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Edição: 1ª
Giovanelli, Tânia
Deixada no Altar/Tânia Giovanelli - São José do Rio Pardo -SP
Tânia Giovanelli, dezembro de 2018.
122 páginas.
1. Literatura Nacional
2.Comédia romântica
Essa é uma história fantasiosa, nenhuma mulher é deixada no altar da
maneira que a personagem será deixada. Todos sabem que um casamento
pode ser cancelado antes do dia, mas aqui foi diferente para que houvesse
uma história. Mesmo que se pareça com a realidade, nada é de fato, real.
Tudo foi fruto da minha imaginação.
Escrevo porque amo e minhas histórias surgem em sonhos ou
simplesmente do nada. Muitos irão gostar, muitos não. Então, peço desde já
aos que não gostarem para que respeitem. Sem ofensas ou comentários
maldosos, apenas parem de ler.
O mundo está cheio de livros com histórias diferentes e cativantes, só
porque você não gosta de algo, não significa que outras pessoas também não
irão gostar. Busque algo que te agrade sem precisar ofender o que não te
agradou.
Agradeço pela compreensão e carinho.
Espero que goste da história, tenha uma boa leitura!
Tatiane Souza, sem palavras para te agradecer, pois entrou em minha
vida de uma maneira diferente. Nos conhecemos no Facebook e logo depois
descobrimos morar na mesma cidade. Hoje posso dizer que somos mais que
amigas, você faz parte da minha família e agradeço por estar sempre ao meu
lado, me motivando em minhas escritas, não permitindo que em algum
momento eu viesse a desistir de tudo. Obrigada por sempre me ajudar e dar
dicas maravilhosas. Você em minha vida é como um anjo e mora em meu
coração.
Mari Sales, obrigada por sempre me ajudar com as imagens e pelo
carinho que me trata, isso me motiva a não desistir. Você é muito especial
para mim.
Leitoras, obrigada por sempre me deixarem feliz, seja com as
avaliações ou com cada mensagem de carinho que me enviam por inbox nas
redes sociais para dizer o quanto gostam das minhas histórias.
Andreia Nascimento, minha leitora beta querida, obrigada por me
acompanhar e sempre mostrar que sou capaz de melhorar, é por você que
sinto uma força enorme para não desistir da escrita.
Rafaela Rodrigues, sem palavras para agradecer você. Está sempre me
animando, me apoiando e me dando forças mesmo quando há pessoas
querendo me derrubar. É uma amiga muito especial e querida.
Queria poder citar o nome de todos que tiveram uma parte
fundamental para que eu não desistisse, mas corro o risco de não lembrar de
todos, então, deixo meus mais sinceros agradecimentos por todo carinho que
me deram e continuam me dando a cada história lançada.
E por último, agradeço meus pais e marido, pela força e incentivo que
sempre me deram. Obrigada por estarem ao meu lado, amo muito vocês!
— Nossa Rubya, será que esse senhor está se desculpando por ter nos
esquecidos aqui? — Disse entrando no carro.
— Sei lá, ele fala tão rápido que não consigo entender — entrei no
carro também.
— Acho que nunca vamos saber. Só acho que tudo isso foi muito
estranho. — Ligou o carro e partimos para o hotel.
— Disso eu não tenho dúvida, coisas estranhas andam nos
acontecendo. Primeiro ficamos trancados no castelo e agora nesse barco. O
que mais pode nos acontecer?
— É uma boa pergunta, Rubya! No entanto, hoje, não quero pensar
em mais nada. Só quero um bom banho e cama.
— Eu também só quero descansar por hoje.
— Bom, ainda é cedo, podemos descansar o resto da manhã e à tarde
o que acha de irmos para o próximo da lista?
— Não sei, acho melhor dar uma pesquisada nesse próximo. Não tô
afim de passar uma noite fora novamente. — Desci do carro, pois finalmente
tínhamos chegado ao hotel. Me senti aliviada, precisava de um banho.
— Tudo bem, vamos pesquisar antes de ir. Rubya, temos uma
banheira de hidromassagem enorme no nosso banheiro, o que acha de darmos
uma relaxada nela juntos? — Perguntou ao entrarmos no quarto.
— Não acho uma boa ideia.
— Porque não? Nós dois precisamos disso.
— Sei lá, acho estranho, então é melhor ir sozinho mesmo.
— Mas é chatinha mesmo hein, não vejo nada de estranho nisso,
somos amigos e duvido que não tenha um biquíni ou um maio aí nessa mala
enorme que trouxe. — disse entrando no banheiro e logo em seguida saiu
vestindo apenas uma bermuda. — Já coloquei a banheira para encher, estou
pronto para entrar.
— Já falei, Joe, entra sozinho. Eu não estou afim, só quero tomar um
banho para relaxar.
Não podia dizer a ele que ficar sozinha na banheira me causava
arrepios, afinal, por algum motivo eu me sentia muito atraída por ele. Não
podia deixar que nada acontecesse entre nós novamente, por isso era melhor
evitar.
— Tudo bem, nem adianta eu ficar insistindo, sei como você é. Então
vai lá tomar seu banho, que depois entro na banheira sozinho, não é. Não vai
mudar de ideia não? — Sentou-se na cama.
— Não vou não! Mas agradeço por me deixar tomar um banho
primeiro. — Entrei no banheiro trancando a porta e finalmente pude tomar
meu banho sossegada.
Tentei não pensar em nada, afinal tudo o que eu mais queria era
esquecer tudo o que estava acontecendo. Eu e Joe, isso não estava certo.
Amigos não se beijam, e tudo isso poderia terminar mal se eu não tomasse
cuidado.
Terminei meu banho e trocada sai do banheiro, fui me deitar na
cama. Joe ainda tentou me convencer de entrar com ele. Sabe que aqueles
olhos puxados quase me convenceram, mas não perdi o foco, continuei firme
na minha decisão e fui me deitar.
Joe nem trancou a porta, entrou na banheira cantarolando uma
música que não me era estranha. E ouvindo ele, agarrada em meu travesseiro,
acabei adormecendo.
Acordei com um carinho gostoso em meu cabelo, na hora lembrei de
quem se tratava e meu corpo reagiu de uma maneira diferente, meu coração
disparou. Realmente, não sabia o que andava acontecendo comigo? Algo
dentro de mim mudou e não conseguia entender o quê.
— Finalmente a dorminhoca acordou! Estou morrendo de fome, mas
fiquei com dó de te acordar. Então fiquei aqui te admirando dormir, você
sabia que dorme com a boca um pouco aberta? Mas fica tranquila, tirando
esse detalhe você fica linda de qualquer jeito. — brincou me dando aquele
sorrisinho safado.
— Deixa de ser chato Joe, eu tenho problema de respiração enquanto
durmo e não pedi que ficasse me olhando. — falei me levantado.
— Adoro te olhar dormir...sua chatinha — brincou se levantando
também. — Agora vamos almoçar, dormimos praticamente amanhã toda,
porque depois do meu banho de banheira me deitei com você. Pelo visto, está
viagem é para dormirmos, pois não fazemos outra coisa — disse sarcástico.
— Sempre engraçadinho... Eu gosto de dormir, aqui pelo menos
temos todo tempo do mundo. Lembra que trabalhamos de mais? Vou lá me
trocar. — falei indo para o banheiro e nem esperei ele falar mais nada,
mesmo assim gritou que eu tinha razão quanto a trabalharmos demais.
Alguns minutos depois estávamos almoçando. A comida era deliciosa
e o papo como sempre estava bastante agradável. No entanto, percebi que
tinha algo diferente entre nós. Joe estava bem diferente, não olhava tanto para
os lados como antes procurando por uma garota, sua atenção estava
totalmente voltada para mim.
— Bom, não vamos voltar para o quarto, não é? Não aguento mais
ficar dormindo! Vamos para o próximo da lista e acabar logo com isso. O que
acha?
— Acho uma ótima ideia, mas precisamos fazer uma pesquisa rápida.
— Não precisa, eu já fiz enquanto você dormia. O próximo é um parc
temático, o Parc Guell de Gaudí. Acho que nada vai acontecer por lá. Pelo
que li, vamos caminhar muito naquele lugar, então acho melhor você calçar
um sapato confortável. De salto alto não vai conseguir andar muito.
— Já que é assim, vou trocar, me espera aqui, que eu já volto. — falei
entrando no elevador.
Joe ficou me esperando na recepção. Coloquei um tênis rapidamente e
desci. Quando a porta do elevador abriu, ouvi uma conversinha entre Joe e
uma mulher e, pelo jeito que ela falava, senti um frio na barriga. Será que
aquela psicopata da Paola tinha encontrado a gente?
Saí rapidamente do elevador, corri para recepção e para minha surpresa e
alívio, Joe apenas conversava com a recepcionista bem à vontade. Ele sempre
foi assim quando o assunto era mulheres, por esse motivo não dava para levar
ele muito a sério. No entanto, dessa vez, quando ele me viu, deixou a moça
falando sozinha e se aproximou de mim. Confesso que fiquei realmente
muito preocupada quando pensei que fosse aquela psicopata, mas acho que
consegui realmente afastá-la de nós. Então, não tinha porque ficar me
preocupando com isso.
— Vamos anjo. Mas que carinha de assustada é essa? — questionou
me observando.
— Não é nada não! Só estou um pouco ansiosa e com medo, falta
pouco para descobrir o motivo que fui deixada no altar daquela maneira e
isso me assusta. — Não iria dizer a ele que achei que aquela mulher louca
tivesse o encontrado. Queria mais que ele esquecesse que ela existiu um dia.
— Não fique assim, vou estar o tempo todo com você, não vai
descobrir a verdade sozinha. — Abraçou-me. — Agora vamos para aquele
Parc e amanhã rumo a catedral. Acho melhor já avisar o seu ex noivo fujão,
ele disse que nos esperaria lá. — disse enquanto íamos para o carro.
— Boa ideia, vou mandar uma mensagem para ele. Finalmente esses
passeios sem sentindo vão acabar. — Entrei no carro e peguei meu celular na
bolsa, mandei uma mensagem para Finn. Só não sabia se iria me responder,
mas pelo menos avisei.
— Com certeza tudo isso vai acabar. Agora vamos nos divertir. —
disse ligando o carro todo animado, enquanto eu estava arrasada por dentro.
Mesmo que algo em mim tivesse mudado, me sentia triste,
despedaçada. Finn conseguiu abalar meu psicológico.
Alguns minutos depois estávamos entrando no Parc Guell, era um
lugar diferente, colorido, muito animado e repleto da imaginação fantasiosa
de Gaudí. A partir da lânguida floresta de colunas de pedra, até à famosa
Serpente Bench que serpenteia ao longo do perímetro, essa obra-prima
modernista era, na essência, um parque temático Gaudí.
Subimos uma escadaria dupla que parecia não ter fim. A escadaria
estava implantada entre muros ameados, cujas paredes estavam revestidas
com pedaços de cerâmica multicolorida formando uma espécie de padrão em
xadrez com retângulos brancos e quadrados coloridos, onde a luz do sol batia
criando um efeito mágico e lindo.
Quando chegamos no topo da escada, demos de cara com várias
colunas e uma delas tinha uma placa em bronze com alguns dizeres. Curiosa
como sempre fui, arrisquei tentar ler, estava em Espanhol. A placa dizia que o
lugar se chamava sala das cem colunas, uma espécie de grande alpendre
originalmente destinado a albergar um mercado ao ar livre para a urbanização
construída em 1906 e 1913.
— Rubya, que lugar incrível. É tão colorido e animado que transmite
um bem-estar enorme. — ele observava tudo ao seu redor, parecia
deslumbrado com o que via. Quem não ficaria encantado com um lugar como
aquele? Realmente era maravilhoso.
— Sim Joe, esse lugar é realmente incrível, nunca conheci nada
parecido. — Passei no meio daquelas enormes colunas.
— Nem eu — disse olhando uma fonte que tinha ali.
O local estava lotado, mal dava para andar no meio de tanta gente. No
entanto, andamos horas por ali. Compramos algumas lembrancinhas que
eram vendidas, comemos em pequenos restaurantes e tiramos muitas fotos
para registrar cada momento daquele lugar. Foi uma tarde gostosa e divertida,
até dançamos um pouco, até música ao vivo tinha.
Chegamos ao hotel ao final da tarde, apesar do passeio ter sido
perfeito e inesquecível, estávamos exaustos, andamos demais e o lugar tinha
muitos morros.
— Estou morta de cansaço, meus pés nunca andaram tanto. — Me
joguei na cama. Tudo que eu queria era deitar um pouco.
— Me deixa fazer uma massagem nos seus pés. — Sentou-se na
beirada da cama.
— De jeito nenhum, tenho muitas cosquinhas nos pés. — Levantei
rapidamente e corri para o banheiro. — Vou tomar um banho. — Avisei
trancando a porta. Não podia deixar ele me massagear, seu toque me causava
arrepios.
— Acho que não é cosquinha não, você tá é fugindo de mim. —
brincou da porta do banheiro.
— Deixa de ser chato, Joe, eu não estou fugindo de ninguém. —
Claro que eu estava, mas ele não precisava saber disso.
— Faz de conta que acredito — retrucou e logo em seguida ouvi o
barulho da TV ligada. — Somos amigos há tanto tempo que ele me conhecia
muito bem. Achei melhor nem responder nada.
Tomei meu banho pensando em tudo o que aconteceu, fui abandonada
e agora não sabia o que estava acontecendo entre Joe e eu. Estava tudo muito
confuso, mas a última coisa que eu queria era perder um amigo.
Saí do banheiro vestida apenas com minha camisola. Comemos e
andamos tanto que tudo o que eu queria era descansar, mas ao sair do
banheiro encontrei Joe desmaiado na cama com o controle na mão. Ele
deveria estar mesmo muito cansado.
Graças a Deus que nada de estranho aconteceu, não ficamos
trancados em lugar algum do Parc, como nas outras visitas que fizemos, nem
sei qual foi o pior; o castelo que me dava arrepios ou eu ter pavor de barco.
Espero que na catedral amanhã corra tudo bem. Pensei, enquanto admirava
esse deus grego dormindo, e sem resistir toquei sua face suavemente me
causando um frio na barriga. Joe mexia muito comigo e disso eu não tinha
como fugir.
Quando passei minha mão em seu cabelo, Joe abriu os olhos me
assustando e quando me viu ao seu lado praticamente quase em cima dele,
seu reflexo foi tão rápido que não pude evitar o beijo que ele me deu.
Fiquei totalmente paralisada, apenas me entregando aquele momento
que estava maravilhoso. Nunca ninguém me beijou assim, nem mesmo meu
ex noivo me beijava com tanto desejo. Esse beijo era capaz de mostrar todos
os sentimentos oprimidos há muito tempo. Foi então que alguns pensamentos
se passaram como filme na minha cabeça. Joe sempre foi tão atencioso,
cuidadoso e dedicado. Durante todos esses anos que somos amigos, não
poderia acreditar que sempre foi apaixonado por mim.
Com medo dos meus pensamentos, voltei para a realidade e em
choque comecei a chorar me afastando dos seus lábios.
— Anjo, o que foi? Porque está chorando? Desculpa, eu prometi que
isso não iria mais acontecer, mas foi mais forte que eu. Não chore, por favor.
— disse Joe desesperando tentando me acalmar.
— Joe, eu fui abandonada no altar. Será que sou uma pessoa tão
ruim assim? — perguntei soluçando.
— Claro que não, você sempre foi especial, maravilhosa, a mulher
que todo homem gostaria de ter. Infelizmente se apaixonou pela pessoa
errada. — disse com um olhar triste, passando a mão em meus cabelos.
— Joe, você é apaixonado por mim? — indaguei ainda chorando.
— Pensei que nunca fosse perceber. Não sou apaixonado, na verdade,
eu te amo, sempre amei. Mas como era a noiva do meu melhor amigo, preferi
me esconder no monte de garotas que eu ficava, por isso nunca quis nada
sério com ninguém. Você é especial e só o Finn não vê isso. — Levantou
meu queixo com um dedo, me fazendo olhar para ele.
— Eu nem sei o que dizer... — tentei me acalmar e respirei fundo. —
Sempre fui tão louca pelo meu ex que não percebi esse amor que sente por
mim e acho que nunca perceberia se ele não tivesse me abandonado. Tenho
que te confessar uma coisa. Não sei se é por causa da raiva que sinto dele,
mas algo mudou dentro de mim e por mais que eu tente fugir de você, meu
coração não suporta ficar longe. — Quando terminei de falar, Joe sorriu e me
deu um selinho, quando percebi que ele queria falar coloquei meu dedo em
sua boca em sinal para que ele me ouvisse e continuei. — Eu não sei ainda o
que realmente estou sentindo por você, por isso preciso que me entenda. Sei
que quer ficar comigo, eu também sinto a mesma coisa. Só que no momento
tudo que preciso é me libertar desse pesadelo, mesmo que eu não sinta mais
nada por ele, não como antes. Preciso resolver isso e só assim vou poder ficar
com você em paz. Só quero que entenda que ter sido deixada no altar me
causou danos enormes no meu psicológico. Vai ser difícil acreditar no amor
novamente.
— Claro que entendo, você não merecia isso. Imagino como deve ser
traumatizante ser deixada como foi. Eu também sinto que você quer ficar
comigo, mas sofreu tanto que agora tem medo. Fica tranquila linda, eu sei
esperar o tempo que precisar. Só queria poder sempre estar ao seu lado, nem
que seja como amigo.
— Somos amigos e tudo que mais quero é manter essa amizade. E se
vamos ficar juntos, só o tempo dirá. — Me deitei e ele fez o mesmo. —
Agora eu preciso descansar. Amanhã vai ser outro dia cansativo. Boa noite.
— Boa noite anjo, e que fique claro, esperarei o tempo que precisar.
— respondeu se levantado. Acho que tinha ido tomar banho.
No entanto, não demorou muito par senti-lo se deitando ao meu lado e
para minha surpresa, me abraçou de conchinha. Me aconcheguei nos seus
braços e mesmo com o coração aos pulos, tentei dormir. A canseira era tanta
que adormeci rapidinho.
Acordei com o barulho da porta se abrindo e me assustei. Foi então
que notei que Joe não estava na cama e sim entrando com uma bandeja no
quarto.
— Bom dia, anjo! Dormiu bem? Preparei um belo café da manhã
para você. — Colocou a bandeja em meu colo e pelo que notei, Joe me
conhecia muito bem, até mais do que meu ex noivo, pois só tinha o que eu
gostava ali.
— Bom dia, graças a Deus eu dormi muito bem. Joe, quanta coisa
gostosa você trouxe para mim! Nem sei como te agradecer. Você foi sempre
tão fofo comigo. — Agradeci tomando um pouco de cappuccino.
— Imagina, não precisa agradecer, eu sabia que iria acordar faminta,
afinal dormimos muito cedo ontem e sem jantar. — disse tomando café, pois
a bandeja era para duas pessoas. — Rubya, você viu se o Finn respondeu?
— Ainda não, vou olhar agora. — Peguei meu celular na mesinha do
lado da cama e para minha surpresa ele havia respondido dizendo que estaria
a nossa espera as 15h00 da tarde.
— E aí, tem mensagem dele?
— Tem sim, ele disse que nos espera na catedral as três da tarde. —
falei terminando meu café.
— Parece que nossa jornada aqui está acabando. Espero que seja
forte para descobrir a verdade. Não parece, mas daqui três dias vai fazer um
mês que estamos aqui.
— Verdade, Finn nos prendeu nessa viagem com essa lista louca.
— Até que não foi tão ruim assim, conhecemos lugares lindos. Acho
que essa viagem valeu a pena.
— Você tem razão, a viagem não fui tão ruim. Agora, me dá licença
que vou tomar um banho, não notei que tinha acordado tão tarde. — falei
indo para o banheiro.
— Sim, acordou sim, mas você precisava descansar por isso não te
acordei. Ainda bem que ele vai nos encontrar as três, dá tempo de
almoçarmos antes de ir. — gritou da porta do banheiro.
— Verdade, vai dar tempo sim — concordei saindo banheiro, peguei
o controle e me deitei na cama. — Enquanto a hora do almoço não chega, que
tal assistirmos um filme?
— Acho uma ótima ideia. — Deitou ao meu lado.
Liguei a TV e ficamos ali procurando algo legal para assistir, como
estávamos sem opção, deixei no filme 50 tons de liberdade, eu já conhecia a
história e com certeza valia a pena assistir de novo. Não estava com cabeça
para assistir nada, mas seria bom me distrair um pouco.
— Até que o filme não é ruim. — disse se levantando.
— Na verdade amo esse filme.
— E que mulher não ama, não é? Bom, vou me trocar, já está na hora
do almoço. — falou indo para o banheiro.
Eu já estava trocada e pronta para sair, então fiquei esperando por ele
na cama. Não demorou muito, Joe saiu do banheiro todo animado e me
puxando pela mão para sairmos do quarto.
Logo após o almoço partimos para a catedral, pois o caminho até lá
era longo. Estava com o coração acelerado e com uma sensação horrível na
boca do estômago. Finalmente iria descobrir toda a verdade, mesmo que isso
me deixasse pior do que já estava.
Por mais que as coisas estivessem mudadas e meus sentimentos
estivessem confusos, meu coração estava despedaçado. No entanto, acho que
seria muito pior se Joe não estivesse comigo.
— Rubya, finalmente chegamos. Você está preparada? — perguntou
estacionando o carro.
Eu realmente não estava preparada, meu coração parecia que iria sair
pela boca, meu corpo tremia tanto que tinha medo que alguém percebesse. A
sensação que eu tinha era que iria ter um treco, mas eu tinha que ser forte e
encarar de vez a verdade. Talvez isso me libertasse da angústia que estava
sentindo em meu coração. — Rubya, você me ouviu? — questionou
percebendo o quanto eu estava distante.
— Sim, estou te ouvindo e também morrendo de medo do que vou
descobrir, só que não sou de desistir e não vejo a hora de ficar cara a cara
com esse safado do meu ex. — Desci do carro e apressada sai andando, com
Joe logo atrás.
Cheguei em frente daquela enorme catedral, uma das mais conhecidas
e antiga de Barcelona. Fiquei admirada com seu estilo gótico, típico da Idade
Média.
Sei que sempre sonhei em conhecer esse lugar, porém, naquele
momento, tudo o que eu queria era, finalmente, conversar com Finn. Joe,
todo carinhoso como sempre foi, pegou em minhas mãos para mostrar que
jamais sairia do meu lado e isso me deu força para subir aquelas escadas e
entrar naquela igreja. Mesmo que meu coração estivesse acelerado e minhas
pernas bambas eu iria até o fim.
A igreja era enorme, mal dava para ver quem estava dentro,
entretanto, notei que nos primeiros bancos tinha algumas pessoas sentadas.
Joe apertou minha mão forte quando percebeu que eu estava tremendo.
Cheguei a parar no meio do caminho, mas respirei fundo e segui em frente.
Quando finalmente cheguei no banco da frente tive a certeza que era meu ex
que me esperava.
Na hora fiquei sem ar e comecei a tossir, foi nesse momento que uma
mulher, o Finn e um homem se levantaram do banco e me encararam, me
deixando mais nervosa ainda. Como ele foi capaz de trazer aquela mulher da
foto do facebook com ele? Pensei enquanto tentava manter a calma.
— Oi, Rubya, finalmente nos encontramos. — Sorriu desconcertado e
olhou para Joe. — Joe, fico feliz de te ver aqui, amigo. Eu sabia que podia
contar com você. Rubya, queria primeiramente te pedir desculpas por ter te
deixado plantada no altar, mas eu tive meus motivos. — Aproximou-se e nos
cumprimentou com um aperto de mão. Joe, não disse uma só palavra, apenas
o observava e parecia nervoso também.
— Sei bem qual foi seu motivo e teve a cara de pau de trazer para
nosso encontro. — falei, olhando com raiva para aquela mulher.
— Calma Rubya, não tire conclusões precipitadas, sente aqui e vamos
conversar. — disse me mostrando o banco.
— Você não acha melhor conversarmos a sós? — questionei olhando
novamente para aquela intrusa.
— Não, acho que todos deveriam estar conosco para essa conversa,
inclusive o Joe. — Sentou ao do meu lado. Por mais que parecesse estranho,
Joe não soltou minha mão e sentamos juntos.
— Eu não vejo necessidade para isso, mas se você quer assim, fale
logo porque me fez de palhaça, não estou muito afim de ficar perdendo meu
tempo com você. — Falei muito irritada, mas com uma vontade enorme de
chorar, gritar e bater muito nele. Como pôde me humilhar tanto no dia do
nosso casamento? Vi todos os meus sonhos descer pelo ralo. Acabou com
meu romantismo e abalou meu psicológico.
— Entendo que esteja com raiva, porém, espero que entenda o meu
lado. Agora, por favor, só me ouve e quando eu terminar de falar você pode
me perguntar o que quiser. Acredite, tudo tem uma explicação.
— Estou aqui para isso, explique o que eu já sei. Vamos lá, quero
ouvir o seu lado. Afinal, me fez passar por tantos lugares para chegar até
aqui, não vou embora sem te ouvir.
— Ok, espero que pelo menos tenha se divertido. Vamos ao que
interessa. Novamente, Rubya, eu te peço desculpa, pois vai ficar surpresa e
você também Joe. Primeiro eu quero apresentar a Serena, ela é dona do
restaurante que trabalho como chefe de cozinha, também uma grande amiga e
esse é o Douglas, o sócio dela. Foi por causa do Douglas que eu vim parar
aqui. — Como assim por causa dele? Será que foi ele quem o incentivou a
me trair. — Sei que deve estar confusa Rubya, porém a verdade que ninguém
percebeu é que eu sou homossexual. — Quando eu ouvi isso minha boca se
abriu em Oh... e a do Joe também. Fiquei em choque.
— Como assim? Não entendo. — Falei muito confusa.
— Você já vai entender. Desde pequeno me sentia diferente, via meus
amigos atrás das paquerinhas e eu nunca tive interesse nenhum por elas.
Achava que era normal, afinal eu só tinha catorze anos, não entendia muito
bem os meus sentimentos, porém, quando completei dezessete anos eu
entendi que não sentia atração nenhuma por mulheres. — Respirou fundo e
prosseguiu. — Sempre ouvi dos meus pais que homem tem que ser homem,
que eu tinha que respeitar as mulheres, mas não perder tempo e que o sonho
deles era ter uma nora. Falavam sempre que homem com homem era pecado,
que não era coisa de Deus. Como fui o único filho, a atenção era toda voltada
para mim. Sentia-me sufocado às vezes, mas meus pais sempre fizeram tudo
por mim. Tive bons estudos, nunca me faltou carinho nem nada. Dentro de
mim gritava para que eu seguisse o que eu sentia. Eu queria me apaixonar,
viver um grande amor. No entanto, um medo de magoá-los me perseguia, não
queria decepcioná-los, então cresci me dedicando ao que eu mais gostava, a
culinária. Meus pais viviam me cobrando uma nora, eu sempre dava uma
desculpa. Eles se casaram com mais de trinta anos de idade, por isso só
tiveram eu. Jamais teria coragem de contar a eles como sou e como me sinto
em relação as mulheres. Um dia meu pai ficou doente, ele chegou a ficar
internado por causa da pressão alta e passou a viver com remédios
controlados. Uma das vezes que fui comprar o seu remédio, conheci uma
garota linda. Você lembra desse dia, Rubya?
— Sim, eu nunca vou esquecer. — Respondi com lágrimas nos
olhos.
— Então, foi nesse dia que decidi fazer meus pais felizes te
convidando para sair. Minha intenção nunca foi namorar, mas meus pais
estavam tão felizes de me ver saindo com você, que acabamos namorando de
verdade. Eu te amo, sempre vou te amar, mas como minha melhor amiga.
— Não consigo entender como nunca percebi, crescemos juntos e
estudamos também. Jamais notei alguma coisa desse tipo. Cheguei a pensar
que era tímido, que não levava jeito com as mulheres, até conhecer Rubya. —
Joe estava incrédulo, eu não conseguia me expressar, estava muito chocada
com isso.
Fiquei com ele todos esses anos e nunca percebi nada. Só estranhei
por nunca termos transado.
— Eu imagino como deve estar confuso, Joe. Eu escondo isso de
todos há muito tempo. Sabe, Rubya, eu não tinha a intenção de te magoar
tanto, mas meu sofrimento era enorme e desde o dia que te apresentei para
meu melhor amigo, notei na hora que ele se apaixonou por você. Claro que
Joe nunca iria admitir isso para não me magoar. — Sorriu ao olhar de canto
para Joe. — Entretanto, quando conheci Douglas no curso de culinária que
teve em nossa cidade, ele me deu coragem para correr atrás dos meus sonhos.
Foi então que aproveitei meu casamento para fugir, de outra maneira eu não
conseguiria e sabendo que vocês dois viriam atrás de mim, criei essa lista
para que vocês se conhecessem melhor e você se apaixonasse por Joe. Porque
tudo que eu mais quero é te ver feliz minha linda e sei que Joe é capaz disso.
— disse Finn pegando em minhas mãos. — Agora resolvi aceitar o Douglas
como meu namorado e estamos juntos há uma semana, não pretendo contar
isso aos meus pais. Falo com eles todos os dias e pensam que estou aqui
apenas para trabalhar e estudar culinária. Prefiro que seja assim, afinal, tanto
meu pai quanto minha mãe andam muito doentes e só quero dar alegria a eles
nesse momento. Se a situação fosse diferente, eu contaria. Agora, Rubya, é
sua vez de ser feliz — disse ao me entregar um papel.
— O que significa isso Finn? — Questionei, relutando para que as
lágrimas não escorressem pelo meu rosto.
— Sei que Joe te ama, e vejo um brilho diferente em seu olhar quando
olha para ele. Eu sabia que isso aconteceria, por isso marquei seu casamento
para daqui quinze dias na igreja matriz da nossa cidade. — Mais uma vez
fiquei chocada de saber dessa armação de Finn. Como pôde fazer isso
comigo?
— Joe, você sabia disso? — perguntei irritada.
— Claro que não, Rubya, jamais concordaria com isso depois de tudo
que passou. Você sabe que te amo e sei que não está preparada para isso.
Caso com você o dia que quiser e quando estiver pronta. Por que tudo o que
eu mais quero é envelhecer com você.
— Vocês estão de brincadeira, né? Até entendo o seu lado Finn, mas
isso não te dá o direito de sair fazendo as pessoas de trouxa. Namoramos
bastante tempo, entendo que não queria magoar seus pais, mas aí magoar a
palhaça tá tudo bem, né? Acha que tudo vai ficar bem. Você está muito
enganado, mesmo que não tenha me traído com mulher nenhuma, isso foi
uma traição. Conheceu alguém e veio atrás dele, me deixou como uma idiota
te esperando no altar, acabou com meus sonhos, me deixou frustrada e agora
vem me dizer que armou para que eu me apaixonasse pelo seu melhor amigo?
E, como num conto de fadas, que eu vivesse meu feliz para sempre me
casando com ele?
— Rubya, me deixe explicar... — Finn tentou me calar.
— Não! Eu vou falar, você cala a boca e escuta quieto. — Proferi
enraivecida. — Você acha que sou alguma idiota, que pode manipular e fazer
o que quer?
— Não, mas a minha intenção desde o início foi te fazer enxergar o
amor que Joe sentia por você. — Falou assustado.
— Ah, faça o favor, né! Sabe o que é pior nisso tudo? Você me
deixou passar pela pior humilhação da minha vida, sendo que se tivesse
chegado em mim dias antes do casamento e contado, eu teria aceitado e
compreendido numa boa. Por mais que eu te amasse, Finn, eu só iria querer a
sua felicidade, mesmo que não fosse comigo.
— E eu quero a sua, Rubya, por isso tramei isso tudo.
— Você fez tudo errado. — Me exaltei e dei um passo em sua
direção. — Agiu sem se importar com o que eu sentiria, em como tudo isso
me afetaria.
Não estava me sentindo bem com tudo o que estava acontecendo,
queria esganá-lo por tudo o que havia me feito passar. Engoli o choro ou não
conseguiria terminar de falar tudo o que estava entalado na garganta.
Tombei minha cabeça para trás e respirei fundo, estava perto de
perder a cabeça, por isso me afastei dele.
— Sabe, Finn, em uma coisa você tem razão, me apaixonei pelo Joe,
mas não sei se tenho psicológico para entrar em uma igreja e me casar
novamente. Esse sonho, eu já não tenho mais. Agora, por favor, peço que me
dê licença. — Sai correndo e chorando para fora da igreja.
— Rubya, espera, onde você vai? — perguntou Joe desesperado
correndo atrás de mim.
— Não interessa, só quero ficar longe de vocês. Por favor, Joe, não
vem atrás de mim. — gritei enquanto corria.
Não fazia ideia para onde ir, porém, eu precisava de um tempo longe
de tudo isso para pensar. Nunca imaginei que fosse passar por essa situação e
não deixaria ninguém decidir minha vida. Quem tinha que decidir por ela era
eu.
— Não posso acreditar que você tenha mentido desse jeito para a
mulher que você dizia amar. Como pôde esconder um segredo desses e
ainda fazê-la acreditar que, realmente, a amava como mulher? E o pior,
abandonou Rubya no altar. Você não faz ideia do quanto ela sofreu. Não
me importo que tenha escondido isso de mim, pois é uma coisa pessoal
sua, mas ela merecia saber desde o começo e agora não faço ideia para
onde ela foi sofrendo dessa maneira.
— Calma, Joe, ela só precisa de um tempo para refletir sobre tudo o
que ouviu. Dê esse tempo a ela, no momento certo ela vai te procurar. Peço
desculpa por ter te decepcionado tanto, não era minha intenção, você sempre
foi um bom amigo. Só quero que me perdoe e que me entenda.
— Eu entendo, mas não te perdôo por ter feito ela sofrer tanto. Agora
me sinto um inútil sem saber o que fazer. — Andei de um lado para outro
muito nervoso na porta da igreja.
— Vamos para minha casa, Joe. Você pode passar a noite lá.
Provavelmente, Rubya voltou para o hotel e te ver por lá só vai deixá-la mais
irritada. Você não tem outra escolha. — Colocou sua mão em meu ombro
tentando me acalmar.
— Tudo bem, vou ficar com você, mas amanhã cedo vou atrás dela.
— Vou chamar a Serena e o Douglas para ir embora. — disse
entrando na catedral, como a Rubya pegou nosso carro, teria que ir com eles.
— Vamos. — disse aparecendo de repente.
Então, entramos no carro dele. Serena foi em seu carro, só o Douglas
foi com a gente.
Fiquei o caminho todo em silêncio, estava muito preocupado com a
Rubya, mas o silêncio foi quebrado pela conversa dos dois. Resolvi então
questionar sobre tudo que aconteceu nessa viagem.
— Finn, me diz uma coisa. O castelo e o barco foram armações sua?
— perguntei curioso.
— Sim, foi sim. A ideia na verdade foi do Douglas, ele achou que
seria romântico.
— Espero que não se importe por eu ter me metido nessa história. —
disse Douglas um pouco sem graças.
— Claro que não me importo, na verdade foi umas das melhores
noites que tive com a Rubya, eu só posso agradecer.
— Que bom que pude ajudar. — Respondeu aliviado.
— Joe, o Douglas adora bancar o cupido e eu adorei as ideias dele. —
disse estacionando o carro em frente a uma casa enorme estilo colonial. —
Bom, amigo, chegamos. — disse Finn, descendo do carro. — Essa casa é do
Douglas, estou hospedado aqui também.
— Fique à vontade Joe, sinta-se em casa — Douglas foi gentil. —
Vou te mostrar o quarto que vai ficar, às sete e meia da noite o jantar será
servido. Agora são cinco e meia, se quiser descansar fica à vontade. —
Mostrou-me a casa até chegarmos no quarto.
Agradeci a hospitalidade e avisei que iria tomar um banho. O dia
estava muito quente, eles apenas disseram tudo bem e saíram conversando.
A única coisa que eu queria era saber como a Rubya estava. Mesmo
que Finn tenha dito que era melhor dar um tempo a ela, não fui forte o
suficiente para isso, peguei meu celular e liguei. Fiz isso várias vezes, e o
bendito tocava até cair na caixa postal. Achei melhor desistir e tomar meu
banho.
Meu coração estava inquieto, um medo enorme de perdê-la para
sempre tomou conta de mim. Rubya sempre foi a mulher dos meus sonhos e
agora que a tive nos meus braços, não podia perdê-la. No entanto, não sabia
se o sentimento dela por mim era o mesmo, por isso meu coração estava tão
aflito.
Após o banho resolvi me deitar, eu estava tão preocupado com a
Rubya que nem fome eu estava sentindo, na verdade, não tinha vontade de
comer nada, a única coisa que eu queria era dormir para no outro dia ir atrás
dela. Então, apenas de roupão, deitei-me e liguei a televisão. Fiquei assistindo
um filme que estava passando tentando não pensar na Rubya e assim acabei
adormecendo.
Despertei com o Finn batendo na porta, um pouco sonolento me
levantei e fui abrir.
— Joe, desculpe não queria te acorda, mas a janta vai ser servida, por
isso vim te chamar.
— Agradeço, mas não estou com fome, se por acaso eu sentir fome
faço um lanche para mim. Você se importa?
— Claro que não! Você sabe onde fica a cozinha, então, fique à
vontade. Boa noite. — Despediu-se e voltei a me jogar na cama. Tudo o que
eu queria era que essa noite passasse logo.
Acordei a todo vapor quando ouvi um passarinho cantar na janela.
Dei um pulo da cama sentindo o cheiro de café invadir o quarto. Troquei-me
rapidamente, pois tudo o que eu queria era ver a Rubya. Sai do quarto indo
direto para cozinha e para o meu alivio Finn já estava acordado.
— Bom dia! — disse me cumprimentado. Douglas deveria estar
dormindo, pois Finn tomava seu café sozinho e lendo um livro como sempre
fazia no café da manhã.
— Bom dia, Finn! Você se importaria de me emprestar seu carro,
preciso voltar para o hotel.
— Joe, sente-se e tome seu café, como você também estou
preocupado com a Rubya, então te levo até lá e aproveito para conversar um
pouco com ela. Afinal, sou o responsável por deixá-la tão triste.
— É justo e também estou morrendo de fome. — Me sentei a mesa.
Apesar da ansiedade que eu estava, tomei café em um papo muito
gostoso. Tentei de todas as formas convencer o Finn a contar para os seus
pais. Falei a ele que nunca vi um amor tão lindo como o que seus pais têm
por ele, que nada faria esse amor mudar e que isso não era uma decepção,
afinal, o amor era para todos, não importava como. Finalizei dizendo que no
começo seria difícil, pois como eu nunca percebi nada, eles também não, teria
que dar espaço a eles para se acostumarem, mas que o amor por ele jamais
acabaria. Filho é filho não tem como não amar. Sei que existe pais
monstruosos por aí, como também existe pais que amam acima de tudo e seus
pais eram assim.
— Sei que eles são assim, os melhores pais que eu poderia ter, mas
meu maior medo é de como vão reagir.
— Não pensa nisso, amigo, se você não contar nunca vai saber a
reação deles, que talvez, não seja tão ruim como imagina.
— Você tem razão, vou pensar no assunto.
— Se precisar de mim, estarei contigo nessa hora. Agora podemos
ir atrás da Rubya. — falei ansioso me levantado da mesa.
— Vamos sim, já terminei meu café, só vou avisar o Douglas e já
volto. — disse indo atrás do seu namorado. Resolvi esperar lá fora.
Minutos depois estávamos a caminho do hotel. Meu coração parecia
que iria sair pela boca, ansiava muito por vê-la e ter certeza que ela estaria
bem, mesmo sentindo que iria encontrá-la muito triste.
Finn também parecia muito preocupado com a Rubya, ele sabia que
a magoou muito, mesmo não sendo sua intenção. Finn pegou pesado com ela.
Nenhuma mulher merecia isso.
— É esse o hotel? — perguntou estacionando o carro.
— Não, é aquele mais a frente — mostrei apontando a direção do
hotel. Então, ligou o carro e estacionou onde mostrei. Desci rapidamente e
sem esperar pelo Finn fui entrando no hotel.
— Bom dia senhorita. — Cumprimentei a recepcionista que me
olhava confusa.
— Bom dia, pensei que tivesse voltado para o Brasil. — disse ela me
olhando.
— Como assim? Preciso falar com a Rubya, ela não saiu, não é?
— Rubya não está mais hospedada aqui, me pediu ontem para
reservar uma passagem para o Brasil e foi embora às oito horas da noite.
Pensei que tivesse ido junto, apesar de eu ter reservado só uma passagem.
— Não acredito, Finn, ela me deixou aqui. — falei desesperando,
andando de um lado para outro.
— Calma, Joe, podemos voltar para o Brasil, mas se ela foi embora é
porque realmente precisa desse tempo. — Finn tentou me acalmar.
— Como ela estava? Você percebeu alguma coisa? — questionei a
recepcionista muito desesperado e ignorando totalmente o Finn.
— Ela parecia muito triste. — respondeu de imediato.
— Por favor, reserve uma passagem para mim, pra hoje.
— Para mim também, por favor. — disse Finn muito preocupado,
mas se mantendo calmo. A recepcionista pegou os dados do Finn, enquanto
isso subi para fazer minhas malas com o coração partido e uma vontade
enorme de chorar.
Depois de todos esses anos que passei escondendo meus sentimentos,
não podia perdê-la, não agora que sabia dos meus sentimentos por ela.
— Estou pronto, você conseguiu reservar minha passagem? —
questionei ao entrar na recepção.
— Sim, consegui o mesmo horário para os dois. Às duas horas da
tarde.
— Obrigada — agradeci e paguei a ela pela hospedagem, mas
recusou dizendo que Rubya já havia pago tudo.
— Vamos Joe, preciso fazer minha mala e avisar o Douglas da
viagem. — Finn tocou meu ombro, fiquei tão surpreso com tudo que estava
em transe.
Meu coração estava apertado, o mundo parecia ter caído sobre mim.
O pior de tudo era o medo que sentia de perdê-la. Entrei no carro e partimos
de volta para casa do namorado de Finn.
Estava tão deprimido com essa situação que quando chegamos na
casa, eu apenas pedi licença e fui para o quarto, enquanto Finn ficou
explicando tudo ao Douglas e pelo o que eu ouvi, Douglas iria para o Brasil
amanhã.
Sentado na cama, eu não parava de olhar as fotos que tiramos juntos e
a cada uma que eu via, uma lágrima surgia no meu rosto. Não consegui
evitar, o medo era muito maior. Chorei em silêncio, já que eu não tinha
certeza de mais nada entre nós.
Não contente de só olhar as fotos nossas, tentei ligar para Rubya
várias vezes, só que todas as tentativas foram em vão. Então, apavorado,
apenas coloquei uma foto nossa no visor do celular e deitei agarrado a um
travesseiro que tinha na cama e deixei minhas lágrimas descerem pelo meu
rosto, tentando não pensar em mais nada. Fiquei ali com os pensamentos
vagos, eu não quis almoçar e nem comer nada. Tudo o que eu mais queria era
voltar logo para casa.
As horas passaram e já estávamos no avião. Finn conseguiu cochilar algumas
vezes, mas não tive essa mesma sorte. Estava tenso e ansioso para chegar em
casa e ir atrás de Rubya.
— Joe, você tá acordado?
— Estou sim, porque?
— Mesmo que sua cabeça esteja confusa com tudo isso e seu coração
apertado de medo. Acho que você deveria seguir com meu plano.
— De que plano está falando?
— Deixei tudo pago para a preparação do seu casamento para daqui
quinze dias. Conheço a Rubya muito bem e sei que nesse momento não faz
outra coisa a não ser pensar em tudo o que aconteceu com ela. Tenho certeza
que, mesmo que não queira falar comigo ou com você, ela vai aparecer no
casamento, por isso, não devemos cancelar nada. — explicou Finn bem
convincente.
— Como pode ter tanta certeza disso? E se ela não aparecer, quem vai
pagar o maior mico sou eu. Não sei se quero isso sem ter certeza.
— Não tenho certeza de nada, mas sinto que ela vai aparecer.
Também acho que não custa nada arriscar. Se pagar mico, pagou por amor a
ela. Quer prova de amor maior que isso. Não desista dela amigo. Tenho
certeza que vocês irão ser muito felizes. — Logo que ele terminou de falar a
aeromoça anunciou que iríamos pousar.
— Você tem razão, vamos continuar com seu plano e esperarei por
ela o tempo que precisar e que se foda o mico. Eu a amo e tudo que mais
quero é ficar ao seu lado para sempre. — falei esperançoso.
Descemos do avião e nos despedimos. Finn decidiu que iria visitar
seus pais e talvez resolvesse contar sobre não gostar de mulheres e eu fui
direto para a casa da Rubya. Toquei a campainha como um louco, mas
ninguém atendeu. Tentei ligar para ela e só dava caixa postal. Meu desespero
cada vez mais aumentava.
Àquela hora da noite, achava impossível não ter ninguém em casa.
Então, resolvi ficar por ali. Sentei na escada que ficava em frente a porta da
sala e decidi não sair de lá, até alguém aparecer.
Acabei dormindo sentado e acordei todo torto e desajeitado na porta
da sala. Quando percebi que já estava amanhecendo, resolvi apertar a
campainha novamente, mas ninguém atendeu. Desistir e fui pra casa, estava
louco por um banho e também com muita fome. Se Rubya queria tanto um
tempo para pensar iria dar a ela e estaria à sua espera no altar.
Fim
Outras obras:
Sobre a autora:
Meu nome é Tânia Virginia Giovanelli Tinti Bueno, nasci e cresci
em São José do Rio Pardo – SP, no dia 26/11/1973, sou filha de Maria
das Graças Giovanelli Tinti e Nelson Tinti, sou casada com Carlos
Roberto Oliveira Bueno, tenho um filho que é minha paixão e o meu
anjo Leonardo Giovanelli Tinti.
Desde pequena, sempre fui apaixonada por leitura, quem me
conhece sabe que é quase um vício para mim. Mas a paixão por escrever
minha própria história, começou quando perdi dois bebês e comecei a
entrar em depressão, porém queria que essa tristeza fosse embora e foi aí
que tive a ideia de começar a escrever minhas histórias.
Hoje posso dizer, que a escrita me tirou toda a tristeza e me
inspirei no meu filho para escrever minha primeira história. Graças a
isso, depressão não passa mais perto, hoje é só alegria. Escrever agora
faz parte da minha rotina.
Em 2016 recebi o troféu Cicília Meireles por ser uma mulher
notável em 2015 em literatura nacional. A premiação aconteceu na
cidade de Itabira no dia 21 de maio.