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Copyright © 2021 Jhey Lee

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, o armazenamento ou a


transmissão total ou parcial, sob qualquer forma. Todos os personagens desta
obra são fictícios. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos é
mera coincidência.

PRODUÇÃO EDITORIAL
Revisão e Copidesque: Gramaticalizando – Assessoria Literária
Leitura Crítica: Alice Martins
Designer de Capa: Vitória Ferreira
Diagramação: Alice Martins
Esta novela é dedicada a todos os leitores que, com a mente aberta,
estão se permitindo mergulhar no universo hot da literatura nacional.
A vocês, leitores, todo o meu carinho, respeito, admiração e amor.
Façam uma ótima leitura!
SINOPSE
Após descobrir uma traição do namorado, Ayla vai ter sua vida virada
de cabeça para baixo ao receber uma proposta de Javier.
Javier García é um CEO disposto a fazer de Ayla Sumihara sua sugar
baby.
O único pedido dele era para ela não se apaixonar.
Só que Ayla não conseguiu resistir ao caliente Javier.
E o que era para ser apenas uma troca de favores, ganhará proporções
capazes de incendiar qualquer contrato estabelecido entre a sugar baby e o
seu sugar love.
Será que o romance entre eles poderá dar certo?

PROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS.


CONTÉM LINGUAGEM OBSCENA E CENAS DE SEXO.
“A vida cobra por nossas ações, sejam boas ou más.”
Severo – Sinéia Rangel
“Talvez não seja o amor que tu esperava, talvez não seja o amor que
tu queira e talvez não seja nem um décimo do amor que tu merece, mas esse
amor é tudo o que tenho”.
Galego – Sinéia Rangel
CAPÍTULO 1
Ayla
Sexo oral!
É isso que meu namorado está recebendo quando eu abro a porta
daquela que seria a nossa futura casa.
Fecho a porta sem pronunciar uma palavra, não darei esse gosto a ele,
no entanto, Zion vem atrás de mim, me pedindo desculpas e implorando para
que eu o perdoe pelo erro. Como eu grito um sonoro NÃO em um acesso de
raiva, ele me acusa de ser a culpada pela traição dele. Posso com uma coisa
dessas?!
— Você só pode estar de brincadeira, não é?! Você é o traidor aqui!
— afirmo com o dedo em riste na cara dele. Safado!
— Mas você é quem me induziu a fazer isso com você, Ayla! — Zion
me acusa.
— Eu? Mesmo? Em que momento eu o incentivei a socar o pau na
boca de outra?!
— Desde o momento que você não sabe fazer um bom sexo oral! —
ele dispara.
— É o quê, Zion?!
— O que você ouviu. Você não sabe chupar um pau direito. E eu
tinha muita vontade de...
— Ei! Eu não vou ficar aqui ouvindo você me acusar e me contar seus
desejos sexuais!
— Foi com outra porque você não fez direito!
— E sabe por que não fiz direito? Porque eu era virgem, Zion! Não
tinha experiência nenhuma! O pouco que sei aprendi com você. E se não sei
chupar um pau direito é porque tive um péssimo professor, um que nunca
soube chupar uma boceta! Por isso não aprendi! — o acuso, o deixando
vermelho, não sei se de raiva ou de constrangimento. Pode ser de ambos
também.
— Agora a culpa é minha?! Bem, Maria não reclamou!
— Ela se contenta com pouco! — digo, o deixando sem palavras. —
De qualquer forma, você não é mais o meu namorado!
— Ayla! Volta aqui! Vamos conversar! Ayla!
Caminho para longe dele, quase sem forças para segurar as lágrimas,
mas não quero e não vou chorar na frente de Zion. Não quero encher ainda
mais o ego dele. Cretino!
— Ayla! — Ele segura o meu braço. Sinto que irei desabar a qualquer
momento.
Só quero chegar ao ponto de ônibus, mas Zion me impede de fazê-lo.
— AAAAHHH!!! Socorro! Ele quer me beijar à força! Socorro!
Três homens que estão no ponto de ônibus olham com ira para Zion e
em seguida vão na direção dele, que não tem outra saída a não ser correr dos
homens que certamente quebrarão alguns ossos dele se o pegarem. Eu rio.
Por dentro, claro. Uma pequena vingancinha para descontar toda a raiva e
humilhação que sinto.
Dentro de alguns minutos os homens retornam e comentam que não
alcançaram Zion. É claro que não. Eu sabia que não conseguiriam, visto que
Zion pratica corrida há anos. Mas só pela vergonha e pelo susto que ele
passou, valeu a pena. Agradeço aos homens que me ajudaram e eles dizem
que só entrarão no ônibus deles quando eu entrar no meu. Acho fofo da parte
deles, mais ainda nos dias de hoje, pois são raros os homens que se importam
de verdade com uma mulher, principalmente se tratando de uma
desconhecida. Agradeço-os outra vez assim que meu ônibus estaciona, só
então os vejo se afastarem do ponto onde estávamos e seguirem para o ponto
ao lado.
Com a minha cabeça pousada na janela do ônibus, flashes invadem
minha mente.
A primeira vez que nos vimos ainda éramos crianças. Ele sempre foi
protetor, fofo, sorridente...
Ele foi o meu primeiro amor. O meu primeiro beijo. Ele me beijava
com tanto carinho, amor e cuidado. Eu me sentia feliz e completa ao lado
dele. E pensava que ele sentia o mesmo em relação a mim.
Pensar em Zion é sentir a leveza de um sonho bom que vivi com ele
se transformar em um pesadelo doloroso... Eu achava que éramos diferentes
de todos os casais, porque éramos verdadeiros um com o outro, porque
tínhamos a mesma realidade de vida, os mesmos sonhos, mas ele mostrou
que não era nada do que eu pensava. Alimentei uma vida de sonhos ao lado
dele, e Zion foi indiferente a mim e aos meus sentimentos, ou jamais teria me
traído.
Já ouvi falar que faz parte do instinto do homem, que eles são
diferentes nesse sentido de nós, mulheres. Eu discordo. Nós, mulheres,
também temos sensações, desejos e necessidades, e nem por isso saímos
traindo nossos companheiros.
É tão estranho e desolador pensar que conhecemos as pessoas, porque
passamos boa parte da vida ao lado delas, e, de repente, perceber que não as
conhecemos de verdade. Podemos passar uma vida toda ao lado de uma
pessoa, e mesmo assim corremos os riscos de nunca as conhecer de verdade.
Zion é o exemplo mais doloroso disso.
Despertei do meu leve sonho para a cruel e pesada realidade. Eu não
tenho ninguém. A vida não é um sonho.
Envio uma mensagem para Kyara, que é a minha única e melhor
amiga.
Eu: Agora somos só eu e você, Ky.
Ky: Como assim? O que aconteceu?
Eu: Flagrei uma garota chupando o pau do Zion na casa que estávamos
arrumando para morarmos juntos, amiga! Dá para acreditar?!
Ky: Não. Não dá para acreditar. Mas, acredito! Que vaca! E como ele foi
capaz?! Vou quebrar a cara dele quando o vir!
Eu: Não. Não. Eu nunca briguei por homem nenhum, não será agora que
vou começar.
Ky: Ayla... Você nunca teve homem nenhum além do Zion.
Eu: Mesmo assim... Não vou brigar por ele.
Ky: Ayla...
Eu: Não, Kyara! Por favor. Já estou sofrendo muito com a humilhação que
ele me fez passar, não quero que ele ainda pense que estou sofrendo por ele.
Porque é isso que ele vai pensar. E sim, estou sofrendo por ele, mas não
quero que ele saiba.
Ky: Está bem, amiga. Só não farei nada porque está me pedindo e porque
isso poderá deixá-la pior. Mas eu realmente queria.
Eu: Eu sei, amiga. Eu também queria, pode apostar.
Ky: Vamos tomar um café juntas?
Eu: Encontro você naquele café que amamos.
Ky: Combinado!
CAPÍTULO 2
Ayla
— Ky... — a chamo, já me levantando da cadeira e indo para os
braços dela, que me recebem abertos.
— Chora, minha amiga, chora tudo o que tiver que chorar para aliviar
o que está sentindo por dentro — Kyara sussurra, enquanto eu desabo em
lágrimas, protegida pelo abraço dela.
— Eu sei que deveria saber que talvez não fosse para sempre... mas
está doendo... Eu... Ele foi...
— Sim, eu sei... Ele foi seu primeiro amor e primeiro em tudo...
— Por que dói tanto, amiga?
— Eu... eu não sei... A única coisa que sei, é que vai passar. Eu
prometo. Confia em mim?
— Confio... — afirmo entre os soluços.
Sei que devo estar pagando o maior mico, e o fato se confirma quando
vejo que várias pessoas nos observam, mesmo que discretamente, mas
observam.
— Venha. — Kyara percebe meu desconforto. — Vamos nos sentar e
pedir um cappuccino para nós. — Ela segura a minha mão e me conduz à
mesa que eu estava.
Olho para o cardápio, porém não sinto vontade alguma de comer.
Estou com um nó na garganta, e acho que nem mesmo o café irá ajudar a
passar.
— Amiga. — Ela estende a mão sobre a mesa para alcançar a minha.
— Sei que talvez isso não ajude, mas nenhum homem presta. Eles são todos
uns cretinos! Se eles não aprontam no início do relacionamento, eles
aprontam durante. É isso.
— É por isso que você se preserva tanto? Não se envolve a sério com
ninguém?
— De certa forma, sim. Eu pego, me deixo ser pegada, mas não me
apego. Coração é uma coisa que quando quebra é difícil juntar os caquinhos,
e mesmo que eles sejam grudados, nunca mais será o mesmo.
— E se a cola for boa?
— Bem, se a cola for muito boa, ajuda muito. Mas, amiga... — Ela
segura minha mão entre seus dedos. — Não foca na cola não. Foca em ficar
bem consigo mesma. Sempre consigo mesma em primeiro lugar.
— Está tudo tão cinza... — Começo a chorar outra vez.
Ky sai de seu lugar e senta-se ao meu lado, dessa forma pode me
envolver outra vez em seus braços.
— O final de um relacionamento sempre é difícil, sempre torna tudo
cinza, mas você é capaz de trazer para a sua vida todas as cores outra vez. É
claro que vai sofrer no começo, você não é de ferro, ninguém é, na verdade.
O que não pode fazer é sofrer para sempre, é excluir ou ignorar
oportunidades que possam surgir em sua vida, porque está “enlutada” pelo
fim do seu relacionamento. Precisa dar-se a chance de recomeçar e construir
um arco-íris com as cores que voltarão para a sua vida.
— Sei que só quer me animar, mas... Eu não quero recomeçar com
ninguém.
— Ayla, amiga, entenda uma coisa de uma vez por todas: você não
precisa de um homem para recomeçar nada. Você, sozinha, é autossuficiente.
Eu não estou dizendo que não deve se relacionar com ninguém, estou dizendo
que não pode depositar toda a sua existência em alguém.
— Você está certa. O pior de tudo é que você está certa.
— Ei! Que papo é esse de “pior”?! — Kyara finge estar ofendida.
Nós duas rimos, eu em meio às lágrimas.
— Eu te ajudo a juntar todos os caquinhos do seu coração, amiga, um
por um.
— Obrigada, Ky. Eu amo você.
— Eu também amo você.
Um garçom se aproxima de nossa mesa para anotar os pedidos, e
pedimos o nosso cappuccino. Enquanto aguardamos, tentamos mudar o foco
da conversa, mas meus pensamentos se voltam para Zion.
— Estou tentando, Ky, mas está difícil. Meus pensamentos se negam
a esquecê-lo. As lembranças dos momentos que tivemos e nunca mais
teremos me rasga o peito. O meu coração me faz lembrar da traição a cada
batida, e dói como uma facada. E eu... eu só quero chorar...
— Vem cá...
Sinto-me uma tola. Uma idiota. Mas dói. Dói muito. Zion e eu
tínhamos tantos planos, sonhos, e em nossas conversas sempre fomos muito
honestos um com o outro. Ao menos eu sentia isso. Agora só posso falar por
mim. Eu era honesta em tudo o que compartilhava com ele. E era fiel. Mas
ele... Arrisco a pensar que talvez nunca o tenha conhecido de verdade.
— Eu devo ter deixado faltar algo a ele... Quer dizer, eu devo ter
falhado com ele como mulher.
— Para. Para com isso. A falha não é sua. A falha é dele. Do caráter
dele.
— Ky, talvez eu não fosse tão boa quanto eu pensava, daí ele sentiu
vontade...
— Nada justifica! Nós também sentimos vontades, pensamos coisas e
queremos coisas. Nós também temos necessidades e instintos, inclusive uns
que nos molham entre as pernas, e nem por isso saímos dando para todos os
caras. Nós também temos tesão!
— Ky, as pessoas estão observando... — sussurro, observando as
pessoas ao redor, sem saber onde enfiar a minha cara.
— Qual é?! Ninguém aqui transa? — ela indaga em alto e bom som,
olhando para as pessoas que nos encaram. — Nunca sentiu umedecer entre
suas pernas, vovó? — ela pergunta, olhando na direção de uma senhora.
— Kyla! — ralho entredentes.
— Ah, minha filha, faz é anos que não sinto nada entre as minhas
pernas... Então se você tiver a chance de deixá-la sempre molhada e na ativa,
faça! — a senhora responde, após ela e o marido virem da direção do caixa.
— Lourdes! — o velhinho fala em tom de advertência. — Vamos
embora daqui! Que vergonha! — Ele a conduz com cuidado.
— Deveria sentir vergonha dessa minhoca mole que tem no meio das
pernas. Nem guindaste!
— Lourdes!
Kyara e eu caímos na risada, enquanto o casal segue para fora do
estabelecimento, discutindo a relação sexual inexistente entre eles.
Nosso cappuccino chega, e pasmem, o garçom traz nossas bebidas e
me entrega uma rosa. Uma rosa!
— O que significa isso? — pergunto a ele.
— Um cavalheiro pediu para entregar para a senhorita. E me pediu
para que falasse que é um gesto singelo para alegrar seu coração, que está
triste porque algum imbecil o partiu, e trazer cor para seu dia cinzento.
— Rá! Gostei desse cavalheiro! — Kyara sorri, como se ela mesma
tivesse recebido a rosa.
— Só um momento... — O garçom faz um sinal para que esperemos
por algo e se afasta, no entanto, rapidamente retorna com uma bandeja com
alguns petiscos, biscoitos e docinhos que nunca vi na minha vida, mas que
parecem deliciosos!
— Deixa eu adivinhar. Foi o cavalheiro que enviou para ela? —
Dessa vez é Kyara quem pergunta para o garçom.
— Sim, senhorita. Ele enviou para as duas. E o bilhete é para a
senhorita — o garçom entrega-o para mim e se afasta. Sinto a respiração de
Kyara próxima a mim, e sei que ela está lendo o bilhete junto comigo,
espiando sobre os meus ombros.
“Dizem que não há nada melhor para espantar a tristeza do que
comida. Especialmente doces. Permita-me ajudá-la a espantar a sua.”
— Quem escreveu esse bilhete está certíssimo! — assegura Kyara. —
Ah, meu Deus! Brigadeiro de panela! Esse cara é o cara!
— Kyara, nem sabemos quem foi!
— Quem liga?! Ele nos enviou comida!
Reviro os olhos, mas rio com a minha amiga mesmo assim.
— Quem será que enviou isso tudo? — indago mais para mim
mesma, pois Kyara está atacando os doces sem cerimônia alguma.
— Prova esses doces, amiga! Depois nos preocupamos com o que
quer que seja.
Levo um dos doces à boca, e é realmente uma delícia! O cavalheiro
misterioso está certo: “não há nada melhor para espantar a tristeza do que
comida. Especialmente doces”.
Kyara e eu experimentamos tudo o que nos é possível, e quando dou
por mim, estou rindo com minha amiga maluca, que não para de elogiar o tal
cavalheiro desconhecido.
— Você não está curiosa para saber quem é ele? — pergunto a ela.
— Ele quem?
— O cavalheiro desconhecido.
— Ah, ele vai aparecer!
— E como sabe?
— Ele não faria toda essa exibição se não fosse para se revelar para
você.
— E por que ele não apareceu ainda?
— Ele deve estar nos observando de longe, esperando o momento
exato para se aproximar.
— E como você sabe que ele está nos observando de longe?
— Porque aqui dentro, definitivamente, ele não está. Olha para os
lados, Ayla. Só tem velho aqui! Acho que nenhum desses velhos está com
cara de estar te paquerando.
Olho ao nosso redor e Ky está certa. Só tem velho aqui, e estão todos
acompanhados. Mas em uma mesa ao lado da nossa, tem alguém lendo um
jornal, que está na altura da sua face, o que me impede de ver seu rosto.
Estranho... Eu não vi essa pessoa chegar... Deve ter chegado em um dos meus
momentos de crise de choro, por isso não prestei atenção ao que acontecia ao
meu redor.
— E a pessoa que está com o jornal escondendo o rosto? É um
homem, dá para perceber pelas mãos.
— Outro velho!
— Como sabe que é um velho se nem viu o rosto dele?
— Porque só os velhos ainda leem jornais. Os rapazes da nossa
geração nem sequer sabem ler.
Nós duas caímos na risada. Tenho certeza de que ninguém no mundo
conseguiria me fazer sorrir da mesma forma que ela faz.
Sinto-me melhor em relação ao estado deplorável que cheguei aqui,
mas Ky é minha amiga da vida toda, eu sei que ela consegue ver até o que
tento esconder. Ela detecta no fundo do meu ser a tristeza que ainda habita
em mim. Claro que a tristeza está aqui dentro como minha fiel companheira,
eu acabei de perder o amor da minha vida.
— Quando será que vou cair na real e deixar de ser tão sonhadora? —
indago a mim mesma, olhando para o nada. — Mesmo que eu estude, e por
um acaso do destino seja aprovada no vestibular, o que vou fazer, Kyara?
Não tenho condições de pagar uma universidade, considerando que na
pública já fui reprovada. Eu não tenho nem um emprego que me pague o
bastante para isso! O pouco dinheiro que consegui juntar, apliquei na casa
dos meus sonhos, com o Zion... — As lágrimas ameaçam cair. Era assim que
Zion e eu nos referíamos à casa que estávamos construindo juntos.
— Amiga... Zion é um grande cretino, e ele vai se arrepender
profundamente quando se der conta da preciosidade de mulher que ele
perdeu.
— Ai, amiga, não sei o que faria sem você!
— Não faria nada, porque sou tudo em sua vida. — Ela beija a minha
mão e me faz rir com ela, em meio a uma lágrima que cai.
Olhamo-nos por alguns segundos e é incrível a sintonia que temos
uma com a outra. Através de um olhar, de um gesto, sabemos o que a outra
está pensando ou sentindo.
— Pode ter certeza, amiga, as coisas não ficarão assim para Zion, do
jeito que ele está pensando.
— Como assim? O que pensa em fazer, Ky?
— Eu? Nada. A vida se encarregará dele. Já ouviu o ditado: “aqui se
faz, aqui se paga”? É isso.
— Você está certa. Não que eu deseje o mal para ele. É claro que
estou magoada, ferida, mas não desejo o mal dele, pois sei que ele também já
passou por muita coisa e...
— E mesmo assim não tem justificativa a falta de caráter dele. Porque
traição é isso, falta de caráter!
— Eu não estou justificando a traição dele, só não quero...
— Eu sei, entendi. Você não deseja o mal para ele. E isso é só mais
uma prova do quanto ele vai se arrepender por tê-la perdido, Ayla. Você tem
o coração puro, é uma pessoa do tipo rara, que mesmo ferida não quer o mal
de ninguém e que sempre vê o lado bom das pessoas. E se elas não o tiverem,
você é capaz de inventar...
Nós duas rimos, ambas com lágrimas nos olhos. A vida já nos fez
amadurecer de diversas formas, das mais dolorosas até as mais incríveis. E
foi nos momentos de lutas travadas dentro de nós mesmas que descobrimos o
quanto somos fortes. O quanto somos únicas na vida uma da outra.
— Ky...
— Sim.
— Com tudo o que aconteceu, eu... eu vou ter que continuar morando
na sua casa, mas posso encontrar outro lugar e...
— Amiga, ouça — ela me interrompe. — Nossa casa. A casa é nossa.
E você pode ficar o tempo que quiser. Você não está desamparada. Tem a
mim. Sempre vai ter.
— Ah, Ky. Você também tem a mim.
A emoção está exposta em nossos olhos. Ky e eu somos grudadas
desde crianças, da mesma forma que erámos com Zion. E sempre
prometemos cuidar uma da outra.
— Agora vamos focar em outras coisas. Em seus estudos, por
exemplo. O primeiro passo para realizar é sonhar. Você está no caminho
certo. Dentro de você e através do seu olhar, sei que já está sonhando e
planejando o que fará, e como fará. Nós daremos um jeito. — Ela aperta
meus dedos entre os dela. — Como sempre demos. — Trocamos um sorriso
de cumplicidade. — O segundo passo é... Vou falar com a minha chefe e
verificar se consigo um emprego que pague melhor do que seu atual
emprego, para que possa estudar e pagar por seus estudos.
— Ah, Kyara, você não existe! Obrigada, amiga, por sempre estar ao
meu lado.
— É para isso que servem os amigos. — Sorrimos, ainda com os
olhos brilhando devido às lágrimas, que descem tímidas.
— Com licença, garotas.
Nós até tentamos não ficar com a boca aberta, babando no deus grego
em forma de homem que surge em nossa frente, mas é impossível. E mesmo
que não queiramos, nossas bocas continuam abertas. O deus grego em
questão tem os olhos mais azuis que já vi em toda a minha vida. A barba por
fazer lhe atribui um ar sério e muito atraente. Parte dos cabelos castanhos
caem em seus olhos. E o que deve ser o peitoral desse homem sem camisa?
Ele leva a mão aos cabelos, para tirá-los dos olhos, e faz uma bagunça sexy
nos fios. O que é esse sorriso se formando nos lábios dele?
— Garotas? Está tudo bem?
— Tuuudo ótimo! — afirma Kyara, o olhando de cima a baixo.
O rapaz sorri. É engraçado como Kyara provoca essa reação nas
pessoas, mesmo nas desconhecidas.
— Desculpe-me, meninas, eu não quero ser indelicado, mas ouvi a
conversa de vocês e gostaria...
— Eu também gostaria... — Kyara diz, ainda babando no moço.
— Kyara! — a repreendo. — Continue, moço, e apenas ignore esse
ser ao meu lado, que se apossou do corpo da minha amiga.
— Na verdade, quero que outra pessoa se aposse do meu corpo.
Ulalah! — Kyara se abana com as mãos.
— Kyara! — Sou obrigada a tapar a boca da minha amiga para que
não saia mais besteiras dela!
O rapaz esconde um sorriso, certamente para não ser indelicado, e
prossegue:
— Eu quero propor algo.
Os meus olhos ficam arregalados na hora. Quando olho para Kyara,
ela está igual a mim.
— Calma, moças, não é nada inadequado, indecoroso ou obsceno.
Vocês têm a minha palavra. E palavra de homem não faz curva. Será que
posso me sentar para conversarmos?
— Claro — concorda Kyara, se livrando da minha mão, e o rapaz se
senta.
— Kyara... — resmungo, dando uma cotovelada nela.
— Amiga, não acho que o cavalheiro tenha más intenções.
— Cavalheiro?
— Sim. Ele nos chamou de moças. Além disso, usou as palavras
“inadequado”, “indecoroso” e “obsceno” na mesma frase. Quantas vezes
você já viu um homem com um vocabulário desses?
O rapaz ri de forma contida, e eu acabo sorrindo também. Kyara não
está totalmente errada.
— Espera. Um momento. Você disse que ouviu nossa conversa? —
perscruta Kyara, o olhando com uma expressão indecifrável, e isso me
assusta.
— Sim, eu ouvi... Me desculpem, eu...
— É você! — Kyara o interrompe, apontando para ele, como se ele
fosse um achado! — Você é o cavalheiro misterioso! O que enviou as flores,
os doces e o bilhete meloso!
— Culpado! — Ele ergue as mãos em redenção. — Espera. Meu
bilhete era meloso? — Nós três sorrimos. — Como as moças se chamam?
— Sou Ayla, e essa é a Kyara — respondo, tentando esconder meu
encantamento por esse homem lindo.
— Muito prazer, meninas, me chamo Javier. Eu serei bem direto. Eu
quero propor um negócio a você, Ayla. Se estiver de acordo, poderemos
assinar um contrato para termos ambos as nossas garantias.
— Propor um negócio a mim? Assinar um contrato?
— Sim, para que saiba que tudo que estiver nele será devidamente
cumprido por ambas as partes.
— Você disse que não é nada indecoroso, então por que estou
começando a ficar nervosa?
— Não precisa ficar nervosa, Ayla. E fica a seu critério aceitar ou
não. Não será obrigada a nada. A palavra final será sempre sua.
— Certo. Eu entendi. E no que consiste esse negócio?
— Quer ser minha sugar baby?
CAPÍTULO 3
Ayla
Sinto como se o peso do mundo desabasse sobre as minhas costas. O
que esse homem está me perguntando?! Que tipo de mulher ele acha que
sou?!
— É o quê? — indago, sem entender.
— Vamos partir de outro princípio. Como está sua vida financeira?
— Uma merda! Pior não é possível — afirma Kyara seriamente.
— Kyara! — a censuro.
— Acho que sua amiga já respondeu. — Ele sorri.
— Minha amiga tem a boca muito grande!
— Sua amiga só quer te ajudar. É visível isso.
— Viu só? Qualquer pessoa vê que só quero o seu bem. Mas prossiga,
por favor, Javier.
— Ayla, você tem namorado?
— Um babaca! Mas ela já terminou com ele, graças a Deus!
— Kyara!
Nesse momento ele já está rindo, é impossível não rir com Kyara.
— Realmente a sua amiga quer ajudá-la.
— Ou quer me ferrar de vez!
— Pergunto se tem namorado, porque se tivesse, ele certamente não
aceitaria minhas condições. Não que elas sejam indecorosas, mas podem
despertar ciúmes.
— Quais condições?
— Teremos que estipulá-las em detalhes ainda, mas basicamente se
resumem a me acompanhar em eventos, jantares, coquetéis, congressos.
Preciso de uma companhia, e em troca...
— Em troca?
— Precisamos entrar em um acordo financeiro, mas a princípio vou
bancar seus estudos, livros, cursos extras, além das suas necessidades básicas,
como: roupas, calçados, perfumes, salão de beleza e o que mais você precisar
ou julgar necessário. É só pedir que você será imediatamente atendida.
— Eu não sou tão ingênua assim! Estou bem grandinha para acreditar
em contos de fadas! De qualquer forma, nunca acreditei mesmo...
— Não a estou chamando de ingênua, muito menos tentando enganá-
la com um conto de fadas. A proposta que estou fazendo a você é uma
realidade bem comum nos dias atuais, para falar a verdade.
— Realidade comum? Tenho até medo de perguntar que tipo de
realidade você considera comum.
— Empresários, CEOs, gente da alta sociedade... é comum eles
procurarem uma sugar baby.
— Eu não sou uma prostituta! Vocês, ricos, acham que podem
comprar tudo, até as pessoas! — Elevo meu tom de voz, começando a me
sentir revoltada com essa situação.
— Não estou dizendo que você é prostituta, embora eu não tenha nada
contra a profissão das meninas. Mas a questão toda é que estou propondo a
você um negócio.
— Sim, que seja a sua prostituta particular! — falo entredentes.
— Que seja a minha sugar baby, e isso não é ser uma prostituta. É
como se trocássemos interesses. Você me acompanha em meus
compromissos e eu satisfaço todas as suas necessidades e vontades
financeiras. Preciso de uma jovem linda e inteligente que me acompanhe em
alguns eventos e que me faça companhia em um drinque quando chego
exausto do trabalho ou de algum congresso. Alguém que quando eu me sinta
sozinho, esteja disposta a conversar comigo. Já você precisa de alguém que
possa bancá-la em todas as suas ambições financeiras.
— Isso soa a conto de fadas que se torna pesadelo.
— Ela aceita! — Kyara responde por mim.
— Kyara! — a repreendo. Já perdi as contas de quantas vezes já a
repreendi hoje.
— Ser sugar baby é algo que muitas meninas almejam, mas nem todas
têm a chance, e algumas, quando conseguem, ainda têm a má sorte de
pegarem uns escrotos que as maltratam, espancam, e alguns casos terminam
até em tragédia — Kyara esclarece, como se fosse uma perita no assunto.
— E é para isso que está me jogando?! E se ele for um cara desses?!
— Estudei psicologia, amiga, ele não tem traços de ser um cara
desses, mas se for, ele está escondendo muito bem, e, nesse caso... — Ela
olha para Javier. — Eu encontro você nem que seja no inferno, corto seu pau,
arranco suas bolas e o faço comê-las enquanto agoniza. Estamos entendidos?!
Ele dá uma gargalhada, mas de repente fica sério.
— Você é uma boa amiga, mas é aterrorizante!
— Posso ser muito pior se fizer algum mal à minha amiga.
— Fiquem tranquilas, não sou um bandido ou qualquer coisa que
estejam pensando.
— Na verdade, estou pensando que a pessoa sem juízo aqui é você. Se
tem tanto dinheiro e pode ter a garota que quiser, por que prefere pagar uma?
— questiono, ainda sem entender se estou sendo alvo da sorte ou do azar.
— Esse é justamente o grande problema. Eu não tenho tempo para
ficar procurando garotas e conhecê-las, e a maioria que se aproxima de mim é
apenas por interesse.
— O que não será diferente de mim. — Ergo a sobrancelha, o
encarando.
— Aí está outra diferença! Saberei que você estará comigo devido aos
seus interesses financeiros, então não estará me enganando. E você estará
comigo sabendo que não há nenhum interesse amoroso da minha parte, são só
negócios.
— Pensando por esse lado, faz sentido.
— Vamos fazer o seguinte. Que tal trocarmos nossos números de
WhatsApp? Você vai pra casa, pesquisa sobre o que é ser uma sugar baby,
conversa mais com sua amiga, pensa no assunto e depois entra em contato
comigo, para me dar uma resposta.
— Pode anotar o número dela — fala Kyara.
Só reviro os olhos, enquanto sorrio. Minha amiga não tem freio na
língua, nem limites.
— Eu tenho mais uma pergunta.
— Faça.
— Por que eu?
— Primeiro, porque ouvi sua conversa e me surgiu essa ideia, que a
princípio até eu achei que poderia ser descabida, mas depois pensei que
poderia ser vantajoso para nós dois. E em segundo lugar, é a primeira vez que
conheço uma garota que não faz alarde por quem eu sou.
— E quem você é? — Ergo uma sobrancelha, confusa. Eu deveria
conhecê-lo?
— Está vendo! Você nem sabe quem eu sou! O que quer dizer que vai
agir normalmente comigo quando eu estiver participando de algum evento
público. E isso é o que preciso.
— E Ayla precisa de dinheiro. Estamos indo por um bom caminho.
— Kyara! Vou colar a sua boca com cola Super Bonder, eu juro!
Javier dá outra risada. Ele parece estar se divertindo muito. Para
qualquer pessoa pode soar como uma conversa corriqueira, sem grandes
emoções, mas para ele parece ter um “sabor” especial. Acho que para quem
vive atrás de uma mesa, lendo e assinando contratos, e em reuniões de
trabalho, ter uma conversa descontraída deve ser um luxo.
— Aqui está o meu cartão, para que possam pesquisar um pouco
sobre a minha vida. Mas, já aviso, muitas coisas que estão na mídia são
mentirosas, então se ficarem com alguma dúvida, perguntem a mim, que
ficarei feliz em respondê-las.
— Pode apostar que perguntaremos! — Kyara afirma, analisando o
nome no cartão. — Espera! Você é o senhor García, o dono da rede de Hotéis
García?
— Sim.
— Já começou errado, garotão! O senhor García é um velho caindo
aos pedaços, e não se parece em nada com essa massa de músculos aqui em
nossa frente. Terá que ser melhor que isso! Me passa um documento seu!
— Kyara!
— Ayla! — Dessa vez é Kyara quem me repreende. — Vamos,
garoto!
Ele sorri e entrega a ela a carteira de motorista.
Ela olha para o documento, depois para Javier, volta a olhar para o
documento, e então fica pálida.
— Como pode ver, eu sou o filho do velho caindo aos pedaços em
questão. — Ele ergue a sobrancelha.
— Oh, Deus! Me desculpa... eu sinto muito... eu... eu não quis dizer...
Desculpa chamar seu pai de velho... Que vergonha!
Javier libera uma sonora gargalhada, enquanto Kyara esconde o rosto
com as mãos e eu sinto minha face queimar de vergonha. Kyara e sua boca
grande! Aff!
CAPÍTULO 4
Ayla
— Kyara, tem até site! Eu não acredito! Site! Não só um, mas vários!
Vários sites para preencher formulários para ser uma sugar baby, ou sugar
daddy...
— Eu disse.
— Você já pesquisou sobre esse assunto?! — Estou estupefata.
— Sim, claro! E também já quis ser uma sugar baby.
— Não quer mais?
— Já passei da idade. Tenho 23, enquanto você tem 19.
— Engano seu! Aqui no site diz que a idade mínima é 18 anos, e não
exclusivamente 18 anos. Tem daddys que querem mulheres mais velhas.
— As coisas mudaram muito — Kyara diz, animada, olhando para
mim. — Chega pra lá! — Me dá uma bundada, fazendo-me sair da cadeira.
— Eu é quem deveria estar aqui investigando esses sites e preenchendo
centenas de formulários! Você, sortuda, já tem seu sugar daddy!
Reviro os olhos.
— Eu não tenho um sugar daddy! Eu não aceitei a proposta do Javier.
— Porque é uma tonta! Se a proposta fosse para mim, eu já estava no
colo dele!
— Kyara, você é pirada!
— Pirada é você! Olhou aquele corpinho? Aquelas coxas grossas?
Aquele peitoral? E aquela bundinha deliciosa?! Ulalah!!!
— Por Deus, Kyara! Você fez aquele interrogatório com o cara e
ainda teve tempo para reparar em tudo isso?!
— Nada passa despercebido a mim, acha que um monumento daquele
passaria?
— Você não existe — comento, gargalhando.
CAPÍTULO 5
Ayla
A decisão não foi tomada da noite para o dia, eu refleti muito antes de
dar uma resposta definitiva para Javier García, aliás, ao enviar mensagem no
celular dele e pedir para que me encontrasse em um café, eu ainda não tinha a
resposta.
Por que mesmo eu marquei esse encontro com ele se ainda não tenho
certeza do que quero? Ah, sim! Além do cara me fazer uma proposta dos
sonhos, ainda quero que ele me convença que aceitar é a coisa certa a fazer.
Só para a sua cara, Ayla Sumihara, que ele se dará a esse trabalho!
Kyara me dá a maior força para aceitar a proposta que mudará a
minha vida, segundo ela. Conversamos muito sobre o assunto sugar daddy e
sugar baby. Se esse fosse meu TCC[1] eu tiraria nota máxima. Confesso que
fiquei deslumbrada com as coisas que li através dos relatos de algumas
mulheres que foram babies. Foram, porque algumas já estão muito bem
estabelecidas profissionalmente na vida e já não precisam mais dos daddys, já
outras, mesmo estabelecidas, seguem na vida de babies, porque amam o luxo
que os daddys proporcionam, especialmente as viagens e o elevado custo de
vida que podem manter. Por outro lado, assisti a depoimentos horríveis e
cruéis, de algumas mulheres que sonharam da mesma forma que estou
sonhando agora, em mudar de vida, mas que foram enganadas. Algumas
foram tratadas iguais a lixo, usadas, principalmente de forma sexual, e
descartadas em seguida, sem receber absolutamente nada do que lhe foi
prometido. Outras não tinham intenção de envolver sexo na negociação e
foram violentadas, maltratadas, espancadas e abandonadas em algum mato
qualquer. É como se houvesse o céu e o inferno ao decidir ser uma sugar
baby.
Eu espero cair no paraíso!
Olho para a porta de entrada do estabelecimento e vejo Javier chegar.
Ele está ainda mais lindo que a primeira vez que o vi, se é que seja possível...
Sim, é... O avalio de cima a baixo. Está usando uma roupa mais despojada,
calça jeans e camisa branca, com uma parte da manga dobrada para cima. A
barba está por fazer, mas está rala, o que lhe atribui um ar ainda mais
másculo. E muito sexy. Um verdadeiro deus grego. Um charme em todos os
sentidos.
— Ayla. Olá, como está?
— Olá, senhor Javier, estou bem e o senhor?
— Estou bem, mas, por favor, não me chame assim, sinto-me um
velho. — Ele sorri e meu coração dispara. Que homem! — Você está linda!
— ele diz, me olhando nos olhos e não em meu corpo, e esse gesto faz com
que eu realmente me sinta linda.
— Obrigada, senh... Javier — me corrijo.
Um garçom se aproxima da nossa mesa.
— Gostariam de fazer o pedido agora? — ele pergunta educadamente.
— Sim. — Sorrio e olho para Javier, que me observa de uma maneira
diferente, mas muito fofa. Ele faz o pedido de dois cappuccinos e me
pergunta se quero comer algo. Opto por uma fatia de bolo e ele pede o
mesmo para ele.
— É muito gentil da sua parte, Ayla, me esperar para fazer o seu
pedido.
— Imagina, Javier. É apenas um pequeno gesto de... educação, eu
diria.
— Consideração pela pessoa a quem você está aguardando. Algo
muito significativo nos dias de hoje, em que todos estão em uma infinita
correria e não possuem tempo para nada, nem mesmo para um café com os
amigos, imagina com quem mal conhece?! São pequenos gestos que fazem a
grande diferença na vida das pessoas, Ayla. E seu gesto tem grande valia para
mim. Obrigado.
— Nossa... eu fico até sem graça...
— Não fique. E mantenha sempre essa humildade que você tem no
coração. Nunca perca a sua essência.
— Eu não vou perder.
O garçom se aproxima com nossos pedidos, e quando ele sai,
iniciamos um diálogo bem descontraído. Sinto que Javier quer me deixar à
vontade para termos a conversa que iremos ter.
— O que você tem feito nos últimos dias, Ayla?
— Eu? — indago, um pouco perplexa.
— Sim, você. — Ele sorri. Será que ele tem noção do que esse sorriso
causa em um coração molenga como o meu?! — Qual é o espanto?
— Você tem razão. São as pequenas coisas que fazem a grande
diferença na vida das pessoas. — Ele me olha com interesse. — Nunca,
ninguém além da Kyara, perguntou sobre o meu dia.
— Não que isso justifique, mas é como falei antes. As pessoas estão
sempre correndo e tão preocupadas consigo mesmas, que não têm tempo para
o seu próximo, nem para as coisas mais simples.
— Você está certo — respondo após beber um pouco do meu
cappuccino. — E respondendo à sua pergunta, eu tenho estudado. Muito.
Estou fazendo leituras, resolvendo exercícios que já caíram em outras provas
de vestibular, realizando pesquisas para me aprofundar mais sobre os
assuntos que preciso dominar. Nada de espetacular. Quer dizer, não para a
maioria das pessoas.
— Discordo de você. O estudo, o aprendizado, é espetacular sim. Na
verdade, uma das coisas mais espetaculares da vida. É algo que você adquire
para si e ninguém pode te roubar. É algo seu. É especial.
— O que disse é lindo. E a mais pura verdade. Pena que nem todas as
pessoas pensam assim.
— Cada ser humano é um ser especial e diferente. Ninguém é igual a
ninguém, muito menos possuem pensamentos iguais. Se fosse dessa forma,
todos teriam a mesma profissão, as mesmas condições financeiras, e não
haveria novidade alguma no mundo. Já pensou que mundo chato e sem
atrativos?
— Quantos anos você tem?
Ele dá uma gargalhada gostosa, descontraída, e fica ainda mais belo
do que já é.
— Eu tenho 28 anos.
— Parece um senhor de idade, muito experiente da vida.
— Vou aceitar como um elogio. — Ele sorri. — Eu nasci e cresci em
uma família que sempre valorizou muito a educação, a leitura, o aprendizado
no geral. Desde criança vivo em um meio que exige muito, então ser bem
informado faz toda a diferença. A leitura diversificada, bem realizada e
compreendida, é o caminho certo para o sucesso.
— Eu amo ler. Amo muito.
— Eu sei.
— Sabe?
— Sim. Vejo em seus olhos. Eles estavam brilhando o tempo todo
enquanto eu falava sobre livros e leituras. E estão brilhando agora.
Sorrio. Nunca pensei que eu fosse tão transparente. Ou talvez, eu não
seja, apenas estou diante de alguém que está realmente interessado em saber
sobre mim, em me ouvir e em manter conversas que possam nos acrescentar
algo de valor.
— Você quer conversar sobre a proposta que eu fiz a você?
— Quero sim. — Olho nos olhos dele, que sustenta o meu olhar. É
como se fôssemos ter uma conversa íntima, que exige uma aproximação a
mais, uma conversa em que os olhos são incapazes de mentir.
— Você tem dúvidas sobre alguma coisa? Pode me perguntar o que
quiser.
— Você quer sexo? — disparo rapidamente.
CAPÍTULO 6
Ayla
— Não. — Javier García levanta uma sobrancelha. — Ainda não. —
Olho-o, assustada. — Vamos combinar tudo antes, está bem? Se futuramente
o sexo entrar na nossa negociação, será somente com seu consentimento, não
é nada forçado. Nunca será nada forçado.
— Quem me garante que não vai mudar de ideia? — indago,
desconfiada.
— Quem me garante que não vai fugir depois que eu depositar uma
alta quantia de dinheiro na sua conta? — Ele arqueia uma sobrancelha.
Ficamos por alguns segundos nos encarando, e então, sorrimos.
— Você tem razão. Quer dizer, eu não deveria confiar em você,
porque você é um estranho e sempre ouvi dizer para nunca confiar em
estranhos... — Fecho os olhos e então começo a rir. — Só me ignora.
— Errada você não está. Eu sou um estranho, e tecnicamente não
deve confiar em mim, mas sinta-se à vontade para esclarecer todas as suas
dúvidas. Sei que pode parecer assustador, mas não precisa se preocupar.
— E tem alguma coisa com a qual eu deva me preocupar?
— Preocupe-se apenas em não se apaixonar. É o bastante.
— Quanta presunção!
— Não sou presunçoso. Só quero deixar claro que se trata apenas de
negócios. Interesses mútuos. Eu preciso de uma acompanhante. Apenas isso.
Não uma namorada. Não uma noiva. Não uma esposa.
— Entendi. Obrigada por ser tão honesto e direto. E eu preciso de um
“investidor”, e, talvez, um mentor, que possa me orientar sobre assuntos
profissionais. Apenas isso. Não um namorado. Não um noivo. Não um
marido.
Ele sorri.
— Será um grande prazer ser o seu mentor.
— Agradeço.
— Está vendo, o diálogo nos ajuda a esclarecer muitas coisas,
inclusive a deixar nossos objetivos bem claros.
— Sim, você tem razão. E admito que nem eu mesma sabia que
precisava de um mentor, até que vi seu currículo na internet. E minha certeza
se firmou ainda mais com nossa conversa de hoje.
— Sinto-me lisonjeado, especialmente por ter algo a ensinar e alguém
interessada em aprender.
— Essa é uma das minhas verdadeiras paixões. Aprender. Na
verdade, é também um amor. Eu amo aprender.
— Será um enorme prazer ensiná-la. — Olho nos olhos dele e
percebo certa malícia em suas palavras.
Ele ergue seu copo em um convite silencioso, faço o mesmo com o
meu, e brindamos ao negócio que começa a se estabelecer entre nós.
— Pensa em estudar qual curso, Ayla?
— Administração! — falo, empolgada.
— Ótimo! Sou suspeito pra falar, mas é uma escolha excepcional!
— Eu também acho. Não me vejo fazendo outra coisa.
— O que só é mais uma prova de que está no caminho certo.
— É o que sinto também.
— Você tem carteira de motorista?
— Não — digo, cabisbaixa, envergonhada.
— Ei... — Sinto um toque em minha face, e ao levantar meus olhos,
encontro o olhar mais doce que já vi na vida. — Não precisa ficar assim.
— Só é um pouco desconfortável... A maioria das mulheres da minha
idade já têm carteira de motorista, já estão quase se formando em uma
universidade ou ingressando em uma e...
— Ayla — ele me interrompe, então me calo. — Não pode comparar
o incomparável.
— Como?
— Você. Você é incomparável.
Engulo em seco. Ele consegue me deixar desconcertada com poucas
palavras.
— Cada pessoa é incomparável. Cada pessoa possui suas
particularidades e é especial a seu modo. Não é diferente com você. Além
disso, todas as coisas acontecem quando têm que acontecer. Há um tempo
certo pra tudo.
— E quando tudo dá errado? — Não consigo evitar a pergunta e meus
olhos ficam marejados.
— É porque precisavam dar errado para que tudo desse certo no
futuro.
— E o futuro é você.
— Só se você quiser. — Ele sorri.
É um sorriso tão doce, sobrecarregado de promessas, cheio de
expectativas e com um brilho tão intenso que me deixa sem reação. Apenas
olho nos olhos dele sem me mover, sem respondê-lo, mas ele espera
pacientemente.
— Eu quero.
O sorriso dele se ilumina, e eu sorrio com ele, que ainda mantém a
mão em minha face, fazendo um carinho gostoso, que não quero que pare
nunca mais.
— Apenas confie em mim, e eu darei um jeito em tudo para você, está
bem?
Balanço a minha cabeça de forma positiva. O que deu em mim?!
Perdi a voz só porque o cara tem o olhar e o sorriso mais cativante que já vi
na vida?!
— Você pode confiar em mim?
— Eu posso.
Eu só posso ter batido muito forte com a cabeça para confiar em um
cara que acabei de conhecer!
— Vamos viver um pouco do nosso presente?
— Sim, claro.
— Eu tenho um compromisso hoje à noite, e gostaria muito da sua
companhia. Sei que ainda não assinamos o contrato que estipula tudo, como
eu lhe informei, então pode recusar ao convite se quiser. Eu vou entender.
— Eu aceito. — Sorrio feito uma bobona apaixonada, e ele
corresponde ao meu sorriso.
Acho que preciso começar a levar a sério o que ele me disse sobre não
me apaixonar. O homem é inteiramente apaixonante! Certamente ele tem
consciência disso, por isso me alertou.
— Eu posso saber que tipo de compromisso será?
— Um coquetel de lançamento. Estarei inaugurando um hotel em uma
das áreas mais nobres da cidade.
— Javier... Eu sinto muito, mas...
— Mas...?
— Não tenho roupa para ir a um evento desse porte.
— Só confia em mim, está bem?
— Está bem.
— Que tal passarmos o dia juntos? Podemos fazer um passeio pelo
parque que tem próximo daqui, depois almoçamos, acertamos alguns detalhes
sobre essa noite e aproveitamos a oportunidade para nos conhecermos
melhor.
— Acho ótimo!
— Ok. Vamos para o passeio, então.
— Vamos! — Não sei o motivo, mas fico muito animada com o
convite.

(***)

Assim que entro no carro de Javier, após sairmos da cafeteria, escrevo


uma mensagem para Kyara. Ela está no trabalho, mas com certeza tem a
intenção de me ligar no horário do almoço dela, já que a avisei que iria
encontrar com Javier.
Eu: Amiga, vou passar o dia com o Javier, vamos acertar mais algumas
coisas sobre o contrato.
Ky: Acerta os lábios dele por mim, sortuda!
Eu: Há há há! Engraçadinha! Falo com você quando eu estiver sozinha.
Ky: Está bem. E, Ayla, aproveita! Em todos os sentidos.
Reviro os olhos e sorrio comigo mesma ao ver o emoji babando que
minha amiga me envia.

(***)

O passeio pelo parque é muito agradável, falamos sobre diversos


assuntos, rimos juntos, refletimos também sobre algumas questões, sentamos
em frente a um lago, simplesmente para observá-lo, trocamos olhares... Mas
ainda não tenho certeza de que isso significa algo.
Aproximadamente ao meio-dia, Javier me leva para um dos seus
hotéis, e meu Deus, estou pasma! Parece um palácio. É tão lindo, perfeito e
enorme! E o local que ele escolhe para sentarmos é lindamente enfeitado com
rosas. As cadeiras parecem poltronas, de tão grandes, sem contar que são
muito confortáveis.
Uma característica do local que chama minha atenção é a música ao
vivo. Sério, é um espetáculo para os olhos ver os jogos de luzes sobre o palco
e a harmonia das músicas com todo o ambiente. As pessoas parecem
acostumadas a esse tipo de “evento” interno, e demonstram estarem muito
animadas com o show que acontece.

(***)

— Quero que seja especial de todas as formas para nós dois — ele
fala, me olhado nos olhos, de um jeito que posso afirmar que já amo.
— Eu também quero que seja.
— Então será — afirma, levantando o copo para um brinde, que eu
aceito prontamente.
“Fala conmigo qué pasó
Estou chorando por amor
Ya estoy aqui, no tengas miedo
Me mata essa dor”[2]
A música que se inicia parece falar comigo, e de alguma forma que
não compreendo, com ele também. E é como se nos comunicássemos através
da letra da música e dos nossos olhos.
“Meu coração está quebrado...”
Ele me tira para dançar, e com uma pegada forte me puxa para perto
do seu corpo, nos conduzindo no ritmo da música, e sussurra em meu ouvido:
— No llores más, ya estoy aqui. No sufras tanto, que el loco fue el
quien te dejo.[3]
Sinto o calor das mãos dele em minha cintura e essa sensação me
invade de uma forma avassaladora! Eu nunca senti isso com Zion... Esse...
esse calor que se espalha por toda a minha corrente sanguínea, esse calor que
atinge partes inimagináveis! Ah, Javier!
É como se ele quisesse se comunicar comigo através da música,
usando de toques sobrecarregados de sentimentos, capazes de provocar
sensações devastadoras ao meu corpo, que reage prontamente a ele.
Ele me conduz com agilidade e muita malemolência na dança. Alguns
toques são mais ousados, mais sensuais. Javier me segura com força, me puxa
contra seu corpo, que está quente feito brasa, me aperta em seus braços, gira
meu corpo e cola o peito em minhas costas, enquanto suas mãos descem por
minha cintura, resvalam nas minhas coxas e sobem outra vez. Meu corpo está
em chamas. De alguma forma, Javier me acende através da dança, uma
possibilidade que nunca pensei existir. Ele gira meu corpo outra vez, e sinto
sua ereção contra minha barriga, o que me deixa excitada, especialmente
quando ele praticamente esfrega seu corpo contra o meu, em movimentos que
começam a me deixar molhada entre as pernas.
Em poucos minutos dançando nos braços desse homem, sendo
conduzida por ele, eu nem sei mais quem é Zion. Que homem é esse?! Javier
García... Sinto que isso não vai dar certo... Ou vai dar certo até demais.
Javier é o fogo. E, por ele, estou pronta para me queimar.

(***)

A convite de Javier, fico em um dos quartos do hotel, e que quarto! É


enorme! Cabem três casas da que Kyara e eu dividimos! E o banheiro?
Espetacular! Nunca vi tantos produtos de beleza juntos, exceto nas lojas. E a
banheira? Ah, que sonho! Fico pelo mínimo três horas dentro dela. Eu
poderia morar nela!
Não resisto e acabo fazendo uma ligação de vídeo para a Ky.
— Amiga, você nem imagina onde estou!
— Não me diga que está me ligando enquanto está montada em Javier
García?!
— Ky, sua imaginação é tão fértil!
— A sua também deveria... Oh, meu Deus!!! Você está em uma
banheira?!
— Sim! Eu estou! E é o máximo!
— Isso! Joga na minha cara!
— Ky...
— No seu lugar eu também jogaria na minha cara! — Ela dá uma
sonora gargalhada. — Amiga, como você foi parar na banheira do cara? Ah,
não, não me conta, eu não quero saber! Mentira, eu quero saber sim!
— Não é a banheira do cara, é o hotel do cara. — Rio do jeito maluco
da minha amiga. Ela está tão feliz quanto eu.
— É o quê?! Caralho! Você deu sorte! Ou deu mais alguma coisa? —
Ela ergue uma sobrancelha.
— Não. — Reviro os olhos. — Eu não dei nada. Javier me convidou
para ficar em um dos quartos de um dos hotéis dele, para que eu o
acompanhe à noite em um evento.
— Uau!!! Isso significa que não voltará para casa.
— Ainda não sei exatamente o que significa. Mas quando eu
descobrir, conto pra você. — Pisco para ela.
— Com todos os detalhes sórdidos, por favor.
— Sim, com todos os detalhes sórdidos.
— Arrasa, amiga. Se divirta por nós duas!
— Pode deixar. E Ky... obrigada por tudo.
— Te amo. — Ela sorri.
— Te amo. — Sorrio e nós nos mandamos um beijo ao mesmo tempo,
antes de desligarmos.

(***)

Quando saio do banho, me deparo com uma roupa sobre a cama. Um


vestido cor de champanhe, que brilha em determinados pontos, de acordo
com o local que a luz atinge. Tem um salto agulha maravilhoso ao lado do
vestido, e uma caixinha preta. Curiosa, me aproximo da cama e abro a caixa,
e para a minha surpresa é um colar e um par de brincos gloriosos! Eu nunca
vi tanto brilho reunido assim!
Alguém bate à porta, e quando a abro encontro três moças com
algumas maletas nas mãos. Elas solicitam licença para entrar no quarto e
dizem que estão aqui a mando de Javier García. Fico sem compreender, mas
as deixo entrar. Meu queixo vai ao chão quando vejo a quantidade de
maquiagem, esmaltes, batons e coisas que nunca vi na vida que as moças
trazem dentro das maletas, que agora estão abertas para que eu possa escolher
o que quero. Eu não sei o que quero. Eu nem sei fazer combinação!
— Aquele é o vestido que vou usar. — Aponto para a cama. —
Confiarei na sugestão de vocês.
— Agradecemos a confiança, senhorita Ayla — diz uma das moças,
sorridente, já se encaminhando para os produtos de maquiagem junto com as
outras duas.
Não sei quanto tempo fico à mercê delas, mas não vou negar, amo a
experiência! Ser o centro da atenção de alguém, ver os esforços de pessoas
para me agradar, para que eu fique satisfeita com o trabalho delas, é algo que
nunca me aconteceu. Normalmente sou eu quem tenho que agradar as
pessoas para não ser demitida da loja na qual trabalho. A loja... Eu vou perder
meu emprego por ter faltado hoje. É certeza que vou! Tomara que Javier não
mude de ideia quanto ao nosso acordo ainda não assinado, ou estarei dez
vezes ferrada nessa vida!
Não... Javier García não me parece o tipo de homem sem palavra.
Olha só para você, Ayla Sumihara, já acha que conhece até os
comportamentos do homem que acabou de conhecer!
— Esperamos que esteja do seu agrado, senhorita Ayla — fala uma
das moças, com um sorriso discreto.
— Fizemos o nosso melhor, mas se não gostar, refazemos tudo — diz
a outra, timidamente.
— Mas, confesso que a senhorita está muito linda! — fala a terceira,
com uma expressão radiante.
Ao me olhar no espelho, meus olhos se enchem de lágrimas, porém as
engulo, para não estragar a maquiagem maravilhosa que as três moças
fizeram em mim. Confesso que sempre achei meus olhos castanhos um pouco
sem graça, mas uma boa maquiagem realmente faz toda a diferença. As
meninas deixaram meus cílios enormes, com um olhar marcante. Os lábios
em vermelho, estão totalmente sedutores, e meus cabelos, naturalmente
castanhos, estão acima da cintura, com lindos cachos nas pontas. Sinto-me a
mais linda das mulheres!
— Eu amei, meninas! Não sei nem como agradecer.
— Vê-la satisfeita e feliz é um agradecimento para nós.
Sorrio para as três, que também sorriem para mim. Acho que nunca
fui tão bem tratada assim, até porque, na maioria dos locais que já tentei
frequentar, parece que usar roupas de marca é o cartão de entrada para o bom
tratamento.
— Que tal colocar o vestido, para fazermos os últimos retoques? —
sugere uma delas.

(***)
Confiro minha aparência no enorme espelho, e quase não reconheço o
que eu vejo do outro lado. Tiro uma foto e envio para Ky, preciso
compartilhar mais esse momento com a minha amiga.
Ky: Caralho! Quem é essa gostosa?!
Eu: Há há há!
Ky: Você está linda, amiga! Ainda mais linda do que sempre foi!
Eu: Obrigada, Ky. Queria que estivesse aqui.
Ky: Eu sei. Eu também queria estar. Mas esse momento é seu. Só quero que
tudo dê certo. E vai dar certo.
Eu: Vai sim. Estou confiante.
Ky: Eu também estou. E, Ayla... não estou dizendo que isso vai acontecer,
mas se acontecer, não é porque o cara é rico que ele pode te desmerecer,
maltratar, humilhar, fazer pouco de ti, te colocar para baixo, ok?
Eu: Ok. Eu entendi.
Ky: Vai lá, você está uma princesa! E não aceita ser tratada menos do que
isso. Ele precisa ser um príncipe para estar à sua altura, e não o contrário.
Eu: Amiga, obrigada...
Mando um emoji com lágrimas nos olhos. Ky consegue ser tão
maluquinha em alguns momentos, e tão profunda em outros.
Eu: Te amo.
Ky: Te amo! Divirta-se!
Confiro, outra vez, a minha transformação diante do espelho. A
transformação não é apenas externa, ela está acontecendo dentro de mim, eu
sinto... E a sensação é maravilhosa!
Sinto-me bela.
Especial.
Feliz.
E que nasci para isso...
Ser uma sugar baby.
(***)

Ao som de Princesa, da Tini e Karol G, Javier sai do lugar, caminha


até mim e me estende a mão. E eu, como a grande tonta que sou, fico olhando
para o deus grego em minha frente, e quando compreendo que a intenção dele
é dançar comigo, aceito prontamente.
“Y yo seré tu princesa
Toda la noche yo seré tu princesa
Y en el castillo nos amamos
Quieres ser mi rey, lo negociamos
Y con un beso coronamos
Y yo seré tu princesa
Toda la noche yo seré tu princesa
Y en cualquier parte nos amamos
Si quieres ven, lo negociamos
Y con un beso coronamos”[4]

(***)

Os olhos de Javier García passam a noite toda sobre mim e em cada


movimento que faço. Sinto-me realmente uma princesa, e Javier é meu
príncipe. É tudo tão mágico que nem parece real.
Para todos os lados que olho, vejo mulheres belas, homens lindos,
todos bem vestidos, segurando uma taça de bebida na mão, conversando
descontraidamente entre si, ao som das músicas que tocam sem parar. Um
mundo completamente diferente de tudo o que já vi e vivi até esse momento.
Javier é um perfeito cavalheiro, e desfila de braços dados comigo para
onde quer que vá e com quem quer que converse ou receba os parabéns pela
inauguração do hotel. Eu o acompanho com um sorriso contagiante nos
lábios, e não é nada forçado, estou realmente feliz por estar sendo a
acompanhante dele.
Esta noite eu sou uma princesa, e Javier é o meu príncipe encantado!

(***)
Em certo momento, Javier me deixa sozinha, para poder atender ao
celular. Eu me distraio com a minha bebida, que está uma delícia, e nem
percebo o tempo passar. Olho ao redor, e como não vejo nem sinal de Javier,
decido ir ao toalete. Mas é ao sair que as coisas começam a dar errado.
— Parece que seu acompanhante a abandonou. — Olho para o
homem parado diante de mim, que exibe um sorriso que me causa um arrepio
desagradável.
— Ele só foi atender um telefonema importante, já deve estar
voltando.
— Um telefonema é mais importante do que você? Ele só pode ser
um idiota! — Ele sorri, exibindo seus dentes, o que me causa náusea.
— Com licença, eu preciso ir. — Ao tentar passar pelo homem, ele
segura meu pulso com força e me puxa para perto dele.
— Eu sei o que vadias como você querem de homens como ele, e eu
posso dar a você também. É só ser boazinha e me dar o que quero. Uma
trepada bem gostosa!
— Me larga! O senhor está me julgando errado!
— É só uma trepada, nada que já não esteja acostumada a fazer em
troca de dinheiro.
— Eu já disse para me soltar! — Acerto um tapa na cara do homem
asqueroso. Sinto meu corpo todo tremer, até meus lábios tremem. Meus olhos
ardem e lágrimas caem.
O homem desprezível gargalha, me segura com força e começa a
beijar meu pescoço e apertar meus seios.
De repente, o homem voa para o outro lado, e então, mesmo entre
lágrimas, vejo Javier desferir pelo menos três socos na cara do ser desprezível
que me agarrava à força. O homem até tenta se defender, mas tudo o que
consegue é despertar ainda mais a ira de Javier García, que só para de socá-lo
quando os seguranças conseguem tirá-lo de cima do homem.
— Levem-no lá para cima! Agora! — Um homem, que deve ter a
mesma idade de Javier, dá a ordem, a qual alguns seguranças obedecem
prontamente. — Quanto a esse... — Ele olha para o homem ainda caído no
chão, com sangue escorrendo pela face. — Tirem-no daqui. Não o deixem
chegar nem perto dos eventos do Javier. — Os seguranças que restaram o
obedecem.
Sinto todo o meu corpo tremer. Estou encostada na parede, assustada
demais para me mover. Ao sentir um toque em meu ombro, me esquivo.
— Desculpe-me. Você deve ser a Ayla.
— Si... sim... Como o senhor sabe?
— Javier me falou sobre você.
Engulo em seco. Será que ele também vai...
— Não é nada do que você deve estar pensando. Sou Kael, amigo do
Javier, e sei que você é importante para ele. Javier não me perdoaria se eu
deixasse você sozinha no meio dessa confusão. Eu vou levá-la até ele.
Vamos?
Sinto-me insegura, ainda mais depois do que aconteceu, mas consigo
ver bondade nos olhos do homem à minha frente.
— Você vai me levar até ele?
— Sim, tem a minha palavra.
— Está bem... Vamos.
Seguimos por um corredor escuro e começo a ficar apavorada,
principalmente quando ele toca em minhas costas, me conduzindo sabe-se lá
para onde.
Ele para de caminhar e olha para mim.
— O que foi?
— Eu é quem te pergunto.
— Não sei sobre o que o senhor está falando.
— Não precisa ter medo de mim, Ayla. Jamais faria mal a uma
mulher, muito menos a uma que meu amigo está interessado.
— Ele está?
— Está. Só não conta para ele, porque ele não sabe. — Ele sorri e
pisca para mim. Acabo sorrindo também.
— Vamos, ele está naquela sala à frente. — Aponta e espera que eu
vá na frente dele.
Quando chegamos em frente à porta, ele a abre, e meus olhos
encontram Javier sentado em um sofá, com a cabeça baixa e cada mão ao
lado de sua face.
— Ayla... — ele sussurra, vindo em minha direção.
Eu não penso em nada, só corro para ele e o abraço.
— Você está bem? Aquele verme machucou você?
— Estou bem, você chegou a tempo.
— Eu não deveria tê-la deixado sozinha... A culpa foi minha, me
perdoa.
— Não, Javi, a culpa não foi sua. Ele é quem não tem caráter.
Ele se afasta de mim, toca a minha face e indaga:
— Javi?
— Me desculpa, eu...
— Eu gostei. — Sorri. — Pode me chamar assim.
Sorrio também, e ele volta a me abraçar. Nesse momento escutamos
uma tosse um pouco forçada, e começamos a rir, ao lembrar que Kael está
assistindo a tudo.
— Obrigado, Kael, por trazê-la para mim.
— Por nada. Eu não deixaria a sua joia preciosa sozinha.
— Tem razão. Ela é.
Meu coração erra toda a frequência de batidas quando ouço as
palavras de Javier.
CAPÍTULO 7
Ayla
No início da madrugada, Javier me leva para casa. Ainda o sinto tenso
com tudo o que aconteceu, mas ele tenta disfarçar.
— Eu realmente sinto muito pelo que aconteceu. Eu não deveria...
— Javi, está tudo bem. A culpa não foi sua.
— Tudo bem. Não falaremos mais sobre isso.
— É o melhor.
— Boa noite, Ayla.
— Boa noite, Javi.
Quando vou dar um beijo na face dele, ele vira o rosto, e nossos
lábios se encontram. Me afasto rapidamente, incerta do que acabei de fazer,
mas Javi me puxa pela cintura e domina todo o meu ser com um beijo que
maltrata as batidas do meu coração. Ele mergulha a língua dentro da minha
boca, e eu permito que ele a explore como deseja. Sinto ondas de calor por
todo o meu corpo, e nesse momento tenho certeza de que não há nada mais
quente e delicioso do que o beijo de Javier García.
— Ayla... — Ele se afasta de mim e me fita com, eu diria, carinho. —
Me perdoa. Eu... fiz por impulso e...
— Está tudo bem. — Sorrio, com o objetivo de acalmá-lo, mas eu
mesma estou muito nervosa, atordoada com o beijo quente à la Javier. —
Você disse que as coisas só mudariam se eu quisesse, e eu quis, eu permiti,
você não me forçou a nada.
— Mesmo assim... — Ele faz um carinho em minha face. — Foi
errado da minha parte, e não vai mais acontecer, eu prometo.
Faço uma menção positiva com a cabeça, e ele me dá um beijo no
rosto.
— Amanhã passo aqui cedo, para irmos juntos ao escritório resolver
todas as questões do contrato.
— Está bem.
Ele espera eu entrar em casa, e só quando fecho a porta, ouço o
barulho do carro saindo.
Toco meus lábios, relembrando o beijo. Ainda sinto o calor do corpo
e dos lábios de Javier. Um calor, que tenho certeza, quero sentir outra vez.

(***)

Eu procuro não fazer barulho para não acordar a Ky, e sigo para o
banheiro para tomar um rápido banho. Ao entrar no quarto, minha amiga já
está dormindo, mas parece que o sexto sentido dela apita, porque mesmo com
os olhos fechados, ela fala:
— Achei que iria passar a noite montada em cima do CEO gostosão.
— Não, o CEO gostosão é um perfeito cavalheiro e cumpriu com a
palavra de que eu seria a acompanhante dele, apenas isso. — Sorrio com a
mente depravada da minha amiga.
— Eita homem para perder tempo! Aff!
Dou uma gargalhada.
— Nem um beijinho? — insiste Kyara.
— Só um.
— Ah, meu Deus! Conta tudo!
— Ky, só foi um beijo. Tenho certeza de que não vai se repetir.
— Sei... Vai se repetir tanto que vai perder as contas.
Sorrio ao pensar nessa possibilidade e deito-me com minha amiga.
Está um pouco frio, então nos aconchegamos perto da outra, da mesma forma
que fazíamos quando crianças e sentíamos frio durante a noite. Nossa
amizade sempre foi sobrecarregada de cuidados, amor e muito carinho. E isso
não mudou em nada com a chegada da vida adulta.

(***)
Pela manhã, Ky e eu sentamos para tomar o café juntas, e ela quer
saber de todas as novidades. Mostro a ela todas as fotos do quarto de hotel
que eu tirei, e conto em detalhes o quanto Javier foi cavalheiro em todos os
aspectos. Eu realmente me senti uma princesa. Recebi um tratamento
impecável e maravilhoso, à la Javier García.
— E as pessoas não a olharam ou trataram de forma diferente?
— Não. Agiram como se eu tivesse nascido no mesmo “mundo
abastado” que eles. Engraçado como o nome e a presença de Javier muda até
o comportamento das pessoas. — Opto por não contar sobre a confusão que
ocorreu, não quero preocupar a minha amiga e nem que ela pense que fez
errado ao me incentivar a aceitar a proposta de Javi.
— O correto seria tratar a todos com igualdade por sermos todos seres
humanos, e não de acordo com o status que cada um tem.
— Pena que isso só funciona na ficção.
— Pena.
O som da buzina do lado de fora faz com que Ky me olhe com uma
cara de interrogação.
— Javier veio me buscar para irmos ao escritório dele, resolvermos
todos os detalhes do contrato.
— Ótima notícia! Leia tudo com muita atenção, e se estiver na dúvida
e for da sua vontade, traga o contrato para que eu analise com você.
— Faria isso?
— Com certeza!
— Você é um anjo.
— Eu sei. — Ela pisca os cílios com a carinha mais serena de um
anjo. Sorrio.
— Até mais tarde, Ky.
— Até, Ayla.
Eu beijo o rosto da minha amiga e recebo outro em minha bochecha.
Com um sorriso nos lábios, que não consigo disfarçar, entro no carro
de Javier.
— Bom dia, Ayla! Como está?
— Bom dia, Javier! Estou muito bem e você?
— Melhor agora. — Ele pisca para mim, antes de dar a partida no
carro. Por que ele precisa ser tão lindo e sexy?!

(***)

Javier e eu passamos um tempo discutindo sobre as questões do


contrato, sobre o que eu quero que ele acrescente, se estou de acordo com
tudo. Em nenhum momento ele fala sobre nosso beijo. E nem volta a me
beijar. Será que ele se arrependeu? De qualquer forma, ele me advertiu para
não me apaixonar por ele, então não devo nutrir esperanças em relação a ele.
— Aqui está. — Javier me entrega uma pasta.
— O que é isso? — indago, abrindo a pasta cheia de papéis.
— A relação das melhores universidades que têm cursos de
Administração e as melhores autoescolas. Você tem 24 horas para decidir
para qual quer ir, para podermos matriculá-la.
— Oh, meu Deus!
— E aqui... — Ele me entrega duas caixas. — Seu novo notebook e
celular.
— Javier!
— Ayla! — Ele imita a minha entonação de voz e nós dois sorrimos.
Estou realmente maravilhada, não apenas com os novos
acontecimentos em minha vida, mas, especialmente, com Javier García.
CAPÍTULO 8
Ayla
Na noite anterior, Ky e eu passamos horas lendo o contrato que Javier
me entregou, e não encontramos nada comprometedor à minha integridade
física ou algo que eu não estivesse de acordo. Ky está cursando Direito, e
posso dizer, com toda a certeza do mundo, que ela será uma grande
advogada. Ela me auxiliou em todas as minhas dúvidas, e até me ajudou a
analisar as universidades e autoescolas.
Pela manhã, Javier e eu tomamos o nosso primeiro café da manhã
juntos, assinamos o contrato, e em seguida ele me levou à autoescola para
fazermos a minha matrícula e eu iniciar as aulas o quanto antes.
Ele desmarcou todos os compromissos do dia para ficar comigo e
resolver tudo o que considerava necessário ele mesmo fazer. Sinto-me
cuidada, e não me refiro à questão financeira, mas dos cuidados que nunca
recebi dessa forma, como saber se me alimentei, se estou bem, se dormi bem,
se tenho planos para o dia, o que penso sobre o futuro... São pequenas coisas
que são grandes para mim em significado.
Nesse momento, Javier e eu estamos entrando no prédio da
universidade que eu escolhi, e, até o momento, estou encantada com tudo o
que vejo. Nunca imaginei que entraria em uma universidade, mas agora
compreendo uma coisa: sonhar é o primeiro passo para a realização dos
sonhos.

(***)

— Antes de fazermos a matrícula da Ayla, quero conhecer as


instalações de onde ela vai estudar — Javier fala com sua voz grave para o
homem vestido em um elegante terno que nos recebeu há pouco.
Engraçado como o nome Javier García abre portas!
O diretor mostra animadamente cada espaço da universidade, e eu
admiro cada lugar que nos é apresentado.
— Você gostou? — quer saber Javier.
— Eu amei! — respondo com um sorriso bobo nos lábios.
— E a biblioteca?
— Maravilhosa! Perfeita!
— Quer estudar aqui?
— Quero sim!
— Ótimo! — Só então ele volta seus olhos para o diretor. — Onde
podemos fazer a inscrição e o pagamento das mensalidades?
— Mensalidades? Não, não, é somente a primeira mensalidade.
— Eu sei, mas quero pagar pelo curso completo dela, à vista.
— Compreendo! Eu... vou pessoalmente providenciar toda a
documentação. Por gentileza, me sigam.
Sinto minha face doer, de tanto que estou sorrindo hoje. Nunca sorri
tanto em minha vida toda como estou sorrindo em um único dia.

(***)

— Para onde estamos indo? — indago.


— Às compras — Javier responde com um sorriso de lado, colocando
os óculos escuros.
Não consigo esconder a surpresa. Estou com a boca aberta, olhando
para Javier García, que libera uma deliciosa gargalhada enquanto coloca uma
música.
A felicidade está estampada em minha expressão, pareço uma criança
em uma loja de doces e de brinquedos!
Nem em meus melhores sonhos me vi provando e comprando essa
quantidade de roupas tão maravilhosas, estilosas e lindas! Além dos calçados,
bolsas, joias, perfumes, águas de banho, maquiagens...
— Eu não sei nem onde vou colocar tudo isso! — falo ao entrarmos
em seu carro, após meu dia de compras.
— No seu apartamento.
— Rá! Eu não tenho apartamento.
— Tem sim. — Ele sorri.
— Ai, meu Deus! Você não fez isso! Você fez?
— Fiz sim. Espero que não se importe por eu ter tomado a liberdade
de escolher um para você.
— Você pode tomar essas liberdades quando quiser, senhor Javier
García. — Sorrio, colocando os óculos escuros e me aconchegando ao banco
macio do carro.
Estou pronta para essa vida! Sem dúvidas!
CAPÍTULO 9
Ayla
Javier me leva ao meu apartamento e mostra-me cada cômodo dele, o
que me deixa extasiada. O apartamento não é só lindo, é elegante, espaçoso e
com móveis de muito bom gosto.
— Está tudo do seu agrado, Ayla?
— Ah, Javier... está tudo perfeito! Eu... — As palavras somem. Sigo
os meus instintos e pulo no pescoço desse homem incrível, que está parado
em minha frente. O abraço forte. Ele envolve seus braços ao redor da minha
cintura e me aperta entre outra coisa, bem dura, diga-se de passagem, que
também me aperta. Ah, Javier, você também estava louco para me abraçar,
confessa! — Obrigada, Javier.
— Por nada, Ayla. Fico feliz que esteja tudo a seu gosto. E o que não
tiver, é só me falar — ele diz, ainda me mantendo em seus braços.
Ao nos afastarmos, as mãos dele continuam em minha cintura. Meu
coração dispara e ficamos um tempo apenas nos olhando. Nossos lábios estão
tão próximos, que penso que Javier vai me beijar a qualquer momento. Ele se
aproxima um pouco e fico desesperada internamente para que esse homem
me beije. De repente, ele para de se aproximar, dá um sorrisinho de lado, bem
cafajeste, e diz:
— Falta ver a biblioteca. Comecei a abastecê-la para você, e a partir
disso você prossegue de acordo com o seu gosto literário. — Me solta dos
seus braços.
— Uma biblioteca! — Me empolgo, porém confesso que ficaria bem
mais empolgada se ele tivesse me beijado. — Me mostra?
— Mostro... Mostro tudo o que você quiser ver...
Javier sorri com o canto dos lábios, um sorriso sedutor e cafajeste, e
eu sinto meu coração acelerar com a frase que carrega um duplo sentido.
— Vamos, é só seguir o corredor até o final. — Ele aponta o caminho.
Seguimos em silêncio até a biblioteca, onde paraliso ao ver todos os
livros nas prateleiras e todos os espaços que ainda tem para os novos que
providenciarei. Me aproximo para explorar o que tem ali, e um exemplar me
chama atenção, mas quando estico o braço para pegá-lo, não o alcanço. Nesse
momento sinto um corpo colar-se ao meu, a respiração quente próxima ao
meu pescoço, o que me faz arrepiar.
— Está com frio? — Sinto os dedos dele tocando a lateral do meu
pescoço, e arrepios se espalham por meu corpo.
— Não, eu não... — Por impulso, meu corpo vai para trás, e as mãos
de Javier seguram minha cintura. Sinto sua ereção contra meu traseiro e
paraliso.
Javier é um homão! E eu consegui deixar esse homão excitado! Uau!
Ele aproxima a boca de meu pescoço e inala meu cheiro. Beija de leve a
minha pele e sensações desconhecidas explodem dentro de mim. Quero sentir
mais desse homem...
Ele continua me torturando, distribuindo beijos em meu pescoço.
Coloco minhas mãos sobre as dele, que ainda estão em minha cintura, e as
aperto cada vez que sinto seus lábios quentes em minha pele. Eu não quero
pensar em nada, só quero sentir. Levo as mãos de Javier aos meus seios, e ele
os acaricia, os aperta, e quando sua língua desliza em minha pele, libero um
gemido, e isso parece tirá-lo do sério, porque ele gira meu corpo, para que eu
fique de frente para ele. Os olhos dele são pura lascívia, o que provoca em
mim uma reação. Praticamente salto no pescoço desse homem e capturo os
lábios tentadores para mim.
Ele me domina completamente em um beijo explosivo, e perco meu
controle quando ele ergue minhas pernas ao redor da sua cintura. Puxo-o
contra meu corpo, moendo a ereção dele entre as minhas pernas. As mãos
dele invadem por dentro do meu vestido e ele aperta meu traseiro, me
arrancando gemidos, me deixando úmida entre as pernas.
Esse homem é uma tentação!
Ele abaixa a alça do meu vestido e toma meu seio em sua boca,
sugando-o com força, enquanto uma das suas mãos aperta o outro. Minha
respiração fica acelerada, o calor se espalha por meu corpo. Ele captura o
outro seio e chupa de maneira quase descontrolada, me arrancando suspiros e
gemidos, que não consigo conter. Ele alterna entre um seio e outro, mamando
deliciosamente.
— Aaahhh... Isso... Aaahhhh!
Sinto como se esse homem fosse capaz de me fazer perder os sentidos
de tanto prazer. Sinto ondas de calor invadirem meu ventre e minhas pernas
tremem quando chego ao orgasmo, só de ter esse homem grudado em meus
seios, chupando-os com uma força descomunal.
Ofegantes, nos encaramos por um momento. O olhar de Javier é um
poço de mistério, e seu corpo é a fogueira que irá me incendiar.
CAPÍTULO 10
Ayla
Semanas depois

Nas últimas semanas tive vários compromissos com Javier, incluindo


jantares de negócio, eventos da alta sociedade e jantares a sós, onde tivemos
conversas maravilhosas. O momento íntimo com ele não se repetiu. Confesso
que acabei sentindo falta de tê-lo tão perto de mim. Javier tem me
surpreendido de todas as formas.
Sair da casa que por anos dividi com Kyara foi muito difícil, nós duas
choramos muito enquanto arrumávamos as minhas coisas, era como se nunca
mais fôssemos nos ver, o que não é verdade. Só estávamos encerrando um
ciclo em nossas vidas, mas até compreendermos essa mudança, encontramos
a nossa própria solução. Na primeira noite em minha nova casa, Kyara foi
dormir comigo, e foi muito bom. Ela pôde conhecer o lugar em que vou
morar, e já aproveitei para apresentá-la ao síndico e deixar a entrada dela
liberada.
Essa semana Javier me avisou que farei estágio na empresa dele,
como sua assessora direta. É assim que acabo no mesmo espaço de trabalho
dele e ganho uma mesa ao seu lado.
Quando conheci a secretária executiva dele, Micaela, não fui com a
cara dela, e ainda não vou.
Estou em minha mesa de trabalho, concentrada no que tenho a fazer,
mas Micaela entra a todo momento na sala de Javier, e me ignora por
completo, mesmo quando tento fazer o meu trabalho. Perco minha paciência
com a falta de educação dela.
— Senhorita Micaela, ao ficar entrando a todo momento na sala para
entregar algo, especialmente quando não é urgente, ao senhor Javier, a
senhorita compromete toda a atenção que ele está dando a leitura dos
documentos, portanto, reafirmo, eu mesma passarei todos os dias em sua sala
para buscar o que quer que seja para trazer ao senhor Javier.
— Como eu estava dizendo, senhor Javier...
A vaca continua falando com Javi como se eu não existisse, e ainda
me olha com cara de nojo.
— Senhorita Micaela, não ouviu o que a senhorita Ayla acabou de
dizer? — ele indaga, sem nem mesmo olhar para a vaca da Micaela. —
Apenas entregue a ela os documentos, e, por favor, faça o que ela lhe disse.
— Sim, senhor — responde, estendendo a mão com os documentos
para mim e se retirando da sala em seguida.
Tenho certeza que Micaela passará a me odiar após esse episódio,
porém, não me importo, é recíproco.

(***)

Noto que Javier está mais tenso que das outras vezes com o trabalho,
e decididamente não gosto de vê-lo nesse estado. Esse homem só sabe
trabalhar?!
— Javi... — Começo a massagear os ombros dele, e ele libera um
gemido baixo.
— Isso é muito bom, Ayla...
— Você precisa relaxar mais.
— Eu não tenho tempo para relaxar, Ayla.
— Esse é o problema, você nunca tem um tempo. Nem para você
mesmo.
— São os ossos do ofício.
— Não, são os “ossos de Javi”.
— Ayla...
— Poderia ao menos uma vez me deixar escolher a programação da
noite.
— Eu sinto que não vou apreciar a sua escolha, mas...
— Javi! Por favor! Você precisa se divertir um pouco. Vamos?
Vamos... — Aproximo meu rosto do dele. Ele engole em seco ao me sentir
perto.
— Está bem. Onde vamos, Ayla?
— Em uma festa.
— Que tipo de festa?
— Uma festa, ué. Do tipo que tem música.
— Que tipo de música?
— Isso você só vai descobrir lá.
— Deus me defenda!
— Anda, Javi! — O puxo pela gravata e o conduzo para fora do
escritório dele.
Nós vamos para o apartamento dele primeiro, para ele tomar banho e
se arrumar, depois iremos para o meu.
Após um tempo no banho e se arrumando, Javi vem em minha
direção.
— Não. Não. Javi, não é esse tipo de festa de engomadinho que você
costuma ir — retruco ao vê-lo vestido formalmente.
— Então como devo me vestir, Ayla?
— Vem cá! — O levo pela mão até o quarto dele. — Deve ter algo
aqui que possa servir... — afirmo, olhando seriamente para o guarda-roupa
dele.
— Ayla, você está me assustando. Em que tipo de festa você pretende
me levar?
— Do tipo divertida, Javi. Achei! — Entrego a ele uma calça jeans e
uma camisa branca.
Ele me olha, sério.
— Anda! Se troca!
— Estou começando a achar que não vou gostar disso... — resmunga,
se virando para ir ao banheiro se trocar.
(***)

Vejo Javier virar toda a bebida de uma só vez ao olhar o meu


rebolado.
É perceptível que ele não aprecia nem um pouco os marmanjos
babando em cima de mim.
Ao som da música Fogo na gasolina, o provoco, e sinto que ele
passará mal a qualquer momento. Ele me olha como um predador.
Desço rebolando até o chão, de costas para ele, com movimentos
sensuais. Ao me virar para olhá-lo, vejo-o apertar o copo de bebida entre os
dedos. Javier parece me despir com os olhos.
— Maravilhosa... — ele sopra para mim e sorrio ao ler os seus lábios.
Rebolo lentamente, mergulhando os dedos entre os cabelos, os
colocando para trás, descendo devagar, mordendo os lábios e devorando o
CEO com o olhar.
“Então desce, joga na cara
E não para, não para, não
Vai, desce, joga na cara
E não para, vai, que tá bom
Vai, desce, joga na cara
E não para, não para, não
Vai, vai, vai, vai, vai
Desce com pressão”[5]
Javier caminha em minha direção. Continuo dançando e o provocando
de forma sensual. Ele me abraça pela cintura e me puxa para perto do seu
corpo. Enlaço o pescoço dele e dançamos olhando dentro dos olhos um do
outro. O fogo que nasce e cresce dentro de nós é refletido no olhar, nas mãos
que apertam a pele do outro, no calor que nos invade e nas sensações que nos
dominam. Próximo ao meu ouvido, ele canta:
— Tu sentando gostoso, com olhar bandido. Dizendo: Não para, não
para. Tu gemendo com olhar manhoso. Pedindo pra mim dá tapa na tua cara.
[6]

E então, quando a música termina, é como se fosse a minha vez de


dizer o que penso de Javier.
— Seu gostoso, seu gostoso. Gostoso, gostoso...[7]
Javi sorri. Sei que ele nunca me viu tão ousada como estou essa noite.
Dançamos com os corpos grudados e suados, com toques mais ousados, com
entrega, com desejo, deixando o tesão entre nós se revelar a cada segundo
com mais força.
— Gostosa sou eu de lado na tua cama. Gritando: bota! Pedindo:
soca! Jogando tudo, jogando tudo, jogando tudo, jogando tudo. Gostoso!
Canto próximo ao ouvido dele, mordendo o lóbulo de sua orelha. De
repente, em um movimento ágil e uma pegada forte, ele me vira de costas
para ele e consigo sentir o volume contra meu traseiro.
— Gostoso é você de lado na minha cama. Gritando: bota! Pedindo:
soca! Botando tudo, e você gostosa. Rebola e joga, rebola e joga. Rebola e
joga, rebola e joga. Vai jogando agora, jogando agora, jogando agora,
jogando agora...
Ele canta nos meus ouvidos, enquanto as mãos apertam a minha
cintura, a colando ainda mais contra a sua ereção, mordendo o lóbulo da
minha orelha. Quando o jogo de luzes fica escuro, ele sobe as mãos até os
meus seios, os apertando.
Gemo ao senti-lo tocando-me, e gosto muito da sensação. Então
esfrego o bumbum contra a ereção dele, o deixando ainda mais excitado.
E como se tudo fosse proposital, os jogos de luzes se tornam mais
escuros e aparecem em períodos cada vez mais longos.
Javier parece sentir a excitação aumentar, porque me vira de frente
para ele e me beija, empurrando a língua com força dentro da minha boca,
que o recebe se abrindo e chupando a língua dele. Javier geme contra os meus
lábios. O puxo contra meu corpo, fazendo a ereção dele pressionar-me. Ele
desce as mãos pelas minhas costas e aperta minha bunda com força, e quando
as luzes ficam escuras outra vez, desliza a mão para frente e desce até
alcançar o meio das minhas pernas, onde pressiona o meu clitóris, fazendo-
me gemer em seus lábios. Ele perde o controle e puxa a minha calcinha para
o lado. Seu dedo me invade, me fazendo me derramar em excitação, me
colando ainda mais a ele. A respiração forte contra o ouvido dele, parece
deixá-lo mais louco.
— Javi...
— Ayla...
E é como se sentíssemos ao mesmo tempo que não aguentaremos
esperar até chegar em casa. Ele me puxa entre a multidão e me conduz para
onde as luzes são quase inexistentes. E então as coisas pegam fogo.
O empurro contra uma parede e o beijo, o penetrando com a língua, o
fazendo ficar ainda mais duro. Desço a mão até o seu volume e o aperto sobre
a calça, o fazendo gemer. Com uma habilidade que desconheço, desabotoo a
calça dele, enquanto ele desce o meu vestido até a cintura e chupa os meus
peitos com uma fome avassaladora, arrancando-me mais gemidos. Como se
tomasse consciência do que está prestes a fazer, e de onde estamos, ele ergue
o meu vestido, para cobrir meus seios, mas sou ágil e troco de posição com
ele, o colocando de frente para mim e o beijando no pescoço e na orelha.
— Me toca, Javi... Me toca agora...
Javi retoma os meus lábios, e sua mão me toca entre as pernas, um
dedo invadindo a minha intimidade, outro pressionando o clitóris. Sinto a
umidade e o calor aumentando, e o meu corpo estremecer. Seguro a mão dele
e a pressiono com mais força dentro mim, o que me deixa mais quente e
úmida.
— Eu quero sentir outra coisa no lugar do seu dedo, Javi...
Ele para de penetrar-me com os dedos e parece ponderar no que deve
ou não fazer.
— Eu facilitei para você abrindo a sua calça, você só precisa... — falo
no ouvido dele, passando a minha língua de leve em sua orelha, na intenção
de excitá-lo ainda mais. — Fode comigo, Javi... Fode agora, porque estou a
ponto de explodir.

Javier García perde a cabeça ao me ouvir falar assim. Levanta uma


parte do meu vestido, ergue uma das minhas pernas ao redor de sua cintura e
eleva a outra perna em seguida. Segurando sua ereção, me invade de uma
única vez, me fazendo liberar um grito contra o ouvido dele.
— Eu machuquei você?
— Não. É bom. Só continua... Aaaahhh! — Estoca outra vez com
força.
— Assim? — ele pergunta em meu ouvido, me causando arrepios por
todas as partes do meu corpo.
— Sim... Assim... Aaaahh! — Ele me penetra fundo. — Mete em
mim, Javi, mete com força.
— É pra já...
Ele retira-se de dentro de mim e me invade, empurrando todo o seu
membro com força. Ele me bombardeia sem parar, firme e duro, segurando-
me na cintura contra a parede. A situação é no mínimo impensável para mim,
transando presa a uma parede de uma festa noturna, mas estou preocupada
com o meu prazer nesse momento, não com o que é certo ou errado.
— Você é deliciosa! Gostosa demais!
— Javi... Ai... Que delícia!
— Aaah... Delícia... Delícia demais...
— Aaahh... Com força, com mais força, Javi... Aaahhh... Assim...
Mete tudo... Aaahhh...
— Ayla... Você está me deixando maluco... — Ele me metralha com
estocadas fortes e profundas, rápidas e certeiras.
Em poucos segundos, me derramo sobre sua ereção e fico
completamente mole em seus braços. Logo em seguida ele se liberta também.
Suas pernas tremem e ele precisa se equilibrar para segurar nós dois, pois o
orgasmo dele parece vir forte. A sensação de vê-lo gozar é deliciosa.
Ele se abraça a mim. Nossas respirações estão descompassadas, mas
nem por isso quero parar.
— Vamos sair daqui... — falo contra o ouvido dele.
Ele faz uma menção em positivo com a cabeça, e enquanto arruma
sua ereção dentro das calças, ajeito meu vestido. Seguimos para o
estacionamento, e não é surpresa alguma notarmos que aqui também é um
local desprovido de luz.
Empurro Javier contra o carro e o beijo loucamente.
— Abre a porta de trás, Javi...
Ele não pensa duas vezes, apenas o faz. Quando me dou conta, estou
deitada no banco de trás do carro, e Javi está sobre o meu corpo, sugando os
meus seios com muita força e desejo, um após o outro. Ele desce com a boca
sobre o meu corpo, e com um movimento rasga a minha calcinha. Na
sequência, sua boca me invade entre as pernas, me fazendo gritar quando
sinto a língua dele me penetrando, circulando o clitóris incansavelmente, me
fazendo perder todo o controle. Javier me invade com dois dedos lentamente,
enquanto sua língua trabalha em meu nervo endurecido, arrancando-me mais
gemidos. A penetração se torna mais forte e começo a gritar de tesão, o que o
deixa louco, porque ele retira os dedos e volta a usar somente a língua, me
chupando no clitóris de uma forma maravilhosa, que faz com que eu me
desconecte do mundo. O calor me invade, o fogo se alastra em meu ventre,
minhas pernas começam a tremer, meu corpo inteiro convulsiona, e me sinto
libertar-me deliciosamente através do orgasmo.
Fecho as pernas ao redor da cabeça de Javi e tento me libertar da
língua devassa, mas não consigo, porque ele me segura com força contra a
boca dele e continua me chupando, deslizando a língua no clitóris, me
estimulando outra vez. Grito em desespero, um desespero que nunca senti,
mas que é muito bom, e então sinto que terei outro orgasmo. Meu corpo
estremece e gozo contra a boca atrevida de Javi. Rapidamente retomo o
fôlego e sento-me no banco do carro, com as pernas do lado de fora. Liberto a
ereção de Javi e começo a chupá-lo suavemente, o fazendo ficar com a
respiração pesada. Ao mesmo tempo que o masturbo com uma das mãos,
minha língua trabalha na glande, o enlouquecendo. Os movimentos ficam
mais fortes e rápidos, e ele sai de sintonia.
— Ayla... — sussurra entre os gemidos. — Ayla... — Ele tenta afastar
a minha cabeça, mas apenas o sugo com mais força, e mais rápido. — Ayla...
Eu vou... gozar... — Tenta outra vez afastar-me, mas seguro-o na bunda com
as duas mãos, o empurrando contra a minha boca, e o chupo de forma
deliciosa e ensandecida.
— Ahhhhhhh! — As pernas de Javi tremem. Ele goza dentro da
minha boca.
Javi só precisa de alguns segundos e já está com seu corpo sobre o
meu outra vez. Ele mama em meus seios, enquanto seus dedos me penetram
com força, me fazendo gemer e voltar a ficar molhada e completamente
entregue. Quando estou pronta, ele se posiciona e me invade, forte e bruto, e
as estocadas são da mesma forma. Ele não se afasta um segundo sequer do
meu corpo, me abraça e mete forte. O puxo com força contra meu corpo,
enlaçando as pernas ao redor da cintura dele. Então ele desce as minhas
pernas, me puxa para fora do carro e me posiciona de costas. Coloco as mãos
sobre o capô do carro, enquanto Javi me invade sem rodeios.
Equilibro-me e empino o traseiro para trás, enquanto ele desfere
estocadas duras em minha intimidade úmida e quente. Ambos gememos, sem
conter o tesão que é estar fodendo tão gostoso, e ainda por cima em um
estacionamento, correndo o risco de sermos vistos. As estocadas são cada vez
mais fundas e rápidas, levando-me a gozar em meio a essa louca aventura
sexual. Em questão de poucos minutos é a vez de Javi se entregar ao orgasmo
e cair sobre o meu corpo.
CAPÍTULO 11
Ayla
Dias depois

Estou fazendo uma visita na casa de Kyara, e enquanto ela faz o nosso
jantar, organizo no guarda-roupa dela as roupas que ela lavou. É inevitável
não pensar em Javier e na pegada deliciosa que ele tem. Na primeira noite
que transamos, ele me levou para a casa dele, onde passamos a noite tendo o
melhor sexo da minha vida. E depois dormimos de conchinha. O que não foi
fácil, porque ter aquele homão gostoso respirando próximo ao meu ouvido,
ficando duro com todo e qualquer movimento que eu fazia na cama, foi uma
tortura. Teve até um momento que eu levei a mão dele ao meu seio, o
incentivando, e em segundos Javi estava beijando meu pescoço, prendendo
meu corpo de costas contra o dele e me metralhando com estocadas
deliciosas.
— Adoro quando você me fala o que quer, e como quer. Quero que
seja sempre assim comigo, Ayla...
Pela manhã, tomei banho e vesti uma das camisas de Javier, que já me
esperava na cozinha com o café da manhã preparado. Um Javier fofo se
revelou naquela manhã, e conversamos trivialidades.
— Devo acrescentar relações sexuais ao nosso contrato?
— Não acho necessário. É algo que quero fazer por livre e
espontânea vontade. A menos que você...
— De jeito nenhum. Eu também quero fazer de livre e espontânea
vontade. Só perguntei porque eu disse a você que se algum dia as coisas
mudassem, nós combinaríamos tudo antes.
— Eu sei. Sei que é um homem de palavra. Mas não acho que o que
estamos tendo deva entrar no contrato.
— Está bem. Será como você quiser.
Ele sorri, me fazendo um carinho gostoso na face.
— Você é tão linda! É linda demais!
— Você que é lindo... — expresso o que vejo. — Lindo demais.
Ele me puxa para perto e me dá um beijo ardente, intenso e molhado,
no entanto, não é só o beijo que está molhado e quente...
O som da campainha me joga para o momento presente. Ouço Kyara
abrir a porta e ficar em silêncio, o que me preocupa. Kyara em silêncio?!
— Você é muito corajoso de aparecer aqui, sabendo que vou cortar
suas bolas e seu pintinho!
— Para a sua informação, ele nem é tão pequeno assim. — Escuto a
voz de Zion, e sim, meu coração dispara.
— Mas vai ficar! Assim que eu o decepar! — Kyara não esconde o
quanto está brava.
— Qual é, Kyara? Eu só vim buscar algumas das minhas coisas.
— Ótimo! Já estão arrumadas! Pode ficar aqui, que eu mesma busco!
— Na verdade, preciso de poucas coisas, porque...
— Me poupe dos seus dramas! Eu não quero saber!
Escutar a voz dele faz meu coração se apertar. Não pensei que ainda
doeria.
— Fica aqui na sala, já volto! — Ouço Kyara falar.
A chuva, que estava fraca, começa a ganhar força, e, de repente,
parece que o mundo está desabando lá fora, assim como o que sinto aqui
dentro. Escuto Zion espirrar algumas vezes, e dessa vez meu coração dói,
mas é de preocupação. A imunidade dele sempre foi baixa, e qualquer
chuvinha é motivo para ele ficar resfriado, o que certamente acontecerá e o
fará precisar de cuidados, mas...
Quem liga?! A chupadora de pau alheio que cuide dele!
— Está aí — Kyara fala. Ouço o som da caixa sendo colocada no
chão.
— Como está a Ayla?
— Mil vezes melhor do que se estivesse com você!
— Eu sei que fui um canalha...
— Sim! E um covarde, sem caráter, mulherengo, pau no cu do
caralho, sem coração, sem sentimentos e sem um pingo de consideração por
sua companheira. Um biscatão que não pode manter o pau dentro das calças,
para que só uma mulher o tire de lá!
— Eu já entendi, Kyara...
Sorrio baixinho. A minha amiga nunca teve freio na língua, não seria
agora que iria começar, não é mesmo? Eu amo essa mulher!
— Estão esperando alguém para o jantar?
— É da sua conta?! — devolve Kyara.
— Não. Eu só perguntei...
— Pois não pergunte!
Nesse momento, engulo em seco, e compreendo muito bem o motivo
dele estar perguntando se estamos esperando alguém para o jantar. Não quero
encará-lo, mas não posso fechar os olhos para o que sei que está acontecendo
com ele. Eu conheço Zion. Conheço o que acontece com ele até mesmo pelo
seu tom de voz. Mesmo achando que ele é um total desconhecido depois do
que fez comigo, eu o conheço sim. Ao menos o suficiente para saber por
quais situações ele está passando. E só de pensar, meu coração fica em
pedaços.
— Ah, droga! Alguma coisa está queimando — esbraveja Kyara e
ouço passos irem em direção à cozinha.
Mesmo sem ter certeza, saio do quarto.
Parada no pequeno corredor, observo Zion, que está na sala de estar,
olhar disfarçadamente com tristeza para Kyara, que está preparando um
mundo de comida na cozinha.
Ao olhar na minha direção, ele fica completamente sem graça,
especialmente porque se dá conta de que o estou observando.
— Oi... — diz em um quase sussurro.
— Oi... — respondo e caminho em direção à sala, onde ele está.
— Sei que é uma pergunta idiota, mas como você está?
— É uma pergunta bem idiota mesmo! — responde Kyara, da
cozinha, se virando apenas para dar uma encarada de advertência em mim, do
tipo “deveria ter ficado no quarto!”.
— Estou bem... E você?
— Estou... bem... — Ele espirra três vezes consecutivas.
— Não é o que parece... Está ficando resfriado.
— Tomei um pouco de chuva pelo caminho.
Eu sabia! Você sempre teve o organismo tão fraquinho. Um
pouquinho de chuva é o bastante para te deixar de cama. Eu iria cuidar
muito bem de você se não tivesse sido esse grande cretino e covarde comigo!
Ah, Zion, por que fez isso comigo? Eu não merecia. Eu te amava...
— Ayla! Pare de olhar para ele com essa cara de dó! Não se preocupe
com esse despudorado! A engolidora de pau que cuide dele!
— Eu não estou com ela! — ele afirma, olhando para mim. — Eu
nunca estive com ela além... além daquela vez... Eu nem deveria ter ficado
com ela, para ser sincero.
— Tarde demais! — grita Kyara.
Zion revira os olhos.
— Será que pode, por favor, me deixar falar com ela sem ficar
interrompendo a minha tentativa de pedido de desculpas!
— Olha aqui, seu fedelho! Tem sorte de eu não enfiar esse cabo de
colher de madeira no seu rabo! E não tente pedir desculpas! Não piore a
situação! Não tem volta! Ela não te quer mais!
Percebo lágrimas nos olhos dele. São de arrependimento, eu sei. Eu
sinto. Eu vejo. Ainda há verdade nos olhos que um dia conheci. Ainda há
uma alma boa dentro do garoto que imaginei que um dia se tornaria um
homem. O meu homem. O meu marido.
— Eu sei disso, Kyara, não precisa chutar quando já estou caído.
— Pois continue caído, que vou chutá-lo e pisoteá-lo até gastar todas
as minhas solas de sapatos! Traste!
— Kyara! — Apenas olho para a minha amiga, e ela se cala. Ela
compreende que preciso ouvir qualquer coisa que seja. Eu preciso ouvir. —
Só me diga, por que Zion? Por que fez isso comigo? — Não seguro as
lágrimas, que já começam a inundar minha face.
— Porque eu sou um covarde. Eu desonrei você, machuquei você,
quebrei seu coração. Eu... Me perdoa? Sei que nunca mais voltará para mim,
mas só me perdoa... — Lágrimas caem dos olhos dele. — Você não merecia.
— Ele se aproxima de mim e estremeço. — Não merece. — Ele toca minha
face e enxuga minhas lágrimas. — Eu nunca deveria ter trocado nossa vida,
nossos sonhos, por nada, por ninguém, muito menos por sexo. Eu errei. Eu
errei demais. Me perdoa. Eu te amo.
— Eu também te amo. E te perdoo. Mas não quero você em minha
vida. Nunca mais.
Vejo-o engolir em seco. As lágrimas ainda estão caindo. Está doendo
tanto dentro de mim... Mas tenho certeza de que dentro dele também está.
— Compreendo. No seu lugar eu faria o mesmo. Obrigado por me
perdoar, por me amar, mesmo eu não merecendo. Obrigado por todos os anos
que passou ao meu lado. Sei que posso estar pedindo muito, mas gostaria que
apagasse aquela cena, aquele dia... e todas as palavras que eu disse também.
Nada foi verdadeiro. Eu só queria te ferir, porque naquele momento percebi
que havia perdido a mulher da minha vida por culpa única e exclusiva minha.
Você sempre foi maravilhosa em todos os aspectos. Completa. Perfeita.
Ficamos por alguns segundos nos olhando, e por um momento é como
se estivéssemos compartilhando a mesma dor.
De repente, vejo-o perder a cor e desabar para o meu lado.
— Kyara! — grito, tentando segurá-lo em meus braços.
Kyara corre até nós e me ajuda a colocar um Zion quase desacordado
sentado no sofá. Acho que nunca vi ele tão pálido. Minha amiga traz um copo
de água e eu o ajudo a beber.
— Obrigado — ele sussurra.
— Faz quanto tempo que você não se alimenta? — pergunto a ele.
— Eu estou bem, Lalá.
— É Ayla para você! — Coloco firmeza na minha voz, para ele
compreender que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
— Ayla — ele repete baixinho.
— Quantos dias, Zion?
— Um dia... e meio.
Ele abaixa a cabeça, envergonhado. Não é que considere a pobreza
algo vergonhoso, mas a situação que ele se deixou chegar o deixa
completamente sem graça.
Kyara volta a mexer nas panelas, e eu sei que ela sente o coração
doer, porque nós duas já perdemos as contas de quantas vezes passamos fome
e sabemos como essa situação é difícil. E agora sei que ela entende porque
ele estava perguntando se estávamos esperando alguém. Ele estava nutrindo
esperanças de que fosse convidado para o jantar. Vejo Kyara engolir o choro,
escondida dos olhos de Zion, mas não dos meus. Dói vê-lo nessa situação. É
claro que ele não deixa de ser um cretino, um covarde que me traiu, mas,
antes de tudo, ele é um ser humano. É alguém que já fez parte da nossa vida.
Especialmente da minha. É alguém que quase desmaiou por sentir fome.
Eu quero perguntar a ele se ainda está morando na casa que
estávamos construindo, ou se foi para outro lugar, porque quando nos
separamos, é óbvio que parei de pagar as prestações da casa que pagávamos
juntos, e não fiquei sabendo de mais nada sobre essa questão. Mesmo sendo
como tocar na ferida, pergunto:
— Você ainda está morando na... na casa que estávamos construindo?
— Não. Eu... não consegui pagar as prestações e a perdi... Sinto muito
— ele responde com o semblante triste.
— Está trabalhando? — indago.
— Não... fui demitido. Mas estou procurando um emprego todos os
dias, e sei que logo vou encontrar.
— Vai sim — afirmo. — Você pode ficar para jantar com a gente.
Kyara sorri consigo mesma, é claro que ela sabe que foi por esse
motivo que dei as caras. Ela sabe que conheço Zion e percebi que ele estava
passando fome apenas pelo tom de sua voz e pelas perguntas que estava
fazendo.
— Não, eu não... — ele começa a falar.
— Para com isso, Zion. Só por hoje, só por um momento, vamos
esquecer de tudo e apenas jantarmos. Todos nós! — enfatizo, olhando para
minha amiga. — Não é mesmo, Kyara?
— Eu não quero incomodar... — ele tenta argumentar.
— Já está incomodando, traste! — afirma Kyara. — Mas nunca
negaria um prato de comida a ninguém. Nem mesmo para você — diz ela,
pegando outro prato para colocar na mesa.
Zion e eu reviramos os olhos.
— Você pode vir aqui nas horas das refeições e comer com a gente,
até conseguir um emprego e poder se manter.
— Lalá...
— Zi! — Sou enfática. — Isso não está em negociação! É a sua
saúde! E está acima de qualquer coisa que aconteceu.
— Obrigado, Lalá. — Ele me olha dentro dos olhos, está realmente
grato. Por que, Zion? Por que me traiu?
Assim que minha amiga termina de colocar a mesa, ela nos chama.
— Bora jantar, minha gente! — E então olha para Zion. — Isso inclui
você também, traste.
Começamos nossa refeição em silêncio, mas silêncio e Kyara não
combinam.
— Já que convidou o traste para fazer todas as refeições conosco,
devo presumir que a senhorita nos dará o ar da graça também, certo? —
pergunta Kyara.
— E por que ela não daria, se mora com você? — questiona Zion.
— Ah, não! Ayla não mora mais comigo, ela tem o próprio
apartamento.
— Que ótima notícia! Mas... como? — quer saber Zion.
— O chefe ricaço deu a ela. Ayla faz até universidade agora.
— Eu fico muito feliz por você, Lalá.
— Obrigada.
Olho para Kyara quando Zion não está nos olhando, e ela entende que
é o momento de fechar a enorme boca. Não quero que Zion fique sabendo
que sou uma sugar baby. Não quero que ninguém saiba.

(***)

Após o jantar, Zion vai lavar a louça e Kyara vai para o banho. Sento-
me no tapete da sala, coloco os livros sobre a pequena mesa de centro e
começo a minha seleção particular de qual dentre eles começarei a ler. Todos
são sobre o mesmo tema, desenvolvimento pessoal, uma das indicações do
meu mentor.
Cada dia de trabalho no escritório, ao lado do grande CEO Javier
García, tem me auxiliado muito no meu desenvolvimento pessoal e
profissional. Vê-lo à frente de grandes negociações, acompanhá-lo em todo o
processo do início ao fim, vê-lo conduzir com mãos de ferro as suas
empresas, sem perder a humildade e o grande amor que tem pelo ser humano,
é uma experiência impagável. O aprendizado que tenho adquirido possui para
mim um valor incalculável.
Em meio aos meus devaneios, escolho minha próxima leitura, que
honestamente não sabia que seria uma tarefa tão difícil, já que fico longos
minutos olhando para todos os livros sem saber por qual começar. Percebo os
olhares do meu ex para mim, enquanto ele arruma a cozinha, mas finjo que
não vejo.
— Eu fico muito feliz em vê-la estudando. Sei o quanto queria entrar
em uma universidade.
— Obrigada.
— Está gostando?
— Amando! É exatamente tudo o que sempre quis.
— Eu fico ainda mais feliz.
— E você, não pensa em estudar?
— Pensar até penso, mas, no momento preciso de um emprego para
manter ao menos minhas necessidades básicas. Será difícil conseguir algo
que me permita fazer isso e ainda estudar.
— O difícil é só mais trabalhoso, mas não é impossível, Zion.
Ele sorri.
— Eu queria ter ao menos um fio dessa esperança que você tem.
— Precisamos ter esperanças, sonhos, expectativas de um amanhã
melhor que hoje, um futuro promissor, ou então tudo fica cinza, sem graça e
sem sentido.
— Faço parte do clube do cinza — ele brinca, mas seu tom de voz é
de dor. É claro que ele não está vivendo nada do que sonhou.
— Mas não deveria.
— Eu sei... — Fica cabisbaixo.
Pego minha bolsa ao lado e retiro um livro dela.
— Leia. Eu terminei essa leitura há alguns dias e tenho carregado esse
livro comigo, para sempre folheá-lo em minhas anotações. É algo bem
particular, mas quero dividir com você. Tem feito uma enorme diferença em
minha vida, quero que faça na sua também.
— Obrigado... Não se nem o que dizer...
— Apenas leia e deixe o livro transformar você. E você falará por
meio das suas atitudes.
— Você mudou muito, Lalá... Para melhor, é claro. Eu realmente
sinto muito por tudo o que te fiz passar. Você não merecia. Não merece.
— Águas passadas, Zi. — Ele sorri, e sei que é porque o chamei,
outra vez, pelo apelido carinhoso que eu o chamava quando estávamos
juntos.
— Eu sei que não é da minha conta, mas... como está pagando por sua
universidade e todos esses livros?
— Eu tenho um mentor. Ele está me ajudando. E estou fazendo
estágio em uma empresa grande, então todas as possibilidades positivas se
abriram para mim.
— Uau! Estou... surpreso. E orgulhoso também.
— Estou muito feliz, não nego. Acho até que está estampado na
minha cara.
— Está sim. — Ele coloca a mão sobre a minha.
— Por que está tão quente?
Ele afasta a mão rapidamente. Toco na face dele e o sinto pegando
fogo.
— Você está com febre.
— Não é nada, Lalá, eu só...
— Só tomou chuva, o que é o bastante para você ficar resfriado.
Ele engole em seco e eu vou para a cozinha, preparar um chá. Ouço a
porta do banheiro ser aberta, o que significa que Kyara já terminou o banho.
— Vá tomar um banho, eu já levo toalha e roupas para você.
— Lalá, não precisa...
— Zi! Precisa sim. Vá!
Ele obedece, sabe que não adianta discutir comigo, pois sou mais
teimosa que ele.
— Onde você pensa que vai, traste da Ayla?!
— Kyara, preciso falar com você!
Minha amiga deixa de importunar Zion e vem até mim.
— Ayla, não me diga que...
— Nós não voltamos, se é isso que quer saber. De qualquer forma, ele
não está bem, eu disse a ele que tomasse um banho.
— Pra mim ele está muito bem.
— Não, ele não está. Ele está febril. Nós tivemos nossas desavenças,
mas não vou deixá-lo sair desse jeito.
— A sua decisão já foi tomada, o que posso fazer?
— Pode cuidar do chá que estou fazendo, enquanto levo a toalha e
uma roupa para ele.
— É o quê, Ayla?!
— Obrigada, amiga! — A beijo na bochecha e me afasto. Sei que ela
é coração mole, mesmo que tente não demonstrar.
— Era o que faltava! Eu ter que ajudar com o chá do traste! Só você
mesma, Ayla Sumihara, para me fazer uma presepada dessas!
Sorrio enquanto pego as coisas para levar para Zion.

(***)

Zion está deitado no sofá, enrolado nas cobertas, e delirando devido à


febre alta. Mesmo que meu coração fosse de aço, como não iria sentir nada
por vê-lo assim? Eu sinto. E não o desamparo.
— Lalá... Lalá...
— Estou aqui, Zi... — Seguro a mão dele, e ele se acalma.
— Me perdoa, Lalá... Me perdoa...
— Eu perdoo... É claro que eu perdoo... — Algumas lágrimas caem
dos meus olhos e dos olhos dele também, mesmo fechados.
Eu deveria odiá-lo?! Talvez. Na perspectiva de muitas pessoas sim,
afinal, fui traída, mas na minha... As coisas não são desse jeito. Se Zion e eu
tivemos um relacionamento, é porque algo existiu entre nós, algo bonito,
sentimentos bons, momentos felizes, e são a essas coisas que quero me
apegar e lembrar, e não encher meu coração de ódio, rancor, amargura... Não
é porque nosso relacionamento terminou que é o fim, que devemos nos odiar,
nos enfrentar o tempo todo e negar de estender uma mão amiga quando o
outro precisa.
É certeza que muitas pessoas não pensam assim, mas eu penso, e são
os meus pensamentos e sentimentos que importam para mim.

(***)

Fico alguns dias sem ir para o meu apartamento, porque não é justo
deixar Kyara cuidando do meu ex. Ela reluta um pouquinho, mas acaba
concordando comigo, porque ele não tem para onde ir, e não vou jogá-lo na
rua, como se ele não fosse nada. Ele teve um significado muito grande e
especial em minha vida, e é esse sentimento que guardo dentro do meu
coração.
Com o passar dos dias, ele começa a melhorar e a sair de casa para
procurar um emprego. Ele continua fazendo as refeições conosco, até que
possa ter meios de se sustentar, o que não demora muito para acontecer.
— Mas o emprego já está certo? — pergunto a ele.
— Está sim, começo amanhã — Zion fala, entusiasmado. — Eu
sempre gostei muito de carros, tenho certeza que vou me dar bem.
— Isso é ótimo! — Sorrio com ele, enquanto tomamos nosso café da
manhã juntos. — Tenho certeza de que você se dará bem!
— Vocês não imaginam o quanto estou feliz também! — afirma
Kyara, tomando um gole do seu café.
— É claro que você está! Vai se livrar de mim!
— Não é isso, traste! Estava até acostumada com você outra vez.
— Owwwnnnn... Ela gosta de mim... — Zion brinca, apertando as
bochechas de Kyara.
— Sai daqui, ou corto suas bolas!
— Mulher raivosa.
Começo a dar risada dos dois, é como se tivéssemos a nossa família
outra vez. Kyara, Zion e eu. Eles riem comigo, e o clima se torna leve e
especial. Somos só nós três outra vez.
Lembranças tomam conta da minha mente... Somos, outra vez,
crianças... Sorrindo, brincando, dividindo o lanche, cuidando um do outro...
Sou arremessada no presente, agora somos adultos, mas nem tudo
mudou.

(***)

O dono da oficina em que Zion vai trabalhar como mecânico, oferece


a ele um lugar para ficar, nos fundos do local. Segundo meu ex, são dois
cômodos e um banheiro, o que para ele é o bastante, pois se não fosse o
coração generoso do velho homem, ele não teria para onde ir.
Kyara, Zion e eu continuamos fazendo algumas refeições juntos,
exceto quando tenho algum compromisso com Javier, nesses casos, ficam
apenas Kyara e Zion. Pode parecer muito estranho, mas somos uma família
de novo. Do nosso jeito singular, mas somos.
CAPÍTULO 12
Ayla
Javier está em pé, encostado na mesa, lendo um documento, quando
abro a porta do escritório.
Umedeço os lábios com a ponta da língua e vejo Javier engolir em
seco.
Meus lábios molhados vão de encontro ao pescoço dele, ousando em
carícias e leves mordidas, que o fazem soltar um gemido.
— O que você está querendo, Ayla?
Olho-o nos olhos.
— Ah, você sabe... — O puxo de uma única vez pela gravata,
grudando o corpo dele ao meu. — Gosta que te puxe pela gravata? —
Resvalo os dedos entre os cabelos dele, até alcançar a nuca.
— Adoro...
Sorrio, colando meus lábios aos dele, que se abrem para receber a
minha língua atrevida, que mergulha para dentro da boca dele sem pedir
licença. As mãos dele me envolvem na cintura com força, me apertando com
visível desejo. Os lábios deslizam sobre a pele do pescoço, e eu retomo os
lábios dele quase em desespero, enquanto afrouxo um pouco sua gravata.
— Vem... — Puxo-o pela gravata e paro em frente ao sofá. — Vira.
— O quê?
Aproximo os lábios do ouvido dele e sussurro para atiçá-lo ainda
mais:
— Vira, seu gostoso.
Quando mordo o lóbulo de sua orelha, ele simplesmente obedece.
Retiro a gravata dele.
— Coloca as mãos para trás.
— Ayla, qual é?
O olho com desejo, e o beijo, mergulhando a língua dentro de sua
boca, enquanto uma de minhas mãos desce pelo peito dele e faz movimentos
leves de vai e vem no seu pau, que já se encontra totalmente duro.
— Você já vai ver “qual é”. — O masturbo devagar e arranco dele um
gemido de excitação. — E não vai se arrepender...
Ele se vira. Prendo os pulsos dele, que tenta, só por curiosidade, se
soltar, mas não consegue.
— Ayla...
— Eu sei. Caprichei no nó. — Deslizo a língua sobre os lábios dele.
— Só relaxa. Deixa tudo comigo. — Minha língua toca a pele do seu pescoço
e o conduzo a sentar-se no sofá. — Tem champanhe?
— Sim, no frigobar.
Vou até lá e volto com a bebida aberta. Bebo um pouco do líquido na
garrafa e jogo um pouco sobre meus peitos, que começam a se revelar através
da blusa social branca, que fica transparente.
— Caralho... — ele diz, me olhando com puro tesão.
Sento-me no colo dele, de frente para ele, e após beber mais um gole,
coloco a garrafa na boca dele, para que ele também beba. Abro os botões da
blusa, revelando uma lingerie sexy e seios fartos.
Despejo um pouco mais de champanhe sobre os mamilos e levo um
deles até a boca do CEO. Ele abocanha de uma só vez o meu peito, mamando
esfomeado, com força, com luxúria. Gemo de prazer, enquanto ele suga o
outro peito, chupando com lascívia. Rebolo no colo dele e sinto a sua ereção
me atingir entre as pernas.
Tomo a boca dele em um beijo delicioso, com sabor de champanhe e
desejo.
— Ayla, está me matando de tesão...
— Aguenta firme aí, seu gostoso. Só estou começando.
Ele libera um gemido rouco ao sentir o líquido gelado descer por seu
peito. Quando saio do seu colo, abro sua camisa, arrancando todos os botões,
e começo a deslizar a língua por sua pele, que se arrepia. Jogo o líquido sobre
a calça dele, que se remexe no sofá, sofrendo por não poder libertar as mãos.
O gemido escapa dos lábios dele quando começo a masturbá-lo bem
lentamente.
— Gosta?
— Aaaahhh... Gosto. Gosto muito!
Livro-o do cinto, e os olhos dele são de puro desejo. Abro o zíper da
calça e os olhos dele inflamam.
— Erga um pouco essa bunda gostosa para eu despi-lo.
Ele obedece sem contestar, e o liberto das roupas. O pau salta para
fora, completamente duro e molhado do líquido pré-ejaculatório e
champanhe. Jogo mais da bebida sobre o seu pau, o torturando com a
masturbação que faço lentamente, fazendo-o gemer cada vez mais. Os
movimentos se tornam mais firmes e rápidos, e ele se contorce, controlando-
se ao máximo para não gozar, tamanho seu tesão.
— Aaaahhh! — Javi não consegue segurar o urro quando sente a
minha boca gulosa e úmida tomar seu pau em uma sugada. — Caralho!
Uso as mãos para massagear o pau túmido, em seguida o engulo,
quase que por inteiro, em uma chupada.
— Puta que pariu! Que tesão da porra!
Faço movimentos de sobe e desce com a boca, engolindo e libertando
o pau intumescido, que parece que vai explodir a qualquer momento de tão
duro.
— Caralho, Ayla! Eu vou gozar...
Paro no mesmo momento de chupá-lo, o decepcionando um pouco,
porque parecia que estava se sentindo no paraíso ao ser chupado dessa forma.
— Ainda não.
Levanto-me, jogando mais um pouco de champanhe sobre o pau dele.
Em seguida tomo um gole e o sirvo depois.
Retiro a saia lentamente, observando cada reação do CEO sob meu
total domínio. Ele umedece os lábios ao me ver apenas de fio dental. Me
afasto para buscar a bolsa, de onde retiro um preservativo.
— A sua sorte é que estou doida para subir em você, ou te deixaria a
ver navios.
— Sou um puta de um sortudo, então.
— E um puto de um gostoso! — afirmo, colocando a camisinha na
boca e a usando para colocar no pau dele.
— Porra! — ele diz, respirando forte.
O olho de forma diabólica, e ele sabe que vai ser torturado.
Retiro o fio dental enquanto ele me observa. Estou completamente
depilada.
— Caralho! Você é gostosa demais!
Sorrio, devassa, e vou para cima dele, o beijando, forçando a língua
com profundo desejo por ter mais dele, que geme entre meus lábios. Me
encaixo entre suas pernas e seguro seu pau com a mão, para impedi-lo de
invadir-me de uma vez. Vejo que sofre intensamente com o tesão que parece
querer rasgar sua carne, ao sentir que apenas a pontinha do seu pau está
dentro da minha boceta. E então, o pegando de surpresa, desço de uma vez,
engolindo com força todo o comprimento do pau, que pulsa.
— Caralho! — ele geme. Me levanto com delicadeza, até ter apenas a
ponta do pau na entrada da minha boceta, e rebolo um pouquinho, o
castigando. Em seguida desço com tudo outra vez. — Vai me matar de tesão,
gostosa!
Repito mais algumas vezes esse movimento, o deixando ainda mais
louco de excitação, então fico parada, com o pau dele mergulhado no interior
de minha boceta, enquanto o beijo. Javier está sedento por mim, eu sinto.
Rebolo um pouco e então saio de cima dele.
— Tá de brincadeira, Ayla?
— Ainda nem comecei... — Sorrio, maquiavélica.
— Quando eu colocar as minhas mãos em você, estará fodida!
— Não vejo a hora. — Pisco para ele, ficando de costas, encaixando o
seu pau na minha boceta outra vez.
Uma coisa é foder de frente, outra é foder de costas, e eu sei que essa
visão deixa qualquer homem de pau duro, gozando jatos ensandecidos de
porra, pelo menos é o que escuto por aí.
Desço de uma só vez, engolindo o pau dele e o fazendo gemer de
prazer, e então começo um sobe e desce ritmado. Ao sentir-me dessa forma
mais provocadora, Javier perde o controle, e sustentando meu corpo com suas
mãos nas costas, me estoca com força, no mesmo momento em que me
encaixo nele.
Corpos suados, ritmo acelerado. Sinto o quanto ele está ofegante e
quente, sinto também que a qualquer momento ele vai gozar entre minhas
pernas.
Ele está completamente entregue ao momento e a mim. É como estar
submisso, e isso parece tirar o seu juízo. O calor dos corpos se misturam e se
completam.
CAPÍTULO 13
Ayla
O elevador abre as portas e desço no térreo do prédio em que trabalho
com Javier. Meus olhos fixam-se nos recepcionistas, que riem entre eles.
Algo muito engraçado deve ter acontecido. Não demora muito para eu
compreender do que se trata. Eles riem enquanto falam sobre algo e olham
para um rapaz sentado em um dos bancos de espera. É sério isso? Eles estão
debochando do rapaz? Mas por quê? Por que ele está vestido com roupas de
trabalho? Por que ele é uma pessoa humilde? Isso é tão errado! Decido eu
mesma verificar o que o rapaz deseja e o que ou quem está aguardando. Meus
olhos ficam marejados quando me aproximo e percebo que se trata de Zion.
Ele está com vestígios de graxa nas mãos e nas roupas, certamente acabou de
sair do trabalho.
— Zi?
— Lalá?
Nós nos olhamos, a princípio surpresos, então um sorriso se forma
nos lábios dele.
— Eu não fazia ideia que é nessa empresa de magnata que você está
estagiando. Meu Deus! Que orgulho eu sinto de você!
— Obrigada. — Correspondo ao sorriso dele. Zion é assim, fala
exatamente o que lhe vem à cabeça, por isso que às vezes mete os pés pelas
mãos e acaba falando o que não deve. — Desculpa a pergunta, mas o que faz
aqui?
— Estou procurando emprego.
— Mas o que aconteceu com o emprego da oficina?
— Nada. Ainda estou lá. Só quero complementar a renda. Sabe como
é... Uma empresa tão grande, às vezes pode ter um ricaço que precise de um
jardineiro, alguém para limpar a piscina... Eu pedi para falar com o dono e me
mandaram esperar aqui.
— Há quanto tempo está aqui?
— Umas três horas...
Engulo em seco e olho para os recepcionistas que, nesse momento,
não estão mais rindo da forma que estavam, a expressão deles está séria e
levemente tensa. Certamente se deram conta de que fizeram merda.
— Fica aqui um momento, eu já volto.
— Está bem.
Me aproximo dos recepcionistas, que um pouco sem graça, olham
para mim, e um deles pergunta se pode fazer algo por mim. Eles já me viram
inúmeras vezes entrar e sair da empresa acompanhada do grande CEO Javier
García, e isso é o bastante para ficarem um pouco intimidados.
— O que aquele rapaz quer?
— Ele chegou dizendo que queria falar com o senhor Javier, porque
precisa de um emprego.
— E pediram para ele esperar? Por mais de três horas?
— Sim. É que o senhor Javier é muito ocupado, não queríamos
perturbá-lo, além disso, certamente não irá contratar um rapaz como ele.
— Um rapaz como ele? — indago, erguendo uma sobrancelha.
— Um rapaz sem recomendações e...
— E vestido com roupas sujas de trabalho — concluo, deixando
ambos recepcionistas cabisbaixos. — E presumo que quem disse isso foi o
próprio senhor Javier.
— Não, nós não...
— Vocês não o avisaram, não é? E nem pretendiam fazer isso? E o
que pretendiam? Além de humilhar o rapaz? Deixá-lo amanhecer naquele
banco? Poderia ser um de vocês ali, procurando emprego. Ainda mais se o
senhor Javier ficar sabendo como estão tratando as pessoas aqui.
— Senhorita Ayla, por favor...
— Espero que tenham consciência do que fizeram e que não repitam
esse tipo de comportamento. É muita falta de empatia — falo, me afastando
deles, que ficam cabisbaixos, com o semblante mostrando claramente que
estão envergonhados.
— O que disse a eles? — Zion me pergunta.
— Algo que já deveria ter nascido com eles. Saber ser humano.
— Ayla... eu... Obrigado, Lalá.
— Não precisa agradecer, Zi. Foi errado o que fizeram com você.
Agora me fala uma coisa, você está procurando um emprego extra por estar
com algum problema? Se meteu em alguma encrenca?
— Não. Não é isso, é só...
Os olhos dele se voltam para o lado de fora do prédio, onde uma moça
está de costas, e no momento que ela se vira, percebo que...
— Ela está grávida! Zion! Você engravidou a menina?!
— Não. Eu não! Eu juro!
— Então o quê?
— Olha outra vez para a menina, Lalá. Não a está reconhecendo?
A olho outra vez, e com um sobressalto, reconheço Ágatha.
— Ágatha... Mas ela é só uma menina...
— Sim — ele concorda, com visível tristeza nos olhos. — Ela é só
um ano mais nova que você.
— Você disse que não é o pai.
— Não. Nem ela sabe direito. Quer dizer, um filho da puta a enganou.
Chamou ela para ser a “não sei o que lá baby” dele...
É um choque saber que, certamente, Ágatha recebeu a mesma
proposta que eu, de ser uma sugar baby, mas ao contrário de mim, ela foi
enganada. Opto por não falar nada a Zion, não sei como ele pode entender
toda essa história que estou vivendo, e, aliás, nem é o momento de pensar
nisso agora.
— Ele prometeu a ela uma vida de princesa — Zion continua. —
Encheu ela de ilusões, e ela acreditou. Ele a levou para um apartamento, que
disse ser uma das casas dele, teve relações com ela durante dias, fazendo-a
acreditar que ficaria naquele apartamento como dona, e então, do nada, a
dispensou, a jogou em uma rua qualquer, como se fosse lixo. Desde então ela
está pelas ruas... Até que descobriu estar grávida.
— Ah, meu Deus... Eu... Que monstro! Ela sabe onde é o apartamento
que ficou?
— Não, ela não se lembra. Ele deu muitas voltas antes de chegar lá, e
quando saiu com ela também. Acho que mesmo que ela soubesse, não nos
passariam qualquer informação. Ele é rico, isso basta para estar acima de nós.
— Isso é tão errado!
— Eu sei. Mas esse é o mundo sendo como ele é. Cruel.
— Vamos lá fora, quero vê-la.
Ao chegar do lado de fora, meu coração se aperta ao ver grávida a
mesma menina que brincava comigo, Zion e Kyara. Parece que tudo o que
vivemos aconteceu há poucos dias, e não há anos.
— Ayla...?
— Ágatha!
— Ah, meu Deus! Ayla! — Ela me abraça e nós duas choramos.
Todos nós vivemos momentos lindos juntos, mas também enfrentamos
muitas dificuldades.
— Minha pequena, Ágatha... — sussurro.
— Agora tenho alguém mais pequeno ainda dentro de mim.
— Eu sei. Zion me contou.
— Ele tem sido um anjo na minha vida. Ele que me encontrou na rua,
me levou para a casa dele, quer dizer, a casa que o patrão dele deixou ele
ficar, e está cuidando de mim.
— Zion... — Olho para ele com os olhos cheios de gratidão. — Estou
orgulhosa de você. É um homem de valor.
— Obrigado, Lalá. Significa muito para mim.
— Vamos entrar. Vou falar com o Javier e encontraremos uma
maneira de ajudar vocês.
— Está falando sério? — indaga Zion.
— É claro que estou. Não estarmos juntos não significa que não
possamos estender a mão para o outro.
— Você tem toda a razão. — Ele sorri, com um brilho, que penso ser
de esperança, nos olhos.
Javier depositou uma quantia significativa de dinheiro em uma conta
que abriu em meu nome, mas como posso explicar isso aos meus amigos? É a
primeira vez que sinto medo de ser julgada, medo de não ser compreendida.
E se eles não entenderem que se trata apenas de negócios? Ao mesmo tempo
penso que sou dona de mim e não devo explicações a ninguém, que devo ser
fiel a mim mesma, nas coisas que acredito. De qualquer maneira, opto por
não falar nada.
Passamos pelos recepcionistas que, outra vez, abaixam a cabeça
quando olho para eles. Espero, do fundo do meu coração, que sejam pessoas
diferentes a partir de hoje, que pratiquem a empatia.
Ao entrar na outra recepção, a que dá acesso às salas de Javier e de
outros funcionários que ocupam altos cargos na empresa, conduzo Zion e
Ágatha para se sentarem, enquanto vou falar com Javier.
— Senhorita Marjorie, eles são meus amigos, estão em uma situação
complicada e vou ver se o Javi pode ajudar, arrumando um emprego para o
meu amigo.
— A senhorita tem um coração tão bom quanto o do senhor Javier.
Tenho certeza de que ele vai ajudar seus amigos.
— Fico mais confiante em saber disso. — Sorrio para ela e caminho
na direção da sala de Javier, mas, antes, vejo Marjorie levando uma bandeja
com café e biscoitos para os meus amigos, e esse gesto enche meu coração de
ternura e gratidão.
No momento em que inicio a conversa, Javier me olha não muito
amistoso, posso jurar que ele está com ciúmes de Zion. Eu quero rir, juro,
mas me seguro, ou posso estragar tudo, então finjo que não percebo.
Entretanto, quando menciono Ágatha, o que ela passou e que está grávida, o
semblante de Javier muda. Ele tem empatia. E compaixão.
— Olha, Ayla, sinto muito por sua amiga. Imagino que não está sendo
fácil para ela, e, no que depender de mim, vou ajudá-los. Sobre o emprego...
Posso conseguir, mas não aqui na empresa, e sim na de um amigo.
— Não tem problemas, Javi. O importante é Zion ter um trabalho com
uma remuneração melhor do que a que ele ganha, para poder cuidar da
Ágatha e do bebê.
— Está certo. Eu vou falar com o Kael.
Cumprindo com sua palavra, ele liga para Kael. Conta brevemente
sobre a situação, ocultando alguns detalhes, como o fato da proposta para
Ágatha ser sugar baby e que Zion é meu ex. E Kael, é claro, não nega o
pedido do seu melhor amigo.
— Avise seu amigo para estar nesse endereço amanhã. — Javier me
entrega um cartão com o nome do Kael e o endereço. — Ele quer conversar
com ele, para verificar em que cargo ele se encaixa.
— Eu nem sei como agradecer! — Pulo no pescoço de Javier, o
beijando várias vezes na bochecha, e percebo ele ficar levemente ruborizado.
Acho que ele não é muito acostumado com exageradas demonstrações
afetuosas.
Olho nos olhos dele, que me olha diferente, e então me beija. É um
beijo um tanto possessivo, e é tão gostoso! Acho que o ciúme está surtindo
efeito nesse homem.
— Pensaremos em formas de agradecimento mais tarde — ele fala,
tocando o meu rosto.
— Ou agora... — digo, retomando nosso beijo, empurrando a minha
língua dentro da boca de Javier, apertando a cintura dele e lhe arrancando um
gemido quando minha mão resvala sobre seu pênis, que já se encontra duro.
— Ayla...
Seguro seu pau e faço movimentos de vai e vem. Decido que posso
fazer mais do que isso. O solto, caminho até a porta e a tranco, em seguida
beijo os lábios quentes de Javier e sigo com os toques íntimos. Desabotoo a
calça dele e tenho o seu pau livre em minhas mãos.
— Aaahhh... Porra!
Sinto que ele faz força para não perder o controle quando me coloco
de joelhos e começo a chupar seu pau, o deixando ainda mais excitado. Uso a
língua para deslizar sobre a glande e chupo levemente. Engulo quase que por
inteiro, fazendo Javier soltar um gemido.
Começo a chupá-lo com força, usando também a língua em
determinados momentos, e vejo um Javier se retorcer por inteiro, para não
urrar de prazer.
— Que tesão da porra! — ele fala com a voz rouca. — Aaah... Ayla...
Eu vou... Ayla... Para, porque eu vou...
Mas não paro, continuo sugando-o com força. Minhas mãos apertam
o traseiro dele e o puxo mais para mim, até ele gozar na minha boca.
— Porra!
Ainda o chupo enquanto ele goza, e sinto as pernas dele tremerem.
— À noite continuamos, senhor Javier — falo de forma provocativa,
me levantando e seguindo para o banheiro, que fica na sala dele
mesmo.
(***)

Ao sair da sala de Javier, encontro o olhar aflito de Zion.


— Já sei, o magnata não quis nem me receber.
— Não, não é isso. A verdade é que não há nada aqui na empresa pra
você, mas há na empresa de um amigo dele.
— É sério? O magnata me arrumou um emprego na empresa de outro
magnata?
— Sim. — Sorrio com o jeitinho de menino que Zion se comporta às
vezes.
— Esse é o cartão com o nome e o endereço da empresa dele. Ele
estará esperando você pontualmente às 8h amanhã.
— Uau! — ele diz, segurando o cartão entre os dedos.
— Agora vamos às compras. Temos um bebê a caminho — falo,
olhando com carinho para Ágatha e alisando a barriga dela.
— Ah, Ayla... Não sei nem o que dizer.
— Que serei a madrinha? — Ergo uma das minhas sobrancelhas e
sorrio.
— Sem sombra de dúvidas será a madrinha! — Ela sorri com
lágrimas nos olhos.
Antes de irmos às lojas, Zion pede para passar em casa para tomar um
banho e trocar de roupas. Ele ficou muito desconfortável com o tratamento
que recebeu dos recepcionistas da empresa de Javier, e não o culpo, eu
também ficaria.
Passamos o resto da tarde e parte da noite nas lojas do shopping,
fazendo compras para o bebê, para Ágatha, e claro, para Zion.
— O magnata que vai me entrevistar... é muito exigente?
— Eu não sei quais critérios ele usa, mas sei que ele tem um grande
coração. Kael leva muito a sério tudo o que é relacionado ao trabalho, então
só precisa ser você mesmo. Autêntico. Mostrar que não tem medo de
enfrentar o trabalho que for e que está interessado em evoluir em sua vida
profissional.
— Kael... Conhece o cara?
— Sim, ele é muito amigo do Javi... Do senhor Javier, meu chefe.
— Javi... sei... — Ele levanta uma sobrancelha. — Seu chefe está
assediando você?
— Quê?! Mais fácil eu assediar ele. — Dou uma gargalhada e Ágatha
me acompanha.
— Seu chefe deve ser muito gato! — ela fala, com um sorrisinho
descarado no rosto.
— Ô se é! — respondo, me abanando com as mãos.
— Ayla Sumihara! — Zion me encara, bravo. — O que houve com
você?
— Eu cresci — respondo, o olhando nos olhos. — Agora me interesso
por homens, não por bebês. — Dou uma piscadinha para ele e me viro para
me afastar.
— Quê?! Bebê?! Quem é bebê aqui, Ayla?!
— Você. Você é o bebê — afirmo, apertando as bochechas dele,
enquanto Ágatha chega a se inclinar para frente, de tanto que ri.
Zion revira os olhos, sabe que discutir comigo é causa perdida.
(***)

— Acha que o magnata vai gostar de mim se eu usar essas roupas de


grã-fino? — Zion pergunta enquanto olha para seu reflexo no espelho. Ele
fica muito bem em um terno.
Aproximo-me dele, seguro seu pulso e o puxo de leve, para que se
vire para mim.
— Não são as roupas, Zi. É você — afirmo, olhando-o nos olhos. —
Você precisa mostrar que está à altura de qualquer cargo que ele lhe ofereça,
desde o mais humilde ao mais alto. Nunca deixe as roupas nem o dinheiro
determinarem quem você é. Um cara generoso, humilde, humano.
— Pode deixar, Lalá. Eu nunca vou me esquecer disso — ele afirma,
olhando-me seriamente.
— Zion está muito gatinho de terno — fala Ágatha, se aproximando
de nós.
— Sim, ele está — concordo com ela e vejo Zion corar.
— Que bonitinho, ele ficou envergonhado! — diz Ágatha, rindo. —
Não é uma gracinha, Ayla?
— É sim.
— Vocês não têm outra pessoa para ficar constrangendo?
— Não — respondemos em uníssono, e nós três acabamos rindo.

(***)

— Mui amiga você é! Primeiro se diverte nas compras, só depois me


convida! — Kyara chega na loja, ofegante, fazendo uma careta para nós. —
Ah, meu Deus! Ágatha! Como você está linda! — ela diz, abraçando Ágatha,
que se derrama em lágrimas nos braços de Kyara.
— Kyara... Que saudade!
— Eu também estava, minha pequena... eu também estava. — É
visível que Kyara também está emocionada.
Quando se afastam uma da outra, Kyara nota a presença de Zion.
— Traste? — indaga.
— Admita que você me ama. — Ele pisca para ela.
— Jamais! — Ky revira os olhos.
Após mais algumas horas em lojas, decidimos fazer uma parada em
uma lanchonete. Entre conversas e risadas, comemos nossos lanches, mas, de
repente, nos vemos todos com os olhos cheios de lágrimas, após Ágatha
trazer à tona uma lembrança da nossa infância.
— Nós prometemos uns para os outros, que o primeiro de nós que
ficasse bem de vida, convidaria os outros para fazerem um lanche como esse,
que só víamos na televisão. E então aconteceu... Ayla acaba de cumprir algo
que compartilhávamos quando éramos crianças.
É impossível as lágrimas não caírem. Todos nós sofremos a mesma
dor, passamos pelas mesmas privações quando crianças, e agora, reunidos
outra vez, relembramos de tudo.
— Nunca mais, nenhum de nós, passará fome — falo com a voz
embargada. — Eu prometo.
— A minha casa está de portas abertas para receber vocês. — Kyara
olha para Ágatha, ambas estão chorando. — Nenhum de nós ficará sem um
teto. Eu prometo.
— Eu vou dar o melhor de mim no trabalho, e ainda ocuparei um alto
cargo na empresa. Mas, independentemente disso, sempre estarei perto de
vocês, para garantir que estejam seguras e que ninguém as machucará —
afirma Zion.
Acho que no mundo nunca irá existir pessoas que se conectem tão
perfeitamente como nós. Em nosso caso, não ter parentesco sanguíneo não
nos impede de sentirmos o amor incondicional pelo outro.

(***)

Nossa próxima parada é no supermercado. Voltamos para o carro


carregando muitas sacolas de compras. Os meus amigos estão radiantes,
muito felizes. E eu também, por poder ajudá-los de alguma forma.
— Lalá, já que Ágatha vai para a casa de Kyara, pode me deixar em
qualquer lugar, que vou a pé pra casa — fala Zion.
— Quando eu falei “a minha casa está de portas abertas para receber
vocês”, eu me referia a você também, traste — fala Kyara, deixando todos
nós boquiabertos. Não que ela não seja uma pessoa generosa, mas o convite
que ela faz é muito nobre e admirável. — Não me olhem assim, como se eu
tivesse três cabeças! Sou eu, Kyara. E se você aprontar alguma... — Ela olha
para Zion. — Ainda corto suas bolas fora.
Caímos na risada, até mesmo Kyara, e seguimos para a casa dela.

(***)

— Até a parte das compras em lojas femininas e de bebês eu


compreendo... mas lojas masculinas? — Javier me olha, sério.
— Eu não poderia deixá-lo ir à empresa de Kael com roupas
informais. Sei que esse “pequeno detalhe” — faço aspas no ar — faz toda a
diferença.
— E por isso decidiu comprar roupas para seu ex-namorado?
— Pensei ter dito que o dinheiro que está na minha conta é meu, e que
posso fazer o que quiser com ele.
— É seu. E sim, pode fazer o que quiser. — Ele fica de costas para
mim e passa os dedos entre os cabelos, bagunçando-os. — Mas comprar
roupas para o ex-namorado?
Sorrio. Será que ele está com ciúmes?
— Javi... — Aproximo-me dele e o abraço pela cintura. — Ele é meu
amigo, nem penso nele como ex-namorado.
— Você ainda sente algo por ele?
— Claro. Carinho, consideração, amizade...
— Só isso?
— Só isso. Acredita em mim, eu não tenho motivos para mentir para
você. Quero que saiba que meus amigos significam muito para mim, e poder
ajudá-los é tão importante para eles quanto é para mim.
Ele respira fundo antes de se virar, ficar de frente para mim e tocar em
meu rosto.
— Eu acredito em você — afirma. — Só acho um pouco estranho
essa relação que tem com seu ex-namorado. Ele traiu você de maneira
sórdida, ele se mostrou um cara sem caráter, e você, mesmo assim, ajuda
ele?!
— Eu o perdoei. Odiá-lo, desejar o mal para ele, faria mal para nós
dois. Sentimentos negativos geram sentimentos e coisas negativas. Eu não
quero isso para mim. Para ninguém.
— Você está certa. É meu orgulho, Ayla.
O abraço em que Javi me envolve fala mais do que qualquer palavra.
CAPÍTULO 14
Ayla
Sei que não é bonito ouvir atrás da porta, mas é mais forte do que eu,
principalmente quando ouço meu nome.
— Confesso que fiquei bastante surpreso quando me pediu para
arrumar um emprego para o ex da Ayla. — Ouço a voz de Kael.
— Imagina como eu fiquei quando ela chegou aqui e me disse que
trouxe o ex e que ele estava do lado de fora da minha sala, a esperando?
— Ah, eu posso imaginar sua cara. — A sonora gargalhada de Kael
ecoa, me fazendo segurar minha própria risada.
— O pior você não sabe! Ayla levou o garoto às compras!
— Cara, você está muito fodido!
— É. Eu sei!
— Não, você não sabe. O ciúme está estampado na sua cara!
— Eu não estou com ciúme, tá legal?
— É claro que não está.
— Eu não vou nem perder meu tempo argumentando com você por
algo que não existe.
— Sim, a sua dignidade. Mas farei de conta que não percebi nada.
— Vamos mudar de assunto, antes que eu te jogue da janela. — Ouço
Kael rir outra vez, parece que ele está se divertindo muito com o ciúme do
Javi. — E aí, como foi com o garoto?
— Foi bem. O rapaz é bem apessoado e inteligente. Tem vontade de
aprender, crescer e se destacar profissionalmente, o que é muito bom. Preciso
de pessoas assim ao meu lado.
— Em que cargo ele está?
— Assessor pessoal. Quero pessoalmente ensiná-lo.
— Está de sacanagem?!
— Por que estaria?
— Ele vai trabalhar diretamente com você?
— Você não me pediu para ajudar o rapaz? Qual é a neura? Não vi
problemas em dar uma oportunidade a ele, uma oportunidade que certamente
seria negada no mundo cão lá fora, você sabe.
— Sim, eu sei. E você está certo. As pessoas deveriam pensar como
você. É só... só...
— Só o fato de que ele é o ex da Ayla, e isso o incomoda.
— Sim, é isso. Eu admito!
— No seu lugar eu também me incomodaria, mas ela gosta de você,
para de pensar merda!
— Como assim no meu lugar você também se incomodaria?
— Sejamos sinceros, o cara é bonitão. Por onde ele passava na
empresa, a mulherada suspirava. Achei até importante chamá-lo para uma
conversa particular e dizer para não ficar ciscando pela empresa, ou seria
demitido. Não que eu considere errado os funcionários se relacionarem
amorosamente, mas preciso estabelecer alguns limites, para que as coisas não
saiam do controle.
— Ele é muito bonito?
— Você está se ouvindo, senhor Javier García?! Você está com
ciúmes de um garoto!
— Só responda a minha maldita pergunta!
— Sim, ele é muito bonito. Sabe se portar muito bem. E dentro de um
terno passa fácil por um grande CEO novato e milionário.
— Mas que droga!
A gargalhada de Kael me faz rir ainda mais, por dentro, é claro, não
posso fazer barulho e ser pega.
Aguardo um pouco, até que eles mudem de assunto, e só então bato
na porta.
— Pode entrar — fala Javier.
— Com licença, eu só queria agradecer ao senhor Kael por ajudar o
meu amigo. Sou muito grata. E ele também.
— Não precisa agradecer, Ayla. É um prazer poder ajudá-la.
— Eu disse ao Zion que o senhor tem um coração enorme, igual ao do
Javi. — Kael olha para Javi com uma sobrancelha erguida, como se falasse:
“viu só, idiota? Ela só enxerga você!”.
— Obrigado, Ayla. Eu faço o que posso. E se eu puder ajudar mais
algum amigo seu, estou à disposição.
Vejo Javier olhar para Kael como se fosse jogá-lo sala afora, mas
Kael não se importa, pelo contrário, cai na gargalhada. Eu juro que me
esforço, mas não consigo me conter, começo a gargalhar com Kael, o que me
faz ganhar um olhar severo de Javi.
— Desculpa, Javi, mas é que você fica muito bonitinho quando faz
essa cara de bravo — falo, e isso faz Kael rir ainda mais.
— Isso só melhora! Agora, quando eu vir Javi bravo, a palavra
“bonitinho” vai soar na minha mente, e não poderei evitar o riso.
— Vocês dois tiraram o dia para me tirar do sério, né? Fora da minha
sala. Os dois!
Não sei se ele está falando sério ou não, mas continuo rindo com
Kael, que me puxa pelo pulso.
— Vamos, Ayla, vamos tomar um café enquanto o senhor
“bonitinho” se acalma.
— Vamos sim — concordo, o acompanhando sob o olhar perplexo de
Javi, que parece dizer “não acredito que eles vão mesmo!”.
CAPÍTULO 15
Ayla
— Ajoelhe-se! — diz.
Sem contestar, fico de joelhos diante dele, que retira o cinto da calça
dele, o desabotoa e coloca o pau para fora, duro como rocha, o que demonstra
sua excitação.
— Abra a boca!
Eu abro, enquanto ele enfia todo o pau dentro dela, quase me
afogando.
— Agora chupa!
Chupo o pau dele, ao passo que ele segura os meus cabelos para trás,
puxando-os com força, impulsionando as chupadas que dou.
— Chupa com força! Aaahhh... Delícia! Mais força! — Ele força o
pau com brutalidade dentro da minha boca, e isso me excita pra caralho!
Ele estoca mais duas vezes, e o jato de porra é liberto dentro da minha
boca, enquanto ele urra de prazer, me deixando completamente molhada entre
as pernas.
Ele senta-se no sofá, confortavelmente, e me chama.
— Vem.
Os meus seios estão doloridos com as sugadas fortes que ele dá, e fico
tão excitada, que sinto que posso gozar a qualquer momento.
Ele abre as minhas pernas e com uma estocada funda me penetra com
força. Javi segura a minha cintura, e mesmo assim sou jogada para cima a
cada estocada que ele dá. Ele me aperta ainda mais contra seu corpo, para
prender-me em seu colo, e entra com força em minha boceta. Chupa os meus
peitos, e sinto-me ainda mais molhada.
Ele me levanta e me coloca sentada no sofá, e então enfia o pau
dentro da minha boca e força a minha cabeça, para que o engula de uma vez.
— Chupa! Chupa com força!
Engulo o pau dele e o chupo com toda a força que consigo,
arrancando urros de prazer dele. Ele estoca o pau em minha boca, e vê-lo
gemer de prazer me enche de tesão.
Ele retira o pau da minha boca e me leva até a mesa dele, onde me
vira de costas para ele, que me invade sem aviso, e estoca duro e forte. Javi
geme em meu ouvido, usa a língua, me lambe e me fode com força, e só para
quando sente sua libertação através do jato de porra que sai como cachoeira
do seu pau.
— Ahhhhhhh... — geme.
Estou com as pernas moles e sou carregada para o sofá retrátil, onde
ele me deita, e enquanto dois dos seus dedos me invadem, sua língua fica
pincelando em meu clitóris, me levando a um prazer insano. Ele tira os dedos
e me invade com a língua, metendo-a deliciosamente. Em seguida mama em
meu clitóris, lambe e volta a mamar, me fazendo gemer de tanto tesão. Usa o
dedo outra vez, em uma posição um pouco diferente, sei disso porque a
sensação causada é diferente, é mais intensa, mais gostosa. Ele me penetra
forte, com estocadas firmes e duras, sem parar, e vai aumentando os
movimentos e usando mais força. Sinto como se fosse explodir em um
orgasmo, de tanto prazer, e quanto mais ele arremete dentro de mim, mais
tesão eu sinto, mais molhada eu fico, até que sou arrebatada com a sensação
mais deliciosa. Em meio a gemidos de prazer, eu gozo.
CAPÍTULO 16
Ayla
A universidade tem sido uma grata surpresa. Recebo cada novidade
de aprendizado como algo precioso, me dedico completamente quando estou
nas aulas e levo essa dedicação com os estudos para além da sala de aula,
sempre que tenho uma folga no estágio. Leio os livros que preciso, resolvo
exercícios, faço as minhas pesquisas, consigo conectar facilmente
universidade e estágio, o que me deixa muito feliz comigo mesma.
Finalmente recebo a minha carteira de habilitação provisória, uma
conquista que me enche de orgulho e gratidão. Javi compartilha do mesmo
sentimento que eu, é visível em seus olhos e em suas ações. Ele me leva para
almoçar em um dos hotéis dele, conversamos, rimos, dançamos, e a maior
surpresa tenho ao sair do hotel.
— Ah, meu Deus, Javi! — Meus olhos se enchem de lágrimas. — É
sério isso?
— Claro que é sério, linda. Vai lá. É o seu presente por conseguir a
sua carteira de motorista — ele afirma, me entregando a chave de um carro,
que está com um enorme laço vermelho, estacionado na frente do hotel.
— Obrigada, Javi! — Salto no pescoço dele e o beijo repetidas vezes
na bochecha, e ele sorri, está tão feliz quanto eu.
Começo a caminhar na direção do carro, mas algo dentro de mim diz
para eu fazer outra coisa, e eu faço. Me volto para Javi, me jogo em seus
braços, me penduro em seu pescoço e o beijo apaixonadamente. E ele
corresponde da mesma forma. Há algo diferente nesse beijo. Eu sinto. E
parece que ele também.

(***)

Javi e eu descobrimos juntos que gostamos de certas coisas durante o


sexo, e não é esforço nenhum para nós ceder em relação ao que o outro
deseja. No início da nossa relação sexual, achei que ele iria apenas me
ensinar os prazeres, sem que eu proporcionasse nada em troca, por ser
inexperiente, mas descobri que também posso deixá-lo louco de tesão.
É prazeroso sentir. É prazeroso fazer o outro sentir. Usar a força
durante o sexo é algo que excita a nós dois em igual intensidade, e eu não
fazia ideia de que era tão bom. E nem que eu iria gostar tanto. No começo,
quando eu pedia a ele que usasse mais força, ele relutava um pouco, com
medo de me machucar, mas quando percebeu que o uso da força é o que me
tira do eixo, começamos a explorar-nos mais no sexo. Javi também gosta que
tudo seja com força.
Confesso que tem vezes que apenas me entrego, fico “submissa” a
ele, que faz o que bem quer comigo. E ele sabe fazer. Duro, forte e gostoso.
Outra coisa que descobrimos, é que gostamos de transar no escritório
dele, durante o expediente, depois do expediente, antes de uma reunião, ou
seja, nos momentos mais inusitados.

(***)

Entro na sala dele e tranco a porta com a chave. Ele está falando ao
telefone e faz um sinal para eu ficar em silêncio e me aproximar. Faço o que
Javi pede. Na sequência, ele me coloca sentada sobre a mesa e me posiciona,
com as pernas semiflexionadas e abertas. Enquanto fala ao telefone, me toca
por cima da calcinha, fazendo círculos no meu clitóris. Em seguida, o dedo
dele me invade, entra e sai da minha boceta com força. Fico enlouquecida
todas as vezes que ele usa a força comigo. E ele sabe. Ele sente. Ele vê. O
dedo dele já está completamente molhado pela minha excitação. Javi
consegue me incendiar apenas com um toque de dedo.
— Ok. Te ligo mais tarde. — Encerra a ligação.
Javier tira a minha calcinha, e ainda sentado em sua cadeira, me puxa
um pouco até a beirada da mesa e chupa meu clitóris com vontade. Me
remexo um pouco contra a boca dele e ele começa a mamar minha boceta de
um jeito que faz o calor entre as minhas pernas aumentar significativamente.
— Essa boceta é mais gostosa do que pensei... — sussurra, me
chupando e levando a mão em seu sexo, começando a se masturbar enquanto
empurra sua língua dentro de mim.
Ele me lambe, move a língua em círculos sobre o meu clitóris e me
deixa a cada segundo mais molhada, literalmente babando por ele. Então ele
me suga outra vez, com um pouco mais de força, depois me fode com a
língua, com toda a força que consegue, com estocadas deliciosas e quentes.
Entre meus gemidos, o ouço gemer também. Ele se masturba com
mais força enquanto chupa minha boceta, como se estivesse com fome dela, e
mama como se fosse um bezerro. Sinto o calor invadir todo o meu sistema,
principalmente meu ventre. O fogo aumenta dentro de mim, sendo libertado
com espasmos do orgasmo que tenho na boca de Javi.
— Gostosa demais! — Ele fica de pé, me puxa um pouco mais sobre
a mesa e me penetra duro e forte.
Com movimentos brutos, ele entra e sai da minha boceta, me fode
com muito tesão. Com uma das mãos aperta o meu peito com força, me
deixando, outra vez, encharcada.
— Aaaahhh... Javi... Que gostoso...
— Você gosta, né? — Ele me olha com os olhos cheios de tesão, e
isso me deixa ainda mais excitada.
— Eu gosto... Gosto sim. Chupa mais, vai. Chupa gostoso. Aaahhhh...
Assim, com mais força... Mais forte, Javi... Aaaahhhh!
Os nossos gemidos se misturam. Não sou sadomasoquista, e não
tenho nada contra quem é, mas uma força bem aplicada é irresistível!
Gozo com Javi dentro de mim, tendo, pela primeira vez, o famoso
squirting. Me sinto flutuar, é algo completamente insano e prazeroso.
Javi é o que faltava em minha vida, mesmo que nossa relação seja
baseada em um contrato. Não sei o que será de mim se ele decidir romper o
que temos. Acho que estou cometendo o único erro que ele me alertou que
não deveria cometer. Estou me apaixonando...
CAPÍTULO 17
Ayla
De repente, parece que estou vivendo um pesadelo! Javi havia me
pedido para preparar uma documentação, e tenho certeza de que fiz tudo que
ele havia me solicitado, mas ela simplesmente desapareceu.
Procuro por todos os lugares, mas não encontro os documentos, e para
piorar, Javi está com um péssimo humor com essa situação, e comigo.
— Eu nunca deveria ter confiado algo tão sério e importante como a
minha empresa a uma iniciante! Uma fedelha sugar que não entende nada da
vida!
Sinto meus olhos se encherem de lágrimas. Ele não precisava ser tão
cruel. E o pior, vejo que Micaela, a secretária executiva, está parada na porta,
me olhando com todo o nojo que consegue.
— Senhor Javier, eu procurei por tudo em minha sala, e realmente
Ayla não me entregou esses documentos. Mas posso digitá-los rapidamente
para o senhor, sem problemas.
— Ah, Micaela, o tempo está curto, você não poderia...
— Eu posso! É só me mostrar o que tenho que fazer, que em poucos
minutos estará em suas mãos.
— Por favor, sente-se em minha mesa, só conseguirá acesso desse
computador.
Micaela caminha elegantemente até a mesa de Javi, que se inclina
atrás dela para acessar alguma coisa. Ela olha para mim com ar de
superioridade, e eu entendo, nessa hora, que foi ela quem armou para mim.
Mas é claro que Javier não irá acreditar.
— Javi, eu tenho certeza...
— Já chega, Ayla! Você foi muito irresponsável! Eu disse que eram
documentos importantes, se não ficasse tão preocupada em ter orgasmos
constantes, teria dado conta do seu trabalho!
Como eu pude me enganar tanto? Como eu pude ser tão estúpida a
ponto de acreditar nesse conto de fadas?! É claro que cedo ou tarde ele iria
virar um pesadelo. E parece que a hora chegou.
Olho pela última vez meus cadernos, anotações e livros. Sim, é meu
sonho, mas não vale a pena suportar esse tipo de situação. Não é o que sonhei
para mim.
Nunca foi.
Pego a minha bolsa e vou até a recepção.
— Senhorita Ayla, o que houve? — Marjorie me olha com uma
expressão preocupada.
— Não é nada, Marjorie. É só... Isso não é para mim... — falo entre as
lágrimas, entregando para Marjorie minhas chaves do apartamento, do carro,
o cartão de crédito e o celular.
— Senhorita Ayla, o que vai fazer?
— Vou recomeçar, Marjorie. Não sei quando e nem de que forma,
mas eu vou. — Enxugo as lágrimas com as costas das mãos. — Entregue
essas coisas ao senhor Javier, por gentileza.
— Sim, claro. Mas fique ao menos com o celular, senhorita Ayla.
Pode precisar falar com alguém...
— Falar com quem, Marjorie? — Me esforço para falar sem chorar,
porém não consigo.
— Senhorita Ayla, eu posso fazer algo?
— Obrigada, Marjorie. Você sempre foi um amor comigo. Obrigada
por tudo.
— Imagina, senhorita Ayla.
Vejo os olhos dela ficarem marejados. Ela tem um bom coração, eu
notei isso desde a primeira vez que a vi. Dou a volta no balcão e abraço-a. Ela
retribui o gesto com o mesmo carinho que eu. Em seguida, saio em disparada,
sem olhar para trás.
Uma das coisas que aprendi em minha curta existência, é que não
devemos olhar para trás quando queremos dar um novo passo em nossas
vidas. Olhar para trás é viver no passado, e eu não preciso disso agora. Pelo
contrário, eu preciso cair na real, compreender que tudo não passou de um
sonho bom, mas que chegou ao fim. Agora é o momento em que começo a
encarar a minha realidade.
Só não sei por onde começar.
CAPÍTULO 18
Javier
— Senhorita Marjorie? Está chorando? — pergunto à minha
recepcionista.
— Não. Não, senhor — ela responde, tentando esconder as lágrimas.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não foi nada... Eu só... Me desculpa, senhor.
— Não precisa se desculpar. Eu posso fazer algo pela senhorita?
— Obrigada, senhor Javier, mas está tudo bem. Em que posso ajudá-
lo?
— Você viu a Ayla?
— A senhorita Ayla foi embora.
— Droga! Eu não queria que ela dirigisse nervosa, é perigoso.
— A senhorita Ayla não foi de carro.
— Como? E como sabe que ela não foi de carro?
— Porque ela me pediu para entregar as chaves ao senhor.
Meu coração erra uma batida ao ver Marjorie me entregar as chaves
do carro que presenteei Ayla.
— Ela me pediu que entregasse essas coisas também.
Marjorie me entrega as chaves do apartamento, o cartão de crédito e
até o celular.
— Ayla... — sussurro mais para mim mesmo. — Até o celular...
— Ela disse que não tem ninguém para quem possa ligar. Desculpe-
me, senhor Javier, mas foi de quebrar o coração vê-la daquela forma. Eu sei
que não é da minha conta, mas eu... Tadinha da senhorita Ayla.
— Eu sou um idiota, senhorita Marjorie. Machuquei a única pessoa
que nunca me feriu.
— Desculpe-me outra vez, senhor Javier, mas o senhor é mesmo um
idiota.
— Senhorita Marjorie!
— Senhor.
A vejo engolir em seco, mas ela não retira o que disse.
— O que eu faço?
— Vá atrás dela! Quem sabe o senhor a encontre e consiga se
entender com ela.
— Tem razão. Eu vou.
Corro em direção ao elevador, e nunca o achei tão devagar como
estou achando agora.
Ayla... Eu sou um idiota mesmo! Um idiota muito cruel! Eu vi
quando os olhinhos dela ficaram marejados quando gritei com ela. Eu não
tinha o direito de tratá-la daquela forma. Eu não tenho o direito de tratar
ninguém dessa forma. A minha menina é muito inteligente e dedicada. Ela
estava se esforçando muito para aprender cada dia mais, fosse comigo, com
os livros, com a senhorita Marjorie... E agora ela se foi... Provando outra vez,
para mim, que mesmo os sonhos dela não valem mais do que o seu amor-
próprio. E isso ela tem de sobra. O que não é errado, ela está coberta de
razão. Depois de tudo o que a minha menina passou, eu a feri ainda mais.
CAPÍTULO 19
Ayla
Eu já nem sei mais onde estou. Corro para me afastar de tudo o que
possa me fazer pensar em Javi. Encosto-me em uma parede qualquer e sinto
as lágrimas descerem de forma doída e desenfreada. Sinto a visão escurecer e
tudo girar. Meu mundo está girando. Meu mundo era Javi...
Tento dar um passo à frente, preciso chegar a algum lugar, mas
minhas pernas não me obedecem. Sinto-me tão perdida. Sinto como se o chão
se abrisse sob os meus pés e a qualquer momento fosse me engolir, de uma
forma que eu nunca mais possa voltar à superfície.
— Lalá...
— Zion...
Canso de relutar contra meus sentimentos e não me importo de estar
chorando na frente do meu ex, por causa do meu... Não sei nem como me
referir a Javier, já que todo o nosso “relacionamento” se resume a um
contrato.
— Zion... — Agarro a cintura dele, e ele me recebe em seus braços,
sem fazer perguntas, sem me julgar. Apenas me abraça e beija o alto da
minha cabeça.
— Estou aqui, Lalá. Estou aqui. — Ele me segura firme em seus
braços, e eu me sinto segura outra vez.
Ficamos um tempo abraçados, e quando estou mais calma, me
pergunta:
— O que você quer que eu faça, Lalá?
— Me leva para a sua casa?
— Claro. Claro.
Ele pega minha bolsa do chão e me conduz em direção ao carro da
empresa, que ele passou a dirigir depois que foi contratado por Kael.
(***)

Javier
Volto para a empresa totalmente desolado. Marjorie olha-me com
visível tristeza no olhar.
— Senhorita Marjorie, estarei em minha sala, e, por favor, não quero
ser incomodado.
— Sim, senhor.
Em minha sala, observo o celular dela em um canto da mesa. Meu
coração se quebra de vez. É como se Ayla não tivesse ninguém no mundo.
Em seus contatos, ela tem apenas o número de Kyara, Zion, Ágatha e o meu,
que está escrito “Sugar Love”.

(***)

Ayla
— Zion?
— Aqui, Lalá. — Ele entra no quarto com um prato nas mãos.
— O que é isso?
— Seu jantar. Você precisa se alimentar.
— Eu não quero.
— Por favor. Estou preocupado com você.
— Está bem... Eu vou tentar... — falo.
Forço a comida a descer, e não é que não esteja boa, é só que... é
como se não tivesse sabor.
— Posso te pedir uma coisa?
— Claro, pode sim.
— Não conta pra ninguém que estou aqui.
— Tudo bem, eu não conto. Mas você ficará bem enquanto eu estiver
fora?
— Sim, eu ficarei.
— Vou deixar meu antigo celular com você, assim, se precisar de
qualquer coisa, poderá me ligar, e eu trabalharei mais tranquilo sabendo que
irá me chamar se precisar.
— Se é para você trabalhar tranquilo, fico com o celular. Não quero
que se prejudique na empresa.
— E quanto à Kyara... Ela vai ficar maluca quando souber que você
desapareceu.
— Eu vou ligar para ela... Me empresta o seu celular?
— Claro.
— Você pode, por favor, retirar o seu número, para que ela não possa
retornar a ligação?
— Ok.
Ayla escuta o celular chamar apenas três vezes e a voz de Kyara,
nervosa, atende.
— Ky... Sou eu, Ayla.
— Ayla, amiga! Você está bem? Onde você está?
— Eu estou bem, só liguei para dizer que fique tranquila, que eu só
preciso de um tempo longe de tudo. Um tempo só para mim.
— Claro. Eu entendo, amiga, mas estou preocupada.
— Não fique. Estou bem.
— O senhor Javier apareceu aqui atrás de você, e eu quis chutar as
bolas dele, porque sabia que ele tinha te machucado de alguma forma, mas
ele foi mais rápido e bloqueou meu golpe, porém não conseguiu da segunda
vez... Na segunda vez ele foi ao chão. E quando eu fui pegar a faca para
cortar o pau dele fora, como eu tinha prometido que faria se ele te
machucasse, o cretino correu! Acredita, Ayla?!
— Acredito sim, amiga. No lugar dele eu também correria de você.
— Que tipo de amiga é você, Ayla, que correria de mim?
— O tipo de amiga que tem muito orgulho de você e que te ama
muito.
— Eu também tenho orgulho de você, e também te amo muito. Agora
me diga onde está e o que aconteceu, amiga, estou preocupada com você.
— Não precisa se preocupar comigo, eu estou bem. Estou sendo bem
cuidada.
— Por quem? Quem está cuidando de você? Onde você está, Ayla?
— Na casa de um amigo.
— Você não tem amigos.
— Agora tenho. Ky, eu vou desligar.
— Que amigo, Ayla?
— Ky, eu estou bem. Isso é o que importa, certo?
— Certo.
— Amo você.
— Eu também amo você.
Zion me olha como se quisesse perguntar o que aconteceu, mas ele
não pergunta.
— De certa forma, foi bom Ágatha passar uns dias na casa da Kyara.
— Sim... Eu não estou com cabeça para dar explicações e...
— Não precisa dizer nada. Só saiba que estou aqui.
— Isso significa muito para mim.
— Conta comigo. — Ele faz um carinho no meu rosto e beija o alto
da minha cabeça. — Boa noite, Lalá.
— Boa noite, Zi.
CAPÍTULO 20
Javier
Cheguei a pensar que com o passar dos dias, a dor da falta de Ayla
iria passar, mas não passou. Tentei por diversas vezes falar com Kyara,
inclusive no dia que a Ayla saiu da empresa, mas ela sequer me ouviu, na
verdade, queria cumprir com a promessa de cortar meu pau.
O pior de tudo isso, é que disse à Ayla que a única coisa que ela não
deveria fazer era se apaixonar por mim, mas o idiota aqui é que está
apaixonado, caído de quatro por essa mulher!
— Você é mesmo um idiota, Javi! Quem acabou se apaixonando foi
você!
Quando penso que não posso ser mais surpreendido, Marjorie chega
na empresa esbaforida, branca feito um papel, e diz que precisa me mostrar
algo muito importante. Acompanho-a até a sala de reuniões e ela me mostra
uma filmagem. Nela, vejo Ayla entregando à Micaela uma pasta de
documentos, e após sair da sala, Micaela abre a pasta e rasga todos os
documentos que Ayla lhe entregou. Na sequência, a mesma joga no lixo.
— Tem mais... — afirma Marjorie, retirando o pen drive e colocando
outro.
Vejo nas imagens o dia em que acusei Ayla injustamente e a chamei
de irresponsável, além de outras coisas das quais não me orgulho. Vejo os
olhos assustados de Ayla, o olhar de superioridade de Micaela, Ayla saindo
em meio às lágrimas, eu saindo... Micaela retirando um pen drive do bolso da
saia, inserindo no computador e imprimindo os documentos. Ela não digitou
nada, já estava tudo pronto. Já estava tudo armado.
— Senhor Javier, peço desculpas por pegar as imagens sem
autorização, mas é que eu desconfiava da senhorita Micaela e não poderia
deixar uma inocente ser acusada injustamente.
— Não há o que desculpar, senhorita Marjorie. Sua atitude foi
louvável. Micaela... você me paga! — rosno e sinto uma fúria me consumir
por dentro.
(***)

No momento em que Micaela pisa na empresa, todos os documentos


do pedido de demissão dela estão preparados.
— Senhor Javier, eu não entendo... — ela diz com a melhor cara de
sonsa que consegue fingir.
— Serei o mais claro possível, senhorita Micaela. Eu vi as filmagens
que a incriminam. Vi quando a senhorita deu fim nos documentos que eu
solicitei à Ayla e ela lhe entregou. Vi quando a senhorita colocou o pen drive
em meu computador para imprimir o que já estava digitado, só para fazer
parecer que é muito eficiente. Vi tudo! — proclamo com fúria.
— Senhor Jav...
— E se a senhorita não quiser que eu a jogue pela janela, retire-se
imediatamente daqui e passe no RH para acertar as suas contas! — ameaço-a.
— Sim, senhor — ela fala, se retirando rapidamente da minha sala.
CAPÍTULO 21
Zion
Com o passar dos dias, ao contrário de melhorar, Ayla começa a
piorar. Está pálida, sem ânimo para nada, só fica na cama e chora noite e dia.
Estou de mãos atadas! Não quero que ela pense que a estou traindo, porque
me pediu para não contar nada a ninguém, mas deixá-la nesse estado, sem
fazer nada, eu não posso.
— Ah, não, Zion! Hoje não! — Kyara já vai dizendo, antes mesmo
que eu abra a boca.
— Kyara, eu preciso falar sobre a Ayla...
— Eu não sei onde ela está e...
— Eu sei que não sabe, porque ela está comigo — revelo de uma vez,
calando Kyara e a deixando com a boca aberta. Por essa ela não esperava! —
Melhor fechar a boca, ou pode entrar um besouro!
— Engraçadinho!
— Será que nós podemos conversar? É muito sério.
— Claro. Entra.
— E a Ágatha?
— Ela está no banho, ela costuma demorar, então temos tempo.
— Certo. Não quero que ela fique nervosa.
— Se ela aparecer, mudamos de assunto, você diz que veio vê-la.
— Tudo bem.
Kyara se preocupa tanto quanto eu com Ayla, e ela concorda que não
podemos ficar parados. Não é que eu concorde com a decisão que ela toma
após a nossa conversa, mas, ainda assim, é melhor do que não fazer nada.
Após tomarmos uma decisão, volto para casa, para cuidar da Ayla. Já
Kyara fica com o encargo de marcar um encontro com o tal magnata, o ex-
chefe da Ayla.
(***)

Javier
Fico possesso quando Kyara me conta que Ayla está na casa de Zion!
Como assim ela está na casa do ex?! Mas, segundo Kyara, não estou na
posição de ficar zangado, porque quem fez a merda foi eu. E para falar bem a
verdade, estou mais preocupado com o estado de saúde de Ayla do que com
ciúmes do pirralho.
A casa do pirralho não é muito longe, mas ouvir Kyara matraqueando
em meus ouvidos a grande merda que fiz, faz o local parecer ser em outro
estado.
Ao chegarmos na casa, percebo que Kyara tem uma cópia da chave.
Ela abre a porta e entramos em silêncio. Uma cópia da chave? Eles são todos
tão próximos assim? Confesso que essa amizade entre Ayla, Kyara, Zion e
Ágatha me deixa intrigado, é como se algo os ligassem. Mas o quê?!
Os meus pensamentos retornam ao presente quando ouço a voz de
Ayla, um pouco fraca, mas é a voz dela.
— Zi... por favor... eu não quero...
— Lalá... Por favor, digo eu... Por favor, eu ajudo você a superar o
que quer que seja, estou aqui. Mas eu preciso de você. Sozinho eu não vou
conseguir.
Silêncio.
— Está bem...
Kyara me olha, com a sobrancelha erguida, e quando dou um passo
para ir em direção ao quarto que eles estão, ela me impede.
— Zi? Lalá? — indago.
— Você acabou de chegar na vida dela, queria ter o mesmo nível de
intimidade que eles?
— E eu não tenho?
— Veremos... O que sabe sobre Ayla?
— Que ela ama ler, dançar, estudar e...
— Onde ela nasceu? Cresceu? Como foi a vida dela, a infância, a
adolescência? Quais as dificuldades que ela passou?
Engulo em seco. Kyara está certa. O que eu sei sobre a Ayla? Nada.
— Você sabe? — indago a ela.
— Sim, eu sei. Zion sabe. Ágatha sabe.
— Se você sabe, então me responda uma coisa. Por que ela procurou
Zion, e não alguém da família?
— Família?
— Sim. Mãe, pai, uma tia, sei lá. Onde estão os pais dela?
— Pais? Logo se vê que você não sabe nada sobre ela, e não sou eu
quem vou contar para você. Agora vamos.
Sigo Kyara, e juntos entramos no quarto. Me deparo com uma cena
que me quebra. Zion está ajudando Ayla a deitar-se na cama, e ele faz tudo
com muito cuidado, como se ela fosse partir ao meio, e eu não duvido que
parta, porque ela está tão pálida, magra e parece muito fraca. Ao lado da
cama, em uma mesa de cabeceira, vejo um prato com um pouco de sopa, e
presumo que era isso que ele estava tentando fazer quando cheguei com
Kyara... tentando fazer Ayla se alimentar.
— Javi... Kyara... — A voz dela está tão fraca. Ela parece tão
debilitada. Meu coração se aperta. Eu sou um monstro por ter causado isso a
ela.
Ela começa a chorar, e eu juro que não sei o que fazer, então ajo com
o coração. Aproximo-me dela e a abraço do jeito que posso, de uma forma
que não a machuque.
— Me perdoa, Ayla... Me perdoa por tudo... Eu não queria machucá-
la, eu juro que não queria.
— Javi... eu não queria prejudicar você, nem a empresa, eu...
— Shhh... — A olho nos olhos. — Eu sei, meu anjo. Eu sei. O errado
fui eu. O errado sou eu. Não você. Você fez tudo certo.
— Ah, Javi... — Ela chora. — Doeu tanto você não acreditar em
mim... e me falar aquelas coisas...
— Me perdoa, Ayla... — Faço um carinho na face dela. — Eu nunca
mais vou desconfiar de você, e nunca mais te falarei aquelas coisas, ou
qualquer coisa que te machuque.
— Eu perdoo... mas não quero mais vê-lo.
— Eu... eu entendo... Não é o que eu gostaria de ouvir, mas eu
entendo. Só me deixa cuidar de você até que fique bem, e então eu
desapareço da sua vida.
— Não é necessário. Podemos encerrar por aqui.
— Não. Não podemos. Eu não te conheci assim, e não vou abandoná-
la assim. — Retiro as suas cobertas. — Você vem comigo. — A pego com
cuidado em meus braços, e quando ela não protesta, sinto que a situação dela
pode ser mais grave do que suponho.
Ao entrar na sala, Kyara e Zion estão sentados no sofá, confesso que
nem vi quando saíram do quarto e nem o quanto ouviram da minha conversa
com Ayla.
— Eu vou levá-la ao hospital. Você vem, Kyara?
— Claro. — Ela se levanta rapidamente. — Até mais, traste.
— Até mais, mulher raivosa — Zion a responde, mas não olha para
mim.
É claro que não estenderei o convite ao pirralho, mas também não
posso ser ingrato. Ele cuidou da minha joia preciosa quando a tratei feito uma
bijuteria.
— Zion. — Ele me olha. — Obrigado por cuidar dela, e obrigado por
avisar à Kyara que as coisas estavam fugindo do seu controle.
— Agradeça não a deixando nunca mais ficar nesse estado por sua
causa.
Ok. Eu mereci essa. Faço uma menção positiva com a cabeça e vou
para o carro, levando minha Ayla nos braços.

(***)
Todos os exames possíveis são feitos em Ayla, e os resultados não são
nada animadores. Ela está com anemia profunda. É assustador vê-la tão
apática, magra, pálida... com uma dor de cortar o coração exposta nos olhos,
nos gestos. Ela está sofrendo. E eu estou morrendo por dentro.
Como pude ser tão filho da puta com as minhas palavras a ponto de
deixá-la nesse estado?! A frase “palavras também matam” nunca foi tão
verdadeira. É como se eu tivesse a matado, porque Ayla é apenas um
fantasma da menina doce e alegre que sempre se mostrou ser.

(***)

Ayla fica alguns dias internada, sendo medicada e atendida pelos


melhores profissionais da saúde. Eles têm oferecido todo o suporte a mim e
aos amigos de Ayla, para sabermos como lidar com a doença e com ela,
porque, certamente, os medicamentos cumprem bem o seu papel, mas nós
precisamos dar a ela apoio e muito amor. Durante a pouca convivência que
tenho com todos eles, percebo que isso é o que não falta entre eles. Até o
“traste”, como diz Kyara, tem seu lado bom.
Kael e Marjorie aparecem para visitá-la, e vejo o sorriso mais lindo
surgir em seus lábios quando os vê. Apoio e amor são duas coisas que fazem
muita diferença na vida de qualquer pessoa. Sabemos que o tratamento será
longo, pois Ayla está muito debilitada e perdeu vários quilos, mas estamos
dispostos a seguir sendo o suporte de Ayla em tudo o que ela precisar.

(***)

Com o passar dos dias, Ayla vai me permitindo me aproximar um


pouquinho dela, até que me sinto com coragem o bastante para tentar uma
conversa.
— Eu não perguntei a você, mas gostaria de saber algumas coisas
sobre a sua vida. Se quiser me contar, claro.
— Pode perguntar.
— Onde estão todos da sua família?
— Minha... família?
— Sim.
— A minha família é Kyara, Zion e Ágatha.
— Compreendo. Mas quero saber sobre a sua família de verdade, a
sua família de sangue.
— Eles são a minha família, e não termos o mesmo sangue não
significa nada para mim.
— Eu sei, minha linda, eu não disse que eles não sua família por não
possuírem o mesmo sangue, mas o que eu quero saber é: onde estão seus
pais, Ayla?
— Meus pais? — Os olhos dela ficam marejados na hora. — Eu não
tenho.
— Como não tem? Todo mundo tem.
— Eu não sou todo mundo. E eu não tenho.
É a primeira vez que vejo uma Ayla dura feito aço, e sinto que essa
conversa não será nada fácil.
— Eles faleceram, é isso?
— Acho que quem morreu foi eu, para eles.
— Uma briga de família?
— Eu não sei quem são meus pais, tá legal? Não os conheço, nunca
os vi, e também nunca quero os ver! — ela desabafa entre lágrimas, elevando
o tom de voz. — Eles me abandonaram quando eu nasci... Me jogaram em
um lugar qualquer, sem nem ao menos tirar o cordão umbilical... Eu fui
criada em um orfanato. Eu nunca fui escolhida para a adoção. Nem eu, nem
Kyara, nem Zion, nem Ágatha...
Não consigo esconder a perplexidade que é saber dessa parte da vida
de Ayla. Como eu pude nunca me interessar pela história dela?
— Nós crescemos juntos, sorrimos e choramos juntos, passamos por
privações e sofrimentos juntos... Passamos muita fome juntos... O orfanato
em que vivíamos era muito humilde, mas amor tinha muito, especialmente
entre nós. Muitas vezes, Zion dividiu a parte dele da comida comigo e com as
meninas. Ele dizia que precisava cuidar da alimentação dele, porque queria
ser um esportista, praticar corrida, então deveria evitar comer de forma
exagerada, mas não era verdade, ele fazia isso para que pudéssemos nos
alimentar um pouco melhor, embora ele realmente praticasse corrida. Muitas
vezes ele deixava de praticar, dizia estar cansado, mas nós sabíamos que ele
estava fraco, porque repartia o pouco do alimento que tinha conosco. E
quando ele apareceu na casa da Kyara naquele estado... com fome... tudo
voltou à minha cabeça. Sei que na da Kyara também. Então o acolhemos,
porque ele sempre nos acolheu. Ele me traiu, eu sei, as meninas sabem, mas
ele também nos alimentou quando tínhamos fome. Prometemos sempre
cuidar um do outro. E estamos cumprindo... Zion foi o primeiro que saiu do
orfanato, depois Kyara, e então eu... Nós três moramos juntos por um tempo,
até que Zion e eu começamos a construir nossa casa, mas com a traição dele,
as coisas mudaram. Eu continuei na casa de Kyara, ele perdeu a nossa casa,
porque não conseguiu pagar as prestações, e tudo desandou. Então quando ele
estava caído, Kyara e eu o acolhemos, e quando eu caí, ele me acolheu.
Ágatha foi a última de nós que saiu do orfanato. Ela queria buscar a família
biológica, mas não deu nada certo, e ela acabou caindo nas lábias de um mau
caráter. O resto da história você já conhece...
— Ayla... eu sinto muito. Eu realmente sinto muito.
— Não sinta. Eu já senti por tudo isso que aconteceu. Hoje não sinto
mais.
Ayla não é apenas uma joia preciosa, ela é também rara, e de valor
incalculável.
CAPÍTULO 22
Javier
Ayla recebe alta do hospital e promete que irá se cuidar, fazer os
tratamentos para a anemia, mas não quer mais manter contato comigo e
deseja romper o contrato de sugar baby, inclusive faz questão de me devolver
tudo, mas não aceito nada de volta, e saliento que só aceitarei romper o
contrato sob a condição dela continuar indo para a universidade, ficar com o
carro, o apartamento e dinheiro, porque, afinal, ela cumpriu com a parte dela,
me fez companhia, me divertiu e conversou comigo. Contrato é contrato, e
faço questão de cumprir com a minha parte, com tudo o que prometi e
assinei. Porém, mesmo que não tivesse assinado, dei a ela a minha palavra, e
palavra de homem é uma só!
Ela aceita as minhas condições, assinamos o rompimento do contrato
e ela sai da empresa e da minha vida, que perde a graça e a cor, que só Ayla
conseguia me agraciar.
Promovi a senhorita Marjorie à minha secretária executiva, e ela tem
realizado seu trabalho com perfeita maestria.
O lugar de Ayla permanece vazio, na minha sala e no meu coração.

(***)

— É sério que não está nem um pouco preocupado com o fato da


Ayla estar “morando” com o ex-namorado dela? — Kael faz aspas no ar.
— Ela não é como as outras mulheres. Não tenho motivo para me
preocupar. Eu só vou dar um tempo a ela e depois vou procurá-la.
— Hmmm... Acho que não tem mesmo motivos para se preocupar. O
cara só é o ex-namorado dela, nada significativo. O cara com quem ela
perdeu a virgindade. E provavelmente o cara com quem ela deu o primeiro
beijo. Beeem difícil uma recaída... — ele fala e segura meu ombro. — Afinal,
dizem que o primeiro amor, o primeiro beijo e a primeira transa nunca
esquecemos, e no caso de Ayla, que teve todas essas experiências com um
mesmo cara, eu acho que...
— Já entendi, Kael! — falo, irritado. — Vou até a casa do pirralho e
vou trazer a minha mulher comigo!
— Sua mulher? E ela sabe disso?
— Ainda não. Mas vou contar a ela.
— Ah, você vai contar a ela? Estou estupefato com a sua genialidade!
E como pretende trazer “a sua mulher que ainda não sabe que é a sua
mulher”? — Ele faz aspas no ar. — Arrastando-a pelos cabelos?
Comportando-se como um homem das cavernas?
— Se for preciso, sim! — Caminho em direção à porta.
— Calma, meu caro! — Segura-me pelo braço e me puxa para trás,
me impedindo de sair. — Desse jeito ogro, vai perdê-la para sempre! E se
duvidar, vai perder para o ex dela!
— Está de sacanagem!
— Certamente o ex está fazendo coisas que você foi incapaz de fazer.
Está fazendo coisas que mostram que ele se preocupa verdadeiramente com
ela. Você precisa ser melhor do que ele.
— E como faço isso, se nem sei o que o pirralho está fazendo?
— Seja romântico. Muito romântico! Mulher nenhuma resiste ao bom
e velho romantismo. É certeiro.
— Cara, não entendo como você ainda é solteiro! Um cara todo
galante desse jeito.
Kael dá uma sonora gargalhada.
— Vou te dizer o que fazer...
Após me contar a sua ideia, tenho que concordar, é brilhante!
— Cara! É sério! Se eu fosse uma mulher, eu me apaixonava por
você!
— Então vem cá, me dá um beijo, vai! — Ele faz bico e se aproxima
do meu rosto. Coloco o braço na frente, para impedi-lo.
— Sai!
— Vai negar um beijinho para o cara que poderia ser a mulher da sua
vida?!
— É ruim, hein! — Tento afastá-lo.
Nesse momento, Marjorie surge na porta e fica paralisada com a cena.
Rapidamente nos recompomos, diante da face ruborizada dela.
— Com licença, eu só vim deixar os contratos para o senhor assinar.
— Obrigada, Marjorie.
— Por nada — ela responde e se vira para sair.
— Marjorie — a chamo.
— Sim, senhor.
— O que viu aqui... não é nada. É só o Kael sendo idiota!
— Ah, qual é, Javizinho? Acha mesmo que a senhorita Marjorie já
não percebeu seus olhares em cima de mim? — Kael debocha, arrancando
um sorriso de Marjorie. — E, com certeza, ela não será preconceituosa com o
nosso amor, não é mesmo, Marjorie? — ele indaga, me puxando pela cintura.
— O senhor está certo, não sou preconceituosa.
— Está vendo, amor? Agora me dá aquele beijo?
— Kael, me larga, ou eu juro que vou te dar uma surra!
Marjorie está rindo muito, mas o celular de Kael acaba com o
momento de descontração.
— O trabalho me chama.
— Graças a Deus! — afirmo.
— Vejo você mais tarde. — Ele pisca para mim e se retira da sala.
Reviro os olhos ao som da gargalhada de Kael.
Marjorie continua rindo.
— Senhorita Marjorie...
— Não precisa me explicar nada, senhor Javier. Eu admiro a amizade
de vocês dois, é muito bonita.
— Obrigado.
— O senhor precisa de mim para alguma coisa?
— Na verdade, sim. Mas não é nada relacionado ao trabalho.
— Sem problemas. Em que posso ser útil?
— Você me ajuda a escolher algumas flores? Mas quero que seja algo
extremamente extravagante.
— Vai tentar reconquistar a senhorita Ayla? — Ela sorri,
entusiasmada.
— Sim, senhorita Marjorie, eu vou. — Sorrio. Gosto muito de
Marjorie, e gosto ainda mais de ver o carinho que ela tem por Ayla.

(***)

Estou na frente da casa do pirralho, fazer o quê?


Um enorme buquê de rosas em uma mão, um microfone na outra, e os
rapazes de uma das bandas que tocam nas minhas redes de hotéis.

“Amanheci sozinho
Na cama um vazio
Meu coração que se foi
Sem dizer se voltava depois
Sofrimento meu
Não vou aguentar
Se a mulher
Que eu nasci pra viver
Não me quer mais”[8]

(***)

Ayla
Estou deitada na cama, sinto-me um pouco mais forte a cada dia, mas
a fraqueza ainda é grande, e preciso caminhar devagar, às vezes com ajuda,
mas os médicos disseram que voltarei ao normal à medida que recuperar meu
peso e as vitaminas em meu organismo.
Pode parecer estranha a decisão que tomei, mas opto por ficar na casa
de Zion. Ágatha está na casa de Kyara, e as duas costumam vir aqui todos os
dias me visitar.
Sinto falta de Javi. Muita. De todas as possíveis coisas que imaginei
acontecer, a última que pensei foi passar a humilhação que passei. Como
tínhamos tudo assinado em contrato, exceto nossas relações íntimas, porque
essa foi consensual, não pensei que ele iria me diminuir da forma que fez,
justo Javi, que sempre se comportou de forma tão humana com todos os seus
funcionários. Tudo bem que eu não era uma funcionária, mas como estava
estagiando com ele, era como se fosse. Ele foi cruel com as palavras, e não
acreditou em mim. Ele mostrou uma face que eu nunca queria ter visto.
Um barulho de música me tira dos meus devaneios. Alguém parece
estar recebendo uma declaração ao vivo, ou algo assim. Leva um tempinho
para que eu reconheça a voz de Javier.

“O que aconteceu
Pra você partir assim
Se te fiz algo errado
Perdão!
Volta pra mim...”

— Javi...
— Lalá... — Zion aparece na porta do quarto. — O magnata está aí
fora, fazendo uma superprodução ao vivo. — Vejo ele tentar esconder o riso.
— Por que está rindo?
— Sei lá... É mico demais... Mas ok, ele merece pagar muitos micos
na vida ainda. — Sorrio com ele. — Você quer ir lá fora?
— Sim, eu quero. — Sento-me na cama, mas ainda me sinto muito
fraca.
— Quer que eu a leve? Será mais rápido.
— Sim, por favor.
E como se as coisas não pudessem ficar mais estranhas, meu ex me
segura em seus braços e me leva para ver a declaração que estou recebendo
em frente à casa dele.
Ao chegar do lado de fora, Zion me coloca no chão, e sinto a voz de
Javi dar uma leve falhada ao ver a cena. Ciúmes? Acho que não estou com
essa corda toda.

“Eu te amo e vou gritar


Pra todo mundo ouvir
Ter você é meu desejo de viver
Sou menino e teu amor
É que me faz crescer
E me entrego, corpo e alma
Pra você”

(***)

Javier
Vê-la nos braços do pirralho dá uma reviravolta dentro de mim, e
quase esqueço a letra da música. A minha vontade é de arrancá-la dos braços
dele, mas não posso fazer isso. É visível pela palidez dela, e por seus
movimentos lentos, que ainda está muito fraca. Além disso, como ela me
expulsou da vida dela, não posso nem mesmo reclamar de algo.
Recomponho-me rapidamente e prossigo com a minha declaração de
amor para Ayla. Espero que ela compreenda quão profundos são os meus
sentimentos por ela. A ideia de Kael não poderia ser mais genial, pois muitas
vezes Ayla e eu nos comunicamos através das músicas. Não poderia ser
diferente agora.
A essa altura, há muitas pessoas do lado de fora das suas casas,
observando a minha declaração para Ayla, que eu percebo, está emocionada.
Será um bom sinal?
A música termina e o silêncio que se faz é incômodo. As pessoas, eu,
estão todos esperando algum sinal de Ayla...
— EEEEEEuuuu... — Nesse momento todas as pessoas começam a
rir, inclusive Ayla. Onde foi parar meu amor-próprio, meu Deus?!

“Eu tô com saudade de te deixar louca


De beijar sua boca e chamar de safada
No espelhado, nós dois suados
É puxão de cabelo, é tapão na raba”

Ayla começa a caminhar lentamente em minha direção, e eu faço um


sinal para que ela pare. Corro até ela, com o buquê de rosas nas mãos e o
sentimento maior do mundo no coração. O amor. Todo o amor que tenho para
ela. Ayla Sumihara.
Me coloco de joelhos em frente a ela e apenas digo o que pede meu
coração.
— Me perdoa por tê-la machucado. Me perdoa por tudo de ruim que
causei em sua vida. Só... me perdoa, Ayla. Eu te amo. Eu te amo tanto.
Ela sorri entre lágrimas e beija carinhosamente minha testa.
— Eu perdoo — ela diz, e eu a abraço pela cintura. — Eu também te
amo. — Ela beija o alto da minha cabeça. — Amo muito.
As pessoas que nos assistem, aplaudem e assobiam para nós, o que
nos faz rir.
Afasto-me um pouco dela, e ainda de joelhos lhe entrego as rosas, que
ela aceita, sorrindo. Em seguida retiro a caixinha que trago em meu bolso.
— Ayla, aceita ser a minha namorada?
— E aquela conversa de que não precisava de uma namorada?
— Eu menti — falo, a acompanhando no sorriso. — Eu preciso de
uma namorada, desde que ela seja você. Você aceita?
— Sim, eu aceito — ela responde, me presenteando com o sorriso
mais lindo que já vi na vida.
Coloco o anel no dedo dela e me coloco de pé, para poder abraçar e
beijar a minha namorada.
Mais aplausos e assobios ecoam, e então ouço uma vozinha irritante
que conheço de longe.
— Trouxe uma faca dentro da bolsa, Ágatha? — diz Kyara.
— Ah, sim. Eu trouxe.
E a outra ainda compactua da loucura de Kyara!
— Ayla? — Ela faz um ar interrogativo para a amiga.
— Oi, meninas... Agora tenho um namorado. — Ayla exibe o anel e o
sorriso que parece ter se tornado o seu companheiro.
— Isso quer dizer que não preciso cortar...
— Não, Ky, você não precisa — afirma Ayla, rindo.
— Ah, ok. Parabéns então, garota! — ela fala, abraçando Ayla.
— Estou tão feliz por você, amiga — diz Ágatha, tentando abraçar
Ayla. Eu digo tentando, porque a barriga da garota está enorme.
— Se livrou de uma e tanto, garotão! — diz Kyara, me abraçando.
— Sinto-me aliviado, mas confesso que nada dói mais do que a
ausência da Ayla em minha vida.
— Ah, que romântico!
— É... Gente... não quero atrapalhar o romantismo de vocês, mas... —
fala Ágatha, apontando a poça de água no chão.
— Ah, meu Deus! A bolsa! A bolsa dela estourou! — grita Kyara. —
Zion! Se mexa, traste! Vamos levá-la ao hospital! Cadê as coisas dela?! Ah,
estão na minha casa! Preciso ir em casa! Zion?! Ainda está parado?!
— Ky... Calma... — fala Ágatha com toda a calma do mundo. —
Vamos para a sua casa, eu quero tomar um banho antes de ir para o hospital.
— Banho?! Que banho, garota!? A criança vai nascer! — grita Kyara.
— Vamos, Ky... — fala Ágatha, segurando no braço da amiga e a
levando para o carro. — Você quer que eu dirija?
— Você não pode dirigir! Zion!
— Calma, Kyara, até parece que é você que terá o filho! Eu levo
vocês.
Antes de ir até as garotas, o pirralho olha para Ayla, e sorri. Ele sorri
para a minha namorada! E como se isso não bastasse, ele a abraça. Eu vou
matar esse pirralho! Juro que vou!
— Estou muito feliz por você, Lalá.
— Obrigada, eu também estou.
— Parabéns, cara! Você tem a melhor namorada do mundo — ele diz,
estendendo a mão para mim.
— Eu sei — respondo, orgulhoso, pois realmente tenho.

(***)

Todos nós nos encontramos no hospital, porque, claro, Ayla se recusa


a ficar em repouso. Por outro lado, ela aceita ficar na minha casa, para que eu
possa cuidar dela até a sua total recuperação, e depois ela pode decidir se
volta para o apartamento dela ou não.
EPÍLOGO 1
Ayla
Alguns meses depois

Confesso que pensei em voltar para o meu apartamento assim que


minha saúde estivesse restabelecida, entretanto, estamos falando de Javier
García, o cara que tem me presenteado todos os dias com o melhor dele. Os
melhores sorrisos, os melhores beijos, os melhores carinhos, demonstrações
de amor e um pedido de noivado!
Eu aceitei!
Continuo frequentando a universidade e estagiando no escritório de
Javier, porém, agora, não como sua sugar baby, mas como sua noiva.
Hoje Javier ficará até mais tarde no escritório, eu disse a ele que
estava cansada e que iria esperá-lo em nossa casa, sim, nossa, agora estamos
morando juntos. Ele fez uma carinha de cachorrinho sem dono, mas disse que
tudo bem, que ele iria ser o mais rápido que podia para poder ficar comigo
logo.
No momento que a senhorita Marjorie me avisa que Javi já está
sozinho no escritório, entro em ação.
Ao chegar na empresa, fecho a porta de entrada, apago as luzes e sigo
para o escritório do meu futuro marido. Ele para de ler o documento que está
em suas mãos e olha para mim, que estou parada na entrada da sala dele.
Ele me olha como se fosse avançar em mim a qualquer momento, o
que não seria má ideia, mas preciso que ele espere. Abro o meu roupão e
revelo a minha lingerie e a cinta liga, tudo na cor preta. Solto meus cabelos e
vejo Javi salivar, como nunca vi antes. E isso me excita muito. Apago umas
luzes, deixo apenas a de dois abajures acesas, e ligo o som. Ele dá um
sorrisinho safado quando a música começa.
Danço para ele, o mais sensual que consigo ser, e só sei que está
funcionando, porque vejo o volume na calça dele quando o puxo pela
gravata, para que ele fique em pé. Ele tenta me tocar, mas não deixo, para
deixá-lo ainda mais excitado. Me esfrego nele, o tanto quanto posso, e amo a
situação que estou deixando-o. O volume em suas calças cresce contra o meu
traseiro quando me empino contra sua ereção e rebolo. Ele segura com força
a minha cintura e me puxa ao seu encontro. Sinto seu pau prontinho para me
receber.
Afasto-me dele e faço com que se deite no sofá retrátil que já usamos
tantas vezes. Com o meu pé acaricio sua ereção. Em seguida sento-me nele e
rebolo. Deslizo para cima e para baixo, o deixando louco de excitação. Fico
em pé, rebolo e desço próximo à face dele. Repito esse movimento por
algumas vezes.

“Mas sei que você quer sentar pra mim


Então desce, joga na cara e não para, não para, não
Vai, desce, joga na cara e não para, vai que tá bom
Vai, desce, joga na cara e não para, não para, não
Vai, vai, vai, vai, vai, desce com pressão”

Quando desço em um movimento, ele me segura, e puxando a minha


calcinha de lado, gruda a boca em minha intimidade, me chupando de forma
insana e deliciosa. Gemo e ele pincela a língua em minha boceta, me
deixando ainda mais molhada.
Ele me deita e beija todo o meu corpo, cada pedacinho dele. Desliza a
língua por todos os lugares, suga os meus seios, e então me beija. Um beijo
apaixonado e calmo, mas repleto do calor à la Javier.
Ficamos um bom tempo nos beijando, até que ele começa a me
estimular outra vez, e então, de forma calma e lenta, me penetra. Seus beijos
não cessam. Ele toca a minha face e me olha nos olhos, enquanto faz um
movimento de vai e vem.
— Eu te amo, Ayla.
— Eu te amo, Javier.
Há muito sentimento envolvido em cada olhar, em cada toque. As
coisas acontecem diferentes dessa vez, porque essa é a primeira vez que não
estamos fazendo sexo, estamos fazendo amor.
EPÍLOGO 2
Ayla
É a primeira vez que Javier me pede para ficar até depois do horário
do expediente. Acho estranho, confesso, mas fico mesmo assim.
A empresa já está fechada, com as luzes externas apagadas, somente a
da nossa sala permanece acesa.
Javier se aproxima de mim e me entrega uma pasta com documentos.
— Pode lê-los e depois me resumir do que se trata? — ele indaga,
com seu ar profissional, mas sem deixar de ser “o meu Javi”.
— Claro, posso sim.
— Eu vou buscar algo para nós e já volto.
— Está bem — respondo, recebendo dele um beijo na testa.
Ele sai da sala e abro a pasta com os documentos que acabou de me
entregar. Estranho... acho que já li essa documentação antes...
Em pouco tempo, Javi retorna à sala. Seu olhar está diferente, mas
não consigo identificar o motivo. Ele entra na sala, seguido por três homens,
e nesse momento a sala é trancada.
Não consigo esconder meu medo, estou realmente assustada,
imaginando as atrocidades que eles farão comigo. Farão? Não, Javi não
permitiria... Ou permitiria?
— Venha aqui — Javi diz com a voz calma, como se nada estivesse
para acontecer.
Aproximo-me dele e sinto meu corpo tremer levemente. Engulo em
seco. Ele começa a me beijar na boca, um beijo calmo, repleto de carinho.
— Está tremendo — ele constata, tocando o meu rosto. — Apaguem
as luzes, deixem apenas a luz de dois abajures acesa — ele fala e os homens o
obedecem prontamente. — Você confia em mim?
— Sim.
— Então não há o que temer, está bem? Eu jamais deixaria alguém te
machucar ou faria algo sem o seu consentimento.
— Javi... o que eles estão fazendo aqui?
— Relaxa... — Ele volta a me beijar.
Dessa vez consigo correspondê-lo melhor, e nos entrosamos no beijo
como se não houvesse ninguém na sala. As mãos de Javi acariciam os meus
seios e sinto o calor que emana de seu toque. Em seguida ele abaixa a alça do
meu vestido, e sua boca chupa os bicos dos meus peitos, para na sequência
abocanhá-los em uma mamada que faz um calor subir entre minhas pernas,
que começam a dar sinais de excitação. As mãos descem para o meio das
minhas pernas, e ele as separa e introduz o dedo na minha intimidade, me
penetrando.
Esqueço-me completamente dos olhos que nos veem e libero um
gemido de prazer. Javi retira o dedo e afasta a boca dos meus seios.
— Sente-se no sofá.
Um pouco mais calma, faço o que ele diz.
Javi puxa uma cadeira e senta-se. Os rapazes tiram a roupa e ficam só
de boxer. Engulo em seco... Ele só vai observar?
Um dos rapazes se aproxima e me beija na boca. Olho para Javi, que
faz uma menção positiva com a cabeça, então retribuo o beijo do rapaz, que
mergulha a sua língua dentro da minha boca. Na sequência, o segundo rapaz
me beija, também explorando meus lábios com a língua. O terceiro rapaz é
mais ousado. Enquanto me beija, sua mão desce para os meus peitos, os
acariciando suavemente. Logo depois sua mão vai para o meio das minhas
pernas e me masturba gentilmente no clitóris, sobre a calcinha, ao passo que
me beija lento.
Sinto outra mão tocar-me nos seios, descer a alça do vestido e uma
boca se apoderar do meu mamilo com força, o sugando deliciosamente. O
rapaz que me beija, retira o dedo do meu clitóris e toca o seio que está livre,
dando leves apertadas, enquanto mergulha a língua dentro da minha boca. Já
o moço que mama meu peito, desce a mão para o meio das minhas pernas,
arrasta a calcinha para o lado e me penetra com o dedo, se afundando
suavemente, me deixando ainda mais molhada. Ele me fode com um pouco
mais de força, a ponto de me deixar ofegante, e logo depois retira o dedo de
dentro de mim.
Ouço a porta ser aberta. Um dos rapazes deixa uma moça entrar na
sala, e ela caminha diretamente para Javi, que nem se move em sua cadeira.
A moça se ajoelha, abre a calça dele sem cerimônia alguma, e quando o
membro duro e “salivando” salta para fora, ela o engole de uma só vez, o
fazendo me olhar devasso. Ele está excitado apenas em olhar para mim, e
confesso que olhá-lo sendo chupado me enche de tesão também.
Quando olho ao meu redor, lembro do que contei a Javi um tempo
atrás, e tudo se encaixa.
— Por que me acordou?
— Você não parava de gemer. Acho que estava tendo algum tipo de
sonho erótico.
— Ah, pode apostar que eu estava.
— Comigo?
— Com certeza! Mas...
— Mas...?
— Deixa pra lá, não vou compartilhar isso.
— Por que não? Quero que sinta-se livre para falar comigo sobre
qualquer coisa, principalmente sobre sexo.
— Está bem, mas já vou adiantar... é estranho...
— Prometo não achar estranho.
— Estávamos no seu escritório, e três homens me chupavam, me
penetravam com os dedos, enquanto você era chupado por uma mulher, e
nós dois estávamos gostando, dava para ver em nossas expressões. Então
você começou a comer a mulher de forma louca, e os homens faziam o
mesmo comigo, e todos gozamos juntos... — Cubro a minha face com as
mãos. — Não acredito que te contei isso.
— Ei, olha para mim. — Ele retira minhas mãos da minha face. —
Não precisa sentir vergonha. Você gostou do sonho?
— Sim... Eu me senti ótima, na verdade. Parecia bem prazeroso. Para
nós dois.
— Interessante.
— Interessante? É devasso! Que homem aceitaria uma coisa dessas?!
Ou que mulher?!
— Devasso? Não acho. No sexo tudo o que for em comum acordo é
válido. Sobre quem aceitaria ou não, acho que depende do casal, dos seus
desejos sexuais e de uma boa conversa.
— Pode ser... mas ainda acho estranho.
— Não tem motivos para isso. Aposto que muitas mulheres já tiveram
esse mesmo sonho que você. E homens também.
— É, pode ser... mas aposto que eles não fizeram como eu e saíram
contando por aí.
Ele dá uma gargalhada.
— Já percebeu que a maioria dos homens tem vontade de transar
com mais de uma mulher ao mesmo tempo, mas o contrário é pouco falado?
— Exponha melhor o que pensa, Ayla.
— Dificilmente se vê uma mulher dizer que ela sente desejo de
transar com mais de um cara ao mesmo tempo. E mesmo se falar, é pouco
provável que coloque em prática.
— E por que acha isso?
— Elas sentem vergonha de expor seus desejos. Existe medo dos
julgamentos, medo dos homens tentarem machucá-las por confundirem
desejo sexual com “vontade de ser agredida”. A coisa é vista de uma forma
diferente por sermos mulheres, entende?
— Entendo. Não concordo com o fato de isso acontecer, mas entendo.
Acho que os direitos devem ser iguais, inclusive os que envolvem sexo. E,
Ayla, você acha que as mulheres têm esse desejo de transar com mais de um
cara ao mesmo tempo, só que preferem reprimir para elas mesmas?
— Eu acho que sim. E arrisco a dizer que elas pensam muito nessas
possibilidades de buscar seu próprio prazer de formas diferentes.
— Você tem esse desejo?
— Javi...
— Eu não vou julgar. Eu prometo.
— Sim, eu tenho.
— Você ficou excitada com o sonho?
— Javi!
— Eu mesmo verifico. — Ele simplesmente leva os dedos em minha
intimidade, que, claro, está encharcada. — Que delícia! Me deixa provar um
pouco desse mel? — ele pergunta, já beijando o meu pescoço.
— É todo para você... — digo antes de nos atracarmos em um sexo
selvagem.
A minha calcinha é retirada pelo outro rapaz, pois enquanto um me
beija, o outro continua chupando meu mamilo de forma deliciosa. O rapaz
lambe o meu clitóris, e sua língua brinca sobre ele, o lambuzando com a
minha excitação. Arfo, me contorço de prazer, então ele me chupa
deliciosamente, mergulhando a língua dentro da minha cavidade e sugando o
clitóris em seguida, até que seu dedo me penetra, depois outro, e ele me fode
com força, fazendo meu corpo sair do lugar. O rapaz que me beija, desce a
boca para o outro mamilo, enquanto o outro continua a mamá-lo, e o outro a
foder-me com os dedos e com a língua sobre meu clitóris.
Javi continua sentado na cadeira, sendo chupado. O tesão está exposto
em seu olhar, enquanto me observa. Os três rapazes me chupam sem parar,
mamando como se fossem três bezerros famintos e afoitos.
Javi libera um gemido alto, e vejo seu corpo estremecer. Ele goza
dentro da boca da moça, que ainda o chupa.
Estou cada vez mais molhada, e ver Javi gozar me deixa louca de
tesão. Começo a gemer cada vez mais alto, enquanto os três rapazes me
chupam sem parar, e me fazem gozar forte e gostoso dentro da boca de um
deles.
Javi já está pronto para o ataque outra vez, e ficando em pé, ele vira a
moça de costas e a fode forte e bruto, gemendo a cada estocada que dá,
fazendo-a gritar em luxúria, o que me enche de tesão.
As minhas pernas tremem e sinto o segundo orgasmo ser liberado,
agora na boca do rapaz que me chupava e fodia com os dedos ao mesmo
tempo.
— Quer ser fodida pelos três? — indaga Javi, fodendo a garota na
minha frente.
— Quero — suplico.
— Rapazes... é com vocês. Mas, lembrem-se, sem machucá-la, e ela
dita as regras.
Eles fazem uma menção positiva com a cabeça. Um deles me beija de
língua, pega uma das minhas mãos e a leva para o seu pau, para que eu o
masturbe. O outro rapaz também leva a minha mão para o seu pau, e eu
masturbo os dois, enquanto o terceiro rapaz chupa minha boceta com fome e
desejo.
No sofá retrátil, cabem todos muito bem.
Sinto o tesão aumentar quando o rapaz que me beija volta a chupar
meus mamilos e o outro introduz o pau na minha boca e me fode até que seu
pau comece a ficar ainda mais melado de excitação.
Então ele troca de lugar com o rapaz que chupa minha boceta, e eu
mamo o pau dele com força. Quase o faço gozar, mas ele retira o pau antes,
não é na minha boca que ele quer gozar.
Por fim, o rapaz que está mamando o meu seio coloca seu pau na
minha boca e a fode até deixar-me quase sem fôlego.
Um rapaz se deita e me coloca sobre ele, que arruma seu pau na
entrada da minha boceta e começa a me foder, devagar e suave.
— Mais rápido e com mais força... — suplico, e ele faz exatamente o
que eu peço. — Aaahhh... Um pouco mais de força... Aaaahhhh!
Ele acelera os movimentos e os deixa cada vez mais forte, então outro
dos rapazes enfia o pau na minha boca, e eu chupo, usando mais força a cada
estocada que levo.
Sinto uma língua ser introduzida em meu ânus, que o molha, o
lambuza e o lambe. Logo depois um dedo começa a me invadir, e fico atenta
ao que pode acontecer.
— Não. Aí não! — afirmo. O rapaz para com a introdução do dedo.
As estocadas fortes continuam e me levam ao delírio e ao orgasmo.
Em questão de segundos sou colocada em uma posição que dois rapazes
ficam abaixo de mim, cada um chupando um mamilo, e o terceiro me pega
por trás e introduz o pau em minha boceta. Sinto uma leve dor com a entrada
abrupta.
— Tudo bem? — ele pergunta.
— Sim, pode continuar. Forte e bruto.
— Pode deixar. — Ele segura meus cabelos em sua mão e estoca
fundo em mim, me fazendo gemer, deliciada.
Olho para Javi, que está tão enlouquecido de tesão quanto eu. Só em
meus sonhos vivenciei tudo o que está acontecendo, mas Javi tratou de tornar
real. Esse homem não existe!
O rapaz sustenta a força em seus movimentos de penetração, enquanto
os outros dois chupam meus peitos, e o resultado é certeiro: um orgasmo
forte me atinge. Gozo olhando para Javi, que mete forte na garota e goza
olhando para mim. Minhas pernas ainda tremem quando o rapaz estoca mais
três vezes em minha boceta, até que seu orgasmo também chega.
O terceiro rapaz me coloca deitada no sofá, ergue uma parte da minha
perna, e começa a introduzir seu membro.
— Se não estiver confortável, só falar — diz.
— Está bem.
Ele lambe meu pescoço e me masturba no clitóris, mantendo seu
membro parado dentro de mim. Quando eu começo a gemer, ele começa a
estocar.
— Continuo? — questiona.
— Sim, continue... — digo, ofegante.
— Você gosta forte, certo?
— Certo.
E ele faz, forte e gostoso, enquanto os outros rapazes fazem rodízio,
colocando seus paus em minha boca. Javi geme entre as sugadas que a moça
dá em seu pau, que já está duro outra vez. O rapaz abraça a minha cintura
com força, e com o outro braço enlaça o meu pescoço. Nesse momento os
outros dois rapazes se afastam e eu sou lindamente fodida da maneira que
mais gosto: duro e forte. Sinto o meu suor misturar-se ao suor do rapaz que
me fode. Ele geme contra meu ouvido, e sua língua brinca em meu pescoço.
Olho para Javi, que estoca forte na boca da moça, e eu sou arrebatada por um
gozo surreal. Em seguida sinto o corpo do rapaz estremecer atrás de mim,
libertando seu orgasmo.

(***)

Javier
— Espero ter realizado seu sonho sexual.
— Pode ter certeza que sim. Foi ainda melhor que no sonho — Ayla
me diz, toda manhosa.
— Só fiquei com uma dúvida.
— Qual?
— Por que não deixou o cara te comer por trás?
— Primeiro, porque é meu direito dizer não ao que não quero.
— Concordo.
— E segundo, porque nunca dei para ninguém. Quero que você seja o
primeiro. E o único — ela diz, deslizando a língua em meu pescoço e
capturando meu pau em sua mão, que o masturba deliciosamente.
— Porra, Ayla, já estou de pau duro outra vez!
— Que ótimo! Traga ele assim até mim — afirma, se afastando. — Te
espero no quarto.
— Caralho de mulher fogosa! Eu que lute para acabar com esse fogo
todo!

FIM!
CAPÍTULO 1
Ravena
Estou conversando sobre assuntos aleatórios com Javier e Ayla no
elevador. Acabamos de sair de uma reunião e combinei de ir almoçar com
uma amiga, já que claramente levei um fora. Era só um convite para almoçar,
ele poderia dizer simplesmente que não estava interessado, agora inventar um
compromisso de última hora?
Quando o elevador abre as portas, Javier e Ayla ficam um pouco
atrás, e vou em direção à minha amiga, que já me espera, porém meus olhos
disparam para outro local.
— Ravena... Aquele lá não é o novinho que você estava de olho?
— É sim... — sussurro, vendo-o se aproximar de uma bela ruiva,
beijá-la no rosto e pegar uma criança no colo.
— Safado! Ele tem mulher e filho!
— Mas que cretino! — retruca minha amiga.
— Isso não vai ficar assim! Eu vou até lá e quero ver se ele terá
coragem de me olhar e falar alguma coisa! Ele disse que tinha um
compromisso, e agora eu sei qual é.
Aproximo-me do casal que conversa entre risos, e vejo a mocinha,
sim, é uma mocinha comparada à minha idade, olhar para mim com uma
expressão interrogativa, mesmo assim ela sorri. Ela sorri! A menina parece
ser um encanto de pessoa, não posso nem me dar o luxo de sentir raiva dela.
Quer dizer, ela não tem culpa de nada, mas ele...
— Zion?
— Ah! Oi, Ravena — ele diz normalmente, sem constrangimento
algum.
— Então é esse seu compromisso de hoje?
— Sim, é esse garotão!
— Sua esposa e seu filho? Não sabia que era casado.
— E não sou. Essa é minha irmãzinha, a Ágatha. E esse garotão é
meu sobrinho e afilhado, né, grandão?!
O bebê sorri.
— Irmã? Ah... me desculpa.
— Sem problemas. Normalmente, quando as pessoas nos veem
juntos, pensam que Ágatha e eu somos um casal.
— Olá, Ágatha! Prazer, sou Ravena.
— Muito prazer, Ravena! Finalmente conheço a grande CEO que o
Zion tanto fala.
— Ah, ele fala?
— Obrigada, Ágatha — ele retruca e percebo que fica sem graça.
— Por nada — ela diz, sorrindo.
— Vejo que está passando muito tempo com a Kyara — ele diz.
— Quem é Kyara? — pergunto.
— A outra irmã. — Sorri Ágatha.
— Ah! O que esse bebezão lindo faz aqui?! Vem com a tia, amor. —
Vejo Ayla se aproximar e pegar o bebê no colo, que sorri para ela. — E você,
mana, como está? — ela pergunta, olhando para Ágatha.
— Mana? Espera! Vocês três são irmãos?! — indago, sentindo minha
cabeça girar. Até onde sei, Zion é ex-namorado de Ayla.
— Longa história! — respondem os três em uníssono e sorriem.
— Quem é esse bebezão lindo? — indaga Kael, chegando e entrando
na conversa com seu jeitinho de sempre, que anima todos à sua volta.
O bebê sorri e ergue os bracinhos para Kael, que sorrindo, o pega em
seu colo.
— Bom, que tal almoçarmos todos juntos, assim aproveitamos para
nos conhecermos melhor e esclarecer algumas coisas? — Ayla fala, sorrindo,
olhando de Zion para mim. Essa garota é esperta, já se ligou que estou de
olho no novinho.
— Acho uma ótima ideia! — concordam todos.
A ruiva se aproxima um pouco sem graça de Kael, que a olha com seu
ar divertido de sempre.
— E você, quem é?
— A mãe do bebê — ela responde, sorrindo.
Kael dá uma gargalhada, e quando vai devolver o bebê para a mãe, ele
simplesmente se agarra em Kael.
— Bem, mamãe do bebê, se você não se importar, posso levá-lo em
meu colo.
— Claro, pode levar.
— A propósito, sou Kael. — Ele estende uma mão para ela.
— Ágatha. — Ela segura a mão dele.
Vejo olhos brilhando.
É, se Ágatha for mãe solteira, parece que o bebê acabou de escolher
um papai para ele.
Continua...
SOBRE A AUTORA
Jhey Lee é paranaense, formada em Letras Português/Inglês pela
Universidade Tuiuti do Paraná. É autora, revisora e empresária na
Gramaticalizando – Assessoria Literária.
Mesmo antes de ter escolhido a profissão que seguiria, já era
apaixonada por livros, que sempre foram sua grande paixão.
Para Jhey: “escrever é dar voz à minha imaginação e à minha alma. É
se conectar com outras pessoas, levando reflexões que as possam ajudar a
mudar, a transformar, nem que seja um pouquinho, a sua vida para melhor.
Escrever é como respirar. É essencial”.
LIVROS PUBLICADOS
- Contos de Terror: Para ler antes de dormir

O livro está disponível em e-book na Amazon e pelo Kindle Unlimited.

[1]
Trabalho de Conclusão de Curso.
[2]
Me diz o que aconteceu
Estou chorando por amor
Eu estou aqui, não tenha medo
Me mata essa dor.
[3]
Não chore mais, eu já estou aqui
Não sofra tanto, que o louco foi quem te deixou.
[4]
E eu serei sua princesa
A noite toda serei sua princesa
E no castelo nos amamos
Você quer ser meu rei, nós negociamos
E com um beijo nós coroamos
E eu serei sua princesa
A noite toda serei sua princesa
E em todos os lugares nos amamos
Se você quiser ver, nós negociamos
E com um beijo nós coroamos.

[5]
Desce com pressão, de Kevinho, Tainá Costa e Mad Dogz.
[6]
Tapão na Raba, de Raí Saia Rodada.
[7]
Seu gostoso – versão light - Mc Juninho FSF, Mc Ká de Paris, Dj Lula, DJ Novinho do Jaca.
[8]
Volta pra mim, de Roupa Nova.

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