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Copyright
1 - Alyssa
2 - Alyssa
3 - Alyssa
4 - Alyssa
5 - Desmond
6 - Alyssa
7 - Alyssa
8 - Alyssa
9 - Alyssa
10 - Alyssa
11 - Rogan
12 - Alyssa
13 - Alyssa
14 - Alyssa
15 - Alyssa
16 - Mason
17 - Alyssa
18 - Alyssa
19 - Alyssa
20 - Alyssa
21 - Desmond
22 - Alyssa
23 - Alyssa
24 - Alyssa
25 - Alyssa
26 - Alyssa
27 - Rogan
28 - Alyssa
29 - Alyssa
30 - Alyssa
31 - Alyssa
32 - Alyssa
33 - Desmond
34 - Alyssa
35 - Alyssa
36 - Alyssa
37 - Mason
38 - Alyssa
39 - Alyssa
40 - Alyssa
41 - Desmond
42 - Alyssa
43 - Alyssa
44 - Alyssa
45 - Alyssa
46 - Alyssa
47 - Rogan
48 - Alyssa
49 - Alyssa
50 - Alyssa
51 - Alyssa
52 - Alyssa
53 - Mason
54 - Alyssa
55 - Alyssa
Epilogo
Protegendo Dallas
Sobre a Autora
 
 

 
O Brinquedo de Natal
 
 
Um Romance de Harém Reverso
Edição Especial
 
 
 
Krista Wolf
Copyright © 2019 Krista Wolf
Tradução: Moema Sarrapio
Revisão: Júlia Pessôa
 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode
ser reproduzida, distribuída ou transmitida de nenhuma forma sem
o consentimento prévio da autora.
Imagem da capa: Stock footage - a história não tem relação com os
modelos.
 

~ Other Livros de Krista Wolf ~


Uma Noiva de Sorte
Uma Babás para os Comandos
O Acordo com meu Ex
Uma Amante Secreta para os Navy SEALs
Esposa dos Fuzileiros
Protegendo Dallas
O Brinquedo de Natal
 
(em inglês)
 
Quadruple Duty
Quadruple Duty II - All or Nothing
Snowed In
Unwrapping Holly
The Arrangement
Three Alpha Romeo
What Happens in Vegas
Sharing Hannah
Unconventional
Saving Savannah
The Wager
Theirs To Keep
Corrupting Chastity
Stealing Candy
The Boys Who Loved Me
Three Christmas Wishes
Trading with the Boys
Surrogate with Benefits
The Vacation Toy
The Switching Hour
Secret Wife to the Special Forces
Given to the Mercenaries
Sharing Second Chances
 
 
Capítulo 1
 
 
 
ALYSSA
 
“Então vamos mover essa janela,”, eu disse, “e melhorar para vigas
laminadas aqui e aqui para suportar a carga adicional.”
Me inclinei sobre seu corpo, apontando o lado oposto das plantas.
Pode até ter sido intencional e meu cabelo escorregou pelo meu ombro e
encostou no seu belo rosto barbado.
“Ops,”, eu ri, “desculpa.”
Não, apaga o que eu disse. Foi definitivamente intencional.
“Parece bom.”, Desmond respondeu com a voz profunda e aveludada.
“Vou alterar o pedido. Se eu conheço a loja, isso não vai afetar a data de
entrega.”
O construtor-chefe se encostou de volta na cadeira, dobrando as mãos
atrás da cabeça para me olhar. Os botões da camisa de Desmond estavam
tensos na extensão do seu peito enorme. Seus braços estavam flexionados e
apertados dentro do tecido, parecendo que iam explodir a qualquer
momento.
Meu Deus…
Essa reunião acontecia uma vez por semana. Se eu estivesse com
sorte, duas. Mas ainda assim, eu poderia passar o dia todo no escritório dele
que não seria o suficiente.
Ele é tão perfeito.
“Seu cabelo está muito cheiroso, falando nisso.”, ele acrescentou, com
um sorriso. “Tipo um sorvete de morango.”
“Framboesa.”, eu o corrigi, tentando não ficar corada. “E baunilha.
Mas obrigada por notar.”
Nossos olhos se encontraram e eu pisquei os cílios só o suficiente para
um flerte sutil. E Desmond não desviou o olhar. Ele era sempre muito
profissional e confiante. Mas ultimamente…
Ultimamente ele me encarava de volta mais e mais.
“Nós, hm, também temos aquela reunião online na quinta.”, eu disse a
ele. “O Projeto Randall. Prédio comercial. Eles querem—”
“Não estarei aqui na quinta.”
Pisquei. Possivelmente de desapontamento.
“Vou parar uns dias antes.”, ele disse. “Viajar para—”
“Stowe!”, estalei os dedos. “Isso! Sua viagem de Natal anual com os
rapazes! E com, hm…”
Tentei não dizer, mas era tarde demais. Eu já tinha falado demais.
“Emma.”, Desmond respondeu, abaixando o tom de voz. “Sim,
obviamente ela não vai conosco este ano.”
Foi a gafe do ano. Todo mundo no escritório sabia que eles tinham
terminado. Assim como tudo mundo conhecia os três colegas que sempre
viajavam juntos no Natal: Mason, Rogan e Desmond. E nos últimos dois
anos, a namorada de Desmond, Emma — coincidentemente a filha do chefe
— também tinha ido com eles.
“Desculpa.”, eu disse melancolicamente.
Desmond tirou seus óculos de leitura, se transformando
instantaneamente de um sexy Clark Kent em um gostoso Superman. Sua
expressão se suavizou e eu sabia que era para o meu benefício.
“Não precisa se desculpar.”, ele disse, movendo um dos ombros
enormes. “O lance com Emma… não era para ser.”
Era a tradição anual deles: três caras solteiros que não tinham laços
estreitos com as famílias passando o Natal juntos em lugares exóticos. Eu
sabia que eles já tinham ido para as Bermudas e até para a Europa por uma
semana. Mas recentemente eles tinham ido com frequência para o Norte,
para uma casa nas montanhas de Vermont que Desmond tinha herdado.
“Bom, que pena para ela,”, eu disse, cruzando os braços, “que vai
passar um Natal chato para caramba este ano.”
Desmond me encarou, parecendo entretido pela minha fala. “Você
acha, é?”
“Com certeza.”, assenti. “Ficar aqui ao invés de ir para o Norte, onde
toda a diversão natalina acontece?”, eu sacudi a cabeça. “Caramba, seria tão
bom sair da Flórida por um tempo. Ver um pouco de neve novamente.”
“Isso é verdade.”, Desmond sorriu. “Você é do Norte, não é?”
“Garota de Jersey.”, eu disse orgulhosamente, sorrindo de volta para
ele. “Com o requinte novaiorquino, é claro.”
“O Natal por aqui deve ser estranho para você.”, ele disse.
“Tempestades ao invés de neve. Shorts e camisetas ao invés de casacos e
moletons.”
Eu gargalhei. “Precisei me adaptar, sim.”
“Por que você não vai para lá?”, ele perguntou. “Visitar sua família?”
Eu tentei, mas não pude segurar um sorriso amarelo. “Meus pais não
se importam com as festas de fim de ano. Eles geralmente passam o dia
pulando de casa em casa de amigos, se embriagando no processo. Eles não
têm nem árvore de Natal.”
“Isso é uma barbaridade.”, disse Desmond.
“Não é?”
“A falta de tradições familiares reais é um dos motivos principais
pelos quais eu e os rapazes começamos a celebrar juntos.”, ele disse,
refletindo. “Os pais de Rogan têm uma agência de viagens. Eles enviam
cartões postais de Natal do mundo todo para ele todo ano. E a família de
Mason… bom…”
Ele parou por um minuto, com a expressão introspectiva. Finalmente
ele olhou de volta para mim.
“O importante é que sempre nos divertimos juntos…”, ele disse. “Este
ano deve ser um pouco diferente sem a Emma, mas bem… vamos
aproveitar o máximo que pudermos.”
“Certamente vocês vão.”, respondi. “E a Emma realmente vai perder a
diversão…”, acrescentei. “Uma casa nas montanhas de Vermont? Com três
caras gatos?”
As palavras escapuliram da minha boca, mas eu não me arrependi de
tê-lasdito. Ao invés de me sentir envergonhada, contornei a situação
acrescentando uma piscadela sedutora.
“Nem posso nem imaginar o quão divertido isso vai ser.”
Desmond se inclinou em sua cadeira, dobrando as mãos sobre a mesa.
Quando ele me olhou de volta, seu olhar era estranhamente novo. Quase
como se ele tivesse me vendo pela primeira vez.
“Não,”, ele disse com um sorriso maroto, “Você realmente não pode.”
 
 
Capítulo 2
 
 
 
ALYSSA
 
A construtora Vale Verde não era muito verde e definitivamente não
ficava em um vale. Ocupava dois andares de um edifício comercial cinza de
quatro andares bem na área central e plana da Flórida.
Ainda assim, era um bom ambiente de trabalho na medida do possível
para ambientes de trabalho. Me formei pela Universidade Estadual da
Pensilvânia e terminei meu mestrado em engenharia arquitetônica antes de
me mudar para lá para fazer um estágio de três anos. A empresa era jovem,
dinâmica e cheia de energia. Muito trabalho. Vários projetos diferentes, de
residenciais a comerciais.
O escritório na Flórida expandiu e meu estágio virou uma vaga de
trabalho, e eu finalmente alcancei meu lugar ao sol. Eu gostava de lá.
Mesmo sendo uma garota do Norte, eu me adaptei totalmente.
E é claro que a variedade de caras gatos no escritório a qualquer
momento era um grande bônus.
Havia as equipes de construção que passavam por lá periodicamente a
caminho das obras e os encarregados por estas equipes. Eles eram
geralmente sarados e um deleite para os olhos, devidamente vestidos para o
calor da Flórida. Mesmo assim, eu sentia mais atração pelos meus
companheiros de escritório. Os caras de camisa social e às vezes até
gravatas, que tinham o benefício do ar-condicionado. Os caras dos quais eu
quase não via pele exposta, mas isso dava muito mais asas à minha
imaginação.
E minha imaginação era muito fértil.
E bom, quais eram os mais gostosos, de fato? Eu gostava de caras
grandes. Do tipo carnudo, musculoso, que cultuavam seus corpos para
poderem me cultuar também. Bíceps e tríceps largos escondidos pelo tecido
fino e esticado das camisas. Barrigas chapadas que poderiam esconder
abdômens lindamente desenhados, acessíveis facilmente por dois ou três
botões daquelas camisas.
Por este motivo era sempre divertido visitar Rogan. Especialmente
depois que o vi abotoando de volta a camisa um dia, voltando da academia.
Fui abençoada com uma olhadela de dois segundos da sua barriga
esculpida, esticada debaixo de uma camiseta sem mangas. Ele tinha
acabado de sair do banho, estava pronto para pegar uma xícara de café e
começar a segunda parte do seu dia.
Dei o play naquele vídeo de dois segundos na minha cabeça naquele
momento, antes de bater rapidamente três vezes e entrar na sua sala. Nós
geralmente não interagíamos muito, mas tínhamos sido designados para o
mesmo projeto. Um dos grandes. Que levaria, louvavelmente, meses, ao
invés de apenas semanas.
“Ei, poderosa!”, ele sorriu, se virando do seu computador para me
olhar. “A que devo a honra?”
Rogan era alto e bem esculpido. E mais bonito do que um homem
tinha direito de ser. Seu cavanhaque era como o de Desmond, só que mais
escuro. Mas eram seus olhos castanho-claros — que me faziam derreter
toda vez —, e me deixavam trêmula como uma garota do colegial quando
vê seu crush no corredor da escola.
“Eu— eu preciso que você me faça um John Hancock em algumas
páginas.”, gaguejei.
“John quem?”
Sacudi a cabeça quando pensei na imprecisão da referência. Ou talvez
eu só quisesse usá-la mesmo. “Sua assinatura.”, eu sorri. “Nessas
autorizações.”
“Ah.”
Esticamos os braços na mesma hora e nossas mãos se roçaram. Sim,
os tremores estavam lá. E não pela primeira vez. E muito menos pela
última.
Rogan olhou para as pastas por alguns segundos antes de levantar uma
sobrancelha inquiridora. “Eu já assinei estas, não?”
Merda.
“Assinou?”, perguntei inocentemente.
Pega no flagra.
“Tenho quase certeza de que sim.”, ele deu uma risadinha. Mas ao
invés de me devolver, ele colocou as folhas na mesa e assinou de novo. Eu
provavelmente usaria a primeira cópia, para ser honesta. Já tinha sido
autenticada.
“Talvez você quisesse me ver pela última vez antes do feriado?”, ele
sugeriu maliciosamente.
Meu coração acelerou e eu decidi entrar no jogo. “Na verdade, sim.”
“Bom, então somos dois.”, ele disse. “Porque eu também queria ver
você.”
Rogan se levantou da sua mesa e escorregou seu corpo para mais
perto do meu. Já tínhamos ficado perto um do outro assim na sala de
arquivos, três meses atrás.
“Ah é?”, perguntei tentando disfarçar o nervosismo.
“É sim.”
A sala de arquivos. Por Deus, nós quase nos beijamos. Nós estávamos
tentando passar um pelo outro e de alguma maneira acabei encostando a
bunda na virilha dele. Quando esbarrei, parei. Então talvez eu tenha me
roçado um bocadinho nele. Ou ele tenha se roçado em mim. Difícil saber
quem fez o quê.
E então ele definitivamente colocou suas mãos no meu quadril. Talvez
para tentar nos separar. Mas talvez… não. Me virei de frente para ele e
acabamos cara-a-cara. E nenhum de nós se importou em se mexer de novo.
A não ser que você leve em conta a inexorável gravidade, que fez nossos
corpos se atraírem e nossos rostos se aproximarem cada vez mais…
Mas então CLIQUE! A porta da sala se abriu e Jenny entrou.
Esfuziante. Feliz. Acenando para nos cumprimentar com alegria como se
não tivesse interrompido o momento coorporativo mais romântico da
história. Com Jenny na confusão, não havia mais nada que pudéssemos
fazer a não ser sorrir e nos afastar, com o encanto quebrado.
Merda, eu estava tentando recriar aquele encanto desde então.
“Aqui.”, disse Rogan. “Tenho algo para você.”
Ele me entregou uma caixinha com um laço vermelho e branco. Eu a
abri e encontrei uma linda caneca de cerâmica com um pequeno Papai Noel
fofinho desenhado.
“Ah, uau.”, dei uma risadinha. “Valeu.”
“Vire a caneca.”
Eu a virei e vi três caixas de seleção. Uma escrito ‘Garotinha
travessa’, a outra ‘Garotinha boa’ e a terceira, assinalada, ‘Eu juro que
tentei…’
“Era essa,”, disse Rogan, “ou a caneca com o escrito ‘Isto pode ser
vodca’.”
Eu gargalhei. “Nas sextas esta pode ser mais adequada.”
“Sim, achei que deveria manter o clima natalino.”
“Você sabe que isso significa que temos que tomar café juntos, né?eu
p.
“É claro.”, ele sorriu. “Por que você acha que comprei a caneca?”
Se os olhos caramelo de Rogan estavam me fazendo derreter, seu
sorriso estava me matando. Ele estava perto o suficiente para eu sentir seu
cheiro. E ele tinha cheiro de delícia com uma pitada de perfume.
“Vou ter que esperar você voltar,”, lamentei, “não acredito que vocês
vão sair mais cedo esse ano. Que inveja.”
“Sim, vai ser bom estar longe.”, Rogan disse. “Mason e eu precisamos
ajudar Desmond a esquecer a Emma.”
Parei, inclinando a cabeça. Tive que repetir a frase mentalmente para
me certificar de que tinha entendido certo.
“Você quer dizer… que ela terminou com ele?”
“Sim.”
“Uau!”, eu praticamente me engasguei. “A forma como o velho tem
tratado Desmond ultimamente…”
“Eu sei.”, disse Rogan. “Mas ele é pai dela, então provavelmente só
está sendo protetor. Ainda assim é um saco para Desmond.”
Desde o término uns meses antes, era de conhecimento público que
Desmond estava na mira do chefe. Até aquele momento, eu achava que era
porque ele tinha partido o coração da filha dele.
“É um saco para nós também. Porque ela nos fez ficar com uma
passagem de avião inútil nas mãos.”
Rogan hesitou e eu notei seus olhos percorrendo meu corpo. E ele fez
isso de forma descarada, sem constrangimento.
“Que pena que você não pode ir.”
Eu gargalhei reflexivamente antes de responder. “Sim, que pena que
não sou uma namorada. Me parece ser o pré-requisito para o convite.”
Quando ele não respondeu, acrescentei nervosamente:
“Talvez eu deva sair com um de vocês até o fim do ano? Eu adoraria ir
esquiar em Vermont novamente.”
Minha sentença ficou no silêncio da sala do arquiteto, pairando
estranhamente. Lentamente, Rogan sorriu astutamente.
“E qual de nós você escolheria?”, ele perguntou.
Não querendo brincar com a sorte, virei na direção da porta. Antes de
sair, levantei a caneca, brindando com o ar.
“Para sentir o prazer de enfiar até os joelhos na neve de novo?”,
perguntei ludicamente. “Quem disse que eu escolheria só um?”
 
 
Capítulo 3
 
 
 
ALYSSA
 
Como geralmente acontecia bem antes de um feriado longo, o time
diminuiu à medida que a semana passava. Na terça p,arecia ter menos
funcionários trabalhando do que na segunda. Na quarta, menos ainda.
Pelo menos um terço da equipe não voltou depois do almoço,
deixando uma tripulação mínima para terminar o dia. Não importava, na
verdade. A maioria dos construtores estava sentindo a mesma coisa. Suas
equipes tinham ido para casa, ou saíram mais cedo para fazer compras de
Natal ou ir a confraternizações. Havia muito pouco a ser feito, e
virtualmente ninguém por perto para fazer.
Aquilo deixava o escritório cheio com pessoas como eu: solteiras.
Funcionários sem filhos, cônjuges ou outras responsabilidades festivas. Nós
vagávamos feito fantasmas pelos corredores outrora cheios, aproveitando a
carga de trabalho extremamente leve. Ou, no meu caso, fazendo nada ou
brincando no computador esperando o dia passar.
Às duas da tarde, resolvi que minha última tarefa seria levar os
últimos orçamentos de materiais para Mason. Assim, dependendo de qual
dos meus supervisores ainda estivesse por lá, eu podia ir embora mais cedo.
Afinal, por que só as pessoas casadas têm direito a regalias natalinas?
Encontrei Mason exatamente onde ele sempre estava: digitando em
um dos dois teclados espalhados entre seus três monitores. Aquela cena
toda me fazia dar uma risadinha. Ele parecia um cientista maluco da era
moderna.
“Ei, abelha operária.”
Ele disse as palavras sem olhar e sem perder o ritmo. Seus dedos
ainda voavam pelas teclas. Sem mesmo ver suas telas eu sabia que elas
estavam cobertas por planilhas.
“Olá, Tio Patinhas.”, respondi, me sentando em uma das cadeiras do
outro lado da sua mesa.
“Tio Patinhas?”
“Bom, é quase Natal,”, pontuei, “e você está trabalhando duro como
nunca.”
O homem atrás do teclado acenou sem olhar. “E como você sabe que
eu não estou apenas assistindo pornografia?”
“Porque eu já assisti muita pornografia na vida.”, eu disse. “E a tarefa
não requer digitar rápido assim.”
De repente, eu tinha sua atenção. E eu sabia, porque suas mãos
desaceleraram e ele levantou uma sobrancelha.
“Muita pornografia, é?”
Fiquei vermelha, mas só um pouco. “Talvez.”
“E de que tipo de pornografia estamos falando?”
Ao invés de responder, gargalhei musicalmente. “Você não vai querer
saber…”
Mason digitou suas últimas integrais e se afastou de sua cadeira. Seus
belos olhos verdes encontraram os meus e ele me olhou de forma
inquisidora.
“Então… ouvi dizer que você vai viajar conosco?”
Coloquei os orçamentos sobre a mesa dele, no lugar usual. Demorei
um momento para processar sua pergunta — se é que era uma pergunta.
“E quem te disse isso?”
“Rogan.”, ele respondeu categoricamente. “Ele disse que você não
tem planos. Que seus pais…”, ele olhou para o teto por um momento.
“Como é que ele usou o termo não sabem celebrar se referindo ao Natal?”
Sacudi a cabeça, obviamente decepcionada. Não saber celebrar era um
termo light. Meus pais não celebravam nada similar a festas de fim de ano
já fazia alguns anos. Eles apenas faziam as coisas do jeito deles.
“O que mais Rogan disse?”
Mason se sentou um pouco mais ereto e moveu as mãos para soltar
um pouco a gravata…, só que ela não estava mais no seu colarinho. Ele já
tinha removido fazia horas, aparentemente. Eu pude notar que ele não
estava acostumado a não usar uma.
“Bom, ele disse que você não tem planos para as festas de fim de
ano,”, ele respondeu, “e que você sabe esquiar. E que você poderia querer
nossa passagem extra.”
Tentei o melhor que pude manter o tom de surpresa na voz. “Ah, é
mesmo?”
“Sim, é mesmo.”, Maison disse, com um meio-sorriso. “E eu devo
dizer que estou bem entusiasmado. Nós discutimos isso entre nós e
achamos que você vai se dar muito bem.”
“Discutiram isso?”, eu realmente estava incrédula.
“É melhor você ir para casa e fazer as malas.”, disse Mason, olhando
no relógio. “Se você me der seu documento, transfiro a passagem para o seu
nome—”
“Não posso ir com vocês para Vermont!”, eu desabafei, de repente.
“Não? E por que não?”
“Bom, primeiramente porque não estou de folga.”
“E daí?”, ele deu de ombros. “Tire folga. É só um dia a mais.”
“Além disso, é uma viagem de meninos.”, eu disse. “Vou sobrar igual
feijão na janta.”
Mason deu de ombros e sorriu. “Feijão na janta é bom, não é?”
“Eu quis dizer…”, tentei corrigir o que eu disse. “Ou melhor… droga.
Nem sei o que queria dizer.”
“Emma viajou conosco.”, ele pontuou. “Ela era um bom feijão.”
“Sim, mas Emma era a namorada de Desmond.”, ressaltei.
“E daí?”
“E daí que é diferente.”
“Não para nós.”, Mason respondeu.
Parei por um segundo para olhar para ele, pensando o quanto daquela
conversa era realmente genuína. Ele realmente tinha conversado com os
outros? E se tinha…
“Emma é Emma.”, eu disse finalmente. “Mas eu só vou ser uma chata
do escritório que vai junto e atrapalhar sua viagem de garotos.”
Mason não respondeu, mas eu reparei que ele estava olhando por cima
do meu ombro. Quando ele finalmente respondeu, percebi que não era
diretamente comigo.
“Viu? Falei que ela não toparia.”
Me virei na cadeira e vi Rogan encostado no portal. Atrás dele,
Desmond estava parado com os braços cruzados.
“Você realmente não quer ir?”, Desmond perguntou.
Eu estava na mira. Totalmente rendida. Eu poderia dizer qualquer
coisa, poderia criar uma desculpa. Mas ao invés disso, respondi à pergunta
dele com outra pergunta.
“Vocês realmente querem que eu vá?”
Os dois caras assentiram. Vê-los todos juntos me deixavam nervosa e
tonta… e ainda assim animada, tudo ao mesmo tempo.
“Esquiar...”, eu disse, “nas montanhas de Vermont. No feriado de
Natal.”
“Sim. Sim. E sim.”, Rogan respondeu.
“Sabe,”, provocou Mason, “se você gostar mesmo desse tipo de
coisa…”
“É claro que eu gosto!”, suspirei. “E quem não gosta?”
“A menos que eu esteja errado,”, disse Rogan, “tenho certeza de que
você usou as palavras ‘adoraria ir’.”
Os rapazes ficaram em silêncio e eu engoli a seco. Eu não podia
acreditar que era verdade.
“E grátis?”, perguntei ceticamente. “Quer dizer, eu provavelmente
posso dividir as des—”
“Vamos ficar na minha casa.”, disse Desmond. “E tem muito espaço.
Além disso, sua passagem já está paga.”, ele deu de ombros. “Apenas diga
sim e alteramos o nome.”
Minha cabeça girou, tentando encontrar alguma razão para recusar de
novo. Mas não consegui pensar em nenhuma.
Você não quer passar outro Natal sozinha, quer?
Não, eu não queria. E isso era certo.
“Ok.”
Vi seus olhos se iluminarem. Distintos sorrisos invadiram seus rostos.
“Sério?”
“Sim, claro.”, sorri de volta para eles. “Por que não? Tudo isso parece
maravilhoso, na verdade.”
Assisti seus olhares se cruzarem por um momento. Desmond olhou
para Rogan, que olhou para Mason. Um tipo de entendimento silencioso
passou por eles antes de Desmond voltar a prestar atenção em mim.
“Parece que você também vai perder a reunião amanhã.”, ele piscou.
 
 
Capítulo 4
 
 
 
ALYSSA
 
O dia seguinte foi um redemoinho de emoções por causa da viagem.
Havia um nó de empolgação na boca do meu estômago quando fui para
casa fazer as malas. Uma empolgação de adolescente misturada com a
emoção do desconhecido enquanto eu me preparava para passar o feriado
com três homens lindos que eram praticamente estranhos para mim.
E ao mesmo tempo, não eram. Eu os conhecia. Trabalhava com eles,
passava tempo com eles. E eu meio que tinha dados uns amassos em um
deles. E eles todos já tinham flertado comigo. E eu, obviamente, tinha
flertado com eles.
Pensei nessas coisas todas enquanto enchia minha mala.
Provavelmente não havia muitas garotas da Flórida com o guarda-roupa da
Barbie Esquiadora como o meu era. Bom, eu tinha passado a maior parte da
minha vida no Norte. E tinha levado de volta minhas roupas de frio mais
bonitas esperando passar mais tempo visitando meus amigos em Nova
Jersey, ou até minha família.
Mas aquilo nunca acontecia.
Era ok não passar o Natal com a minha família. Meu irmão estava na
Marinha, em algum lugar no mar, e sempre me mandava cartões dos portos
exóticos onde parava. Minha irmã, Kate, tinha abraçado a vida no Litoral
Oeste a ponto de ninguém nunca ter notícias dela. Qualquer contato tinha
que ser iniciado por nós e ela sempre parecia indiferente, para dizer o
mínimo.
Aquilo só me deixava meus pais, que eram tão desinteressados em
festas de fim de ano quanto eram em ir me visitar. Desde que me mudei
para a Flórida, eles nunca haviam me visitado. O que era meio doloroso,
considerando que eles visitavam seus amigos em New Port Richey, que
ficava a duas horas da minha casa, e nem me perguntavam se eu queria me
encontrar com eles.
Ai.
Mas quando o táxi chegou, eu já tinha superado isso. Eu tinha enfiado
todos esses sentimentos na gaveta para abrir espaço para as borboletas no
meu estômago. A excitação tomou conta quando Rogan bateu na minha
porta. Ele e Desmond carregaram minhas coisas enquanto Mason me guiou
até o belo e espaçoso carro. Então ali estávamos nós. Oficialmente de folga
para as festas de fim de ano.
Só o pensamento me fez suspirar alegremente.
Rapidamente chegamos ao aeroporto, e a viagem foi divertida e
confortável — especialmente porque eu estava aninhada no banco de couro
macio entre três homens realmente lindos. Alguém abriu uma garrafa de
champanhe e nós tomamos uma taça antes de chegar no terminal de
embarque. Eu devo ter perguntado milhões de perguntas tipo: como Stowe
era, em que tipo de casa ficaríamos, o que mais havia para fazer na
cidade… era Natal, afinal de contas. Eu queria vivenciar pelo menos
alguma coisa relacionada às festas.
E caramba, com frio e neve? Definitivamente pareceria Natal
novamente. Não a versão da Flórida de Natal aguado, ensolarado, que eu
tinha vivido nos últimos anos, mas a versão branca, de bater o queixo,
coberta de todo tipo de gelo, na qual eu tinha crescido e que tanto amava.
Logo que embarcamos e tomamos nossos lugares, me dei conta de que
meu medo de ‘sobrar’ na viagem era injustificado. Os caras eram divertidos
e pareciam felizes por eu estar com eles. Eles fizeram piadas sem medir
palavras na minha presença. Algumas vezes até me juntei a eles,
gargalhando e fazendo as minhas próprias piadas. E sim, era algo que eu
queria. Eu queria fazer parte da diversão e camaradagem, e não ser uma
estranha que simplesmente caiu de paraquedas na viagem.
Decolamos e silenciosamente imaginei o que aconteceria nos
próximos dias. Se eu ia ou não me conectar aos rapazes… ou se o feriado
seria totalmente voltado ao esqui, snowboard ou outros tipos platônicos de
diversão.
Eu definitivamente já tinha uma conexão com Rogan, e se não fosse
pela interrupção na sala de arquivos acho que ambos a teríamos explorado
melhor. Enquanto isso, Mason…
Bom, eu e Mason já tínhamos nos beijado.
Tinha acontecido no verão anterior, durante o piquenique anual da
empresa. Eu e Mason tínhamos ficado bêbados juntos. Ou melhor:
agradavelmente ébrios. Tínhamos sido parceiros durante uma corrida de
três pernas e a proximidade e intimidade foi se estendendo depois daquilo.
Então ele me pegou pela mão e me levou para uma área arborizada do belo
parque. E nós nos beijamos… beijamos… demos uns amassos como
adolescentes por uns bons cinco ou dez minutos, encostados em um
pinheiro velho de tronco grosso no meio do nada.
A coisa toda foi um borrão. Mas um borrão de paraíso. O doce gosto
da sua boca. Sua língua rodopiando contra a minha. Me lembro de segurar
seu rosto e sentir sua barba sexy nas palmas das minhas mãos enquanto
nossa respiração se intensificava e nossas mãos ficavam mais ousadas.
Então nos tocamos. Nossos dedos desbravavam os corpos um do outro na
sombra fresca daquela bela clareira.
Foi quando um apito ecoou pelo ar, anunciando o próximo evento.
Alguém veio nos procurar e quando me dei conta estávamos no meio da
corrida do saco, compartilhando olhares marotos e tentando não ficar
corados na frente de todos os nossos colegas de trabalho.
Até aquele momento, eu sempre conheci Mason como um cara
certinho. Dos números. Certamente, sua camisa e gravata cobriam um corpo
duro e lindo. Mas no escritório ele era totalmente profissional. Totalmente
financeiro.
Nunca mencionamos nossa pegação depois daquele dia. Como
estávamos meio bêbados, eu às vezes me perguntava se ele se lembrava que
tinha acontecido.
E finalmente, havia Desmond, com quem eu definitivamente tinha
uma química. Ele era grande e lindo e totalmente meu número. Nosso flerte
tinha progredido bem, a ponto de eu esperar que algo fosse acontecer.
Certamente já fazia tempo suficiente que ele e Emma tinham terminado. E
como ele não trabalhava na empresa mais…
Meus pensamentos foram interrompidos com o anúncio de que
aterrissaríamos em breve. Decidi naquele momento que iria seguir o fluxo.
Que não escolheria um cara em particular para tentar alguma coisa, mas que
os deixaria fazer o primeiro movimento se eles assim quisessem.
E se eles não quisessem nada além de uma parceira de esqui? Sóma
quarta pessoa para se divertir? Tudo bem, também. Eu não queria interferir
no feriado anual de três amigos de longa data. Ou especialmente, não queria
me meter entre deles.
A não ser que eles queiram que eu me metabrinquei em pensamentos
enquanto desembarcávamos.
 
 
 
Capítulo 5
 
 
 
DESMOND
 
A caminhonete estava no final do estacionamento do aeroporto, justo
onde Jay disse que estaria. As chaves já estavam na ignição. Como nosso
amigo trabalhava no aeroporto, ele podia deixar o carro lá enquanto viajava
para o Sul. Em troca, o pessoal do estacionamento poderia usar seu limpa-
neve frontal.
Mas durante o tempo em que estivéssemos ali, a grande e velha
caminhonete era nossa.
O aquecedor funcionava intermitentemente, fazendo a gente sentar
bem perto uns dos outros no caminho de uma hora para Stowe. Mason
estava no banco de trás, enfiado na nossa bagagem. E eu e Rogan nos
sentamos na frente… com Alyssa aninhada confortavelmente entre nós
enquanto o veículo passava suavemente pela estrada coberta de neve.
Ela estava linda, mesmo toda vestida para o inverno. E seu cheiro era
ainda melhor. Um perfume ou algo do tipo sabor melancia e mel e
baunilha… que estava nos enlouquecendo.
E acredite, ela estava nos enlouquecendo. De todas as melhores
maneiras.
Não era segredo que eu a desejava. Alyssa era uma combinação rara
de divertida e linda — uma pessoa genuinamente feliz com um belo e
brilhante sorriso. Toda vez que ela entrava na minha sala, eu arrumava
desculpas para mantê-la por lá por mais tempo.
Mas Rogan também a desejava. Algo sobre um momento perdido que
eles tinham tido. E Mason… bom, ele já a tinha possuído, mais ou menos.
De forma fofa, quase inocente. Aparentemente, ele tinha sido sortudo o
suficiente para dar uns amassos nela durante o piquenique da empresa
depois de eles beberem algumas cervejas no sol. Ele estava com medo de
tentar alguma coisa de novo, já que ela nunca mais tocou no assunto. Ele
achava que ela não se lembrava ou que simplesmente tinha ficado
envergonhada demais para admitir o que tinha rolado.
E aquilo nos unia, especialmente porque tínhamos os mesmos
pensamentos e sentimentos. Então, ao invés de lutar por sua afeição e
possivelmente a assustar, desenvolvemos um plano que resolveria tudo ao
mesmo tempo:
Nós a deixaríamos em paz.
Era um acordo de cavalheiros: nenhum de nós tentaria nada com ela
durante a viagem. Pretendíamos nos divertir como colegas de trabalho
viajando juntos sem a pressão extra de tentar algo romântico ou a
possibilidade de despertar o ciúme potencial dos que não fossem
contemplados com a afeição dela.
Pois bem… flertar estava permitido. O resto? Fora dos limites. Ou
pelo menos foi o que combinamos. Eu só me perguntava quanto tempo
nosso acordo duraria, e o quão longe o flerte poderia continuar antes de
tecnicamente quebrarmos as regras.
Mas no final das contas, convidamos Alyssa para a viagem por uma
simples razão: ela era divertida. E embora nós três nunca tivéssemos ficado
sem diversão, sabíamos que ela elevaria o nível de alegria e empolgação.
Além disso, ela esquiava. E era boa. Talvez até melhor que nós.
Teríamos que vê-la em ação.
E no fundo, eu sabia que Alyssa me ajudaria com outra coisa. Que os
rapazes não podiam e de que eu precisava muito.
Afastar minha cabeça de Emma.
Eu odiava admitir, mas eu tinha que encarar o fato de que aquela
viagem tinha sido planejada para ela. No momento em que ela começou a
viajar conosco, ela tinha se encaixado à nossa dinâmica de formas que
nenhuma outra pessoa poderia. Como minha namorada, eu tinha tido receio
de que ela pudesse diminuir a camaradagem e atenção entre mim e os caras.
Mas ao invés disso, ela fez o oposto: Emma virou o centro da viagem. Não
só para mim, mas para Rogan e Mason também.
Em três anos, seria nosso primeiro Natal sem ela. E nosso primeiro
Natal sem tudo o que ela significava.
Finalmente chegamos na estradinha para o chalé e afastei Emma da
cabeça. Acionei a alavanca do limpa-neve e lentamente limpei pelo menos
meio metro de neve do pavimento da estradinha que eu já tinha
memorizado.
O chalé surgiu no horizonte, escuro e lindo, com o telhado branco de
neve brilhando lindamente sob a luz da lua. Logo entramos e o iluminamos
e aquecemos por dentro. Mason juntou lenha da pilha para acender a lareira
e Rogan e eu removemos a neve das calhas.
Havia muita coisa para fazer, mas eu tinha os rapazes para me ajudar.
Sempre juntos, trabalhando como um time.
E Alyssa que, de alguma forma, eu sabia que se encaixaria muito bem.
 
 
Capítulo 6
 
 
 
ALYSSA
 
“Bem-vinda!”
A voz de Desmond ecoou pela cabine de madeira, se expandindo por
toda a expansão escura do local até as vigas que davam no teto abobadado.
O lugar era absolutamente incrível. Pitoresco e espaçoso. Charmosamente
antigo, mas equipado com instalações e dispositivos modernos como a
cozinha contemporânea e a TV de tela plana.
A luz era esparsa. Eu pude notar que mais do que algumas lâmpadas
estavam queimadas. E o lugar estava congelante, porque nossas respirações
soltavam fumacinha.
Mas tudo era empolgante. Um lugar assim parecia aquecido, mesmo
quando não estava. E os rapazes estavam deixando tudo melhor, eu já sabia.
Eles tinham prometido me deixar tão confortável e quente que eu ia querer
‘arrancar as roupas’ para não suar. Era assim que Mason gostava da lareira.
E de acordo com os outros, ele era muito bom naquilo.
Enquanto a mim, eu queria ajudar. Realizar todas as tarefas que
pudesse para transformar o lugar em um lar para nós pela próxima semana e
meia. Esquiar no vale e o que mais fôssemos fazer seriam só bônus. Para
mim, o prêmio real era estar com eles durante as festas e não ter que passar
outro Natal sozinha.
Mason e Rogan desapareceram em direções opostas; algo sobre o
aquecedor de água e fazer os encanamentos voltarem a funcionar. Desmond
me deu o braço e me guiou orgulhosamente por todos os cômodos, me
mostrando a casa.
“Então este é o chalé da sua família?”, perguntei.
“Bom, é só meu agora.”, disse Desmond. “Quando meus pais se
aposentaram e se mudaram para o Texas, me disseram que estavam ‘de saco
cheio do frio’.”
“Ah, Texas,”, eu reconheci, “boa escolha.”
“Se você não gosta do frio, certamente.”
“Então, filho único?”, perguntei, já sabendo a resposta.
“Exato. Só eu.”, ele parou no meio de um passo e deu de ombros.
“Entretanto, Rogan e Mason são como irmãos para mim. Acho que sou
mais próximo deles do que a maioria das pessoas que eu conheço que tem
laços consanguíneos.”
Assenti, entendendo completamente. De certa forma, eu tinha aquela
dinâmica triste na família. Meus pais àquela altura estavam totalmente
desinteressados nos seus filhos, assim como meu irmão e minha irmã, que
num dado momento se lembravam de mim e, em seguida, esqueciam-se da
minha existência.
“Enfim, esta é a cozinha. Sala de estar. Banheiro…”
Ele me guiou por um corredor revestido de madeira, e que tinha um
assoalho barulhento.
“Meu quarto é esse,”, ele apontou para a esquerda, “Rogan e Mason
dormem aqui…”
Chegamos no final do corredor e ele tentou abrir a porta. A maçaneta
se inclinou, mas não abriu.
“Congelou?”, dei uma risadinha.
“Sim,”, ele sorriu apologeticamente, “acontece muito.”
Ele se virou de lado e empurrou a porta com o ombro, fazendo força
para destrancar. A porta abriu e entramos em uma bela suíte master, com
uma cama king no meio.
“Aqui é seu quarto,”, ele disse, mexendo um braço exageradamente,
“os lençóis ficam no armário. O edredom é superquente, especialmente—”
“Espera, por que este é meu quarto?”
“Como assim?”
“É enorme! Eu sou pequena. Me dê um dos menores.”
Desmond sacudiu a cabeça. “Este quarto tem uma banheira gigante.
Você vai precisar. Você é uma garota.”
Gargalhei alto. “Você acha?”
Seus olhos me analisaram rapidamente. “Tenho quase certeza.”
“Mas este é o seu quarto, não é?”
Desmond deu de ombros. “Geralmente sim.”
“Não vou ocupar o seu quarto.”, me opus. “Sem chance! Não há razão
pela qual—”
“Olha,”, Desmond me interrompeu, “quando eu estava com a Emma,
fazia sentido nós termos a suíte master. Éramos um casal. Ela é uma
garota.”, ele apontou para o banheiro do quarto. “Ela fazia coisas de garota
ali. Acredite, eu entendo.”
Parei por um momento, me dando conta do quão fofo ele estava
tentando ser. Então sua mão tocou meu ombro e meus olhos encontraram os
dele.
“Eu sou um cara.”, Desmond sorriu. “Caso você não tenha
percebido.”
“Ah, eu percebi bem.”, dei uma risadinha.
“Posso dormir em qualquer lugar.”, ele disse. “Não é um problema.
“Além disso, é muito mais fácil se eu compartilhar o banheiro com aqueles
dois animais.”, seu sorriso aumentou de tamanho e eu derreti totalmente.
“Por favor, Alyssa, fique na suíte.”
Sua mão ainda estava no meu ombro. Os arrepios que sua palma
irradiava eram quentes e maravilhosos, mesmo por cima da minha jaqueta.
“O—Ok.”
Nossos corpos estavam próximos. Nossas virilhas quase encostadas. E
a forma como ele disse meu nome…
Um pensamento maluco me veio a cabeça, criando um instante de
fantasia. E nela, eu me inclinava e o beijava. Nosso beijo seria lento e
sensual. Estrondoso. Nossas línguas dançariam enquanto nossas mãos
percorriam nossos corpos até eu me afastar do abraço de Desmond, sorrir
timidamente e pedir a ele para ficar na suíte comigo.
Mas o momento passou. A oportunidade foi perdida.
“Vamos lá.”, disse Desmond, me puxando de volta para o corredor.
“Você pode me ajudar a guardar as coisas na geladeira.
 
 
Capítulo 7
 
 
 
ALYSSA
 
Demoramos quase duas horas para ajeitar tudo. Então finalmente
estávamos com as malas desfeitas, alojados em nossos quartos. A cozinha
estava abastecida — pelo menos parcialmente — com bebidas e petiscos
que os rapazes tinham trazido.
“Tudo bem?”
Eu sorri, levantando minha taça de vinho na direção de Rogan. Eu já
estava na metade da terceira. Sem absolutamente nada para me queixar.
“Ah, tudo melhor do que bem.”, eu sorri. “Tudo fantástico, na
verdade.”
“Ok, então.”, ele acenou, dando uma piscadela. “Como nossa
convidada oficial para as festas deste ano, suas necessidades são nossa
prioridade.”
O chalé estava quente e até confortável naquele momento. Como
prometido, Mason tinha acendido a lareira majestosamente. Ela irradiava
pelas pedras, enchendo a sala de estar com um calor calmante e acolhedor.
Eu estava no sofá velho e esquisito, encostada em um dos braços.
Desmond estava ao meu lado, Rogan estava reclinado em uma poltrona
estofada enquanto Mason estava deitado num sofá que de tão destruído
tinhamais fissuras e fendas do que couro.
“Então, como é?”, perguntei, encarando o fogo.
“O que?”
“Stowe. Não conheço.”
“Bem, é tipo Killington,”, respondeu Desmond, “grande, linda, várias
trilhas. Mas mais cheia. E trinta metros mais elevada.”
Inclinei minha taça, meio zonza. “Parece divertido.”
“Ah, é divertido.”, Rogan confirmou. “A questão é… qual de nós vai
ser sua babá amanhã?”
Eu gargalhei tão alto que quase cuspi o vinho de volta na minha taça.
Ele estava me alfinetando, eu sabia. Eles todos estavam, desde que eu me
gabei de que podia esquiar. Mas babá…
“E como exatamente vocês pretendem ser minha babá?”, provoquei.
“Primeiro vocês vão precisar me pegar.”
Uma rodada de ‘uuuuu’ seguiu a audácia do meu desafio. Desmond
gargalhou do meu lado. Rogan se sentou na poltrona.
“Te pegar?”
“Foi o que eu disse.”, respondi corajosamente. “Eu estava pensando
que talvez um ou dois de vocês consigam acompanhar meu ritmo. Ou
chegar perto por alguns instantes. Mas a forma como vocês estão se
gabando…”, soltei uma pequena gargalhada. “Quem fala demais, pouco
faz.”
Mason se levantou e mexeu nas toras de madeira da lareira. Quando
ele se virou para nós, seus olhos verdes brilharam com as chamas
dançantes.
“Você está realmente contando muita vantagem, não é mesmo?”, ele
sorriu.
Dei de ombros ludicamente e bebi o resto do vinho da minha taça.
“Saberemos depois do primeiro percurso, certo?”
Outra rodada de gargalhadas dos rapazes me fez corar discretamente.
Mason estava certo: eu estava realmente contando vantagem. Era melhor eu
retirar o que tinha dito.
Desmond esticou a garrafa para mim, mas eu não peguei.
“Você está tentando me deixar de ressaca,”, eu disse acusadoramente,
“para eu ficar mais lenta amanhã.”
“Talvez.”
“Não vai funcionar. Chega por hoje.”
Coloquei minha taça sobre a superfície cheia de marcas da mesa de
centro caindo aos pedaços. Os móveis da sala de estar não combinavam uns
com os outros. Por algum motivo, aquilo adicionava charme ao lugar.
“Esse lugar é incrível…”, eu disse, mudando de assunto. “E… eu
queria agradecê-los por terem me convidado. Sério.”
O cômodo ficou silencioso, exceto pelos estalos e crepitações da
lareira. Todos os olhos estavam em mim.
“Preciso que vocês saibam que eu fico muito grata.”, terminei. “E
estou ansiosa pelo Natal com vocês.”
O vento se intensificou do lado de fora, trepidando as janelas do chalé.
Aquilo me fez me arrepiar involuntariamente, mesmo que eu estivesse
aquecida e confortável.
“Estamos encantados por ter você aqui.”, disse Desmond sorrindo.
“Você é a nossa preferida de todo o escritório, sabe… você é muito
divertida no trabalho, então sabíamos que amaríamos passar mais tempo
com você.”
Ele se levantou e se estirou poderosamente, o que me lembrou do
Hulk se transformando e rasgando a camiseta. O vinho tinha diminuído
minhas inibições e eu não podia mais parar de encarar seu peito.
“Se quisermos chegar quando a pista de esqui abrir, é melhor irmos
dormir agora.”, disse Desmond. “Foi um longo dia.”
Meio a contragosto, os outros assentiram, especialmente porque eu
estava indo dormir também. Mason alimentou a lareira novamente, dessa
vez adicionando madeira suficiente para durar a noite toda.
“Melhor você deixar a porta do seu quarto aberta,”, ele disse por cima
do ombro, “ou você vai congelar, provavelmente.”
“Ah, ok.”
Caminhei pelo corredor, me despedindo deles. Desmond desapareceu
pela porta, me deixando sozinha com Rogan.
“Te acompanho até sua porta?”
Meu quarto ficava a literalmente dez passos. Mas concordei de
qualquer modo.
Alguns passos depois e eu estava dentro do meu quarto, seguida por
Rogan. Com um movimento hábil de uma só mão, ele puxou a porta até ela
quase se fechar atrás dele.
Quase imediatamente meu pulso se acelerou.
“Eu queria te agradecer por vir conosco.”, ele murmurou. “Pensei que
esse ano seria meio estranho para Desmond… mas com você aqui… não é
tão estranho.”
Estávamos parados muito próximos um do outro, quase nos
abraçando. Provavelmente para podermos ouvir um ao outro, porque
estávamos praticamente sussurrando.
“Por que?”, perguntei finalmente. “Trazer uma garota para cá não vai
remeter a Emma o tempo todo?”
“Acho que é mais tipo uma distração…”
“Ah.”
Rogan se moveu um pouco. O movimento pode ou não ter sido
intencional, mas o trouxe mais para perto de mim.
“Você vai ficar bem aqui?”
Ele acenou para a esquerda, na direção da minha cama enorme. A luz
da lua que entrava pela janela fazia tudo parecer anormalmente frio.
“Acho que sim.”
“No guarda-roupas do meu quarto tem mais cobertores,”, ele disse,
“no caso de você sentir frio.”
Levantei uma sobrancelha. “Isso é um convite?”
Rogan se inclinou um pouco mais, se aproximando. Estávamos face-
a-face. Com os narizes quase colados. Seu cavanhaque estava a só alguns
centímetros de tocar meu queixo.
“Pode ser.”, ele sussurrou, seu hálito era doce. “Se você não se
importar em dividir uma cama com os roncos de Mason.”
O quarto estava consideravelmente mais frio do que a sala de estar.
Mas mesmo assim, meu corpo estava quente por dentro.
“Talvez você queira ficar aqui um pouco?”, provoquei, embora não
fosse exatamente provocação. “Poderíamos ficar de conchinha um pouco,
sabe… para esquentar.”
Ele se moveu de novo, e dessa vez seu cavanhaque me roçou. Bem
nos lábios.
“Quer dizer, não vai ser a primeira vez que sua virilha vai encostar na
minha bunda.”
Merda, pensei freneticamente, o que diabos estamos fazendo?
Imediatamente eu vi as engrenagens se movendo na cabeça de Rogan,
se lembrando do nosso encontro na sala de arquivo. Como deve ter sido
para ele o toque dos nossos corpos naquele lugar tão pequeno e apertado.
“Quem vai ficar por fora?”, ele finalmente perguntou.
“Isso importa?”
Conjurei a memória eu também, como já havia feito muitas vezes
antes. A dureza maravilhosa do seu corpo. A grossura inchada do seu
volume contra meus movimentos diabólicos…
“Acho que não.”, ele sussurrou.
Nossos narizes se encostaram. Nossos lábios também. Inevitável e
lentamente ao mesmo tempo. Uma atração elétrica, exatamente como da
primeira vez que—
“Bom, me chame se precisar de alguma coisa.
Ele disse as palavras com um pouco de desapontamento e frustração.
Então, tão rápido como tinha começado, Rogan abriu a porta e desapareceu
no corredor.
Que merda—
Me deixando sem fôlego e sozinha.
 
 
Capítulo 8
 
 
 
ALYSSA
 
Eu estava certa. A luz da lua estava fria. Mas o mundo sob meus
cobertores e edredons era quente e confortável. E muito mais macio do que
eu imaginava que seria naquela cama enorme.
Mesmo assim, não consegui dormir.
Primeiro, porque eu estava animada com o dia seguinte. Desde o
momento que desembarcamos do avião e a primeira lufada de ar ártico
invadiu meus pulmões, eu tinha me apaixonado totalmente pelo frio de
novo. Eu mal podia esperar para estar no topo da montanha, olhando para
baixo. Cobrindo meus olhos com os óculos de esqui e contemplando o pé
da montanha distante.
Mas mais do que isso, eu estava confusa sobre meu momento com
Rogan.
Nós nos beijamos… ou pelo menos foi o que eu pensei. E mesmo
assim, no momento em que seus lábios tocaram os meus, ele se afastou e
correu para fora do quarto imediatamente.
Talvez você o tenha interpretado mal?
Não, não foi isso. A química entre nós era inegável. Da sala de
arquivo até aquele momento uma hora antes, havia uma atração inegável
entre nós. A única diferença é que eu estava disposta a agir.
E por algum motivo, Rogan não estava.
A rejeição me incomodava, e não só pelos motivos óbvios. A coisa
toda me parecia tão repentina. Como se ele tivesse parado porque ouviu
uma porta distante bater, avisando que seus pais tinham chegado em casa
mais cedo do que o planejado.
Me sentei e puxei as cobertas ao redor de mim. Eu precisava dormir
desesperadamente, mas também precisava de uma distração. Algo para me
fazer ficar cansada. Algo—
Por capricho, abri a gaveta da mesa de cabeceira. Vi um par de meias
que pareciam confortáveis. Um tubo de protetor labial sabor morango. Três
balas de menta. Uma presilha preta…
As coisas da Emma.
Fechei a gaveta, me sentindo abruptamente culpada. Então, depois de
dez segundos me sentindo estúpida, a abri novamente.
Havia um livro no fundo, me encarando.
Um livro não. Um caderno.
Cuidadosamente, tentando não fazer barulho, eu o puxei. As folhas
não eram encadernadas em espiral, era mais como um caderno brochura.
Com capa dura e costura no meio.
Peguei meu telefone e liguei a lanterna. Então, me sentei de costas
para os travesseiros, abri a capa e comecei a ler.
Quase imediatamente cobri a boca com a mão.
Não era só um caderno de Emma. Era seu diário. E pelo que pude ver
havia várias páginas escritas e datadas.
Caramba.
Voltei para a primeira, datava de exatamente três anos antes, quase no
mesmo dia.
 
Férias de Natal – Primeiro dia
 
A culpa voltou enquanto eu escaneava a caligrafia feminina e bonita.
Eu não deveria estar lendo aquilo. Era invasão de privacidade.
Mas ela não está aqui.
Era verdade, claro. E foi Emma quem terminou com Desmond, não o
contrário. Foi ela quem feriu os sentimentos dele. Um dos caras
maravilhosos e responsáveis por me trazerem nesta viagem incrível, para
começo de conversa.
Sim, sério? Emma que se foda.
Com aquela decisão tomada, abri o caderno e comecei a ler
novamente.
Os primeiros parágrafos detalhavam a viagem deles, que havia sido
similar a minha. O voo foi turbulento. Houve atrasos no aeroporto.
Finalmente eles chegaram no chalé e puderam relaxar, mas Emma e
Desmond ficaram acordados por mais tempo, que se cansaram mais cedo.
E foi daí que as coisas ficaram boas. Ou melhor, ficaram quentes.
 
Ele me tomou no sofá primeiro, onde tinha me provocado a
noite toda, enfiando os dedos na minha boceta por baixo do
cobertor enquanto os outros estavam ao nosso redor. Tudo estava
me deixando maluca. Me deixar ensopada daquele jeito sem que
seus amigos tomassem consciência.
 
Continuei lendo, devorando as palavras de Emma como se fosse um
romance barato. Só que eram eventos reais. Eles tinham acontecido bem ali
— bem naquele sofá onde eu tinha passado a noite sentada — e isso fazia
tudo ficar mais sexy.
 
O sofá era pequeno e barulhento demais para nós dois. Então
ele me tomou no chão. Abriu minhas pernas na frente da lareira,
me provocando dos pés a cabeça com aquele pau grande e grosso.
Me arreganhando toda enquanto me beijava até eu perder o fôlego.
Me fazendo esperar uma eternidade, ansiosa para a primeira e
maravilhosa metida…
 
Caralho! Estava ficando quente debaixo do cobertor. Meus batimentos
cardíacos se aceleravam cada vez mais desde o momento em que comecei a
ler.
 
Primeiro, ele me fodeu devagar, como sempre. Me beijando
intensamente. Fazendo eu me acostumar com ele novamente,
depois de um tempo separados. Me deitei de costas e o deixei me
estirar até chegar no limiar de prazer e dor. E então eu o senti
passar daquele ponto, atingindo aquele lugar profundo, me dando
um comichão na barriga…
 
Minha respiração estava mais intensa. Eu sentia quase como se
estivesse lá! Olhei nervosamente para a porta aberta, para me certificar de
que ninguém estava por perto. Nenhum dos rapazes tinha se levantado até o
momento, ninguém tinha usado o banheiro.
 
Estávamos tão expostos! Trepando bem ali no chão, no meio
da sala de estar. Aquilo me assustou primeiro, porque as portas dos
quartos de Rogan e Mason estavam abertas. Eles poderiam
aparecer ali a qualquer momento. E nos veriam.
Mas aquilo também me excitava mais e mais. Me dava muito
tesão pensar que um deles poderia estar assistindo. Que eles
poderiam ouvir os sons dos nossos corpos, nossos gemidos. Os
gemidos que eu simplesmente não conseguia controlar enquanto
me apertava e gozava em volta do pau magnífico de Desmond…
 
Me mexi debaixo das cobertas, abrindo um pouco as pernas. Caralho,
eu estava molhada. Realmente ensopada, só de ler aquilo. Na verdade, não
só ler, mas pensar em Desmond. Imaginar o quão grande e magnífico seu
pau era, e como seria a sensação de tê-lo dentro de mim ao invés de Emma.
Uma mão escorregou e de repente eu estava me tocando. Me
esfregando com força por cima da renda fina da minha calcinha que já
estava ensopada.
Li o resto do texto com dois dedos entrando e saindo da minha própria
flor, imaginando que era Desmond entre as minhas pernas. Ele fodeu Emma
até ela atingir dois orgasmos intensos, então a virou de costas e a tomou por
trás…
Era incrivelmente gráfico. Como se fosse um diário sexy escrito por
alguém que sabia exatamente o que estava fazendo. Eu estava dividida entre
admiração por aquela garota que era tão eloquente em colocar suas
experiências num papel e com ciúme porque ela transou com Desmond e eu
não.
Isso é loucura, Alyssa.
Era e não era. Bom, eu sabia meu lugar na vida de Desmond. Mas ao
mesmo tempo, Emma tinha partido. E ele estava solitário. E eu também.
 
Ele gozou com tanta intensidade, tanta quantidade dentro de
mim! Seu líquido escorreu pelas minhas pernas quando ele
terminou e minhas pernas ficaram trêmulas. Juntos, tínhamos
ensopado a colcha do sofá debaixo de nós. Tive que colocá-la para
lavar imediatamente, ou os outros saberiam o que tínhamos feito.
 
Meus olhos se fecharam e enterrei meus dedos.
Meu Deus…
Minha mão livre escorregou pela minha barriga para atingir
rapidamente meu botão inchado…
Caralhooooooo!
Gozei intensamente, assim como Emma descreveu em seu diário.
Choramingando. Me debulhando. Enfiando três dedos dentro da minha
boceta enquanto massageava meu clitóris até eu jorrar violentamente
debaixo do calor repentino do edredom.
Fiquei ali deitada, sem fôlego, por vários minutos, encarando o teto. O
mesmo teto que foi encarado por Emma. A mesma cama na qual Emma e
Desmond tinham dormido e provavelmente feito muitas, muitas outras
coisas.
Ainda desfrutando da bruma eufórica pós-orgasmo, estiquei o braço e
coloquei o livro de volta dentro da gaveta da mesa de cabeceira. Eu só tinha
lido algumas páginas do diário e mal podia esperar para ler mais. Que sorte
que ainda havia muitas outras.
E eu não tive dúvidas de que os outros relatos seriam tão maravilhosos
quanto aquele.
 
 
Capítulo 9
 
 
 
ALYSSA
 
“PUTA QUE PARIU!”
Mason gritou, tirando os óculos que estavam praticamente cobertos
por gelo e pó. Estávamos no pé da montanha, arfando. Nossas bochechas
estavam rosadas do percurso emocionante de ski do topo até lá.
“Está surpreso?”, provoquei.
“Sim!”, ele exclamou. “Quer dizer… não totalmente. Mas sim,
muito!”, ele olhou para o percurso acima de nós. Ainda não conseguíamos
ver nem Rogan nem Mason.
“Eu disse que ganharia de vocês.”
“Eu sei, mas—”
“Mas você achou que ganharia porque é homem?”
A pergunta o fez parar. A hesitação foi tanta que ele acabou apenas
dando de ombros.
“Não é sobre ser homem ou mulher,”, eu sorri para ele, “eu cresci
esquiando. Meus pais me levavam sempre.”
“Sim, ok. Mas—”
“Eu morei a menos de uma hora de Great Gorge,”, continuei, “passei
minha adolescência inteira esquiando à noite com amigos, no gelo. Ou eu
realmente aprendia ou acabava presa numa árvore. Era assim que
funcionava.”
Pessoas passaram nos empurrando, se enfileirando para pegar o
teleférico. Mason me olhava, admirado. Seus cabelos pretos estavam
emplastrados adoravelmente na sua cabeça, por causa da neve derretida.
“Além disso… eu talvez tenha feito parte da equipe de ski da escola.”,
admiti timidamente.
Ele gargalhou e seu belo rosto se iluminou. “Ah, merda.”
“Sim.”, eu pisquei. “Não vamos contar aos outros este segredinho,
ok?”
Começamos pelo topo, pela trilha Upper Nosedive, depois pela
Midway até a Lower Liftline. Em se tratando de trajetos, era provavelmente
o caminho mais rápido até o pé da montanha. Os outros dois tinham
escolhido uma trilha chamada Bypass, que era desafiadora. E isso os
atrasouou eles se perderam, porque naquele momento éramos só Mason e
eu.
“Posso te perguntar uma coisa?”, eu disse, me sentindo
repentinamente corajosa.
“Diga.”
“Depois daquele nosso momento no piquenique de verão…”, eu parei,
assistindo sua reação com cuidado. “Como é que nós nunca—”
“Transamos?”
“Sim. isso.”
O rosto já vermelho por causa do vento de Mason deve ter ficado um
pouco mais corado, mas era difícil ter certeza.
“Bom, para ser honesto, não sei o que você pensou.”
Estiquei o braço e o cutuquei com um dos meus bastões de esqui.
“Mesmo? Sério?”
Ele parecia desconfortável. “A—acho que sim, eu—”
“Depois da forma como eu te beijei?”
Ele tinha voltado seus olhos esmeralda para baixo, na direção das
nossas botas. Aquilo o fazia ficar bonitinho, quase que com vergonha.
“Eu tive medo.”, ele disse finalmente.
“Do que?”
“De você ter se arrependido.”, ele disse simplesmente. “Tomamos
mais cervejas do que devíamos juntos. E na segunda-feira, no escritório,
você agiu como se nada tivesse acontecido.”
“Você agiu como se nada tivesse acontecido!”, retruquei. “Você nem
mesmo olhou para mim!”
Mason passou quatro dedos pelos seus cabelos molhados e
embaraçados antes de finalmente fazer contato visual. Com o sol refletindo
no seu rosto, ele parecia o homem mais lindo do mundo.
“Eu não queria ser invasivo.”, ele disse, dando de ombros. “Eu estava
meio que te esperando. E o tempo passou, eu só pensei que você não
estivesse interessada.”
“Então temos um caso de…”
“Má interpretação de sinais?”
Gargalhei, mas minha gargalhada saiu em forma de lufadas brancas de
fumaça. “Bom, me fodi.”, declarei.
Mason sorriu. “Nós dois nos fodemos, na verdade.”
A conversa vacilou, nossas palavras começaram a assentar. Estávamos
pensando no significado delas. No que elas poderiam significar.
“Então o que está te impedindo agora?”
Uau, Alyssa!
Eu não podia acreditar que tinha dito aquilo! Feri diretamente minha
premissa de deixar com que eles dessem o primeiro passo.
“Quem disse que tem algo me impedindo agora?”, Mason me
desafiou.
Cheguei mais perto, abrindo meus joelhos na posição snowplow.
Deixando os esquis dele entre as minhas pernas.
“Pensei naqueles beijos por quase seis meses…”, Mason admitiu.
Enquanto nossos corpos se aproximavam, sua voz diminuía de volume.
“Como foi gostoso naquela clareira. Seu corpo se contorcendo contra o
meu…”
“O gosto de sal e suor nos nossos lábios?”, provoquei.
“Ei.”, ele sorriu. “Era verão.”
Ele se aproximou mais, seus esquis escorregando mais profundamente
entre minhas pernas. Sem trocadilhos.
“Um verão quente.”, eu praticamente sussurrei. Nossas respirações
estavam se misturando. Estávamos muito perto.
“Um verão muito quente.”, ele reconheceu. “E muito—”
“EI!”
Nos viramos bem a tempo de receber pó no rosto, quando Rogan
derrapou seus esquis bem do nosso lado. Mason quase caiu. Com seus
esquis tão enfiados entre as minhas pernas, ele quase não conseguiu separar
suas próprias pernas para manter o equilíbrio.
“Diga que você chegou antes dela!”
Desmond chegou balançando ao lado do amigo meio segundo depois.
Suas bochechas rosadas e rostos molhados nos encaravam ansiosamente.
“Queria poder.”, Mason sorriu, meio envergonhado. “Mas ela meio
que me ultrapassou na reta final.”
Limpei a garganta. “Se te ‘ultrapassar na reta final’ significa que
cheguei quase meio minuto antes de você, então sim.”, eu ri, “eu acabei
com você!”
“Equipe de esqui da escola!”, disse Mason, sacudindo um polegar na
minha direção.
“Ei!”
“Desculpa.”, ele gargalhou.
Dei uma pancadinha lúdica nele com meu quadril. “Achei que seria
nosso segredo!”
“Bom, algumas coisas sim.”, ele deu uma piscadela. “Agora isso?
Sem chance.”
“Você sabe o que isso significa, não sabe?”, disse Desmond,
sacudindo seu gorro.
“Ganhei a aposta?”
“Sim.”
“E o que eu ganhei mesmo?”
“Você escolhe o que vamos fazer hoje a noite.”, ele disse. “Para onde
vamos, o que vamos comer, etc.”
“Achei que ainda íamos fazer compras.”
“Nós vamos.”, Rogan interrompeu. “Vamos mesmo.”
“Então eu quero comer em casa.”, eu disse definitivamente.
“Compramos ingredientes e talvez eu faça o jantar para vocês.”
“Ou talvez nós façamos o jantar para você.”, Rogan respondeu.
“Afinal, você ganhou a aposta.”
Fingi pensar na proposta por um momento, sabendo muito bem que
era exatamente o que eu queria. Três gostosões na cozinha juntos.
Cozinhando para mim, os três ao mesmo tempo.”
“Acho que posso conceder este pedido.”
“Combinado.”, disse Desmond, colocando seu gorro na cabeça de
novo.
Mason e eu trocamos um olhar secreto. Um que prometia que nossa
conversa continuaria em algum momento.
“Vamos pegar o teleférico para o outro cume.”, ele disse, apontando
pelo meu ombro. Ele deu cotoveladas em Desmond e Rogan ao mesmo
tempo. “Deve haver algumas trilhas para amadores por lá, para vocês dois
que são mais lentinhos.”
 
 
Capítulo 10
 
 
 
ALYSSA
 
Pensei que assistir os caras cozinhando para mim seria divertido e
relaxante. Uma forma de desopilar, depois de um longo dia nas montanhas.
Mas eu estava apenas parcialmente certa.
Divertido foi, certamente, mas nada relaxante. E tudo isso porque os
três se movendo pela cozinha era sexy demais.
Mason estava fazendo molho, vestindo uma camiseta branca justa que
ressaltava seus braços fortes. Correndo um dedo pela colher de pau e o
levando a boca para experimentar. Fiquei ali parada, com uma taça de vinho
nas mãos. Desejando poder ser aquele dedo. Querendo ser experimentada
por ele enquanto ele piscava para mim e adicionava mais sal.
Rogan estava cuidando de um pedaço de pão italiano, cobrindo-o com
tiras de pimenta assada e muçarela desfiada. Ele tirou um pedaço do queijo
e me deu, me inclinei para ele poder colocar na minha boca e a ponta do seu
dedo tocou minha língua.
Droga.
E finalmente Desmond, cozinhando a massa. O homem de ombros
largos de quem eu não conseguia tirar os olhos, não importava o quanto eu
tentasse. Desde a noite anterior, Desmond tinha acrescentado outros itens na
minha lista mental, e olha que seus atributos já eram muitos. Continuei
pensando nele pelado no sofá. Ou no chão, na frente da lareira. Suas costas
largas e musculosas flexionadas e agitadas enquanto ele enchia sua
namorada com seu líquido quente e maravilhoso.
Os pensamentos me fizeram ruborizar três vezes mais e os rapazes já
tinham notado. Continuei colocando a culpa no vinho, no dia inteiro
esquiando contra o vento…, mas eu só conseguia pensar em uma coisa:
No diário de Emma.
Durante nosso dia juntos — assim como durante nossa ida às compras
—, minha mente voltava constantemente para a gaveta da minha mesinha
de cabeceira. Eu mal podia esperar para ler de novo. Não conseguia parar
de pensar em como tinham sido os outros eventos ali naquele chalé, ou
ainda melhor, na minha própria cama.
Comemos juntos e o jantar estava delicioso. Os rapazes tinham se
superado na cozinha e nos cuidados comigo. O fogo crepitava, o chalé
estava quente. estávamos vestidos confortavelmente e a menos que
chegássemos perto das janelas, não havia uma só pontada do frio que se
espalhava lá fora.
“Então vocês comemoram o Natal neste chalé todo ano.”, constatei
enquanto tirávamos os pratos da mesa.
“Basicamente.”, disse Desmond. “Teve um ano no qual fomos para a
Europa por duas semanas, e vimos muitas coisas. E já passamos o Natal na
praia.”, ele sorriu.
“Bermudas, ouvi dizer.”
“Sim.”
“Deve ter sido meio parecido com a Flórida.”, eu disse.
“Ah, foi muito melhor do que a Flórida.”, disse Mason. Ele se inclinou
na poltrona e apontou ao redor. “Mas ainda assim… nada comparado a isso
aqui.”
Como uma garota de Jersey, eu tive que concordar. Natal não era
Natal se a estação não mudasse. O frio era necessário. A neve, mais ainda.
“Na Austrália agora é meio do verão.”, Rogan pontuou. “Deveríamos
fazer isso um dia desses. Ir para o outro hemisfério.”
Mason levantou a garrafa que estava bebendo. “Um brinde a isso!”
Olhei ao redor, para todas as paredes, todas as vigas. Desmond estava
me olhando, então o encarei de volta.
“Então, cadê as decorações?”
Ele me fitou, coçando seu cavanhaque loiro sexy. Somado aos seus
olhos azuis austeros e seu sorriso estonteante, me fazia querer comê-lo vivo.
“Você não decora a casa?”, perguntei. “Bom, vamos passar o Natal
aqui, não é?”
Ele pareceu desconfortável por um ou dois segundos, e eu me
perguntei o que havia de errado. Os rapazes se olharam estranhamente e
então Mason entrou na conversa.
“Emma geralmente cuidava disso.”, ele disse categoricamente. “Não é
machismo nem nada. Ela só gostava…”
“Legal.”, eu disse, sem prolongar. “E onde está tudo?”
“Bem ali.”, disse Desmond, apontando o queixo para cima. “Tem
várias coisas guardadas ali no sótão.”
 
 
Capítulo 11
 
 
 
ROGAN
 
Era divertido vê-la trabalhar. Vê-la pulando alegremente pelo chalé
com todas aquelas decorações de Natal enquanto nós relaxávamos bebendo
cerveja e comendo pretzels.
E caramba, ela era sexy demais! Seus lábios grossos que formavam
um beicinho, seu belo rosto familiar. Eu adorava a forma como ela mexia
no cabelo enquanto se alternava entre as tarefas, pendurando guirlandas e
pisca-piscas. Decorando o espaço com todos os ornamentos da infância de
Desmond com a alegria e o entusiasmo especiais que só apareciam perto do
Natal.
Seu corpo era magnifico, especialmente fora daquele macacão de ski.
E ela não estava vestindo nada especial, na verdade. Camiseta e uma calça
de moletom que tinha sido cortada para virar um short e mostrava suas
pernas longas e tonificadas.
“Isso está reto?”
Desmond tomou um gole da sua garrafa antes de responder.
“Incline para fora um pouco mais,”, ele disse em tom jocoso, “ainda
não dá para ver.”
A boca de Alyssa fez um ‘haha’ silencioso, mas ela fez o que ele
pediu. Ela estava no andar de cima, pendurada no balcão com um braço.
Tentando fazer com que a decoração que estava sobre o portal de entrada do
chalé ficasse reta enquanto se equilibrava em uma perna esguia e
bronzeada.
“Agora vire.”, disse Mason.
“Não consigo!”
“Não a decoração.”, ele gargalhou. “Você. Vire o corpo um pouco
mais para a parede, para alcançar melhor.”
Ela parou, deixando a decoração onde estava e colocando uma mão no
quadril. “Estou começando a pensar que estava reto o tempo todo,”, ela
disse, “e que vocês só querem olhar minha bunda.”
“Talvez.”, Mason deu de ombros.
Eu gargalhei e o resto deles se juntou a mim. Estávamos fazendo
muito isso naquela viagem. Gargalhar. O que me lembrava de…
…Emma.
“Ok. Parece bom.”, disse Desmond.
“A guirlanda,”, Alyssa desafiou, “ou minha bunda?”
“Na verdade, os dois.”
“Ok, então.”, ela riu, subindo agilmente na escada de madeira. “Que
bom que clarificamos isto.”
Caramba, ela era tão linda. Cheia de curvas e feminilidade com
aqueles cabelos meio loiros meio ruivos até o meio das costas. Imaginei
distraidamente se as pontas tocariam sua bunda se ela se inclinasse mais.
Também imaginei como seria pegar um punhado deles, ter meus dedos
peneirando lentamente aquele mar brilhante de cachos.
Na noite anterior eu precisei sair do quarto dela no momento crítico da
conversa. Caralho, eu rejeitei a proposta de Alyssa de manter seu corpo
aquecido.
E caralho de novo. Foi uma das coisas mais difíceis que já precisei
fazer na vida.
Eu estava frustrado para caramba com aquele ‘acordo’. Merda, eu me
arrependi de tê-lo feito, para começar. Minha própria estupidez me fez ficar
acordado a noite toda, me virando na cama feito um pão na chapa. Me
punindo por não ter dado um ou dois passos a mais, enquanto Mason
roncava alegremente do outro lado da cama.
Você não pode simplesmente quebrar o trato, você sabe…
Era tentador demais. Quase tão tentador quanto ela. Os caras ficariam
putos, é claro, mas entenderiam no fim das contas. Inicialmente, achei que
seria mais simples manter as coisas platônicas e agir quando voltássemos
para casa. Mas agora…
Agora eu sentia um senso de urgência. Não só na minha necessidade
em estar com ela novamente, mas pelo fato de que Mason passaria a viagem
toda com uma garota com a qual ele já tinha ficado. Se ainda houvesse
atração ali, poderia florescer durante o feriado. E eu ficaria ali, evitando
agir como um idiota. De pés e mãos atadas, sentado num canto…
E ainda havia Desmond. Eu podia ver a forma como ele olhava para
ela. Era um olhar que eu já tinha visto muitas vezes antes em todas as
nossas viagens, só que naquela época…
Naquela época era mais do que ok.
Sim. Era.
E você sabe exatamente o porquê.
Terminei minha cerveja e me levantei para pegar outra. Alyssa passou
do meu lado, toda sorridente e saltitante. Minhas narinas captaram um sopro
gentil floral e doce. Algo que fez com que o resto dos meus sentidos
despertasse e formigasse como na noite anterior no quarto dela.
Talvez eu fosse falar com ela mais tarde. Talvez eu esperasse até os
outros irem dormir e fosse até o quarto dela, espreitar se ela ainda estava
acordada.
Eu poderia até despertar a fúria dos outros dois, mas só porque eles
não agiram primeiro. E é claro, havia também uma outra possibilidade: nós
três termos a mesma ideia e acabarmos num engarrafamento no corredor em
frente à porta dela.
 
 
Capítulo 12
 
 
 
ALYSSA
 
Depois de oito horas na montanha — seguidas de toda a correria —,
nós quatro estávamos fisicamente exaustos. Desmond estava caindo no
sono no sofá. Mason, encarando o fogo entorpecido. Rogan e eu tínhamos
jogado duas partidas de xadrez, cortesia de uma caixa velha que eu tinha
achado no sótão. E cada um de nós tinha ganhado uma. Empatados, em pé
de igualdade.
O dia seguinte foi longo. Exploramos Stowe juntos. Desbravamos a
cidadezinha pitoresca e voltamos no fim do dia, para ver o cenário do pé da
montanha sob o céu estrelado. Isso foi a desculpa perfeita para voltar para
casa.
Uma hora mais tarde, o chalé estava escuro e silencioso, exceto pelas
crepitações da lareira aconchegante. Eu estava enfiada debaixo das
cobertas, já com o diário de Emma em mãos. Eu abri na página seguinte e
comecei a ler.
 
Eu mal podia esperar por esta noite, pelo que estava prestes a
acontecer.
 
Aparentemente ela tinha pulado os eventos diários e ido direito ao
ponto. De ebulição. E por mim, tudo bem.
 
Falamos sobre isso. Fantasiamos sobre isso. E de repente,
hoje… iria finalmente acontecer. As borboletas se debatiam no meu
estômago. Quase a ponto de me fazer ficar enjoada.
 
Intrigada, eu li os detalhes iniciais do encontro deles. Tudo aconteceu
naquele quarto, naquela mesma cama. Emma tinha chupado Desmond.
Deixando-o duro dentro da sua boca para então escalá-lo e se empalar no
seu membro.
 
Ele parecia maior do que nunca dentro de mim. Duro feito
aço, dolorosamente grosso. Abri minhas mãos no seu peito e me
abaixei até o máximo que pude, enfiando-o até o fundo. Não parei
até não sobrar nada para fora, e então saboreei o sentimento de
completude que vinha com aquela enfiada maravilhosa.
 
Um calor familiar cresceu dentro de mim, começando no meu
estômago. Eu sentia as borboletas de Emma, e não conseguia parar de ler.
Devoravao diário de forma ininterrupta, sob a luz fria da lua:
 
Eu o cavalguei por uns cinco minutos, talvez. Mas pareceu
uma eternidade. A antecipação do que estava prestes a acontecer
me deixou o mais molhada que já estive na vida. Eu sabia o que
faríamos… só não sabia onde, como ou em quais circunstâncias.
Eu só sabia que queria. Queria mais do que qualquer outra coisa
na minha vida.
E eu podia ver, olhando em seus olhos… que ele também
queria.
As mãos de Desmond ficaram no meu quadril, me
empurrando e me puxando contra seu pau. Me conduzindo ao
frenesi. Eu podia ouvir minha própria umidade. Ele se inclinou
para a frente, enfiando seu rosto nos meus peitos. Chupando um,
depois o outro; provocando-os com seus lábios, fazendo uma trilha
com a sua língua enquanto eu o cavalgava intensamente, cada vez
mais perto do êxtase inevitável…
E quando eu estava prestes a explodir, ele me empurrou para
a frente. Eu gritei quando ele me afastou do seu belo pau, suas
mãos guiando meus ombros até eu estar de joelhos novamente. E
então eu o chupei com vontade. Sentindo minha própria umidade
espalhada pela sua vara enquanto seus dedos entrelaçaram meus
cabelos, me agarrando com força com as duas mãos.
Eu estava com o rosto virado para baixo. A bunda para cima.
Chupando meu namorado com força e velocidade, enquanto ele
guiava minha cabeça com as duas mãos. E então eu ouvi. A porta
se abrindo atrás de mim. Ou pelo menos, poderia ter sido a porta,
ou poderia ter sido a minha imaginação.
Mas não era.
Consegui olhar para trás, direto nos olhos dele. Eu precisava
da afirmação, mas Desmond já estava olhando por cima dos meus
ombros. Meu coração pulsava com aceleração! Meu estômago se
revolvia em nós. Não sei como, mas mantive a calma e continuei
executando a tarefa…
E foi quando senti duas mãos estranhas no meu quadril.
Acho que suspirei ou gemi alto. Não me lembro. Tudo o que
me lembro foi de parar e olhar para trás, para saber quem era. Me
lembro de olhar nos olhos de Rogan se posicionando atrás de mim.
Notar a nudez sutil do seu corpo lindamente musculoso, e então
voltar a atenção para o olhar cheio de luxúria do meu namorado.
Desmond rolou as mãos, guiando minha boca de volta para a
cabeça do seu pau. Eu não tinha condições de fazer mais nada a
não ser obedecer. O tomei profundamente, meu corpo todo
tremendo de excitação.
…e foi então que seu amigo lentamente enfiou seu pau na
minha boceta.
 
 
Capítulo 13
 
 
 
ALYSSA
 
Caralho! Eu não pude acreditar!
Li de novo e de novo. Cada vez minha boca se abria mais. A cada
leitura eu ficava muito mais molhada.
Eles a estavam dividindo.
A revelação era surpreendente, mas indescritivelmente deliciosa.
Segurei o diário com as duas mãos trêmulas. Senti um jato de adrenalina.
Os mesmos nós de excitação que Emma deve ter sentido na ponta do meu
estômago.
Não me admira que ela sempre viajasse com eles!
Um tronco crepitou alto na lareira. Olhei amedrontada pela porta
aberta para o corredor, mas não havia ninguém lá.
Pensei em tudo o que eu sabia sobre Emma, de quando ela ainda
trabalhava na empresa. Ela era uma morena bonitinha, meio quieta, meio
tímida. Ela já era namorada de Desmond quando foi contratada. Ele tinha
sido acabado de ser promovido das construções para coordenar tarefas no
escritório.
Emma? Pensei, de repente bem acordada. Eu nunca diria que ela era
esse tipo de garota.
Emma… transando com Desmond e Rogan.
Abri o diário de volta na página que eu tinha marcado com o polegar.
O relato ainda não tinha acabado. Estava longe disso.
 
Foi meio maluco a forma como tudo aconteceu. Fácil.
Rapidamente aquilo se transformou de mera fantasia sexual em
realidade concreta. Mas era isso — estava acontecendo. Rogan
estava me fodendo de verdade. Me tomando profunda e lentamente
por trás enquanto eu chupava meu namorado e mexia o corpo para
a frente e para trás entre os dois.
E foi absolutamente incrível.
Demorei alguns minutos para relaxar e aproveitar de verdade.
Eu nem tinha me dado conta do quão tensa eu tinha ficado, mas
Desmond começou a massagear meus ombros e meu corpo se
descontraiu. Ele se sentou e pegou meu rosto entre as duas
mãozonas gentis e me beijou. Com a língua, de forma quente,
enquanto seu amigo agarrava meu quadril com as mãos e me fodia
por trás.
Aquela foi minha parte favorita — a forma como ele me
manuseou como se eu pertencesse a ele. Ele pegou uma das minhas
mãos e entrelaçou meus dedos, sussurrando no meu ouvido que
estava tudo bem. Eu comecei a me mexer, me dando permissão
assim que a culpa deixou minha cabeça. E então os sussurros
começaram a ficar mais safados. Sujos. E eu fiquei ainda mais
molhada, só pensando nas coisas que Desmond estava dizendo que
faria comigo; que eles fariam comigo. As posições que ele queria
tentar. Todos os atos perversos que agora se abriam para nós, e
que ele precisava que eu realizasse.
E eu imediatamente soube que queria tudo.
 
Tive que parar por um momento. Meu pulso estava acelerado, minha
boca seca. Minha mão — com vontade própria — queria explorar meu
corpo novamente. Viajar para o Sul. Para aquele lugar que me traria uma
fração do mesmo prazer que Emma estava experimentando no seu diário.
Eu li os detalhes dos seus pensamentos, seus sentimentos. O conflito
na sua cabeça em ser segurada e beijada por seu namorado… enquanto seu
melhor amigo a fodia.
E aparentemente ela estava amando.
 
Rogan estava bombeando com mais força, mais rápida e mais
profundamente. Se parafusando na minha bunda em círculos
apertados e sensuais. E de repente ele parou e ficou rígido, e eu
soube o que estava prestes a acontecer. Olhei nos olhos de
Desmond e ele disse:
“Deixe-o gozar em você.”
Estou me contorcendo agora, escrevendo isso. Porque vou
dizer algo: não há nada — absolutamente nada — neste planeta
que te prepara para o tesão que é ouvir seu amado namorado te
pedindo para deixar outro homem gozar dentro de você…
Rogan explodiu no momento seguinte. E eu gozei junto com
ele. Apertando-o enquanto o sentia se contrair. Apertando meus
olhos enquanto ele me enchia com sua semente quente e grudenta.
Desmond beijava meu rosto, sem parar. Minhas bochechas, meu
queixo, minha testa…
Foi doce e sexy. E naquele momento, pareceu a melhor coisa
no mundo todo.
 
Eu estava esfregando com força. Três dedos enfiados na minha
própria entrada pulsante. Imaginando meu ventre como o de Emma,
transbordando com o sêmen de Rogan. Era como se o prazer dela fosse meu
também. Eu estava escorregando para a frente, sob os lençóis e o cobertor.
Mas o parágrafo seguinte me atingiu em cheio, novamente.
 
Eles me viraram, juntos, me deixando de costas na cama.
Colocando as mãos entre as minhas coxas, abrindo minhas pernas.
Foi quando olhei para a porta e vi Mason, parado no corredor…
meu coração quase parou.
Ele já estava sem camisa. Eu já tinha visto a cena antes, é
claro, mas ele estava tirando a calça e me olhando diretamente nos
olhos. Eu me sentia nua e exposta diante dele, mas só por um
instante. Então me lembrei do nosso acordo — tudo ou nada —
então estiquei um dedo na sua direção, convidando-o para entrar
enquanto Desmond ainda me segurava no seu colo.
As calças caíram no chão, revelando mais do seu corpo nu.
Nada além do seu membro grosso e pesado, pendurado entre suas
pernas.
E então ele estava na cama. Engatinhando por entre minhas
coxas me estocando apoiado em um enorme e lindo braço. Perdi-O
de vista quando Desmond se inclinou para baixo, e de repente eu
estava sendo beijada de novo. Pelo meu namorado e por Rogan
juntos, como um só.
Eles se revezaram enquanto me tomavam, correndo as mãos
pelo meu corpo todo. Eles estavam segurando meus peitos.
Rolando meus mamilos por entre os dedos enquanto eu agarrava
suas cabeças e os beijava com tanta força que cada vez que eu
respirava parecia que eles também estavam respirando.
Eles me beijaram sem parar até eu finalmente sentir: a
cabeça do pau de Mason sendo arrastada para cima e para baixo
na entrada do meu sexo. Ele parecia maior do que os outros. E tão
maravilhosa e impossivelmente grosso quando ele finalmente me
penetrou…
 
Larguei o diário, enfiando meus dedos profundamente pela última vez
antes do meu corpo começar a convulsionar. O clímax que seguiu me fez
quase desmaiar. Eu literalmente me esqueci do resto todo enquanto meu
cérebro era invadido por ondas de endorfina doce que lavavam tudo, menos
o prazer puro destilado do meu orgasmo apressado produzido pelo meu
cérebro cheio de luxúria.
Caraaaaaalho!
Gozei duas vezes em uma sucessão rápida — algo que só tinha
acontecido uma ou duas vezes na minha vida. Agarrei os lençóis com a mão
livre, me debatendo desesperadamente sob o edredom enquanto eu flutuava
num céu branco de alegria.
Foi maluco. Não, foi insano!
Mas tinha acontecido de fato, tudo aquilo. E aconteceu bem ali.
Naquele chalé, com aqueles homens. Os mesmos três homens que tinham
me convidado para a viagem deles, que estavam flertando comigo o tempo
todo.
E com os quais eu tinha flertado de volta descaradamente.
 
 
Capítulo 14
 
 
 
ALYSSA
 
“Ah, aí está ela!”
Entrei na cozinha vestindo meu robe e senti o cheiro de bacon
estaladiço. Alguém me deu uma caneca de café e outra pessoa me deu uma
espátula.
“Você pode terminar as panquecas?”, perguntou Desmond, sorrindo.
Tomei um gole longo de café antes de responder. Bastante leite, um
pouco de açúcar. Eles acertaram em cheio.
“Acho que sim.”
“Boa.”, ele disse, apontando para a panela. “Agora, ao trabalho.”
Mason estava fazendo ovos mexidos, acrescentando leite para dar
maciez em vez de água. Eu teria que ensiná-lo, mas não naquele momento.
Rogan alinhava tiras de bacon num prato coberto por papel toalha. Os três
caras se moviam com propósito — provavelmente porque a cafeteira já
estava vazia. Eles também pareciam estar em excelente humor.
“Vocês deveriam ter me acordado.”, sussurrei. “Me sinto mal.”
“ Preferimos te deixar dormir mais.”, disse Rogan. “Sono da beleza,
etc.”
“Sim, mas—”
“Mas nada.”, disse Desmond. “Você estava provavelmente exausta do
nosso dia de esqui ontem.”, ele acenou para a panela. “É melhor você
virar.”
Bocejei e virei a panqueca, pensando que eu tinha atrasado trinta
segundos. Mas tudo bem, havia mais massa.
Eu não estava prestando muita atenção nas panquecas, para ser
honesta.
Não. Tudo o que eu conseguia pensar era sobre a noite anterior. No
diário de Emma. No que ela tinha escrito…
Inacreditável.
Meus olhos voaram de Desmond para Rogan. E para Mason. Eu os
estava olhando com novos olhos. Era como ver três pessoas diferentes —
homens que eu não tinha conhecido antes. E ainda assim, eles ainda eram os
belos colegas de trabalho dos quais eu era amiga, com os quais eu tinha
flertado e até beijado um deles nos últimos anos.
Só que naquele momento…
Naquele momento eu continuava imaginando o que eles tinham feito.
Pensei em Desmond segurando o rosto de Emma nas duas mãos enormes.
Beijando-a com amor enquanto Rogan a fodia por trás. Fiquei imaginando
Mason parado no portal, se masturbando enquanto engatinhava pela
cama…
“Jogue fora.”, Desmond gargalhou olhando minha panqueca. “Me
deixe lavar a frigideira.”
Entreguei para ele entorpecida, estudando sua expressão. Imaginando
seu olhar enquanto ele assistia sua namorada fazer todas aquelas coisas
malucas.
Eles a dividiram. Os três.
Eu ainda não conseguia acreditar. Mas ao mesmo tempo conseguia.
Eles a revezaram. Entregaram seu corpo de um para o outro.
Continuei lendo um pouco mais depois do meu orgasmo. O suficiente
para ver pelo menos como foi o resto da noite. Desmond tinha assistido
Mason abrir as pernas de Emma e empalá-la até ela quase implorar por
misericórdia. Fodendo-a até não conseguir mais parar e se esvaziar dentro
dela assim como Rogan tinha acabado de fazer.
E então, finalmente, Desmond a prendeu na cama pelos punhos, se
enfiando dentro dela e tomando sua vez. Os outros ficaram assistindo e
relaxando dos dois lados dela. Descontraidamente brincando com seu
corpo. Beijando-a suavemente, sem parar, enquanto seu namorado a fodia
lenta e profundamente.
A noite terminou com uma terceira carga no ventre de Emma e os dois
se acariciando debaixo das cobertas. Os outros dois voltaram para os seus
quartos e ela contou a Desmond o quanto tinha gostado da noite, agradecido
a ele por realizar sua fantasia, e ele pontuou que era a fantasia deles.
Então eles disseram algo que fez meu estômago palpitar logo no final
do texto.
Emma disse que mal podia esperar para repetir a dose.
“Aqui.”, disse Desmond, me entregando uma frigideira limpa e
brilhando. “Adicione manteiga e mãos a obra! Os ovos estão quase
prontos.”
Engoli a seco, havia um nó na minha garganta.
E eu sabia a razão.
Mecanicamente preparei a próxima panqueca. Mas eu não consegui
evitar. Eu estava olhando para os rapazes de canto de olho, os imaginando
fodendo a namorada de Desmond juntos, se contorcendo de forma sexy
entre as pernas dela.
Três anos.
Me lembrei da data no diário. Só aquilo já era surpreendente.
Eles a compartilharam por três anos!
Dois anos e meio pelo menos, pensei. Desmond e Emma tinham
terminado antes do verão começar. E bem, eu não tinha continuado lendo,
então não tinha certeza se eles chegaram a repetir a dose. Era possível ter
sido uma única noite. A realização de uma fantasia antiga. Mas a forma
como Emma falou sobre…
Bem, eu certamente achava que não.
“Estas estão boas.”, disse Desmond, acenando para as três últimas
panquecas que eu tinha feito. “Coloque-as num prato, vamos comer.”
Um minuto depois eu estava tomando meu lugar na mesinha redonda,
estudando os rapazes por cima da borda da minha caneca de café. Eles
estavam gargalhando e fazendo piadas. Alfinetando uns aos outros e me
dando cotoveladas, esperando pela minha reação. O tipo de coisa que eles
sempre faziam, e eu sempre gargalhava junto com eles.
Só que agora havia um quinto elemento, aquele bando de borboletas
sacudindo as paredes do meu estômago.
 
 
Capítulo 15
 
 
 
ALYSSA
 
Stowe era tão fofa quanto nas fotos que eu tinha visto, e eu tinha visto
muitas. Mas naquela época de fim de ano…
Bom, tudo era elevado a outro patamar.
A cidadezinha pacata ficava no centro de três rodovias convergentes, a
maioria das casas era antiga e colonial, todas decoradas calorosamente do
lado de dentro e com luzes de Natal de várias cores e formato do lado de
fora.
Durante o dia, o lugar era de tirar o fôlego. Cada casinha e lojinha
estava decorada. Um pinheiro em quase todo jardim, cheio de luzes
brilhantes por todo canto ao redor da presença imponente do resort de esqui
no topo da montanha.
Durante a noite tudo brilhava, refletindo as camadas de gelo e de neve
brilhante. Dirigimos pela cidade um pouco, aproveitando a companhia uns
dos outros, enquanto apreciávamos a vista. Tomamos chocolate quente no
interior espaçoso da caminhonete para manter o calor debaixo dos nossos
casacos pesados de inverno.
“Estou faminto.”, Rogan finalmente declarou.
Mason levantou o braço. “Eu apoio esta petição.”
Desmond gargalhou, segurando o volante. “Todos a favor do caso
Harrison?”
Nós quatro respondemos ‘sim’ ao mesmo tempo, e a caminhonete fez
uma curva. Tínhamos passado por um bar e restaurante com uma carinha
simpática fazia dez minutos. Como tínhamos visto fotos e opiniões online,
sabíamos que o lugar era confortável e convidativo — e servia
hambúrgueres maravilhosos.
Nos sentamos no bar por quase uma hora, esperando por uma mesa,
enquanto dividimos uma jarra de cerveja, mas eu não me importei nenhum
pouco. O lugar era lindo. A construção de madeira manchada se estendia
para todas as direções.
“O chalé está lindo, falando nisso.”, Desmond me disse. “Você
mandou muito bem.”
“Dei o meu melhor.”, eu sorri. “Mas ainda está faltando uma coisa.”
“E o que seria?”
Sacudi a cabeça enquanto lambia a espuma do meu lábio superior.
“Não é óbvio? Uma árvore de Natal!”
Mason se inclinou sobre o bar, me encarando. Ele tinha me dado
olhadas e sorrisos a noite toda. Nada ruim, mas eu senti como se ele
soubesse de algo. Algo que eu não sabia.”
“Temos uma árvore pré-iluminada no sótão.”, disse Rogan. “Você não
viu?”
“Eu vi.”
Ele levantou uma sobrancelha. “E então?”
“Parece a primeira árvore de Natal de plástico que eu tive.”, eu dei
uma risadinha. “Como se tivesse sido atropelada pelo trenó do Papai Noel.”
Mason gargalhou enquanto Desmond pareceu magoado.
“Do que você está falando?”, ele perguntou. “Usamos aquela árvore
durante minha infância toda!”
“Ela tem razão.”, disse Mason. “Aquela coisa é… bem…”
“Caquética?”, Rogan perguntou casualmente.
“Sim. E isso porque você está sendo gentil.”
Desmond fez uma careta, mas eu apertei seu braço confortavelmente.
“Não tem problema.”, eu disse. “Podemos usar a que você quiser. Ou…”
Deixei as palavras pairarem no ar e algo me veio à cabeça.
“Ou o que?”
“Não importa.”, eu disse. “Me deixem cuidar disso. Eu cuido da
árvore.”
“Cuida da árvore?”, Mason perguntou.
“Sim, eu tenho algo planejado.”, admiti. “Eu talvez precise usar a
caminhonete.”, eu disse, me virando para Desmond.
Ele me olhou ceticamente. “Você consegue dirigir a caminhonete?”
Eu gargalhei alegremente. “Em Jersey, metade das pessoas nasceu
numa boleia de caminhão. A outra metade aprendeu a dirigir antes de falar.”
“Que horror.”, disse Mason, visualizando a cena.
“Esperem até amanhã.”, eu disse. “Vocês verão. Deixem a árvore
comigo.”
Brindamos e esvaziamos nossos copos bem a tempo de ocuparmos
nossa mesa. O jantar estava excelente. A companhia, melhor ainda. A cada
hora, tudo parecia ainda mais casual, mais relaxado. O álcool ajudava, é
claro, mas os rapazes eram divertidos por si sós. Era bom passar tempo com
eles.
Eu tinha até me esquecido do que li na noite anterior.
Falamos sobre o trabalho primeiro, depois compartilhamos uma dúzia
de histórias hilárias, uma mais engraçada que a outra. Mason teve algumas
viagens de trabalho interessantes com algumas pessoas bem estranhas.
Desmond nos relatou coisas das obras e algumas coisas maravilhosamente
estúpidas que os clientes já tinham feito. As histórias de Rogan eram todas
sobre o escritório, envolvendo pessoas que conhecíamos. Descobri podres
de vários colegas. E bom, à medida em que o álcool entrava, a minha
verdade também começou a sair.
O que tinha me deixado mais perplexa era como as coisas tinham sido
fluidas entre eles. Aqueles homens eram amigos de longa data, antes
mesmo de eu me mudar de Jersey para a Flórida. Eles entravam nas
histórias uns dos outros. Terminavam as frases um dos outros. Eles
pareciam três irmãos, mesmo quando algum deles cutucava o outro
impiedosamente.
Era óbvio que eles compartilhavam as vidas já fazia muito tempo. E
bem no fundo, aquilo parecia justificar — pelo menos um pouco — o fato
de eles dividirem uma mulher, o que é um tabu para a maioria das pessoas.
Finalmente nós todos saímos na neve, que estava caindo com
intensidade. Desmond tinha parado de beber já fazia tempo, depois de duas
cervejas. Ele ligou a caminhonete, nós entramos e fomos em direção à
montanha de Stowe.
“Ainda querem desbravar o pé da montanha hoje?”
Era nosso plano original: ver como era a noite na base da montanha.
Mas naquele momento…
“Talvez amanhã?”, Mason ofereceu.
Ele estava no banco de trás, ao meu lado, nossos corpos se
encostavam um no outro. Talvez para nos aquecer, mas também pelo
conforto de estar perto.
“Concordo.”, disse Rogan. “Vagamos pela cidade o dia todo. Vamos
deixar isso para outro dia.”
Na escuridão do banco de trás, a mão de Mason encontrou a minha.
“Além disso,”, ele disse, “a festa de verdade vai acontecer no nosso chalé.”
Relaxei a mão, deixando seus dedos se entrelaçarem aos meus. Mason
me olhou de lado de novo. Seus olhos piscaram perigosamente na luz fraca
enquanto ele apertava meus dedos gentilmente.
“Então vamos para casa.”, disse Desmond, manobrando o carro.
 
 
Capítulo 16
 
 
 
MASON
 
Eu amava tudo nela. Seu coração. Sua sagacidade. A forma como ela
jogava seu cabelo para trás antes de cair na gargalhada. Tudo aquilo — ela
era o pacote completo.
E é claro, teve a aquela nossa quase noite..
“Eu acuso Coronel Mostarda, na Sala de Música com o revólver.”
Ela olhou para nós três, seus olhos brilhando com entusiasmo
crescente. Batendo aqueles cílios ridiculamente longos enquanto ninguém
respondia.
“Nada mais a dizer?”, Alyssa gargalhou. “Sem mais conversa dura?
Acabaram os discursos floreados sobre serem os melhores?”
Desmond deixou cair as cartas. Eu também. Alyssa alcançou o centro
do tabuleiro e abriu o envelope secreto, puxando as cartas uma por uma.
Coronel Mostarda. Sala de Música…
E a corda.
“Droga.”, ela xingou, com o rosto abatido. “O que—”
Rogan sorriu diabolicamente e levantou a carta do revólver. Alyssa
rosnou.
“Eu acusei o revólver três rodadas atrás!”
“Não acusou não.”
“Acusei sim!”
Rogan gargalhou. “Ah, é? Prove.”
Alyssa pulou abruptamente por cima do tabuleiro e o atacou, quase
entornando seu vinho. Desmond esticou o braço no último segundo e
segurou sua taça, antes dos dois rolarem pelo chão simulando uma luta.
As coisas tinham definitivamente progredido a um cenário mais
íntimo, desde o início da noite. Tínhamos jogado Imagem e Ação, mas não
foi muito longe. Eu e Alyssa acabamos com os outros em três rodadas.
Elarealmente desenha bem.
Tínhamos tentado Damas Chinesas, mas nenhum de nós se lembrava
das regras e metade das peças estava faltando. Rogan tinha sugerido jogar
‘strip Ludo’, mas Desmond lançou a ele um olhar de desprezo.
“Não vamos jogar strip Ludo.”, declarou nosso anfitrião.
Eu gargalhei e pontuei que nem sabia que era possível jogar strip
Ludo. Mas Alyssa riu maquiavelicamente e disse que não era tão ruim. Ela
disse que consideraria seriamente porque estava tendo ‘sorte nos dados.’
Naquele momento Rogan estava sobre ela, segurando seus braços.
Seus narizes quase se encostavam, tamanha a proximidade. Devo admitir
que estava ficando meio enciumado.
“Não consigo achar o ponto de cócegas dela.”, ele reclamou.
“Talvez você esteja procurando o ponto errado.”, Alyssa provocou.
Ele soltou os punhos dela e escorregou suas mãos até as axilas de
Alyssa. Ela ficou imediatamente selvagem, gargalhando e se balançando e
seu cabelo cobriu seu rosto todo.
Meus pensamentos voltaram para a noite anterior. Para o nosso quase
rendez-vous. Que tinha acabado abruptamente comigo parado no corredor.
Caralho.
Eu tinha passado quase uma hora na cama, encarando o teto.
Debatendo sobre ir ou não para o quarto dela. Significaria trair os rapazes,
mas ultimamente eu tinha sentido que deveria ser o primeiro a agir. Afinal,
era eu quem já a tinha beijado. Fui eu quem tinha admitido estar atraído por
ela durante nossa conversa no pé da montanha.
Não foi difícil sair do quarto depois que Rogan adormeceu.
Entretanto, quando cheguei na porta do quarto dela…
Bom, foi quando eu vi algo que me fez explodir totalmente.
“Ok, ok.”, ela gritou. “Eu desisto!”
Eles se desenrolaram devagar e se sentaram. Rogan pegou sua cerveja,
Alyssa colocou os cabelos para trás das orelhas de novo e Desmond a
entregou sua taça de vinho.
“Você até que é divertida.”, disse Rogan. “Sabia?”
Alyssa tomou um gole longo da sua taça. Agradavelmente embriagada
e com o cabelo meio bagunçado, ela estava sexy para caralho.
“Tão divertida quanto Emma?”, ela ousou perguntar.
O cômodo ficou em silêncio abruptamente. Enquanto as chamas
crepitavam, Rogan e eu nos olhamos preocupados.
“Desculpa…”, Alyssa disse imediatamente. Ela se virou para
Desmond. “Eu—eu não queria—”
“Muito mais divertida.”, Desmond disse finalmente. Ele forçou um
sorriso. “Sério.”
Os ombros de Rogan relaxaram. Eu suspirei aliviado.
“Agora você só está sendo legal.”, Alyssa se corrigiu. “Eu não deveria
mesmo ter dito isso.”
“Por que?”, perguntei. “Você não está se divertindo?”
“Eu? Nunca me diverti tanto.”, ela respondeu avidamente. “Vocês têm
sido maravilhosos comigo. Eu—eu acho que só sou um pouco insegura.”,
ela explicou. “Eu sei que vocês viajaram para cá com a Emma várias vezes
e eu só queria me certificar que estou… bem, me encaixando bem.”
“Você está.”, disse Rogan. Ele tilintou sua garrafa contra a taça dela.
“Acredite.”
“Você é melhor em jogos de tabuleiro, com certeza.”, eu disse
sorrindo.
“E na luta livre.”, Rogan adicionou.
“E melhor decoradora.”, disse Desmond, sacudindo uma mão ao
redor. As luzes de Natal piscavam pelo cômodo todo, acrescentando uma
atmosfera de festas a tudo. “Muito melhor do que Emma era.”
A vi corar com toda aquela atenção, mas era uma expressão boa.
Honesta.
“Ahh, vocês são muito gentis.”, ela sorriu. “Mas e vocês?”
Nos entreolhamos, sem entender.
“Quem é o melhor no que?”
Rogan respondeu imediatamente, batendo no peito com um punho.
“Bom, claramente eu sou o melhor cozinheiro.”
Desmond e eu olhamos para ele com um olhar de que aquilo era
discutível. Mas o deixamos continuar.
“Eu sou o mais bonito.”, Desmond sorriu. E fez uma pose, esfregando
o cavanhaque, para dar mais efeito. Alyssa gargalhou.
“E é claro eu sou o que beija melhor.”, declarei orgulhosamente.
Então olhei para ela diretamente e pisquei para os outros dois verem.
“Mentira.”, Desmond e Rogan disseram ao mesmo tempo.
Nós rimos um pouco e o chalé ficou silencioso de novo. Alyssa estava
nos olhando estranhamente, quase travessamente. Mas de uma boa maneira.
“Bom, eu posso descobrir agora mesmo.”
Nós três congelamos. Era possível ouvir uma gota cair.
“Descobrir o que?”
“Quem beija melhor, tolinho.”, Alyssa riu. “Estou inclinada a dar
minha opinião honesta. Pelo bem da ciência, é claro.”, ela acrescentou
rapidamente.
O silêncio se estendeu pelo que pareceu uma hora. Alyssa nos encarou
por cima da taça de vinho, com os cabelos longos e os olhos verdes
sensuais.
“Tem que ser uma opinião objetiva.”, disse Desmond abruptamente.
“É claro.”
“Sem favoritismo.”, disse Rogan. “Além disso… bom, nós sabemos
que você já beijou Mason.”
Meu coração estava batendo mais forte quando os olhos delas voaram
na minha direção. “Isso foi há seis meses…”, disse Alyssa. “Você realmente
tem medo de que eu me lembro dos lábios dele?”
“Espera!”, interrompi. “Você está dizendo que meus beijos são
esquecíveis?”
“Ah, não.”, ela riu, fingindo inocência. “Eu nunca diria isso!”
“Então vamos te vendar.”
A sugestão de Desmond nos fez parar abruptamente. Eu não podia
acreditar que ele estava fazendo aquilo. Foi dele a sugestão de fazermos um
pacto.
“Você quer fazer isso?”, Rogan perguntou.
Alyssa deu de ombros. “Claro. Acho que sim. De que tipo de beijo
estamos falando?”
“Apenas lábios.”, disse Desmond. “Sem toque.”
“Não foi o que eu quis dizer,”, Alyssa respondeu, “tipo… beijo
rápido? Ou beijo beijo?”
“Estamos falando de um beijão.”, eu disse. “Lábios, língua, tudo…”
Ela bebeu outro gole do seu vinho e acenou devagar. “É a única forma
de julgar de verdade, não acham?”
Deus, ela estava tão sexy! Toda corada e quente, com os lábios
carnudos. Nos encarando inocentemente do seu canto do sofá.
“Temos que ter um limite de tempo, então.”, disse Desmond. “E não
um limite de beijo. Que tal trinta segundos?”
Ela colocou um dedo na bochecha e virou a cabeça, fingindo estar
pensando na sugestão.
“Um minuto seria melhor.”
A forma como ela negociava só me deixava mais excitado. E eu podia
notar que Desmond se sentia da mesma forma. Assim como Rogan.
“Certo.”, disse Desmond. “Um minuto.”
A boca linda de Alyssa formou um sorriso sacana. Se levantando do
sofá, ela colocou a taça de vinho sobre a mesa de centro e a afastou.
“Vá buscar a venda, então.”, ela disse inocentemente.
 
 
Capítulo 17
 
 
 
ALYSSA
 
O beijo foi lento, sensual. Profundo e lindo. Um par de lábios firmes e
masculinos rodando suavemente nos meus enquanto meu corpo todo
derretia em uma poça borbulhante de calor e sexo.
Ai. Meu. Deus.
Já fazia dez segundos. Ou trinta. Talvez uma hora. Eu não sabia ao
certo! Só pensava na sensação de ser segurada sem ser tocada. De ser
possuída sem nenhuma outra conexão a não ser duas bocas famintas—
Bip-bip-bip! Bip-bip-bip!
O alarme do telefone disparou, sinalizando que tinha acabado. Um
minuto quente. Sessenta segundos escaldantes de uma pegação intensa
interrompida pelas ‘regras’ do nosso jogo.
DROGA!
Relutantemente os lábios se afastaram dos meus — talvez tenham até
sido puxados para longe por um dos outros dois. Eu não sabia quem era
porque ainda estava vendada. No escuro total.
Engoli, tentando me recompor. Imaginando quando o próximo
competidor se aproximaria, pronto para tomar o lugar do anterior. Meus
lábios estavam prontos. Meu corpo estava desejoso...
Foi quando uma mão escorregou por trás de mim e agarrou minha
bunda.
Ahhhh…
Meu corpo endureceu.
Ahhh, uau!
Mas ao mesmo tempo ficou totalmente frouxo.
Ouvi um tapa — o som de pele na pele. A mão que tinha agarrado
minha bunda por um glorioso segundo tinha sido afastada do meu corpo por
outra pessoa.
Sem toque, lembra? É contra as regras.
Uma boca encontrou a minha. O beijo foi mais insistente que o
anterior, mas mais apaixonado. Uma língua ultrapassou meus lábios e
escorregou pelos meus dentes, procurando minha própria língua, como se
fosse uma velha companheira perdida.
Nossos narizes roçaram enquanto nos mexíamos. Senti o toque suave
de um cavanhaque…
Desmond! Pensei. Ou talvez Rogan…
Os lábios anônimos se agitavam com força contra os meus, nossas
bocas viraram uma na busca por prazer mútuo. Beijar vendada era como
nada que eu já tinha experimentado antes. Havia algo especial em negar um
sentido ao meu corpo, como se os outros ficassem mais aguçados. Fazia
tudo ficar muito mais intenso, especialmente porque minhas mãos também
estavam proverbialmente amarradas.
Eu senti que estava ficando insanamente excitada. As emoções cruas e
viscerais de luxúria e necessidade e desejo — impulsionadas pelo
entorpecimento do álcool — eram todas intensificadas pela venda. Sem
mencionar que eu realmente não sabia qual dos caras estava do outro lado
me dando aquele prazer. Eu só sabia que experimentaria os três, cada qual
na sua vez.
Tal como Emma…
O pensamento foi uma facada de excitação que atingiu profundamente
meu estômago. Emma tinha feito aquilo. Eu estava seguindo seus passos.
Mesmo que fossem passos de formiga, ainda era—
Bip-bip-bip! Bip-bip-bip!
A língua na minha boca se mexeu com força pela última vez. Me
sugando. Literalmente me tirando o fôlego com aquele último beijo,
entregue com a urgência de dois amantes apaixonados se despedindo antes
de uma viagem.
Nossos lábios se separaram e de repente uma outra presença surgiu na
minha frente. Eu senti o cheiro de perfume. Ou pós-barba. O almíscar doce
e delicioso de um homem, eu só não sabia qual deles.
Então um par de mãos agarrou meu rosto e me puxou. Me beijando e
acariciando minhas bochechas com as pontas do dedo suaves, de forma
lenta e maravilhosa.
“Hm-hm.”
De um dos lados, um dos rapazes limpou a garganta alto. As mãos no
meu rosto desapareceram, mesmo com meu desejo de segurá-las com as
minhas.
Droga.
A regra de não tocar era lastimável. Eu deveria ter negociado melhor.
Mas eu deveria mesmo estar reclamando? No momento tudo estava bem, eu
estava beijando os mais macios e maravilhosos lábios enquanto uma língua
forte e confiante escorregava sensualmente na minha.
Meu corpo estava em chamas. Cada centímetro da minha pele estava
arrepiado. E lá embaixo, no meio das minhas pernas…
A forma como as minhas coxas roçavam uma na outra dava para saber
que eu estava totalmente ensopada.
Emma fez isso.
O pensamento de novo. Penetrante. Avassalador.
Ela fez bem mais do que isso.
Eu estava cruzando uma linha. Uma linha que eu tinha me convidado
para cruzar, mas que era um limite de qualquer forma. E ainda assim, não
me importei. Fazia meses, anos que eu não era beijada assim — talvez eu
nunca tivesse sido. Eu precisava daquilo. Mas mesmo confrontando a
honestidade daquela percepção, eu também soube outra coisa:
Que eu queria muito mais do que apenas beijar.
Bip-bip-bip! Bip-bip-bip!
Meu coração afundou quando me dei conta de que a diversão tinha
acabado. E dessa vez eu não me afastei. Fiquei ali de pé, seguindo aquela
conexão maravilhosa quando o último dos meus colegas se afastou do nosso
pequeno experimento.
Então os lábios que eu tinha acabado de beijar se aproximaram
rapidamente do meu ouvido.
“Eu vi o que você fez ontem à noite…”
As palavras eram quase inaudíveis. Um pouco mais altas do que um
suspiro. Mas eram inconfundíveis. E me fizeram sentir um calafrio de
pânico — ou talvez de empolgação — pelo corpo todo.
O que eu fiz…
Eu não tive nem tempo de me engasgar. Alguém me segurou pelos
dois ombros, me girando lentamente duas, três, talvez quatro vezes. Foi
impossível contar. Eu já estava tonta com todos aqueles beijos.
…ontem à noite.
“Eeeee… vamos lá!”
Um dos rapazes tirou minha venda e ali estava eu. De pé entre os três.
Eu era a garrafa no meio daquela roda, o instrumento daquela versão sexy
de ‘Verdade ou Desafio’ e eu nem tinha me dado conta.
“Então, quem foi?”. Rogan perguntou com um floreio. “Número um,
número dois?”
“Ou número três?”, Mason terminou por ele.
“Q—quem foi o que?”, eu gaguejei. Minhas pernas estavam tão
vacilantes que eu mal pude ficar de pé. Estiquei um braço para me apoiar no
sofá.
“O melhor beijador!”, Desmond exclamou. “O motivo pelo qual
fizemos isso.”
Mason deu uma risadinha. “Um dos motivos, pelo menos,”, ele
murmurou.
Os três estavam me encarando com os braços cruzados. Mãos na
cintura. Eu sabia que aquilo tudo era para ter o direito de se gabar. E que eu
estava prestes a fazer um deles muito feliz e os outros dois extremamente
enciumados.
“Eu… hmmm…”
Desmond arqueou uma sobrancelha. Os outros dois nem se mexiam.
“Acho que preciso de outra rodada.”, eu disse rapidamente. “Um
minuto é pouco para dizer. Três minutos, talvez… e se estivermos no sofá,
sabem? Deitados ou—”
Debaixo do seu cavanhaque loiro sexy, o sorriso de Desmond era
quase relutante.
“Ah, não.”, ele disse. “Acho que você já beijou demais por uma
noite.”
Meus ombros caíram de frustração. Droga.
“Talvez possamos repetir quando você estiver… mais preparada?”, ele
sugeriu com uma piscadela.
Os outros dois, parados atrás dele, assentiram, concordando. Me senti
tonta. Distraída. Vermelha e quente.
“Vamos lá.”, Rogan disse, me pegando pela mão. Ele apontou com o
queixo e Mason pegou a outra mão — mais por estabilidade do que por
qualquer outro motivo. “Vamos te colocar na cama.”
De repente o corredor pareceu muito longo, minha cama muito longe.
Mas também me pareceu uma boa ideia. Assenti.
“Amanhã é outro dia.”
 
 
Capítulo 18
 
 
 
ALYSSA
 
A caminhonete saltava ao nascer do sol do dia seguinte, e eu saltava
junto. Era divertido estar num veículo grande daqueles. Eu me sentia
poderosa tão no alto da estrada. Ter o peso de tanto metal sob o meu
comando.
Eu estava levando café da manhã — quatro sanduíches de ovo que
pareciam quase decentes — mas não era tudo. Eu também estava
cumprindo minha promessa. Eu tinha acordado mais cedo do que os outros
três, o que me fez acreditar que eles tinham ficado acordados depois de
terem me colocado na cama. Eles provavelmente tinham ficado bebendo
cerveja juntos, aproveitando o tempo, possivelmente falando sobre o que
tinha acontecido…
Ah, eles definitivamente conversaram sobre o que aconteceu.
Uma onda de calor me invadiu quando me lembrei da noite anterior.
Ficar mais íntima deles, a luta com Rogan no carpete. E depois…
Depois eu os beijei — os três homens. Ou melhor, eles me beijaram.
A coisa toda tinha quase sido como um sonho — lento e sensual. Mas eles
também tinham me beijado longa e intensamente, com cada gota de paixão
possível. Sem nenhuma barreira.
E eles tinham feito isso na frente uns dos outros.
Aquela era a parte da memória que me dava arrepios residuais: os três
já tinham feito aquilo antes. Eles não sabiam que eu sabia, e aquilo só me
excitava ainda mais. Eles tinham feito as mesmas coisas com Emma, e no
mesmo cômodo ainda por cima. Mas com ela eles tinham ido mais, bem
mais longe…
Quão longe você está disposta a ir, Alyssa?
Era uma pergunta justa. Entre a noite anterior, indescritivelmente
quente e as coisas incríveis que eu tinha descoberto no diário de Emma, me
entregar aos rapazes era tudo no que eu conseguia pensar. Mas ainda assim,
eu não era namorada de nenhum deles. eu era meramente uma colega de
trabalho que eles convidaram para viajar de última hora. Eles tinham
relacionamentos estritamente profissionais comigo para começar. Até a
noite anterior…
O que eles vão pensar de você?
Aquele era um problema real. Ir para a cama com eles seria fácil,
especialmente sabendo que eles tinham feito isso antes. Eu li mais um
pouco do diário na minha mesa de cabeceira e descobri as muitas outras
coisas que eles tinham feito com Emma durante as muitas viagens dos
quatro.
Não tinha sido uma aventura de uma noite. Uma fantasia realizada
uma única vez.
Os três tinham fodido aquela vaca sortuda até cansar nos últimos três
Natais.
Mas como seria comigo? Beijar era uma coisa, mas se eu dormisse
com eles, eles ainda me respeitariam da mesma forma?
Nós voltaríamos para a empresa no Ano Novo e haveria olhares
tortos. Pessoas do trabalho fariam piadas sobre como uma das garotas mais
solteiras do escritório foi para um chalé isolado na montanha com três dos
solteiros mais gostosos e desejados. Mesmo que eles não soubessem o que
aconteceu… eles imaginariam que algo aconteceu.
Meu coração acelerou com o pensamento. Eu… e três caras. Três
caras incrivelmente gostosos, charmosos, lindos que já estavam me
ensopando de atenção positiva. Três caras que de repente poderiam me
ensopar com outras coisas.
Caralho.
Eles eram cavalheiros, até onde eu sabia. Eu tinha certeza de que eles
poderiam ficar de boca calada. Mas nós saberíamos. Nós quatro. E não ter a
vantagem de ser namorada de algum deles talvez não me alçasse ao patamar
respeitoso ao qual Emma pertencia.
Ainda assim eu os queria. Por Deus, como eu os queria. Mas eu
também não queria perder a afinidade divertida que tínhamos no trabalho.
Você quer tudo de uma vez.
Sim. Acho que sim.
Continuei pensando nos rapazes. Tentando saber quem me beijou
primeiro, quem apertou minha bunda, quem sussurrou no meu ouvido que
tinha visto o que eu fiz na noite anterior. Aquilo já era o suficiente para me
deixar alarmada, mas estranhamente, me deixou ainda mais excitada.
As borboletas voltaram para o meu estômago. Eu queria que Desmond
me apertasse contra seu peito perfeito. Que Rogan me tomasse em seus
braços firmes e me segurasse com força enquanto Mason se preparava para
me penetrar com a cabeça inchada do seu pau aparentemente gro—
Você realmente faria isso?
O pensamento invadiu minha cabeça assim como a neve invadiu a
estrada diante de mim. Eu quase perdi a entrada! Virei o volante bem a
tempo de entrar na estradinha estreita também coberta de neve que dava no
chalé.
Era uma cena perfeita. Parecia uma pintura a óleo na verdade,
completa por pingentes de gelo e janelas congeladas e a fumaça branca se
enrolando para fora da chaminé de tijolos.
A porta da frente se abriu quando eles ouviram o som da caminhonete
velha e os três saíram até a varanda. Eles estavam com cara de sono, usando
shorts e camisetas. Mason, ainda de cueca, não parecia nem ter acordado
ainda.
“Mas olhem bem para isto!”, gargalhou Rogan, apontando para a
carroceria da caminhonete.
Pulei do carro e orgulhosamente puxei a alavanca que abria a parte de
trás. nossa nova árvore de Natal estava deitada de lado, parecendo fresca e
afiada e linda.
“Você comprou uma árvore real?”, Desmond perguntou, incrédulo.
“Eu disse que cuidaria disso.”
“Tem até raiz esférica!”, disse Mason.
“Sim,”, confirmei. “Nem precisamos de suporte.”
Mason e Rogan pularam na carroceria e começaram a descarregar a
árvore. Ela vinha em um vaso vermelho e brilhante, para mantê-la sempre
reta.
“Eu vi esse lugar no caminho para a cidade um dia desses,”, expliquei.
“Um dos moradores vendendo árvores reais do seu jardim lateral. Achei
que seria melhor do que cortar uma árvore e matá-la por nada.”
“E muito mais bonita que aquela árvore mequetrefe no sótão.”, Mason
brincou.
“Sim.”, gargalhei. “Isso também.”
Desmond fez uma careta, mas eu sabia que era só encenação. Ele
estava sorrindo quando se juntou aos outros e juntos eles descarregaram a
árvore da caminhonete. Então eles a carregaram para dentro do chalé.
“A melhor parte,”, eu disse, os seguindo, “é que você pode plantá-la
depois. Em algum lugar aqui no jardim. E decorá-la todos os anos para
comemorar a melhor viagem de Natal que vocês já fizeram para cá.”
Rogan me olhou por cima do ombro. “A melhor que já fizemos, é?”
“Claro que sim.”, declarei, cruzando os braços alegremente. “A
viagem que vocês tiveram a sorte de me convidar.”
 
 
Capítulo 19
 
 
 
ALYSSA
 
Foi um daqueles dias que passam voando, mas ainda assim, pareceu
durar para sempre. Um dia para o qual você está animado por causa de
alguma coisa específica, mas ao mesmo tempo não está com pressa, porque
está aproveitando tudo loucamente.
Tomei a decisão por volta de meio dia, no topo da montanha. Antes de
começarmos nossa terceira descida, olhando para o céu azul cristalino.
Contei aos rapazes que eu queria terminar o dia no pé da montanha,
encontrar um restaurante confortável para jantar e tomar alguns drinques.
Não muitos, porque eu ainda queria decorar a árvore de Natal.
Então voltaríamos para o chalé e eu diria a eles que tinha uma
surpresa.
As condições na montanha estavam fenomenais o dia todo, e esquiar
era como flutuar numa nuvem. Nós pegamos os teleféricos para voltar,
rindo e contando piadas. Flertando intensamente e sem ressalvas antes de
atingir os topos nevados e escorregando sem esforço para a base de novo.
Finalmente escureceu e nós fomos para o restaurante da estação de
esqui. Tudo estava lindamente decorado — aceso calorosamente, como o
espírito de Natal pede. Comemos uma refeição leve, bebemos quase nada.
Achei que era por que tínhamos exagerado na noite anterior, mas quando
dois pares de mão encontraram as minhas próprias no caminho para casa,
me dei conta de que eles só estavam felizes em passar tempo comigo… e
tão ansiosos quanto eu para chegar em casa.
Assim que chegamos no chalé, Mason ressuscitou a lareira. Rogan
colocou músicas de Natal para tocar enquanto Desmond desembaraçava três
unidades velhas de pisca-piscas irremediavelmente emboladas.
Sentei-me com as pernas cruzadas no chão, abrindo caixas e mais
caixas de ornamentos antigos. Alguns estavam despedaçados, outros não
tinham ganchos para pendurá-los. Mas havia mais do que o suficiente para
deixar a árvore incrivelmente linda e iluminada, espalhando calor e cor pela
sala de estar como pílulas instantâneas de Natal.
Alguém colocou a mão sobre a minha, e eu vi que era Desmond.
“Obrigado por isso.”, ele disse genuinamente, acenando para a árvore.
“E você estava certa. Por mais conveniente que seja montar a mesma árvore
de plástico todo ano, é realmente mais especial assim.”
Sorri ao ver seu rosto lindo e bem esculpido. Por capricho, beijei sua
bochecha barbada.
“Feliz Natal,”, eu disse a ele, ciente de que os outros estavam vendo,
“mas sou eu quem deveria agradecê-lo por me trazer.”
Logo que terminamos, nos sentamos para admirar o trabalho em
equipe. O chalé era como uma tela branca quando chegamos. Naquele
momento era uma pintura linda, de tirar o fôlego. Mason acendeu a lareira e
as luzes de Natal piscando enchiam o espaço com cores diferentes.
Estávamos felizes e contentes. Confortáveis. Uma noite perfeita.
Levantei-me e senti a empolgação crescente me invadir
imediatamente. Meu estômago estava se contorcendo. Era agora ou nunca.
“Vocês se sentem ali no sofá,”, ordenei, “e fechem os olhos. Eu digo
quando puderem abrir. Talvez em um ou dois minutos.”
Mason me deu uma olhada inocente. “Ah, é?”, ele perguntou.
“Ah, é.”, confirmei.
Rogan já estava sentado. Sem hesitar, Desmond e Mason se moveram
na direção dele. Quando tive certeza de que eles tinham coberto os olhos,
fui para o meu quarto e tirei quase a roupa toda. Então peguei meu suéter
favorito. Ele era longo, dos ombros até o meio das coxas, e bem largo.
“Sem espiar, ok?”, avisei.
“Nem um pouco.”, disse Desmond.
“Sim, o que ele disse.”, Mason resmungou.
Minhas pernas tremeram quando cheguei no portal e parei por um
segundo. Era isso. Eu ainda podia voltar atrás. Mas assim que eu entrasse
de volta na sala de estar…
Ah, vá de uma vez!
Meio minuto depois, eu estava deitada de bruços no carpete sob a
árvore de Natal. Eu balançava as pernas para a frente e para trás em
movimentos sensuais enquanto descansava a cabeça nas mãos.
“Tudo bem.”, eu disse, com a voz trêmula. “Vocês podem olhar
agora.”
Os três abriram os olhos ao mesmo tempo. E ali estava eu, sorrindo de
volta para eles. Lábios vermelhos, olhos verdes brilhantes, um laço
vermelho enorme e brilhante que eu tinha encontrado no sótão… colocado
perfeitamente na ondulação da minha bunda redonda e coberta pelo suéter.
“O que é isso?”, perguntou Desmond, embora eu pudesse ver nos seus
olhos que ele já sabia.
“Este é o seu primeiro presente de Natal.”, eu disse com a voz rouca.
“Antecipado.”
Rogan e Mason me encaravam descaradamente, olhos percorrendo
cada curva do meu corpo esticado. Sem mencionar o laço vermelho no topo
da montanha.
“E este presente é exatamente para quem?”, Mason perguntou
cuidadosamente.
Respirei profundamente e os encarei de volta, deixando meus olhos
falarem mais do que qualquer outra parte do meu corpo.
“Para quem quiser.”, eu ronronei sedutoramente.
 
 
Capítulo 20
 
 
 
ALYSSA
 
Minhas palavras foram seguidas de uma quantidade estrondosa de
silêncio. E encaradas. E outras várias coisas.
“Alyssa,”, perguntou Desmond devagar, “o que você quer dizer
exatamente?”
“Quero dizer… é o que vocês querem, não é?”, lentamente, movi
minhas pernas para a frente e para trás. “Não foi por isso que vocês me
convidaram?”
Os olhos deles estavam fixos no meu corpo. Aproveitei o momento e
puxei a borda do meu suéter, revelando outro centímetro de pele macia e
nua.
“Não.”, um par de vozes respondeu. “Quer dizer, sim.”, Mason
gaguejou. “Talvez. Mas se foi por isso que te convidamos?”, ele sacudiu a
cabeça. “Não. Definitivamente não.”
“Nunca pensamos nisso.”, Desmond interrompeu. “Te convidamos
porque gostamos de você. Rimos com você. Mas…”, ele deu de ombros
evasivamente. “Não é isso que queremos.”
“Hmm,”, eu disse, fazendo um beicinho, “mas… e se for o que eu
quero?”
Minha frase gerou mais uma rajada de silêncio coletivo. Era fofo e
divertido, e não pude conter o sorriso perverso.
“Vocês fizeram essas coisas com Emma,”, eu disse corajosamente,
meu pulso acelerando cada vez mais. “E ela amava. Eu sei que ela amava
porque li o diário dela.”
Eles não ficaram só chocados, eles ficaram absolutamente perplexos.
Mas ao mesmo tempo, me olharam de forma muito diferente naquele
momento. Era o que eu queria.
“Sinto muito.”, eu disse mais para Desmond do que para os outros.
“Eu tive insônia na minha primeira noite aqui. Achei o caderno na mesa de
cabeceira e… bem… eu comecei a ler.”
Desmond abriu a boca para dizer alguma coisa, mas então a fechou
novamente. Não havia palavras, na verdade.
“Eu esperava que um de vocês fosse agir,”, eu ri, tentando quebrar a
tensão, “mas—”
“Não podíamos.”, Rogan disse. “Nós meio que, bem—”
“Fizemos um pacto.”, explicou Mason. “Um acordo. Concordamos
em não dar em cima de você por todo o tempo que estivéssemos aqui.”
Foi minha vez de ficar surpresa. “Meu Deus, por que?”
“Não queríamos que as coisas ficassem estranhas para você.”,
Desmond disse.
“E não queríamos que nenhum de nós tivesse ciúme.”, Rogan
adicionou. “Se você se interessasse por um de nós, os outros ficariam de
fora.”, ele me encarou com os olhos castanhos lindos e deu de ombros
sutilmente. “E se você leu o diário, você sabe que nenhum de nós ficou de
fora antes.”
Em resposta, eu puxei a barra do meu suéter até minha cintura. O
movimento expôs totalmente a curva da minha bunda, que estava nua a não
ser pela tanguinha vermelha minúscula.
“Quem está sendo deixado de fora?”, eu sorri.
Os rapazes estavam completamente hipnotizados. Senti que estava
rodeada por lobos sexys lambendo os lábios.
“Vocês fizeram essas coisas com Emma.”, eu repeti suavemente. “E
agora eu também quero. Quero fazer tudo o que ela fez. Quero
experimentar a coisa toda. Tudo isso. Vocês três.”
Caralho! Meu coração estava martelando dentro do peito! Eu tinha
pulado do precipício, por assim dizer, e estava caindo…
“Você tem certeza de que é isso que você quer?”
As palavras vieram de Desmond. Elas eram baixas e pesadas.
Carregadas de luxúria.
“Sim.”, sussurrei.
“Porque não dá para voltar atrás.”, ele disse intensamente. “Se
fizermos isso…”
“Eu sei,”, eu sorri, “acredite. Eu tenho pensado nisso desde que
chegamos aqui.”
Lentamente me virei com as costas para baixo, deixando minhas
pernas se afastarem. Puxei o suéter até debaixo dos peitos, então
escorreguei uma mão tentadoramente para baixo, passando pela pele
exposta da minha barriga.
“É isso o que eu quero.”, murmurei, deixando meus dedos deslizarem
debaixo do tecido fino da minha calcinha. Movi meu dedo indicador para
cima e para baixo… três, quatro, cinco vezes. esperando todos os olhares
estarem ali.
“Alyssa…”
“Quero ser sua namorada até o fim da viagem.”, eu disse com a voz
rouca. “Dos três. De cada um. Quero que vocês me tomem quando
quiserem. A qualquer hora, em qualquer lugar…”
Eles estavam sem palavras. Totalmente no limite. Mas eu podia sentir
no ar—tudo tinha mudado. As máscaras caíram. As restrições que eles
tinham se imposto tinham sido destruídas pela minha admissão devassa.
“Quero que vocês me revezem.”, suspirei sordidamente. “Ou me
tomem ao mesmo tempo. Quero ficar entre vocês, igual no diário.”
Escorregando a mão para cima de volta, esfreguei o dedo melado
entre meus dois lábios. Sorrindo de volta para eles enquanto ria, com o dedo
entre os dentes.
“Quero ser seu brinquedinho…”
Era isso—a última gota. A barragem estourou e os três saíram do sofá
para se juntarem a mim no chão. Rogan escorregou para baixo da árvore, do
meu lado direito. Mason ficou do lado esquerdo. Me perguntei se aquela era
sua ‘formação’, ou se tinha sido ao acaso, ou—
“Você sabe o que está prestes a começar.”, Desmond sussurrou,
ajoelhado ao lado da minha cabeça. Ele dobrou a cintura, seus lábios
estavam a centímetros dos meus.
“Eu sei.”
Ele me beijou, intensa e lentamente, segurando minha cabeça no seu
colo. Senti quatro mãos se movendo juntas, lentamente explorando meu
corpo. E então uma boca quente sugando meu mamilo. O som promissor de
um zíper…
Meu Deus, Alyssa.
Sim. Meu Deus mesmo.
 
 
Capítulo 21
 
 
 
DESMOND
 
Inacreditável. Ali estávamos nós, na mesma viagem, no mesmo
cômodo, na mesma casa… prestes a fazer aquilo de novo.
Só que daquela vez com a colega de trabalho ridiculamente gostosa
que tínhamos cobiçado ao mesmo tempo.
Mas novamente, por que eu não acreditaria? Eu tinha visto em
primeira mão como uma mulher gostava do que fazíamos. Emma gostou
tanto que continuou fazendo por três anos. Ela até implorava por mais
depois que eu liberalmente a dividi com meus dois melhores amigos.
Que mulher não gostaria de repetir algo assim? Ser tomada como nós
fazíamos, de todos os jeitos. Dar a ela a cavalgada da sua vida. Era algo que
tínhamos feito para realizar uma fantasia no começo. Mas tanto Emma
quanto eu gostamos tanto que não conseguimos parar.
E naquele momento, Alyssa com a cabeça no meu colo, enfiando a
mão no meu short e enrolando sua mão delicada em torno do meu pau já
inchado…
“Ah, uau!”, ela suspirou, sorrindo para mim. “É bom.”
“Certamente sim.”, esticando a mão gentilmente, acariciei uma de
suas lindas bochechas. “Você sabe que ele vai entrar em você, não sabe?”
Alyssa sorriu fracamente e assentiu. “Certamente sim.”
Foi tão estúpido da minha parte ter deixado o diário de Emma naquela
gaveta. Mas ao mesmo tempo, foi sorte. Se eu não o tivesse deixado lá e
Alyssa não tivesse achado, provavelmente não estaríamos ali agora.
Além disso, com toda a honestidade, eu gostei. Eu ia para o chalé um
fim de semana no final do outono para organizar tudo e preparar o lugar
para a neve. Emma geralmente ia comigo. Nós fazíamos trilha e tirávamos
fotos nas folhas secas. Só que naquele ano eu estava solteiro, e fui sozinho.
Achei o diário enquanto limpava as coisas dela. E foi um prazer
secreto ler sobre o que tínhamos feito com ela. As coisas amorosas. As
coisas sujas. E o mais interessante era ler tudo sob a perspectiva dela.
Caralho, aquilo me excitou totalmente de novo.
E tinha excitado outra pessoa também: Alyssa. A garota linda com
quem estávamos flertando no escritório. A única garota que eu tinha
seriamente considerado convidar para sair depois de tantos meses sozinho.
“Ai, meu Deus…”
Ela estava no meu colo, me masturbando com força. Alternando entre
beijar meu pau e dar uns amassos em Rogan enquanto Mason escorregava
pelo meio das suas pernas lindamente bronzeadas e a chupava.
Filho da puta sortudo.
Seus olhos verdes tremulavam e ela me olhava, implorando. Ela
estava tomada pela luxúria. Cem por cento disposta a tudo o que estávamos
prestes a fazer com ela.
Era Emma novamente.
“Isso é… tão… bom…”
Rocei meu nariz pela linda bagunça que eram seus cabelos até meus
lábios encontrarem seu ouvido. O toque fez com que seu corpo tremesse
todo.
“Você sabe o que está prestes a fazer.”, sussurrei suavemente. “Não
sabe?”
Alyssa se contorceu, girando na boca de Mason. Entre fazer isso e
beijar Rogan, ela assentiu.
“Porque você vai realmente ser nossa boneca. Vamos te usar, Alyssa.
De todas as formas.”, lentamente tracei a parte externa do seu ouvido com a
língua, fazendo-a se engasgar.
“Tudo naquele diário.”, murmurei. “Foi o que você disse. tudo sobre o
que você leu — todas aquelas experiências… é exatamente o que vamos te
dar.”
Ela inalou profundamente quando Mason enfiou a língua mais
profundamente. Eu pude ver uma de suas mãos enroladas no cabelo dele,
dedos apertados enquanto seu quadril se levantava para enfiá-lo cada vez
mais longe.
“Você quer ser nosso brinquedinho.”, provoquei, usando as palavras
que ela mesma tinha usado. “Tudo bem. Mas isso também significa que…”
Afastei seu rosto de Rogan e guiei meu pau até seus lábios carnudos.
Nossos olhos se encontraram. Ela abriu a boca.
“Até o fim da viagem,”, suspirei para ela, “seu corpo nos pertence.”
 
 
Capítulo 22
 
 
 
ALYSSA
 
Eles me devoraram dos pés à cabeça. Me beijando sem parar como se
não houvesse amanhã, e então trocando de lugar como se meu corpo fosse
seu próprio playground.
Era como se fosse um sonho de tão inacreditável. Eu estava realmente
fazendo aquilo. Estava dando para três homens lindos, prontos para
tomarem o controle do meu corpo. Eu continuava me dizendo que eu mal os
conhecia, mas não era verdade. Era só minha vozinha interna tentando, num
último suspiro desesperado, me impedir de cometer um erro.
Mas bem… se era um erro, era o meu favorito.
A verdade era que eu conhecia os três—e muito bem. até melhor
naquele momento em que eu estava no chalé, passando tempo com eles. E
descobrindo que eles eram tão divertidos fora do escritório quanto eram
durante o expediente.
Chupei Desmond até atingir minha garganta, sentindo-o crescer ainda
mais com a excitação enquanto sua mão dura e masculina escorregava pelos
meus cabelos. Eu me sentia deliciosamente dominada, mas não
sobrecarregada. Eu era o centro das atenções de forma lenta e relaxada,
entre os meus três novos amantes.
Finalmente Desmond escorregou para a frente, tomando o lugar de
Mason. Senti seus braços fortes enrolando minhas pernas. Suas mãos firmes
do lado de dentro das minhas coxas, me segurando enquanto ele me lambeu
com aquela língua quente e linda. Virei minha cabeça e Rogan estava lá, me
olhando nos olhos semiabertos.
“Você é linda,”, ele disse, e me beijou. Sorrindo diabolicamente ele
me entregou a Mason, cujos lábios e queixo estavam brilhantes por causa
do meu próprio caldo azedinho.
“Tão gostosa.”, sussurrou Mason. De cada lado do meu corpo seus
corpos nus me abraçavam. “Tão sexy…”
Sua língua se enfiou com força na minha boca, me alimentando com o
meu próprio gosto. Foi tão bom que só consegui gemer. Eu estava
masturbando Rogan, me acostumando com sua textura. Agarrando
Desmond pelos cabelos loiros e grossos e enfiando sua cara nas minhas
pregas pulsantes.
Então é assim…
Tive um clarão de discernimento. Meio segundo de uma experiência
fora do corpo durante o qual eu pude me ver de cima. Três homens lindos
me tomando por três lados diferentes. Três lábios beijáveis, três paus duros
e pulsan—
De repente, um botão foi ativado e eu atingi outro nível. Comecei a
masturbar dois deles, puxando-os para perto para poder alternar minhas
lambidas e chupadas. O pau de Rogan era macio e perfeito e lindo e cabia
perfeitamente na minha boca. Mas Mason…
Mason tinha um pau realmente grande.
Me engasguei quando o encarei pela primeira vez e vi aquele monstro
em formato de cogumelo. Ele não era tão mais longo que os outros, mas a
cabeça era enorme.
E ele era GROSSO. PARA. CARALHO. Literalmente.
“Você está de brincadeira.”, murmurei, tentando enfiar na boca.
Mason riu, amorosamente correndo um polegar pela minha bochecha.
“Dê o seu melhor.”
“O meu melhor pode não ser —”
“Vai ser.”, ele me interrompeu. “Prometo.”
Rogan e Desmond trocaram de lugar, me deixando focar em Mason.
Eu estava o chupando de cima para baixo, masturbando-o com a minha mão
livre enquanto corria minha língua em volta do seu pau magnífico.
Isso é muito sacana, Alyssa.
Era mesmo. E eu não me importava.
Você vai trepar com três caras do escritório nos próximos trinta
minutos.
Se a ideia daquela percepção era me assustar, não funcionou. Se
muito, fez o nó de excitação ficar ainda mais apertado no meu estômago.
Não, eu queria isso. Mais do que tudo que jamais desejei antes. Eu
tinha pensado naquilo. Fantasiado. E agora eu estava ali.
Caraaaaalho…
A boca de Rogan era de longe a mais talentosa dos três. Ele estava
fazendo coisas nos meus Países Baixos que me faziam fechar os olhos
involuntariamente. E seus dedos—
“Ei…”
Pisquei e de repente eu estava encarando Desmond. Ele sorria
placidamente.
“Está pronta para o próximo passo?”
Agarrei sua nuca e o beijei com tanta intensidade que a sala começou
a girar. Tudo ficou quente e começou a piscar.
Finalmente assenti sonhadoramente. “E qual é o próximo passo?”,
perguntei, embora já soubesse a resposta.
“Vamos te levar para o quarto, é claro.”, disse Desmond, e sua boca
deslizou até meu ouvido, para ele poder sussurrar a frase seguinte.
“E vamos te comer de forma absolutamente insensata.”
 
 
Capítulo 23
 
 
 
ALYSSA
 
Eles me carregaram para o quarto — literalmente. Eu fui levada pelo
corredor sobre um dos ombros grandes de Desmond e depositada de uma
vez só na superfície da cama king size.
E foi aí que a coisa ficou séria.
Os outros assumiram seus lugares dos meus dois lados enquanto
Desmond se enfiava no meio das minhas pernas. Eu estava incrivelmente
ensopada. Pingando, pronta para qualquer coisa quando ele abriu as minhas
pernas e se enfiou na minha entrada pulsante.
Eu não sabia por que ele foi o primeiro. Talvez porque fosse sua casa,
sua cama. Ou porque ele assumiu o controle. De qualquer forma, foi sensual
assisti-lo se inclinar sobre meu corpo. Sentindo-o enfiar a cabeça do seu
membro contra minha dobra, antes de virar meu queixo com dois dedos
para eu olhar em seus olhos.
“Você vai devagar,”, eu ri de nervoso, “vai pegar leve comigo, não
vai?”
Sua expressão mudou quando seus olhos azuis safira penetraram os
meus. “Devagar e leve vai custar mais caro.”
Tentei engolir, mas não pude. Minha garganta se apertou de tesão e eu
mal pude falar alguma coisa.
“Tudo bem.”
Meu Deus, ele era tão lindo! Seu rosto era perfeito, de tirar o fôlego.
Seu corpo totalmente gostoso e incrivelmente perfeito.
“Devagar, então.”, disse Desmond se inclinando para me beijar. Senti
a eletricidade quando nossos lábios se beijaram. Meu corpo tremeu debaixo
do seu peso. “Pelo menos no começo.”
Ele rolou os quadris e eu senti a cabeça entrar. Centímetro por
centímetro ele entrou em mim, flexionando seus braços grandes para evitar
que seu volume massivo me espremesse debaixo dele.
Ai, meu Deussss.
Os outros esperaram e nos deixaram aproveitar o momento. Mas eu
podia sentir o calor dos seus corpos no meu. Seus lábios acariciando meu
ombro de um lado e meu pescoço do outro.
“Você é apertada.”, Desmond sussurrou, com os lábios roçando os
meus. Nossos olhares se encontraram. “Mas tão molhada,”, ele murmurou,
“e ridiculamente boa.”
Minhas mãos escorregaram ao redor do seu corpo e pararam sobre sua
bunda redonda e musculosa. Ele cerrou os dentes, se enfiando para a frente.
Empurrando os centímetros que faltavam e minhas palmas sentiram seus
músculos poderosos se enrolando debaixo da toda a extensão da sua pele
quente e macia.
Barriga na barriga, rosto no rosto, ele me beijou pela primeira vez
como meu amante. Inteiramente. E então trepamos. Sua vara inteira
deslizava para dentro e para fora, devagar, fundo o suficiente para me fazer
engasgar ao final de cada linda estocada.
Minha mente ficou quase totalmente vazia, focada só no prazer puro e
absoluto de ser bem penetrada e abençoadamente preenchida. Eu não tinha
sido fodida tão profundamente daquele jeito em anos. Quem eu estou
tentando enganar? Provavelmente nunca.
Valeu a pena esperar.
Tentei enrolar minhas pernas ao redor dele, mas ele era grande
demais. Então deixei minhas mãos vagarem pelo seu corpo, pelo seu peito
magnífico, saboreando a sensação da flexão dos músculos nas pontas dos
meus dedos. Ele estava me perfurando devagar, mas profundamente.
Fazendo meus olhos se arregalarem toda vez que atingia o fundo, me
tocando em lugares que eu certamente não estava familiarizada.
Me afundei na cama, aproveitando o movimento de vai e vem familiar
de ser realmente, seriamente cravada. Meu último namorado, Jonathan, era
um retrocesso na cama. Quase um padre. Transava de luzes apagadas.
Aquele tipo de merda chata e plácida que me prendeu durante minha época
mais selvagem na universidade, quando eu tinha muito mais para oferecer.
Mas aquilo…
Era um nível totalmente diferente.
Duas mãos quentes tocaram meus peitos ao mesmo tempo e Rogan e
Mason se juntaram a nós. Só aquilo já foi orgástico.
Meu Deus…
Minhas mãos saíram da bunda de Desmond e foram para sua a parte
de trás das cabeças deles, puxando-as na direção do meu peito. Puxando-as
com força contra mim enquanto eu os sentia lamber e chupar… traçando
círculos em volta do meu mamilo. Alguém me mordiscou e eu pulei. E suas
mãos vagavam pelo meu corpo sem parar, me deixando mais quente e mais
molhada — se é que isso é possível — enquanto Desmond aumentava a
velocidade e me arava com força.
“O que você quer?”
Ele sussurrou no meu ouvido entre estocadas. Eu já tinha me
despregado da situação fazia tempo, quase não registrei.
“Você leu o diário,”, Desmond murmurou, “o que você quer que nós
—”
“Me virem.”, eu sussurrei finalmente.
Seu rosto voltou a encarar o meu, sua boca se curvou num sorriso. Por
mais que estivesse bom para ele, eu sabia que era ainda melhor o fato de ele
me dar prazer.
“Quero ser empalada pelas duas pontas.”, eu sussurrei de volta para
ele.
Eu mal pude acreditar que disse aquela frase. Já fazia parte do meu
vocabulário, é claro. Durante toda a minha fase de sexo chato e terrível eu
assisti pornografia o suficiente para poder escrever e dirigir meus próprios
filmes.
Só que naquele momento eu estava em um.
“Eu quero que vocês—”
Minha sentença terminou em um gemido alto enquanto eu fui
levantada e girada até ficar de barriga para baixo. Desmond me puxou para
trás, para a quina da cama. Ele escorregou para o chão e me dobrou sobre o
colchão, então me penetrou novamente por trás, de pé perto da borda da
cama.
Ahhhhh…
Eu quase enlouqueci quando ele entrou, suas mãos sensualmente
encaixadas nas curvas do meu quadril. Aquele ângulo intensificava tudo, a
profundidade, o tamanho, a velocidade—
“Se apoie nos cotovelos.”, ele ordenou com a respiração quente no
meu ouvido.
Eu fiz o que ele mandou. Não foi uma pergunta.
“Agora escolha um dos meus amigos…”
Rogan e Mason estavam ambos na cama, ajoelhados de frente para
mim. Se masturbando na minha direção com seus punhos fortes cerrados.
Ai, meu DEUS.
Escolhi Rogan primeiro. Por mais maravilhoso que seu pacote fosse,
era menos intimidador que o de Mason.
“É isso…”
Meus lábios se separaram para ele, e eu senti sua dureza enquanto ele
deslizava até minha garganta. Daquele ângulo, eu podia enfiá-lo lá no
fundo. Inclinada em um braço enquanto o guiava com o outro para
maximizar o controle.
Isso é muito, muito maravilhoso.
Eu fiquei impressionada com a facilidade dos três em entrar num
ritmo familiar. Desmond atrás de mim, me comendo com uma profundidade
gloriosa. Rogan na frente, gentilmente puxando meu cabelo para trás
enquanto se guiava para dentro e para fora da minha boca. Eu estava
afixada firmemente entre eles; a derradeira conexão entre três pessoas…
Era tão gostoso. Tão inesperadamente íntimo…
Eu nunca senti algo assim.
A melhor parte era a naturalidade da coisa. Nada era estranho, em
absoluto. Não havia hesitação, arrependimento ou vergonha. Nada que se
parecesse com esses sentimentos. Só havia euforia e felicidade, fortes e
estáveis. Além de calor e excitação irreprimíveis. Mas também aquele
sentimento intangível de companheirismo que eu não esperava.
Apertei os lábios, sugando com força por mais uma estocada antes de
tirar Rogan da minha boca. Então, ainda balançando com alegria em
Desmond, olhei para Mason.
Mas seu lugar na cama estava vazio.
Merda, pensei. É a primeira vez que você faz sexo a três — ou melhor,
a quatro — e alguém já foi deixado de fora.
O mistério não durou muito. Senti Desmond sair e se mover para o
lado… e um par de mãos totalmente diferente se encaixou no meu quadril.
Ah.
Minha barriga ficou dura. Minhas pernas já estavam tremendo.
“Pega leve com ela, cara.”, ouvi Desmond rir de trás de mim. “Ela
nunca fez isso.”
 
 
Capítulo 24
 
 
 
ALYSSA
 
Era como me apoiar em algo quente e maravilhoso… e muito, muito
grosso.
O pensamento me excitava. Me amedrontava. Fazia meu corpo todo
endurecer enquanto na verdade eu precisava relaxar.
“Calma,”, disse Desmond, segurando meu rosto entre as mãos, “vá no
seu tempo.”
Eu ficava muito mais nervosa sabendo que era eu quem estava no
controle. Que Mason tinha prometido ficar parado e me deixar ir chegando
para trás até me encaixar nele. Me dar conta de que eu não estava prestes a
ser abruptamente perfurada fazia tudo mais fácil. E além disso, eu confiava
em Mason. Caralho, eu confiava neles todos.
Aquela parte parecia estranha — até mais estranha do que o que eu
estava prestes a fazer. Eu tinha me conectado à três pessoas ao mesmo
tempo. Três caras muito diferentes, cada um maravilhoso à sua maneira.
Nesse sentido era como qualquer relacionamento normal: química,
atração, afeição e até romance. Mas tudo em três dimensões. Em três
escalas.
“Ai, meu Deus…”
Mason estava dentro de mim finalmente — me esticando
prazerosamente por dentro. Outro centímetro. Outro gemido. Outro suspiro
quente passando por entre meus dentes cerrados.
“Ele está dentro?”
“Não, ainda não.”, Desmond confirmou. “Não todo.”
Meus olhos se arregalaram. “Você está brincando?”
“Não.”
“Bom… merda.”
Era bom, quase bom demais. Mas também havia um limite. Aquela
linha fina entre o prazer e a dor da qual meu corpo rapidamente se
aproximava.
Senti os dedos de Mason se flexionarem na pele da minha bunda. Ele
estava ali de corpo e alma. Aproveitando meu sabor da mesma forma que
eu estava aproveitando o seu.
“Apenas relaxe.”, Desmond sorriu. “Vá devagar… mas não pare.”
Imaginei Emma passando por aquilo. Segurando a mão do namorado
enquanto aquela mesma cena acontecia com ela. imaginei o quão fantástico
deve ter sido, o casal realizando uma fantasia mútua. Não só uma única vez,
mas ano após ano…
“É isso. Deve estar—”
De repente, senti: o corpo de Mason moldado no meu. O tremor do
seu abdômen pressionado contra a minha bunda.
“Você está bem?”
Fechei os olhos, minha boceta o apertava como se eu não o fosse
soltar nunca mais. Nunca tinha me sentido tão maravilhosa e
abençoadamente cheia na vida.
“Bem é subestimar como eu estou agora.”, eu sussurrei.
“Bom.”, Mason riu. “É o que gostamos de ouvir.”
Meu mais novo amante deixou escapar um suspiro de contentamento,
então vagarosamente começou a trabalhar. Fodê-lo era maravilhoso. Minha
flor se agarrava a ele como se minha vida dependesse daquilo cada vez que
ele tirava seu pau de mim, mas dava boas-vindas toda vez que ele o enfiava
novamente.
Desmond me beijou algumas vezes, suavemente, ternamente, antes de
esticar seu corpo na minha frente. Não demorou muito e eu o estava
chupando. Sentindo meu próprio gosto ao redor do seu pau perfeito
enquanto me esfregava euforicamente na grossura impressionante de
Mason.
Eu definitivamente poderia me acostumar com isso.
Era como estar no céu sentir aqueles dois homens poderosos nas
minhas duas entradas. Permitir que eles dessem prazer ao meu corpo
desejoso enquanto os dava a mesma quantidade de prazer. Num lampejo,
pude entender como Emma quis fazer aquilo outras e outras vezes. Como se
sentir amada e satisfeita poderia ser perigosamente viciante, e não só de
forma física, mas emocional também.
Rogan trocou de posição com Desmond enquanto Mason continuava
me bombeando. Ele me perfurava de forma lenta e profunda que me
enlouquecia o suficiente… mas então ele esticou a mão por baixo do meu
corpo. Pulei quando senti a pressão de três dedos grossos no topo do meu
montinho.
Ai, meu DEEEUS!
Meu orgasmo foi quase instantâneo. Surgiu do meu âmago e me lavou
como uma explosão de calor imparável. Me contraí em espasmos ao redor
de Mason sem parar. Ordenhando seu pau enquanto ele me esticava por
dentro e meus olhos se fecharam, minha boca se abriu e eu gemi tão alto
que parecia outra pessoa, e não eu.
“Car—Caraaaalhoooo…”
Eu estava escorregando minha língua ao redor de Rogan, mas parei.
Parei e o segurei com força. Eu caí com o rosto na cama enquanto explodia
no orgasmo mais intenso da minha vida.
CARALHO!
A intensidade foi chocante. Eu nem tinha me dado conta do quão
perto eu tinha chegado. E de alguma forma, bem no fundo, eu sabia que
tinha estado prestes a gozar o tempo todo.
Mason foi misericordioso, desacelerando os movimentos enquanto eu
cavalgava até a última pitada do meu êxtase. Eu podia senti-lo inchando
dentro de mim. Sua vara pulsando e retumbando enquanto ele se
aproximava do seu ápice, o que me fez prontamente olhar por cima do
ombro e olhar nos seus olhos.
“Vai.”, eu disse, sem ar. “Goza.”
Seus olhos estavam vidrados de luxúria. Sua expressão longe dali.
“Tem certeza?”, ele perguntou.
“Sim!”, suspirei com júbilo. “Meu Deus do céu, sim.”
E foi assim que a última barreira entre nós se dissolveu em um
instante enquanto o pau de Mason apertava e estrondeava e detonava dentro
de mim.
“UNNNGGGHH!”
O som veio da sua garganta e foi a coisa mais sexy do mundo. E ainda
melhor, acompanhado pelo seu membro espasmando, soltando jatos e mais
jatos de leite quente no meu ventre.
Ahh… uau!
Ele continuou se batendo em mim. Me preenchendo. Me fodendo
durante todo o tempo do seu orgasmo violento enquanto enfiava os dedos
na minha bunda balançando. Provavelmente ele estava me deixando
marcas, mas eu não me importei…
“Cara, isso é muito sexy.”
Olhei para a frente e Rogan estava acariciando meu rosto. Colocando
meu cabelo para atrás de uma orelha para poder olhar nos meus olhos. Eu
podia sentir o calor entre nós. A química reprimida de muitos meses de
flerte, prestes a ser liberada de uma vez só.
“Está pronto?”, eu sorri, dando as últimas reboladas no pau do Mason.
Na última estocada ele saiu totalmente, me deixando cheia, porém oca, e
querendo mais.
“Gata, eu nasci pronto.”, gargalhou Rogan, me levantando com os
dois braços lindos e me colocando em cima dele.
 
 
Capítulo 25
 
 
 
ALYSSA
 
Não havia palavras. Nada para descrever a sensação de cavalgar um
homem incrivelmente gostoso… enquanto beijava e chupava seus dois
melhores amigos.
Rogan estava enfiado tão profundamente em mim que parecia ter se
tornado parte do meu corpo. Ele continuava levantando a bunda da cama
para enfiar o pau cada vez mais fundo enquanto se roçava na minha bunda
em círculos lentos e deliciosos.
Joguei a cabeça para trás, totalmente perdida no momento. Meu
cérebro tentava desesperadamente gravar cada coisa maravilhosa que estava
acontecendo com meu corpo, para eu poder rever tudo mais tarde. Era o
auge da minha vida sexual; o ponto alto da minha existência erótica. Eu
nunca mais viveria aquilo. Não haveria mais nada na minha vida depois
daquele momento.
E após me dar conta disso, resolvi aproveitar até a última gota.
Literalmente.
Tomei o controle por um momento, enfiando meu quadril para baixo
na direção das estocadas de Rogan. Roçando meu corpo avidamente no seu
para elicitar cada faísca de prazer sensual que invadia meu cérebro. Agarrei
seu peito, seus grandes e largos ombros. Gritei contra o teto, jogando a
cabeça para baixo para beijá-lo enquanto o tomava, enfiando minha língua
profundamente na sua boca perfeita, sentindo aquela bela ereção já
enterrada em mim.
Finalmente seu corpo ficou rígido, seu rosto se contorceu entre o
prazer e a dor. Eu gargalhei de pura alegria, focando meus olhos no dele. Eu
queria ver acontecer. Ver nos olhos dele mais do que qualquer outra coisa.
“Goza em mim.”
Em uma última e selvagem estocada final ele fez o que eu pedi, me
preenchendo. O orgasmo de Rogan pulsou rápido e forte, latejando
violentamente. Eu me rocei com mais força nele, sentindo suas bolas
ficarem mais duras antes de ele as esvaziar dentro de mim.
“Sim, gostoso, sim…”
Minhas palavras eram baixas e particulares — só para nós dois. E eu
continuei olhando nos seus olhos o tempo todo. Cimentando nossa união
física com uma conexão mais íntima antes de segurar seu rosto em minhas
mãos e o beijar suavemente.
Eu cavalguei Rogan até ele amolecer dentro de mim, me sentindo
quente e saciada. Então deitei de volta no edredom macio, rolei até ficar de
costas e sorri para ele enquanto escorregava a mão para o meio das minhas
pernas.
“Você…”
Estiquei um dedo para Desmond, que ainda não tinha gozado. Me
lembrei vividamente do que Emma tinha feito naquela mesma cama,
quando ela convidou o segundo dos seus novos amantes para se aproximar.
Mas Desmond não invadiu o meio das minhas pernas. Ele me
convidou de volta com o dedo. Seu membro estava pendurado entre suas
pernas, quente e duro e escorregadio com a minha lubrificação.
“Vamos lá.”
Me sentei e engatinhei pela cama, me aproximando dele. Tudo bem
ele não querer me foder, havia outras formas de fazê-lo gozar, com certeza.
Mas no segundo que me aproximei, ele me agarrou e me tomou em
seus braços.
“AH!”
Desmond me agarrou possessivamente, facilmente levantando meu
peso. A lateral do meu rosto se aninhou no seu peito enorme.
“Pelo resto da noite,”, ele murmurou, “você é minha.”
Os outros tinham levantado da cama e já estavam juntando suas
coisas. Vi Rogan jogar uma camiseta ludicamente em Mason que já estava
vestindo sua cueca.
Isso é comum entre eles.
Joguei meus braços ao redor de Desmond que me carregou pelo
corredor. O quarto dele estava frio, quase congelante, mas não por muito
tempo.
“Tudo bem para você dormir comigo?”
Gemi e assenti, roçando o nariz no seu peito. Meu Deus, como ele era
gostoso.
Um minuto depois estávamos debaixo do cobertor, e os lençóis
gelados se tornavam mornos envolvendo minha bunda quente e pelada.
Desmond escorregou facilmente pelo meio das minhas pernas. Ele se
encaixava perfeitamente, como se tivesse sido feito para ficar ali.
“Talvez a gente não durma muito, na verdade.”, ele me alertou.
Me engasguei de prazer quando ele se afundou em mim com uma
única estocada.
“Tudo bem.”, suspirei em júbilo. “Dormir é para os fracos.”
 
 
Capítulo 26
 
 
 
ALYSSA
 
“Ei, bela adormecida!”, uma voz murmurou. “Acorda!”
Me movi meio grogue, esfregando os olhos. Eu estava num lugar
estranho, numa cama estranha. Mais ou menos.
“Café?”, murmurei antes de mais nada.
“Não vamos fazer café da manhã hoje.”, disse Desmond. “Vamos
comer fora.”
Ele já estava vestido e, pelo cheiro, já tinha tomado banho. Eu,
entretanto, ainda pelada debaixo das cobertas, estava um caos.
“Onde va—”
“Cozinha da Vera.”, ele respondeu. “Dois quilômetros daqui. O
melhor café da manhã de Vermont.”
“O-Ok.”
“Mas temos que correr.”, ele me apressou. “Ela não vai segurar nossa
mesa para sempre.”
Pisquei algumas vezes, então me sentei, puxando o cobertor para
cobrir meu peito. Minha modéstia repentina era quase cômica. Eu não tinha
tido vergonha nenhuma na noite anterior.
“Vou precisar de vinte minutos.”, apertei meus olhos na direção dele.
“Você tem dez.”
Nove minutos e meio mais tarde, eu ainda estava molhada pós-banho,
que tinha sido escaldante de quente, felizmente. Depois de me ensaboar,
relaxei o corpo e fui gentil com meu corpo, especialmente as partes que
doíam prazerosamente.
“Ainda não acredito que não tem café.”, resmunguei entrando na
caminhonete. “Isso é tão… errado.”
“Você vai tomar o café da Vera.”, Mason sorriu do banco da frente.
“Acredite, você vai nos agradecer por isso.”
Desmond já tinha ativado o limpa-neve e o carro já estava quente e
pronto para partirmos. Ele limpou o trajeto todo, desde a garagem até a
estradinha… e dirigiu até um restaurante fofo no meio da floresta.
E o lugar estava absolutamente lotado.
“Vocês conhecem a Vera?”, perguntei.
“Aham.”, disse Desmond. “Eu sempre vinha aqui na infância.”
“Que bom.”
“Também trabalhei com eles.”, ele admitiu. “Os ajudei com a
expansão do restaurante. Do contrário esperaríamos uma hora e meia por
uma mesa.”
Efetivamente nos sentamos imediatamente após chegarmos — para o
desgosto de duas dúzias de clientes na fila. Sentei-me na quina da mesinha
estreita, me perguntando como é que os rapazes cabiam ali. mas eles
cabiam, de alguma maneira.
Era estranho, mas até aquele momento nenhum deles tinha
mencionado a noite anterior. Não houve conversa sobre o tema durante o
trajeto. Nenhuma insinuação sobre o que havíamos feito.
Eles estão bem com isso?
Eu sabia que estava sendo tola. É claro que eles estavam. Me ocorreu
que talvez eu fosse a única que estivesse agindo estranhamente sobre
aquilo.
Bom… o que você diz exatamente numa situação dessa?
Eu realmente não tinha ideia. Só o que eu sabia era que o lugar
cheirava como o céu: bacon, ovos, biscoitos saindo do forno — todas as
coisas boas. E o café era tudo o que eles disseram e mais. Capaz de mudar
vidas.
“Ok.”, admiti depois de tomar o primeiro longo gole. “Vocês estavam
certos. Valeu a pena, definitivamente.”
“Viu?”
“Quer dizer… uau.”
Mason, sentado de frente para mim, apenas piscou. “Sim. Uau
mesmo.”
Uma garçonete apareceu e Desmond pediu comida para a mesa toda.
E tudo chegou fresco e quentinho, preparado com perfeição e temperado
com amor. O silêncio reinou enquanto comíamos tudo o que havia na nossa
frente, como se tivéssemos passado as últimas três semanas perdidos na
neve. finalmente os rapazes empurraram seus pratos para o meio da mesa,
tão cheios que tinham até parado de tomar café.
“Então como foi?”, perguntou Desmond.
“Maravilhoso para caralho.”, eu murmurei, com a boca cheia da
minha última colherada de ovos mexidos.
“O café da manhã não.”, ele riu. “O sexo.”
Parei de mastigar.
“Tão bom quanto dizia no diário?”
A pergunta era só meio honesta. Eu sabia pelos sorrisos deles que eles
estavam me desafiando. E eu amava um desafio.
“Foi ok.”, provoquei, pegando outra torrada.
“Só ok?”, Rogan zombou.
“Quer dizer, foi bom. Vocês foram ótimos.”, eu sorri. “Mas foram
embora muito rápido.”
Rogan e Mason me encararam de boca aberta, seus sorrisos tinham
desaparecido. Desmond ainda sorria, entretanto. Ele sabia exatamente o que
eu estava fazendo.
“Eu meio que achei que vocês iam acabar comigo.”, dei de ombros.
“Quer dizer, sou só uma e você são três.”
Rogan gargalhou. Mason jogou o guardanapo na mesa.
“Entre no carro.”, ele acenou na direção da saída. “Vamos voltar para
o chalé e eu vou te mostrar uma coisa.”
Foi minha vez de gargalhar. “Pensei que íamos patinar no gelo hoje?”,
eu disse inocentemente.
“Patinar no gelo à noite.”, Desmond acrescentou. “Compras de dia.”
“Certo.”, eu concordei sorrindo. “Vocês prometeram me levar para a
cidade hoje. Ver lojas, comprar lembrancinhas e—”
“Almoçar.”, Rogan terminou por mim.
“Sim.”
Eles estavam me encarando. Provavelmente se lembrando da noite
anterior da mesma forma vívida que eu estava.
“E se nós formos a algumas lojas.”, disse Mason, corrigindo minha
frase. “E almoçarmos você?”
Meu estômago afundou feito um elevador indo para o subsolo.
Entretanto consegui manter meu rosto impávido.
“Bom, a ideia é boa e tal,”, eu disse suavemente, “mas como é que
vocês terão energia para patinar à noite se eu acabar com os três de dia?”
Meu Deus, quem é você?
Era uma boa pergunta. Desde a noite anterior eu sentia como se um
botão tivesse sido apertado. Como se as palavras que saíam da minha boca
não fossem minhas.
“Que tal isso…”, Desmond começou. “Compras. Almoço. Patins…”,
ele parou por um momento para cruzar os braços fortes. “E então vamos
direto para o chalé e você vai ser o nosso jantar.”
Ele estava me encarando profundamente, com os olhos azuis
penetrando minha alma. E porque Desmond e eu tínhamos um segredo: ele
tinha acabado comigo. Me levado para a cama e trepado comigo até as
primeiras horas da manhã, e depois. Me fodido até eu ficar tão cansada e
exausta que quase não conseguia enxergar.
“Você disse que queria ser nosso brinquedo, não foi?”
As borboletas voltaram e trouxeram amigas.
“Sim,”
“Bom, então vamos brincar com você a noite toda.”, disse Desmond
incisivamente. “Sem parar…”
Engoli a seco. Finalmente assenti.
“Nós três.”, adicionou Rogan, alongando os braços teatralmente para
estalar os dedos. “Por todos os cantos daquele chalé abandonado por Deus.”
Quem fala demais dá bom-dia a cavalo. Bem-feito para mim.
“Até nós acabarmos com você.”, disse Mason. Seus olhos verdes me
queimaram e sua voz ficou mais baixa. “Vamos usar seu corpo até você nos
implorar para parar.
Você é uma idiota, Alyssa.
Eu não podia evitar. Minha boca fazia hora extra, criava um cenário
no qual meu corpo pagaria a conta no fim das contas.
Uma idiota maluca.
Desmond levantou o braço e pediu a conta. Assim que ele fez isso, os
outros jogaram notas na mesa, de gorjeta.
“É melhor irmos andando.”, ele disse. “Temos um longo dia pela
frente.”
 
 
Capítulo 27
 
 
 
ROGAN
 
Estranho o suficiente, uma das coisas mais atraentes nela eram seus
cabelos. Eu amava a forma com que eles sacudiam, balançando para cima e
para baixo nos seus ombros toda vez que ela se virava. Era tanto cabelo e eu
gostava tanto de senti-lo entre meus dedos. Sedosos e elegantes. Tipo milho
no verão…
E claro que a bunda dela era maravilhosamente linda também.
Eu a assisti se virar nos braços de Mason, se virando para encará-lo
enquanto patinava de costas sem esforço algum. É claro que ela sabia
patinar. Ela já nos havia deixado constrangido no esqui, fazendo a gente
pensar que ela podia fazer praticamente qualquer coisa.
E na noite anterior…
A noite anterior tinha sido totalmente insana — muito mais louca do
que qualquer noite tinha o direito de ser. Alyssa tinha nos chocado... nos
espantado. Puxado uma carta do baralho que ativava nossa percepção dela e
anulava qualquer tipo de ‘acordo’ que tínhamos feito.
Depois da noite anterior, não a precisaríamos caçar.
Aparentemente, ela estava nos caçando.
Eram sombras de Emma. Ecos do nosso relacionamento anterior. E
era o que nós tínhamos, na verdade — um romance maduro em grupo. Que
tinha começado apenas com Desmond e florescido em um affair entre
quatro pessoas, completo por encontros individuais, conexões singulares
assim como sexo entre quatro, totalmente gostoso e mágico.
O problema na época é que não havia problema. Desmond tinha
topado dividir sua namorada conosco de todas as formas possíveis. Aquilo
durou meses, anos — eu e Mason tomávamos Emma quando e onde
quiséssemos, como se ela fosse nossa também. E ela era. Rapidamente ela
virou nossa namorada tanto quanto era de Desmond.
E nós todos sabíamos como aquilo tinha terminado.
Mas então Alyssa… ela era sexy, atrevida, divertida. Linda para
caramba e esperta como ninguém. E aparentemente — julgando pelos sons
que ouvimos do quarto de Desmond — totalmente insaciável.
Meu Deus, eu não conseguia parar de pensar nela.
Foi eletrizante finalmente possuí-la. Tomá-la de todas as formas que
eu queria desde o nosso atrito no trabalho. Alyssa já estava no meu radar
fazia algum tempo. Provavelmente tempo demais, porque precisei de algo
daquele tipo para finalmente agir.
“Ei!”
Eu olhei para cima e lá estava ela, esticando uma mão coberta por
uma luva na minha direção. Ela praticamente brilhava no gelo. Seu sorriso
clareava a noite.
“Você vem?”
Eu sabia esquiar. Eu sabia fazer snowboard. Mas patinação no gelo…
“Vamos lá.”, Alyssa gargalhou. “Prometo que não vou te deixar cair.”
Dei um sorriso descrente. “Se eu cair, tenho certeza de que você não
vai conseguir me segurar. E só para você saber, vou te carregar junto
comigo.”
Ela sorriu de volta para mim e piscou. “Então cairemos juntos.”
A pista de patinação no gelo externa era linda, decorada com luzes
acesas para o Natal. Havia uma árvore de gigante no centro, com uma
estrela brilhante no topo. Me lembrava da que tínhamos montado no chalé.
“Vamos lá, lesminha.”, Alyssa provocou. Peguei sua mão e a deixei
me conduzir pela pista. “Três voltas, sem cair. Faça isso e eu talvez te dê
algo.”
“Algo tipo uma recompensa?”, agora ela tinha minha atenção.
“Exatamente tipo isso.”
Pensei naquela manhã. Nós três tínhamos nos encontrado na cozinha
antes dela acordar. Estávamos ansiosos para discutir os eventos da noite
anterior. Se tínhamos ou não cometido um erro enorme.
“Então vamos fazer isso de novo?”, Mason perguntou ceticamente.
“Não, de novo não.”, Desmond foi rápido na resposta. “Nada como
aquilo.”
“Então o que seria, exatamente?”, eu tive que perguntar. “Porque
sejamos honestos… é exatamente o que parece.”
Assisti os rostos dos meus amigos ficarem mais sérios do que o
normal. Era sempre assim, toda vez que Emma surgia no assunto.
Lentamente ele sacudiu a cabeça.
“Olha, isso é bom para ela,”, Desmond disse. “Uma fantasia que ela se
convenceu a realizar. Pode ser divertido para nós também, se formos
cuidadosos com seus sentimentos. Só… não tornarmos isso mais do que
realmente é.”
O que quer que fosse, a coisa toda já tinha acontecido. Não
poderíamos mais voltar atrás. E julgando pelo sorriso no rosto de Alyssa o
dia todo, definitivamente aconteceria de novo.
“Isso aí,”, ela disse, segurando minha mão, “mantenha os pés retos
para a frente e não trave os joelhos. Seja confiante.”
“Confiante?”, eu ri.
“Você consegue passar por noventa por cento das situações na vida
com confiança.”, ela disse sabiamente.
Levantei uma sobrancelha. “E os outros dez por cento?”
“São bobagens completas.”, ela gargalhou.
Alyssa apertou minha mão e me puxou para o próximo turno. Ela era
bonita para caralho, mas não só bonita tipo ‘padrão’, havia uma camada
extra de sedução astuta. Eu amava cada curva do corpo dela, seu sorriso
provocante e travesso. Ela exalava sexo, sério mesmo. Em todos os níveis.
Provavelmente por causa da noite passada.
Talvez… certamente. Mas eu já a desejava fazia meses. E depois do
que tínhamos feito na cama…
“Três!”, ela disse empolgada. “Vamos lá, você está quase na terceira!”
Patinamos juntos pela última volta, aproveitando a vista e sons e
cheiros do nosso entorno pitoresco. O aroma de bolos e algodão-doce. As
músicas clássicas de Natal soando pelos alto-falantes. A montanha acima de
nós iluminada e cheia de esquiadores. Dali, eles pareciam pequenas
formigas se arrastando por túneis sinuosos.
Cruzamos juntos o ponto de partida e eu ainda não tinha caído. As
bochechas de Alyssa estavam rosadas e radiantes. Seu sorriso maior do que
nunca.
Ela sorriu para mim, inocentemente. “O que você quer?”
Meu coração batia acelerado naquele momento e não tinha nada a ver
com a patinação.
“Não tenho certeza ainda.”
Seus braços deslizaram ao meu redor. Ela ficou na ponta dos pés e me
beijou docemente.
“Bem, me avise quando souber.”
Foi um momento perfeito. Eu queria congelar o tempo. Colocar a cena
no meu bolso e guardá-la para sempre, para contemplá-la sempre que eu
precisasse.
“Ham-ham!”
O som de Mason raspando a garganta atraíram nossa atenção. Ele e
Desmond seguravam dois copos de isopor, cheios de chocolate quente.
Aceitamosalegremente e eu notei que eles já tinham devolvido seus patins.
“Vocês já terminaram?”
“Sim.”, disse Alyssa. “Acho que sim.”
Desmond roçou seu cavanhaque, pensativo. “Casa, então?”
Nós a rodeamos sem perceber. Criamos um pequeno triângulo ao
redor dela sem nem pensar.
Assim como… bom…
“Casa.”, ela sorriu brilhantemente, olhando para os três, um de cada
vez. Se ela estava nervosa, não parecia.
Noventa por cento é confiança.
“Para brincar com… brinquedos.”, ela piscou.
 
 
Capítulo 28
 
 
 
ALYSSA
 
A boca quente se encostou no meu ombro nu, me causando arrepios
que subiam até meu pescoço. Eu estava de pé, com as pernas abertas na
cozinha. Já seminua, vestindo só meu conjunto vermelho de calcinha e
sutiã. As mãos de Mason escorregavam possessivamente pelo meu corpo.
“Você tem certeza de que está pronta para isso?”
Desmond estava parado na minha frente, tirando a camisa. Me
distraindo com seu corpo incrível. E ainda assim, sua pergunta requeria uma
resposta. Perdida no meu tesão, gemi e acenei.
“Porque essa é sua última chance de desistir.”, ele me alertou.
“Estamos prontos para ir o mais longe possível, mas antes de fazer isso,
você precisa apostar todas as suas fichas.”
Tremi quando uma mão escorregou pelo meio das minhas pernas.
Dois dedos ávidos me investigaram, encontrando facilmente seu caminho
por dentro da minha tanga.
“Não queremos te levar por esse caminho,”, continuou Desmond, “a
menos que você queira. Então você precisa nos dizer, Alyssa. Você precisa
—”
“Eu quero.”, suspirei, esticando o braço para trás para agarrar a cabeça
de Mason. Puxei sua boca com força na direção da minha. Senti o calor da
sua língua escorregando para cima e para baixo no meu pescoço enquanto
ele enfiava seus dedos confiantemente em mim.
Minhas pálpebras tremulavam. Eu olhei para Desmond.
“Sou eu quem está lendo o diário,”, eu disse a ele, “fui eu quem iniciei
isso tudo, lembra?”
O dedo indicador de Mason se curvou dentro de mim, atingindo
aquele ponto mágico que me fez me engasgar. Eu mal conseguia ficar de pé,
eu estava derretendo na sua mão.
“Vocês têm sido muito cavalheiros,”, eu disse, “e eu me entreguei a
vocês voluntariamente. Quando muito, sou eu quem estou guiando vocês
por este caminho.”
Outro par de mãos deslizou pelo meu corpo quando Rogan se
aproximou. Ele segurou meus seios, sustentando o peso deles em duas
palmas enquanto os dedos talentosos de Mason continuavam trabalhando
dentro de mim.
“Se você leu o diário,”, disse Desmond, “então você já sabe…”
Ele segurava algo elegante e preto com uma fitinha de seda. Eu
reconheci o item imediatamente e o meio das minhas pernas ficou
imediatamente mais ensopado.
A venda.
“Eu… ainda não cheguei nessa parte.”, eu disse verdadeiramente. A
boca de Rogan se fechou no meu outro ombro e meus olhos se fecharam em
êxtase. “Eu tenho estado… meio ocupada…”
“Então que tal essas?”
Abri os olhos e vi um par de algemas erguido no ar. Não, apaga. Duas
algemas.
Os olhos de Desmond encontraram os meus, meu estômago girou
sensualmente. Sua expressão estava embargada de tesão… mas também
mortalmente séria.
“O que vocês quiserem.”, murmurei suavemente.
Seus olhos brilharam! E eu falo sério, brilharam seriamente.
“Diz isso de novo?”
Os olhos de Mason estavam entrando e saindo pela maciez morna
entre minhas pernas. Ele parou na entrada e pressionou meu botão inchado
de forma deliciosamente alarmante.
“Eu… vou fazer…”, Meu Deus, eu mal podia falar! “O que…
vocês… quiserem.”, terminei com a voz rouca.
Desmond eliminou o resto da distância entre nós, pegando meu rosto
nas mãos. Ele me beijou com a boca aberta, liberando um fogo, uma
paixão… que quase fizeram minhas pernas cederem completamente.
“Isso é bom.”, ele disse quando terminou.
Senti o aço frio de uma algema se fechando em torno do meu punho,
seguido por uma série de cliques nefastos e lentos.
“Isso é perfeito, na verdade.”, ele sussurrou sensualmente no meu
ouvido.
 
 
Capítulo 29
 
 
 
ALYSSA
 
Ser o brinquedo dos rapazes, seu próprio joguete sexual… bom, não
era em nada como eu esperava que fosse.
Por Deus, era muito melhor.
Eles me carregaram pelo corredor até meu quarto — a cena do crime.
Eu não deveria ter ficado surpresa quando eles me jogaram de rosto na
cama. menos ainda quando eles colocaram um par de tiras de couro nos
cantos superiores do colchão, cada um deles com um círculo na
extremidade.
Você sabia disso o tempo todo…
Meu coração dobrou de velocidade quando eles me vendaram e
esticaram meus braços para cima da cabeça. Rosto para baixo, barriga no
lençol, eles me algemaram aos círculos…
…e me deixaram ali indefinidamente.
Na escuridão do cetim minha mente se acelerou, girando entre as
infinitas possibilidades que poderiam acontecer a seguir. Desejei ter lido
mais do diário de Emma. Pelo menos eu deveria ter passado os olhos para
ver o que aconteceu depois.
Você sabe o que aconteceu depois.
Meu corpo todo ficou quente. Cada terminação nervosa da minha pele
vibrava como se eu estivesse em chamas.
Cinco minutos se passaram. Dez minutos…
Eu senti mais do que ouvi quando aconteceu — a presença de alguém
no quarto. Eu ainda estava de lingerie, com o rosto para baixo, bunda para
cima. Posicionada totalmente para o prazer deles, como Desmond tinha
sucintamente dito.
Alguém se ajoelhou na cama, fazendo meu corpo tremer. Um par de
mãos agarrou minha bunda…
Então de repente uma boca se fechou em mim por trás.
Meu Deus…
Me contorci suavemente, algemada, quando uma língua quente e
molhada começou a me chupar. Eu sentia as mãos na minha bunda se
flexionando. Apertando ainda mais, me dando mais prazer enquanto meu
amante misterioso dava tudo de si para me transformar no seu jantar.
Ele me chupou pelo tecido da calcinha, virtualmente me inalando pela
malha fina. Me engasguei quando ele a puxou para o lado e eu senti uma
língua quente e molhada mergulhando fundo. Lambendo e sugando, me
devorando, enquanto as mãos brincavam rudemente com a minha bunda a
ponto de tornar o prazer e a dor indistinguíveis.
Choraminguei de júbilo quando ele finalmente me penetrou. Houve
outro salto gentil da cama e de repente meu amante estava se enfiando em
mim por trás.
SIIIIIM.
Eu o recebi facilmente, avidamente, me perguntando se poderia ser até
mesmo Mason. Eu estava realmente molhada. Tão ansiosa e tão excitada e
talvez até um pouco prazerosamente entorpecida depois das festividades da
noite anterior.
Quem quer que fosse que estava me comendo realmente sabia como
foder. Ele me enfiava tão fundo que me fazia suspirar com o prazer secreto
de ser tratada tão rudemente. Ele conduzia seu pau dolorosamente até o
fundo a cada estocada, acrescentando uma colisão e uma roçada de revirar
os olhos no final.
Era tão inesperadamente gostoso não saber quem era. Me dar conta de
que podia ser qualquer um ali — até mesmo um estranho — fazia toda a
coisa ficar ainda mais perversa e suja para mim. Eu confiava neles,
obviamente. Mas ao mesmo tempo, eu os conhecia realmente?
Não seja estúpida, Alyssa.
Talvez, no fundo, tudo fosse parte da fantasia. O anonimato de quem
quer que estivesse dentro de mim.Sentir-me segura e protegida e ainda
assim, totalmente vulgar e maravilhosa ao mesmo tempo.
Empinei-me para trás na direção do meu convidado misterioso, até
sentir a inevitabilidade do clímax iminente. Seu corpo endureceu, seus
dedos se contraíram. Sua respiração mudou distintamente e se transformou
numa série de grunhidos e gemidos.
Meu amante meteu uma última vez e de repente e abruptamente tirou
o pau de dentro de mim. Depois de um segundo ou dois de confusão, senti a
inconfundível sensação de sêmen quente nas minhas costas nuas. Jato após
jato de leite quente e grudento, escorrendo anonimamente pela minha pele
como uma garoa quente de tabu.
Meu Deus, eu estava muito perto de gozar! Mas de alguma forma, eu
consegui me controlar. Concentrei-me em roçar minha bunda nas pernas do
meu amante secreto. Senti sua ereção se esvaziar rapidamente contra minha
lombar e ele a roçou algumas vezes no calor da minha pele.
Uma toalha pousou nas minhas costas abruptamente e alguém
começou a me limpar, me preparando para a próxima pessoa que ia entrar
no quarto, quem quer que fosse.
Isso é mais do que maravilhoso.
Meu corpo tremia com desejo e necessidade, praticamente me
implorando para enchê-lo com alguma coisa. mas como antes, fui deixada
sozinha no quarto. Os minutos se passaram — parecendo horas — e eu
estava me contorcendo com força pela cama. Procurando cegamente por
algo — qualquer coisa — que eu pudesse enfiar no meio das minhas pernas,
para talvez tentar aliviar a tensão pré-orgasmo deixada no meu corpo.
E então aconteceu de novo… e de novo. Tábuas crepitaram e uma
brisa soprou quando alguém entrou no quarto.
Fui devorada por baixo. Chupada por trás de novo. Meus seios foram
beijados e chupados e roçados enquanto eu era dedada freneticamente.
Alguém se pressionou contra meus lábios, bem abaixo do tecido da venda.
E a cada vez eu era fodida com força na sequência. Minha calcinha
puxada com raiva para a direita e para a esquerda, esticada por cima de uma
das nádegas enquanto eu era penetrada rudemente por trás. Era maravilhoso
fazer aquilo tudo cega. Sem nem ter o benefício das minhas mãos para
identificar qual dos corpos duros e musculosos estava me fodendo no
momento.
Um ou dois deles saíram sem gozar. Eles me fodiam até não conseguir
mais, ou até eu ficar no limite do meu orgasmo febril. Então eles paravam e
simplesmente se afastavam…
Deus!
Era a coisa mais frustrante do mundo ser deixada no limite do meu
próprio clímax. E ainda assim era estranhamente e maravilhoso. Havia uma
emoção inegável envolvida em não saber nada sobre o que viria a seguir.
Uma excitação cega em saber que eu estava ali para dar prazer a eles, e que
eles estavam usando meu corpo para a sua gratificação pessoal.
Eu fui fodida outra vez, e outra, até alguém mais gozar na minha
bunda com um silvo longo e selvagem. Eu sentia suas bolas inchando
contra minhas costas quando ele surfou no seu orgasmo. O calor da sua
ejaculação crepitante escorrendo pela parte de trás das minhas coxas…
Caralho!
Não sei por quanto tempo fiquei lá. Perdi as contas de quantas vezes
eles saíram e entraram. Um homem deixou o quarto. Outro voltou. Mãos
estranhas percorriam meu quadril sem parar e eu nunca sabia se seria
chupada, fodida por trás ou uma combinação dos dois. Eu estava
desesperada para gozar. Totalmente consumida com a necessidade de me
aliviar, a ponto de começar a me debulhar e gritar. Eu estava empinada
contra alguém dentro de mim, implorando alto, pedindo para eles me
permitirem gozar.
Quem quer que teve piedade de mim me fez querer me casar com ele
ali mesmo no momento. Meu último amante continuou estocando além do
momento em que os outros tinham parado, quando meus punhos
começaram a se contorcer dentro da algema. Meu corpo ficou rígido,
minhas mãos se torciam no ar com desespero enquanto eu me preparava
para o pior…
Mas o pior não aconteceu.
Ahhhh… SIM!
Eu gozei sem parar, naquela ereção grossa e abençoada ainda
enterrada dentro de mim. O corpo quente atrás de mim não se moveu. As
mãos no meu quadril permaneceram apertadas e o monstro dentro de mim
continuou estocando, martelando, me fodendo para dentro e para fora,
durante todo o tempo do meu orgasmo glorioso.
Eu devo ter apagado. Com a venda sobre os olhos era impossível
dizer. Tudo o que eu me lembro é de estar frouxamente deitada de bruços
quando uma voz suspirou tão baixo no meu ouvido que eu não soube quem
era.
“Você está com fome?”
Acenei fracamente. Eu estava faminta, na verdade. Eu tinha almoçado
já fazia tantas horas e já devia ser—
Aiii!
Meus pensamentos foram interrompidos quando uma cabeça entrou
abruptamente na minha boca. E de repente meu amante gozou — pulso
atrás de pulso de leite grosso, quente e pesado, enchendo até minha
garganta.
Ah…
Arreganhei a boca, querendo tudo. Ansiosa para fazer aquele homem
sentir pelo menos a metade do que ele tinha acabado de me fazer sentir ao
fazê-lo descarregar o máximo possível do seu leite na minha boca revolta.
Ele me alimentou pelo que pareceu uma eternidade, segurando minha
cabeça no lugar. Com grunhidos baixos e primitivos, ele despejou a segunda
metade do seu clímax direto na minha garganta.
Era grosso. Doce. Almiscarado. Tudo ao mesmo tempo. e muito muito
quente.
“Aqui…”
Eu ainda não conseguia identificar a voz. Poderia ser qualquer um
deles. Ou os três, parados ao meu redor. Assistindo. Esperando pela sua
vez…
“Você ainda está com fome?”
Engoli pela última vez. Hesitante, assenti novamente.
“Que bom.”
Senti a tensão no meu braço. O clique metálico de uma tranca e a
liberdade abrupta de um dos lados da algema sendo solto.
“Se recomponha!”, a voz ordenou, colocando uma chave na palma da
minha mão livre. “O jantar está quase pronto.”
 
 
Capítulo 30
 
 
 
ALYSSA
 
Eu não sabia o que era mais empolgante, na verdade. Ter sido
algemada à cama e usada como um brinquedo ou o fato de os rapazes terem
se revezado preparando a comida… ao mesmo tempo em que se revezavam
me comendo.
“Sal, por favor?”
Escorreguei o pote de plástico na direção de Mason e ele salgou suas
batatas-fritas. O jantar era simples: hambúrgueres e cachorros-quentes,
preparados na churrasqueira do lado de fora. Os rapazes devem ter passado
metade do tempo arrumando o pátio, considerando o quão limpo estava. E
eu sabia muito bem o que eles tinham feito na outra metade.
“Então ainda vamos pescar no gelo?”, perguntou Rogan entre uma
mordida e outra.
“Talvez,”, disse Desmond sorrindo e me dando uma batata-frita,
“depende da nossa garota.”
Os outros me olharam ceticamente. “Ela não tem cara de pescador…”,
disse Mason, “…pescadora!”
Era ótimo como tudo tinha ficado repentinamente casual. Estávamos
jantando, falando sobre o que queríamos fazer durante as férias… como se
eles não tivessem acabado de se revezar me fodendo loucamente minutos
antes.
“Preciso humilhar vocês na pesca da mesma forma que humilhei
vocês no esquii?”, desafiei.
“Você é capaz?”
Gargalhei de forma travessa. “Talvez.”
“Que tipo de—”
“Robalos, basicamente. E anchovas.”, comecei a contar nos dedos
para dar um efeito. “Pargos, linguados de vários tipos…”
Mason resmungou. “Caralho.”
“Peixe negro, pescada amarela—”
“Ok, ok.”, Desmond gargalhou. “Entendemos. De uma forma ou de
outra… você sabe pescar.”
“Bom, eu nasci em Jersey.”, dei de ombros. “Meu tio tinha um barco e
alugava uma casa na praia todo ano. Ele nos levava sempre.”
“E aquele passeio de raquete?”, Mason perguntou.
Rogan sacudiu a cabeça. “Parece exaustivo.”
“Escalada no gelo?”
“Parece perigoso.”, eu disse nervosamente.
“Não é muito, na verdade,”, Mason respondeu, “a cachoeira de
Bingham é nível um.”
“Que diabo é um nível um?”, perguntou Rogan, abrindo sua última
garrafa de cerveja.
“Sei lá.”, riu Mason. “Eu vi na internet.”
Fui até a geladeira e peguei outra cerveja. Sexo entorpecedor à parte,
eu realmente amava estar lá. Me senti confortável. aconchegante. e o
melhor, eu finalmente tinha alguém com quem passar as festas de fim de
ano. Ou melhor, alguéns.
“Seja lá o que formos fazer,”, disse Desmond, “precisa ser rápido.
Amanhã. Tem uma tempestade vindo. Das grandes.”
Tínhamos ouvido no rádio enquanto voltávamos da cidade. Uma
nevasca se aproximava, bem do meio do estado.
“Provavelmente teremos um Natal com neve.”, Desmond acrescentou.
“Então é melhor irmos às compras de novo.”, declarei. “Não comprei
nada para vocês.”
Eles ficaram em silêncio. Olhando para seus próprios pratos. Mas com
sorrisos no rosto.
“Bom, acho que já ganhamos presente.”, brincou Rogan.
“Além daquilo.”, eu disse, mostrando a língua para ele.
A ideia tinha me ocorrido mesmo antes de chegar aqui: ficar presa por
causa da neve com meus colegas de trabalho lindos. Encurralados no nosso
chalezinho aconchegante, com mais nada além de—
“Caralho.”
Nós todos nos viramos para Rogan.
“O que foi?”
“Acabei de lembrar. Não mandei o presente de aniversário da minha
sobrinha."
Mason assobiou. Desmond murmurou algo.
“Quando é o aniversário dela?”, perguntei.
“Amanhã.”
“Que merda.”, declarei.
“Eu sei, eu sei.”, Rogan lamentou. “Não me faça me sentir pior.”
“Não. Eu quis dizer que merda fazer aniversário tão perto do Natal.
Todo ano ele acaba ficando perdido.”, pensei por um momento. “Quantos
anos ela tem?”
“Dez.”
Me levantei rapidamente e estiquei a mão. “Vem comigo.”
Era uma coisa simples, atravessamos a sala e fomos de volta para a
suíte master. A algema ainda estava na cama. Movi-a para o lado e peguei
meu laptop.
“Como ela é?”, perguntei.
Rogan deu de ombros. “Ela tem tipo um metro e vinte, loira, olhos
azuis—”
“Do que ela gosta?”, resmunguei relutantemente.
“Ah…”, Rogan gargalhou. “Hm… bem, ela gosta de desenhar. Criar
coisas. Coisas científicas.”
“Então ela é criativa.”
“Sim. Definitivamente.”
Dez minutos depois eu tinha enchido um carrinho com tudo o que
uma garota criativa gostaria. Pulseiras coloridas. Estênceis. Um terrário que
brilhava no escuro que eu mataria para ter um se eles existissem quando eu
era pequena. E até um kit de origami de borboleta.
“Aqui.”, eu disse, satisfeita. “E porque você é um tio tão ótimo, vai
pagar o frete expresso e ela vai receber amanhã.”
Cliquei, Rogan fez uma careta.
“Ah, não seja assim,”, eu ri, “é sua culpa ter se atrasado para esta
festa. Bom… e para o Natal?”
“Celebro com as minhas irmãs depois do Ano Novo.”, ele disse.
“Irmãs?”
“Sim. Três.”
“Como é que pode?”
“Elas resmungam se eu não for, e é um saco.”, ele sorriu.
“Você não deveria considerar sua família um saco.”, eu o repreendi.
“Ah não? E a sua?”
Abri a boca para responder, mas parei abruptamente. Ele me pegou.
“Por que você nunca passa o Natal com os seus pais?”, Rogan
perguntou. “Ou pelo menos com a sua irmã. Eu sei que ela mora na
Califórnia. É bonito por lá.”
“Meus pais…”, me esforcei para responder. “Bom, eles são uma causa
perdida. E minha irmã é uma pessoa totalmente diferente agora. Não nos
conectamos mais.”
“Mas você se conecta conosco?”, perguntou Rogan, me puxando para
o seu lado da cama.
Ele era uma dessas pessoas que sorriam com os olhos. Sua expressão
era calorosa, sem julgamentos.
“Vocês são diferentes.”, eu disse.
Ele me virou gentilmente de costas e se posicionou sobre mim.
“Somos, é?”
Mordi o lábio e assenti.
“No bom sentido, espero…”, ele disse, aproximando os lábios dos
meus.
Então eles se encostaram, e meu corpo todo formigou. Mas ele não
estava me beijando. Ainda não. Apenas tocando lábios. Respirando minha
respiração enquanto me encarava profundamente.
“Eu sei o que quero agora.”, Rogan suspirou na minha boca. “Meu
prêmio por patinar no gelo.”
A mão dele escorregou para o meio das minhas coxas, parando ali de
forma tentadora. Ele pressionou para dentro, firme, mas gentilmente,
apertando meu sexo. Gemi quando ele me deu um apertão gentil.
“Ah, sabe?”
“Sim.”
Tentei me esfregar na sua mão, mas ele a puxou de volta, o suficiente
para me frustrar. Abaixei minha bunda no colchão de novo e ele empurrou a
mão para dentro, provocantemente.
“O que então?”
Visualizei a cena: ele tirando minhas calças, escorregando pelo meio
das minhas coxas e me fodendo imediatamente, enquanto os outros tiravam
a mesa do jantar.
Mas ao invés disso, Rogan me beijou. Então se levantou e me deixou
ali deitada, com tesão e sem ar.
“Te mostro depois.”, ele piscou, saindo do quarto.
 
 
Capítulo 31
 
 
 
ALYSSA
 
Que diferença um ano faz!
Ainda era inacreditável para mim que já fazia tanto tampo.
Que estávamos ali de novo, no lugar onde tudo tinha começado. Eu
queria manter o diário o ano todo, mas há tanta coisa para ser
dita. Tantas coisas maravilhosas que fizemos na Flórida… nós
quatro juntos.
Eu sabia desde o início que acabaríamos assim. Que assim
que o gênio saísse da lâmpada, não poderíamos voltar atrás. E
Desmond concordou: não havia motivos para pararmos.
Não que eu pudesse parar se eu quisesse, à essa altura.
Houve momentos durante o ano em que pegamos mais leve,
especialmente porque estávamos muito ocupados. Mas houve
outros momentos. Em que um ou mais de um deles me tomou
loucamente… ou, com ainda mais frequência… momentos em que
eu os tomei loucamente.
Doze meses desde o último Natal. Doze meses malucos em que
eu fui compartilhada pelo meu namorado e seus dois amigos
gostosos. Eu não mantive um diário como esse, mas mantive uma
lista. Uma lista de experiências que vou anotar logo abaixo, para a
posteridade e para referências futuras.
Não que haja qualquer chance de eu me esquecer de nada
disso…
 
Minha pulsação já estava acelerada quando virei a página, pronta para
ler sobre o ano de Emma. Eu precisava entender o que tinha acontecido
depois do chalé. Como tudo tinha ficado entre eles quando o ano terminou e
a realidade de voltar para a casa na Flórida os abateu.
Aparentemente eles tinham seguido em frente com a fantasia. Porque
os quatro tinham feito todos os tipos de coisas maravilhosas:
 
COISAS DAS QUAIS ME LEMBRO:
~ A primeira vez que ficamos juntos no meu apartamento
depois que voltamos. Desmond convidou os outros para tomar uns
drinques, sabendo muito bem o que tinha em mente. Rogan e
Mason se sentaram na sala, meio estranhos, adoravelmente lindos
e hesitantes. Pelo menos até eu sair do quarto usando somente
minha lingerie nova.
~ A primeira vez que cozinhei para os rapazes no meu
apartamento. E como tinha sido gostoso o banquete entre nós
quatro na minha própria cama.
~ O aniversário de Rogan e eu ter sido designada para ser
seu presente. Desmond me deixou na casa dele depois do trabalho
para surpreendê-lo usando apenas uma calcinha fio-dental por
baixo do meu sobretudo. Eu nunca vou me esquecer do seu olhar
quando abriu a porta! E o quão divertido foi ele enviar uma
mensagem para Desmond, se certificando de que estava tudo
bem… enquanto eu já estava ocupada lhe concedendo um boquete.
~ Quatro de julho, na praia, assistindo os fogos de artificio.
Deitada entre os três no escuro. Ser beijada pelos três sem parar
até ficar tonta. E como foi maravilhoso ser fodida na areia, no
nosso cobertor peludo enquanto um deles se revezava tomando
conta.
~ A noite em que Desmond ‘me emprestou’ para Mason para
pagar uma aposta de futebol que eu tenho certeza de que nunca
existiu de verdade.
~ Quando Mason e eu fomos buscar cerveja e terminamos
trepando feito malucos no banco de trás do seu carro.
~ A noite do meu aniversário. Sair para jantar com Desmond
e depois ir para um hotel elegante no centro… onde Rogan e
Mason nos esperavam usando apenas suas cuecas-boxer.
~ Halloween, quando saímos em busca de travessuras ou
gostosuras, os quatro. Eu estava vestida de enfermeira safada.
Voltamos para a casa de Mason porque era mais perto que as
outras e brincamos de médico até eu fazer os três gozarem dentro
de mim.
 
A lista continuava. Havia quase duas dúzias de instâncias das
explorações sexuais de Emma, uma mais gostosa do que a outra. E mesmo
que eu tivesse sido satisfeita naquele dia, cada relato me fazia ficar mais
molhada ainda.
A minha favorita foi uma na qual Desmond tinha viajado a trabalho,
dois verões atrás.
Na verdade, eu me lembrei dele não estar no escritório, quando pensei
bem. Durante as três semanas que ele esteve fora, Emma tinha sido batizada
namorada oficial de Rogan e Mason. O título veio com cada vantagem
sexual implícita, incluindo os dois se revezarem tomando conta dela. O que
significava dormir com ela.
E algumas vezes, os dois juntos.
Eu queria continuar lendo o diário, mas já estava tarde. Estava frio e
escuro e era bem mais tarde do que meia-noite, e os rapazes —
aparentemente exaustos por mim — já tinham ido dormir.
Apaguei o abajur na minha mesa de cabeceira e abri a gaveta. Mas na
metade do caminho, devolvendo o diário, notei alguém me olhando do
corredor.
Rogan.
“Você quer continuar lendo sobre isso?”, ele perguntou timidamente.
“Ou prefere fazer?”
Fechei a gaveta sem tirar os olhos dele. Ele estava intencionalmente
sem camisa. Os picos e vales deleitáveis do seu tanquinho brilhavam
maravilhosamente.
“O que você tem em mente?”
“Bom, minha cama está quente.”, ele disse, pulando de um pé para o
outro. Os músculos da sua barriga ondulavam. “Mais quente do que aqui.”
“Então… festa do pijama?”
Ele riu travessamente. “Sim. Mas mais do tipo sem pijama.”
Eu estava me levantando da cama, mas hesitei.
“Eu não deveria pedir para os meus pais primeiro?”, provoquei.
“Não, acho que não.”
“Por que?”
“Porque você provavelmente não vai se comportar.”
Levantei uma sobrancelha inquisitiva. “Provavelmente?”
Rogan deu um passo para a frente e puxou o cobertor do meu corpo
tão rápido que eu dei um gritinho. Fiquei de pé, arrepiada dos pés à cabeça
enquanto ele escorregou as duas mãos ao meu redor e apertou minha bunda.
“Venha para a minha cama e descubra.”, ele rosnou sensualmente.
 
 
 
Capítulo 32
 
 
 
ALYSSA
 
Foi o melhor Natal da minha vida.
Passamos nossas últimas horas antes da nevasca correndo pela cidade.
Leite, ovos, garrafas d’água — itens que já estavam escassos, mas
Desmond sabia onde conseguir. Ele já tinha passado muitos invernos ali.
Ele conhecia muitas pessoas. Eles tinham guardado coisas para ele e eu o vi
beijar tantas mulheres na bochecha e apertar tantas mãos de homens para
saber que ele era muito querido.
Cada um de nós foi para uma direção diferente para fazer nossas
compras. Mas tudo fechou mais cedo. Todo mundo estava indo para onde
tinha que ir antes que a nevasca prendesse todo mundo onde quer que
estivessem quando ela caísse.
E eu só queria estar no chalé com meus três gostosos.
O dia e a noite anterior tinham sido a realização de um sonho. Rogan
tinha me levado para a sua cama, conforme prometido, e lá encontrei
Mason esperando por mim. Subi na cama alegremente entre eles.
Aproveitei o calor dos seus corpos largos pressionados dos meus dois
lados…
Então eles se revezaram, me beijando e me dando amassos por uma
hora.
A forma como eu ficava excitada só com beijos era insana. O
sentimento gentil de uma língua investigadora. O desmaio de paixão que
vinha com a respiração de outra pessoa.
Juntos eles compensaram cada beijo que eu não tinha dado na vida
enquanto eu estava acorrentada à cama. Foi sexo puro, cru, animalesco.
Mas na noite anterior…
Na noite anterior foi sobre intimidade. Uma conexão totalmente
emocional, em todos os níveis. Rogan e Mason tinham me beijado e se
roçado em mim e me acariciado até eu estar pingando e me contorcendo
entre eles. E então fizeram amor comigo, um por um. Primeiro Mason,
encontrando seu caminho por entre minhas pernas… e depois Rogan,
tomando seu lugar imediatamente, logo que seu amigo tinha terminado
dentro de mim.
Eles me beijaram durante todo o processo, me embalando de costas
para a cama. Me fazendo gozar não só uma, mas duas vezes, enquanto eu
enrolava meus braços ao redor deles e abria as pernas o máximo que podia.
Tudo isso debaixo das cobertas. Eles me foderam devagar, com
tranquilidade, sem nunca quebrar o selo do cobertor e expor meu corpo nu
ao ar frio do chalé.
Se Desmond sabia ou não, ele não mostrou na manhã seguinte. Então
me dei conta de que não importava. Os três tinham um acordo tácito que me
incluía agora. E eu não recebia menos que café e sorrisos. Nada além de
amor e cuidado e um respeito profundo e implacável.
Eu poderia me acostumar com isso.
Senti uma pontada de sofrimento no estômago. A ideia de que algo
como aquilo podia continuar e mesmo voltar conosco para a Flórida…
Eles fizeram isso com Emma… por que não comigo?
Passei a tarde inteira ponderando aquela questão. Vasculhando cada
lojinha adorável por bugigangas e enfeites de decoração e um presente ou
outro enquanto ousava acreditar que o que estávamos vivenciando naquela
viagem poderia florescer e se tornar algo recorrente.
Mas era mesmo o que eu queria?
Parecia totalmente maluco quando eu pensava naquilo. Viver numa
fantasia entre as quatro paredes do nosso chalé era uma coisa. Naquele
sentido, nosso romance era como nossas férias: teria início e fim. A coisa
toda terminaria e talvez aquilo fizesse ser tudo mais aceitável na minha
cabeça. Eu não estava realmente fazendo aquelas coisas porque não as faria
por tempo o suficiente para se tornar significante.
A menos que…
Eu estava no meu quarto embrulhando presentes quando ouvi uma
batida na porta. Desmond entrou, enorme, lindo e incrível. Até mesmo com
seu casaco de neve.
“Tenho uma coisa rápida para fazer.”, ele disse com uma mão na
maçaneta. “Quer ir comigo?”
“Uma coisa?”, eu disse, chocada. “Agora?”
“Sim.”
“Mas a tempestade vai cair logo!”
“Mais um motivo para irmos agora.”
Coloquei as pernas para fora da cama e comecei a procurar pelas
minhas botas, mas Desmond já as estava segurando.
“Que tipo de—”
“O Sr. Foster está preso na neve a cerca de oitocentos metros daqui,”,
ele explicou, “precisamos ajudá-lo, e levá-lo até sua família em
Morristown, assim ele não vai ficar sozinho em casa no Natal.”
Imaginei a coisa toda e meu coração derreteu.
“Isso é a coisa mais doce que já ouvi.”, eu disse.
“Sim,”, Desmond riu lindamente, “vamos ser heróis…”, ele olhou
pela janela atrás de mim. “Mas só se corrermos.”
 
 
Capítulo 33
 
 
 
DESMOND
 
A nevasca se aproximava mais rápido do que eu esperava. Ainda
assim, eu não estava preocupado. Havia algo reconfortante em ter Alyssa ao
meu lado na carroceria da caminhonete.
“Vai ser uma nevasca forte, não vai?”, ela perguntou.
“Sim. Forte e rápida.”
Ela deu uma risadinha. “Exatamente como eu gosto.”
Fingi revirar os olhos e ela me deu uma cotovela jocosa. Era muito
divertido tê-la conosco. Não sei como, mas ela se encaixava perfeitamente
entre os três machos-alfa e não só fisicamente.
É porque ela é esperta. Divertida. Descontraída.
Sim, Alyssa era definitivamente aquelas coisas todas. E mais. Ela era
modesta e ia com a corrente. Como nós, ela não se levava muito a sério.
E aquilo era uma coisa rara.
Nossa tarefa terminou e estávamos indo de volta para o chalé. Sr.
Foster ficou muito grato e o desembarque correu suavemente.
“Quantos metros você acha que vai nevar?”
“Talvez um e meio ou dois,”, eu respondi, provocando um assobio
baixo no lado da Alyssa do carro, “foi o que ouvi.”
Se havia duas pessoas que sabiam como a nevasca seria, essas pessoas
éramos nós dois. Rogan e Mason eram floridianos de corpo e alma. Mas eu
tinha passado muitos invernos ali e Alyssa era de Jersey. Ela já tinha visto
seu quinhão de tempestades e nevascas, mesmo em escalas menores.
“Vai devagar.”, ela disse abruptamente.
Eu olhei para onde ela estava encarando pelo vidro do passageiro, na
escuridão.
“Confia em mim,”, expliquei, “pode até não ter alguns postes de
iluminação por aqui—”
“Nenhum poste.”, ela interrompeu.
“—mas eu conheço a estrada.”, finalizei.
Ela estava sorrindo, mas não por causa do que eu disse. Era mais
como um sorriso malicioso, diabólico.
“Ah, eu confio em você.”, ela disse verdadeiramente. “Mas não foi
por isso que te pedi para ir devagar.”
Abri a boca, mas antes de conseguir dizer mais nada, ela escorregou
uma mão até minha coxa. Seus olhos brilharam quando ela me deu um
apertão não tão gentil. Então, sem mais uma palavra, ela começou a abrir o
botão da minha calça.
“Eu— hm… Ah.”
Ela gargalhou. “Ah? É tudo o que você tem a dizer?”
Ela abriu meu zíper, uma mão quente deslizou para dentro da minha
cueca.
“Eu… bem…”
“Você não precisa dizer nada, na verdade.”, ela disse
misericordiosamente. Se inclinando mais, ela colocou os lábios na minha
orelha. “Tudo o que você precisa fazer é levantar a bunda do banco,”, ela
sussurrou, “para eu poder tirar sua calça e te chupar…”
A ênfase perversa que ela colocou nas últimas duas palavras
mandaram faíscas de eletricidade para o meu corpo todo. Senti que tinha
endurecido, tensionado sob o toque dela.
“O segredo do boquete automobilístico,”, ela riu, “é dirigir devagar e
manter os olhos na estrada. Ou... bem...”
Ela deitou a cabeça no meu colo, puxando meu pau para fora. Estava
meio adormecido e duro, mas acordando rapidamente. Especialmente
quando ela colocou os lábios na minha vara e a beijou.
“É claro, isso é apenas teoria,”, ela disse, “eu na verdade nunca fiz um
boquete automobilístico.”
Pulei quando uma língua quente e molhada escorregou pelo meu pau.
Meu pé alvejou o acelerador em reflexo, e o carro acelerou
temporariamente. Eu ouvi a gargalhada dela no meu colo.
“Você nunca recebeu um boquete automobilístico?”, ela perguntou.
Sacudi a cabeça, então me dei conta de que ela não conseguia me ver.
“Não.”, eu disse finalmente. “Nunca.”
“Bom,”, Alyssa murmurou, “então vamos ambos perder nossa
virgindade automobilística agora.”
Sua boca se fechou em volta do meu pau, e eu cheguei imediatamente
no céu. Sua língua rodopiava sensualmente, logo abaixo da cabeça da
minha ereção—completa naquele momento. eu podia sentir seu cabelo
macio roçando na minha barriga.
Aaah, isso é tão bom…
Foi exatamente como ela disse que seria — uma distração total. Tive
que forçar meus olhos a pararem de encarar sua cabeça linda subir e descer
e olhar de volta para a estrada. A neve caia naquele momento, flocos
pesados e grossos. Eu conseguia vê-los passando pelos feixes de lux do
farol da caminhonete enquanto dirigia devagar pela estrada deserta.
Isso é loucura.
A voz na minha cabeça poderia estar fazendo referência ao boquete
fumegante que eu estava recebendo. Mas também poderia facilmente estar
se referindo a situação no geral. Estávamos fazendo aquilo de novo. Rogan,
Mason e eu, dividindo a mesma garota. Fazendo as mesmas coisas incríveis
com ela… enquanto inevitavelmente nos apegávamos à última vez.
Primeiro, eu tinha me convencido que seria apenas sexo. Que só
estávamos realizando uma fantasia com uma colega de trabalho, trazida a
nós por ela. afinal, Alyssa tinha iniciado tudo. Até onde eu sabia, nós três
tínhamos cumprido nossa parte do trato e não tentado nada com ela.
Então ela veio até nós.
Suspirei com alegria enquanto ela adicionou outra mão à mistura.
Alyssa me chupava enquanto eu dirigia para casa. bombeava a base do meu
pau com uma mão enquanto usava a outra para gentilmente rolar minhas
bolas entre seus dedos ágeis.
Minhas mãos agarraram o volante tão forte que eu pensei que ia
arrancá-lo. Era. Bom. Para. Caralho.
Vai devagar, lembra?
Tirei o pé do acelerador um pouco mais, embora já estivesse bem
devagar. Eu queria aproveitar o momento. Saborear sua boca se agitando e
rodopiando, me engolindo adoravelmente enquanto o calor da ventilação da
caminhonete batia no meu rosto.
Pensei no que estávamos fazendo e em como similar aquilo era à…
bem… Emma. Caralho, era quase idêntico. E ainda assim, ao mesmo tempo
totalmente diferente.
Emma tinha começado como minha namorada, a filha do chefe.
Aquilo tinha complicado as coisas, mesmo com os esforços de nós quatro
em manter tudo simples. Com Alyssa, entretanto, nós começamos todos
juntos. Condições iguais. Sem história anterior à que estávamos escrevendo
juntos.
E o que vai acontecer depois?
Era algo que ambos os caras tinham me perguntado em particular.
Mas mesmo antes deles, eu já tinha me perguntado. Nós manteríamos
aquilo, mesmo depois de voltar para casa? Ou seria mais esperto
simplesmente terminar tudo quando nosso avião tocar o solo da Flórida e
voltar para o relacionamento profissional que tínhamos antes?
E ainda mais importante… o que ela quereria?
Eu não tinha ideia, na verdade. Eu só sabia que a garota entre as
minhas pernas tinha tudo o que eu sempre quis em uma mulher. Ela era
inteligente, espirituosa e legal. Linda de tirar o fôlego. E ela se dava bem
com meus dois melhores amigos, obviamente.
E mesmo que tecnicamente aquela fosse a minha primeira vez, eu já
podia dizer que ela era a melhor naquela coisa de boquete automobilístico.
“Gata…”, eu me engasguei. “Gata, eu vou—”
“Hmm-hmm.”
Uma das minhas mãos deixou o volante involuntariamente enquanto
meus dedos escorregavam pelos seus cabelos sedosos e meu orgasmo
rapidamente se aproximava. Alyssa relaxou sua pegada, mas apertou os
lábios. Tudo entre as minhas pernas estava quente. Molhado. Maravilhoso.
“Ai, meu Deus…”
Irrompi violentamente, enchendo sua boca com meu creme,
alimentando-a com tudo o que eu tinha. Minhas bolas borbulhavam,
pulsação após pulsação de êxtase quente e lancinante correndo para fora de
mim.
Caralhooo!
Senti aquilo passar pela sua boca talentosa, pela sua garganta, direto
para a sua barriga. Alyssa tomou tudo, sem parar, sem nem mesmo afastar a
boca do meu pau latejante. Ela engoliu até a última gota enquanto me
bombeava gentilmente, até eu ficar drenado, fraco e flutuando nas gentis
nuvens de dopamina.
“Caralho, Alyssa…”
Ela bateu os lábios enquanto se sentava de volta no banco, aqueles
lábios carnudos e cheios. Ela estava mais linda do que nunca, com o rosto
vermelho de calor. Seus olhos brilhavam no painel do carro, como fogo
líquido.
Encarando seu rosto lindo, uma onda de sentimentos intensos me
abateu. Sentimentos que eram abruptos, porém familiares. Sentimentos que
apertavam o nó do meu estômago.
“Isso foi muito mais fácil do que eu achei que seria.”, ela riu.
 
 
Capítulo 34
 
 
 
ALYSSA
 
“Vá em frente,”, Mason sorriu, “abra.”
joelhei-me perto da árvore, segurando o terceiro dos meus quatro
presentes. Este estava embrulhado num papel azul e prateado com um laço
vermelho lindo.
“Posso sacudir?”
Os olhos de Mason se apertaram. Os outros riram.
“O que?”
“Na verdade, você precisa sacudir.”, Rogan sorriu e quase
imediatamente, Mason olhou para ele sordidamente.”
“Ah é?”
Sacudi o pacote, que era pequeno, porém pesado. Eu esperava algum
tipo de resultado, mas não ouvi barulho nenhum.
“Certo,”, Desmond gargalhou, “vamos acabar com o suspense de uma
vez.”
Puxei o laço e achei uma caixa dentro da caixa. E dentro da caixa,
minha mão tocou algo redondo, suave e frio. Quando puxei a coisa para
fora, vi o globo de neve mais lindo do mundo.
“Ai meu Deus,”, suspirei, “é deslumbrante!”
E era mesmo. Não era só um globinho de vidro ordinário, era uma
réplica cara e detalhada da cidade onde estávamos. Eu podia ver as lojinhas
da rua principal, coloridinhas. A torre em branco puro da igreja da
comunidade de Stowe se erguendo acima de tudo.
“Você gostou?”, Mason perguntou hesitantemente.
Sacudi o globo de novo e os floquinhos de glitter rodopiaram pela
cidadezinha, criando uma tempestade perfeita para combinar com a que caía
do lado de fora.
“Se eu gostei?”, eu pulei do chão direto para o seu colo. “Eu amei!”
Os braços de Mason se enrolaram ao meu redor e eu o beijei na boca.
O que começou como um beijo de obrigada se tornou bem menos inocente
enquanto nossos lábios se pressionavam um contra o outro e nossos
maxilares rodavam à medida em que nossas línguas se tocavam.
“Ok, chega,”, Desmond advertiu, “vamos evitar essa armadilha de
novo.”, ele riu. Então, com uma olhada de lado para os outros dois: “Por
enquanto.”
Afastei-me dos dois braços fortes de Mason e finalmente voltei para a
árvore. Os caras já tinham terminado de abrir seus presentes. Eles já tinham
aberto seus presentes de “amigo-não-tão-oculto”, o que significava os três
parados em círculo no Dia de Ação de Graças e comprando um presente
para a pessoa à direita. Os presentes eram sacanas, é claro. E hilários.
Meus presentes de última hora para eles eram sutilmente menos
criativos, mas ainda assim divertidos. Rogan ganhou um chaveiro com os
dizeres: EU AMO SEU CARALHO, e na parte debaixo: QUER DIZER: TE
AMO PRA CARALHO. Para Desmond, dei uma caneca gigante de café que
dizia: OBRIGADA POR TODOS OS ORGASMOS, e para Mason, um
abridor de garrafa de metal que dizia: TE AMO PELO QUE VOCÊ É, MAS
ESSA BUNDINHA CERTAMENTE AJUDA.
E com os presentes, dei a eles um cartão sincero, escrito à mão,
agradecendo o Natal tão bonito. É claro que eu não parei por ali. Dentro do
envelope, coloquei um cupom que garantia ao portador uma hora de
QUALQUER COISA que ele quisesse. Sexualmente falando, é claro.
“Mas você já é nosso brinquedo,”, Mason ressaltou, “e já faz o que
quisermos.”
“Talvez sim,”, Rogan respondeu, segurando seu cupom, “mas eles não
têm data de validade.”
Intencionalmente ou não, eu tinha deixado a validade dos cupons
suspeitosamente em aberto. O que só podia significar uma coisa…
Você está pedindo por isso quando voltar para a Flórida também.
Engoli a seco quando me dei conta. E o que fazia minha garganta ficar
ainda mais apertada era que eles também estavam se dando conta disso.
“Alyssa,”, Desmond me chamou, me trazendo de volta ao presente,
“abra o último pacote.”
Meu quarto presente — o especial — era dos três. Eu não conseguia
nem imaginar o que era.
“Me sinto mal.”, eu disse, abaixando a cabeça.
“Por que diabos?”
“Por que vocês me deram tantos presentes atenciosos hoje.”, eu disse,
olhando para a caixinha retangular no meu colo. “E eu… bom… só comprei
presentes engraçadinhos.”
“Mas nós amamos nossos presentes engraçadinhos.”, disse Desmond,
levantando sua caneca.
“Eu sei, mas—”
“Olha, nós todos fizemos compras de última hora.”, Mason
interrompeu. “E metade delas foram em lojas de suvenir.”
“Mesmo assim…”
Rogan se levantou da sua cadeira perto do fogo e se sentou no chão
perto de mim. Ele levantou meu queixo com um toque gentil.
“Olha, este último presente não é tão atencioso.”, ele disse com um
sorriso maroto.
Gargalhei curtamente. “Promete?”
“Ah, sim.”, disse Mason.
“Totalmente diferente do seu padrão de presente.”, Desmond
concordou.
“Ok, então.”, eu ri, abrindo o pacote. “É melhor isso não ser nada
bom.”
Havia muito tempo que eu não ficava feliz assim nas festas de fim de
ano Eu estava animada, empolgada, literalmente como uma criança na
manhã de Natal.
“Ah, nós não dissemos que não é bom.”, Rogan alertou.
“Sim,”, Mason concordou, “só que não vai ser… bem…”
Abri a caixinha dentro da caixa e encarei um objeto estranho,
suavemente curvado, rosa brilhante. Largo em uma das extremidades e
estreito na outra.
“Isso é um brinquedo erótico, não é?”
Olhei para Mason que se virou para o outro lado. Rogan assobiou
alegremente.
“Pensei mesmo.”, eu ri.
“Ah, mas não é um brinquedo erótico qualquer.”, disse Desmond.
“Olha.”
Eu o peguei do pacote e o virei na palma da mão algumas vezes. Era
pequeno, mas dava para saber onde colocar. Ou onde supostamente ele seria
colocado.
“Este,”, Desmond continuou triunfante, “é o Lovense Lush.”
Engasguei quando a coisa na minha mão ganhou vida, vibrando e
pulsando na minha palma. Não havia nenhum botão para apertar. Mas ainda
assim…
“O que você—”
Olhei de novo e Desmond estava segurando seu celular. Ele abriu um
aplicativo com duas barras paralelas.
“Vamos nos divertir muito com isso,”, ele disse, escorregando um
dedo em uma das barras. O objeto curvado que tinha vagamente o formato
de um ovo zumbiu mais alto na minha mão.
“Especialmente você.”, ele piscou.
 
 
Capítulo 35
 
 
 
ALYSSA
 
“Eu amo você…”
As palavras ficaram ali por um momento, atravessando quase três mil
quilômetros no espaço de um instante. O silêncio resultante era
desconfortável, mas então:
“Eu—eu amo você também.”
Desliguei o telefone me sentindo emocionalmente drenada. Mas
também recarregada. De alguma maneira… realizada.
“Então você conseguiu…”
Mason estava de pé no balcão, bebendo leite direto da caixa. Eu
deveria brigar com ele, mas ele terminou o conteúdo e jogou a embalagem
fora.
“Sim, consegui.”
“E o que sua irmã disse?”
“O de sempre.”, suspirei. “Coisas da Califórnia.”
Kate e eu tínhamos passado seis longos minutos no telefone. Durante
cinco deles, ela falou de si mesma. Mas aquilo era típico dela, eu já estava
acostumada.
O que eu não estava acostumada era a dizer ‘Eu amo você’.
“E seus pais?”, perguntou Mason.
“Eu liguei para eles também,”, respondi, “minha mãe está bem. Meu
pai tem dores no quadril. Eles estão em Ramsey agora, com amigos.”
“Que bom.”, ele respondeu, cruzando os braços. “Podemos até ter
famílias meio desarticuladas, mas não somos desalmados. É a única regra
que temos aqui: ligar para as famílias no Natal, quer eles gostem, quer não.”
“Achei que a única regra era eu estar fora dos limites?”, eu sorri.
“Você estava fora dos limites.”, Mason respondeu. “Mas agora?”, ele
sorriu malignamente. “Aberta a temporada da sua bunda.”
Minha bunda é? Eu quase respondi. Mas ainda assim era fofo.
Aqueles três machões eram delicados o suficiente para ligar para suas mães
no Natal. Ou no caso de Mason, seu pai.
“E como foi com seu pai?”, perguntei.
Ele hesitou por um momento estranho. “Nada mal.”
“Mas nada bom?”
Eu sabia pelos outros que a mãe de Mason tinha morrido. Seu pai
tinha superado e se casado muito rapidamente, e Mason provavelmente
ressentia o fato. Pelo que Desmond tinha me dito, ele tinha uma nova
família inteira. Dois irmãos postiços, frutos do casamento anterior da nova
mulher do seu pai. Além das duas filhas que ele teve com ela.
“E as suas irmãs?”, perguntei quando ele não respondeu.
“Elas não são minhas irmãs de verdade.”
“Elas são suas meia-irmãs,”, eu disse, meio chocada com o fato dele
ressentir tanto este fato, “desculpa, mas é tudo família. Elas são suas irmãs.
Seu sangue.”
“Bom…”, ele hesitou novamente. “Não acho que meu pai quer que eu
tenha um relacionamento com—”
“Quantos anos elas têm?”
Ele parou por um momento para fazer as contas. “Dez e doze.”
“Caralho, Mason! Elas têm idade o suficiente para você falar
diretamente com elas!”, eu sacudi a cabeça. “Você poderia ter um
relacionamento com elas independente das suas interações com o seu pai.
Você poderia ser o irmão mais velho maneiríssimo.”
“Elas já têm dois irmãos mais velhos,”, ele disse simplesmente, “e não
precisam de mim.”
“Você deveria estar indo com elas para o shopping.”, eu disse com
desdém. “Ou para o cinema. Ou para qualquer lugar, na verdade. Mason,
você deveria fazer coisas com elas. Divertir-se com elas.”
Meu amante se moveu desconfortavelmente do outro lado da cozinha.
Ele ainda não tinha se convencido. Ou talvez ele nem quisesse se
convencer.
“Ligar para o seu pai uma ou duas vezes por ano não significa nada.”,
eu disse, cruzando a cozinha. “Talvez ajude a amenizar sua culpa. Ou—”
Ele esticou o braço quando me aproximei o suficiente e me puxou
para perto. Com os quadris e os rostos encostados, eu conseguia sentir o
calor do seu corpo contra o meu.
“Qual é o ponto de ter uma família se você não tem vontade de passar
tempo com eles?”, perguntei suavemente.
Nossos olhos se encontraram e eu pude ver as emoções dentro da sua
cabeça. Ele se inclinou para a frente e me beijou gentilmente.
“Eu poderia te perguntar a mesma coisa.”
 
 
Capítulo 36
 
 
 
ALYSSA
 
Por boa parte da semana seguinte, eu vivi a fantasia mais obscura e
mais proibida de qualquer garota. Porque nevou irremediavelmente ao redor
do nosso chalé, nas montanhas de Vermont… e eu era o brinquedo erótico
não só de um, mas de três homens lindos e sarados.
A nevasca continuou por quatro dias, violenta do lado de fora das
nossas janelas. No segundo dia, não dava nem para sair. Montes de neve
cobriram a porta toda e quando nós a abrimos tudo o que vimos foi um
clarão branco puríssimo.
Foi uma loucura absoluta. Mais neve do que eu jamais havia visto na
vida! Em qualquer outra situação teria sido até assustador…
Mas não com os rapazes ao meu lado.
Tínhamos comida e água o suficiente para ficarmos confortáveis, e
cerveja e vinho o suficiente, se racionássemos. Desmond e Mason juntaram
uma pilha gigante de lenha enquanto Rogan e eu empilhávamos os tocos
contra uma parede quase inteira.
As chamas constantes mantinham o chalé quente o dia todo, mesmo
quando o vento gelado congelava tudo do lado de fora. E durante a noite…
Bem, durante a noite eu tinha os rapazes para me manter aquecida.
Eles me tomavam com tanta frequência e intensidade que minha vida
virou o país das maravilhas do sexo suado e fumegante. Meu corpo era o
brinquedo deles quando e onde eles quisessem.
E eles me queriam sempre.
Eu perdi as contas do número de vezes em que eu fui agarrada e
arrastada por um dos quartos e fodida até quase perder os sentidos. Eu
passava metade do tempo sem roupas! O chalé era tão acolhedor que eu
andava descalça, só de camiseta e calcinha. Às vezes, estávamos jogando,
comendo alguma coisa ou só relaxando e um deles me olhava com o olhar
selvagem. Um olhar que eu cheguei a conhecer muito, muito bem.
Então um minuto depois eu estava dobrada no sofá ou de pé contra a
parede. Sendo fodida com força por trás ou cavalgando o colo de alguém
enquanto era empalada em uma ou mais ereções aparentemente
intermináveis.
Por que por mais que eu amasse aquilo e estivesse sempre pronta,
havia uma tensão sexual constante no ar o tempo todo, que borbulhava a
qualquer momento. Nós simplesmente começávamos a trepar do nada,
como se o mundo todo estivesse desabando.
E julgando pelo clima lá fora, talvez fosse o caso.
Tomei Desmond e Rogan no sofá, trabalhando duro, indo e voltando
conduzindo-os ao frenesi… até ser agarrada e jogada e fodida na mesa da
cozinha por Mason. Transamos em todos os quartos, cada cadeira. Eu fui
comida no banheiro. Arrastada para o armário de casacos. Meu rosto foi
enfiado numa pilha de travesseiros em frente à lareira que rugia, e
avassalada em grupo até lágrimas de felicidade escorrerem pelas minhas
bochechas.
Tomei vários banhos quentes, passei muito tempo ajoelhada. Sempre
que algum deles me queria, eles me tomavam de alguma forma ou de outra.
Eu nunca dizia não. Nem mesmo chegava perto.
Para mim, era parte da empolgação. Parte do jogo. Estar disponível
sempre que eles quisessem. Mantendo os três totalmente saciados, juntos ou
separados. Realizando cada uma das suas fantasias enquanto ao mesmo
tempo realizava as minhas.
Resumindo, eu amava ser o brinquedo deles.
E, meu Deus, a coisa toda era tão incrivelmente gostosa. Ser usada
por eles até o chalé constantemente cheirar a sexo. Não importava o que
fazíamos, era sempre encharcado. Nós poderíamos estar jogando um jogo
de tabuleiro, sentados no sofá, vendo filmes antigos no videocassete antigo
do chalé… não importava, o que importava, na verdade, era a expectativa
deliciosa de ser tomada, o que poderia acontecer a qualquer momento.
Não que eu não iniciasse as coisas também. O brinquedo erótico
dentro de mim quase o tempo todo me fazia estar constantemente pronta. A
menor das pontas curvadas cabia se encaixava perfeitamente no meu clitóris
e mantinha a posição enquanto a parte em forma de ovo vibrava dentro de
mim.
Mais de uma vez aquilo me fez pular neles.
Eles se revezavam controlando o brinquedo remotamente por seus
telefones. Provocando-me sem piedade com uma série de vibrações
mimetizando uma montanha-russa e pulsações que retumbavam e me
enlouqueciam absolutamente, em diferentes velocidades.
Eu removia o dispositivo quando não conseguia mais aguentar, mas os
rapazes sempre o colocavam de volta. Era um jogo divertido entre eles;
saber o quão rápido eles me fariam gozar. Tentar descobrir qual deles era
melhor usando o aplicativo e no fundo, me usando.
Eu dormia com Desmond ou entre Mason e Rogan. E as vezes eles
dormiam comigo. Eu acordava com um ou mais de um já de pau duro,
procurando a rota para dentro de mim. E eu os fodia. Abria minhas pernas
para um enquanto olhava nos olhos do seu amigo. Eu chupava um enquanto
rebolava no colo de outro, esticando a mão para agarrar o pau do terceiro
como se fosse uma maníaca enlouquecida sedenta por sexo.
Quanto mais eu tinha, mais eu precisava. Quanto mais eles tinham,
mais confortáveis ficavam. Nós teríamos enlouquecido se não fosse pelo
sexo. Era o que apimentava perfeitamente os jogos e filmes e a
camaradagem geral entre nós. Eu… e três dos caras mais doces e sensuais
do planeta.
Quando o fim do ano se aproximou, eu me sentia a vadia mais gulosa
do mundo.
Ou pior: eu nem me lembrava que a Flórida existia. Nossa outra vida
parecia distante, longe… e totalmente diferente do que nós tínhamos ali,
juntos, no nosso pequeno universo isolado.
Mas eu sabia de uma coisa enquanto transava com um, dois ou até os
três deles:
A vida nunca mais seria a mesma.
 
 
Capítulo 37
 
 
 
MASON
 
Presos no chalé, sem poder fazer nada por quase uma semana —
deveria ter sido simples, deveria ter sido fácil.
Mas foi a semana mais maluca da minha vida.
Você pensa que reduzir a vida a coisas simples vai te deixar relaxar,
especialmente depois do ano agitado na empresa. Comer. Beber. Gargalhar.
Transar. Eram os aspectos que construíam nossa vida. Começávamos e
terminávamos os dias da mesma forma: entre as pernas de Alyssa. Ou com
as dela entre as nossas, nos acordando da melhor forma possível, nos
espremendo debaixo das cobertas com seu corpo curvilíneo e quente…
A coleção de filmes da infância de Desmond era um baú de tesouros,
especialmente com a sua coletânea dos anos 80 e 90. Os assistíamos na TV
de tela plana da sala de estar, maravilhados com a simplicidade da vida
naquele tempo. Como as pessoas pareciam se conectar mais umas com as
outras antes da tecnologia as desconectar com celulares, aplicativos,
internet…
É claro, quase não tínhamos sinal de celular. E durante a nevasca, tudo
parecia estar congelado. ligamos para as nossas famílias no Natal, mas
desde então, a torre provavelmente foi atingida pela neve, nos deixando no
escuro. E estava tudo bem. Quanto mais nos desconectamos do mundo
exterior, mais nos conectamos uns aos outros.
Descobrimos que Alyssa frequentou a estadual da Pensilvânia. Que
ela tinha estudado Psicologia antes de trocar de curso. Descobrimos que sua
família era tão desarticulada quanto as nossas, seus pais eram totalmente
desinteressados nos filhos desde que tinham abraçado a vida de ‘ninho
vazio’. Para mim, aquilo parecia loucura. Principalmente porque perdi
minha mãe muito jovem e meu pai ter simplesmente se casado de novo
rapidamente… eu mal podia esperar para começar minha própria família.
Desmond se sentia da mesma forma. Ele sempre tinha sido meio
sozinho, típico de filhos-únicos. Mas ainda assim, ele tinha uma noção forte
de família, mesmo sem ter uma. Ele tratava Rogan e eu como irmãos que
ele nunca teve e nós o acolhíamos de braços abertos.
É por isso que não parecia estranho para nós acolher Alyssa. Não
ortodoxo, talvez, mas o relacionamento que tinha desabrochado entre nós
tinha os elementos de uma dinâmica familiar. Respeito. Companheirismo.
Rivalidade. E até amor. E sim, essa última parte me pareceu meio estranha
na primeira vez que cruzou minha cabeça. Mas ao mesmo tempo, será que
era?
Você se preocupa com ela.
Era natural. Uma aproximação emocional era quase inevitável,
especialmente considerando nossa proximidade física.
Não, você se preocupa MUITO com ela.
Era um pensamento irritante que invadia minha cabeça. Talvez não tão
irritante. Irritante tem uma conotação intrusa e negativa, e meus
sentimentos por Alyssa eram tudo menos isso.
Era um pensamento bem-vindo, na verdade.
Pensei nessas coisas todas enquanto me sentei, tomando minha
cerveja, encarando nossa linda árvore de Natal. Ela estava majestosa —
sobretudo à noite —, e muito mais bonita do que o pedaço de plástico
inconsistente que geralmente montávamos. Ela também espalhava um
cheiro de pinheiro pelo chalé todo. Ou seja, cheiro de Natal.
Nós três íamos para o chalé já fazia anos. Primeiro, só os três, depois,
com Emma. Era sempre bom. Sempre divertido, antes e depois de Desmond
começar a dividir as afeições de Emma conosco de todas as formas
possíveis.
Mas naquele ano…
Havia algo diferente. Tudo estava mais vibrante, mais vivo. E nós
tínhamos feito menos naquele ano do que nos anos anteriores, certamente.
Nós só tínhamos ido para a montanha duas vezes. E além de ir para a cidade
algumas vezes, não tínhamos feito nenhuma das atividades que tínhamos
combinado. Nem mesmo andamos de moto de neve, algo que nos deixava
feliz todo ano.
A nevasca tinha certamente limitado nossas opções. Mas mesmo
assim, só queríamos estar ali. Alyssa tinha adicionado somente boas
vibrações ao nosso grupo. Sua alegria e otimismo eram infecciosos e seu
entusiasmo tão adorável quanto ela própria.
Tirando as proezas sexuais, ela nos fazia querer ficar perto de formas
diferentes. E apesar de eu nunca ter admitido para Desmond, de formas que
Emma nunca tinha feito.
Havia muitas coisas que eu não podia identificar, mas aquela parte era
fácil. Alyssa era muito mais relaxada. Ela se comportava como peixe na
água naquela situação toda, e ia em qualquer onda que se apresentasse. Eu
sabia disso porque trabalhava com ela, mas era muito mais aparente ali,
após dividir tanto tempo livre com ela. Em suma, ela era apenas… mais
legal. E muito mais flexível.
Eu e Rogan já tínhamos discutido aquela parte. Obviamente, sem
Desmond, porque…
Bum!
Estávamos sentados à mesa depois do jantar quando a porta da suíte
master se abriu abruptamente. Nós olhamos para cima juntos quando Alyssa
apareceu invadindo o hall. Seu rosto estava vermelho, seus olhos brilhantes
de entusiasmo repentino.
“O que é isso?”, Desmond perguntou, alarmado. “Qual é o
problema?”
Alyssa estava segurando um livro — o diário de Emma — pendurado
em um dos seus braços longilíneos e sorrindo, descrente.
“Tem uma jacuzzi no quintal?”
 
 
Capítulo 38
 
 
 
ALYSSA
 
Eu não podia acreditar! Ou melhor, eu esperava com todas as forças
que fosse verdade. Que eles não a tinham removido, ou estava quebrada ou

“Não.”, Desmond respondeu mecanicamente. Destruindo minha
esperança. “Quero dizer… não uma que possamos acessar. Não agora, é
claro.”
“Mas ainda está lá?”
Ele deu de ombros. “Tecnicamente, sim.”
Meu espírito queria sair voando, mas minha mente o estava mantendo
preso. Ainda hesitante.
“E funciona?”
“Bom… se nós a ligássemos, sim. Eu acho. Não sei—”
“O que ele quer dizer é que a jacuzzi está soterrada por dois metros de
neve.”, interrompeu Rogan.
“E bem lá no fundo,”, adicionou Mason, “no canto mais afastado do
quintal.”
Os três pareciam derrotistas. Eu odeio derrotistas.
“Bom, então vamos desenterrá-la.”
A boca de Desmond se abriu. Rogan gargalhou.
“Querida, é lá, lá atrás,”, disse Mason apaziguadoramente, “muito
longe. Não vamos conseguir chegar. Além disso, precisaríamos descobrir o
sistema mecânico. Ela precisa de água, a mangueira está congelada…”
“Nós poderíamos descongelar a mangueira por dentro.”, Rogan disse.
“Essa parte é fácil.”
Senti uma pitada de esperança. Olhei avidamente para Desmond.
“Temos pás, não temos?”
“Duas.”, disse Mason.
“Então nos revezamos,”, eu disse, “e cavamos até encontrar a jacuzzi.
A descobrimos, enchemos de água…”
“Teremos que desenterrar o aquecedor à lenha também,”, disse
Desmond, “para ela funcionar.”, ele suspirou e sacudiu a cabeça. “Mas
demoraria tanto tempo só para—”
“Tempo é algo que temos de sobra,”, eu pontuei, “o que mais estamos
temos feito por aqui?”
Os rapazes se entreolharam rapidamente. Lentamente, os três
sorriram.
“Além disso.”
“Acho que nada.”, Desmond deu de ombros.
“Seria legal sair do chalé um pouco,”, Mason admitiu, “mesmo que só
para ir até o quintal.”
“Ei.”, disse Rogan. “É do lado de fora. Ar fresco. Um novo ambiente.
“Além disso, é uma jacuzzi.”, eu interrompi. “Imagina que delícia…”
Meu coração estava acelerado. A empolgação para fazer algo do lado
de fora — e de fazer algo sob as estrelas — enviava uma descarga de
adrenalina pelo meu corpo.
“O cenário é apocalíptico por lá.”, disse Rogan, coçando a cabeça.
Então ele se virou para Desmond. “Se fizermos um túnel, você acha que
conseguimos chegar?”
Desmond estava me olhando, talvez alimentando minha animação.
Pensei ter visto um sorriso suave cruzar seu rosto.
“Sim.”, ele disse. “Eu sei onde está.”
Eles se levantaram e eu sabia que os tinha convencido. Um por um,
eles se alongaram enquanto me encaravam.
“Pensem em tudo o que vocês vão poder fazer comigo naquela
jacuzzi.”, eu ronronei. “Coisas molhadas, deliciosas…”
Mason pegou as pás e as colocou perto da porta dos fundos. Ele e
Rogan correram para se vestir, me deixando sozinha com Desmond.
“Agasalhe-se.”, ele disse, acenando para o corredor. “Não posso
prometer nada, mas vamos tentar.”
 
 
Capítulo 39
 
 
 
ALYSSA
 
“Tudo certo!”, Rogan gritou, acenando para nós do topo do monte de
neve. “Pode ligar.”
Desmond bateu na ignição e eu vi a fagulha. Chamas envolveram a
pilha de madeira que se acendeu dentro do tambor brilhante de aço. Através
do pequeno painel de observação eu podia ver o fogo, primeiro amarelo,
depois laranja.
“Merda.”, sussurrou Mason, soltando uma lufada de fumaça branca
pela boca. “Funcionou.”
“Imediatamente!”, Rogan declarou alegremente. Ele pulou para baixo,
para a nossa trincheira de neve, com as bochechas barbadas vermelhas de
frio. “Na primeira tentativa.”
Tínhamos aberto a porta de trás e encontrado uma parede branca —
tão inacreditável que nos fez gargalhar. Então começamos a cavar.
Trabalhamos em pares, abrindo espaço e criando uma pilha de neve que
parecia interminável. Criamos um túnel que estava escuro no começo, mas
foi ficando mais claro com a luz da lua quando rompemos o teto e
expusemos nossa trincheira para o céu.
Demoramos horas. Não sei precisar quantas. O sol já tinha se posto
fazia muito tempo quando chegamos na parede da jacuzzi. Nós criamos um
caminho até lá antes de escalarmos a estrutura e cavar por cima.
Eu não conseguia tirar os olhos dos rapazes. A forma como eles se
moviam, como trabalhavam em equipe. Como era sexy vê-los fazendo
trabalho braçal. Assistir seus músculos se contraírem dentro das roupas de
inverno até eles ficarem com calor e começarem a tirar camadas.
E depois, vê-los literalmente suar.
Eu os tinha visto pelados e excitados, seus músculos duros
flexionados, rolando sob sua pele enquanto eles trabalhavam no meu corpo
ansioso. Mas ainda assim era muito sexy ver aquilo. No escritório, eles
trabalhavam sentados na frente das suas telas. Eu tinha flertado com caras
de camisa de botão que trabalhavam em planilhas financeiras e desenhavam
plantas arquitetônicas e ligavam para clientes.
Mas aquilo ali… era o paraíso.
“E agora?”, perguntei ansiosamente. Estávamos tão perto do nosso
objetivo que eu não queria agourar.
“Agora esperamos,”, Mason respondeu, “a água esquentar.”
“O que vai demorar—”
“Três ou quatro horas,”, disse Desmond, “mais ou menos.”
Tentei não parecer desapontada. “Ah.”
“Ei,”, disse Desmond, tocando meu queixo, “costumava demorar oito
ou doze. Por sorte, o aquecedor antigo quebrou e nós o substituímos por
esse modelo fodão.”
“Ok.”, eu sorri. “Desculpa se pareço impaciente.”
“Não precisa pedir desculpa.”, ele sorriu de volta. “Você fica
bonitinha impaciente.”
Ele segurou minhas mãos e me beijou na santidade da nossa
trincheira, rodeados por neve por todos os lados. Como o resto de nós, seu
corpo estava congelando. Mas seus lábios estavam quentes e acolhedores.
“E assim temos tempo para jantar.”
Jantar! Eu não tinha a menor ideia de que horas eram. Tudo o que eu
sabia era que a lua estava no céu, fazendo tudo brilhar e cintilar. Meu corpo
estava suado e cansado e exausto, mas ainda assim, animado.
“Restos, provavelmente,”, Desmond deu de ombros, “mas aposto que
estamos mais famintos do que pensamos.”
Minha mão se afastou da dele quando ele se dirigiu para a casa. Então,
Rogan passou por mim, me pegando em seus braços e me beijando, com
ainda mais intensidade, um beijo mais significativo que me deixou
imediatamente flutuante.
Uau…
Havia algo sobre beijar do lado de fora, com o ar gelado mordendo
cada centímetro da minha pele exposta, o que fazia a coisa toda mais
íntima.Aconcheguei-me nele.Beijei-o de volta, com o mesmo fervor, minha
língua desbravando a dele enquanto minha mão escorregava para arranhar
seu rosto tranquilizadoramente barbudo.
“Obrigada por me apoiar.”, murmurei na sua boca.
“No que?”
“Na coisa toda da jacuzzi.”
Rogan somente sorriu e me beijou de novo. “Ei, eu queria isso tanto
quanto você.”
Meus olhos ficaram selvagens. “Ah, é?”
“Com certeza.”, ele riu.
“Então por que você—”
“Porque Desmond não teria feito isso por mim. Mas por você…”, ele
deu uma piscadinha. “A coisa muda totalmente de figura.”
Nos beijamos mais, até de repente—
“Ei, deixa um pouco para mim!”
Mason foi o próximo, praticamente me tomando de Rogan
possessivamente. Sua pegada era forte e maravilhosa quando ele me
levantou em seus braços.
“Ela pertence a nós todos, lembra?”
Ele tirou as luvas, então pegou meu rosto frio nas mãos quentes. Era
tão bom que eu suspirei em voz alta quando ele fechou sua boca quente
sobre a minha.
Ela pertence a nós…
As palavras eram territoriais. Dominadoras, mas sem ciúme. E
caramba, me excitavam.
Eu sou realmente deles.
Ocorreu-me pela primeira vez que talvez nós tivéssemos cruzado o
limite. Passado do ponto no qual eu era apenas seu brinquedo de Natal, e
nos aventurado por um novo território de… bem…
De quê, na verdade?
Eu realmente não sabia. Tudo que eu sabia era que me sentia
protegida e cuidada. Até mesmo amada. Aquela explosão de borboletas
toda vez que eles me abraçavam. Aqueles sentimentos de posse e guarda
que eles tinham por mim…
Eramra inteiramente mútuos.
“EI!”
A voz de Rogan invadiu a trincheira, silenciada pelas paredes altas de
neve. Ainda estávamos nos beijando como amantes perdidos quando as
palavras invadiram nossos ouvidos. Ainda beijando.
“Quando vocês terminarem, venham comer!”
 
 
Capítulo 40
 
 
 
ALYSSA
 
“Caralho caralho CARALHO!”
Eu estava correndo na velocidade máxima pelo nosso túnel de gelo, ao
qual Rogan tinha passado a se referir como ‘atrincheira do Alasca’. Se eu
sentia frio nas pernas, meus pés estavam absolutamente congelados! Por
alguma razão estúpida, eu tinha deixado as botas no chalé.
“Corre! Entra aqui!”
Escalei a escada temporária e tirei meu robe. O ar gelado atingiu meu
corpo nu a pleno vapor,cobrindo-me de arrepios, pontilhando minha pele
em um nanossegundo.
“Não, não, espera.”, disse Rogan, colocando a mão para cima.
“O que? O que?”
“Ela não precisa ter pressa,”, ele sorriu, cobiçando meu corpo
arrepiado. “Não precisa correr—”
“Para o diabo com isso!”
Guiada pelas mãos de Desmond e Rogan, eu dei um passo para a
frente e me abaixei na jacuzzi. A água rodopiante e cheia de vapor não era
só incrível, era absolutamente transformadora.
“AHHHHHHHHHHH…”
Foi o melhor orgasmo do mundo, tricotado em um cobertor, enrolando
cada centímetro do meu corpo.
“CARALHO…”
Mergulhei até o pescoço, balançando em euforia absoluta. O frio
desapareceu em um instante. Tudo ficou imediatamente e irrevogavelmente
confortável.
“Cerveja?”
Abri meus olhos e Desmond estava me entregando uma das cervejas
supergeladas que eles tinham deixado enfiadas na neve, já destampada.
Peguei a garrafa e bebi profundamente, sentindo a pressa do líquido gelado
se espalhar pelo meu estômago quentinho.
“Para o diabo com essa nevasca!”, eu disse, voltando para a posição
inicial. “Talvez devêssemos ficar aqui para sempre.”
Os outros riram deliberadamente. Cada um em um dos cantos da
jacuzzi.
“Para sempre, é?”, perguntou Rogan.
“Ah sim.”
“Vai acabar a comida em algum momento.”, disse Mason.
“Ah, comida é superestimada.”
Desmond levantou uma sobrancelha. “Água?”
Acenei para ele com desdém. “Podemos beber a neve derretida.”
Pelo meio minuto seguinte, os rapazes não disseram nada e o silêncio
feliz tomou conta dos nossos arredores. Acima de nós, o céu azul escuro
não tinha nuvens. Só a lua… e cerca de um bilhão de estrelas brilhantes.
“Acho que eventualmente vai acabar meu anticoncepcional.”, eu
suspirei fatalmente.
Desmond gargalhou. “Este pode ser um problema.”
“Um problema sério, sim.”
A água estava além de relaxante. E acalmava nossos músculos
cansados. Mesmo que fosse mais de meia-noite, valeu a pena todo o
esforço.
“A você.”, disse Rogan, levantando a garrafa na minha direção.
“Eu?”
“Se não fosse você, nunca teríamos cavado esse túnel até a jacuzzi.”
Bati minha garrafa na dele. “Ao diário na minha gaveta.”, eu
acrescentei. “E as coisas que eu li nele… se não fosse o diário, eu nem
saberia que existe uma jacuzzi aqui.”
Os rapazes se entreolharam, provavelmente pensando naquela parte
do seu passado. Qual das muitas noites que eles tinham passado na jacuzzi
Emma sentiu necessidade de documentar.
“Você passa muito tempo lendo aquele diário.”, disse Desmond
abruptamente.
“Sim, e daí?”
Ele tomou um longo gole da sua cerveja e encarou o nada. “E daí que
talvez você se preocupe muito com o passado?”
Minhas sobrancelhas se uniram. “O que?”
“Quer dizer, ao invés de seguir os passos de Emma,”, ele disse
placidamente, “talvez seja melhor você se preocupar com o seu próprio
trajeto?”
O pensamento não tinha passado pela minha cabeça ainda: como
exatamente Desmond se sentia com o fato de eu ler o diário de sua ex? Eu
apenas presumi que estivesse tudo bem, especialmente porque foi o diário
que nos levou a ficar juntos. Mas naquele momento…
Naquele momento, me dei conta de que havia algo mais ali.
Arrependimento, talvez. Ou talvez até uma oportunidade perdida.
“Acho que é hora de vocês me dizerem uma coisa.”, eu disse, me
certificando de olhar para os três, um de cada vez. “Algo importante.”
Sua atenção estava em mim, perguntavam-seo que viria a seguir.
“Eu sei o que vocês fizeram com ela,”, continuei, “quando começou e
quanto tempo durou. Mas preciso de detalhes. Preciso de informações…”
Eles me encararam de volta através da fumaça. Seus olhos refletiam a
luz das estrelas.
“Me contem o que aconteceu com Emma…”
 
 
Capítulo 41
 
 
 
DESMOND
 
Ela nos encarou do seu canto da jacuzzi, parecendo relaxada, mas no
comando. Mesmo com seu cabelo colado no seu rosto, ela estava
completamente linda. Na verdade, aquilo meio que fazia a coisa toda ainda
mais sexy.
“O que você quer saber?”
“Vocês podem me contar como começou, primeiro.”, ela disse,
olhando diretamente para mim. “Como vocês dois viraram um casal. O que
foi dito entre vocês, discutido. E como dois viraram quatro…”
Ela não estava apenas curiosa. Ela estava genuinamente interessada. E
considerando as circunstâncias, se alguém tinha o direito de saber… era ela.
“Bom, primeiro era só uma fantasia.”, eu disse.
“Sua ou dela?”
“De ambos, na verdade.”, dei de ombros. “Quer dizer, Emma sempre
foi bem mente-aberta. Quando você assiste muita pornografia junto, as
cenas com apenas duas pessoas se tornam chatas. Você começa a se
aventurar, assistir sexo a três…”
Eu podia vê-la acenando, entendendo. E até se solidarizando, como se
ela tivesse passado pelo mesmo cenário com um ou dois ex-namorados.
“Começamos a coisa com ‘você faria isso… ou aquilo…’. Sempre na
cama, é claro. Principalmente enquanto fazíamos amor e estávamos ambos
engajados.”
Meus olhos se apertaram, tentando ler a reação de Alyssa. Ela parecia
estar ficando mais vermelha, possivelmente por causa da fumaça.
“Você tem que certeza que quer ouvir isso?”
“Sim,”, ela disse imediatamente, “definitivamente.”
“Bem, começamos falando sobre trazer uma terceira pessoa. Uma das
suas amigas, talvez, mas ela não sabia qual. E havia ciúme ali, toda vez que
mencionávamos. Mesmo que fosse uma fantasia, eu sabia que seria um
problema para ela me dividir com outra garota.”
Ela terminou sua cerveja, então se virou para Rogan e pediu outra. Ele
pegou uma das que estavam enterradas na neve e entregou para ela.
“Continue.”
“Depois daquilo, a maioria dos filmes que escolhíamos envolvia dois
caras e uma garota,”, eu disse, “não que eu me importasse, na verdade.
Comecei a gostar da ideia. Da coisa toda de compartilhar. Como seria
assisti-la com outra pessoa. Chupando outra pessoa, sendo tomada por
ele…”
Senti um rubor de excitação ao me lembrar de todos aqueles
momentos. Como Emma ficava toda vez que falávamos no assunto.
“Eu inventava cenários toda vez que transávamos e compartilhava
com ela,”, eu disse, “ou sussurrava no ouvido dela todas as coisas que
faríamos se houvesse outro cara ali. E nós dois ficávamos excitados.
Excitados o suficiente que começamos a explorar… opções.”
“E você não tinha ciúme com a ideia de compartilhá-la?”, Alyssa
perguntou. “Como ela tinha?”
Ela estava vermelho brilhante e eu sabia que não era só por causa da
banheira. Alyssa estava despertando. Ela estava ficando excitada de ouvir
aquilo tudo.
“Na verdade, quanto mais eu pensava nisso, com mais tesão ficava.”,
eu admiti, “e desde que havia zero ciúme do meu lado, eu concordei em
tentar.”
“Então você escolheu seus amigos.”, ela perguntou.
“Sim. Melhor do que estranhos.”
“Entendo.”
“Ou melhor, Emma os escolheu.”, eu admiti. “Ela sempre se sentiu
atraída por Rogan. Ela sempre flertava com Mason. eu criei vários cenários
envolvendo um deles e depois o outro, e ela se empolgava igualmente com
ambos.”, eu dei de ombros de novo. “Foi quando me dei conta de que não
importava. Ambos poderiam realizar nossa fantasia, e tudo o que
precisávamos fazer era perguntar.”
Rogan abriu as tampas de duas garrafas de cerveja. Ele me entregou
uma e sorriu.
“É aí que eu entro,”, ele disse orgulhosamente, “uma noite no bar,
tínhamos bebido demais e esse cuzão me perguntou se eu achava sua
namorada gostosa.”, ele riu inocentemente. “É claro que eu disse sim.
Emma era gata, mas ainda assim era estranho responder aquela pergunta
para o seu melhor amigo.”
Eu gargalhei olhando para o meu amigo. “Então as coisas ficaram
muito mais estranhas. Porque eu perguntei a ele se ele queria transar com
ela.”
“Não,”, Rogan o corrigiu, “você me perguntou se eu gostaria de
transar com ela ao mesmo tempo que você. Foi essa sua proposta.”
“Caralho, verdade,”, eu gargalhei, “cara, você se lembra de tudo, não
é?”
“Bom, quando seu melhor amigo te pede para foder a gata dele, não é
algo de que facilmente se esquece.”
Alyssa gargalhou alto e rapidamente e para mim foi um bom sinal. No
entanto, ela ainda estava encantada. E eu notei que a mão que não segurava
sua cerveja tinha sumido sorrateiramente no meio da água rodopiante da
banheira.
“Depois daquilo foi só uma questão de onde e quando,”, eu disse,
“tentamos transar no meu apartamento no Dia de Ação de Graças, mas os
três estavam bêbados demais. Postergamos por mais uma semana ou três até
de repente ser a hora de vir para o chalé. Então Emma se ofereceu para vir
junto, ‘para resolver isso de uma vez’, e nos pareceu tão natural que a
convidamos.
“Natural para vocês dois,”, Mason interrompeu, “porque até aí eu não
tinha ideia do que estava acontecendo.”
Rogan gargalhou. “Ainda não.”, ele disse. “Mas finalmente te
arrastamos para o lado sórdido.”
Mason sorriu e inclinou sua garrafa. “Não foi preciso ser arrastado, na
verdade.”
“E como isso aconteceu?”, perguntou Alyssa. Sua voz estava baixa e
apertada. Meio sem ar.
“Desmond e eu o embriagamos na noite anterior à nossa partida.”,
Rogan admitiu. “Quando chegamos ao número ideal de cervejas, contamos
tudo a ele. E… bem…”
“Naquela altura nós sabíamos que ele tinha que se envolver.”, eu
disse. “E eu tinha encontrado a melhor forma para Emma de fazer aquilo…
se ele entrasse no quarto durante o ato.”
“E se juntasse a vocês.”, disse Alyssa. “Como no diário.”
“Exatamente.”
Rogan tomou um gole rápido e sacudiu a cabeça, sorrindo. Ela sabia,
cara. Eu não me importo com o que você diz.”
Mason acenou, concordando. “Pelo olhar dela eu devo dizer que sim.
Eu estava parado no portal já tinha alguns segundos antes dela me convidar
para entrar. E vocês não iam conseguir fazer algo do tipo e esconder de
mim. Não aqui. E certamente não por uma semana e meia.”
Nós estávamos encarando Alyssa e ela nos encarava de volta. For
longos segundos, ficamos em silêncio.
“Então não foi uma aventura de uma noite.”, ela afirmou
categoricamente.
“Acho que originalmente era para ser.”, eu dei de ombros. “Nós não
tínhamos chegado tão longe na conversa. Só que ela gostou tanto que queria
fazer de novo. E de novo depois daquilo.”
“Eu diria que vocês dois gostaram.”, Rogan me corrigiu.
Eu gargalhei. “E vocês não?”
“Ok.”, ele cedeu. “Nos divertimos. E estávamos todos presos uns com
os outros durante as festas, então nós aproveitamos… bem… o tempo…
você sabe.”
“Ah eu sei.”, disse Alyssa. “Eu li tudo sobre isso. Eu sei que isso
continuou quando vocês voltaram para a Flórida. E continuou acontecendo
todos os anos, até vocês terminarem.”
Ela me olhou cuidadosamente, devagar. Eu sabia qual seria sua
próxima pergunta antes mesmo dela perguntar.
“Então porque ela—”
“Terminou comigo?”
Ela assentiu devagar, levando a garrafa até os lábios.
“Emma era cheia de caprichos.”, eu disse. “Ela queria se mudar para o
oeste — Vegas talvez, ou Califórnia. Ela me disse para ir com ela. Não.
Apaga isso. Ela exigiu que eu fosse com ela.”
“E por que você não iria?”
“Porque eu estava indo bem por mim mesmo, na empresa do pai
dela.”, eu disse. “Eu costumava trabalhar na obra. Demorei anos para
atingir meu lugar ao sol, no ar-condicionado do escritório. E então eu podia
gerenciar várias obras ao mesmo tempo do conforto de uma cadeira de
couro.”
Dei de ombros, me lembrando. “Eu não ia jogar tudo isso fora. Mas
Emma não conseguiu entender. Seu pai cuidou da sua vida toda —
incluindo o trabalho na empresa onde ela não fazia virtualmente nada. Ela
não sabia o valor do dinheiro ou a luta que é pagar contas ou não ter
dinheiro o suficiente no dia de pagar aluguel. Ela era imatura, egoísta.”
“Mais como egocêntrica.”, disse Rogan. “Mas sim. Sem noção da
dinâmica do mundo.”
“Então ela apenas… deixou você?”, perguntou Alyssa. “Ela deixou
vocês três?”
“Bom, ela me deixou, com certeza.”, eu ri. “Mas esses palhaços…
bom, para Emma era apenas sexo.”
“Para nós, também.”, gargalhou Rogan e Mason assentiu. “Foi mal,
cara.”
“Nada de mau.”, eu disse. “Eu sabia desde a primeira vez que
aconteceu. E mesmo que tenha continuado por um longo tempo, nunca
virou nada diferente.”
Alyssa estava vasculhando minha impressão. Tentando determinar se
eu estava sendo genuíno ou se ela só estava ouvindo palavras de um amante
amargurado que foi abandonado.
E não demorou muito para ela entender o que era, de fato.
“A mesma coisa comigo, eu acho.”, ela disse suavemente. “Eu posso
não ser a namorada de ninguém, e ainda assim, sou só um objeto sex—”
“NÃO.”
Apenas uma palavra a interrompeu e impediu de terminar a frase. E
foi provavelmente porque a palavra saiu de três bocas ao mesmo tempo.
“Não é a mesma coisa com você, de jeito nenhum.”, disse Rogan.
Mason concordou. “Não chega nem perto.”
Estiquei a mão pela água quente e ela a pegou. Foi fácil puxá-la para
perto e sentir a suavidade acetinada das suas pernas nuas escorregando ao
meu redor enquanto eu a colocava no meu colo.
“Com você é diferente.”, eu disse. “Muito diferente.”
Seu corpo estava pressionado contra o meu. Eu podia sentir seu
coração bater! Como um martelo debaixo do seu peito.
“Com Emma, tudo era sobre ela.”, eu continuei. “Sempre foi. Sempre
vai ser.”, eu sacudi a cabeça devagar. “Mas não com você. Nunca.”
Peguei seu rosto com as duas mãos, fazendo-a olhar para cima, por
entre a cortina de cabelo que descia pela sua testa e direto nos meus olhos.
“Você pertence a nós três.”, eu disse suavemente. “Começamos
juntos. em pé de igualdade."
Rogan estava do lado esquerdo dela, Mason do lado direito. Suas
mãos percorriam sem corpo com deliberada afeição. Acariciando-a
gentilmente, puxando seu cabelo do seu rosto.
“Não é só sexo mais.”, eu sussurrei. “Não para mim.”
Eu a beijei ternamente e podia jurar que seu coração falhou.
“Não para nenhum de nós.”
 
 
Capítulo 42
 
 
 
ALYSSA
 
Ele estava absolutamente enorme dentro de mim. Maior e mais
inchado do que nunca enquanto eu subia e descia alegremente no colo de
Desmond.
“É isso aí,gata…”
Eu estava cavalgando seu pau debaixo da água, me roçando na sua
virilha com os braços apertados em volta dos seus ombros grandes e duros.
Mas o tempo todo eu revezava beijando seus dois amigos.
Esta é…
Seis mãos rolavam pelo meu corpo. Três bocas famintas, me beijando
por todas as partes enquanto eu me contorcia entre meus três amantes
lindos.
…a melhor noite da minha vida.
Eu nunca pensei que fosse me sentir tão bem assim. A sensação de
estar do lado de fora e ter o vento frio mordendo minha pele exposta.
Rodeada pela neve… exposta ao céu… na natureza selvagem; entre
pinheiros gigantes e cheirosos surgindo contra a escuridão.
E ainda assim, sem sentir nem um pouco de frio, porque eu estava
totalmente envelopada por carne quente.
Eu estava beijando Mason. Masturbando Rogan. Sentindo Desmond
profundamente dentro de mim, suas mãos firmes apertando meu quadril sob
a superfície turva e borbulhante da jacuzzi.
“Me dê ela.”
Fui passada para o próximo — Mason — e colocada no seu colo, de
costas para ele. Senti sua mão guiando-o para dentro de mim. Escorregando
aquele monstro até o fim, ajudada pela minha própria lubrificação que
invadia meu canal aquecido.
“Caraaaalho,”, ele disse, desenhando a palavra, “eu nunca vou me
cansar disso.”
Desmond estava me beijando naquele momento, segurando meu rosto
entre as mãos. Meus peitos estavam para fora da água, duros e frios. O
contraste era maravilhoso, especialmente quando Rogan enfiou um na boca.
Suspirei quando ele colocou a mão em volta do outro.
“Você vai só ficar indo e voltando?”, Desmond sussurrou
obscenamente no meu ouvido. “Como uma putinha?”
Ele tinha dito coisas do tipo desde o momento que começamos. Era
excitante e elevava tudo a um nível diferente.
“Eu sou uma putinha…”, sussurrei de volta, jogando o jogo. “Não
sou?”
“Você é a nossa putinha.”
“Hmmm….”, ronronei. “Amo quando você diz isso.”
Ele me beijou de novo enquanto eu gemia e rolava meu quadril. Era
tão bom que eu queria gritar.
Meu Deus!
Aquilo ia além do sexo. Era como uma experiência religiosa, eu nunca
tinha me sentido tão segura, tão feliz, tão protegida. Mais cuidada, rodeada
de calor e amor e—
Mason se aproximou e gemeu no meu outro ouvido. Eu conhecia
aquele gemido. Ele estava quase perdendo o controle.
“Quero que você exploda…”, gemi, virando meu queixo na direção
dele. “Você pode fazer isso por mim? Minha boceta está pronta.”
Eu estava pronta para aquilo já fazia tempo. Eu tinha gozado três
vezes, uma em cada um deles. Eles se certificaram que fosse daquela
maneira, me passando para o próximo depois que eu terminava. Me
comercializando em círculo como se eu fosse um objeto indecente até eu
me rosquear e irromper com os três dentro de mim.
“Me enche.”, eu gemi, beijando a bochecha de Mason. Sua cabeça
estava acima do meu ombro naquele momento e eu podia ver a intensidade
na sua expressão enquanto ele se esforçava para se afastar do limite. “Não
tenta evitar, gato, apenas goza…”
Ele resmungou e se moveu para cima, se enfiando profundamente.
Aquilo me fez pular no seu colo, minhas mãos descansando nos músculos
enrolados das suas coxas poderosas.
Meu Deus…
Desmond tinha ficado de pé na minha frente, seu corpo magnífico
brilhava com a luz da lua. Ele segurava o pau com a mão enorme, guiando-
o até a minha garganta.
“Me chupa, gostosa.”
E eu obedeci, faminta. Agarrando-o com uma mão, balançando com a
outra. Ele se inclinou para baixo um pouco, se enfiando mais
profundamente enquanto aproximava seus lábios do meu ouvido.
“Me chupa enquanto meu melhor amigo goza em você…”
Era isso — e eu nem sabia. Outro orgasmo me invadiu, surgindo
completamente do nada. E aconteceu logo quando Mason explodiu, meu
corpo o ordenhava em gloriosos espasmos atrás de espasmos. Ele pulsava e
latejava e me enchia com seu creme.
Não fazia sentido como algo do tipo podia acontecer. Duas semanas
antes eu não esperava absolutamente nada. Estava pronta para algumas
festas relativamente inofensivas de Natal enquanto aproveitava uma semana
entediante sem trabalhar.
Mas agora…
CARAAAALHO…
Era prazer misturado com dor. Ondas de êxtase quente e cauterizante
misturadas com o sentimento de ser esticada além do ponto do conforto.
Mas eu não tinha tempo para focar naquele meu lugar profundo, onde
Mason me perfurava debaixo d’água. E isso porque as mãos de Desmond
escorregavam pelo meu cabelo, sua vara se contorcendo loucamente até ele
explodir na minha garganta.
“Unghhh!”
Seu grunhido era primitivo, quase pré-histórico. Meus olhos
tremulavam e eu podia ver cada ondulação da sua barriga de tanquinho
tremer.
Meu deus, isso é tão—
Minhas bochechas se encheram enquanto Desmond gozava e gozava,
enchendo tudo. Eu não entendia de onde aquilo tudo vinha, porque eu
mantinha meus rapazes muito bem cuidados.
No último segundo ele virou a cabeça na direção do céu escuro. Achei
que ele fosse rosnar como um lobo, mas ele só rosnou:
“Deus, ISSO É TÃO BOM!”
Eu quase gargalhei, mas no momento eu estava um pouco preocupada.
Era fofo. Hilário. Especialmente quando os outros dois gargalhavam.
Finalmente eu escorreguei do colo de Mason, me perguntando se eu
estaria inteira ainda. Mas para Rogan escorregou para dentro de mim
imediatamente e eu não tive tempo de conferir.
“Vou precisar de um pouco disso aí.”, ele riu.
Os outros voltaram para os seus cantos, finalmente saciados, esticando
seus braços grossos pelos cantos da banheira. Eu os ouvi suspirar contente
enquanto assistiam seu amigo foder minha entrada quente e cheia de sêmen.
Delirando de alegria, subindo e descendo no colo de Rogan, olhei por
cima do seu ombro para eles e gargalhei.
Os olhos de Mason e Desmond se apertaram.
“O que?”
“E de pensar…”, eu sorri de volta para eles, “que eu estava
preocupada em sobrar nessa viagem…”
 
 
Capítulo 43
 
 
 
ALYSSA
 
Desmond removeu a neve da entrada da garagem duas manhãs depois.
A véspera de Ano Novo amanheceu brilhante, azul e totalmente iluminada,
e os rapazes correram para o carro antes que eu terminasse de preparar
nosso café amanhã com o resto da nossa comida.
Foi bom, não só porque nossos suprimentos estavam acabando, mas
porque estávamos enlouquecendo. Nós quatro estávamos cansados de ficar
presos no chalé. A jacuzzi foi uma dádiva porque nos deu a chance de ficar
do lado de fora um pouco nos últimos dois dias, mas precisávamos de mais.
Precisávamos sair da propriedade e ver outros lugares, outras pessoas.
Mais dois dias…
Era tudo o que nos restava. Nosso voo seria na quinta de manhã e na
noite daquele dia já estaríamos em nossos respectivos apartamentos na
Flórida. De volta a realidade.
Por Deus, vai ser tão estranho.
Gargalhei um pouco, mas a gargalhada virou um nó na minha
garganta. Era surpreendente o quão rápido uma situação tão maluca tinha
virado a normalidade. E como o cotidiano parecia tão estranho comparado à
última semana e meia.
Por um lado, eu estava ansiosa para estar em casa. Para ver como o
nosso relacionamento se desenvolveria assim que estivéssemos de volta no
escritório, de volta à nossa rotina normal.
Por outro lado, eu estava apavorada.
Nós quatro tínhamos passado cada minuto acordados juntos por muito
tempo. Mas desde aquela primeira noite na banheira, as coisas tinham
ficado muito mais intensas.
E ‘intensas’ nem é um adjetivo forte o suficiente.
Os rapazes começaram a se mostrar mais afetuosos do que nunca,
individualmente e juntos. Passei a ficar mais tempo com cada um deles. Um
por um, eles invadiam minha cama. Primeiro Mason, então Desmond e
finalmente Rogan. Todos dormiram comigo, de conchinha. Me acariciando
por horas seguidas, só nós dois.
E nós fizemos amor também. Essa é a única palavra para descrever o
que era. Um de cada vez, eles me escalavam ou me puxavam para cima dos
seus corpos musculosos. Transávamos devagar, eles me beijavam
profundamente, ardentemente, até estarmos em total delírio de desejo.
Olhando nos meus olhos enquanto nossa paixão aumentava antes de
atingirmos o clímax juntos e eles desabarem, exaustos, entre as minhas
pernas.
Eu acordei para caminhar pelo chalé durante a madrugada,
maravilhada como tudo tinha sido perfeito. Parada ali pelada de frente para
a lareira. Deixando o calor me tomar, invadir meus ossos. Eu tinha
repassado cada momento na cabeça, enquanto encarava o lado de fora pela
janela cheia de neve, imaginando o que aconteceria a seguir. Em algum
momento, um par de braços escorregou ao meu redor — Rogan, beijando
meu ombro. Me chamando de volta para a cama com seu corpo quente
pressionado contra minhas costas.
Eu amava aquilo. Tudo naquele lugar. Mas, obviamente, tudo por
causa dos rapazes…
“Você está pronta?”
Desmond segurava a porta para mim enquanto eu entrava na
caminhonete. Quando o veículo saiu pela estradinha com a neve
recentemente removida e atingiu a rua, nós quatro vibramos.
“Estamos livres!”, gritou Rogan.
“Caralho!!”, gargalhou Mason.
Nós fomos direto para a cidade, que ficava absolutamente de tirar o
fôlego coberta de neve. Apenas metade das lojas não tinha a fachada
encoberta; e destas, só metade estava realmente aberta.
“Comida. Bebida.”, Desmond improvisou uma vaga para estacionar
ao lado de uma grande montanha de neve. “Estas são nossas prioridades.”
Passamos a tarde e compramos tudo o que precisávamos para
reabastecer o chalé, mas não muita coisa perecível. Afinal, partiríamos em
um par de dias. Desmond falou com alguns locais enquanto o resto de nós
ficou para trás. Eles falaram com ele por alguns minutos e ele voltou mais
sério do que antes.
“Vamos precisar mudar um pouco nossos planos…”
Ele explicou que a cidade estava passando por algumas adversidades.
Havia pessoas isoladas. Algumas sem comida.
“Seria muito bom se eu removesse a neve por aí pelo resto do dia.”,
ele disse, acenando para os amigos. “E vocês poderiam ajudar com algumas
pás.”
Os dois homens ao meu lado deram de ombros. “Podemos fazer
isso.”, disse Rogan.
“Bom.”, Desmond sorriu. “Porque eu já disse a eles que vocês
fariam.”
“Você tem uma pá para mim, eu espero.”, me intrometi. Mas
Desmond sacudiu a cabeça.
“Preciso que você volte para a nossa casa.”, ele disse. “Para manter o
fogo aceso. Talvez remover um pouco da neve do lado do chalé para os
canos não congelarem.”
Eu os encarei de volta meio magoada, mas me dei conta de que ele
estava certo. Se alguém precisava voltar, esse alguém era eu. Eu sabia que
os três conseguiam remover neve para valer.
Além disso, era estranhamente bom ver Desmond chamar o chalé de
‘nossa casa’.
“Você ainda vai limpar neve.”, Rogan disse com um sorriso de
esperança.
“Certo.”
“Obrigada, gata.”, disse Desmond sorrindo. “Entre no carro, vou te
levar.”
Rogan e Mason me abraçaram antes de sair, provavelmente porque se
ambos me beijassem na frente dos moradores da cidade, eles desmaiassem
imediatamente. Aquilo era um fator que eu não tinha levado em
consideração nessa história de ter três namorados, potencialmente. A ótica
de tudo.
“Esta noite ainda está de pé?”, perguntei, meio hesitante.
Havíamos planejado ir para a pousada Spruce Creek celebrar o Ano
Novo no pé da montanha. Entrar em 2020 com alguns drinques e
champanhe. E, é claro, beijos à meia-noite.
“Ah, claro.”, disse Desmond. “Independentemente de qualquer coisa.”
“Porque eu entendo se não formos,”, eu disse, simpaticamente, “sabe,
se vocês ficarem cansados de toda essa atividade, remover neve—”
“Vamos ficar até a meia-noite, pelo menos,”, Rogan me interrompeu,
“não se preocupe.”
“Ok.”, eu disse bruscamente. “Não precisamos ficar muito tempo
depois disso. Na verdade, eu posso, sabe…”, parei com o olhar inocente.
“Incentivar vocês a irem embora.”
Os rapazes se encolheram ao meu redor em silêncio por um momento,
se entreolhando.
“Estamos ouvindo.”, disse Rogan.
“Uma rodada de cervejas geladas e boquetes?”, eu ri.
Mason sorriu. Desmond assobiou.
“Não sei vocês, mas eu estou dentro.”
Gargalhamos juntos e entramos no carro, já ansiosos pela nossa after-
party.
Você é má, Alyssa… muito má!
Assisti os cidadãos da cidade entregarem duas pás para Rogan e
Mason e nos afastamos. Era uma cena que aquecia o coração. Era bom
podermos ajudar de alguma forma.
Desmond me levou de volta para casa sem muitos eventos, acionando
o limpador de neve mais uma vez enquanto parava na porta do chalé. Nosso
beijo de despedida na porta de casa se tornou uma pegação improvisada de
dois minutos. E se tivesse passado mais um segundo, eu o teria arrastado
para dentro do chalé e pulado no colo dele.
“Volto mais tarde,”, ele disse, “mantenha o fogo aceso. Fique dentro
do chalé depois de escurecer e não se esqueça de trancar a porta.”
“Sim, papai.”, eu ri.
Acenei para ele, que saia pela garagem antes de entrar no chalé.
Assim que fechei a porta, o local mergulhou no silêncio.
“Ah,”, eu disse para o nada, “lar doce lar.”
A atmosfera era meio estranha, na verdade. Percebi que era a primeira
vez que eu ficava sozinha desde o início da viagem.
Você mora sozinha, eu disse a mim mesma. Lembra?
Comecei a trabalhar imediatamente, guardando o que tínhamos
comprado e alimentando o fogo. Eu tinha aprendido muito olhando Mason.
Eu sabia como posicionar os troncos e até me aventurei em ir ao quintal e
trazer mais algumas unidades, porque as que tinham sido empilhadas na
parede já estavam seriamente no fim.
Eu estava esquentando minhas mãos e me sentindo particularmente
orgulhosa de mim mesma quando ouvi alguém bater na porta.
Não havia olho-mágico. E caralho, eu nem pensei duas vezes. As
pessoas da cidade tinham sido tão legais, tão sociáveis que eu nem
considerei o fato de ser perigoso abrir. Eu só abri…
E encontrei uma jovem parada, segurando uma sacola. Atrás dela, um
carro saía pela estradinha.
“Hm… oi.”, ela me olhou de forma estranha. Suas sobrancelhas se
uniram, e eu a reconheci imediatamente.
“O Desmond está?”
 
 
Capítulo 44
 
 
 
ALYSSA
 
A mulher na minha frente era pequenina e parecia frágil, com cabelos
escuros e olhos amendoados e perspicazes. Ela enfiou a cabeça para olhar
dentro do chalé e minha mão involuntariamente foi até a minha boca.
Emma.
Ai meu Deus, eu estava olhando para Emma! A filha do chefe. A
garota que tinha trabalhado conosco no escritório por um tempo, mas em
quem eu não tinha prestado muita atenção.
“Ei…”
A garota que namorou Desmond… e talvez tecnicamente até Rogan e
Mason também.
“Onde está todo mundo?”
A garota que escreveu o diário.
CARALHO!
“Olá!”, Emma disse, estalando os dedos na direção do meu rosto.
“Você me ouviu? Eu fiz uma pergunta.”
Meu Deus, não fazia dez minutos que ela estava ali e eu já queria
socá-la.
“O—o que?”
“Onde. Está. Desmond?”, ela respondeu, irritada. “E Rogan. E Mason
—”
“Estão na cidade.”, eu disse rapidamente. “Escavando.”
Ela olhou para mim descrente. “Escavando?”
“E arando a neve, sim. Eles estão meio que—”
Emma passou por mim direto, arrastando sua mala de mão exagerada
para dentro do chalé. Ela olhou em volta, seus olhos percorrendo todo o
espaço de uma só vez. Seu olhar passou pela lareira, pelas decorações… e
parou na árvore.
“O que—”
Ela correu na direção da árvore, encarando-a de cima a baixo.
Pegando os ornamentos na mão. Dando um chute no vaso. Ela até quebrou
um dos galhos com os dedos.
Naquele momento eu realmente queria chutar a bunda dela.
“Você sabe quando eles voltam?”, ela perguntou, fingindo doçura.
“N—não,”, eu gaguejei, “na verdade, não.”
“Desmond não está atendendo o telefone.”, ela disse, andando pelo
chalé em um círculo pequeno. “Nenhum deles.”
Ela olhou pela janela dos fundos e reparou o túnel que tínhamos
cavado até a banheira. Meu coração estava muito acelerado. Eu não sabia o
que fazer.
“Você pode ir agora.”, ela disse sem nem me olhar.
Sua linguagem corporal estava diferente de repente. Tinha ido de
irritação para lembranças para… bem… algo totalmente diferente.
“Eu posso o que?”
“Você veio limpar o chalé, certo?”, ela disse claramente, como se
fosse mais uma declaração factual do que uma pergunta. “Estou dizendo
que você não precisa terminar. Eu assumo daqui.”
“Mas—”
“Não se preocupe, querida,”, ela acrescentou, “eu digo ao Desmond
que você fez seu trabalho.”
“Não sou a faxineira.”, eu disse, limpando a garganta.
Emma virou para me olhar de novo, de forma diferente dessa vez. Ela
me encarou dos pés à cabeça.
“Então o que você—”
“Eu vim com eles. Para passar as festas.”
Vi seus olhos se arregalarem sem parar até o ponto de parecerem que
iam se despregar do seu crânio. Caralho, que cena boa de se ver.
“Você o que?”
“Vim esquiar.”, dei de ombros, então cruzei os braços. “Eles me
convidaram. Passamos o Natal juntos.”
A cabeça de Emma virou como se fosse uma porta giratória. “Você
está saindo com quem? Rogan ou Mason?”
“Nenhum.”
A raiva queimou pelos seus olhos. “Com Desmond?”
“Não.”, eu disse, provavelmente rápido demais. “Sou amiga do
escritório. Eu trabalhei com você, Emma. Bom, talvez não com você
diretamente, mas no mesmo escritório.”
Por alguma razão ela parecia espantada com a notícia. Ela estava me
olhando de volta como se eu tivesse dezesseis cabeças.
“Você é a filha do chefe. Emma. Sei quem você é.”
Por alguns segundos ela só ficou ali parada, totalmente perdida. Então
ela passou por mim pela segunda vez. Olhei amedrontada enquanto ela
atravessava o hall.
Merda.
O diário tinha estado na mesinha de cabeceira a semana toda. Não
havia motivo para escondê-lo mais. Nenhuma razão para guardá-lo.
“Emma, espera!”
Estiquei o braço na direção dela e quase a alcancei, mas ela era rápida
e ágil. Ela correu pelo hall como se estivesse tentando me pegar por algum
motivo. Eu não sabia como, até—
“QUE DIABOS?!”
Corri até a suíte master com o coração saindo pela boca. Emma estava
parada no portal, encarando minha mala.
“Então você está dormindo com Desmond!”, ela apontou o dedo para
mim. “Você está no nosso quarto!”
O alívio me invadiu. Ela não tinha visto o diário.
“Eles me deram a suíte master.”, eu disse. “Estou ficando aqui
sozinha.”, passei por ela me posicionei entre a mesinha de cabeceira e sua
linha de visão. “Desmond está dormindo naquele quarto.”, eu apontei.
“Mason e Rogan estão—”
Ela correu sem dizer mais nada para conferir os outros quartos.
Arrebatada pelo alívio, empurrei o diário sem olhar, com uma mão. Senti
que ele caiu entre a mesa de cabeceira e a parede.
Graças. A. Deus.
Emma checou os dois quartos e encontrou as roupas e itens pessoais
dos rapazes. Vi seus ombros relaxarem um pouco, mas não muito.
“Eu disse que somos apenas amigos,”, expliquei rapidamente,
“colegas de trabalho. Nós quatro viemos esquiar e relaxar.”
Ela me fuzilou com os olhos. Percebi que ela não estava convencida.
“Emma, os rapazes sabem que você está aqui?”
Seus lábios se curvaram em escárnio. Se sua boca pudesse destilar
veneno, ela teria feito, certamente.
“Os rapazes?”
Dei de ombros, sem entender. “Sim, eles—”
“Quem diabos você pensa que é para chamá-los de ‘os rapazes’?”, ela
rosnou.
Ela pausou, e de repente nossos olhares se cruzaram. Eu conseguia vê-
la tentando me ler. Olhando através meus lábios… mergulhando
diretamente na minha mente.
Ô-ô.
As engrenagens se reviravam, mas eu não desviei o olhar. A encarei
de volta. Nós duas travamos a pior de todas as competições até—
“Você não está dormindo com um deles.”, ela disse de repente, com a
voz falhando.
Mordi meu lábio e engoli a seco. Os olhos de Emma se comprimiram,
laminados por lágrimas.
“Você está dormindo com os três.”
Até então eu tinha ficado na defensiva. Sentindo até um pouco de
pena dela. Mas naquele momento? Eu estava puta.
“Desculpa?”
“Você veio aqui usando minha passagem de avião.”, ela cuspiu
acidamente. “Com o meu namorado e seus amigos. E você tem a coragem
de ficar no nosso quarto. Dormir na nossa cama…”
“Ele não é seu namorado.”
O rosto de Emma se contorceu numa careta de dor. Eu poderia ter
dado uma facada no seu peito que seria melhor do que dizer aquela frase.
“Você terminou com ele, lembra?”, eu continuei. “Além do mais, este
é chalé dele. A cama dele. E ele foi gentil em me ceder o quarto principal,
os outros foram gentis o suficiente para me convidar para viajar. Nada disso
é da sua cont—”
BUM!
Uma lufada de ar soprou meu cabelo para trás antes de a porta se bater
violentamente. O movimento foi seguido pela tranca e Emma se fechou
devidamente no quarto de Desmond.
 
 
Capítulo 45
 
 
 
ALYSSA
 
“Ok… onde ela está?”
Apontei para a sua porta enquanto Desmond passava por mim. Os
outros o seguiam, cobertos de gelo e neve,
“Seus telefones não estavam com vocês? Tentei ligar milhões de
vezes.”
Mason sacudiu a cabeça. “Deixamos carregando na caminhonete.”
“Quando ela chegou aqui?”, Rogan perguntou.
“Faz horas.”
Ele pareceu totalmente desconfortável com a minha resposta. “E…”
“E nada. Ela se trancou naquele quarto deste então.”
Esperamos Desmond entrar no seu quarto e trancar a porta. Ouvimos
vozes. Murmúrios…
Choro.
“Merda.”, disse Rogan. “Isso é ruim.”
Segui-os até o quarto deles e também trancamos a porta. Comecei a
contar tudo o que tinha acontecido enquanto eles tiravam as roupas
molhadas e geladas.
“Caralho.”, eu disse, pausando a história no meio. “Vocês estão
ensopados.”
“A neve está soprando para todos os lados,”, disse Mason, “está tudo
escorregadio.”
“Sim, mas parece que vocês entraram numa guerra de balões de
água.”
Eles estavam sem camiseta e eu parei no meio da frase. Eles
brilhavam lindamente, cobertos de suor. Aquilo fazia cada músculo
delicioso se destacar. Eu não pude fazer mais nada a não ser olhar para eles
boquiaberta.
“Você está gostando do que vê?”, Rogan riu.
Eles pareciam dois fisiculturistas banhados em óleo para uma
competição. Sua pele molhada, suas roupas ensopadas — tudo tinha cheiro
de sexo. Ou talvez eu associasse com sexo, porque ultimamente minha vida
envolvia três caras suados me revezando.
“O que mais ela disse?”, perguntou Mason.
Sacudi a cabeça, afastando os pensamentos sexuais. Eles estavam
tirando suas calças no momento, mas tudo aquilo teria que esperar.
“Ela agiu como se fosse para ela estar aqui.”, eu disse. “Como se ela
fosse namorada de Desmond. Ela trouxe uma mala. E… bem…”, eu parei,
me sentindo imediatamente idiota. “Ela achou que eu era a empregada.”
Mason falou um palavrão. Rogan sacudiu a cabeça. “Que babaca.”
Surpreendeu-me o fato de eles falarem dela daquele jeito.
Considerando tudo o que eu tinha lido no diário, é claro.
“Ela sempre foi assim?”
“Sim e não,”, disse Mason, “ela nunca foi tão mandona, tão insistente
assim. Ela na verdade, bem…”
“Ela era divertida.”, Rogan terminou por ele. “Por um momento, pelo
menos.”
“Tudo mudou depois que ela foi trabalhar na empresa do pai.”, disse
Mason. “Ela não era qualificada para o trabalho, mas é claro que seu pai a
contratou assim mesmo. E ao invés de tentar pelo menos fazer o trabalho,
ela passava a maior parte do tempo tentando vigiar Desmond.”
“E nós também.”, disse Rogan. “Durante o último ano em que eles
estavam juntos, Emma ficou estranhamente ciumenta. E inconstante. Então
ela decidiu ir ver se a grama do vizinho era mais verde.”
Acenei lentamente. “E Desmond não quis ir com ela.”
“Não.”
Eles estavam de cueca. A boxer vermelha de Rogan marcava suas
pernas musculosas que davam na sua bunda perfeita e maravilhosa. E a
cueca de Mason mal era grande o suficiente para conter o inchaço do seu
pacote.
“Eu tomo banho primeiro.”, disse Rogan.
Mason resmungou. “Merda.”
“Você faz companhia a ela.”, sorriu Rogan, pegando uma muda de
roupas limpas. “Não se preocupe, serei rápido. E não deixe—”
“Eu sei, eu sei.”, disse Mason. “Não vou deixar.”
“Bom.”
Ele saiu e pelo segundo ou dois que a porta ficou aberta, pudemos
ouvir as vozes através da porta de Desmond. Elas estavam mais altas. Não
exatamente gritos, mas não era um volume regular.
A porta se fechou, deixando Mason e eu nos encarando em silêncio.
Só que ele estava praticamente pelado.
“Então o que vamos fazer pelos próximos dez minutos?”, ele brincou.
“Bom, eu tenho boas ideias,”, eu sussurrei, me jogando na cama, “se
ao menos sua ex não estivesse no quarto ao lado.”
As sobrancelhas de Mason se arquearam. “Ela não é minha ex.”
“Você entendeu.”
Era uma coisa estranha. Ciúme. Eu tinha passado o tempo todo no
chalé sem nem sombra disso. E agora, de repente, ali estava ele…
“Você não deveria deixar Emma te incomodar,”, disse Mason, se
sentando ao meu lado, “ela não existe na nossa vida. Não sei por que ela
está aqui, mas—”
“Ela está aqui porque quer Desmond de volta.”, eu interrompi. “Isso é
óbvio.”
“Sim, mas ele já a superou. Total e completamente.”
Eu estava encarando o lençol, mas resolvi olhar para ele. “Tem
certeza?”
“Absolutamente.”
Ele colocou uma mão reconfortante no meu ombro e eu me encostei
nele. Bem naquele momento, a porta do quarto se abriu e Desmond entrou.
“Ei…”
Ele parecia calmo e tranquilo. Nem um pouco nervoso.
“O que está acontecendo?”, Mason perguntou.
“Não tenho certeza, na verdade.”, Desmond suspirou. “Mas ela está
aqui. Não sei como ela achou que poderia ser uma boa ideia ‘nos
surpreender’. Ou, mais especificamente, me surpreender.”
Mason resmungou. “Missão cumprida.”
“Sim, infelizmente.”
“Você realmente não tinha ideia?”
Desmond sacudiu sua cabeça com firmeza. “Eu não falava com ela
desde que ela se mudou para o Oeste, cara. É claro que ela me mandou
algumas mensagens aleatórias, me contando o quão maravilhosa sua vida
estava, talvez querendo causar algum tipo de reação. E uma mensagem
presumivelmente bêbada dizendo que sentia saudade.”, ele olhou para mim,
com os olhos abertos e cheios de honestidade. “Mas eu nunca respondi. Eu
deletei as mensagens sem responder.”
Mason coçou seu maxilar quadrado. “E ela ainda assim veio? Sem ter
sido convidada?”
“Pegou o cartão de crédito do pai e entrou num avião,”, Desmond deu
de ombros, “e apareceu aqui do nada.”
“E onde ela está agora?”
“Na cozinha, comendo alguma coisa.”, ele se virou para me encarar.
“Ela está furiosa porque você está aqui.”, ele disse. “Especialmente porque
você está na suíte principal. Ela pensa—”
“Eu sei o que ela pensa.”, eu disse melancolicamente.
Desmond hesitou antes de continuar. “Eu garanti a ela que ela estava
errada sobre isso.”, ele continuou. “Eu não queria exatamente mentir, mas
eu não consigo explicar como—”
“Acredite,”, eu disse levantando uma mão, “eu sei.”
Todos os sentimentos péssimos me invadiram de uma vez só.
Enciumada. Fora de contexto. Eu não tinha me sentido daquele jeito
nenhuma vez durante a viagem toda. Faltando dois dias para irmos embora,
eu odiava finalmente sentir aquilo.
“Sinto muito mesmo,”, eu disse, me desculpando sem necessidade, “é
minha culpa. Eu não deveria—”
“Gata, não.”
“Sério.”, eu continuei. “Eu posso juntar minhas coisas e ir para o
aeroporto agora, voltar antes da hora. Para vocês não precisarem—”
“Alyssa, para.”
A última palavra de Desmond me interrompeu e fez meu estômago
gelar. Sua voz era austera, quase zangada. Mas não comigo.
“Se alguém está indo embora mais cedo, este alguém é Emma.”, ele
disse. “Não você. Na verdade, eu mesmo vou colocá-la em um avião
amanhã bem cedo.”
O pico de adrenalina que tinha me deixado praticamente vibrando na
borda da cama diminuiu um pouco. Tentei me forçar a ficar calma.
“Então, o que acontece agora?”, Mason perguntou.
“Bom, está muito tarde,”, Desmond explicou, “e escuro. Eu disse a ela
que ela pode ficar…”
Mason fez uma careta. Desmond continuou.
“Ela insistiu em ficar na suíte master.”
“Sem problemas,”, eu interrompi, “posso me—”
“Eu gargalhei na cara dela, é claro,”, Desmond continuou, “eu disse
que ela podia dormir no meu quarto…”
Senti uma facada repentina de ciúme, e ela se retorceu no meu
estômago até—”
“…porque eu vou dormir no sofá.”
Primeiro, fui invadida pelo alívio, mas depois, fui tomada pela raiva.
Desmond não deveria ter que dormir no sofá. Eu o queria na minha cama.
Seu corpo quente enfiado debaixo dos meus lençóis. Na minha opinião,
Emma poderia ficar com o quarto para ela. Na verdade, ela poderia ir se
foder.
“Desculpa se isso atrapalha nossos planos para hoje.”, Desmond disse.
“Atrapalha?”, Mason zombou. “Os destrói.”
“Sim.”, concordou Desmond. “Mas é melhor deixar assim. Ficamos
aqui essa noite. LevamosEmma para o aeroporto amanhã.”
“Ou melhor, arrastamos.”, suspirou Mason. “Enquanto ela grita e
chuta.”
 
 
Capítulo 46
 
 
 
ALYSSA
 
Foi a véspera de Ano Novo mais estranha da minha vida. Talvez da
história da humanidade.
Nós cinco vagamos sem sentido pelo chalé, que de repente parecia dez
vezes menor do que antes. Emma me ignorou completamente. Ela não
falava comigo, olhava para mim, nem admitia minha presença.
E estava tudo bem para mim.
Pela maior parte do tempo ela ficou perto da lareira, encarando as
chamas como se elas contivessem respostas sobrenaturais. Mas quando não
estava fazendo aquilo, ela estava seguindo Desmond como um cachorrinho
perdido. Praticamente agarrada nas suas pernas enquanto ele misturava
coquetéis e servia petiscos.
Eu odiava aquela parte. Especialmente porque em alguns momentos,
Desmond dava conversa para ela. Ele era educado o suficiente para mantê-
la confortável. E eu entendi aquela parte. Mas não necessariamente gostava.
Quanto mais nos aproximávamos da meia-noite, mais as horas se
arrastavam. Joguei xadrez com Mason. Gamão com Rogan. Eu até
encurralei Desmond na cozinha e beijei -o rapidamente enquanto Emma
estava no banheiro. Era uma coisa territorial, mas eu fiz mesmo assim. E o
sorriso que ele me deu depois me fez me sentir melhor e conseguir
sobreviver àquela noite.
Finalmente, assistimos à bola descer na Times Square pela televisão,
enquanto Desmond abria uma garrafa de champanhe. Brindamos juntos ao
novo ano, minha taça tocou todas, menos a de Emma. Depois de uma
rodada de abraços estranhos e apertos de mão — e as tentativas teatrais de
Emma de beijar os rapazes na boca — , apagamos as luzes e fomos dormir.
Eu me senti mil vezes mais confortável na cama, depois que fechamos
as portas dos nossos respectivos quartos. Não estava nem um pouco
cansada, na verdade. Mas pelo menos não precisava ouvir a gargalhada
falsa de Emma. Ou fingir ignorar o elefante branco que estava entre nós.
Ela está se sentindo dez vezes pior que você, sabia?
Eu tinha que admitir, aquela parte me fez me sentir culpada de alguma
forma. De muitas maneiras, Emma não era nada mais do que uma ex-
namorada tentando reacender uma chama antiga. Uma que ela tinha
extinguido por causa dos seus atos egoístas, é claro. Mas mesmo assim, ela
só era alguém procurando amor.
Eu só conseguia imaginar como ela se sentia, me vendo ali. Tomando
seu lugar naquela viagem. Basicamente a substituindo, em praticamente
todos os sentidos.
Eu podia perdoá-la por estar brava comigo. Ou por me odiar sem nem
me conhecer, nem se lembrar de mim.
Mas ela tinha ferido Desmond. E aquilo era imperdoável.
Fiquei deitada na cama pelo que pareceu uma eternidade, mas mais
provavelmente quarenta e cinco minutos. A porta fechada deixava o quarto
frio. Mason tinha razão.
Foda-se, vou abrir a porta.
Movi minhas pernas, pulei da cama e fui até a porta, me
movimentando suavemente para não ser ouvida. Eu não sabia por que
estava sendo tão cuidadosa. Eu não estava fazendo nada de errado.
Talvez você devesse ir para a sala e escalar Desmond.
Caralho, isso seria errado. Mas ao mesmo tempo não, porque eu
sentiria que estava fazendo a coisa certa.
Você poderia tirá-lo daquele sofá encaroçado. Convencê-lo a vir para
a cama com você…
Enquanto eu abria a porta, ouvi vozes. Uma voz de homem… uma
voz de mulher. As duas vindo da sala.
“Desmond… me escuta…”
Congelei instantaneamente, meu coração se afundou no meu
estômago.
Emma.
Eu não só abri a porta, mas passei por ela. silenciosamente, nas pontas
dos pés, passei pelo quarto vazio dela e fui até o fim do corredor.
Desmond estava espalhado no sofá de frente para a lareira crepitante.
Emma ajoelhada no chão na frente dele. Eu podia ouvi-la murmurar para
ele. Implorar, enquanto esticava uma mão para tocar seu quadril coberto
pelo edredom.
“Por favor, amor, me escuta.”
Eu estava em ebulição. Fervendo de ódio. Eu queria entrar no cômodo
e empurrá-la para longe de Desmond.
“Eu teria chegado antes,”, Emma disse a ele, sem nem tentar
sussurrar, “se não fosse a neve. A tempestade fez tudo fechar. Voos foram
cancelados pelo país todo…”
Ela não o estava apenas tocando, mas sim acariciando. Correndo sua
palma pela sua coxa.
Tive me controlar para não ir lá quebrar seu pulso.
“Fica comigo.”, ela disse. “Precisamos conversar. Os outros podem ir
embora, mas você—”
Abruptamente, ele arrancou a mão dela da sua perna. A boca de
Emma se abriu, e seu rosto se contorceu em mágoa.
“Você vai para casa amanhã.”, ele disse. “Eu já disse e o assunto está
encerrado.”
“Mas eu acabei de chegar…”
“E daí? Ninguém te convidou, Emma. Você foi embora há meses. Sem
nem ligar, mandar uma mensagem. Nem escreveu uma carta de adeus.”
Ela esticou o braço na direção dele de novo, e ele ricocheteou mais
uma vez.
“Eu não pude fazer isso,”, ela suspirou, “quando tomei a decisão de
partir eu estava muito emotiva para—”
“A decisão foi totalmente sua, Emma. Você a tomou e você que viva
com ela. E agora você aparece aqui? Causando problema?”, ele sacudiu a
cabeça. “Ninguém te convidou para voltar para nossas vidas.”
Vi o brilho de uma lágrima escorrer pela bochecha dela. Mas se era de
verdade ou não, eu não conseguia dizer.
“Amor, conversa comigo.”, ela implorou. “Fica comigo uns dias
extras. Eu já disse para o meu pai que você não vai voltar até o fim da
semana. Que ele não deveria contar com você até segunda.”
Assisti Desmond se sentar imediatamente ereto no sofá. Ele se moveu
tão rápido que ela se encolheu.
“Você realmente falou isso para ele?”
Ela acenou para ele.
“E seu pai disse que estava tudo bem?”
“Sim.”, ela disse, esperançosamente.
Mas Desmond estava tudo, menos esperançoso. “Por que diabos ele
me deixaria fazer isso?”
“Porque eu disse a ele que voltamos.”
Eu tive que me esconder no corredor quando Desmond pulou e ficou
de pé. Emma saltou na direção dele, ainda se agarrando ao seu corpo em
súplica.
“Por favor, Desmond.”, ela se engasgou. “Eu voltei, então você pode
me ter de volta.”
“Mas eu não quero você.”
“Você vai querer.”, ela disse inocentemente. “Se você me der a chance
de—”
“Você foi embora, Emma! Mudou-se para o outro lado do país,
abandonando tudo aqui. E agora você vai embora de novo. Porque você é
assim. Você nunca está feliz. Você é incapaz de se compr—”
“E lá é lindo!”, ela exclamou. “Eu só voltei porque estava sozinha,
mas se eu tivesse você comigo… bem, as coisas seriam diferentes.”
Desmond se aproximou da lareira e eu a vi correr ao lado dele. Ele se
afastou de novo. Por mais patética que a situação toda fosse, me fazia ficar
veementemente brava. Brava por ela pensar que poderia voltar para ele
assim, tão facilmente. Como se fosse realmente a forma como o mundo
funcionava.
“Fica comigo depois que os outros forem embora.”, ela disse de novo.
“Por um ou dois dias.”, ela parou por um momento antes de continuar. “Eu
ligo para o meu pai, se você quiser. Peço a ele para Rogan e Mason ficarem
também, se você quiser.”
Meus punhos se cerraram involuntariamente. Eu sentia minhas unhas
comprimindo minhas palmas, quase a ponto de fazê-las sangrarem.
“Seu pai…”, Desmond zombou, pronunciando a palavra como se
fosse uma maldição.
“Meu pai vai fazer o que eu pedir.”, Emma disse, soando muito
orgulhosa de si mesma. “Posso fazer você ser demitido amanhã,”, ela deu
uma risadinha, “e então você vai ter que ir morar comigo.”
Desmond endurecei e a afastou com as duas mãos.
“Isso não tem graça, Emma.”
Ela puxou o cabelo para trás de uma orelha e eu vi a perversidade nos
seus olhos. Uma vingança que não estava lá minutos atrás.
“Quem disse que é para ser engraçado?”
Emma se virou e se afastou, correndo diretamente para o corredor.
Direto para mim…
Merda!
Eu não tinha tempo de voltar para o meu quarto. Estava muito longe e
a porta estava fechada.
i Me preparei para o encontro. Ela estava a três segundos de trombar
comigo. Dois segundos…
Duas mãos apareceram e me puxaram pelos ombros. Engasguei com o
borrão de movimentos repentinos e me vi dentro do quarto de Rogan e
Mason, com uma mão tampando minha boca.
“Xiiiu!”
Eles conseguiram fechar a porta meio segundo antes de Emma entrar
no corredor. Nós três ficamos ali parados, totalmente congelados, sem ousar
nos mover até ouvirmos a porta do quarto no fim do corredor bater.
Então a mão relaxou e eu estava parada entre dois corpos muito
quentes e acolhedores.
“Parece que você vai dormir conosco hoje.”, Rogan sorriu enquanto
escorregava a mão para apertar minha bunda de forma promissora.
 
 
Capítulo 47
 
 
 
ROGAN
 
“Então você a mandou ir embora, certo?”
Desmond entrou na cozinha assim que a máquina de waffle fez um
bipe e ficou verde. Ele jogou as chaves na mesa e tirou suas botas.
“Sem a menor dúvida, sim.”
Ele tinha feito tudo o que foi prometido na noite anterior. Não só se
livrou de Emma, mas fez isso logo de manhã. Antes mesmo do café.
“Ainda não acredito que ela apareceu aqui.”
“Ah, eu acredito.’, disse Mason, fritando o último bacon. “Afinal,
estamos falando de Emma.”
Ele estava certo, é claro. Em se tratando de surpresas, Emma era a
rainha, hors-concours. Ela havia preparado surpresas para Desmond —
milagrosamente boas e cataclismicamente ruins — que mostravam o quão a
sério ela levava seu título.
“E como ela reagiu?”
“Nada bem.”, Desmond disse, afundando na cadeira.
Escorreguei uma xícara de café na direção dele e dei um tapinha no
seu ombro. “Anime-se, cara. Acabou agora. Ela é problema de outra pessoa,
onde quer que ela esteja indo incitar o caos.”
“Sim.”, ele disse, pegando o açúcar. “Mas é disso que tenho medo,
também.”
Emma. Ela era a rainha das surpresas, mas também da persistência. E
de outras coisas. Coisas que eu não queria pensar.
Tipo vingança…
“Ei…”
Nós três nos viramos quando ouvimos o som da voz de Alyssa. Ela
estava parada no portal da cozinha, vestindo seu robe de mosaico de veludo.
Seus cabelos apontavam para todas as direções possíveis.
“Esse é o caso mais espetacular de cabelo matinal que eu já vi.”, eu
gargalhei.
“Valeu.”, ela respondeu em tom cansado.
“Ei, não precisa agradecer.”, eu gargalhei. “Você definitivamente
merece.”, comecei a olhar em volta. “Cadê meu celular? Vou precisar de
uma foto—”
“Ela foi embora?”
Mason estava mastigando um pedaço de bacon, Desmond estava
bebendo café.
“Ah, sim.”, eu disse. “Ding! Dong! A bruxa morreu.”
Os ombros de Alyssa relaxaram visivelmente, aliviados. Ela deixou
uma lufada de ar escapar e sua franja voou para o topo da cabeça.
“Graças a Deus.”
“Isso aí.”, Mason concordou. Ele colocou o bacon em um suporte e
desligou o fogão. “Por um minuto ou dois,”, ele disse, apontando para
Desmond, “pensei que ele fosse mesmo voltar com ela.”
Desmond zombou segurando seu café. “Que absurdo.”, ele disse.
Mason e eu gargalhamos. Mas Alyssa, não. Não dessa vez.
Meu amigo parecia cansado, não só de acordar cedo para ir até o
aeroporto. Ele tomou outro gole de café antes de continuar.
“Acho que vocês todos ouviram a conversa ontem?”
“Aham.”, eu disse. “Nós três.”
Estávamos bem atrás de Alyssa no corredor, ouvindo tudo desabar.
Não houve um momento em que pensei que Desmond não faria a coisa
certa. Mas é claro que eu não precisava contar a ele.
“Ela tem audácia, essa garota.”, Alyssa disse, se servindo de ovos.
“Devo admitir.”
Ela olhou de lado e me viu. Sorri e dei um soquinho no punho fechado
dela.
Deus, ela é totalmente perfeita.
Nossa dorminhoca tinha passado a noite debaixo do nosso cobertor,
nos acariciando e vestindo nada mais do que uma calcinha minúscula. De
alguma maneira, Mason e eu nos controlamos. Não fizemos amor com ela,
nem ao menos a beijamos, por mais tentador que fosse.
Mas eu rocei tão forte nela que minha ereção demorou horas para
sumir.
E eu tinha passado aquelas horas pensando nela. Imaginando como
seria maravilhoso manter o que tínhamos, mesmo depois de voltarmos. Era
algo que eu sabia que queria desesperadamente. Eu só esperava que assim
que retornássemos para a Flórida e para as nossas rotinas, Alyssa se sentisse
da mesma maneira.
“É loucura ela pensar que podia simplesmente vir para aqui de última
hora.”, disse Mason. “E esperar que… vocês sabem.”
“Essa é a Emma.”, disse Desmond, sacudindo a cabeça. “Talvez ela
aprenda agora. Talvez essa tenha sido a lição de que ela precisava.”
Acenei, fingindo concordar. Querendo acreditar. Mas eu não tinha
certeza.
“Vamos esquecer Emma,”, disse Desmond abruptamente, “só temos
mais um dia — hoje. Vamos aproveitar. Vamos espremer o último dia de
férias juntos antes que o trabalho venha rosnar na nossa cara de novo.
“Além disso,”, Alyssa deu de ombros, “é um novo ano.”, ela levantou
um pedaço de bacon frito demais. “Um brinde à coisas novas,”, ela disse,
com os olhos brilhantes, “e um novo começo.”
Nós pegamos um pedaço de bacon para participar do brinde. O meu
estava tão frito que quebrou com o impacto.
“Você algum dia vai aprender a cozinhar propriamente?”, Desmond
provocou Mason.
“Claro que não.”, Mason gargalhou.
 
 
Capítulo 48
 
 
 
ALYSSA
 
Nos livramos das más vibrações trazidas pela visita improvisada de
Emma e realmente fizemos nosso último dia valer a pena. Como ainda
tínhamos passes, fomos esquiar, jantamos, tomamos drinques, nos
despedimos da cidadezinha pitoresca, voltamos para a casa, removemos as
decorações de Natal e organizamos o chalé.
Os rapazes carregaram a árvore para o lado de fora e a colocaram num
cantinho bonito do jardim. Desmond prometeu plantá-la no outono, quando
voltasse para preparar o chalé para o inverno. Ou talvez até voltar
rapidamente na primavera para fazer isso.
De qualquer forma, teríamos algo para celebrar nossa estadia ali. A
árvore cresceria e poderia ser decorada todos os anos. Um recordo vitalício
do nosso primeiro — e esperançosamente não o último — Natal no chalé.
O que você está fazendo exatamente, Alyssa?
A voz pulava na minha cabeça toda vez que eu pensava assim. Toda
vez que eu ousava pensar que o que nós quatro estávamos fazendo poderia
sobreviver ao teste do tempo.
Você sabe que isso não vai durar, certo?
Eu odiava aquela vozinha pessimista. Eu era geralmente uma pessoa
otimista. Mas ainda assim, eu conhecia meu coração e assim que
voltássemos para a Flórida, tudo seria diferente. Assim que estivéssemos de
volta aos nossos apartamentos, vivendo nossas vidas cotidianas normais, era
mais provável que nos afastássemos do que ficássemos juntos.
Percebi que eu queria continuar vendo os rapazes mais do que tudo. E
não somente um deles, mas os três. Parecia loucura pensar que eu poderia
ficar com um só ou com dois deles enquanto eu já estava tão apegada ao
trio como um todo. À dinâmica deles como um grupo. Ao companheirismo
da amizade deles, da qual eu agora já me considerava parte integral.
Para mim, era um acordo de tudo ou nada. Eu não conseguia imaginar
como seria sair com um deles e ter que olhar para os outros dois. E ver estes
outros dois saindo com outras mulheres. Começando a namorar. Se
apaixonando…
Você os ama?
Era uma pergunta maluca. Que eu tinha afastado da cabeça pela
segunda metade da viagem toda. Nós tínhamos começado aquilo puramente
sexual, fazendo coisas que sabíamos que eram travessas, mas divertidas.
Mas quando o sexo só melhorou? Quando o apego começou. Com os
sentimentos de proximidade e familiaridade. As conexões emocionais que
vinham junto com as físicas.
Eu tinha aprendido tanto sobre eles, coisas que eu nunca saberia só
trabalhando ao lado deles. Eu descobri que Desmond sonhava em ter sua
própria empresa. Soube que o senso de humor de Rogan era herança do seu
pai amoroso e divertido. Percebi que, secretamente, Mason queria conhecer
suas meias-irmãs e possivelmente se reconciliar também com seu pai. Ele
só não sabia como fazer isso. E eu queria ajudá-lo desesperadamente.
Você está evitando a pergunta, Alyssa.
Sim, eu os amava. E era tão bom assumir! Mesmo que fosse só para
mim mesma, internamente, nas câmaras secretas das profundezas da minha
cabeça.
Eu os amava mais do que já tinha amado qualquer cara,
individualmente e como um trio. Porque, por mais legal e maravilhoso que
cada um daqueles homens fosse, havia uma nova categoria de
grandiosidade que vinha com o fato de os três estarem juntos.
Isso soa ambicioso para caralho.
“Sim.”, eu disse em voz alta, dobrando as últimas roupas dentro da
mala. “Certamente que sim.”
Peguei o zíper e o puxei com força até ele finalmente selar a última
peça de roupa suja que eu estava levando de volta para casa.
E então eu mandei a voz na minha cabeça calar a boca.
 
 
Capítulo 49
 
 
 
ALYSSA
 
“Você sabe que nós poderíamos te vendar de novo,”, sugeriu Rogan,
“te abrir na frente da lareira e te deixar adivinhar.”
“Ah?”, respondi. “Tipo o concurso de beijos?”
“Tipo…”, ele disse marotamente. “Mas um tipo diferente de beijo.”
Encarei a lareira, assistindo as chamas. Sentindo o calor invadir meu
corpo seminu enquanto eu desfilava minha última tanga limpa para os
rapazes.
“Tentador, mas não.”, eu disse, empurrando dois deles de volta para o
sofá. “Prometi uma rodada de boquetes na lareira para os meus rapazes.”,
olhei por cima do meu ombro e dei uma piscada diabólica para Desmond.
“E promessa é dívida.”
Mason e Rogan abaixaram suas cuecas em questão de segundos,
chutando-as para longe enquanto eu ficava de joelho. Rastejei até eles, de
costas para o fogo. O calor das chamas na minha bunda era bom enquanto
eu pegava cada um deles numa mão.
“Quero que vocês dois gozem na minha boca.”, instrui, lambendo
Rogan de cima abaixo enquanto encarava Mason. “E o outro vai assistir.”
Empurrei meu queixo na direção de Desmond, relaxando na poltrona
de couro ao nosso lado. Ele parecia alegrinho e contente, com a última
cerveja entre seus dedos.
“Ele vai ser o último.”, eu pisquei. “E vai ser bom.”
Rogan gemeu quando eu o enfiei até a garganta. Então mudei para
Mason. Indo e voltando por dois minutos, enfiei os dois até o fundo da
minha boca. Deixando-os duros e brilhantes e desleixadamente molhados.
“Eu vou engolir vocês.”, eu sussurrei com a voz rouca. “Cada pedaço.
Cada gota.”, joguei meu cabelo para trás e abri a boca. Com todos
assistindo, coloquei minha língua quente e úmida para fora.
“Eu quero isso. Bem. Aqui.”
Os homens no sofá latejavam com vigor, inchando ainda mais entre
meus dedos ávidos. Eu tinha esperado por aquilo por dias. Eu queria fazer
aquilo por eles… para eles… antes mesmo de fazer a promessa.
Aaah, caralho, sim.
Era ainda mais gostoso do que eu pensei que seria.
Eu tinha pensado que nossa última noite ali seria gostosa para caralho,
mas eu queria que ela fosse memorável. Eu queria que meus rapazes
relaxassem. Queria premiá-los por terem me convidado para uma viagem
tão maravilhosa enfiando-os na minha boca. Um por um.
Mas além de tudo, eu queria que eles aproveitassem. Que se
preocupassem apenas com seu próprio prazer enquanto eu virava seu
brinquedinho erótico de novo. Eu queria que todos chegassem ao limite, e
bebê-los até o almíscar dos seus leites combinados estivesse crepitando no
fundo do meu estômago.
E então eu me deitaria de costas e seria destruída.
“Hmmmm…”
Eu gemi e grunhi. Mexendo minha bunda coberta pela tanga
sedutoramente para Desmond enquanto chupava seus amigos lentamente e
sensualmente, em vez de rápido e com pressão. Eu queria aproveitar meu
tempo com eles. Selar aquela mente para sempre nas suas cabeças para o
que acontecesse na Flórida não importasse, porque sempre teríamos aquela
memória.
Era muito sexy rodar entre eles. Servi-los, de joelhos. Pensei na nossa
primeira vez juntos, e em como eles foram gentis e pacientes comigo. No
nosso concurso de beijos, e em como a coisa toda tinha sido fumegante e
sensual.
Eu queria que eles se lembrassem daquela noite, mas eu também
queria que eles se lembrassem de mim. Duas semanas antes, éramos
estranhos. Mas naquele momento, éramos bons amigos. Amantes
apaixonados.
E muito mais do que isso.
Rogan gozou primeiro, disparando uma quantidade impressionante do
seu leite delicioso direto na minha garganta. Depois de secá-lo, fui até
Mason para me vingar, até ele também estar pronto para explodir.
Esperei até ele passar do ponto sem retorno e então o tirei
abruptamente da boca. Mudando meu foco, olhei diretamente para
Desmond. Vi sua expressão embargada de luxúria enquanto ele me assistia
masturbar seu amigo até o fim, até ele se esvaziar na minha língua.
“UNGHHH!”
A bunda de Mason se levantou do sofá quando ele explodiu, enchendo
minha boca. Continuei sem parar de olhar, sem nem fazer uma careta
enquanto sua cabeça enorme tremia e bombeava na minha língua. Como
prometido, tomei até a última gota que ele tinha. Segurei tudo na boca por
um momento e engoli enquanto continuava fodendo Desmond com os
olhos.
Então, incapaz de se segurar por mais tempo, ele correu para mim.
Aaah SIM.
Era magnífico sentir suas mãos no meu corpo quando ele me virou e
praticamente rasgou minha tanga em duas partes! Ouvi o estalo entre suas
mãos quando ele puxou o braço para trás, destruindo o tecido suave e fino.
Ele entrou em mim com uma estocada gloriosa e selvagem, me
preenchendo até o útero. Resmunguei alegremente enquanto ele balançava
meu corpo e se enfiava profundamente.
Deus…
Ele continuou me martelando sem parar, aumentando a velocidade, a
força e a profundidade. As mãos de Desmond agarraram meu cabelo, com
os punhos cerrados e puxando minha cabeça para trás, forçando meu queixo
a se projetar para a frente.
“Ahhhh!”
Então ele começou a me foder por trás, entrando e saindo sem parar.
Gemendo todos os tipos de coisas obscenas no meu ouvido, como minha
boceta era apertada e molhada, como ela implorava para ser usada por ele o
tempo todo que eu chupava seus amigos.
Meu Deus do céu…
Eu quase chorei de tão bom.
Os outros assistiram do sofá. Seus corpos duros ainda faziam minha
boca se encher de água enquanto eu fodia o macho alfa daquele grupinho.
Como amigos e colegas de trabalho, eles estavam no mesmo patamar. Mas
naquele contexto…
Bom, Desmond estava claramente no controle.
Gemi e gritei enquanto ele me fodia, empinando minha bunda na
direção dele mesmo assim. E então gozei. Explodi de dentro para fora,
literalmente revirando os olhos até enxergar dobrado e ver quatro homens
no sofá, tocando seus membros que voltavam à vida. Deixando-os duros de
novo e prontos para mim, para quando seu amigo terminasse de me punir
por toda a provocação que eu tinha feito.
AHHhhHHhhHHH…
Meu clímax parecia infinito. Ondas de puro êxtase me arrebatavam,
uma mais forte que a outra. Eu sentia a dor de Desmond puxando meu
cabelo com uma mão enorme. E apertando a carne macia da minha bunda
com a outra. Eu gritava sem parar, mas eram gritos de prazer. A dor estava
só no limite. Era só uma amostra de algo muito maior e mais importante
enquanto eu explodia de novo e de novo no membro duro e pulsante de
Desmond.
Eu estava à beira do delírio quando ele finalmente explodiu. Ainda me
recuperando do melhor orgasmo da minha vida, quando o senti pulsando e
latejando e me preenchendo por dentro.
N—nossa senho—
Ele estava gritando meu nome. Rugindo feito um leão enquanto se
enfiava profundamente, jorrando seu leite quente e maravilhoso nas paredes
internas da minha virilha.
Nossa Senhora…
Me contorci debaixo dele, agarrando o cobertor. Gritando alto, e
gemendo, e tentando respirar com todo o prazer que assolava meu corpo.
Ele caiu em cima de mim, virtualmente me esmagando com seu peso.
Comprimindo seus braços e me deixando com espaço só o suficiente para
respirar… enquanto mantinha sua pele nua e quente pressionada contra a
minha.
Ainda dentro de mim, seus lábios encontraram a borda externa da
minha orelha e ele sussurrou — tão baixo que era só para nós dois — e seu
sussurro me causou arrepios profundos, dos pés à cabeça:
“Acho que estou apaixonado por você…”
 
 
Capítulo 50
 
 
 
ALYSSA
 
Encontrei meu apartamento me encarando, exatamente como eu o
tinha deixado.
Mas ainda assim, parecia um lugar totalmente diferente. Como se tudo
estivesse diferente de alguma forma. Só que com o mesmo formato básico
conhecido por mim pelos últimos dois anos. O sofá onde eu me sentava
para ver filmes sozinha. A geladeira que eu limpei bem antes de partir,
jogando fora qualquer perecível que não aguentasse duas semanas.
Na noite anterior, eu tinha arrastado minha mala para o quarto dos
fundos e me jogado na minha cama imaculadamente arrumada. Caralho,
tudo parecia ter acontecido anos antes. Estar ali. Acordar com aquele
despertador. Olhar aquele teto…
E já era a manhã seguinte. Em vez de acordar para o café da manhã
com os rapazes… eu estava no meu escritório, encarando uma tela de
computador.
Odeio minha vida.
Voltar de férias numa sexta era a pior das escolhas — um golpe baixo
que eu apliquei em mim mesma. Enquanto o resto da empresa estava
jogando conversa fora e relaxando após a semana, eu estava lendo milhares
de e-mails. Resolvendo centenas de problemas de uma vez, ou pelo menos
tentando arrancar os band-aids rapidamente para sobreviver até o fim de
semana.
Mas pelo menos eu veria os rapazes de novo.
Eu já tinha me encontrado com Mason na entrada. Compartilhamos
um sorriso secreto e ele me deu uma piscadela que derreteu meu coração.
Sim. Eu conseguiria sobreviver àquele dia maluco se significava que
eu veria meus lindos colegas de trabalho de novo. Homens que não eram
mais só meus colegas de trabalho, mas meus amantes… e possivelmente
mais.
Só faz um dia.
O pensamento me fez gargalhar. Eu tinha me despedido deles com um
beijo no dia anterior, depois do nosso voo relativamente tranquilo para casa.
E eu já estava com saudades. Eu tinha passado uma noite solitária no meu
apartamento, sem ninguém para conversar. Dormi a noite toda sem ninguém
invadir minha cama na madrugada.
Era um mundo inteiramente novo para mim, para todos nós. O mesmo
trabalho, as mesmas pessoas, os mesmos deveres e as mesmas tarefas. Só
que nós tínhamos mudado. A dinâmica entre nós tinha sido alterada para
sempre por aquele tempo que passamos no chalé.
E as palavras de Desmond…
Acho que estou apaixonado por você…
Ele poderia até ter dito aquilo no calor da paixão, mas eu não achava
que tinha sido. Se muito, o fato dele ter dito aquilo depois de tudo
significava ainda mais para mim. Porque bem naquele momento, nós
estávamos o mais fisicamente e emocionalmente próximos que duas
pessoas poderiam estar.
Por mais felizes que aqueles pensamentos fossem, tentei tirá-los da
cabeça por um instante. Eu tinha muita coisa para fazer. Muitas atualizações
para terminar.
Não almocei e autorizei um número recorde de plantas aditivas.
Mandei tantas atualizações de projetos para pessoas que minha cabeça
começou a girar. Atribuí parte do meu sucesso a ter deixado a porta do
escritório fechada, evitando a dúzia ou mais de pessoas que entraria lá e
sorriria astutamente,me perguntando como ‘minhas festas com os rapazes’
tinham sido. Lentamente, consegui dar conta do trabalho.
Eram quase cinco horas quando minha porta se abriu sem nenhuma
batida antes. Rogan entrou. Eu sorri para ele alegremente… mas o olhar
preocupado no seu rosto apagou meu sorriso imediatamente.
“O que houve?”
Ele apertou os olhos na minha direção por um momento e olhou de
volta para a porta. Então ele a fechou e inclinou a cabeça.
“Você realmente não sabe?”
Aquele sentimento frio e desconfortável de não saber alguma coisa
me invadiu. E alguma coisa grande.
“Não, o que foi?”
Rogan engoliu antes de responder. “Emma.”
O sentimento ficou ainda mais frio. Eu parecia estar me afogando…
“O que tem ela?”
Muito rápido.
“Ela está aqui.”
Pisquei rapidamente algumas vezes antes de ficar de pé. “Aqui?”,
perguntei estupidamente. “No escritório ou—”
“Ela não só está aqui no escritório.”, Rogan respondeu. “Ela está de
volta. Trabalhando para a Vale Verde. O pai devolveu a ela seu cargo
antigo.”
De repente minhas pernas pareciam gelatinas. Sentei-mede volta na
cadeira.
“Ela tem uma mesa nova.”, disse Rogan. “E adivinha onde fica?”
Eu não precisava adivinhar. Eu já sabia.
“Bem ao lado da de Desmond?”,
“Pertinho da de Desmond.”, ele confirmou. “Só que ele não está na
sua mesa. Ele está fora, na obra, desde o início do dia.”
Ri rapidamente. “Você não faria o mesmo se fosse ele?”
“Sim, mas—”
“Sim, mas nada.”, eu disse. “Ele obviamente está a evitando. Não
posso culpá-lo. Especialmente porque—”
“Não, não é isso.”, Rogan me interrompeu. “Aparentemente, ela tem
funções adicionais. Além de não fazer o trabalho que já era sua função
antes, o velho a encarregou de inspecionar a coordenação das obras.”
Minhas sobrancelhas se franziram. Não fazia sentido. “Ela vai foder
com tudo.”
“É claro.”, Rogan concordou. “Mas ela pediu. E tudo que Emma quer,
papai dá.”
Lentamente comecei a entender.
“Ela mandou Desmond para a obra hoje, não foi?”
Rogan assentiu, com o olhar ainda grave.
“Bem… merda.”
“E sabe Deus o que mais ela vai fazer.”, ele continuou. “Lembra da
última vez que ela trabalhou aqui e seu pai a encarregou dos carros da
empresa? Em dois meses, nenhum deles passou por revisão e ela deixou os
seguros vencerem.”
Sacudi a cabeça, descrente. “Como Desmond pôde namorar essa
menina por tanto tempo?”, perguntei chocada.. “E como vocês três
conseguiram—”
BUZZZZZ.
Nossos celulares vibraram ao mesmo tempo. Nós dois abrimos a
mensagem do nosso grupo e havia uma nova, enviada por Desmond.
 
Drinques hoje à noite.
 
Era um comunicado, não uma pergunta.
 
 
Capítulo 51
 
 
 
ALYSSA
 
No fim das contas, a situação com Emma não era tão ruim quanto
Rogan e eu originalmente pensamos.
Na verdade, era pior.
“Então ela te mandou para a obra?”, Mason perguntou, perplexo.
“Porque você não quis tomar café com ela?”
“O dia todo.”, Desmond assentiu. “Passei as últimas nove horas
dirigindo para seis obras diferentes. Tive que levar suprimentos para três
delas, de drywalls e vigas a bobina de aquecedores.”
Ele sacudiu a cabeça enquanto drenava o resto da sua cerveja. Antes
que ele pudesse colocar a caneca vazia na mesa, Rogan já a estava
enchendo novamente.
“Comprei pregos de acabamento hoje, cara.”, ele suspirou com raiva.
“Uma porra de uma caixa cheia.”
Descobrimos várias coisas que tinham acontecido enquanto estávamos
fora. O mais notável, é claro, foi o fato de o pai de Emma ter providenciado
uma passagem de avião para ela voltar para a Flórida ‘de uma vez por
todas’. Ele também a tinha recontratado para uma posição de autoridade
que estava acima das suas habilidades. Sem mencionar que também estava
bem acima da sua habilidade de lidar com rejeição.
“Então,o que você vai fazer quando ela quiser tomar café na
segunda?”, perguntei.
“Vou tomar café com ela.”, disse Desmond. “E nós dois sentaremos
feito adultos e eu vou explicar tudo a ela, sem rodeios”
“Hmmm… quer explicar para nós primeiro?”, brincou Mason.
Desmond continuou, falando alto o suficiente para sobrepor o barulho
do bar. Nós tínhamos dirigido para um pouco mais longe do que o normal,
para um lugar fora da cidade. Bem longe do escritório, longe de olhares
curiosos.
“Ela vai ter que lidar com isso,”, ele disse finalmente, “já passei muito
da idade de jogar esses joguinhos de adolescente.”
“Mas e se ela não conseguir?”, perguntei hesitante.
“Conseguir o que?”
“Superar.”
Desmond resmungou e agarrou sua caneca um pouco mais apertada.
Mason aproveitou a oportunidade para pegar a jarra e encher nossos copos.
“Ela vai ter que superar.”, ele disse de novo. “Ou eu mesmo vou tratar
do assunto com o velho.”
Rogan levantou uma sobrancelha. “Você vai falar com o chefe?”, ele
fez uma careta. “Sobre a filha dele?”
“Sim.”
Ele e Mason trocaram olhares preocupados. “Não funcionou muito
bem da última vez que você tentou.”
“Bem, tomara que dessa vez ele seja mais razoável.”, Desmond
respondeu. “Além disso, ele tem que saber que sua filha é uma grande
causadora de confusão.”
“Frívola? Sim.”, eu disse. “Talvez até um pouco incompetente. Mas
confusão?’, eu sacudi a cabeça. “Nenhum pai quer admitir que sua prole
causa confusão…”
Conversamos mais sobre o tema, explorando nossas opções. Criando
planos de contingência para diversas opções de desdobramentos. Então,
depois de terminar nossa segunda jarra de cerveja, voltamos ao
estacionamento. Nos aconchegamos nos bancos de couro macios do carro
alemão imaculado de Mason e voltamos para o escritório para pegar nossos
próprios carros.
“Então qual é o plano de hoje?”, perguntou Rogan.
“Lavar roupa.”, Desmond resmungou. “E mais roupa e mais roupa.”
“Você não manda para a lavanderia?”, perguntou Rogan.
“Você manda?”
“Ah, você precisa mandar.”, gargalhou Mason. “É a melhor coisa do
mundo! Eles lavam, dobram, fazem tudo, exceto guardar na sua gaveta.”,
ele sacudiu a cabeça enquanto manobrava para entrar na rodovia. “Você é
um idiota por não mand—”
“Traga para a minha casa.”
Desmond virou do banco do passageiro para me olhar.
“Sério?”
Assenti rapidamente. “Eu tenho uma lava-e-seca no meu apartamento.
Não é o melhor modelo do mundo, mas funciona.”, eu dei de ombros.
“Podemos lavar suas roupas lá.”
“Eu tenho muita roupa suja.”, ele alertou. “Provavelmente vou
precisar lavar a noite toda.”
Olhei de volta para aqueles olhos azuis e sorri. “Eu tenho a noite
toda.”
Já havíamos decidido passar a noite juntos, nós quatro, cimentando o
vínculo que tínhamos construído em Vermont.
“Além disso,”, eu continuei, “foi tão estranho dormir sozinha na
minha casa.”, eu olhei de um para o outro, assimilando suas expressões.
“Não parece mais minha casa. Para ser honesta, eu meio que… preciso de
memórias de vocês lá.”
Corei, olhando para os três. “Se é que isso faz sentido.”
O sorriso de Rogan era totalmente prazeroso, sem nenhuma seriedade.
“De que tipo de memórias estamos falando?”
“Daquele tipo.”, eu ri. “E de outro tipo também. Todos os tipos de
memória, na verdade.”, eu disse. “Eu— eu só queria…”
“Estar conosco?”, perguntou Desmond.
“Sim.”
Ele acenou e o resto deles concordou. Eu podia sentir a ansiedade
voltando. A mesma felicidade que eu associava a estar de volta no chalé.
Desmond esticou o braço, gentilmente tocando minha bochecha com a
mão.
“Acho que todos estamos nos sentindo assim.”
 
 
Capítulo 52
 
 
 
ALYSSA
 
Receber os rapazes no meu apartamento foi como trazê-los para a
última parte do meu mundo. Uma conexão entre a fantasia de Vermont e a
realidade de casa, e cada minuto que passou solidificou a conexão.
Pedimos comida e eu mostrei a casa para eles. Era quase surreal vê-
los ali parados no meu foyer, relaxando no meu sofá. Assisti-los sentar nas
cadeiras ao redor da mesa da cozinha, compartilhando meu potinho de
pimenta calabresa enquanto gargalhávamos e voltávamos devagar à velha
rotina.
Discutimos a situação de Emma um pouco mais, mas não por muito
tempo. Ela já tinha dominado nossos pensamentos por tempo demais, para
começar. No chalé havia memórias dela e aquilo era compreensível. Mas
naquele momento, bem ali, não era o lugar dela.
Juntos, guiamos a conversa por avenidas mais construtivas, falando de
trabalho a família, e mais. Rogan tinha recebido dois outros projetos de
design para desenvolver — e eu trabalharia com ele em um deles. Ele
planejava visitar suas irmãs na semana seguinte, fazer toda a cerimônia
‘pós-Natal’ como manda o figurino.
Mason iria para uma conferência na segunda e ficaria fora por vários
dias — uma coisinha de última hora acrescentada à sua agenda enquanto
estávamos fora. E o trabalho de Desmond só se acumulava, porque até
então ele não tinha nem se sentado na sua escrivaninha ainda.
Alugamos um filme, mas nem assistimos direito. Estávamos
espalhados pela minha sala de estar até Mason acidentalmente entornar
cerveja no meu tapete.
“Já começamos a criar memórias?”, Rogan riu.
“Algumas…”, eu sorri enquanto me aconchegava em seus braços.
“Mas não do melhor tipo ainda.”
Alternei entre os braços dos três à medida em que a noite passou. Eles
se revezaram me abraçando apertado, me beijando e me acariciando, da
mesma forma que tinham feito no chalé.
Só que estávamos na minha casa. E aquilo era muito importante para
mim.
Mais tarde naquela noite, diminuímos as luzes para os fogos de
artifício começarem. Eu disse a eles exatamente onde os queria, bem ali no
chão da sala de estar. Eu não tinha uma lareira. Não tínhamos o brilho fraco
e quente do pinheiro cheiroso de Natal. Mas mesmo sem aquelas coisas, me
senti como antes. Cada beijo, cada toque — cada vez que um deles prendia
minhas pernas por cima dos seus ombros, me fazendo me engasgar e me
tomando profundamente…
Eu me senti finalmente em casa.
Transamos pela casa toda, só por desencargo de consciência. Eu os
convidei para me tomar onde quisessem, para ‘inaugurar’ aquela etapa.
Agarrei-me nas almofadas enquanto Desmond me fodia profundamente no
sofá. Rezei pelo melhor quando Mason me comeu na mesa da cozinha,
perto das caixas vazias de pizza.
Rogan me inclinou sobre a mesa de desenho do meu escritório,
enrolando um braço na minha cintura enquanto me fodia por trás.
Terminamos espremidos na parede, seu pau enorme enfiado tão
profundamente que ele precisou cobrir minha boca com uma mão para eu
não gritar…
Mas no final eu os arrastei para o meu quarto. Um por um, os
empurrei de costas na cama e perscrutei seus corpos, me empalando com
cada um deles e os cavalgando até conseguir o que queria.
E uau… eu consegui em grandes quantidades.
Só senti que estava satisfeita às três da manhã, e mesmo assim eu
poderia continuar. Mas os rapazes estavam exaustos. Eles se deitaram ao
meu lado, excitados de várias formas, traçando meu corpo com as pontas
dos dedos, me beijando com a suavidade que só os amantes têm.
Isso é perfeito.
Levei suas bocas sedentas aos meus peitos quentes. Me contorci e me
virei até acariciar seus corpos com o meu. Eu me sentia como uma rainha
ou uma imperatriz envelopada pelo seu harém de amantes. Rodeada de
calor humano. Protegida de todas as formas, por força, vigor e acres
gloriosos de músculos duros e palpitantes.
Estou no céu.
Eu só via vantagens. Cada fantasia de uma noite que habitava as
profundezas da minha cabeça foi trazida à tona, para um relacionamento
maduro com três caras incríveis.
Eu não queria mais nada além de ser o centro dos mundos deles. Eu
queria pertencer a eles, profunda e completamente. Devota aos seus
próprios sonhos, sua própria felicidade. Realizar cada desejo, cada capricho.
Encarei a noite escura e nebulosa pela janela do meu quarto por um
longo tempo. Eu tinha tudo que sempre quis. Do meu ponto de vista, tudo
no mundo estava finalmente perfeito…
Até esse mundo desabar na semana seguinte.
 
 
Capítulo 53
 
 
 
MASON
 
“Como assim eles levaram a mesa dele embora?”
Estávamos no escritório de Rogan, com a porta incomumente fechada.
Pela primeira vez o olhar do meu amigo era sério. Alyssa estava engolindo
as lágrimas… ou o ódio. Eu não conseguia distinguir.
“Ele está na obra a semana toda,”, Rogan explicou, “e o velho o
chamou na sua sala hoje de manhã. Para falar sobre ‘muito general para
pouco soldado’… ou algo assim.”
“Não.”, Alyssa cuspiu. “Foi muito mais estúpido que isso.”
“Tanto faz,”, Rogan disse, desconversando, “o que importa é que eles
disseram a ele que há muitos gerentes trabalhando no escritório e não há
mão de obra o suficiente. Eles deram o carro velho da empresa para ele e o
deslocaram para as obras novamente.”, ele olhou para o chão.
“Permanentemente.”
Meu estômago balançou. Desmond tinha passado muito tempo
trabalhando para conseguir ficar só no escritório. E não era só uma questão
de senioridade. No que dizia respeito à construção civil, ele tinha mais
conhecimento profundo que qualquer outro gerente de projetos.
O que só podia significar uma coisa...
“Emma.”
Resmunguei a palavra. Os outros acenaram.
“Vagabunda vingativa,”, fervilhei, “só por causa do que ele disse na
segunda?”
“E na terça,”, disse Alyssa, “e na quarta…”
Eu tinha ficado fora a semana toda. Enfiado numa conferência
financeira em Miami. Três dias mastigando números e trocando apertos de
mão com pessoas que eu preferia não conhecer. Pelo menos a comida era
boa, mesmo sem eu ter podido sair à noite. Eu quase não tive tempo para
mais nada, além de ir a reuniões e dormir.
“Onde ele está agora?”
“Não tenho certeza.”, disse Rogan. “Tentei ligar para ele. Ela
também.”
Alyssa estava de pé na nossa frente com os braços cruzados e o rosto
cheio de preocupação. Mesmo chateada, ela era incrivelmente bonita. Mas a
última coisa que eu queria era vê-la chateada.
“Alguém precisa falar com o velho.”, eu disse. “Ele precisa saber o
que ela está fazendo.”
“Ele sabe,”, disse Rogan, “e esse é o problema.”
Deus, aquilo tudo era ridículo! Trabalhávamos para um homem que
literalmente demoliria a própria empresa se a filha sugerisse. Não havia
diálogo com ele quando o assunto era Emma. Desmond tinha aprendido
isso da pior forma, quanto tentou suavizar as coisas depois que eles
terminaram.
“Olha, ele vai apoiá-la.”, disse Rogan. “Não importa o que façamos
ou digamos, ele vai ficar do lado de Emma. Ou pior, ele vai fazer com que
Desmond pareça o cuzão hostil. O ex-namorado insubordinado que está
‘apenas puto’ porque sua ex-namorada está de volta ao escritório.”
Merda. Ele estava totalmente certo.
“Ela já disse algo assim,”, engasgou-se Alyssa, “algo como ‘meu pai
disse que se não pudermos ser simpáticos um com o outro, um de nós tem
que ir embora’.”
Eu rosnei. Literalmente. “E acho que nós todos sabemos quem vai ser
esse um de nós.”
“Aham.”
Esfreguei minhas têmporas com uma mão como se aquilo fosse fazer
minha dor de cabeça furiosa desaparecer. Não chegaria nem perto.
“Mas sabem, mesmo com Desmond fora do escritório não vai ser o
fim disso,”, eu disse, “ela nos despreza e toda vez que nos vir, vai se
lembrar disso.”
Mason assentiu. Alyssa ficou mais preocupada ainda.
“Quanto tempo até os nossos melhores projetos começarem a ser
reatribuídos?”, perguntei drasticamente. “Antes de ela nos ferrar de todas as
formas que pode?”
Era um pensamento inquietante. Eu sabia que a conversa de segunda-
feira entre Desmond e Emma tinha regredido rapidamente, deixando-a
magoada e chateada. Ele até tinha tentado consolá-la, mas aquilo só piorou
as coisas.
Eu conseguia imaginar Emma fazendo algo do tipo, totalmente. Não a
Emma que conhecemos três anos antes, mas a Emma que tinha voltado sabe
Deus de onde…
Aquela era uma pessoa totalmente diferente.
“Alguém precisa fazer alguma coisa.”, Rogan concordou. “Antes que
ela acabe com tudo. Ela vai revelar nosso relacionamento na frente do
escritório todo sem pensar duas vezes.”
“Se ela fizer isso, vai acabar revelando o que ela também teve,”, eu
salientei, “…e para o próprio pai.”
“Precisamos achar Desmond,”, Alyssa suplicou, “ele saiu tão rápido
daqui que eu nem imagino—”
Meu telefone tocou e o nome do meu amigo apareceu na tela.
Coloquei o aparelho no centro da mesa e atendi com o alto-falante ativado.
“Cara, onde você tá?”, eu perguntei antes de todos.
“Em casa.”, respondeu Desmond alto e claro. Era uma resposta
simples e aterrorizante, beirando a explosão.
“Por que?”, perguntou Alyssa depois de um momento de silêncio.
“Por que?”, ele riu cinicamente. “Porque eu não trabalho mais aí. É
por isso.”
Um calafrio me invadiu e cerrei os punhos. Merda.
“Você foi demitido?”, Rogan perguntou, incrédulo. Aquilo era
incompreensível. Inconcebível.
“Não. Não fui demitido.”, disse Desmond francamente. “Eu me
demiti.”
 
 
Capítulo 54
 
 
 
ALYSSA
 
Passei o resto do dia borbulhando de ódio. Tentando ao máximo ouvir
a história que Desmond nos contou sobre sua reunião com o chefe e como
tudo tinha desabado instantaneamente.
Desmond não estava disposto a aceitar o rebaixamento, e nenhum de
nós o podia culpar. Primeiro, ele tentou da forma mais civilizada, tentando
trazer bom senso à cabeça do chefe sem mencionar Emma de jeito nenhum.
Ele explicou como era dez vezes mais valioso no escritório do que levando
coisas entre uma obra e outra. Que ele tinha trabalhado por anos cuidando
das equipes e que tinha feito muita coisa para a Vale Verde desde o dia em
que foi contratado.
Mas o velho não estava escutando.
Se tinha uma coisa que nosso chefe era, era irracionalmente teimoso.
Além de ser ferozmente superprotetor quando se tratava da filha, e de não
ter nada de bom para dizer sobre seu ex-namorado ‘encrenqueiro’.
Resumindo, a batalha de Desmond foi só ladeira abaixo. Ele já tinha
perdido antes mesmo de começar.
Rogan e Mason já tinham ido para casa. Algo sobre uma ideia que
Desmond teve, sobre os ‘próximos passos’. Mas eu sabia o suficiente para
perceber que não dava mais para trabalhar. Não naquele escritório. Não
depois do que tinha acontecido.
Parte de mim queria ir falar diretamente com o velho. Fazê-lo se
sentar e escutar o bom senso. Ele tinha que se dar conta de que Desmond
era um dos melhores funcionários que ele tinha. E que ele estava jogando
aquele profissional fora por causa de uma vingança da sua filha mimada
contra a rejeição do seu ex-namorado.
Mas então Emma passou pela minha janela.
Ela sorriu para mim — a vaca realmente sorriu para mim! E acenou
simpaticamente.
CARALHO!
Fiquei de pé em um instante. Meus punhos estavam cerrados e eu
queria socar seu rosto convencido e zombeteiro.
Mas antes que eu fizesse isso… peguei algo da gaveta da minha
escrivaninha.
Abri minha porta e entrei rapidamente no salão principal. Emma me
notou imediatamente. Seu rosto convencido derreteu um pouco quando ela
se deu conta de que talvez tivesse ido longe demais. Que seria um deleite
para mim acabar com ela… na frente de vinte ou trinta colegas de trabalho
mais próximos.
Eu a vi correr para o seu escritório e tentar fechar a porta. Mas eu fui
mais rápida. Coloquei o pé primeiro e então empurrei meu corpo para
dentro da sala.
“Você está completamente maluca?”, praguejei, fechando a porta
atrás de mim.
Bom… muita sutileza da sua parte.
Emma ficou de pé com as mãos na cintura, com a expressão de total
indignação. Por um segundo, eu achei que ela fosse chamar a segurança.
Mas nossos olhares se encontraram… e eu vi o orgulho tomar conta dela.
“Você realmente quer fazer isso?”, ela me desafiou, cruzando os
braços.
“Como você pôde fazer isso com ele?”, gritei. “Depois de tudo o que
vocês passaram juntos, é assim que você—”
“Ah, me poupe.”
Ela se inclinou sobre sua mesa, parecendo mais segura de si do que
realmente era. Seus olhos estavam frios e calculistas.
“Você realmente vai me passar sermão?”, Emma escarneceu. “A
garota que pegou meus sapatos imediatamente após eu tirá-los?”
“Você os tirou, de fato.”, eu apontei.
“E você estava pronta para pegá-los.”, ela zombou. “Literalmente.”
Seus olhos flamejavam, mas os meus também. Não havia nenhuma
finalidade em negar ou tentar suavizar nada. Nós duas sabíamos o que
estávamos fazendo.
“Tudo bem.”, eu disse. “Entendo o ciúme. Pode me odiar o quanto
quiser. Mas Desmond—”
“—É um homem adulto que pode se defender sozinho.”, Emma me
interrompeu. “Ele realmente precisa que sua vagabunda mais recente venha
falar por ele? Porque o Desmond que eu conheci—”
Eu destruí sua mesa. Aconteceu em um instante, sem pensamento ou
pretensão. Em um segundo eu estava correndo para a frente pronta para dar
na cara dela… no segundo seguinte, tudo voou de cima da sua mesa e se
espatifou no chão.
Emma olhou para a pilha de papeis, suprimentos de trabalho, canetas
e outras coisas. Eu poupei seu laptop. Provavelmente porque estava ligado
na tomada.
“Você está acabada.”, ela disse acidamente.
“Ah, estou?”, zombei. “Você vai chamar o papai?”
Eu a atingi. Vi sua pele toda ficar vermelha de ódio.
“Talvez papai precise saber exatamente por que seu melhor
funcionário pediu demissão. Você já contou a ele? Ele já sabe?”
Dei um passo na direção dela. Eu tinha perdido totalmente os limites
da raiva e da intimidação.
“Você contou a ele sobre Rogan?”, perguntei. “E sobre Mason
também? Seu papai sabe todas as coisinhas sujas que você fez com eles? E
como isso te tornou tão mesquinha e vingativa?”
Ela deu um passo para trás, mas não havia para onde ir. Emma estava
contra a parede. Olhando pela porta de vidro do escritório, procurando
ajuda possivelmente.
“Você não está com raiva de mim porque eu estou fazendo o que você
costumava.”, rosnei. “Você está amarga porque foi rejeitada.”
Ela piscou. A verdade dói.
“Talvez papai precise saber que sua empresa é refém de uma fedelha
doente de amor e sedenta por sexo?”
Emma engoliu a seco e recobrou um pouco da compostura. “Sedenta
por sexo?”, ela zombou. “E você? Chegue perto do escritório do meu pai
que eu conto a ele exatamente o que você está fazendo.”
“Eu nego tudo.”, dei de ombros, com uma risadinha. “E vou até o RH
e te reporto por abuso de autoridade.”
Ela estava totalmente confusa. Ela era tão mimada que nunca tinha
pensado naquilo.
“É claro, você não vai poder negar.”, eu continuei. “E eu odeio dizer,
mas seu pai vai acreditar em mim totalmente.”
O rosto de Emma se curvou num sorriso de negação. “Ah, sim, claro.”
“Especialmente quando eu mostrar isso a ele.”
Lentamente tirei seu diário das minhas costas. Ela não o reconheceu
imediatamente, mas no momento em que se deu conta, seu coração deve ter
parado.
Merda… pensei comigo mesma.
Era jogo sujo. Praticamente roubar o diário do chalé. Mantê-lo seguro
no escritório esperando o momento em que Emma fosse começar a criar
confusão. Eu não queria mostrá-lo ou usá-lo de fato. Muito menos mostrar
ao seu pai. E para ser honesta, não tenho certeza se eu seria capaz de fazer
aquilo.
Mas Emma não sabia.
“Você… pegou meu—”
“Sim.”
“SUA PIRANHA!”
“Ok.”, eu sorri. “Aceito o elogio.”
A expressão de Emma era uma mistura de ódio com dor. Agarrei o
diário e me movi na direção da porta.”
“Você sabe o que fazer.”, eu disse enfaticamente. “Conte ao seu pai
que a história de Desmond foi um erro. Você o coloca de novo na sua
posição e para de atrapalhar seu trabalho.”
Ela deu um passo para a frente, tomando cuidado para não escorregar
nos papeis que cobriam o chão. “E aí você me devolve meu diário?”
“Sim.”, eu disse. “E todo mundo volta à civilidade. Especialmente
você, porque no fundo, você vai se dar conta que só três minutos são
necessários para todas as páginas deste diário serem fotografadas.”, eu
inclinei a cabeça. “Não é?”
Os ombros dela cederam, como o resto do seu corpo. Sua expressão
estava diferente. Eu vi a derrota em seus olhos.
“Olha, isso é muito fácil.”, eu digo. “Você só precisa fazer nada…”,
dei de ombros. “E nada acontece.”
Me virei para sair antes que tudo piorasse. Eu já tinha dito tudo o que
precisava. Qualquer outra coisa seria contraproducente. Ou Emma fazia a
coisa certa ou—
“Ok…”
Olhei para trás hesitante. Seus braços estavam cruzados.
“Eu digo ao meu pai. E o deixo em paz.”
As palavras tinham peso. Eu sabia que ela estava falando sério pelo
tom e pela sua postura.
“Eu deveria te agradecer, pensando bem.”, ela disse maliciosamente,
com o sorriso voltando vida nova era melhor. Que eu nunca deveria ter
voltado para ao seu rosto. “Por me lembrar que minha cá e tentado repetir o
mesmo erro estúpido.”
Esperei até chegar no corredor antes de responder. “Na verdade, eu
deveria te agradecer.”, eu disse, com uma doçura falsa e forçada. “Se eu não
tivesse encontrado seu diário… nenhuma dessas coisas deliciosas teriam me
acontecido.”
 
 
Capítulo 55
 
 
 
ALYSSA
 
“E aí?”, perguntei animada. “Qual você quer primeiro?”
Eu tinha chegado no apartamento de Desmond em tempo recorde.
Voando de alegria com tudo o que tinha acabado de acontecer. Encontrei os
rapazes em volta da mesa da cozinha. Encarando a tela do laptop sobre
vários outros papeis.
Eu esperava que eles estivessem desamparados. Amargos e bravos
com a partida de Desmond. Mas eles pareciam empolgados com algo.
Mesmo antes de eu falar alguma coisa.
“Boas ou ótimas notícias…”, Rogan repetiu. “Hmmm… escolha
difícil.”, ele se virou para Desmond. “Não sei, cara. qual queremos
primeiro?”
“As notícias boas primeiro.”, disse Mason.
“Emma não vai mais nos incomodar.”, eu sorri alegremente, me
certificando de olhar diretamente para Desmond. “Nenhum de nós.”
“Caralho. Notícias de fato boas.”, Rogan disse. “Você está nos
dizendo que existem notícias melho—”
“Desmond pode voltar para o seu cargo.”
Os três ficaram em silêncio e eu me recostei, sorrindo. Mas eles não
pareciam surpresos. Nem mesmo empolgados.
“Vocês ouviram o que eu disse?”, pisquei. “Emma vai falar com o pai.
Ela prometeu retirar tudo o que disse sobre você.”
Desmond acenou lentamente. “Isso é muito legal, sério.”
Apertei meus olhos, confusa. “Vocês não entenderam?”, perguntei.
“Você pode voltar para o seu trabalho! Não na obra, mas no escritório. E—”
“Mas eu não quero meu trabalho de volta.”
Foi minha vez de me sentar, atônita. A cozinha ficou tão silenciosa
que eu pude ouvir os tiques do relógio de parede de plástico de Desmond.
“Eu me demiti, Alyssa. O velho não me demitiu.”
“Sim, mas você pediu demissão por causa de Emma!”
Meu namorado grande e lindo ensaiou dar de ombros. “Sim, ela foi
um catalisador. Ou melhor, ela pode ser considerada a gota d’água nesse
caso.”
“Mas você pode voltar para a Vale Verde.”, eu disse. “Pelo que ela
disse, ela vai embora de qualquer jeito. Porque sair da empresa depois de
trabalhar tão duro e—”
“Por causa disso.”, ele virou o laptop para mim.
Encarei a tela. Havia um emaranhado de números com vários
símbolos de dólar perto deles. uma planilha enorme, com colunas, fileiras e
somas.
“Eu—eu não entendi.”
“Eu vou abrir meu próprio negócio.”, disse Desmond, mas Mason
limpou a garganta. “Não, mentira. Nós vamos abrir o nosso negócio.”
Olhei novamente para a planilha. Era uma lista de suprimentos.
Custos de licenças. Estimativas de gastos e porcentagens de empréstimos.
Várias janelas do navegador estavam abertas em sites de imobiliárias.
Algumas plantas estavam impressas na mesa.
“Estou cansado de trabalhar para os outros.”, disse Desmond. “Já faço
isso há anos e sei o suficiente. Já posso trabalhar como empreiteiro, do
início ao fim. desenvolver propriedades eu mesmo, começando do zero.”
Minha mente estava girando. Aquilo não era em nada o que eu
esperava! E ainda assim, parecia bom. Bom demais.
“Você acha que está pronto para isso?”
“Caralho, ele está sim.”, disse Rogan. “Já faz anos, ele só não sabia. E
agora ele tem apoio. Ajuda.”, ele deu uma cotovelada em Mason, que
grunhiu concordando.
“Tenho economias.”, disse Desmond. “economias bem substanciais,
na verdade.”
“Eu também.”, disse Mason. “Rogan também.”
“Pensei em reformar primeiro.”, Desmond continuou. “Comprar
propriedades abandonadas e consertá-las. Mas quer saber? Eu prefiro
construir. Trabalhei na Vale Verde tempo o suficiente para conhecer todos
os contatos dos quais preciso. Eu sei quando acontecem os leilões. Eu sei
onde ir para comprar terrenos, onde comprar materiais… Rogan pode fazer
o design, apresentar projetos, conseguir licenças…”
“Mason cuida do financeiro.”, Rogan continuou. “Ele vai tratar dos
empréstimos, financiamentos, folhas de pagamento, notas fiscais dos
fornecedores…”
“E eu conheço mais provedores de serviços do que precisamos.”, disse
Desmond. “Bombeiros, eletricistas, marceneiros, gente pra cuidar do
aquecimento.”, ele sorriu, quase malignamente. “A Vale Verde vai se
arrepender de tudo, especialmente porque vou levar algumas equipes
comigo…”
Encarei-os de volta, sentindo alegria e orgulho. Eu estava sem
palavras. Ou melhor, virtualmente sem palavras.
“Caralho.”
A planilha ainda brilhava na tela. Tudo fazia sentido.
“Eu posso fazer a maior parte da carpintaria.”, Desmond continuou.
“Pelo menos no começo. Sem mencionar que Rogan trabalhou comigo
colocando janelas por três verões. Até Mason pode pegar no martelo se
precisar.”
Meu orgulho foi substituído por uma onda de pânico. “Então isso
significa que vocês três vão se demitir?”
“Não agora.”, Rogan admitiu. “Mas eventualmente sim.”
Eu estava chocada. Atônita. Meio amedrontada, mas muito feliz por
eles.
“Então vocês vão me abandonar…”, eu dei uma risadinha, tentando
suavizar a frase.
“Bom…”, disse Desmond. “Na verdade…”
Ele empurrou um papel de uma pilha na minha direção. Pude ler as
palavras: Construtora Nevasca.
Olhei o papel três vezes, rindo três vezes. Mas os rapazes não estavam
rindo.
“É um nome perfeito.”, eu disse finalmente.
“É sim…”, Mason concordou. “Mas só se você estiver conosco.”
As palavras ecoaram na minha cabeça enquanto a cozinha ficava
mortalmente silenciosa. Cada tique do relógio retumbava.
Conosco…
“Nós tínhamos pensado em Grupo Concreto Armado,”, Desmond riu.
“Mas sabe… é um trocadilho meio pesado.”
“Espera.”, eu disse. “Se eu estiver com vocês?”
“Sim.”, disse Rogan.
“Como sócia?”
“Ah, nós definitivamente queremos que você seja nossa sócia,”, ele
explicou, “mas também queremos muito mais do que isso…”
“Queremos que você seja nossa namorada, Alyssa.”, disse Desmond,
pegando minha mão. “Totalmente. Completamente.”
“Oficialmente.”, Rogan completou.
“Você é nossa.”, Mason murmurou, sorrindo. “Já faz algum tempo. E
caso você não tenha notado,amamos você.”
Os rapazes acenaram solenemente quando arregalei os olhos. Olhei de
Desmond para Mason e para Rogan. Os três me encaravam de volta com a
mesma expressão de alegria profunda.
“Também amo vocês!”, eu disse, explodindo em lágrimas.
“O suficiente para trabalhar conosco?”, Desmond sorriu.
“O suficiente para fazer qualquer coisa com vocês!”, exclamei, antes
de ser engolida pelo maior abraço coletivo do mundo.
 
 
Epilogo
 
 
ALYSSA
 
“Tem certeza de que você está pronta?”
Eu estava esticada na nossa cama, sobre nossos lençóis novos, na suíte
master da nossa nova e recém alugada casa de quatro quartos.
“Mais pronta do que nunca.”, eu pisquei de volta para Desmond.
Ele deu um tapa na minha bunda pelada forte o suficiente para me
fazer pular. Eu estava ensopada. Tão pronta…
“Vamos lá então,”, disse Rogan impaciente, me puxando para cima do
seu corpo duro, “não consigo esperar nem mais um minuto para voltar para
dentro de você…”
Escorreguei nele, suspirando enquanto ele me preenchia por dentro.
Colocando minhas mãos no seu peito perfeito, rolei meu quadril para a
frente e para trás algumas vezes enquanto os outros olhavam.
“Tudo certo?”, perguntou Mason, apoiado ao meu lado.
Eu o beijei profundamente, girando minha língua na sua boca
enquanto me contorcia no colo de seu amigo. “Só aproveitando a cavalgada
por aqui…”
Ele gargalhou na minha boca e me beijou com ainda mais paixão do
que o normal. E isso porque aquela noite era tudo menos normal.
Nós estávamos celebrando naquela noite.
As mãos de Rogan escorregaram para cima e ele amassou meus
peitos. Ele arrastou as pontas dos seus dedos pelas minhas áreas mais
sensíveis, me apressando nos movimentos no seu pau.
Dezesseis meses…
Era o tempo que fazia. A duração desde a primeira vez que eles me
tocaram, me seguraram e fizeram amor comigo — todos ao mesmo tempo.
Do jeito que eu amava.
Do jeito que eu os amava.
“Da próxima vez, fico por baixo.”, Mason murmurou na minha boca.
“Tudo bem.”, eu sorri, beijando-o de novo. Agarrei seu pau de forma
firme e promissora. “Especialmente porque você não cabe em nenhum outro
lugar…”
Dezesseis meses. Quase um ano e meio juntos. Três casas construídas
do zero e quatro outras em andamento. Dois novos terrenos sendo
adquiridos na vizinhança. Uma venda pendente…
“Caralho, você é gostosa.”, resmungou Rogan debaixo de mim. Sua
voz estava familiarmente rouca, e eu conhecia o tom muito bem. “Quase
gostosa demais—”
“Não ouse gozar ainda.”, suspirei. Relutantemente, diminuí o ritmo
um pouco. Parei de roçar minha bunda toda vez que ia até o fim do seu pau.
“Se eu preciso resistir, você também precisa.”
Ele gargalhou, soprando meu cabelo para fora da sua boca. Ele
balançava enquanto eu o cavalgava, fazendo cócegas no seu rosto enquanto
eu olhava para Mason, implorando.
“Já vou.”
Meu terceiro amante esticou o braço e colocou as madeixas errantes
do meu cabelo atrás das minhas orelhas. Ou pelo menos algumas delas.
Da próxima vez: rabo-de-cavalo.
Eu gargalhei com o absurdo de tomar notas mentais naquela altura.
Mas ainda assim, havia muita logística envolvida no que dizia respeito a
transar com três homens ao mesmo tempo. Especialmente considerando o
que estávamos prestes a fazer.
Não acredito que estamos finalmente juntos!
Tanta coisa tinha acontecido naquele ano, tudo ainda era um turbilhão.
O apartamento de Desmond tinha virado nossa casa e nosso escritório. O
lugar onde passávamos os dias tratando de negócios e quase todas as noites
juntos.
Três meses depois que começamos, Rogan se mudou. Depois de seis
meses, o contrato de aluguel de Mason acabou. Eu mantive meu próprio
apartamento por mais tempo, até aquele momento. Mas me mudar para a
mesma casa que eles era inevitável. Fazia sentido.
Além disso, economizamos muito dinheiro.
“Escorrega um pouco mais.”, Desmond murmurou por trás de mim.
“Estou pronto.”
Senti Rogan se mover e um arrepio de antecipação me invadiu. Eu
estava prestes a fazer algo maluco. Algo no qual eu tinha trabalhado e
prometido a mim mesma que tentaria na nossa primeira noite na casa nova.
“Lembre-se do que combinamos,”, eu sorri para Desmond, “sobre ir
devagar…”
“Sim, sim.”, ele disse, se masturbando. Seu membro estava liso e
escorregadio. Totalmente coberto de óleo enquanto ele avançava nas minhas
costas.
O chalé. Tudo tinha começado lá. E tínhamos voltado para passar o
Natal de novo. Com os negócios do jeito que estavam, só pudemos tirar
alguns dias de folga. Caramba, nem deu tempo de esquiar.
Mas trepamos feito malucos em todos os lugares, lembrando da
nevasca que tinha feito com que nos aproximássemos tanto.
Não foi só isso o que você fez lá…
Verdade. Porque foi durante as festas de fim de ano, gentilmente
esmagada entre meus três lindos namorados que eu fui apresentada ao sexo
anal.
E quem diria… eu amei.
Era tão bom que eu ficava puta. Brava comigo mesma por não ter
feito por tanto tempo e desperdiçado outro ano da minha vida sexual sem
ter o rabo comido.
Talvez porque eles eram muito bons naquilo. Rogan e Desmond
tinham sido o primeiro e o segundo, me tomando cuidadosamente por
aquele lugar onde ninguém jamais esteve. Eu gostei tanto que até deixei
Mason tentar… apesar de ter precisado interromper sua aventura
rapidamente, quando ele estava na metade.
‘Foi bom enquanto durou’, ele disse, com um sorriso triste.
Entretanto, me certifiquei de cuidar muito bem dele pelo resto da viagem.
Compensar tudo o que ele estava perdendo, enquanto os outros me
tomavam da forma que desejavam.
E agora ali estávamos nós, na nossa primeira noite na nossa casa
nova; uma casa na qual viveríamos juntos. Uma família de verdade, pela
primeira vez. Nós planejávamos projetar e construir nossa casa dos sonhos
um dia. Começaríamos do zero, assim como fizemos com o futuro que
tínhamos pela frente.
Mas isso aconteceria mais tarde. Por que naquele momento?
Eu estava prestes a ser duplamente penetrada pela primeira vez nas
nossas vidas.
“Fique parada por um minuto.”, disse Desmond. “Não se mexa.”
Senti suas mãos se fecharem no meu quadril. Seus dedos flexionados
me traziam para mais perto enquanto Rogan diminuiu suas estocadas até
parar debaixo de mim.
Isso vai ou doer de verdade… pensei. Ou vai ser a coisa mais gostosa
do mundo.
Eu fui sábia o suficiente para me dar conta de que poderia ser
qualquer uma das possibilidades. Mas otimista o suficiente para esperar
pela segunda opção.
Desmond abriu minhas nádegas gentilmente e eu me preparei para o
inevitável. Senti sua cabeça pressionar meu novo lugar favorito com um
calor agradável.
“Vai.”
Ele enfiou o mais devagar que pôde. O lubrificante fez seu trabalho. E
assim, ele escorregou para dentro, me partindo no meio perfeitamente.
Enchendo meu cérebro com aquela sensação maravilhosa de ser preenchida,
combinada com o formigamento quente de fazer algo travesso e proibido.
“Ah… ai, uau!”
Desmond não falava ‘uau’ com frequência. Mas quando ele falava…
“Você é mais apertada do que eu imaginava.”
Mantive minha posição, encarando Rogan amorosamente. Sentindo o
calor do seu peito pressionar meus peitos com força enquanto seu amigo
enfiava no meu rabo maravilhosamente, centímetro por centímetro.
“Tudo bem?”, ele perguntou e me beijou.
“Eu que te pergunto.”, eu sorri.
“E nunca pensei que alguém fosse entrar na minha garota enquanto eu
já estivesse dentro dela.”, ele admitiu. “Mas caralho, isso é muito gostoso.”
As mãos de Desmond relaxaram na minha bunda e eu sabia que ele
estava quase totalmente dentro. Ele empurrou um pouco mais, nos fazendo
mexer para a frente e de repente eu senti sua barriga encostar nas minhas
nádegas.
“Parabéns.”, Mason riu. “Você é um sanduíche sexy.”
Ahhhh….
Fechei os olhos, me concentrando na nova sensação requintada de ter
dois dos meus amantes dentro de mim ao mesmo tempo. era incrivelmente
confortável. Deliciosamente apertado. Mas valia totalmente, totalmente a
pena…
“Vamos.”, acenei, puxando meu cabelo pelo peito de Rogan. “Por
favor. Me fodam.”
Eles começaram, um de cada vez, testando nossos novos limites.
Vagarosamente entrando e saindo enquanto o outro mantinha a posição
dentro de mim.
Então eles começaram a sincronizar o movimento… e meus olhos
foram parar na minha nuca.
Caraaaalho.
Pela lógica, deveria ser duas vezes mais gostoso, mas era muito mais
do que isso.
MEU DEUS.
Nada jamais se compararia àquela intensidade! À proximidade física
dos nossos corpos revoltos, se movendo e se contorcendo como um só.
Mas havia um limite emocional também — uma onda de excitação em
ser possuída pelos dois simultaneamente. Era o melhor dos dois mundos.
Todo o prazer de ter Rogan estocando, enfiando seu pau no meu canal
molhado e ansioso… magnificado pela vulgaridade crua de receber a vara
grossa profunda e dolorosamente entre as minhas nádegas.
“Ai, meu Deus. Isso é bom!”
Duas mãos gentis seguravam meus ombros, me empurrando para trás
a cada estocada.
Mason.
Olhei para cima e vi os belos olhos verdes do meu terceiro amante.
Eles estavam brilhando, tomados de luxuria.
“Vem aqui, gato.”, suspirei, esticando a mão. Eu sorri e lambi os
lábios. “Sem chance de eu te deixar de fora…”
Era a última peça do quebra-cabeça.
Siiiiim.
Mason cresceu na minha frente. Seu corpo incrível ondulava enquanto
ele ficava de pé. Agarrei seu bastão grosso e o enfiei na boca.
Hmmmmm…
E foi assim que nos conectamos — todos ao mesmo tempo. E como
eu sempre quis ser o centro do mundo daqueles homens…
…Ali estava eu.
E agora, Alyssa? Qual o próximo passo?
Milhares de coisas. Dez mil aventuras. Construir, vender. Comprar…
construir de novo.
Sim, mas e vocês quatro?
Nós já tínhamos discutido o futuro e ele só ficava mais brilhante.
Amor. Vida. Risadas. Construir um lar. Nos estabelecer e encher aquele lar
com crianças.
Os três queriam famílias. E famílias grandes.
Você pode fazer isso?
Ah, Deus, eu certamente podia. Eu tinha pensado tanto em trazer
vidas novas ao mundo. E na melhor parte daquilo — dividir a vida com três
homens que eu amava mais do que tudo e que sempre me amaram.
Filhos.
Eu mal podia esperar para gerar os filhos deles. Desde o começo. Eu
já tinha dito a eles. Tudo o que tínhamos feito juntos era não ortodoxo, no
mínimo. Mas e se minha vida fosse nada ortodoxa, mas delirantemente
feliz?
Bom… eu poderia viver com aquilo.
“Eu vou gozar…”, uma voz surgiu nos meus pensamentos. Eu abri os
olhos. Poderia ser qualquer um deles.
“Quando você gozar…”, me engasguei. “Certifique-se que faremos
juntos…”
Rogan gargalhou e gemeu. “Somos mágicos por acaso?”
Eu o apertei, como punição, aumentando sua tormenta.
“Ok… ok.”, ele sussurrou. “Só me avise… quando—”
AGORA.
Desmond explodiu com o som daquela palavra, como um vulcão em
erupção, espalhando sua lava na minha bunda.
“Isso.”, eu disse. “Aperta…”
Suas mãos se flexionaram e seus dedos perfuraram minha carne. Era
tão gostoso. Parecia tão certo.
“Aperta minha bunda enquanto você goza em mim…”
Suas mãos se abriram e fecharam, torcendo minha bunda com força.
Senti uma mistura de euforia e dor percorrer minha espinha e atingir o
centro de prazer do meu cérebro.
“POR DEUS, ISSO!”
Eu gritei no penúltimo momento e atingi meu clímax em dois paus
pulsantes ao mesmo tempo. Senti-mei como uma estrela cadente entrando
finalmente em supernova. Liberando cada grama de amor e calor e energia
ao mesmo tempo, gastando tudo em uma erupção brilhante de alegria e
contentamento.
Quando olhei para baixo, o rosto de Rogan já estava contorcido
exuberantemente. Ele já tinha gozado sem eu perceber, me enchendo até
transbordar, depositando até a última gota dentro do meu corpo enquanto
nós três tentávamos desesperadamente encher nossos pulmões com
oxigênio de novo.
Mason!
Me afastei dos outros dois até o centro da cama, esticando meus
braços na direção do terceiro enquanto abria minhas pernas obscenamente
para Mason.
“Me fode…”
Não precisei pedir duas vezes. Ele escorregou para o meio das minhas
pernas e imediatamente para dentro de mim.
“Me fode mesmo.”
Nossas bocas se encontraram com tanta intensidade que batemos os
dentes. E ele me beijou como nunca fui beijada antes. Agarrei-me nas suas
costas, enfiando minha boca profundamente na sua boca doce enquanto
Mason me socava profundamente no meio da nossa cama nova.
AHHHHH…
Sua bunda se movia como uma máquina! Minhas mãos escorregaram
para baixo, e eu me maravilhei com a musculatura sob sua pele. Senti seus
glúteos se flexionarem e relaxarem enquanto ele me fodia com tanta força
que eu achei que fosse ser partida em duas.
Ele foi tão fundo!
Era como ser perfurada. Ter meu núcleo arrancado por um tipo
sobrenatural de—
Caralho, Alyssa, ele foi tão fundo que—
Agarrei a bunda de Mason com minhas unhas recém feitas. Ele gemeu
feito um animal e cerrou os dentes.
Graças a DEUS.
Nossos lábios se separaram e nos olhamos nos olhos. Mason me
encarou — como se estivesse me perfurando — e sua boca se abriu,
formando um ‘O’. Eu sabia o que viria a seguir.
“Sim, gostosa!”
A primeira jorrada foi como um tiro de canhão. Me atingindo. Me
destruindo por dentro.
“ISSOOO…”
Meu segundo orgasmo foi parecido com o primeiro, mas mais
concentrado, mas focado. Enrolei as pernas ao redor dele o máximo que
pude, desesperadamente tentando mantê-lo dentro de mim. Não que
importasse. Ele não pararia até terminar.
“Eu… eu acho…”
Sorri para ele, inebriada de prazer. Dos recôncavos do entorpecimento
e da dor intensificados pelo êxtase de—
“Acho que encontrei o fim da sua boceta.”
Assenti e gargalhei, beijando-o. Meu rosto estava suado, meu cabelo
entrava entre nós enquanto nos beijávamos.
“Tenho certeza que sim.”
Caralho, era como um novo território! O desconforto estava opaco e
distante. E o prazer, ridiculamente bom.
“Vou sentir isso amanhã.”, eu acenei meio grogue. Agarrei-o mais
forte com as pernas, puxando-o mais para perto. “E talvez depois de
amanhã também…”
Eu sabia sem sombra de dúvidas que eu estava certa. A dor já estava
ali, tênue, profunda e maravilhosa.
“Que maneira de estrear a nova cama!”, disse Rogan, nos jogando um
par de toalhas limpas.
“Sem contar a casa nova.”, acrescentei.
O chuveiro foi ligado no cômodo ao lado. Desmond já estava entrando
no banho.
“Hmm, festa no chuveiro?”
Rogan olhou para Mason e sacudiu a cabeça. “Você consegue
acreditar no quão insaciável essa mulher é?”
“Ei, só estou falando do banho.”, eu ronronei ludicamente, esticando
meus braços para cima da cabeça. “Para outras coisas… preciso de um
minuto, provavelmente.”
“Você vai precisar de mais de um minuto.”, Mason brincou.
“Sim.”, eu gargalhei, dando uma cotoveladinha nele enquanto ele se
levantava da cama. Sorri para Rogan por cima do ombro. “Ele me
quebrou.”
Dezesseis meses. Só isso. Um ano e meio. E tudo tinha mudado.
“Vocês vêm ou não?”
Saí do meu transe e os assisti, duas bundas redondas e musculosas
caminhando para o banheiro. Uma delas com marcas e arranhões.
Três homens.
Meus homens.
“Sua puta gananciosa e insaciável.”, eu gargalhei sozinha, olhando
para o teto do quarto.
E o teto me encarou de volta, silenciosamente.
Quer mais harém invertido?
 
Capítulo 1
 
 
 
DALLAS
 
Acordei na escuridão, um calafrio me percorreu. Desceu pela minha
espinha, arrepiando cada um dos pelos da minha nuca.
Você não está sozinha.
O pensamento veio instantaneamente, sem sequer um momento de
consideração. Era um pressentimento. Um instinto.
Era aterrorizante.
Dallas, levante-se!
Lentamente, meus olhos se ajustaram e eu não via mais o teto. No
entanto, permaneci paralisada. Se eu estivesse sendo observada, ou
perseguida, ou qualquer coisa assim, apenas um movimento poderia...
Meu coração deu um pulo quando o vi: uma figura escura, de pé ao
lado da minha cama.
“QUE P...”
Ele se endireitou, e eu soltei um grito de gelar o sangue. Isso deu a ele
um instante de pausa, este homem de preto. Este homem vestido como a
noite, dos pés à cabeça, misturando-se com as sombras.
Um instante era tudo de que eu precisava.
Eu rolei na cama, tocando o chão frio primeiramente com um pé.
Então, sem perder o ritmo, balancei a outra perna para cima...
... e dei um chute direto no seu saco.
“Unnnfff!”
Foi um grito abafado, mas, ainda assim, foi o suficiente. Isso
interrompeu sua investida no meio do caminho, levando-o para cima e para
trás. Eu pude ouvi-lo cair de joelhos atrás de mim, mas não podia mais vê-
lo por que já havia alcançado a porta do meu quarto e estava correndo pelo
corredor.
“SOCORRO!”
Eu me atrapalhei procurando as luzes pelo caminho. Acho que até
apertei um interruptor, mas, por alguma razão, tudo continuou escuro.
“SOCOOOOORRO!”
Seu telefone!
Droga. Ele havia ficado no quarto. Eu podia tê-lo pegado, podia estar
com ele em mãos agora. Só teria levado um segundo a mais, talvez dois.
Tempo que eu definitivamente tinha, considerando o quão forte meu pé
acertou a virilha do meu invasor.
“SOCOOOOOOOR...”
Meu terceiro grito foi interrompido, quando uma mão tapou minha
boca com força. Isso parou abruptamente meu movimento, me
interceptando enquanto me atirava para a cozinha.
“Shhhh!”
Era um chiado, em algum lugar perto do meu ouvido. Um segundo
agressor. Mais alguém na minha casa... alguém que agora estava com os
dois braços em volta de mim enquanto eu me agitava, chutava e lutava para
me libertar.
“CALMA,” a voz no meu ouvido cochichou. “Você não precisa...”
Eu mordi... com força.
“PORRA!”
Meu novo agressor me soltou por reflexo, me empurrando para longe
de seu corpo. Eu me virei para encará-lo, assim que o gosto quente e
acobreado do sangue encheu minha boca...
CRASH!
Cobri o rosto com os dois braços para me proteger quando a janela da
minha cozinha de repente explodiu. Vidro e pedaços quebrados da moldura
choveram por toda parte. Tudo se espalhou pelo chão e pelas bancadas,
brilhando sobre elas como diamantes pontiagudos ao luar.
“AGARRE-A!”
Outro homem segurou meus braços, vindo de algum lugar do lado de
fora. Assim como o homem que eu havia mordido, ele não estava usando
luvas. Não estava vestindo preto...
“Leve-a para fora daqui! Agora, antes que...”
Ele não conseguiu acabar a frase. O homem do quarto jogou-se sobre
ele, atacando-o por trás. Eu vi chutes e socos, enquanto as duas figuras se
atracavam no chão. Um deles puxou uma faca. O outro... uma elegante
pistola preta.
Dallas!
Eu me contorci com força, mas estava totalmente dominada. Quem
quer que estivesse me segurando era forte – incrivelmente forte – talvez até
mais que meu irmão, Connor.
Mas meu irmão não estava aqui. Porque meu irmão estava morto.
POW!
Um tiro foi disparado. Foi alto e incrivelmente desagradável na minha
pequena cozinha, a explosão de faíscas amarelas do cano da pistola
brilhando intensamente. Por um segundo iluminou a cozinha inteira, e pude
ver mais dois homens. Eles também estavam brigando, jogando um ao outro
contra a parede enquanto os outros se engalfinhavam no chão cheio de
detritos…
POW! POW! POW!
A escuridão reinou novamente por um momento, e então subitamente
eu estava do lado de fora. Podia sentir o vento frio do deserto, a algidez do
ar. Eu ainda estava lutando, ainda chutando e gritando, mas já era tarde
demais. Estava sendo arrastada. Arrastada pelo meu gramado lateral...
... para um grande caminhão preto que estava esperando, as portas já
abertas.
“NÃÃÃO!”
Chutei novamente, desta vez direcionando meu pé para baixo. Acertei
forte na bota do homem que estava me segurando, e senti o aperto relaxar
um pouco.
“DEIXE-ME SAIR...”
Outra batida, e desta vez eu me lembrei de encolher os dedos dos pés.
O osso do meu calcanhar bateu com muita força, com sorte quebrando o
metatarso de quem quer que fosse o dono daquela bota grande de estilo
militar.
“AAAAI... CARALHO!”
As mãos segurando meus braços ficaram mais apertadas, os dedos se
retraindo em garras dolorosas. De repente, eu não estava mais presa ao chão
— estava sendo erguida no ar, carregada pelos últimos três ou cinco metros
antes de ser jogada, como um saco de batatas, na traseira do caminhão de
aparência sinistra.
“Filho da pu...”
Fui jogada para dentro, assim que mais dois homens saíram correndo
da casa, perseguidos pelos homens de preto. Eles entraram rapidamente, um
bem ao meu lado, o outro no banco do passageiro.
Ambos fecharam as portas, nos separando do caos lá fora.
“VAMOS VAMOS VAMOS!”
Com o cantar de pneus e uma chuva de cascalho, descemos a rua. Eu
estava cercada pelos meus captores agora. Três deles e eu.
É isso, a voz em minha cabeça me falou. Você já era.
Resisti uma última vez, tentando me libertar. Mas eu ainda estava
imobilizada. Presa pelos pulsos.
Você nunca mais vai ver sua casa.
Meus dentes rangeram enquanto eu cuspia no chão. A voz interior
estava me deixando furiosa! Me deixando rebelde.
Dallas...
De alguma forma eu consegui olhar para trás por cima do ombro, e
toda a coragem foi embora de uma vez. Eu podia sentir um nó do tamanho
de um punho se formando na minha garganta. Meu coração, despedaçado.
Minha casa inteira estava sendo consumida pelas chamas.
 
 
Capítulo 2
 
 
 
DALLAS
 
“Todos bem? Alguém ferido?”
O homem no banco do passageiro enxugou o suor com um antebraço
gigante. Ele ajeitou para trás uma mecha de cabelo loiro espesso e se virou
para olhar para nós.
“Negativo,” disse o homem sentado ao meu lado. “E acho que acertei
um deles em cheio algumas vezes.” O motorista apenas balançou a cabeça.
“Eles estavam com coletes?”
“Ah sim.”
“Então não serviu para nada.”
O loiro virou seus lindos olhos azuis para mim, me olhando de cima a
baixo. Me avaliando. Talvez até tentando verificar se eu estava ferida
também.
“Minha casa!” grunhi. “Por que minha casa...”
De repente eu estava livre, e tinha controle sobre meus braços
novamente. Comecei esfregando meus pulsos, que doíam demais, enquanto
olhava venenosamente de volta para o cara de cavanhaque sentado ao meu
lado.
“Dallas...”
Tentei não apertar os olhos com a menção do meu nome, mas era
muito difícil. Olhando para trás novamente, pude ver a fumaça escura
subindo à distância, bloqueando toda uma grande faixa de estrelas
brilhantes e cintilantes.
“Dallas, ouça,” disse o loiro, sua voz apaziguadora. “Preciso que você
saiba...”
Aconteceu em um flash, e exatamente do jeito que eu planejei. Em um
momento eu estava distraindo o cara ao meu lado com uma mão perto de
seu rosto, no próximo eu puxava sua arma do coldre.
“Ei... EI!”
Tirei a trava da Glock 19 em um movimento suave e deslizei meu
dedo pelo guarda-mato. A partir daí, foi apenas um movimento rápido do
braço... e eu tinha o cano encostado na parte de trás da cabeça do motorista.
“PARE,” eu disse com firmeza. “Ou eu pinto o para-brisa com o
cérebro desse cara.”
O cara do cavanhaque levantou as mãos lentamente. O loiro também.
“Calma, Dallas. Nós estamos do seu la...”
“Foda-se!” gaguejei. “Se estivessem realmente do meu lado, estariam
de volta na minha casa, me ajudando a apagar o incêndio.”
Eles se entreolharam, depois viraram de volta para mim.
“Acredite em mim,” eu disse. “Está destravada. E se vocês acham que
eu estou brincando...”
Mais rápido do que meus olhos pudessem acompanhar, o loiro no
banco da frente me desarmou. Suas mãos deslizaram sobre as minhas,
viraram meu pulso de lado até doer e arrancaram a pistola do meu punho
aberto.
Merda.
Inacreditavelmente, ele puxou o ferrolho para trás até ouvir um clique,
então me devolveu a arma.
“Pronto,” ele disse. “Uma bala na câmara agora. Ainda está
destravada, então tenha cuidado.”
Por meio segundo fiquei ali sentada, boquiaberta de espanto. Então
coloquei a arma na parte de trás da cabeça do motorista, desta vez
pressionando o cano na carne de seu pescoço grosso.
“PARE. AGORA.”
Para minha surpresa, ele parou. Diminuindo a velocidade suavemente,
parou o caminhão no acostamento da estrada.
“Dallas,” o homem na frente disse novamente. “Não estamos aqui
para machucar você...”
Meus dentes estavam cerrados. “Minha casa está em chamas!”
“Nós não fizemos isso,” o homem disse.
“Então por que estão me sequestrando?”
“Não estamos sequestrando você,” disse o cara do cavanhaque.
“Estamos salvando você.”
Eu dei uma gargalhada alta. Parecia uma doida. “Salvando-me de
quê? E a energia que vocês cortaram da minha casa? E o fogo que vocês
atearam para me matar?”
“Como eu disse, não fomos nós,” disse o loiro. “Pense nisso. Nós
somos os mocinhos. Agora, quem são os bandidos?”
Minha boca se torceu a contragosto. Não respondi.
“Aqueles de preto eram os bandidos,” o cara do cavanhaque
continuou. “Aqueles vestidos da cabeça aos pés com roupas táticas noturnas
e equipamentos de visão infravermelha.”
“Com os quais estávamos lutando,” disse o cara na frente. “Aqueles
de quem afastamos você, tirando-a de lá.”
Eu pensei em toda a maldita confusão, começando com o idiota de pé
sobre a minha cama. Ele definitivamente era um dos bandidos. Idem para
aquele que entrou pela minha janela, também vestido de preto.
Não o cara com a mão na minha boca, no entanto. Aquele era um
desses babacas.
Olhei para o motorista. Suas mãos ainda descansavam no volante.
Uma delas estava sangrando. Eu podia ver uma impressão perfeita dos
meus dentes superiores…
“Sim, nós pegamos você,” disse o loiro. Era como se ele estivesse
lendo minha mente. “Mas fizemos isso para tirá-la de lá. Para mantê-la a
salvo.” Ele apontou com a cabeça para baixo, em direção à arma. “Por que
você acha que suas mãos estão livres? Ou até mesmo por que você está
consciente, para início de conversa?” A boca dele se curvou em um meio
sorriso. “Se nós realmente fôssemos os bandidos, eu lhe devolveria uma
arma de fogo carregada?”
Eu hesitei... então muito lentamente baixei a arma. No segundo que
fiz isso, o motorista soltou o freio e o caminhão começou a se mover
novamente.
“Você é Dallas,” o homem na frente disse novamente. “Eu sou
Maddox. O cara perto de você é o Austin.” Ele tocou no motorista. “Ele é o
Kane.”
O motorista, que ainda não havia dito nada, olhou de volta para o
trânsito.
“Nós servimos com o Connor. Todos nós.”
Meus ombros caíram enquanto meu corpo relaxava. A maneira como
eles agiam, como se moviam... tudo fazia sentido agora. Eles são SEALs!
Como meu irmão...
“Pronto,” disse o cara do cavanhaque, estendendo a mão com
expectativa. “Dá para entregar?”
PLIM-PLIM!
Com o movimento do meu pulso eu puxei o ferrolho para trás,
ejetando a primeira bala para cima. Ela girou no ar, dando uma cambalhota,
até que eu a peguei agilmente em meu outro punho.
“Tudo bem, então,” resmunguei. “Vamos conversar.”
Devolvi-lhe a arma pela coronha, a câmara aberta e vazia. O menino
bonito na frente olhava, tão fascinado quanto impressionado.
“Caralho,” ele xingou baixinho. “Eu acho que ela realmente é irmã do
Connor...”
 
 
Capítulo 3
 
 
 
DALLAS
 
O grande caminhão adentrou mais fundo no deserto, onde a poluição
luminosa deu lugar a um bilhão de estrelas. Eu gostava de dirigir aqui às
vezes, quando não tinha nada para fazer. Para fugir dos subúrbios de Las
Vegas, ou simplesmente dirigir na direção oposta da Strip, a região dos
cassinos.
“Água?”
Eu neguei balançando a cabeça quando o cara na frente – Maddox,
como ele disse que era seu nome – abriu a tampa de um grande frasco de
aço inoxidável. Ele o guardou e eu voltei a olhar pela janela.
Connor.
Fazia mais de um ano agora. Mais de quatorze meses desde que meu
único irmão foi morto em ação. Esse era o relatório oficial da Marinha, pelo
menos. Quaisquer outras respostas que tentei obter deles foram vagas e
frustrantes.
Ah, Connor...
Com as mãos apertando os punhos, esperei até que minhas unhas
cavassem profundamente minhas palmas. Isso permitia que eu me
concentrasse na dor. Distraindo-me do que eu realmente queria fazer, que
era desmoronar e chorar.
Mas eu não iria chorar na frente desses caras. De jeito nenhum.
O que diabos aconteceu com você?
Esqueça dessa baboseira de a vida lhe dar limões. Na minha,
ocorreram três verdadeiras explosões atômicas. Três tremendos “foda-se”
espaçados de maneira bastante uniforme ao longo da minha existência,
começando aos dez anos, quando minha mãe contraiu câncer. Ela estava
morta no meu décimo segundo aniversário, e meu pai morreu três anos
depois disso... presumivelmente de desgosto.
Nossa pequena família de quatro tinha sido reduzida pela metade bem
a tempo dos meus doces dezesseis anos, que eram tão doces quanto morder
um limão. Mas apesar de tudo, e mesmo após tudo isso, pelo menos eu
tinha Connor.
AAAI!
Olhei para baixo, para as palmas das minhas mãos. Eu as havia
machucado até tirar sangue novamente. Desta vez das duas.
Lambuzando minha calça de moletom com as mãos, eu olhei para
fora. A Lua estava apenas três quartos cheia, mas era o suficiente para
envolver todo o horizonte do deserto em uma luz azul nebulosa.
Connor tinha sido o melhor irmão do mundo, antes e depois da morte
de nossos pais. Foi uma figura paterna também. Ele tinha idade suficiente
para assumir a minha tutela, e pudemos ficar na casa em que fomos criados.
A casa trazia lembranças para nós. Memórias de alegria e de família, de
férias, mamãe, papai...
Meu irmão não me criou realmente, nós criamos um ao outro. Éramos
uma equipe – completamente inseparáveis. Unidos pelo sangue, mas
também pelo nosso batismo de fogo. Tudo que eu passei, ele passou... e
vice-versa.
Generosamente e de maneira altruísta, Connor deixou de lado seus
sonhos de alistamento até depois do meu aniversário de dezoito anos. Ele
tinha 21 anos quando chegou ao campo de treinamento e se saiu tão
facilmente nos testes de triagem física que foi encaminhado rapidamente
para o curso de formação do Grupo de Operações Especiais da Marinha.
Connor se tornou um SEAL, e eu me tornei inteiramente
independente. Não que eu não fosse independente antes, mas agora eu
estava completamente, inteiramente sozinha.
No entanto, eu ainda tinha meu irmão. Nós ainda conversávamos por
mensagens de texto e pelo Skype sempre que tínhamos uma chance. Às
vezes, ele até passava um tempo em casa, entre missões ou temporadas
distantes. Entre as coisas incrivelmente perigosas que ele fazia e sobre as
quais nunca queria falar, e os lugares onde eu não conseguia ter contato
com ele.
Essas eram minhas lembranças favoritas de todas – as vezes em que
ficávamos em casa assistindo a filmes antigos. Falando sobre mamãe e
papai, enquanto queimávamos diferentes refeições juntos. Nós dois éramos
terríveis na cozinha. Felizmente, éramos ótimos em fazer pedidos.
Quando você é uma crupiê de blackjack, nada mais lhe atrai na Strip.
Torna-se trabalho. Torna-se padrão. As únicas vezes que realmente gostava
de sair em Las Vegas era quando Connor estava em casa. Porque quando
nos cansávamos de relembrar – ou perseguir os fantasmas do nosso passado
pela casa – nós dois saíamos e ‘tocávamos o terror’ juntos, seja o que for
que essa expressão queira dizer.
Mas agora...
Agora Connor estava morto. Se foi para sempre, como todos na minha
vida. Era algo do qual eu nunca me recuperaria, nem queria, e nem mesmo
estava tentando. Mas, de alguma forma, eu ainda acordava todos os dias.
Ainda me arrastava para o trabalho, distribuía cartas por nove horas e
aguentava vários graus de besteira do supervisor apenas para chegar em
casa e cair na minha cama.
E agora a minha cama se foi também...
Eu esqueci de como estavam minhas mãos. As lágrimas começaram a
escorrer, independentemente de eu querer, e a próxima coisa que eu percebi
era que estava soluçando em minhas mãos cobertas de sangue.
“Ei…”
Uma grande mão pousou no meu ombro. Eu a empurrei.
“Você... você está bem?”
Não, eu não estava bem. Estava longe pra caralho de estar bem. Meus
pais se foram, meu irmão estava morto, e agora tudo o que eu possuía havia
virado uma pilha de cinzas fumegantes. Eu podia ver agora: as luzes
piscando, as sirenes, os paramédicos, os bombeiros e a polícia... todos
parados, coçando a cabeça. Tentando descobrir se eu estava lá ou não.
Merda, eu realmente poderia estar.
“Chegamos,” disse o motorista, sua voz chegando aos meus ouvidos
pela primeira vez. Ele se virou para olhar para mim, todo robusto e
masculino..., mas o olhar em seu rosto era gentil e terno.
“Vou fazer um pouco de café.”
 
 
Capítulo 4
 
 
 
MADDOX
 
Ela estava sentada no centro da nossa cozinha, mas não como um
cachorrinho assustado ou um gatinho indefeso. Não, Dallas Winters
dominava seu espaço. Da mesma forma que seu irmão faria, se estivesse
aqui.
“Você chama isso de café?”
Ela cuspiu de volta na caneca que lhe demos e a empurrou. O líquido
preto ficou na beirada da mesa, balançando para frente e para trás com o
movimento.
“É café fresco,” Austin protestou.
“É café instantâneo, isso sim,” ela praticamente zombou. “Um monte
de porcaria que você dissolveu em água fervente.”
“E daí?”
Ela riu, mas eu poderia dizer que era uma daquelas risadas para não
mostrar outra coisa. Um disfarce. Uma máscara, mantendo o resto de suas
emoções sob controle.
“Não importa,” ela disse, mais para si mesma do que para nós. “Três
marmanjos. Militares. E nenhuma cafeteira à vista.”
Sentei-me em frente a ela, absorvendo tudo. Dallas Winters. Em carne
e osso. Na nossa cozinha. Puta merda.
Do outro lado da sala, Kane se encostou no balcão, os braços
cruzados. Seu olhar estava fixo nela. Olhando para ela com a mesma
intensidade que ele tinha feito mil vezes antes, só que nunca pessoalmente.
Nunca tão perto...
“Então vamos lá,” disse Dallas. “Como vocês poderiam saber?”
“Saber o quê?” perguntou Austin.
“Saber que esses caras iriam invadir minha casa às duas da manhã,
porra.”
Nós nos entreolhamos, um por um. Ninguém disse uma palavra. Não
estávamos preparados para este momento.
“Vocês sabiam, obviamente,” disse Dallas, “que eles estavam vindo.”
Mais silêncio.
“Por acaso vocês estavam de bobeira pela rua, os três? Verificando as
casas?” ela perguntou de maneira prepotente. “Pensando se talvez aquela
casa precisasse de ajuda diante de intrusos armados que podiam ver no
escuro? Homens vestidos de preto, vestindo... como foi mesmo que você
chamou? ‘Roupas táticas noturnas’?”
“Certo, certo,” eu disse. “Nós sabíamos.”
“Sim, mas como vocês poderiam saber?”
“Porque nós estávamos observando você.”
As palavras foram ditas por Kane. Ele as pronunciou lentamente, no
mesmo tom. Sem um pingo de cerimônia.
“Me observando?”
“Sim,” respondeu Austin. “E foi ótimo que estivéssemos, porque...”
“E exatamente como vocês estavam me observando?” perguntou
Dallas. “Não, esperem...” ela se sentou na sua cadeira. “Podemos começar
com por que estavam me observando?”
Austin estava de pé, mas nesse momento puxou uma cadeira. Ele
virou-a e sentou-se ao contrário, descansando os braços nas costas.
“Estávamos observando você porque seu irmão nos disse para fazer
isso,” ele disse.
Dallas se encolheu visivelmente com a menção de Connor. Ela fechou
a cara.
“Meu irmão está morto.”
“Sim,” disse Austin, tentando ser paciente. “Mas ele disse isso para
nós antes de morrer. Sua última mensagem para nós...”
Ele olhou para mim e eu balancei minha cabeça apenas um
pouquinho. Fiz quase imperceptivelmente, esperando que Dallas não
notasse.
“De qualquer forma,” Austin continuou, “ele nos disse para cuidar de
você. Para ter certeza de que você ficaria bem, porque ele poderia...” ele se
atrapalhou. “Porque ele poderia...”
“Ele poderia ser morto,” Dallas disse, mal-humorada.
Austin assentiu. “Sim.”
O silêncio se abateu sobre a cozinha por um longo momento. Em
seguida, quase como se uma lâmpada se apagasse, todo o comportamento
de Dallas mudou.
“Então vocês sabem o que aconteceu com ele,” ela disse esperançosa.
“Vocês podem me dizer o quê... quando ele...”
Eu podia ver sua luta. A busca por respostas, a curiosidade eterna...
confrontada com a vozinha no fundo de sua mente, gritando que ela não
queria saber. Não de verdade.
Porque uma vez que ela cruzasse esse limiar, nunca poderia voltar.
“Esperem,” disse Dallas. “Quando ele disse isso para vocês? Faz um
ano que ele se foi.”
Austin parou de falar. Kane raspou a garganta.
“Vocês estão me dizendo que estão me observando há mais de um
ano?”
Cruzei os braços sobre o peito. A essa altura, a honestidade era a
única opção real.
“Sim.”
“Vocês estiveram observando a minha casa por um ano? Passando por
lá no meio da noite? Procurando por sinais de problemas, esperando que
alguém que entrasse no meu quarto enquanto eu estivesse dormindo, apenas
para...”
“Não foi assim,” disse Austin. “Não passamos pela sua casa porque
não precisávamos passar pela sua casa.”
Ela parecia confusa. Totalmente perplexa. Mas eu podia sentir uma
raiva também, crescendo dentro dela. Brotando, logo abaixo da superfície.
Uh uh.
“Há câmeras,” disse Kane, como quem não quer nada, “instaladas em
sua casa.”
Ele nem se abalou quando a cabeça de Dallas virou em sua direção.
Ela ficou boquiaberta.
“Estávamos observando você remotamente.”
 
 
Capítulo 5
 
 
 
DALLAS
 
“Vocês estavam me VIGIANDO?” gritei, pulando da minha cadeira.
“Na minha CASA?”
“Calma,” disse Maddox. “Não é bem assim...”
“Por um ANO inteiro?”
Eu fiquei chocada. Atordoada. Absolutamente furiosa. Mas também...
Eu também estava confusa.
“Não acredito que vocês colocaram câmeras na minha casa!”
exclamei. “Não acredito...”
“Não na sua casa inteira,” disse Austin, suas mãos para cima
defensivamente. “Não no seu quarto, é óbvio. Nem no banheiro.”
“E então tudo bem?” perguntei ainda sem acreditar. “Vocês estão
falando sério?” Esse é o raciocínio de vocês: não no meu quarto, nem no
meu banheiro... apenas em todos os outros lugares?”
“E não fomos nós que colocamos as câmeras lá,” ele continuou. “Foi
o seu irmão. Elas já estavam instaladas – uma medida de segurança,
colocada lá por Connor.”
Puxei pela minha memória. Não consegui lembrar de nada.
“Connor nunca me falou nada sobre câmeras,” eu disse.
“Ele nunca teve a chance,” disse Maddox. Ele se inclinou para frente
rápido demais, e uma mecha de cabelo loiro caiu sobre um olho azul
cristalino. “Seu irmão as colocou lá pouco antes... bem...”
Olhei para baixo, para o meu colo. Felizmente ele não continuou.
“Isso ainda não lhe dá o direito de explorá-las,” respondi com
desprezo. “Apenas porque elas estavam lá, apenas porque...”
“Dallas, pare.”
Nós todos viramos de uma vez. O cara que eles chamavam de Kane
ainda estava encostado no balcão. Ainda estava com os braços cruzados.
Mas agora, estava olhando para nós.
“Ouça-os,” disse Kane em sua voz grave e rouca. “Seu irmão era
nosso irmão também. Muito mais do que você sabe.”
Ele me encarou, e por alguma estranha razão isso me acalmou. Havia
verdade nos olhos dele. E também algo mais...
Algo como tristeza.
“Seu irmão queria isso de nós,” Kane continuou. “Cuidar de você foi
o último pedido dele.”
As palavras foram pronunciadas de maneira lenta e uniforme.
Chegavam a ser perturbadoras. Mecanicamente, eu me sentei.
O último pedido dele...
“Mas eu...”
“Nós não estávamos apenas cuidando de você,” disse Maddox.
“Estávamos monitorando o exterior da sua casa procurando sinais deles.”
Levantei minha cabeça. “Os caras de preto?”
“Sim.”
Agora estávamos indo a algum lugar. “Quem são eles?”
“Não temos certeza absoluta. Mas sabemos que eles têm algo a ver
com o desaparecimento do Connor. Algo a ver com o que aconteceu com
ele por último.”
Eu apontei para a porta. “Então por que diabos estamos aqui? Se eles
têm as respostas, por que nós corremos, em primeiro lugar?”
“Porque estávamos em menor número,” disse Maddox. “E
provavelmente com menos armas. Nós pulamos da cama e voamos para sua
casa o mais rápido que pudemos,” ele explicou. “No exato segundo em que
Kane os notou nos monitores, reunidos do lado de fora de sua casa.”
“Mesmo assim...”
“Nós também fugimos por sua causa,” disse Austin. “Tínhamos que
tirar você de lá. Ter certeza de que você estaria segura. Isso era a prioridade
número 1.”
O restante do grupo assentiu junto.
“Devíamos isso ao Connor.”
De repente, eu queria voltar – enfrentar os homens que invadiram e
incendiaram minha casa. Queria sacudi-los violentamente. Fazê-los me
dizer quem eles eram e o que queriam.
E acima de tudo, precisava saber o que havia acontecido com
Connor...
“Nós vamos lidar com eles,” disse Austin, movendo-se em sua
cadeira. “Confie em nós. Mas por enquanto...”
“Por enquanto você precisa ficar quieta,” disse Maddox. “Nós não
fomos seguidos até aqui, e isso é uma coisa boa. Mas esse pessoal é
persistente. Eles são bem financiados. E têm acesso a recursos que nós não
temos.”
Meus olhos se estreitaram. “Então vocês sabem quem eles são?”
“Não totalmente. Mas sabemos algumas coisas. E estamos
desvendando outras.”
“Assim como seu irmão estava fazendo,” disse Kane, de forma
sinistra. “Quando eles o pegaram.”
Engoli em seco. De repente, eu estava muito consciente de mim e do
meu entorno. A casa era grande e velha, por dentro e por fora. Eu estava
sentada em sua cozinha decadente, vestindo um moletom manchado de
sangue e uma camiseta. Além do pequeno pingente em forma de diamante
que eu sempre usava no pescoço – que ganhei do Connor – era a soma total
de todas as minhas posses mundanas.
Graças a Deus eu parei de dormir nua.
“Há quanto tempo vocês moram aqui?” perguntei.
A pergunta deve ter parecido aleatória. Os rapazes não responderam
imediatamente.
“Pouco mais de um ano.”
“Desde a morte do Connor...”
Lentamente eles assentiram. “Isso mesmo,” disse Maddox.
“Então vocês estão fazendo isso...” gesticulei ao redor, “só por mim?”
“Estamos fazendo pelo Connor,” disse Austin. “Cada um de nós tem
uma grande dívida com o seu irmão. Então sim, com você também.
Proteger você é grande parte do pagamento.”
Os rapazes me encararam por mais meio minuto, como se estivessem
se acostumando com a minha presença ali. Percebi que devia ser estranho
para eles, me verem pessoalmente. Ter-me aqui entre eles, depois de ter me
observado nos monitores por tanto tempo.
“Você acha que consegue dormir?” perguntou Maddox.
“Claro que não.”
Ele olhou em volta da sala. Os outros balançaram a cabeça também.
Maddox deu de ombros, sem poder fazer nada, e sorriu. “Então vamos
preparar o café da manhã.”
 
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Sobre a Autora
 
Krista Wolf é uma amante de ação, fantasia e todos os bons filmes
de terror... bem como uma romântica incorrigível com um lado
sensual insaciável.
 
Ela escreve histórias cheias de suspense, repletas de mistério e
recheadas de voltas e reviravoltas excitantes. Contos em que
heroínas obstinadas e impetuosas são a força irresistível jogada
contra inabaláveis heróis poderosos e sarados.
 
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picante? Você acabou de encontrar sua nova autora favorita.
 
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