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2020
Copyright © Mari Sales
Criado no Brasil.
Pouco tempo foi necessário para que o desejo tomasse conta. Não
consegui mais focar apenas no grande plano, meu coração estava envolvido
demais para desapegar.
Ela não seria minha por obrigação, mas por sua própria vontade.
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Nota da Autora
Se tinha algo que me fazia esquecer a razão e dar voz para meu lado
impulsivo era o desafio. Quando alguém duvidava da minha capacidade e
debochava perante pessoas conhecidas, eu não conseguia evitar ser um
imbecil.
— Eu sou melhor do que você. — Meu olhar era mortal para o tal
Nicholas O’Donnell. Não sabia o que ele era, nem se tinha tanto dinheiro
como estava cacarejando entre os homens.
— Então, vamos jogar. Quero ver se você é tudo isso que está
falando.
— Tome cuidado com o que fala comigo. — Minha ameaça o fez rir.
— Vou apenas como Marcelo Sartori, não preciso do meu título para
me dar bem no jogo.
— Cale a boca — rosnei e ele riu alto, chamando atenção para nós
enquanto atravessávamos o salão improvisado.
— Vou acabar com sua raça. É nisso que está envolvido enquanto
passeia pela alta sociedade? — questionei irritado, e ele deu de ombros.
— Fiz merda.
— Cara, que merda. — Max apontou para uma das mesas na praça
de alimentação e seguimos até lá para nos sentar. Como ainda era cedo,
poucas pessoas estavam próximas para nos escutar. — Pensei que essa rixa
tinha acabado na época da faculdade.
— Ganhou?
— Dona Rosi e dona Ana vão ter muito trabalho pela frente. Isso é
bom, está reciclando o dinheiro sujo. — Tentou ver o lado positivo, mas ele
não sabia do todo. — Pense que foi um mal necessário, usando o sistema
ilegal contra eles mesmos.
— Alguém que devia muito para o tubarão dessa porra toda. Ele foi
levado assim que perdeu, não sei o que aconteceu e nem perguntei. Saí de lá
transtornado, ainda não sei o que fazer sobre isso.
— Apoio. Quem manda nessa merda deve ter influência e vai lutar
contra mim quando eu jogar essa investigação nas mãos do xerife ou algum
amigo.
— Obrigado. — Soltei o ar. — Eu irei até ela e... não sei o que fazer
ainda. Vou levá-la para meu apartamento e depois decido. Ela acabou de
fazer vinte e um anos.
Eu preferia a segunda opção e foi lidando muito bem com ela que
alcancei meu sucesso profissional. Ter uma família para agir como o tal
Ronald Smith fez com sua filha era o exemplo que eu não queria seguir.
— Vim falar com Mercedes Cruz Smith. — Minha atenção foi para
a loira e vi a cor do seu rosto sumir, confirmando minha análise, além de
acrescentar algo importante: ela esperava a visita de um desconhecido e ficou
apavorada.
Capítulo 2
Nunca achei que esse dia fosse chegar. Com meu pai não voltando
para casa há duas noites, um estranho vir me procurar, dizendo meu nome
completo, só poderia ser alguém cobrando sua dívida ou informando que ele
tinha morrido.
— Não sei. Depois que o jogo terminou, seu pai foi levado. Vou
descobrir o que está acontecendo, mas preciso que você saia da sua casa antes
que eles descubram que eu não farei de você uma escrava. — Suspirou alto.
Ele também estava nervoso e parecia genuíno.
Com a boca aberta em choque, não sabia o que fazer a não ser
obedecer. Anotei meu nome e adicionei BBW no final, para que lembrasse
quem era a pessoa. Enviei uma mensagem para o meu celular e devolvi o
aparelho para ele.
Eu era maior de idade, não deveria ser possível tal controle sobre a
minha vida. Mas, pensar que mulheres menores de idade poderiam ser
negociadas, a ânsia de vômito voltava com força.
— Saiu de mão vazia, porque está com dúvida. Vai perguntar para a
namorada a preferência dela, depois volta — menti e troquei um olhar com
Vitória; ela estava preocupada.
— Não, farei o horário normal. Eu... — Abri a boca para falar sobre
a visita do tal Marcelo e travei. — Meu pai não voltou para casa.
— Eu sei.
— Tchau, Mercy.
Meu pai não gostava das minhas músicas, nem das minhas roupas ou
da escolha de trabalho. Ele dizia que me rebaixava em servir os ricos da
sociedade, que não se preocupavam com os mais necessitados. Nem a
maquiagem que eu usava me fazia mudar perante seus olhos.
Fui dando passos para trás e prestei atenção nos barulhos e luzes,
estava muito silencioso. Para acionar o porteiro, teria que ir à cozinha de casa
e o chamar pelo interfone, já que estava sem coragem de bater na porta de um
estranho.
Meu olhar foi direto para o colchão, que estava revirado, e notei que
o meu local secreto, onde guardava dinheiro, estava vazio. Comecei a chorar
ao ver minhas roupas rasgadas, meu notebook quebrado e meus produtos de
beleza espalhados pelo lugar.
Será que eu era tão ruim e desprezível para não ter um mínimo de
consideração? Eu pagava o aluguel, tinha comprado grande parte dos móveis,
cuidava da limpeza do pequeno apartamento, para vê-lo destruído por conta
de uma dívida de jogo.
Ainda não estava segura de que ele era um homem bom de verdade,
mas eu não tinha onde dormir.
Vi>> Foi a mando daquele homem que veio te ver? Você ficou
silenciosa no trabalho, não me contou nada. Tem tanta coisa acontecendo
na minha vida também. Se eu não estivesse morando em um sofá, te
chamaria para ficar comigo.
Mercy>> Desde quando isso aconteceu? Por Deus, Vi! Por que
não me contou?
Vi>> Vamos dar um jeito. Não sei como, porque estou fodida
como você, mas juntamos forças e venceremos. Vai mandando notícias.
Meu dono. Era absurdo, irônico, mas minha única salvação naquele
momento.
“Anjo do perdão
OneRepublic - Mercy
Capítulo 4
Ela estava longe de ser apenas uma menina. Eu lutava para não a ver
além do que uma pessoa que precisava ser salva.
Eu decidia.
— Vai ficar tudo bem — prometi. Eu estava tão fora de mim! Bufei
e dei alguns passos para trás. — Tem alguma mala?
— Eu não peguei... quero dizer...
— Por que não vamos à polícia? Meu pai está desaparecido, é tudo
tão surreal.
— Como assim?
— Não vou insistir, muito menos te cobrar, faça como quiser, mas
você não precisa usar roupas de estranhos e que não são do seu tamanho. —
Tirei a carteira do bolso e peguei um dos meus cartões de crédito para
entregar a ela. — Compre roupas novas, o que você precisar. Não tem que me
justificar com o quê ou onde gastou, só use. Considere esse dinheiro como
parte do que ganhei no jogo.
— Mas...
— Dinheiro sujo.
— Eu não acredito que meu pai fez isso comigo. — Ela olhou para o
retângulo de plástico com chateação.
— Para que você saiba, não faço caridade. Essa parte eu deixo para a
minha mãe, porque eu mesmo não sei lidar. — Indiquei com a mão para ir na
frente e ela me acompanhou pelo apartamento. — Para que eu consiga fazer
um bom trabalho, não posso ter empatia. Tenho que ser imparcial e focar nos
fatos. A história de vida, as dores ou conquistas não fazem parte do processo,
desde que sejam retratados como evidências.
— Prefiro não mexer nas coisas dela, mas vou te emprestar algo
meu. É para servir de pijama, certo?
Com o instinto protetor aflorado, fui para meu quarto, peguei meu
próprio cobertor e a cobri para poder deixar o ambiente em uma temperatura
agradável para descansar. Reparei que a luz estava acesa, fechei a cortina e
deixei um escurinho agradável, ela não precisava acordar tão cedo quanto eu,
já que o Mall abria próximo do horário do almoço.
— Isso.
— Ainda não, é para ser apenas uma semana ou... depois vemos,
tudo bem? Deixe o jantar pronto na geladeira para dois. Hoje o dia será cheio.
— Bom trabalho.
— Obrigado.
— Olá, Zander.
— Isso quer dizer que posso preparar algo enquanto você se veste.
— Mary sorriu animada e me contagiou. — O que será, Mercy? Posso te
chamar assim também?
Lembrei que estava com seu cobertor e não consegui pensar em nada
além dele me vendo dormir. Para me deixar mais confortável, ele tinha ligado
o ar-condicionado e protegido.
Precisava parar de me iludir, não fazia nem vinte e quatro horas que
conhecia o cara. Por mais que tenha dormido sob o mesmo teto e ele tenha
me dado um cartão de crédito para ser usado como eu quisesse,
continuávamos sendo apenas estranhos.
Mercy>> Grata.
— Nossa, você não parece ter mais que trinta — falei, admirada. A
mulher riu e ficou encabulada.
— Tive minha filha muito nova, estou chegando nos quarenta anos.
Meus filhos estão quase todos criados. O mais novo irá se formar no ensino
médio no ano que vem. Muito orgulho deles.
— O quê?
— Pode deixar, obrigada. — Fui até ela, beijei seu rosto e ganhei um
copo térmico. Era tão fácil se acostumar em ser mimada.
— Está preocupada, mas não precisa ficar. Viva a sua vida, o resto,
deixe para os profissionais resolverem. — Ele tocou minhas costas e me
conduziu para o carro.
— Fácil falar, quando não é seu pai que te colocou como prêmio em
um jogo. — Ele abriu a porta para que eu entrasse no carro e me senti uma
idiota, ao estar preocupada com minha família. — Você acha que ele está
morto?
— Quem?
Ainda bem que Donna não estava por perto, porque eu tinha chegado
alguns minutos atrasada e não estava com emocional para levar bronca.
— O chefe falou que estaria ocupado o dia inteiro. Não é pessoal, ele
é um homem importante — Zander falou e foi pegando as sacolas das minhas
mãos. — Vou deixar no carro.
Ele não se parecia em nada com o que estava sendo pintado. Ou era
eu o julgando demais, como ele fazia com seus processos? Não estava isenta
de pecado, mas aquele homem parecia surreal.
— Ele deveria ser casado e ter filhos, digno de uma família perfeita,
já que o homem é incrível. — Mostrei a foto e a manchete, o segurança riu ao
invés de ver o meu ponto de vista. — Conservador e bom moço.
Fui até ela. Apesar de tudo, ainda era alguém que me importava
muito.
— Por que não traz para mim aquele kit de cuidados pessoais que
você sempre dizia que era ótimo, mas que custava mais do que o meu salário?
Vou querer um.
— A necessaire também?
Tentei mais duas vezes falar sobre mim ou perguntar o que acontecia
com Vitória, mas fechamos a loja sem conseguir nos comunicar. Zander nos
acompanhou e trocou olhares com a minha amiga. Não sabia dizer se era
prudente dar uma carona para Vi, por isso nem a convidei.
— Não, mas fui contratado para isso. Nunca falhei em uma missão.
Essa é a certeza que eu preciso para manter a minha palavra.
Após o banho, fui conferir nas sacolas e percebi que não tinha me
lembrado de comprar pijamas. A roupa de Marcelo ainda estava em um
canto, mas o cobertor tinha sumido e dado lugar para lençóis e um edredom.
Marcelo>> De nada.
Saí do sofá, abri a porta e espiei no seu quarto, que tinha a luz
apagada e estava vazio. Voltei minha atenção para o celular e tinha outra
mensagem.
— De altura?
— Sim.
— Não, eu que preferi ficar com meu pai. — Começou a rir cheia de
ironia e percebi que logo mudou para choro.
Tinha que ligar para a minha mãe, falar com Mason e torcer para que
o encontro no fim de semana com o contato de Zander funcionasse.
— Sim.
Era só o que me faltava, estar curioso com o tipo de lingerie que ela
usava. Além de participar de um jogo ilegal, estava seguindo para um
caminho perigoso que era o de desvirtuar uma inocente, testemunha de um
crime cometido pelo pai.
— Bom dia, senhor. Deixei seu café pronto. — Largou o que estava
fazendo para me entregar o copo térmico. — Precisa de algo na lavanderia?
— Sei bem que não preciso fazer isso, porque você tem contato
direto com Juliet. — Ergui a sobrancelha em desafio para a minha ajudante
do lar, mas ela deu de ombros sem se ofender.
— Meu irmão precisa fechar aquela boca grande dele. Eu estou bem,
só muito ocupado. É semana de audiência, parei alguns minutos para poder
saber por que tanto me ligava.
— Sim. Estamos todos bem em casa, apenas você que não manda
notícias. Tem feito todas as refeições?
— Ryder deve sofrer com o tanto de ligação que você deve fazer
para ele. O caçula dos Sartori há muito não aparece nas confraternizações.
— Não liguei para falar do seu irmão. Estou aqui para te ajudar,
Marcelo. O que aconteceu? Por que está tão hostil?
— Não entendi por que Mason falou que algo diferente tinha
acontecido. Você sempre faz doações, por que essa seria diferente com essa?
Caralho!
Atiraram nos outros pneus, eu não tinha como escapar sem estragar
meu carro. O idiota saiu do carro com as mãos para cima em rendição, mas
não confiava naquele bandido.
— Não mexa no que é nosso e não faremos isso com o que é seu.
Simples.
Ele só me disse que era urgente, que o chefe precisava dele. Pensei
no pior, que ele tinha sofrido um acidente ou algo até mais grave. Mesmo
sem um arranhão, o homem que estava sendo bom para mim demonstrava
desequilíbrio depois de ter sido ameaçado.
— Não quer dizer que ela precise menos. Converse com Vitória, eu
vou tentar apaziguar a situação depois. — Virei o corpo do segurança para
que fosse em direção a porta. — Vá.
Dei passos para trás até ficar colada na parede. Escorreguei até o
chão e o vi tomar tudo em poucos goles, ele tinha muita frustração para
afogar. Colocou o copo em cima da mesa lateral que tinha entre o sofá e uma
poltrona, voltou a posição confortável que estava e me encarou.
— Te matar seria a melhor das opções, que para mim, não está em
discussão. Você se manterá viva enquanto essa investigação estiver
acontecendo. Tem que ficar perto de mim, mas não poderá trabalhar, nem
usar redes sociais. Não quero ser um algoz, intitulado como mau, por vestir
um terno. Não serei esse filho da puta, meus pais não me criaram assim.
— Não, minha esposa. Vamos nos casar, fazer uma cerimônia para a
família e participar de alguns eventos sociais que tenho agendado. — Forçou
o sorriso. — No sábado, teremos um almoço na casa dos meus pais. Conto
que éramos amigos, que o nosso relacionamento se manteve debaixo do pano,
até que decidimos nos unir oficialmente.
— Mentir para a sua família?
— Você não fará nada que não queira, é um casamento apenas por
conveniência. No máximo, aparecer de mãos dadas, não precisamos ir além
do platônico na frente dos outros.
— Posso pensar? Talvez haja outra forma. Vai mudar nossas vidas
essa decisão. — Encarei-o com desespero e percebi que tinha se aproximado
ainda mais de mim. Se esticasse o braço, me alcançaria.
Ouvi barulho do lado de fora da sala que agora era meu quarto e saí
com a roupa que estava para encontrar Marcelo vestido impecavelmente com
terno e gravata. As olheiras indicavam o quanto ele mal tinha pregado os
olhos, assim como eu.
— Oi, Chad.
— Por que você sempre parece que dormiu muito bem? — comentei
enquanto ele se sentava ao meu lado.
Vi>> Para uma mulher inexperiente como fala que é, até que
você pensa muitas besteiras. Foi apenas um beijo e, talvez, eu tenha
tocado na virilha dele.
Mercy>> Ela está muito brava? Nem sei como dizer isso a ela,
mas não vou trabalhar hoje.
Vi>> Claro, amiga. Você pode contar comigo. Donna acha que o
homem é seu namorado, não meu objeto de desejo tempestuoso.
Vi>> Ou seja, do time das fodidas, como nós. Mas, meus planos é
para estar bem comida até o fim de semana.
Fui até a cozinha e vi uma grande travessa com uma torta amarela
sobre o balcão. Naquele horário, Mary já tinha ido embora. Ela só ficava
depois do almoço quando eu pedia algo excepcional – ou seja, quase nunca.
Senti o cheiro de milho, achei estranho, mas não mexi, aquilo era novidade.
— Isso.
Fiquei observando o quanto ela era jovial, doce e seu olhar ingênuo
me fez sentir pior do que o mais cruel criminoso que já tenha sentado no meu
tribunal para ser julgado. Eu não lembrava quantos anos ela tinha, muito
menos se fizera aquela pergunta, mas, com certeza, era muito menos que
meus trinta e dois anos.
Saí da porta da sala e fui para o meu quarto, trocar de roupa e pegar
o notebook para servir de ferramenta para firmar o nosso acordo. Quando fui
para a sala de jantar, ela já estava sentada à mesa e tinha dois pratos servidos
daquela torta.
— Quantos anos você tem, Mercy?
— Uma conversa solta e nossa união perde força. Você pode ser
raptada e levada para algum lugar que nem o meu amigo governador, com os
contatos dele, conseguiria te tirar de lá. — Toquei sua mão e a apertei, ela
estava suando pelo nervosismo. — Você precisa se esforçar.
— Entendi, tudo bem. Até parece que não estou preocupada com a
minha vida. É só que... — Encolheu-se na cadeira e soltei sua mão, ela
pareceu não ter gostado disso ao fazer uma careta de decepção. — Estou sem
ninguém, não consigo compartilhar o que sinto.
— Tenho uma irmã mais nova, Camile. Ela está com a minha mãe e
a vi, pela última vez, ainda bebê. Morava com o meu pai, bancava grande
parte da nossa vida e o resto você já sabe. — Deu de ombros e espiou a tela
do notebook. Ela tentou menosprezar a sua história, mas eu precisava saber a
dela tanto quanto ela tinha que conhecer a minha.
— Não, tem o dinheiro do jogo que você me prometeu. Não vai usar
o seu. — Apontou para o contrato e fechou a cara, mas eu percebi suas mãos
tremendo de ansiedade. — Eu aceito, mas não vou abusar. Meu Deus, isso
não é um passeio, estou prejudicando sua vida enquanto você quer
transformar a minha.
— Sim, e não me incomodo de ser assim. Foi por causa das minhas
convicções que estou onde estou. — Percebi que estava entrando na
defensiva e coloquei todo o pedaço que tinha na mão na boca. — Muito bom
— falei de boca cheia para mudar de assunto, mas percebi que ela estava
ficando cada vez mais vermelha.
Não dava para falar com nenhum dos meus irmãos. A mentira teria
que seguir daquela forma até a última instância.
Fui para o meu quarto e encerrei a noite sem a ida a piscina. Sentia
um luto dentro de mim. As palavras de Mercedes me tocaram, pois, de certa
forma, eu também estava sacrificando um momento. Tudo bem, não era um
sonho como parecia ser para ela, mas se tornaria bom para a minha mãe. Ah,
eu já imaginava os mil e um arranjos que faria para executar a cerimônia.
— Bom dia, Chad. Está tudo certo com o contrato. Onde assino? —
Forçou o sorriso, mas os olhos inchados não escondiam o quanto estava se
sentindo mal por isso.
Ela me deu espaço para que eu pudesse entrar na sala e foi para a
cozinha. Pelo meu celular, fiz a impressão de duas vias do contrato, peguei
uma caneta dentro de uma das gavetas do rack da televisão e assinei.
Saí de casa e dei de cara com Zander, isso estava se tornando algo
que me incomodava. Ele seria o único com quem compartilharia o assunto do
casamento arranjado, afinal de contas, fazia parte do processo.
— Exatamente sobre isso que queria falar com você. Não dá para
ficar celibatário até essa farsa terminar. Ela está morando no meu
apartamento, preciso manter a discrição.
— Não há outra forma de ser guiado que não seja pela cabeça –
independe de qual seja. Coração só serve para fazer merda.
— Se algo der errado, só não diga a dona Rosi que fui eu que te dei
a ideia. Se juntar ela mais a minha mãe, será como naquelas férias, em que
elas fizeram o cálculo de dois homens para três mulheres.
— Até mais.
— Não acho que Mercy vai entender que você precisa foder com
outra por conta de uma questão não-emocional. Ela é tão inocente quanto
aquela amiga nerd que você teve na escola.
O que meu segurança não parecia entender era que, para minha
sanidade mental, eu precisava focar meus desejos sexuais em outra mulher,
senão Mercy seria minha além da obrigação.
Capítulo 14
— Claro, Mercy. — Ela bateu as mãos nas suas coxas. — Vou pegar
uma toalha de banho e protetor solar.
— Não tenho biquíni. — Fiz uma careta e ela soltou uma gargalhada
passando por mim.
Passei na sala de televisão para pegar meu celular, fui para o andar
de cima e me senti livre. Poderia ficar pensando na saudade que sentia da
minha mãe ou mesmo na falta de notícia sobre o meu pai, mas escolhi pensar
em mim.
Ela é minha
— Tudo bem — soei estrangulada, ela riu baixo e percebi que estava
fazendo de propósito. Olhei para Marcelo, que estava olhando para frente
vidrado. — Chad, acho que vou aceitar a sua sugestão.
— Oi? O que disse? — Ele olhou para mim, percebeu que tudo
estava posto na mesa e começou a se servir. Carne assada, batatas fritas,
legumes e salada verde. Mary nos deixou sozinhos e me senti menos
intimidada por não ter testemunhas ao pedir algo para o dono da casa.
— Tudo bem, não está mais aqui quem perguntou. Bom senso, agir
como esposa...ou melhor, noiva. — Sorri com deboche para sua expressão de
incômodo. — Já comprou as alianças, querido?
— Zander...
— Sinto muito, Donna. Vim avisar que não poderei mais trabalhar.
Estou passando por um momento delicado e...
— Sou sua.
Suas mãos deixaram minha bunda para apertar meus seios. Zander
sabia como enlouquecer uma mulher e eu tinha muita experiência com
homens selvagens como ele.
Gemi enquanto sugava seu lábio inferior, mas suas mãos foram para
meu rosto e o seguraram para que ele pudesse interromper o beijo.
— Eu não sou santo. — Foi para o meu pescoço e sugou com força.
Ele deu espaço para que eu descesse da mesa. Abriu minha calça, me
fez virar e inclinar para frente. Sorri mesmo que ele não pudesse me ver,
remexi o quadril e o incitei a me despir.
Queria que ficasse, mas saiu de mim e subiu minha calça sem
cuidado. Busquei forças para me manter de pé e terminar de me vestir.
— Você é louca.
— Minha vida inteira foi uma merda e foram poucas as vezes que
me senti tão bem quanto agora. E não digo pelo sexo.
— Você tem algo que me faz sentir bem, em casa. E olha que eu
nunca tive uma.
Ele seguiu para a porta e, quando a abriu, Mercy quase caiu para
dentro. Sentada no chão, ela ficou de pé rapidamente e tirou os fones de
ouvido com um sorriso sem graça.
— Espero que não tenha nada a ver com o jogo da outra semana.
— Tudo bem, irmão mais velho. Você vai conhecer minha futura
esposa amanhã. Esse é o grande mistério.
— O quê? — ele gritou, afastei o celular da orelha e tirei o paletó. —
Chad, você vai se casar com Melissa? Mas...
Naquele dia não dava para convocar uma companhia, mas na outra
semana, com certeza, eu daria um jeito de Zander sair para passear com
Mercy enquanto eu tinha uma festa na piscina.
— Espero que tenha comido algo fora ou terá que pedir. — Fez uma
careta pedindo desculpas. — Eu jantei o que sobrou do almoço. Acho melhor
ficar no meu quarto, quero dizer, na sua sala de televisão. Enfim, vou te dar
privacidade. Até amanhã.
Queria corrigi-la, dizer que aquele não era seu quarto, mas sim, o
outro que estava vazio. Acabei me esquecendo de pedir a Mary que o
mobiliasse. Estava com a investigação em andamento e dei entrada nos
papéis para o casamento, mas não tinha providenciado um cômodo decente
para que ela ficasse.
Desci a mão até o meu pau e o senti latejar. Aproveitei que ela tinha
se recolhido para me expor e saciar o desejo que me tirava o juízo. Saí da
piscina, fui até a ducha e extravasei. Com uma mão no azulejo da parede e a
cabeça curvada para baixo, segurei minha ereção e alcancei o clímax. A
imagem que estava me estimulando era ela, Mercedes, tão inocente virando o
corpo e mostrando o seu vestido novo.
Fui me ajeitar na cama para me dar prazer, mas meu olhar caiu sobre
a caixa de veludo e a realidade voltou com força na minha mente. Eu não era
mais um homem livre no quesito sexo. Tinha planos de continuar com
encontros casuais, mas as provas não poderiam ser guardadas como eu
costumava fazer.
Mas tudo tinha sido em vão, porque o homem do meu lado parecia
estar indo em direção a forca.
Então, ele começou a rir sem nenhuma explicação. Parecia que tinha
saído um peso dos seus ombros. O homem estava tão desequilibrado quanto o
meu próprio coração. Entendi que tudo tinha a ver com o meu apelido,
Mercy, piedade.
Ele parou o carro atrás de outros que eu nem sabia qual era a marca.
Saí do veículo com as pernas bambas e a mão suada, minha confiança tinha
evaporado de mim.
— Relaxa, Mercy. Vai dar tudo certo, nós estamos juntos nessa. —
Beijou minha testa e eu quase falei para que parasse com tanto carinho, pois
não estava acostumada.
— Brasileira?
— Confesso que acreditei que Ryder apareceria por aqui com uma
mulher grávida e, então, um casamento aconteceria. — Ethan era irreverente
e alto astral.
— Eu... é...
— Você tem um apartamento com meu filho, mas terá um canto aqui
comigo também — foi sua fala final antes de me puxar para o andar de baixo,
tagarelando sobre a época em que a casa foi construída e os filhos eram
apenas crianças.
— Sim, pai. Tinha deixado para trocarmos aqui. — Chad tirou uma
caixa de dentro do bolso da calça e a abriu. Arregalei meus olhos pela beleza.
Dona Rosi soou admirada e Ethan bateu palmas quando foi exposto o anel.
— Ele não decepciona. Só falta aprender a jogar direito — o irmão
mais novo zombou.
— Ah, não, meu filho. Eu preciso tirar uma foto decente desse
momento. — Dona Rosi se levantou, pegou o celular e fez um movimento
com a mão. — Faça de novo. Mercy, fica de pé e você ajoelhado, Marcelo.
Minhas mãos tremiam e meu corpo estava sem força, mas encarei o
homem que estava se submetendo a passar por isso para me proteger. Forçou
o sorriso demonstrando o quanto estava incomodado, ia pegar na minha mão,
mas Ethan o interrompeu:
— Meu irmão, até parece que esse foi o primeiro beijo de vocês —
Ethan falou ao nosso lado. Meu rosto esquentou e busquei meus sogros, mas
estavam os dois olhando para a tela do celular. Não sabia dizer se era melhor
ou pior não ter o escrutínio deles.
— Obrigada.
— Sinto muito, mas não tinha outra forma de ser. Eu me excedi, vou
tentar não me empolgar. Você sabe que...
— Eu te espero.
— Éramos amigos.
— Você vai se casar com ela pura, por isso é tão difícil dar um beijo.
— Não tive reação, porque a dedução da minha mãe foi genial. Eu precisava
de um motivo para ficar longe dela e dona Rosi me deu um. — Não sei como
você conseguirá, meu filho, mas faço muito gosto de que você respeite as
vontades da sua noiva. Seu pai foi respeitoso assim comigo, também.
— Está tudo bem? — perguntei para ela, que riu baixo enquanto
colocava o cinto de segurança.
Não protestou quando toquei seu joelho exposto e subi até um pouco
acima da metade da coxa. Ela suspirou e se agarrou no meu pescoço. As
batidas do seu coração poderiam ser ouvidas de tão rápido que estava.
Não deveria ser com ela, mas meu corpo dizia que tinha que ser com
Mercy. Estava comprando uma passagem só de ida para o inferno, mas eu
estava feliz em ir, de forma consciente.
— Não deveria.
— Sim.
— Essa decisão é sua. Não tenho mais forças para nos impedir de
avançar os limites dos termos assinados.
Não conseguiria parar agora que ela estava tão perfeita sobre mim.
Levantei a saia do seu vestido para sentir sua bunda, que estava exposta por
conta de uma calcinha fio dental. Gemi em apreço deslizando o dedo pela
costura e a contornando entre suas nádegas.
Subi com as mãos pelas suas costas, cheguei na nuca e enredei meus
dedos no seu cabelo. Interrompi a nossa conexão para ter o mínimo de
dominância, puxei sua cabeça para trás e deixei beijos pelo seu pescoço, até
que encontrei um ponto sensível e suguei.
Ela gemeu e remexeu no meu colo mais uma vez. Era para essa
transa acontecer em uma cama, não a céu aberto, em uma espreguiçadeira,
sem o romantismo adequado. Mercy merecia declaração de amor e palavras
perversas sussurradas em seu ouvido, talvez pétalas de rosas e música.
Peguei no talo de uma cereja, deslizei pelo seu corpo e levei para
meus lábios, ela respirava com dificuldade por causa da antecipação. Peguei
um morango, mergulhei no chocolate derretido – que já estava quase duro – e
coloquei na sua boca.
Pegou o celular, colocou uma música para tocar e tocou meus pés.
As mãos alisaram minhas canelas e deslizaram até meu quadril. Segurou nas
laterais da calcinha branca e a tirou vagarosamente.
“Todos eles dizem que perdi a cabeça
A verdade é que eles estão com medo por causa da sua coragem”
Nem mesmo nos meus sonhos mais quentes, imaginaria que algo
fosse tão bom quanto a língua de Marcelo.
Não era ele quem tinha me curado, mas eu que, finalmente, olhei
para a escuridão e vi o lado bom. As estrelas não eram monstros que
poderiam me atacar a qualquer momento, mas luzes que refletiam o brilho do
nosso amor.
Fiz uma careta quando senti uma ardência e cogitei interromper, mas
ele me soltou para cobrir meu corpo com o seu. Parou se se movimentar,
beijou minha boca e relaxei um pouco mais antes dele voltar a entrar e sair.
Então eu não vou beijar ninguém até você voltar para casa
Eu não iria querer nenhum outro homem que não fosse o meu futuro
marido para estar naquela posição. Era por proteção, mas, também, havia
cuidado e dedicação ao compartilharmos a nossa intimidade. Casei-me por
obrigação, mas meu amor por Chad estava fluindo sem nenhuma resistência.
— Pelados? Devo ter alguma peça de biquíni no meio das coisas que
trouxe comigo, presentes do Ethan. — Franzi o cenho, mas ele me pegou no
colo e dei um gritinho animado quando nos jogou dentro da água. — Seu
louco! — falei rindo. Ele também estava se divertindo.
Estava sendo exagerada, mas nada poderia ser diferente desde aquele
dia em que um homem com roupas informais e um boné me abordou na
BBW.
— Ainda não fiz nada de diferente, minha nora. Ethan que parece
exagerado além da conta e mandou outra entrega para cá.
— Demais, nem queira saber todas as artes que ele fez quando
adolescente. Bem, não vou te atrapalhar. Estou te esperando e vamos
almoçar juntas.
— Combinado. Beijos.
Quando cheguei na casa dos Sartori, nem saí do carro, ela já nos
esperava. Dona Rosi aproveitou o meu segurança como motorista e nos
indicou aonde ir.
— Vitória está com Zander e Penny tem alguém que cuida dela.
Preciso falar com as duas, inclusive.
— Combinado.
Era próximo das dezessete horas, logo Chad estaria em casa e eu não
estaria para o recepcionar. Pensei em pedir uma pizza para o jantar, assistir
um pouco de filme na sala de televisão – meu antigo quarto – e romance.
— Pode ir. Está tudo sob controle. O prédio tem seguranças, eu vou
fazer ronda caso alguém ameace vocês.
— Recado recebido.
Mercy>> Não tenho notícias do meu pai e... não me julgue, mas
estou, finalmente, pensando apenas em mim. Estou feliz e te vi na
internet. O governador?
Penny>> Faz pouco tempo. Estou feliz. Você disse que está bem,
me conta!
Penny>> Sim! É isso que importa. Você merece ser feliz. Vai ser
um prazer ser sua madrinha. Também quero que seja a minha.
— Hum.
Atendi o seu pedido, montei em seu colo e abracei seu pescoço para
aprofundar o beijo. Meu corpo estava revigorado, nenhum incômodo me
impedia de ir além.
Tentei sair do colo dele, mas segurou minha cintura com desespero.
Não tive coragem de olhar para seu rosto, porque a vergonha era apenas
minha. Ele nunca tinha me prometido nada, mas tudo estava indo tão bem,
que me forcei a tornar natural o que começou por obrigação.
— Pelo amor de Deus, Melissa. Nosso encontro era ontem, você não
veio e as coisas mudaram!
Eu tinha sido enganada. Tudo o que estava no terraço não era para
mim. Marcelo estava com tesão, mas esperava outra e não eu.
Ela saiu batendo a porta de casa e olhei para a aliança no meu dedo.
Porra, eu nunca deveria ter combinado esse encontro. Tudo bem, eu não tinha
a aliança no dedo, nem havia transado com Mercy e descoberto que
poderíamos tentar algo.
Óleo para massagem comestível. Pode ser usado nas partes íntimas.
Hipoalergênico.
Era para ter sido uma noite maravilhosa, com minha futura esposa.
Passei o dia imaginando que poderíamos dar certo, justamente porque não
estávamos com expectativa para o romance. Tudo o que viesse seria bem
aproveitado.
O jeito era esfriar a mente e tentar conversar. Por isso, fui tomar
banho e quando fui jantar, chamei Mercedes. Nada. Assisti um pouco de
televisão no meu quarto, chamei Mercedes de novo e nada.
— Eu vou arrombar a porta se não ouvir sua voz. Estou preocupado
— falei, irritado comigo ainda e obtive resposta:
Justo.
Mas minha atenção era naquela mulher cabisbaixa com uma bolsa
cheia no colo.
— Não! — Sabendo que ela não queria que a tocasse, fui me colocar
na frente dela, do outro lado do balcão. Os olhos inchados e a tristeza
atingiram minha alma, eu estava gostando demais dela. — Por favor, não faça
isso.
— E minha família?
— Sua mãe é tão especial. Nem eles deveriam ser enganados. —
Tampou o rosto para se esconder de mim. Estava jogando baixo, eu nunca
disse que era perfeito. — Nós...
— Como isso me fará sentir melhor? Você estará aqui trepando com
todas enquanto eu estou preparando um falso casamento. — Começou a rir
sarcástica. — Achei que dava conta, mas não é para mim tanta manipulação.
— Quero ser seu marido, Mercy. — Fiquei encarando seu perfil, ela
ainda não tinha se virado para mim. — Serei fiel e honrarei minha palavra de
que quero tentar. Era para ser apenas um arranjo, mas se tornou sério para
mim também. — Virou o rosto devagar com os olhos arregalados. —
Também estou gostando de você.
— Mas, ontem...
— Você mesmo disse que não conseguiria ficar tanto tempo sem
sexo. — Ela se afastou saindo do banco. — Como vai fazer se eu não estiver
por perto? O que quer dizer sobre termos tempo?
— Chega de casamento!
— Tudo bem, você venceu. Entendi tudo e acho que esse tempo
longe me ajudará a ter o mesmo gelo em volta do coração que você tem, Juiz
Sartori. — Ergueu a bolsa. — Peguei todas as minhas coisas, estarei com sua
mãe organizando o nosso casamento feliz.
Ela saiu da cozinha. Peguei a caneca com café e tomei tudo, mesmo
que estivesse tão quente que precisasse amornar antes de ser ingerido. Mary
apareceu na cozinha, preocupada. Ela não poderia externar para ninguém
aquela conversa, não importando o quanto tinha escutado.
— Sigilo, Mary. Nem Juliet ou minha mãe podem saber o que houve
aqui.
Bem, se fosse analisar direito, quem tinha rompido alguma coisa foi
ela. Não me deixou explicar, acabei me atrapalhando e não recebi nem um
beijo de despedida. Um abraço era muito pouco, eu queria estar dentro dela
mais uma vez.
— Catena, aqui não diz a situação atual do pai, apenas que é um dos
prisioneiros dessa quadrilha.
— Eu sei, mas isso não quer dizer que minha mulher sofrerá menos.
Só estou analisando para preparar o terreno.
— Não, vou para casa e pedirei uma pizza. Está dispensado por hoje,
fique livre para atender Mercedes.
Entrei no meu carro blindado, liguei o som e fui para casa escutando
a mesma música que tocou quando eu estava aprendendo a olhar para Mercy
de uma outra maneira. Se eu era um bom moço, ela estava se descobrindo
uma garota má, com desejos e liberdades. Nadar nu na piscina com ela foi
bom, algo que queria repetir, mas estava difícil de acontecer.
Chad>> Não, mas ainda tenho que me acostumar com essa ideia.
É complicado ter uma mulher na minha casa.
Olhei para as fotos que minha mãe enviou da minha noiva, além
daquelas que foram tiradas no nosso primeiro beijo. Compartilhei com a
televisão do meu quarto, meu coração acelerou e, por conta das imagens que
minha mente resgatou, eu estava com uma ereção.
— Sou muito certinha para isso. Deixe essa parte sacana para o
homem da relação. — Fiz uma careta quando a vi colocando as mãos na
cintura, com indignação. — É a verdade. Nem beber eu consigo, prefiro suco.
— Que lhe tomará uma manhã, não o dia inteiro. — Ela abriu a
geladeira, pegou ovos e apontou para o balcão. — Vamos, vou preparar seu
café da manhã e você pensará sobre o assunto.
— Não. Tem a ver com morar aqui, eu gosto de estar com vocês. —
Tentei remediar, mas pela expressão da minha sogra, não a convenci.
— Quem casa, quer casa. Tudo bem você ficar aqui, mas sem
nenhuma visita do meu filho? Vocês namoram como, pelo celular? —
Arregalei meus olhos e fiquei com vergonha. — Muito moderno para mim.
— Eu não disse...
— Mas...
— Vou com você. — Virei para ver minha sogra se levantar com o
celular na mão. — Vi uma tiara que posso usar no andar de baixo.
— Você não vai me expulsar justo agora que consegui te ver. — Ele
fechou a porta e caminhou na minha direção com determinação. Com o terno
bem alinhado, a barba aparada e um olhar predador, meu corpo inteiro se
arrepiou pela antecipação do seu toque.
— Se estava com saudades, por que não veio antes? — O tom saiu
de acusação. Ainda estava ressentida pela tentativa de traição. Por mais que
não coubesse a mim exigir fidelidade, eu queria que aquele compromisso
fosse real.
— Pode estar convivendo com dona Rosi há muitos dias, mas não a
conhece como eu. Na minha primeira tentativa de aproximação, ela me freou.
Era para esperar o seu tempo, como o homem respeitador que ela criou. —
Engoliu em seco e respirou fundo. — Pensei em você todos os dias.
— Sabe que não é disso que estou falando. Esqueça o que aconteceu,
não penso em mais ninguém, não toco outra mulher desde a nossa primeira
vez. — Ele estava há centímetros da minha boca e sussurrou: — Por favor.
Seu sabor era o mesmo de quando lhe beijei da última vez. O toque
era mais inflamado e seus dedos na minha pele acionavam lembranças do
quanto ele era bom com seu corpo junto ao meu.
— Mas...
— Não quer? — Ele parecia ter segurado a respiração e seu olhar era
desesperado. — Vim aqui para continuarmos de onde paramos.
— Ela não está trancada? — Olhou-a e depois voltou para mim com
desejo. — Precisamos ser rápidos, então.
— Mas...
Ele poderia ter domínio das suas palavras, mas eu estava ao ponto do
desespero. Puxei seu terno para cobrir meu corpo. Fui abraçada com mais
força para me unir a ele e me entreguei ao beijo.
Minhas mãos foram para a sua virilha em desespero. Mordi seu lábio
inferior ao mesmo tempo que abria sua calça. Ele gemeu e meu peito estufou
quando percebi que estava no comando.
— Meu Deus, todo mundo vai saber o que estamos fazendo aqui —
murmurei com minha mão subindo e descendo no seu membro.
— Estou sem camisinha e não tenho nada para limpar a bagunça que
farei se não parar. — Seu olhar encontrou o meu com desespero. — Você
nem gozou, Mercy. Me deixe fazer direito.
— Está tudo bem aí? — A voz de dona Rosi estourou a nossa bolha.
— Não. Você tem batom aí — apontei para seu rosto, ele passou a
mão nos lábios e nada saiu. — Meu Deus! — Virei para os espelhos,
coloquei a mão para trás e tentei colocar nas casas os vários botões que tinha.
Com o coração prestes a sair pela boca, vi pelo espelho minha sogra
entrar e reparar no filho. O que ela pensaria de mim, se desconfiasse o que
fizemos na sua ausência?
— Conversaram, filho? — Ela se inclinou e estalou o dedo. — Sim,
vocês já se entenderam. Vá lavar o rosto. Vou pedir para que a maquiadora
troque a marca do batom de Mercy.
— Ah, não. Ela não pode trocar. — Dona Rosi se aproximou de mim
e tive medo dela sentir o cheiro de sexo. — Querida, é para dar sorte. O noivo
precisa te ver da mesma forma que encontrará no dia do casamento. Tradição
da família Sartori. Minha sogra quase me fez desistir do casamento, mas hoje
eu entendo tudo.
— Eu... — Comecei a suar frio.
Era isso mesmo que eu queria? Por não ter opção para a minha
sobrevivência, eu estava entregando meu coração. Certo ou errado, as
circunstâncias estavam me obrigando a aceitar meu destino. Não era ruim,
muito menos desolado, só não conseguia explicar a angústia que ainda existia
no meu coração.
Ela virou para me dizer algo, mas meu celular tocou em cima da
mesa tirando a minha atenção. O nome Melissa brilhou na tela do aparelho.
Minha mulher, quando viu aquele nome, se levantou, irritada e meu inferno
pessoal parecia ter retornado sem que eu tivesse provocado.
— Calma, Marcelo. Sua mãe tem tudo sob controle. — Meu pai
estava tranquilo, o homem era um poço de paciência. — E nos conte a sua
versão da história enquanto isso.
— Claro que tem algo a ser falado. Nem preciso trabalhar na mesma
área que você para saber que tem cara de culpado — Mason soou arrogante.
— No dia em que você aparecer com uma mulher ao seu lado e não
fizer as coisas direito, acredite, eu serei pior do que está sendo para mim. —
Olhei para o meu pai, que tinha as sobrancelhas erguidas. — Eu vou lá.
— Mercy, não te traí antes e nem faria isso agora. Eu gosto de você.
— Paramos ao lado da porta do passageiro e segurei seu rosto. — Estive
impedido de explicar da primeira vez, você não me deu chance, mas quero
falar tudo hoje. Chega de desencontros. Senti sua falta, como poderia fazer o
que fiz na loja, se eu estava me satisfazendo com outra?
— Sim, nós vamos resolver isso. Iremos nos casar e ficar bem. —
Beijei seus lábios, ela suspirou em alívio. Soltei-a, porque iria respeitar seu
desejo, não porque queria a distância entre nós. — Eu nunca agi assim. Você
é a única na minha vida.
“Um
Lá vem o Sol
Dois
Lá vem o Sol
Três
Ele é a estrela mais brilhante de todas
Quatro
Lá vem o Sol”
Capítulo 30
Segui com meu carro em direção a casa dos meus pais entre bocejos.
Era cedo, mas não o suficiente para pegar meu pai em casa. Queria estar
sozinho com Mercy e, quem sabe, aproveitaríamos a piscina.
Subi a escada e fui para o meu antigo quarto. Iria cochilar por uns
minutos e, depois, quando estivesse mais desperto, tentaria encontrar minha
noiva. Não achei que precisaria bater à porta até acender a luz e notar que o
cômodo estava ocupado. Vi minha mulher deitada na cama, vestindo a minha
roupa – a mesma que emprestei na primeira noite que ficou em casa – e
aliviei o peso das minhas costas.
Ela ainda deveria estar brava pelo incidente no restaurante, que não
tinha conseguido me explicar direito. Mas Mercy continuava gostando de
mim e isso era o mais importante.
— Eu prefiro que meu apelido saia dos seus lábios, senão vou achar
que ainda está chateada comigo.
— Mas continuo brava. Uma parte, você não tem culpa. A outra,
você produziu provas contra você mesmo. Por favor, não faça a despedida de
solteiro.
— Vamos manter sigilo sobre a vida dele, tudo bem? É meu amigo e
eu também pensava como ele.
— Como?
— Por obrigação.
Coloquei a mão na cabeça e senti uma pontada de dor, que não iria
aliviar por conta da agitação da melodia.
— Te acordei?
Fui devagar e não respondi, porque não era uma questão do que
escolhi por vontade própria. Foi-me dada uma obrigação e, a partir desse
momento, eu consegui deixar que os sentimentos falassem.
— Pelo amor de Deus, você não sabe escolher local nem momento
para fazer amor?
— Nem sei como fazer isso, Mercy. — Ela ficou envergonhada.
Tirei seu short, olhei ao redor e confirmei que não havia ninguém para nos
espiar. Seria a primeira vez que usava a casa dos meus pais para uma
escapadinha. — Agora, nós vamos trepar.
Ela me beijou com fome. Tirei meu pau de dentro da cueca e nos
encaixamos pouco a pouco. Fui até a parede da piscina, pressionei-a para me
ajudar a entrar, já que a água não facilitava no início.
Foi rápido, mas não menos prazeroso. Ao sentir que iria gozar,
esfreguei seu clitóris com os dedos enquanto minha boca tomava dos seus
gemidos. Ela topava minhas loucuras, se entregava para momento e atendia
os meus desejos. A esposa perfeita.
O tempo foi perfeito, porque logo em seguida, uma das faxineiras
apareceu na área carregando lençóis para levar para a lavanderia que ficava
nos fundos. Ela manteve a discrição e não nos encarou, mas Mercy se
escondeu ao máximo atrás de mim.
Acreditava que meu corpo estava mais em sintonia com Chad do que
minha mente ou coração. Bastava ele me tocar, ou mesmo me abraçar e eu já
queria seguir até o fim.
Depois que meu noivo foi embora trabalhar que lembrei que não
conversamos sobre termos transado sem usar preservativo. Os exames
estavam de acordo e não teríamos problemas com doenças, mas havia um
outro porém: gravidez.
— O que disse?
Só faltava ele dizer que me amava. Mas, achava que era pedir
demais, afinal, nem mesma eu conseguia pronunciar essas palavras.
Dona Rosi me colocou sentada em uma cadeira e escutei palmas.
Notei que mais pessoas estavam ali, não era um evento pontual.
Façam bom uso e não tenham cuidado. Essa linha foi criada
exclusivamente para ser destruída no final da consumação do amor.
Ethan.
— Não vale chorar, senão te faremos desfilar com as lingeries —
Juliet falou e as duas concordaram. Limpei a lágrima antes dela escorrer e
deixei a caixa no chão ao meu lado, pois minha sogra estava me entregando
outra.
— Você também tem ao seu lado uma dupla que é apaixonada pelos
Sartori — Juliet falou e apontou para ela e para Mary, que acenou
confirmando. — Pode contar conosco.
Levantei-me para abraçar as duas. Recebi carinho, conselhos e me
conectei ainda mais com essas mulheres queridas. Eu compreendia minha
sogra, ela continuaria do meu lado enquanto seu filho estivesse bem. Talvez,
eu fosse mais ciumenta, por isso acolhi com muito carinho a sua empolgação
sobre o casamento.
Depois de uma longa sessão de fotos, tantas que meu celular ficou
sem espaço para salvar imagens, fui deixada sozinha para acionar o carro que
me levaria até o salão de festas do Hotel Reynalds, onde aconteceria a
celebração do casamento do juiz Marcelo Sartori e sua noiva, Mercedes
Smith.
Eu queria acabar de vez com a distância física que nos foi imposta.
Morar com dona Rosi era bom, mas eu queria voltar para o apartamento e
ficar ao lado, todas as noites, do meu marido.
Tudo bem que eu tinha decidido me mudar para a casa de seus pais
para não sofrer. No entanto, naquele momento, não mais me importava de
tolerar suas meias palavras, com significados ambíguos.
A porta do meu lado foi aberta. Saí do carro e fui conduzida até a
entrada do hotel por Zander. Estranhei que continuou comigo até a
organizadora de casamento nos direcionar para o salão, que tinha as portas
fechadas.
Meu mundo parou apenas para exaltar aquela mulher que estava
entrando no salão, acompanhada de Zander. O homem tinha se tornado um
grande amigo. Eu devia mais que um bom salário para ele por estar fazendo o
papel daquele que traria minha noiva até mim no altar.
Mercedes sorriu para ele e voltou seus olhos para mim. O brilho que
encontrei encheu meu coração. Estava amarrado por toda a vida e pensava
que me sentiria um lixo quando esse momento chegasse, mas não, estava
feliz.
— Oi — murmurou acanhada.
— Linda. Pronta?
Confesso que nem lembrava mais do que tinha dito nos meus votos,
nem o que Mercedes falou nos dela. Foi breve, rápido e emocionante. Mas o
“sim”, esse eu não vou esquecer, nem do tom emocionado com que foi
proferido.
Ela era minha para sempre. Ou até que pedisse o divórcio. Naquele
momento, estava odiando ser da área jurídica e de trazer esse lado para o meu
universo tão bem desorganizado.
— Claro, vamos.
Antes que pudesse me cansar, fomos até a mesa dos meus pais e
encontrei meus irmãos – menos Ryder. Olhei para minha mãe com a pergunta
no olhar. Ela se levantou para me abraçar enquanto Ethan roubava a minha
noiva.
— Ele sente muito por não poder vir, mas fica feliz se você também
estiver — dona Rosi sabia de tudo, inclusive lia mentes.
— Não é momento para isso, mas para celebrar a união dos dois.
— Você sabe, ele gosta de chamar atenção — meu irmão mais velho
comentou, revirei os olhos e fui até Mercy.
— Eu tento ficar brava com você, mas não consigo — ela confessou
e tive que fazer leitura labial, já que a música não nos permitia ouvir com
facilidade. — Estou me apaixonando por você, Marcelo Sartori.
Ela era minha para que pudesse cumprir o dever com a lei, mas nada
tinha me preparado para resistir àquela atração que estávamos sentindo.
— Preciso te contar uma coisa, mas tem que manter sigilo. Não pode
falar nem para o governador. — Virei na cama e segurei suas mãos, ela me
olhou atenta. — Promete?
— Não sei. Meu pai está envolvido com jogos ilegais. Ele tinha me
apostado como prêmio. — Segurei a respiração ao observar sua reação. —
Ainda bem que Chad estava no caminho. Meu destino poderia ter sido pior
do que um casamento por obrigação.
— Eu?
— Ele diz que gosta de mim, mas ligou para uma mulher ir ao
apartamento dele. A Melissa sugeriu fazer um ménage.
— Sim.
“Eu mudei.
Suas mãos saíram dos meus seios e foram para a bunda, me dando
embalo para o vai e vem. Com uma pegada forte, ele conseguiu me estimular.
Eram duas novas posições, um universo original criado por nós, para
a nossa união.
Sua mão foi para meu clitóris, sua frente grudou nas minhas costas e
perdi as forças enquanto gemia alto por ter encontrado o meu clímax. Caímos
na cama e Marcelo concluiu o ato, cobrindo meu corpo e se saciando das
nossas emoções.
— Quer trabalhar com isso? Ethan pode abrir muitas portas para
você. A empresa dele tem um setor exclusivo para modelos fotográficas.
— Ah, ele vai aprender a amar, porque a filha dele é a mais nova
integrante da família Sartori.
— Vai ficar tudo bem, Mercy. Vamos para a nossa lua de mel.
— Ainda tem a parte que ela te liga alguns dias antes do nosso
casamento. — Fiz uma careta e observei Zander relaxando no banco da frente
enquanto estávamos na nossa briga sem fundamento.
Uma parte era insegurança e a outra, apenas um motivo para que ele
demonstrasse o que sentia por mim, já que parecia difícil expor em palavras.
Qual era a dificuldade de dizer que me amava? Assumir que errou e pedir
desculpas? Era mais fácil criar mil e uma justificativas, que nos induziam a
uma explosão de luxúria.
— Porra, cara, por que a pressa? Ainda temos muito tempo para
estar no aeroporto — meu marido falou.
O carro que estava ao nosso lado avançou e tentou nos jogar para
fora da estrada. Fechei os olhos e escutei os xingamentos dos homens
enquanto sacudia de um lado para o outro no carro.
— Não, deixei recado. Vou avisar Mason. Ele tem alguns contatos
com a polícia internacional, por conta do aeroporto.
O carro freou brusco, meu corpo foi jogado para frente e o de Chad
também. Abri os olhos e vi, em câmera lenda, meu marido flutuar enquanto o
automóvel fazia uma curva ao mesmo tempo que girava no ar.
Meu carro blindado capotou. Fiquei sem cinto para estar próximo de
Mercy e acabei sendo arremessado para frente. A posição que fiquei era a
pior, ainda mais com o automóvel de ponta cabeça.
Não sei de onde tirei forças para ir até o banco de trás e sair do carro,
era a minha mulher que estava sendo levada. Fiquei de pé, mas logo cedi pela
dor insuportável na minha perna.
Meu coração foi rasgado quando vi Mercy sendo posta em uma das
SUVs que nos seguia. Um dos homens apontou para a minha direção e
escutei o disparo. Se acertou em mim, não sabia dizer, porque eu estava
dormente.
— Eles a pegaram. Era isso que iria falar com você, quando tivesse
um minuto longe da sua mulher. Interceptei uma mensagem de resgate da
amiga dela, Vitória. Com vocês fora do país, eu executaria a missão por
minha conta.
— Você está vazando, chefe. Tem uma ferida enorme na sua perna.
O socorro está vindo, acabei de falar com seu irmão.
— Sinto muito, chefe. Estou com você, não pelo bom salário, mas
por causa de outra missão.
— Sim. O babaca tentou nos distrair, mas acabou nos levando até o
ninho.
— Quem era?
— Você não disse que a amava. Seus votos mais pareciam uma
decisão de processo. Foi tudo arquitetado.
— No lixo.
Voltei a me sentar e gemi, estava cada vez mais foda conseguir dar
um passo para ajudar Mercedes. Se alguém tocasse num fio de cabelo dela,
faria como Zander e esqueceria a justiça dos homens.
— Assim espero.
Capítulo 37
Fui tirada do carro que estava com Marcelo por mãos indelicadas.
Uma mordaça foi posta na minha boca, além de um capuz preto em minha
cabeça, depois fui jogada no banco de um carro. Dirigiram por um tempo e
eu não lutei, porque tinha esperanças de que, se fossem os mesmos homens
que estavam com o meu pai, eu poderia revê-lo.
— Não converse, não pergunte, não chore ou terá que lidar com as
consequências — o homem intransigente falou quando fechou a portinhola da
frente. Eu estava sendo tratada como um animal.
O sol estava se pondo e meu pavor foi ganhando força. Abri a boca
para gritar, mas nada saiu. Será que Marcelo conseguiria me salvar? Zander
estaria vivo para o ajudar?
A sede deixou meus lábios secos e estava quase no meu limite para
poder me aliviar. Pelo cheiro e a podridão que me cercava, aquelas pessoas já
tinham feito suas necessidades sem se importar com a higiene.
— Calma, Mercy. Sou eu, Zander. — Ao ouvir sua voz, parei meu
escândalo e fui até ele, me jogando em seus braços.
— Por que ela estava ali? — Olhei para Zander e ele parecia
preocupado. Segurou em um canto quando o carro começou a andar. — Foi
por minha culpa?
— Obrigado, Leo.
Vitória gemeu nos meus braços. Zander tinha conseguido furar o seu
braço e colocado o soro. Ajeitou-o no alto, acariciou o rosto da minha amiga
e se afastou. Percebi que ele se sentia culpado, mas, como foi dito, apenas os
criminosos deveriam ter o peso da culpa.
— Que bom. — Fiquei mais calma, mas durou pouco. — Esses eram
os mesmos homens que estavam envolvidos com meu pai?
— Exato.
— E meu pai?
— Sim.
— Quero falar com minha nora. Não espere uma ou duas horas
para me retornar, voltem para minha casa e fiquem no seu quarto ou eu vou
para o seu apartamento, Marcelo.
— Obrigado, mas não. — Cortei, antes que ele resolvesse nos deixar
depressivos com as notícias da cidade.
— Zander falou que meu pai foi achado morto. — Pela dureza da
voz, estava se esforçando para não chorar. E por não ter falado mais nada,
com certeza, o segurança omitiu a parte que estávamos em busca da sua mãe.
— Você não está sozinha.
— Fico feliz que você está bem. Não te fizeram mal. — Acariciei
seu rosto e ela suspirou, perdendo o sorriso.
Abraçou todos e me conferiu da cabeça aos pés. Fiquei feliz que até
minha esposa teve a mesma verificação, ou seja, ela se sentiria incluída e
parte dos Sartori.
— O assunto é sério!
— Sim, mas eles são jovens e estão vivos. — Meu pai apareceu e
abraçou minha mãe. — Estão debaixo da sua asa, na nossa casa. Vamos
dormir, meu amor.
— Vai tirar sua calça para mim, querido? — Encarei Mercy, que
tentava se manter séria, mas começou a rir enquanto Ethan se jogava na
poltrona sem se segurar. — Era para ser um momento tenso. Eu fui
sequestrada, mas estou aqui, rindo e pedindo para o meu marido tirar a calça
na frente dos irmãos.
— Acho bom que se acostume. Você ainda não conhece nem metade
do que podemos fazer, apenas para perturbar uns aos outros. — Mason se
afastou e soltou o ar, parecia estar se livrando da tensão também. — Eu sou o
pior de todos.
— Vai se foder.
— Oi, Chad.
Nem sei como não sentia dor, já que o corte ainda era recente.
Inclusive, estávamos proibidos de sair de casa até que Marcelo estivesse
recuperado por completo. Dona Rosi sabia como agradar e, também, nos
obrigar a fazer suas vontades.
Era uma sogra entre um milhão. Seu zelo e amor só perdiam para a
superproteção. Pelo menos tínhamos liberdade no quarto e ninguém vinha
nos perturbar enquanto estávamos reclusos.
— E Vitória?
— Sinto muito por tudo o que aconteceu. Mas eu também sei da sua
força e que irá superar qualquer trauma.
— Bem, acho que temos algo em comum, agora. Também não durmo
com a luz apagada. O escuro me incomoda.
— Zander disse que não é possível fazer com frequência, mas eu vou
tentar. Obrigada por ser uma boa amiga e de ter se envolvido com o Sartori.
— Parece até que tudo foi friamente calculado. Que venham novos
planos com menos sofrimento, não concorda?
— Sua bolsa deve ter ido para o apartamento, para o nosso lar. —
Abraçou-me colocando a cabeça em meu pescoço e inspirando
profundamente. — Precisamos voltar, senhora Sartori. Aquela piscina no
terraço precisa ter mais histórias nossas para contar.
Os dias que ficamos com sua família e sem restrições de paixão, fez-
me sentir cada vez mais confiante. A diferença dos estudos, de classe social,
ou mesmo de conhecimento sobre o mundo, eram coisas que passavam longe
da minha cabeça, porque eu me sentia uma Sartori de verdade.
— Optei por não tomar remédio, é isso o que quero dizer. — Fiquei
com vergonha de erguer a cabeça e o encarar. Como seu carinho hesitou
apenas um momento, acreditei que não tinha tanto problema. — Eu não
quero me aproveitar de você. É só que...
Semanas depois...
Olhei para a tela do meu celular e fiz uma careta, ainda estavam
falando da grande operação contra os jogos ilegais em Miami. O assunto só
perdia para o casamento do governador Maxwell Mazzi, minha amiga Penny
estava linda e lidando com algo parecido com o que aconteceu comigo.
— Uma semana. Sua irmã não pode faltar muita aula, senão perderá
o ano. — Ela limpou as lágrimas. — Por mais generoso que o seu marido
seja, temos uma outra vida no Paraguai. Eu me casei novamente.
Na área de lazer da casa dos meus pais, reuni com meus irmãos para
a celebração da nova vida que estava a caminho.
— Como dizem, escrever certo por linhas tortas. Aceita que dói
menos, Mason.
— Quem disse que seu nome ainda está como sócio? — Fuzilei
Mason com o olhar e ele riu baixo da minha irritação. — Está feliz?
— Muito.
— Mas não está aqui. Sabe que o último sempre perde algo. —
Piscou um olho.
— Ainda ficarei por aqui, Mercy deve estar conversando com a mãe.
Elas precisam de um tempo só delas. — Vi meu irmão entrar na casa.
— A nossa.
Sinopse: Casar era algo que eu nunca tinha imaginado fazer. A vida de solteiro me
proporcionava muitos benefícios e eu usufruía muito bem de todos eles.
Nasci numa família influente, dona de uma companhia aérea, e sempre tive tudo, mas a
política me deu poder. Porém, sempre fui um homem muito ambicioso. ⠀
Não era o homem perfeito aos seus olhos, mesmo com todo o dinheiro e influência. Eles
preferiam outro candidato, alguém que prezasse pelos valores tradicionais, um homem
comprometido com a família. Eu precisava ser casado. ⠀
Mas o dinheiro poderia solucionar tudo, sem que eu tivesse que mudar meu estilo de vida.
Um casamento por contrato era o que eu precisava.
Penélope é doze anos mais jovem do que eu, ingênua, pobre e facilmente moldável. Ao
meu lado, ela seria a decoração perfeita. Nunca teve nada e iria se comportar para manter o
mundo que oferecia a ela.
Eu controlaria tudo, como sempre controlei. Mas não poderia prever que ela seria capaz de
se infiltrar nas barreiras do meu coração.
Agradecimentos
Mais uma história que não deveria mexer tanto assim com meu
coração, mas aconteceu. Marcelo e Mercedes ganharam uma estrela extra por
terem reforçado algo importante na minha vida: tudo acontece como tem que
ser. Isso não quer dizer que não devemos buscar os nossos sonhos.
As colegas que trabalho que são mais do que parceiras, mas amigas.
Gratidão por serem meu ombro amigo virtual, motivadoras e maravilhosas.
Gratidão a você, querido leitor, que deu uma chance para a parceria
com a Jéssica Macedo. Trazemos amor em forma de palavras, além de
inovação na forma de apresentar a história. Te espero no próximo
lançamento.
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Mari Sales
Sobre a Autora
Mari Sales é conhecida pelos dedos ágeis, coração aberto e
disposição para incentivar as amigas. Envolvida com a Literatura Nacional
desde o nascimento da sua filha em 2015, escutou o chamado para escrever
suas próprias histórias e publicou seu primeiro conto autobiográfico em junho
de 2016, "Completa", firmando-se como escritora em janeiro de 2017, com o
livro "Superando com Amor". Filha, esposa e mãe de dois, além de ser
formada em Ciência da Computação, com mais de dez anos de experiência na
área de TI, dedica-se exclusivamente à escrita desde julho de 2018 e publicou
mais de 70 títulos na Amazon entre contos, novelas e romances.
Site: http://www.autoraMarinales.com.br
Facebook: https://www.facebook.com/autoraMarinales/
Instagram: https://www.instagram.com/autoraMarinales/
Wattpad: https://www.wattpad.com/user/mari_sales
Pinterest: https://br.pinterest.com/autoraMarinales/
Sinopse: Andrew Jones Almeida está no meio de conflitos que não são dele.
Seus melhores amigos entraram em crise por conta do amor proibido de Nick
pela irmã mais nova de Guto. Para piorar a situação, o pai de Drew precisa de
alguém de confiança para que o ajude em um grande problema na empresa.
Nada o deixava mais irritado do que lidar com o seu rival, o candidato a
prefeito Ivan Klein. Ele estava ausente da cidade há muito tempo, mas voltou
para destruir com a AMontreal e ser o chefe maior de Jargão do Sul.
Bulldog estava pronto para defender seus protegidos do ambicioso político,
mas ele não contava com a presença da filha do seu inimigo. Deborah não só
tinha quinze anos a menos do que ele, mas era uma mulher doce, de sorriso
contagiante e que tentava influenciar as pessoas, de forma positiva, a favor do
seu pai.
Ninguém disse que o destino jogava limpo. Ele não só unia pessoas de lados
opostos a uma guerra, mas confrontava segredos e revelava a verdadeira face
das pessoas. Cabia a Bulldog e Deborah escutarem seus corações e não
caírem na armadilha da ganância alheia.
Box – Quarteto de Noivos: https://amzn.to/2JQePU2
Sinopse: Essa é a história de quatro primos solteiros que encontram o amor.
Coincidência ou não, o movimento para que eles se permitissem amar iniciou
com a matriarca da família, avó Cida, em uma reunião de família. Ela
mostrou, sem papas na língua, o quanto eles estariam perdendo se buscassem
apenas relacionamentos vazios.
O que era para ser um encontro casual se tornou em uma grande história
sobre a próxima geração da família Saad.
Nenhuma das mulheres que se envolveram com o quarteto de primos era
convencional. Quem as visse de longe, julgariam suas escolhas ou mesmo se
afastariam.
Fred, Guido, Bastien e Leo aceitaram o ponto de vista da avó de forma
inconsciente, mas se apaixonaram por completo com a razão e o coração em
sintonia.
— Muito feliz. — Olhou para Penny com amor, ele tinha sofrido até
chegar nesse estado de espírito.
— Venham para mesa — chamou dona Ana Mazzi. — Já estamos
todos reunidos, só falta vocês dois.
— Acho que você tem razão, mas hoje existem duas pessoas na
minha vida que são mais importantes do que eu mesmo e percebo o quanto
preciso ser grato. — Olhou para a filha e a esposa, ela retribuiu na mesma
intensidade. — Eu precisei meter os pés pelas mãos para perceber que estava
fazendo tudo pelos motivos errados. Hoje eu entendo porque o país dá tanto
valor a família, pois ela é tudo. Ter me casado com a Penélope foi a Penélope
foi a decisão mais estupida e ao mesmo tempo a melhor que tomei.
— Mais alguém vai fazer discurso? — Josh soltou e Ethan riu alto,
ele não tinha filtro. — Okey, vamos comer.