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Sumário
Dedicatória
Introdução
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo Final
Agradecimentos
Em Breve...
Dedicatória
Essa não é somente uma história de amor, afinal, a vida não são apenas
flores. Onde tem vida, sempre haverá morte.
Anny Shwan
Introdução
Baran Celikkol tornou-se o rei da máfia por unificar as cinco grandes
famílias que tinha o controle do crime organizado nova-iorquino: os
Gambino, os Lucchese, os Genovese, os Bonanno e os Colombo.
Com a saída do seu antecessor, ele passou a controlar todo o crime
organizado nos Estados Unidos, a partir de então, com malícia e
astucia, estabeleceu vínculos com pessoas do alto escalão, como
juízes, policiais e procuradores de Justiça. Suas ações sempre
discreta e articulada, não desperta a atenção para suas ações
criminosas, tornando-o um homem admirado e respeitado pela
sociedade.
Também é o candidato favorito a ganhar as eleições presidenciais
do país, já que exceto os membros da máfia, ninguém sabe que ele
é "A Fera", aquele que vem espalhando o terror durante anos em
todo o território americano e os demais que a Cosa Nostra dominou.
O poder alcançado pela máfia sob seu comando é algo almejado e
invejado por muitos. Tornando-o ainda mais implacável para
proteger seu legado.
“Pessoas más fazem coisas ruins e, isso eu aprendi quando
criança.”
“Eu me vinguei.”
“Destruí vidas que não me pertenciam, mas o preço por ser um anjo
da morte; paguei quando a vida me roubou quem eu mais amava.”
“Escolhi mergulhar na psicologia do mal e não me arrependo.”
Eu sou BARAN CELIKKOL e essa será a minha história.
Prólogo
"Monstros são reais e cada um deles tem sua própria visão do mundo."
East Harlem / Iorque, New York, 1997.
Baran Celikkol
Minutos depois...
Dor! Dor e dor!
É tudo que eu sinto. As lágrimas grossas, que parecem não ter
fim molham o meu rosto. Meu coração bate forte e minha respiração
está ofegante, algo dentro de mim, como nunca havia sentido antes,
me queima por dentro, gritando como se quisesse sair fora. Cada
fibra do meu corpo se nega a corresponder aos meus comandos e
eu tenho a sensação de que fui sacudido por um animal selvagem e
este estivesse arrastado o meu corpo para longe, respiro
profundamente e vários ruídos escapam do fundo da minha
garganta. E, mesmo com as pernas pesadas, eu consigo me manter
em pé, olho para os lados e a rua está deserta. Lutando contra as
dores que assolam o meu corpo e a profunda tristeza que sinto em
minha alma, começo a me mover, mesmo com dificuldade.
Segundos ou minutos se passam, não sei ao certo precisar o tempo
transcorrido, este por sua vez, para mim parecia uma eternidade,
contudo, em dado momento, eu fiquei em total alerta quando vários
estrondos ecoaram a minha volta, me escondi perto das duas latas
de lixos enormes que tinha ali e os disparos ecoavam por todos os
lados, pela pequena brecha pude ver os policiais do lado esquerdo e
homens vestidos de preto do lado direito.
O ricochetear das balas eram assustadores, porém, aquele
som fazia algo vibrar intensamente dentro de mim, perdi a noção do
tempo enquanto assistia aquele embate e aquilo parecia não ter fim,
entretanto, meus olhos se arregalam e não consegui desviar o olhar
da imagem a minha frente. Um homem que usava um capuz negro
carregava uma arma enorme em suas mãos e a cada tiro, ele
eliminava com precisão o alvo a sua frente. Eu não sei o que estava
acontecendo comigo, mas embora sabendo que o certo era ficar do
lado dos policiais na luta contra o mal, eu estava torcendo para
aquele homem acabar com todos.
Quando o barulho cessou e meus olhos ficaram cravados na
direção do desconhecido, eu tive a certeza de que eu queria ser
muito mais temido do que ele. Que ninguém mais iria me tratar
como um nada. E algum dia, eu seria aquele que iria mandar em
todos.
Capítulo 01
"A fera do seu interior é como um tigre, forte e faminto."
East Harlem / Iorque, New York, 2012.
Al Capone
Baran Celikkol
Mulheres, idosos e crianças, todos estavam eufóricos com a
minha chegada. Mas estes eram uma constante desde que me
envolvi com a política, anos atrás, e eu já estava acostumado.
Cumprir os três principais requisitos para estar na posição que
me encontro hoje, de acordo com a constituição do meu país, foi
fácil, afinal, sou americano por nascimento, possuo residência fixa
desde que me lembro, e estou na idade ideal. Meu maior desafio é
outro.
Cada estado tem uma quantidade de delegados e para o
candidato a Presidente ganhar, tem que conseguir o maior número
de delegados e por isso, como tem alguns Estados que têm mais
delegados, estou na luta para ser eleitos nesses locais. Uma
infinidade de eventos e jantares lotam minha agenda nessa época e
eu estou mais do que disposto a cumprir cada um deles, já que faz
parte do caminho que me levará a Casa Branca.
O poder absoluto é o meu desejo e farei o que for necessário
para obtê-lo.
Minha atenção é voltada para os disparos de vários flashes
que são dados em minha direção e assumindo a minha postura de
um bom samaritano e cidadão modelo, como venho fazendo, a cada
passo dado, ostentando um largo sorriso no rosto, fui acenando
para a multidão até chegar à entrada principal. Quando entrei no
salão, todos os olhares caíram sobre mim ao ouvirem a voz do
homem que anunciou a minha presença.
— Eu peço a todos uma salva de palmas para o futuro
presidente do nosso país. O Sr. Baran Celikkol, aquele que dará a
todos nós, dias melhores. Sem violência, deixando a paz reinar
novamente em nossa sociedade.
Sorrio por dentro ao ouvir suas palavras, não sabendo o infeliz
que o verdadeiro caos em breve fará parte de suas vidas. Todos
bateram palmas, enquanto fui andando até o palco e ao encurtar a
distância, assim que o microfone me foi repassado, comecei
agradecendo a todos.
— Muito obrigado...
Nos momentos seguintes, comecei a falar sobre os meus
projetos e todos me olhavam com admiração. Mas foi, minhas
últimas palavras, que fez os tolos ficarem emocionados.
— Eu não quero somente governar uma grande nação — fiz
uma expressão ensaiada. — Eu quero aprender com o povo para
ser um bom presidente e um homem melhor. Que nós, o povo,
através do instrumento da nossa democracia, podemos formar uma
união mais perfeita — faço uma pausa olhando para eles, olho no
olho. — Estou pedindo para cada um de vocês acreditarem, não na
minha capacidade de provocar a mudança, mas na sua. Pois cada
um carrega uma força impar dentro de si e juntos nós podemos
mais.
— Sim, nós podemos — grita um admirador, corroborando
com minha fala.
— Sim, unidos faremos mais... — aponto para ele e continuo.
— Obrigado a todos. E que Deus continue a abençoar os Estados
Unidos da América.
Os aplausos e gritos de satisfação tomaram conta do recinto, e
meu coração começou a bater num ritmo alucinante. Diante do
cenário a minha frente, onde todos, principalmente as mulheres,
exibiam um sorriso de orelha a orelha, naquele instante eu tive a
constatação do porque existem tantos políticos corruptos no mundo.
Algumas palavras bonitas, com falsas promessas e uma dúzia de
boas ações, acabam por iludir aqueles que estão em busca de um
salvador.
Lisa Evans
Com o coração batendo descompassado no peito, não consigo
desviar os meus olhos do telão à minha frente. Ele era,
definitivamente, o homem mais avassaladoramente lindo que eu já
tinha visto na vida. Seus cabelos eram mais negros que as asas da
graúna; lembro imediatamente de quando estava estudando com a
Mel, aves originárias da América do Sul e vi a foto do pássaro
exótico. Voltando a prestar a atenção na imagem à minha frente,
observei que seus olhos eram lindos, com sua íris em um tom de
verde avelã, que era uma mistura de pigmentação em castanho e
verde, mas que em frente às câmeras, o castanho predominava e
ficava numa cor tão intensa, que parecia a lua quando estava
alaranjada. Sua barba um tanto longa e preta como ébano, faz um
belo contraste com seu rosto perfeito. Sinto um formigamento nas
pontas dos dedos, desejosa por saber se aqueles pelos negros de
sua barba seriam grossos, como aparentava, ou se seriam macios
ao toque.
Suspiro fundo tentando controlar meu coração que parecia
querer saltar para fora e tento afastar esses pensamentos
indesejados. Embora tenha se passado algum tempo, não consigo
superar os traumas do passado, pois as lembranças e os pesadelos
sempre me atormentam, então, eu jurei que jamais confiaria em um
homem. Entretanto, Baran Celikkol, o homem que nunca vi
pessoalmente, apenas através da TV e revistas, e mesmo assim, é
capaz de me transmitir sensações tão boas. Talvez se todos os
homens fossem como ele, íntegros, solidários e não se
preocupassem somente consigo mesmo, o mundo seria um lugar
melhor de se viver. Eu espero do fundo do meu coração, que ele se
torne o governante do nosso país.
Não sei quanto tempo fiquei divagando, ainda mantinha meu
olhar fixo em uma única direção, até que senti minhas bochechas
esquentarem como se estivessem pegando fogo quando ouço a voz
de Olivia.
— Terra para Lisa, você não está no país das maravilhas... —
ela exibe um sorriso largo em seu rosto e não se segura ao ver
como a minha face ficou. — Você parece um tomate de tão
vermelha — uma gargalhada gostosa toma conta do ambiente.
Depois que parou continuou a me zoar. — Amiga você toda vez que
o vê na TV, fica no mundo da lua. Aliás, quem não ficaria, esse
homem é um deus grego, se cruzasse o meu caminho, eu dava sem
arrependimento.
Se eu já estava com o rosto ruborizado, ficou ainda pior com
as palavras ditas por ela. Para mudar o foco, troquei de assunto e
ficamos conversando por um tempo, porém, o movimento que antes
estava fraco, começou a aumentar cada vez mais. Foram longas e
árduas horas nesse ritmo, minha cabeça já estava a mil em razão
do grande fluxo de veículos no estabelecimento. Contudo, assim
que o movimento foi se dissipando, restando somente um cliente e
os funcionários, um sorriso surgiu entre meus lábios por ter chegado
ao fim de mais um dia de trabalho.
— Obrigada, Senhor — agradeci ao final do atendimento,
dando por encerrado meu expediente.
Algum tempo depois...
A van da empresa me deixou a alguns minutos de casa, já que
ainda precisava deixar Olivia e o restante do pessoal. Enquanto
caminho, sinto o vento frio tocando o meu rosto e embora cansada e
com as pernas doloridas, nunca fiz questão que o carro me deixasse
em frente à minha casa, até porque depois que eu e Melanie nos
mudamos para cá, fiz algumas amizades e esse trajeto sempre foi
feito por mim. Deixo os pensamentos de lado ao avistar duas
mulheres se aproximando e quando elas param em minha frente,
sua atenção ficou na sacola que estava em minhas mãos.
— Anjo!
Uma delas diz, pois era assim que me chamava desde que
nossos caminhos se cruzaram. Amélia e Abigail são irmãs, e tem
como profissão, ser garota de programa. Penalizada com a situação
delas, sempre que voltava do trabalho, trazia algo para elas
comerem, as duas viviam nessa vida desde adolescência, pois o
padrasto tentou abusar delas e não tiveram alternativas, a não ser
fugir, já que a mãe ainda insinuou que era culpa das duas e que
viviam se oferecendo. Elas não desejaram viver à custa de seus
corpos, mas as circunstâncias e as dificuldades enfrentadas as
fizeram trilhar o caminho da luxúria.
As duas são bastante conhecidas no bairro e desde então,
quando passo a noite por esse percurso, me sinto segura, pois em
consideração a elas, ninguém jamais mexeu comigo. Entrego a
marmita e prossigo adiante, ou é bem capaz de começar a sentir
cãibras na rua. Uns cinco minutos depois, já estava em frente à
minha casa, esta que acabei comprando com a venda da casa
deixada pelos meus pais, um lugar que me trazia boas recordações,
contudo, depois daquela noite que o pânico dominou todo o meu
ser, eu não consegui mais ficar ali e tão pouco deixaria a Mel
crescer naquele lugar, onde a qualquer momento, o dono dos meus
pesadelos poderia aparecer.
Afasto as lembranças dolorosas, já que os meus olhos
estavam ardendo e as lágrimas estavam prestes a se fazer
presente. Assim que abro a porta, me deparo com Raquel sentada
no sofá, com os olhos vidrados na tela da TV.
— Boa noite amiga.
— Boa noite, a Mel demorou a dormir, embirrou que ia esperar
por você.
Minha bonequinha como sempre aprontando, vive lutando
contra o sono, tentando esperar a minha chegada. Quando se
empolga é como se tivesse no piloto automático. A menina desde o
seu primeiro aninho de idade, começou a falar, mas depois da
tragédia que se abateu sobre nossas vidas, acabou ficando um bom
tempo em silêncio. Embora tão pequena, tudo que presenciou, a
afetou bastante e o brilho dos seus olhos, que sempre foram tão
intensos, desapareceu. Mas aos poucos ela foi voltando e agora
está a todo vapor e fala até o que não deve. Sempre tenho muito
cuidado nas coisas que falo em sua frente, pois aquele ser tão
pequeno parece um gravador que vive reproduzindo tudo que ouve.
— Eu vou tomar um banho, estou morta de cansada — digo
quando Raquel direciona sua atenção para o meu rosto, certamente
estava se perguntando o que tanto eu estava pensando.
Com passos largos, caminho até o meu quarto e ao entrar no
ambiente, fico assustada quando vejo sua cama vazia e ao girar o
pescoço para o lado, a bonita está esparramada sobre a minha
cama. Sorrio internamente e aproveito, corro para o banheiro para
tomar o meu banho. Uns vinte minutos depois, já estava de pijama e
até queria ficar conversando com Raquel, mas a dor em minhas
pernas me deixa desmotivada. Após passar tantas horas em pé
atendendo os clientes, tudo que desejo e dormir.
Acabo ajeitando a minha princesa e me deito ao seu lado.
Tento dormir, mas os meus pensamentos se voltam para o homem
que foi o único capaz de fazer o meu coração bater intensamente, a
minha respiração ficar ofegante e me fez ter sensações
inexplicáveis somente por saber da sua existência. Fiquei horas
perdidas em meus pensamentos e antes de ser vencida pelo sono,
eu só pensava e desejava uma única coisa.
"Algum dia eu terei o privilégio em conhecer pessoalmente
Baran Celikkol e será um dia inesquecível em minha vida".
Capítulo 05
“A jornada pode ser longa e demorada. Mas uma hora eu vou encontrar você.
E aí será o fim...”
Lisa Evans
Raquel Colombo
Estou parada próxima à cama da fedelha que passou o dia
todo emburrada comigo. A princípio, eu até gostava dela, mas de
uns tempos pra cá, está cada vez mais insuportável, vibrei
intensamente quando ela começou a reclamar que sua cabeça
estava doendo e acabei percebendo que estava com febre, pois
alguma coisa nesse mundo tinha que parar esse projeto de gente.
Acabei dando um remédio e a chatinha capotou, dou uma última
olhada no ursinho que está ao seu lado e caminho para fora do
ambiente, ao chegar à sala, aproveitando que estou sozinha, ando
até a mesa, agacho-me e passo a mão no objeto que está
escondido, não hesitarei em usar caso for preciso. Afasto-me, indo
até o pequeno sofá e ao acomodar-me, fecho os meus olhos e meus
pensamentos me levam para seis meses atrás.
Contra a minha vontade, eu fui obrigada a deixar todos
àqueles que eu amava, mas essa era a única chance de a família
Colombo não ser extinta por completo por aquele demônio. Com o
coração dilacerado as minhas últimas palavras ditas ao meu pai, foi
que daria um fim ao reinado de Celikkol, que aquela fera sangrenta
seria massacrada em breve.
Tudo que trouxe comigo, além do dinheiro que daria para eu
sair do país, mesmo correndo o risco de ser pega, foi a minha arma,
um pouco de roupa e dentro da mochila, o objeto que poderia ser
um grande trunfo a ser usado.
Sabendo que aquele desgraçado e seus homens são como
animais, que sentem o cheiro de sua presa a distância, eu precisava
me esconder até o momento de agir. O meu pai deu um jeito para
que eu chegasse até Wyoming, sendo um estado americano com
grande taxa de pobreza, seria mais difícil de ser reconhecida. Tudo
havia dado certo, mas precisava encontrar um lugar que eu não
precisasse pagar aluguel e assim ser descoberta pelos homens de
Baran.
Atordoada, perambulei pelas ruas naquela noite e de longe
avistei a garota que conversava com duas mulheres, ali eu vi uma
luz no final do túnel, só precisava agir rapidamente. Eu mesma me
agredi e todo um teatro foi feito por mim.
Mesmo sabendo que era errado, eu acabei envolvendo Lisa e
Melanie em algo que pode custar suas vidas, mas na luta pela
sobrevivência, vidas são sacrificadas e não me importa que sejam
as delas.
Cada vez que ouço as duas elogiando aquele maldito, meu
corpo todo fica em chamas e minha vontade de gritar e dizer que
elas não sabem que o infeliz é um monstro, um lobo em pele de
cordeiro e a própria personificação da maldade, é enorme, porém,
me contenho.
Passo bastante tempo distraída, pensando em como darei um
jeito de me aliar aos russos e conseguir a vingança que tanto desejo
contra Celikkol e a Cosa Nostra.
Abandono os pensamentos quando ouço o barulho da porta
sendo destravada. Assusto-me por ter passado tanto tempo
divagando, ao ponto de Lisa já ter chegado, meu olhar se volta rumo
à porta quando a maçaneta é girada.
— Amiga! Chegou ced... — as palavras falham. — Você! —
digo em um fio de voz, arquejando em desespero, dou um salto,
ficando de pé.
"Não pode ser, ele me encontrou" — penso em desespero.
Seus olhos sombrios refletem frieza, contudo, a raiva contida
neles é quase palpável. E para minha total descrença, ele exibe um
sorriso de lado gélido, predador.
— Sim! E vim buscar aquilo que me pertence — ao som de
sua voz, todos os meu pelos ficam eriçados em pavor.
Em pânico, ranjo os dentes, sentindo meu coração bater mais
forte, tremores tomam conta do meu corpo e um nó se forma em
minha garganta, num encolher de ombros, penso...
"É o fim! Não tenho escapatória."
Capítulo 06
“O esperado nos mantém fortes, firmes e em pé. O inesperado nos torna
frágeis e propõe recomeços.” (Machado de Assis)
Algumas horas atrás...
Baran Celikkol
Lisa Evans
Passei boa parte do percurso para casa, sentindo novamente
aquele intenso desconforto, como uma sensação de mau presságio.
Depois de entregar a sacola com a comida para as meninas, já
que não gostava de jantar no serviço, continuo o meu caminho
sentindo o chão duro sob meus pés. Quando me encontro a uns
passos de distância da entrada da minha casa, de repente, eu me
arrepio dos pés à cabeça, sinto um calafrio percorrer-me o corpo
inteiro, deixando-o ligeiramente tremulo.
— O que está acontecendo comigo hoje?
Ignoro aquela inquietação e depois de algumas passadas, já
estou em frente à porta. Assim que levo a chave de encontro à
fechadura, acho estranho a porta estar somente encostada e ao
adentrar o ambiente, meu corpo todo entra em alerta total. Meu
primeiro pensamento é a Mel, minha garganta parece que tem um
caroço enorme, sufocando-me e ao me deparar com uma poça de
sangue no chão, meu coração sofre um baque e eu me preparo
para o pior.
À medida que vou andando, vejo que uma trilha se formar pelo
corredor.
— Amiga? — chamo na intenção de acender alguma
esperança em mim.
O silêncio é predominante, prossigo com passos vacilantes, e
paro horrorizada, sentindo imediatamente meu estômago embrulhar.
Eu engasgo uma e outra vez, sentindo que ia vomitar. Nada
saiu, enquanto eu sufocava com minha própria respiração,
desesperada.
— Raquel! — entro em pânico ao ver um braço sujo de sangue
sobre o chão frio e mais adiante uma perna. Um choque
violentíssimo me ataca o coração, fazendo meus batimentos
acelerarem ainda mais, como se fosse saltar do meu peito.
Paro por alguns segundos, e num esforço quase sobre-
humano, continuei a caminhar, porém, mais adiante havia outro
braço. Senti uma ânsia de vômito me invadir, subindo aquele
amargo garganta a cima; fechei a boca apertando os dentes um
contra o outro, tentando segurar-me para não vomitar, logo depois
dei mais alguns passos adiante e quando chego à cozinha, no
instante que vejo o que sobrou do corpo da minha amiga, caído em
uma poça de sangue, sinto uma pressão pesada em meu peito, o
que tornou ainda mais difícil a minha respiração, sinto minhas
pernas pesadas e desabo sobre os seus restos com lágrimas
transbordando pelo meu rosto.
— Melanie! — grito.
Meus membros inferiores, que estavam fracos, ganharam
forças e saí correndo em busca daquela que é tudo em minha vida.
Contudo, quando cheguei à sala, pensei em pedir socorro, mas
engoli em seco a minha vontade, minha garganta ficou tão seca que
queimava. Minhas pernas vacilaram, meu coração palpitou
descompassado e quase saí do meu corpo, quando vi a imagem
que se formou em minha frente. Meu coração parou de bater por
alguns segundos, apertei os olhos, incrédula, e logo em seguida
meus batimentos cardíacos dispararam.
— Mamãe!
Meu coração jamais havia batido tanto como estava batendo
agora e um alívio que não sei dimensionar me invadiu ao vê-la.
Todavia, estremeci em pavor, nunca senti um medo assim antes,
causado somente pelo som da voz fria e raivosa que penetrou em
meus ouvidos e passou por toda a minha carne como se a estivesse
dilacerando.
— Então, você é o meu próximo alvo.
Capítulo 08
“Nem tudo o que queremos na nossa vida, vem da maneira que esperamos.”
Lisa Evans
Baran Celikkol
Tudo que senti quando olhei aquela garotinha que me causou
tanto alvoroço, não se compara às sensações que atravessaram o
meu corpo e após tantos anos, pude sentir pela primeira vez, o meu
coração desenfreado. A imagem a minha frente era da própria
Vênus, a deusa da beleza e desejo sexual, além de um corpo
magnífico, o seu rosto era a pura perfeição. Seus lábios eram
rosados, bem moldados e estavam ligeiramente entreabertos, seu
rosto é de uma boneca de porcelana, exibindo olhos azuis brilhantes
e a maneira com que o cabelo seguia o formato do seu rosto, era o
encaixe perfeito. Eu me vi observando-a em sua totalidade, e ao
contrário do que julguei ao ver aquela foto, não tinha em minha
frente uma adolescente de quinze anos, e sim uma mulher de
beleza exuberante. Seu magnetismo atraia o meu olhar, era como
se a maldita tivesse jogado um feitiço em minha direção, ao ponto
que fiquei fora de mim por vários minutos. Mas, logo fui tirado do
estado catatônico que me encontrava, quando ouvi a voz sua
temerosa.
Sua aparência era de um anjo, mas se mostrou ser um
pequeno demônio. A insolente me acertou com um golpe não tão
leve para um corpo aparentemente tão fraco, porém, ao contrário da
infeliz que eu tinha dado fim, ela era impelida por uma "força interior
intensa", quando ela não disse as únicas palavras que eu esperava
ouvir naquele momento saindo de sua boca, os meus demônios
internos gritavam para acabar com a vida da maldita, entretanto,
antes que isso viesse a acontecer, eu farei com que conheça o
próprio inferno em vida.
Movido pelo ódio que inflamava em minhas veias, lancei o seu
corpo indefeso contra a parede rígida e ao vê-la esparramada no
chão, desfalecida, meu corpo todo vibrou em êxtase. Dei alguns
passos e antes de pegá-la, uma risada sardônica envolveu o
ambiente diante do pensamento que se passou rapidamente pela
minha cabeça.
“Darei a essa infeliz, o prazer em passar seus últimos suspiros
no meu inferno particular. O lugar onde ela vai estar diante do maior
tormento de sua vida.”
Capítulo 09
“Por mais sombria que venha a se tornar a sua estrada, não pare de caminhar. Só assim
chegará a luz.”
Na manhã seguinte...
Lisa Evans
“Nada é em vão. Nenhuma folha cai no chão sem motivo, da mesma forma
que ninguém sofre à toa.”
Baran Celikkol
Massimo Torricelli
Continuo bebendo lentamente o meu uísque. Meu nome é
Massimo Torricelli, depois da morte da minha mãe, eu acabei indo
morar com a minha tia e sua filha Camile, que até então era
somente uma garotinha, a pobreza nos rondava e para não vê-las
passando fome, acabei de início cometendo pequenos furtos nos
supermercados, depois já estava roubando as bolsas das pessoas
no metrô e foi desta forma que acabei sendo pego pela polícia, e
embora fosse ainda um adolescente de doze anos, eu não sairia
ileso. Durante o trajeto, quando me levavam para responder pelos
meus atos ilícitos, o som vindo do rádio dentro do automóvel
chamou atenção de todos, estava tendo um grande confronto entre
policiais e criminosos que vinham espalhando o terror pelo território
americano.
Eles tinham a opção de me levar ou deixar-me no meu destino
antes, mas os infelizes, que acharam que tudo seria fácil, acabaram
por ir para linha de frente. Barulhos de tiros ecoavam no ar, o carro
parou e eles se juntaram aos outros policiais que atiravam contra os
bandidos. Aquilo se tornou uma verdadeira cena de terror, eu olhava
através do vidro do carro sem conseguir desviar os meus olhos do
cenário sangrento à minha frente. Minutos, que quase deram
espaço para alcançar uma hora, aquele homem que usava um
capuz negro, e tinha em seu sobretudo o desenho de um leão, era
ele, aquele que era odiado por muitos, temido por uma grande
multidão e admirado por alguns. O homem não errava um alvo e
matava sem piedade quem cruzasse o seu caminho, quando o
barulho cessou e os seus homens estavam se retirando, eu comecei
a gritar feito louco e minha salvação foi que um dos policiais havia
deixado à janela do lado esquerdo aberta.
Al Capone, este é o nome do homem que naquele momento
salvou a minha vida. Aquele era o nome do homem que mudou o
rumo do meu destino e foi ele quem quebrou a criança que havia
dentro de mim e a restaurou novamente, para que este pudesse se
tornar um homem que jamais temeria nada.
Absolutamente nada.
Capítulo 11
Lisa Evans
Um dia depois...
Minha cabeça parecia pesar quatrocentos quilos. Tudo parece
distante, não preciso abrir meus olhos para saber que novamente as
malditas algemas estão grudadas em meus pulsos, porém, eu sinto
o meu corpo mais leve, como se eu tivesse dormido um dia inteiro.
Quando penso em voltar a dormir um pouco mais, como uma
tentativa de manter-me livre do meu carcereiro, o ambiente é
preenchido pela voz que eu conheço perfeitamente e isso fez todo o
meu corpo reagir imediatamente.
— Mãezinha!
— Mel!!!
Meus olhos se abrem e passeiam em volta do lugar e só
quando ouço sua voz de desespero novamente, que encontro a
caixa de som fixada na parede.
— Eu quero a minha mamãe — sua voz é chorosa, fazendo
meu coração sangrar.
— Se você gosta tanto de chorar, agora terá um bom motivo.
Meu coração falha uma batida e então acelera, os meus
pulmões estão funcionando aos espasmos e começo a lutar contra
as correntes, tentando escapar.
— Mamãe! Mamãe! Socorro...
— Cortem a mãozinha dela. — um grito ensurdecedor
preenche o espaço.
— Nãooooooo...
Um ruído alto saiu rasgando a minha garganta, como se fosse
uma navalha afiada, me dilacerando por dentro. Senti tontura e
náusea, meu corpo gelou e minhas mãos suaram frio, meu coração
parecia que iria sair pela boca.
Lágrimas molham meu rosto e meu mundo desaba quando a
porta se abre e diante do clarão, surge a minha frente, o ser cruel e
demoníaco que tem sido meu algoz e causador do meu desespero.
Meus olhos ficam paralisados no objeto que ele está segurando.
— Você pode se negar a colaborar, o quanto quiser, porém,
esteja ciente de que será ela quem irá sofrer às consequências.
Capítulo 12
Baran Celikkol
Lisa Evans
Minha vida foi de um pesadelo para outro muito pior. Meu
peito apertou e todo o sangue foi drenado de minhas veias. Embora
sabendo que agora ela precisava ainda mais de mim, eu era
incapaz de segurar minhas emoções, sufocando em minha própria
respiração.
Cada osso do meu corpo estava imóvel e palavras não
poderiam descrever o que eu sentia naquele momento. O tempo
parou ao meu redor, eu ainda respirava, contudo, com muita
dificuldade. Havia uma sensação de queimação que parecia estar
correndo nas minhas veias e em todas as minhas partes, sentia
como se estivesse em chamas.
Incapaz de conter a minha dor, comecei a chorar aos soluços.
Sentia o meu peito latejar e uma dor muito profunda. A sensação
era como se uma faca estivesse sendo enfiada em meu peito.
"Por que Deus? Meu anjinho não. Por que ela? Eu estou
quebrada, daria tudo para que tivessem feito isso comigo."
— Quanto mais você se negar a colaborar, será ela quem vai
sofrer as consequências — suas palavras frias e ameaçadoras
fizeram o meu coração martelar contra a minha caixa torácica
loucamente. E, quando achei que não poderia mais suportar o
desconforto em meu peito, o meu corpo reagiu.
Levanto minha cabeça em sua direção. A minha visão está
embaçada, mas posso distinguir o homem que acabou de tirar o
fôlego dos meus pulmões, os sentimentos que surgiram em minha
corrente sanguínea eram assustadores e algo que sequer havia
sentido antes com tanta intensidade apoderou-se de todo o meu ser,
e, um misto de sensações ruins pairou sobre mim.
A fúria iluminou os meus olhos e veio na ponta da minha
língua milhares de palavrões, que não contive.
— EU TE ODEIO SEU MONSTRO MALDITO,
DESGRAÇADO, SEU CAPETA DOS INFERNOS — disse aos
berros e o barulho repercutiu pelas paredes.
O monstro tinha um sorriso sarcástico em sua face e ao se
aproximar, exibiu o saco transparente que tinha a mãozinha da
minha pequena e em um dos dedos, o anel que eu havia ganhado
ainda criança dos meus pais, o qual reconheceria em qualquer
situação.
— Não me importo com seu ódio. Você não seria a primeira
que teria esse sentimento por mim, agora chega de gracinha e diga-
me onde colocou o objeto com as informações que sua amiguinha
lhe entregou — novamente o capeta falando algo que era
desconhecido por mim. Já estava achando que tudo isso era um
castigo da vida por ter passado tanto tempo admirando o coisa ruim.
— VAI À MERDA! VOCÊ É SURDO? EU JÁ DISSE NÃO SEI
DO QUE VOCÊ ESTA FALANDO. EU NÃO SEI QUAL O SEU
ENVOLVIMENTO COM A RAQUEL, MAS SAIBA QUE ELA JAMAIS
COMENTOU ALGO ALÉM DA MORTE DA FAMÍLIA — esbravejo
descontrolada.
O diabo me encarou com um olhar gelado e ficou ainda mais
severo.
— Maldita mentirosa. Pelo visto a vida de sua filha não é nada
para você. Nada mais justo que eu te envie para o mesmo lugar da
infeliz e desta forma, tudo que você souber será enterrado com você
— rosna olhando para mim.
Antes que eu viesse a proferir alguma palavra, o homem que
estava possuído começou a rasgar as minhas roupas, arrancando-
as ferozmente. Comecei a gritar feito uma louca; esperneando
desesperada, tentando me soltar. Ignorando a dor em minha pele,
pois a cada movimento, os meus pulsos estavam sendo
machucados, mas de nada adiantou. Baran só parou quando me
deixou apenas de calcinha e sutiã em sua frente.
Por entre os lábios, ele diz.
— Antes que chegue ao inferno, o seu corpo me será útil.
Seu tom de voz era duro e sombrio, suas feições começaram
a mudar, ficando cada vez mais endurecidas. Meu sangue congelou
quando vi a cor dos seus olhos, que pareciam duas chamas
incandescentes. Se antes ele já era assustador, agora, chega a ser
apavorante, porém, ao lembrar o que ele fez com a minha pequena
e cansada de lutar, eu fui dominada por uma pancada de fúria e a
raiva explodiu dentro de mim.
Eu estava tremendo, mas desta vez não era de medo, as
palavras saíram do fundo da minha garganta e ecoaram no
ambiente.
— Sendo um monstro, um assassino. Você deve sentir prazer
em estuprar uma mulher, seu animal — falo furiosa, deixando
lágrimas de raiva cair pelo meu rosto.
Eu já estava cansada e sem forças para continuar sendo saco
de pancadas, para continuar sendo a sensação de um filme de
terror puro, onde um psicopata resolveu brincar de Jigsaw, o serial
killer mais famoso da TV, tentando controlar cada minuto da minha
vida, até o instante de interrompê-la.
Correntes, crianças sendo machucadas, daqui a pouco eu iria
acordar dentro de um barril de água ou um poço cheio de seringas,
lutando para me manter viva. Sempre gostei de filmes sombrios,
mas nunca desejei fazer parte de um.
Volto à realidade e quando achei que meu corpo seria violado,
as mãos diabólicas ficaram paralisadas e pela primeira vez, o
homem que estava diante de mim, que parece uma rocha
indestrutível, mostrou alguma fragilidade e tive a impressão que ele
estava perdido em meio a um atoleiro de sentimentos.
Capítulo 13
Baran Celikkol
Baran Celikkol
— Porra! Porra! Caralho! — resmungo enraivecido.
Durante o percurso, liguei o aparelho que já estava
programado. Veremos se aquela infeliz vai aguentar ouvir o dia todo,
a melodia que será como lâminas rasgando os seus ouvidos.
Instante depois, eu entrei feito um furacão dentro do quarto.
Sempre fui temido pelos meus inimigos, pela minha capacidade de
não demostrar nada, nenhuma emoção enquanto torturo a minha
presa, mas aquele ser que eu esmagaria com as minhas próprias
mãos, tinha acabado de azedar o meu humor. Entretanto, as
dúvidas assolam a minha mente. Há algo por trás daquela mulher
instigante, de certo guarda um mistério que vai muito além da
informação que a desgraçada citou antes de eu acabar com sua
vida. Franzo o cenho, recordando de que a maldita parecia
totalmente desolada com o acontecido a sua filha, eu vi o seu
desespero e o medo refletido em sua íris azulada quando levaram a
garotinha. Desde que a vi, eu sabia que ela era muito mais forte do
que aparentava, mas a criança seria o seu calcanhar de Aquiles,
entretanto, sua reação é como se ela não soubesse, de fato, nada
sobre a situação. Minha mente começa a trabalhar nos últimos
acontecimentos.
Se realmente for o que estou pensando, ela ainda pode ter a
chance de respirar por longos dias. Todavia, tudo pode ser uma
jogada e só tem um jeito de descobrir quem de fato é essa tal Lisa.
Pego o celular em um dos meus bolsos e após desbloquear o
aparelho, busquei pelo nome de Dimitri, que no primeiro toque,
atende a minha ligação.
— A sua disposição, chefe.
— Quero o mais rápido possível, um dossiê com todas as
informações sobre a vida da família onde Raquel estava escondida
— disse já que antes a ordem era somente para ele descobrir o
paradeiro da filha do traidor.
— Assim que tiver todas as informações, enviarei o relatório.
— Ok.
Assim que dei por encerrada a ligação, uma pergunta
apoderou-se da minha mente. Qual o verdadeiro mistério por trás de
Lisa? Seja qual for a resposta, eu irei descobrir, mas antes disso eu
irei atormentar ainda mais a sua vida e veremos se ela é uma
grande atriz ou se acabou sendo envolvida na teia tecida por aquele
projeto de naja.
Um dia depois...
Lisa Evans
Embora estivesse feito um jarro que foi lançado ao chão e se
partido em vários pedaços, eu achei que fosse enlouquecer ao ouvir
os gritos da minha menina o dia todo. Eu me forcei a comer a
comida que ele deixou, assim como tomei banho e mesmo o meu
vestido estando aos trapos, consegui improvisar para cobrir o meu
corpo e me aquecer um pouco. Entreguei-me novamente ao sono,
quando acordei, já estava presa novamente e mesmo não tendo
noção do tempo, já faz quase seis horas que se passaram desde
que acordei, pois pela pequena claridade vinda do teto, estava
prestes a anoitecer.
Sede! Minha boca está tão seca. Meus braços estavam
pesados e doloridos. Tudo está tão escuro, no entanto, o silêncio
predomina ao meu redor.
No momento que abri os meus olhos, o silêncio que antes
pairava a minha volta, foi quebrando pelo estrondo que ecoou no
ambiente, me causando uma dor infernal, assim que meus braços
foram liberados das correntes, senti o meu corpo indo de encontro
ao chão. O impacto com o concreto fez um gemido alto sair por
entre os meus lábios.
A porta da sala foi aberta e eu estremeci da cabeça aos pés
com os espasmos que atingiram meu corpo.
Atordoada! Perdida! Era assim que me encontrava. O capeta
surgiu no meu campo de visão, ele tinha um sorriso maquiavélico e
segurava uma mangueira grossa e gigantesca em suas mãos. O
pânico me dominou e com as pernas fracas ainda tentei me
levantar, mas antes que fizesse algo, fui jogada bruscamente no
chão assim que um jato potente de água gelada atingiu o meu corpo
quebrado. E devido ao impacto com o concreto, um grito alto saiu
rasgando a minha garganta.
Frio! Dor!
Meu corpo tremia como se enfrentasse uma nevasca. Jatos
de água fria continuavam vindos em minha direção, atingindo a
minha pele. Eu queria me levantar, mas estava fraca, com fome e
totalmente exausta diante daquele tormento. Se eu lutasse, ele não
iria parar, pois o homem estava determinado a me matar. Então, eu
fico encolhida, recebendo toda aquela água de cabeça baixa,
tentando respirar. Involuntariamente as lágrimas surgiram em meus
olhos e escorreram pelo rosto misturando-se com a água fria,
começo a tremer, meu queixo bate e eu me encolho ainda mais,
tentando em vão buscar calor.
Estava frio, muito frio. Mesmo puxando os meus joelhos para o
meu peito, enrolando os braços ao redor do meu corpo, ainda
conseguia sentir frio como se estivesse dentro de um refrigerador,
que congelava os meus ossos. Minha visão estava embaçada, não
sei se era pelas lágrimas ou pela água gelada que atingia com força
o meu rosto, não sei quanto tempo aquele sofrimento durou, mas
quando a água parou, senti tudo ao meu redor girar e estava com
dificuldade de respirar, o silêncio novamente se fez presente, porém,
foi quebrado pelo ruído de dor que escapou da minha boca quando
senti uma pontada forte em minha cabeça e antes de me entregar
ao mundo das sombras, entre sussurros, disse o único nome que
ocupava a minha mente.
— Mel! — em seguida tudo se dissolveu em escuridão total.
Capítulo 15
“Antes de ferir alguém, pense na lei da ação e reação, pois um pedido
de desculpas não fechará a ferida.”
Baran Celikkol
Instantes depois
A sensação ruim que se apoderou de mim minutos atrás,
enfim, desapareceu. Meus monstros internos adormeceram e, em
passos largos, fui em direção ao meu quarto. De banho já tomado,
envolvi o meu corpo com um roupão preto e me acomodei em minha
cama. Em seguida, girei o mecanismo de rotação em volta do meu
relógio e a divisória situada na parede foi aberta, revelando o
enorme telão a minha frente, onde eu tinha além da visão do covil
da morte, podia ver todo o território numa área de cinco mil metros
quadrados em volta da cabana. Tudo isso graças aos drones que
eram controlados pelo sistema desenvolvido por Albert, um dos
funcionários da NASA. Além de nós dois; ninguém sabia que o
homem na verdade trabalhava para mim e foi com minha ordem que
se infiltrou dentro do Quartel-general, tendo acesso a várias
pesquisas e tecnologia avançada.
Deixo os pensamentos de lado e fico olhando através das
câmeras de monitoramento, vejo que a infeliz ainda continuava na
mesma posição, mas não demorou muito para que eu viesse a
desligar o aparelho e minha atenção ser desviada para a notificação
de um e-mail que surgiu na tela do meu celular.
Rapidamente se passou uma hora, período este que além de
responder o e-mail, tratei de fazer uma chamada de vídeo para
Fernanda e pela aparência da mulher a minha frente, que estava já
alguns dias, sóbria, eu tive a confirmação que matei dois coelhos
com uma cajadada só. Com tudo já resolvido, assim que me
levanto, sigo até a porta e saio.
"Vamos ver se agora os segredos em torno dela não são
revelados".
Ao entrar no corredor, fui em direção à sala. Depois que passei
pelo cômodo, dali em diante, a cada passo dado, uma inquietação
se fazia presente, fazendo-me sentir novamente um desconforto
intenso e meus órgãos internos funcionando a todo vapor. Meus
demônios que minutos atrás tinham se acalmando, desta vez
voltaram com tudo.
— Maldição! O que diabos está acontecendo comigo? —
exclamo furioso. Aumentei o ritmo das minhas passadas.
Atravessando o pequeno espaço e no momento que entrei no
ambiente, ouvi alguns sussurros que me deixaram em total alerta.
— Não, por favor, não... — sua voz estava fraca, dei alguns
passos reduzindo a distância entre nós dois e quando meu olhar foi
de encontro ao seu rosto suado, senti novamente a mesma coisa de
quando a olhei pela primeira vez.
Meu corpo ficou mais quente ainda, como se uma fornalha
incandescente estivesse dentro de mim e meus órgãos internos
estivessem pegando fogo.
Institivamente me abaixo e levo minha mão de encontro ao
seu rosto que estava febril e seu corpo banhado pelo suor. Sem
demora, a pego em meus braços e caminho para fora do ambiente,
instantes depois já estava dentro do meu quarto, pois era o único
cômodo que tinha um aquecedor.
— Fri... Frio. Não posso morre... Mel...
Lágrimas grossas deixavam seu rosto ainda mais úmido.
Comecei a retirar os trapos que estavam em volta do seu corpo,
envolvendo-a em um cobertor, em seguida liguei o aparelho, já que
ela não parava de bater os dentes. Eu sabia o preço em deixá-la
tanto tempo exposta a umidade, só não esperava que ela ficasse
com uma temperatura tão alta e totalmente debilitada.
Baran Celikkol
Voltei para o quarto e meu olhar; por alguns segundos; voltou-
se para o monitor e ao ver que um pequeno grupo já estava a
alguns metros de distância, levo uma das mãos até o meu relógio e
a calmaria foi interrompida pelo barulho horripilante de uma grande
explosão. As labaredas de fogo subiram altas, enquanto eu sinto
todo sangue do meu corpo esquentando e me queimando como
brasas. O que fez meus órgãos internos funcionarem a todo vapor.
Meus demônios certamente estão insatisfeitos, já que estavam
agitados. Sei que só irão se acalmar quando eu enviar todos os
infelizes, direto para as profundezas do tártaro, o lugar onde suas
almas podres ficarão para sempre presas na personificação das
trevas.
Aproximo-me do painel que contém diversas granadas e
armas. Meus olhos brilham ao avistar minha AK 47, sendo a mais
efetiva arma de fogo, ela é capaz de disparar 600 tiros por minuto,
causando ferimentos mais graves e letais.
— Chegou a hora de sair para caçada. Vamos ver se alguém
vai sobreviver ao estar sob os meus domínios.
Esboço um sorriso e passo a língua pelos meus lábios, já
sentindo o gostinho de sangue em minha boca. Estou mais do que
pronto para mais uma guerra e irei destruir um por um que entrar no
meu caminho, esses infelizes serão um petisco para os meus
demônios.
Com passos largos, caminho para fora do lugar, instantes
depois, ao sair da cabana por uma das saídas que foram planejadas
por mim para me dar acesso ao lugar que pudesse ter o inimigo
encurralado; corro pela trilha e ao olhar para cima, o céu estava
coberto pela fumaça oriunda do incêndio causado pela explosão de
minutos atrás. Camuflado entre as árvores e com minha visão
semelhante à de uma coruja, capaz de ver de grande distância e
com a pouca luz, meus olhos grandes e redondos ficaram fixos na
imagem a minha frente, do lado direito havia um grupo com seis
homens, mais adiante um segundo grupo avançava com cerca de
dez homens, todos fortemente armados.
Com uma máscara em meu rosto, levo minha mão direita até o
cinto preso em minha cintura que continha uns dez projéteis de
fogo, pego duas das granadas e antes de arremessá-las puxo a
cavilha de segurança. O estrondo preenche o espaço e mesmo não
sendo letal, as granadas explosivas eram feitas com gás de
pimenta, deixando os infelizes desorientados, dando-me tempo
suficiente para que eu pudesse entrar em ação. Era como se eu
estivesse no modo piloto automático, tudo que estava fixo na minha
cabeça era exterminar um por um dos malditos invasores e fazer
seus miolos serem divididos em dezenas de pedaços. O primeiro de
centenas de tiros foi dando e toda uma movimentação aconteceu a
minha volta.
— A ordem é matar esse desgraçado e a vadia.
Ouvir uma voz raivosa tentando se sobressair aos disparos,
trouxe uma onda de tremores violentos, vindo da raiva que
inflamava em minhas veias, e tomou conta de todo o meu ser. Cada
um que aparecia em minha frente, o alvo era a cabeça, acertando
vários tiros no meio da testa.
— Maldito miserável. 10 milhões rublo para quem matar o
desgraçado — ouvi a oferta e um sorriso despontou em meus
lábios.
Tentem, se quiserem. Ouvir a oferta só aumentou a minha
fúria. Esse idiota mal sabe que essa merreca nem dá para comprar
a arma pela qual ele será morto. Volto à realidade quando um
disparo atingiu a árvore que estava ao meu lado e feito um leão
indomável, faminto e sedento de ódio, avanço para o meio deles.
Uma descarga de adrenalina se apoderou de cada fibra do meu
corpo, não sei quanto tempo durou, mas só tirei o dedo do gatilho
quando não ouvi mais nenhum barulho ressoando ao meu redor e a
calmaria prevaleceu no ar por alguns segundos, até ouvir gemidos
reverberando no espaço. Em passos precisos, caminho em direção
ao homem que agonizava em meio à dor, agacho-me, em seguida
pego o objeto cortante que estava preso ao meu cinto e sem
delongas, cravo o punhal na direção do peito do infeliz que começa
a se contorcer como se estivesse tendo um ataque epilético.
Deslizo ainda mais a lamina, enterrando-a em sua carne
enquanto ele gritava de dor. O cheiro de sangue fresco impregnou
minhas narinas no mesmo instante que um duelo interno me
causava um desconforto terrível, como se a fera insaciável quisesse
se libertar e saciar sua fome. No momento seguinte, quando tive a
visão do seu coração palpitando e seus pulmões pulsando. Minha
mandíbula logo se contraiu, senti como se algo estivesse segurando
a minha mão e num piscar de olhos já me encontrava arrancando o
coração do miserável e como se estivesse em posse de uma fruta
pobre, minha mão se fechou, apertando com força o órgão que
ainda pulsava, o esmagando por inteiro.
Respirei fundo, inalando o odor da morte impregnado a minha
volta e no momento que me levanto, ao lembrar-me das palavras do
maldito que mencionou algo sobre a infeliz da Lisa, somente um
pensamento se passava em minha mente.
"Eu sabia que ainda havia outro traidor e estava mais próximo
do que eu esperava. Contudo, só quero ver até onde esse maldito
chegará, darei corda para que a verdadeira identidade do rato de
esgoto seja revelada e ele me leve direto ao verme do Serguei
Petrov."
Capítulo 18
Lisa Evans
Lisa Evans
Eu estava tremendo de ódio por dentro e o homem a minha
frente, era capaz de despertar um lado sombrio que eu não
conhecia. Pensamentos assustadores passaram pela minha mente
e me vi planejando várias formas de matá-lo, só assim, não somente
eu e Mel teríamos paz, como libertária a todos desse demônio que
está prestes a comandar uma nação com mais de 330 milhões de
pessoas.
Baran Celikkol é um lobo em pele de cordeiro, o próprio
anticristo. Aquele que deseja controlar a humanidade para depois
encher a terra de crime e impiedade, massacrando a todos e
sujando o solo de sangue para saciar sua sede pelo poder.
Não tive alternativa, a não ser escolher entrar pela porta de um
mundo cheio de crueldade, intrigas, traição e ambição. Desistir de
viver não seria uma garantia de que minha irmãzinha estaria a
salvo, para alguém que tem uma pedra indestrutível dentro do peito,
a vida de uma criança tão pouco importa. Pela Mel, por tudo de bom
que meus pais me ensinaram e por mim mesma, eu me manterei
forte e não posso sucumbir a esse mundo de trevas, sofrimento e
dor.
Minha capacidade de raciocinar havia sido afetada ao estar
longe da minha pequena, a preocupação era tão grande por estar
longe dela, que talvez pudesse ter evitado muito dos momentos de
terror que vivi aqui. Tendo ela próximo a mim, enquanto esse diabo
estiver pensando que me tem em suas mãos, eu estarei planejando
um jeito de fugir com ela de dentro desse império monstruoso.
Horas depois...
Depois de vestir o conjunto de moletom que ele havia me
entregado, o homem deixou o quarto, enquanto lentamente me movi
em direção à janela, escondida, pude ver que haviam três carros
semelhantes aos que estavam parados na minha porta e levaram a
Mel. Uns vinte minutos depois que já havia tomado banho, arrumada
e escovado os meus dentes, já que nem sei como estava
aguentando o odor forte vindo da minha boca, deixei o ambiente e
ao chegar à sala, a porta foi aberta e quando caminhei até ela, do
lado de fora em volta do ambiente, estavam uns oito homens
reunidos, todos vestidos de preto, que certamente é a cor favorita
deles, já que reflete o quanto suas almas são sombrias.
— Entra logo no carro — murmurou apontando para o carro
que estava com as portas abertas. Senti um nó preso em minha
garganta e a minha vontade era ficar parada no mesmo lugar, mas
logo me veio à imagem da minha princesa. Respirei fundo, entrando
no veículo, enquanto ele estava conversando com os
desconhecidos que certamente iam limpar toda sujeira que ele fez e
dar sumiço naqueles corpos.
Fiquei olhando para os meus pulsos doloridos e marcados
pelas algemas, tudo que aconteceu nesse lugar pode ter me
quebrado, mas me tornou ainda mais resistente.
Meus pensamentos foram interrompidos assim que a porta do
veículo foi aberta bruscamente. Pelo canto do olho, dava para ver
que suas feições estavam duras. Então, fiquei do jeito que estava,
tendo em vista que não nasci para ser saco de pancadas e era
melhor ficar no meu canto, minutos depois, o carro entrou em
movimento, o silêncio se fez presente no ambiente, acabei
adormecendo e quando despertei, já estava escurecendo.
Meus olhos ficaram direcionados para a janela do automóvel,
estremeço toda ao ver a placa que indicava que estávamos em
Manhattan, continuo sem conseguir desviar os olhos das janelas.
Embora já seja noite, o tráfego de veículos era intenso, haviam
carros por todos os lado, como se ninguém dormisse nessa cidade.
Depois do engarrafamento que durou quase uns dez minutos, não
fizemos mais nenhuma parada até chegarmos à frente de um
grande portão e não demorou muito para que o mesmo fosse
aberto. Assim que o veículo parou, um barulho sutil ecoou no
ambiente, indicando que a porta estava aberta.
— Vamos — senti um calafrio atravessar a minha espinha.
Assim que saí do veículo, meus olhos ficaram fixos na mansão
luxuosa. Para ser mais clara; um palacete belíssimo, e com várias
janelas majestosas. Vários homens, fortemente armados, estavam
em pontos estratégicos, porém, saio do estado catatônico que
permanecia ao ouvir sua voz.
— Bem-vinda ao meu mundo — disse de forma sarcástica. O
diabo caminhou em direção à entrada principal e no momento que ia
me mover, senti um calafrio percorrer a minha espinha e um forte
incômodo pairou sobre mim. Fiquei totalmente imóvel, era como se
algo de ruim fosse acontecer, meu coração estava agitado e minha
respiração tornou-se pesada. Eu não sei o que estava acontecendo
comigo, porque por dentro, a sensação que eu tinha, era que todo o
meu corpo estava tremendo.
Toda minha atenção se voltou para uma única pessoa e
reunindo todas as minhas forças, eu assumi o controle do meu
corpo e com passadas largas, tentei alcançá-lo e assim que as
portas foram abertas, fiquei atordoada com o tamanho do imóvel.
A mansão era imensa, com móveis luxuosos, lustre de cristal,
mármore por toda extensão do piso, coberto por tapetes belíssimos.
— Mamãe! Você chegou!
Meu coração deu pulos de alegria, mas toda alegria em ouvir
sua voz desapareceu dando lugar ao pânico! Medo! Desespero!
Tudo caiu como um soco em meu estômago e, eu podia ouvir meu
coração batendo devagar e meu sangue pulsando freneticamente
quando meu olhar foi de encontro ao bracinho enrolado numa faixa
branca, sendo sustentado por uma tipoia em seu pescoço.
Enquanto isso...
Ódio!
Muito ódio é tudo que consigo sentir. Esse desgraçado pode
ter pacto com o demônio ou até ser a enganação dele, mas eu não
irei descansar até acabar com sua vida.
Baran Celikkol vai aprender que ninguém entra no meu
caminho.
Eu, assim como ele, vou estraçalhar qualquer um para ter aquilo
que tanto desejo. Até o coração mais sombrio tem um ponto fraco e
eu irei fazer uma rachadura nele e quando isso acontecer, farei
questão de esmagá-lo sem piedade.
Capítulo 21
Lisa Evans
Lisa Evans
Cada centímetro do meu ser foi envolvido por uma sensação
imensa de alívio. Eu queria deixá-la presa em meus braços e
distante de toda essa sujeira, mas o homem a minha frente tem o
dom de me trazer de volta a uma realidade dura e cruel, fazendo
toda felicidade se esvair, dando lugar ao pânico.
— Isso não foi um gesto de piedade. Tudo que você passou foi
só um aviso de que posso te reduzir a pó sem tocá-la. Ela ficou
intacta somente para te lembrar de que a cada gesto seu em me
desafiar, será em sua frente que a farei sofrer as consequências.
Senti um tremor violento por todo o meu corpo, mas saber qual
era a verdadeira intensão pelo qual eu vim parar direto na toca de
um leão faminto, fez todo o meu corpo ser envolvido por ondas de
choque, tremendo sem parar.
Diante do meu silêncio, ele continua com suas ameaças.
— E antes que você venha a perguntar sobre a mão que viu
naquele lugar. Hoje a tecnologia é capaz de tudo, até mesmo criar e
recriar partes do corpo humano, assim como foi feita toda uma
montagem em cima da voz dela. No entanto, eu poderia ter acabado
com a sua miserável vida, não pense que não fiz isso por saber que
Raquel foi quem a envolveu em tudo isso, visto que já tinha motivos
suficientes para acabar com sua existência, só por abrigar aquela
miserável. Ninguém jamais havia saído com vida daquele lugar e
não foi fácil deixar isso acontecer, mas seria um desperdício não
aproveitar aquilo que agora me pertence.
Comecei a sufocar com minha própria respiração,
desesperada. Meu estômago revirou de tanto nojo, raiva e perante
as últimas palavras proferidas, eu paralisei por inteira.
— Você disse que sou o diabo, então, eu terei a sua alma e
principalmente o seu belo corpo. O qual vai me saciar do jeito que
eu quiser e da forma como eu desejar.
"Como poderia deixar que um monstro tivesse posse do meu corpo,
após todo sofrimento que ele me infligiu, mesmo que fosse para
salvar aquela que tanto amo?"
Capítulo 22
Lisa Evans
Baran Celikkol
Nem mesmo os piores traidores ou os alvos que tinha que
exterminar, foram capazes de deixar meus demônios tão
descontrolados. Elisabete Evans estava se tornando cada vez mais
perita em despertar em mim uma fúria incontrolável e ficava cada
vez mais difícil lutar contra a vontade em quebrar o seu pescoço.
Quando ouvi as palavras ditas com raiva, pelos seus conflitos
internos e pela sua ousadia, segurei firme o seu queixo e minha
vontade era descer um pouco mais a minha mão e apertar com
força a sua garganta até que seu último suspiro fosse dado.
Contudo, não cedi ao impulso, ao contrário, levei-a até o quarto
onde ocuparia junto com a irmã e saí. Assim que cheguei ao meu
quarto, ao lembrar-me da imagem dela tão vulnerável, meu corpo
reagiu e o meu pau ganhou uma ereção rápida e dolorida. Meu
cacete começou a pulsar freneticamente, me causando uma dor
latejante, era como se o danado, assim como eu, já estivesse
salivando em antecipação.
Levo minha mão até ele e o massageio ao pensar que em
breve aquela atrevida estará gemendo enquanto tomo posse do que
agora me pertence. Deixo os devaneios de lado e era a hora de
trocar algumas palavras com a minha pequena aliada. Com
passadas largas, segui até a porta e instantes depois, já estava no
corredor que dava acesso ao quarto onde elas estavam, olhei para o
relógio em meu pulso, este tinha uma câmera e nele um sistema de
monitoramento, onde eu tinha acesso à cabana e as câmeras dentro
da mansão. Mas, uma invenção de Albert, que segundo ele, seria
mais fácil do que usar o meu celular para ter o controle de tudo. Ao
girar a catraca do objeto, as imagens surgiram e pude ver que a
pequena se encontrava sozinha no quarto, o que indicava que Lisa
estava no banho. Entrei no ambiente e os olhos graúdos
encontraram o meu rosto e pelo barulho de água caindo, vindo do
banheiro, minhas suspeitas estavam certas.
— Moço bonito, a mamãe foi tomar banho. Você veio desejar
boa noite?
Tinha que admitir que o ser pequeno a minha frente é linda e
suas feições a tornavam ainda mais encantadora. Dei alguns
passos e me detive ao sentar na cama e um sorriso largo tomou
conta do seu pequeno rosto.
— O tio precisa fazer uma pergunta para você.
— Faz tio, eu vou responder direitinho — disse como se aquilo
fosse um desafio.
— Quando sua mamãe me olhava na TV, o que ela dizia?
Levando o dedinho até a sua bochecha, ela ficou alguns
segundos, pensativa, e então começou a falar.
— Um dia, eu ouvi a mamãe conversando com a tia Olivia,
que trabalha com ela no posto de gasolina. A tia disse que a mamãe
ficava negando, mas estava apaixonada pelo moço bonito e que
sempre ficava no mundo da lua e com as bochechas vermelhas
quando falava de você. Por isso eu gosto de você, porque se for
namorado da mamãe, eu vou ter um papai...
Ela continuou falando desenfreada. Eu sorri interiormente ao
ouvir suas palavras. Alguns dizem que o amor e o ódio andam lado
a lado, Lisa pode resistir o quanto puder e seu coração agora pode
estar tomado pelo ódio em relação a mim, mas veremos se o seu
corpo tem a mesma força para resistir ao mundo de luxúria que fará
parte da sua vida.
Na manhã seguinte...
Lisa Evans
Espreguiçando, estiquei-me na cama e rolei para o lado,
suspirei, aqui está tão bom. Assustada, meus olhos se abrem e vejo
que estou sozinha.
— Mel!
Olho para os lados e não a vejo. Meu olhar se deteve no
pequeno despertador em cima do criado mudo e me espanto ao ver
que já são quase nove horas da manhã. Nunca havia dormido tanto,
mas só em estar junto dela novamente, meu coração ficou
sossegado e meu corpo, enfim, se permitiu descansar. Pelo horário
e sabendo que ela que acorda cedo e já dizendo que estava
faminta, de certo havia descido para comer alguma coisa.
Levanto-me e caminho em direção ao banheiro, acabei por
passar um bom tempo debaixo do chuveiro, curtindo a água morna
em minha pele, pois só em lembrar-me daqueles jatos de água fria
que congelaram até os meus ossos, eu me permiti aproveitar um
pouco. De um homem como Celikkol, podia se esperar de tudo,
além de cruel, era bipolar, uma hora queria me matar, outra já quer
me devorar. Suas últimas palavras causaram-me um nó na garganta
e um embrulho no estômago.
Assim que saí do box, vesti um roupão. Ontem depois que
voltei do banho, me dei conta que não tinha roupa para vestir, mas
quando entrei no quarto, a Mel disse que havia roupas no closet e
estava com uma expressão de quem estava aprontando, mas a
pequena sapeca nada disse. Só que a vovó Nanda havia mostrado
quando elas estavam sozinhas no quarto.
Dentre as roupas, tinha além de uma gaveta cheia de
calcinhas e sutiã, roupas de dormir e várias outras peças que
pareciam ter sido feito sob medida. Deixei as lembranças de lado e
quando saí do ambiente, voltando ao quarto, assim que abri a porta
e dei alguns passos, tive um sobressalto quando levantei a cabeça
e meus olhos foi de encontro à imagem a minha frente.
O homem alto, de cabelos úmidos que caiam sobre a testa
estava vestido somente com um roupão negro. Seus olhos de
leopardo refletem desejo que parecia ferver e estava a ponto de
derramar. Todos os meus músculos ficaram cerrados, por alguns
segundos não conseguia respirar, meu coração disparou e um
tremor violento atingiu a minha espinha, se espalhando pelo meu
corpo inteiro ao ouvir as palavras que fez o pânico me dominar.
— Espero que tenha tido uma boa noite e recuperado as suas
forças, pois vai precisar de bastante energia. É bom que eu não me
arrependa em tê-la deixado viver.
Capítulo 24
Lisa Evans
Lisa Evans
Mesmo tentando controlar, as lágrimas surgiram em meus
olhos e escorreram pelo rosto trazendo consigo o meu desespero.
Um misto de sensações apoderou-se de todo o meu ser, sinto uma
raiva sem medida por ter me entregado daquela forma a esse
demônio, mesmo depois de tudo que me fez.
Suja, era assim que eu estava me sentindo.
“Como fui capaz de esquecer tudo que ele me fez?”
Como o meu corpo reagiu daquela forma aos toques dele, eu
deixei o desejo carnal gritar mais alto que a razão e não posso
negar a mim mesma que vibrei com tudo aquilo, que a dor deu lugar
ao prazer e estava ansiando por mais e mais.
Suas palavras só vieram confirmar o quanto aquele homem é
como uma serpente maligna, capaz de se disfarçar e fazer de tudo
para corromper alguém. Ele te estende a mão e depois está pronto
para te dar o bote, quando ele proferiu suas últimas palavras,
caminhou até a porta e logo sumiu do meu campo de visão, meu
olhar caiu sobre o comprimido em cima da cama e não pensei duas
vezes antes de pegá-lo, contudo, toda adrenalina havia deixado o
meu corpo e ao tentar me levantar, senti uma dor aguda ao pé da
barriga.
Mesmo com dificuldade, levantei o meu corpo. Minha
intimidade latejava e havia sangue entre minhas pernas, fiquei
pensando no tamanho do seu membro, não acreditando ainda que
meu pequeno corpo aguentou tudo aquilo. Deixei as lamentações de
lado e fui até o banheiro, acabei tomando banho novamente, com a
água morna trazendo alívio a minha intimidade dolorida, quando
terminei, voltei para o quarto e depois de me vestir, ouvi uma batida
na porta. Era uma senhora que tinha por volta de uns cinquenta
anos.
— Bom dia — disse exibindo um largo sorriso.
— Bom dia! — exclamei por educação. Minha vontade era não
ver ninguém.
— Você certamente está com fome. Vamos descer para que
coma algo.
Eu realmente estava faminta, colocando a minha vontade de
ficar a sós de lado, segui com ela para o andar de baixo, durante o
percurso, o incômodo entre as minhas pernas ainda era grande,
mas tratei de ignorar para não deixar transparecer o que estava
sentindo e muito menos o que tinha acontecido.
Minutos depois...
Quando eu estava comendo na cozinha, Fernanda apareceu
e ficamos conversando sobre a minha pequena Mel, dava para ver
como seus olhos brilhavam ao falar sobre ela, eu fiquei tão
atordoada e envolvida no mundo da luxúria, que não absorvi direito
quando Baran disse que ela tinha ido para a escola nova. Eu fiquei
aliviada por saber que pelo menos a vida dela estava caminhando
como a de uma criança normal e quanto mais tempo ficasse longe
desse lugar, seria melhor. Quando deixamos o ambiente, ao chegar
à sala, um furacão em miniatura passou pela porta e dava para ver
em suas feições o quanto ela estava radiante.
— Mamãe! — disse já jogando a mochila no chão e veio
correndo em minha direção, tratei de estender os braços para pegar
a sapeca entre eles. Que logo envolveu suas pernas em torno da
minha cintura e começou a beijar o meu rosto. Quase soltei um
gemido devido ao desconforto que estava sentindo, mas me
controlei.
— Mocinha você está pesada demais.
— Eu já cresci bastante, vou pedir ao papai do céu para ficar
pequena.
— Por que Mel? — perguntou, a senhora Fernanda.
— Vovó Nanda, se eu crescer, ninguém mais vai me carregar
e gosto de ser pequena, assim a mamãe sempre me tem como sua
princesinha.
Essa menina era fogo, não sei de onde aprendia tanta coisa.
Nos momentos seguintes, que antecederam ao almoço, ela contou
tudo que havia feito, detalhou como era a escola nova, que segundo
ela, era muito grande e bonita, mas por alguns instantes vi uma
tristeza ao falar da tia Clara, sua antiga professora. Mas, sendo a
Mel, rapidamente tratou de colocar um sorriso no rosto e só ficou
maior quando aquele ser sombrio surgiu no ambiente.
Seus olhos estavam fixos em mim, mas logo se desviaram
quando Mel falou.
— Tio... Eu tenho um presente para você — disse e correu até
a mochila que havia jogado no chão, começou a procurar algo e
logo depois puxou uma folha de dentro da bolsa e com ela em
mãos, se aproximou dele e estendeu o objeto em sua direção. O
que aconteceu em seguida me deixou inquieta, enquanto o homem
esboçou um sorriso triunfante.
— A tia Ana mandou desenhar alguém que a gente amava
muito. Eu fiz você.
Era um sentimento diferente o que me fez questionar a mim
mesma se estava com ciúmes.
Capítulo 26
Horas mais tarde...
Lisa Evans
Baran Celikkol
Minha expressão era fria e impassível, não demonstrando
nada do que se passava em meu interior. Contrariando os
sentimentos furiosos que se escondiam por debaixo de minha pele,
enquanto observo os homens a minha frente tentando decidir o
destino de Elisabete, já que o pessoal de Dimitri não encontrou nada
na residência Evans, como se algum deles fossem o primeiro no
comando ou que alguém nessa vida conseguiria me manipular, o
que era algo tão irreal, já que era eu quem manipulava e controlava
as pessoas ao meu redor.
O barulho, provocado pelos sons de diversas vozes, tomaram
conta do ambiente e ao contrário de dias atrás, hoje somente os
membros do conselho estão reunidos e todas as cadeiras estão
ocupadas. Sabia que ao saberem do meu retorno, isso viria a
acontecer e principalmente que a notícia sobre a única que saiu com
vida do covil da morte, iria se espalhar como um rastilho de pólvora
e, a cada palavra dita, a raiva inflamava em minhas veias, me
enlouquecendo por dentro.
— Com a morte da família Colombo e a traição de Guilherme,
só nos prova que nunca estamos livres dos malditos traidores e
estes devem ser eliminados — diz Augusto.
— Embora a mulher seja inocente, não podemos confiar em
alguém que não jurou lealdade a nossa organização — murmura
Michael, como se as piores cobras traiçoeiras prestes a dar o bote
não estivessem dentro da própria organização.
— Você tem toda razão e depois de tudo que ela passou
naquele lugar, pode muito bem querer se vingar — desta vez foi
Andrew a se pronunciar e Massimo, por sua vez, resolveu colocar
mais lenha na fogueira.
— Será que realmente Raquel não disse nada àquela mulher?
Será que a infeliz realmente é inocente? — encara os membros e
continua. — Será um risco tê-la dentro da sua própria casa — faz
uma pausa e vira seu rosto em minha direção, incitando-os demais
a fazerem o mesmo, tendo assim vários pares de olhos cravados
em meu rosto.
— Se ela já não é mais útil, então deve ser eliminada. Já o vi
sendo muito pior e intolerante por muito menos.
Poderia até ser algo inaceitável, contudo, eu jamais elimino o
que me era ainda útil. Os meus demônios encontraram algo capaz
de saciá-los como nunca tinha acontecido antes e enquanto ela
tiver utilidade, não será descartada. Meus pensamentos foram
atrapalhados quando ouvi mais alguém se manifestando.
— Concordo plenamente, Massimo — fala Estêvão, a raposa
velha era um dos membros mais antigos da Cosa Nostra
americana e sempre teve Massimo como seu favorito.
Os monstros criados por Al Capone estavam loucos para
derramar sangue, todavia, os idiotas, se soubessem que eu
mandarei qualquer um ao inferno se tocar em algo que está sob a
minha proteção, nem teriam coragem de iniciar essa reunião. Sei
que tudo isso é pelo fato de tê-la levado para minha casa, pois
Massimo acredita, assim como os demais, que sua prima Camile
seria a mulher perfeita para se tornar a esposa da máfia, mas na
minha vida mando eu, e, mesmo sendo membros do conselho,
ninguém vai dizer o que devo fazer.
Meus pulmões estão em chamas, meu sangue esquentando
como se tivesse fogo líquido em minhas veias. No limite da
paciência e movido pela raiva que se apoderou de todo o meu ser,
fechei minha mão em um punho e o golpe foi desferido contra a
mesa, um barulho reverberou no ambiente, fazendo todos ficarem
em silêncio.
— Eu, Baran Celikkol sou a lei suprema aqui e o destino dela
já foi decidido por mim. Agora se vocês estão insatisfeitos, não é
com ela que devem acertar as contas e sim comigo.
Nenhum som era ouvido ao nosso redor, nem mesmo das
nossas respirações. Alguns que nem haviam se manifestado antes,
sacudiram a cabeça em aprovação ao que eu havia falado, outros
que ficaram petrificados, embora tendo uma expressão indecifrável,
eu pude ver no fundo dos seus olhos, uma fúria contida. Vibrei por
dentro, pois a natureza selvagem de um lobo não pode se esconder
para sempre dentro de um cordeiro. Enquanto se preocupam com
Lisa, o traidor está junto deles e o maldito me levará direto ao
Serguei. Quando isso acontecer, os dois vão pagar muito caro pela
audácia em tentar acabar com a minha vida, por invadir meu
território e principalmente por cobiçar aquilo que é meu.
"Nesse mundo só existe espaço para um demônio; EU!"
Capítulo 27
Camile Torricelli
Serguei Petrov
Depois de meses de muito calor, dois dias atrás, nuvens
chuvosas se formaram sobre Moscou e desde a manhã de hoje,
uma forte e impiedosa chuva caiu sobre nós, todos podiam sentir o
frio que tomou conta do ar, enquanto as trovoadas assustavam os
fracos e os relâmpagos rasgavam o céu.
Acendo a ponta do charuto e desvio meu olhar para as
chamas da lareira dançando enquanto a lenha queima, estala e
solta dezenas de faíscas. Dou uma longa tragada e olhando para
aquele fogo, sinto meu corpo todo vibrar ao imaginar que assim
como a madeira queima, o corpo daquele desgraçado a essa altura
está sendo consumido pelas labaredas do inferno.
Um jogo de mentiras, medo, ambição e intrigas me afastaram
daquele que não somente tinha o mesmo sangue que eu, como
dividimos, ao mesmo tempo, o ventre da nossa mãe. Meu irmão
gêmeo, que embora tenha uma aparência diferente da minha, tem
sua mente sombria, diabólica e sua natureza sangrenta é devido ao
sangue do nosso pai que corre como fogo se espalhando por cada
fibra do seu corpo.
Segredos sujos começaram a ser revelados em meio ao caos
que pairou sobre a Bratva. Eu perdi aqueles a quem amava tanto,
mas os culpados me transformaram num verdadeiro monstro, que
sacia por vingança. O legado de Nikolai Petrov teria continuidade
através de mim. Eu matei todos os desgraçados que juraram
lealdade e por ambição, destruíram a minha família, eu levantei um
novo império, tendo como alicerce o sangue daquelas almas podres
e corrompidas, porém, foi uma delas que me revelou os segredos
que meu pai jamais soube.
Eu tinha um irmão e com sua ajuda, o nome Petrov se tornaria
temido em todos os cantos, todavia, ao longo dos anos, foram várias
as tentativas que acabaram fadadas ao fracasso, pois o maldito do
Celikkol parecia um felino com sete vidas, como se o maldito tivesse
vendido a sua alma ao diabo ou quem sabe não teria sido possuído
pelo próprio demônio. Depois do fracasso de dias atrás naquela
cabana, um novo plano foi minuciosamente arquitetado e era a hora
de realmente descobrir se aquela garota havia dito a verdade e em
seguida enviá-la junto com sua filha, ao sono eterno e exterminar
de vez Baran da face da terra.
Sabíamos exatamente que ele ficaria naquele hotel, manipular
tudo para que a caldeira viesse a explodir não foi tão difícil, mas o
meu irmão sim, precisava encontrar entre os próprios homens que
viviam dentro da mansão Celikkol, o infeliz que seria usado por nós,
porém, o idiota só não sabia que já havia sido envenenado. Só tinha
tempo suficiente para fazer o que havíamos solicitado e acreditando
que estaria salvando a vida daqueles que amava, não hesitaria em
acabar com as duas. Contudo, não somente sua esposa e os dois
fedelhos que tinha por filhos, foram mortos, como Baran Celikkol e
boa parte daqueles que estavam naquele restaurante.
— Amor!
Meus pensamentos foram afastado ao ouvir a voz daquela que
tem sido uma luz em minha vida. Ela reduziu a distância e colocou o
seu corpo junto ao meu.
— Pela sua expressão, enfim conseguiu o que tanto desejava.
Levo uma de minhas mãos até a sua enorme barriga.
Enquanto Kira está terminando seus estudos num colégio interno,
depois de várias tentativas, fui agraciado com um filho homem. O
herdeiro da máfia russa cresce em seu ventre e amanhã será o
início de um novo reinado na Cosa Nostra americana, um reinado
onde finalmente os Petrov darão início a uma guerra contra todos
que estiverem em nosso caminho.
“Celikkol, espero que todos aqueles que foram mortos pelas
suas mãos, lhe dê uma bela recepção e sua alma seja atormentada
por toda eternidade.”
Capítulo 30
Lev Petrov
Minutos depois...
Um silêncio constrangedor tomou conta do lugar, tempo
suficiente para ter certeza que a Melanie tinha saído, mas antes que
eu viesse a dizer algo, ele deu alguns passos e o barulho de sua
voz reverberou no ar.
— Venha comigo, agora que já fez o seu papel de mãe, é
hora de satisfazer o seu homem — aquilo só fez o calor no meu
interior se intensificar e a raiva explodiu numa proporção gigantesca.
Lisa Evans
Ele fechou a porta deixando-me sozinha. Com alguns passos,
eu me aproximo da janela. Em seguida, abro um pouco a cortina de
vidro, fico olhando para baixo fixamente e suas últimas palavras
martelam em minha cabeça.
“— Seguir as minhas ordens ou pode tentar a sorte, pulando.”
De repente, eu ouvi pequenos sussurros.
— Pule! Você estará livre.
Tentei afastar aquilo para longe, mas aquelas palavras se
apossaram da minha mente e continuou ressoando cada vez forte e
alto.
— Pule! Pule! Pule!
Minhas mãos, como se tivessem vida própria, se moveram
escancarando ainda mais as janelas e as vozes não me deixaram
em paz. Olhei para baixo novamente, vi uma grande escuridão que
estava me puxando, eu senti uma lufada de ar vir de encontro ao
meu pescoço, tive a sensação que minhas pernas queriam se
mover, mas fechei os olhos e tudo que veio em minha lembrança foi
o último momento que a minha família esteve reunida, da Mel ao
meu lado no banco traseiro e dos meus pais conversando. Abri os
olhos e as sombras foram afastadas pela imensa claridade.
— Por mais difícil que seja, eu não vou deixar que as trevas
tomem posse do meu coração. Eu não posso desistir de viver e não
farei isso nunca.
Horas depois...
Já não estava aguentando de tanto calor, pela altura e sendo
as janelas de vidro, o ambiente se tornava ainda mais quente.
Apertei por diversas vezes o botão do controle para ligar o ar
condicionado, mas de nada adiantou, fui ao banheiro e depois de
fazer minhas necessidades, me vi obrigada a tomar um banho,
pelos utensílios que estavam dentro do ambiente, a pessoa que
vinha nesse lugar passava bastante tempo, já que tinham vários
objetos dentro do pequeno armário que ficava na bancada. Voltei
para dentro da sala e meu estômago começou a dar sinal de vida,
havia comido um pouco quando preparava o café da manhã da Mel,
mas pelo horário que marcava no relógio que estava fixado na
parede, já eram quase duas da tarde. Não aguentando mais,
comecei a procurar alguma coisa nas gavetas que tinha na
bancada, na tentativa de encontrar algo para saciar a minha fome,
pois dentro do frigobar só havia alguns vidros de água e suco — eu
posso sobreviver somente com isso — pensei, antes de tomar o
meu banho, porém, aqui estou e não aguentando mais o
desconforto vindo da minha barriga que tanto reclama de fome. Nos
momentos seguintes, já havia revirado praticamente quase todas as
gavetas, até que em uma delas encontrei uma caixa que continua
algumas barras de cereais. Embora estivesse com muita fome, só
peguei uma, já que não sabia por quanto tempo ficaria nesse lugar,
tomei água e de nada adiantou ter tomado um banho, pois a alta
temperatura já estava me causando um grande desconforto.
Cambaleei ao sentir uma tontura forte e acabei sentando em uma
das poltronas, pois minhas pernas estavam bambas. Coloquei o
braço esquerdo curvado sobre a bancada e logo depois a minha
cabeça em cima dele, a minha vista estava ficando turva, os meus
olhos pesados, enquanto o suor inundava o meu rosto. Não sei em
que momento eu me entreguei de vez à escuridão.
Tudo é calmo e silencioso e não quero abrir os meus olhos.
Novamente me deixo vencer pelo calor que estava sugando as
minhas forças.
Lisa Evans
Depois do que ele disse, eu ignorei qualquer dor que estivesse
sentindo, afinal, ontem eu dormi no chão mesmo, já que estava toda
dolorida devido à posição que vinha dormindo em cima das
poltronas. Corri para o banheiro com a sacola em mãos, tomei um
banho rápido, escovei os dentes e dentro da sacola tinha uma calça,
blusa e peças íntimas. Já pronta, deixei o ambiente. Dentro do
elevador, meu estômago deu sinal de vida e tudo que não queria
ver em minha frente tão cedo, era uma barra de cereal.
O trajeto até a mansão pareceu uma eternidade e quando
passei pela porta, fui direto para sala de refeições, pensei que
encontraria a Mel tomando o seu café, mas Baran perguntou a dona
Vivian e esta informou que ela ainda não havia descido.
Com passos largos, caminhei até a escada, subi rápido cada
um dos degraus, cheguei ao corredor, sabia que ele estava vindo
atrás de mim, no entanto, eu queria vê-la o quanto antes. Assim que
entrei no quarto e meu olhar caiu sobre o pequeno pacote encolhido
e enrolado com as cobertas, senti uma dor profunda em meu peito,
uma sensação de impotência pela minha falta de atitude em não
estar fazendo o meu melhor e o impossível por ela. Segurei as
lágrimas e comecei a chamá-la, mas a princípio de nada adiantou,
porém, quando seus olhos graúdos foram abertos e o seu rosto
ganhou um sorriso contagiante, eu a envolvi num forte abraço,
queria poder tê-la sempre dentro dessa bolha e assim impedir que
alguém a afastasse de mim. Eu deixei as lágrimas caírem, mas
eram lágrimas de pura felicidade por sentir novamente o cheiro dos
seus cabelos e o pequeno aperto de seus braços em meu corpo.
Afastamo-nos e sendo a minha garotinha, o silêncio foi quebrado no
ambiente.
— Você está chorando porque está triste mamãe?
— São lágrimas de felicidade, porque estava morrendo de
saudade.
— Eu também estava. Não me deixe sozinha de novo, eu
quero ficar sempre pertinho de você — disse chorando e novamente
ela me abraçou.
Baran finalmente conseguiu o que tanto queria, pela Mel, eu
serei o fantoche que ele tanto deseja, pois a minha existência só
tem sentido por causa dela. Foi por ela que tive forças para seguir
adiante quando a vida me roubou as pessoas que tanto amava, ela
é a luz que ilumina a minha vida e a razão por acordar todas as
manhãs. O amor que sinto por ela é imensurável e tudo que já
passei e estou vivendo nos últimos dias, me fez entender que sofrer
na vida é inevitável, ficar imune a isso é impossível, mas sempre
vou acreditar que dias melhores virão.
Capítulo 36
Lisa Evans
Massimo Torricelli
Depois da falsa notícia da morte de Baran, que se espalhou
num piscar de olhos. Os aliados de diversos territórios estavam
desorientados com as informações que haviam recebido, assim
como eu, os outros conselheiros tiveram um dia agitado e
principalmente preparando toda cerimônia que acontecerá daqui a
dois dias em homenagem a Al Capone, se estivesse vivo, estaria
completando seus 70 anos e assim como todos os anos, Celikkol
insiste que todos estejam reunidos. Contudo, não passou
despercebido por mim, o olhar de predador lançado em nossa
direção no momento que estávamos todos sentados em volta da
távola retangular.
Depois de atravessar o corredor, enfim, chego frente a porta
do quarto de Camile, quando entrei no cômodo, não a encontrei,
logo a minha atenção se voltou para o barulho vindo do banheiro.
Dei algumas passadas e já dentro do ambiente, comecei a me livrar
das minhas roupas, caminho até o box e meu pau logo deu sinal de
vida, latejando fortemente ao ver a bela imagem a minha frente. Seu
corpo era perfeito, cheio de belas curvas e minha atenção se voltou
para sua boceta graúda, que logo seria devorada por mim. Reduzi a
distância entre nós dois, minha boca se chocou com a sua e uma de
minhas mãos alcançou o seu sexo e meus dedos vorazes
começaram a explorar a sua carne suculenta. Ela que mantinha os
olhos fechados, os abriu e um sorriso travesso tomou conta de sua
face. Afasto um pouco a minha boca da sua.
— Minha diabinha, pela sua expressão, deve ter aprontado
algo.
Ela deu uma gargalhada que preencheu todo o ambiente.
— Eu sou totalmente inocente. Só disse algumas coisas,
deixando aquela trouxa intrigada.
— Camile!
Ela aproximou sua boca da minha e deu uma mordida de leve
no meu lábio inferior.
— Se bem conheço aquela alcoólatra, ela deve ter feito
exatamente o que eu queria, com a ajuda de Fernanda, vou tornar a
vida daquela morta de fome um verdadeiro inferno.
Suas palavras soaram como uma linda melodia capaz de fazer
um calor intenso envolver o meu corpo. Minha boca novamente
tomou a sua num beijo urgente e selvagem, logo depois, deslizei
dois dedos para dentro do seu interior escaldante e gemidos
escoram no ar.
— Hummm...
— Sempre pronta para me receber.
— Faça-me sua, agora!
Diante de seu pedido, num movimento rápido e preciso, a virei
de costas, enquanto ela apoiava suas duas mãos na parede e num
convite despudorado afastou suas pernas, o meu pau tocou a sua
fenda e nos momentos seguintes, eu me perdi em sua boceta
deliciosa, tendo assim várias horas agradabilíssimas, saciando a
minha vontade, deixando os meus demônios adormecidos.
Baran Celikkol
Possuído, eu precisava acabar o quanto antes com esses
desgraçados. Eu tinha alguns assuntos pendentes para resolver na
sede da Cosa nostra, entre eles, o grande carregamento de drogas
e armas que seriam enviados para a Itália e depois distribuídos para
outros territórios, incluindo o Brasil, que acabou se tornando uma
grande mina de ouro, já que controlamos todo tráfico dentro da
Rocinha, uma região localizada no terceiro estado mais populoso do
território brasileiro, porém, meu próximo alvo será dominar o estado
de São Paulo, onde a Ndrangheta tem o domínio. Depois de
resolver tudo, assim como havia ordenado, os preparativos se
iniciaram para a grande celebração, eu devo a minha vida ao único
homem que depois do meu pai, me protegeu, fez daquele menino
frágil, o homem que sou hoje e jamais irei esquecer que Al Capone,
foi quem deu um primeiro pontapé para que eu descobrisse que
meu interior estava habitado por monstros, que até então, viviam
adormecidos. Deixo as lembranças de lado e assim que passo pela
porta dupla, meu olhar ficou cravado nas duas que estavam
descendo a escada.
— Tio, você chegou — disse ostentando aquele sorriso capaz
de fazer tremores violentos envolver o meu corpo.
Não demorou muito para que a garotinha viesse ao meu
encontro, estendendo os braços para que eu a pegasse. Feito isso,
minha atenção ficou nos seus joelhos que estavam feridos.
— Você caiu?
— Sim, mas já estou melhor.
Enquanto ela tinha um largo sorriso no rosto, as feições da
mulher que se livrou do último degrau, eram duras. Antes que viesse
a mover os meus lábios, Vivian, aquela que trabalha nesse lugar
desde o tempo de Al Capone, apareceu informando que o jantar já
iria ser servido.
Lisa Evans
Acordei atordoada e com o coração acelerado. Minha garganta
estava seca e meu corpo todo quente, ensopado pelo suor.
Novamente as malditas lembranças vieram me atormentar, olhei
para o lado e minha agonia aumentou, mas as palavras do homem a
minha frente trouxeram alívio ao meu coração.
— Preciso que você fique calma — disse com um tom de voz
calmo e se não o conhecesse, até diria que estava preocupado,
porém, fiquei agitada quando escutei as palavras que foram ditas
por ele. — Agora, você vai me contar o que o seu tio fez para deixá-
la nesse desespero, ao ponto das lembranças terem se tornado um
grande tormento.
Meus batimentos aceleram ainda mais, minha respiração ficou
pesada. Por mais que os anos tenham passado, jamais esquecerei
aquela maldita noite em que o homem que deveria me proteger, só
tinha um único propósito, satisfazer seus desejos pecaminosos,
usando o meu corpo e como se tudo isso não fosse repugnante, ele
já desejava fazer o mesmo com a minha garotinha.
Ele me olhava intensamente, e no fundo dos seus olhos
tinham somente um brilho intenso, onde a escuridão não existia, sei
que não deveria confiar em alguém que também me causou tanta
dor, mas até mesmo um mafioso, um monstro que usou sim de
meios repugnantes para tomar posse do meu corpo, não agiu como
um animal como aquele infeliz tentou fazer.
Respiro algumas vezes tentando levar o ar que meus pulmões
precisavam. No momento seguinte comecei a contar tudo que tinha
acontecido.
— Eu já não tinha mais parentes vivos por parte da minha
mãe. Ricardo Evans era o único familiar vivo que tinha e sempre
esteve presente. Ainda criança, eu achei que era fruto da minha
imaginação, mas o homem que me chamava de pequena Vênus,
por dizer que eu tinha uma aparência semelhante à de uma deusa,
sempre vivia me abraçando, querendo que eu sentasse em seu
colo, a princípio eu não tinha malícia alguma diante dos seus
gestos, mas algo começou a me deixar inquieta e sempre que ele
chegava a nossa casa, eu inventava uma desculpa que queria ficar
no quarto vendo televisão. Com a morte dos meus pais, mesmo
estando perto de fazer dezoito anos, o estado decretou que deveria
ficar sob a tutela dele, continuamos vivendo na casa dos meus pais,
que agora era minha e da Mel, meses se passaram e certa noite, eu
acordei com um peso esmagador em cima de mim, o cheiro de
álcool era muito forte e o pânico envolveu cada fibra do meu ser
quando meus olhos se abriram e o homem que deveria me proteger,
estava sobre mim, deslizando suas mãos asquerosas pelo meu
corpo. Seus olhos famintos, num tom avermelhando por causa do
seu estado de embriaguez, estavam faiscando de desejo, seu corpo
era muito pesado e quando ouvi suas palavras, dando-me a
constatação que ele queria saciar sua fome usando o meu corpo, o
medo me envolveu — fiz uma pequena pausa, pois as lágrimas
começaram a cair sem que eu pudesse controlar. Respiro de novo e
prossigo. — Quando suas mãos estavam prestes a alcançar o lugar
que era o grande alvo que ele desejava, o grito da Melanie que
havia acordado, acabou sendo a minha salvação, pois aproveitando
a sua distração e com uma força que não imaginava ter, eu
consegui escapar dele, empurrando o seu corpo que caiu no chão.
Peguei a primeira coisa que vi em minha frente, lágrimas molhavam
o rosto da minha garotinha e novamente eu fui tomada por
sensações ruins quando ele se levantou e disse.
“— Eu não só vou me satisfazer com você, como também vou
explorar o corpo dessa fedelha, que mesmo tão pequena, já vem
ocupando os meus pensamentos.”
Fecho os olhos por um momento para ver se a dor dessa
recordação passa, porém, é em vão. E como Baran me olha em
expectativa, esperando que eu conclua, continuo meu relato.
— Aquilo fez meu estômago se contorcer e uma fúria
descomunal me dominou, ele avançou em minha direção e reunindo
todas as minhas forças, acabei batendo o objeto em sua cabeça. Eu
tive sorte que o álcool em seu corpo ainda estava agindo, o homem
cambaleou para trás e o sangue começou a escorrer do ferimento
que havia provocado com o golpe, melando o seu rosto, ele caiu e
entrei em desespero, acreditando que ele estava morto, mas o
desgraçado parecia estar possuído por alguns demônios e ao abrir
seus olhos, eles estavam flamejantes de ódio. Ele se mexeu e como
o abajur se destruiu quando passei em sua cabeça, eu acabei
correndo até a gaveta e peguei uma tesoura, quando ele se
levantou disse.
“— Pode ter certeza que algum dia eu vou voltar, e para o bem
dessa pirralha, é melhor que não diga nada. Você sabe que mesmo
que eu seja preso, eu tenho aliados que vão se vingar por mim.”
Praticamente se arrastando, ele sumiu do meu campo de
visão. Eu corri para fechar a porta e para acalmar a Melanie. Aquela
foi a última vez que vi aquele desgraçado, e como só faltavam
apenas dois dias para completar dezoito anos, com ajuda de
algumas pessoas que conheciam os meus pais, eu consegui a
guarda provisória da Mel. Com o dinheiro da venda do imóvel,
temerosa de que a qualquer momento, ele pudesse voltar, mudamos
de estado e acabei comprando aquela casa. Arrumei um emprego e
finalmente consegui a guarda definitiva da Mel, até porque devido
aos traumas que ela tinha pelo acidente, a assistente social achou
melhor que ficássemos juntas, já que a criança agora me tinha como
sua mãe.
Quando termino de relatar tudo que tinha acontecido, o
homem a minha frente agora tinha suas órbitas sombrias e rangia os
dentes como tivesse controlando sua fúria. Suas feições eram
assustadoras e alguma coisa me dizia que pensamentos
maquiavélicos rondavam sua mente.
Meus batimentos cardíacos estavam extremamente
acelerados diante do silêncio constrangedor que se fez presente, o
anjo das trevas que usava um roupão preto, parecia perdido em
meios aos seus pensamentos, podia ver através da escuridão de
seus olhos, que os monstros do seu interior estavam planejando
algo diabólico.
— Agora trate de dormir — disse por fim e se levantou, em
seguida andou até a porta e sumiu do meu campo de visão.
Olhei para o relógio em cima do criado mudo e ainda eram
duas horas da manhã. Fiquei com os pensamentos voltados para o
que tinha acabado de acontecer, até que fui vencida pelo sono.
Manhã seguinte
Acordei com um sobressalto ao sentir um peso sobre a minha
barriga. Meus olhos se abriram de imediato e me deparei com o
motivo da minha agonia, ao ver aquele braço forte que estava
envolvendo a minha cintura. Meu olhar se concentrou no rosto do
homem ao meu lado, que até então, eu acreditava que estava
dormindo profundamente. Fiquei confusa, sem entender porque ele
havia dormido comigo, no entanto, quando eu ia tentar me livrar do
seu aperto, seus olhos se abriram e ficaram cravados nos meus,
mas antes que qualquer ruído saísse dos nossos lábios. Meu
coração disparou, um nó imenso se formou em minha garganta
quando a porta foi aberta e Mel entrou no cômodo.
O silêncio dominou o ambiente a ponto de tornar o clima
pesado. E, foi ela, quem quebrou a quietude que pairava no
recinto.
— O tio dormiu junto com você mamãe? — perguntou e sua
expressão era séria, intensa e ela me encarou com um olhar
questionador. Tentei dizer algumas palavras, mas elas não saíram.
Ela voltou seu olhar para Baran e disse. — Tio, você dormiu com a
minha mamãe? — colocou as duas mãos na cintura, esperando a
resposta.
— Sim — no instante que o som da voz firme ecoou no
espaço, suas feições mudaram e um sorriso largo tomou conta do
seu pequeno rosto.
— Estão namorando... Estão namorando... — disse e
começou a pular como se tivesse ganhado o maior presente do
mundo, porém, o que ela diz em seguida, me deixou inquieta. —
Oba! Agora eu vou ter um papai.
Assim que terminou de falar, subiu em cima da cama, nos
encarou e um sorriso ainda maior, daqueles que pegava de orelha
a orelha surgiu em sua face.
— Eu estou muito feliz — juntou as mãozinhas e olhou para o
teto, então prosseguiu. — Obrigada papai do céu.
Capítulo 38
Baran Celikkol
Lisa Evans
Fico olhando para Melanie, que está sentada no tapete da
sala brincando com Fernanda. A mulher tinha um sorriso bobo na
face, enquanto ouvia as palavras da pequena tagarela, que Graças
a Deus, hoje havia acordado a todo vapor, mas uma hora ou outra
reclamava que estava um pouco cansada, sei que crianças devido
à imunidade ser mais baixa, vivem adoecendo, mas de repente ela
fica com febre e desta vez, segundo o médico, estava com uma
inflamação dos gânglios linfáticos, sem contar que a achei bem
pálida, mas depois de ser medicada, acordou dizendo que estava
com fome e quis tomar banho sozinha, assim como se vestiu, já que
segundo ela já é uma mocinha, somente deixou que penteasse os
seus cabelos. Minhas lembranças foram deixadas de lado quando
escutei a sua voz.
— Vem mamãe, brincar com a gente. Vovó Nanda, a senhora
vai ver como a minha mamãe é esperta — disse quando as duas
tentavam montar um quebra cabeça que tinha por volta de 500
peças. Dali em diante, nós três passamos longos minutos tentando
juntar as peças que formavam a Casa dos sonhos da Barbie. Mas,
só em ver um sorriso no rosto da minha menina, eu não me
incomodava em passar o restando do dia brincando.
No dia seguinte...
— Mamãe! Eu já estou pronta — a menina acordou cedo hoje,
passou à manhã toda agitada e a toda hora olhava para o relógio,
fazendo cara feia, porque segundo ela, as horas não passavam.
Estava assim desde ontem à noite quando Baran chegou e disse
que hoje a levaria para conhecer um lugar onde teria vários
amiguinhos para ela brincar, ele agia como se tudo fosse normal e
que estávamos aqui por livre espontânea vontade, se bem que isso
de estar presa só servia para mim, já que a Mel se sentia como se
estivesse na sua própria casa, como se tudo isso aqui sempre
tivesse feito parte de sua vida.
— Estou só terminando o meu banho — disse de dentro do
box, já que ela tomou de novo banho sozinha e escolheu a roupa
que ia vestir e agora estava penteando os cabelos.
— Mamãe, você nem parece que já é bem grande. Eu sempre
termino primeiro — seguro o riso, mas não deixaria te cutucar a
pequena ferinha com a vara curta.
— Deve ser porque você já está velha demais. Daqui a pouco
ninguém vai mais te pegar nos braços e tão pouco vai dormir
juntinho comigo — o silêncio se fez presente, limpei o vidro
embaçado só para ver sua expressão, ela parecia inquieta, puxou
as mangas da blusa e ficou olhando fixamente para sua pele e não
demorou muito para se manifestar.
— Amanhã é bom a senhora não me deixar tomar banho,
sozinha, porque não estou bem limpinha não.
Não me aguentei e comecei a sorrir, a Mel era única. A garota
sempre dava um jeitinho para continuar sendo mimada por todos.
Se bem que era difícil não se render aos encantos de um ser tão
iluminado e amoroso como ela.
Lisa Evans
A fúria que estava contida era bem visível em seu rosto e era
tanta que me deixou fora da realidade por alguns segundos, mas,
me senti aliviada quando ele acabou se controlando. Fiquei com
medo de a Melanie acordar e ter que presenciar que o homem que
ela acredita ser um anjo, era na verdade um monstro. Quando
chegamos à mansão e ele a pegou, tudo que queria era tomar um
banho e ficar deitada ao lado da minha garotinha, contudo, ao ouvir
suas palavras antes de deixar o quarto, eu me negava a acreditar
que depois dos últimos acontecimentos, ele ainda estivesse
querendo se satisfazer usando o meu corpo. Afasto-me da cama e
vou até o banheiro, pensei em me rebelar e não fazer o que ele
mandou, porém, não poderia ir em frente, já que a sua última
ameaça foi que na próxima vez me levaria novamente para aquele
inferno que fica dentro daquela cabana.
Do jeito que a Melanie tem adoecido com frequência, não
posso correr o risco de ficar longe dela. Suspirei. A quem estava
tentando enganar? Eu acabaria indo de qualquer jeito, pois, ele já
deixou claro que sua vontade sempre deve prevalecer.
Minutos depois, após o banho, passei um pouco de creme em
minha pele e deixei o banheiro, fui até o closet e coloquei somente
um robe vermelho, já que não adiantaria usar uma calcinha. Meu
estômago embrulhou, só em pensar que ele me vê como uma
boneca para usar e abusar quando lhe convém, só em pensar em
seu membro enorme me invadindo, faz minhas pernas ficarem
bambas. Não podendo mais adiar o que ia acontecer de qualquer
jeito, em passos vacilantes comecei a me mover rumo à porta.
Passei pelo corredor, desci os degraus da escada e prossegui até o
ambiente que ele estava. A cada passo que dava, sentia que meus
batimentos estavam ficando cada vez mais intensos e depois do que
pareciam horas, cheguei em frente ao lugar. Detive-me frente à
porta dourada e luxuosa do seu escritório. Respiro fundo e bato na
porta.
— Entre Lisa.
Empurro a porta, que logo se abre revelando o próprio diabo
sentado em uma poltrona e sua aparência era do mais belo anjo
criado pelo homem. Seus cabelos negros estavam úmidos e
brilhava com uma intensidade que não tinha visto antes, ele usava
um robe branco de cetim. Deixo os devaneios de lado quando ouço
suas palavras.
— Venha até aqui!
Minhas pernas estavam bambas, mas, eu me mantive firme.
Dei algumas passadas adentrando o cômodo. Enquanto fazia o que
ele havia dito, meus olhos passearam em volta do ambiente que era
enorme, como todo o resto da mansão. Comecei a avaliar o interior
do seu escritório, que tinha uma decoração extremamente luxuosa,
na parede, atrás dele, havia um quadro grande com a imagem de
um homem, emoldurado em ouro. Na parede da direita, um enorme
telão que ocupava quase todo o espaço, este estava ligado, onde
era possível ver várias telas mostrando imagens em volta de toda
sua fortaleza. As telas mudavam constantemente de imagem, o
homem a minha frente estava ligado em tudo que acontecia a sua
volta.
Assim que a distância entre nós não existia mais, seus lábios
se moveram.
— Eu espero que você não esteja usando calcinha — seu tom
de voz era sarcástico. O libertino abriu o seu robe, revelando a
potência do seu membro que já estava duro e latejante. Engoli em
seco e estremeci dos pés a cabeça. — Sente aqui — fez um gesto
indicando para que eu sentasse em cima daquela criatura que ficou
ainda maior, então continuou. — Eu quero sentir essa bocetinha
gulosa engolindo cada centímetro do meu pau.
Era fazer ou sofrer as consequências pela minha recusa,
então decidi não desafiá-lo e fiz exatamente o que ele disse. De
frente para ele, passei as pernas em volta das suas coxas
musculosas, fazendo com que ele segurasse minha cintura e seu
membro tocou a minha fenda. Em posse dos meus quadris, ele
começou a me empurrar lentamente para frente e para trás
aprofundando o atrito, esfregando seu pau na minha entrada,
permitindo que sentisse o calor do seu membro ereto, provocando-
me, ele continuou naquele movimento torturante, fazendo-me sentir
coisas que não queria, mas o meu corpo já estava ficando quente.
Um ruído de dor escapou da minha boca quando Baran deslizou seu
pênis grosso para dentro do meu sexo. Puxando meu corpo para
baixo, aprofundando o contato, senti meu músculo alargar para
ajustar-se ao tamanho dele e isso me causou muita dor.
Petrificada. Sentia meu coração bater próximo à minha
garganta, parecia que queria saltar do meu peito e minha respiração
estava descompassada. Suas mãos deixaram a minha cintura, ele já
havia me possuído por diversas vezes, mas naquela posição o seu
pênis havia chegado tão fundo que o desconforto era grande. Meu
robe se abriu ao toque de seus dedos habilidosos. Baran agarrava
meus seios, explorando-os com apertões suaves e ritmados. Levou
a boca até o meu seio esquerdo e sua língua girou em meu mamilo,
me causando um arrepio, enquanto sentia seu pênis pulsar dentro
de mim, ele mordiscou com os dentes e o sugou com vontade. Aos
poucos a dor foi se dissipando, ele abandonou os meus seios e sua
boca invadiu a minha com voracidade, no mesmo instante que seus
quadris começaram a se mover, me penetrando intensamente. Sua
língua explorando a minha e um calor intenso se acumulou no meu
interior. Mas, eu precisava me controlar e fazer de tudo para que ele
terminasse logo com aquilo. Comecei a remexer os quadris, subindo
e descendo, seu pênis ia cada vez mais fundo, me preenchendo
completamente, os ruídos que escapavam da minha garganta eram
contidos pela sua boca que ainda estava grudada na minha. Ouço
seus gemidos, sua respiração acelerada, ele enfim separou a sua
boca da minha.
— Goze para seu dono, baby.
Suas palavras possessivas e de quem se achava o rei de tudo,
soaram como um banho de água fria, fazendo a alta temperatura do
meu corpo voltar ao normal. Fechei os meus olhos, respirei
profundamente e comecei a remexer freneticamente o meu corpo.
Tudo que vinha em minha mente era nada, parecendo que meu
corpo estava ali, porém, a minha alma o tinha abandonado.
Gemidos ainda mais altos saiam dentre seus lábios,
parecendo que ele estava no seu limite. Ele colocou suas mãos
novamente em minha cintura, em seguida foi enterrando seu pênis
até o meu ponto mais profundo, seu cacete pulsou no ritmo mais
intenso. Consequentemente, um urro gutural saiu rasgando sua
garganta assim que seu esperma começou a jorrar. Quando abri os
meus olhos, por uma fração de segundos, parecia que tinha visto
raiva em seu olhar. Porém, um sorriso cínico tomou conta de seu
rosto, ele me fez levantar e num pulo fez o mesmo, eu estava
desorientada, mas logo me encontrei assim que ele jogou tudo que
estava sobre sua mesa no chão, em um movimento abrupto,
Celikkol me suspendeu e meu corpo foi colocado sobre o objeto.
Seus olhos assumiram uma expressão séria ao passear por mim.
— Você já deveria ter entendido que seu corpo me reconhece,
mesmo que sua cabeça insista em não aceitar. Mas, hoje eu vou
fazer com que desfaleça de tanto prazer e ficará afiada a cada toque
meu, suplicando para ter meu pau todo enfiado dentro dessa boceta
suculenta.
Ainda estava tentando processar suas palavras quando ele
abaixou sua cabeça a movendo em direção as minhas pernas.
Começou a beijar minha coxa direita, fazendo uma trilha de beijos
até chegar à minha intimidade. Fez uma pequena pausa e seu hálito
quente contra o meu sexo me deu calafrios. Baran se afastou um
pouco, suas mãos escancararam minhas pernas e o homem
começou a me tocar de uma forma totalmente diferente, tentando
fazer com que eu perca todo o meu autocontrole. Com sua boca
tomando posse da minha intimidade, sua língua aveludada, foi
afastando os grandes lábios da minha boceta quente e foi sugando-
a lentamente, até se concentrar no meu clitóris. Acariciando
ritmicamente toda a protuberância endurecida de nervos, fazendo-
me querer fechar minhas pernas, mas não permitiu e continuou
chupando meu sexo desesperadamente, me proporcionando uma
sensação que era uma mistura de dor e prazer.
Quente e, muito quente, minha vagina estava latejando. Para
aumentar o meu tormento, o demônio afastou sua cabeça para
longe da minha intimidade, depois seus dedos ágeis começaram a
massagear a entrada da minha boceta como se a estivesse
preparado para invasão. Baran deslizou dois dedos grossos para
dentro da minha carne pulsante, tirando-os e levando-os até sua
boca, sugou e lambeu-os antes de voltar a entrar novamente para
dentro de mim.
Meus olhos se fecharam diante da vulnerabilidade de estar de
pernas abertas, sendo masturbada por um homem que estava
determinado a mostrar que meu corpo já o pertencia, seus dedos
entraram e saiam suavemente de mim, aumentando o misto de
sensações, produzindo ondas de prazer, deixando-me à beira do
orgasmo. Ele introduziu de novo seus dedos para dentro da minha
carne ardente e começou a movê-los em um movimento de vaivém
delicioso. Eu estava prestes a explodir e a tensão só aumentou
quando ele levou sua mão livre até meu sexo e ficou massageando
o meu clitóris e movimentava seus dedos no meu interior num ritmo
alucinante. O clímax me atingiu em cheio, eu gritei, um grito
estrangulado, eu me afogava em meu próprio prazer e me sentia
feito uma manteiga derretida e meus olhos ficaram pesados, porém,
assim como ele havia dito, eu iria sucumbir de tanto prazer e
quando ele puxou o meu corpo me fazendo ficar sentada. Minha
saliva desceu rasgando quando meu olhar foi de encontro ao seu
membro, eu não conseguia acreditar que já estava novamente duro
feito uma rocha, e fazendo-me entrelaçar as pernas em volta dos
seus quadris, ele empurrou seu pênis para minha abertura, em
contra partida, segurei em seu ombro e ele começou a impulsionar
seu pau enorme e grosso dentro de mim. Seus movimentos
intensificaram a medida que ele lançava mais e mais fundo, eu
gemia a cada impulso, meu corpo ardia em meio ao desejo. Naquele
momento, o medo e a raiva foram deixados de lado, eu deixei de
lutar, já que acabaria sendo derrotada. Só queria senti-lo dentro de
mim, aproveitar em sua totalidade todo prazer que ele queria me
proporcionar. Meus instintos de mulher gritavam altos e me deixei
levar, comecei o acompanhando naquela dança louca.
Com cada golpe, ele tocava uma parte sensível do meu corpo,
eu estava como um vulcão prestes a entrar em erupção, os sons
dos nossos gemidos ecoavam no cômodo, nossos corpos se
fundiam em um só, enquanto ele me fodia, o prazer estava se
formando, já não tinha mais controle.
— Eu sou o único homem que você terá nesta vida e te farei
minha em todos os sentidos.
Suas palavras me deixaram ainda mais sexualmente elétrica,
eu estava entrando em curto circuito, estava pronta para explodir de
prazer. Seus lábios tocaram os meus e sua língua invadiu minha
boca numa dolorosa exploração. As estocadas ficaram cada vez
mais intensas, eu já estava ficando sem fôlego, pois, ele não parava
de explorar a minha boca como se tivesse ansiando por mais e
muito mais. Ele interrompeu o beijo e começou sussurrar algumas
palavras.
— Minha... Sua gostosa, você é só minha — dito isso, Baran
aumentou ainda mais os seus movimentos, beijando-me novamente
com fervor, gozando e liberando seu líquido em jatos potentes. Pude
sentir o sêmen me invadindo, enquanto as ondas de prazer
envolviam o meu corpo, o meu interior e minha vagina latejava sem
parar.
Quando o calor intenso foi diminuindo, seus olhos buscaram
os meus, porém, ainda estavam reluzentes de desejo.
— Essa noite apenas começou.
Aquilo foi só o começo, pois, ele me fez sua de todas as
formas possíveis e em todas, eu senti o meu corpo flutuando e só
paramos quando nossos corpos estavam saciados.
Na manhã seguinte...
Meu corpo estava deliciosamente dolorido, nunca pensei que
poderia sentir tantos orgasmos em minha vida. Espreguicei-me e
meus olhos se abriram, olhei para o lado, e ela não estava ali,
quando me levantei e meu olhar foi de encontro à porta do banheiro,
o pânico me envolveu e um grito estrondoso se fez presente ao ver
o pequeno corpo esparramado sobre o chão frio.
— Mel! Nãooooo...!
Capítulo 41
Baran Celikkol
Dias depois...
Sinto minhas pálpebras tão pesadas, mas não posso me
deixar vencer pelo cansaço. Meus olhos estão levemente
avermelhados, com grandes olheiras roxas embaixo, eu estava
confiante que seria compatível, mas ao pegar o envelope que tinha
o resultado dos meus exames, o meu desespero aumentou.
Contudo, eu senti um grande alívio ao saber que os de Fernanda
deram positivos, ela estava apreensiva que os outros exames
viessem a constatar que não podia ser doadora, já que por muito
tempo fez uso de bebidas alcoólicas, porém, Celikkol sempre se
manteve firme, não deixando que ela viesse sucumbir ao vício. Com
a chegada de Melanie à mansão, além de recuperar sua sanidade,
ela estava muito melhor e durante as consultas com o
Hematologista, foi confirmado que não tinha impedimento algum
para que se fizesse o transplante.
Depois daquele susto ao ver minha pequena tendo a primeira
de muitas convulsões que vem acontecendo. Ela foi submetida a um
tratamento que ataca as células doentes e destrói a própria medula,
deixando assim, seu organismo sem defesa. Por isso ela está
isolada e para ficar ao seu lado, eu estou me mantendo 24 horas
dentro do quarto, onde somente duas enfermeiras e o médico
responsável tem acesso. Deixo os pensamentos de lado quando
ouço sua voz e agradeço por hoje ela não estar com febre.
— Mamãe!
— Oi meu anjo, você quer alguma coisa?
— Estou co... — fez uma pausa, fazendo uma cara feia de dor,
pois segundo ela, o cateter que colocaram a incomodava muito, mas
era necessário para o processo antes do transplante — ela
continuou a falar. — Estou com saudade da vovó e do tio —
lágrimas se formam e começaram a descer pelo seu rosto.
— Fique calma princesa, daqui a alguns dias tudo isso vai
passar e logo você estará com eles.
— Amo você, mamãe.
— Também a amo demais, minha gotinha de amor.
Semanas depois...
Camile Torricelli
Suspiro ao adentrar as dependências do hospital. O ambiente,
embora luxuoso, cheirava a desinfetante e a medicamentos, uma
ânsia vaga me invade, porém, ignorei e tratei de chegar logo ao
quarto que Fernanda estava. Sei que o transplante ficou marcado
para a parte da tarde, mas antes disso acontecer, eu darei um jeito
de acabar com a esperança daquela morta de fome em salvar a
pirralha.
Instantes depois, eu cheguei próximo a porta branca e levei
uma das mãos até a maçaneta. Abri a porta cautelosamente e ela
estava dormindo, tratei de caminhar até o criado mudo, coloquei a
garrafa de água que tirei da bolsa em cima dele e dei alguns
passos, ficando centímetros de distância da cama.
— Nanda! — ela não acordou. — Nanda! — chamo
novamente sem sucesso. — Fernanda! — seus olhos se abriram e
se chocaram com os meus.
— Camile — sua voz soou fraca, devia ser por causa de algum
medicamento.
— Quis vir para ver como você estava.
— Obrigada por sempre se preocupar comigo, minha querida
— coitada, mal sabe o que está por vir.
— Você estava dormindo, deve estar com sede — tomara que
a maldita diga que sim.
— Estou sim — até que fim a infeliz deu uma bola dentro.
Afasto-me e pego o copo que estava em cima do móvel,
colocando logo em seguida o líquido que estava dentro da garrafa.
Feito isso, dei alguns passos me aproximando da cama, enquanto
ela se posicionou para que pudesse tomar o líquido. Com posse do
corpo, meu nervosismo aumentou, ela conduziu até a sua boca,
aproximando o objeto dos seus lábios e parou.
Droga! Meu corpo todo estremeceu, mas logo fui tomada por
uma sensação de êxtase quando o primeiro gole foi dado e sendo
uma viciada, mesmo lutando, não iria resistir. Ao tomar toda a
substância, sua mão ficou trêmula, eu peguei o copo de sua mão.
Ela abriu a boca, mas nada foi dito e não demorou muito para
ser envolvida pela escuridão total. Deixei o ambiente e a sensação
que sentia era indescritível, vamos ver se daqui a alguns minutos
toda uma movimentação não irá acontecer dentro daquele quarto e
o maior sofrimento da tal Lisa, será ver sua irmã morrendo diante
dos seus olhos.
Capítulo 43
Lisa Evans
Horas depois...
Baran Celikkol
Eu sabia que o caminho para chegar a Casa Branca não seria
fácil, o que já era algo normal para mim. Pois, nada foi fácil em
minha vida, hoje o destino seria Seattle/Cidade no estado de
Washington. Uma viagem que duraria quase quatro horas se fosse
de avião, então optei por ir de helicóptero, que chegaria mais rápido.
Entro na aeronave e junto comigo estão Alex e mais dois dos meus
soldados, com o motor ligado, este aciona a hélice principal e da
cauda, fazendo o barulho ecoar dentro do ambiente, assim que o
objeto deixou o chão, meu olhar foi de encontro ao relógio no meu
pulso direito.
Logo me lembro de que daqui á alguns minutos a pequena
faladeira, estará a um passo de sair daquele tormento. Nunca
pensei que um ser tão pequeno pudesse mudar alguma coisa em
mim, mas vê-la naquele estado me causou uma sensação forte de
impotência. Sim, prometi que cuidaria de sua irmã, o que não era
mentira, já que Lisa Evans será minha para sempre, assim como
farei de tudo pela sobrevivência da garotinha. Talvez tenha adquirido
a síndrome de lima e pela primeira vez, acabei criando certa
simpatia pela minha própria vítima ou, simplesmente ainda reluto em
aceitar o que até os meus demônios já se deram conta, que aquela
atrevida se tornou a minha grande obsessão, mas ela não precisa
saber disso, não por enquanto. Com os pensamentos voltados para
a pequena tagarela, nos dias que se seguiram a sua ausência, toda
a calmaria em volta da mansão só me fez perceber o quanto aquela
criança fazia falta àquele lugar.
Minutos se passaram e quando já estávamos deixando New
York, de repente minha pele começou a emanar um calor
insuportável, o ar começou a se esvair dos meus pulmões, respirei
uma, duas, três vezes, tentando levar o ar que se tornou escasso,
dentro da minha caixa torácica. Meu corpo inteiro parecia uma
fornalha de tão quente, me causando um desconforto enorme. Por
uma fração de segundos, tudo que surgiu em minha frente foi a
imagem da mulher e ao seu lado, a pequena com os olhos cheios
de lágrimas. Algo estava me queimando por dentro, fazendo com
que os meus demônios se manifestassem e esses queriam assumir
o controle do meu corpo de qualquer forma. Logo a calmaria foi
interrompida pelo som potente da minha voz.
— Alex! Dê meia volta e nos leve direto para o hospital onde
elas estão.
O homem ao meu lado obedeceu as minhas ordens, fazendo o
contorno e seguindo direto para o local ordenado. Instantes depois,
quando o helicóptero pousou, aquela sensação aumentou ainda
mais e ao deixar a aeronave com passadas rápidas, segui para
dentro das dependências do prédio, fiz o trajeto até o andar onde
Lisa ficaria aguardando até que terminassem o procedimento que
estava marcado.
No meio do percurso, acabo por encontrar o Dr. Varella, pela
expressão dele, já sabia que não era portador de boas notícias. Em
seguida, me detive ao ficar em sua frente e disse.
— Fale tudo sem rodeios.
— Ligamos para sua residência e nos foi informado que o
senhor havia viajado — achei estranho, já que deixei aviso que
qualquer informação sobre as três, era para Vivian entrar em
contato comigo imediatamente. Todavia, as palavras ditas por ele
em seguida, fizeram-me entender o porquê de eu ter sentido tanta
inquietação. — Infelizmente, diante dos últimos acontecimentos, não
será possível fazer o transplante. Fernanda, neste momento se
encontra medicada, após sofrer um ataque cardíaco — ele fez uma
pausa em seguida continua. — Lisa, após saber do ocorrido, acabou
entrando em choque e poucas horas atrás, Melanie teve uma forte
crise e estamos tentando encontrar outro doador — eu respiro
fundo, aliviado, então com a voz firme, digo.
— Faremos o transplante agora mesmo.
Seus olhos se arregalaram, ele parecia desorientado com
minhas palavras. Mas, logo se recompôs.
— Sem um doador, isso não será possível.
— O senhor está de frente para ele, agora vamos.
Enquanto caminhávamos. Disse a ele que não foram somente
os exames de Fernanda que mostraram compatibilidade. Visto que
tinha uma agenda cheia de compromissos e sendo ela aprovada,
acabei ocultando a informação dos meus resultados. Ao contrário da
mulher, não precisava passar por uma bateria de exames, já que
vinha fazendo regularmente, desde que entrei na disputa para me
tornar o líder supremo da nação americana e devido ao estado da
criança ter se agravado, não tínhamos tempo a perder.
"Sempre destruí vidas, tenho marcas não visíveis de sangue
por todo o meu corpo e já perdi a conta de quantas pessoas matei.
Mas, agora a minha alma diabólica deixará a escuridão de lado,
meus demônios não serão saciados por ceifar uma vida e sim salvar
a de um anjo. Um anjo de luz que de alguma forma, é aceito pelas
trevas do meu interior."
Minutos depois...
Lisa Evans
Entre lágrimas, dor, medo e ódio, eu deixei sempre que a
esperança falasse mais alto, no entanto, tudo que vi, tudo que ouvi,
estava acabando comigo, pois senti uma dor na alma e um aperto
descomunal no peito. As lágrimas continuam escorrendo pelo meu
rosto, sei que preciso ser forte, mas desde o instante que recuperei
a consciência, me sinto tão fraca que não consegui me levantar
desta cama. A minha irmãzinha é só uma criança, sempre foi a
minha fortaleza, no entanto, está sofrendo tanto. As palavras do Dr.
Varella ainda ecoam na minha cabeça, a imagem de Fernanda,
naquela maca, passam como flashes em minha frente, tudo estava
conspirando contra nós, o que fez meu rosto se contorcer e a raiva
me atingiu num grau que eu achei que iria explodir.
— POR QUE DEUS, VOCÊ NOS ABANDONOU? POR QUE A
VIDA TEM QUE SER TÃO CRUEL? LEVE-ME NO LUGAR DELA —
digo aos berros, completamente desesperada e foi justamente no
momento que uma das enfermeiras que vinha acompanhando-a,
entrou no ambiente. Esta caminhou com agilidade e parou em
minha frente e assim que seus lábios se moveram, o que ouço, fez
sim, eu sentir algo estourar como fogos de artifícios dentro de mim,
mas era de tanta felicidade.
— Você não tem porque perder a sua fé. Deus ouviu não só as
suas preces, como as de todas nós. Sua irmã está nesse momento
recebendo uma nova medula.
Pulei, gritei feito uma louca, as lágrimas que antes eram de
dor, jorravam ao sentir a mais pura alegria explodindo em meu
coração. Passando a euforia, olhei fixamente para mulher a minha
frente.
— Como vocês encontraram um doador tão rápido? — ela
abriu um sorriso enorme, fazendo o meu se alargar também,
entretanto, jamais esperava ouvir aquele nome.
— Foi o nosso salvador, o senhor Baran Celikkol...
Enquanto ela falava, me vi questionando se esse foi o
verdadeiro propósito pelo qual passei por tanto sofrimento ao estar
nas garras do próprio diabo. A única resposta era que foi – desde o
início – as mãos do destino que colocou Raquel em meu caminho,
que apesar da sua traição e de toda dor que senti devido às suas
mentiras, se não fosse assim, jamais teria estado frente a frente
com Celikkol e, talvez a Melanie, não teria a chance de ter um novo
recomeço.
"Seja como for, eu não quero mais me lembrar do passado,
acima de tanto sofrimento que senti causado por Baran, está o
sentimento de gratidão. Pois, hoje, ele é o responsável pela maior
alegria da minha vida".
Capítulo 44
Duas semanas depois...
Baran Celikkol
Lisa Evans
A água cai sobre o meu corpo cansado e escorre pelo ralo. Já
estamos a quase dois meses vivendo no hospital, minha gotinha de
amor está se recuperando muito rápido, deixando assim, até os
médicos impressionados. Totalmente confinada dentro desse quarto,
os primeiros dias não foram fácies, calafrios e febres marcaram
essa longa trajetória e cada dia foi uma batalha a ser vencida. Tudo
ficou pior quando três dias após o transplante, ela acordou ardendo
em febre, o corpo suando muito, eu fiquei assustada quando ela
começou a delirar, sussurrando os nomes dos nossos pais. Fiquei
pensativa se as lembranças estavam voltando, porém, ao voltar a
sua consciência, ela não se lembrava de nada.
Saio dos meus devaneios quando me lembro de que a
senhora Vivian ficou de trazer algumas roupas. Desligo o chuveiro e
caminho para fora do ambiente, depois de secar o meu corpo e já
vestida, ao abrir a porta, meus batimentos dispararam ao ter meus
olhos direcionados para a minha pequena que jogava a cabeça de
um lado para o outro. Embora com o ar condicionado ligado, ela
estava com o rosto molhado de suor e sussurros começaram a
escapar de sua boca.
— Balu! Balu! Cadê você... — continuou murmurando as
palavras por diversas vezes e depois se calou.
Aperto o portão amarelo, este servia para indicar a uma das
enfermeiras que ela estava febril. Cerca de uns cinco minutos
depois, Gisely passou pela porta e esta me avisou que tinha uma
pessoa na parte externa do ambiente me aguardando. Ciente que
era Vivian, eu coloquei a máscara, enquanto a enfermeira começou
a medicar a Melanie, bastou algumas passadas para estar do lado
de fora e deparar-me com a mulher que segurava uma bolsa
marrom.
— Boa tarde Lisa — disse exibindo um largo sorriso.
— Boa tarde e como está Fernanda?
— Muito bem, ela pediu para saber como a Mel estava.
Ao ouvir o nome da minha pequena, as palavras ditas por ela,
minutos atrás dentro do quarto, ecoaram em minha cabeça e com
elas o choque da realidade me atingiu em cheio.
— Droga! — digo irritada comigo mesma.
— Lisa! — ignoro o seu chamado.
— Como fui tão burra. Foi a Raquel quem deu o Balu para Mel
— digo sacudindo a cabeça e meu olhar se voltou para a mulher
que estava tentando entender o motivo da minha inquietação. — Eu
preciso que você traga o mais rápido possível para mim, um ursinho
rosa que deve estar entre os brinquedos da Mel.
Ela ainda parecia desorientada, mas logo saiu do estado de
estupor que se encontrava.
— Farei isso agora mesmo — disse e me entregou a bolsa.
Em seguida, suas pernas se moveram rápidas, me deixando
paralisada em frente à porta e uma única pergunta tomou conta de
todo o meu ser.
"Será possível que o tempo todo aquilo que Baran tanto
estava procurando está dentro daquele bendito urso?"
Vivian
— IDIOTA!
Digo ao andar com passos largos pelo corredor, seguindo em
direção ao carro. Assim que chego próximo ao veículo, entro e o
homem com as mãos no volante colocou o automóvel em
movimento. Precisava chegar o quanto antes em casa e só assim
pegar o aparelho que tenho escondido e é desconhecido por
Celikkol, dessa forma não tem como ele monitorar. Meus
pensamentos foram interrompidos no momento em que o automóvel
parou. Logo em seguida, o som da minha voz repercutiu dentro do
ambiente.
— O que está acontecendo? — questiono já irritada.
— Ocorreu um acidente com uma caminhonete. Por esse
motivo o fluxo de veículos está bastante intenso — respondeu
Bartolomeu. Não tendo outro jeito, ficamos presos, aguardando que
aquela maldita fila acabasse. Enquanto esperava, meus
pensamentos foram para alguns anos atrás.
Depois da morte da minha mãe, quando eu tinha somente dez
anos, meu pai achou melhor que eu fosse morar com a minha avó
materna. Alguns anos se passaram e ele acabou mudando de
cidade e vindo para East Harlem, foi nesse lugar que acabou se
envolvendo com a máfia e tendo sua vida ceifada por Al Capone. Eu
já tinha perdido a minha mãe, mas a morte do homem que tanto
amava não ficaria em vão, consegui uma nova identidade e tendo
na época 25 anos e um corpo cheio de belas curvas, foi fácil cruzar
o caminho do homem que por incontáveis vezes possuiu o meu
corpo, me tornando sua amante exclusiva. Tive sorte que jamais
uma criança foi gerada em meu ventre, já que o maldito não podia
ter filhos, o tempo passou e eu queria fazer com que o miserável
morresse, mas seria lentamente e foi dessa forma que Lev Petrov
se tornou um grande aliado, assim como hoje, além de mim, a
Camile trabalha para máfia russa. Algumas semanas atrás, ela, por
pouco não acabou com a vida da maldita Fernanda, colocando
naquela garrafa com água, a mesma substância que usei para
acabar com o verme do Al Capone. Minha avó era uma velha muito
sábia, conhecedora dos piores venenos que na dosagem certa,
seria fatal. Assim como coloquei por várias vezes na comida
daquele ser desprezível, dentro do líquido da garrafa tinha uma
substância feita pela Chironex Fleckeri, uma vespa-do-mar, parecida
com uma água-viva comum, mas muito letal. O veneno que foi feito
não pode ser identificado e é capaz de afetar o sistema
cardiovascular provocando um infarto, que pode ser fulminante de
acordo com a quantidade ingerida. Ouvir o nome de Raquel me
deixou num estado catatônico por frações de segundos, mas o meu
corpo logo começou a vibrar intensamente quando a ficha caiu e o
que tanto procurávamos para acabar com Celikkol, logo estará em
nossas mãos.
"Esse desgraçado tinha grande afeição e respeito por aquele
que odiei com todas as minhas forças e chegou o momento de ele
se juntar ao seu mentor".
Capítulo 45
Lev Petrov
Baran Celikkol
Cheguei a Chicago mais de uma hora atrás. Já que em menos
de uns cinquenta minutos, o helicóptero estava pousando no
heliponto do prédio onde aconteceria o primeiro compromisso que
estava na minha agenda. Este durou cerca de uma hora e depois de
me livrar dos paparazzis, estou indo rumo à aeronave que me levará
até o hotel onde ficarei por três dias. Sendo o único evento que tinha
para hoje, terei tempo para direcionar toda a minha atenção para
alguns assuntos que tenho pendentes sobre a máfia, principalmente
sobre a informação que Dimitri havia me repassado, tanto ele, Albert
e Alex, nesse mundo cheio de intrigas e ambições, tem se mostrado
fieis a mim e ao juramento que fizeram quando nossos caminhos se
cruzaram.
Ao chegar ao último andar, dou alguns passos e já dentro do
helicóptero, vinte minutos depois estava adentrando a suíte que
ficava na cobertura do The Península Chicago. Uma de minhas
mãos se moveram até o bolso do meu sobretudo e ao pegar meu
celular, busquei pelo nome de Lisa e no terceiro toque, ela atendeu.
— Oi, ainda bem que você ligou — sua voz demonstrava
aflição.
— Aconteceu alguma com a pequena?
— Ela teve febre, mas agora já esta melhor, porém, aconteceu
algo e acredito que já sei onde está aquilo que foi o motivo de você
me fazer conhecer o próprio inferno em vida — disse amarga,
porém, meu coração se agitou, volto minha atenção para as
próximas palavras ditas por ela. — Mel estava delirando e não
parava de chamar pelo Balu, a princípio a ficha não caiu, mas assim
que a senhora Vivian chegou com as coisas que veio trazer, ao
perguntar por ela, lembrei-me do Balu, este é o nome que foi dado
ao ursinho e justamente este urso, foi Raquel quem havia dado
como presente a Mel — ela fez uma pequena pausa e logo me veio
às lembranças do urso rosa que a menina segurava quando
deixamos o seu quarto e não soltou ao ser levada pelos soldados
que a trouxeram para mansão, volto à realidade quando novamente
escuto sua voz, deixando todo o meu corpo em total alerta. — Eu
pedi para Vivian trazê-lo, mas até agora ela não voltou.
Algo no meu interior desta vez vibrou com mais força,
causando-me uma forte inquietação. Todavia, feito um relâmpago,
um pensamento passou rápido pela minha cabeça.
— Você comentou algo sobre quem deu o urso a Melanie na
frente dela?
— Sim, as lembranças vieram de supetão e deixei escapar.
Desligo de imediato o telefone, levo alguns dedos rumo ao
mecanismo giratório do relógio em meu pulso e as imagens do
quarto ocupado por elas apareceram no visor do meu celular. A
mulher estava com um celular próximo ao ouvido e esta certamente
usava, já que ninguém além de mim tem conhecimento da câmera
que instalei no ambiente que antes era ocupado por Fernanda,
desta forma, eu tinha como controlar seus passos, já que vivia
tentando suicídio. Volto à realidade e mantendo meu olhar atento a
cada passo dela que começou a jogar todos os brinquedos no chão,
passei os olhos e não avisto o objeto, ela parou um pouco e as
palavras que ouvi fizeram o calor escaldante tomar posse de toda a
minha pele.
— Ainda não encontrei o urso, mas ainda não acredito que
seus homens vão mesmo fazer uma chacina dentro daquele
hospital. Se bem que aqueles malditos já estão um passo da morte,
só será um empurrão para chegar logo ao inferno.
— DESGRAÇADA! — vocifero furioso, ela continuou
revistando tudo, desarrumando as roupas que estavam no closet e
ao abrir a porta que era uma sapateira, começou a jogar tudo no
chão. Um sorriso largo apareceu naquele rosto enrugado que em
breve seria retalhado por mim.
— Achei chefe! — quando ela deu alguns passos e se sentou
na cama tirando a roupa do tal Balu, em seguida abrindo o zíper, foi
nesse exato momento que na tela do aparelho em minhas mãos
surgiu o nome de Alex, ao atender, o que ouvi foi tudo que faltava
para acordar a fera faminta do meu interior.
— Chefe! Os homens que coloquei infiltrados dentro das
dependências do hospital notaram uma movimentação estranha ao
redor do prédio, mas nem que tenha que dar a minha vida, ninguém
tocará nelas.
Capítulo 46
Alex Lombardi
Lisa Evans
Eu estava agitada desde o momento que a ligação foi
encerrada. Comecei a andar de um lado para outro, olhando para o
aparelho em minhas mãos esperando que ele retornasse; o que não
aconteceu. Dou mais uma olhada no aparelho, são quase dezenove
horas e a Mel ainda não havia acordado. Minutos se passaram, eu
comecei a sentir uma forte inquietação, algo estava me sufocando,
de repente ouço o som de passos pelo corredor e vozes alteradas.
Senti meu coração bater em um ritmo frenético, e assim que dei
algumas passadas em direção à porta, fiquei imóvel diante da
ordem que recebo.
— Lisa! Não saia do quarto — seu tom de voz era firme e
estava diferente, saindo do transe que estava, me viro em sua
direção e seus olhos grandes e azuis estavam abertos, fixos em
minha direção.
— Por que você disse isso Mel?
— Eu sonhei que tinha muitos homens malvados lá fora, mas
o tio apareceu e tinha uma arma grande e nos salvou — disse aquilo
e sua voz novamente tinha um tom semelhante ao dia que falou a
Baran que nunca ia deixá-lo e fiquei ainda mais confusa, pois desde
a morte dos nossos pais, ela não me chamava de Lisa. Meus
pensamentos foram interrompidos por ela. — Mamãe, eu quero
assistir desenho.
— Eu vou colocar, mas você sabe que não deve falar muito.
Ligo a televisão e aproveitando enquanto ela mantinha sua
atenção na Pepa e os amiguinhos que pulavam na poça de lama, eu
segui para o banheiro. Quando me aproximo da bancada, o meu
celular vibrou e havia uma mensagem de Baran.
"Fique dentro do quarto."
— O que está acontecendo? — pergunto-me aflita.
Diante daquela dúvida e ao lembrar-me das palavras ditas
minutos atrás dentro do quarto. Meus dedos trabalham com
agilidade e procuro no aparelho, o aplicativo acessando assim o
canal do BBC World News América, pois se algo estava
acontecendo fora desse lugar, conhecendo a fama de Courtney
Miller, esta parecia ter uma bola de cristal e sempre estava um
passo à frente dos outros repórteres, ela de certo já estava ciente
dos acontecimentos. O que de fato eu não me enganei, no entanto,
gelei. Meus batimentos aumentaram e minha respiração ficou
acelerada ao ver as imagens que surgiram na tela do aparelho em
minhas mãos quando ela começou a falar.
“— Eu sou Courtney Miller, trazendo informações da grande
ameaça terrorista que teve como alvo o hospital New York
Presbyterian. O pânico se espalhou em volta do lugar, um vídeo
viralizou rápido quando alguém de dentro do local gravou o
assassinato de três pessoas, sendo dois pacientes e um enfermeiro.
Antes acreditávamos que era a polícia que estava infiltrada dentro
do ambiente tentando combater o inimigo, mas fui informada que
ainda estavam traçando um plano estratégico para invadir o prédio
sem que houvesse mais mortes de pessoas inocentes, contudo,
New York parou diante das imagens de homens mascarados em
confrontos com os invasores, trocas de tiros foram feitas, todos
estavam em posse de armamentos de alta tecnologia, cujo, apenas
membros das forças armadas americana têm acesso, já pelos
equipamentos utilizados pelo outro grupo, segundo chefe das forças
armadas, é de fabricação russa. O que gerou grande repercussão
devido aos conflitos entre os dois países que começou desde 1947,
durante a chamada Guerra Fria.”
Ela parou de falar e em seguida. Um calafrio atravessou a
minha espinha com as novas imagens foram exibidas. Não sei quem
era, mas alguém de dentro do próprio prédio estava fornecendo as
imagens das câmeras de monitoramento, eu reconheci de imediato
à roupa usada por alguns deles e sabia que eram homens de
Celikkol, estes estavam arrastando vários corpos e lançando-os
para o lado de fora, outra janela foi exibida na tela, pois através do
helicóptero que sobrevoava o lugar, eram gravadas imagens onde
mostrava uma pilha de corpos. Os corredores estavam desertos,
mas dava para se ouvir os gritos vindos de dentro dos quartos,
minutos se passaram e o chão de um dos andares que antes era de
um branco total, começou a ganhar outra cor, devido ao sangue que
era espalhado pelo piso. Respiro um pouco aliviada por estar no
oitavo andar e até onde foi repassado pelas imagens, eles só
chegaram até o primeiro andar. Mas, lágrimas se formaram em
meus olhos ao pensar que pessoas que já vinham passando por
tanta dor, sofrimento e dificuldades, ainda assim estavam passando
por todo esse tormento.
Meus olhos se arregalam quando granadas de fumaça foram
lançadas na direção da parte externa próximo aos corpos e tudo que
foi exibido pela aeronave, era uma forte neblina causada pela
fumaça. Perdi a noção de quanto tempo se passou enquanto olhava
estarrecida para tudo aquilo, logo depois que a imagem voltou,
Courtney Miller parecia desorientada, algumas janelas surgiram na
tela mostrando a parte interna do hospital e todos ficaram – acredito
– surpresos, pois os homens mascarados haviam sumido e aos
poucos os funcionários foram saindo dos seus esconderijos e as
imagens do lado de fora, agora com uma visão melhor, só mostrou
os corpos que eram de aproximadamente de uns vinte homens e
próximo a eles havia escrito no chão: Bratva.
— Mamãe! Mamãe!
O som da voz da Mel ecoou no ambiente e movida pelo meu
desespero, corri na direção do quarto. E, assim que entrei no
cômodo, meu olhar caiu sobre o homem que encontrei ali. Fiquei
petrificada por alguns segundos, minhas pernas estavam pesadas.
— Tio! — sua voz estava fraca devido ao esforço que vinha
fazendo. O homem a minha frente estava usando uma roupa
hospitalar e máscara, já que precisamos ter todo um cuidado. Ela
estava com um sorriso largo só em saber que ele estava ali, mesmo
mantendo certa distância.
— O que aconteceu? Por que aqueles homens estavam
travando uma guerra dentro de um hospital?
Ele ficou em silêncio, só fez um sinal com a cabeça, entendi
que era para me aproximar, já que a curiosa, mesmo olhando para
Tv, nunca deixava passar nada. Assim que parei em sua frente, ele
disse.
— Não era somente eu quem estava atrás das informações
que Raquel tinha posse, uma vez que você mencionou perto de
Vivian que o urso foi dado por aquela infeliz, além do inimigo querer
colocar as mãos no objeto, ele mandou que vocês duas fossem
eliminadas...
Cada palavra dita por ele deixou-me incrédula. Vivian, quem
diria. Eu estava perdendo a fé nas pessoas, primeiro Raquel que se
mostrou ser um anjo e agora aquela senhora tão atenciosa, na
verdade era uma cobra disfarçada. Meus pensamentos estavam a
mil, meus batimentos aumentaram de tal forma, que meu peito
arfava e o ar se tornou espesso, dificultando minha respiração. Abri
minha boca para dizer algo, mas a sensação que eu tinha, era que
havia um pedaço de bolo preso em minha garganta e nada passava
por ela. Quando enfim achei que conseguiria falar, fui interceptada e
como se tivesse lendo minha mente, ele disse:
— Sim, Vivian, aquela infeliz trabalha para máfia russa, porém,
não tinha nada dentro do tal Balu — no instante que suas palavras
ressoaram no ambiente, o que aconteceu seguida ganhou nossa
total atenção.
— Vocês estão procurando o tesouro da Quelzinha? Eu
guardei bem guardadinho.
Capítulo 47
“Não adianta se esconder atrás de uma máscara, um dia ela cairá e
todos saberão quem realmente és.”
Baran Celikkol
Maldição!
— Malditos! Desgraçados! — digo jogando a garrafa de bebida
contra a parede.
Eu estou tão furioso que sinto tremores por todo o meu corpo,
fiquei acompanhando de perto os noticiários para ter a confirmação
de que todos dentro daquele lugar haviam sido exterminados.
Porém, além de receber a notícia que dentro daquele urso não tinha
nada além de espumas, quando Miller surgiu na tela da televisão
trazendo informações de dentro daquele hospital, um ódio
descomunal apoderou-se de todo o meu ser. Uma onda de calor
tomou conta do meu corpo, a única coisa que se passava em minha
mente, era matar com as minhas próprias mãos, todos os infelizes
dentro daquele prédio.
Como sempre, aquele desgraçado e seus subordinados vêm
sendo uma pedra no meu caminho. Ao saber da viagem do maldito
e a notícia dada por Vivian, acabei agindo sem pensar e jamais
cogitei que aquela pirralha e a vadia por quem ele estava
enfeitiçado, estavam sendo protegidas por homens que são como
cães de guarda capazes de sacrificar suas próprias vidas por
aquelas duas infelizes, que não terão novamente a mesma sorte.
Pois um raio não cai duas vezes no mesmo lugar e sendo assim, o
próximo passo não será matar Lisa Evans, e sim dar um jeito para
tirá-la de dentro da toca do lobo e quando isso acontecer, ela me
será útil para atrair o infeliz até o lugar que vamos massacrá-lo, e ao
tê-lo sob nossa posse, antes de fazer tudo que sempre quis, eu vou
torturar a desgraçada em sua frente de todas as formas possíveis,
vou fazer com ela exatamente o que o imbecil fez com a fujona da
Raquel, eu irei mutilar todo o seu corpo e matá-la lentamente em
sua frente.
Meus pensamentos foram interrompidos ao ouvir a palavra
que me fez virar rapidamente na direção da porta.
— LEV!
Meu olhar mortal foi direcionado para a mulher que entrou no
meu escritório e assim que ela se aproximou e parou em minha
frente, uma de minhas mãos se movem e seguro firme a sua
mandíbula. Intensificando o contado, apertando com força seu rosto,
lágrimas se formam em seus olhos e olhando fixamente digo.
— CAMILE, EU JÁ TE AVISEI PARA NÃO PRONUNCIAR
ESSE NOME QUANDO TIVERMOS FORA DO QUARTO — vocifero
enraivecido.
— Aiiii...
Um ruído alto escapou da sua boca e assim que desapertei o
seu queixo, ela começou a tossir e logo depois o som da sua voz
reverberou dentro do ambiente.
— Não tem ninguém por perto e não tenho culpa se o plano
não deu certo — lágrimas começaram a descer pelo seu rosto.
Assim que afasto de vez a minha mão, ela deixa o ambiente,
chateada.
Por causa daqueles vermes eu acabei perdendo a cabeça com
a pessoa que mais amo na vida. Entretanto, as paredes têm ouvidos
e por mais cuidado que tenhamos, sempre pode surgir um traidor e
ainda não é o momento certo para que todos venham saber que
Massimo Torricelli, na verdade é Lev Petrov, aquele que por culpa
dos malditos e ambiciosos monstros da Bratva, foi separado do meu
irmão, fazendo o meu pai assim acreditar, que eu e minha mãe,
estávamos mortos. A mulher que me deu a vida guardou esse
segredo e jamais me revelou a verdade, quando completei vinte e
três anos, minha tia ficou doente e nos seus últimos minutos de
vida, além de pedir que eu cuidasse de Camile, revelou-me toda
verdade e foi dessa forma que ajudei Serguei a eliminar aqueles
usurpadores que haviam tomado o controle da nossa organização.
Quando Al Capone, aquele verme que nem imaginava que
salvou a vida do filho do homem que foi seu grande inimigo, deu
àquela missão, era a minha grande chance de me tornar o rei da
máfia. Tendo o domínio da Cosa Nostra, iriamos unificar as duas
organizações e assim ter o controle de vários territórios. Todavia,
assim como durante todos os anos do meu treinamento, Celikkol,
sempre acabava por conquistar a admiração de todos a sua volta e
embora tentando disfarçar, eu sabia que aquele porco imundo o
tinha como favorito, no momento que ele foi nomeado seu sucessor,
o ódio me dominou, minha respiração tornou-se escassa, porém,
tive que me controlar e ainda manter um belo sorriso no rosto.
Dali em diante, ao encontrar Vivian, esta se tornou uma
grande aliada e com sua ajuda, o primeiro rato foi enviado direto
para as profundezas do báratro, logo depois Nataly, nem precisou
que eu viesse a interferir, já que a esposa do miserável veio a
falecer, desta forma, Camile se aproximou daquela alcoólatra, mas
nem todo o seu charme foi suficiente para enlaçar o coração do
infeliz. Embora tenha feito várias tentativas, todas foram fadadas ao
fracasso. Com a intenção de desacreditá-lo, cargas foram desviadas
com a minha ajuda, dando assim a máfia russa, armamentos de alta
tecnologia, porém, comecei a receber chantagens anônimas e o
desgraçado do chantagista, sabia que na verdade eu era um dos
herdeiros do império mafioso russo.
Foi então que descobri que o maldito era Guilherme Colombo.
Matar o maldito levantaria suspeitas, mas o imbecil foi mais além e
acabou roubando informações preciosas que também eram do meu
interesse. Receber a ordem para acabar com toda sua família me
daria à oportunidade de matar dois coelhos de uma vez. Entretanto,
eu subestimei o homem que também nasceu dentro da máfia e
sabendo que havia sido descoberto, acabou por salvar a vida de
Raquel, sua filha.
Percebi alguns dias atrás, como Celikkol observa
minuciosamente cada membro do conselho e para afastar qualquer
suspeita sobre mim, o infeliz que se infiltrou dentro da sede da máfia
com minha ajuda, e como já estava condenado a morte, tendo
somente algumas semanas de vida, já que o câncer vinha o
corroendo por dentro, o tiro era para manter a farsa e assim todos
iriam acreditar que realmente eu fui atingido para salvar a vida
daquele que só desejo a morte.
Mas agora é tudo ou nada. Dentro de uma semana Serguei
estará pronto para que nosso plano seja executado e desta vez,
somente um de nós dois sairá vivo, e não estou disposto a perder a
guerra.
Uma semana depois...
Lisa Evans
Voltamos desde ontem para a mansão. Fernanda havia
comprado um monte de brinquedos para Melanie, que estava
eufórica e mesmo ficando só deitada, passou um bom tempo
brincando junto com ela. Mas, confesso que a princípio não foi fácil
quando no dia seguinte após o ocorrido no hospital, Vivian foi levar
o urso e segundo ela, havia pegado um terrível engarrafamento e
como já havia passado o horário permitido para que ela fosse
liberada para entrar, acabou deixando para ir outro dia. A minha
vontade era dizer poucas e boas para a mulher, que além de falsa,
foi responsável por passar informações que por pouco não resultou
em um massacre, onde vidas inocentes foram vítimas desse jogo de
ambição e poder. No entanto, eu acabei seguindo as ordens de
Baran, mesmo sabendo que assim como os outros, ele também é
um monstro. Eu tinha que reconhecer que não foi ele que me
colocou dentro do covil desses animais famintos, e sim, o preço em
fazer o bem foi ser pago com o mal. Eu estendi as duas mãos para
ajudar Raquel, mas em resposta ao meu ato, ela me empurrou
direto para o caos onde tive que suportar a dor, mas serviu para que
eu me tornasse ainda mais forte.
Soube por Baran que foram os homens liderados por Alex que
confrontaram os invasores, salvando assim não somente a minha
vida e da minha princesa, como de dezenas de pessoas. Deixo as
lembranças de lado e enquanto Mel está aos cuidados de Fernanda,
eu respiro fundo, embora esteja com as mãos trêmulas e as pernas
pesadas, giro a maçaneta e ao abrir a porta do escritório, assumo o
controle dos meus membros inferiores e caminho em direção ao
homem que está próximo a mesa.
— Sente-se, temos uma longa conversa pela frente...
Nos minutos seguintes, ele me contou detalhadamente tudo
que tinha em mente. O ser diabólico era astuto, mas ao relatar a
última parte do seu plano, meu coração gelou, um calafrio
atravessou a minha espinha. O medo por alguns segundos tomou
conta de mim e, me fez prender minha respiração.
— Natasha, é quem vai se passar por você e será a isca.
Disse me mostrando a imagem da mulher que tinha a mesma
estatura e cabelos bem semelhantes aos meus, mas o rosto não,
porém, na imagem seguinte, era como se eu estivesse olhando o
meu reflexo. Ao conseguir controlar o ritmo da minha respiração,
levando ar para os meus pulmões, era o momento de deixar o medo
de lado e não permitir que a desconhecida viesse a ter que enfrentar
algo que era eu quem devia resolver, eu estava dentro do coração
da máfia e já era o momento de lutar pela minha liberdade. Então,
olhei para o homem a minha frente e disse.
— Não será preciso que ela se passe por mim.
— VOCÊ NÃO ESTÁ ACHANDO QUE VOU PERMITIR QUE
PARTICIPE DE TODA ESSA PORRA! — gritou raivoso, mas não
me intimidei.
— Quando você me levou para aquele inferno e me torturou
sem piedade, não se lembrou de que eu era frágil ou que não
suportaria toda sua crueldade. Você disse que ninguém jamais havia
saído com vida daquele purgatório, mas, eu ainda estou aqui. Então
se sobrevivi a sua fúria, desde que você garanta a segurança da
Mel, ninguém, por mais que tente, conseguirá me quebrar. E assim
que tudo isso terminar, terá que nos dar a nossa liberdade de volta.
Minutos depois...
Depois da conversa que tive com Baran, deixei o ambiente
indo em direção da cozinha. Era o momento de seguir os
ensinamentos de Olivia.
"Não importa a situação que esteja, se você assumir o
controle, libertará a sua força interior".
Passos firmes me levaram até o ambiente, já se podia sentir o
cheiro delicioso impregnando no corredor, ao chegar à porta, além
das duas mulheres, onde uma mantinha sua atenção no fogão e a
outra na pia, estava Vivian, sentada em uma cadeira, polindo os
talheres.
— Lisa! — disse exibindo um sorriso largo, revelando seus
dentes amarelados.
"velha falsa, deveria ganhar um Oscar, mas vou mostrar que
também posso ser uma boa atriz." — digo em silêncio.
— Vim ver se precisam de ajuda, já que Fernanda está com a
Mel — sento em uma das cadeiras.
— Pensei ter visto você indo em direção ao escritório — a
curiosidade matou o gato, mas dessa vez seria a cobra. Contudo,
assim como Baran havia dito, eu precisava agir o mais natural
possível para que ela caísse direto na ratoeira.
— Como Baran vai viajar hoje à noite, fui informar que preciso
ir ao hospital amanhã.
— Aconteceu algo com Mel? — deu uma de preocupada.
— Ela esta muito bem, mas o hematologista acabou não
chegando a tempo de viagem e como ela havia ganhando alta, ficou
marcado para que eu fosse amanhã, já que as instruções que ele
precisa repassar serão fundamentais para o tratamento em casa.
— Mas, o chefe permitiu que você saísse? — resolvi entrar na
sua onda e sabia exatamente como dar o golpe final.
— Não sei se é um milagre, mas acredito que ele, de alguma
forma, sente um pequeno afeto pela Mel. Então se tratando do bem
estar dela, irei com o motorista e alguns soldados que fará a nossa
escolta.
Vi um brilho diferente em seus olhos. Por dentro eu estava
tremendo, mas só em pensar que estaria a um passo de tudo isso
chegar ao fim. Minhas forças foram renovadas e agora era só
esperar, pois sua língua devia estar coçando dentro da boca.
Enquanto ela continuou seu serviço, eu só pedia uma única coisa.
"Deus me ajude, para que todo esse pesadelo chegue logo ao
fim".
Capítulo 49
Um dia depois...
Baran Celikkol
Serguei Petrov
Lev estava monitorando os carros que se deslocaram para as
proximidades do hospital. Com a informação repassada por Vivian,
traçamos um novo plano, mas antes precisávamos ter certeza que
não era uma emboscada feita por aquele desgraçado. Minutos atrás
os noticiários mostraram que realmente ele está em Miami, assim
como Vivian nos informou e confirmou que a vadia que se tornou
sua protegida, realmente havia deixado à mansão, que logo será
nossa.
Diante disso, decidimos que na sua volta seria o momento
ideal para contra atacar, além de o horário nos favorecer, a mansão
Celikkol está localizada em uma área que fica a quilômetros de
distância dos prédios e casas de East Harlem, já que para ter uma
pista de pouso e guardar suas próprias aeronaves em casa, ele
comprou uma área bem isolada, tornado assim a sua casa uma
verdadeira fortaleza.
Por anos venho dedicando cada minuto em planos e
estratégias para acabar com a vida daquele traste e de todos os
seus aliados. Hoje será o início da destruição daquele maldito. É o
grande passo para o nome Petrov ser temido e respeitado no
mundo da máfia e não deixarei que ninguém atrapalhe os meus
planos. Antes, eu, Serguei Petrov, enviarei todos ao inferno.
Horas depois...
Lisa Evans
O trajeto feito até ao hospital foi em silêncio, somente um
veículo estava fazendo a nossa escolta, quando cheguei fui direto
para a sala do Dr. Hacen. Os minutos se passaram e depois de ele
ter explicado, desde os cuidados que deveria ter com a Mel durante
esses primeiros meses e principalmente que deveria vir ao hospital
a cada trinta dias, fez algumas recomendações e passou alguns
medicamentos que ela deveria fazer uso, caso ocorresse alguns dos
problemas que ele havia citado. Levanto-me e antes de deixar o
ambiente, eu o agradeço.
— Obrigada por todo cuidado que o senhor e sua equipe
tiveram com ela durante essa fase tão difícil.
— A senhora não precisa agradecer. Além de ser a nossa
obrigação, estávamos todos torcendo para que tudo desse certo.
Melanie encantou a todos e ver o sofrimento de um paciente já é
difícil, ainda mais de uma garotinha que através de um único sorriso
foi capaz de transmitir sensações tão boas.
Dei um sorriso para ele e caminhei em direção à porta, passei
pelo corredor chegando à recepção e um dos seguranças já estava
me aguardando. Dei alguns passos até onde ele estava e juntos
entramos no elevador que daria acesso ao térreo onde estava
localizada a garagem. Feito isso, o objeto entrou em movimento e
segundos depois, parou e a porta se abriu. Quando movi uma das
pernas, senti um aperto profundo no peito e uma sensação ruim
pairou sobre mim, talvez fosse por saber que daqui a alguns
minutos, eu estaria indo direto para o lugar que se tornaria um
campo de batalha.
Meu destino era incerto, eu poderia sair viva ou talvez não,
mas não ia retroceder, já que a Mel estava segura. Meus
pensamentos foram interrompidos assim que ouvi a voz grossa do
homem que estava ao meu lado.
— Senhora!
Olhei para ele por alguns segundos e logo depois, deixamos o
ambiente. Seguimos em direção ao veículo.
Quando chegamos ao local, a porta foi aberta para que eu
entrasse, já estava sentada no banco traseiro perto da janela do
lado esquerdo, e me assusto quando a porta do lado direita é
aberta. Fiquei atordoada ao ver a imagem a minha frente.
— Você!
Antes que algum som saísse da sua boca ou eu fizesse algo, a
porta ao meu lado também foi aberta. O homem que estava ali para
me proteger levantou uma das mãos e em seguida, senti algo úmido
de encontro ao meu nariz. Comecei a me debater, mas logo fui
envolvida por uma escuridão sem fim.
Capítulo 50
Lev Petrov
Baran Celikkol
Com Lisa fora de circulação, Natasha entrou em ação
assumindo o seu lugar. Os desgraçados estavam monitorando o
espaço através de drones, porém, eu tinha acesso às imagens via
satélite, que graças a interferência do gênio do Albert, podia ver
tudo que estava acontecendo no local, desde a emboscada, o
tiroteio e no momento que colocaram as garras na mulher que
supostamente era Elisabete Evans, foi o alerta para que todos
assumissem os seus postos. Todos os conselheiros, incluindo a
raposa velha do Estêvão, que levou um choque ao saber que seu
favorito era um traidor, viessem a partir para o confronto. Assim
como os soldados vindos da Itália e México, já estavam em solo
americano muito antes dos homens enviados por Serguei
chegarem, se eles cogitaram que impediriam a entrada do restante
do meu pessoal no nosso território, o meu plano era totalmente o
oposto. Os desgraçados estavam presos dentro do covil da Cosa
Nostra, lugar este que jamais deixariam com vida.
Ninguém entrava ou saia dos Estados Unidos, pois, os
italianos e mexicanos só tinham uma única tarefa: matar quem
tentasse escapar. Sei que enquanto estavam levando Natasha, os
grupos deles avançaram, alguns com destino a minha fortaleza,
lugar este que teriam uma boa recepção e onde já havia pego a
vadia da Vivian, assim como uma equipe já estava invadindo a
mansão do traidor em busca daquela que além de sua amante, era
o trunfo que seria usado por mim, para mostrar a ele quem era que
estava um passo à frente.
Dimitri e seu pessoal tinham a missão de proteger Lisa,
Fernanda e principalmente o pequeno anjo. Em hipótese alguma, eu
permitiria que algo acontecesse a nenhuma delas.
Por terra, os russos não tinham chance contra os meus
homens e se por desespero viessem a cogitar um ataque aéreo
tanto a mansão, quanto a sede da máfia, era o dever de Albert
impedir, já que este estava no controle de equipamentos capazes de
rastrear qualquer aeronave ou míssil que fosse direcionado para
ambos os lugares e destruí-los antes que chegasse ao seu destino.
Alex estaria à frente da equipe que iria conosco para linha de
frente, já que eu mostraria, não somente a Serguei, mas a Lev, o
verdadeiro motivo pelo qual fui escolhido, não por preferência e sim
por mérito para me tornar a fera sangrenta da Cosa Nostra
americana.
Deixamos à cabana e boa parte do pessoal que seria liderado
por Alex, estavam infiltrados e camuflados próximo ao local que eles
estavam.
Já dentro do carro, meus olhos se mantinham fixos na tela do
meu notebook, observando assim, a chegada deles no depósito e
quando retiram a mulher de dentro do veículo e a levaram para
dentro, logo depois meu sangue começou a borbulhar, quando os
olhos de Natasha ficaram cravados na direção dos dois sujeitos que
ostentavam um ar triunfante.
— Bem-vinda ao inferno, Lisa Evans — falou o desgraçado do
Massimo, não sabendo ele, que a mulher a sua frente era os meus
olhos e ouvidos dentro daquele lugar.
Havia uma câmera instalada em uma das lentes azuis que
foram colocadas em seus olhos. Deixei os pensamentos de lado
assim que ele se aproximou e um soco pesado foi desferido no
estômago da mulher, que deixou um ruído ensurdecedor envolver o
ambiente.
— Eu bem queria acabar agora mesmo com a sua vida
miserável, mas ainda não é o momento, porém, isso não impede
que eu faça você pagar por ter estragado os meus planos, ao entrar
junto com aquela fedelha, no caminho daquele maldito, que assim
como você, será morto pelas minhas mãos.
Esboço um sorriso, pois veremos se manterá toda essa
valentia e audácia quando estivermos frente a frente. Logo depois,
os soldados que estavam segurando Natasha, a colocaram dentro
de uma jaula, e, esta começou a sacudir assim como o corpo dela,
quando o infeliz do Serguei apertou um botão e uma descarga de
choque envolveu não somente o objeto, como a mulher que estava
lá. Gargalhadas ecoavam no ar, não sabendo eles que os ruídos
emitidos por ela, era somente fingimento, já que ela era totalmente
imune à dor. Natasha Santoro era italiana e filha de uma grande
aliada de Al Capone, assim como a mãe, que prestou grande
serviço a nossa organização, ela também nasceu com Analgesia
congênita, contudo, a criança já demostrava um lado obscuro. Ela
vivia se mutilando na tentativa de proporcionar dor a si mesma, o
que jamais teve o prazer em sentir.
Soube da sua existência dias após a morte de sua mãe, meu
mentor, que se encontrava debilitado e já havia me tornando o seu
sucessor, me passou o dever em proteger e cuidar da menina que
hoje tem a mesma idade que Lisa, mas na época tinha apenas doze
anos. A criança parecia um bicho selvagem, andava descabelada,
com as unhas sujas e as roupas rasgada. Dizer que foi fácil domar a
pequena fera, não foi, eu tive que ganhar a sua confiança e talvez,
por nós dois, sermos bastante parecidos, acabamos por nos
entender. Foram exatamente nove anos, tempo este que ela passou
por treinamentos para controlar a sua fúria, que acabou se
mostrando uma verdadeira máquina de matar e por trás daqueles
olhos negros, se escondia uma alma quebrada, que foi restaurada e
ela, assim como eu, havia se encontrado. Além de ser dona de uma
inteligência excepcional. Sua doença que acabou fazendo com que
muitos a rejeitasse, hoje se tornou a melhor aliada para sua
sobrevivência, portanto, eles podem tentar quebrá-la de várias
formas ao querer proporcionar somente a dor, mas esta, embora
que seu corpo sofra as consequências, sua mente ainda se manterá
inabalável, dando-lhe forças para aguentar tempo suficiente para
que eles provem da dose do próprio veneno.
Embora esteja faminto para acabar com aquele verme traidor,
pela primeira vez deixarei os meus demônios compartilharem uma
presa e assim, ela também poderá saciar a sua fome e fazer o
maldito pagar por todo sofrimento que deseja lhe proporcionar.
Chegou a hora de acabar de vez com essa guerra, destruindo
todos que ousaram desafiar a Cosa Nostra dentro do seu próprio
território.
Capítulo 51
Lev Petrov
Do andar superior, olhei para a gaiola onde estava a vadia que
se contorcia em meio à dor, gritos ecoavam a cada descarga que
ela recebia. Tinha que reconhecer que o rosto da infeliz era
semelhante ao de um anjo e não era atoa que ela havia sobrevivido
as atrocidades que passou dentro daquela cabana, se bem que
tinha dúvidas se realmente ela havia sido torturada ou simplesmente
acabou enfeitiçando o maldito ao abrir suas pernas. Meus
pensamentos foram interrompidos assim que ouço a voz de Serguei.
— Recebi informações que nosso pessoal já dominou a
mansão, assim como os conselheiros foram eliminados. É hora de
enviar o vídeo ao maldito — exclama com um sorriso largo no seu
rosto.
Deslizo o dedo pela tela do aparelho, em fração de segundos
a mensagem é enviada. Eu daria qualquer coisa para ver a reação
do desgraçado ao descobrir que não somente dominamos o seu
espaço, como a sua protegida está mais para uma rata engaiolada.
O silêncio que antes predominava no ambiente foi rompido e nesse
momento, um estrondo terrível ecoou no espaço, fazendo o chão
tremer. Havia uma dúzia de homens, além de nós dois no andar de
cima, os outros estavam no andar de baixo e dezenas em volta do
prédio. Os homens que estavam perto da gaiola ficaram
desorientados e a atenção de todos se voltou para a porta quando
um dos meus soldados surgiu na entrada principal. Seus olhos
estavam cheios de pavor e aos berros, ele disse.
— Senhor! Senhor, estam... — o som da sua voz foi
substituído por um ruído de dor e seu corpo caiu no chão com um
baque forte e alto, o par de olhos, escuros e sem alma, ainda
estavam abertos e direcionados em minha direção. Todos os olhos
se voltaram para a direção de onde ele veio.
Por alguns segundos, não houve nenhum movimento,
ninguém produziu nenhum som, inclusive eu. As expressões
petrificadas do meu irmão e dos soldados, refletiram de volta para
mim, penetrando freneticamente em meu olhar, procurando
entender o que estava acontecendo. Porém, antes que isso viesse a
acontecer, o som de balas abrindo fogo foi a primeira coisa que ouvi,
em seguida era como se tivessem aberto uma porteira e em vez de
dezenas de touros furiosos passando por ela, um punhado de
soldados que mais pareciam animais selvagens, cada um
segurando uma Glock, entrou no cômodo.
Os segundos seguintes foram como um filme de terror, se
tornando minha nova realidade. Olhei pela janela, tiros estavam
sendo disparados para todos os lados e em questão de minutos,
tudo a nossa volta se transformou num campo de guerra. Os nossos
homens estavam sendo massacrados. Corpos estavam sendo
arremessados ao ar devido as fortes explosões, o chão logo ganhou
tons avermelhados.
Era uma verdadeira carnificina acontecendo bem diante dos
meus olhos.
Meu corpo se moveu no piloto automático, como se estivesse
sendo puxado por um fio invisível.
Atirando na direção em que eles estavam vindo, disparei
vários tiros. Tentando desesperadamente derrubar os filhos da puta.
Um fluxo interminável de munição continuava vindo de todos os
ângulos em nossa direção, tornando difícil acompanhar seu ataque
inesperado. Minha garganta ficou seca. Um calor escaldante
começou a percorrer pelo meu corpo. Meus olhos fizeram uma
varredura rápida ao redor do salão.
— Caímos direto na armadilha dele — disse Serguei e ficou
balançando a cabeça em negativa, olhando fixamente para os
corpos sem vidas, que estavam jogados no chão, tanto dos nossos
homens, como os malditos da Cosa Nostra.
Meus instintos dispararam, a adrenalina percorreu meu corpo,
queimando minhas veias e se fundido ao meu sangue, quando um
grito ensurdecedor reverberou no espaço e o diabo apareceu.
— Ele é meu — seu olhar sombrio foi lançado em minha
direção.
A expressão em seu rosto, cheia de fúria, enquanto uma
sensação intensa e avassaladora de raiva despontou em minha
postura, esmagando osso por osso em meu corpo.
— Eu vou te matar seu desgraçado — grito furioso.
Do lado de fora, estrondos se faziam presentes. Serguei dava
tiro após tiro que soavam no ar, enquanto as cápsulas das balas
caiam no chão. No momento que ele apontou na direção da gaiola,
antes que viesse a acertar o alvo, um disparo foi feito, acertando a
arma que estava em sua mão e ele acabou perdendo o equilíbrio e
rolou escada abaixo.
— Eu estou te esperando, Lev Petrov — gritou o desgraçado,
esboçando um sorriso e jogou sua arma no chão. Assim que meu
irmão se levantou e estava prestes a ir de encontro ao maldito, grito
enraivecido.
— Não! Essa luta é entre nós dois. Vou mostrar para esse
infeliz quem sempre foi digno de ser o chefe supremo da máfia.
A veia do meu pescoço latejava, minha mandíbula se contraia
e meus batimentos cardíacos estavam desenfreados, me livrei dos
degraus com uma velocidade semelhante à de uma bala e antes
que chegasse ao meu destino, a porta da cela suspensa foi aberta e
a mulher que estava dentro dela, correu na direção do meu irmão,
fico atordoado por um instante sem saber como ela poderia ter
aberto e se evadido, porém, sorrio por dentro, a sessão de choques
deve ter afetado seus neurônios ao ponto de ela cogitar que tinha
alguma chance em enfrentá-lo.
Não havendo mais distância entre nós. Fechei minha mão em
um punho e o primeiro soco foi desferido de encontro ao rosto do
maldito, que acertou outro no meu.
— Vamos ver se você é tão valente sem estar com uma arma
em mãos — digo e o segundo golpe atingiu o seu estômago.
— Você não é de nada, seu covarde.
Comecei a desferir socos para todo lado e num golpe intenso,
seu rosto girou e o sangue começou a escorrer pelo canto da sua
boca. Minhas mãos estavam descontroladas, como se tivessem
ganhado vida própria, mas quando o infeliz levantou a cabeça, fiquei
congelado por alguns segundos. Suas feições eram algo que
parecia sobrenatural, os olhos estavam avermelhados, como se as
chamas do inferno estivessem dentro deles, parecia o próprio
belzebu com os cabelos caídos sobre a testa e o rosto
transfigurado. Saí do estado catatônico que me encontrava quando
escutei sua voz.
— Espero que tenha aproveitado o seu momento de glória,
pois, ao derramar o meu sangue, acabou de assinar seu atestado
de óbito.
— Maldito! — vociferei enraivecido e parto para cima do infeliz.
Assim que fui desferir o próximo golpe, este foi bloqueado por
ele e impiedosamente seu punho acertou a boca do meu estômago,
um golpe tão forte que cambaleei para trás com o impacto, urrando
de dor. Outro golpe foi dado, me lançando ao chão e ar foi
arrancado dos meus pulmões, pura agonia rasgou minha mente.
Olhei para o lado avaliando qual seria meu próximo passo, nesse
exato momento, Serguei havia acertado o rosto da mulher, que caiu
no chão, porém, os olhos dele ficaram arregalados como se fossem
saltar do rosto quando a infeliz se levantou e levou uma das mãos
até o seu rosto, puxando o que parecia ser sua pele, mas que na
verdade era uma máscara, que acabou jogando no chão. A porta do
inferno havia sido aberta e não foi só o diabo que passou por ela,
como a sua irmã, já que ela emanava uma energia forte, semelhante
ao do capeta que estava sorrindo diante da cena que se formou.
A maldita começou a dar socos e mais socos, acertando várias
vezes o peito do meu irmão. Lançando seu corpo para trás com o
impacto, ele caiu no chão, aquela criatura não parecia humana e
não parava de bater, eu estava prestes a me mover até onde eles
estavam, quando fui puxado com violência e um soco cruel atingiu
minhas costelas e dali em diante, nós dois começamos a travar uma
verdadeira batalha, o desgraçado tinha punhos de aço, eu sentia
como se realmente os ossos do meu corpo estivessem se
quebrando aos poucos.
Atracamo-nos e batemos com tanta força, que quebramos a
parede de madeira. Caímos no chão, cada um tentando levar
vantagem sobre o outro. A claridade me deixou desorientado, já que
agora estávamos do lado de fora e minha raiva se intensificou
quando o barulho dos gritos dos seus homens ecoou no ar.
— Mate o traidor, chefe. Mate! Mate!
Novamente golpes foram desferidos, me fazendo cair no chão.
— Levante-se, porra! Não queria o meu lugar, então que seja
homem para isso — sua voz potente ecoou no espaço.
Minha mandíbula se contraiu. Ouvir as palavras daquele
maldito fez o incômodo se intensificar por todo o meu corpo. Estava
tão quente, que a sensação era de que meu corpo estava em
chamas. Meus órgãos internos funcionando num ritmo intenso. A
raiva tomou conta de mim, num pulo, me levantei e ainda consegui
acertar um soco pesado em sua barriga, mas aquilo parece que só
fez cócegas, pois, Celikkol começou a socar o meu rosto sem parar,
o gosto metálico tomou conta da minha boca. Mas, eu senti algo
quebrando dentro do meu abdômen, quando um rugido escapou da
sua boca e seus punhos atingiram o centro da minha caixa torácica.
Droga! Droga! Droga!
Uma dor terrível atravessou todo o meu corpo, que foi jogado
de encontro à parede e novamente caí no chão. A força do impacto
fez a minha cabeça latejar e o ar se tornou escasso, ainda tentei me
levantar, mas meu corpo desabou. Tudo começou a ficar escuro e
antes de ser envolvido pelas trevas, bufando feito um animal
raivoso, novamente ele voltou se manifestar.
— Você ainda não irá morrer seu miserável. Darei a você um final
digno de um traidor.
Na manhã seguinte...
Covil da Morte – Primeiro dia...
Baran Celikkol
Assim que a porta dupla, de aço, foram abertas, passei por
elas, ao meu lado estavam Alex, Dimitri e Natasha. Todos os olhares
caíram sobre as quatro vítimas à nossa frente e foi justamente no
instante que eles despertaram.
— Socorooooo...
Os gritos das duas mulheres logo se fizeram presentes, bem
diferente de como Lisa ficou, elas estão com os punhos e tornozelos
presos, porém, somente as correntes fixadas nas algemas dos
membros inferiores e superiores direitos estão interligadas a parede,
já dos membros do lado esquerdo, estão fixadas ao tanque
quadrado de aço, onde os irmãos Petrov se encontram. Qualquer
movimento dentro do recipiente faz as correntes serem movidas e
consequentemente, puxando os membros de ambas.
Dei alguns passos e me detive.
— Eu sempre considerei o Covil da Morte como um purgatório,
o lugar em que infelizes como vocês, pagariam por seus pecados.
Vocês serão enviados ao inferno, isso é fato, mas não pensem que
passar pela porta negra lhes dará acesso direto aos caos, antes
disso acontecer, vocês irão passar pelas três fases da purificação da
carne, para ver se suas almas podres tem alguma salvação. Apesar
de que, a meu ver, de nada vai adiantar. Contudo, irei me divertir
muito, vendo-os passar por todo processo.
O valentão logo se manifestou.
— VOCÊ ACHA QUE ISSO AQUI VAI ME DETER? — vocifera
e a fúria está visível em suas órbitas sombrias.
Uma gargalhada estrondosa se fez presente, deixando o infeliz
ainda mais enfurecido, este, que assim como o irmão, tinham parte
do corpo cobertos pelo gelo que estava dentro do objeto, que
começou a se mover e gritos estrangulados se fizeram presentes.
— PARE! PARE! PAREEEE — gritou Camile ao ter seus
membros sendo esticados, devido ao movimento feito pelos dois
vermes que ainda não haviam se dado conta.
Resolvo atiçá-lo ainda mais.
— Você quis proporcionar tanta dor a Elisabete para me
atingir, agora chegou a minha vez de fazer o mesmo com a vadia
que é sua amante ou achou mesmo que eu não sabia do
envolvimento de vocês dois?
— Seu miserável — disse tentando sair de dentro do objeto e
novamente gritos de desespero e dor ressoaram no espaço.
Vivian tinha o rosto banhado pelas lágrimas, fiquei apreciando
o que seria o início do grande pesadelo de suas vidas.
Instantes depois, ao ouvir um grito estridente dado por Vivian
ao ter o seu braço quebrado, era o momento de agir.
— A cada movimento de vocês dois, em querer escapar, serão
elas quem irá sofrer as consequências. Os dois só têm duas
opções, permanecer quietos e aguentar a baixa temperatura que
pode fazer os seus órgãos vitais começarem a parar de funcionar ou
sair de dentro do barril, mas o preço será quebrar tanto o braço
esquerdo, quanto as pernas delas.
Saímos do cômodo deixando os dois irmãos travando um
duelo com o olhar. Serguei não tinha porque se importar com a vida
de nenhuma delas, já o traidor, veremos que preço está disposto a
pagar para defender a sua mulher.
Capítulo 52
Covil da Morte – Segundo dia...
Baran Celikkol
Fernanda Scott
Vivi sete longos anos, rodeada pela escuridão que eu permiti
que envolvesse o meu coração. Uma vida de rancor, ódio e desamor
ao romper minha relação com Deus, eu culpei o mundo a minha
volta pelo meu sofrimento, chorei e cheguei ao fundo do poço e, se
não fosse por Celikkol, que ainda insistia em me resgatar, não teria
tido a chance de conhecer o anjo de luz que afastou as trevas e me
permitiu, novamente, sentir esse sentimento grandioso que envolveu
todo o meu ser.
Deus, em sua infinita misericórdia, renovou a nossa aliança,
mesmo que eu não fosse digna de receber tamanha dádiva.
Saber tudo que Camile fez, foi um golpe terrível, pois, eu tinha
um afeto enorme por ela, e por ser fraca, acabei tratando Lisa com
arrogância, somente porque me tornei uma pessoa manipulável.
Errei e não foi pouco, mas, eu estou tendo a chance de ter um novo
recomeço, de estar junto com a criança que devolveu o brilho que já
não existia mais em meus olhos. A pequena Melanie, é sinônimo de
amor e foi capaz de não somente me salvar da beira do abismo,
como ela e Lisa, romperam as barreiras em volta do coração
sombrio e empedrado de Baran, que já não sabia mais o que era
amar depois que minha Nataly partiu.
Se for coincidência, eu não sei. Mas, o jeito como ela me olha,
os gestos que faz com sua mão direita ao ficar batendo-a sobre a
coxa e principalmente todo esse afeto por Baran, me dá a certeza
de que elas duas são a mesma pessoa, que de alguma forma, nem
a morte foi capaz de impedir que Nataly voltasse para nossas vidas,
e desta vez, com a missão de nos unir para que pudéssemos ver
que ainda havia um mundo cheio de cores e não poderíamos
permanecer para sempre naquela escuridão. Meus pensamentos
vão para bem longe quando ouço a sua voz suave.
— Vovó!
Aproximo-me de sua cama, nem havia me dado conta que
lágrimas caiam pelo meu rosto até ela dizer.
— Você não precisa chorar. Eu vou ficar sempre com você.
Pego em sua mãozinha, levando-a em direção ao meu
coração, eu precisava dizer o quanto ela mudou a minha vida.
— Eu estou chorando de felicidade por ter você em minha
vida, meu anjo. Quando deixei que a dor gritasse mais alto, algo
dentro de mim se quebrou. Por sete anos perdi as contas de
quantas vezes chorei, mas não demorou seis segundos para você
me fazer sorrir e através dos seus lindos olhos, me fez enxergar o
mundo de outra forma. Minha pequena gotinha de amor, eu amo
você.
— Eu também amo muito você, vovó Nanda. Muito mesmo.
As palavras que ouço, fazem o meu coração explodir de tanta
felicidade. E tudo que passei desde a morte de Nataly até aqui, me
fez entender que não importam as dificuldades que a vida coloque à
nossa frente, e sim as atitudes que tomaremos diante delas.
"Nunca mais deixarei que a escuridão envolva meu coração".
Capítulo Final
Fim ou começo? Só o tempo dará a resposta...
Dois meses depois...
Melanie Evans
No dia seguinte...
Lisa Evans
— Aiii...
Não consegui segurar o ruído que escapou da minha boca,
assim que me mexi na cama. Eu sei que preciso me levantar, mas a
sensação que tenho, é que um trator passou por cima de mim,
porém, sei muito bem o nome do homem que o conduzia, "Baran
Celikkol". Fecho novamente os meus olhos e as lembranças do dia
anterior surgem em minha mente.
Ontem foi o grande dia, que não só ele, como milhões de
americanos esperavam.
Celikkol, o nome que entrou para a história do país como o
primeiro presidente eleito que ultrapassou os 400 delegados no
Colégio Eleitoral. A vitória foi dele e de milhões que apostaram na
sua capacidade para mudar o país.
Eu também tive a felicidade em poder rever novamente aquela
que posso dizer com todas as letras que é minha amiga. A felicidade
não cabia dentro do meu peito ao reencontrar Olivia. Ela estava
cheia de perguntas e embora odiando a mentira, eu não iria
envolver alguém que tanto amo nesse mundo, onde é melhor ficar
calado ou fingir-se de cego para não saber além do que se deve ou
poderá se tornar um alvo a ser eliminado.
Depois que colocamos a conversa em dia, sendo quem era,
começou a perguntar se finalmente eu já havia experimentado
aquilo, que segundo ela, é a terceira coisa melhor da vida, visto que
a primeira era comer, a segunda, dormir e a terceira, o sexo, que
como ela dizia, era o complemento dos outros dois. Nem adiantou
fugir da conversa, porque Olivia era o tipo que dava para ser uma
investigadora, a menina conseguia descobrir até o que não devia.
Engoli em seco quando ela perguntou se já havia experimentado a
melhor parte, que era o sexo anal. Se vergonha matasse, naquele
exato momento, Lisa Evans, cairia dura, pois como iria dizer a ela
que o homem que ela acha um deus grego, na verdade tem três
pernas e eu estava temerosa que isso viesse acontecer, não que ele
já não tivesse enfiado alguns objetos, dedo ou me lambido ao ponto
que já estava ansiando para que ele fosse adiante, mas ao lembrar-
me do tamanho do seu membro e daquela cabeçona rosada, tremia
feito vara verde.
Deixamos o assunto que já estava fazendo meus
pensamentos irem bem longe, de lado, e com tanto champanhe a
disposição, devido à comemoração onde tinha vários políticos e
empresários de setores variados, nós duas acabamos por tomar
duas garrafas do espumante branco. Já altas horas da noite,
quando retornamos a mansão, eu já não sabia se era por culpa da
bebida ou simplesmente toda aquela conversa, só sei que eu sentia
que se acendeu uma chama, que estava me consumindo por dentro,
despertando o meu lado libertino. Quando chegamos ao quarto e ele
rasgou as minhas roupas, deixando-me nua e se livrou rapidamente
das suas e então colou nossos corpos, sua boca buscou a minha,
iniciando um beijo de língua cheio de fome e ganância, soltei um
gemido abafado quando ele me suspendeu, fazendo-me entrelaçar
as pernas em volta dos seus quadris, e caminhou até a porta,
fazendo com que eu sentisse o frio da madeira contra a minha pele,
enquanto devorava a minha boca, ele me fez escorregar um pouco,
posicionando o seu membro quente na minha entrada escorregadia
e deslizou-o para dentro de mim, iniciando um vaivém lento e aquilo
estava me torturando, antes que fizesse o que havia pensado. Ele
aumentou a velocidade das estocadas, socando fundo todo seu
membro grosso e comprido, meus seios balançavam a cada
investida, minhas costas batiam com força na madeira. Baran
abandonou minha boca e enquanto seu pau me fodia com força, ele
começou a sugar os meus seios, fazendo o fogo se espalhar por
toda minha pele, a cada puxada que ele dava em um dos meus
mamilos doloridos, aumentava as estocadas, uma mistura de dor e
prazer pairou sobre mim, entre sussurros ele começou a falar.
— Gosta do meu pau todo dentro de você, sua safada?
— Hummm...
Somente gemidos escapavam da minha boca, enquanto seus
golpes eram vigorosos, suas mãos apertavam minhas nádegas.
— Vai me dar essa bundinha hoje, gostosa?
Um tremor violento me atingiu, todos os meus órgãos internos
começaram a funcionar aos espasmos. Ele começou a chupar e
sugar com mais intensidade o meu seio direito, como se fosse uma
criança faminta querendo se saciar, movimentando os quadris em
sincronia com sua boca. Meu corpo estava tão quente, a sensação
de ter o seu membro tão profundamente dentro de mim era
indescritível.
— Ahhh... — minha respiração estava entrecortada.
— Está com medo anjo? Tem medo de aceitar que gosta tanto
quanto eu de estamos assim, grudados como um só? — ele estava
me tentando e aquilo só fazia algo no meu interior se agitar. —
Pensei que fosse mais corajosa.
Aquilo foi a gota d’água, pois era como se um outro lado que
estava preso, se libertasse. Encontrava-me com medo e ao mesmo
tempo, estava cheia de expectativas e sem que eu pudesse
controlar, as palavras escaparam, fazendo um sorriso triunfante
envolver o seu rosto.
— Faça-me sua por inteira — implorei sem pudor e diante de
minhas palavras. Num movimento rápido e preciso, Baran caminhou
até a cama, logo depois saiu de dentro de mim e me colocou sobre
ela.
Sem me dar tempo de defesa, segurou nos meus quadris, me
fazendo ficar de bruços, tendo minha bunda empinada para ele,
apenas para os seus olhos.
— Bundinha deliciosa — disse ao subir em cima da cama.
O choque da realidade me atingiu, fazendo com que eu
entrasse em pânico assim que senti a cabeça melada e grossa do
seu membro brincando com o orifício apertado do meu traseiro.
— Não! Não quero mais — falei em desespero.
Ele deu uma gargalha e disse:
— Você só irá sentir prazer, ao ponto de querer sentir
novamente o meu pau dentro de você.
Subitamente, a cabeça do seu pênis logo foi substituída por
dois dos seus dedos que estavam molhados de saliva. Ele começou
a explorar aquela região com movimentos cautelosos, fez aquilo por
várias vezes. Já estava toda melada e foi nesse exato momento que
ele novamente colocou a cabeça do seu membro na pequena fenda,
forçando a entrada. Meu corpo todo estremeceu. Soltei um ruído de
medo e dor, então, levou uma de suas mãos até a minha vagina e,
começou a acariciar meu clitóris, enquanto empurrava seu pau
ainda mais fundo para dentro mim, no mesmo instante que
massageava o meu grelo. Aquilo me deixou ardente, meu corpo
recebeu correntes de fogo líquido em minhas veias, o desejo me fez
esquecer a dor.
— Hummmmm... — soltei um gemido profundo, não conseguia
mais me conter, o pênis entrava e saía fazendo um barulho
molhado, me comendo, destruindo minha entrada, sua pélvis batia
nas minhas nádegas. A profundidade, o ritmo, tudo era tão intenso,
que me deixava em um estado de completa luxúria.
Apertei os olhos e gritei o seu nome, enquanto ele continuava
torturando o meu clitóris, as sensações agradáveis corriam rápidas
em meu corpo.
— Barannn... — eu não consegui conter gemidos de angústia
e prazer. À medida que me fodia, ele fazia círculos com os dedos
em meu ponto de prazer. — Ahhh!
— Entregue-se, anjo. Renda-se a mim.
Seus dedos escorregaram para dentro da minha boceta, o ar
correu em meus pulmões em um grito sem som, seus dedos
diabólicos se moveram suavemente, a princípio, lentos, mas logo se
intensificaram. A sensação era maravilhosa e eu estava confusa,
desejosa e viciada nele. Seus golpes eram precisos, seu quadril
movia-se rápido, aquilo entrava e saía me fazendo sentir ardência,
mas ao mesmo tempo, prazer. Respirava rápido, com dificuldade e
comecei a gritar alto, ele em contra partida, puxou os dedos e
novamente começou a massagear o nervo inchado e dolorido,
exercendo uma forte pressão, com movimentos rápidos e precisos.
— E... Eu...
Já não conseguia dizer mais nada, meus seios balançavam
para frente para trás, devido à força de sua invasão. Meu corpo
estava pronto para o orgasmo, era só uma questão de tempo, o que
veio logo, em ondas avassaladoras de prazer. Eu não podia
acreditar como era boa aquela sensação. Meu clitóris sensível
liberava ondas de prazer e êxtase. Ele continuou bombeando mais
fundo, até que se esvaziou dentro de mim. Seu orgasmo atingiu
fundo, ele também gemia alto, ainda estocando até parar de liberar
seu líquido quente. Meu corpo desabou. A sensação era de subir
numa montanha russa. Descendo e subindo de novo, nela.
Segundos depois, ele se juntou a mim e ficamos os dois em silêncio,
suados e satisfeitos.
Deixo as lembranças de lado e mesmo dolorida, levanto-me,
pois era bem capaz da Mel entrar feito um furacãozinho por aquela
porta.