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Martina Maressa
Atenção
Prólogo
Jade Hamir
O meu coração está batendo tão forte neste momento, que tenho
medo de ter um ataque cardíaco. Há pouco mais de vinte minutos, eu
finalmente pisei meus pés no solo de Abu Dhabi, e agora estou aqui,
sozinha, à frente da empresa de telecomunicações do senhor Yassin,
o filho herdeiro do sheik de um influente clã de Abu Dhabi. Eu
demorei tanto tempo para criar coragem para vir até aqui, tive que
inventar cada plano mirabolante. Inclusive, meus dois seguranças
devem estar com minha família neste instante, dizendo que eu fugi do
aeroporto de Dubai, quando fui ao banheiro. Minhas três semanas de
viagem pelo país tinham acabado, e era hora de eu voltar para casa.
O que ninguém esperava é que eu não pretendia voltar para casa,
não tão cedo. A minha viagem estava apenas começando. Paguei
uma renomada equipe de agentes para me ajudar a sair de Dubai e
chegar até onde estou, sem que meus seguranças me alcançassem.
Com muito cuidado, perguntei para meu pai se o sheik Emir viria
para o meu aniversário. A sua resposta me deixou em pânico.
Segundo ele, convidaria, sim, mais por educação e pelo sheik ser
importante no país, mas que, na opinião dele, Emir não viria. Afinal,
eu não sou Ahmed, que é o herdeiro de papai, portanto,
provavelmente, ele não faria questão de ir. Tive que fazer um esforço
sobre-humano para não mostrar a minha extrema decepção para
papai. Saí da sala angustiada e passei os dias seguintes orando
para que ele viesse. Alá me escutou, e Emir surpreendeu toda a
minha família ao aparecer na minha festa de vinte e um anos. Fiquei
tão feliz quando o vi, quase não consegui disfarçar minha felicidade.
Depois de ter dançado com dois rapazes da minha idade para não
dar brechas para meu pai desconfiar, eu finalmente pude chegar até
o sheik Emir e o convidar para uma dança. Novamente, a sua
resposta me machucou profundamente quando ele disse: "Vá
procurar um rapaz da sua idade para dançar com você, princesa. Eu
sou um par muito velho para você". Eu fiquei vários segundos apenas
olhando para ele, tentando ao máximo conter minhas lágrimas.
Depois de me recuperar parcialmente do choque, ergui minha cabeça
e disse com a dignidade que me restou: "Não sou uma criança, sheik
Emir, sou uma mulher adulta. Sinto muito se o incomodei. Vou
procurar um homem disposto a dançar comigo". Dito e feito, dancei
com todos os homens que se aproximaram de mim, desde os mais
jovens até os mais velhos.
Ela já era conhecida por ter um caso com o sheik há alguns anos,
uma francesa. Todos sabiam da vida secundária do sheik, menos eu.
Ingênua demais, nunca tinha imaginado que ele seria como a maioria
dos homens que mantém amantes para aí. "É esse homem que quer
você, Jade. Eu não vou permitir." Foi o que Ahmed me disse
enquanto me via amargurada com a cena. Quando ele saiu do
quarto, me derramei em lágrimas. Nunca tinha me sentido tão traída,
tão idiota e tola. Tinha me apaixonado por um homem desprezível,
por alguém que mantinha uma amante enquanto planejava noivar com
outra. Nessa época, Luisa apareceu na vida de Ahmed, e toda a
família se esqueceu da ameaça do sheik Emir. Eu achei ótima a
distração que Luisa trouxe, foi essencial para que eu agisse sem a
interferência da minha família.
Por ter um pai sheik, não foi difícil encontrar o número de Emir no
celular de papai. Decidida a parar de ser trouxa, liguei para o
responsável por todo meu sofrimento. Ele se mostrou surpreso
quando descobriu que era eu que falava com ele, e mais ainda
quando eu soltei toda a bomba que guardava só para mim. Disse que
ele era um imbecil, um imoral, que não tinha respeito pelas mulheres
e que o queria longe da minha vida. Ele ficou confuso, me perguntou
o motivo do meu surto, mas eu só fiquei ainda mais irada. "Suma da
minha vida, Emir. Você só me trouxe decepções." Foi o que eu disse
antes de desligar. Emir tentou entrar em contato comigo várias vezes
depois, mas eu não dei brechas. Troquei várias vezes de número e
vivia escondida no castelo. Tudo o que eu menos queria era vê-lo
novamente. Eu estava sofrendo muito, minha vida tinha perdido
quase todo o sentido. Ninguém da minha família percebeu o que
estava acontecendo comigo, eu fiz muito esforço para parecer
normal, e consegui.
Capítulo 1
Jade Hamir
Não foi nada difícil conseguir fazer com que a secretária de Emir o
avisasse de que estou aqui. Ser filha de um sheik conhecido tem
suas vantagens. Enquanto esperava numa sala de TV, estava até
mesmo mais calma e animada. Porém, quando Raquel, a secretária,
voltou, eu na hora fiquei apreensiva. A mulher estava com uma cara
estranha, seu rosto estava um pouco vermelho e ela parecia
chateada. Ela me olhou de forma distante e disse, formalmente:
— O que você está fazendo aqui, Jade? — ele questiona, sua voz
mortalmente fria e sem sentimentos.
— Como chegou até aqui, Jade? Pois é óbvio que com a autorização
do seu pai que não foi — ele diz num tom irritado.
Emir aperta os lábios numa linha fina, e seus olhos ficam mais
sombrios.
— E por isso decidiu agir como uma adolescente imatura e fugir da
sua família?! Sua garota tola, não imaginou as consequências que
isso traria?!
Começo a dar alguns passos vacilantes para trás, doida para fugir
da situação tão constrangedora. Ele me encara friamente, me
analisando como um predador.
Seu aperto fica ainda mais forte sobre meu braço, e eu tento me
livrar dele, novamente, sem sucesso.
— Sua pirralha! Vejo que ainda não cresceu! Está claro que não foi
castigada quando criança, pois, se tivesse sido, com certeza não
seria tão petulante!
— Não sou uma criança, seu ogro! Tenho vinte e sete anos!
Ele rosna.
— Jamais! Você veio até mim, não veio? Você veio até aqui sem que
eu pedisse, por conta própria, agora arcará com as consequências.
Eu já disse isso.
— Ora, seu...
Tento mais uma vez puxar meu braço, mas tudo o que eu consigo é
mais outro braço sob seu domínio, deixando-me absurdamente
furiosa.
— Mas não era você que estava me ofendendo de todo jeito por eu
ter vindo? Agora você diz que vou ficar com você? Só pode estar
louco!
Ele segura meus pulsos com uma mão e com a outra ele segura
meu queixo, obrigando-me a olhar nos seus olhos.
— Vou ser mais direto, já que não entendeu. Vou começar pelo
motivo de eu não ter te procurado nos últimos seis meses. Bem, eu
aproveitei esse tempo para pensar um pouco, tentar achar um pouco
de razão, a qual eu parecia ter perdido quando decidi te ter. Com
muita dificuldade, estava começando a colocar minha maldita mente
no lugar. Estava decidido a voltar atrás, deixá-la livre para encontrar
um homem mais adequado. Eu iria lhe contar isso em breve, mas
você é uma garota inconsequente e rebelde, não quis esperar e veio
provocar a fera adormecida. Isso despertou o meu lado irracional,
que eu custei a domar. Agora, penso que talvez eu não deva deixá-la
livre da minha presença, talvez seja exatamente de mim que você
precisa: um homem de verdade para te ensinar a ser mulher e
assumir responsabilidades de uma. O que acha disso, princesa?
Parece que os Hamir falharam nisso, não é?
— Não estou entendendo nada das suas palavras insanas, você está
me assustando, Emir!
— Claro que não! Você só pode estar maluco se vou concordar com
uma barbaridade dessas!
— Então, você vai me dizer que não quer se casar comigo, torna-se
minha esposa, minha sheika e ser presa no meu castelo para meu
prazer?! — ele pergunta, fingindo indignação.
Ele encara meus olhos, em seguida fita meu nariz, boca... até voltar
novamente para meus olhos enfurecidos.
Eu franzo a testa.
— Um rapaz da minha escola, não que isso lhe diz respeito, é claro!
Tenho vinte e sete anos, pelo menos um beijo eu tinha que ter dado,
não acha?!
— Não acho, não! Para que beijá-lo se não iria se casar com ele?!
— Prefiro não pensar sobre isso, ou então irei atrás do idiota que
ousou te tocar anos atrás — diz, contrariado.
Ele então vai até sua mesa, pega o celular, verifica algo e olha para
mim novamente.
— Bem, agora vou te levar para casa, princesa. Não foi para isso
que veio? Para viver comigo?
— Não tenha medo, não vou tirar sua inocência antes do casamento,
sei respeitar as tradições, apesar de não concordar com algumas.
Você terá seu próprio quarto até que nos casemos. Quem não vai
gostar disso é o seu pai, no entanto.
Capítulo 2
Jade Hamir
Quando me dou conta, Emir está segurando minha mão com força
e me levando para fora da sala. A secretária dele nos olha com
espanto, que fica ainda mais evidente quando ela vê nossas mãos
unidas. Emir ignora os questionamentos evidentes em seus olhos e
simplesmente diz:
— Avise Ismael que ele terá que terminar o trabalho de hoje por
mim, Raquel. Tenho outras questões para resolver hoje, mas amanhã
estarei de volta.
— Por que está com raiva, princesa? Seus sonhos vão se tornar
realidade agora. Deveria estar feliz.
— Deveria ter pensado nisso antes de vir para cá, Jade. Eu sou o
que sou, sempre fui, você que não quis enxergar.
— Eu não vou me casar com você, Emir. Não depois que acordei,
que vi o quão idiota e insensível você é.
Vejo o momento que ele aperta o volante do carro com força. Seu
rosto fica duro, mas ele logo se controla e volta ao normal. Toda a
viagem de carro durou quinze minutos. Emir entra com o carro em
uma construção luxuosa e ostensiva. Ele deixa o carro no subsolo, ao
lado de outros seis, todos eles caros como o que o sheik acabou de
usar. Carros não me chamam a atenção, cresci rodeada dos mais
caros carros, mas nunca tive muito interesse neles. Sempre preferi
carros mais simples, que fossem confortáveis e seguros. Tomo um
susto quando sinto a mão de Emir na minha cintura, me puxando
para perto do seu corpo altivo e duro. Sua mão parece queimar a
pele do local, mesmo por cima da blusa azul-escuro de alças finas
que estou usando. Há algo na forma que ele me toca que me faz
arrepiar. Quando olho nos seus olhos, sou surpreendida com o que
vejo neles. Há raiva na escuridão de suas íris, mas também há algo a
mais, mas que não sou capaz de identificar. Com seus olhos me
encarando, cerrados, ele diz, ríspido:
— Vamos.
Sem dizer mais nada, ele me guia para o elevador do subsolo.
Quando estamos dentro, ele usa sua mão desocupada para apertar
o botão do primeiro andar. A nossa proximidade me deixa um pouco
desconfortável, assim como a sua mão pesada sobre mim, como se
me marcasse como sua propriedade. Já ia lhe dizer para me soltar
quando as portas do elevador se abrem, revelando uma sala
incrivelmente decorada. No mesmo instante, minha paixão pela
arquitetura aflora. O lugar é extremamente belo. O chão é bege e
lustroso, as paredes são bem iluminadas e decoradas por estranhos
quadros de estilo renascentista. Há um piano preto e perfeitamente
polido em um canto que dá diretamente para uma parede totalmente
de vidro. A visão é de tirar o fôlego daqui, mas não pelos motivos
que qualquer um pensaria. Ao contrário da maioria das mansões que
possuem visão para o centro da cidade, a casa de Emir traz uma
visão perfeita de um grande jardim. Consigo ver árvores, flores,
pássaros e até mesmo um lago com cisnes. É uma visão calma e
bonita.
Não tinha percebido que Emir estava me encarando, até que meus
olhos distraídos encontram os seus. Meu rosto cora
involuntariamente, e eu sinto um certo constrangimento por estar
sendo observada por um homem tão intimidante. Rapidamente dou
um jeito de me recompor e então respondo, com um sorriso
educado:
— Sim, a visão é muito bela. Você tem uma pequena floresta na sua
propriedade.
Ele acena.
Ele me encara.
— Ei! Eu já disse que não vou ficar aqui, principalmente na sua casa.
Você está maluco?!
— Você não fez nada, Habibti? Tem certeza disso, meu anjo?
Abro a boca para falar algo, mas a suavidade venenosa da voz dele
me faz recuar.
— Você tentou seduzir minha mente por dez anos e ainda tem
coragem de dizer que não fez nada?!
— Não? Não teve uma porra de evento em que você estivesse junto
comigo que você não tentou me seduzir sutilmente. Você é uma
mulher esperta, Habibti. Nada de roupas provocantes demais, nada
de conversas sugestivas... Você não precisava disso, somente seus
olhares curiosos e apaixonados sobre mim já eram suficientes para
me deixarem louco por você. Fiquei louco por uma princesinha
mimada de olhos verdes como a pedra de jade.
— Mas essa princesinha não era para mim — ele sussurra no meu
ouvido, completando seu raciocínio. — Mas agora é.
— Aqui será seu quarto, Habibti. Até que você seja minha esposa, é
claro.
— Claro que tem! Eu vou ligar para o meu pai hoje mesmo! Ele vai
me tirar daqui!
Capítulo 3
Emir Yassin
Meu celular toca pela vigésima vez desde que Jade chegou, há uma
hora. É o sheik Tariq. Eu não podia atendê-lo enquanto não tivesse
certeza do que estou prestes a fazer. Agora que já tomei a decisão,
é hora de enfrentar a guerra que está por vir. Atendo a chamada do
sheik Tariq Hamir, já esperando xingamentos e maldições. Mas o que
eu recebo são palavras mortais, em tom baixo e irado:
— Seu maldito, você destruiu a vida da minha filha! Jade arruinou sua
própria vida por sua causa!
— Eu sei que você não vai acreditar, mas eu realmente não planejei
a vinda de Jade, nem mesmo sabia que ela pretendia fugir, descobri
no momento em que ela apareceu no meu escritório. Mas, sim, sou
culpado. Jade nutre sentimentos por mim que não deveria, eu
sempre soube disso. Ao invés de lhe dar esperanças, deveria ter
destruído suas ilusões há anos.
— Bem, eu entendo seus motivos, mas... Isso não vai mudar nada a
situação de Jade, ela continuará sendo uma mulher perdida...
Rio.
— Ora, ora... Não tão rápido, amigo, não tão rápido... Jade voltará
para vocês, sã e salva, mas antes... Antes, alguns problemas entres
nós dois precisam ser resolvidos. Você não sabe, eu penso que não,
mas Jade me ama desde os dezoito anos, não é à toa que ela
ignorou todas as tradições e consequências ao vir até mim. Eu tenho
um carinho muito grande por sua filha, apesar de você não acreditar.
Quero que Jade seja feliz, que se case e forme uma família com um
homem que ela merece, que não sou eu, obviamente.
— Pois agora valerão. Você não tem escolha, Hamir. Ou aceita a sua
filha passar um mês comigo, com toda a discrição e respeito
possível, ou você manda sua equipe resgatá-la, e então a situação
de sua filha será de conhecimento público. Porque eu não irei ceder
a sua filha sem ter um mês de convívio com ela. Eu prezo demais
pelos sentimentos de Jade para simplesmente enviá-la de volta com
raiva de mim, mas ainda me amando. Ela só irá sair daqui quando eu
perceber que está tudo bem entre nós dois, que ela será capaz de
seguir em frente sem rancor ou mágoa. Jade significa muito para
mim, apesar de não poder dar o que ela precisa.
— Você está louco, Yassin! Jade não ficará um mês com você!
Capítulo 4
Emir Yassin
A ligação com o sheik Tariq durou mais de uma hora, sendo que na
maior parte do tempo ele estava me ameaçando de morte caso eu
encostasse na sua filha ou arruinasse a vida dela durante este um
mês. Perdi as contas de quantas vezes ele disse que ainda me
mataria. O extremo ódio do sheik era evidente. Como se não
bastasse, o irmão protetor de Jade também me ligou para fazer as
mesmas ameaças que o pai.
Segundo a tradição que eles seguem, ela já era para estar casada
e com filhos há muito tempo. Mas, pelo visto, as tradições valem
para todos, menos para a mulher da família deles. Quanta hipocrisia!
Incentivam as pessoas a continuarem com a cultura milenar, mas não
aceitam que a filha ou irmã faça o mesmo. A vontade deles mesmo é
que Jade morra como uma virgem. Tudo isso me dá asco. Se Jade
fosse assexual, eu até mesmo deixaria essa situação de lado e nem
mesmo iria interferir. Mas ela não é, está longe disso.
Jade é uma mulher, eu já vi nos seus olhos várias vezes que ela têm
desejos típicos de uma. Ela sonha em se casar, ter sua própria
família, ela é definitivamente uma típica mulher clássica. Sua família
sabe disso, mas ignora, e é isso que me deixa irado. Eu gosto de
Jade, gosto muito para ser franco. Se eu fosse o que ela precisa, se
eu fosse um sheik que realmente acreditasse nos costumes, na
nossa cultura, eu com certeza me casaria com ela. Mas eu não sou,
sou completamente o oposto, a ovelha negra disfarçada, sou uma
pessoa marcada pelo passado.
Assim, não posso ficar com Jade, pois jamais a faria feliz, somos
muito diferentes, acreditamos em coisas distintas. Mas, mesmo não
podendo ter uma vida com ela, quero que ela seja feliz sem mim, que
siga sua vida e seja feliz como sempre sonhou. Contudo, ela não vai
conseguir isso com a porra da interferência do seu pai e irmãos em
sua vida. Assim, vou ajudá-la a se livrar deles, já passou da época
do cordão umbilical ser cortado de sua família.
Enfim, sobre Jade, serei seu padrinho, vou ajudar a garota a viver
um pouco, a sair da caixinha, do mundinho que ela vive presa. Este
um mês que ela vai passar comigo vai ser bom para ela, vai trazer
muitas memórias boas. Rio, já imaginando as experiências que vou
proporcionar para a princesa puritana. Ela com certeza ficará
horrorizada com a maioria. Mas logo estará amando... Esse
pensamento me faz lembrar que estou há meses sem sexo por
causa da promessa que fiz para Jade ao pedi-la em casamento.
Espero que eles não estejam pensando que vou tolerar os dois
ligando para mim o tempo todo para saberem sobre a garota, pois
estão completamente enganados. Vou mantê-los atualizados sobre
Jade, mas só. Nada de ligações irritantes pra caralho todo dia. Não
mesmo. Com meu celular na mão, ligo para a jovem mulher que será
uma peça chave para manter Jade fora da boca maldita dos radicais.
Jade Hamir
Ando pela mansão após ter ficado duas horas deitada na cama,
refletindo sobre como eu fui capaz de quase arruinar a minha vida
por um completo idiota. Eu ainda não posso acreditar que passei dez
anos da minha vida loucamente apaixonada por um ogro como ele. É
totalmente insano, inacreditável. Mas é a verdade, e isso me deixa
com ódio de mim mesma. Eu nem precisei ligar para o meu pai, ele
mesmo já estava tentando falar comigo desde que fugi, mas eu não
atendia. Só fui atender depois de Emir ter me deixado sozinha para
lamentar a minha própria desgraça. Como eu esperava, meu pai
estava extremamente irado comigo.
Era o único jeito de não sujar a honra da minha família. Não importo
muito com a minha, porém as consequências de um erro como o meu
são enormes, e minha família pagaria junto, além do fato de que
talvez eu teria que fugir do país. Estremeço. Papai está certo, um
mês passa rápido, com certeza é muito melhor do que esperar o pior
acontecer.
Meu pai não me disse o porquê de Emir querer que eu fique com
ele. A cena de eu chegando no seu escritório, e ele me recebendo
com raiva ainda me machuca. Ele não queria que eu viesse, ele nem
mesmo parece o mesmo de sete meses atrás, quando me abordou
perto do hospital e me levou para um restaurante a fim de me pedir
em casamento. Ele é tão estranho, sua bipolaridade e inconstância já
me machucaram tanto. Preciso me livrar desse amor sádico que só
me trouxe dor, Emir definitivamente não merece, e nem quer, que eu
o ame. Somente eu que não consigo enfiar isso na minha cabeça.
Mas isso vai mudar.
Olho para a mansão vazia e percebo que ele não tem muitos
funcionários. Típico de um homem estranho como Emir. Ele deve
preferir ficar completamente sozinho. Paro para analisar atentamente
os quadros estranhos da sala. Um deles me chama mais atenção, e
eu observo. O cenário me lembra a época medieval. Há uma mulher
esparramada numa cama de lençóis vermelhos, seus olhos estão
fechados. Três empregadas parecem tentar fazê-la acordar. Outra
segura um bebê sujo de sangue nos braços, que está chorando. Mas
o personagem que mais me atrai é um homem que está na entrada
do quarto, mais próximo da porta do que de fato dentro. Ele observa
a cena, mas seu semblante não diz nada sobre o que está sentindo.
Ele parece completamente normal, mas algo nele nega isso. Uma de
suas mãos está esticada, como que de uma pessoa em choque. Um
sentimento ruim me invade, e eu decido me afastar dos quadros.
— Eu, hein. Como uma pessoa pode colocar algo tão deprimente
para enfeitar uma sala tão bonita? Impossível entender Emir.
— Luisa, por favor, não leve para o lado pessoal. Nem minha mãe
sabia. Nem eu sabia o que seria da minha vida. A minha história com
Emir sempre foi tão inconstante que eu nunca me senti confortável
para falar sobre ela com ninguém. Eu mesma não sabia o que
pensar.
Suspiro, chateada.
Luisa suspira.
— O quê? Claro que não, Luisa! Eu não vou ficar presa com Emir
por um mês, não é o que você está pensando...
Ela ri.
— Hum, sei não, viu... Vai ver esse homem está mal intencionado.
Claro que eu não estou falando que ele não vai te respeitar e essas
coisas, não é isso. Imagino que ele te respeite, mas, assim, as
atitudes dele são bem suspeitas.
Eu bufo.
— Sei...
— Ai, Luisa, que coisa chata, cunhada... Imagino a sua dor. Espero
que ela entenda logo que morder machuca a mamãe dela.
— Tá certo, tá certo...
Capítulo 5
Emir Yassin
Aceno.
— Ótimo. Jade é muito fácil de lidar, você não terá problemas com
ela. Agora, eu realmente espero que você interprete o papel de
"muito amiga" da Jade de forma convincente, Laila. Não quero
especulações sobre o motivo de ela estar aqui.
Nos demos muito bem por três anos, até que ela achou que era
hora de procurar um relacionamento mais estável, já que estava com
mais de trinta anos. Diana se casou com um empresário do ramo de
cosméticos há cinco anos. Os dois pareciam se dar bem, e eu fiquei
feliz por ela. Diana é uma boa pessoa, e eu prezo por sua felicidade.
Entretanto, há alguns meses, ela me surpreendeu ao me ligar
perguntando se eu estava "livre". Foi então que soube que seu
casamento tinha acabado e que o casal não se dava tão bem quanto
eu pensava. Diana tem trinta e seis anos atualmente, apesar disso,
continua divinamente bonita. Ela é uma mulher vaidosa, sempre
soube como cuidar da aparência. Depois dela, tive outras amantes,
mas com nenhuma delas eu tive a intimidade saudável que tinha com
Diana.
É uma pena que não tenho tendência ao casamento, que não tenho
vocação para cuidar de uma família. Suspiro, chateado com esses
pensamentos. Eu tenho que parar de pensar nessa merda toda,
preciso voltar ao normal. Jade não é para você, Emir. Ela precisa de
um marido companheiro, gentil e dedicado, não de um homem com
um sangue tão ruim como você. Você é tudo aquilo que ela não
precisa, cara.
∆∆∆
— Que tipo de problemas? Você nunca fica tão distraído por causa
de problemas.
Ela me interrompe:
Aceno.
— Nisso você está certa.
— Quem é ela?
— A filha do sheik Tariq? Mas você não tinha dito, anos atrás, que
ela é inocente demais para você?
— Não é isso... Bem, talvez agora ela não me queira mais, mas...
Enfim, a questão não é essa, Diana. O problema está em mim.
Como você disse antes, eu te disse anos atrás que Jade é inocente
demais para mim. E, bem, isso não mudou com o tempo. Ela
continua sendo inocente, boa... E eu continuo sendo quem eu sou…
um Yassin.
— Não se finja de boba, Diana. Você sabe quem eu sou. Você nem
imagina como Jade foi criada, a garota é um princesa em todas as
áreas, merece um príncipe, não eu.
Diana bufa.
Eu reviro os olhos.
— Bem, está certo que você é meio bruto e prepotente, Emir, mas...
Eu penso que você tem muitas qualidades boas. Não acho que você
seria tão ruim para a filha do sheik de... Enfim, não sei por que você
acha que seria impossível. Seu passado não pode te condenar para
sempre...
Capítulo 6
Jade Hamir
Olho-o, incrédula.
Sinto meu rosto corar quando sua atenção foca totalmente nos
meus seios e acabo me mexendo, desconfortável. Nunca um homem
me viu tão exposta, e eu não sei como agir numa situação tão
constrangedora como essa. Depois do que parece ter sido minutos,
ele finalmente percebe que estou constrangida com seu olhar sobre
meu corpo e então o desvia para o meu rosto. Seus olhos estão
mais escuros do que já são, e seu rosto está tenso.
Ele pigarrea, desvia o olhar para a minha cama e diz, num tom
grave e irritado:
— Você tem cinco minutos, Jade, não mais que isso. O seu café da
manhã está esperando por você, precisará ser rápida.
— Para sua nova casa temporária. Não achou que iria ficar aqui por
um mês, não é, princesa? Seu pai arrancaria minhas bolas. Jamais
isso aconteceria. Um dia que você passou aqui, e ele está quase
reunindo um exército para vir te buscar. A única opção que encontrei
é te colocar na casa de uma mulher confiável. Seu pai ainda quer te
buscar, talvez até mesmo faça isso antes do tempo, mas eu preciso
ao menos tentar, não é?
Eu encaro-o, incrédula.
— Você quer que eu finja ser amiga de uma mulher que eu nem
conheço?
Olho-o, ironicamente.
— É verdade. Mas só vou te obrigar a isso, nada mais. Mas não veja
a sua "obrigação" como algo ruim, anjo. Você só está aqui há um dia,
ainda não sabe o quanto eu posso te ajudar.
— Pronta?
Acho que devo ter feito uma cara de espanto, porque ela ri e se
afasta.
— Você pode me contar sobre isso, então. Você vai ficar algum
tempo aqui. Já que temos que, em geral, fingir sermos amigas, por
que então não viramos, de fato, amigas? Amo fazer amizades, mas
quase não tenho amigos. Você já percebeu que não sou daqui. É
difícil fazer amizades com nativos.
— Emir me contou, achei tão legal! Uma latina como eu! A propósito,
sou colombiana.
Sorrio em concordância.
Eu concordo, e ela me leva até sua sala de TV. Laila escolhe uma
programação qualquer, deixa num volume baixo e se senta ao meu
lado do sofá.
— Sim, não tive como trazer muita coisa comigo. Duas peças de
roupa foram o máximo. Mas amanhã pretendo comprar algo no
shopping.
Laila sorri.
— Você fugiu?
— Ah, não fique assim, querida. Vai dar tudo certo, você ainda vai
ser feliz com alguém.
— Mas eu não quero ser feliz com "alguém", quero ser feliz com o
homem que eu amo. E eu amo Emir. Oh, Deus, eu o amo.
Infelizmente, eu amo aquele canalha.
Ela dá alguns tapinhas de consolo nas minhas costas.
— Ele sempre disse que não era o homem para alguém como eu,
que eu sou inocente demais. Mas isso nunca fez sentido. O tempo
passou, sou adulta, tenho vinte e sete anos. Mas ele continua com
esse pensamento. Sinto que tem algo a mais...
— Mas ele nunca tentou. Como ele pode saber que não é para mim?
Laila suspira.
— Não vai. É chato falar isso, mas pelo jeito ele nunca vai saber.
Parece que ele já está convencido de que vocês dois não darão
certo. Além disso, você tem uma família protetora, pelo que fiquei
sabendo. Isso gera ainda mais responsabilidade sobre ele. Acho que
o sheik Emir quer evitar problemas e sofrimento para você e sua
família.
Laila fica pensativa por um momento, e então seu rosto fica
confuso.
— Só não consigo pensar num motivo para Emir querer que você
fique aqui um tempo. Pela lógica, ele deveria querer pôr um ponto
final nessa história o quanto antes.
Eu suspiro.
— Ai, Jade, eu sinto muito, querida. Eu imagino que seja muito difícil
e dolorida a sua situação. Já pensou em fazer alguma terapia para
ver se consegue esquecer o sheik?
— Bem, não fique assim, vai dar tudo certo, okay? Agora você tem a
mim, vou te ajudar a superar essa situação.
Sorrio, melancólica.
— Nem sei como te agradecer, Laila, você está sendo tão gentil
comigo... Nunca tive uma amiga que tivesse tanta paciência em me
escutar assim. Obrigada.
— De nada. Mas você não precisa me agradecer, quero que
sejamos amigas de verdade. Desde o momento que o sheik me
pediu para fingir ser sua amiga por um tempo, eu nunca cogitei essa
hipótese. Apesar de ter aceitado, porque estou precisando de
dinheiro, sempre tive em mente que realmente estaria aberta para
ser sua amiga caso você quisesse.
Eu sorrio.
— Você é uma ótima pessoa, Laila, vou amar ser sua amiga.
Eu franzo o cenho.
Capítulo 7
Jade Hamir
Ontem eu e Laila tiramos o dia para nos conhecer, falar sobre
nossos problemas e desabafar algumas angústias. Passamos de
desconhecidas para amigas em apenas um dia. Nunca pensei que
isso poderia ser possível, mas é o que está acontecendo. Gostamos
uma da outra, somos, mesmo que de maneira diferente, solitárias.
Laila me traz uma confiança que nunca achei em outra pessoa que
não fosse da minha família, e isso me tranquiliza a falar o que
realmente me dá vontade.
Laila bufa.
Eu suspiro.
— Que lugar que você foi nascer, hein? E ainda por cima filha de um
sheik. Amiga, sinto muito por você.
— Não é tão ruim quanto você imagina... Mas não posso dizer que
faço o que quero, porque seria mentira. Tenho sempre que respeitar
as tradições do meu povo. Eles levam muito a sério as leis...
— Certo, certo... Sem sexo então. Mas beber você pode, né?
Balanço a cabeça.
Laila ri.
— Pelo menos isso, né. Senão você seria uma freira fora do
convento.
— Nada disso, você vai levar tudo! Enquanto você estiver aqui, vai
usar roupas que te favorecem, amiga. Quando você voltar para o seu
papai, aí você pode usar suas tão queridas roupas comportadas.
Reviro os olhos.
— Amiga, você vai gostar tanto da sua nova versão que não vai
querer se vestir como uma puritana nunca mais.
Reviro os olhos.
— Então, Emir me ligou dizendo que queria te levar para uma boate.
Arregalo os olhos.
Ela ri.
Eu suspiro.
— Mas eu acho que isso deveria ser uma escolha de cada um, não
acha? Digo, seguir as tradições.
Mordo o meu lábio inferior num tique nervoso. Assuntos como esse
não são fáceis de falar.
— Que vida horrível os pobres sheiks têm! Não culpo o Emir por
ignorar tradições tão limitantes. Agora penso com mais convicção
que você precisa sair e se divertir, principalmente neste um mês que
for ficar aqui.
— Não sei se é uma boa ideia, amiga. Sou filha de um sheik, um bem
controlador para piorar. Eu conheço o meu pai, ele está me vigiando,
a mim e Emir. E Emir também sabe disso. Provavelmente tem
espiões do meu pai me seguindo por todo lugar, inclusive nesta loja.
Eu rio de nervoso.
— Você acha que ele vai fazer alguma coisa caso você saia com
Emir?
Encaro Laila.
— Mas você não está aqui por causa da ameaça dele? Não entendi.
Eu suspiro, entediada.
— Estou. Mas isso não significa que estou feliz com isso. Não
aguento olhar para a cara do Emir.
— Jura?! Eu topo!
Eu sorrio.
Laila ri.
∆∆∆
— Oi.
— Jamais. Eu disse que logo estarei lá. Te dou a minha palavra que
meu irmão é confiável. Digamos que ele seja a versão mais calma de
mim, você não terá problemas com Ismael.
— Mas a questão não é essa. Eu não quero ir! Só estava indo antes
porque você não me deu escolha.
— Exatamente por isso que você irá neste momento: eu não estou te
dando escolha, princesa.
Eu grito, irritada.
— O que aconteceu?
— O maldito Emir não vai poder nos levar, disse que está resolvendo
algo. Mas o idiota não quer cancelar este compromisso ridículo. Ao
invés disso, ele mandou o seu irmão me levar. Ele disse que irá nos
encontrar já no Empire Yas Nightclub mais tarde. Acabei de
descobrir que é esse o lugar que ele escolheu. Só que ele é um
completo sem noção egoísta, eu nem mesmo conheço o irmão dele.
Além disso, o tal de Ismael já está na frente do condomínio me
esperando!
— O irmão mais novo do sheik já está aqui? — Laila pergunta,
chocada.
Eu aceno.
— Você o conhece?
— Sei que não. Enfim, o que posso te dizer é que o cara é meio na
dele, mas parece ser mais normal que o irmão.
Ele dá de ombros.
— Creio que sim... Pelo menos a impressão que tive dele foi de que
era. Mas faz tempo a última vez que o vi.
Eu suspiro.
— Certo, então vamos. Se for parar para pensar, pior que Emir ele
com certeza não deve ser.
— Emir logo estará aqui, ele teve que resolver algo urgente com o
conselho. Ele geralmente faz o possível para acertar todas as
pendências, mas sempre há contratempos.
Eu coro.
Ele ri.
— Lenda?
— Ora, Jade, que pergunta óbvia! Emir não vai querer que outro
homem fique ao redor de sua pretendente, não é mesmo? Até
mesmo o irmão não é excessão, afinal sou um homem.
Laila está achando toda a conversa um absurdo, e seu rosto
mostra exatamente isso.
— Acredito que ele não avisou ainda porque a decisão foi recente.
Jade mesmo só ficou sabendo da mudança brusca do sheik há três
dias — diz Laila para Ismael, e este acena.
— Faz sentido.
— Bem, eu sinto muito pelo final que seu relacionamento com Emir
teve, Jade. A forma como ele falava de você para minha madrasta,
ou mesmo para mim, dava a entender que ele jamais te deixaria livre
para outro. Realmente estou surpreso com a notícia.
Eu suspiro.
— Ele não vai provar nada. Não existe nada para provar mais.
Ismael encara minha amiga e se levanta. Ele então vem até mim,
me oferece sua mão, e eu também me levanto.
— Vou levar vocês para dançar. Chega de Emir por enquanto, vamos
pensar apenas em nós três e no momento. O que acham?
— Emir?!
— Te assustei, princesa?
Capítulo 8
Jade Hamir
— Sinto muito que tenha escutado seja lá o que escutou. Mas eu não
posso dizer que tudo foi mentira, porque estaria sendo hipócrita.
— Por que mandou seu irmão embora? O que custava tê-lo deixado
ficar?
— Para você se aliar com ele para falar mal de mim? E depois,
quem sabe, você até mesmo descontar suas frustrações em um
relacionamento rebelde com meu irmão mais novo? Jade, minha
querida, eu não nasci ontem. Você está falando com o sheik Emir
Yassin, anjo.
Eu bufo, irritada.
Ele procura por Laila, talvez para mandá-la embora. Mas ela já se
afastou há algum tempo e está em um canto afastado de nós dois.
Minha cabeça começa a doer, e eu me sento na mesa de antes.
Emir não diz nada e se senta à minha frente. Para o meu desgosto,
ele continua a falar:
— E eu peço desculpas por isso. É por isso que fiz questão de voltar
atrás e desfazer o noivado. Eu não posso retribuir o que você sente
por mim e não posso ser quem você necessita. Sou péssimo quando
se trata de sentimentos, carinho e cuidado. Eu gosto de você, Jade.
Se eu não gostasse, eu não teria cogitado a hipótese de tê-la como
esposa. Jamais viveria com uma pessoa que ao menos não
simpatize pelo resto de minha vida. Mas descobri de última hora que
isso não é o suficiente, não para você. Tenho respeito imenso por
sua pessoa a ponto de não condená-la a uma vida incompleta
comigo. Você merece um homem melhor. E sou honesto suficiente
para te dizer isso.
Vejo o seu rosto ficar mais duro, e suas mãos deixam os meus
ombros.
— Eu sei que quer. Prometo que poderá fazer isso em breve, mas
antes precisamos ser adultos e resolvermos nossos problemas, não
acha?
— Certo, vou entrar com você. O senhor me disse que tem assuntos
importantes para conversar comigo, podemos fazer isso já.
— Serei bem direto e franco com você, Jade, pois sei que prefere
assim.
— Hum... Tudo bem, isso não foi grande coisa como pensa. Eu
estava com Laila, então não foi tão ruim.
— Ficar perto de mim não é seguro para você, por isso você está
liberada para voltar para casa, para a sua família. Prometi ao seu
pai que não voltarei a te incomodar.
Abro a boca, sem saber o que dizer, muito menos o que pensar de
tudo isso.
— Okay. Você disse certo antes, nós dois sabíamos que meu pai me
tiraria daqui.
Eu balanço a cabeça.
— Não!
Meu tom de voz sai desesperado demais, e eu coro, sem graça.
Encabulada, acrescento:
— Isto.
Para meu espanto, sou agarrada pelas mãos e braços fortes e
determinados de Emir. Uma mão aperta minha bunda, coberta pelo
vestido vermelho colado, e a outra segura um lado do meu pescoço
e, antes que eu raciocine, sua boca quente e dominante está
esmagando a minha, dominando-a. Sua língua rapidamente está
dentro do meu calor, e eu solto um grito abafado. Mas ele não se
importa, ao contrário, me beija ainda mais forte, praticamente
machucando meus lábios. Sua mão sai da minha bunda e vai para os
meus seios expostos pelo decote e entra no vinco entre eles. Eu
arregalo os olhos, mas ele está concentrado no momento. Sou
surpreendida por uma fisgada no meu seio direito quando ele belisca
meu mamilo. Involuntariamente, eu gemo, e eu posso sentir o seu
sorriso na minha boca.
Capítulo 9
Emir Yassin
— Por que você me provocou, Emir? Não estava tudo acabado entre
nós dois? Você não tinha o direito de me agarrar como se fôssemos
um casal, porque essa é a última coisa que somos, e você não tem
direito de encostar em mim, pois sabe muito bem que não é certo!
Jade está chateada, sua expressão e a forma como seu corpo está
tenso não negam isso. Seu cabelo preto e liso está bagunçado por
causa do que estávamos fazendo minutos atrás. Seu pescoço agora
tem algumas marcas de chupões que eu deixei no calor do momento.
Observo os seus seios subirem e descerem rapidamente por causa
de sua respiração ofegante. Há suor no vinco dos seus seios
medianos e perfeitos. Faço uma careta quando, pela primeira vez,
noto o quão inapropriado o vestido vermelho que ela está usando é.
Ele é curto demais, revelador demais, não combina com alguém tão
pura como Jade. Ela não deveria estar usando uma porcaria como
essa, não entendo o que a motivou a vestir esse pedaço de pano
que ela chama de vestido.
— Para de olhar para o meu corpo! — Jade grita comigo, seu rosto
vermelho de raiva incontida.
— Por que você está usando esse pedaço de pano que você chama
de vestido? Seu pai te permite usar uma porcaria como essa?
— O que você tem a ver com a minha vida? Cuide da sua, Emir, e
me deixe em paz!
— Ache o que você quiser, Jade, mas a realidade nunca vai mudar.
Como filha de um importante sheik, você sempre terá que dar
satisfações para ele ou para seu futuro marido, é assim que
funciona. E não venha me chamar de machista, esse termo ridículo
criado por mulheres amarguradas nem existe em meu vocabulário.
Você sabe, não sou muito fã das tradições. Mas, anjo, isso não
significa que concordo com pensamentos falsamente denominados
de "progressistas", como é o caso da corrente feminista. Não
suporto essas porcarias, então não me venha com argumentos
feministas porque você não conseguirá nada de mim, exceto a minha
pena.
— Jade, anjo, não fique assim, eu juro que não é o que você está
pensando.
— Eu não aguento mais esse ciclo vicioso. Uma hora você me quer,
outra hora você me descarta como se eu fosse um objeto. Você me
ilude e em seguida despedaça o meu coração. Sua indecisão, sua
bipolaridade e sua inconstância me machucam duramente. Por favor,
eu imploro, Emir, não comece essa história novamente, vamos
quebrar esse ciclo de uma vez por todas. Eu... juro que o meu
coração não aguenta mais.
— Jade, me escute, eu sinto muito por tê-la feito sofrer tanto, você
não merece isso. Por mais que eu tente, não acho que poderei
justificar a dor que lhe causei.
— Não acho que qualquer coisa que você me fale possa mudar a
minha opinião sobre você, Emir, porque, para mim, nada justifica
atitudes tão egoístas.
Eu a encaro demoradamente.
Emir Yassin
— Você esqueceu uma peça de roupa aqui quando foi para a casa
de Laila, ela foi lavada. Que tal vesti-la? Não suporto olhá-la com
esse maldito vestido.
Achei que ela ia recusar, talvez até mesmo me recriminar. Mas sou
surpreendido quando ela acena.
Olho para o meu relógio de pulso e franzo o cenho quando vejo que
já é uma hora da manhã. Eu não devia deixar Jade acordada por
tanto tempo, isso pode atrapalhar a sua disposição amanhã. Às
vezes me perco nos horários, isso porque eles quase sempre são
irrelevantes para mim. Não tenho horário para trabalhar, trabalho
quando é preciso, independente do horário. Frequentemente trabalho
até as três da manhã, em minha própria casa. E, quando são seis da
manhã, eu estou acordando para ir à empresa. Consigo lidar bem
com poucas horas de sono, mas admito que isso não é saudável.
Ela bufa.
— Sou grandinha demais para ter horário para dormir, Emir. Não
aceito mais enrolação, quero conversar agora.
— Meu Deus, que horror! Seu avô teve dezoito filhos, isso tudo para
conseguir um sucessor. A lei do filho homem é cruel. Minha mãe
disse que se sentiu pressionada para ter filhos homens também.
Hoje, vejo com meus próprios olhos a pressão que meu irmão
carrega em seus ombros para conseguir um filho homem. Ele mal
teve uma filha e já está sendo pressionado para fazer outro filho.
Deprimente.
Eu aceno.
— Bem, fato é que, por causa do drama do meu avô, meu pai já
cresceu sabendo da importância de se ter filhos homens. É aí que o
assunto se torna mais delicado.
— Ela tinha dezenove anos. Meu pai se casou com ela e logo a
engravidou de mim. Não satisfeito, a pressionou para que
engravidasse novamente quando eu tinha apenas alguns meses. Meu
pai a ameaçava dizendo que se casaria novamente caso ela não lhe
desse outro varão. Quando eu estava com oito meses, minha mãe
ainda não tinha engravidado, então ele se casou novamente,
cumprindo a ameaça e dizendo que Nádia era imprestável. Por ironia,
sua segunda esposa teve várias gravidezes ectópica até ser
considerada infértil. Ele se casou novamente, sua terceira esposa
teve três filhas. Quando ele já estava procurando uma quarta
esposa, minha mãe engravidou novamente de um menino, de Ismael.
Eu divago no passado por alguns segundos e continuo, mais tenso:
Jade suspira.
— Eu... Eu nem posso imaginar o quanto sua mãe sofreu. Não sabia
que seu pai era um monstro, Emir. Quanto mais você fala, mais fico
horrorizada com os sheiks de sua família, eles são tão... frios!
Desumanos! Mas mesmo assim nada justifica ela ter falado coisas
tão horríveis de você, afinal, você era só uma criança!
— Bem, digamos que eu não sou muito diferente deles, afinal, sou
um Yassin.
— Meu Deus, Emir! Alá, que momento horrível que você passou! E
você era apenas uma criança! Estou imaginando mil cenas agora, eu
nem sei o que dizer... É simplesmente horrível só de pensar. Eu...
sinto muito. Não sei o que dizer, é tudo horrível demais.
— Oh, pobre Emir, eu sinto muito! Você só tinha seis anos, eu... sinto
muito mesmo! Sua mãe... Céus, que dor horrível você deve ter
sentido. Eu não consigo nem imaginar em perder minha mãe, e você
passou por essa experiência tão traumática sendo uma criança.
— Emir, por favor, não se culpe pela morte da sua mãe. Você era
uma criança, uma criança! Você não tinha noção das coisas. Não se
julgue tão mal, você não é igual ao seu pai. Eu não conheço ele, mas
mesmo assim posso te dizer com convicção que não é. Você tem
seus defeitos, defeitos ruins, mas eles não te fazem igual ao seu pai,
avô ou bisavô. Você é você, por favor, não faça isso consigo mesmo,
não é certo.
— A decisão é sua. Se for demais para você, irei te deixar ir, desta
vez definitivamente. Agora, se quiser arriscar, dou-te a minha palavra
que farei o meu melhor para te fazer feliz.
Jade se vira para mim finalmente. Seus olhos estão vermelhos, e
ela parece muito preocupada.
Eu aceno.
Capítulo 11
Emir Yassin
As coisas estavam ficando muito quentes entre mim e Jade, então
fui obrigado a encerrar os... carinhos. Se eu não me contivesse,
provavelmente já teria ultrapassado a barreira de sua virgindade e a
feito minha. Virgindade nunca me interessou, mas, quando se trata
de Jade, tudo muda. Sua pureza significa muito para mim. Além
disso, fui um crápula por todo esse tempo, agora é o momento de
me redimir, e ferir sua honra é a última coisa que pretendo fazer,
apesar de estar ardendo por dentro com vontade de possuí-la. O
que me alivia é saber que ela não vai me deixar, que me aceita do
jeito que sou: um homem duro, petrificado por dentro e com um
passado conturbado.
— Co... Como?
— Assim, Habibti.
Eu rio.
E, para amansá-la, faço aquilo que desejo desde a primeira vez que
a vi. Eu chupo seus seios com força, colocando o mamilo e a aréola
inteiros em minha boca. Alterno repetidas vezes o ato, dando a
mesma atenção a cada seio sensível. Os gritos de Jade são altos e
ecoam por todo quarto. E é neste momento que eu me elogio por
não manter os empregados em casa o dia todo. Eu dou fortes
chupões sobre os seios da mulher escandalosa e gostosa que eu
tenho debaixo de mim até que sua pele está coberta de manchas
avermelhadas.
Eu rio, diabólico.
As minhas últimas palavras parecem fazer efeito nela, pois ela solta
um suspiro satisfeito e sorri lindamente para mim, seus olhos verdes
brilhando.
— Bem, agradeço pelo elogio, mas você ainda não viu nada, Habibti.
— Eu quero isso.
— Não posso, meu pai está nos vigiando, sabe disso. Tenho que
voltar para casa de Laila o quanto antes, ou então ele vai interferir.
— Não se preocupe com seu pai ou irmãos. Nem eles serão capazes
de me separar de você desta vez, Habibti. Você é minha agora, não
mais deles.
Eu sorrio.
∆∆∆
Não foi fácil tirar minhas mãos de Jade e deixá-la sozinha. A cada
segundo fico mais ansioso por sua presença, e está se tornando um
desafio ficar longe dela. A minha vontade é de levá-la comigo para
todo lugar, amarrá-la a mim, assim teria um pouco de paz enquanto
cumpro com minhas obrigações. Mas isso, por enquanto, não é
possível. Jade ainda não é minha, pelo menos não formalmente.
Assim, não posso mostrá-la por aí sem que ela esteja usando minha
aliança. É assim que as coisas funcionam. Portanto, preciso resolver
o quanto antes a tensão que existe entre mim e os Hamir.
Tariq e Ahmed têm me ligado a cada cinco minutos desde que Jade
resolveu ficar em minha casa e passar a noite nela. Eles têm homens
vigiando minha propriedade, minha segurança já identificou isso.
Assim, mandei triplicar o tamanho da equipe responsável pela
segurança da minha propriedade. Minha equipe pessoal também foi
reforçada, e agora Jade também terá uma para ela. Jade só não
sabe disso ainda. Sei que os Hamir irão tentar levá-la de mim às
escondidas, mas não vou permitir. Iremos resolver tudo como
homens: cara a cara, da forma tradicional. Não é ele que valoriza a
tradição? Pois bem, então não terá problema para cumprir com mais
uma.
— Onde está a minha filha, Emir?! Seu maldito, você prometeu que
iria me devolvê-la ontem à noite!
Ele rosna.
— Ou...? — eu provoco.
— Mas ela não quer, Tariq, ela não me quer longe, pelo contrário,
sua princesa me quer perto, tão perto a ponto de ela querer me
chamar de marido.
Ouço quando Tariq quebra alguma coisa de vidro. Ele rosna, xinga
e me amaldiçoa.
— Devolvê-la? Meu caro, eu não sou você que a prende. Jade está
livre para voltar para Fujairah a qualquer momento, se ela não o fez é
porque não quis.
— Não finja que não entendeu, porra! Ela está apaixonada por você,
está cega, não entende que você é o filho do demônio e que você irá
arruinar a vida dela. Jade é inocente e doce. Como pai, vou protegê-
la até minha morte, e isso inclui de homens de sangue ruim como
você.
— E não sou. Mas dou valor aos fatos, Yassin, os fatos não
mentem. Você é filho de Ali e desde criança já deixou claro que o
sangue nojento de seu pai corria em suas veias. Com seis anos já
matou a própria mãe, imagina o destino que teria minha filha?! Está
união jamais acontecerá.
— Eu não tenho medo de você, Emir, suas ameaças não fazem nem
cócegas. Eu sou Tariq Hamir, só o meu nome e histórico de vida já
dizem tudo.
— Bem, você pode tentar fazer isso mais tarde, mas por agora eu
preciso trabalhar. Quero que meu império continue crescendo, assim
poderei mimar minha imperatriz como ela merece, não acha, Tariq?
Jade precisa protagonizar agora, já chega de ficar à sombra do pai.
— Você tem uma imaginação fértil, Tariq, gosto disso. Agora tenho
que desligar, até breve, caro sogro.
— Vejo que você está estressado hoje, Emir. Mas não se preocupe,
que a sua tensão está prestes a acabar — ela diz em meio a uma
risadinha.
Capítulo 12
Jade Hamir
— Jade, saia para fora da casa desse maldito. Meus homens farão
o resto — diz meu pai na chamada de vídeo, ignorando
completamente tudo que falei até agora.
Meu pai rosna, e seu rosto fica vermelho. Ele está em seu
escritório, sozinho. Eu o conheço bem, sei que ele está fazendo de
tudo para manter minha mãe fora disso. Meu pai é ignorante, acha
que só ele sabe o que é melhor para a família. Sinceramente, não
sei como mamãe consegue lidar com ele.
— Você está cega, garota, você não conhece esse homem e sua
família, eles não prestam. Até o seu povo é diferente do nosso, você
não pertence a esse lugar Jade.
— Não diga uma coisa dessa, Jade, esse homem é um monstro, ele
é perigoso. Você precisa acordar, Jade.
— Ele não é um monstro, você não pode julgá-lo por algo que
aconteceu quando ele ainda era uma criança. Ele era apenas um
menino! Por favor, não seja injusto. Emir já se culpa o suficiente pelo
que aconteceu, ele não precisa de alguém como o senhor para julgá-
lo. Além disso, não seja hipócrita, você matou muitas pessoas,
papai.
Eu bufo.
— Mas matou! Já Emir não teve a intenção de matar sua mãe, ele
nem sabia o que essa palavra significava direito!
— Você está me decepcionando, Jade. Não achei que fosse tão tola.
Não achei que fosse tão ingênua a ponto de defender um Yassin.
— Não fala assim, papai, por favor. Eu te amo, te amo muito, pai.
Você foi o melhor pai que eu poderia ter. Mas o senhor não está
sendo justo comigo agora ao exigir que eu escolha entre o meu pai e
o homem que eu amo. É uma exigência dura demais. Eu quero que o
senhor continue de bem comigo, mas também quero seguir com
minha vida. Tenho vinte e sete anos, papai, não sou mais uma
menina. Eu quero me casar, ter meus filhos e ser feliz como mamãe.
Será que é tão impossível para você me ver realizar o meu desejo?
— Jade, se você quer casar, eu posso te ajudar a escolher um
homem que te mereça, meu anjo. Mas não Emir, ele não te merece,
ele não merece alguém tão doce como você, filha.
— Jade, sei que os seus sentimentos por esse homem são intensos,
mas eu não consigo me conformar, filha. Esse sheik... — ele grunhe
—, ele é perverso.
— Eu não acho. Só porque ele tem um pai ruim não significa que ele
é perverso. Emir não é um mocinho, mas não é mau.
Não sei por quê, mas as suas palavras fazem os pelinhos dos meus
braços arrepiarem. Meu pai parece atordoado demais, e seu
nervosismo está passando para mim. Ele faz o contrato de
casamento parecer uma sentença de morte.
— Não acho que o sangue define uma pessoa, pai, e sim o caráter.
Não me interessa como são os outros Yassin, só me importa como é
Emir comigo. E descobri que nos damos bem.
— Como você sabe que se dão bem? Você está aí há míseros dias!
— Pai?
— Não!
— Ah, você vai! Um homem te toca, e você acha que pode manter
isso em segredo? Nunca! Emir feriu a sua honra, aquele desgraçado!
— Pare com isso, pai, ele não feriu minha honra! Foram só alguns
beijos, só isso.
— Você não vai se casar com esse homem, Jade — meu pai
ameaça, mas a sua voz falha no fim.
Ele parece sentir que algo está para acontecer e então começa a
tentar me intimidar.
— Vou mandar mais homens para te pegar. Você vai vir por bem ou
por mal.
— Eu não acho que isso será possível. Dar minha bênção significa
apoiar este casamento, uma união que eu não aprovo.
— Por que ele não pode simplesmente aceitar a minha decisão sem
me tratar de forma diferente, mãe? Por que é tão horrível para ele
que eu me case com Emir?
— Não se importe com o que ele diz, ele está desnorteado, Jade.
Você é sua única menina, e agora virou mulher e está indo embora
para os braços de um homem. Imagina como ele deve estar se
sentindo. Você sabe que ele morre de ciúmes de você. Seu pai é
possessivo, não consegue aceitar a ideia de você virar mulher, ter
um marido... Sabe que isso é complicado.
— Mas ele não poderia apenas aceitar a minha felicidade e ficar feliz
por mim? Eu só queria que ele me apoiasse, que não mudasse
comigo.
Eu reviro os olhos.
— Você está igualzinho ele. Eu não vou fazer nada de mais, mãe.
Eu aceno.
— Vou tentar fazer seu pai aceitar a situação e te perdoar. Não será
fácil, mas vou pensar em alguma forma. Seu irmão também está
chateado com você, mas não tanto quanto seu pai. Luisa anda
falando muito na cabeça dele que você só está seguindo sua vida, e
você sabe que ele escuta tudo que ela fala, mesmo não concordando
muito.
Eu reviro os olhos.
Emir Yassin
Não sou tão linha-dura como ele gostaria, muito menos imparcial às
crueldades que ele aprova. Não sou apegado o suficiente às
tradições e nem aprovo a Sharia como um todo. Não sou diplomático
com os corruptos e nem autoritário com os humildes que precisam
de mim. Sou uma vergonha para o sangue Yassin. Meus ancestrais
ficariam envergonhados de mim. Isso é o que meu pai morre de
vontade de dizer, mas é covarde para arriscar. Eu deveria ser um
monstro como ele. Afinal, onde ele errou? Ele me criou como o seu
pai o criou. Eu deveria ser como ele. Mas não sou. Sou vagamente
parecido, até porque estou longe de ser o bom homem. Mas isso
não é o suficiente. Os Yassins são mão de ferro, as leis vêm antes
dos sentimentos. Onde meu pai errou?
— Eu quero — eu confirmo.
Ali me olha com o cenho franzido. Seu semblante mostra que está
contrariado.
Ele sorri.
— Ela está bastante lúcida, Ali. E, sim, ela sabe algumas coisas
importantes sobre mim, mas isso não a intimidou.
— O que você disse? Que matou sua mãe quando criança? — Ali ri
com ironia. — Ora, você não teve intenção, a culpa foi da sua mãe,
ela já estava ficando louca.
— Apesar de ser meu filho, você não tem nada a ver comigo, Emir.
Você só é respeitado pelo nosso povo porque carrega o peso dos
seus ancestrais, caso contrário, se você fosse depender de seu
próprio mérito, com certeza não subiria ao poder. Talvez Jade já
tenha pensado nisso. Ela não te teme, você é apenas um fraco para
ela, talvez ela até mesmo esteja pensando em te usar para ganhar
sua liberdade. Porque com o pai dela na cola seria impossível, mas
com você como marido... — ele ri novamente e me olha com
divertimento — será extremamente fácil. A mulher é esperta, tenho
que admitir. Não só ganhará a liberdade através de você, como
também terá um fraco para fazer suas vontades.
— Eu irei embora antes que eu faça algo irreparável. Você nunca foi
normal, então eu vou ignorar suas palavras desprezíveis. Mas, antes,
vou reforçar o que eu disse antes: jamais interfira no meu
relacionamento ou encoste em Jade. Sou capaz de acabar com sua
vida caso você faça alguma dessas coisas.
Capítulo 14
Jade Hamir
— Bom, se for o fato de ele ter sido a causa da morte da mãe dele,
eu já sei.
— Você sabe?!
— Nada que seja difícil de descobrir. Sei que ele e seu pai não se
dão nada bem, que ele não está muito satisfeito com o governo que
o pai deixou e também que ele nunca se estabilizou com nenhuma
mulher. Não sei nada muito pessoal, como pode ver.
— Ai, Jade, você tocou num assunto complicado agora, amiga. Estou
meio sem jeito de te falar isso, mas, assim, Emir tem quarenta anos,
não é nenhum mocinho, né, então é de se esperar que ele tenha tido
mulheres ao longo de sua vida.
— Você está certa, faz todo sentido ele ter tido relacionamentos ao
longo de sua vida.
— O que você está falando, Jade?! Você está doida, mulher?! Você
é linda, garota, linda! O que você tem na cabeça de se inferiorizar
desse jeito? Jade, você tem uma altura boa, tem um corpo
espetacular, uma pele e cabelo de darem inveja em qualquer uma.
Fora seus olhos que são lindos demais. Você tem o corpo das
brasileiras e a elegância das árabes, você não poderia ser mais
bonita, amiga. Sinceramente, acho impossível. Então, por favor,
jamais se sinta inferior às mulheres interesseiras que Emir se
relacionou no passado, porque isso é um absurdo.
— Você nem imagina quão grandes. Eu tive uma briga feia com meu
pai, e ele está muito revoltado comigo. Estou muito chateada com as
atitudes dele também. Sinceramente, estou desnorteada.
— Então você finalmente descobriu que o ogro não é tão ruim assim,
hein? E ainda tem uma pegada super quente. Menina, estou em
choque!
Eu aceno.
— Eu também.
— Você praticamente foi para a cama com ele em apenas uma noite
que fez as pazes com o homem. Não acha que está sendo
apressada demais? Você é a filha de um sheik, sabe que o que está
fazendo é errado.
— Sim, isso realmente não está certo. E, sim, é muito errado. Mas
eu simplesmente não consigo me controlar quando ele me toca, Emir
sabe me deixar completamente fora de mim.
Laila ri.
Laila dá de ombros.
— Mas ele tem que fazer um esforço para se dar bem com meu pai.
Meu pai tem muito poder, além disso, ele é meu pai, não um
conhecido.
— Bem, então boa sorte para tentar convencê-lo a ser educado com
seu pai. Vai ser um desafio — ela diz rindo.
Eu suspiro, chateada.
— E você sabe como vai fazer para seguir com esse casamento
adiante?
— Não, não sei de nada ainda. Só sei que vou seguir o meu coração,
procurar a minha felicidade, Laila. Meu pai me ameaçou de me
ignorar se eu me casar, e isso me machucou bastante. Mas eu não
vou voltar atrás por causa disso. Eu amo meu pai, mas agora preciso
seguir minha própria história, com a aprovação dele ou não. Claro,
queria muito que ele aceitasse e estivesse comigo, mas, se isso não
acontecer, vou continuar com minha escolha mesmo assim.
Eu aceno.
— Não gosto de pensar muito sobre isso. Meu pai e meus irmãos
talvez não virão. Seria muito triste uma festa de casamento sem boa
parte da minha família, então estou pensando seriamente em não
fazer uma festa de casamento.
Eu dou de ombros.
— Ah, não, não me venha com esse papinho. Você é uma princesa!
Deveria se casar como uma.
— Isso é besteira, Laila. Não vejo sentido em fazer uma festa sem a
minha família. Festa serve para comemorar com as pessoas que
você ama.
Laila suspira.
— Bem, então eu vou torcer para que você consiga fazer as pazes
com seu pai e irmãos e que eles aceitem sua união, porque seria um
desperdício não fazer uma cerimônia digna, amiga.
Eu sorrio, desanimada.
— Não.
— Como não?
— Não se trata do que você quer, Habibti, e sim do que o seu noivo
quer, e eu quero você, agora.
— Ora, vai ficar querendo! Eu não vou para sua casa hoje, somente
amanhã.
— Tsc, tsc, tsc — ele faz o som negativo com a boca e ri sem
humor. — Você volta comigo ainda hoje, Habibti, estou com saudade
de você.
— Eu escutei, mas já disse que vai. Vamos, seja uma boa garota e
prepare as suas coisas para voltar para casa com seu futuro marido.
— Não!
Ele então desliga sem me deixar responder. Olho para Laila com a
boca aberta, e ela ri. Ela aponta para minha mala.
— Junte suas coisas porque tenho certeza de que seu macho alfa
estava dizendo a verdade.
Eu bufo.
Laila ri, mas logo se dá conta do que aconteceu e fica séria. Ela faz
um barulho com a garganta para chamar a atenção de Emir e
pergunta, com a testa franzida:
Ele vem até mim, pega a mala da minha mão e enrola seu braço de
forma possessiva na minha cintura, em seguida me beija no nariz.
— Eu não podia ficar sem você hoje à noite. Não acho que vou poder
ficar um dia sem você agora. Estou obcecado, louco, princesa,... por
você.
Capítulo 15
Jade Hamir
— O que foi?
— Eu sei que é difícil, mas é só por enquanto. Mas para que tudo se
resolva logo, eu preciso que você mude a forma de tratar meu pai,
Emir. Preciso que você seja mais educado e paciente com ele.
— Acho difícil ser "educado" com seu pai, Habibti. Pois isso é o
oposto do que ele é. Você tem um pai ignorante, portanto vou tratá-
lo da mesma maneira.
Eu resmungo, irritada.
— Emir, você não pode pensar dessa maneira, você tem que agir
diferente. Nós precisamos da autorização dele, sabe disso. Não
quero me casar como uma fugitiva. Eu preciso que você colabore,
que tenha paciência com ele. Tariq não é fácil, sei bem disso, mas
ele é meu pai e será seu sogro, então é importante que vocês pelo
menos se respeitem.
— Você pode fazer a sua parte. Se ele não fizer a dele, tudo bem.
Pelo menos vou ter a consciência limpa de que você fez o seu
melhor. Entende?
— Certo, vou tentar. Vou fazer minha parte por você, somente por
isso. Eu não gosto do seu pai, nem um pouco. Mas amo você. Não
sei como vou tentar amenizar a situação, mas vou fazer o possível.
— Por você, Habibti. Apenas por você. Somente por você eu farei o
que estiver ao meu alcance.
— Jura?
— Acho difícil negar alguma coisa para você. Agora venha aqui.
— Eu te amo, Habibti.
Seus olhos ficam mais intensos, e ele leva o meu rosto para perto
do seu até que sua boca está na minha, me dominando, me amando,
me deixando completamente derretida e com o coração a mil por
hora.
Ester Hamir
Emir teve uma vida difícil aos cuidados do pai sem escrúpulos. Ele
procurava refúgio em sua madrasta e hoje evita a presença do pai o
máximo que consegue. Apesar da criação, o seu próprio povo diz
que o sheik regente é um homem bom, muito melhor que o pai. Emir
está aos poucos tomando a liderança completa do clã, para alívio
das pessoas. Contudo, seu pai, apesar de velho e de estar na hora
de aposentar, continua se intrometendo no governo e executando
suas maldades. Emir teve muitas amantes, mas não posso julgá-lo,
Tariq teve mais que ele. De qualquer modo, eu gostei dele, sinto que
ele é um homem de caráter e que irá cuidar muito bem de Jade. E é
por isso que, como mãe de Jade e esposa de Tariq, é minha
obrigação tentar convencer Tariq a aceitar o casamento da filha.
Eu suspiro.
Eu o olho com pena. Está claro que Tariq está muito preocupado
com sua menina crescida. Eu me sento também, e ele olha para os
meus seios, distraído. Eu reviro os olhos e fecho a cara, e então ele
volta a me olhar nos olhos.
Eu sorrio, melancólica.
— Você está certa, Habibti. Não posso ficar adiando o inevitável por
muito tempo. Minha menina já é uma mulher e ela quer se casar.
Emir não é o homem que eu queria para ela, mas ela o ama, ele tem
muitas virtudes, então... Então não há motivos para impedi-la de se
casar com ele. Eu vou conceder a minha bênção. Sangrando por
dentro, obviamente, mas vou. Contudo, estarei o resto da minha vida
de olho nele, pode apostar.
— Pois bem, se ele quer minha filha, ele terá que vir aqui no dia que
eu marcar e me provar que será o marido que ela merece.
Capítulo 16
Emir Yassin
No início, achei que eu seria demais para suportar, ela não estava
lidando bem, então resolvi ser direto e finalmente contar o lado
obscuro da minha vida que ela precisava saber. Eu estava cansado
dos joguinhos, das mentiras, precisava saber se ela realmente fora
feita para mim. E descobri que ela foi, então fui o bastardo que sou e
a declarei como minha. Jade é minha. E seu pai me ligou hoje à
noite, exigindo a minha ida à sua casa. Segundo ele, ele precisa "se
assegurar da segurança e bem-estar da minha filha" e minha ida lá é
"absolutamente necessária". Obviamente que seu tom de voz estava
bem longe do educado. Eu podia sentir seus dentes rangendo
enquanto ele se forçava a dizer essas palavras, quando na verdade
ele queria me decapitar. Eu tive que me esforçar para não rir, sei que
algo assim poderia ser o último gatilho para ele realmente tentar algo
contra o noivado.
Então eu, bastante desconfiado, disse que não era tolo e só iria
com uma equipe de segurança muito bem equipada. Ele riu e
aceitou. "Eu quero você aqui às 8h, Yassin, nem um minuto a mais".
Foi sua última declaração, o homem realmente se acha o ditador. Em
qualquer outra situação, o mandaria se ferrar. Mas esta não é
qualquer situação, se trata de Jade. Por mim, o sheik ditador ficaria
sem a filha e morreria com seu orgulho. Mas Jade ama o pai, ela
quer o homem no casamento, e eu não sei dizer não para ela. Ela
me implorou para ir, então eu tive que aceitar o "pedido" do sheik.
Obviamente, ela também está preocupada com esse encontro e
disse que iria comigo, mas ela não pode. Tariq foi claro ao dizer que
não quer Jade entre nós dois amanhã. Mas nem se ele implorasse
para levá-la eu faria isso. Ele é traiçoeiro, pode ser uma armação
para pegá-la e prendê-la. Jade ficará aqui, em minha casa, ela só
não sabe disso ainda.
Ela disse que seu pai não vai fazer isso, que realmente quer entrar
em acordo e que ela ficará segura na casa do irmão e cunhada. Mas
eu não irei arriscar. Jade ficará aqui até que eu comprove que seu
pai não está armando algo para tirá-la de mim. Talvez ele esteja
tentando trazê-la de volta ao seu território, assim ficará praticamente
impossível tirá-la de lá. Não posso arriscar. Esse sheik não vai tirá-la
de mim, porra. Jade é minha. Depois de observá-la dormir por mais
alguns segundos, decido que ela precisa ir para a cama, o sofá não
é tão espaçoso. Mas não quero acordá-la, então irei levá-la no colo.
Sendo o mais gentil e silencioso possível, coloco meus dois braços
debaixo do seu corpo esguio e a levanto. Acomodo Jade
rapidamente e começo a andar pela casa com ela em meus braços.
— Eu não vou ter muito tempo para o desjejum hoje, Joana. Vou
comer apenas as frutas. Mas tenho certeza de que Jade irá apreciar
a comida quando acordar.
— Não irá precisar, a equipe de segurança irá fazer isso. Mas não
se preocupe, não acho que Jade terá problemas com um dia de
confinamento, ela é acostumada a ficar em casa. Além disso, ela
saberá o motivo.
Ele acena.
— Ótimo.
∆∆∆
Meu helicóptero pousa em uma área cedida para a minha equipe e
logo vejo outro helicóptero e quatro carros, todos da equipe. Eu
novamente entro em outro carro, e Matias dirige, os outros carros
estão nos seguindo a alguns metros. Demora pouco mais de dez
minutos para chegarmos ao castelo Jasmim. Uma segurança
especializada protege o lugar. Quando chegamos, os grandes
portões são abertos e nós entramos. Minha equipe estaciona os
carros e logo em seguida estamos entrando no lugar. Vários homens
me acompanham, e alguns permanecem nos carros. Odeio andar
com a equipe tão próxima, mas com Tariq não posso me arriscar. O
homem é sanguinário e não gosta de mim, para dizer o mínimo,
então não é como se eu pudesse entrar no território do inimigo sem
o mínimo de proteção. Na entrada do castelo, Tariq me recepciona.
Ele está vestido tradicionalmente, e sua postura altiva e orgulhosa
quase me faz revirar os olhos. Quando estou próximo o suficiente,
ele me cumprimenta com um aperto de mão e um "Salaam Aleikum".
Em seguida, seus olhos observadores me analisam severamente.
Seu rosto se contrai em raiva por breves segundos, mas ele se
esforça para permanecer neutro. Ele me convida para entrar, e eu o
acompanho. Em certo ponto, ele aponta para uma grande porta com
adornos dourados e fala:
— Bem, você pode até tentar, mas antes terá que avisar. Gosto de
uma batalha justa. Não trouxe minha Glock, mas creio que a HK pode
dar conta.
Eu sorrio.
— Eu não vou com a sua cara, Yassin, nunca fui, na verdade. Você
vem de uma família tóxica. Não vejo como você seria a melhor opção
para Jade.
— A família não define uma pessoa, Hamir. Sou a melhor opção para
Jade porque sou o homem que ela ama, isso já é suficiente. Além
disso, ela já viu com seus próprios olhos que eu posso ser muito bom
para ela.
— Por mim, você nunca mais chegaria perto da minha filha, muito
menos a teria em sua casa novamente. Mas ela praticamente me
implorou para que eu te desse uma chance. Eu tinha em mente um
marido totalmente diferente de você, um que eu escolhesse. Mas
Jade se apaixonou por você quando era muito nova e nunca deu
chance para ninguém mais. Eu tenho impedido esse relacionamento
até agora, mas não vou impedir mais. Jade é adulta, logo terá vinte e
oito anos, quero que ela seja feliz. No entanto, preciso me certificar
de que você é digno dela, Yassin, mas essa é uma tarefa
complicada.
— Sim.
— Vá em frente.
— Sua vez.
— Você terá uma bela cicatriz para lembrá-lo todos os dias da sua
promessa, Yassin. Eu morrerei, mas a cicatriz irá continuar.
Eu sorrio.
— Jure.
— Eu juro pela minha vida que irei proteger, honrar e amar Jade, sua
filha, com a minha vida.
Tariq aperta a minha mão na sua fortemente e nossos sangues se
unem numa bagunça vermelha escarlate. O aperto faz o meu corte
doer ainda mais, e eu rosno de dor. O cheiro de ferro enche o ar, e
Tariq tira sua mão da minha. Ele tira dois panos brancos e limpos da
gaveta e me entrega um para estancar o sangue.
Eu aceno.
— O quanto antes.
— Nós fizemos.
Capítulo 17
Jade Hamir
— Quem você acha que é para dizer algo assim?! Eu não sou sua
propriedade, Emir!
— M-meu pai...?
Ele me interrompe.
— Sim.
Eu arregalo os olhos, incrédula.
— Não acredito!
— Não acredita que será minha? Achei que já tivesse certeza disso
antes.
Eu reviro os olhos.
— Muitas coisas.
Eu franzo o cenho.
— Ele disse para você escolher a data, mas que seja o mais rápido
possível. Seu pai teme por sua reputação.
— Em breve você terá mais, Habibti. Você terá tanto, que estará
implorando por um descanso.
Eu aceno.
Eu suspiro.
— Você trabalha?
— Bem, fique tranquila. Quando for minha esposa, sempre terá algo
útil para fazer, e não será trabalhar.
Eu suspiro, chateada.
— Entendido?
Eu balanço a cabeça.
— Sim.
— Ótimo.
Capítulo 18
Jade Hamir
O grande dia chegou. Depois daquele dia que Emir me disse que
meu pai tinha finalmente aceitado nossa união, meu pai entrou em
contato comigo e me pediu para visitá-lo. Em seu escritório, ele me
fez várias perguntas, ele queria saber se eu realmente queria aquilo.
"Uma vez casada com ele, você dificilmente conseguirá se separar,
Jade", ele disse. Ele parecia preocupado e muito triste, meu pai com
certeza não estava feliz em casar a filha dele. Eu fiz o que pude para
convencê-lo de que era realmente aquilo que eu queria, que eu
amava Emir. Ele então concordou e disse que o casamento teria que
acontecer rápido, pois o meu nome já estava sendo discutido de
forma negativa. Já havia péssimas especulações acerca do meu
envolvimento com Emir. Quando ele sugeriu que o casamento
acontecesse em três semanas, eu me assustei. Seria rápido demais.
Mas eu entendi que realmente a situação estava séria, então eu
concordei. Meu pai teve que marcar uma reunião com o conselho
para anunciar minha união com Emir. Como esperávamos, a
insatisfação foi quase geral. Emir não é querido em nosso meio. Meu
pai foi duro ao dizer que o casamento iria acontecer e que essa seria
a oportunidade para ter o povo de Abu Dhabi como aliado.
Emir também teve que avisar o seu conselho de que eu seria sua
esposa. A notícia também não foi muito bem recebida pelos
membros, mas a indignação foi bem menor que do conselho do meu
pai. O que mais me deixa preocupada é o pai de Emir; nunca o vi,
mas já sei que ele é um monstro. Tenho certeza de que ele ficou
furioso com a escolha de Emir, apesar de Emir não ter me falado
sobre isso. A última coisa que Ali iria querer é a filha de seu inimigo
dentro de sua família, a qual ele tem orgulho por ser "pura". Não vejo
nada de puro nas gerações desta família, somente puro ódio.
Percebo que Emir evita ao máximo citar o seu pai comigo, como se
ele fosse órfão. Não posso culpá-lo, se eu tivesse um pai como o
dele, com certeza iria fazer o mesmo. Graças a Alá esse não é o
meu caso. Meu pai foi um excelente pai para mim e meus irmãos.
Se não fosse pela grande influência do meu pai e do meu noivo, não
sei se conseguiria organizar bem meu casamento. Por sorte, dinheiro
é o que não falta em ambas famílias. Apesar de nunca ter me
importado para posses e dinheiro, nesta situação eu encontrei
bastante utilidade neles. Influentes organizadores de festas foram
contratados para organizar meu casamento. A única coisa que tive
que fazer foi explicar com detalhes como eu queria a decoração e
cardápio dos jantares. Ainda bem que não tive que participar de
outros preparativos. Passei as três semanas extremamente nervosa,
dormindo muito pouco por causa de insônia. Eu fui proibida de ver
Emir novamente até o casamento, então isso me afetou. Queria
compartilhar com ele meus sentimentos e saber se ele tinha
sentimentos parecidos. Tive saudade, mas não podia nem mesmo
fazer uma vídeo chamada. Para piorar, tive que fazer um teste de
virgindade, como a minha mãe.
Papai também achou melhor assim, porque será mais fácil das
pessoas participarem. Afinal, meu casamento será em Abu Dhabi, e
meus convidados são de Fujairah. Eles terão que se deslocar e não
poderão ficar por muito tempo. O povo foi convidado, mas poucos
puderam vir. A maior parte dos convidados será por parte de Emir.
Em cada dia de festa, usarei dois vestidos, menos no terceiro, pois
neste usarei o vestido branco, e só Emir poderá tirá-lo. Hoje, haverá
a troca de alianças. A festa será mais restrita, apenas com o
conselho de cada clã e os familiares. Trata-se do casamento civil.
Algumas questões burocráticas serão discutidas, como meus direitos
como esposa e os direitos de Emir como marido. Eu estou nervosa,
admito. No meu caso, este dia de festa não será tão alegre, pois
tanto eu quanto Emir estamos contrariando muitas pessoas com
esse casamento. Além disso, não poderemos ficar juntos, será
somente a parte bruta mesmo do casamento.
∆∆∆
∆∆∆
Capítulo 19
Jade Hamir
— Hum, sinto muito. Não sei o que está acontecendo comigo. Talvez
seja o fato de ter várias pessoas aqui.
— Eu sei. Não deve estar sendo fácil para você ter tanta gente
esperando sua primeira vez a poucos metros deste quarto.
Eu aceno em concordância.
— Sim.
Ele então desliza sua mão grande e morena para o meu pescoço,
alisando minha pele exposta. Emir aproxima a cabeça no meu
pescoço e me beija entre os seios, levemente expostos pelo decote
não muito grande. Sinto sua respiração quente na minha pele e
tremo. Ele levanta a cabeça e me encara.
Eu concordo, ofegante.
— Você sabe o que eu quero, Jade. E você vai me dar, não é? Você
vai me dar o que me pertence por direito.
Meus olhos se arregalam com o seu pedido. Por ele estar atrás de
mim, ele não pode ver minha expressão. Sufocando a vergonha, eu o
obedeço:
— Por Alá, o que fiz para merecer uma mulher tão preciosa como
você? — ele pergunta, mais para si mesmo.
Eu tremo sob seu olhar quando ele foca nos meus seios nus. Meus
seios estão empinados, com as aréolas e mamilos enrijecidos pelo
contato com o ar. Emir parece estar hipnotizado pelo que vê. Ele se
aproxima ainda mais e toca os meus seios com as duas mãos,
segurando-os em forma de concha. Emir os massageia e belisca
suavemente os mamilos. A sensação do seu toque é incrível, e eu
gemo de satisfação. Emir intensifica os toques, esquentando a área
erógena e me deixando inebriada de desejo. Minha respiração passa
a ficar ofegante, e Emir fica ainda mais ansioso. De repente, ele
para de tocar ali, segura meu pescoço com firmeza e me força a
encontrar com sua boca. Ele então me devora. Emir aproveita o meu
estado de choque para me dominar. Ele não é gentil no momento, ao
contrário, é bruto, duro e exigente. Emir usa a minha boca conforme
sua vontade, e eu praticamente não consigo respirar. Ele é
implacável, me possuindo com a sua boca, praticamente me
comendo. Sua mão volta a apertar meus seios com força. Ele quer
me sentir, me marcar, me domar. Mas eu estou amando isso: seu
toque possessivo, sua atitude dominante e bruta. Eu absolutamente
estou amando. Estou no paraíso.
Ele não espera minha resposta. E logo ele está sobre mim na
cama, me prendendo debaixo dele. Sua boca me surpreende quando
ataca o meu seio. Emir passa a sugá-lo com força, como se pudesse
se alimentar de mim. Nunca pensei que ter o seio sugado por um
homem pudesse trazer tanto prazer. Mas é o que acontece, o prazer
é tão grande que eu grito. Emir passa para o outro seio e o suga
como fez com o anterior. A sucção é implacável, bruta e exigente.
Sinto ondas de prazer enormes e praticamente choro. Mas, de
repente, ele para. Eu protesto e peço por mais. Mas ele não o faz.
Ao invés disso, ele foca na minha calcinha e saltos. Determinado,
Emir rasga a peça branca delicada e a joga no chão, em seguida, se
dirige aos meus pés para retirar os meus saltos. Ele faz tudo isso
com uma rapidez surpreendente. E, então, ele olha fixamente para a
minha intimidade exposta. Eu fecho as pernas, absurdamente
envergonhada com o olhar intenso de Emir. Contudo, suas mãos
seguram meus joelhos e abrem minhas pernas novamente. Eu
protesto, e ele rosna em resposta.
— Jamais feche as suas pernas para mim, Jade. O que tem entre
elas me pertence. Você me pertence. Nenhuma parte sua deve ser
escondida de mim.
Novamente sou surpreendida com sua boca. Desta vez ela está em
minha intimidade, chupando com avidez a minha entrada. Eu grito de
surpresa e prazer, e Emir só intensifica o trabalho. Ele reserva entre
meu clitóris e canal vaginal. O prazer foi demais para mim, e eu gozei
com força em sua boca enquanto tremia em espasmos. Emir chupa
toda a bagunça, o que me deixa vermelha como um pimentão. Ele
então olha para mim, seu cabelo preto bagunçado e sua barba curta
molhada pela minha excitação.
Emir então desce a sua calça branca, junto com a cueca Boxer
Armani, também branca. Ele joga as peças no chão e fica
completamente nu à minha frente. Automaticamente minha atenção
vai para o pênis dele, o qual está apontado para mim. Meus olhos se
arregalam, e eu engasgo, tossindo. Minha respiração fica ofegante,
e eu balanço a cabeça.
— Não só você pode aguentar, como vai. Você foi feita para mim,
Habibti. Seu corpo me pertence. Logo, você não tem que se
preocupar. Seu corpo vai fazer o que precisa ser feito.
— Eu estou com medo. — Eu falo, tremendo a voz.
— Você já pertence a mim pela lei e pela religião, agora só falta pelo
corpo. Pronta para pertencer exclusivamente a mim, para sempre?
Ele me consola por quase dois minutos, e é então que a dor passa,
e eu paro de chorar. Emir acaricia meu rosto com leveza e diz, me
encarando:
— Está vendo este sangue aqui? É a prova de que sou seu único
homem. Obrigada pelo presente, Habibti. Sua pureza significou muito
para mim, e eu irei te recompensar o resto da minha vida por isso.
Capítulo 20
Emir Yassin
Me sinto mais honrado e sortudo do que mereço. Até alguns meses
atrás, eu estava convencido de que nunca teria uma mulher como
Jade, porque ela é perfeita demais para mim. Eu estava conformado
de que não me casaria por amor, e sim por obrigação, e que minha
esposa seria apenas um enfeite nas aparições públicas. É um
pensamento desanimador, mas é o que eu merecia. Jade não era
para mim. Contudo, Alá decidiu me dar mais do que eu merecia, ele
quis me dar um destino melhor. Definitivamente o meu destino não
era com a princesa Hamir, disso eu já tinha certeza. Mas às vezes a
vida nos surpreende ao nos dar mais frutos do que pretendíamos
colher. Sou o homem mais sortudo do mundo, pois recebi o direito de
ter Jade. Hoje ela é minha perante Deus e os homens.
Ela se entregou a mim mesmo com medo, me deu o seu bem mais
valioso que é a sua pureza. Jade, mesmo com dor, me aceitou em
seu corpo e não me expulsou. Ela é forte, uma doce menina forte.
Ela pensou em mim enquanto chorava e me aceitou como uma boa
esposa. Sua valentia foi recompensada, e ela logo passou a se sentir
bem, sentir prazer com a penetração intrusa em seu corpo intocável.
Ela é doce, mas também é selvagem, e é essa combinação dela que
me deixa louco. Uma mulher inocente que ama o meu toque, o toque
do seu homem. Jade tem fogo em seu coração e corpo. Ela não é
fria como muitas mulheres. Jade é apaixonada e gosta de viver
grandes emoções. Quando ela está necessitada, ela não esconde
isso. Mesmo virgem, ela me mostrou que poderia ser uma mulher de
verdade para mim. Hoje ela se tornou completamente mulher ao se
tornar minha. Agora, a parte boa finalmente vai começar.
— Não brinque comigo, Ali, ou você vai acabar morto mais cedo do
que você gostaria, e de uma forma nem um pouco indolor. Se
continuar falando da minha mulher, vou acabar te matando, velho
nojento, eu estou te avisando.
Já num lugar mais calmo, Ismael segura meus ombros e me fita nos
olhos:
— Por favor, cara, não faça nenhuma merda. Se acalme. Deixe ele
dizer o que quiser, aquele homem é louco, nós dois sabemos disso
muito bem. Ignore-o, ele tem problemas mentais. Estou dizendo isso
porque me importo com você, não com ele.
Eu retiro as mãos do meu irmão sobre mim e o encaro, muito sério.
— Eu te amo, irmão. Mas não sei se posso garantir para você que
não farei nada. Posso garantir que irei tentar. Mas se ele piorar...
Terei que tomar medidas mais drásticas.
— Não acredito que você irá querer mandar no que eu irei comer! —
Jade diz, surpresa e confusa.
Eu sorrio.
— Depende de quê?
Jade Yassin
Emir teve que voltar para a festa para se despedir dos convidados
e também da minha família. Sim, minha família. A minha vergonha
era tanta que eu não consegui me encontrar com minha família para
me despedir. Era simplesmente demais para mim. Ter que encarar
meus irmãos, e principalmente o meu pai, depois de tudo que
aconteceu na mesma casa que eles estavam, é simplesmente
impossível. Não sei se vou conseguir vê-los por agora, talvez eu
precise de um mês isolada para finalmente criar coragem. Sei que
meu pai deve estar em luto por minha virgindade perdida. Agora não
sou mais sua menininha, não estou sob seu controle e agora
pertenço a outro homem, um homem que não é da família.
Eu não posso culpá-lo por estar mal com isso tudo, no entanto. Ele
me criou com todo cuidado e amor do mundo, sempre me
protegendo dos olhares masculinos. Sempre fui a bonequinha dele
para proteger e cuidar. E agora a filha dele simplesmente cresceu e
se casou. Deve ser muito difícil aceitar. Mas infelizmente ele precisa.
Meninas um dia crescem e se tornam mulheres, comigo não poderia
ser diferente, apesar de ele ter tentado evitar o inevitável. Eu tento,
mas não consigo evitar de me sentir um pouco culpada, mesmo que
na verdade eu não seja. Eu deixei minha família para sempre. Nunca
mais irei morar com eles, e só poderei visitá-los com a permissão de
Emir. É uma realidade difícil de encarar, mas é assim que as coisas
funcionam, e não havia nada que eu pudesse ter feito de diferente, a
não ser se eu decidisse morrer solteira.
Eu tive que tomar uma banho de ervas quando Emir se retirou para
levar o lençol para o conselho. Me senti extremamente envergonhada
sob os olhares curiosos e espertos das empregadas. Elas olharam
cada canto da minha pele para verem se eu tinha algum corte que
pudesse ter sido a origem do sangue no lençol. Até mesmo a pele
entre meus dedos dos pés foi analisada. Além disso, ficaram
bastante interessadas na minha parte íntima. Queriam ver se eu
parecia realmente machucada como uma virgem que tinha acabado
de ser deflorada. Completamente mortificada, afastei-as o máximo
que pude, mas não foi uma tarefa fácil. Quando finalmente o banho
de ervas e inspeção acabou, eu quase gritei de alívio. Nunca tinha
passado por uma situação tão constrangedora em minha vida, nem
mesmo quando tive a consulta com a ginecologista ou hoje, durante a
minha primeira vez.
Ele faz uma leve careta, claramente irritado, e é então que sei a
resposta.
— Olhe para o lado bom, agora ele vai voltar para Fujairah, e eu não
terei que voltar com ele mais. Você saiu ganhando nessa.
— Oh, pode apostar, querida, você nunca mais vai voltar para ele.
Aliás, você nunca mais se livrará de mim.
Eu sorrio.
— Vai ficar querendo. Eu não irei permitir, nem mesmo se você não
me quiser mais. Você se casou comigo, agora terá que se contentar
em ser minha pelo resto de sua vida, anjo.
Ele ri.
— Oh, querida, não brinque comigo, porque você não imagina o quão
mau eu posso ser com você.
— Você sabe, anjo, que esperei muito tempo para finalmente te ter
para mim. Mas acontece que, agora que te tive, eu só penso na
próxima vez que te terei novamente. E, bom, estou decidido a torná-
la minha novamente. Não há mais convidados curiosos na casa, e
você está embaixo de mim novamente, vulnerável, pronta para ser
tomada por seu marido. Tudo que eu tenho que fazer é levantar sua
camisola, rasgar sua calcinha e logo estarei dentro de você. O que
acha disso, senhora Yassin?
Emir não espera uma resposta de mim e logo volta a me sugar. Ele
obviamente não mentiu quando disse que ama meus seios. E eu
estou feliz por isso, porque eu também amo a boca dele em meus
seios. Nunca senti algo igual, é simplesmente incrível. Creio que
poderei me viciar facilmente em ser sugada por Emir.
— Ah, não. Não me venha com essa cara novamente, esposa. Você
viu por si mesma que coube perfeitamente em você. Nós já
passamos dessa fase. Agora estamos na fase da repetição, em que
eu vou fazer o que fiz, há pouco tempo, várias vezes no dia, até você
ficar completamente exausta. Este será seu destino de agora em
diante: ser minha todos os dias.
— Isso, esposa, veja o que você faz comigo. É tudo culpa sua,
menina malvada. Agora você terá que se redimir com o seu marido.
Eu coro ao ser pega observando o seu pênis e apenas concordo
com a cabeça.
— O quê?! Bebê? Eu não sabia que você queria filhos tão rápido.
— Você vai me dar esse presente, vai fazer isso por mim, pelo seu
marido, não é, esposa?
Emir Yassin
Por mais que esta seja minha maior vontade, não poderei levar
Jade para uma viagem de lua de mel. O clã está em crise, algumas
famílias estão brigando com outras por causa de terras. Esse é um
assunto antigo, uns dizem que a terra pertenceu a gerações a eles,
enquanto outros dizem que, na verdade, as terras pertencem a eles
por um acordo comercial no passado. É um caso que nunca se
resolveu e que sempre vem à tona após alguns anos de paz. Mas a
questão é que a situação está piorando assustadoramente rápido, e
um homem de uma das famílias foi morto por uma rival como forma
de ameaça. Se a liderança do clã não tomar uma medida radical
logo, mais mortes poderão acontecer em breve, pois já há ameaças
de vingança. Conheço essas ameaças, e eles não estão brincando.
∆∆∆
— Eu agradeço.
— Tudo bem. Mas terá que ser rápido, não quero deixar Jade
sozinha por muito tempo, Diana.
Jade Hamir
— Preciso resolver algo na empresa. Vou ter que sair, mas voltarei
assim que possível. Fátima é a governanta do castelo, logo você irá
encontrá-la. Qualquer coisa que precisar, é só pedir para ela, okay?
Não acho que tenha sido uma reunião normal para assuntos
comuns. Para Emir aceitar uma reunião em pouco mais de um dia de
casamento, o assunto devia ser sério. E isso me chateia. Acabamos
de nos casar, mas parece que os problemas não estão afim de
darem uma trégua. Contudo, não há muito o que fazer. Eu me casei
com um sheik, sabia das consequências. Não sou novata nestes
assuntos, afinal, sou filha de um.
Meu pai sempre disse que filhos são bênçãos de Alá. Eu concordo.
Filhos são presentes e tornam a vida do casal mais completa. Se
Emir quer ter muitos bebês, então eu vou lhe dar os bebês. Só não
gosto muito de pensar sobre o parto. Fiquei sabendo que a tradição
da família Yassin é parecida com a da minha família. As esposas de
sheiks devem ganhar os bebês em casa, de parto natural, com a
ajuda de parteiras ou médicas. Atendimento hospitalar só deve ser
procurado em último caso. Morro de medo de parto, mas é algo
natural, e eu terei que enfrentar.
Olho para a minha barriga lisa debaixo das espumas e fico
imaginando um bebê crescendo ali. O pensamento me faz sorrir, e a
ideia não parece tão de outro mundo. Nunca tomei anticoncepcionais,
e Emir não usou camisinha nas duas vezes que esteve dentro de
mim. Então, talvez eu já esteja grávida. Se eu não estiver, terei
muitas chances para engravidar ainda. Ainda mais tendo um marido
como Emir, ele claramente é insaciável. Só não esteve em mim mais
vezes porque sabe que estou sensível. E ele deixou claro que não vai
usar preservativos, muito menos eu irei utilizar algum método
contraceptivo.
Meu pai deve estar lamentando no ouvido da minha mãe numa hora
dessas. Tenho certeza de que ele nem deve estar conseguindo
trabalhar direito. Ele é sempre dramático e exagerado quando se
trata de mim, e eu até me acostumei. Mas desta vez nem eu saberia
lidar com esse drama. Vai sobrar tudo para mamãe desta vez. Bem,
espero que ela tenha sucesso em consolar o marido, porque eu
realmente quero que ele se acostume logo com o fato de que eu
cresci.
∆∆∆
A mulher acena.
— Entendo.
— Obrigada, Zafirah.
— Parece bom.
∆∆∆
— Você não tem que querer. Terá que fazer as pazes comigo antes
de dormir, ou então me aguentar e dormir com raiva. Eu sugiro que
seja uma boa garota e faça as pazes com seu marido.
Eu rio, pois é hilária a solução dele. Quando eu ia fazer uma piada,
Emir me surpreende com uma explicação:
— Você almoçou?
— Sim.
Eu sorrio.
— Obrigada, mas sei que não é bem assim. Te vejo mais tarde.
Capítulo 23
Emir Yassin
— Era para ter sido só um cochilo. Dormi muito. Sinto muito por não
ter me encontrado acordada, Emir.
Eu não demoro para agir. Antes que ela entenda o que está
acontecendo, eu tomo os seus lábios nos meus e a beijo. Exijo
passagem em sua boca quente e a domino. Jade se esforça para
acompanhar meu ritmo, mas acaba desistindo e me passando o total
controle da situação. Um gemido sai da sua garganta, e eu fico ainda
mais excitado. Enquanto a beijo, retiro seus shorts e sua calcinha.
Em seguida, rasgo sua blusa branca e retiro seu sutiã rapidamente.
Jade grita em minha boca quando eu introduzo um dedo em sua
entrada sem avisar. Ela já está molhada, mas eu quero mais. Com o
polegar, manipulo seu clitóris com destreza. Eu deixo sua boca e a
substituo por um seio empinado e louco por atenção. Eu chupo com
força seu mamilo, fazendo Jade gritar de desejo. Dou uma pequena
mordida ali, e Jade estremece. Em seguida, volto a sugar seu seio
com força. Depois de dar muita atenção a um, volto a atenção para
o outro, fazendo questão de sugá-lo tanto quanto o primeiro. Nunca
fui muito atraído por seios, mas, quando se trata dos de Jade, tudo o
que eu quero é sugá-los até ela entrar em colapso. Os seios de Jade
são incrivelmente bonitos, parecem que foram desenhados para o
meu prazer. E foram.
Eu rio.
— Não, não sei. Você vai ter que me dizer onde você quer o seu
marido em você.
Jade ri.
Ela acena, corada e suada. Jade não poderia estar mais bonita e
sexy.
— Bem, princesa, se não tinha engravidado antes, agora você
engravidou — digo, brincando, mas ao mesmo tempo falando muito
sério.
Jade acena, meio que concordando. Mas ela ainda parece meio
embriagada pelo orgasmo que acabou de ter, então talvez não esteja
levando muito a sério o que eu estou falando. Ela olha para mim com
os olhos brilhando de afeto, e meu coração aperta de emoção. Eu
beijo sua testa demoradamente e então sussurro em seu ouvido:
— Te amo, princesa.
— Bem, eu sei que você está se sentindo relaxada, mas vai ter que
tirar sua bunda daí, garotinha. Você e eu vamos tomar banho agora.
Venha, vou te levar nos meus braços, esposa.
Jade Hamir
— Estou bem, mas imagino que você esteja melhor. Como está indo
a lua de mel? — Laila pergunta num tom malicioso.
— Que lua de mel, garota? Nem tive o prazer de ter uma. Emir tem
muitas coisas para resolver, não vamos ter lua de mel pelos
próximos três meses.
— Para que viajar em lua de mel se a parte principal você pode fazer
em qualquer lugar?
— Você pode vir aqui o dia que quiser, Laila. Inclusive hoje. Você é
sempre bem-vinda.
∆∆∆
— O que foi, Jade? Você não para de olhar para a tela do seu
celular.
Eu aceno.
— Calma, coisinha de Tariq. Ele está bem, você não precisa entrar
em histeria.
— Apenas te atualizar das notícias. Olhe seu e-mail, você vai ter
uma bela surpresa. Acredite em mim, eu gosto de você, coisinha, e é
por isso que acho que você precisa saber a verdade sobre seu
querido marido. E, olha, sinto muito por você. Você é uma coisinha
tão romântica, não merecia isso. Até mais, Jade Hamir, ou deveria
dizer, Jade Yassin? Bem, não sei, você decide — ele diz
ironicamente e em seguida encerra a chamada.
— Ali.
— Disse que queria me dar uma notícia, mas nada que vem dele
pode ser bom — eu falo, desnorteada.
— E qual é a notícia?
— Vou descobrir agora. Ele disse que está no meu e-mail.
Laila me abraça e diz que tudo vai ficar bem, que eu sou forte e que
vou superar, porque Emir é um desgraçado e nunca me mereceu. Ela
fala coisas sem sentido para mim, sobre eu recomeçar minha vida e
no futuro encontrar o homem que realmente irá me fazer feliz. Mas
eu não vou encontrar outro homem, nem em um milhão de anos.
Porque eu já tentei, mas nunca fui capaz de amar outro homem,
sempre foi Emir, mesmo sabendo que ele não gostava de mim.
Então, já que ele é um canalha, um maldito que roubou meu coração
só para me matar por dentro, eu ficarei eternamente sozinha, porque
nunca mais irei querer um homem em minha vida. Nunca mais irei
sofrer por alguém que não me merece.
Mas também não vou entregar meu coração para outro, mesmo se
ele for como meu pai é para minha mãe, ou meu irmão é para a
esposa dele. Eu não vou amar outra pessoa, porque meu coração é
incapaz. Eu deveria saber que nunca daria certo com Emir. Ele
passou anos me afastando, dizendo que eu não era para ele. E eu
realmente não sou. Maldito coração suicida. Agora eu estou
quebrada para sempre. Minha alma está morta, todos meus sonhos
foram despedaçados, e eu não sei mais se eu quero viver. Eu não
vejo mais sentido na minha vida, porque absolutamente tudo que eu
acreditava foi destruído.
— Você vai superar, amiga. Você é forte. Você vai ser feliz sem ele,
porque você merece. E ele irá pagar pelo que fez. Tudo o que a
gente faz a gente paga. Ele é um monstro, enganou você e a todos,
não se culpe e não se destrua por causa dele.
— Mas isso é perigoso, Jade. Você não pode sair pelo mundo
sozinha. Você é muito rica, pode ser sequestrada ou algo pior. Talvez
a casa dos seus pais seja melhor.
— Não! A casa dos meus pais não. Eu não conseguirei olhar nos
olhos deles, porque meu pai estava certo o tempo todo, e eu ignorei.
Eu fui burra, tola e desobediente. E meus pais se sentirão arrasados
e culpados, porque eles aceitaram meu casamento.
— Jade, mas você não pode sair por aí assim. Seus pais ficarão
desesperados querendo te encontrar.
— Mas eu sou sua amiga, não vai dizer nem para mim? — ela
pergunta ofendida.
— Por causa de Tariq e Emir. Eles vão fazer chantagem em você até
você falar onde estou. Por mais que você tente guardar o segredo,
não vai conseguir. Eles são impiedosos quando querem algo. No
caso do meu pai, ele até mesmo prejudica a pessoa.
— Ai, Jade, eu estou com tanto medo por você, por mim... Deus,
não consigo digerir a ideia de você sozinha num país estranho.
Capítulo 24
Jade Hamir
Ele me prometeu que não tinha mais amantes, que já tinha desfeito
relações anteriores. Ele me prometeu. E eu fui ingênua em acreditar.
A dor da traição é terrível, é humilhante e punitiva. Me sinto culpada
por não ter ouvido o conselho do meu pai e irmãos quando me
disseram que Emir não era para mim, que eu merecia alguém
melhor. O preço da minha desobediência está sendo grande. Perdi
minha pureza, minha dignidade e o meu coração por um homem
inescrupuloso assim como o pai. Fui extremamente ingênua ao
pensar que ele era diferente, que ele era bom.
Que Alá me dê forças para superar algo tão horrível, porque sem
ajuda divina eu talvez não conseguirei. E espero que tenha escolhido
o país ideal para pensar um pouco. Sempre tive vontade de
conhecer a Espanha, dizem que as praias são muito bonitas. É uma
pena que eu esteja realizando meu desejo no pior momento da minha
vida. Até as coisas mais belas se tornam sem graça quando seu
coração está machucado.
Emir Yassin
— Vocês não sabem onde ela está?! Como que porra vocês não
sabem onde minha mulher está?! Vocês deviam estar com ela neste
momento, caralho! — eu grito, histérico e nervoso.
— Ela disse que iria rapidamente na casa da amiga Laila e que não
queria nossa escolta. Nós insistimos que fôssemos com ela, mas a
senhora Yassin foi irredutível e não nos permitiu acompanhá-la. Após
algumas horas, ligamos para o celular da senhora Yassin para
perguntar quando ela iria voltar, mas só dava caixa postal. Quando
ligamos para a amiga, ela disse que não sabia de nada e que, na
verdade, Jade não foi em sua casa. Disse que Jade pediu para ela
levá-la ao centro da cidade, uma carona. E então Laila foi embora.
— E por que Jade não voltou até agora?! Onde está a minha mulher,
seus incompetentes?!
— Senhor, nós não sabemos. Rastreamos o celular da senhora
Yassin e o encontramos no lixo de uma rua movimentada do centro.
Perguntamos a alguns militares se eles viram a sua esposa, mas
ninguém sabia dizer aonde ela tinha ido.
— Por Alá, como vocês permitiram ela sair sozinha?! Vocês sabem
as milhões de coisas que estão passando na minha cabeça?! Ela
pode ter sido raptada, seus vermes! Minha esposa pode ser sido
sequestrada por uma quadrilha organizada que quer dinheiro em
troca da vida dela. Isso na melhor das hipóteses! Ela pode ter sido
levada para outras coisas. Deus!
— Alá, cuide de Jade, proteja-a, porque eu não fiz isso, e agora ela
pode estar em perigo.
Jade Hamir
— Ou até que uma das partes pratique traição! — eu grito com ódio.
— Estou muito decepcionado com você, Jade, não achei que fosse
duvidar tão fácil do caráter do seu marido, ou mesmo do respeito
que ele tem por você.
— Eu recebi provas!
— Mas ela não beijou. E eu não te trai. Nem sempre os sentidos são
confiáveis, Platão já dizia isso milênios atrás. Pessoas maldosas
podem distorcer os fatos, senhora Yassin. É por isso que devemos
fazer uma dura pesquisa antes de tirar qualquer conclusão
precipitada. Conclusões precipitadas podem levar relacionamentos a
ruínas. E eu não quero isso, apesar de você não parecer se
importar.
— Como você ousa?! Você me trai com outra mulher, deixa ela te
beijar, e depois vem dizer que preciso crescer? O único que precisa
amadurecer é você, Emir. Porque você é o único culpado por destruir
o nosso casamento.
— Como você pode se encontrar com uma mulher que era sua
amante? Isso é tão humilhante! Está claro que ela ainda tem muita
intimidade com você!
— Ah, vai, sim. Você vai, princesa. Tenho todos os direitos sobre
você, lembra? Como minha esposa, seu lugar é onde eu quiser. E,
independente de seu ódio idiota por mim, você vai voltar para casa
comigo.
— Você não pode me obrigar! Quando meu pai souber disso, você
vai se arrepender, Emir!
— Você teve sorte, Jade. Muita sorte. Mas uma hora ela pode
acabar, sabe disso, não é? — ele rosna no meu ouvido. — Eu estou
cansado de conversa. Estou estressado e muito, muito nervoso com
você. Vamos para casa, antes que você enfeitice algum homem
neste lugar, como aquele espanhol que te observava lá fora. Quase o
matei, mas iria chamar muita atenção.
— Você é louco!
Capítulo 25
Emir Yassin
Assim que cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi levá-la ao
banheiro e tirar aquele biquíni horrível do seu corpo. Eu estava puto
da vida. Não podia acreditar que Jade teve coragem de usar uma
porcaria daquela num lugar desconhecido, na frente de pessoas
desconhecidas. Eu não a deixaria usar uma coisa tão reveladora nem
na piscina do castelo, muito menos em um país ocidental. Tirei as
peças minúsculas do corpo de Jade e logo joguei no lixo, em
seguida, coloquei-a na banheira e lhe dei um banho quente. Ela
estava cheia de areia, precisava estar limpa para continuar dormindo
confortavelmente. Enquanto a banhava, meu corpo ganhava vida
involuntariamente enquanto eu tocava as curvas delicadas de Jade.
Querendo ou não, eu estou necessitado. Estou há três semanas sem
estar dentro dela. Estive três semanas num estado deplorável,
praticamente como um zumbi, desesperado para encontrá-la.
Sugo seu clitóris com força enquanto bombeio dois dedos grossos
dentro dela. Jade geme e grita palavras de incentivo enquanto seu
corpo pede por mais e mais. Sinto seus fluidos em todo o meu rosto,
e seu cheiro domina o ambiente, me deixando terrivelmente excitado.
Dou um tapa na bunda dela e mordo o seu clitóris inchado,
implorando por mais atenção. Era tudo o que ela precisava para
finalmente chegar ao clímax. Jade grita conforme seu corpo entra em
colapso e sua boceta contrai fortemente ao redor dos meus dedos.
Minha mão fica completamente encharcada de seu gozo, e eu a
limpo em sua bunda arredondada e morena.
— Boa garota.
Jade não responde, mas o seu aperto fica mais explícito ao redor
do meu membro. Dou um tapa na sua bunda, que imediatamente fica
vermelha.
— Eu gosto.
Eu sorrio, mesmo sabendo que ela não pode me ver, pois está
deitada com a barriga na cama.
∆∆∆
Capítulo 26
Jade Hamir
A forma como Emir conduziu a situação: não falar para o clã dele,
não me tratar mal quando me encontrou, não pedir o divórcio... Me
deixa constrangida, porque eu não mereço tanta gentileza. Mas
mesmo assim eu a recebi. Ele demonstrou que me ama, ao contrário
de mim. Isso serve de lição. Agora, depois de refletir, de chorar e
me arrepender, estou decidida a ser uma pessoa melhor, mais
madura, coerente e racional.
Quero ser a esposa que Emir merece, assim como ele está se
esforçando para ser o melhor marido para mim. Apesar do meu erro
ter sido grave, Emir me deu a chance de recomeçar, e é isso que
vou fazer. Não vou desperdiçar essa nova chance, nunca mais. Eu o
amo, ele me ama. Preciso largar minhas desconfianças de lado,
porque elas só me destroem. Sempre sonhei em casar e ter minha
própria família. Pois bem, é isso que vou ter. Com lágrimas nos
olhos, olho para o livro do Alcorão em cima do meu criado-mudo.
Obrigada, Alá, por tudo.
Emir Yassin
Após conversar com Tariq sobre o que meu pai tinha feito e qual
era a intenção dele, decidimos que ele deveria ser punido pelo que
fez. Tariq ficou extremamente nervoso, e com razão. Jade é a filha
protegida dele, a princesa da família. Além disso, ele sempre odiou
Ali, e a mim também, já que ele me considerava igual ao meu pai.
Novamente, eu não o culpo. A fama do meu pai ultrapassa fronteiras
por ser muito ruim. O homem é mau e perigoso. Mas não só Ali é
ruim, como todos antes dele que pertencem à família Yassin. Desse
modo, Tariq também me considerava um tirano. Demorou eu
convencê-lo do contrário, e sem a persistência de Jade eu não teria
conseguido.
Meu pai será punido pelo que ele fez. Ele denegriu minha imagem
para a minha esposa, a enganou para que ela pensasse que eu sou
um monstro e fugisse de mim. Ele sabia que ela iria fugir, e era isso
que ele queria, que ela ficasse sem a minha proteção, correndo
perigo. Se algo tivesse acontecido com Jade, eu mesmo o mataria,
com minha própria arma. Não haveria remorso. Mas Alá foi
misericordioso, e Jade saiu ilesa de toda a terrível situação, então eu
não irei matá-lo. Tariq concordou comigo nisso e sugeriu uma punição
adequada. Meu pai irá viajar para a Turquia no mês que vem, ele tem
amigos no país. Frequentemente ele os visita. Obviamente, os
amigos dele não são pessoas confiáveis; se fossem, eles com
certeza não seriam amigos de Ali. De qualquer maneira, a questão é:
eu e Tariq iremos montar um plano para sequestrar o meu pai. Essa
será a melhor oportunidade.
Tenho quarenta anos, não sou um jovem mais, e não quero perder
minha vida trabalhando mais que o necessário. Agora que tenho
Jade, minha princesa determinada, eu quero passar o máximo do
meu tempo com ela, amando-a, paparicando-a e a fazendo minha
todos os dias. Ocupar parte do meu tempo tentando fazer bebês
com Jade parece extremamente tentador, e eu já estou duro só de
pensar. É melhor Jade ir se acostumando com a ideia de ser tomada
por mim todos os dias e mais de uma vez, porque eu estou
obcecado com a ideia, assim como sou obcecado por ela desde que
pus os meus olhos em seu rostinho lindo de anjo. Já estou
começando a pensar em como serão nossos bebês, se eles terão os
olhos verdes brilhantes da mãe, ou se terão olhos escuros como os
meus. Se terão o nariz bonito como o da mãe ou os lábios cheios e
rosados. Independente da aparência de nossos bebês, eles serão
perfeitos, porque eles terão Jade como mãe. E ela é perfeita para
mim, muito mais do que eu mereço.
Capítulo 27
Jade Hamir
Eu esperei muito tempo por Emir, mas ele demorou muito, então eu
acabei dormindo na cama dele de cansaço e ansiedade. Estou
dormindo ainda, mas estou consciente da realidade. Sinto Emir beijar
minha testa rapidamente e em seguida se ajeitar ao meu lado da
cama. Em meio ao sonho, tento acordar para a realidade ao meu
redor. O processo me custa mais do que eu imaginava, mas eu
finalmente acordo.
— Amanhã você pode conversar comigo, mas não agora. Está tarde,
você deve dormir.
Emir fica tenso, e eu posso sentir isso, mesmo não podendo vê-lo
no escuro. Ele pega o controle no criado-mudo e acende as luzes.
Quando eu finalmente o vejo, ele está olhando para mim com
irritação.
Emir Yassin
— Ah! Emir?
Eu sorrio, satisfeito.
— Então não há motivos para que eu pare, certo?
— Não.
Eu insiro um outro dedo em sua boceta, e Jade grita mais uma vez,
extasiada. Bombeio os dedos em movimentos uniformes e volto a
sugar seu clitóris rosado e sensível. Jade grita mais alto e me
implora por mais, e eu faço o que ela quer, louco para vê-la chegar
ao ápice ao redor dos meus dedos. Eu alcanço o seu ponto G, e ela
não demora muito a cair em espasmos e gozar lindamente em meus
dedos. Eu limpo toda a bagunça com minha boca e a encaro, ainda
entre suas pernas perfeitas.
— Sua vez.
— Espero que seu útero esteja pronto, Habibti, porque não vai
demorar muito para carregar o meu filho. E eu estou amando tentar
colocá-lo em você.
Capítulo 28
Jade Hamir
Um mês depois...
— Emir, eu não sabia... Eu... Eu sinto muito por você. Eu sinto muito
pelo que fiz também. Talvez você não precisasse ter feito isso,
porque está claro que você só fez isso por mim — eu falo, triste e
com os olhos úmidos de lágrimas.
— Shh, não pense mal de você, muito menos chore por ele ou por
mim, porque eu estou muito bem com a decisão que tomei, Jade.
Sim, eu fiz isso pensando na sua segurança, assim como seu pai,
mas não só por isso... Eu não queria a influência dele no meio do
meu povo mais, Ali já causou estragos demais.
— Ainda sim, eu me sinto culpada. Sinto muito por tudo, Emir, pelo
seu pai ser tão...
— Eu sei que sente, Habibti. E fico feliz que se importe com seu
marido. Mas isso é só, porque não quero que sofra por algo que não
vale a pena. Ele é uma pessoa ruim, princesa, muito perigoso. Eu
tomei a melhor atitude, acredite em mim.
— Apesar de ele ser uma pessoa ruim, não quero que ele seja
tratado de forma desumana. Eu não gosto de violência.
Ele sorri, um lado de sua boca curvando num gesto espontâneo. Ele
está incrivelmente bonito com a barba curta e aparada. Eu o acho
lindo, o homem mais lindo do mundo. Mas não sou só eu que acho
isso, muitas outras mulheres o acham também, o que me mata de
raiva e ciúmes. Emir é um homem bonito, impossível negar. Alto, em
forma e altivo, ele chama atenção em todo lugar. Mas o que eu mais
amo nele são seus olhos sinceros, seu cabelo escuro de
aproximadamente 4cm de comprimento, e sua barba curta, que me
faz cócegas quando encosta no meu pescoço. Ele é um deus árabe,
que sortuda eu sou.
— Eu sei que não gosta, anjo, e é por isso que não agi de forma
mais... desumana. Ele está isolado em um vilarejo na Bolívia. Ele
está sendo bem alimentado e tem o que precisa para viver. Mas ele
nunca mais irá sair de lá, irei me certificar muito bem disso. Como eu
disse, ele é uma ameaça, e ameaças devem ser mantidas longe.
— Tão cheirosa, e vai ficar ainda mais depois que eu lavar seu corpo
lindo.
— Tire sua calcinha, esposa, porque vou fazer algo com você antes
de te dar um banho hoje.
Capítulo 29
Jade Hamir
— Pode apostar que isso vai acontecer, cunhada. Desta vez eu não
vou só ficar te observando comprar coisas de bebês, eu vou comprar
junto com você, e aí nós poderemos ficar em dúvida entre uma roupa
ou outra, juntas! — eu falo, entre animação e ironia.
Luisa bate palmas, animada. Ela está grávida pela segunda vez, de
quatro meses. Victoria, a primeira filha dela e do meu irmão Ahmed,
está com onze meses, e neste momento ela está no colo de Samir,
um dos meus irmãos gêmeos.
— Porque eu ainda não sei como contar, quero que seja especial.
Acho que vou fazer uma surpresa para ele.
— Eu gostaria de ter feito algo assim para Ahmed, mas ele sempre
descobre a minha gravidez antes de mim — Luisa diz, irônica.
— Bem, você tem que falar logo, Jade. Ele não notou porque você é
magra, e ele não sabe identificar o corpo de uma grávida... Ainda.
Pode acreditar, no segundo filho ele já estará craque igual o Ahmed
em descobrir gravidez.
Emir Yassin
Jade está estranha faz alguns dias. Sempre que eu pergunto o que
está acontecendo, ela diz que não é nada. Obviamente, eu não
acreditei nela. Neste momento, ela está revirando sua comida, sem
realmente comê-la. Jade parece ansiosa e preocupada. Olho para
ela do outro lado da mesa e pergunto:
— Quando é que você vai me contar o que está te perturbando,
Jade?
— Abra.
— Sim.
— Obrigado, Alá.
Epílogo
Devido à tradição, eu tenho que ganhar meus bebês na mansão
Yassin. Só poderei ir ao hospital se houver complicações. Minha
família também tem essa tradição, então eu nem mesmo critiquei
isso com Emir. Contudo, neste momento, eu estou quase
arrependida de não ter conversado mais sobre isso com ele quando
tive a chance. Estou sentindo a dor mais forte da minha vida, parece
que estou sendo rasgada e meus órgãos estão sendo esmagados.
Tudo que eu quero é alguma coisa que alivie a minha dor, qualquer
coisa. Eu sonhei muito com esse momento, e de certa forma estou
feliz, porém a realidade é sempre diferente da expectativa. No meu
caso, diferente para pior. Eu só quero que tudo acabe logo, pois
acho que morrerei se durar por muito mais tempo. Já estou há cinco
horas morrendo de dor, eu estou exausta, acabada, um trapo.
— Mais uma vez, senhora Hamir, faça força, empurre! Está quase
coroando, é só você fazer mais força! — diz a médica para mim,
acompanhada de enfermeiras. A equipe é toda formada por
mulheres. Emir não aceita que um homem toque em mim.
A verdade é que ele está tão assustado quanto eu. Emir está suado
e nervoso. Ele está fazendo o seu máximo para aparentar calma e
confiança, mas eu o conheço muito bem. Eu até riria dele se eu não
estivesse com tanta dor. Talvez eu faça exatamente isso quando tudo
acabar.
Eu nunca tinha visto Emir chorar, nunca. Mas desta vez ele chegou
muito perto. Eu vi os olhos escuros ficarem molhados e cheios de
emoção. A médica o convidou para cortar o cordão umbilical, e ele
fez isso como se fosse a missão mais importante da vida dele. E,
quando a enfermeira limpou o bebê e o entregou enroladinho numa
manta azul bebê para Emir segurar, eu, mesmo esgotada, não pude
conter a minha própria emoção. Eu chorei de alegria e gratidão. Meu
coração transbordava alegria, e tudo que eu pensava era que eu sou
uma mulher realizada. Tenho um marido protetor e amoroso e um
bebê saudável. O que mais eu poderia pedir a Alá? Tenho tudo que
eu sonhei.
— O nome do meu filho é Raed. Tenho certeza de que ele será tão
forte quanto o significado do nome dele. Raed, futuro sheik Yassin,
tão poderoso quanto um trovão.
— Você não pode me culpar por querer você comigo na minha cama.
Eu sorrio também.
— Tenho certeza.
Eu reviro os olhos.
— Que exagero.
Capítulo 1
Luisa Jones
Caramba, será que eu não consigo chegar adiantada em um compromisso nem mesmo
quando ele se trata de pegar um voo para ir visitar o meu pai, que está a milhares de
quilômetros de distância?! Achei que depois dos vinte e um eu fosse ficar mais responsável.
Ora, o meu aniversário de vinte e um anos foi ontem, e mesmo assim a mágica não
aconteceu. Minha mãe colocou em minha cabeça que agora isso vai mudar, e que a vida
completamente adulta e responsável de uma recém-formada engenheira do petróleo será
diferente a partir de agora. Não acho que isso vá acontecer comigo, sou desastrada e lerda
demais e não acho que isso irá mudar por agora. Sejamos realistas, neste momento eu estou
correndo como uma louca pelo corredor do aeroporto a fim de, quem sabe, conseguir chegar
até o meu avião antes que ele decole.
Tenho que admitir que esta está sendo uma das experiências mais emocionantes da minha
vida, não que eu tenha tido muitas. Acontece que eu não lido muito bem com a adrenalina.
Uma vez eu fui inventar de aceitar um convite da minha querida amiga inconsequente,
Fernanda, e do meu não menos inconsequente amigo gay, Gael, para pular de um avião a
quilômetros de altura com apenas um paraquedas. Eu passei tanto mal durante a caída, que,
assim que eu encostei os pés no chão, desmaiei. Não é uma experiência que eu goste de
lembrar, mas não é como se eu pudesse esquecer, já que os dois idiotas fazem questão de
me lembrar frequentemente, mesmo já tendo se passado dois anos. Isso fora numa manhã
do meu aniversário de dezenove anos, e o resto do meu dia eu tive que passar no hospital
tomando soro depois de ter vomitado demais, além de ter precisado usar uma máscara de
oxigênio por algumas horas. Realmente fora um dia inesquecível.
Eu posso sentir algumas gotas de suor descendo pelo meu pescoço conforme eu corro pelo
aeroporto do Rio do Janeiro. Eu não posso deixar de sussurrar um agradecimento quando eu
vejo que a moça da companhia aérea ainda está pegando os bilhetes e verificando os
passaportes. Bem, só restava um homem na verdade, mas já estou no lucro. A mulher olha
com a testa franzida para o meu estado deplorável e pega o meu bilhete, checando se está
tudo certo.
— Certo, obrigada. — Não posso deixar de sorrir, aliviada por ter chegado a tempo.
O tempo em Nova York está chuvoso e nublado. Infelizmente, eu não previ por isso e agora
estou aqui, morrendo de frio dentro de um táxi, porque não coloquei roupas o suficiente. Esta
não é a primeira vez que eu venho para cá, nem de longe. Na verdade, todo ano eu estou
aqui. Porém, geralmente eu vinha nas minhas férias do meio do ano, então, nessa época,
aqui era verão. Acontece que desta vez a situação é completamente diferente. Estamos no
final de setembro, e eu não estou aqui para passar as minhas férias com o meu pai, e sim
para fazer a minha pós-graduação de engenharia do petróleo em uma das maiores empresas
petrolíferas do mundo. Conseguir uma especialização de qualidade no Brasil estava
praticamente impossível, e já estava até mesmo desistindo de me especializar neste ano até
que o meu pai me ligou dizendo que conseguiu uma brecha para mim na empresa que ele
trabalha.
Ele disse que o herdeiro e representante da Hamir Enterprises, nos Estados Unidos, chegou
da sua viagem a negócios dos Emirados Árabes Unidos e que, certo dia, quando foi
convidado pelo seu chefe para participar de uma reunião, a qual o empreendedor Ahmed
Hamir estava, papai conseguiu falar com ele pessoalmente depois da reunião e lhe perguntou
se ele podia ceder uma oportunidade em sua empresa para a sua filha fazer uma pós-
graduação, já que ultimamente o local tem sido alvo de professores e alunos com esse
objetivo, no que se refere às aulas práticas. Porém, como o acesso a essas aulas é muito
restrito, papai sabia que eu não conseguiria sem uma mãozinha.
Papai disse que ele não pareceu gostar nem um pouco da ideia, mas, pelo fato do meu pai
ter mais de duas décadas de trabalho na empresa, ele cedeu, com a condição de que eu
fizesse uma entrevista com ele antes de ter as minhas aulas. Bem, agora aqui estou eu,
chegando toda molhada no apartamento do meu pai e morrendo de ansiedade para a minha
entrevista com o magnata amanhã. Eu procurei saber um pouco mais da empresa com o
meu pai e, segundo ele, esta aqui em Nova York é a principal filial, sendo que a sede está
localizada nos Emirados Árabes Unidos, comandada pelo sheik Tariq Hamir, pai de Ahmed
Hamir. Papai me disse que, desde que o herdeiro passou a representar a empresa nos
Estados Unidos, há dez anos, ela se tornou ainda mais competitiva no mercado. Pelo visto o
empreendedor é bom no que faz. Se eu passar na entrevista, tenho certeza que irei amar
cada minuto da minha especialização.
Eu estava com tanta saudade do meu velho, que não resisti em lhe dar um superabraço
apertado. Eu fiquei um ano sem visitá-lo nenhuma vez por causa da minha faculdade, que já
estava no fim e por isso não estava tendo tempo nem mesmo para parar e respirar. Então,
agora que posso vê-lo, abraçá-lo e enchê-lo de beijos, eu não perco a oportunidade de fazer
tudo isso ao mesmo tempo. Daniel Jones é o homem que eu mais amo na minha vida, e
quem é a distância que nos separa para mudar isso. Realmente a distância não é nada,
porque a nossa relação é muito mais forte do que isso. O meu pai é um exemplo de homem:
amoroso, mas mão firme quando necessário. Porém, é também muito caseiro e retraído, na
maioria das vezes, e acredito que esse foi um dos principais motivos do seu casamento com
a mamãe não ter ido para frente.
— Obrigada, papai. O meu aniversário foi ontem, então não está tão atrasado.
— Felizmente não. Estava com saudade, honey — Ele sorri, os seus olhos azuis, assim
como os meus, cheios de carinho e saudade. — Eu encomendei comida chinesa para
comermos enquanto assistimos um filme na Netflix. O que você acha?
— Parece incrível, pai — falo, animada. — Mas antes eu preciso tomar um banho. Como o
senhor pode ver, não me saí ilesa da chuva. — Antes de ir para o meu quarto, eu digo: — Ah,
eu estava morrendo de saudade do senhor também.
Ao entrar no meu quarto para tomar o meu banho, estranhei um pouco o cômodo e vi que eu
já não me identifico mais com ele. Na verdade, tem um bom tempo que a decoração não me
representa mais, só que da última vez que estive aqui eu deixei para mudar a situação no
próximo ano, o que obviamente não aconteceu, já que nem aqui eu estive. As paredes estão
todas pintadas de roxo e lilás, e tem um monte de pôsteres de ídolos da minha adolescência.
Não posso evitar de soltar uma risada mentalmente ao lembrar do quão fanática eu era por
esses artistas pop. Parece que essa Luisa nem era eu. Atualmente, eu prefiro os cantores
clássicos ou mesmo aqueles do século XX. Suspiro, exasperada. Tenho que dar um jeito
nesse quarto urgentemente.
Já de banho tomado e vestida com o meu pijama de cupcakes super quentinho, encontro
papai na sala de TV, ocupado, colocando a comida na mesa e escolhendo um filme.
— Que tipo de filme você quer assistir hoje, querida? — ele pergunta em inglês.
Daniel aprendeu português quando passou a namorar a mamãe há mais de vinte anos
atrás. Eles se conheceram na praia de Copacabana, Rio de Janeiro, quando o meu pai
estava de férias com a família no Brasil. No começo era só uma amizade, mas depois de
alguns meses a relação mudou para mais do que isso. Eles se falavam todos os dias por
telefone, até que papai pediu a mão da extrovertida Elen Alcântara por telefone mesmo.
Mamãe prontamente aceitou. Acredito que ela já estava apaixonada por ele há um bom
tempo. Eles se casaram aqui em Nova York, e ela passou a morar aqui com ele nos Estados
Unidos. No começo ela parecia ter se adaptado bem, mas conforme os anos foram
passando, Elen não suportava mais viver fora do Brasil.
A minha mãe é brasileira demais, e morar em um lugar cheio de americanos frios e sérios
não estava fazendo bem para ela. Mamãe entrou em depressão e isso foi deteriorando o
casamento dos dois dia após dia, até que ela decidiu voltar para o Brasil e pedir o divórcio.
Papai é um americano nato e preferiu dar o divórcio do que se mudar junto com ela para o
Brasil. Eu tinha cinco anos na época e fui morar com a minha mãe. Depois disso, virou uma
tradição eu visitar papai aqui em Nova York uma ou duas vezes no ano durante as minhas
férias escolares e, posteriormente, da universidade. Daniel geralmente conversa comigo em
português, mesmo que com muito sotaque, mas algumas vezes ele esquece e acaba falando
em inglês, como agora. Na verdade eu não me importo nem um pouco de ele falar comigo
em inglês, afinal eu sou metade americana também. Porém, ele faz questão de falar sua
segunda língua, pois acredita que assim me deixará mais à vontade em casa, pelo fato de
essa ser a língua que eu mais uso no meu dia a dia.
— Ótima escolha. Parece que lançou um novo filme da Netflix desse gênero há pouco tempo.
— Ele coloca o filme, animado.
Franzo a testa.
— Bem, acredito que seja uma mistura dos dois — diz, dando de ombros. — Espere aí que
eu vou buscar algo que eu esqueci na cozinha, querida.
— Certo.
O apartamento do meu pai é bonito e muito bem decorado. Diria que é até mesmo um
pouco luxuoso. Ele tem o cargo de coordenador do setor administrativo da empresa, e, como
ela paga muito bem, papai é privilegiado por ter uma condição financeira realmente boa.
Estava distraída demais para perceber que o meu pai tinha ido, na verdade, buscar um bolo
de aniversário para mim. Eu só percebo isso depois que ele aparece na sala novamente com
o bolinho completamente coberto por guloseimas coloridas e com duas velinhas com o
número dois e o um. Enquanto ele caminha até a mim, papai canta a tradicional música de
aniversário. Há muito tempo que não passo o meu aniversário com ele, pois na maioria das
vezes estou no Brasil nessa época. Achei tão bonitinho a sua atitude, que não posso evitar de
chorar.
— Feliz aniversário novamente, honey. Não chore, hoje deve ser um dia feliz — diz, um pouco
confuso. Sorrio, achando graça da sua cara.
— Bem, não vai soprar as velinhas e fazer um pedido? Estou morrendo de vontade de provar
esse bolo. Você sabe que eu não resisto a doces.
∆∆∆
Eu tive que acordar muito cedo hoje. Acontece que meu pai me recomendou que eu
chegasse com, pelo menos, meia hora de antecedência na empresa, pois o senhor Hamir é
um homem que exige que os seus funcionários sigam à risca os horários da empresa, e,
como eu estou querendo me especializar justamente na Hamir Enterprises, então certamente
ele irá exigir isso de mim também. Eu estava comentando com papai agora pouco sobre o
quão estranho é o senhor Hamir querer fazer a entrevista comigo ele próprio. Ele é um
homem importante demais e certamente não deve precisar gastar o seu tempo entrevistando
uma engenheira recém-formada. Não faz sentido isso, o homem tem milhares de
funcionários que poderiam fazer esse trabalho supérfluo para ele. Bem, mas não vou ficar
levantando hipóteses. Talvez o homem só seja exigente demais e goste de escolher as
pessoas que entram na sua empresa a dedo. Neste momento, papai acaba de terminar o seu
café da manhã e agora está vestindo o seu terno preto. Ele pega a chave do carro e olha para
mim, sorrindo.
— Pronta, querida?
O caminho do apartamento do meu pai até a empresa não é tão longo, mas o grande
problema, na verdade, é o trânsito, que, como sempre, está congestionado. Só depois de
meia hora é que conseguimos chegar até o nosso destino. Agora eu entendi a importância de
sair bem mais cedo de casa. Assim que eu saio do carro, a primeira construção que me
chama atenção é justamente aquela que me trouxe aqui. Contudo, o que me atraiu de
primeira nela não foi o nome, pois num primeiro instante eu nem tinha notado que se tratava
da empresa Hamir, mas sim a arquitetura, que é ostentosa e até mesmo intimidante.
— Incrível, não? — papai pergunta, a sua mão nas minhas costas, me conduzindo para
dentro.
Assim que Daniel entra, não demora muito para que alguém o chame para resolver algo na
empresa. Ele olha para mim e sorri, já acostumado com a rotina do trabalho.
— O dever está me chamando, querida. Você já sabe como chegar até onde o senhor Hamir
está, não é?
— Muito bem, Luisa. — Ele vem até a mim e beija a minha testa. — Boa sorte, minha filha.
— Obrigada, papai.
Suspiro, nervosa. Vamos lá, Luisa, fique calma. É só uma entrevista para uma pós-
graduação, não é nada demais. Tudo bem que a empresa é uma das mais importantes do
mundo, mas ainda sim não é nada demais. Além disso, talvez o empresário só queira ver se
eu não sou nenhuma doida querendo infiltrar na empresa dele. Com certeza o resto do
processo de seleção não ficará ao seu encargo. Com esse pensamento positivo, entro no
elevador, o qual já havia três pessoas dentro, e espero até chegar no vigésimo quinto andar.
Quando as portas espelhadas se abrem, o meu coração começa a bater mais
aceleradamente. Meu Deus, não faz sentido eu estar nervosa desse jeito. É como se o meu
subconsciente estivesse na expectativa de que algo a mais irá acontecer, totalmente sem
lógica.
Eu não fico muito tempo nas minhas divagações estranhas, pois sou surpreendida por uma
mulher que vem até a mim, a qual está perfeitamente vestida e maquiada. Ela sorri
educadamente e pergunta:
— O senhor Hamir já avisou que viria, senhorita Jones. Ele está ocupado agora, mas logo irá
te receber. — Ela olha para o meu blazer. — Posso guardar o seu casaco?
— Senhorita Jones, logo ali tem alguns sofás, se quiser se sentar enquanto espera — diz,
olhando em direção ao local. — Você aceita alguma bebida? Água, café...
Ela, então, pede licença e se afasta, indo para outra direção. Decido me sentar nos sofás
que a mulher, Marta Taylor, pelo que eu li no crachá do seu terninho, indicou-me. Bem, não
devo ficar nervosa. Será uma entrevista simples, e não acho que o senhor Hamir seja um
homem ruim.
Capítulo 2
Ahmed Hamir
O caralho que eu vou dar a mão da minha irmã para o sheik Emir Yassin! Jade é inocente
demais para se casar por agora. O seu jeito ainda é como o de uma adolescente, não faz
sentido virar mulher por agora. Não posso evitar de grunhir, extremamente irritado. Esse sheik
tem sorte de não estar aqui na minha frente neste momento, porque, se estivesse, já teria
levado um soco do meu punho. Nunca que eu vou dar a minha irmã para ele, ou mesmo para
qualquer outro lobo miserável que vive a cercando por onde ela vai. Ninguém irá tirar a minha
irmã da proteção da nossa família. Ninguém, porra!
Eu estou carregado pelo ódio. Não há nada que me deixe mais irado do que quando algum
canalha começa a perturbar a paz da minha irmãzinha. Eu nunca me acostumo com essas
situações, apesar de elas acontecerem mais frequentemente do que eu gostaria. Acontece
que o corpo de Jade mudou muito nos últimos cinco anos, e, para piorar, a moça herdou o
maldito corpo com curvas das brasileiras, o que me deixa surpreso até hoje, já que a minha
querida mãe Ester sempre foi mais para delgada do que voluptuosa. Jade também é magra,
mas algumas curvas se sobressaem mais em alguns lugares do seu corpo, justamente nos
menos apropriados. Quando ela chegou na juventude, a sua exótica aparência miscigenada
passou a dar muito trabalho para o meu pai e eu. Mesmo sendo mantida afastada de grande
parte do mundo, incontáveis homens tentam a todo custo seduzir a minha irmã.
Aperto as minhas mãos em punhos fechados. A situação está mais complicada do que das
outras vezes, pois quem está querendo Jade não é qualquer burguês europeu ou um árabe
rico. Não, o cara é muito mais do que isso. O sheik Emir Yassin é um homem muito
poderoso, tenho que admitir. Assim como a minha família, a dele é extremamente influente e
vem de uma descendência poderosa e centenária. Ele não está acostumado a receber um
não, e não importa de quem seja. Eu não posso culpá-lo, essa palavra também não existe no
meu vocabulário. Entretanto, ele terá que se virar com a sua frustração desta vez, porque eu
não irei ceder a mão da minha irmã, muito menos para ele. Esse cara me lembra a mim
mesmo e isso não é bom. Nada de bom tem nisso. Não neste caso pelo menos. O sheik
Yassin é um homem obsessivo e isso não se discute. É uma característica marcante da
maioria dos homens da família Yassin e isso é o caralho de cilada para Jade. Eu não deixarei
que isso aconteça com ela, muito menos o pai dela.
O sheik Tariq Hamir nunca irá permitir que a sua filha seja tomada por um homem que
pareça com ele próprio. Ora, nós somos homens egoístas, tomamos as mulheres que
queremos para nós, mas as da nossa família não serão tomadas por família nenhuma, não
importa qual ou quão influente ela seja. O que é nosso sempre será nosso. O meu pai, eu e
os meus irmãos fazemos o que for preciso para que isso continue assim até o fim do mundo.
Eu não acho que Jade se importe com o temperamento "difícil" dos homens da família, pois
não é muito de questionar as nossas atitudes. Eu acho isso ótimo. As mulheres não devem
questionar os homens de sua vida, e sim aceitar de bom grado as suas decisões. Nós
sabemos o que é melhor para elas, as mulheres têm que se conformar com isso.
Bem, eu já divaguei demais em meus pensamentos por hoje. Tenho muito trabalho a ser
feito e que precisa da minha atenção. Decido continuar com os e-mails os quais estava
respondendo para alguns empresários que pretendem iniciar um contrato comercial com a
empresa petrolífera Hamir. Sento-me novamente no assento da minha mesa de trabalho.
Porém, como que uma praga para atrapalhar o meu trabalho, o meu celular toca antes
mesmo de eu ter a oportunidade de abrir a tela do MacBook. Droga! Estou de saco cheio de
interrupções por hoje. Quando não é a minha desconfiança pelo sheik Yassin que me
atrapalha, a minha secretária é que o faz.
O mundo só pode estar querendo se virar contra mim hoje. Não teve uma hora que eu
consegui ser eficaz no meu trabalho e tudo o que eu ando fazendo é me estressar com os
assuntos da minha irmã e os lobos que a rodeiam. Eu tinha me esquecido da entrevista que
prometi à filha de um funcionário da empresa. Eu não faço essa merda para ninguém, tem
um pessoal preparado que trabalha com isso aqui. Porém, desta vez eu quis fazer a
entrevista pessoalmente.
Acontece que se trata da filha de Daniel Jones, aquela a qual vi apenas de longe há dois
anos atrás, quando, por coincidência, a vi no centro da cidade com o seu pai. Eu não a vi com
muita precisão, foram apenas alguns segundos que se passaram rápido demais para criar
algo concreto na minha memória. No entanto, naqueles poucos segundos em que meus
olhos a fitaram, eu pude pegar alguns pequenos detalhes dessa moça que, por mais que eu
tentei, não saiu da minha cabeça. Era uma cena comum, ela estava andando abraçada com
o seu pai e parecia muito feliz.
Não há como negar que a sua beleza é estonteante, mas o que mais chamou a minha
atenção foi o seu sorriso charmoso e alegre. Eu fiquei um pouco atônito enquanto olhava
aquela cena, mas então me lembrei que ela era apenas uma jovem menina, era nova demais
para as coisas as quais estava acostumado. Não posso negar que, algumas vezes, quando
por algum motivo ou outro eu via o seu pai, a estonteante e alegre jovem me vinha na
memória. Eu há muito tempo já tinha decidido deixá-la em paz para viver a sua vida normal de
acadêmica, porém estou começando a ter dúvidas se isso é realmente o que eu quero. Ora,
ela não é tão jovem agora, já concluiu a sua faculdade, amadureceu e com certeza já deve ter
tido muitos relacionamentos com homens. Luisa Jones é uma mulher madura agora, sabe o
que quer, senão nem mesmo estaria aqui neste momento, a poucos metros depois desse
escritório. Ela é decidida, o que é perfeito para as minhas expectativas com uma mulher. Eu
não iria atrás da meia-brasileira, mas, já que ela está por aqui novamente, eu não vou perder
esta oportunidade. Eu sou Ahmed Hamir e nunca perco boas oportunidades.
Por um momento, eu esqueci que a moça já estava prestes a entrar na minha sala e,
quando ela o fez, a porta fechando automaticamente atrás dela, fiquei surpreso ao vê-la aqui,
agora, tímida e nervosa na minha frente. Eu levo um choque ao ver o quão bonita essa mulher
realmente é. Os cabelos loiros são mais dourados e longos do que eu me lembrava, e a pele
muito mais delicada e sedosa. Involuntariamente, fico com vontade de tocá-la para sentir a
sua textura. O corpo de Luisa emana um cheiro incrível, algo como sexy, mas também doce.
Ela está nitidamente nervosa, e é quase impossível ela esconder isso, já que os seus olhos
grandes e azuis são expressivos demais, quase como os de uma criança.
— Sente-se senhorita. — Ela o faz, timidamente. — Então você é quem está querendo uma
especialização em minha empresa, não é? O que a levou a ecolhê-la?
— Primeiramente, é um prazer conhecê-lo pessoalmente, senhor Hamir — ela diz,
cordialmente. — Acontece que eu não estava achando um lugar no Brasil onde eu pudesse,
de fato, ter uma boa especialização, pelo menos não por agora. E então o meu pai me
lembrou da sua empresa, que é uma referência em todo o mundo, além dele também
trabalhar nela.
— Entendo. Diga-me, senhorita Jones, você pretende trabalhar onde depois de concluir a sua
pós-graduação?
Como se não bastasse ter uma aparência belíssima, a mulher tem uma voz extremamente
doce e suave. O inferno que eu não a terei para mim. Vejo que esta entrevista não será
completamente inútil, já que uma coisa é certa: além da especialização, Luisa não trabalhará
para mim, ela é uma mulher, e mulheres são inúteis quando se trata da maioria dos trabalhos.
Elas têm um papel importante na casa, mas fora disso... Obviamente eu não desprezo o
sexo feminino, pelo contrário, não sei o que seria dos homens sem elas. As mulheres são a
alma da casa e da vida do homem, além de essenciais para prover os herdeiros do marido. É
claro que algumas nem para isso prestam, no máximo para uma boa transa e só.
O homem precisa ser sábio quando se trata de escolher uma esposa, pois o que mais
existe é vadias pelo mundo. No meu caso, eu não me casarei com uma mulher menos do
que perfeita. A minha esposa precisa ser dócil, obediente, de boa aparência e, o mais
importante, pura, com certeza ela precisa ser pura. Eu não me casarei com uma mulher que
já tenha sido usada por outro ou, na maioria das vezes, muitos outros. Uma coisa que o meu
pai fez questão de me alertar quando eu era mais jovem foi sobre o casamento. Ele me
ensinou que 99,9% das mulheres não prestam, e que o máximo que eu devia esperar delas é
sexo. Elas são interesseiras, só querem as riquezas do homem e não são nada menos do
que cadelas no cio, logo eu devia estar sempre atento para possíveis golpes. Contudo, uma
coisa que eu aprendi também é que para tudo existe exceção, logo existem mulheres
suficientemente boas para o casamento e que poderão fazer os homens muito felizes. Esse
foi o caso do meu pai, ele quase já não tinha mais esperança de que iria encontrar uma
mulher que prestasse, até que encontrou a minha mãe: a mulher perfeita para um homem
árabe, exceto pela teimosia, é claro. Porém, nada que o meu pai não conseguiu aprender a
lidar.
Se a sheika Ester soubesse o que eu estou pensando agora, ela com certeza iria me dar o
seu típico sermão feminista. Eu, assim como o meu pai, finjo me render às suas opiniões
ridículas do Ocidente, mas só para não a deixar estressada. Nós a amamos demais, então
às vezes fingimos concordar com as suas ideias tolas. Mas, de vez enquanto, ela desconfia
de nós dois, o que dá muito trabalho para contornar a situação. Ester é muito perceptiva e
muito difícil também. No entanto, ela e a minha irmã são as mulheres mais importantes da
minha vida, e eu sou capaz de morrer e matar por elas.
Luisa termina de falar sobre os lugares onde pretende trabalhar e as suas expectativas para
o futuro. Sinceramente? Eu não prestei atenção em nenhuma palavra. Na verdade, eu não
escuto nenhuma palavra de uma mulher quando se trata de trabalho ou negócios, não vale a
pena. Contudo, sorrio educadamente para a senhorita Jones, fingindo estar interessado no
que ela disse, pois não quero assustá-la, não ainda. Ela é bonita demais para ser descartada
assim tão rápido, sem antes ter tido um gosto da sua essência.
— Obrigada, senhor Hamir. — Luisa sorri, um sorriso contente e muito sincero, que tira o
meu fôlego por alguns instantes. Meu Deus, essa mulher não podia ser mais bonita. — Estou
muito feliz que tenha aprovado os meus planos. Saiba que será uma honra conhecer mais
sobre o funcionamento da sua empresa pelos próximos meses e que espero poder trabalhar
em alguma empresa parecida com a sua no futuro — diz, empolgada.
— Com certeza você conseguirá, senhorita Jones, talvez até mesmo aqui, na Hamir
Enterprises, um dia — digo, suavemente, quase que contente com o assunto.
— É mesmo?! Com certeza é o que eu mais desejo conquistar um dia — confessa, os seus
olhos azuis e límpidos transbordando felicidade pelo simples comentário.
— Eu acredito que poderá conquistar posições até mesmo melhor do que as que você
sonha, senhorita Jones — digo, ainda mais suave.
Ela, obviamente, interpreta a fala como sendo nada mais do que questões profissionais.
Pobre menina ingênua, não sabe o que os meus planos reservam para ela. Claro, se ela
concordar. Eu irei me atentar para que concorde de bom grado, no entanto.