanti a ele.
— Vamos fazer o pedido logo e não peça nada pesado. - Ele
falou preocupado.
— Pode deixar.
Assim que o garçom se afastou com os nossos pedidos,
Violet apoiou os cotovelos na mesa e nos olhou.
— OK, agora que estamos sozinhos, você vai falar desse
bebê aí ou não?
— Bem, nós ainda estamos digerindo a notícia. - falei sem
jeito.
— Já contei a todos sobre nosso bebê. - David falou com um
sorriso enorme no rosto.
— Eu queria pular de alegria e felicitar você, mas vou deixar
para mais tarde, agora me digam o que vão fazer.
— Ainda não conversamos...
— Casar e ir embora daqui.
Respondemos ao mesmo tempo.
— David, eu não vou embora. - falei chateada, eu realmente
precisava decidir como agir.
— Então, terei que tentar uma vaga nas universidades daqui,
eu já estive fazendo palestra na Universidade de Nova York, posso
tentar uma vaga lá.
— Você está esquecendo o meu pai de novo. – o lembrei.
— Você é uma mulher adulta, Amanda. - Ele falou me
olhando e ouvir aquilo me tirou do sério, ele não conhecia minha
história.
— Okay, aqui não é lugar para discutirmos isso, acho que
nossa comida vem vindo. - Violet nos interrompeu olhando para trás
de nós.
A comida caiu maravilhosamente bem, pena nosso pequeno
desentendimento ter estragado o meu humor.
Voltamos finalmente ao hotel e eu fui direto para nossa suíte
tomar um banho, quando voltei, os dois estavam ainda na sala,
conversando.
— Falando de mim? - perguntei me acomodando no sofá, ao
lado do David.
— Não, já mudamos de assunto, Sharon e Richard se
recolheram e eu acabo de falar com o seu primo, ele está vindo para
cá, amanhã. - Violet falou sorrindo.
David puxou minhas pernas para o seu colo.
— Isso é ótimo. - falei feliz.
— O que temos para fazer amanhã? - Violet perguntou.
— Além de esperar os resultados dos outros exames?
Preciso consultar sua médica.
— Certo, eu ligo para ela marcando de novo.
— Amanda, precisamos conversar. - David falou, chamando
minha atenção.
— Eu preciso organizar meus pensamentos David, eu ainda
não sei o que fazer, eu realmente tenho receio do que o meu pai
pode fazer, eu já o vi em ação.
— Então?
— Então, por hora fica tudo como está, eu preciso de um
tempo para descobrir como agir com relação a ele.
— Tudo bem, mas entenda que eu quero este bebê.
— Não vou esquecer isso.
— Bem, pelo menos o fantasma da doença foi afastado. -
Violet lembrou.
— Eu ainda quero ver todos os exames, mas me sinto
aliviada.
— E temos o dia livre amanhã. - Violet lembrou sorrindo.
— Depois da consulta, sim. – confirmei.
— Ótimo, vou ver se o Robert vem logo cedo, assim saímos
os quatro juntos. - Ela falou se levantando.
— Adorei a ideia. - respondi sorrindo.
— Vou me recolher queridos, até amanhã.
— Boa noite, Violet.
— Boa noite.
Ficamos sozinhos e em silêncio, o cansaço estava me
vencendo e encostei a cabeça nas almofadas atrás de mim.
— Quer ir para o quarto?
— Sim, só me falta coragem para me mexer.
— Isso é fácil de resolver. - Ele falou me pegando no colo.
Passei os braços no seu pescoço e deitei a cabeça em seu
ombro, bocejando.
— Vamos princesa, hora do seu sono de beleza.
— Minha lição...
— Sua lição de hoje é aprender a dormir nos meus braços.
Uma vez no quarto, ele me ajudou a me trocar e foi tomar
banho, quando voltou eu já estava quase dormindo.
Senti apenas ele se deitar ao meu lado e me puxar para os
seus braços e dormi imediatamente.
Capítulo 21

Amanda
Manhã seguinte
A consulta foi tranquila e saímos de lá tão emocionados que
chegava a ser engraçado, David não conteve o choro mesmo sendo
cedo para ouvir o coração do nosso bebê.
Deixamos a clínica com um monte de recomendações e
descobrimos o Robert nos esperando na portaria.
— Ei, que caras são essas? – ele perguntou quando nos viu.
— Esses dois estão assim desde que saíram da sala da
doutora Anette. - Violet explicou rindo.
— Senhorita Sanders, a senhorita esqueceu os documentos.
- A recepcionista correu em nossa direção.
— Obrigada. – Agradeci guardando-os na bolsa.
— Sinceramente Amanda, você acha que ela não sabe quem
você é? Seu noivado saiu em todos os jornais, você está em Nova
York, berço político do seu pai. – Robert chamou minha atenção.
— Não importa Robert, meu pai não vai me rastrear com
esse nome e descobrir que passei por uma obstetra, ele pensa que
foi tudo destruído. - falei irritada.
— Mas de certa forma seu primo está certo Amanda, se
vamos andar por aí, teremos que ser discretos, não podemos
precipitar as coisas e você passar por alguma situação com o seu
pai que possa prejudicar nosso bebê.
— Certo, onde vamos, então? - Violet perguntou, mudando
de assunto.
— Eu queria ver o Central Park, não tive tempo de conhecer
quando estive aqui e tem muita coisa interessante lá. - David pediu,
levantando os ombros.
— O que quer ver?
— Algum dos museus se estiver tudo bem para vocês.
— Perfeito, lá é lindo no inverno, e podemos passar
despercebidos no meio da multidão.
— Tem muita gente lá mesmo com esse frio?
— Novembro é o pior mês para de estar aqui David, a cidade
está cheia por causa da Black Friday, em alguns dias deve diminuir
um pouco o movimento. – Robert explicou enquanto andávamos até
Richard que ficou nos esperando do lado de fora enquanto Sharon
nos acompanhou.
— Nós pretendemos dar uma volta no Central Park. – falei
para eles.
— Central Park? - Richard perguntou franzindo o cenho.
— Sim, algum problema?
Sharon olhou séria para ele que em seguida assentiu com a
cabeça, impassível como sempre.
— Melhor sairmos daqui. - Ele falou olhando em volta.
— Vamos voltar no carro do Robert. - avisei, pois viemos no
carro deles.
— Nós seguiremos. – Richard avisou.
Andamos até o carro de Robert, enquanto aguardava o carro
ser aberto, o vento gelado me fez tremer de frio e David virou para
puxar o capuz do meu agasalho sobre a minha cabeça.
Sorri para ele e seus olhos prenderam os meus, enquanto ele
beijava meus lábios.
— Ei vocês, entrem logo, isso passou longe de ser discreto. -
Robert chamou de dentro do carro.
Sorrindo, David abriu a porta de trás para que eu entrasse.
Virei para o carro e dei de cara com a Mônica do outro lado
da rua, como no dia em que provei o vestido de noiva.
Seu olhar parecia chocado, o que poderia significar que ela
viu o nosso beijo.
Olhei para ela e ela recuou um passo, sumindo no meio da
multidão.
— Que estranho. - murmurei me sentando no banco de trás
do motorista e olhando pela janela do carro, tentando vê-la
novamente.
— O que foi?
— Nada, deixa pra lá. Robert, melhor irmos até o hotel e
deixar o seu carro lá.
Estávamos hospedados perto do Central Park, o que
facilitaria nosso passeio.
— Pensei nisso, aproveito e já subo minha mala para o
quarto.
— O Central Park é enorme, você está bem para andar
tanto? - Violet perguntou.
— Eu estou bem, eu aviso se sentir alguma coisa.
Deixamos o carro no hotel e entramos no parque, a paisagem
verde dos outros meses estava totalmente mudada, os tons das
folhas iam do amarelo ao marrom, passando pelo vermelho, apesar
de estar cada dia mais frio, ainda não havíamos tido neve, então o
branco ainda não havia coberto tudo.
— Vamos, quero levar o David a um lugar. - avisei aos outros,
Richard e Sharon andavam conosco agora e parecíamos um grupo
de amigos passeando.
— Onde? - David perguntou curioso.
— É surpresa, mas você vai gostar.
— É longe?
— Não andaremos muito, mas tem muito o que ver no
caminho.
— Tenho uma surpresa também, e tem hora certa. – ele
avisou.
—O que é? – perguntei curiosa.
—Surpresa, lembra? – ele perguntou.
— OK. – respondi, mas já morrendo de curiosidade.
Atravessamos o zoo, e vários marcos que existem dentro do
parque, sempre conversando e tirando foto.
Quando estávamos perto de onde eu queria levá-lo, senti a
excitação de mostrar algo a ele que eu sabia que ele iria adorar.
Andando por uma alameda, eu os levei em direção a uma
das saídas do parque.
— Ei Amanda, você se perdeu? - Robert perguntou atrás de
nós, onde estava de mãos dadas com a esposa.
— Sei exatamente onde estou. - falei parando na calçada,
bem em frente ao Museu Americano de História Natural.
O paraíso para um professor de história.
Surpresa, eu o vi estático no meio da calçada.
— Ei, você está bem? Não gostou da surpresa?
— É, um enorme museu que apresenta maravilhas naturais,
como dinossauros, espaço sideral e tudo que está entre eles, não
sei por que você achou que eu gostaria de vir aqui. - Ele respondeu.
Na mesma hora eu olhei para o seu rosto e vi todo o
encantamento que ele sentia.
Surpreendendo-me, ele me puxou para os seus braços e me
beijou, tirando todo o meu fôlego.
— Ei, casal discrição, vamos atravessar logo esta rua e
entrar, vocês já chamaram bastante atenção. - Robert falou
passando por nós.
Olhei para eles e Violet sorria.
— Você está muito resmungão Robert. – reclamei.
Mostrando-me o dedo do meio, ele entrou no museu, sendo
seguido por nós.
Era como entrar no filme Uma Noite no Museu, a primeira
coisa que vimos foi a enorme ossada do dinossauro que havia no
saguão.
— Fantástico. - Ouvi David falar, me arrastando para perto do
dinossauro.
Passamos as duas horas seguintes percorrendo os
corredores do museu e pude testemunhar toda a paixão do meu
professor pela área que escolheu se dedicar, ele poderia até mesmo
trabalhar ali, pois foi nos explicando cada artefato exposto que
víamos.
Já passava da hora do almoço quando nos vimos parados na
entrada do Central Park novamente.
Voltamos para dentro dele e fomos atrás de um lugar para
comer.
— Lanche, Amanda? – Robert perguntou.
— Sim, quero um cachorro-quente. – respondi.
— Você não vai falar nada, David? – ele insistiu.
Ele sorriu beijando a minha mão.
— Ela me levou para passear em um museu. – foi sua
resposta.
— Aff, que isso? Parece que ela acaba de te pagar um
boquete, cara. - Robert brincou.
— É como se fosse. - David respondeu rindo.
— Robert cala a boca. - falei para o meu primo.
— Vamos logo que eu estou com fome. - Violet falou
puxando-o pela mão.
Estávamos atravessando os gramados em busca de um lugar
para comer quando um aglomerado de pessoas nos chamou a
atenção.
Paramos para olhar e descobri que se tratava de um
casamento, a noiva tinha uma coroa de flores na cabeça e parecia
tão feliz que tive inveja dela.
— Vamos chegar mais perto. - David falou segurando minha
mão.
Nós nos aproximamos um pouco mais e ouvi o oficial finalizar
a cerimônia.
— Que pena, pegamos o fim. - comentei olhando enquanto
os noivos se beijavam.
— Aí está você, pensei que tinha desistido. - O homem que
realizou a cerimônia falou, olhando em nossa direção.
— Eu avisei que era uma surpresa e por isso poderia atrasar.
- David respondeu.
— David... - sussurrei olhando de lado para o homem.
— Querida, você aceita se casar comigo? Se a resposta for
sim, nós nos casamos agora.
— David, isso é... - Eu estava sem palavras, com o peito
prestes a explodir de amor.
— Apenas diga sim, querida. – ele pediu se ajoelhando aos
meus pés.
Fiquei muda, sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto.
— Responde logo Amanda, estou morrendo aqui. - Violet
falou, fazendo todos rir.
Dane-se o senador, Samuel e tudo o que o meu casamento
de princesa representava.
— Sim. – sussurrei sorrindo para ele.
— Ótimo, sejamos rápidos antes que ela mude de ideia. - Ele
falou para o homem enquanto se levantava.
Foi como um lindo sonho, em alguns minutos eu me tornei
uma mulher casada, sem me importar com o significado do que eu
estava fazendo aos planos do meu pai.
Eu me importei apenas com o amor que sentia e a família
que estava formando, e então eu estava me casando no meio do
Central Park, dizendo sim ao homem que amava e fazendo planos
para o futuro.
Sorrindo feliz, deixamos o gramado para trás e fomos
procurar aonde comer, meu estômago reclamava de fome.
Paramos em uma lanchonete nos arredores do parque e nos
fartamos de besteiras.
— Você deveria ser mais cuidadosa com o que come. -
Robert lembrou.
— E você deveria cuidar da sua vida. - respondi sorrindo.
Quando eu mastigava a último pedaço do meu maravilhoso
hot dog senti o estômago embrulhar e corri para o banheiro.
Pouco depois, quando tentava me recuperar, Violet e Sharon
entraram atrás de mim.
— Como você está? - Violet perguntou.
Respirei fundo e fui em direção a pia, lavar o gosto amargo
da boca.
— Já tive dias melhores.
— David está aí fora, deu trabalho segurá-lo. - Sharon avisou.
— Eu estou bem. - falei secando o rosto.
Deixamos o banheiro e dei de cara com ele, que me puxou
para os seus braços.
— Como você está, querida? Quer ir ao hospital? – ele
perguntava preocupado.
— Eu estou bem, foi só um mal-estar.
— Conta paga, podemos ir. - Robert falou se aproximando.
— Mas nós...
— Você precisa descansar esposa, nós vamos voltar ao
hotel. - David avisou.
— Está cedo, não quero estragar o passeio de vocês.
— Todos estamos voltando, querida. - Robert respondeu
beijando minha cabeça.
— Vamos indo, você tem condição de andar até o hotel? -
Richard perguntou mostrando preocupação.
— Eu estou bem, vamos indo.
— Ei prima, se quiser pegamos uma charrete. - Robert falou
rindo, se referindo as charretes que haviam ao redor do parque.
— Cala a boca, Robert. - Violet falou, puxando-o pela mão.
Caminhando devagar, levamos mais de meia hora para
chegar ao hotel, e uma vez dentro da nossa suíte, eu me joguei em
um dos sofás, exausta.
David sentou ao meu lado, puxando minhas pernas para o
seu colo mais uma vez enquanto meu primo e a esposa ocupavam o
outro sofá. Dessa vez nosso casal de seguranças entrou conosco
na suíte, parando em pé, junto a porta.
— Está tudo bem? - David perguntou.
— Sim, só me senti cansada. - falei me recostando nas
almofadas.
— Quer comer alguma coisa? Você deve ter jogado tudo o
que comeu. - Ele perguntou preocupado.
— Por enquanto não.
Ficamos em silêncio e percebi que Robert e Violet
conversavam baixo.
— Tudo bem? - perguntei.
Robert me olhou e levou alguns segundos para falar.
— Você vai tomar as rédeas da sua vida agora?
Na mesma hora eu me sentei, colocando os pés no chão.
— É complicado Robert, você conhece muito bem o meu pai,
pedi para o David me dar um tempo para resolver isso, por hora fica
tudo como está. - respondi.
— Você não pode se casar com aquele babaca. - Ele insistiu.
— Eu sei, e tem a Mônica circulando por aí como uma
assombração, as vezes ela me causa arrepios.
— Amanda, tem algo que devemos saber? - Sharon
perguntou, nos interrompendo.
— Sim.
— Não.
Eu e David respondemos ao mesmo tempo.
— David...
— Eles são responsáveis por sua segurança Amanda, eles
devem saber tudo o que está acontecendo. – ele falou sério.
— Sim, nós precisamos, caso contrário como vamos te
proteger? - Sharon falou me olhando.
Eles estavam certos.
— Sentem-se, é enervante ver os dois aí em pé, nós vamos
contar tudo. - falei indicando o outro sofá.
— Nós não...
— Sentem, a conversa é longa, começando pelo Samuel. -
avisei.
— Imaginei que fosse esse o problema. - Sharon falou
enquanto se sentava.
— Richard?
— Um de nós tem que ficar de olho senhorita, nos deixe fazer
nosso trabalho. - Ele pediu.
— Ele está certo Amanda, agora nos conte o que sabem
sobre seu noivo. – Sharon pediu.
— Violet pode falar o que me contou? - pedi a ela.
— Bem, eu o conheci na faculdade e ele não é minha pessoa
favorita no mundo.
— Você e ele? - Richard perguntou.
— Deus. Não. Argh. Credo. Ele namorava minha colega de
quarto e presenciei muitas coisas desagradáveis, chegava a ser
doentio a relação dos dois.
— E tem mais. - David falou entrando na conversa.
— O quê?
— Acreditamos que os dois ainda estejam juntos. - Ele
explicou.
— Por que acham isso? - Sharon perguntou.
— Ela abordou a Amanda mais de uma vez, e eu os vi
conversando no dia do noivado. - David continuou.
— Você estava no hotel? - Richard perguntou incrédulo.
— Foco Richard. - Sharon o cortou e recebeu um olhar
gelado.
— O que mais vocês sabem? - Richard continuou.
— Na noite do noivado eu ouvi os dois conversando, ela está
com ciúme, o fez prometer ir vê-la depois da festa, e talvez esteja
grávida. - David contou.
— Ela tem aparecido do nada nos lugares mais inesperados.
- expliquei.
— Ela falou com você? - Sharon perguntou.
— Sim, por duas vezes, disse que eles iam se casar, mas ele
desistiu e decidiu se casar comigo, da outra vez, ela avisou que
Samuel prometeu um herdeiro ao meu pai o mais depressa
possível. - contei.
— E nas outras vezes? - a segurança insistiu.
— Ela me observou de longe. - falei colocando a mão sobre a
minha barriga.
— Só isso? - Richard perguntou.
— Sim, mas chega a ser sinistro, do nada ela some no meio
da multidão. Ela pode ser perigosa? Digo, para o meu bebê?
— Quando a viu pela última vez? - Sharon perguntou.
— Ela estava na porta da clínica hoje de manhã.
— Merda. Por que não falou nada? - David perguntou irritado.
— Porque ela sumiu, num minuto ela estava lá e no seguinte
não estava mais.
— Não gosto disso. - Ele falou me abraçando.
— Eu também não. - concordei.
— Então, resolva logo isso. - Meu primo se manifestou.
— Droga Robert, você está esquecendo o meu pai, você o
conhece muito bem, ele vai me cobrar a promessa que fiz.
— Que promessa? - Violet perguntou.
— Prometi me casar com quem ele escolhesse quando
chegasse a hora. - expliquei.
— Amanda você era muito nova para prometer algo assim. -
Robert lembrou.
— Já falei isso a ela. - David concordou.
— Prima, você nunca explicou porque fez essa promessa.
— Lembra do acidente que meu pai teve pouco antes de a
doença voltar Robert? Lembra que ele ficou entre a vida e a morte?
O acidente foi minha culpa e por causa dele ele não pôde ter mais
filhos, foi quando me comprometi a casar com o homem que ele
escolhesse.
— Porque se sentia culpada. - Ele concluiu.
— Isso.
— Prima, preste atenção, seu pai ficou doente quando você
era pequena e se tornou estéril ali. - Ele falou exasperado.
— Mas... como assim? – Senti-me aturdida.
— Eu já falei demais.
— Não senhor, pode explicar isso, eu lembro que a primeira
coisa que fez quando se recuperou, foi mandar sacrificar a
Prudence por ter causado o acidente.
— Alguém pode explicar esse acidente? – David perguntou.
— Prudence era minha égua que ganhei do meu avô, um dia
estávamos cavalgando e ela disparou, meu pai me salvou, mas foi
gravemente ferido.
— Ela foi vendida Amanda, meu pai me contou que o
senador nunca se deu bem com o pai da tia Agnes e usou o
acidente para se livrar do cavalo que seu avô te deu.
— Não...
— Eu sinto muito querida, minha mãe pode confirmar toda
essa história, se você quiser.
Eu me senti sem chão com tudo aquilo.
— Eu preciso de um pouco de água. – pedi.
— Eu pego. Violet, por favor peça algo leve para ela comer. -
David falou enquanto pegava uma garrafa de água mineral no
frigobar.
— Não sei se consigo comer agora.
— Mas precisa, até ficar pronto você estará melhor. - Ele
insistiu.
Violet foi para o telefone enquanto eu bebia a água,
encarando Robert.
— Tem mais alguma coisa que eu precise saber?
— Luc, eu sou o seu pai. - Ele respondeu fazendo referência
a sua paixão, Guerra nas Estrelas.
Sorri com a brincadeira idiota.
— Sério, Robert.
— Não Amanda, isso é tudo o que você precisa saber para
tomar uma decisão.
— Eu sei o que tenho que fazer, mas tenho receio do que ele
possa fazer contra o David. - expliquei.
— Bem, quanto a isso eu tenho que concordar. - Robert falou
suspirando.
— Eu não tenho medo. - David falou nos olhando.
— David, acho que você ouviu o suficiente para entender que
meu pai tem uma moral bem duvidosa, imagine o que ele pode fazer
a quem atrapalha os seus planos.
— Você se tornou importante demais para mim, não vou abrir
não de você, por mim, tomamos o próximo voo para Los Angeles.
— Você falou em L. A.? - Violet perguntou sorrindo.
Antes que ele pudesse responder, ela voltou a falar.
— Certo pombinhos, mas nesse ponto eu tenho que
concordar com a Amanda, não é hora de fazer algo estúpido,
deixem tudo como está por enquanto, manhã retornamos a
Hamptons e a nossa rotina, e vamos pensar em algo para ajudar
vocês.
— Certo. – concordei.
— Eu quero ajudar também. - Sharon falou nos
surpreendendo.
Richard gemeu da porta, mostrando que também estava
surpreso.
— Sharon... – Ele começou.
— Não posso fingir que não é da minha conta, Richard. - Ela
falou olhando para ele.
— Depois conversamos. – Ele falou contrariado.
— Tem uma coisa que precisa saber, Amanda
— O quê? – perguntei.
— Karine era paga pelo seu pai para manter as pessoas
afastadas. – ela contou parecendo aborrecida.
— Ela trabalha com vocês?
— Não, ela só foi contratada depois que foi morar com você.
– Richard respondeu.
— Isso explica muitas coisas, eu preciso pensar sobre tudo
isso. – falei me sentindo aturdida com tantas descobertas.
—Claro anjo. – David falou.
Um lanche leve chegou nesse momento e me forcei a comer
um pouco.
— Agora acho melhor mudar de assunto, o papo está tenso
demais. – Violet falou, parecendo preocupada.
— Certo, quero sair hoje à noite. - avisei mordendo uma
torrada, já prevendo a reação deles.
— Você está louca? – Robert perguntou.
— Onde quer ir? – Violet quis saber animada.
— Mostrar a Broadway para o David. - respondi com um
enorme sorriso.
— Definitivamente você perdeu a noção do que significa
discrição. - Robert respondeu.
— Senhorita Lee... - Richard começou a falar.
— Vai dar tudo certo, eu confio em vocês, agora vão se
arrumar enquanto nós fazemos o mesmo, vou ligar já para
conseguir nossas entradas. - falei sorrindo confiante.
Uma noite de "liberdade" me faria bem, para variar.
Capítulo 22

Amanda
Assistimos um lindo espetáculo na Broadway que estava em
cartaz há anos e não perdia o brilho.
— Isso foi fantástico. - Violet falou enquanto aguardávamos
Richard voltar com nosso carro.
— Estou nas nuvens. - respondi sorrindo.
Sharon estava ao meu lado e David do outro, abraçando o
meu ombro, quando o flash explodiu em nosso rosto.
— Merda. - Robert falou e saiu correndo atrás do cara
enquanto Richard parava o carro e eu era empurrada para dentro
dele.
— David. - chamei por ele, que entrou comigo.
— Tirem eles daqui e não vá para o hotel direto.
Na mesma hora o carro estava em movimento.
— O que houve? - Ele perguntou se distanciando deles.
— Imprensa. - expliquei.
— Você está bem, querida? – David perguntou.
— Sim, só com raiva por esse idiota ter estragado nossa
noite.
— Não estragou, foi perfeito. – garanti.
Pouco depois Sharon chamou no rádio.
— Robert o pegou e a foto foi apagada.
— OK, vou voltar. – Richard respondeu.
— Não, pegaremos um táxi, nos encontramos no hotel.
O carro entrou no estacionamento do hotel, e subimos direto
para o quarto.
— Senhorita Lee, acho que acabamos por aqui. – Richard
falou sério.
— Você está certo Richard, chega de passeios, parece que
nunca vou poder ter uma vida normal, amanhã pegamos os exames
que faltam e vamos embora. – respondi cansada.
— Estou exausta. - Violet falou entrando na suíte em seguida,
com Robert e Sharon.
— E então? A foto foi apagada mesmo?
— Sim eu mesmo apaguei, se ele tiver uma cópia eu mesmo
vou atrás dele. – Robert falou.
— Está na hora de nos recolhermos. - David falou segurando
minha mão.
Olhei para ele.
Essa noite meu professor me devia uma aula, pensei comigo
mesma.
— O que foi? - David perguntou me olhando.
— O quê? – devolvi a pergunta.
— Você está sorrindo.
— Oh! - Foi tudo o que pude dizer, sentindo o rosto
esquentar.
— Quando chegarmos ao quarto eu vou querer saber. - Ele
falou baixo no meu ouvido, me fazendo ofegar.
Richard e Sharon se foram e Robert jogou Violet sobre o
ombro, se despediu se fechando em seu quarto.
— E nós? - perguntei sorrindo.
— Acho que deveríamos fazer o mesmo.
Ele me pegou no colo entrando no quarto e trancando a porta
atrás de nós.
— O que você quer de mim hoje minha esposa? Outra aula?
Ou fazer amor?
— Outra aula, me ensine mais. - respondi empolgada.
Seu olhar mudou.
— Certo princesa, então fique nua e deite na cama de novo. -
Ele falou se afastando enquanto tirava a própria roupa e a colocava
dobrada no sofá que havia no quarto.
Droga, eu fantasiei toda a noite em tirar a roupa dele, eu
podia jurar que ele queria o mesmo e agora alguma coisa mudou no
comportamento dele.
Tirei minha roupa apressada e voltei para a cama, esperando
por ele ansiosa.
Mas ele pareceu não ter pressa, passeando nu pelo quarto e
recolhendo algumas coisas que trouxe para perto da cama.
— Se sente de costas para mim. - Ele ordenou e eu obedeci
prontamente.
Senti o calor de seu corpo nas minhas costas, mas ele não
me tocou.
— Vou te mostrar algo novo hoje, se você gostar seguimos
nessa linha, se não gostar, não faremos mais, Ok? – Ele perguntou.
— Sim.
— Sim o quê?
— Sim, senhor.
— Ótimo, agora feche os olhos.
Obedeci mais uma vez e senti quando fui vendada.
— Agora se deite de novo e abra os braços e as pernas.
Ele estava sendo tão frio e impessoal que por alguns minutos
eu fiquei parada, em dúvida sobre o que fazer.
— Você confia em mim, Amanda?
— Sim, senhor.
— Ótimo, então faça o que mandei.
Deitei como ele mandou e tive minhas mãos e pernas
amarradas na cama, tentei me mover e vi que era impossível.
— Dave... - sussurrei insegura.
Que diabos estava acontecendo?
Eu só podia ouvir seus movimentos pelo quarto, e fiquei na
expectativa sobre seu próximo movimento.
Suas mãos estavam quentes quando tocaram minhas pernas
e havia algo nelas, na hora fiquei em dúvida entre óleo ou creme,
mas em seguida percebi se tratar de óleo.
Ele começou massageando minhas pernas e subiu em
direção ao meu sexo, senti mais de uma vez seus dedos
esbarrarem nele enquanto massageavam minhas coxas, eu queria
mais.
Sua mão sumiu e quando voltou a me tocar pulou para o
ventre, subindo em direção aos seios que ele massageou apenas
nas laterais, subindo pelos braços.
Meu corpo implorava por mais e ele não estava me dando
isso.
— Dave...
— Silêncio, apenas sinta.
Ele retirou a mão do meu corpo e se afastou.
Seus dedos estavam quentes novamente quando voltaram a
me tocar.
Ofeguei o sentindo tocando ao lado da minha boceta,
massageando as laterais e apertando levemente ela fechada, me
contorci tentando abrir mais a perna e não consegui.
Sem trégua ele continuou o mesmo movimento por algum
tempo e então parou.
Seus dedos então estavam sobre o meu clitóris, dois deles
apenas, massageando aquele ponto tão sensível.
E então um outro dedo escorregou para dentro de mim, se
movendo rápido e me tirando o ar.
Meu corpo estava cada vez mais tenso, enquanto ele seguia
sendo um torturador filho da puta.
E então ele parou, justo quando eu estava quase gozando.
— Não. - sussurrei com a voz rouca.
— O que você quer, carinho?
Definitivamente algo estava errado, mas eu estava tão longe
que não percebi na hora.
— Por favor... - implorei jogando o quadril para a frente.
— Me responda, o que você quer?
— Gozar, por favor, eu estou tão perto, querido.
Sua língua estalou sobre meu clitóris me fazendo saltar e
meu corpo tremer.
Ofegante, eu fiquei parada, esperando por seu próximo
movimento.
— Como você quer gozar? Você quer meu pau dentro de
você?
— Sim, sim, sim...
Eu o senti subir na cama e parar sobre mim.
— Quem você quer Amanda? Dave ou David?
Confusa, eu fiquei calada.
Sua mão se fechou sobre meu sexo e ele segurou firme.
— De quem é essa boceta, Amanda? Quem vai te comer, o
professor David ou seu marido Dave?
Oh merda!
— É sua, amor, só sua. – sussurrei.
— Só minha?
— Sim...
— E quem sou eu?
— Dave, eu não entendo...
Ouvi ele ofegar e escorregar seu pau para dentro de mim,
enquanto sua boca cobria a minha, em um beijo que me deixou sem
ar.
Seu pau estava todo dentro de mim, mas ele não se movia,
apenas continuava me beijando.
Involuntariamente, meu quadril começou a se mover, e ele
entendeu pois dobrou um dos joelhos até a parte de trás das minhas
coxas e tomando impulso começou a se mover, puxando seu pau
para fora de mim e enterrando tudo em seguida, ofeguei e senti o
corpo trêmulo.
Uma de suas mãos estava em meu pescoço e a outra
acariciava meu mamilo, torturando-o entre os dedos.
— Dave... - sussurrei mais uma vez, afastando a boca da
dele.
— O que quer, minha princesa?
— Mais, por favor.
— Mais o que, querida? Você me tem inteiro dentro de você. -
Ele respondeu beijando meu queixo.
— Mais rápido...
Ele se afastou, ajoelhando entre as minhas pernas e me
segurando pela cintura, fez exatamente o que pedi, se tornando
mais rápido e intenso.
As investidas estavam me tirando a capacidade de raciocinar,
ele me tirou do chão, da Terra, o mundo explodiu diante dos meus
olhos e senti enquanto pulsava ao seu redor, como se estivesse
ordenhando seu pau.
Seu gozo veio logo em seguida, mais uma vez dentro de
mim.
Joguei a cabeça para trás, tentando me recuperar, senti
quando fui desamarrada, mas não tive forças para nada.

David
Eu me vi tão puto com sua resposta que tive que me segurar
para não dizer o que não devia.
Eu ainda era apenas o seu professor? Eu estava ali para
ensiná-la a ter mais prazer? Besteira, tudo aquilo era uma grande
merda, ela era minha esposa e estava carregando um filho meu,
mas insistia em manter aquele maldito noivado.
Quando a amarrei, meus planos eram outros, mas perdi
totalmente o foco quando a toquei.
Sempre quente e molhada para mim, eu estava muito fodido,
virei um brinquedo em suas mãos.
Ela dormiu depois que gozou, então eu a desamarrei e cobri,
indo me sentar perto de uma das janelas que dava para o Central
Park.
A noite seguia fria, mas meu corpo ainda seguia quente e
implorando por mais dela.
Quando me tornei seu brinquedo?
— Dave? - ouvi sua voz rouca vindo da cama e meu pau
estava como pedra mais uma vez.
— Sim?
— Você não me chamou mais de carinho desde que
reclamei.
Era verdade e foi infantil.
— Sim.
Ela se sentou na cama e parecia um anjo com os longos
cabelos loiros caindo sobre seus seios.
— Eu sempre faço amor com você, mesmo quando estou
aprendendo alguma coisa, desculpe se te magoei.
— Eu fui um idiota.
— Sim, mas me deu um orgasmo de outro mundo. - Ela
respondeu com um leve sorriso.
— Você sabe que é mais do que sexo, não sabe? Você
acredita em mim agora?
— Sim, eu quero acreditar que sim.
— Eu não atravessaria o continente apenas por sexo
Amanda, você sabe que não preciso.
— Eu prefiro esquecer essa parte.
— Perdão.
— O que você quer, David? Já descobriu por que veio?
— Sim, eu sei o que quero, estou apenas esperando minha
mulher resolver que quer estar comigo também.
— Ela quer, tenha certeza, ela apenas precisa encontrar uma
forma de contornar os danos.
Fiquei em silêncio olhando para ela.
— Seu pai é tão perigoso assim?
— Eu e o Robert já o vimos em ação, foi totalmente sem
querer, éramos crianças e estávamos no lugar errado na hora
errada.
— O que viram?
— Eu prefiro não falar sobre isso, o Robert perdeu o medo
depois que ficou mais velho, mas quando crianças, éramos as
crianças mais dóceis do mundo.
— Entendo. Eu acho. - falei me levantando e andando até a
cama, junto dela.
— Faz amor comigo, Dave? - ela perguntou baixinho, me
olhando intensamente.
— Sempre, querida. - respondi me deitando sobre ela e
buscando seus lábios entreabertos e inchados dos beijos que
trocamos momentos antes.
Capítulo 23

Amanda
Acordei com David dentro de mim mais uma vez, cruzei as
pernas na sua cintura, empurrando-o mais fundo e gememos juntos.
— Assim você me mata. - Ouvi ele murmurar e fechei os
olhos, me deliciando.
Seus movimentos eram lentos, ritmados e aos poucos fui
sendo transportada para outro mundo.
Eu estava quase gozando quando o celular começou a tocar
insistentemente.
— Deixe tocar. - falei tentando ignorar o toque, até ele parar.
Eu estava tão perto, faltava tão pouco.
E o celular voltou a tocar.
— Não... - gemi quando ele se afastou, pegando o aparelho.
— É sua mãe. - Ele explicou me entregando o “bendito”.
Droga.
— Ela pode esperar... - sussurrei.
— Atenda Amanda. - Ele falou se ajoelhando entre as minhas
pernas.
Respirei fundo tentando recuperar o fôlego, ele ainda estava
dentro de mim e se movia, provocando tremores em meu corpo.
— Mamãe. - Atendi tentando parecer normal.
— Amanda, cheguei em Nova York agora há pouco, tinha
algumas coisas para resolver e quero que venham me encontrar.
— Mamãe...
David abocanhou meu seio, me fazendo ofegar.
— Estou com a Cloe e não consigo me decidir sobre a cor
dos guardanapos. - Ela continuou falando sem parar.
David empurrou fundo dentro de mim e tive que colocar a
mão sobre a boca para não soltar um gemido no meio da ligação.
— Então Cloe sugeriu que eu te ligasse, você prefere branco
perolado ou branco neve? – Ela continuou.
Sério?
— Mamãe, isso tem que ser agora? Eu não estou
conseguindo pensar direito.
— São quase onze horas, Amanda, eu contava almoçar com
vocês e voltarmos juntas.
— Acabei de acordar, estou na cama ainda, mamãe.
— Pois saia dessa cama, estou te esperando.
— O papai sabe que está aqui? - perguntei batendo no ombro
do David que mordiscava meus mamilos.
— Você já teve tempo de fazer o que precisava, pode muito
bem ser vista cuidando dos detalhes do seu casamento.
— Eu preciso pegar os resultados dos exames. - Lembrei
tentando evitar ir encontrá-la.
— Mande um de seus seguranças buscar, estou te
esperando no estúdio da Cloe.
Mais uma vez ele estava se movendo, era lento, mas o
suficiente para me tirar a razão.
— Mãe...
David segurou minha cintura e aumentou o ritmo, levando
minha mente para longe da razão.
— Responda sobre os guardanapos.
Merda.
— Branco. - respondi desligando a tempo de que ela não
ouvisse gemer o nome dele enquanto gozava alucinada.
Meu coração parecia que sairia pela boca de tão forte que
batia, tentando recuperar o fôlego, fechei os olhos enterrando a
cabeça no travesseiro.
Senti seus lábios no meu pescoço e abri os olhos.
— Seu... seu... - eu não sabia nem o que dizer e bati de novo
no seu ombro.
— Ei, calma. - Ele falou rindo e segurando minhas mãos.
— Isso foi imperdoável. - reclamei e ganhei um beijo na ponta
do nariz.
— Te dar mais um orgasmo foi imperdoável? - Ele perguntou
sorrindo.
O sorriso mais lindo e relaxado do mundo.
— Não se faça de desentendido. - reclamei, mas minha
vontade era sorrir também.
— OK, me desculpe.
Eu me abracei forte a ele, acariciando suas costas.
— Afinal, o que houve? - David perguntou por fim.
— Ela está aqui.
— Aqui no hotel? - Ele perguntou alarmado.
— Aqui em Nova York e quer que eu vá ao seu encontro para
almoçarmos. - expliquei suspirando enquanto mexia em seu cabelo.
— Então a lua de mel acabou. - Ele afirmou.
— Por hora, sim. - respondi pesarosa.
Senti seus braços se fecharem ao meu redor, me abraçando
apertado e aquele abraço me mostrou pelo que eu iria lutar, eu
entraria em luta pela minha vida ao lado do homem que me
apaixonei e nunca pensei ter em meus braços.
Eu só precisava ser mais inteligente que o meu pai.
— Quanto tempo Amanda? - Ele perguntou sério.
Entendi perfeitamente ao que ele se referia.
— Me dê alguns dias, vou resolver isso, eu juro.
— OK, precisamos sair dessa cama. - Ele falou encostando
sua testa na minha.
— Precisamos. – concordei.
— Mais um beijo antes e irmos? - O sorriso estava de volta.
— Sim, por favor.

Uma hora depois nos despedimos, ele e Robert deixaram a


cidade, Richard foi apanhar os exames e eu, Violet e Sharon fomos
ao encontro da minha mãe.
Encontrei a senhora Lee no estúdio da Cloe, onde estiveram
em reunião toda a manhã.
— Você está diferente Amanda, esses dois dias parecem ter
te feito bem. - Minha mãe falou enquanto me cumprimentava.
— Descansar a cabeça faz bem, mamãe. Depois dos exames
nós fizemos alguns passeios pela cidade. - respondi.
— Bom dia senhora Lee, tudo bem com a senhora? - Violet
falou a cumprimentando também.
— Fora a correria louca com esse casamento, tudo ótimo.
Venham, já acabei aqui, vamos almoçar no restaurante do hotel, o
helicóptero vem nos pegar lá mesmo em uma hora.
Minha mãe andava com um verdadeiro exército de guarda-
costas e Sharon sumiu no meio deles.
— Onde está a segurança que veio comigo? - perguntei a um
deles.
— Ela recebeu ordem de voltar à central, senhorita Lee. – o
rapaz respondeu.
— Oh, OK. Obrigada.
O almoço leve passou voando com minha mãe contando
suas aventuras na Europa no seu tempo de solteira. Quando
percebemos já era hora de voltar para casa.
— Como foram os exames? - Finalmente ela resolveu
perguntar enquanto aguardávamos nosso transporte.
— Aparentemente está tudo bem, quero ver o doutor
Summers ainda hoje.
— Acho que dará tempo.
— Espero que sim.
— Seu pai está em Washington, mas quer que você ligue
para ele quando sair da clínica.
Ficamos em silêncio assistindo o helicóptero pousar.

Início da noite
— Amanda, pode respirar aliviada, a não ser por uma leve
anemia está tudo como devia estar.
— Graças a Deus. - respondi finalmente tranquila.
— Eu preciso perguntar menina, e sobre o outro exame?
O outro exame estava com o David, ele guardou com ele
dizendo ser mais seguro.
— Deu positivo.
— E por que ele não está junto com os outros exames?
— Ainda não é hora de o senador saber sobre o bebê.
— E o seu noivo?
— Muito menos.
— Entendo. Você precisa cuidar dessa anemia, encontre um
outro médico, alguém que seu pai não seja amigo há anos, vou me
manter em silêncio, mas você precisa se decidir logo.
— Obrigado, doutor.
— Por hora é isso, vou passar remédio para a anemia, OK?
— OK. - respondi com um sorriso sem jeito.
Deixei a sala dele e encontrei minha mãe na recepção, dessa
vez não consegui me livrar dela.
— E então?
— Nada, estou limpa, apenas uma leve anemia.
— Que vamos cuidar imediatamente.
— Sim, já estou com o remédio.
— Ótimo, vamos então? Não esqueça de ligar para o seu pai.
– ela lembrou.
— Ligarei do carro.
A ligação foi rápida, meu pai queria saber apenas uma coisa,
se eu estava doente de novo, quando respondi que não, ele
desligou.
Eu estava começando a me sentir cansada, olhei para fora do
carro em movimento quando passávamos em frente ao escritório do
Robert e fiquei olhando as janelas do apartamento, tudo o que eu
queria era estar com o David.
Minutos depois atravessávamos os portões da mansão e a
primeira coisa que vi foi o carro do Samuel parado no pátio.
Inferno.
— Oh, esse seu noivo, disse que queria fazer uma surpresa e
deixa o carro aqui na frente. - Ouvi minha mãe falar enquanto o
motorista parava nosso carro na entrada da construção.
— Quando você falou com ele, mamãe? - perguntei surpresa.
— Enquanto esperava por você na clínica, ainda não entendi
porque não pude entrar com você, sempre entrei. - Ela respondeu
descendo do carro e entrando em casa.
— Não sou mais criança mamãe, gosto de ter privacidade. -
respondi seguindo atrás dela.
Samuel nos esperava sentado na poltrona do meu pai, com
um copo de whisky na mão.
Ele se levantou assim que nos viu e com um sorriso
congelado no rosto, bebeu o conteúdo do copo em um só gole.
— Minha linda noiva finalmente está de volta. - Ele falou
caminhando até nós.
— O que faz aqui, Samuel?
— Vim fazer uma surpresa para você, querida. Temos
reserva em um lugar especial para jantarmos.
— Samuel, estou muito cansada, não tenho a menor intenção
de sair de casa hoje. - falei e vi uma sombra passar por seus olhos.
— Amanda, não seja mal-agradecida, o rapaz deixou o
trabalho de lado para vir te ver, quando poderia ter estado com você
em Nova York todo esse tempo. - Minha mãe resolveu entrar na
conversa.
Ótimo mãe, continue falando sem parar, pensei comigo.
— Ela parece mesmo cansada minha sogra, vamos esquecer
esse jantar, mas precisamos conversar, podemos usar o escritório
do seu pai, não podemos? Precisamos de privacidade.
Ele falou segurando minha mão e me puxando em direção a
sala em questão.
— Samuel, não acho que seja...
— Não se preocupe em achar nada Amanda, você só precisa
me ouvir. - Ele falou trancando a porta e caminhando até a
escrivaninha, onde retirou alguns papéis do bolso e espalhou na
superfície vazia.
— Do que está falando?
— Na verdade, eu tenho várias questões aqui, mas vou
começar por essa gravidez, que obviamente não sou o responsável.
Senti o sangue sumir do meu corpo e me apoiei na cadeira a
minha frente.
— Do que você...
Ele empurrou um dos papéis em minha direção, era uma
cópia do meu exame.
Raiva substituiu o mal-estar e me afastei da cadeira indo em
sua direção.
— Com que direito...
Em segundos ele estava sobre mim, me apertando contra a
parede e com uma das mãos em minha garganta.
— Quietinha, sua vagabunda, agora você vai me ouvir,
entendeu?
Sua mão aos poucos estava cortando meu oxigênio e fiquei
apavorada.
— Entendeu, Mônica? - Ele perguntou trocando nossos
nomes sem perceber.
— Sim. - sussurrei.
— Ótimo, então preste atenção no que vai acontecer, nós
vamos dar a feliz notícia ao senador, contaremos que ele será avô,
que nosso filho será o herdeiro que ele sempre sonhou.
Empolgado com seu plano maluco, ele soltou minha
garganta.
— Você enlouqueceu? - sussurrei colocando as mãos sobre
minha garganta dolorida.
— Não minha querida, estou completamente são, e feliz por
você ter precipitado os meus planos, eu queria você grávida há
muito tempo, mas você não me deixava te tocar mais. Agora nós
vamos falar para o senador que devemos nos casar o mais rápido
possível.
— Não vai mais haver casamento.
— Claro que vai. - Ele falou voltando para a mesa e mexendo
em seus papéis novamente. — Veja isso.
Aproximei-me novamente e vi a foto que foi tirada de nós na
porta do teatro.
— Essa foto foi apagada. - falei surpresa.
— Maravilhas da tecnologia moderna, carinho. - Ele falou
sorrindo, se eu já odiava ser chamada de carinho, imaginem ser
chamada assim por ele.
— Não entendo... - Meu estômago começava a revirar.
— Essa foto foi salva em um drive virtual assim que foi tirada,
não adiantou apagarem e olhe, paguei uma pequena fortuna por ela.
Respirei fundo, tentando afastar o mal-estar, David Júnior não
estava gostando nadinha daquela conversa e ameaçava me fazer
colocar o que eu tinha no estômago para fora a qualquer momento.
— Então vejamos, essa foto parece um passeio feliz entre
amigos, não é? Não preciso dizer que você está proibida de ver seu
primo e a puta da Violet, já aguentei o suficiente dela na faculdade,
seus seguranças estão fora do caminho e esse cara. - Ele falou
apontando para o David.
— Deixe-o em paz.
— Eu ainda não sei quem é, mas é questão de horas, e então
ele aprenderá a não tocar no que é meu.
— Você não vai chegar perto dele.
— Tente me impedir.
— Se você fizer algo contra ele, não haverá casamento.
— Vai haver casamento, Amanda.
— Se a imprensa souber de tudo isso o meu pai não lançará
sua candidatura com o risco de perder.
— Você não fará nada disso... - Ele mostrou que não contava
com minha reação.
Ganhando forças, caminhei até a porta.
— Amanda. - Ele chamou quando toquei o trinco. — Livre-se
dele, ou seu pai o fará.
A ameaça era clara, lívida eu continuei de costas para ele.
— Acho que acabamos por hora, a não ser que queira que eu
vomite nos seus pés. - respondi o olhando enquanto abria a porta.
A cara de nojo dele foi a minha resposta.
Deixei a sala completamente esgotada e me tranquei no
lavabo, eu não estava mentindo sobre o vômito.
Quando tive condições, deixei o lavabo e fui para o meu
quarto, o mal-estar persistia, mas eu precisava falar com o David,
ele precisava ir embora imediatamente.
Fechei os olhos tentando melhorar, mas eu não contava
dormir esgotada.

Manhã seguinte
Quando acordei ainda não estava cem por cento, mas me
recompus e desci para tentar comer alguma coisa. Fui surpreendida
por duas malas cor-de-rosa paradas perto da porta.
— De quem é essa bagagem? - perguntei ao segurança
parado ao lado da porta e ele me informou se tratar de uma amiga
minha, que conversava com a minha mãe naquele momento na sala
de jantar.
Foi quando ouvimos a gargalhada.
Não era possível.
Como ela chegou ali?
Apressada, caminhei em direção a risada e ouvi minha mãe
conversando com alguém.
O quadro que me deparei me deixou tonta. Karine estava
sentada ao lado da minha mãe e a duas tomavam café juntas, rindo
como velhas amigas.
— Amanda minha filha, onde você escondeu essa sua
amiga? Ela é adorável e chegou aqui mais do que disposta a nos
ajudar com os preparativos para o seu casamento.
Karine me olhou sorrindo e se levantou, vindo em minha
direção.
— Amiga...
Só podia ser um pesadelo.
Capítulo 24

Amanda
— O que está fazendo aqui Karine? - perguntei surpresa.
— Karine me explicou que seu pai quis lhe fazer uma
surpresa e mandou a buscarem para te fazer companhia. - Minha
mãe falou por ela.
Eu continuava muda, olhando para a mulher que pensei ser
minha amiga.
Não podia estar mais enganada e sem o filtro da amizade eu
via exatamente o que toda a Universidade via.
Uma vagabunda aproveitadora, vulgar e sem modos.
— Por que está aqui? - perguntei sem me conter.
— Senti sua falta, amore. - Ela respondeu sorrindo e me
abraçou.
Respirei fundo, tentando aparentar calma.
— Como me achou? - perguntei retribuindo o abraço.
— Como sua mãe explicou, eu recebi um telefonema e
poucas horas depois voava para cá, definitivamente dinheiro é tudo
na vida. – ela respondeu parecendo deslumbrada.
— Não Karine, não é. Pode ter certeza. - respondi séria.
— Você diz isso porque sempre viveu aqui. - Ela falou
voltando para seu lugar a mesa.
Com certeza ela foi chamada para me vigiar.
— Venha tomar café com a gente. - Ela me convidou como se
a casa fosse dela.
— Estou sem fome, preciso resolver uma coisa antes.
— Filha, você não pode ficar sem comer se quer se livrar
dessa anemia.
— Depois, mãe. - falei me afastando sem a mínima vontade
de conversar.
Deixei a sala e voltei para o meu quarto, onde apanhei minha
bolsa e a chave do carro, eu precisava ver o David.
Encontrei minha mãe, Karine e Greta, paradas no rol de
entrada.
— O que está havendo? – perguntei.
— Seu pai mandou preparar um quarto, senhorita Lee. -
Greta avisou contrariada.
— Mostre a ela o quarto Greta, eu estou de saída.
— Não senhora, temos muito o que conversar. - Karine falou
me segurando.
— Agora, não. - falei soltando o meu braço.
— Então me leve com você. - Ela falou parecendo ansiosa.
— Karine, fique! Depois nos falamos.
Deixando-as para trás, fui direto para a construção ao lado da
casa onde os seguranças ficavam, para procurar pelo Richard e dei
de cara com ele.
— O que está acontecendo? Onde está Sharon?
— Eu estou saindo senhorita, vou voltar a Nova York e
amanhã devo me apresentar em nossa central, assim como ela.
— O que houve?
— Fomos realocados para outro serviço.
— Não pode ser.
— Eu preciso ir senhorita, boa sorte, se precisar de nossa
ajuda, ligue para a Sharon. - Ele falou e me deixou sozinha na porta.
Sair, eu precisava sair dali.
Dei meia volta e fui para a garagem, para minha surpresa,
meu carro havia desaparecido.
Chamei a sala de segurança pelo interfone e descobri que
meu carro estava na manutenção.
— Como assim?
— O senador mandou enviá-lo para a oficina senhorita, só
ficará pronto amanhã.
— Eu preciso sair, tem algum carro que eu possa usar?
— Sinto muito senhorita Lee, mas no momento não.
Chocada, desliguei e fiquei parada, olhando para o espaço
vazio.
Voltei apressada para casa subindo direto para o meu quarto,
e fui surpreendida ao encontrar Karine lá dentro.
Lívida por ter sido flagrada, ela se levantou e forçou um
sorriso.
Ela não tentava mais disfarçar o que sentia de verdade por
mim.
— Desculpe, vim olhar o quarto de princesa. - Foi tudo o que
ela falou.
— Saia. - falei apontando para a porta.
— Nossa Amanda, você precisa se controlar. - Ela falou
passando por mim.
Tranquei a porta e liguei para o David imediatamente, eu
precisava da sua força naquele momento, mas percebi que sua voz
estava estranha.
— O que houve?
— Me ligaram de Princeton, eu fui recusado.
Fiquei sem saber o que dizer, eu queria poder abraçá-lo
naquele momento, durante nossas conversas nos últimos dias ele
me contou o quanto estava empolgado com essa chance.
Era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, coincidência
demais.
E eu aprendi a não acreditar em coincidências.
— David, eu sinto muito pela vaga, você tem que ir embora
imediatamente, você está em perigo. – pedi.
— Como assim? – Ele pareceu surpreso com o meu pedido.
— Vá embora de Nova York imediatamente. – insisti.
— Você enlouqueceu.
— Não, ainda não, eu preciso saber que você está a salvo.
— Eu não vou a lugar nenhum sem você, Amanda.
— Por favor, David.
— Não Amanda. Esqueça, não vou sair correndo só porque
perdi uma oportunidade de emprego.
— Você não entende, não é só isso... - falei já sem forças.
— Estou indo até aí.
— NÃO. - gritei caindo ajoelhada no chão. — Não venha, por
favor, me prometa. - Pedi sentindo as lágrimas escorrendo pelo
rosto.
Flash do passado começaram a pipocar na frente dos meus
olhos.
O tiro ecoando no bosque.
Sangue.
A revoada dos pássaros.
O homem caindo no chão, inerte.
Ele tinha o rosto todo machucado.
Muito sangue.
Robert colocou a mão na minha boca e me puxou para trás.
E de repente, o rosto do David substituiu o do homem caído.
— Por favor, por favor, vá embora. - Implorei no telefone e
desliguei.
Arrastei-me até a cama e fiquei deitada, tentando não
desmaiar.
O celular tocou e no reflexo eu o atendi.
— Me explique o que está acontecendo. - Ele pediu
parecendo mais calmo.
— Meu pai... – comecei a falar e parei.
— Fale Amanda.
— Meu pai está agindo, eu não entendo, ontem o Samuel
disse que não contaria nada a ele, mas agora a Karine está aqui,
Sharon e Richard foram afastados e eu estou presa nessa maldita
mansão.
— Tenha cuidado com a Karine, como ela chegou aí?
— Diz que veio me fazer companhia, mas teoricamente ela
não deveria saber quem eu sou de verdade.
— Lembre-se que ela sempre soube.
— Mas não sabe que eu sei.
— Não fomos cuidadosos em nossos passeios, sabe disso.
— Aquela foto que tiraram de nós foi parar nas mãos do
Samuel.
— Preciso tirar você daí.
— Nem pense nisso, mantenha-se em segurança enquanto
descubro como sair daqui.
— Não gosto disso.
— Eu amo você e preciso saber que está em segurança para
poder lutar.
— Eu também amo você e por isso não posso ir embora,
estou na casa do seu primo.
— Eu volto a te ligar.
— Tenha cuidado, querida.
— Eu terei. – respondi.
Tranquei a porta do meu quarto quando saí em busca de
minha mãe, ela era minha única esperança.
Encontrei-a na cozinha, falando com a Greta.
— Mamãe, podemos conversar?
— Um minuto, seu pai está vindo para casa e chamou seu
noivo também.
— Por quê? - perguntei imaginando se Samuel tinha algo a
ver.
— Como se ele fosse me dizer. - Ela respondeu entregando a
Greta um caderno.
— Siga este menu, por favor Greta. Vamos até a biblioteca
Amanda, já acabei aqui.
— Podemos ir até os jardins? - perguntei andando até as
grandes portas de vidro.
— Está frio lá fora, está tudo bem, filha? Você está pálida. -
Ela falou parando do lado de dentro.
— Eu preciso de ajuda, mamãe. - sussurrei olhando para fora
através dos vidros.
Ela franziu o cenho e me olhou séria.
— Você andou se metendo em alguma confusão? Melhor
falar com o seu pai, ele vai reclamar, mas vai resolver.
Claro.
— Não, eu...
O barulho do helicóptero chegando acabou com nossa
conversa.
Em silêncio, olhamos a aeronave pousando.
— Esqueça mamãe, não comente nada com ele, por favor.
Vimos ele desembarcar e vir em nossa direção.
— Tudo bem, vamos nos preparar para o jantar. - Ela falou
sorrindo para ele.
Uma hora depois nós estávamos aguardando o jantar ser
servido, Karine se juntou a nós e para minha surpresa, quando
chegou, Samuel trazia sua família.
— O que está havendo? - perguntei a ele quando se
aproximou de mim.
— Não faço ideia, seu pai me ligou dizendo que estava vindo
para cá e que eu deveria trazer meus pais.
— Você contou a ele...
— Não, nós não acabamos nossa conversa.
— Ei vocês dois, venham conversar com a gente, não vai me
apresentar o seu noivo, Amanda? - Karine perguntou quase se
jogando em cima dele.
— Vocês já se conhecem. - respondi séria.
— Eu me lembraria dele, pode ter certeza. - Ela brincou
devorando-o com os olhos.
— Você não lembra nem com quem você dormiu Karine.
Lembra do Adan? De Los Angeles? Era o Samuel.
Todos me olharam espantados.
— Amanda. - Meu pai me advertiu.
— Sim, papai?
— Não seja inconveniente. – ele falou.
— Papai, posso saber o por que dessa reunião? – perguntei.
— Claro que sim, recebi uma notícia ontem à noite que me
deixou muito feliz, mas com isso vi a necessidade de adiantar o
casamento de vocês.
Se não fosse o Samuel ao meu lado, eu teria caído no chão.
— Do que exatamente o senhor está falando?
— Oras, de que vou ser avô, é claro. - Ele respondeu com um
enorme sorriso nos lábios.
Mais uma vez minha mente se apagou e eu desmaiei.

David
Senti a dor explodir quando minha mão atingiu a parede,
frustração era a palavra perfeita para definir o que eu sentia.
— David, o que está acontecendo? Quer demolir a minha
casa? - Violet perguntou parada atrás de mim.
Fui direto para o vinhedo com Robert no dia anterior e me
preparava para voltar ao apartamento quando Amanda ligou.
Violet estava entrando em casa no momento em que eu dava
um soco em sua parede, após falar com a Amanda.
— Desculpe. - falei massageando os dedos feridos.
— O que houve? - Violet perguntou me olhando.
— Acho que muita coisa, levando-se em conta que ele
parece um animal enjaulado, andando de um lado a outro. - Robert
explicou me olhando também.
— David?
Suspirei me abaixando enquanto apoiava as mãos nos
joelhos.
— Tudo está acontecendo. Perdi uma vaga de emprego que
estava certa, Karine está aqui, Sharon e Richard foram afastados e
Amanda está presa em casa.
— Meu tio já sabe de tudo. – Robert concluiu.
— Ela vai tentar fugir e eu preciso fazer alguma coisa.
— O que Amanda falou?
— Pediu que eu fique em segurança.
— E ela está certa David, ela conhece o pai e vai saber lidar
com ele.
— Não posso.
— Precisamos esperar, deixe-a descobrir o que houve e
então pensamos em como agir.
— Preciso...
— Ficar aqui, por favor, pense no seu filho a caminho,
Amanda vai precisar de você.
Aquilo fez com que eu me acalmasse um pouco, eu tinha que
confiar na minha mulher.
— Venha, vamos colocar gelo nessa mão, você sabe que fez
besteira, né?
— Eu precisava botar pra fora.
— Gritasse. Um bom grito faz maravilhas, agora me dê essa
mão aqui.
Suspirando, sentei em uma banqueta na cozinha e estiquei o
braço, deixando Violet cuidar da minha mão enquanto Robert me
entregava uma taça de vinho.
— Robert, o que aconteceu no passado? – perguntei.
— Essa história não é minha pra contar.
— Eu preciso saber com o que estou lidando de verdade.
Robert encheu uma taça e se sentou perto de nós.
— É justo. Vou contar algumas coisas, você já sabe que o
senador não tem muito escrúpulo, certo? Pois bem, vamos a
algumas verdades sobre o senador Johnson, pra começar sabe
porque ninguém reconheceu a Amanda em Los Angeles? Ela
também não seria reconhecida em qualquer outro lugar do país, isso
porque ela sempre ficou longe das campanhas dele, você não vai
encontrar uma única imagem dela.
— Ele a preservou por causa da doença?
— Ele a preservou por vários motivos, entre eles porque não
queria a imagem dela doente nos pôsteres de campanha.
Olhei horrorizado.
— Um homem forte não produz filhos doentes, ele sempre
falou isso e deixou nossa Rapunzel presa na torre.
Engoli em seco, esperando-o continuar, Violet já tinha se
afastado, deixando minha mão com uma bolsa de gelo, e sentou
junto ao marido.
— Cara, é tanta imundice que nem sei o que contar. - Robert
falou passando a mão no rosto.
— Tudo o que puder. – pedi.
— Não posso contar tudo, mas vou contar o que der, ela já
falou do acidente, ele ficou bem mal, mas voltou com tudo, pronto
para usar seu ato heroico na campanha.
— Mas não usou.
— Não, Amanda ficou doente de novo, como você já sabe.
— Meu estômago está revirando. – ofeguei.
— Imagine o meu.
O silêncio caiu sobre nós, cada um perdido em seus
pensamentos.
— Por que ela tem tanto medo dele? – perguntei por fim.
— Nós acidentalmente o vimos matar uma pessoa quando
éramos crianças. – Robert revelou.
Capítulo 25

Amanda
Desta vez eu estava no sofá quando acordei e logo em
seguida meu pai colocou todos para fora, ficando apenas nós dois e
o Samuel.
— Não vou fazer rodeios, vocês foram ao último lugar no
planeta para ter uma conversa que não queriam que eu soubesse.
Fechei os olhos entendendo o que ele queria dizer.
— Eu assisti o vídeo da conversa e tomei algumas
providências imediatamente.
— Senador... - Samuel tentou falar e meu pai o impediu
apenas com um gesto da mão.
— Vou explicar a vocês o que vai acontecer, amanhã você
entrará com o pedido da licença para o casamento e em seguida
vocês se casarão, depois anunciamos a gravidez, vai ser ótimo para
a campanha.
— Papai... - Também fui ignorada.
— Quanto ao seu touro reprodutor Amanda, eu vi que se
importa com ele, mande-o embora ou eu mesmo resolvo isso.
— Senhor...
— E quanto a você, Samuel, você jurou que aquela maluca
não seria um problema, preciso resolver isso também?
— Não senhor.
— Ótimo, vamos nos juntar aos outros, o jantar nos espera.
Deixamos a sala e encontramos todos nos esperando.
— O doutor Summers está a caminho. Você está melhor
querida?
— Ela está ótima, não precisava ter chamado o Summers.
Greta, providencie champagne, quero fazer um brinde ao meu neto.
- Meu pai mandou e champagne foi servido a todos, menos para
mim, que recebi suco.
Em pé, erguemos as taças de cristal enquanto meu pai fazia
seu pequeno discurso e finalmente mandou servir o jantar.
Seguimos para a sala de jantar e pouco depois os pratos
foram servidos.
Eu não prestei atenção em mais nada. Angustiada, eu não
via a hora de tudo aquilo acabar para eu poder falar com o David.
— Eu adoraria ser a dama de honra, afinal sou a melhor
amiga da noiva. - Karine falou do nada.
— Não vejo problema nisso. - respondi sorrindo de volta.
— Mas eu não tenho uma roupa adequada. - Ela lembrou se
fazendo de triste.
— Amanhã mesmo isso será resolvido, vá comprar seu
vestido no centro, tem lojas ótimas, podemos ir nós três. - Minha
mãe sugeriu.
— Você e a Amanda estarão ocupada Agnes, mas pode
pegar um carro na garagem Karine.
— Posso mesmo, senador? Qualquer carro?
— Sim, apenas tenha cuidado, não posso mandar nenhum
segurança com você.
— Isso é perfeito senador, e não se preocupe com
segurança, o que vão querer com uma pobretona como eu?
— Então está resolvido.
Pouco mais de uma hora depois, eu estava de volta ao meu
quarto finalmente, não tranquei a porta quando entrei e Karine
entrou atrás de mim.
— O que quer Karine?
— Um par de brincos de diamantes bem caro.
— Não entendi.
— Eu quero um par de brincos para me manter calada sobre
o professor David, ah sim e que você fique longe dele.
Sorri debochada.
— Acho que é um pouco tarde para chantagem querida. -
falei colocando a mão sobre a barriga.
— Por que tarde?
— Porque meu pai já sabe sobre ele e adivinhe quem é o pai
do meu bebê?
Ela ficou me olhando chocada.
— Agora seja uma boa melhor amiga e vá conversar com o
meu pai sobre sua descoberta, garanto que você vai conseguir
muito mais do que uma pequena joia.
— Sério garota? Você está grávida do professor? - Ela não
conseguia disfarçar a surpresa.
— Sim e não sei o que você está fazendo aqui ainda, vá e
aproveite a dica.
— Eu vou, mas não terminamos aqui.
— Tudo bem, até amanhã, amore.
Assim que ela saiu eu tranquei a porta e peguei meu celular.
Liguei para o David, dessa vez eu tinha que convencê-lo a
deixar a ilha e voltar para casa.
A ligação caiu na caixa postal, então liguei para o Robert.
— Oi prima, algum plano para sair daí?
— Ainda não, estou tentando falar com o David.
— Ah, ele foi até o apartamento, buscar as coisas dele.
— Ele vai embora?
— Não, ele vai ficar aqui.
— Aí não é seguro Robert, eles sabem que você esteve com
a gente em Nova York.
— Vou tentar convencê-lo, mas duvido que consiga.
— Robert...
— Ele quer invadir a mansão, prima. Está difícil segurá-lo.
— E você o deixou sair?
— Violet está com ele, precisei ficar porque tinha uma
reunião importante, mas eles já devem estar voltando.
— Entendi, Robert, eu devo me casar em poucos dias com o
Samuel.
— Mas você não pode, como...
— Eles vão descobrir isso amanhã, quando Samuel der
entrada nos papéis, entendeu o porquê preciso dele longe?
— Entendi, não se preocupe, eu resolvo isso, dê um jeito de
sair daí.
— Eu vou, me avise quando eles chegarem. – Despedi-me
dele e desliguei, me sentando na poltrona em frente as portas de
vidro da varanda.
Minha mãe bateu na porta do quarto pouco depois, avisando
que um estilista viria com um catálogo na manhã seguinte.
— Certo, obrigada mamãe. - falei parada na porta.
— Você está com uma cara péssima, eu quando soube que
estava grávida, não cabia em mim de felicidade.
— A situação é bem diferente, mamãe.
Ela me olhou séria e algo pareceu passar por seus olhos.
— Mamãe?
— Certo, até amanhã querida. Durma bem.
Fechando a porta, eu me deitei na cama, tentando pensar em
um modo de escapar daquela casa. Não havia mais tempo para
bolar plano, àquela altura eu temia até pelo meu bebê.
Sem conseguir dormir direito, a primeira coisa que fiz quando
acordei foi olhar o celular.
Não havia sinal no aparelho, meu celular estava totalmente
morto.
Aquilo não podia continuar.
A porta do meu quarto foi aberta de supetão e Karine entrou.
— Estou de saída, quer alguma coisa?
Olhei para ela e percebi que ela estava vestida como eu.
— Não, obrigada.
— OK, a propósito, tive uma conversa interessante com o seu
pai, obrigada pela dica.
— Não por isso.
— Ah, vou sair com o seu carro, tá?
— Ele não está na garagem, foi levado para manutenção.
Ela sorriu, balançando a cabeça.
— Certo. Você sabe que mentiram pra você, né? Seu pai
mesmo me falou para usá-lo, pois é mais seguro. - Ela falou saindo
do quarto.
Fiquei olhando para a porta e então algo me ocorreu, me
fazendo pular da cama.
— Karine. - chamei por ela no corredor.
— Não precisa gritar garota, o que é?
— Quando falou com o meu pai?
— Ontem à noite e nem adianta me pedir para te ajudar a
sair, ele deixou bem claro esse ponto.
Preocupada, andei até ela.
— Karine, me escute, pegue outro carro.
— Olha, eu estava tentada e procurar por um conversível,
mas depois dessa demonstração de ciúme de um carro...
Ela chegou perto de mim.
— Eu dormi com o seu homem, com o seu noivo e adivinhe,
apesar da idade, seu pai fode como um garanhão.
Foi tão automático que quando vi minha mão ardia e a marca
dos meus dedos estavam em seu rosto.
— Sua idiota, isso não vai ficar assim. - Ela falou colocando a
mão no rosto e se afastando.
Aquilo tudo era uma loucura, eu estava me sentindo no meio
da trama de uma novela.
— Amanda? O que está havendo? – Minha mãe apareceu do
meu lado.
— Mãe? Por favor me ajude a sair daqui. - Implorei
começando a chorar.
Sem dizer uma palavra, ela pegou a minha mão e saiu me
arrastando pelos corredores da mansão até o sótão, seu recanto
escondido.
— Eu quero toda a verdade. - Ela exigiu.
Olhei em volta preocupada com escutas.
— Não se preocupe com escutas, conte logo.
Engoli em seco e me enchendo de esperanças, sequei o
rosto e comecei a falar, olhando para minhas próprias mãos.
— Esse bebê não é do Samuel.
Se eu estivesse olhando para ela, teria visto a tristeza em seu
rosto.
— Continue.
— Eu me envolvi com um professor pouco antes de deixar
Los Angeles, na verdade acho que me apaixonei logo que cheguei
lá, mas só aconteceu quando eu estava para partir.
— Ele é o pai?
— Sim. - sussurrei.
— E ele sabe?
— Ele está aqui.
Assustei-me com ela levantando de repente.
— Seu pai sabe a verdade?
— Sabe, ele e o Samuel.
— Você precisa mandá-lo para longe daqui imediatamente.
— Eu mandei, mas ele se recusa a ir sem mim.
— Insista Amanda, ele está em perigo ficando aqui.
— Meu celular não está funcionando, não tenho como falar
com ninguém. - expliquei.
Ela começou a andar de um lado para o outro.
— Amanda, seu pai está tentando contornar os danos, ele é
um dano.
— Eu sei e fica pior.
— Fale logo de uma vez.
— Nós nos casamos dois dias atrás, o papai ainda não sabe,
mas vai descobrir em breve.
— Oh Amanda, como vocês puderam fazer uma coisa
dessas?
— Eu preciso sair daqui, mãe. Preciso falar com ele.
— Não vejo como posso te ajudar a fugir, mas vou pensar em
como fazer vocês se encontrarem. Amanda, você precisa convencê-
lo, antes que o pior aconteça, entendeu?
— Sim.
— Onde ele está?
— Com Robert e Violet, mas não tenho notícias desde ontem,
foi a última vez que consegui ligar.
— Seu pai dever ter bloqueado seu chip. Desça e finja que
está conformada, aquela vagabunda já saiu.
Olhei espantada para ela.
— Achei que tinha gostado dela.
— Eu ouvi o que ela te falou, o tapa foi bem merecido.
— Ela pode estar em perigo.
— Por que diz isso?
— Ela está chantageando o papai, não pensei nisso quando
contei a verdade sobre o pai do bebê.
— Eu não vou perder tempo com ela, desça, eu vou resolver
algumas coisas e vou em seguida.
Segui suas ordens e encontrei meu pai tomando o café da
manhã.
— Viu sua mãe?
Olhei para ele e me senti enjoada imaginando-o transando
com a Karine.
— Amanda, eu falei com você. - Ele me chamou irritado.
— Desculpe, encontrei com ela quando deixei meu quarto,
ela disse que desce daqui a pouco.
— Preciso partir logo. - Ele falou olhando no caríssimo relógio
em seu pulso.
Nesse momento ela entrou na sala de jantar, sorrindo como
se nada tivesse acontecido.
— Bom dia. - Ela nos saudou, sentando ao lado do meu pai e
servindo seu próprio café.
— Agnes, eu estou voltando a Washington daqui a pouco,
aqui está tudo sob controle, qualquer problema me avise.
— Claro que aviso querido, aliás preciso estar em Nova York
com a Amanda em duas horas.
— Amanda não vai sair de casa pelos próximos dias.
— O estilista não pode vir mais, então conversei com a Cloe
e ela conseguiu um horário com a estilista que está fazendo o
vestido de noiva da Amanda, aproveitamos e o provamos também.
— Pra quê?
— Eles vão se casar apenas no civil agora, não é? Acho que
devemos manter o religioso para o começo do mês, como
marcamos antes.
Segurei a respiração, aguardando enquanto ele pensava.
— Acha mesmo que devemos manter a cerimônia? - acho
que foi a primeira vez que vi meu pai pedir a opinião dela.
— Claro que sim, cancelar agora vai chamar muito atenção.
Ele parou para pensar e então se levantou.
— Pois bem, podem ir resolver o problema do vestido,
estejam de volta no fim do dia e Amanda, não tente nada, vou
reforçar a segurança. - Ele falou beijando a cabeça da minha mãe,
nos deixando a sós.
Respirei aliviada quando o vi se afastar.
— Pois bem, devemos partir imediatamente, pois iremos de
carro, vá pegar suas coisas.
— Mamãe...
— Vá Amanda, estamos perdendo tempo aqui.
Capítulo 26

Amanda
Minha mãe não falou em momento algum o que tinha em
mente, quando chegamos ao estúdio da Cloe, os seguranças
entraram na nossa frente e revistaram o local.
— Pode entrar senhora. - O chefe de segurança avisou,
abrindo a porta do carro.
— Obrigada, Ben. - Minha mãe respondeu descendo.
Fui atrás dela, encontrando Cloe que nos recebeu feliz e nos
levou para sua sala.
— Bem Amanda, Pnina não está no país, mas mandou os
vestidos por sua assistente a melhor notícia é que o vestido da
cerimônia religiosa está pronto.
— Ótimo, isso é perfeito. - Minha mãe respondeu por mim.
— Vamos olhar? Reservei as salas dos fundos para vocês
usarem. - Cloe convidou, se levantando.
Atravessamos o imóvel até os fundos onde me aguardavam
as assistentes da estilista, levei um choque quando percebi que uma
delas era Violet e fui abraçá-la feliz em vê-la.
— Como chegou aqui? - perguntei apertando-a nos braços.
— E isso importa? - Ela perguntou sorrindo.
— Como está o David? Você precisa dizer que ele tem que ir
embora.
— Calma Amanda, prove os vestidos que depois
conversamos. – ela pediu.
— Foda-se os vestidos.
— Amanda. - Ouvi a voz escandalizada da minha mãe.
A educação inglesa dela não lhe permitia certos palavreados.
— Desculpe mamãe.
— Vai Amanda, um dos ajudantes da Pnina vai levar as
roupas.
— Homem?
— Ele é gay Amanda, deixe de frescura, ele está pegando os
vestidos, espere no quarto, daqui a pouco eu vou ajudar, me deixe
falar com sua mãe.
— Mas...
— Ande, depois conversamos
Sem ânimo algum, eu entrei no pequeno quarto e comecei a
abrir meu vestido.
— Bom dia querida, esses vestidos vão ficar perfeitos nesse
corpinho que Deus lhe deu. - Ele tentou dar um ar afeminado nos
trejeitos, a voz estava esganiçada, mas eu a reconheceria em
qualquer lugar.
Eu praticamente me joguei sobre ele, que me recebeu de
braços abertos.
— Calma querida, eu estou aqui.
— Eu cheguei no meu limite. - sussurrei apertando meu braço
ao redor do seu pescoço.
— Nós vamos embora daqui juntos, OK?
— Vocês não podem, não daqui, não agora. - Minha mãe
falou entrando no quarto.
— Mamãe.
— Estamos com o triplo de seguranças que temos
normalmente, vocês não conseguiriam sequer deixar a ilha.
Ela tinha razão.
— O que faremos? – perguntei.
— Primeiro você vai soltar esse rapaz e me apresentar a ele.
– ela respondeu.
— Mamãe, esse é o David. - eu o apresentei.
— O pai do meu neto. – ela concluiu.
— Sim.
Ela esticou a mão, apertando a dele.
— Pode me chamar de Agnes rapaz, agora vamos nos sentar
e descobrir como tirar vocês desta confusão.
Minha mãe vinha me surpreendendo de todas as formas nas
últimas horas, ela parecia ser outra pessoa.
— Eu não vou voltar para casa mamãe. – avisei.
— Você vai sim, porque não temos escolha neste momento e
você sabe disso, e quanto a você rapaz, precisa sair daqui o mais
depressa possível.
— Senhora... - David começou a falar e recebeu um olhar
torto dela. — Agnes, eu não vou deixar a Amanda para trás.
— Ele vai querer sua cabeça assim que souber sobre o
casamento.
Respirei fundo, apertando meus braços na cintura dele.
O celular dela começou a tocar e ela olhou a tela.
— Escolha um vestido e o convença a partir, preciso atender
essa ligação. - Ela respondeu nos deixando a sós.
David me puxou de pé e o meu vestido deslizou para o chão,
eu esqueci que estava abrindo o zíper quando ele entrou.
Ele ficou me olhando nos olhos por um tempo e então seu
olhar deslizou pelo meu corpo seminu, até chegar a minha barriga
plana.
— Ninguém vai tirar vocês de mim. - Ele sussurrou caindo de
joelhos e beijando minha barriga.
— Eu não posso perder você meu amor, por favor, volte para
Los Angeles. – pedi mais uma vez.
Ele então abraçou minha cintura, encostando a cabeça sobre
meus seios e aspirando meu perfume.
— Nada vai acontecer comigo, eu acho que sei o que fazer,
Amanda, eu vou sumir por alguns dias, mas não pense que desisti
de você.
Um forte tremor correu meu corpo, ele estava indo, como
pedi, mas era como se minha força estivesse indo também.
Eu precisava dele.
Levei a mão até sua calça e a abri.
— Pode entrar alguém. - Ele lembrou segurando a minha
mão.
— Eu preciso sentir você, pode ser nossa desp...
— Não é, entendeu? Não é nossa despedida, será por
poucos dias, eu não posso deixar você, porque você está
carregando a coisa mais importante da minha vida. – ele me cortou.
— Nosso filho.
Ele negou com a cabeça.
— Meu coração.
Senti meu peito tão cheio de amor naquele momento, que
segurei sua cabeça entre as mãos e cobri seus lábios.
Meu homem, meu marido, meu amor.
Puxei sua camiseta fora e dessa vez ele não relutou, ao
contrário, sem deixar de me beijar, ele levantou e me encostou
contra a parede.
— Rápido. - sussurrei empurrando a calça dele para baixo.
Sua boca estava em meu pescoço e suas mãos puxaram as
laterais da renda delicada, partindo o tecido.
— David... - falei sem fôlego enquanto sentia seu sexo
escorregar dentro do meu corpo.
— Oh Deus! - Ele gemeu enquanto eu apertava as pernas ao
redor da sua cintura.
Apertei os dedos em seu cabelo, puxando enquanto meu
corpo todo parecia prestes a explodir.
Com estocadas rápidas, ele estava me levando cada vez
mais longe da Terra.
— Vamos querida, eu não vou aguentar muito tempo...
Escondendo o rosto em seu peito para evitar o grito, eu gozei
apertando seu pau dentro de mim.
— Droga. - Ele sussurrou e perdeu o controle também,
gozando logo em seguida.
— Isso foi... – comecei a dizer.
— Intenso? – ele completou sorrindo.
— Eu ia dizer louco, mas serve. – respondi sorrindo também.
Beijando minha testa, ele se afastou fechando a calça.
— Você acabou com a minha calcinha. - reclamei vendo-o
apanhar a peça no chão.
— Calcinhas são supervalorizadas, meu lado Neandertal
preferia que você estivesse sempre sem, já falei. - Ele falou
sorrindo.
— Engraçadinho. - respondi suspirando.
Ele parou olhando os vestidos que eu precisava provar.
— Preciso escolher um.
Ele pegou um azul claro, em renda.
— Leve esse.
— Sem provar?
— Não precisa, você não vai usar. - Ele falou dando de
ombros.
Sorri e concordei, eu não me casaria com Samuel em dois
dias e nem em qualquer outro dia.
Coloquei de volta o meu vestido e alisei o tecido amarrotado.
— Olha o meu estado. - falei baixo, tentando consertar o
estrago.
— Linda como sempre, podemos ir.
Segurando sua mão, fomos nos juntar aos outros, levando o
vestido azul.
— Amanda, precisamos ir. – Minha mãe avisou.
— Aconteceu alguma coisa?
— Ainda não sabemos, mas tem algo errado com o seu
carro, ele sumiu depois que Karine deixou o centro, o rastreamento
dele simplesmente apagou da tela.
— E a Karine?
— Nem sinal dela também.
— Eu... estou sem palavras. Você acha que foi o papai?
— Não é impossível, vamos, precisamos voltar para casa e
verificar isso.
— OK, certo. Tudo bem. - respondi sem saber o que dizia, se
foi o meu pai, a culpa era minha.
— Seja o que for que aconteceu, ela procurou, entendeu? -
David falou beijando minha testa.
— E você rapaz? - Minha mãe perguntou.
— Vou me afastar por alguns dias, cuide deles por favor.
— Eu vou cuidar, o que pensa fazer?
— Algo que estava evitando, mas não tenho escolha, vou em
busca de ajuda e volto.
— OK, tenha cuidado. - Minha mãe respondeu.
Parecendo preocupado, ele beijou meus lábios e voltou para
os fundos da loja, para que os seguranças não o vissem.
Em estado de choque, segui minha mãe para o carro e de
volta para casa.

David
Eu queria evitar acionar meu primo, mas se tinha alguém que
poderia me ajudar a neutralizar o senador era o meu primo Antonny.
Depois que Amanda se foi, deixamos o estúdio e Violet me
alertou que eu poderia estar sendo caçado pelo senador, pois
Samuel ligou para ela xingando e falando no casamento, por pouco
ele não foi atrás de nós.
Deixamos a cidade para trás, já anoitecia e a noite gelada
deixava as ruas desertas.
Atento, eu olhava para todos os lados, preocupado em
colocar Violet em perigo.
Robert vinha ligando a cada segundo, também preocupado
com o nosso retorno.
Estávamos na estrada a cerca de uma hora quando vimos
um carro atravessado na pista estreita, impedindo nossa passagem.
— O que é isso? - Violet perguntou olhando assustada.
— Problemas. - falei freando o carro a alguns metros de
distância.
Automaticamente dei marcha ré e descobri um carro vindo
atrás de nós a toda velocidade e em nossa direção.
— David.
— Se segure Violet, vou tentar escapar deles. - falei
acelerando contra um dos carros e passando por eles.
Pegos de surpresa, eles seguiram atrás de nós.
— Eu não conheço a região, Violet. - avisei olhando a
vegetação densa a nossa volta.
— Siga em frente, logo mais tem uma entrada, acho que dá
para despistá-los por lá se eles não nos virem entrar.
Fiz o que ela mandou, acelerando e ganhando distância, até
a entrada que ela falou, foi preciso ela me indicar, pois o caminho
mal podia ser percebido por ser tão fechado pela mata.
Ficamos escondidos, aguardando que eles se distanciassem.

— O que vai fazer? - Robert perguntou mais tarde, depois de


se acalmar.
Ele pirou quando contamos o que houve.
— E se você se escondesse dentro de um caminhão de
entrega? - Violet perguntou.
— Nossos caminhões serão vigiados, pode ter certeza.
— Mas e se não for um de nossos caminhões? – Violet voltou
a perguntar.
— O que tem em mente querida? - Robert perguntou
interessado.
— O senhor Wilson está exportando também, David pode ir
em um dos caminhões, eles saem em comboios.
— Podemos tentar. - Robert falou já apanhando o telefone.
Por sorte o senhor Wilson era contra o partido do senador
Johnson e se prontificou a nos ajudar.
E foi escondido entre centenas de garrafas de vinho que
deixei Long Island para trás, dentro de um caminhão que faria sua
entrega em Los Angeles.
Perfeito como se fosse um roteiro de filme.
Pouco depois de deixarmos a ilha para trás eu recebi uma
ligação totalmente inesperada.
— Eu sei onde você deve procurar rapaz, vou te ligar em
algumas horas, preste muita atenção no que vou contar, pode ser a
garantia de liberdade para vocês. - A mãe da Amanda falou e
desligou.
Surpreso, guardei o aparelho tentando imaginar o que seria,
mas isso me deu uma certeza, em breve eu estaria de volta e desta
vez com um trunfo na mão. Se havia algo para encontrar, nós
encontraríamos.
Capítulo 27

Amanda
Pouco depois de nossa chegada em casa, recebemos
notícias da polícia, meu carro havia sido encontrado abandonado na
estrada e não havia sinal de Karine.
Nervosa, me sentei, pois senti que poderia desmaiar mais
uma vez.
— A senhorita está bem? - um dos seguranças perguntou.
— Foi o choque, ela está no início de uma gravidez. - Minha
mãe respondeu por mim.
— Perdão, mas achei que a senhora iria querer saber das
notícias, a polícia está investigando o desaparecimento da senhorita
Carter, e vai querer falar com a senhorita Lee.
— Eu não faço ideia do que aconteceu. – avisei tentando
colocar o pensamento em ordem.
Só uma coisa me ocorria, meu pai.
— Eu sinto muito senhorita, mas eles devem estar a caminho.
— Tudo bem Jackson, preciso atender minha filha. – Minha
mãe falou me apoiando enquanto eu me levantava.
— Eu vou para o meu quarto, mamãe. - falei vendo Greta se
aproximar.
— Greta, por favor, a amiga da Amanda está desaparecida e
minha filha não está bem, chame o doutor Summers.
— Sim, senhora. – Greta falou nos deixando novamente.
— Jackson, avise ao senador do que está acontecendo e
quando a polícia chegar fale com eles e explique a situação.
Deixei minha mãe para trás e subiu a escada correndo, meu
estômago dava voltas quando entrei no quarto e corri para o
banheiro, trancando a porta.
— Amanda? - Ela chamou preocupada, nem percebi que ela
tinha vindo atrás de mim.
— Estou bem, me dê um minuto, mamãe. – pedi molhando o
rosto com a água fria.
Já recomposta, deixei o banheiro e me joguei em minha
cama, uma letargia parecia tomar conta do meu corpo, eu só queria
dormir um pouco.
— Como você está? - Minha mãe perguntou se sentando ao
meu lado.
— Estou melhor, só preciso dormir.
— Tudo bem, eu preciso dar um telefonema, OK?
— OK. - sussurrei fechando os olhos, me encolhendo na
cama.
— Filha, não se culpe pelo que houve, não sabemos ainda o
que aconteceu.
— Ela pode estar morta, se ela não estivesse aqui, isso não
aconteceria.
— Foi você quem a chamou?
Neguei com a cabeça.
— Não.
— Pois é, agora durma um pouco.
Com uma discreta batida na porta, Greta entrou no quarto.
— Com licença senhora, o doutor disse que logo estará aqui.
- Ela avisou.
— Eu estou melhor, digam para ele não vir. - pedi a elas.
— Eu prefiro que ele dê uma olhada em você, filha. – Minha
mãe falou preocupada.
— Tudo bem, você falou com o Robert? – perguntei.
— Não, mas vou ligar daqui a pouco.
Greta ficou me olhando em silêncio.
— Algum problema, Greta? - Minha mãe perguntou.
— Achei que vocês teriam algum bom senso. - Greta
respondeu mostrando seu desagrado.
— Não entendi. - falei estranhando seu comportamento.
— Por que não aproveitou para fugir senhorita?
— Você sabe que isso não adianta, Greta. - Minha mãe
respondeu por mim.
Nossa governanta franziu o cenho e olhou para a minha mãe.
— Está na hora de alguém desta família mostrar um pouco
de fibra e reagir. - Ela falou mostrando que estava descontente.
Pálida, minha mãe levantou da beirada da minha cama.
— Não faço ideia do que você está falando, sabe se o
senador já foi avisado do ocorrido?
— Sim senhora, o senhor Jackson já avisou.
— Ótimo, fique com a Amanda alguns minutos, preciso dar
uns telefonemas.
Sem forças sequer para entender o que havia acabado de
acontecer, eu fechei os olhos, adormecendo em seguida.

Dormi até a chegada do doutor Summers, depois de me


examinar mais uma vez, ele pediu para minha mãe voltar ao quarto.
— Você está em choque menina, apenas isso, precisa se
cuidar melhor.
— Está difícil, doutor. – sussurrei.
— Se você não quer colocar o seu bebê em risco, é melhor
fazer o que digo.
— Meu bebê é a única coisa que importa. – falei preocupada.
— Imaginei que você fosse dizer isso.
— AMANDAAAA!
O grito chegou até nós vindo da parte de baixo da mansão.
— O que diabos...
Doutor Summers começou a falar, mas foi interrompido pela
entrada intempestiva do meu pai no quarto.
— O que significa isso, John? – minha mãe perguntou.
— Saiam vocês dois, eu preciso ter uma conversa séria com
essa pirralha.
— John...
— SAIAM. AGORA. OU EU MESMO COLOCO OS DOIS
PRA FORA.
— Eu não vou a lugar algum. - Minha mãe vinha me
surpreendendo nos últimos dias.
— Agnes...
— Amanda não está bem e você obviamente está fora de si.
– Minha mão continuou.
Doutor Summers se levantou, guardando suas coisas.
— O que está acontecendo afinal? – ele perguntou.
— Amanda está em choque com o desaparecimento da
amiga, ela precisa de repouso ou serei obrigado a interná-la. -
Doutor Summers falou fechando sua maleta.
— Eu vou ficar de olho nela. - Minha mãe garantiu.
— Tudo isso por causa daquela puti...
— John... – Minha mãe o impediu de continuar.
— OK. Mas ainda precisamos conversar, dona Amanda.
— É melhor eu ir, boa tarde a todos. Agnes, me chame se
houver qualquer problema. - O doutor falou nos deixando sozinhos.
Meu pai ficou em silêncio andando pelo quarto, parecia tentar
se acalmar.
— Muito bem, a senhorita pode me explicar que história é
essa de ter se casado em Nova York?
Ah, era isso.
Suspirei antes de responder, dividida entre inventar uma
mentira ou ser totalmente sincera.
— Foi uma surpresa, quando saiu o resultado da gravidez,
David tirou a licença e nos casamos no Central Park.
— Como uma surpresa se você precisa assinar o pedido?
— Eu estava assinando tanto papel aquele dia no hospital,
que ele foi no meio.
— Então você foi enganada.
— Não seja tolo papai, eu disse sim diante do oficial e com
várias testemunhas.
— Menina idiota, agora vou levar dias para conseguir anular
esse casamento.
— Eu não quero anular o meu casamento.
— Nós vamos anular, para você se casar com o Samuel,
você me prometeu isso, esqueceu?
— EU ERA UMA CRIANÇA. – gritei chegando ao meu limite.
— John, por favor, ela precisa de repouso, nosso neto corre
risco.
— Nosso neto? Ah sim, claro, nosso neto.
A troca de olhares entre os dois teve mais significado de que
eu podia imaginar.
— Eu vou dar alguns telefonemas, nossa princesinha está
confinada nesse quarto até segunda ordem.
— Mas... - Minha mãe tentou falar.
— E sozinha, venha Agnes, você tem que falar com a
assessora do casamento, com essa história talvez tenhamos que
adiar a cerimônia.
Arrastando minha mãe pelo braço, ele deixou o quarto, me
trancando sozinha.
Pulei da cama e bati na porta, mesmo sabendo ser inútil.
Eu tinha que fazer alguma coisa, não tinha notícias do David
e temia que algo tivesse acontecido.

David
Dia seguinte
Cheguei em Los Angeles no meio da madrugada, minha
cabeça estava funcionando a mil por hora com o que a mãe da
Amanda me falou em seu segundo telefonema.
Era loucura demais, eu não acreditava que o cretino queria
repetir a história.
Depois de um banho eu mesmo comecei a fazer algumas
pesquisas pela internet, era muito cedo para ligar para os outros.
Além do que, eu precisava falar com o Robert sobre uma
suspeita que estava martelando na minha mente.
As oito da manhã, com mais uma caneca de café na mão eu
mandei mensagem para meu primo, pedindo que viesse a minha
casa com urgência e uma para o Will avisando que estava de volta e
dizendo que precisava dele e da Michelle, meia hora depois os dois
estavam na minha porta.
Olhei para eles sentados no sofá e mais uma vez pedi que
esperassem, os dois faziam um monte de perguntas que eu me
recusava a responder enquanto o meu primo não chegasse.
Eu iria contar toda a história de uma vez só e dei graças a
Deus quando pouco depois Tonny chegou.
— O que está havendo? - Meu primo perguntou depois de
nos cumprimentar.
— Estávamos esperando por você, o ex-Don Juan aí disse
que só contaria quando você chegasse. - Will respondeu cruzando
as pernas.
— Ex-Don Juan? Então o caso é sério. - Tonny falou sorrindo.
— Se vocês pararem de gracinha, eu explico. - falei sério,
cortando as brincadeiras.
— Ignore-os David, explique porque nos chamou. - Michelle
falou me incentivando a contar o que estava havendo.
— Eu preciso da ajuda de vocês para localizar tudo o que
puderem sobre um homem. Tonny, eu sei que com os seus contatos
na Europa isso será fácil.
— Quem? - Meu primo perguntou.
— O nome dele é Joseph Cohen. – respondi.
— E quem é esse homem? - Michelle perguntou.
— O verdadeiro pai da Amanda. - expliquei olhando para os
três.
— E quem diabos é Amanda? - Meu primo perguntou
confuso.
— A razão dele ser um ex-Don Juan. - Will respondeu por
mim.
— Pare de graça Will. - reclamei.
— Desculpe, vou calar a boca.
— Eu agradeço.
— David, antes de qualquer coisa você vai me explicar tudo o
que está acontecendo. - Tonny pediu.
— Eu explico, mas ainda preciso confirmar uma coisa.
— O quê?
— A data de algo que aconteceu no passado, eu desconfio
que esse homem tenha sido assassinado.
— Epa! – Will exclamou assustado.
— David... – Michelle começou a falar.
— No que anda se metendo primo? – Tonny foi o único a
completar a frase.
Todos falaram ao mesmo tempo e agitados, começaram a
andar pela sala.
Fiquei parado, olhando para eles.
— David, desde que você descobriu quem era essa garota eu
te falei para ficar longe. - Will finalmente falou se sentando de novo.
— Sentem-se vocês dois também. - pedi a Michelle e ao meu
primo.
— O que está havendo, Dave? - Tonny perguntou, apoiando
os cotovelos nas pernas.
— Eu me apaixonei, foi isso.
— E se meteu em uma encrenca. - Ele concluiu.
— Ele se apaixonou pela filha do senador Johnson, que por
acaso tem um casamento arranjado pelo pai. - Willian resumiu tudo
por mim.
— Quieto Willy, deixe que o David conte, nós não sabemos o
que está acontecendo. - Michelle pediu ao marido.
— O senador Johnson é um crápula. - Tonny falou.
— Mais do que isso, tenho descoberto coisas terríveis sobre
ele, mas vamos ao que interessa, eu vou ser pai e preciso tirar o
senador do caminho.
— Como assim, você vai ser pai? - Will não aguentou ficar
calado muito tempo.
— Acho que todos sabem como isso acontece.
— Sim, sabemos, continue. - Michelle pediu.
— Esse homem, Joseph, eu preciso de um dossiê completo
sobre ele, eu sei que ele é inglês e era amigo da senhora Lee e do
senador, os três estiveram juntos na Inglaterra nos anos 90, Joseph
era o namorado da senhora Lee e Johnson era amigo do casal, mas
o homem desapareceu do nada.
— Me deixe adivinhar, ela estava grávida. - Michelle concluiu.
— Sim e o senador se declarou apaixonado por ela e
assumiu o bebê.
— Que história louca, e por que você acha que esse homem
está morto? Ele morreu nessa época?
— Não, oito anos depois ele reapareceu aqui, mais
precisamente em Nova York, na porta deles.
— E sumiu de novo?
— Exatamente e dessa vez em definitivo, preciso mapear
todos os passos deste homem, até seu desaparecimento.
— Você vai usar isso contra o senador?
— Não, a paternidade da Amanda já me garante isso, ele não
vai querer que isso venha à tona, mas eu quero saber o que
aconteceu, talvez existam duas testemunhas desse assassinato.
— Quem?
— Essa é a pior parte, Amanda e o primo podem ter visto
tudo, por isso quero confirmar com ele quando aconteceu.
— Como eles podem ter assistido esse crime? Deviam ser
crianças na época. - Will perguntou sério.
— Foi puro acaso, eles brincavam no bosque ao redor da
propriedade e se depararam com a cena, Robert sendo mais velho,
tirou a prima de lá sem serem vistos.
— Não sei o que dizer. – Michelle falou chocada.
— Me ajudem com esse dossiê, é o que preciso.
— Tia Nina já sabe que vai ganhar um neto? – Tonny
perguntou.
— Não, quero tudo isso resolvido, tenho que voltar a Nova
York em dois dias com essas informações em mãos.
— Por que dois dias?
— O senador vai tentar casá-la com o noivo que arranjou, a
essa altura eles já devem ter descoberto que nos casamos e com
sorte isso atrasará os planos dele.
— Espere, volte um pouco, como assim vocês se casaram? –
Will perguntou.
— Não foi planejado, descobrimos a gravidez, eu dei entrada
nos papéis e nos casamos no meio do Central Park no dia seguinte.
- expliquei dando de ombros.
— Sua mãe vai te matar. - Meu primo falou me olhando
boquiaberto.
— Depois eu me acerto com ela e fazemos tudo certinho
quando estivermos de volta.
— OK. Mas quero estar perto quando você contar. – ele
pediu.
Balançando a cabeça, eu apenas sorri para ele.
— Idiota.
— Olha o respeito rapaz. Olhe, eu vou acionar os meus
contatos, e ligo assim que tiver alguma coisa. - Meu primo falou se
despedindo.
— Tudo bem, obrigada.
— Eu preciso trabalhar e não se preocupe, vou ver o que
consigo. - Michelle falou me abraçando.
— Ei cara, preciso ir também, as meninas ficaram na vizinha,
você vai ficar bem?
— Sim, não se preocupem.
Uma vez sozinho, eu fui ligar para o Robert, eu precisava
revirar um pouco mais o passado daquela família.
Se eu confirmasse minha suspeita, Amanda nunca poderia
saber que assistiu a morte do verdadeiro pai.
Capítulo 28

Mônica
O bebê estava começando a mexer e sorrindo coloquei a
mão sobre minha barriga, meu pequeno Samuel sentia a presença
do pai quando ele estava para chegar.
Logo depois eu ouvi a porta sendo aberta, meu amor estava
em casa finalmente e tudo era perfeito outra vez.
— Mônica?
— Aqui. - respondi levantando da cama com a mão sobre
minha barriga nua.
Ele não veio até o quarto e eu fui procurá-lo.
Samuel tinha um copo de whisky na mão e virou em um só
gole, parado no meio da sala, em seguida ele jogou o copo contra a
parede, que explodiu em mil pedaços, me assustando.
Eu odiava quando ele me assustava.
— Querido? – sussurrei.
— Aquela vagabunda está casada, você acredita nisso? - Ele
gritou irritado.
— Ela se casou? Como assim?
— Eles se casaram há dois dias, agora preciso falar com o
senador e não consigo.
— Falar o quê?
— Ele precisa conseguir a anulação desse casamento.
— Não, você não vê? É um sinal. Ela não quer você.
— Ela não tem escolha. - Ele falou sombrio.
— Samuel, não deixe isso te aborrecer, deixe eu te ajudar a
relaxar? Não quer saber do nosso bebezinho? Ele estava se
mexendo agora a pouco.
Ele me olhou e finalmente sorriu se sentando no sofá.
— Venha querida, sente aqui no meu colo, porque está nua
com esse frio?
— Eu estava esperando por você, sei que gosta de me ver
assim. - falei me sentando em seu colo, como ele pediu.
Ele tocou minha barriga e me olhou.
— Você quer muito um bebê, não é mesmo?
— Bobo, eu vou ter nosso bebê em breve, e ele será lindo
como você.
Suspirando, ele me abraçou, beijando minha cabeça.
— Querida, você sabe que ainda não tem nenhum bebê a
caminho, por favor, eu preciso de você bem e ao meu lado.
— Não gosto quando você fala assim. - reclamei tentando
sair do seu colo.
— Querida, olhe pra mim. - Ele falou sem me soltar.
— Não, me solta. - falei me debatendo.
— Mônica, se acalme. - Ele estava irritado de novo e eu parei
imediatamente. — Não quero brigar, entendeu?
— Sim. – sussurrei me rendendo.
— Ótimo, agora entenda uma coisa, nós vamos ter nossos
filhos, não se preocupe, eu quero pequenas Mônicas correndo pela
casa, lindas como a mãe.
— Então, você desistiu de casar com a filha do senador?
— Não querida, eu não posso desistir, já expliquei para você
que o idiota do meu pai quebrou, nosso escritório está falido.
— Já falei que se o problema é dinheiro, eu tenho dinheiro,
minha família também é rica. – falei com esperança.
— Sua família me odeia querida, eu preciso desse
casamento para colocar as mãos na fortuna daquela família.
Fiquei quieta em seu colo, eu tinha algumas semanas para
fazer com que ele mudasse de ideia.
Senti seus dedos tocando o meu seio e sorri, eu ainda tinha
uma chance de fazê-lo mudar de ideia.
Minha família nunca me abandonaria, depois que ele
desistisse do casamento eu procuraria por eles.
Ajeitei-me em seu colo, tocando seu pau por cima da calça e
encontrei ele duro, como sempre acontecia quando esperava por ele
nua.
Aquele era o meu amor, meu homem e ele só se casaria com
uma única mulher.
Eu.
— Samuel, eu sou a única mulher para você. - falei abrindo
sua calça.
Seu gemido preencheu o silêncio da noite.
— Mônica...
— Shiiiiu... quietinho, eu preciso de você, amor.
— Querida...
Eu não o deixei terminar de falar, afastando a calça, segurei
seu pau entre os dedos e deslizei sobre ele, sentindo-o afundar em
meu corpo.
— Bom Deus, você é perfeita. - Ele murmurou me segurando
enquanto levantava do sofá.
— Ei, o que vai fazer? - perguntei cruzando as pernas em sua
cintura, sentindo-o afundar mais em meu corpo.
— Quarto. - Ele ofegou andando em direção ao corredor.

Samuel
Madrugada
Acordei com o celular tocando, Mônica dormia encolhida ao
meu lado.
Minha vontade era ignorar a ligação e fazer amor com minha
maluquinha mais uma vez, mas eu estava aguardando uma ligação
do senador.
O homem era um merda, mas cercado de poder e dinheiro,
exatamente o que eu queria para o meu futuro.
Deixando o quarto com o celular na mão, fui atender a
ligação na sala.
— Alô.
— Nunca me deixe esperando rapaz. Entendeu? – o senador
reclamou.
— Tenho tentando falar com o senhor desde ontem.
— Estou com uma complicação em casa, aquela piranha da
Karine desapareceu, a essa altura já deve estar morta, agora a
polícia está fuçando aqui.
— O senhor tem algo a ver?
— Claro que não, a garota era a melhor amiga da minha filha,
veio para assistir ao casamento de vocês, que motivo eu teria para
fazer algo contra a garota? – Ele perguntou cinicamente.
—Certo. – respondi entendendo que ele mentia.
— Afinal o que você tem para me contar?
— Sua filha já é casada senador.
— Eu já soube dessa loucura, isso vai atrasar nossos planos.
— Em meses senhor, me informei, a anulação pode levar
meses.
O barulho que ouvi me deu a certeza de que algo foi atirado
contra a parede.
Pouco depois ele voltou a linha.
— Vou resolver isso, vocês se casam imediatamente, eu
garanto.
— Ótimo, eu sabia que o senhor resolveria isso.
— Teremos o casamento, pode ter certeza.
— Certo, Amanda já se conformou que nos casaremos em
poucos dias?
— Não se preocupe com ela, eu volto a te ligar assim que
tiver boas notícias.
Suspirando, eu desliguei o celular e parei em frente a janela,
olhando a noite do lado de fora.
Senti um calafrio percorrer o meu corpo, e vi que começava a
nevar. Lembrei que Mônica me esperava na cama, eu precisava
contar a ela ainda.
— Poucos dias? Quantos exatamente? Dois? Três? - ouvi
sua voz atrás de mim e me virei.
Ela ainda estava nua e tinha lágrimas correndo pelo rosto.
— Calma querida, o senador resolveu adiantar as coisas,
Amanda está grávida...
— É seu? - Ela gritou descontrolada.
— Não, não é. O pai é um cara que ela conheceu em Los
Angeles, mas vou assumir a paternidade, por isso estamos
adiantando o casamento.
— Você não pode.
— Eu preciso querida, já falamos sobre isso.
— Você é meu. - Ela gritou se jogando sobre mim, tentando
me bater.
Com um safanão eu a joguei no chão.
— Pare com isso. - pedi me aproximando.
Ela recuou e me surpreendendo, ela levantou e correu para o
quarto, trancando a porta.
Merda.
Eu nem podia me vestir para ir embora, porque minha roupa
ficou no quarto.
— Mônica, abra. – pedi batendo na porta.
Ouvi que ela resmungava lá dentro.
— Querida, me deixe entrar. – pedi de novo.
A porta foi destrancada e eu suspirei pedindo a Deus um
pouco de autocontrole enquanto girava o trinco.
Entrei no quarto e me deparei com ela vestida com minha
camisa, suas mãos estavam atrás de seu corpo.
— Querida...
— Você não vai se casar com ela. - Mônica falou parada do
outro lado do quarto.
— Mônica, não me faça perder a paciência, me dê minha
camisa, eu preciso ir embora.
— Não vai Samuel, você é meu. - Ela falou finalmente
mostrando o que carregava na mão.
Uma arma estava apontada para mim, só podia ser uma
piada, como ela conseguiu uma arma?
— Onde arrumou isso, querida?
— Eu peguei, eu precisava ficar segura quando fico sozinha
aqui com o nosso bebê.
— Pegou onde, amor?
— No escritório, eu sempre soube onde meu pai a guardava,
minhas irmãs não sabem, mas eu descobri quando o vi guardar e
trancar a gaveta.
Eu tinha que mantê-la falando enquanto me aproximava.
— E você abriu a gaveta como?
— Fácil, eu arrombei. – Ela falou sorrindo triunfante.
— Fico orgulhoso de você meu bem. – falei dando mais um
passo.
— Fique onde está Samuel, você é meu e não vou deixar
você sair daqui.
— Querida, me dê essa arma e vamos conversar, pensei que
você havia entendido o porquê preciso me casar com a filha do
senador.
— Não, não vai Samuel, eu sou sua mulher. – Ela falou
colocando o dedo no gatilho.
— Mônica... - falei levantando as mãos e falando baixo,
tentando acalmá-la.
— Você é meu. - Ela repetiu e puxou o gatilho várias vezes.
Cai no chão sentindo o sangue deixar o meu corpo.
Capítulo 29

David
Dois dias depois
Eu sabia que teria problemas para entrar na mansão, então
entrei em contato com a senhora Lee quando tive informação
suficiente em mãos e a passagem de avião comprada.
Ela garantiu minha entrada na propriedade e me
acompanhou até a biblioteca da casa, onde o senador falava ao
telefone.
— Entre David, tenho certeza de que os próximos minutos
serão interessantes. - Ela falou me dando passagem.
— Obrigado. - falei passando por ela.
Cruzando as mãos, ela resolveu chamar sua atenção.
— John, esse rapaz deseja falar com você. - Ela avisou da
porta e finalmente ganhamos sua atenção.
— O que esse verme está fazendo aqui? - O senador falou
irritado.
— Antes de fazer algo que possa se arrepender, é melhor
ouvi-lo. - Ela avisou.
— Não tenho interesse por nada que ele possa dizer.
Era a primeira vez que eu tinha o desprazer de estar diante
daquele homem e posso dizer que fiquei muito feliz em nunca ter
votado nele.
— Eu discordo senador, nós realmente precisamos
conversar. - falei calmamente.
Olhando-me por alguns segundos, ele finalmente concordou.
— Certo, pelo trabalho que você tem me dado, vou te dar
cinco minutos para me explicar o que faz aqui.
— Não vou precisar de mais do que isso. - concordei.
— Vou deixá-los sozinhos. - A senhora Lee avisou antes de
sair.
— Muito bem, o que deseja? - O senador perguntou depois
que nos vimos a sós.
— Eu quero levar minha mulher embora daqui e poder criar
nosso filho em paz, sem a sua sombra sobre nossas cabeças. -
expliquei.
— Isso é alguma piada? Amanda não vai a lugar nenhum
com você.
— Nunca falei tão sério em toda a minha vida, eu vim pedir
sua bênção para o nosso casamento. - falei sorrindo.
— Casamento que pretendo anular.
— Mas ainda não conseguiu, me informei de que isso requer
tempo, tempo que o senhor não possui.
— Eu vou dar um jeito nisso.
— Certo, eu trouxe uma coisa muito interessante para o
senhor ver, quem sabe isso o leve a mudar de ideia. Na verdade, eu
conto com isso. - falei abrindo a bolsa que trouxe comigo.
Dentro dela eu tinha o arquivo que conseguimos montar nos
últimos dias, eram páginas e mais páginas sobre Joseph Cohen.
Datas, fotos, relatórios sobre viagens, família, descendência,
até a árvore genealógica nós levantamos.
Quando recebi a primeira foto do homem eu me espantei com
a semelhança que Amanda tinha com ele.
— O que é isso? - O senador perguntou curioso.
— É melhor o senhor dar uma olhada. - respondi colocando
sobre sua mesa.
Assim que abriu a grossa pasta, o senador ficou pálido,
Tonny havia descoberto até mesmo o que aconteceu com o homem
ainda na Inglaterra, quando desapareceu deixando a namorada
sozinha.
Ali dizia que ele sofreu um acidente de carro gravíssimo e
muito suspeito, ficou em coma por meses, sua família não sabia do
relacionamento dele com a senhora Lee e o levou para casa no
interior, quando ele acordou não encontrou mais sinal da namorada
e nem do melhor amigo.
Foram anos de reabilitação até ter condições de vir procurá-
los, apenas para desaparecer de vez.
Surpreendi-me com a riqueza de detalhes que Tonny
conseguiu levantar, aquilo acabaria com a carreira do senador em
um estalar de dedos e talvez com o seu casamento também.
— O que isso tem a ver comigo? - Ele perguntou fechando a
pasta.
— O senhor quer realmente fingir que não sabe quem é esse
homem? Eu tenho fotos dele aí mesmo e todo a rastro dele até aqui,
quando desapareceu misteriosamente.
— Olhe aqui seu...
— Pense bem senador, o senhor ainda pode encontrar outra
forma de garantir sua permanência em Washington sem forçar um
casamento que Amanda não deseja.
— Um genro me substituindo é o que preciso.
— Mas se isso vier à tona...
— Não me ameace ou eu mesmo me encarrego de fazer
você desaparecer. - Ele esbravejou batendo na mesa.
— Por favor, tente... na mesma hora as maiores redes de TV
do país receberão esse dossiê, além dos seus opositores.
Ele ficou em silêncio me olhando algum tempo até sermos
interrompidos pela entrada da Amanda.
— David... - Ela falou se atirando em meus braços.
— Calma querida, estou aqui. - falei a abraçando.
— Quem mandou você sair de seu quarto, Amanda? - O
senador perguntou.
— Eu soube que David estava aqui. - Ela respondeu a ele
sem deixar de me olhar.
— Eu pedi para a chamarem quando cheguei. - expliquei.
— Por quê?
— Ela vai comigo quando eu for embora. – esclareci.
— Você é abusado rapaz.
— Não senhor, estou apenas defendendo minha família.
— Amanda, se você sair por aquela porta, esqueça que tem
família e pode ter certeza de que será deserdada. – Ele falou
enérgico.
— Papai, eu não me importo.
— Você diz isso porque não sabe o que é lutar para ter o que
comer todo dia.
Amanda estreitou os olhos, parecendo lembrar-se de algo.
— Karine me disse algo parecido. O senhor tem algo a ver
com o sumiço dela?
O pai a olhou alguns minutos, quando achei que não
responderia mais, ele começou a falar.
— Dane-se. Não, essa morte não vai para a minha conta, sua
amiga errou em escolher o seu carro para sair. As investigações
estão correndo, mas não vão chegar a lugar algum, duvido até que
achem seu corpo, mas Amanda, tenho certeza de que você era o
alvo, por isso eu sempre disse para não sair sem seus seguranças.
— Ainda não sabemos se ela está morta, o que sei é que ela
não era minha amiga.
— É, não sabemos. E você tem razão, ela não era sua
amiga, ela viu que você tinha dinheiro e se aproximou por isso.
— Como a conheceu?
— Depois que você a instalou em seu apartamento eu a
contatei e passei a pagá-la para ficar de olho em você.
— Além dos seguranças?
— Sim, por que não? Ela já estava dentro da sua casa e
colocada lá por você mesma.
Visivelmente chateada, Amanda balançou a cabeça.
— Eu quero saber o que houve com Prudence. – Amanda
continuou a inquirir o pai.
— Você sabe o que aconteceu com aquela égua maldita.
— Sim, eu sei, ela foi vendida, quero saber para quem.
— Como você soube disso?
— Não importa, eu sei a verdade sobre o acidente e acho
que minha promessa não tem mais qualquer valor.
— Sua égua eu não sei que fim levou, faz anos, nem deve
estar mais viva.
Ele olhou a tela de seu celular que acabava de receber uma
mensagem e franziu o cenho.
— Se o senhor concordar, acho que acabamos aqui, não é
senador? – perguntei.
— Sim, com certeza acabamos. – ele confirmou.
— E o Samuel? - Amanda perguntou.
— Eu me resolvo com ele, seu casamento não chegou a ser
anulado, agora saiam daqui, tenho assuntos importantes para tratar.
Segurando a mão da minha mulher, nós deixamos a sala e
encontramos a mãe dela nos esperando do lado de fora.
— O helicóptero está esperando por vocês, ele vai deixá-los
no aeroporto, quero vocês no próximo voo para Los Angeles,
infelizmente não dá tempo de preparar o nosso avião.
— E Robert e Violet? - Amanda perguntou.
— Eles ficarão bem, não se preocupe querida, assim que
puder eles irão te ver. Agora vão.
Deixamos a mansão e corremos para dentro do helicóptero
que nos aguardava.

Senador Johnson
A mensagem era bem clara na tela do meu celular.
"Samuel está morto."
O que diabos tinha acontecido?
Do próprio celular, eu liguei para o investigador de polícia que
fazia parte da minha folha de pagamento.
— O que houve? - perguntei a ele.
— A namorada o matou, ela estava no quarto trancada com
ele morto há alguns dias. - Ele explicou.
— Não consigo falar com ele desde antes de ontem. -
Lembrei.
— Deve ser o tempo que ele está morto, ela descarregou a
arma nele.
— E ninguém ouviu?
— Acho que ninguém se importou em procurar de onde
vieram os tiros, senhor. Isso aqui é uma espelunca, tiros são
comuns nesta região.
— Isso é uma grande merda, e a mulher?
— Foi levada para o departamento de polícia, mas a família
deve livrar a cara dela fácil.
— Por quê?
— Ela está completamente louca, falava o tempo todo com o
bebê que dizia estar se mexendo, só que a mulher não tem uma
barriga sequer.
Suspirei pensando no próximo passo.
— Vou ter que pensar em uma solução, já não bastasse o
sumiço da garota de Los Angeles.
— Sobre isso senhor, acharam um corpo de mulher no rio
Hudson, o legista está examinando e logo saberemos se é a
senhorita Carter.
— Me mantenha informado.
— Sim senhor, eu estou aguardando suas ordens.
Agnes entrou na biblioteca e se sentou na minha frente.
— Tudo bem, eu ligo daqui a pouco, não faça nada por
enquanto. – pedi.
Ela ficou me encarando alguns segundos e comecei a me
incomodar.
— O que quer, Agnes?
— Quero saber o que você vai fazer.
— Depende. Exatamente do que você está falando, o mundo
parece ter enlouquecido a minha volta e tudo está acontecendo ao
mesmo tempo.
— Não me interessa seus problemas políticos John, estou
falando da Amanda.
— Foi você, não foi? – perguntei já sabendo a resposta.
— Eu o quê?
— Que disse àquele merdinha onde procurar.
— Eles precisavam de ajuda, você perdeu totalmente o bom
senso.
— Eu ainda posso ir atrás deles. - Blefei esperando sua
reação.
— E eu posso ligar para o meu administrador.
Finalmente ela deixou claro porque veio a minha procura.
— Nós temos um compromisso assinado. - Lembrei-a.
— Sim, sim, eu sei, queria apenas saber se você também se
lembrava.
— Eu lembro perfeitamente, agora me deixe trabalhar e não
volte a entrar aqui dessa forma.
— Sim senhor, meu marido. - Ela falou com um sorriso
debochado no rosto.
— SAIA. - gritei perdendo a calma.
— Querido, não precisa gritar, não tem ninguém aqui com a
gente para ver seu show. - Ela falou com toda calma e depois saiu.
Inferno, a mulher era uma bruxa fingida que me tinha nas
pontas dos dedos, por causa do seu maldito dinheiro.
Casei pensando ter encontrado a herdeira milionário perfeita.
Agnes tinha sangue nobre europeu e uma fortuna incalculável, o
problema é que nunca pude chegar perto deste dinheiro.
Ela bancava nosso estilo de vida, mas eu tive que me virar
para construir meu próprio patrimônio, que não chegava aos pés do
dela.
Eu podia ser o chefe da casa, mas tinha que engolir sua
fingida submissão que só eu sabia não existir.
Uma batida na porta me tirou dos meus devaneios, me
perguntei o que seria dessa vez?
— Entre.
— Senador, a polícia está aqui, é sobre a senhorita Carter.
— Mande-os entrar Greta.
Aquele dia estava custando muito a terminar, com certeza era
alguma coisa sobre a morte da garota, a putinha sabia foder como
ninguém, pena que não poderia sentir aquela boceta me engolir de
novo.
Capítulo 30

Amanda
Abracei minha mãe apertado, me despedindo dela.
— Tenham cuidado. – Ela falou quando a soltei.
— Nós teremos, não se preocupe. – David prometeu.
De mãos dadas com David, corremos para o helicóptero que
nos esperava já com os motores ligados, eu queria me ver longe dali
o quanto antes, as últimas horas ali foram infernais.
Conforme ganhamos altura, senti os braços de David sobre
os meus ombros e sorri confiante, lá do alto, conforme o helicóptero
subia, eu podia ver a mansão cada vez mais distante.
— Acabou. - sussurrei para mim mesma, pois sabia que não
poderia ser ouvida por causa do barulho do motor.
Senti os lábios de David em minha testa e fechei os olhos,
querendo apenas pensar no nosso futuro.
A troca de aeronave foi rápida, deixamos o aeroporto JFK
para trás em um voo comercial, meia hora depois, e finalmente me
senti livre.
— Dessa vez as coisas serão diferentes, não sei quanto a
você, mas eu quero terminar meu curso de história. - Ouvi alguém
falar atrás de mim.
Espantada, olhei ao redor e dei de cara com Sharon e
Richard sentados bem atrás de nós. Foi ela quem falou em concluir
o curso e descobri que queria o mesmo.
— Você não vai se livrar de nós tão cedo princesa. - Richard
falou sorrindo de lado.
— O que está havendo? - perguntei confusa.
— Acho melhor explicarmos depois quando estivermos a sós.
- Richard falou olhando para o David, que também havia se virado.
— Certo, mas por favor, nunca mais me chamem de princesa.
- pedi sorrindo para eles.
— Sem problemas, senhora. - Ele respondeu sorrindo.
Sentei em minha poltrona e segurei a mão de David, que
olhava para mim.
— Uma nova vida te espera, meu amor. - Ele falou beijando a
palma da minha mão.
— Eu estou contando com isso. - respondi beijando seus
lábios levemente.
Foi servido nosso jantar, e pedindo uma coberta para a
aeromoça, nos acomodamos um nos braços do outro e tentamos
relaxar, tínhamos algumas horas de voo pela frente e todos no avião
se aquietaram também.
Eu não conseguia encontrar uma posição confortável, parecia
fazer séculos que tínhamos estado juntos e meu corpo implorava
por seu toque. Espalmei a mão em seu peito e desci até sua calça,
por debaixo da coberta que estava jogada sobre nosso colo.
— Ei, se comporte, temos amigos por perto. - Ele sussurrou.
Ele tinha razão, era desconfortável saber que havia
conhecidos sentados atrás de nós.
— Droga. - Fazendo uma careta, me sentei direito em minha
poltrona e fiquei olhando pela janela.
Foi quando ouvimos um gemido baixo vindo de trás de nós e
um sorriso nasceu em meus lábios.
Fui para cima dele novamente. Seu pau estava duro e sem
pensar duas vezes eu abri seu zíper.
— Querida... - Ele sussurrou enquanto eu o tocava por baixo
da coberta.
— Eu nunca fiz isso durante um voo. - falei em seu ouvido.
— Eu não...
— Shiiiiu. - falei beijando o canto da sua boca.
Ele levantou um pouco a coberta e ficou olhando minha mão
fechada sobre o seu sexo.
Fazendo exatamente como ele havia me ensinado, senti que
ele ficava cada vez mais duro entre os meus dedos.
— Nós vamos fazer uma bela sujeira aqui. - Ele falou
baixinho me olhando.
— Não vamos não, você vai gozar na minha boca. - sussurrei
em seu ouvido, mordiscando seu pescoço.
Ele tremeu e respirou fundo, trincando os dentes, senti que
ele estava ficando maior e mais duro.
Sorrindo deliciada, me escondi embaixo da coberta,
abocanhando seu membro.
David
Caralho.
Foi a única coisa em que consegui pensar enquanto sua boca
quente se fechava sobre o meu sexo, abocanhando cada
centímetro.
Nem todo o meu autocontrole podia resistir a isso, apertando
os olhos fechados eu deixei vir, sentindo sua língua trabalhar sobre
a cabeça do meu pau.
Porra, eu queria gritar bem alto enquanto era sugado por ela.
Minha esposa, aquela linda princesa agora era minha. Só
minha.
Minha para amar e cuidar o resto da vida.
Exaurido, vi com os olhos semicerrados quando ela se
levantou e foi até o banheiro.
Fiquei olhando sua bunda rebolando pelo corredor e a porra
do meu pau já estava duro de novo.
Olhando ao redor eu constatei que todos dormiam ou fingiam
dormir, rapidamente fui atrás dela, bati levemente na porta e pouco
depois ela abriu, se surpreendendo em me encontrar ali.
— Oh, eu não...
Coloquei os dedos sobre seus lábios e impedi sua saída,
entrando junto com ela no banheiro.
— David, isso aqui é muito pequeno, não dá...
— Dá sim querida, não precisamos de muito espaço.
Puxando seu vestido até a cintura, eu a suspendi no ar e
senti suas pernas se cruzarem sobre o meu quadril.
Desci a mão procurando sua calcinha e surpreso, descobri
que ela não usava.
— Onde está sua calcinha?
— Depois marido, foque no que estava fazendo. - Ela falou
abraçando o meu pescoço.
Seu desejo era uma ordem, encostando-a contra a porta, eu
empurrei meu pau dentro de seu corpo, afundando em sua boceta
molhada.
— Porra. - falei entre dentes, sentindo-a se fechar sobre mim.
Buscando sua boca, eu a beijei enquanto me perdia em seu
corpo.
Meu corpo parecia que ia se partir em mil pedaços, ela gozou
antes de mim e me apertou dentro dela, me tirando o controle mais
uma vez.
Gozei quase junto com ela e ainda trôpegos, nos
recompomos para deixar o banheiro discretamente.
A porta do outro banheiro foi aberta ao mesmo tempo que a
nossa e demos de cara com Sharon e Richard.
Foi difícil conter o riso enquanto voltávamos para nossos
assentos.
Segurei Amanda nos braços e logo ela estava dormindo.
Horas depois
Desembarcamos no aeroporto e nos reunimos no saguão
para esperar nossa carona.
— Agora me digam, o que fazem aqui? – pedi olhando para
os dois.
— Nós saímos da empresa, era impossível continuar lá. -
Richard explicou.
— E sua mãe nos contatou Amanda, oferecendo o serviço
para fazer a sua segurança particular. – Sharon concluiu por ele.
— Eu não preciso mais disso. – Amanda falou sorrindo.
— Precisa sim querida, Karine podia ser uma puta, mas o
que aconteceu pode realmente ter sido um engano, seu pai tem
muitos inimigos e agora com o que aconteceu com o Samuel
também. – Sharon falou levantando os ombros.
— Espere um pouco, como assim? O que aconteceu com o
Samuel? – perguntei surpreso.
— Vocês não souberam? Samuel está morto. – Richard
contou.
— Meu Deus, como isso aconteceu? – Amanda perguntou
visivelmente chocada.
— Aquela namorada maluca dele, que vocês nos falaram,
descarregou a arma nele e ficou dias trancada em um quarto com
ele já morto. – Richard continuou.
— Meu Deus! Ela deve ter chegado ao limite, ela foi presa? E
o bebê? – Amanda perguntou.
— Sem bebê Amanda, ela não está grávida. – Richard
respondeu.
— Estou sem palavras. – Amanda parecia chocada, olhando
para eles.
— Precisamos sair daqui, onde vão ficar? – perguntei.
— Vamos pegar um carro de aluguel e ficar em um hotel por
hoje, depois vamos alugar uma casa perto de vocês. – Richard
respondeu.
— Então vocês estão juntos de verdade? – Amanda
perguntou.
— Sim desta vez sim. - Sharon falou exibindo um sorriso
enorme e Amanda retribuiu.
— Ótimo, fico feliz por vocês, venham para casa com a
gente, tenho um quarto de hóspedes, depois vocês procuram a
casa. – ofereci.
O casal a nossa frente trocou olhares e finalmente Richard
me respondeu.
— Certo, vamos aceitar, obrigado.
— Ei! Aí estão vocês. – O grito de Will podia ser ouvido a
quilômetros de distância.
Com seu sorriso bonachão, meu amigo veio ao nosso
encontro.
Apresentações feitas, deixamos o aeroporto com nossos
seguranças nos seguindo no carro que alugaram.
— Deu tudo certo? - Will perguntou enquanto dirigia.
— Sim, tudo resolvido, onde está a Michelle? – perguntei.
— Em casa com as garotas, eu volto mais tarde com ela,
nem preciso dizer que ela está louca pra rever a sua garota.
Amanda estava distraída sentada no banco de trás olhando o
trânsito.
— Venham sim, quero que ela se sinta bem recebida em
nossa casa.
Will parou o carro na entrada da minha garagem e desceu
para ajudar com a bagagem, quando acabávamos de colocar as
malas na varanda, Sharon e Richard se juntaram a nós.
Sorrindo, destranquei a porta e surpreendi a Amanda,
pegando-a no colo.
— Ei. - Ela gritou se agarrando ao meu pescoço enquanto ria.
Abri a porta querendo entrar em casa com minha esposa no
colo, feliz por finalmente estar em casa.
— SURPRESAAAA!
E toda a minha família estava lá dentro, nos esperando com
uma festa de boas-vindas.
Eles realmente me surpreenderam dessa vez, Tonny estava
ao lado de dona Nina e deu de ombros quando olhei para ele.
Minha mãe saiu do seu lado e veio até nós, de braços
abertos.
— Davi Francesco Albertoni, como você pôde esconder isso
de mim? Seu filho desnaturado. – Ela reclamou me abraçando
assim que coloquei a Amanda no chão, no minuto seguinte eu fui
abandonado e Amanda estava presa em seus grandes e carinhosos
braços.
— Eu não acredito que mio menino criou juízo e olha que
lindeza que ele encontrou. - Dona Nina falava e chorava ao mesmo
tempo.
— Mama... - Tentei chamar sua atenção.
— Venha cá, Vicenzo, olhe nossa nora, não é uma beleza? –
Minha mãe chamou meu pai que abria uma garrafa de vinho perto
da mesa farta que montaram para nós.
— Mama... - chamei de novo.
— Eu não acredito que esse mal-agradecido escondeu você
de nós, sua família.
— Mama, por Dio. - Finalmente consegui tirar Amanda de
seus braços.
— O que foi?
— O que está acontecendo? Como souberam que eu estava
chegando? Por acaso o Tonny falou demais?
— Sua tia Gina ouviu seu primo falando com você no
telefone, como você puderam esconder isso de nós?
— Eu precisava resolver isso sozinho.
— Mas contou para o seu primo.
— Mama, acabou, OK? Tonny me ajudou e está tudo
resolvido.
— Mas...
— Nina querida, o menino resolveu seu problema sem
precisar de toda a família envolvida, que bom, lembre-se que ele
sempre disse que queria distância de nossos negócios. - Meu pai
falou calmamente, exibindo a garrafa aberta.
Grande, era tudo o que eu precisava, ter que dar um monte
de explicações sobre os negócios escusos da família.
Negócios que preferi manter distância.
Olhei para ela e vi o quanto ela estava pálida.
— O que foi querida?
— Banheiro. - Ela sussurrou com a mão sobre a boca e saiu
correndo em direção ao lavabo.
— O que está fazendo aqui rapaz? Vá atrás da sua mulher. –
Meu pai chamou a minha atenção.
Corri atrás dela até o lavabo e percebi todo mundo me
olhando enquanto eu fechava a porta.
Amanda molhava o rosto, inclinada na pia.
— Você está bem?
— Sim, desculpe, foi o cheiro da comida, vá falar com eles,
eu já saio.
— Tem certeza?
— Sim, querido, pode ir.
Deixei o banheiro e percebi que todos estavam à vontade,
comendo e conversando.
— OK, chega, mama. - pedi chamando atenção deles.
Finalmente vi onde estavam Sharon e Richard, eles estavam
encostados contra a porta, rindo da minha situação.
— O que está havendo com ela? – Minha mãe perguntou.
— Amanda é minha esposa e em breve lhe daremos um
neto. - Resumi já cansado da bagunça.
Dramática como toda mãe italiana, dona Nina desabou no
chão e nosso tranquilo retorno ao lar virou um completo caos.
Deixei minha mãe no sofá e fui acudir minha menina que saia
do lavabo.
— Você está bem? - perguntei ansioso.
— Sim, estou bem.
— Venha, melhor eu te apresentar direito, vamos aproveitar
que está quase todo mundo aqui.
Segurando sua mão, voltei para o meio da sala, onde passei
a mão ao redor de sua cintura.
— Mama, você está melhor? Quero apresentar a Amanda a
todos. - perguntei a ela que estava sentada no sofá agora.
— Fale logo rapaz. - Meu pai pediu, segurando a mão de
dona Nina.
— Amanda foi minha aluna, nos apaixonamos e o pai a
obrigou a voltar para casa, para um casamento arranjado.
Como eu esperava, todos se manifestaram e minha mãe
gritou pedindo silêncio.
— Amanda é filha do senador Johnson, fui a Nova York atrás
dela e lá descobrimos sua gravidez, me desculpe mãe, na emoção
do momento nós nos casamos, mas prometo fazer uma cerimônia
religiosa aqui com todos vocês.
— Sua irmã vai ficar louca, o casamento dela é em uma
semana, como você aparece aqui casado?
— Eu prometo não tirar o seu brilho Tella, vamos esperar a
hora certa e nos casamos, pode ser até depois que nosso bebê
nascer. - falei sorrindo para a minha linda irmã.
— Não senhor, meu neto tem que nascer de pais casados
diante de Dios e não em um parque qualquer.
— Tudo dará certo e mama, o Central Park está longe de ser
um parque qualquer, agora que tal irmos embora? Davi e sua
esposa precisam descansar e seus amigos estão nos olhando como
se fôssemos uma troupe de circo. – Papa falou calmamente.
Beijando sua mão.
Minha mãe só então deu atenção a Sharon e Richard que
apresentei como sendo amigos que estavam se mudando para Los
Angeles também. Como Will já era conhecido da família há anos,
abraçou minha mãe, tirando-a do chão.
Entre risos e brincadeiras, eu consegui colocar todos para
fora, prometendo um almoço no restaurante da família no dia
seguinte.
Capítulo 31

Amanda
Eles eram fantásticos, passado o susto, a família do David foi
uma grande surpresa e nem estou me referindo a surpresa que
fizeram nos dando boas-vindas.
Era tanta gente para conhecer que foi impossível gravar os
nomes, fora claro dos pais dele, da irmã e do nosso anjo salvador o
Tonny, os dois irmãos dele estavam fora da cidade.
— Prometam que irão almoçar em casa amanhã e vou deixar
que descansem. - A mãe dele pediu e foi impossível dizer não.
Dona Nina parecia ser a mãe que todo mundo gostaria de ter.
— Nós vamos. - falei antes que David respondesse, eu
precisava de todo aquele calor humano que eles exalavam.
— Certo, então nós vamos indo, coma alguma coisa menina,
você é muito magrinha, lembre-se que tem um bebê aí dentro agora.
- Ela falou me abraçando mais uma vez.
— Pode deixar. - Garanti sem consegui deixar de sorrir.
— E você menino, juízo, hein. Deixe sua mulher descansar
da viagem, um banho gelado vai te fazer muito bem.
— Mamaaaa... - David gemeu, ficando vermelho como nunca
vi antes.
— Vamos mulher, você deixou o menino mais vermelho do
que tomate, hora de ir embora. - O senhor Vicenzo, pai do David
falou carregando a mulher pela mão para fora de casa.
Depois que todos se foram, eu tive forças apenas para me
jogar no sofá.
— Enfim sós. - falei sorrindo para ele que estava de pé ao
meu lado.
— Ei, ainda estamos aqui, mas se vocês nos mostrarem
nosso quarto, sumimos na mesma hora. - Richard falou com um
prato de comida na mão.
— Richard. - Sharon chamou sua atenção, mas pegou um
garfo e provou a massa que ele comia. — Isso é uma delícia. - Ela
falou cobrindo a boca cheia com a mão.
Comecei a rir enquanto David respondia.
— Segunda porta a esquerda, seguindo o corredor. - David
explicou e os dois sumiram, levando o prato, uma garrafa de vinho e
duas taças.
Olhei para a mesa, ainda havia muita comida ali.
— O que vamos fazer com tudo isso?
— Provavelmente congelar, mas por hora vai ficar tudo onde
está.
— Precisamos cobrir pelos menos.
— Isso é fácil. - Ele falou apanhando uma toalha de mesa em
uma gaveta e colocando por cima de tudo.
— Espertinho. - brinquei enquanto era levantada no colo.
— Agora vou te levar para a nossa cama. - Ele avisou me
carregando através do corredor por onde os dois haviam
desaparecidos há pouco.
Fui deitada na cama e depois de trancar a porta, ele sentou
ao meu lado.
— Deseja alguma coisa minha esposa?
Ele estava tão lindo, tão atencioso e parecia tão apaixonado.
— Davi Francesco Albertoni? - perguntei lembrando do que a
mãe dele falou.
A verdade era que ainda não tínhamos nossa certidão, e eu
não prestei atenção no nome dele completo em nosso casamento.
Ele gemeu, se deitando ao meu lado.
— É isso, meu registro de nascimento é David, mas minha
mãe não acerta falar de jeito nenhum, então ela me chama de Davi.
— E o Francesco?
— Era o nome do meu avô, OK? Agora pare de me torturar,
senhora Albertoni. - Ele respondeu sorrindo e se deitando sobre
mim, enquanto cobria minha boca com a dele.
Senti que derretia contra o colchão, seus lábios deslizavam
sobre os meus, acordando o meu corpo.
— Dave? - chamei empurrando o seu peito levemente.
— Hum? Algum problema, querida?
— Última pergunta. - Prometi sorrindo.
— Certo. Fale.
— Qual é exatamente o ramo de negócios da sua família?
Com um suspiro, ele girou o corpo e voltou a ficar deitado ao
meu lado.
— Meus pais tem um restaurante aqui, na verdade tem até
algumas franquias.
— Mas...
— A família na Itália tem alguns negócios que não concordo e
por isso fico longe.
— Oh, e você precisou deles para me livrar do meu pai, não
é?
— Nos livrar do seu pai. - Ele me corrigiu.
— Isso te deixou em dívida com eles ou comprometeu de
alguma forma?
— Não, o Tonny me garantiu que não, espero que seja
verdade.
— Certo.
— Mais alguma pergunta?
— Não, nenhuma.
— Ótimo. - Novamente ele estava sobre mim e suas mãos
ágeis abriam os botões do meu vestido enquanto sua boca cobria a
minha.
Afastando um lado do vestido, sua boca desceu sobre meu
seio nu e cada dia mais sensível.
— Dave! - gemi seu nome sentido sua língua brincar com
meu seio.
Levantando a cabeça, seus olhos prenderam os meus
enquanto eu assistia sua língua deslizar sobre o mamilo.
Sua mão desceu até minha cintura e ele pareceu lembrar que
eu estava sem calcinha desde nossa aventura no banheiro do avião.
— Aposto que está pronta para mim. - Dave sussurrou
escorregando a boca para baixo.
— Não, espere, eu preciso de um banho.
— É mesmo? Por quê?
— Você gozou dentro de mim.
— É mesmo? Gozei onde?
Sua boca agora beijava meu monte e eu apertei as pernas
fechadas.
— Dave...
— Abra as pernas querida, me deixe ver essa boceta rosa
deliciosa.
Merda, meu corpo tremeu só de ouvi-lo falando daquele
modo.
— Dave...
Retorci-me embaixo dele e pulei da cama com as pernas
bambas.
— Ei! - Ele reclamou enquanto eu abria a primeira porta que
encontrei.
Era o closet.
— Tente a próxima querida. - Ouvi ele brincar ainda na cama.
Abri a porta ao lado e dessa vez era o banheiro.
Entrei fechando a porta e só então lembrei que estava
praticamente nua, definitivamente eu estava mudando.
Abandonando o vestido no chão, entrei embaixo do chuveiro
disposta a um banho rápido, afinal meu marido me aguardava na
cama.
Não ouvi quando ele entrou no banheiro, fui surpreendida
quando a porta do box foi aberta e David entrou sorrindo.
— Achou mesmo que eu ficaria te esperando lá fora? - Ele
perguntou me puxando para os seus braços.
A ducha de água morna caia sobre nossas cabeças enquanto
sua boca devorava a minha.
Em minutos eu tinha minhas pernas enroscadas em volta do
seu quadril e ele estava dentro de mim mais uma vez.
— Melhor lugar para se estar no mundo. - Ele murmurou
contra o meu pescoço antes de me dar uma leve mordida, fazendo o
meu corpo tremer inteiro.
Minha mão estava escorregando sobre sua pele molhada e
me vi cruzando os braços em seu pescoço, para conseguir me
segurar no lugar.
— Seja rápido querido, ou vamos parar no chão. - avisei
olhando em seu rosto.
O cabelo molhado caía em cachos por sua testa e seus olhos
pareciam duas contas escuras.
— Se segure meu bem. - Ele avisou me prendendo contra a
parede e empurrando seu sexo dentro de mim cada vez mais
rápido.
O céu parecia estar ao meu alcance e só existia nós dois no
mundo.
Explodi em um gozo onde gritava seu nome e pouco depois
fui seguida por ele.
Sem sequer nos enxugarmos, voltamos para a cama e
caímos dormindo.

Acordei com leves batidas na porta do quarto, colocando um


vestido, me deparei com o Richard parado do outro lado.
— Algum problema?
— O David está acordado?
— Estou. - Ouvi a voz rouca atrás de mim.
— Talvez vocês queiram ver isso. - Ele falou apontando para
a sala.
Eu o segui e David apareceu logo depois, Sharon olhava
vidrada para a televisão.
Nela, meu pai aparecia em uma coletiva se imprensa.
"Eu estou consternado com os últimos acontecimentos,
nossa família lamenta muito o acontecido, Samuel era um grande
homem e tinha um futuro brilhante na política, infelizmente
interrompido de forma tão brutal".
Ele parou para ouvir a pergunta que um outro jornalista fazia
e então voltou a falar.
"Não, minha filha não pôde vir a esta coletiva por estar muito
abalada, ela pretende inclusive voltar à Europa de onde veio apenas
para se casar."
— Por que ele continua mentindo sobre isso? – falei comigo
mesma.
— Bem, mantendo a versão de que você está na Europa ele
acaba te ajudando. – Richard respondeu.
— Me ajudando?
— Já pensou na imprensa te caçando aqui em Los Angeles?
— Deus me livre.
Faziam mais uma pergunta a ele e voltamos a prestar
atenção.
“Sim, a moça era amiga pessoal de minha filha, infelizmente
ela estava no lugar errado, na hora errada, sua família terá toda a
assistência neste momento de dor.”
Pouco depois a coletiva foi encerrada e desligamos a TV.
— Eu perdi alguma coisa? – perguntei sem entender sua
última resposta a imprensa.
— Acharam o corpo da Karine. – Richard contou.
— Meu Deus! – exclamei me sentando no sofá.
— Só ficamos sabendo agora também, seu pai providenciou
que o corpo fosse levado para Nevada, para que a mãe dela
pudesse enterrar a filha.
— Sabem quem foi? – perguntei.
— Não. A polícia está às cegas, mas... – Richard parou de
falar no meio da frase.
— Mas?
— Seu pai é o principal suspeito, mas não existe prova
alguma ainda. – Sharon explicou.
— Eu já imaginava, ela tentou chantageá-lo, acho que devo
procurar a polícia.
— Não Amanda, não queremos o seu pai no nosso pé, já foi
difícil nos livrarmos dele. – David falou preocupado.
— Mas ele vai sair livre. – Lembrei.
— Vamos aguardar, se nada surgir daremos um jeito dessa
informação chegar até a polícia, OK? Mas sem você se expor. –
Sharon sugeriu.
— Isso tudo é um pouco assustador.
— Nós estamos aqui com você querida, nada vai te
acontecer. – David falou me abraçando e beijando minha cabeça.
— Sim Amanda, não se preocupe com nada. – Sharon falou
sorrindo para mim.
Eu me sentia segura com eles por perto, mas e Robert?
— Preciso falar com o meu primo e Violet. – avisei me
levantando.
— Ligue para eles, eu vou ver se consigo acomodar toda
essa comida no freezer. – David avisou indo em direção a mesa.
— Eu andei tentando ajeitar as coisas, mas tem comida para
um mês aí. – Sharon comentou.
— Essa torta está fantástica. – Richard falou pegando um
pedaço da torta em um prato.
— Você vai explodir. - Sharon o advertiu.
— Juro que vou correr logo cedo. – Richard falou rindo.
— Sharon, você falou sério quando disse que quer terminar o
curso? – perguntei.
— Falei sim, e você? Pretende terminar também?
— Sim, eu quero. - respondi sorrindo.
— Querida, e o Robert? – David me lembrou.
— Droga, me distrai. - falei me levantando do sofá e olhando
em volta.
— Onde estão nossas bagagens?
— Deixei do lado da porta do quarto, você passou por elas
para vir para cá. – Richard avisou.
— Obrigado, nem percebi. - falei deixando a sala e indo em
busca da minha bolsa onde estava o celular.
Descobri que ele estava descarregado e conectei-o a uma
tomada dentro do quarto, o telefonema teria que esperar um pouco.
Voltei à sala e fui pega de surpresa com o tema da conversa
que os três mantinham.
— É claro que vou restaurar o nosso cadastro, segunda-feira
tudo estará normal quando formos na reitoria. – Sharon falava baixo.
— Do que vocês estão falando? – perguntei.
— Cacete, que susto. - Sharon falou colocando a mão no
peito.
— O que aconteceu com nossos dados?
David, que estava de pé ao lado da mesa fechando uma
vasilha para guardar olhou para Sharon.
— Vai contar ou eu conto?
Sharon suspirou antes de falar.
— Eu recebi ordens de sumir com nossas matrículas e todos
os nossos dados do sistema da Universidade.
— Mas então como vamos concluir o curso? - perguntei.
— Eu não fiz, eu tenho tudo salvo comigo, apenas apaguei
do sistema deles.
— Como fez isso Sharon? - David perguntou.
— Eu invadi o sistema. - Ela respondeu dando de ombros.
— Essa mulher é uma hacker, foi assim que foi parar na
empresa, mas acabou se apaixonando pelo trabalho de campo e
deixou de lado esse serviço. – Richard explicou orgulhoso.
— Mas eles ainda usavam meus conhecimentos quando
necessário. – Ela concluiu sem jeito.
— Prometa que não vai fazer mais isso Sharon, não
queremos chamar a atenção de forma errada. - Pedi sentando ao
seu lado.
— Farei apenas para reestabelecer nossas notas, prometo.
— E que meu primo nunca saiba disso. - David falou com um
meio sorriso.
— Falando em primo, vou ligar para o meu. Querido, não
congele tudo, estou ficando com fome. – Amanda avisou.
— Então diga o que quer antes que o Richard coma tudo.
— Ei, estou te ajudando aqui. - Richard reclamou.
— A ideia é guardar, não comer tudo de uma vez. – falei
rindo.
— Vá falar com seu primo que eu fico de olho nos dois. -
Sharon falou piscando para mim.
Sorrindo, voltei ao quarto, louca para saber notícias de
Robert e Violet.
Ele atendeu no segundo toque, já reclamando porque não dei
notícias.
— Eu estou bem, estava cansada e cai dormindo quando
cheguei aqui. - expliquei parando perto da janela e olhando a rua.
— Sei, conhecendo vocês dois, aposto que estão parecendo
dois coelhos transando pela casa inteira.
— Ei, me respeite seu besta, a família dele estava toda aqui
nos esperando com uma festa de boas-vindas, levamos horas até
ficarmos a sós, quer dizer, mais ou menos a sós, Sharon e Richard
vieram conosco.
— Por quê?
— Minha mãe achou melhor manter dois seguranças
conosco, ainda mais com o que houve com a Karine.
— Ela está certa, meu bem, você soube da bomba?
— Sobre o Samuel e a Mônica?
— Isso.
— Infelizmente era uma tragédia anunciada, como ela está?
— Internada em uma clínica, Violet foi vê-la, ela diz que está
esperando por ele, para se casarem.
— Fico triste com isso.
— Nós também, prima.
— Eu quero que vocês venham até aqui, assim que puderem.
— Nós vamos, pode apostar, te amo prima, se cuida e seja
feliz, OK?
— Eu também te amo bobão, mande um beijo para a Violet e
venham me ver.
— Nós vamos, tchau.
Depois que desliguei, voltei para a sala e encontrei os três
ainda brigando com o freezer para guardar tanta comida.
Capítulo 32

Amanda
Dias depois
Minha mãe ligou no dia anterior avisando que viria nos visitar,
as coisas já estavam calmas em Nova York e ela já poderia se
ausentar.
Acordei ansiosa, esperando sua chegada e quando a
campainha tocou pensei ser ela, em seguida lembrei que ainda era
muito cedo e minha mãe avisou que chegaria só a tarde.
David ainda estava no banho enquanto eu preparava o café
da manhã, então secando as mãos fui atender a porta.
Sharon e Richard conseguiram uma casa bem em frente a
nossa e pensei ser um deles que batia em nossa porta tão cedo.
Para minha surpresa era minha cunhada que chorando
procurava pelo irmão.
— O que houve Tella? - perguntei preocupada.
— Meu irmão, onde ele está? - Ela perguntou entre soluços.
— Tomando banho, ele já vem, posso te ajudar?
Foi a palavra mágica, ela se jogou nos meus braços,
chorando mais ainda.
David apareceu nesse momento e veio em meu socorro, ele
já havia me avisado sobre os rompantes dramáticos da irmã, mas
eu realmente estava preocupada com ela.
— Sente aqui querida, o que está havendo? - David falou
levando-a até o sofá e tentando acalmá-la.
— Eu não vou mais me casar... - Mais choro, novamente
tivemos que acalmá-la para entender o que estava acontecendo.
— Querida, conte o que aconteceu, só assim podemos te
ajudar. - David pediu calmamente.
Ela parou subitamente de chorar e me olhou.
— Desculpe, eu vim atrapalhar a felicidade de vocês. - Ela
falou se levantando.
— Tella...
Torcendo as mãos uma na outra ela voltou a falar me
olhando.
— Estou acostumada a correr para o meu irmão sempre que
tenho problemas...
— E espero que isso não mude, eu não estou aqui para
separar vocês. - Garanti me levantando e segurando sua mão.
— Eu..., desculpe, acho que fiquei com ciúme.
— Não fique, eu gostaria que fossemos como irmãs, OK?
— Tudo bem. - Ela respondeu com um pequeno sorriso.
— Agora me diga, o que está acontecendo? - David
perguntou.
— Ângelo não me ouviu, eu disse que não queria despedida
de solteiro e descobri que fizeram uma ontem, já avisei que não tem
mais casamento. - Ela falou voltando a chorar.
O barulho da freada na rua chamou nossa atenção e pouco
depois as batidas fortes em nossa porta ecoaram pela casa.
— Tella. - Era o noivo batendo na porta.
Olhamos para ela que estava parada olhando para a porta.
— Tella, abra essa porta, eu sei que está aí, não saio daqui
sem conversar com você.
— É melhor abrir. - David falou andando até a porta.
— Não. - Ela gritou e colocou a mão sobre a boca.
— Eu ouvi você, abra essa porta Donatella, agora mesmo,
senão eu volto para a Itália e você nunca mais vai me ver.
— Vá, pode ir, e leve as strippers de ontem a noite.
— Você está louca? Não tinha mulher nenhuma, eu nem
sabia o que estavam planejando.
— A Giordana me contou tudo. - Tella gritou de volta.
Ele não respondeu, ao contrário, ficou tudo em silêncio do
outro lado da porta, me aproximei da janela e vi ele sentado contra a
porta, mas adiante, Richard e Sharon olhavam alertas.
Calmamente Ângelo acendeu um cigarro e relaxou.
— Querida, você esqueceu que a Giordana foi minha
namorada e não se conforma com o nosso casamento? Como
poderia ter mulher no clube de pôquer, você sabe que seu tio não
tem nem garçonetes lá.
— Você jura? - Ela perguntou se aproximando da porta.
— Eu juro amor, você é a única mulher para mim.
Na mesma hora ela abriu a porta e se jogou sobre ele.
Sorrindo, caminhei até meu marido e fui abraçada por ele.
— Bem-vinda a família. - Ele sussurrou no meu ouvido.
De repente Donatella se afastou e arregalou os olhos, como
se lembrasse de algo.
— O que foi querida? - Ângelo perguntou.
— O vestido. - Ela respondeu.
— O vestido chega amanhã, lembra? Você pediu um novo
ajuste, você mesma me contou. - Ângelo a lembrou.
Mas ela balançava a cabeça negando e em um salto, correu
até o próprio carro e abriu a porta malas, puxando o vestido todo
rasgado.
Olhei em choque, eram rendas, seda, tule, tecidos e mais
tecidos caindo pelo chão, ela picotou o seu lindo vestido de noiva e
chorava agora agarrada ao monte de pano.
— Droga. - Ângelo resmungou indo até ela e a pegando no
colo.
— Se acalme querida, eu caso com você até mesmo se
estiver nua. - Ele falou olhando em seus olhos.
— Mas meu vestido... - Ela choramingou.
— Se acalme, vamos até a minha casa conversar, você
precisa se acalmar, OK? – Tella concordou com a cabeça e levando-
a até seu carro, Ângelo foi embora cantando pneu.
Eu ainda estava em choque, Sharon apanhou o vestido
rasgado do chão enquanto Richard fechava o carro.
— Professor, isso foi um furacão? - Sharon perguntou.
— Não, apenas minha irmã. - David respondeu.
— Por isso os piores furacões têm nome de mulher. - Richard
falou parando ao nosso lado.
— Ela acabou com o vestido. - Sharon falou me entregando o
amontoado de pano branco.
David suspirou, olhando o tecido em meus braços.
— O casamento é amanhã. - Ele falou passando a mão pelo
rosto.
— Então sua irmã precisa de um milagre. - Richard falou
ainda olhando para o que foi um vestido de noiva.
— Ou uma fada madrinha. - Completei começando a ter uma
ideia, quem sabe eu pudesse resolver o problema.
Eu precisava dar alguns telefonemas.

David
Horas mais tarde
Minha sogra chegou no fim do dia, e pediu que nos
sentássemos com ela para conversar.
Puxando uma pasta de sua bolsa, ela entregou para nós.
— O que é isso? - Amanda perguntou a mãe.
— Querida, tem algumas coisas sobre nossa família que você
não sabe.
Vi Amanda ficar preocupada e pegando a pasta de sua mão,
comecei a olhá-la, me espantando com o que via.
— O dinheiro... – ela começou a dizer.
— Papai me deserdou, eu sei.
— Aí é que está querida, seu pai pode até ter te deserdado,
mas apenas do dinheiro dele, que por sinal é ínfima perto da minha
parte.
— Não entendi.
— Toda a fortuna com a qual vivemos é da minha família, eu
herdei tudo e John nunca pôde chegar perto dela, uma firma de
advocacia na Inglaterra administra tudo e vivemos dos rendimentos
deste patrimônio.
— Eu... eu não sei o que dizer. - Amanda respondeu
chocada.
— Estes papéis que eu trouxe, eles são para que saibam o
que tem caso alguma coisa me aconteça.
— Senhora Lee, com todo o respeito...
— Calma rapaz, não me venha com o velho discurso de que
pode sustentar sua família, eu sei que pode, não preciso dizer que
você foi investigado até suas origens.
Arregalei os olhos, surpreso e preocupado com o que ela
encontrou.
— Sei que está fora dos negócios, não se preocupe, o que
me trouxe aqui realmente foi deixá-los cientes do que tem, David,
esse dinheiro é da Amanda, é direito dela, você acha justo negar
isso a ela?
— Eu não quero mais viver daquela forma, mamãe. - Amanda
falou sério, olhando para ela.
— Eu sei querida, e entendo só de sentir o aconchego da
casa de vocês, mas esse dinheiro estará em um banco, no seu
nome, caso vocês precisem, entendeu? É seu por direito.
Amanda concordou com a cabeça.
— David, eu não trocaria essa praia linda por nada, mas se
ainda estiver interessado, Princeton está esperando sua resposta. -
Ela avisou me deixando chocado.
Princeton foi um sonho, mas agora a minha vida estava
totalmente estruturada e Amanda era o meu sonho.
— Eu agradeço, mas acho que estou bem aqui.
— Achei que diria isso rapaz.
— Mamãe, e como ficou tudo por lá?
— O senador está sendo investigado pela morte daquela
garota, a polícia recebeu um envelope com um monte de informação
que apontaram diretamente para ele.
— E ele?
— Diz que não tem com que se preocupar, deve ter alguma
carta na manga, aquela raposa velha, mas o melhor eu não contei
ainda.
— O quê? – perguntei curiosa.
Um grande sorriso apareceu em seu rosto e vi minha mãe rir
divertida.
— O senador tem um novo herdeiro político, um filho
bastardo que surgiu do nada, acredite ou não, o senador Johnson
encontrou o filho perdido.
— Como assim? Eu tenho um irmão?
Na mesma hora a senhora Lee me olhou, e entendi que ela
achou que eu tinha contado a verdade a Amanda.
Neguei com a cabeça e me preparei para a próxima
revelação.
— Querida... – comecei.
— Deixe que eu conto, David. - A mãe de Amanda pediu,
sentando no sofá conosco.
— Se quiserem ficar sozinhas. – Ofereci.
— Fique David, você pode ouvir o que tenho a contar. – Ela
falou.
— Certo.
— Querida, eu conheci seu pai ainda na Inglaterra, eu, ele e
Johnson éramos inseparáveis.
— Espere, você quer dizer...
— Johnson não é seu pai, querida, Joseph Cohen era o meu
namorado e ele é o seu pai verdadeiro.
Rezei mentalmente para que ela parasse antes da parte
sobre o assassinato do homem.
— O que houve, onde ele está?
— Joseph desapareceu pouco antes de que eu descobrisse
que estava grávida, eu tentei encontrá-lo, mas não consegui, minha
família era muito influente e seria um escândalo se eu aparecesse
grávida, foi quando John se ofereceu para assumir a sua
paternidade.
— Então vocês vivem um casamento de aparências.
— Nós tentamos no começo, mas desistimos com o tempo,
quando herdei a fortuna da família e ele descobriu que não teria
acesso a este dinheiro as coisas ficaram piores.
Amanda ficou em silêncio alguns minutos e eu segurei sua
mão entre as minhas.
— Mamãe, a história sobre ele ser estéril?
— É verdade.
— Mas e esse filho que apareceu agora?
— Seu pai ficou doente aos dezenove anos, esse filho é de
uma namorada que ele teve na adolescência, ela nunca procurou
por ele. Uma neta que foi a sua procura em Washington, querendo
saber a verdade.
— Eu... eu não sei o que dizer.
— Diga que entende e me perdoa, é tudo o que preciso ouvir
de você.
— Eu não tenho o que perdoar, você fez o melhor que pôde,
eu só não entendo porque vive de forma tão submissa.
— Nós fizemos um acordo, eu me sentia grata a ele por ter
dado um sobrenome a você e evitado tanta dor, então concordei
com seus jogos políticos, são poucas as pessoas que sabem de
onde vem o dinheiro, filha. Foi seu desespero que me acordou e me
fez reagir.
— Você teve problemas por causa disso?
— Nada que uma boa conversa não resolvesse, não se
preocupe com isso.
— Entendo. Mamãe, você nunca mais soube sobre Joseph?
— Seu marido descobriu recentemente que ele esteve em
Nova York a nossa procura e então sumiu novamente, dessa vez
sem deixar pistas, acredito que tenha morrido a essa altura.
— E agora?
— Agora eu pretendo comprar uma casa aqui na Califórnia,
para quando quiser ficar com vocês. - Ela respondeu sorrindo.
— A senhora será sempre bem-vinda aqui, minha sogra.
— Obrigada meu querido e por favor, me chame de Agnes. -
Ela pediu me abraçando.
— Agora me diga, trouxe o que pedi? - Amanda perguntou a
mãe.
— Claro que sim, tudo como pediu, se quiser podemos ir
buscar agora mesmo no carro. - Ela respondeu com um largo
sorriso.
Capítulo 33

Amanda
— Uhhhhh... - gemi me desligando do mundo.
Ouvi David se movendo na cama e respirei fundo tentando
recuperar o fôlego.
Meu corpo estava suado e trêmulo, David não estava me
dando uma trégua.
— Ei, volte aqui. - Sua voz rouca soou no quarto.
— Espere... eu...
Eu estava de bruços, atravessada na cama, com a cabeça
pendurada para fora do colchão e meu cabelo caindo sobre meu
rosto.
— Volte aqui, ainda não terminei com você...
— Eu vou... eu só...
Droga, eu não conseguia nem montar uma frase.
— Aqui, eu te ajudo. - David falou me colocando de volta ao
seu lado.
— Eu só preciso respirar. - avisei descansando a cabeça em
seu braço.
Sua mão tocou o meu pescoço e senti seus lábios sobre os
meus, distribuindo leves beijos.
— Você é maravilhosa e hoje foi simplesmente fantástica,
sabia? E só me fez te amar ainda mais.
Sorri relembrando nosso dia.
Algumas horas antes
Tudo estava perfeito.
A igreja, a decoração, os padrinhos.
A família maluca e maravilhosa do meu marido ocupava toda
a igreja e ele estava lá dentro, a minha espera.
O meu vestido de noiva era realmente deslumbrante e caiu
como uma luva no corpo de Donatella.
Pedi a minha mãe que o trouxesse com ela e fomos juntas
levá-lo até a casa dos pais do David.
Eu não havia falado nada sobre minha ideia, estávamos
correndo contra o relógio e eu não sabia se o vestido chegaria a
tempo.
Quando entramos na casa dos pais de David, Donatella
estava provando o vestido de noiva da sua mãe e seu olhar de
desespero me disse que fiz a coisa certa, eu a salvei de entrar na
igreja usando o vestido de noiva com que sua mãe se casou
décadas atrás, e antes disso, sua avó usou primeiro.
Olhei mais uma vez para a igreja lindamente decorada e senti
que não queria nada daquilo para mim, na verdade eu estava
cogitando um casamento em uma certa praia deserta que conheci.
Olhei mais uma vez para minha cunhada, seu enorme sorriso
era contagiante.
— Eu vou entrar Tella, seu irmão está me esperando, sorria e
brilhe, esse é o seu momento. - falei tentando acalmá-la.
— Eu nunca serei capaz de agradecer o suficiente o que fez
por mim, Amanda. - Ela respondeu emocionada.
— Seja feliz, apenas isso.
Apertando suas mãos frias entre as minhas, eu sorri para ela
e entrei na igreja, indo me juntar ao meu marido.
Os primeiros acordes de Ave Maria começaram a tocar e as
portas da igreja se abriram.
Donatella e o senhor Vicenzo entraram na catedral e minha
sogra começou a fungar ao meu lado.
— Se acalme mamãe. - David pediu falando baixo.
— Eu estou calma. - Dona Nina garantiu.
O padre era conhecido da família de uma vida inteira e o
casamento se estendeu mais do que o normal, mas foi lindo, pois, a
familiaridade tornou a cerimônia especial.
— Quando será o nosso? - David perguntou quando
deixamos a igreja.
— Quando você quiser. - respondi entrando no carro
enquanto ele assumia o volante.
— Por mim poderia ter sido hoje.
— Hoje era o dia da sua irmã brilhar.
— Falando nisso, você foi maravilhosa dando o seu vestido
para ela.
— Eu não preciso de nada disso, nosso casamento foi
perfeito.
— Minha mãe não vai nos deixar em paz enquanto um padre
não nos casar, você sabe disso.
— Eu sei, vamos bolar algo nosso, pensei talvez em fazer a
cerimônia na praia.
— Perfeito. - Ele respondeu estacionando o carro.
O local da festa não era muito longe e nos encontramos com
Sharon, Richard, Will e Michelle quando chegamos.
A família já havia se acostumado com a presença constante
dos nossos seguranças e os receberam como amigos.
Sentamos juntos na mesma mesa durante o jantar, algumas
crianças corriam entre as mesas e de repente pararam ao nosso
lado.
— Primo Davi, é verdade que você vai ter um bebê? - uma
das meninas perguntou.
— É sim, olhem minha barriga. - David falou estufando a
barriga e provocando mais risos.
— Nãoooo, eu sei que o bebê está dentro dela, mas cadê
ele? - Um menino falou, apontando para mim.
Sorrindo, coloquei a mão sobre minha barriga ainda
inexistente.
— Está muito cedo para aparecer, vocês terão que esperar
algumas semanas para começar a aparecer minha barriga. -
expliquei.
— Ah, você vai deixar a gente vê? - Outra criança perguntou.
— Vou sim, eu prometo. - respondi sorrindo.
— Você já sabe se é menino ou menina? - O mais velho entre
eles perguntou.
— Também ainda está cedo.
— Você conta pra gente quando descobrir? - Uma menina
perguntou.
— Conto sim.
— Crianças, agora chega, todos para o salão ao lado. - Uma
das tias do David chamou por eles, os levando para a tal sala onde
eles tinham sua própria festa.
Se despedindo de nós eles saíram correndo.
— Já pensou uns quatro desses correndo pela casa? - David
perguntou sorrindo.
— Oi? - perguntei espantada.
— Calma querida, estou brincando. - Ele falou beijando
minha testa.
— Ainda bem. - Sorri de volta.
A festa estava linda, mas eu começava a me sentir cansada,
notando isso, David deu um jeito para sairmos sem chamarmos a
atenção.
Quando chegamos em casa ele me arrastou para a cama e
mostrou o quanto estava agradecido pelo que fiz com sua irmã.
Até aquele momento.
Recebi um novo beijo de tirar o fôlego e em seguida ele se
afastou com um sorriso nos lábios.
— Agora vire de costas e relaxe. - Ele falou me virando de
bruços novamente.
Seus lábios deslizaram por minhas costas, me causando
arrepios.
— Dave... - murmurei fechando os olhos.
— Aproveite a viagem, anjo, hoje eu vou comer essa bunda
gostosa.
— Oh, espere. - falei abrindo os olhos imediatamente.
— Relaxe, eu vou te levar para outro mundo docinho. - Ele
respondeu afastando minhas pernas e tocando minha boceta com
os dedos. — Molhada e pronta para mim, adoro isso.
— Dave...
— Relaxe amor, espere um minuto. - Ele falou deixando a
cama e voltando em seguida.
— O que...
Ele levantou meu quadril, colocando um travesseiro embaixo,
meu corpo ainda estava mole, mas eu começava a me sentir
ansiosa.
— Relaxe e abra mais as pernas, querida. - Ele pediu
parando atrás de mim e fechando os olhos esperei seu próximo
movimento.
Eu esperava o toque de suas mãos, mas foi sua boca que se
fechou sobre mim, enquanto sua língua invadia minha boceta.
— Ohhhh... - Um gemido alto escapou dos meus lábios.
Fechei os dedos sobre o lençol, apertando o tecido, meu
corpo não me pertencia mais.
Sem perceber, firmei os joelhos na cama, empinando mais a
bunda em sua direção.
Ele se afastou e um tapa estralou em minha pele, me fazendo
arregalar os olhos.
— Não resisti, você tem uma bunda fabulosa. - Ele falou
segurando nela com as duas mãos e afastando as duas bandas.
Ouvi ele arfar atrás de mim.
— Agora meu anjo, eu quero provar esse delicioso botão
rosa.
Senti algo líquido e frio sobre minha pele e segurei o ar.
— Eu não vou te machucar, querida. Você confia em mim? -
Ele avisou me acariciando.
— Sim. - respondi fechando os olhos novamente.
— Bom.
Senti seu pau roçar minhas carnes molhadas e ele deslizou
em minha boceta, preenchendo meu corpo mais uma vez.
— Ohhhhh. - gemi sem ar, me sentindo tomada.
— Relaxe. - Ele falou se movendo devagar e um dedo
escorregou dentro de mim.
— Dave...
— Calma querida, eu estou preparando você.
Ardia, era incômodo... porra, estava doendo, mas ele se
movia dentro de mim, entrando e saindo e meu corpo excitado
começou a responder, relaxando, se preparando para outro
orgasmo.
Ele forçou mais um dedo e estremeci, perdendo as forças das
pernas.
— Este botãozinho rosa está quase pronto pra mim, meu
amor.
— Acabe logo com isso... - deixei escapar, meu corpo
começava a procurar por satisfação.
Ouvi seu riso e senti seus lábios sobre minhas costas.
O suor cobria meu corpo novamente.
— Se toque anjo, como te ensinei. - Ele pediu e escorreguei
minha mão sobre o meu corpo, procurando meu clitóris já tão
sensível.
No primeiro toque eu perdi o ar e senti que seu pau deixava
meu corpo, trêmula e sem deixar de dedilhar o ponto tão sensível,
senti o líquido cair de novo sobre minha bunda e então seu pau
estava forçando a entrada, empurrando, me invadindo.
— Porra! - David gritou, enquanto empurrava dentro de mim.
O orgasmo sacudiu meu corpo, me levando a relaxar e me
abrir mais para ele, senti suas coxas baterem nas minhas, e seu
corpo se moldou ao meu, me abraçando.
— Isso é o paraíso. - Ele sussurrou contra minhas costas.
— Acho que não vou aguentar outro orgasmo. - avisei com a
voz abafada contra o travesseiro.
— Quero você comigo, é o último da noite querida, prometo.
Ficando de joelhos, ele deslizou para fora e empurrou de
novo. Meu corpo esgotado voltou a estremecer, enquanto seus
movimentos cadenciados ficavam mais rápidos.
— Ohhhhhhh...
Fechei as pernas apertadas e ele urrou enquanto afundava
mais uma vez.
— Porra... - Ele falou entre dentes e sua mão encontrou
novamente meu clitóris, provocando-o.
Um orgasmo alucinante rasgou meu corpo e senti que ele
gozava também, mas apaguei em seguida.
Acordei em seus braços, seu coração batia alucinado contra
o meu ouvido e eu me abracei a ele.
— Você me assustou. - Ele falou contra minha cabeça.
Eu devo ter apagado por segundos, mas ele notou.
— Eu estou bem, isso foi intenso demais, estou esgotada. –
sussurrei.
— Vou preparar um banho e te colocar para dormir.
— Não, você vai me abraçar e ficar quieto no seu lugar, gosto
de sentir seu cheiro no meu corpo.
— Anjo, tudo aqui cheira a sexo. - Ele falou sorrindo.
— E qual o problema? É o nosso quarto e foi um sexo
espetacular, agora me faça dormir marido, por favor.
— Com todo o prazer, meu amor.
Aninhei-me sobre ele e fechei os olhos, relaxando.
— Mas aviso que teremos mais sessões como esta. - Ele
falou baixinho.
— Com todo prazer.
— O prazer foi meu, querida, acredite, só você me faz gozar
deste jeito, sinto que fui drenado.
Sorri do exagero dele.
O silêncio se instalou no quarto e fechei os olhos, pensando
que ele havia dormido, achei que dormiria em seguida também.
Mas não dormi e os acontecimentos do último mês me
atingiram como um tiro.
Tantas coisas aconteceram, tantas coisas mudaram, nem o
homem que achei ser meu pai era o meu pai de verdade, e o
homem que pensei nunca ter uma chance, era agora meu marido, e
tínhamos um bebê a caminho.
— Você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. -
Ele falou de repente.
— Pensei que tivesse dormido. - falei olhando para ele.
— Não, estou pensando nas últimas semanas.
— Foram loucas. - comentei.
— Muito. Querida, agora que vocês se acertaram com a
Universidade e você vai concluir o curso, o que pensa em fazer?
Nunca pensei sobre isso.
— Eu não sei ao certo, não achei que teria a chance de
trabalhar na área, mas sou apaixonada por museus, fiquei alucinada
quando conheci o Exposition Park, passei o dia visitando os
museus.
— De qual gostou mais?
— Do Museu de História Natural. - respondi percebendo que
me empolgava conforme ia falando.
— E se você tentasse uma vaga lá?
— Vou pensar sobre isso. - respondi bocejando.
— Tem uma coisa que está me incomodando e quase me fez
aceitar a vaga de Princeton. - Ele falou parecendo preocupado.
— O quê?
— Querida, preciso que você confie em mim quanto as
alunas, eu juro que nunca mais tocarei em nenhuma outra mulher,
ninguém me interessa a não ser você.
— Eu confio querido e qualquer coisa, sua irmã vai acionar a
família para dar um jeito em você.
A gargalhada explodiu no quarto e ele me beijou mais uma
vez.
— Eu amo você, minha princesa.
— Eu também amo você, meu doce professor. - respondi
beijando sua boca.
Epílogo

Amanda
Oito meses depois
— Vamos, empurre. - A voz da médica me pedia.
Porra, eu estava empurrando, e muito, mas parecia que o
meu bebê resolveu não sair.
Exausta, encostei no travesseiro de novo o olhei para a mão
do David roxa entre os meus dedos.
— Desculpa. - sussurrei soltando.
Eu estava suada, descabelada, vermelha e já havia falado
tanto palavrão que não sei como ele continuava ali.
Eu o culpava também, dizendo que toda a dor pela qual eu
estava passando era culpa dele.
E o xinguei por isso. Várias vezes.
Respirei fundo sentindo uma nova contração vindo.
— Vamos querida, vamos tirar esse bebê daí e acabar com
seu sofrimento. - A médica falou de novo e tive vontade de mandá-la
puxar meu bebê, já que ela falava como se fosse fácil.
— Você vai conseguir, amor. - David falou beijando minha
testa e eu o ignorei.
Doze horas de trabalho de parto e o máximo que ele tinha,
eram alguns dedos luxados, então era melhor ignorá-lo a voltar a
xingar.
— É muito tarde para anestesia? - perguntei segurando a
manga do uniforme de uma enfermeira.
— Sua dilatação está completa querida, a bolsa já estourou,
seu bebê vai nascer a qualquer momento.
Eu ouvi muito isso nas últimas horas.
E estava com vontade de morder alguém.
A dor veio pior desta vez e acho que quase quebrei a mão do
David.
— Força querida, vamos. – ouvi alguém dizer.
— Ohhhhh. - gemi prendendo a respiração e sentindo a dor
rasgar o meu corpo.
— Está coroando, estamos quase lá, Amanda.
— Esqueça os quatro filhos, David. - Rosnei fazendo força
como mandavam.
De repente eu senti meu bebê escorregar para fora de mim,
levando embora a dor junto com ele.
A enfermeira o embrulhou em um lençol.
— Olhe papai... - Ela mostrou nosso bebê a ele e se afastou.
Não sabia se seria menino ou menina, preferimos a surpresa.
Olhei para o David e percebi que meu marido chorava.
— É uma menina querida, nós temos uma princesa.
Sorri para ele, ganhando um beijo nos lábios.
A enfermeira voltou e me entregou o pequeno embrulho.
Minha menina me olhou com olhos atentos e começou a
chorar.
— Vamos colocar essa boneca para mamar logo mãe, tem
uma verdadeira multidão aí fora querendo invadir o quarto. - A
enfermeira avisou.
— Droga, esqueci deles. - David resmungou.
— Vá falar com eles querido, acho que você vai ter que
organizar as coisas lá fora. - falei ensaiando um sorriso.
— Pode ir papai, vou ajeitar suas meninas para receberem as
visitas.
Minha mãe havia cumprido o que disse e tinha comprado
uma casa na cidade, e quando entrei no último mês de gestação
veio ficar perto de nós, trazendo Robert e Violet com ela, dizendo
que eles precisavam de férias e naquele momento eles estavam na
recepção do hospital, cercados pela louca e maravilhosa família
Albertoni e todas as suas ramificações.
Eu ouvi o burburinho enquanto David tentava falar com eles e
também as demonstrações de alegria, por nossa menina ter nascido
saudável.
Pouco depois, David estava de volta com minha mãe e os
pais dele, para conhecerem a neta.
Nina já entrou chorando e minha mãe perdeu a pose e
começou a chorar assim que nos viu.
— Ela é tão linda filha. - Minha mãe falou contendo o choro.
— É uma beleza mesmo, parece um anjinho. – seu Vincenzo
falou.
— E o nome, já escolheram? – Nina perguntou.
— Sim, vovós e vovôs, conheçam nossa pequena Mia. -
David anunciou orgulhoso e em seguida, toda a família invadiu o
quarto.

FIM
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