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Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Epílogo
Direitos autorais © 1ª edição - 2022 Valéria Veiga
ISBN 978-65-00-12879-6
1. Cartéis 2. Erotismo na literatura 3. Ficção brasileira 4. Máfia - Ficção
I. Título II. Série.
1. Ficção : Literatura brasileira B869.3
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
Valéria Veiga
Esse livro NÃO é um dark romance.
Esse livro pode conter GATILHOS por ser um romance que tem a
máfia como pano de fundo.
O nascimento da Máfia
Omertà
A Omertà na Máfia
Hierarquia da Máfia
Cultura Machista
m juiz de Palermo certa vez declarou que as mulheres não podiam ser
U
culpadas por lavagem de dinheiro porque não possuíam autonomia e eram
burras demais para tomarem parte nesse tipo de negócio.
A poderosa chefona
Meu dia começa como todos os outros, com a minha rotina de tomar
banho, colocar minha calça preta, meu coldre com as minhas armas, minha
camisa de linho branca, meu colete e para finalizar, um nó impecável de
gravata.
Eu me olho no espelho enquanto termino de fechar o paletó do meu terno
e fico pensando que é realmente impossível as pessoas dizerem quem eu sou
de verdade, já que minhas duas faces se fundem em uma só.
Para a sociedade, sou o CEO da famosa empresa de publicidade Cooper
Enterprise, e para o submundo, o Chefe da Máfia Cooper, que comanda as
máfias americanas aliadas da Cosa Nostra.
Todas as máfias do território americano são subordinadas a Máfia
Cooper, que por sua vez é subordinada a Cosa Nostra, que no passado
enviou o meu bisavô Giuseppe De Lucca para fundar sua base aliada nas
terras do Tio Sam, mas conhecida por Estados Unidos da América.
— Bom dia, senhor Cooper! Para onde vamos primeiro?
— Bom dia, Matthew! Vamos para o galpão.
Matthew, é o meu motorista, chefe da segurança, braço direito, esquerdo
e o meu homem de confiança. Ele está na “Famiglia” desde a época do meu
pai e desde que eu assumi como Chefe, se tornou a pessoa que sempre esteve
ao meu lado.
Se eu amo essa vida? Não. Mas sem dúvida gosto de colher os frutos
financeiros dela.
Quem nasce na nossa Instituição, a Máfia, não tem escolha, e só a deixa
quando morre, o que geralmente não acontece de modo natural.
Eu fui criado entre os dois mundos, o da sociedade tradicional e o da
sociedade do crime, e por isso me divido entre eles, querendo viver tudo que
os dois podem me oferecer.
Eu não tive escolhas na vida, sempre soube que um dia teria que
assumir esse futuro que me foi imposto, de ser o Chefe de tudo e de todos do
nosso território. Mas eu também preciso de uma identidade idônea para
circular sem levantar suspeitas e nada melhor que ser um CEO de uma
agência de marketing e publicidade.
— Chegamos, senhor! — Matthew me avisa assim que entramos nos
galpões da minha empresa, que na verdade são só fachada para o que
realmente existe atrás dos portões que o meu carro acaba de cruzar.
— Vamos, preciso resolver isso logo e espero que eu não precise trocar
de roupa depois do interrogatório.
— Isso vai depender do seu espírito, senhor Cooper, se está para
clemência ou…
— Já deixe meu outro terno separado no meu escritório, porque eu
nunca tenho clemência e piedade pelos nossos inimigos.
Entrei no centro de operações da Máfia Cooper, e observei os soldados
treinando nos ringues de luta espalhados pelo galpão. No segundo andar,
meus homens treinavam tiro em alvos móveis, porque precisamos estar
sempre prontos para entrar numa guerra.
— Eu não achei que você vinha hoje e…
— E o que meu tio? Achou que eu deixaria você interrogar esses
filhos da puta que vazaram informações importantíssimas sobre as nossas
operações?
— Eu poderia fazer isso…
— Eles desviaram três cargas de alto valor e esse prejuízo eu irei
cobrar pessoalmente. Se quer ser útil, trate de descobrir quem está nos
traindo, porque eu quero esse rato para que eu possa esmagar com as minhas
mãos.
— De onde você tirou que alguém está nos traindo?
— Faça o que eu mandei e vai investigar! Por causa dessa traição,
vamos ter que refazer nossos esquemas táticos, o que vai levar tempo, coisa
que nunca temos, e que vai nos custar com certeza muitas vidas.
O meu tio sempre tenta fingir que é o Chefe e acha que eu não
percebo isso. Ele queria esse lugar, que por sangue e posição hierárquica,
como filho homem mais velho, deveria ser dele por direito.
Acontece que o meu avô só tinha olhos para o seu genro, um homem
ambicioso, filho de um Senador da República, que ele fez questão de casar
por interesse com a sua filha caçula, anunciando logo depois, que seria o seu
sucessor. Sua palavra era a lei por aqui e a Cosa Nostra lhe dava carta branca
porque sabia que quando ele tomava uma decisão, estava sempre pensando
no melhor para a Instituição, que estava sempre à frente de tudo.
E onde eu entro nessa história de família? Eu sou o filho desse
homem ambicioso, Ryan Brian Cooper, que morreu, deixando para mim o
cargo de sucessor de Giuseppe De Lucca.
Eu reconheço que muitas vezes quero bancar só o CEO da Cooper
Entrerprise e largo tudo nas costas do meu tio, mas eu sei da minha
responsabilidade, sei das vidas que dependem de mim e dos assuntos
importantes como esse de hoje, estou sempre presente, afinal, quem manda
nessa porra toda sou eu.
Todos me olham, soldados e traidores, quando entro na sala de
torturas. Eu tenho um lado que parece normal, mas que só existe quando
estou trabalhando na minha empresa, porque aqui, todos os gatilhos do meu
treinamento são acionados e depois que você mata alguém, sua alma se
corrompe para sempre, os demônios se apoderam dela e gritam como se
estivessem com fome. O alimento que os saciam vem de mais vidas que são
ceifadas com requintes de crueldade.
Um silêncio pesado toma conta de todo o ambiente, enquanto olho para
os traidores à minha frente amarrados e com a aparência destruída,
provavelmente pela bela recepção oferecida pelos meus homens.
— Então temos aqui um soldado de língua solta, que resolveu nos
entregar para os nossos inimigos, e outros dois da Corsa, a Máfia Francesa,
que entraram no nosso território para desviar nossas cargas e ainda tentaram
fugir com as filhas de dois dos nossos soldados.
— Misericórdia, Chefe! Eu não fiz por mal, eles me prenderam, me
ameaçaram…
— Cale essa boca de traíra, seu rato imundo! — Eu gritei para o meu
soldado traidor.
Eu odiava esse tom de arrependimento falso por medo da morte, que os
traidores, mesmo sabendo ser inútil, ficam fazendo nas salas de tortura. Isso
só alimenta ainda mais os meus fantasmas, me fazendo ficar mais impiedoso
e letal.
— Vocês três serão julgados de acordo com a lei da nossa máfia mãe, a
Cosa Nostra.
— Nous ne considérons pas cette mafia comme notre mère. Corsa n'est
pas un allié de Cosa Nostra (Nós, não consideramos essa máfia como nossa
mãe. A Corsa não é aliada da Cosa Nostra) — Um soldado francês falou me
interrompendo, precisei dar um tiro preciso na sua boca, fazendo a bala
atravessar e espirrar o seu sangue imundo no meu terno.
— Eu não gosto de ser interrompido! — Eu falei tirando o meu paletó
com raiva, porque saindo daqui tenho uma reunião na minha empresa e
graças a esse infeliz vou ter que trocar de roupa.
Todos me olhavam em silêncio, e os outros dois traidores que restaram
na sala pareciam morder as próprias bocas, com medo que uma palavra
pudesse escapar, como se isso fosse mudar de alguma forma o final que
teriam.
— Vocês dois, já que o terceiro desgraçado já foi para o inferno, serão
julgados de acordo com as leis da Cosa Nostra, que rege a Máfia Cooper.
Eu caminhei até a mesa, peguei um punhal com um cabo branco e com
uma lâmina tão afiada, que seria capaz de rasgar o couro de um dinossauro
se eles não estivessem extintos.
— Começando por você, que jurou lealdade a Cosa Nostra — Eu falei
me dirigindo ao meu soldado traidor — Lei número 6: Compromissos
devem sempre ser honrados.
— Senhor…
— Você honrou seus compromissos com a nossa Instituição? — Eu falei
rasgando o seu peito, fazendo um corte profundo e escutando seus gritos de
dor enquanto o sangue escorria formando uma poça no chão.
Seus gritos e pedidos por clemência se misturavam aos seus urros de dor,
enquanto o soldado francês me olhava assustado, esperando pela sua vez,
sabendo que o seu fim estava próximo.
— Você ajudou os nossos inimigos a desviarem a nossa carga. Ousou
usar as suas mãos para pegar aquilo que não era seu e entregar para outra
pessoa. Lei número 9: Não se pode apropriar de dinheiro pertencente a
outras famílias ou outros mafiosos — Eu falei e seu grito ecoou por toda a
sala quando sua mão caiu no chão ao lado do seu corpo.
Eu não tenho piedade por quem me rouba, me trai e ainda por cima me
faz perder tempo. Hoje eu tenho uma reunião importante na minha empresa,
vou fechar uma campanha para uma marca famosa que vai me render muito
dinheiro, e no lugar de estar na Cooper, estou aqui, interrogando um rato
traidor.
— Vou te fazer uma pergunta? Quem está por trás de você?
— Ninguém senhor, eu fiz tudo sozinho. Por favor, não me mate!
— Eu não esperava que você fosse falar o nome de quem te pagou, mas
não tem importância, porque mais cedo ou mais tarde ele vai estar aqui, no
seu lugar, garantindo uma passagem de primeira classe para te encontrar no
inferno. Lei número 8: Quando lhe for solicitada uma informação, a resposta
deve ser a verdade.
Num movimento rápido, puxei sua língua com as minhas mãos e a cortei
fora. Se não iria me falar a verdade, ela não lhe faria falta nas suas últimas
horas de vida.
— Termine com isso! — Eu falei para o meu soldado responsável pelos
interrogatórios com métodos nada convencionais — Quanto ao francês,
chame o soldado que teria sua filha roubada e deixe que ele decida o fim
desse ladrão, porque eu estou com pressa e não tenho mais tempo a perder.
Logo saí da sala de interrogatórios e fui direto trocar de roupa para
assumir minha outra face. Dei ordens a Matthew que ficasse de olho e que
garantisse que o fim dos infelizes fosse lento e doloroso.
— Eu vou sozinho para a empresa, prefiro que você fique e observe,
porque como qualquer outro soldado, a gente já sabia que ele morreria sem
nos contar quem aqui dentro está nos traindo, mas precisamos descobrir o
nome do rato grande.
Eu deixei o galpão apressado e quando cheguei na Cooper, tratei de
correr, imaginando que todos deviam estar impacientes na sala de reuniões.
— Já estão todos lhe aguardando, senhor Cooper. Eu mesma coloquei
todas as pastas na sua mesa… — Minha secretária veio falando atrás de mim
enquanto eu andava apressado nos corredores da minha empresa.
— Eu espero que dessa vez você tenha feito tudo certo — Lauren era
uma boa funcionária, só que não dava conta de cuidar da minha agenda e de
todo o resto, eu precisava de alguém que ficasse vinte e quatro horas à minha
disposição. Ser Chefe da Máfia me deixou acostumado a ter pessoas
cuidando de tudo para mim o tempo todo, e estava disposto a pagar bem para
ter isso aqui na empresa.
Lauren se apressou e abriu a porta da sala de reuniões para que eu
entrasse, e foi impossível não me lembrar que há trinta minutos eu estava
mandando para o outro lado um francês, da Corsa, uma máfia inimiga, e
agora, estava sorrindo para um grupo de franceses, donos de uma marca de
perfume muito famosa, que queria fechar comigo a publicidade do produto
aqui nos Estados Unidos.
Me desculpem o atraso, senhores. O trânsito em Los Angeles às vezes
—
nos impede de cumprir nossos horários pontualmente. Mas vamos ao que os
trouxe até aqui e tenho certeza de que cada minuto de espera será
recompensado com a campanha que vou apresentar nesta reunião.
Então, depois de cinco horas de muitas discussões, ajustes e novas ideias,
finalmente conseguimos chegar a um consenso e a assinatura de mais um
contrato milionário.
Antes de deixar a empresa fui até o departamento pessoal cobrar a
contratação da minha assistente particular e fui informado que já tinham sido
enviados e-mails naquela manhã para as candidatas.
Saí apressado da Cooper, porque recebi uma mensagem de Matthew
dizendo que estávamos com alguns problemas em duas operações que
aconteceriam naquela noite. Estava voltando para o galpão, quando do nada
uma doida se jogou na frente do meu carro.
— Porra, o que mais falta me acontecer hoje? Que inferno! — Eu falei
saindo do carro sem paciência e tendo a visão mais linda do mundo, sentada
no meio fio, depois de atravessar a rua sem olhar para os lados.
Capítulo 2
Sarah Campbell
◆◆◆
— Nina! Alice! Tem alguém em casa? — entrei gritando e encontrei as
duas na sala.
— O que aconteceu? — elas perguntaram.
— Primeiro, eu fui atropelada e segundo, consegui uma entrevista de
emprego na Cooper!
— Champagne! — gritou Alice e as duas se levantaram e correram
para me abraçar.
— Você disse que foi atropelada? — Nina perguntou.
— Fui quase atropelada, porque pulei para trás e caí sentada na beira
da calçada. Mas, segundo o homem que estava dirigindo, fui eu que atropelei
o carro dele.
— É a sua cara atropelar um carro! — Alice falou, rindo. — O povo
de bicicleta corre quando te vê, porque quando você coloca seu iPod e
resolve caminhar, se torna um perigo para quem está em volta!
— Eu já contei que o cara era lindo? — falei e me lembrei do olhar
intenso dele, encarando-me furioso.
— Não contou! Nina, pega as taças, e vamos brindar ao e-mail e a
essa história que está ficando interessante! — Alice falou e me puxou para
me sentar ao lado dela.
— Eu não sei nada sobre ele, só que o homem tem um olhar intenso
que me deixou hipnotizada, é alto, os cabelos são castanhos, tem um queixo
meio quadrado e é um tremendo grosseirão!
— Ele te atropelou e você nem perguntou o nome dele? — Nina
questionou, incorporando a advogada. — Você poderia processá-lo, sabia?
— Só se for porque ele não me estendeu a mão para me levantar, pois
de verdade, eu me joguei mesmo na frente dele — falei enquanto bebia
minha champagne.
— Mas e o e-mail? Esse motorista até me fez esquecer sua entrevista.
Eles marcaram alguma data? — Nina perguntou, querendo saber e já
levantando a taça para brindarmos.
— Dentro de três dias!
A comemoração foi até tarde e decidimos ir no dia seguinte para uma
boate celebrar.
— Amanhã vamos beber, dançar e comemorar essa entrevista.
Amiga, é certo que essa vaga vai ser sua! — Alice falou. — Amanhã é o
aniversário do meu primo Alan e ele faz questão de todo mundo na festa
dele.
Confesso que não senti muito ânimo para ir a esse evento, mas como
Alice estava superfeliz e queria comemorar comigo, além de é claro, ir à
festa e pegar alguém, como sempre fazia, aceitei o convite e ainda disse que
não via a hora de me divertir.
No dia seguinte, acordei com uma tremenda ressaca e quase desliguei
o despertador para continuar dormindo, mas infelizmente eu ainda não tinha
sido contratada pela Cooper e só restava me levantar da cama e sair para
trabalhar. Estava faltando pouco para eu pedir demissão daquele lugar chato,
com aquele meu chefe ridículo, que se achava o gostosão e que colocava
defeito em tudo que eu fazia só porque não dava confiança para ele.
O dia se arrastou e quando deu a minha hora de ir embora, o meu
chefe saiu da sua sala e disse que precisaria de mim até mais tarde.
— Senhorita Campbell, eu hoje não posso dispensá-la mais cedo, na
verdade, a partir de hoje, o seu novo horário será até as dezesseis horas.
— Como assim? Eu sempre trabalhei seis horas e o senhor não me
falou nada sobre essa mudança…
— Que diferença faz isso? Eu aumentei as suas horas de serviço e
estou lhe comunicando. Sabia que tem muita gente querendo o seu emprego?
— Então não deixe que elas esperem na fila, ofereça o meu cargo
para essas pessoas. Eu me demito! — falei sem pensar e me dando conta de
que se não conseguisse o emprego dos meus sonhos, estaria desempregada.
Eu não aguentava mais aquele trabalho, com um chefe casado que
sempre vivia me chamando para jantar e dizendo que eu era linda. Um
homem que deveria respeitar a sua esposa e os seus filhos, mas me fazia
reservar hotéis no fim de semana para viajar com suas amantes, enquanto a
família pensava que ele viajava a negócios, que me jogava indiretas, dizendo
que eu também ficaria feliz em viajar com ele a trabalho.
Detesto esse tipo de homem que trai a família! Se não gosta, é
melhor se separar e pronto!
Às vezes eu pensava que se eu fosse uma mulher muito poderosa,
faria todos os homens se curvarem e entenderem que lugar de mulher é onde
ela quiser, que podemos tudo e que merecemos respeito.
Acho que eu nasci para ser rainha, ou vingadora, mas
definitivamente, não foi para ficar atrás de uma mesa recebendo cantada de
um chefe casado e babaca.
Após a minha decisão, respirei fundo, deixei a editora e fui para o
shopping comprar um vestido novo para usar na festa em que eu iria naquela
noite. Decidi também que só enviaria meu currículo para outras editoras
depois da entrevista na Cooper Enterprises, que por algum motivo, segundo
a minha intuição, era o lugar onde aconteceria uma virada de chave na minha
vida.
Parece loucura pensar assim, mas tem algo que me atrai para essa
empresa, e quero muito conseguir esse emprego.
De volta ao lar, contei para as minhas amigas que eu estava
desempregada e as duas disseram que eu já deveria ter saído daquela editora
há muito tempo.
— Às vezes precisamos fazer uma mudança radical na nossa vida
para que ela ande para frente! Aquele lugar só estava te atrasando — Nina
falou. — Você acordava triste, reclamava e carregava essa energia consigo
pelo resto do dia.
— É verdade! Eu não sei explicar, mas quero muito mais para a
minha vida. Gosto de desafios, de adrenalina. Não sou uma pessoa que
nasceu para ficar sentada o dia todo checando mensagens no computador e
fazendo a agenda do meu chefe. Preciso de um trabalho onde eu possa me
movimentar e tenha a oportunidade de crescer profissionalmente. Eu quero o
mundo! Eu quero ser, como dizem por aí, a Dona da Porra Toda!
— Sarah! — Alice disse. — Você falou agora de um jeito capaz de
fazer qualquer um acreditar que nasceu para mandar, para ser líder, para ser a
poderosa chefona.
— Você está falando de brincadeira, mas é assim que eu me sinto,
poderosa e como quem nasceu para comandar. Vou aproveitar esse meu
otimismo para tomar um banho e me arrumar para essa festa de hoje à noite.
E já vou avisando, se produzam, porque eu irei vestida para matar.
Alice bateu palmas quando eu terminei de falar e saiu correndo para
se arrumar também, pois segundo ela, queria ficar à altura da atual mulher
mais poderosa da casa.
Horas depois, quando nós três estávamos prontas para a festa, Alice
me olhou e como sempre, não conseguiu ficar calada, porque ela sempre
tinha um comentário novo coçando na ponta da sua língua afiada.
— Você se vestiu realmente para matar, resta saber quem será a
vítima! — Alice falou rindo e olhando para o meu vestido novo, que
marcava todas as curvas do meu corpo.
— O Nick bem que podia estar chegando hoje e não na semana que
vem. Imagina ele vendo a Sarah vestida para matar — Nina disse assim que
me viu — Nick jura que você arrasta um caminhão por ele.
— Coitado dele! Ele veio com aquela história de que não podia ter
nada sério porque iria viajar, morar em outra cidade, o que foi ótimo porque
eu não sentia nada mais profundo por ele e me poupou de ter essa conversa
que poderia estragar nossa amizade.
— Nunca misture sexo e amizade, que a coisa sempre desanda —
Nina falou e concordamos rindo.
Nick dividia a casa com a gente e tinha se mudado para Nova York
fazia dois anos. Ele estava vindo ficar alguns dias em Los Angeles a
trabalho e tínhamos combinado de sairmos todos juntos como nos velhos
tempos.
A verdade sobre nós dois é que Nick queria transar comigo de
qualquer jeito, mas eu disse não, porque morávamos na mesma casa e isso
seria estranho. Então, como ele não queria sair por baixo, falou que seria
melhor mesmo a gente ficar só como amigos, já que ele estaria se mudando e
não poderia ter um relacionamento sério comigo.
Ele que lute ou fique com raiva, problema dele. Eu não sou obrigada
a sentir tesão por ele. Quando eu quiser transar, farei isso feliz, mas porque
eu quero e nunca para agradar homem nenhum.
Acho que até aquele dia em que eu atropelei o carro do homem
desconhecido, nunca tinha sentido nada por ninguém. Mas, naquele
momento, sentada na calçada, quando ele veio me encarando, senti tudo
ficando úmido embaixo de mim.
O pior é que fui cair na besteira de contar isso para Alice, que com
certeza iria me zoar por isso até o dia da minha morte.
No caminho para a boate, Nina estava toda animada, contando que
um carinha por quem ela estava interessada iria também àquela festa e que
por isso tinha caprichado no visual, enquanto Alice não parava de falar sobre
o CEO da Cooper.
— Sabe de quem as pessoas falam se referindo a um homem muito
lindo e gostoso? O CEO da Cooper. Vamos procurar na internet, ver como
ele é e conferir se isso é verdade — Alice sugeriu, começando a pesquisar
quando eu a interrompi.
— Não, nada disso! — falei. — Não quero chegar lá imaginando
coisas ou pensando que o meu futuro chefe é lindo e gostoso! Estou indo
trabalhar! Deixa a diversão para festas como essa a que nós estamos indo.
— Está certo! Mas, depois da entrevista eu vou querer detalhes sobre
ele.
Capítulo 3
Sarah Campbell
◆◆◆
◆◆◆
Dois dias depois, já de volta a Los Angeles e vivendo meu lado CEO,
cheguei cedo à empresa para fazer algumas entrevistas, pois eu mesmo
escolheria a pessoa que trabalharia diretamente comigo.
Já estava cansado de entrevistar as candidatas. As três primeiras
tinham um excelente currículo, mas não atendiam às minhas expectativas.
Então mandei chamar a próxima.
— Pode chamar a última que vou entrevistar hoje. Se essa não tiver
disponibilidade de horário, nem manda entrar — falei para minha secretária.
Logo depois a porta se abriu e a última candidata à vaga de assistente
do dia entrou na minha sala. Os meus olhos, ficaram fixos nos seus. Era ela
quem estava ali na minha frente, no meu escritório!
Uma diaba com lábios carnudos que eu conhecia muito bem e que
tinha o poder de me deixar de pau duro só com a sua presença.
Capítulo 6
Sarah Campbell
Fui para casa pensando em como eu era uma pessoa de sorte. Quando
cheguei, segui direto para o meu quarto, sem acreditar que seria a assistente
pessoal do Senhor Cooper. Queria dormir, mas achei melhor ficar acordada,
porque corria o risco de ter sonhos hots com o meu chefe e eu precisava
esquecer isso.
Assim que anoiteceu, Alice chegou e veio direto para o meu quarto
saber das novidades.
— Conta tudo! Estou doida para saber como foi na Cooper.
Sem falar nada, abri a minha bolsa e mostrei o meu crachá para Alice, que
me abraçou empolgada, e Nina, que estava chegando naquele momento, fez
o mesmo.
— Como é o tal CEO? — Alice perguntou.
— Eu deveria ter pesquisado mais sobre ele na internet, como você
sugeriu, minha amiga, porque assim teria evitado a cara grande com que
fiquei quando entrei no escritório dele — respondi e abaixei a cabeça,
passando as mãos no meu cabelo.
— Por quê? O homem tem algum problema? — Nina perguntou. —
Escutei hoje no escritório que ele é lindo! Parece que pega todo mundo, não
se prende a ninguém e que é muito misterioso. Uma estagiária lá do
escritório já saiu com ele e estava me contando quando perguntei o que
sabiam sobre ele.
— Vocês não vão acreditar, mas… o homem que me atropelou e que
eu estava beijando lá na boate, na festa do Alan, é o Ryan Cooper, o Senhor
Cooper, CEO da Cooper Enterprises! — eu disse e vi que as duas ficaram
paralisadas olhando para mim.
Quando ambas processaram tudo que eu falei, começaram a dar altas
gargalhadas.
— O homem com quem você quase transou lá na boate é o seu
chefe? — Alice perguntou quando compreendeu o que eu falei, sem parar de
rir. — Sarah, minha amiga, você precisa orar mais! Essas coisas só
acontecem com você!
Diante disso, nem sabia o que dizer, porque era exatamente o que eu
pensava, que isso só acontecia comigo.
— E como ele se comportou quando te viu? — Nina quis saber,
sentando-se ao meu lado. — Como foi? Conta logo!
— Ele ficou tão surpreso quanto eu e depois de uma pequena
discussão, me contratou — expliquei e fiquei em silêncio, pensando em
como contar o restante e continuei — Eu meio que o cobrei por ter ficado
com a tal da Pamela na festa.
— Você pagou de ciumenta na sua entrevista de trabalho? — Alice
perguntou e enquanto morria de mim.
— Ele nem me entrevistou. Só falou que esperava que eu não
chegasse atrasada amanhã.
— Hum! O homem está na sua. Por isso te contratou — Alice falou e
Nina concordou, acenando com a cabeça.
— Não! Eu quero meu emprego e vou separar as coisas.
— Falou aquela que geme por ele toda noite quando está sozinha! —
Alice brincou me deixando corada.
— Me deixe falar em voz alta que vou separar as coisas, porque eu
preciso acreditar nisso.
— Esse Cooper anda cercado por seguranças, está sempre de mau
humor, não se apega a ninguém e dizem que é muito reservado — Nina
disse, enaltecendo a péssima reputação de Ryan.
— Ele é mesmo muito mal-humorado, mas também é gostoso pra
caralho.
— Você rapidinho acalma o homem, Sarah! — Alice falou e Nina
deu uma gargalhada.
Por mais que elas estivessem se divertindo com a situação, eu estava
procurando um meio de fazer com que o meu chefe não fizesse mais parte
dos meus sonhos. Nesse momento, o meu celular vibrou e era uma
mensagem do Ryan, ou melhor, do Senhor Cooper.
“Cinderela, dentro de uma semana, tenho um evento em Nova York e
você vai comigo. Já deixe anotado na sua agenda.”
Meu coração disparou quando eu li o que estava escrito.
— Cinderela? — Alice perguntou.
— Ele disse que fugi da boate igual a Cinderela que fugiu do baile —
respondi e cobri meu rosto com o travesseiro.
— Humm! Vocês dois trabalhando juntos... Já vi tudo! — Nina saiu
do meu quarto falando isso e rindo.
Em meio às brincadeiras, eu sabia que precisava responder à
mensagem dele. Tremi um pouco enquanto digitava, porque não vou negar
que estava tendo pensamentos pervertidos com o meu chefe.
“Sim senhor, só me passe a data, por favor! Devo reservar as
passagens e o hotel ou a sua secretária vai fazer isso? Vamos só nós dois ou
o senhor pretende levar uma acompanhante?”
— Você ficou doida? — Alice perguntou quando viu o que eu
escrevi.
Nessa hora, o celular vibrou com a resposta dele.
“Minha secretária vai providenciar tudo.”
O celular vibrou de novo.
“Pode dormir tranquila, vamos apenas nós dois, não precisa ficar
com ciúmes.”
Depois dessa resposta, respirei fundo e comecei a rir com Alice.
— Vai passar, é só empolgação!
— Sei! Boa noite, Cinderela! — Alice falou e me deixou sozinha —
E vai se despedindo do seu vibrador, porque finalmente ele vai ter folga na
vida.
Depois que as meninas se retiraram, acabei pegando no sono e, é
claro, sonhando com ele, Ryan Cooper, me pegando com força, enfiando seu
pau dentro de mim e me fazendo gemer alto. Eu acordei apertando uma
perna contra a outra buscando alívio, enquanto aquele desejo viciante por
aquele homem tomava conta de mim.
◆◆◆
◆◆◆
Eu nunca tinha estado com uma mulher como Sarah! Nós conversamos,
rimos, e ela fez com que eu contasse dentro do possível, várias coisas da
minha vida.
Então, quando acordei e vi que ela simplesmente tinha ido embora,
fiquei furioso, porque sempre fui eu a descartar as mulheres e desta vez me
vi procurando-a pela minha casa quando amanheceu.
Ela foi embora trabalhar, como se comigo tivesse sido apenas uma
noite como outra qualquer. Tentei me agarrar a isso como um sinal, de que
seria melhor assim, já que eu nunca poderia ficar com ela para sempre, a não
ser como amante, o que ela nunca aceitaria, porque personalidade não falta
em Sarah Campbell.
Eu nem tive tempo de pensar muito sobre Sarah na minha vida e a
confusão que isso causaria, já que meu tio veio me perturbar com os
negócios da família logo cedo.
Eu sabia que eles me viam como um playboy rico e irresponsável,
que brincava de ser Capo, mas em especial essa manhã eu não estava com
paciência nenhuma, afinal, acordei achando que teria mais uma rodada de
sexo quente e encontrei a minha cama vazia.
— Ryan, a gente precisa decidir como vamos fazer, porque esse
carregamento de armas que vai chegar é muito grande e vale umas cinco
vezes mais que qualquer outro que já tivemos — meu tio falou e eu não
estava entendendo o que ele realmente esperava de mim.
— E o que você quer que eu faça? Que eu vá até lá receber esse
carregamento pessoalmente?
— Exatamente! Você precisa estar lá para impor respeito e saber
como funcionam as coisas.
— Sei muito bem como isso funciona, mas, se eu preciso estar à
frente de tudo, para que tenho você como Sottocapo?
— Não é tão simples assim, isso envolve muita coisa. Precisamos do
nosso Capo à frente de tudo, impondo respeito e intimidando os traidores.
— O que mudou? Antes você parecia adorar quando eu ficava
afastado e agora quer me ver o tempo todo em ação?
— Amanhã nós vamos para Sacramento, agilizamos tudo e você
retorna para sua vida social.
— Eu não tenho vida social, seu filho da puta. Tudo que eu coloco a
mão tem a ver com a Instituição.
Eu me arrumei para resolver os assuntos que meu Sottocapo de
merda não dava conta, mas durante a viagem, foi impossível esquecer dela
se desmanchando na minha boca, da nossa cumplicidade, do sexo forte!
Quando entrei na sua boceta, sabia que estava correndo um sério risco de
ficar viciado naquela mulher, que ao contrário das outras que ficavam
implorando minha atenção e eu as despachava correndo, simplesmente
acordou e foi trabalhar.
Aquilo feriu meu ego e eu não sei se vou conseguir me manter
afastado dela, embora seja o certo, já que não sou o CEO como ela pensa, e
sim um assassino frio, que nasceu e foi moldado para matar quem
atravessasse o seu caminho.
Inferno! Eu estava indo resolver um problema sério em Sacramento e
só sabia pensar em Sarah Campbell.
Quando cheguei ao local com o meu tio, nossos homens estavam
aguardando as coordenadas para receber e despachar as armas.
— Estamos com tudo pronto, Capo Cooper — o soldado responsável
pela operação veio me falar assim que eu cheguei.
— Não quero saber de falhas, fui claro?
— Sim, senhor!
Durante a noite, meu tio estava nervoso e me chamou para dizer que
o carregamento foi recebido com sucesso, mas que o homem que nos traiu
naquela semana tentou interceptar a carga e queria fazer frente a nós.
— O homem que não foi eliminado naquela última vez que o seu
primo não entendeu a sua ordem, pode nos criar problemas.
— Que tipo de problemas?
— Ele queria dinheiro, por isso vendeu informações para a Corsa, a
máfia francesa. Ele sabe quem é você, quem somos todos nós e isso me
preocupa.
— Corsa! A Corsa não tem como fazer frente à Máfia Cooper!
Somos maiores que eles e, além disso, aliados da Cosa Nostra.
Minha equipe de segurança era enorme, e a aumentaria se fosse
preciso, porque eu tinha um bem precioso demais do qual nunca permitiria
que ninguém chegasse perto. Nesse tipo de negócio, sempre procuramos um
ponto fraco do nosso inimigo, e, por mais que eu escondesse do mundo,
meus inimigos sabiam qual era o meu, minha filha, Anne.
— Seu primo disse que sentiu que estava sendo seguido. Esse sujeito
quer se vingar!
— Eu disse ao incompetente do seu filho que vocês sabiam o que
fazer nesses casos. Logo, se o infeliz não morreu, foi porque vocês dois
falharam. Eu não concedo perdão!
Para aguentar meu tio, que ficou nervoso com as minhas palavras e
começou a puxar o meu saco, me elogiando, precisei beber, e muito, e foi
isso que fiz. Bebi whisky como se fosse água, e, ainda assim, a voz daquele
ser me incomodava.
◆◆◆
Era sexta-feira e fazia oito dias que Ryan tinha viajado. Quando meu celular
tocou, meu coração disparou achando que era ele, mas a decepção foi grande
ao me dar conta de que era Nick.
— Oi, Sarah, você está podendo falar agora?
— Posso, sim. Está tudo bem?
— Você sumiu da boate naquele dia. O que aconteceu?
— Eu estava cansada, com dor de cabeça e fui para casa dormir.
— Alice ficou dizendo que você tinha pegado alguém e ido dormir
com o cara.
— Nada disso! Fui para casa dormir, só isso!
— Eu queria muito conversar com você. Podemos sair para jantar
hoje à noite?
— Hoje? — indaguei. Minha vontade era de dizer não, mas Nick era
meu amigo, a gente não se via há dois anos, e eu precisava mesmo me
distrair um pouco, já que não tirava o Senhor Cooper da minha cabeça.
— Tudo bem! Vamos, sim.
— Beleza. O Alan me disse que tem um restaurante lá perto da boate
que é muito bom. Podemos jantar lá.
— Perfeito! Me passa o nome do restaurante e a gente se encontra lá.
— Nada disso, te pego às sete horas na sua casa.
Quando saí do trabalho, fui direto para casa e no caminho tentava me
animar para jantar com Nick, mas a verdade é que eu já estava arrependida
de ter marcado com ele.
— Sarah, eu não tenho nada com isso, mas, por favor, não entra
nessa vibe com o Nick só porque está chateada com o seu love — Nina me
disse antes de sair para encontrar com Noah.
— É só um jantar entre amigos!
— Amigo que te queria, foi embora e agora voltou cheio de
conversinha para o seu lado. Fica esperta para vocês não brigarem de novo.
— Eu estou indo como amiga e se ele quiser mais do que isso, azar o
dele.
— Então, tudo bem, porque ele está a fim de você e quis até te beijar
na boate. Se ele quiser ficar com você, sai fora. Amo o Nick, mas ele não
tem nada a ver com você. Não rolou nada mais que vontade de dar uns beijos
da sua parte e insistir nisso seria retroceder no tempo.
Eu sorri e falei para ela que só seria um jantar entre amigos, mas
acabei confessando que já tinha me arrependido de ter concordado em sair
com ele.
Às sete horas, Nick chegou, e fomos jantar no restaurante que era
perto da boate do Ryan.
Tudo me fazia lembrar dele. Que droga!
O restaurante era lindo e tinha comida japonesa, que eu adorava. Eu e
Nick ficamos conversando, ele me contou tudo sobre Nova York, e falei do
meu ex-trabalho chato e do atual na Cooper Enterprises.
Com o passar do tempo, já estava mais descontraída e rindo, porém,
quando olhei para o outro lado, vi Ryan sentado com dois homens, bebendo
e me olhando. Ele estava me encarando e eu não consegui desviar os olhos
dele. Com tanto restaurante na cidade, ele tinha que ir logo a esse em que fui
jantar com Nick? Eu estava tão tensa com a presença de Ryan a poucos
metros de mim que senti meu corpo enrijecer quando Nick tocou na minha
mão.
— Eu mudei, Sarah! Eu era muito imaturo, mas sempre gostei de
você. Se quiser ficar comigo, estou voltando para Los Angeles e espero você
se decidir, estar pronta...
— Pronta para quê? — Ryan perguntou de repente, e, quando olhei
para o lado, lá estava ele de pé encarando Nick. — Eu fiz uma pergunta.
Você quer esperar a minha mulher estar pronta para quê?
— Ryan, por favor! Fala mais baixo. Você bebeu? — perguntei
assustada com o seu tom de voz alto, e, quando olhei para os lados, foi
impossível não notar que as pessoas disfarçaram, fingindo não ver o que
acontecia na nossa mesa.
— Bebi! Na verdade, ainda estou bebendo — ele respondeu,
mostrando-me o copo de whisky.
— Quem é esse homem? — Nick me perguntou.
— Esse é o Ryan Cooper!
— O que você está fazendo aqui jantando com ele? Não divido o que
é meu!
— Você não vai falar assim com ela, seu otário! — Nick disse e se
levantou, mas, na mesma hora, os seguranças do Ryan o cercaram com cara
de poucos amigos.
— Deixa, Nick, ele está bêbado e eu sei resolver os meus problemas,
não preciso de segurança — falei e vi que o senhor que estava sentado à
mesa com Ryan se aproximou e tocou no seu braço, deixando-o enfurecido.
— A culpa é sua por ter me trazido a essa porcaria de restaurante e
por infernizar minha vida! Você, meu primo e todos que me cercam — Ryan
falava e empurrava os seguranças, voltando para a mesa dele — Todos vocês
me irritam, além de serem um bando de imprestáveis.
Ryan estava bêbado e descontrolado ou, talvez, ele fosse assim
mesmo, um babaca autoritário que tratava todo mundo como se ele fosse um
rei e os outros, seus súditos.
— Antes de você voltar para a sua mesa, de onde você não deveria
ter saído, Cooper, devo lhe informar que não admito ser tratada como objeto.
Nunca mais se dirija a mim como se eu fosse uma propriedade sua ou um
prato de comida que você não divide.
Ryan não deu uma palavra, apenas olhou para Nick o fuzilando de
raiva e voltou para a sua mesa.
— Sarah, me desculpe, mas você trabalha para um homem mal-
educado, e, sinceramente, acho que deveria repensar se vale a pena manter
esse emprego — Nick falou, interrompendo os meus pensamentos.
— Desculpa por tudo isso, Nick, mas acho melhor a gente ir embora.
E, quanto ao meu chefe, ele só bebeu além da conta e por isso está um pouco
alterado.
Nick pediu a conta e saímos do restaurante.
— Você vai me explicar o que foi tudo isso? Está saindo com ele? —
Nick perguntou. — O comportamento dele foi de um homem enciumado,
que deixou isso bem claro quando me perguntou o que eu queria com a
mulher dele. Você me deve uma explicação e...
— Na verdade, eu não tenho que te explicar nada, só te pedir
desculpas pelo jantar. Sinto muito. Você é meu amigo, a gente não se vê há
muito tempo e daí acontece essa confusão. Por isso, de coração, eu te peço
desculpas — falei enquanto deixamos o restaurante.
— Eu disse que queria ficar com você, Sarah, lembra?
— Eu vim jantar com você porque somos amigos, nada mais do que
isso, e além…
— Além do mais, você está tendo um caso com o seu chefe. Muito
profissional da sua parte.
— Vai tomar no cu, Nick! Se eu quiser trabalhar e foder com o meu
chefe, isso não é problema seu, e nem de mais ninguém. Eu pago as minhas
contas, logo, eu decido, o que eu quero fazer da minha vida. Foda-se essa
porra de ética inventada por uma sociedade machista, onde você insinua que
eu sou puta por transar com Cooper, enquanto ele vai ser taxado com certeza
como o garanhão, que pegou a assistente. Ou você vai dizer que eu facilitei e
o homem só fez seu papel de macho me comendo?
— Para onde você está indo com ele? — Ryan saiu do restaurante
perguntando e eu precisei respirar fundo, preparando-me para o segundo
round da confusão e sem ter tempo para escutar as desculpas esfarrapadas do
Nick.
— O melhor é você ir para casa, Ryan. Amanhã a gente continua essa
reunião. Você está muito nervoso e bebeu demais.
— Não banque o preocupado comigo, que isso é patético! E só para
deixar claro, eu não vou a lugar nenhum sem ela — Ryan falou, apontando
para mim, empurrando o senhor e deixando bem claro que este não dava
ordens a ele.
— Já chega! — gritei — O espetáculo terminou. Vem! Vamos para a
sua casa! — falei, segurando Ryan pelo braço — Onde está o carro? —
perguntei para o segurança que estava com ele e então eu vi o motorista
saindo do veículo. — Vem! Vamos embora! Chega de briga por hoje! —
disse, empurrando-o praticamente para dentro do automóvel.
— Eu não acredito que você vai embora com esse cara, Sarah! —
Nick falou, segurando-me pelo braço. — Você veio e vai voltar para casa
comigo. Esse cara está bêbado!
— Solta o meu braço! — Eu falei tão forte que Nick se assustou —
Ele está bêbado e isso deveria ser para você, mais um motivo para eu
acompanhá-lo até a casa dele. O que aconteceu com a sua afirmação de que
eu sou uma excelente profissional?
— Você não vai com ele, não vou permitir!
— E desde quando eu preciso da sua permissão para fazer qualquer
coisa que seja? Você trate de repensar suas falas preconceituosas, porque eu
poderia ser uma prostituta, que ainda assim mereceria respeito. Agora, me dê
licença, porque eu realmente tenho que ir com ele. Outro dia, eu te ligo!
— Ela não vai ligar — Ryan gritou, antes de levar um empurrão que
eu mesma dei nele e entrar no carro, que saiu cantando pneu. Mesmo assim,
ainda tive tempo de olhar para a calçada e ver o senhor com cara de espanto,
Nick revoltado passando as mãos no cabelo e os seguranças entrando em
outro veículo e nos seguindo.
— Você ia dormir com ele? Sabia que eu posso acabar com ele agora
mesmo se eu quiser?
— Acabe com quem você quiser, senhor gangster, mas faça isso em
silêncio, porque estou com dor de cabeça.
— Você não me respondeu…
— Ryan Cooper, você quer brigar? Ótimo! Vamos brigar! Quem você
pensa que é para me cobrar alguma coisa? Eu não sei com que tipo de gente
você está acostumado a lidar, mas acredite, não sou uma delas. Não estou
sob o seu comando! Se você gritar, eu grito mais alto. Se você gosta de
mandar, saiba que eu nasci para dar ordens. Comigo você pode tratar de ir
baixando a bola. E agora, vá dormir pois você está chato e me irritando.
— Você nem sabe com quem está falando…
— Eu não quero saber! Fui clara que tudo tem o seu tempo, e se isso
for uma ameaça, acredite, não me assustou. Não tenho medo de você e nem
do que quer que você venha a ser!
— Esse é um jogo perigoso, Sarah! Não fale o que você não sabe.
— Se isso é um jogo, ainda mais perigoso, pode dar as cartas senhor
Cooper, porque eu estou disposta a jogar.
— Quem é você, Sarah Campbell?
— Alguém que ama um desafio, adora um bom jogo e que nunca
entra numa partida se não for para vencer.
O silêncio se fez presente no resto da viagem, com Cooper e o seu
péssimo humor potencializado pelo álcool, e comigo perdida nos meus
pensamentos. Eu sabia que não estava ali apenas porque ele bebeu, e me
preocupei em ajudar, e sim porque sentia uma forte atração por aquele
homem e tudo que o cercava.
Por fim, chegamos à fortaleza Cooper, entramos com aqueles
seguranças todos, e segui direto com ele para o seu quarto.
— Precisa de ajuda, Senhorita Campbell?
— Sarah… me chame de Sarah, por favor! Qual o seu nome? —
perguntei ao motorista.
— Matthew. Qualquer coisa é só mandar me chamar.
— Obrigada, Matthew! — falei e quando entrei no quarto e fechei a
porta, Ryan já estava deitado na cama.
— Nada disso! Você vai tomar um banho. Anda, vem comigo!
— Você vai tomar banho comigo? — ele perguntou e eu tive que rir,
porque Ryan parecia uma criança teimosa pedindo, com os olhos de quem
estava implorando, um sim como resposta.
— Eu não sou uma abusadora e você bebeu demais, Ryan Cooper.
Foi difícil, mas nada com uma ducha de água fria para acabar com
um porre. Em seguida, eu o deitei na cama e, como fiquei toda molhada
também, peguei uma das suas camisas no closet e me deitei com ele.
— Nunca mais vou deixar você ir embora! Eu já te falei que você é
minha?
— Já falou sim, e vou te responder de novo, que não tenho dono.
Ele não parava de falar até que finalmente adormeceu.
Quando acordei, pude sentir sua ereção roçando a minha bunda, já
que dormimos de conchinha. Assim que eu tentei me desvencilhar dos seus
braços, ele me puxou de volta e me sentou em cima dele.
— Estava indo a algum lugar?
— Na verdade, eu estava indo para casa, porque não posso ficar
comprando roupa todo dia para trabalhar. Preciso ir para casa, me arrumar…
— mal terminei de falar, e ele me interrompeu segurando firme o meu rosto
entre as suas mãos e dando um beijo.
— Sabia que é muito bom acordar com você? — Ele fala apertando a
minha cintura, enquanto me esfregava no seu pau, em busca de alívio.
— Você está sem calcinha?
— A minha estava molhada, daí peguei uma camisa sua que ficou
como um vestido em mim, e não achei que precisava de mais nada.
— Você quer me deixar louco, Senhorita Campbell? Minha vontade é
de devorá-la! — Ele falou e eu já fui logo tirando a camisa e deixando meus
seios expostos e excitados esperando pelo seu toque.
Ele brincou com os meus mamilos intumescidos, chupando um deles
e beliscando o outro, como se os seus dedos fossem uma pinça.
Ryan me deita na cama, e eu jogo os quadris para frente, tentando
alcançar o seu pau, mas ele me tortura sem deixar que eu encoste nele,
enquanto continua chupando devagarinho o meu mamilo, roçando os dentes
e passando a língua de cima para baixo por todo o meu seio.
— Porra, isso é muito bom — eu falo entre os meus gemidos cada
vez mais altos.
— Pronta? — Ele perguntou se deitando e pegando o preservativo na
cabeceira, e a minha resposta foi lamber a pontinha do seu pau, colocar o
preservativo e montar nele, que se enterrou em mim num movimento único,
forte, como que reivindicando a minha boceta só para ele — Você gosta de
cavalgar no meu pau, Sarah?
— Gosto de tudo com você! — Eu falo enquanto subo e desço batendo
com força contra o seu corpo.
Ele segura as minhas pernas, as coloca entrelaçadas em seus quadris
e num movimento rápido, me coloca deitada no colchão. Eu seguro firme a
sua bunda, enterrando o seu pau mais ainda dentro de mim, enquanto ele
devora o meus seios, estocando forte e sem parar na minha boceta.
Estamos em êxtase, com nossos corpos tremendo e nossa respiração
descompassada. É nítido o quanto somos entregues a todas as sensações que
sentimos um pelo outro, e quando chegamos à beira do clímax, eu aperto
firme o seu pau com a minha boceta, o prendendo dentro de mim e nossos
corpos estremecem, com Ryan urrando alto e gozando junto comigo.
Eu me levantei depois de muito custo, porque Ryan não queria me
soltar e confesso que eu estava amando isso. Depois de tomar banho, fui
obrigada a colocar a mesma roupa que usei para jantar com Nick na noite
anterior.
— Será que o meu chefe se importa se eu me atrasar hoje? —
perguntei enquanto me sentava ao lado de Ryan na cama. — Preciso passar
em casa e trocar de roupa antes de ir trabalhar.
— Eu acho que ele vai preferir que você passe o dia com ele aqui
nessa cama — Ryan falou e me puxou para me deitar com ele.
— Acontece que você tem uma reunião importante e eu não fiquei
analisando aquele monte de relatórios para nada. Trate de se levantar para
trabalhar — falei, e ele começou a rir.
— Sim, senhora! Acho que eu não sou mais o chefe, pelo visto.
Descemos rindo e de mãos dadas para tomar café e ele me apresentou
à Joana, que trabalhava lá.
— Joana, essa é a Senhorita Campbell. Prepare um café da manhã e
sirva lá na sala.
— Desculpa, Ryan, mas estamos atrasados — falei olhando para o
relógio.
— Prepara um café bem rápido, porque minha chefe está com pressa.
— Você quer parar com isso! — eu disse, rindo. — Sei que você é o
chefe, mas, quando está se atrasando para uma reunião ou se comportando
como uma criança em um restaurante como fez ontem à noite, sou obrigada
a cuidar de tudo.
Assim que terminei de falar, ele me abraçou e me deu um beijo,
puxando-me para a sala. Ao ver a cena, Joana olhou espantada, abaixou a
cabeça e disse que se apressaria em servir o café da manhã. Antes de
sairmos, escutei Ryan dando algumas instruções, que não entendi muito
bem, para Joana.
— Ela chega hoje à tarde de viagem com a madrinha, que vai deixá-
la aqui em casa. Me avise se ela chegou bem e à noite eu venho direto para
cá!
No caminho para minha casa, não toquei no assunto com ele, mas
estava curiosa com essa história sobre alguém que chegaria naquela noite.
— Obrigada pela carona. Vou me arrumar correndo porque estamos
muito atrasados e te encontro na empresa — falei e dei um beijo nele.
— Nada disso! Eu vou entrar, e, quando você estiver pronta, vamos
juntos — ele falou, saindo do carro e se dirigindo até minha casa.
Entramos de mãos dadas e nos deparamos com Nina, que estava
sentada na sala.
— Essa é Nina, minha amiga. Nina, esse é o Ryan.
— Oi, Ryan, fique à vontade. Já estou atrasada e só me sentei aqui
para responder a umas mensagens. Te vejo à noite, Sarah! — Nina saiu e eu
o chamei para vir comigo até o meu quarto.
Ainda bem que deixei tudo arrumado, porque, ao contrário da casa
dele, que tinha vários empregados, na minha éramos nós três que
cuidávamos de tudo.
— Seu quarto é lindo e eu acho que a gente deveria aproveitar que
estamos aqui e inaugurar essa cama — Ryan sugeriu, puxando-me para perto
dele e se jogando comigo na cama.
— Ryan Cooper, nós estamos atrasados! — Falei com meu corpo
tremendo ao toque dele.
— Se já estamos atrasados, que diferença faz uma hora a mais? —
ele perguntou com aquele jeito cínico que me deixava louca e que tornava
dizer não uma missão impossível.
Quando finalmente chegamos à empresa, fomos direto para o
escritório dele e iniciamos a reunião. O cliente estava impaciente, e com
razão, mas Ryan tinha o dom da palavra e rapidamente o envolveu com seus
projetos.
Ryan era um homem lindo, inteligente e criativo, e eu já estava
“pagando paixão” só em pensar assim, como diria Alice, se me visse
babando por ele. Por um instante, saí para pegar alguns relatórios extras para
a reunião que demoraria mais do que o previsto e encontrei Lauren no
corredor.
— Sarah, o que aconteceu? — ela me perguntou quando me viu
saindo da sala. — Eu não sabia mais o que falar para enrolar o cliente e
nenhum de vocês dois atendia ao celular.
— Me desculpe, eu realmente não vi as suas mensagens. O senhor
Cooper queria mais informações e materiais para essa reunião e acabamos
trabalhando por videoconferência e nos atrasamos — inventei isso porque
não queria que falassem que eu tinha algum caso com o CEO e, assim, dar
motivos para fofoca.
Por mais que tivesse dormido com ele, não tínhamos nenhum tipo de
compromisso. Ciente disso, segui com meu trabalho. O restante do dia foi
agitado por conta de duas reuniões e dos preparativos para a viagem a Nova
York, que acabou sendo adiada devido às viagens que Ryan costumava fazer
sem dar explicação, e não precisava, já que era o dono da empresa.
Meu trabalho não era simples. Eu separava, organizava e analisava
tudo antes de fechar cada pasta, e isso me deixava bastante ocupada. Mesmo
assim, eu me sentia feliz, porque estava trabalhando naquilo com que tanto
havia sonhado.
Mentira! A quem eu estava enganando? O motivo da minha
felicidade tinha nome, e não era Cooper Enterprises, e sim, Ryan Cooper. Já
tinha passado das três horas da tarde quando Ryan mandou pedir o almoço, e
Lauren me ligou, pedindo para levar o café dele.
Eu não levava muito jeito com bandejas, bules e xícaras. Quando
cheguei à sala dele e, mais uma vez, não tinha como abrir a porta. Fiquei
batendo delicadamente com os meus saltos na porta, e Ryan veio abrir no
seu modo “CEO mal-humorado”.
— Tinha que ser você e esse seu salto irritante! Qual o seu problema
em abrir portas?
— Se você quer que eu entre sem bater, então não deveria ficar
pedindo para eu trazer todas essas coisas, porque não sei segurar isso tudo
com uma mão só sem derrubar nada — respondi, colocando tudo sobre a
mesa.
— Sabia que a senhorita é muito respondona?
— Eu só falei a verdade e não posso sair entrando na sua sala sem
bater, porque eu não sou mal-educada.
— Meu Deus, que porcaria de café é esse? — Ryan reclamou quando
tomou um gole da xícara que lhe servi. — Quantas gotas de adoçante você
colocou? Lauren não te ensinou que eu gosto de quatro gotas?
— Mas eu coloquei quatro gotas.
— Não colocou mesmo, porque está horrível.
Fiquei com muita raiva daquela cena, porque era só o que faltava, ele
brigar comigo por causa de gotas de adoçante.
— Quer saber de uma coisa, você deve estar achando amargo porque
está faltando glicose em você, que bebeu como um gambá ontem à noite —
falei, tirei a xícara das suas mãos, abri o vidro do adoçante e coloquei várias
gotas no seu café.
— Agora deve ter ficado perfeito!
Virei minhas costas e o deixei sozinho em sua sala com seu mau
humor e saboreando seu café sabor adoçante.
Capítulo 13
Sarah Campbell
◆◆◆
◆◆◆
Minha nossa! Como uma mulher se arruma em trinta minutos para viajar?
Alice e Nina correram para me ajudar a separar as roupas. Enquanto eu e
Nina só pensávamos nos looks de executiva, Alice escolhia as lingeries.
— A parte chata fica para vocês. Vou escolher as peças para os
melhores momentos dessa viagem — ela falou, e pela quantidade de
lingeries, parecia que eu estava indo para minha lua de mel.
— Estou indo trabalhar, Alice! Nem sei se vamos ter tempo para
isso! — falei e cheguei até a sentir dor pelas minhas palavras.
— Até parece! Tem coisa mais sexy que vocês dois naqueles
elevadores do hotel, ou tentando ser rápidos na sala de reunião antes de os
clientes chegarem? Você tem que ser uma mulher preparada e estar sempre
com lingeries que vão deixar seu Paraíso Hot enlouquecido — Nina disse e
começou a rir, achando melhor a gente separar uns perfumes mais sensuais
para eu levar também.
— Tudo bem! Se alguém tiver algemas, me empresta, porque acho
que estou indo para um fim de semana super hot e não para uma reunião de
trabalho.
— Eu tenho as algemas — Alice falou, e nós três começamos a rir.
◆◆◆
◆◆◆
◆◆◆
◆◆◆
No dia seguinte, acordamos para as reuniões da empresa, e quando terminei
de me arrumar, ele falou que eu estava linda.
— Agora, se alguém te olhar, eu já posso dizer que você tem dono.
— Ryan, eu sou sua namorada, mas você não é meu dono. Não sou
um objeto que você está adquirindo, mas um ser humano que está dividindo
a vida com você.
— Meu Deus, que namorada chata essa que eu fui arrumar. Você é
minha, só minha, totalmente minha, sempre minha… — ele falou isso,
jogando-me na cama, arrancando minha calcinha e entrando dentro de mim.
— Eu já estava pronta para a reunião, Ryan! — falei rindo enquanto
o sentia dentro de mim.
— Estava! Depois vai ter que se arrumar de novo. Tão apertada essa
minha namorada.
— Para de falar e faz com força!
— Tão romântica também.
◆◆◆
“Já cheguei e vim para a casa do Ryan”, escrevi para as minhas amigas
enquanto esperava Ryan, que estava conversando com o seu tio.
“Nina também foi para a casa do Noah. Vou acabar sendo obrigada a
arrumar um namorado também.”
“Você não namora porque não dá chance para nenhum dos seus
ficantes”, Nina digitou.
“Um dia, quem sabe.”
“Mudando de assunto, essa casa do Ryan me deixa tensa, com esse
exagero de seguranças. Parece até coisa de filme da máfia.”
“Se o universo fosse colocar alguém nas graças de um mafioso, esse
alguém só poderia ser você mesmo, Sarah”, Alice escreveu e colocou
emoticons rindo.
“Que sorte a minha, não?”
“Sarah, se ele te levou para dormir aí hoje, então você ficou cismada
à toa com a tal visita que chegaria com a madrinha. Não tem ninguém aí com
ele e era só paranoia sua”, Nina escreveu.
“Eu pensei nisso, mas vai ver essa pessoa já foi embora”, escrevi e
me despedi, porque precisava tomar um banho.
Fiquei um tempo na banheira, depois coloquei apenas uma lingerie,
me deitei para esperar Ryan e acabei dormindo. Acordei mais tarde com ele
me abraçando e abri os olhos ainda com sono.
— Desculpa, acabei demorando muito para resolver uns assuntos
chatos com o meu tio — Ryan falou, e eu o beijei puxando-o para junto de
mim. Senti que ele estava tenso e queria aliviar aquele peso que ele parecia
carregar.
Assim que amanheceu e os primeiros raios do sol entraram pela
janela eu acordei e não vi Ryan do meu lado. Escutei o barulho do
chuveiro e fui até o banheiro tomar banho com ele. Eu o abracei por trás,
beijando suavemente as suas costas.
— Cuidado que eu posso me acostumar e querer esse carinho todos
os dias, Senhorita Cinderela Campbell.
Depois do nosso banho, descemos de mãos dadas e rindo para tomar
café. Mais tarde iríamos para a empresa e eu estava um pouco insegura sobre
o que as pessoas falariam do nosso relacionamento no trabalho.
— Será que devemos contar na empresa que temos um
relacionamento? As pessoas podem não entender — falei enquanto
descíamos as escadas.
— Quem não entender está despedido. Na minha empresa mando eu,
e, se quero namorar você, namoro e pronto! — ele falou, pegando-me no
colo.
— Tudo bem, Senhor Eu Mando Em Tudo Cooper, mas agora me
coloca no chão — pedi, rindo.
Quando chegamos à cozinha, Joana levou um susto quando me viu e
foi então que escutei uma voz de criança chamando pelo pai.
— Papai, você chegou de viagem! — uma menina muito linda falou
empolgada e se atirou nos braços de Ryan. — Você trouxe um presente para
mim?
— Não, minha princesa, o papai não teve tempo, mas hoje eu compro
alguma coisa para você — ele disse e a beijou, ficando abraçado com ela no
seu colo e olhando para mim.
— Me desculpa, eu não sabia que o senhor estava com visita —
Joana falou, tentando tirar a menina do colo de Ryan, mas ele não deixou.
— Sarah não é visita, ela é minha namorada e vai estar sempre aqui
em casa a partir de agora.
— Você é namorada do meu papai? — a criança perguntou, olhando
para mim.
— Sou, sim, meu amor! Eu me chamo Sarah, e você? — perguntei,
tentando ser o mais natural possível, mas estava surpresa porque nunca
imaginei que Ryan tivesse uma filha. Eu, Nina e Alice fizemos mil
suposições, mas uma filha nem passou perto do que imaginamos.
— Eu sou Anne. Você quer brincar comigo?
— A Senhorita Sarah vai tomar café com o seu pai e depois nós
voltamos. Vem comigo, Anne — Joana falou como se estivesse acostumada
a esconder a menina.
— Deixa a menina aqui, por favor! — pedi e estendi a mão para
Anne, que saiu correndo de perto de Joana e veio para o meu lado. — Você
já comeu alguma coisa?
— Ela pode comer no quarto dela comigo — Joana respondeu.
— Não tem necessidade disso. Ela vai comer aqui comigo e o pai
dela, não é, Ryan? — perguntei para ele, que estava parado sem falar nada.
— Claro que sim! Vem tomar café comigo e com a Sarah, minha
princesa — ele falou, pegando a menina no colo e pedindo para Joana servir
o café da manhã na sala. — Agora o papai tem duas princesas, você e a
Sarah, que na verdade é a Cinderela disfarçada. De noite a gente tem que
tomar conta, senão ela foge antes da meia-noite.
Anne riu e ficou me olhando, tentando ver se eu era mesmo a
Cinderela. Ryan era tão doce com ela que me comovia olhar para eles dois
juntos. Por que ele não havia me contado que tinha uma filha? Mas como fui
burra! Se chegaria com a madrinha, é claro que só poderia ser uma criança.
Depois do café, Anne insistiu para eu conhecer o quarto dela, e eu
não soube dizer não. Na verdade, ela era tão meiga e fofa que já tinha me
conquistado. Ryan disse que precisaria resolver uns assuntos que tinham
ficado pendentes com o tal tio dele e que depois subiria para nos encontrar.
— Você vai se casar com o meu papai? — Anne perguntou.
— Não, a gente começou a namorar agora, estamos nos conhecendo.
— Eu não conheci a minha mãe, ela morreu. Eu tinha uma avó que
eu gostava muito, mas ela morreu também. Eu gosto de você! Promete que
você não vai morrer?
Ao ouvir isso, não aguentei e abracei aquela criança tão linda e que
parecia tão triste.
— Prometo que, se puder, vou ficar perto de você até eu ficar
velhinha — falei, sem saber se era certo prometer isso a uma criança, mas
não sabia o que dizer.
Logo depois, Ryan chegou e ficou brincando com a gente de casinha.
Nunca imaginei vê-lo sentado no chão, fingindo tomar chá em mini xícaras
de A Bela e a Fera. Quando nos despedimos para ir trabalhar, Anne me deu
um abraço e eu prometi que voltaria para brincar de boneca com ela. No
carro, quando estávamos sozinhos, Ryan pegou a minha mão e me deu um
beijo.
— Obrigado! Eu nunca deixei ninguém conhecer Anne. Eu não a
envolvo na minha vida particular para protegê-la. Quando vinha alguma
mulher aqui, eu mandava o motorista levar embora antes de minha filha
acordar — ele falou e ficou me olhando.
— Ela me disse que a mãe dela morreu.
— Eu saí algumas vezes com a mãe dela. Ela tinha um ano, e sua
madrinha, que era prima da sua mãe, me procurou dizendo que Ellen havia
falecido num acidente de carro e que a menina era minha filha. No início eu
não acreditei, mas o advogado insistiu para que eu fizesse o teste de DNA.
Quando saiu o resultado, eu não poderia deixá-la ser entregue para adoção e
reconheci a paternidade dela. Eu não gosto que saibam dela por questão de
segurança.
— Eu notei que você tem certa paranóia com segurança. Sua casa
parece uma fortaleza — pronunciei, mas Ryan não falou nada sobre o meu
comentário a respeito do exagero de seguranças que ele tinha — Agora,
esconder do mundo que tem uma filha por questão de segurança já é caso de
internação.
— Sarah, você é minha namorada e vai fazer parte da minha vida,
achei que tinha que conhecer a minha filha — Ele falou ignorando o meu
comentário sobre a segurança — Você ainda vai me querer depois disso?
— Hum… Eu vou precisar pensar.
— Como assim?
— Preciso pensar se eu mereço tanto da vida para ganhar de uma só
vez um namorado gostoso que tem uma filha que é linda e doce como uma
princesa! — falei, e Ryan me abraçou forte e me beijou com amor!
— Você foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu juro que vou te
proteger de tudo.
— Só quero que você preste atenção nos passos que estamos dando
juntos, e que em breve será inevitável nos sentarmos e conversarmos sobre
tudo que o envolve.
— Sarah…
— Eu disse em breve! Por enquanto, vamos seguindo juntos, nos
conhecendo, mas eu sei que você tem algum segredo e quero que você se
prepare para me contar quando estiver pronto. Eu não sei o que é, mas não
sou ingênua de acreditar que tanta segurança seja só por você ser um
milionário.
Logo, chegamos juntos à empresa, mas eu pedi que Ryan fosse
discreto para evitar comentários, pois assim eu me sentiria melhor.
Tudo bem, mas se acostume logo com essa situação, porque não
—
quero esconder do mundo que você é minha, Senhorita Campbell.
Capítulo 16
Sarah Campbell
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◆◆◆
— Agora você vai ser só minha a noite toda — Ryan falou enquanto me
beijava e tirava o meu vestido. — Toda minha.
Ele me pegou no colo e me levou para o banheiro, tomamos um
banho juntos, com o vapor da água quente se misturando entre os nossos
corpos e com ele dentro de mim o tempo todo, enquanto eu me desmanchava
chamando por ele.
— Ryan, eu sou sua!
Quando saímos do banho, ele me levou para a cama e só então
reparou o hematoma que eu tinha no braço, já que, durante o dia, eu estava
de casaco.
— O que aconteceu com o seu braço?
— Ontem, quando eu estava no shopping com Nina e Alice, um
maluco me puxou pelo braço tentando me arrastar com ele, mas Alice foi
mais rápida e deu uma bolsada na cara dele, que me soltou e saiu correndo.
— Como assim um homem tentou te arrastar com ele? Por que eu
não fiquei sabendo disso? Você tinha que ter me ligado na mesma hora! —
ele gritou e começou a andar de um lado para outro, passando a mão nos
cabelos.
— Calma, meu amor, não aconteceu nada comigo! Fizemos a
ocorrência e voltamos para casa.
— Você não sai mais sozinha de casa, entendeu? A partir de hoje,
você vai andar com segurança.
— Isso tudo por que um doido tentou me assaltar no shopping?
— E você acha pouco? Ele tentou te sequestrar puxando você! O
segurança pegou o desgraçado?
— Não, mas eles acharam estranho porque, se o homem quisesse me
roubar, tinha levado minha bolsa e, no lugar disso, ele a atirou no chão e saiu
correndo depois de levar uma bolsada da Alice na cara — falei, rindo.
— Você está rindo? Isso é muito sério!
— Ryan, qual o seu problema com esse lance de segurança? Você
tem algum trauma? Porque não é normal uma pessoa ter tantos seguranças e
uma casa que parece aquela dos mafiosos dos filmes do Poderoso Chefão.
— Não fala besteira! — ele disse, e, pelo tom de voz, vi que não
gostou da brincadeira. Logo depois, Ryan colocou uma calça de moletom e
saiu do quarto.
— Aonde você vai?
— Ligar para o meu tio! — ele gritou do corredor. — Lembrei que
tenho um assunto urgente para resolver com ele.
O que poderia ser tão urgente? O que aconteceu com "Você vai ser
minha a noite toda?" O que o fez me deixar sozinha no quarto dele?
Por fim, só me restou deitar e esperar. Eu já estava dormindo quando
ele voltou e se deitou do meu lado, mas senti a cama afundando e o seu
corpo encostando no meu.
— Até que enfim você voltou! Pensei que teria que me virar sozinha
nessa cama pensando em você.
— Minha namorada é insaciável! — ele disse, deitando-se em cima
de mim.
◆◆◆
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No dia seguinte, deixamos Anne na escola, e ela ficou toda feliz quando saí
do carro e a levei até a sua sala de aula. Ryan, pelo visto, nunca fazia isso, e
a menina era criada por Joana, seu segurança e seu motorista.
Chegamos à empresa e notamos que o dia seria repleto de reuniões.
Eu estava analisando as novas campanhas quando chegou uma mensagem de
Ryan.
“Venha até a minha sala.”
“Sua sorte é ser tão gostoso, por isso que aturo esse seu jeito
simpático de ser.”
O respondi, me levantei e fui até o escritório dele. Quando entrei, vi
que Ryan não estava sozinho.
— Sarah, este é Jordan, o seu motorista e segurança. A partir de hoje,
você só sai acompanhada por ele.
— Muito prazer, Senhorita Campbell — o homem me
cumprimentou. Eu sorri e apertei a sua mão por educação, apesar de não
precisar de nada disso.
— Muito prazer, Jordan! Desculpa, será que você poderia me deixar
ter uma conversa em particular com o Senhor Cooper? — perguntei, e
Jordan fez que sim com a cabeça, pediu licença e se retirou.
— Muito bem, Ryan, o que significa tudo isso? Eu não preciso de
segurança!
— A partir de hoje, Jordan vai dirigir e fazer a sua segurança, e, além
disso, você vai usar um dos meus carros, que são todos blindados.
— Você não pode decidir as coisas que dizem respeito à minha vida
sem me consultar.
— Claro que posso! — Ryan falou e se levantou, caminhando na
minha direção e colando o seu corpo no meu. — Você é minha mulher e eu
não quero que nada te aconteça.
— Não vai acontecer nada comigo. Isso tudo é paranoia sua, meu
amor! E eu não sou sua mulher, e sim sua namorada.
— Vou te mostrar como você é, sim, minha mulher! — Ryan me
pegou no colo e se deitou em cima de mim no sofá do escritório dele.
— Isso não é justo — falei, já me contorcendo embaixo dele. —
Você sabe que eu não sei dizer não quando você me deixa assim, querendo
você mais que tudo.
— Você me quer mais do que tudo, Senhorita Campbell?
— Você sabe que sim! — eu disse e arfei quando ele esfregou a sua
ereção contra a minha intimidade, fazendo pressão e mostrando que ele
estava tão pronto quanto eu.
— E como você me quer? — ele perguntou enquanto mordia minha
orelha.
— Com força dentro de mim — respondi, gemendo.
— E você é o que minha? Eu quero a resposta correta ou não vou
foder você.
— Sou sua mulher!
— A partir de hoje, você tem motorista e segurança, minha vida!
Capítulo 17
Sarah Campbell
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Sabia que, uma vez que estava publicamente com Sarah, ela se tornaria
alvo, mas não deixaria nada de ruim acontecer. Por fim, terminei a reunião e
voltei para o hotel para encontrar a mulher da minha vida, porque só nos
braços dela eu me esquecia de tudo aquilo.
Quando cheguei à nossa suíte, ela estava linda e nua, deitada na
minha cama. Fui até o banheiro tomar um banho e relaxar de toda aquela
tensão e só depois eu me deitei ao lado dela.
— Você demorou! — ela falou enquanto abria os olhos ainda cheia
de sono. — Por que você não me acordou para tomar banho com você? —
Sarah perguntou, fazendo biquinho e me deixando louco para entrar nela de
uma vez.
Eu a coloquei de bruços na cama e lhe dei cinco palmadas fortes na
sua bunda redonda, ela gemeu alto, sentindo sua pele arder ao ficar marcada
por mim, e eu tenho certeza de que sua boceta queria gozar de prazer por
conta da dor.
Sarah amava sexo forte. Amava sentir dor misturada com prazer. Ela
era uma sádica, e isso estava claro para mim. Só não sabia até que ponto ela
ser desse jeito, somado a quem eu sou, nos levaria!
Eu fui treinado fortemente desde os cinco anos para ser um monstro
sem coração, suportar a dor e infringir a mesma nos outros.
Sarah nasceu em um mundo normal. Seria ela capaz de ceifar vidas
como eu faço? Ela parecia ser alguém destemida comigo, esse lado dela
parecia aflorar mais a cada dia.
Por outro lado, ela era doce com Anne, com a família que estávamos
formando… Família… Famiglia… Eu não posso ter nada disso com Sarah
sem entrar numa guerra. Por outro lado, me recuso a condenação de viver
sem essa mulher!
Minha Sarah e suas múltiplas personalidades fundidas numa única
mulher!
Minha mulher era uma dominadora na vida, mas na cama, muitas
vezes gostava de se sentir vulnerável, como que para aliviar todo o estresse
que existia dentro dela.
As minhas mãos envolvem a sua cintura e apertam firme arrancando
um gemido de prazer dos seus lábios carnudos. Eu cravo meus dentes na sua
pele e posso sentir como Sarah é quente e está queimando de desejo.
Ela não tem pudor nenhum ao esfregar sua entrada no meu pau e eu a
provoco com uma penetração que não chega nem na metade, a deixando
frustrada e com mais tesão ainda.
— Por favor, mete logo, Cooper. Quero o seu pau marcando o meu
corpo como sua porra. Sem preservativos. Quero sentir sua porra quente me
preenchendo. Por favor.
Deixo meu pau duro pulsar dentro da sua boceta, que o aperta
querendo mais estocadas. Eu bato em suas coxas, depois nos seus seios, e ela
arfa, arqueando os quadris em busca de mais. Sarah sempre quer mais e não
esconde isso!
— Mais, por favor.
Eu amo como essa mulher se entrega para mim. Seu cheiro, seu
toque, tudo nela me deixa fascinado. Eu amo também quando ela toma as
rédeas, dita ordens e me domina. Somos explosivos juntos!
— Não quero que você goze, Sarah. Não agora! — Eu sei que ela
fica mais eufórica quando eu dou essa ordem e ela precisa se concentrar para
não gozar.
Eu saio de dentro dela e brinco um pouco com a sua boceta e ela
choraminga querendo que eu a penetre novamente. Eu coloco umas das suas
pernas sobre um dos meus ombros e entro fundo dentro dela, de uma só vez,
e o seu corpo estreme. Minhas estocadas são lentas e curtas, e ela crava suas
unhas nos meus ombros, mostrando que está no seu limite.
— Goza pra mim!
Eu falo isso e sinto os espasmos em todo o seu corpo. Suas pernas
tremem, enquanto ela me olha, se libertando com um orgasmo forte. Eu saio
de dentro dela e devoro a sua boceta. Chupo, mordo e lambuzo a minha cara
com a sua porra deliciosa! Aperto sem piedade o seu clitóris com a ponta dos
meus dedos e depois passo a minha língua sobre ele. Eu repito esse
movimento várias vezes até sentir o seu corpo tremendo e o seu gosto
delicioso explodindo na minha boca.
Ela se levanta rapidamente e me faz sentar na beira da cama, se
ajoelha entre as minhas pernas e lambe da base do meu pau até a sua ponta.
Sarah coloca a glande para dentro da sua boca e me chupa gostoso, depois
me lambe todo antes de enfiar o meu pau até o fundo da sua garganta.
Sinto quando ela esfrega seus seios na minha perna buscando o atrito
como alívio, e então, eu os aperto com as minhas mãos, beliscando forte os
seus mamilos.
— Sua boceta dói de tesão quando você me chupa, não é verdade,
Sarah?
Ela aumenta o ritmo das investidas da sua boca contra o meu pau,
mas eu a levanto, dou um tapa forte na sua bunda e outro na sua boceta,
coloco ela sentada no meu colo para cavalgar no meu pau e gozar forte
dentro dela.
Vamos gozar juntos!
—
— Sim, vamos explodir juntos, com as nossas porras se misturando
dentro de nós.
— Eu vou gozar! — Ela fala subindo e descendo do meu pau, rebolando
e me apertando, enquanto eu aumento a força das estocadas e disparo minha
porra grossa e quente dentro dela, marcando essa mulher como minha.
Eu realmente tinha um vício, e ele se chama Sarah Campbell.
Capítulo 19
Sarah Campbell
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No caminho de volta para casa, fui tentando assimilar tudo que fiquei
sabendo. Ryan não tinha culpa da vida dupla que levava, no entanto, também
não era inocente, já que usufruía do dinheiro da máfia e eliminava os seus
inimigos.
“Alice e Nina, vocês estão em casa? Tenho novidades!”, escrevi.
“Estamos. Vem logo!”, Alice respondeu. “Já estamos curiosas!”
“Se for babado forte, já avisa que vou preparar meus drinks!”
“Pode preparar, Nina, que vamos brindar!”
Minha vida mudaria radicalmente. Eu amava o Ryan, mas não
pensava em morar com ele assim tão rápido. Sabia que ele tinha motivos
reais para se preocupar comigo e que, dando esse passo, eu estaria me
envolvendo em algo muito grande e perigoso. Porém, ao contrário de ter
medo, simplesmente decidi enfrentar a situação e pagar para ver!
Eu queria pensar de outra forma, mas a verdade é que estava
correndo perigo ao lado dele. Tinha a opção de não querer saber de nada
daquilo, terminar com Ryan, mas, ainda assim, continuaria sendo perseguida
pelos seus inimigos.
Meu coração acelerava e meu peito apertava quando eu pensava em
ficar longe dele, então essa não seria uma opção. Ryan disse que resolveria
tudo e eu ficava só imaginando de que forma ele faria isso. Quando entrei
em casa, as meninas já estavam com as bebidas prontas me esperando.
— Ryan me chamou para morar com ele — entrei falando e deixando
as duas surpresas.
Preferi falar assim de uma vez e já fui me jogando entre elas no sofá
da sala. Queria que elas achassem que fosse uma coisa normal de casal
apaixonado, e não porque eu estava sendo alvo de uma máfia rival do meu
namorado.
— Rápido assim? — Alice perguntou. — Você aceitou?
— Sim, eu vim buscar algumas coisas minhas. Não vou levar tudo.
Vou deixar alguns pertences aqui e fazer uma experiência para ver se vai dar
certo.
— Nossa amiga vai se casar! — Nina gritou, abraçando-me.
— Me casar não! Eu estou indo morar na casa dele, passar um
tempo, algo assim. Ele quer muito e acabei aceitando.
— Para de show, porque você bem que quer seu Paraíso Hot 24 horas
por dia! — Alice falou. — Eu acho muito cedo, mas, se você quer e está
feliz, então nós estamos também.
— O Ryan acha que vocês vão ficar mais protegidas se o Jordan
continuar fazendo a segurança de vocês aqui na casa.
— Nossa! Bem que você falou que ele tinha mania de perseguição.
— Nina disse. — Mas não precisamos...
— Eu aceito! — Alice interrompeu. — Jordan fica aqui fazendo
nossa segurança.
Eu e Nina começamos a rir e as duas foram me ajudar a arrumar as
malas. Eu estava com medo da decisão e achando tudo muito precipitado,
como Alice falou, mas não tinha escolha, já que estavam me seguindo e não
queria colocar a vida das minhas amigas em risco continuando ali com elas.
— Você está se mudando, mas essa casa continua sendo sua — Nina
falou. — Não só porque você quer manter seu quarto aqui com as suas
coisas, mas porque somos uma família.
— Sempre juntas! — eu disse e abracei as duas sorrindo.
Jordan me levou e logo voltaria para fazer a segurança delas. Eu já
estava acostumada com ele e estranharia ter outro segurança, mas confiava
nele e me sentia bem melhor sabendo que estava com Alice e Nina.
Quando cheguei à casa de Ryan, ainda estava tentando me acostumar
com a ideia de morar naquela fortaleza. Respirei fundo e saí do carro
decidida a não pensar mais naquilo tudo. Eu estava indo morar com meu
namorado e Anne, era apenas a assistente dele na empresa, e mais nada. Ele
seria apenas o CEO de sempre para mim e precisava pensar assim para
passar por tudo sem me deixar abater. Afinal de contas, como disse Alice, eu
teria meu Ryan o tempo todo para mim, e só de pensar nisso meu corpo já
dava sinal de vida.
— Sarah chegou! — Anne gritou, correndo para os meus braços e
Ryan veio logo atrás e nos abraçou. Ele me olhava preocupado, mas eu
estava realmente disposta a ser feliz com eles naquela casa.
— Joana vai arrumar as suas coisas no meu quarto.
— No seu quarto?
— Claro, você pensou que ia dormir em qual quarto?
— Na verdade, eu não pensei em dormir — falei, mordendo os meus
lábios e olhando para ele. — Vem, Anne, vamos pegar alguns brinquedos
para brincar no jardim.
Ryan me puxou para junto dele quando eu ia subir as escadas com
Anne.
— Continua me provocando e saindo que quando estivermos
sozinhos, você vai ver uma coisa. — Ele falou no meu ouvido.
— Não vejo a hora de isso acontecer.
Em seguida, eu e Anne subimos as escadas e quando chegamos lá em
cima, fizemos sinal para ele vir também. Ele subiu falando que estava se
sentindo abandonado e nós duas ficamos rindo do drama dele. Quando
entramos no quarto de Anne, ela correu até a mesinha e pediu para eu fechar
os olhos.
— Eu que desenhei para você — ela disse, e eu senti quando ela
colocou uma folha nas minhas mãos.
Quando abri os olhos, foi impossível segurar as lágrimas. Peguei
Anne no colo e a abracei bem forte. Ela tinha feito um desenho lindo do pai,
meu e dela de mãos dadas como uma família feliz!
◆◆◆
— Até que enfim! — Ryan falou. — Achei que você não vinha mais se
deitar.
— Anne estava agitada demais e custou a dormir — eu disse, indo
até o banheiro.
Enchi a banheira e acendi algumas velas para deixar o ambiente mais
romântico. Depois fui até o quarto e Ryan estava deitado na cama, parecendo
impaciente.
— Você não vem? — perguntei.
Ryan se levantou e entrou comigo na banheira. Ele me colocou
sentada de costas para ele e começou a me ensaboar. Ele beijava o meu
pescoço, fazendo-me sentir sua falta dentro de mim, e comecei a apertar uma
perna contra a outra para tentar aliviar o desejo, que só aumentava à medida
que ele apertava e massageava delicadamente os meus seios. Joguei minha
cabeça para trás e já estava ofegante.
— Ryan — falei, gemendo.
— O que foi? — ele perguntou com aquela voz rouca que só me
fazia estremecer mais de tesão.
— Você sabe! — respondi e me virei, ficando de frente para ele e me
sentando no seu colo.
Comecei a rebolar e a me esfregar nele e pude sentir quanto ele me
queria. Ryan me pegou pela cintura e me levantou o suficiente para penetrar
dentro de mim, colocando-me novamente em seu colo.
— Você é minha!
— Só sua! — falei e comecei a rebolar mais rápido.
Eu precisava de um orgasmo e Ryan jogava o corpo para cima,
entrando com força em mim, enquanto eu rebolava e me desmanchava
sentada nele. Ryan intensificou mais ainda os seus movimentos, e, em cada
estocada, eu queria mais dele dentro de mim.
Quando senti que Ryan não tinha mais como esperar, joguei minha
cabeça para trás e meu corpo foi ainda mais ao encontro do dele. Quando
escutei ele chamando o meu nome, senti aquela sensação maravilhosa se
construindo de novo dentro de mim. Como eu amava e desejava esse
homem!
◆◆◆
Uma semana depois, eu ainda estava tentando me adaptar à nova vida. Era
difícil não imaginar o que Ryan estava fazendo ou mandando fazer quando
se trancava por horas com seu tio e seu primo no escritório. Nesses
momentos, eu procurava me distrair brincando com Anne ou conversando
com Nina e Alice.
— Resolva tudo e me passe os resultados — ele falou para o tio
quando saiu do escritório, e este, como sempre, concordava com a cabeça.
Nessa hora, o primo dele me viu e veio conversar comigo.
— Como você aguenta esse homem feio e mal-humorado?
— Meus óculos quebraram e eu não o enxergo direito — respondi,
rindo. — Eu pensava que ele fosse lindo. Obrigada por me avisar.
Ele então se despediu de mim rindo e era uma pena que Ryan só
encontrasse a família para longas reuniões das quais ele saía sempre
estressado. Por fim, deixei os dois se despedindo na sala e fui para o meu
quarto me deitar um pouco. Logo depois Ryan chegou.
— Desde quando você fica de gracinhas com meu primo? — Ryan
perguntou, entrando no quarto. — Não quero você cheia de intimidades com
ele.
— Sabe qual é a sua sorte, Ryan Cooper?
— Que você me ama?
— Sim! E que eu te acho muito gostoso também — respondi e o
abracei.
— Vou tomar um banho e já volto — ele falou e me beijou.
— Sozinho?
— Eu arrumei uma mulher insaciável — ele falou, rindo e me jogou
no seu ombro para me levar para o banheiro.
Depois de mais uma noite maravilhosa, dormimos e no dia seguinte
chegamos cedo à empresa, porque tínhamos cinco reuniões com novos
clientes. Porém, quando fui à cafeteria, percebi que todos pararam de falar e
foram se ocupar com seus afazeres.
— O que aconteceu, Lauren?
— Nada — ela respondeu, aos risos. — É que agora você é a mulher
do chefe e todo mundo quer mostrar serviço.
Com a resposta dela, começamos a rir juntas e nos sentamos para
tomar café. Desde o dia em que não deixei Ryan mandá-la embora, nós nos
tornamos amigas e ela era a única pessoa naquela empresa que ainda
conversava comigo, já que os outros me tratavam como a mulher do CEO.
Após mais um dia de trabalho, voltamos para casa. Porém no
caminho, Ryan me disse que precisaria viajar novamente.
— Meu amor, vou precisar viajar para Geórgia, Atlanta e Seattle.
Tenho muitos assuntos pendentes e por enquanto não quero deixar mais nada
por conta do meu tio. Preciso resolver esse problema, mostrar que estou no
comando e colocar esse povo que resolveu se meter com a minha família em
um saco de lixo.
— Você ainda nem viajou e eu já estou nervosa — falei, segurando
as suas mãos. — Você não acha melhor eu te acompanhar?
— Eu não vou a passeio nessa viagem e sim para enfrentar seriamente os
meus inimigos! Não imagino nem quero você no meio disso!
— Só porque eu sou mulher? Saiba que não sou inferior a você nem a
nenhum outro membro dessa Instituição.
— Tudo bem, meu amorzinho, eu não te culpo por falar essas besteiras já
que você não nasceu na nossa sociedade e não entende como as coisas
funcionam.
— Fale novamente comigo nesse tom machista, Ryan Cooper, e você vai
se arrepender.
— Eu já estou em silêncio! — Ryan disse, levantando os braços como se
estivesse rendido.
— Vou sentir a sua falta!
— Não vou deixar você dormir essa noite para compensar o tempo
que vou ficar fora! — ele falou, beijando-me.
— Se comporta que estamos no carro, e não quero dar um show na
frente do Matthew!
— Eu só ia te beijar.
— E você acha que eu me contento só com beijos? — eu disse,
tocando nele. — E pelo visto, você também não, meu amor! — falei rindo.
Capítulo 21
Ryan Cooper
Flashback
◆◆◆
◆◆◆
Durante toda a madrugada, tive febre alta e nos meus delírios, acabei
chamando Ryan de Al Capone. Então, quando a febre baixou, Nina e Alice
mencionaram o apelido estranho que eu tinha dado para o meu namorado e
como já suspeitavam que existia algo de muito podre nessa história toda,
disseram que não desistiriam até saber de toda a verdade.
No dia seguinte, enquanto a América aproveitava o Black Friday,
acordei com muita febre e sem forças para nada. Alice e Nina ficaram
comigo o tempo todo e contei tudo que tinha acontecido na noite anterior na
casa de Ryan.
— Eu não acredito. Foi tudo por causa de uma árvore de Natal? —
Alice perguntou, em choque. — Ele deve usar drogas, amiga, ou precisa de
tratamento, porque é doido!
— Ele é uma pessoa muito estranha com relação a tudo que se refere
à família.
— E com relação a datas comemorativas também — Nina falou.
— Ele chegou em casa depois de beber muito e de uma semana
estressante. Mas eu não vou desculpar Ryan por tudo que me falou. Nada
justifica o que ele fez, não depois de tudo.
— Eu disse que estava cedo para vocês irem morar juntos — Alice
opinou — e eu estava certa! Olha o estrago que ele fez com você!
Vocês duas são as pessoas em que eu confiaria a minha vida e por isso
—
preciso contar algo para vocês que ninguém pode saber e que eu jamais
dividiria com outras pessoas, já que não é um segredo meu. Mas vocês me
fizeram algumas perguntas durante a madrugada e eu não sei exatamente o
que falei enquanto estava delirando por causa da febre. Por um lado, sei que
preciso responder, só que, por outro, temo por ser algo que, de verdade, seria
melhor que vocês nem soubessem, porque pode ser perigoso.
— Sarah, estamos no mesmo barco e já deu para perceber que tem algo
muito estranho com o tal Senhor Cooper — Nina afirmou — Ou você acha
que nós duas vimos como algo normal o cara deixar um segurança aqui em
casa nos protegendo? Isso não pode ser só uma particularidade de um
milionário excêntrico.
— Vocês se lembram do tal cara que estava nos seguindo e do que tentou
me arrastar no shopping? Eles são inimigos do Ryan e queriam me pegar
para atingi-lo.
— Como assim? — Alice perguntou. — Por acaso, o seu Paraíso Hot é
algum mafioso?
— Não, Alice, ele não é um mafioso qualquer, e sim o Capo Ryan De
Lucca Cooper, o Chefe da Máfia de Los Angeles, ou Máfia Cooper, tanto
faz! Ah, ele também é o Capo dos Capos do território americano, sendo
subordinado apenas a Cosa Nostra, a máfia siciliana.
— O Chefe da Máfia Americana? Tipo gangster, assassino? — Alice
perguntou com cara de espanto.
— Sim, uma espécie de rei do submundo.
— E Jordan?
— Um soldado da máfia.
— Uau! As garotas superpoderosas na máfia. Amei isso!
— Eu não queria envolver vocês nisso. Na verdade, agora não faz
diferença, porque eu e Ryan terminamos.
— Sarah Campbell, presta muita atenção, nunca mais esconda nada das
suas amigas, porque, mesmo sendo algo tão grave, nunca sairemos do teu
lado. Se precisasse, entraria na máfia com você, mas não te deixaria sozinha
— Alice falou. — Somos amigas para tudo nessa vida!
— Eu não sou tão expansiva como Alice, mas, acredite, eu também
iria nessa com você até o fim.
No meio de tanta dor e decepção, saber que eu tinha as melhores
amigas do mundo me confortava.
Nesse instante, a campainha tocou e Alice foi até a sala para ver
quem era. Não demorou muito para que eu escutasse a voz do Ryan.
— Eu preciso ver a Sarah — Ryan falou tão alto que escutamos do
quarto. Com certeza, Alice não queria deixá-lo passar e ele não queria
aceitar isso.
— Ela está com febre, seu infeliz, e por sua causa! Como que você
deixa minha amiga assim por causa de uma árvore de Natal? Qual o seu
problema? Trauma com o Papai Noel? Ele te deu um carvão porque você
não se comportou?
— Você não sabe nada da porcaria da minha vida.
— Sarah, me escute, por favor, me perdoe! — Ryan falou, entrando
no meu quarto.
— Ryan, eu estou com febre e me sentindo mal. Por favor, vá
embora, e quando eu melhorar, nós conversamos. Agora eu não quero te ver,
nem te escutar.
— Pede para o Jordan trazer as coisas dela que estão na sua casa —
Nina disse. — E vai embora, Ryan. Esse não é o melhor momento para
vocês conversarem.
— Sarah, só me escuta.
— Agora não!
— Quando?
— Não sei! Quando eu quiser te deixo saber. Mas tem uma
condição...
— O que você quiser.
— Te envio a condição por mensagem. Agora vai!
Alice foi empurrando-o para fora do meu quarto e eles ficaram
discutindo na sala antes dele ir embora.
Os dias foram passando e aos poucos fui melhorando da pneumonia
que eu peguei na noite de Ação de Graças.
Além de ter estado doente, eu passava os dias pensando em tudo que
tinha acontecido e aquela mágoa só crescia no meu coração. Eu queria muito
saber de verdade o que desencadeou aquela reação em Ryan, já estava
cansada de tantos segredos.
Ele me contou sobre a sua vida no crime, mas com certeza para se
tornar um chefe, ele passou por uma iniciação e pelo que eu li, são coisas
pesadas, torturas em nível hard, e os que vão comandar, como ele, parece
que começam a matar ainda crianças.
Alice disse que Ryan ligava todos os dias para ela para saber notícias
minhas, mas ela sempre dizia a mesma coisa, que eu estava de repouso,
melhorando e não queria falar com ele.
Ryan tentava falar comigo todos os dias e eu o ignorava. Mas vendo
meu celular tocar agora, decidi que ia ouvi-lo e atendi a ligação.
— Eu não aguento mais viver sem você! Me perdoe, por favor! Volta
para mim!
— Não posso aceitar o seu pedido de perdão, não agora! Preciso
pensar, porque ficar com você não é algo tão simples, implica mudar a
minha vida toda e eu não sei ainda o que te responder. Por favor, entenda que
eu preciso de um tempo. Eu te recebi de coração aberto na minha vida e você
me expulsou da sua naquela noite. E além do mais, eu não sei o que seria
esse voltar para você, Ryan, porque não podemos ficar juntos.
— Eu declaro guerra se você me quiser.
— Não quero nada disso, só refletir sobre tudo o que aconteceu.
— Eu vou viajar e ficar alguns dias fora! Quando eu voltar, te dou
uma resposta!
Assim que eu terminei de falar com Ryan, coloquei algumas roupas
em uma mala, e mandei uma mensagem no grupo das superpoderosas
avisando que estava indo para o aeroporto.
“Eu vou viajar. Preciso de um tempo longe daqui para organizar as
minhas ideias. Estou indo para Vancouver passar uns dias na casa dos meus
pais.”
“Vai ser bom para você.” Alice respondeu. Eu também já fui logo
mandando uma mensagem avisando aos meus pais que estava indo visitá-
los, depois voltei para nosso grupo.
“Eu preciso tomar uma decisão! Ryan não é um namorado com quem
eu possa brigar e depois voltar que fica tudo em paz! Nunca vai ficar tudo
bem entre nós se eu estiver ao lado dele, porque vou viver sob ameaça e toda
vez que ele sair não saberei se vai voltar, se vão invadir nossa casa e tantas
outras coisas.”
“Eu entendo, Sarah, é uma decisão difícil, porque você vai ser a
mulher do chefe e assim como ele, terá que representar para todo mundo.”
Foi Alice quem me respondeu primeiro.
“Essa conversa é tão errada! O certo era eu sumir e não o ver nunca
mais.”
“Certo para quem? O que é certo e errado? Até onde devemos ir por
amor? São tantas questões, mas quer saber, não decida por regras impostas, e
sim seguindo aquilo que vai te fazer feliz.” Dessa vez foi a Nina que tentou
me consolar.
“Existe felicidade neste mundo do Ryan? Um mundo de morte, de
sangue, de uma luta incansável por poder?” Eu quis saber.
“Depende de quem vai viver essa vida, minha amiga!” Alice falou.
“Eu não consigo olhar para o Jordan como um bandido, e sim como alguém
que nos protege. Logo, o certo vai depender do lado que nós estamos.”
“Por falar em Jordan, não deixem que ele vá atrás de mim, porque já
disse para ele que vou viajar sozinha.”
Alice mandou vários emojis sorrindo. Desde que nos conhecemos,
nós já sabíamos que éramos diferentes, meio avessa às regras, mas daí a
fazer parte do submundo era outra história.
Eu me sentia culpada, por ter envolvido as minhas amigas nessa
história, mas a verdade é que eu estaria do lado delas se fosse o contrário,
porque sempre fomos uma por todas e todas por uma, e sempre será assim.
Capítulo 23
Ryan Cooper
◆◆◆
Ainda estava tudo escuro quando escutei a voz de Anne, que falava e
pulava na minha cama.
— Acorda, pai! A gente tem que fazer panqueca.
— O quê? Que horas são? — perguntei, pegando meu celular. —
Meu Deus! São seis horas, Anne!
— Mas a gente tem que fazer as panquecas antes da escola — ela
disse, puxando-me para levantar.
Fizemos as panquecas, porém a cozinha ficou uma bagunça. Então
me sentei e já estava cochilando quando Anne acabou de comer.
— Vocês duas faziam panquecas todos os dias?
— Não, cada dia era uma coisa diferente.
Seria melhor se eu não tivesse perguntado.
— Vamos, papai! Você tem que me levar para a escola!
Seguimos para a escola e quando chegamos, ela disse que eu tinha
que levá-la até a porta da sala de aula. Então me dei conta de que nunca
tinha visto a professora da minha filha ou falado com ela.
— Sarah está melhor, Senhor Cooper? Anne disse que ela está doente
e que por isso o pai a traria para a escola.
— Ela está melhorando — respondi e me dei conta de que Sarah, em
tão pouco tempo, havia estado mais presente na vida da minha filha do que
eu em todo esse tempo morando com ela.
Em seguida, fui para a Cooper trabalhar e saí mais cedo para buscar
Anne na escola e levá-la para o ballet. Ainda cansado, quase dormi
assistindo àquela aula, mas Anne sorria toda hora para mim, e isso me
despertava.
Quando chegamos em casa, eu estava indo para o meu quarto quando
Anne falou que eu ainda tinha que dançar com ela.
— Sarah dançava com você?
— Ela dava um monte de piruetas.
Não acreditei que, além de tudo, tinha que ficar fazendo um tal de
pliê e várias piruetas. Eu estava muito enganado, cuidar de Anne dava mais
trabalho que a Cooper e a Máfia juntas.
Antes de dormir, fui fazer umas anotações no meu escritório e
chamei Matthew para me ajudar.
— Precisamos descobrir quem é esse traidor, antes que ele acabe
comigo.
— Nós, vamos descobrir, Senhor Cooper.
Capítulo 24
Sarah Campbell
◆◆◆
Desci as escadas para tomar um copo d'água e estranhei a casa estar toda
escura. Fui caminhando devagar até a cozinha e quando acendi a luz, levei
um susto e dei um grito quando vi Luigi de Lucca em pé na minha cozinha.
— Calma! Eu vim a mando do meu sobrinho, o Capo…
— Eu sei muito bem quem é o seu sobrinho, mas o que eu quero saber é
o que o senhor está fazendo aqui na casa dos meus pais?
— Você já respondeu! Você sabe demais, e quem entra na máfia não sai
livremente por aí para contar histórias.
Após Luigi falar, escutei gritos no andar de cima e corri até o quarto dos
meus pais com o meu coração disparado. Assim que abri a porta, vi os dois
deitados na cama, com suas cabeças cortadas e a roupa de cama branca com
uma enorme mancha de sangue vermelho-escarlate.
Na mesma hora, um ódio cresceu dentro de mim, e eu desci enfurecida.
Em seguida, peguei uma faca enorme que estava na cozinha e sem pensar
duas vezes, furei o peito de Luigi De Lucca. À medida que o seu sangue
espirrava no meu rosto, mas eu me sentia vingada.
Eu despertei apavorada e comecei a chorar incontrolavelmente
quando me lembrei dos meus pais mortos. Em minha mente veio a voz da
minha mãe me pedindo para ficar calma e dizendo que era só um pesadelo.
Adormeci e quando acordei o sol já estava alto. Tudo estava bem!
Aquilo realmente não havia passado de um pesadelo, essa história está me
deixando muito sobrecarregada mentalmente.
◆◆◆
◆◆◆
O dia começa com o barulho dos carros estacionando no meu jardim. Todos
os chefes do território americano foram convocados para uma reunião que
com certeza seria difícil, porém, eu não tinha nenhuma intenção de ceder um
milímetro na minha decisão.
Eu sei que muitos vão se rebelar, gritar, declarar oposição, pedir a
minha cabeça, e para os controlar e fazer com que se curvem a minha
vontade, usarei o conselho de Giuseppe De Lucca, o meu avó, que chegou na
América com o seu pai ainda criança, que o viu fundar cada cassino, tomar
territórios e fazer nas terras do Tio Sam a maior máfia aliada da Cosa Nostra.
Ele me ensinou que a minha palavra deveria ser a lei por aqui e
nunca hesitei em colocar isso em prática, mas hoje serei mais territorialista
do que nunca, um verdadeiro ditador.
Eu devo respeito a Cosa Nostra, mas não sou obrigado a ceder
quando se refere a minha vida particular. Se fosse uma ação da Instituição,
ou se fôssemos perder dinheiro, eu faria como Dante ordenasse, afinal, existe
uma hierarquia, que sempre deve ser respeitada.
Falando em Dante, ele disse tudo que eu enfrentaria, mas não disse
que eu não poderia me casar com Sarah, apenas que seria minha
responsabilidade resolver tudo e garantir minha permanência como líder do
território americano.
Eu me olho no espelho, confiro o nó da minha gravata, fecho o meu
paletó e deixo o meu quarto, passando pelo corredor, hoje repleto de
seguranças, e dou as últimas ordens, antes de descer para o salão de
reuniões.
Olho o meu celular, leio uma mensagem que Sarah me enviou e
sorrio, confirmando que ela é única, e com certeza é a mulher certa para
mim.
“Boa reunião, meu Capo! Não hesite em arrancar algumas cabeças,
só garanta que não se aproximem da minha Anne e nem permita que
estraguem o nosso casamento.”
Eu sacudo a cabeça para afastar o pensamento em que a minha
própria noiva atira em todos que se opõem a ela, como uma líder nata da
máfia. Meu amor e fetiches estão indo longe demais! Uma mulher
comandando a máfia! Só nos meus loucos devaneios para algo assim
acontecer!
Matthew abre a porta da sala de reuniões para que eu possa entrar, e
segue atrás de mim. Todos os líderes se levantaram e eu os cumprimentei
apenas com um aceno de leve com a cabeça.
Vou até a mesa de bebidas, pego a minha garrafa de whisky e levo até a
minha mesa, onde sirvo a bebida de líquido âmbar no meu copo. Então, sem
perder o contato visual com todos que continuam de pé, bebo tudo de uma só
vez, deixando o copo que bato na mesa vazio, enquanto o líquido desce
rasgando pela minha garganta.
Em seguida, pego a minha Glock e a coloco em cima da mesa, ao lado
do copo que torno a encher, e me sento, fazendo sinal para que todos se
sentem, para começarmos a reunião. É impossível não notar o desconforto
de todos, por eu ter colocado a arma sobre a mesa, dando um sinal claro de
que minha vontade seria a última palavra de todas e que eu não mediria
esforços para que ela se cumprisse.
— Bom dia, senhores! Todos servidos de whisky e com seus charutos
acesos, então podemos começar a reunião.
Eles erguem os copos, brindando por mais um encontro entre os chefes.
Todos fingimos que estamos confortáveis e não em alerta para qualquer
movimento em falso em torno da mesa. Somos aliados e inimigos ao mesmo
tempo, já que todos querem o mesmo a qualquer preço, dinheiro e poder. O
que impede uma rebelião, é a força e o número de soldados que cada um têm
para entrar numa guerra. No meu caso, tenho o suficiente para aniquilar
todos juntos, por isso sou o Capo e tenho o respeito de todos.
— Serei breve, senhores, porque todos temos muitas coisas para
resolvermos, carregamentos para serem recebidos, mercadorias para
despacharmos e muito dinheiro para ganharmos e enchermos os nossos
bolsos.
Falei a palavra mágica: Dinheiro! E todos na mesa deram uma
gargalhada e concordaram comigo, erguendo os seus copos.
Essa reunião é para informar a todos que irei me casar.
—
Um silêncio tomou conta do ambiente, para em seguida começar um
falatório, onde todos se entreolharam querendo saber quem tinha fechado um
acordo comigo. O medo de que a filha de um deles tivesse sido escolhida,
aumentando o poder de algum território, deixou todos aflitos e discutindo
uns com os outros.
— Não vou me casar com a filha de nenhum dos senhores presentes
nessa sala de reuniões. Na verdade, não irei me casar com uma mulher da
Instituição.
— Não entendi, Capo Cooper! — Um dos homens presentes falou e
todos os olhares se voltaram para mim, aguardando uma explicação.
— O que o senhor não entendeu exatamente? Eu não vou me casar com
uma mulher da nossa sociedade, em outras palavras, não me casarei com
uma filha da máfia.
— Isso não é permitido! Temos filhas esperando por esse momento de
serem escolhidas pelo Capo — Um Chefe falou enquanto os outros se
remexiam nervosos nas cadeiras.
— Não sejam ridículos, porque elas não estão esperando por isso, mas
sim os senhores, que querem ter mais poder sendo meus genros.
— Precisamos de alianças e o casamento tem esse objetivo!
— Eu sei disso, e será sempre assim, mas, como o meu avô, que casou a
minha mãe com um homem comum, com objetivos que na época ele não
disse quais eram, eu farei o mesmo. Não vou abrir mão da minha filha,
senhores, e já deixei isso claro no último encontro, se eu me casar com a
filha de um dos senhores, com certeza terei problemas e acabarei tendo que
ficar viúvo, sendo assim, me casarei com alguém de fora, mas que não se
sente intimidada com a nossa sociedade.
— E se não concordarmos? — Alguns falaram ao mesmo tempo.
— Quem não concordar, se levante agora e se retire, sabendo que assim
que o fizer, será automaticamente considerado meu inimigo. Matthew, por
favor, abra a porta para quem quiser deixar essa reunião.
Meu homem de confiança abriu a porta e eu fiquei aguardando, mas
como eu previa, ninguém se levantou ou falou mais alguma coisa, apenas
começaram a tragar nervosos os seus charutos.
— Nunca deixei de dar prioridade aos assuntos da “famiglia”. Temos um
território forte e punimos todos que se colocam no nosso caminho. Os
senhores têm os cofres cheios de dinheiro, porque carrego essa máfia com
punhos fortes, mesmo que muitos pensem que sou um playboy americano.
Minha esposa ficará no comando da minha empresa, o que vai valorizar
ainda mais a Cooper Entrerprise, já que está na moda mulheres CEO, e isso é
visto como modernidade. Já eu, senhores, ficarei na Instituição em tempo
integral, pretendo com essa imagem positiva na mídia, de ter uma mulher
CEO da Cooper, me lançar no futuro como candidato ao Senado, como o
meu outro avô, e facilitar ainda mais a nossa vida neste país. Eu fui criado
para transitar nos dois mundos, e assim o farei.
Flashback
◆◆◆
Essa sempre foi a vontade do meu avô, que eu tivesse uma empresa, uma
boa imagem e no futuro fosse não só o seu substituto, mas também o do meu
avô paterno, no senado. Claro, que não me casar com uma filha da máfia
devia estar fora dos seus planos, mas ele não está aqui, morreu depois de
foder a minha mente desde os meus cinco anos, então, pelo menos isso farei
da minha maneira.
— O velho De Lucca, o meu avô, era um homem de visão e já tinha meu
futuro traçado muito antes do meu nascimento, quando casou a sua herdeira,
minha mãe, com o filho de um senador da república. Ele queria o seu
sucessor forte nos dois mundos.
Não é diferente com os irmãos Cosa Nostra, que se apresentam como
donos de um vinhedo, e o velho Mikhailov, o demônio da Bratva, que
recentemente estava na foto de inauguração de sua empresa de bebidas
alcoólicas, ao lado do seu único filho, que deve ter uns vinte anos e que com
certeza vai se esconder, no futuro, atrás da imagem de CEO, enquanto se
prepara para assumir o seu lugar de chefe da nossa maior inimiga, a máfia
russa.
— O fato do meu casamento não ser com a filha de um dos nossos, não
abre precedentes, tendo em vista que isso já era algo planejado pelo meu
avô.
— Nós não tínhamos ideia disso, Capo Cooper! — Bianchi, que era o
Capo do Colorado falou surpreso.
— Meu avô tinha planos que só compartilhava comigo, o seu sucessor.
Ser um senador da república era um deles. Minha esposa é filha de um
advogado renomado no Canadá, que tem na sua lista de clientes, empresários
e políticos e isso será muito importante para me abrir várias portas.
Eu passei as últimas semanas me preparando para essa reunião, buscando
brechas e Matthew investigou a família de Sarah, descobrindo que seu pai é
advogado e dono de um escritório com vários políticos na sua clientela. Não
foi difícil usar esse argumento para fingir porque escolhi Sarah e fazer com
que todos engolissem isso como mais uma manobra com um único objetivo,
que era o de sempre, ter cada vez mais poder!
— Me caso depois das festas de final de ano e todos vocês receberão os
convites. Quem não comparecer, entenderei que está fora da Máfia Cooper,
que centraliza todas as máfias da Cosa Nostra em território americano.
Encerrar sem dar tempo de falarem alguma coisa era outra estratégia que
aprendi com o meu avô, um ditador, que tinha sempre a última palavra.
Senhor Cooper e quem é a sua noiva? — Bianchi perguntou.
—
— Vocês irão conhecê-la no dia do meu casamento.
— Nesse caso, já que o Capo têm uma escolhida, eu penso que
poderíamos começar a pensar quem vai se casar com a sua herdeira, senhor,
a menina Anne — Bianchi, que parecia representar todos os presentes falou
e outro burburinho se espalhou no local.
— Minha herdeira? Aquela que até a última reunião os senhores
chamavam de bastarda? Como não conseguiram me empurrar suas filhas, já
querem que eu feche um acordo para casar minha menina com o filho de um
dos senhores?
— Sim, senhor! Meu filho tem vinte anos, não tem uma noiva ainda e
podemos negociar para daqui a alguns anos…
— Eu tenho um filho também… — Outro chefe falou e todos pareciam
estar num leilão tentando vender os seus filhos.
Eu me levantei, fechei o meu paletó, tomei um gole do meu whisky,
peguei a minha Glock e caminhei até a porta.
— Espero os senhores e suas famílias no meu casamento. Foi um prazer
rever a todos e não ter precisado mandar ninguém para o outro lado.
Todos ficaram sem reação, me vendo ir embora enquanto discutiam
quem seria o futuro marido de Anne. Eles continuariam assim por semanas,
meses, até anos se fosse preciso, tentando negociar essa aliança comigo,
porque de uma forma ou de outra sempre querem ganhar alguma vantagem.
— Senhor Cooper, a primeira batalha o senhor ganhou, mas devemos
ficar atentos porque ao deixar essa casa, irão tramar para lhe tirar do poder
por estar se casando com a senhorita Campbell.
— Eu sei disso, Matthew, e por isso vamos intimidar e até mandar para o
inferno quem participar desses complôs, sem clemência e piedade.
— Já enviei mais homens nossos para todos os territórios, e eles vão
entender que isso é uma forma de mostrar que o senhor não está disposto a
ser contrariado.
— Quando eu retornar da minha lua de mel, vou te levantar Sottocapo,
porque não tenho como continuar com o meu tio, ele é um incompetente,
enquanto você é o meu braço direito.
— Independentemente da posição, o senhor sabe que pode sempre contar
comigo para tudo.
— Eu sei disso, Matthew, e nunca esqueça de estender essa proteção para
a minha futura esposa e minha filha. Sempre que eu não estiver, tenha as
duas como prioridade.
— Eu sempre estarei ao lado delas também, senhor Cooper!
Matthew merece a promoção que eu o quero dar, assim como eu mereço
alguém que trabalhe comigo, no lugar de atrapalhar. Meu tio sempre esteve
ao meu lado, e quando minha mãe morreu, me apoiou, e desde criança me
dizia para vê-lo como o pai que eu não tinha, enquanto meu avô dizia para
que eu ficasse longe da sua fraqueza.
Ele sempre foi um bom irmão, tratava minha mãe com carinho, coisa que
não vejo nas relações familiares da máfia, e só por isso tenho consideração
por ele e aguentei suas burrices, mas não posso mantê-lo como Sottocapo
agora que estou me casando com Sarah e vou atravessar uma fase de
hostilidade.
“Minha futura esposa, reunião encerrada, casamento anunciado e devo
informá-la que agora você não tem mais escolha a não ser me dizer que SIM
no altar.”, escrevi para Sarah.
“Nunca tive a intenção de dizer uma palavra diferente de SIM. Nos
vemos na empresa?”
“Hoje não irei à empresa! Tenho negócios para resolver.”
“Vou com você, quero conhecer seu outro trabalho.”
Eu dei uma gargalhada quando li a mensagem da Sarah! Minha noiva no
galpão da minha máfia, só podia ser uma piada.
Pouco tempo depois, meu celular tocou e vi que era Sarah numa
chamada de vídeo.
— Ryan Cooper, eu estava falando sério quanto a conhecer o outro lado
da sua vida.
— Nós podemos conversar uma outra hora? Agora eu realmente preciso
ir. Nos vemos à noite?
— Não, nos vemos agora.
— Sarah, as mulheres não vão no galpão, ou em qualquer ação da
Instituição.
— Nunca?
— Não, meu amor! As nossas mulheres ficam em casa cuidando dos
filhos, esperando os maridos chegarem…
— Eu vou fingir que não escutei essa coisa machista que você falou.
— A máfia é uma sociedade machista e já conversamos sobre isso.
— Eu sei disso, e você falou que eu vou ficar na Cooper trabalhando na
diretoria e que vou ter meu lugar no mundo, e não ser uma esposa troféu…
Eu estou entrando numa guerra para me casar com você, não será
—
fácil, mas vamos ter que nos adaptar.
— Ryan, eu quero conhecer o meu futuro marido. Eu entendo que as
mulheres da sua sociedade não participam das ações, negociações e tudo
mais, só que elas crescem neste meio, estão acostumadas, sabem o que
acontecem, eu não.
— Muitas mulheres nunca presenciaram a violência, a não ser a que elas
sofrem em seus lares. Muitas veem os homens da família chegando feridos, e
isso é o mais perto da máfia que chegam, a não ser que estejam num local
que seja invadido, ou recebam uma bomba de presente.
— Eu quero ver tudo!
— Lá eu não sou o Ryan que você conhece e não acho…
— Eu não vou te julgar, mas quero…
— Você é muito teimosa! Coloque um jeans, camiseta básica, boné e
um casaco. Não quero que você distraia os meus soldados. Estou indo te
buscar!
◆◆◆
Sarah não desistiria até que eu mostrasse a ela o outro lado da minha vida.
Ela não estava errada em querer saber o tamanho do problema que estava se
enfiando ficando comigo e esse era o meu medo. De que ele fosse grande
demais para ela suportar.
Entramos juntos no galpão e foi inevitável os olhares de todos para a
minha noiva, que eles nunca tinham visto antes. Passamos pelo centro de
treinamento e ela ficou impressionada com a imensidão do lugar e as lutas
nos ringues.
— As lutas são uma forma de treinarmos e liberarmos parte da
adrenalina constante que corre em nossas veias.
— Compreendo. E aqui vocês treinam para matar os seus inimigos —
Ela falou entrando no centro de tiro ao alvo — Vocês usam munição de
verdade?
— Sim, aqui é tudo real!
— Eu posso tentar?
— Você quer atirar?
— Sou boa nisso! Arrasei no meu curso e tenho até carteirinha do clube
de tiro. Posso usar a sua Glock?
— Se você prometer não atirar no seu pé por engano — Eu falei e
entreguei a pistola e Sarah simplesmente disparou, sem nem colocar os
fones, acertando na cabeça de cinco bonecos.
— Eu disse que era boa nisso, não precisa babar porque sua mulher é
maravilhosa, meu amor!
Olhei para Matthew que sorriu para Sarah, mas não parecia surpreso, foi
então que me lembrei que ele sabia das aulas da minha noiva, e
provavelmente sabia do seu talento.
— Eu quis vir aqui para que pudéssemos conversar — Ela falou entrando
na minha sala e Matthew antes de nos deixar sozinho, parabenizou Sarah
pelos tiros.
— Nós podemos conversar na minha casa ou na sua, e até na empresa, se
você quiser, mas…
— Lá você é o Ryan Cooper que eu já conheço e aqui você é o Capo sem
máscaras, nu e cru. É esse Ryan, que eu quero conhecer!
— Você quer ver o meu lado obscuro? Por quê?
— Quero entender como isso tudo funciona, só isso! Você faz tráfico de
armas e drogas, certo? E mulheres, essas que ficam presas em boates,
servindo como escravas sexuais?
— Não faço tráfico humano, mas muitas máfias têm essa prática. No
passado, quando meu avô era o capo, acontecia esse tipo de comércio.
Quando Dante Cosa Nostra assumiu, resolveu que não tinha por que fazer
isso, uma vez que chama atenção para boates que vivem sendo invadidas. A
verdade é que tem muitas mulheres que querem se prostituir e não
precisamos traficar para ter quem trabalhe para a gente.
— Suas boates têm prostituição?
— Algumas sim, mas são clubes fechados.
— E isso de que mulheres da máfia são jogadas nessas boates, isso é
verdade?
— Sim, os homens quando devolvem as esposas, ou as que não se
casam, acabam indo parar nessas boates da “famiglia”.
— E você concorda com isso?
Não, mas eu não posso mudar as nossas leis. Mas no que se refere a
—
mim, não faria isso, tanto que estou com Anne na minha casa.
— Como assim?
— Anne é uma filha bastarda da máfia! Não é fruto de um casamento e
por isso não poderia ser reconhecida, ou criada por mim.
— O que acontece com os bastardos?
— São enviados para longe, mortos, ninguém fala sobre isso. São
segredos que morrem com as pessoas envolvidas. Muitos acabam se
tornando soldados e acabam trabalhando para os seus pais, mas sem serem
considerados filhos.
— Amantes são permitidas, filhos bastardos não. Quanta hipocrisia!
— Sarah, eu não vivo numa sociedade justa com as mulheres e
mesmo não achando certo, me acostumei como algo normal. Não
interferimos na família dos outros! Cada homem é o chefe do seu lar, e como
ele trata a sua esposa e filhos, é problema deles, já que todos na sua casa
pertencem a ele.
— Você passou por uma iniciação?
— Sim, desde os meus cinco anos comecei o meu treinamento, que
me moldou num assassino que não tem piedade quando se trata de um
inimigo. E sim, eu mato e não tenho remorso, não me orgulho de sentir
prazer quando estou torturando um inimigo. Eu pareço um homem bom,
porque você me conheceu na empresa, em outro mundo, mas sou um
monstro e não vou esconder isso, já que está me fazendo um interrogatório.
— Quem diria, eu interrogando o Capo!
— Eu te amo, Sarah, mesmo tendo sido criado para não ter
sentimento por ninguém.
— Eu imagino, Ryan! Para matar e torturar, você não pode ser
coração, e sim ser frio e letal.
— Você não tem medo disso tudo que me envolve? Não fica
assustada?
— Não! Deveria, mas não fico! Eu não resolveria qualquer discussão
com um tiro, mas, se alguém me violentasse por exemplo, mataria sem dó e
sem piedade o meu inimigo.
— Já que você quer tanto me conhecer, e conhecer mais da máfia,
vou te levar onde ficam presos os nossos inimigos e veremos se você é tão
forte assim!
— Me testando, Capo Cooper? — Ela falou se levantando e eu
confesso que pensei que ela fosse dizer que isso seria demais e que não
suportaria.
Sarah conheceu a nossa prisão, sentiu cheiro de sangue, de carne
podre, viu pessoas mutiladas, sendo torturadas e não deu uma palavra, mas
também não saiu correndo ou desmaiou, como qualquer mulher faria, o que
realmente a tornava única!
— Ryan, eu só quero que você saiba que estou pronta para ser sua
esposa, que eu sempre vou estar ao seu lado, e que não tem nada que você
não possa dividir comigo. Serei a senhora Cooper, na empresa e na máfia.
Sua esposa e companheira, na vida e na guerra.
— Você é uma mulher surpreendente, futura senhora Cooper!
— Eu sei disso! — Ela falou rindo — Mas agora preciso ir, será que
o Matthew pode me levar? Anne tem aula de ballet hoje e você sabe que eu
não gosto de faltar.
Sarah consegue fazer todas as coisas ao mesmo tempo e cada uma
com um jeito de ser diferente. É como se ela tivesse várias personalidades
vivendo dentro dela, e o mais incrível, é que ela consegue ser perfeita de
todas as formas.
Assim que ela foi embora, tive que descer para interrogar um preso, e
à medida que ele não me falava o que eu queria ouvir, eu arranco seus dedos
fora. Me dava conta do monstro que habitava em mim e pensava se Sarah,
sem treinamento, também não tinha um dentro dela, que parecia querer se
alimentar, a arrastando para essa vida junto comigo.
De qualquer forma, isso não aconteceria, porque sua curiosidade
tinha sido sanada e ela assumiria um cargo importante na Cooper que a
manteria ocupada e longe da Instituição, que nunca aceitaria uma mulher
transitando livremente pelos galpões.
Capítulo 27
Sarah Campbell
◆◆◆
Matthew
Foram tantos gritos assim que o Capo Cooper foi atingido, e depois eu pude
ver uma Sarah destemida e forte se levantando entre os homens e dizendo
que ficaria à frente de tudo e vingaria o atentado ao seu marido.
Luigi De Lucca tentou impedir, mas a força daquela mulher era
imensa e algo no tom da sua voz deixava claro que ela não estava brincando,
e sim, tomando todo o poder de uma organização secreta, machista e
criminosa em suas mãos.
Eu tinha certeza da força do meu Capo e que ele se recuperaria
mesmo tendo ficado muito ferido. Tomei a defesa da sua esposa, da qual ele
se orgulhava e sempre dizia que tinha vindo fazer a diferença na sua vida. Se
ela queria vingar o seu atentado, eu estaria ao seu lado.
— Levem o Capo para o hospital, cerquem tudo, limpem essa sujeira,
acalmem os convidados e vamos para o galpão para uma reunião.
— Desde quando um soldado dá ordens na minha máfia? — Luigi gritou
se dirigindo a mim e se colocando como o novo chefe.
— Sua máfia? Cala a sua boca ou eu mesmo vou silenciar você, seu filho
da puta — Sarah falou pegando a minha arma e apontando na testa do infeliz
— Meu marido é o Capo, ele está vivo, logo não existe sua máfia, seu
merda.
— Homens, limpem tudo! — Eu falei — Obedeçam a senhora Cooper.
Sarah não se despediu de ninguém, apenas entrou no carro comigo e
outros soldados seguindo direto para o hospital, onde ficamos por pouco
tempo, já que o senhor Cooper estava sendo operado e não podíamos fazer
nada por ele.
Escuta, senhora Cooper, eu sei que é difícil, mas se ficarmos aqui
—
corremos o risco de Luigi De Lucca tomar o poder.
— Eu não posso ficar até o final da cirurgia?
— Não temos tempo para isso. Para todos foi um assalto, o CEO está
sendo operado e depois daremos notícias. Suas amigas ficaram de cuidar dos
seus pais e depois mandei que as levassem até o galpão.
— Não quero envolver minhas amigas nisso, é perigoso e sem volta.
— Elas sabem disso, senhora Cooper. Agora vamos porque nossos
homens ficarão aqui, e pode confiar, porque agora estão sob o meu comando,
não vou falhar.
— Aquele Luigi não serve para nada!
Sarah se levantou e me acompanhou, naquele momento eu não tive
dúvidas de que ela estava se despindo da sua vida normal e assumindo uma
nova identidade dentro da nossa Instituição. Ela não ficou chorando no
corredor do hospital, e sim, se levantou para tomar a frente dos negócios do
seu marido e vingar tudo que ele estava passando.
Muitos vão perguntar, quem faria isso? E a resposta é simples, um
mafioso nato.
Sarah Cooper nasceu para comandar, e por algum motivo o destino a
uniu ao nosso Capo, só o futuro vai nos mostrar quem será ela e porque veio
parar no seio da nossa sociedade.
◆◆◆
Matthew
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PRIMEIRO DESAFIO
Sarah Cooper
Eu não tive tempo de chorar pelo atentado do meu marido e nem de ficar
esperando notícias no hospital, porque precisei enfrentar uma guerra desde o
primeiro minuto para assumir o que pertence a Ryan.
Não me importo que muitos falem que eu deveria estar chorando na
recepção do hospital, ou se estão se perguntando onde está a viúva do Capo
Cooper, muitos pensam que estou em casa com depressão, e para não
saberem que estou na verdade me preparando para ser uma gangster, deixo
que acreditem e pensem o que quiser.
— Sarah, essa reunião com os outros Capos foi marcada para dentro de
quatro dias. Eles estão cientes que enquanto o Capo Cooper viver, nada vai
mudar e nenhuma guerra será tolerada. A prova disso é que sua vida está
sendo guardada por homens da Cosa Nostra — Matthew falou — Só que
Dante acha que você morre no primeiro dia e que não vai ousar enfrentar os
homens na reunião. A questão é? Você sabe o que significa enfrentá-los?
— Significa que ou eu, ou eles.
— Outra coisa, você, Alice e Nina, terão que ser iniciadas na Cosa
Nostra, se sobreviverem a uma semana de treinamento, é claro. Vocês vão
treinar por muito mais tempo, mas esse prazo foi determinado por Dante,
hoje numa mensagem, que lamento informar, terminou com muitas
gargalhadas.
Eu não quis escutar mais nada, porque já estava cansada de homens que
só pensam que somos objetos para o seu prazer. Nos veem como escravas
sexuais, objetos, seres inferiores, vou mostrar para todos que sou muito mais
forte que qualquer um deles.
Descemos com Matthew para uma sala que nos foi apresentada como um
dos locais de tortura da Máfia Cooper. Havia no local três grandes toneis de
água cheias de gelo.
— Quero que vocês se preparem para o caso de serem capturadas por
algum dos nossos inimigos, ou para quando precisarem ser frias para vencer
uma batalha. Não pensem que é fácil suportar a dor, mas é possível
esvaziando a mente de vocês.
Nós três fomos amarradas e colocadas de cabeça para baixo e quando a
corda foi descendo em direção ao tonel, nos debatemos querendo nos soltar.
— Esvaziem a mente de vocês! Não olhem para o tonel. Desviem o
pensamento. Serão cinco segundos na primeira vez!
Nunca senti uma dor tão forte, que fosse capaz de atingir todas as minhas
terminações nervosas de uma só vez, me debati imediatamente, quase me
afogando.
— Porra, que merda é essa? — Alice gritou.
— Agora serão 10 segundos, não respirem quando mergulharem e muito
menos demonstrem que não suportam a dor.
As palavras de Matthew entraram na minha mente e me concentrei no
ódio que eu sentia pelo que fizeram com o meu marido e com a vontade de
matar o infeliz que fez isso com as minhas próprias mãos.
Foram dez segundos que congelaram a minha alma, mas que não doeram
fisicamente, porque simplesmente eu não estava ali.
— Agora 25 segundos! — Matthew falou e nos desceu mais uma vez. Eu
pude sentir uma força que parecia tomar conta de mim. Como uma descarga
de adrenalina muito forte que me fazia suportar qualquer coisa.
“Eu não sou fraca! Eu sou uma mulher forte! Uma guerreira! Uma
mulher que vai matar todos que atravessarem o meu caminho!”, repetia para
mim mesmo durante o tempo em que fiquei de cabeça para baixo, dentro de
um tonel cheio d’água e com temperatura abaixo de zero graus.
— Muito bem, Sarah e Alice! Agora vamos para 30 segundos e
encerramos por hoje. Nina, você precisa se concentrar, por isso não está
aguentando. Na hora que alguém estiver com uma arma apontada na sua
testa, você não vai poder falhar. Você precisa se desligar de tudo que já viveu
e pensar em sobreviver.
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Nina Coleman
Flashback
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— Isso Nina, muito bem! Você é forte, nunca duvide disso! — Matthew
gritou e mandou que nos colocassem no chão.
Nós três ficamos deitadas, destruídas, porque foi algo novo e difícil, mas
ao mesmo tempo, nos sentimos mais fortes, poderosas e com uma certeza de
que não viemos nesta vida para sermos oprimidas por
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SEGUNDO DESAFIO
Alice
Estranho essa sensação de pertencimento a algo que nunca fez parte da sua
vida e que você sempre aprendeu como errado. Não tem como romantizar o
crime, mas se você vai fazer parte dele não deve ficar pensando nisso o
tempo todo.
Quando eu vi Sarah se levantando em meio a todos aqueles homens, tudo
que eu senti foi uma necessidade de lutar ao lado dela, porque eu sei que ela
faria o mesmo por mim.
Talvez eu seja das três a que mais foi julgada por ser diferente do padrão
socialmente correto para as mulheres. Sempre fui desbocada, brigava com os
meninos na escola, aos quinze anos choquei minha família que me pegou
transando no meu quarto e aos dezoito, fui quase banida quando contei os
meus fetiches BDSM.
Sempre quis ser livre, não consigo me prender a um padrão estipulado
por ninguém. Por isso, sempre fui aberta a experiências e por causa disso,
sempre fui duramente criticada e taxada de promíscua.
“Você tem uma família feliz, que sempre te deu tudo que você quis,
cresceu cercada de amor, não têm como ter traumas que te levem a querer
frequentar um clube onde homens e mulheres batem uns nos outros, ou
exibem seus corpos para todos verem”, minha mãe falou com desgosto.
Quanta ignorância! O amor é livre! O BDSM é consensual! Qual o
problema de querer experimentar?
Claro que isso agora é fichinha perto da máfia! Agora eu me superei,
confesso!
— Está tudo bem, Alice? — Sarah perguntou — Fico preocupada
disso ser demais para vocês.
— Tudo bem, chefe, estamos bem! — Eu respondo rindo — Você
nem assumiu e já está preocupada com seus soldados.
— Estou falando sério! Isso tudo afeta o nosso psicológico e me sinto
culpada de vocês estarem aqui por minha causa.
— Isso que precisamos trabalhar, nosso psicológico! — Nina falou
— A fome, a sede e esse calor insuportável, nos faz delirar, precisamos
aprender a controlar nossas sensações.
Ficamos em silêncio, racionando nossa energia, porque não sabíamos
há quanto tempo estávamos dentro de uma espécie de forno, sem água e sem
comida, tentando abstrair essas sensações da nossa mente, para não sentir
nada fisicamente.
Fechei os meus olhos e tentei não pensar em nada! Simplesmente
deixei minha mente vagar por lugares desconhecidos. Eu percebi que o
incômodo me fez lembrar do que me incomodava e que isso só aumentava as
sensações ruins.
A dor nos transporta para lugares sombrios do nosso passado, como
uma sabotagem, para você se sentir pior. O segredo é vencer esses fantasmas
e daí as sensações físicas são esquecidas, sua mente voa e você sobrevive
por mais tempo.
Não sei dizer quantas horas passamos naquele lugar, mas acredito
que foram mais de vinte e quatro horas, no final, nos sentimos mais fortes e
determinadas a vencer todos os desafios e nos tornamos imbatíveis.
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Sarah Cooper
Eu não aguentava mais bater no saco de boxe, e quando eu sentia minhas
forças se acabando, Matthew gritava para que eu fosse forte e continuasse.
Ele nos treinou pessoalmente com artes de defesa pessoal, aprimorando as
técnicas que vínhamos aprendendo na academia de luta.
— Vamos descer e treinar no ringue com os soldados, afinal, vocês vão
enfrentar homens fortes e letais e precisam ser piores do que eles —
Matthew falou — E serem rápidas, porque lá fora, no meio da luta, vocês
vão sacar armas e facas e precisam aprender a fazer tudo isso da forma mais
ágil possível. Mas estou impressionado com a habilidade e facilidade com
que vocês aprendem tudo!
Fomos cada uma para um ringue, e lutamos com um, dois, três soldados.
Era incrível como que à medida que eles vinham para cima de mim, eu
sentia uma força descomunal para me defender e atacá-los. Eu realmente
acreditava que era melhor do que qualquer um deles e iria provar isso para
cada homem que ousasse me desafiar.
Eu já estava boa no tiro ao alvo, e agora, vinte quatro horas seguidas
treinando, ficava cada vez melhor.
— Vamos Nina, força para derrubar o alvo — Matthew gritava enquanto
ela chutava um boneco que andava de um lado para o outro. Entre socos,
pontapés, e muitos gritos para que ela não parasse, ela arrancou uma faca
que ficava na sua perna direita e o rasgou inteiro.
— É isso, porra! Você precisa buscar essa vontade de vencer que está aí
dentro! — Matthew falou e batemos palma, porque vibramos uma com o
avanço da outra.
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Sarah Cooper
Olhei pela janela do meu quarto e pude ver a quantidade de carros
estacionados no meu jardim. Todos chegaram pontualmente para a reunião
que definiria os rumos da Instituição aqui na América.
Seria a primeira vez de frente com os associados da Máfia Cooper e
todos esperavam para ver se era verdade que uma mulher assumiria. Com
certeza, Luigi De Lucca deve ter dedicado esses dias a falar mal de mim para
os outros, o que sinceramente pouco me importa, tendo em vista que para
mim ele é só o tio fracassado do meu marido.
Toda família tem a sua ovelha negra e na máfia, pelo visto, não é era
diferente.
Dante Cosa Nostra enviou uma mensagem para Matthew dizendo
que estava surpreso por eu ainda estar viva e achou conveniente eu escolher
a minha casa para o meu último dia de vida.
Para esse arrogante siciliano, eu não vou sobreviver a essa reunião e
vou ser morta por um dos membros e esquecida em algum cemitério
clandestino. Ele que espere por isso sentado, porque está para nascer o
homem que vai me intimidar.
Me olhei no espelho, sorri confiante e finalizei passando o meu
batom vermelho escarlate e pegando a Glock do meu marido para ser a
minha companhia na reunião.
Claro que eu estava usando um coldre com mais duas armas, tinha
um punhal preso na perna esquerda e uma arma na perna direita, mas ainda
assim, essa Glock tinha um valor estimativo, por ser do meu marido, e
assim, de alguma forma, é como se ele estivesse presente me apoiando.
Quando Ryan acordar, porque eu sei que ele vai viver, vai lembrar do
nosso juramento e ver que me mantive firme, lutando pelo que é nosso!
“Vamos manter o poder em família, meu marido. Ninguém vai ficar
com a Máfia que leva o nosso nome, Cooper!”, pensei ao descer as escadas,
eu seguia ao lado de Matthew para a sala de reuniões.
O ambiente tinha cheiro de whisky e charuto e assim que eu entrei
todos se levantaram e me olharam incrédulos, como se não fosse possível eu
estar ali entre eles.
— Bom dia, senhores! Para começar devo informar que o Capo Cooper
continua internado, em coma, mas que vai se recuperar e em breve estará de
novo aqui entre nós.
— Senhora… — um dos associados tentou falar me interrompendo.
Quando eu terminar, dou a palavra para vocês. Conforme o acordo
—
selado entre a Cosa Nostra e o fundador da máfia em território americano,
Giuseppe De Lucca, o Capo será sempre um membro da família, ou alguém
designado por ele. Portanto, o Capo Cooper continua sendo o chefe, porque
mesmo com alguns agindo como se ele tivesse morrido — eu falei olhando
para Luigi De Lucca — O meu marido está vivo! A Máfia Cooper, nome que
o meu marido a batizou quando assumiu, não poderia continuar com outra
pessoa no comando que não fosse eu, a senhora Cooper, sou eu que carrego
o nome da família e que vou cuidar de tudo até que ele volte.
— Você é uma mulher, Sarah, e não recebemos ordem… — Luigi De
Lucca falou, mas eu o interrompi.
— Que bom que você consegue pelo menos perceber que sou uma
mulher, porque para os negócios você é cego, tendo em vista que em quatro
dias já descobri que poderíamos lucrar três vezes mais, sem contar sua
incompetência para garantir a nossa segurança, já que meu marido foi
atingido na saída do nosso casamento, que você, seu idiota, cuidou da
organização.
Eu não consegui esconder o quanto odiava esse homem, eu o culpava por
tudo que aconteceu, por isso, gritei tudo que eu pensava no meio da sua cara,
fazendo com que ele se assustasse, assim como os outros homens, que
deviam só podiam ser estúpidos por acharem que se eu estava na frente
deles, eu choraria ou me acovardaria.
— A partir de hoje, o Sottocapo da Máfia Cooper será o Matthew, que
vai ocupar a cadeira ao meu lado, sendo assim, você está dispensado da
reunião, Luigi, mas não se preocupe, vou arrumar outra ocupação que seja
mais a altura do que você pode oferecer.
— Eu sou herdeiro desta cadeira! Senhores…
— Você não é herdeiro de porra nenhuma, porque o seu pai designou o
meu marido para ser o seu sucessor. E quanto ao cargo de Sottocapo, ele iria
substituí-lo e se quiser pode perguntar a Dante Cosa Nostra.
— Eu no seu lugar não faria isso, Luigi, porque Don Dante não gostou
de você importuná-lo com assuntos internos da Máfia Cooper — Matthew
falou e quase arrancou Luigi a força da cadeira que ele estava sentado, o
convidando a se retirar.
O primeiro obstáculo se foi, mas esse era fichinha perto dos que estavam
sentados em torno da mesa, todos pareciam surpresos e com bastante ódio.
Conforme acordado com Don Dante Cosa Nostra, o Capo continua
—
sendo Cooper e a chefia escolhida pela família, o que importa para ele é que
sua parte nos lucros chegue em dia. No caso, eu sou a família, a esposa e
nova Chefe da Máfia Cooper.
— Mulheres não dão ordens na nossa Instituição — um dos homens se
levantou e começou a falar vindo na minha direção — Mulheres nascem
para nos servir deixando suas bocetas sempre prontas e à nossa disposição.
O discurso machista daquele homem fez um sentimento de ódio tomar
conta de todo o meu corpo, mas eu deixei que ele continuasse a cuspir suas
ofensas.
— Nós matamos quem fica no nosso caminho — Ele falou tocando o
meu rosto — E você só nos serve nua, deitada nessa mesa, com a boceta e o
cu arreganhados para ser fodida…
Seu discurso foi interrompido pelo seu grito, quando viu seu pau
destruído pelo tiro que eu dei nele.
— Para que você me fodesse precisaria ter um pau! Mais alguém nessa
sala com vontade de comer a minha boceta e o meu cu, senhores?
O silêncio se fez presente e a incredulidade pelo que tinha acontecido era
visível na face de cada associado.
— Não me subestimem, porque sim, eu tenho uma boceta, mas posso ser
muito mais letal do que quem tem um pau entre as pernas. Agora eu quero
falar das nossas operações, dos lucros que podemos aumentar e de negócios.
Quem ainda achar que está num cabaré e que pode ficar de gracinha comigo,
sugiro que saia agora, para não ter o mesmo fim desse verme urrando aqui
no chão.
Ninguém se levantou para deixar a reunião, deixando claro que tinham
entendido que eu não estava de brincadeira.
Os soldados entraram e levaram o estrume que ousou dizer que eu
serviria como objeto de prazer para os homens que aqui estavam. Matthew
assumiu a reunião, falando sobre as nossas operações e as estratégias para
expandirmos ainda mais nosso território.
Além do treinamento pesado, passei as noites em claro, estudando todos
os nossos negócios, e foi Nina quem detectou preços baixos, que claro só
poderiam ser ideia dos incompetentes, Luigi e Erick.
A reunião foi encerrada depois de horas e eu deixei a sala sem olhar para
trás, depois de agradecer a presença de todos.
s Capos me aceitaram? Não! Mas ainda assim terão que conviver
O
comigo no comando, ou matarei todos eles, e levantarei novos Capos.
Não tenho medo de entrar numa guerra! Medo deve ter quem tramar
contra mim!
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INICIAÇÃO À MÁFIA
Matthew
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Meus dias começavam sempre bem cedo e ao lado de Anne. Ela enchia
minha vida de alegria e me dava forças para continuar.
Anne era tão pequena e já tinha enfrentado tantas dificuldades, havia
perdido a mãe quando tinha um ano, foi entregue ao pai que ela não
conhecia, depois perdeu a avó que a amava tanto, e no momento, Ryan
estava há dois meses em coma. Minha pequena guerreira só tinha a mim e eu
não falharia com ela.
Uma semana depois que atiraram em Ryan, a madrinha de Anne
apareceu querendo ficar com ela até o pai ficar bom, mas eu não dei
permissão. Anne passou a ser minha filha e eu que cuidaria dela.
Em uma de minhas rotinas, depois que deixei Anne na escola, fui
para a Cooper saber como estavam as coisas por lá. Os diretores se
empenhavam para não deixar nada parado, mas percebi que precisavam de
ajuda, então trouxe Jonas, que eu tinha conhecido na reunião em Nova York,
para cuidar de tudo na sede.
— Bom dia, Lauren! Está tudo em ordem por aqui? — perguntei.
— Bom dia, Senhora Cooper! — ela respondeu, levantando-se para
me acompanhar. — O Senhor Jonas já chegou e está na sala de reuniões.
— Sarah — falei, sorrindo. — Você pode me chamar pelo meu
nome. As fofoqueiras da cafeteira não.
Lauren começou a rir e me contou rapidamente as últimas novidades
da empresa.
Fiquei na Cooper mais tempo do que esperava e saí de lá apressada
para visitar Ryan no hospital. Ao chegar lá, procurei saber o estado de saúde
dele.
— Como ele está, doutor?
— Infelizmente, do mesmo jeito — ele respondeu, cabisbaixo. — Eu
me preocupo com essa demora em acordar e temo que isso se arraste por
meses.
— Eu posso vê-lo?
— Claro que sim!
Então entrei no quarto e se não fosse o tubo que o fazia respirar, eu
diria que ele parecia dormir tranquilamente. Com o coração partido, eu me
aproximei e segurei nas suas mãos como fazia todos os dias.
— Amor, hoje eu demorei porque tivemos reunião na Cooper com
três novos clientes e demorou para me colocarem a par de tudo. Quando
você me contratou, disse que eu seria sua assistente pessoal, mas me deixou
lá cuidando de tudo sozinha — falei rindo, como se ele pudesse me escutar.
O som dos aparelhos que o mantinham vivo me incomodava, e tudo
que eu mais queria era voltar logo para casa com meu marido.
— Amor, tenho que ir... Coisas da máfia... — falei perto do ouvido
dele. — Eu preciso de você. Volta para mim, meu Paraíso Hot.
Saí do hospital e fui para casa trabalhar em home office mesmo.
Respirei fundo quando me sentei na minha poltrona e olhei aquela imensidão
vazia. Sentia falta do meu Ryan. Era muito cansativo comandar uma
organização criminosa sem deixar rastros.
O silêncio foi interrompido por alguém que tinha acabado de chegar.
— Pode entrar — falei quando escutei alguém batendo à porta.
— Com licença, Sarah — o primo do Ryan entrou, falando e
segurando um monte de papéis.
— Senhora Cooper — frisei.
Embora Erick fosse primo de Ryan, eu não dava confiança para ele.
Quando Ryan foi hospitalizado, ele e Luigi, seu pai, queriam decidir tudo,
mas não dei abertura para nenhum dos dois. Aquela noite, que deveria ter
sido a mais feliz da minha vida, tinha se transformado em um grande
pesadelo.
Ryan ainda estava no hospital e a única coisa que eles queriam saber
era da máfia. Os dois não se conformavam com o fato de que eu tinha
assumido os negócios enquanto meu marido estava fora, e claro, quase
morreram do coração quando cheguei acompanhada de Alice e Nina.
— Me desculpe, Senhora Cooper — Erick falou e eu despertei das
minhas lembranças. — Eu trouxe esses papéis.
Em seguida, ele colocou várias folhas, cheias de nomes e números na
minha mesa.
— O que é tudo isso? — perguntei, sem paciência.
— Esses são os devedores. Muitos estão atrasados desde a época do
Ryan. Outros nós estávamos aguardando…
— Mande cobrar e verifique se pagaram — falei, interrompendo
aquela conversa mole dele.
— E se eles não pagarem?
— Você só pode ser um idiota para me fazer uma pergunta dessas,
né? — perguntei, gritando. — Quem não pagar você manda eliminar! —
ordenei e vi quando seus olhos se arregalaram. — E não precisa mais me
procurar para esse tipo de assunto. Vai lá e resolve! Que porra de mafioso é
você que pergunta se tem que matar um devedor?
Após meu rompante, ele saiu apressado e pedindo desculpas por ter
me incomodado. Ele e seu pai só não estavam fora ainda porque querendo ou
não, eram da família do Ryan, mas eles tinham o dom de me irritar.
Minutos depois, meu celular vibrou e era uma mensagem de Alice.
“Sabe o O'Connor? Baixou o preço de tudo e ainda vai aumentar
consideravelmente o fornecimento.”
“Até que enfim boas notícias.”
“Ele descobriu ontem, quando você sacou a arma, que Sarah Cooper
não é uma lenda!”
“Não vejo a hora de esse Erick perceber isso também!”
“Não espere muito da dupla de babacas, tal pai, tal filho.”
Então, mais um dia estressante terminava e passaria mais uma noite
sem dormir com o meu marido.
Capítulo 30
Sarah Cooper
◆◆◆
Fiquei muito abalada com a notícia do estado de saúde de Ryan. Eu
precisava de forças para enfrentar tudo aquilo, mas ainda existia a esperança
de ele se lembrar de mim só em me ver.
Continuei no hospital. As horas passavam e ele não acordava. Bryan
me explicou que no início ele não poderia falar muito e que aos poucos, tudo
voltaria ao normal.
Ryan voltaria a se alimentar, a fazer exercícios, a andar, a trabalhar,
menos a se lembrar de mim. Se pelo menos ele se lembrasse de Anne, eu já
ficaria feliz. Caso isso não acontecesse, eu não mediria esforços e ele teria
que fingir, porque eu não a deixaria sofrer.
— Oi — uma voz longe e fraca parecia falar comigo.
Eu estava quase cochilando sentada, esperando Ryan acordar e
despertei feliz. Meu Deus! Ele estava falando comigo.
— Oi, meu amor, você acordou! — falei, e sem pensar em mais nada
o abracei. Eu já ia dar um beijo em Ryan quando vi que ele estava um pouco
assustado.
Nessa hora, a enfermeira entrou no quarto e quando viu que ele
estava acordado, disse que ia chamar o médico.
— Quem é você? — ele perguntou e meu coração parecia ter sido
arrancado do peito.
— Sou Sarah — respondi. — Sarah Cooper.
— Cooper?
— Como vai o meu paciente? — Bryan perguntou assim que entrou
sorrindo e falando com Ryan.
— Ele não se lembra de mim — eu disse e saí correndo do quarto.
Não sei quanto tempo passou até Ryan se dar conta de que não me
reconhecia. Por causa disso, senti-me angustiada e chorei em silêncio do
lado de fora do quarto, enquanto Bryan conversava com ele e as enfermeiras
entravam e saíam a todo o instante.
Tentei me recompor, respirei fundo e mandei mensagem para Alice e
Nina, contando o que tinha acontecido.
“Não é possível, Sarah! Você atirou pedra na cruz, minha amiga! Não
teve lua de mel, herdou uma máfia e agora o cara te esqueceu?”, Alice
perguntou com seu jeito doido de ser.
“Por que será que eu tinha certeza de que só você seria capaz de me
fazer rir nesse momento?”
“Porque Alice é única!”, Nina escreveu. “E agora, como vai ser,
Sarah?”
“Ela vai ter que reconquistar o seu Paraíso Hot!”
Alice respondeu por mim, e era isso que eu precisava escutar. Estava
determinada a reconquistar Ryan Cooper. Mas como eu faria isso?
Primeiro eu me arrumei, enxuguei as lágrimas e me lembrei da
promessa que fiz em nosso casamento, "na saúde e na doença". Não era hora
de pensar em mim, e sim em Ryan, que tinha sofrido um atentado, ficado em
coma por um pouco mais que dois meses, teria um longo tratamento pela
frente e precisava de mim. Não importava se ele se lembrava ou não de
quem eu era, eu estaria ao lado dele do mesmo jeito.
Então, entrei no quarto e vi que ele estava de olhos fechados.
— Ele dormiu de novo? — perguntei com os olhos cheios d'água.
— Nesse início, ele vai dormir e acordar várias vezes — o médico
respondeu. — Mas isso é normal.
— Assim como ele ter me esquecido tem que parecer normal e
temporário — completei. — Eu quero ser forte, mas machuca muito o fato
de ele não saber quem eu sou. Do que ele se lembra?
— Da empresa, perguntou pela mãe e falou da filha.
— Ele esqueceu que a mãe morreu?
— Ele vai fazer exercícios, rever fotografias, ser apresentado à vida
novamente e vamos confiar que ele vai se lembrar de tudo.
Diante disso tudo que ouvi, abracei Bryan, porque precisava de apoio
naquele momento. Mais uma vez, um chão estava se abrindo embaixo dos
meus pés e eu teria que aguentar para não cair.
— Que cena linda! — Ryan falou, e nós dois olhamos assustados
para ele. — Eu devo aplaudir? Eu suponho que você seja a minha esposa!
— Eu sou a sua esposa — respondi e não sabia se ficava ali parada
ou se corria para os braços dele.
— E eu posso saber o que a minha esposa está fazendo abraçada com
o meu médico? — ele perguntou, e aquele tom possessivo e ciumento eu
conhecia muito bem.
— O Bryan só me abraçou porquê…
— Bryan? Você chama o meu médico pelo nome? É Doutor Colin
pra você!
— Me desculpe, Bryan... Doutor Colin — falei, revirando os olhos.
— O meu marido costuma ser um pouco ciumento.
— Ele tem razão, Sarah! Se eu fosse casado e se a minha esposa
fosse assim tão linda, eu também morreria de ciúmes — ele falou, rindo. —
Qualquer coisa, é só me chamar.
— Ela não vai te chamar — Ryan respondeu no meu lugar e eu olhei
furiosa para ele.
— Acho que nem tudo está perdido — Bryan disse baixinho e saiu
rindo.
— Ele te chama de Sarah? Qual o nível de intimidade de vocês? Eu
posso saber?
— Não, você não pode. Eu entendi que você precisa de repouso e já
deu ataques demais para quem nem ao menos se lembra de mim.
Com à minha resposta, ele ficou me olhando com aquela cara de
bravo que eu achava a coisa mais linda, e meu corpo estremeceu de tanta
saudade.
— O que foi? — ele perguntou. — Não pense que vai me mandar
dormir para sair por aí atrás desse médico.
— Eu não vou discutir, porque você está se recuperando e confuso,
mas não me irrite!
Minutos depois, Ryan fechou os olhos e eu segurei as suas mãos para
ver se ele dormia um pouco.
— Você é linda! — Ryan me elogiou com aquela voz rouca que me
deixava cheia de saudade — Eu não lembro por que me casei com você, mas
isso já explica muita coisa.
— Nós nos casamos por amor! — falei e dei um beijo nele. — Eu te
amo, Ryan Cooper.
Nessa hora, pensei em como faria para que as pessoas não ficassem
sabendo que ele tinha se esquecido de mim, da morte da mãe e de outras
coisas que eu descobriria aos poucos. Seria perigoso saberem desses detalhes
e isso deixaria não apenas Ryan vulnerável, mas também todos nós.
Como eu precisava desabafar, mandei uma mensagem para Alice e
Nina.
“Não vamos contar para ninguém que Ryan acordou e se esqueceu de
tudo. Ninguém vem aqui mesmo. Até ele se recuperar e poder voltar para
casa, vamos manter isso em segredo.”
Eu iria ao hospital todos os dias como sempre e aos poucos,
conversaria com Ryan e o colocaria a par de tudo. A segurança da
organização dependia disso e eu não deixaria que nos vissem como frágeis,
sem contar que eu ainda não sabia quem tinha atirado em Ryan, e não
arriscaria um novo atentado.
Capítulo 31
Alice
Meus dias eram intensos, mas eu tinha nascido para viver perigosamente.
Sarah era minha melhor amiga e eu nunca a deixaria sozinha numa
situação difícil como aquela em que ela se encontrava. Alguém havia tentado
tirar a vida de Ryan para assumir os negócios dele, mas não esperava
esbarrar com um trio de mulheres para lá de poderosas.
A noite de ontem, em especial, tinha sido de pura adrenalina.
Marquei com um informante na boate e o cara veio bancar o macho para
cima de mim.
— Eu tenho informações quentes de uma invasão no galpão de vocês
— o homem falou, olhando para o meu corpo. — Eles sabem que o Capo
está fora de combate e querem medir forças com a mulher dele, meio que
não querem respeitá-la como chefe, porque vazou que ele pode voltar e
mudar tudo nas negociações.
— Eu não sei quem passa essas informações desencontradas para
vocês, mas posso te garantir que mesmo que ele volte, a Senhora Cooper vai
continuar mandando e nada será alterado.
— E o que eu ganho pra passar seu recado? — o idiota perguntou,
comendo-me com os olhos.
— Um soco nessa sua cara e um chute no seu pau! Tá bom para
você? — Peguei meu drink, deis as costas para o imbecil e pisquei para
Jordan, que na mesma hora foi ter uma conversinha com o sujeito.
— Você perdeu alguma coisa no corpo da minha mulher? Parece que
você não consegue tirar o olho dela! — Jordan falou e eu saí rindo após
escutar isso.
No caminho de volta para casa, Jordan me olhava com intensidade
pelo retrovisor e eu já sentia tudo úmido debaixo de mim.
— Se você continuar me olhando assim — falei, mordendo os lábios
— eu gozo aqui sozinha.
Jordan continuou me encarando e passou a língua em seus lábios,
deixando-me doida. Quando entramos em casa, fomos direto para o meu
quarto, sem pensar em mais nada. Eu queria Jordan e precisava do meu
segurança gostoso dentro de mim. Entramos no chuveiro para tomar um
banho e ele me colocou no seu colo e foi direto para o jogo.
— Assim que eu gosto. Direto ao ponto! — falei, e ele estocava forte
enquanto eu gemia, com minhas pernas entrelaçadas no seu corpo.
Ele beijava o meu pescoço, mordia os meus seios, e eu queria cada
vez mais dele dentro de mim. Eu não sabia como ele fazia aquilo tudo ser tão
perfeito e perdi as contas de quantas vezes me desmanchei no seu colo.
Jordan me deixava exausta e sempre que ele ia gozar, gritava meu
nome e eu ficava em êxtase.
Depois do banho, ele me pegou no colo e me jogou na cama. Beijei o
seu pescoço e senti que ele ficou arrepiado com isso, o que me deixou com
mais tesão ainda. Jordan desceu seus dedos até a minha intimidade,
provocando-me e conferindo se eu já estava pronta para ele novamente.
— Estou sempre pronta para você, meu amor! — eu disse enquanto
gemia alto e arqueava minhas costas, indo ao encontro dele, que sabia todos
os meus pontos. Arranhei seus ombros e disse seu nome enquanto gemia
próximo em seu ouvido. Ele gritava me chamando de gostosa e apertava
minha bunda enquanto me penetrava com força, beijando meus seios e
aumentando ainda mais o fogo dentro de mim. Rebolei querendo mais do
pau dele dentro de mim e ele aumentou o ritmo.
Meu corpo tremia, até que amoleci embaixo dele e senti que Jordan
era meu mais uma vez.
— Você me enlouquece, Alice! — ele falou, suspirando e se deitou
ao meu lado.
— Sabia que hoje faz um mês que nós estamos juntos? — perguntei,
sentando-me em cima dele.
— E como nós vamos comemorar?
— Adivinha? — indaguei e abri a gaveta da minha cômoda
mostrando os chicotes e as algemas.
— Alice, o que eu faço com você?
— Quer que eu mostre ou te responda?
◆◆◆
No dia seguinte, acordamos cedo e fomos visitar nosso Capo
desmemoriado.
— Muito louco isso tudo que aconteceu com o Senhor Cooper —
Jordan falou enquanto seguíamos para o hospital. — Ele não se lembra de
nenhum de nós que entramos na vida dele nos últimos anos.
— Eu tenho pena da Sarah — eu disse, respirando fundo. — Ela está
sofrendo muito e lutando para reconquistar o traumatizado da árvore de
Natal.
— Coitado dele! O Matthew disse que quando a mãe morreu, ele
ficou sozinho com a filha, com essa máfia e meio que surtou.
— Surtado ele está agora com esse ciúme da Sarah, que ele nem
lembra que é esposa dele. Coitado, ele ficou maluco, nem sei como o médico
o aguenta — opinei, rindo. — Ele cismou que o cara está interessado na
Sarah.
— E não está? — Jordan perguntou com um tom irônico.
Nós dois rimos, porque estava na cara que o tal do Doutor Colin
tinha uma atração pela Sarah.
— Pelo menos a gente sabe que é temporário — falei. — Ele disse
que a qualquer momento pode acontecer um gatilho e as lembranças voltam
em efeito cascata.
— Vamos fazer essa visita e voltar pra casa, porque ainda estamos
comemorando nosso primeiro mês juntos — Jordan falou enquanto me
beijava no estacionamento do hospital.
Capítulo 32
Ryan Cooper
◆◆◆
Sarah ficou deitada, abraçada comigo e me contou tudo que tinha
acontecido nos últimos dois meses. Em alguns momentos, ela se levantava e
reproduzia as cenas para mim. Eu notava que existia um brilho nos seus
olhos, como se ela respirasse aquela adrenalina e amasse vivê-la.
— Eu sou realmente um homem de sorte! Que mulher perfeita é
você, meu amor? — perguntei e me dei conta de que, mesmo sem me
lembrar, eu sentia algo forte por ela.
— Você me chamou de meu amor? — Sarah disse e me abraçou,
sorrindo. — Ownnnn! Vou até perdoar alguém que nos deve, por isso — ela
falou rindo e eu me assustei.
Com essa fala dela, percebi que minha mulher era uma mafiosa de
verdade!
— Você já tem alguma pista de quem mandou me matar? —
perguntei, porque isso era algo que me preocupava.
— São muitas máfias rivais e eu não tenho ideia ainda de qual delas
fez isso para tomar o que é nosso. Mas vamos descobrir. Eu, Alice e Nina
estamos de olho e vamos acabar com quem fez isso, seja lá quem for esse
traidor.
— Vocês três comandando a minha máfia! — exclamei, revirando
meus olhos. — Meu tio deve estar realmente doido e te dando trabalho,
porque ele sonhava com o meu lugar e agora vem você e cuida de tudo.
— Seu tio é o "pateta 1", como diz Alice. Ele parecia comandar na
sua sombra, mas era péssimo. Seu avô fez muito bem em não deixar nada
nas mãos dele.
— Se meu avô tivesse conhecido você, não teria deixado nada nem
para mim! Eu vou ter alta essa semana e cuidarei de tudo, preciso retomar os
meus negócios e não vou deixar minha mulher sozinha no meio daquele
bando de homens.
— Sobre o seu retorno, precisamos conversar, mas depois, porque
estão batendo na porta.
— Bom dia! Eu vim fazer a visita de rotina — o médico que estava
doido pela minha mulher falou.
— Bom dia, doutor! Eu estava falando para minha esposa que vou ter
alta esta semana e finalmente vamos para casa.
— É verdade, Bryan? — ela perguntou, batendo palmas e se
levantando da cama.
Mas que inferno! Por que ela insistia em chamar esse médico pelo
nome?
— Sim, ele vai para casa, mas precisa manter a fisioterapia e o
repouso. Os cuidados médicos continuarão lá.
— Isso é tudo que você quer não é, doutor? Que eu fique de repouso?
— eu falei, já que ele queria me deixar na cama para ter tempo de dar em
cima da minha mulher.
— Ryan! Você pode ter um pouco mais de educação? O médico está
falando para o seu bem!
Porra! Até brava essa mulher era linda!
— Não se preocupe com isso, Sarah. É normal os pacientes ficarem
estressados e doidos para voltar à vida normal.
— Escutou, Senhora Cooper? — falei para o tal Bryan entender que
esse era o nome que ele tinha que usar para falar com a minha esposa. — É
normal eu querer minha vida de volta — completei e a puxei para perto de
mim.
Quando o médico saiu, ela reclamou comigo da forma como falei
com ele.
— Você está defendendo o médico? Por que você se importa tanto?
— Porque ele cuidou de você, Ryan. Ele se preocupou e me apoiou
durante esse tempo todo.
— Claro! Ele quer te comer! — gritei. — Mas quando eu sair daqui,
vou contratar uma equipe nova para cuidar de mim e nunca mais vamos ver
esse médico.
— Isso quem decide sou eu, Ryan Cooper! — ela falou brava,
colocando a mão na cintura e achando que mandava em mim.
— Você não decide nada, Sarah Cooper! E fique ciente que irei me
recuperar e te mostrar quem é que manda aqui! — eu disse, e ela colocou a
mão dentro da minha cueca, fazendo com que eu ficasse excitado na hora.
— Presta atenção, meu amorzinho, se você gritar assim comigo de
novo, vai ter que estar muito bem para me comer, porque só de te escutar
falando assim, eu já estou toda molhada.
— Você é perigosa, Senhora Cooper! — falei, praticamente gemendo
de prazer. — Você é como uma droga que vicia!
— Eu preciso ir, meu amor — Sarah disse, e eu me irritei. Por que
ela tinha que ir?
— Como assim precisa ir embora? Eu sou seu marido e você vai
ficar aqui comigo!
— Você ainda não pode fazer tanto esforço, Al Capone e eu tenho
uma filha, uma empresa e uma máfia para cuidar.
— Falando em máfia, como você fez para assumir? Isso não faz o
menor sentido, porque não existe mulher comandando na Instituição.
— Não foi fácil! Seu tio tentou me intimidar, mas eu não deixei e
Matthew ficou ao meu lado. Foi ele quem ligou para Dante Cosa Nostra,
disse que estaria ao meu lado, que eu faria a iniciação, treinamento, enfim…
parece que ele não levou fé em mim, disse que se eu sobrevivesse por três
dias, voltaria a falar com Matthew, enfrentei o seu tio, os homens, eliminei
alguns e Dante disse que esperava que você acordasse para ver o caos que
criou.
— Dante deixou uma mulher no comando? Ele vai exigir muita coisa
em troca quando eu voltar.
Infelizmente, alguns remédios que precisei tomar, me fizeram dormir
e quando acordei horas depois, com a enfermeira e a fisioterapeuta me dando
boa tarde, Sarah não estava ao meu lado. Ela deveria ter saído enquanto eu
dormia.
Em seguida, meu celular vibrou e a enfermeira me entregou o
aparelho com uma mensagem de Sarah.
“Amor, tive que deixar você dormindo, porque, se eu te acordasse
pra me despedir, nós dois sabemos o que aconteceria. Estava olhando sua
foto no nosso casamento. Eu amei a nossa "noite de núpcias" hoje de manhã
no quarto do hospital. Você, como sempre, foi PERFEITO, MEU AL
CAPONE HOT!”
Eu fiquei olhando a foto do nosso casamento que ela me enviou e vi
como estava feliz. Não conseguia me lembrar de ter vivido nada daquilo,
mas de uma coisa eu tinha certeza e escrevi para Sarah:
“Se eu pudesse, me casaria todos os dias com você!”
Capítulo 33
Luigi De Lucca
Era um inferno ter que conviver com aquela Sarah Cooper. Mulherzinha
intragável. Desde que Ryan sobreviveu ao atentado no dia do seu casamento,
ela se achou no direito de mandar e desmandar em tudo. Teve o apoio
imediato de Matthew, segurança e braço direito do meu sobrinho, que
parecia gostar de me ver por baixo.
Além disso, ainda trouxe aquelas suas duas amiguinhas
insuportáveis, Nina e Alice, essa por sinal, a pior das três. Era uma mulher
fria e doida e depois que virou amante do seu segurança, o tal de Jordan, deu
poderes na máfia para ele também.
Com isso, passei a ficar de saco cheio e a viver um pesadelo com
estes cinco: Sarah, Alice, Nina, Jordan e Matthew. Se eu pudesse, esmagava
todos eles com a palma da minha mão.
— Pai, o Capo da Corsa mandou mensagem, dizendo que precisa
falar com você! — Erick entrou berrando no meu escritório.
— Fala baixo, seu idiota! Quer que todo mundo fique sabendo disso?
— perguntei, fazendo sinal para ele se calar. — Se os homens escutam o que
você disse, vão contar na hora para o Matthew e em cinco segundos, aquela
maluca da Sarah Cooper vai estar aqui com uma arma apontada para as
nossas cabeças!
Sarah se tornou bem diferente. Quando a conheci, numa noite na casa
do meu sobrinho, ela parecia uma moça doce e cordata. Achei que seria uma
boa influência para fazer o Ryan desistir de tudo e viver seu conto de fadas
com ela.
— Tem razão — Erick concordou. — Minha priminha é jogo duro!
Respirei fundo e chamei o Capo Francês no FaceTime.
— Luigi, como você se sente tendo uma trajetória de vida baseada
numa total incompetência? — o Capo já foi me acusando.
— Eu não tenho dado sorte, mas…
— Sorte? Você acha que eu tenho tempo para idiotas que contam
com a sorte?
— Não, mas eu vou resolver tudo, e seremos grandes aliados —
falei, tentando convencê-lo a me dar um prazo maior para me tornar o Capo
Americano.
Assim que eu disse isso, ele deu uma gargalhada, e escutei vários
risos juntos ao dele. Com certeza, ele estava reunido com seus homens e eu
era uma espécie de chacota para todos.
Em minha mente, cogitava que quando eu fosse o chefe, não me
aliaria a ele, e sim destruiria a máfia daquele homem que estava rindo de
mim e a assumiria.
Eu era competente e não o idiota que todos pensavam. As coisas
nunca haviam sido fáceis para mim, que deveria ter sido o Capo por herança,
como em toda tradição familiar da máfia, mas era obrigado a batalhar por
algo que era meu por direito.
— Eu vou contornar mais esse obstáculo e vamos negociar — falei,
respirando fundo, mas minha vontade era dar um tiro na tela e acabar com
aquele homem que continuava com um sorriso irônico, enquanto me
escutava falar com ele.
— Mais um obstáculo? — ele perguntou e acendeu um charuto. —
Você tem seis meses para resolver isso e olha que é tempo demais para um
idiota que há vinte e cinco anos me diz que "vai resolver isso".
— Meu pai não respeitou o código da máfia, senão eu já era o chefe
— respondi. — Não é fácil ter que lutar para tomar o que já deveria ser meu
a cada dia.
— Não quero escutar suas lamúrias! — ele gritou e deu um soco na
mesa. — Há vinte e cinco anos você me disse isso, quando seu cunhado
assumiu os negócios. Mandou eliminá-lo e no lugar de assumir, seu pai
voltou à ativa e resolveu nomear um garoto de cinco anos como seu
sucessor. Você realmente não deve ter valor nenhum. Não sei por que ainda
perco o meu tempo!
— Depois que o meu pai morreu, fizemos grandes negócios, já que
meu sobrinho me deixava à frente de tudo — retruquei, e era verdade.
Para conseguir ser aliado da Máfia Francesa, eu negociava preços
menores com ele e tudo ia bem até a Sarah entrar no meu caminho.
— Você me disse que seu sobrinho era carta fora do baralho, que
bastava ameaçar a namoradinha dele que o Capo largava tudo. Em vez disso,
ele saiu matando os meus homens.
À medida que o homem falava, eu escutava calado e pensava no meu
pai, que era o culpado por tanta humilhação. Ryan não merecia ser o Capo e,
mesmo assim, tinha herdado tudo.
— Meu sobrinho está praticamente morto, em coma, nem a mulher
dele toca mais no assunto. Neste último mês, é como se ele não existisse.
— Mas ele existe, porque como sempre, você falhou. Disse que ia
eliminar seu sobrinho e além dele ter sobrevivido, a mulher dele assumiu.
Essa Sarah é sanguinária e está disposta a passar por cima de quem for pra
vingar o tiro que o marido levou. Você é um imbecil! Tirou seu sobrinho que
era um peso morto e fez ascender uma legítima Chefe.
— Meu sobrinho não vai durar muito e quando ele morrer, ela não
vai ter motivos para continuar representando-o.
— Luigi, você tem 6 meses, nem mais um dia. Depois disso, declaro
guerra contra vocês. Temos um acordo?
— Temos um acordo!
Nesse momento, olhei para Erick e disse que tínhamos que nos livrar
da Sarah.
— Seu primo deve ter piorado, com certeza, por isso ela não fala
mais nada dele. Sabe que o tempo de o representar está no fim!
— Quando ela sair, você finalmente terá o lugar que te pertence, meu
pai e eu herdarei tudo no futuro.
Só me restava esperar Ryan morrer no hospital, Sarah desaparecer,
para mim finalmente me tornar o chefe da organização. Seria respeitado e
temido. No início, fingiria ter me aliado à Máfia Francesa, mas seria só o
tempo de tomar tudo para mim.
— Vai dar tudo certo — pronunciei, ergui meu copo e brindei com
meu filho.
Minutos depois, meu celular vibrou com uma mensagem do... Ryan?
“Reúna os homens, meu tio! O Capo está de volta!”
— O que aconteceu, meu pai? — Erick perguntou, sacudindo-me
depois de me ver respirar fundo e deitar minha cabeça sobre a mesa.
Querendo saber o que se passava, ele pegou meu celular e leu a
mensagem.
— Pai, isso não poderia ter acontecido! E agora?
— Que inferno! — gritei, jogando meu copo contra a parede. —
Como é que seu primo ficou bom? Você sabia que ele estava se
recuperando?
— Como eu ia saber? A mulher dele me trata como um empregado
qualquer! Maldito seja o Ryan, de quem vamos ter que puxar saco de novo!
— Maldita Sarah Cooper! — exclamei, cerrando meus punhos.
Capítulo 34
Ryan Cooper
Finalmente eu teria alta e poderia voltar para minha casa com a minha
mulher. Ela havia me mostrado várias fotos da minha filha e levei um susto
com o tamanho de Anne. Em uma conversa, Sarah decidiu que ninguém
poderia saber que eu tinha perdido a memória, para não dar munição aos
nossos inimigos e eu teria que representar muito bem para ninguém perceber.
Assim que a porta do quarto se abriu, ela entrou, linda como sempre
e sorrindo.
— Amanhã é o grande dia, meu amor!
— Eu não vejo a hora de poder ficar sozinho com você e...
— Para, porque ninguém aqui quer saber como vocês vão transar,
não! — a doida da Alice entrou no quarto falando e rindo.
Com ela estavam Matthew, Nina e Jordan.
— Matthew, até que enfim alguém que eu realmente conheço! —
falei rindo, e Sarah abaixou a cabeça. — Meu amor, de você eu não lembro
— expliquei, pegando na mão dela — mas seria capaz de te amar mesmo
que eu te esquecesse todos os dias quando eu fosse dormir.
Sarah então me olhou sorrindo, e vi que ela tinha ficado feliz outra
vez.
— Vocês são lindos! — Nina falou, aos risos. — Eu acho...
— Vamos parar com esse mel todo, que só temos um dia pra deixar
tudo pronto — Alice disse, interrompendo Nina e se jogando no sofá que
tinha ao lado da minha cama.
Todos concordaram. Jordan e Nina se sentaram ao lado dela.
Matthew pegou duas cadeiras, uma para ele e outra para Sarah.
— Muito bem! Vamos começar nossa reunião — minha mulher
falou. — Pauta do dia: Máfia Francesa, roubo de uma de nossas cargas e a
volta do Capo.
— Vocês vão fazer essa reunião aqui? — perguntei, olhando para
Sarah.
— Claro! Como você pretende voltar amanhã sem saber de nada? Eu
já te contei praticamente tudo, mas você precisa participar das reuniões e, a
partir de agora, ser convincente.
— Capo Cooper, eles precisam crer que está tudo bem, ou ficamos
vulneráveis outra vez — Matthew disse. — Ainda não sabemos quem tentou
matá-lo, mas eles sabem que estamos no controle da situação e que a
Senhora Cooper é muito respeitada e temida. Eles precisam saber que, com a
sua volta, esse poder só se intensificará.
— Nesse início, você ainda não pode fazer esforço, vai precisar de
fisioterapia e por isso vamos fingir que você precisa resolver muitas coisas
na empresa. Sarah vai continuar à frente dos negócios e você vai estar ao
lado dela, passando a certeza de que ela tem poder para resolver tudo —
Nina me explicou, e pelo que eu tinha entendido, já tinham decidido a minha
vida. — Eu vou estar na Cooper o tempo todo e qualquer coisa você pode
contar comigo.
Nessa nova fase, precisaria me adaptar a tudo, mas uma coisa eu já
tinha entendido, aquela era a minha nova máfia.
— Então vamos voltar à reunião — Sarah falou, e todos
concordaram.
— As boates vão indo muito bem com os eventos que temos feito
com marcas famosas — Alice comentou. — Além de servirem de laranjas e
de pano de fundo para nossos encontros com informantes e fornecedores,
elas dobraram o lucro do faturamento de antes.
— Parabéns, Alice e Jordan! Vocês estão fazendo um excelente
trabalho! — Sarah os cumprimentou e entendi que as boates estavam nas
mãos deles dois.
— Tivemos um roubo no carregamento da semana passada e
recuperamos grande parte. Já sabemos, com certeza, que estamos sofrendo
alguns ataques da Bratva e passamos a revidar à altura — Matthew detalhou.
— Aumentamos o valor e diminuímos a quantidade de drogas que
fornecemos para alguns aliados deles. Assim, ficou claro que estamos
atentos e que não vamos permitir que eles tentem nos dominar.
— Eles fizeram o mesmo com a Corsa e agora as duas são inimigas
declaradas — Jordan comentou. — Os franceses querem que sejamos
aliados deles.
— Esse é um sonho deles que não vamos realizar — Sarah disse num
tom sério. — Eu sinto que eles fazem o jogo do "somos poderosos e vocês
precisam se aliar" para não sofrer tantos ataques.
— Eles estavam acostumados com os valores altos que lhes
pagávamos totalmente fora do mercado, além da nossa mercadoria, que ia
quase que a preço de custo para eles — Nina ressaltou e contou que meu tio
ou era péssimo administrador, ou queria muito ser aliado deles e fazia isso
como uma troca de favor.
— Como sempre, a dupla de patetas dando bola fora — Alice frisou
e todos riram.
A dupla de patetas eu já sabia que era a forma como eles chamavam
meu tio Luigi e meu primo Erick.
— Então, vamos ao assunto principal, a volta do Capo! — Sarah
disse e todos olharam para mim.
Sarah falava como se a máfia sempre tivesse feito parte da sua vida.
Era natural e determinada, uma verdadeira líder.
— E como vai ser isso?
— Vamos marcar uma reunião com nossos homens daqui a dois dias
e você se mostrará firme, dirá que todos os acordos firmados por mim são
como se tivessem sido firmados por você. Assim, eu continuarei
comandando até você estar bem e poder assumir de verdade o seu lugar.
— Perfeito! E isso vai acontecer logo, meu amor, porque eu não
estou gostando de você no meio disso tudo — falei e Sarah revirou os olhos.
A reunião continuou e acertamos tudo sobre a minha volta. No final,
Sarah pegou meu celular e enviou uma mensagem para o meu tio. Ela deixou
claro que ele e o meu primo não deveriam saber de nada da minha perda de
memória temporária.
Quando todos saíram, não deixei minha esposa ir com eles.
— Amanhã eu volto para casa, e você vai ser só minha de novo — eu
disse, com ela deitada ao meu lado e com a cabeça no meu peito.
— Eu sou só sua — ela afirmou e senti suas mãos percorrendo o meu
corpo.
— Eu não gostei dessa parte de que vou pra Cooper, porque prefiro
cuidar da organização! Não gosto de ver você no meio de outros homens.
— Por enquanto, vai ter que ser assim — ela falou e me beijou. —
Capo Cooper, durma muito nesta noite, porque eu acho que você não vai
poder dormir uma noite inteira novamente por um bom tempo quando voltar
para casa. Amanhã venho te buscar para voltarmos para a nossa vida e só
quero esquecer esse tempo que ficamos longe um do outro.
Eu não sabia como seria representar para todos, mas teria que
convencê-los de que estava ótimo de saúde e que não tinha perdido parte da
minha memória! Tudo seria mais fácil se eu conseguisse me lembrar, mas a
minha terapeuta disse que isso aconteceria quando eu menos esperasse.
A noite custou a passar e no dia seguinte, logo cedo, quando acabei
de me arrumar, mandei uma mensagem para Sarah.
“Minha Rainha, estou pronto!”
Capítulo 35
Sarah Cooper
Acordei cedo e fiquei olhando minha mulher dormir. Ela era linda e eu não
cansava de tentar me lembrar de como éramos antes disso tudo acontecer. Eu
queria dar essa alegria para ela e me lembrar de quando nos conhecemos, de
todos os nossos momentos e principalmente do nosso casamento.
Ela disse que éramos puro fogo, mas isso não havia mudado em nada
desde que eu tinha despertado do coma.
Sempre tive como meta ficar sozinho e nunca envolver ninguém na
minha vida, mas pelo visto, Sarah havia nascido para ser minha. Assumiu
minha filha, minha empresa e a minha máfia, tudo meu passou a ser dela, já
que era a minha esposa.
Eu assumiria o meu lugar de Capo, mas o que Sarah não sabia era
que não apenas endossaria tudo que ela tinha feito até o momento, mas
também lhe daria plenos poderes definitivos dentro da máfia.
Diante do que vivi, eu precisaria estar em forma para enfrentar o que
viesse pela frente e não ia ficar só fazendo fisioterapia. Voltaria a treinar e
seria o velho Ryan em forma de antes. Eu já até tinha começado a treinar na
academia que tinha em casa.
Na hora do treinamento, esquecia a vida enquanto descarregava nos
exercícios a adrenalina de meses dentro do hospital.
Eu sabia que precisaria ser firme na reunião e de forma alguma
poderia deixar que percebessem sobre o tempo que havia se apagado da
minha memória. Isso, com certeza, faria com que nossos inimigos me
enxergassem como um doente mental e seria razão suficiente para nos
atacar.
As reuniões da organização, a partir de agora, seriam diferentes, visto
que minha mulher estava à frente de tudo para defender nossa família e
descobrir quem havia tentado me matar. Eu tinha a obrigação de estar
presente ao lado dela e não deixar que nada lhe acontecesse.
Ao contrário de mim, que fui treinado para ser o chefe, Sarah parecia
ter nascido para isso, trazendo consigo suas duas amigas, que mergulharam
de cabeça nessa aventura para não a deixar sozinha. Eu achava a Alice uma
doida, mas devia muito a ela e à Nina, que cuidaram de Sarah e a apoiaram
na minha ausência.
E o meu tio? Eu pensei que sabendo da minha volta, ele e o meu
primo me visitariam no meu primeiro dia em casa, mas não apareceram. Pelo
visto, a saudade era tanta que deixaram para me encontrar na reunião.
Assim que acabei de treinar, fui tomar um banho e pedi que o café
fosse servido no nosso quarto, pois Sarah ainda não havia acordado.
Nesse momento, senti que ela tinha despertado e estava me olhando.
— Bom dia! — ela falou, espreguiçando-se. — Nem acredito que
agora vou poder acordar todos os dias vendo o meu Paraíso Hot!
— Eu sou seu Paraíso Hot? — perguntei, deitando-me em cima dela.
— Você não sabia disso? Quer que eu te lembre?
— Sabia que estou gostando muito de ser um homem casado?
— Eu também amo ser casada e poder foder todo dia com você.
— Como a minha esposa é romântica!
Era tão bom ficar com Sarah. Se eu pudesse, passaria o dia com ela
na cama, o que seria justo, já que não tivemos nossa lua de mel e ainda
perdemos nossos primeiros meses de casados.
— Depois que isso tudo passar, eu quero viajar com você de lua de
mel — falei enquanto a colocava deitada no meu colo.
— A gente estava indo viajar quando atiraram em você.
— Então vamos fazer esse infeliz pagar por isso — pronunciei e ela
bateu palmas. Então continuei. — Eu não vou mentir que no primeiro
momento, em que você falou que estava cuidando da organização, me
assustei. Eu não consegui entender como isso era possível e não quis discutir
porque aprendi a eleger batalhas e estava internado. Eu queria minha máfia
de volta, exatamente como era, mas depois de te ver comandando a reunião
lá do hospital e conhecendo a forma como você atua, porque você sabe, não
me lembro como era antes, eu vi que tinha que ser assim. Você nasceu para
comandar tudo comigo e mesmo que essa situação seja inusitada e que
muitos homens se sintam afrontados por ter uma mulher chefiando, acho que
você veio para abrir caminho para algo novo e que no futuro, você vai ser
uma lenda conhecida por todos como a Rainha da Máfia.
— Eu te amo e me orgulho muito da escolha que fiz me casando com
você. Para muitos, você me deixar no comando ao seu lado é sinal de
fraqueza, mas para mim, é força, porque tem que ser muito macho para dizer
em alto e bom tom, para uma sociedade fora da lei, sanguinária e machista,
que respeitem e obedeçam a sua mulher.
Depois de conversarmos sobre nossa nova realidade, nos arrumamos
e seguimos para a reunião. Sarah estava mais linda do que nunca, toda de
preto. Minha mulher era uma deusa, e os homens deveriam fazer fila atrás
dela. Porém, eu acabaria com qualquer um que olhasse para ela. O Capo
estava de volta e eles saberiam disso!
Finalmente chegamos ao galpão. Os homens já estavam todos
reunidos e bateram palmas quando entrei ao lado de Sarah.
— Ryan, isso foi um verdadeiro milagre! Você não sabe como eu
sofri com você naquele hospital — tio Luigi falou, abraçando-me.
— Sofreu tanto que nunca foi me visitar — respondi com raiva. —
Vamos começar logo isso.
Me sentei na minha cadeira e meu tio se sentou ao meu lado como
antigamente, porém, Sarah o mandou se levantar e trocar de lugar.
— Luigi, você já pode ir para o seu lugar, pois a reunião vai começar
— ela falou sem piscar e com um tom de voz tão firme que me deixou
excitado.
— Você me deixa doido nesta versão mafiosa.
Ao ouvir isso, ela piscou para mim e colocou a mão entre as minhas
pernas, apertando-me disfarçadamente enquanto eu tentava ficar sério.
Alice e Jordan se sentaram ao lado de Sarah e Nina e Matthew ao
meu lado. Meu tio e meu primo se sentaram ao lado deles e ficaram me
olhando, como se eu fosse chamar a atenção da minha esposa que os deixou
de lado. Se era assim que ela estava conduzindo tudo por ali, eu ia manter do
seu jeito.
Começamos falando da Máfia Italiana e do roubo de parte do
carregamento. Eu já tinha passado essa reunião com eles umas quatro vezes
na véspera, então estava bem seguro sobre os temas.
Percebi o silêncio ensurdecedor de todos, e principalmente do meu
tio, eles estavam surpresos por eu ter noção de tudo que acontecia ali.
Assim que encerramos as pautas, meu tio resolveu me fazer uma
pergunta.
— Muito bem, agora que o Capo voltou, precisamos saber quais
serão as novas ordens?
— As ordens são as mesmas da Senhora Cooper, e tudo será mantido
igual, cada acordo, cada estratégia e cada data de fornecimento e pagamento
estipulado por ela. Agora não temos um, mas sim dois Capos Americanos —
respondi e Sarah olhou para mim e sorriu. — Eu e minha esposa somos uma
só voz. O que ela disser estará automaticamente endossado por mim. Ela
continuará no comando, não ao meu lado, mas junto comigo.
Perplexo, meu tio não conseguia disfarçar que não gostou das minhas
palavras, mas eu não me importei.
— E só um aviso para todos, quem quiser continuar vivo não ouse
olhar para minha mulher.
— E agora podem ir treinar, trabalhar, se ocupem com o que
precisam fazer, porque temos uma entrega grande nesta semana e tudo que
eu menos preciso são homens frouxos que mal sabem atirar — Sarah falou e
os homens saíram quase correndo.
Ela era realmente temida?
— Matthew, os homens saíram praticamente tropeçando quando
Sarah falou — falei com um tom de surpresa.
— A Senhora Cooper é chamada de lenda da máfia — ele disse,
rindo. — Todos morrem de medo dela.
Minutos depois, meu tio e Erick vieram conversar comigo e eu senti
que eles não gostaram das minhas palavras finais.
— Ryan, meu pai e eu demos a vida por isso aqui e somos da família.
Você vai deixar meu pai tomando conta do galpão?
— É isso que você faz agora? — perguntei, sabendo que ele não era
mais o Sottocapo e sim Matthew.
Eu sabia que ela e a "nova máfia", achavam que eles eram dois
patetas, e segundo Matthew, eu também já estava para tirar o meu tio do
cargo de Sottocapo.
— Eu vou conversar com a minha esposa sobre isso, saber quem está
em cada função. Só me interessei pelo fornecimento e pelo faturamento do
período em que estive ausente, e soube que elas triplicaram tudo. O que você
fazia que a gente só perdia dinheiro?
— Os negócios aumentaram e os inimigos também. Sua esposa tem
um lema, atira primeiro e pergunta depois. Já temos alguns Capos como
inimigos por causa disso.
Dei uma gargalhada quando meu tio falou essas palavras.
— Vocês querem moleza? Quando foi que dei clemência para os
devedores ou inimigos? Por que pensaram que com Sarah seria diferente?
Por ser mulher? No lugar de matar ela deveria enviar flores?
Eles eram realmente dois patetas, e eu tinha um assunto para resolver
com a minha mulher em casa e não perderia tempo com os dois.
Quando chegamos, fomos direto para o nosso quarto.
— Você foi perfeito na reunião, Senhor Cooper! Todos vão saber que
o Capo voltou e que nunca ficou de fora da organização. Porém, o que eu
mais gostei foi saber que te deixei de pau duro com meu estilo mafiosa, meu
Al Capone.
— Senhora Cooper, o que eu faço com você?
Capítulo 37
Sarah Cooper
Acordei cedo e encontrei o lado da cama onde Ryan dormia vazio. Eram
apenas cinco horas da manhã, então desci para procurá-lo. Perguntei ao
segurança e ele me informou que o Capo Cooper estava na academia.
— Bom dia, meu amor! O que faz aqui a essas horas? —
cumprimentei admirando aquele homem perfeito que era só meu.
— Bom dia, meu amor! Eu vim malhar e não quis te acordar.
— Só tem uma semana que você saiu do hospital — falei. — Você
pode pegar esse peso todo?
— Estou ótimo! — ele respondeu enquanto me beijava. — A única
coisa que falta é me lembrar de tudo que eu esqueci, mas, mesmo sem
memória, está tudo perfeito!
— Acaba com isso e vem se deitar, que eu estou te esperando. Não
demora, porque hoje quero levar Anne à escola.
Voltei para o nosso quarto e me deitei para esperar por ele. Eu já
estava pegando no sono quando ele voltou.
— Toda minha — ele falou, abraçando-me e beijando o meu
pescoço.
Despertei e vi seus olhos brilhando ao se deitar em cima de mim. Seu
beijo era intenso e eu retribuía da mesma maneira. Assim que suas mãos
desceram pelo meu corpo, senti tudo estremecer dentro de mim.
Eu precisava muito dele! Era viciada em Ryan Cooper, ainda mais
vendo-o se entregar com tanto amor ao nosso relacionamento, que para ele,
havia começado há um mês, quando acordou do coma.
Além disso, a confiança que ele depositava em mim, para estar ao
seu lado na empresa e na organização, me fazia lutar mais ainda pela nossa
família.
Eu olhei no relógio e vi que estava atrasada para levar Anne na
escola, tomei um banho correndo e desci para tomar café da manhã. Ryan
tinha descido primeiro, porque estava com fome depois de malhar e me amar
intensamente.
— Mudanças de plano, meu amor — falei. — Recebi uma mensagem
de Alice, dizendo que conseguiram pegar três homens que tentaram roubar
nossas armas e quero saber de quem foi a ordem.
— Onde eles estão?
— Presos no galpão.
— Vamos deixar Anne na escola e seguimos direto para lá.
— Vai ser a primeira vez que interrogamos alguém juntos.
— Eu sei disso, vamos fazer esses infelizes falarem, ou terão uma ida
com direito a primeira classe de torturas para o inferno.
Ryan já ia subindo as escadas quando viu a filha chegando toda
animada.
— Alerta de princesa chegando à cozinha! — ele falou, rindo e
pegando Anne no colo.
Ela estava tão linda! Anne era nosso anjo inocente no meio daquilo
tudo e não deixaríamos que nada de mal acontecesse com ela.
— Vá tomar café com a sua mãe enquanto eu me arrumo — ele falou
e Anne correu para me abraçar.
— Cookies ou panquecas? — perguntei, pegando-a no colo.
— Panquecas! — ela respondeu sorrindo. Anne amava panquecas
pela manhã, mas eu sempre tentava outra opção.
Terminamos o café e fomos para a escola de Anne. Depois que a
deixamos lá, seguimos para o galpão e quando chegamos, Jordan estava nos
esperando.
— Onde eles estão? — perguntei e Jordan nos mostrou o caminho.
— Senhora Cooper, eles estão presos nas salas lá do final do galpão.
— Esses traidores estão trabalhando com a gente há quanto tempo?
— Uns cinco meses — ele respondeu enquanto caminhava.
— Malditos! — Ryan gritou, cerrando os punhos e segurando uma
arma na mão, em seguida, caminhou apressado e derrubou com um chute a
porta onde os impostores estavam presos e fez sinal para que eu
entrasse.
— Bom dia, soldados traidores! — falei, sorrindo para os três. —
Pelo que percebo, vocês andaram se distraindo com seus ex-companheiros.
— Vai pro inferno, Sarah! — um deles gritou.
— Senhora Cooper! Seu infeliz! — Ryan gritou e num golpe rápido,
arrancou a língua do homem fora — Isso serve para todos como exemplo!
Falem da minha Rainha que terão o mesmo fim.
— Como vocês dois que restaram puderam perceber, ele vai chegar
ao inferno antes de mim, pela quantidade de sangue que está perdendo — Eu
falei calmamente me aproximando dos dois ratos.
Nessa hora, Jordan e os outros homens que estavam de guarda riram,
e os dois traidores me olharam apavorados quando coloquei minha arma na
testa de um deles.
— Você está perdendo o seu tempo. Não vamos falar nada! — o
homem debochou, mas eu senti medo na sua voz.
— Eu tenho apenas duas perguntas para vocês. Quem mandou vocês
nos espionarem e quem mandou atirar no Capo Cooper? — indaguei e
comecei minha contagem. — Você tem dez segundos pra responder... 10…
09... 08...
— Será que você é tão ruim como falam mesmo? — o idiota
perguntou, rindo e olhando para mim.
— Não perguntei isso! — falei e atirei na sua perna direita — 07…
06 — dei outro tiro, agora na perna esquerda e uma poça de sangue se
formou no chão, enquanto os gritos do soldado só ficavam mais altos.
— Você não vai falar? Minha Rainha te fez uma pergunta — Ryan
falou e quando o homem ficou em silêncio, o encarando, foi como se algo
tomasse conta dele, talvez os tais demônios a que ele se referia sempre que
me falava da sua iniciação.
Dessa vez ele não fez tudo rápido. Ryan caminhou lentamente até a
mesa, pegou um punhal novo, afiado e voltou sorrindo, parando em frente ao
soldado.
— Em que número você parou meu amor?
— No 6.
— Vou ser bonzinho e começar de novo, do 10 até o 6, para te dar
tempo de responder a minha Rainha.
O grito do homem ecoou por toda a sala quando Ryan falou 10 e
cortou um dos seus dedos fora e seguiu assim até o sexto dedo, que ele
deixou caído no chão.
— 05…04…03… — Eu contava, já sabendo que aquele infeliz
morreria sem falar, mesmo perdendo todos os dedos da sua mão.
— Sua vez! — falei, olhando para o que tinha sobrado e nesse
momento, podia sentir o olhar sádico e a respiração pesada de Ryan atrás de
mim.
— Só restou você agora... Vai calado para o inferno encontrar com
seus amigos traidores ou quer um acordo? Eu perguntei, atirando de uma vez
nos outros dois, e terminando com suas lamúrias. Eu não precisava de
mortes lentas e sim de respostas.
— Que acordo eu ia querer fazer? Todos sabem que a Senhora
Cooper não deixa ninguém vivo para contar história.
— Eu realmente não deixo rastros — falei e apontei a arma para ele.
— Nesse caso, eu vou para o inferno calado — ele respondeu com
um sorriso vitorioso.
— Mas no seu caso estou te propondo um acordo e não costumo
fazer isso, então, aproveite.
— Senhora Cooper — escutei a voz de Alice entrando na sala e
fazendo todos olharem para ela. Minha amiga amava essas entradas
cinematográficas.
— Trouxe as fotos?
— E eu por acaso sou mulher de falhar? — ela falou, aproximou-se e
mostrou as fotos para o traidor.
— Você as conhece?
— Não faça nada com as minhas filhas, por favor, Senhora Cooper!
— ele gritou, desesperado. — Eu quero um acordo... eu vou falar.
— Ótimo! Assim você pode ir para o inferno e deixar suas filhas
vivas. Elas não têm culpa de terem um pai vendido como você — Alice
falou e deu um passo para trás.
— Os nomes? — perguntei e comecei a contar — 10... 9...
— A Máfia Francesa que nos colocou aqui — ele respondeu,
desesperado.
— E quem mais está com vocês? Deve ter alguém aqui dentro
ajudando e quero o nome agora! — gritei. — E se eu atirar sem ter esse
nome, não teremos um acordo — falei, e Alice se aproximou e jogou as
fotos em cima dele. Além das filhas, havia fotos de várias pessoas da sua
família.
— 8, 7, 6... — Ryan começou a contar e ele não fazia pausa entre os
números. Colei minha arma na testa do traidor.
— Eu vou falar, foi...
Nesse instante, escutei os gritos do pateta do Erick invadindo a sala
do interrogatório.
— Traidor, eu confiava em você! — Erick gritou para o homem que
tinha a arma apontada na testa. — Foi por isso que você se ofereceu para
fazer a segurança da minha família? Pretendia matar os meus filhos? Eu
pensava que você fosse um dos nossos e te deixei fazer a segurança da
minha casa! Verme vendido pra máfia rival!
— Do que você está falando, seu idiota? — eu me virei, perguntando
para ele.
— Eu mesmo faço isso — Erick falou e atirou no homem que estava
na mira da minha arma.
— Seu animal! Ele ia falar o nome do traidor. Quem disse que você
podia entrar aqui e se meter no meu interrogatório? — gritei, e Alice sentou
uma coronhada na cara dele.
— Sua cadela! — Erick gritou para Alice e Jordan pulou em cima
dele, dando vários socos na cara do primo de Ryan.
— Você ficou maluco? — Ryan perguntou.
— Ele podia ter matado os meus filhos e eu perdi a cabeça — Erick
respondeu, com a cara toda quebrada — Você vai deixá-los me tratar assim?
Eu sou da família! O que eu fiz de errado além de eliminar um traidor?
— Verdade. Ele é meu primo, minha Rainha — Ryan deu um chute
na barriga de Erick e depois outro no seu pau, o fazendo urrar de dor — Não
posso deixá-lo preso aqui por uma semana como castigo por ter se metido
onde não foi chamado.
— Como assim? Eu vou ficar preso por uma semana? Do que você
está falando, primo?
— Tem razão, você não pode, amor, ele é seu primo, sua família, mas
eu, como não tenho laços afetivos com Erick, não tenho problema nenhum
em deixá-lo de férias na nossa cadeia.
— Jordan, mande que limpem toda esta bagunça e amarrem esse
louco. Deixe-o aqui por uma semana para se acalmar — Ryan falou e
segurou a minha mão para deixarmos o local.
— Vocês se merecem! — Erick gritou quando me olhou de mãos
dadas com Ryan, que não se importou e foi embora comigo, como se nada
tivesse acontecido.
Deixamos o galpão e quando estávamos indo para a casa, não conseguia
conter a minha indignação.
— Por causa daquele imbecil do seu primo, ficamos sem o nome do
traidor — falei, furiosa.
— Mas agora temos certeza de que tem alguém aqui dentro que quis
acabar comigo. Vamos descobrir quem é esse infeliz e acabar com ele.
— Você se assustou comigo hoje? — perguntei, olhando nos seus
olhos.
— Senhora Cooper, isso aqui é uma máfia! — ele respondeu e me
deu um beijo. — Quando eu saí de casa hoje, não imaginei que me divertiria
com você na Disney!
Me acalmei e o beijei intensamente. Hoje eu vi o demônio que habita
dentro do meu marido e pude perceber que ele sentia prazer causando dor
nos traidores.
— Agora vamos para casa, pois precisamos relaxar! — Ryan falou,
jogando sua arma no banco de trás do carro.
Quando chegamos a nossa casa, Ryan foi para o escritório resolver
algumas pendências da Cooper, para uma conta grande que assinamos
contrato essa semana. Já eu fui tomar um banho e aproveitei para mandar
uma mensagem para ele.
“Estou pronta, Senhor Cooper! Você não vem relaxar comigo?
Capítulo 38
Erick De Lucca
— Bom dia. Serei breve. Não sei quem foi que atirou no meu marido,
mas seja quem for, vai pagar com a própria vida. A partir de hoje, acabou a
moleza neste galpão de treinamento e nas operações — ela falou sem piscar
e com “a frieza de um Capo”, como disse meu pai. — Homens que não
sabem lutar ou atirar não servem de nada pra mim. Alice será responsável, a
partir de hoje, pelas boates e por marcar os contatos com informantes e
fornecedores. Jordan vai avaliar vocês e será responsável pelos que entrarem
na máfia. Matthew será meus olhos em todos os lugares... Fiquem atentos!
Não falhem, porque, uma vez aqui, você morre aqui! Nina será advogada na
Cooper e vai cuidar dos acordos daqui pra frente. Se eu descobrir quem traiu
o Capo, já pode se considerar com uma passagem vip pro inferno!
— Essa mulher é uma metralhadora. Ela não vai parar de falar? —
perguntei para o meu pai.
— Cale-se, porque se você não percebeu, ela nos substituiu por sua
equipe — meu pai respondeu, e minha raiva era tanta que não tinha me dado
conta disso, pois ela havia colocado a tal Nina no meu lugar para cuidar dos
contratos.
— Saibam que na dúvida, sempre vou atirar antes de perguntar.
Podem avisar a todos os Capos que a Senhora Cooper vai vingar o atentado
que seu marido sofreu.
Então, ela encerrou a reunião, virou as costas e saiu, como se eu e
meu pai não existíssemos.
— Sarah, precisamos conversar — falei, e ela se virou e eu pensei
por um momento que fosse me matar com o seu olhar.
— Senhora Cooper, você quis dizer... Não é verdade?
— O que você quer? Saber notícias do seu primo? Não, né? Você
nem ao menos foi ao hospital durante a noite para saber dele.
— Eu fiquei em choque — essa foi a primeira desculpa que me veio
à cabeça. — Ryan era meu primo...
— Se você se referir novamente ao meu marido no passado, quem
vai virar uma lenda é você! — ela falou, cuspindo fogo. — Fala logo o que
você quer!
— Eu e meu pai sempre fomos o braço direito do Ryan e você
colocou outras pessoas nas nossas funções — eu disse, e ela me olhou com
desdém. — Nós somos família, Sarah... desculpe... Senhora Cooper.
— Vocês são da família do Ryan, aquele a que você se referiu no
passado. Eu não sou nada de vocês e tudo será como eu ordenei na reunião.
Luigi — ela se virou e chamou o meu pai, que ainda estava sentado depois
de perder seu cargo de administrador para a tal Alice e de Capo, que era dele
por direito, para Sarah.
Quando meu pai se aproximou, ela voltou a falar.
— Luigi, você vai cuidar aqui do galpão. Quero esses homens
preparados para as missões. Você e Erick, comecem a separar todos os
relatórios, que eu, Alice e Nina vamos olhar um por um. E, quanto a você,
Erick, ajude seu pai.
◆◆◆
Como se não bastasse, essa mulherzinha acabou ganhando carta branca do
meu primo sobrevivente para liderar tudo.
Nesse momento, meu celular vibrou com uma mensagem do meu pai.
“Eles deixaram os homens vivos para Capo Sanguinária interrogar!”
“Porra! Eles vão entregar tudo!”
Com essa notícia, senti que precisava fazer alguma coisa e então
corri para o galpão. Eu estava tenso e precisava chegar antes que eles
falassem tudo para Sarah.
— Senhora Cooper, seu infeliz! — escutei Ryan gritando, seguido do
barulho de um disparo.
Hoje eles não estavam usando o silenciador para deixar todo mundo
mais apavorado.
— Como vocês dois que restaram puderam perceber, ele vai chegar
ao inferno antes de mim — escutei a voz de Sarah e vi que ainda tinha dois
vivos.
Eu ia entrar no local quando vi a nojenta e maluca da Alice se
aproximando e me escondi. Eu, Erick De Lucca, tendo que me esconder de
uma Alice qualquer! Todos ainda me pagariam por essa humilhação!
Em seguida, mais discussões e outro disparo. Mais um que morreu
sem falar. Era questão de tempo, e o terceiro partiria e eu estaria livre.
— Eu falo! — escutei o traidor gritando.
Não tinha o que fazer a não ser dar uma de maluco e invadir aquela
porra. Entrei feito doido, fazendo-me de perseguido e traído por aqueles
homens. Comecei a gritar, dizendo que ele fazia a segurança da minha
família e que ele queria nos matar e sem pensar, atirei nele.
Vendo o que fiz, a cadela da Alice gritou comigo e quando revidei às
ofensas, seu amante pulou em cima de mim e só senti a fúria dos seus golpes
na minha cara.
Sarah estava furiosa e meu primo, que tomou meu lugar na máfia,
sugeriu à sua mulher que me deixasse preso por uma semana de castigo.
“Vocês dois vão me pagar muito caro”, pensei enquanto eles saíam
de mãos dadas, como se estivessem dando um passeio pelo parque.
Passados dois dias, eu estava na mesma sala escura, amarrado e
sendo vigiado por soldados leais à maldita. Nesse momento, meu pai chegou
e o deixaram entrar para me ver.
— Você enlouqueceu? Eu tive que me humilhar e implorar pro seu
primo e para aquela mulher dele me deixarem entrar aqui — meu pai falou.
— Mais cinco dias e estou de volta — falei baixo para ninguém
escutar. — Humilhado e fingindo ter aprendido a lição com esse castigo. O
que importa é que matei o infeliz no minuto em que ele ia nos entregar.
— Você podia ter morrido nas mãos do seu primo ou daquela
maluca!
— Nós teríamos morrido se aquele idiota falasse nossos nomes. Ficar
preso aqui e receber uns socos na cara ainda foi lucro. Vou acabar com esses
dois e tomar de volta o nosso lugar de direito.
Capítulo 39
Ryan Cooper
◆◆◆
Depois de uma manhã intensa com a minha esposa, fui para a reunião na
empresa, que levou mais tempo do que eu imaginava.
— A reunião, no final, terminou como esperávamos — Nina falou,
sorrindo. — Vou preparar os contratos hoje mesmo.
— Muito bom ter o nosso CEO de volta — Jonas falou,
cumprimentando-me pelo resultado da reunião.
— Eu estou pensando em manter você agora aqui na sede. O que
acha? — perguntei e achei que ele pediria para pensar, mas aceitou na
mesma hora e me disse que acompanharia Nina para discutir os contratos.
— Antes, posso conversar com você por um momento, Nina?
Jonas nos deu licença, e eu fui direto ao assunto.
— Soube que você terminou com seu namorado por causa da
Instituição, posso saber por quê? — Quis ser o mais breve possível.
— Na verdade, não foi pela Instituição, terminei porque quando
resolvi ficar ao lado da Sarah, fiz uma escolha e sabia que isso me levaria a
renunciar a outras coisas na minha vida. Não acho justo viver num meio em
que sabemos que corremos risco e colocar em perigo alguém que não tem
nada a ver com isso.
— Como eu fiz com Sarah? — Joguei minha cabeça para trás,
querendo espantar essa sensação de ter sido egoísta com Sarah.
— Talvez... se bem que acho que você despertou um lado sombrio e
dominador que existia em Sarah, e quem sabe em todas nós. Eu não imagino
a vida da Sarah sem você e Anne. Vocês são uma família linda e espero que
você um dia se lembre de tudo, então, vai saber que Sarah te escolheu
mesmo depois que você contou tudo para ela sobre a sua vida. Ela não se
casou enganada!
— Eu pensava como você, Nina, e não queria envolver ninguém... Eu
te entendo e me sinto culpado por tê-la arrastado para tudo isso.
— Você não me arrastou para lugar nenhum. Eu poderia ter
continuado amiga da Sarah sem me envolver, mas decidi lutar ao lado dela.
Alguém tentou destruir a família da minha irmã, e não vou sossegar até saber
quem foi.
◆◆◆
Voltei para casa e encontrei Sarah toda animada, fazendo planos para o fim
de semana.
— San Francisco é uma cidade linda! Tem tempo que eu não vou lá
— falei enquanto segurava o cabelo dela e a beijava.
Próximo a Sarah, aproveitei que ela estava sentada e forcei meu
joelho entre suas pernas. Nesse momento, ela gemeu baixinho, arqueando o
corpo em busca de mais pressão. Senti que minha mulher estava molhada
conforme ela se esfregava em mim. Minha calça começou a ficar apertada
devido ao volume. Então, tirei minha roupa e fiquei só de cueca. Ela me
olhou e lambeu os lábios com a língua. Senti o desejo dela em seus olhos e a
peguei no colo, beijando seu pescoço e a deitando na cama.
Sarah pegou minha gravata e cobriu os olhos com ela.
— Me surpreenda, Senhor Cooper — ela pediu. Essa mulher estava
sempre me desafiando e eu ficava pensando se tinha sido isso que me fez
querer casar com ela.
A sensação de não conseguir lembrar de uma parte da minha vida me
incomodava, eu ficava pensando o que eu poderia querer esquecer dos
últimos anos, que pudesse ser pior do que as lembranças de toda uma vida
marcada por torturas para me tornar quem eu sou hoje.
No dia seguinte, viajamos para San Francisco e foram cinco horas de
viagem, já que Sarah quis ir de carro para fazer um programa típico de
família, daqueles em que todos vão cantando juntos pela estrada.
— Você está levando a sério esse nosso final de semana normal, não
é mesmo? — Eu perguntei rindo enquanto ela filmava a gente no carro, para
postar mais tarde, já que por questão de segurança, nunca postamos nada em
tempo real.
Quando chegamos, fomos direto para o hotel nos arrumar para a festa
que já devia ter começado, e para variar, estávamos atrasados.
— Da próxima vez que você inventar de vir de carro, me avise pra
gente sair na véspera — reclamei, e ela fez uma careta para mim.
Fiquei com Sarah em um quarto, Anne ficou com Joana em outro,
deixei Matthew e mais um segurança em cada porta.
— Papai, tô pronta! Vamos logo! — Anne me chamou do corredor.
— Entra, minha princesa, que só falta sua mãe acabar de se arrumar e nós
vamos.
Quando finalmente minha mulher conseguiu ficar pronta, seguimos
para a festa.
— Você não me falou nada sobre esse seu amigo — Sarah comentou
com cara de curiosa. — Só que estudaram juntos.
— Nós somos inseparáveis! Ele sempre foi meu amigo de todas as
horas na faculdade. Anos depois, Daniel recebeu a empresa como herança de
família e se tornou CEO.
— Ele sabe quem é você, ou a amizade não chegou a esse ponto? —
Sarah perguntou, surpresa.
— Ele sabe mais que todo mundo, mas não se envolve como as suas
amigas.
— Eu entendo, ele sabe, mas finge que não sabe, para não se
comprometer — respondi e peguei na sua mão.
— Exato, até porque, não é bom demonstrar que se sabe muita coisa.
A diferença dele para os que sabem, é o fato de Daniel não está em nossa
lista de pagamentos, ele não tem nenhum negócio com a gente. Meu amigo é
realmente um homem íntegro e que eu admiro muito. Chegamos! — falei,
parando em frente à residência de Daniel.
— Que casa linda!
— Daniel é o CEO da Stanford — expliquei, e Sarah me olhou
surpresa.
— Seu amigo é Daniel Stanford?
— Você conhece?
— Quem não conhece Daniel Stanford das redes sociais? — ela
disse, dando de ombros.
— Olha quem chegou! Que honra receber o CEO da Cooper! —
Daniel falou, rindo. — Meu amigo, que susto você me deu com esse tiro que
levou! — ele falou enquanto me abraçava.
Aby, sua esposa, veio sorrindo de mãos dadas com Noah, o
aniversariante, e outra menina pequena. Apertei a mão de Sarah, que
percebeu que algo estava errado.
Eu não conseguia me lembrar da filha dele e só tinha a lembrança de
quando o outro filho nasceu. Não sabia quantas vezes nos vimos nos últimos
anos, que haviam sido apagados da minha memória, então, comecei a sentir
falta de ar. Não pensei que seria tão difícil lidar com isso, já que ninguém
sabia que eu tinha perdido a memória.
— Que bom que você veio, Ryan! — Aby falou, sorrindo. — Sejam
bem-vindos!
— Posso pegar o presente, tio Ryan? — Noah perguntou, apontando
para a caixa que Sarah segurava. Com certeza, eu tinha estado com ele
depois da última lembrança que ainda tinha em minha memória, e por isso, o
menino me conhecia.
— Claro que pode! O presente é seu. — Respondi, e ele pegou a
caixa e saiu correndo. — Eu quero apresentar pra vocês a minha esposa,
Sarah e minha filha, Anne — falei totalmente perdido.
— Anne nós já conhecemos — Aby falou, olhando-me como se eu
fosse doido — Muito prazer, Sarah — Ela falou sorrindo para a minha
esposa — Eu tenho certeza de que seremos grandes amigas.
— Mas a #bestfriendforever vai ser sempre minha! — Emilly
chegou, falando alto como sempre, e eu e Daniel viramos os olhos.
Havia me encontrado com ela algumas vezes quando fui visitar
Daniel. Sinceramente, eu podia tê-la esquecido, uma vez que já aguentava a
maluca da Alice.
— E aí, Ryan Cooper? Você viu que eu comentei #acordalogo nas
suas fotos? Eu e Andreas ficamos preocupados quando você ficou em coma.
— Era você? — Sarah perguntou — Eu sempre me distraía e ficava
rindo com seus comentários. Você fazia parecer que ele só estava dormindo
até tarde e logo iria acordar.
— Eu tento levar as coisas de uma forma leve, mesmo quando a luta
é grande. Sou incompreendida pelos rabugentos, mas não mudo! — Emily
falou olhando para mim e dando de ombros.
— As crianças já foram brincar, e você, Sarah, vem comigo e a
Emily, que vamos nos divertir — Aby falou, levando minha esposa —
Nossos maridos quando se encontram, costumam se esquecer do mundo.
— E a pior parte é quando começam a contar as histórias da
faculdade e a fazer gritos de guerra da fraternidade — Emily disse em tom
irônico.
◆◆◆
Sarah Cooper
— Aby, estou amando a festa! Vou te ligar para você me dar umas dicas,
porque também quero fazer uma festa de aniversário para Anne — falei,
animada com a ideia.
— Sarah, você não sabe como eu fiquei feliz quando a gente recebeu
o convite do casamento de vocês. Daniel e eu estávamos viajando e iríamos
fazer uma visita a vocês assim que voltássemos. Daí aconteceu tudo aquilo...
— Aby falou, e percebi o carinho que ela tinha por Ryan, que eu achava que
não tinha nenhum amigo. — E seu amor pela Anne é a coisa mais linda
desse mundo!
— Foi tudo muito rápido mesmo, decidimos nos casar e assim que
acabaram as festas de fim de ano, marcamos a data para a mesma semana —
eu falei e abaixei a cabeça. — Daí aconteceu aquilo tudo.
Lembrar daquela noite e como tudo mudou a partir dali era muito
estranho. Mesmo depois de três meses, eu não me imaginava sendo diferente
da Sarah que era no momento. Será que alguém poderia nascer com vocação
para chefiar uma Instituição do submundo? Porque eu achava que tinha
nascido!
— Fui avisar o Andreas que vocês tinham chegado, porque ele
também gosta muito do Ryan — Emily falou. — Depois vou te apresentar ao
meu marido e a minha filha.
— Ryan é sempre tão sozinho. Fico tão feliz vendo que ele tem
amigos.
— Ryan sempre fez o tipo calado e ficava com raiva dos meus
comentários no Instagram dele — Emily disse, rindo.
— Deve ser porque eu postei uma foto minha na boate e você
comentou: “Corre lá, mulherada, #CEOalone — Ryan chegou falando de
cara feia.
— Emily e suas hashtags! Sou Andreas, e você deve ser a famosa
Senhora Cooper! — o marido de Emily chegou e se apresentou.
— Sou famosa?
— Esse cara mandou umas cem mensagens no dia em que te
atropelou, falando de como você era linda! — Daniel disse rindo, e Ryan
ficou sem jeito.
— Verdade, amor? Eu não sabia que tinha sido amor à primeira vista!
— brinquei, e Ryan escondeu o rosto no meu pescoço e falou baixinho no
meu ouvido que isso era novidade para ele também.
Por um momento, esqueci que Ryan não se lembrava de parte dos
últimos quatro anos, e com certeza, aquilo tudo estava sendo novo e confuso
para ele.
— Falou aquele que, quando conheceu a Aby, falava nela o tempo
todo e ficava dizendo que era só um contrato e que não tinha ciúmes —
Ryan falou, aos risos, e eu não entendi a parte do contrato.
— Isso é verdade! Daniel morria de ciúmes da Aby e ficava negando
que estava apaixonado — Andreas afirmou, rindo, e dessa vez foi Daniel
quem fechou a cara.
— Acho que se você e Ryan fossem irmãos, não pareceriam tanto —
falei com ar de riso e Daniel chamou Ryan e Andreas para beber alguma
coisa.
Terminada a festa, voltamos para o hotel e Anne chegou dormindo
depois de tanto brincar. Preferimos deixá-la então no quarto com Joana.
Ryan foi dar algumas instruções para os seguranças e eu fui tomar um
banho.
— Agora a noite é toda nossa, Senhor Cooper — falei assim que meu
Al Capone entrou no quarto.
Quando acordamos no dia seguinte, fui para Mill Valley conhecer o
Café da Aby e da Emily.
No local, Aby me contou como conheceu Daniel e que tudo entre
eles começou com um contrato de casamento.
Passar a manhã com as duas me fez muito bem, já que tinha tempo
que não conversava sobre coisas normais do dia a dia.
Viver representando para a mídia em eventos, já que muito se
especula, mas nada se prova, é importante, mas não tem nada de natural
como neste final de semana.
◆◆◆
Ryan Cooper
O fim de semana tinha sido perfeito, como uma despedida oficial de uma
vida que não me pertencia mais, e numa sociedade onde eu só representaria.
Os dias seguintes começaram bem agitados devido aos problemas
com nosso fornecimento de armas, me dando um choque de realidade e me
lembrando que infelizmente eu não tinha mais tempo para finais de semanas
leves, porque o caminho que eu escolhi tinha sido outro.
Decidida a resolver tais contratempos, cheguei ao galpão
acompanhada por Alice e Jordan e fui logo cobrar explicações de Luigi.
— Nossa! Vejo que Erick voltou das férias! — debochei quando vi o
inútil sentado ao lado do pai. — A essa hora da manhã e vocês já estão
bebendo? Estão brindando o desvio de uma tonelada de nossas armas e
munições?
— Senhora Cooper — o inútil falou. — Não sabemos como isso
aconteceu.
— Quem era o responsável pela operação? — perguntei, olhando
para Luigi.
— Eu deixei tudo encaminhado e ia voltar pela manhã, isso
aconteceu enquanto eu estava fora — o idiota respondeu, justificando-se
como sempre.
— Você deixou o quê organizado, seu imprestável? Quando a carga
chegou, foi interceptada e dez homens nossos morreram — falei, dando um
soco na mesa. — Você está fora das operações a partir de hoje! Isso aqui não
é lugar pra quem não aguenta ficar uma noite inteira acordado!
Após expor minha indignação, virei de costas e já ia saindo quando
ele ousou me chamar de volta.
— Sarah, você não pode falar assim comigo! Eu sou da família e
você não conhece as leis da nossa máfia, família se respeita e não vejo você
me respeitando em momento nenhum.
— Escute bem o que eu vou te dizer — comecei a falar, pegando
minha arma e colocando-a na testa dele. — Se eu não o respeitasse por ser
tio do Ryan, teria acabado com você há muito tempo, já que não faz nada
certo. No tempo em que você ficou à frente foi porque Ryan te deu poderes.
Você só fez perder dinheiro e fechar acordos que não tinham nenhuma
vantagem pra gente. Por isso, te dou um aviso, não teste a minha paciência!
— Eu vou falar com o meu sobrinho…
— A prisão do seu filho, não te parece uma resposta de que o seu
sobrinho está de saco cheio da incompetência de vocês dois? — Guardei
minha arma e olhei nos olhos dele e depois nos de Erick. — Não me importa
lei nenhuma, até porque, elas também não permitem que as mulheres sejam
chefes e eu sou do mesmo jeito. O que me importa é lealdade! Você não foi
leal à "famiglia" quando foi dormir e deixou que fôssemos roubados. Você
está fora da chefia das operações porque nos deu prejuízo — expus, fazendo
questão de enfatizar bem essa palavra para ele entender que eu não estava
brincando.
Após minhas palavras, notei ódio em seus olhos, mas dei de ombros
e fui ver o único cara que eles conseguiram pegar e que, mesmo torturado,
não falava uma palavra. Quando cheguei à sala onde ele estava, vi o francês
amarrado de cabeça para baixo, gemendo e perto do fim.
— Ele não quer falar nada — Jordan me disse assim que eu e Alice
entramos — O Capo Cooper o torturou por horas e não deixou um osso
inteiro no seu corpo, mas ainda assim, o infeliz ficou em silêncio.
— O que o meu marido pretende fazer? Ele falou alguma coisa?
Onde ele está?
— Ele disse para mandarmos o corpo dele em pedaços para o lixo.
— Então, acabe logo com isso — ordenei. — Mas não jogue no lixo,
mande de presente para os franceses com um recado: todo homem que vocês
enviarem voltará assim para vocês. E pode assinar com Senhora Cooper!
Saí e fui para o escritório, sentei na minha mesa, fui analisar os
relatórios com Nina e notei que o prejuízo tinha sido enorme. Dessa vez, a
dupla de patetas tinha se superado.
— Eles me odeiam, Nina — falei, rindo.
— Eles estavam acostumados a dirigir tudo por aqui e devem ter
medo dos franceses, porque só isso explica o fato de fornecemos
praticamente tudo de graça pra eles.
— O título podia ser "Possível Aliança", mas a realidade era "Máfia
Trouxa" — Alice chegou falando e se sentando conosco.
— Nesta semana, tem o jantar na casa do Capo de Chicago — Alice
mencionou. — Os Capos de duas das cinco Famílias de Nova York
confirmaram presença, os Gambine e os Genovese.
— Esse Dante Cosa Nostra está vindo da Itália fechar acordos e
lembrar que é o Capo dos Capos para os seus aliados — Nina falou e
respirou fundo. — Dizem que dá medo só de olhar pra ele.
— A Máfia Francesa e a Máfia Russa são suas rivais — Alice
afirmou. — E os acordos do Luigi nos colocaram na mira de Dante. Na
realidade, toda e qualquer máfia que não seja aliada de Cosa Nostra é sua
rival. Quando a Corsa ou a Bratva nos ataca, está atacando indiretamente a
Cosa Nostra, já que somos seu território.
— Eu e Ryan estamos indo no fim de semana para Chicago — falei e
senti uma sensação ruim quando pensei naquele homem. — Vamos ver como
é esse tal Dante Cosa Nostra. Foi ele que autorizou Matthew a me treinar,
dizendo que eu morreria em poucos dias.
— Agora vamos saber como Dante vai reagir com o fato de o Ryan
estar de volta e manter uma mulher ao seu lado cuidando dos negócios.
— Eu pesquisei algumas coisas sobre a nossa máfia, além do que já
sabemos.
— Salve nossa historiadora da máfia! — Alice falou, batendo
palmas.
— Tem uma coisa que eu descobri nessa minha pesquisa — Nina
disse e teve a minha atenção e a de Alice. — O pai do Ryan sofreu um
atentado em casa. Homens entraram atirando e o mataram na frente da
família, durante a noite de Natal.
Nessa hora, meu coração quase parou de bater quando escutei o que
Nina contou. Por isso Ryan não gostava do Natal. Ele nunca me contou
detalhes sobre isso.
— Isso explica a reação dele quando viu a casa enfeitada para o
Natal — comentei. — Meu marido deve ter muitos segredos que o
traumatizaram durante a sua vida.
— Dizem que De Lucca, o seu avô, era frio, ruim e que nunca
aceitava ser contrariado.
— Ryan, nessa parte de não aceitar ser contrariado, ele é igual ao
vovô Mafioso — falei rindo, porque mesmo no meio de tiros, subornos e
torturas, nós três nunca perdíamos o nosso humor.
Mas, mesmo rindo, meu coração estava triste por Ryan. Ele havia
dito que perdeu o pai quando tinha cinco anos, mas nunca entrava em
detalhes.
Por fim, fui para casa e resolvi tomar um banho para relaxar. Ryan
tinha ido do galpão direto para a Cooper e ainda estava por lá envolvido em
várias reuniões com clientes.
A água quente da banheira e os óleos relaxantes me fizeram
adormecer, acordei com o movimento da água.
— Sonhando comigo? — Ryan perguntou quando abri os olhos,
ainda sonolenta e meio confusa.
Ele era tão lindo e tão meu!
Nesse momento, Ryan me virou, descansando minhas costas em seu
peito e me envolvendo em seus braços. Pude sentir sua ereção e meu corpo
se acendeu na hora. Queria me virar e sentar no seu colo, mas Ryan não
deixou e disse para eu ter calma.
Então, ele começou a fazer uma trilha com seus dedos, e eu com
pressa, estava arqueando meu corpo, mas, ao fazer isso, ele parava. Quando
finalmente seus dedos entraram em mim, eu já estava sentindo meu corpo
quente e não demorou muito para eu gemer pedindo por mais enquanto me
desmanchava em sua mão.
Depois me sentei no colo dele e conforme eu subia e descia cada vez
mais rápido, podia ver o tesão em seus olhos e sentir sua respiração
ofegante.
— Você é perfeita, Senhora Cooper!
Capítulo 41
Sarah Cooper
Acordei e fui tomar um banho, já que teria mais um dia intenso com a
reunião da organização.
Eu sabia que Dante estava impressionado com a minha mulher. Para
ele, era um desafio ter alguém como Sarah enfrentando-o. Mas, se por um
lado isso gerava certo fetiche, por outro, tornava-se um perigoso jogo de
sedução e isso eu não permitiria.
Sarah era minha e ninguém jamais tocaria no que era meu. Na máfia,
existiam vários códigos de conduta, por exemplo, lavar a honra com sangue.
Dante era o Capo da Cosa Nostra, nossa maior aliada, mas isso não queria
dizer que eu teria que aguentar calado vê-lo comendo a minha mulher com
os olhos.
Olhando para minha esposa dormindo, ela parecia tão indefesa. Mas
a verdade era que Sarah de desprotegida não tinha nada.
— Oi, amor — Sarah me chamou enquanto eu olhava a vista da
cidade. — Vai matar quem com essa arma na mão a essa hora? — ela
perguntou, esfregando os olhos, ainda sonolenta.
— Qualquer um que ousar ficar olhando demais pra você. —
respondi, colocando a arma na mesa, tirando a toalha em que eu estava
enrolado e indo me deitar com ela.
Nesse momento, Sarah me olhava com devoção e luxúria! Eu podia
sentir seu fogo quando ela abria lentamente suas pernas, ao mesmo tempo
em que se contorcia e ia enrolando o lençol entre seus dedos. Ela era capaz
de gozar só de sentir a minha aproximação. Isso me excitava e eu já estava
com o pau duro só de olhar para ela.
Eu me deitei ao seu lado, e comecei a beijar o seu pescoço e fui
descendo até os seus seios. Senti quando seus mamilos ficaram rígidos assim
que eu os toquei com a minha língua. Ela gemia baixinho e isso me deixava
cheio de tesão. Fui descendo e beijei suavemente sua barriga, ela arqueava o
corpo e esfregava uma perna na oura, desejando-me dentro dela.
— Ryan... por favor...
Eu sorri ao escutá-la me pedindo por favor e intensifiquei os meus
beijos, parando apenas para fazer círculos com a minha língua em sua
boceta, que estava quente e molhada.
— Eu não tô aguentando...
Então comecei a estocar minha língua dura dentro dela, e pude sentir
os espasmos em seu corpo. Ela se entregava totalmente a mim.
Assim que senti o seu gosto invadindo a minha boca, enfiei dois
dedos dentro dela, para que ela gozasse de novo e mais forte. Depois a virei
de costas e a coloquei de quatro, dei um tapa em sua bunda deixando a
marca da minha mão, e fui logo beijando o seu cuzinho, depois entrei na sua
boceta de uma vez e bem forte, como eu sabia que ela gostava. Quando
segurei os seus cabelos, ela jogou o corpo para trás, rebolando no meu pau, e
o apertando dentro dela.
— Gostosa... Você sempre querendo mais — falei, aumentando a
força de cada estocada.
— Ryan...
Sarah gozou novamente com o meu pau enterrado dentro dela, e
quando cheguei ao clímax, minha mulher gozou de novo, misturando nossas
porras dentro dela e me deixando todo lambuzado.
— Você é só minha, entendeu?
— Eu sou só sua! Você é tudo que eu mais quero a cada segundo do
meu dia.
Me levantei sedento por mais, sentei Sarah no meu colo enquanto nos
olhávamos. Nossa respiração foi acelerando aos poucos, à medida que ela
rebolava gostoso, cavalgando no meu pau.
Minha mulher subia e descia sem parar e cada vez mais forte. Sarah
jogava o corpo para trás, forçando a minha entrada dentro dela quando
descia ao encontro do meu corpo. Eu a segurava pela cintura e a ajudava
naquele movimento.
— Agora, minha vida! — falei, e nós nos entregamos juntos àquela
sensação única de prazer que nos unia. Ela continuou sentada no meu colo,
abraçada comigo e com a cabeça deitada no meu ombro.
— Por favor... — ela pediu. — Confia em mim quanto a estar
presente nessas reuniões com tantos homens.
— Eu confio! — falei, sentindo que ela suspirou feliz quando eu
disse isso.
— Vem, vamos tomar um banho juntos. Vicenti avisou que a reunião
será logo depois do almoço.
Nesse instante, ela mordeu os lábios olhando para mim, e eu soube o
que ela queria. Minha mulher nunca cansava de transar comigo e eu amava
isso nela.
Liguei o chuveiro e entramos debaixo dele juntos. Fui passando o
sabonete por todo o seu corpo, e ela se contorcia em pé na minha frente.
Depois ela se virou de frente para mim e sorriu quando olhou para baixo,
descendo suas mãos. Quando ela me tocou, foi a minha vez de respirar
fundo. Me encostei na parede quando a vi de joelhos me chupando, com a
água do chuveiro escorrendo pelo seu rosto.
— Você sabe como me enlouquecer, não é, Sarah Cooper?
Quando saímos do banho, ela correu para pedir alguma coisa para
comer enquanto nos arrumávamos para a reunião.
Já eu, fiquei olhando para a minha mulher e só conseguia pensar em
quão perfeita ela era.
— O que foi? — Sarah me perguntou enquanto estava comendo.
— Estou aqui pensando em como você é sensual, poderosa e
esfomeada — respondi, rindo do enorme sanduíche que ela estava comendo.
— Meu marido acaba com as minhas energias! Eu tenho que me
alimentar!
Sarah, nessa hora, começou a imitar os capos puxando o saco de
Dante e me fez dar gargalhadas. Ela era assim, poderosa e extrovertida,
sensual e romântica, esposa e mãe carinhosa, além de mafiosa impiedosa.
Capítulo 45
Sarah Cooper
Maldito!
Dante Cosa Nostra havia chegado àquela reunião com tudo planejado
na sua mente doentia. Se ele tivesse que fazer uma ação de represália à
Máfia Francesa, é claro que escolheria um Capo para estar ao seu lado, e em
sua mente suja, esse alguém seria a minha mulher.
Aqueles idiotas querendo ser a voz dele na América, e aquele puto só
pensando em como se aproximar e tomar o que era meu. Nunca deixaria esse
Capo di tutti capi encostar em um fio de cabelo da Sarah.
Por que minha mulher tinha que ser tão brava? Será que ela era assim
antes de a gente se casar? Ou ela havia mudado quando atiraram em mim?
— Você colocou uma arma na testa de um aliado em plena reunião
— falei enquanto voltávamos para o hotel.
— Foi a segunda vez que um infeliz sugeriu que você controlasse a
minha boca e...
Sarah mal terminou de falar e já estava me olhando com luxúria e
com a respiração ofegante. Sua mão foi direto para o controle do carro e ela
subiu o vidro da limousine, deixando-nos isolados de Matthew.
— Até que não seria uma má ideia se você controlasse a minha boca
nesse momento...
Quando chegamos ao hotel, fui tomar um banho, e o olhar daquele
maldito desejando a minha mulher não saía da minha cabeça.
Voltamos para Los Angeles e já em casa, resolvi que iria para a boate
esfriar minha cabeça. Dentro de um mês, minha mulher estaria em Nova
York com Dante Cosa Nostra e eu teria que confiar nela acima de qualquer
outra coisa.
Eu estava tenso e Sarah sabia disso. Fui para boate encher a cara,
mas minha vontade era mesmo de matar Dante Cosa Nostra. Aquele
miserável queria comer minha mulher e eu, mais cedo ou mais tarde, tentaria
lavar minha honra, e acabaríamos todos mortos.
Por um momento, esfreguei meus olhos e tentei apagar essa imagem
da minha mente. Não morreríamos porque minha mulher não me trairia com
ele.
Eu estava com ciúmes e com ódio daquela situação toda. Se tivesse
dito não, Sarah nunca me perdoaria por sair humilhada daquela reunião.
Aqueles homens ridículos tinham uma conduta, que eu não aceitava,
de tratar suas esposas como objetos para servir-lhes na cama, e eu jamais
faria isso com Sarah.
Então, por eu ser diferente dos outros, minha esposa iria a qualquer
momento para uma ação perigosa ao lado de Dante.
Nesse momento, senti Sarah me abraçando por trás e me empurrando
para uma parede da boate. Ela não quis ficar em casa e veio atrás de mim ou
foi Alice que ligou para ela e disse que eu estava bebendo muito.
— Lembra que nossa primeira vez foi quase assim? Na parede de
uma boate lotada!
— Você só pode estar brincando! — falei e percebi que ela estava
séria.
— Você sabe que eu sou só sua, não sabe?
— Se eu não soubesse, não teria feito um acordo com aquele verme
que quer te comer.
— Foi uma armadilha. Ele achou que você me mandaria ficar em
casa, e, seus problemas com uma mulher na máfia estariam encerrados.
— Dante queria que você saísse da reunião humilhada e servisse de
exemplo para as outras mulheres nunca falarem em igualdade.
— Mas você não permitiu que isso acontecesse. Me apoiou e
confesso que tive medo da sua resposta.
— Eu te admiro, senhora Cooper! Mas estou com ódio de Dante
Cosa Nostra, porque além dele tentar te humilhar, ele se sente atraído por
você.
— Em sonho, qualquer um pode se sentir atraído por quem quiser —
ela falou e me abraçou — Mas assim, de verdade, só você pode me foder à
vontade.
Minha mulher sabia de verdade como me desligar daquela sujeira.
— Eu quero te comer agora — afirmei, enquanto minhas mãos já
estavam deslizando por todo o seu corpo.
Fomos para o escritório e ela começou a tirar minha calça com
pressa, e foi logo engolindo o meu pau com a sua boca.
— Gostosa, assim você me deixa doido!
— Só meu… todo meu!
No dia seguinte, acordei cedo e fui malhar, porque precisaria mais do
que nunca estar em forma, e tomei a decisão de deixar Jonas e Nina à frente
da empresa por alguns meses e me dedicar somente à instituição junto à
minha esposa.
Capítulo 47
Sarah Cooper
Ryan fez uma reunião com Jonas e Nina, avisando que precisaria de um
tempo maior para se recuperar, que intensificaria as suas sessões de
fisioterapia e que qualquer coisa ele resolveria por videoconferência.
Nina sabia que ele estava se afastando por conta da organização e
achou que seria melhor assim, já que ela estava preocupada com essa ação
que eu realizaria ao lado de Dante.
— Sarah, você precisa tomar cuidado — Nina falou. — Isso não é
um filme, e essa gente mata para lavar a honra.
— Eu já falei isso pra ela — Alice ressaltou. — Esse Dante vai te
testar numa ação grande, e se duvidar, te deixar na linha de frente para
morrer no lugar dele.
— Eu sei disso e apesar de ele ter um olhar que atravessa a alma da
gente, não vou me intimidar.
— Amiga, para e conta isso direito! — Alice falou e me puxou para
sentar ao lado dela. — Como assim um olhar que atravessa a alma?
Respirei fundo e senti um calafrio quando me lembrei do momento
em que Dante Cosa Nostra entrou no salão da casa de Vicenti e a Terra
parecia ter parado de se mover.
— Ele tem um olhar penetrante e sombrio — expliquei e sacudi a
cabeça, querendo esquecer.
— Machista como são os homens da instituição, deve estar querendo
transar com você.
— Não quero falar mais nesse homem, porque, se ele está fazendo
isso tudo por sexo, ficaria mais em conta contratar uma prostituta. E só fico
com mais nojo ainda, se ele pensa que sou um objeto para ele depositar suas
necessidades.
Depois de alguns minutos, eu me despedi de Alice e Nina, porque
precisaria descansar a minha mente de tudo aquilo.
Já em casa, anunciei que teríamos o fim de semana da família Cooper
e que Anne poderia escolher tudo que faríamos para nos divertir juntos. Os
dias andavam tensos e nossa filha sentia nossa falta.
— Papai, a mamãe falou que eu posso escolher tudo que a gente vai
fazer hoje — Anne contou toda animada.
— Se sua mãe falou, então você é a chefe do dia!
Anne estava muito feliz e a primeira coisa que ela quis fazer foi
assistir ao filme Frozen, com sorvete e pipoca. Ryan toda hora dormia e
Anne o acordava com ataques de beijinhos.
Ela amava tanto o pai, e Ryan, apesar de só ter a lembrança dela
pequena, quando ele ainda não aceitava a ideia de ser pai, conseguiu se
aproximar e ser tudo que Anne tanto precisava desde que saiu do hospital.
Esses momentos em família eram um aconchego para o meu coração. Tinha
tanta coisa acontecendo que, às vezes, eu me sentia vagando por uma estrada
sem fim.
Ryan havia tido uma vida emocionalmente difícil. Perdeu o pai
assassinado na sua frente e, mesmo quase tendo me perdido por causa da
briga que tivemos por conta da decoração de Natal, ele preferiu não me
contar que esse era o seu trauma. Desde então, seu avô o preparou para ser o
Capo dei Capi da América. Sem escolha, ele teve uma vida normal, paralela
àquela que seu avô Giuseppe Frederico De Lucca queria para ele.
Diante disso, eu tinha que descobrir um meio de fazê-lo vencer esse
bloqueio todo e me falar sobre seu pai, sua mãe e detalhes da sua vida que eu
desconhecia. A terapeuta dizia que ele havia esquecido tudo como forma de
defesa. Mas por que de quatro anos para cá? Ele não conseguia nem lembrar
que tinha perdido a mãe. Era como se tivesse voltado e parado no tempo em
que ainda tinha esperança de deixar tudo para trás.
Ryan passou por uma iniciação pesada, que ele não dividia comigo.
Imagino que em vários momentos todos eles já tenham pensado em
desaparecer, só que no final, seus laços com a instituição e a certeza de que
muitos dependem da sua liderança para continuarem vivos, os mantém
firmes à frente de tudo.
— Mamãe, você também dormiu? — Anne perguntou e me
despertou dos meus pensamentos.
— Não, meu amor — respondi e a coloquei no meu colo.
À noite, fizemos um acampamento no quarto de Anne e dormimos os
três na nossa barraca improvisada com lençóis e luzes coloridas.
O fim de semana passou rápido entre filmes, pipoca, passeio na praia
e, é claro, o que não poderia faltar: apresentação de ballet de Anne e Ryan,
que estava totalmente desconfortável fazendo aquilo, que para ele não tinha
sentido algum.
A semana começou com uma mensagem de Jordan avisando que já
estava com a lista de carregamentos que a Bratva receberia, e nos trazendo
de volta a vida real, bem distante do final de semana com a nossa filha.
“Não deixe que ninguém saiba dessa lista! Nós já estamos quase
chegando ao galpão.”
Quando chegamos, vimos que nossos soldados estavam recebendo
treinamento dos homens de Dante, que vieram para reforçar no transporte
das nossas cargas e no início da nossa missão de minar as investidas da
Bratva, chefiada pelo velho Mikhailov em nosso território. Eles não
poderiam continuar entrando e saindo do nosso país e achar que essa atitude
ficaria por isso mesmo.
— Essa carga vai passar próximo a San Diego e seguir para o
México. As coordenadas foram interceptadas pelos agentes de Dante Cosa
Nostra, que estão trabalhando em conjunto com Alice e hackeando todos os
e-mails dos russos.
— Eu vou partir amanhã assim que amanhecer, com nossos homens
— Ryan falou e me olhou, percebendo que eu estava com medo. — Meu
amor, eu sou o Capo e tenho que estar à frente dessa operação, mas não se
preocupe que eu volto inteiro pra você.
— Jordan, prepare nossos homens para partirem com o Capo Cooper
— eu falei e olhei para o meu marido, sabendo que dali para frente tudo seria
diferente.
Era como se cada vez menos, os momentos normais que tentávamos
ter fossem ficando mais escassos e chegaria o dia em que até Anne teria que
enfrentar a sua realidade de filha do Chefe da maior facção criminosa dos
Estados Unidos.
Por enquanto, ainda tentava poupá-la de tudo, mas isso não seria por
muito tempo, já que não aceitava que ela fosse considerada uma renegada,
mas sim herdeira de Ryan.
— Foi tudo tão rápido, depois que atiraram em você, eu nunca parei
pra pensar de verdade no meu marido saindo para missões e me deixando à
espera, cheia de preocupação.
— Meu amor, eu tive uma vida fodida por conta dessa máfia, e para
ser o Capo de todo esse território, tendo acima de mim somente a Cosa
Nostra, minha infância e adolescência foram roubadas. Não se preocupe, fui
treinado para enfrentar as piores situações.
Olhei para Ryan e respirei fundo. Ele nunca tinha me falado nada
sobre isso e eu também não perguntava por que respeitava o seu silêncio.
— Eu conheço o inferno, porque vivi em uma das suas sucursais aqui
na terra. Fui tão torturado de formas que você nem imagina. Eu sempre
tentei conviver nos dois mundos, assim como você tenta fazer, mas no final,
mesmo num final de semana em San Francisco, entre amigos, continuo
sendo um criminoso, frio e sem alma. Quando eu disse a Dante que tínhamos
um acordo, decidi que a partir daquele momento, estaria à frente de todas as
missões até seu regresso da missão de roubar o maior carregamento russo —
Ryan falou e fechou os olhos, cerrando os punhos. — Não vou mandar meu
tio Luigi, nem Erick, porque sabemos que são dois imbecis, por isso vou
pessoalmente. Eu não posso mais fingir que sou duas pessoas e por isso
deleguei poderes maiores para Jonas, porque eu preciso assumir de uma vez
que sou o Chefe e nada mais do que isso, e parar de querer ser qualquer
outra coisa, a não ser de fachada mesmo.
Ryan então me beijou com força e eu retribuí com a mesma
intensidade, orgulhosa por vê-lo assumindo o seu lugar e deixando seus
fantasmas em segundo plano.
— Sabe por que seremos os mais poderosos? Porque eu sou o único
Capo que tem uma Mob Boss ao seu lado. Você, Senhora Cooper, é a
primeira e única Chefe da máfia! Eu tenho muito orgulho de você!
Capítulo 48
Ryan Cooper
Estava amando aqueles dias longe de tudo e de todos com o meu Paraíso
Hot. Precisava desse tempo com ele, porque nós havíamos nos conhecido a
menos de um ano e já tínhamos passado por tanta coisa. Queria muito ficar
assim com ele, só o amando como se não existisse mais nada para fazer no
mundo.
Quando entrei na água e o abracei, ele me pegou no colo e pude
sentir o quanto ele estava excitado.
— Acho que não precisamos dessas roupas — ele falou com sua voz
rouca enquanto tirava o meu biquíni.
Aproveitei quando ele me colocou de pé e fui abaixando a sua
bermuda e me ajoelhando.
— Sarah — ele falou, gemendo, quando eu estava coberta de água e
com ele em minha boca, olhando para cima e vendo-o jogar a cabeça para
trás.
Ele então me levantou e me colocou no seu colo, com minhas pernas
entrelaçadas em si, e entrou em mim.
— Não quero que você se afogue — ele falou enquanto me
penetrava.
— Se for sentindo seu gosto, acho que vale a pena correr o risco —
afirmei e pude perceber que seu corpo ficou todo arrepiado.
— Você é mesmo doida — ele disse, gemendo.
Queria que ele fosse mais rápido e cravei minhas unhas em suas
costas. Como Ryan conseguia se controlar, ele me deixou chegar duas vezes
sozinha, gemendo e chamando por ele, antes de sentir algo líquido e quente
dentro de mim.
Eu sabia que ele estava fazendo de tudo para que aqueles dias fossem
mágicos, mas eu sentia que as vezes, seu olhar estava distante e que quando
me aproximava, ele me abraçava forte com se tivesse medo de me perder.
— Você sabe que eu sempre vou ser só sua, não sabe? — perguntei
enquanto brincava com a minha língua em seus lábios.
Ele me puxou para cima de si e me beijou com força.
— Sei disso, mas me incomoda saber que outros homens ficam te
olhando e desejando o que é só meu — Ryan respondeu, colocou-me sentada
em seu colo e me segurou pela cintura, fazendo-me cavalgar em cima dele.
— Só de pensar que você vai ficar sozinha com Dante...
— Eu sou sua. Me faça sua com força! — pedi, gemendo, fazendo-o
esquecer a Cosa Nostra e seu ciúme para focar apenas em nossos corpos, que
eram um só naquele momento.
Em meio a tudo que aconteceria, eu me colocava no lugar dele e
sabia que morreria se Ryan tivesse que passar a noite com alguma mulher
que ficasse desejando-o dentro dela. Mas eu estava indo para uma guerra e
não para um motel.
Quando ficava sozinha, o olhar sombrio de Dante vinha em minha
mente e eu engolia em seco. Sabia que ele seria sádico o suficiente para
tentar algo assim em meio a um tiroteio, mas eu era forte para colocá-lo no
seu lugar.
Minutos depois, fui dar um mergulho, porque aquele lugar lindo não
merecia ser desperdiçado com pensamentos ruins.
Assim que a noite chegou, tive certeza de que aquele lugar era o mais
lindo do mundo. Nunca tinha visto um céu tão estrelado. O silêncio era
quebrado apenas pelo barulho da água, que cercava a ilha, do vento que
balançava as árvores e da nossa respiração ofegante.
Ryan me amou a noite inteira e eu sabia que ele queria que esses dias
fossem inesquecíveis. O que ele não entendia era que todos os segundos com
ele estavam gravados no meu coração e que por ele, eu faria qualquer coisa.
Eu enfrentaria a Corsa ao lado de Dante porque queria e precisaria do
reforço da Cosa Nostra em nosso território. Alguém havia tentado tirar a
vida de Ryan duas vezes e eu desconfiava que poderia ser a mesma pessoa
que tinha matado o seu pai. Para mim, não existiam coincidências e sim o
fato de pai e filho, mesmo com mais de uma década de diferença, sofrerem o
mesmo tipo de atentado, em casa e em horários precisos, para não terem
chance de defesa. O pai do Ryan, na noite de Natal, antes de os convidados
chegarem. Ryan, há quatro anos, quando estava em casa e ele só não morreu
porque sua mãe se colocou na sua frente, e na noite do nosso casamento, no
momento exato em que cruzamos o portão com nosso carro, como se alguém
tivesse avisado que estávamos saindo, porque em poucos segundos, o carro
veio atirando.
— Pensando em quê, meu amor? — Ryan perguntou ainda sonolento.
— Que já está amanhecendo e eu estou com fome!
— Hummm... Quer que eu prepare alguma coisa? Os empregados
ainda devem estar dormindo.
— Não, minha fome é outra.
Ryan deu uma gargalhada e eu amava vê-lo assim, leve e feliz.
Os dias perfeitos estavam acabando, e a realidade se aproximava.
Deixar o mundo dos sonhos e voltar para a vida real às vezes era bem
complicado.
— Vem, amor — falei, puxando-o pelo braço. — Vamos aproveitar
nosso último dia.
— O que você quer fazer?
— Eu preciso falar?
Do nosso paraíso fomos direto para Chicago, onde teríamos reunião
com Dante na casa de Giancano.
Do hotel fizemos uma chamada de vídeo para falar com Alice, Nina
e Jordan, que estariam chegando a Chicago pela manhã. Nossos homens já
tinham seguido para o local determinado por Giancarlo Cosa Nostra, irmão
caçula de Dante, que estava há um mês estudando a localidade onde a Corsa
montava uma base.
— Amiga, boa sorte e se cuida — Nina desejou. — Lorenzo disse
que o sistema de monitoramento do trajeto e do local está pronto e que eles
vão acompanhar tudo.
— Lorenzo Cosa Nostra?
— Para Nina, é só Lorenzo — Alice falou, rindo. — Ela está íntima
do irmão sádico chegado numa tortura.
— Não é nada disso, só conversamos porque estamos trabalhando
juntos nessa missão — Nina respondeu, defendendo-se. — E até onde sei,
ele só tortura assim os inimigos.
— Você escutou isso? Daqui a pouco tá chamando o torturador só de
“Enzo”.
— Nina Cosa Nostra — falei rindo, e Alice deu gargalhadas.
— Será que podemos falar de coisas sérias? — Ryan perguntou de
cara feia.
Alice brincou, dizendo que íamos votar. Quem queria falar de coisa
séria eram o Capo e o Consiglieri e de coisas divertidas, ela, eu e Nina.
— Vitória das mulheres! — eu disse rindo, e Ryan deu de ombros.
— Você está vendo, Jordan? De que adianta ser o Capo se elas acham
que o que eu falo pode entrar em votação?
Todo mundo riu. Um tempo depois, encerramos a chamada e Ryan
me chamou para junto dele na cama. Como dormir nunca era nossa primeira
opção, já fui tirando minha roupa pelo quarto e chegando à cama pronta para
o meu Capo dei Capi.
Quando acordei, minha primeira visão foi do meu Paraíso Hot, que
estava olhando o dia amanhecer. Ele estava tenso e eu não queria que ele
ficasse assim. Sabia que Ryan tinha perdido pessoas importantes em sua vida
e a minha viagem estava sendo difícil para ele por medo de algo dar errado.
— Amor! Você vai me deixar aqui sozinha? — perguntei e ele já veio
se deitando em cima de mim.
— Amo saber que você já acorda me querendo.
— Eu acordo, passo o dia e durmo te querendo!
Capítulo 54
Sarah Cooper
Fomos caminhando e guiando nossos homens até bem próximo da base que
a Corsa estava montando para impressionar e conseguir se aliar à Bratva e
assim poder atacar a Cosa Nostra. O caminho era feito por meio do mato e
por estar escuro, ficava difícil saber onde estávamos pisando. Dante disse
que seus homens se certificaram de que não tinha nenhuma área com campo
minado.
Quando nos aproximamos da base, Dante mandou que os homens
cercassem o local e ficassem aguardando a chegada dos caminhões.
Estávamos a cerca de um quilômetro da base e no meio daquele deserto
existiam algumas casas como se fosse um vilarejo bem pobre e abandonado.
Giancarlo, durante um mês, designou homens para fazer esse trajeto
a pé e deixar uma das casas equipadas com armas. Era lá que eu e Dante
ficaríamos até a hora exata de entrar em ação com nossos soldados.
— Senhora Cooper, a casa é sua — Dante falou quando entramos na
residência que era menor que o meu banheiro. Ele iluminou o chão com a
lanterna e retirou algumas madeiras. Ali havia um fundo falso com armas e
explosivos. O silêncio era assustador e o tempo parecia estar parado naquele
lugar. Nossa ação seria muito ousada: roubaríamos toda a carga e teríamos
que fazer isso em poucas horas.
Por um momento, fiquei encostada à mesa que era o único móvel que
tinha ali, fechei meus olhos e pensei em Ryan e Anne. Tudo que eu mais
queria era voltar logo para eles.
— Com medo? — Dante me perguntou, jogando a luz da lanterna no
meu rosto.
— Não sou uma mulher de ter medo, estou apenas tentando me
concentrar.
— Você é uma mulher linda e intrigante, Sarah Cooper! — Dante
disse e parou na minha frente. Ele olhava dentro dos meus olhos e a única
luz que tinha era daquela lanterna que ele colocou em cima da mesa. Pude
escutar sua respiração quando o senti abrindo as minhas pernas e chegando
mais perto de mim.
— Penso que Cooper vai tentar me matar depois desta noite — ele
falou próximo do meu ouvido. — E é claro que ele não vai conseguir.
Dante colocou uma de suas mãos na minha perna e a outra na minha
nuca. Seu rosto estava colado ao meu e seus olhos sombrios continuavam
fixos em mim.
— E por que Ryan vai ter que te matar? — perguntei, e meus lábios
quase tocaram os de Dante de tão próximos que estávamos um do outro.
— L'onore della mafia si lava con il sangue. (Honra na máfia se lava
com sangue).
Os olhos de Dante eram pura luxúria. Passei a minha língua em seus
lábios e senti sua respiração ficando ofegante. Coloquei então uma das
minhas mãos em seu peito e o afastei delicadamente, enquanto me levantava
e mordia os meus lábios. Respirei fundo e o olhei lentamente da cabeça aos
pés, como se ele estivesse nu na minha frente e Dante engoliu em seco.
Mesmo com pouca luz, pude ver que ele estava excitado e de propósito,
olhei demoradamente para sua parte de baixo, onde seu pau devia estar
duro.
— Para se lavar a honra, é preciso que exista traição! — falei,
olhando nos seus olhos e com meus lábios quase tocando os dele de novo.
Depois, segurei seu braço e falei lentamente no seu ouvido:
— Acontece que meu marido é muito mais gostoso que você! Além
disso, não sou uma dessas mulheres sedentas para dormir com o chefe.
Sorri com desdém para ele, o deixei me olhando com raiva e com sua
respiração ofegante e fui até onde estavam nossos soldados para saber se os
caminhões já se aproximavam.
Dante me causava repulsa com seu jeito machista, e sua ideia de que
as mulheres nasceram para servi-lo.
Capítulo 57
Sarah Cooper
— Sono il Capo più potente di tutta la mafia. Sono il Capo dei capi di
Cosa Nostra. Corsa ha scelto di smettere di essere nostro alleato e ora
mostreremo quale sarà il nostro nemico (Sou o Capo mais poderoso de toda
a máfia. Sou o Capo dei capi da Cosa Nostra. A Corsa escolheu deixar de ser
nossa aliada e agora vamos mostrar a ela o que é ser nossa inimiga) — falei
para a minha família durante o jantar.
Eu morava com meus irmãos Lorenzo, Giancarlo e minha mãe em
uma verdadeira fortaleza, cercada por inúmeros seguranças. Minha
responsabilidade era enorme, pois eu ficava à frente da máfia mais famosa
do mundo e no meu lar, zelava pela segurança da minha família.
Lorenzo era o meu Sottocapo e Consiglieri, e eu sabia que essa não
era uma tarefa simples, pois quando eu colocava uma coisa na cabeça, nem
com todos os argumentos do mundo eu aceitava mudar de ideia. Desde
criança, fui treinado por meu pai para ser o herdeiro da Cosa Nostra. Ele me
ensinou a ser frio e sem sentimento.
“O sentimento deixa as pessoas vulneráveis. Se o seu inimigo
descobre que você tem um ponto fraco, esse será o alvo dele para te destruir.
Não se apaixone por nenhuma mulher. Case-se apenas para fazer alianças e
ter um herdeiro” eram as palavras que o meu pai repetia para mim desde que
eu tinha sete anos.
Meu pai sempre me acordava durante a noite para treinar com ele, ou
simplesmente para ficar acordado em silêncio durante toda a madrugada. Eu
não podia nem piscar que já apanhava.
“O Capo di tutti capi é responsável pela Cosa Nostra, seus inimigos
estão em toda parte do mundo. Você precisa aprender a estar sempre em
alerta para o caso de uma emboscada. O Capo tem que ter foco e disciplina,
aquele que cochila sempre acaba perdendo a batalha”, palavras do meu pai,
as quais ecoavam dentro da minha cabeça todas as vezes que eu estava em
situação de risco.
Meus brinquedos nessa época, foram substituídos por pistolas, no
lugar de brincar com videogames, eu atirava nos inimigos e ficava de castigo
sem comer quando errava um alvo.
Lorenzo e Giancarlo também foram treinados pelo meu pai. Lorenzo
já nasceu com o destino de ser meu Consiglieri e havia dias em que ele
desaparecia. Meu pai o levava para reuniões da máfia e ele tinha que ficar
acordado e prestar atenção a cada palavra dos Capos. Quando não conseguia
se lembrar de tudo que falavam na reunião, meu pai o deixava trancado em
um quarto escuro por dois ou três dias e ele teve que aprender a manter a
calma lá dentro. Se pedisse para sair, ganhava mais um dia preso.
Quando se tornou meu Consiglieri e estrategista, nenhuma palavra ou
movimentação escapava da sua percepção. Nossos inimigos sabiam que o
fim deles seria pior quando ele participava pessoalmente da tortura. Meu
irmão era frio e calculista, além de ter sido muito bem treinado para ser
paciente. Por isso, nas mãos dele, uma tortura poderia se arrastar por vários
dias.
Giancarlo também havia sido treinado para enfrentar batalhas ao meu
lado. Ele era seis anos mais novo que eu. Às vezes, sentia vontade de
protegê-lo e acabava levando chutes e socos no estômago do meu pai, que
gritava que eu era um Cosa Nostra e não um borra bosta sentimental.
Com tudo isso, meu coração endureceu como pedra. Por mais que
fosse solteiro, sabia que um dia, teria que me casar e deixar um herdeiro. Eu
tinha todas as mulheres que eu queria, mas não sentia nada por nenhuma
delas. Não havia um ponto fraco sequer em mim.
Aliás, minha viagem para a América me fez entender tudo que o meu
pai me ensinou. De Lucca ou Cooper, como ele gostava de ser chamado,
tinha um ponto fraco, o Capo dei capi dos Estados Unidos era apaixonado
por sua esposa. Qualquer um, para destruí-lo, só precisaria mirar nela.
Sarah Cooper!
Ela era um mistério. Enquanto todas as mulheres da máfia serviam a
seus maridos em casa, Sarah pegava armas e matava os inimigos, sua fama
se espalhava não só na Cosa Nostra, mas também na Bratva, na Corsa, na
Yarde, na Salvatrucha, ou seja, por toda a máfia.
Ao saber que sua fama só aumentava e que estava errado quando
achei que ela não passava das primeiras vinte e quatro horas no comando,
viajei para a América porque precisava ver isso de perto. Eu queria saber
quem era essa mulher e colocá-la no seu devido lugar, mas, ao contrário
disso, fui hipnotizado por seu olhar altivo. Quando fui apresentado a ela,
bastaram cinco segundos para ver que Sarah não era como as outras que me
bajulavam e mesmo casadas, me lançavam olhares, querendo ser comidas
por mim.
Na verdade, ela me desafiou e não demonstrou medo por fazer isso.
Eu queria tirá-la da minha máfia, mas ao mesmo tempo, desejava
conhecê-la melhor. Durante a reunião com os Capos aliados na casa de
Giancano, ela me deixou excitado quando sacou uma arma e a colocou na
testa de Raniere.
Designei Sarah para me acompanhar na maior missão contra a Corsa.
Sinceramente, pensei que Cooper fosse dizer não e acabar com a pose dela,
mas ele fechou um acordo comigo. Vi o ciúme no seu rosto e na sua
expressão, mas ainda assim, ele apertou minha mão e disse que o acordo
estava feito e que sua mulher me acompanharia.
Não existiam mulheres na máfia. Ela era a primeira, talvez fosse a
única. Passei então a desejá-la para mim, mas não para sair matando por aí, e
sim para me dar prazer na cama. Foi isso que aprendi com meu pai como o
certo a se fazer, foder, sentir prazer e descartar.
— Pensando em Sarah Cooper, meu irmão? — Lorenzo perguntou,
despertando-me dos meus pensamentos.
— E por que eu estaria pensando nela? — retruquei e empurrei o
prato de comida que estava na minha frente.
— Porque essa mulher te impressionou! — ele respondeu e virou o
copo de vinho que estava na sua frente de uma só vez e se levantou, mas não
sem completar seu discurso. — Questa donna è come il fuoco e può
bruciarti! (Ela é como fogo e pode te queimar!)
Passei aquele mês inteiro imaginando como seria quando estivesse
sozinho com ela. Porém, em vez de transar comigo, a miserável sedutora me
envolveu e no final, disse que não me queria, porque seu marido era mais
gostoso do que eu. Nunca nenhuma mulher tinha me dispensado. Sarah
Cooper foi a primeira a fazer isso e eu gostei do desafio, o que me fez pensar
que De Lucca tinha sorte, porque se casou com alguém de verdade e não
com esses troféus que nos servem como esposas na família.
Infelizmente, comigo ela não iria passar da lua de mel, porque
nenhuma mulher faria eu me curvar a sua vontade, como ela fez com o
marido, que aceitou que ela fizesse parte do comando da sua máfia.
Essa mulher devia estar dentro de casa, esperando o marido, para
satisfazer os seus fetiches e ser fodida em silêncio. Mas no lugar disso,
estava comandando a minha máfia aliada.
Lorenzo havia passado trinta dias me lembrando que se eu fizesse
uma loucura, abalaria a Cosa Nostra, já que mesmo sendo audaciosa, ela não
deixava de ser mulher de um aliado. Nós não matávamos nossa família. Não
criávamos conflitos internos. Meu pai não tinha me treinado para
desestabilizar tudo por causa de uma mulher.
Ela poderia ter acabado comigo, assim como fez com o Capo da
Corsa, que tinha uma arma apontada para mim, mas no lugar disso, ela me
salvou, me deixando em dívida com uma mulher. Nunca tinha me distraído
antes e logo nessa noite fiquei na mira do meu inimigo. Eu nem tive tempo
de piscar e o sangue daquele homem estava espirrando em mim.
Sarah Cooper não se distraía! Era uma diaba de saia, como a
chamavam na máfia.
Voltamos da missão e trocamos apenas algumas palavras.
— Você matou um Capo da Corsa e isso terá consequências — falei,
e ela deu de ombros.
— Eles já me odeiam faz tempo. Não facilitei para eles, como o tio
do Ryan fazia e fiquei na mira dos franceses.
Ela realmente não se importava, não tinha medo, ria do inimigo, nos
confundia por ser mulher e por não termos aprendido que elas poderiam ser
fortes, e isso fazia dela uma arma letal.
Capítulo 59
Dante Cosa Nostra
Estava deitada no quarto, com minha mente acelerada com tudo que tinha
acontecido naquela noite. Conseguimos roubar toda a carga dos franceses e
eu ainda salvei a vida do arrogante Dante Cosa Nostra.
Quando estava lanchando com eles, vi que por alguns momentos,
eles eram pessoas normais. Irmãos que brincavam e implicavam um com o
outro, como em qualquer família. Porém, eram sombrios e seus olhares frios
como uma pedra de gelo.
Lorenzo estava interessado em Nina. Que Deus a livrasse de um
destino desses! Eu e Alice até brincamos sobre isso com Nina, mas nem de
longe conseguia imaginar minha amiga nos braços de um Cosa Nostra.
Nesse momento, meu celular vibrou e era uma chamada de vídeo do
Ryan.
— A que horas você volta amanhã?
— Ryan, tivemos algumas mudanças de plano. Amanhã vamos para
Nova Orleans conferir se está tudo certo e saber se eles vão precisar de mais
homens na base.
— Você só pode estar brincando! — Ryan falou e começou a andar
de um lado para outro. — Esse maldito está ganhando tempo para me irritar,
porque ele sabe que não quero minha mulher perto dele.
— Dante sabe que você é o único homem que eu quero no mundo.
— E como ele sabe disso? Vocês ficaram conversando? Tiveram
tanto tempo sobrando?
— Ryan, crise de ciúmes no meio disso tudo não tem como eu
aguentar. Ou você confia em mim ou não confia?
— Você sabe que eu confio — ele falou e se sentou, segurando a
cabeça com as mãos. — Eu só quero que você volte, porque não sei se fiz
certo te deixando ir a uma missão! Se algo acontecer, a culpa será minha!
— Não se preocupe, que vou voltar inteira para você. Não se culpe
por algo que eu escolhi fazer. Eu poderia ter dito não.
— Nunca mais você vai fazer nada disso se eu não estiver junto.
— Meu Al Capone é superprotetor! Eu te amo muito!
— Também te amo!
— Você sabe o perigo que representa esse carregamento indo para o
nosso território? Vamos ser o olho do furacão! — falei, preocupada.
— Eu sei disso! Lorenzo me avisou que seria assim poucas horas
depois que vocês partiram para o México. A Cosa Nostra já estava em Nova
Orleans preparando tudo em silêncio, só não me avisou que você iria para lá
cuidar disso pessoalmente.
— Perigo tem em todo o lugar, inclusive dentro da nossa máfia.
Infelizmente, não conseguimos descobrir ainda quem está infiltrado em
nosso território e trabalhando para os nossos inimigos, então todo cuidado é
pouco, não só aqui, mas aí também, meu amor.
Após conversarmos, desliguei o celular e fiquei pensando novamente
nos atentados que Ryan havia sofrido. Quem teria tanto interesse em acabar
com a vida dele?
Então me deitei e fechei os olhos para descansar um pouco.
“Luigi De Lucca!”, gritei e despertei. “Claro! Como eu não tinha
pensado nele antes? O pai do Ryan tomou o seu lugar e com sua morte,
Giuseppe Frederico De Lucca só o teria como escolha para ser o seu
herdeiro. Só que seu pai resolveu escolher o neto e se este fosse eliminado,
ele se intitularia automaticamente por herança o Capo dei capi. Maldito
pateta!”, falei rápido e nervosa, conversando comigo mesma.
Depois de chegar a essa conclusão, senti que precisaria avisar Ryan
sobre isso, mas não poderia sair acusando o tio dele. Resolvi ligar para
Alice. Ela, Jordan e Nina saberiam como investigar o pateta traidor. Quando
peguei meu telefone, escutei barulhos de tiro do lado de fora e deixei o
aparelho cair no chão. Peguei minha arma e escutei Dante me chamando
com um tom de voz baixo do lado de fora.
— Rápido Sarah, estamos sendo atacados. Vamos para os fundos.
Tem mais de trinta franceses armados até os dentes atirando contra nós. Os
poucos homens que sobraram são os que estão dentro da casa. Você vem
comigo — ele falou e em segundos, estávamos em um escritório nos fundos
da casa.
— Lorenzo, volte imediatamente e traga reforços! Fomos traídos!
Estamos sendo atacados! — Dante falou, gritando ao celular.
— Onde está Lorenzo? — perguntei.
— Ele saiu para se encontrar com o Capo do México e comunicar
que vai reforçar a segurança desse território.
A troca de tiros continuava. Estávamos num lugar afastado e no meio
do nada. Com certeza, alguém tinha avisado aos franceses que estávamos no
México nessa missão.
Por um momento, olhei para a janela e vi dois soldados mortos no
chão.
— Lorenzo, onde você está? Me responde, porra! Estamos sendo
atacados!
Dante gritava visivelmente nervoso no celular. De repente, seu
segurança entrou no escritório, falando que tinha feito o que pôde e em
seguida, caiu morto na nossa frente.
— Sto tornando fratello, aspetta! (Estou voltando, irmão, aguenta
firme!) — Lorenzo gritou ao celular.
— Maledetto francese, ti sterminerò dalla Terra! (Malditos
franceses, eu vou exterminar vocês da Terra!) — Dante gritou quando oito
franceses invadiram a sala onde nós dois estávamos.
Infelizmente, não havia mais ninguém ali dentro. Restávamos apenas eu
e Dante.
Capítulo 61
Sarah Cooper
Dante começou a virar todos os móveis que tinha na sala e não parava de
atirar.
— Para trás, Sarah! Não quero você na linha de frente!
— Você ficou louco?
— É uma ordem! Não discuta! — Dante gritou.
— Vai para o inferno, Cosa Nostra! — falei, mirei e atirei na cabeça
de dois e corri para trás de uma estante.
Dante acertou mais três com um tiro certeiro no coração e veio para o
meu lado. Então atirei e acertei mais dois com um tiro no peito, enquanto um
deles pulou em cima de Dante, que o derrubou e apertou seu pescoço até
arrancar seu último suspiro com suas próprias mãos.
— Vai para o outro cômodo atrás dessa porta! Eu vou para o fogo
cruzado com eles. Não quero que aconteça nada com você.
— Desde quando você se preocupa comigo?
— Somos uma família e cuidamos uns dos outros. Além disso, dei
minha palavra a De Lucca que te devolveria com vida.
Em seguida, corremos para o outro cômodo e mais homens entraram
atirando. Um francês enorme segurou Dante pelo pescoço, e se ele não fosse
tão forte, teria morrido. Mas, como era ágil, derrubou o homem no chão e eu
atirei nele.
Foi tudo muito rápido. Os vidros da sala se quebraram com um
explosivo, e tudo ficou coberto por fumaça. Então olhei pela janela e vi
nossos homens chegando e trocando tiros com os franceses. Senti que
precisava sair desse cômodo.
— Cooper, corre! Foge! Se salve!
— Dante — pronunciei, caminhando abaixada no chão e tossindo,
porque a fumaça era forte ali dentro. Cosa Nostra, por sua vez, tinha levado
um tiro na perna e outro no braço.
— Vou sair para lutar com nossos soldados. Arrume um lugar e se
esconda. Isso não é um pedido, Sara Cooper, é de verdade, uma ordem do
seu Capo di tutti capi! Não podemos ir os dois para o fogo cruzado. Você
fica e me dá retaguarda — Dante falou isso e ia pular pela janela, mesmo
ferido, quando mais um explosivo foi jogado dentro da sala onde estávamos.
— Porra! — ele gritou e depois disso ficou tudo em silêncio.
De longe eu escutava a voz de Lorenzo chamando por Dante e os
tiros recomeçando. Eu sentia que meu corpo estava sendo carregado, mas
estava tonta por causa da fumaça e de um pano que colocaram no meu rosto.
Aos poucos, tudo foi ficando escuro e eu desmaiei.
Acordei em um lugar escuro e queria me mover, mas senti que os
meus braços estavam amarrados. Tentei respirar e focar no presente. Eu
estava presa em um cômodo escuro e isso só significava uma coisa: meus
inimigos me sequestraram. Não sabia dizer quantas horas se passaram desde
que fui atacada junto a Dante no México. Eu estava tonta, meu estômago
doía e não tinha mais noção de tempo e espaço.
— Senhora Cooper, a senhora acordou?
— Matthew? É você?
— Sim! Eu estava saindo do carro próximo da Cooper quando alguns
homens me cercaram e foi tudo muito rápido, eu não consegui reagir. Eles
me pegaram pelas costas.
— Onde nós estamos?
— Eles me levaram para o jatinho deles e eu vi quando a senhora
entrou carregada. Eles a doparam e quando chegamos, nos jogaram
amarrados nesta sala escura.
— Quem fez isso?
Antes que Matthew respondesse, a porta se abriu, e a luz foi acesa.
Senti uma dor forte nas vistas e não consegui enxergar nada. Aos poucos, fui
despertando e abrindo os meus olhos.
— Fique firme! O Senhor Cooper virá te buscar! — Matthew falou
baixo no meu ouvido.
— Bienvenue dans votre pire cauchemar, Mme Cooper! (Seja bem-
vinda ao seu pior pesadelo, Senhora Cooper!)
Eu estava na sala de tortura da Corsa!
Capítulo 62
Ryan Cooper
Eu estava destruído. Minha Sarah... meu amor... minha vida... estava nas
mãos da Corsa.
Estava seguindo para a Itália, mais precisamente para a casa da
família Cosa Nostra, para ficar mais próximo do país onde ela estava presa.
Lorenzo ordenou que todos os mafiosos franceses fossem presos e
torturados até que nos dessem alguma pista do paradeiro dela.
Eu viajava acompanhado de Jordan, meu Consiglieri, de Alice e
Nina. Dessa vez, nossa base seria em Cosa Nostra e só voltaríamos quando
resgatássemos minha Sarah.
Nem no meu pior pesadelo eu imaginava isso acontecendo. Quando
Nina chegou me contando o ocorrido, meu mundo desabou.
◆◆◆
— Sarah, por favor, me responda assim que escutar este áudio! — pedi, e
esse era o décimo áudio seguido que eu deixava para minha esposa.
Eu andava desesperado de um lado para outro no meu escritório.
Estava desde cedo no galpão, tentando entrar em contato com ela.
— Jordan, deve ter acontecido alguma coisa — falei, nervoso. —
Sarah não me responde e o celular dela está fora de área. Tentei falar com
Dante, mas ele também não atendeu.
— Vai ver que fugiram e estão em lua de mel — Erick falou rindo, ao
entrar na minha sala. — Todos comentam que ele estava doido pela sua
esposa...
Avancei em Erick e o joguei no chão, apertando seu pescoço. Aquele
miserável tinha perdido o amor pela vida, só pode! Com muito custo, Jordan
conseguiu me tirar de cima dele e o infeliz tentava desesperadamente puxar
o ar que ainda lhe restava nos pulmões.
— O que aconteceu aqui? — meu tio Luigi entrou gritando e
socorrendo seu filho imprestável.
— Joguem esse miserável na sala de torturas e deixem-no lá até a
minha raiva passar! Isso se ela passar algum dia. — ordenei e Jordan fez
sinal para que um de nossos soldados levasse Erick.
— Você não pode fazer isso! — tio Luigi gritou. — Ele é seu primo.
— Eu posso fazer o que eu quiser! — respondi, furioso. — Sou o
Capo dessa porra e agora quem me faltar com o respeito vai morrer!
— Você está descontrolado — tio Luigi disse enquanto Erick era
arrastado pelo soldado.
— Se você veio aqui fazer algum comentário a respeito da minha
esposa, fique sabendo que vai ficar preso com seu filhinho amado.
— Eu vim avisar que vou precisar me ausentar por uns dias. Estou
pensando em viajar com a sua tia. Mas como eu vou fazer isso com o meu
filho preso como se fosse um de nossos inimigos?
— No momento em que ele desrespeitou minha esposa, Erick se
tornou meu inimigo. Pode viajar que quando você voltar, ele ainda vai estar
no mesmo lugar.
— Eu só vou porque já prometi à sua tia e não sabia que encontraria
essa confusão por aqui. O que aconteceu pra você ficar assim? Você sabe
que é como um filho para mim, Ryan, e eu sei que você vai desculpar seu
primo, que é praticamente seu irmão.
— Erick nunca foi um irmão para mim — afirmei, irritado. — Minha
mulher não me responde há mais de duas horas, e estou preocupado. Meu
irmão, como você disse, escutou que eu estava preocupado e disse que ela
fugiu com Dante. Agradeça ao Jordan por ele ainda estar vivo, porque por
mim, eu teria matado o infeliz.
— Eu entendo seu nervosismo, mas te avisei que essa missão não era
coisa para mulher. Coitada da minha sobrinha! Será que aconteceu alguma
coisa com ela?
— Saia daqui! Não aconteceu nada com ela e eu não quero ver
ninguém! Pode viajar. Você não ajuda em nada mesmo!
— Você ainda vai se arrepender de tratar seu velho tio dessa forma
— ele falou e saiu batendo a porta.
Talvez eu tivesse sido grosseiro com meu tio, mas isso já não me
importava. Não queria ver ninguém e estava me sentindo culpado por ter
deixado Sarah ir com Dante para o México.
— Nossos soldados já trancaram seu primo Erick lá embaixo —
Jordan falou.
— Por mim, ele pode morrer, a única coisa que me importa é ter
notícias de Sarah.
Nesse instante, a porta se abriu e Nina entrou com os olhos
vermelhos. Pude ver que ela tinha chorado e ao seu lado estava Alice,
visivelmente nervosa.
— Precisamos conversar — Nina falou. — Acabei de falar com
Lorenzo Cosa Nostra. Eles sofreram uma emboscada no México.
Meu coração parou na mesma hora, e eu me sentei. Queria tapar os
meus ouvidos para não escutar o que ela me contaria.
— Dante Cosa Nostra foi ferido e Sarah, levada pela Corsa — Nina
disse de uma vez, e me faltou o chão.
Eu precisava ser forte por Sarah e por Anne, que estava em casa
esperando pela mãe.
— Jordan, reúna os Capos em uma videoconferência e inicie uma
caça às bruxas. Quero todos os franceses da Corsa presos e torturados até
que me entreguem o nome do traidor. Não é para terem piedade! Se alguém
não quiser falar, matem para não perder tempo e interroguem o próximo.
Não quero ninguém da Corsa vivo no meu território!
Capítulo 63
Lorenzo Cosa Nostra
◆◆◆
Não sei por quanto tempo fiquei desacordada, pois com os olhos abertos ou
fechados, a escuridão era a mesma. Minhas narinas queimavam por conta
das tentativas de afogamento e minha garganta doía muito. Os chutes na
barriga me deixaram com cólica e me senti enjoada com o cheiro de sangue
daquele lugar.
— Senhora Cooper...
— Me chame de Sarah, por favor...
Eu falava pausadamente, tentando encontrar o ar que ainda me
faltava. Não importava mais nada para mim, eu poderia morrer ali mesmo,
só não queria que Luigi e Erick, a dupla nojenta de patetas, conquistassem
algum lugar no mundo.
— Sarah, você precisa ser o mais forte que puder — Matthew pediu,
e senti frieza e apreensão ao mesmo tempo em sua voz. — Isso só está
começando!
Eu não entendia o que Matthew fazia ali comigo. Por que o
escolheram para ficar preso e me ver sendo torturada? Nada daquilo fazia
sentido para mim.
— Por que te trouxeram para cá?
— Porque sou forte e treinado para resistir. Aconteça o que
acontecer, não se entregue. Lembra que eu treinei você, Alice e Nina para
serem fortes em um caso como este?
— Sim, eu vou ser forte — minha voz embargou quando me dei
conta do que ele queria me dizer com "sou forte e treinado para resistir".
— Você já entendeu, não é mesmo?
As lágrimas então começaram a rolar pelo meu rosto e não aguentei a
dor que sentia no meu peito misturada com minhas narinas que queimavam
ainda mais por eu estar chorando.
— Não chore! Seja fria ou ao menos tente parecer indiferente à
minha vida. Não demonstre sentimento na frente do inimigo.
— O que eles vão fazer com você? Te torturar?
— Me torturar e me matar na sua frente. Eles querem te quebrar e
não vejo outra explicação para que eu esteja aqui.
— Não!
— Senhora Cooper… Sarah… eu estou com o Senhor Cooper desde
a época do Capo Giuseppe. Ryan é um Capo nato, ele tem a força e a
determinação dentro de si. Posso te garantir que ele virá te buscar e se no
processo, eu tiver que morrer para nossa vitória, que seja assim. Fui treinado
para esse dia caso ele chegasse.
— Eu não posso aceitar isso. Não vou deixar te matarem!
— Seu desespero só vai fazer o Capo vir mais rápido e é isso que
eles querem. Seja forte! Acho que você também já se deu conta de quem está
por trás disso.
— Luigi! Você já sabia? Quando descobriu?
— Quando estava no avião, escutei a voz dele do lado de fora da
cabine em que eu estava preso. Ele falou que não sabia que Dante Cosa
Nostra estava com você, que não falaram tudo para ele e que só soube
quando a Corsa já estava invadindo a base da qual Erick conseguiu a
localização, porque pagou uma quantia alta para uma pessoa, que estava na
sala com Alice e Nina, trair o Senhor Cooper.
— Malditos! Tudo isso para ser o Capo dei capi e transformar a
América em território da Corsa. Esse homem é um doente, mas não vai
conseguir nada. Eu não vou deixar!
— Você é a Senhora Cooper, uma mulher única! Não se esqueça
disso.
Meu coração estava dilacerado. Escutar Matthew falar que sabia que
morreria para me dobrarem era muito triste, eu não sabia como fazer para ser
tão forte. Tomei então um gole de água, combinamos de tomar só um gole
por dia, porque não sabíamos quanto tempo ficaríamos presos e se nos
dariam outra garrafa. Meu estômago doía de tanta fome, já que também
racionamos o pão que deixaram ali para comermos.
Por um momento, fechei meus olhos e pensei em Ryan. Ele teria que
ser forte caso acontecesse o pior comigo. Eu era mais uma que o tio dele
tentava tirar do seu caminho para ser Capo. A dor no meu corpo só não era
maior do que a saudade do meu marido e o meu medo era só de não poder
abraçá-lo de novo. Resolvi pensar nessa dor e esquecer o sofrimento físico.
Matthew estava em silêncio, talvez já se preparando para o pior. A
quietude e a escuridão daquele lugar só aumentavam minha angústia, mas
essa sensação ruim não me venceria.
*********
Tinha perdido até a noção de tempo. Não sabia por quantas horas ou dias
estava trancada ali, só conseguia usar o banheiro pois sabia a localização
pelo cheiro. Isso certamente acabava com o emocional e a sanidade mental
de qualquer um. Eu procurava me concentrar para não perder a razão, mas
tudo que eu queria era que aquilo tivesse logo um fim.
A porta se abriu e as luzes se acenderam. Era impossível enxergar
porque a claridade queimava a minha vista.
— E então, Senhora Cooper, será que hoje você vai falar ou vai
preferir se afogar novamente?
Aquilo de novo... a mesma tortura para que eu já sofresse por
antecipação.
— Hoje nós vamos enviar esse vídeo para o seu maridinho saber
como você está bem depois de alguns dias aqui. Quem sabe ele resolve
devolver tudo que roubou com Dante Cosa Nostra. A sua vida deve valer
mais que uma aliança na máfia, não é verdade?
Continuei em silêncio, porque qualquer ar que eu pudesse guardar
me ajudaria, já que estava fraca. Quando vi a tina com água, tentei desviar
meu pensamento pensando na Grécia e em suas águas tão lindas.
O homem segurou minha cabeça novamente e a afundou na água.
Com meus olhos abertos, vi as bolhas de ar sumirem até meu corpo ameaçar
cair e então eles suspenderam minha cabeça. Eu mal tinha força para puxar o
ar.
— Quanto vale a vida dos seus soldados? — ele me perguntou, e eu
não respondi. — Será que vale tanto quanto a sua para Dante Cosa Nostra?
— o homem continuou e eu não dei uma palavra.
A porta se abriu novamente e trouxeram um dos nossos soldados. Ele
estava abatido e machucado. Com certeza, havia sido torturado por esses
sádicos que teriam mesmo que me matar, porque se eu escapasse dali, não
sossegaria enquanto não matasse um por um.
— Você achava que todos os seus homens tinham morrido no
confronto? Não, alguns nós trouxemos pra cá.
O soldado me olhava e minha vontade era de soltá-lo da cadeira em
que ele estava amarrado.
— Que tal você vê-los morrendo como um aperitivo antes do prato
principal? — ele falou isso e olhou para Matthew.
Fiquei firme e não demonstrei emoção! Estava morrendo por dentro a
cada minuto que ficava ali dentro, mas assim como a fênix, eu retornaria das
cinzas e acabaria com essa Corsa maldita!
O soldado me olhou e fez um aceno leve com a cabeça para mim. Ele
estava pronto para morrer e eu sangrava por dentro.
Quando aquele francês apertou o gatilho, o primeiro tiro foi numa
perna, depois no braço e por último, na testa. Seus gritos abafados por uma
força sobrenatural durante a execução me fizeram endurecer. Eu não sairia a
mesma dali, depois de presenciar tudo isso.
— Enviem os vídeos para o Capo Cooper! — o desgraçado ordenou.
— E limpem essa sujeira! — ele falou, referindo-se ao meu soldado morto.
— Vai continuar em silêncio, Senhora Cooper?
— Tu es cruel! C'est la mafia! Et moi? Je suis Mme Cooper, le pire
cauchemar que vous puissiez avoir! (Vocês são cruéis! Isso aqui é a máfia! E
eu? Eu sou a Senhora Cooper, o pior pesadelo que vocês poderiam ter!)
— D'où vient ce démon? (De onde saiu esse demônio?) — o francês
gritou e me atirou no canto da sala, mandando apagarem tudo quando
acabassem de limpar.
Algum tempo depois, quando tudo finalmente ficou escuro, deixei
que as lágrimas rolassem pelo meu rosto.
— Você foi forte. Estou orgulhoso! — Matthew falou, encorajando-
me.
— O que falei é verdade! Estou quebrada por dentro, e da pior forma
possível. Ver um dos nossos sendo executado e ouvi-los me chamando de
prato principal me destruiu por completo. Mas agora quero sair daqui! —
falei e puxei o ar com dificuldade para respirar. — Porque eu quero voltar
para matá-los! Para cada um dos meus que mataram, vou tirar a vida de dez
homens deles. Essa vai ser a minha resposta de quanto vale para mim a vida
de um dos meus soldados!
Capítulo 65
Ryan Cooper
◆◆◆
— Não é possível que ninguém saiba de nada. Alguma pista nós temos
que conseguir desse traidor! — falei irritado, com Giancano ao celular.
— Cooper, não tenha dúvida de que estamos caçando, torturando e
eliminando todos os membros da Corsa do nosso território. Mas você sabe
que essa gente é como os nossos soldados, morrem sem abrir a boca.
— Mas sempre tem um covarde no meio, assim como temos um
traidor e uma hora vamos pegar o elemento certo.
Todos os Capos estavam se esforçando para descobrir qualquer coisa
que nos levasse a Sarah e Matthew. Ele havia desaparecido no mesmo dia
em que minha esposa e meus homens buscavam por ele.
Na máfia, infelizmente, pessoas desapareciam. Mas, quando Nina me
disse que Sarah tinha sido levada, percebi que não era coincidência. Então
mandei reforçar a segurança da minha casa e ordenei que, até que isso fosse
resolvido, Anne ficaria lá.
Estávamos arrasados por causa do Matthew, o meu Sottocapo que
estava comigo há anos. Eu sabia que provavelmente o teriam matado e jurei
que cada membro da Corsa pagaria com a vida por isso.
A tentativa de me desestabilizar e me tirar de cena por parte dos
meus inimigos era grande, mas, a cada minuto, acontecia o contrário, porque
tudo que eu queria era mais vingança!
Enquanto refletia sobre tudo que estava acontecendo, meu celular
vibrou e era uma ligação de Dante.
— Porra, o que você quer comigo? Isso é culpa sua, você inventou de
levar minha mulher numa missão e ainda não deu conta de garantir a
segurança dela e a dos nossos homens! — gritei, porque ele era o culpado de
tudo que estava acontecendo.
Era a primeira vez que eu falava com Dante depois do sequestro da
minha mulher. Dante seguiu do México direto para a Itália e foi com
Lorenzo que conversei durante os outros dias.
— Eu quero que você venha para cá! Não adianta ficar aí na América
e com certeza os franceses trouxeram Sarah para o país deles. Vamos tentar
localizar esse local.
— Você que tinha que ter sido levado, não ela!
— Cooper, eu pedi a ela que se escondesse, que eu iria sozinho para
a linha de fogo, mas pelo visto, você não conhece sua esposa. Ela é teimosa!
Eu sabia muito bem como era a minha mulher, e ela certamente
nunca ficaria escondida em lugar nenhum.
— E não sei se você sabe ou se Lorenzo te contou, mas ela matou o
Capo da Corsa.
— Ela o quê? — perguntei, sem acreditar que Sarah tinha feito isso,
se fosse verdade, eles jamais deixariam isso passar em branco.
— O Capo apontou uma arma para mim e ela deu um tiro na testa
dele, depois que ele insinuou que eu agora levava mulher comigo até nas
lutas.
Essa era minha Sarah! Ela nunca escutaria um insulto calada. Mas ela
não poderia ter feito isso, porque se os franceses descobrissem, seria ainda
pior para ela.
— Alguém viu quando ela fez isso?
— Só eu. Não tem como eles saberem quem matou o infeliz no meio
do tiroteio.
— Lorenzo já conversou com Jordan e podemos montar aqui na Cosa
Nostra, uma base de investigação.
Eu estava com ódio de Dante, mas sabia que lá ficaria mais perto de
onde minha mulher supostamente estaria presa. Depois dessa ligação,
conversei com Jordan e ele me aconselhou a ir para a Sicília.
— Vou pensar! Preciso passar em casa para ver minha filha, que não
para de perguntar pela mãe e sei que Sarah ficaria brava se soubesse que eu a
deixei de lado. Vou, e na volta decidimos se vamos para a Cosa Nostra.
— E quanto a seu primo? Vamos mantê-lo preso? — Jordan me
perguntou sem saber que rumo dar para o infeliz do Erick.
Dei ordem para que o deixassem preso até a minha volta, pois eu
ainda estava com ódio das insinuações dele contra Sarah. Por um momento,
achei estranho o meu tio ter viajado e deixado o filho nessa condição no
galpão.
— Meu tio nunca se importou com a mulher dele para sair pelo
mundo e deixar o filho preso aqui. Com a minha cabeça cheia, não parei pra
pensar nisso. Investigue essas férias dele, para onde ele foi e quando retorna.
Fui para casa e fiquei brincando com Anne por um tempo, ela
acreditava que a mãe estava viajando a trabalho.
— Por que a mamãe não me liga?
— Ela está em um monte de reunião. Nem para o papai ela está
conseguindo ligar. Mas quando Sarah chegar, nós três vamos viajar e ficar
juntinhos por muitos dias — falei e abracei minha filha.
Meu celular vibrou e era uma mensagem de Jordan.
“Venha urgente para o galpão! Chegou um pendrive para você! Foi
enviado da França com uma mensagem: ‘Vacances de Mme Cooper!’
(‘Férias da Senhora Cooper!’).”
◆◆◆
Cheguei ao galpão supernervoso e com medo das imagens que eu veria
naquele pendrive.
— Senhor Cooper, já analisei o pendrive e não tem nenhum
explosivo conectado a ele — Jordan falou, entregando-me o pequeno objeto
que continha as imagens da minha mulher.
Alice e Nina ficaram ao meu lado e os segundos até as imagens
aparecerem pareciam eternos.
— Força, Ryan, vai dar tudo certo! — Nina falou, segurando forte no
meu braço e eu pude sentir que ela estava tremendo.
— Capo Cooper, est un plaisir de vous accueillir. Je suis le Capo dei
tutti capi de Corsa et je pense que vous aimerez savoir que pour le moment
votre femme est bien vivante en s'amusant dans nos salles de torture. (Capo
Cooper, é um prazer poder cumprimentá-lo. Eu sou o novo Capo da Corsa e
acho que você vai gostar de saber que por enquanto, sua mulher está viva, se
divertindo em nossos aposentos de tortura).
— Maldito! — gritei, socando a minha mesa.
As imagens que vi me deixaram desesperado. Minha Sarah estava
amarrada e jogada no chão. Matthew estava ao seu lado. Como imaginei,
eles o tinham levado com ela.
Assim que começaram o interrogatório, ela não respondeu a nada. O
ódio cresceu dentro de mim quando vi aquele desgraçado segurando a
cabeça da minha mulher e afogando-a num barril de água. As imagens dos
homens que vi morrendo quando meu avô me levou pela primeira vez a uma
sala de torturas vieram à minha cabeça, e comecei a ficar desesperado. Cada
vez que eles a retiravam de dentro d'água e Sarah buscava o ar, eu tinha a
sensação de que também estava me afogando.
— Qu'est—ce qui est le plus important pour toi, Cooper? La mafia
ou votre femme? (O que é mais importante para você, Cooper? A máfia ou
sua esposa?) — aquele maldito apareceu novamente do seu escritório para
falar comigo.
As imagens voltaram e Sarah estava caída no chão com dificuldades
para respirar. Eu não conseguia mais ver aquilo, Alice segurou o meu ombro,
dando-me força para continuar assistindo. Eles acusaram Dante de ter
matado o Capo deles na emboscada e Sarah gritou dizendo que ela tinha
feito isso.
O homem então começou a dar vários chutes nela. Virei a mesa e o
computador que estavam na minha frente com todo ódio do mundo. Jordan
arrumou tudo e Alice disse que se eu não me acalmasse, eles assistiriam
sozinhos.
— Ryan, a gente precisa ver tudo! Qualquer detalhe é importante —
Nina falou e eu me sentei novamente.
— Por que ela foi falar que matou o Capo? — perguntei, furioso.
— Porque eles querem a carga que está com você, e entregando-a
para eles, você estará traindo a Cosa Nostra — Alice explicou, então entendi
o que Sarah estava fazendo e me levantei desesperado de novo.
— Minha mulher prefere morrer a ser uma moeda de troca — falei,
sabendo que isso não aconteceria, pois eu não deixaria que a matassem.
O vídeo continuou em um lugar escuro onde eu não conseguia ver
nada.
— Il n'y a qu'une nuit pour ta femme! (Para sua esposa, só existe
noite) — algum francês que eu com certeza mataria, falou como se fosse um
narrador.
Voltamos a ver a sala de tortura e pude perceber que Sarah parecia
fria, mas eu a conhecia e sabia que ela deveria estar despedaçada por dentro.
Quando mataram um dos nossos homens na sua frente e ameaçaram
Matthew, eu tinha certeza de que precisaria agir rápido. Sarah não aguentaria
passar por isso!
— Preciso fazer alguma coisa! Não podemos ficar aqui parados.
Vamos seguir imediatamente para a Sicília — pronunciei quando Nina disse
que tinha mais uma coisa para falar comigo e Alice começou a rever a parte
final do vídeo.
— Eu fiz o que você falou e investiguei a viagem do seu tio Luigi.
Ele viajou sozinho e não com a esposa — Nina falou e parou para respirar.
— Seu tio foi pra França.
Quando ela disse aquilo, fiquei paralisado. O que começou a ser
desenhado na minha mente não poderia ser verdade.
— Vocês precisam ver uma coisa! — Alice gritou, quebrando o
silêncio. — Enquanto Sarah era torturada e nosso soldado morria, vocês não
repararam no Matthew, que estava movimentando suas mãos amarradas o
tempo todo.
— Como assim? — Nina perguntou, e Alice aproximou a imagem.
Matthew tinha as mãos amarradas na frente do corpo e fazia
pequenos movimentos como se fossem... sinais! Ele era um gênio! Usou o
alfabeto dos surdos para se comunicar.
— Eu dei pausa de letra em letra — Alice falou e nos olhou em
choque. — Ele falou
◆◆◆
◆◆◆
Liguei para o meu tio e tive que buscar forças para não o deixar perceber o
ódio que eu sentia por ele.
— Tio Luigi, como estão as férias? — perguntei, tentando mostrar
interesse. — Eu queria me desculpar por ter gritado com o senhor, que
sempre foi um pai para mim.
— Já te perdoei como todo pai faz com seus filhos — o falso me
falou. — E o seu primo? Você precisa soltá-lo.
— Eu ainda estou com raiva dele, mas vou pensar. Vou pra Sicília
implorar que Dante me deixe devolver o carregamento para a Corsa, caso
contrário, não respondo por mim.
— Você vai se arriscar muito se ficar contra a Cosa Nostra, eu me
preocupo — ele disse, e senti nojo por ter que escutar tantas mentiras. —
Dante Cosa Nostra jamais voltou atrás em qualquer coisa. Ele nunca vai
devolver nada para a Corsa.
Essa parte da conversa me incomodou muito, porque eu sabia que
Dante nunca tinha cedido em nada na vida dele. De qualquer forma, a Corsa
ficaria sabendo que eu estava indo para a Sicília negociar com Dante, o que
me faria ganhar tempo. Sarah era a moeda de troca, e eles não a eliminariam
se soubessem que eu pensava em devolver tudo de uma forma ou de outra.
— Jordan, você fez o que te pedi com relação ao Erick?
— Positivo, Senhor Cooper. Ele já está na última cabine do avião.
— Alice, está tudo certo com a nossa outra parte do plano? —
perguntei, referindo-me a uma ação ousada que estávamos planejando em
sigilo total.
— E por acaso eu sou mulher de falhar em alguma coisa! Investiguei
e chequei as informações. Na hora certa, estarei com tudo pronto para o
xeque-mate! — ela falou e entrou na aeronave, seguida por Jordan e Nina.
Respirei fundo e entrei no jatinho. Fui até o local onde meu primo
estava preso, encarei-o bem de perto e sorri.
— Confortável, priminho? — perguntei e arranquei com força a fita
que tapava a sua boca, ele deu um grito enquanto me olhava cheio de ódio.
Dessa vez, eu enxergava claramente que ele nunca havia gostado de mim.
— Seu louco, para onde você está me levando? — ele perguntou, aos
gritos.
— Para sua última viagem! Você vai passar uma temporada num Spa
igual àquele para onde você mandou a minha esposa — expliquei, e Erick
arregalou os olhos quando me escutou falando isso. — Na verdade, você vai
pra um com muito mais conforto e entretenimento. Quer saber pra onde você
está indo, meu primo? — perguntei e tive prazer em falar olhando bem
dentro dos olhos dele. — Para a sala de tortura de Lorenzo Cosa Nostra.
— Me solta, seu sádico! Eu quero sair desse avião. — ele continuou
gritando sem parar.
— Posso colocar a fita de novo para o pateta calar essa boca imunda?
— Alice perguntou, entrando na cabine.
— Não vai ser preciso. Ele vai dormir agora mesmo — respondi e
dei um soco tão forte no meio da cara de Erick que ele apagou na hora.
— Espero que você tenha quebrado o nariz dele — Alice falou e
voltou para a cabine onde Jordan e Nina estavam nos esperando.
Havia chegado a hora de resgatar minha Cinderela.
Capítulo 66
Ryan Cooper
◆◆◆
◆◆◆
Nunca voltei atrás ou negociei com algum inimigo. Não tinha tempo para
chorar por perdas ou ter qualquer tipo de sentimento que me fizesse perder o
controle da situação.
A Corsa foi minha aliada e resolveu medir forças comigo. Estava
querendo tomar o território americano para ampliar seu poder, e isso nunca
aconteceria porque eu não permitiria. Só o idiota do Luigi De Lucca para
achar que eliminando o sobrinho, ele se tornaria Capo dei capi e obrigaria
todos os outros a se tornarem aliados da Corsa.
Isso tudo que aconteceu serviu para que eu refletisse que havia
chegado a hora de consolidar alianças. Lorenzo, meu Consiglieri e irmão,
vinha me falando isso há algum tempo, mas chegou o momento de isso se
fazer necessário. Precisava fechar acordos e alianças sólidas e indestrutíveis,
que na máfia, normalmente eram feitas por meio de contratos de casamento.
As famílias se uniam em troca de poder!
Havia chegado a hora de os irmãos Cosa Nostra começarem a formar
uniões que nos favorecessem e aumentassem o nosso poder. Sempre foi
assim na máfia... Sempre seria assim!
— Senhorita Coleman, estou esperando a sua resposta — falei,
olhando para Nina e virando meu copo de whisky.
— Sarah é minha irmã de coração e nossos laços são como os de
sangue. Pela minha irmã, eu faria qualquer coisa...
— Ótimo! — interrompi sua fala. — Cooper, eu quero garantias de
que essa operação para libertar sua esposa em que eu terei que negociar com
meu inimigo seja de alguma forma vantajosa para mim. Vamos firmar uma
aliança sólida entre Cosa Nostra e seu território americano. Aceito essa
"irmã de coração" da sua esposa na minha família — falei enquanto enchia
novamente o meu copo com whisky e o erguia para um brinde. — Lorenzo e
Nina vão se casar. Benvenuti nella nostra famiglia Cosa Nostra, cognata!
(Bem-vinda à família Cosa Nostra, cunhada!).
Após eu falar isso, Nina me olhou assustada e Lorenzo se levantou
nervoso e surpreso.
— Sei impazzito, fratello mio! Non mi sposerò perché hai deciso di
usarmi per fare un'Alleanza! (Você ficou louco, meu irmão! Eu não vou me
casar porque você resolveu me usar para fazer uma aliança!) — Lorenzo
falou, ousando me enfrentar.
— Sono il capo di quella famiglia! Quello che decido qui è legge!
(Eu sou o chefe dessa família! O que eu decido aqui é lei!) — falei e
Lorenzo se sentou, abaixando a cabeça.
— Aceito! — Nina concordou. — Eu me caso com Lorenzo Cosa
Nostra.
— Nina... — Cooper ia falando, mas minha futura cunhada o
interrompeu.
— Feche o acordo, Ryan. Eu vou me casar!
— Abbiamo un accordo, Cooper? (Temos um acordo, Cooper?)
— Para tudo! — a tal da Alice gritou com os braços para o alto. —
Nós estamos na era medieval em que famílias acertam os casamentos e todo
mundo aceita calado?
— Não, minha querida Alice! — falei e me levantei, indo em sua
direção. — Nós estamos na máfia! Talvez você e suas amiguinhas
estivessem pensando que isso aqui fosse uma brincadeira, mas não sei se
assistindo aos vídeos da sua "irmã de coração", você percebeu que a vida
real na máfia não tem nada de cor-de-rosa — expliquei, e ela engoliu em
seco, olhando para mim. — A máfia tem suas leis próprias! Aqui,
casamentos são contratos de aliança, para que as famílias se tornem mais
poderosas, tenham aliados e garantam a sua segurança. Ryan fez uma
bagunça quando se casou com Sarah, mas esse decisão que ele tomou trouxe
uma mafiosa nata para a família. Vocês duas vieram com ela e me parecem
que são fortes para ficar, mas entenda uma coisa de uma vez por todas, na
nossa máfia, a última palavra é sempre da Cosa Nostra, ou seja, aqui eu sou
a lei.
— Com esse casamento — Cooper falou, olhando para Alice e Nina
—, fica firmada uma aliança que não será quebrada e vamos continuar fiéis
às ordens de Dante.
— Porque se resolvermos algum dia trair essa aliança, vocês
perderão o contato com Nina, que vai pertencer a eles, uma vez que será
esposa de Lorenzo Cosa Nostra. Por isso, os casamentos são por alianças —
Jordan continuou a explicação. — Na máfia, as mulheres, quando se casam,
pertencem à família do marido e em caso de alguma desavença, são
proibidas de ver a família novamente.
— Isso é uma loucura! — Alice falou e olhou para Nina.
— Lembra quando eu te perguntei se você tinha noção de que não
seríamos As Panteras? — Nina perguntou, e as duas começaram a rir. —
Ora siamo ufficialmente nella mafia! (Agora estamos oficialmente na
máfia!).
— Pode fechar esse acordo, Ryan, que a Senhora Cosa Nostra aqui já
está até falando em italiano — Alice falou, olhando para Cooper. — Mas o
seu noivo não parece muito animado — ela opinou, direcionando o olhar
para Nina.
— Deixa que isso eu resolvo depois. Agora vamos salvar nossa irmã.
— Nina falou e Lorenzo olhou intensamente para ela.
Ryan olhou para Nina e respirou fundo antes de falar:
— Temos um acordo!
— Congratulazioni fratello mio, ti sposi! (Parabéns, meu irmão, você
vai se casar!) — falei e o abracei quase à força. — Avrai del lavoro per
mettere in pericolo tua moglie! (Você vai ter trabalho pra colocar sua esposa
na linha!).
— Non avresti potuto farlo! Sono un uomo senza cuore! Non ho mai
dormito un'intera notte con una donna e non ho nemmeno ripetuto uno con
cui ho fatto sesso. Non è una donna mafiosa, vorrà un marito innamorato.
Non la servo! (Você não poderia ter feito isso. Sou um homem sem coração!
Nunca dormi uma noite inteira com uma mulher e sequer repeti com quem
transei. Ela não é mulher da máfia e vai querer um marido apaixonado. Eu
não sirvo pra ela!) — Lorenzo disse enquanto me devolveu o abraço.
— Giancarlo mandará redigir o contrato de casamento entre Lorenzo
e Nina para nós assinarmos e assim que tudo acabar, vocês se casam — falei,
olhando para Lorenzo. — Agora, Cooper, preciso saber quais as garantias
que vamos ter de que devolvendo a carga, a Corsa realmente nos entregará
sua esposa.
— Eu já tenho um plano. Não vou contar a carta que tenho na manga,
mas farei com que me devolvam minha esposa. Quanto à carga, vamos
colocar explosivos nela para explodir toda a base deles. Perdemos a carga,
mas a base deles vai pelos ares.
— Então começamos agora a operação de resgate de Sarah Cooper!
Lorenzo e Jordan, que são os Conseglieris, façam chegar até a Corsa a
decisão de Dante Cosa Nostra de que vou entregar toda a carga roubada
deles em troca de Sarah Cooper.
— Quero meu segurança vivo também — Cooper falou, e eu
concordei. — Alice, você sabe tudo que tem que fazer? — ele perguntou, e
ela afirmou com a cabeça.
— Partirei agora para França com oito soldados. Não se preocupe
que estarei no local na hora exata em que você marcar, para destruir a Corsa.
Capítulo 68
Sarah Cooper
Os dias naquela escuridão pareciam sem fim. Não tinha noção do tempo.
Não sabia se estava ali há uma semana ou um mês. Em alguns momentos,
eles acendiam duas ou três vezes as luzes e a tortura recomeçava.
— Eles fazem isso para que você não conte os dias pelas sessões de
tortura — Matthew me explicou. — Quanto mais você perde a noção do
tempo, mais desestabilizada emocionalmente fica e é isso que eles querem
para pressionar Dante Cosa Nostra.
— Dante nunca deve ter cedido em nada na vida dele, ou seja,
morreremos aqui.
— O Senhor Cooper jamais te deixaria morrer aqui!
— Esse é o meu maior medo! Eu não quero que ele morra tentando
me salvar. Luigi e Erick esperam por isso, que ele passe por cima de Dante.
— Eles são burros demais se acreditam que isso é o mais importante
para a Corsa. O que eles querem é o que Dante roubou deles. Isso vai
enfraquecer a Cosa Nostra. Os Capos vão achar que Dante amoleceu se
devolver tudo, e se Ryan passar por cima dele, todos vão perder o medo e o
respeito.
— E deixam Luigi pensando que eles querem ajudá-lo a ser Capo dei
capi.
— Neste momento, ele é um idiota útil, que passa as informações que
eles precisam, mas depois não vão querer saber dele, porque se ele foi capaz
de trair a família de sangue por anos, por que seria fiel à Corsa?
— São dois patetas mesmo — falei rindo, me dando conta de que foi
a primeira vez que fiz isso desde que o pesadelo começou.
Comecei a relembrar meus momentos com as minhas amigas.
Lembrei-me do Nick nos chamando de meninas superpoderosas e dos
perdidos que Alice dava nos caras com quem ela ficava e depois não queria
mais ver.
Só Jordan mesmo que conseguiu dominar minha amiga. Pensando
nisso eu sorria, recordando-me dela contando sobre os dois juntos, duas
semanas antes de isso tudo acontecer, e da Nina preparando drinks fortes
para escutar os babados da Alice.
Como eu amava as minhas meninas poderosas!
◆◆◆
Tudo estava indo bem na minha vida! Em pouco tempo, a vadia da Sarah
Cooper seria apenas uma lembrança desagradável. Meu sobrinho, consumido
pela tristeza, desistiria de tudo e eu finalmente teria o lugar que por direito
sempre deveria ter sido meu.
“O Capo Carbone seria eternamente grato por eu ter ajudado na
conquista do território americano. Inclusive, eu me tornaria o Capo dei capi
da América e todos me respeitariam”, pensei nisso e sorri.
A primeira coisa que eu faria era tirar meu filho da prisão em que
Cooper o deixou trancado e me vingar daquelas duas insuportáveis: Alice e
Nina. Elas pagariam caro por ter me diminuído tantas vezes.
Em meio a tudo isso, decidi ir a Paris, uma cidade linda! Precisava
me distrair e passar o tempo até a minha vitória, resolvi tomar um café num
bistrô perto do meu hotel. Eu estava em paz, sozinho, sem querer ser
perturbado, fazendo meus planos para o meu futuro promissor, quando vi
alguém se sentando à minha mesa, pegando um dos meus biscoitos
amanteigados e comendo como se fosse meu convidado.
O ar desapareceu dos meus pulmões quando ele começou a falar.
— Buongiorno, Luigi De Lucca! Che piacere incontrare uno dei miei
uomini in vacanza a Parigi! (Bom dia, Luigi De Lucca! (Que prazer
encontrar um dos meus homens passando férias em Paris!) — Dante disse
enquanto se servia de café.
— Que honra! — falei quase gaguejando. — Meu Capo di tutti capi
sentado à minha mesa.
— Você veio ajudar seu sobrinho?
— Ryan? Ele está aqui em Paris?
— Você não sabia? — ele perguntou com certo tom de ironia. —
Claro que não! Ah, lembrei agora! Que cabeça a minha! Você não é um dos
meus homens e sim de Carbone, o que faz de você meu inimigo, correto?
— Eu? Não! Nunca seria seu inimigo! Sou apenas o tio velho do
Ryan, que não manda em nada e vim passar uns dias em Paris. Penso que o
Capo di tutti capi não deveria perder tempo comigo e sim com meu
sobrinho, que está colocando mulheres na máfia. Não bastasse a esposa,
ainda tem as suas intragáveis amigas vadias!
— A sua defesa é essa? Tentar me colocar contra o seu sobrinho?
Você é um homem desprezível, Luigi De Lucca. Você vai se levantar e
acompanhar os meus homens em silêncio! Não tente nenhuma gracinha se
quiser ver seu filho vivo pela última vez. — ele disse e colocou seu celular
na minha frente, mostrando um vídeo do Erick amarrado e aquela não era a
nossa base.
— Onde está o meu filho?
— É hóspede do meu irmão, Lorenzo! — Dante respondeu e eu me
apavorei por ele falar com tanta calma que meu filho estava nas mãos do
mais sádico dos Cosa Nostra. — Me acompanhe!
Dante se levantou e seus dois seguranças se aproximaram.
— Eu e meu filho não fizemos nada!
— Você descumpriu duas leis da Cosa Nostra: matou sua família e
traiu seu Capo di tutti capi. Em algum momento, você realmente achou que
a Corsa me venceria? — ele perguntou e deu uma gargalhada.
Sem escolha, fui obrigado a acompanhá-lo e a entrar em um carro
cheio de seus soldados armados até os dentes.
— Você está indo para a Sicília fazer companhia ao seu filho.
Aproveite a estadia e seus últimos momentos juntos.
Isso não poderia ser verdade. Eu não estava indo morrer! Que
inferno! Só havia lutado pelo que era meu por direito.
— Você não merece, mas vou ter um ato de generosidade agora que
seu fim está próximo! — ele falou e eu engoli em seco. — Não repita na
frente de Lorenzo que a noiva dele é uma vadia, porque meu irmão vai cortar
a sua língua antes mesmo de interrogar você.
— Eu nem sabia que Lorenzo Cosa Nostra tinha uma noiva, como eu
poderia ter dito isso sobre ela?
— Nina Coleman será em breve, a Senhora Lorenzo Cosa Nostra!
Ao ouvir isso, respirei fundo e joguei minha cabeça para trás. Não
era possível que Ryan sempre fosse me vencer. Não bastava ter nascido, não
morrer nunca e se casar com uma mulher que não sabia que seu lugar era
cuidando da casa, ele ainda tinha que implantar mais duas mulheres na
minha máfia.
Eu queria acabar com Alice e Nina, porém viveria mais esse
pesadelo, já que o maior sádico da máfia se casaria com aquela advogada
sonsa que se tornaria uma Cosa Nostra.
Logo depois, eles me jogaram dentro de um helicóptero e quando dei
por mim, estava na mansão Cosa Nostra. Aqueles brutamontes ignorantes
me levaram para uma casa. Lá, começamos a descer as escadas para uma
parte que mais parecia uma caverna, abriram uma porta e me atiraram lá
dentro.
— Pai? O que você está fazendo aqui?
— Pelo que eu entendi, vim para morrermos juntos!
— Como será que eles descobriram?
— Não sei! Minha única alegria é saber que vou morrer, mas o meu
sobrinho vai ficar viúvo e ser muito infeliz!
— Espero que sim! Não quero morrer sabendo que ele vai ser feliz
— Erick falou com raiva. — Sou um ano mais velho que ele e meu avô
deveria ter ensinado tudo a mim. No entanto, aquele velho idiota só babava
pelo netinho preferido. Não sei o que ele viu de tão especial no otário do
meu primo. Nem colocar cabresto na mulher esse imbecil conseguiu.
— Ele quer ser moderno e dividir tudo com a esposa. Espero que ela
seja torturada até o último suspiro.
— Deveriam ter levado as amigas vadias juntas para morrerem ao
lado dela.
— Erick, não repita mais isso. Pelo visto, trancado aqui, você ainda
não sabe, mas Nina vai se casar com Lorenzo Cosa Nostra.
— O quê? Outra mulher que não nasceu na máfia, que tinha até um
namorado e que já deve ter dado para outro homem, vai entrar para a máfia e
ainda se tornar uma Cosa Nostra? Este mundo é muito injusto!
— Vai ter o mesmo fim da amiguinha — falei, rindo. — Só que pelas
mãos do marido. Ela vai se casar com um monstro. Deixa começar com suas
atitudes de mulher moderna, que vai ser jogada aqui e ter um fim pior que o
nosso.
Estávamos conversando quando alguém abriu a porta e jogou um balde
com água e gelo em cima de nós. Começamos a tremer de frio, ficamos com
a nossa roupa toda molhada e não conseguimos falar de tanto que nossos
dentes batiam uns nos outros.
— Vediamo se adesso sono tranquilli e la bocca chiusa. Parli troppo,
e ti dà fastidio! (Vamos ver se agora ficam quietos e de boca fechada. Vocês
falam demais, e isso incomoda!) — um dos soldados de Lorenzo Cosa
Nostra falou e saiu batendo a porta.
Capítulo 70
Ryan Cooper
◆◆◆
— Quero a minha mulher de volta, seu maldito, ou suas irmãs não voltam
mais para casa!
— Cooper, eu quero a minha carga de volta!
— Se você tivesse cumprido o trato, já estaria com a sua carga e eu
com a minha esposa, indo para casa. Mas você não tem palavra e eu sabia
disso, já que sempre foi aliado do verme do meu tio Luigi.
— Não vou entregar a sua mulher se você não entregar as minhas
irmãs — Carbone falou e eu comecei a me irritar. — Eu quero...
— Você não quer mais nada, Carbone! Me entrega a minha mulher e
o meu segurança, que eu te entrego as suas irmãs.
As irmãs dele desesperaram-se quando Alice e Nina se aproximaram
e colocaram uma arma na cabeça de cada uma. Atrás de Nina, estava
Lorenzo Cosa Nostra.
Carbone também se desesperou com Lorenzo próximo das suas
irmãs, porque todos sabiam que ele matava e torturava da mesma forma
como pessoas normais bebiam um copo de água.
— Rilasci Sarah Cooper e Matthew e noi liberiamo le tue sorelle
(Você solta Sarah Cooper e o Matthew, e nós soltamos suas irmãs) —
Lorenzo falou, e Carbone não quis concordar, achando que seria enganado.
— Les femmes qui ressemblent à des démons en jupes sont-elles la
nouvelle stratégie de Cosa Nostra? (Mulheres que parecem demônios de
saias são a nova estratégia de Cosa Nostra?).
— Alors reparle de ma fiancée et je tuerai tes sœurs. Ensuite, je
franchis cette barrière, tue vos hommes et vous termine d'une manière lente
et douloureuse (Fale assim de novo da minha noiva e eu mato as suas irmãs.
Depois, atravesso essa barreira, mato seus homens e acabo com você de uma
forma lenta e dolorosa). — Lorenzo fez questão de responder, dessa vez em
francês, para não deixar dúvidas do que ele seria capaz de fazer, e Carbone
ficou em silêncio.
Ele era, sem dúvida, o mais cruel dos irmãos Cosa Nostra, e ninguém
arriscava um confronto direto para não ter um fim nas mãos dele.
Aquilo tudo era muito arriscado e teríamos que ser rápidos, porque
estávamos sem proteção e de frente para a Corsa.
— Deixa minha esposa vir andando com o Matthew que eu deixo as
suas irmãs irem caminhando ao mesmo tempo.
Carbone olhou para Lorenzo e viu quando Dante e Giancarlo se
juntaram a ele. Ficamos todos em frente aos contêineres e de peito aberto.
O olhar do trio Cosa Nostra era de morte, e Carbone aceitou o acordo
e mandou que Sarah caminhasse devagar com Matthew próximo a ela. As
irmãs de Carbone fizeram o mesmo.
Apesar de levar segundos, pareceu uma eternidade o que aconteceu a
seguir.
As duas irmãs começaram a correr em vez de caminhar.
Já Sarah, conseguiu finalmente me ver, e seus olhos se fixaram nos
meus. Só consegui balbuciar: “Corre!”.
Vendo isso, Lorenzo não pensou duas vezes e atirou nas irmãs de
Carbone, que caíram mortas no chão.
Matthew se jogou atrás de Sarah e a tomou em seus braços, servindo
como um escudo humano no meio do fogo cruzado que atravessou a
barreira.
Todos pularam para trás dos contêineres, atirando sem parar.
Eu corri ao encontro da minha mulher, com Jordan na minha
retaguarda, segurei Sarah nos meus braços e fui para trás dos contêineres.
Jordan fez o mesmo, amparando Matthew, que caiu no chão coberto
de sangue.
Olhei para minha Sarah, que estava abatida e a deitei no chão. Queria
abraçá-la, mas Matthew estava muito ferido, então fui até ele.
Alice e Nina se aproximaram e as três se abraçaram.
— Assim que matarmos esses franceses, vamos colocar a fofoca em
dia — Alice falou e saiu puxando Nina com ela.
— Matthew, eu não vou deixar você morrer — falei e chamei meus
homens. — Tirem-no rápido daqui!
— Ele está muito ferido! — Jordan falou, arrasado.
— Salvem-no! Coloquem ele no carro e o leve direto para o nosso
helicóptero! Iniciem os primeiros socorros a caminho da Sicília! —
Giancarlo ordenou, e seus homens começaram a correr, cumprindo as suas
ordens.
— Fique vivo, meu amigo e obrigado por tudo! — eu falei e voltei
para o lado de Sarah.
— Sabe por que eu te amo tanto, meu Paraíso Hot? — Sarah
perguntou, olhando-me, e seus olhos estavam cheios d'água.
— Não! Por que você me ama, Cinderela?
— Porque, mesmo com saudades, mesmo me amando, mesmo tendo
feito essa guerra por mim — ela parou de falar e respirou fundo —, você,
antes de me abraçar, foi socorrer o Matthew, que estava ferido. Eu te admiro
e te amo muito, meu Al Capone por cuidar de todos da nossa “Famiglia”.
Então nos abraçamos e nos beijamos no meio do fogo cruzado.
— E minha Anne?
— Ela está bem e em casa, com saudades de você! — respondi, e ela
sorriu.
— Agora vamos acabar com essa guerra! — Sarah sugeriu, saindo
dos meus braços.
— Você mal consegue andar — falei, com receio de ela querer lutar.
— Eu não consigo, mas você, sim! Vai lá e acaba com eles, Ryan De
Lucca Cooper!
Fui correndo até Dante, que estava falando no megafone com
Carbone.
— Espero que você tenha aprendido a nunca mais desafiar o poder da
Cosa Nostra! Você é um merda, Capo Carbone. Mande seus homens
cessarem fogo antes que eu mate todos e não te sobre ninguém para dirigir
os caminhões! A carga que você tanto queria de volta é sua! Eu vou embora,
porque tenho mais o que fazer da minha vida. Nunca mais chegue perto do
meu território ou invada uma base minha!
— Seu irmão Lorenzo matou as minhas irmãs!
— Isso foi só um aperitivo para você começar a entender que não se
desafia a Cosa Nostra!
— Que garantia eu tenho de que você vai me entregar os caminhões?
— Nenhuma! Pare essa guerra e venha buscar logo essa carga. Você
sabe que tenho paciência para esperar por horas até cada um de vocês cair
morto nesse chão. Qual a sua escolha? — Lorenzo perguntou a Carbone.
— Arrêtez le feu! (Cessar fogo!)
Nossos homens começaram a recuar e os caminhões foram levados
pelos franceses. Entramos em nossos carros e seguimos para os nossos
helicópteros.
— Não entendi por que vocês devolveram a carga — Sarah
mencionou com a cabeça deitada no meu ombro quando seguíamos para a
Sicília.
— Olhe para baixo — falei quando houve a primeira explosão e
Sarah olhou pelo lado de fora do helicóptero. — Aquela fumaça negra é a
carga da Corsa indo pelos ares.
— Vocês colocaram explosivos nos caminhões?
Não me aguentei e comecei a rir, e Sarah me beijou intensamente.
— Ei, vocês dois, esperem chegar à futura casa da Nina, arrumem
um quarto e se amem por lá! — Alice falou, rindo.
— Futura casa da Nina? — Sarah perguntou, sem entender.
— Nina vai se casar com Lorenzo Cosa Nostra — Alice respondeu e
Nina ficou olhando, esperando a reação de Sarah.
— Você vai se casar com o mafioso sinistro? — Sarah perguntou.
— Sinistro e sem coração, porém, super hot! — Nina respondeu,
rindo.
— Ah, por favor! Esses detalhes vocês conversem depois quando
estiverem sozinhas — pedi, tapando os meus ouvidos.
Quando desembarcamos na fortaleza Cosa Nostra, Sarah já estava
um pouco melhor, porque tinha se alimentado no avião. O helicóptero com
Dante e seus irmãos chegou praticamente com o nosso.
— Reunião em quatro horas! — Dante falou quando saiu do
helicóptero acompanhado por seus irmãos.
— Providenciamos quartos e a bagagem que vocês deixaram aqui já
está lá também — Giancarlo disse e sugeriu que o seguíssemos em direção à
casa.
— Nós vamos ficar aqui? — Sarah me perguntou, sem entender por
que não voltaríamos para casa.
— Sim. Temos assuntos para resolver aqui antes de partir —
respondi e a abracei.
— Assunto número 01: os patetas estão presos aqui na sala de tortura
— Alice falou enquanto caminhava abraçada com Jordan.
— Assunto número 02: acabei de receber uma mensagem do hospital
e Matthew, segundo os médicos, por algum milagre, se salvou.
O assunto número 03 Sarah falou ao meu ouvido:
— Eu quero você, meu Al Capone!
Capítulo 72
Sarah Cooper
A primeira coisa que fiz quando entrei no quarto de hóspedes, que seria
meu e de Ryan, foi ir ao banheiro, arrancar a roupa que usava, a qual estava
podre, e ir para debaixo do chuveiro tomar um banho. Liguei a água e a
deixei escorrer pelo meu corpo, lavando-me de toda aquela sujeira. Precisava
me reequilibrar depois daqueles nove dias em poder da Corsa.
Não queria esquecer nada do que tinha acontecido lá, porque foi uma
experiência que me fez refletir sobre muitas coisas, e principalmente,
endurecer e me tornar mais forte. Ali, pude ver o quanto eu era determinada
e se a intenção deles era me fazer ficar em casa como uma esposa submissa
da máfia, aconteceu exatamente o contrário. E a Corsa, que ficou
desestruturada após a mais fracassada tentativa de recuperar seu
carregamento roubado, demoraria, mas voltaria, e eu estaria pronta para
fazê-la sofrer cem vezes mais do que sofri nesses dias.
Estava com os olhos fechados, encostada na parede, enquanto a água
caía do chuveiro, quando senti as mãos de Ryan me tocando. Ele deslizava
seus dedos pelos meus braços, e aquela sensação era a melhor do mundo. Ele
beijou meu pescoço e meu corpo que esteve adormecido nos últimos dias,
despertou com força. Respirei fundo, querendo que aquela sensação de
prazer durasse o maior tempo possível.
Assim que abri meus olhos, vi que Ryan me olhava com saudade e
desejo. Suas mãos tocaram o meu rosto, e seus dedos deslizaram, fazendo o
contorno dos meus lábios. Mordi os meus lábios, sentindo um desejo que
parecia invadir a minha corrente sanguínea. Suas mãos, foram descendo até
chegar aos meus seios e ele ficou fazendo círculos nos meus mamilos.
— Ryan — falei, gemendo. — Preciso de você!
— Precisa? — ele perguntou e sua língua foi parar nos meus seios,
substituindo seus dedos, que começaram a descer até chegar à entrada da
minha intimidade, que estava quente e molhada, esperando-o.
— Sim, por favor! — Respondi quando senti seus dedos dentro de
mim.
Ryan fazia movimentos rápidos e fortes, e eu estava com tantas
saudades que cheguei ao orgasmo duas vezes seguidas lambuzando a sua
mão. Senti que meu corpo ainda precisava de mais daquilo para aliviar todo
o estresse.
— Eu senti muita falta de ver você assim se desmanchando nas
minhas mãos, Senhora Cooper.
— Só nas suas mãos?
Ele me pegou no colo e entrelacei minhas pernas em sua volta. Ryan
começou a meter com força, eu pedia por mais. Ele também estava com
saudades de mim, mas seu autocontrole fez com que me deixasse chegar
mais uma vez sozinha e só depois junto a ele.
— Goza junto comigo, meu amor!
Ele nem precisava pedir, porque, quando senti aquele líquido quente
novamente dentro de mim, eu me desmanchei na mesma hora.
Ryan me levou para o quarto e quando me deitou na cama, passou as
mãos pelas manchas roxas que eu tinha na barriga e nas pernas por causa dos
vários chutes que levei.
— Malditos!
— Por favor! Não pensei nisso agora. A dor que senti com as
agressões nunca chegaram perto da dor de não dormir e acordar com você
dentro de mim.
— Sentiu tanta falta assim? — ele perguntou enquanto movimentava
o meu corpo, subindo e descendo, preenchendo-me por completo.
— Só consigo ser feliz se tiver você assim todos os dias!
Ryan aumentou a força com que me suspendia e descia, quando eu
arqueava o quadril e ele entrava mais fundo, eu gemia e gritava o seu nome.
◆◆◆
Era estranho estar em um dos quartos daquela fortaleza chamada de
residência Cosa Nostra. O lugar era enorme. Da varanda do nosso quarto, a
vista dava para um jardim imenso, com um lago e uma ponte que ligava a
casa principal onde nós estávamos à outra mansão.
— É lindo, não é? — Ryan perguntou, abraçando-me por trás e
beijando o meu pescoço. — Eu vinha aqui quando criança e gostava de
correr por essa ponte.
— É um lugar muito bonito, mas que não parece ter vida.
— Esta casa não existia na minha infância. Ela foi construída quando
eu já era adolescente para ser a residência de Lorenzo.
— Eles não moram todos nesta casa principal?
— Não. Aqui só vivem Dante e a mãe dele. Lorenzo mora na casa
depois do lago, e Giancarlo, naquela perto de onde os helicópteros
pousaram.
— Então, na verdade, isso aqui é um condomínio? — perguntei,
rindo. — O condomínio Cosa Nostra.
— Sim — Ryan respondeu e me pegou no colo. — Já enchi a
banheira para você tomar um banho e descansar.
— Não quero descansar — falei e o beijei. — Quero você, meu
amor!
— E como você me quer, Senhora Cooper?
— Dentro de mim! — respondi, e ele me beijou com força.
— De novo? Você aguenta? Ficou muito tempo sem se alimentar e...
Não o esperei terminar de falar e o beijei, e essa era a minha resposta.
Por mais que eu sentisse o meu corpo doendo, a dor do vazio dele dentro de
mim era muito maior.
— Você sempre vai ser só minha, Senhora Cooper!
— Para sempre! — Falei, gemendo. — Só sua, meu Paraíso Hot!
Capítulo 73
Ryan Cooper
A reunião com Dante começou, mesmo com todos exaustos por tudo que
havia acontecido naquele dia.
— Sarah Cooper, bem-vinda de volta à Cosa Nostra. Não tivemos
tempo de comemorar o sucesso da nossa missão no México, mas acabamos
de conclui-la no dia de hoje, mandando parte da Corsa pelos ares — Dante
falou com um sorriso vitorioso.
— Carbone deve estar nos amaldiçoando e jurando vingança —
Giancarlo disse, rindo. — Mas no fundo, ele entendeu que não se desafia a
Cosa Nostra. Ficou sem a carga e perdeu uma quantidade enorme dos seus
homens e da sua família. Que ele entenda de uma vez por todas que a Cosa
Nostra e a Máfia Americana juntas são uma combinação explosiva.
— Acabando a reunião, precisamos dar um fim àqueles que
começaram tudo isso: Luigi e Erick De Lucca. Lorenzo cuidará dessa parte
com Cooper e sua esposa — Dante falou e depois olhou para Nina. — E,
aproveitando que todos estão aqui, vamos marcar agora a data do casamento
de Lorenzo e Nina para daqui a trinta dias.
— Trenta giorni? (Trinta dias?) — Lorenzo perguntou com a sua
famosa expressão de poucos amigos.
— Algum problema, irmão? — Dante indagou. —Dentro de trinta
dias está perfeito!
— Você que marca a data do casamento deles? — Sarah perguntou e
Alice respondeu baixo, mas não tinha como todos não escutar:
— A máfia tem suas leis próprias ditadas pela Cosa Nostra. No caso,
o Rei Dante, quer dizer, o Capo di tutti capi Dante Cosa Nostra é a lei.
— Trinta dias está perfeito! — Nina afirmou com sua diplomacia em
acalmar os ânimos. — Eu vou ter tempo de organizar tudo e me mudar para
cá.
Alice e Sarah não falaram mais nada, e pelos olhares, eu já sabia que
as três conversariam sozinhas sobre o casamento.
A reunião encerrou e todos foram para os seus quartos, enquanto eu e
Sarah acompanhamos Lorenzo até o local onde o meu tio e Erick estavam
presos.
— Meu amor, eles têm uma prisão no condomínio deles? — Sarah
perguntou baixo, mas Lorenzo escutou e respondeu que sim.
— Essa casa é onde recebemos nossos inimigos para uma última
estadia na Terra — ele respondeu e apontou para uma casa que parecia com
outra qualquer, mas, quando entramos, o local era escuro e sombrio.
Lorenzo abriu a última porta de um imenso corredor e eu avancei
contra o meu tio Luigi, que estava sentado no chão.
— Velho nojento e asqueroso! Seu verme maldito, você me fez
crescer sem meu pai! — gritei e dei um soco na cara dele. — Você chorou a
morte da minha mãe, que era sua irmã, sendo que a culpa era sua!
— A culpa foi do seu pai, que queria o meu lugar, e depois sua, que
nasceu e roubou minha posição na máfia por todos esses anos.
— Eu vou te matar, seu filho da puta.
— Não! — Sarah gritou e Lorenzo me tirou com muito custo de cima
daquele monstro que olhava como se minha esposa fosse um fantasma.
— Deixe-o me matar! Quero ver se tem coragem de fazer algo contra
a pessoa de quem ele roubou a vida, a posição, o título…
Sarah, nessa hora, deu uma gargalhada.
— Você acha que só vai morrer? — Sarah perguntou. — Você vai
sofrer tudo que Ryan sofreu perdendo os pais dele. Vai ter que pagar também
por cada um dos meus soldados que morreram na minha frente.
Lorenzo levantou Erick e o jogou sentado em uma cadeira, e seus
homens o amarraram.
— Me conte, Sarah, como foi que mataram os seus homens lá no
cativeiro? — Lorenzo perguntou.
— Meus homens primeiro levaram um tiro na perna direita — Sarah
relatou, olhando dentro dos olhos do meu tio, e então veio o primeiro disparo
feito por Lorenzo e o grito de Erick. — A diferença é que meus soldados não
gritaram!
— Você é um demônio, Sarah Cooper! Solta o meu filho! — tio
Luigi gritou enquanto ela continuava a falar.
— Depois o tiro foi na outra perna — ela disse, e eu fiz o segundo
disparo e Erick pareceu ter desmaiado.
— Além de pateta, é frouxo! — falei, olhando com desprezo para
Erick desmaiado na cadeira.
— Acho que a surra que o Matthew levou quando descobriram que
ele fazia parte da troca pela carga vai ter que ser em você, velho miserável!
Não esqueçam — ela disse, olhando para os soldados de Lorenzo — que fui
afogada todos os dias em um tanque de água, passei fome, sede e levei
chutes.
Após Sarah falar, os homens de Lorenzo deram uma surra em Luigi
com barras de ferro. Os chutes eram tão fortes que faziam um estrondo
dentro da sala de tortura. Ele deve ter perdido alguns dentes pelo sangue que
saía da sua boca, mas nem morrendo parava de me xingar. Por mais que
batessem nele, o seu ódio por mim era maior. Sua ambição era incontrolável.
Ele sempre foi meu maior inimigo e eu nunca havia percebido.
— Você sempre me odiou enquanto eu, do meu jeito, sempre te tratei
como uma figura próxima a de um pai! — falei com raiva de mim. — Vocês
dois eram a minha família!
— Era você quem deveria ter morrido e não a minha irmã! Mas não
senti pena dela, aquela maldita te deu à luz!
Ao ouvir isso, avancei nele, afundando sua cabeça no tanque de água
e deixando-o ali até quase morrer. Fiz isso até cansar e o atirei contra a
parede. Depois ele ficou no chão, puxando o ar, enquanto Erick despertou,
gritando por causa dos tiros em sua perna. Lorenzo deu um tapa forte em sua
cara e o mandou se calar e morrer como um mafioso.
— Maldito! Você, Lorenzo Cosa Nostra, é um idiota igual ao Ryan,
que vai se casar com uma vadia! — ele gritou, e Lorenzo que sempre
torturava em silêncio, transformou-se. — Uma mulher que, com certeza, já
foi muito bem comida por outro homem!
— La tua vita medíocre finisce adesso! Nessuno al mondo offende
mia moglie! (Sua vida medíocre termina agora! Ninguém no mundo ofende a
minha mulher!) — ele gritou e cortou a língua de Erick, atirando-a longe e
depois começou a cortar os seus dedos um por um, enquanto meu primo
urrava de dor, ele bateu tanto no miserável, que acho que não sobrou
nenhum osso inteiro do seu corpo, e por fim, disparou um tiro certeiro na sua
boca e outro na sua testa.
— Meu filho! Você matou o meu filho. Maldito! — meu tio gritou
com o pouco ar que tinha.
— Esse velho é todo seu! — Lorenzo falou, olhando para mim e
Sarah se afastou.
— Você foi a pior pessoa que eu conheci na vida. Te desejo sorte no
inferno! — meu tio falou e me olhou com ódio.
— O único que vai pro inferno no momento, é você, meu tio — Eu
falei, pegando o meu punhal e fazendo um corte do seu peito até o umbigo
— Mas como será que eu devo te mandar para lá? Vejamos como o meu avô,
o seu pai, me falava mesmo? Os traidores não merecem morrer sem sofrer
antes por terem falhado no juramento de lealdade.
Eu levantei o meu tio do chão e mandei que o amarrassem de cabeça
para baixo, com correntes de ferro em brasa.
— Você não queria ser o Capo, titio? Sabia que para chegar até aqui
eu fui preso em correntes assim quando criança? Sabia que eu tenho marcas
delas pelo meu corpo?
— Você é um sádico. Me tira daqui! — Ele gritou antes de começar a
urrar desesperado sentindo seu corpo todo queimar.
— Agora, eu vou te deixar queimar só um pouco, antes de te dar o
fim que você tanto merece — Eu falei pegando uma foice e me aproximando
dele — Vou fazer isso logo, porque quero que você assista a sua morte, e
fraco como é, vai desmaiar por causa das queimaduras. Você nunca foi
homem o suficiente para se tornar um Capo.
Eu não quis perder tempo com tortura, porque não aguentava mais
dividir o mesmo ar que ele, então me aproximei, e cortei sua cabeça fora
num golpe só, acabando de vez com toda a sua maldade contra mim e
encerrando esse capítulo na minha vida.
Sarah me deu a mão, e deixamos aquele lugar.
— Limpem tudo isso! — Lorenzo ordenou aos seus soldados.
Capítulo 74
Sarah Cooper
Antes de irmos para casa, passamos no hospital para visitar Matthew, que
voltaria para Los Angeles uma semana depois, assim recebesse alta.
— Matthew, como é bom te encontrar novamente longe daquele
pesadelo — falei, sorrindo.
— Feliz em revê-la, Senhora Cooper! E os patetas?
— Você é o nosso herói! — Ryan falou. — Só um gênio usaria a
linguagem de sinais para nos avisar no meio daquela situação sobre quem
estava nos traindo.
— A essa hora, os patetas já devem estar no inferno! — respondi, e
Alice começou a rir.
— Nem o inferno merece os dois patetas — ela completou, rindo. —
Vou resumir o final da dupla para você!
— Vou até me sentar para escutar — Jordan falou, sabendo que
resumo não era o forte dela.
— Erick passou dez dias preso com o nariz quebrado, enquanto o pai
dele estava turistando em Paris e sonhando em ser Capo. Quando você nos
falou que eles eram os traidores, trouxemos Erick para Lorenzo Cosa Nostra,
que o colocou amarrado de cabeça pra baixo e mandou dar uma surra nele.
Quando Dante prendeu Luigi, que acredite, estava tomando café com
biscoitos amanteigados num bistrô em Paris, jogaram-no lá com o filho
amado. Disse que eles falavam tanto que acabaram com uma mordaça na
boca além de uns mergulhos no tanque de água.
— Deixe-me falar agora! — pedi, e Ryan respirou fundo.
— Acho que vou tomar um café e já volto.
— Vou com você — Jordan falou, rindo. — Sorte, Matthew!
Os dois saíram rindo como se fosse um castigo Matthew não poder
sair do quarto.
— Idiotas! — falei, fazendo careta para eles. — Matthew, aquele
velho maldito apanhou muito e mesmo assim, continuou amaldiçoando o
Ryan. Eu fico com pena do meu Al Capone, porque o próprio tio, o irmão da
mãe dele, em quem ele confiava tanto, foi quem lhe fez mal a vida toda.
Ryan não quis deixá-lo com Lorenzo e ele mesmo o matou. Eu o teria
deixado de presente para a Cosa Nostra esmagar cada parte sua, mas meu Al
Capone não queria mais saber de compartilhar o mesmo plano físico com
Luigi. Aquele homem era tão revestido de ódio, que eu pensei que ele fosse
sofrer vendo o filho tomando tiro, igual a mim quando sofri pelos nossos
homens, mas ele só enxergava o cargo que achava que tinha que ser dele. Ele
não defendeu o filho em momento nenhum, além de falar apenas "soltem o
meu filho", pedido sem emoção! Ele não olhava para o Erick nem lutava
para se aproximar dele. Morreu com o olhar de ódio que era só o que ele
tinha na vida.
— O Erick, pateta número dois, tomou uns tiros na perna e desmaiou
— Alice falou e riu. — Além de pateta, era um fracote! Quando acordou,
resolveu ser macho e chamou a noiva do Lorenzo de vadia. Agora vem a
melhor parte, para defender a honra de sua noiva, Nina Coleman, que Erick
chamou de vadia, Lorenzo Cosa Nostra cortou a língua dele fora e depois
deu um tiro na sua boca imunda.
— Espera! — Matthew interrompeu com uma expressão de surpresa.
— Por quanto tempo eu dormi? Desde quando Nina é noiva de Lorenzo
Cosa Nostra?
— Fiquei noiva e vou me casar em trinta dias. Você acha que, com
tudo que treinamos de luta, estou pronta pra ser a mulher do subchefe da
Cosa Nostra?
— Você não vai lutar, bebê! — Alice falou, fazendo biquinho. — Vai
ser a esposa troféu!
— E quem disse que estou pensando em lutar? Eu vou matar toda
vagabunda que se aproximar do meu marido!
— Que orgulho, amiga! — eu e Alice falamos juntas.
— Quando eu voltar na semana que vem para Los Angeles, vamos
ter que treinar muito, porque a fama do seu noivo não é das melhores —
Matthew falou, rindo.
Quando deixamos a Sicília, tudo que eu queria era ver a minha filha e
ter uns dias de paz. Aquelas duas últimas semanas haviam sido intensas
demais, e eu precisava ter alguns dias para relaxar antes de ajudar Nina com
os preparativos do seu casamento, que aconteceria por minha causa, embora
Alice estivesse convencida, depois de ser contra inicialmente, de que Nina
acabaria dando um jeito de domar a fera e ser feliz.
Por fim, descemos do jatinho e seguimos para casa. Jordan foi direto
para o galpão ver como estavam os negócios e organizar as novas entregas
das nossas cargas.
Assim que entrei em casa, Joana me abraçou emocionada.
— Fico tão feliz em saber que tudo terminou bem! — ela falou,
sorrindo para mim.
Nesse momento, escutei uns passinhos descendo as escadas e corri
para abraçar a minha Anne.
— Mamãe, por que você demorou tanto?
— Desculpa, meu amor, eu prometo que vamos compensar esses dias
em que ficamos separadas. O que você quer fazer?
— Ir para a Disney!
— Combinado! Está cedo ainda, mas vamos passar o dia na Disney!
— Só por curiosidade, o seu pai não vai ganhar um abraço? — Ryan
perguntou.
Anne correu para o colo do pai, enchendo-o de beijos. Nossa menina
era linda e carinhosa!
Minutos depois, trocamos de roupa e fomos para a Disneylândia, que
não era tão longe da nossa casa. Foi um dia mágico em família, com direito a
muitas risadas, fotos e algodão-doce. Momentos em que parecíamos uma
família normal como outra qualquer, que se divertia andando na roda-
gigante, sem que ninguém pudesse imaginar que reinava no submundo do
crime e que, sem o glamour das roupas pretas, como dizia Alice, era a
verdadeira realidade da máfia.
Eu queria que Anne tivesse registros de momentos felizes, porque o
tempo passa muito rápido e em breve ela vai ter que enfrentar o fato de ser
filha do Capo e conhecer todo o submundo que a cerca.
A simplicidade daqueles dias me fez ver quanto eu amava a minha
família e ter certeza de que eu não mudaria nenhuma das minhas escolhas.
No dia do atentado contra Ryan, achei que estivesse fazendo aquilo
motivada por vingança, mas, no fim, descobri que havia nascido para ser a
sua companheira e não o deixaria sozinho com sua herança de família.
Amar Ryan era muito fácil, porque ele me compreendia, me
completava e me fazia ser uma mulher realizada em todos os sentidos. Se eu
voltasse no tempo e alguém me perguntasse o que eu gostaria de ser na
minha vida, só teria uma resposta: Senhora Cooper!
Epílogo
Sarah Cooper
Toda vez que chegava o fim do ano, eu parava para pensar que eu e Ryan
completávamos mais um ano juntos. Aquele já era nosso terceiro Natal e
resolvemos passar a noite em casa, sem festas e agitação.
No ano anterior, que foi o nosso segundo Natal como casal, viajamos
para Aspen com Daniel e Aby, e passamos uma noite maravilhosa com os
nossos amigos.
Nesse ano que encerrava, estávamos nos dedicando aos nossos
negócios e nos revezando para dar conta de estarmos presentes em todos os
lugares. Éramos uma dupla de sucesso em tudo: na empresa, na máfia e na
cama!
— Nossa casa está tão linda! — falei, me referindo à decoração de
Natal.
Ryan colocou a estrela no topo da árvore e me pegou no colo.
Quando chegamos ao nosso quarto, ele me deitou na cama e me beijou com
a mesma intensidade de sempre. Costumávamos nos amar como se fosse a
primeira vez!
Ele tirou o meu vestido e me olhou cheio de desejo, enquanto eu
mordia meus lábios olhando para a perfeição que era o meu marido. Ryan
beijou o meu pescoço e mordiscou a minha orelha. Depois, ele desceu os
lábios pela minha barriga, arrancou minha calcinha com os dentes e me
chupou gostoso como só ele sabia que eu gostava. Eu ergui o quadril,
exigindo por mais, e ele começou a lamber e morder com a ponta dos dentes
o meu clitóris.
Meus dedos se enterravam nos lençóis enquanto gemidos escapavam
da minha boca, a prova de que eu estava morrendo de prazer lambuzava todo
o seu rosto.
— Você é deliciosa! Eu sou viciado em te fazer gozar com a minha
língua enterrada na sua boceta.
Ryan subiu as mãos até os meus seios e começou a brincar com os
meus mamilos. Ele não só me fodia, mas me venerava a cada segundo que
me fazia chegar mais perto de um novo orgasmo.
— Você é linda pra caralho — Ele falou, enfiando dois dedos na
minha boceta molhada e me estimulando mais uma vez, entrando e saindo, e
me levando à loucura.
— Ryan! — Eu gemia o seu nome.
— Goza de novo para mim, meu amor — Ele falou, estocando os
dedos com mais rapidez e massageando com o polegar o meu clitóris.
— Eu quero você dentro de mim. Por favor!
Ryan me beijou, deixando que eu provasse do meu próprio gosto em
seus lábios. Ele então tirou a calça e a cueca e meus olhos famintos foram
direto para o seu pau.
— Me foda, meu Capo.
— Não vou te foder hoje, minha Rainha. Eu vou fazer amor com
você.
Ele penetrou em mim devagar, querendo me proporcionar um sexo
de dois amantes apaixonados, que querem chegar sem pressa ao prazer, e
prolongando ainda mais os nossos momentos de prazer.
Meus dedos deslizavam pelo seu peito, tocando cada cicatriz do seu
corpo, que eu sei que vieram da sua infância roubada e do seu treinamento
para ser o Capo que seu avô tanto sonhou.
— Olhe para mim — ele pediu, me puxando para o seu colo e me
fazendo cavalgar no seu pau.
Era uma tortura gostosa, o seu pau entrando e saindo de dentro de
mim. Ele apertou a minha bunda, colocando um pouco mais de força nos
meus movimentos.
— Eu sei que você gosta de gozar com sexo pesado, mas hoje tudo
que eu quero é ver você sendo minha enquanto goza, lambuzando o meu
pau, e eu te preencho com a minha porra — Ele falou colando nossas testas
uma na outra, e ficamos nos olhando, enquanto chegávamos juntos a um
orgasmo intenso, que nos marcava por inteiro.
— Cansada? — ele perguntou, rindo.
— Eu nunca me canso de você!
— Ainda bem! Porque eu estou só começando.
Ryan me pegou de novo no colo e me levou para o banheiro, ligando
o chuveiro. Tomar banho com ele era a coisa mais gostosa do mundo.
Quando minhas costas quentes encostaram na parede fria, o contraste da
temperatura me deixou excitada e eu gemi, pedindo por mais.
Ele me pegou no colo, com as minhas pernas entrelaçadas na sua
cintura e enterrou seu pau de uma vez dentro de mim, me fodendo com
força. Nossos corpos se chocavam um com o outro, enquanto minhas costas
batiam nos azulejos da parede e eu gritava pedindo por mais.
— Eu já te amei lá no quarto e agora vou te comer como você gosta,
minha safada.
Depois de um banho que levou algumas horas, ele enxugou o meu
corpo, fazendo uma trilha de beijos por onde passava a toalha. Logo depois,
meu marido me levou para a cama e ficamos um tempo deitados e
abraçados, olhando um para o outro!
— Eu te amo! — Ryan falou e me beijou.
— Eu também te amo! Você, Anne e nosso bebê são as pessoas mais
importantes da minha vida!
Ryan me beijou com força, mas depois me afastou e se sentou na
cama, olhando assustado para mim.
— Que bebê?
— O nosso, que está guardadinho aqui dentro! — respondi,
passando a mão na minha barriga.
Ryan se levantou e começou a andar de um lado para outro.
— Você ficou maluca? Me deixou transar com você dessa maneira
com meu filho na sua barriga? E se você perde o bebê?
— Calma, meu amor! Nosso bebê está bem seguro!
— Tem certeza disso?
— Claro que sim!
Assim que se acalmou, ele se deitou ao meu lado e beijou minha
barriga.
— A partir de agora, vamos fazer tudo bem devagar! — ele disse,
beijando-me e fazendo carinho com a sua mão na minha barriga. —
Precisamos contar para Anne!
— Ela já sabe! Eu contei e disse que era um segredo até o dia de
hoje. Falei que esse ia ser o seu presente de Natal. Eu queria que ela se
sentisse importante, sendo a primeira pessoa a saber e entendesse que o lugar
dela está garantido no meu coração e que o neném só vem pra fazer nossa
família mais feliz!
— Como você pode ser tão perfeita? Você sempre pensa em tudo
para a nossa empresa, para a máfia e para a nossa família. Eu sou um homem
de sorte em ter você, Cinderela!
— Eu te amo muito e para sempre, meu Al Capone!
Vejo vocês no próximo livro que será do Lorenzo e
da Nina
Lançamento
1° de fevereiro de 2023
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