Você está na página 1de 350

Copyright © 2022 – Lis Santos

Capa: TG Design
Diagramação: DC Diagramações
Revisão: Kellyane Ribeiro

1ª Edição

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.
Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento e/ou a
reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios —
tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora.
Criado no Brasil. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
SUMÁRIO
SINOPSE
CAPÍTULO 1
Anthony
CAPÍTULO 2
Anthony
CAPÍTULO 3
Savannah
CAPÍTULO 4
Anthony
CAPÍTULO 5
Savannah
CAPÍTULO 6
Anthony
CAPÍTULO 7
Savannah
CAPÍTULO 8
Savannah
CAPÍTULO 9
Anthony
CAPÍTULO 10
Anthony
CAPÍTULO 11
Savannah
CAPÍTULO 12
Anthony
CAPÍTULO 13
Savannah
CAPÍTULO 14
Anthony
CAPÍTULO 15
Anthony
CAPÍTULO 16
Savannah
CAPÍTULO 17
Savannah
CAPÍTULO 18
Anthony
CAPÍTULO 19
Savannah
CAPÍTULO 20
Anthony
CAPÍTULO 21
Savannah
CAPÍTULO 22
Anthony
CAPÍTULO 23
Anthony
CAPÍTULO 24
Savannah
CAPÍTULO 25
Anthony
CAPÍTULO 26
Savannah
CAPÍTULO 27
Anthony
Donna
CAPÍTULO 28
Anthony
CAPÍTULO 29
Savannah
CAPÍTULO 30
Anthony
CAPÍTULO 31
Savannah
EPÍLOGO
SOBRE A AUTORA
OUTROS LIVROS DA AUTORA
Existe um passo a passo quando o

assunto é amor?
CEO de uma multinacional, Anthony Gabriel é temido por todos.

Como nem tudo é perfeito, também é considerado um dos maiores


mulherengos da cidade e não se importa com esse título. Seu avô, com a

ajuda de sua mãe, arranja seu casamento com a filha do primeiro-ministro.

Antes de ser surpreendido, Anthony aparece em seu “noivado” na

companhia de uma mulher que acabou de conhecer.


O problema? Anthony não pensou nas consequências e agora está

noivo da assistente do atual rival de seu avô.

Seria mais uma noite comum no trabalho, ao menos Savannah


pensou, até ser interceptada por um homem lindo, trajando um terno

impecável. Sem pensar duas vezes, aceita embarcar na loucura que mudaria

completamente sua vida.

Um acordo. Noites quentes e uma paixão avassaladora.


Anthony

Levo a taça de vinho aos lábios, apreciando o gosto suave e marcante

da bebida. Admiro a beldade à minha frente, ela dança de maneira quente,

deixando meu pau completamente em alerta, nem parece que eu estava

agora pouco dentro de sua boceta quente e apertada. Hoje eu tive um dia do
cão, se não me perdesse em deliciosas curvas, não conseguiria pregar o

olho.

─ Vem aqui, morena. ─ Nunca sei o nome das mulheres com quem
durmo, no fim das contas não faz a menor diferença.

Ela faz o que eu peço e se senta em meu colo. Beijo seu pescoço,

deixando leves chupões em sua pele. Suas mãos vão direto para o meu pau,
que já está duro novamente.

Escuto batidas na porta e ela se afasta, não demora e Pablo adentra o

local. Ele é meu secretário, um verdadeiro braço direito.

─ Senhor, Anthony, a sua mãe está neste momento na sua casa. Ela

exige que vá encontrá-la.

─ Quem a deixou entrar?

Apesar de ser minha mãe, deixei estritamente proibido sua entrada.

Todas as vezes que nos encontramos, brigamos, afinal de contas, colocou na

cabeça que vai me arrumar uma esposa, mesmo que em momento nenhum

eu tenha dito que pretendo me casar.

─ Ainda não tenho certeza, senhor. Apenas recebi uma ligação do

segurança.

─ Morena, vou precisar ir embora. ─ Puxo-a pela nuca e beijo seus

lábios. ─ Não se preocupe, meu amigo vai acertar tudo com você, vai
ganhar um bônus por causa desses lábios tentadores.

Ela sorri, veste a roupa e sai do quarto. Tomo um banho rápido e visto

roupas limpas, as antigas cheiram a álcool e sexo. Não tenho o costume de

levar mulheres para a minha casa, gosto de paz e tranquilidade. Tenho um

apartamento especialmente para os momentos em que preciso liberar toda

tensão do meu corpo.

─ Vamos, Pablo, você dirige.

Não é necessário chegar em casa para saber o motivo de sua presença.

Não sei onde diabos minha mãe quer chegar com isso, mas ela e meu avô

inventaram de querer me casar a qualquer custo, mesmo eu deixando claro

que não pretendo ter uma noiva. Gosto da minha liberdade e vida de

solteiro, odeio a mesmice de um casamento, transar com a mesma mulher

sempre não me agrada.

Sou CEO da AGY, uma multinacional americana. Com a ajuda dos

meus pais, abri a empresa assim que saí da faculdade. Precisei dar duro para

alcançar o patamar que estou hoje. Não foi fácil, tive muitas portas

fechadas. Apesar de ter aceitado o investimento financeiro do meu pai, não

permiti que ele usasse suas influências, deixando-me correr atrás sozinho.

O trânsito colaborou para evitar um estresse ainda maior, chequei

minha agenda e eu vi que amanhã tenho três reuniões com clientes, além de
uma viagem marcada para o Brasil. Tudo seria ainda mais complicado, se

eu não tivesse a ajuda de Júlia, minha melhor amiga e vice-presidente.

Paramos em frente à minha casa, antes de adentrar, preparo meu

psicológico, não tenho dúvidas de que Donna Foster não sossegará até me

arrumar uma bendita esposa.

─ Mãe, o que a senhora faz aqui a essa hora? ─ Cumprimento-a com

um beijo no rosto.

─ Você não atende às minhas ligações, sei muito bem o motivo de

estar fugindo.

─ Não estou fugindo, só tenho muita coisa para fazer na empresa, a

senhora sabe como minha agenda é cheia. ─ Retiro o terno, a gravata e abro

alguns botões da camisa. ─ O que veio fazer aqui?

Repito a pergunta, quero acabar com isso de uma vez, preciso

descansar.

─ Vou direto ao ponto, seu avô e eu estamos cansados de esperar que

você nos apresente uma noiva, por isso encontramos uma ideal para você.

Em breve teremos uma reunião, e anunciaremos o compromisso. Ela é uma

moça de família rica, bonita e muito inteligente.

─ Mãe, nós não estamos no século passado. Não faz o menor sentido

vocês surgirem com essa loucura de casamento, ou melhor, quererem me


obrigar a casar com alguém de sua escolha. Tenho trinta e cinco anos, estou

completamente capacitado para buscar uma mulher e lhe propor casamento

quando eu bem entender.

Que inferno! Ela realmente acha que vou ceder às suas chantagens?

Por Deus, eu sou maior de idade, dono da minha própria vida, não dependo

deles para absolutamente nada.

─ Ok, já que você não quer se casar, poderia ao menos encontrar uma

namorada. Até quando vai ficar nessa vida de solteiro?

─ Qual o problema de ser solteiro? Eu gosto da minha vida dessa

forma, odeio a mesmice de um casamento. Por que ficar apenas com uma
mulher, sendo que posso dormir cada semana com uma diferente? ─ Vou

até o bar e me sirvo com um pouco de whisky. ─ Mãe, esqueça essa

história. Se um dia eu vier a me casar, a senhora será a primeira a saber.

─ Anthony... ─ Sua voz sai mais alta que o habitual. ─ Eu não vou

desistir.

─ O problema é seu, não pretendo me casar e pare de encher o meu


saco com essa história. Eu sou adulto, mãe, por mais que eu tenha um

respeito enorme por vocês, não posso permitir que mandem na minha vida.

Ela não diz mais nada, pega a bolsa e sai pisando duro. Eu realmente

queria entender quem colocou essa ideia sem sentido na cabeça dela. De um
ano para cá, suas investidas ficaram constantes, me fazendo evitar suas

ligações e até mesmo jantar na casa dos meus pais.

Eu não tenho aversão a relacionamentos, apenas acho que não é para

mim. A única namorada que eu tive foi na minha adolescência, ficamos

juntos por cerca de dois anos, ela terminou comigo para ficar com outro.

Foi duro, até porque eu realmente gostava dela, mas no fim das contas

acabei entendendo que não estávamos mais dando certo.

Quando eu estou a fim de um bom sexo, não me faltam contatos e

mulheres interessadas. Por aí, eles me chamam de mulherengo, não

concordo, afinal de contas sou solteiro e sempre que estou com alguma

mulher, deixo ciente de que não passará de uma noite. Eventualmente duas

ou três, mas não é uma regra.

Deus fez a mulher com todas as suas perfeições. Temos brancas,

negras, amarelas, morenas, ruivas, loiras. Altas e baixas. Então por que

ficaria apenas com uma, sendo que posso aproveitar de uma enorme

variedade?

Isso me torna um cafajeste? Não, sou apenas um apreciador de uma

bela mulher.
─ Porra! Não posso acreditar que sejam incompetentes dessa forma.

Como deixaram essa merda acontecer? Tenho uma reunião em pouco mais

de duas horas. ─ Grito enraivecido, controlando a vontade de matar um.

─ Anthony, essas coisas são imprevisíveis, ninguém tinha como ter

imaginado que daria esse bug no sistema. ─ Júlia fala de maneira calma,

tentando apaziguar a situação.

─ Júlia, se é algo que não se pode prever, por que diabos não fizeram
um plano B? Isso é inadmissível para uma empresa do tamanho da nossa,

não tente arrumar desculpas.

A tarde temos uma reunião muito importante, iríamos apresentar a

proposta de implantação do novo sistema. No entanto, assim que eu


cheguei, fui informado que houve um bug e a equipe de TI não estava

conseguindo resolver. Temos que adiar, pois eles não se prepararam para
possíveis imprevistos.

Odeio ter que desmarcar compromissos, ainda mais por

incompetência.

─ Anthony...

─ Sem desculpas, Júlia, vocês precisavam de um plano reserva.


Quando vão conseguir resolver esse problema? Uma hora, um dia? ─ A sala
fica em completo silêncio, irritando-me ainda mais. ─ Respondam.
Grito e recebo olhares assustados em minha direção. Foda-se, eu
quero apenas uma solução para essa merda.

─ Estamos trabalhando para resolver o mais breve possível,

infelizmente hoje não conseguiremos nada. ─ Samuel, um dos responsáveis


responde. ─ O pessoal está trabalhando em uma alternativa, caso não

consigamos resolver o problema do sistema. Precisamos de no mínimo mais


quarenta e oito horas.

─ Que garantia eu tenho de que vocês vão conseguir? ─ pergunto


sério, o encarando-o.

─ Se não conseguirmos entregar no prazo, pode me demitir.

─ Cuidado com suas palavras, Samuel. Se vocês não conseguirem, te


mandarei embora sem pensar duas vezes.

─ Samuel, não precisa colocar seu emprego em jogo. Eu estava


supervisionando vocês, tenho minha parcela de culpa. Não precisa pensar
em demitir ninguém, confio no nosso pessoal, eles vão resolver. ─ Júlia

toma a frente, encarando-me. ─ Podem se retirar, preciso conversar com


Anthony.

Eles fazem o que ela pede e rapidamente deixam a sala de reunião.


Acomodo-me em uma cadeira e espero o sermão, sei que essa é sua

intenção.
─ Anthony, por que tratou seus funcionários de maneira tão hostil?
Você sabe que esse tipo de problema pode acontecer. Em algum momento

demos motivos para desconfiança? Sempre entregamos tudo no prazo,


imprevistos acontecem.

─ Acontecem, mas não deveriam. Porra, você sabe como odeio


desmarcar compromissos de negócios, não faz o meu estilo.

Saio da sala, seguindo em direção à minha e ela me acompanha. Vou

até o bar e pego uma bebida, só assim para conseguir colocar os


pensamentos no lugar. Disco para minha secretária e peço para que

remarque a reunião para a sexta-feira, será a última coisa que farei antes da
viagem.

─ O que aconteceu? Sei que esse estresse não é apenas por conta
disso. ─ Senta-se à minha frente encarando-me.

Júlia tem a vantagem de me conhecer desde criança, sempre fomos

melhores amigos, e ela é a única pessoa que ousa me repreender. Confio


cegamente na minha amiga, apesar de ser bem irritante na maior parte do

tempo.

─ A mesma coisa de sempre ─ falo exausto.

─ Ainda com a ideia de te casar? ─ Maneio a cabeça, concordando. ─

Talvez você devesse aceitar o pedido, está ficando velho para viver de
aventuras. Por que não sossegar com uma mulher?

─ Então quer dizer que Donna já te corrompeu? Se for começar com

o mesmo discurso da minha mãe, pode ir embora. Estou sem paciência para
essa loucura descabida. Por que diabos não posso continuar solteiro?

─ Sua mãe quer apenas o seu melhor, acho que consigo entender seus
pontos. ─ Sorri, deixando-me com mais raiva.

─ Se o casamento é tão bom, por que você se divorciou?

Tem pouco mais de dois anos que ela se separou do Patrick, estavam
casados há quase dez. Júlia nunca me disse o real motivo da separação, se

eu não tivesse mandado investigar, talvez não soubesse que aquele filho da
puta além de trair a minha amiga, tinha uma vida dupla e uma família que o

idolatrava.

─ Não estávamos dando certo.

Achei melhor não contar o que eu havia descoberto, acredito que o

motivo dela não ter me contado é vergonha, já que nunca fui com a cara
desse idiota. Lembro que na época da faculdade, ele morria de ciúmes da

nossa amizade, mesmo a gente deixando claro que éramos apenas amigos.

Não posso negar que ela é uma negra muito bonita, seus olhos pretos
chamam atenção por onde passa, assim como sua beleza angelical. Apesar
de tudo isso, nunca a enxerguei de maneira diferente, somos amigos e

pretendo continuar dessa forma.

─ Pronto, não é preciso dizer mais nada. Você não tem trabalho? Não

quero falar sobre isso, já basta minha mãe no meu pé.

─ Uma hora você vai ter que sossegar.

Vou em sua direção e puxo-a para os meus braços, abraçando seu

corpo minúsculo, recebendo gritos de reclamação.

─ Diferente de certas pessoas, tenho muito trabalho a fazer. Vá dar


um jeito na sua equipe, se eles não entregarem o sistema, mando todos

embora, inclusive você ─ falo brincando, ao menos a última parte.

─ Você não pode demitir a vice-presidente. ─ Se desvencilha de meus

braços. ─ Vamos sair para beber na próxima semana, faz tempo que não
saímos.

─ Vou tentar encaixá-la na minha agenda ─ falo e ela me mostra o


dedo do meio.

Sorrio brevemente, voltando a focar minha atenção no documento à

minha frente. Vou tentar não pensar muito nos problemas, estou precisando
de uma mulher para me fazer companhia esta noite. Gostosa e com lábios

carnudos.
Anthony

Eu odeio perder dinheiro. Que inferno! Em decorrência do atraso da

equipe de TI, precisei pagar quinhentos mil por dia, ou seja, um prejuízo de

um milhão. Juro que vou matar o primeiro que aparecer na minha frente.

Entendo que imprevistos podem acontecer, mas uma empresa tão disputada
como a nossa, deveria ter um plano reserva para situações semelhantes.

Infelizmente nem todos os clientes vão compreender e estão no seu direito.

─ Você parece bem estressado, aconteceu alguma coisa? ─ Simon


pergunta, tomando um pouco de sua bebida.

Era quase final de tarde quando recebi uma mensagem do meu irmão,

ele queria sair e beber alguma coisa, tirar o estresse das provas finais da
faculdade.

─ O trabalho está me consumindo, mas a mamãe tem uma grande

parcela nisso tudo. Voltou a encher minha paciência com esse negócio de
casamento. Porra, é difícil aceitar que não quero uma esposa?

Na minha cabeça não entra toda essa sua insistência. Não sou uma das

melhores pessoas para ter um compromisso, por que irei me amarrar a uma
única mulher, sabendo que vou me envolver com outras? Acredito que um

relacionamento é feito de entrega, fidelidade e amor. Não sou capaz de

oferecer nada disso.

─ Ela em algum momento falou o porquê?

─ Não, simplesmente quer de todo jeito me arrumar uma esposa.


Porra, eu já não quero me casar, ainda mais com uma mulher que não foi

escolha minha.

─ Às vezes eu acho que a mãe perdeu um parafuso.


Mamãe não aceita o Andrei, por esse motivo meu irmão parou de

visitá-la, já que seu namorado nunca foi bem recebido.

─ Eu tenho plena certeza disso. Talvez seja coincidência, no entanto,

ela ficou ainda pior depois que você assumiu o relacionamento com o

Andrei.

─ Não sei, acho que seja apenas coincidência. Precisamos lembrar de

que mamãe não está sozinha nessa loucura, o vovô compactua com ela.

Será que tem alguma relação com a candidatura dele?

Meu avô, mais conhecido como senador Benjamin Foster, disputará a

eleição para presidente, as pesquisas mostram que seu concorrente ganhará

fácil. Sabendo conquistar o povo, ele vem apostando em discursos que

envolvam a família.

─ Ainda não faz sentido, Simon. Meu casamento não fará qualquer

diferença na candidatura do vovô, acho que ele foi apenas contaminado pela

loucura da nossa mãe.

─ Pode ser, mas ainda acho que tem alguma relação com isso. Você

deveria ir falar com ele, talvez encontre respostas para suas perguntas.

─ É melhor falarmos de coisas mais edificantes, ao invés da Donna

Foster. Como vai o Andrei? Por que ele não veio com você?
─ Diferente de mim, ele já conseguiu um estágio e precisou viajar

com o seu chefe. Apesar de sentir muita falta dele, entendo que é o melhor.

─ Olha só, parece que finalmente meu irmãozinho está crescendo.

Fico muito feliz que vocês estejam se dando bem. Quando tiverem um

tempo livre, vamos combinar alguma coisa. ─ Na mesa ao lado um grupo

de mulheres não param de olhar para a gente, sorrio, levantando o copo na

direção delas. ─ Posso conseguir um estágio para você na empresa.

─ Essa será minha última opção, não quero que as pessoas achem que

não sou capaz de procurar algo por conta própria e estou usando apenas a

influência do meu irmão.

Um garçom se aproxima e entrega um bilhete para o meu irmão e

outro para mim, sorrio ao ver um número de telefone. Pela cara nada

agradável do Simon, ele também recebeu.

─ Você não pode achar ruim, quem mandou ser lindo desse jeito? Não

é como se estivesse estampado na sua testa que você gosta de homens ─

falo, provocando.

─ Aff, vou ter que providenciar essa placa com urgência, a única

certeza que eu tenho na vida é de que não gosto de mulher. Bem diferente

de você. Não vai até elas? ─ pergunta, rasgando o papel em vários pedaços.
Ele tem razão, nós somos completamente diferentes. Temos doze anos

de diferença, eu diria que puxei mais a aparência física da minha mãe e ele

do nosso pai. Enquanto não consigo ver um rabo de saia, ele foge igual o

diabo da Cruz.

─ Se eu não tivesse uma viagem de negócios amanhã cedo, já estaria

naquela mesa que pode facilmente ser chamada de paraíso. Olha quanta

mulher gostosa.

─ Pode escrever o que estou dizendo, ainda vai aparecer uma mulher

que te deixará com os quatros pneus arriados.

─ Simon, está para nascer a mulher que me deixará como você diz, de
pneu arriado. Eu amo a minha vida de solteiro, não pretendo mudar ─ falo

convicto de minhas palavras.

─ Ok, quando isso acontecer por favor, quero ser o primeiro a

conhecer essa mulher maravilhosa e dar-lhe um grande prêmio ─ fala se

divertindo as minhas custas.

Posso ficar tranquilo em relação a isso, apaixonar-me está


completamente fora de cogitação e essa mulher precisa ser muito foda para

me fazer desistir de todas as opções que eu tenho. Pedimos outra rodada e

conversamos mais um pouco sobre a sua faculdade, meu trabalho, e

principalmente as loucuras da nossa mãe. Apesar de novo, Simon sempre


foi muito convicto em relação a suas decisões, é uma pena que nossa mãe

prefira mantê-lo afastado ao invés de deixar de lado seu preconceito.

A viagem ao Brasil correu perfeitamente bem, pude aproveitar um

pouco do país, mesmo que eu tenha sofrido um pouco com o clima quente.

Fechei alguns contratos, agendei reuniões para o próximo semestre e

desfrutei da companhia de uma boa brasileira.

Cumprimento alguns funcionários assim que adentro o prédio da

empresa. Hoje tenho o dia livre, poderia ter ficado em casa para descansar,
mas quero acompanhar tudo de perto. Não podemos correr o risco de perder

mais dinheiro por incompetência.

─ Precisamos conversar. ─ Sou interceptado antes de chegar a minha

sala.

─ O que aconteceu dessa vez, Júlia? ─ pergunto receoso, da última

vez coisa boa não saiu de sua boca.

─ Não é nada com a empresa, tem relação com o lado pessoal.

Segura em meu braço, arrastando-me para dentro de sua sala. Sento-

me em sua frente e espero que fale.

─ Como está sua vida amorosa?

─ Como? ─ Estranho sua pergunta, não é de seu feitio.


─ Algo me diz que você não está sabendo de nada, ontem à noite

recebi o convite da sua recepção de noivado.

─ Recepção de noivado? ─ Minha voz sai mais alta que o desejado. ─

Que porra é essa, Júlia? Você sabe que eu nunca faria isso, muito menos

sem te falar nada antes.

─ Sim, eu sei. Por esse motivo achei estranho, eu não fui a única a

receber, alguns diretores me questionaram a respeito. O evento acontecerá


na próxima sexta-feira, na casa da sua mãe ─ fala, encarando-me à espera

de uma reação.

Eu não posso acreditar que a minha mãe fez uma loucura dessa.

Como assim recepção de noivado? Ela só pode ter enlouquecido de vez, não
vou permitir que interfira na minha vida dessa forma.

─ Deixa eu ver esse convite, por favor. ─ Começo a andar de um lado

para o outro, pensando na melhor maneira de resolver essa merda.

─ Pelo que consegui apurar, sua noiva é a Julie Savóia. Filha número

três do ministro Antônio da Casa Civil.

Droga! Agora estou começando a entender, pelo visto meu avô quer

me usar como troca para apoio de sua campanha.

─ Eu juro para você que estou controlando a minha vontade de ir até


ela e dizer tudo que está entalado na minha garganta. Que inferno! Quantos
anos eu tenho? É muita ingenuidade acreditar que aos trinta e cinco anos,
simplesmente me casarei porque é de sua vontade.

Entendo perfeitamente agora as palavras do meu irmão quando disse

que apesar de estar afastado da família, foi o melhor para a sua sanidade.

─ Eu também não entendo as atitudes da Donna.

─ Antes da minha viagem, encontrei com Simon, depois de


conversarmos chegamos à conclusão de que toda essa sua insistência tem
relação com o vovô. Agora que sei que a minha futura noiva é filha do

ministro, não tenho dúvidas de suas reais intenções.

─ Por que o senhor Benjamin compactuaria com essa loucura?

─ Não sei, mas irei descobrir que merda está acontecendo. ─ Estou
possesso, não permitirei que me usem como fantoche. ─ Vamos colocar

tudo em pratos limpos. Tenho minha própria empresa, apesar de me


chamarem de cafajeste e mulherengo, não ando envolvido em escândalos e
o meu único foco é o trabalho.

─ E mulheres, não esqueça... ─ Sorri de canto.

─ Sim, como uma pessoa solteira, eu gosto de me relacionar com

outras pessoas que também sejam. Não vejo o menor problema em desfrutar
da companhia de uma bela mulher. Sempre deixei bem claro para todas elas

que eram apenas sexo casual, qual o problema disso?


─ Eu não vejo problema algum...

─ Preciso pensar em alguma coisa para dar uma lição nesses dois.

─ O que pretende fazer?

─ Espere e verá, se arrependerão amargamente de ter inventado esse


evento.

Ela não quer tanto me casar? Pois bem, nada mais justo que aparecer
no meu noivado como a minha noiva, uma pena que não será com a mulher

de sua escolha.
Savannah

Eu já disse o quanto odeio pegar ônibus? Santo Deus, parece que a

cada dia a condução fica mais cheia, não parece existir um espaço pessoal.

Depois de um longo dia de trabalho e um trânsito infernal, finalmente eu

consigo chegar em casa. Moro em um complexo habitacional destinado a


imigrantes, minha mãe conseguiu esta casa logo que chegamos à cidade.

Somos mexicanas e já estamos neste país há uns cinco anos.

─ Boa noite, mãe. ─ Beijo sua bochecha. ─ Estou morta de fome, vou
tomar um banho e desço para o jantar.

─ Ande logo, filha, preparei sua comida favorita. ─ Dirige-me um

sorriso acolhedor, enquanto continua colocando a mesa.

Hoje conseguimos ter um pouco de paz. Não foi fácil no começo.

Percorremos um longo caminho até conseguir ser finalmente legalizadas.

Todos os dias tínhamos medo de sermos deportadas e a situação não seria


nada fácil, já que fugimos do meu pai que a cada dia ficava mais abusivo e

por pouco não nos matou.

Consegui um emprego, entrei na faculdade, em breve me formo em


Relações Políticas e não vejo a hora de poder dar uma vida mais digna para

a minha mãe. Sei que ela merece, por tudo que fez por mim e todas as vezes

que continuou ao lado do meu pai, pelo simples medo de não ter um teto

para morarmos.

Deixo minha bolsa sobre a cama e entro no banheiro, na expectativa

da água levar embora todo estresse e cansaço. Trabalho como faxineira em

um prédio luxuoso, vejo as mulheres belíssima em seus vestidos finos e


caríssimo. Elas sempre estão acompanhadas de homens lindos, do tipo que

nos deixa suspirando pelos cantos.

Quase meia hora depois, saio do banho e visto uma roupa mais

folgada. Desço as escadas e encontro meu amigo Samuel.

─ Samuel, faz tempo que a gente não se encontra. ─ Corro em sua

direção e o abraço. ─ Lembrou da humilde existência da sua amiga?

─ Desculpe, você sabe como meu trabalho é uma loucura e nos

últimos dias, cometemos alguns erros, foi uma confusão sem tamanho e por

pouco não enlouqueci e perdi o emprego ─ fala tudo de uma vez, me

deixando confusa.

─ Que tipo de erro?

Sento-me ao seu lado na mesa de jantar, minha mãe observa calada,

mas com um sorriso.

─ Precisávamos entregar um sistema, porém aconteceu um bug e

perdemos praticamente tudo. Só que naquele dia era a entrega do produto e

o meu chefe ficou puto, arrancando os cabelos e fazendo com que a gente
também surtasse. Eu entendo o lado dele, mas queria que tivesse

compreensão.

─ Esse erro ocasionou algum tipo de prejuízo? ─ pergunto curiosa,


desfrutando da minha comida.
─ Sim, infelizmente a empresa perdeu um milhão por conta do atraso.

─ Leva uma garfada de comida boca.

─ E você ainda está dizendo que ele está errado? Acredito que não

deve ser fácil para uma empresa perder um valor tão alto, mesmo que ela

seja uma multinacional. Vocês sabem que não dá para confiar 100% na

tecnologia, porque diabos não tinha um plano B?

─ Isso é simples, nunca aconteceu qualquer tipo de problema, então


por que ter um plano B?

─ Eu sempre fico ao seu lado quando se trata do seu chefe, mas agora

você está errado e toda sua equipe.

─ Você tem noção que estávamos com os ânimos tão aflorados que eu

fiz a loucura de colocar o meu emprego na reta? Se não fosse a senhora

Júlia, acho que ele não pensaria duas vezes antes de me mandar embora.

─ Não sabia que emprego estava fácil assim, menino Samuel. ─

Minha mãe fala nos encarando.

─ E não está, tia, eu queria apenas parecer confiante na frente dele,

mesmo que por dentro estivesse mais nervoso do que qualquer momento da

minha vida.

─ Você só pode ser um louco, eu nunca colocaria meu emprego em

risco. Espero que vocês tenham aprendido a lição e ter sempre um plano B.
Não é fácil perder dinheiro e isso pode ocasionar demissões.

─ Não vamos falar mais sobre isso, estou começando a ficar nervoso

novamente. Davis voltou a te procurar? ─ Muda completamente de assunto,


só que um indelicado.

─ Ele veio aqui há uns dias. ─ Minha mãe fala, surpreendendo-me.

─ Mãe, por que não disse nada?

Davis é meu ex-namorado, uma das primeiras pessoas que conheci

quando cheguei na cidade. Ele é um homem bonito, loiro dos olhos verde, é

o sonho de consumo da mulherada. Uma pena que é só um lobo vestido de

príncipe. No começo tudo era lindo, eu era completamente apaixonada, até

que tudo mudou e aquela pessoa que eu amava se tornou um completo

desconhecido para mim.

Já falei diversas vezes para não me procurar, não sei por que insiste

em ficar vindo até a minha casa.

─ Não vi necessidade, ele veio com o mesmo assunto de todas as

vezes e eu o coloquei para correr.

─ Mãe, mesmo assim a senhora tinha que ter me avisado. Sabemos

que ele é perigoso, da próxima vez não o atenda. ─ Seguro em sua mão por

cima da mesa.
Dona Adella é a pessoa mais importante da minha vida, não sei o que

eu faria sem a presença da minha mãe.

─ Da próxima vez a senhora pode jogar um balde de água nele. ─

Samuel comenta nos fazendo rir.

Terminamos o jantar em um clima completamente agradável, é assim

toda vez que o meu amigo está presente e eu agradeço imensamente por
isso. Nos despedimos, dou um beijo na bochecha da minha mãe e sigo para

o meu quarto. Preciso dormir para enfrentar mais um longo dia de trabalho.

─ Savannah, eu sei que faltam alguns minutos para você ir embora.

Mas pode, por favor, levar esses documentos na recepção? Um motoboy

passará para buscar, depois você pode ir. ─ Meu chefe fala me

interceptando.

─ Não se preocupe, levarei agora mesmo.

O senhor Duarte sempre foi um chefe compreensível, por conta da

faculdade, uma vez ou outra preciso chegar um pouco mais tarde e ele super

entende. Então não vejo problemas em fazer alguns favores e ficar até um

pouco além do meu horário, pois sei que quando precisar, também serei

atendida.
Pego o documento de suas mãos e sigo para a recepção. Espero

alguns minutos para ver se o rapaz que vem buscar aparece, como ele não

chega, deixo no balcão e caminho até o depósito, finalmente chega meu

horário de ir embora. Prendo meus cabelos pretos em um rabo de cavalo,

estava tão distraída que não percebi a pessoa a minha frente, chocando-me

contra seu corpo. Antes que eu possa encontrar o chão, mãos firmes

seguram em minha cintura.

─ Me desculpe pela distração, senhor ─ falo apressada, não posso me


dar ao luxo de irritar ninguém neste prédio.

─ Não se preocupe, eu também estava distraído.

Meu corpo reage instantaneamente ao tom rouco de sua voz, levanto a


cabeça dando de cara com um homem extremamente lindo. Ele deve ter um

pouco mais de um metro e oitenta, uma fina camada de barba cobre seu
rosto e é dono de lindos olhos castanhos.

─ Com licença...

─ Ei, espere um momento. ─ Segura em meu pulso, fazendo meu


coração disparar. ─ Você é nova por aqui?

─ Não, trabalho aqui há uns dois anos, senhor ─ falo de cabeça baixa,
sem coragem de encará-lo.
─ Que estranho, tenho certeza de que uma moça tão linda não
passaria despercebido por mim. Quando termina seu expediente? Tenho

uma proposta para lhe fazer.

Fala sem mais nem menos, deixando-me confusa e muito


desconfiada.

─ Proposta? Eu não sou garota de programa, se for essa intenção...

─ Não se preocupe, é algo além do imaginável. Estarei lá fora à sua


espera, não seja tão receosa, ao menos escute.

Sem me dar qualquer chance de resposta, ele vira as costas e segue


em direção ao estacionamento. É estranho, mas estou realmente curiosa

para saber o que esse homem lindo quer me propor. Só escutar não tira
pedaço, não é mesmo?

Retiro o uniforme, vestindo a roupa que estava pela manhã. Calça


jeans, tênis e camiseta branca. Despeço-me de alguns colegas e caminho até
a saída do prédio, encontrando uma BMW preta encostada. Os vidros se

abrem e vejo o mesmo homem de agora a pouco. Ele realmente me esperou.

─ Pode entrar, não tenha medo. ─ Mesmo receosa, faço o que ele

pede, e acomodo-me no banco do passageiro. ─ Vamos conversar em um


lugar mais discreto.
Aceno, concordando. O carro entra em movimento e mando uma
mensagem com a minha localização para o Samuel, nunca se sabe o que

pode acontecer, ao menos ele saberá onde me encontrar. Dez minutos


depois ele estaciona o carro, olho em volta e não vejo muita coisa.

─ Eu sou Anthony Gabriel, muito prazer. ─ Estende a mão em um


cumprimento.

─ Muito prazer, sou Savannah ─ falo timidamente, afetada por toda a

sua intensidade.

─ Savannah, sei que deve ser estranho vindo de um desconhecido,

mas eu gostaria que você fosse minha noiva.

Começo a gargalhar, não posso acreditar que este homem esteja


realmente falando sério. Como assim sua noiva? Nós acabamos de nos

conhecer. Sabia que esse homem tinha algum defeito, deve ser maluco.

─ Isso é algum tipo de brincadeira?

─ Eu queria que fosse, mas não é. Não se preocupe que não seremos
namorados de verdade, apenas por essa noite.

─ E por quê?

─ Descobri por meio de uma amiga, que daqui a duas horas será meu
jantar de noivado, com uma noiva que não faço ideia de quem seja e foi
escolhida pela minha mãe. ─ Sorri de canto, deixando-me confusa. ─ Quero

lhe dar uma lição e preciso da sua ajuda.

─ E qual seria? ─ Sei que estou sendo bem invasiva, mas preciso
saber de tudo, já que farei parte dessa loucura.

─ Chegarei na festa acompanhado da minha noiva, que obviamente


não foi escolhida por ela. Dessa forma, minha mãe ficará com vergonha e

finalmente terá a lição que merece.

─ Por que tratá-la dessa forma?

─ Porque ela, junto com o meu avô, não entende que sou adulto e

posso escolher quando e com quem me casar. Sei que querem usar esse
casamento em benefício próprio.

─ Então você vai mostrar à sua mãe que arrumou uma noiva, isso não
faz dela uma vencedora?

─ Não necessariamente, ela quer que eu me case com alguém de sua

preferência. Imagine o quão constrangedor será, a minha noiva, que eu


descobri ser filha do ministro, e todos os convidados me vendo chegar

acompanhado de uma bela mulher.

─ Tem certeza de que eu posso ser comparada com a filha de um


ministro?
Esse homem só pode ser realmente louco. Essas mulheres são sempre

lindas e exuberantes, como pode achar que será vitorioso apresentando


alguém como eu?

─ Você é muito bonita, não duvide disso. Me fale seu preço, dinheiro
não é problema.

─ Vai me dar qualquer valor?

Acho válido aceitar o dinheiro, tudo nessa vida são negócios, eu


posso ajudá-lo e em troca garantir uma estabilidade até sair o resultado da

última entrevista que eu fiz. Se eu for aprovada, ganharei um salário maior


e não preciso continuar como faxineira.

─ Quanto você quer, Savannah?

─ 50 mil, o que acha?

Espero por sua resposta, que não demora a chegar.

─ Justo, tudo que eu preciso é que me acompanhe no evento de hoje.

─ Me encara sério.

─ Não acho que minhas roupas sejam apropriadas.

─ Não se preocupe, resolvemos isso em questão de minutos.

Savannah, você topa me ajudar?


Acho que não terá problemas ser namorada desse deus grego por uma
noite, não é mesmo?

─ Mesmo que eu venha me arrepender depois, eu topo.

─ Eu sabia que ter vindo a esse edifício seria uma boa ideia. Vamos
resolver a questão das suas roupas, precisamos exaltar ainda mais sua

beleza. Não é sempre que Anthony Gabriel aparece acompanhado, eu diria


que é primeira vez.

Não faço ideia de onde estou me metendo, só sei que acabei de fazer

um acordo com o homem mais lindo, cheiroso e do tipo molhador de


calcinha que já vi.
Anthony

Eu estava decidido à não ir ao jantar/noivado que a minha mãe disse

se tratar de uma pequena reunião entre amigos. É muita ingenuidade da

parte dela achar que eu não saberia, ainda mais convidando a Júlia e

pessoas do meu círculo.


Não queria ter tomado essa decisão, é uma pena que as atitudes da

minha mãe tenham me levado a isso. Espero que dessa vez ela aprenda a

lição e pare de se meter na minha vida. Já tinha ido até aquele prédio

algumas vezes, Júlia mora lá e eu nunca tinha visto a Savannah.

Caralho! Só agora reparei na enorme tatuagem em seu braço. Que

mulher bonita, cheia de curvas e lábios que me parecem bem tentadores.

Não seria nenhum sacrifício tê-la em minha cama.

Mandei uma mensagem para uma amiga e pedi que me ajudasse,

agora estou aqui enquanto ela se veste apropriadamente para o evento.

Quero que seja a mulher mais linda e provocante do evento. Mal posso

esperar para as próximas horas.

─ Ficou bom? ─ Me Assusto com a sua voz delicada. Viro-me, dando

de cara com uma Savannah de tirar o folego.

O vestido escolhido tem uma enorme abertura na perna, deixando sua

coxa completamente desnuda. Seus cabelos antes escuros, estão loiros,

criando um contraste como o batom vermelho. Puta merda! É impossível

não ser afetado por sua beleza, meu pau fica em alerta.

─ Por que a mudança nos cabelos?

─ É uma peruca, não quero que as pessoas do meu convívio me

reconheçam de alguma forma. É melhor manter isso em segredo. ─ Dá um


sorriso contido, se olhando no espelho.

─ Faz sentido, você está gostosa para caralho, tenho certeza de que

chamará a atenção de todos.

Caminho em sua direção, e paro a poucos centímetros de seu corpo.

Seus olhos estão presos nos meus e só consigo pensar em como tirei a sorte

grande. Passo a ponta dos dedos por seu rosto, sentindo sua pele macia.

Pego um anel do bolso e coloco em seu anelar, preciso deixar as coisas mais

realistas, ao menos para as pessoas presentes.

─ É melhor irmos, antes que eu mude de ideia.

─ Você não pode mudar de ideia, temos um acordo que precisa ser

honrado. ─ Ela apenas maneia a cabeça.

Com a minha mão repousada em suas costas, seguimos para o carro,

pronto para o melhor da noite. O trânsito colaborou e rapidamente


chegamos até a casa da minha mãe. Muitos carros estão estacionados na

entrada, deixando evidente à proporção que isso tomará.

─ Será que dá tempo de mudar de ideia? ─ Savannah pergunta,


tocando em meu braço.

─ Sou um homem de negócios, não costumo voltar atrás nas minhas

decisões. Espero que cumpra com sua palavra. ─ Ela olha para fora do
carro, entendo que pode não ser fácil. ─ Não se preocupe, ficaremos apenas
alguns minutos. Depois te deixo em casa e acertamos os detalhes da

transferência.

─ Por que você me escolheu?

─ Porque você é uma mulher gostosa para caralho, e chamou minha

atenção no momento que nos esbarramos ─ falo sem qualquer vergonha e

vejo ela engolir em seco. ─ Pronta senhorita, Savannah?

Acena, concordando. Saio do carro, caminho até o lado do passageiro

e ajudo-lhe a descer. O cheiro do seu shampoo está impregnado em mim,

como eu daria tudo para termos nos conhecido em circunstâncias diferentes.

Mãe, vamos ver quem dará a última cartada!

Entrelaço os meus dedos com os da Savannah e caminhamos sobre os

olhares surpresos das pessoas à nossa volta. Não julgo, nunca apareci

acompanhado de nenhuma mulher, exceto Júlia. Cumprimento alguns

conhecidos e antes de adentrar o salão principal, somos interceptados pela

Júlia.

─ Anthony, o que pretende fazer? ─ pergunta, olhando para a

Savannah.

─ Apresentar a minha noiva, esse não é um jantar de noivado? ─

Sorrio, encarando seus olhos preocupados.


─ Você tem certeza dessa decisão? Não será apenas a Donna e

Benjamin que serão afetados, você, como uma pessoa pública, terá o nome

em todos os jornais. É isso que pretende?

Entendo sua preocupação, eu também pensei nisso. No entanto, é

melhor do que aceitar essa palhaçada, talvez assim entendam de uma vez

por todas que não têm o direito de interferir na minha vida, muito menos de

me usar. Depois mando soltarem uma nota e pronto, todos vão esquecer

esse assunto.

─ Essa é a única maneira de terminar com isso, você sabe que não

vão desistir ─ falo convicto da minha decisão.

─ Ok, você é adulto e sabe o que está fazendo. Ela é uma mulher

bonita. ─ Sorri em direção à minha companheira. ─ Por acaso ele te

ameaçou para que viesse?

─ Quase isso. ─ Dá um fraco sorriso.

─ É melhor entrarmos, o show está prestes a acontecer.

Assunto encerrado, seguimos para o salão. Não demorou para que a

minha mãe e meu avô nos avistassem, sua expressão de choque é

completamente impagável. Daria tudo para eternizar esse momento. Com as

pessoas ao seu redor não parece ser muito diferente. Sorrio, colocando uma

mão nas costas da Savannah e caminhando até eles.


─ Boa noite a todos. Mãe, vô, como vão? ─ Beijo sua bochecha.

─ Olá, boa noite. ─ Savannah os cumprimenta.

─ Filho, não vai nos apresentar essa bela mulher? ─ Meu pai

pergunta, me abraçando.

Para a minha sorte, ele não compactua com as loucuras da esposa e

sogro, pelo menos tenho alguém em quem confiar, mesmo não sendo capaz

de colocar um freio nela.

─ Essa é a Savannah, minha namorada e noiva. ─ Sorrio, olhando

para a minha mãe.

─ Muito prazer minha jovem, eu sou o pai desse desnaturado. Você é

uma mulher muito bonita, ele acertou na escolha ─ fala simpático, beijando

seu rosto.

─ Fico lisonjeada. Ele é desnaturado, mas a beleza compensa às

vezes. ─ Entra na brincadeira e agradeço por isso.

─ Ela é uma mulher bonita, pena que já vi melhores. ─ Meu avô fala

de maneira acida.

─ Não tenho certeza, Savannah é uma das mulheres mais lindas que

já tive ao meu lado. Até porque, não é apenas a beleza exterior que conta.

Ele não parece nada satisfeito com a minha resposta, então apenas se

afasta, assim como a minha mãe, que volta com a filha do ministro.
Savannah age rápido e rodeia os braços em volta da minha cintura. Ótimo

garota, ela sabe como provocar. Conversamos mais alguns minutos, o

garçom se aproxima e pegamos algumas bebidas.

Ela leva a taça aos lábios e fico vidrado em algo tão simples,

imaginando o que essa boquinha pode fazer. Aposto que é capaz de

loucuras, Savannah parece o tipo de mulher que na cama é um furacão,

mesmo aparentando ser um anjo.

─ Filho, posso falar com você um minuto? ─ Arrasta-me para um

local mais reservado. ─ Quem é aquela mulherzinha? Não posso acreditar


que você trouxe um qualquer para minha casa, como ousa apresentá-la

como namorada?

─ Cuidado com suas palavras, Savannah não é uma mulherzinha

qualquer. Respeite a minha mulher.

Minha mulher, eu realmente mereço um prêmio por ser um excelente


ator.

Meus olhos a buscam pelo salão, agradeço por estar com a Júlia, neste
momento, minha amiga é a melhor e mais confiável companhia. Não me

canso de admirar sua beleza, como eu daria tudo para enrolar esses cabelos
em minha mão, enquanto lhe como, admirando sua bunda redondinha.
─ Você está me escutando, Anthony Gabriel? ─ Porra, perdi
completamente o foco.

─ O que foi, mãe? ─ Tento controlar a minha raiva, apesar de tudo,

ainda lhe devo respeito.

─ Essa é sua festa de noivado, por que diabos trouxe aquela mulher?

─ Ela parece bem irritada, como se estivesse certa. ─ Você vai desmentir
essa história e ficar ao lado de sua verdadeira noiva.

─ Mãe, por que diabos eu não estava sabendo da minha suposta festa

de noivado? Eu já tenho uma namorada, não preciso de outra. Cancele essa


palhaçada, e que isso sirva de lição para a senhora e o vovô pararem de se

intrometer na minha vida. Eu sei que isso tem relação com a campanha
dele, não quero participar desse circo.

Dou-lhe as costas e sigo para a segunda parte do plano. Puxo


Savannah pelo braço e paramos no meio do salão, onde algumas pessoas

dançam. Uma música lenta começa a tocar, facilitando todo o nosso show.
Colo nossos corpos e sinto sua tensão.

─ Não precisa ter medo ─ falo próximo ao seu ouvido, vejo sua pele

arrepiar.

─ Não estou com medo, apenas desconfortável pelo ambiente. As

pessoas aqui gritam dinheiro, muitas parecem soberbas. Além do mais, você
não me disse que era neto do senador Benjamin.

─ Você o conhece?

─ Sim, quando ele estava concorrendo ao senado, apareceu algumas


vezes no nosso bairro, nunca fui com a cara dele ─ fala um pouco tímida.

─ Não se preocupe, eu também não gosto muito desse lado do meu

avô.

─ Sua noiva é muito bonita. ─ Muda de assunto, seu tom de voz

baixo me chama atenção.

─ Realmente, você é muito bonita. ─ Olho fixamente em seus olhos,


por que eles me parecem inocentes demais?

─ Você sabe bem ao que estou me referindo, ela ficou me fuzilando


com o olhar. Se não fosse por sua amiga, acredito que teria morrido. ─ Ri e

eu faço o mesmo, gostando de seu bom humor.

─ Deve ser maluca igual a minha mãe, essa é a única explicação para
terem armado todo esse circo. Mas não vamos falar sobre elas, estou

começando a ficar irritado novamente. O que você faz da vida?

─ Além de trabalhar como faxineira no prédio onde nos encontramos,

estou quase me formando em Relações Políticas ─ fala, enquanto nos


movemos no ritmo.

─ Quantos anos você tem?


─ Vinte e cinco recém-formados.

Merda! Nós temos dez anos de diferença, não me lembro de ter ficado

com uma mulher tão nova. Ela não aparenta, pela forma de falar e agir, se
passa facilmente por uma pessoa mais velha.

Todos os olhares estão em nossa direção e eu tenho uma ideia, dar um


pouco de emoção para esse noivado.

─ Vou beijá-la.

Antes que possa obter qualquer resposta, a puxo pela nuca, chocando
nossos lábios. A mistura das bebidas deixa o momento mais prazeroso. Ela

rodeia os braços em volta do meu pescoço, intensificando o beijo. Exploro


cada pedacinho de sua boca, quando um pequeno gemido me traz de volta a

realidade.

Puta merda! Só esse beijo foi o suficiente para me deixar duro e


desejando um pouco de privacidade.

─ Acho melhor irmos embora. ─ Acena concordando.

Preciso acabar com isso de uma vez, nós fizemos um acordo

exclusivamente para essa noite, tenho certeza de que a levar para a minha
cama não será uma boa ideia.
Savannah

Sei que foi loucura ter aceitado o acordo com Anthony, mas além do

dinheiro possibilitar uma certa estabilidade para a minha mãe, ao menos

uma vez pude experimentar uma vida digna, quase um conto de fadas.

Todos naquela festa gritavam dinheiro, só duas pessoas me surpreenderam


positivamente. O pai do Anthony e a senhora Júlia. Depois de muito pensar,

consegui compreender por que ele estava desafiando sua mãe e o senador,

eles não fizeram questão nenhuma de serem simpáticos.

Ontem quando ele me deixou em casa, nos despedimos com um beijo.

Não fazia parte do acordado, mas eu queria de alguma forma sentir seus

lábios novamente.

Santo Deus! Como pode existir um homem tão lindo? Eu o definiria

facilmente com alguns adjetivos:

“Mulherengo.”

“Cafajeste.”

“Solteiro mais cobiçado.”

‘Sonho de consumo da mulherada.”

Nem nos meus melhores sonhos, me imaginei ao seu lado. Preciso

admitir o quanto eu estava linda, o vestido caiu perfeitamente em minhas

curvas. Disse a ele que devolveria, depois descobri que era um presente. Eu

nunca terei onde usá-lo, então ficará guardado de recordação no meu

guarda-roupa.

Estou ansiosa para a segunda-feira, logo cedo recebi uma ligação, fui

aprovada para trabalhar na equipe do senador Diego Velasques, eles

disseram que precisa de mim com urgência, por isso adiantaram. Pelo fato
de ainda estar na faculdade, acredito que serei estagiária, precisarei dar o

meu melhor para ser contratada como funcionaria de tempo integral.

Saio do transe quando escuto batidas na porta, meu amigo Samuel

entra em seguida.

─ Não tem nada para me contar? ─ Senta-se ao meu lado na cama.

─ Não, por que a pergunta?

Faço-me de desentendida, não tem como ele saber sobre ontem.

Certo?

─ Que história é essa que a senhorita é noiva do meu chefe?

─ Espera, como assim chefe?

Eu devo ter me perdido no meio do caminho, não me lembro de o

Samuel ter me dito o nome do chefe dele. Então esse tempo todo era o

Anthony?

─ Nem adianta mentir, está em todos os jornais e tem uma foto bem

nítida de vocês dois. No começo tive um pouco de dificuldade para

reconhecer por causa dos cabelos loiros, apesar da roupa caríssima, tenho

certeza de que era a senhorita.

─ Não tenho nada com ele ─ falo de maneira despretensiosa.

─ Pare de enrolar e me conte o que aconteceu, Savannah.


─ Nós nos esbarramos no prédio em que trabalho, ele disse que tinha

uma proposta para me fazer e aceitei escutar. Depois de todos os detalhes

ditos, topei ser sua noiva por uma noite.

─ Você acha mesmo que acreditarei nessa história? Anthony nunca

faria uma loucura como essa, não sem ao menos levá-la para a cama.

Sabe que não seria um sacrifício ir para cama com ele? Poxa, esse

homem é do tipo que molha uma calcinha apenas com o olhar. Não quero
nem imaginar o que ele é capaz de fazer entre quatro paredes, aposto que

ficaria com as pernas bambas.

─ Essa é a verdade, por mais difícil que seja de acreditar. Eu estava

pronta para terminar meu expediente, quando nos esbarramos e ele impediu

que eu despencasse no chão. Quando ele falou que tinha uma proposta,

disse de imediato que não era garota de programa...

─ E o que aconteceu depois?

─ Lembra que te mandei minha localização? ─ Acena, confirmando.

─ Eu estava no carro com ele. Conversamos e Anthony me explicou o

motivo de estar procurando uma noiva, era apenas para aquela noite. Para

ser mais exata, ele queria dar uma lição na mãe, que tinha preparado um

noivado sem sua autorização. Fomos até uma loja bem cara, escolhi um

vestido, fiz o cabelo e o resto você deve saber.


Ele ainda parece chocado, não julgo, não é todo dia que um estranho

faz esse tipo de proposta.

─ Você topou sem receber nada em troca?

─ Não necessariamente, recebi 50 mil como pagamento.

─ Você é maluca, não é possível. Como aceitou entrar no carro de um

desconhecido?

─ Você já viu como esse homem é um pedaço de mau caminho?

Samuel, eu não sou burra ao ponto de perder uma grande oportunidade de

estar ao lado de Anthony Gabriel. Por que você nunca me disse o nome dele

e como era lindo?

─ É claro que eu te disse, você que sofre constantemente de amnésia.

E não acho que ele seja tão lindo assim.

─ Amigo, quer uns óculos? Ele tem a altura perfeita, seu rosto é

maravilhoso com aquela barba. E os olhos que parecem te devorar? ─ falo

bem animada, andando de um lado para o outro. ─ Quando ele deu um

sorriso, pensei que fosse desmaiar.

─ Savannah, volte para a realidade. Anthony não é o tipo de homem

que quer um relacionamento.

─ Eu também não quero entrar em um relacionamento, só queria

descobrir do que ele é capaz entre quatro paredes. É pecado?


Davis me deixou completamente traumatizada para relacionamentos.

Durante esses meses, não me faltaram pretendentes, mas gosto da minha

liberdade. Se meu corpo ansiar por um momento de prazer, tenho contatos a

quem posso recorrer. Por esse motivo, se Anthony quisesse apenas uma

noite, não negaria, eu daria tudo para estar em braços.

─ Não vamos falar sobre isso, até porque já passou. Lembra da

entrevista que fiz? ─ Ele acena, concordando. ─ Fui aprovada e começo na

segunda-feira.

─ Pelo menos uma notícia boa vindo de você, Savannah. ─

Massageia as têmporas e sorrio do drama do meu amigo. ─ E se alguém a

reconhecer como noiva do Anthony? Algo me diz que essa história não será

facilmente esquecida.

─ Não se preocupe que ninguém vai me reconhecer, além do mais,

prometo me concentrar unicamente no trabalho agora.

Samuel não diz nada, apenas maneia a cabeça negativamente. Puxo

meu amigo para um abraço, sei que ele está apenas preocupado, mas eu sou

adulta o suficiente para saber o que estou fazendo e quais possíveis

consequências posso enfrentar.


Como é o meu primeiro dia, Samuel passou na minha casa para me

dar uma carona. Estou ansiosa, ter conseguido esse estágio foi uma das

melhores coisas que aconteceu na minha vida. Eu poderei colocar em

prática tudo que aprendi na faculdade.

Passei o fim de semana inteiro alternando meus pensamentos entre o

trabalho e Anthony, não consigo esquecer o beijo, se eu fecho os olhos,

lembro da maciez de seus lábios tocando os meus.

─ Sonhando acordada, Savannah?

─ Lembrando de certos lábios ─ respondo divertida e recebo seu


olhar de desaprovação.

─ O que você faria se cruzasse com ele novamente?

─ Sinceramente? Desejaria loucamente que ele fizesse outro convite,


dessa vez me chamando para sua cama.

Sorrio, mas o Samuel nem me dá bola.

─ Me pergunto o que diabos eu tinha na cabeça quando decidi me


tornar seu melhor amigo, você ainda me deixará maluco, Savannah.

Nós temos cinco anos de diferença, mas em boa parte do tempo o


Samuel me trata como se fosse uma criança. Sei que em alguns momentos

dou uma derrapada ou outra, porém não precisa ser tão sério. Envolvo meus
braços em volta do seu pescoço e digo:
─ Pode confessar, sua vida ganhou muito mais sentido depois que eu
apareci.

─ É verdade, só que também recebi estresse, dores de cabeça...

─ Ok, não precisa falar mais nada, já entendi seu ponto.

Sorrindo, entramos no estacionamento e nos despedimos. Meu amigo

precisa voltar para a empresa e eu enfrentar o meu primeiro dia. Para ser
sincera, estou mais ansiosa que nervosa. Cumprimentei a recepcionista que
me encaminhou para o RH. Umas moças simpáticas me atenderam,

acertamos todos os detalhes do meu estágio. O senador está em uma


viagem, possivelmente só nos conheceremos na próxima semana.

A equipe de campanha me explicou como vai funcionar algumas


coisas, minha mente está fervilhando de ideias, espero ser bem útil em sua

candidatura.

Terminou meu expediente, me despedi de algumas pessoas e peguei


um ônibus em direção ao shopping, preciso comprar umas roupas mais

apropriadas ao ambiente.

Não foi uma tarefa muito difícil, em menos de uma hora tinha

comprado todas as peças necessárias. Minha mãe me enviou uma


mensagem avisando que não estaria em casa, saiu para se divertir com

algumas amigas do bingo.


─ Savannah? ─ Me viro em direção a voz, dando de cara com a Júlia,
amiga do Anthony.

─ Júlia, que mundo pequeno. ─ Sorrio, cumprimentando-a com um


beijo no rosto.

─ Sou muito boa em fisionomia, o cabelo me confundiu um pouco,

mas sabia que era você.

Não tem repreensão em seu tom de voz, muito pelo contrário, ela

parece estar se divertindo.

─ Você mora aqui por perto? Posso te dar uma carona. ─ Sorri

brevemente.

─ Não se incomode, daqui a pouco meu ônibus passa. Não quero lhe
dar trabalho.

─ Não é trabalho nenhum, eu gostei de você desde o dia da festa, não


vejo problema em sermos amigas. Aceite a carona, por favor.

Pondero por alguns segundos, ela é o tipo de pessoa que eu facilmente

faria amizade, então por que não aceitar?

─ Tudo bem, vamos lá.

Entramos em seu carro e seguimos para minha casa que não fica

muito longe daqui. Júlia se mostrou simpática desde o começo, não deve ter
nenhum problema nos tornarmos amigas.
Anthony

Quase um mês se passou desde o meu noivado falso, diferente do que

imaginei, minha mãe não saiu do meu pé. Muito pelo contrário, continua

marcando encontro com a filha do ministro. Juro que se não fosse a minha

empresa, seria capaz de mudar de país, só assim me veria longe da Donna.


Recebi muitos convites para jantares, todos eles direcionados a mim e

a minha belíssima noiva. Agora, não tenho tanta certeza se foi uma decisão

sábia. Eu apresentei Savannah à mídia, como explicar o fato de não termos

aparecido juntos novamente?

Meu celular toca, trazendo-me de volta à realidade. Vejo o nome da

minha mãe, pondero antes de finalmente atender.

─ Mãe, o que foi?

─ É assim que atende sua querida mãe? Não foi essa a educação que

eu lhe dei, Anthony.

─ O que a senhora quer? ─ Sei que coisa boa não será, tem sido assim

ultimamente.

─ Em dois dias seu pai dará um jantar para os acionistas, ele pediu

para que você e seu irmão compareçam.

─ Não sei se estou disponível, preciso conferir minha agenda.

─ Você consegue se reorganizar quando quer, venha e traga sua

noiva. ─ Escuto sua risada do outro lado da linha.

─ Qual motivo do riso? ─ pergunto sério, às vezes me pergunto se

minha mãe sempre foi desse jeito.

─ Eu sei que você só levou aquela mulher para me afrontar, não

existe noiva nenhuma. Por esse motivo, sua verdadeira futura esposa estará
presente.

─ Ok, mãe, nós nos veremos em dois dias. ─ Desligo sem mais

delongas.

Que inferno! Por que diabos não peguei o número da Savannah? Eu

sou uma pessoa tão metódica, não acredito que realmente pensei que isso

daria certo. Pego meu celular e envio uma mensagem para meu irmão,

Simon com certeza me ajudará a encontrá-la. Tenho dois dias para encontrar

essa mulher, será que pega mal ir até seu endereço? Preciso arrumar um

jeito de sair dessa enrascada que me enfiei.

Batidas na porta chamam minha atenção, Júlia entra em seguida.

─ Júlia, preciso encontrar a Savannah.

─ Por quê? Aconteceu alguma coisa? ─ Senta-se à minha frente,

encarando-me desconfiada.

─ Vai ter um jantar na casa dos meus pais, meu pai quer que eu esteja

presente. Minha mãe não perderia a chance de atazanar minha vida, foi

sarcástica quando disse para eu levar minha noiva. E deixou bem claro que
minha futura esposa estará presente.

─ Ainda me pergunto como você achou que isso daria certo, se você é

realmente noivo, deveria aparecer mais vezes com a Savannah.

─ Eu não peguei o número dela, como não pensei nisso?


Tudo isso é culpa da minha mãe, ela me deixa maluco com sua

obsessão por me ver casado. Que merda! Fico me enfiando em confusão por

causa dela.

─ Como vai encontrar a Savannah?

─ Pedi para o Simon.

─ Eu posso te ajudar, tenho o número dela. ─ Sorri vitoriosa, me

deixando chocado.

─ E por que não disse antes, Júlia?

─ Você não perguntou. ─ Pega o celular e parece discar algo. ─

Pronto, esse é o número da Savannah, quem sabe ela pode te ajudar. Agora

com licença, tenho que trabalhar.

Não perco tempo, disco rapidamente, sendo atendido no segundo

toque.

─ Savannah? ─ pergunto receoso, não sei se pode ser uma brincadeira

da Júlia.

─ Sim, quem é? ─ Reconheço de imediato sua doce voz.

─ Aqui quem fala é Anthony Gabriel, nos encontramos há uns dias,

você foi minha noiva. Lembra?


─ E tem como esquecer? ─ Escuto sua risada ─ Em que posso ajudá-

lo, Anthony?

─ Eu sei que o acordo era referente apenas àquela noite, no entanto,


preciso da sua ajuda novamente. Eu dobro o valor, não precisa se preocupar.

─ Sua mãe está no seu pé novamente?

─ Sim, preciso ir em um jantar daqui dois dias. Você pode me

acompanhar?

A ligação fica muda por alguns minutos, se ela se recusar, não sei

como sair dessa confusão que eu mesmo me enfiei.

─ Que horas passará para me buscar?

─ Você está falando sério?

─ Sim, e não precisa dobrar o valor, digamos que esses extras fazem

parte do acordo que fizemos da primeira vez.

─ Muito obrigado, Savannah. Passo para te buscar às oito.

─ Não precisa agradecer, nos vemos em breve. Até logo, Anthony,

preciso trabalhar agora.

Encerramos o contato e respiro aliviado, uma coisa a menos para me

preocupar. Peço para que enviem um vestido para sua casa, quero que ela

fique deslumbrante, apesar de não precisar de muito para isso. Savannah é


uma das mulheres mais lindas que já vi, sua beleza angelical e ao mesmo

tempo sexy me deixa doido.

Tento me concentrar na reunião, mesmo que minha mente esteja em

outro lugar. Em um mês precisamos entregar um novo sistema a um dos

nossos maiores clientes, para evitar que a mesma merda aconteça, quero

que façam plano A, B, C e o alfabeto inteiro se precisar. Se tem uma coisa

que odeio, com certeza é perder dinheiro por incompetência.

─ Qual o andamento do projeto?

─ Estamos com quase sessenta por cento do sistema pronto, na

próxima semana iniciaremos uma rodada de testes, mas acredito que não

tenhamos nenhum problema.

─ Você disse a mesma coisa da outra vez, Samuel.

─ Sim, mas uma vez foi suficiente, não iremos repetir o erro, senhor

Anthony ─ fala me encarando sério.

─ Estou supervisionando cada passo da equipe, não se preocupe que

dessa vez não iremos cometer nenhum erro. Inclusive, acredito que eles são

capazes de terminar antes do prazo estabelecido. ─ Júlia toma a frente e

explica.
─ Acho bom, se houver qualquer erro, não pensarei duas vezes e

mandarei todos embora, até mesmo você, Júlia. ─ Ela me mostra a língua,

sem se preocupar com todos à nossa volta.

Samuel começa uma apresentação do projeto, mesmo não sendo

necessário, gosto de acompanhar tudo de perto. Isso resulta em mais

estresse e dor de cabeça. Apesar de ser um trabalho simples, gosto do

andamento do serviço.

Ficamos reunidos por mais uma hora, até que todos se despediram,

deixando apenas Júlia e eu na sala. Ela fica me encarando sem dizer nada,
deixando-me confuso.

─ Para de ficar me encarando e desembucha de uma vez.

─ Não tenho nada para falar. ─ Sorri e eu sei que é mentira.

─ Pergunte de uma vez e pare de ficar me olhando desse jeito.

─ Fiquei sabendo que você ligou para a Savannah...

Elas estão amigas ao ponto de contarem as coisas uma para outra tão
rapidamente?

─ E qual a surpresa? Eu disse que entraria em contato, ela no


momento é a única pessoa que pode me ajudar.

─ Ela é muito bonita.


─ Sim, não tenho a menor dúvida.

─ Você deveria aproveitar, uma mulher bonita como ela não aparece o
tempo inteiro.

Saquei aonde ela quer chegar.

─ Pode ir parando, Júlia. Savannah e eu temos apenas um acordo,

mesmo ela sendo linda e gostosa pra caramba, ainda continuo não querendo
entrar em relacionamentos por agora.

─ Você acha que sua mãe vai deixá-lo em paz? Ela não parece nem

um pouco preocupada com seu noivado fake. ─ Muda de assunto do nada.

Louca.

─ Não sei, minha mãe é uma incógnita para mim. Eu preciso

conversar com o meu avô, ainda não tive tempo de ir escutar sua versão dos
fatos. Me casar com a filha do ministro não é por acaso, só queria entender

como isso fará diferença em sua candidatura.

─ Talvez ele esteja em busca de apoio, e qualquer pai gostaria de ver

a filha casada com um dos maiores CEO do país, mesmo sendo um


mulherengo.

─ Não descarto essa possibilidade, preciso investigar a fundo essa

história. Enquanto não tenho uma resposta, continuarei noivo da Savannah.


─ Você ficaria surpreso com o número de caras que dão em cima dela.
─ Sorri e me pergunto desde quando elas se tornaram tão íntimas.

─ Vocês viraram melhores amigas?

─ Digamos que sim, ela é uma pessoa bem divertida, gosto de


conversar com a Savannah.

Olho para ela confuso, eu devo ter me perdido no meio do caminho,


não posso acreditar que estejam amigas dessa forma. Será que Júlia está

aprontando alguma coisa? Não sei se posso confiar na minha amiga.

─ Por que está me olhando com essa cara?

─ O que você está aprontando?

─ De onde tirou isso? Não estou fazendo nada, nós só nos demos bem
na festa, nos encontramos outro dia por acaso e trocamos nossos números.

Não é sempre que você me apresenta uma mulher que preste, suas
companheiras de foda sempre ficam com ciúmes de mim.

É, pensando por esse lado ela tem razão. Não deveria existir ciúmes,

afinal de contas, sempre deixo claro o que posso oferecer e na maioria das
vezes é uma noite e nada mais.

Conversamos por mais alguns minutos e retornamos para nossas


salas, liguei para o meu irmão e pedi que cancelasse o meu pedido, agora

que tenho o número o endereço da Savannah não é mais necessário.


Estou ansioso para esse jantar, ou será para ver essa linda beldade?

Não sei, melhor não pensar muito nisso e focar no trabalho.


Savannah

Meu coração quase saiu pela boca quando escutei a voz do Anthony

do outro lado da linha, Júlia tinha me falado por alto sobre passar meu

número, só não pensei que ele fosse ligar tão rapidamente.


─ Não tenho dúvidas de que você enlouqueceu completamente. ─

Samuel fala enquanto o garçom serve a nossa comida.

─ A culpa foi da Júlia, ela passou meu número para ele.

─ Não é bem verdade, eu só te ajudei, sei bem como quer encontrar

com o safado do meu amigo novamente. Fiz mal em passar seu contato?

Eu não estou reclamando, para falar a verdade durante esses dias,

mesmo inconscientemente, pensei nesse homem várias vezes e desejei

encontrá-lo. Quando ele falou que precisava de mim, meu coração acelerou

de uma forma tão estranha. Claro que iria aceitar o convite, não perderia por
nada a chance de passar mais uma noite ao lado daquela beldade vestindo

seu terno impecável.

─ Claro que não, você bem sabe como queria vê-lo novamente.

─ Não é possível que só eu enxergue essa loucura, por que não negou,
Savannah?

─ Samuel, você acha que eu perderia essa chance? Te falei o quanto

esse homem é lindo.

─ Não julgo, meu amigo é belíssimo mesmo. ─ Júlia coloca um

pouco de comida na boca.

─ Vocês sempre foram apenas amigos?


Desde a primeira vez que nos encontramos na festa, fiquei com essa

curiosidade, afinal de contas Júlia é uma mulher muito bonita. Me perco às

vezes em sua beleza.

─ Você quer saber se nós já dormimos juntos? ─ Envergonhada,

aceno que sim. ─ Não, nunca tivemos nada além de amizade. As pessoas

sempre se questionam isso, apesar do Anthony ser lindo, não faz meu estilo.

─ É difícil trabalhar com ele?

─ Como ainda tem dúvidas? Eu já te falei várias vezes sobre isso,

Savannah. Lidar com ele não é nada fácil, precisa de muita paciência. ─

Samuel toma a frente e responde, parecendo bem chateado.

─ Não é fácil, porém não é um bicho de sete cabeças como o Samuel

quer passar, mesmo que às vezes ele use palavras cruéis. Anthony deu

muito duro para conseguir abrir e manter a empresa, ele poderia ter pedido

a ajuda dos pais, mas optou por correr atrás e quebrar a cara quantas vezes

fossem necessárias.

─ Eu acho que ter um cargo de CEO é bom e ruim ao mesmo tempo,

porque querendo ou não, todos os problemas no fim recaem sobre ele. Por

isso me coloco no lugar do Anthony.

Conversamos por mais uma hora, até que nos despedimos e eu voltei

para o gabinete do senador. Mesmo com a faculdade, estou conseguindo


equilibrar bem as coisas. Recebi alguns elogios pelo meu primeiro mês na

função, é uma área que me interessa bastante, com certeza, experiências que

levarei para a vida toda.

Minha mãe não fez nenhum questionamento quando lhe entreguei

uma parte do dinheiro, só agradeceu bastante. Por mais que tenha sido uma

quantia relativamente alta, ela sabe que eu nunca faria nada que fosse ilegal.

Eu apenas fiz um acordo com um CEO, não tem problema nisso, certo?

─ Filha, chegou uma caixa para você, coloquei no seu quarto. ─

Minha mãe fala, depois que a cumprimento com um beijo no rosto.

─ Obrigada, mãe. Vou subir para ver.

─ Savannah... ─ Paro no meio da escada quando escuto meu nome. ─

Essa encomenda tem relação com o dinheiro que você me deu? Pesquisei o

nome da loja e é bem cara.

─ Mãe, eu só estou ajudando um amigo, não se preocupe que não

estou metida em nenhuma confusão.

Tirando a parte de ser meu amigo, de certa forma não estou mentindo.

─ Tem certeza?

─ Mãe, a senhora acha que eu faria algo ilegal? ─ Maneia a cabeça. ─

Então pode ficar tranquila, ok? Vou subir e tomar banho, esse meu amigo
virá me buscar em algumas horas.

Parecendo um pouco mais tranquila, deixo-a na sala e sigo para o meu

quarto. Sobre a cama, uma caixa com a logo da loja que somos da primeira
vez, abro e encontro um lindo vestido na cor vinho com um decote

quadrado.

Uau! Eu realmente amei a escolha.

Sou tão lerda que não percebi que tinha um cartão.

“Espero que goste da minha escolha, eu tenho certeza de que

ficará perfeito em suas belas curvas.

Te vejo mais tarde.

Anthony G.”

Leio e releio algumas vezes, preciso colocar na minha cabeça que isso

é apenas trabalho, não posso ficar me iludindo. Anthony é alguém fora do

meu alcance, apesar da minha vontade de ficar com ele. Deixo a roupa

separada, entro no banheiro e tomo um banho demorado, saindo quase

quarenta minutos depois. Visto toda a roupa, faço uma maquiagem

carregada nos olhos e completo com um batom vermelho. Como parte da


personagem, coloco a mesma peruca loira da outra vez, agora, mais do que

nunca, não posso ser reconhecida por ninguém no gabinete.

Pontualmente, recebo sua mensagem avisando que está à minha

espera. Pego minha bolsa e sigo ao seu encontro. Minha mãe tinha avisado

que sairia, é mais fácil, assim ela não estranha o fato de que estou loira.

Encostado em seu carro caríssimo, ele caminha em minha direção


assim que nossos olhos se encontram. Por Deus! Como alguém consegue

ser tão lindo desse jeito? Seu sorriso de canto deveria ser considerado

atentado ao pudor, de tão perigoso.

─ Savannah, pelo visto foi uma escolha acertada esse vestido, você

está muito linda. ─ Cumprimenta-me com um beijo no canto da boca.

─ Eu amei a sua escolha, nunca duvidei do seu bom gosto. ─ Mesmo


com o salto, fico na ponta do pé e retribuo o beijo.

─ Nervosa?

─ Não, estou ansiosa para falar a verdade. Quero ver a reação da sua

mãe ao me encontrar novamente.

Sorrio, ajeitando-me no banco do carona. Ele se aproxima, ficando a

centímetros do meu rosto e ajuda-me a colocar o sinto. Seu perfume me

deixou completamente inebriada.


─ Pensei que ela havia desistido dessa ideia idiota, pelo visto

continua louca. Não sei o que faria, caso não a encontrasse ─ fala, dando

partida no carro.

─ Simples, era só encontrar outra mulher. Aposto que não faltariam

opções para ser sua noiva, nem que seja por uma noite.

─ Dessa forma minha mãe saberia que é mentira, eu já te apresentei

como minha noiva. Além do mais, não tenho certeza se encontraria uma
mulher tão linda como você, Savannah. ─ Desvia os olhos da estrada e me

encara por alguns segundos. ─ Acho que tirei a sorte grande.

─ Talvez, sejamos dois sortudos. ─ Sorrio, entrando na brincadeira.

Um silêncio do tipo não constrangedor tomou conta do lugar,


aproveitei para ligar o som do carro. Anthony não disse nada, só balançou
negativamente a cabeça e deu um breve sorriso. A casa da mãe dele não é

muito distante, quando menos esperei, estávamos parando em frente, muitos


carros ao redor.

─ Não entendo por que tudo a minha mãe transforma em um evento


grandioso, não me surpreenderei se tiver a imprensa também.

Ele desce do carro e abre a porta para que eu desça, entrelaçamos


nossos dedos e adentramos o local. Tenho ótima memória fotográfica,
reconheço alguns rostos da última festa, eles continuam soberbos. Ao que
tudo indica, Júlia não estará presente, precisarei enfrentar essa cova de leões
famintos sozinha.

─ Vamos ficar quanto tempo? Não tem nem dois minutos e já me

sinto incomodada com esses olhares em nossa direção ─ falo baixinho,


apenas para que ele escute.

─ Não vamos demorar, eu detesto esses eventos, só vim por causa do


meu pai.

Não muito distante, avisto a Donna e a suposta noiva do Anthony.

Admiro a persistência dela, mesmo nosso noivado sendo falso, é bem


constrangedor ficar dando em cima de um homem que está claramente

comprometido.

─ Filho, fico feliz que tenha vindo. Olha só quem está aqui, ela estava

ansiosa para reencontrá-lo. ─ Ignora completamente a minha presença.

─ Mãe, a senhora esqueceu a educação? Não estou sozinho, tenha a


decência de cumprimentar a Savannah. ─ Seu tom de voz duro parece não a

incomodar.

─ Eu falo apenas com as pessoas que me convém, você já deveria

saber disso. Além do mais, não aceito essa mulher como minha nora, tenho
a parceira ideal para você.
Assim que ela fala isso, a loira ao seu lado sorri. Pelo visto não é tão
inocente como imaginei, deve ser igual a Donna, só assim para embarcar

em suas loucuras.

─ Mãe...

─ Gabriel, não precisa se preocupar com isso. Não viemos aqui por

causa do seu pai? Estou ansiosa para rever o senhor James. ─ Sorrio,
provocando a bruxa velha.

─ O nome dele é Anthony Gabriel, você não deveria chamá-lo dessa


forma, ninguém o chama assim ─ Julie, que por um momento pensei que

não soubesse falar, responde.

─ Por isso mesmo continuarei chamando-o de Gabriel, não é como se


eu fosse uma qualquer ou todo mundo, sou noiva dele e sei muito bem o

que estou falando.

─ Noiva, até quando esse teatrinho vai durar? ─ Donna não parece

nada contente, foda-se, ela é maluca.

─ Não vai demorar muito, pelos meus cálculos, em breve deixarei de


ser sua noiva... ─ Ele me encara sem entender nada. ─ E me tornarei

oficialmente sua esposa.

Anthony me puxa pela cintura, colando ainda mais nossos corpos.

Acho que ele gostou da minha resposta. Eu odeio qualquer tipo de


rivalidade feminina, mas essa mulher parece que se contaminou com a

loucura da minha sogra. Não faz o menor sentido querer obrigar um homem
a casar, principalmente no século que estamos.

─ Com licença, falarei brevemente com o meu pai e iremos embora.

Quero aproveitar a Savannah sem toda essa gente ao redor, as coisas que
quero fazer precisam ser entre quatro paredes.

Eu queria ser uma mosquinha para acompanhar essas duas, aposto


que os surtos não serão leves. Passamos por algumas pessoas que nos

cumprimentam até de maneira educada, encontramos o senhor James, como


não poderia ser diferente, deu um show de simpatia. Conversamos por um

momento, desfrutamos de algumas bebidas e nos despedimos.

Antes de entrar no carro, Anthony me prensa, fico um tempo


encarando seus lábios tentadores. Eu já disse que amo homens de barba?

─ Gostei do jogo de cintura lá dentro, conseguiu matar a minha mãe


de raiva. Espero que Julie tenha senso e saia dessa loucura criada pela

Donna.

─ Acredito que sim, deve ser triste toda essa situação.

Surpreendendo-me, Anthony acaricia meu rosto, fecho os olhos,

sentindo a delicadeza de seu toque.


─ Savannah, eu sei que não faz parte do nosso acordo, mas eu preciso

ter o prazer de tê-la em minha cama ─ fala próximo ao meu ouvido,


fazendo meu corpo arrepiar. ─ O que acha de fazermos um novo acordo?

─ O que você propõe?

─ Você continua sendo a minha falsa noiva e teríamos alguns


benefícios. ─ Morde o lóbulo da minha orelha.

─ Deixa eu ver se entendi, você quer que sejamos amigos com


benefícios. Ou seja, além de ser sua noiva, também teríamos sexo casual?

─ Sim, você entendeu perfeitamente.

─ Muito tentador, o que eu ganho em troca?

─ De uma coisa eu tenho certeza, as mulheres que passaram na minha

cama nunca se arrependeram. Eu não costumo repetir, mas posso abrir uma
exceção para você.

─ Nada de exclusividade, certo?

Apesar de querer muito estar em seus braços, não quero me sentir


presa, mesmo não dormindo com outras pessoas além dele.

─ Sim, continuaremos livres, desde que as coisas sejam sigilosas,

querendo ou não a mídia sabe que somos noivos e não pegaria bem se
fôssemos flagrados com outros.
─ Ok, então vamos sair daqui ─ sussurro, beijando brevemente seus
lábios.

Nunca escondi que desde a primeira vez que nos vimos, desejei

loucamente estar em seus braços. Anthony parece ser o tipo de homem que
sabe enlouquecer e dar prazer a uma mulher na cama e neste momento é

tudo que preciso.

Sem mais delongas, entramos no carro e seguimos para o que eu

acredito ser um hotel. A noite é uma criança e estamos só começando a


diversão.
Savannah

Chegamos em um hotel luxuoso, tudo aqui grita dinheiro. Depois de

cumprimentar o que acredito ser a recepcionista, estacionamos e pegamos o

elevador. Ele não pegou nenhuma chave, isso deixa claro que é um cliente
assíduo do local. Não tenho tanta certeza, mas acredito que estamos na

cobertura.

A tensão sexual é gritante, neste momento, só consigo pensar em estar


nos braços do Anthony. Sinto mãos firmes enlaçarem minha cintura,

abraçando-me por trás. Meu coração está acelerado, não é como se fosse

minha primeira vez. Ele beija meu pescoço, antes de me virar e ficamos

frente a frente. Nossos lábios se encontram, o beijo não é calmo, muito

menos delicado, é puramente carnal, evidenciando o desejo que estamos


sentindo neste momento.

─ Savannah ─ sussurra assim que nos afastamos com a respiração

acelerada. ─ Você não faz ideia de como desejei estar com você entre
quatro paredes, só consegui pensar em como daria tudo para escutar seus

gemidos de prazer.

─ Esse não é um desejo apenas seu, Gabriel. Desde que nos

esbarramos, pensar em estar nos seus braços virou parte da minha rotina. ─

Sussurro de volta, beijando o canto de seus lábios.

Como resposta, ele segura em minha bunda, puxando-me para mais

perto. Anthony faz uma trilha de beijos por todo meu pescoço, mordisca o

lóbulo da minha orelha, tomando em seguida meus lábios. Sugo sua língua

e o gemido que escapa de sua boca incendeia todo o meu corpo.


Não me faço de rogada, retiro sua gravata e desabotoo sua camisa.

Passo a mão em seu peito e barriga, sentindo todos seus gominhos. Rodeio

os braços em volta de seu pescoço, quando Anthony me faz prender as

pernas em sua cintura. Como se carregasse uma pena, dá alguns passos,

chegando em uma enorme cama.

Olhando-me dos pés à cabeça de maneira minuciosa, surpreendo-me

quando ele retira a peruca que eu usava.

─ Gosto mais da sua versão morena caliente.

─ Morena caliente? ─ Sorrio de canto, passando a unha por seu

peitoral.

─ Sim, e eu estou louco para me incendiar por você, Savannah.

Dito isso, palavras não se fazem mais necessárias neste momento,

com sua ajuda, tiro o vestido que cai sobre meus pés, deixando-me apenas
de calcinha na sua frente. Anthony abocanha um de meus seios, enquanto

estimula meus clitóris. Os gemidos escapam de maneira involuntárias de

meus lábios.

Nossos quadris se roçam e sinto sua ereção. De maneira provocativa,

mordo seu lábio inferior, sugando sua língua em seguida. Com delicadeza,

Anthony me coloca na cama. Sua boca desce por meu corpo, beijando e

mordiscando cada pedaço da minha pele. Ele acaricia meu clitóris, quando
menos espero, minha calcinha é rasgada e sou invadida por dois dedos,

sentindo meu corpo reagir instantaneamente.

─ Savannah, você está tão molhada.

Fecho os olhos, sentindo uma onda de prazer começar a me atingir.

Seguro no lençol com mais força que o necessário, Anthony tem os olhos

fixos em mim e pela primeira vez me sinto envergonhada em sua presença.

A intensidade dos seus olhos me desconfigura.

─ Olha para mim. ─ Seu tom de voz autoritário me faz seguir sua

ordem sem pestanejar. ─ Quero ver seus lindos olhos enquanto goza nas

minhas mãos.

Anthony beija a minha barriga e suga um de meus seios. Não consigo

me controlar. Seguro-o pela nuca, trazendo para mais perto e o beijo.

Entrego-me completamente, sem pensar nas consequências.

Com a minha mão livre, alcanço seu membro e o massageio por cima

da calça. Ele está duro, demonstrando o quanto está excitado. Um gemido

escapa da boca do Anthony, deixando-me completamente louca de tesão.

─ Gabriel ─ falo com um pouco de dificuldade.

─ Sim?

─ Eu quero você dentro de mim, agora.


Um sorriso safado brota em seus lábios e eu sei que meu desejo será

atendido sem qualquer dificuldade. Ele se afasta, retira a calça e tenho uma

visão de tirar o fôlego, deixando-me com água na boca. Sem perder tempo,

coloca uma camisinha e preenche-me, levo alguns segundos e logo me

acostumo.

Enrolo minhas pernas em volta de sua cintura, enquanto ele se

movimenta com agilidade, deixando-me ciente de que não irei durar muito

tempo e logo serei atingida por um orgasmo. Anthony suga o meu pescoço,

amanhã com certeza ficará uma marca. Arranho suas costas e esse homem

gemendo baixinho no meu ouvido me fará entrar em colapso.

Uma de minhas pernas são levantadas, colocando em seu ombro.

Estou ainda mais exposta na frente desse homem. Seus olhos não

abandonam os meus e tento a todo instante controlar os tremores que

tomam conta do meu corpo.

Anthony se abaixa brevemente e volta a me beijar lentamente,

explorando cada pedacinho da minha boca, de acordo com os movimentos

dos seus quadris. Se movendo para frente e para trás, sinto o exato

momento em que ondas de prazer me atingem e gozo deliciosamente

encarando-o.
Não sei como é possível, mas ele me prende mais contra seu corpo e

um som desconhecido sai de seus lábios. Ofegante, Anthony cai ao meu

lado, segurando-me ainda pela cintura. Meu coração parece que sairá pela

boca, foi intenso e mais prazeroso do que um dia imaginei.

─ Cansada? ─ pergunta próximo ao meu ouvido, fazendo minha pele

arrepiar.

─ Um pouco ─ respondo com dificuldade, ainda me recuperando.

─ Descanse, ainda não matei todo desejo que sinto por você,

Savannah. ─ Me dá um selinho e se levanta em direção ao banheiro.

Anthony fez jus a primeira impressão, seus beijos são deliciosos e eu

poderia facilmente atingir um orgasmo apenas com eles. Sentir suas mãos

passeando por meu corpo, seus lábios na minha pele... Agora entendo
quando ele disse que as mulheres sempre queriam mais, é impossível estar

em seus braços uma única vez e não o desejar.

─ Savannah, o senador está a sua espera no estacionamento. ─ Um

dos meus colegas de equipe sinaliza.

Agradeço, pego minha bolsa e sigo em direção ao carro. Hoje ele terá

uma reunião importante com possíveis apoiadores e pediu para que eu o

acompanhasse, mesmo não fazendo parte da minha função, aceitei. O


trabalho não é muito difícil, tem alguns dias que tivemos o primeiro

comício oficial e fiquei surpresa como o senhor Diego é bom. Apesar de ser

o candidato mais novo, é o que tem maior apoio popular.

Tem uma semana desde o dia em que dormi com o Anthony, na

manhã seguinte, acordei bem cedo e saí antes que ele acordasse, precisava

estar cedo no gabinete e não sabia como encará-lo depois de tudo que

havíamos feito. Controlei a minha intensa vontade de ligar para ele,

conversei com Júlia e ela me disse que as coisas na empresa estão uma
loucura, por isso Anthony está mais ocupado que o normal.

─ Senador. ─ Cumprimento assim que me acomodo ao seu lado no

banco do passageiro.

─ Savannah, desculpe te arrastar para essa loucura. Minha assistente

vai precisar se ausentar por um período, se importa de ficar em seu lugar?

─ Não, estou aqui para ajudar no que estiver ao meu alcance.

Ele sorri e reparo no quanto é um homem bonito, com o rosto coberto

por uma camada fina de barba, é dono de lindos olhos castanhos e boca
tentadora. Tem um porte físico em dia, eu diria que Diego e Anthony

possuem a mesma altura, sendo ele mais velho cinco anos.

O carro dá partida e paro de prestar atenção no meu chefe, chega de


procurar sarna para se coçar. O trânsito parece não colaborar muito, meu
celular sinaliza com uma mensagem do Anthony e meu coração parece que
sairá pela boca.

Anthony Gabriel: Preciso da sua ajuda.

Savannah: Do que precisa? Te ajudo se estiver ao meu alcance.

Anthony Gabriel: Está livre agora? Estou sendo obrigado a

acompanhar o meu avô em uma reunião com apoiadores, seria bom se a


minha noiva estivesse ao meu lado.

Savannah: Sinto muito, infelizmente não poderei te ajudar, estou a

caminho de uma reunião com o meu chefe, impossível deixá-lo sozinho


nesse momento.

Anthony Gabriel: Droga, eu sabia que deveria ter negado esse


convite. Tudo bem, não se preocupe, nos vemos em outro momento,

Savannah.

Guardei meu celular e concentrei-me no meu trabalho, por mais que


eu quisesse ajudá-lo, não poderia abandonar tudo e correr em sua direção.

Dessa vez terá que se virar sozinho com o maluco do seu avô.

Chegamos ao local da reunião e surpreendo-me com o número de

pessoas, pensei que seria algo mais intimista, afinal de contas, ele está
buscando apoiadores para sua campanha. Caminhando ao seu lado, logo
encontramos um grupo de homens de meia idade, eles me encaram por um
bom tempo, sem se importar se estão ou não me deixando desconfortáveis.

As pessoas presentes são empresários e ex-políticos que ainda têm a


população ao seu lado. A conversa é bem chata, mas sigo com a minha

função, sorrindo sempre e anotando os pontos chaves do assunto. O senador


Diego é experiente, mesmo com alguns sendo extremamente rudes e

arrogantes, ele tem um jogo de cintura e contorna facilmente a situação.

Caminhamos entre algumas pessoas, até que um rosto familiar chama


minha atenção. É o Anthony e o senador Benjamin. Por que eles vieram

justamente aqui?

─ Está vendo aquele senhor com cara de gente boa? ─ Aponta

discretamente para o avô do Anthony e maneio a cabeça concordando. ─


Pois bem, é o meu maior rival nestas eleições. Sempre competimos um com

o outro, Benjamin Foster não acredita que posso ser um bom presidente
apenas pela idade. Eu sabia que ele estaria aqui hoje, por isso me adiantei.

Meu Deus! Qual a probabilidade de isso terminar bem? Aquela

família já não gostava de mim, agora que vão querer me matar e cancelar
um noivado que nem existe.

─ Ele parece ser uma boa pessoa. ─ Eu sei que não é, mas preciso
entrar no personagem que acabei de criar.
─ Não se engane, esse velho é traiçoeiro.

─ E o homem ao lado dele?

─ Anthony Gabriel, CEO da AGY e neto dele. É uma pessoa discreta,


sempre soube que ele odiava a vida política do avô. Queria saber o motivo

que o trouxe hoje. Aposto que vai tentar usar a boa influência do neto.

Concordo e seguimos caminhando, antes que pudesse dar qualquer


passo, Anthony vira e nossos olhos se cruzam. A interrogação está

estampada em sua cara, dou de ombros discretamente.

Meu celular sinaliza uma mensagem e antes mesmo de pegar, sei o

remetente.

“Me encontre na área do banheiro agora!”

Dou um tempo para não suspeitarem e peço licença ao meu chefe e

informo que retornarei em alguns minutos. O local não é muito distante,


procuro Anthony e nenhum sinal dele, até que mãos firmes me puxam para

dentro de uma sala escura.

─ Que merda está acontecendo aqui, Savannah? ─ Arqueia a

sobrancelha, como se eu tivesse alguma culpa.

─ Estou trabalhando, eu te disse, Gabriel.

─ Então você trabalha para o Diego? ─ Confirmo com a cabeça. ─

Porra, justo o maior rival do meu avô? Quando isso começou?


─ Poucos dias depois da gente ter se conhecido, eu não sabia que eles

eram rivais, descobri tem poucos minutos.

Cruzo os braços na altura dos seios, não vou deixá-lo agir como se eu

estivesse errada. Não tenho culpa deles serem inimigos, muito menos de
estarem no mesmo lugar.

─ Se meu avô descobre que estou noivo de alguém que trabalha para

o Diego, não quero nem imaginar...

─ Podemos resolver isso facilmente, é só você dizer que terminamos

por falta de compatibilidade. Sabemos que não lhe falta opções, Gabriel.

Falo irritada, sem saber o motivo.

─ Não é tão fácil assim, Savannah.

─ Não tenho nada com isso, você começou essa história então tente
resolver. Agora preciso voltar, já se passaram quase dez minutos.

Tento me afastar, mas sou impedida quando ele coloca os dois braços

em volta do meu corpo. Apesar da pouca iluminação, percebo sua irritação.

─ Me deixe sair, por favor.

─ Savannah, você vai sair dessa forma?

─ E existe outra maneira? ─ Encaro-lhe séria, não estou entendendo


aonde quer chegar.
Com uma mão na minha cintura e outra no rosto, ele aproxima nossos
corpos e me beija de maneira delicada. Não sabia que estava com saudades

de seus lábios até este momento. Envolvo os braços em volta de seu


pescoço e aproveito o momento, esquecendo da minha irritação de agora há
pouco.

Meu celular toca, trazendo-me de volta para a realidade.

─ Eu preciso ir, conversamos depois.

Saio praticamente correndo e entro no banheiro, olho-me no espelho e

vejo meu batom todo borrado. Jogo água no rosto e retoco a maquiagem,
pronta e sem qualquer vestígio do que estava fazendo. Quando retornei ao

salão, Anthony já estava lá, seus olhos não me abandonavam me deixando


tímida.

─ Vamos embora, Savannah. Eu já consegui tudo que precisava.

Com uma mão em minhas costas, ele me conduz até o


estacionamento. Meu coração está acelerado, a adrenalina e o medo de ser

reconhecida pelo senhor Benjamin estava me deixando doida. Não sei do


que ele seria capaz de fazer, não confio nesse homem.

Nestas horas lembro do meu amigo Samuel, ele, desde o começo, me


alertou da loucura que eu estava me metendo. Uma pena que optei por não

escutar.
Anthony

─ Vô, por que o senhor quis que eu te acompanhasse hoje? O senhor

sabe que eu detesto qualquer coisa relacionada à política, este não é um

meio que eu gostaria de me envolver.


O meu dia estava livre, quando recebi a ligação do meu avô fazendo

uma pequena chantagem emocional para que eu o acompanhasse nesse

encontro, ele disse que seria bom para a campanha dele e mais um monte de

baboseira que eu não prestei muita atenção. Só decidi acompanhá-lo porque

pensei que poderia ser uma chance de fazê-lo mudar de ideia e parar de
mancomunar com a minha mãe

─ Você é meu neto, não pode me acompanhar agora nos lugares só

porque está com aquela mulherzinha?

Eu sabia, estava demorando para ele tocar nesse assunto.

─ Vô, esqueça a minha noiva, por que o senhor resolveu se juntar a

minha mãe nessa história de casamento? ─ pergunto estacionando o carro

em frente à sua casa.

Depois da Savannah sair, para não correr riscos, esperei um pouco

para só então caminhar até o estacionamento. Não estava nos meus panos

encontrá-la nessa situação, a única vantagem foi ter sentido seus lábios

macios.

─ Meu neto, você sabe que não aceito perder facilmente e

infelizmente aquele maldito do Diego lidera as pesquisas de intenção de

voto. Quando o ministro me ofereceu apoio na campanha, eu sabia que ele

queria algo em troca.


─ E por que precisa ser um bendito casamento?

─ Você é bonito e muito rico, seria um marido dos sonhos. Entenda,

você não precisa casar-se rapidamente, oficializamos o noivado e enrole a

menina até o final das eleições, depois é só dar um chute na bunda dela e

pronto ─ fala na maior naturalidade, deixando-me chocado.

─ Vovô, você acabou de escutar o que disse? Eu não vou brincar com

os sentimentos de ninguém, nunca fui assim. Em todos os meus

relacionamentos deixei bem claro as minhas intenções, além do mais, já

tenho uma namorada.

Nunca me senti tão nervoso igual a hoje, quando meus olhos

encontraram a Savannah ao lado do Diego, por um momento fiquei sem

reação. Eu não sabia como reagir e fiz a única coisa que estava ao meu

alcance.

─ Pode ir parando com esse teatro, eu sei que você nunca iria

namorar uma mulher como aquela. ─ O desdém está estampado em seu tom

de voz, não nega que tem o mesmo sangue que a minha mãe.

─ A Savannah é uma mulher perfeita, e antes de se dirigir a ela com

esse tom de soberba, saiba que não mudarei minha opinião. Arrume outra

maneira de conseguir apoio, eu não irei me casar à força, muito menos

participar desse circo armado por vocês dois.


Ele não diz nenhuma palavra e sai do carro, não antes de me dirigir

um olhar furioso.

Eu não posso perder o respeito que tenho por ele, mas se continuar

me colocando em saia justa por causa dessa merda de campanha, eu mesmo

o faço perder.

Ligo o carro e sigo para a empresa, preciso ocupar a minha mente e

falar com Júlia, ela vai precisar me explicar por que diabos não me falou
sobre o emprego da Savannah.

Chego à empresa e caminho apressado pelos corredores, sem

cumprimentar nenhum funcionário. Minha secretária não ousa dizer uma

palavra, ela sabe que hoje não estou em um dos meus melhores dias. Se

meu avô tivesse encontrado com a Savannah, toda situação que eu criei

sairia do controle.

Disco para Júlia que atende no primeiro toque. Ela vai ter que me

explicar algumas coisas.

─ O que foi, Anthony?

─ Venha imediatamente à minha sala.

Encerro a ligação sem qualquer possibilidade de ela retrucar.

Eu preciso pensar em um plano B, se Savannah é assistente do Diego,

não vai demorar para ela e meu avô se cruzarem. Talvez ele não a
reconheça de imediato por causa dos cabelos, mas não posso correr esse

risco.

Será que terminar esse “noivado” é a melhor opção? Não. Ainda


assim ela será um alvo fácil, conhecendo a minha mãe, pensará em teorias

mirabolantes e vai dizer que Savannah era espiã.

─ Alguém morreu? ─ Júlia pergunta, entrando e sentando-se à minha

frente.

─ Por que você não me disse que Savannah é assistente do senador

Diego?

─ Quem é Diego?

─ Como assim quem é Diego, Júlia? O senador que está concorrendo

à presidência com o meu avô, seu maior rival.

─ Anthony, você nunca me disse o nome desse homem, se falou,

fugiu completamente da minha cabeça. Savannah me disse que estava

trabalhando na campanha de um político, não liguei uma coisa à outra.

─ Porra, Júlia, você tinha que ter me alertado, não imagina a situação

complicada que tive que contornar. Por pouco meu avô não a encontrou.

─ Não tenho bola de cristal. Mas qual o problema de ela trabalhar

com ele?
Sério, às vezes ela é tão lerda que me deixa maluco. Será possível que

não enxerga a merda que essa situação vai terminar? Se fosse qualquer

outro político não teria problema.

─ Você acha mesmo que minha mãe aceitará tranquilamente o fato de

a Savannah trabalhar com o rival do vovô? Eles querem que eu case

justamente para obter apoio político.

─ Fique tranquilo, sua mãe e seu avô não olharam o suficiente para a

Savannah a ponto de reconhecê-la sem os cabelos loiros.

Eu queria que fosse tão fácil, mas eu sei que não é. Olha a merda que

eu estou me metendo, minha vida sempre foi resumida em trabalho e

mulheres, e tudo por culpa de um bendito casamento armado, está tudo

virando do avesso. Não é possível que essa tenha sido a melhor opção para

minha mãe e meu avô, ele é uma pessoa influente no meio político, eu sei

que pode conseguir apoio com a mesma proporção ou até maior do que o

próprio ministro.

E como alguém pode ser capaz de trocar a filha dessa forma? Ou pior,

como ela pode aceitar essa situação?

Acordo assustado com o toque do meu celular, o relógio marca pouco

mais de nove da manhã. Quem ousou me ligar no único dia de folga que
tive em meses? O visor mostra o nome do meu irmão, será que aconteceu

alguma coisa?

─ Anthony...

─ Quem morreu para me ligar a essa hora, Simon? ─ falo sonolento.

─ Por que não me disse que iria ceder aos desejos da mamãe e vovô?

─ Como assim?

─ É, pelo seu tom de voz calmo, não deve ter visto as notícias ainda.

Você se casará em pouco mais de três meses com a filha do ministro, está
em todos os sites de fofoca.

─ Isso não são horas para brincadeira. ─ Levanto às pressas, pego o


notebook na cabeceira e coloco o meu nome nas pesquisas.

“Por essa ninguém esperava, após aparecer em evento com uma

namorada, Anthony Gabriel, CEO da AGY, anuncia noivado com Julie


Savóia, filha do ministro da Casa Civil.”

“Após aparecer com uma loira em festa familiar, o bonitão mais


cobiçado da cidade anuncia noivado com Julie Savóia.”

Como se tivessem copiado e colado, todas as matérias falam a mesma


besteira. Como eu anunciei um noivado que não estava sabendo? Dessa vez
minha mãe passou de todos os limites, ela não deveria procurar briga, mas

pelo visto quer guerra.


─ Pelo silêncio, aposto que viu que é verdade. Isso é obra da mamãe,
né?

─ Você tem alguma dúvida sobre isso, Simon? Minha vontade é de ir

agora mesmo e falar tudo que tenho entalado, mamãe deve ter enlouquecido
se acha que vou aceitar essa merda. Não sou criança, é difícil aceitar?

─ Não faça nada de cabeça quente, mande sua equipe liberar uma
nota negando e diga que processará todos que continuarem vinculando seu

nome a essa fake news. Faça uma aparição pública com a sua namorada,
você precisa mostrar que é comprometido.

─ Estou pensando seriamente em fazer o mesmo que você, cortar os

laços com a Donna...

─ Pensaremos em algo depois, faça o que eu te falei. Vou precisar

desligar agora, pegarei uma carona com o Andrei.

Encerramos o contato e liguei imediatamente para minha equipe de


imprensa e pedi para soltarem uma nota. Tomo um banho gelado, na

tentativa de clarear as ideias em minha mente. Minha única preocupação


deveria ser a empresa, por que diabos estou entrando no jogo da minha

mãe?

Quanto mais ela me irrita, mais vontade de desafiá-la eu tenho. Tento

a todo instante manter o respeito, apesar de tudo, ela é minha mãe.


Preciso liberar toda essa tensão ou irei enlouquecer, com essas
notícias circulando, sei que terá jornalistas na minha cola, ou seja, não

poderei encontrar com ninguém exceto Savannah.

Savannah...Eu sabia que essa mulher era quente, só não imaginei que

seria surpreendido. Tem uns dias que a tive em minha cama, seu corpo
escultural, seus gemidos de prazer, os beijos. Tudo nela me deixa fascinado

e com vontade de pedir um replay.

Seus lábios são tão apetitosos!

Tirei a sorte grande quando nos cruzamos no prédio da Júlia, quem

iria imaginar que encontraria uma mulher tão linda e gostosa da noite para o
dia?

Paro de pensar besteira e saio do banheiro, pego meu celular e disco

para a Savannah, mas quem atende é um homem.

─ Alô...

─ Savannah? ─ pergunto um pouco desconfiado.

─ Ela está no banho, quer deixar recado?

─ Quem está falando?

─ Samuel, sou amigo dela. Não reconhece a minha voz, chefe?

Seu tom de voz é diferente, nenhum pouco amigável.


─ Samuel, não sabia que vocês eram amigos, ainda mais ao ponto de

atender o celular um do outro. Passa o telefone para ela, por favor.

─ Ela está... ─ A ligação fica muda e logo surge uma voz familiar. ─
Anthony, aconteceu alguma coisa?

─ Vou buscá-la hoje à noite, precisamos fazer passeios de casal.

─ Aonde vamos? ─ Sua animação é perceptível na voz, gosto disso.

─ Um amigo vai inaugurar uma boate, chame o Samuel, convidarei

Júlia também. Estou desligando...

─ Gabriel?

─ Sim.

─ Não vai falar nada sobre seu noivado?

É claro que ela já deve ter visto as notícias a respeito dessa palhaçada
armada pela minha mãe, mesmo com a nota desmentindo, tenho certeza de

que o estrago está feito.

─ Conversamos a noite, ok?

Encerro a ligação. Hoje não tenho pretensão de ir à empresa, minha


mãe deve estar me esperando, mas não darei esse gostinho. Farei como meu

irmão sugeriu, ficar com a Savannah não é sacrifício nenhum, no fundo até
que está saindo prazeroso.
Anthony

No horário marcado estava estacionado em frente à casa da Savannah,

quando eu pensei que não poderia ser surpreendido, ela apareceu com uma

saia curta, um top e casaco por cima. Sua barriga e pernas estão à mostra,

evidenciando a grande gostosa que é. Confesso que foi difícil me concentrar


na estrada, minha mente passava mil e uma maneiras de tirar essa sua

roupa.

Estacionamos em frente à boate, Samuel e Julia já estão lá dentro à


nossa espera. Saímos do carro e logo somos cercados de jornalistas. Porra,

Christian não avisou sobre a presença deles.

Pego um boné que tinha no carro e entrego à Savannah para poder


esconder um pouco seu rosto desses abutres que não saem do caminho.

─ Anthony, hoje saiu uma notícia sobre seu noivado. Pode nos

explicar o motivo da mulher ao seu lado estar escondendo o rosto? ─


Escuto alguém perguntar, talvez seja a chance de enterrar esse rumor

ridículo.

─ A pessoa pública sou eu, ela não é obrigada a nada. Além do mais,
a nota enviada para vocês deixava bem claro sobre esse assunto, não

conseguiram interpretar? ─ respondo sem fazer questão de parecer

simpático.

─ Então você estava dizendo que o noivado com a Julie Savóia é uma

notícia falsa?

─ Obviamente. Como vocês podem ver, a mulher ao meu lado não é a

filha do ministro. ─ Puxo-a pela cintura, colando ainda mais nossos corpos.

─ Se me dão licença, tenho uma festa para aproveitar.


─ Não sei como você aguenta, eu detesto ser o centro das atenções. ─

Savannah fala, assim que saímos do alcance deles.

─ Eu também, apesar de ser conhecido, nunca fui de ficar cercado ou

ter que dar satisfação para jornalistas.

O local tem bastante gente, cumprimento rapidamente alguns rostos

conhecidos e de mãos dadas, seguimos à procura do anfitrião e nossos

amigos. Quase cinco minutos depois, avisto Christian, ele não disfarça e

tem os olhos focados na linda mulher ao meu lado. Não posso julgá-lo,

pode olhar à vontade, desde que não passe dos limites, muito menos a deixe

desconfortável.

─ Anthony, você tinha dito que não viria, por que mudou de ideia?

─ Precisava esfriar a cabeça, resolvi unir o útil ao agradável. ─

Retribuo seu cumprimento, apertando sua mão. ─ Deixa eu te apresentar à

minha namorada. Savannah, esse é Christian, um amigo da época da

faculdade.

─ Olá, muito prazer. ─ Estende a mão, só que o filho da mãe beija seu

rosto, deixando-a visivelmente sem graça.

─ Christian, não cumprimente a minha namorada como se fossem

íntimos. Da próxima vez acabo com você ─ falo sorrindo brevemente, sem

desviar os olhos dos seus.


Apesar de sermos amigos, esse filho da puta sempre gostou de dar em

cima das mulheres com quem eu saía. Como ele sabe que não passa de uma

noite, acha normal. Eu também não via problemas, até agora. Mesmo
fazendo parte de um acordo, não permitirei que crie olhos em cima da

Savannah.

─ Não se preocupe, meu amigo. Quando você não estiver mais com

ela, sei que chegará a minha vez.

─ Pode ir desistindo, não gosto de caras do seu tipo.

─ E como seria esses caras?

─ Metidos que acham que só porque são bonitos, qualquer mulher vai

querer ir para sua cama. Mesmo que eu venha a terminar com o Gabriel,

não irei querer nada com você. ─ Vira-se e fala olhando para mim. ─

Podemos ir encontrar o Samuel e Júlia? Quero beber alguma coisa.

─ Claro, vamos lá. ─ Entrelaço nossos dedos novamente e seguimos

para a área vip, sentados em uma mesa discreta, avistamos nossos amigos.

Savannah se aproxima de Júlia e sem qualquer aviso, pega a bebida

de suas mãos e bebe de uma única vez, deixando-me em choque.

─ O que aconteceu?

─ Ela conheceu o Christian. ─ Sorrio, acomodando-me. O garçom se

aproxima, pego um whisky e ela um martini.


─ Não me diga que ele é seu amigo também, Júlia? ─ Maneia a

cabeça negando. ─ Graças a Deus, pensei que você também tinha um

péssimo gosto. Que homem desagradável.

─ Eu cansei de falar isso ao Anthony, acho que sou a única amizade

dele que realmente presta.

─ Não sejam duras desse jeito, no fundo ele é uma boa pessoa.

Samuel continua calado, observando a amiga. Não tenho certeza, mas

minha intuição masculina diz que ele sente alguma coisa por ela, mesmo eu

sendo seu chefe, não faz a menor questão de ser simpático.

Se não gosta de mim, por que veio sabendo que eu estaria presente?

As meninas engatam uma conversa e apenas observo, diferente das

outras vezes, Savannah não está com os cabelos loiros. Seus fios escuros

caem sobre os ombros, a maquiagem marcante nos olhos e os lábios

vermelhos me deixam vidrados. Olho-a dos pés à cabeça, perdendo um

pouco mais de tempo em sua bunda redonda e perfeita por baixo dessa saia.

Não posso negar, eu daria tudo para beijá-la novamente.

─ Você está bem? ─ Parecendo escutar meus pensamentos, ela senta-

se ao meu lado.

─ Eu quero te beijar.
Sem desgrudar os olhos dos meus, ela segura em minha nuca e se

aproxima, colando nossos lábios. Fico um tempo em choque, não pensei

que Savannah fosse tomar a iniciativa. Sua língua brinca com a minha,

quando finalmente tomo o controle da situação e intensifico o contato.

Minhas mãos vão para sua coxa desnuda e sinto o calor de sua pele.

Nos afastamos assim que escutamos a voz da Júlia.

─ Por favor, procurem um quarto, não quero ter que ver os dois

transando. ─ Começa a rir e Savannah esconde o rosto no meu peito.

Como pode ficar envergonhada depois de ter sido tão fatal agora a

pouco?

Uma hora se passou, quando as meninas se retiraram para ir ao

banheiro, minha chance de tirar essa pulga atrás da minha orelha. Me


aproximo do Samuel e falo:

─ Qual o seu problema comigo?

─ Problema nenhum. Por que acha isso, chefe?

─ Não me chame de chefe, aqui eu sou o namorado da sua amiga e

nada mais. Tenho certeza que você não gosta de mim, só queria confirmar o

motivo.

─ Savannah está metida nessa situação por sua causa, sei que a corda

sempre arrebenta para o lado mais fraco e quando sua mãe perceber, ela
será o alvo.

─ Não a obriguei, ela é maior de idade e sabe bem as consequências


de suas ações, não vejo motivos para ficar na defensiva. Trabalhamos

juntos, já era para saber que nunca deixarei que nada aconteça.

─ Não pode garantir algo que não está ao seu alcance. Você não

consegue controlar nem a sua mãe, Anthony. Se algo acontecer com a

minha amiga, eu esqueço que somos patrão e funcionário, e quebro sua


cara.

─ Você gosta dela... ─ Sorrio, bebendo um pouco da minha bebida.

─ Claro, somos melhores amigos.

─ Não, você gosta dela mais do que isso. Não posso julgá-lo, é difícil

ficar ao lado de um mulherão desses e ser apenas amigo.

─ Então isso também se encaixa com você e a Júlia? ─ Se aproxima

me encarando, sua expressão não é nada amigável, mas isso não me abala.

─ Não, diferente de você, estou pouco me fodendo com quem ela sai
ou deixa de sair...Espero que se lembre do seu lugar, não queira colocar o

nariz onde não deve.

Antes que ele possa retrucar, elas retornam e seguimos para o

estacionamento. Samuel e Julia foram no mesmo carro, pois moram na


mesma direção.
─ Vai dormir comigo essa noite? ─ pergunto, prensando seu corpo no
carro.

─ Não posso, só terei tempo de passar em casa para tomar um banho,

um café bem forte para despertar e pegar a estrada com o Diego. Ele terá
uma reunião no interior e precisa da minha ajuda.

─ Só vai vocês dois?

─ Não, toda a equipe, passaremos o fim de semana na cidade. Quando


eu voltar nos encontramos, que tal?

Seguro em seu queixo e beijo brevemente seus lábios como resposta.


Ajudo-lhe a entrar no carro e seguimos para o seu endereço, acho que esse

fim de semana terei que recorrer a um dos contatos da minha lista, se eu não
extravasar toda tensão que estou sentindo, serei capaz de ficar louco.
Savannah

Eu sabia que tinha que viajar ainda na madrugada, mesmo assim

aceitei o convite do Anthony. Eu queria que ele me explicasse sobre a

história do noivado que saiu na mídia, no fim das contas, não tivemos

tempo para falar sobre isso. Quando estou ao lado desse homem, esqueço
completamente as coisas ao meu redor e isso é muito perigoso, pois sei que

nossa relação se resume a um acordo.

─ Savannah, você está bem? ─ O senador pergunta, depois de eu ter


me perdido em pensamentos.

─ Estou sim, só estava pensando em algumas coisas da faculdade. ─

Minto na cara dura, não posso dizer sobre meus reais pensamentos.

─ Estou ocupando muito o seu tempo? Se estiver sobrecarregada

pode falar, afinal de contas você está trabalhando em uma função diferente

da qual foi contratada.

Sua preocupação é bem visível, à medida que vou convivendo com o

senador Diego, vejo o motivo de ser o favorito das pesquisas. Diferente do

senhor Benjamin, ele é bem simpático com todos, não parece algo forçado
ou qualquer coisa do tipo. Não posso esquecer a beleza, ele passaria

facilmente por um modelo.

─ Não se preocupe, chefe. ─ Dou um breve sorriso, ele me encara por

um tempo, até que alguém o chama.

O horário de almoço chegou e seguimos para o restaurante do hotel,


acomodei-me em uma mesa com algumas colegas, que não param de

conversar um minuto. Não sei como elas conseguem. Aproveito a minha


comida, pensando nas coisas que terei que fazer na próxima semana para

me concentrar nas provas finais da faculdade.

─ Savannah, olha só isso aqui. Nunca senti tanta inveja na minha

vida, queria muito estar no lugar dessa mulher. ─ Camys fala, mostrando-

me uma foto do Anthony.

É do momento em que ele me beijou, pouco antes de entrarmos no

carro. Minha sorte é que não dá para ver o meu rosto, como não íamos para

nenhum evento oficial, não vi necessidade de mudar o cabelo.

Merda! Acabei de me lembrar que ficamos de frente para a imprensa,

mesmo com o boné, espero que ninguém seja capaz de me reconhecer.

Senhor, minha morte vai chegar mais cedo do que o esperado. Tento não

transparecer o meu choque e concordo com elas. Qualquer mulher em sã

consciência gostaria de estar nos braços do Anthony.

─ Ele é muito bonito.

─ E podre de rico, só queria ter a chance de beijar essa boca. Eu faria

de tudo para ele se apaixonar por mim, teria esse homem aos meus pés, me

mimando com tudo que tenho direito. ─ Karen fala, olhando igual uma

boba para o celular.

─ Ele deve ser aqueles homens que tem uma mulher na cama a cada

semana, não acho que seja do tipo que se apaixona ─ falo como quem não
quer nada.

─ Preciso admitir, ela é um mulherão, queria tanto ver seu rosto. ─

Dessa vez um registro nosso dentro da boate, precisamente quando o beijei.

Cacete! Por que as pessoas ficam tirando foto das outras sem

permissão?

Pego meu celular e mando uma mensagem para o culpado de tudo

isso.

Savannah: Tem fotos nossas espalhadas na internet.

Anthony: E qual o problema? Você sabia que isso estava propício a

acontecer.

Savannah: Você me disse que não era um evento oficial, então não me

preocupei em esconder os meus cabelos. Toda hora aparece uma diferente,

se continuar assim, vão mostrar o meu rosto.

Anthony: Droga, você fica tão linda com seus cabelos naturais que

não percebi.

Savannah: Se alguém do meu trabalho me reconhecer, estarei

completamente ferrada. Não vai demorar para sua família descobrir minha

ligação com o senador.

─ Falando com o namorado? ─ Assusto-me com a aproximação

repentina da Camys.
─ Um amigo ─ falo nervosa, guardando o celular.

Elas não retrucam e voltam a falar da vida dos famosos. Termino de

comer e sigo para o meu quarto, tenho meia hora para descansar e voltar a
trabalhar. Jogo-me na cama e tento pensar na confusão que me enfiei. Se eu

não trabalhasse com o Diego, não me preocuparia tanto em mostrar o meu

rosto, afinal de contas ninguém precisa se meter na minha vida.

Aposto que Donna e Benjamin não terão uma boa reação, vão pedir

minha cabeça sem pensar duas vezes e não poderei fazer nada, apenas

aceitar minha morte.

Se eu vou morrer de qualquer forma, pelo menos aproveitarei o


máximo a companhia do Anthony, sinto um frio na barriga só de lembrar do

beijo e de como meu corpo reage a cada toque desse homem... Não me

lembro da última vez que fiquei assim, depois do Davis, ninguém mexeu

dessa forma comigo.

Preciso recuperar a razão, se eu continuar com pensamentos bobos,

não vai demorar para me apaixonar e sei que isso não me levará a lugar

nenhum. Exceto sofrer com o coração partido.

Cheguei à faculdade atrasada, precisei ajudar a minha mãe com


algumas pendências e quando se trata de tecnologia, ela é completamente
leiga. Estou cansada, o fim de semana foi bem atarefado, fora que preciso

estudar ou corro o risco de me dar mal.

─ Savannah, tem um rapaz te procurando lá fora. ─ Um dos meus

colegas de turma diz.

Mesmo desconfiada, saio da sala e sigo para o pátio. Um homem

vestindo um terno caro vem em minha direção, seu rosto não me parece
familiar.

─ Senhorita Savannah, o senhor Benjamin te espera para uma breve

conversa. ─ Sinaliza para o luxuoso carro à minha frente.

─ O senador Benjamin? ─ pergunto desconfiada, o que esse homem

quer falar comigo? Como ele sabe onde estudo?

─ Sim, o avô do seu namorado.

Mesmo sabendo que não gostarei da conversa, sigo para o seu

encontro. Antes de entrar no carro, mando uma mensagem para o Anthony,

apesar da carinha de bom velhinho, o senhor Benjamin não é uma pessoa

confiável. Ele deve ser do tipo que some com os problemas.

Entro no carro e fico em silêncio, aguardando que ele fale.

─ Vamos direto ao assunto, quanto você quer para se afastar do meu

neto?
Dou risada, como isso é clichê. Pessoas ricas que acham que tudo se

resolve com dinheiro.

─ Não estou precisando de dinheiro, obrigada pela oferta.

─ Pessoas como você estão sempre precisando, não ache que vou

acreditar que está com o meu neto sem nenhum interesse. ─ Sua voz

contida demostra o quanto está se controlando.

─ O senhor tem razão, é claro estou com o seu neto por interesse.
Onde eu iria encontrar um homem tão bom de cama como ele, capaz de me

levar a lugares inimagináveis.

Sei que posso estar passando dos limites por ele ser uma pessoa mais

velha, mas foda-se, não vou permitir que o senhor Benjamin me falte com
respeito só por ser um idoso.

─ Não baixe o nível, menina.

─ Quem baixou o nível foi o senhor tentando me comprar com


dinheiro, eu estou muito bem com o Gabriel e pretendo continuar assim. Eu

não estou a venda, tenha isso em mente.

─ Uma mulherzinha como você...

─ Cuidado com as palavras, o senhor veio ao lugar errado, afinal de

contas, precisa conversar com o seu neto. Se não for eu, será outra mulher,
ele só não vai ceder às suas chantagens egoístas.
Pegando-me de surpresa, segura forte demais o meu pulso. Tento
puxar, sem sucesso. Seus olhos estão fixos nos meus, a raiva é bem

evidente. Nunca pensei que ele poderia se assemelhar tanto à Donna, não
tem como negar que são pai e filha.

─ Escute aqui... ─ Somos interrompidos com batidas no vidro, antes

da porta ser aberta e Anthony aparecer.

O velho solta rapidamente o meu pulso, pela impressão nada

amigável do meu namorado falso, ele percebeu. Com sua ajuda, saio do
carro e Anthony massageia o local que está bem vermelho.

─ Vovô, escute, pois só falarei uma única vez. Se o senhor voltar a

procurar, pensar ou tocar na minha namorada, juro que esqueço nosso laço
sanguíneo e o senhor nunca mais me verá. ─ Suas palavras são duras, a veia

alterada em seu pescoço pode ser sinal de raiva, não tenho certeza.

─ Eu só estava tendo uma conversa amigável, não foi, mocinha? ─

Sai do carro, parando à nossa frente.

─ Não, ele queria me dar dinheiro para te deixar. Mas eu disse que
não estava à venda, que era para ir atrás de você.

─ Isso é mentira, você deve ter interpretado mal.

─ Não haja como se eu não soubesse do que o senhor é capaz. Não se

aproxime da Savannah.
Dito isso, entrelaça nossos dedos e seguimos para o estacionamento
privado da faculdade, geralmente só é utilizado por professores e diretores.

Anthony abre a porta para que eu entre, tudo isso sem dizer uma única
palavra. Se acomoda no banco do motorista e me encara.

─ Você está bem? ─ Sinto o toque de suas mãos em meu rosto.

─ Sim, não é como se eu tivesse ficado calada escutando o seu avô.


Não ia deixá-lo sair vitorioso.

Anthony sorri, ele fica tão bonito quando o faz.

─ Vamos para a minha casa.

─ Ei, espera. ─ Seguro em seu braço, antes dele ligar o carro. ─

Minha bolsa ficou na sala, preciso buscá-la.

─ Onde fica? Irei buscar, fique no carro.

─ Mas...

─ Não irei discutir com você, Savannah ─ fala autoritário e não tenho
como retrucar.

Passo as coordenadas e ele sai do carro, sei no que isso implicará


amanhã. Preciso preparar os meus ouvidos para os surtos dos meus colegas
de turma, principalmente a mulherada que é louca por esse homem.

Deus, tenha piedade de mim!


Anthony

─ Com licença, onde estão as coisas da Savannah? ─ pergunto,

entrando na sala indicada por ela.

Estava me preparando para uma reunião, mas quando recebi sua

mensagem, avisando que encontraria com o meu avô, não pensei duas
vezes. Deixei tudo para trás e corri até sua faculdade, não foi difícil

conseguir o endereço, agora tenho o Samuel ao meu alcance.

Durante todo o caminho, desejei que vovô não fizesse nenhuma


besteira, sei muito bem do que o senhor Benjamin é capaz. Ele não levou

anos na política sendo um bom moço. Não consigo explicar o que senti

quando o vi segurando forte o pulso da Savannah e eu sabia que era apenas

o começo.

─ Quem é você? ─ Um rapaz alto me encara sério, dou de ombros.

─ Sou o namorado dela. Onde está a bolsa de Savannah?

Repito a pergunta. Eles ficam se encarando, como se decidissem se

me entregam ou não a bendita bolsa. Depois do que me pareceu uma

eternidade, me entregam. Sem qualquer cordialidade, pego e saio da sala,


retornando para o estacionamento. Antes de alcançar o carro, meu celular

toca.

─ O que foi, Júlia?

─ Você precisa voltar imediatamente para a empresa, não

conseguimos adiar a reunião e os investidores estão chegando. ─ Eles


nunca conseguem fazer nada que eu peço, é uma dificuldade absurda.

─ Você não consegue comandar?


─ Claro que não, Anthony. Não faço ideia do que se trata o assunto

que será discutido por vocês. Já encontrou com a Savannah?

─ Sim, iria levá-la para o meu apartamento.

─ Faça isso depois, venham para a empresa.

─ Ok, farei isso. ─ Encerro o contato e entro no carro. ─ Você não

trabalha hoje, certo?

─ Não, por causa da semana de provas o Diego me liberou.

─ Ótimo, surgiu um imprevisto e eu terei que voltar imediatamente

para a empresa...

─ Não se preocupe com isso, pode me deixar no ponto de táxi mais

próximo.

─ Você não entendeu, Savannah. Nós iremos até a minha empresa,

assim que terminar essa reunião vamos para o meu apartamento, precisamos

conversar. ─ Dou partida, tenho dez minutos para chegar, mesmo que isso

implique em furar alguns sinais vermelhos.

─ Não quero te atrapalhar, Gabriel. ─ Desvio brevemente a atenção

da estrada, dando de cara com seus lindos olhos castanhos. ─ Posso...

─ Savannah, se você me atrapalhasse, não tinha saído às pressas da

minha empresa quando recebi sua mensagem. A reunião deve durar no


máximo uma hora, você pode ficar na minha sala, ou se for entediante, tem

autonomia para recorrer à Júlia ou ao seu amigo Samuel.

Ela não diz nada, então entendo como confirmação. O trânsito e até

os semáforos colaboraram comigo, estaciono e pego o elevador na

companhia da minha namorada. Como era de se prever, todos os olhares

estavam em nossa direção, como se estivessem vendo algo do outro mundo.

Essas pessoas não têm trabalho a fazer?

─ Por que todos estão nos olhando como se tivéssemos um chifre? ─

pergunta apenas para que eu escute.

─ Não estão acostumados a ver uma mulher bonita, é normal. ─ Tento

brincar, arrancando seu sorriso.

Eu acabei mesmo de fazer uma piada, que loucura!

Antes de chegar à minha sala, encontro Julia, que cumprimenta

Savannah com um beijo no rosto, recebendo ainda mais atenção dos

curiosos. Deixo as duas e vou em direção aos investidores, que me

aguardam na sala de espera.

─ Me desculpem a demora, tive um pequeno imprevisto. ─

Acomodo-me e eles fazem o mesmo.

─ Não precisa se preocupar, sabemos como você é ocupado, Anthony.


─ Quem é a moça bonita que chegou com você? Um verdadeiro

colírio para os olhos desse velho.

─ É minha namorada, pode desistindo, Pacheco ─ falo sério, mas sem


causar qualquer saia justa.

Deixamos de lado essa questão e focamos no que realmente nos

trouxe à essa reunião. Se tudo correr bem, esse contrato será benéfico para

ambas as partes e poderei elevar ainda mais o nível da minha empresa.

Discutimos alguns detalhes, deixei que eles falassem todos os seus pontos.

Gosto de como empresários me procuram para serem investidores da

AGY. No passado, quando fui desmotivado pela minha mãe, eu tinha


certeza de que no futuro poderia esfregar todo o meu sucesso na cara dela.

Sou do tipo de pessoa que só sossega depois de alcançar meus objetivos, eu

quero, corro atrás e consigo.

─ Anthony, vamos jantar essa noite.

─ Vou ter que recusar o convite, tenho um compromisso com a minha

namorada. ─ Sorrio, despedindo-me de todos com um aperto de mão.

Com eles fora da sala, sigo à procura da mulher que está a minha

espera. Essa noite iremos conversar sobre o noivado que saiu na mídia,

naquele dia na boate não tivemos tempo e no fim de semana ela precisou

trabalhar.
Meu celular sinaliza com uma mensagem da Pâmela me convidando

para jantar, ela sabe que comigo as coisas não funcionam dessa forma. Só

iremos nos encontrar quando eu tiver vontade, sempre foi assim, não sei

como pode ter esquecido. Decido ignorar, em outro momento vejo isso.

Avisto Savannah conversando com um dos homens que estava na

reunião, caminho até eles intrigado.

─ Savannah. ─ Ela me surpreende vindo rapidamente em minha

direção, segura em minha mão e encara-me por alguns segundos. ─

Desculpe a demora, podemos ir agora.

─ Claro, estou morrendo de fome.

─ Vocês estão juntos?

─ Sim, ela é minha namorada. Vocês se conhecem, Davis?

─ Sim, somos ex-namorados ─ fala se vangloriando, não entendi o

motivo.

─ Um caso do passado, entendi. Se você nos dá licença, preciso

alimentar a minha mulher. Nos vemos em outro momento, Davis.

Entrelaço os meus dedos com o da Savannah e seguimos para o

estacionamento, ela ainda parece tensa, deixando-me preocupado. Resolvo

não perguntar nada, em silêncio, seguimos para o meu apartamento. Não


costumo trazer ninguém para cá, como ela é minha namorada, mesmo sendo

parte de um acordo, preciso abrir algumas exceções.

─ Por que você parecia tão tensa ao lado do Davis? ─ pergunto

servindo-a com um pouco de vinho.

─ Não posso dizer que tivemos um término amigável, além de ele

continuar insistindo em ir até minha casa me procurar. Davis é um idiota

que não consegue me deixar em paz.

─ Vocês namoraram por muito tempo?

─ Posso dizer que sim, há cinco anos quando chegamos ao país, ele

foi uma das primeiras pessoas que conhecemos.

─ Chegou no país?

─ Somos mexicanas, para ser mais exata, viemos da Cidade do

México. Entramos de maneira ilegal no país, precisávamos fugir o mais


breve possível e fizemos o que estava ao nosso alcance. No começo foi um

pouco difícil, as coisas melhoraram um pouco e depois de um tempo,


conseguimos a tão esperada legalização. ─ Toma um gole de sua bebida.

Não estou surpreso, Savannah desde o começo me pareceu bem

caliente. É um pré-julgamento ridículo, eu sei, mas sabia que ela tinha


algum sangue latino.
─ Por isso se envolveu com Davis?

─ De certa forma sim, ele nos ajudou e não tinha como não me
apaixonar. Os meses foram passando, e o príncipe que eu conhecia se

transformou em sapo. Davis ficou agressivo, e se tornou um desconhecido


para mim.

─ Ele te ameaçou hoje?

─ Não, só veio com a mesma conversa de sempre, querendo que eu


dê uma chance para nos entendermos novamente.

Aproximo-me, sentando ao seu lado.

─ E o que você respondeu?

─ O mesmo de sempre. Mas vamos parar de falar sobre mim, me

diga, quando vai se casar com a Julie? ─ Começa a rir e me afasto. ─


Imagine como sua noiva se sentiu vendo aquela matéria, como você é

guloso, quer logo duas noivas.

─ Não brinque com essas coisas, Savannah. Precisei de muito

controle para não ir até a minha mãe; meu irmão me aconselhou a não
confrontar, a melhor resposta seria nos vermos juntos.

─ Por isso o convite para a boate.

─ Não precisa se preocupar, uma hora eles cansam. E em relação ao


meu avô...
─ Não aconteceu nada demais, ele só ficou um pouco nervoso. Eu
não deixei barato, o senador escutou o que precisava.

Não duvido, Savannah é o tipo de mulher que não se deixa abater,


muito menos ser feita de trouxa. Eu vi como enfrentou a minha mãe e Júlie,

no fim das contas fiz uma ótima escolha.

Deveria agradecer ao destino ou à Júlia?

─ Você vai passar a noite comigo?

─ Não sei, quais serão os meus benefícios? ─ pergunta, mordendo


lábio inferior, encarando-me.

Aproximo-me novamente e beijo o seu pescoço, vendo sua pele

arrepiar. Deixo leves mordidas, enquanto acaricio sua barriga, tocando seus
seios. Tomo seus lábios, explorando cada pedacinho de sua boca, sugo sua

língua e um pequeno gemido escapa de seus lábios.

Nos afastamos quando faltou fôlego.

─ Você me convenceu, mas antes me alimente, estou com fome.

Levanta do sofá e me estende a mão, apontando para a cozinha. Não


faço ideia do que está acontecendo aqui, mas não é ruim.
Savannah

Quase não consegui prestar atenção na aula de revisão, como era de

se esperar, os meus colegas não paravam de perguntar a respeito do Gabriel,

mesmo eu deixando bem claro que não falaria nada sobre o assunto. Passei
a noite com ele, pela manhã me deixou bem cedo em casa, troquei de roupa

e vim correndo para a faculdade.

Prometi que não iria sair hoje, faz tempo que eu não converso direito
com a minha mãe e mesmo morando na mesma casa não estamos nos

encontrando com frequência e isso não pode continuar.

Para minha sorte, as aulas finalmente terminam e agora preciso me


concentrar em estudar e fazer a prova amanhã. Junto minhas coisas e me

preparo para sair da sala, não antes de ser interceptada por um grupo de

colegas.

─ Como você conseguiu?

─ Do que você está falando? ─ pergunto usando o mesmo tom de voz

que ela.

─ Como você conseguiu namorar alguém tão influente e importante


como Anthony Gabriel? Não me leve a mal, mas você não me parece o tipo

dele. ─ Me olha dos pés à cabeça, sem esconder seu desdém.

─ Na sua concepção, qual o tipo dele? Você, acertei? ─ Seu sorriso

me deixa irritada. ─ Não seja tão convencida, Beatrice, Gabriel não gosta
de mulheres oferecidas como você. Se quer um conselho, pare de julgar os

outros sem antes olhar para si mesmo.


─ Aposto que ontem foi uma exceção, eles nem devem ser namorados

de verdade.

Por que essas garotas tiraram o dia para me encher a paciência? Eu

sou mulher o suficiente para ter um homem como o Gabriel ao meu lado,

ser pobre não significa nada.

─ Vocês são tão burras que uma simples pesquisa evitaria toda essa

chatice, não preciso provar nada para vocês, até porque eu sou boa o

bastante para conquistar qualquer homem e isso o inclui. ─ Aproximo-me

delas, cansada desse joguinho. ─ Peguem o celular de vocês, vão na internet

e pesquisem sobre o Anthony. Vamos, estou esperando.

A contragosto, elas fazem o que mandei. Não foi necessário dizer

mais nada, a cara de decepção delas é impagável. Dou as costas e sigo para

o ponto de ônibus, perdi tempo demais dando explicação para essas idiotas.

Sei que não deveria me expor dessa forma, mas não ia deixar isso barato.

Respondi algumas mensagens da Júlia, ela me convidou para sair

depois das provas, um programa só de mulheres e eu claramente aceitei.

Enquanto espero minha condução, lembro-me do desagradável

encontro com o Davis. Eu não fazia ideia de que ele tinha tanto dinheiro ao

ponto de ser um investidor. Para ser sincera, não pensei que fosse encontrá-

lo, ainda mais estando acompanhada do Gabriel. Eu queria que isso


ajudasse a mantê-lo longe, mas conhecendo bem, sei que não será um

empecilho.

Às vezes fico me questionando, como fui tão cega ao ponto de não ter

percebido sua real faceta. Ela sempre esteve lá, eu que ignorei todos os

avisos e a intuição da minha mãe e Samuel.

Não demorou muito para chegar em casa, minha mãe ainda não

chegou, sigo para o meu quarto, tomo um banho relaxante e aproveito para
estudar enquanto ela não aparece.

─ Filha, pensei que você tinha se mudado. ─ Minha mãe fala, assim

que me ver chegando na cozinha.

─ Não tenho culpa, a senhora também vive saindo, quando eu apareço

nunca te encontro.

Dou um beijo em sua bochecha e acomodo-me na cadeira

observando-a cozinhar.

─ O que você tem feito? Fiquei sabendo que está namorando, não

gostei de ter descoberto pela boca de outros. ─ Repreende-me, com uma

certa razão.

─ Quem disse que eu estou namorando?


─ Encontrei com o Davis, ele me disse que você estava namorando

um homem bem importante e conhecido.

─ Mãe, não dê ouvidos ao que esse idiota diz. Eu já falei para a


senhora várias vezes para não dar atenção. E sobre eu estar namorando, não

é verdade. Continuo ajudando aquele amigo, lembra?

─ Então você está fingindo namorar esse amigo?

─ Sim, ele precisou de alguém para fingir ser sua noiva, me pediu e

eu não vi nenhum problema em aceitar. Foi com ele que eu saí há alguns

dias, o Samuel também estava.

─ E sobre ele ser um homem importante, é verdade?

─ Sim, mas o foco não precisa ser esse. Gabriel é neto do senador

Benjamin, porém eles não têm uma ligação forte. Anthony é mais

conhecido como CEO da AGY.

─ Espera, essa não é a empresa onde Samuel trabalha? ─ Senta-se à

minha frente parecendo bem curiosa.

─ Ele é o chefe do Samuel.

─ Minha filha, você tem certeza de que não tem problema tudo isso

que você está fazendo? Lembre-se de que somos imigrantes e apesar de

sermos legalizadas, nunca devemos correr riscos.


─ Mãe, não precisa se preocupar com isso. Não estou fazendo nada

que coloque a senhora em risco.

Vou em sua direção, dando-lhe um forte e apertado abraço. Minha

mãe é a pessoa mais importante da minha vida, se eu perceber que o meu

envolvimento com Gabriel pode atingi-la de alguma forma, não pensarei

duas vezes em terminar e fingir que nunca o conheci.

─ Deixa eu ver uma foto?

─ De quem, mãe? ─ pergunto, cortando alguns legumes para ela

cozinhar.

─ Do seu namorado, ou amigo. Sei lá como vocês se chamam ─ fala

divertida.

Pego meu celular e procuro uma foto dele na internet, a tarefa mais

fácil que existe. Nunca me cansarei de admirar toda sua beleza, não faço

ideia de como esse homem consegue ser tão lindo, um deus grego e sonho

de consumo da mulherada. Sendo falso ou não, fico feliz de estar ao seu

lado.

─ Filha, que homem bonito. ─ Sua pupila dilatada e a expressão de

choque são engraçadas. ─ Quantos anos ele tem?

─ Trinta e cinco.

─ Quero conhecer ─ fala, pegando-me de surpresa.


─ Mãe, nós não somos namorados de verdade, a senhora não precisa

conhecê-lo.

─ Não me importo com isso, se vocês são amigos, qual o problema de

ele vir? Samuel vive enfiado dentro da nossa casa, traga-o até aqui.

─ Mãe... ─ ela me interrompe antes que eu consiga falar qualquer

coisa.

─ Na próxima semana traga-o para jantar, eu sei que nossa casa é bem
humilde comparado a toda a riqueza que deve estar acostumado, mas irei

preparar algo de todo o meu coração.

Qualquer palavra dita não terá o menor sentido para minha mãe, eu

sei que ela não vai sossegar enquanto eu não trouxer o Gabriel para esse
bendito jantar. Como farei para convencê-lo? Essa é minha maior
preocupação.

Ufa! Finalmente minhas provas terminaram e estou livre, meus dias

estavam sendo bem entediantes, minha vontade era de correr para o


gabinete, mas sabia que o senador Diego iria me expulsar de lá. Essa noite

combinei de encontrar a Julia, era disso que eu precisava, um pouco de


álcool e diversão.
Pego minhas coisas e saio do prédio da faculdade, são quase duas da
tarde, vou passar em um restaurante para almoçar. Minha mãe viajou

novamente e não tenho paciência para ficar na cozinha.

─ Savannah. ─ Olho na direção à voz e encontro o Diego.

─ Senador, o que faz aqui? ─ pergunto surpresa, ele é uma das poucas

pessoas que imaginaria encontrar.

─ Estava em uma palestra na faculdade ao lado, lembrei que você


estudava aqui e resolvi fazer uma visita. Já almoçou?

─ Não, iria fazer isso agora.

─ Eu te acompanho, estou morrendo de fome, quase não comi nada.

─ Não terá problema se nos vermos juntos? ─ Ele é uma pessoa

pública, sei que qualquer coisa podem interpretar errado.

─ Não se preocupe, você é minha assistente, não tem como pensarem

nada além disso. ─ Sorri, indicando-me seu carro.

Eu estou com uma leve sensação de que não deveria ir nesse almoço,
mais de qualquer forma ele é o meu chefe, não tenho como correr. Espero

que esteja errada e tudo seja fruto da minha imaginação fértil. É só um


almoço, que mal tem?

Chegamos ao restaurante e eu deveria estar abismada com o número


de pessoas que nos pararam no meio do caminho para cumprimentá-lo, mas
estamos falando de Diego Velasques, o senador mais popular e candidato à
presidência. De longe observo a cena e é impossível não o comparar com o

Benjamin, o avô do meu falso namorado.

O meu pulso ainda está vermelho, o velho não deixa quaisquer

dúvidas de que é pai da Donna. Não consigo entender como eles


simplesmente decidiram que vão interferir na vida do Gabriel, sabendo que

casamento e compromisso não é algo que faz parte de seus planos.

Como alguém pode querer simplesmente usar o outro em benefício de


si mesmo, sem se preocupar com os sentimentos alheios?

Agora eu entendo quando Gabriel disse que seu irmão cortou os laços
com a família, se continuar dessa forma, acredito que ele faça a mesma

coisa e ninguém será capaz de julgar.

─ Desculpe-me por fazê-la esperar tanto. ─ Aproxima-se e senta-se à


minha frente, seus olhos estão fixos em mim e sinto-me um pouco estranha.

─ Não precisa se preocupar, eu sei como você é ocupado, está tudo


bem. ─ Sorrio brevemente, deixando claro que não me chateei com a

situação.

─ Vamos fazer os pedidos? ─ Maneio a cabeça concordando e


olhando o cardápio. ─ Eu estou com ainda mais fome, parece que não como

há dias.
O garçom se aproxima e pedimos nossa comida que não demora a

chegar. Conversamos trivialidades e ele me contou um pouco sobre a sua


trajetória na política e as razões que o levaram a entrar para esse meio. É

incrível como a gente não conhece um terço do que as pessoas estão


passando. Diego é jovem e já tem uma bagagem tão grande, isso é

realmente surpreendente.

─ Savannah, posso te fazer uma pergunta pessoal? ─ pergunta


enquanto caminhamos para o carro.

─ Sim, pode.

─ Você tem namorado?

Penso um pouco antes de responder, apesar do acordo que tem entre o

Gabriel e eu, continuo sendo solteira. Além do mais, não é como se eu


pudesse falar para ele quem é o homem com quem eu estou saindo.

─ Não, não tenho.

─ Então eu posso dar em cima de você? ─ Seus olhos estão fixos em


minha boca e realmente estou chocada com o que acabei de escutar.

─ Eu sou sua assistente, não acho que seja uma boa ideia.

─ Então o problema é ser minha assistente? ─ Balanço a cabeça,


concordando. ─ Vou mandar procurarem alguém para essa vaga, você
voltará para a equipe de campanha, assim posso fazer o que tenho em

mente.

Engulo em seco, vendo o homem se aproximar mais e mais. Não

posso negar o quanto Diego é bonito, porém não acho que o beijar neste
momento seja uma decisão sábia.

─ É melhor a gente ir embora. ─ Sorrindo, abre a porta do carro para

que eu entre. Por um instante, pensei que meu coração sairia pela boca.
Anthony

Eu precisava sair, beber um pouco e encontrar uma companhia para

passar a noite. Toda essa merda vinda do meu avô e mãe estão me deixando

maluco, sinto-me um idiota por precisar recorrer a esse joguinho, tudo


porque eles desconhecem a palavra respeito e não conseguem aceitar as

decisões dos outros.

Chamei Júlia para me acompanhar, surpreendentemente a minha


amiga me trocou pela Savannah, teria uma espécie de noite das mulheres.

Às vezes me pergunto se é uma boa ideia arrastá-la para a confusão da

minha família. Porque os conhecendo bem, a corda sempre arrebenta para o

lado mais fraco, eles podem querer atingi-la. Depois da visita que meu avô

fez em sua faculdade, preciso ficar com os olhos bem abertos.

Estou pensando seriamente em fazer o mesmo que o meu irmão

Simon, talvez, se cortar qualquer laço com essa família louca, eu consiga

voltar a ter uma vida tranquila sem qualquer preocupação, exceto as


mulheres que eu teria na minha cama. A única pessoa que realmente ainda

vale a pena é o meu pai, ele não tem culpa das loucuras que a minha mãe
inventa e infelizmente não tenho voz suficiente para impedir.

Pego mais um drink e desfruto da visão perfeita que tenho à minha

frente, estou sentado em um local que me permite ver toda pista de dança.

De longe aprecio as mais belas e variadas mulheres. Lindas e com corpos


exuberantes, dançam de maneira sensual, sem preocupar com ninguém ao

seu redor.
Abro minha lista de contatos e escolho a companhia da vez, envio

uma mensagem para Jasmine pedindo para que me encontre em uma hora

no mesmo local de sempre. Ela é uma mulher muito bonita, morena de

cabelos pretos e olhos da mesma cor, tem lábios carnudos e uma boca capaz

de fazer maravilhas. Nos encontramos umas três vezes, gosto como ela leva

a situação, sem qualquer cobrança.

Meu celular vibra com uma mensagem da Júlia, abro e encontro uma

foto dela com Savannah, que está lindíssima em uma saia de couro curta e

um top preto, deixando sua barriga à mostra.

Porra, ela precisava sair gostosa desse jeito?

Júlia: Queria ver sua cara, aposto que eu precisaria limpar sua

baba. Ela está muito bonita.

Anthony Gabriel: E o que eu tenho com isso? Nós temos apenas um

acordo, não me importo com esses detalhes.

Júlia: Então ela pode ficar com qualquer um esta noite? Vou dizer

que tem sua liberação, já chegou mais de dez bebidas e números de

telefone. Acho que essa noite sairemos bem acompanhadas.

Anthony Gabriel: Não sou ninguém para impedir, até porque, estou a

caminho do hotel, passarei as próximas horas me esbaldando em deliciosas

curvas.
Júlia: Você é um idiota, voltarei atrás no meu conselho e falarei

para aceitar sim sair com o senador Diego.

Espera, aquele idiota está dando em cima dela? Ele não é o chefe da

Savannah? Isso definitivamente não deveria acontecer. Foda-se, não vou

cair no jogo da Júlia, conheço a minha amiga o suficiente para entender o

que ela está tentando fazer e não estou com a menor paciência para isso. Se

Savannah quiser sair com o Diego, beleza, é a vida dela e eu não posso me

opor ou questionar. Não quando estou prestes a encontrar outra mulher e

nosso contrato não exige exclusividade.

Pago a conta e sigo para o estacionamento, no caminho acabo

esbarrando em Davis, o ex-namorado da Savannah e novo investidor da

AGY.

─ Anthony, que surpresa encontrá-lo por aqui. Onde está a Savannah?

─ Levanta a cabeça e olha em volta, como se estivesse procurando.

─ Estou sozinho, não consegue enxergar? ─ Cruzo os braços, o

encarando.

─ Vocês terminaram? Eu sabia que tinha alguma coisa errada, ela não

tem cacife para namorar um homem tão rico como você.

O sorriso estampado me enoja, como ele pode falar assim? Savannah

é uma das mulheres mais lindas que tive ao meu lado, ela facilmente
conseguiria qualquer homem, inclusive mais ricos que eu.

─ Em que momento da minha resposta, dei a entender que tínhamos

terminado? Eu disse que estou sozinho, não preciso levar a minha mulher
para todos os lugares que vou.

─ Sejamos sinceros, vocês não são namorados de verdade...

Esse tipo de pensamento nada mais é que preconceito, as pessoas só

enxergam a posição social e não deveria ser dessa forma.

─ O que te faz pensar isso? Savannah é uma mulher maravilhosa,

linda, inteligente e que me deixa completamente doido em todos os

aspectos. No fim das contas preciso te agradecer.

─ Por quê?

Apesar da minha vontade de falar algumas verdades para ele, não

posso esquecer que infelizmente assinamos um contrato. Se eu tivesse o

encontrado antes, não aceitaria seu investimento. Sinto que esse homem

pode me dar dor de cabeça, coisa que estou fugindo.

─ Porque se você não tivesse sido um idiota, eu não teria a chance de

conhecer a mulher da minha vida. ─ Coloco uma mão em seu ombro,

apertando levemente. ─ Obrigado, vou saber fazer bom proveito da minha

oportunidade.

Mulher da minha vida. ─ Penso, contendo um sorriso.


─ Eu ainda posso pegar de volta o que é meu ─ fala com um ar de

superioridade, ele realmente não me conhece.

─ Se ela fosse sua, você não a teria deixado escapar. Antes de ficar no

pé da minha mulher, lembre-se de quem é o namorado dela. Não gosto de

dividir, muito menos competir com homens como você.

Eu realmente mereço um prêmio por ser um excelente ator, até eu


acabo me convencendo das coisas que falo. Deixo Davis sem reação e sigo

para o meu carro, tenho uma bela mulher à minha espera, já perdi tempo

demais por aqui.

Cheguei em casa ainda na madrugada, acordei por volta de nove da

manhã com meu celular que não parava de tocar. No visor tinha o nome do

meu irmão, ele me convidou para almoçar na companhia do Andrei e o

papai. Hoje é sábado e não preciso ir até a empresa, tirarei o dia para

colocar minha vida em ordem, ultimamente ela está fora dos trilhos.

Tomo um banho rápido e visto apenas uma calça de moletom, preparo


um café, enquanto confiro meu e-mail e agenda da próxima semana. Tenho

duas viagens para fazer em um período de um mês, convidarei Savannah

para me acompanhar em uma delas, não seria tão estranho, afinal temos um

compromisso.
Nunca fui de prestar atenção em redes sociais, mas

inconscientemente, vejo-me entrando no Instagram e procurando o perfil da

Júlia, com certeza ela e Savannah devem se seguir. Abro seus stories e tem

uma foto das duas, além de vídeos e declarações de amor uma para a outra.

Minha nossa, imagina o nível de álcool no sangue.

Clico no perfil da minha namorada e envio uma solicitação para

seguir, não demora para que ela aceite e fico um tempo admirando suas

fotos. É indiscutível o quanto ela é uma mulher bonita, Savannah consegue


ser fofa e sexy ao mesmo tempo. Confesso que ela me intriga desde o

primeiro dia que nos conhecemos. É direta, confiante e bem determinada


em suas escolhas e atitudes.

Porra, assusto-me quando o nome da minha mãe aparece no visor.

─ Mãe.

─ Onde você está?

─ Em casa, precisa de alguma coisa?

─ Vamos almoçar, tem tempo que não nos encontramos.

─ Hoje não posso, vou encontrar o Simon. Marcaremos para outro


dia, mãe. ─ Mesmo se eu tivesse disponível, não iria.

─ Seu avô quer se desculpar, ele acha que houve um mal-entendido.


Você não tem tempo para a gente?
─ O que eu tinha para falar com o vovô, deixei bem claro quando o
encontrei ameaçando a minha namorada. Seja lá o que ambos tenham em

mente, esqueçam. Ele deveria se preocupar com a campanha à presidência,


desse jeito vai perder.

─ Se você se preocupasse com a campanha do seu avô, tinha

aceitado esse casamento. A filha do ministro é uma mulher bonita, rica e


bem influente. Sabe quantos homens dariam tudo para estar ao lado dela?

─ Seu tom de voz começa a aumentar, mamãe não consegue manter o


personagem por muito tempo.

─ Não me importo, se existem tantos homens atrás dela, que escolha


um, se case e pare de confabular com vocês nessa loucura. Se era só isso o

motivo da ligação, estou desligando.

Estou pensando seriamente em colocar os dois em um hospital


psiquiátrico, não é possível que estejam com suas faculdades mentais em

perfeita ordem. Pelo visto, o fato de estar namorando não é um empecilho


para as loucuras da minha mãe e avô, a única parte boa desse acordo, é

poder desfrutar das belas curvas da Savannah.

Paro de pensar nesse assunto e foco no notebook à minha frente, não

vou deixar que esses dois me arrastem para a loucura que decidiram viver.
Se eu continuar pensando nisso, ficarei de extremo mau humor e cancelarei
meu compromisso com as únicas duas pessoas que ainda merecem minha
atenção nesta família.
Anthony

O restaurante escolhido foi um de frutos do mar, favorito do papai.

Ele não é muito longe do meu apartamento, agradeci por não ter trânsito

neste horário. Cumprimento a recepcionista e ela me encaminha para o

segundo andar, onde os avisto em um local discreto.


─ Você não consegue ser pontual? ─ meu irmão reclama, levantando-

se para me cumprimentar.

─ Agradeça a minha presença, já é um grande avanço. ─ Sorrio,


cumprimentando o Andrei, que está ao seu lado, em seguida o senhor

James. ─ Pai, como conseguiu que a mamãe te liberasse?

─ Filho, ela saiu para encontrar com umas amigas. Além do mais,
preciso de um pouco de paz. Ela está enlouquecendo com essa candidatura

do seu avô.

─ Não tem um jeito de pará-la? ─ Andrei pergunta, encarando-nos.

─ E existe alguém que consiga parar a mãe? Ela sempre faz o que

quer, sem se preocupar com o que os outros vão achar ou sentir.

Simon, mais do que ninguém, sabe de tudo que passou. Apesar de ser

a nossa mãe, não posso dizer que é um exemplo bom de pessoa, ela sempre
gostou de resolver as coisas com dinheiro, como se os sentimentos

estivessem à venda. O garçom se aproxima e fazemos nossos pedidos, meu

irmão nos atualiza sobre sua busca por emprego, eu já falei diversas vezes

que ele pode trabalhar na AGY. Mas entendo os seus motivos de querer

conquistar suas coisas sem influência, a final de contas, eu fiz o mesmo

quando abri a empresa.

─ Filho, onde está a sua namorada?


─ Não sei. ─ respondo com sinceridade, desde a manhã seguinte ao

episódio da faculdade, não nos falamos.

─ Marque um jantar, quero encontrá-la novamente, não é sempre que

você tem o prazer de ter uma mulher como ela ao lado.

O sorriso estampado não deixa dúvidas, o velho foi fisgado pela

minha morena caliente.

─ O que seria uma mulher como ela, pai?

─ Linda, inteligente e humilde. Savannah não parece o tipo de mulher

que está interessada no seu dinheiro. Ou seja, como a maioria das suas
acompanhantes.

Talvez ele tenha razão, mas eu não julgo essas mulheres, afinal de

contas por que não unir o útil ao agradável?

─ Inclua-me nos seus planos do jantar também, quero conhecer a

minha cunhada o mais breve possível.

─ Acho que esse encontro sairá mais rápido do que vocês de fato

imaginam.

Caminhando em nossa direção, na companhia de Júlia, está Savannah

e uma senhora mais velha. Sua expressão de surpresa não é muito diferente

da minha. Seguindo o meu olhar, meus companheiros de mesa logo avistam

a minha namorada.
Por que Júlia não me disse que sairiam juntas?

Simples, ela não tem nenhuma obrigação de te falar cada passo. Eu

mesmo respondo essa pergunta.

─ Que coincidência encontrar vocês. ─ Júlia animada, cumprimenta a

todos.

─ Menina Savannah, estava pedindo agora para o Anthony marcar um

jantar com você. ─ Meu pai se levanta e abraça-lhe. Sem pestanejar, ela

retribui.

─ O destino sempre nos ajuda quando realmente vale a pena.

Fico observando como ela é sorridente, apesar de terem se encontrado

apenas duas vezes, eles parecem se dar super bem. Meu pai é sempre

simpático com pessoas que ele gosta, bem diferente da minha mãe.

─ Estava ansioso para conhecê-la, Savannah. Você é realmente muito

bonita, assim como meu irmão disse. Eu sou Simon e esse ao meu lado é o

Andrei.

─ É um prazer conhecer vocês, escutei muito a seu respeito, Simon. ─

Beija os dois na bochecha. ─ Essa é Adella, minha mãe.

Levanto e caminho em direção a elas, beijo o canto da boca de

Savannah e falo:
─ Senhora Adella, é um prazer finalmente conhecer a mãe da minha

namorada. ─ Sorrio e a cumprimento educadamente.

Ela é uma versão mais velha da filha, os anos só realçaram ainda mais
sua beleza.

─ Você é mais bonito do que a minha filha descreveu, parece ser bem-

educado também.

Puxa-me para um abraço, pegando-me completamente de surpresa.

Olho para Savannah que apenas dá de ombros. Como não poderia ser

diferente, meu pai as convidou para se juntar a nós. Elas fizeram o pedido e

todos engataram em uma conversa, como se não tivessem acabado de se


conhecerem.

Savannah leva sua taça a boca, esse simples gesto me deixa vidrado.

Como ela consegue deixar tudo mais sexy?

─ Savannah, ainda bem que mudou a cor dos cabelos, esse tom

combina mais com você. ─ Meu pai comenta e vejo o exato momento em

que a senhora Adella lhe dirige um olhar de interrogação.

─ Obrigada, pretendo ficar assim por muito tempo.

─ Você não consegue disfarçar... ─ Assusto-me com Simon.

─ O quê?
─ Esse olhar de bobo apaixonado, desde que ela chegou, sua

expressão facial mudou completamente.

─ Eu também acho, não pensei que ele fosse se apaixonar tão rápido.

─ Júlia surge do nada, entrando na conversa.

─ Vocês dois enlouqueceram, não me arrastem para essa confusão

que estão criando na mente de vocês.

Levanto-me e vou em direção ao banheiro, jogo uma água no rosto,

faço o que tinha que fazer e caminho de volta. No fim do corredor, encontro

Savannah encostada na parede.

─ Gabriel...

─ Precisa de alguma coisa? ─ pergunto preocupado.

─ Sim, que você me beije. ─ Seu tom de voz baixo me deixa confuso

sobre a veracidade do que acabei de escutar.

─ Repete. ─ Seguro seu queixo forçando um contato visual.

─ Me beije.

Fala devagar, dessa vez não deixando qualquer dúvida.

Dou-lhe um selinho e mordo levemente seu lábio inferior, antes de

aprofundar o contato, explorando cada pedacinho de sua boca. Sugo sua

língua e ela rodeia os braços em volta do meu pescoço, intensificando o


beijo. Minhas mãos passeiam por suas coxas desnudas e só depois de um

barulho, recupero a consciência e lembro que estamos em um local público.

─ É melhor a gente voltar ─ fala com a testa encostada em meu peito.

─ Pode ir na frente, preciso acalmar o meu amigo. ─ Ela olha para

baixo e sorri.

Que porra está acontecendo comigo? Nunca fui de perder o controle

das minhas ações, mas parece estar virando rotina desde que conheci essa
mulher.

Retorno para a mesa e encontro todos conversando, meu pai parece


bem à vontade e gosto desse clima agradável. Terminamos nosso almoço e

prontifico-me a deixar Savannah e a mãe em casa, Júlia levará o papai.

─ Por favor, vamos marcar uma balada juntos, algo me diz que
iremos nos divertir muito. ─ Andrei fala, beijando sua bochecha.

─ Por que você está chamando a minha mulher para sair? ─ pergunto
divertido, arrancando sua gargalhada.

─ Você sabe que quem deveria ter ciúmes sou eu, maninho. ─ Se

aproxima e fala apenas para que eu escute. ─ Ela é maravilhosa, não seja
burro e transforme esse acordo em realidade.

─ Simon... ─ Antes de conseguir repreendê-lo, afasta-se e entra no


carro.
Nós nos despedimos com a promessa de um reencontro em breve, é
claro que Júlia não perderia a chance de zoar, como se estar no mesmo carro

que a minha “sogra” não fosse pressão suficiente.

Quem imaginaria que eu estaria em situação semelhante?

─ Tem certeza de que não estamos te atrapalhando, filho? Você deve

ser muito ocupado ─ A senhora Adella pergunta, assim que pegamos a


estrada.

─ Não precisa se preocupar, eu estou de folga, e mesmo se não

tivesse, dar uma carona para minha namorada e sogra nunca seria motivo
para me atrapalhar.

Savannah me olha de canto de olho e sorri. Eu sei que o que acabou


de acontecer não fazia parte do nosso acordo, as coisas que estão rodando

na minha cabeça também não estavam nos planos. Mas no fim das contas,
eu estou gostando de como está fluindo a nossa relação. E isso está me

deixando extremamente intrigado.

Savannah é uma mulher que precisa ser desvendada aos poucos, a


cada faceta descoberta, fico mais encantado por ela.
Savannah

Não estava preparada para encontrar com Anthony, muito menos

apresentá-lo à minha mãe como namorado. Afinal de contas, eu tinha dito

que estava apenas ajudando um amigo. Para minha sorte, tudo correu bem,
se Donna estivesse presente, aí sim estaríamos em péssima situação, mamãe

não costuma escutar as coisas calada.

Chegamos à nossa casa e tenho certeza de que logo seremos assunto


de fofoca, das outras vezes que ele me trouxe era noite, não tinha como as

pessoas da rua verem o carro que eu estava chegando, diferente de agora.

─ Foi um prazer te conhecer, Anthony. ─ Minha mãe fala sorridente.


Conheço-a muito bem, ela gostou de todos, sem exceção.

─ O prazer foi meu, senhora Adella. Farei uma viagem a trabalho,

quando eu retornar, marcamos um jantar na minha casa. Cozinharei


especialmente para a senhora. ─ Sorri de maneira aparentemente sincera,

imagino que toda essa situação não deve ser fácil, nós temos apenas um

acordo e isso não fazia parte do estabelecido.

─ Ele cozinha muito bem mãe, a senhora vai gostar.

─ Vou me preparar para esse dia. Agora, deixarei vocês se

despedirem com privacidade.

Minha mãe sai do carro, deixando-nos sozinhos.

Olhando um pouco mais para Anthony, percebo todas as suas

semelhanças com Simon, eles são muito parecidos. A diferença gritante que

eu poderia pontuar é o humor, o que falta nele tem de sobra no irmão.


Andrei também é uma figura, a mãe deles não sabe o que está perdendo

com todo esse preconceito idiota.

─ Tenho quer fazer uma viagem no próximo fim de semana, pensei

que seria uma boa ideia se minha namorada me acompanhasse. Sairíamos

daqui na quinta, com retorno na segunda-feira.

─ Não sei, preciso pedir uma folga.

─ O senador Diego é uma ótima pessoa, tenho certeza de que

atenderá seu pedido. ─ Percebo um certo sarcasmo em seu tom de voz.

Sei que não seria muito difícil conseguir uma liberação, mas agora
que sei disso interesse por mim, não quero que pense que estou me

aproveitando. Apesar de que, Diego é um homem muito bonito e não seria

sacrifício ficar com ele, porém uma coisa de cada vez.

─ Qual será o destino?

─ Nova York, tenho algumas pendências para resolver.

─ Faremos assim, eu te darei uma resposta até quarta-feira, tentarei

conversar com o meu chefe na segunda. ─ Ele me encara com tanta

intensidade, que minha única reação é desviar o olhar. ─ Acho melhor eu ir,

boa noite, Anthony.

Antes que eu consiga abrir a porta do carro, ele segura em meu pulso

e me puxa em sua direção, colando nossos lábios. É um beijo delicado,


típico de despedidas.

─ Agora sim, boa noite, Savannah.

Aceno e saio do carro com meu coração quase saindo pela boca. Esse

homem não pode agir assim ou me deixará extremamente confusa sobre

tudo que estamos vivendo no momento.

Entro em casa e minha mãe está no sofá, alguma chance de eu fugir

da conversa que acontecerá nos próximos minutos?

─ Vamos conversar, filha, não tente escapar dessa vez.

Sento ao seu lado e espero o sermão.

─ Você disse que estava ajudando um amigo, por que só agora

descubro que você tem namorado?

─ Eu estou ajudando um amigo, mãe. Anthony me pediu para fingir

ser sua namorada, estávamos com a família dele, por isso se apresentou
daquela forma.

─ Por que ele te pediria isso?

─ A vida dele é quase como se fosse uma novela, a mãe e o avô

pretendiam obrigá-lo a se casar com uma mulher que ele não conhece, em

troca do pai dessa mulher, que é o ministro, apoiar a candidatura do senador

Benjamin.
─ Você quer que eu realmente acredite nessa história? ─ Ela me olha

como se eu tivesse acabado de sair de um manicômio.

─ Mãe, essa é a mais pura verdade. Alguns dias antes de conseguir o


estágio, enquanto limpava o prédio que eu trabalhava, acabei esbarrando

nele. Anthony disse que tinha uma proposta para me fazer, apesar de

perigoso, aceitei e no fim daquela mesma noite estava o acompanhando em

um evento.

─ Para mim, ficou bem claro que ele é um homem muito rico e

poderoso, por que não saiu nada sobre esse namoro na mídia? Não me

recordo de ter visto seu rosto nos sites de fofoca que acompanho.

Pego meu celular, pesquiso o nome dele e mostro a primeira foto que

aparece, justamente a que estávamos no evento onde estou loira.

─ Agora entendi por que o pai dele falou que você ficava melhor com

essa cor de cabelo. O que você está fazendo, filha?

A preocupação dela é compreensível, afinal, toda mãe se preocupa

com os seus filhos. No entanto, sei que não corro risco estando do lado do
Anthony.

─ Mãe, não precisa se preocupar, não estou fazendo nada ilegal, nada

que possa machucar outras pessoas, estou apenas ajudando o Anthony...

─ O Samuel sabe disso?


─ Sim, Anthony é o chefe dele ─ falo baixinho, encarando minhas

próprias mãos sem coragem de olhar para minha mãe.

─ Eu sinceramente não sei o que você tem na cabeça, mas você já é

uma mulher de vinte e cinco anos, eu não posso interferir na sua vida, eu só

espero que você não se meta em confusão. E principalmente, não saia

machucada. Nós somos de mundos completamente diferentes e eu espero

que você tenha isso em mente.

─ Não se preocupe. Mãe, a senhora viu como ele é lindo? Era

praticamente impossível não aceitar sua proposta, mesmo sendo para um

compromisso falso.

─ Ele realmente é muito bonito, assim como o pai e o irmão também.

Aquele rapaz que estava com ele...

─ O Andrei? ─ Acena, confirmando. ─ Eles têm um relacionamento,

isso foi motivo da mãe deles, diga-se de passagem, uma mulher horrível, se

afastar do filho caçula.

Como não temos mais nada para fazer, conto toda a fofoca da família

Foster para a minha mãe, todos os babados e confusões se assemelham

muito com a vida das novelas. Não sei como vim parar aqui, mas estou

amando essa experiência.


Hoje entramos oficialmente em contagem regressiva para as eleições

que ocorrerá dentro de quatro meses. Os comícios, visitas a bairros

periféricos e encontro com apoiadores se tornará mais frequente. Sinto que

os momentos de descansos serão escassos.

O dia de hoje foi bem complicado, algumas Fake News sobre o

senador começaram a rodar nos veículos de comunicação, principalmente

na internet. Apesar de ser sua assistente/estagiária, também preciso colocar

a mente para funcionar e buscar alternativas para reverter essa situação.

Se eu tinha qualquer expectativa de fazer essa viagem com o


Anthony, tudo foi por água abaixo.

Savannah: Sinto muito, não poderei acompanhá-lo, as coisas estão


bem tensas no gabinete, além de não conseguir folga, sinto que trabalharei

também no fim de semana.

Envio uma mensagem para ele e guardo o celular, entrando na sala de


reuniões.

─ Vocês todos já sabem o motivo dessa reunião, primeiro precisamos


descobrir a fonte dessas notícias falsas, eu consigo adivinhar sua origem,

mas quero provas antes de acusar alguém.

Não é muito difícil de se imaginar de onde partiu tudo isso, o senador


Benjamin deixou claro que não está para brincadeira, isso é até leve perto
do que realmente aquele velho é capaz.

─ Perder apoio a essa altura do campeonato não faz parte dos meus
planos.

─ Acha que devemos manter o evento de amanhã à tarde? ─


Kimberly, uma de suas assessoras diz.

─ Em momento algum passou pela minha cabeça cancelar, eu não


vou me esconder ou ficar com medo. Continuarei com a minha campanha, o
nosso foco é conseguir mais votos e nesses bairros é onde encontramos os

melhores eleitores.

Bairros periféricos, em sua grande maioria, é um prato cheio para

políticos. Suas promessas, muitas vezes vazias, conquistam as pessoas


humildes que acabam sendo enfeitiçadas por belas palavras.

Meu celular vibra, discretamente o alcanço e leio a mensagem do


Gabriel.

Anthony Gabriel: Por que todo esse trabalho repentino?

Savannah: Restam quatro meses para o grande dia, além do mais,


hoje amanhecemos com várias notícias falsas sendo vinculadas ao nome do

Diego. Sabemos claramente de onde vieram.

Anthony: Se você está se referindo ao meu avô, também não acho


improvável. É uma pena que você não possa me acompanhar, seria um
prazer tê-la ao meu lado.

Savannah: Algo me diz que não faltarão oportunidades.

Guardo o aparelho assim que encontro os olhos do Diego fixos em


mim, ele arqueia uma sobrancelha, deixando-me confusa com sua reação.

Todos saem da sala, antes que eu faça o mesmo, escuto sua voz.

─ Você disse que não tinha namorado.

─ E não tenho, o que te faz pensar o contrário?

─ Você estava bem entretida trocando mensagens.

─ Me desculpe, estava falando com um amigo. Ele me convidou para


viajar no fim de semana, mas eu disse que estaria ocupada com o trabalho.

─ Não quero atrapalhar seus planos, afinal de contas seu contrato de

trabalho é apenas de segunda a sexta. ─ Aproxima-se, parando em minha


frente.

─ Estou aqui para ajudar, não tem problemas trabalhar um pouco


mais. No fim das contas, servirá como experiência.

Diego não diz nada, toca delicadamente no meu rosto, olhando

fixamente em meus olhos. Engulo em seco, sem saber o que acontecerá nos
próximos segundos. Ele se aproxima e fala ao pé do meu ouvido:

─ Por que você chama tanto a minha atenção, Savannah?


─ Não sei...

A sala fica em um completo silêncio, eu deveria me afastar, porém

tem algo que me prende, não consigo explicar. Diego beija o canto da
minha boca, quando ia tomar meus lábios, escutamos batidas na porta e nos

afastamos.

Merda! Ele é meu chefe, o que estou pensando?


Savannah

Eu sabia que a semana seria muito atarefada, só não imaginei que

fosse tanto, ao ponto de me deixar cansada de uma forma que eu não sei

nem descrever. Todos estavam empenhados em cumprir suas funções e por


ainda estar como assistente do Diego, precisei acompanhá-lo em diversos

eventos, e isso é muito cansativo para falar a verdade.

Assim como imaginado, foi descoberto de onde partiu a Fake News,


se eu dissesse que me chocou descobrir que foi a mando do Benjamim, eu

estaria mentindo.

Troquei algumas mensagens com o Gabriel durante esses dias, ele


embarcou para Nova York, confesso que eu queria ir com ele. Seria uma

experiência maravilhosa estar na cidade das luzes. Conversei com Samuel e

Júlia, as coisas na empresa também estão bem complicadas, com a entrada

dos novos investidores, infelizmente sendo Davis um deles.

─ Savannah, amanhã à noite iremos sair. ─ Diego aparece,

surpreendendo-me.

─ Aonde iremos? Não tem nenhum evento na agenda. ─ Checo

novamente, com medo de ter deixado algo importante passar.

─ Não é nenhum evento de trabalho, a semana foi bem corrida,

precisamos nos divertir um pouco.

─ Não estou entendendo...

─ Amanhã, nós, isso inclui as outras pessoas da equipe também,

vamos para uma boate de um amigo. Estou precisando de um pouco de

diversão e álcool.
─ É seguro você ir a um lugar público?

─ Não se preocupe, a área vip será fechada exclusivamente para que

possamos ter liberdade. Te pego às oito, depois me passa seu endereço.

Dá mesma forma que chegou, sai sem escutar minha resposta. Será

que sair com ele é uma boa escolha? Eu disse ao Anthony que não teria

tempo para nada, imagina se ele descobrir que fui para uma boate em pleno

sábado à noite? Acho que não tem risco de ele descobrir, e se souber, não

devemos satisfação um para o outro mesmo.

Não pensarei nisso por agora.

Confiro meu e-mail e vejo a relação de candidatas, na próxima

semana entrevistaremos algumas pessoas para ficar no meu lugar. Preciso

voltar para a minha antiga função, afinal de contas, fui contratada para isso.

A ideia partiu do senador, sinto que suas intenções são outras.

Dou uma pausa e decido checar meu Instagram, Gabriel não é do tipo

que atualiza suas redes sociais, é misterioso. Eu queria algumas fotos, ele é

tão bonito que não deveria esconder sua beleza.

Um dos meus colegas aparece e pede minha ajuda, guardo o celular e

foco no trabalho.

─ Filha, aonde você vai?


Minha mãe pergunta, enquanto desço as escadas. Para essa noite,

optei por um vestido que fica no meio das coxas. Ele me deixa bem sexy, e

eu gosto muito disso.

─ Encontrar com alguns colegas de trabalho, mãe, não precisa se

preocupar. ─ Tento tranquilizá-la.

─ E o seu namorado?

─ O que tem o Gabriel? Ele está viajando a trabalho, a senhora sabe.

─ Não tem problema você sair sendo que namora com ele?

─ Claro que não, mãe, não esqueça que nós temos apenas um acordo,

eu não posso deixar de viver a minha vida por conta disso. Não me espere

acordada, não tenho hora para voltar.

Beijo sua bochecha e saio correndo de casa, antes que venham mais

questionamentos. Avisto o carro do Diego e caminho em sua direção

entrando rapidamente no carro.

─ Savannah, você está muito bonita. ─ Cumprimenta-me com um

beijo no rosto.

─ Muito obrigada, você também está diferente do habitual terno e

gravata que costumo vê-lo diariamente, fica bom desse jeito.

Com os cabelos penteados para trás, Diego está com uma camisa

social dobrada até o cotovelo e alguns botões abertos, deixando bem


evidente o seu peitoral. Posso dizer que ele ficou ainda mais bonito.

─ Espero que possamos nos divertir essa noite, acima de tudo,

lembre-se de que não estamos aqui como chefe e funcionária. Eu sou


apenas o Diego e você, Savannah, ok?

─ Tudo bem, não será tão difícil seguir dessa forma.

Sorrio, e ele dá partida, seguindo para o local, que não faço ideia de

onde seja. Ele liga o som e o ambiente fica agradável, está silencioso, mas

não é desconfortável. Quase meia hora se passou, até que finalmente

chegamos à boate, a fachada é bem chamativa, entramos no estacionamento

e seguimos por uma porta discreta.

Diego cumprimenta um rapaz, que nos direciona para o segundo

andar, ou seja, a área vip que ele havia comentado. Daqui temos uma visão

perfeita da parte inferior. Uma música animada preenche o ambiente e

garçons passam de um lado para o outro, servindo as bebidas. Avisto os

meus colegas de trabalho e os cumprimento com um maneio de cabeça.

Acomodo-me em uma mesa discreta e pego um drink, apreciando o álcool

descer queimando em minha garganta.

─ Vem, Savannah, vamos dançar. ─ O senador me puxa pelo pulso,

não me deixando nenhuma possibilidade de recusar.


A música que antes era eletrônica, muda para uma mais lenta. Ele

segura em minha cintura, colando nossos corpos. Nos movimentamos no

ritmo da música, estou tentando me concentrar no momento, porém está um

pouco difícil, suas mãos subindo e descendo em minhas costas dificultam

um pouco as coisas.

─ Você não deveria esconder.

─ O quê? ─ pergunto confusa.

─ A sua tatuagem, ela é muito bonita.

─ Não escondo, é só que no trabalho, as camisas de manga compridas

são mais apropriadas.

─ Você é muito bonita. ─ Muda de assunto, pegando-me de surpresa

novamente.

─ Diego...

─ Posso ser sincero contigo? ─ Maneio a cabeça, concordando. ─

Quero muito beijá-la, seus lábios chamam minha atenção desde o primeiro

dia que nos encontramos, Savannah.

─ Você é meu chefe.

─ Errado, eu disse que essa noite deveríamos esquecer isso.


─ Mas ainda sou sua assistente, tenho medo de que fique um clima

ruim entre a gente.

─ Em breve você não trabalhará diretamente comigo, não corremos

esse risco.

Ele beija o lóbulo da minha orelha, em seguida o meu pescoço,

encostando nossos lábios. Penso por uns segundos se estou fazendo a coisa

certa, até que decido não me preocupar e retribuo o beijo. Diego segura em
minha nuca, aprofundando o contato. Nossas línguas se encontram,

deixando tudo mais quente. Um gemido involuntário escapa de meus lábios,


nos afastamos e recobramos a consciência de onde estamos.

Em seu rosto vejo o desejo estampado. Com pressa, segura em minha


mão e passamos apressados entre as pessoas. Não faço ideia de onde

estamos indo, tenho ciência do que está prestes a acontecer e estou ansiosa.

Entramos no que parece ser um quarto, palavras não se fazem


necessárias neste momento. Assim que a porta se fecha, Diego me prensa

na parede e começa a beijar o meu pescoço, deixando leves mordidas. Suas


mãos vão para dentro do meu vestido, e acaricia meu clitóris por cima da

calcinha.

─ Savannah, você é muito gostosa.


Sorrindo, empurro-o até que caia na cama. Não desvio os olhos,
enquanto desabotoou sua camisa. Faço uma trilha com a língua do seu

pescoço ao peitoral. Passo as unhas delicadamente, ainda assim deixando


sua pele vermelha. Diego tenta me beijar, mas afasto.

─ Savannah... ─ Sua voz é rouca e carregada de desejo.

─ Apenas aproveite, senador... Essa possivelmente será a primeira e


última vez.

Dito isso, ele inverte nossas posições e fica por cima. Abaixa a alça

do meu vestido e suga um dos meus seios, enquanto acaricia o meu clitóris.
Um gemido escapa da minha boca, quando ele introduz dois dedos dentro

de mim.

─ Porra, você está muito molhada.

Leva os dedos a boca, os mesmos que estavam agora dentro de mim.


Diego parece que tem o prazer de me surpreender, esse homem não faz
ideia do quanto isso é sexy para caramba. Ele retira a camisa e calça,

ficando apenas de cueca, dando-me uma visão perfeita de seu membro.

─ Essa noite quero que você se entregue sem ressalvas, não pretendo

pegar leve contigo, Savannah. ─ Passa a mão na parte interna da minha


coxa. ─ Esse quarto é a prova de som, não fique com receios.

─ O que você pretende fazer?


─ Nada além de te dar prazer. ─ Abre a gaveta e parece procurar algo,
arregalo os olhos quando ele me mostra uma algema. ─ Posso fazer o que

quiser essa noite?

─ Desde que não envolva dor, faremos o que nossos corpos

desejarem, Diego. ─ Com o pé, brinco com seu membro.

─ Eu sabia que esse seu rostinho de anjo enganava.

Se eu estou aqui, por que não me entregar sem reservas? Diego

desperta o meu interesse, não posso negar. Essa noite, me entregarei sem
pensar nas consequências. Só vivemos uma vez, por que não aproveitar

cada oportunidade?
Anthony

Desde que cheguei em Nova York, quase não consegui parar. Reuni-

me com alguns possíveis clientes, se tudo correr bem, sairei daqui com

alguns contratos para a AGY. Falando na empresa, deixei Júlia no comando,

tenho medo de que alguma merda aconteça, virou rotina em todas as vezes
que viajo. É sábado à noite e eu recebi alguns convites para sair, mas sinto

como se meu corpo estivesse sido atropelado por um carro. Quero

descansar, por esse motivo pedi para que trouxessem o jantar para o meu

quarto.

Durante esses dias, Savannah esteve em meus pensamentos mais do

que o necessário. Não posso mentir, eu queria que ela mudasse de ideia e

tivesse me acompanhado. Apesar de tudo isso, entendo suas razões,

trabalho deve ser nossa prioridade.

Mesmo sem saber o motivo, procuro seu nome da agenda e ligo para

ela, sem sucesso. Decido não insistir, ela disse que iria trabalhar, não quero

atrapalhá-la.

Meu celular toca e não reconheço o número, penso se devo ou não

atender.

─ Anthony... ─ A pessoa do outro lado fala, não reconheço sua voz.

─ Sim, quem está falando?

─ Sou eu, a Julie, nos encontramos algumas vezes na sua casa.

Droga, é a filha do ministro, a mulher que minha mãe queria empurrar

como sendo minha noiva.

─ Em que posso ajudá-la?


─ Fiquei sabendo que você está em Nova York, também estou na

cidade, seria bom se pudéssemos nos encontrar.

─ Me desculpe, isso não vai acontecer, eu tenho namorada. ─ Ela é

uma mulher tão bonita, não deveria perder seu tempo correndo atrás de

mim.

─ Não precisa se preocupar, podemos sair apenas como amigos. ─

Sua voz é doce e delicada, ela parece uma menina ainda.

─ Julie, vou ser sincero com você. Procure um outro pretendente, não

entre no jogo da minha mãe, eu não pretendo casar contigo. ─ Minhas

palavras podem soar duras, porém necessárias.

─ Eu não sou bonita o suficiente?

─ Você é linda, só não estamos na mesma vibe. Eu namoro a

Savannah e estou muito feliz com ela, você é jovem, tenho certeza de que
encontrará alguém que dará tudo para ficar contigo.

─ Posso ser sincera com você?

─ Claro, sou todo ouvidos.

─ Eu já tenho um namorado, nós nos conhecemos na faculdade, mas

os meus pais não o aceitam e disseram que eu precisava fazer de tudo para

ser sua noiva. Fico aliviada de você ter me dado um pé na bunda. ─ Pela
primeira vez escuto sua risada. ─ Me desculpe por ter sido idiota no

começo, eu só precisava entrar no personagem.

Não me surpreendo, a maioria das pessoas em nosso convívio tem

medo de contrariar os pais, ainda mais as mulheres, que infelizmente

abaixam a cabeça para qualquer ordem, mesmo não as agradando.

─ Não deixe seus pais comandarem cada um dos seus passos, tenha

coragem para questionar e debater decisões que não concorda e não te


agradam. Aproveite o seu namorado, se minha mãe te encher a paciência,

diga que já conversamos a respeito.

Falamos mais alguns minutos, até que desligo. Minha mãe não voltou

a atacar ou encher minha paciência, talvez isso seja um péssimo sinal, ela

em silêncio é ainda mais perigosa.

Paro de pensar nessas besteiras e termino o meu jantar, amanhã


encontrarei com um amigo, e ainda durante a madrugada seguirei para o

aeroporto, espero não encontrar nenhuma surpresa com meu retorno.

Vim do aeroporto direto para a empresa, preciso checar alguns

documentos, antes de me preparar para a próxima viagem, que será dentro

de dois dias. Cumprimento alguns funcionários e sigo para a minha sala,

apesar de ser mais de dez horas da manhã, Júlia ainda não se encontra.
Tem uns dois dias que não trocamos nenhum tipo de mensagem, ela

sempre me importuna, então essa ausência é estranha. Confiro minha

agenda, amanhã tenho uma reunião e um jantar com o meu avô, nem sabia

que tinham marcado isso. Pensarei em um jeito de não ir, sem paciência

nenhuma.

Savannah não retornou minha ligação naquele dia, muito menos

respondeu minha mensagem. Será que está chateada com alguma coisa?

Não me lembro de ter feito nada para que isso acontecesse.

Escuto batidas na porta, antes do Samuel aparecer.

─ Chefe, preciso que dê uma olhada nesse projeto.

─ Onde está a Júlia?

─ Ela disse que chegaria no período da tarde, tinha algumas coisas

para resolver.

─ Como as coisas funcionaram sem a minha presença?

─ Normal, eu diria até que trabalhamos de bom humor ─ fala na

maior naturalidade, como se não fosse meu funcionário.

─ Samuel... ─ O repreendo e ele apenas sorri.

Decido não debater ou esquentar a cabeça com isso, ele é o melhor

amigo da Savannah, tentarei relevar as coisas de agora em diante. Confiro o


projeto e gosto do resultado, lembro que tínhamos discutido sobre esse

trabalho, parece que finalmente entramos em consenso.

Dou o meu aval para a equipe dele, com algumas ressalvas. Quando

eu retornar de viagem, quero esse sistema pronto para apresentar ao cliente.

Graças a Deus, a AGY está ficando mais conhecida, depois que saí na

revista Forbes, recebemos ainda mais visibilidade.

Samuel sai da minha sala e redijo alguns e-mails, estou precisando

tirar férias. O problema é que eu amo trabalhar, só preciso encontrar uma

forma de conciliar o descanso e trabalho.

As horas foram passando e só percebi que não almocei, quando meu

estômago começou a reclamar. Encerrei meu expediente e fui à procura de

um restaurante, espero que não seja tarde. Encontro um lugar que serve uma

deliciosa comida italiana, direcionam-me para uma mesa discreta e faço o

pedido. Enquanto aguardo, dou uma olhada nas notícias do dia, preciso

sempre estar por dentro dos assuntos econômicos e até políticos, mesmo

não gostando.

Uma matéria em especial chama minha atenção, o título diz que o

senador Diego foi flagrado em uma boate com uma linda morena. Movido

pela curiosidade, abro a notícia completa e fico chocado com o que vejo.
Apesar de não mostrar o rosto da mulher, reconheceria essa tatuagem em

qualquer lugar.

Savannah!

“Parece que a noite de sábado foi bem quente para o senador e

candidato à presidência Diego Velasques. Flagrado aos beijos na boate do

empresário JS, um dos solteiros mais cobiçados soube bem como

aproveitar.

Eu não sei vocês, mas essa mulher e a namorada do CEO Anthony

Gabriel, são as mais invejadas dos últimos tempos.”

Leio e releio várias vezes, tentando me certificar de que estou vendo a

coisa certa. Ela não aceitou viajar comigo porque teria muito trabalho a
fazer, pelo visto estava muito ocupada beijando aquele idiota.

Por que Savannah mentiu para mim? Eu não ia achar ruim se falasse

que não tinha vontade de me acompanhar, agora mentir dessa forma me


deixa bem chateado e decepcionado.

Por que sinto como se acabasse de descobrir uma traição? Nosso


acordo não exige exclusividade, mas não consigo acreditar que ela dormiu

com ele.

─ Você sabia que Savannah estava saindo com o Diego? ─ pergunto


assim que Júlia atende.
─ De onde você tirou isso?

─ Olha o link que acabei de te enviar. ─ Espero uns minutos e


contínuo. ─ Eu pedi para que me acompanhasse a Nova York, e ela disse

que estava muito ocupada e não conseguiria descansar nem no fim de


semana. Você faz ideia de como estou me sentindo um trouxa?

─ Deve ter uma explicação, além do mais, o relacionamento de vocês


é um acordo, não é como se houvesse traição.

─ Estou com muita raiva, não consigo explicar.

─ Sabe o que eu acho? ─ O garçom deixa minha comida e se retira


silenciosamente. ─ Você está com ciúmes e onde tem ciúmes, existe

sentimento.

─ O que você está falando, Júlia? Estou apenas chateado porque ela

mentiu.

─ Esse é um motivo bobo, era noite, ela pode ter saído do trabalho e
decidiram esticar um pouco mais. Você está chateado porque a viu beijando

outro...

─ Não vou ficar escutando você falar essas besteiras, eu não tenho

motivos para sentir ciúmes, não confunda as coisas. ─ Escuto sua risada e
encerro o contato.
Não deixarei Júlia colocar essas besteiras em minha cabeça, o motivo
da minha chateação é simples.

Termino de comer, pago a conta e entro no meu carro. Sem que eu


consiga esperar, sigo a estrada no sentido da casa da Savannah, mesmo sem

saber o porquê. Estaciono em sua porta e envio-lhe uma mensagem.

“Me encontre na porta da sua casa, agora!”

Não demora e uma Savannah sorridente caminha em minha direção,

por um momento esqueço o motivo da minha chateação e admiro a linda


mulher à minha frente.

Que merda é essa que estou sentindo?

─ Anthony, que surpresa. ─ Beija o meu rosto.

─ Vamos conversar em outro lugar.

─ Aonde?

─ Entra no carro. ─ Sem questionar, ela segue a minha ordem.

Vinte minutos depois chegamos em meu apartamento, Savannah se

manteve calada o tempo inteiro, deixando-me mais irritado. Pego um pouco


de vinho, encho minha taça e bebo de uma única vez...Preciso controlar isso
que estou sentindo.
─ Por que mentiu para mim? ─ Finalmente pergunto, recebendo sua

atenção.

─ Quando menti para você? ─ Faz-se de desentendida.

─ Você disse que estaria muito ocupada para me acompanhar na

viagem, para ficar aos beijos em uma boate você teve tempo, não é mesmo?

─ O quê?

Sua expressão de surpresa não deixa dúvidas, ela não esperava que eu

soubesse da sua pequena aventura.

─ Não haja como se não soubesse, está na internet uma foto sua com

o senador Diego, eu reconheceria sua tatuagem em qualquer lugar. Você


teve sorte que não dá para ver seu rosto, imagine o tamanho desse

escândalo.

─ Você está com raiva por que eu supostamente menti, ou por que
isso mancharia sua imagem?

─ Ambos, mas principalmente por ter mentido. Eu liguei para você,


imagino que não deve ter atendido porque estava nos braços daquele idiota.

─ Começo a rir, tentando controlar minhas palavras.

─ Não vejo problemas estar nos braços dele, não esqueça que nós só
temos um acordo, não sou sua propriedade, Gabriel.
─ Entendo que você não é minha propriedade, mas precisava ficar se

agarrando com outro na frente de todo mundo?

─ E qual o problema? ─ Grita, me deixando irritado.

─ Você mentiu para mim por causa de outro, esse é o problema.

Grito também, perdendo completamente a paciência.

─ Eu trabalhei igual uma condenada a semana inteira, não vi motivos

para não aceitar ir para uma boate. E sobre eu estar aos beijos com o Diego,
a boca é minha e eu beijo quem quiser e onde estiver com vontade. Você
não é meu namorado, não fale como se eu o tivesse traído.

─ É assim que estou me sentindo.

─ Então isso é um problema seu, Gabriel. Se era só isso que você

tinha para falar, estou de saída.

Dá-me as costas e sai a passos duros. Jogo-me no sofá e praguejo


baixinho, eu não sei o que deu em mim, porém estou com muita raiva, do

tipo que nunca experimentei antes. A ideia de ela ter saído com aquele
patife me deixa louco, mesmo que a gente não tenha nenhum tipo de

relacionamento que seja válido essa minha cobrança.

Desde o começo deixamos claro que não éramos exclusivos, então

por que diabos estou com raiva?


Savannah

Que merda acabou de acontecer?

Quando eu vi o Gabriel, sabia que tinha algo de errado, só não


imaginei que ele teria uma crise de ciúmes sem fundamento. Nós não somos

namorados de verdade.
Realmente não pensei na possibilidade de nos vermos juntos, muito

menos sair na mídia, reconheço o meu erro neste quesito. O fato de ter

beijado o Diego não lhe diz respeito, estou com muita raiva do Anthony

neste momento, ele agiu como se eu o tivesse traído.

Envio uma mensagem para Júlia informando que irei na sua casa. Ela,

mais do que qualquer pessoa, conhece o melhor amigo, saberá clarear meus

pensamentos. Pego um táxi, passo o endereço e aproveito para refletir

durante esse tempo. A noite que tive com o Diego foi inesquecível, quente e
intensa, entreguei-me sem ressalvas, sabia que seria a primeira e a última

vez, pois ele é meu chefe. Eu queria estar na cama dele, não

necessariamente manter um relacionamento ou algo do tipo.

O motorista avisa que chegamos, pago a corrida e adentro o prédio

luxuoso, que antes era meu local de trabalho. O segurança interfona e


rapidamente tenho minha entrada liberada.

─ Júlia, o que está acontecendo com seu amigo? ─ pergunto assim

que ela abre a porta.

─ Ele está com ciúmes.

─ Mas não deveria, nós não temos nada além de um acordo e sexo

casual. Anthony agiu como um homem traído, quando na verdade não foi

bem isso que aconteceu.


─ Ele ficou chateado, você disse que não poderia viajar por causa da

agenda cheia de trabalho, então quando se deparou com sua foto na boate,

não conseguiu evitar outra reação.

─ Você está defendendo-o?

─ Não, até porque ambos estão errados. Ele, por exigir algo que foge

do que vocês decidiram, e você por ter se exposto. Não vejo problemas em

ficarem com outras pessoas, desde que não seja perigoso para a outra parte.

─ Eu admito que cometi um deslize quando não pensei na

possibilidade de sermos fotografados, mas o Anthony... ─ Não encontro a

palavra certa, estou tão chateada que não consigo pensar.

─ O Anthony está confundindo as coisas e criando sentimentos reais

por você, por isso a crise de ciúmes e atitudes de um namorado machucado.

─ Ele te falou isso?

─ Não, conheço-o há bastante tempo para saber o que meu amigo está

pensando. Talvez ele não queira admitir que se apaixonou por você.

Paixão? Não, não pode ser. Desde o começo dissemos que não

queríamos um relacionamento, eu acho que não estou pronta para me

apaixonar, ainda mais sabendo todos os problemas que isso me traria.

─ Júlia, você enlouqueceu. Anthony não sabe nem o significado dessa

palavra, deve estar apenas chateado porque isso poderia manchar sua
imagem e ele sairia como corno para o país inteiro.

─ Não vamos falar sobre isso agora, me conte qual foi sua experiência

com o senador. ─ Sorri, incentivando-me a falar. ─ Espera, vou pegar um

vinho para bebermos.

Ela vai até a cozinha e retorna com duas taças, entregando-me uma.

─ Ele é um homem muito bonito, isso é inegável. Além disso, beija

muito bem e sabe como usar perfeitamente a língua. Foi tudo tão quente,

que até me permitir ser algemada.

─ Então vocês vão se encontrar novamente? ─ pergunta animada, não

julgo.

─ Não, eu tinha curiosidade de saber como seria estar cama dele. Eu

saciei esse desejo, mas não pretendo manter algo como um relacionamento

fixo.

─ Tem certeza de que gostou? A forma como você descreveu, deu a

entender que a noite foi perfeita, não entendo o porquê se limitar a apenas

uma vez.

─ Ele é meu chefe, além do mais, já tenho esse tipo de relação com o

Gabriel.

Júlia me olha confusa, eu também não me entendo às vezes. Por mais

que a noite tenha sido perfeita, não tenho vontade de repetir. Foi bom,
prazeroso e inesquecível. Mas não vai rolar de novo. Apesar de ter sido um

idiota, infelizmente o Gabriel é o único que me deixa com vontade de

aproveitar várias e várias vezes.

─ Você estava agora reclamando que ele estava agindo como

namorado, sua atitude não é muito diferente.

Começa a gargalhar e tenho vontade de lhe bater.

─ Se aparecer homens que despertam meu interesse, não pensarei

duas vezes. A diferença é que seu amigo me deixa sempre com vontade de

querer mais, é só isso.

─ Tem certeza que você também não está apaixonada?

─ Sim, absoluta.

Antes de ela retrucar, seu celular toca e o nome do Anthony aparece

no visor.

Ela avisa que colocará no viva-voz, para eu fazer silêncio.

─ Júlia, talvez eu tenha sido um idiota. ─ Escutar sua voz faz meu

coração acelerar.

─ Eu tenho certeza, eu te disse que era melhor procurar saber antes

de agir de cabeça quente. Espero que ela te dê um pé na bunda e esqueça o

acordo de vocês.
Apesar de estar chateada, nunca o deixaria na mão, sou uma mulher

que cumpre com a palavra.

─ Não estou preocupado com o acordo neste momento, só não queria

deixá-la irritada. É uma merda que eu tenha que viajar em quarenta e oito

horas, não conseguirei me desculpar e odeio fazer isso por

mensagem.

Hum, ele parece realmente arrependido. Se me chamasse para

acompanhá-lo, talvez aceitaria dessa vez. Diego deu folga de uma semana

para todos, uma forma de nos prepararmos para os dias turbulentos.

─ Você por acaso chamou Savannah para ir contigo?

Maneio a cabeça, negando.

─ Não, além de estar ocupada no trabalho, não deve estar querendo

olhar para a minha cara.

Dou de ombros, ele realmente está correto.

─ Tente, o não você já tem, só precisa correr atrás do sim. ─ Tenta

não rir e falha miseravelmente.

─ Você está adorando tirar sarro da minha cara, né? Vou desligar,

preciso fazer uns últimos ajustes antes da viagem. Nos falamos depois,
tente não colocar a empresa abaixo.
Ele desliga e Júlia fala:

─ Você vai aceitar o convite?

─ Acho que sim, só não acredito que ele entre em contato.

─ Anthony não é orgulhoso a esse ponto, vá se preparando para

acompanhar seu namorado. Essas viagens a trabalho são um saco, mas é

possível se divertir também.

Conversamos por um longo tempo, até que me despedi e segui para a


minha casa. O dia foi mais estressante que o esperado e não posso esquecer

que saí de casa sem avisar a minha mãe.

─ Filha, por que o Samuel nunca mais veio nos visitar? ─ Minha mãe

pergunta, enquanto jantamos.

─ Não sei, acredito que ele esteja bem ocupado, Júlia comentou algo

como entregar um sistema. Não se preocupe, mais cedo ou mais tarde


aparecerá para encher nossa paciência.

Sorrio, lembrando dos últimos sermões que recebi do meu amigo.

Quando terminar o jantar ligarei para ele, faz tempo que não conversamos,
espero que não esteja chateado comigo ainda por conta do Anthony.

Batidas na portam chamam nossa atenção. Quem será uma hora


dessas?
─ Senhora Savannah? ─ Um rapaz pergunta, segurando um buquê de
rosas vermelhas.

─ Sou eu mesmo.

─ Entrega para a senhora, assine aqui por favor. ─ Faço o que ele
pede, perguntando-me quem me enviaria essas flores. ─ Obrigado, tenha

uma boa noite.

Entro admirando-as, pego o cartão e pela inicial, já sei de quem se


trata.

“Sei que é indelicado da minha parte me desculpar dessa forma, foi a


maneira mais fácil que encontrei, não sou muito bom com as palavras. Me

desculpe por ter sido um idiota, eu sei que você estava com a Júlia na hora
da ligação.

Estarei te aguardando no aeroporto na quarta-feira, às nove da


manhã, se você não aparecer, entenderei como uma negativa ao meu
pedido.

Portão de embarque particular, não esqueça.

Anthony G.”

─ Por que esse sorriso bobo?

─ O quê?
Só agora percebo que estou sorrindo, não esperava que ele fosse
realmente se desculpar, apesar de ter escutado quando falou com a Júlia.

Não preciso me fazer de difícil, sei muito bem a decisão que preciso tomar.

─ Você não para de sorrir, essas flores são do seu namorado? ─

Aceno, confirmando. ─ Não pensei que ele fosse o tipo de homem que
envia buquê de rosas, estou surpresa.

─ Mãe, a senhora se importa se eu viajar?

─ Não, claro que não.

Retornamos para a mesa e terminamos de jantar tranquilamente,

mamãe me atualizou sobre as coisas no seu trabalho. Ver sua felicidade me


deixa mais tranquila, ela se privou por muito tempo por causa do meu pai.

Deixo minha mãe e sigo para o meu quarto, mando uma mensagem

para Júlia perguntando se ela sabe o destino da viagem, rapidamente me


responde dizendo que é o Brasil. Eu sempre quis conhecer as praias desse

país, o clima tropical me encanta. Como sei que é muito quente, prepararei
minha mala com roupas mais frescas. Não falarei nada ao Anthony, acho

minha resposta precisa ser dada pessoalmente.


Anthony

Acho que essa foi a primeira vez que enviei flores para uma mulher,

perguntei ao papai qual era a melhor forma de me desculpar e ele me

sugeriu rosas. A princípio pensei em mandar um colar ou até uma pulseira


cara, mas acho que Savannah não gostaria, além de ser algo que costumo

presentear as mulheres com quem estou saindo.

Quando liguei para a Júlia, sabia que a ligação estava no viva-voz. No


começo, questionei-me o motivo, não demorou muito para sacar o que

estava acontecendo.

Depois de esfriar a cabeça, percebi que agi como um namorado. Para


falar a verdade, os meus sentimentos em relação a essa mulher são

confusos, não se assemelham em nada com o que eu já tenha vivido.

Lembrar-me dela nos braços daquele idiota me faz ficar com raiva

novamente, de todos os homens, por que tinha que ser o Diego?

Estou apostando todas as minhas fichas, espero que ela me desculpe,

ou melhor, apareça no aeroporto.

─ Não pensei que fosse ver meu irmão duas vezes em um curto

período. ─ Simon fala, sentando-se à minha frente.

Mesmo sabendo de todas as possibilidades de ser zoado, não poderia

conversar com outra pessoa que não fosse o Simon. Ele saberá me

aconselhar e entender o que estou sentindo pela

Savannah.
─ Não é como se eu quisesse olhar para essa sua cara feia. Vamos

pedir, estou morrendo de fome.

O garçom se aproxima e pega nossos pedidos, pedimos um vinho para

acompanhar, apesar de ambos estarem dirigindo. O engraçado é que mesmo

com nossa diferença de idade, ele sempre me aconselhou, o que é bem

vergonhoso para um homem da minha idade.

─ Quando você descobriu que sentia algo a mais pelo Andrei?

─ Quando meu coração passou a bater mais forte ao escutar sua voz,

pensava nele por muito tempo e principalmente, sentia ciúmes quando

outros se aproximavam dele ─ fala pensativo, bebendo um pouco de seu

vinho.

─ Isso funciona como uma regra? Talvez seja outra coisa, não

necessariamente significa estar apaixonado.

Merda, por que me identifico com as coisas ditas pelo meu irmão?

Savannah ocupa demais o meu pensamento, quando não deveria ser assim.

Teve uma vez que me peguei sorrindo ao lembrar de seu sorriso. O quão

fodido é tudo isso?

Essa mulher bagunça completamente a minha cabeça.

─ Não é uma regra, tem outros motivos também, por exemplo: Querer
estar ao seu lado, odiar a possibilidade de outro a tocando, uma sensação de
felicidade e prazer quando está com essa pessoa, pensar em seus beijos...

─ Não precisa continuar.

Eu não posso ter me apaixonado...Não faz parte de mim envolver

sentimentos nas minhas relações.

─ Você está apaixonado pela Savannah, não precisa ser inteligente

para perceber isso. No dia do restaurante, seus olhos tinham um brilho

diferente quando você olhava na direção dela, o sorriso de canto também

estava presente.

Fico um tempo pensando nessa hipótese, quando seu rosto sorridente

surge em minha mente, fazendo-me sorrir também.

Merda!

─ Era para eu ter gravado sua expressão agora, tenho certeza que

estava pensando nela.

─ O que posso fazer para reverter isso?

─ Meu querido, irmão, sentimentos não podem ser resolvidos dessa

forma, se fosse fácil, todo mundo se desapaixonaria quando tivesse vontade.

Você já se apaixonou alguma vez?

─ Não tenho certeza, não me lembro de nada semelhante ao que estou

sentindo no momento.
─ Não é nenhuma coisa do outro mundo, você deveria tentar e

aproveitar essa nova descoberta.

─ Simon, no acordo que fiz com a Savannah, deixamos bem claro que
não queríamos um relacionamento. Como posso chegar para ela e dizer que

estou apaixonado e pensando na possibilidade de tornarmos tudo real?

─ Então você assume. ─ O sorriso de ponta a ponta me deixa irritado,

ele não percebe que isso é complicado para mim?

─ Simon...

─ Você está surtando sem motivos novamente, a primeira coisa que

precisa fazer é entender seus sentimentos e só então falar para Savannah

como se sente. Assim como você se apaixonou, pode acontecer o mesmo

com ela.

─ Não é tão fácil.

─ Claro que é, você que está dificultando tudo. Vamos beber, hoje é

um dia muito importante, afinal não é sempre que meu irmão confessa estar

apaixonado.

Tomo todo o líquido da minha taça e encho novamente, na tentativa

de ter alguma resposta com o álcool. Ter a confirmação de um possível

sentimento me deixa irritado, eu assumo que sinto algo diferente quando


penso na Savannah. Antes de compartilhar essa descoberta com ela, preciso

entender toda a merda que está acontecendo comigo.

Estou a caminho do aeroporto, depois de quase ter perdido a noite.

Passei o dia de ontem ocupado com os últimos ajustes da viagem, fora que

tentei encontrar respostas para todos os meus questionamentos, frustrando-

me mais ainda. Para ser sincero, continuo perdido, espero que essa viagem

me ajude.

Estaciono o carro, pego minha bagagem e sigo para o portão de


embarque particular. Pensando em ter mais privacidade, decidi ir de jatinho

ao invés de voo doméstico. Cumprimento o piloto e a aeromoça,

acomodando-me. Partiremos em quinze minutos, e o medo dela não

aparecer, se torna cada vez maior.

Envio uma mensagem para Júlia, ela disse que não sabe da decisão da

Savannah, sei que essa filha de uma mãe está mentindo, resolverei com ela

depois.

─ Senhor Anthony, decolaremos em oito minutos. A outra passageira

ainda virá?

─ Não tenho certeza, se ela não aparecer, partiremos no horário

programado.
Faltando três minutos, pela janela, avisto a mulher que vem

bagunçando minha mente de maneira inexplicável. Savannah cumprimenta

a todos e sorridente, se acomoda ao meu lado. Ela está linda como sempre,

espero que realmente tenha me desculpado.

─ Perdão pela demora, aconteceu um acidente no caminho, peguei

um trânsito absurdo, por um momento pensei que não chegaria a tempo.

─ Por que não me mandou uma mensagem?

─ Queria fazer surpresa, pela sua cara, tive êxito.

O piloto informa que decolaremos em um minuto, pede para


ocuparmos nossos lugares e colocar o cinto de segurança. Uma sensação de

alívio me atinge, estar na presença dela é prazeroso, assim como Simon


disse.

─ Você sabe qual o nosso destino?

─ Sim, perguntei para a Júlia, precisava preparar minha mala com


roupas adequadas. Você sabia que eu sempre quis conhecer o Brasil? As

praias são belíssimas.

─ Apesar de ser uma viagem a trabalho, prometo tirar um tempinho


para irmos à praia. O que acha? ─ Sorrio, vendo seu rosto assumir uma

expressão de felicidade.
─ Eu já disse que você é perfeito? Não tenho nenhum biquíni, mas
acho que isso não deve ser difícil de conseguir. Em qual estado nós

ficaremos?

─ Salvador e depois Fortaleza, se não me engano, ficam no litoral


brasileiro.

Continuamos a conversar amigavelmente, temos mais de oito horas


de voo pela frente, isso tende a ser bem cansativo. Quatro horas depois,

nosso almoço é servido e pedimos um drink para acompanhar. Savannah


parece bem confortável, quero perguntar sobre o nosso pequeno

desentendimento, ao mesmo tempo em que tenho receios de provocar uma


situação delicada e acabar estragando nossa viagem.

A aeromoça se retira dizendo que nos dará privacidade.

─ Vejo a interrogação na sua testa, Gabriel.

─ Sou tão transparente assim? ─ Acena confirmando. ─ Você ter


vindo, significa que me desculpou?

─ Sim, as flores me conquistaram, você escolheu bem.

Preciso lembrar-me de agradecer ao meu pai, se não fosse por ele,

possivelmente não saberia o que enviar e não surtiria tanto efeito.

─ Desculpe por ter sido um idiota, prometo que isso não vai voltar a
acontecer.
Retiro o cinto e me aproximo, passo a ponta dos dedos por seu rosto.
Quero beijá-la desesperadamente, sentir seus lábios junto aos meus,

enquanto acaricio seu corpo, antes de me perder em suas deliciosas curvas.

─ Posso beijá-la? ─ sussurro próximo ao seu ouvido e vejo sua pele

se arrepiar.

─ Você não precisa pedir permissão para isso, Gabriel.

Puxo-a pela nuca, colando nossos lábios. Nossas línguas se encontram

e intensifico o beijo, sugo sua língua, enquanto minhas mãos vão para
dentro do seu vestido e sinto sua pele quente e macia.

Porra, como eu senti saudades dessa mulher.

─ Corremos algum risco de sermos vistos? ─ Savannah pergunta,


assim que nos separamos.

─ Não, temos total privacidade.

─ Me faça sua, Anthony. ─ Passa a ponta dos dedos por meu peito,
dirigindo-me um puta sorriso.

Eu tenho a Savannah tão entregue para a mim neste momento. Para


não perder tempo, abaixo o assento, abro os botões da minha camisa e me

sento. Savannah entende o que quero dizer, pois retira os sapatos e senta-se
em meu colo. Quando menos espero, segura o meu rosto e cola os lábios

nos meus. Enrolo seus cabelos em uma mão, puxando sua cabeça levemente
para trás, tendo total acesso ao seu pescoço. Beijo, deixo leves chupões e

mordidas, como resposta, começa a rebolar, deixando-me louco de tesão.

Abro o zíper do seu vestido e coloco um de seus seios em minha


boca, sugo, mordisco e um pequeno gemido escapa de seus lábios, dando-

me mais incentivo para continuar.

Sem desviar os olhos dos seus, levo uma das minhas mãos até a sua

intimidade e começo a acariciar seu clitóris. Com a respiração acelerada, ela


me beija.

─ Humm...

Enfio dois dedos dentro dela, sorrio ao constatar o quanto está


molhada. Chupo seu pescoço, deixando uma leve marca avermelhada.

Savannah puxa os meus cabelos, sem conseguir se controlar.

─ Anthony, para com essa tortura, eu preciso de você.

─ Savannah, temos definições diferentes de tortura. Tudo que estou

fazendo é para seu prazer, apenas aproveite o momento.

Retiro os dedos de dentro dela e os levo a boca.

─ Porra, não tenho nenhuma camisinha comigo. ─ Não estava

planejando transar enquanto voava, por isso não me preocupei.

─ Eu faço exames periodicamente e tomo remédio, não precisa se

preocupar ─ fala ainda ofegante.


Se fosse outra pessoa eu não faria, mas estranhamente, nela confio.

Levanto-me com cuidado e retiro toda roupa que vestia. Coloco


Savannah apoiada na cadeira, de costas para mim. Abro levemente sua

perna, tendo uma visão perfeita de sua bunda. Lentamente, aproximo o meu
pau de sua entrada, brinco um pouco, antes de entrar completamente.

Começo a me movimentar, aumentando o ritmo gradativamente.

─ Arhh...

─ Não faça tanto barulho ─ falo próximo ao seu ouvido, tampando

sua boca com uma mão.

O corpo dela está tão quente, empurro mais e mais, deixando toda a
atmosfera mais intensa. Troco nossas posições e deixo que ela cavalgue em

mim, Savannah prende os cabelos no alto da cabeça e sorri, enquanto sobe e


desce, fazendo-me contrair sobre o assento. Seguro firme em sua cintura

com uma mão e com a outra, puxo-a pela nuca e beijo sua boca.

─ Humm, eu...eu não vou durar muito tempo.

Como resposta, movimento-me mais e mais, o barulho de nossos

corpos se chocando são inevitáveis. Penetro mais fundo e só consigo


escutar os gemidos da linda e gostosa mulher à minha frente. Savannah

crava suas unhas em minhas costas, a sua expressão e a forma como seu
corpo se retrai, mostram-me que chegou a um orgasmo.
Estamos enxarcados de suor, prendo seu corpo ao meu, como se
pudéssemos ser fundidos. Com mais algumas estocadas, libero-me dentro

da mulher que está fodendo também com a minha mente.

Com a respiração acelerada, ficamos assim por uns bons minutos,


tentando recuperar o folego.

─ Meu Deus! Como vou encará-los depois disso? ─ Enterra o rosto


no meu peito, fazendo-me soltar uma gargalhada e recebo um tapa como

punição.

Algo me diz que nessa viagem, terei todas as respostas que preciso,
para ser sincero, elas já começaram a aparecer.
Savannah

Não sou de me sentir envergonhada, mas queria que um buraco se

abrisse, só para não ter que olhar nos olhos da aeromoça. A sensação de

fazer sexo nas alturas é indescritível, entreguei-me sem qualquer ressalva,

tudo que eu queria era aproveitar o momento e isso eu fiz.


Estamos a caminho do hotel, Salvador é nossa primeira parada e de

imediato gostei da receptividade das pessoas. Quando pesquisei sobre o

clima, disseram que era quente, só não imaginei que fosse tanto. Gabriel

disse que o hotel fica quase na praia, teremos uma visão privilegiada.

Estou bem cansada, foram oito horas de viagem, e o Brasil tem um

fuso horário diferente, é como se voltássemos no tempo. Tudo que preciso é

de um bom banho e cama.

─ Você está bem? ─ Anthony pergunta, alisando a minha perna.

─ Sim, só muito cansada.

─ Aguente mais um pouco, estamos chegando ao hotel e teremos

tempo suficiente para descansarmos até a noite.

Maneio a cabeça, concordando. Aproveito esse intervalo para enviar

uma mensagem tranquilizando a minha mãe, aposto que passou esse tempo
todo preocupada.

Assim como dito, chegamos ao hotel luxuoso e a primeira coisa que

me chama atenção é o cheiro inesquecível do mar, lembro-me de quando fui

à praia há alguns anos. Fazemos o check-in e logo fomos encaminhados


para a suíte presidencial. O quarto é muito grande, a decoração muito

delicada e o melhor de tudo, temos uma varanda com a vista mais perfeita

de toda a minha vida.


Escuto o barulho da porta se fechando, em seguida mãos firmes

seguram a minha cintura.

─ Me desculpe por ter reservado apenas um quarto, se quiser posso

tentar conseguir outro.

─ Por que eu iria querer outro?

─ Por privacidade...

─ Não vejo problemas em dividirmos o quarto, eu até prefiro dessa

forma, pois me sinto segura. Estamos em um país diferente, do qual não

falo a língua e as pessoas não são obrigadas a saberem inglês para se


comunicarem comigo. ─ Sorrio, mesmo que não seja possível ele ver.

─ Pensando por esse lado, você tem razão. ─ Vira-me para ficar de

frente para ele. ─ Vamos tomar um banho, temos algumas horas para

descansar antes do jantar.

Como não poderia ser diferente, nosso banho foi regado a muitos

beijos e um sexo maravilhoso. Saímos do banheiro e peguei uma de suas

camisas, ficou enorme, mas ainda assim é confortável. Deito-me na cama e


ele me puxa para seu peito. A princípio é estranho, meu coração começa a

bater descompassadamente, até que me entrego ao cansaço do meu corpo,

sentindo-me protegida por ele.


Gabriel disse que não se trata de um jantar de negócios, então optei

por uma roupa mais casual e deixei meus cabelos soltos, marcando bem a

maquiagem. Preciso estar apresentável ao lado dele do meu namorado.

─ Você está muito bonita, não sei se é uma boa ideia irmos para esse

jantar. ─ Anthony fala, olhando-me dos pés à cabeça.

─ Por quê? ─ pergunto confusa, conferindo minha aparência.

─ Porque você está gostosa pra caramba, acho que terei muitas

preocupações. Não sou muito bom em dividir...

─ Anthony.

Falho na tentativa de ficar séria e caímos na gargalhada. Desculpar o

Gabriel foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado, apesar de tudo,

gosto de estar em sua presença, mesmo ele sendo sério na maioria do

tempo. E isso é o que me intriga, tem algo diferente, alguma coisa mudou

desde a última vez que nos encontramos.

Descemos e um carro já nos aguardava na entrada do hotel, os

clientes que Gabriel vai encontrar, providenciaram tudo para que possamos

chegar tranquilamente ao restaurante. Graças a Deus o motorista fala inglês,

ele disse que não é muito longe, chegaremos em vinte minutos.

Anthony segura a minha mão e ficamos assim o tempo todo, até que

somos avisados de que chegamos. A fachada do lugar é bem discreta, ao


mesmo tempo em que grita dinheiro. Cumprimentamos a recepcionista que

nos encaminha para uma mesa onde alguns homens e mulheres estão

acomodados.

─ Boa noite, desculpem o atraso. ─ Anthony cumprimenta os homens

e faço o mesmo, apertando suas mãos e cumprimentando as mulheres que

beijam a minha bochecha.

─ Não se preocupe, acabamos de chegar também. Você é ainda mais

bonita pessoalmente, Savannah. ─ Um homem aparentando uns trinta e

cinco anos diz, encarando-me por tempo demais.

─ Obrigada.

─ Você é um cara de sorte, Anthony. É um homem bem-sucedido,

conhecido dentro e fora do país, ainda tem essa mulher linda ao lado. Eu te

invejo, preciso admitir. ─ Dessa vez um rapaz mais novo fala.

─ Eu realmente sou muito sortudo, encontrei a sorte quando esbarrei

na Savannah. ─ Sorri, apertando a minha perna por debaixo da mesa.

Os homens iniciam uma conversa sobre negócios e tento me enturmar

com as mulheres, mas elas não falam inglês fluentemente e eu sou péssima

no português. Com a ajuda do tradutor, conseguimos conversar um pouco e

falaram-me sobre os pontos turísticos e convidaram-me para ir à praia


amanhã, eu respondi que precisava ver com o meu namorado, não sabia

quais planos ele tinha em mente.

Um dos homens, aquele que disse ter inveja do Gabriel, não para de

olhar para mim, deixando-me completamente desconfortável. É tão difícil

respeitar uma mulher? Se ele tem essa cara de pau enquanto estou ao lado

do meu namorado, e a mesa repleta de gente, imagine a sós.

Experimento um pouco da caipirinha, gostei bastante da experiência,

o sabor me agrada.

─ Tudo bem? ─ Gabriel pergunta próximo ao meu ouvido.

─ Sim, só vou ao banheiro e já volto.

Peço licença aos presentes e sigo as orientações, por fim, achando o

que estava procurando. Confiro minha aparência no espelho e gosto da

minha expressão, é como se estivesse feliz e realizada, apesar de não

entender o motivo dessas sensações.

Desde que conheci o Anthony, tenho vivenciado experiências

completamente novas, algumas maravilhosas e outras nem tanto. Tudo é

muito novo para mim, quando imaginei que conheceria outro país? Para ser

sincera, mesmo sendo otimista, isso nunca passou pela minha cabeça.

Saio do banheiro e esbarro no idiota de agora a pouco.

─ Com licença. ─ Tento passar, sendo impedida por ele.


─ Você é muito bonita, foi quase impossível tirar os olhos de você. O

que podemos fazer para resolver essa situação?

Segura em meu pulso, se aproximando do meu rosto.

─ Não ouse chegar mais perto, se você não me soltar agora, irei gritar

e fazer o maior escândalo. Você não viu que sou uma mulher

comprometida?

Que imbecil, eu detesto esse tipo de homem, eles definitivamente não


conseguem manter suas mãos asquerosas longe de mulheres.

─ Grite se você tem coragem, eu direi que você deu em cima de mim.
Acho que isso não vai pegar bem. ─ Sorri, como se acabasse de sair

vitorioso.

─ Você tem três segundos para tirar suas mãos sujas da minha
namorada ou vou quebrar sua cara.

─ Ela estava...

─ Eu vi como você não tirava os malditos olhos dela, algo me dizia


que tinha vindo perturbá-la. Agradeça que sou o tipo de cara que odeia

violência, mas desista de qualquer negócio com a minha empresa ─ fala de


maneira firme, entrelaçando nossos dedos. ─ Se eu fosse você, arrumava

uma desculpa e iria embora, não quero ter que ficar olhando para sua cara.
─ Não tenho culpa se a sua namorada se veste de maneira
provocativa.

Que filho da puta, agora a culpa é minha?

─ Ela poderia estar nua, ninguém, muito menos você, tem o direito de
ser um babaca. ─ Segura-o pelo colarinho, quase levantando o homem. ─

Estou pensando seriamente em quebrar uma das minhas regras.

─ Não vale a pena, Gabriel. Vamos embora, ele é apenas um idiota


que desconhece a palavra respeito.

Ele faz o que eu peço e larga o homem, seguro em suas mãos e o


arrasto para fora daquele corredor, parando em uma pequena área

descoberta, onde temos uma visão incrível. Anthony me abraça por trás e
ficamos assim por alguns minutos, até que ele fale:

─ Savannah, namora comigo.

─ Enlouqueceu? Eu já sou sua namorada, Gabriel. ─ Sorrio, sem


entender essa conversa.

Ele inverte a minha posição e ficamos de frente, nos encarando.

─ Vamos acabar com esse acordo, quero que você seja minha
namorada de verdade.

─ Você não bebeu ao ponto de o álcool afetar suas faculdades


mentais. O que nós temos já está bom, por que nomear isso?
─ Não está bom para mim, quando vi sua foto com Diego fiquei
enfurecido de uma maneira que nunca imaginei. E hoje, com aquele idiota

te secando, minha vontade era quebrar a cara dele. ─ Toca carinhosamente


em meu rosto. ─ Sei que parece estranho, é algo novo para mim também,

mas eu quero tentar contigo.

Esse não é o tipo de conversa que pensei ter com o Anthony. Não

tenho certeza se quero estar em um relacionamento, apesar de viver um


namoro falso com ele. É verdade que desde o começo meus pensamentos

giravam em torno dele, no entanto...

─ Preciso pensar, no começo eu te disse que não queria um


relacionamento. Mas me responda uma coisa: Você está fazendo isso apenas

por causa do Diego, né?

O sorriso de canto não resta dúvidas, acabo sorrindo também,

estranhamente isso não me deixa chateada.

─ O principal motivo é que eu quero você com exclusividade, a ideia


de te dividir com outros não me agrada.

Beija-me e eu demoro um pouco a reagir. Retribuo o contato,


segurando fortemente em sua camisa. Nossas línguas se encontram,

deixando tudo mais intenso.


Nos afastamos e pela segunda vez em menos de vinte e quatro horas,

sinto-me envergonhada.

─ Promete que vai pensar no meu pedido?

─ Sim, prometo, só não sei quando lhe darei uma resposta.

Surpreendendo-me mais uma vez, Gabriel me abraça e ficamos assim


por uns minutos, estar em seus braços, sentindo seu cheiro marcante é bom
e muito preocupante.
Anthony

Estou tentando me concentrar na reunião, mas como conseguir fazer

isso, se minha mente está na linda mulher latina, que me deixa doido em

vários aspectos? Savannah não tem ideia de como mexeu com a minha
cabeça, para ser sincero, ainda estou tentando entender algumas das minhas

atitudes nos últimos dias.

Ontem, quando a pedi em namoro, estava sendo verdadeiro. Diego


tem uma parcela de culpa nisso, porém eu realmente não quero ter que

dividi-la com outros homens. Sinto-me bem ao seu lado, então por que não

me permitir viver essa novidade?

Depois de algumas indicações, aluguei um barco onde temos direito a

piloto e chefe de cozinha. Eu acho que é uma boa forma de nos

despedirmos de Salvador e nos preparar para o próximo destino. Não seria

justo da minha parte deixar Savannah presa no quarto, então quando as

mulheres dos meus clientes a convidaram para uma praia, eu incentivei para
que ela fosse, até porque é uma boa oportunidade.

O idiota de ontem que estava dando em cima da minha mulher, cortei-

o da lista e fui bem sincero com os outros sobre o motivo. Entenderam e me

deram razão, até porque ninguém gostaria de manter negócios com um

imbecil que deu em cima da sua namorada.

─ Até quando vocês ficam na cidade?

─ Iremos para Fortaleza amanhã à tarde, ficaremos dois dias e depois

retornamos para o nosso país.


─ Fico muito feliz que você tenha se disponibilizado em vir de tão

longe, para que esse contrato pudesse ser fechado. Para nós é uma honra

trabalhar com o ilustre Anthony Gabriel. ─ Fernando, um dos sócios

majoritários da empresa, diz.

─ Eu vou acabar acreditando e ficando mais convencido ─ falo,

fazendo todos sorrirem.

Com o clima bem amigável, consigo finalmente focar no assunto da

reunião. Se tudo correr da maneira que planejamos, todo o sistema será

entregue em dois meses.

Demos uma pausa para almoçarmos, o restaurante é de frutos do mar

e fui convencido a provar a famosa moqueca ─ ensopado feito, geralmente,

à base de pescados e/ou frutos do mar. ─ Para acompanhar, uma caipirinha,

que me conquistou de imediato. Enquanto conversamos, meu celular

sinaliza uma mensagem, vejo o nome da Savannah.

Abro e se eu não estivesse sentado, cairia no chão. É uma foto, ela

está com um biquíni muito pequeno, mostrando todo o corpo, sentada em

uma cadeira de praia.

Anthony: Puta merda, Savannah. Sua intenção é me matar?

Savannah: Não, só queria te mostrar que estou aproveitando o dia,

enquanto você está preso nesse escritório hahaha.


Anthony: Esse biquíni não está muito pequeno?

Savannah: Não, eu acho um tamanho perfeito. Será que posto essa

foto no meu Instagram?

Filha de uma mãe, está fazendo isso para me provocar e nem disfarça.

Anthony: Savannah, acho que terei que lhe dar uma lição mais tarde.

Eu me lembro de ter dito que não gosto da ideia de dividi-la.

Savannah: Se me lembro bem, mesmo se eu vier a aceitar seu

pedido, não quer dizer que viverei de burca. Vou deixar você trabalhar,

nos encontramos no hotel.

─ Vocês parecem bem apaixonados.

─ Como?

─ Eu disse que vocês parecem bem apaixonados, você não parou de

sorrir um minuto enquanto mexe no celular. ─ João sorri, tomando um


pouco de sua bebida. ─ Quando conheci a minha esposa, há vinte anos,

lembro que ficava desse jeito.

─ Ela foi seu primeiro amor? ─ pergunto realmente interessado. Na

adolescência gostei da uma namorada, mas não era paixão, não me lembro

de ter sentido nada semelhante.

─ Sim, começamos a conversar tínhamos quinze anos. Tudo era

muito novo, a todo instante era uma nova descoberta. A única certeza que
eu tinha, era dos meus sentimentos pela Carmen.

─ Eu sempre odiei a mesmice do casamento, desde que conheci a

Savannah, meus pensamentos a respeito estão mudando. O que vocês


fizeram para preservar o amor por tantos anos?

─ É claro que tivemos muitas brigas, afinal de contas somos pessoas

com defeitos e personalidades completamente diferentes. Tentamos todos os

anos fazer uma viagem apenas nós dois, fugir um pouco da rotina

estressante do trabalho e dos filhos. Para o casamento ou qualquer

relacionamento durar, é preciso ter entrega de ambas as partes. Não faz

sentindo apenas um dos lados lutar para que dê certo.

─ Você não sentiu falta de ficar com outras mulheres? ─ Ele sorri

com a minha pergunta.

─ Sabe que não? Eu me apaixono todos os dias pela minha mulher,

sou um sortudo por ter encontrado uma pessoa tão maravilhosa. Não tem

nada que eu mais ame do que dormir e acordar com ela ao lado. ─

Aproxima-se para que só eu escute. ─ E em relação ao sexo, não

precisamos ficar no clássico mamãe e papai só porque somos casados,

inovação é a palavra correta.

Eu acho que estou entendendo o que ele quer dizer, eu fiquei com

uma outra mulher depois do acordo com a Savannah, mas não consegui
deixar de compará-las, mesmo que indiretamente. Sinto que não preciso de

outras, quando tenho uma tão completa e intensa ao meu lado. Ter essa

conversa com o João foi a última peça que faltava para todas as minhas

dúvidas. Me apaixonar não é tão ruim, eu só preciso aprender a viver essa

mudança.

Savannah não tinha ideia de onde passaríamos a noite, só pedi para

que vestisse algo leve e preparasse uma muda de roupa para o dia seguinte.

Quando chegamos ao barco, sua felicidade era perceptível e recebi um

abraço como agradecimento. Preciso me lembrar de surpreendê-la mais

vezes, acho que serei beneficiado também.

O jantar correu de maneira tranquila, o cardápio foi de comidas

típicas brasileiras e amamos cada prato. Eu já tinha vindo ao Brasil outras

vezes, porém essa experiência está sendo bem diferente, talvez seja por

causa da companhia.

O piloto e chefe pegaram outra embarcação e foram embora, segundo

eles, assim teremos mais privacidade e amanhã eles retornam. Termino de

mandar um e-mail que precisava de urgência e sigo a procura da minha

linda latina. Na parte superior, admirando o céu estrelado, encontro

Savannah deitada.
Fico um tempo olhando para ela, como essa menina conseguiu me

deixar tão apaixonado?

O que a difere de todas as outras? Não sei, talvez seu jeito bobo e

inocente, e o contraste de toda sua intensidade.

─ Gostou da surpresa? ─ pergunto, deitando-me ao seu lado e

segurando em sua mão.

─ Tem como não gostar? Toda essa viagem está sendo perfeita,
obrigada por me proporcionar momentos inesquecíveis.

Beija a minha bochecha.

─ Se depender de mim, ainda irei proporcionar muitas experiências


novas e emocionantes para você. Hoje eu tive uma conversa bem

importante que me abriu os olhos.

─ Em que sentido?

─ No momento certo você saberá. ─ Ela faz uma cara feia e eu só

consigo dar risada, Savannah não consegue ficar brava por muito tempo. ─
Mesmo se você não aceitar ser minha namorada, por favor, lembre-se de

que pode sempre contar comigo. Vou protegê-la de tudo e todos, só preciso
que confie em mim.

Eu senti vontade de falar sobre isso, mesmo sem saber por que e se
agora é realmente o momento apropriado.
─ Vai me proteger de todos? ─ Aceno, concordando. ─ Até mesmo da
sua família?

─ Principalmente, se eles voltarem a te incomodar, não hesite em me

procurar. Eu te coloquei em contato com esses dois loucos, então resolverei.

─ Eu já me sinto protegida quando estou ao seu lado, não será muito

diferente.

Viro um pouco, ficando por cima e beijo seus lábios. A mistura de


Savannah e vinho é absurdamente deliciosa. Seguro em sua nuca, puxando-

a para mais perto. Suas mãos vão para dentro da minha camisa e sinto
quando faz um caminho com suas unhas. Abaixo uma alça do seu vestido,

beijando seu ombro, até entre os seios.

Estamos no meio do mar, sem ninguém ao nosso redor ou qualquer

risco de sermos flagrados.

─ Anthony... ─ sussurra, quando toco seu clitóris.

─ Não tem ninguém além de nós, quero escutar seus gemidos de

prazer, sem que precise se podar. Essa noite, vamos esquecer de tudo e nos
entregar ao desejo de nossos corpos.

Hoje, com a lua e as estrelas como testemunhas, vou amar cada


pedacinho dessa mulher, mesmo que ela não saiba sobre esse amor.
Savannah é determinada e intensa, espero de coração que me deixe amar
toda a sua intensidade.
Anthony

Nossa viagem ao Brasil correu perfeitamente bem, tem pouco mais de

uma hora que desembarcamos. Savannah estava muito cansada, por isso a

deixei em casa para que pudesse descansar. Passar esses dias ao seu lado,
não me deixou quaisquer dúvidas sobre esse novo sentimento que estou

sentindo.

Estou apaixonado pela Savannah! Essa mulher em pouco tempo foi


capaz de bagunçar toda a minha mente, estranhamente, não estou

preocupado com essa descoberta. Para ser sincero, minha única

preocupação é fazê-la aceitar ser oficialmente minha namorada.

Os ciúmes foi um dos motivos que me fizeram tomar essa decisão, no

entanto, querer estar ao seu lado também contribuiu.

São oito da noite e eu queria ir para o meu apartamento, recebi uma


mensagem do meu avô, pensei em negar, até que recebi uma da minha mãe.

Chego à residência dos Foster, cumprimento o segurança e entrego a chave

do meu carro para que o estacione. Antes mesmo de adentrar, escuto a voz

do meu pai e surpreendentemente o Simon.

─ Boa noite a todos.

─ Filho, que bom que veio. Como foi a viagem? ─ Minha mãe me

abraça, beijando o meu rosto.

─ Foi ótima, mãe.

─ Aproveitou muito as mulheres brasileiras? ─ Meu avô pergunta

com um enorme sorriso, fazendo de conta que não tenho namorada.


─ Não, eu estava acompanhado de uma linda mulher, não tive tempo,

muito menos vontade de prestar atenção nas outras.

─ Então a menina Savannah aceitou as flores.

Papai sorri, caminhando em minha direção, me abraça e diz apenas

para que eu escute:

─ Não ouse perder essa menina, você não encontrará outra igual.

Ele tem razão, Savannah é um pacote completo de sensualidade,

ingenuidade, determinação, humildade e o principal, foi a única que

conseguiu de fato chamar e manter minha atenção. Perdi as contas de


quantas vezes fiquei perdido em pensamentos, com seu maldito sorriso

passando em loop na minha mente.

─ Vamos ver até quando você conseguirá se manter longe de outras

mulheres, sempre trocou de mulher igual trocava de camisa, então não


posso acreditar que vai sossegar apenas com aquela mulherzinha.

Meu avô fala com a maior tranquilidade, quem o vê dessa forma, não

imagina que ele ficou casado por mais de quarenta anos com a primeira
namorada. Em que momento deixou de ser um bom homem?

─ Vô, se continuar se referindo à minha mulher de forma tão

pejorativa, eu juro que esqueço de qualquer laço sanguíneo que nós temos,
e acabo com a sua candidatura em segundos.
─ Você está me ameaçando por causa dela? ─ Tenta se vitimizar, pena

que comigo isso não funciona.

─ Não, eu estou apenas te respondendo à altura, se o senhor quer

respeito aprenda a respeitar em primeiro lugar. A minha vida não diz

respeito a você e nem a ninguém presente nesta sala. Sou maior de idade,

dono do meu próprio nariz. Então, por favor, se o intuito deste jantar é falar

mal da minha namorada, eu vou embora.

─ Filho... ─ Meu pai tenta falar, mas é em vão.

─ Nós não tínhamos intenção de falar sobre essa mulher até porque

ela é completamente irrelevante, eu queria apenas ter um jantar em família

sem muito estresse, pelo visto você já foi contaminado.

─ Mãe, a senhora não tem qualquer moral para falar sobre ninguém.

Até por que, que eu bem me lembre, a única pessoa que está tentando forçar
um casamento indesejado é a senhora. ─ Minha voz sai mais alta que o

necessário, olho para o meu pai me desculpando. ─ Eu sabia que desde o

começo não deveria ter vindo até essa casa, eu não reconheço mais vocês e

enquanto continuarem com esse preconceito ridículo, esqueçam da minha

existência.

─ Você está certo, irmão. Eu também nem sei o que vim fazer aqui, já

que o meu namorado não pode comparecer porque a nossa ilustre mãe é
homofóbica. Me dá uma carona para casa?

─ Claro que sim, vamos embora.

Nos despedimos do papai e seguimos para o meu carro, a partir de

hoje, não irei me dar ao trabalho de visitá-los ou manter qualquer

consideração.

─ Consegui as respostas que eu tanto precisava nessa viagem.

Decido compartilhar com o meu irmão, afinal de contas, ele me

ajudou a entender alguns pontos importantes e preciso desabafar com

alguém.

─ Foi bom ou ruim?

─ Apesar de ser diferente, é bom. Eu fiquei com a nossa última

conversa na cabeça, sobre estar ou não apaixonado por ela. Eu decidi que

durante nossa estadia no Brasil, iria tentar conseguir as respostas para todos

os meus questionamentos internos. Não foi muito difícil, e eu também

recebi alguns conselhos que me ajudaram bastante.

─ Então você está apaixonado por ela? ─ pergunta sorrindo, dando

um tapa no meu ombro. ─ Fico feliz que você tenha percebido o que todo

mundo à sua volta estava cansado de saber. Savannah é uma mulher

maravilhosa e tenho certeza de que ela apareceu para dar um rumo na sua

vida.
─ Ela não aceitou o meu pedido, disse que iria pensar.

─ Realmente eu não esperava uma atitude diferente, desde o começo,

ambos deixaram bem claro quais eram os seus propósitos nesse acordo. Ela

não queria um relacionamento, então deve ser difícil assimilar que você, um

filho da mãe mulherengo, queira um relacionamento sério.

─ Às vezes eu também penso sobre isso. Da última vez que eu fiquei


com uma mulher, sei que é uma atitude horrível, porém acabei comparando

às duas e desejei loucamente que fosse Savannah no lugar dela. Além do

mais, a ideia de ela ficar com outro me deixa enfurecido, não me lembro de

ter me sentido dessa forma alguma vez.

─ Você sabe que a mamãe não vai deixá-la em paz, né?

─ Ela fez o mesmo com o seu relacionamento, em algum momento


você pensou em desistir do Andrei?

─ Claro que não, eu o amo e nunca pensei em desistir por causa da

nossa mãe.

─ Pronto, temos um ponto em comum, não faria nem sentido se eu

desistisse de algo apenas porque a mamãe não quer. Se ainda fôssemos

adolescentes poderia até levar em consideração a opinião dela, mas eu sou


um homem e a minha felicidade depende unicamente de mim, não da mãe,

vovô, papai ou de terceiros.


─ Tem certeza de que não trocaram o meu irmão e te colocaram no

lugar?

─ Por que está perguntando?

─ Anthony, você sempre evitou qualquer tipo de relacionamento, toda

semana tinha mulher diferente na sua cama e agora simplesmente eu estou

te vendo com os quatro pneus arriados. É, talvez seja um sonho e eu espero

não acordar.

Começa a rir zombando da minha cara. Tudo bem, eu assumo que é

muito estranho vindo de mim, porém, todo mundo tem uma chance de
mudar e comigo não seria diferente.

Se naquele dia eu não tivesse esbarrado na Savannah, nada disso


estaria acontecendo e minha vida não teria virado de cabeça para baixo. Ou
como meu irmão acabou de falar, não estaria com os quatro pneus arriados

por aquela morena que me deixa louco em todos os malditos sentidos.

─ Você falou sério sobre acabar com a candidatura do vovô? ─

pergunta assim gente para em frente à sua casa.

─ Você já me viu alguma vez brincar com algo tão sério? Se o vovô

ou a mamãe ousarem chegar perto da Savannah, não pensarei duas vezes


antes de acabar com aquilo que ele mais gosta, ou seja, sua carreira na
política. Eu aceito tudo o que eles fizerem comigo, agora com ela não.
─ Se precisar de ajuda, sabe que estarei à sua disposição em um
piscar de olhos. Vamos combinar de sair, agora que Savannah é quase

oficialmente minha cunhada, será perfeito um programa de casais.

Sua animação é realmente contagiante, Simon é uma pessoa muito


preciosa, é uma pena que a nossa mãe não saiba valorizar o filho que ela

tem.

Nós nos despedimos e sigo para o meu apartamento, o corpo pede um

descanso, mas o pior nem é o cansaço físico, sim o mental, depois de


escutar tanta besteira nos últimos minutos. Chego em casa, tomo um banho

bem relaxante e envio uma mensagem de boa noite para a dona dos meus
pensamentos. Não houve uma resposta da sua parte, acredito que esteja

dormindo de tão cansada.

Deitado na minha cama, lembro-me dos dias que passamos juntos.


Porra, por que estou sentindo saudades de ter seu cabelo esparramado na

cama e seu cheiro no travesseiro?

Estou fodido, não tenho dúvidas.


Savannah

Acabamos de retornar de mais um comício, apesar de não ser mais

assistente do Diego, me colocaram na comitiva que vai acompanhá-lo

sempre. É incrível como as pessoas parecem apoiá-lo de coração, ele, sem

sombra de dúvidas, será um excelente presidente para este país. É horário


de almoço e combinei com Júlia e Samuel, por esse motivo estou a caminho

da AGY.

O táxi para em frente à empresa, pago a corrida e adentro o local.


Antes mesmo de entregar meu documento, o segurança diz:

─ Pode entrar, senhorita Savannah.

─ Não precisa de um crachá ou algo do tipo?

─ A senhora é namorada do chefe, não precisa dessas formalidades.

Pode entrar, já chamei o elevador para a senhorita. ─ Sorridente e


prestativo, agradeço com um maneio de cabeça.

Aperto para o andar do Samuel e na companhia de algumas pessoas,

aguardo alguns segundos. Sem se preocupar com todos ao seu redor, um

grupo de mulheres entra e começam uma conversa que me interessa e

muito.

─ Eu fiquei sabendo que o chefe está namorando, nunca pensei que

esse dia chegaria.

─ Também escutei comentários a respeito, eu acho que ela nem deve

ser tão bonita assim. ─ Invejosa, não só bonita, sou linda.

─ Outro dia a vi na companhia da senhora Júlia, ela é uma mulher

muito bonita, não posso negar.


─ O que será que ele viu nela? Deve ser perfeita para conquistar o

chefe, o homem é um galinha de marca maior. Será que ela está grávida?

─ Não, eu não estou grávida. ─ Sorrio quando elas olham para trás, a

cor fugiu completamente de seus rostos. ─ Se me dão licença.

─ Senhora...é, nós.

Coitadas, não conseguem formular uma frase, saio do elevador e dou


um tchauzinho assim que as portas começam a se fechar. Peço algumas

informações e logo encontro a sala do Samuel, ela é compartilhada com

outras pessoas.

À medida que vou caminhando, algumas pessoas começam a me

encarar, deixando-me confusa.

─ Oi, Samuel.

─ Savannah, desculpa por ter feito você subir, em cinco minutos

terminarei esse arquivo e sairemos. Onde está a senhora Júlia?

─ Ela me mandou uma mensagem avisando que descerá em cinco

minutos também. Como você está? Tem trabalhado muito?

─ Sim, o seu digníssimo namorado, conhecido popularmente como

meu chefe, tem pegado no meu pé além do normal. Você bem que poderia

interceder por mim. ─ Sua cara de cachorro que acabou de cair da mudança

não me afeta.
─ Por que eu? ─ Ele me olha como se eu tivesse falado algo de outro

mundo. ─ O que foi? Não tenho poder suficiente para interceder por você,

mesmo que ele tenha me pedido oficialmente em namoro.

Falo a última parte apenas para que ele escute, meu amigo me olha

em choque e apenas dou de ombros.

─ Quando isso aconteceu? E por que só está me falando agora?

Tem quase duas semanas que voltamos de viagem. Durante quase

todas as noites, trocamos várias mensagens e pude conhecer um pouco mais

sobre ele. Sua cor favorita, comida que mais gosta, paixões passadas e

conheci um lado diferente do Gabriel, sua facilidade em me arrancar uma

gargalhada. Saímos para jantar e agradeci por ele não ter tocado no assunto

pedido de namoro, algo me diz que tomou essa decisão para não me

pressionar, é melhor assim.

─ Falaremos sobre isso fora da empresa, é mais seguro.

─ Acho que você tem sim poder sobre ele, preciso tirar vantagem

disso.

Encaro-o sem entender nada, ele sabe muito bem de todos os pontos

da minha relação com o Gabriel, é claro que não posso mandar em suas

decisões e atitudes.
─ Como você pode vir à empresa e não ir até a minha sala? ─ Fico

paralisada com a voz de Anthony tão perto. ─ Vou ter que reprová-la como

namorada.

─ Como soube que eu estava aqui?

─ As fofocas correm soltas pelos corredores, seria impossível não

descobrir.

─ Me desculpe, estou aqui como amiga do Samuel e Júlia, não como

sua namorada. ─ Levanto e fico de frente para ele, que tem um sorriso que

me deixa com um frio na barriga.

Ele é tão lindo que, às vezes, não consigo descrever.

─ E isso faz diferença? ─ Maneio a cabeça, concordando. ─ Vamos

até a minha sala, resolveremos agora mesmo.

Entrelaça nossos dedos e começa a me arrastar, antes de alcançar a

porta, Júlia aparece e nos separa, recebendo um olhar furioso do Anthony.

─ Pode ir se afastando, Savannah agora é unicamente nossa, temos

muita coisa para conversar. Reserve outro dia para namorarem, saia da

nossa frente, Anthony.

─ Júlia... ─ Sua voz rouca e contida me assusta, mas ela não se abala.

─ Nos falamos depois, eu prometo. ─ Dou um beijo em sua

bochecha, quase perto da boca.


As pessoas à nossa volta parecem assistir um programa de televisão,

os sorrisos discretos e cara de descrença são impagáveis. Certeza de que

não estão acostumadas a verem esse Gabriel, não posso julgá-las, essa sua

nova faceta ainda me intriga, mas eu gosto.

Na companhia de Júlia e Samuel, pegamos o elevador e caímos na

risada. Meu amigo nunca enfrentaria o meu “namorado”, não posso dizer o

mesmo da Júlia.

O restaurante escolhido é em frente à empresa, eles são especialistas

em comida italiana.

─ Pois conte tudo e não esconda nada. Como foi a viagem ao Brasil?

─ Foi maravilhosa, o país é lindo e eu facilmente voltaria várias

vezes. Fui à praia, conheci pessoas simpáticas, tive o desprazer de cruzar


com um homem escroto, e Gabriel e eu passamos uma noite perfeita em

uma lancha.

─ Quando ele te pediu em namoro? ─ Samuel pergunta, tomando um

pouco de água e encarando-me sério.

─ Espera, como assim namoro? Não estou sabendo dessa novidade,

por que vocês não tiveram a decência de me contar?

─ Eu estava esperando um momento para contar, conhecendo bem

vocês, sabia que não poderia falar por mensagem ou ligação. Resumindo,
Gabriel pediu para que tornássemos esse acordo real e eu fosse sua

namorada.

Ainda estou pensando em seu pedido, para ser sincera, já tenho uma

resposta, só preciso de tempo para dizer, não sei se ele vai realmente gostar.

─ Anthony, o meu Anthony Gabriel te pediu em namoro? ─

Confirmo, sem conseguir encarar os meus amigos. ─ Você aceitou, né?

Acho que depois de adulto, ele nunca esteve em um relacionamento sério


com ninguém, estou surpresa, preciso admitir.

─ Não, eu disse que precisava pensar.

─ Por quê? Vocês já dormem juntos mesmo, não é como se fosse ruim

para você. ─ Me surpreendo com a resposta do Samuel, pensei que ele seria
contra essa possibilidade.

─ Tem muita coisa que precisa ser levada em conta.

Começo a contar todos os meus receios e questionamentos, Anthony é


um homem dos sonhos para qualquer mulher, mas com ele vem uma

bagagem enorme e preciso levar tudo isso em consideração.

No fim das contas, eu sabia que seria uma boa ideia conversar com os

meus amigos, eles possuem pensamentos e formas de agir diferentes, mas


quando se trata de conselhos, sabem o que é melhor. Realmente me
surpreendi com o Samuel, pensei que ele fosse surtar e falar para que eu não
aceitasse o pedido do Anthony.

Preciso ser sincera comigo mesma, esse homem sempre mexeu com

algo em meu peito que não deveria. Nessa viagem eu tive a confirmação de
que precisava. A forma como não se preocupou com os negócios e me

defendeu daquele idiota. O pedido de namoro e, principalmente, a noite que


passamos no barco, a sensação era de que estava flutuando nas nuvens.

Ficar deitada em seu peito sobre o céu estrelado e a luz do luar, dificilmente
esquecerei.

Claro que nem tudo será flores, eu sei de toda a bagagem que vem
acompanhada com ele e isso está me impedindo de responder ao seu

pedido. A mãe e o próprio senador não vão aceitar facilmente a nossa


relação, tenho receios do que eles podem fazer e de sair machucada no fim

dessa história. Mesmo depois do Anthony deixar bem claro que me


protegeria de todos.

Chego ao gabinete e vou direto para a minha sala, tenho que enfrentar

mais umas quatro horas de trabalho, até o fim do meu expediente. Tentarei
adiantar o máximo de coisas para não ficar com nada acumulado. Na

próxima semana sairá os resultados das provas da faculdade, espero que


tenha corrido tudo bem e eu possa me formar tranquilamente.
─ Savannah, venha até a minha sala, por favor. ─ Diego surge do
nada e sai da mesma forma.

Sigo seus passos e entro, fechando a porta atrás de mim.

─ Precisa de alguma coisa?

─ Você me disse que não tinha namorado.

─ E não tenho, por que a pergunta?

Ele pega o celular e me mostra uma foto minha com o Anthony, logo
abaixo a legenda diz que somos namorados e que estávamos recentemente

em uma viagem ao Brasil.

─ A minha relação com ele é um pouco complicada, não vale a pena

eu te explicar, Diego.

─ Você sabe da minha relação nada amigável com o avô dele?

─ Sim, ele me contou a respeito. Não precisa se preocupar tanto com

essa história, Diego, meu relacionamento não irá atrapalhar em nada o meu
trabalho.

─ Ele sabe que... ─ Parece meio hesitante.

─ Que eu trabalho contigo e dormimos juntos uma vez? Sim, ele tem
ciência de tudo isso. Como eu falei, minha relação com o Anthony é um

pouco complicada, mas deixamos tudo em pratos limpos.


─ Foi por isso que você disse que não iríamos ter nada novamente?

─ Não, e sim pelo fato de você ser meu chefe.

Desde o começo eu tinha certeza de que queria ficar com ele apenas
uma vez, Diego é um homem muito bonito, não tenho dúvidas a respeito

disso. No entanto, eu só queria ter um relacionamento fixo com o Gabriel.

─ Se ele te magoar e precisar de um ombro amigo, estou à sua


disposição. Não irei desistir de você, mas sei reconhecer quando tem outro

em minha frente.

Sorrio, porque essa é uma reação esperada do Diego. Ele é uma

pessoa maravilhosa, talvez se o tivesse conhecido antes do Anthony, não


teria feito o acordo e me aproveitaria da beleza do senador.

Conversamos por mais um tempo e falei sobre a minha relação nada


amigável com a Donna e Benjamin, ele não se surpreendeu, afinal de
contas, todos no meio sabem da fama de pai e filha.
Anthony

Enquanto Samuel apresenta um novo projeto, minha mente começa a

pensar na Savannah. Sinto saudades daqueles lábios perfeitos e de tudo que

eles podem fazer. Ainda estou aguardando sua resposta ao meu pedido, é

como se fosse enlouquecer a cada dia.


Pego meu celular e envio-lhe uma mensagem, preciso sentir um

pouco do calor de seu corpo.

Anthony: Passa a noite comigo?

Savannah: Não sei, o que ganho em troca?

Anthony: Beijos, uma noite intensa de prazer e o privilégio de dormir


nos meus braços.

Savannah: Hum, isso me parece bem tentador. Amanhã tenho que

estar cedo no trabalho, consegue me levar?

Anthony: Claro que sim, passo para te pegar às oito.

Savannah: Não é necessário, eu irei até o seu apartamento. Agora

preciso trabalhar, nos vemos mais tarde, beijos.

Guardo o celular e fico surpreso por não encontrar mais ninguém na

sala, exceto a Júlia, que tem um sorriso enorme enquanto me encara.

─ Onde foi parar todo mundo?

─ A reunião acabou, você parecia tão entretido no celular que

acharam melhor ir embora sem te atrapalhar. O amor é lindo mesmo.

─ O que disse?

─ Eu falei que o amor é lindo, você não consegue mais esconder o

que sente pela Savannah, minha amiga te conquistou completamente. Você


não tem noção de como esperei por esse momento, Anthony.

─ Você tem razão...

─ Espera, você assumiu rápido e sem nenhum questionamento?


Nossa, estou realmente achando que colocaram um clone no seu lugar.

Onde está o Anthony pegador que odiava a ideia de ficar com uma única

mulher?

─ Eu continuo o mesmo, só... ─ Procuro as palavras certas para usar

porque não sei o que dizer.

─ Só se apaixonou e ficou com os quatro pneus arriados, isso em


pouco tempo. Vocês terem se cruzado, ela trabalhar com o Diego, acho que

tudo estava predestinado a acontecer. No fundo, precisa agradecer a Donna.

Realmente, se não fosse por sua insistência ridícula de me casar, eu

teria passado despercebido pela Savannah, mesmo ela sendo uma das
mulheres mais linda que já tive o prazer de ter em minha cama. Hoje, não

tenho mais receio de assumir que me apaixonei, no começo foi um pouco

complicado, porém não tenho a menor dúvida de que quero essa mulher ao

meu lado sem prazo de validade.

─ Ela já aceitou ser sua namorada?

─ Não, e isso está me enlouquecendo. Por que é tão difícil responder


algo simples?
─ Não é tão simples como você pensa, Savannah sabe tudo que está

envolvido em aceitar ser sua namorada. Você não vem sozinho, tem toda

uma bagagem e principalmente sua mãe não vai aceitar facilmente. Então é
necessário levar em consideração todos os prós e contras.

─ Porra, seja sincera comigo, Júlia. Você acha que ela vai aceitar?

─ Talvez sim, talvez não. ─ Levanta-se e caminha em direção à porta.

─ Não surte antes do tempo, no fim das contas tudo se ajeita.

Sai da minha sala, deixando-me pensativo. Ela realmente tem razão,

minha vida não é muito fácil e sei que nessas situações a corda sempre

arrebenta para o lado mais fraco, ou seja, a pessoa que estará do meu lado.

Seja qual for a decisão da Savannah, aceitarei tranquilamente, mas isso não

quer dizer que irei desistir, apenas darei um tempo para que pense em tudo.

Mandei uma mensagem para Savannah perguntando quando seria seu

horário de almoço, ela respondeu dizendo que sairia em meia hora e eu a

convidei para comer. Sei que combinamos de nos encontrar a noite, mas eu

quero vê-la, nem que seja por poucos minutos.

Entro no meu carro e sigo para o gabinete onde ela trabalha, acho que

ultrapassei uns dois sinais vermelhos, eu só não queria ter que chegar muito

tarde, já que ela tem horário para retornar às suas atividades.


Paro em frente ao prédio e vejo o exato momento em que ela sai com

algumas pessoas, entre elas o Diego, que é todo sorriso para o lado da

minha namorada. Buzino chamando sua atenção, Savannah se despede e

caminha em minha direção.

─ Oii. ─ Me dá um selinho. ─ Fiquei surpresa com a sua mensagem,

não combinamos de nos ver a noite?

─ Não posso matar a saudade da minha namorada? ─ Puxo-a para um

beijo mais carnal, ansiei por isso o dia inteiro.

─ Estou com fome e só temos uma hora, aonde vamos? ─ pergunta

quando nos afastamos. ─ Quero comer frutos do mar.

─ Seu desejo é uma ordem.

Dou partida no carro e sigo para o restaurante de um conhecido que

não fica muito distante. Savannah me contou como está sendo seu dia, seu

trabalho está bem corrido porque está nos últimos momentos da eleição,

todas as atenções estão voltadas para isso. É nítido que o Diego irá ganhar,

já até imagino a raiva que meu avô sentirá.

Chegamos ao local e pedimos uma mesa discreta, do jeito que esses

malditos jornalistas estão no meu pé, amanhã sairão fotos desse almoço.

Queria que eles me deixassem em paz, eu não quero ser famoso.


Fazemos nosso pedido e conversamos amigavelmente, a forma como

Savannah consegue me arrancar um sorriso sincero me deixa intrigado. A

cada dia que nos encontramos, descubro uma nova faceta e fico mais

encantado com toda a complexidade dessa mulher. Ela me perguntou como

estão as coisas no trabalho, disse que o amigo pediu para que intercedesse

por ele, pois segundo o Samuel, está cheio de trabalho. Como sou um chefe

maravilhoso, irei delegar-lhe mais algumas funções.

─ Por que você não pergunta sobre o pedido que me fez? ─ Leva um

pouco de comida à boca, encarando-me seriamente.

─ Eu prometi que não iria te pressionar sobre esse assunto, por mais

que esteja ansioso para escutar sua resposta.

─ Por que toda essa ansiedade?

─ Savannah, essa é a primeira vez que peço alguém em namoro, não

sou muito bom com essas coisas e não sei como agir. Você me pediu um

tempo para pensar, então te darei.

─ Vamos conversar hoje à noite, ok?

─ Sim, nem pense em furar comigo. ─ Aproximo-me um pouco e

coloco uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

Terminamos nosso almoço em um silêncio agradável. Pago a conta e

seguimos para o estacionamento, Savannah precisa estar no trabalho em


vinte minutos, pois terá que acompanhar o senador em um comício.

Antes de adentrarmos, prendo seu corpo contra o carro e a beijo, não


consigo explicar a saudade que estava sentindo desses lábios. A mistura de

Savannah e suco de laranja é ainda mais deliciosa, exploro cada pedacinho

de sua boca. Suas mãos estão em volta do meu pescoço e ela me puxa para

mais perto.

Se não fosse o seu trabalho, eu facilmente a levaria para o meu


apartamento e saciaria o desejo dos nossos corpos. Antes que pudéssemos

perder o controle, nos afastamos.

─ Agora você está proibida de me dar um bolo, Savannah. Olho só

como estou. ─ Pego sua mão e levo até o volume em minha calça.

─ Você não será o único beneficiado se eu passar a noite contigo, não


faz ideia de quantas vezes durante essa semana me imaginei nos seus

braços.

Beija o canto da minha boca e entra no prédio, deixando-me com um

puta tesão. Ela sabe o poder que tem sobre sim e não se preocupa em
aproveitar. Respiro fundo antes de entrar, preciso me controlar até a noite e

não deixar que meu pau comande as minhas ações.

A noite tudo se resolverá, algo me diz que terei uma boa notícia.
Savannah

Depois de um dia exaustivo e algumas horas presa no trânsito,

finalmente estou a caminho de casa. Tivemos muito trabalho para fazer,

agora finalmente estou colocando em prática o que aprendi na faculdade de

Relações políticas. Por um momento pensei que Diego ficaria estranho por
descobrir sobre o Anthony, nada disso aconteceu e o clima entre nós

continuou tranquilo.

Posso dizer que a melhor parte do meu dia foi almoçar com Anthony,
mesmo que tenha sido pouco mais de uma hora, deu para aproveitar

bastante a sua companhia.

Decidi aceitar o seu pedido de namoro, eu pretendia convidá-lo para


sair e contar a minha decisão. Como ele pediu para que passasse a noite ao

seu lado, vou aproveitar o momento. Tenho pouco mais de duas horas para

me arrumar e sair.

─ Mãe, estou em casa. ─ Escuto algumas vozes que me parecem

familiar. ─ Mãe...

Congelo no mesmo lugar assim que vejo quem é a visita. Sentada ao


lado da minha mãe, Donna tem um sorriso vitorioso estampado. Como essa

mulher achou a minha casa?

─ Filha, essa senhora veio nos visitar, ela disse que é mãe do seu

namorado.

─ Sim, ela é mãe do Gabriel.

─ A senhora Adella é uma pessoa maravilhosa, você se parece muito

com sua mãe, Savannah. ─ Aproxima-se e me abraça. ─ Vamos conversar

em particular.
─ Mãe, vou falar com a minha sogra no quarto.

Subo as escadas e a bruxa me acompanha, tenho certeza de que essa

visita não é por um bom motivo. Entramos no quarto e ela observa tudo

com uma expressão de nojo, para Donna que respira dinheiro, não deve

estar acostumada com casas humildes.

─ Eu quero que você se afaste do meu filho.

─ Não irei me afastar, já deixei bem claro para o seu pai. Não estou à

venda, antes que tente me oferecer dinheiro.

─ Deixa eu reformular a minha frase, talvez não consiga compreender


o nosso idioma perfeitamente. Você vai se afastar do meu filho, caso

contrário precisará arcar com as consequências.

─ Eu não tenho medo de você, não irei me afastar do Gabriel só

porque você não gosta de mim.

─ Você acha mesmo que eu aceitaria uma mulher como você sendo

minha nora? Deixei que o meu filho brincasse com essa história de

relacionamento, eu sei que vocês são imigrantes e se não se afastar do


Anthony, podem ir dando adeus e se preparando para voltar ao México.

─ Nós estamos aqui legalmente, você não pode fazer nada a respeito

disso. Por que não consegue aceitar as decisões de seu filho?


─ Eu não vou aceitar nunca uma mulherzinha como você. Se afaste

do meu filho e continue levando sua vida insignificante longe da nossa

família. ─ Suas palavras são duras, mas não me ofendem.

─ Se era só isso o que você queria dizer, vá embora da minha casa.

Não irei me afastar do Gabriel, somos adultos e podemos decidir com quem

queremos ficar.

─ Estou perdendo minha paciência contigo, menina. ─ Segura em


meu braço, apertando com mais força que o necessário. ─ Savannah e

Adella Madero, imigrantes mexicanas, legalizadas a cerca de três anos.

Deixaram o país fugidas de um pai violento que jurou matá-las. O que

acontecerá se vocês retornarem para o México? Hum, talvez o seu pai

queira colocar todos os pontos em seu devido lugar.

Surpreendo-me por ela saber sobre todas essas coisas, infelizmente o

dinheiro compra tudo e Donna não faz o tipo que pouparia esforços.

─ Você vai se afastar do meu filho e sair da cidade, não quero saber

para onde vocês vão. Se eu descobrir que continua nesta casa, usarei toda

influência e dinheiro para fazer com que a deportem.

─ Você não pode fazer isso, as leis...

─ Somos nós, pessoas ricas, que fazemos as leis. Eu não estou

brincando, se quiser pagar para ver, continue ao lado do meu filho.


Anthony disse que me protegeria e que eu poderia confiar nele, será

que nessa situação, onde a ameaça parte de sua mãe, eu também teria seu

apoio? Sei que a relação deles não é boa, mas no fim das contas o laço

sanguíneo deve falar mais alto. Se a ameaça tivesse sido feita diretamente

para mim, não me importaria de pagar para ver as consequências, no

entanto, estamos falando do risco que minha mãe corre ao ser vista pelo

meu pai, não posso, em hipótese alguma, pagar para ver.

Meu pai jurou que da próxima vez que cruzássemos seu caminho, nos

mataria. Ele tem grande influência, sei que se pisássemos em qualquer parte

do México, ele descobriria em dois tempos.

Merda! O que eu vou fazer? Logo agora que estava decidida a aceita

o pedido de namoro do Gabriel, eu sabia que o silêncio dessa bruxa era

perigoso.

─ Até quando podemos ficar aqui?

─ Não percam muito tempo, aproveitem a noite tranquila para saírem

da cidade. Amanhã de manhã mandarei verificar, espero que cumpra com

sua palavra e deixe o meu filho em paz.

─ Não lhe dei nenhuma palavra, Donna. Se eu fizer isso, saiba que é

unicamente pela minha mãe, uma mulher maravilhosa que não merece

pagar pelas decisões de sua filha. Você não sabe o que é isso, né? ─ Ela
continua a sorrir, deixando-me com raiva. ─ Eu vou embora, mas saiba que

você nunca...nunca conseguirá ser feliz e realizada, sabe por quê? Porque é

uma mulher fria e as pessoas que permanecem ao seu lado é por algum

interesse.

─ Isso não é verdade, eu tenho um marido e filhos maravilhosos,

além de amigos da alta sociedade.

─ Até pode ser, porém não por muito tempo. Simon já se afastou de

você, não vai demorar para o Anthony fazer o mesmo. E o senhor James,

tenho esperanças de que perceba a mulher soberba e podre que tem ao lado.

─ Olha como fala comigo, sua mulherzinha. ─ Tenta me acertar um

tapa e seguro sua mão.

─ Não ouse encostar um dedo em mim ou não serei capaz de me


responsabilizar. Saia da minha casa, você já despejou todo o seu veneno.

Com um sorriso de orelha a orelha diz:

─ Foi um prazer te conhecer, Savannah. Espero que tenha uma vida

tranquila longe do meu filho.

Sai batendo a porta e desabo na cama, deixando que as lágrimas que

eu segurava molhem meu rosto. Se fosse em uma outra situação não cederia

à sua chantagem, porém é a vida da minha mãe que está em jogo e ela é a
pessoa mais importante da minha vida. Eu gosto do Anthony, mas não

posso carregar a bagagem que vem com ele.

Pego uma mala e jogo algumas roupas dentro, pego os documentos e

algumas coisas importantes. Não conseguiremos sair da cidade esta noite,

teremos que ficar em um hotel até que consiga pensar no que fazer. Ainda

tenho uma parte do dinheiro que Anthony me deu, ele servirá de grande

ajuda.

─ Mãe, a senhora precisa arrumar suas coisas imediatamente ─ falo

assim que chego na sala, obtendo sua atenção.

─ Por quê? O que está acontecendo filha? ─ Sua preocupação é

visível, amaldiçoou-me por ter causado tudo isso.

─ A senhora confia em mim? ─ Maneia a cabeça confirmando. ─


Então arrume uma mala, pegue seus documentos e remédios, sairemos em

meia hora. Eu juro que depois te contarei tudo, ok?

Sem mais questionar, minha mãe faz o que pedi. Sento-me no sofá e

começo a chorar novamente, odeio estar de mãos atadas e sem saber o que
fazer. Sinto-me completamente impotente nessa situação, no fim das contas

o dinheiro ganhou.

Enquanto ajudo a minha mãe, meu celular sinaliza uma mensagem do


Anthony.
“Preparei uma das minhas especialidades culinárias, talvez consiga
te conquistar pelo estômago.”

Droga, começo a chorar de novo e minha mãe me puxa para um

abraço. Durante o almoço, vi em seus olhos como ele estava ansioso,


Anthony me pareceu sincero em todas as suas palavras e só me reafirmou

que eu tinha tomado a decisão certa.

Por que essa dor no peito?

─ Eu não sei o que está acontecendo contigo, minha única certeza é

da relação daquela mulher em tudo isso. Confio em você, filha, sei que sua
atitude deve ser o melhor para gente.

─ Mãe, eu te amo mais que tudo.

Permaneço um tempo em seus braços, nos afastamos quando

escutamos o barulho de uma buzina, deve ser o táxi que chamei. Assim que
terminei de arrumar as malas, liguei para um hotel e fiz as reservas.
Entramos no carro e seguimos para o nosso destino, que fica há umas três

horas de distância.

Aproveito e envio um e-mail para o Diego, falo que surgiu uma

emergência familiar e precisarei me ausentar do trabalho por tempo


indeterminado. Se ele quisesse reincidir o contrato, anexasse o documento

que eu assinaria e enviaria novamente.


Queria ter me despedido dos meus amigos, mas sei que se encontrar o
Samuel e Júlia ia acabar abrindo a boca e não pretendo pagar para saber se

Donna cumprirá com suas palavras.

Minha mãe está em silêncio, parecendo bem pensativa. Eu não sei

como agir daqui para frente, antes de pensar em qualquer coisa, preciso
encontrar uma forma de amenizar essa dor em meu peito.

“Desculpa por ter feito você perder seu tempo, nesse momento o

melhor é encerrarmos de vez esse acordo. Pode anunciar que estamos


separados, não deve demorar para aparecer alguém que chame sua

atenção. Não precisa me procurar, não temos mais nada para falar.”

Aperto enviar e desligo o celular, sentindo a dor em meu peito

aumentar, ao mesmo tempo que tento controlar os soluços causados pelo


choro.

Eu o perdi, mesmo sem ele nunca ter sido oficialmente meu.


Anthony

Que merda isso significa?

Leio e releio várias vezes essa mensagem, tentando assimilar tudo que
está escrito. Quando nos encontramos, ela parecia feliz, Savannah não deu
nenhum indício de problema, muito pelo contrário, passei a acreditar que

teria uma resposta positiva.

Disco seu número e tenho vontade de jogar o celular na parede, não


aguento escutar a mesma resposta:

“Esse número está fora da área de cobertura, tente novamente em

outro momento.”

Savannah, o que você quer me dizer?

Paro de me lamentar, pego a chave do carro e corro para sua casa, ela
precisa me dar uma explicação cara a cara. Não aceitarei que rompa o nosso

acordo dessa forma, não no nível que se encontra nossa relação.

No caminho, ligo para Júlia, ela deve ter alguma resposta.

─ Onde está a Savannah? ─ pergunto assim que ela atende.

─ Não sei, deve estar na casa dela. Por que a pergunta?

─ Recebi uma mensagem em que Savannah terminava tudo entre a

gente, sendo que tínhamos combinado de passar a noite juntos.

─ Isso não faz o menor sentido, ela disse que aceitaria.

Saber disso só me deixa mais desconfiado, tenho certeza que alguma

coisa séria aconteceu. Como tudo pode ter mudado em um intervalo tão

pequeno?
─ Júlia, se você entrar em contato com ela, por favor fala para

Savannah me ligar. Espero sinceramente que tenha uma explicação para

tudo o que está acontecendo.

─ Onde você está?

─ Estou indo na casa dela, mesmo sentindo que não a encontrarei.

Porque estou com esse aperto no peito, Júlia?

A sensação de perda é horrível, meu peito dói e não consigo pensar

direito sobre tudo que está acontecendo. Não consigo aceitar que a primeira

mulher que eu decidi entregar o meu coração, me deixou da maneira mais

cruel que se pode imaginar, ou seja, através de um bendito celular.

─ Essa dor que você está sentindo, faz parte do pacote chamado

amor. Porque ele também machuca e muitas vezes é difícil de descrever o

tamanho dessa dor. Antes de tomar qualquer decisão, lembre-se de que nem

tudo é o que parece, e Savannah deve ter um motivo.

─ Quando estávamos no Brasil, deixei bem claro que ela poderia

contar comigo independente da situação. Eu a protegeria de tudo e todos,

por isso, mesmo que eu pense, é como se minha mente estivesse em branco

e não consigo chegar a lugar nenhum.

Um barulho alto de buzina chama minha atenção, eu estava tão

focado na ligação, que por um momento esqueci que estava na estrada. Por
sorte, consegui recuperar os sentidos e evitar uma colisão. Neste momento,

não preciso de mais um problema.

─ Porra, Anthony, você continua dirigindo enquanto fala comigo?

Por Deus, todo mundo sabe dos perigos de estar ao volante e falar no

celular ao mesmo tempo. Eu vou desligar para que você foque sua atenção

no trânsito. Se concentre e me mantenha informada, tentarei algum contato

com ela.

Desligo a ligação e alguns minutos depois estaciono em frente à casa,

todas as luzes estão apagadas, indicando ausência das moradoras. Grito o

nome da Savannah e Adella, completamente sem sucesso, pois é evidente

que elas não estão.

─ Moço, você só está perdendo tempo, elas não estão. ─ O vizinho da

porta ao lado diz, olhando-me pela janela.

─ O senhor sabe se elas saíram há muito tempo?

─ Pouco mais de duas horas, entraram em um carro carregando

algumas malas. Acho que viajaram, não tenho certeza.

Malas? Merda! Tudo isso está ficando cada vez mais confuso. Elas

foram embora por qual motivo? Agradeço ao senhor e entro de volta no

meu carro, dirijo em direção ao prédio da Júlia. Chego em tempo recorde,

como tenho entrada liberada, subo direto para o seu apartamento.


Toco a campainha e minha amiga não demora a abrir.

─ Júlia, eu fiz alguma coisa de errado? Por que Savannah foi embora

sem se despedir adequadamente? Sou tão sem importância para ela?

Faço uma pergunta atrás da outra, torcendo para que ela tenha uma

resposta, mesmo sabendo que não está em suas mãos. Porra, acho que essa

é a primeira vez que me sinto impotente e de mãos atadas.

─ Eu queria muito ter como responder, mas a única certeza que eu

tenho, é de que tem alguma coisa errada.

─ Como pode ter tanta certeza? Talvez ela tenha enjoado da minha

cara ou ficou assustada com o pedido de namoro e achou melhor ir embora.

Massageio as minhas têmporas, como se isso fosse capaz de me

ajudar de alguma forma.

─ Nem você mesmo acredita nisso, eu te falo como amiga de ambos,

Savannah iria aceitar ser sua namorada. Você acha que é o único que não

conseguiu deixar os sentimentos longe da relação?

O que isso significa? Realmente não consigo compreender.

─ E como explicar essa maldita dor que eu estou sentindo? É

sufocante, não consigo comparar com nada.

─ É normal sentir esse aperto no peito quando perdemos alguém que

amamos. É a primeira vez que você de fato se apaixona e infelizmente,


precisou lidar com todas as fases que estão envolvidas em se apaixonar.

─ Não sei o que fazer, Júlia. ─ Puxa-me para um abraço e ficamos

assim por alguns minutos. ─ Será que ela vai voltar para mim?

─ Vamos esfriar a cabeça e tentar pensar com clareza. Talvez elas

tenham sido ameaçadas, quem teria coragem de fazer isso?

─ A minha mãe.

Uma luz se acende em minha mente imediatamente. Por que não

pensei nisso antes? Eu estava achando estranho todo o seu silêncio,

imaginei que pudesse aprontar alguma coisa, só não pensei que fosse agir

diretamente contra a Savannah. Minha mãe é o tipo de pessoa que não mede

esforços quando se trata de conseguir o que quer.

─ Eu vou agora mesmo tirar isso a limpo. ─ Tento levantar e sou

impedido pela minha amiga. ─ Júlia, me solta.

─ Não deixarei você agir com a cabeça quente, antes de confrontar a

sua mãe, precisamos ter provas de que isso realmente aconteceu. Primeiro

nos concentraremos em descobrir o paradeiro delas.

Será que a minha mãe apelou para a chantagem?

Eu disse que iria protegê-la, por que não me deu uma chance de fazer

o que havia dito?


Eu sou louco por essa mulher, será que não percebeu que eu faria o

impossível para tê-la ao meu lado?

Farei o que Júlia sugeriu, se eu for até a minha mãe agora, sou capaz

de esquecer do nosso laço sanguíneo e perder a cabeça. Pedirei ajuda ao

Simon, se nossas suspeitas se confirmarem, eu vou cumprir com minha

palavra e destruí-los.

Donna

─ Senhora, encontramos todas as informações que solicitou. ─ Um

dos nossos seguranças diz, entrando na minha sala.

Mandei que fizessem uma investigação sobre a mulherzinha que meu


filho insiste em apresentar como namorada. Nunca permitirei que eles

fiquem juntos, ela não faz parte da nossa classe social e com certeza deve
estar interessada apenas no dinheiro do besta.

Fiquei quieta, deixei que ele acreditasse que eu a tinha aceitado, isso
nunca acontecerá.

─ Foi difícil obter as informações?


─ A senhorita Savannah Madero é uma imigrante mexicana, não foi
muito difícil obter tudo que eu precisava. Nesta pasta tem todas as

informações que julguei serem importantes.

─ Tem algo que posso usar para chantageá-la e conseguir o que


quero?

Não será a primeira vez, muito menos a última, que uso desse tipo de
artimanha. Pessoas com dinheiro conseguem coisas inimagináveis, não

medirei esforços para conseguir o que desejo. Anthony pode não se casar
como desejo, mas também não ficará com essa mulher.

─ Elas saíram do país fugidas por causa de um pai abusivo, ele tinha

envolvimento com os cartéis mexicanos e não se importava em agredir


fisicamente a mulher e filha.

Não estou surpresa, esse tipinho de gente tem prazer em se envolver


com coisas erradas. Agora, mais do que nunca, não quero meu filho ao lado

dessa mulher, muito menos tê-la ligada ao nome da nossa família.

─ Ele ainda procura por elas?

Talvez eu devesse fazer uma ligação para esse homem, ele pode

querer dar uma lição na sua mulher e filha.

─ Sim, se pisarem em solo mexicano, não importa a cidade, ele

descobrirá. Acredito que o maior medo seja ser encontradas por esse
homem ─ fala, analisando o documento que tem em mãos. ─ Se a senhora
quer obter alguma coisa da senhorita Savannah, pode usar essa informação

que terá êxito.

─ Irei transferir o dinheiro para sua conta, pode se retirar agora.

Maneia a cabeça e faz o que peço.

Começo a ler o dossiê, sua vida sempre foi bem insignificante, nada
de muito interessante, exceto o fato de ter um pai bandido. Passo algumas

folhas, informações sobre a faculdade, amigos e local de trabalho. Ela é


estagiária em um gabinete político, procuro o nome da pessoa e pela

primeira vez fico chocada.

Essa mulherzinha trabalha para o senador Diego? Como tem coragem


de ajudar o rival do avô de seu suposto namorado?

Aposto que ela deve ser uma espiã do outro lado, não posso acreditar
que Anthony a levou para dentro da minha casa. Agora, é questão de honra

afastá-la do meu filho, se ela pensa que se dará bem às custas da nossa
família, está muito enganada.

Meu celular toca e o nome do meu pai aparece no visor.

─ Encontrou uma maneira de fazer seu filho desnaturado nos apoiar?

─ Pai, eu tenho uma carta na manga que será muito útil. Farei com

que a namorada dele vá embora, finalmente conseguiremos usá-lo para


conseguir o apoio que precisamos.

Apesar de ter muitos anos na política, ninguém oferece apoio a

campanha sem receber nada em troca. Os que pediram dinheiro,


conseguimos resolver facilmente, mas o ministro pediu algo mais

complicado e o bastardo do meu filho não colabora.

─ Eu preciso ganhar essa eleição, Donna.

Meu pai nunca aceitaria perder para uma pessoa mais jovem, ainda

mais se tratando do senador Diego que sempre que tinha oportunidade,


confrontava-o. Ele está na frente nas pesquisas, porém se obtivermos o

apoio do ministro, conseguiremos mudar essa situação.

Conversamos por mais alguns minutos, encerro a ligação e sigo para

o meu destino. Comunidade de imigrantes mexicanos, vou acabar de vez


com esse relacionamento.
Anthony

Dez dias...dez malditos dias se passaram e ainda não tive notícias do

paradeiro da Savannah. Meu irmão está me ajudando, preciso descobrir sua

localização para ir ao seu encontro. Minhas dúvidas se confirmaram,

descobri que um dos seguranças da minha mãe andou investigando sobre a


minha mulher. Não fico surpreso, dela espero tudo, porém não deixarei isso

barato.

Chego ao prédio da empresa e não me dou ao trabalho de


cumprimentar ninguém, não estou com humor para ser sociável. Antes de

entrar na minha sala, peço para minha secretária mandar o Samuel vir

urgentemente.

Tenho uma reunião no período da tarde e preciso do máximo de

concentração, coisa que não faz parte da minha rotina nos últimos dias. Por

mais que eu tente, só consigo pensar na Savannah e como eu daria tudo para

ter essa mulher ao meu lado.

─ Não, ela não entrou em contato comigo e continuo preocupado

igual a você ─ fala entrando na minha sala, sem que eu faça qualquer

pergunta.

─ Tem certeza de que ela não mandou nenhuma mensagem?

─ Absoluta, nosso último contato foi no dia em que elas sumiram.

Não sei mais onde procurar, para ser honesto, estou achando até que ela

mudou o número de celular.

─ Ainda não posso acreditar que ela decidiu ir por esse lado, porra, eu

não mediria esforços para protegê-la.

─ O ataque veio da sua mãe, você realmente a protegeria disso?


─ Claro que sim, todo mundo sabe que não temos uma relação

maravilhosa. Fui bem claro para a Savannah quando disse que iria protegê-

la e que ela poderia confiar em mim. Savannah é a única mulher que me

apaixonei, seria capaz de tudo, até mesmo enfrentar a minha mãe.

─ Não podemos julgar as atitudes da minha amiga, ela faria de tudo

pela tia Adella e se sua mãe tinha informações, deve ter usado isso em

benefício próprio.

─ O que seria capaz de fazê-la sumir dessa forma?

─ A ideia de serem encontradas pelo pai, Savannah deve ter

comentado contigo. Ele é um homem que se envolve com cartéis, era muito

violento e esse foi o motivo de terem saído do México.

─ Você acha que ele viria atrás delas?

Pensar nisso me deixa extremamente preocupado, não irei me perdoar


se algo acontecer com elas por causa da maldade da minha mãe. Eu

realmente pensei que ela tinha se convencido, sabia que seu silêncio era

suspeito, só não imaginei que Donna jogaria tão baixo como fez.

Costumo cumprir com minhas promessas, ela obviamente não agiu

sozinha e farei aquilo que prometi. Acabarei com a candidatura do meu avô,

não é por isso que estão agindo dessa forma?


Conversamos mais alguns minutos e Samuel se retira, ele e Júlia

também estão me ajudando bastante. A dor que eu sentia nos primeiros dias

se transformou em raiva, não pela Savannah, mas por tudo que está
acontecendo. Espero conseguir reverter essa situação, não aceitarei perder

facilmente a mulher que amo.

Sim, amo!

No começo não entendia muito bem o que estava sentindo, mas toda
essa merda que está acontecendo me ajudou a entender que não quero

continuar sem a Savannah. Sinto falta do seu sorriso, sua intensidade, seus

beijos e língua afiada. Ela apareceu e virou minha vida de cabeça para

baixo, talvez, tudo que eu estava precisando era dessa bagunça.

Chego à residência dos meus pais e vou direto para a sala de jantar,

onde os encontro reunidos com o meu avô. Cumprimento com um maneio

de cabeça e sento-me ao lado do papai, o único que ainda me importo nessa

casa.

─ Pai, me desculpe ─ sussurro apenas para que ele escute.

─ Não precisa se preocupar comigo, faça o que for necessário.

Há uns dias saímos para almoçar e contei tudo que estava

acontecendo. Ele ficou indignado como eu, ninguém consegue entender por
que Donna e Benjamin preferem agir dessa forma ao invés de serem

honestos. O mundo não é feito apenas de vitórias, em algum momento o

outro lado vai vencer e está tudo bem. Assim como as flores precisam de

água para sobreviver, nós precisamos de desafios e muitas vezes eles são

como tempestades, mas no fim das contas, se for para acontecer, será.

─ Filho, onde está sua namorada? ─ Arqueio uma sobrancelha com a

cara de pau.

─ Não pensei que a senhora fosse tão cínica a esse ponto...

─ Olha o respeito com a sua mãe, perdeu os modos com aquela

mulherzinha?

─ Por que eu devo respeito a uma pessoa que não faz o mesmo? Todo

mundo sabe que mamãe desconhece o significado dessa palavra, ela não se

importa de passar por cima dos outros, desde que obtenha vantagens para si

mesmo. A senhora acha mesmo que eu não descobriria sobre a chantagem?

─ Que chantagem? ─ Se faz de desentendida, olhando de relance para

o meu avô.

─ Eu te disse para não mexer com a minha namorada, por que não

consegue fazer o básico que é respeitar as minhas escolhas?

─ Eu nunca vou aceitar que uma imigrante seja associada ao nome da

nossa família.
─ E quem lhe disse que ela gostaria de se associar a senhora? Mãe,

não seja tão convencida. A minha namorada estará ligada a mim, não a

senhora ou qualquer pessoa de dentro dessa casa.

─ Isso é que você pensa.

─ Talvez, até porque eu a conheço o suficiente para saber a índole da

minha namorada. Bem diferente da senhora, que a cada dia se torna mais
podre por dentro. Sério que achou que poderia ameaçar a minha mulher e

eu não iria descobrir?

Neste momento minha voz fica mais alta, a calma que tentei manter

está indo pelos ares.

─ Ela deve ter ido embora porque encontrou um homem mais rico, é

comum as mulheres agirem dessa forma nos dias de hoje. ─ Meu avô fala
na maior naturalidade.

─ Cansei dessa merda. ─ Jogo a pasta com as informações que

consegui na direção deles. ─ Eu sei que a senhora usou do dinheiro para

conseguir um dossiê sobre a minha namorada e usou isso para chantageá-la.

Sério que pensou que eu aceitaria isso tranquilamente?

─ É só uma mulher como outra qualquer.

─ Errado, mãe. Savannah é a mulher que eu amo, a única que

conseguiu conquistar o meu coração. Amor, a senhora sabe o que é isso?


─ Claro que sei, eu te amo.

─ Não, a senhora só ama a si mesmo e sua posição social, como se


isso fosse algo realmente relevante. Em algum momento se perguntou o que

era melhor para a minha felicidade?

Diante de seu silêncio, eu grito:

─ Responda, mãe. Em algum momento pensou na felicidade do seu

filho?

─ Tudo que eu faço é para o seu bem, uma pena que não enxergue

isso. ─ Se mantem séria e isso está me enlouquecendo.

─ Vovô, o senhor se importa com algo além da sua maldita


candidatura?

─ Me importo com a sua felicidade e imagem, por isso acho que


deveria ter se afastado há tempos dessa mulher. Não pega bem para um

homem em sua posição, ser namorado de uma imigrante.

─ A minha felicidade está na Savannah, é difícil de aceitarem?

─ Nunca aceitarei essa mulher como minha nora, se bem que, acho

que você nunca mais a verá. ─ O sorriso de canto me deixa puto.

Minha mãe sempre foi essa mulher ruim?


─ Filho, você é adulto, não precisa se importar com o que vão achar.
Se sua mãe não quer aceitar a menina Savannah, faça como seu irmão...

─ Quer conselho idiota é esse, James?

─ A única coisa que importa é a felicidade dele; você, o Benjamin ou


qualquer outra pessoa não tem direito de se intrometer. Nosso filho é um

homem, não cabe a nós querer ditar quem ele pode ou não amar. ─ Seu tom
de voz é firme e contido. ─ Donna, você se cegou com bens materiais e

status, nenhum de nós é melhor que ninguém.

─ Eu sou melhor que essa mulherzinha.

─ Talvez você tenha mais dinheiro, mas Savannah tem algo que você

nunca terá. Um coração puro.

─ James...

─ Quando nós morremos, viramos pó igualmente. Não é necessário

humilhar, machucar e denegrir os outros para nos sentirmos melhor. Você


não é mais a mulher que me apaixonei há quase quarenta anos, não te

reconheço.

─ Mãe, não interfira mais nos meus assuntos.

─ Vai atrás daquela mulherzinha? Ela deve estar bem longe, com

medo do pai bandido encontrá-las.

Começa a gargalhar, deixando-me enojado.


─ A senhora escutou a merda que acabou de falar? Quer dizer que é
capaz de tudo, até machucar os outros apenas por prazer?

─ Não machuquei ninguém, só disse que poderia dar um


empurrãozinho para que matasse a saudade do pai. Elas estão aqui há muito

tempo.

─ Eu só darei um aviso a vocês dois, podem dar adeus a essa


candidatura e sua carreira na política, vô. Vou destruir aquilo que vocês

mais amam, não deveriam ter brincado com a minha mulher.

─ Você não seria capaz, meu neto, nós ainda somos sua família.

Porra, a calma dele realmente me tira do sério. Se meu pai não


estivesse aqui, infelizmente, eu teria perdido a paciência e esquecido nossos
laços sanguíneos.

─ Errado, o papai e Simon são minha família. A partir do momento


que decidiram mexer com a Savannah, renunciaram a qualquer laço entre

nós. Não me procurem e esqueçam da minha existência.

─ Anthony, você não pode agir dessa forma.

─ PORRA! É claro que eu posso. Pela primeira vez na vida, eu estava

feliz, mãe. Descobrindo sentimentos novos, aprendendo a amar e o que a


senhora fez? Isso mesmo, decidiu chantagear a minha mulher para que ela

fosse embora, sem se preocupar em como eu ficaria.


─ Você sempre teve a mulher que quis na cama, conseguirá outra

facilmente. ─ Meu avô diz, pegando uma bebida no minibar.

─ Eu não quero outra mulher, quero a minha Savannah. Não irei


continuar perdendo o meu tempo, o recado está dado, só esperem que terá

troco.

Vou até o meu pai e o abraço, saindo logo em seguida. Em breve será

o meu primeiro ataque, Simon conseguiu as provas que eu precisava e meu


avô dará adeus à presidência.
Savannah

Sinto como se meus dias passassem arrastados, eu acordo,

cumprimento a minha mãe, ajudo em algumas tarefas domésticas e volto

para o meu quarto. Não consigo descrever a dor em meu peito, eu não fazia

ideia de que sentiria tanta falta do Anthony. Todas as noites pego o celular e
pesquiso sobre sua vida, meu maior medo é entrar em um site de fofoca e

descobrir que ele está namorando.

Eu sei que renunciei ao nosso relacionamento, ou qualquer coisa que


estava acontecendo entre nós. Entendo que poderia ter falado com ele, mas

no momento, minha única preocupação era a minha mãe, e eu estarei

sempre disposta a renunciar à minha felicidade por ela.

Estamos em uma cidadezinha no interior, a escolha foi para dificultar

nos encontrarem, não sei se essa ameaça seria o único ataque da Donna.

Por várias vezes pensei em enviar uma mensagem para os meus


amigos, no entanto, desisti por não saber o que falar. Há uns dois dias

assinei a minha demissão e enviei para o Diego, ele se prontificou a segurar

a minha vaga, mas eu não sei quando e se voltarei, achei melhor dar

oportunidade para outra pessoa.

Minha mãe saiu para comprar algumas coisas no mercado. Logo de

início, ela não me perguntou o motivo de sairmos praticamente fugidas,

uma semana depois sentamos, esclareci tudo e contei os mínimos detalhes.

Dona Adella me repreendeu dizendo que eu deveria ter me despedido

corretamente do Anthony, segundo a voz da experiência, ele gostava de

mim.
Descobri estar apaixonada da pior maneira, perdi as contas de quantas

vezes acordei no meio da noite, depois de sonhar com o Gabriel. Minha

única reação era chorar, na manhã seguinte estava cheia de olheiras.

Será que ele está com alguém?

Qual será a mulher da vez?

Anthony não pode esperar por uma incerteza, não é mesmo?

Droga! Lá vem essa maldita dor no peito novamente, toda vez que

penso na possibilidade de ele estar com outra mulher sinto um aperto.

Mesmo tendo ciência de que eu abri mão desse homem.

─ Filha, corre aqui. ─ Assusto-me com a voz da minha mãe e corro

em sua direção.

─ O que houve, mãe?

─ Eu estava na feira e vi na televisão que estavam falando sobre o

senador Benjamin, parece que ele está envolvido em um escândalo enorme.

Disseram que isso é horrível, visto que estamos há poucos dias da eleição.

─ Tem certeza de que escutou certo?

─ Claro que sim, também saiu no jornal impresso, trouxe para você

dar uma olhada.


Entrega-me e procuro a matéria que fala sobre o senador. De acordo

com o jornalista, eles receberam provas que comprovam a compra de votos

no senado, todas intermediadas pelo senador Benjamin, além de esquemas


de funcionários laranjas. Eu não deveria estar surpresa, mas ainda assim as

coisas que leio deixam-me chocadas. Agora faz sentido ele ter permanecido

por tanto tempo na política, coisa boa não estava fazendo.

Ele e Donna devem estar enfurecidos, são capazes de vender a alma

para o diabo por causa disso.

─ Quem será que fez isso? São informações difíceis de conseguir,

essa pessoa parece não ter medo das consequências.

Anthony Gabriel.

Não tenho dúvidas, esse não é um ataque de concorrente, a intenção é

acabar com a imagem do senador Benjamin, e Anthony é o único que faria


sem se preocupar com represálias.

A incógnita para mim é: Por que ele fez isso?

─ Mãe, vou para o meu quarto.

Entro, fecho a porta atrás de mim e me jogo na cama, pegando o

antigo celular. Ligo o aparelho e logo diversas mensagens começam a

chegar, assim como inúmeras ligações dos meus amigos, Anthony e Diego.
Decido começar pelo Anthony, o homem que vem povoando meus

pensamentos diariamente.

Anthony Gabriel: Savannah, onde você está? Eu disse que iria


protegê-la.

Anthony Gabriel: Sinto como se fosse enlouquecer, seja lá o que

esteja acontecendo, eu posso ajudá-la. Por que você não volta?

Anthony Gabriel: Hum, quase um mês se passou desde que você me

encheu de esperanças, e depois arrancou meu coração sem se preocupar

em estar dentro dele. Eu acho que você mudou de número, então deve ser

em vão essas mensagens.

Anthony Gabriel: Hoje completa um mês do pior dia da minha vida.

Sabia que você foi a primeira mulher que me apaixonei? Se eu soubesse

que doía tanto, não tinha lhe feito aquele acordo quando nos encontramos.

Acho que você está feliz, só queria poder voltar no tempo.

As lágrimas que eu segurava descem de maneira desenfreada quando

término de ler a última mensagem. O tempo inteiro ele se referia no


passado, isso quer dizer que não sente mais nada por mim? Droga, eu não

deveria estar chorando, afinal de contas escolhi me afastar.

A quem estou querendo enganar? Meu peito parece que está sendo

esmagado sem qualquer piedade. Sinto como se essa mensagem fosse uma
despedida, ele cansou de me esperar e está me dizendo que seguirá em

frente. Meu corpo treme por causa dos soluços, por que está doendo tanto?

─ Filha... ─ Minha mãe aparece e me abraça. ─ Por que não manda

uma mensagem para ele?

─ Mãe, eu acho que o perdi de vez, Gabriel não irá me responder e

tenho medo da sua resposta.

─ Você nunca teve medo de nada, não estou te reconhecendo. Vai

deixar sua felicidade escapar? Você viu a matéria no jornal, se foi o menino

Anthony, ele pode nos ajudar.

─ Mãe, dói bem aqui. ─ Levo sua mão para o meu peito, na direção

do coração. ─ Eu sabia que sentia algo pelo Anthony, tanto que apesar dos

meus receios, estava disposta a aceitar ser sua namorada. Mas agora é
completamente diferente, eu percebi da pior maneira que o amo e sinto que

o perdi.

O celular em minhas mãos sinaliza com outra mensagem dele.

Anthony Gabriel: Seria muita ingenuidade pedir para você voltar

para mim? Eu sei da chantagem da minha mãe, nós deveríamos conversar

pessoalmente. Hum, essa é minha última tentativa de contato, se você não


aparecer, entenderei como nosso fim.
─ Arrume suas coisas e vá atrás da sua felicidade, vai deixar que o

tirem de você? ─ Segura meu rosto com as duas mãos.

─ Eu o afastei e...

─ Savannah, você não percebeu que o menino Anthony te ama?

Levante-se, arrume suas coisas e corra atrás desse homem, não vou perdoá-

la se não for atrás dele.

Será que ainda tenho chances? Sorrio e envio uma mensagem para os
meus amigos.

“Estou voltando, não contem ao Anthony, quero surpreendê-lo.”

Beijo a bochecha da minha mãe e corro para o banheiro, tomo um


banho rápido, arrumo minhas coisas e não consigo deixar de me sentir

ansiosa. Não sei se estou tomando a decisão certa, mas só de pensar na


possibilidade de estar cara a cara com ele, meu coração fica em festa e

apertado ao mesmo tempo.

─ Mãe, assim que eu resolver a situação, volto para buscar a senhora.

─ Puxo-a para um abraço apertado.

─ Não pense nisso agora, sua única preocupação é se acertar com o


Anthony, sinto saudades do meu genro.

Sendo contagiada pela animação da minha mãe, nos despedimos e


sigo para a rodoviária, preciso enfrentar algumas horas de estrada, espero
que não seja tarde demais.

Quase não consegui dormir essa noite, cheguei na cidade de manhã e


fui direto para nossa antiga casa. Descansei um pouco, tomei um banho,

comi e sai em direção a AGY. O trânsito parece não querer colaborar


comigo, quase duas horas depois, o táxi para em frente ao meu destino.
Respiro fundo, antes de adentrar.

No saguão, algumas pessoas me encaram e cochicham, como se eu


não tivesse capacidade de ver o que estão fazendo. Antes de chegar à

recepção, tenho uma visão do elevador e o que vejo me deixa sem reação.
Antes que as portas fechem por completo, avisto Anthony e Julie, ela

segura em seu braço e eles parecem se divertir rindo.

Seus olhos encontram os meus, e eu me viro e saio o mais depressa


daqui. Ele já seguiu em frente, o que eu esperava? Gabriel é um homem

bonito, é claro que não ficaria esperando algo que não é certeza.

Meus olhos estão embaçados por causa das lágrimas, a dor em meu

peito é maior do que qualquer uma sentida antes.

─ Savannah. ─ Escuto gritarem o meu nome, não me dou o trabalho


de virar. ─ Savannah, onde você vai?
Paraliso no lugar assim que escuto a voz do Anthony, ele segura em
meu pulso e me puxa para seus braços, prendendo-me contra o seu corpo.

Ficamos um tempo assim, sem levar em conta todas as pessoas ao nosso


redor, visto que ainda estamos na empresa.

─ Você ia embora novamente?

─ Foi um erro ter vindo aqui, você parece que já seguiu em frente.

Controlo minha emoção para não chorar, e o nó em minha garganta

dificulta um pouco as coisas. Eu realmente não esperava encontrá-lo com


outra, por que Samuel ou Júlia não me avisaram sobre isso?

─ Por que você fala isso? Eu e a Julie não temos nada. Como você
pode vir até aqui e simplesmente desistir? Vamos conversar na minha sala.

Com todo mundo olhando para gente, Gabriel entrelaça os nossos

dedos e caminhamos até o elevador em silêncio. Depois do que pareceu


uma eternidade, chegamos ao andar da presidência e ele continua me

arrastando sem se preocupar com nada. Entramos em sua sala e ele tranca a
porta logo em seguida.

Não consigo decifrar o que tem em seu olhar, Gabriel apenas me

encara sem dizer uma única palavra.

─ Por que voltou? ─ pergunta quebrando o silêncio.

─ Senti sua falta.


─ E por que estava indo embora?

─ Porque você já estava acompanhado, não queria atrapalhar o que

estivesse acontecendo.

Eu mentiria se dissesse que não fiquei com ciúmes.

─ Você desapareceu há um mês, não atendeu as minhas ligações, não


respondeu as mensagens e não deu qualquer sinal de vida. Agora retorna
como se nada tivesse acontecido e novamente iria deixar tudo para trás sem

uma explicação.

Ele tem um ponto ao seu favor, a única errada dessa situação fui eu,

preciso admitir.

─ Você parecia estar se divertindo com ela, não queria aparecer e

estragar tudo.

─ Mas você já estragou tudo, Savannah.

Merda, escutar que estraguei as coisas me machuca. Ele

provavelmente tinha se recuperado depois que eu fui embora, é realmente


egoísta aparecer agora como se nada tivesse acontecido. Eu quero sair daqui

o mais depressa possível, não conseguirei segurar as minhas lágrimas por


muito tempo.

─ Acho melhor eu ir embora. ─ Antes de alcançar a porta, ele segura

em meu pulso.
─ Você vai me deixar novamente? ─ Sua voz rouca tem algo

diferente, ele parece estar...emocionado.

─ Eu estraguei tudo, não quero tornar as coisas ainda mais difíceis.

Esqueça que nos encontramos, faça de conta que fui embora há um mês e...

Começo a chorar, abraçando-o forte. Escondo o meu rosto no seu


peito, sentindo o cheiro do seu perfume que tanto gosto. Gabriel rodeia os

braços em volta dos meus ombros e puxa-me para mais perto, colando
nossos corpos.

─ Savannah, você tem noção de como esses dias foram difíceis?


Quando recebi sua mensagem, senti como se o mundo acabasse e desabasse

sobre a minha cabeça. Corri igual um louco até sua casa, quase bati o carro.

─ O quê? ─ pergunto preocupada, como assim ele se envolveu em um


acidente?

─ Quase, eu consegui desviar a tempo. Te procurei nos possíveis


lugares, perdi as contas de quantas vezes liguei para o seu celular e escutei

aquela maldita mensagem.

─ Me desculpe.

─ Eu nunca pensei que algo desse tipo pudesse machucar tanto, meu

peito doía de uma forma inexplicável, só queria que você estivesse ao meu
lado.
─ Me perdoe, eu precisei fazer isso.

─ A ideia de perder a mulher que eu amava começou a me assombrar,


pela primeira vez eu tive medo de algo.

Amava? Levanto o rosto encarando-o, dando de cara com seu lindo


sorriso de canto.

─ Então não ama mais? ─ Que pergunta idiota, Savannah, parabéns.

─ Muito pelo contrário, eu sinto que te amo mais do que da última


vez. Eu só conseguia pensar em te encontrar e te dar uns belos castigos.

Porra, eu disse que te protegeria, por que foi embora daquela forma?

─ Fiquei com medo, a pessoa que eu mais amo nesta vida é a minha

mãe, não permitiria que nada de ruim acontecesse a ela.

─ Você deveria ter confiado em mim.

Sim, ele não está errado sobre isso, mas nos momentos de desespero,

nem sempre conseguiremos pensar com clareza. Às vezes, enfiar os pés


pelas mãos é a melhor opção.
Anthony

Quase não acreditei quando meus olhos avistaram a Savannah, por

um momento pensei que estivesse sonhando, até que Julie me cutucou para

ir atrás dela, quando minha namorada saiu correndo me deixando


extremamente confuso. Corri em sua direção, pensei que me daria as costas

e iria embora, fiquei feliz que não aconteceu.

─ Você deveria ter confiado em mim.

Eu só precisava de sua confiança, tenho certeza de que não é exigir

muito de sua parte.

─ Naquele dia o medo era meu maior companheiro, até lembrei de

suas palavras, porém fiquei me questionando se você conseguiria me

proteger de sua própria mãe.

─ Eu te protegeria do mundo se fosse necessário.

Seguro seu rosto com as duas mãos e a beijo, matando a saudade que

senti desses lábios. O contato é calmo, enquanto nossas línguas se

encontram, exploro seu corpo com as minhas mãos. Mordo seu lábio

inferior, abandonando sua boca e mordendo o lóbulo de sua orelha.

─ Gabriel. ─ Como senti saudades de sua voz manhosa.

─ Se você tivesse confiado em mim, muita coisa teria acontecido

diferente, Savannah. Não imagina como fiquei transtornado, meus dias

foram uma merda, nem o Simon conseguiu te encontrar.

─ Me desculpe, em uma situação como essas, a gente não pensa com

clareza. Sei que deveria ter confiado em você, não deixarei que isso

aconteça novamente.
Apesar de não ter uma resposta, todos os dias lhe mandava uma

mensagem evidenciando como estava me sentindo, minha expectativa era

de que um dia ela visse e voltasse para mim.

─ Isso quer dizer que você vai aceitar o meu pedido? ─ Sorrio,

tocando gentilmente em seu rosto.

─ Se você ainda quiser que eu seja sua namorada, sim, eu serei.

Resolvo demonstrar, ao invés de usar palavras. Tomo seus lábios em

um beijo nada delicado, é carnal e deixa evidente todo o desejo que estou

sentindo. Queria entender por que essa mulher tem um ímã que me atrai

tanto, fazendo-me esquecer de onde estamos, ao ponto de quebrar uma das

únicas regras que eu tinha: Não fazer sexo na empresa.

Deixo seus lábios de lado, mordo e chupo levemente seu pescoço, o

gemido que escapa de sua boca me deixa completamente louco. Sem nos

afastarmos, caminhamos até o sofá, sento-me e puxo-a para ficar em meu

colo. Para minha felicidade, sua saia facilita tudo. Savannah retira a minha

gravata, abre alguns botões da minha camisa e em seguida desfivela meu

cinto.

Toca em meu pau por cima da cueca, sentindo o quão duro estou

neste momento. Puxo-a pelo pescoço, tomando seus lábios que são tão

viciantes.
Suas mãos passeiam pelo meu peito, deixando o ambiente ainda mais

quente. Sorrindo, Savannah levanta por alguns segundos e retira a calcinha.

Enfio dois dedos dentro dela, sentindo o quão molhada e pronta está. Sei
que ela merece ser venerada e deveríamos fazer amor como reconciliação,

mas neste momento, tudo que precisamos é saciar o desejo de nossos

corpos.

─ Eu vou entrar em você, lembre-se de que estamos na empresa e as

salas não são a prova de som ─ falo próximo ao seu ouvido e seu corpo

reage a minha voz.

Não tenho nenhuma camisinha, lembro-me de que ela falou que

tomava anticoncepcional então não terá problema. Levanto, colocando-a de

quatro, completamente exposta para mim. Enrolo seus cabelos em minha

mão, provoco, tirando e colocando o meu pau em sua entrada. Seu corpo

grita por prazer, se estivéssemos no meu apartamento, não iria pegar leve.

Seus gemidos funcionam como música para os meus ouvidos.

─ Gabriel, não fique me torturando dessa forma.

─ Você foi uma menina bem malvada comigo, será que não posso te

castigar?

─ Pode, mas não agora. Não quando meu corpo implora para ser

tocado por você...preciso de você dentro de mim, Gabriel.


Sem conseguir me conter, enfio todo o meu membro, fazendo

Savannah arquear. Começo a me mexer, ao mesmo tempo em que estímulo

seu clitóris e suas reações são as mais adversas.

Depois de um tempo, mudo nossa posição, ela deita e eu fico por

cima, equilibrando meu peso nos dois braços. Sugo sua língua algumas

vezes e sou retribuído com pequenos arranhões por minhas costas.

Movimento-me com mais rapidez, e Savannah prende as pernas em volta da

minha cintura. A cada minuto fica mais difícil de se controlar, tomo seus

lábios como alternativa de conter seus gemidos. Neste momento, os únicos

barulhos que podem ser escutados são de nossos corpos se chocando e a

respiração acelerada.

Como senti saudades dessa mulher quente e maravilhosa.

─ Anthony, eu não aguento mais. ─ sussurra em um fio de voz.

─ Aguente mais um pouco, ok?

A luxuria está se espalhando por todo o meu corpo, quero explorar

cada ponto sensível e prazeroso da Savannah. Sento-me e ela começa a


cavalgar, levo um de seus seios à boca, mordiscando seu mamilo.

─ Humm ─ Não consegui controlar um gemido que escapou de meus

lábios, é difícil quando ela rebola tão deliciosamente em cima de mim.

─ Você já me perdoou?
─ Não. ─ Isso é uma grande mentira, a perdoei no momento que

descobri que tinha dedo da minha mãe, mesmo ficando decepcionado por

ela não ter confiado em mim.

─ O que posso fazer para ter o seu perdão?

─ Me amar.

Espero que isso não lhe assuste, eu sinto uma necessidade enorme de

falar para ela sobre meus sentimentos, gostaria que Savannah pudesse me

amar da mesma forma que eu a amo.

─ Então já estou perdoada, eu amo você, Gabriel. Esse é justamente

um dos motivos que me fizeram voltar.

Com mais ânimo depois de sua resposta, aumento as estocadas em

busca do prazer de ambos. Não demora muito para que ela goze, chamando

meu nome da maneira mais quente e sexy que se pode imaginar. Pouco

tempo depois, liberto-me também.

Com a respiração acelerada e tentando recuperar o fôlego, deito-me

direito no sofá e a puxo para os meus braços. As batidas do seu coração

estão frenéticas, não muito diferente das minhas. Seus beijos, gemidos de

prazer, sua voz. Como senti saudades de tudo isso.

─ Foi você que soltou as coisas sobre o Benjamin? ─ pergunta,

tamborilando em meu peito.


─ Sim, eu apenas devolvi na mesma moeda.

─ Como assim?

─ Eu havia prometido que se eles encostassem em você, iria destruí-

los. A única forma de atingi-los, é tirando aquilo que mais gostam, e eu fiz.

Com tudo que saiu na mídia, a candidatura do vovô foi por água abaixo,

assim como sua carreira política. Não queria ter que apelar tanto com essa

situação, porém eles não pareciam arrependidos e estavam dispostos a


insistir no erro.

─ E como eles reagiram a isso?

─ Não tenho certeza, até porque não procurei saber a respeito, estou

pouco me fodendo para como eles vão reagir. Na minha última visita, cortei
qualquer laço sanguíneo que tinha com a Donna e o Benjamin, recebi o
apoio do meu pai, então estou tranquilo em relação a isso.

Depois que a matéria foi ao ar, recebi algumas ligações da minha


mãe, porém não me dei ao trabalho de atender. Não sou criança e sei muito

bem qual seria o teor da conversa.

─ Não queria causar problemas para a sua família.

─ Isso não é sua culpa, ninguém é culpado pelas atitudes

irresponsáveis e egoístas daqueles dois. Infelizmente existem pessoas que


se preocupam apenas com o benefício próprio. No momento que minha mãe
usou seu ponto fraco para te ameaçar, assumiu os riscos.

Ficamos em silêncio, ela parece pensativa e deixo que absorva tudo

tranquilamente.

─ O que faremos agora?

─ Eu vou encerrar a agenda do dia, iremos para o meu apartamento


onde farei uma das minhas especialidades culinárias. Depois iremos matar a
saudade que está enorme e não deixarei que saia mais de perto de mim.

─ Então você vai me manter em cárcere privado? Isso é crime, senhor


Anthony Gabriel.

─ Cárcere privado, é?

Começo a fazer cócegas nela, escutando sua gargalhada gostosa,


ficamos assim por alguns minutos, até que eu falo:

─ Eu te amo, Savannah. Eu não posso te dizer quando isso aconteceu,


só sei que te amo como nunca pensei ser capaz de amar alguém. Esses dias

longe de você foi como uma tortura. ─ Confesso, não há necessidade de


esconder.

─ Me desculpe. ─ Levanta a cabeça e acaricia o meu rosto. ─ Eu

imagino que não deve ter sido fácil, até porque para mim também não foi.
Você sabe que não fazia parte dos meus planos ter um relacionamento
naquele dia, eu iria aceitar seu pedido, mesmo sem ter confirmação dos
meus sentimentos.

─ Hoje você já tem essa confirmação? ─ Encaro seus lindos olhos, os


mesmos que me deixam hipnotizado.

─ Sim, eu amo você, Anthony Gabriel.

Minha menina. Esse, sem sombra de dúvidas, é o dia mais feliz de


toda a minha vida. Ter Savannah de volta nos meus braços, é tão prazeroso

que não consigo descrever. Os dias longe dela foram difíceis, mas agora não
a deixarei escapar, e não estou brincando quando falo em prendê-la em meu

apartamento.
Savannah

Ainda não saímos de seu apartamento, Anthony disse que precisava

matar a saudade e ele não estava brincando quando falou em me manter em

cárcere privado. Minha mãe ficou muito contente quando contei que
tínhamos nos acertado, se tudo correr bem, na próxima semana conseguirei

trazê-la para a cidade novamente.

─ Hum, acho que estou vivendo um sonho. ─ Sinto mãos firmes me


abraçarem por trás.

─ Um sonho bom?

Viro-me, rodeando os braços em volta do seu pescoço, encarando o

homem que bagunçou completamente a minha vida, deixando tudo como

uma montanha russa.

─ Tão bom que se for possível não quero acordar. ─ Beija o canto da

minha boca. ─ Quando você trará suas coisas para o nosso apartamento?

Há uns dois dias conversamos e ele propôs que morássemos juntos,

por um momento achei que era precipitado demais por não termos tanto

tempo de relacionamento. Mas no fim das contas, eu vi que não adiantava


ficar se prendendo a prazos. Eu o amo, não tenho a menor dúvida a respeito

disso. O tempo que ficamos separados foi bem doloroso, então por que não

viver sem se preocupar com meras formalidades?

Gabriel disse que não seria bom minha mãe continuar morando na
nossa antiga casa, e se propôs a comprar um apartamento que está à venda

no mesmo prédio da Júlia. Tentei ser relutante nessa questão, não quero que
ele gaste dinheiro conosco. Como era de se imaginar, ele bateu o pé e disse

que não abriria mão do conforto e segurança da minha mãe.

─ Minha mãe está retornando para a cidade na próxima semana, eu

conversarei com ela sobre todas essas mudanças, principalmente o fato dela

também ter que mudar de residência.

─ Minha sogra é uma pessoa maravilhosa, tenho certeza de que ela

não vai ser igual a você.

─ Será que estamos tomando a decisão certa?

─ Em que sentido?

─ Morar juntos.

─ Qual seu medo, Savannah? Nós nos amamos, somos adultos e

desimpedidos. Não faz sentido você continuar morando lá, sendo que

passaria boa parte do seu tempo comigo.

─ E quem disse que eu ia passar boa parte do meu tempo com você?

─ Sorrio porque eu ainda estou aprendendo a lidar com esse Gabriel tão

convencido.

─ Você é minha namorada, e eu sou extremamente viciado em você.

É óbvio que iremos passar boa parte do tempo juntos, quando eu não estiver

na empresa e você trabalhando, sem sombra de dúvidas estaremos juntos.


─ Você não vai enjoar de mim? Lembro-me de ter escutado em algum

momento que o todo poderoso Anthony Gabriel não gostava da ideia de

ficar com a mesma mulher por muito tempo.

─ Isso é verdade, mas eu não estou com uma única mulher ─ fala e

olho para ele surpresa.

Como assim?

─ Acho bom você me explicar isso, eu sou uma pessoa bem

ciumenta, não gosto de dividir o que é meu.

─ Não precisa ficar com ciúmes de você mesma, quando eu falo que

tenho duas mulheres, é porque você quando está entre quatro paredes se

transforma completamente e eu fico louco por essa versão caliente.

Puxa-me pela nuca, colando nossos lábios. Com sua ajuda, sento-me

no balcão da cozinha e aprofundamos o contato, sugo sua língua e mordo

levemente seu lábio inferior. Suas mãos passeiam por minhas pernas nuas,

visto que estou usando apenas uma de suas camisas. Perdi as contas de

quantas vezes fizemos amor durante esses dias, ele venerou meu corpo de

maneiras inimagináveis.

Antes que pudéssemos nos entregar ao desejo de nossos corpos,

escutamos o toque da campainha.

─ Merda, quem será o empata foda?


Ele abre a porta e Júlia e Samuel entram, só que uma coisa chama

minha atenção. Eles estão de mãos dadas. Espera, desde quando isso está

acontecendo?

─ Estamos atrapalhando alguma coisa? ─ Júlia pergunta, abraçando-

me.

─ Sim, estávamos quase...

─ Quase preparando algo para comer. Posso saber por que chegaram

de mãos dadas?

─ Isso não é comum entre namorados? ─ Samuel responde na maior

naturalidade.

─ Desde quando vocês são namorados? Júlia, por que não me contou

que está namorando com esse idiota? ─ Anthony senta-se ao meu lado, de

frente para os dois pombinhos.

─ Oficialmente, estamos namorando há quase dois meses. Mas

amigos com benefícios, eu diria quase seis meses.

Gabriel e eu nos olhando em choque. Como nossos amigos estão

juntos há tanto tempo e não percebemos? Ou melhor, por que não nos

contaram?

─ Se fosse da minha vontade, teria contado para vocês há tempo,

Julia optou por deixar isso em segredo, de alguma forma ela queria ter
certeza se iríamos dar certo e eu não seria um babaca igual seu ex-marido.

Então, se forem culpar alguém, culpem a minha digníssima namorada. ─

Samuel pega a mão dela e deposita um beijo.

Droga! Que espécie de amiga eu sou, que não percebi que ele estava

apaixonado? Olha só esse sorriso bobo, a forma como olha para a Júlia.

─ Júlia, naquela ocasião que o defendeu na reunião, vocês já estavam


juntos, né, sua safada?

─ Sim, mas eu não o defendi apenas porque estávamos saindo, e sim

porque você foi um babaca.

─ Não posso acreditar que vocês esconderam isso por tanto tempo da

gente, somos amigos, não é possível que tenham escondido tão bem ─ falo

me lamentando por ter sido tão relapsa.

─ Não posso dizer que escondemos bem, o problema é que vocês

estavam tão preocupados um com o outro, que simplesmente esqueceram

tudo ao redor. No fim das contas, agradeci, porque não saberia explicar caso

fôssemos descobertos.

─ E por que decidiram contar agora?

─ Porque tenho a certeza de que o Samuel me ama, e eu não corro

risco de viver nada parecido ao meu antigo relacionamento. Decidimos


compartilhar com vocês a nossa felicidade porque sabemos que vão torcer e

vibrar conosco.

─ Samuel, Júlia é uma das pessoas mais importantes de toda a minha

vida, então se você pensar em fazê-la sofrer ou ser o causador de suas

lágrimas, eu acabo com você.

Anthony sorri, como se não acabasse de ameaçar o meu amigo.

─ Pois eu digo o mesmo para você, se machucar a Savannah, eu


esqueço que você é meu chefe. ─ Samuel retribui também com um sorriso.

Deixamos os homens na sala e arrastei Júlia para me ajudar na


cozinha, conversamos mais um pouco e ela me contou detalhes de seu

relacionamento com o Samuel. Sinto-me triste porque realmente não fazia


ideia de que meu amigo estava namorando. Apesar de tudo, estou muito
feliz porque eles formam um lindo casal.

Enquanto preparamos o almoço, combinamos de ir para uma boate


esta noite. Vamos comemorar todas as realizações e a minha formatura, que

precisou ser adiada por causa do pequeno problema chamado Donna.

O local está bem cheio, até mesmo a área vip onde estamos neste
momento. No caminho, tivemos o desprazer de cruzar com o Davis, ele

estava acompanhado de uma mulher e ainda assim tentou encher o meu


saco. Ele é um dos investidores da empresa do Gabriel, mas não por muito
tempo, pois o meu namorado disse que romperá o contrato ou não

responderá por seus atos.

Pego uma bebida e tomo toda de uma única vez, estou feliz e quero
aproveitar cada segundo ao lado das pessoas de quem eu gosto. Mandei

uma mensagem convidando o Diego, como no próximo fim de semana é a


eleição, não sei se ele terá tempo.

Por umas duas vezes vi pessoas tirando fotos da gente, não consigo
entender por que insistem em ficar atrás do Anthony, ele é um empresário,

não celebridade.

─ Obrigado por ter voltado para mim, amor.

─ Do que me chamou? ─ Sorrio, sentando em seu colo.

─ Amor, não gosta?

─ Muito pelo contrário, pode me chamar assim de agora em diante.


Quero que todos saibam que você já tem dona e eu sou muito ciumenta.

Beijo seu pescoço e mordo o lóbulo de sua orelha.

─ Eu amo você.

─ Eu também te amo.
Esquecemos completamente onde estamos e nos entregamos ao
momento, o beijo é carnal e carregado de desejo. Ele segura em minha

cintura, colando ainda mais nossos corpos, deixando-me em chamas.

─ Por favor, esperem até chegar ao apartamento, amanhã vão sair aos

beijos em todos os sites de fofoca. ─ Nós nos afastamos quando escutamos


a voz do Samuel.

─ Que seja, assim não vai restar dúvidas sobre nosso relacionamento.

Gabriel acaricia as minhas costas enquanto fala e fico toda arrepiada.


De longe, avisto Diego caminhando em nossa direção, fico feliz que ele

tenha vindo.

─ Me desculpem o atraso ─ fala, cumprimentando a todos e a mim


com um beijo no rosto. ─ Você está linda, como sempre.

─ O que esse idiota faz aqui? ─ Gabriel pergunta, sem esconder seu
descontentamento.

─ Eu o convidei, essa não é uma noite de amigos? Então, ele é meu


amigo e gostaria que estivesse presente. Se comporte e não procure briga.

─ Vim em paz, não precisa ficar na defensiva, Anthony. Eu sei que

vocês são namorados, não costumo furar o olho de ninguém. ─ Pega uma
bebida quando o garçom passa, tomando um pouco.

Ele não diz nada, só maneia a cabeça.


O que Diego e eu tivemos ficou no passado, termos dormido juntos

não atrapalhou em nada nossa relação e sei que continuará dessa forma.
Assim como Júlia, ele é uma das pessoas que sou grata por ter aparecido em

minha vida.

Conversamos por um longo tempo e agradeço por todos estarem se


dando bem, inclusive Gabriel e Diego. Foi doloroso nossa separação, mas

acredito que tudo tenha um propósito e foi importante para estabelecer a


minha relação com o Anthony.

─ Vamos dançar, amor. ─ Arrasta-me, sem deixar qualquer


oportunidade para negativa.

Uma música lenta está tocando neste momento, ficamos no meio da

pista de dança e nos movemos conforme o ritmo. Anthony tem as mãos em


minha cintura, enquanto rodeio os braços em volta do seu pescoço. Meu

coração está acelerado, mesmo que eu não faça ideia do motivo. Talvez,
estar em sua presença seja o causador de tudo isso.

─ Você está feliz?

─ Sim, como há muito tempo não ficava.

─ Me desculpe.

─ Por que está se desculpando? ─ Encaro os olhos que sou

apaixonada.
─ Quando eu disse que gostaria de voltar no tempo para não propor o

acordo, tudo não passava de uma mentira. Se fosse necessário, eu faria


novamente, só para ter o prazer de conhecê-la.

─ Nunca fui de acreditar em destino, porém acho que tivemos um


empurrãozinho dele. No dia que nos conhecemos, eu tinha ido fazer um

favor para o meu superior, provavelmente não iríamos nos encontrar.

Tudo naquele dia foi uma verdadeira loucura.

─ Preciso agradecê-lo por isso, ou não teria conhecido a minha

morena caliente.

─ Se você enjoar ou se cansar de mim, promete me contar?

─ Isso não vai acontecer, eu quero ficar contigo sem um prazo de

validade, Savannah. Se eu assumisse um relacionamento pensando em


separação, nem me daria ao trabalho. Eu quero estar com você, não por um

dia, um mês ou um ano.

─ O que isso significa?

─ Que eu quero ficar com você para o resto da minha vida.

─ Cuidado com suas palavras, eu vou pensar que está me pedindo em


casamento. ─ Sorrio de canto.

Tira um colar do bolso, ele tem um lindo pingente de coração, é bem

delicado.
─ Isto simboliza o meu coração, estou te entregando como sinônimo
do meu amor, carinho, paixão e devoção. Amar não é fácil, cabe a nós saber

dosar toda a intensidade desse sentimento. Iremos errar, como qualquer ser
humano, mas o importante é permanecermos juntos nos momentos bons e
ruins. ─ Uma música animada começa a tocar, porém não nos separamos. ─

Eu amo você, não tenho nenhuma dúvida referente a isso, quero continuar
contigo pelo resto da minha vida.

─ Estou amando esse seu lado romântico, porque eu não sou boa
quando o assunto é amor. Mas sempre que penso nisso, a sua imagem vem à

minha mente, seu sorriso, os seus olhos que amo e a forma como me sinto
tão feliz estando em seus braços.

─ O próximo passo é colocar uma aliança no seu dedo, espero que

quando eu a pedir em casamento, você esteja preparada para assumir o


posto de esposa de Anthony Gabriel.

─ Desde que eu fique ao seu lado, não acho que seja tão difícil.

─ Você é minha e não pretendo deixá-la escapar novamente, amor.

─ Assim espero, porque você já me prendeu desde o dia que nos

esbarramos.

Continuamos abraçados, sem nos importar com qualquer pessoa que

estivesse ao nosso redor. Toda a nossa vida mudou quando nos conhecemos.
Tivemos dias maravilhosos, alegrias, sorrisos e lágrimas. Eu não consegui
entender por que tanta dor em meu peito quando nos separamos, não fazia

ideia de que aquilo era apenas a confirmação de que o amava e a hipótese


de nos afastar era dolorosa.

Não será fácil, somos pessoas com personalidades diferentes e a


sociedade não enxerga com bons olhos nossa diferença social. Benjamin e

Donna também não aceitarão nosso relacionamento facilmente. Apesar de


tudo isso, no fim das contas, apenas nós dois importamos e foda-se o
mundo.

Anthony apareceu e marcou completamente a minha vida, eu o amo e


não estou disposta a renunciar à nossa felicidade novamente. Sei que não é

um conto de fadas, mas a felicidade depende de nós mesmo e estou


decidida a fazer o possível e impossível pelo homem que amo.

─ Vamos voltar para os nossos amigos?

─ Sim, ou cometerei um assassinato em poucos minutos. Esses


idiotas não param de olhar para você.

─ Não se preocupe, eu só tenho olhos para um certo CEO, eles podem

olhar à vontade, a noite é nos seus braços que eu durmo.

Não consigo descrever o tamanho do sorriso do Gabriel neste


momento, ele se aproxima e beija-me.
─ Você sabe como me deixar sem palavras.

─ Claro, amor, aprendi com o melhor.

Com a mão em minha cintura, caminhamos de volta para os nossos

amigos.

Não estava em meus planos me envolver com o Anthony. Um acordo,


noites quentes e a verdadeira descoberta da felicidade. É assim que posso
definir nosso relacionamento e espero, do fundo do coração, que nada mude
entre nós.

O amor não vem com um manual de instrução, eu vou errar, ele vai
errar, porém o importante é que permaneçamos juntos nos momentos bons e
ruins.

FIM.
Hoje completa um ano que nos casamos em uma cerimônia apenas
para os nossos familiares e amigos, no meu caso incluiu apenas o meu pai,

Simon e Andrei. Além dos nossos amigos em comum e sogra. Pedi a

Savannah em casamento em uma viagem que fizemos para as ilhas


Maldivas, eu precisava descansar e mandei que cancelassem todos os
compromissos da minha agenda para que eu pudesse curtir um pouco com a

minha namorada, e foi isso que eu fiz.

No momento que aceitei que amava e que estava louco por ela,
entendi que não tinha mais para onde correr, ou seja, o próximo passo era o

casamento, aquilo que há muito tempo eu vinha evitando e tinha muitos

receios. Claro que nossa vida não é fácil ou um conto de fadas como se

descreve nos livros, a gente briga, se desentende e já fomos dormir algumas

vezes brigados, mas na manhã seguinte tudo se resolve e prevalece o que


sentimos um pelo outro.

Como era de se esperar, Diego ganhou a eleição e é o novo presidente

do nosso país. Ele contratou a minha mulher para fazer parte oficialmente
da sua equipe, já que ela é formada em Relações Políticas. No começo, eu

fiquei com ciúmes, confesso, porém ele é uma pessoa íntegra e eu confio
bastante na Savannah. Não tenho como evitar ou proibir que eles

mantenham o vínculo de amizade que criaram durante esses meses.

Surpreendentemente, meu pai pediu o divórcio, mamãe não aceitou

muito bem, porém não tinha o que ser feito, já que ela está apenas colhendo
as consequências de suas atitudes nada agradáveis. Não cortei

completamente os laços com ela, só diminui bastante. Meu avô ficou

transtornado depois que eu mandei soltar todos os seus podres.

Sinceramente, não me preocupei muito com isso.


Todos os dias é uma nova descoberta, um sentimento diferente, uma

realidade antes não vivida. Eu não sabia que era possível me apaixonar

ainda mais pela Savannah, essa mulher, a minha mulher, tem a capacidade

de me deixar louco em todos os sentidos. Eu amo sua intensidade e a forma

como se entrega quando estamos juntos.

─ Terra chamando, Anthony.

─ O que? ─ Saio do transe com a voz do Samuel.

─ Estou aqui igual a um idiota falando com você, aposto que está

pensando na Savannah. Será possível que não consegue parar de pensar na

minha amiga um único momento?

─ Não fale como se fosse diferente com você, Samuel. Além do mais,

não tenho como evitar, a minha mulher toma conta dos meus pensamentos

quase vinte e quatro horas por dia.

─ Quem diria que o todo poderoso Anthony Gabriel ficaria com os

quatro pneus arriados dessa forma. Você definitivamente parece uma outra

pessoa, só continua sendo o mesmo idiota.

─ E você continua esquecendo que eu ainda sou seu chefe. É melhor

você sair da minha sala, antes que eu perca a paciência.

─ Vou mandar uma mensagem para Savannah, dizendo que você está
ameaçando mandar o melhor amigo dela embora, quero ver se não vai
mudar rapidinho esse seu pensamento. ─ O maldito sorri, como se não

estivesse ameaçando o próprio chefe.

─ Samuel, saia da minha sala agora mesmo.

Ele sabe que eu não pretendo mandá-lo embora, Samuel é um dos

melhores da empresa, não seria idiota a esse ponto, mesmo ele me irritando

na maior parte do tempo. Como se não fosse convencido o bastante por ser

amigo da minha mulher, o filho da mãe se tornou o namorado da minha


melhor amiga, ou seja, não poderia mandá-lo embora nem se quisesse.

Ele sai da minha sala, confiro as horas e decido encerrar o expediente

mais cedo. Recebi uma mensagem da minha mulher, pedindo para que não

me atrasasse para o jantar, pois tinha uma surpresa.

Falando em surpresa, ainda não assimilei que o meu pai está

namorando a mãe da Savannah. Tem alguns dias que nos contaram a


respeito.

─ Então, pai, onde está a sua namorada que disse que nos

apresentaria?

─ Ela está chegando, filho, espero que esteja tudo bem para vocês,

ficamos bem receosos em assumir nossa relação.


─ Por que, sogro? Você é solteiro e jovem, precisa aproveitar sim a

vida.

Meu pai é uma das pessoas mais importantes para mim e tudo que eu
quero é a sua felicidade, entendo que ele e a mãe não puderam continuar

juntos, nada mais justo que seja feliz novamente.

─ Pai, nós estamos aqui para te apoiar não para aprovar o seu

relacionamento. Até porque sabemos que o senhor tem bom gosto, apesar

de ter se casado com a mãe ─ Simon fala nos levando a gargalhada.

─ Boa tarde, crianças.

─ Mãe? Que coincidência a senhora estar aqui. ─ Savannah se

levanta e a cumprimenta, fazemos o mesmo em seguida.

Ela se senta no lugar que estava vago ao lado do meu pai, encaro os

outros ocupantes e todos possuem a mesma expressão de choque. Espera, a

namorada do papai é a minha sogra? Não, isso deve ser um mal-entendido.

─ Sogro, você está namorando a mãe da sua nora? ─ Andrei faz a

pergunta que não tivemos coragem.

─ Sim, Adella e eu estamos juntos há uns três meses. Nos

encontramos por acaso, trocamos nossos números, levamos um tempo

conversando e agora estamos aqui. ─ Sorrindo, beija a bochecha da minha

sogra.
Pensei que nada fosse capaz de me chocar nessa vida, eu só não

contava que essa situação fosse acontecer. Nem em um milhão de anos,

poderia pensar nessa possibilidade.

─ Mãe, por que a senhora não me contou?

─ Filha, nós decidimos esperar para ter certeza se contaríamos a

vocês. A gente sabia que ficariam chocados, por isso esperamos. ─ Minha
sogra fala com sua voz doce.

─ Espero que aceitem nosso relacionamento, ficaríamos tristes se

nossos filhos fossem contra.

─ É claro que aceitaremos, pai. Só releve o nosso choque, realmente

é surpreendente que vocês estejam juntos. No entanto, gosto dessa

combinação, ambos são pessoas maravilhosas ─ falo e vejo a expressão de


alívio deles.

─ Pai, escolheu bem, a senhora Adella é linda.

Conversamos mais um pouco e eles nos contaram com mais alguns

detalhes como surgiu essa relação, eu realmente não esperava, mas fico

feliz pelo meu pai, ele merece uma pessoa boa ao lado e sei que a minha

sogra é a escolha certa.


Entro no carro e sigo para a nossa casa, às vezes fico pensando como

queria ter visto a reação da minha mãe ao descobrir sobre o novo

relacionamento do meu pai. Acredito que sua maior raiva é por conta da

mulher ao seu lado. Aproveito o sinal vermelho e mando uma mensagem

para a Savannah avisando que estou chegando.

Chego ao nosso prédio e cumprimento o segurança, aperto o elevador

para o nosso andar e logo chego ao apartamento. Abro a porta e todo o local

está escuro, exceto por uma luz iluminando o chão. Sigo conforme o
indicado e chego até a varanda, onde encontro Savannah e uma pequena

caixinha sobre a mesa. Ela sorri assim que me vê, me aproximo e a beijo,
matando a saudade, como se não tivéssemos nos vistos essa manhã.

─ Esqueci alguma data importante?

─ Não, porém de agora em diante precisará lembrar.

Olho para ela confuso, eu realmente não estou entendendo. Savannah


pega a caixa e coloca em minhas mãos.

─ Aí dentro tem algo que mudará completamente nossas vidas daqui


para frente, por isso eu queria fazer um acordo contigo. Não será fácil para

ambas as partes, mas eu gostaria de acrescentar mais uma pessoa no nosso


relacionamento.
─ O quê? Não está satisfeita apenas comigo? Savannah, não gosto
desse tipo de brincadeira, você sabe como sou bem cimento e a ideia de

dividir você com alguém não me agrada nada.

─ Eu sei que isso é algo bem complicado de se pedir, porém, se você


não aceitar encaixar essa outra pessoa no nosso casamento, eu sinto que

terei que renunciar a você.

Não estou entendendo aonde ela quer chegar com isso. Como colocar

uma terceira pessoa no nosso casamento fará diferença? Eu não sou o


bastante? Não estou conseguindo satisfazê-la de alguma forma?

─ Amor... ─ Porra, não sei como agir nessa situação.

─ Gabriel, abre a caixa, por favor.

Relutante, faço o que ela pede e na mesma hora que vejo o conteúdo,

sinto lágrimas descerem por meu rosto. Dentro tem um sapatinho de bebê
da cor branca, acompanhado de um bilhete que diz:

“Oi, papai

Mamãe te trolou não foi? Não se preocupe, eu prometo não bagunçar


tanto a vida de vocês, só os presentearei com noites de sono perdidas e

preocupações.
Mamãe ama muito você e quer lhe propor um acordo. Topa ser o meu
papai?”

─ E aí, topa? ─ Olho para a mulher à minha frente, que chora,


enquanto tem uma mão na barriga.

Aproximo-me e a puxo para os meus braços, abraçando a pessoa mais


importante da minha vida. Antes eu não pensava em ser pai, no entanto,

com Savannah tudo é diferente e eu passei a desejar ter uma cópia nossa
nos chamando de papai e mamãe. Não estava preparado para este momento,

desde que estamos juntos, é a terceira vez que essa mulher me faz chorar.

─ É claro que eu topo, meu amor, como eu poderia não ficar feliz
com esse momento? ─ Aliso sua barriga ainda imperceptível. ─ Quando

você descobriu que estava grávida?

─ Na semana passada, eu desconfiei do atraso da minha menstruação

e como ela sempre foi bem regular, ligou meu alerta. Eu fui com a Júlia
fazer o exame e deu positivo. Queria correr e contar para você, só que achei

que uma surpresa seria bem melhor.

─ Eu realmente estou bem surpreso e quase tive um infarto, achei que


você queria transformar a nossa relação em algo a três. ─ Dou um sorriso

aliviado, porque não é o que eu estava pensando.


─ Nosso relacionamento realmente vai contar com uma pessoinha

muito fofa, que eu sei que será o bebê mais lindo e amado desse mundo. A
gente nunca conversou sobre ter filhos, então...

─ Então eu sou a pessoa mais feliz deste mundo. Todos os dias é uma

descoberta nova e eu tinha o desejo de ter uma mini cópia nossa e mais uma
vez você realizou um dos meus sonhos.

─ Seremos bons pais?

─ Não somos perfeitos, cometemos erros, porém o mais importante é


o amor, atenção e carinho que eu sei que daremos ao nosso filho.

Abaixo-me, ficando na altura da sua barriga, depositando alguns


beijos. Não consigo descrever a felicidade que eu estou sentindo, acho que

se compara com o dia do nosso casamento.

─ Oi, pequeno, se os meus conhecimentos estiverem corretos, você é


um grãozinho e não consegue entender o que digo. Eu sou o seu papai, um

louco extremamente apaixonado por sua mamãe. Você ainda não veio ao
mundo, mas saiba que é muito amado por nós, os titios, o vovô e a vovó.

─ Não sei explicar, no momento em que tive a confirmação da


gravidez, um amor inexplicável cresceu dentro de mim.

Fico em silêncio observando a minha mulher, como eu tirei a sorte

grande ao ter encontrado Savannah.


─ Filho, nós precisamos comemorar essa nova descoberta e

infelizmente eu só sei fazer isso venerando o corpo da sua mãe. ─ Savannah


maneia a cabeça negativamente, escondendo o rosto. ─ Vai ficar um pouco

agitado as coisas, não ligue, é apenas o seu papai fazendo o que sabe de
melhor. Ou seja, amando a sua mãe.

Levanto-me e com carinho beijo sua testa, aliso sua barriga e por fim
colo nossos lábios. Savannah reage perfeitamente bem ao meu toque, aperto

levemente seu seio por cima da blusa, quando um gemido escapa de seus
lábios.

─ Eu te amo... eu te amo tanto e sou grato por tudo que você me

proporcionou. Obrigado por ter aceitado fazer parte daquela loucura e ter se
tornado minha noiva por uma noite.

─ Não precisa agradecer, naquele dia eu topei porque queria viver um


conto de fadas por uma noite. Só não fazia ideia que realmente iria

encontrar o meu príncipe em pele de cordeiro. ─ Rodeia os braços em volta


do meu pescoço e prende as pernas na minha cintura. ─ Obrigada por ter
me amado, obrigada por me permitir te amar.

─ Agora eu farei amor com você lentamente, explorando cada


pedacinho do seu corpo e deixando bem claro como amo cada detalhe seu.
Com ela em meus braços, caminho para o nosso quarto. Se me
pedissem para descrever o amor, sem sombra de dúvidas, eu falaria o nome

da minha mulher. Ela é minha felicidade, o meu remédio em dias


turbulentos e o meu calor no inverno frio.
Gratidão por ter lido até a última página. Espero que tenha gostado,
se emocionado e surtado com essa turma bem especial. Nos vemos na
próxima história, beijos!
SOBRE A AUTORA

Lis Santos é baiana, tem 25 anos e iniciou o gosto pela leitura ainda
na adolescência. Uma army apaixonada por séries e doramas, procura

sempre ter tempo de colocar os episódios em dia. Resolveu se arriscar na


escrita em 2016 na plataforma wattpad, tendo seu primeiro e-book

publicado na Amazon em 2017 e lançado em físico no ano seguinte na


Bienal de São Paulo. Dedica-se à escrita desde maio de 2019 e publicou

mais de 30 títulos na Amazon entre noveletas, contos e romances.


OUTROS LIVROS DA AUTORA

Acesse o link abaixo e confira as outras obras da autora Lis Santos.

https://amzn.to/3diMqBK

Amor no Tribunal

https://amzn.to/33gKo67

Filippo é conhecido como o terror dos tribunais, um Juiz

completamente inexpressível, não se importa em aplicar uma sentença,


mesmo que seja injusta aos olhos de outros. Relacionamentos não fazem

parte de sua rotina, quando o corpo pede, um clube sensual torna-se sua

opção.

Apesar da profissão escolhida, April não consegue deixar de lado suas

emoções, o que às vezes é um empecilho para seus julgamentos. Após uma

ação disciplinar, é encaminhada para a 50ª Unidade, e passará um período

como juíza assistente de Filippo.

Como duas pessoas completamente opostas conseguirão trabalhar em

conjunto? Embates, conflitos e uma química avassaladora.

O Bebê da Minha Melhor Amiga

https://amzn.to/3GHJT3U
CEO da Andrade Engenharia, Isaac sempre foi o filho e profissional

modelo, mas quando o assunto era casamento e paternidade, ele fugia,

assim como o diabo da cruz. Após um ultimato de sua avó e correndo risco

de perder sua posição na empresa, precisa tomar uma decisão às pressas.


Tudo na sua vida é resolvido com contratos, e agora não seria diferente.

Luísa se viu perdida ao descobrir uma gravidez, fruto de um caso de

uma noite. Por causa de uma emergência financeira e com uma criança
crescendo em seu ventre, topa embarcar na loucura de seu melhor amigo e

assina um contrato.

Uma simples decisão pode mudar completamente o destino.


Dois amigos, uma criança inocente e um desejo até então

desconhecido.

O Lutador e a CEO

https://amzn.to/3lpyWtW

Rael Fernández é um lutador dedicado que desde muito novo viu no

esporte uma oportunidade de mudar de vida. Aos trinta anos, inicia sua

árdua busca por um empresário que realmente acredite em seu potencial.

CEO da García Empreendimentos, Maria nunca gostou do convencional.

Enquanto as meninas assistiam desenhos e brincavam de bonecas, ela


direcionava toda sua atenção para lutas e competições. Caminhando pelas

ruas, Maria vê um lutador enigmático com o potencial que estava buscando

e fará de tudo para fechar um contrato. É possível não misturar trabalho e

prazer?

Era para ser apenas um contrato de trabalho, mas a adrenalina que

corre nas veias tornará tudo mais intenso.

Série Homens de San Diego

ICE – LIVRO 2

https://amzn.to/3lpsgvP
Sargento do exército americano e apaixonado pelo trabalho, Bryan

perdeu oitenta por cento de sua equipe em um atentado no Afeganistão. Ele

e Megan se conheceram em um momento difícil de suas vidas, e

encontraram no outro, conforto para os dias nublados.

Tudo seguia perfeitamente, se Bryan não estivesse cego de ódio.

Entre o amor e a vingança, ele fez uma péssima escolha.

Grávida, Megan decidiu não contar sobre a gravidez e partiu sem o

amado, recomeçando sua vida em San Diego. Responsável por suas batidas
do coração falharem, Megan teria um dilema a ser resolvido com o retorno

do homem que ama.

Bryan precisará lutar pelo perdão daquela que tanto ama.


Perdoar e reviver um grande amor, ou esquecer e seguir em frente?

Série Homens de San Diego

STONE – LIVRO 1

https://amzn.to/3fg0wb1
Dylan é um ex-militar que carrega terríveis marcas emocionais.
Sendo incentivado pela mãe, ele aceita uma ajuda não tão convencional, um

fórum on-line.

Durante algumas visitas ao site, Dylan conhece a jovem e


encantadora Ayla, uma psicóloga que encontrou na internet uma forma de

ajudar aqueles que precisam.

Um homem com o coração e a mente machucados.

Uma doce mulher disposta a ajudar.

Entre medos e recomeços, uma forte ligação surge entre eles, e a


paixão é inevitável.
VIRGEM MISTERIOSA

https://amzn.to/3fB9vTa

Vincenzo é um dos advogados mais requisitados do país, após

inúmeros convites para conhecer o clube de uma amiga, finalmente aceita.


Ele não tinha intenção de comprar a virgindade de uma mulher, no entanto,

a linda mascarada de olhar puro chama sua atenção.

Luz é estagiária de um dos maiores escritórios de advocacia de


Madri, e devido a um problema familiar, precisa recorrer a medidas

extremas. Como última opção, vai até um clube frequentado pela alta
sociedade.
Tudo seria simples, se dias depois ela não descobrisse que o cara

que passou a noite é seu chefe.

Ela sabia a identidade dele.

Ele não fazia ideia de quem era ela.

LEON – LIGADOS PELO SANGUE

https://amzn.to/3bPYqfI
Leon cresceu em um orfanato e, sem ter muitas opções, se envolveu

com coisas erradas, até que depois de quase morrer, decidiu dar um rumo
para a própria vida.

Aos trinta anos, é editor-chefe de uma das maiores editoras dos


Estados Unidos. Contrariando as estatísticas de sua área de trabalho

escolhida, é mal-humorado e totalmente impaciente.

Leon leva a vida de forma tranquila, até que seus desejos mais
intensos são despertados por uma estagiária linda e de aparência angelical.

Com a convivência, o desejo fala mais alto e eles decidem se


entregar, vivendo, assim, uma intensa e conflitante paixão. Finalmente Leon

teria uma vida normal, mas o passado vem à tona e ele precisa se desdobrar
para proteger a amada, sem deixar que sua imagem de editor seja

manchada.
UMA BABÁ PARA MELINDA

https://amzn.to/3mIim8y

Gabriel teve sua vida mudada da noite para o dia, quando a mãe de
sua filha lhe entregou a guarda, ele precisou reorganizar toda sua rotina e

lidar com um bebê de pouco mais de seis meses. Cansado de abusar da boa
vontade de sua mãe, decide contratar uma babá para sua pequena Melinda.

Era para ser um simples contrato, se a morena de cabelos cacheados

não chamasse tanto sua atenção, em todos os sentidos. Sendo influenciados


pelo desejo eles se entregam a paixão de seus corpos, e se apaixonar torna-
se inevitável. ⠀

UMA NOITE INESPERADA

https://amzn.to/2LQu43b

Maiane é uma agente literária de renome. Sua vida profissional


brilha cada vez mais, contrastando com o lado pessoal, que vai de mal a
pior. Ultimamente seus únicos acompanhantes masculinos, eram os crushs
dos livros.
Tudo está a um passo de mudar quando sua amiga e autora de
sucesso lhe entrega um manuscrito, onde ela e o médico da sua mãe são

protagonistas.

Da ficção a realidade, Maiane se vê num jogo de sedução com o


doutor quando ele surge em uma noite inesperada. Só resta saber se não é
sua mente que está lhe pregando peças.

ALYSSA & TYLER (ENTRE AMIGOS)

https://amzn.to/34xCPFA
Alyssa sempre acreditou que o irmão de sua melhor amiga não
gostasse dela, até porque era tratada com bastante frieza.

O que ela não sabia, é que Tyler agia dessa forma, pois nutria
sentimentos por ela, e por ser melhor amiga da sua irmã, não queria se
envolver para evitar problemas futuros.

Tudo muda na noite de halloween, quando eles vão a uma festa a


fantasia. Chapeuzinho vermelho e lenhador. Uma noite inesperada e um

desejo até então desconhecido.

AMOR POR ACASO


https://amzn.to/2Rx7kUW

Daniel sempre sonhou em ser pai, aos quarenta anos, esse sonho
parece cada vez mais distante. Acostumado a ajudar as pessoas, emprega
uma jovem mãe, criando um vínculo quase que instantâneo.

A convivência faz com que um novo sentimento apareça e eles se


entreguem. Seria o acaso, responsável por esse amor?

Você também pode gostar