Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NATALIE
Um homem estava em pé, com um copo de uísque numa mão e um
cigarro na outra. Seu olhar estava perdido na paisagem a sua frente. A vista
que ele tinha dava para a cidade, a qual muitos diziam que não dormia.
As luzes dos prédios estavam acesas e o barulho no lado de fora era
alto, buzinas de carros, pessoas falantes e músicas. Mas nada daquilo chegava
aos ouvidos dele. Dentro da sua sala, ele parecia imbatível, intocável.
Seus pensamentos estavam longe e mais uma vez ele se submeteu as
lembranças, as quais ainda eram bem vivas e dolorosas. Tudo parecia recente
e era como se não tivesse passado sete anos, sete, malditos e tortuosos, anos.
Se fechasse os olhos ele conseguia recordar do passado, das últimas palavras
dela, da escolha dela.
Aquilo queimava em seu peito e o machucava mais do que devia.
Cada ato tinha suas consequências e ele ainda pagava a sua.
RÚSSIA — MOSCOU
Eu já tinha tudo que era necessário e que Andrey poderia usar ao seu
favor, não tinha mais nada me segurando nesse escritório e não via motivos
para não dar fim na vida de Marcus.
24 horas
Mais uma taça tinha sido enchida, várias horas já tinham se passado
desde o momento que tirei meus pés do escritório. Eu respirei fundo e senti
meus olhos pesados pelo cansaço, mas eu não poderia parar, tinha que traçar
todo meu plano e concluir meu serviço o mais rápido possível.
Desde o momento que tinha entrado no meu apartamento provisório,
o qual tinha arranjado alguns dias depois da minha chegada á Nova York, me
sentei no meu confortável sofá e peguei o notebook, abri meu sistema seguro
e comecei a pesquisar sobre todos os convidados de Marcus. Todos eram
políticos e empresários, mas eu deixei por último o convidado especial de
Marcus. E, confesso que fiquei curiosa para saber sobre ele.
Não consegui resistir e procurei alguma foto dele. Tinham várias
imagens dele em eventos, sempre sério e os olhos cinza sempre frios. Em
algumas tinha uma mulher de cabelos loiros escuros ao seu lado e logo
reparei na aliança que ela carregava na mão esquerda. Era a esposa dele, Ayla
Sartori. Ainda não contente procuro mais sobre ele e vejo que o mesmo é
empresário do ramo dos diamantes e seu nome era bem conhecido em toda
Nova York.
Abaixo mais a aba de pesquisa e fico surpresa ao ver os casos secretos
da polícia contra Enzo Sartori, nenhum deles tinham sido levados ao tribunal
e sido julgados, nenhum tinha acusações válidas para colocá-lo atrás das
grades. Então ele não era somente um simples empresário.
Antes que eu possa pesquisar sobre sua família e descobrir o que fazia
ilegalmente, meu celular apita.
Me liga.
NATALIE
Mais uma vez sinto minha garganta arder e doer pelos gritos que
saiam constantemente pela minha boca seca e ferida. Meu corpo pede por
descanso, por uma noite completa de sono, mas eu sabia que eu não teria isso.
A queimação se espalha pelo meu corpo inteiro, fazendo-me sentir em
chamas. A ânsia de vômito me atinge mais uma vez, mas nada sai pela minha
garganta dolorida. Não tinha nada em meu estômago.
— Por favor — sussurro sentindo a inquietação no corpo, minha
cabeça doe e meus pensamentos estão embaralhados. — Não aguento mais.
— Só mais um pouco, minha querida — uma mão grande e quente
toca no meu rosto molhado pelas lágrimas e suor.
Eu não tenho forças para abrir os olhos e ver o homem que ordena
todas as torturas que sofro. Eu nunca tinha visto o rosto dele, mas a voz já era
conhecida, era a mesma de todos os dias, que falava comigo depois de levar
alguma surra, ser cortada e costurada e ser furada diversas vezes.
— Por que faz isso? — Me sinto quase inconsciente, mas forço as
palavras para saírem.
— É necessário — ele pega uma mecha do meu cabelo e a coloca
atrás da minha orelha. — Você é bem resistente, minha querida.
— Meu nome é... — franzo o rosto, mas logo paro quando o mesmo
dói. Tento forçar minha mente para lembrar meu nome, mas nada vem, tudo
parece embaralhado em minha cabeça, tudo está confuso. — Eu não sei.
Ele não disse nada e me pergunto se ele tinha me deixado sozinha
mais uma vez.
— A coloquem para dormir — a voz veio e depois disso sinto uma
picada em meu braço e tudo parecia desaparecer em minha mente confusa.
Andrey.
O rosto dele aparece em minha mente, ele estava lá quando os homens
injetavam alguma coisa em mim e me via sofrer. Andrey Romonov era o
mentor daquilo tudo, eu só consigo vislumbrar o rosto dele nesse momento.
Minha cabeça lateja e o gosto amargo atinge minha boca seca.
Toco minha cabeça e me inclino um pouco para frente, solto um
gemido de dor. Tudo em mim dói, era como se cada lembrança que tive fosse
uma lâmina entrando em minha mente. Respire — digo para mim mesma.
Expiro e inspiro por diversas vezes, tentando controlar o tremor que
me atingia. Essa lembrança era tão estranha para mim, na verdade toda a
minha vida era estranha. Parece um quebra-cabeça todo embaralhado e
doloroso de se montar.
Deixo o notebook e a taça de lado e sigo para o quarto, deixo as luzes
apagadas, continuo até o banheiro em direção ao chuveiro. Precisava de um
banho gelado, talvez dessa forma eu pudesse pensar com coerência. Sento-me
embaixo do chuveiro, deixando a água fria escorrer pelo meu corpo e fecho
os olhos respirando fundo.
A raiva estava presente, ela pulsava em minhas veias e eu tinha que
controlar a fúria que queria dominar todos os meus sentidos. Eu queria largar
tudo e ir atrás de Andrey, perguntar o porquê tê-lo feito aquilo comigo, queria
saber qual tipo de prazer havia sentido ao ver-me sofrer por diversas vezes.
Mas, como não recordei da voz dele?
Isso era algo que ainda não entendo. A voz de Andrey sempre esteve
presente nos dois anos de tortura, por que não lembrei-me da voz quando o vi
pela primeira vez e ele falou comigo?
Injeções.
Era provável que toda aquela merda injetada em mim tinha me feito
esquecer a sua voz e com isso não lembrei. Aperto meus braços e sinto
minhas unhas entrarem em minha pele. A dor que sinto era bem vinda, era
melhor do que o ódio que sinto nesse momento.
A repulsa veio quando lembro que me deitei com ele, com o homem
que tinha feito barbaridades comigo. Eu havia dormido literalmente com o
inimigo.
— É só respirar — digo para mim mesma. — Respire.
Meus dedos estavam começando a ficar enrugados quando ouço ao
longe meu celular tocar. Deixo o aparelho tocar e continuo onde estou. O
barulho para, mas logo em seguida retorna. Eu sabia quem estava me ligando.
Mantenha a calma. Saio do chuveiro e pego uma toalha me enrolando, vou de
encontro ao celular que tocava insistentemente.
— Olá querido — meu tom sai calmo, mas por dentro não estava
nada.
— Tudo bem Natalie? — Consegui perceber uma nota de
preocupação vindo dele.
Ivo provavelmente teria ido atrás dele e dito que tinha falado o que
não deveria para mim.
— Está tudo perfeito — me sento no sofá e fito a bagunça a minha
frente.
— Soube que Ivo ligou para você
— Ele mesmo lhe disse isso?
— Sim — o tom dele é sério. — Natalie, o que ele disse...?
— Eu não acredito nele, Andrey — o corto. — E não lembro nada do
que ele disse, então quem pode me garantir que é verdade?
Todo meu autocontrole está sendo testado nesse momento, minhas
mãos tremem e sinto suor descer pelas minhas costas. Só consigo lembrar
quando ele tocava minha face e me chamava de querida. Queria poder gritar e
mandá-lo se ferrar, mas não iria fazer isso, não iria colocar minha vida em
risco e muito menos botar tudo que descobri a perder.
— Fico aliviado ao ouvir isso.
— Só acredito plenamente em você.
— Também acredito em você.
Um sorriso gélido se instala em meu rosto e uso o tom doce, o qual
sempre usava com todas as minhas vítimas.
— Preciso desligar, sabemos que amanhã é um dia importante.
— Faça o seu melhor, Natalie!
Não o respondo e apenas desligo a chamada. Deixo o celular de lado e
fixo minha atenção na parede de vidro, onde tenho a bela vista de Nova York.
Eu terminaria o que tinha que fazer, depois iria atrás de Andrey e
arrancaria a verdade dele.
ARONNE
NATALIE
Ponho minhas mãos dentro dos bolsos do casaco e olho com atenção
ao meu redor. Sei que estou me pondo em risco em estar tão exposta, mas era
necessário, precisava adentrar no sistema da empresa Sartori e descobrir
ainda mais sobre Enzo Sartori e o que ele fazia. Sabia que ele era um mafioso
e mantinha um disfarce com a imagem de empresário e bom moço perante a
sociedade, mas por trás disso tinha um homem frio e calculista que não mede
esforços para conseguir o que quer. Foi tão fácil conseguir se livrar de mim.
O que mais ele seria capaz de fazer? Entro na cafeteria e rapidamente
encontro quem procurava. Caminho vagarosamente e sorrio ao parar na frente
da mesa.
— Será que posso me sentar?
O homem que estava de cabeça baixa digitando freneticamente no seu
computador me olha com a expressão assustada e o vejo ficar pálido.
— É... é… eu não sei… — Gaguejou e o vi puxar a gola da camisa.
Sorrio ainda mais e mordo meu lábio inferior.
— Por favor, não quero ficar sozinha — toco nas mechas da minha
peruca ruiva.
Ele olhou a nossa volta e depois volta a me fitar.
— Sinta-se à vontade — ele olha para a tela do seu aparelho. —
Estava trabalhando.
Me sento de frente para ele e ponho minha bolsa de lado. Tiro minhas
luvas e casaco.
— Não tem problema, pode continuar trabalhando, eu só não queria
ficar sozinha — dou de ombro.
Ele parecia meio indeciso se voltava a digitar ou me olhava, por fim
fechou a tela do seu notebook e encostou-se na cadeira.
— Desculpe por atrapalhá-lo — murmuro sem graça. — Não tive um
dia bom, meu namorado terminou comigo.
— Eu...eu sinto muito.
— Não sinta, ele era um babaca — balanço a cabeça. — Talvez fosse
melhor assim, cada um para um lado.
O homem mexe em sua xícara e toma um gole.
— Você o amava?
— Não diria que sim, mas gostava muito dele — suspiro. — E você
tem alguma namorada ou ex?
— Não tenho tempo para namorar — deu um sorriso tímido.
— Sério? — Ele balança a cabeça assentindo. — Deve ser bem chato
não ter ninguém ao seu lado.
— Às vezes é, mas o meu trabalho toma meu tempo todo, então é
melhor não ter ninguém.
— No que você trabalha?
Ele parece incerto se deveria me responder ou não.
— Desculpe, sou muito curiosa, não deveria enchê-lo de perguntas,
você já foi legal por me deixar sentar aqui.
— Tudo bem — sorri. — Eu trabalho nas empresas Sartori.
Arqueio minhas sobrancelhas e faço a minha melhor cara de surpresa.
Eu sabia muito bem quem era ele e o que fazia, mas eu precisava de um
disfarce e me passar por uma pobre coitada que tinha acabado de levar um pé
na bunda era a melhor forma de chegar perto dele e pelo visto tinha
funcionado.
— Deve ser bem legal trabalhar nessa empresa.
— Eu amo meu trabalho, mas não é fácil trabalhar nos servidores da
empresa, sempre tenho que estar atualizando os sistemas e ficar de olho se
alguém de má índole tentar invadir o sistema.
— E alguém já tentou invadir o sistema?
— Sim, nessa semana já foram três vezes — respondeu com um
sorriso. — Mas pobres coitados dessas pessoas, não sabem que a cada três
horas mudam as senhas e os algoritmos para não existir nenhuma falha no
sistema.
Filho da mãe.
Eu havia tentado por três vezes entrar no sistema da empresa e nessas
três não consegui, agora já sei o motivo. Para não me demonstrar tão
interessada no que ele faz, chamo um garçom e peço um chá e bolinho.
— Isso deve dar muito trabalho — seguro o guardanapo e o enrolo
entre meus dedos.
— Você nem imagina, mas gosto do que faço.
Me endireitei na cadeira e estendo minha mão na sua direção. Ele me
olha sem entender.
— Não nos apresentamos — sorrio. — Você está falando sobre seu
trabalho e não falamos dos nossos nomes.
— Ah claro.
— Sou Natalie e você?
— Cássio.
— É um prazer conhecê-lo, Cássio.
Ele aperta minha mão e sorri. Cassio Hand seria minha chave para
entrar na empresa de Sartori e finalmente poder descobrir o motivo dele
querer matar a própria irmã e iria fazê-lo pagar por tudo que me fez sofrer,
todos os anos de tortura que passei e as noites em claro que fiquei
imaginando quando a hora da minha morte iria chegar.
NATALIE
Não lembro como tudo isso começou, quando foi que meu coração
começou a bater mais forte contra meu peito e minhas mãos soarem ao
imaginar vê-lo. Isso parece tão patético para uma pessoa como eu.
Muitos podem dizer que sou muito nova para tais sentimentos e que
eu não deveria sentir algo tão forte por “ele”, mas é inevitável, não consigo
controlar o desejo que emana de mim toda vez que o vejo ou ouço alguém
falando seu nome. Mas o que me deixa magoada é a distância que ele impõe
entre nós. Parece que nada que eu faça e todo meu esforço não surte efeito,
isso me deixa cada vez mais frustrada.
Aronne Pellegrino parece algo tão distante, um ser inalcançável, que
me sinto impotente por não conseguir tê-lo. Eu tenho tudo que quero, é só
estalar os dedos e pronto pedido atendido, mas ele não. Sabia muito bem que
ele já tinha percebido meu interesse por ele e dado meus esforços de tentar
chamar sua atenção. E, nada do que eu faça parece ser o suficiente para fazê-
lo me notar.
Frustrada, viro mais um drink e bato o copo no balcão da boate que
nesta noite está lotada. Estou na companhia de algumas amigas, se é que
assim posso chamá-las. Sei que todas essas garotas só estão próximas de mim
por causa do meu status de “princesinha” Sartori. Todas interesseiras e não
me importo, pois nenhuma delas vai conseguir algo de mim.
Mesmo com o local cheio, consigo encontrar alguns soldados e dentre
eles está Aronne. Dou um sorriso de lado. Hoje eu teria que conseguir alguma
reação dele, ou não me chamava Milena Sartori.
— Você ainda não desistiu? — Perla pergunta parada ao meu
lado.
Viro para ela e levanto as sobrancelhas.
— E você desistiu do meu irmão?
Perla era fissurada em Enzo e sempre que ele estava em casa, dava um
jeito de aparecer. Coitada dela que tem esperanças e acredita que um dia irá
casar-se com ele, entretanto não serei eu a destruir seu conto de fadas.
Perla bufa e se afasta. O barman deposita mais uma bebida em minha
frente. Agradeço com um aceno e dou um pequeno gole. Se Enzo me
encontrasse bebendo igual uma alcoólatra, com toda certeza me colocaria de
castigo. Sorrio com esse pensamento. Nunca me importei com as ordens dele
e não será agora que irei começar.
Termino mais uma vez a bebida e vou para o meio da pista de dança,
fazendo questão de que ele olhasse meu corpo se esfregando noutros corpos.
Fico o encarando enquanto balanço meu traseiro, coincidentemente um
homem segura minha cintura aumentando o atrito dos nossos corpos, além de
beijar a pele do meu pescoço. Não dou atenção para o cara atrás de mim e
sim para o homem que me encara seriamente á alguns metros de distância.
Ele não iria se aproximar se eu continuasse com essa dança inocente.
Estreito os olhos e dou um sorriso de lado enquanto viro para o homem que
dança comigo. Não tinha visto como ele era, mas agora o vendo, agradeço
aos céus por ele ser bonitinho.
Ele teria que servir para que meu plano funcione. Agarro sua nuca e
não penso duas vezes antes de beijá-lo. Seu beijo era desesperado, não
esperou muito para enfiar sua língua em minha boca e tentar me comer com
aquele beijo estranho. Seguro em seus ombros e tento da melhor forma
acompanhar os movimentos dos seus lábios molhados e desesperados. Me
afasto, encarando o homem que logo percebo estar excitado e esfregava sua
ereção em minha barriga.
— Vamos sair daqui?
Olho sob o ombro e vejo que Aronne não parecia nada afetado sobre o
espetáculo do “beijo”. Que merda!
— Claro.
Eu não iria deixar esse idiota me beijar mais uma vez, se Aronne não
fizesse nada em poucos minutos, eu daria um jeito de dispensar o
desconhecido. Iria para casa, afundar minha frustração em um pote de sorvete
e esquecer esse maldito aniversário de dezenove anos.
O desconhecido me levou para um corredor que tinha luzes
avermelhadas e proporcionava um clima sensual, mas eu não sinto nem um
resquício dessa sensualidade e sim tensão. Quando paramos na frente de uma
porta sinto uma presença atrás de mim.
— Precisamos ir senhorita Sartori.
Sinto a frustração me invadir ao ver que não era Aronne. Viro para o
soldado que sempre estava ao seu lado e sorrio.
— Por quê?
— O Don, não irá gostar de saber que a senhorita está num quarto
com um desconhecido.
— Claro meu irmão — sorrio sarcástica.
Suspiro e viro para o homem que me aguardava na porta do quarto.
Forço um sorriso triste e digo.
— Sinto muito, mas tenho que ir.
— Sério, gata?
— Sim — me aproximo dele e beijo sua bochecha. — Nos vemos por
aí.
Sem aguardar alguma resposta, me viro e sou acompanhada pelo
soldado até a saída da boate, aproximo-me e entro no veículo, vejo que no
banco do motorista está Aronne. Abraço meu corpo e viro o rosto para a
janela observando a paisagem. Não sei por que ainda tento fazê-lo gostar de
mim. Uma pequena parte de mim tem a esperança de que ele me note, mas
parece que isso nunca irá acontecer.
Não esperei que o carro parasse completamente na frente da mansão
para saltar porta afora rapidamente, subindo quase que correndo os degraus
da frente da casa adentrei-a. Passei pela escadaria pegando uma das garrafas
do meu irmão, ele não iria se importar se alguma sumisse. Não me importo
em pegar copo, beberia direto do gargalo. Vou para os fundos da casa e me
sento na borda da piscina, tiro minhas sandálias de salto, as jogando para
longe e afundo meus pés doloridos na água gelada.
Abro a garra de Whisky e viro-a na boca. Faço uma careta, mas logo
me acostumo com o gosto forte e amargo. No silêncio da noite e na
privacidade sinto que posso ser eu mesma, não aquela garota que as pessoas
esperam que eu seja ou a personificação de Milena Sartori, a mimada, víbora
e vadia. Era dessa forma que as pessoas me conheciam e não a garota vazia e
sozinha que sou.
Por trás de toda máscara de alguém malvado, existe um lado
quebrado, que é quase impossível de ser reparado.
— Você não é muito nova para beber tanto?
Saio dos meus devaneios e olho sob meu ombro e vejo-o parado há
alguns centímetros de onde estou.
— Desde quando isso importa? — Pergunto dando mais um gole na
bebida.
Ele se senta ao meu lado e percebo que tinha tirado seus sapatos e
meias. Ofereço a garrafa e ele balança a cabeça em negativo.
— Desde que você é minha irmã.
— Uma irmã que você esquece o próprio aniversário — digo em um
tom azedo.
— Milena...
— É o terceiro ano que você esquece — o corto. — Não importo mais
para você, não é Enzo?
Meu irmão vira o rosto para mim e seus olhos acinzentados me fitam
com algum tipo de carinho. Nunca fomos de demonstrar sentimentos
afetivos. Enzo aprendeu a nunca demonstrar seus sentimentos e com a
convivência aprendi a também não. Eu era uma Sartori e a frieza corria pelas
minhas veias, junto com toda a escuridão que nos ronda.
— Eu a deixei ir para uma boate e beijar um estranho.
Olho para o meu irmão com nojo.
— Tudo que eu faço é para chamar sua atenção, Enzo — confesso. —
Mas você não se importa!
— Não fale besteira.
Viro mais Whisky na boca e solto uma risada estrangulada.
— Sim, chefe — reviro os olhos. — Agora vou passar as últimas
horas, do meu aniversário, sozinha como sempre.
Me levanto com dificuldade, ao invés de entrar na casa caminho pelo
jardim, dando a volta sigo para a guarita, onde alguns seguranças ficavam.
Encontro quem eu queria e encosto-me á porta.
— Você — aponto para um soldado. — Quero que me ti... tire, daqui.
Não espero ver se ele seguiu meu comando e me siga até o carro,
marcho para este, destravo e entro no banco do carona, ignorando o banco
traseiro. Fecho a porta com certa força e fecho os olhos.
— Para onde vamos, Senhorita Sartori?
Franzo a testa ao ver que era Aronne sentado ao meu lado.
— Ao que me consta, não chamei ocê — aponto a garrafa em sua
direção.
Ele me olha de relance e suspira.
— É meu dever sempre estar disponível quando a senhorita desejar.
— É mesmo? — Levanto as sobrancelhas.
Aronne não diz nada e aguarda uma instrução minha de para onde
deveríamos ir. Não sei por que fui atrás de algum soldado e do porque estar
dentro desse veículo.
De repente sinto um nó se formar em minha garganta e como se
alguém tivesse apertado um botão que comandava minhas emoções, várias
lágrimas deslizam pelo meu rosto. Fungo e tento limpar meu rosto, mas
continuo a chorar compulsivamente, sendo impossível de segurá-las.
— Senhorita...
— Minha vida é uma merda — digo fungando. — Meu irmão não
lembrou meu aniversário e nem desejou parabéns para mim e... e... você...
— O que tem eu, senhorita?
— Não nota todos os meus esforços — libero toda a minha frustração.
— E se nota, não tem a porra de uma reação que eu desejo!
Aronne vira para mim e seus olhos azuis, mesmo no breu do carro,
pareciam tão límpidos que conseguiam aquecer meu coração, me fazendo
sentir uma garota boba apaixonada.
— Eu noto todos os seus esforços.
— Então por que nunca reage da forma que espero? — Pergunto
desesperada.
— Porque é errado um simples soldado sentir algo pela irmã do Don.
— Foda-se isso — berro e solto a garrafa no painel do carro. — Só
quero pelo menos uma vez na minha vida ser correspondida.
— Milena...
— Eu não aguento mais ser ignorada ou tratada como uma mimada —
continuo e sem me importar, me inclino na direção dele.
— Milena, o que você está fazendo?
— O que sempre quis fazer desde os meus quinze anos — sussurro
segurando seu rosto coberto por uma barba aparada. — E não ligo se você
preferir fingir que nada aconteceu amanhã, mas, me beije.
— Não podemos.
— Ninguém vai saber.
— Lena...
Interrompo seus protestos quando colo seus lábios nos meus, calando
qualquer dúvida que poderia haver sobre não poder acontecer, porque eu
nunca estive tão decidida como nesse momento e ter sua boca na minha,
sentir seu gosto de menta misturado com meu de álcool, nunca foi tão bom.
Sinto suas mãos segurarem meus ombros pequenos, mas ele não põe
pressão para nos afastar. No fundo eu sabia que ele queria isso também,
mesmo que fosse errado e nossas diferenças de idade fossem gritantes. Me
inclino mais em sua direção e aos poucos percebo que ele se rende ao nosso
beijo. Seus lábios reivindicam os meus e tomam o controle da situação.
Seu beijo foi totalmente diferente do homem da boate, mesmo que
houvesse língua em nosso beijo, Aronne sabia movimentá-la muito bem em
minha boca, com ele me senti confiante em acompanhar seus movimentos e
sorri contra sua boca quando mordiscou e chupou meu lábio inferior. Um
pouco desajeitada subo em seu colo, sem ligar para o pouco espaço que
temos dentro do carro. Seguro seu rosto entre as mãos e me sinto
completamente realizada.
Sei que amanhã as consequências desse ato podem vir, mas quem
liga? Eu só quero viver esse momento e me preocuparia com os problemas
quando viessem. Abraço-o da melhor forma que consigo e Aronne passa seus
braços fortes pela minha cintura e suas mãos grandes passeiam pelas minhas
costas, me fazendo arrepiar completamente.
Eu já havia beijado outros homens e tocada por eles, mas nenhum
conseguia arrancar arrepios como Aronne arranca do meu corpo e isso era tão
bom. Me sentia nas nuvens e meu corpo parecia ficar em chamas com cada
toque seu. Aronne afasta o rosto do meu, o vejo encostar a cabeça no banco e
ficar com os olhos fechados. Fico o fitando, acompanhando cada reação dele.
— Não deveríamos ter feito isso — diz depois de alguns segundos.
— Por que não?
Aronne abre os olhos e seus olhos azuis parecem desorientados e ao
mesmo tempo preocupados.
— Seu irmão irá arrancar minha cabeça se souber que eu a beijei.
— Lhe corrigindo — sorrio. — Fui eu que lhe beijei.
— Isso não importa — disse irritado. — De qualquer forma eu
correspondi.
Não contenho minhas mãos e toco suas bochechas, sigo para seu
nariz, lábios e barba.
— E foi bom.
— Milena!
Suspiro e sinto que todo o encanto do beijo se foi e a preocupação do
que iria vir a seguir surgir.
— Ninguém irá saber — murmuro. — Então não se preocupe, porque
meu irmão não irá descobrir.
Ele continua a me olhar e o vejo relaxar visivelmente. Saio do seu
colo e ajeito a saia do vestido que subira quando parti para cima de Aronne.
Sem espelho ajeito meus cabelos e pego a garrafa de bebida. Abro a porta do
carro e saio sem dizer mais nada.
Não queria perder ainda mais o encanto de beijá-lo, porque Aronne
conseguiu me frustrar ao demonstrar arrependimento pelo que fizemos.
MILENA
ARONNE
Sei que me envolver com Milena pode ser um risco, que cada segundo
que passo ao seu lado a tendo somente para mim, é como sentenciar minha
morte, pois se Enzo Sartori descobrir que sua irmã tem estado em meus
braços, me presenteará com toda sua fúria me fazendo pagar por obter sua
irmã para mim.
Tentei evitá-la, me afastar e reprimir tal desejo que me incendeia por
dentro, cada vez que a vejo. Se me perguntarem quando comecei a sentir
esses sentimentos por ela, não sei explicar. Ele veio como um sopro de vento,
que se instalou em mim e é como se cada segundo que passo longe dela fosse
uma penitência, visto que o ar me falta e necessito tocá-la para me sentir
completo.
É proibido, mas estou disposto a pecar para ficar com ela. Basta
somente um olhar, um sorriso que todas as minhas barreiras se desfazem e
como num feitiço ela me tem em suas mãos. Como uma “garota” pode
conseguir tal fascínio?
Muitos dizem que ela é uma garota mimada e venenosa, mas ninguém
sabe o quanto Milena pode ser perfeita por dentro e aos poucos, nos seus
pequenos gestos venho descobrindo que toda a pose de mandona e víbora é
só uma fachada para esconder uma garota frágil, gentil e claro determinada,
personalidade esta que ela carrega por dentro trancafiada a sete chaves.
Eu percebi todos os joguinhos dela sobre mim, seu interesse e suas
investidas incansáveis, no entanto consegui resistir até que ela me beijou. Eu
não deveria ter aceitado e gostado, não deveria ter sentido aquele fogo me
envolver e não deveria ter correspondido, entretanto claro que meu desejo
falou mais alto e acabei correspondendo ao seu beijo e quando dei por mim a
tinha sobre meu colo e seu corpo em meus braços. Ela era pequena e frágil,
tive medo de apertá-la e machucá-la. Milena era delicada e se eu fizesse um
movimento bruto poderia desmontá-la e marcá-la.
Tentei me afastar dela e esquecer o beijo, mas foi impossível. Tentei
ignorá-la de todas as formas para esquecê-la. Mas, no momento que a vi
confusa e prestes a se perder na bagunça que é sua vida, não consegui mais
me manter longe, senti a necessidade de protegê-la. Daquela vez, fora eu a ter
a iniciativa, claro que senti culpa por estar a arrastando para um caminho que
não teria volta, mas qualquer duvida que ainda para havia pedindo para
mantê-la distante sumiu no instante que a tive em meus braços e sua boca na
minha. Também há a diferença de idade, mas Milena parece não se importar
com isso, na verdade ela parece tão madura para sua pouca idade e isso me
agrada. Um dos motivos pelos quais tentei me manter distante era por sempre
achá-la mimada demais, imatura em alguns momentos. Mas, a conhecendo
vejo que ela parece decidida sobre o que deseja e isso é bom.
Sei que em algum momento ela irá querer mais, irá querer construir
uma família e casar-se, provavelmente eu não poderei dar isto á ela. Sou um
simples soldado e mesmo ganhando consideravelmente bem para um homem
solitário e sem família, eu não posso manter os luxos que ela tem e isso me
frustra.
Quero poder dar o mundo para ela e ser alguém melhor. Pode ser cedo
para pensar nessas coisas, mas eu não tenho mais tempo e nem idade para
querer somente um romance passageiro, almejo construir uma vida com
alguém e mesmo Milena sendo nova, sinto que ela se encaixa muito bem no
que eu preciso; sinto que ela também gosta de mim na mesma intensidade.
— Aronne? — Saio dos meus pensamentos quando ouço sua voz
dentro do carro.
Seus lindos olhos azuis me fitam com entusiasmo e parece ansiosa
para saber onde estou nos levando. Eu planejei passar algumas horas com ela,
pensei em levá-la num parque, mas mudei de ideia ao vê-la com esse vestido
que me faz querer estar com ela em meus braços, tirando a peça do seu corpo
lentamente e sentindo sua pele em minhas mãos.
— Estamos quase chegando — dou uma piscadela.
Alguns minutos depois, entro em uma estrada de terra e sigo morro
acima, ao chegar no local desejado paro e deixo os faróis ligados. Milena me
olha confusa e ainda mantém um sorriso.
— Então será aqui que vai me matar e desovar o corpo? — Pergunta
rindo e saindo do carro.
Acompanho-a e sigo para a parte traseira do carro, de onde tiro uma
cesta de piquenique e mais alguns acessórios, dentre os quais uma toalha
xadrez e alguns aperitivos. Inicialmente iria levá-la ao parque, com intuito de
fazer um piquenique na luz do luar, mas isso seria muita exposição com
pessoas ao nosso redor e depois do que Milena fez esta noite, percebi que
precisávamos de calmaria e privacidade.
Milena se mantém parada olhando para a cidade ao longe com suas
luzes acesas, era uma bela visão para se contemplar daqui de cima, parecia
que tínhamos todos ao nosso domínio.
— Aqui é lindo — diz se virando e encara a cesta em minhas mãos.
— Isso é o que estou pensando?
— E o que você está pensando?
Milena balança a cabeça disfarçando um sorriso, me ajuda a estender
a toalha na grama seca e depositar alguns potes com lanches.
— Nunca fiz um piquenique — revela baixinho e verificando um dos
potes. — Isso é tortilha de morango?
— Sim — pego uma garrafa térmica que contém suco.
— Eu amo essa sobremesa.
— Sei que sim.
Ela solta uma risada e pega um pedaço do doce com as mãos.
— Claro que sabe, você me segue vinte e quatro horas por dia.
— É o meu serviço.
Ela não diz nada e quando está perto de terminar o doce, se inclina em
minha direção e beija minha boca, me fazendo sentir o gosto bom do
morango misturado com o seu próprio. Seguro seu rosto com uma mão e
movimento nossos lábios, fazendo-a soltar um suspiro de contentamento e
com as mãos sujas, segura meu rosto e se aproxima ainda mais.
— É melhor pararmos — digo ao ver que estamos ultrapassando um
limite estipulado por mim.
— Por quê?
— Porque se continuarmos nos beijando desse jeito, não irei
conseguir me controlar e iremos acabar fazendo algo que não devemos.
Milena me fita frustrada e revira os olhos.
— Sabe que em algum momento podemos acabar transando, não é?
— Sim, mas não será aqui e nem agora — pego copos descartáveis e
encho-os de suco.
Estendo um copo na sua direção e Milena toma um pouco.
— Me sinto como uma garota que está aprendendo sobre a
sexualidade — resmunga enquanto come.
— E você já foi além de alguns beijos senhorita Sartori? — Pensar
que alguém a teve dessa forma, me faz sentir o sangue ferver por minhas
veias e desejar matar o filho da puta que o fez.
— Claro que não! — Revira os olhos. — Ainda não achei a pessoa
certa.
Um alívio me toma e sinto um peso sair das minhas costas. Não seja
idiota, talvez você nem seja o primeiro dela. Isso é contra as regras, lembre-
se disso Aronne!
Sem perceber Milena se ajoelha em minha frente e descansa as mãos
em minhas coxas, ato que me deixa em alerta, pois Milena é uma caixinha de
surpresas e não sei o que está tramando.
— Sempre pensei que você poderia ser o meu primeiro.
— Existem regras dentro da máfia e uma delas é que as mulheres
devem se manter virgens até se casarem.
Milena joga a cabeça para trás e solta uma risada.
— Pobre coitado do meu futuro marido — diz sarcástica. — Pois eu
não irei casar virgem. E nem sei se irei casar.
Em suas palavras vejo sinceridade e isso me deixa surpreso. Toda
moça dentro da famiglia deseja se casar e formar uma família, mas parece
que isso não faz parte dos pensamentos de Milena.
— Mesmo assim é contra as regras a mulher se entregar antes do
casamento.
— Então se eu não casar irei morrer virgem? — Solta uma risada. —
Nem fodendo.
Milena sobe um pouco seu vestido e se rasteja até meu colo, passando
suas pernas pelos meus quadris. Ponho minhas mãos em sua cintura e ela
sorri ao ver-me ficar tenso. Ela era uma pequena provocadora e faltava pouco
para jogar todo meu discurso sobre as regras da família e virgindade para o
alto, e beijá-la como quero e tocá-la como desejo desesperadamente fazer.
— Não vou desperdiçar nosso tempo falando o que devemos ou não
fazer — segura meu rosto. — Sabe o que podemos fazer?
— O quê? — Me sinto inebriado pelo seu cheiro de lavanda.
— Dar uns amassos.
Milena me beija com fúria e sinta todo seu desejo sendo depositado
em seu beijo. Aperto mais sua cintura e tento tomar o controle da situação,
mas Milena parece não querer facilitar. Ela segura meus cabelos com força,
me deixando louco para acompanhar seu beijo delicioso. Aperto-a contra meu
corpo e o fio de raciocínio some no instante que a sinto mexer os quadris,
sobre meu membro que já não se encontra adormecido como antes, pois eis
que dá sinal de vida quando ela se mexe.
Grunhi contra seus lábios e nossas bocas começam uma disputa
contra o controle o que nos faz ofegar e gemer contra a boca um do outro.
Seguro seus cabelos da nuca e a prendo ali, tomando o controle do beijo.
Chupo, mordo e lambo seus lábios deliciosos e gostosos de serem beijados.
Milena ofega contra minha boca e com a voz manhosa pede por mais
e não me faço de rogado, despudorado beijo-a como quero, mordendo a carne
gorda do seu lábio inferior e penetrando minha língua em sua boca, buscando
cada vez mais seu gosto e deixando-a mole e cativa em meus braços.
Deixo sua boca e vou descendo pelo seu pescoço, lambendo sua pele
cheirosa e gostosa. Mordo a curva do seu pescoço e isso a faz soltar um
lamento enquanto segura meus ombros com força. Milena não para de
movimentar seus quadris contra os meus, fazendo-me ficar ainda mais duro.
Teríamos que parar em algum momento, senão nada seria capaz de nos
separar.
— Isso é tão bom — diz enquanto deslizo minha língua pelo seu colo
e sigo para o decote do seu vestido.
Ela puxa meus cabelos e me faz olhá-la. Milena cola sua boca na
minha e beija-me com fervor, fazendo nossos corpos se esfregarem sem
pudor. Milena desliza as mãos pelo meu peito e abre alguns botões da minha
camisa e gemo contra sua boca ao sentir suas mãos delicadas contra minha
pele.
— Sempre quis fazer isso — sorri enquanto desliza os lábios
entreabertos contra meu queixo e vai descendo até meu pescoço onde morde
com força.
Puxo seus cabelos para trás e ela solta uma risada.
— Gosta de coisas brutas?
Milena passa a língua entre os lábios e olha para o meu peito e suas
mãos pequenas vão explorando meu peito até onde pode. Aproximo nossos
rostos e mordo com força seu queixo e lambo em seguida, retorno para seus
lábios inchados e com a mão livre deslizo uma das alças do seu vestido,
libertando um dos seus seios durinhos, que logo se arrepiam com o vento frio
da noite.
Deixo sua boca e logo abocanho seu mamilo intumescido, chupo sua
auréola com gosto, fazendo-a gemer alto e segurar minha cabeça contra seu
peito, pedindo por mais. Seguro seu seio com a mão, o chupo com força e
lambo sua pele imaculada, cheirosa.
Sua cabeça está jogada para trás e por seus lábios ela sussurra meu
nome em formato de gemidos lamuriosos.
— Não para — diz enquanto mordisco seu mamilo com certa pressão
e isso a faz se esfregar ainda mais contra meu pau duro coberto pelas calças.
Se ela continuar se mexendo desse jeito acabarei gozando na cueca e
o estrago seria grande.
Seguro sua cintura e num único movimento faço-a se deitar sobre a
toalha. Sem me importar se faríamos sujeira ao nosso redor, empurro os potes
e copos. Me ponho entre suas pernas abertas e me esfrego em seu ponto
sensível, o que a faz delirar segurando meus ombros, soltar gemidos altos e
acompanhar meus movimentos.
Liberto seu outro seio e o aperto enquanto dou a mesma atenção que
dei ao outro. Não deveria estar dessa forma ao ar livre, mas era impossível
me controlar com Milena me provocando, a cada segundo, e ela tinha
conseguido me tirar do eixo.
Lambo o meio dos seus seios e sigo para seu pescoço delicado,
chupando e beijando. Nessa altura do campeonato seu vestido já está
embolado em sua cintura e querendo ver a parte inferior de seu corpo, afasto-
me, por ter mantido os faróis do carro ligado visualizo perfeitamente cada
contorno de sua silhueta. Mesmo que Milena seja jovem, ela tem um corpo
que com toda certeza causa inveja para qualquer mulher. Seus seios são
firmes e levemente cheios, sua cintura é fina e barriga plana. Seus quadris são
levemente largos e isso deixa qualquer homem louco. E suas coxas são
roliças e firmes.
— O que está olhando? — Pergunta arrastando as mãos pela minha
camisa que neste momento já saiu de dentro das calças e estava toda
amassada.
— Estou somente a admirando — toco em sua coxa e deslizo os
dedos pela sua virilha fazendo-a se contorcer.
Me inclino sobre seu corpo e com uma mão deslizo pelo tecido da sua
calcinha rendada e seguro um grunhido ao senti-la molhada, ou melhor
encharcada.
— Não vamos ultrapassar as carícias — digo beijando levemente seus
lábios. — Você não merece ter sua primeira vez desse jeito.
— Não me importo, só quero ter você.
— Mas eu me importo — retruco. — Chegará o momento em que a
farei minha, mas não será hoje ou amanhã, mas esteja certa de que a farei
minha.
— Aronne, não faz isso — pede manhosa.
— Shhhhh.
Afasto sua calcinha para o lado, deslizo meus dedos pela sua
excitação, toco em seu clitóris inchado e pronto para ser chupado, mas não
farei isso agora. Quero fazê-la gozar na minha boca em cima de uma cama,
onde eu poderei tê-la em meus braços depois, não aqui em um chão duro e
um lugar onde não nos traz proteção e conforto.
Com isso na cabeça dou um último beijo e ponho sua calcinha no
lugar, logo depois lambo meus dedos, sentindo seu gosto meio salgado.
Milena me encara ofegante e vejo um lampejo de indignação por eu não ter
feito o que ela queria.
— Não me olhe assim — acaricio seu rosto delicado.
— Eu vou arranjar alguém que possa me dar o que você não pode! —
Diz petulantemente.
Estreito meus olhos em sua direção e aproximo nossos rostos.
— Não diga algo que não irá fazer, pássaro — digo rude. — E nem
pense em me deixar com ciúmes.
— Senão o quê? — Me olha desafiadora e aperta meu pau sobre as
calças. — Pelo menos não sou somente eu que irei ficar frustrada.
— Não me teste, Lena — beijo seu nariz. — Agora temos que juntar a
bagunça que fizemos e ir embora.
Milena me empurra e se levanta arrumando seu vestido, o pondo no
lugar e me fita com raiva enquanto ajeita a parte de cima.
— Temos que estabelecer uma regra — diz ela.
— E qual seria essa regra?
— Você não poderá se envolver com mais ninguém enquanto estiver
comigo.
— Isso serve para você também.
— Tudo bem.
Me levanto e ajeito meu membro pulsante dentro das calças e isso faz
Milena olhar para o meio das minhas pernas.
— Que peninha.
Tento beijá-la, mas ela se afasta, começa a juntar as coisas e pôr
dentro da cesta, pega a toalha sacode e dobra.
— Você vai me pagar, Pellegrino — diz se aproximando e pega meu
pênis com certa força. — Se você vai ser somente meu, então sinto em dizer
que seu pau irá ficar roxo de tanto tesão reprimido.
— E você vai ficar louquinha.
Milena se afasta e me lança um sorriso convencido.
— Se eu fosse você não teria tanta certeza disso.
— O que você quer dizer com isso?
— Há outras formas de se dar prazer, meu querido.
Sinto o sangue chegar intensamente no meu membro, sabendo muito
bem o que ela queria dizer com aquilo. Milena Sartori iria testar meu
autocontrole e sei que não vou suportar por muito tempo mantê-la intocada.
Que o homem lá de cima tenha piedade de mim, pois Milena será minha
ruína.
MILENA
MILENA
Decidi não beber mais até chegar á boate, onde disse para mim
mesma que iria encher a cara e ninguém iria me segurar. O convite de Perla
veio num bom momento, precisava me distrair e sentir que poderia retomar a
minha vida.
Aronne pode continuar a mentir o quanto quiser, eu não iria me
importar. Não fale o que você não sabe — minha consciência retumba em
minha mente. Eu estou magoada e esse é o principal fator por estar aqui na
frente do meu espelho terminando de colocar meus saltos altíssimos e tiras
pretas.
Estava bonita. Tinha feito questão de exagerar na maquiagem,
fazendo um esfumado preto nos olhos, exagerando no rímel e batom
vermelho, que combinam bastante com o tubinho que vai até minhas coxas.
O vestido se agarra em meu corpo, marcando todas minhas curvas e
acentuando meus seios no decote de coração. Me aprecio mais um pouco no
espelho até que pego minha bolsa de mão prata e somente coloco meu celular
ali dentro.
Hoje iria ser uma noite de diversão e estava ansiosa para isso. Desço
para o andar inferior e me encaminho para fora da casa, encontro alguns
soldados patrulhando a casa.
— Preciso que me leve a Sensazione — digo para um soldado,
ignorando completamente Aronne que estava há alguns metros.
Não iria pedi-lo para me levar a boate nesta noite. Não queria ficar
perto dele e sim esquecê-lo ao menos por hoje.
— Sim, senhorita — ele se encaminha até a garagem para buscar o
veículo.
Mantenho minha atenção para frente e ignoro-o ao senti-lo se
aproximar. Seguro com força minha bolsa e controlo a vontade de olhá-lo. Se
eu encontrasse seus olhos azuis, iria me lembrar do dia perfeito que tivemos e
também irei recordar como ele terminou. Mantenha o controle.
— Não sabia que iria sair — ele diz em um tom neutro.
Lambo meus lábios secos e digo sem olhá-lo.
— Pelo que eu saiba não tenho que lhe informar para onde vou —
meu tom sai rude.
De relance o vejo pôr as mãos dentro dos bolsos da sua calça, com
isso queria dizer que estava incomodado de como as coisas estavam
seguindo.
— Sei que pode estar irritada...
— Poupe suas palavras — murmuro calma. — Quando você estiver
disposto a dizer o que aconteceu, poderá me procurar, mas até lá irei me
divertir.
Nesse momento o carro parou em minha frente e entrei rapidamente.
Somente dentro do veículo me permito olhá-lo. Sua expressão estava sombria
e dava para ver que ele não estava nada contente com minha forma de agir.
O caminho até a boate foi feito com calma e ao entrar no local, o
mesmo já estava lotado. O soldado que me trouxe, misturou-se entre as
pessoas, sabia que ele me vigiaria ao longe. Tinha combinado de encontrar
Perla no bar e foi para lá que fui, enquanto a espero peço a primeira rodada
de tequila. A primeira dose desceu rasgando, mas as seguintes desceram
facilmente.
— Oi! — Perla para ao meu lado e vejo outras duas moças com ela.
— Essas são Tessa e Nora.
Cumprimento-as e volto minha atenção para Perla.
— Parece que já começou a festa sozinha — ela continua e olho para
os copinhos vazios a minha frente.
Dou um sorriso bêbado. Talvez fosse necessário parar um pouco de
beber como uma desvairada.
— Peçam o que quiser, é por conta da casa — solto uma risada no
final.
— É você já está meio alta — Perla constata e em seguida pede um
drink colorido, sendo seguida por suas amigas.
Depois disso fomos para a pista de dança e começamos a dançar no
ritmo da música. Balanço meu corpo, sentindo-me leve como nunca e sei que
essa sensação se dá por causa de tanto álcool que já havia ingerido até agora.
A cada música que toca, me animo mais e sinto-me suar e ofegar no meio dos
outros corpos. Vez ou outra retorno ao bar e bebo outra rodada de tequila.
Perla e suas amigas estavam em seus drinks coloridos.
— Você não está exagerando? — Perla me observa virar mais uma
dose.
— Estamos aqui para nos divertirrrrr — digo meio bêbada.
Ela segura minha mão quando vou virar mais um copinho.
— É melhor você se controlar.
Levanto as sobrancelhas e olho para sua mão que está fechada em
meu pulso.
— Eu...sei o que...estou fazendooo — digo meio arrastada e ao
mesmo tempo desvio sua mão do meu pulso. — Não se preocupe.
— Milena...
— Vamos nos divertir!
Termino mais uma dose e volto para a pista de dança, sem me
importar por estar completamente bêbada. Só quero me divertir esta noite e
ninguém irá me impedir de ter isso. Não sei quanto tempo passo dançando.
Sinto somente uma mão deslizar pelo meu corpo e me puxar para trás. Solto
um sorriso bêbado e continuo a movimentar meus quadris, sentindo a pessoa
atrás de mim ficar dura.
Levanto meus braços para cima e passo minhas mãos pelo seu
pescoço.
— Mexe mais esse rabo gostoso — ele diz em meu ouvido e mordisca
minha orelha.
Faço o que ele manda e cada vez mais o estranho fica excitado,
apertando minha cintura. Me viro para ficar de frente para o homem e por
causa das luzes néons, não consigo ver direito seu rosto e seus olhos. Pelo
pouco que o vejo até que é atraente, mas não é quem eu queria que fosse.
Ainda segurando minha cintura, ele põe a outra mão em minha nuca e
tenta puxar meu rosto para o seu. Ponho minhas mãos em seu peito e consigo
desviar minha boca da sua. Algo ao longe chama minha atenção e sinto-me
ficar tensa completamente.
Aronne está parado há alguns metros de mim e ele não parece nada
contente com o que vê. Mantenho meus olhos nele e continuo a dançar com o
homem que me agarra. Isso parece fazer Aronne ferver de raiva e quase
tremo ao vê-lo andar em minha direção.
Em um movimento rápido Aronne me puxa para longe dos braços do
estranho e isso me faz rir. É estou completamente bêbada.
— Está louco? — O estranho nos olha.
— Fica longe dela — o tom que Aronne usa é ameaçador.
— Ela está dançando comigo — o estranho me olha sem entender.
— Ela é minha namorada — fico surpresa com o que ele diz.
O estranho desiste de insistir e vai embora. Aronne me puxa para fora
da pista de dança, nos levando até um corredor que dá acesso para os
banheiros e me empurra na parede.
— O que você tinha na cabeça? — Rosna perto do meu rosto.
Mordo meu lábio e toco em seu rosto. Ele fica tão bonito com raiva.
— Eu só queria me divertir.
— E isso inclui um homem a tocando?
Aproximo meu rosto do seu e roço nossas bocas. Queria tanto beijá-
lo, mas antes que eu fizesse isso. Aronne segura meus ombros e me afasta.
— Você está bêbada — ele diz me olhando com raiva. — O que está
acontecendo com você, Milena?
Solto uma risada e ponho minhas mãos em seu peito forte.
— Você é o motivo.
— E o que foi que eu fiz para você beber e deixar um estranho tocá-
la?
— Você está mentindo para mim — digo amargamente. — E eu odeio
mentiras.
Como se soubesse do que estou me referindo, o vejo respirar fundo.
— Hoje no museu me confundiram como sendo seu pai — ele
finalmente diz.
Franzo o rosto e tento entender o que ele diz, mas minha mente
bêbada quase me impede de raciocinar.
— E isso o fez agir daquela forma? — Pergunto incrédula.
— Isso me fez perceber que todos vão achar o que aquela mulher
achou — tenta se justificar.
— E você se importa com isso? — Bato em seu peito.
— Não, mas não quer dizer que não me deixou pensativo sobre a
nossa situação.
— E qual é a nossa situação?
Aronne se afasta e passa as mãos pelos cabelos desgrenhados. Ele
parece não saber o que dizer e isso me deixa apavorada.
— Eu não...
— Se você disser que o que temos é um erro — balanço a cabeça. —
Eu vou me sentir destruída, porque eu gosto de você e sei que também gosta
de mim, então não vamos viver pensando no que é certo, nem sempre o
correto é o ideal para nós.
— Seu irmão irá nos matar.
— Eu não me importo — dou um passo em sua direção. — Não me
importo que as pessoas nos olhem torto por você ser mais velho, não me
importo que meu irmão queira nos matar se descobrir que temos uma relação.
— Talvez um dia você se arrependa do que está dizendo.
— Talvez não. — Seguro seu rosto. — Porque o que sinto por você é
muito forte e farei de tudo para que daqui alguns anos eu continue sentindo
isso.
Aronne segura meu rosto e aproxima sua boca na minha.
— Garota! Não sei o que faço com você — confessa rindo. — Se a
esgano por ter se esfregado em outro homem ou se a beijo por querer ficar
comigo.
— Eu escolho a segunda opção — mordisco seu lábio.
Aronne me beija sem pensar duas vezes e me prende contra seu corpo,
me fazendo sentir aquele desejo tão conhecido se instalar entre nós. O abraço
como posso e deixo que ele tome minha boca na sua. Somente assim poderia
demonstrar o quanto gosto dele, que nada nem ninguém iria nos afastar.
MILENA
Enterro meu rosto mais em seu peito, não querendo nunca mais sair
dos seus braços. Seu cheiro me invade e com isso suspiro em deleite. Há
algumas horas estou em seus braços e não saímos da cama por nada. Parece
tão certo estar aqui.
Seus dedos longos movimentam para cima e para baixo, numa carícia
magnifica, ao longo das minhas costas e isso me faz relaxar cada vez mais.
Passo minha mão pelo seu peito e toco levemente sua pele.
— Estou feliz — sussurro levantando um pouco a cabeça,
encontrando suas íris cristalinas.
Aronne dá um sorriso de lado e sua mão que está em minhas costas
vai para meus cabelos tirar uma mecha do rosto. Ele gira-a no dedo e depois
põe atrás da minha orelha.
— Também estou feliz — abre ainda mais o sorriso. — Muito.
Mordo meu lábio e inclino a cabeça para perto da sua encostando
nossas testas.
— Queria que isso durasse por mais tempo — confidencio. — Mas
em algum momento tenho que voltar para casa.
Em seu rosto vejo compreensão, pois ele sabe bem que eu não posso
ficar por mais tempo.
— Que tal um banho e depois a levo para casa? — Diz por fim,
tocando em minha bochecha.
— Acho perfeito.
Aronne se levanta da cama e estende a mão para mim. Faço uma
careta ao me levantar, sentindo um leve incômodo em minha vagina.
Percebendo isso, me pega em seus braços, fazendo com que eu o envolver
com pernas e braços. Solto uma risada quando nos carrega para o banheiro.
— Eu sei andar — digo acariciando seus cabelos desgrenhados.
— Gosto de tê-la em meus braços — diz beijando a ponta do meu
nariz e me põe sentada sobre o mármore da pia.
O vejo abrindo o box e ligar o chuveiro. Por estarmos nus, ele apenas
me pega em seus braços novamente e nos põe sob a água morna. Fecho os
olhos e inclino o rosto um pouco para trás, sentindo a água cair sobre nós.
Para tomarmos um banho descentemente ele me desce do seu colo, o
ajudo a ensaboar o corpo enquanto repete o mesmo processo em mim. O
nosso banho foi permeado por carícias e beijos. Aronne não tentou nada,
estava respeitando meu tempo após perder a virgindade e agradeço á ele, pois
não sei se aguentaria mais uma rodada de sexo.
Só espero que seja menos dolorido na próxima vez, porque com toda
certeza teria uma. Terminamos nosso banho e seguimos para o quarto, coloco
minhas roupas da noite anterior e ajeito da melhor forma meus cabelos
molhados.
— Seus sapatos, senhorita — Aronne dá uma piscadela maliciosa ao
entregar meus saltos.
— Obrigada — me sento na ponta da cama e calço-os.
Aproximo-me de Aronne que está vestindo um dos seus ternos pretos
e mordo meu lábio. Sempre gostei de vê-lo vestido dessa forma, mas prefiro
vê-lo com calça jeans, camiseta e jaqueta. Abotoo os últimos botões da sua
camisa social e pego o paletó.
Ao nos ver vestidos e prontos para sair da nossa pequena redoma,
sinto um leve aperto em meu peito. Não estou pronta para terminar isso
ainda, queria poder ficar mais algumas horas e aproveitar nosso pequeno
momento.
Aronne segura em minha mão enquanto nos leva para fora do
apartamento e seguimos para a garagem do prédio. Tento não me sentir triste
por ter de voltar para casa. Assim que paramos na frente da minha casa, ele
vira para mim e vê a melancolia estampada em meu rosto.
— Pássaro, não fique assim — toca em meu rosto. — Logo teremos
mais tempo para nós.
— Eu sei — beijo a palma em sua mão — Irei sentir sua falta.
— Eu também, pássaro — aproxima o rosto do meu. — Agora
preciso que entre e seja a Milena que todos conhecem.
Dou um pequeno sorriso contra seus lábios e digo com jubilo:
— Será quase impossível, já que fui bem fodida.
— Milena — seu tom soa em aviso. — Não seja tão arrogante.
Planto um beijo em seus lábios e me afasto.
— Não consigo evitar — dou uma piscadela. — Foi uma ótima foda
Sr. Pellegrino.
Aronne balança a cabeça enquanto pego minha bolsa e saio do carro,
com um sorriso presunçoso no rosto. Meu dia tinha começado
definitivamente bem e não quero perder a leveza que estou sentindo.
Enzo voltou para casa naquela tarde. Não nos falamos sequer nos
cumprimentamos, somente o vejo passando e seguir para seu escritório. Estou
na sala de visitas lendo uma revista e continuo a fazer isso enquanto espero o
tempo passar.
Eu preciso fazer algo, não quero ficar parada. Então decido ir para a
cozinha onde encontro Tália trabalhando.
— Precisa de ajuda?
Eu não sou de interagir com os empregados da casa. Mas oferecer
algum tipo de ajuda é melhor do que ficar parada olhando para as paredes
sem graça. Tália me fita com surpresa, até eu estaria surpresa comigo mesma.
Nunca ofereci ajuda, na verdade eu sempre fiz as confusões dentro da casa
para a pobre mulher limpar.
— Não é necessária senhorita — ela diz em tom baixo.
Suspiro me recostando na bancada vendo-a cortar os legumes.
— Com quantos anos começou a trabalhar, Tália?
A mulher me olha por alguns segundos, com toda certeza ela deve
estar achando que enlouqueci, mas eu só estou me sentindo solitária e quero
ter algum tipo de companhia.
— Aos treze — me responde.
— Muito nova — constato. — Mas você é feliz com seu trabalho?
Tália se movimenta entra a bancada e o fogão, pondo os legumes em
uma panela e depois virando para mim.
— Não tenho de que reclamar, senhorita — dá de ombro. — Minha
mãe trabalhou a vida toda para sua família e para mim é uma honra continuar
o trabalho dela.
Apenas aceno e me aproximo do fogão, olhando o que ela está
fazendo.
— Ás vezes não é fácil viver nesse mundo, não é?
Vejo-a pôr algumas coisas na panela e depois mexer com uma colher.
Ela é bem ágil e vejo que tem bastante prática.
— Fomos feitos para suportar qualquer tipo de coisa, senhorita.
Sigo para a banqueta e me sento cruzando as pernas, me fazendo
sentir uma leve dorzinha em meu sexo, lembrando-me do que fizera há
algumas horas. Me forço a não lembrar de Aronne e do seu maravilhoso
corpo em cima do meu, dando-me prazer.
— Sabe — toco em meus cabelos. — Eu não aprendi a cozinhar ou
costurar, como muitas garotas da famiglia aprenderam.
Na verdade eu só havia aprendido uma coisa em minha vida, matar,
mas não pensem que faço isso desde sempre. Não! Meu irmão quis que eu
aprendesse a me defender, saber usar uma arma e a usasse quando me
sentisse coagida ou ameaçada. Fui treinada por ele, não tive a mesma
iniciação dos homens dentro da máfia, mas fui iniciada, aprendi a lutar, atirar
e matar quando fosse necessário. Aos meus dezoito fiz o primeiro trabalho
pra famiglia, era para ser apenas um serviço simples, apenas uma informação
que eu deveria descobrir, mas que acabou em sangue. O homem que deveria
ser meu informante era um traidor e tentou me acertar com um tiro, mas fui
mais ágil e atirei primeiro, fazendo a bala atingir sua cabeça. Não me senti
culpada nem tive remorso pelo que fiz. Eu havia me protegido, atirei por
legítima defesa.
Mas isso resultou em meu irmão vendo que eu não era frágil como as
outras garotas da máfia, que eu sabia agir em meio á pressão e não recuaria
quando ameaçada. Eu era diferente e não tinha medo de me arriscar, por isso
ele me deu outros trabalhos, mas somente quando era restritamente sigiloso,
portanto para muitos eu era vista como uma pessoa frágil e leiga sobre a
podridão da famiglia. Mal sabiam essas pessoas que em muitas vezes fora eu
a salvar os seus malditos rabos. Era bom saber que muitos me deviam as suas
vidas, até mesmo meu irmão.
— Tenho certeza de que a senhorita sabe fazer muitas coisas.
— É, quem sabe — dou de ombro. — No final sempre seguirei o
caminho das outras garotas.
Tália apenas acena. Eu não sei muito sobre ela e não fazia questão de
saber. Somente sei que ela trabalha há anos para minha família, assim como
sua mãe trabalhou. Não sei se ela é casada ou tem filhos. Eu não conheço
muitas pessoas, dava para ver isso.
ARONNE
— Você parece nervoso — Aiden que está ao meu lado diz em tom
debochado.
Ponho minhas mãos dentro dos bolsos da calça e olho de relance para
ele, que tem um sorriso cretino no rosto. O idiota adora me testar e ás vezes
consegue uma reação minha, no entanto hoje eu me manteria no controle,
porque é preciso.
— É impressão sua — falo em tom neutro.
— Então porque aparenta querer arrancar a qualquer momento a
cabeça daquele homem que está na companhia da Sartori? — Debocha ainda
mais.
Viro de costas para onde Milena está sentada em uma mesa
conversando com Álvaro de Castro. Sei que ele é um bom advogado e que
está fazendo um serviço para Enzo, nada mais que isso.
— Você está vendo coisas.
Está sendo quase impossível me controlar, quero fazê-la se afastar
daquele homem, mesmo que ele não esteja próximo á ela, a tocando, mas
sinto a necessidade de tirá-la da vista de qualquer homem que a olhe por mais
de dois segundos.
— Sim, sei — ele se encosta, no balcão, onde estamos e continua a
olhando. — Como é vigiá-la?
— Como assim? — Olho-o sem entender.
— Toda essa arrogância, soberania.
Volto a olhar para Milena e penso no que Aiden diz. Antes eu
pensava a mesma coisa que ele, mas agora eu vejo que Milena não é tudo que
as pessoas dizem. Milena é apenas uma pessoa que tem sonhos, vontades e
necessita de atenção. Mas ela esconde toda a sua fragilidade e bondade atrás
de uma personalidade que não condiz com o que realmente é.
Dou de ombro, para não demonstrar que conheço bem aquela garota.
Preciso ser ainda mais neutro com meus sentimentos e não demonstrar o
quanto gosto dela.
— São muitos anos trabalhando para os Sartori — olho para ele. —
Estou acostumado com tudo isso.
Aiden solta um resmungo e ao mesmo tempo uma careta.
— Ás vezes da vontade de dar um corretivo nessa garota — diz
frustrado.
Tenho vontade de dar um soco na cara dele, só para esse idiota
esquecer a ideia de querer encostar, nela. Aiden é muito petulante e imaginá-
lo batendo em Milena, só me faz ver o quanto é sem caráter.
— Se o Don, ouvir o que disse, tenha a certeza de que não irá ver o
dia amanhecer mais uma vez.
Aiden solta uma risada, como se não acreditasse no que digo. Mal
sabe ele que Enzo Sartori pode fazer qualquer coisa para proteger a irmã.
Um movimento a nossa frente me faz desviar atenção de Aiden e vejo
o momento que Milena se levanta e o homem estende a mão na sua direção,
se despedindo. Ela dá um sorriso para ele e concorda com algo que diz.
Fecho meus punhos por vê-los apertando as mãos e conto até dez para me
controlar.
Milena vira em minha direção e dá um aceno. Não me despeço de
Aiden e caminho na direção dela, acompanhando-a para fora do restaurante.
Não consigo evitar olhar para o traseiro dela, que está bem marcado pelo
vestido azul claro, que contorna muito bem sua bunda. Engulo em seco, é
impossível meu pau não vibrar dentro da calça. Se controle.
Já se passara uma semana desde que a tive em meus braços, que tirei
sua virgindade. Parece tanto tempo, mas não podemos ficar nos encontrando
em todos os momentos, deixaria muito evidente que temos algo, é facilitar
para que Enzo descubra sobre nós.
Respiro fundo por diversas vezes até que entrarmos no carro, assim
que dou partida, Milena se transfere para á frente virando para mim.
— Senti sua falta — se inclina para cima de mim e beija meus lábios
levemente.
Tento me concentrar na estrada, mas sentir seu cheiro é hipnotizante,
fico tentado a pegá-la em meus braços e tê-la aqui mesmo.
— Milena, assim bato o carro — digo com o tom rouco.
Ela solta uma risada e se afasta, pondo o cinto de segurança, e
mexendo no sistema de som do carro.
— Vamos para um lugar — sugere.
— Para onde a senhorita quer ir? — Olho-a de relance.
Milena fica calada por alguns segundos até dizer.
— Para o seu apartamento — diz com provocação.
Aperto um pouco o volante e tento pensar no que ela quer fazer lá,
mas é impossível não pensar nela nua sob meu corpo. Minha boca em sua
pele, sentindo seu gosto e seus gemidos deliciosos soarem pelas paredes do
apartamento.
— É isso que quer?
Milena morde o lábio inferior e acena vagarosamente. Engulo em
seco e forço-me a manter o controle. É difícil manter a concentração na
estrada, e quando estaciono o carro na garagem do prédio, mal tenho tempo
de desafivelar o cinto de segurança, que logo Milena está sobre mim,
beijando-me loucamente, segurando meus cabelos e me puxando para perto
de si.
Seguro em sua cintura, tentando ter algum controle da situação.
Milena mexe seus quadris em cima dos meus, fazendo-me grunhir contra sua
boca, puxo seus cabelos da nuca, inclinando um pouco sua cabeça e tomando
o controle da situação. Ela solta uma risada quando mordisco seu queixo e
deslizo minha língua por sua pele.
— Senti tanta falta disso — confessa com os olhos fechados e o rosto
cheio de desejo.
Beijo sua orelha, mordendo o lóbulo e ao mesmo tempo digo com
desejo.
— Sentiu falta do meu pau? — Rosno apertando seu traseiro tentador.
— Da minha boca sobre sua pele, dos orgasmos que lhe proporciono?
Milena segura meu rosto entre suas mãos pequenas e fixa seus olhos
nos meus.
— Senti falta de você — beija o canto da minha boca. — O que me
dá, é apenas um brinde.
Ela sabe ser gentil e isso me fez querê-la ainda mais. Seguro seu
cabelo e capturo sua boca na minha, mordendo e sugando seus lábios. E,
Milena não fica parada. Chupa minha língua e mordisca meu lábio enquanto
suas mãos deslizam pelo meu peito e vai abrindo os botões.
— Vamos sair do carro — digo, tentando raciocinar direito, o que se
torna uma tarefa difícil.
Tento tirá-lo do meu colo, mas suas mãos me empurram no banco e
ela me olha ofegante.
— Não! — Beija meu rosto e vai descendo até meu pescoço,
deslizando a língua por minha pele até meu peito desnudo.
— É arriscado, Milena.
— Não me importo — diz com a voz abafada.
Olho para os lados, vendo se tem algum movimento na garagem do
prédio e tudo aparenta calmaria. Eu não seria omisso e ingênuo para dizer que
nunca fiz sexo dentro do carro, mas estar aqui com Milena é outra situação.
Ela merece um lugar mais privado e confortável, não um carro apertado e
uma trepada rápida.
— Vai ser sua segunda vez e ainda não estará preparada para ficar por
cima — tento argumentar, mas é como se eu não dissesse nada.
Milena termina de abrir minha camisa e desliza a peça pelos meus
ombros. Fico tenso ao perceber que ela realmente quer fazer isso aqui, em um
lugar público.
— Milena...
— Shhhh — ela põe o indicador sobre meus lábios. — Relaxa e
aproveita.
— Não tenho camisinha.
Ela mordisca o próprio lábio e se inclina na direção da sua bolsa que
está jogada no banco ao lado. De dentro da bolsa ela pega um pacotinho de
preservativo e o balança em minha frente. Balanço, a cabeça, e ela sorri,
segurando meu rosto e voltando a me beijar.
Tento relaxar o máximo possível e passeio minhas mãos pelas suas
costas, sentindo todo seu corpo que senti tanta falta. Milena se afasta um
pouco, subindo a saia do seu vestido, com isso abaixo meu olhar e olho para
sua calcinha branca rendada.
— Gostou? — Morde o lábio inferior.
Desço minha mão até o meio das suas pernas e sinto-a molhada por
cima da calcinha. Milena fecha os olhos e suspira enquanto continuo a
tocando por cima da peça. Com uma mão seguro seu rosto e tomando todo o
controle, afasto sua calcinha para o lado e dedilho sua bocetinha que está
completamente encharcada, fazendo-me enlouquecer.
Ela movimenta o quadril sobre minha mão que toca seu clitóris e
desce para sua entrada que está quente e escorregadia. Penetro um dedo em
sua abertura apertada. Milena se segura em meus ombros abaixando a cabeça,
liberando leves gemidos por sua boca.
Passo minha boca por sua mandíbula e vou descendo até parar no seu
colo, onde desço uma alça do seu vestido, revelando seu peito nu. Não espero
muito e o levo em minha boca, mordiscando seu mamilo e chupando em
seguida. Milena arqueja enquanto a penetro com meu dedo e dou atenção
para seus seios.
— Aronne... — geme, tencionando o corpo e logo a vejo jogar a
cabeça para trás, empinando os seios em minha direção.
Seu corpo fica tenso por alguns segundos, sei que ela acabara de
atingir seu orgasmo. Ela continua um pouco trêmula sobre meu corpo, não
paro de chupar seu seio e movimentar meu dedo em seu canal encharcado.
Logo a vejo voltar a gemer ciente de que seu desejo está voltando. Quero
fazê-la gozar mais uma vez. Quanto mais estiver molhada, melhor seria a
penetração. Mais fácil dela me receber nessa posição.
Milena puxa meus cabelos e quando a olho, bate sua boca na minha e
morde meu lábio com força, não ligo para a picada de dor que sinto com sua
agressividade e retribuo seu beijo esfomeado e furioso.
Retiro meu dedo do seu canal envolto em sua lubrificação, levo o
dedo até seu brotinho duro e faço pequenos círculos naquele ponto. Ela geme
cada vez mais e sua pele se arrepia cada vez que se aproxima mais uma vez
da sua libertação. Suas pernas se tencionam e antes que ela goze paro de
masturbá-la e num movimento rápido, afasto o banco para trás, dando um
pouco mais de espaço para nós.
Milena me encara ofegante e desce a outra alça do vestido, me dando
a bela visão dos seus seios durinhos e perfeitos. Ela se recosta no volante e
como se quisesse me levar ao ápice do tesão, aperta seus seios e solta um
suspiro de satisfação. Fecha os olhos e ao mesmo tempo aperta seus mamilos
entumecidos e dá um pequeno sorriso de lado.
Sinto meu pau empurrar cada vez mais o tecido da cueca e da calça,
me fazendo sentir uma leve dor nas bolas. Essa filha da mãe está me
deixando puto de tesão. Tiro uma das suas mãos dos seus seios e aperto a
carne dura, esfrego o mamilo fazendo-a se agitar, buscando atrito entre
nossos corpos a fim de sua liberação.
— Você quer meu pau? — Pergunto com a voz grossa.
Ela balança a cabeça acenando e faz círculos, rebolando os quadris,
tentando alguma fricção em minhas pernas. Belisco seu mamilo e ela arqueja
com a dor que a causo.
— Quero ouvir sua voz.
Milena abre os olhos e vejo os azuis brilhantes bêbados de desejo e
ela está a ponto de entrar em erupção de tesão, assim como eu.
— Sim — mia descendo a mão para sua bocetinha ensopada e
desejosa.
Antes que ela atinja seu ponto de prazer, seguro-a pelo pulso, e ela me
olha sem entender.
— Você vai sair desse carro e seguirá até o elevador como se nada
estivesse acontecendo.
— Aronne...
Seguro seu rosto entre as mãos e raspo nossas bocas.
— Quando chegarmos ao apartamento irei fodê-la como merece.
Ela solta um gemido de frustração e logo depois acena. Tiro-a do meu
colo e a ponho no banco ao lado. Nossas respirações estão pesadas, mas fixo
em minha cabeça que reprimirmos esse desejo descomunal tem um proposito
melhor, pois assim que atingirmos nosso objetivo, será muito mais prazeroso.
Milena sai do carro, ajeitando o vestido no corpo e caminhando na
direção do elevador. Seus passos são vagarosos e sei que nesse momento ela
está me xingando de todos os nomes possíveis. Porém, tenho que ser racional
não posso, transar, com ela dentro do carro, é perigoso demais, exposto
demais.
Ajeito meu membro dentro da calça e sinto-me mais controlado para
sair do carro, aciono a trava do veículo e vou em direção á ela, que está
parada na frente do elevador, batendo o pé freneticamente, certamente ela
deve estar raivosa por eu ter interrompido nosso momento no carro, mas logo
a recompensarei, e ela tirará essa carranca do rosto.
Entramos no elevador e continuamos calados, mas é possível sentir a
tensão entre nós dois, era quase impossível controlar o desejo que nos queima
loucamente e é preciso usar cada fibra do meu corpo para não puxá-la para
mim e terminar o que começamos. Nunca agradeci tanto por morar no
terceiro andar e logo chegamos ao meu apartamento.
Milena se controla até o momento que abro a porta e fecho. Ela solta a
bolsa no chão e segura meu pescoço com as duas mãos, me puxando para ela,
grudando sua boca na minha. Ela puxa minha camisa para fora da calça, abre
mais uma vez os botões e tira a camisa do meu corpo a jogando de qualquer
jeito no chão.
Desço minhas mãos pelas suas costas e as espalmo em seu traseiro
redondo e durinho. Aperto-os com força e faço um movimento para levantá-
la em meus braços, com isso suas pernas se entrelaçam em minha cintura e
ela me devora em seu beijo esfomeado.
Caminho para o quarto beijando-a, encontro a porta semiaberta, ao
entrar fecho com um chute, jogo-a sobre a cama. Milena se apoia nos
cotovelos e me fita enquanto tiro o resto da minha roupa, ficando
completamente nu em sua frente. Toco em meu pau que está muito duro e
seus olhos azuis esquadrinham até ele, Milena morde os lábios, fazendo-me
lembrar de quando tive sua boca quente ao redor do meu mastro e ela chupou
perfeitamente, me levando a loucura.
Milena logo chuta os saltos e se senta na cama tirando o vestido pela
cabeça, com uma expressão travessa tira lentamente a calcinha e a joga em
minha direção. Pego a peça e a levo para o meu rosto, sentindo seu cheiro
íntimo, sua excitação.
Solto a peça e vou na sua direção, subindo na cama e ficando no meio
das suas pernas escancaradas. Milena me toca na cintura e beija minha
barriga e vai subindo até encontrar meus olhos, fixando-os aos seus. Quando
me inclino para pegar a camisinha no criado mudo, Milena segura meu pulso.
— Estou tomando pílula — diz com o tom baixo.
Nunca tinha feito sexo sem proteção e imaginar entrar nela sem
nenhuma barreira, foi como ir ao céu e voltar.
— Nunca fiz sexo sem camisinha — digo para assegurá-la de que
estou limpo e sem nenhuma doença.
Milena dá um pequeno sorriso e me beija, me puxando para cima do
seu corpo e suas mãos correm pelas minhas costas e param em minha bunda,
que ela aperta e me puxa para ainda mais perto. Sinto sua bocetinha molhada
contra meu pau e isso me faz ranger os dentes, controlando a vontade de
invadi-la nesse momento.
Aos beijos guio a cabeça do meu pau para sua entrada e sinto o
quanto ela está molhada e faço-me lembrar que essa ainda era apenas sua
segunda vez, não posso pegar pesado como quero. Suspiro contra sua boca e
entro lentamente em seu canal estreito e molhado. Milena solta um gemido
contra minha boca e mexe o quadril em minha direção, fazendo-me entrar
ainda mais.
Seguro seu quadril e faço os movimentos de entrar e sair, sentindo o
tesão crepitar cada vez mais por nossos corpos. Milena geme mais a cada vez
que me movimento dentro da sua boceta que me acolhe tão bem. Ela arranha
minhas costas e acompanha os meus movimentos com os quadris, fazendo-
me gemer contra sua boca.
Aos poucos vou aumentando meus movimentos, até que me seguro na
cabeceira acima de nós e só conseguimos ouvir minha pelve batendo contra a
sua. Me afasto um pouco do seu corpo e vejo seus peitos pularem com meus
movimentos bruscos. Ela parece gostar do meu tratamento meio bruto.
Seus gemidos são altos e suas súplicas por mais são música para mim.
Fico de joelhos entre suas pernas e seguro sua cintura com as mãos, me
movimentando com força. Milena abre os olhos, me olhando languidamente e
isso me faz quase gozar. Tenciono meu maxilar e respiro com dificuldade,
querendo que ela goze mais uma vez antes de me dar por satisfeito.
Milena espalma as mãos em minha barriga e sinto sua bocetinha me
sugando com força e seu corpo tremer com o orgasmo que a atinge no
momento. Ela geme meu nome e com isso me deixo despejar em seu interior.
Meu corpo treme com cada jato de sêmen que solto, me deito em cima do seu
corpo suado e tento recobrar o raciocínio.
Saio de dentro dela e me deito ao seu lado, puxando-a para cima do
meu corpo relaxado. Ela deita a cabeça em meu peito e seus cabelos se
espalham com leveza sobre meu braço. Sinto seus lábios em meu peito e
depois ela levanta um pouco a cabeça me fitando.
— Isso foi melhor que a primeira vez — sorri.
— E prometo que irá ficar melhor — beijo sua testa.
ARONNE
Milena estava estranha e há dias que tinha se afastado. Mandei
algumas mensagens para ela e até liguei, no entanto não me atendeu nem ao
menos respondeu as mensagens. Também estranhei a atitude de Sartori ao
fazer Domênico trocar meus turnos dentro da propriedade, me alocando para
alguns galpões da máfia; transferindo a vigilância de Milena para Aiden.
Alguma coisa estava estranha nisso tudo, mas sabendo bem o meu lugar não
questionei sua decisão. Quando estava esperando Domênico dentro da casa
de Sartori, vi Milena saindo da casa e parar em minha frente. Seus olhos
azuis me fitaram por alguns segundos e logo desviou.
— Aiden, me leve para a empresa do meu irmão — diz com a voz
seca.
Aiden dá um pequeno aceno, apenas a sigo com o olhar, estranhando
sua frieza. Milena entra no carro e antes que Aiden a acompanhasse, saio
quase que correndo, tomo seu lugar entrando no carro e sem esperar dou a
partida. Milena me olha assustada.
— O que você está fazendo? — Vocifera.
— Levando-a para onde quer ir — digo concentrado na estrada.
— Aronne!
— Por que está me ignorando?
Ela parece agitada, se mexe por várias vezes no banco me olhando
pelo retrovisor põe o indicador sobre os lábios, me pedindo silêncio. Franzo o
rosto com isso e volto a minha atenção para o caminho. Quando menos
espero vejo seu celular estendido em minha direção e vejo uma mensagem
escrita.
Precisamos conversar.
Dou um pequeno aceno e sigo até uma cafeteria perto da empresa
Sartori, onde estaciono o carro e saio. Milena sai antes que eu possa abrir sua
porta seguindo para dentro do estabelecimento. Fomos até uma mesa distante
e nos sentamos de frente um para o outro.
— O que está acontecendo? — Sou o primeiro a falar, não
aguentando mais o seu silêncio.
— Não podemos ficar mais juntos — ela é direta.
Suas palavras me atingem de uma forma que não consigo explicar e
seus olhos azuis agora opacos eram um completo vazio, como se as suas
palavras não fossem nada.
— O quê?
Milena respira fundo, entrelaça os dedos sobre a mesa e diz.
— Foi bom enquanto durou, mas percebi que mereço algo melhor —
vejo-a vacilar por um segundo, mas logo recobra a máscara de arrogância.
Sinto como se houvessem agulhas perfurando minha pele e me
machucando com cada palavra que ela profere. Como ela consegue ser tão
fria?
— Milena, eu não entendo — falo incrédulo. — Estávamos bem.
— Sim, estávamos — concorda. — Mas percebi que tudo que tivemos
foi um erro.
— Não diga isso.
Como se não fosse nada ela continua.
— Você estava certo, eu não deveria me relacionar com alguém mais
velho, isso é um erro — solta uma risada seca. — Também estava certo
quando falou que um dia eu iria me arrepender por ter me envolvido com
você.
Não consigo dizer nada, é como se as palavras tivessem me
abandonado, elas insistem em não vir á minha boca, com cada palavra dita
por ela sinto que estou sendo sepultado vivo, sem nada poder fazer.
— Acabou — ela se levanta. — Não quero que você seja mais meu
segurança, para o seu próprio bem.
Como assim para o meu próprio bem?
Era minha obrigação cuidar dela sob qualquer circunstância. Se, estou
me sentindo acabado por dentro, claro que sim, mas é meu dever protegê-la.
— É meu dever cuidar de você.
— Não mais — revida. — Conversei com meu irmão e ele concordou
que Aiden substituirá você como meu protetor.
— Eu não admito isso!
Ela olha para os lados, põe uma mão sobre a mesa e se inclina a
frente.
— Não desobedeça, uma ordem, soldado — diz com frieza. — Não
me ligue mais ou mande mensagem, acabou.
— Milena...
— Siga com a sua vida — se afasta. — Vai ser melhor assim.
Continuei sentado enquanto a vejo virar, indo embora e junto consigo
levando parte do meu coração que já a ama loucamente. Aquela garota
conseguiu se infiltrar em mim, derrubou minhas barreiras, pegando para si
uma parte de mim. Parte essa que ninguém havia conseguido antes e no final
estava me arruinando completamente.
MILENA
Mais um serviço.
Enzo me incumbiu de mais um serviço e eu não pude recusar, mesmo
não me sentindo bem. Também tive de fingir que nada estava acontecendo,
agir friamente como sempre e meu irmão parece acreditar no que eu
demonstrava, diga-se de passagem, era bom.
Sei que a cada vez mais o elefante está crescendo, em breve será
impossível dele não ser visto. Mas eu ainda tenho algum tempo para decidir
como contar para ele sobre a gravidez, porque no fundo eu sei que alguém
precisa me apoiar. Só estou imensamente confusa, pois não sei para quem
contar sobre a gravidez, porque em breve a minha barriga irá crescer e será
impossível não revelar que estou grávida. E eu sei muito bem que a doutora
Sloan está certa sobre eu precisar de apoio.
Termino de me ajeitar, vou para fora da casa, não encontro Aiden e
sim Aronne.
— Onde está Aiden? — Pergunto seca.
Seu olhar é frio em minha direção, sinto como se meu coração
estivesse se congelando apenas com seu olhar.
— Sabemos que quando faz algum serviço para famiglia, é minha
obrigação estar ao seu lado.
A merda do choro quer romper nesse momento, mas seguro cada
partícula da minha fragilidade, apenas aceno e entro no carro, por todo trajeto
evito olhá-lo e apenas me concentrar no que devo fazer esta noite.
Normalmente eu sempre tento arrancar informações dos homens e no final
mato-os, mas hoje seria diferente. Iria encontrar uma mulher, uma informante
que age entre o submundo e as agências secretas. Recentemente Enzo ficou
sabendo que sua própria informante está traindo-o repassando informações
para máfias inimigas, fato que o deixou furioso. E aqui estou mais uma vez
limpando a sujeira que ele faz e eliminando seus traidores.
No momento que Aronne para na frente do restaurante, desço sem
esperá-lo e vou para dentro do prédio sofisticado. Seguro com firmeza minha
bolsa de mão e tento encontrar forças para me manter firme sobre minhas
pernas. Espero poder terminar rápido esse trabalho, poder me isolar dentro do
meu quarto e desejar que tudo que estou vivendo seja apenas um pesadelo
que logo irei acordar.
ARONNE
Consegui perceber que Milena não estava bem. Seu rosto pálido por si
só já confirmava, além de ostentar um olhar perdido e expressão cansada.
Queria poder pegá-la em meus braços e abraçá-la fortemente, dizer que tudo
iria ficar bem, mas eu havia perdido esse direito. O direito de amá-la. Eu não
poderia mais fazer isso.
Só posso continuar observando-a e nesse momento estou sentado no
bar do restaurante, bebendo água enquanto preferia na verdade uma garra de
Bourbon para afogar a merda das minhas mágoas, ao ver Milena se afastar
cada vez mais de mim. Ainda não entendi o motivo por ela ter se afastado,
mesmo dizendo que tinha caído em si e visto que nosso relacionamento era
um erro.
Ela não é essa garota arrogante que gosta de revelar, ela não é a porra
de uma mulher sem coração. Algo havia acontecido e todos os dias durante
essas semanas que se passaram tento compreender o que realmente aconteceu
para obriga-la a se afastar de mim.
Saio dos meus devaneios quando a vejo se levantar da mesa em que
está sentada com a informante, dizer algo e caminhar rapidamente para os
fundos do restaurante, onde fica os banheiros. Estranho essa atitude e decido
intervir.
Aproximo-me calmamente da mesa onde está a mulher, traidora de
Enzo e discretamente retiro a seringa do bolso do meu paletó e aplico no seu
pescoço, fazendo-a saltar em sua cadeira.
— O que...
— Tenha bons sonhos — digo fazendo-a se sentar direito na cadeira e
me olhar assustada.
Em poucos segundos ela estará morta, mais uma na vasta lista de
inimigos de Sartori a serem eliminados. As pessoas não dão atenção para
minha interação com a mulher e aproveito para seguir Milena, querendo saber
o que ela está fazendo. Paro na frente do banheiro feminino e dou uma batida.
Estranho ela não abrir a porta e forço a maçaneta, vendo que não está
trancada e isso me deixa em alerta. Abro lentamente a porta e corro na
direção de Milena quando a vejo, prostrada, na frente de um vaso sanitário e
parece estar desesperada.
— Milena — a chamo, me abaixando atrás dela segurando seus
cabelos.
Vejo-a vomitar mais e em seguida chorar. Seguro seu corpo e espero-
a se acalmar, o que demora alguns minutos. Permaneço ali com ela,
segurando-a e mostrando que não sairia do seu lado.
Milena endireita o corpo e vira o rosto para mim. Encontro seus olhos
vermelhos e inchados, seu rosto ainda mais pálido do que poderia me
lembrar.
— O que aconteceu? — Pergunto em tom baixo, mas preocupado.
— Acho que foi a comida — diz fechando a tampa do vaso, dando
descarga e se levanta. — Já estou bem.
— Claro que não está — acompanho-a até a pia, para limpar a boca.
Encontro seus olhos através do espelho, toda fraqueza e
vulnerabilidade que ela demonstrara segundos atrás some, desvendando a
Milena fria e insensível que conhecia muito bem.
— Já falei que estou bem — diz rude. — Preciso voltar e terminar o
que comecei.
Solto um suspiro e digo:
— Já conclui seu serviço.
Ela caminhava para a porta, no momento para e vira para mim.
— Não era necessário.
— Você estava prestes a desmaiar na frente da mulher.
Seu rosto franze, ela diz em tom baixo e ameaçador.
— Você acha que sou incapaz de concluir o que começo?
— Eu não disse isso.
— Mas é o que parece — fala raivosa.
— Milena...
Ela levanta a mão e percebo que mesmo tentando parecer fria e
inabalável, não está bem. Vejo pela forma que fraqueja e dá um passo
cambaleante para trás. Acontece tudo muito rápido, por instinto e reflexo
avanço para cima dela e a pego em meus braços, antes que seu corpo se
chocasse contra o chão.
Seguro-a contra meu corpo, andando rapidamente para fora do
restaurante, sigo pelas portas dos fundos, sem querer enfrentar a comoção que
com certeza estará acontecendo na parte central do restaurante, devido á
algum garçom já ter percebido que a mulher está morta.
Sinto-me em desespero, sem saber o que está acontecendo com
Milena, o porquê do seu desmaio e por que ela está com aspecto de doente.
Rezo para os céus, pedindo que nada de ruim esteja acontecendo com ela.
Sinto meu coração bater fortemente contra meu peito e a sensação que
a qualquer momento iria sair pela minha boca. Aronne descobriu sobre a
gravidez e isso não estava em meus planos. Não era para ele ficar sabendo.
Eu tinha tudo planejando e agora com Aronne sabendo, começava a intervir
nos meus planos.
Há dois dias parei no hospital e o médico disse que estava ficando
desidratada, uma das reações dos mal-estares. Disse para ele que estava
tomando alguns remédios para controlar os enjoos, mas que não estava
resultando em nada. Ele relatou que isso poderia acontecer e me aconselhou a
parar de tomar os medicamentos e somente continuar com as vitaminas, me
indicou que seria melhor optar por comer coisas leves e sempre ter alguma
garrafinha d’água ao meu lado.
Aronne escutou tudo atentamente, assim que tive alta e saímos do
hospital, ele nos levou num pequeno bistrô e me fez comer algo leve, diga-se,
salada e suco. Tentei dizer que não era necessário e que ficaria bem, que não
precisava me fazer comer. Mas com apenas um olhar dele, soube que não iria
sair do meu pé até que me visse comendo e que mantivesse o alimento no
estômago.
— A minha médica disse que pílula tem dois por cento de erro —
digo enquanto como e sinto a necessidade de falar sobre isso, mesmo ele não
tendo perguntado em nenhum momento. — Mesmo eu tomando
religiosamente todos os dias.
— Isso era para acontecer — ele dá um pequeno sorriso. — Talvez
seja algum tipo de propósito para nós.
Bufo enquanto bebo meu suco e limpo a boca com guardanapo.
— Não existe propósito — resmungo.
— Não iremos falar sobre isso agora — ele me corta. — Você precisa
de descanso.
Depois disso tentei ao máximo evitá-lo, o que resultou em não sair
dentro da casa, eludindo[8] até mesmo olhar para Enzo, temendo que também
soubesse sobre a gravidez. Aproveitei o silêncio que me rondava, decidindo
que não poderia ficar por muito mais tempo dentro dessa casa. Logo, minha
barriga iria aparecer e não teria como escondê-la, sendo assim, tomo a
decisão de que seria bom passar um tempo na casa dos meus pais, há uns
quilômetros da cidade.
Fazia muito tempo que não ia lá, mas seria minha melhor opção. Não
sei se Enzo concordaria, mas iria mesmo assim. Nunca fui de acatar as ordens
dele e não será agora que acatarei. Com esse pensamento monto minha mala,
colocando várias roupas, tanto de frio quanto de calor, sabia que logo teria
que optar por roupas um pouco mais largas. Depois de fazer minha mala,
decido descer e ir atrás de Enzo, comunicar que passaria um tempo longe.
Não foi surpresa encontrá-lo na mesa do café da manhã, junto com
Perla, que está se fazendo muito presente na casa.
— Então decidiu se juntar a nós? — Diz ao me ver.
— Precisamos conversar — ignoro o que ele diz.
Perla que está calada tomando seu café olha-me e dá um pequeno
sorriso. Há algum tempo não saíamos ou passávamos um tempo juntas,
conversando, fazendo compras ou qualquer outro tipo de coisa que fazíamos
antes.
— E tem que ser agora? — Pergunta me olhando sobre a xícara de
café.
— Sim.
Ignoro a comida a minha frente, evitando sentir o aroma das
panquecas doces e dos cookies. Essa manhã tinha amanhecido sem enjoo,
mas eu não iria me gabar da sorte e comer tudo que está a minha frente.
— Tudo bem — ele deposita a xícara na mesa e me encara. — O que
exatamente precisamos conversar?
— Irei viajar.
A fisionomia do rosto dele não se altera um centímetro sequer, mas os
seus olhos cinza demonstram levemente a confusão que seu semblante não
revela.
— E você quer minha permissão para isso?
Não controlo a risada que sai e balanço a cabeça ao mesmo tempo.
— Você sabe muito bem minha resposta.
Enzo pega novamente sua xícara e enquanto a leva para os lábios diz.
— E quanto tempo irá passar fora?
— Um tempo — sei que sou evasiva, mas ainda não tinha calculado
muito bem quantos meses iria precisar para parecer eu mesma novamente.
— Você não está sendo específica.
Dou um sorrisinho de lado.
— Bom, irei viajar hoje — pego um copo de suco, dou um pequeno
gole e fico aliviada ao ver que o enjoo ainda está distante.
— Tão em cima da hora? — Perla que estava calada diz.
— Sim — sorrio. — Já tenho tudo esquematizado.
— Irei comunicar alguns soldados para ir com você.
— Não é necessário! — Falo rápido.
— Não irei deixá-la desprotegida.
— Eu sei me cuidar — falo, torcendo por dentro para que ele não
insista em colocar soldados atrás de mim.
— Milena.
— Enzo.
Ficamos nos olhando por vários segundos. Ele sabia que não iria
aceitar seguranças atrás de mim, se fosse noutras circunstâncias eu poderia
aceitar sua ordem, mas agora, nesse momento, não posso correr o risco de
algum homem de Enzo me flagrar com a barriga protuberante e contar a
“novidade” para ele.
— Nos deixe a sós, Perla — Enzo pede sem deixar de me olhar.
Sem dizer nada Perla se retira da sala de jantar e no instante que
estamos sozinhos, Enzo se recosta na cadeira e entrelaça os dedos.
— Para onde você vai?
— Irei viajar por aí — suspiro. — Sem destino algum.
Ele parece não compreender minha decisão, mas também não quero
que ele entenda.
— Por que isso agora?
— Eu não sei — sinto um nó se formar em minha garganta. —
Preciso de férias, Enzo.
Meu irmão fica calado, somente me observando e em seguida dá um
pequeno aceno.
— Me acompanhe até o escritório — diz se levantando e sem esperar
para ver se eu iria acompanhá-lo, some da sala de jantar.
Sinto minhas mãos suarem e minhas pernas ficarem tremulas só por
imaginar que ele iria me impedir de sair dessa casa. Se ele fizesse isso tudo
estaria arruinado. Todo meu plano.
— Você não poderá viajar sem proteção — ele diz. — Sei muito bem
que você sabe se cuidar, mas há regras dentro da máfia e temos de segui-las.
— Enzo, por favor...
— Eu sou seu Don, Milena — me interrompe. — Você não pode
chegar de repente e dizer que irá viajar, sonhando que eu a deixarei ir como
se não houvesse inimigos em nossa cola.
Respiro fundo, sabendo que interrompê-lo, não iria fazê-lo parar seu
discurso.
— Você é minha irmã e tenho que protegê-la — continua.
Cruzo meus braços e digo:
— Eu estou cansada disso tudo — sussurro. — Cansada dessa merda
toda. De não poder fazer o que quero, de viajar por aí e conhecer coisas
novas. Estou cansada de fazer os serviços para famiglia e não ser reconhecida
por isso. Estou cansada disso tudo.
— E o que você quer? — Estreita os olhos. — Que eu deixe você sair
por essa porta e que faça loucuras, mais do que já fez?
— Eu sei que errei! — Rebato. — Mas eu não me arrependo, droga!
Enzo dá um sorriso irônico e inclina levemente a cabeça para o lado.
— Você é imprudente e não sei o que você vai fazer quando sair por
essa porta.
Dou um passo em sua direção, sentindo que preciso apelar ao seu lado
emocional, mesmo sabendo que não existia nenhum dentro dele. Mas eu tinha
que tentar.
— Eu não irei fazer nada para desonrar nosso nome.
— Seria impossível fazer algo que você já cometeu — bufa.
Seguro em suas mãos, tendo esse contato de carinho, ele franze o
rosto e olha para as nossas mãos juntas.
— Eu prometo pelo meu sangue que irei me comportar, só preciso de
um tempo para mim — sussurro com a voz embargada. — Preciso me
descobrir e quando eu voltar você procurar um noivo para mim, serei o que
você quer que eu seja.
Enzo passa alguns segundos, me olhando fixamente e depois do que
parece ser uma eternidade apenas acena.
— OK — diz relutante. — Mas somente com uma condição.
— E qual seria?
— Preciso que me dê sinal de vida uma vez por semana, pois dessa
forma saberei que está bem.
— Tudo bem.
— Então pode viajar — balanço a cabeça freneticamente. — Só não
faça besteira, Milena.
Antes de sair da sala, não me controlo e abraço meu irmão, que fica
surpreso com meu gesto, mas não retribui. Sorrio e me afasto.
— Não precisa sentir minha falta.
Enzo apenas revira os olhos e volta sua atenção para sua mesa cheia
de documentos. Mais uma vez estava tomando o controle da minha vida e
sentia que realmente estava fazendo o certo.
FIM.
EM BREVE PARTE 2
Fora uma decisão minha e das minhas betas em dividir esse livro em
dois, então caro leitor, não se preocupe que em breve teremos a segunda parte
do livro, vocês saberão o desfecho desse casal e o que a história ainda nos
revelará.
Espero que tenham gostado do desenvolvimento dele até aqui e
prometo que a segunda parte virá ainda mais emocionante. Milena e Aronne
ainda têm muito para nos contar.
https://www.facebook.com/groups/465352787340246/
https://www.instagram.com/camilaoliveira_autora/
https://chat.whatsapp.com/HMdwv4bilAvGMXAl05kdnW
[1]
família
[2]
chefe
[3]
Por que ele mentiria para mim?
[4]
Mentiroso, bastardo, saia daqui, saia!
[5]
Vou matá-lo, fazê-lo sangrar, mas antes disso o farei assistir enquanto mato quem você mais ama!
[6]
Gostaria de vê-lo tentar.
[7]
Redoma.
[8]
Evitar.