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Contents

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Epílogo
Direitos autorais © 1ª edição - 2022 Valéria Veiga

ISBN 978-65-00-12879-6
1. Cartéis 2. Erotismo na literatura 3. Ficção brasileira 4. Máfia - Ficção
I. Título II. Série.
1. Ficção : Literatura brasileira B869.3
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

Design da Capa: Lana Tyler


DI 1676113663

Diagramação: Valéria Veiga e Lana Tyler

Leitura Crítica e revisão: Danielle Oliveira

Revisão: Danielle Oliveira

Texto em conformidade com as normas do NOVO ACORDO


ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA (Decreto Legislativo Nº 54
de 1995).

Todos os direitos reservados

Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer


semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é coincidência e não é
intencional por parte do autor.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou armazenada em um
sistema de recuperação, ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer
meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem a permissão
expressa por escrito da editora.
Playlist Spotify
Esse livro é uma nova versão dos meus romances “Doce Perigo” e
“Máfia Cooper”, que foram reescritos, e aumentados em mais de cinquenta
por cento.
O plot principal foi mantido, assim como todos os personagens,
porém acontecem muitas reviravoltas e situações que não existiam na
primeira versão, maior descrição das cenas e cenários, melhor
desenvolvimento na construção dos personagens, novas tramas e cenas hot.
A história ganhou novos rumos, embora a ideia original tenha sido
mantida.
No meio de tantos projetos, muitos me perguntam por que decidi
parar tudo e reescrever os meus primeiros livros. De março de 2020 até os
dias atuais, eu mudei muito e minha escrita evoluiu. Foram muitos livros
depois desses dois, e eu sentia que podia trabalhar mais nessa história e
oferecer mais dela para os meus leitores.
E foi isso que eu fiz, reescrevi, dei um novo tom ao livro, trouxe
mais da máfia para a primeira parte, e eu espero que vocês gostem desta
história.
Uma boa leitura, e espero que você se divirta com essa nova história
que começa a ser contada na máfia, onde as mulheres vão ditar as regras do
jogo.

Valéria Veiga
Esse livro NÃO é um dark romance.

Esse livro NÃO contém cenas que romantizam a violência contra a


mulher.

Esse livro pode conter GATILHOS por ser um romance que tem a
máfia como pano de fundo.

PROIBIDO para menores de 18 anos, por conter conteúdos


impróprios como: violência, sexo, assassinato, linguagem imprópria, entre
outros.
Quem é escritor sabe muito bem que os personagens muitas vezes
ditam as regras de suas personalidades, tem vida própria, habitam nossos
pensamentos e acabam nos tirando do planejamento inicial.
Reescrever este livro foi um desafio, porque o Ryan e a Sarah de
2020, tinham muitas coisas novas para contar e pediam que eu fosse mais a
fundo na história deles.
Foram dias, noites, e madrugadas escrevendo, sentada em frente à
tela do computador, sentindo cansaço, dor de cabeça, e muitas vezes vontade
de desistir. Só que a vontade de trazer algo melhor para vocês, me
empurrava para frente, e me fazia continuar, e a cada capítulo reescrito eu
me sentia mais realizada.
Por isso, agradeço a Deus que sempre me mostrou que eu estava no
caminho certo, quando eu duvidava de mim e queria desistir, me enviando
sinais de que eu conseguiria, e me fazendo acreditar que no final eu veria a
recompensa de um livro todo novo, do jeito que eu queria.
Mas eu não conseguiria sozinha, sem o apoio da Lana Tyler, fazendo
a capa linda desse ivro, todos os designers do meu feed no Instagram e me
ajudando na diagramação. Sem contar com sua animação me dizendo que o
livro iria ficar ótimo, lindo, um sucesso, e outros tantos elogios para me
incentivar a seguir em frente.
E no meio de toda essa correria, adrenalina, e muitas vezes desespero
por medo de não dar tempo, eu contei com uma pessoa que foi fundamental
para que eu conseguisse concluir esse lançamento. Muito obrigada, Danielle
Oliveira, por ter se dedicado vinte e quatro horas por dia nas últimas
semanas, fazendo a leitura crítica, revisando o livro, e não me deixando
desanimar ou desistir.
Espero que vocês gostem do livro, e acreditem, me dediquei muito
para trazer uma história que deixassem vocês apaixonados, e com gostinho
de quero mais!
Muito obrigada por todo o carinho de cada um dos meus leitores que
deixam mensagens para mim aqui e no Instagram.
Com todo o amor, Val
CURIOSIDADES SOBRE A MÁFIA FORA DA
FICÇÃO
Origem da Máfia

A origem das três máfias se funde na lenda de Osso, Mastrosso e


Carcagnosso.
A lenda de Osso, Mastrosso e Carcagnosso começa em Toledo, Espanha,
cidade sede de uma organização chamada La Garduña, fundada em 1412.
Essa organização agia de acordo com um modelo de comportamento
específico. Comportamento esse muito semelhante às regras de honra,
código de ética específico e forte vínculo com a religiosidade vistos em
associações criminosas.
Entre os membros da La Garduña estavam os irmãos Osso, Mastrosso e
Carcagnosso, que há anos praticavam crimes com total impunidade e tinham
a cumplicidade de governantes, juízes, administradores e religiosos da
região.
Certa vez, um homem protegido do rei da Espanha ofendeu a honra da
irmã dos três criminosos. Os três irmãos decidiram, então, se vingar da grave
ofensa, lavando a honra da irmã com o sangue de quem a desonrou.
Até então, os irmãos cometiam crimes impunemente, mas dessa vez
tinham mexido com um protegido do rei e essa delinquência não sairia
impune.
Os criminosos foram condenados pela morte do homem e, assim, foram
sentenciados a cumprir pena em uma prisão na fortaleza de Santa Caterina,
ilha de Favignana, Sicília.

O nascimento da Máfia

Os irmãos ficaram presos em uma cela pequena e escura. Todavia, ao


invés de desanimarem, usaram seu tempo para estabelecer as regras de uma
nova sociedade.
Eles fizeram o sinal da cruz jurando e se consagrando um a Jesus Cristo,
que do céu cria e desfaz; o outro a São Miguel Arcanjo, que com a espada na
mão e a balança julga o que é justo e o que é injusto; e o terceiro a São
Pedro, que detém as chaves do céu, que abrem todas as portas.
Eles escreveram códigos, regras, ritos de admissão e afiliação, manuais
inteiros de regras e disciplinas da sociedade que estavam formando. As leis
de sangue e guerra criadas pelos irmãos ditariam o comportamento de novos
seguidores que se juntassem à organização e elas proporcionariam o seu
crescimento e prosperidade.
A ilha siciliana foi o lar dos três homens por 29 anos, 11 meses e 29 dias.
Quando finalmente a pena foi cumprida, Osso, Mastrosso e Carcagnosso se
abraçaram jurando um ao outro um vínculo sagrado de família, fé, respeito
mútuo e fidelidade.
Tendo conquistado a liberdade, cada irmão seguiu seu caminho.
Osso decidiu ficar na Sicília e fundou a Cosa Nostra (organização
criminosa siciliana, ela é a primeira organização chamada de máfia, algo
como a “máfia original”).
Mastrosso, cruzou o Estreito de Messina, se estabeleceu na Calábria
e fundou a temida Ndrangheta (temida “máfia” calabresa).
Carcagnosso foi mais longe e fincou raízes na região da Campânia
onde deu vida às estruturas criminosas primordiais da Camorra.

Omertà

Omertà é um código de honra que dá importância ao silêncio, ao não


cooperar com as autoridades e ao não interferir nas ações ilegais de
outros. Originou-se e continua a ser comum no sul da Itália, onde a Máfia
(como a ‘Ndrangheta, Camorra, Cosa Nostra, e Sacra Corona Unita) são
fortes e dominadoras.
Entre os vários elementos que compõem a estrutura cultural do
mafioso, o silêncio é a mais fundamental. Não existe, de fato, nenhum
mafioso sem omertà, embora possa ser generalizada a consideração do
contrário, ou seja, pode existir omertà sem necessariamente ser um mafioso.
Há uma forma de omertà inata na humanidade que deriva do medo de
receber um dano irreparável de se expor, de denúncia de nomes ou fatos,
com consequências que podem afetar a vida de cada um.
A quebra da omertà, em geral, implica uma solidariedade social
generalizada e a falta de poder de domínio dos mais fortes sobre os mais
fracos.
​O significado da palavra omertà descreve: forma de solidariedade com o
submundo, por isso mantém o silêncio em relação ao um crime ou de suas
circunstâncias, de modo a obstruir a investigação e a punição dos culpados.

A Omertà na Máfia

A proibição categórica da cooperação com as autoridades, mesmo


quando tenha sido vítima de um crime; Uma pessoa deve absolutamente
evitar interferir no negócio dos outros; Não devem informar as autoridades
de um crime em qualquer circunstância (embora que este tente se justificar),
ele ou sua Família podem sofrer um ataque físico;Família Se alguém for
condenado por um crime que não cometeu, ele deve cumprir a pena sem dar
a polícia qualquer informação sobre o verdadeiro criminoso, mesmo que
esse criminoso não tem nada a ver com a Máfia.
Dentro da cultura da Máfia, ao quebrar a omertà, se é punido com a
morte.

Tommaso Buscetta - Quebra do código de Omertà

A primeira testemunha importante do Estado, que ajudou o promotor


Giovanni Falcone a compreender o funcionamento interno da Cosa Nostra
e ainda descreveu a Comissão da Máfia Siciliana como a “Cupola”.

Os 10 mandamentos da Cosa Nostra


1 – Nenhum membro da Cosa Nostra pode ir sozinho a um encontro
2 – Não se deve olhar para as mulheres dos nossos amigos
3 – Não se deve procurar confronto com a polícia
4 – Não se deve frequentar bares ou clubes
5 – Estar disponível
6 – Pontualidade
7 – Deve respeitar a esposa
8 – Quando se for chamado para esclarecer qualquer coisa, tem que
se dizer a verdade
9 – Não se deve roubar dinheiro de outros membros da máfia
10 – Pré-requisito para ser membro da máfia

Hierarquia da Máfia

No topo da hierarquia está o Capo, coloquialmente conhecido como


Don. Por ele passam todas as decisões acerca da família, e para ele devem
chegar uma porcentagem dos lucros de todas as operações de seus membros.
Logo abaixo do Don, está o Sottocapo. Serve como substituto
temporário no caso da ausência do chefe e como intermediário entre este e
os outros membros abaixo na hierarquia.
O Consigliere atua como conselheiro do Don, é o único que de fato
pode ponderar as ações do chefe, servindo como uma segunda opinião.
Subordinados diretamente ao Subchefe estão os Caporegimes,
conhecidos também como Capitães. Cada um destes, comandam um regime
ou equipe, que são compostos por soldados e associados.
Os Soldatos ou Soldados, é o posto básico da hierarquia. São
membros efetivos da organização, conhecidos como homens feitos. São eles
os responsáveis por conduzir as operações nas ruas e executar os serviços de
maior importância.
Os Associados são membros externos da organização. Embora não
façam oficialmente parte da família, atuam como colaboradores de seus
membros efetivos.

Cultura Machista

​ m juiz de Palermo certa vez declarou que as mulheres não podiam ser
U
culpadas por lavagem de dinheiro porque não possuíam autonomia e eram
burras demais para tomarem parte nesse tipo de negócio.
A poderosa chefona

O poderoso chefão Raffaele Cutolo, líder da Nuova Camorra


Organizatta, a famosa e sanguinária facção da máfia napolitana, estava livre.
A espetacular fuga dominou os noticiários no verão de 1978.
Quem, afinal, teria tido a audácia de libertar o mafioso do hospital
para doentes mentais onde cumpria pena por mais de uma dezena de
assassinatos, contrabando, narcotráfico e extorsão?
Por trás da ousada ação, estava, conforme divulgou a polícia, Rosetta
Cutolo, irmã de Raffaele e o segundo nome mais importante dentro da
Camorra.

Os mafiosos famosos e seus pensamentos

“O homem é o animal mais difícil de eliminar. Se ele escapar, ele


voltará para te matar.”, Sal Maranzano

“Eu sou um bandido honesto. Nunca estive na política.", Al Capone

“Não existe dinheiro limpo ou sujo: só dinheiro.”, Lucky Luciano

“Nós temos whisky, vinho, mulheres, música e máquinas de jogo. Eu


não vou negar, e nem me desculpar por isso. Se a maioria das pessoas não as
quisessem, elas não seriam tão rentáveis, e nem existiriam.”, Enoch Johnson
Rainha da Máfia
Sarah Campbell é uma jovem que conquista o
emprego dos seus sonhos, se envolve com o seu chefe e
descobre que ele é o Capo da Máfia de Los Angeles. Ela
poderia ser apenas sua esposa, mas vai se tornar a
Rainha da Máfia.
Capítulo 1
Ryan Cooper

Meu dia começa como todos os outros, com a minha rotina de tomar
banho, colocar minha calça preta, meu coldre com as minhas armas, minha
camisa de linho branca, meu colete e para finalizar, um nó impecável de
gravata.
​Eu me olho no espelho enquanto termino de fechar o paletó do meu terno
e fico pensando que é realmente impossível as pessoas dizerem quem eu sou
de verdade, já que minhas duas faces se fundem em uma só.
​Para a sociedade, sou o CEO da famosa empresa de publicidade Cooper
Enterprise, e para o submundo, o Chefe da Máfia Cooper, que comanda as
máfias americanas aliadas da Cosa Nostra.
​Todas as máfias do território americano são subordinadas a Máfia
Cooper, que por sua vez é subordinada a Cosa Nostra, que no passado
enviou o meu bisavô Giuseppe De Lucca para fundar sua base aliada nas
terras do Tio Sam, mas conhecida por Estados Unidos da América.
​— Bom dia, senhor Cooper! Para onde vamos primeiro?
​— Bom dia, Matthew! Vamos para o galpão.
​Matthew, é o meu motorista, chefe da segurança, braço direito, esquerdo
e o meu homem de confiança. Ele está na “Famiglia” desde a época do meu
pai e desde que eu assumi como Chefe, se tornou a pessoa que sempre esteve
ao meu lado.
​Se eu amo essa vida? Não. Mas sem dúvida gosto de colher os frutos
financeiros dela.
​Quem nasce na nossa Instituição, a Máfia, não tem escolha, e só a deixa
quando morre, o que geralmente não acontece de modo natural.
​Eu fui criado entre os dois mundos, o da sociedade tradicional e o da
sociedade do crime, e por isso me divido entre eles, querendo viver tudo que
os dois podem me oferecer.
Eu não tive escolhas na vida, sempre soube que um dia teria que
assumir esse futuro que me foi imposto, de ser o Chefe de tudo e de todos do
nosso território. Mas eu também preciso de uma identidade idônea para
circular sem levantar suspeitas e nada melhor que ser um CEO de uma
agência de marketing e publicidade.
— Chegamos, senhor! — Matthew me avisa assim que entramos nos
galpões da minha empresa, que na verdade são só fachada para o que
realmente existe atrás dos portões que o meu carro acaba de cruzar.
​— Vamos, preciso resolver isso logo e espero que eu não precise trocar
de roupa depois do interrogatório.
— Isso vai depender do seu espírito, senhor Cooper, se está para
clemência ou…
— Já deixe meu outro terno separado no meu escritório, porque eu
nunca tenho clemência e piedade pelos nossos inimigos.
​Entrei no centro de operações da Máfia Cooper, e observei os soldados
treinando nos ringues de luta espalhados pelo galpão. No segundo andar,
meus homens treinavam tiro em alvos móveis, porque precisamos estar
sempre prontos para entrar numa guerra.
— Eu não achei que você vinha hoje e…
— E o que meu tio? Achou que eu deixaria você interrogar esses
filhos da puta que vazaram informações importantíssimas sobre as nossas
operações?
​— Eu poderia fazer isso…
— Eles desviaram três cargas de alto valor e esse prejuízo eu irei
cobrar pessoalmente. Se quer ser útil, trate de descobrir quem está nos
traindo, porque eu quero esse rato para que eu possa esmagar com as minhas
mãos.
— De onde você tirou que alguém está nos traindo?
— Faça o que eu mandei e vai investigar! Por causa dessa traição,
vamos ter que refazer nossos esquemas táticos, o que vai levar tempo, coisa
que nunca temos, e que vai nos custar com certeza muitas vidas.
O meu tio sempre tenta fingir que é o Chefe e acha que eu não
percebo isso. Ele queria esse lugar, que por sangue e posição hierárquica,
como filho homem mais velho, deveria ser dele por direito.
Acontece que o meu avô só tinha olhos para o seu genro, um homem
ambicioso, filho de um Senador da República, que ele fez questão de casar
por interesse com a sua filha caçula, anunciando logo depois, que seria o seu
sucessor. Sua palavra era a lei por aqui e a Cosa Nostra lhe dava carta branca
porque sabia que quando ele tomava uma decisão, estava sempre pensando
no melhor para a Instituição, que estava sempre à frente de tudo.
E onde eu entro nessa história de família? Eu sou o filho desse
homem ambicioso, Ryan Brian Cooper, que morreu, deixando para mim o
cargo de sucessor de Giuseppe De Lucca.
Eu reconheço que muitas vezes quero bancar só o CEO da Cooper
Entrerprise e largo tudo nas costas do meu tio, mas eu sei da minha
responsabilidade, sei das vidas que dependem de mim e dos assuntos
importantes como esse de hoje, estou sempre presente, afinal, quem manda
nessa porra toda sou eu.
Todos me olham, soldados e traidores, quando entro na sala de
torturas. Eu tenho um lado que parece normal, mas que só existe quando
estou trabalhando na minha empresa, porque aqui, todos os gatilhos do meu
treinamento são acionados e depois que você mata alguém, sua alma se
corrompe para sempre, os demônios se apoderam dela e gritam como se
estivessem com fome. O alimento que os saciam vem de mais vidas que são
ceifadas com requintes de crueldade.
​Um silêncio pesado toma conta de todo o ambiente, enquanto olho para
os traidores à minha frente amarrados e com a aparência destruída,
provavelmente pela bela recepção oferecida pelos meus homens.
​— Então temos aqui um soldado de língua solta, que resolveu nos
entregar para os nossos inimigos, e outros dois da Corsa, a Máfia Francesa,
que entraram no nosso território para desviar nossas cargas e ainda tentaram
fugir com as filhas de dois dos nossos soldados.
​— Misericórdia, Chefe! Eu não fiz por mal, eles me prenderam, me
ameaçaram…
​— Cale essa boca de traíra, seu rato imundo! — Eu gritei para o meu
soldado traidor.
​Eu odiava esse tom de arrependimento falso por medo da morte, que os
traidores, mesmo sabendo ser inútil, ficam fazendo nas salas de tortura. Isso
só alimenta ainda mais os meus fantasmas, me fazendo ficar mais impiedoso
e letal.
​— Vocês três serão julgados de acordo com a lei da nossa máfia mãe, a
Cosa Nostra.
​— Nous ne considérons pas cette mafia comme notre mère. Corsa n'est
pas un allié de Cosa Nostra (Nós, não consideramos essa máfia como nossa
mãe. A Corsa não é aliada da Cosa Nostra) — Um soldado francês falou me
interrompendo, precisei dar um tiro preciso na sua boca, fazendo a bala
atravessar e espirrar o seu sangue imundo no meu terno.
​— Eu não gosto de ser interrompido! — Eu falei tirando o meu paletó
com raiva, porque saindo daqui tenho uma reunião na minha empresa e
graças a esse infeliz vou ter que trocar de roupa.
​Todos me olhavam em silêncio, e os outros dois traidores que restaram
na sala pareciam morder as próprias bocas, com medo que uma palavra
pudesse escapar, como se isso fosse mudar de alguma forma o final que
teriam.
​— Vocês dois, já que o terceiro desgraçado já foi para o inferno, serão
julgados de acordo com as leis da Cosa Nostra, que rege a Máfia Cooper.
​Eu caminhei até a mesa, peguei um punhal com um cabo branco e com
uma lâmina tão afiada, que seria capaz de rasgar o couro de um dinossauro
se eles não estivessem extintos.
​— Começando por você, que jurou lealdade a Cosa Nostra — Eu falei
me dirigindo ao meu soldado traidor — Lei número 6: Compromissos
devem sempre ser honrados.
​— Senhor…
​— Você honrou seus compromissos com a nossa Instituição? — Eu falei
rasgando o seu peito, fazendo um corte profundo e escutando seus gritos de
dor enquanto o sangue escorria formando uma poça no chão.
​Seus gritos e pedidos por clemência se misturavam aos seus urros de dor,
enquanto o soldado francês me olhava assustado, esperando pela sua vez,
sabendo que o seu fim estava próximo.
​— Você ajudou os nossos inimigos a desviarem a nossa carga. Ousou
usar as suas mãos para pegar aquilo que não era seu e entregar para outra
pessoa. Lei número 9: Não se pode apropriar de dinheiro pertencente a
outras famílias ou outros mafiosos — Eu falei e seu grito ecoou por toda a
sala quando sua mão caiu no chão ao lado do seu corpo.
​Eu não tenho piedade por quem me rouba, me trai e ainda por cima me
faz perder tempo. Hoje eu tenho uma reunião importante na minha empresa,
vou fechar uma campanha para uma marca famosa que vai me render muito
dinheiro, e no lugar de estar na Cooper, estou aqui, interrogando um rato
traidor.
​— Vou te fazer uma pergunta? Quem está por trás de você?
​— Ninguém senhor, eu fiz tudo sozinho. Por favor, não me mate!
​— Eu não esperava que você fosse falar o nome de quem te pagou, mas
não tem importância, porque mais cedo ou mais tarde ele vai estar aqui, no
seu lugar, garantindo uma passagem de primeira classe para te encontrar no
inferno. Lei número 8: Quando lhe for solicitada uma informação, a resposta
deve ser a verdade.
​Num movimento rápido, puxei sua língua com as minhas mãos e a cortei
fora. Se não iria me falar a verdade, ela não lhe faria falta nas suas últimas
horas de vida.
​— Termine com isso! — Eu falei para o meu soldado responsável pelos
interrogatórios com métodos nada convencionais — Quanto ao francês,
chame o soldado que teria sua filha roubada e deixe que ele decida o fim
desse ladrão, porque eu estou com pressa e não tenho mais tempo a perder.
Logo saí da sala de interrogatórios e fui direto trocar de roupa para
assumir minha outra face. Dei ordens a Matthew que ficasse de olho e que
garantisse que o fim dos infelizes fosse lento e doloroso.
​— Eu vou sozinho para a empresa, prefiro que você fique e observe,
porque como qualquer outro soldado, a gente já sabia que ele morreria sem
nos contar quem aqui dentro está nos traindo, mas precisamos descobrir o
nome do rato grande.
​Eu deixei o galpão apressado e quando cheguei na Cooper, tratei de
correr, imaginando que todos deviam estar impacientes na sala de reuniões.
​— Já estão todos lhe aguardando, senhor Cooper. Eu mesma coloquei
todas as pastas na sua mesa… — Minha secretária veio falando atrás de mim
enquanto eu andava apressado nos corredores da minha empresa.
​— Eu espero que dessa vez você tenha feito tudo certo — Lauren era
uma boa funcionária, só que não dava conta de cuidar da minha agenda e de
todo o resto, eu precisava de alguém que ficasse vinte e quatro horas à minha
disposição. Ser Chefe da Máfia me deixou acostumado a ter pessoas
cuidando de tudo para mim o tempo todo, e estava disposto a pagar bem para
ter isso aqui na empresa.
​Lauren se apressou e abriu a porta da sala de reuniões para que eu
entrasse, e foi impossível não me lembrar que há trinta minutos eu estava
mandando para o outro lado um francês, da Corsa, uma máfia inimiga, e
agora, estava sorrindo para um grupo de franceses, donos de uma marca de
perfume muito famosa, que queria fechar comigo a publicidade do produto
aqui nos Estados Unidos.
​ Me desculpem o atraso, senhores. O trânsito em Los Angeles às vezes

nos impede de cumprir nossos horários pontualmente. Mas vamos ao que os
trouxe até aqui e tenho certeza de que cada minuto de espera será
recompensado com a campanha que vou apresentar nesta reunião.
​Então, depois de cinco horas de muitas discussões, ajustes e novas ideias,
finalmente conseguimos chegar a um consenso e a assinatura de mais um
contrato milionário.
​Antes de deixar a empresa fui até o departamento pessoal cobrar a
contratação da minha assistente particular e fui informado que já tinham sido
enviados e-mails naquela manhã para as candidatas.
​Saí apressado da Cooper, porque recebi uma mensagem de Matthew
dizendo que estávamos com alguns problemas em duas operações que
aconteceriam naquela noite. Estava voltando para o galpão, quando do nada
uma doida se jogou na frente do meu carro.
​— Porra, o que mais falta me acontecer hoje? Que inferno! — Eu falei
saindo do carro sem paciência e tendo a visão mais linda do mundo, sentada
no meio fio, depois de atravessar a rua sem olhar para os lados.
Capítulo 2
Sarah Campbell

O despertador começou a tocar insistentemente, fazendo-me lembrar que


mais um dia estava começando e que eu precisava acordar para trabalhar no
lugar que, definitivamente, não era o dos meus sonhos. Talvez fosse melhor
continuar de olhos fechados e sonhando com um corredor enorme, onde eu
caminhava apressada, segurando uma pilha de pastas, com os relatórios da
reunião da Cooper Enterprises, e recebendo no final da quinzena um salário
decente pelas minhas horas de trabalho.
Sim, eu sonhava em trabalhar em uma empresa específica, a Cooper,
desde que me formei em publicidade. Já tinha enviado meu currículo para
uma vaga de assistente de diretoria há uns seis meses e todos os dias
verificava meu e-mail com a esperança de que eles me chamassem para uma
entrevista.
Ficava imaginando os looks de executiva que usaria quando estivesse
trabalhando lá. Tudo bem que seria apenas assistente, atenderia ao telefone,
carregaria umas pastas de um lado para outro, talvez serviria café, mas o que
importava era trabalhar lá, e isso para mim já era um “supercargo”, que
merecia roupas estilosas e que, com certeza, me deixaria de bom humor
todas as manhãs quando eu escutasse o som do despertador do meu celular.
Eu morava em Los Angeles, mais precisamente em Redondo Beach,
e dividia uma casa com duas amigas: Alice, que trabalhava numa editora de
modas e Nina, que trabalhava num escritório de advocacia. Elas eram como
irmãs para mim, estávamos sempre juntas e nossa casa era só alegria.
Alice era a mais animada de nós três e estava sempre inventando uma
balada diferente para irmos. Já Nina, era um pouco mais reservada, exceto
quando bebia, pois ficava parecendo outra pessoa.
E eu... ah... eu sonhava em me livrar do meu emprego chato e
trabalhar na Cooper. Ou... não sei, era como se eu quisesse algo que
desconheço, que não fosse monótono, repetitivo. Desde criança sempre fui
movida à adrenalina e acho que preciso de uma vida com emoção para ter
motivos para me levantar da cama.
Enquanto isso não acontece, só me resta tomar o meu café apressada
como sempre e sair correndo para não chegar atrasada ao trabalho e ter que
começar o dia com uma bronca do meu chefe.
Assim que entrei na editora, corri para a minha mesa, liguei o
computador e conferi rapidamente a agenda do dia.
​— Atrasada novamente, Senhorita Campbell. — Meu chefe falou
quando saiu de sua sala. — Talvez seja melhor você comprar um despertador
novo, porque eu não posso começar o meu trabalho sem a minha secretária
para me passar a agenda do dia.
​— Me desculpe! Isso não vai mais acontecer. — falei enquanto o seguia
até a sua sala e o informava sobre os primeiros compromissos do dia.
Assim que voltei para a minha mesa, eu me senti desanimada e
peguei o meu celular para enviar uma mensagem para Nina.
“Esse meu trabalho é um tédio! Não vejo a hora de conseguir outro
lugar para trabalhar. Não quero envelhecer aqui.”
“Calma, amiga, você vai conseguir! Não chegou nenhuma resposta
da empresa Cooper?”
“Nada ainda! Eu verifico o e-mail na mesma proporção em que fico
olhando o relógio, a cada cinco minutos, esperando dar duas horas da
tarde para eu ir embora. Será que todos os meus dias serão sempre assim,
neste emprego chato e sem perspectivas de melhorar?”
“Você só tem vinte e três anos, Sarah Campbell, acabou de se formar
e parece que está para se aposentar depois de ficar uma vida inteira
trabalhando no mesmo lugar! Reage, mulher, que a vida está só
começando.”
Quando li essa mensagem de Alice, eu me dei conta de que estava
escrevendo no nosso grupo das meninas superpoderosas e não no privado
com Nina.
Às vezes a gente se falava no chat privado, porque Alice sempre era
muito direta e não deixava a gente ficar perdendo tempo com lamúrias.
Então, quando queríamos “nos sabotar”, como Alice dizia, conversávamos
no privado, mas, logo depois da sessão deprê, contávamos tudo para nossa
amiga realista, que nos chamava para o mundo real.
Alice era o nosso combustível para avançar na vida! Ela tinha o
humor sarcástico, era doidinha por natureza e a melhor amiga do mundo.
Nem eu, nem Nina conseguiríamos viver longe dos seus conselhos curtos e
diretos.
Aquelas seis horas na editora em que eu trabalhava pareciam eternas
só porque eu não gostava do meu trabalho. Eu só conseguia pensar no e-mail
que tinha enviado para a Cooper, que mantinha contrato com várias marcas
famosas e havia aberto uma vaga para o cargo de assistente da diretoria.
Com certeza, eu aprenderia muito trabalhando com eles. Minha ansiedade
continuava a me fazer verificar o meu e-mail a cada cinco minutos.
Finalmente o melhor momento do dia chegou e Lucy, que ficava no
meu lugar no turno da tarde, já estava pronta para assumir aquela função
nada agradável.
— Como está o chefe hoje? — Lucy me perguntou.
— Com seu péssimo humor de sempre — respondi fazendo careta.
Rimos, e peguei minha bolsa para ir embora. Coloquei meu iPod no
máximo e resolvi ir caminhando para casa. Eu não morava muito longe do
trabalho e caminhar me ajudava a me distrair e a esquecer a vida. Estava
quase chegando em minha residência, cantando alto e sem me importar com
o mundo à minha volta, quando meu celular vibrou, avisando que tinha um
e-mail novo para mim.
Eu me esqueci de tudo ao ler o remetente do e-mail e, em fração de
segundos, quando estava me preparando para pular de alegria, ouvi um
barulho enorme de um carro freando. Com o susto, dei um pulo para trás e
caí sentada no chão.
— Sua maluca! Você pensa que está na sua casa indo da sala para o
seu quarto? Eu podia ter te matado! — o motorista saiu do carro que estava
parado na minha frente e veio falando sem parar.
Fiquei tão desnorteada que não estava conseguindo pensar direito no
que tinha acontecido e só conseguia escutar aquele homem lindo gritando
comigo. Devo ter morrido e chegado ao Paraíso Hot, só pode!
— Você está bem? Parecia uma doida pulando na frente do meu
carro. Não vai falar nada?
Por fim, despertei, tirei o iPod do ouvido e me dei conta de que tinha
sido praticamente atropelada.
— Você me atropelou?
— Tecnicamente, você atropelou o meu carro quando surgiu do nada,
e, por sorte, eu estava dirigindo devagar!
— Eu não vi seu carro, estava distraída com a música e um e-mail
importante que tinha acabado de receber.
— Você se jogou na frente do meu carro por causa de um e-mail?
Vem comigo, preciso te levar ao hospital. Ainda vou me atrasar por isso.
Inferno!
— Eu não preciso de hospital nenhum. Estou ótima!
— Tem certeza?
— Claro que eu tenho! Não estou sentindo nada.
— Sendo assim, até nunca mais. E tenha cuidado para não acertar
mais nenhum carro!
Estática pelo susto, fiquei olhando aquele homem lindo, moreno,
com um olhar intenso, todo vestido de preto se afastar nervoso depois de
gritar comigo, sem nem ao menos estender a mão para me ajudar a levantar
do chão.
— Você é bem mal-educado! Nem para me ajudar a levantar do chão.
— Falei e me levantei, enquanto ele me olhava ao entrar no carro. — Não
vai nem perguntar o meu nome? — indaguei, porque queria saber o nome
dele.
— Já sei que é uma maluca e isso basta para mim!
— Nossa! Como você é um antipático. Eu, hein! Idiota! — gritei
irritada, enquanto ele me olhava furioso e saía com o seu carro cantando
pneu.
Sem mais nada a fazer, fui andando o resto do caminho até minha
casa, tentando tirar a imagem daquele ser lindo e estúpido da minha cabeça,
quando me lembrei do meu e-mail da empresa Cooper e voltei a pular de
alegria. Senti meu corpo todo doer quando dei esses pulinhos e me arrependi
de não ter aceitado a oferta do hot desconhecido para ir ao hospital.
Quem eu queria enganar com isso? Só me arrependi de não ter ido
com ele porque com minha atitude acabei não sabendo mais nada sobre
aquele homem.

◆◆◆
— Nina! Alice! Tem alguém em casa? — entrei gritando e encontrei as
duas na sala.
— O que aconteceu? — elas perguntaram.
— Primeiro, eu fui atropelada e segundo, consegui uma entrevista de
emprego na Cooper!
— Champagne! — gritou Alice e as duas se levantaram e correram
para me abraçar.
— Você disse que foi atropelada? — Nina perguntou.
— Fui quase atropelada, porque pulei para trás e caí sentada na beira
da calçada. Mas, segundo o homem que estava dirigindo, fui eu que atropelei
o carro dele.
— É a sua cara atropelar um carro! — Alice falou, rindo. — O povo
de bicicleta corre quando te vê, porque quando você coloca seu iPod e
resolve caminhar, se torna um perigo para quem está em volta!
— Eu já contei que o cara era lindo? — falei e me lembrei do olhar
intenso dele, encarando-me furioso.
— Não contou! Nina, pega as taças, e vamos brindar ao e-mail e a
essa história que está ficando interessante! — Alice falou e me puxou para
me sentar ao lado dela.
— Eu não sei nada sobre ele, só que o homem tem um olhar intenso
que me deixou hipnotizada, é alto, os cabelos são castanhos, tem um queixo
meio quadrado e é um tremendo grosseirão!
— Ele te atropelou e você nem perguntou o nome dele? — Nina
questionou, incorporando a advogada. — Você poderia processá-lo, sabia?
— Só se for porque ele não me estendeu a mão para me levantar, pois
de verdade, eu me joguei mesmo na frente dele — falei enquanto bebia
minha champagne.
— Mas e o e-mail? Esse motorista até me fez esquecer sua entrevista.
Eles marcaram alguma data? — Nina perguntou, querendo saber e já
levantando a taça para brindarmos.
— Dentro de três dias!
A comemoração foi até tarde e decidimos ir no dia seguinte para uma
boate celebrar.
— Amanhã vamos beber, dançar e comemorar essa entrevista.
Amiga, é certo que essa vaga vai ser sua! — Alice falou. — Amanhã é o
aniversário do meu primo Alan e ele faz questão de todo mundo na festa
dele.
Confesso que não senti muito ânimo para ir a esse evento, mas como
Alice estava superfeliz e queria comemorar comigo, além de é claro, ir à
festa e pegar alguém, como sempre fazia, aceitei o convite e ainda disse que
não via a hora de me divertir.
No dia seguinte, acordei com uma tremenda ressaca e quase desliguei
o despertador para continuar dormindo, mas infelizmente eu ainda não tinha
sido contratada pela Cooper e só restava me levantar da cama e sair para
trabalhar. Estava faltando pouco para eu pedir demissão daquele lugar chato,
com aquele meu chefe ridículo, que se achava o gostosão e que colocava
defeito em tudo que eu fazia só porque não dava confiança para ele.
O dia se arrastou e quando deu a minha hora de ir embora, o meu
chefe saiu da sua sala e disse que precisaria de mim até mais tarde.
— Senhorita Campbell, eu hoje não posso dispensá-la mais cedo, na
verdade, a partir de hoje, o seu novo horário será até as dezesseis horas.
— Como assim? Eu sempre trabalhei seis horas e o senhor não me
falou nada sobre essa mudança…
— Que diferença faz isso? Eu aumentei as suas horas de serviço e
estou lhe comunicando. Sabia que tem muita gente querendo o seu emprego?
— Então não deixe que elas esperem na fila, ofereça o meu cargo
para essas pessoas. Eu me demito! — falei sem pensar e me dando conta de
que se não conseguisse o emprego dos meus sonhos, estaria desempregada.
Eu não aguentava mais aquele trabalho, com um chefe casado que
sempre vivia me chamando para jantar e dizendo que eu era linda. Um
homem que deveria respeitar a sua esposa e os seus filhos, mas me fazia
reservar hotéis no fim de semana para viajar com suas amantes, enquanto a
família pensava que ele viajava a negócios, que me jogava indiretas, dizendo
que eu também ficaria feliz em viajar com ele a trabalho.
Detesto esse tipo de homem que trai a família! Se não gosta, é
melhor se separar e pronto!
Às vezes eu pensava que se eu fosse uma mulher muito poderosa,
faria todos os homens se curvarem e entenderem que lugar de mulher é onde
ela quiser, que podemos tudo e que merecemos respeito.
Acho que eu nasci para ser rainha, ou vingadora, mas
definitivamente, não foi para ficar atrás de uma mesa recebendo cantada de
um chefe casado e babaca.
Após a minha decisão, respirei fundo, deixei a editora e fui para o
shopping comprar um vestido novo para usar na festa em que eu iria naquela
noite. Decidi também que só enviaria meu currículo para outras editoras
depois da entrevista na Cooper Enterprises, que por algum motivo, segundo
a minha intuição, era o lugar onde aconteceria uma virada de chave na minha
vida.
Parece loucura pensar assim, mas tem algo que me atrai para essa
empresa, e quero muito conseguir esse emprego.
De volta ao lar, contei para as minhas amigas que eu estava
desempregada e as duas disseram que eu já deveria ter saído daquela editora
há muito tempo.
— Às vezes precisamos fazer uma mudança radical na nossa vida
para que ela ande para frente! Aquele lugar só estava te atrasando — Nina
falou. — Você acordava triste, reclamava e carregava essa energia consigo
pelo resto do dia.
— É verdade! Eu não sei explicar, mas quero muito mais para a
minha vida. Gosto de desafios, de adrenalina. Não sou uma pessoa que
nasceu para ficar sentada o dia todo checando mensagens no computador e
fazendo a agenda do meu chefe. Preciso de um trabalho onde eu possa me
movimentar e tenha a oportunidade de crescer profissionalmente. Eu quero o
mundo! Eu quero ser, como dizem por aí, a Dona da Porra Toda!
— Sarah! — Alice disse. — Você falou agora de um jeito capaz de
fazer qualquer um acreditar que nasceu para mandar, para ser líder, para ser a
poderosa chefona.
— Você está falando de brincadeira, mas é assim que eu me sinto,
poderosa e como quem nasceu para comandar. Vou aproveitar esse meu
otimismo para tomar um banho e me arrumar para essa festa de hoje à noite.
E já vou avisando, se produzam, porque eu irei vestida para matar.
Alice bateu palmas quando eu terminei de falar e saiu correndo para
se arrumar também, pois segundo ela, queria ficar à altura da atual mulher
mais poderosa da casa.
Horas depois, quando nós três estávamos prontas para a festa, Alice
me olhou e como sempre, não conseguiu ficar calada, porque ela sempre
tinha um comentário novo coçando na ponta da sua língua afiada.
— Você se vestiu realmente para matar, resta saber quem será a
vítima! — Alice falou rindo e olhando para o meu vestido novo, que
marcava todas as curvas do meu corpo.
— O Nick bem que podia estar chegando hoje e não na semana que
vem. Imagina ele vendo a Sarah vestida para matar — Nina disse assim que
me viu — Nick jura que você arrasta um caminhão por ele.
— Coitado dele! Ele veio com aquela história de que não podia ter
nada sério porque iria viajar, morar em outra cidade, o que foi ótimo porque
eu não sentia nada mais profundo por ele e me poupou de ter essa conversa
que poderia estragar nossa amizade.
— Nunca misture sexo e amizade, que a coisa sempre desanda —
Nina falou e concordamos rindo.
Nick dividia a casa com a gente e tinha se mudado para Nova York
fazia dois anos. Ele estava vindo ficar alguns dias em Los Angeles a
trabalho e tínhamos combinado de sairmos todos juntos como nos velhos
tempos.
A verdade sobre nós dois é que Nick queria transar comigo de
qualquer jeito, mas eu disse não, porque morávamos na mesma casa e isso
seria estranho. Então, como ele não queria sair por baixo, falou que seria
melhor mesmo a gente ficar só como amigos, já que ele estaria se mudando e
não poderia ter um relacionamento sério comigo.
Ele que lute ou fique com raiva, problema dele. Eu não sou obrigada
a sentir tesão por ele. Quando eu quiser transar, farei isso feliz, mas porque
eu quero e nunca para agradar homem nenhum.
Acho que até aquele dia em que eu atropelei o carro do homem
desconhecido, nunca tinha sentido nada por ninguém. Mas, naquele
momento, sentada na calçada, quando ele veio me encarando, senti tudo
ficando úmido embaixo de mim.
O pior é que fui cair na besteira de contar isso para Alice, que com
certeza iria me zoar por isso até o dia da minha morte.
No caminho para a boate, Nina estava toda animada, contando que
um carinha por quem ela estava interessada iria também àquela festa e que
por isso tinha caprichado no visual, enquanto Alice não parava de falar sobre
o CEO da Cooper.
— Sabe de quem as pessoas falam se referindo a um homem muito
lindo e gostoso? O CEO da Cooper. Vamos procurar na internet, ver como
ele é e conferir se isso é verdade — Alice sugeriu, começando a pesquisar
quando eu a interrompi.
— Não, nada disso! — falei. — Não quero chegar lá imaginando
coisas ou pensando que o meu futuro chefe é lindo e gostoso! Estou indo
trabalhar! Deixa a diversão para festas como essa a que nós estamos indo.
— Está certo! Mas, depois da entrevista eu vou querer detalhes sobre
ele.
Capítulo 3
Sarah Campbell

Chegamos à boate onde acontecia a festa do Alan. O local estava lotado e


custamos encontrá-lo no meio de tantas pessoas. Quando finalmente ele
conseguiu nos ver, veio correndo nos abraçar e agradecer a nossa presença.
— Minhas lindas, que bom que vocês vieram! A festa está
bombando! — ele disse sorrindo. — Aproveitem! — falou e saiu beijando
uma mulher que passou olhando para ele, nos deixando para trás.
Eu e Nina rimos, porque o Alan era igual à sua prima Alice, não
costumava perder tempo. Como não queríamos desperdiçar nem um minuto
da festa, nós três corremos para o bar e pedimos nossas bebidas.
No momento em que estávamos conversando e bebendo
superanimadas, o crush da Nina chegou e ela foi falar com ele. Eu e Alice
continuamos no bar até que ela sugeriu que fôssemos para a pista de dança.
Quando começamos a dançar, nem deu tempo de a primeira música
acabar e Alice, que não perdia tempo, rapidamente se enroscou num homem
lindo que estava dançando próximo da gente.
Como fiquei sozinha, resolvi dar uma voltinha para ver se encontrava
algum conhecido, mas acabei indo para o bar pegar mais uma bebida.
— Sozinha? — alguém perguntou no meu ouvido, com uma voz
rouca e firme que fez meu corpo estremecer. Eu me virei e estabanada como
sempre, derrubei a minha bebida na camisa do homem que achou que falar
próximo ao meu ouvido seria algo sexy!
— Qual o seu problema? Quando não atropela o meu carro, joga sua
bebida na minha camisa? — ele resmungou e me olhou furioso como no
outro dia na rua.
— Você? — eu falei, surpresa. — O que está fazendo aqui? —
perguntei, tentando achar um guardanapo para enxugar a camisa dele.
— Eu acho que estou fazendo a mesma coisa que você,
comemorando o aniversário de um amigo — ele respondeu, tirando minhas
mãos da sua camisa.
— Me desculpe, eu não queria derrubar a bebida em você. Só me
virei para ver quem tinha falado comigo e você estava muito perto —
expliquei.
“Perto até demais”, pensei.
— Eu vi você na pista de dança quando cheguei e depois vindo aqui
para o bar, pensei em dar um "oi" e dizer que meu carro está bem, mesmo
tendo sido atropelado.
— Que bom que ele está passando bem! — Eu respondi rindo — O
meu nome é Sarah e o seu?
— De Lucca.
— Italiano?
— Americano, mas com a família toda italiana.
— Muito prazer, De Lucca. Eu só vim buscar uma bebida e estou
indo dançar, quer vir comigo?
— Eu não danço!
— E o que uma pessoa que não dança veio fazer numa boate?
— Você sabia que tem outras coisas que se pode fazer numa boate
que não seja exatamente dançar numa pista lotada de gente suada?
— O que por exemplo?
— Você quer mesmo saber? — Ela falou sussurrando no meu ouvido.
— Quero, se você dançar comigo! — Eu falei movimentando meu
corpo ficando bem colada nele e fazendo ele me olhar intensamente
enquanto eu o encarava, como se estivéssemos duelando, como dois
dominadores.
— Se você quer tanto dançar! — Ele falou e foi para próximo da
pista de dança e começou a se movimentar com o corpo colado ao meu, de
um jeito sensual, enquanto eu fazia o mesmo, mostrando a ele o que eu podia
fazer com ele só por estar tão próxima.
— Você está brincando com fogo, Sarah!
— Eu espero sair pelo menos chamuscada daqui, De Lucca.
Eu não sou mulher para me deixar dominar, se ele queria jogar, que
estivesse pronto para isso. De tudo eu só tinha uma certeza, que iria até onde
eu quisesse e nunca até onde ele ordenasse.
De Lucca colocou a mão no meu cabelo, pegou uma mecha que
sempre ficava caindo no meu rosto e ficou segurando.
— Por que você esconde esse seu rosto lindo atrás desse cabelo? —
ele perguntou e beijou a minha orelha.
Em seguida, ele me puxou pelas mãos e saímos da pista de dança. Eu
não conseguia pensar em mais nada quando ele me colocou contra a parede,
segurou as minhas mãos no alto e me beijou com força e desejo.
Eu podia sentir a sua ereção contra a minha boceta que estava
latejando de tesão.
Pouco me importava com os julgamentos alheios nesse momento, eu
era uma mulher livre, pagava as minhas contas e se queria aquele homem,
era assim que seria, porque não acreditava em um mundo onde os homens
pudessem transar livremente e as mulheres fossem julgadas quando fizessem
o mesmo.
Não aceitava que eles pudessem fazer nada diferente do que nós
mulheres também poderíamos fazer. Eu decididamente não tinha vindo a
este mundo a passeio e sim para viver intensamente, e o que eu queria
naquele momento era tentar aliviar o calor que estava me consumindo.
Se eu faria sexo com ele? Quem sabe! A decisão era minha, mas uma
coisa eu poderia afirmar, se não fosse naquela noite, seria em outra e com
toda certeza, com ele!
Assim que me entreguei ao seu beijo, os meus seios começaram a
ficar doloridos à medida que Ryan esfregava o seu corpo contra eles. Nesse
momento, esqueci onde eu estava e quanto mais eu sentia o meu corpo
contra o dele, mais úmida eu ficava, minha respiração acelerava, parecendo
que meu peito explodiria.
— Acho melhor a gente parar, eu… — sugeri, ofegante, afastando-o
com as minhas mãos.
— Você está brincando comigo?
— Não, eu só não sou chegada a sexo em público.
— Então, vamos embora?
— Não! — falei tentando entender tudo que eu estava sentindo e
caminhando em direção à saída. Encontrei com Nina, que estava próxima à
pista de dança.
— Aconteceu alguma coisa? — ela perguntou e pediu licença ao seu
crush para poder falar comigo.
— Nada além de muita bebida e de eu quase ter transado com o
homem que me atropelou na frente de todo mundo.
— O homem que te atropelou está na festa?
— Sim, e pela primeira vez quase me deixei dominar, e você sabe,
não gosto de perder o controle da situação. Quase transei com ele lá dentro,
mas me dei conta que estava encostada em uma parede de frente para a pista
de dança e não em um lugar reservado. Porra, não vou fazer uma rapidinha
na frente de todos, porque eu mereço muito mais que isso.
— E ele? Onde está?
— Queria me levar com ele, mas eu não fui. Tudo que eu sei foi que
saí de lá antes de oferecer um espetáculo de sexo explícito aos convidados.
Após falar com Nina, fui para o lado de fora da boate, precisava
respirar. Peguei meu celular e chamei um Uber para ir embora. Ainda estava
ofegante com tudo que tinha acontecido. Não parava de pensar no meu
moreno de olhos intensos e voz rouca quando senti alguém segurando o meu
braço e me abraçando forte por trás.
— Você estava mesmo pensando em ir embora sem falar comigo? —
ele perguntou, colando sua boca no meu pescoço.
— Eu falei que estava… — tentei explicar, mas ele me interrompeu.
— Ainda não terminei o que comecei lá dentro — ele falou e colou
seus lábios nos meus, me tomando com força entre os seus braços. Ele tinha
gosto de whisky, e apesar de não ser uma das minhas bebidas favoritas, na
boca daquele homem gostoso eu estava amando o sabor.
— Você vem comigo. Agora! — Ele falou na mesma hora que o meu
celular vibrou com uma nova mensagem.
— Eu vou para casa. Outro dia quem sabe... O Uber que eu chamei já
chegou.
— Você quem sabe. — Ele disse e se virou, caminhando de volta
para dentro da boate.
— Aproveite a festa! — desejei quando estava entrando no carro,
mas sentindo raiva por ele parecer não se importar com o fato de eu ir
embora.
— Não tenha dúvidas disso! — ele respondeu bem alto para que eu
pudesse escutar, me desafiando, assim como eu sabia que estava fazendo
com ele.
Éramos iguais!
Eu achei que ele me pediria para ficar, mas, em vez disso, ele me
disse que ia se divertir sem mim na festa.
Foram tantos acontecimentos. Em apenas dois dias eu tinha
atropelado o seu carro, derrubado bebida na sua camisa e quase transado
dentro e fora da boate com ele.
Alguma coisa nele me fazia sentir vulnerabilidade e meu lado
dominador despertava para não aceitar receber ordens.
Essa sou eu, paz e guerra conflitando dentro de uma única pessoa.
Assim que cheguei a minha casa, fui tomar um banho frio para me
acalmar, mas nem toda água gelada do mundo me faria esquecer a sensação
do toque dele no meu corpo e as minhas fantasias eróticas.
Como eu não conseguia dormir, fiz um chá e me sentei bem relaxada
no sofá da sala. Nesse instante, Alice chegou toda animada dizendo que
havia beijado muito na boca e que aquela festa a tinha rendido bons
momentos.
— E Nina? — perguntei, já que ela tinha voltado sozinha.
— Ela se deu bem! Foi dormir na casa do cara que ela pegou na festa
e por quem ela estava doida já tinha uma semana. E você, hein. Nossa! O
que era aquela pegação doida no meio da boate?
Alice estava tão empolgada, que quando eu fui responder ela se
jogou no sofá ao meu lado e continuou falando.
— Eu até pensei que você tinha sumido porque foi procurar uma
cama com aquele homem gostoso que arrumou, mas depois eu o vi passando
com aquela sonsa da Pamela. Não gosto daquela mulher. Meu primo já
namorou aquela ridícula. Pensa numa pessoa insuportável, fácil e que se
acha! — ela falou e revirou os olhos.
Apesar de saber desse fato, tentei disfarçar, mas meu coração
disparou quando Alice falou que ele havia ficado com outra mulher depois
dos nossos amassos. Tudo bem que ele até quis me levar embora com ele e
fui eu quem dei uma de doida e fugi, mas, mesmo assim, não conseguia
imaginar que aquele homem simplesmente havia entrado na boate e me
substituído como quem vai ao closet e troca de camisa.
Droga! Por que eu tinha que me importar com isso se provavelmente
nunca mais me encontraria com ele?
— Você o conhece? — perguntei, disfarçando.
— Não o conheço e nem sei nada sobre ele. Mas você deve saber
bem quem é o cara depois de quase transarem sem se importar com a
plateia!
Na mesma hora, todas as minhas terminações nervosas ganharam
vida, lembrando da pegada forte daquele desconhecido.
— Relaxa, Sarah! Quem nunca perdeu a cabeça por um homem na
vida? E vamos combinar, que homem, hein!
— Foi ele que me atropelou ontem na rua.
— Sério? Amiga, eu acho que ele te atropelou hoje de novo — ela
disse, dando gargalhadas.
— Mas que bagunça é essa, gente! Já é madrugada e eu lá da rua
estava escutando vocês falando! — Nina brincou e se jogou entre a gente no
sofá.
— Achei que você tivesse ido dormir com o seu crush! O que
aconteceu?
— Nada demais, só que eu preferi vir para casa por que ele tem que
acordar daqui a pouco para o plantão dele no hospital e combinamos de nos
ver de novo amanhã, já que ele vai estar em casa e não vamos precisar ter
pressa — ela explicou e nos abraçou. — O nome dele é Noah e podem
gravar esse nome porque algo me diz que ele ainda vai fazer parte da minha
vida.
— Alice, será que ele namora a tal Pamela? — perguntei.
— Duvido! Aquela ali é uma oferecida e já estava na festa quando
vocês deram o show de pegação na parede da boate. Bem, vão dormir,
porque não quero estragar a animação de vocês, mas todo mundo aqui
trabalha logo cedo.
— Eu não, porque pedi demissão. Esqueceu? — falei e me lembrei
de que ou conseguiria meu emprego na Cooper, ou teria que trabalhar em
qualquer lugar até conseguir outra editora para mim, já que economizar
nunca foi o meu forte, só tinha dinheiro para o próximo aluguel.
— Quem é Pamela? — Nina perguntou, despertando-me dos meus
pensamentos.
— Uma mulher que Alice viu na boate com o homem que me
atropelou, logo depois de eu vir embora para casa.
— O que deu em você, Sarah? Eu vi que você estava quase sem ar
falando dele. Por que deixou o cara lá sozinho?
— Por isso mesmo! Eu não me reconheci e gosto de ter o controle do
que estou fazendo. Posso encontrá-lo amanhã e transar no meio da rua, mas
quero ter o controle do meu corpo e da minha mente.
— Além da vocação para a poderosa chefona, Sarah quer ser
dominatrix também! — Alice gritou do seu quarto. — Vão dormir, meninas
superpoderosas. Boa noite!
Por fim, eu fui me deitar e fiquei feliz por poder desligar o alarme do
meu celular, já que não precisaria acordar cedo para trabalhar na editora.
Por mais que eu não pudesse ficar sem trabalho, não conseguia mais
suportar a rotina tediosa do meu antigo emprego. Porém, eu precisava me
preparar, porque em dois dias, teria a chance da minha vida de conseguir o
trabalho dos meus sonhos.
Capítulo 4
Sarah Campbell
Dois dias depois…

O despertador tocou e eu pulei da cama animada, corri para tomar um


banho e me arrumar para a entrevista na Cooper Enterprises. Enquanto eu
me maquiava, meu pensamento foi tomado por aquele homem que eu não
sabia quem era, mas que tinha tomado conta dos meus sonhos nas duas
últimas noites.
— Bom dia, meninas! Hoje é o grande dia da minha entrevista na
Cooper! — falei e mostrei minhas mãos trêmulas assim que entrei na
cozinha para tomar um café.
— Confie no seu talento que vai dar tudo certo! — Nina falou
abraçando-me e me mostrando que tinha feito panquecas de banana, as
minhas favoritas.
— Você está linda, discreta, elegante e pronta para assumir esse
cargo de assistente da diretoria — Alice falou e se juntou ao abraço.
Nessas horas que eu percebia como era bom ter as duas na minha
vida. Elas me animavam e nunca me deixaram desistir de acreditar que eu
conseguiria esse emprego dos meus sonhos.
— Tenho muitos planos para esse emprego na Cooper. Vou começar
como assistente e depois que estiver na empresa, mostrarei todo o meu
potencial para convencê-los de me transferir para algum cargo de
publicidade e assim vou poder convencer os clientes a fecharem todos os
projetos que eu apresentar nas reuniões.
— E aproveita também que o tal Cooper é solteiro, se case com ele e
se torne a CEO da empresa. — Alice falou enquanto pegava a bolsa e saía
apressada para o trabalho.
— Vou colocar isso na minha lista de objetivos — eu disse rindo e
quando terminei de tomar o meu café da manhã, respirei fundo e saí em
direção ao meu novo emprego, aquele que com certeza mudaria toda a
minha vida.
Nina dizia que eu apostava muito alto na Cooper e que não poderia
colocar essa empresa como um divisor de águas na minha vida. Porém,
sempre acreditei que minha vida só começaria de verdade quando eu
estivesse trabalhando lá. Aliás, dizem que mulher tem sexto sentido, então
eu estava confiando no meu e indo abraçar o meu futuro.
Cheguei à Cooper Enterprises por volta das dez horas e ainda faltava
uma hora para a minha entrevista. Aproveitei para admirar com calma o
lobby da empresa, a decoração em tons escuros e os funcionários que
andavam apressados de um lado para outro. Fui recebida por uma senhora
elegante chamada Eleanor, que se apresentou como a responsável pela
contratação das secretárias e assistentes da diretoria.
— Sarah, a princípio sua entrevista seria comigo, mas algumas
mudanças ocorreram desde que te enviei o e-mail e a vaga que temos agora é
para assistente do CEO. É um homem muito exigente, diz que a secretária
não consegue dar conta de tudo e que ele mesmo quer entrevistar e escolher
a pessoa que vai trabalhar diretamente consigo.
Assim que ela disse isso, pensei no fato de essa oportunidade ser
muito maior do que eu esperava. Se eu conseguisse esse emprego,
trabalharia diretamente com o dono da empresa. Então, com o tempo, ele
veria o meu potencial e me daria um cargo na área de publicidade. Eu sabia
que o cargo com que estava sonhando era praticamente de diretora, mas,
como sonhar era de graça, eu me entreguei aos sonhos quando escutei o meu
nome.
— Sarah, tudo bem para você essa vaga? A responsabilidade será
muito maior, a carga horária então, nem se fala, mas é claro que você será
muito bem remunerada para ficar à disposição do Senhor Cooper.
— Claro que sim! Eu aceito! Vou me esforçar e ele vai ficar muito
satisfeito com o meu trabalho — comecei a falar igual a uma criança quando
ganha o brinquedo que tanto queria do Papai Noel.
— Isso tudo você tem que falar diretamente para ele. Gostei muito de
você e do seu currículo, mas a vaga agora é outra e não depende mais de
mim. Ele não quer mais que eu selecione ninguém, diz que não quer perder
tempo e, por isso, vai escolher e pronto. O Senhor Cooper viaja muito e você
teria que acompanhá-lo. Isso seria um problema para você?
— De forma alguma! Posso viajar, sim — falei, já querendo aquele
emprego mais do que tudo, mas lembrei que havia pedido demissão da
editora porque não queria fazer hora extra, contudo, estava dizendo sim para
ficar à disposição da empresa na qual eu estava disputando uma vaga como
assistente.
— O senhor Cooper está neste momento entrevistando uma
candidata à vaga de assistente e quando terminar, ele vai entrevistar você.
Venha comigo. — Ela falou e eu a segui por um longo corredor até
chegarmos a uma ampla sala que era um anexo da empresa. — Aqui fica o
escritório do Senhor Cooper, você pode se sentar e ficar à vontade enquanto
aguarda por ele — Eleanor falou sorrindo e se retirou, me deixando ali
sozinha.
Aproveitei o tempo de espera e enviei uma mensagem para Alice e
Nina no nosso grupo das meninas superpoderosas.
“Mudança de planos aqui na empresa. A vaga agora é para assistente
pessoal do Senhor Cooper.”
“Mentira! Amiga, eu quero detalhes desse homem, vou logo
avisando”, Alice escreveu, referindo-se ao fato de dizerem que o CEO era
lindo!
“Não quero pensar nisso! Estou aqui só para trabalhar. Preciso ser
profissional, já que ele pessoalmente irá me entrevistar.”
“Você tirou a sorte grande, vai trabalhar na Cooper e direto para o
chefe”, Nina digitou, reforçando em seguida: “Vai ser a chance que você
sempre sonhou!”.
Depois de várias mensagens e de muita espera, eu me dei conta de
que já estava ali há umas três horas e nada de ser chamada para a entrevista.
Na certa, o Senhor Cooper já havia escolhido a outra candidata que tinha ido
conversar com ele antes de mim. Concluí que havia perdido a minha chance.
Queria sair daquela sala e perguntar alguma coisa, mas achei melhor ficar
quieta para não parecer impaciente. Mas a verdade é que eu tinha certeza de
que tinham se esquecido de mim.
Tempos depois, quando eu já estava bem desanimada com aquela
situação, a porta se abriu e uma morena alta, com os cabelos presos em um
coque e muito bem-vestida, usando um look de secretária executiva, saiu e
sorriu para mim.
— Oi, meu nome é Lauren! Sou a secretária do Senhor Cooper e ele
está à sua espera.
— Eu sou a Sarah, muito prazer! — cumprimentei sorrindo e
ajeitando meu vestido.
— Com a paciência que você esteve aguardando para ser recebida,
espero que ele te escolha, assim já sei que não teremos problemas por aqui
— ela falou e sorriu, com uma cara de que não parecia ser muito fácil
trabalhar para ele.
— Também espero conseguir esse emprego — eu disse sincera.
No caminho até o escritório dele, fiquei bastante nervosa e comecei a
tremer com receio de não ser contratada.
“Respira, pelo amor de Deus”, eu repetia mentalmente.
— Boa sorte! — Lauren desejou e abriu a porta para que eu entrasse
no escritório do CEO da Cooper.
Quando entrei na sala do Senhor Cooper, meu corpo congelou e eu
fiquei estática. O ar sumiu literalmente dos meus pulmões quando vi quem
estava em pé atrás da mesa, com um terno preto, uma expressão séria e um
olhar intenso me encarando.
— Você? — ele perguntou, sorrindo de um jeito irônico. — Você é
Sarah Campbell, candidata à vaga de minha assistente pessoal? — falou e
soltou uma gargalhada.
Vendo-me nessa situação, não sabia o que fazer. Minha cabeça não
parava de rodar e eu precisava respirar fundo e me lembrar de que aquele era
o emprego dos meus sonhos. Eu tinha que fazer alguma coisa para me
recompor, já que havia esperado muito por esse dia. E que sorte a minha,
com tanto carro para me atropelar, o CEO que estava prestes a me contratar
tinha que ser justamente o dono daquele veículo.
— Sim, eu sou Sarah Campbell. Muito prazer, Senhor Cooper —
respondi, tentando ser o mais formal possível e disfarçando o meu
constrangimento.
Assim que terminei de falar ele me encarou, fazendo meu corpo todo
estremecer.
— Senhorita Campbell, pode se sentar, por favor — ele falou,
apontando para a cadeira.
Eu caminhei até a cadeira que estava em frente à mesa dele e me
sentei. Por mais que estivesse visivelmente desconfortável, tentava manter a
minha pose.
— Por que eu deveria te contratar para ser minha assistente,
Senhorita Campbell?
— Eu tenho experiência…
— Em atropelar carros e derrubar bebida nos outros? Por que eu
contrataria uma pessoa assim para estar sempre ao meu lado? Eu fico
imaginando como você deve ser servindo café! — ele falou e começou a rir.
— Além disso, você me deixou plantado numa festa sozinho, se é que você
se lembra disso.
— Festa esta que você aproveitou muito bem. Aliás, como vai a
Pamela?
Depois de falar isso, eu me perguntei o que estava fazendo. Pelo jeito
não seria contratada mesmo, estava questionando o meu ex-futuro chefe.
— Com ciúmes de mim, Senhorita Campbell?
— Por que eu teria ciúmes, Senhor Cooper? O senhor não é nada
meu! Faça bom proveito da Pamela e de quem mais o senhor quiser. Eu vim
aqui porque queria muito esse emprego.
— Queria? Não quer mais? — ele perguntou.
— Eu ainda quero, sempre quis, por isso quase fui atropelada
naquele dia, pois estava lendo o e-mail aqui da sua empresa.
— Então, Cinderela, você está querendo me dizer que atropelou o
meu carro por minha culpa, é isso?
— Por que você está me chamando de Cinderela?
— Porque ela é a princesa que vai embora da festa à meia-noite e
entra na carruagem para não virar abóbora, igual a você no aniversário do
Alan.
— Já chega! Não vou ficar aqui passando por isso. Se não quer me
contratar, azar o seu, porque eu seria uma ótima assistente, mesmo meu
chefe sendo você!
— Você está falando mal do seu futuro chefe, é isso mesmo? Isso não
me parece muito profissional.
— Eu sei separar as coisas, ao contrário de você, do senhor, que está
aqui me chamando de Cinderela como desculpa para ter ficado com outra
depois que fui embora.
— Não estou dando desculpa, fiquei e fico com quem eu quiser.
— Ótimo! Se eu fosse sua assistente, até marcaria seus encontros na
sua agenda! Passe muito bem, ou melhor, passe muito mal, Senhor Cooper!
Sem mais palavras, eu me levantei e fui caminhando até a porta,
segurando um monte de palavrões que queria vociferar para ele— Você
começa amanhã. Eu tenho uma reunião às oito horas, então esteja aqui às
sete. Não tolero atrasos, por isso seja pontual. Preciso de alguém que esteja
disponível sempre que eu precisar e pago bem por isso, mas, com certeza,
você já recebeu essas informações.
— Eu estou contratada?
— Sim, e não faça com que eu me arrependa disso, Cinderela.
Respirei fundo e tentei lembrar quanto aquele trabalho era importante
para mim.
— Até amanhã, Senhor Cooper! — falei e saí sem olhar para trás.
Quando me aproximei da mesa de Lauren, ela estava falando com o
Senhor Cooper pelo telefone. Nesse momento eu soube o nome dele, Ryan
Cooper, o homem com quem eu tinha sonhos eróticos e que seria o meu
chefe.
— Parabéns! Você conseguiu a vaga de assistente! Vamos trabalhar
juntas e eu vou tentar te mostrar tudo que for possível para que possa
aprender rápido. Basicamente, são inúmeras reuniões. Você vai ter que saber
qual o tema de cada uma, separar as pastas e o material para as
apresentações, servir o café quando ele pedir e fazer outras coisas que for
vendo no dia a dia.
— Eu vou aprender tudo bem rápido! Obrigada pela ajuda! Aqui
parece ser bem agitado com toda essa gente indo e vindo... — falei, animada
com o trabalho, e até esqueci quem era o meu chefe por alguns minutos.
— Vou pedir para te acompanharem até o setor de Recursos
Humanos. Já deixei todos os seus contatos que estavam no currículo com o
Senhor Cooper, então, se ele precisar de alguma coisa, você vai receber uma
mensagem minha ou diretamente dele.
— A outra assistente saiu há muito tempo? — perguntei.
— Ele não tinha uma assistente pessoal. Eu cuidava de tudo e, às
vezes, as assistentes da diretoria me ajudavam. Mas o Senhor Cooper disse
que tudo estava demorando, que ele pedia as coisas e ninguém atendia na
hora e que precisava de uma assistente. Eu faço tudo que posso, mas tem
horas em que estou desmarcando algum compromisso e ele pede algumas
pastas de um projeto, quando não posso levar, ele fica muito bravo e eu fico
tremendo de medo de perder o meu emprego.
— Entendo — eu disse, pensando que, além de beijar deliciosamente
bem, ele era mandão e exigente.
Fui até o setor de Recursos Humanos e saí de lá toda boba com o
meu crachá da Cooper. Estava tão feliz por ter conseguido o trabalho que eu
tanto queria que decidi não pensar mais no que tinha acontecido na boate. Eu
precisava definitivamente ser profissional e esquecer que um dia tinha
beijado o meu chefe.
De repente, meu celular vibrou, era uma mensagem de um número
desconhecido. “Você ficou linda na foto do crachá. Te vejo amanhã às sete
horas. Não se atrase, Cinderela!”
Capítulo 5
Ryan Cooper

Eu estava tão exausto depois de tantas reuniões e problemas, que até o


whisky descia com gosto amargo. Somente as lembranças dela sentada na
calçada, depois de quase se jogar em cima do meu carro, aliviavam o meu
estresse. Uma mulher linda, com aquela pele tão branca e olhos expressivos!
Ela me encarava confusa, parecendo perdida, distante, como se estivesse
vendo uma miragem, enquanto eu a chamava de doida.
Quando Alan me ligou perguntando se eu iria à sua festa, quase
respondi que não, já que a minha vontade era de me jogar na cama e sonhar
com a moça que atropelou meu carro, que mais parecia um anjo no meio do
meu dia sangrento. Não aguentava mais tantos problemas e uma festa,
mesmo que fosse realizada na minha boate, onde eu tinha uma sala para me
refugiar se quisesse, não me animava em nada.
Por outro lado, eu precisava estar sempre atento no funcionamento
das minhas boates, que funcionavam como “laranjas” de um esquema de
venda de armas e drogas da Instituição. Até que seria bom unir uma festa
com muitas mulheres para me distrair do dia pesado e os meus negócios
escusos.
Mesmo sem ânimo de sair, tomei um banho, me arrumei e quando
estava de saída, meu primo chegou falando que tinha dado algum problema
com um dos carregamentos.
— Ryan, as armas não foram todas entregues. Alguém desviou parte
do carregamento e precisamos saber quem foi e eliminar o traidor — meu
primo falou nervoso assim que entrou na minha casa.
— Vocês não conseguem fazer nada direito? Outro problema nos
carregamentos? — falei, irritado.
— Ryan, eu e o meu pai fazemos de tudo. Meu avô deixou você
como herdeiro então você deveria passar mais poder para o meu pai poder
agir, assim não aconteceriam essas coisas quando você está ausente.
— Mais poder para vocês meterem os pés pelas mãos?
— Meu pai faz tudo que você manda, mesmo sendo uma
humilhação…
— Eu não vou ficar escutando essa história de que ele deveria ser o
Capo e não eu. Muitas vezes tento relevar e não brigar com vocês, porque eu
sei que o seu pai está sempre tentando fazer o melhor, embora não consiga,
só que eu sou o Capo, eu que mando e nem sempre estou de bom humor
como hoje, por exemplo.
— Você não queria esse cargo, eu sei disso, por isso te ajudamos e
apoiamos.
Eu dei uma gargalhada, porque eu odiava quando o meu primo
tentava me bajular no lugar de falar que eu roubei o que era dele por direito.
De verdade, se pudesse escolher, não queria ter nascido nessa
família. Mas não quero morrer e Dante, o Capo da Cosa Nostra, deixou claro
no enterro do meu avô que ou eu seria o Capo da Máfia Americana ou
morreria. E quer saber? Tenho muito que viver! Além disso, eu não posso
negar que gosto de ter todo esse poder, mesmo que às vezes eu tente me
convencer do contrário.
— Vou deixar seu pai cuidando desse desvio essa noite.
— Eliminamos o traidor?
— Não preciso te responder o óbvio, você sabe muito bem o que
fazer. Estou indo para a boate e vou acompanhar tudo de lá. Me deixe
informado, quero saber se precisarei ir até o local ou se vocês finalmente vão
dar conta de resolver alguma coisa.
Por mais que eu demonstrasse insatisfação, meu primo não percebia
que ele me irritava só por existir e por ter aquela mania de me colocar a par
dos assuntos como desculpa para reclamar de eu ter ficado com o lugar que
deveria ser do seu pai.
Em decorrência disso, acabei saindo de casa de mau humor e quando
cheguei à boate, mal cumprimentei Alan e já fui para o bar beber. A minha
cabeça estava explodindo e quando olhei para a pista de dança, achei que
estivesse tendo uma visão. A maluca que tinha atropelado o meu carro estava
sozinha na pista, linda, com um vestido preto que marcava todo o seu corpo.
Durante a noite trocamos insultos, e tivemos momentos de pegação, até que
ela resolveu ir embora.
Quando retornei à boate, dei de cara com Pamela, uma modelo linda
com quem eu saía de vez em quando, mas que era só passatempo, e que já
foi se atirando para cima de mim. Eu estava cheio de tesão por conta da
doida que tinha acabado de fugir entrando no carro igual à Cinderela e não
queria ficar sozinho naquela noite. Então aceitei os beijos de Pamela, que
nem se comparavam aos da minha musa desconhecida, mas, mesmo assim,
eu a levei comigo para casa. Foi uma noite intensa como sempre, com sexo e
bebida.
No dia seguinte, acordei querendo que ela fosse logo embora. Assim
que tomei um banho e desci para tomar meu café, ela veio atrás de mim.
— Bom dia, meu amor! — Pamela falou, vindo me abraçar e eu me
esquivei dela.
— Vou tomar meu café e tenho uma videoconferência antes de ir
para a empresa — falei, já me retirando da cozinha.
— Se você quiser, posso te esperar — ela sugeriu, sabendo que eu
não gostava que ficassem na minha casa.
— Matthew vai pedir para um dos meus motoristas levar você para
casa, não gosto de ninguém estranho rondando por aqui — falei e fui
caminhando para o meu escritório.
— Eu não sou estranha, estávamos juntos agora mesmo…
— Fizemos sexo, amanheceu e agora tenho assuntos para resolver.
— Me acompanhe, senhorita, que o carro está pronto para levá-la em
casa — Matthew falou e saiu acompanhado de uma Pamela que só sabia
esbravejar de raiva, mesmo sabendo que comigo ela só teria uma boa foda e
nada mais.
Minha casa é sagrada para mim, não gosto que fiquem muito tempo
nela e invadam a minha intimidade. Eu tenho as minhas reservas e meus
motivos para não querer ninguém aqui.
Para Pamela e muitas outras que são só uma foda, sou apenas o CEO
e não quero ter que eliminá-las por saberem que isso é só uma fachada.
Na minha casa todos os funcionários são pessoas da máfia, sendo os
mais antigos, Matthew, meu braço direito, e Joana, que é a governanta desde
os tempos da minha mãe, que tinha falecido há três anos.
Beatrice De Lucca Cooper, havia sido uma mãe ausente e presente ao
mesmo tempo. Estava sempre comigo, mas como um enfeite, sem nunca
falar nada. Sabia como eu cresci triste por estar envolvido em todos os
problemas que o pai dela, meu avô, tinha deixado para mim, mas nunca
contestava ou me defendia, porque para ela, aquela vida era normal.
Ser uma filha da máfia, ou seja, uma mulher sem voz, submissa à
vontade dos homens, que vê o filho ainda criança ser levado para
treinamentos insanos e cruéis, fazia parte da rotina de vida da minha mãe.
Nesse instante, os meus pensamentos foram interrompidos quando vi
a chamada de vídeo no meu computador, a qual fez com que me desse conta
de que a minha secretária havia se esquecido de me passar o horário correto
de uma reunião da Cooper.
Por conta do erro da incompetente da Lauren, aquela secretária que
não dava conta do seu trabalho, acabei viajando para Chicago duas horas
depois do previsto, e me atrasando para uma reunião com os chefes de cada
estado da minha máfia.

◆◆◆

​A reunião começou tensa com os chefes de cada território cobrando ações


mais efetivas para que não fôssemos mais atacados em nossos transportes de
carga, e para que seus problemas pessoais fossem resolvidos.
​Como sempre um acusava o outro de enviar menos homens para os
locais, outro grupo reclamava dos russos e dos franceses que estavam
querendo fatias de nossas cidades, outro que sua filha tinha desaparecido, e
isso me deixava enfurecido, por causa de tantas vozes altas se lamuriando,
precisei fechar as mãos e dar um soco forte na mesa para que todos calassem
a boca.
​O golpe foi tão forte que alguns copos e charutos foram parar no chão e
todos me olharam assustados. Um nó se formou na minha garganta, minha
atitude e os meus olhos flamejantes, deixavam claro que eu queria avançar
em cima dos homens reunidos na minha frente.
— Calem a porra da boca! — Eu gritei furioso. Vou escutar um de
cada vez! Você, Francesco, pode começar a falar qual o seu problema.
— A herdeira de Valentin escapou depois da chacina da sua família
de traidores e eu temo que ela leve informações importantes para os nossos
inimigos.
— É inacreditável como vocês são amadores. Nunca a máfia de
Chicago cometeu um erro desses e agora eu quero a cabeça do incompetente
que estava à frente da operação.
— Era o meu irmão, senhor e eu…
— E você vai matá-lo porque graças a ele, informações que podem
se tornar trunfos contra nós, podem cair nas mãos dos nossos inimigos.
— E a herdeira desaparecida?
— Revire tudo, ache essa desgraçada onde ela estiver e acabe com
isso de uma vez. — Vociferei, tomei um gole do meu whisky, acendi um
charuto e respirei fundo antes de escutar os outros que só sabiam reclamar de
tudo.
Eu gostava desse poder de controlar tudo que todos faziam e de
manipular todos como se fossem fantoches nas minhas mãos, mas me
enfurecia quando um deles achava que poderia me dizer o que fazer.
— Nós temos um problema, Don — Eu sorri quando escutei
Tommaso me chamando assim, porque sabia que estava puxando o meu
saco, para me falar algo que eu não gostaria de escutar — Eu temo que a
bastarda que o senhor tem na sua casa, sirva como abertura para que outros
no futuro reivindiquem o seu lugar. Aconteceu um problema assim que um
soldado trouxe para o meu conhecimento e…
— Quando que o que eu faço pode ser comparado a vocês ou
qualquer soldado? Se vocês não querem filhos bastardos, sugiro que
mantenham seus paus dentro das suas esposas e que nunca mais ousem me
questionar quanto a minha filha, porque se o nome dela estiver na boca de
um de vocês, terei o prazer de puxar o gatilho para que nunca mais falem
dela. Não sou casado e quando Anne nasceu, não fiquei sabendo, mas
quando a mãe dela faleceu, me procuraram. Tenho uma vida como CEO, fiz
o que precisava fazer e pronto.
— Mas ela poderia ter sido enviada para algum colégio interno, ou
entregue para adoção, nunca poderia ter sido criada como filha legítima,
coisa que ela não é, porque já está em tempo de o Don escolher uma esposa
e essa criança vai ter que deixar de existir…
O barulho do tiro que dei na boca de Tommaso ecoou por toda a sala
de reuniões, seguido por um grande silêncio.
— Mais alguém têm alguma coisa para falar sobre a minha Anne?
Pelo silêncio, imagino que não! Tenham uma ótima semana e não esqueçam
de limpar essa sujeira — Eu falei me levantando, fechando o meu paletó e
deixando o local, mas não sem antes passar por cima do corpo sem vida do
infeliz que achou que podia me dizer o que fazer.
Eu já tinha tido uma conversa com Dante sobre isso na época que
encontrei Anne e ele que era o Chefe da Cosa Nostra, me disse que eu
resolvesse da forma que eu achasse melhor e que não afetasse nossos
negócios, já que minha imagem idônea na América abre muitas portas que
facilitam os nossos negócios.
Ele deixou claro na época que se eu não desse a ela o destino dos
renegados, adoção ou morte, ela deveria ser mantida longe da nossa
sociedade, já que não é uma filha da máfia, porque nasceu fora do
casamento.
— Vamos embora, Matthew! — Eu falei assim que deixei o local da
reunião, furioso e querendo voltar logo para Los Angeles, onde muitos
outros problemas me esperavam.
Essa era a minha vida, matar ou morrer! Eu sempre vou ficar com a
primeira opção e eliminar aqueles que se colocam no meu caminho.

◆◆◆

Dois dias depois, já de volta a Los Angeles e vivendo meu lado CEO,
cheguei cedo à empresa para fazer algumas entrevistas, pois eu mesmo
escolheria a pessoa que trabalharia diretamente comigo.
Já estava cansado de entrevistar as candidatas. As três primeiras
tinham um excelente currículo, mas não atendiam às minhas expectativas.
Então mandei chamar a próxima.
— Pode chamar a última que vou entrevistar hoje. Se essa não tiver
disponibilidade de horário, nem manda entrar — falei para minha secretária.
Logo depois a porta se abriu e a última candidata à vaga de assistente
do dia entrou na minha sala. Os meus olhos, ficaram fixos nos seus. Era ela
quem estava ali na minha frente, no meu escritório!
Uma diaba com lábios carnudos que eu conhecia muito bem e que
tinha o poder de me deixar de pau duro só com a sua presença.
Capítulo 6
Sarah Campbell

Fui para casa pensando em como eu era uma pessoa de sorte. Quando
cheguei, segui direto para o meu quarto, sem acreditar que seria a assistente
pessoal do Senhor Cooper. Queria dormir, mas achei melhor ficar acordada,
porque corria o risco de ter sonhos hots com o meu chefe e eu precisava
esquecer isso.
Assim que anoiteceu, Alice chegou e veio direto para o meu quarto
saber das novidades.
— Conta tudo! Estou doida para saber como foi na Cooper.
​Sem falar nada, abri a minha bolsa e mostrei o meu crachá para Alice, que
me abraçou empolgada, e Nina, que estava chegando naquele momento, fez
o mesmo.
— Como é o tal CEO? — Alice perguntou.
— Eu deveria ter pesquisado mais sobre ele na internet, como você
sugeriu, minha amiga, porque assim teria evitado a cara grande com que
fiquei quando entrei no escritório dele — respondi e abaixei a cabeça,
passando as mãos no meu cabelo.
— Por quê? O homem tem algum problema? — Nina perguntou. —
Escutei hoje no escritório que ele é lindo! Parece que pega todo mundo, não
se prende a ninguém e que é muito misterioso. Uma estagiária lá do
escritório já saiu com ele e estava me contando quando perguntei o que
sabiam sobre ele.
— Vocês não vão acreditar, mas… o homem que me atropelou e que
eu estava beijando lá na boate, na festa do Alan, é o Ryan Cooper, o Senhor
Cooper, CEO da Cooper Enterprises! — eu disse e vi que as duas ficaram
paralisadas olhando para mim.
Quando ambas processaram tudo que eu falei, começaram a dar altas
gargalhadas.
— O homem com quem você quase transou lá na boate é o seu
chefe? — Alice perguntou quando compreendeu o que eu falei, sem parar de
rir. — Sarah, minha amiga, você precisa orar mais! Essas coisas só
acontecem com você!
Diante disso, nem sabia o que dizer, porque era exatamente o que eu
pensava, que isso só acontecia comigo.
— E como ele se comportou quando te viu? — Nina quis saber,
sentando-se ao meu lado. — Como foi? Conta logo!
— Ele ficou tão surpreso quanto eu e depois de uma pequena
discussão, me contratou — expliquei e fiquei em silêncio, pensando em
como contar o restante e continuei — Eu meio que o cobrei por ter ficado
com a tal da Pamela na festa.
— Você pagou de ciumenta na sua entrevista de trabalho? — Alice
perguntou e enquanto morria de mim.
— Ele nem me entrevistou. Só falou que esperava que eu não
chegasse atrasada amanhã.
— Hum! O homem está na sua. Por isso te contratou — Alice falou e
Nina concordou, acenando com a cabeça.
— Não! Eu quero meu emprego e vou separar as coisas.
— Falou aquela que geme por ele toda noite quando está sozinha! —
Alice brincou me deixando corada.
— Me deixe falar em voz alta que vou separar as coisas, porque eu
preciso acreditar nisso.
— Esse Cooper anda cercado por seguranças, está sempre de mau
humor, não se apega a ninguém e dizem que é muito reservado — Nina
disse, enaltecendo a péssima reputação de Ryan.
— Ele é mesmo muito mal-humorado, mas também é gostoso pra
caralho.
— Você rapidinho acalma o homem, Sarah! — Alice falou e Nina
deu uma gargalhada.
Por mais que elas estivessem se divertindo com a situação, eu estava
procurando um meio de fazer com que o meu chefe não fizesse mais parte
dos meus sonhos. Nesse momento, o meu celular vibrou e era uma
mensagem do Ryan, ou melhor, do Senhor Cooper.
“Cinderela, dentro de uma semana, tenho um evento em Nova York e
você vai comigo. Já deixe anotado na sua agenda.”
Meu coração disparou quando eu li o que estava escrito.
— Cinderela? — Alice perguntou.
— Ele disse que fugi da boate igual a Cinderela que fugiu do baile —
respondi e cobri meu rosto com o travesseiro.
— Humm! Vocês dois trabalhando juntos... Já vi tudo! — Nina saiu
do meu quarto falando isso e rindo.
Em meio às brincadeiras, eu sabia que precisava responder à
mensagem dele. Tremi um pouco enquanto digitava, porque não vou negar
que estava tendo pensamentos pervertidos com o meu chefe.
“Sim senhor, só me passe a data, por favor! Devo reservar as
passagens e o hotel ou a sua secretária vai fazer isso? Vamos só nós dois ou
o senhor pretende levar uma acompanhante?”
— Você ficou doida? — Alice perguntou quando viu o que eu
escrevi.
Nessa hora, o celular vibrou com a resposta dele.
“Minha secretária vai providenciar tudo.”
O celular vibrou de novo.
“Pode dormir tranquila, vamos apenas nós dois, não precisa ficar
com ciúmes.”
Depois dessa resposta, respirei fundo e comecei a rir com Alice.
— Vai passar, é só empolgação!
— Sei! Boa noite, Cinderela! — Alice falou e me deixou sozinha —
E vai se despedindo do seu vibrador, porque finalmente ele vai ter folga na
vida.
Depois que as meninas se retiraram, acabei pegando no sono e, é
claro, sonhando com ele, Ryan Cooper, me pegando com força, enfiando seu
pau dentro de mim e me fazendo gemer alto. Eu acordei apertando uma
perna contra a outra buscando alívio, enquanto aquele desejo viciante por
aquele homem tomava conta de mim.

◆◆◆

O despertador começou a tocar e em menos de cinco segundos, eu já estava


de pé no meu banheiro, pronta para tomar um banho e começar a minha
nova vida na Cooper Enterprises.
— Caiu da cama? — Nina me perguntou assim que passei por ela na
sala. — Eu estou indo fazer café, waffles... Vem comer alguma coisa antes
de sair.
— Não tenho tempo. Vou parar em algum lugar e comprar um café.
— Você está indo trabalhar às seis horas da manhã?
— Preciso chegar cedo à empresa, porque não sei nem onde fica o
banheiro, quem dirá saber o que preciso organizar para uma reunião que
começa em duas horas!
— Boa sorte no seu primeiro dia de trabalho e com o seu Paraíso
Hot, é claro! — Nina falou rindo e eu reconheci que minha ansiedade não
era só pelo trabalho em si e sim pelo meu encontro com o chefe.
— Só não inventa de bancar a mocinha apaixonada para não virar
capacho do seu chefe! — Alice falou com voz de sono. — Vocês duas me
acordaram com esse falatório todo às seis da manhã.
— Não se preocupe, Alice, não nasceu, aliás, nem vai nascer, homem
capaz de fazer Sarah Campbell de capacho.
— Vai lá, poderosa! Bom trabalho! E quer saber? Já estou até com
pena desse seu Paraíso Hot!
Em meio às brincadeiras, saí apressada de casa. Em seguida, parei
em uma cafeteria que ficava no caminho do trabalho e às sete horas, já
estava na sala de espera do Senhor Cooper.
— Bom dia, Lauren! Estava com medo de você não estar aqui e eu
ficar perdida no meu primeiro dia — falei sorrindo e entregando a ela um
café que comprei para nós duas no Starbucks. — Não conheço nada na
empresa, nem faço ideia de por onde começar o meu trabalho.
— Vem que vou te entregar os relatórios que você precisa levar para
o escritório e deixar na mesa do Senhor Cooper — ela falou e me
encaminhou para uma sala. — Aqui é onde ficam as pastas e os relatórios
das reuniões, e a partir de hoje também é a sua sala.
— Eu vou ter uma sala? — perguntei, achando que ficaria sentada
atrás de uma mesa na recepção, como Lauren.
— Sim, ordens do Senhor Cooper. Ele disse que a partir de hoje,
você vai ajudar a analisar o material das reuniões e separar tudo, já que é
formada em publicidade.
Após essa notícia, fiquei tão feliz que minha vontade era de sair
pulando pelos corredores da empresa. Eu tinha estado tão preocupada, e no
final estava dando tudo certo. Teria uma sala na Cooper e meu primeiro dia
de trabalho estava começando perfeito, até o meu celular tocar, me deixando
com borboletas no estômago ao escutar aquela voz rouca do Senhor Cooper
falando comigo.
— Senhorita Campbell, venha até a minha sala e traga todas as pastas
da reunião que já eram para estar na minha mesa. A senhorita já está atrasada
com o seu trabalho no primeiro dia, e não posso ficar esperando.
— Sim, senhor — respondi e saí pegando todas as pastas, que na
verdade, eram muitas., passei apressada por Lauren e achei que as
derrubaria, mas mantive a pose para não parecer uma perdida logo no meu
primeiro dia.
Quando cheguei a sala do Senhor Cooper, a porta estava fechada e
não sabia como fazer para entrar com aquelas vinte pastas que eu tentava
equilibrar nos meus braços. Por esse motivo, comecei a bater com os meus
saltos na porta e quando eu me dei conta do que fazia, ele estava ali na
minha frente, abrindo a porta para mim.
— Que barulho é esse na minha porta? Por que você não entrou?
— Porque eu estou segurando um monte de pastas e não consegui
abrir a porta.
— E você quer que eu fique abrindo a porta para você? — ele
perguntou como se fosse o fim do mundo. Na verdade, era mesmo, já que eu
era a assistente e ele o CEO, mas eu já estava começando a achá-lo bem mal-
educado. — Não é isso que eu espero de uma assistente. Eu não te contratei
para servir de porteiro para a senhorita.
— Quanto a isso, eu esperava que o senhor me desse pelo menos
bom dia quando me ligasse de manhã, o que seria algo educado, já que não
dormimos juntos! — falei enquanto colocava a pilha de pastas em cima da
mesa dele, porém, quando me virei, ele estava tão próximo que meu rosto
ficou colado no peito dele.
— Eu acho que teria sido muito bom!
— O quê? — perguntei, confusa.
— Ter dormido com você — ele respondeu colado ao meu ouvido e
foi se sentar na cadeira dele.
— Eu trouxe todas as pastas para a sua reunião e se o senhor precisar
de mais alguma coisa, é só me pedir — falei enquanto caminhava em direção
à porta.
— Onde você pensa que vai? A reunião já vai começar e essas pastas
precisam estar organizadas e durante a videoconferência, você vai me
passando as pastas de acordo com o tema.
— Eu não sabia que eu participaria da reunião.
— Você é minha assistente, fez estágio em marketing, além de falar
três idiomas, é mais do que capacitada para participar de uma reunião
comigo — ele afirmou e suas palavras me fizeram sorrir de um jeito tão feliz
que o mal-humorado sorriu de volta.
Comecei a organizar imediatamente as pastas de acordo com o que
ele estava me explicando e tentando entender de que se tratava o projeto e a
campanha que ele estava querendo vender. Finalmente a reunião começou e
eu fiquei encantada com o jeito como ele a conduzia, explicando cada ponto
da campanha, argumentando e enaltecendo as suas ideias.
Eu senti que algumas vezes ele me olhava intensamente enquanto os
clientes falavam, e isso me desconcentrava, mas respirava fundo e tentava
absorver o máximo de tudo para aprender com ele e conseguir a chance de
crescer na empresa.
Assim que a reunião acabou, ficamos conversando sobre o projeto e
ele me explicou como seria a segunda etapa da reunião e o que precisaria
que fosse analisado nos relatórios. Depois de ouvir suas orientações, peguei
as pastas para levá-las de volta até a minha sala e mais uma vez me vi parada
em frente à porta sem ter como abri-la. Como ele não se mexia, comecei a
dar batidas de leve com o salto no chão para chamar atenção dele.
— Eu não acredito nisso! — ele falou enquanto vinha abrir a porta.
— Já avisei que te contratei para ser minha assistente e não para bancar o
porteiro para você.
— Muito obrigada! O senhor é muito gentil! —Falei, saindo com as
pastas e indo meio que tropeçando até a minha sala.
A reunião tinha sido perfeita. Eu aprendi muito com a forma
persuasiva com que o Senhor Cooper a havia conduzido, convencendo os
clientes a fechar negócio com ele. Porém, encararia uma nova fase, que era
mostrar o produto pronto para o cliente na próxima reunião e depois colocar
a campanha para ganhar o mundo.
Com muito empenho, passei o restante do dia debruçada em uma
pilha de papéis tentando absorver todo o conteúdo da reunião seguinte.
Mesmo assim, foi inevitável não pensar em Cooper e em como nos
tratávamos como cão e gato, ou seja, de um jeito nada profissional.
Que culpa tínhamos se o destino quis assim? Depois de pensar nisso,
voltei a focar no meu trabalho. No entanto, não me dei conta das horas
passando e me assustei quando Lauren entrou na minha sala e perguntou se
eu não iria embora.
— Você não vai embora, Sarah?
— Eu acho que fiquei tão envolvida com os relatórios para a reunião
de amanhã que não vi as horas passarem.
— Já são dezoito horas e como hoje não tem nenhuma reunião à
noite, estou indo para casa.
— Não sei se posso ir ou se o Ryan, quero dizer, o Senhor Cooper
ainda vai precisar de mim.
— O Senhor Cooper já deixou a empresa há horas. Ele é assim, todo
misterioso. Está aqui e do nada, quando você pisca, sai em viagem de
negócios.
— Ele viaja muito? Estou perguntando por que parece que vou ter
que acompanhá-lo algumas vezes.
— O Senhor Cooper viaja muito, fica fora por dias, mas, na maioria
das vezes, faz isso para resolver assuntos particulares. Ele simplesmente
desmarca tudo, me manda fazer a reserva no hotel em que vai se hospedar e
diz que arranca a minha cabeça se alguém souber para onde ele viajou.
Com essa informação, meu radar de ciúmes ficou em alerta, e já
imaginei que esses sumiços deveriam ser viagens com mulheres, o que não
era da minha conta, mas, mesmo assim, isso estava me incomodando.
Contudo, tratei de disfarçar antes que Lauren percebesse que o fato dele
desaparecer do nada tinha me desagradado.
— Se o Senhor Cooper já foi, estou dispensada por hoje — eu disse,
sorrindo. — Antes de sair, vou deixar tudo pronto na sala dele para a reunião
de amanhã, assim não preciso sair correndo como hoje, tentando equilibrar
uma pilha de pastas.
— Se você ainda vai ficar, então nos vemos amanhã! Boa noite,
Sarah.
Lauren se foi e eu fui para a sala do Senhor Cooper, que, mesmo
vazia, parecia impregnada de sua presença. Eu olhava para a sua cadeira e
ficava me imaginando sentada no seu colo, com suas mãos tocando o meu
corpo… Meu Deus! Quem eu era e o que haviam feito com a antiga Sarah?
Estava simplesmente desejando aquele homem que não passava de um
mulherengo e que deveria estar transando com alguém nesse momento,
enquanto eu ficava ali, tendo fantasias platônicas.
Por fim, terminei minhas tarefas e fui embora. Cheguei a minha casa
exausta depois de um dia cansativo e superprodutivo ao mesmo tempo, no
qual a ansiedade pelo novo trabalho e os pensamentos nada profissionais
com o meu chefe se misturavam na minha mente.
Tudo que eu queria era tomar um banho e dormir, mas, na realidade,
tomei muitos drinks e participei de uma resenha animada com as minhas
amigas Nina e Alice.
Capítulo 7
Sarah Campbell

Na empresa, em todos os dias da minha primeira semana de trabalho, antes


de ir para casa, eu organizava o material da primeira reunião do dia seguinte
e o das que aconteceriam intercaladas durante o expediente. Enquanto isso, o
Senhor Cooper se trancava em um anexo da sua sala e ficava lá sem ser
incomodado por ninguém. Sempre que precisava de alguma coisa, ele me
enviava mensagens formais e não desviava o olhar para mim durante as
reuniões. Com certeza, deveria estar envolvido com outra mulher e já não
notava que eu existia.
Eu estava distraída, quando meu celular vibrou e vi que era uma
mensagem de Alice avisando que Nick havia chegado de viagem e queria
combinar de nos encontrarmos à noite.
Sinceramente, eu não queria sair, porque tinha acordado muito cedo e
minha primeira semana estava sendo cansativa, já que precisava aprender
todo o serviço dia após dia. Porém, quando estava pronta para recusar,
escutei Ryan passando pelo corredor em frente à minha sala e falando ao
celular, e ouvi claramente quando ele disse: “Pamela, eu não posso garantir
que vou sair hoje. Qualquer coisa, eu te ligo”.
“Tudo bem. Vamos sair com o Nick hoje”, escrevi para Alice, com
raiva, assim que vi o meu Paraíso Hot parecendo ser realmente muito íntimo
da tal Pamela.
“Beleza! O Alan agora vai ser promoter daquela boate em que
comemorou o aniversário dele. Então podemos ir para lá! O que você acha?”
“Por mim, está ótimo! Daqui a pouco te encontro em casa.”
Resolvi sair, pois não ficaria em casa sonhando com um homem que
estava saindo com outra. Ele que fizesse bom proveito!
Já em casa, eu, Nina e Alice nos arrumamos e saímos lindas e plenas
para nos encontrar com Nick na boate.
◆◆◆

— Minhas garotas superpoderosas! — Nick falou, abraçando-nos assim


que nos viu saindo do Uber.
Nick estava lindo! Aqueles dois anos em Nova York tinham feito
muito bem para ele, que estava mais musculoso e com um corte de cabelo
moderno.
— E você, Sarah, conseguiu o emprego dos seus sonhos, que eu
estou sabendo! Parabéns!
— Conseguiu isso e muito mais... Vamos entrar! — Alice falou no
meu lugar e nos puxou para dentro da boate.
Assim que entramos, vimos Noah, que veio abraçar Nina e
finalmente fomos apresentadas para ele, que agora era o namorado oficial da
minha amiga.
— Que bom que vocês vieram à festa — Alan falou assim que
encontrou com a gente no bar e ficou surpreso ao ver Nick. — Cara, não
sabia que você estava de volta à Los Angeles. Vamos beber por isso!
— A princípio, são duas ou três semanas, mas a companhia em que
eu trabalho está abrindo uma filial aqui e tem grandes possibilidades de que
eu volte em definitivo a morar na nossa Califórnia.
Nick ia voltar a morar aqui? Isso sim era uma novidade.
A noite estava sendo incrível. A festa estava bombando e a pista de
dança estava lotada. Nesse momento, resolvi beber, dançar e esquecer a vida.
Estava me divertindo na pista quando senti Nick me abraçar por trás e dizer
que estava com muitas saudades.
— Sarah, eu senti muito a sua falta nesses dois anos. Aqui não dá
para a gente conversar, está muito barulho, mas amanhã vou te ligar, pode
ser? — ele falou enquanto tentava me beijar, mas disfarcei e disse que ia
pegar uma bebida e já voltava.
Eu não cheguei a dar nem dois passos e tive minha passagem
bloqueada por Ryan, que estava ali na minha frente me olhando de cara feia.
— Quem é esse cara que estava te abraçando? Eu posso saber?
— O Nick? Um amigo meu, na verdade, meu ex — falei assim só
para irritá-lo.
— Vem comigo! — Ryan disse, puxando-me pelo braço.
Atravessamos a boate e fomos para um corredor cheio de portas.
Ryan abriu uma delas e nós entramos.
— Que lugar é esse? Você ficou doido? A gente não pode sair
invadindo o escritório da boate.
— Eu não estou invadindo nada. Esse escritório é meu, essa boate é
minha e você, Cinderela, é minha também.
Ao falar assim, com aquela voz rouca, ele acendeu todo o meu corpo.
— Essa boate é sua? — perguntei enquanto ele me tomava em seus
braços.
— Sim, minha! — ele respondeu, beijando meu pescoço.
Ainda que ele tenha dito “minha” se referindo à boate, meu corpo
não tinha entendido direito e começou a reagir como se ele estivesse me
reivindicando.
— Onde está sua namorada? Como é o nome dela mesmo? Acho que
esqueci — provoquei, fingindo pouco-caso.
— Você não pode ter esquecido um nome que não existe, porque não
tenho namorada — ele falou e pude sentir a sua mão apertando a minha
bunda.
— Escutei você conversando com a tal da Pamela ao celular — eu
disse, morrendo de ciúmes e tentando não pensar no toque dele, o que era
impossível.
— Não existe ninguém e só fiquei com ela na outra noite porque
você ficou com medo de a sua carruagem virar abóbora e me deixou
plantado cheio de tesão.
— Você não acha falta de profissionalismo da sua parte se envolver
com a sua assistente, senhor Cooper?
— Não quando eu já estava envolvido com ela antes de contratá-la. E
você, o que acha disso?
— Acho que isso soa como um fetiche, que confesso, estou tentada a
realizar.
Ele me beijou com força, como na outra noite, com sua língua
invadindo com fúria a minha boca. Suas mãos rápidas, deslizavam pela
lateral do meu corpo, pelas minhas pernas e na minha boceta coberta pela
minha calcinha de renda.
— Pronta para mim, Senhorita Campbell? — Ele falou sentindo que
eu estava molhadinha de tesão enquanto esfregava o polegar no meu clitóris.
Nessa hora, acho que ele percebeu que eu ia cair e me encostou
contra a parede. Uma das suas mãos estava embaixo de mim, com a outra ele
abaixou a parte de cima do meu vestido e segurou os meus seios, apertando-
os. Aquilo me enlouqueceu e comecei a sentir algo grande se construindo
dentro de mim quando ele chupou meus mamilos intumescidos
— Você é muito gostosa, senhorita Campbell — Ele falou se
ajoelhando e enfiando a cara entre as minhas pernas, empurrando minha
calcinha para o lado e lambendo a minha boceta — Você hoje vem comigo e
não adianta discutir — ele se levantou e saiu me puxando pela boate e
falando com alguém ao celular.
Quando chegamos à rua, o carro dele estava parado na frente e o
motorista já estava esperando do lado de fora.
— Para onde estamos indo? — perguntei enquanto entrava no carro.
— Para a minha casa, e hoje você não vai fugir de mim, Cinderela.

◆◆◆

Quando chegamos à residência dele, levei um susto não só com o tamanho


da casa, mas também com a quantidade exagerada de seguranças que
guardavam o local. Entramos e fiquei deslumbrada com tanto luxo. Em
seguida, Ryan me deu um beijo e me abraçou.
— Vem comigo. Vou te mostrar o meu quarto. — Ele falou, dando-
me as mãos e subindo as escadas.
— Só o quarto? — perguntei, fazendo biquinho.
— Não me provoque, Cinderela!
Com a resposta dele, comecei a rir e quando entramos abraçados em
seu quarto, o celular dele começou a tocar.
— Só um minuto, eu tenho que atender — Ryan falou quando olhou
o nome na tela. — O que foi? Eu estou ocupado! — ele gritou com a pessoa
que tinha ligado.
Ryan ficou um tempo em silêncio, escutando a pessoa do outro lado
falando. Logo depois, ele me deu um beijo demorado e disse que precisaria
se ausentar.
— Infelizmente eu vou precisar sair, porque tenho uma emergência
para resolver.
— Tudo bem, eu vou para casa.
— Vou pedir para o meu motorista te levar, mas isso não termina
aqui…
— Até porque nem começou! — Eu falei rindo e tentando quebrar o
clima pesado que vinha dele depois do telefonema.
A reação dele me deixou curiosa, porque, se fosse alguma coisa do
trabalho, eu poderia saber, já que era sua assistente.
Esse homem era realmente misterioso e o pior é que sou curiosa de
nascença.
O motorista de Ryan me levou em casa, sem trocar uma palavra
comigo e com cara de poucos amigos. Eu não deixei de notar, enquanto
deixava a mansão Cooper, que havia um número grande de seguranças
andando pelo jardim e que no portão existia uma guarita para verificar quem
entrava na casa.
Eu fiquei me perguntando se todas as pessoas milionárias viviam
assim, cercada por um forte esquema de proteção, já que a casa do Cooper
parecia uma fortaleza, cercada por muros altos, cheia de câmeras e homens
fortemente armados.
Assim que eu cheguei em casa, contei para Nina e Alice que quase
transei com o meu chefe, mas que infelizmente, o final da minha noite seria
como sempre, com o meu vibrador.
— Ele te levou para a casa dele e não transou com você?
— Aconteceu alguma coisa e com certeza muito grave, porque ele
parecia outra pessoa falando no celular. Eu senti que ele estava falando em
códigos por minha causa. Só sei que ele ficou muito nervoso e percebi que
desligou o telefone na cara da pessoa que estava falando com ele.
— Esse seu chefe parece ser chave de cadeia, amiga! Adoro!
— Porra, Alice! Achei que você iria mandar eu me afastar porque ele
é chave de cadeia — Eu falei rindo.
— Nunca amiga, eu amo viver perigosamente.
— Às vezes acho que não somos normais!
— Você acha? — Nina perguntou — Eu tenho certeza! Com essa
casa que você descreveu, ele saindo no meio da noite, se não fosse o CEO da
Cooper, eu acharia que era um bandido.
Ficamos conversando e rindo até tarde, e depois, dei boa noite para
as meninas e fui dormir, sozinha, com fogo entre as pernas, e tudo por causa
do Ryan Cooper.
Capítulo 8
Ryan Cooper

​Eu poderia ignorar qualquer ligação, menos a de Dante Cosa Nostra. O


infeliz me ligou na pior hora possível e tudo que me restou foi deixar Sarah e
atendê-lo, já que eu tinha feito um estrago, ou melhor, iniciado um incêndio
quando eliminei um dos nossos e Dante tinha apagado, mas, tudo tem um
preço e estava na hora de pagar.
​— De Lucca, preciso que você vá pessoalmente até o Texas e tome a
frente das buscas pela herdeira de Valentin. Tenho informações do local que
ela está escondida, esperando para seguir para a Rússia. Elimine todos que
estiverem com ela e a envie direto para a Cosa Nostra, porque Lorenzo vai
saber arrancar todas as informações dela.
​— Não se preocupe, irei pessoalmente buscar essa mulher e enviar para
você. E aquele outro assunto?
​— Eu não vou nem falar nada De Lucca, porque você é teimoso, mas
como você pretende resolver esse problema da menina quando tiver que se
casar? Já está escolhendo a sua noiva?
​— E você, Dante, já escolheu a sua?
​— Vai buscar a herdeira dos traidores que ganhamos mais do que
ficarmos jogando conversa fora.
​— Melhor mesmo!
Giancarlo, o caçula dos irmãos Cosa Nostra e estrategista de
operações da máfia siciliana, havia me passado informações do local de onde
a herdeira maldita estava.
Eu fui obrigado a admitir que sair de Chicago e se esconder numa
casa no meio do nada no interior do Texas, foi um golpe de mestre, já que
todos achavam que ela tinha ficado por perto para não levantar suspeitas.
Quem a protege sabia exatamente o que estava fazendo quando a enviou
para tão longe até poder tirá-la do país.
Eu já estava a caminho do meu jatinho quando Erick, o meu primo,
surgiu em minha frente.
— Eu irei com você, Cooper.
— Não! Você vai ficar e cuidar de tudo por aqui.
— Meu pai vai ficar no comando, eu acho melhor ir com você
porque se tiver algum imprevisto, estou lá para te ajudar.
— Seu pai não vai ficar no comando, porque mesmo ausente eu dou
as ordens em tudo, o que ele vai fazer é ficar atento e me avisar se surgir
algum imprevisto. Neste caso, é melhor que você fique para ajudá-lo, porque
eu já estou seguindo com Matthew.
— Eu acho arriscado você ir sozinho e se os russos estiverem lá?
— Eu não estarei sozinho e tem muito tempo que não participo de
uma caçada, os meus demônios estão ansiando por essa captura, sendo
assim, não estarei sozinho.
— Somos família, e eu…
— Assunto encerrado. Você não deu conta até agora de me trazer o
rato que está nos traindo debaixo do nosso nariz e quer que eu confie em
você ao meu lado numa missão?
Dito isso, caminhei em direção ao meu jatinho, que já estava pronto
para decolar na pista e cinco minutos depois, já dentro do avião, aguardei os
procedimentos de segurança e logo depois decolamos para o Texas.
Assim que chegamos, um carro me aguardava, com soldados da Cosa
Nostra que já estavam na região. Seguimos para uma pequena cidade com
pouco mais de três mil habitantes.
Fomos direto para o local do esconderijo e antes de descer do
veículo, mandei os soldados fazerem uma varredura no local.
Saltei do carro, e fiquei olhando a pequena casa, onde ela estava
aparentemente sem segurança. Ajeitei meu terno, chequei as armas e fui
caminhando em direção a porta.
Já cheguei entrando casa adentro, sem esperar ser convidado,
esperando talvez uma troca de tiros, mas no lugar disso, tudo que eu vi foi
um vulto correndo em direção ao corredor, tentando escapar, o que seria
impossível, uma vez que cerquei todo o local.
Então, do nada, ela surgiu na minha frente, com uma arma apontada
na minha direção, me olhando incrédula, principalmente quando a desarmei
com facilidade e minha mão se enroscou em seus longos cabelos fazendo
força para que ela se abaixasse. Esmaguei o seu pescoço com fúria por ela
ter ousado apontar a arma para o seu Don.
— Como vamos resolver essa situação? Do modo fácil e acabar logo
com isso, ou você quer que os seus últimos minutos em solo americano
sejam piores do que o que te espera no inferno da Cosa Nostra.
— Vai se foder, seu Don de merda! Por sua causa perdi toda a minha
família — ela disse num tom raivoso, o que só aumentou minha vontade de
arrancar o seu coração com as próprias mãos. Porém, apenas arremessei o
seu corpo contra o chão, fazendo ela gritar, o que foi como música para os
meus ouvidos.
— Pelo visto você acredita mesmo que tem um aliado tão forte, que
pode simplesmente sair xingando o seu chefe e achar que nada de ruim vai te
acontecer.
— Saiba que enquanto a Cosa Nostra te mandou aqui, as informações
que o meu pai deixou nas minhas mãos estão a caminho da Rússia. Eu não
tenho aliados, apenas entreguei o que eles queriam como vingança, por
vocês terem destruído a minha família de merda. Sim, ser da máfia não é um
conto de fadas, mas ainda assim era a merda da família que eu tinha e eu
queria continuar ao lado deles.
Um ódio cresceu dentro de mim, inflamando as minhas veias e só
não a chutei com ódio para longe de mim, porque precisa entregá-la inteira
para a Cosa Nostra.
Ela se levantou do chão e como uma louca se jogou em cima de mim,
como se pudesse me derrubar. Senti quando uma lâmina perfurou a minha
barriga.
— Ninguém se aproxima! — Eu gritei — Maldita! — Ela acordou os
meus demônios e não hesitei nem por um momento antes de atirar na sua
mão, fazendo com que a lâmina que ela segurava caísse no chão.
— Você acha que eu não sei o que vai acontecer comigo na Cosa
Nostra? Desde que entrou aqui, eu já sabia que não conseguiria escapar, o
meu destino seria a morte nas mãos dos italianos, mesmo que eu entregasse
o que você está procurando.
— Você se acha esperta e pensa que me provocando vai morrer pelas
minhas mãos, mas seu destino é a casa de tortura da Cosa Nostra, por
traição.
— E qual o meu crime? Ser filha de traidores? Não ter tido escolha e
precisar fugir como meu pai ordenou e entregar documentos que eu nem sei
o que eram para um homem que falava russo, que me trouxe para cá e me
deixou aqui largada à própria sorte?
— A vida não é justa para quem nasce na nossa Instituição, e para os
traidores menos ainda. Coloquem essa desgraçada dentro do carro e a levem
para o jatinho. Vou direto para Chicago e vocês seguem com ela para a Cosa
Nostra.
— Por que você mandou acabar com a minha família? Eu posso
saber antes de partir para o meu inferno?
— Porque seu pai me roubou e não importa como, mas eu sempre
cobro as minhas dívidas.
Eu segui num carro e ela em outro com os soldados da Cosa Nostra.
Eu não concordo com essa lei que se um trai, a família toda paga pelo seu
erro, mas não fui treinado para questionar as nossas leis e sim cumpri-las.
— Dante, os russos nos enganaram. A garota estava sozinha no local
e já está seguindo para a Cosa Nostra, e os documentos ela entregou para os
russos. Vou mandar refazer os esquemas táticos, as nossas rotas, e tudo mais,
já que provavelmente tudo isso foi parar nas mãos dos nossos inimigos.
— Eu quero o Chefe de Chicago aqui na minha frente!
— Vou mandar que levem ele até você!
— De Lucca, ela não teria escapado se não tivesse alguém dos
nossos homens ajudando.
— Foi o que eu pensei e por isso estava indo para Chicago, conversar
com nosso Capo local e descobrir até onde ele está envolvido nisso tudo.
Não confio em ninguém. Mas se você vai tomar a frente, vou levantar
alguém para o lugar dele, até que tudo se resolva.
— Você fez um bom trabalho, De Lucca! Nos vemos em breve na
sua festa de noivado em Los Angeles.
— Antes nos encontraremos na sua festa, na Sicília.
— Vai all'inferno!
Capítulo 9
Sarah Campbell

Os dias foram passando e eu estava trabalhando com as instruções que


recebia via e-mail do departamento de publicidade, que precisaram de vários
arquivos enquanto o senhor Cooper estava ausente.
Aparentemente, ele só vinha fechar contas grandes, com clientes
muito importantes e o resto ficava por conta da diretoria.
A última vez que nos vimos, foi na sua casa, quando iríamos começar
algo que foi interrompido por um telefonema e uma viagem com destino
desconhecido para mim.
Já fazia uma semana que ele não vinha até a empresa. Eu estava
distraída pensando sobre isso quando o telefone da minha mesa tocou e eu
atendi sem reparar quem era, achando que era algum diretor me pedindo
para procurar mais uma pasta de clientes da empresa.
— Senhorita Campbell, venha até a minha sala, por favor! — Pelo
visto Ryan estava de volta e com ele toda a sua educação inexistente.
Caminhei lentamente pelo corredor, sabendo que ele gostava de ser
atendido na hora e quando bati na porta, ouvi um resmungo e tive vontade de
rir.
— Pode entrar, a porta está aberta, tem horas desde que a mandei vir
na minha sala.
— Bom dia, senhor Cooper!
— Essa semana vou ter uma reunião com os chineses sobre uma
cadeia de restaurantes que eles querem abrir na Califórnia e preciso de vários
dados sobre esse tipo de comércio nesta região.
— Vou providenciar! Mais alguma coisa?
— Sim, antes de viajar deixamos um assunto pendente.
— Não me lembro, mas vou procurar na minha agenda.
— Se você não achar, eu posso refrescar a sua memória te levando
para jantar.
— Mais uma vez vou ter que consultar a minha agenda, e te deixo
saber se estarei disponível.
— Sarah!
— Mais alguma coisa?
— Eu não dispensei você naquela noite, foi uma merda que caiu para
eu resolver justo naquela noite.
— Tudo bem, não estou te cobrando nada.
— Podemos jantar, então?
​— Prefiro continuar de onde paramos — Eu respondi e ele me olhou
surpreso — Vou trabalhar, pois tenho muitas pesquisas para fazer, o meu
chefe é muito exigente.
​— Posso pedir para o motorista ir te buscar?
​— Te mando meu endereço por mensagem.
​Mandei uma mensagem no nosso grupo de fofocas internas, avisando
que iria sair com Ryan naquela noite.
​“Finalmente o cara voltou!” Alice escreveu.
​“Foi brochante da última vez, espero que ele faça valer a pena tanta
espera.”
​“Já estou com dó desse homem. Mentira, usa e abusa dele.”
​“Hoje vai acontecer e não sou eu que vou ficar destruída amanhã"
​“Que jovem doce e romântica, essa minha amiga.” Nina escreveu.
​“Nasci assim…. Com um lado doce e outro pronto para matar.”
​Nós ficamos trocando mensagens por um tempo, depois cada uma voltou
para o seu trabalho e o meu por sinal, estava longe de encerrar.
​Não vi o tempo passar e só percebi que já estava no fim do expediente
quando Lauren veio me perguntar se eu já estava indo.
​— Falta muito, Sarah?
​— Estou finalizando uma pesquisa para a reunião desta semana. O
senhor Cooper está na sala dele?
​— Não, ele já foi embora. Eu achei que ele tinha te avisado!
​— Imagina, ele lá avisa alguma coisa. Só me passou esse monte de
pesquisas para fazer!
​Resolvi deixar o que estava faltando terminar para o dia seguinte e desci
conversando com Lauren, que estava animada com o início de um
relacionamento e fazendo planos para o futuro.
​ E você, Sarah? Tem namorado?

​— Não, nunca namorei, só tive alguns ficantes, mas nada sério.
​— Por que você não quer né? Você é linda!
​— Eu não acho que relacionamento depende de beleza exterior. Claro
que isso sempre abre portas, mas depois, não é o que faz ser eterno.
​— Você falou uma verdade, Sarah!
​— Vai se divertir com o seu amor, que você merece! — Eu falei me
despedindo de Lauren e entrando na Uber que eu tinha pedido.
​Chequei as minhas mensagens no caminho para casa e encontrei uma de
Ryan avisando para que eu não me atrasasse. Enviei o endereço, mas ele
respondeu que seu motorista já tinha me levado em casa e não iria se perder.
​Quando cheguei em casa, corri para tomar um banho e me arrumar para
esse encontro, que por acaso era com o meu chefe, mas eu não estava me
importando, afinal, somos adultos e isso de certo ou errado, por conta do
trabalho, só está no julgamento das pessoas.
​Na hora marcada, o motorista chegou para me buscar e me levou direto
para um restaurante em West Hollywood, onde Ryan estava me esperando.
​— Você veio!
​— Tínhamos combinado, por que eu não viria?
​— Você está linda, como sempre.
​Ryan puxou a cadeira para que eu sentasse e me serviu uma taça do
vinho que ele estava bebendo.
​— Se quiser outra bebida…
​— Vinho está perfeito!
​— E então, Sarah, me fale sobre você! Tem atropelado algum carro?
​— Não, só o seu por enquanto.
— Que sorte a minha!
— Eu não sou tão estabanada quanto você pensa, na verdade, a culpa
naquele dia do acidente acabou sendo sua, já que o e-mail que eu recebi para
uma entrevista de trabalho foi da sua empresa.
— Então o destino queria mesmo te colocar no meu caminho.
— Você não me parece um homem que acredita em destino,
horóscopo, sorte...
— E você, acredita?
— Eu não acredito em sorte e sim que as coisas acontecem, as
oportunidades aparecem e nós decidimos pegar ou não. Nosso caminho, por
exemplo, se cruzou, mas o que vamos fazer com isso, não depende do
destino e sim da gente.
— Eu penso como você! A vida nem sempre nos deixa escolher, mas
como vamos lidar com isso, faz toda a diferença.
— Exato! Somos parecidos na forma de entender os caminhos da
vida.
— Também somos publicitários.
— Outra afinidade!
— Será que temos mais coisas em comum, senhorita Campbell?
— Isso vamos ter que descobrir! Mas o gosto pelo vinho é mais uma
coisa para nossa listinha, amei a escolha.
O que parecia que seria um encontro estranho, ou só uma tensão
sexual, acabou se tornando uma noite agradável, com uma conversa incrível,
muitos assuntos em comum, e outros nem tanto, que compartilhamos um
com o outro.
Ryan Cooper não é só um homem lindo, mas também muito
interessante e uma excelente companhia.
— Então, você fala três idiomas? — Ele perguntou.
— Eu tenho muita facilidade para aprender outras línguas e
aproveitei esse dom para estudar. Eu acho francês lindo, mas confesso que o
italiano é o meu idioma preferido. Eu não sei por que, mas quando falo
italiano, penso em coisas alegres! Acho que é porque eles falam alto,
expressam suas emoções quando conversam, posso estar errada, mas é como
eu sinto! Você que tem família italiana sabe bem disso, aquelas conversas
animadas em volta da mesa cheia de pastas deliciosas!
— Os italianos são mesmo muito alegres, mas a minha família fugiu
à regra.
Ele falou isso e tomou um gole do vinho. Pude perceber que esse
assunto o deixou desconfortável e fui logo mudando de assunto.
O resto do jantar correu tranquilamente, com Ryan me contando
sobre a faculdade, e aos poucos ele foi perdendo a rigidez na sua postura, foi
ficando com um tom de voz mais leve e no final chegou a dar uma
gargalhada, me fazendo rir junto com ele.
— Eu amei nosso jantar, foi tudo perfeito!
— Posso te convidar para ir à minha casa?
— Se você prometer desligar o celular!
— Hoje pode acontecer o que for, que não vou sair de casa.
— Então, convite aceito!
Assim que chegamos na mansão, novamente observei a
movimentação dos seguranças que andavam pelo jardim.
Ryan segurou a minha mão quando saltei do carro e sorriu para mim,
entrando comigo em sua casa.
— Você quer beber alguma coisa?
— Pode ser vinho, como no jantar.
— Eu preciso resolver uns assuntos no meu escritório, mas não
demoro! — Ele falou me entregando uma taça de vinho enquanto eu me
sentei no sofá para esperá-lo.
Claro que eu não aguentei ficar esperando sentada e me aproximei
das enormes paredes de vidro para observar o jardim, e não passou
despercebido para mim o fato de alguns homens portando fuzis, como se
fossem para um guerra.
Ryan Cooper era mais rico do que eu imaginava, porque só isso
justifica todo esquema de proteção.
— Desculpa por te deixar esperando, mas os negócios não param.
— Só por curiosidade, que outros negócios você tem fora da
empresa?
— Boates, restaurantes, hotéis e cassinos.
— Nossa, você é um empresário com um ramo bem diversificado.
— Muito mais do que você pode imaginar.
Ryan pegou a minha taça de vinho, colocou sobre a mesa e me deu a
mão, para que eu subisse a escada com ele.
Assim que entramos no seu quarto, observei a imensidão do lugar,
que tinha uma cama de dossel preta, um sofá e uma televisão na parede. De
um lado pude ver a entrada para o closet e do outro para o banheiro, que
parecia de longe ser maior que a minha casa. O quarto também tinha uma
porta de vidro que dava para uma janela que estava aberta, fazendo com que
uma brisa gelada tocasse o meu rosto.
— Agora eu sou todo seu! — Ele falou quando entramos no seu
quarto, desligou o celular e o jogou sobre a cama.
Eu apertei firme os meus dedos nos seus ombros fortes, enquanto as
mãos de Ryan apertavam a minha cintura. Suas mãos rapidamente baixaram
as alças do meu vestido, fazendo com que ele escorresse pelo meu corpo e
caísse no chão, deixando meus seios livres para que Ryan mordesse a
pontinha do meu mamilo, fazendo minha boceta estremecer.
Deixei aquela sensação gostosa de estar sendo chupada tomar conta
de mim e minha cabeça caiu para trás assim que uma das mãos de Ryan
tocaram minha boceta coberta por uma calcinha de renda.
Ele começou a fazer uma trilha de beijos, lambidas e mordidas pelo
meu pescoço, enquanto suas mãos deslizavam por todo meu corpo. Então,
ele ficou de joelhos, colocou uma das minhas pernas no seu ombro e apertou
forte a minha bunda, enquanto rasgava com os dentes a minha calcinha e
chupava o meu clitóris.
— Isso tudo é para mim?
Segurei firme os seus cabelos e esfreguei minha boceta melada na
sua cara, buscando alívio, e mostrando o quanto eu queria que ele me
fodesse gostoso com a sua língua.
— Que delícia de bocetinha!
— Me fode! Quero gozar!
Ryan enfiou sua língua dura dentro de mim, enquanto sacudia o meu
corpo para que eu batesse com força contra o seu rosto, me comendo ainda
mais gostoso quando enfiou dois dedos dentro de mim e com o outro ficou
brincando com a entrada do meu cu.
Eu segurei com mais força o seu cabelo assim que os espasmos
tomaram conta do meu corpo e gozei forte, lambuzando a sua boca e
gritando o seu nome.
— Você é muito gostosa! Quero te foder de todos os jeitos. Quero
comer a sua boceta com a minha boca, com o meu pau e essa bunda também
vai ser toda minha.
— Se você foder com força do jeito que eu gosto, você pode me
comer todinha que vou adorar. Mas agora quem está com fome sou eu!
Eu tirei o seu paletó e joguei no chão, mas quando fui tirar sua
camisa, Ryan segurou as minhas mãos.
— Eu já volto! — Ele falou caminhando em direção ao closet, mas
eu fui atrás dele e o segurei pelos braços.
— Eu sei fazer isso!
— Sarah, melhor não!
Eu olhei dentro dos seus olhos e coloquei meu dedo indicador
cobrindo os seus lábios, pedindo silêncio e comecei a desabotoar sua camisa.
Assim que soltei o segundo botão de baixo para cima, já pude ver o coldre e
logo a seguir as armas. No lugar de ter medo, fiquei excitada vendo que
aquele homem que exalava poder estava armado e com o rosto todo
lambuzado pela minha boceta.
— Você realmente leva a sério o seu extinto de sobrevivência e
proteção.
— Eu…
— Eu sei que não é só isso, proteção...
— Sarah!
— Não me cabe fazer perguntas, porque acredito que se um dia
tivermos abertura, intimidade, ou se for necessário, você vai me contar.
Estamos aqui, como dois adultos que se querem, apenas isso, sem cobranças.
Eu soltei o coldre, beijei o seu peitoral forte e com cuidado coloquei
as armas no chão. Comecei a lamber cada gominho do seu abdômen
trincado. Desta vez fui eu quem me ajoelhei, abrindo o botão e o zíper da sua
calça, deixando seu pau pular para fora, duro, grosso, e com o pré-sêmen que
eu lambi devagarinho, olhando para cima para ver como ele reagia sendo
todo meu.
Passei a minha língua pela glande e subi por toda a extensão,
sentindo cada veia do seu pau duro, quando fechei os meus lábios, ele juntou
o meu cabelo, o prendeu com uma das mãos e com a outra segurou o meu
queixo me fazendo olhar para ele.
— Só se mova quando eu mandar! Vou foder essa sua boca até não
aguentar mais. É isso que você quer?
— O que você acha? — Eu perguntei engolindo o seu pau e Ryan
começou a estocar, me fodendo forte e lentamente, me fazendo ficar
encharcada e com vontade de gozar, mas eu entendi que não me mover seria
não me tocar e segurar um orgasmo para quando fosse a minha vez de
receber prazer novamente.
Ele continuou estocando forte e na hora que falou que iria gozar,
coloquei minha língua para fora e ele bateu com seu pau nela e só depois de
esfregá-lo nos meus lábios que ele enfiou tudo na minha boca mais uma vez,
fodendo forte, me fazendo engasgar, sentindo minha saliva escorrer por sua
ereção, pelo meu queixo, e só então eu pude sentir seu líquido quente
jorrando forte. Ele só parou de me foder quando eu engoli a última gota.
Ryan me deitou em sua cama, acariciando o meu rosto, beijando o
meu pescoço, descendo sua mão lentamente até apertar os meus seios e
depois chupar os biquinhos intumescidos, fazendo minha boceta latejar.
Ele se levantou, foi até o bar que tinha em seu quarto, se serviu de
whisky e voltou caminhando lentamente enquanto tomava um gole da
bebida. Derramou um pouco na minha boceta e foi lambendo lentamente.
Estava impossível não gemer alto enquanto ele mordia os meus nervos,
lambia cada dobra e chupava o meu clitóris.
— Essa bebida fica muito mais bem servida na sua boceta gostosa!
Ele se ajoelhou e me puxou para a beira da cama, com uma perna
apoiada em cada um dos seus ombros, me deixando toda exposta e a sua
disposição.
Eu gemia alto e sentia os espasmos tomando conta do meu corpo
cada vez que ele me mordia, me chupava, ou beliscava o meu clitóris.
— Você está me deixando louca! Eu vou gozar!
Assim que eu falei isso, Ryan enfiou três dedos na minha boceta,
estocando rápido enquanto me chupava com força. Eu me deixei levar por
aquele momento de prazer tão intenso, sentindo meu corpo convulsionar e
gozando forte na sua boca mais uma vez.
​Suas mãos apertaram os meus seios, enquanto seus polegares faziam
pequenos círculos nos meus mamilos. Eu o beijei com força, chupando sua
língua e enroscando as minhas pernas em seu quadril. Sinto o seu pau roçar
entre as minhas pernas e gemo alto, ganhando um tapa nas minhas coxas.
— Preciso me enterrar todo em você! — Ele fala pegando o
preservativo, e logo depois, colocando a cabeça do seu pau na minha
entrada, enquanto eu cravo as minhas unhas em suas costas, e arqueio meu
quadril, ansiando para que ele entre de uma vez dentro de mim.
Ele começa a estocar rápido e duro, e segura minhas mãos acima da
minha cabeça, me fazendo sentir cada movimento, cada estocada, e minha
boceta se contrai, apertando o seu pau, e vejo seus olhos flamejando de
excitação. Ryan diminui a intensidade dos seus movimentos, prolongando o
clímax, estocando curto e beliscando o meu clitóris.
— Por favor, por favor…
— O que você quer?
— Gozar!
Não demora para eu sentir os espasmos no meu corpo! Estou em
puro êxtase, me contorcendo, estremecendo, arrepiando e por fim
explodindo. Então, sou surpreendida com Ryan saindo de dentro de mim, e
vindo me chupar, sentindo o meu gosto em sua boca e me levando a mais um
orgasmo.
Eu o puxo para mim e o beijo, sentindo o meu próprio gosto em sua
boca, enquanto ele se enterra em mim, estocando forte, num ritmo intenso,
até chegar num clímax que o arrebata, fazendo disparar jatos quentes que
com certeza encheram todo o preservativo.
Olhamos um para o outro, ambos exaustos, destruídos, e se sentindo
completos. Ryan entrou na minha vida com tudo, mas são muitos mistérios
que o cercam que por enquanto prefiro não ter respostas, já que não temos
compromisso e apenas tivemos uma noite de sexo perfeita.
Não quero fazer planos, apenas viver esse momento, sem cobranças e
deixando que o tempo nos mostre até onde podemos chegar.
Capítulo 10
Sarah Campbell

Quando amanheceu eu fui olhar o meu celular, tinha várias mensagens de


Alice e Nina querendo saber como tinha sido a minha noite. Eram sete horas
da manhã e eu tinha que ir para a empresa e não podia ir com aquela roupa
de festa. Só sabia que a casa dele ficava em Santa Mônica, onde só havia
mansões. Eu precisava do endereço para chamar um carro pelo aplicativo e
passar em uma loja para comprar uma roupa, porque não queria me atrasar
para chegar ao trabalho.
No meio do meu desespero, olhei para o lado e vi que Ryan estava
ali, todo lindo, dormindo tranquilamente e tive certeza de que o meu chefe
não perceberia que eu estava atrasada. Me levantei devagar, fui até o
banheiro e tomei um banho. Parei ao lado da cama, vendo aquele homem
que tinha me feito tão feliz naquela noite, dei um beijo em seu rosto e saí do
quarto, descendo as escadas e tentando encontrar a saída.
— Bom dia! — o motorista do Ryan falou quando me viu na sala.
— Bom dia! Você pode me dizer o endereço daqui, para eu confirmar
na localização do aplicativo? Ontem à noite eu não reparei o caminho que
fizemos. Preciso ir para a empresa. Estou atrasada, quero chamar um Uber e
vou decidir no caminho se vou direto ou se vou passar em casa antes.
— Eu posso levar a senhorita. Vamos? — ele falou, parecendo
acostumado a fazer isso sempre.
— Não, obrigada! Eu só preciso do endereço mesmo, por favor!
Quero calcular o tempo até a minha casa.
O motorista disse que estávamos em Santa Mônica, então eu não
teria tempo de passar em casa.
— Chamei o Uber e saí correndo, porque na minha casa, quando eu
abro a porta, já estou na rua e aqui, só esse jardim deve ter mais que uma
quadra caminhando!
No caminho até o portão, passei por uns vinte seguranças. Mais uma
vez achei a quantidade exagerada, mas tudo bem, rico tem dessas coisas.
Aproveitei para mandar uma mensagem para Alice e Nina quando estava no
Uber a caminho da empresa.
“Estou indo direto para o trabalho. À noite, conversamos, porque eu
ainda tenho que comprar uma roupa. Não posso chegar com esse vestido de
festa.”
“A noite foi boa?”, Nina perguntou.
“Perfeita!”
“Quero detalhes!”, Alice disse de forma direta, como sempre.
“Quando eu chegar, conto tudo!”
“Nem vou trabalhar direito com tanta curiosidade!”, Nina escreveu e
com certeza deveria estar rindo.
“Só adianto que temos muita química juntos e que descobri que Ryan
é um homem muito interessante. Jantamos juntos e sabe quando a conversa
flui naturalmente e você tem vontade de ficar horas escutando uma pessoa
falar?”
“Hummm… já vi tudo! Agora, me diga uma coisa, o que você está
fazendo num Uber? Vocês dormiram juntos, acordaram e tchau?” Nina
perguntou.
“Na verdade, eu acordei, me levantei e vim embora. Ryan ficou
dormindo! Eu não gosto de cenas da manhã seguinte, onde os dois ficam
sem graça, como se tivessem obrigação de fazer o casal. Transamos, foi
ótimo, mas eu não quero misturar as coisas e nem quero que ele pense que
por isso me deve alguma coisa.”
“Empoderada demais essa mulher, com seu jeito prático de ser.”
Alice escreveu e sei que foi com orgulho.
Finalmente, cheguei à empresa e achei que Lauren fosse falar alguma
coisa, já que eu estava atrasada, mas ela só me deu bom dia. Pensei que
como era assistente pessoal do Ryan, ele deveria passar o meu horário, mas
pelo jeito, ela não saberia quando eu me atrasaria ou chegaria cedo.
Fui direto para minha sala, comecei a trabalhar e me desliguei do
mundo enquanto fazia as pesquisas para a reunião com os chineses e
analisava os relatórios que seriam a pauta da conferência em Nova York.
Meu celular vibrou, e era uma mensagem de Ryan.
“Posso saber onde você está?”
“Na empresa, trabalhando. Não sei se você sabe, mas eu trabalho e
cumpro horário na sua empresa, Senhor Cooper.”
“Eu não vou trabalhar hoje porque tenho assuntos pessoais para
resolver e você saberia disso se não tivesse ido embora sem avisar.”
“Me desculpe, eu não quis misturar as coisas e vim trabalhar no meu
horário de sempre.”
“Se você quer assim, que seja! Quero todos os relatórios da reunião
de amanhã prontos e revisados na minha mesa bem cedo, porque preciso
fazer uma releitura deles antes de os clientes chegarem. Não esqueça as
pesquisas para a reunião com os chineses e os relatórios da reunião de Nova
York”
“Estou trabalhando neles desde que cheguei.”
“Qualquer dúvida você anota, que discutimos amanhã.”
Percebi que ele ficou distante depois que eu disse que não queria
misturar as coisas só porque transamos. Além disso, não tínhamos nenhum
compromisso, então, eu não iria ficar fantasiando igual a uma adolescente
quando dá o primeiro beijo.
Fui para casa exausta quando acabou o meu expediente e só queria
dormir, mas lembrei que antes teria que enfrentar o interrogatório das
minhas amigas.
— Foi tudo como você esperava? — Alice perguntou.
— Foi sim, e falar que foi perfeito chega a ser pouco para descrever a
noite de ontem!
— E como foi na empresa quando vocês se encontraram? — Alice
perguntou doida para saber se tinha rolado mais alguma coisa entre nós dois.
— Hoje ele não foi à empresa. Parece que teve uns problemas
pessoais. Ele falou comigo, mas foi bem frio, e não deixei de notar que ele
não gostou porque fui embora de manhã.
— Doida! Por que você largou o homem dormindo? — Nina
perguntou. — Ele deve ter ficado bolado com você.
— Eu já acho tão desconfortável o dia seguinte, quando você acorda
e fica aquele clima de vamos transar mais uma vez, ou trocar telefone. Agora
imagina isso com alguém que você trabalha, encontra todos os dias. Soma
isso tudo com o fato do homem ser o seu chefe.
— Você está certa! Se achou melhor assim e fez você se sentir
melhor, é o que importa.
— Antes de irmos para a casa dele, fomos jantar e foi maravilhoso.
Conversamos, rimos, e senti uma grande cumplicidade entre nós! Me
surpreendeu, porque não foi só o sexo que me fez achar a noite perfeita, foi o
complemento, de um bom papo e a melhor foda de todas.
— Alguém finalmente abalou as estruturas de Sarah Campbell!
— Abalou, Alice! Não vou negar!
— O homem te atropela, te contrata, te fode e ainda é bom de papo.
Não tem como não se ferir na batalha, soldado! — Alice falou rindo.
— Têm outra coisa que me incomoda. Batalhei para conseguir esse
emprego e não quero que digam que não foi mérito meu e sim porque fui
para cama com o meu chefe. Mulher sempre é desvalorizada e aposto que
vão falar isso de mim! Mas, como eu não sou mulher de me intimidar, de
deixar de fazer o que eu quero para atender a expectativa dos outros,
continuarei com Ryan se rolar, e for bom para mim.
Ficamos até tarde conversando, e, no dia seguinte, acordei cedo e fui
ansiosa para a Cooper. Não tinha falado mais com Ryan e, de verdade,
queria muito estar com ele de novo e sentir como seria nosso reencontro.
Será que a tensão entre nós continuaria presente, ou já tínhamos
saciado os nossos desejos um pelo outro?
— Bom dia, Sarah! — Lauren falou assim que eu cheguei. — O
Senhor Cooper pediu para você deixar as pastas com os relatórios na mesa
dele e organizar tudo para a reunião que ele transferiu para amanhã, porque
precisou viajar de última hora.
Apenas sorri para Lauren e fui desanimada para a minha sala. Peguei
as pastas e as levei para o escritório dele, que estava vazio. Sem ele, aquela
sala era enorme e fria.
Eu era sua assistente pessoal, mas ele tinha mandado um recado para
mim pela sua secretária em vez de me enviar uma mensagem.
Talvez assim como eu, para ele uma noite de sexo não significa que
tenha que rolar repetição, ou que as duas pessoas vão passar o resto da vida
juntas.
No dia seguinte, fui surpreendida com uma mensagem dele avisando
que eu deveria colocar todo o material em um arquivo e enviar para ele, pois
faria a reunião por videoconferência.
“Senhorita Campbell, arquive os relatórios e os envie para mim, pois
farei uma videoconferência com os clientes, não tenho previsão para
retornar.”
“Sim, Senhor Cooper, os relatórios serão enviados.”
Ele estava frio na sua mensagem e tudo que passava pela minha
cabeça era que talvez fosse melhor esquecê-lo como homem, vê-lo apenas
como meu chefe e seguir em frente.
Para mim, aquela semana passou lentamente, já que eu passava o dia
no escritório analisando relatórios e ansiosa por alguma notícia de Ryan, que
simplesmente havia desaparecido. Ele era, de fato, um homem que tinha um
comportamento estranho, visto que deixava sua empresa abandonada e os
diretores enlouquecidos, tentando dar conta de tudo.
Foi impossível não me lembrar do coldre com as armas que ele
estava usando e fiquei pensando que mistérios envolviam a sua vida.
Talvez o destino esteja me livrando de entrar numa roubada, já que
não o conheço de verdade. O problema é que eu tenho um lado que se
alimenta de adrenalina, que me faz não ter medo de nada e que me diz que
esse homem pode me trazer fortes emoções.
Capítulo 11
Ryan Cooper

Eu nunca tinha estado com uma mulher como Sarah! Nós conversamos,
rimos, e ela fez com que eu contasse dentro do possível, várias coisas da
minha vida.
Então, quando acordei e vi que ela simplesmente tinha ido embora,
fiquei furioso, porque sempre fui eu a descartar as mulheres e desta vez me
vi procurando-a pela minha casa quando amanheceu.
Ela foi embora trabalhar, como se comigo tivesse sido apenas uma
noite como outra qualquer. Tentei me agarrar a isso como um sinal, de que
seria melhor assim, já que eu nunca poderia ficar com ela para sempre, a não
ser como amante, o que ela nunca aceitaria, porque personalidade não falta
em Sarah Campbell.
Eu nem tive tempo de pensar muito sobre Sarah na minha vida e a
confusão que isso causaria, já que meu tio veio me perturbar com os
negócios da família logo cedo.
Eu sabia que eles me viam como um playboy rico e irresponsável,
que brincava de ser Capo, mas em especial essa manhã eu não estava com
paciência nenhuma, afinal, acordei achando que teria mais uma rodada de
sexo quente e encontrei a minha cama vazia.
— Ryan, a gente precisa decidir como vamos fazer, porque esse
carregamento de armas que vai chegar é muito grande e vale umas cinco
vezes mais que qualquer outro que já tivemos — meu tio falou e eu não
estava entendendo o que ele realmente esperava de mim.
— E o que você quer que eu faça? Que eu vá até lá receber esse
carregamento pessoalmente?
— Exatamente! Você precisa estar lá para impor respeito e saber
como funcionam as coisas.
— Sei muito bem como isso funciona, mas, se eu preciso estar à
frente de tudo, para que tenho você como Sottocapo?
— Não é tão simples assim, isso envolve muita coisa. Precisamos do
nosso Capo à frente de tudo, impondo respeito e intimidando os traidores.
— O que mudou? Antes você parecia adorar quando eu ficava
afastado e agora quer me ver o tempo todo em ação?
— Amanhã nós vamos para Sacramento, agilizamos tudo e você
retorna para sua vida social.
— Eu não tenho vida social, seu filho da puta. Tudo que eu coloco a
mão tem a ver com a Instituição.
Eu me arrumei para resolver os assuntos que meu Sottocapo de
merda não dava conta, mas durante a viagem, foi impossível esquecer dela
se desmanchando na minha boca, da nossa cumplicidade, do sexo forte!
Quando entrei na sua boceta, sabia que estava correndo um sério risco de
ficar viciado naquela mulher, que ao contrário das outras que ficavam
implorando minha atenção e eu as despachava correndo, simplesmente
acordou e foi trabalhar.
Aquilo feriu meu ego e eu não sei se vou conseguir me manter
afastado dela, embora seja o certo, já que não sou o CEO como ela pensa, e
sim um assassino frio, que nasceu e foi moldado para matar quem
atravessasse o seu caminho.
Inferno! Eu estava indo resolver um problema sério em Sacramento e
só sabia pensar em Sarah Campbell.
Quando cheguei ao local com o meu tio, nossos homens estavam
aguardando as coordenadas para receber e despachar as armas.
— Estamos com tudo pronto, Capo Cooper — o soldado responsável
pela operação veio me falar assim que eu cheguei.
​— Não quero saber de falhas, fui claro?
​— Sim, senhor!
Durante a noite, meu tio estava nervoso e me chamou para dizer que
o carregamento foi recebido com sucesso, mas que o homem que nos traiu
naquela semana tentou interceptar a carga e queria fazer frente a nós.
— O homem que não foi eliminado naquela última vez que o seu
primo não entendeu a sua ordem, pode nos criar problemas.
— Que tipo de problemas?
— Ele queria dinheiro, por isso vendeu informações para a Corsa, a
máfia francesa. Ele sabe quem é você, quem somos todos nós e isso me
preocupa.
— Corsa! A Corsa não tem como fazer frente à Máfia Cooper!
Somos maiores que eles e, além disso, aliados da Cosa Nostra.
Minha equipe de segurança era enorme, e a aumentaria se fosse
preciso, porque eu tinha um bem precioso demais do qual nunca permitiria
que ninguém chegasse perto. Nesse tipo de negócio, sempre procuramos um
ponto fraco do nosso inimigo, e, por mais que eu escondesse do mundo,
meus inimigos sabiam qual era o meu, minha filha, Anne.
— Seu primo disse que sentiu que estava sendo seguido. Esse sujeito
quer se vingar!
— Eu disse ao incompetente do seu filho que vocês sabiam o que
fazer nesses casos. Logo, se o infeliz não morreu, foi porque vocês dois
falharam. Eu não concedo perdão!
Para aguentar meu tio, que ficou nervoso com as minhas palavras e
começou a puxar o meu saco, me elogiando, precisei beber, e muito, e foi
isso que fiz. Bebi whisky como se fosse água, e, ainda assim, a voz daquele
ser me incomodava.

◆◆◆

Me preparo para a segunda parte da minha viagem, sabendo que no final


dela estarei com mais uma guerra nas minhas mãos. Eu odeio ser colocado
contra a parede, mas sei que não tenho como fugir de reuniões com a
finalidade de me casar, para união de territórios.
Inspeciono a minha gravata e o meu terno no espelho, para ter
certeza de que estou apresentável. Eu gosto de estar impecável, de cuidar da
minha imagem, mesmo que eu esteja indo para um encontro que terminará
em discussão, já que vou comunicar que não pretendo fazer nenhum acordo
de casamento.
Alejandro comanda um território da Cosa Nostra, e seria bom uma
aliança mais forte entre a minha máfia e a siciliana. Eu sei o quanto é
importante unir as nossas duas famílias e organizações para o crescimento
dos negócios na América do Norte, mas não pretendo me sacrificar, ainda
mais porque sei muito bem quem eu quero na minha cama pelo resto da
minha vida.
A ambição sempre foi o meu forte, e a expansão das minhas metas
está nas minhas mãos, o meu avô diria que chegou a hora de decidir entre a
razão e o desejo ardente do meu pau, já que para nossa Instituição não existe
chamado vindo do coração para que eu acreditasse que poderia ter me
apaixonado por uma mulher.
Eu conheci o Alejandro na casa de Dante, na Sicília, há quatro
meses, e ele me propôs um acordo, e me fez confirmar que iria pensar na
possibilidade de me casar com a sua filha.
Ele é um homem cruel, que criou suas filhas dentro das nossas
tradições, me garantiu que ela é virgem e que seria uma esposa fiel e
submissa, pronta para me atender sempre que eu a solicitar. Acontece que eu
não tenho vontade de ter uma esposa, muito menos uma escrava que vai
fazer tudo que eu quero.
Assim que cheguei no local do encontro, descubro que Alejandro
teve um contratempo em seu território e enviou sua filha sozinha, achando
que eu ficaria com ela, firmaria o compromisso e me casaria, garantindo
nossa aliança.
Eu não sei por que ainda me surpreendo com alguns casos da nossa
sociedade, como esse, em que o pai é um homem tão ruim, que envia sua
filha virgem para ser entregue a outro homem, sem se importar com a sua
sorte.
— Ela é uma jovem doce e obediente, meu primo, você fez uma
ótima escolha!
— Eu não escolhi ninguém! Até onde eu sei, Alejandro estava
tentando firmar um acordo comigo e sua visita tinha esse propósito. No lugar
disso, ele envia sua filha, acompanhada de uma serviçal e seus soldados,
como se eu fosse a levar comigo e dar a ela o meu nome.
— De certo ele entendeu que essa reunião era apenas de praxe, tendo
em vista que enviou todo o acordo que te propôs na Sicília por escrito.
— Eu odeio essas filhas da máfia, submissas e sem sal. Não vou me
casar com ela e nem com nenhuma outra que me apresentarem.
— Você está com a cabeça na americana que eu sei! A tal da mulher
que é sua assistente, tenho minhas fontes. Mas pensa bem, você pode se
casar com a filha de Alejandro, estamos vendo que é linda e com certeza
obediente e recatada, que você vai comer à vontade e moldá-la à sua
maneira, e ainda pode ter a sua assistente como amante e cativeira…
Dei um soco na cara de Erick e com certeza quebrei alguns dos seus
dentes, mas como temos dinheiro, ele pode mandar fazer um novo para
colocar na sua boca nojenta.
— Nunca mais me diga o que fazer da minha vida! Eu não vou fazer
minha assistente de amante ou cativeira, se eu ficar com ela, será para fazer
dela a Rainha da minha Máfia.
— Você enlouqueceu?
— Eu sou Chefe dessa porra toda, e o que eu decidir, será acatado e
ponto final. Leve essa jovem de volta para o seu pai.
Em seguida, entrei no meu carro e liguei furioso para Dante.
— Foi ideia sua que Alejandro enviasse sua filha num jatinho para
me forçar a ficar com ela?
— Claro que não! Achei que ele tinha desmarcado quando tivemos
alguns problemas aqui na Cosa Nostra de madrugada.
— Ele só não desmarcou, como enviou sua filha para mim. Estou
mandando a moça de volta, sequer troquei uma palavra com ela. Não vou me
casar com quem eu não quero.
— De Lucca, é impressão minha, ou você já tem uma escolhida?
— Você vai ficar sabendo no dia que eu me decidir!
— Uma filha da máfia?
— Meu pai não era um filho da máfia!
— Você já me respondeu, e só tenho uma coisa para te dizer: essa
guerra será sua, eu não vou interferir! Se você perder poder, serei obrigado a
enviar alguém para ficar no seu lugar.
— Eu não vou perder poder nenhum, Dante! O acordo da Cosa
Nostra com o meu bisavô será mantido e os De Lucca continuarão donos de
tudo por aqui, sob a proteção da Cosa Nostra.
Capítulo 12
Sara Campbell

Era sexta-feira e fazia oito dias que Ryan tinha viajado. Quando meu celular
tocou, meu coração disparou achando que era ele, mas a decepção foi grande
ao me dar conta de que era Nick.
— Oi, Sarah, você está podendo falar agora?
— Posso, sim. Está tudo bem?
— Você sumiu da boate naquele dia. O que aconteceu?
— Eu estava cansada, com dor de cabeça e fui para casa dormir.
— Alice ficou dizendo que você tinha pegado alguém e ido dormir
com o cara.
— Nada disso! Fui para casa dormir, só isso!
— Eu queria muito conversar com você. Podemos sair para jantar
hoje à noite?
— Hoje? — indaguei. Minha vontade era de dizer não, mas Nick era
meu amigo, a gente não se via há dois anos, e eu precisava mesmo me
distrair um pouco, já que não tirava o Senhor Cooper da minha cabeça.
— Tudo bem! Vamos, sim.
— Beleza. O Alan me disse que tem um restaurante lá perto da boate
que é muito bom. Podemos jantar lá.
— Perfeito! Me passa o nome do restaurante e a gente se encontra lá.
— Nada disso, te pego às sete horas na sua casa.
Quando saí do trabalho, fui direto para casa e no caminho tentava me
animar para jantar com Nick, mas a verdade é que eu já estava arrependida
de ter marcado com ele.
— Sarah, eu não tenho nada com isso, mas, por favor, não entra
nessa vibe com o Nick só porque está chateada com o seu love — Nina me
disse antes de sair para encontrar com Noah.
— É só um jantar entre amigos!
— Amigo que te queria, foi embora e agora voltou cheio de
conversinha para o seu lado. Fica esperta para vocês não brigarem de novo.
— Eu estou indo como amiga e se ele quiser mais do que isso, azar o
dele.
— Então, tudo bem, porque ele está a fim de você e quis até te beijar
na boate. Se ele quiser ficar com você, sai fora. Amo o Nick, mas ele não
tem nada a ver com você. Não rolou nada mais que vontade de dar uns beijos
da sua parte e insistir nisso seria retroceder no tempo.
Eu sorri e falei para ela que só seria um jantar entre amigos, mas
acabei confessando que já tinha me arrependido de ter concordado em sair
com ele.
Às sete horas, Nick chegou, e fomos jantar no restaurante que era
perto da boate do Ryan.
Tudo me fazia lembrar dele. Que droga!
O restaurante era lindo e tinha comida japonesa, que eu adorava. Eu e
Nick ficamos conversando, ele me contou tudo sobre Nova York, e falei do
meu ex-trabalho chato e do atual na Cooper Enterprises.
Com o passar do tempo, já estava mais descontraída e rindo, porém,
quando olhei para o outro lado, vi Ryan sentado com dois homens, bebendo
e me olhando. Ele estava me encarando e eu não consegui desviar os olhos
dele. Com tanto restaurante na cidade, ele tinha que ir logo a esse em que fui
jantar com Nick? Eu estava tão tensa com a presença de Ryan a poucos
metros de mim que senti meu corpo enrijecer quando Nick tocou na minha
mão.
— Eu mudei, Sarah! Eu era muito imaturo, mas sempre gostei de
você. Se quiser ficar comigo, estou voltando para Los Angeles e espero você
se decidir, estar pronta...
— Pronta para quê? — Ryan perguntou de repente, e, quando olhei
para o lado, lá estava ele de pé encarando Nick. — Eu fiz uma pergunta.
Você quer esperar a minha mulher estar pronta para quê?
— Ryan, por favor! Fala mais baixo. Você bebeu? — perguntei
assustada com o seu tom de voz alto, e, quando olhei para os lados, foi
impossível não notar que as pessoas disfarçaram, fingindo não ver o que
acontecia na nossa mesa.
— Bebi! Na verdade, ainda estou bebendo — ele respondeu,
mostrando-me o copo de whisky.
— Quem é esse homem? — Nick me perguntou.
— Esse é o Ryan Cooper!
— O que você está fazendo aqui jantando com ele? Não divido o que
é meu!
— Você não vai falar assim com ela, seu otário! — Nick disse e se
levantou, mas, na mesma hora, os seguranças do Ryan o cercaram com cara
de poucos amigos.
— Deixa, Nick, ele está bêbado e eu sei resolver os meus problemas,
não preciso de segurança — falei e vi que o senhor que estava sentado à
mesa com Ryan se aproximou e tocou no seu braço, deixando-o enfurecido.
— A culpa é sua por ter me trazido a essa porcaria de restaurante e
por infernizar minha vida! Você, meu primo e todos que me cercam — Ryan
falava e empurrava os seguranças, voltando para a mesa dele — Todos vocês
me irritam, além de serem um bando de imprestáveis.
Ryan estava bêbado e descontrolado ou, talvez, ele fosse assim
mesmo, um babaca autoritário que tratava todo mundo como se ele fosse um
rei e os outros, seus súditos.
— Antes de você voltar para a sua mesa, de onde você não deveria
ter saído, Cooper, devo lhe informar que não admito ser tratada como objeto.
Nunca mais se dirija a mim como se eu fosse uma propriedade sua ou um
prato de comida que você não divide.
Ryan não deu uma palavra, apenas olhou para Nick o fuzilando de
raiva e voltou para a sua mesa.
— Sarah, me desculpe, mas você trabalha para um homem mal-
educado, e, sinceramente, acho que deveria repensar se vale a pena manter
esse emprego — Nick falou, interrompendo os meus pensamentos.
— Desculpa por tudo isso, Nick, mas acho melhor a gente ir embora.
E, quanto ao meu chefe, ele só bebeu além da conta e por isso está um pouco
alterado.
Nick pediu a conta e saímos do restaurante.
— Você vai me explicar o que foi tudo isso? Está saindo com ele? —
Nick perguntou. — O comportamento dele foi de um homem enciumado,
que deixou isso bem claro quando me perguntou o que eu queria com a
mulher dele. Você me deve uma explicação e...
— Na verdade, eu não tenho que te explicar nada, só te pedir
desculpas pelo jantar. Sinto muito. Você é meu amigo, a gente não se vê há
muito tempo e daí acontece essa confusão. Por isso, de coração, eu te peço
desculpas — falei enquanto deixamos o restaurante.
— Eu disse que queria ficar com você, Sarah, lembra?
— Eu vim jantar com você porque somos amigos, nada mais do que
isso, e além…
— Além do mais, você está tendo um caso com o seu chefe. Muito
profissional da sua parte.
— Vai tomar no cu, Nick! Se eu quiser trabalhar e foder com o meu
chefe, isso não é problema seu, e nem de mais ninguém. Eu pago as minhas
contas, logo, eu decido, o que eu quero fazer da minha vida. Foda-se essa
porra de ética inventada por uma sociedade machista, onde você insinua que
eu sou puta por transar com Cooper, enquanto ele vai ser taxado com certeza
como o garanhão, que pegou a assistente. Ou você vai dizer que eu facilitei e
o homem só fez seu papel de macho me comendo?
— Para onde você está indo com ele? — Ryan saiu do restaurante
perguntando e eu precisei respirar fundo, preparando-me para o segundo
round da confusão e sem ter tempo para escutar as desculpas esfarrapadas do
Nick.
— O melhor é você ir para casa, Ryan. Amanhã a gente continua essa
reunião. Você está muito nervoso e bebeu demais.
— Não banque o preocupado comigo, que isso é patético! E só para
deixar claro, eu não vou a lugar nenhum sem ela — Ryan falou, apontando
para mim, empurrando o senhor e deixando bem claro que este não dava
ordens a ele.
— Já chega! — gritei — O espetáculo terminou. Vem! Vamos para a
sua casa! — falei, segurando Ryan pelo braço — Onde está o carro? —
perguntei para o segurança que estava com ele e então eu vi o motorista
saindo do veículo. — Vem! Vamos embora! Chega de briga por hoje! —
disse, empurrando-o praticamente para dentro do automóvel.
— Eu não acredito que você vai embora com esse cara, Sarah! —
Nick falou, segurando-me pelo braço. — Você veio e vai voltar para casa
comigo. Esse cara está bêbado!
— Solta o meu braço! — Eu falei tão forte que Nick se assustou —
Ele está bêbado e isso deveria ser para você, mais um motivo para eu
acompanhá-lo até a casa dele. O que aconteceu com a sua afirmação de que
eu sou uma excelente profissional?
— Você não vai com ele, não vou permitir!
— E desde quando eu preciso da sua permissão para fazer qualquer
coisa que seja? Você trate de repensar suas falas preconceituosas, porque eu
poderia ser uma prostituta, que ainda assim mereceria respeito. Agora, me dê
licença, porque eu realmente tenho que ir com ele. Outro dia, eu te ligo!
— Ela não vai ligar — Ryan gritou, antes de levar um empurrão que
eu mesma dei nele e entrar no carro, que saiu cantando pneu. Mesmo assim,
ainda tive tempo de olhar para a calçada e ver o senhor com cara de espanto,
Nick revoltado passando as mãos no cabelo e os seguranças entrando em
outro veículo e nos seguindo.
— Você ia dormir com ele? Sabia que eu posso acabar com ele agora
mesmo se eu quiser?
— Acabe com quem você quiser, senhor gangster, mas faça isso em
silêncio, porque estou com dor de cabeça.
— Você não me respondeu…
— Ryan Cooper, você quer brigar? Ótimo! Vamos brigar! Quem você
pensa que é para me cobrar alguma coisa? Eu não sei com que tipo de gente
você está acostumado a lidar, mas acredite, não sou uma delas. Não estou
sob o seu comando! Se você gritar, eu grito mais alto. Se você gosta de
mandar, saiba que eu nasci para dar ordens. Comigo você pode tratar de ir
baixando a bola. E agora, vá dormir pois você está chato e me irritando.
— Você nem sabe com quem está falando…
— Eu não quero saber! Fui clara que tudo tem o seu tempo, e se isso
for uma ameaça, acredite, não me assustou. Não tenho medo de você e nem
do que quer que você venha a ser!
— Esse é um jogo perigoso, Sarah! Não fale o que você não sabe.
— Se isso é um jogo, ainda mais perigoso, pode dar as cartas senhor
Cooper, porque eu estou disposta a jogar.
— Quem é você, Sarah Campbell?
— Alguém que ama um desafio, adora um bom jogo e que nunca
entra numa partida se não for para vencer.
O silêncio se fez presente no resto da viagem, com Cooper e o seu
péssimo humor potencializado pelo álcool, e comigo perdida nos meus
pensamentos. Eu sabia que não estava ali apenas porque ele bebeu, e me
preocupei em ajudar, e sim porque sentia uma forte atração por aquele
homem e tudo que o cercava.
Por fim, chegamos à fortaleza Cooper, entramos com aqueles
seguranças todos, e segui direto com ele para o seu quarto.
— Precisa de ajuda, Senhorita Campbell?
— Sarah… me chame de Sarah, por favor! Qual o seu nome? —
perguntei ao motorista.
— Matthew. Qualquer coisa é só mandar me chamar.
— Obrigada, Matthew! — falei e quando entrei no quarto e fechei a
porta, Ryan já estava deitado na cama.
— Nada disso! Você vai tomar um banho. Anda, vem comigo!
— Você vai tomar banho comigo? — ele perguntou e eu tive que rir,
porque Ryan parecia uma criança teimosa pedindo, com os olhos de quem
estava implorando, um sim como resposta.
— Eu não sou uma abusadora e você bebeu demais, Ryan Cooper.
Foi difícil, mas nada com uma ducha de água fria para acabar com
um porre. Em seguida, eu o deitei na cama e, como fiquei toda molhada
também, peguei uma das suas camisas no closet e me deitei com ele.
— Nunca mais vou deixar você ir embora! Eu já te falei que você é
minha?
— Já falou sim, e vou te responder de novo, que não tenho dono.
Ele não parava de falar até que finalmente adormeceu.
Quando acordei, pude sentir sua ereção roçando a minha bunda, já
que dormimos de conchinha. Assim que eu tentei me desvencilhar dos seus
braços, ele me puxou de volta e me sentou em cima dele.
— Estava indo a algum lugar?
— Na verdade, eu estava indo para casa, porque não posso ficar
comprando roupa todo dia para trabalhar. Preciso ir para casa, me arrumar…
— mal terminei de falar, e ele me interrompeu segurando firme o meu rosto
entre as suas mãos e dando um beijo.
— Sabia que é muito bom acordar com você? — Ele fala apertando a
minha cintura, enquanto me esfregava no seu pau, em busca de alívio.
— Você está sem calcinha?
— A minha estava molhada, daí peguei uma camisa sua que ficou
como um vestido em mim, e não achei que precisava de mais nada.
— Você quer me deixar louco, Senhorita Campbell? Minha vontade é
de devorá-la! — Ele falou e eu já fui logo tirando a camisa e deixando meus
seios expostos e excitados esperando pelo seu toque.
Ele brincou com os meus mamilos intumescidos, chupando um deles
e beliscando o outro, como se os seus dedos fossem uma pinça.
Ryan me deita na cama, e eu jogo os quadris para frente, tentando
alcançar o seu pau, mas ele me tortura sem deixar que eu encoste nele,
enquanto continua chupando devagarinho o meu mamilo, roçando os dentes
e passando a língua de cima para baixo por todo o meu seio.
— Porra, isso é muito bom — eu falo entre os meus gemidos cada
vez mais altos.
— Pronta? — Ele perguntou se deitando e pegando o preservativo na
cabeceira, e a minha resposta foi lamber a pontinha do seu pau, colocar o
preservativo e montar nele, que se enterrou em mim num movimento único,
forte, como que reivindicando a minha boceta só para ele — Você gosta de
cavalgar no meu pau, Sarah?
​— Gosto de tudo com você! — Eu falo enquanto subo e desço batendo
com força contra o seu corpo.
Ele segura as minhas pernas, as coloca entrelaçadas em seus quadris
e num movimento rápido, me coloca deitada no colchão. Eu seguro firme a
sua bunda, enterrando o seu pau mais ainda dentro de mim, enquanto ele
devora o meus seios, estocando forte e sem parar na minha boceta.
Estamos em êxtase, com nossos corpos tremendo e nossa respiração
descompassada. É nítido o quanto somos entregues a todas as sensações que
sentimos um pelo outro, e quando chegamos à beira do clímax, eu aperto
firme o seu pau com a minha boceta, o prendendo dentro de mim e nossos
corpos estremecem, com Ryan urrando alto e gozando junto comigo.
Eu me levantei depois de muito custo, porque Ryan não queria me
soltar e confesso que eu estava amando isso. Depois de tomar banho, fui
obrigada a colocar a mesma roupa que usei para jantar com Nick na noite
anterior.
— Será que o meu chefe se importa se eu me atrasar hoje? —
perguntei enquanto me sentava ao lado de Ryan na cama. — Preciso passar
em casa e trocar de roupa antes de ir trabalhar.
— Eu acho que ele vai preferir que você passe o dia com ele aqui
nessa cama — Ryan falou e me puxou para me deitar com ele.
— Acontece que você tem uma reunião importante e eu não fiquei
analisando aquele monte de relatórios para nada. Trate de se levantar para
trabalhar — falei, e ele começou a rir.
— Sim, senhora! Acho que eu não sou mais o chefe, pelo visto.
Descemos rindo e de mãos dadas para tomar café e ele me apresentou
à Joana, que trabalhava lá.
— Joana, essa é a Senhorita Campbell. Prepare um café da manhã e
sirva lá na sala.
— Desculpa, Ryan, mas estamos atrasados — falei olhando para o
relógio.
— Prepara um café bem rápido, porque minha chefe está com pressa.
— Você quer parar com isso! — eu disse, rindo. — Sei que você é o
chefe, mas, quando está se atrasando para uma reunião ou se comportando
como uma criança em um restaurante como fez ontem à noite, sou obrigada
a cuidar de tudo.
Assim que terminei de falar, ele me abraçou e me deu um beijo,
puxando-me para a sala. Ao ver a cena, Joana olhou espantada, abaixou a
cabeça e disse que se apressaria em servir o café da manhã. Antes de
sairmos, escutei Ryan dando algumas instruções, que não entendi muito
bem, para Joana.
— Ela chega hoje à tarde de viagem com a madrinha, que vai deixá-
la aqui em casa. Me avise se ela chegou bem e à noite eu venho direto para
cá!
No caminho para minha casa, não toquei no assunto com ele, mas
estava curiosa com essa história sobre alguém que chegaria naquela noite.
— Obrigada pela carona. Vou me arrumar correndo porque estamos
muito atrasados e te encontro na empresa — falei e dei um beijo nele.
— Nada disso! Eu vou entrar, e, quando você estiver pronta, vamos
juntos — ele falou, saindo do carro e se dirigindo até minha casa.
Entramos de mãos dadas e nos deparamos com Nina, que estava
sentada na sala.
— Essa é Nina, minha amiga. Nina, esse é o Ryan.
— Oi, Ryan, fique à vontade. Já estou atrasada e só me sentei aqui
para responder a umas mensagens. Te vejo à noite, Sarah! — Nina saiu e eu
o chamei para vir comigo até o meu quarto.
Ainda bem que deixei tudo arrumado, porque, ao contrário da casa
dele, que tinha vários empregados, na minha éramos nós três que
cuidávamos de tudo.
— Seu quarto é lindo e eu acho que a gente deveria aproveitar que
estamos aqui e inaugurar essa cama — Ryan sugeriu, puxando-me para perto
dele e se jogando comigo na cama.
— Ryan Cooper, nós estamos atrasados! — Falei com meu corpo
tremendo ao toque dele.
— Se já estamos atrasados, que diferença faz uma hora a mais? —
ele perguntou com aquele jeito cínico que me deixava louca e que tornava
dizer não uma missão impossível.
Quando finalmente chegamos à empresa, fomos direto para o
escritório dele e iniciamos a reunião. O cliente estava impaciente, e com
razão, mas Ryan tinha o dom da palavra e rapidamente o envolveu com seus
projetos.
Ryan era um homem lindo, inteligente e criativo, e eu já estava
“pagando paixão” só em pensar assim, como diria Alice, se me visse
babando por ele. Por um instante, saí para pegar alguns relatórios extras para
a reunião que demoraria mais do que o previsto e encontrei Lauren no
corredor.
— Sarah, o que aconteceu? — ela me perguntou quando me viu
saindo da sala. — Eu não sabia mais o que falar para enrolar o cliente e
nenhum de vocês dois atendia ao celular.
— Me desculpe, eu realmente não vi as suas mensagens. O senhor
Cooper queria mais informações e materiais para essa reunião e acabamos
trabalhando por videoconferência e nos atrasamos — inventei isso porque
não queria que falassem que eu tinha algum caso com o CEO e, assim, dar
motivos para fofoca.
Por mais que tivesse dormido com ele, não tínhamos nenhum tipo de
compromisso. Ciente disso, segui com meu trabalho. O restante do dia foi
agitado por conta de duas reuniões e dos preparativos para a viagem a Nova
York, que acabou sendo adiada devido às viagens que Ryan costumava fazer
sem dar explicação, e não precisava, já que era o dono da empresa.
Meu trabalho não era simples. Eu separava, organizava e analisava
tudo antes de fechar cada pasta, e isso me deixava bastante ocupada. Mesmo
assim, eu me sentia feliz, porque estava trabalhando naquilo com que tanto
havia sonhado.
Mentira! A quem eu estava enganando? O motivo da minha
felicidade tinha nome, e não era Cooper Enterprises, e sim, Ryan Cooper. Já
tinha passado das três horas da tarde quando Ryan mandou pedir o almoço, e
Lauren me ligou, pedindo para levar o café dele.
Eu não levava muito jeito com bandejas, bules e xícaras. Quando
cheguei à sala dele e, mais uma vez, não tinha como abrir a porta. Fiquei
batendo delicadamente com os meus saltos na porta, e Ryan veio abrir no
seu modo “CEO mal-humorado”.
— Tinha que ser você e esse seu salto irritante! Qual o seu problema
em abrir portas?
— Se você quer que eu entre sem bater, então não deveria ficar
pedindo para eu trazer todas essas coisas, porque não sei segurar isso tudo
com uma mão só sem derrubar nada — respondi, colocando tudo sobre a
mesa.
— Sabia que a senhorita é muito respondona?
— Eu só falei a verdade e não posso sair entrando na sua sala sem
bater, porque eu não sou mal-educada.
— Meu Deus, que porcaria de café é esse? — Ryan reclamou quando
tomou um gole da xícara que lhe servi. — Quantas gotas de adoçante você
colocou? Lauren não te ensinou que eu gosto de quatro gotas?
— Mas eu coloquei quatro gotas.
— Não colocou mesmo, porque está horrível.
Fiquei com muita raiva daquela cena, porque era só o que faltava, ele
brigar comigo por causa de gotas de adoçante.
— Quer saber de uma coisa, você deve estar achando amargo porque
está faltando glicose em você, que bebeu como um gambá ontem à noite —
falei, tirei a xícara das suas mãos, abri o vidro do adoçante e coloquei várias
gotas no seu café.
— Agora deve ter ficado perfeito!
Virei minhas costas e o deixei sozinho em sua sala com seu mau
humor e saboreando seu café sabor adoçante.
Capítulo 13
Sarah Campbell

No fim da tarde, meu celular vibrou com mensagens de Alice e Nina no


nosso grupo das garotas superpoderosas, elas estavam rindo do Nick, que
tinha ficado sozinho na frente do restaurante na noite anterior. Eu me senti
mal por isso, mas não poderia e nem conseguiria deixar Ryan ir embora
bêbado e sozinho.
“Juro que não foi por mal, mas Ryan estava bêbado e precisava de
mim.”
“Claro que precisava, Sarah. Não é como se ele tivesse vários
seguranças para levá-lo para casa ou uma privada para lhe fazer companhia
bêbado”, Alice escreveu, rindo de mim. “Para de se desculpar! O que você
queria mesmo era dormir com seu paraíso hot!”
“Chegou em casa hoje toda feliz com ele, sinal de que a noite foi boa
depois do porre”, Nina completou.
“Só para vocês saberem, fiquei ainda mais feliz depois que estive aí
em casa com ele.”
“Sarah, a insaciável do sexo!”
“Voltando ao Nick, ele me escreveu horrorizado, falando que o seu
chefe apareceu, você foi embora com ele e que isso não era certo”, Alice
digitou.
“Eu não quero que ele fale que eu consegui o emprego por isso, e,
pouco me importo se ele acha que eu devo ou não me envolver com
alguém.”
“Continuando, eu dei logo uma cortada alto nível ‘cala a sua boca
forever’ que você está passando vergonha!”
“O que você falou para ele?”, perguntei.
“Vou colar aqui para vocês duas lerem: ‘Mentira que ela fez isso? Te
deixou sozinho e foi embora com outro? Se deu melhor que você então, que
quando foi embora e a deixou aqui, foi sozinho e chupando dedo para Nova
York. Sarah foi embora e ainda deve ter garantido uma noite daquelas com o
Paraíso Hot, como chamamos o love dela. Isso é para você deixar de ser
babaca e achar que mulher é objeto, que você coloca na estante e pega
quando quer. Deu uns beijos nela, falou que seria paciente e já estava de
mudança marcada.”
“Alice, você é vida!”, Nina digitou.
“Te amo, amiga!”, escrevi.
Alice realmente não era do tipo que esquecia uma resposta
atravessada quando tinha que dá-la para alguém e, mesmo que passassem
anos, na hora certa, ela a despejava na cara da pessoa. Ela era aquela que
sempre dava um jeito de lavar nossas almas.
Meu celular vibrou novamente, e dessa vez era uma mensagem do
Ryan.
“Você pode vir aqui na minha sala, por favor?”
“Está precisando de alguma coisa? Se forem os relatórios, eu ainda
não terminei, ainda faltam alguns.”
“Eu estou precisando de você, Senhorita Campbell!”
Que homem era esse que me fazia quase ter um orgasmo só com uma
mensagem de texto?
Encerrei a conversa com as minhas amigas, avisando que meu chefe
precisava de mim e elas dispararam vários emoticons de fogo, fazendo-me
rir.
Quando entrei no seu escritório, ele estava me esperando em pé,
encostado na sua mesa e com olhos de pura luxúria.
— Dessa vez, você não bateu com seus saltos irritantes!
— Se você não ocupasse sempre a minha mão com pastas ou
bandejas, não precisaria ficar batendo.
— Desaforada como sempre, senhorita Campbell.
Após falar isso, ele se aproximou e me puxou para perto dele, me
encostando na sua mesa e derrubando algumas coisas no chão.
— Eu te quero agora! — ele disse, me beijando e segurando com
força o meu cabelo — Conta para mim, como está essa bocetinha — Ele
falou deslizando a mão pela minha coxa — Será que ela está molhadinha e
perfeita para ser chupada?
— Isso você vai ter que descobrir!
Ryan tirou rapidamente a minha calcinha e me sentou na sua mesa,
abrindo as minhas pernas para ver a minha boceta lubrificada e latejando por
ele.
Fechei os meus olhos, enquanto sentia seus dedos explorando as
minhas dobras, tocando cada parte da minha boceta, beliscando o meu
clitóris e deixando meus nervos pulsando de tanta excitação.
— Quer que eu te chupe e te foda com a minha língua?
— Com a sua língua, com os seus dedos e com o seu pau.
— Gulosa! Eu quero que você goze na minha boca, porque eu quero
sentir o seu cheiro e o seu sabor.
Minha respiração ficou ofegante, senti espasmos por todo o meu
corpo, escutando-o falar comigo. Meu corpo esquentou e eu comecei a
rebolar, esfregando a minha boceta na sua cara, buscando por alívio. Quando
ele enfiou dois dedos dentro de mim, estocando com força, enquanto me
chupava, minhas pernas começaram a tremer, pude sentir o orgasmo
chegando e me deixando plena.
Ele era tão maravilhoso, parecia que conhecia cada ponto do meu
corpo que me dava prazer e isso me deixava cada vez mais viciada naquele
homem.
Ryan sabia como me conduzir e me proporcionar sensações
maravilhosas. Eu nunca gostei de me sentir vulnerável, mas estava adorando
ser dominada por ele no sexo.

◆◆◆

— Oi, meninas, hoje estou exausta! Preciso de um banho, uma bebida


para relaxar e cama — falei, jogando-me no sofá entre Nina e Alice assim
que cheguei a minha casa.
— Trabalho e prazer num mesmo lugar matam mesmo! — Alice
falou enquanto bebia um dos drinks maravilhosos que só Nina sabia
preparar.
— Verdade. Esse trabalho está me matando! — concordei, rindo.
— Não vai dormir com seu love hoje? — Nina perguntou.
— Ele saiu da empresa um pouco antes de mim hoje e disse que tinha
uns assuntos para resolver e que por isso precisaria ir para casa mais cedo —
respondi e abaixei a cabeça, lembrando-me da conversa que ele teve com
Joana de manhã.
— Algum problema? Essa sua cara não está boa para quem está
vivendo um romance hot! — Nina perguntou quando percebeu que eu estava
bem pensativa.
— Mais cedo eu o escutei falando para Joana, a senhora que trabalha
na casa dele, que alguém chegaria hoje à noite e por isso ele iria mais cedo
para casa.
— Alguém quem? — Alice perguntou.
— Não sei, só escutei que a madrinha ia deixar lá na casa dele.
— Ele tem algum irmão ou irmã?
— Não sei. Ele nunca me falou sobre sua família.
— Na internet só fala que ele perdeu o pai quando era criança e a
mãe há dois anos. É tudo que tem nesses sites. O homem é reservado, não
tem nada sobre ele a não ser isso! — Alice falou.
— Desde que essa madrinha, sei lá de quem, não seja a fim dele —
afirmei com ciúmes de alguém que eu nem sabia quem era — por mim está
tudo bem!
Ficamos bebendo e rindo até que a campainha tocou. Era Nick, que
apareceu sem avisar.
— Estava de bobeira no hotel e vim ficar com vocês — ele falou, já
mostrando uma garrafa de vodca.
Nick se juntou a nós como nos velhos tempos e ficamos jogando
conversa fora até tarde. Eu, é claro, fiz de tudo para não ficar sozinha com
ele e ter que falar sobre o nosso jantar fracassado da noite anterior. Em meio
às conversas, ele não parava de me olhar e eu já estava sem graça, então
inventei que estava cansada e que precisava dormir.
— Vou me deitar, estou muito cansada — falei e me levantei,
deixando os três na sala e então Nick me chamou.
— A gente pode conversar?
— Pode ser outro dia? Eu realmente preciso dormir.
— Eu queria conversar agora se você não se importar — ele falou
e veio na minha direção.
— Sarah agora tem jornada dupla no trabalho com o CEO dela e
precisa dormir para se recuperar — Alice falou, rindo e eu sabia que foi para
atingir Nick, que parou de andar na mesma hora e me fuzilou com os olhos.
— Pois é, preciso dormir. Boa noite para todos! — desejei rindo
e olhando agradecida para Alice.
Aquela semana havia passado bem rápido, e eu estava exausta.
Faltavam dois dias para a nossa viagem para Nova York e eu tinha passado
aqueles dias tentando deixar tudo pronto para as reuniões com os clientes da
empresa.
No dia seguinte, acordei cedo e com saudades de Ryan, que eu só
estava vendo por FaceTime, já que ele estava ausente, resolvendo assuntos
particulares. Ele parecia nervoso e eu tentava fingir que não percebia, mas
achava estranho esse tanto de outros negócios que ele tinha e que lhe
tomavam tanto tempo.
— Devem ser as boates. O Alan falou que ele tem mais de vinte
espalhadas pelo país, fora os bares e restaurantes e um cassino em Las Vegas
— Alice disse.
— Não sei, não. Acho o Ryan muito estranho, muito misterioso... —
Nina opinou e depois riu, dizendo que seu lado investigativo sugeria que ele
escondia algo.
— Acho que ele deve ser um gângster, porque no outro dia queria
mandar matar o Nick — falei isso, e começamos a rir e a criar várias teorias
para os sumiços dele.
Nesse momento, meu celular vibrou, e era uma mensagem do Ryan.
“Vou passar na sua casa em trinta minutos e vamos para Nova York.
A reunião foi antecipada porque precisamos fechar negócio logo nesta
campanha.”
— Estamos indo agora?
— Sim, é só o tempo de você se arrumar e eu chegar a sua casa

◆◆◆

Minha nossa! Como uma mulher se arruma em trinta minutos para viajar?
Alice e Nina correram para me ajudar a separar as roupas. Enquanto eu e
Nina só pensávamos nos looks de executiva, Alice escolhia as lingeries.
— A parte chata fica para vocês. Vou escolher as peças para os
melhores momentos dessa viagem — ela falou, e pela quantidade de
lingeries, parecia que eu estava indo para minha lua de mel.
— Estou indo trabalhar, Alice! Nem sei se vamos ter tempo para
isso! — falei e cheguei até a sentir dor pelas minhas palavras.
— Até parece! Tem coisa mais sexy que vocês dois naqueles
elevadores do hotel, ou tentando ser rápidos na sala de reunião antes de os
clientes chegarem? Você tem que ser uma mulher preparada e estar sempre
com lingeries que vão deixar seu Paraíso Hot enlouquecido — Nina disse e
começou a rir, achando melhor a gente separar uns perfumes mais sensuais
para eu levar também.
— Tudo bem! Se alguém tiver algemas, me empresta, porque acho
que estou indo para um fim de semana super hot e não para uma reunião de
trabalho.
— Eu tenho as algemas — Alice falou, e nós três começamos a rir.

◆◆◆

Quando Ryan chegou, eu já estava pronta. Seguimos para o aeroporto e


paramos na pista em frente a um avião particular.
— Claro que você tinha que ter o seu próprio avião, não é mesmo?
— perguntei e ele sorriu, estendendo-me a mão para eu sair do carro.
Entramos na aeronave e uma comissária trouxe uma champagne e
duas taças. Ryan sorriu para mim e assim que jatinho decolou, fez um sinal,
e os seguranças nos deixaram sozinhos, e foram para outra área.
Onde nós estávamos sentados, era uma área com duas cadeiras
brancas grandes e confortáveis, uma mesa de jantar e uma parede com uma
tela maior que a minha televisão.
Ficamos sozinhos e ele então saiu da sua cadeira, ficou de pé de
frente para mim, apoiando suas duas mãos no encosto e deixando minha
cabeça entre os seus braços.
Ele me beijou, chupando forte a minha língua, me deixando excitada,
e só então, tirou duas braçadeiras do seu bolso, prendendo cada um dos meus
pulsos na cadeira e impedindo que o tocasse.
— Restrição de movimentos, senhor Cooper?
— Confia em mim?
— Se eu não confiasse, não estaria aqui, com um homem que
aparentemente é só o meu chefe, mas que com certeza esconde algo grande
de mim, e quem sabe, do mundo.
— Você é inteligente, Sarah Campbell, mas devo te alertar que muita
curiosidade, às vezes pode ser algo perigoso. Nunca sabemos o que podemos
descobrir, e quais serão as consequências.
— Eu não tenho medo, Ryan Cooper. Não tenho medo de você, ou
seja, lá o que você for, e nem de ninguém.
— Você exala poder, senhorita Campbell, isso é inegável. Mas agora
eu vou te mostrar quem manda aqui, te fazendo gritar de tanto prazer.
— Por favor! Me mostra tudo, senhor Cooper.
A nossa química era inexplicável, e juntos no sexo éramos uma
explosão de sensações fortes, que no final sempre nos deixava arrebatados
de tanto prazer.
​Logo, eu fechei os olhos, me deixando levar pelo seu toque, pelas suas
carícias e pelas pequenas torturas com a restrição de movimentos.
​Ele empurra o meu vestido para cima das minhas coxas, abre as minhas
pernas as mantendo afastadas e se colocando entre elas, beijando a minha
boceta por cima da minha calcinha de renda, que ele rasga com os seus
dentes.
— Quer minha boca em sua boceta, senhorita Campbell?
— Sim, por favor! Me chupa forte! — Eu pedi ofegante querendo me
mover e sem poder por conta das braçadeiras.
Ele passa a sua língua de forma muito dura pelas minhas dobras e
sopra a minha boceta com o seu hálito quente, me fazendo gemer alto.
Depois, me vendo tão excitada, começa a brincar com o meu clitóris e me
tortura, fazendo movimentos circulares com a ponta da língua, me
impedindo de fechar as pernas em busca de alívio.
A restrição de movimentos amplia as minhas sensações, porque não
tenho como agarrar os seus cabelos, ou segurar forte nos seus ombros
enquanto sinto os espasmos começarem a dar os seus primeiros sinais em
todo o meu corpo.
Então, ele me lambe lentamente e sempre que chega próximo ao meu
clitóris, eu grito pedindo por mais.
— Eu quero gozar!
Ele não responde e abre a minha boceta, chupando forte o meu
clitóris, e depois roçando os seus dentes nas minhas dobras. Eu elevo o
quadril em busca de mais atrito e alívio, já ficando desesperada querendo
gozar.
Ryan pega um punhal, que eu descubro que ele usa preso em sua
perna, e lentamente vai cortando o meu vestido, me deixando exposta e com
os meus seios implorando pelo seu toque.
— Eu espero que você tenha outro vestido na sua maleta de mão.
— Eu sou uma mulher prevenida, senhor Cooper.
Ele aperta os meus seios e sorri para mim, antes de voltar a ficar de
joelhos e chupar a minha boceta, ao mesmo tempo que belisca o meu
mamilo intumescido.
— Vou dar atenção a sua bocetinha deliciosa e te fazer gozar.
— Por favor!
Logo, ele coloca minhas pernas em cada um dos seus ombros, me
deixando toda aberta e enfia três dedos dentro de mim, estocando forte,
enquanto sua língua continua torturando o meu clitóris. Meu corpo começa a
convulsionar, eu grito alto, minhas pernas tremem, e finalmente me liberto
com um orgasmo explosivo e delicioso.
— Eu amo quando você goza na minha boca e posso sentir esse seu
gosto delicioso — Ele fala e lambe a minha boceta melada, antes de se
levantar e pegar um preservativo — Agora vou te foder forte, porque o meu
pau está babado e louco para entrar na sua boceta.
Ryan tirou a roupa e pude ver seu membro duro e pulsando de tesão
por mim. Ele soltou as minhas braçadeiras e em segundos me suspendeu, se
sentou na poltrona e me colocou no seu colo, enterrando forte dentro de
mim.
— Minha vez de te levar a loucura, enquanto eu cavalgo neste teu
pau gostoso pra caralho! — Eu falei abrindo a minha bolsa e pegando um
par de algemas.
Capítulo 14
Sarah Campbell

Chegamos ao hotel e na recepção fomos informados dos números dos


nossos quartos. Ryan pegou a minha chave e a devolveu, avisando que seria
um quarto só para os dois.
— Nunca vou dormir longe de você, Cinderela.
Subimos, e o quarto era maravilhoso. Mal consegui arrumar minhas
coisas e Ryan me puxou para o banheiro.
— Temos reunião daqui a pouco e precisamos tomar um banho, você
não acha? — ele falou, tirando a roupa e entrando no chuveiro.
Comecei a tirar lentamente meu vestido, depois minha calcinha e por
último, meu sutiã, sem parar de olhar para ele.
— Vem aqui!
Caminhei até ele e não sabia quem estava mais quente, se era a água
que saía do chuveiro ou o corpo de Ryan.
Quando finalmente terminamos nosso banho, que levou algumas
horas, fui me arrumar para a primeira reunião. Coloquei um vestido preto e
um scarpin nude de bico fino e salto agulha. Prendi o cabelo em um coque e
fiz uma maquiagem leve e básica. Quando fiquei pronta, Ryan me olhou da
cabeça aos pés e fez uma cara de poucos amigos.
— Pode trocar essa roupa — ele falou.
— Como assim? Você não gostou da minha roupa?
— Você vai chamar muita atenção com esse vestido colado no seu
corpo marcando todas as suas curvas, todo mundo vai ficar de olho em você
e eu não quero isso.
— Vamos logo, que estamos atrasados! — falei, ignorando o fato de
que ele havia ousado me mandar trocar de roupa.
— Você não está indo assim!
— É claro que estou.
Saí do quarto e ele veio reclamando atrás de mim.
— Onde estão aquelas roupas clássicas de secretária?
— No túmulo, enterradas com a minha avó! — respondi.
Mantive minha opinião, e seguimos para a sala de conferências que
ele tinha reservado. Arrumei todas as pastas na mesa, verifiquei os arquivos
no computador e fiquei aguardando-o falar que eu poderia mandar os
clientes entrarem, mas Ryan fez questão de não falar comigo até a hora da
reunião. Se ele pensou que isso me faria mudar de ideia e voltar ao quarto
para trocar de roupa, ele estava muito enganado. Minha roupa não tinha nada
demais e eu não ia usar roupas feias só porque ele achava que alguém ficaria
me olhando.
— Pela última vez, vai trocar essa roupa que está muito justa,
Senhorita Campbell.
— Não vou trocar, porque o seu ciúme não tem sentido, Senhor
Cooper — falei, e ele deu uma gargalhada na minha cara.
— Eu com ciúmes de você? Não seja ridícula! Não tenho ciúme nem
de você nem de nenhuma mulher que sai comigo.
Meus olhos ameaçaram encher d'água de tanto ódio que eu senti, mas
fiquei firme. Ele fez questão de deixar claro que eu era só mais uma mulher
com quem ele saía, e é claro que eu o faria se arrepender dessas palavras.
“Eu não era qualquer uma, era Sarah Campbell, meu amor”, pensei enquanto
o fuzilava com o meu olhar.
— Se estiver tudo pronto, você pode mandar os clientes entrarem —
ele disse com o seu jeito arrogante, querendo me mostrar que eu era apenas
sua assistente.
— Está tudo pronto, vou mandá-los entrar — falei e caminhei
lentamente até a porta e, quando ia abrir, parei e voltei até sua mesa. — Me
desculpe, faltou uma coisa, Senhor Cooper.
Ele ficou me olhando confuso, enquanto encostei na sua mesa e
apoiei minha bunda bem na beirada. Depois, fui passando a mão bem
lentamente por baixo da minha saia, tirei minha calcinha e a joguei para ele.
— Agora estou prontíssima, Senhor Cooper! — falei enquanto
abaixava a minha saia e caminhava rapidamente até a porta, antes que ele
pudesse falar qualquer coisa.
— Sejam bem-vindos, senhores! — cumprimentei, sorrindo para
todos os que aguardavam para participar da reunião.
Quando me virei para Ryan, ele estava com os olhos fixos nos meus,
e só deu tempo de ele guardar minha calcinha no bolso e começar a
cumprimentar os clientes.
No meio da apresentação, enquanto um cliente falava, meu celular
vibrou e era uma mensagem dele.
“Você está brincando com fogo, Sarah! Cuidado que você pode se
queimar!”
Na mesma hora, respondi e olhei para ele, mordendo meus lábios.
“Então vamos ver quem se queima primeiro”, digitei e ele respirou
fundo quando leu minha mensagem. Depois disso a reunião continuou
normalmente.

◆◆◆

Durante a reunião, um dos diretores da empresa, que trabalhava na sede de


Nova York, olhou para mim e me perguntou o que eu estava achando do
projeto. Senti que os olhos de Ryan estavam em mim e resolvi não fraquejar.
Eu esperava uma chance dessas há muito tempo e tinha total domínio
daquela campanha.
— Eu acho que vocês deveriam investir mais nas redes sociais.
Buscar um influencer que tenha um bom engajamento com seus seguidores
para representar a marca. Hoje em dia, as pessoas costumam estar mais
focadas na internet do que na propaganda de rua, como letreiros ou outdoors.
— Brilhante! — o cliente falou. — Gostei da ideia e vou fechar com
vocês.
Ryan me olhou com cara de surpresa e sorriu ao apertar a mão do
cliente. Quando a reunião encerrou, o diretor da empresa veio me
cumprimentar.
— Eu não te conhecia. Sou Jonas, diretor de vendas da Cooper.
— Eu sou Sarah…
— Minha assistente — Ryan falou, interrompendo-me.
— Eu pensei que ela fosse da diretoria de marketing! Ela estava tão à
vontade com todo o material da reunião…
— Mas ela é só minha assistente — ele também resolveu interromper
Jonas quando ainda estava falando. Percebi que queria me diminuir, mostrar
que para ele eu era só uma assistente.
— Uma assistente brilhante, se me permite dizer — Jonas falou,
sorrindo.
— Na verdade, eu não permito. Vamos embora, Sarah, porque estou
cansado, e amanhã teremos mais duas reuniões — Ryan falou, saindo da
sala.
— Obrigada pelo elogio, Jonas! — agradeci, sorrindo para ele.
— Sinceramente, não estou cansado como o Senhor Cooper e se você
quiser, podemos sair para jantar, Sarah — Jonas sugeriu, e Ryan voltou e
começou a me deixar bem irritada com o comportamento dele.
— A Senhorita Campbell também está cansada.
— Não, eu não estou nem um pouco cansada e eu adoraria sair para
jantar e conhecer a cidade — afirmei, sorrindo para Jonas.
— Perfeito, te encontro no lobby às dezenove horas.
Sorri e saí caminhando até o elevador, escutando os passos firmes de
Ryan me seguindo. Quando entramos no nosso quarto ele me segurou
furioso pelo braço.
— O que você pensa que está fazendo? O que deu em você,
aceitando sair para jantar com o diretor da minha empresa?
— Qual o problema disso? Eu sou solteira, não tenho nada que me
impeça de sair para jantar com um colega de trabalho.
— Você pensa que sou o quê? — Ryan gritou.
— Meu chefe, eu presumo, já que sou a sua assistente.
Logo depois, eu me arrumei para o jantar, e quando Ryan me viu
vestida para sair, ele me segurou, empurrou minha calcinha para o lado,
apertou meu ponto mais sensível, que ele conhecia muito bem e enfiou seus
dedos em mim com movimentos circulares, fazendo-me gemer com aquela
sensação deliciosa. À medida que aumentava a pressão, fazendo-me ir ao
céu e voltar, mais eu me entregava àquele momento delicioso. Quando ele
disse que eu era só dele, gozei na sua mão, ao mesmo tempo em que ele me
beijava com força e paixão.
Eu ainda estava trêmula, mas fui mais forte do que imaginava,
arrumei minha calcinha, respirei fundo e disse, ainda ofegante:
— Estou satisfeita, obrigada e até mais tarde!
Em seguida, retoquei o batom, peguei minha bolsa e fui
caminhando em direção à porta do quarto.
— Como assim está satisfeita?
— Você me relaxou, me fez gozar gostoso e estou muito satisfeita.
Agora preciso ir, porque tenho um compromisso, vou sair para jantar e
aproveitar para conhecer um pouco a cidade.
— E eu?
— Você não tem mão? Dá seu jeito com ela!
Saí do quarto enquanto ele gritava que eu era doida e, pelo barulho,
acho que quebrou alguns objetos. Não sabia como seria quando eu voltasse
para o quarto, mas, naquele momento, apenas me senti plena.

◆◆◆

Encontrei-me com Jonas no lobby e já estávamos saindo quando Ryan


mandou uma mensagem para ele, avisando que jantaria também. Meu
coração disparou, pois eu já sabia que aquela noite não terminaria bem.
— Resolvi ir jantar também, fiquei com muita fome depois da
reunião — ele falou e olhou para mim. — Sou capaz de comer qualquer
coisa que eu encontrar pela frente!
Engoli em seco quando ele disse isso, pois sabia que estava se
referindo a pegar uma mulher qualquer e não a um prato de comida, mas eu
não ficaria por baixo e acabei entrando no joguinho dele.
— Pois eu não estou com fome, comi uma besteira lá no quarto, mas
ainda tem espaço para a sobremesa — provoquei, olhando para ele e depois
para Jonas, sorri e fui andando em direção à rua.
Nessa hora, eu pude sentir a raiva de Ryan olhando para mim.
Chegamos ao restaurante, pedi uma salada e um drink, já que não
conseguiria comer nada com aquele olhar de fuzilamento dele. A conversa
fluiu tranquila, e no fim de tudo, teve até momentos em que me esqueci
daquela tensão com Ryan e me animei, falando sobre os projetos da
empresa.
Quando saímos do restaurante, fomos a um bar que estava
superlotado e eu só ficava vigiando Ryan. Ele andava, e a mulherada toda
babava por ele. Meu ciúme estava no grau máximo quando o vi de papo com
uma oferecida. Uma raiva tomou conta de mim quando meu celular vibrou e
era uma mensagem dele.
“Já que você disse para eu me virar sozinho, achei quem queira
resolver esse problema.”
Olhei para Ryan e acho que ele conseguiu sentir a minha raiva,
porque desfez o sorriso besta que tinha no rosto e olhou para o celular, que
estava vibrando no seu bolso com a minha resposta.
“É você quem sabe! Mas depois não reclame se encontrar isso que
você tem entre as pernas na lata do lixo.”
Na mesma hora, ele veio andando até onde eu estava parada e
segurou o meu rosto.
— O que você quer de mim? — ele perguntou. — Primeiro me enche
de tesão ficando sem calcinha na reunião. Depois fala para eu me virar
sozinho. E agora diz que vai cortar meu pau fora e jogar no lixo?
— Eu quero você, seu idiota! Mas não pela metade ou escondido, te
quero por inteiro e completo!
Dei as costas para ele e fui procurar Jonas para avisar que eu ia
embora, mas parei assim que ouvi a resposta de Ryan.
— Que seja! Eu também quero que você seja só minha.
Eu voltei e olhei para ele.
— O que você disse?
— Que eu quero você!
— Você já me tem.
— Eu sei que eu não devia, que estou sendo um egoísta, que não
sirvo para você, mas quero de verdade que você seja a minha namorada.
Eu não entendi por que ele achava que não servia para mim, mas
decidi não pensar nisso e me atirei em seus braços.
— Isso é um sim?
— Claro que é um sim! Não tem nada que eu queira mais do que ser
sua namorada.
— Tem certeza? — ele perguntou, olhando-me com aquela cara de
"quero foder com você agora", que eu amava mais do que tudo.
— Você sabe que estou sempre pronta para te amar!

◆◆◆
No dia seguinte, acordamos para as reuniões da empresa, e quando terminei
de me arrumar, ele falou que eu estava linda.
— Agora, se alguém te olhar, eu já posso dizer que você tem dono.
— Ryan, eu sou sua namorada, mas você não é meu dono. Não sou
um objeto que você está adquirindo, mas um ser humano que está dividindo
a vida com você.
— Meu Deus, que namorada chata essa que eu fui arrumar. Você é
minha, só minha, totalmente minha, sempre minha… — ele falou isso,
jogando-me na cama, arrancando minha calcinha e entrando dentro de mim.
— Eu já estava pronta para a reunião, Ryan! — falei rindo enquanto
o sentia dentro de mim.
— Estava! Depois vai ter que se arrumar de novo. Tão apertada essa
minha namorada.
— Para de falar e faz com força!
— Tão romântica também.

◆◆◆

Um tempo depois, nós descemos para a reunião e ele me apresentou


novamente para Jonas.
— Acho melhor eu apresentar a Senhorita Campbell de novo para
você. Essa é Sarah, minha assistente pessoal e minha namorada.
— Você já fez isso ontem umas dez vezes, pelo menos. Mas muito
prazer de novo, namorada do Ryan — Jonas falou, rindo, e a reunião
começou.
Dessa vez, Ryan fez questão de pedir a minha opinião para tudo e eu
nunca me senti tão amada na minha vida pessoal e realizada em um trabalho.
Infelizmente, não poderíamos ficar mais tempo em Nova York e retornamos
logo após a reunião. No caminho até o aeroporto, enviei uma mensagem para
Nina e Alice atualizando-as do meu status de namorada de Ryan Cooper.
Na volta para Los Angeles, confirmei a minha teoria de que viajar de
avião com Ryan era uma mistura de aventura e prazer nas alturas.
— Vamos direto para casa — Ryan falou para Matthew assim que
desembarcamos e eu entendi que estava indo dormir com ele.
Assim que chegamos eu percebi que havia mais seguranças vigiando
a sua fortaleza.
— O que você está fazendo aqui? — Ryan perguntou para um senhor
que estava na sala, esperando por ele. Era o mesmo que esteve com ele no
restaurante no dia em que eu o tinha levado bêbado para casa.
— É assim que você me recebe, sobrinho? — ele perguntou e disse
que tinha um assunto sério para tratar com Ryan.
— Tudo bem! Você pode conversar com o seu tio. Eu te espero lá no
seu quarto — falei sem graça, porque percebi que o assunto era sério e que
Ryan parecia não estar interessado.
— Essa é Sarah, minha namorada — Ryan falou, apresentando-me
para o seu tio.
— Namorada? Isso é novidade! Muito prazer.
— Vou te esperar lá em cima — Eu falei e dei um selinho em Ryan
— Foi um prazer conhecer o senhor — eu disse, sorrindo e subi as escadas,
deixando os dois sozinhos.
Capítulo 15
Sarah Campbell

“Já cheguei e vim para a casa do Ryan”, escrevi para as minhas amigas
enquanto esperava Ryan, que estava conversando com o seu tio.
“Nina também foi para a casa do Noah. Vou acabar sendo obrigada a
arrumar um namorado também.”
“Você não namora porque não dá chance para nenhum dos seus
ficantes”, Nina digitou.
“Um dia, quem sabe.”
“Mudando de assunto, essa casa do Ryan me deixa tensa, com esse
exagero de seguranças. Parece até coisa de filme da máfia.”
“Se o universo fosse colocar alguém nas graças de um mafioso, esse
alguém só poderia ser você mesmo, Sarah”, Alice escreveu e colocou
emoticons rindo.
“Que sorte a minha, não?”
“Sarah, se ele te levou para dormir aí hoje, então você ficou cismada
à toa com a tal visita que chegaria com a madrinha. Não tem ninguém aí com
ele e era só paranoia sua”, Nina escreveu.
“Eu pensei nisso, mas vai ver essa pessoa já foi embora”, escrevi e
me despedi, porque precisava tomar um banho.
Fiquei um tempo na banheira, depois coloquei apenas uma lingerie,
me deitei para esperar Ryan e acabei dormindo. Acordei mais tarde com ele
me abraçando e abri os olhos ainda com sono.
— Desculpa, acabei demorando muito para resolver uns assuntos
chatos com o meu tio — Ryan falou, e eu o beijei puxando-o para junto de
mim. Senti que ele estava tenso e queria aliviar aquele peso que ele parecia
carregar.
Assim que amanheceu e os primeiros raios do sol entraram pela
janela eu acordei e não vi Ryan do meu lado. Escutei o barulho do
chuveiro e fui até o banheiro tomar banho com ele. Eu o abracei por trás,
beijando suavemente as suas costas.
— Cuidado que eu posso me acostumar e querer esse carinho todos
os dias, Senhorita Cinderela Campbell.
Depois do nosso banho, descemos de mãos dadas e rindo para tomar
café. Mais tarde iríamos para a empresa e eu estava um pouco insegura sobre
o que as pessoas falariam do nosso relacionamento no trabalho.
— Será que devemos contar na empresa que temos um
relacionamento? As pessoas podem não entender — falei enquanto
descíamos as escadas.
— Quem não entender está despedido. Na minha empresa mando eu,
e, se quero namorar você, namoro e pronto! — ele falou, pegando-me no
colo.
— Tudo bem, Senhor Eu Mando Em Tudo Cooper, mas agora me
coloca no chão — pedi, rindo.
Quando chegamos à cozinha, Joana levou um susto quando me viu e
foi então que escutei uma voz de criança chamando pelo pai.
— Papai, você chegou de viagem! — uma menina muito linda falou
empolgada e se atirou nos braços de Ryan. — Você trouxe um presente para
mim?
— Não, minha princesa, o papai não teve tempo, mas hoje eu compro
alguma coisa para você — ele disse e a beijou, ficando abraçado com ela no
seu colo e olhando para mim.
— Me desculpa, eu não sabia que o senhor estava com visita —
Joana falou, tentando tirar a menina do colo de Ryan, mas ele não deixou.
— Sarah não é visita, ela é minha namorada e vai estar sempre aqui
em casa a partir de agora.
— Você é namorada do meu papai? — a criança perguntou, olhando
para mim.
— Sou, sim, meu amor! Eu me chamo Sarah, e você? — perguntei,
tentando ser o mais natural possível, mas estava surpresa porque nunca
imaginei que Ryan tivesse uma filha. Eu, Nina e Alice fizemos mil
suposições, mas uma filha nem passou perto do que imaginamos.
— Eu sou Anne. Você quer brincar comigo?
— A Senhorita Sarah vai tomar café com o seu pai e depois nós
voltamos. Vem comigo, Anne — Joana falou como se estivesse acostumada
a esconder a menina.
— Deixa a menina aqui, por favor! — pedi e estendi a mão para
Anne, que saiu correndo de perto de Joana e veio para o meu lado. — Você
já comeu alguma coisa?
— Ela pode comer no quarto dela comigo — Joana respondeu.
— Não tem necessidade disso. Ela vai comer aqui comigo e o pai
dela, não é, Ryan? — perguntei para ele, que estava parado sem falar nada.
— Claro que sim! Vem tomar café comigo e com a Sarah, minha
princesa — ele falou, pegando a menina no colo e pedindo para Joana servir
o café da manhã na sala. — Agora o papai tem duas princesas, você e a
Sarah, que na verdade é a Cinderela disfarçada. De noite a gente tem que
tomar conta, senão ela foge antes da meia-noite.
Anne riu e ficou me olhando, tentando ver se eu era mesmo a
Cinderela. Ryan era tão doce com ela que me comovia olhar para eles dois
juntos. Por que ele não havia me contado que tinha uma filha? Mas como fui
burra! Se chegaria com a madrinha, é claro que só poderia ser uma criança.
Depois do café, Anne insistiu para eu conhecer o quarto dela, e eu
não soube dizer não. Na verdade, ela era tão meiga e fofa que já tinha me
conquistado. Ryan disse que precisaria resolver uns assuntos que tinham
ficado pendentes com o tal tio dele e que depois subiria para nos encontrar.
— Você vai se casar com o meu papai? — Anne perguntou.
— Não, a gente começou a namorar agora, estamos nos conhecendo.
— Eu não conheci a minha mãe, ela morreu. Eu tinha uma avó que
eu gostava muito, mas ela morreu também. Eu gosto de você! Promete que
você não vai morrer?
Ao ouvir isso, não aguentei e abracei aquela criança tão linda e que
parecia tão triste.
— Prometo que, se puder, vou ficar perto de você até eu ficar
velhinha — falei, sem saber se era certo prometer isso a uma criança, mas
não sabia o que dizer.
Logo depois, Ryan chegou e ficou brincando com a gente de casinha.
Nunca imaginei vê-lo sentado no chão, fingindo tomar chá em mini xícaras
de A Bela e a Fera. Quando nos despedimos para ir trabalhar, Anne me deu
um abraço e eu prometi que voltaria para brincar de boneca com ela. No
carro, quando estávamos sozinhos, Ryan pegou a minha mão e me deu um
beijo.
— Obrigado! Eu nunca deixei ninguém conhecer Anne. Eu não a
envolvo na minha vida particular para protegê-la. Quando vinha alguma
mulher aqui, eu mandava o motorista levar embora antes de minha filha
acordar — ele falou e ficou me olhando.
— Ela me disse que a mãe dela morreu.
— Eu saí algumas vezes com a mãe dela. Ela tinha um ano, e sua
madrinha, que era prima da sua mãe, me procurou dizendo que Ellen havia
falecido num acidente de carro e que a menina era minha filha. No início eu
não acreditei, mas o advogado insistiu para que eu fizesse o teste de DNA.
Quando saiu o resultado, eu não poderia deixá-la ser entregue para adoção e
reconheci a paternidade dela. Eu não gosto que saibam dela por questão de
segurança.
— Eu notei que você tem certa paranóia com segurança. Sua casa
parece uma fortaleza — pronunciei, mas Ryan não falou nada sobre o meu
comentário a respeito do exagero de seguranças que ele tinha — Agora,
esconder do mundo que tem uma filha por questão de segurança já é caso de
internação.
— Sarah, você é minha namorada e vai fazer parte da minha vida,
achei que tinha que conhecer a minha filha — Ele falou ignorando o meu
comentário sobre a segurança — Você ainda vai me querer depois disso?
— Hum… Eu vou precisar pensar.
— Como assim?
— Preciso pensar se eu mereço tanto da vida para ganhar de uma só
vez um namorado gostoso que tem uma filha que é linda e doce como uma
princesa! — falei, e Ryan me abraçou forte e me beijou com amor!
— Você foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu juro que vou te
proteger de tudo.
— Só quero que você preste atenção nos passos que estamos dando
juntos, e que em breve será inevitável nos sentarmos e conversarmos sobre
tudo que o envolve.
— Sarah…
— Eu disse em breve! Por enquanto, vamos seguindo juntos, nos
conhecendo, mas eu sei que você tem algum segredo e quero que você se
prepare para me contar quando estiver pronto. Eu não sei o que é, mas não
sou ingênua de acreditar que tanta segurança seja só por você ser um
milionário.
Logo, chegamos juntos à empresa, mas eu pedi que Ryan fosse
discreto para evitar comentários, pois assim eu me sentiria melhor.
​ Tudo bem, mas se acostume logo com essa situação, porque não

quero esconder do mundo que você é minha, Senhorita Campbell.
Capítulo 16
Sarah Campbell

Cheguei a minha casa à noite, depois de um dia trabalhando na produção


das campanhas que tínhamos fechado nos últimos dias e encontrei Nina na
cozinha.
— Achei que você tinha se mudado para a fortaleza Cooper!
— Ainda não! — respondi, rindo. — O Ryan queria que eu fosse
dormir lá de novo, mas eu precisava arrumar algumas coisas e estava com
saudade de vocês. Alice está em casa? — perguntei. — Quero contar uma
coisa para vocês!
— Já estou aqui e morrendo de tanta curiosidade! — Alice disse,
chegando à cozinha com ar de riso.
— Descobri o segredo do Ryan! — falei enquanto me sentava no
balcão da cozinha. — Ele tem uma filha!
— O quê? Uma filha? — Nina perguntou, pegando um pote de
sorvete, três colheres e se sentando ao meu lado.
— Sim, o nome dela é Anne e ela tem cinco anos. Eu a conheci hoje
de manhã. Ela é uma menina linda e já me conquistou, assim como o pai
dela.
— O DNA desses Coopers vicia, pelo visto. — Alice falou rindo —
E a mãe? Quem é? Onde vive?
— A mãe faleceu quando ela tinha um ano.
Continuei contando para Alice e Nina tudo que eu sabia sobre a filha
dele e a mãe dela, que, na verdade, era praticamente nada. Depois disso,
ficamos jogando conversa fora.
No dia seguinte, trabalhei apenas meio expediente, já que Ryan
precisou sair para uma reunião com o seu tio, e aproveitei para ir para casa
cedo e organizar algumas coisas.
Nina chegou do trabalho depois de mim e quis ir ao shopping
comprar uma roupa para uma festa em que ela iria com Noah e eu e Alice a
acompanhamos. Eu queria mesmo comprar um presente para Anne e levar
para brincarmos juntas, como eu lhe havia prometido quando nos
conhecemos. No caminho, Nina falou que tinha um carro preto nos
seguindo.
— Não sei não, mas acho que o motorista daquele SUV preto gostou
de uma de nós, porque está fazendo o mesmo caminho que a gente — ela
falou, e nós olhamos para trás para ver o carro.
— Alice, sua chance! — falei. — Porque eu e Nina já estamos
namorando.
— Com esse vidro escuro, pode ser um príncipe ou um maluco — ela
disse e nós ignoramos o carro preto.
Chegamos ao shopping e fomos direto para a praça de alimentação,
já que éramos três esfomeadas.
— A gente tinha que fazer uma academia para compensar o tanto que
comemos — Nina brincou.
Depois fomos a várias lojas de roupas e brinquedos. Numa delas,
comprei uma boneca e um jogo de panelinhas para levar para Anne. Já
estávamos quase indo embora quando um homem me segurou pelo braço e
começou a me puxar. As minhas compras caíram no chão e Alice reagiu
tacando a bolsa na cara dele, que acabou me soltando e saiu correndo.
— O que foi isso? Cara doido! — eu gritei e um segurança do
shopping se aproximou querendo saber como eu estava e outros dois saíram
correndo atrás do doido, que desapareceu — Está tudo bem. Deve ser um
maluco. Nem tentou pegar nada que era meu, só começou a me puxar pelo
braço e fugiu quando levou uma bolsada.
— Se fosse um maluco, não teria fugido — o segurança falou. —
Vamos registrar uma ocorrência.
Nina, como era advogada, resolveu tudo e voltamos para casa.
— Vamos beber porque tem acontecido de tudo esses dias! — Alice
sugeriu. — Ryan é pai, um fã nos seguindo com uma SUV e um doido que
agarrou Sarah no shopping.
Passei um tempo com elas e quando fui me deitar, reparei que meu
braço ficou marcado. Passei um creme nele, porque estava meio dolorido no
local onde o homem me segurou com força. Nesse momento, meu celular
vibrou, e era mensagem de Ryan.
“Estamos com saudades! Anne agora só quer saber da Sarah e acho
que se esqueceu do pai dela.”
“Eu comprei presentes para ela e vou levá-los para sua casa amanhã
para brincar com ela.”
“Você comprou presentes para mim também?”
“Não, só para Anne.”
“Já vi que as duas mulheres da minha vida estão me abandonando.”
“Te amo, bebê chorão!”
“Te amo mais!”

◆◆◆

O sábado amanheceu lindo e como eu queria aproveitar cada minuto do fim


de semana com Ryan e Anne, não deixei Ryan mandar o seu motorista me
buscar, porque podia ir perfeitamente no meu carro até a casa dele.
No caminho, tive a impressão de que o mesmo SUV estava me
seguindo. Achei que estivesse paranoica e tentei pensar em atividades
divertidas para fazer com Anne. Quando cheguei e parei em frente à casa de
Ryan, olhei para o fim da rua e tive a impressão de ver o tal carro preto
passando. Balancei a cabeça para espantar novamente os pensamentos ruins
e entrei para encontrar os meus amores.
— Bom dia, Vida! — Ryan disse enquanto me abraçava e Anne veio
correndo e se enfiou entre nós dois, tentando me abraçar também.
— Hoje eu vim brincar com você, minha linda! —falei, mostrando as
duas sacolas com presentes que eu estava carregando.
Os olhinhos de Anne brilharam quando ela viu os embrulhos e então
começou a abrir todos eles.
— Será que um desses aí é para mim? — Ryan perguntou, fazendo
biquinho e apontando para as caixas.
— Não, papai, ela falou que são todos meus — Anne respondeu e
correu para me abraçar quando viu a boneca. — Obrigada. Eu adorei!
— Vamos subir e brincar no seu quarto? — perguntei, e Anne me deu
a mão, fazendo que sim com a cabeça.
— E eu? Vocês vão me deixar aqui? — Ryan perguntou quando nos
viu subindo as escadas.
— Claro que não, meu amor! Você vem também e não se esqueça de
trazer os presentes.
— Entendi! Agora eu sou o carregador de presentes! — ele falou,
rindo.
Ficamos brincando com Anne o dia todo e depois ela foi com Joana
tomar banho e se arrumar, porque, com muito custo, convenci Ryan de nos
levar ao Píer de Santa Mônica.
Seguimos para lá. Anne estava tão feliz, e eu só ficava me
perguntando por que ela não podia brincar no parque como todas as crianças.
Ela só saía para a escola e ficava o resto do tempo em casa. Ryan era muito
doido com essa mania de superproteção.
Quando chegamos, Anne nos deu a mão toda animada e fomos
brincar. Eu olhava para Ryan, e ele não parecia aquele CEO com cara de
poucos amigos. Estava leve e sorrindo, divertindo-se na roda-gigante e
comendo algodão-doce com a filha.
Acho que eles nunca tiveram um momento assim, juntos, porque os
dois pareciam estar em outro mundo e ter a mesma idade. Ryan parecia uma
criança querendo andar de novo em cada brinquedo, e só saímos de lá
quando o parque fechou, e Anne voltou para casa dormindo no carro.
— Obrigado por esse dia — Ryan agradeceu, pegando na minha mão
e sorrindo.
No carro, Anne dormia no banco de trás, e eu com a cabeça no
ombro de Ryan, que estava dirigindo. Aquele dia tinha sido perfeito!

◆◆◆

— Agora você vai ser só minha a noite toda — Ryan falou enquanto me
beijava e tirava o meu vestido. — Toda minha.
Ele me pegou no colo e me levou para o banheiro, tomamos um
banho juntos, com o vapor da água quente se misturando entre os nossos
corpos e com ele dentro de mim o tempo todo, enquanto eu me desmanchava
chamando por ele.
— Ryan, eu sou sua!
Quando saímos do banho, ele me levou para a cama e só então
reparou o hematoma que eu tinha no braço, já que, durante o dia, eu estava
de casaco.
— O que aconteceu com o seu braço?
— Ontem, quando eu estava no shopping com Nina e Alice, um
maluco me puxou pelo braço tentando me arrastar com ele, mas Alice foi
mais rápida e deu uma bolsada na cara dele, que me soltou e saiu correndo.
— Como assim um homem tentou te arrastar com ele? Por que eu
não fiquei sabendo disso? Você tinha que ter me ligado na mesma hora! —
ele gritou e começou a andar de um lado para outro, passando a mão nos
cabelos.
— Calma, meu amor, não aconteceu nada comigo! Fizemos a
ocorrência e voltamos para casa.
— Você não sai mais sozinha de casa, entendeu? A partir de hoje,
você vai andar com segurança.
— Isso tudo por que um doido tentou me assaltar no shopping?
— E você acha pouco? Ele tentou te sequestrar puxando você! O
segurança pegou o desgraçado?
— Não, mas eles acharam estranho porque, se o homem quisesse me
roubar, tinha levado minha bolsa e, no lugar disso, ele a atirou no chão e saiu
correndo depois de levar uma bolsada da Alice na cara — falei, rindo.
— Você está rindo? Isso é muito sério!
— Ryan, qual o seu problema com esse lance de segurança? Você
tem algum trauma? Porque não é normal uma pessoa ter tantos seguranças e
uma casa que parece aquela dos mafiosos dos filmes do Poderoso Chefão.
— Não fala besteira! — ele disse, e, pelo tom de voz, vi que não
gostou da brincadeira. Logo depois, Ryan colocou uma calça de moletom e
saiu do quarto.
— Aonde você vai?
— Ligar para o meu tio! — ele gritou do corredor. — Lembrei que
tenho um assunto urgente para resolver com ele.
O que poderia ser tão urgente? O que aconteceu com "Você vai ser
minha a noite toda?" O que o fez me deixar sozinha no quarto dele?
Por fim, só me restou deitar e esperar. Eu já estava dormindo quando
ele voltou e se deitou do meu lado, mas senti a cama afundando e o seu
corpo encostando no meu.
— Até que enfim você voltou! Pensei que teria que me virar sozinha
nessa cama pensando em você.
— Minha namorada é insaciável! — ele disse, deitando-se em cima
de mim.

◆◆◆

No dia seguinte, acordei para fazer um café da manhã e, como era


domingo, falei para Joana descansar que eu cuidaria de tudo. Anne, que
acordava cedo, juntou-se a mim na cozinha e começamos a fazer bagunça ao
preparar bolo, panquecas e sucos.
— Bom dia! — Ryan falou, sentando-se no balcão da cozinha. —
Vocês duas vão fazer o café da manhã? — ele perguntou, sorrindo para mim
e para Anne.
— A gente está fazendo um monte de coisa gostosa! — Anne
respondeu enquanto abraçava o pai, sujando-o todo de farinha.
— Devo confiar que vou ter um delicioso café da manhã ou devo me
preocupar e sair para comprar algo pronto? — ele perguntou, olhando a
bagunça que eu e Anne estávamos fazendo na cozinha.
— Você vai se surpreender com as duas mulheres da sua vida! —
respondi e joguei um beijo para ele.
Quando o café da manhã ficou pronto, arrumamos tudo e levamos
para o jardim. Estendemos uma toalha no chão e começamos nosso
piquenique.
Eles dois já eram tudo para mim! Tinha pouco mais de um mês que
Ryan havia me atropelado e entrado como um furacão na minha vida,
transformando-me numa mulher muito feliz.
Passamos o dia vendo filmes de princesas, que eram os favoritos de
Anne, e comendo pipoca. Para falar a verdade, Ryan dormiu com a cabeça
no meu colo nos primeiros quinze minutos do primeiro filme, mas eu não o
dispensei para ir se deitar na cama, porque, mesmo dormindo, ele
participaria do programa em família.
À noite, depois que Anne dormiu, Ryan despertou e nosso sexo foi
intenso. Era inegável que tínhamos uma química perfeita.
— Acho que posso me acostumar com fins de semana como esse ao
seu lado, Senhorita Campbell — Ryan falou enquanto entrava e saía de
dentro de mim.
— Hum… tenho certeza que sim!
— Convencida essa minha namorada! — Ryan disse rindo e gemeu
quando eu o apertei dentro de mim.
— Você já é meu para sempre, Senhor Cooper!

◆◆◆

No dia seguinte, deixamos Anne na escola, e ela ficou toda feliz quando saí
do carro e a levei até a sua sala de aula. Ryan, pelo visto, nunca fazia isso, e
a menina era criada por Joana, seu segurança e seu motorista.
Chegamos à empresa e notamos que o dia seria repleto de reuniões.
Eu estava analisando as novas campanhas quando chegou uma mensagem de
Ryan.
“Venha até a minha sala.”
“Sua sorte é ser tão gostoso, por isso que aturo esse seu jeito
simpático de ser.”
O respondi, me levantei e fui até o escritório dele. Quando entrei, vi
que Ryan não estava sozinho.
— Sarah, este é Jordan, o seu motorista e segurança. A partir de hoje,
você só sai acompanhada por ele.
— Muito prazer, Senhorita Campbell — o homem me
cumprimentou. Eu sorri e apertei a sua mão por educação, apesar de não
precisar de nada disso.
— Muito prazer, Jordan! Desculpa, será que você poderia me deixar
ter uma conversa em particular com o Senhor Cooper? — perguntei, e
Jordan fez que sim com a cabeça, pediu licença e se retirou.
— Muito bem, Ryan, o que significa tudo isso? Eu não preciso de
segurança!
— A partir de hoje, Jordan vai dirigir e fazer a sua segurança, e, além
disso, você vai usar um dos meus carros, que são todos blindados.
— Você não pode decidir as coisas que dizem respeito à minha vida
sem me consultar.
— Claro que posso! — Ryan falou e se levantou, caminhando na
minha direção e colando o seu corpo no meu. — Você é minha mulher e eu
não quero que nada te aconteça.
— Não vai acontecer nada comigo. Isso tudo é paranoia sua, meu
amor! E eu não sou sua mulher, e sim sua namorada.
— Vou te mostrar como você é, sim, minha mulher! — Ryan me
pegou no colo e se deitou em cima de mim no sofá do escritório dele.
— Isso não é justo — falei, já me contorcendo embaixo dele. —
Você sabe que eu não sei dizer não quando você me deixa assim, querendo
você mais que tudo.
— Você me quer mais do que tudo, Senhorita Campbell?
— Você sabe que sim! — eu disse e arfei quando ele esfregou a sua
ereção contra a minha intimidade, fazendo pressão e mostrando que ele
estava tão pronto quanto eu.
— E como você me quer? — ele perguntou enquanto mordia minha
orelha.
— Com força dentro de mim — respondi, gemendo.
— E você é o que minha? Eu quero a resposta correta ou não vou
foder você.
— Sou sua mulher!
— A partir de hoje, você tem motorista e segurança, minha vida!
Capítulo 17
Sarah Campbell

— Gente do céu! Tem um deus grego em um carro preto aqui na frente de


casa! — Alice falou quando chegou do trabalho. — Até pensei que fosse o
mesmo da SUV que nos seguiu no outro dia.
— Mas esse aí não é ele, não! — Nina respondeu. — É o motorista e
segurança da Sarah!
— Não brinca! Você está poderosa, amiga! — Alice falou, rindo.
— E o deus grego vai ficar lá no carro a noite toda?
— Eu falei para o Jordan entrar, mas ele não quis.
— E essa parada de segurança é por qual motivo?
— Por causa do doido do shopping. Eu falei para Ryan que você com
sua bolsa seria capaz de me defender do mundo, Alice, mas ele não entende
e acha que eu preciso de segurança — expliquei, revirando os olhos.
— Eu, da minha parte, amei o segurança! — Alice falou, pegando
umas bebidas.
A noite estava quente, e ficamos conversando até tarde, bebendo e
comendo pizza. Aquela semana havia passado bem rápido entre reuniões na
empresa e o meu tempo livre, que eu dividia entre a minha casa e a de Ryan.
Já tinha até me acostumado com a presença de Jordan, e Alice
respirava fundo cada vez que cruzava com ele na nossa casa. Eu estava cheia
de planos para o fim de semana, mas tive que mudá-los quando recebi uma
mensagem de Ryan dizendo que precisaria ir para Seattle.
“Vou ter que viajar com meu tio para resolver uns negócios.”
“Durante o fim de semana todo? Dois dias, quarenta e oito horas?
Não vou sobreviver.”
“Já vi que vou ter que compensar toda essa ausência quando eu
voltar.”
“Pode ter certeza disso!”
“Tem uma pequena aqui do meu lado perguntando se você vem
brincar com ela quando eu estiver viajando?”
“Claro que eu vou! Vamos fazer muita bagunça juntas! Você vai
amanhã?”
“Estou indo agora. Pode tirar o dia livre amanhã porque não vou à
empresa.”
“Eu já estou com saudades!”
“Infelizmente, tenho que ir. Odeio essas viagens de última hora, mas
são importantes e eu realmente preciso ir.”
Toda vez que Ryan falava no tio ou nesses negócios que eles tinham
juntos, ele ficava nervoso e mal-humorado. Não entendia por que as boates
causavam tanto aborrecimento se estavam sempre cheias e, com certeza,
davam muito lucro, sem contar os outros investimentos, como bares e
restaurantes e, meu Deus… um cassino em Vegas!
No dia seguinte, assim que amanheceu, resolvi sair para comprar
alguns jogos para brincar com Anne. Ela estava sempre tão sozinha naquela
casa, e Ryan tinha que fazer uma terapia, porque essa superproteção dele não
era normal. Jordan me ajudou com as sacolas de compras e fomos buscar
Anne na escola.
— Sarah, você veio me buscar! — ela falou, enquanto corria para os
meus braços.
— E agora nós vamos sair para lanchar antes de ir para casa — falei
enquanto a pegava no colo. — Você não tem ideia de quantos jogos eu
comprei para a gente se divertir.
— A Senhorita Campbell vai levar a menina — Jordan avisou ao
motorista dela, que sorriu vendo a alegria da criança.
Minutos depois, paramos para tomar um sorvete e, em seguida,
fomos para casa. Joana nos recebeu sorrindo, era perceptível o quanto ela
ficou feliz com Anne contando como tinha sido na sorveteria e mostrando os
jogos que eu tinha comprado para brincarmos no fim de semana.
— Você trouxe alegria para essa casa! — Joana falou, olhando para
mim e chamando Anne para tomar banho.
Passamos o resto do dia brincando, Anne quis brincar com todos os
jogos e acabou dormindo exausta no meu colo. A coloquei na cama e desci
para me despedir de Joana. Nesse meio-tempo, achei estranho Ryan não ter
mandado nenhuma mensagem para mim, mas não quis ser a chata que não
sabia entender quando ele estava ocupado. Anne falou que o pai sempre
costumava viajar com o tio e que, quando voltava para casa, estava sempre
muito bravo.
No dia seguinte, também não houve contato por parte de Ryan, e
aquilo já estava me incomodando. À tarde, fui à casa dele buscar Anne para
ir ao cinema e resolvi mandar uma foto nossa nos arrumando para sair.
“Eu e Anne estamos ficando lindas para ir ao cinema e cheias de
saudades de você.”
Ele não respondeu.
“Fica tranquilo, estamos indo com dois seguranças, eles vão assistir
ao filme com a gente.”
Sinceramente, eu achava a companhia um exagero, mas Joana disse
que seria melhor assim para o Senhor Cooper não brigar com ela por ter
deixado a filha sair de casa. Assistimos ao filme e comemos pipoca e
cachorro-quente. Quando estávamos voltando para casa, meu celular vibrou.
“Amo vocês!”
Meu coração se acalmou depois que li a mensagem dele. Já em casa,
no domingo à noite, assistia a uma série na televisão com Nina quando Alice
chegou, querendo saber da viagem que Nina havia feito com Noah para
Vegas no fim de semana.
Depois que rimos muito das histórias de Nina, que só perdeu dinheiro
nos cassinos, Alice me perguntou como tinha sido o meu fim de semana.
Contei tudo que havia feito com Anne e falei que estava preocupada porque
Ryan só havia me mandado uma mensagem naqueles três dias e ainda não
tinha voltado de Seattle.
— Ele não escreveu nada e não voltou? — Nina perguntou, achando
aquilo estranho.
— Manda mensagem, e, se ele não responder, você liga — Alice
sugeriu. — Você não é alguém com quem ele sai de vez em quando e não
precisa dar satisfação. Você é namorada dele!
Convencida a fazer isso, peguei meu celular e mandei uma
mensagem para Ryan.
“Você já está voltando? Estou sentindo a sua falta.”
Nina resolveu que precisávamos beber e trouxe umas champagnes
para nós enquanto eu esperava Ryan responder. Já Alice, nos contava sobre
suas aventuras amorosas. Só depois de duas horas que Ryan veio me
responder. Não que eu estivesse contando, só ficava preocupada.
“Não volto hoje. Acho que vou ficar mais dois dias aqui.”
“Aconteceu alguma coisa para você ter que ficar tanto tempo?”

“Reuniões. Amanhã tem um evento na boate e preciso estar aqui. Eu


te aviso quando estiver voltando.”
“Amanhã vou à empresa. Tenho uns relatórios para analisar.”
“Faça isso e volte para casa. Você não precisa cumprir horário na
empresa. É minha assistente e não vou estar lá.”
“Sim, Senhor Cooper!”
“Queria você agora!”
“Você não pode me falar essas coisas estando tão longe.”
“Quando eu chegar, vou te pegar e não vou te soltar mais. Não posso
mais falar. Te amo!”

◆◆◆

Na segunda fui trabalhar normalmente. Quando cheguei à empresa,


perguntei para Lauren se ela tinha feito as reservas do hotel do Ryan, porque
eu queria fazer uma surpresa para ele. Ela sabia que estávamos namorando e
eu a convenci de me passar o nome do hotel em que ele estava hospedado e a
localização da boate dele em Seattle.
Depois falei para o Jordan que ia visitar os meus pais e que lá eu não
precisaria dele. Mesmo contrariado, ele concordou e Matthew me ligou,
avisando que as ordens de Ryan eram para o segurança ir aonde eu fosse.
— Acontece que ele não manda em mim, e, se digo que não preciso
de segurança hoje, é porque não preciso, e pronto.
— Por favor, senhorita Campbell.
— Eu não sei realmente qual o medo de vocês, não pode ser só pelo
fato de tanta riqueza, é algo muito maior, e acredite, eu vou descobrir.
— Sarah, deixe o Jordan te acompanhar. O senhor…
— Não complete a frase, que ele não vai gostar, porque isso é
problema dele e não meu. Vocês todos obedecem a Ryan cegamente, mas eu
sou dona da minha vida e vou viajar sozinha.
Fiquei sem graça por falar assim com Matthew, pois sabia que ele
estava cumprindo ordens, mas eu não permitiria que a paranoia do Ryan
fosse maior que a minha vontade própria.
Avisei Alice e Nina que eu estava indo para Seattle e elas me deram a
maior força.
“Gostei de ver! Tomando as rédeas da relação”, Alice escreveu.
“Mostra que você não é mulher de ficar esperando.”
“Eu vou fazer uma surpresa e espero que ele goste.”
“Avise quando chegar lá!”, Nina escreveu. “Vou ter que voltar para o
trabalho. Boa sorte!”
O meu voo foi tranquilo, sem atrasos, e quando cheguei a Seattle fui
direto para o hotel em que Lauren disse que Ryan estava hospedado.
— O senhor Cooper não se encontra no quarto dele. Você quer deixar
algum recado?
— Não, eu quero um quarto para mim — respondi.
Peguei meu cartão e paguei uma diária naquele hotel, que era
praticamente a minha parte no aluguel da casa. É claro que Ryan se
hospedaria no hotel mais caro da cidade, e eu, depois de uma passagem
aérea e essa diária, já poderia me considerar falida pelo resto do ano.
Segui para o meu quarto, precisava tomar um banho e descansar.
Quando acordei, eu me arrumei e caprichei no visual. No caminho para a
boate, comecei a ficar ansiosa e precisei respirar fundo para me acalmar.
A boate que ele tinha em Seattle era muito maior que a de Los
Angeles. Ao chegar lá, comecei a caminhar no meio das pessoas, tentando
chegar ao bar. O local estava lotado e já não tinha certeza se havia sido uma
boa ideia fazer esse tipo de surpresa que inventei, pois nem sabia se ele
estaria ali naquela noite.
“Calma, Sarah!”, eu repetia mentalmente para mim. Eu só precisava
ir ao bar e me informar sobre o escritório dele na boate. Quando consegui
chegar a um dos mil bares que tinha naquele lugar, chamei o barman e
perguntei pelo Ryan.
— O senhor Cooper costuma ficar sentado no bar perto do palco.
Fui andando em direção ao bar, mas, com tanta gente dançando e me
segurando enquanto eu passava, achei que não chegaria nunca. Quando me
deparei com aquela cena, desejei mesmo não ter chegado. Fiquei perplexa
com o que estava diante de mim, senti meu corpo tremer e uma vontade
incontrolável de esmurrar o safado do Ryan que estava beijando outra
mulher. Ela estava atracada com ele e eu fiquei paralisada ao ver aquela cena
bem ali na minha frente.
No primeiro momento não me reconheci, pois além da raiva, eu
fiquei fria, analisando a cena e pensando em como agir naquela situação.
— Sarah! — Ele falou quando me viu, ao mesmo tempo em que
empurrava o seu "casinho" para longe. — O que você está fazendo aqui?
— Isso é tudo que você tem para me perguntar? O que eu estou
fazendo aqui?
— Vem comigo. Vamos conversar! — ele pediu e segurou no meu
braço, mas eu o empurrei, e uma sensação diferente tomou conta de mim.
Me sentia forte, fria e com uma vontade enorme de acabar com aquele
traidor.
— Tira as mãos de mim, seu nojento traidor! — falei, empurrando-o
para longe de mim.
— Você pode esperar e me escutar? — ele gritou, segurando-me de
novo. — Eu não sabia que você estava aqui, e essa...
— E essa mulherzinha ridícula é o seu caso de Seattle, mas, se você
soubesse que eu estava aqui, teria marcado com ela em outro lugar para eu
não ver vocês dois juntos! Vai para o inferno, Ryan Cooper.
— Você vai me deixar falar?
— Não! Eu não preciso e nem quero escutar nada. Vai se divertir
com o seu amor de Seattle. Você tem negócios assim em cada parte do país
onde você tem uma boate? É assim que você trabalha quando fica dias fora
da empresa?
Nesse momento, ele me abraçou e me pediu para ficar calma, mas eu
o empurrei de novo.
— Me esquece, e não se atreva a me seguir, porque eu não sei do que
eu sou capaz nesse momento.
Por fim, saí andando e me misturei com as pessoas da boate o mais
rápido que eu pude. Não conseguia continuar ali, estava tremendo e com
uma vontade enorme de chorar de ódio, para ver se diminuía a minha
vontade de arrancar o pau do Ryan com as próprias mãos.
Parei no bar e pedi uma bebida bem forte e depois outra. Não
conseguia acreditar no que tinha visto. Pedi mais outra bebida e fui procurar
um banheiro, porque precisava respirar e me arrumar. Já era corna, mas não
queria ser também a palhaça da make borrada.
Entrei no banheiro e respirei fundo. Coloquei minha bebida no
balcão em frente aos espelhos e me arrumei novamente. Por mais que tivesse
sido humilhada, eu iria embora de cabeça erguida daquele lugar.
Peguei minha bebida e quando estava saindo, ouvi duas mulheres
entrando e falando alto. Quando escutei o nome do Ryan, voltei correndo e
entrei em uma das cabines.
Não estava acreditando nesta cena, eu, dentro do banheiro, escondida
igual a uma espiã, escutando a conversa dos outros e com uma taça de
champagne na mão. Fiz até uma selfie desse momento para postar no meu
grupo com Alice e Nina.
— Você viu a cara daquela otária quando te viu beijando o Ryan? —
uma das mulheres falou, rindo.
— Foi muita sorte eu estar no hall do hotel quando ela chegou
perguntando por ele na recepção — a outra respondeu. — Reconheci na hora
a talzinha por causa da foto que ele tem dela no porta-retratos do quarto no
hotel — ela falou com voz de nojo. — No dia em que ele chegou e se
hospedou, no hotel do meu pai, fui lá ver se ele precisava de alguma coisa,
no caso, "eu", e dessa vez, ele simplesmente me dispensou e disse que estava
namorando. Ryan Cooper namorando alguém? Sempre imaginei que seria
comigo! Nunca vou admitir ser com outra!
— Ele sempre foi de todas e nunca exclusivo de ninguém e você sabe
disso — a outra falou com um tom irônico.
— Mas agora ele resolveu ser exclusivo dessa tal mulher da foto. Eu
sabia que ela viria atrás dele, porque ela perguntou na recepção se a boate
era próxima do hotel — a que supostamente beijou Ryan falou com raiva. —
Foi só esperá-la sair do hotel e vir atrás dela.
— E não se esqueça de me agradecer, porque no lugar de me divertir,
fiquei vigiando Ryan para você chegar e encontrá-lo antes dela — a amiga
que estava com ela falou, rindo.
— Quando ela veio e eu o agarrei, você tinha que ver a cara dela! —
ela dizia e ria sem parar. — Cooper não entendeu nada e achei que ele me
mandaria embora com aquele jeito ignorante e gostoso dele quando me
empurrou, mas ficou igual a um fantasma olhando para ela.
Com tudo que ouvi, eu queria matar aquela mulher que agarrou o
meu namorado e me fez brigar com ele.
— Essa já era! — ela falou, certa de que tinha se livrado de mim. —
Vamos, que eu já retoquei a maquiagem.
Em seguida, saí da cabine e fui atrás das duas dentro da boate.
— Espera, sua infeliz, que a nossa conversa começa agora! — eu
disse, e as duas me olharam assustadas.
— Eu não tenho nada para conversar com você! — a que beijou
Ryan falou. — Não tenho culpa se ele preferiu a mim.
— Não seja ridícula, porque ele nunca preferiu você. Eu escutei
vocês duas no banheiro. Tanto trabalho assim para roubar um beijo de um
cara que não te quer? — falei com a maior cara de pena.
— Minha querida, saiba que ele sempre me quis e que você é só uma
novidade. Daqui a pouco ele cansa de brincar de casinha. Cooper não é
homem para uma sem graça como você! — ela provocou, olhando-me da
cabeça aos pés.
— Uma sem graça que você teve que seguir e armar para separar
dele? Que precisou que eu terminasse com ele porque sabia que Ryan não
me trocaria por uma pessoa como você?
— Uma pessoa como eu? — ela perguntou e deu gargalhadas na
minha cara. — Meu amor, eu sou linda e gostosa, pelo menos foi isso que
ele sempre falou para mim.
— O que estou vendo é uma mulher suja de bebida! — falei e joguei
a minha champagne na cara dela, que passou a mão no rosto, limpando-se
depois do susto que levou. — E agora o que estou vendo é uma palhaça com
a make toda borrada e o cabelo gosmento de bebida — ironizei e fiz cara de
nojo.
Eu segurei no braço dela que me olhou assustada, mas eu não dei
chance para que ela me falasse mais nada.
​— Presta atenção! Nunca mais atravesse o meu caminho, ou de qualquer
outra mulher. Tenha respeito pelo que é dos outros, porque existem milhares
de homens disponíveis sem que você precise armar para prejudicar ou
sacanear outra mulher. Se um homem não te quer, se valorize! Eu odeio
homens que abusam de mulheres, mas acredite, odeio mais ainda mulheres
que fazem o que você fez, de armar, seguir, e depois ficar rindo de outra
mulher. Some da minha frente!
Depois daquela cena, deixei as duas ali sozinhas e saí andando sem
olhar para trás. Como precisava falar com Ryan, resolvi que o melhor seria
voltar para o hotel e esperar por ele, mas, quando eu estava saindo, dois
seguranças da boate se colocaram na minha frente e me impediram de
passar.
— Qual o problema de vocês? Eu quero ir embora. Vocês me dão
licença? — perguntei e tentei passar entre eles.
— Desculpe, Senhorita Campbell, mas o Senhor Cooper deu ordens
para que nós não a deixássemos sair.
Claro! Mesmo que não fosse armação daquelas malucas, eu não teria
o direito de ir e vir.
— E onde está o Ryan? — perguntei, irritada.
— Nos acompanhe, por favor! — eles pediram e indicaram o
caminho.
Que ótimo! Passei a andar pela boate escoltada por dois seguranças!
— A senhorita pode aguardar aqui que o Senhor Cooper está vindo
— um deles falou e abriu a porta para que eu entrasse no escritório de Ryan.
E pensar que o meu plano inicial era encontrá-lo nesse escritório e
fazer uma surpresa...
— Sarah, eu estava te procurando! Como você sai andando e me
deixa plantado sozinho em plena boate? — ele entrou gritando e
visivelmente nervoso.
— E, como não me achou, você deu ordens para que não me
deixassem sair? — respondi. — Como eles me reconheceram? Você
espalhou minha foto entre os seus seguranças?
— Você não me deu chances de explicar nada.
— Já sei que você não teve culpa, "Senhor sou de todas, mas não sou
de ninguém".
— Você sabe? — ele perguntou, parecendo confuso.
— Eu escutei a oferecida que te beijou conversando com a amiga no
banheiro, dizendo que armou para que eu te largasse. Aparentemente, elas
acham que só assim você me deixaria!
Falei e fui me sentar na cadeira dele do escritório e contei tudo.
— Duas coisas... Primeira, realmente não te troco por ninguém,
segunda, não sou de todas, sou só seu! — ele falou. — E...
— Não eram só duas coisas?
— Terceira, eu quero você agora, Cinderela Ciumenta!
— Meu amor, eu já estou pronta desde o "não te troco por ninguém"!
— Sabia que você fica linda sentada na minha cadeira?
— Eu prefiro sentar em outra coisa — falei, mordendo os meus
lábios e olhando para o seu pau.
— O que eu faço com você, Senhorita Campbell? Você está virando
a minha vida de cabeça para baixo!
— Eu pensei que já tivéssemos passado desta fase que eu preciso
dizer o que você deve fazer comigo.
— Você é uma diaba Sarah Campbell. Mas, antes, vamos conversar
sobre sua vinda até aqui sem me avisar, quando mandei você me esperar em
casa.
— Acontece que você não manda em mim, e não sou mulher de ficar
em casa sentada esperando por homem. E tenha cuidado, pois a última que
me irritou hoje só está viva porque não quis sujar a minha mão naquela cara
gosmenta.
— Você fica tão sexy quando está brava.
— Você não viu nada ainda. Cuidado que eu posso te surpreender!
— Então me mostra, até porque você me condenou sem me dar
chances de me explicar...
Não o deixei terminar de falar e me levantei da cadeira. Fiz com que
ele se sentasse, me ajoelhei na frente dele, abri o zíper da sua calça,
deixando o seu pau livre para mim.
— Sarah, o que você está fazendo comigo? — Ele perguntou e
fechou os olhos quando o abocanhei.
Capítulo 18
Ryan Cooper

Aqueles dias em Seattle foram muito tensos e eu precisava me livrar de


uma facção inimiga que resolveu visitar o meu território. Escolhi essa vida?
Não, mas eu nasci, cresci e vou morrer na máfia! É um caminho sem volta,
em que cada vez mais as pessoas se enveredam numa trama de negociações
escusas, assassinatos e guerra por poder.
Sou o Capo da Máfia Cooper, a máfia americana que foi fundada
pelo meu avô, o Capo De Lucca, um homem temido por todos, aliado da
Cosa Nostra, que chegou à América ainda novo e fundou um império do
crime organizado. Tornei-me o seu herdeiro, o escolhido por ele para
comandar um negócio com ramificações por todo o país, acobertado por
poderosos e invejado pelos Capos de cada estado que são subordinados a
mim.
Estudei em instituições normais, distantes dessa sociedade, e, por
muitas vezes, só queria ser um homem comum, mas não poderia mentir ao
dizer que, por mais que eu negasse e delegasse poderes ao meu tio para ficar
bancando o CEO da minha empresa, que sempre foi a minha fachada, tinha o
sangue de mafioso correndo nas minhas veias.
Naquela semana, eu precisava resolver o mais rápido possível os
meus problemas em Seattle para poder voltar para casa, porque, pela
primeira vez, tinha encontrado alguém que despertou em mim a vontade de
ter uma família: Sarah Campbell.
A minha escolha seria o início de uma guerra na Instituição, a
segunda, já que eu enfrentava uma por ter Anne em minha casa, e a
reconhecer como filha, sendo que para a máfia, ela é uma bastarda.
Os casamentos têm que acontecer dentro da Instituição, entre os
filhos da máfia, mas se o meu avô abriu uma exceção para o meu pai e
comprou uma briga por isso, eu não faria diferente para ter Sarah como
minha esposa.
Eu estava na minha boate, justamente tentando me livrar do caos que
foi Seattle para mim nesses últimos dias, bebendo e esperando um
informante chegar, quando me descuidei — o que nunca poderia acontecer
com o tipo de vida que eu levo — e uma doida pulou no meu pescoço e me
beijou. Os meus seguranças estavam atentos, mas, como já conheciam a
infeliz, a qual tiveram que dispensar mais cedo, mas parecia que ela não
tinha entendido, deixaram-na se aproximar. Só tive tempo de empurrá-la e
foi então que vi Sarah me olhando com os olhos cheios d’água, mas não
eram de decepção e sim de ódio.
Ela não me deixou explicar, estava magoada com a cena que
presenciou e correu de mim, misturando-se à multidão. Dei ordens aos
meus seguranças para que ela não deixasse a boate. Fiquei desesperado, com
medo de perder a mulher da minha vida e quando finalmente a encontrei,
achei que ela terminaria comigo, mas, ao contrário disso, ela tinha
despachado a maluca que me agarrou e estava pronta para mim, como
sempre.
Depois desse caos, até me esqueci do que realmente tinha ido fazer
na boate, foi quando o meu celular vibrou com uma mensagem do meu tio
avisando que o informante estava me esperando.
— Sarah, você precisa voltar para o hotel e me esperar lá. Meus
seguranças vão aguardar você pegar as suas coisas e te levar para a minha
suíte.
— Por que você não vem comigo?
— Eu tenho uma reunião.
— Eu posso voltar de Uber.
— Não era para você estar aqui, mas já que está, vai fazer o que eu
estou mandando e voltar para o hotel com o meu motorista e os seguranças.
Eu sabia que ela não entendia por que tinha que andar com tantos
seguranças, mas não poderia arriscar que fizessem algo com ela para me
atingir.
— Você vai me contar que tantas reuniões são essas e o motivo de te
deixarem tão nervoso?
— Não! — respondi e chamei meus seguranças. Percebi que Sarah
me olhou chateada porque eu não quis conversar, mas, para o bem dela, era
melhor não falar.
— Tudo bem. Não vou insistir — ela falou e me deu um beijo —
Mas saiba que eu vou descobrir — Sarah disse, abriu a bolsa, pegou um
pirulito e colocou na boca, sorrindo para mim. Essa mulher nasceu para me
fazer perder o controle!

◆◆◆

Fui me encontrar com o tal informante, que disse que os oponentes


sabiam que eu tinha aberto muito a guarda delegando poderes e não ficando
à frente da minha máfia por algum tempo, atitudes que nos deixavam
vulneráveis.
— Eu sabia e te avisei, Ryan, mas você é teimoso. Eles sabem que
você não se importa e vão atrás dos seus para te intimidar a largar tudo de
vez para eles.
— Não estou deixando nada e, vamos combinar, se eu deixasse, o
senhor amaria, não é, meu tio? — falei, pegando minha arma. — Acabe com
quem for preciso. Não poupe ninguém. Quero todos da Corsa, que estão aqui
em Seattle, mortos! Eu fui claro?
Meu tio me olhou assustado com essa minha reação e o informante
apenas concordou balançando a cabeça. Tomei meu whisky e continuei a
reunião com um tom de voz tão ameaçador que até meu tio parecia estar com
medo de mim. Ninguém ameaçaria a minha família. Eles poderiam vir atrás
de mim, mas, por minha mulher e minha filha, eu seria capaz de matar todos
sozinho.

◆◆◆

Sabia que, uma vez que estava publicamente com Sarah, ela se tornaria
alvo, mas não deixaria nada de ruim acontecer. Por fim, terminei a reunião e
voltei para o hotel para encontrar a mulher da minha vida, porque só nos
braços dela eu me esquecia de tudo aquilo.
Quando cheguei à nossa suíte, ela estava linda e nua, deitada na
minha cama. Fui até o banheiro tomar um banho e relaxar de toda aquela
tensão e só depois eu me deitei ao lado dela.
— Você demorou! — ela falou enquanto abria os olhos ainda cheia
de sono. — Por que você não me acordou para tomar banho com você? —
Sarah perguntou, fazendo biquinho e me deixando louco para entrar nela de
uma vez.
Eu a coloquei de bruços na cama e lhe dei cinco palmadas fortes na
sua bunda redonda, ela gemeu alto, sentindo sua pele arder ao ficar marcada
por mim, e eu tenho certeza de que sua boceta queria gozar de prazer por
conta da dor.
Sarah amava sexo forte. Amava sentir dor misturada com prazer. Ela
era uma sádica, e isso estava claro para mim. Só não sabia até que ponto ela
ser desse jeito, somado a quem eu sou, nos levaria!
Eu fui treinado fortemente desde os cinco anos para ser um monstro
sem coração, suportar a dor e infringir a mesma nos outros.
Sarah nasceu em um mundo normal. Seria ela capaz de ceifar vidas
como eu faço? Ela parecia ser alguém destemida comigo, esse lado dela
parecia aflorar mais a cada dia.
Por outro lado, ela era doce com Anne, com a família que estávamos
formando… Família… Famiglia… Eu não posso ter nada disso com Sarah
sem entrar numa guerra. Por outro lado, me recuso a condenação de viver
sem essa mulher!
Minha Sarah e suas múltiplas personalidades fundidas numa única
mulher!
Minha mulher era uma dominadora na vida, mas na cama, muitas
vezes gostava de se sentir vulnerável, como que para aliviar todo o estresse
que existia dentro dela.
As minhas mãos envolvem a sua cintura e apertam firme arrancando
um gemido de prazer dos seus lábios carnudos. Eu cravo meus dentes na sua
pele e posso sentir como Sarah é quente e está queimando de desejo.
Ela não tem pudor nenhum ao esfregar sua entrada no meu pau e eu a
provoco com uma penetração que não chega nem na metade, a deixando
frustrada e com mais tesão ainda.
— Por favor, mete logo, Cooper. Quero o seu pau marcando o meu
corpo como sua porra. Sem preservativos. Quero sentir sua porra quente me
preenchendo. Por favor.
Deixo meu pau duro pulsar dentro da sua boceta, que o aperta
querendo mais estocadas. Eu bato em suas coxas, depois nos seus seios, e ela
arfa, arqueando os quadris em busca de mais. Sarah sempre quer mais e não
esconde isso!
— Mais, por favor.
Eu amo como essa mulher se entrega para mim. Seu cheiro, seu
toque, tudo nela me deixa fascinado. Eu amo também quando ela toma as
rédeas, dita ordens e me domina. Somos explosivos juntos!
— Não quero que você goze, Sarah. Não agora! — Eu sei que ela
fica mais eufórica quando eu dou essa ordem e ela precisa se concentrar para
não gozar.
Eu saio de dentro dela e brinco um pouco com a sua boceta e ela
choraminga querendo que eu a penetre novamente. Eu coloco umas das suas
pernas sobre um dos meus ombros e entro fundo dentro dela, de uma só vez,
e o seu corpo estreme. Minhas estocadas são lentas e curtas, e ela crava suas
unhas nos meus ombros, mostrando que está no seu limite.
— Goza pra mim!
Eu falo isso e sinto os espasmos em todo o seu corpo. Suas pernas
tremem, enquanto ela me olha, se libertando com um orgasmo forte. Eu saio
de dentro dela e devoro a sua boceta. Chupo, mordo e lambuzo a minha cara
com a sua porra deliciosa! Aperto sem piedade o seu clitóris com a ponta dos
meus dedos e depois passo a minha língua sobre ele. Eu repito esse
movimento várias vezes até sentir o seu corpo tremendo e o seu gosto
delicioso explodindo na minha boca.
Ela se levanta rapidamente e me faz sentar na beira da cama, se
ajoelha entre as minhas pernas e lambe da base do meu pau até a sua ponta.
Sarah coloca a glande para dentro da sua boca e me chupa gostoso, depois
me lambe todo antes de enfiar o meu pau até o fundo da sua garganta.
Sinto quando ela esfrega seus seios na minha perna buscando o atrito
como alívio, e então, eu os aperto com as minhas mãos, beliscando forte os
seus mamilos.
— Sua boceta dói de tesão quando você me chupa, não é verdade,
Sarah?
Ela aumenta o ritmo das investidas da sua boca contra o meu pau,
mas eu a levanto, dou um tapa forte na sua bunda e outro na sua boceta,
coloco ela sentada no meu colo para cavalgar no meu pau e gozar forte
dentro dela.
​ Vamos gozar juntos!

​— Sim, vamos explodir juntos, com as nossas porras se misturando
dentro de nós.
​— Eu vou gozar! — Ela fala subindo e descendo do meu pau, rebolando
e me apertando, enquanto eu aumento a força das estocadas e disparo minha
porra grossa e quente dentro dela, marcando essa mulher como minha.
Eu realmente tinha um vício, e ele se chama Sarah Campbell.
Capítulo 19
Sarah Campbell

Acordei na suíte do hotel ao lado do homem da minha vida e tudo que eu


queria era passar o dia com ele na cama.
— Hoje eu tenho uma reunião e depois retornamos para Los Angeles
— ele falou enquanto pedia o café da manhã.
— Pensei que a gente pudesse aproveitar o dia juntos — falei,
puxando-o para cima de mim, mas Ryan me beijou e se levantou para tomar
banho e se arrumar.
— Eu não quero que você saia. Me espere aqui até eu voltar — ele
pediu quando estava pronto para sair.
Resolvi não perguntar por que eu tinha que ficar presa no quarto, até
porque estava cansada demais para ficar andando à toa pelas ruas.
— Amanhã vamos à empresa? Porque eu fui contratada para
trabalhar na Cooper Enterprises e nunca estou lá.
— Meu amor, você foi contratada para ser minha assistente pessoal e
saiba que estou muito satisfeito com o seu trabalho — ele falou e sorriu para
mim.
— Já você tem sido um patrão, eu diria, razoável — brinquei, dando
de ombros e indo me deitar.
— Se eu não estivesse atrasado te mostraria se eu sou um homem
para se chamar de razoável.
O celular dele começou a tocar e Ryan atendeu no seu modo "vou
matar alguém".
— O que foi? Eu sei que estou atrasado, mas vocês não vão morrer
por isso — ele falou, gritando. — Já estou indo e espero que vocês tenham
dado meu recado, porque não estou para brincadeira.
Ryan falou ao celular de um jeito que me deixou assustada. Em
seguida, ele se levantou, tomou um banho rápido e se arrumou novamente.
Reparei que ele colocou um coldre com armas por baixo da camisa de linho,
mas preferi não falar nada.
— Estou indo e volto mais tarde — ele se despediu, dando-me um
beijo e saiu. Já que ia ficar sozinha, decidi tomar um banho e voltar a dormir.
Quando acordei, liguei para Anne e perguntei como tinha sido na
escola. Ela ficou toda feliz me contando dos trabalhinhos que havia feito, das
brincadeiras com os amiguinhos e do que tinha comido no lanche. Depois
disso, fiz uma chamada de vídeo para Nina e Alice, para contar da piriguete
oferecida que tinha agarrado meu Paraíso Hot na boate.
— Você jogou bebida na cara da cadela no cio? — Alice perguntou,
rindo.
— Joguei e a deixei com a make toda borrada e o cabelo gosmento.
— Muito bem, poderosa! — Nina falou, aos risos, e as duas estavam
dando gargalhadas no sofá da sala.
— E as novidades? Alguém tem visto o Nick? — Perguntei e
justamente nesse momento Ryan entrou no quarto e me olhou de cara feia.
— Ele veio aqui ontem e acho que pensou que te encontraria —
Alice respondeu.
— Com quem você está falando? — Ryan perguntou, gritando.
— Com Alice e Nina.
— E por que você quer saber desse cara? Eu não sou suficiente para
você? Quer...
— Meninas, daqui a pouco a gente conversa. Já estou voltando para
Los Angeles — eu me despedi, desliguei o FaceTime e olhei para Ryan, que,
se pudesse, me matava com os olhos.
— Você nunca mais levante a voz para mim, entendeu? — falei,
olhando para ele.
— Não desvia do assunto. Você quer experimentar o babaca para
saber se ele é melhor que o razoável aqui?
— Não seja infantil! Você sabe que é tudo, menos um homem
razoável — eu disse e pulei no colo dele.
— Então por que perguntou por ele?
— Ele é meu amigo, só isso!
— Um amigo que quer te comer.
— Sabia que você fica lindo com ciúmes? — brinquei enquanto o
beijava. — Eu amo essa sua carinha de bravo.
— Esse homem foi à sua casa te procurar que eu escutei — ele falou,
colocando-me no chão.
— A gente vai brigar por isso?
— E você acha pouco? Eu chego e encontro a minha mulher
perguntando por outro homem e devo ficar feliz com isso?
— Eu acho que nós precisamos conversar. Estou amando estar com
você, já estamos namorando mesmo estando juntos há pouco tempo, só que
não nos conhecemos direito. Precisamos saber mais um do outro, por
exemplo, você precisa saber que não tenho paciência para cenas de ciúme.
Outra coisa, é que se estou com você é porque eu quero e no momento que
passar pela minha cabeça outro homem, vou te largar na mesma hora, em
outras palavras, se estou com você é só você, deu para entender?
— Eu não estou acostumado a ter relacionamentos e nem gostar de
ninguém, mas estou tentando ser alguém normal…
— Ryan, você é normal, e ser ciumento ou possessivo é algo muito
comum, só que é errado, porque a beleza do relacionamento é justamente a
vontade que um sente de estar junto do outro. Essas coisas não podem ser
impostas e sim sentidas livremente.
— Você é tão especial, doce e brava na mesma proporção,
inteligente, perfeita para mim, mas eu não sei se te mereço.
— Ryan, por que você acha que não me merece? Por que eu reclamei
por você ser ciumento? Isso não é motivo!
— Não é isso, mas não estou pronto para ter essa conversa.
— Essa conversa tem a ver com esse coldre com armas que você está
usando e a quantidade de seguranças que te cercam?
— Eu preciso estar seguro, e acredite, o mundo pode ser bem
violento, meu amor.
— Por enquanto vou acreditar que é só exagero, essa sua mania de
segurança, mas ainda vamos conversar sobre isso.
Ryan se sentou na minha frente e segurou nas minhas mãos, as beijou
e depois ficou me olhando como que me venerando.
— Nós vamos conversar sim, só que não agora, não hoje. Eu quero
muito você, como nunca pensei que fosse querer alguém. Eu preciso resolver
assuntos importantes e depois vou estar pronto para falarmos abertamente
sobre a minha vida.
— Se fosse outra pessoa, sairia daqui correndo, achando que você
tem algum segredo assustador, mas eu sou movida a adrenalina, os riscos me
excitam, e está para nascer algo que me deixe com medo. Talvez você
precise saber que eu não sou uma mulher como as outras, e deva tomar
cuidado comigo. Eu posso ser perigosa, Ryan Cooper! — Eu falei brincando
por conta da sua mania de segurança.
— Sarah, você é uma ameaça que eu estou disposto a pagar o preço
que for para ter na minha vida.

◆◆◆

A viagem de volta para casa foi silenciosa, comigo e Ryan perdidos em


nossos pensamentos. Assim que o jatinho pousou, eu notei que tinham dois
carros na pista, e Ryan designou um para que me levasse para casa e disse
que seguiria com Matthew para uma reunião importante.
— Não temos reunião na Cooper…
— São outros negócios que eu tenho para resolver. Nos vemos
amanhã na empresa?
— Tudo bem, nos vemos amanhã.
Assim que eu cheguei em casa, me sentei para colocar a conversa em
dia com as minhas amigas superpoderosas e notei que Jordan já estava de
volta para fazer a minha segurança.
Ryan queria mandá-lo embora por ter me deixado viajar sozinha, mas
falei que se fizesse isso, não teria outro segurança, já que seria perda de
tempo, porque, sempre que eu estivesse a fim de fazer algo
desacompanhada, dispensaria o segurança, que seria mandado embora e isso
se tornaria um ciclo sem fim.
— Valeu amiga, por não me deixar sem o seu segurança hot — Alice
falou, e Jordan abaixou a cabeça, rindo. — Essa casa sem ele não tem graça.
— Vou pegar as bebidas para contar como foi lá na boate — falei
enquanto ia até a cozinha.
— Pega as bebidas e senta aqui porque a gente quer saber de tudo e
com detalhes — Nina falou já se acomodando no sofá.
— A parte da boate já contei para vocês, mas tem uma outra coisa
que preciso dividir, porque está me deixando cismada.
— O que amiga? — Alice perguntou enquanto eu entregava uma
garrafa de cerveja para cada uma.
— Eu vou falar baixo, porque não quero que Jordan escute. Hoje de
manhã, Ryan saiu para mais uma das suas reuniões misteriosas, antes de
voltarmos para cá, e quando se arrumou, eu vi que ele colocou um coldre
com duas armas embaixo da camisa.
— E você o questionou por isso? — Nina perguntou.
— Na hora não, mas quando ele voltou da reunião eu toquei no
assunto, só que a única coisa que ele me disse foi que o mundo é mais
violento do que eu imagino.
— Vocês começaram a namorar, você já conheceu a filha dele, e tudo
muito rápido, por isso você fica cheia de dúvidas…
— Para, por favor! Deve ser paranoia mesmo, não vê que ele colocou
um segurança por causa de uma tentativa de furto que Sarah sofreu no
shopping — Alice falou tomando um gole da cerveja — A última
desconfiança que Sarah teve, especulamos tanto e no final era uma filha de
cinco anos. Desta vez se eu for ficar pensando por que ele anda armado, é
bom que ele seja de gangster para cima, porque se for só caso de terapia,
nem vou perder meu tempo me preocupando.
— Alice, você está demais, amiga!
Nós passamos a noite jogando conversa fora e rindo animadamente
como sempre fazíamos quando estávamos juntas, e claro, que bolando mil
teorias para quem era de verdade o Ryan Cooper.

◆◆◆

No dia seguinte, acordei cedo, me arrumei e saí apressada para trabalhar, e,


quando cheguei, Lauren estava na sala de café dos funcionários, chorando e
dizendo que tinha levado uma bronca do Senhor Cooper e que achava que
seria demitida.
— O que aconteceu, Lauren? — perguntei enquanto a abraçava.
— Ele disse que sou secretária dele, que nunca me autorizou a
compartilhar seus assuntos pessoais, que sou uma péssima profissional e que
saio noticiando sua vida pela empresa.
— Como assim? Você é tão discreta.
— Ele não gostou porque eu dei a informação sobre o hotel em que
ele estava hospedado — Lauren falou, e só então entendi que ela estava para
perder o emprego por minha causa.
— Agora que você vai para a rua mesmo — uma das assistentes da
direção, que estava na sala tomando seu café, falou. — Foi contar logo para
ela! — disse e apontou para mim.
— Que diferença faz isso? — Lauren perguntou. — O Senhor
Cooper me mandou aos gritos, sair da sala dele e eu não sei o que fazer.
— Você vai voltar para a sua mesa e continuar seu trabalho —
respondi, tentando ser o mais firme possível. — E, quanto a você — falei,
olhando para a outra assistente — deveria fazer o mesmo. Com certeza, você
deve ter trabalho te esperando.
Ela me olhou com raiva quando a mandei procurar o que fazer. Tudo
que eu não queria era ser o assunto da cafeteria, mas, pelo visto, meu
namorado não estava facilitando as coisas para mim.
— Ele me mandou sumir da frente dele! Como vou voltar e trabalhar
como se nada tivesse acontecido? Não posso perder esse emprego!
— Você está pedindo para essa aí que te ferrou te ajudar? — a
intrometida falou novamente sem ser chamada na conversa, mas resolvi
ignorar a existência dela e continuei falando com Lauren.
— Eu vou resolver isso agora. Pode voltar para a sua mesa — pedi, e
Lauren sentiu medo de Ryan ficar com mais raiva ainda dela.
— Não, por favor, Sarah, não fala nada porque depois ele vai
descontar em mim. Eu não posso ser demitida e ainda ter péssimas
referências — ela suplicou com lágrimas no rosto.
— Isso não vai acontecer — ressaltei e sorri para ela, tentando passar
confiança.
— Até parece que você pode afirmar isso — a outra disse, deixando
Lauren mais tensa ainda.
— Eu garanto que você não vai perder seu emprego. Volte para o seu
trabalho normalmente que do Senhor Cooper cuido eu! — falei e saí
caminhando em direção ao escritório dele, onde entrei furiosa.
— O que aconteceu? — ele perguntou, levantando-se assustado.
— O que eu sou para você, Ryan Cooper? — indaguei, e meu tom de
voz foi mais alto do que eu esperava.
— Você está bem? — ele quis saber e veio andando na minha
direção.
— Eu pareço que estou bem? — perguntei com raiva e fazendo sinal
com a minha mão para que ele ficasse onde estava. — Eu te fiz uma
pergunta. O que eu sou para você, Ryan Cooper?
— Você é a minha mulher e o amor da minha vida! — ele respondeu
nervoso e parecendo escolher as palavras para tentar se aproximar de mim.
— Então me responda por que a sua secretária não pode dizer para a
sua mulher onde você está hospedado? O que você esconde, Ryan Cooper?
— Aquela lá já foi se queixar para você? Eu vou mandar o RH
demiti-la agora mesmo! — ele falou e foi para a mesa fazer a ligação.
— Você não vai demitir ninguém! — eu disse e andei rápido até ele,
tirando o telefone da sua mão. — O que você vai fazer é chamar sua
secretária, dizer que foi um mal-entendido e que, para mim, ela pode sempre
dizer onde você está — frisei, e ele me olhou e riu quando eu disse isso.
— E por que eu faria isso?
— Porque, se você não fizer o que estou falando, eu me demito e está
tudo terminado entre nós — frisei e fui andando em direção à porta.
— Você não pode estar falando sério! Você está me ameaçando?
— Entenda como quiser. Eu sou sua namorada e não uma palhaça,
que tem que escutar a sua secretária dizer chorando que vai ser demitida
porque me falou onde você estava hospedado. Eu queria te fazer uma
surpresa e não virar motivo de assunto na cafeteria da empresa.
— Sarah...
— Eu não terminei de falar. No mundo real, as pessoas conversam,
fazem fofoca, trocam ideias, e isso faz parte do dia a dia. Não vou ser vista
como a corna a quem você proíbe a secretária de dizer onde você está
hospedado quando viaja. A Lauren não tem culpa de nada, fui eu quem pedi
para ela me falar, achando que tinha esse direito, sendo a mulher da sua
vida.
— Você me deixa louco, sabia? — Ryan ficou me olhando e
passando a mão nos cabelos, visivelmente nervoso.
— Você vai fazer o que eu te pedi ou devo passar no RH e me
demitir? — perguntei e fiquei olhando séria para ele.
— Pediu? Desculpa, mas eu entendi como se você estivesse me
dando uma ordem.
Nesse momento, comecei a bater com meus saltos no chão, e ele
percebeu que eu estava sem paciência.
— Senhorita Lauren, venha aqui na minha sala — Ryan falou ao
telefone. Eu permaneci em silêncio, olhando para ele e sem parar de bater os
saltos no chão.
— Com licença, Senhor Cooper — Lauren falou e ficou assustada
quando me viu com cara de poucos amigos olhando para Ryan.
— Toda vez que a Senhorita Campbell quiser saber onde eu estou,
você pode dizer, mas, para qualquer outra pessoa, você está proibida de falar
da minha vida.
— Sim, senhor! — Lauren me olhou, e eu sabia que ela estava me
agradecendo em silêncio e então a abracei.
— Eu tenho certeza de que foi um mal-entendido e que o Senhor
Cooper te chamou para se desculpar — eu disse, e Ryan me olhou furioso.
— Está tudo bem, e você não vai perder o seu emprego. Você é
supercompetente, e sem você, quem vai me ajudar a organizar as coisas
desse CEO que quer tudo para ontem quando pede alguma coisa? —
completei, e Lauren riu baixinho e pediu licença para voltar ao seu trabalho.
— Agora somos nós dois que vamos ter uma conversa, Senhorita
Campbell — Ryan disse e me puxou com força, deitando-me em cima da
mesa, enquanto suas mãos rapidamente alcançaram minha calcinha e a
arrancaram. — Desde quando você me dá ordens? — ele perguntou
enquanto ia tirando o cinto e abrindo sua calça. — O que eu faço com você,
Senhorita Campbell?
— Eu preciso te dizer, Senhor Cooper?
Capítulo 20
Sarah Campbell

Alguns dias depois, eu estava em casa me arrumando para ir à casa de Ryan


quando Alice e Nina entraram rindo e falando alto.
— O que aconteceu? — perguntei, vendo a agitação das duas, e até
Jordan que estava tomando café na cozinha se assustou com as gargalhadas.
— Essa maluca da Alice quase me mata hoje. — Nina falou,
jogando-se no sofá. — Só não sei se de susto ou de tanto rir.
— O que você aprontou dessa vez, sua doida? — perguntei, rindo.
— Deixa que eu conto! — Nina disse e se levantou. — A gente
estava chegando aqui em casa e aquele SUV estava parado ali na esquina.
— O mesmo que seguiu a gente outro dia? — perguntei. — Tem
certeza de que era o mesmo?
— Claro que tenho! — Alice respondeu. — Aquele doido já seguiu a
gente outras vezes e já me irritei com isso! Se o cara quer conhecer a gente,
que se apresente!
Enquanto Alice e Nina falavam sem parar, eu notei que Jordan foi
para sala, e sua fisionomia era de preocupação.
— Essa maluca parou o carro e foi até lá bater no vidro da SUV e o
motorista saiu cantando pneu com medo dela.
— Alice, sua doida, e se fosse um maluco ou um bandido? —
indaguei, enquanto Jordan, que estava escutando, saiu correndo em direção à
rua e ao mesmo tempo, pedindo reforço no seu walkie-talkie.
— Nosso Superman deve ter ido atrás do cara — Alice falou e foi
caminhando para o seu quarto. — Vou tomar um banho e descansar. Essa
vida de espantar maluco está me cansando. Primeiro o do shopping e agora
esse aí do carro.
Não demorou muito e meu celular vibrou com uma mensagem do
Ryan.
“Quero que você venha para cá agora. Já mandei o Jordan trazer
você.”
“Eu estou acabando de me arrumar e vou.”
Quando eu estava indo para a casa dele, pedi para o Jordan não
comentar sobre o SUV.
— Eu já informei ao Senhor Cooper!
Droga! Foi por isso que Ryan mandou que Jordan me levasse logo
para sua casa. Paranoico como ele era, deveria estar pensando que poderiam
me sequestrar. Quando cheguei, Ryan estava me esperando no quarto dele,
abatido, com a camisa aberta e bebendo.
— Precisamos conversar — ele falou assim que entrei. — Por que
você não me falou que estava sendo seguida?
— Porque eu não estou — respondi e dei de ombros.
— Sarah, eu estou falando sério! Jordan me disse que Alice chegou a
tentar falar com o tal homem. Ela é maluca?
— Alice é doidinha, sim — respondi. — Ela não tem muita paciência
e cismou com essa tal SUV desde que Nina falou que achava que o carro
estava nos seguindo naquele dia em que fomos ao shopping.
— No dia em que o homem tentou te levar com ele?
— Era só um maluco que me segurou pelo braço — afirmei. —
Agora essa SUV até eu acho estranha. Já a vi duas vezes atrás do meu carro
quando estava com Jordan, ou pode ser impressão minha, não sei. Nunca
comentei com Jordan, porque não queria correr o risco de parecer que
também sofro de crise do pânico.
— Vamos buscar suas coisas e você vem ficar aqui comigo — ele
falou, já saindo do quarto.
— Espera! — pedi e me sentei na cama dele. — Como assim eu vou
ficar aqui com você? — perguntei e precisei respirar fundo com o susto que
levei. — Você quer que eu more com você, Ryan Cooper?
— Quero. Vamos logo! — ele respondeu, pegando-me pela mão e me
levantando. — Você não quer morar comigo?
— Ryan, eu não posso morar aqui só porque você acha que eu corro
perigo longe de você. Isso não faz o menor sentido!
— Faz sentido para mim — ele disse, puxando-me.
Sem entender o que se passava, soltei minha mão e voltei a me
sentar. Eu estava preocupada com Ryan, pensando que ele provavelmente
estivesse ficando louco.
— Meu amor, acho que você precisa fazer terapia — sugeri, tentando
ficar bem calma. — Você não está bem, tem mania de perseguição, não
deixa Anne sair de casa, acha que vão me sequestrar... Além disso, sua casa
parece uma fortaleza e você está andando armado — enumerei, parei para
respirar e continuei. — Sinceramente, você não está bem! Ou, está me
escondendo alguma coisa. Quem é você, Ryan Cooper?
Ryan ficou me olhando sem dar uma palavra e depois começou a
andar de um lado para outro.
— Sarah! — ele exclamou, abaixando-se na minha frente. — Faz o
que eu estou te pedindo! Vem morar comigo! Vai ser melhor! Eu posso te
proteger!
— Me proteger do quê? — perguntei, já começando a desconfiar de
que tinha algo acontecendo. — Ryan, eu até poderia vir morar com você,
mas se fosse porque você me quer como sua mulher, mas, por proteção, eu já
tenho o Jordan que você contratou para fazer a minha segurança.
— Você não entende!
— Então me explica! — pedi, olhando nos olhos dele. — Se você
não falar, realmente eu não tenho como entender.
— Tenho medo de te perder — ele pronunciou. — Eu não deveria ter
me aproximado de você.
— Agora você está me assustando — eu disse, nervosa. — O que
você tem a ver com o cara que me segurou no shopping e o carro que está
me seguindo?
— Eu te amo!
— Não perguntei o que você sente, e sim quem é você? Eu quero
saber de tudo!
— Eu estou tendo problemas nos meus outros negócios e por isso,
eles estão seguindo você — Ryan falou. — Eles sabem que você é
importante para mim e acho que querem te usar para me intimidar.
— Eles quem? E que negócios são esses? Eu quero saber de tudo e
acredite, não sou nenhuma mocinha ingênua que você pode levar na
conversa. Eu até agora fiquei na minha, porque não estava me afetando, mas
se chegou ao ponto de você precisar me colocar dentro da tua fortaleza, eu
quero saber o motivo. E não precisa ter medo, porque como eu disse, não
sou idiota e sei que você está metido em algo errado, só quero saber o que, e
qual a proporção desse erro.
Ryan se levantou e ficou me olhando. Ficamos um bom tempo em
silêncio e eu entendi que ele estava com medo de me contar alguma coisa.
Então dei o tempo que ele precisava para tomar coragem.
— Meus inimigos... — ele afirmou, parou e olhou dentro dos meus
olhos, antes de continuar falando. — Se eu te contar, te envolverei na minha
vida e isso pode ser perigoso para você.
— Eu quero saber de tudo, Ryan. Se eu for dividir a minha vida com
você, preciso saber de tudo que envolve a sua vida. Eu te amo e não vou te
julgar, mas preciso entender o que está acontecendo.
— Mesmo sendo um caminho sem volta? Se eu te contar, não
poderei mais te deixar ir.
— Você vai me prender aqui? Meu amor, homem nenhum seria capaz
de me prender onde eu não quero, mais fácil eu acabar com você antes disso
acontecer.
— Você é diferente de todas as mulheres que eu já conheci, tanto da
nossa sociedade, como do meu mundo. Acabar comigo? Só pode ser uma
piada!
— Cuidado com o deboche, porque você pode ser obrigado a engolir
ele a seco. E que porra de seu mundo é esse? Fala de uma vez que já estou
ficando sem paciência para tanto drama.
— Eu sou Ryan De Lucca Cooper, Capo dei Capi da Máfia de Los
Angeles e sou também quem supervisiona toda a máfia do território
americano. Nós fazemos tráfico de armas e drogas, e minha empresa, as
boates, os cassinos e tudo mais que eu tenho fazem parte do esquema e
servem como lavagem de dinheiro. — Ryan explicou de uma vez e senti
como se o meu coração tivesse parado de bater.
— Agora quem precisa de um whisky sou eu — falei e enchi um
copo, virando tudo, porque um shot seria pouco.
Após a informação, eu não sabia o que pensar de tudo aquilo. O meu
namorado, o CEO da empresa com que sempre sonhei em trabalhar, o pai da
minha princesa Anne, era Chefe da Máfia Americana.
E o pior de tudo? Eu não me assustei, ou me deixei intimidar por
isso.
— Sarah, fala comigo — ele pediu, tentando me abraçar, mas eu me
afastei. — Sei que é difícil de entender, mas preciso te explicar.
— Você não precisa me explicar, eu já entendi. Minha nossa! Eu
estou namorando o Al Capone! — Falei, e Ryan me olhou incrédulo,
naturalmente, porque pensou que eu me sentaria no chão e começaria a
chorar de medo dele. Al Capone e Cinderela, que belo casal inusitado nós
dois formamos.
— Você sabe que Al Capone não é um tipo de príncipe encantado?
— Essa interpretação depende da princesa que está sonhando. Eu,
por exemplo, acho que combino muito mais com um Chefe da Máfia do que
com um príncipe montado num cavalo branco que vai me levar para dar a
volta ao mundo no seu reino encantado.
— Agora eu que te pergunto, quem é você Sarah Campbell?
— Com certeza alguém que vai revolucionar a sua vida e te mostrar
que mulheres não são o sexo frágil como você pensa.
— Você vem morar aqui?
— Eu ainda estou me acostumando com essa sua versão "Rei da
Máfia".
— Sarah, essa gente é perigosa! Isso não é uma brincadeira. — Ele
afirmou, segurando meu rosto com as duas mãos. — Se muda, pelo menos,
até eu resolver isso.
— Resolver quer dizer até você matar esse homem que resolveu me
seguir? — Eu perguntei e Ryan ficou em silêncio, como se estivesse
escolhendo as melhores palavras para me dizer o óbvio.
— Sarah…
— Eu não acho que um mafioso, ou melhor, que o Chefe deles,
resolva seus assuntos pendentes convidando o inimigo para um jantar de
negócios. Me dizer que você vai torturar e matar esse homem, não vai me
assustar, porque me parece algo natural no seu “mundo”.
— Eu posso te contar como tudo começou? Não foi uma escolha
minha.
— Até onde sei, a gente não escolhe nascer em algum lugar, mas
você não me parece um homem que não goste da vida que leva. Você exala
poder, Ryan!
— Eu nasci na Instituição e como herdeiro do Capo. Meu avô era o
Chefe disso tudo, e meu pai era o seu braço direito. Dizem que eles eram
como pai e filho, e, quando meu pai morreu, meu avô ficou arrasado, porque
queria que ele herdasse tudo e com isso, projetou em mim todos os seus
planos. O meu tio sempre esteve ao lado do meu avô, mas, apesar de ser
filho, não tinha a mesma afinidade com ele que o meu pai. Pelo que sei, meu
pai era ambicioso e liderava tudo só pensando em ter cada vez mais poder.
Nesse momento, ele fechou os olhos e cobriu o rosto com as mãos.
Senti que não estava sendo fácil para ele me contar sua história nada
convencional, mas, como eu precisava saber de tudo, permaneci em silêncio,
olhando para ele.
— Eu cresci e tinha meus próprios interesses — ele falou, respirando
fundo. — Mas meu avô nunca respeitou isso, nem fingiu se importar. Para
ele, eu seria seu sucessor e pronto. Quando meu avô morreu, eu tinha a
minha empresa e essa herança maldita. Mas eu não vou negar que amo todo
o luxo e poder que vieram com ela. As boates servem para lavar o dinheiro
da máfia. Meu tio e o meu primo são meus homens de confiança. Mas sou eu
o chefe, fui eu quem meu avô escolheu. Na máfia, se herdam títulos como o
meu, e não há escolha, você nasce e é criado para assumir o seu destino.
Depois de fazer uma pausa, Ryan continuou:
— Minha mãe estava acostumada com essa vida. Ela tinha de tudo e
nunca se preocupou com nada. Era muito discreta, mas deixava claro, de
uma forma bem sútil, que eu tinha responsabilidades. Ela não conheceu
outra vida! Nasceu, viveu e morreu como uma legítima filha da máfia. Joana
também nasceu em família que servia à máfia e todos os meus seguranças
são soldados treinados pela nossa organização. Quando Anne chegou a
minha vida, eu tive que enfrentar todos da Instituição, e criei uma guerra,
porque filhos bastardos não são aceitos na nossa sociedade. Eu me preocupo
com a segurança dela e por isso prefiro que fique em casa. Não escolhi ser
isso, mas sou o Capo dei Capi, e todos os outros Capos aqui da América são
subordinados a mim.
— Você não pode largar isso? — perguntei.
— Não é tão simples assim — ele respondeu. — Isso tudo é como
uma grande teia que vai envolvendo quem está nela. Alguém que quer o meu
lugar vendeu a informação de que posso cair a qualquer momento, o que não
vai acontecer. E se na máfia te acham vulnerável, você morre, porque seus
inimigos veem nisso uma brecha para tomar o seu lugar. Esse alguém nos
traiu e nos vendeu para outra máfia. Não foi morto porque meu primo
imbecil disse que eu não tinha dado ordens claras para matar o infeliz e
agora eles acham que eu sou um fraco e que podem me tomar tudo. Só que
não sou o idiota que eles pensam! Sou o Capo, e ninguém vai tomar nada
que seja meu.
— E agora que eu sei disso tudo, passo a ser uma ameaça para você e
seus negócios. Por isso você disse que seria um caminho sem volta saber de
tudo. Uma vez na máfia, para sempre na máfia!
— Você quer? — ele perguntou, mostrando-me a garrafa de whisky e
eu fiz que não com a cabeça. — Agora eles querem usar quem eu amo para
me intimidar, e esse foi o maior erro que cometeram — ele disse e bebeu o
líquido todo que estava no copo. Ryan continuou falando de pé e olhando
para mim, que me sentei na cama e permaneci em silêncio.
— Por você, eu declaro guerra. Ninguém toca no que é meu. Vou
resolver isso tudo e vai ficar tudo bem! Por favor, faça o que eu estou te
pedindo e se mude para cá — Ryan pediu mais uma vez, e eu fiquei olhando
para ele e tentando pensar rapidamente em tudo que tinha escutado.
— Eu devo me vestir de preto a partir de agora que sei que meu
namorado é o Al Capone?
— Você é única, Cinderela! Essa era a última pergunta que eu
imaginava escutar depois de tudo que eu te contei.
— Então você tem muita sorte! — brinquei. — Porque sou única e
sua, meu Rei da Máfia!
​— Você não tem medo de mim por eu ser um mafioso?
​— Não nasceu, e pode ter certeza, que nunca vai nascer um homem
capaz de intimidar Sarah Campbell!

◆◆◆

No caminho de volta para casa, fui tentando assimilar tudo que fiquei
sabendo. Ryan não tinha culpa da vida dupla que levava, no entanto, também
não era inocente, já que usufruía do dinheiro da máfia e eliminava os seus
inimigos.
“Alice e Nina, vocês estão em casa? Tenho novidades!”, escrevi.
“Estamos. Vem logo!”, Alice respondeu. “Já estamos curiosas!”
“Se for babado forte, já avisa que vou preparar meus drinks!”
“Pode preparar, Nina, que vamos brindar!”
Minha vida mudaria radicalmente. Eu amava o Ryan, mas não
pensava em morar com ele assim tão rápido. Sabia que ele tinha motivos
reais para se preocupar comigo e que, dando esse passo, eu estaria me
envolvendo em algo muito grande e perigoso. Porém, ao contrário de ter
medo, simplesmente decidi enfrentar a situação e pagar para ver!
Eu queria pensar de outra forma, mas a verdade é que estava
correndo perigo ao lado dele. Tinha a opção de não querer saber de nada
daquilo, terminar com Ryan, mas, ainda assim, continuaria sendo perseguida
pelos seus inimigos.
Meu coração acelerava e meu peito apertava quando eu pensava em
ficar longe dele, então essa não seria uma opção. Ryan disse que resolveria
tudo e eu ficava só imaginando de que forma ele faria isso. Quando entrei
em casa, as meninas já estavam com as bebidas prontas me esperando.
— Ryan me chamou para morar com ele — entrei falando e deixando
as duas surpresas.
Preferi falar assim de uma vez e já fui me jogando entre elas no sofá
da sala. Queria que elas achassem que fosse uma coisa normal de casal
apaixonado, e não porque eu estava sendo alvo de uma máfia rival do meu
namorado.
— Rápido assim? — Alice perguntou. — Você aceitou?
— Sim, eu vim buscar algumas coisas minhas. Não vou levar tudo.
Vou deixar alguns pertences aqui e fazer uma experiência para ver se vai dar
certo.
— Nossa amiga vai se casar! — Nina gritou, abraçando-me.
— Me casar não! Eu estou indo morar na casa dele, passar um
tempo, algo assim. Ele quer muito e acabei aceitando.
— Para de show, porque você bem que quer seu Paraíso Hot 24 horas
por dia! — Alice falou. — Eu acho muito cedo, mas, se você quer e está
feliz, então nós estamos também.
— O Ryan acha que vocês vão ficar mais protegidas se o Jordan
continuar fazendo a segurança de vocês aqui na casa.
— Nossa! Bem que você falou que ele tinha mania de perseguição.
— Nina disse. — Mas não precisamos...
— Eu aceito! — Alice interrompeu. — Jordan fica aqui fazendo
nossa segurança.
Eu e Nina começamos a rir e as duas foram me ajudar a arrumar as
malas. Eu estava com medo da decisão e achando tudo muito precipitado,
como Alice falou, mas não tinha escolha, já que estavam me seguindo e não
queria colocar a vida das minhas amigas em risco continuando ali com elas.
— Você está se mudando, mas essa casa continua sendo sua — Nina
falou. — Não só porque você quer manter seu quarto aqui com as suas
coisas, mas porque somos uma família.
— Sempre juntas! — eu disse e abracei as duas sorrindo.
Jordan me levou e logo voltaria para fazer a segurança delas. Eu já
estava acostumada com ele e estranharia ter outro segurança, mas confiava
nele e me sentia bem melhor sabendo que estava com Alice e Nina.
Quando cheguei à casa de Ryan, ainda estava tentando me acostumar
com a ideia de morar naquela fortaleza. Respirei fundo e saí do carro
decidida a não pensar mais naquilo tudo. Eu estava indo morar com meu
namorado e Anne, era apenas a assistente dele na empresa, e mais nada. Ele
seria apenas o CEO de sempre para mim e precisava pensar assim para
passar por tudo sem me deixar abater. Afinal de contas, como disse Alice, eu
teria meu Ryan o tempo todo para mim, e só de pensar nisso meu corpo já
dava sinal de vida.
— Sarah chegou! — Anne gritou, correndo para os meus braços e
Ryan veio logo atrás e nos abraçou. Ele me olhava preocupado, mas eu
estava realmente disposta a ser feliz com eles naquela casa.
— Joana vai arrumar as suas coisas no meu quarto.
— No seu quarto?
— Claro, você pensou que ia dormir em qual quarto?
— Na verdade, eu não pensei em dormir — falei, mordendo os meus
lábios e olhando para ele. — Vem, Anne, vamos pegar alguns brinquedos
para brincar no jardim.
Ryan me puxou para junto dele quando eu ia subir as escadas com
Anne.
— Continua me provocando e saindo que quando estivermos
sozinhos, você vai ver uma coisa. — Ele falou no meu ouvido.
— Não vejo a hora de isso acontecer.
Em seguida, eu e Anne subimos as escadas e quando chegamos lá em
cima, fizemos sinal para ele vir também. Ele subiu falando que estava se
sentindo abandonado e nós duas ficamos rindo do drama dele. Quando
entramos no quarto de Anne, ela correu até a mesinha e pediu para eu fechar
os olhos.
— Eu que desenhei para você — ela disse, e eu senti quando ela
colocou uma folha nas minhas mãos.
Quando abri os olhos, foi impossível segurar as lágrimas. Peguei
Anne no colo e a abracei bem forte. Ela tinha feito um desenho lindo do pai,
meu e dela de mãos dadas como uma família feliz!

◆◆◆

— Até que enfim! — Ryan falou. — Achei que você não vinha mais se
deitar.
— Anne estava agitada demais e custou a dormir — eu disse, indo
até o banheiro.
Enchi a banheira e acendi algumas velas para deixar o ambiente mais
romântico. Depois fui até o quarto e Ryan estava deitado na cama, parecendo
impaciente.
— Você não vem? — perguntei.
Ryan se levantou e entrou comigo na banheira. Ele me colocou
sentada de costas para ele e começou a me ensaboar. Ele beijava o meu
pescoço, fazendo-me sentir sua falta dentro de mim, e comecei a apertar uma
perna contra a outra para tentar aliviar o desejo, que só aumentava à medida
que ele apertava e massageava delicadamente os meus seios. Joguei minha
cabeça para trás e já estava ofegante.
— Ryan — falei, gemendo.
— O que foi? — ele perguntou com aquela voz rouca que só me
fazia estremecer mais de tesão.
— Você sabe! — respondi e me virei, ficando de frente para ele e me
sentando no seu colo.
Comecei a rebolar e a me esfregar nele e pude sentir quanto ele me
queria. Ryan me pegou pela cintura e me levantou o suficiente para penetrar
dentro de mim, colocando-me novamente em seu colo.
— Você é minha!
— Só sua! — falei e comecei a rebolar mais rápido.
Eu precisava de um orgasmo e Ryan jogava o corpo para cima,
entrando com força em mim, enquanto eu rebolava e me desmanchava
sentada nele. Ryan intensificou mais ainda os seus movimentos, e, em cada
estocada, eu queria mais dele dentro de mim.
Quando senti que Ryan não tinha mais como esperar, joguei minha
cabeça para trás e meu corpo foi ainda mais ao encontro do dele. Quando
escutei ele chamando o meu nome, senti aquela sensação maravilhosa se
construindo de novo dentro de mim. Como eu amava e desejava esse
homem!

◆◆◆

Uma semana depois, eu ainda estava tentando me adaptar à nova vida. Era
difícil não imaginar o que Ryan estava fazendo ou mandando fazer quando
se trancava por horas com seu tio e seu primo no escritório. Nesses
momentos, eu procurava me distrair brincando com Anne ou conversando
com Nina e Alice.
— Resolva tudo e me passe os resultados — ele falou para o tio
quando saiu do escritório, e este, como sempre, concordava com a cabeça.
Nessa hora, o primo dele me viu e veio conversar comigo.
— Como você aguenta esse homem feio e mal-humorado?
— Meus óculos quebraram e eu não o enxergo direito — respondi,
rindo. — Eu pensava que ele fosse lindo. Obrigada por me avisar.
Ele então se despediu de mim rindo e era uma pena que Ryan só
encontrasse a família para longas reuniões das quais ele saía sempre
estressado. Por fim, deixei os dois se despedindo na sala e fui para o meu
quarto me deitar um pouco. Logo depois Ryan chegou.
— Desde quando você fica de gracinhas com meu primo? — Ryan
perguntou, entrando no quarto. — Não quero você cheia de intimidades com
ele.
— Sabe qual é a sua sorte, Ryan Cooper?
— Que você me ama?
— Sim! E que eu te acho muito gostoso também — respondi e o
abracei.
— Vou tomar um banho e já volto — ele falou e me beijou.
— Sozinho?
— Eu arrumei uma mulher insaciável — ele falou, rindo e me jogou
no seu ombro para me levar para o banheiro.
Depois de mais uma noite maravilhosa, dormimos e no dia seguinte
chegamos cedo à empresa, porque tínhamos cinco reuniões com novos
clientes. Porém, quando fui à cafeteria, percebi que todos pararam de falar e
foram se ocupar com seus afazeres.
— O que aconteceu, Lauren?
— Nada — ela respondeu, aos risos. — É que agora você é a mulher
do chefe e todo mundo quer mostrar serviço.
Com a resposta dela, começamos a rir juntas e nos sentamos para
tomar café. Desde o dia em que não deixei Ryan mandá-la embora, nós nos
tornamos amigas e ela era a única pessoa naquela empresa que ainda
conversava comigo, já que os outros me tratavam como a mulher do CEO.
Após mais um dia de trabalho, voltamos para casa. Porém no
caminho, Ryan me disse que precisaria viajar novamente.
— Meu amor, vou precisar viajar para Geórgia, Atlanta e Seattle.
Tenho muitos assuntos pendentes e por enquanto não quero deixar mais nada
por conta do meu tio. Preciso resolver esse problema, mostrar que estou no
comando e colocar esse povo que resolveu se meter com a minha família em
um saco de lixo.
— Você ainda nem viajou e eu já estou nervosa — falei, segurando
as suas mãos. — Você não acha melhor eu te acompanhar?
​— Eu não vou a passeio nessa viagem e sim para enfrentar seriamente os
meus inimigos! Não imagino nem quero você no meio disso!
​— Só porque eu sou mulher? Saiba que não sou inferior a você nem a
nenhum outro membro dessa Instituição.
​— Tudo bem, meu amorzinho, eu não te culpo por falar essas besteiras já
que você não nasceu na nossa sociedade e não entende como as coisas
funcionam.
​— Fale novamente comigo nesse tom machista, Ryan Cooper, e você vai
se arrepender.
​— Eu já estou em silêncio! — Ryan disse, levantando os braços como se
estivesse rendido.
​— Vou sentir a sua falta!
— Não vou deixar você dormir essa noite para compensar o tempo
que vou ficar fora! — ele falou, beijando-me.
— Se comporta que estamos no carro, e não quero dar um show na
frente do Matthew!
— Eu só ia te beijar.
— E você acha que eu me contento só com beijos? — eu disse,
tocando nele. — E pelo visto, você também não, meu amor! — falei rindo.
Capítulo 21
Ryan Cooper

Eu seguia para a Geórgia, onde conferiria a chegada e a saída de um


carregamento de armas. Diferentemente das outras vezes, estaria à frente de
tudo, e, se eles queriam uma pessoa intratável como inimigo, bingo!
Conseguiram!
Vou resolver todos os assuntos pendentes e organizar tudo que está
fora do lugar até o final do ano. Preciso eleger batalhas e a primeira será a
minha união com Sarah, que não pertence a nossa “famiglia”, e depois, a
substituição do meu tio como meu Sottocapo, por total incompetência.
Ao mesmo tempo que minha cabeça estava nos problemas da máfia,
eu pensava em Sarah e em como ela era perfeita. Após tudo que relatei, tive
tanto medo de perdê-la, mas sua única pergunta foi se ela deveria usar roupa
preta de mafiosa.
Minha mulher é única!
Quando chegamos ao galpão, entrei e não olhei para nenhum dos
homens que trabalhavam para mim. A época em que eu sorria para todos
tinha acabado.
— Acelera essa contagem e despacha isso de uma vez e se alguém
tentar cruzar nosso caminho, passa fogo e segue em frente — falei para o
encarregado do transporte.
Meu tio me olhou assustado e meu primo disse que estavam
comentando que eu tinha virado o meu avô.
— Eu não sou o nosso avô, mas tenho seu sangue nas minhas veias e
o treinamento que ele me deu para ser o Capo está marcado em mim para
sempre. Agora vou para o hotel, porque essa primeira carga já está sendo
transportada com sucesso e vocês ficam aqui até os trabalhos encerrarem.
No outro dia, seguimos para Atlanta e lá teríamos que ficar mais
tempo, já que tinha havido um atraso na entrega. Quando a noite chegou,
meu tio queria que eu fosse para o hotel, mas decidi ficar no galpão.
— Vamos para o hotel e voltamos ao amanhecer — meu tio sugeriu.
— Está tudo atrasado e amanhã, quando estivermos descansados, voltamos e
resolvemos tudo.
— Eu só saio daqui depois que as armas estiverem dentro das caixas
e prontas para serem transportadas. Se tiver outra tentativa de roubo, eu
quero saber quem é o mandante — falei, colocando minha arma sobre a
mesa. — Se você está cansado, descanse neste sofá velho que tem no galpão,
porque não vamos sair daqui.
Depois da minha ordem, meu tio e meu primo ficaram comigo contra
a vontade deles. Permanecemos no local e o silêncio daquele lugar era
assustador! Eles estavam acostumados apenas com os meus homens fazendo
esse serviço, mas, se algum deles havia nos traído, era possível que
acontecesse de novo.
— Que inferno! — meu tio gritou, dando um pulo quando ouviu um
barulho na entrada do galpão. — Você estava certo, Ryan. Como vamos sair
daqui?
Descobri naquele momento, que meu avô não o tinha escolhido para
ficar à frente dos negócios porque meu tio não passava de um covarde
incompetente.
Logo em seguida, meus homens, como eram bem rápidos, já estavam
com as armas dos cinco invasores apontadas para suas cabeças e eu
simplesmente precisei aparecer. Do andar de cima, fiz quatro disparos
consecutivos na mão de cada um que estava de pé no centro do galpão e o
quinto no pé do último homem que caiu. Foi tudo tão rápido que ninguém
conseguiu entender o que tinha acontecido.
— O que foi isso? Você ficou doido? Isso não é tiro em latinhas! —
meu primo gritou. — Se você errasse, estaríamos todos mortos.
— Acha que sou homem de errar um tiro? Se você não ficar calado,
o próximo vai ser na sua boca! — eu disse e apontei a arma para ele, que se
mijou de medo. — Tenha respeito pelo seu Capo e aprenda a nunca mais
perguntar para minha mulher o que ela viu em mim.
Com sangue nas veias, desci as escadas e meus homens já estavam
trocando tiros com o motorista do caminhão e mais dois homens que
estavam do lado de fora.
— Como pode alguém tentar nos roubar com esse mínimo de
homens? Eles realmente achavam que seria fácil e a culpa é de vocês dois —
falei, apontando para meu tio e meu primo — Alguém os informou que seria
só entrar e levar tudo. Vocês dois são uns imbecis, que até agora não
encontraram o traidor que está entre nós.
Me aproximei dos homens baleados e quis saber quem era o
mandante.
— Muito bem! Quem vai ser o primeiro a abrir a boca? — perguntei
para eles, que estavam amarrados e sentados em cadeiras de frente para
mim.
​— São franceses, senhor. Eu vi quando estavam falando entre si e sendo
amarrados — um dos meus soldados me falou. — São ratos da Corsa!
Eu não tinha tempo para torturas, nem estava a fim de brincar com os
traidores, sendo assim, fui até o local onde estavam meus objetos de tortura e
trouxe uma foice, deixando claro que nossa conversa estava encerrada, já
que eles não falariam nada mesmo.
​Resolvi que seria melhor enviar uma carga com um recado para a Corsa.
Cortei fora a cabeça do que estava próximo a mim enquanto os outros
fecharam os olhos já imaginando como seria o seu fim, e escrevi em sua
testa.
— Capo Carbone, a sua mafiazinha não faz nem cócegas na minha.
— Você enlouqueceu de vez? Vai devolver uma cabeça com um
recado desmoralizando o chefe deles? — Meu tio perguntou, com os olhos
arregalados.
— Você que deve ter enlouquecido ao me questionar sobre alguma
coisa — respondi. — Se eu te fiz pensar, algum dia, que você poderia
questionar as ordens do seu Capo, saiba que, como sempre, você está errado.
Além do mais, seu idiota, você queria que eu enviasse o que para Carbone?
Chocolates? Meu avô deve estar revirando no seu descanso eterno no inferno
vendo as besteiras que você faz e fala, meu tio.
Mandei que meus homens arrumassem aquela bagunça e
despachassem toda a mercadoria para a França e fui para o hotel dormir, já
que pela manhã eu seguiria para Seattle, para mais um transporte de armas e
drogas que me renderia milhões.
Quando finalmente todos os meus assuntos da viagem foram
resolvidos, deixei o hotel para voltar para casa. Enquanto me locomovia,
percebi que o movimento nas ruas de Seattle era grande por ser a semana do
Thanksgiving, o dia de Ação de Graças, e as avenidas estavam todas
enfeitadas para essa ocasião e o Natal.
Essa, na verdade, era a única data de que eu me lembrava quando era
criança, quando a minha família se reunia sem ser para traficar armas ou
encomendar a morte de alguém. Minha mãe deixava a casa linda e eram
minhas únicas recordações da data que eu mais odiava desde os meus cinco
anos.
Eu detestava as decorações e as comemorações. Infelizmente, estava
voltando justo na véspera do feriado e tendo que passar pelas ruas e ver o
povo com pinheiros de Natal em cima dos carros. Não suportava nada
daquilo!
Quando desembarquei em Los Angeles, o meu tio recebeu uma
ligação avisando que Carbone estava com ódio porque eu o havia feito de
piada.
— Ele invadiu o meu território e esperava o que de mim? —
perguntei, gritando com o meu tio e querendo jogá-lo para fora do meu
carro.
Eu estava agitado. Aliás, o estresse todo da viagem e aquele cenário
de festa de fim de ano me deixaram louco.
Então, algumas lembranças do meu passado dominaram a minha
mente, talvez para espantar e blindar as que me lembravam o Natal.
Porra, todas as minhas memórias eram ruins! Mas talvez, todas
fossem melhores do que a que mudou tudo na minha vida, me fazendo aos
cinco anos, perder tudo e assumir algo que eu não estava preparado na
época.
Se é que exista idade que te deixe preparado para ser um monstro!

Flashback

A minha casa estava silenciosa e escura, e eu me escondi atrás dos


móveis, enquanto meu avô gritava, e discutia enfurecido com alguém. Na
última vez que eu fiquei escondido, levei uma surra que deixou marcas em
todo o meu corpo e depois fiquei de castigo sem comida por dias.
— Nós fizemos um acordo, De Lucca.
— Não mantenho acordo com traidores!
— O que você vai fazer comigo? E com a minha família?
— Eu não vou fazer nada, mas o futuro Capo sim! — Meu avô falou
e caminhou na direção onde eu estava escondido me tirando da estante da
sala.
Eu o olhei assustado e tive a sensação nítida do último castigo que
recebi, com o seu chicote rasgando e queimando a minha pele.
— Esse é o meu neto, Ryan De Lucca Cooper, o futuro chefe. Ele
adora participar das reuniões, mesmo que escondido, com sede de aprender
tudo.
Eu queria dizer que não tinha sede de nada, que só estava passando e
minha curiosidade me fez ficar parado escutando sua conversa, mas seus
dedos apertavam forte o meu braço e eu sabia que se abrisse a minha boca
seria pior.
Durante alguns anos, me questionei por que minha mãe assistia
calada as agressões que eu sofria e o treinamento que me era imposto, mas
depois desisti de contar com a sua ajuda e aceitei o meu destino.
— Esse homem nos traiu, Ryan! O que um Chefe deve fazer com
traidores? — Eu fiquei em silêncio e meu avô rosnou alto no meu ouvido
apertando ainda mais o meu braço — Anda garoto, responde! Como você
quer fazer isso hoje, meu neto? Como quer acabar com a vida desse verme?
Dois soldados se aproximaram e colocaram o homem de joelhos na
minha frente. Seu olhos imploravam para que eu não o matasse e foi então
que ele começou a pedir por clemência.
— Fale para ele, meu neto, se como futuro chefe, você perdoa
traidores?
— Não dou clemência para quem me trai.
Um terceiro soldado entrou segurando uma foice. Meus olhos se
arregalaram antecipando o que iria acontecer e minhas mãos não pareciam
fortes o suficiente para fazer o que o meu avô me ordenou em seguida.
— Com a sua idade, eu já tinha ceifado várias vidas e cortar cabeças
era a que alimentava mais rápido o demônio que habita dentro de mim.
Eu não queria fazer isso. Não queria cortar a cabeça daquele homem.
Eu queria gritar que só tinha nove anos.
Porra! Só nove anos!
— Por favor, eu imploro por perdão! — O homem gritou — Pelo
menos poupe a minha família, porque minha esposa e minhas duas meninas
não tem culpa de nada.
— Você condenou a sua família à morte por traição! — Meu avô
gritou e olhou para mim, apertando ainda mais o meu braço, fincando suas
unhas e os fazendo sangrar.
— Faça o que um chefe deve fazer!
A foice era pesada e eu era só um menino, mas o meu avô começou a
falar sem parar, como que evocando todos os demônios. Meu corpo começou
a tremer, eu sabia que seria castigado se falhasse, e depois, mais cedo ou
mais tarde, teria que enfrentar essa cena novamente.
“Nasci para matar! Nasci para matar! Nasci para matar!”, foi o
mantra que comecei a repetir sem parar e então me aproximei do homem,
ergui os braços e algo escuro que urrava tomou conta de mim.
Eu estava escutando as vozes do demônio dentro da minha cabeça e
só queria que aquilo acabasse logo, e com uma força que não sei de onde
veio, cortei fora a cabeça daquele homem, despertando com o seu sangue
espirrando na minha cara e sabendo que tinha mais uma vez, alimentado o
monstro que se formava dentro de mim

◆◆◆

Resolvi passar na boate primeiro e acabei me esquecendo do tempo


enquanto tomava uma dose de whisky atrás da outra.
— Você bebeu demais, Ryan — meu tio falou. — Deveria ter matado
aqueles homens e pronto! Agora você declarou praticamente uma guerra
contra a Corsa.
— Cala a porra desta boca, antes que antecipe os meus planos sem
convocar uma reunião.
— Do que você está falando?
— Você vai saber, meu tio!
Tudo aquilo havia me deixado exausto e acabei indo para casa
bêbado, só queria chegar e me esquecer dos problemas e dessa comemoração
de Thanksgiving e Natal, que tinha tomado conta da cidade, e ficar em paz
na minha casa, com Sarah e a minha filha, Anne.
Assim que abri a porta da sala, luzes coloridas me cegaram, e foi só
dar mais alguns passos que já me deparei com uma enorme árvore de Natal.
Meu cérebro nem teve tempo de processar tudo que eu estava vendo,
já que todos os meus fantasmas do passado começaram a gritar dentro da
minha cabeça.
— Quem foi o infeliz que colocou toda essa porra na minha casa? —
Eu gritei fazendo tudo estremecer à minha volta.
Capítulo 22
Sarah Campbell

Ryan tinha viajado e eu me sentia perdida dentro daquela fortaleza enorme


sem ele. Se não fosse por Anne, eu teria voltado correndo para minha casa.
Nesse período, continuei indo à empresa de manhã, organizando todos os
relatórios dos clientes e analisando os novos projetos. Eu saía sempre por
volta das duas horas e ia buscar Anne na escola.
Aquela semana era Thanksgiving e eu amava o feriado de Ação de
Graças! Era tradição eu passar essa data com os meus pais, mas, nesse ano,
como eu estava com Ryan, não sabia se ele desejaria ir comigo ou se
chegaria a tempo do feriado.
Tudo estava diferente.
Eu estava diferente.
Ryan não é o CEO da Cooper, mas o rei do submundo americano e
eu sou a sua namorada.
Uma pessoa normal correria dele, mas eu, ao contrário, mergulhei de
cabeça nesse relacionamento. Eu não sei mais quem eu sou, ou se
simplesmente, estou tendo coragem de ser quem sempre fui. Não tenho
medo da vida que ele leva, pelo contrário, isso me excita!
Muitas vezes finjo ser indiferente, falo que não quero saber de nada,
que não quero me envolver, mas a verdade é que quero muito conhecer esse
outro lado dele em ação.
Às vezes me pergunto se seria capaz de estar ao seu lado na máfia e
me assusto com a resposta que vem lá do fundo da minha alma.
Eu pesquisei sobre a máfia e o papel da mulher nessa sociedade é
abaixo do chão. Elas são submissas, resignadas, caladas, obedientes e vivem
para servir os seus maridos quando eles precisam de alívio.
Porra! Vão para o inferno, eles e essas leis deles de que as mulheres
nasceram para servi-los.
Nunca aceitaria isso calada! Na verdade, não aceitaria de forma
alguma.
Se eu ficar com Ryan, vou revolucionar essa porra toda! Ri dos meus
próprios pensamentos, porque nem bem namoro o cara e já quero mudar
toda uma Instituição machista e sanguinária dele.
Ele não me dava notícias e eu não queria ficar ligando, porque
imaginava como essa outra vida dele devia ser estressante. Então, para
passar o tempo, resolvi ir com Anne ao shopping comprar uma decoração de
Natal.
— Anne, hoje nós vamos comprar uma árvore de Natal, luzes e
enfeites para deixar a casa bem linda!
— Meu pai nunca comprou árvores de Natal.
— Nunca? Vocês não enfeitam a casa?
Nossa! Ryan tinha uma filha de cinco anos com quem ele nunca tinha
parado para enfeitar a casa? Claro que não! Ele é mafioso, o que eu podia
esperar dele além de comprar armas e drogas para traficar?
— Pois neste ano, vamos comprar uma árvore de Natal bem linda e
fazer um jantar de Ação de Graças.
Passamos a tarde no shopping fazendo nossas compras e voltamos
cheias de sacolas para casa. Aquela semana com Anne estava sendo muito
especial, porque estávamos nos conhecendo mais, e eu descobri que ela fazia
aulas de ballet, mas ninguém ia às suas apresentações. Dali em diante, decidi
que iria a todas.
“Finalmente estou voltando para casa, meu amor e estou com
saudade de você todinha”, Ryan escreveu, dando notícias.
“Você chega hoje?”
“Amanhã, e acredite, não vou querer desgrudar de você!”
Como Ryan chegaria bem no Dia de Ação de Graças, chamei Anne
para decorar nossa árvore de Natal. Na manhã seguinte, acordei cedo e me
ocupei com os preparativos do nosso jantar comemorativo. Expliquei para
minha mãe que não teria como ir para lá e ela ficou arrasada. Mas eu não
poderia viajar e deixar Anne sozinha esperando o pai. Eu estava acostumada
a comemorar aquela data com toda a minha família, mas, dessa vez, estaria
com meus dois amores e seria perfeito também.
Anne estava muito feliz com tudo que tínhamos preparado e foi me
ajudar a arrumar a mesa para o jantar, que ficou muito linda. Nós duas
tomamos um banho e nos arrumamos para esperar Ryan. Enquanto Anne
ficou brincando no quarto, fui fazer uma maquiagem, porque queria estar
linda quando ele chegasse de viagem.
As horas foram passando, anoiteceu e nada do Ryan chegar. Como
ele não estava atendendo ao celular, imaginei que estivesse em uma reunião
de última hora sobre os assuntos da sua viagem, até escutar um barulho forte
vindo da sala e descer correndo assustada.
— Que palhaçada é essa na minha casa? Quem foi que deu permissão
para enfeitarem tudo? — Ryan perguntou aos berros enquanto desligava as
luzes da árvore de Natal.
— Fui eu que decorei a casa. Eu queria te fazer uma surpresa...
— Pode ter certeza de que você fez uma surpresa. Uma surpresa bem
desagradável. Onde está Joana? Ela permitiu que você fizesse isso tudo? Ela
sabe que eu não gosto de nada disso.
— Eu não sabia que tinha que pedir autorização para ela e acho que
não ficou muito claro para Joana, que a sua namorada, que mora com você,
não podia cozinhar ou enfeitar a casa para o Natal — respondi e senti as
lágrimas descendo pelo meu rosto.
— Você vai desmontar essa porcaria toda...
— Não é porcaria, seu idiota, é uma decoração de Natal. Hoje é Ação
de Graças e eu queria comemorar com você e com Anne.
— Nunca mais modifique ou enfeite nada na minha casa. Você pode
fazer isso na sua, mas não na minha.
— Chega! Eu só estou aqui na sua casa — falei, gritando e socando o
peito dele —, porque você insistiu, por causa dessa droga de vida que você
tem. Mas, se você quer saber, prefiro ser perseguida pelos seus inimigos a
ficar mais um segundo neste lugar, seu mafioso babaca.
Após dizer isso, enxuguei minhas lágrimas, peguei um sobretudo,
coloquei por cima do meu vestido de seda e me encaminhei em direção à
rua, e a única coisa que eu estava levando comigo era o meu celular.
— Sarah, espera, você não pode sair assim pelas ruas, não
terminamos nossa conversa.
— Que conversa, seu otário! Você falou sozinho, ou melhor, gritou
como um louco. Presta atenção, Ryan Cooper, eu sei que você nasceu numa
sociedade onde as mulheres têm que pedir permissão até para respirar, só
que eu, meu querido, não sou uma delas. Enfia nessa sua cabeça, que comigo
você não grita e muito menos dá ordens. Quer desmontar a decoração? Faça
sozinho! Aproveita e enfia as luzes no seu rabo.
— Você ficou louca?
— Eu posso estar doida por falar assim com você, mas que saber,
foda-se se você quiser me matar, porque prefiro morrer a não falar tudo que
eu penso.
— Eu não vou te matar! Só não gostei dessa decoração que você fez
na minha casa.
— Exatamente, sua casa, que você insistiu para eu vir morar e que só
por isso deveria ser um pouco minha, já que estávamos juntos, mas burra fui
eu por pensar assim, porque claro que na sua cabeça eu seria um enfeite
como as mulheres da sua Instituição, ou quem sabe, sua amante, já que eu
pesquisei, me informei e descobri que não podemos ficar juntos.
— Odeio o Natal! — Ele falou enquanto arrancava as luzes das
tomadas e quase derrubou a árvore de Natal. Ryan parecia transtornado,
porque do nada se jogou no sofá e cobriu o rosto.
Eu não sei o que aconteceu com ele para ficar assim por causa de
uma decoração de Natal, mas também não me importei, só queria voltar para
minha casa.
Fazia muito frio e eu estava de chinelo, não quis subir nem para
calçar um sapato. Não sabia se tremia de frio ou de nervoso e tudo que eu
conseguia fazer era chorar de ódio. Quando finalmente atravessei o portão,
depois de gritar para que ninguém viesse atrás de mim, porque aquele povo
era chato com isso de fazer a minha segurança, só parei de andar, uns dez
minutos depois e chamei um Uber.
Assim que cheguei na minha antiga casa, entrei e achei que não teria
ninguém por conta do feriado, mas Alice e Nina ainda estavam se arrumando
para ir jantar com as suas famílias.
— O que aconteceu? Você está tremendo? — Nina perguntou,
abraçando-me.
Eu me deitei na minha cama e parecia que iria congelar.
— Estava frio demais na rua e não pensei nisso quando saí andando
feito doida daquele inferno.
Alice encheu a banheira com água quente e me fez ficar dentro dela
para me aquecer.
— Sarah, o que aconteceu? — Alice perguntou.
Eu não conseguia falar, só tremia e me sentia muito mal. Nina disse
que eu estava com febre e me deu um remédio.
Nesse instante, meu celular começou a tocar, e Alice disse que era
Ryan. Quando falei que não queria atender, ela confirmou o que já pensava,
de que ele tinha feito alguma coisa comigo.
— Escuta aqui, Ryan Cooper, eu não sei o que você fez com a Sarah
para ela não querer falar com você, mas, assim que eu descobrir, você vai se
arrepender de ter nascido e cruzado o caminho da minha amiga — ela falou,
gritando e desligou o celular.
Naquela noite, percebi que os laços que me uniam ao Ryan não eram
indestrutíveis como eu sempre acreditei.

◆◆◆

Durante toda a madrugada, tive febre alta e nos meus delírios, acabei
chamando Ryan de Al Capone. Então, quando a febre baixou, Nina e Alice
mencionaram o apelido estranho que eu tinha dado para o meu namorado e
como já suspeitavam que existia algo de muito podre nessa história toda,
disseram que não desistiriam até saber de toda a verdade.
No dia seguinte, enquanto a América aproveitava o Black Friday,
acordei com muita febre e sem forças para nada. Alice e Nina ficaram
comigo o tempo todo e contei tudo que tinha acontecido na noite anterior na
casa de Ryan.
— Eu não acredito. Foi tudo por causa de uma árvore de Natal? —
Alice perguntou, em choque. — Ele deve usar drogas, amiga, ou precisa de
tratamento, porque é doido!
— Ele é uma pessoa muito estranha com relação a tudo que se refere
à família.
— E com relação a datas comemorativas também — Nina falou.
— Ele chegou em casa depois de beber muito e de uma semana
estressante. Mas eu não vou desculpar Ryan por tudo que me falou. Nada
justifica o que ele fez, não depois de tudo.
— Eu disse que estava cedo para vocês irem morar juntos — Alice
opinou — e eu estava certa! Olha o estrago que ele fez com você!
​ Vocês duas são as pessoas em que eu confiaria a minha vida e por isso

preciso contar algo para vocês que ninguém pode saber e que eu jamais
dividiria com outras pessoas, já que não é um segredo meu. Mas vocês me
fizeram algumas perguntas durante a madrugada e eu não sei exatamente o
que falei enquanto estava delirando por causa da febre. Por um lado, sei que
preciso responder, só que, por outro, temo por ser algo que, de verdade, seria
melhor que vocês nem soubessem, porque pode ser perigoso.
​— Sarah, estamos no mesmo barco e já deu para perceber que tem algo
muito estranho com o tal Senhor Cooper — Nina afirmou — Ou você acha
que nós duas vimos como algo normal o cara deixar um segurança aqui em
casa nos protegendo? Isso não pode ser só uma particularidade de um
milionário excêntrico.
​— Vocês se lembram do tal cara que estava nos seguindo e do que tentou
me arrastar no shopping? Eles são inimigos do Ryan e queriam me pegar
para atingi-lo.
​— Como assim? — Alice perguntou. — Por acaso, o seu Paraíso Hot é
algum mafioso?
​— Não, Alice, ele não é um mafioso qualquer, e sim o Capo Ryan De
Lucca Cooper, o Chefe da Máfia de Los Angeles, ou Máfia Cooper, tanto
faz! Ah, ele também é o Capo dos Capos do território americano, sendo
subordinado apenas a Cosa Nostra, a máfia siciliana.
— O Chefe da Máfia Americana? Tipo gangster, assassino? — Alice
perguntou com cara de espanto.
— Sim, uma espécie de rei do submundo.
— E Jordan?
— Um soldado da máfia.
— Uau! As garotas superpoderosas na máfia. Amei isso!
​— Eu não queria envolver vocês nisso. Na verdade, agora não faz
diferença, porque eu e Ryan terminamos.
​— Sarah Campbell, presta muita atenção, nunca mais esconda nada das
suas amigas, porque, mesmo sendo algo tão grave, nunca sairemos do teu
lado. Se precisasse, entraria na máfia com você, mas não te deixaria sozinha
— Alice falou. — Somos amigas para tudo nessa vida!
— Eu não sou tão expansiva como Alice, mas, acredite, eu também
iria nessa com você até o fim.
No meio de tanta dor e decepção, saber que eu tinha as melhores
amigas do mundo me confortava.
Nesse instante, a campainha tocou e Alice foi até a sala para ver
quem era. Não demorou muito para que eu escutasse a voz do Ryan.
— Eu preciso ver a Sarah — Ryan falou tão alto que escutamos do
quarto. Com certeza, Alice não queria deixá-lo passar e ele não queria
aceitar isso.
— Ela está com febre, seu infeliz, e por sua causa! Como que você
deixa minha amiga assim por causa de uma árvore de Natal? Qual o seu
problema? Trauma com o Papai Noel? Ele te deu um carvão porque você
não se comportou?
— Você não sabe nada da porcaria da minha vida.
— Sarah, me escute, por favor, me perdoe! — Ryan falou, entrando
no meu quarto.
— Ryan, eu estou com febre e me sentindo mal. Por favor, vá
embora, e quando eu melhorar, nós conversamos. Agora eu não quero te ver,
nem te escutar.
— Pede para o Jordan trazer as coisas dela que estão na sua casa —
Nina disse. — E vai embora, Ryan. Esse não é o melhor momento para
vocês conversarem.
— Sarah, só me escuta.
— Agora não!
— Quando?
— Não sei! Quando eu quiser te deixo saber. Mas tem uma
condição...
— O que você quiser.
— Te envio a condição por mensagem. Agora vai!
Alice foi empurrando-o para fora do meu quarto e eles ficaram
discutindo na sala antes dele ir embora.
Os dias foram passando e aos poucos fui melhorando da pneumonia
que eu peguei na noite de Ação de Graças.
Além de ter estado doente, eu passava os dias pensando em tudo que
tinha acontecido e aquela mágoa só crescia no meu coração. Eu queria muito
saber de verdade o que desencadeou aquela reação em Ryan, já estava
cansada de tantos segredos.
Ele me contou sobre a sua vida no crime, mas com certeza para se
tornar um chefe, ele passou por uma iniciação e pelo que eu li, são coisas
pesadas, torturas em nível hard, e os que vão comandar, como ele, parece
que começam a matar ainda crianças.
Alice disse que Ryan ligava todos os dias para ela para saber notícias
minhas, mas ela sempre dizia a mesma coisa, que eu estava de repouso,
melhorando e não queria falar com ele.
Ryan tentava falar comigo todos os dias e eu o ignorava. Mas vendo
meu celular tocar agora, decidi que ia ouvi-lo e atendi a ligação.
— Eu não aguento mais viver sem você! Me perdoe, por favor! Volta
para mim!
— Não posso aceitar o seu pedido de perdão, não agora! Preciso
pensar, porque ficar com você não é algo tão simples, implica mudar a
minha vida toda e eu não sei ainda o que te responder. Por favor, entenda que
eu preciso de um tempo. Eu te recebi de coração aberto na minha vida e você
me expulsou da sua naquela noite. E além do mais, eu não sei o que seria
esse voltar para você, Ryan, porque não podemos ficar juntos.
— Eu declaro guerra se você me quiser.
— Não quero nada disso, só refletir sobre tudo o que aconteceu.
— Eu vou viajar e ficar alguns dias fora! Quando eu voltar, te dou
uma resposta!
Assim que eu terminei de falar com Ryan, coloquei algumas roupas
em uma mala, e mandei uma mensagem no grupo das superpoderosas
avisando que estava indo para o aeroporto.
“Eu vou viajar. Preciso de um tempo longe daqui para organizar as
minhas ideias. Estou indo para Vancouver passar uns dias na casa dos meus
pais.”
“Vai ser bom para você.” Alice respondeu. Eu também já fui logo
mandando uma mensagem avisando aos meus pais que estava indo visitá-
los, depois voltei para nosso grupo.
“Eu preciso tomar uma decisão! Ryan não é um namorado com quem
eu possa brigar e depois voltar que fica tudo em paz! Nunca vai ficar tudo
bem entre nós se eu estiver ao lado dele, porque vou viver sob ameaça e toda
vez que ele sair não saberei se vai voltar, se vão invadir nossa casa e tantas
outras coisas.”
“Eu entendo, Sarah, é uma decisão difícil, porque você vai ser a
mulher do chefe e assim como ele, terá que representar para todo mundo.”
Foi Alice quem me respondeu primeiro.
“Essa conversa é tão errada! O certo era eu sumir e não o ver nunca
mais.”
“Certo para quem? O que é certo e errado? Até onde devemos ir por
amor? São tantas questões, mas quer saber, não decida por regras impostas, e
sim seguindo aquilo que vai te fazer feliz.” Dessa vez foi a Nina que tentou
me consolar.
“Existe felicidade neste mundo do Ryan? Um mundo de morte, de
sangue, de uma luta incansável por poder?” Eu quis saber.
“Depende de quem vai viver essa vida, minha amiga!” Alice falou.
“Eu não consigo olhar para o Jordan como um bandido, e sim como alguém
que nos protege. Logo, o certo vai depender do lado que nós estamos.”
“Por falar em Jordan, não deixem que ele vá atrás de mim, porque já
disse para ele que vou viajar sozinha.”
Alice mandou vários emojis sorrindo. Desde que nos conhecemos,
nós já sabíamos que éramos diferentes, meio avessa às regras, mas daí a
fazer parte do submundo era outra história.
Eu me sentia culpada, por ter envolvido as minhas amigas nessa
história, mas a verdade é que eu estaria do lado delas se fosse o contrário,
porque sempre fomos uma por todas e todas por uma, e sempre será assim.
Capítulo 23
Ryan Cooper

Sarah saiu pela porta, e eu fiquei olhando aqueles enfeites estúpidos.


Depois apaguei as luzes insuportáveis daquela árvore gigante e subi para o
meu quarto. Não tive ideia de quanto tempo dormi, só sabia que quando
acordei, ela não estava ao meu lado.
Então me levantei, desci as escadas e encontrei tudo escuro. Acendi
as luzes e vi a árvore de Natal apagada. Não tinha sido um sonho, a casa
estava toda enfeitada e Sarah realmente havia me deixado. Nesse instante,
comecei a chamar por Joana, que veio apressada saber o que estava
acontecendo.
— Onde está Sarah? — perguntei, nervoso. — O que eu fiz? Joana, o
que foi que eu fiz? Ela não voltou?
— O senhor quer mesmo que eu conte? — Joana me perguntou com
medo, e quanto mais ela falava, pior eu me sentia. — Sarah passou a semana
fazendo planos para as festas de fim de ano. Ela decorou a árvore com Anne
e as duas passaram o dia todo de ontem preparando o jantar de Ação de
Graças. Achei que o senhor sabia e tinha concordado. Vocês três pareciam
uma família!
— Nós somos uma família! — gritei. — Droga! Odeio essa data e
você sabe muito bem o motivo. Mas não quero que Sarah saiba disso
também. Essa herança maldita de família já é carga demais para ela, que não
precisa saber dos meus traumas.
Eu confiava muito em Joana. Ela trabalhava para a minha família
desde a época em que os meus pais eram vivos. Começou como minha babá
e depois passou a cuidar da administração da casa como governanta.
— Por que o senhor não conta como seu pai morreu? Sarah não tem
ideia do que aconteceu, por isso não entende a sua reação a respeito da
decoração.
— Já basta tudo o que ela já sabe sobre a Instituição, não quero que
ela tenha medo de que aconteça o mesmo comigo e me deixe — falei, só que
na verdade, ela já tinha me deixado. — Vou atrás dela e trazê-la de volta,
mas nunca contarei que meu pai levou um tiro na minha frente, caiu em cima
dos presentes em volta da árvore de Natal e morreu — eu disse, cobrindo o
rosto e tentando apagar aquelas imagens todas da minha mente.
Felizmente, Joana estava comigo na noite em que a tragédia
aconteceu. Foi ela quem se escondeu comigo no armário que tinha na sala,
enquanto a gente escutava a troca de tiros. O alvo era o meu pai, sucessor do
meu avô. Invadiram nossa festa de Natal e acabaram com ele. Eu tinha
apenas cinco anos, a mesma idade da minha filha.
— E Anne? Onde ela está?
— Ela ficou chorando e procurando pela Sarah, sem entender por que
vocês não fariam a refeição mais juntos — Joana explicou e fez uma pausa,
depois continuou falando. — Senhor Cooper, sem querer, eu disse que Sarah
se sentiu mal e foi ao médico, mas que já iria voltar e Anne agora está
pensando que ela vai morrer.
— Mais essa agora! — exclamei. — Depois vou resolver isso
também! A culpa é toda minha, que bebi demais e quando vi aquela árvore
acesa, me senti como naquela noite dos horrores.
— Até hoje eu penso muito sobre aquela noite de Natal e acho tudo
muito estranho — Joana falou e minha atenção se voltou para ela.
— O que você quer dizer com isso?
— Aqueles homens sabiam o que estavam fazendo. Chegaram mais
cedo, antes dos convidados, quando só estavam vocês três na casa, e só
atiraram no seu pai, o que na nossa sociedade não é o comum. Pelo certo,
teriam matado todos nós, e não só o seu pai, Senhor Cooper.
— Nós estávamos escondidos, Joana.
— Nós sim, mas a Senhora Beatrice, a sua mãe, não!
Com certeza, alguém tinha vendido o meu pai, assim como estavam
fazendo comigo nesse momento, tentando me tomar tudo. Só então me dei
conta disso. Eu era pequeno e quis apagar aquele dia da mente, mas
certamente investigaria o que havia acontecido naquela noite de Natal que
tinha terminado com a morte do meu pai.
Ao encerrar o assunto com Joana, liguei para Sarah e quem atendeu
foi Alice, que me disse que ela estava com febre por causa do frio que
passou na rua na noite anterior, afirmando que ela não queria falar comigo e
pedindo para eu desaparecer.
Tomei um banho e fui correndo atrás de Sarah, eu precisava muito
conversar e saber se ela estava bem, e pessoalmente seria melhor.
— Ah, é você? — Alice perguntou com cara de desdém quando abriu
a porta.
— Eu quero falar com a Sarah.
— Escuta aqui, seu maluco da árvore de Natal, a Sarah chegou aqui
em casa batendo queixo e tremendo de frio ontem à noite. Ela teve febre a
noite inteira, com certeza vai ter uma pneumonia e tudo por sua culpa!
Portanto, suma daqui!
— Ela está doente? Eu preciso ver a minha mulher!
— Ela não é a sua mulher, é sua ex-namorada, e só para você ficar
ligado, vai ser viúva se você aprontar mais uma! — ela falou me ameaçando,
mas eu não dei confiança.
Apesar de suas palavras, passei por Alice e fui ver Sarah, porque
ninguém me impediria de conversar com ela. Quando abri a porta do seu
quarto, ela estava deitada, abatida, com o rosto pálido e tudo por minha
culpa.
Eu me preocupava tanto com a segurança dela, com o fato de que os
meus inimigos a fizessem mal, mas, no final, fui eu quem a destruí.
Ela, por sua vez, não quis me escutar, pediu que eu fosse embora e
disse que depois me procuraria. Ainda fez uma promessa de que me
mandaria uma mensagem e eu sabia que Sarah tinha palavra, já eu, sempre
estragava tudo.
— Melhor você ir agora que ela está com febre alta. Antes de pegar o
Uber, ela ficou andando de casaco e de chinelo pelas ruas nesse frio que está
fazendo. E não precisa ficar com essa cara pelo que ela falou, porque Sarah
delirou de madrugada falando sobre máfia e hoje cedo nos contou tudo. Você
não merece, mas seu segredo está guardado comigo e Alice. Agora saia
daqui, Ryan Cooper! — Nina disse enquanto Alice entrava no quarto.
— Mas o Jordan fica aqui com a gente mesmo que vocês terminem,
afinal você nos colocou na máfia, e o mínimo que pode fazer é deixar o seu
soldado aqui com a gente — Alice falou — Ah, e agora você pode ir embora
como a Nina pediu.
— É claro que o Jordan vai ficar aqui com vocês — respondi. —
Posso te ligar para saber notícias dela? — perguntei arrasado quando deixei
o quarto de Sarah.
— Pode, sim, mas vou te dar um aviso — ela falou, com o dedo na
minha cara quando chegamos à sala. — Você vai respeitar o tempo que
Sarah te pediu. Vai esperar a mensagem dela sobre fazer sei lá o que como
condição, se você quiser um dia que ela volte a olhar na sua cara. Eu só não
pedi para o Jordan te colocar para fora...
— Porque eu pago o salário dele!
— Não, seu idiota, porque sei que você ama a Sarah. Eu vi como
você olhou para ela no quarto, se sentindo culpado — ela afirmou e parou de
falar, começando de novo. — E você é o culpado mesmo! Agora, se você
fizer a minha amiga sofrer assim de novo ou a perturbar enquanto ela não
quiser falar com você, saiba que não vou pensar duas vezes antes de dar uma
bolsada na sua cara e pode perguntar para os seus inimigos como é o peso da
minha mão.
— Já entendi! — falei, levantando as mãos. — Você não quer
trabalhar para mim? — perguntei, rindo.
— Se for um cargo de chefia a gente pode conversar depois. Agora
some daqui — ela disse e voltou para o quarto. A tal da Alice com certeza
era louca!
Antes de ir embora, pedi ao Jordan para não sair de perto da Sarah e
ficar na casa cuidando de tudo.
— Vigie Sarah, e eu vou mandar outros seguranças para ficarem aqui
sob o seu comando.
— Sim, senhor.
— Do jeito que essa tal de Alice falou, eu nem sei por que ainda
precisei te pedir para não sair daqui — falei e balancei a cabeça rindo e
entrando no meu carro.
Voltei para casa, e no caminho recebi uma mensagem de Sarah.
“Ryan, você é um péssimo pai. Quero que isso mude. Se você quer
que eu volte a falar com você, vai ter que mudar. Não digo deixar a máfia,
porque você seria morto, o que com certeza eu não quero que aconteça. Você
vai ter que parar de esconder os seus traumas e problemas e ser um pai
presente, mesmo sendo um Chefe da Máfia. Vai resolver esses seus negócios
e cuidar da sua empresa, porque você não está cumprindo nenhuma das duas
funções bem, nem a de Al Capone e nem a de CEO. Tente ser melhor
mesmo sendo quem você é e tenha em mente que quando voltarmos a nos
encontrar, se eu decidir por essa opção, vou querer conhecer o seu submundo
e saber de verdade quem é o homem por quem me apaixonei. Se cuida,
Capo! E não me procure. Eu te aviso quando quiser conversar com você!”
Eu vou mudar e ter a minha família unida outra vez, falei comigo
mesmo.
No dia seguinte, cheguei à empresa no meu primeiro dia como novo
Ryan. Eu era frio e fechado na máfia, mas, como CEO e como pai, não
precisava ser tão carrancudo e ignorante.
— Bom dia, Lauren! Preciso que você separe todos os relatórios das
reuniões e adiante todos os meus clientes para os próximos três dias, porque
vou me ausentar por uma semana — pedi assim que estava chegando a
Cooper. — Convoque também uma reunião com a diretoria e assuma
temporariamente as funções da Senhorita Campbell, que está doente, até que
ela possa regressar ao trabalho.
— Sim, senhor, vou providenciar tudo — Lauren falou e me chamou
quando eu já estava indo para minha sala. — Senhor Cooper, me desculpe,
mas o que aconteceu com a Sarah?
— Ela está com pneumonia — respondi e notei que ela continuava
me olhando. — Mas, em breve, ela vai estar de volta.
Nesse momento, sorri para Lauren, que estava preocupada com Sarah
e pensei que a verdade era que ela estava doente por minha causa. Passei três
dias intensos na Cooper, mas consegui organizar tudo para viajar.
Em casa, com tudo pronto para viagem, fui me despedir da minha
filha.
— Anne, o papai vai viajar por alguns dias quando eu voltar, seremos
só eu e você. Vamos fazer um monte de coisas juntos, tá bom?
— Por quê? — ela perguntou, e me dei conta de que Sarah tinha
razão, eu era um péssimo pai. Minha filha nem sabia por que faríamos
atividades juntos.
— Porque somos pai e filha — expliquei, tocando em seu rostinho.
— Minha princesa, pais e filhos fazem muitas coisas juntos.
— Eu quero a Sarah — ela falou, chorando.
— Filha, vai demorar para a Sarah voltar, mas até lá você vai
pensando e me fala tudo que você quer que a gente faça juntos, pode ser?
— Não, eu quero a Sarah.
— O papai não serve até ela voltar?
— Você pode fazer tudo que eu fazia com a Sarah? — Anne
perguntou e parecia mais filha da Sarah do que minha. As duas tinham a
mesma teimosia e o nariz empinado na hora de me dar ordens.
— Claro que sim! Quando eu voltar, vou fazer tudo que a Sarah fazia
com você! — falei sem saber o que Sarah fazia, mas não deveria ser mais
difícil do que o meu trabalho.
Então segui viagem para várias cidades e fechei muitos acordos. Não
pude deixar de notar como a minha presença constante estava irritando o
meu tio, que gostava de fingir que era o Capo.
Neste período viajando tivemos mais três emboscadas e eu estava
presente em uma delas. Quando os homens entraram atirando, fui mais
rápido que eles e dessa vez não atirei para mandar recado, pois estava de
mau humor e só queria matar quem me irritasse.
— Senhor Cooper, tem alguém da sua confiança entregando nossas
rotas — Matthew falou enquanto dirigia do aeroporto para minha casa.
— Eu também já pensei nisso, porque eles sempre têm a localização
precisa dos nossos galpões. Você pensa que eu sou o alvo das emboscadas?
— Com toda a certeza, já que foram exatamente no galpão onde o
senhor estava e não levaram um caminhão para transportar o que roubassem.
Matthew tinha razão, eu estava correndo perigo. Alguém queria me
eliminar e ficar com tudo. Resolvi comentar isso com meu tio ao ligar para
ele, mas ele achou que não havia passado de coincidência e que eu não tinha
que ficar pensando nisso e sim nos ótimos acordos que fechamos.
Sinceramente, não fiquei convencido com as palavras dele e ficaria mais
atento até descobrir o traidor.
Por fim, retornei para casa, e tudo que queria era passar mais tempo
com Anne.
— Joana, onde está Anne?
— No quarto, Senhor Cooper. Ela está toda animada porque amanhã
o senhor vai levá-la à escola e ao ballet.
— Eu vou fazer isso? — perguntei sem entender.
— O senhor não disse que faria tudo que ela e a Senhorita Campbell
faziam juntas?
— Sarah fazia isso?
— Durante todos os dias em que o senhor esteve viajando. Ela
acordava mais cedo e as duas faziam o café da manhã. Depois a Sarah
deixava a menina na escola, ia trabalhar e saía mais cedo para não se atrasar
na hora da saída de Anne. Nos dias do ballet, ela levava a menina e ficava
assistindo-a dançar.
Ao ouvir tudo isso, percebi que eu tinha a mulher mais perfeita do
mundo e a havia jogado fora por causa dos meus traumas.
— Boa noite, Joana. Amanhã vou fazer isso que você me falou com
Anne. Até que enfim alguma coisa fácil na minha vida.

◆◆◆

Ainda estava tudo escuro quando escutei a voz de Anne, que falava e
pulava na minha cama.
— Acorda, pai! A gente tem que fazer panqueca.
— O quê? Que horas são? — perguntei, pegando meu celular. —
Meu Deus! São seis horas, Anne!
— Mas a gente tem que fazer as panquecas antes da escola — ela
disse, puxando-me para levantar.
Fizemos as panquecas, porém a cozinha ficou uma bagunça. Então
me sentei e já estava cochilando quando Anne acabou de comer.
— Vocês duas faziam panquecas todos os dias?
— Não, cada dia era uma coisa diferente.
Seria melhor se eu não tivesse perguntado.
— Vamos, papai! Você tem que me levar para a escola!
Seguimos para a escola e quando chegamos, ela disse que eu tinha
que levá-la até a porta da sala de aula. Então me dei conta de que nunca
tinha visto a professora da minha filha ou falado com ela.
— Sarah está melhor, Senhor Cooper? Anne disse que ela está doente
e que por isso o pai a traria para a escola.
— Ela está melhorando — respondi e me dei conta de que Sarah, em
tão pouco tempo, havia estado mais presente na vida da minha filha do que
eu em todo esse tempo morando com ela.
Em seguida, fui para a Cooper trabalhar e saí mais cedo para buscar
Anne na escola e levá-la para o ballet. Ainda cansado, quase dormi
assistindo àquela aula, mas Anne sorria toda hora para mim, e isso me
despertava.
Quando chegamos em casa, eu estava indo para o meu quarto quando
Anne falou que eu ainda tinha que dançar com ela.
— Sarah dançava com você?
— Ela dava um monte de piruetas.
Não acreditei que, além de tudo, tinha que ficar fazendo um tal de
pliê e várias piruetas. Eu estava muito enganado, cuidar de Anne dava mais
trabalho que a Cooper e a Máfia juntas.
Antes de dormir, fui fazer umas anotações no meu escritório e
chamei Matthew para me ajudar.
— Precisamos descobrir quem é esse traidor, antes que ele acabe
comigo.
— Nós, vamos descobrir, Senhor Cooper.
Capítulo 24
Sarah Campbell

​A viagem até Vancouver parecia uma eternidade, já que eu não conseguia


dormir e ficava o tempo todo pensando no que tinha acontecido entre mim e
Ryan.
​Assim que consegui desembarcar, peguei meu celular para pedir um
carro pelo aplicativo e escutei uma voz familiar me chamando.
​— Sarah, minha princesa, quanto tempo! Eu e sua mãe ficamos muito
felizes quando vimos a sua mensagem avisando que viria nos visitar.
— Oi, pai! Nunca deixaria de visitar vocês, mas a correria do dia a
dia faz a gente perder a noção do tempo. Não pude vir no Thanksgiving,
então vim agora ver vocês! — falei enquanto abraçava o meu pai. — Eu não
sabia que você viria me buscar e estava chamando um carro.
​— Reagendei os clientes que eu atenderia hoje para vir te buscar e
passarmos o dia juntos. Vamos logo, que sua mãe está aguardando e curiosa
para saber tudo sobre o seu novo trabalho e o seu namorado.
​— Nós estamos brigados e eu não sei se vamos voltar a ficar juntos!
​— Isso explica essa carinha tão abatida! — meu pai falou enquanto
entrávamos no carro.
O meu pai era advogado e trabalhava para uma empresa que havia
trocado a sua sede para o Canadá. Foi por isso que eles tinham se mudado da
Califórnia para Vancouver. Eu amava essa cidade e sempre que podia vinha
visitá-los e aproveitava para turistar. No entanto, dessa vez, preferi ficar em
casa, debaixo das cobertas e olhando a neve cair pela janela. Se eu desse a
sorte de isso acontecer nesse ano, ficaria feliz, já que no ano passado choveu
mais do que nevou.
Assim que cheguei à casa dos meus pais, minha mãe veio correndo
me abraçar e dizer que eu estava muito magra. Coisa de mãe, que sempre
acha que o filho só fica bem enquanto está em casa, debaixo da sua proteção.

​ Como você está, minha filha? Você conseguiu licença do trabalho em



tão pouco tempo na empresa!
​— Sim, eu estou de licença e não se preocupe que eu não perdi o meu
emprego — falei, sabendo que era nisso que a minha mão estava pensando,
já que, do nada, apareci na casa deles no meio da semana como quem não
tinha nada mais para fazer.
Após conversarmos um pouco, fui tomar um banho, e minha mãe
disse que o quarto de hóspedes estava arrumado e que eles me aguardariam
para jantarmos. Respirei fundo quando fiquei sozinha, separei uma roupa
para depois do banho e liguei o chuveiro com a água bem quente. Nessa
hora, o vapor do banheiro me fez lembrar os banhos deliciosos que eu
tomava com Ryan.
Mesmo com as lembranças, eu estava ferida pela atitude repentina e
agressiva de Ryan, mas a verdade é que também precisava de um tempo para
digerir tudo que significava ficar com ele e fazer parte da sua vida.
​Desci logo após o banho e sorri quando vi a mesa com queijos e vinhos
que a minha mãe preparou para a minha chegada.
​— Então, minha filha, qual o nome do seu namorado? — ela perguntou.
— Seu pai disse que vocês estão brigados, mas algo me diz que ele mexeu
muito com você e que essa briga é o motivo de você ter vindo buscar o colo
dos seus pais.
​— Cooper, Ryan Cooper!
​— O seu chefe?
​— Sim, o meu chefe e não me julguem, porque simplesmente aconteceu.
​Eu contei tudo que era possível, para os meus pais, e minha mãe, em vez
de ter pena de mim, ficou com dó do Ryan.
​— Coitado desse rapaz! Ele deve ter um trauma muito grande das
comemorações de fim de ano para ter tido uma reação tão negativa à
presença de uma árvore de Natal.
​No jantar, o vinho me deixou relaxada e depois de atualizarmos nossos
assuntos, pedi licença e fui para o meu quarto dormir.
​Eu já estava quase pegando no sono quando o meu pai bateu à porta do
meu quarto e pediu para falar comigo.
​— Sarah, eu não quis falar na frente da sua mãe, mas, como advogado,
escuto e sei de muitas coisas. Por trás do CEO da Cooper, existem muitas
histórias escusas, e eu me preocupo com você envolvida com esse homem.
​— Boatos meu pai, porque eu convivi com Ryan e posso te garantir que
ele vive para a empresa e sua filha.
— Você tem certeza?
— Claro que sim, as pessoas falam demais!
​Então meu pai deu um beijo na minha testa e me deixou sozinha. Eu não
sei se ele acreditou em mim, ou se continuaria suspeitando de Ryan, mas fiz
a minha parte de não falar nada e os deixar longe desta história.
​Será que eles teriam como ficar longe de tudo isso, caso eu me
envolvesse seriamente com Ryan Cooper?

◆◆◆

​Desci as escadas para tomar um copo d'água e estranhei a casa estar toda
escura. Fui caminhando devagar até a cozinha e quando acendi a luz, levei
um susto e dei um grito quando vi Luigi de Lucca em pé na minha cozinha.
​— Calma! Eu vim a mando do meu sobrinho, o Capo…
​— Eu sei muito bem quem é o seu sobrinho, mas o que eu quero saber é
o que o senhor está fazendo aqui na casa dos meus pais?
​— Você já respondeu! Você sabe demais, e quem entra na máfia não sai
livremente por aí para contar histórias.
​Após Luigi falar, escutei gritos no andar de cima e corri até o quarto dos
meus pais com o meu coração disparado. Assim que abri a porta, vi os dois
deitados na cama, com suas cabeças cortadas e a roupa de cama branca com
uma enorme mancha de sangue vermelho-escarlate.
​Na mesma hora, um ódio cresceu dentro de mim, e eu desci enfurecida.
Em seguida, peguei uma faca enorme que estava na cozinha e sem pensar
duas vezes, furei o peito de Luigi De Lucca. À medida que o seu sangue
espirrava no meu rosto, mas eu me sentia vingada.
Eu despertei apavorada e comecei a chorar incontrolavelmente
quando me lembrei dos meus pais mortos. Em minha mente veio a voz da
minha mãe me pedindo para ficar calma e dizendo que era só um pesadelo.
Adormeci e quando acordei o sol já estava alto. Tudo estava bem!
Aquilo realmente não havia passado de um pesadelo, essa história está me
deixando muito sobrecarregada mentalmente.

◆◆◆

​Passei o resto do dia pensando no pesadelo que tive e se aquela seria a


minha reação contra alguém da máfia, caso fizesse mal a quem eu amo.
​Por um momento, abri o computador e comecei a pesquisar mais sobre a
máfia e os relatos eram assustadores, porém, nenhum deles me intimidava a
ponto de esquecer aquilo tudo para sempre.
Existiam muitas regras no estatuto dessa sociedade secreta, e pelas
suas leis, as mulheres tinham a função praticamente de procriar. Os homens
podiam ter amantes, e suas esposas tinham o dever de não contrariar o
marido. Porém, filhos bastardos eram proibidos, pois o lar deveria ser
conservado e os casamentos eram indissolúveis, a menos que a mulher
traísse o marido. Nesse caso, elas eram jogadas nos clubes como prostitutas,
assim como aquelas que não se guardassem puras para o casamento, sendo
este sempre arranjado como forma de alianças.
​Os mafiosos eram completamente pré-históricos, mas eu jamais me
curvaria a qualquer uma dessas regras machistas. Eu realmente precisaria
pensar muito, porque, só com o que li sobre eles, pude ter uma ideia do
preconceito que enfrentaria por não ser filha da máfia. Aliás, provavelmente,
só me engoliram, ou não, porque Ryan mandava em tudo.
​E minha doce Anne? Uma filha bastarda da máfia, que nunca seria aceita
por eles. Saber que Ryan estava com ela em sua casa, me fez sentir orgulho
dele, que com certeza enfrentou a todos para que isso pudesse acontecer.
​Continuei fazendo pesquisas no decorrer da semana e dividindo as
minhas descobertas com Nina e Alice no nosso grupo de bate-papo.
​“Esses dias aqui me fizeram muito bem. Acho que já está na hora de
voltar e retomar a minha vida, o meu trabalho. Desde que vim para cá, não
falei mais com Ryan e vai ver ele até já me superou.”
“​ Duvido!”, Alice falou. “A prova disso é que Jordan continua aqui na
nossa casa para provar que Ryan Cooper não morreu!”
​No dia seguinte, decidi voltar para casa e enfrentar a minha vida. Não
poderia me esconder para sempre, muito menos continuar lutando contra a
minha essência, mesmo que ela me mostrasse que não era uma princesa de
contos de fada, e sim alguém que podia ser bem letal, como no meu sonho.
Meu pai quando se despediu disse que confiava em mim e que se eu
voltasse a namorar o Ryan, fazia questão de conhecê-lo. Já minha mãe me
disse que relacionamentos nem sempre eram fáceis, mas se o amor fosse
verdadeiro, tudo acabava se encaixando perfeitamente.
Amor verdadeiro que supera tudo! Será que o meu e o do Ryan seria
mais forte do que tudo que pode nos separar?
Certo ou errado, continuar ou esquecer, razão ou coração? Qual seria
a minha decisão?
Capítulo 25
Sarah Campbell

Depois de uma semana na casa dos meus pais, eu estava desembarcando


em Los Angeles quando meu celular vibrou com uma mensagem de Ryan.
“Eu sei que nada no mundo justifica o que eu fiz. Mas por favor, me
perdoe. Essa foi a única data, Natal, em que eu tinha os meus pais comigo.
Depois que meu pai morreu, minha família acabou... Família... eu nunca tive
família, só umas lembranças que guardei e fazia de conta que eram felizes.
Não gosto dessas datas, nunca tive o que comemorar. Me perdoa!”
Meu celular vibrou de novo e dessa vez era uma foto da nossa árvore
de Natal com as luzes acesas.
“Depois que você foi embora, Anne ficou muito triste e teve até
febre. Perguntei o que eu poderia fazer para ela se sentir melhor e ela disse
que tinha que fazer tudo o que você fazia com ela.”
Minha princesinha! Como eu sentia falta dela! Meu celular vibrou
com outra foto e agora era Ryan no fogão, fazendo panqueca com Anne nos
braços.
“Agora eu faço café da manhã para ela, nos sentamos para comer no
jardim junto às bonecas, antes que eu precise ir trabalhar ou de ter que matar
algum inimigo. Anne todo dia fala que a sua panqueca é mais gostosa.”
Comecei a rir sozinha, eu era muito doida em achar normal namorar
alguém que sai para matar depois do café da manhã.
Ryan enviou uma foto nova, ele e Anne na aula de ballet.
“Agora sou eu quem a levo ao ballet, como você fazia, tenho que
ficar assistindo e depois dançar com ela. É verdade que você ficava
dançando ballet com ela?”
“Não!”
“Sarah, ela me faz ficar dando pirueta e dançando na ponta do pé.”
“Disso você não tem foto?”
“Não.”
“A casa está do jeito que você deixou e todas as noites eu acendo as
luzes da árvore de Natal.”
Ao ler isso, confesso que me emocionei.
“E, por fim, quero te pedir perdão de novo, dizer que te amo, que vou
comemorar todas as datas que você desejar, e nós vamos enfeitar a casa toda.
Se quiser, eu me visto até de Papai Noel na noite de Natal e canto Jingle
Bells, mas volta para mim, por favor!”
“Eu não quero voltar para sua casa.”
“Não vai ser minha casa. Vai ser nossa casa. Você quer se casar
comigo e ser a Senhora Cooper?”
Ryan estava me pedindo em casamento? Meu coração disparou!
“Eu prometo pensar na sua proposta, mas com algumas condições.”
“Mais condições? Certo. O que você quiser.”
“Eu vou querer ver você dançando ballet e dando pirueta.”
“Nunca.”
“Não pretendo me mudar antes de me casar.”
“Não estou gostando dessas condições.”
“No Natal, você não precisa se vestir de Papai Noel, mas vai usar
pijamas iguais ao meu e ao da Anne.”
“Você já comprou isso, não comprou? Esses pijamas?”
“Comprei junto com a decoração de Natal!”
“Aceito tudo, menos não dormir com você até o casamento.”
“Eu disse que não iria me mudar e não que vou deixar de ir à sua
casa. Quanto a dormir, hummm... isso não faz parte dos meus planos.”
Assim que eu entrei em casa, comecei a chamar Alice e Nina para
contar a novidade.
— Ele te pediu em casamento?
— Pediu, Alice. Olha o anel! — falei, mostrando a foto no celular.
— Nina! Corre aqui para saber da novidade! — Alice gritou. — O
mimimi da árvore de Natal rendeu um pedido de casamento. Estamos de
frente para a futura Senhora Cooper, a Rainha da Máfia!
— Fala baixo, doida — pedi e comecei a rir.
— Pensa em como seria nós três de preto no estilo mafiosas — Alice
brincou. — Lutando, atirando...
— Alice! Você tem noção de que nós não seríamos As Panteras
lutando contra o crime? — Nina perguntou.
— Claro que sim, seríamos as Meninas Super Poderosas da Máfia,
muito mais original que As Panteras, que já teve até remake.
Continuamos a rir, mas depois nos sentamos para conversar sobre o
assunto seriamente.
Mais tarde, fui para a casa de Ryan e assim que nossos olhos se
encontraram, eu tive a certeza de que só seria feliz ao lado dele, porém, após
semanas separadas, o que eu mais queria era abraçar Anne.
— Sarah, você voltou? Já ficou boa? Você vai morrer?
— Não, meu amor, eu já estou boa — Anne me abraçou tão forte que
parecia estar com medo de me perder.
Enquanto ela foi buscar as bonecas novas para assistirem à
apresentação de ballet dela e do pai, eu aproveitei para conversar com Ryan.
— Por que Anne pensou que eu ia morrer?
— No dia em que você foi embora por causa da minha ignorância,
ela correu para te procurar e quando não te encontrou não conseguiu
entender o porquê de você não ficar para o jantar, disse que vocês
compraram roupa igual e tinham combinado passar a noite juntas, aí Joana
falou que você tinha se sentido mal e ido ao médico.
— E como eu não voltei, ela achou que eu fosse morrer como a mãe
dela e a avó..., mas será que essa casa só funciona comigo?
— Por isso, você tem que ser a Senhora Cooper!
— Só por isso?
— Não! Eu estava morrendo de saudades — Ryan falou, abraçando-
me, mas eu o afastei.
— Nada disso — eu disse. — Primeiro quero ver se você aprendeu
mesmo a dançar ballet.
Nessa hora, Ryan fechou a cara, mesmo assim, não escapou da
apresentação que ele e Anne fizeram para mim e umas dez bonecas
coloridas. Depois de muita brincadeira, Anne dormiu segurando nossas mãos
e fomos para o quarto de Ryan, que já entrou comigo no colo dele.
— Será que a minha noiva tem alguma ideia do que foi ficar sem ela
esse tempo todo?
— Não imagino! Mas, da minha parte, posso te garantir que o meu
outro Ryan não chega nem perto do meu noivo.
— Que outro Ryan? — ele perguntou, colocando-me na cama e se
deitando em cima de mim.
— Meu vibrador.
— Você tem um vibrador?
— Claro, ele se chama Ryan.
— Pois pode jogar essa porcaria fora — ele disse, irritado.
— Eu já estava com saudade dessa sua braveza toda, meu Chefe do
submundo — falei, puxando-o para mim e dando um beijo nele.
— Minha vida não é fácil — ele afirmou. — Meus inimigos tentando
me matar, minha filha que me faz dançar ballet e minha mulher que dá meu
nome para um vibrador.
— Como assim estão tentando te matar?
— Depois nós conversamos sobre isso, porque agora eu só quero que
você esqueça esse seu vibrador e lembre que tem um homem que não te
deixa faltar nada.
— Primeiro precisamos conversar, senhor Cooper. Eu não quero
voltar como um enfeite e sim como a sua companheira. Preciso e quero
conhecer o seu outro lado, como mafioso. Quero conhecer o galpão, saber
como tudo funciona e até te ver em ação.
— Você ficou doida?
— Doida eu estaria se aceitasse entrar nessa vida sem estar preparada
para ela. Neste tempo que ficamos afastados, fiz aula de tiro, junto com
Alice e Nina, e estamos treinando defesa pessoal com Jordan.
— Como eu não fiquei sabendo disso?
— Matthew cuidou de tudo e disse que eu aprendo tudo muito
rápido. Você não saber de nada era uma condição para que nós voltássemos,
afinal eu também preciso ter pessoas que eu confie em qualquer situação,
ainda mais quando você estiver fora.
— Matthew agiu pelas minhas costas?
— Não, ele agiu a seu favor, já que se não me ajudasse eu não
voltaria para você, que aparentemente estava morrendo sem me ter ao seu
lado.
— Eu estava mesmo, mas não gostei de saber que você estava
fazendo essas coisas com os meus homens sem eu saber.
— Se me quiser vai ser desse jeito, Ryan Cooper, como sua
companheira e não como esposa troféu, é pegar ou largar!
— Eu pego! — Ele falou me jogando na cama e começando a tirar a
minha roupa.
— Ótimo, agora me fode com força!
— Seu desejo é uma ordem, minha Rainha.
Nosso beijo é cheio de saudade, reivindicação, amor e tesão. Ryan
me envolve em seus braços, e lágrimas escorrem livremente pelo meu rosto.
Com ele eu me sinto forte até para chorar, o que eu sempre achei que era
fraqueza. Me emociono quando ele lambe as minhas lágrimas salgadas e
vejo água em seus olhos.
Estamos nos quebrando por inteiro para ficarmos juntos. Ele vai
enfrentar o seu mundo para estar comigo. Eu vou quebrar todos os conceitos
e regras do meu mundo para ficar com ele.
Nosso beijo ganha força com a nossa coragem em nos despirmos de
quem fomos, para seguirmos em frente juntos.
Minhas mãos deslizam pelo seu rosto e depois por todo o seu corpo,
para me certificar de que não estou sonhando e que estou realmente me
entregando ao homem da minha vida.
— Eu sabia que você era o homem da minha vida na primeira vez
que senti o seu toque.
— Eu sabia que você seria a minha mulher na primeira vez que senti
o seu cheiro.
Nos abraçamos e ficamos nus, expostos, nos admirando por um
tempo, reivindicando cada um a posse do outro com o olhar.
Dois dominadores no jogo da vida, dois submissos no amor!
— Sarah, eu te juro lealdade, proteção, cumplicidade, entrega e amor.
— Ryan, eu te juro lealdade, proteção, cumplicidade, entrega e amor.
Não precisávamos de uma cerimônia tradicional para selarmos nossa
relação. Nos casaríamos porque faz parte da nossa sociedade, tradicional e
da máfia, mas nossa verdadeira união, estávamos selando entre quatro
paredes, com nossos votos e na nossa intimidade.
Suas mãos deslizam pelo meu rosto, passando pelo meu pescoço, até
que ele segura firme os meus seios e os chupa, mordiscando de leve os meus
mamilos para me provocar. Ele sabe como eu gosto disso, e minha boceta
lateja pedindo por atenção! Ryan, então, aperta as minhas coxas e seu
polegar provoca o meu clitóris me fazendo gemer alto e sentir espasmos pelo
meu corpo.
— Me fode logo, Ryan Cooper!
— Sempre dando ordens, né?
— E me entregando ao mesmo tempo, como uma boa puta querendo
o pau do seu macho.
— Eu gosto de te ver assim, implorando para ser fodida.
— Por favor, me fode!
Não temos pudor quando estamos juntos. Não temos vergonha de
querer mais um do outro. Nos humilhamos, mendigamos, imploramos para
gozarmos e sentir tudo que um pode dar ao outro.
Somos cúmplices! Na vida, no amor, no sexo, na máfia!
Eu arranho as suas costas, os seus braços e aperto a sua bunda,
deslizando a minha mão pelo seu quadril e chegando até o seu pau que está
latejando, ansiando pela minha mão que o segura firme, e inicia uma
masturbação.
Ryan enfia dois dedos dentro da minha boceta, estocando forte e nós
gememos juntos, nos masturbando e dando prazer um ao outro. Sensações
múltiplas tomam conta dos nossos corpos, e não desgrudamos o olhar um do
outro, até que as minhas pernas começam a tremer e eu acelero o movimento
de vai e vem no seu pau, para que ele possa gozar comigo. Ele enfia o
terceiro dedo na minha boceta, enquanto seu polegar brinca com o meu
clitóris.
— Goza junto com o seu homem, Sarah.
— Junto com você. Sou toda sua, Ryan Cooper!
Como eu senti saudade de escutar essa ordem vindo dele para me
libertar. Sinto sua porra lambuzando a minha mão, ao mesmo tempo que ele
urra de prazer, e eu grito o seu nome, gozando forte no meu mafioso.
— Eu amo ser seu homem! — Ele fala enquanto lambe a minha
boceta para sentir o meu gosto.
— Eu amo ser sua mulher! — Eu falo chupando os meus dedos
lambuzados da sua porra.

◆◆◆

Eu e Ryan, depois de várias rodadas de sexo intenso, nos sentamos na


cama, com nossos corpos melados, e nossos cheiros misturados e
conversamos sobre vários pontos da nossa futura vida, e concordamos que a
principal coisa será a honestidade que sempre teremos um com o outro.
Nosso sexo é perfeito, mas não seremos só um casal que divide a
cama. Nós vamos dividir nossas vidas, e por mais que algo pareça bobo, ou
muito grave, deverá ser dividido, e nunca vamos esconder algo um do outro.
Nosso relacionamento será fundamentado nas nossas leis e não na
que os outros fizeram e todos repetem. Seremos leais acima de qualquer
coisa, sinceros mesmo que a verdade machuque o outro, entregues por
completo as necessidades um do outro e tudo que for chegando de novo nas
nossas vidas, iremos compartilhar e adicionar ao nosso acordo.
— Essa segunda chance que estamos nos dando Ryan, só vai nos
fortalecer ainda mais como casal. O que passou, ficou para trás. A Sarah que
você conheceu se despiu das regras e convenções, se assumiu, e está pronta
para estar ao seu lado em qualquer situação.
— Seja bem-vinda ao meu mundo, minha Rainha.
Por fim, Ryan se deitou e colocou a minha cabeça recostada no seu
peito, fazendo carinho no meu cabelo e brincando com o biquinho
intumescido do meu seio. Mas, eu não conseguia esquecer suas palavras
mais cedo, as quais afirmaram que um inimigo estava tentando tirar sua
vida. Nessa hora, meu coração ficou apertado e um instinto de proteção
invadiu a minha alma.
Alguém queria destruir a minha família e eu não deixaria isso
acontecer.
— Por você, pela nossa família e pelos nossos interesses, sou capaz
de matar e de morrer, Ryan Cooper!
— Preciso avisar as pessoas do meu mundo para tomarem cuidado
com a futura Senhora Cooper, porque algo me diz que você vai dar trabalho
ao submundo.
— Não tenha dúvidas disso, mas, por enquanto, só quero dar trabalho
para você, senhor Cooper! — Eu falei me sentando no seu colo, e
começando o meu esporte favorito, de cavalgar no seu pau.
Capítulo 26
Ryan Cooper

O dia começa com o barulho dos carros estacionando no meu jardim. Todos
os chefes do território americano foram convocados para uma reunião que
com certeza seria difícil, porém, eu não tinha nenhuma intenção de ceder um
milímetro na minha decisão.
Eu sei que muitos vão se rebelar, gritar, declarar oposição, pedir a
minha cabeça, e para os controlar e fazer com que se curvem a minha
vontade, usarei o conselho de Giuseppe De Lucca, o meu avó, que chegou na
América com o seu pai ainda criança, que o viu fundar cada cassino, tomar
territórios e fazer nas terras do Tio Sam a maior máfia aliada da Cosa Nostra.
Ele me ensinou que a minha palavra deveria ser a lei por aqui e
nunca hesitei em colocar isso em prática, mas hoje serei mais territorialista
do que nunca, um verdadeiro ditador.
Eu devo respeito a Cosa Nostra, mas não sou obrigado a ceder
quando se refere a minha vida particular. Se fosse uma ação da Instituição,
ou se fôssemos perder dinheiro, eu faria como Dante ordenasse, afinal, existe
uma hierarquia, que sempre deve ser respeitada.
Falando em Dante, ele disse tudo que eu enfrentaria, mas não disse
que eu não poderia me casar com Sarah, apenas que seria minha
responsabilidade resolver tudo e garantir minha permanência como líder do
território americano.
Eu me olho no espelho, confiro o nó da minha gravata, fecho o meu
paletó e deixo o meu quarto, passando pelo corredor, hoje repleto de
seguranças, e dou as últimas ordens, antes de descer para o salão de
reuniões.
Olho o meu celular, leio uma mensagem que Sarah me enviou e
sorrio, confirmando que ela é única, e com certeza é a mulher certa para
mim.
“Boa reunião, meu Capo! Não hesite em arrancar algumas cabeças,
só garanta que não se aproximem da minha Anne e nem permita que
estraguem o nosso casamento.”
Eu sacudo a cabeça para afastar o pensamento em que a minha
própria noiva atira em todos que se opõem a ela, como uma líder nata da
máfia. Meu amor e fetiches estão indo longe demais! Uma mulher
comandando a máfia! Só nos meus loucos devaneios para algo assim
acontecer!
​Matthew abre a porta da sala de reuniões para que eu possa entrar, e
segue atrás de mim. Todos os líderes se levantaram e eu os cumprimentei
apenas com um aceno de leve com a cabeça.
​Vou até a mesa de bebidas, pego a minha garrafa de whisky e levo até a
minha mesa, onde sirvo a bebida de líquido âmbar no meu copo. Então, sem
perder o contato visual com todos que continuam de pé, bebo tudo de uma só
vez, deixando o copo que bato na mesa vazio, enquanto o líquido desce
rasgando pela minha garganta.
​Em seguida, pego a minha Glock e a coloco em cima da mesa, ao lado
do copo que torno a encher, e me sento, fazendo sinal para que todos se
sentem, para começarmos a reunião. É impossível não notar o desconforto
de todos, por eu ter colocado a arma sobre a mesa, dando um sinal claro de
que minha vontade seria a última palavra de todas e que eu não mediria
esforços para que ela se cumprisse.
​— Bom dia, senhores! Todos servidos de whisky e com seus charutos
acesos, então podemos começar a reunião.
​Eles erguem os copos, brindando por mais um encontro entre os chefes.
Todos fingimos que estamos confortáveis e não em alerta para qualquer
movimento em falso em torno da mesa. Somos aliados e inimigos ao mesmo
tempo, já que todos querem o mesmo a qualquer preço, dinheiro e poder. O
que impede uma rebelião, é a força e o número de soldados que cada um têm
para entrar numa guerra. No meu caso, tenho o suficiente para aniquilar
todos juntos, por isso sou o Capo e tenho o respeito de todos.
​— Serei breve, senhores, porque todos temos muitas coisas para
resolvermos, carregamentos para serem recebidos, mercadorias para
despacharmos e muito dinheiro para ganharmos e enchermos os nossos
bolsos.
​Falei a palavra mágica: Dinheiro! E todos na mesa deram uma
gargalhada e concordaram comigo, erguendo os seus copos.
​ Essa reunião é para informar a todos que irei me casar.

​Um silêncio tomou conta do ambiente, para em seguida começar um
falatório, onde todos se entreolharam querendo saber quem tinha fechado um
acordo comigo. O medo de que a filha de um deles tivesse sido escolhida,
aumentando o poder de algum território, deixou todos aflitos e discutindo
uns com os outros.
​— Não vou me casar com a filha de nenhum dos senhores presentes
nessa sala de reuniões. Na verdade, não irei me casar com uma mulher da
Instituição.
​— Não entendi, Capo Cooper! — Um dos homens presentes falou e
todos os olhares se voltaram para mim, aguardando uma explicação.
​— O que o senhor não entendeu exatamente? Eu não vou me casar com
uma mulher da nossa sociedade, em outras palavras, não me casarei com
uma filha da máfia.
​— Isso não é permitido! Temos filhas esperando por esse momento de
serem escolhidas pelo Capo — Um Chefe falou enquanto os outros se
remexiam nervosos nas cadeiras.
​— Não sejam ridículos, porque elas não estão esperando por isso, mas
sim os senhores, que querem ter mais poder sendo meus genros.
​— Precisamos de alianças e o casamento tem esse objetivo!
​— Eu sei disso, e será sempre assim, mas, como o meu avô, que casou a
minha mãe com um homem comum, com objetivos que na época ele não
disse quais eram, eu farei o mesmo. Não vou abrir mão da minha filha,
senhores, e já deixei isso claro no último encontro, se eu me casar com a
filha de um dos senhores, com certeza terei problemas e acabarei tendo que
ficar viúvo, sendo assim, me casarei com alguém de fora, mas que não se
sente intimidada com a nossa sociedade.
​— E se não concordarmos? — Alguns falaram ao mesmo tempo.
​— Quem não concordar, se levante agora e se retire, sabendo que assim
que o fizer, será automaticamente considerado meu inimigo. Matthew, por
favor, abra a porta para quem quiser deixar essa reunião.
​Meu homem de confiança abriu a porta e eu fiquei aguardando, mas
como eu previa, ninguém se levantou ou falou mais alguma coisa, apenas
começaram a tragar nervosos os seus charutos.
​— Nunca deixei de dar prioridade aos assuntos da “famiglia”. Temos um
território forte e punimos todos que se colocam no nosso caminho. Os
senhores têm os cofres cheios de dinheiro, porque carrego essa máfia com
punhos fortes, mesmo que muitos pensem que sou um playboy americano.
Minha esposa ficará no comando da minha empresa, o que vai valorizar
ainda mais a Cooper Entrerprise, já que está na moda mulheres CEO, e isso é
visto como modernidade. Já eu, senhores, ficarei na Instituição em tempo
integral, pretendo com essa imagem positiva na mídia, de ter uma mulher
CEO da Cooper, me lançar no futuro como candidato ao Senado, como o
meu outro avô, e facilitar ainda mais a nossa vida neste país. Eu fui criado
para transitar nos dois mundos, e assim o farei.

Flashback

​ u estava no meu quarto terminando de vestir o uniforme da escola e


E
tudo que eu pensava é que por algumas horas ficaria longe do inferno da
minha casa e da vida que eu levava.
​Desci com a minha mochila nas costas e meu avô me esperava na sala
para me acompanhar no meu primeiro dia de aula.
​— Ficou acordado com o seu pai, e vou cumprir, que você estudaria fora
e não em casa como os outros filhos da máfia. Quero que você transite nos
dois mundos! Esses eram os nossos planos. Você vai estudar, se relacionar,
viver em sociedade, mas, ao mesmo tempo, continuará sua iniciação e
preparação para ser o Chefe. Não quero que você seja limitado ao nosso
mundo, e sim, que amplie os horizontes, se forme, tenha uma profissão, uma
empresa e seja conhecido como um CEO, um homem de respeito, que
inspire confiança, e assim, possa facilmente esconder sua verdadeira face.
Foi a época em que mafiosos poderiam se limitar aos negócios da
Instituição, no início foi assim, mas o futuro está em nossas mãos. Como
saber tudo que eles pensam, suas leis, suas regras, sendo criado entre quatro
paredes? Hoje você deixa as aulas particulares e vai para o mundo, mas
lembrando sempre que o seu verdadeiro lar será sempre a Instituição.
​— Sim, senhor.
​— Você sabe que…
​— Quem nasce na máfia, morre na máfia.

◆◆◆
​Essa sempre foi a vontade do meu avô, que eu tivesse uma empresa, uma
boa imagem e no futuro fosse não só o seu substituto, mas também o do meu
avô paterno, no senado. Claro, que não me casar com uma filha da máfia
devia estar fora dos seus planos, mas ele não está aqui, morreu depois de
foder a minha mente desde os meus cinco anos, então, pelo menos isso farei
da minha maneira.
​— O velho De Lucca, o meu avô, era um homem de visão e já tinha meu
futuro traçado muito antes do meu nascimento, quando casou a sua herdeira,
minha mãe, com o filho de um senador da república. Ele queria o seu
sucessor forte nos dois mundos.
​Não é diferente com os irmãos Cosa Nostra, que se apresentam como
donos de um vinhedo, e o velho Mikhailov, o demônio da Bratva, que
recentemente estava na foto de inauguração de sua empresa de bebidas
alcoólicas, ao lado do seu único filho, que deve ter uns vinte anos e que com
certeza vai se esconder, no futuro, atrás da imagem de CEO, enquanto se
prepara para assumir o seu lugar de chefe da nossa maior inimiga, a máfia
russa.
​— O fato do meu casamento não ser com a filha de um dos nossos, não
abre precedentes, tendo em vista que isso já era algo planejado pelo meu
avô.
​— Nós não tínhamos ideia disso, Capo Cooper! — Bianchi, que era o
Capo do Colorado falou surpreso.
​— Meu avô tinha planos que só compartilhava comigo, o seu sucessor.
Ser um senador da república era um deles. Minha esposa é filha de um
advogado renomado no Canadá, que tem na sua lista de clientes, empresários
e políticos e isso será muito importante para me abrir várias portas.
​Eu passei as últimas semanas me preparando para essa reunião, buscando
brechas e Matthew investigou a família de Sarah, descobrindo que seu pai é
advogado e dono de um escritório com vários políticos na sua clientela. Não
foi difícil usar esse argumento para fingir porque escolhi Sarah e fazer com
que todos engolissem isso como mais uma manobra com um único objetivo,
que era o de sempre, ter cada vez mais poder!
​— Me caso depois das festas de final de ano e todos vocês receberão os
convites. Quem não comparecer, entenderei que está fora da Máfia Cooper,
que centraliza todas as máfias da Cosa Nostra em território americano.
​Encerrar sem dar tempo de falarem alguma coisa era outra estratégia que
aprendi com o meu avô, um ditador, que tinha sempre a última palavra.
​ Senhor Cooper e quem é a sua noiva? — Bianchi perguntou.

​— Vocês irão conhecê-la no dia do meu casamento.
​— Nesse caso, já que o Capo têm uma escolhida, eu penso que
poderíamos começar a pensar quem vai se casar com a sua herdeira, senhor,
a menina Anne — Bianchi, que parecia representar todos os presentes falou
e outro burburinho se espalhou no local.
​— Minha herdeira? Aquela que até a última reunião os senhores
chamavam de bastarda? Como não conseguiram me empurrar suas filhas, já
querem que eu feche um acordo para casar minha menina com o filho de um
dos senhores?
​— Sim, senhor! Meu filho tem vinte anos, não tem uma noiva ainda e
podemos negociar para daqui a alguns anos…
​— Eu tenho um filho também… — Outro chefe falou e todos pareciam
estar num leilão tentando vender os seus filhos.
​Eu me levantei, fechei o meu paletó, tomei um gole do meu whisky,
peguei a minha Glock e caminhei até a porta.
​— Espero os senhores e suas famílias no meu casamento. Foi um prazer
rever a todos e não ter precisado mandar ninguém para o outro lado.
​Todos ficaram sem reação, me vendo ir embora enquanto discutiam
quem seria o futuro marido de Anne. Eles continuariam assim por semanas,
meses, até anos se fosse preciso, tentando negociar essa aliança comigo,
porque de uma forma ou de outra sempre querem ganhar alguma vantagem.
​— Senhor Cooper, a primeira batalha o senhor ganhou, mas devemos
ficar atentos porque ao deixar essa casa, irão tramar para lhe tirar do poder
por estar se casando com a senhorita Campbell.
​— Eu sei disso, Matthew, e por isso vamos intimidar e até mandar para o
inferno quem participar desses complôs, sem clemência e piedade.
​— Já enviei mais homens nossos para todos os territórios, e eles vão
entender que isso é uma forma de mostrar que o senhor não está disposto a
ser contrariado.
​— Quando eu retornar da minha lua de mel, vou te levantar Sottocapo,
porque não tenho como continuar com o meu tio, ele é um incompetente,
enquanto você é o meu braço direito.
​— Independentemente da posição, o senhor sabe que pode sempre contar
comigo para tudo.
​— Eu sei disso, Matthew, e nunca esqueça de estender essa proteção para
a minha futura esposa e minha filha. Sempre que eu não estiver, tenha as
duas como prioridade.
​— Eu sempre estarei ao lado delas também, senhor Cooper!
​Matthew merece a promoção que eu o quero dar, assim como eu mereço
alguém que trabalhe comigo, no lugar de atrapalhar. Meu tio sempre esteve
ao meu lado, e quando minha mãe morreu, me apoiou, e desde criança me
dizia para vê-lo como o pai que eu não tinha, enquanto meu avô dizia para
que eu ficasse longe da sua fraqueza.
​Ele sempre foi um bom irmão, tratava minha mãe com carinho, coisa que
não vejo nas relações familiares da máfia, e só por isso tenho consideração
por ele e aguentei suas burrices, mas não posso mantê-lo como Sottocapo
agora que estou me casando com Sarah e vou atravessar uma fase de
hostilidade.
​“Minha futura esposa, reunião encerrada, casamento anunciado e devo
informá-la que agora você não tem mais escolha a não ser me dizer que SIM
no altar.”, escrevi para Sarah.
​“Nunca tive a intenção de dizer uma palavra diferente de SIM. Nos
vemos na empresa?”
​“Hoje não irei à empresa! Tenho negócios para resolver.”
​“Vou com você, quero conhecer seu outro trabalho.”
​Eu dei uma gargalhada quando li a mensagem da Sarah! Minha noiva no
galpão da minha máfia, só podia ser uma piada.
​Pouco tempo depois, meu celular tocou e vi que era Sarah numa
chamada de vídeo.
​— Ryan Cooper, eu estava falando sério quanto a conhecer o outro lado
da sua vida.
​— Nós podemos conversar uma outra hora? Agora eu realmente preciso
ir. Nos vemos à noite?
​— Não, nos vemos agora.
​— Sarah, as mulheres não vão no galpão, ou em qualquer ação da
Instituição.
​— Nunca?
​— Não, meu amor! As nossas mulheres ficam em casa cuidando dos
filhos, esperando os maridos chegarem…
​— Eu vou fingir que não escutei essa coisa machista que você falou.
​— A máfia é uma sociedade machista e já conversamos sobre isso.
​— Eu sei disso, e você falou que eu vou ficar na Cooper trabalhando na
diretoria e que vou ter meu lugar no mundo, e não ser uma esposa troféu…
​ Eu estou entrando numa guerra para me casar com você, não será

fácil, mas vamos ter que nos adaptar.
​— Ryan, eu quero conhecer o meu futuro marido. Eu entendo que as
mulheres da sua sociedade não participam das ações, negociações e tudo
mais, só que elas crescem neste meio, estão acostumadas, sabem o que
acontecem, eu não.
​— Muitas mulheres nunca presenciaram a violência, a não ser a que elas
sofrem em seus lares. Muitas veem os homens da família chegando feridos, e
isso é o mais perto da máfia que chegam, a não ser que estejam num local
que seja invadido, ou recebam uma bomba de presente.
​— Eu quero ver tudo!
​— Lá eu não sou o Ryan que você conhece e não acho…
— Eu não vou te julgar, mas quero…
— Você é muito teimosa! Coloque um jeans, camiseta básica, boné e
um casaco. Não quero que você distraia os meus soldados. Estou indo te
buscar!

◆◆◆

​Sarah não desistiria até que eu mostrasse a ela o outro lado da minha vida.
Ela não estava errada em querer saber o tamanho do problema que estava se
enfiando ficando comigo e esse era o meu medo. De que ele fosse grande
demais para ela suportar.
​Entramos juntos no galpão e foi inevitável os olhares de todos para a
minha noiva, que eles nunca tinham visto antes. Passamos pelo centro de
treinamento e ela ficou impressionada com a imensidão do lugar e as lutas
nos ringues.
​— As lutas são uma forma de treinarmos e liberarmos parte da
adrenalina constante que corre em nossas veias.
​— Compreendo. E aqui vocês treinam para matar os seus inimigos —
Ela falou entrando no centro de tiro ao alvo — Vocês usam munição de
verdade?
​— Sim, aqui é tudo real!
— Eu posso tentar?
​— Você quer atirar?
​— Sou boa nisso! Arrasei no meu curso e tenho até carteirinha do clube
de tiro. Posso usar a sua Glock?
​— Se você prometer não atirar no seu pé por engano — Eu falei e
entreguei a pistola e Sarah simplesmente disparou, sem nem colocar os
fones, acertando na cabeça de cinco bonecos.
​— Eu disse que era boa nisso, não precisa babar porque sua mulher é
maravilhosa, meu amor!
​Olhei para Matthew que sorriu para Sarah, mas não parecia surpreso, foi
então que me lembrei que ele sabia das aulas da minha noiva, e
provavelmente sabia do seu talento.
​— Eu quis vir aqui para que pudéssemos conversar — Ela falou entrando
na minha sala e Matthew antes de nos deixar sozinho, parabenizou Sarah
pelos tiros.
​— Nós podemos conversar na minha casa ou na sua, e até na empresa, se
você quiser, mas…
​— Lá você é o Ryan Cooper que eu já conheço e aqui você é o Capo sem
máscaras, nu e cru. É esse Ryan, que eu quero conhecer!
​— Você quer ver o meu lado obscuro? Por quê?
​— Quero entender como isso tudo funciona, só isso! Você faz tráfico de
armas e drogas, certo? E mulheres, essas que ficam presas em boates,
servindo como escravas sexuais?
​— Não faço tráfico humano, mas muitas máfias têm essa prática. No
passado, quando meu avô era o capo, acontecia esse tipo de comércio.
Quando Dante Cosa Nostra assumiu, resolveu que não tinha por que fazer
isso, uma vez que chama atenção para boates que vivem sendo invadidas. A
verdade é que tem muitas mulheres que querem se prostituir e não
precisamos traficar para ter quem trabalhe para a gente.
​— Suas boates têm prostituição?
​— Algumas sim, mas são clubes fechados.
​— E isso de que mulheres da máfia são jogadas nessas boates, isso é
verdade?
​— Sim, os homens quando devolvem as esposas, ou as que não se
casam, acabam indo parar nessas boates da “famiglia”.
​— E você concorda com isso?
​ Não, mas eu não posso mudar as nossas leis. Mas no que se refere a

mim, não faria isso, tanto que estou com Anne na minha casa.
​— Como assim?
​— Anne é uma filha bastarda da máfia! Não é fruto de um casamento e
por isso não poderia ser reconhecida, ou criada por mim.
— O que acontece com os bastardos?
— São enviados para longe, mortos, ninguém fala sobre isso. São
segredos que morrem com as pessoas envolvidas. Muitos acabam se
tornando soldados e acabam trabalhando para os seus pais, mas sem serem
considerados filhos.
— Amantes são permitidas, filhos bastardos não. Quanta hipocrisia!
— Sarah, eu não vivo numa sociedade justa com as mulheres e
mesmo não achando certo, me acostumei como algo normal. Não
interferimos na família dos outros! Cada homem é o chefe do seu lar, e como
ele trata a sua esposa e filhos, é problema deles, já que todos na sua casa
pertencem a ele.
— Você passou por uma iniciação?
— Sim, desde os meus cinco anos comecei o meu treinamento, que
me moldou num assassino que não tem piedade quando se trata de um
inimigo. E sim, eu mato e não tenho remorso, não me orgulho de sentir
prazer quando estou torturando um inimigo. Eu pareço um homem bom,
porque você me conheceu na empresa, em outro mundo, mas sou um
monstro e não vou esconder isso, já que está me fazendo um interrogatório.
— Quem diria, eu interrogando o Capo!
— Eu te amo, Sarah, mesmo tendo sido criado para não ter
sentimento por ninguém.
— Eu imagino, Ryan! Para matar e torturar, você não pode ser
coração, e sim ser frio e letal.
— Você não tem medo disso tudo que me envolve? Não fica
assustada?
— Não! Deveria, mas não fico! Eu não resolveria qualquer discussão
com um tiro, mas, se alguém me violentasse por exemplo, mataria sem dó e
sem piedade o meu inimigo.
— Já que você quer tanto me conhecer, e conhecer mais da máfia,
vou te levar onde ficam presos os nossos inimigos e veremos se você é tão
forte assim!
— Me testando, Capo Cooper? — Ela falou se levantando e eu
confesso que pensei que ela fosse dizer que isso seria demais e que não
suportaria.
Sarah conheceu a nossa prisão, sentiu cheiro de sangue, de carne
podre, viu pessoas mutiladas, sendo torturadas e não deu uma palavra, mas
também não saiu correndo ou desmaiou, como qualquer mulher faria, o que
realmente a tornava única!
— Ryan, eu só quero que você saiba que estou pronta para ser sua
esposa, que eu sempre vou estar ao seu lado, e que não tem nada que você
não possa dividir comigo. Serei a senhora Cooper, na empresa e na máfia.
Sua esposa e companheira, na vida e na guerra.
— Você é uma mulher surpreendente, futura senhora Cooper!
— Eu sei disso! — Ela falou rindo — Mas agora preciso ir, será que
o Matthew pode me levar? Anne tem aula de ballet hoje e você sabe que eu
não gosto de faltar.
Sarah consegue fazer todas as coisas ao mesmo tempo e cada uma
com um jeito de ser diferente. É como se ela tivesse várias personalidades
vivendo dentro dela, e o mais incrível, é que ela consegue ser perfeita de
todas as formas.
Assim que ela foi embora, tive que descer para interrogar um preso, e
à medida que ele não me falava o que eu queria ouvir, eu arranco seus dedos
fora. Me dava conta do monstro que habitava em mim e pensava se Sarah,
sem treinamento, também não tinha um dentro dela, que parecia querer se
alimentar, a arrastando para essa vida junto comigo.
De qualquer forma, isso não aconteceria, porque sua curiosidade
tinha sido sanada e ela assumiria um cargo importante na Cooper que a
manteria ocupada e longe da Instituição, que nunca aceitaria uma mulher
transitando livremente pelos galpões.
Capítulo 27
Sarah Campbell

As festas de fim ano serviram para as apresentações de família. Como meus


pais fizeram questão que fôssemos para sua casa, eu, Ryan e Anne viajamos
e ficamos uma semana com eles em Vancouver.
Meus pais se apaixonaram por Anne e já pareciam avós dela, fazendo
todas as suas vontades. Eles também gostaram muito do Ryan, que eu vi se
esforçar para sorrir para todos na noite de Natal.
— Obrigada por não desistir de mim!
​— Eu te amo, Ryan Cooper! E quero que você saiba que, quando aceitei
o seu pedido, foi com o pacote completo, incluindo sua vida na máfia. Eu
não posso me casar com você e ignorar o fato de que serei a esposa do Capo
Cooper e tudo que isso implica.
​Apesar de dispensar Ryan de se vestir de Papai Noel, fiz questão dos
pijamas natalinos para a primeira foto tradicional de Natal da nossa família.
No fim da noite, quando todos foram dormir, eu me sentei com ele em frente
à lareira e percebi seus olhos brilhando assim que lhe entreguei uma caneca
com chocolate quente e marshmallow.
— Eu lembro que a minha mãe fazia isso para mim no Natal quando
eu era pequeno — ele falou e ficou um tempo em silêncio. — Nunca mais
comemorei o Natal depois da morte do meu pai.
​— Você nunca me falou dos seus pais. Como eles faleceram?
​— Como se morre na máfia, assassinados. Eu não quero falar sobre isso
se você não se importar.
​— Tudo bem, meu amor! Se um dia você quiser me contar, vou estar
pronta para escutar.
​Nesse momento, Ryan me deu um beijo carinhoso e eu pude sentir o
amor que ele nutria por mim. Logo, esperava ter condições de estar sempre
ao lado dele e de ser forte para enfrentar a máfia e tudo que ela representasse
ao seu lado.
Quando voltamos de Los Angeles depois do Natal, começamos a
preparar tudo para o casamento e decidimos que nossa lua de mel seria em
Londres, já que Paris estava fora de cogitação devido à guerra entre a Máfia
Cooper e a Corsa.
Anne era a mais animada com a novidade e se deixasse,
ela experimentaria seu vestido de dama todos os dias até o nosso casamento,
que seria no dia quatro de janeiro, na primeira semana do ano novo, o ano
que mudaria para sempre a minha vida.

◆◆◆

No dia do casamento, o jardim da casa de Ryan estava lindo e todo


preparado para a cerimônia. Eu ficava olhando da janela às pessoas
chegando e não conhecia a maioria dos convidados. Alice e Nina, minhas
madrinhas, não saíram do meu lado e ficaram observando os comigo.
— Esse povo é todo da máfia? — Nina perguntou.
— São os Capos americanos subordinados à Cooper, que, por sua
vez, é subordinada à Cosa Nostra.
— A mídia sempre tenta ligar os irmãos Cosa Nostra a máfia, mas
nunca conseguem provar nada, e, até que se prove o contrário, sua fortuna
vem dos vinhedos de família, os quais produzem os melhores vinhos do
mundo — Alice falou. — Sempre vejo foto do Dante e Giancarlo Cosa
Nostra nos sites, já o irmão do meio, o tal do Lorenzo, parece ser avesso às
redes sociais.
— Alice, a expert na máfia! — exclamei, rindo.
— Não é todo dia que sua melhor amiga vai se tornar esposa de um
Capo. Eu me informei sobre essa sociedade secreta e criminosa.
— Essa Dante é quem manda em tudo e em todos. Ele e Ryan
tiveram uma longa discussão por causa do nosso casamento e ele disse que
era responsabilidade dele não permitir que o nosso casamento abrisse
precedentes.
— Precedentes, como outros desejarem se casar com mulheres sem o
sangue da máfia nas veias? — Nina perguntou.
— Sim, mas Ryan argumentou que foi assim com o seu pai, que
inclusive seria o Chefe se não tivesse morrido, e que isso seria como um
privilégio dos que fundaram a máfia em território americano, ou algo do
tipo.
— Eles impõem as leis, mas saem pela tangente por serem os líderes
— Eu falei pensando na hipocrisia que era isso.
— Alguma coisa eles tinham que ter em comum com a nossa
sociedade — Alice falou rindo.
Nessa hora, tivemos que parar de falar sobre a máfia, pois Anne
entrou no meu quarto para me mostrar que estava pronta.
— Mamãe, olha como eu estou linda! — ela me abraçou, e eu não
aguentei de tanta emoção. Anne passaria a ser minha filha, e eu a amava
muito. Duas noites atrás, eu conversei com o Ryan sobre assumir esse papel
na vida de Anne e ele concordou. Fizemos um chá de princesa para ela,
explicamos sobre a nossa união e eu perguntei a ela se gostaria de me
chamar de mãe a partir daquele momento. Seus olhinhos se encheram d’água
e ela me abraçou e me encheu de beijos enquanto me chamava de mamãe
toda feliz.
Em seguida, meu pai bateu à porta para avisar que estava na hora e
descemos as escadas de mãos dadas. Eu estava muito nervosa e ele disse que
seguraria o meu braço até me entregar para Ryan.
Assim que a primeira música tocou, pude ver minha menina entrando
e carregando as alianças. Ela estava tão linda e feliz!
Comecei a caminhar com meu pai ao meu lado e toda atenção dos
convidados estava voltada para mim. Respirei fundo e sorri, mas tinha a
sensação de que o altar que montamos no jardim não chegava nunca.
Foi então que vi Ryan com seu terno preto olhando para mim e me
lembrei de quando nos conhecemos no momento em que, segundo ele,
atropelei seu carro. Aquele foi o primeiro dia em que vi o meu Paraíso Hot,
que seria então o meu marido.
Caminhei confiante e sorrindo, sem tirar os olhos do amor da minha
vida nem por um segundo. Quando nos aproximamos, meu pai beijou a
minha testa, disse que me amava e entregou minha mão para o meu futuro
marido, Ryan Cooper.
​ música parou, todos os convidados se sentaram, e a cerimônia
A
começou.
Na hora dos votos, eu estava muito emocionada.
— Ryan, eu tenho muita sorte de ter conhecido você da forma mais
surreal possível, afinal, você me atropelou quando eu estava lendo um e-mail
da sua empresa. Aquelas coisas que a gente pensa que só acontecem nos
filmes e que eu chamo de destino. Com certeza, estava escrito que nós
seríamos um do outro, e pode ter certeza de que estarei sempre ao seu lado,
em qualquer situação, porque com você sou capaz de enfrentar qualquer
coisa. Com você, veio a nossa princesa Anne, ou seja, você me deu uma
família completa. Eu te amo muito e prometo estar sempre ao seu lado para
o que for preciso, em qualquer situação e do jeito que for, porque te amo
exatamente assim e não mudaria nada em você. Talvez eu mudasse um
pouquinho o seu ciúme (todos riram nesse momento), mas até com isso já
aprendi a lidar. Te amo muito, meu amor, e obrigada por me amar tanto
também — assim terminei os meus votos, e Ryan começou os dele.
— Meu amor, você chegou e trouxe luz para minha vida. Eu me
sentia sozinho, e você preencheu todos os espaços vazios. Você aceitou a
minha filha no instante em que a conheceu e conseguiu ser mais presente
nesse pouco tempo do que eu fui desde que a trouxe para esta casa. Hoje sei
que a nossa filha vai estar sempre segura, porque você é a melhor mãe que
ela poderia ter. Sarah, você é única! Você é sensível, amorosa, forte,
determinada, compreensiva, companheira, mandona e teimosa — ele falou, e
eu revirei meus olhos, fazendo todos rirem. — E eu te amo muito. Você me
aceitou do jeito que eu sou e só eu sei quanto isso é uma tarefa difícil. Muito
obrigado por ter aceitado dividir a sua vida comigo. Eu te amo!
Todos aplaudiram e o juiz nos apresentou, logo depois, como Senhor
e Senhora Cooper. Quando estávamos nos beijando, sentimos que alguém
abraçava nossas pernas. Ryan pegou Anne no colo, e nós três nos abraçamos.
— Sei que nós dois damos trabalho, mas nós te amamos, Senhora
Cooper — Ryan falou e me deu um beijo.
— Você me dá trabalho, meu amor, a Anne não — eu disse e pisquei
para ela.
— Já entendi, vão ser as duas contra mim! — ele brincou, fazendo
aquele biquinho que eu amava.
Depois de enfrentar a enorme fila de convidados e de perceber que as
esposas dos tais Capos me olhavam desconfiadas por eu não ser da
Instituição, corri para brindar com as minhas amigas, Alice e Nina.
— Quando você conseguiu o emprego na Cooper, nunca imaginei
que se tornaria a dona de tudo aquilo — Alice comentou. — Isso que é saber
sonhar certo! Seu destino sempre foi aquela empresa, que te levou a Ryan
Cooper e ao seu novo status de esposa do Chefe, literalmente.
Nessa hora, o tio e o primo do Ryan vieram me cumprimentar e
disseram que eu era bem-vinda à família e que, apesar de o costume ser o
Capo se casar com alguém da Instituição, ninguém teria coragem de
questionar a decisão de Ryan, e eu me senti, de verdade, em um filme cheio
de mafiosos.
— Eu não fui com a cara desses dois — Alice falou, apontando para
eles.
— Coitados, o Ryan só dá fora nesse tio e com o primo ele não tem
paciência nenhuma.
— Pois eu achei que eles tinham cara de invejosos.
— Pronto, o radar da Alice para embustes já está na mira desses dois
— Nina falou rindo e eu senti um arrepio ao olhar para eles e depois para
Ryan, que vinha se aproximando.
— Vamos embora, meu amor? Já estou com tudo pronto — Ryan
falou, abraçando-me.
Por fim, eu me despedi das minhas amigas e dos meus pais. Dei um
abraço e um beijo demorado em Anne e disse que logo estaríamos de volta.
Quando estávamos indo para o carro, Ryan me beijou, e eu senti meu corpo
estremecendo.
— Não vejo a hora de chegar àquele avião e ser sua pela primeira vez
como Senhora Cooper.
— Continua falando assim que eu nem espero o avião decolar.
Tudo aconteceu em questão de segundos, assim que saímos de casa,
um veículo nos fechou em alta velocidade. Ryan abriu a porta do carro e
saiu, gritando para eu ficar calma e Matthew saiu ao mesmo tempo em que
ele. Eu ainda fiquei tentando entender o que tinha acontecido quando ouvi o
barulho de um tiro. Meu coração disparou e minhas pernas ficaram trêmulas.
Saí do carro e vi Ryan caído em volta de uma poça de sangue. Matthew
ainda estava atirando no carro que saiu em alta velocidade quando gritei para
ele parar e chamar ajuda.
Deitei Ryan no meu colo e não conseguia parar de chorar, vendo sua
camisa branca ficando toda vermelho-escarlate por causa do sangue.
— Não morre, meu amor! Por favor, fica comigo.
Alice e Nina ficaram o tempo todo ao meu lado, e não demorou para
a ambulância chegar, fazer os primeiros atendimentos e levar o meu marido.
Os convidados estavam todos do lado de fora, observando tudo e falando
sem parar, quando Luigi De Lucca, o tio de Ryan, começou a falar como se
tudo estivesse sob controle.
— Não se preocupe, Sarah! Nós vamos assumir o controle e cuidar
de tudo. Quem tentou tirar a vida do nosso Capo vai pagar por isso. Eu
ficarei à frente de tudo e não descansarei até colocar as mãos no culpado.
— Você não fala pela Máfia Cooper! — eu disse para ele com os
olhos cheios de ódio. — Ryan foi bem claro que era comigo que ele estava
dividindo a vida dele!
— Eu sei, você é a esposa, mas eu, como sou da família...
— Chega! — gritei. — Os nossos inimigos queriam ficar livres do
meu marido. Será que eles já escutaram um ditado que diz que o pior está
por vir?
O primo do Ryan tentou me interromper, mas não permiti.
— Matthew, reúna todos os homens, porque, enquanto o Capo
Cooper estiver internado, vou assumir tudo e quem ousou atentar contra a
sua vida vai pagar muito caro!
— Como assim? Você é uma mulher! — o tio de Ryan falou, e era
nítida a sua raiva, assim como o espanto dos outros homens da máfia.
— Se você notou que sou uma mulher, então você é menos idiota do
que imaginei, mas, em termos de trabalho, você deixa a desejar, já que o
esquema de segurança da festa era sua responsabilidade e olha o que
aconteceu! Sou eu quem manda em tudo a partir de agora, e se alguém fez
isso achando que ficaria com o que pertence ao meu marido e viveria feliz
para sempre, vai ver que o seu inferno começa agora! Ryan vai ficar bem, eu
tenho certeza, e até lá, quem dá as ordens sou eu, a Senhora Cooper, a nova
Chefe da Máfia Americana! — Eu esbravejava com um ódio que eu jamais
imaginei sentir.
Uma nova história começa a ser escrita na Máfia, e
nela, são as mulheres que vão ditar as regras do jogo.
Capítulo 28
NOITE DO ATENTADO AO CAPO COOPER

Matthew

Foram tantos gritos assim que o Capo Cooper foi atingido, e depois eu pude
ver uma Sarah destemida e forte se levantando entre os homens e dizendo
que ficaria à frente de tudo e vingaria o atentado ao seu marido.
Luigi De Lucca tentou impedir, mas a força daquela mulher era
imensa e algo no tom da sua voz deixava claro que ela não estava brincando,
e sim, tomando todo o poder de uma organização secreta, machista e
criminosa em suas mãos.
Eu tinha certeza da força do meu Capo e que ele se recuperaria
mesmo tendo ficado muito ferido. Tomei a defesa da sua esposa, da qual ele
se orgulhava e sempre dizia que tinha vindo fazer a diferença na sua vida. Se
ela queria vingar o seu atentado, eu estaria ao seu lado.
​— Levem o Capo para o hospital, cerquem tudo, limpem essa sujeira,
acalmem os convidados e vamos para o galpão para uma reunião.
​— Desde quando um soldado dá ordens na minha máfia? — Luigi gritou
se dirigindo a mim e se colocando como o novo chefe.
​— Sua máfia? Cala a sua boca ou eu mesmo vou silenciar você, seu filho
da puta — Sarah falou pegando a minha arma e apontando na testa do infeliz
— Meu marido é o Capo, ele está vivo, logo não existe sua máfia, seu
merda.
​— Homens, limpem tudo! — Eu falei — Obedeçam a senhora Cooper.
​Sarah não se despediu de ninguém, apenas entrou no carro comigo e
outros soldados seguindo direto para o hospital, onde ficamos por pouco
tempo, já que o senhor Cooper estava sendo operado e não podíamos fazer
nada por ele.
​ Escuta, senhora Cooper, eu sei que é difícil, mas se ficarmos aqui

corremos o risco de Luigi De Lucca tomar o poder.
​— Eu não posso ficar até o final da cirurgia?
​— Não temos tempo para isso. Para todos foi um assalto, o CEO está
sendo operado e depois daremos notícias. Suas amigas ficaram de cuidar dos
seus pais e depois mandei que as levassem até o galpão.
​— Não quero envolver minhas amigas nisso, é perigoso e sem volta.
​— Elas sabem disso, senhora Cooper. Agora vamos porque nossos
homens ficarão aqui, e pode confiar, porque agora estão sob o meu comando,
não vou falhar.
​— Aquele Luigi não serve para nada!
​Sarah se levantou e me acompanhou, naquele momento eu não tive
dúvidas de que ela estava se despindo da sua vida normal e assumindo uma
nova identidade dentro da nossa Instituição. Ela não ficou chorando no
corredor do hospital, e sim, se levantou para tomar a frente dos negócios do
seu marido e vingar tudo que ele estava passando.
​Muitos vão perguntar, quem faria isso? E a resposta é simples, um
mafioso nato.
Sarah Cooper nasceu para comandar, e por algum motivo o destino a
uniu ao nosso Capo, só o futuro vai nos mostrar quem será ela e porque veio
parar no seio da nossa sociedade.

◆◆◆

O TELEFONEMA DE DON COSA NOSTRA

Matthew

​— Como está De Lucca? Eu mandei um jatinho com os meus homens para


reforçar a segurança do hospital.
​— Eu agradeço, Don Cosa Nostra. O capo Cooper está sendo operado e
eu vim me reunir com os nossos soldados no galpão.
— O Capo me falou das últimas vezes em que conversamos, que
você seria levantado o seu novo Sottocapo, então assuma tudo até a sua
volta, e se por acaso você estiver levando a sério o que Luigi De Lucca me
falou, saiba que será tudo sua responsabilidade.
​— Luigi De Lucca ligou para a Cosa Nostra?
​— Esse homem não honra as calças que veste, tanto que foi descartado
pelo próprio pai e agora por uma mulher. Que homem liga para pedir ajuda
porque uma mulher quer tomar o poder? Um frouxo!
​— Se Don Dante me permite falar, a senhora Cooper me parece pior do
que muitos homens.
​— Eu não vou interferir na soberania da Máfia Cooper. Temos um
acordo desde a sua fundação e tudo que eu quero é a minha parte nos lucros.
Quanto a essa mulher, nós sabemos que vai morrer na primeira reunião,
porque será atacada e duvido que consiga se defender. Você que dê conta
depois ao Capo da esposa dele morta! Sim, porque ela vai morrer em menos
de vinte e quatro horas.
​— E se ela sobreviver?
​— Que seja iniciada na Máfia! E que saiba que não tolero atrasos na
minha parte dos lucros. Olha, vocês me fazem rir! Uma mulher chefiando a
máfia? Me avise quando ela morrer e depois assuma o seu lugar. Quanto ao
Luigi, já deixei claro para não me perturbar porque odeio homens fracos.
​Dante desligou rindo por uma mulher querer assumir um cargo que até
então só homens ocupavam. Mas a verdade é que Sarah não tem ideia do que
a espera e por isso preciso ser o mais claro possível.
​— A cirurgia acabou e agora precisamos esperar as horas seguintes e ver
como ele reage. Não me conformo por ele estar entubado e ficar neste estado
de coma. Me sinto mal por não estar ao lado dele, mas por outro lado, se eu
não for forte, quando ele acordar pode não encontrar tudo que construiu. E
tem Anne, que eu preciso garantir a segurança. Por ele, eu já disse, que sou
capaz de morrer e de matar, sem pensar duas vezes.
​— Eu acabei de conversar com…
​— Com licença, resolvemos tudo, seus pais estão num hotel e disseram
que estão orando pelo Ryan, as pessoas pensam que foi um assalto, Anne
está com Joana, e a casa está com a segurança reforçada — Alice entrou na
sala falando, interrompendo Sarah — E não posso deixar de falar que estou
impressionada com tudo que eu vi até chegar nessa sala.
— Como você está, Sarah? — Nina perguntou.
​ Pronta para não permitir que nada mude até Ryan retornar. E quanto a

vocês, por favor, o melhor é se afastarem de mim…
​— Já fizemos nossa escolha! — Alice falou — Se você vai assumir a
máfia, vamos estar ao seu lado.
​— Eu posso perder a minha vida apoiando isso, mas confio na força de
vocês! — eu disse — Só que preciso deixar claro, que não existe romance no
nosso mundo. Aqui ou nós matamos ou morremos. Não existe volta quando
se cruza essa linha tão perigosa. Nós não somos os mocinhos, mas sim
criminosos à margem da sociedade. Vivemos no submundo, com nossas
próprias leis. Nascemos e crescemos na máfia, então não existe outro mundo
que não seja esse para nós, só que vocês estão entrando por livre e
espontânea vontade e não como esposas que vão ficar dentro de uma casa, e
sim na linha de frente, e para isso precisam de treinamento.
​— Que tipo de treinamento? — Sarah perguntou.
​— O mesmo que todos os soldados! Só que são treinamentos pesados,
que muitos homens não resistem e…
​— Como nós somos mulheres, você pensa que não vamos aguentar —
Alice esbravejou — Pois eu digo que quem pensar isso, vai se surpreender.
​— Vocês duas não vão fazer isso, essa iniciação evoca as trevas. Não se
pode ser uma pessoa normal quando se tem que matar para viver. — Sarah
tinha razão, mas eu duvido que suas amigas a abandonaria.
​— Nunca fomos normais, porque senão com certeza estaríamos longe
daqui! Quando começamos? Porque se eu entrar nessa, não vai ser para
morrer — Nina falou e todas olharam para mim, sabendo que estavam
tomando uma decisão que mudaria para sempre o rumo de suas vidas.
​— Vamos escrever um novo capítulo na história da Máfia, e neste, as
mulheres vão ter as suas vozes respeitadas.
Os homens da máfia vão ter que engolir essas garotas, pois eu as
transformarei em mafiosas melhores que muitos Capos.

◆◆◆

PRIMEIRO DESAFIO

Sarah Cooper
​Eu não tive tempo de chorar pelo atentado do meu marido e nem de ficar
esperando notícias no hospital, porque precisei enfrentar uma guerra desde o
primeiro minuto para assumir o que pertence a Ryan.
​Não me importo que muitos falem que eu deveria estar chorando na
recepção do hospital, ou se estão se perguntando onde está a viúva do Capo
Cooper, muitos pensam que estou em casa com depressão, e para não
saberem que estou na verdade me preparando para ser uma gangster, deixo
que acreditem e pensem o que quiser.
​— Sarah, essa reunião com os outros Capos foi marcada para dentro de
quatro dias. Eles estão cientes que enquanto o Capo Cooper viver, nada vai
mudar e nenhuma guerra será tolerada. A prova disso é que sua vida está
sendo guardada por homens da Cosa Nostra — Matthew falou — Só que
Dante acha que você morre no primeiro dia e que não vai ousar enfrentar os
homens na reunião. A questão é? Você sabe o que significa enfrentá-los?
​— Significa que ou eu, ou eles.
​— Outra coisa, você, Alice e Nina, terão que ser iniciadas na Cosa
Nostra, se sobreviverem a uma semana de treinamento, é claro. Vocês vão
treinar por muito mais tempo, mas esse prazo foi determinado por Dante,
hoje numa mensagem, que lamento informar, terminou com muitas
gargalhadas.
​Eu não quis escutar mais nada, porque já estava cansada de homens que
só pensam que somos objetos para o seu prazer. Nos veem como escravas
sexuais, objetos, seres inferiores, vou mostrar para todos que sou muito mais
forte que qualquer um deles.
​Descemos com Matthew para uma sala que nos foi apresentada como um
dos locais de tortura da Máfia Cooper. Havia no local três grandes toneis de
água cheias de gelo.
​— Quero que vocês se preparem para o caso de serem capturadas por
algum dos nossos inimigos, ou para quando precisarem ser frias para vencer
uma batalha. Não pensem que é fácil suportar a dor, mas é possível
esvaziando a mente de vocês.
​Nós três fomos amarradas e colocadas de cabeça para baixo e quando a
corda foi descendo em direção ao tonel, nos debatemos querendo nos soltar.
​— Esvaziem a mente de vocês! Não olhem para o tonel. Desviem o
pensamento. Serão cinco segundos na primeira vez!
​Nunca senti uma dor tão forte, que fosse capaz de atingir todas as minhas
terminações nervosas de uma só vez, me debati imediatamente, quase me
afogando.
​— Porra, que merda é essa? — Alice gritou.
​— Agora serão 10 segundos, não respirem quando mergulharem e muito
menos demonstrem que não suportam a dor.
​As palavras de Matthew entraram na minha mente e me concentrei no
ódio que eu sentia pelo que fizeram com o meu marido e com a vontade de
matar o infeliz que fez isso com as minhas próprias mãos.
​Foram dez segundos que congelaram a minha alma, mas que não doeram
fisicamente, porque simplesmente eu não estava ali.
​— Agora 25 segundos! — Matthew falou e nos desceu mais uma vez. Eu
pude sentir uma força que parecia tomar conta de mim. Como uma descarga
de adrenalina muito forte que me fazia suportar qualquer coisa.
“Eu não sou fraca! Eu sou uma mulher forte! Uma guerreira! Uma
mulher que vai matar todos que atravessarem o meu caminho!”, repetia para
mim mesmo durante o tempo em que fiquei de cabeça para baixo, dentro de
um tonel cheio d’água e com temperatura abaixo de zero graus.
​— Muito bem, Sarah e Alice! Agora vamos para 30 segundos e
encerramos por hoje. Nina, você precisa se concentrar, por isso não está
aguentando. Na hora que alguém estiver com uma arma apontada na sua
testa, você não vai poder falhar. Você precisa se desligar de tudo que já viveu
e pensar em sobreviver.

◆◆◆

Nina Coleman

​Eu estava de cabeça para baixo sendo mergulhada em um tonel de gelo,


numa sala de tortura da máfia, me preparando para ser invencível. Ao
contrário de Alice e Sarah, sempre fui a que mais ficava centrada nos meus
pensamentos, talvez por isso, me desligar era tão difícil.
​— Nina, pense que tudo ficou para trás e se concentre.
​Eu consegui me desligar por um tempo, mas do nada minha mente
religou e me afoguei, ficando sem ar quando fui suspensa.
​ Porra, não posso morrer num treinamento. Sou forte, caralho!

​— Você é mulher foda e poderosa! — Alice gritou.
​— Vamos irmã, força! Vamos mostrar para esses homens que podemos
tudo que quisermos, até liderar uma máfia — Sarah gritava querendo que eu
vencesse meus próprios limites.
​Eu precisava dizer adeus às lembranças das últimas horas e focar no
futuro, onde ou eu precisava ser forte para continuar viva. Deixar minhas
amigas nunca foi uma opção e ser fraca muito menos. Se viemos parar aqui
tem um motivo e vou pagar para descobrir o que está reservado para mim.
​A corda que me sustentava afrouxou, e eu senti que desceria mais uma
vez. Agora seriam 30 segundos! Meio minuto que poderia tirar a minha vida
numa situação real da máfia.
​Um filme com as últimas horas da minha vida passaram pela minha
cabeça e simplesmente me desliguei do mundo quando fui me lembrando de
tudo que me levou até esse momento atual.

Flashback

O casamento de Sarah tinha sido lindo! Nesse dia, eu me emocionei


com os votos de Ryan ao perceber que ele realmente amava a minha amiga.

Depois da cerimônia, ficamos dançando juntas, como fazíamos


quando éramos só nós três, as meninas superpoderosas, mas Ryan veio
chamar Sarah para irem embora e nós nos abraçamos para nos despedirmos.
— Amiga, vai ser feliz! — desejei com lágrimas nos olhos. — Você
sabe que, mesmo casada, continuaremos sempre juntas! Somos irmãs de
coração!
— Nina sempre com seus discursos melosos — Alice falou,
enxugando as lágrimas. — E desta vez, me fizeram chorar!
— Eu sei que vou poder contar sempre com vocês duas — Sarah
falou e deu um beijo em cada uma de nós.
Nesse momento, Noah se aproximou de mim e Nick veio com ele.
— Isso tudo foi muito rápido! Sarah mal começou a namorar e já se
casou!
— Pois é, Nick, foi rápido, porque Sarah nasceu pro Cooper — Alice
falou e levantou a taça para brindarmos a felicidade dos noivos.
Quando Sarah entrou no carro, ela nos procurou com os olhos e
piscou para a gente. Foram minutos, talvez segundos, entre o carro cruzar o
portão e começarem os disparos.
Nessa hora, seguranças correram para a frente da casa e alguns
convidados foram para o outro lado. Com isso, dava para ver quem eram os
convidados da empresa e quem eram os da máfia.
Noah então me puxou para correr para dentro da casa, mas eu não
poderia fazer isso.
— Por favor, não me faça perguntas, só entre correndo com Nick e
procure os pais da Sarah.
— Você ficou doida? Você não pode sair com esse tiroteio! — Nick
falou. — Eu vou com vocês! — ele disse assim que viu Alice me estendendo
a mão para irmos juntas para o lado de fora da casa.
— Nick, vai ver os pais da Sarah e não deixe que eles saiam,
escutou? Vai! — falei, e Nick sacudiu a cabeça e entrou correndo.
— Vai com ele, Noah, e não os deixe sair, por favor.
Noah entrou contrariado atrás de Nick, mas tinha que ser assim...
Eles não tinham ideia do que estava acontecendo. Com certeza, eram
assuntos da máfia, e precisávamos saber como Sarah estava e se tinha sido
atingida.
Naquele momento, meu coração batia forte, com medo de terem
acertado minha amiga.
Quando atravessamos o portão, vimos Ryan caído e Sarah correndo
até o marido. O carro que disparou contra ele estava cantando pneu já a certa
distância.
Até chegar a eles, passamos por homens enormes e fortes, que
estavam armados e nos aproximamos de Sarah.
O tio de Ryan se aproximou e começou a falar que cuidaria de tudo,
mas Sarah, ouvindo o que ele disse, reagiu com ódio nos olhos. Nunca tinha
visto minha amiga daquele jeito.
— Não se preocupe, que nós vamos assumir e cuidar de tudo isso —
o tio do Ryan falou, referindo-se à máfia que fez aquilo.
— Não! — Sarah interrompeu, e sua voz era dura e firme. — Ryan
foi bem claro que era comigo que ele estava dividindo a vida!
— Eu sei, mas eu, como braço direito e da família...
— Chega! — Sarah gritou. — Eles queriam ficar livres do meu
marido! Pergunta se eles já escutaram um ditado que diz que o pior está por
vir! Matthew, reúna todos os homens, porque enquanto Ryan estiver
internado, eu vou assumir tudo e quem fez isso vai pagar muito caro!
— Como assim? — o tio dele perguntou.
— Eu que mando em tudo a partir de agora, e se alguém fez isso
achando que ficaria com o que pertence ao meu marido, vai ver que o seu
inferno começa agora. Ryan vai ficar bom, tenho certeza, e até lá quem dá as
ordens sou eu, a Senhora Cooper!
Ao ouvir o discurso de Sarah, Luigi se exaltou e perguntou se ela
estava doida. Então, quando tentou se aproximar, eu vi uma Alice que se
tornou gigante naquele momento, colocando-se entre os dois.
— Você por acaso é surdo? Não escutou o que a Senhora Cooper
acabou de falar?
— O que essas mulheres pensam que estão fazendo? — Erick
perguntou, rindo.
Diante disso, percebi que tinha apenas segundos para tomar uma
decisão. Flashes de toda a minha vida passavam pela minha cabeça, a High
School, graduação em Direito, meu primeiro dia no escritório de advocacia...
Eu precisava escolher entre isso ou ficar ao lado de Sarah. Pelo tom de voz
da Alice, sabia que ela também tinha feito uma escolha entre sua vida atual e
a que viria se ficasse ao lado da nossa amiga naquele momento. Então
respirei fundo e me levantei, caminhando rápido até Alice.
— As mulheres — falei, com um sorriso sarcástico — estão
assumindo essa porra toda aqui ao lado da Senhora Cooper!
— Quem é você e o que fizeram com a Nina? — Alice me
perguntou, quase sussurrando e assustada.
Nessa hora, Sarah deitou a cabeça de Ryan no chão e se colocou
entre nós duas.
— Jordan, passe fogo em quem não concordar comigo — ela
ordenou e voltou para junto de Ryan.
Eu tinha plena consciência de que estava entrando num caminho sem
volta, já que sabia que só se saía da máfia para ir viver do outro lado.

◆◆◆
​— Isso Nina, muito bem! Você é forte, nunca duvide disso! — Matthew
gritou e mandou que nos colocassem no chão.
​Nós três ficamos deitadas, destruídas, porque foi algo novo e difícil, mas
ao mesmo tempo, nos sentimos mais fortes, poderosas e com uma certeza de
que não viemos nesta vida para sermos oprimidas por

◆◆◆

SEGUNDO DESAFIO

Alice

​Estranho essa sensação de pertencimento a algo que nunca fez parte da sua
vida e que você sempre aprendeu como errado. Não tem como romantizar o
crime, mas se você vai fazer parte dele não deve ficar pensando nisso o
tempo todo.
​Quando eu vi Sarah se levantando em meio a todos aqueles homens, tudo
que eu senti foi uma necessidade de lutar ao lado dela, porque eu sei que ela
faria o mesmo por mim.
​Talvez eu seja das três a que mais foi julgada por ser diferente do padrão
socialmente correto para as mulheres. Sempre fui desbocada, brigava com os
meninos na escola, aos quinze anos choquei minha família que me pegou
transando no meu quarto e aos dezoito, fui quase banida quando contei os
meus fetiches BDSM.
​Sempre quis ser livre, não consigo me prender a um padrão estipulado
por ninguém. Por isso, sempre fui aberta a experiências e por causa disso,
sempre fui duramente criticada e taxada de promíscua.
“Você tem uma família feliz, que sempre te deu tudo que você quis,
cresceu cercada de amor, não têm como ter traumas que te levem a querer
frequentar um clube onde homens e mulheres batem uns nos outros, ou
exibem seus corpos para todos verem”, minha mãe falou com desgosto.
Quanta ignorância! O amor é livre! O BDSM é consensual! Qual o
problema de querer experimentar?
Claro que isso agora é fichinha perto da máfia! Agora eu me superei,
confesso!
— Está tudo bem, Alice? — Sarah perguntou — Fico preocupada
disso ser demais para vocês.
— Tudo bem, chefe, estamos bem! — Eu respondo rindo — Você
nem assumiu e já está preocupada com seus soldados.
— Estou falando sério! Isso tudo afeta o nosso psicológico e me sinto
culpada de vocês estarem aqui por minha causa.
— Isso que precisamos trabalhar, nosso psicológico! — Nina falou
— A fome, a sede e esse calor insuportável, nos faz delirar, precisamos
aprender a controlar nossas sensações.
Ficamos em silêncio, racionando nossa energia, porque não sabíamos
há quanto tempo estávamos dentro de uma espécie de forno, sem água e sem
comida, tentando abstrair essas sensações da nossa mente, para não sentir
nada fisicamente.
Fechei os meus olhos e tentei não pensar em nada! Simplesmente
deixei minha mente vagar por lugares desconhecidos. Eu percebi que o
incômodo me fez lembrar do que me incomodava e que isso só aumentava as
sensações ruins.
A dor nos transporta para lugares sombrios do nosso passado, como
uma sabotagem, para você se sentir pior. O segredo é vencer esses fantasmas
e daí as sensações físicas são esquecidas, sua mente voa e você sobrevive
por mais tempo.
Não sei dizer quantas horas passamos naquele lugar, mas acredito
que foram mais de vinte e quatro horas, no final, nos sentimos mais fortes e
determinadas a vencer todos os desafios e nos tornamos imbatíveis.

◆◆◆

DEFESA PESSOAL E TIRO AO ALVO

Sarah Cooper
​Eu não aguentava mais bater no saco de boxe, e quando eu sentia minhas
forças se acabando, Matthew gritava para que eu fosse forte e continuasse.
Ele nos treinou pessoalmente com artes de defesa pessoal, aprimorando as
técnicas que vínhamos aprendendo na academia de luta.
​— Vamos descer e treinar no ringue com os soldados, afinal, vocês vão
enfrentar homens fortes e letais e precisam ser piores do que eles —
Matthew falou — E serem rápidas, porque lá fora, no meio da luta, vocês
vão sacar armas e facas e precisam aprender a fazer tudo isso da forma mais
ágil possível. Mas estou impressionado com a habilidade e facilidade com
que vocês aprendem tudo!
​Fomos cada uma para um ringue, e lutamos com um, dois, três soldados.
Era incrível como que à medida que eles vinham para cima de mim, eu
sentia uma força descomunal para me defender e atacá-los. Eu realmente
acreditava que era melhor do que qualquer um deles e iria provar isso para
cada homem que ousasse me desafiar.
​Eu já estava boa no tiro ao alvo, e agora, vinte quatro horas seguidas
treinando, ficava cada vez melhor.
​— Vamos Nina, força para derrubar o alvo — Matthew gritava enquanto
ela chutava um boneco que andava de um lado para o outro. Entre socos,
pontapés, e muitos gritos para que ela não parasse, ela arrancou uma faca
que ficava na sua perna direita e o rasgou inteiro.
​— É isso, porra! Você precisa buscar essa vontade de vencer que está aí
dentro! — Matthew falou e batemos palma, porque vibramos uma com o
avanço da outra.

◆◆◆

A PRIMEIRA REUNIÃO DA MÁFIA COM UMA MULHER NO


COMANDO

Sarah Cooper
​Olhei pela janela do meu quarto e pude ver a quantidade de carros
estacionados no meu jardim. Todos chegaram pontualmente para a reunião
que definiria os rumos da Instituição aqui na América.
Seria a primeira vez de frente com os associados da Máfia Cooper e
todos esperavam para ver se era verdade que uma mulher assumiria. Com
certeza, Luigi De Lucca deve ter dedicado esses dias a falar mal de mim para
os outros, o que sinceramente pouco me importa, tendo em vista que para
mim ele é só o tio fracassado do meu marido.
Toda família tem a sua ovelha negra e na máfia, pelo visto, não é era
diferente.
Dante Cosa Nostra enviou uma mensagem para Matthew dizendo
que estava surpreso por eu ainda estar viva e achou conveniente eu escolher
a minha casa para o meu último dia de vida.
Para esse arrogante siciliano, eu não vou sobreviver a essa reunião e
vou ser morta por um dos membros e esquecida em algum cemitério
clandestino. Ele que espere por isso sentado, porque está para nascer o
homem que vai me intimidar.
Me olhei no espelho, sorri confiante e finalizei passando o meu
batom vermelho escarlate e pegando a Glock do meu marido para ser a
minha companhia na reunião.
Claro que eu estava usando um coldre com mais duas armas, tinha
um punhal preso na perna esquerda e uma arma na perna direita, mas ainda
assim, essa Glock tinha um valor estimativo, por ser do meu marido, e
assim, de alguma forma, é como se ele estivesse presente me apoiando.
Quando Ryan acordar, porque eu sei que ele vai viver, vai lembrar do
nosso juramento e ver que me mantive firme, lutando pelo que é nosso!
“Vamos manter o poder em família, meu marido. Ninguém vai ficar
com a Máfia que leva o nosso nome, Cooper!”, pensei ao descer as escadas,
eu seguia ao lado de Matthew para a sala de reuniões.
O ambiente tinha cheiro de whisky e charuto e assim que eu entrei
todos se levantaram e me olharam incrédulos, como se não fosse possível eu
estar ali entre eles.
​— Bom dia, senhores! Para começar devo informar que o Capo Cooper
continua internado, em coma, mas que vai se recuperar e em breve estará de
novo aqui entre nós.
​— Senhora… — um dos associados tentou falar me interrompendo.
​ Quando eu terminar, dou a palavra para vocês. Conforme o acordo

selado entre a Cosa Nostra e o fundador da máfia em território americano,
Giuseppe De Lucca, o Capo será sempre um membro da família, ou alguém
designado por ele. Portanto, o Capo Cooper continua sendo o chefe, porque
mesmo com alguns agindo como se ele tivesse morrido — eu falei olhando
para Luigi De Lucca — O meu marido está vivo! A Máfia Cooper, nome que
o meu marido a batizou quando assumiu, não poderia continuar com outra
pessoa no comando que não fosse eu, a senhora Cooper, sou eu que carrego
o nome da família e que vou cuidar de tudo até que ele volte.
​— Você é uma mulher, Sarah, e não recebemos ordem… — Luigi De
Lucca falou, mas eu o interrompi.
​— Que bom que você consegue pelo menos perceber que sou uma
mulher, porque para os negócios você é cego, tendo em vista que em quatro
dias já descobri que poderíamos lucrar três vezes mais, sem contar sua
incompetência para garantir a nossa segurança, já que meu marido foi
atingido na saída do nosso casamento, que você, seu idiota, cuidou da
organização.
​Eu não consegui esconder o quanto odiava esse homem, eu o culpava por
tudo que aconteceu, por isso, gritei tudo que eu pensava no meio da sua cara,
fazendo com que ele se assustasse, assim como os outros homens, que
deviam só podiam ser estúpidos por acharem que se eu estava na frente
deles, eu choraria ou me acovardaria.
​— A partir de hoje, o Sottocapo da Máfia Cooper será o Matthew, que
vai ocupar a cadeira ao meu lado, sendo assim, você está dispensado da
reunião, Luigi, mas não se preocupe, vou arrumar outra ocupação que seja
mais a altura do que você pode oferecer.
​— Eu sou herdeiro desta cadeira! Senhores…
​— Você não é herdeiro de porra nenhuma, porque o seu pai designou o
meu marido para ser o seu sucessor. E quanto ao cargo de Sottocapo, ele iria
substituí-lo e se quiser pode perguntar a Dante Cosa Nostra.
​— Eu no seu lugar não faria isso, Luigi, porque Don Dante não gostou
de você importuná-lo com assuntos internos da Máfia Cooper — Matthew
falou e quase arrancou Luigi a força da cadeira que ele estava sentado, o
convidando a se retirar.
​O primeiro obstáculo se foi, mas esse era fichinha perto dos que estavam
sentados em torno da mesa, todos pareciam surpresos e com bastante ódio.
​ Conforme acordado com Don Dante Cosa Nostra, o Capo continua

sendo Cooper e a chefia escolhida pela família, o que importa para ele é que
sua parte nos lucros chegue em dia. No caso, eu sou a família, a esposa e
nova Chefe da Máfia Cooper.
​— Mulheres não dão ordens na nossa Instituição — um dos homens se
levantou e começou a falar vindo na minha direção — Mulheres nascem
para nos servir deixando suas bocetas sempre prontas e à nossa disposição.
​O discurso machista daquele homem fez um sentimento de ódio tomar
conta de todo o meu corpo, mas eu deixei que ele continuasse a cuspir suas
ofensas.
​— Nós matamos quem fica no nosso caminho — Ele falou tocando o
meu rosto — E você só nos serve nua, deitada nessa mesa, com a boceta e o
cu arreganhados para ser fodida…
​Seu discurso foi interrompido pelo seu grito, quando viu seu pau
destruído pelo tiro que eu dei nele.
​— Para que você me fodesse precisaria ter um pau! Mais alguém nessa
sala com vontade de comer a minha boceta e o meu cu, senhores?
​O silêncio se fez presente e a incredulidade pelo que tinha acontecido era
visível na face de cada associado.
​— Não me subestimem, porque sim, eu tenho uma boceta, mas posso ser
muito mais letal do que quem tem um pau entre as pernas. Agora eu quero
falar das nossas operações, dos lucros que podemos aumentar e de negócios.
Quem ainda achar que está num cabaré e que pode ficar de gracinha comigo,
sugiro que saia agora, para não ter o mesmo fim desse verme urrando aqui
no chão.
​Ninguém se levantou para deixar a reunião, deixando claro que tinham
entendido que eu não estava de brincadeira.
​Os soldados entraram e levaram o estrume que ousou dizer que eu
serviria como objeto de prazer para os homens que aqui estavam. Matthew
assumiu a reunião, falando sobre as nossas operações e as estratégias para
expandirmos ainda mais nosso território.
​Além do treinamento pesado, passei as noites em claro, estudando todos
os nossos negócios, e foi Nina quem detectou preços baixos, que claro só
poderiam ser ideia dos incompetentes, Luigi e Erick.
​A reunião foi encerrada depois de horas e eu deixei a sala sem olhar para
trás, depois de agradecer a presença de todos.
​ s Capos me aceitaram? Não! Mas ainda assim terão que conviver
O
comigo no comando, ou matarei todos eles, e levantarei novos Capos.
​Não tenho medo de entrar numa guerra! Medo deve ter quem tramar
contra mim!

◆◆◆

INICIAÇÃO À MÁFIA

Matthew

​— Vocês estão prontas?


​ Sim! — Sarah, Alice e Nina responderam.

​— Então podemos começar!
​Todos os soldados estavam no galpão, no local destinado às cerimônias
de iniciação. Luigi De Lucca e seu filho Erick não conseguiam esconder a
sua indignação, principalmente por terem importunado Dante Cosa Nostra,
que os colocou em seu devido lugar.
​Eles pensaram que a máfia siciliana iria interferir já que uma mulher se
levantou reivindicando o poder, mas Dante foi bem claro que o Capo Cooper
tinha soberania nessas decisões em território americano. Ele também
lembrou que se o velho Giuseppe o descartou no passado e hoje uma mulher
foi capaz de tomar as rédeas nas suas barbas, então ele não merecia ser o
Capo. E por fim, disse que o que ele devia fazer era esperar o capo se
recuperar e resolver tudo com ele.
​Quanto a Sarah, ele me disse que o senhor Cooper iria me tornar
Sottocapo e que eu deveria cuidar de tudo, mas que se eu achasse que tinha
cabimento uma mulher chefiando o problema era meu.
​“Só não vou aceitar ter prejuízo! Ela não vai durar vinte e quatro horas,
por isso, assuma quando ela morrer e envie minha parte dos lucros.”, foram
as palavras de Dante no celular enquanto eu deixava o hospital depois do
atentado ao nosso Capo.
​Me aproximei das três mulheres mais fortes que eu conhecia e entreguei
a elas um santinho de papel com a imagem de Jesus Cristo com o punhal de
Omertà, que significa o nosso código de honra, onde o silêncio é
fundamental para que nossa sociedade continue atravessando os séculos, elas
fizeram uma pungitura nos dedos e deixaram cair sobre o santinho que
seguravam em suas mãos.
​— De acordo com o nosso código de Omertà a partir desse momento,
vocês três estão proibidas de cooperar com as autoridades, mesmo se forem
vítima de um crime, devem evitar interferir no negócio dos outros, não
devem informar as autoridades de um crime em qualquer circunstância, ou
sua Família pode sofrer um ataque físico, se alguém for condenado por um
crime que não cometeu, ele deve cumprir a pena sem dar a polícia qualquer
informação sobre o verdadeiro criminoso, mesmo que esse criminoso não
tenha nada a ver com a Máfia. Dentro da nossa Instituição, ao quebrar a
Omertà, o membro é punido com a morte — Eu falei riscando um fósforo e
queimando o santinho com o sangue das três.
​— Juro sobre este punhal de Omertà, com a ponta molhada de sangue e na
frente da honrada sociedade, ser fiel aos meus companheiros, renegar pai,
mãe, irmãs e irmãos, e de cumprir todos os meus deveres e, se necessário,
também com sangue — Sarah falou, e deu um passo à frente das amigas.
​Ela seria a nova chefe até a volta do Capo Cooper, o seu marido, e sua
iniciação seria diferente da das amigas por isso, nesse momento ela
defenderia sua permanência à frente da Máfia Cooper.
​Jordan trouxe um dos nossos homens, presos no atentado ao Capo
Cooper, que claro, não falou nada que pudesse nos dar uma pista dos
mandantes. Nós levamos à risca o nosso juramento, e por isso, sempre
morríamos torturados até a última gota de sangue em silêncio.
​O homem foi colocado de joelhos na frente da senhora Cooper, que foi
andando lentamente em sua direção. Luigi e Erick pareciam ter um sorriso
vitorioso, achando que seria impossível Sarah fazer o que precisava ser feito
a seguir no ritual de iniciação do chefe.
​— Por favor, eu peço perdão!
​— Eu não concedo clemência aos traidores! — Sarah falou, sacou a
arma que estava na sua cintura e deu um tiro na testa do traidor que caiu no
chão, aos seus pés.
​— Juro sobre este punhal de Omertà a ponta molhada de sangue e na
frente da honrada sociedade, ser fiel aos meus companheiros, renegar pai,
mãe, irmãs e irmãos e de cumprir todos os meus deveres e, se necessário,
também com sangue — Alice falou, se aproximando de Sarah, apertando a
sua mão e dando um beijo em seu rosto, e o mesmo ritual foi repetido a
seguir por Nina.
Ao apertar as mãos do chefe e beijar a sua face, elas passaram a fazer
parte da Máfia Siciliana.
Sarah Cooper é a
Rainha da Máfia.
Capítulo 29
Sarah Cooper

Guardei o relatório que Matthew me entregou no cofre do meu quarto, ao


qual eu era a única pessoa a ter acesso. Eram mais de vinte páginas com a
relação das armas, das munições e das drogas traficadas no último mês, além
de outras trinta com o faturamento das boates. Tivemos um carregamento de
armas roubadas na última semana e eu já sabia que tinha sido coisa da Máfia
Francesa e responderia à altura.
Antes de encher minha banheira e tomar um banho para relaxar,
sentei na minha cama e revisei mais alguns papéis. Nesse dia, eu iria a um
evento importante na boate de Los Angeles e precisava me arrumar.
Logo depois, enviei algumas mensagens de texto para Alice.
“Alice, a que horas você marcou com o cliente?”
“Por volta das dez ele vai estar lá na boate. Você já está pronta?”
“Quase, te encontro lá.”
A novidade era que Alice e Nina passaram a trabalhar comigo. Como
eu precisava de pessoas de confiança ao meu lado, ninguém melhor que
minhas amigas para fazer essa função.
Alice dizia que passamos a ser as Meninas Mafiosas Superpoderosas.
Contratei Nina como advogada da Cooper, mas na verdade, ela
trabalhava diretamente comigo. Já Alice era "gerente de marketing" das
boates. Ela organizava festas e eventos que serviam como fachada para que
eu tivesse contato com novos clientes, sem levantar suspeitas.
Quando eu já estava quase pronta, passei para dar boa noite para
minha filha e depois sairia para trabalhar.
— Minha princesa, você não dormiu ainda? — perguntei a Anne.
— Você vai sair? — ela indagou, fazendo biquinho igual ao pai. —
Eu queria que você me contasse uma história.
— Meu amorzinho, hoje a Joana que vai contar uma história bem
linda de princesa para você, porque a mamãe precisa sair. Mas amanhã de
manhã, vamos fazer panquecas juntas, e depois eu te levo à escola.
— Já vi que vai ter bagunça na minha cozinha — Joana falou,
conseguindo fazer com que Anne desse uma gargalhada e eu me retirei,
precisava ir para a boate.
Anne amava nossas manhãs na cozinha, e eu não abria mão desses
momentos com ela. Fazia questão de ser presente na sua vida. Os últimos
dois meses foram muito difíceis, eu me dividia entre a Cooper, a máfia,
Anne e o hospital onde Ryan estava internado.
Ele já estava há dois meses em coma e os médicos não sabiam se
acordaria ou não. Meu coração dizia que sim e eu não perderia a esperança
de ter o meu marido de volta. Eu ia lá praticamente todos os dias e quando
precisava viajar, pedia a Joana que fosse visitá-lo no meu lugar.
Devido ao estado dele, acabei lendo vários artigos que provavam que
o paciente em coma poderia nos escutar, por isso, pedia sempre para que ele
voltasse para mim e para Anne. Eu não entendia por que ele estava daquele
jeito, queria que acordasse logo e voltasse para nossa família. Eu sentia tanto
a falta de Ryan!
Nesse instante, Matthew me chamou e eu despertei dos meus
pensamentos.
— Chegamos, Senhora Cooper.
Respirei fundo e entrei na boate, que estava cheia, como sempre. Elas
davam um bom lucro, além de servirem como pano de fundo para negócios e
lavagem de dinheiro. Encontrei Alice e Nina, que estavam me esperando no
bar.
— Casa cheia — falei, pegando meu copo para brindar com elas.
— Como sempre — Nina disse, erguendo seu copo.
— Noah não vem hoje? — foi só eu perguntar e ele apareceu.
Ele não sabia do nosso trabalho e pensava que Nina fosse apenas
advogada da empresa. Achamos melhor que fosse assim, para que ele não se
envolvesse naquilo tudo.
— O cliente chegou — Alice falou baixo para que só eu escutasse.
Caminhei lentamente até o homem que Alice apontou para mim. Ele
era alto, moreno e usava um jeans preto e camisa social preta. Básico!
— Boa noite — ele me cumprimentou. — É um prazer conhecê-la,
Senhora Cooper.
— Senhor O'Connor — falei e pedi que me seguisse até um espaço
reservado na boate.
Preferia sempre conversar fora do escritório, por questões de
segurança e para não levantar nenhum tipo de suspeita.
— Vamos conversar sobre o aumento de armas e munições que você
vai me fornecer? — eu perguntei, olhando firmemente dentro dos olhos dele.
— Sarah, é esse seu nome, não é? — ele indagou. — Não sei se você
sabe…
— Senhora Cooper — eu o interrompi, deixando claro que não
queria intimidades comigo.
— Me desculpe, Senhora Cooper — ele repetiu, mostrando que tinha
entendido. — Eu não sei se a senhora sabe, mas o mercado está em alta e eu
não saberia dizer se seria vantajoso aumentar o fornecimento com um preço
tão baixo.
— Preço baixo? — perguntei. — Sou o seu melhor cliente e pelo que
sei, não pago um preço baixo, pelo contrário, penso em negociar esse valor,
já que te forneço uma droga que é muito superior à dos nossos concorrentes
— falei firme, e ele demonstrou pela sua expressão, que não esperava por
isso. — Portanto, se não quiser que eu mude o meu preço, abaixe o seu e
aumente a quantidade do que me fornece.
— Bem que disseram que a senhora era linha dura, ao contrário do
seu marido.
Sem pensar, coloquei a minha arma em cima da mesa e ele arregalou
os olhos. Meus seguranças e os dele se aproximaram discretamente.
— Nunca mais fale assim do meu marido — exigi pausadamente —,
ou eu acabo com você em um piscar de olhos. Temos um acordo?
— Temos — ele falou, esticando a mão e apertando a minha.
Guardei minha arma, voltei para o bar e percebi que ele estava me
seguindo.
— Posso te pagar uma bebida? — ele perguntou, olhando-me dos pés
à cabeça.
— Não, já tenho a minha — respondi, mostrando meu copo. — E sou
a dona daqui, não preciso que paguem nada para mim.
Assim que terminei de beber, chamei Matthew para irmos embora e
avisei a Alice que o negócio estava fechado.
— Mais um que pensou que ia me intimidar porque sou mulher e
ainda me disse que tenho fama de ser linha dura — falei, rindo.
Por fim, voltei para casa exausta e me deitei chorando na cama. Eu
precisava ser uma fortaleza o tempo todo, mas na hora de dormir, só pensava
no meu amor e morria de saudades dele.

◆◆◆

Meus dias começavam sempre bem cedo e ao lado de Anne. Ela enchia
minha vida de alegria e me dava forças para continuar.
Anne era tão pequena e já tinha enfrentado tantas dificuldades, havia
perdido a mãe quando tinha um ano, foi entregue ao pai que ela não
conhecia, depois perdeu a avó que a amava tanto, e no momento, Ryan
estava há dois meses em coma. Minha pequena guerreira só tinha a mim e eu
não falharia com ela.
Uma semana depois que atiraram em Ryan, a madrinha de Anne
apareceu querendo ficar com ela até o pai ficar bom, mas eu não dei
permissão. Anne passou a ser minha filha e eu que cuidaria dela.
Em uma de minhas rotinas, depois que deixei Anne na escola, fui
para a Cooper saber como estavam as coisas por lá. Os diretores se
empenhavam para não deixar nada parado, mas percebi que precisavam de
ajuda, então trouxe Jonas, que eu tinha conhecido na reunião em Nova York,
para cuidar de tudo na sede.
— Bom dia, Lauren! Está tudo em ordem por aqui? — perguntei.
— Bom dia, Senhora Cooper! — ela respondeu, levantando-se para
me acompanhar. — O Senhor Jonas já chegou e está na sala de reuniões.
— Sarah — falei, sorrindo. — Você pode me chamar pelo meu
nome. As fofoqueiras da cafeteira não.
Lauren começou a rir e me contou rapidamente as últimas novidades
da empresa.
Fiquei na Cooper mais tempo do que esperava e saí de lá apressada
para visitar Ryan no hospital. Ao chegar lá, procurei saber o estado de saúde
dele.
— Como ele está, doutor?
— Infelizmente, do mesmo jeito — ele respondeu, cabisbaixo. — Eu
me preocupo com essa demora em acordar e temo que isso se arraste por
meses.
— Eu posso vê-lo?
— Claro que sim!
Então entrei no quarto e se não fosse o tubo que o fazia respirar, eu
diria que ele parecia dormir tranquilamente. Com o coração partido, eu me
aproximei e segurei nas suas mãos como fazia todos os dias.
— Amor, hoje eu demorei porque tivemos reunião na Cooper com
três novos clientes e demorou para me colocarem a par de tudo. Quando
você me contratou, disse que eu seria sua assistente pessoal, mas me deixou
lá cuidando de tudo sozinha — falei rindo, como se ele pudesse me escutar.
O som dos aparelhos que o mantinham vivo me incomodava, e tudo
que eu mais queria era voltar logo para casa com meu marido.
— Amor, tenho que ir... Coisas da máfia... — falei perto do ouvido
dele. — Eu preciso de você. Volta para mim, meu Paraíso Hot.
Saí do hospital e fui para casa trabalhar em home office mesmo.
Respirei fundo quando me sentei na minha poltrona e olhei aquela imensidão
vazia. Sentia falta do meu Ryan. Era muito cansativo comandar uma
organização criminosa sem deixar rastros.
O silêncio foi interrompido por alguém que tinha acabado de chegar.
— Pode entrar — falei quando escutei alguém batendo à porta.
— Com licença, Sarah — o primo do Ryan entrou, falando e
segurando um monte de papéis.
— Senhora Cooper — frisei.
Embora Erick fosse primo de Ryan, eu não dava confiança para ele.
Quando Ryan foi hospitalizado, ele e Luigi, seu pai, queriam decidir tudo,
mas não dei abertura para nenhum dos dois. Aquela noite, que deveria ter
sido a mais feliz da minha vida, tinha se transformado em um grande
pesadelo.
Ryan ainda estava no hospital e a única coisa que eles queriam saber
era da máfia. Os dois não se conformavam com o fato de que eu tinha
assumido os negócios enquanto meu marido estava fora, e claro, quase
morreram do coração quando cheguei acompanhada de Alice e Nina.
— Me desculpe, Senhora Cooper — Erick falou e eu despertei das
minhas lembranças. — Eu trouxe esses papéis.
Em seguida, ele colocou várias folhas, cheias de nomes e números na
minha mesa.
— O que é tudo isso? — perguntei, sem paciência.
— Esses são os devedores. Muitos estão atrasados desde a época do
Ryan. Outros nós estávamos aguardando…
— Mande cobrar e verifique se pagaram — falei, interrompendo
aquela conversa mole dele.
— E se eles não pagarem?
— Você só pode ser um idiota para me fazer uma pergunta dessas,
né? — perguntei, gritando. — Quem não pagar você manda eliminar! —
ordenei e vi quando seus olhos se arregalaram. — E não precisa mais me
procurar para esse tipo de assunto. Vai lá e resolve! Que porra de mafioso é
você que pergunta se tem que matar um devedor?
Após meu rompante, ele saiu apressado e pedindo desculpas por ter
me incomodado. Ele e seu pai só não estavam fora ainda porque querendo ou
não, eram da família do Ryan, mas eles tinham o dom de me irritar.
Minutos depois, meu celular vibrou e era uma mensagem de Alice.
“Sabe o O'Connor? Baixou o preço de tudo e ainda vai aumentar
consideravelmente o fornecimento.”
“Até que enfim boas notícias.”
“Ele descobriu ontem, quando você sacou a arma, que Sarah Cooper
não é uma lenda!”
“Não vejo a hora de esse Erick perceber isso também!”
“Não espere muito da dupla de babacas, tal pai, tal filho.”
Então, mais um dia estressante terminava e passaria mais uma noite
sem dormir com o meu marido.
Capítulo 30
Sarah Cooper

Acordei, tomei um banho e me arrumei para levar Anne à escola. Ela


adorava ficar sentada na cama comigo, contando-me sobre os trabalhinhos
dela na escola, a aula de ballet e sempre me perguntava quando o pai
voltaria.
Eu costumava dizer que não demoraria, mas a verdade é que já não
tinha mais certeza se isso era verdade. Já tinha passado muito tempo e ele
ainda não tinha acordado.
Depois que deixei Anne na escola, fui com Alice e Nina para o
galpão de treinamento. Quando chegamos, pensei que encontraria todos
treinando luta ou tiro ao alvo, mas, em vez disso, estavam de papo no celular
ou jogando cartas.
— É isso que vocês ficam fazendo aqui? — perguntei, gritando. —
Por isso que toda hora invadem algum galpão e conseguem nos roubar!
Quando viram minha reação, os homens correram tentando se
organizar e eu fui direto para a sala de comando.
— Eu te avisei pra não deixar isso aqui nas mãos da dupla de idiotas,
tio Luigi e primo Erick.
Tive que rir, porque aqueles dois realmente não serviam para nada.
Talvez até fizessem o tipo mafiosos na época de Ryan, mas depois da nossa
chegada, era visível o motivo pelo qual eles nunca foram cotados para a
linha de sucessão.
— Que bonito, os dois aqui de conversa fiada e os homens lá no
galpão também à toa como se não tivessem nada para fazer! Se fosse alguém
invadindo, teria acabado com todos vocês — eu disse assim que entrei na
sala.
Luigi veio com uma desculpa de que estava investigando uma
mensagem de um suposto ataque contra nós.
— Que ataque? Presta atenção no meu aviso, eu estou indo pra
Seattle e quando voltar, não quero ver essa desordem, ou vocês dois vão se
arrepender!
— Gente incompetente! — Nina completou e foi para o seu treino de
defesa pessoal.
Eu e Alice fomos praticar nossos tiros e quando começamos a
imaginar a cara dos dois patetas no alvo, não erramos nenhum.
À noite, viajei para Seattle e dois dias depois, quando estava em uma
reunião na boate, recebi uma mensagem do médico de Ryan.
“Senhora Cooper, ótimas notícias! O seu marido não está mais
respirando por aparelhos.”
Assim que li, meu coração disparou. Levantei na mesma hora e
chamei Matthew para me levar ao aeroporto.
— Mande preparar o jatinho que estou voltando agora para Los
Angeles — pedi. — Nossa reunião continua com Alice no comando.
Aproveitei para avisar a Jordan, que passou a ser o meu braço direito
junto com Matthew, que ajudasse Alice e que ficasse de olho em tudo.
Eu estava desesperada para retornar e nunca imaginei que aquela
viagem de volta demoraria tanto.
Enfim, cheguei ao hospital ansiosa por notícias e mandei uma
mensagem para o médico, avisando que eu estava lá.
“Ele acordou?”, perguntei.
“Sarah, precisamos conversar.”
Fiquei assustada com o teor da mensagem dele e comecei a tremer.
Naqueles dois meses, o Doutor Colin havia sido muito atencioso comigo e
acabamos ficando amigos.
Então fui até a sala do médico e ele me explicou o quadro de Ryan.
— Doutor…
— Bryan, pode me chamar pelo meu nome, porque já somos amigos,
depois de todo esse tempo convivendo nos corredores desse hospital.
— Obrigada — falei, sorrindo. — O que você quer conversar
comigo?
— Ryan está sem o respirador e ficou acordado por alguns minutos.
— Minha nossa! Ele acordou e eu não estava aqui... — falei,
sentindo-me feliz e decepcionada ao mesmo tempo. — Eu queria muito ter
sido a primeira pessoa que ele visse depois de todo esse tempo.
— É sobre isso que eu quero falar com você — Bryan pronunciou,
respirou fundo e continuou. — Todos os sinais vitais dele estão bons, ele
consegue se movimentar e vai levar um tempo fazendo fisioterapia para
voltar a se alimentar, respirar e caminhar.
— Quanto a isso, não se preocupe, vou cuidar de tudo e ele vai fazer
o que for recomendado. Será que posso vê-lo agora?
— Sarah, foram feitos também testes neurológicos — ele disse isso e
eu senti um aperto no peito. — E os reflexos dele estão todos cem por
cento...
— Que susto! Do jeito que você falou, achei que tinha algo de
errado.
— Infelizmente, nós temos um problema, mas que com certeza, será
temporário…
— O que aconteceu?
— Ele não se lembra do que aconteceu.
— Como assim?
— Nós perguntamos se ele estava bem e se podia nos dizer o seu
nome — Bryan falou devagar, como se estivesse me preparando para alguma
revelação. — Ele disse que se chamava Ryan, mas que não sabia por que
estava aqui. Eu expliquei que ele tinha sofrido um acidente e que sua esposa
o havia trazido para cá.
— Ele perguntou por mim?
— Sarah, ele teve uma espécie de amnésia retrógrada.
— O que é isso?
— Ele se esqueceu de uma parte da sua vida, alguns anos talvez, mas
ainda precisamos fazer uma avaliação.
— Ele não se lembra de mim? É isso que você está me dizendo? —
perguntei e lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.
— Infelizmente, sim. Ele disse que não tinha esposa, mas, como eu
falei, é temporário. Vamos esperá-lo acordar e ver como ele vai estar.

◆◆◆
Fiquei muito abalada com a notícia do estado de saúde de Ryan. Eu
precisava de forças para enfrentar tudo aquilo, mas ainda existia a esperança
de ele se lembrar de mim só em me ver.
Continuei no hospital. As horas passavam e ele não acordava. Bryan
me explicou que no início ele não poderia falar muito e que aos poucos, tudo
voltaria ao normal.
Ryan voltaria a se alimentar, a fazer exercícios, a andar, a trabalhar,
menos a se lembrar de mim. Se pelo menos ele se lembrasse de Anne, eu já
ficaria feliz. Caso isso não acontecesse, eu não mediria esforços e ele teria
que fingir, porque eu não a deixaria sofrer.
— Oi — uma voz longe e fraca parecia falar comigo.
Eu estava quase cochilando sentada, esperando Ryan acordar e
despertei feliz. Meu Deus! Ele estava falando comigo.
— Oi, meu amor, você acordou! — falei, e sem pensar em mais nada
o abracei. Eu já ia dar um beijo em Ryan quando vi que ele estava um pouco
assustado.
Nessa hora, a enfermeira entrou no quarto e quando viu que ele
estava acordado, disse que ia chamar o médico.
— Quem é você? — ele perguntou e meu coração parecia ter sido
arrancado do peito.
— Sou Sarah — respondi. — Sarah Cooper.
— Cooper?
— Como vai o meu paciente? — Bryan perguntou assim que entrou
sorrindo e falando com Ryan.
— Ele não se lembra de mim — eu disse e saí correndo do quarto.
Não sei quanto tempo passou até Ryan se dar conta de que não me
reconhecia. Por causa disso, senti-me angustiada e chorei em silêncio do
lado de fora do quarto, enquanto Bryan conversava com ele e as enfermeiras
entravam e saíam a todo o instante.
Tentei me recompor, respirei fundo e mandei mensagem para Alice e
Nina, contando o que tinha acontecido.
“Não é possível, Sarah! Você atirou pedra na cruz, minha amiga! Não
teve lua de mel, herdou uma máfia e agora o cara te esqueceu?”, Alice
perguntou com seu jeito doido de ser.
“Por que será que eu tinha certeza de que só você seria capaz de me
fazer rir nesse momento?”
“Porque Alice é única!”, Nina escreveu. “E agora, como vai ser,
Sarah?”
“Ela vai ter que reconquistar o seu Paraíso Hot!”
Alice respondeu por mim, e era isso que eu precisava escutar. Estava
determinada a reconquistar Ryan Cooper. Mas como eu faria isso?
Primeiro eu me arrumei, enxuguei as lágrimas e me lembrei da
promessa que fiz em nosso casamento, "na saúde e na doença". Não era hora
de pensar em mim, e sim em Ryan, que tinha sofrido um atentado, ficado em
coma por um pouco mais que dois meses, teria um longo tratamento pela
frente e precisava de mim. Não importava se ele se lembrava ou não de
quem eu era, eu estaria ao lado dele do mesmo jeito.
Então, entrei no quarto e vi que ele estava de olhos fechados.
— Ele dormiu de novo? — perguntei com os olhos cheios d'água.
— Nesse início, ele vai dormir e acordar várias vezes — o médico
respondeu. — Mas isso é normal.
— Assim como ele ter me esquecido tem que parecer normal e
temporário — completei. — Eu quero ser forte, mas machuca muito o fato
de ele não saber quem eu sou. Do que ele se lembra?
— Da empresa, perguntou pela mãe e falou da filha.
— Ele esqueceu que a mãe morreu?
— Ele vai fazer exercícios, rever fotografias, ser apresentado à vida
novamente e vamos confiar que ele vai se lembrar de tudo.
Diante disso tudo que ouvi, abracei Bryan, porque precisava de apoio
naquele momento. Mais uma vez, um chão estava se abrindo embaixo dos
meus pés e eu teria que aguentar para não cair.
— Que cena linda! — Ryan falou, e nós dois olhamos assustados
para ele. — Eu devo aplaudir? Eu suponho que você seja a minha esposa!
— Eu sou a sua esposa — respondi e não sabia se ficava ali parada
ou se corria para os braços dele.
— E eu posso saber o que a minha esposa está fazendo abraçada com
o meu médico? — ele perguntou, e aquele tom possessivo e ciumento eu
conhecia muito bem.
— O Bryan só me abraçou porquê…
— Bryan? Você chama o meu médico pelo nome? É Doutor Colin
pra você!
— Me desculpe, Bryan... Doutor Colin — falei, revirando os olhos.
— O meu marido costuma ser um pouco ciumento.
— Ele tem razão, Sarah! Se eu fosse casado e se a minha esposa
fosse assim tão linda, eu também morreria de ciúmes — ele falou, rindo. —
Qualquer coisa, é só me chamar.
— Ela não vai te chamar — Ryan respondeu no meu lugar e eu olhei
furiosa para ele.
— Acho que nem tudo está perdido — Bryan disse baixinho e saiu
rindo.
— Ele te chama de Sarah? Qual o nível de intimidade de vocês? Eu
posso saber?
— Não, você não pode. Eu entendi que você precisa de repouso e já
deu ataques demais para quem nem ao menos se lembra de mim.
Com à minha resposta, ele ficou me olhando com aquela cara de
bravo que eu achava a coisa mais linda, e meu corpo estremeceu de tanta
saudade.
— O que foi? — ele perguntou. — Não pense que vai me mandar
dormir para sair por aí atrás desse médico.
— Eu não vou discutir, porque você está se recuperando e confuso,
mas não me irrite!
Minutos depois, Ryan fechou os olhos e eu segurei as suas mãos para
ver se ele dormia um pouco.
— Você é linda! — Ryan me elogiou com aquela voz rouca que me
deixava cheia de saudade — Eu não lembro por que me casei com você, mas
isso já explica muita coisa.
— Nós nos casamos por amor! — falei e dei um beijo nele. — Eu te
amo, Ryan Cooper.
Nessa hora, pensei em como faria para que as pessoas não ficassem
sabendo que ele tinha se esquecido de mim, da morte da mãe e de outras
coisas que eu descobriria aos poucos. Seria perigoso saberem desses detalhes
e isso deixaria não apenas Ryan vulnerável, mas também todos nós.
Como eu precisava desabafar, mandei uma mensagem para Alice e
Nina.
“Não vamos contar para ninguém que Ryan acordou e se esqueceu de
tudo. Ninguém vem aqui mesmo. Até ele se recuperar e poder voltar para
casa, vamos manter isso em segredo.”
Eu iria ao hospital todos os dias como sempre e aos poucos,
conversaria com Ryan e o colocaria a par de tudo. A segurança da
organização dependia disso e eu não deixaria que nos vissem como frágeis,
sem contar que eu ainda não sabia quem tinha atirado em Ryan, e não
arriscaria um novo atentado.
Capítulo 31
Alice

Meus dias eram intensos, mas eu tinha nascido para viver perigosamente.
Sarah era minha melhor amiga e eu nunca a deixaria sozinha numa
situação difícil como aquela em que ela se encontrava. Alguém havia tentado
tirar a vida de Ryan para assumir os negócios dele, mas não esperava
esbarrar com um trio de mulheres para lá de poderosas.
A noite de ontem, em especial, tinha sido de pura adrenalina.
Marquei com um informante na boate e o cara veio bancar o macho para
cima de mim.
— Eu tenho informações quentes de uma invasão no galpão de vocês
— o homem falou, olhando para o meu corpo. — Eles sabem que o Capo
está fora de combate e querem medir forças com a mulher dele, meio que
não querem respeitá-la como chefe, porque vazou que ele pode voltar e
mudar tudo nas negociações.
— Eu não sei quem passa essas informações desencontradas para
vocês, mas posso te garantir que mesmo que ele volte, a Senhora Cooper vai
continuar mandando e nada será alterado.
— E o que eu ganho pra passar seu recado? — o idiota perguntou,
comendo-me com os olhos.
— Um soco nessa sua cara e um chute no seu pau! Tá bom para
você? — Peguei meu drink, deis as costas para o imbecil e pisquei para
Jordan, que na mesma hora foi ter uma conversinha com o sujeito.
— Você perdeu alguma coisa no corpo da minha mulher? Parece que
você não consegue tirar o olho dela! — Jordan falou e eu saí rindo após
escutar isso.
No caminho de volta para casa, Jordan me olhava com intensidade
pelo retrovisor e eu já sentia tudo úmido debaixo de mim.
— Se você continuar me olhando assim — falei, mordendo os lábios
— eu gozo aqui sozinha.
Jordan continuou me encarando e passou a língua em seus lábios,
deixando-me doida. Quando entramos em casa, fomos direto para o meu
quarto, sem pensar em mais nada. Eu queria Jordan e precisava do meu
segurança gostoso dentro de mim. Entramos no chuveiro para tomar um
banho e ele me colocou no seu colo e foi direto para o jogo.
— Assim que eu gosto. Direto ao ponto! — falei, e ele estocava forte
enquanto eu gemia, com minhas pernas entrelaçadas no seu corpo.
Ele beijava o meu pescoço, mordia os meus seios, e eu queria cada
vez mais dele dentro de mim. Eu não sabia como ele fazia aquilo tudo ser tão
perfeito e perdi as contas de quantas vezes me desmanchei no seu colo.
Jordan me deixava exausta e sempre que ele ia gozar, gritava meu
nome e eu ficava em êxtase.
Depois do banho, ele me pegou no colo e me jogou na cama. Beijei o
seu pescoço e senti que ele ficou arrepiado com isso, o que me deixou com
mais tesão ainda. Jordan desceu seus dedos até a minha intimidade,
provocando-me e conferindo se eu já estava pronta para ele novamente.
— Estou sempre pronta para você, meu amor! — eu disse enquanto
gemia alto e arqueava minhas costas, indo ao encontro dele, que sabia todos
os meus pontos. Arranhei seus ombros e disse seu nome enquanto gemia
próximo em seu ouvido. Ele gritava me chamando de gostosa e apertava
minha bunda enquanto me penetrava com força, beijando meus seios e
aumentando ainda mais o fogo dentro de mim. Rebolei querendo mais do
pau dele dentro de mim e ele aumentou o ritmo.
Meu corpo tremia, até que amoleci embaixo dele e senti que Jordan
era meu mais uma vez.
— Você me enlouquece, Alice! — ele falou, suspirando e se deitou
ao meu lado.
— Sabia que hoje faz um mês que nós estamos juntos? — perguntei,
sentando-me em cima dele.
— E como nós vamos comemorar?
— Adivinha? — indaguei e abri a gaveta da minha cômoda
mostrando os chicotes e as algemas.
— Alice, o que eu faço com você?
— Quer que eu mostre ou te responda?

◆◆◆
No dia seguinte, acordamos cedo e fomos visitar nosso Capo
desmemoriado.
— Muito louco isso tudo que aconteceu com o Senhor Cooper —
Jordan falou enquanto seguíamos para o hospital. — Ele não se lembra de
nenhum de nós que entramos na vida dele nos últimos anos.
— Eu tenho pena da Sarah — eu disse, respirando fundo. — Ela está
sofrendo muito e lutando para reconquistar o traumatizado da árvore de
Natal.
— Coitado dele! O Matthew disse que quando a mãe morreu, ele
ficou sozinho com a filha, com essa máfia e meio que surtou.
— Surtado ele está agora com esse ciúme da Sarah, que ele nem
lembra que é esposa dele. Coitado, ele ficou maluco, nem sei como o médico
o aguenta — opinei, rindo. — Ele cismou que o cara está interessado na
Sarah.
— E não está? — Jordan perguntou com um tom irônico.
Nós dois rimos, porque estava na cara que o tal do Doutor Colin
tinha uma atração pela Sarah.
— Pelo menos a gente sabe que é temporário — falei. — Ele disse
que a qualquer momento pode acontecer um gatilho e as lembranças voltam
em efeito cascata.
— Vamos fazer essa visita e voltar pra casa, porque ainda estamos
comemorando nosso primeiro mês juntos — Jordan falou enquanto me
beijava no estacionamento do hospital.
Capítulo 32
Ryan Cooper

Já se passaram duas semanas desde que eu tinha acordado e começado a


fazer a fisioterapia. Eu ia bem, progredia rapidamente, mas continuava sem
me lembrar de Sarah. Ela era como uma esposa que caiu de paraquedas na
minha vida, que estava sempre presente, mas que eu não conhecia.
Além de Sarah, ainda tinha as amigas dela e o tal do Jordan, que ela
dizia que eu o havia contratado para ser seu segurança.
— Bom dia, meu amor — ela falou assim que entrou no meu quarto.
— Como você passou a noite?
— Eu teria passado melhor se a minha esposa ficasse ao meu lado —
reclamei. — Onde você estava?
— Ryan, eu não posso passar todas as noites aqui porque chamaria
muita atenção — Sarah falou e eu sabia que tinha algum segredo. — E tem a
Anne, que precisa de mim.
— Eu quero saber sobre esse nosso casamento. Que mulher é essa
que eu fui arrumar que não pode dormir com o marido? — perguntei,
irritado. — E onde estão as outras pessoas? Por que só você vem aqui? Eu
tenho uma empresa e...
Nesse momento, achei melhor parar de falar porque não queria
comentar com ela sobre a máfia.
— Onde estão meu tio Luigi e meu primo Erick que não vêm aqui
me ver? Minha mãe eu sei que perdi, porque você me contou, agora quero
saber deles dois. Viviam me perturbando e agora somem!
— A dupla de patetas está viva, não se preocupe — ela disse e se
sentou perto de mim na cama.
— Dupla de patetas? — perguntei sem entender. — Eu preciso
urgentemente falar com eles. Tem como você entrar em contato com um dos
dois?
— Claro que sim! Atualmente, eles trabalham para mim — ela
respondeu e se aproximou do meu ouvido, para que ninguém escutasse o que
ia falar. — Eu sou a nova Chefe da sua Máfia.
— Você o quê? Eu não devo ter escutado direito — falei assustado.
Essa mulher, além de minha esposa, era também uma mafiosa?
— Você escutou muito bem! Alguém tentou te matar na noite do
nosso casamento quando estávamos indo pra nossa lua de mel. Eu não ia
deixar isso barato, nem permitir que nos atingissem de novo. Com isso,
assumi todos os seus negócios e posso te garantir que tripliquei nossos
lucros.
— Nós não tivemos lua de mel?
— De tudo que falei, você só prestou atenção nessa parte? — ela
perguntou, rindo.
— Agora está explicado os seus sumiços! Você não teve nada
comigo e foi procurar em outro lugar — eu disse, cerrando os punhos. —
Não vou aceitar isso!
— Você é doido? — ela gritou. — De onde você tira tanta idiotice?
Você foi e continua sendo o único homem da minha vida.
Sarah era maravilhosa e eu era um homem de muita sorte por saber
que ela era só minha, mesmo que eu não me lembrasse de nada. Eu nunca
deixaria ninguém se aproximar dela. Não via a hora de ter alta para deixar
minha mulher bem longe do meu médico.
— Você não vai querer saber de nada sobre os negócios? — ela
perguntou.
— Depois... — respondi, puxando-a para junto de mim. — Sinto
falta de você.
— Sente? Como sente se você nem se lembra de mim? — ela
perguntou, dando de ombros.
— Meu corpo sente — frisei, peguei a mão dela e vi que Sarah
estremeceu ao me tocar e ver como o meu pau estava duro — Minha esposa,
eu estou sem memória e não morto.
Com isso, ela deu um sorriso, mordeu os lábios e respirou fundo.
— Eu não sei se a gente pode fazer isso — ela disse — Estamos num
hospital…
— Claro que podemos. Você é minha mulher — afirmei, a segurei
com força e a trouxe para mais perto de mim. — E, até onde sei, estou te
devendo uma lua de mel.
Ela me olhou com uma cara de safada e colocou a mão dentro da
minha cueca, lambendo os lábios enquanto apertava o meu pau e o
masturbava. Ela era perfeita e eu já estava há quinze dias desejando-a mais
do que tudo. Mesmo não tendo forças, estava me esforçando para ficar bem
logo e não deixar minha esposa linda sem marido.
— Só um minuto! — Ela falou, pegou o celular e ligou para alguém,
que eu logo vi que devia ser um segurança, pois ela deu ordem que ninguém
entrasse nesse quarto.
Ela se deitou ao meu lado na cama e me beijou, me deixando louco
com os seus lábios macios e carnudos.
— Você é muito gostosa... e é só minha.
— Só sua! — Ela falou enquanto tirava o seu vestido preto e o
jogava no chão, deixando seus seios volumosos livres e prontos para serem
abocanhados.
Eu os chupei com força e escutei ela gemendo baixinho quando
mordi os seus mamilos. Minha esposa tinha peitos deliciosos e nunca me
cansaria de tê-los assim, na minha boca.
— Eu estava com saudade dessa sua boca me chupando todinha.
Eu a puxei para cima de mim e ela colocou uma perna de cada lado
do meu rosto, esfregando a sua boceta na minha boca, doida para ser fodida
pela minha língua.
— Me fode, por favor!
Ela nem precisava me pedir, porque foi só sentir o cheiro daquela
bocetinha toda aberta na minha cara que eu comecei a lamber cada dobra e a
chupar seu clitóris durinho. Ela rebolava se esfregando na minha cara,
mostrando o quanto estava com saudades e me deixando louco de tesão, com
o pau duro e latejando doido para se enterrar dentro dela.
Eu podia sentir o seu corpo convulsionando, enquanto a fodia com
minha língua dura. Quando eu enfiei dois dedos dentro dela, estocando com
força, ela se desmanchou na minha boca, lambuzando a minha cara e me
deixando sentir o seu gosto delicioso.
— Agora sou eu que preciso te chupar e sentir a sua porra escorrendo
pela minha garganta — ela falou e eu amei o seu jeito sem pudor de falar o
que sentia.
Sarah tirou a minha cueca, e lambeu a cabeça do meu pau, chupando
lentamente a glande e depois toda a extensão do meu membro.
— Você gosta de mamar no meu pau, não é sua safada?
— Eu amo esse pau que é todo meu! — Ela falou engolindo até se
engasgar e sem deixar de me olhar nem por um segundo. A minha mulher
tinha uma boca muito gostosa e ela me chupava com gosto, querendo sentir
cada veia do meu pau e quando começou a me masturbar rápido, não foi
difícil conseguir o que tanto queria, que era minha porra quente e grossa na
sua boca.
— Agora que estamos um pouquinho saciados, senta aqui no seu
marido, que eu quero te ver cavalgando no meu pau, enquanto eu enterro
fundo na sua bocetinha melada — Eu falei sem dar tempo para nos
recuperarmos e o melhor, ela me atendeu prontamente.
Depois de uma foda intensa, ficamos os dois abraçados na cama,
tentando controlar a respiração e olhando um para o outro.
— Nós somos doidos — ela afirmou, rindo. — Você ainda está em
recuperação.
— Eu me sinto ótimo!
A minha resposta fez Sarah dar uma gargalhada e notei que essa foi a
primeira vez que eu a vi sorrir.
— Você é muito mais linda assim, sorrindo. — falei e ajeitei uma
mecha do cabelo dela. — Não deveria esconder esse rosto lindo com o seu
cabelo.
Nesse momento, Sarah me olhou e seus olhos se encheram d’água.
— O que foi? Eu falei alguma coisa que não deveria?
— Não é isso! Na primeira vez em que nos beijamos, você ajeitou
meu cabelo e me disse a mesma coisa.
— Talvez eu esteja te conhecendo novamente, e te admirando como
na primeira vez.
Ela então suspirou, escondeu o rosto no meu peito e começou a rir.
— Agora, Senhora Cooper, eu quero saber tudo sobre você ser Chefe
da minha máfia.
— Vou te contar tudo, meu Al Capone.

◆◆◆
Sarah ficou deitada, abraçada comigo e me contou tudo que tinha
acontecido nos últimos dois meses. Em alguns momentos, ela se levantava e
reproduzia as cenas para mim. Eu notava que existia um brilho nos seus
olhos, como se ela respirasse aquela adrenalina e amasse vivê-la.
— Eu sou realmente um homem de sorte! Que mulher perfeita é
você, meu amor? — perguntei e me dei conta de que, mesmo sem me
lembrar, eu sentia algo forte por ela.
— Você me chamou de meu amor? — Sarah disse e me abraçou,
sorrindo. — Ownnnn! Vou até perdoar alguém que nos deve, por isso — ela
falou rindo e eu me assustei.
Com essa fala dela, percebi que minha mulher era uma mafiosa de
verdade!
— Você já tem alguma pista de quem mandou me matar? —
perguntei, porque isso era algo que me preocupava.
— São muitas máfias rivais e eu não tenho ideia ainda de qual delas
fez isso para tomar o que é nosso. Mas vamos descobrir. Eu, Alice e Nina
estamos de olho e vamos acabar com quem fez isso, seja lá quem for esse
traidor.
— Vocês três comandando a minha máfia! — exclamei, revirando
meus olhos. — Meu tio deve estar realmente doido e te dando trabalho,
porque ele sonhava com o meu lugar e agora vem você e cuida de tudo.
— Seu tio é o "pateta 1", como diz Alice. Ele parecia comandar na
sua sombra, mas era péssimo. Seu avô fez muito bem em não deixar nada
nas mãos dele.
— Se meu avô tivesse conhecido você, não teria deixado nada nem
para mim! Eu vou ter alta essa semana e cuidarei de tudo, preciso retomar os
meus negócios e não vou deixar minha mulher sozinha no meio daquele
bando de homens.
— Sobre o seu retorno, precisamos conversar, mas depois, porque
estão batendo na porta.
— Bom dia! Eu vim fazer a visita de rotina — o médico que estava
doido pela minha mulher falou.
— Bom dia, doutor! Eu estava falando para minha esposa que vou ter
alta esta semana e finalmente vamos para casa.
— É verdade, Bryan? — ela perguntou, batendo palmas e se
levantando da cama.
Mas que inferno! Por que ela insistia em chamar esse médico pelo
nome?
— Sim, ele vai para casa, mas precisa manter a fisioterapia e o
repouso. Os cuidados médicos continuarão lá.
— Isso é tudo que você quer não é, doutor? Que eu fique de repouso?
— eu falei, já que ele queria me deixar na cama para ter tempo de dar em
cima da minha mulher.
— Ryan! Você pode ter um pouco mais de educação? O médico está
falando para o seu bem!
Porra! Até brava essa mulher era linda!
— Não se preocupe com isso, Sarah. É normal os pacientes ficarem
estressados e doidos para voltar à vida normal.
— Escutou, Senhora Cooper? — falei para o tal Bryan entender que
esse era o nome que ele tinha que usar para falar com a minha esposa. — É
normal eu querer minha vida de volta — completei e a puxei para perto de
mim.
Quando o médico saiu, ela reclamou comigo da forma como falei
com ele.
— Você está defendendo o médico? Por que você se importa tanto?
— Porque ele cuidou de você, Ryan. Ele se preocupou e me apoiou
durante esse tempo todo.
— Claro! Ele quer te comer! — gritei. — Mas quando eu sair daqui,
vou contratar uma equipe nova para cuidar de mim e nunca mais vamos ver
esse médico.
— Isso quem decide sou eu, Ryan Cooper! — ela falou brava,
colocando a mão na cintura e achando que mandava em mim.
— Você não decide nada, Sarah Cooper! E fique ciente que irei me
recuperar e te mostrar quem é que manda aqui! — eu disse, e ela colocou a
mão dentro da minha cueca, fazendo com que eu ficasse excitado na hora.
— Presta atenção, meu amorzinho, se você gritar assim comigo de
novo, vai ter que estar muito bem para me comer, porque só de te escutar
falando assim, eu já estou toda molhada.
— Você é perigosa, Senhora Cooper! — falei, praticamente gemendo
de prazer. — Você é como uma droga que vicia!
— Eu preciso ir, meu amor — Sarah disse, e eu me irritei. Por que
ela tinha que ir?
— Como assim precisa ir embora? Eu sou seu marido e você vai
ficar aqui comigo!
— Você ainda não pode fazer tanto esforço, Al Capone e eu tenho
uma filha, uma empresa e uma máfia para cuidar.
— Falando em máfia, como você fez para assumir? Isso não faz o
menor sentido, porque não existe mulher comandando na Instituição.
— Não foi fácil! Seu tio tentou me intimidar, mas eu não deixei e
Matthew ficou ao meu lado. Foi ele quem ligou para Dante Cosa Nostra,
disse que estaria ao meu lado, que eu faria a iniciação, treinamento, enfim…
parece que ele não levou fé em mim, disse que se eu sobrevivesse por três
dias, voltaria a falar com Matthew, enfrentei o seu tio, os homens, eliminei
alguns e Dante disse que esperava que você acordasse para ver o caos que
criou.
— Dante deixou uma mulher no comando? Ele vai exigir muita coisa
em troca quando eu voltar.
Infelizmente, alguns remédios que precisei tomar, me fizeram dormir
e quando acordei horas depois, com a enfermeira e a fisioterapeuta me dando
boa tarde, Sarah não estava ao meu lado. Ela deveria ter saído enquanto eu
dormia.
Em seguida, meu celular vibrou e a enfermeira me entregou o
aparelho com uma mensagem de Sarah.
“Amor, tive que deixar você dormindo, porque, se eu te acordasse
pra me despedir, nós dois sabemos o que aconteceria. Estava olhando sua
foto no nosso casamento. Eu amei a nossa "noite de núpcias" hoje de manhã
no quarto do hospital. Você, como sempre, foi PERFEITO, MEU AL
CAPONE HOT!”
Eu fiquei olhando a foto do nosso casamento que ela me enviou e vi
como estava feliz. Não conseguia me lembrar de ter vivido nada daquilo,
mas de uma coisa eu tinha certeza e escrevi para Sarah:
“Se eu pudesse, me casaria todos os dias com você!”
Capítulo 33
Luigi De Lucca

Era um inferno ter que conviver com aquela Sarah Cooper. Mulherzinha
intragável. Desde que Ryan sobreviveu ao atentado no dia do seu casamento,
ela se achou no direito de mandar e desmandar em tudo. Teve o apoio
imediato de Matthew, segurança e braço direito do meu sobrinho, que
parecia gostar de me ver por baixo.
Além disso, ainda trouxe aquelas suas duas amiguinhas
insuportáveis, Nina e Alice, essa por sinal, a pior das três. Era uma mulher
fria e doida e depois que virou amante do seu segurança, o tal de Jordan, deu
poderes na máfia para ele também.
Com isso, passei a ficar de saco cheio e a viver um pesadelo com
estes cinco: Sarah, Alice, Nina, Jordan e Matthew. Se eu pudesse, esmagava
todos eles com a palma da minha mão.
— Pai, o Capo da Corsa mandou mensagem, dizendo que precisa
falar com você! — Erick entrou berrando no meu escritório.
— Fala baixo, seu idiota! Quer que todo mundo fique sabendo disso?
— perguntei, fazendo sinal para ele se calar. — Se os homens escutam o que
você disse, vão contar na hora para o Matthew e em cinco segundos, aquela
maluca da Sarah Cooper vai estar aqui com uma arma apontada para as
nossas cabeças!
Sarah se tornou bem diferente. Quando a conheci, numa noite na casa
do meu sobrinho, ela parecia uma moça doce e cordata. Achei que seria uma
boa influência para fazer o Ryan desistir de tudo e viver seu conto de fadas
com ela.
— Tem razão — Erick concordou. — Minha priminha é jogo duro!
Respirei fundo e chamei o Capo Francês no FaceTime.
— Luigi, como você se sente tendo uma trajetória de vida baseada
numa total incompetência? — o Capo já foi me acusando.
— Eu não tenho dado sorte, mas…
— Sorte? Você acha que eu tenho tempo para idiotas que contam
com a sorte?
— Não, mas eu vou resolver tudo, e seremos grandes aliados —
falei, tentando convencê-lo a me dar um prazo maior para me tornar o Capo
Americano.
Assim que eu disse isso, ele deu uma gargalhada, e escutei vários
risos juntos ao dele. Com certeza, ele estava reunido com seus homens e eu
era uma espécie de chacota para todos.
Em minha mente, cogitava que quando eu fosse o chefe, não me
aliaria a ele, e sim destruiria a máfia daquele homem que estava rindo de
mim e a assumiria.
Eu era competente e não o idiota que todos pensavam. As coisas
nunca haviam sido fáceis para mim, que deveria ter sido o Capo por herança,
como em toda tradição familiar da máfia, mas era obrigado a batalhar por
algo que era meu por direito.
— Eu vou contornar mais esse obstáculo e vamos negociar — falei,
respirando fundo, mas minha vontade era dar um tiro na tela e acabar com
aquele homem que continuava com um sorriso irônico, enquanto me
escutava falar com ele.
— Mais um obstáculo? — ele perguntou e acendeu um charuto. —
Você tem seis meses para resolver isso e olha que é tempo demais para um
idiota que há vinte e cinco anos me diz que "vai resolver isso".
— Meu pai não respeitou o código da máfia, senão eu já era o chefe
— respondi. — Não é fácil ter que lutar para tomar o que já deveria ser meu
a cada dia.
— Não quero escutar suas lamúrias! — ele gritou e deu um soco na
mesa. — Há vinte e cinco anos você me disse isso, quando seu cunhado
assumiu os negócios. Mandou eliminá-lo e no lugar de assumir, seu pai
voltou à ativa e resolveu nomear um garoto de cinco anos como seu
sucessor. Você realmente não deve ter valor nenhum. Não sei por que ainda
perco o meu tempo!
— Depois que o meu pai morreu, fizemos grandes negócios, já que
meu sobrinho me deixava à frente de tudo — retruquei, e era verdade.
Para conseguir ser aliado da Máfia Francesa, eu negociava preços
menores com ele e tudo ia bem até a Sarah entrar no meu caminho.
— Você me disse que seu sobrinho era carta fora do baralho, que
bastava ameaçar a namoradinha dele que o Capo largava tudo. Em vez disso,
ele saiu matando os meus homens.
À medida que o homem falava, eu escutava calado e pensava no meu
pai, que era o culpado por tanta humilhação. Ryan não merecia ser o Capo e,
mesmo assim, tinha herdado tudo.
— Meu sobrinho está praticamente morto, em coma, nem a mulher
dele toca mais no assunto. Neste último mês, é como se ele não existisse.
— Mas ele existe, porque como sempre, você falhou. Disse que ia
eliminar seu sobrinho e além dele ter sobrevivido, a mulher dele assumiu.
Essa Sarah é sanguinária e está disposta a passar por cima de quem for pra
vingar o tiro que o marido levou. Você é um imbecil! Tirou seu sobrinho que
era um peso morto e fez ascender uma legítima Chefe.
— Meu sobrinho não vai durar muito e quando ele morrer, ela não
vai ter motivos para continuar representando-o.
— Luigi, você tem 6 meses, nem mais um dia. Depois disso, declaro
guerra contra vocês. Temos um acordo?
— Temos um acordo!
Nesse momento, olhei para Erick e disse que tínhamos que nos livrar
da Sarah.
— Seu primo deve ter piorado, com certeza, por isso ela não fala
mais nada dele. Sabe que o tempo de o representar está no fim!
— Quando ela sair, você finalmente terá o lugar que te pertence, meu
pai e eu herdarei tudo no futuro.
Só me restava esperar Ryan morrer no hospital, Sarah desaparecer,
para mim finalmente me tornar o chefe da organização. Seria respeitado e
temido. No início, fingiria ter me aliado à Máfia Francesa, mas seria só o
tempo de tomar tudo para mim.
— Vai dar tudo certo — pronunciei, ergui meu copo e brindei com
meu filho.
Minutos depois, meu celular vibrou com uma mensagem do... Ryan?
“Reúna os homens, meu tio! O Capo está de volta!”
— O que aconteceu, meu pai? — Erick perguntou, sacudindo-me
depois de me ver respirar fundo e deitar minha cabeça sobre a mesa.
Querendo saber o que se passava, ele pegou meu celular e leu a
mensagem.
— Pai, isso não poderia ter acontecido! E agora?
— Que inferno! — gritei, jogando meu copo contra a parede. —
Como é que seu primo ficou bom? Você sabia que ele estava se
recuperando?
— Como eu ia saber? A mulher dele me trata como um empregado
qualquer! Maldito seja o Ryan, de quem vamos ter que puxar saco de novo!
— Maldita Sarah Cooper! — exclamei, cerrando meus punhos.
Capítulo 34
Ryan Cooper

Finalmente eu teria alta e poderia voltar para minha casa com a minha
mulher. Ela havia me mostrado várias fotos da minha filha e levei um susto
com o tamanho de Anne. Em uma conversa, Sarah decidiu que ninguém
poderia saber que eu tinha perdido a memória, para não dar munição aos
nossos inimigos e eu teria que representar muito bem para ninguém perceber.
Assim que a porta do quarto se abriu, ela entrou, linda como sempre
e sorrindo.
— Amanhã é o grande dia, meu amor!
— Eu não vejo a hora de poder ficar sozinho com você e...
— Para, porque ninguém aqui quer saber como vocês vão transar,
não! — a doida da Alice entrou no quarto falando e rindo.
Com ela estavam Matthew, Nina e Jordan.
— Matthew, até que enfim alguém que eu realmente conheço! —
falei rindo, e Sarah abaixou a cabeça. — Meu amor, de você eu não lembro
— expliquei, pegando na mão dela — mas seria capaz de te amar mesmo
que eu te esquecesse todos os dias quando eu fosse dormir.
Sarah então me olhou sorrindo, e vi que ela tinha ficado feliz outra
vez.
— Vocês são lindos! — Nina falou, aos risos. — Eu acho...
— Vamos parar com esse mel todo, que só temos um dia pra deixar
tudo pronto — Alice disse, interrompendo Nina e se jogando no sofá que
tinha ao lado da minha cama.
Todos concordaram. Jordan e Nina se sentaram ao lado dela.
Matthew pegou duas cadeiras, uma para ele e outra para Sarah.
— Muito bem! Vamos começar nossa reunião — minha mulher
falou. — Pauta do dia: Máfia Francesa, roubo de uma de nossas cargas e a
volta do Capo.
— Vocês vão fazer essa reunião aqui? — perguntei, olhando para
Sarah.
— Claro! Como você pretende voltar amanhã sem saber de nada? Eu
já te contei praticamente tudo, mas você precisa participar das reuniões e, a
partir de agora, ser convincente.
— Capo Cooper, eles precisam crer que está tudo bem, ou ficamos
vulneráveis outra vez — Matthew disse. — Ainda não sabemos quem tentou
matá-lo, mas eles sabem que estamos no controle da situação e que a
Senhora Cooper é muito respeitada e temida. Eles precisam saber que, com a
sua volta, esse poder só se intensificará.
— Nesse início, você ainda não pode fazer esforço, vai precisar de
fisioterapia e por isso vamos fingir que você precisa resolver muitas coisas
na empresa. Sarah vai continuar à frente dos negócios e você vai estar ao
lado dela, passando a certeza de que ela tem poder para resolver tudo —
Nina me explicou, e pelo que eu tinha entendido, já tinham decidido a minha
vida. — Eu vou estar na Cooper o tempo todo e qualquer coisa você pode
contar comigo.
Nessa nova fase, precisaria me adaptar a tudo, mas uma coisa eu já
tinha entendido, aquela era a minha nova máfia.
— Então vamos voltar à reunião — Sarah falou, e todos
concordaram.
— As boates vão indo muito bem com os eventos que temos feito
com marcas famosas — Alice comentou. — Além de servirem de laranjas e
de pano de fundo para nossos encontros com informantes e fornecedores,
elas dobraram o lucro do faturamento de antes.
— Parabéns, Alice e Jordan! Vocês estão fazendo um excelente
trabalho! — Sarah os cumprimentou e entendi que as boates estavam nas
mãos deles dois.
— Tivemos um roubo no carregamento da semana passada e
recuperamos grande parte. Já sabemos, com certeza, que estamos sofrendo
alguns ataques da Bratva e passamos a revidar à altura — Matthew detalhou.
— Aumentamos o valor e diminuímos a quantidade de drogas que
fornecemos para alguns aliados deles. Assim, ficou claro que estamos
atentos e que não vamos permitir que eles tentem nos dominar.
— Eles fizeram o mesmo com a Corsa e agora as duas são inimigas
declaradas — Jordan comentou. — Os franceses querem que sejamos
aliados deles.
— Esse é um sonho deles que não vamos realizar — Sarah disse num
tom sério. — Eu sinto que eles fazem o jogo do "somos poderosos e vocês
precisam se aliar" para não sofrer tantos ataques.
— Eles estavam acostumados com os valores altos que lhes
pagávamos totalmente fora do mercado, além da nossa mercadoria, que ia
quase que a preço de custo para eles — Nina ressaltou e contou que meu tio
ou era péssimo administrador, ou queria muito ser aliado deles e fazia isso
como uma troca de favor.
— Como sempre, a dupla de patetas dando bola fora — Alice frisou
e todos riram.
A dupla de patetas eu já sabia que era a forma como eles chamavam
meu tio Luigi e meu primo Erick.
— Então, vamos ao assunto principal, a volta do Capo! — Sarah
disse e todos olharam para mim.
Sarah falava como se a máfia sempre tivesse feito parte da sua vida.
Era natural e determinada, uma verdadeira líder.
— E como vai ser isso?
— Vamos marcar uma reunião com nossos homens daqui a dois dias
e você se mostrará firme, dirá que todos os acordos firmados por mim são
como se tivessem sido firmados por você. Assim, eu continuarei
comandando até você estar bem e poder assumir de verdade o seu lugar.
— Perfeito! E isso vai acontecer logo, meu amor, porque eu não
estou gostando de você no meio disso tudo — falei e Sarah revirou os olhos.
A reunião continuou e acertamos tudo sobre a minha volta. No final,
Sarah pegou meu celular e enviou uma mensagem para o meu tio. Ela deixou
claro que ele e o meu primo não deveriam saber de nada da minha perda de
memória temporária.
Quando todos saíram, não deixei minha esposa ir com eles.
— Amanhã eu volto para casa, e você vai ser só minha de novo — eu
disse, com ela deitada ao meu lado e com a cabeça no meu peito.
— Eu sou só sua — ela afirmou e senti suas mãos percorrendo o meu
corpo.
— Eu não gostei dessa parte de que vou pra Cooper, porque prefiro
cuidar da organização! Não gosto de ver você no meio de outros homens.
— Por enquanto, vai ter que ser assim — ela falou e me beijou. —
Capo Cooper, durma muito nesta noite, porque eu acho que você não vai
poder dormir uma noite inteira novamente por um bom tempo quando voltar
para casa. Amanhã venho te buscar para voltarmos para a nossa vida e só
quero esquecer esse tempo que ficamos longe um do outro.
Eu não sabia como seria representar para todos, mas teria que
convencê-los de que estava ótimo de saúde e que não tinha perdido parte da
minha memória! Tudo seria mais fácil se eu conseguisse me lembrar, mas a
minha terapeuta disse que isso aconteceria quando eu menos esperasse.
A noite custou a passar e no dia seguinte, logo cedo, quando acabei
de me arrumar, mandei uma mensagem para Sarah.
“Minha Rainha, estou pronto!”
Capítulo 35
Sarah Cooper

Acordei ansiosa para ir ao hospital buscar Ryan. Pedi a Joana que


preparasse uma refeição leve para almoçarmos no jardim. Aproveitei para
tirar o dia livre para ficar com a minha família, já que precisava de
tranquilidade para a readaptação do meu marido.
Apesar de tudo aparentar estar sob controle, minha preocupação era
com Anne, de quem Ryan lembrava apenas como uma garotinha de pouco
mais de um ano.
— Não sei quanto tempo isso vai durar, Joana, mas preciso fazer isso
dar certo — falei, enquanto tomava o meu café.
— Ele esqueceu justamente a partir do momento em que se sentiu
perdido — Joana falou com os olhos cheios d'água. — A mãe dele era uma
pessoa muito boa, mas estava acostumada com o luxo e a vida na máfia.
Meus pais trabalhavam para os pais dela, assim como meus tios eram
"soldados" do Capo.
— Eu entendo. Para vocês, isso sempre foi uma coisa natural.
— Ryan perdeu o pai muito pequeno, com a idade da Anne, e desde
então, o avô colocou na cabeça que ele seria seu sucessor. Ryan foi
praticamente obrigado a assumir esse legado. A mãe dele vivia repetindo o
quanto ele deveria se sentir orgulhoso pela escolha do avô. Aí, quando ele
morreu, ela passou a pressioná-lo para assumir o seu lugar.
— Uma criança de cinco anos sendo submetida a sessões de tortura.
Infelizmente, isso também é normal para você, não é?
— Eu não conheço outra vida, senhora Cooper. Mas acredite, sempre
fiz tudo por ele quando criança. Ele chegava triste, e eu fazia tudo que ele
gostava para compensar. Ele não aceitava ter que ser o Capo porque
decidiram isso por ele — Joana opinou e começou a rir. — Não sei se você
percebeu, mas ele é meio teimoso.
— Meio? — perguntei, dando uma gargalhada e abraçando Joana. —
Acho que ele é assim porque foi muito mimado pela primeira babá dele.
Com essa resposta, Joana riu e disse que era verdade, afirmando que
até o momento, ainda ficava desculpando tudo que ele fazia.
Enquanto conversávamos, meu celular vibrou. Era uma mensagem de
Ryan com uma foto que me fez sorrir e deixou meu coração batendo mais
forte.
— Olha isso, Joana — falei, mostrando meu celular para ela. — Meu
marido está de volta.
Logo depois, fui apressada com Matthew para o hospital encontrar
Ryan e trazê-lo para casa. Quando cheguei ao local, escutei umas vozes
alteradas vindas do quarto e logo percebi que era ele quem estava gritando.
— O que está acontecendo aqui? — perguntei, entrando no quarto.
— Ele não queria esperar pela senhora aqui no quarto e eu estava
explicando que ele não poderia descer sozinho para aguardar lá embaixo —
a enfermeira respondeu.
— Ryan! — falei, sem acreditar.
— É normal o paciente querer sair correndo daqui quando tem alta e
querer ver o mundo de novo — Bryan entrou no quarto, falando. — Como
você está se sentindo hoje?
— Estou me sentindo muito bem. Já podemos ir! — ele respondeu,
pegando a minha mão e me puxando.
— Para com isso! — retruquei, olhando nos olhos dele. — Quais as
recomendações?
— Alimentação leve, fisioterapia, repouso e terapia.
— Pode deixar, Bryan, eu vou cuidar de tudo.
— Doutor Colin para você, Sarah. — Ryan retrucou.
— A terapia é fundamental para que ele consiga recuperar a
memória. Eu recomendaria que ele ficasse mais um tempo aqui, fazendo a
fisioterapia…
— Isso não vai acontecer! — Ryan interrompeu o doutor. — Sei
muito bem por que você quer que eu fique aqui mais tempo. Muito obrigado
por tudo e até nunca mais!
Então Ryan saiu do quarto e eu me desculpei com Bryan, que disse
entender o ciúme dele.
— Você sabe que ele pode nunca mais vir a se lembrar de nada, não
é, Sarah? — o médico comentou.
— Para nós, o importante é vivermos como marido e mulher e disso
a minha esposa sabe que eu me lembro muito bem — Ryan entrou no quarto,
falando e me puxando.
— Qual o seu problema? Por que tratou o médico desse jeito?
— O meu problema é ele de olho em você.
Só me restou sacudir a cabeça e deixar aquilo para lá, porque pelo
visto, Ryan tinha se esquecido de mim, mas o ciúme continuava o mesmo.
No caminho para casa, fomos repassando algumas coisas para ele
não ficar perdido.
— Você só pode estar brincando! — ele falou como quem não
acreditava. — Eu ficava dançando ballet com a minha filha?
— E se apresentavam para as bonecas dela — completei, rindo.
— No que eu me transformei? Por isso eu devo ter perdido a
memória! Quem ia querer se lembrar de ficar dando piruetas?
Por fim, paramos em frente à nossa casa e Ryan se emocionou
quando viu o portão se abrindo.
— Foi aqui que tudo aconteceu? Que eu tomei os tiros?
— Sim, mas não vamos falar disso agora. Bem-vindo de volta,
Senhor Cooper!
Entramos em casa e ele levou um susto quando Anne correu para o
seu colo.
— Meu papai voltou Joana, vem ver! — ela gritou. — Você não
morreu!
— Não, minha princesa! — ele disse. — O papai não morreu! Eu
nunca vou te deixar.
Emocionado, Ryan abraçou a filha e sem saber, ele a chamou como
antes, de princesa. Na mesma hora, meu coração se encheu de esperanças de
que ele se lembraria de tudo, era só uma questão de tempo.
O dia estava lindo e Ryan resolveu dar um mergulho na piscina antes
do almoço. Ao contemplar o seu corpo, falei para ele:
— Meu marido é muito gostoso.
Assim que ouviu isso, Ryan me pegou no colo e me levou para o
nosso quarto.
— Eu preciso arrumar as coisas pro almoço — falei, rindo.
— Joana faz isso. Agora o que eu quero comer é outra coisa.
Ele me jogou em cima da cama, tirando a minha roupa e me
beijando.
— Você tem ideia do quanto eu te quero, Senhora Cooper?
— Acho que você vai ter que me mostrar! — respondi, arqueando
meu corpo.
Nessa hora, eu me lembrei da saudade que sentia dele comigo no
quarto, na cama...
— Eu tenho a mulher mais gostosa do mundo — Ryan falou e me
entreguei por completo ao prazer de ser dele.
Depois de estrearmos nossa cama como casados, ficamos um bom
tempo abraçados nos acalmando e fomos tomar um banho para almoçar.
Capítulo 36
Ryan Cooper

Acordei cedo e fiquei olhando minha mulher dormir. Ela era linda e eu não
cansava de tentar me lembrar de como éramos antes disso tudo acontecer. Eu
queria dar essa alegria para ela e me lembrar de quando nos conhecemos, de
todos os nossos momentos e principalmente do nosso casamento.
Ela disse que éramos puro fogo, mas isso não havia mudado em nada
desde que eu tinha despertado do coma.
Sempre tive como meta ficar sozinho e nunca envolver ninguém na
minha vida, mas pelo visto, Sarah havia nascido para ser minha. Assumiu
minha filha, minha empresa e a minha máfia, tudo meu passou a ser dela, já
que era a minha esposa.
Eu assumiria o meu lugar de Capo, mas o que Sarah não sabia era
que não apenas endossaria tudo que ela tinha feito até o momento, mas
também lhe daria plenos poderes definitivos dentro da máfia.
Diante do que vivi, eu precisaria estar em forma para enfrentar o que
viesse pela frente e não ia ficar só fazendo fisioterapia. Voltaria a treinar e
seria o velho Ryan em forma de antes. Eu já até tinha começado a treinar na
academia que tinha em casa.
Na hora do treinamento, esquecia a vida enquanto descarregava nos
exercícios a adrenalina de meses dentro do hospital.
Eu sabia que precisaria ser firme na reunião e de forma alguma
poderia deixar que percebessem sobre o tempo que havia se apagado da
minha memória. Isso, com certeza, faria com que nossos inimigos me
enxergassem como um doente mental e seria razão suficiente para nos
atacar.
As reuniões da organização, a partir de agora, seriam diferentes, visto
que minha mulher estava à frente de tudo para defender nossa família e
descobrir quem havia tentado me matar. Eu tinha a obrigação de estar
presente ao lado dela e não deixar que nada lhe acontecesse.
Ao contrário de mim, que fui treinado para ser o chefe, Sarah parecia
ter nascido para isso, trazendo consigo suas duas amigas, que mergulharam
de cabeça nessa aventura para não a deixar sozinha. Eu achava a Alice uma
doida, mas devia muito a ela e à Nina, que cuidaram de Sarah e a apoiaram
na minha ausência.
E o meu tio? Eu pensei que sabendo da minha volta, ele e o meu
primo me visitariam no meu primeiro dia em casa, mas não apareceram. Pelo
visto, a saudade era tanta que deixaram para me encontrar na reunião.
Assim que acabei de treinar, fui tomar um banho e pedi que o café
fosse servido no nosso quarto, pois Sarah ainda não havia acordado.
Nesse momento, senti que ela tinha despertado e estava me olhando.
— Bom dia! — ela falou, espreguiçando-se. — Nem acredito que
agora vou poder acordar todos os dias vendo o meu Paraíso Hot!
— Eu sou seu Paraíso Hot? — perguntei, deitando-me em cima dela.
— Você não sabia disso? Quer que eu te lembre?
— Sabia que estou gostando muito de ser um homem casado?
— Eu também amo ser casada e poder foder todo dia com você.
— Como a minha esposa é romântica!
Era tão bom ficar com Sarah. Se eu pudesse, passaria o dia com ela
na cama, o que seria justo, já que não tivemos nossa lua de mel e ainda
perdemos nossos primeiros meses de casados.
— Depois que isso tudo passar, eu quero viajar com você de lua de
mel — falei enquanto a colocava deitada no meu colo.
— A gente estava indo viajar quando atiraram em você.
— Então vamos fazer esse infeliz pagar por isso — pronunciei e ela
bateu palmas. Então continuei. — Eu não vou mentir que no primeiro
momento, em que você falou que estava cuidando da organização, me
assustei. Eu não consegui entender como isso era possível e não quis discutir
porque aprendi a eleger batalhas e estava internado. Eu queria minha máfia
de volta, exatamente como era, mas depois de te ver comandando a reunião
lá do hospital e conhecendo a forma como você atua, porque você sabe, não
me lembro como era antes, eu vi que tinha que ser assim. Você nasceu para
comandar tudo comigo e mesmo que essa situação seja inusitada e que
muitos homens se sintam afrontados por ter uma mulher chefiando, acho que
você veio para abrir caminho para algo novo e que no futuro, você vai ser
uma lenda conhecida por todos como a Rainha da Máfia.
— Eu te amo e me orgulho muito da escolha que fiz me casando com
você. Para muitos, você me deixar no comando ao seu lado é sinal de
fraqueza, mas para mim, é força, porque tem que ser muito macho para dizer
em alto e bom tom, para uma sociedade fora da lei, sanguinária e machista,
que respeitem e obedeçam a sua mulher.
Depois de conversarmos sobre nossa nova realidade, nos arrumamos
e seguimos para a reunião. Sarah estava mais linda do que nunca, toda de
preto. Minha mulher era uma deusa, e os homens deveriam fazer fila atrás
dela. Porém, eu acabaria com qualquer um que olhasse para ela. O Capo
estava de volta e eles saberiam disso!
Finalmente chegamos ao galpão. Os homens já estavam todos
reunidos e bateram palmas quando entrei ao lado de Sarah.
— Ryan, isso foi um verdadeiro milagre! Você não sabe como eu
sofri com você naquele hospital — tio Luigi falou, abraçando-me.
— Sofreu tanto que nunca foi me visitar — respondi com raiva. —
Vamos começar logo isso.
Me sentei na minha cadeira e meu tio se sentou ao meu lado como
antigamente, porém, Sarah o mandou se levantar e trocar de lugar.
— Luigi, você já pode ir para o seu lugar, pois a reunião vai começar
— ela falou sem piscar e com um tom de voz tão firme que me deixou
excitado.
— Você me deixa doido nesta versão mafiosa.
Ao ouvir isso, ela piscou para mim e colocou a mão entre as minhas
pernas, apertando-me disfarçadamente enquanto eu tentava ficar sério.
Alice e Jordan se sentaram ao lado de Sarah e Nina e Matthew ao
meu lado. Meu tio e meu primo se sentaram ao lado deles e ficaram me
olhando, como se eu fosse chamar a atenção da minha esposa que os deixou
de lado. Se era assim que ela estava conduzindo tudo por ali, eu ia manter do
seu jeito.
Começamos falando da Máfia Italiana e do roubo de parte do
carregamento. Eu já tinha passado essa reunião com eles umas quatro vezes
na véspera, então estava bem seguro sobre os temas.
Percebi o silêncio ensurdecedor de todos, e principalmente do meu
tio, eles estavam surpresos por eu ter noção de tudo que acontecia ali.
Assim que encerramos as pautas, meu tio resolveu me fazer uma
pergunta.
— Muito bem, agora que o Capo voltou, precisamos saber quais
serão as novas ordens?
— As ordens são as mesmas da Senhora Cooper, e tudo será mantido
igual, cada acordo, cada estratégia e cada data de fornecimento e pagamento
estipulado por ela. Agora não temos um, mas sim dois Capos Americanos —
respondi e Sarah olhou para mim e sorriu. — Eu e minha esposa somos uma
só voz. O que ela disser estará automaticamente endossado por mim. Ela
continuará no comando, não ao meu lado, mas junto comigo.
Perplexo, meu tio não conseguia disfarçar que não gostou das minhas
palavras, mas eu não me importei.
— E só um aviso para todos, quem quiser continuar vivo não ouse
olhar para minha mulher.
— E agora podem ir treinar, trabalhar, se ocupem com o que
precisam fazer, porque temos uma entrega grande nesta semana e tudo que
eu menos preciso são homens frouxos que mal sabem atirar — Sarah falou e
os homens saíram quase correndo.
Ela era realmente temida?
— Matthew, os homens saíram praticamente tropeçando quando
Sarah falou — falei com um tom de surpresa.
— A Senhora Cooper é chamada de lenda da máfia — ele disse,
rindo. — Todos morrem de medo dela.
Minutos depois, meu tio e Erick vieram conversar comigo e eu senti
que eles não gostaram das minhas palavras finais.
— Ryan, meu pai e eu demos a vida por isso aqui e somos da família.
Você vai deixar meu pai tomando conta do galpão?
— É isso que você faz agora? — perguntei, sabendo que ele não era
mais o Sottocapo e sim Matthew.
Eu sabia que ela e a "nova máfia", achavam que eles eram dois
patetas, e segundo Matthew, eu também já estava para tirar o meu tio do
cargo de Sottocapo.
— Eu vou conversar com a minha esposa sobre isso, saber quem está
em cada função. Só me interessei pelo fornecimento e pelo faturamento do
período em que estive ausente, e soube que elas triplicaram tudo. O que você
fazia que a gente só perdia dinheiro?
— Os negócios aumentaram e os inimigos também. Sua esposa tem
um lema, atira primeiro e pergunta depois. Já temos alguns Capos como
inimigos por causa disso.
Dei uma gargalhada quando meu tio falou essas palavras.
— Vocês querem moleza? Quando foi que dei clemência para os
devedores ou inimigos? Por que pensaram que com Sarah seria diferente?
Por ser mulher? No lugar de matar ela deveria enviar flores?
Eles eram realmente dois patetas, e eu tinha um assunto para resolver
com a minha mulher em casa e não perderia tempo com os dois.
Quando chegamos, fomos direto para o nosso quarto.
— Você foi perfeito na reunião, Senhor Cooper! Todos vão saber que
o Capo voltou e que nunca ficou de fora da organização. Porém, o que eu
mais gostei foi saber que te deixei de pau duro com meu estilo mafiosa, meu
Al Capone.
— Senhora Cooper, o que eu faço com você?
Capítulo 37
Sarah Cooper

Acordei cedo e encontrei o lado da cama onde Ryan dormia vazio. Eram
apenas cinco horas da manhã, então desci para procurá-lo. Perguntei ao
segurança e ele me informou que o Capo Cooper estava na academia.
— Bom dia, meu amor! O que faz aqui a essas horas? —
cumprimentei admirando aquele homem perfeito que era só meu.
— Bom dia, meu amor! Eu vim malhar e não quis te acordar.
— Só tem uma semana que você saiu do hospital — falei. — Você
pode pegar esse peso todo?
— Estou ótimo! — ele respondeu enquanto me beijava. — A única
coisa que falta é me lembrar de tudo que eu esqueci, mas, mesmo sem
memória, está tudo perfeito!
— Acaba com isso e vem se deitar, que eu estou te esperando. Não
demora, porque hoje quero levar Anne à escola.
Voltei para o nosso quarto e me deitei para esperar por ele. Eu já
estava pegando no sono quando ele voltou.
— Toda minha — ele falou, abraçando-me e beijando o meu
pescoço.
Despertei e vi seus olhos brilhando ao se deitar em cima de mim. Seu
beijo era intenso e eu retribuía da mesma maneira. Assim que suas mãos
desceram pelo meu corpo, senti tudo estremecer dentro de mim.
Eu precisava muito dele! Era viciada em Ryan Cooper, ainda mais
vendo-o se entregar com tanto amor ao nosso relacionamento, que para ele,
havia começado há um mês, quando acordou do coma.
Além disso, a confiança que ele depositava em mim, para estar ao
seu lado na empresa e na organização, me fazia lutar mais ainda pela nossa
família.
Eu olhei no relógio e vi que estava atrasada para levar Anne na
escola, tomei um banho correndo e desci para tomar café da manhã. Ryan
tinha descido primeiro, porque estava com fome depois de malhar e me amar
intensamente.
— Mudanças de plano, meu amor — falei. — Recebi uma mensagem
de Alice, dizendo que conseguiram pegar três homens que tentaram roubar
nossas armas e quero saber de quem foi a ordem.
— Onde eles estão?
— Presos no galpão.
— Vamos deixar Anne na escola e seguimos direto para lá.
— Vai ser a primeira vez que interrogamos alguém juntos.
— Eu sei disso, vamos fazer esses infelizes falarem, ou terão uma ida
com direito a primeira classe de torturas para o inferno.
Ryan já ia subindo as escadas quando viu a filha chegando toda
animada.
— Alerta de princesa chegando à cozinha! — ele falou, rindo e
pegando Anne no colo.
Ela estava tão linda! Anne era nosso anjo inocente no meio daquilo
tudo e não deixaríamos que nada de mal acontecesse com ela.
— Vá tomar café com a sua mãe enquanto eu me arrumo — ele falou
e Anne correu para me abraçar.
— Cookies ou panquecas? — perguntei, pegando-a no colo.
— Panquecas! — ela respondeu sorrindo. Anne amava panquecas
pela manhã, mas eu sempre tentava outra opção.
Terminamos o café e fomos para a escola de Anne. Depois que a
deixamos lá, seguimos para o galpão e quando chegamos, Jordan estava nos
esperando.
— Onde eles estão? — perguntei e Jordan nos mostrou o caminho.
— Senhora Cooper, eles estão presos nas salas lá do final do galpão.
— Esses traidores estão trabalhando com a gente há quanto tempo?
— Uns cinco meses — ele respondeu enquanto caminhava.
— Malditos! — Ryan gritou, cerrando os punhos e segurando uma
arma na mão, em seguida, caminhou apressado e derrubou com um chute a
porta onde os impostores estavam presos e fez sinal para que eu
entrasse.
— Bom dia, soldados traidores! — falei, sorrindo para os três. —
Pelo que percebo, vocês andaram se distraindo com seus ex-companheiros.
— Vai pro inferno, Sarah! — um deles gritou.
— Senhora Cooper! Seu infeliz! — Ryan gritou e num golpe rápido,
arrancou a língua do homem fora — Isso serve para todos como exemplo!
Falem da minha Rainha que terão o mesmo fim.
— Como vocês dois que restaram puderam perceber, ele vai chegar
ao inferno antes de mim, pela quantidade de sangue que está perdendo — Eu
falei calmamente me aproximando dos dois ratos.
Nessa hora, Jordan e os outros homens que estavam de guarda riram,
e os dois traidores me olharam apavorados quando coloquei minha arma na
testa de um deles.
— Você está perdendo o seu tempo. Não vamos falar nada! — o
homem debochou, mas eu senti medo na sua voz.
— Eu tenho apenas duas perguntas para vocês. Quem mandou vocês
nos espionarem e quem mandou atirar no Capo Cooper? — indaguei e
comecei minha contagem. — Você tem dez segundos pra responder... 10…
09... 08...
— Será que você é tão ruim como falam mesmo? — o idiota
perguntou, rindo e olhando para mim.
— Não perguntei isso! — falei e atirei na sua perna direita — 07…
06 — dei outro tiro, agora na perna esquerda e uma poça de sangue se
formou no chão, enquanto os gritos do soldado só ficavam mais altos.
— Você não vai falar? Minha Rainha te fez uma pergunta — Ryan
falou e quando o homem ficou em silêncio, o encarando, foi como se algo
tomasse conta dele, talvez os tais demônios a que ele se referia sempre que
me falava da sua iniciação.
Dessa vez ele não fez tudo rápido. Ryan caminhou lentamente até a
mesa, pegou um punhal novo, afiado e voltou sorrindo, parando em frente ao
soldado.
— Em que número você parou meu amor?
— No 6.
— Vou ser bonzinho e começar de novo, do 10 até o 6, para te dar
tempo de responder a minha Rainha.
O grito do homem ecoou por toda a sala quando Ryan falou 10 e
cortou um dos seus dedos fora e seguiu assim até o sexto dedo, que ele
deixou caído no chão.
— 05…04…03… — Eu contava, já sabendo que aquele infeliz
morreria sem falar, mesmo perdendo todos os dedos da sua mão.
— Sua vez! — falei, olhando para o que tinha sobrado e nesse
momento, podia sentir o olhar sádico e a respiração pesada de Ryan atrás de
mim.
— Só restou você agora... Vai calado para o inferno encontrar com
seus amigos traidores ou quer um acordo? Eu perguntei, atirando de uma vez
nos outros dois, e terminando com suas lamúrias. Eu não precisava de
mortes lentas e sim de respostas.
— Que acordo eu ia querer fazer? Todos sabem que a Senhora
Cooper não deixa ninguém vivo para contar história.
— Eu realmente não deixo rastros — falei e apontei a arma para ele.
— Nesse caso, eu vou para o inferno calado — ele respondeu com
um sorriso vitorioso.
— Mas no seu caso estou te propondo um acordo e não costumo
fazer isso, então, aproveite.
— Senhora Cooper — escutei a voz de Alice entrando na sala e
fazendo todos olharem para ela. Minha amiga amava essas entradas
cinematográficas.
— Trouxe as fotos?
— E eu por acaso sou mulher de falhar? — ela falou, aproximou-se e
mostrou as fotos para o traidor.
— Você as conhece?
— Não faça nada com as minhas filhas, por favor, Senhora Cooper!
— ele gritou, desesperado. — Eu quero um acordo... eu vou falar.
— Ótimo! Assim você pode ir para o inferno e deixar suas filhas
vivas. Elas não têm culpa de terem um pai vendido como você — Alice
falou e deu um passo para trás.
— Os nomes? — perguntei e comecei a contar — 10... 9...
— A Máfia Francesa que nos colocou aqui — ele respondeu,
desesperado.
— E quem mais está com vocês? Deve ter alguém aqui dentro
ajudando e quero o nome agora! — gritei. — E se eu atirar sem ter esse
nome, não teremos um acordo — falei, e Alice se aproximou e jogou as
fotos em cima dele. Além das filhas, havia fotos de várias pessoas da sua
família.
— 8, 7, 6... — Ryan começou a contar e ele não fazia pausa entre os
números. Colei minha arma na testa do traidor.
— Eu vou falar, foi...
Nesse instante, escutei os gritos do pateta do Erick invadindo a sala
do interrogatório.
— Traidor, eu confiava em você! — Erick gritou para o homem que
tinha a arma apontada na testa. — Foi por isso que você se ofereceu para
fazer a segurança da minha família? Pretendia matar os meus filhos? Eu
pensava que você fosse um dos nossos e te deixei fazer a segurança da
minha casa! Verme vendido pra máfia rival!
— Do que você está falando, seu idiota? — eu me virei, perguntando
para ele.
— Eu mesmo faço isso — Erick falou e atirou no homem que estava
na mira da minha arma.
— Seu animal! Ele ia falar o nome do traidor. Quem disse que você
podia entrar aqui e se meter no meu interrogatório? — gritei, e Alice sentou
uma coronhada na cara dele.
— Sua cadela! — Erick gritou para Alice e Jordan pulou em cima
dele, dando vários socos na cara do primo de Ryan.
— Você ficou maluco? — Ryan perguntou.
— Ele podia ter matado os meus filhos e eu perdi a cabeça — Erick
respondeu, com a cara toda quebrada — Você vai deixá-los me tratar assim?
Eu sou da família! O que eu fiz de errado além de eliminar um traidor?
— Verdade. Ele é meu primo, minha Rainha — Ryan deu um chute
na barriga de Erick e depois outro no seu pau, o fazendo urrar de dor — Não
posso deixá-lo preso aqui por uma semana como castigo por ter se metido
onde não foi chamado.
— Como assim? Eu vou ficar preso por uma semana? Do que você
está falando, primo?
— Tem razão, você não pode, amor, ele é seu primo, sua família, mas
eu, como não tenho laços afetivos com Erick, não tenho problema nenhum
em deixá-lo de férias na nossa cadeia.
— Jordan, mande que limpem toda esta bagunça e amarrem esse
louco. Deixe-o aqui por uma semana para se acalmar — Ryan falou e
segurou a minha mão para deixarmos o local.
— Vocês se merecem! — Erick gritou quando me olhou de mãos
dadas com Ryan, que não se importou e foi embora comigo, como se nada
tivesse acontecido.
​Deixamos o galpão e quando estávamos indo para a casa, não conseguia
conter a minha indignação.
— Por causa daquele imbecil do seu primo, ficamos sem o nome do
traidor — falei, furiosa.
— Mas agora temos certeza de que tem alguém aqui dentro que quis
acabar comigo. Vamos descobrir quem é esse infeliz e acabar com ele.
— Você se assustou comigo hoje? — perguntei, olhando nos seus
olhos.
— Senhora Cooper, isso aqui é uma máfia! — ele respondeu e me
deu um beijo. — Quando eu saí de casa hoje, não imaginei que me divertiria
com você na Disney!
Me acalmei e o beijei intensamente. Hoje eu vi o demônio que habita
dentro do meu marido e pude perceber que ele sentia prazer causando dor
nos traidores.
— Agora vamos para casa, pois precisamos relaxar! — Ryan falou,
jogando sua arma no banco de trás do carro.
Quando chegamos a nossa casa, Ryan foi para o escritório resolver
algumas pendências da Cooper, para uma conta grande que assinamos
contrato essa semana. Já eu fui tomar um banho e aproveitei para mandar
uma mensagem para ele.
“Estou pronta, Senhor Cooper! Você não vem relaxar comigo?
Capítulo 38
Erick De Lucca

— Pegaram nossos homens! — meu pai falou nervoso ao celular.


— Como isso foi acontecer? — perguntei, sem entender. —
Quantos?
— Três de uma vez — ele respondeu e sua voz era de pânico.
— Menos três então — falei. — O problema é conseguir infiltrar
uma reposição, já que agora quem recruta é o tal do Jordan.
A notícia me deixou bastante incomodado, isso não poderia ter
acontecido. Mais do que nunca, precisávamos destruir o trabalho da
“Senhora Se Acha Cooper”, como diziam nossos aliados. Aquela mulher era
de longe a pior que eu já tinha conhecido quando o assunto era vingança.
Nunca esqueci a primeira reunião que tivemos no dia seguinte ao
atentado fracassado do meu primo. Ao fechar os olhos e voltar para aquele
dia, era como se fosse hoje. Ela se achou no direito de ficar com o lugar que
deveria ser do meu pai... e meu no futuro.

Dia seguinte ao atentado do Ryan Cooper...

— Bom dia. Serei breve. Não sei quem foi que atirou no meu marido,
mas seja quem for, vai pagar com a própria vida. A partir de hoje, acabou a
moleza neste galpão de treinamento e nas operações — ela falou sem piscar
e com “a frieza de um Capo”, como disse meu pai. — Homens que não
sabem lutar ou atirar não servem de nada pra mim. Alice será responsável, a
partir de hoje, pelas boates e por marcar os contatos com informantes e
fornecedores. Jordan vai avaliar vocês e será responsável pelos que entrarem
na máfia. Matthew será meus olhos em todos os lugares... Fiquem atentos!
Não falhem, porque, uma vez aqui, você morre aqui! Nina será advogada na
Cooper e vai cuidar dos acordos daqui pra frente. Se eu descobrir quem traiu
o Capo, já pode se considerar com uma passagem vip pro inferno!
— Essa mulher é uma metralhadora. Ela não vai parar de falar? —
perguntei para o meu pai.
— Cale-se, porque se você não percebeu, ela nos substituiu por sua
equipe — meu pai respondeu, e minha raiva era tanta que não tinha me dado
conta disso, pois ela havia colocado a tal Nina no meu lugar para cuidar dos
contratos.
— Saibam que na dúvida, sempre vou atirar antes de perguntar.
Podem avisar a todos os Capos que a Senhora Cooper vai vingar o atentado
que seu marido sofreu.
Então, ela encerrou a reunião, virou as costas e saiu, como se eu e
meu pai não existíssemos.
— Sarah, precisamos conversar — falei, e ela se virou e eu pensei
por um momento que fosse me matar com o seu olhar.
— Senhora Cooper, você quis dizer... Não é verdade?
— O que você quer? Saber notícias do seu primo? Não, né? Você
nem ao menos foi ao hospital durante a noite para saber dele.
— Eu fiquei em choque — essa foi a primeira desculpa que me veio
à cabeça. — Ryan era meu primo...
— Se você se referir novamente ao meu marido no passado, quem
vai virar uma lenda é você! — ela falou, cuspindo fogo. — Fala logo o que
você quer!
— Eu e meu pai sempre fomos o braço direito do Ryan e você
colocou outras pessoas nas nossas funções — eu disse, e ela me olhou com
desdém. — Nós somos família, Sarah... desculpe... Senhora Cooper.
— Vocês são da família do Ryan, aquele a que você se referiu no
passado. Eu não sou nada de vocês e tudo será como eu ordenei na reunião.
Luigi — ela se virou e chamou o meu pai, que ainda estava sentado depois
de perder seu cargo de administrador para a tal Alice e de Capo, que era dele
por direito, para Sarah.
Quando meu pai se aproximou, ela voltou a falar.
— Luigi, você vai cuidar aqui do galpão. Quero esses homens
preparados para as missões. Você e Erick, comecem a separar todos os
relatórios, que eu, Alice e Nina vamos olhar um por um. E, quanto a você,
Erick, ajude seu pai.

◆◆◆
Como se não bastasse, essa mulherzinha acabou ganhando carta branca do
meu primo sobrevivente para liderar tudo.
Nesse momento, meu celular vibrou com uma mensagem do meu pai.
“Eles deixaram os homens vivos para Capo Sanguinária interrogar!”
“Porra! Eles vão entregar tudo!”
Com essa notícia, senti que precisava fazer alguma coisa e então
corri para o galpão. Eu estava tenso e precisava chegar antes que eles
falassem tudo para Sarah.
— Senhora Cooper, seu infeliz! — escutei Ryan gritando, seguido do
barulho de um disparo.
Hoje eles não estavam usando o silenciador para deixar todo mundo
mais apavorado.
— Como vocês dois que restaram puderam perceber, ele vai chegar
ao inferno antes de mim — escutei a voz de Sarah e vi que ainda tinha dois
vivos.
Eu ia entrar no local quando vi a nojenta e maluca da Alice se
aproximando e me escondi. Eu, Erick De Lucca, tendo que me esconder de
uma Alice qualquer! Todos ainda me pagariam por essa humilhação!
Em seguida, mais discussões e outro disparo. Mais um que morreu
sem falar. Era questão de tempo, e o terceiro partiria e eu estaria livre.
— Eu falo! — escutei o traidor gritando.
Não tinha o que fazer a não ser dar uma de maluco e invadir aquela
porra. Entrei feito doido, fazendo-me de perseguido e traído por aqueles
homens. Comecei a gritar, dizendo que ele fazia a segurança da minha
família e que ele queria nos matar e sem pensar, atirei nele.
Vendo o que fiz, a cadela da Alice gritou comigo e quando revidei às
ofensas, seu amante pulou em cima de mim e só senti a fúria dos seus golpes
na minha cara.
Sarah estava furiosa e meu primo, que tomou meu lugar na máfia,
sugeriu à sua mulher que me deixasse preso por uma semana de castigo.
“Vocês dois vão me pagar muito caro”, pensei enquanto eles saíam
de mãos dadas, como se estivessem dando um passeio pelo parque.
Passados dois dias, eu estava na mesma sala escura, amarrado e
sendo vigiado por soldados leais à maldita. Nesse momento, meu pai chegou
e o deixaram entrar para me ver.
— Você enlouqueceu? Eu tive que me humilhar e implorar pro seu
primo e para aquela mulher dele me deixarem entrar aqui — meu pai falou.
— Mais cinco dias e estou de volta — falei baixo para ninguém
escutar. — Humilhado e fingindo ter aprendido a lição com esse castigo. O
que importa é que matei o infeliz no minuto em que ele ia nos entregar.
— Você podia ter morrido nas mãos do seu primo ou daquela
maluca!
— Nós teríamos morrido se aquele idiota falasse nossos nomes. Ficar
preso aqui e receber uns socos na cara ainda foi lucro. Vou acabar com esses
dois e tomar de volta o nosso lugar de direito.
Capítulo 39
Ryan Cooper

Aquela semana tinha sido tensa com a descoberta de três traidores


infiltrados e a certeza de que alguém entre nós estava nos sabotando a
serviço da Máfia Francesa.
Além disso, meu primo Erick estava tirando umas férias amarrado
em uma das salas do galpão, e meu tio Luigi não cansava de me ligar e
mandar mensagens, chorando pelo filho dele, que não passava de um
imprestável.
O dia estava lindo e como eu só tinha uma reunião na Cooper na
parte da tarde, resolvi passar a manhã na piscina com Sarah, enquanto Anne
estava na escola.
— Eu deixei todos os relatórios da apresentação prontos e Nina vai te
auxiliar na reunião.
— Você é perfeita, senhora Cooper.
— Tenho que me virar, afinal, sou mãe, esposa, empresária e chefe
da máfia ao lado do meu marido — Minha esposa falou rindo — E hoje
ainda sou voluntária na feira de ciências da escola da nossa filha.
Enquanto conversávamos, meu celular vibrou com uma mensagem
do meu melhor amigo da época da faculdade.
— Amor, o que você acha de irmos para San Francisco no fim de
semana? — perguntei, animado. — Um amigo meu convidou a gente para o
aniversário do filho dele de 5 anos, e isso é uma oportunidade para vivermos
nossa outra face de pessoas idôneas, que vão a eventos comuns, postam fotos
felizes nas redes sociais.
— Eu vou amar, porque Anne nunca faz nada diferente e quanto mais
vida comum, melhor para a nossa imagem — Sarah respondeu, levantando-
se e vindo se deitar ao meu lado.
— Ele estava viajando de férias com a esposa quando nos casamos e
disse que acompanhou o que aconteceu comigo — falei enquanto lia as
mensagens.
De repente, Sarah se aproximou ainda mais.
— Senhora Cooper, o que você está fazendo com essa mão dentro da
minha bermuda? — perguntei, rindo e disse que não queria dar um show
para os seguranças.
— Que seguranças? Olhe em volta! Eu os mandei vigiar as entradas e
nos dar privacidade.
— Essa minha mulher insaciável pensa em tudo!
— O que eu posso fazer se meu marido é tão gostoso que eu não
consigo resistir? — ela disse, fazendo uma trilha de beijos que começaram
na minha barriga e foram descendo — Além disso, estamos de folga.

◆◆◆

Depois de uma manhã intensa com a minha esposa, fui para a reunião na
empresa, que levou mais tempo do que eu imaginava.
— A reunião, no final, terminou como esperávamos — Nina falou,
sorrindo. — Vou preparar os contratos hoje mesmo.
— Muito bom ter o nosso CEO de volta — Jonas falou,
cumprimentando-me pelo resultado da reunião.
— Eu estou pensando em manter você agora aqui na sede. O que
acha? — perguntei e achei que ele pediria para pensar, mas aceitou na
mesma hora e me disse que acompanharia Nina para discutir os contratos.
— Antes, posso conversar com você por um momento, Nina?
Jonas nos deu licença, e eu fui direto ao assunto.
— Soube que você terminou com seu namorado por causa da
Instituição, posso saber por quê? — Quis ser o mais breve possível.
— Na verdade, não foi pela Instituição, terminei porque quando
resolvi ficar ao lado da Sarah, fiz uma escolha e sabia que isso me levaria a
renunciar a outras coisas na minha vida. Não acho justo viver num meio em
que sabemos que corremos risco e colocar em perigo alguém que não tem
nada a ver com isso.
— Como eu fiz com Sarah? — Joguei minha cabeça para trás,
querendo espantar essa sensação de ter sido egoísta com Sarah.
— Talvez... se bem que acho que você despertou um lado sombrio e
dominador que existia em Sarah, e quem sabe em todas nós. Eu não imagino
a vida da Sarah sem você e Anne. Vocês são uma família linda e espero que
você um dia se lembre de tudo, então, vai saber que Sarah te escolheu
mesmo depois que você contou tudo para ela sobre a sua vida. Ela não se
casou enganada!
— Eu pensava como você, Nina, e não queria envolver ninguém... Eu
te entendo e me sinto culpado por tê-la arrastado para tudo isso.
— Você não me arrastou para lugar nenhum. Eu poderia ter
continuado amiga da Sarah sem me envolver, mas decidi lutar ao lado dela.
Alguém tentou destruir a família da minha irmã, e não vou sossegar até saber
quem foi.

◆◆◆

Voltei para casa e encontrei Sarah toda animada, fazendo planos para o fim
de semana.
— San Francisco é uma cidade linda! Tem tempo que eu não vou lá
— falei enquanto segurava o cabelo dela e a beijava.
Próximo a Sarah, aproveitei que ela estava sentada e forcei meu
joelho entre suas pernas. Nesse momento, ela gemeu baixinho, arqueando o
corpo em busca de mais pressão. Senti que minha mulher estava molhada
conforme ela se esfregava em mim. Minha calça começou a ficar apertada
devido ao volume. Então, tirei minha roupa e fiquei só de cueca. Ela me
olhou e lambeu os lábios com a língua. Senti o desejo dela em seus olhos e a
peguei no colo, beijando seu pescoço e a deitando na cama.
Sarah pegou minha gravata e cobriu os olhos com ela.
— Me surpreenda, Senhor Cooper — ela pediu. Essa mulher estava
sempre me desafiando e eu ficava pensando se tinha sido isso que me fez
querer casar com ela.
A sensação de não conseguir lembrar de uma parte da minha vida me
incomodava, eu ficava pensando o que eu poderia querer esquecer dos
últimos anos, que pudesse ser pior do que as lembranças de toda uma vida
marcada por torturas para me tornar quem eu sou hoje.
No dia seguinte, viajamos para San Francisco e foram cinco horas de
viagem, já que Sarah quis ir de carro para fazer um programa típico de
família, daqueles em que todos vão cantando juntos pela estrada.
— Você está levando a sério esse nosso final de semana normal, não
é mesmo? — Eu perguntei rindo enquanto ela filmava a gente no carro, para
postar mais tarde, já que por questão de segurança, nunca postamos nada em
tempo real.
Quando chegamos, fomos direto para o hotel nos arrumar para a festa
que já devia ter começado, e para variar, estávamos atrasados.
— Da próxima vez que você inventar de vir de carro, me avise pra
gente sair na véspera — reclamei, e ela fez uma careta para mim.
Fiquei com Sarah em um quarto, Anne ficou com Joana em outro,
deixei Matthew e mais um segurança em cada porta.
— Papai, tô pronta! Vamos logo! — Anne me chamou do corredor.
— Entra, minha princesa, que só falta sua mãe acabar de se arrumar e nós
vamos.
Quando finalmente minha mulher conseguiu ficar pronta, seguimos
para a festa.
— Você não me falou nada sobre esse seu amigo — Sarah comentou
com cara de curiosa. — Só que estudaram juntos.
— Nós somos inseparáveis! Ele sempre foi meu amigo de todas as
horas na faculdade. Anos depois, Daniel recebeu a empresa como herança de
família e se tornou CEO.
— Ele sabe quem é você, ou a amizade não chegou a esse ponto? —
Sarah perguntou, surpresa.
— Ele sabe mais que todo mundo, mas não se envolve como as suas
amigas.
— Eu entendo, ele sabe, mas finge que não sabe, para não se
comprometer — respondi e peguei na sua mão.
— Exato, até porque, não é bom demonstrar que se sabe muita coisa.
A diferença dele para os que sabem, é o fato de Daniel não está em nossa
lista de pagamentos, ele não tem nenhum negócio com a gente. Meu amigo é
realmente um homem íntegro e que eu admiro muito. Chegamos! — falei,
parando em frente à residência de Daniel.
— Que casa linda!
— Daniel é o CEO da Stanford — expliquei, e Sarah me olhou
surpresa.
— Seu amigo é Daniel Stanford?
— Você conhece?
— Quem não conhece Daniel Stanford das redes sociais? — ela
disse, dando de ombros.
— Olha quem chegou! Que honra receber o CEO da Cooper! —
Daniel falou, rindo. — Meu amigo, que susto você me deu com esse tiro que
levou! — ele falou enquanto me abraçava.
Aby, sua esposa, veio sorrindo de mãos dadas com Noah, o
aniversariante, e outra menina pequena. Apertei a mão de Sarah, que
percebeu que algo estava errado.
Eu não conseguia me lembrar da filha dele e só tinha a lembrança de
quando o outro filho nasceu. Não sabia quantas vezes nos vimos nos últimos
anos, que haviam sido apagados da minha memória, então, comecei a sentir
falta de ar. Não pensei que seria tão difícil lidar com isso, já que ninguém
sabia que eu tinha perdido a memória.
— Que bom que você veio, Ryan! — Aby falou, sorrindo. — Sejam
bem-vindos!
— Posso pegar o presente, tio Ryan? — Noah perguntou, apontando
para a caixa que Sarah segurava. Com certeza, eu tinha estado com ele
depois da última lembrança que ainda tinha em minha memória, e por isso, o
menino me conhecia.
— Claro que pode! O presente é seu. — Respondi, e ele pegou a
caixa e saiu correndo. — Eu quero apresentar pra vocês a minha esposa,
Sarah e minha filha, Anne — falei totalmente perdido.
— Anne nós já conhecemos — Aby falou, olhando-me como se eu
fosse doido — Muito prazer, Sarah — Ela falou sorrindo para a minha
esposa — Eu tenho certeza de que seremos grandes amigas.
— Mas a #bestfriendforever vai ser sempre minha! — Emilly
chegou, falando alto como sempre, e eu e Daniel viramos os olhos.
Havia me encontrado com ela algumas vezes quando fui visitar
Daniel. Sinceramente, eu podia tê-la esquecido, uma vez que já aguentava a
maluca da Alice.
— E aí, Ryan Cooper? Você viu que eu comentei #acordalogo nas
suas fotos? Eu e Andreas ficamos preocupados quando você ficou em coma.
— Era você? — Sarah perguntou — Eu sempre me distraía e ficava
rindo com seus comentários. Você fazia parecer que ele só estava dormindo
até tarde e logo iria acordar.
— Eu tento levar as coisas de uma forma leve, mesmo quando a luta
é grande. Sou incompreendida pelos rabugentos, mas não mudo! — Emily
falou olhando para mim e dando de ombros.
— As crianças já foram brincar, e você, Sarah, vem comigo e a
Emily, que vamos nos divertir — Aby falou, levando minha esposa —
Nossos maridos quando se encontram, costumam se esquecer do mundo.
— E a pior parte é quando começam a contar as histórias da
faculdade e a fazer gritos de guerra da fraternidade — Emily disse em tom
irônico.

◆◆◆

Sarah Cooper

— Aby, estou amando a festa! Vou te ligar para você me dar umas dicas,
porque também quero fazer uma festa de aniversário para Anne — falei,
animada com a ideia.
— Sarah, você não sabe como eu fiquei feliz quando a gente recebeu
o convite do casamento de vocês. Daniel e eu estávamos viajando e iríamos
fazer uma visita a vocês assim que voltássemos. Daí aconteceu tudo aquilo...
— Aby falou, e percebi o carinho que ela tinha por Ryan, que eu achava que
não tinha nenhum amigo. — E seu amor pela Anne é a coisa mais linda
desse mundo!
— Foi tudo muito rápido mesmo, decidimos nos casar e assim que
acabaram as festas de fim de ano, marcamos a data para a mesma semana —
eu falei e abaixei a cabeça. — Daí aconteceu aquilo tudo.
Lembrar daquela noite e como tudo mudou a partir dali era muito
estranho. Mesmo depois de três meses, eu não me imaginava sendo diferente
da Sarah que era no momento. Será que alguém poderia nascer com vocação
para chefiar uma Instituição do submundo? Porque eu achava que tinha
nascido!
— Fui avisar o Andreas que vocês tinham chegado, porque ele
também gosta muito do Ryan — Emily falou. — Depois vou te apresentar ao
meu marido e a minha filha.
— Ryan é sempre tão sozinho. Fico tão feliz vendo que ele tem
amigos.
— Ryan sempre fez o tipo calado e ficava com raiva dos meus
comentários no Instagram dele — Emily disse, rindo.
— Deve ser porque eu postei uma foto minha na boate e você
comentou: “Corre lá, mulherada, #CEOalone — Ryan chegou falando de
cara feia.
— Emily e suas hashtags! Sou Andreas, e você deve ser a famosa
Senhora Cooper! — o marido de Emily chegou e se apresentou.
— Sou famosa?
— Esse cara mandou umas cem mensagens no dia em que te
atropelou, falando de como você era linda! — Daniel disse rindo, e Ryan
ficou sem jeito.
— Verdade, amor? Eu não sabia que tinha sido amor à primeira vista!
— brinquei, e Ryan escondeu o rosto no meu pescoço e falou baixinho no
meu ouvido que isso era novidade para ele também.
Por um momento, esqueci que Ryan não se lembrava de parte dos
últimos quatro anos, e com certeza, aquilo tudo estava sendo novo e confuso
para ele.
— Falou aquele que, quando conheceu a Aby, falava nela o tempo
todo e ficava dizendo que era só um contrato e que não tinha ciúmes —
Ryan falou, aos risos, e eu não entendi a parte do contrato.
— Isso é verdade! Daniel morria de ciúmes da Aby e ficava negando
que estava apaixonado — Andreas afirmou, rindo, e dessa vez foi Daniel
quem fechou a cara.
— Acho que se você e Ryan fossem irmãos, não pareceriam tanto —
falei com ar de riso e Daniel chamou Ryan e Andreas para beber alguma
coisa.
Terminada a festa, voltamos para o hotel e Anne chegou dormindo
depois de tanto brincar. Preferimos deixá-la então no quarto com Joana.
Ryan foi dar algumas instruções para os seguranças e eu fui tomar um
banho.
— Agora a noite é toda nossa, Senhor Cooper — falei assim que meu
Al Capone entrou no quarto.
Quando acordamos no dia seguinte, fui para Mill Valley conhecer o
Café da Aby e da Emily.
No local, Aby me contou como conheceu Daniel e que tudo entre
eles começou com um contrato de casamento.
Passar a manhã com as duas me fez muito bem, já que tinha tempo
que não conversava sobre coisas normais do dia a dia.
Viver representando para a mídia em eventos, já que muito se
especula, mas nada se prova, é importante, mas não tem nada de natural
como neste final de semana.

◆◆◆

Ryan Cooper

Eu e Anne fomos para a casa de Daniel, enquanto Aby, Sarah e Emily


estavam passando o dia em Mill Valley.
Com Daniel eu me sentia à vontade e confiava em falar sobre a perda
de memória.
— Ficou tudo em branco com relação aos últimos quatro anos —
mencionei, tentando explicar o que tinha acontecido comigo. — Não consigo
me lembrar de nada.
— Como foi que aconteceu isso, Ryan?
— Não sei! A médica diz que pode ser um mecanismo de defesa.
Durante o coma, meu cérebro apagou uma parte da minha vida, algo assim!
— E tem cura?
— Parece que sim! Que da mesma forma que esqueci, posso me
lembrar. Para mim, a sua filha mais nova não existia, só me lembro do Noah
bebê.
— Que loucura isso, meu irmão! E os negócios? Fiquei muito
preocupado, porque você tinha acabado de se casar, sua esposa no meio da
sua vida sem saber de nada.
— Quando eu acordei não me lembrava dela, mas descobri que ela
não só sabia da minha vida, como estava à frente de tudo.
— Como assim?
— Longa história!
Com tanta conversa, o dia passou rápido, e na manhã seguinte, eu
voltaria para Los Angeles bem cedo. Nesse momento, Sarah, Aby e Emily
chegaram e se juntaram a nós para um brinde.
— À nossa amizade! — Daniel falou, erguendo as taças de uma
champagne que ele abriu para comemorar por eu ter sobrevivido ao atentado
e pela nossa amizade de anos.
— Quem sabe podemos passar o Natal todos juntos! — Aby falou,
sorrindo e me abraçando.
Nessa hora, fechei um pouco a cara, já que tinha problemas com
essas datas festivas.
— Amor, você agora comemora o Natal! — Sarah falou baixinho no
meu ouvido e eu a olhei com um semblante vazio.
Sabendo que eu estava confuso, Sarah abriu sua galeria de fotos e me
mostrou algumas delas.
— Olha essa foto, meu amor! — ela falou, mostrando-me seu celular.
Em uma delas, tinha uma foto minha de pijama com tema natalino,
sentado ao lado da árvore de Natal e abrindo um presente.
— O que você fez comigo, Senhora Cooper? — perguntei, olhando a
foto e dando um beijo nela.
Nossa volta para casa foi silenciosa, com Anne dormindo depois de
brincar e com a minha esposa, pela primeira vez, vivendo normalmente em
sociedade, longe do mundo que eu me sentia culpado por ela fazer parte.
— Eu me preocupo em ter te arrastado para um mundo ao qual você
não pertencia. Uma vida de riscos, onde a gente dorme em alerta, passa o dia
em guerra e nunca sabe se…
— Eu não me arrependo nem por um minuto de ter escolhido ficar ao
seu lado. Acho que esse final de semana veio para me mostrar, que eu sou
Sarah Cooper, uma mulher de muitas faces, algumas boas, outras letais e que
não se arrepende de ser quem é, e do lugar que escolheu estar. Se você me
trouxe até aqui, achando que eu não tive direito de escolha em estar do seu
lado e queria me ver entre essas pessoas por isso, eu devo te dizer, que não
fui obrigada a nada e que escolhi essa vida porque eu quis estar com você,
meu Capo Cooper.
Capítulo 40
Sarah Cooper

O fim de semana tinha sido perfeito, como uma despedida oficial de uma
vida que não me pertencia mais, e numa sociedade onde eu só representaria.
Os dias seguintes começaram bem agitados devido aos problemas
com nosso fornecimento de armas, me dando um choque de realidade e me
lembrando que infelizmente eu não tinha mais tempo para finais de semanas
leves, porque o caminho que eu escolhi tinha sido outro.
Decidida a resolver tais contratempos, cheguei ao galpão
acompanhada por Alice e Jordan e fui logo cobrar explicações de Luigi.
— Nossa! Vejo que Erick voltou das férias! — debochei quando vi o
inútil sentado ao lado do pai. — A essa hora da manhã e vocês já estão
bebendo? Estão brindando o desvio de uma tonelada de nossas armas e
munições?
— Senhora Cooper — o inútil falou. — Não sabemos como isso
aconteceu.
— Quem era o responsável pela operação? — perguntei, olhando
para Luigi.
— Eu deixei tudo encaminhado e ia voltar pela manhã, isso
aconteceu enquanto eu estava fora — o idiota respondeu, justificando-se
como sempre.
— Você deixou o quê organizado, seu imprestável? Quando a carga
chegou, foi interceptada e dez homens nossos morreram — falei, dando um
soco na mesa. — Você está fora das operações a partir de hoje! Isso aqui não
é lugar pra quem não aguenta ficar uma noite inteira acordado!
Após expor minha indignação, virei de costas e já ia saindo quando
ele ousou me chamar de volta.
— Sarah, você não pode falar assim comigo! Eu sou da família e
você não conhece as leis da nossa máfia, família se respeita e não vejo você
me respeitando em momento nenhum.
— Escute bem o que eu vou te dizer — comecei a falar, pegando
minha arma e colocando-a na testa dele. — Se eu não o respeitasse por ser
tio do Ryan, teria acabado com você há muito tempo, já que não faz nada
certo. No tempo em que você ficou à frente foi porque Ryan te deu poderes.
Você só fez perder dinheiro e fechar acordos que não tinham nenhuma
vantagem pra gente. Por isso, te dou um aviso, não teste a minha paciência!
— Eu vou falar com o meu sobrinho…
— A prisão do seu filho, não te parece uma resposta de que o seu
sobrinho está de saco cheio da incompetência de vocês dois? — Guardei
minha arma e olhei nos olhos dele e depois nos de Erick. — Não me importa
lei nenhuma, até porque, elas também não permitem que as mulheres sejam
chefes e eu sou do mesmo jeito. O que me importa é lealdade! Você não foi
leal à "famiglia" quando foi dormir e deixou que fôssemos roubados. Você
está fora da chefia das operações porque nos deu prejuízo — expus, fazendo
questão de enfatizar bem essa palavra para ele entender que eu não estava
brincando.
Após minhas palavras, notei ódio em seus olhos, mas dei de ombros
e fui ver o único cara que eles conseguiram pegar e que, mesmo torturado,
não falava uma palavra. Quando cheguei à sala onde ele estava, vi o francês
amarrado de cabeça para baixo, gemendo e perto do fim.
— Ele não quer falar nada — Jordan me disse assim que eu e Alice
entramos — O Capo Cooper o torturou por horas e não deixou um osso
inteiro no seu corpo, mas ainda assim, o infeliz ficou em silêncio.
— O que o meu marido pretende fazer? Ele falou alguma coisa?
Onde ele está?
— Ele disse para mandarmos o corpo dele em pedaços para o lixo.
— Então, acabe logo com isso — ordenei. — Mas não jogue no lixo,
mande de presente para os franceses com um recado: todo homem que vocês
enviarem voltará assim para vocês. E pode assinar com Senhora Cooper!
Saí e fui para o escritório, sentei na minha mesa, fui analisar os
relatórios com Nina e notei que o prejuízo tinha sido enorme. Dessa vez, a
dupla de patetas tinha se superado.
— Eles me odeiam, Nina — falei, rindo.
— Eles estavam acostumados a dirigir tudo por aqui e devem ter
medo dos franceses, porque só isso explica o fato de fornecemos
praticamente tudo de graça pra eles.
— O título podia ser "Possível Aliança", mas a realidade era "Máfia
Trouxa" — Alice chegou falando e se sentando conosco.
— Nesta semana, tem o jantar na casa do Capo de Chicago — Alice
mencionou. — Os Capos de duas das cinco Famílias de Nova York
confirmaram presença, os Gambine e os Genovese.
— Esse Dante Cosa Nostra está vindo da Itália fechar acordos e
lembrar que é o Capo dos Capos para os seus aliados — Nina falou e
respirou fundo. — Dizem que dá medo só de olhar pra ele.
— A Máfia Francesa e a Máfia Russa são suas rivais — Alice
afirmou. — E os acordos do Luigi nos colocaram na mira de Dante. Na
realidade, toda e qualquer máfia que não seja aliada de Cosa Nostra é sua
rival. Quando a Corsa ou a Bratva nos ataca, está atacando indiretamente a
Cosa Nostra, já que somos seu território.
— Eu e Ryan estamos indo no fim de semana para Chicago — falei e
senti uma sensação ruim quando pensei naquele homem. — Vamos ver como
é esse tal Dante Cosa Nostra. Foi ele que autorizou Matthew a me treinar,
dizendo que eu morreria em poucos dias.
— Agora vamos saber como Dante vai reagir com o fato de o Ryan
estar de volta e manter uma mulher ao seu lado cuidando dos negócios.
— Eu pesquisei algumas coisas sobre a nossa máfia, além do que já
sabemos.
— Salve nossa historiadora da máfia! — Alice falou, batendo
palmas.
— Tem uma coisa que eu descobri nessa minha pesquisa — Nina
disse e teve a minha atenção e a de Alice. — O pai do Ryan sofreu um
atentado em casa. Homens entraram atirando e o mataram na frente da
família, durante a noite de Natal.
Nessa hora, meu coração quase parou de bater quando escutei o que
Nina contou. Por isso Ryan não gostava do Natal. Ele nunca me contou
detalhes sobre isso.
— Isso explica a reação dele quando viu a casa enfeitada para o
Natal — comentei. — Meu marido deve ter muitos segredos que o
traumatizaram durante a sua vida.
— Dizem que De Lucca, o seu avô, era frio, ruim e que nunca
aceitava ser contrariado.
— Ryan, nessa parte de não aceitar ser contrariado, ele é igual ao
vovô Mafioso — falei rindo, porque mesmo no meio de tiros, subornos e
torturas, nós três nunca perdíamos o nosso humor.
Mas, mesmo rindo, meu coração estava triste por Ryan. Ele havia
dito que perdeu o pai quando tinha cinco anos, mas nunca entrava em
detalhes.
Por fim, fui para casa e resolvi tomar um banho para relaxar. Ryan
tinha ido do galpão direto para a Cooper e ainda estava por lá envolvido em
várias reuniões com clientes.
A água quente da banheira e os óleos relaxantes me fizeram
adormecer, acordei com o movimento da água.
— Sonhando comigo? — Ryan perguntou quando abri os olhos,
ainda sonolenta e meio confusa.
Ele era tão lindo e tão meu!
Nesse momento, Ryan me virou, descansando minhas costas em seu
peito e me envolvendo em seus braços. Pude sentir sua ereção e meu corpo
se acendeu na hora. Queria me virar e sentar no seu colo, mas Ryan não
deixou e disse para eu ter calma.
Então, ele começou a fazer uma trilha com seus dedos, e eu com
pressa, estava arqueando meu corpo, mas, ao fazer isso, ele parava. Quando
finalmente seus dedos entraram em mim, eu já estava sentindo meu corpo
quente e não demorou muito para eu gemer pedindo por mais enquanto me
desmanchava em sua mão.
Depois me sentei no colo dele e conforme eu subia e descia cada vez
mais rápido, podia ver o tesão em seus olhos e sentir sua respiração
ofegante.
— Você é perfeita, Senhora Cooper!
Capítulo 41
Sarah Cooper

Acordei, e minha cama estava vazia. Não conseguia me acostumar com o


ritmo do Ryan de ir malhar às cinco da manhã.
— Bom dia! — falei, com voz de sono, chegando à academia.
— Que roupa é essa? Ficou maluca? Você não pode descer assim!
Eu estava com um short de pijama colado ao meu corpo e uma
camiseta.
— Eu não gosto que meus seguranças fiquem olhando pra minha
mulher.
— Eu senti sua falta — falei, pulando no seu colo. — Que culpa eu
tenho se já acordei te querendo?
Ryan então me olhou com desejo. Vendo-o assim, mordi os lábios e
ele me colocou sentada em uma das mesas de abdominais. Suas mãos foram
direto para os meus seios, e isso me deixou excitada. Ele me beijou forte e
grosseiramente, e eu senti o peso do seu corpo contra o meu. Quando suas
mãos apertaram a minha bunda, eu já estava ofegante, e cravei minhas unhas
em suas costas, ao mesmo tempo em que mordi o seu lábio e o escutei
gemendo.
— Você é linda! — ele falou, abrindo as minhas pernas, tirando a
minha roupa e logo depois, lambendo a minha boceta que já estava toda
melada.
Horas depois, Ryan me fez colocar a jaqueta dele para subir para o
nosso quarto. Tomamos um banho, e em seguida, ele se deitou em cima de
mim com aquele sorriso safado que eu amava.
De repente, o interfone que tinha no quarto tocou e Ryan foi atender.
— Quem? — Ryan perguntou, irritado. — O que ele quer aqui? Que
inferno!
— O que foi?
— Aquele médico está lá embaixo com a minha terapeuta.
— Bryan?
— Dr. Colin! — Ryan gritou. — Quantas vezes eu tenho que falar
isso com você?
— Você pode falar quantas vezes quiser — respondi e me levantei,
procurando uma roupa para vestir.
— Onde você pensa que vai?
— O que você tem, Ryan? Hoje é dia de avaliação, por isso seu
médico veio com a terapeuta.
— Eu já o dispensei como médico.
— Acontece que eu não dispensei ninguém. Não vou mudar sua
equipe por conta das suas crises de ciúme. Seu médico veio até aqui para
conversarmos sobre a sua terapia.
Ryan deu uma gargalhada.
— Meu amor, esse médico veio aqui porque ele quer comer a minha
mulher. Eu vou descer e mandá-lo embora.
— Você não vai fazer isso.
— Eu não sou um de nossos soldados. Não pense que pode me dar
ordens, Sarah Cooper! — Ryan falou, cerrando os punhos e abrindo a porta.
— Meu amor — chamei com uma voz bem doce — você esqueceu
os travesseiros.
Ryan então me olhou confuso, enquanto fui até a nossa cama, peguei
dois travesseiros e os entreguei a ele.
— Por acaso, você está sugerindo que eu mate o médico asfixiado?
Saiba que prefiro atirar nele.
— Não, amor, é que no caso de ser infantil e tratar o médico mal,
você vai precisar deles para dormir se não se sentir confortável com os que
tem lá no quarto de hóspedes.
Com essa resposta, Ryan me olhou furioso, pegou os travesseiros e
os jogou com toda a força de volta na cama.
— Não brinque comigo! — ele disse, encarando-me.
— Ou o quê? — perguntei, enfrentando-o com o meu olhar. — Você
fica fazendo de conta que está tudo bem, mas eu sei que você está sofrendo
por ter esquecido esses últimos anos. Imagino o vazio que deve ser e quero
que você fique bem. Só por isso não quero mudar sua equipe médica, porque
não pretendo recomeçar, e sim terminar isso tudo de uma vez. Não me
importa se esse médico quer ou não me comer, porque só existe um homem
que pode tocar em mim, que é você! — acabei de falar e o empurrei para que
andasse na minha frente.
Quando cheguei à porta, eu disse bem séria:
— Caso insista com isso, não se esqueça de pegar os travesseiros.
Eu me virei rápido e saí caminhando. Nesse instante, dava para
escutar a respiração pesada e sentir o olhar intenso de Ryan atrás de mim.
Ele estava nervoso e eu podia sentir isso à medida que ele pisava mais forte,
seguindo-me.
— Sarah — ele me chamou e segurou no meu braço, fazendo-me
virar para ele. — Se der um sorriso meloso pro médico ou demonstrar
qualquer intimidade, eu fico sem memória, mas te juro que acabo com ele.
Por fim, continuamos andando, e quando estávamos descendo as
escadas, ele passou o braço na minha cintura e me apertou contra si.
— Doutor Colin e Doutora Garcia, bom dia! — os cumprimentei,
sorrindo.
Ryan deu um sorriso forçado e se sentou ao meu lado. Ele não
conseguia disfarçar que não gostava do médico.
— Então, Ryan — a Doutora Garcia falou —, como você está se
sentindo esta semana? Teve mais algum sonho?
— Sonho? — perguntei, surpresa.
— Eu tenho tido alguns sonhos, mas não tem sentido. Acho que é o
medo que eu tenho de perder minha esposa — Ryan respondeu, apertando
uma mão contra a outra.
— Como a gente conversou na semana passada, seria bom você
repartir esses sonhos com a sua esposa, assim, você vai se libertando desse
medo e isso pode ajudá-lo a recuperar a memória — a terapeuta orientou, e
Ryan permaneceu calado.
Seguimos para as avaliações, dando andamento ao tratamento, e
quando estávamos encerrando, Ryan começou a falar sobre os sonhos.
— Não são sonhos, mas sim o mesmo pesadelo — ele falou e
respirou fundo. — Você está na rua e um homem tenta te levar à força e te
machuca no braço — Ryan completou, olhando-me assustado, enquanto
meus olhos se enchiam d'água. — Eu tenho medo de perder você e por isso
não queria te contar. É só um pesadelo, eu nunca vou deixar ninguém te
fazer mal.
— Você está se lembrando, meu amor — falei e o abracei. — Isso
não é um sonho. Aconteceu de verdade! Eu estava no shopping e um maluco
tentou me arrastar e me levar com ele e meu braço ficou machucado. Você
ficou muito nervoso quando isso aconteceu e queria me proteger do mundo
como agora.
— Isso aconteceu? Tentaram te sequestrar? — Ryan me perguntou,
nervoso.
— Imagina, foi só um maluco e...
— Já chega por hoje! — Ryan falou, levantando-se e dizendo que
estava com dor de cabeça.
— É normal, ele está recuperando fragmentos da sua memória. Eu
vou passar um calmante — Bryan disse, olhando para mim e pegando o
receituário. — Aos poucos, seu marido está voltando.
— Eu nunca fui a lugar nenhum!
— Aqui está a receita e acredito que estamos no caminho certo, não
é, Doutora Garcia?
— Com certeza, Doutor Colin. Nos vemos na próxima semana,
Ryan?
— Claro que sim e obrigado por tudo — Ryan respondeu e ficou
claro que ele só era ignorante com o médico de quem tinha ciúmes.
Quando eles foram embora, Ryan estava visivelmente nervoso.
— Vamos subir — Ryan pediu e assim que chegamos ao nosso
quarto, ele me encheu de perguntas. — Você quase foi sequestrada por
minha causa? Por que você não me contou isso?
— Porque isso não muda nada.
— Eu não havia falado com você sobre a máfia. Você soube por que
foi ameaçada. Eu coloquei sua vida em risco.
— Isso continua não fazendo a menor diferença. Presta atenção,
quando você me contou, poderia ter aceitado um segurança e ficado longe de
você. Depois do nosso casamento, quando você levou um tiro, eu poderia ter
deixado seu tio cuidando de tudo. Ryan, eu estou aqui e divido tudo com
você porque te amo.
— Uma pessoa que coloca em risco a vida da mulher que ama tem
que querer esquecer tudo mesmo — Ryan falou e saiu do quarto. — Quero
ficar sozinho — ele pediu, mas não deixei.
— Nada disso, Senhor Cooper — eu disse, abraçando-o por trás. —
Você acha que a gente se casou pra eu te deixar sozinho?
— Sarah, por que você não me deixou quando soube de tudo?
— Porque eu nasci pra ser a Rainha da Máfia ao lado do meu Capo.
Capítulo 42
Sarah Cooper

Chegou o fim de semana em que ocorreria a festa do Capo Vicenti


Giancano, de Chicago. Todos os Capos dos Estados Unidos e da Máfia
Mexicana aliados da Cosa Nostra estariam presentes para receber o Capo dei
Capi, Dante Cosa Nostra.
Com os frequentes ataques da Máfia Russa e da Máfia Francesa, o
Capo dei Capi vinha da Sicília para saber o que estava acontecendo e
provavelmente trazer seus homens para a América. Todos os aliados o
temiam, pois, sua palavra além de ser sempre a última, tinha que ser
respeitada.
Nesses jantares, os homens costumavam negociar, enquanto as
mulheres falavam futilidades pelo salão. O tio de Ryan disse que ele teria
problemas, pois o tal Dante não tolerava mulheres se metendo em assuntos
de homens e com certeza cobraria o fato de ter me deixado à frente das
organizações.
Assim que chegamos ao hotel, a recepcionista nos entregou as chaves
da nossa suíte. Eu estava um pouco ansiosa para o evento e curiosa para ver
esse tal de Dante.
— Você conhece esse Capo dei Capi? — perguntei para Ryan,
curiosa em saber mais sobre ele.
— Meu avô me levava sempre com ele para a Itália e quando conheci
Dante, ele ainda não era o Capo. Na verdade, éramos crianças sendo
preparadas para ser monstros. Ele só assumiu tudo quando seu pai morreu há
seis anos. Durante esse tempo, só veio aqui uma vez, quando assumi como
Chefe da Máfia Americana.
— Ainda temos tempo para o jantar. Que tal um banho bem
demorado, juntos e... — Ryan não me deixou terminar de falar e me tomou
em seus braços. Eu estava tensa e só ele sabia como me fazer relaxar.
Quando acabei de me arrumar, Ryan me olhou e engoliu em seco.
— Você vai ser, sem dúvida, a mulher mais linda desse jantar.
Quando chegamos ao local do evento, havia um forte esquema de
segurança. Saímos do carro, e o jardim da mansão estava todo iluminado.
Subimos a enorme escadaria que dava até o salão principal e fomos
recebidos por duas mulheres com vestidos longos na cor nude, que davam a
impressão de não estarem vestindo nada.
Senti que elas me olharam da cabeça aos pés e depois sorriram com
olhos cheios de luxúria para Ryan.
— Capo Cooper, seja bem-vindo! — uma delas falou quando ele
entregou nosso convite. As duas sorriam descaradamente para o meu marido
e eu pensei se deveria atirar nelas agora ou depois.
Quando entramos na festa o salão já estava lotado.
— Cooper, é um prazer recebê-lo em minha casa! — Vicenti
Giancano, o anfitrião da noite, disse enquanto abraçava Ryan e dava um
beijo no rosto dele. — E essa é a Senhora Cooper? Com'è bella tua moglie!
La sua fama si diffonde in tutta la mafia, così come la sua bellezza! (Como é
belíssima a sua esposa! Sua fama se espalha por toda a máfia, assim como
sua beleza!)
— Grazie, è un piacere conoscerti! (Obrigada, é um prazer conhecê-
lo!)
— Parli italiano? (E você fala italiano?)
— Sì, e uccido anche le persone. (Sim, e eu mato pessoas também.)
Com a minha resposta, o Capo se engasgou e fingiu dar uma
gargalhada.
— Essa festa promete — Ryan falou no meu ouvido, enquanto outros
dois senhores se aproximavam.
— Che piacere vedere il nipote del nostro defunto fratello De Lucca!
È la sua Bella moglie? Piacere di conoscerti, sono Francesco! (Que prazer
rever o neto do nosso saudoso irmão De Lucca! É a sua bela esposa? Muito
prazer, eu sou Francesco!) — um deles falou.
— Meu amor, Francesco Gambino era amigo do meu avô e ele é um
dos Capos de Nova York.
— Piacere di conoscerti di persona! (Muito prazer em conhecê-lo
pessoalmente!) — cumprimentei, sorrindo para Francesco. — Eu e ele já nos
falamos por telefone por conta da invasão a um dos nossos galpões quando
você estava internado — frisei, olhando para Ryan. — Pedi ajuda às Cinco
Famílias.
— Senhores, minha esposa é realmente belíssima! — foi a única
coisa que Ryan falou ao ver os olhares de todos para mim, enquanto me
abraçava forte, mostrando que eu pertencia a ele.
— Belíssima e rara! — completou Leonel Luciano, outro Capo das
Cinco Famílias.
— Sono solo una donna innamorata di mio marito. Chiunque lo
abbia danneggiato dovrà pagare con la propria vita (Eu sou apenas uma
mulher apaixonada pelo meu marido. Quem fez mal a ele vai ter que pagar
com a própria vida) — falei, e todos se entreolharam.
— Tem certeza de que você não é italiana, meu amor? — Ryan me
perguntou e selou nossos lábios com um beijo.
— Da nossa parte, embora raro, só de saber que a Máfia Francesa
enlouqueceu por causa do poder dela, já nos basta — Francesco Gambino
disse, e todos riram e brindaram.
— Vamos ver o que pensa disso nosso convidado da noite, o Capo
dei Capi Dante Cosa Nostra — Leonel Luciano falou enquanto acendia seu
charuto.
Nesse instante, todos ficaram em silêncio, demonstrando o medo que
sentiam por Dante.
Em seguida, fui dar uma volta com Ryan, porque aquele ambiente
com cheiro forte de charuto me deixou sem ar. Paramos perto de uma
enorme porta que dava acesso a uma pequena sacada com vista para o
jardim.
— Pelo visto, não fui só eu que me encantei por sua beleza — Ryan
falou, beijando as minhas costas. — Esses homens todos babando por você
já estão começando a me irritar — ele disse e fez uma trilha de beijos que ia
até o meu pescoço, enquanto seus dedos desciam em sentido contrário.
— Só tenho olhos pra você, meu Capo! — pronunciei e me virei para
abraçá-lo.
Nesse momento, pude ver a porta do salão se abrindo e algumas
pessoas se afastando. Conseguia escutar o murmúrio dos homens e o suspiro
das mulheres, quando surgiu um homem alto, com um olhar sombrio,
vestindo um terno preto e deixando a energia do ar pesada. Ele não sorria,
tinha uma expressão carrancuda e suas mãos eram cerradas em punho, como
se ele fosse socar alguém.
É provável que por alguns instantes eu tenha parado de respirar,
quando me dei conta de que seus olhos congelados vinham na direção dos
meus. Seu olhar intenso prendia a minha atenção e eu sentia que precisava
puxar novamente o ar dos meus pulmões para voltar a respirar.
Ryan se virou e assim como os outros, permaneceu em silêncio,
olhando aquele homem que passava por todos em um ritmo lento, mas com
passos firmes, vindo em nossa direção. Seu olhar se mantinha diretamente
no meu, deixando meu corpo arrepiado à medida que ele se aproximava.
— Ryan De Lucca Cooper — o homem falou, abraçando-o, mas seu
olhar não se desviou do meu nem por um segundo. — E essa deve ser a
Senhora Cooper, eu suponho — ele disse, alcançando as minhas mãos e
dando um beijo nelas, o que me fez congelar.
— Piacere di conoscerti, sono Dante Cosa Nostra! (Muito prazer,
sou Dante Cosa Nostra!).
Capítulo 43
Sarah Cooper

O olhar intenso de Dante me deixou paralisada. Ele parecia me analisar por


inteiro e comecei a me sentir incomodada com isso. Por me olhar
intensamente, custei a conseguir falar alguma coisa.
— Molto piacere! (Muito prazer!) — cumprimentei e puxei minha
mão, que ele ainda estava segurando.
— Você sabe que escutei muitas histórias a seu respeito? — ele
comentou sem desviar o olhar. — Sua esposa é famosa, Cooper.
— Com certeza você não viajou de tão longe para falar da fama da
minha esposa — Ryan afirmou. — O que te trouxe à América?
— Você está enganado — ele falou e pela primeira vez, tirou seus
olhos de mim, voltando-se para Ryan. — A Senhora Cooper é um dos
assuntos que me fizeram vir até aqui — ele pronunciou e olhou para mim.
Engoli em seco e percebi que ele queria me intimidar. Os outros
Capos então se aproximaram, querendo falar com Dante e ele pareceu se
incomodar por ser interrompido.
Os homens não paravam de falar e cumprimentar Dante, que
mantinha sempre a expressão sombria e vazia. Por fim, arrastaram-no para o
centro do salão, mas ele continuava me observando.
— Acho que preciso de uma bebida — falei e apontei para o garçom
que tinha acabado de servir champagne para Ryan, que me olhava em
silêncio.
— Nervosa? — ele me perguntou e eu sabia que ele estava
incomodado com a presença de Dante.
— Não, só estou com sede — respondi, tentando ser natural.
— Eu vou pegar pra você — ele falou e foi buscar a bebida para
mim, deixando-me sozinha.
Em seguida, virei de costas para o salão e respirei fundo.
— Una donna così bella non è lasciata sola! (Não se deixa sozinha
uma mulher tão bela!) — Dante falou e eu me assustei quando escutei sua
voz tão próxima de mim.
— Eu não estou sozinha, estou numa festa e o que não falta aqui é
gente por todos os lados.
— Altiva, olhar firme, exatamente como nossos inimigos a
descrevem — ele disse, encarando-me, e eu sustentei meu olhar. —
Desafiadora e linda, eu diria.
— Continue olhando assim para a minha mulher, e eu acabo com
você, Dante! — Ryan se aproximou falando, entregou-me a taça de
champagne e se colocou na minha frente.
Nesse momento, os dois se olharam duramente e eu pude sentir a
tensão no ar.
— Tente, De Lucca — Dante o desafiou.
— Não me peça duas vezes — Ryan disse friamente.
Os dois ficaram se encarando e pareciam querer matar um ao outro
só com o olhar.
— Que lindo! Devo aplaudir? — perguntei, olhando para os dois. —
Nossos galpões estão sendo invadidos pela nossa inimiga, a Bratva, e a
Corsa está se aproveitando da situação pra tentar invadir nosso território e eu
aqui pensando que nossa conversa seria para solucionar os nossos problemas
e no lugar disso — falei e olhei para os dois com descrença, e ambos me
olharam furiosos, mas não me intimidei —, vocês parecem dois filhotes de
cachorro rosnando um para o outro?
— Você deveria controlar a boca da sua esposa, De Lucca. As
mulheres da máfia não se comportam assim...
— Acontece, Dante Cosa Nostra, que eu sou Sarah Cooper e não
uma mulher qualquer da máfia, que fica no salão conversando futilidades,
muito menos nasci pra ter minha boca controlada seja lá por quem for —
retruquei, olhando dentro dos olhos de Dante e pela primeira vez naquela
noite, sua expressão mudou e ele deu uma gargalhada alta e sonora,
chamando atenção de todos.
Com isso, Ryan me olhou furioso e eu virei de uma só vez a bebida
que estava segurando.
— Está tudo bem por aqui? — Vicenti Giancano perguntou, olhando
para Dante e Ryan.
— Quando vocês me falaram da Senhora Cooper, eu não imaginava
que ela fosse mais perigosa que todos vocês juntos — ele frisou, olhando
para os Capos que imediatamente olharam para mim. — Com uma mulher
assim, qualquer Capo pode brincar de CEO nas horas vagas.
— Eu sou um homem de sorte, Dante! — Ryan respondeu. — Tenho
o sangue dos De Lucca, que faz de mim um Capo nato. Posso brincar de
CEO nas horas vagas na minha empresa e ainda tenho la donna più bella e
potente di questo mondo solo per me (a mulher mais linda e poderosa desse
mundo só para mim).
— Senhores, amanhã vamos nos reunir aqui na casa de Vicenti para
uma reunião, mas hoje eu quero me divertir nessa festa — Dante falou e seu
olhar caiu de novo sobre mim.
— Claro, vamos circular, porque todos, na verdade, todas — Vicenti
falou, rindo — querem conhecer nosso Capo dei capi.
Então Dante saiu caminhando com os capos que estavam puxando o
seu saco. Aqueles homens não tinham só respeito, mas, principalmente,
medo dele.
Nesse momento, Vicenti pediu ao seu Consiglieri que convocasse
todos os Capos para a reunião. Alguns, porém, não compareceram à festa,
mas teriam que estar presentes no dia seguinte junto aos seus Sottocapos.
Dante Cosa Nostra era conhecido como um homem frio e desprovido
de sentimentos. Segundo seus inimigos, até os demônios da terra sentiam
medo dele.
Houve uma hora em que os homens se afastaram, e eu fiquei sozinha
com Ryan, que me olhava friamente.
— Como você ousou falar comigo daquela forma na frente de Dante?
Você quer que todos pensem que eu deixo a minha mulher fazer o que ela
quer? Isso aqui é a máfia, baby, e não sua rodinha de amigos onde você fala
como bem entende.
— Primeiro, baixe o tom da sua voz, porque eu não te dou o direito
de gritar comigo. Segundo, você parecia disputar um pedaço de carne com
Dante e sou sua esposa, não alguém que você precisa mijar para marcar
território. Você não precisa sair matando meio mundo que olha pra mim,
porque sou apenas sua e sempre vai ser assim. Terceiro, eu também tenho
ciúmes, as mulheres babam por você, mas engulo a minha raiva, porque
confio em você, tanto que não atirei nas duas oferecidas hoje na entrada que
simplesmente me ignoraram. Quarto, quase gozei quando você falou que
tinha la donna più bella e potente di questo mondo (a mulher mais linda e
poderosa desse mundo).
— Você é doida, Senhora Cooper — Ryan falou, rindo e passando a
mão nos cabelos. — Eu não sei o que fazer com você!
— Eu sei de várias coisas que você pode fazer depois desse jantar
que está cada minuto mais tenso e posso te falar várias delas lá no hotel.
Ryan então me abraçou e tudo que eu queria era deixá-lo mais calmo.
Quando ele ameaçou Dante, eu vi no olhar dele a mesma escuridão que vi
nos olhos dos outros mafiosos. Ele tinha o sangue de Giuseppe De Lucca nas
veias, eu não podia esquecer isso e deixar que ele ficasse nervoso a ponto de
termos problemas.
A cada momento, Dante Cosa Nostra me comia com os olhos, mas eu
sabia como lidar com isso e mesmo sabendo que Ryan estava certo, não
poderia alimentar esse sentimento dentro dele. Entrar numa guerra com o
Capo dei Capi seria praticamente um suicídio.
Como uma mulher inteligente sabe o que é preciso para manter de pé
a sua casa, eu não deixaria Ryan entrar em confronto com Dante Cosa
Nostra, eu mesma enfrentaria o Capo Dei Capi.
Por fim, nós nos despedimos de todos quando o jantar acabou.
— Nos vemos amanhã, Cooper — Vicenti falou. — Enviarei uma
mensagem para te avisar sobre o horário.
— Ci vediamo domani! (Vejo vocês dois amanhã!) — Dante
pronunciou, olhando para mim e Ryan.
— Mas, em nossas reuniões, nunca foi permitido levar nossas
esposas — Leonel Luciano questionou.
— Non sto parlando di tua moglie, ma della nostra signora mafiosa
Cooper (Eu não estou falando da esposa de vocês e sim da nossa mafiosa
Senhora Cooper) — Dante Cosa Nostra disse e todos abaixaram a cabeça e
ficaram em silêncio.
Sinceramente, os olhos de Dante estavam grudados em mim e ele não
desviava um milímetro do seu olhar, que parecia invadir a minha alma.
— Nos vemos amanhã. Eu e minha mulher estaremos aqui na hora
marcada — Ryan falou, dando-me a mão. — Buona sera a tutti! (Boa noite a
todos!) — meu marido se despediu e se virou, encarando o Capo dei Capi.
— Dante Cosa Nostra, foi um prazer revê-lo — ele disse, olhando-o
profundamente.
— Ryan De Lucca Cooper — Dante pronunciou, devolvendo o olhar
sombrio.
Então saí caminhando acompanhada da respiração pesada de Ryan,
que apertava a minha mão, e do olhar de Dante nas minhas costas.
Capítulo 44
Ryan Cooper

Acordei e fui tomar um banho, já que teria mais um dia intenso com a
reunião da organização.
Eu sabia que Dante estava impressionado com a minha mulher. Para
ele, era um desafio ter alguém como Sarah enfrentando-o. Mas, se por um
lado isso gerava certo fetiche, por outro, tornava-se um perigoso jogo de
sedução e isso eu não permitiria.
Sarah era minha e ninguém jamais tocaria no que era meu. Na máfia,
existiam vários códigos de conduta, por exemplo, lavar a honra com sangue.
Dante era o Capo da Cosa Nostra, nossa maior aliada, mas isso não queria
dizer que eu teria que aguentar calado vê-lo comendo a minha mulher com
os olhos.
Olhando para minha esposa dormindo, ela parecia tão indefesa. Mas
a verdade era que Sarah de desprotegida não tinha nada.
— Oi, amor — Sarah me chamou enquanto eu olhava a vista da
cidade. — Vai matar quem com essa arma na mão a essa hora? — ela
perguntou, esfregando os olhos, ainda sonolenta.
— Qualquer um que ousar ficar olhando demais pra você. —
respondi, colocando a arma na mesa, tirando a toalha em que eu estava
enrolado e indo me deitar com ela.
Nesse momento, Sarah me olhava com devoção e luxúria! Eu podia
sentir seu fogo quando ela abria lentamente suas pernas, ao mesmo tempo
em que se contorcia e ia enrolando o lençol entre seus dedos. Ela era capaz
de gozar só de sentir a minha aproximação. Isso me excitava e eu já estava
com o pau duro só de olhar para ela.
Eu me deitei ao seu lado, e comecei a beijar o seu pescoço e fui
descendo até os seus seios. Senti quando seus mamilos ficaram rígidos assim
que eu os toquei com a minha língua. Ela gemia baixinho e isso me deixava
cheio de tesão. Fui descendo e beijei suavemente sua barriga, ela arqueava o
corpo e esfregava uma perna na oura, desejando-me dentro dela.
— Ryan... por favor...
Eu sorri ao escutá-la me pedindo por favor e intensifiquei os meus
beijos, parando apenas para fazer círculos com a minha língua em sua
boceta, que estava quente e molhada.
— Eu não tô aguentando...
Então comecei a estocar minha língua dura dentro dela, e pude sentir
os espasmos em seu corpo. Ela se entregava totalmente a mim.
Assim que senti o seu gosto invadindo a minha boca, enfiei dois
dedos dentro dela, para que ela gozasse de novo e mais forte. Depois a virei
de costas e a coloquei de quatro, dei um tapa em sua bunda deixando a
marca da minha mão, e fui logo beijando o seu cuzinho, depois entrei na sua
boceta de uma vez e bem forte, como eu sabia que ela gostava. Quando
segurei os seus cabelos, ela jogou o corpo para trás, rebolando no meu pau, e
o apertando dentro dela.
— Gostosa... Você sempre querendo mais — falei, aumentando a
força de cada estocada.
— Ryan...
Sarah gozou novamente com o meu pau enterrado dentro dela, e
quando cheguei ao clímax, minha mulher gozou de novo, misturando nossas
porras dentro dela e me deixando todo lambuzado.
— Você é só minha, entendeu?
— Eu sou só sua! Você é tudo que eu mais quero a cada segundo do
meu dia.
Me levantei sedento por mais, sentei Sarah no meu colo enquanto nos
olhávamos. Nossa respiração foi acelerando aos poucos, à medida que ela
rebolava gostoso, cavalgando no meu pau.
Minha mulher subia e descia sem parar e cada vez mais forte. Sarah
jogava o corpo para trás, forçando a minha entrada dentro dela quando
descia ao encontro do meu corpo. Eu a segurava pela cintura e a ajudava
naquele movimento.
— Agora, minha vida! — falei, e nós nos entregamos juntos àquela
sensação única de prazer que nos unia. Ela continuou sentada no meu colo,
abraçada comigo e com a cabeça deitada no meu ombro.
— Por favor... — ela pediu. — Confia em mim quanto a estar
presente nessas reuniões com tantos homens.
— Eu confio! — falei, sentindo que ela suspirou feliz quando eu
disse isso.
— Vem, vamos tomar um banho juntos. Vicenti avisou que a reunião
será logo depois do almoço.
Nesse instante, ela mordeu os lábios olhando para mim, e eu soube o
que ela queria. Minha mulher nunca cansava de transar comigo e eu amava
isso nela.
Liguei o chuveiro e entramos debaixo dele juntos. Fui passando o
sabonete por todo o seu corpo, e ela se contorcia em pé na minha frente.
Depois ela se virou de frente para mim e sorriu quando olhou para baixo,
descendo suas mãos. Quando ela me tocou, foi a minha vez de respirar
fundo. Me encostei na parede quando a vi de joelhos me chupando, com a
água do chuveiro escorrendo pelo seu rosto.
— Você sabe como me enlouquecer, não é, Sarah Cooper?
Quando saímos do banho, ela correu para pedir alguma coisa para
comer enquanto nos arrumávamos para a reunião.
Já eu, fiquei olhando para a minha mulher e só conseguia pensar em
quão perfeita ela era.
— O que foi? — Sarah me perguntou enquanto estava comendo.
— Estou aqui pensando em como você é sensual, poderosa e
esfomeada — respondi, rindo do enorme sanduíche que ela estava comendo.
— Meu marido acaba com as minhas energias! Eu tenho que me
alimentar!
Sarah, nessa hora, começou a imitar os capos puxando o saco de
Dante e me fez dar gargalhadas. Ela era assim, poderosa e extrovertida,
sensual e romântica, esposa e mãe carinhosa, além de mafiosa impiedosa.
Capítulo 45
Sarah Cooper

Chegamos à casa de Vicenti Giancano na hora marcada e pela quantidade


de carros pretos e seguranças, dava para ver que todos os Capos aliados
estavam presentes.
Matthew estacionou e ficou aguardando no carro. Eu percebi que,
mesmo entre os aliados, havia certa desconfiança, porque ninguém deixava
seus carros sozinhos sem um segurança neles.
Quando entramos no enorme salão onde seria a reunião, os olhares se
voltaram para nós. Todos entravam e se sentavam em volta de uma grande
mesa, e, na cabeceira, sentado como se fosse um rei, estava Dante Cosa
Nostra.
Assim que me viu, ele virou em um só gole toda a bebida que estava
no seu copo e seus olhos se fixaram nos meus. Pude sentir sua energia e
engoli em seco, vendo que ele fez o mesmo, inspirando e soltando o ar
lentamente.
Os Capos me olharam com certo desdém, porque para eles, era um
absurdo eu estar ali entre todos.
— Il nostro ospite d'onore è arrivato! (Nossa convidada de honra
chegou!) — Dante falou, olhando para mim e Ryan apertou forte a minha
mão.
— Boa tarde! Não faço questão de ser a convidada de honra, quero
apenas destruir os meus inimigos, por isso estou aqui.
— Bravíssimo! Aprendam como deve pensar um verdadeiro Capo —
Dante falou com um ar sarcástico.
Nesse momento, o silêncio entre os homens predominou, e aquele
lugar não parecia o mesmo de minutos atrás, onde todos falavam ao mesmo
tempo.
Ryan puxou uma cadeira para mim e se sentou ao meu lado.
Coloquei uma das minhas mãos em sua perna e o apertei, respirando fundo.
Queria que ele visse que eu estava tensa e que ele era minha segurança.
Assim, meu marido se sentiria superior às provocações de Dante.
O aroma do ambiente era de whisky e charuto, e eu sentia vontade de
rir, porque parecia que estava realmente dentro do filme de O Poderoso
Chefão.
Dante começou a discutir sobre os últimos relatórios dos aliados.
— Eu não entendo como tantos galpões estão sendo roubados. Vocês
não têm homens suficientes fazendo a guarda?
Ninguém se atreveu a responder e eu só observava atentamente as
palavras de Dante e a reação dos Capos.
— Em Nova York, perdemos cinco toneladas de uma só vez e vários
homens. Vocês têm ideia de que cada homem perdido é menos um
transportando nossa mercadoria?
Dante Cosa Nostra era cruel. Para ele, nossos soldados eram apenas
burros de carga.
— A Bratva decidiu que pode roubar todos os meus aliados aqui da
América porque vocês são frouxos! — ele falou baixo, mas seu tom de voz
era mais forte que um grito.
— Tudo piorou quando Cooper arrancou a cabeça dos soldados
franceses e os envio de volta, fazendo-lhes chacota — Raniere Santoro, o
Capo de Nova Orleans, disse em um tom acusatório, olhando para Ryan. —
Desde então, a Corsa, em resposta, ataca a todos.
— Entramos em guerra graças ao nosso Chefe Cooper — afirmou
Filippo Bonano, um dos Capos das Cinco Famílias de Nova York — Que
ficou doente e deixou uma mulher no poder para nos desmoralizar ainda
mais, e com todo o respeito, ninguém fez nada para impedir.
— Isso é uma cobrança a mim, Bonano? — Dante perguntou —
Capo Cooper manda no território americano e nunca deixou de enviar
corretamente a parte que pertence a Cosa Nostra, sua maior aliada. Inclusive,
quando estava internado, o dinheiro triplicou. Por que eu iria interferir, se
estava lucrando?
Ryan me olhou imediatamente e percebi que ele não tinha a menor
ideia do que eles estavam falando. Ele atirou nos inimigos e os mandou de
presente para a Máfia Francesa, fazendo-os virar piada? Aquele imbecil do
Luigi não tinha me contado nada disso. Ou ele pensava que Ryan me
contaria tudo, ou era um tremendo idiota! Claro que eu ficaria com a
segunda opção!
— Deixe-me ver se eu entendi: os senhores estão sugerindo que, no
lugar de atirar nos invasores, deveríamos ter enviado flores para os
franceses? — perguntei e todos me olharam como se fosse uma afronta o
fato de uma mulher se pronunciar.
— Claro que não, meu amor — Ryan falou. — Eles queriam que eu
embrulhasse a carga em papel de presente e a enviasse para a Corsa.
— Cooper, você poderia simplesmente ter matado todos eles —
Vicenti Giancano falou e acendeu um charuto.
— Uma máfia que não tem peito para entrar numa guerra nem
deveria existir — falei, desafiando os Capos. — Pretendo expandir nosso
território e se tiver que invadir e tomar toda a carga dos russos, podem ter
certeza de o farei — afirmei e senti o olhar de Dante me queimando como
fogo. — E sobre os franceses, se eles acham que vão se apoderar do nosso
território, terão uma surpresa. Dante Cosa Nostra, eu preciso de mais
homens para aumentar a defesa do território americano.
— Todos nós precisamos — Filippo Bonano falou em tom irônico.
— E vocês querem pra quê? Brincar de casinha? Porque pelo que
entendi, vocês só ficam transportando armas e se borrando de medo de entrar
num conflito — eu disse isso, e os homens se alteraram. — Além do mais,
pedi para todo o território, já que cada um de vocês responde à Máfia
Cooper.
— Nenhuma mulher fala assim com a gente! — Raniere afirmou e se
levantou. — Controle a sua mulher, Cooper, ou não respondo por mim. Você
é o nosso Chefe e agora que voltou não tem mais por que ela…
— Ameace de novo a minha mulher e você não sai vivo daqui! —
Ryan gritou atirando no copo de whisky que Raniere estava segurando
fazendo os estilhaços e a bebida voarem para todo lado. Foi então que todos
começaram a falar ao mesmo tempo em italiano.
— Chega! — gritei. — Que porra de mafioso é você que pede pro
meu marido me controlar? — indaguei e em segundos minha arma estava
colada na testa de Raniere. — Se tem problemas comigo, fale diretamente
para mim.
— Lugar de mulher é em casa, cuidando do lar e esperando pelo
marido! — Raniere falou e eu dei uma gargalhada.
— Você acha que é melhor do que eu só porque tem um pau entre as
pernas? — perguntei e comecei a rir. — Pois é, eu não tenho um pau, mas
estou com uma arma apontada pra sua testa porque enquanto você fala, eu
estou agindo.
— Silenzio! (Silêncio!) — Dante Cosa Nostra falou e todos se
calaram. — Pode abaixar a arma, Senhora Cooper, porque ninguém aqui vai
discutir novamente a sua presença nessa reunião, já que foi uma decisão
minha.
Dante então olhou para os Capos, que mesmo com ódio, disfarçaram
e se sentaram.
— A Senhora Cooper disse diretamente para mim que precisava de
homens para aumentar sua defesa. Por acaso, Senhor Filippo Bonano, eu o
autorizei a responder às pessoas nessa reunião no meu lugar? Raniere, eu te
dei o direito de questionar minhas decisões quanto a quem participa das
reuniões?
Raniere respirou fundo e abaixou a cabeça, em sinal de rendição e se
sentou. Já eu guardei minha arma e me sentei ao lado de Ryan, que fez o
mesmo. Ele ficou o tempo todo de costas para mim, com uma arma na mão,
protegendo a minha retaguarda.
— Somos uma grande família e não quero mais esse tipo de coisa
acontecendo entre aliados. Querendo vocês ou não, o comando da América
continua nas mãos do Capo Cooper, cuja família fundou a máfia de Los
Angeles a pedido do meu avô. Vou aumentar os reforços e pretendo fazer
uma grande operação aqui no território americano, além de roubar uma
grande carga da Máfia Francesa. Isso acontecerá no próximo mês e vocês
saberão o dia e a hora. Enquanto isso, meus homens estarão chegando e se
juntando aos de vocês.
— Então devemos nos preparar para essa ação em conjunto com seus
homens? — Filippo Bonano perguntou.
— Não! — Dante respondeu. — Eu mesmo vou chefiar essa
operação. Cooper colocou sua esposa ao seu lado no comando da
organização e para provar aos senhores que ele está certo, a Senhora Cooper
estará ao meu lado chefiando esse roubo de dez toneladas de armamento da
Corsa.
Nesse instante, os murmúrios em italiano recomeçaram, e os homens
não queriam aceitar uma mulher no comando ao lado do Capo di tutti capi.
Ryan se levantou, encarando Dante. Ele sabia que aquilo era uma
armadilha. Bastava que Ryan não aceitasse, e eu estaria fora da máfia para a
alegria daqueles homens. Eu não olhei para ele, deixei que meu marido
decidisse. Sentia que ele não respirava, enquanto Dante continuava em
silêncio, olhando de forma sombria para ele, com um meio sorriso
sarcástico.
— Vocês todos se calem! — Dante falou, e os Capos fizeram
silêncio. — Temos um acordo, Capo Ryan De Lucca Cooper?
Todos os olhares se voltaram para Ryan. Naquele momento, os
homens entenderam que era o meu marido quem decidiria. Para que eu
ficasse, ele precisaria confiar em mim, sua esposa que o amava, e me deixar
chefiar uma operação em conjunto com Dante Cosa Nostra.
Todos continuavam a olhar para Ryan, esperando que ele me levasse
embora.
— Temos um acordo, Dante Cosa Nostra.
Por fim, Ryan pegou na minha mão e antes de se retirar, falou:
— Fammi sapere il giorno e l'ora. Buon pomeriggio a tutti. (Me
avise o dia e a hora. Boa tarde para todos.)
Capítulo 46
Ryan Cooper

Maldito!
Dante Cosa Nostra havia chegado àquela reunião com tudo planejado
na sua mente doentia. Se ele tivesse que fazer uma ação de represália à
Máfia Francesa, é claro que escolheria um Capo para estar ao seu lado, e em
sua mente suja, esse alguém seria a minha mulher.
Aqueles idiotas querendo ser a voz dele na América, e aquele puto só
pensando em como se aproximar e tomar o que era meu. Nunca deixaria esse
Capo di tutti capi encostar em um fio de cabelo da Sarah.
Por que minha mulher tinha que ser tão brava? Será que ela era assim
antes de a gente se casar? Ou ela havia mudado quando atiraram em mim?
— Você colocou uma arma na testa de um aliado em plena reunião
— falei enquanto voltávamos para o hotel.
— Foi a segunda vez que um infeliz sugeriu que você controlasse a
minha boca e...
Sarah mal terminou de falar e já estava me olhando com luxúria e
com a respiração ofegante. Sua mão foi direto para o controle do carro e ela
subiu o vidro da limousine, deixando-nos isolados de Matthew.
— Até que não seria uma má ideia se você controlasse a minha boca
nesse momento...
Quando chegamos ao hotel, fui tomar um banho, e o olhar daquele
maldito desejando a minha mulher não saía da minha cabeça.
Voltamos para Los Angeles e já em casa, resolvi que iria para a boate
esfriar minha cabeça. Dentro de um mês, minha mulher estaria em Nova
York com Dante Cosa Nostra e eu teria que confiar nela acima de qualquer
outra coisa.
Eu estava tenso e Sarah sabia disso. Fui para boate encher a cara,
mas minha vontade era mesmo de matar Dante Cosa Nostra. Aquele
miserável queria comer minha mulher e eu, mais cedo ou mais tarde, tentaria
lavar minha honra, e acabaríamos todos mortos.
Por um momento, esfreguei meus olhos e tentei apagar essa imagem
da minha mente. Não morreríamos porque minha mulher não me trairia com
ele.
Eu estava com ciúmes e com ódio daquela situação toda. Se tivesse
dito não, Sarah nunca me perdoaria por sair humilhada daquela reunião.
Aqueles homens ridículos tinham uma conduta, que eu não aceitava,
de tratar suas esposas como objetos para servir-lhes na cama, e eu jamais
faria isso com Sarah.
Então, por eu ser diferente dos outros, minha esposa iria a qualquer
momento para uma ação perigosa ao lado de Dante.
Nesse momento, senti Sarah me abraçando por trás e me empurrando
para uma parede da boate. Ela não quis ficar em casa e veio atrás de mim ou
foi Alice que ligou para ela e disse que eu estava bebendo muito.
— Lembra que nossa primeira vez foi quase assim? Na parede de
uma boate lotada!
— Você só pode estar brincando! — falei e percebi que ela estava
séria.
— Você sabe que eu sou só sua, não sabe?
— Se eu não soubesse, não teria feito um acordo com aquele verme
que quer te comer.
— Foi uma armadilha. Ele achou que você me mandaria ficar em
casa, e, seus problemas com uma mulher na máfia estariam encerrados.
— Dante queria que você saísse da reunião humilhada e servisse de
exemplo para as outras mulheres nunca falarem em igualdade.
— Mas você não permitiu que isso acontecesse. Me apoiou e
confesso que tive medo da sua resposta.
— Eu te admiro, senhora Cooper! Mas estou com ódio de Dante
Cosa Nostra, porque além dele tentar te humilhar, ele se sente atraído por
você.
— Em sonho, qualquer um pode se sentir atraído por quem quiser —
ela falou e me abraçou — Mas assim, de verdade, só você pode me foder à
vontade.
Minha mulher sabia de verdade como me desligar daquela sujeira.
— Eu quero te comer agora — afirmei, enquanto minhas mãos já
estavam deslizando por todo o seu corpo.
Fomos para o escritório e ela começou a tirar minha calça com
pressa, e foi logo engolindo o meu pau com a sua boca.
— Gostosa, assim você me deixa doido!
— Só meu… todo meu!
No dia seguinte, acordei cedo e fui malhar, porque precisaria mais do
que nunca estar em forma, e tomei a decisão de deixar Jonas e Nina à frente
da empresa por alguns meses e me dedicar somente à instituição junto à
minha esposa.
Capítulo 47
Sarah Cooper

Ryan fez uma reunião com Jonas e Nina, avisando que precisaria de um
tempo maior para se recuperar, que intensificaria as suas sessões de
fisioterapia e que qualquer coisa ele resolveria por videoconferência.
Nina sabia que ele estava se afastando por conta da organização e
achou que seria melhor assim, já que ela estava preocupada com essa ação
que eu realizaria ao lado de Dante.
— Sarah, você precisa tomar cuidado — Nina falou. — Isso não é
um filme, e essa gente mata para lavar a honra.
— Eu já falei isso pra ela — Alice ressaltou. — Esse Dante vai te
testar numa ação grande, e se duvidar, te deixar na linha de frente para
morrer no lugar dele.
— Eu sei disso e apesar de ele ter um olhar que atravessa a alma da
gente, não vou me intimidar.
— Amiga, para e conta isso direito! — Alice falou e me puxou para
sentar ao lado dela. — Como assim um olhar que atravessa a alma?
Respirei fundo e senti um calafrio quando me lembrei do momento
em que Dante Cosa Nostra entrou no salão da casa de Vicenti e a Terra
parecia ter parado de se mover.
— Ele tem um olhar penetrante e sombrio — expliquei e sacudi a
cabeça, querendo esquecer.
— Machista como são os homens da instituição, deve estar querendo
transar com você.
— Não quero falar mais nesse homem, porque, se ele está fazendo
isso tudo por sexo, ficaria mais em conta contratar uma prostituta. E só fico
com mais nojo ainda, se ele pensa que sou um objeto para ele depositar suas
necessidades.
Depois de alguns minutos, eu me despedi de Alice e Nina, porque
precisaria descansar a minha mente de tudo aquilo.
Já em casa, anunciei que teríamos o fim de semana da família Cooper
e que Anne poderia escolher tudo que faríamos para nos divertir juntos. Os
dias andavam tensos e nossa filha sentia nossa falta.
— Papai, a mamãe falou que eu posso escolher tudo que a gente vai
fazer hoje — Anne contou toda animada.
— Se sua mãe falou, então você é a chefe do dia!
Anne estava muito feliz e a primeira coisa que ela quis fazer foi
assistir ao filme Frozen, com sorvete e pipoca. Ryan toda hora dormia e
Anne o acordava com ataques de beijinhos.
Ela amava tanto o pai, e Ryan, apesar de só ter a lembrança dela
pequena, quando ele ainda não aceitava a ideia de ser pai, conseguiu se
aproximar e ser tudo que Anne tanto precisava desde que saiu do hospital.
Esses momentos em família eram um aconchego para o meu coração. Tinha
tanta coisa acontecendo que, às vezes, eu me sentia vagando por uma estrada
sem fim.
Ryan havia tido uma vida emocionalmente difícil. Perdeu o pai
assassinado na sua frente e, mesmo quase tendo me perdido por causa da
briga que tivemos por conta da decoração de Natal, ele preferiu não me
contar que esse era o seu trauma. Desde então, seu avô o preparou para ser o
Capo dei Capi da América. Sem escolha, ele teve uma vida normal, paralela
àquela que seu avô Giuseppe Frederico De Lucca queria para ele.
Diante disso, eu tinha que descobrir um meio de fazê-lo vencer esse
bloqueio todo e me falar sobre seu pai, sua mãe e detalhes da sua vida que eu
desconhecia. A terapeuta dizia que ele havia esquecido tudo como forma de
defesa. Mas por que de quatro anos para cá? Ele não conseguia nem lembrar
que tinha perdido a mãe. Era como se tivesse voltado e parado no tempo em
que ainda tinha esperança de deixar tudo para trás.
Ryan passou por uma iniciação pesada, que ele não dividia comigo.
Imagino que em vários momentos todos eles já tenham pensado em
desaparecer, só que no final, seus laços com a instituição e a certeza de que
muitos dependem da sua liderança para continuarem vivos, os mantém
firmes à frente de tudo.
— Mamãe, você também dormiu? — Anne perguntou e me
despertou dos meus pensamentos.
— Não, meu amor — respondi e a coloquei no meu colo.
À noite, fizemos um acampamento no quarto de Anne e dormimos os
três na nossa barraca improvisada com lençóis e luzes coloridas.
O fim de semana passou rápido entre filmes, pipoca, passeio na praia
e, é claro, o que não poderia faltar: apresentação de ballet de Anne e Ryan,
que estava totalmente desconfortável fazendo aquilo, que para ele não tinha
sentido algum.
A semana começou com uma mensagem de Jordan avisando que já
estava com a lista de carregamentos que a Bratva receberia, e nos trazendo
de volta a vida real, bem distante do final de semana com a nossa filha.
“Não deixe que ninguém saiba dessa lista! Nós já estamos quase
chegando ao galpão.”
Quando chegamos, vimos que nossos soldados estavam recebendo
treinamento dos homens de Dante, que vieram para reforçar no transporte
das nossas cargas e no início da nossa missão de minar as investidas da
Bratva, chefiada pelo velho Mikhailov em nosso território. Eles não
poderiam continuar entrando e saindo do nosso país e achar que essa atitude
ficaria por isso mesmo.
— Essa carga vai passar próximo a San Diego e seguir para o
México. As coordenadas foram interceptadas pelos agentes de Dante Cosa
Nostra, que estão trabalhando em conjunto com Alice e hackeando todos os
e-mails dos russos.
— Eu vou partir amanhã assim que amanhecer, com nossos homens
— Ryan falou e me olhou, percebendo que eu estava com medo. — Meu
amor, eu sou o Capo e tenho que estar à frente dessa operação, mas não se
preocupe que eu volto inteiro pra você.
— Jordan, prepare nossos homens para partirem com o Capo Cooper
— eu falei e olhei para o meu marido, sabendo que dali para frente tudo seria
diferente.
Era como se cada vez menos, os momentos normais que tentávamos
ter fossem ficando mais escassos e chegaria o dia em que até Anne teria que
enfrentar a sua realidade de filha do Chefe da maior facção criminosa dos
Estados Unidos.
Por enquanto, ainda tentava poupá-la de tudo, mas isso não seria por
muito tempo, já que não aceitava que ela fosse considerada uma renegada,
mas sim herdeira de Ryan.
— Foi tudo tão rápido, depois que atiraram em você, eu nunca parei
pra pensar de verdade no meu marido saindo para missões e me deixando à
espera, cheia de preocupação.
— Meu amor, eu tive uma vida fodida por conta dessa máfia, e para
ser o Capo de todo esse território, tendo acima de mim somente a Cosa
Nostra, minha infância e adolescência foram roubadas. Não se preocupe, fui
treinado para enfrentar as piores situações.
Olhei para Ryan e respirei fundo. Ele nunca tinha me falado nada
sobre isso e eu também não perguntava por que respeitava o seu silêncio.
— Eu conheço o inferno, porque vivi em uma das suas sucursais aqui
na terra. Fui tão torturado de formas que você nem imagina. Eu sempre
tentei conviver nos dois mundos, assim como você tenta fazer, mas no final,
mesmo num final de semana em San Francisco, entre amigos, continuo
sendo um criminoso, frio e sem alma. Quando eu disse a Dante que tínhamos
um acordo, decidi que a partir daquele momento, estaria à frente de todas as
missões até seu regresso da missão de roubar o maior carregamento russo —
Ryan falou e fechou os olhos, cerrando os punhos. — Não vou mandar meu
tio Luigi, nem Erick, porque sabemos que são dois imbecis, por isso vou
pessoalmente. Eu não posso mais fingir que sou duas pessoas e por isso
deleguei poderes maiores para Jonas, porque eu preciso assumir de uma vez
que sou o Chefe e nada mais do que isso, e parar de querer ser qualquer
outra coisa, a não ser de fachada mesmo.
Ryan então me beijou com força e eu retribuí com a mesma
intensidade, orgulhosa por vê-lo assumindo o seu lugar e deixando seus
fantasmas em segundo plano.
— Sabe por que seremos os mais poderosos? Porque eu sou o único
Capo que tem uma Mob Boss ao seu lado. Você, Senhora Cooper, é a
primeira e única Chefe da máfia! Eu tenho muito orgulho de você!
Capítulo 48
Ryan Cooper

Ainda estava amanhecendo quando cheguei a San Diego. Saltei do


helicóptero e vi a cara de surpresa de Vicenti Giancano e Filippo Bonano
assim que me viram.
— Que surpresa, Capo Cooper! Pensei que Luigi que viria — ele
disse, simulando um pigarro forçado — ou sua esposa — Filippo completou
e dava para sentir o seu tom de ironia.
— Não, eu achei que nessa missão, o Capo deveria estar presente —
falei, encarando-os. — Minha esposa está ocupada interrogando dois
indivíduos que achavam que poderiam nos passar a perna, e aos poucos,
estamos localizando todos os infiltrados. Vocês nem queiram imaginar o que
é ser interrogado pela minha Rainha — pronunciei com um sorriso
sarcástico e fui caminhando até nossos soldados.
Ao meu lado estava Jordan, o meu novo Consiglieri, enquanto
Matthew era o da Sarah. Esse fato, no entanto, gerou uma grande discussão,
já que meu tio havia dito que essa era uma posição que deveria ser ocupada
por alguém da família e que designei dois soldados.
Acontece que, desde que saí do coma, há um mês, tanto meu tio
quanto meu primo estavam distantes de mim e só me procuravam para
reclamar da minha esposa. Apesar de os dois serem da família, eu os
enxergava como dois estranhos e passei a observá-los com atenção, dando-
me conta de que não passavam de dois abutres querendo a minha posição de
Capo.
Erick me disse que antes de ficar em coma, eu confiava e pensava em
passar o comando para eles e eu não discuti, pois não me lembrava desse
fato e disse apenas que tinha mudado de ideia e que isso era definitivo. Tio
Luigi não sabia que eu tinha esquecido tudo e ficava me cobrando coisas que
eu não sabia se tinha feito mesmo ou não. Não poderia lhe contar que estava
assim, nem pedir ajuda com algumas lembranças, porque Sarah e suas fiéis
escudeiras não confiavam nele.
Se meu avô Giuseppe não confiou no próprio filho, por que eu, que
era o seu sobrinho, tinha que passar alguma coisa para ele? Tudo que sofri
foi por culpa do meu tio, porque se ele tivesse sido treinado para ser o Capo,
teria me poupado de tanta dor. Ou será que meu avô o havia treinado e no
final desistiu por ver que ele era mesmo um pateta, como Sarah insistia em
se referir a ele?
As ações estavam todas repassadas, bastava apenas esperar anoitecer.
Eu tinha negócios em San Diego, então estar lá me faria agir normal e fiz
tudo como se estivesse cuidando das boates ou dos assuntos corriqueiros da
organização. Segui então para um hotel, e os outros dois Capos que me
acompanharam foram para casas alugadas. Mais tarde, eu e Jordan fomos
correr e quem nos visse jamais diria que estaríamos interceptando três
toneladas de armas e munições da Bratva.
Quando escureceu, saímos do hotel e fomos para o local onde nossos
soldados já estavam a postos. Os caminhões começaram a chegar ao local de
onde tínhamos as coordenadas, para deixar parte da carga lá e levar o
restante no outro dia, até uma pista de aeroporto clandestina.
Havia um silêncio enorme e eu só escutava minha própria respiração.
As lembranças do meu avô me treinando para esse momento começaram a
passar na minha cabeça como um filme.
Na época, eu só tinha cinco anos. Era noite de Natal. A casa tinha o
som de Jingle Bell. Meu pai estava sentado comigo no seu colo, mandando-
me escolher um dos presentes para abrir antes de os convidados chegarem.
Naquele momento, começaram os tiros. Eu escutava gritos ecoando
pela casa. Minha babá me pegou no colo e entrou comigo para dentro de um
armário que tinha na sala. Homens entraram atirando. Pela fresta do armário,
vi o corpo do meu pai jorrando sangue. As mãos da minha babá me
seguravam forte. Eu queria correr e abraçar meu pai. Minha mãe gritava e
chorava enquanto meu pai caía e derrubava a árvore de Natal. Os barulhos
dos tiros continuavam, e eu assistia a tudo e tremia de medo. Tudo que eu
queria era abraçar o meu pai e falar que já tinha escolhido o presente que eu
queria abrir.
Um silêncio enorme tomou conta da casa. Não havia mais tiros,
gritos ou canções de Natal. Minha mãe andou devagar até próximo do corpo
do meu pai e o abraçou. O som do seu choro de dor invadiu todo o ambiente.
Eu queria sair e ficar com a minha mãe, mas Joana me fazia sinal com as
mãos para não fazer barulho.
Não pude estimar quanto tempo havia se passado até que novos sons
de grito recomeçaram. Só sei que meu avô Giuseppe entrou na sala cercado
de homens armados, e minha mãe correu para os seus braços, chorando.
— Mio nipote! Trova mio nipote! (O meu neto! Encontrem o meu
neto!) — ele gritou, e os homens começaram a correr por toda a casa.
Minha babá abriu o armário devagar e chamou pelo meu avô,
segurando-me ainda em seus braços.
— Capo De Lucca, tuo nipote è qui con me. (Capo De Lucca, seu
neto está aqui comigo.)
Meu avô então correu e me tomou em seus braços. Meu tio Luigi
abraçava e consolava minha mãe. Já meu primo Erick, estava ao seu lado de
mãos dadas com sua mãe.
— Il mio erede! Mio nipote! Il mio erede! Sarai il futuro Capo dei
capi! (Meu herdeiro! Meu neto! Meu herdeiro! Será o futuro Capo dei Capi!)
— meu avô gritou e me ergueu, mostrando-me como se eu fosse um troféu.
Depois daquele dia, eu não podia mais brincar o tempo todo, porque
meu avô me levava com ele para todo lugar. Eu só tinha sete anos e fui com
ele a uma casa que parecia abandonada. Aquele lugar era feio e tinha um
cheiro muito ruim. Até hoje, reconheço aquele odor. Era um cheiro de
sangue.
Dentro da residência havia homens armados. Descemos as escadas e
havia um quarto na parte de baixo da casa. Quando entramos, a luz acendeu
e vi três homens amarrados de cabeça para baixo.
— Hanno detto qualcosa? (Eles falaram alguma coisa?) — meu avô
perguntou, e os homens disseram que não.
Embaixo de cada um dos três homens havia grandes tinas cheias de
água. Meu avô fez sinal com a mão e desceram as cordas. Eu não respirava.
“Aqueles homens também não”, pensei. Depois de um tempo, levantaram os
homens e começaram a falar com eles. Eu queria ir embora. Sentia vontade
de brincar com meus carrinhos. Porém, aquilo nunca acabava. Meu avô
então ficou nervoso e me pegou pela mão.
— Sarai il mio erede. Scopri come trattare un nemico. (Você será
meu herdeiro. Aprenda como se deve tratar um inimigo.)
Eu não queria segurar aquela alavanca. Só desejava brincar. Mas meu
avô pegou na minha mão e baixou os três homens, que me olhavam. O olhar
deles era de dor. Eu via a água se movendo com o balanço dos seus corpos.
Houve silêncio. A água ficou parada. Fiquei assustado e dei um suspiro
forte. O ar estava parado. Então meu avô mandou que limpassem tudo e
quando fomos embora, ele me perguntou se eu queria tomar sorvete.
Havia perdido as contas de quantos homens vi sendo torturados e
morrendo. Assim era na máfia. Eu queria que a minha mãe mandasse meu
avô me deixar brincar. Ela dizia que eu ia crescer e tinha que cuidar dos
negócios da família, que meu pai fazia isso e que eu era o homem da casa a
partir de então. Eu não tinha nem dez anos. Era uma criança.
Na adolescência, eu queria namorar, mas meu avô dizia que eu me
casaria com a filha de algum Capo importante e uniria as famílias. Por mais
que eu tivesse vontade de discutir e dizer que não gostava daquilo, tinha
medo do meu avô. Ele me falava que eu vingaria a morte do meu pai, que
nossos inimigos o mataram e que eu tinha que proteger a família.
Odiava nossos inimigos por terem matado meu pai. Mas não sabia
quem eram eles. Mesmo assim, tinha raiva daquilo tudo.
Eu costumava ir à Itália com meu avô. Ele me levava sempre ao
mesmo lugar: uma casa que era uma fortaleza. Nela havia seguranças por
todos os lados. O lugar cheirava a whisky e charuto. Era a residência da
família Cosa Nostra.
Quando era criança, brincava com os três netos do afilhado do meu
avô, Dante, Lorenzo e o pequeno Giancarlo. O mais velho, Dante, tinha a
minha idade e me contava sobre os homens que ele via morrer. Nossas
conversas eram sobre tiro e tortura. Eu queria brincar, mas meu único amigo
era aquele menino, então conversava sobre a máfia para não ficar sozinho.
Meu único colega na Itália, na infância e depois na adolescência, foi
Dante Cosa Nostra, que passou a ser meu Capo e que agora iria levar a
minha mulher numa missão, para me provar que eu estava errado em confiar
nela para comandar tudo ao meu lado.
Quando fui para a faculdade, consegui estudar administração,
achando que cursá-la seria bom para os negócios da família. Lá, conheci o
meu primeiro e único amigo fora da Instituição, Daniel Stanford. Quando me
formei, montei a Cooper e disse ao meu avô que a empresa seria mais um
lugar usado para lavar dinheiro.
Assim que meu avô morreu, eu queria me livrar de tudo, mas não
pude fazer isso, pois minha mãe me olhava com orgulho porque eu seria o
Chefe. A verdade é que eu nunca teria coragem de falhar como Capo, porque
dentro da minha mente e no meu sangue, mesmo negando, existia uma sede
grande por poder.
Minha mãe nunca deu uma palavra contra eu ser da máfia. Minha
vontade era deixar tudo com o tio Luigi, que me pressionava quando o meu
avô morreu dizendo que eu não precisava assumir o seu lugar por direito.
Na época, Dante veio para a minha posse e me lembrou que meu avô me
deixou no seu lugar e que se eu delegasse poderes a outro, seria responsável
por cada vida perdida entre os meus homens.
— Está na hora! — Jordan me chamou e eu levei um susto, voltando
à realidade.
Então ordenei que avançassem, e meus homens cercaram os russos e
atiraram. Minha ordem era para que só deixassem um vivo, para enviá-lo
como recado para que não se metessem de novo no meu território.
O fogo cruzado foi intenso, mas nossos homens estavam em maior
número, o que facilitou a entrada rápida no local onde descarregariam a
carga. Todos os pneus dos caminhões estavam arriados no chão e eu tinha
homens posicionados somente para isso, os quais impediriam que os
caminhões voltassem a se mover.
Por uma falha, Vicenti Giancano foi cercado e eu tive que defendê-
lo. Eu era o seu Capo e não permitiria que os inimigos acabassem com a sua
vida na minha frente. Sem nem ao menos hesitar, atirei nos homens e acertei
um por um na cabeça com disparos rápidos e precisos, Giancano se virou,
olhando assustado para mim.
— Spari come tuo padre! (Você atira como seu pai!).
Nessa hora, minha visão ficou turva e várias imagens começaram a
surgir na minha frente, como se fossem cenas de um filme. Respirei fundo e
tentei não perder o foco, precisaria completar a missão e desviar toda aquela
carga. Os tiros continuaram, levamos umas duas horas para acabar com
todos os russos. Bonano, veio caminhando em minha direção e acendeu um
charuto.
— Finito! (Terminamos!)
— Limpem tudo e transfiram a carga para os nossos caminhões —
gritei para os soldados.
Depois, mandei Bonano conferir tudo de perto e Vicenti deixar
apenas um dos russos vivos como recado. Sinceramente, não sabia como
tinha conseguido fazer aquilo com a minha cabeça explodindo.
Por um momento, precisei me afastar e caí de joelhos no chão, com
as mãos na minha cabeça.
— Senhor, está tudo bem? — Jordan perguntou e se abaixou ao meu
lado.
— Cuide de tudo como se fosse eu. Preciso me acalmar — respondi e
segurei o braço de Jordan. — Não deixe que me vejam assim. Minha
memória está voltando.
Jordan me olhou assustado e parecia perguntar se eu não teria uma
hora melhor para me lembrar de tudo. O silêncio então voltou a tomar conta
daquele lugar. Meus homens trabalhavam rápido. Minha cabeça parecia que
realmente explodiria de tanta dor, precisei fechar meus olhos, respirar fundo
e ficar tranquilo. Mas como fazer isso depois de tudo que tinha acabado de
acontecer?
Sarah. Ela atravessou a rua na frente do meu carro. Linda. Ela me
olhava assustada.
Anne. Ela chorava sem parar e eu não aguentava o choro e queria
dormir. Ela tinha dois anos.
Daniel. Eu estava na casa de Daniel. Comemorávamos alguma coisa.
Ele e Aby eram pais de novo. Dessa vez, de uma menina.
Sarah. Ela estava em uma reunião da empresa. Eu estava com raiva e
tesão, guardando sua calcinha no bolso do meu terno.
A minha casa. Estava toda decorada como se fosse Natal. Eu brigava
com Sarah. Ela chorava e saía correndo.
Anne. Eu dançava ballet em casa com ela.
Sarah. Ela estava linda! Toda de branco. Nosso casamento.
Tiros. Muitos tiros. Eu saía do carro e quando ia pegar minha arma,
fui atingido. Tudo ficava escuro.
Mais tiros. Minha casa estava sendo invadida. Como isso aconteceu
de novo? Eu escutava gritos. Os homens pararam na minha frente.
Na máfia, “atire sempre para matar”, como meu avô me dizia. Os
homens que invadiram minha casa quando eu tinha cinco anos entraram para
matar o meu pai. Aqueles homens, dessa vez, entraram para me matar.
Minha cabeça doía e eu queria abrir os olhos e não ver aquilo. Não
desejava me lembrar daquele dia.
O homem apontou a arma. Escutei alguém descendo rapidamente as
escadas. O homem atirou, e ela gritou: “Meu filho não!”.
Minha mãe se colocou na minha frente como um escudo humano,
atirando-me no chão. Peguei minha arma e em segundos atirei no homem.
Matthew entrou atirando. Eu não tinha muitos seguranças, mas, depois disso,
minha casa se tornou uma fortaleza.
A máfia não era brincadeira.
Corri e abracei minha mãe. Ela ainda respirava, e mandei Matthew
me ajudar a levá-la ao hospital.
— Não adianta — ela falou, e o ar lhe faltava. — Meu filho,
ninguém sai da máfia. Sei nato nella mafia. Vivi nella mafia. Muori nella
mafia. (Você nasce na máfia. Você vive na máfia. Você morre na máfia).
Eu queria que ela descansasse, mas ela me olhou como quem
quisesse se despedir.
— Alguém queria o lugar que era do seu pai. Alguém agora quer o
seu lugar. Viva e não deixe te vencerem. Proteja Anne. Seja o Capo dei Capi
que não querem que você seja. Promete que vai ser?
— Eu prometo!
Minha mãe parou de falar e de respirar e morreu no meu lugar.
Com o falecimento dela, tio Luigi quis cuidar de tudo e eu o deixei à
frente dos negócios, já que passei um tempo com ódio de tudo. Eu não
poderia sair da máfia e morrer. Tinha a Anne, um pacotinho surpresa que eu
não pedi, mas me entregaram para criar.
Eu não queria me lembrar disso tudo. Acordei e só me recordava da
minha mãe viva. Desejava esquecer que ela havia morrido no meu lugar.
Então me levantei. Não era o Ryan de quatro anos atrás. Eu tinha Sarah ao
meu lado. Ela foi uma guerreira por mim. Também tinha a Anne e precisava
ser forte pela minha família.
Eu tinha a morte do meu pai para vingar. Além disso, precisaria
cumprir uma promessa feita à minha mãe.
Quem tentou me matar duas vezes, com certeza, tentaria uma terceira
vez! Porém, dessa vez, o inimigo não se encontraria com o CEO Cooper, e
sim com o Capo Ryan De Lucca Cooper, filho do Sottocapo Cooper, neto de
Giuseppe Frederico De Lucca e bisneto do fundador da Máfia Americana,
Giuseppe De Lucca.
Capítulo 49
Ryan Cooper

Minha cabeça dava voltas com tantas informações e lembranças. Eu


precisava descansar enquanto meus homens transferiam toda a carga para o
México, só depois disso poderíamos voltar para Los Angeles.
— Jordan, não diga uma palavra sobre eu ter recuperado a memória
para Alice. Quero contar para Sarah quando voltar e preciso de um tempo,
porque minha cabeça parece que vai explodir.
— Não se preocupe, Senhor Cooper, eu vou cuidar de tudo e não vou
comentar nada com Alice.
— Ryan! Me chame pelo meu nome. Você não é mais o meu
segurança, agora é o meu Consiglieri e meu amigo.
Jordan fez um aceno com a cabeça e foi dar instruções para que tudo
andasse mais rápido.
— O Capo quer que tudo seja feito mais rápido. Giancano, você vai
acompanhar a carga até o México. Cuide para que nada saia errado até a
chegada da mercadoria na base da Cosa Nostra — Jonas ordenou, cuidando
de tudo para mim.
Então voltei para o hotel e fiquei monitorando a transferência da
carga com Jordan. As horas eram intermináveis, nossos olhos estavam
grudados na tela do computador, acompanhando cada movimento dos
caminhões. O Capo do México tinha um esquema montado para receber
Giancano e todo o carregamento, garantindo que a polícia não fosse um
empecilho. Assim que a carga atravessou a fronteira, voamos de volta para
Los Angeles e fomos direto para o galpão. A Máfia Russa já estava ciente de
tudo e com certeza, arquitetaria uma represália em San Diego.
— A operação foi um sucesso! — eu e Jordan entramos falando no
escritório para Alice e tio Luigi.
— Fez o que eu te pedi? — perguntei, olhando para Alice, que
balançou a cabeça em afirmativa e correu para abraçar Jordan.
Eu lhe havia pedido que não contasse para Sarah que eu estava
voltando. Não queria que ela fosse ao galpão. Tive que contar para Alice que
tinha recuperado a memória e que contaria para Sarah quando estivesse
sozinho com ela, só assim ela aceitou mentir para a amiga.
— Vocês desviaram toda a carga e transferiram tudo em uma noite?
— tio Luigi perguntou como se fosse algo de outro mundo
— Surpreso? Isso se chama competência, meu tio! Seu Capo dei
Capi sabe o que faz. Comece a preparar os homens e a intensificar os
treinos, porque será assim o mês inteiro — falei e fui pegar um copo com
whisky para mim. — Vamos minar toda a estrutura que nossos inimigos
estão tentando implantar em nosso território.
— Isso inclui a Corsa e a Máfia Francesa? Ela quer ser nossa aliada?
— Meu tio, somos aliados da Cosa Nostra, se a Corsa quer se aliar à
América, deve se aliar com eles primeiro.
Tio Luigi realmente era um pateta. A Máfia Francesa não queria ser
nossa aliada, e sim tomar nosso território para si.
— Meu tio, só um idiota se tornaria inimigo da Cosa Nostra para se
aliar à Corsa — afirmei e virei toda a bebida que estava no meu copo.
— Ou um pateta — Alice completou e eu dei uma gargalhada.
Meu tio ficou com cara de poucos amigos, mas não me importei com
isso.
— Alice, preciso saber as datas dos novos carregamentos russos. Eles
estarão mais preparados da próxima vez e nós com um número maior de
soldados.
— Estou interceptando os e-mails. Eles devem fazer modificações na
segurança, mas vou furar outra vez e descobrir tudo.
Então me lembrei bem de Alice. Ela havia me expulsado uma vez da
casa delas quando eu tinha brigado com Sarah. Recordei-me de Nina
também e de quando contratei Jordan como segurança da minha esposa. O
que nunca me passou pela cabeça é que eu acordaria em um mundo onde
Sarah, Alice e Nina cuidavam da minha máfia.
Nesse momento, meu celular vibrou com uma mensagem de
Giancano.
“Finito! La missione ha completato il, mio Capo dei capi!
(Terminou! Missão concluída, meu Capo dei Capi!)”
Giancano já estava regressando para Chicago, e a Máfia Russa
deveria estar se matando por conta do enorme prejuízo.
“Esses russos vão entender por bem ou por mal que ninguém invade
o território de Ryan De Lucca Cooper!”
Alice, por sua vez, saiu dali com Jordan, dizendo que verificariam os
e-mails dos russos e eu já estava me levantando para sair quando meu tio
resolveu me perturbar novamente falando de si e de Erick.
— Ryan, você não pode delegar tanto poder para essas pessoas que
vieram para cá, porque são amigas da sua esposa. Na máfia, se deve lealdade
à família. Eu e Erick somos seu sangue, somos "De Lucca" e você nos trata
como se fôssemos dois estranhos.
Na verdade, eles não eram indiferentes para mim e nos últimos anos,
cuidaram realmente de tudo, como eles viviam repetindo.
— Eu sei disso, meu tio, e sou muito grato por você e Erick terem
cuidado de tudo nos últimos anos — falei e estava sendo sincero. —
Acontece que amadureci e resolvi cumprir a promessa que fiz para minha
mãe antes dela morrer nos meus braços.
— Que promessa? — tio Luigi perguntou e parecia nervoso. — Você
nunca me falou que tinha feito uma promessa para minha irmã Beatrice.
— Prometi pra minha mãe que eu não deixaria nunca ninguém tomar
o meu lugar.
— O quê? — ele gritou. — Você nunca gostou da máfia!
— Meu tio, para quem nasce na máfia, não é uma simples questão de
você gostar ou não. Meu avô foi me destruindo aos poucos à medida que me
preparava para ser seu herdeiro. Lutei contra, fui mimado e reconheço que
deixei muita coisa nas suas mãos nos últimos anos, mas isso acabou. Minha
mãe tinha razão: "Sei nato nella mafia. Vivi nella mafia. Muori nella máfia".
(“Você nasce na máfia. Você vive na máfia. Você morre na máfia.”)
Então me levantei e deixei o galpão. Assim que entrei no meu carro,
enviei uma mensagem e uma foto para Sarah.
“Seu Capo está de volta! Quero que você esteja pronta para mim,
Cinderela!”
Capítulo 50
Sarah Cooper

Fui tomar um banho e me arrumei para esperar meu Paraíso Hot!


Meu coração disparou quando li a mensagem que ele me enviou,
dizendo que estava de volta e me chamando de Cinderela.
Minha razão dizia para eu não criar expectativas, mas meu coração
dava cambalhotas de alegria com a certeza de que meu Ryan enfim se
lembrava de mim. Quando a porta do quarto se abriu e ele entrou,
encarando-me cheio de desejo, só consegui dar um suspiro e engolir em
seco, olhando para ele, que estava gostoso demais com aquele ar de Al
Capone.
— Pronta pra mim, Cinderela? — ele perguntou, caminhando e
parando próximo da nossa cama. — Nem pense em fugir em alguma
abóbora à meia-noite, que eu te acho em qualquer parte do mundo!
Ele se lembrava de tudo. Dessa vez, eu tinha certeza. Então pulei no
colo dele e o beijei com desejo e uma felicidade que não cabia no meu
coração.
— Você se lembrou de tudo? Como foi isso?
— Eu vou te contar tudo, meu amor, só que depois... — meu marido
falou e me deitou na cama. — Primeiro, vou tirar essa calcinha que você está
usando — ele disse isso e minhas pernas começaram a se movimentar,
fazendo pressão na minha intimidade. — Depois vou beijar você todinha —
Ryan pronunciou e começou a beijar minha coxa e a dar mordidas leves
nela, e o sinal ia direto para o meu cérebro, que já emitia um alerta de "quero
esse homem agora". — Você é muito gostosa sempre prontinha para mim,
Cinderela.
— Você não me mandou te esperar assim?
Ryan então começou a me chupar, e eu senti que não demoraria a
chegar ao meu primeiro orgasmo. Quando ele parou, deixou-me desesperada
de desejo. Ele depois se deitou ao meu lado, e seus dedos começaram a
descer lentamente pelo meu corpo. Eu só conseguia respirar cada vez mais
ofegante.
— E desde quando você passou a me obedecer? — ele indagou, e
seus dedos começaram a brincar com o meu clitóris, senti os espasmos
chegando devagar e tomando conta do meu corpo. — Foi no dia em que
você não trocou de roupa para nossa reunião em Nova York? Ou foi quando
você tirou a calcinha, me deixando louco sem poder te comer no meio de
uma reunião?
— Você está me torturando, Al Capone? — perguntei, gemendo de
prazer, enquanto ele enfiava três dedos dentro de mim, me fazendo quase
chegar no orgasmo e parava.
— Eu sou um mafioso, Sarah Cooper! — ele falou e mordeu um dos
meus mamilos. — Você não sabe que mafiosos costumam torturar quem lhes
desobedece?
— Hummm... Se for pra ser torturada assim, já quero te desobedecer
todos os dias!
— Você gosta de ser torturada, Cinderela? Posso te torturar assim por
horas?
— E você acha que eu casei com o Chefe da Máfia por quê?
— Safada!
— Eu vivi o inferno esse mês sem me lembrar de nada e vivi outro
me lembrando de tudo — ele disse enquanto me sentava no seu colo e
encaixava o seu pau na minha boceta — A única coisa que me deixava em
paz era saber que eu ia chegar e encontrar você me esperando. Você é o meu
anjo, Sarah Cooper. Você me fez querer lembrar tudo que eu tinha
esquecido. Te amo, minha esposa, e quero ser seu para sempre!
— Acho bom, Senhor Cooper. Porque sou um anjo, sim, mas
experimenta tentar deixar de ser meu!
— O que acontece? — Ryan perguntou enquanto se enterrava dentro
de mim.
— Você vai ver eu me transformar em um anjo da morte.
— Porra, eu casei mesmo com uma mafiosa!
Ele me beijou com força e suas estocadas começaram a ser pausadas
à medida que eu sentia tudo ficando quente dentro de mim e gozava forte,
também senti seus jatos sendo disparados com força dentro de mim. Meu
corpo ficou mole nos braços de Ryan e deitei minha cabeça em seu ombro.
— Te amo, Ryan Cooper. Bem-vindo de volta!
Ele se deitou na cama e começou a me contar sua vida. Eu sentia sua
respiração acelerar em alguns momentos e olhava para ver se ele queria
continuar contando. Ele me abraçava, fazia um carinho em mim e ganhava
forças para continuar falando.
Ele me contou da sua infância, da adolescência, do treinamento para
se tornar o herdeiro do seu avô, das suas dúvidas, dos medos, da sua mãe,
que só conhecia aquela vida, da chegada da Anne àquela casa e do seu tio,
que cuidou de tudo para ele.
— Meu tio Luigi pode ter muitos defeitos. Sei que ele não é um bom
administrador, mas joguei toda a minha responsabilidade da Instituição nas
costas dele e do Erick, por muito tempo. Entendo que vocês o acham um
pateta, mas ele é um De Lucca e preciso achar uma posição para ele, porque
o coitado se sente excluído. Tio Luigi era irmão da minha mãe e ficou muito
triste quando ela morreu e mesmo me culpando, porque eu sei que ele me
olha e pensa que ela morreu no meu lugar, nunca me deixou sozinho.
— Tudo bem, meu amor, vamos pensar juntos em alguma coisa em
que eles possam se sentir úteis.
— Alguma coisa que eles pensem que tem importância, mas que não
faça a menor diferença, porque eles são dois merdas, essa é a verdade.
Ryan havia crescido com seu tio sendo sua única família. Era natural
ele gostar da dupla de patetas, mas eu não conseguia confiar naqueles dois.
Eles faziam tudo errado. As negociações daqueles anos em que ficaram à
frente de tudo foram desastrosas, isso sem contar que para ambos, era
melhor ser aliado da Corsa do que da Cosa Nostra.
Com os relatos que Ryan contou, voltei a pensar na vida dele. O pai e
a mãe morreram assassinados, sendo que a mãe faleceu no lugar dele. Isso
era tudo muito pesado. Todos os dois morreram na sua frente.
— Há quatro anos, alguém tentou me matar como na noite do nosso
casamento. É o preço de ser um Capo. Sempre vai ter alguém me
perseguindo e querendo acabar com a minha vida.
— Mataram seu pai e agora tentaram te matar pela segunda vez. E o
seu avô? Ele morreu naturalmente ou foi assassinado também?
— Não, meu avô morreu do coração — Ryan disse e me puxou para
cima dele. — Vamos mudar de assunto. Agora eu só quero te amar, meu
anjo!
— Eu sou o seu anjo da vida e da morte. Tenho um lado luz e um
lado dark. Por você, sou capaz de matar e morrer.
Capítulo 51
Luigi De Lucca

— Maldita Beatrice! — gritei quando entrei na casa de Erick.


Minha irmã estava morta, mas ainda assim, conseguia se intrometer
nos meus assuntos. Que inferno de família era essa minha! A morte havia
sido pouco para todos eles!
— O que aconteceu, meu pai?
— Minha irmã, aquela maldita! Mesmo depois de morta, continua
me atrapalhando.
Erick me olhava sem entender sobre o que eu estava falando. Então
ele foi até o bar e pegou dois copos e uma garrafa de whisky.
— O que foi que a tia Beatrice fez, meu pai?
— Nasceu e se casou com Cooper. É pouco para você? — respondi e
virei o primeiro copo. — Deu à luz a esse meu sobrinho, que parece ter sete
vidas e não morre nunca. Continua sendo pouco para você? — falei, enchi
novamente o meu copo e virei tudo de uma vez. — Quando nosso pai
morreu, aquele velho traidor, ela ficava falando na cabeça do Ryan sobre a
vergonha que sentia do filho playboyzinho por não ser o Capo. Com isso,
acabou convencendo o idiota a assumir tudo, e por causa do seu drama, tive
que mandar matar o infeliz do meu sobrinho. Mas é claro que ela tinha que
se enfiar na frente do filhinho quando tentei acabar com a vida dele pela
primeira vez! E, no lugar de morrer calada, teve a coragem de fazê-lo
prometer que seria o Capo dei Capi.
— Ela pediu isso ao meu primo? Ele nunca falou nada.
— Eu não consegui matar o infeliz, mas consegui fazê-lo se sentir
culpado pela morte de Beatrice. Foi fácil convencer o idiota de que um Capo
dei Capi protege a família, que ele não poderia ter deixado minha pobre irmã
morrer no lugar dele
— Desde a morte da tia Beatrice, ele deixou tudo nas nossas mãos,
até essa mulherzinha insuportável aparecer na vida dele.
Sarah Cooper! Ela era culpada pela minha desgraça. Não fosse essa
mulher existir, eu já seria o Capo dei Capi. Mas ela não só cuidou para ele
sobreviver, como também o fez ganhar confiança.
— Essa mulher é ardilosa! Até Dante Cosa Nostra, que pensei que
fosse acabar com a sua graça em se achar a Poderosa Chefona, caiu de
quatro por ela.
Era assunto em toda a máfia que o Capo di tutti capi da Cosa Nostra
tinha ficado impressionado com a beleza e a altivez da mulher do meu
sobrinho.
— Quem sabe se, nessa missão à qual eles vão juntos, Sarah não trai
o Ryan, e por ciúmes, ele enfrenta Dante e morre nas mãos dele! — Erick
falou e deu uma gargalhada. — Meu primo morrendo como um corno! Eu
quero muito que isso aconteça.
Eu não contava com tanta sorte. Mas poderia infernizar a cabeça de
Ryan com suposições que o deixariam sem chão, abalando a confiança que
ele tinha na sua mulherzinha.
— Você precisava ver a arrogância do Ryan falando comigo — falei
e virei meu terceiro copo. — "Seu Capo dei capi..." — pronunciei e, quando
enchi o quarto copo e o virei, dei-me conta de que nem a garrafa toda
diminuiria o ódio que eu estava sentindo.
Em meu interior, eu afirmava que ele não era e nunca seria meu
Capo dei Capi. Eu era o legítimo Capo da América, filho de Giuseppe
Frederico De Lucca.
Diante disso, odiava meu pai por não ter confiado em mim. Ele
nunca tinha me dado uma chance de verdade. Fazia com que eu o
acompanhasse aos lugares desde criança e queria que eu ficasse vendo
pessoas serem torturadas. Velho idiota! Isso acrescentaria o que na minha
vida? Sempre reclamei de ir, e isso o irritava, até ele me deixar em casa e
decidir ir matar sozinho os inimigos.
Quando fiz dezessete anos, levei meu amigo da escola à minha casa e
o idiota se encantou por Beatrice. Cooper era filho de políticos influentes e
tinha muito dinheiro. Meu pai, na mesma hora, achou que seria conveniente
juntar Cooper e Beatrice. Para meu pai, tudo era um jogo de interesses. Um
ano depois, os dois estavam casados. Minha irmã só tinha dezesseis anos e o
meu pai não se importou com isso. Ele só pensava na influência da família
de Cooper, que facilitou as licitações para ele abrir várias boates onde lavava
seu dinheiro sujo.
O problema é que Cooper era um fiel seguidor do meu pai. Em todos
os lugares, ele fazia questão de ir junto. Meu pai então começou a ter olhos
só para ele e me comparava àquele miserável o tempo todo.
Houve um momento em que ele começou a dar conselhos para o meu
pai, que o fez seu Consiglieri. Eu não precisava ficar puxando saco do meu
pai como ele fazia, já que, por herança, tudo seria meu por direito, mas meu
pai decidiu que Cooper era melhor do que eu em tudo. Um dia, ele chegou
da Itália e reuniu os Capos.
— Voglio che tutti sappiano che mio genero Cooper sarà il mio
successore come Capo dei capi dell'America (Quero que todos saibam que
meu genro Cooper será meu sucessor como Capo dei Capi da América) —
meu pai falou e os Capos brindaram.
Fui então conversar com meu pai sobre isso, que me disse que
Cooper também era um filho para ele. Na verdade, meu pai nunca confiou
em mim.
Quando mandei matar Cooper e achei que teria finalmente meus
direitos assegurados, meu pai ergueu meu sobrinho nos braços e o fez seu
herdeiro. Erick tinha a mesma idade de Ryan, mas para ele, só aquele neto
existia.
A culpa de tudo era de Beatrice. Ela era a queridinha do meu pai. Eu
deveria tê-la arrancado do berço e a jogado no chão, quando ainda era um
bebê, e acabado com ela!
Enquanto me lembrava de tudo isso, meu celular vibrou com uma
ligação do Capo da Corsa.
— Sei que meu tempo está correndo — falei assim que atendi ao
celular.
— Não liguei por isso! Sua Máfia Americana comandou um ataque à
base da Bratva em San Diego.
— Para meu sobrinho, não importa nada que não seja ser aliado da
Cosa Nostra. Eles ordenam, ele executa. Hoje mesmo ele me disse que só
um idiota ficaria ao lado de vocês.
— Sei como acabar com seu sobrinho e fazê-lo desistir de tudo. Se
você fizer tudo certo e trabalhar ao meu lado, quando a América passar a ser
território da Corsa e a Cosa Nostra estiver a caminho do fim, te faço Capo
dei Capi do seu país.
— E o que eu tenho que fazer?
— Me passar a movimentação da sua máfia. Nous avons un accord?
(Temos um acordo?)
— Abbiamo un accord! (Temos um acordo!) Vocês vão matar meu
sobrinho?
— Ne pas! Enlever, torturer et tuer Sarah Cooper! (Não! Sequestrar,
torturar e matar Sarah Cooper!)
Capítulo 52
Ryan Cooper

A estratégia de minar todas as ações da Bratva continuava. As ofensivas


deles contra nós também aumentaram.
— Eu só quero entender como eles conseguem roubar nossa carga
dentro do nosso território? — Dante me perguntou pelo celular.
— Eles aumentaram os ataques. Invadiram um galpão de Giancano e
outro de Bonano. Já enviei mais homens para cobrir a área deles.
— Cooper, você precisa descobrir quem se infiltrou na sua máfia e
está te traindo. Alguém passa as informações para a Bratva e para a Corsa.
— Você acredita que eles estão juntos? Bratva e Corsa?
— Para tomar esse território da Cosa Nostra? Talvez. Desde que
rompeu conosco, a Corsa vem buscando aliados. Eu quero o nome do
infiltrado na sua Máfia, porque vou acabar com ele ou entregá-lo de presente
para Lorenzo — Dante falou e deu uma gargalhada.
Dante era um sádico. Divertia-se imaginando seu irmão, Lorenzo
Cosa Nostra, torturando nossos inimigos. Lorenzo era conhecido por sua
frieza e seus requintes de crueldade. Ninguém torturava como ele.
— Chegarei dentro de uma semana e nada pode sair errado nos
nossos planos. Sua esposa não desistiu?
— Não! Minha esposa nunca desiste de nada.
Depois de conversar com Dante, fiquei pensando no que ele falou
sobre o traidor. Sabia que Sarah nunca o entregaria para ele. Ela mesma
acabaria com o ordinário pessoalmente.
Minha esposa não era só a minha doce Sarah, mas também um doce
perigo!
Queria esquecer que dentro de sete dias, minha mulher embarcaria
sozinha com Dante para invadir e desviar para a Cosa Nostra o carregamento
da base que a Corsa teve a ousadia de achar que poderia construir no meu
país.
Antes disso, resolvi viajar com Sarah para a Grécia. Seriam alguns
dias em paz, somente eu e ela, sem pensar em nada. Nessa hora, fui
interrompido dos meus pensamentos.
— Podemos conversar? — tio Luigi me perguntou, entrando na
minha sala.
— Estava de saída, algum problema?
— Jordan mandou aumentar o treinamento de tiros e me passou uma
lista com cem dos nossos soldados que vão se ausentar na próxima semana.
Temos alguma mercadoria importante chegando que vá precisar de um
número tão grande de homens?
Eu não poderia contar para o meu tio, mesmo confiando nele. Essa
missão de Dante não deveria ser comentada e somente meu Consiglieri e
Matthew sabiam de tudo, além de Alice e Nina, que estavam trabalhando em
conjunto com Lorenzo Cosa Nostra e interceptando as mensagens dos nossos
inimigos. Os outros Capos saberiam em uma reunião no dia marcado e não
conheceriam todos os detalhes da operação. Todos estavam empenhados em
fazer tudo dar certo e Sarah estaria na linha de frente.
— Se meu Consiglieri não deu muitas explicações, é porque não são
necessárias. Informe os homens indicados e intensifique o tempo de
treinamento deles.
Eu sabia que essa não era a história que meu tio estava esperando,
mas não tinha o que fazer, já que não poderia contar para ele.
— Você desconfia de quem pode estar nos traindo? — perguntei,
mudando de assunto.
— Como assim, Ryan? Do que você está falando? — meu tio
perguntou e se levantou, indo pegar uma bebida. — Quem disse que alguém
está te traindo?
— Nossos inimigos devem ter alguém infiltrado aqui dentro para
saber nossa movimentação. Sem contar que tentaram me matar duas vezes.
Nós sabemos que a noite do meu casamento não foi a primeira tentativa de
acabar comigo.
— Eu já pensei nisso também — meu tio falou enquanto virava de
uma só vez sua bebida e parecia engasgar-se. — Depois que sua mulher
entrou na sua vida, os ataques se tornaram mais frequentes e...
Não o deixei terminar de falar e coloquei minha arma na sua boca.
— Nunca mais ouse insinuar qualquer coisa a respeito da minha
esposa, ou esqueço que somos "famiglia" — frisei e vi uma mistura de medo
e ódio no seu olhar. — Desaparece da minha frente e vai fazer o seu serviço
antes que eu dispare essa arma e acabe de vez com você.
Meu tio mal conseguia se mover quando eu afastei a arma e com
muito custo, saiu cambaleando da minha sala. Era só o que me faltava, esse
infeliz acusar minha esposa de traição! Porém, o que me chamou atenção foi
seu olhar de ódio. Eu já tinha visto aquele olhar antes, no dia em que minha
mãe morreu. Ele certamente preferia que tivesse sido eu no lugar dela. Achei
compreensível, já que ela era sua irmã caçula e eu mesmo preferiria ter
morrido a carregar essa dor da morte dela.
No entanto, tio Luigi me olhou assim de novo. Ele nunca havia me
perdoado por ter deixado minha mãe morrer no meu lugar. Ele poderia
carregar essa mágoa para o túmulo se quisesse, mas se falasse de novo da
minha mulher, minha mãe que me perdoasse, mas eu o enviaria para junto
dela.
Guardei minha arma e saí da minha sala. Dei as últimas instruções
para Jordan, Alice e Nina e fui para o aeroporto encontrar Sarah, que já
estava me esperando no nosso jatinho.
Cheguei ao aeroporto e tudo que eu mais queria era abraçar minha
esposa e aproveitar ao máximo os próximos dias com ela.
Foi inevitável não pensar que aquele canalha do meu tio havia
tentado me jogar contra ela. Eu sabia que Sarah não tinha facilitado em nada
a vida dele depois de eu ser internado e ela assumir tudo, sem contar a
semana em que Erick passou preso no galpão. Na época, ele me disse que
tinha sido coisa dela, que estava fazendo a minha cabeça. Será que ele
realmente achou que eu acreditaria que minha mulher me traía? Que eu seria
capaz de acabar com ela e deixar tudo com ele outra vez?
Entrei no avião e ela estava esperando por mim. Assim que me viu,
correu e se jogou nos meus braços.
— Até que enfim você chegou! — ela exclamou e me beijou. —
Vamos brindar? — Sarah perguntou, mostrando-me a garrafa de champagne
— Tudo bem se na primeira parte da viagem eu for pilotando nosso
jatinho? — perguntei enquanto a beijava. — Depois disso, brindamos!
— Você é piloto, Ryan Cooper?
— Puoi studiare quello che vuoi, ma devi anche dedicarti ad
imparare a volare. Un capo deve essere sempre pronto! (Você pode estudar o
que você quiser, mas precisa se dedicar também a aprender a pilotar. Um
Capo tem que estar sempre pronto!) Era assim que meu avô Giuseppe falava
comigo.
— Hummm... Acho que nasci mesmo para ser Capo! — ela disse
isso, olhou para mim e mordeu os lábios. — Estou sempre pronta!
— Senhora Cooper, vou colocar esse avião nas alturas e depois disso,
vamos fazê-lo parecer que está passando por uma turbulência!
Tempos depois, chegamos à ilha, e aquele lugar era muito lindo! Eu
tinha alugado uma casa em uma pequena localidade para ficar à vontade com
minha esposa. Os empregados ficavam em outra ala e só iam até lá para
deixar as refeições. Eu queria ter total privacidade com Sarah.
Combinamos que ali seríamos apenas um casal em lua de mel. Não
falaríamos da empresa, da máfia, dos traidores… seríamos apenas o Senhor
e a Senhora Cooper.
Eu estava tenso demais por causa de Dante e dos próximos dias,
queria não pensar naquele Capo maldito. Confiava na Sarah, mas o meu
ciúme não me deixava relaxar.
Enquanto pensava, olhava para minha mulher, que era muito linda!
Eu não me cansava de ficar admirando-a. Nesse momento, Sarah estava
tranquila se bronzeando. Ela combinava com aquele paraíso.
Por um instante, caminhei até a beira da praia onde Sarah estava e me
deitei sobre ela. Comecei a beijar seu pescoço e pude sentir o quanto ela
estava arrepiada. Seu corpo estava quente e molhado. Eu passava a língua
em sua pele e ela gemia. O balanço da água, quando batia em nós, fazia-nos
estremecer.
Lentamente, fui tirando a parte de cima do seu biquíni e beijando
seus mamilos. A reação dela foi imediata. Sarah começou a arquear o
quadril, buscando por mim, e a pressionar suas pernas uma contra a outra.
— Por favor!
— O que você quer, Sarah?
— Você sabe — ela respondeu, choramingando.
— Se você me pedir, eu te dou...
— Eu quero seu pau dentro de mim! — ela pediu, gemendo.
— Assim? — perguntei e entrei lentamente dentro dela.
Não demorou, e ela já era toda minha e buscava por mais alívio.
Prolonguei o máximo que eu pude para que Sarah tivesse todo o prazer que
merecia antes de me libertar totalmente dentro dela.
— Você é minha!
— Toda sua!
Capítulo 53
Sarah Cooper

Estava amando aqueles dias longe de tudo e de todos com o meu Paraíso
Hot. Precisava desse tempo com ele, porque nós havíamos nos conhecido a
menos de um ano e já tínhamos passado por tanta coisa. Queria muito ficar
assim com ele, só o amando como se não existisse mais nada para fazer no
mundo.
Quando entrei na água e o abracei, ele me pegou no colo e pude
sentir o quanto ele estava excitado.
— Acho que não precisamos dessas roupas — ele falou com sua voz
rouca enquanto tirava o meu biquíni.
Aproveitei quando ele me colocou de pé e fui abaixando a sua
bermuda e me ajoelhando.
— Sarah — ele falou, gemendo, quando eu estava coberta de água e
com ele em minha boca, olhando para cima e vendo-o jogar a cabeça para
trás.
Ele então me levantou e me colocou no seu colo, com minhas pernas
entrelaçadas em si, e entrou em mim.
— Não quero que você se afogue — ele falou enquanto me
penetrava.
— Se for sentindo seu gosto, acho que vale a pena correr o risco —
afirmei e pude perceber que seu corpo ficou todo arrepiado.
— Você é mesmo doida — ele disse, gemendo.
Queria que ele fosse mais rápido e cravei minhas unhas em suas
costas. Como Ryan conseguia se controlar, ele me deixou chegar duas vezes
sozinha, gemendo e chamando por ele, antes de sentir algo líquido e quente
dentro de mim.
Eu sabia que ele estava fazendo de tudo para que aqueles dias fossem
mágicos, mas eu sentia que as vezes, seu olhar estava distante e que quando
me aproximava, ele me abraçava forte com se tivesse medo de me perder.
— Você sabe que eu sempre vou ser só sua, não sabe? — perguntei
enquanto brincava com a minha língua em seus lábios.
Ele me puxou para cima de si e me beijou com força.
— Sei disso, mas me incomoda saber que outros homens ficam te
olhando e desejando o que é só meu — Ryan respondeu, colocou-me sentada
em seu colo e me segurou pela cintura, fazendo-me cavalgar em cima dele.
— Só de pensar que você vai ficar sozinha com Dante...
— Eu sou sua. Me faça sua com força! — pedi, gemendo, fazendo-o
esquecer a Cosa Nostra e seu ciúme para focar apenas em nossos corpos, que
eram um só naquele momento.
Em meio a tudo que aconteceria, eu me colocava no lugar dele e
sabia que morreria se Ryan tivesse que passar a noite com alguma mulher
que ficasse desejando-o dentro dela. Mas eu estava indo para uma guerra e
não para um motel.
Quando ficava sozinha, o olhar sombrio de Dante vinha em minha
mente e eu engolia em seco. Sabia que ele seria sádico o suficiente para
tentar algo assim em meio a um tiroteio, mas eu era forte para colocá-lo no
seu lugar.
Minutos depois, fui dar um mergulho, porque aquele lugar lindo não
merecia ser desperdiçado com pensamentos ruins.
Assim que a noite chegou, tive certeza de que aquele lugar era o mais
lindo do mundo. Nunca tinha visto um céu tão estrelado. O silêncio era
quebrado apenas pelo barulho da água, que cercava a ilha, do vento que
balançava as árvores e da nossa respiração ofegante.
Ryan me amou a noite inteira e eu sabia que ele queria que esses dias
fossem inesquecíveis. O que ele não entendia era que todos os segundos com
ele estavam gravados no meu coração e que por ele, eu faria qualquer coisa.
Eu enfrentaria a Corsa ao lado de Dante porque queria e precisaria do
reforço da Cosa Nostra em nosso território. Alguém havia tentado tirar a
vida de Ryan duas vezes e eu desconfiava que poderia ser a mesma pessoa
que tinha matado o seu pai. Para mim, não existiam coincidências e sim o
fato de pai e filho, mesmo com mais de uma década de diferença, sofrerem o
mesmo tipo de atentado, em casa e em horários precisos, para não terem
chance de defesa. O pai do Ryan, na noite de Natal, antes de os convidados
chegarem. Ryan, há quatro anos, quando estava em casa e ele só não morreu
porque sua mãe se colocou na sua frente, e na noite do nosso casamento, no
momento exato em que cruzamos o portão com nosso carro, como se alguém
tivesse avisado que estávamos saindo, porque em poucos segundos, o carro
veio atirando.
— Pensando em quê, meu amor? — Ryan perguntou ainda sonolento.
— Que já está amanhecendo e eu estou com fome!
— Hummm... Quer que eu prepare alguma coisa? Os empregados
ainda devem estar dormindo.
— Não, minha fome é outra.
Ryan deu uma gargalhada e eu amava vê-lo assim, leve e feliz.
Os dias perfeitos estavam acabando, e a realidade se aproximava.
Deixar o mundo dos sonhos e voltar para a vida real às vezes era bem
complicado.
— Vem, amor — falei, puxando-o pelo braço. — Vamos aproveitar
nosso último dia.
— O que você quer fazer?
— Eu preciso falar?
Do nosso paraíso fomos direto para Chicago, onde teríamos reunião
com Dante na casa de Giancano.
Do hotel fizemos uma chamada de vídeo para falar com Alice, Nina
e Jordan, que estariam chegando a Chicago pela manhã. Nossos homens já
tinham seguido para o local determinado por Giancarlo Cosa Nostra, irmão
caçula de Dante, que estava há um mês estudando a localidade onde a Corsa
montava uma base.
— Amiga, boa sorte e se cuida — Nina desejou. — Lorenzo disse
que o sistema de monitoramento do trajeto e do local está pronto e que eles
vão acompanhar tudo.
— Lorenzo Cosa Nostra?
— Para Nina, é só Lorenzo — Alice falou, rindo. — Ela está íntima
do irmão sádico chegado numa tortura.
— Não é nada disso, só conversamos porque estamos trabalhando
juntos nessa missão — Nina respondeu, defendendo-se. — E até onde sei,
ele só tortura assim os inimigos.
— Você escutou isso? Daqui a pouco tá chamando o torturador só de
“Enzo”.
— Nina Cosa Nostra — falei rindo, e Alice deu gargalhadas.
— Será que podemos falar de coisas sérias? — Ryan perguntou de
cara feia.
Alice brincou, dizendo que íamos votar. Quem queria falar de coisa
séria eram o Capo e o Consiglieri e de coisas divertidas, ela, eu e Nina.
— Vitória das mulheres! — eu disse rindo, e Ryan deu de ombros.
— Você está vendo, Jordan? De que adianta ser o Capo se elas acham
que o que eu falo pode entrar em votação?
Todo mundo riu. Um tempo depois, encerramos a chamada e Ryan
me chamou para junto dele na cama. Como dormir nunca era nossa primeira
opção, já fui tirando minha roupa pelo quarto e chegando à cama pronta para
o meu Capo dei Capi.
Quando acordei, minha primeira visão foi do meu Paraíso Hot, que
estava olhando o dia amanhecer. Ele estava tenso e eu não queria que ele
ficasse assim. Sabia que Ryan tinha perdido pessoas importantes em sua vida
e a minha viagem estava sendo difícil para ele por medo de algo dar errado.
— Amor! Você vai me deixar aqui sozinha? — perguntei e ele já veio
se deitando em cima de mim.
— Amo saber que você já acorda me querendo.
— Eu acordo, passo o dia e durmo te querendo!
Capítulo 54
Sarah Cooper

Dante Cosa Nostra iniciou a reunião falando que o próximo russo ou


francês que cruzasse o seu caminho seria estripado pessoalmente por ele. O
demônio em forma de Capo di tutti capi estava com um olhar que parecia
que nos queimaria vivos.
— Esses infelizes pensam que são quem para desafiar a Cosa Nostra?
Neste mês, desviamos duas cargas da Bratva (Máfia Russa) e nesta noite
vamos desviar a maior de todas da Corsa (Máfia Francesa). Serão cinco
toneladas de uma só vez! Uma missão com quinhentos soldados prontos pra
fazer tudo em uma noite. Vamos desmontar a base que a Corsa está
montando no México, que sempre foi nosso território.
Todos os Capos o aplaudiram, ergueram seus copos e falaram ao
mesmo tempo, comemorando, menos Ryan, que sabia o que aquilo
significava.
— Nesta noite, seguiremos para o local que nos indicaram. Eu e a
nossa Chefe, Sarah Cooper, vamos acompanhar pessoalmente essa missão.
Os Capos nessa hora ficaram em silêncio e voltaram seus olhares
para mim.
— Você está pronta pra isso, Senhora Cooper? — Dante perguntou,
olhando-me de uma forma intensa e sombria.
— Sono nato pronto per questo! (Eu nasci pronta pra isso!) —
respondi, virei o copo com whisky de uma só vez e depois bati com ele na
mesa, fazendo com que se quebrasse e os cacos se espalhassem pela mesa.
— E non lasciare che nessuno mi ostacoli! (E que ninguém fique no meu
caminho!) — completei, olhando para os Capos e depois para Dante, que
engoliu em seco, sem desviar seu olhar, que estava fixo em mim.
A reunião foi encerrada e todos estavam agitados. Aqueles homens
puxavam tanto o saco de Dante que chegava a dar nojo. Eles morriam de
medo dele e ficavam tentando agradar aquele monstro insensível, que
mantinha sempre a expressão fechada.
— Vem aqui — Ryan falou, puxando-me pelo braço para fora da sala
de reunião. À medida que meu marido me olhava, eu sentia toda a sua
angústia.
— Não se preocupe que vai dar tudo certo! — falei, passando a mão
delicadamente em seu rosto. — Confia em mim!
— Eu confio em você, mas não me conformo com o fato de você ir
numa missão perigosa como essa com Dante.
— Ele vai ver do que eu sou capaz e entender querendo ou não, que
mulheres não são seres inferiores que nasceram para servir aos homens. —
Ryan então me abraçou e me beijou como se o mundo fosse acabar. Eu
sentia que aquilo era muito mais do que ele poderia aguentar e que existia
dentro dele um medo de que eu morresse, por ter permitido que eu fizesse
parte do seu mundo.
— Não vamos pensar no pior, e sim que vou voltar vitoriosa — falei
e realmente queria ir e voltar logo para casa. — Sabia que eu me orgulho
muito por você ter enfrentado todos eles, inclusive Dante, que esperava que
você não me deixasse ir?
— Eu não deveria ter deixado mesmo. Já me arrependi! — ele falou
com a cara de bravo que eu tanto amava.
— Senhor Cooper, tenho cinco toneladas de carga para desviar dos
franceses e você fazendo esse biquinho que me deixa doida? Como vou
viajar assim?
— Você é só minha, não se esqueça disso!
— Nunca vou esquecer. Sou apenas sua, para sempre! Eu fiz uma
promessa no altar, não se lembra? — Falei e o abracei carinhosamente.
Capítulo 55
Sarah Cooper

A porta se abriu e Dante Cosa Nostra e os outros Capos saíram da sala de


reunião.
— Desculpe atrapalhar o casal, mas eu e Sarah precisamos partir —
Dante falou, olhando para Ryan. — Pode deixar que vou cuidar da sua
esposa.
— Eu não preciso que ninguém cuide de mim! — falei curta e grossa
olhando nos olhos de Dante. Em seguida, dei um beijo em Ryan e saí
caminhando e Dante Cosa Nostra veio pisando firme atrás de mim.
— Ou você é realmente muito corajosa, ou não tem amor à própria
vida. Quem disse que você pode falar comigo nesse tom? — Dante
perguntou e eu senti que ele estava com muita raiva.
Olhei para trás, o encarei e continuei caminhando, mas não respondi.
Não queria discutir ou conversar com ele. Por fim, entramos no helicóptero
em silêncio e eu senti que ele me olhava como se estivesse me analisando.
Depois de um tempo, chegamos ao aeroporto e embarcamos para o
México. Nossos homens já estavam lá, e o ataque surpresa que arquitetamos
tinha que ser rápido e preciso.
O dia foi tenso, com homens indo e vindo. O Capo do México estava
nervoso, afinal, a base que estava montada lá tinha como objetivo fazer com
que eles se rendessem e trocassem de aliado. Ninguém que já havia feito
parte da Cosa Nostra, que conhecia bem seus métodos e que tivesse um
mínimo de amor pela sua vida, desejaria ficar contra essa máfia.
Na máfia, só existiam dois lados: dos aliados da Cosa Nostra ou dos
seus inimigos, a Bratva, que em termos de número de soldados e território,
era maior e mais poderosa, porém não tinha a fama da máfia siciliana.
A noite chegou e estava na hora de partir para o local onde estava a
carga.
— Serão dois grupos — Dante falou, e todos ficaram atentos. —
Meu irmão Lorenzo ficará responsável pelas câmeras que nos guiarão pelas
ruas da cidade junto ao Capo aqui do México.
Lorenzo Cosa Nostra era irmão e Consiglieri de Dante. Temido tanto
pelos aliados quanto pelos inimigos, sua fama era de ser um homem frio e
perverso. Toda a parte suja de Cosa Nostra era feita por ele. Um sádico que
dizia sentir prazer em torturar as pessoas. Seus olhos azuis eram escondidos
pela escuridão do seu olhar e conseguiam ser ainda mais sombrios que os do
Capo di tutti capi.
Depois do comando, Lorenzo pegou as armas que levaria para a sala
de monitoramento para se retirar. As câmeras ficariam em um local seguro e
Lorenzo e seus homens estariam armados até os dentes.
— Se cuida, irmão! Sorte na missão e volte vivo! — Lorenzo desejou
antes de partir e Dante o abraçou.
Pelo menos entre os irmãos Cosa Nostra, parecia ter sobrado algum
restinho de sentimento.
Em seguida, eu e Dante saímos e entramos no carro que nos levou
para nossa base.
— Aquele seu marido deve estar desesperado por não ser a sua
companhia esta noite — Dante falou e pela primeira vez, vi um sorriso em
seu rosto.
— Acredite, meu marido me tem em momentos muito melhores do
que este em que estamos, Capo. — retruquei, revirando os olhos e tentando
manter o foco no que viria pela frente. — Você tem certeza de que nosso
plano está todo correto?
— Sim. Você sabe tudo o que tem que fazer? Decorou cada passo dos
nossos inimigos?
— Da minha parte, está tudo certo — respondi e respirei fundo. —
Se nossas informações estiverem todas corretas, a carga vai estar dividida
em quatro contêineres, seguindo duas para o Norte e duas para o Sul, onde
ficam os galpões.
— Exato! Temos vinte carros seguindo para o combate com nossos
homens, indo metade para cada direção. Não tem como dar errado. Vamos
destruir a base russa.
Quando chegamos a uma de nossas bases móveis, Dante deu
instruções aos nossos soldados. Nesse local, havia mais um irmão Cosa
Nostra, o caçula e estrategista, Giancarlo, que nos mostrou o arsenal que
estava separado para usarmos e mandou que escolhêssemos nossas armas.
— Tomem cuidado. Não façam nada que coloque a vida de vocês em
risco e boa sorte! — Giancarlo Cosa Nostra desejou, sorrindo para mim e
abraçando o irmão.
— O que deu em você e Lorenzo hoje que estão todos sentimentais?
— Dante perguntou, querendo bancar o senhor durão, mas bem que retribuiu
o abraço do irmão.
Quando finalmente chegamos ao local em que ficaríamos, Dante
hesitou antes de abrir a porta para descermos do carro.
— Tem certeza de que você quer fazer isso? Se achar melhor, pode
ficar no carro, o motorista pode te levar para um local seguro.
— Eu não vim até aqui para ficar dentro de um carro, Dante Cosa
Nostra. — Abri a porta do veículo e saí caminhando pela estrada de chão
que nos levaria até o local.
— Acho melhor você se apressar, porque segundo as coordenadas,
são três quilômetros andando até a casa em que vamos ficar.
— Pensei que você desistiria na primeira reunião da qual te convidei
para participar. Você é teimosa demais, Sarah Cooper!
— E perigosa. Não se esqueça disso.
Capítulo 56
Sarah Cooper

Fomos caminhando e guiando nossos homens até bem próximo da base que
a Corsa estava montando para impressionar e conseguir se aliar à Bratva e
assim poder atacar a Cosa Nostra. O caminho era feito por meio do mato e
por estar escuro, ficava difícil saber onde estávamos pisando. Dante disse
que seus homens se certificaram de que não tinha nenhuma área com campo
minado.
Quando nos aproximamos da base, Dante mandou que os homens
cercassem o local e ficassem aguardando a chegada dos caminhões.
Estávamos a cerca de um quilômetro da base e no meio daquele deserto
existiam algumas casas como se fosse um vilarejo bem pobre e abandonado.
Giancarlo, durante um mês, designou homens para fazer esse trajeto
a pé e deixar uma das casas equipadas com armas. Era lá que eu e Dante
ficaríamos até a hora exata de entrar em ação com nossos soldados.
— Senhora Cooper, a casa é sua — Dante falou quando entramos na
residência que era menor que o meu banheiro. Ele iluminou o chão com a
lanterna e retirou algumas madeiras. Ali havia um fundo falso com armas e
explosivos. O silêncio era assustador e o tempo parecia estar parado naquele
lugar. Nossa ação seria muito ousada: roubaríamos toda a carga e teríamos
que fazer isso em poucas horas.
Por um momento, fiquei encostada à mesa que era o único móvel que
tinha ali, fechei meus olhos e pensei em Ryan e Anne. Tudo que eu mais
queria era voltar logo para eles.
— Com medo? — Dante me perguntou, jogando a luz da lanterna no
meu rosto.
— Não sou uma mulher de ter medo, estou apenas tentando me
concentrar.
— Você é uma mulher linda e intrigante, Sarah Cooper! — Dante
disse e parou na minha frente. Ele olhava dentro dos meus olhos e a única
luz que tinha era daquela lanterna que ele colocou em cima da mesa. Pude
escutar sua respiração quando o senti abrindo as minhas pernas e chegando
mais perto de mim.
— Penso que Cooper vai tentar me matar depois desta noite — ele
falou próximo do meu ouvido. — E é claro que ele não vai conseguir.
Dante colocou uma de suas mãos na minha perna e a outra na minha
nuca. Seu rosto estava colado ao meu e seus olhos sombrios continuavam
fixos em mim.
— E por que Ryan vai ter que te matar? — perguntei, e meus lábios
quase tocaram os de Dante de tão próximos que estávamos um do outro.
— L'onore della mafia si lava con il sangue. (Honra na máfia se lava
com sangue).
Os olhos de Dante eram pura luxúria. Passei a minha língua em seus
lábios e senti sua respiração ficando ofegante. Coloquei então uma das
minhas mãos em seu peito e o afastei delicadamente, enquanto me levantava
e mordia os meus lábios. Respirei fundo e o olhei lentamente da cabeça aos
pés, como se ele estivesse nu na minha frente e Dante engoliu em seco.
Mesmo com pouca luz, pude ver que ele estava excitado e de propósito,
olhei demoradamente para sua parte de baixo, onde seu pau devia estar
duro.
— Para se lavar a honra, é preciso que exista traição! — falei,
olhando nos seus olhos e com meus lábios quase tocando os dele de novo.
Depois, segurei seu braço e falei lentamente no seu ouvido:
— Acontece que meu marido é muito mais gostoso que você! Além
disso, não sou uma dessas mulheres sedentas para dormir com o chefe.
Sorri com desdém para ele, o deixei me olhando com raiva e com sua
respiração ofegante e fui até onde estavam nossos soldados para saber se os
caminhões já se aproximavam.
Dante me causava repulsa com seu jeito machista, e sua ideia de que
as mulheres nasceram para servi-lo.
Capítulo 57
Sarah Cooper

Os minutos entre a chegada dos caminhões e a hora exata de atacar


pareciam eternos. Nossos homens se prepararam e na hora exata todos os
seguranças da base francesa estavam cercados e a troca de tiros começou.
Eles não esperavam esse ataque e foram dominados rapidamente.
Dominá-los tinha sido mais fácil do que esperávamos, até que um
carro de combate deles surgiu do nada e atirou na nossa direção. Com isso,
começou uma correria e nossos homens que estavam na retaguarda
avançaram. Dante fez sinal para mim e corremos para trás de um dos
contêineres.
— Dante Cosa Nostra en personne. Quel honneur! (Dante Cosa
Nostra em pessoa. Que honra!) — um homem falou em francês, apontando
uma arma para Dante.
Em seguida, o homem olhou para mim e deu uma gargalhada.
— Maintenant, amenez-vous votre femme à l'épreuve de force? C'est
ça ta défense? (Agora você traz sua mulher para o confronto? Essa é a sua
defesa?)
— Eu não sou a mulher dele. Sou Sarah Cooper! — Mal acabei de
falar e atirei na sua testa, o sangue daquele nojento espirrou em Dante, que
estava na mira da arma dele. Dante começou a atirar rapidamente nos outros
dois que estavam atrás do homem caído no chão.
— Hai ucciso il capo francese! (Você matou o Capo Francês!)
— Ha parlato troppo! Dovresti imparare che in guerra spari prima e
poi parli. (Ele falou demais! Deveria aprender que na guerra primeiro você
atira e depois conversa).
Na verdade, eu não conhecia aquele homem, mas sabia que esse fato
custaria caro. A Corsa além da mercadoria roubada e da base invadida,
certamente tentaria se vingar da morte do seu Capo.
Os tiros continuaram, mas dessa vez, em menor escala. Apenas um
ou outro francês que às vezes surgia era logo abatido, e eles ficaram sem
comando quando matei o Capo deles, que sugeriu que eu estava ali para dar
prazer a Dante Cosa Nostra em pleno tiroteio.
— Finito! — um dos homens gritou e Dante esticou a mão para me
cumprimentar.
— Mi hai lasciato senza parole! Benvenuti nella mafia di Cosa
Nostra! (Você me deixou sem palavras! Bem-vinda à Máfia de Cosa
Nostra!)
Dante mandou seus homens serem rápidos e descarregarem os
caminhões. Eles eram suficientes para fazer tudo antes do amanhecer. A
carga seguiria para uma das bases mexicanas e de lá iria para a Itália.
Depois de algum tempo, começamos a caminhar de volta pelo mato,
mas dessa vez, estávamos usando lanternas. Quando entramos no carro,
Dante disse que iríamos para o escritório, onde Lorenzo fazia o
monitoramento por câmeras.
— Vamos acompanhar o resto da operação e só depois que ela chegar
à nossa base, daremos essa missão por encerrada.
— Essa madrugada será longa — falei e olhei para o lado de fora.
Aquele lugar era escuro e silencioso. Tudo que eu queria era chegar a esse
escritório e avisar a Ryan que eu estava bem.
Na viagem, pelo reflexo do vidro do carro, via o olhar de Dante sobre
mim. Que inferno!
— Você poderia ter me matado, Sarah Cooper! Pensariam que foram
os franceses e você estaria livre de mim. Sei que meus olhares te
incomodam. Posso sentir sua respiração ofegante.
— Em primeiro lugar, eu não mato os meus aliados. Em segundo, seu
olhar não me incomoda. Em terceiro, não me dê ideias! — Assim que falei
isso, Dante começou a rir, rindo desse jeito, ele não parecia o monstro Cosa
Nostra.
— Você salvou a minha vida, Sarah, e mesmo sendo grato, não vou
te perdoar por isso.
— Sinto muito, mas você terá que conviver pelo resto da sua vida
com o fato de que uma mulher impediu que você levasse um tiro essa noite.
Capítulo 58
Dante Cosa Nostra

— Sono il Capo più potente di tutta la mafia. Sono il Capo dei capi di
Cosa Nostra. Corsa ha scelto di smettere di essere nostro alleato e ora
mostreremo quale sarà il nostro nemico (Sou o Capo mais poderoso de toda
a máfia. Sou o Capo dei capi da Cosa Nostra. A Corsa escolheu deixar de ser
nossa aliada e agora vamos mostrar a ela o que é ser nossa inimiga) — falei
para a minha família durante o jantar.
Eu morava com meus irmãos Lorenzo, Giancarlo e minha mãe em
uma verdadeira fortaleza, cercada por inúmeros seguranças. Minha
responsabilidade era enorme, pois eu ficava à frente da máfia mais famosa
do mundo e no meu lar, zelava pela segurança da minha família.
Lorenzo era o meu Sottocapo e Consiglieri, e eu sabia que essa não
era uma tarefa simples, pois quando eu colocava uma coisa na cabeça, nem
com todos os argumentos do mundo eu aceitava mudar de ideia. Desde
criança, fui treinado por meu pai para ser o herdeiro da Cosa Nostra. Ele me
ensinou a ser frio e sem sentimento.
“O sentimento deixa as pessoas vulneráveis. Se o seu inimigo
descobre que você tem um ponto fraco, esse será o alvo dele para te destruir.
Não se apaixone por nenhuma mulher. Case-se apenas para fazer alianças e
ter um herdeiro” eram as palavras que o meu pai repetia para mim desde que
eu tinha sete anos.
Meu pai sempre me acordava durante a noite para treinar com ele, ou
simplesmente para ficar acordado em silêncio durante toda a madrugada. Eu
não podia nem piscar que já apanhava.
“O Capo di tutti capi é responsável pela Cosa Nostra, seus inimigos
estão em toda parte do mundo. Você precisa aprender a estar sempre em
alerta para o caso de uma emboscada. O Capo tem que ter foco e disciplina,
aquele que cochila sempre acaba perdendo a batalha”, palavras do meu pai,
as quais ecoavam dentro da minha cabeça todas as vezes que eu estava em
situação de risco.
Meus brinquedos nessa época, foram substituídos por pistolas, no
lugar de brincar com videogames, eu atirava nos inimigos e ficava de castigo
sem comer quando errava um alvo.
Lorenzo e Giancarlo também foram treinados pelo meu pai. Lorenzo
já nasceu com o destino de ser meu Consiglieri e havia dias em que ele
desaparecia. Meu pai o levava para reuniões da máfia e ele tinha que ficar
acordado e prestar atenção a cada palavra dos Capos. Quando não conseguia
se lembrar de tudo que falavam na reunião, meu pai o deixava trancado em
um quarto escuro por dois ou três dias e ele teve que aprender a manter a
calma lá dentro. Se pedisse para sair, ganhava mais um dia preso.
Quando se tornou meu Consiglieri e estrategista, nenhuma palavra ou
movimentação escapava da sua percepção. Nossos inimigos sabiam que o
fim deles seria pior quando ele participava pessoalmente da tortura. Meu
irmão era frio e calculista, além de ter sido muito bem treinado para ser
paciente. Por isso, nas mãos dele, uma tortura poderia se arrastar por vários
dias.
Giancarlo também havia sido treinado para enfrentar batalhas ao meu
lado. Ele era seis anos mais novo que eu. Às vezes, sentia vontade de
protegê-lo e acabava levando chutes e socos no estômago do meu pai, que
gritava que eu era um Cosa Nostra e não um borra bosta sentimental.
Com tudo isso, meu coração endureceu como pedra. Por mais que
fosse solteiro, sabia que um dia, teria que me casar e deixar um herdeiro. Eu
tinha todas as mulheres que eu queria, mas não sentia nada por nenhuma
delas. Não havia um ponto fraco sequer em mim.
Aliás, minha viagem para a América me fez entender tudo que o meu
pai me ensinou. De Lucca ou Cooper, como ele gostava de ser chamado,
tinha um ponto fraco, o Capo dei capi dos Estados Unidos era apaixonado
por sua esposa. Qualquer um, para destruí-lo, só precisaria mirar nela.
Sarah Cooper!
Ela era um mistério. Enquanto todas as mulheres da máfia serviam a
seus maridos em casa, Sarah pegava armas e matava os inimigos, sua fama
se espalhava não só na Cosa Nostra, mas também na Bratva, na Corsa, na
Yarde, na Salvatrucha, ou seja, por toda a máfia.
Ao saber que sua fama só aumentava e que estava errado quando
achei que ela não passava das primeiras vinte e quatro horas no comando,
viajei para a América porque precisava ver isso de perto. Eu queria saber
quem era essa mulher e colocá-la no seu devido lugar, mas, ao contrário
disso, fui hipnotizado por seu olhar altivo. Quando fui apresentado a ela,
bastaram cinco segundos para ver que Sarah não era como as outras que me
bajulavam e mesmo casadas, me lançavam olhares, querendo ser comidas
por mim.
Na verdade, ela me desafiou e não demonstrou medo por fazer isso.
Eu queria tirá-la da minha máfia, mas ao mesmo tempo, desejava
conhecê-la melhor. Durante a reunião com os Capos aliados na casa de
Giancano, ela me deixou excitado quando sacou uma arma e a colocou na
testa de Raniere.
Designei Sarah para me acompanhar na maior missão contra a Corsa.
Sinceramente, pensei que Cooper fosse dizer não e acabar com a pose dela,
mas ele fechou um acordo comigo. Vi o ciúme no seu rosto e na sua
expressão, mas ainda assim, ele apertou minha mão e disse que o acordo
estava feito e que sua mulher me acompanharia.
Não existiam mulheres na máfia. Ela era a primeira, talvez fosse a
única. Passei então a desejá-la para mim, mas não para sair matando por aí, e
sim para me dar prazer na cama. Foi isso que aprendi com meu pai como o
certo a se fazer, foder, sentir prazer e descartar.
— Pensando em Sarah Cooper, meu irmão? — Lorenzo perguntou,
despertando-me dos meus pensamentos.
— E por que eu estaria pensando nela? — retruquei e empurrei o
prato de comida que estava na minha frente.
— Porque essa mulher te impressionou! — ele respondeu e virou o
copo de vinho que estava na sua frente de uma só vez e se levantou, mas não
sem completar seu discurso. — Questa donna è come il fuoco e può
bruciarti! (Ela é como fogo e pode te queimar!)
Passei aquele mês inteiro imaginando como seria quando estivesse
sozinho com ela. Porém, em vez de transar comigo, a miserável sedutora me
envolveu e no final, disse que não me queria, porque seu marido era mais
gostoso do que eu. Nunca nenhuma mulher tinha me dispensado. Sarah
Cooper foi a primeira a fazer isso e eu gostei do desafio, o que me fez pensar
que De Lucca tinha sorte, porque se casou com alguém de verdade e não
com esses troféus que nos servem como esposas na família.
Infelizmente, comigo ela não iria passar da lua de mel, porque
nenhuma mulher faria eu me curvar a sua vontade, como ela fez com o
marido, que aceitou que ela fizesse parte do comando da sua máfia.
Essa mulher devia estar dentro de casa, esperando o marido, para
satisfazer os seus fetiches e ser fodida em silêncio. Mas no lugar disso,
estava comandando a minha máfia aliada.
Lorenzo havia passado trinta dias me lembrando que se eu fizesse
uma loucura, abalaria a Cosa Nostra, já que mesmo sendo audaciosa, ela não
deixava de ser mulher de um aliado. Nós não matávamos nossa família. Não
criávamos conflitos internos. Meu pai não tinha me treinado para
desestabilizar tudo por causa de uma mulher.
Ela poderia ter acabado comigo, assim como fez com o Capo da
Corsa, que tinha uma arma apontada para mim, mas no lugar disso, ela me
salvou, me deixando em dívida com uma mulher. Nunca tinha me distraído
antes e logo nessa noite fiquei na mira do meu inimigo. Eu nem tive tempo
de piscar e o sangue daquele homem estava espirrando em mim.
Sarah Cooper não se distraía! Era uma diaba de saia, como a
chamavam na máfia.
Voltamos da missão e trocamos apenas algumas palavras.
— Você matou um Capo da Corsa e isso terá consequências — falei,
e ela deu de ombros.
— Eles já me odeiam faz tempo. Não facilitei para eles, como o tio
do Ryan fazia e fiquei na mira dos franceses.
Ela realmente não se importava, não tinha medo, ria do inimigo, nos
confundia por ser mulher e por não termos aprendido que elas poderiam ser
fortes, e isso fazia dela uma arma letal.
Capítulo 59
Dante Cosa Nostra

Assim que chegamos a base onde funcionava nosso escritório, Lorenzo me


abraçou e me passou o último relatório.
— Bem-vindo, irmão! Desviamos toda a carga para os Estados
Unidos como você ordenou. Vamos armazenar tudo lá, pois fica mais viável
que enviar pra Itália. Já ordenei que duzentos homens façam a segurança em
Nova Orleans.
— Vocês vão levar a guerra para os Estados Unidos? — Sarah
perguntou, surpresa. — Pensei que esse carregamento iria direto para a
Itália!
— Essa foi uma estratégia usada por Lorenzo. Assim, se tiver algum
vazamento, eles vão procurar na direção da Itália, enquanto a carga foi para
Nova Orleans. Os russos não param de tentar roubar nossas cargas, por isso
vamos contra-atacar e o país de vocês é mais próximo. Os franceses
certamente vão querer retaliação depois da nossa operação de hoje à noite.
Vamos mostrar pra eles que não somos amadores. Ninguém tenta atravessar
o caminho da Cosa Nostra sem sair aniquilado!
Percebi que ela engoliu em seco e disse que era realmente mais
rápida a transferência para o país vizinho, ressaltando que só temia uma
guerra em seu território e falando que precisariam de reforços para se
defenderem.
— Se você enviou duzentos homens para guardar a base, melhor —
ela falou e se levantou, dizendo que precisaria dar um telefonema.
— Vai ligar pro maridinho? — perguntei, e Lorenzo riu.
— Cuidem da carga roubada da Corsa e não das minhas ligações —
ela frisou com aquele ar petulante que a deixava ainda mais linda. Qualquer
outra mulher que ousasse me enfrentar assim, aprenderia a me obedecer.
— È donna difficile, fratello mio! (Ela é uma mulher difícil, meu
irmão!)
— Intrigante, irritante e bella! Mi ha salvato la vita quella notte. Un
Capo da Corsa mi puntò una pistola e lei gli sparò alla fronte. (Intrigante,
irritante e linda! Ela salvou a minha vida essa noite. Um Capo da Corsa
apontou uma arma para mim e ela deu um tiro na testa dele).
— Ha sparato a un capo francese? (Ela matou com um único
disparo um Capo Francês?) — Lorenzo perguntou, surpreso. — A proposito
di bellezza, le sue amiche non sono molto indietro. Questa mafia americana
è un destino (Falando em beleza, as amigas dela não ficam para trás. Essa
Máfia Americana é uma perdição) — Lorenzo completou e respirou fundo.
— Non credo! Lorenzo Cosa Nostra prese un respiro profundo
pensando a una donna? (Não acredito! Lorenzo Cosa Nostra respirou fundo
pensando em uma mulher?) — falei, já que meu irmão tinha o coração mais
duro que o meu. Para ele, nenhuma mulher servia para mais de uma noite.
Eu tinha algumas de minha preferência nas nossas boates e duas ou
três exclusivas. Mas Lorenzo não repetia ninguém, descartava-as
imediatamente após transar e as expulsava do seu quarto.
— Non ho fatto un respiro profondo, sono solo stanco (Eu não
respirei fundo, só estou cansado) — ele afirmou, tentando disfarçar e eu dei
uma gargalhada.
Lorenzo então fechou a cara e disse que era melhor nos sentarmos
para comer em silêncio. Sarah retornou e quando viu a comida na mesa,
disse que estava morrendo de fome. Normalmente, as mulheres comiam
pouco, viviam em dieta, mas até nisso ela era diferente.
— Por que vocês estavam rindo? — ela perguntou enquanto se servia
de tudo que tinha na mesa. — Eu não imaginava os Cosa Nostra rindo.
— Não somos selvagens ou monstros, minha querida — ressaltei,
tomando um gole do meu vinho. — Monstros, talvez! — completei,
corrigindo-me e ela riu.
— Eu não estava rindo, não sou um homem que sorri — Lorenzo
falou com cara de poucos amigos. — Só Dante, que parece que não tem nada
para fazer e nem se incomoda por estarmos no meio de uma missão.
— Ele está assim porque parece que alguma das suas amigas
mafiosas fisgou o coração do homem de gelo.
— Nina? — Sarah perguntou diretamente para Lorenzo, que a
encarou e parecia ter perdido a cor.
— Temos um nome então? — indaguei e olhei para o meu irmão. —
Como Nina é, Sarah? Solteira, linda…
— Cale-se, irmão, ou faço você se calar. Não ouse olhar para ela —
Lorenzo falou e deu um soco na mesa. — Nina é diferente, não é igual a
essas interesseiras que só querem saber do nosso dinheiro e sobrenome.
— Nossa, Lorenzo, você realmente conhece a minha amiga! Só por
curiosidade, como você sabe disso tudo? — Sarah perguntou e vi que estava
prendendo o riso.
— Tá vendo como é, Sarah? Nós dois pensamos que eles estivessem
trabalhando…
— E os dois namorando! — Sarah completou, enquanto Lorenzo
engolia a comida e nos ignorava. — Talvez ela também pense em você —
ela completou, olhando para o meu irmão.
Lorenzo se engasgou quando Sarah falou isso e nós começamos a rir.
Por mais que fôssemos treinados para ser frios, entre nós sempre havia raros
momentos em que nos sentávamos e ríamos de alguma coisa. Não era fácil
viver apenas pensando no próximo passo do nosso inimigo.
Lorenzo disse que passaria o restante da madrugada vigiando os
monitores e que depois encontraria o Capo do México na base mexicana. Já
a Sarah, foi para um dos quartos descansar e ligar novamente para Cooper.
— Domani andremo a New Orleans per verificare personalmente se
tutto è giusto. Voglio vedere i soldati che stanno facendo la sicurezza e, se
necessario, invieremo più uomini. (Amanhã vamos para Nova Orleans
verificar pessoalmente se está tudo certo. Quero ver os soldados que estão
fazendo a segurança, e se for preciso, enviaremos mais homens.)
— Ora dobbiamo preoccuparci di proteggere il nostro carico perché
Corsa vorrà reagire. (Agora temos que nos preocupar em proteger nossa
carga, porque a Corsa vai querer revidar).
— Lasciateli provare, perché per ogni piccolo attacco dei nostri
nemici, Cosa Nostra risponderà con una rapina come oggi. (Eles que
tentem, porque, pra cada pequeno ataque dos nossos inimigos, Cosa Nostra
vai responder com um roubo como o de hoje).
Capítulo 60
Sarah Cooper

Estava deitada no quarto, com minha mente acelerada com tudo que tinha
acontecido naquela noite. Conseguimos roubar toda a carga dos franceses e
eu ainda salvei a vida do arrogante Dante Cosa Nostra.
Quando estava lanchando com eles, vi que por alguns momentos,
eles eram pessoas normais. Irmãos que brincavam e implicavam um com o
outro, como em qualquer família. Porém, eram sombrios e seus olhares frios
como uma pedra de gelo.
Lorenzo estava interessado em Nina. Que Deus a livrasse de um
destino desses! Eu e Alice até brincamos sobre isso com Nina, mas nem de
longe conseguia imaginar minha amiga nos braços de um Cosa Nostra.
Nesse momento, meu celular vibrou e era uma chamada de vídeo do
Ryan.
— A que horas você volta amanhã?
— Ryan, tivemos algumas mudanças de plano. Amanhã vamos para
Nova Orleans conferir se está tudo certo e saber se eles vão precisar de mais
homens na base.
— Você só pode estar brincando! — Ryan falou e começou a andar
de um lado para outro. — Esse maldito está ganhando tempo para me irritar,
porque ele sabe que não quero minha mulher perto dele.
— Dante sabe que você é o único homem que eu quero no mundo.
— E como ele sabe disso? Vocês ficaram conversando? Tiveram
tanto tempo sobrando?
— Ryan, crise de ciúmes no meio disso tudo não tem como eu
aguentar. Ou você confia em mim ou não confia?
— Você sabe que eu confio — ele falou e se sentou, segurando a
cabeça com as mãos. — Eu só quero que você volte, porque não sei se fiz
certo te deixando ir a uma missão! Se algo acontecer, a culpa será minha!
— Não se preocupe, que vou voltar inteira para você. Não se culpe
por algo que eu escolhi fazer. Eu poderia ter dito não.
— Nunca mais você vai fazer nada disso se eu não estiver junto.
— Meu Al Capone é superprotetor! Eu te amo muito!
— Também te amo!
— Você sabe o perigo que representa esse carregamento indo para o
nosso território? Vamos ser o olho do furacão! — falei, preocupada.
— Eu sei disso! Lorenzo me avisou que seria assim poucas horas
depois que vocês partiram para o México. A Cosa Nostra já estava em Nova
Orleans preparando tudo em silêncio, só não me avisou que você iria para lá
cuidar disso pessoalmente.
— Perigo tem em todo o lugar, inclusive dentro da nossa máfia.
Infelizmente, não conseguimos descobrir ainda quem está infiltrado em
nosso território e trabalhando para os nossos inimigos, então todo cuidado é
pouco, não só aqui, mas aí também, meu amor.
Após conversarmos, desliguei o celular e fiquei pensando novamente
nos atentados que Ryan havia sofrido. Quem teria tanto interesse em acabar
com a vida dele?
Então me deitei e fechei os olhos para descansar um pouco.
“Luigi De Lucca!”, gritei e despertei. “Claro! Como eu não tinha
pensado nele antes? O pai do Ryan tomou o seu lugar e com sua morte,
Giuseppe Frederico De Lucca só o teria como escolha para ser o seu
herdeiro. Só que seu pai resolveu escolher o neto e se este fosse eliminado,
ele se intitularia automaticamente por herança o Capo dei capi. Maldito
pateta!”, falei rápido e nervosa, conversando comigo mesma.
Depois de chegar a essa conclusão, senti que precisaria avisar Ryan
sobre isso, mas não poderia sair acusando o tio dele. Resolvi ligar para
Alice. Ela, Jordan e Nina saberiam como investigar o pateta traidor. Quando
peguei meu telefone, escutei barulhos de tiro do lado de fora e deixei o
aparelho cair no chão. Peguei minha arma e escutei Dante me chamando
com um tom de voz baixo do lado de fora.
— Rápido Sarah, estamos sendo atacados. Vamos para os fundos.
Tem mais de trinta franceses armados até os dentes atirando contra nós. Os
poucos homens que sobraram são os que estão dentro da casa. Você vem
comigo — ele falou e em segundos, estávamos em um escritório nos fundos
da casa.
— Lorenzo, volte imediatamente e traga reforços! Fomos traídos!
Estamos sendo atacados! — Dante falou, gritando ao celular.
— Onde está Lorenzo? — perguntei.
— Ele saiu para se encontrar com o Capo do México e comunicar
que vai reforçar a segurança desse território.
A troca de tiros continuava. Estávamos num lugar afastado e no meio
do nada. Com certeza, alguém tinha avisado aos franceses que estávamos no
México nessa missão.
Por um momento, olhei para a janela e vi dois soldados mortos no
chão.
— Lorenzo, onde você está? Me responde, porra! Estamos sendo
atacados!
Dante gritava visivelmente nervoso no celular. De repente, seu
segurança entrou no escritório, falando que tinha feito o que pôde e em
seguida, caiu morto na nossa frente.
— Sto tornando fratello, aspetta! (Estou voltando, irmão, aguenta
firme!) — Lorenzo gritou ao celular.
— Maledetto francese, ti sterminerò dalla Terra! (Malditos
franceses, eu vou exterminar vocês da Terra!) — Dante gritou quando oito
franceses invadiram a sala onde nós dois estávamos.
Infelizmente, não havia mais ninguém ali dentro. Restávamos apenas eu
e Dante.
Capítulo 61
Sarah Cooper

Dante começou a virar todos os móveis que tinha na sala e não parava de
atirar.
— Para trás, Sarah! Não quero você na linha de frente!
— Você ficou louco?
— É uma ordem! Não discuta! — Dante gritou.
— Vai para o inferno, Cosa Nostra! — falei, mirei e atirei na cabeça
de dois e corri para trás de uma estante.
Dante acertou mais três com um tiro certeiro no coração e veio para o
meu lado. Então atirei e acertei mais dois com um tiro no peito, enquanto um
deles pulou em cima de Dante, que o derrubou e apertou seu pescoço até
arrancar seu último suspiro com suas próprias mãos.
— Vai para o outro cômodo atrás dessa porta! Eu vou para o fogo
cruzado com eles. Não quero que aconteça nada com você.
— Desde quando você se preocupa comigo?
— Somos uma família e cuidamos uns dos outros. Além disso, dei
minha palavra a De Lucca que te devolveria com vida.
Em seguida, corremos para o outro cômodo e mais homens entraram
atirando. Um francês enorme segurou Dante pelo pescoço, e se ele não fosse
tão forte, teria morrido. Mas, como era ágil, derrubou o homem no chão e eu
atirei nele.
Foi tudo muito rápido. Os vidros da sala se quebraram com um
explosivo, e tudo ficou coberto por fumaça. Então olhei pela janela e vi
nossos homens chegando e trocando tiros com os franceses. Senti que
precisava sair desse cômodo.
— Cooper, corre! Foge! Se salve!
— Dante — pronunciei, caminhando abaixada no chão e tossindo,
porque a fumaça era forte ali dentro. Cosa Nostra, por sua vez, tinha levado
um tiro na perna e outro no braço.
— Vou sair para lutar com nossos soldados. Arrume um lugar e se
esconda. Isso não é um pedido, Sara Cooper, é de verdade, uma ordem do
seu Capo di tutti capi! Não podemos ir os dois para o fogo cruzado. Você
fica e me dá retaguarda — Dante falou isso e ia pular pela janela, mesmo
ferido, quando mais um explosivo foi jogado dentro da sala onde estávamos.
— Porra! — ele gritou e depois disso ficou tudo em silêncio.
De longe eu escutava a voz de Lorenzo chamando por Dante e os
tiros recomeçando. Eu sentia que meu corpo estava sendo carregado, mas
estava tonta por causa da fumaça e de um pano que colocaram no meu rosto.
Aos poucos, tudo foi ficando escuro e eu desmaiei.
Acordei em um lugar escuro e queria me mover, mas senti que os
meus braços estavam amarrados. Tentei respirar e focar no presente. Eu
estava presa em um cômodo escuro e isso só significava uma coisa: meus
inimigos me sequestraram. Não sabia dizer quantas horas se passaram desde
que fui atacada junto a Dante no México. Eu estava tonta, meu estômago
doía e não tinha mais noção de tempo e espaço.
— Senhora Cooper, a senhora acordou?
— Matthew? É você?
— Sim! Eu estava saindo do carro próximo da Cooper quando alguns
homens me cercaram e foi tudo muito rápido, eu não consegui reagir. Eles
me pegaram pelas costas.
— Onde nós estamos?
— Eles me levaram para o jatinho deles e eu vi quando a senhora
entrou carregada. Eles a doparam e quando chegamos, nos jogaram
amarrados nesta sala escura.
— Quem fez isso?
Antes que Matthew respondesse, a porta se abriu, e a luz foi acesa.
Senti uma dor forte nas vistas e não consegui enxergar nada. Aos poucos, fui
despertando e abrindo os meus olhos.
— Fique firme! O Senhor Cooper virá te buscar! — Matthew falou
baixo no meu ouvido.
— Bienvenue dans votre pire cauchemar, Mme Cooper! (Seja bem-
vinda ao seu pior pesadelo, Senhora Cooper!)
Eu estava na sala de tortura da Corsa!
Capítulo 62
Ryan Cooper

Eu estava destruído. Minha Sarah... meu amor... minha vida... estava nas
mãos da Corsa.
Estava seguindo para a Itália, mais precisamente para a casa da
família Cosa Nostra, para ficar mais próximo do país onde ela estava presa.
Lorenzo ordenou que todos os mafiosos franceses fossem presos e
torturados até que nos dessem alguma pista do paradeiro dela.
Eu viajava acompanhado de Jordan, meu Consiglieri, de Alice e
Nina. Dessa vez, nossa base seria em Cosa Nostra e só voltaríamos quando
resgatássemos minha Sarah.
Nem no meu pior pesadelo eu imaginava isso acontecendo. Quando
Nina chegou me contando o ocorrido, meu mundo desabou.

◆◆◆

Uma semana atrás

— Sarah, por favor, me responda assim que escutar este áudio! — pedi, e
esse era o décimo áudio seguido que eu deixava para minha esposa.
Eu andava desesperado de um lado para outro no meu escritório.
Estava desde cedo no galpão, tentando entrar em contato com ela.
— Jordan, deve ter acontecido alguma coisa — falei, nervoso. —
Sarah não me responde e o celular dela está fora de área. Tentei falar com
Dante, mas ele também não atendeu.
— Vai ver que fugiram e estão em lua de mel — Erick falou rindo, ao
entrar na minha sala. — Todos comentam que ele estava doido pela sua
esposa...
Avancei em Erick e o joguei no chão, apertando seu pescoço. Aquele
miserável tinha perdido o amor pela vida, só pode! Com muito custo, Jordan
conseguiu me tirar de cima dele e o infeliz tentava desesperadamente puxar
o ar que ainda lhe restava nos pulmões.
— O que aconteceu aqui? — meu tio Luigi entrou gritando e
socorrendo seu filho imprestável.
— Joguem esse miserável na sala de torturas e deixem-no lá até a
minha raiva passar! Isso se ela passar algum dia. — ordenei e Jordan fez
sinal para que um de nossos soldados levasse Erick.
— Você não pode fazer isso! — tio Luigi gritou. — Ele é seu primo.
— Eu posso fazer o que eu quiser! — respondi, furioso. — Sou o
Capo dessa porra e agora quem me faltar com o respeito vai morrer!
— Você está descontrolado — tio Luigi disse enquanto Erick era
arrastado pelo soldado.
— Se você veio aqui fazer algum comentário a respeito da minha
esposa, fique sabendo que vai ficar preso com seu filhinho amado.
— Eu vim avisar que vou precisar me ausentar por uns dias. Estou
pensando em viajar com a sua tia. Mas como eu vou fazer isso com o meu
filho preso como se fosse um de nossos inimigos?
— No momento em que ele desrespeitou minha esposa, Erick se
tornou meu inimigo. Pode viajar que quando você voltar, ele ainda vai estar
no mesmo lugar.
— Eu só vou porque já prometi à sua tia e não sabia que encontraria
essa confusão por aqui. O que aconteceu pra você ficar assim? Você sabe
que é como um filho para mim, Ryan, e eu sei que você vai desculpar seu
primo, que é praticamente seu irmão.
— Erick nunca foi um irmão para mim — afirmei, irritado. — Minha
mulher não me responde há mais de duas horas, e estou preocupado. Meu
irmão, como você disse, escutou que eu estava preocupado e disse que ela
fugiu com Dante. Agradeça ao Jordan por ele ainda estar vivo, porque por
mim, eu teria matado o infeliz.
— Eu entendo seu nervosismo, mas te avisei que essa missão não era
coisa para mulher. Coitada da minha sobrinha! Será que aconteceu alguma
coisa com ela?
— Saia daqui! Não aconteceu nada com ela e eu não quero ver
ninguém! Pode viajar. Você não ajuda em nada mesmo!
— Você ainda vai se arrepender de tratar seu velho tio dessa forma
— ele falou e saiu batendo a porta.
Talvez eu tivesse sido grosseiro com meu tio, mas isso já não me
importava. Não queria ver ninguém e estava me sentindo culpado por ter
deixado Sarah ir com Dante para o México.
— Nossos soldados já trancaram seu primo Erick lá embaixo —
Jordan falou.
— Por mim, ele pode morrer, a única coisa que me importa é ter
notícias de Sarah.
Nesse instante, a porta se abriu e Nina entrou com os olhos
vermelhos. Pude ver que ela tinha chorado e ao seu lado estava Alice,
visivelmente nervosa.
— Precisamos conversar — Nina falou. — Acabei de falar com
Lorenzo Cosa Nostra. Eles sofreram uma emboscada no México.
Meu coração parou na mesma hora, e eu me sentei. Queria tapar os
meus ouvidos para não escutar o que ela me contaria.
— Dante Cosa Nostra foi ferido e Sarah, levada pela Corsa — Nina
disse de uma vez, e me faltou o chão.
Eu precisava ser forte por Sarah e por Anne, que estava em casa
esperando pela mãe.
— Jordan, reúna os Capos em uma videoconferência e inicie uma
caça às bruxas. Quero todos os franceses da Corsa presos e torturados até
que me entreguem o nome do traidor. Não é para terem piedade! Se alguém
não quiser falar, matem para não perder tempo e interroguem o próximo.
Não quero ninguém da Corsa vivo no meu território!
Capítulo 63
Lorenzo Cosa Nostra

Deixei Dante e Sarah na nossa base e fui me encontrar com o Capo do


México para acompanhar os últimos detalhes da transferência da carga para
Chicago.
Eu estava conversando com Nina sobre o sucesso da operação e
ressaltando que tinha finalmente conhecido a famosa Sarah Cooper. Nesse
último mês em que trabalhei em conjunto com Jordan, o Consiglieri do Capo
Cooper, acabei conhecendo Alice e Nina. Nunca tinha trabalhado com
mulheres antes e elas me surpreenderam.
Nina em especial, chamou minha atenção! Ela era linda, tinha uma
expressão suave e uma determinação admirável. Sem que os outros
soubessem, começamos a conversar fora das videoconferências na base, e
pela primeira vez, eu me vi envolvido por uma mulher. Nunca tinha sentido
vontade de conversar com nenhuma antes dela. Para mim, elas só
interessavam para me servir e mais nada. Todas queriam o meu sobrenome e
a minha fortuna, e os Capos me empurravam suas filhas em troca de
alianças, mas eram todas vazias e submissas.
— Quando isso tudo acabar em Nova Orleans, pretendo ir até Los
Angeles.
— Vocês pretendem trazer parte da mercadoria para cá? — Nina me
perguntou e eu respondi que não.
— Vou para um assunto particular.
Não deu nem tempo de ela perguntar que assunto e eu escutei meu
irmão me chamando no outro celular, mas continuei conversando com ela e
acabei me distraindo. Meu pai tinha razão quando dizia que sentimento e
máfia não andavam juntos.
— Lorenzo, o que está acontecendo?
— Ho bisogno di riagganciare il telefono! (Preciso desligar!) —
respondi e encerrei a ligação com Nina. Quando Dante me chamou
ao celular, dizendo que estava sendo atacado, larguei tudo e corri ao
encontro dele.
Cheguei ao local e vi nossos soldados caídos ao lado de fora da casa.
Foi um ataque rápido e preciso. Maldita Corsa, que ousou nos atacar em
nosso território! Os homens que foram comigo entraram atirando e os
franceses começaram a recuar quando chegamos. Consegui entrar na casa,
havia muita fumaça, mas nenhum barulho de tiro.
— Dante, fratello mio, dove sei? Risponde, Dante! (Dante, meu
irmão, onde você está? Dante, responde!)
Quando entrei no último cômodo, encontrei meu irmão rolando no
chão com um francês maior que ele em meio aos móveis derrubados. Com
certeza ele deve ter sido atirado longe com algum dos explosivos, e o
desgraçado se aproveitou e o atacou pelas costas. Ele sangrava muito na
perna e no braço, onde levou dois tiros. Sem piscar, acertei um tiro no braço
daquele maldito, que se virou e levou outro tiro na testa para nunca mais
ousar encostar em um Cosa Nostra.
O silêncio então se fez presente naquele lugar. Não havia mais tiros.
Meus homens fizeram uma varredura na área, e estava tudo limpo.
— I nostri uomini non hanno trovato prima nessun francese. Sei qui
solo perché ci sono arrivato in tempo. Ma non abbiamo trovato Sarah
Cooper. (Dante, nossos homens não encontraram nenhum francês. Você só
está aqui porque cheguei a tempo, mas não encontramos Sarah Cooper).
— Maledetto! Voi bastardi! Dobbiamo trovare Sarah prima che
abbiano finito con lei (Malditos! Desgraçados! Precisamos encontrar Sarah
antes que acabem com ela!) — Dante gritou.
— Lo risolverò dopo che sarai stato medicato e in viaggio per
l'Italia. (Eu vou resolver isso depois que você for medicado e estiver a
caminho da Itália.)
— Rivoglio Sarah Cooper! Nessuno abusa di Cosa Nostra in questo
modo. (Eu quero Sarah Cooper de volta! Ninguém afronta Cosa Nostra dessa
forma).
Meu celular vibrou e era uma chamada de Nina.
— Ciao! (Alô!)
— Lorenzo, estou supernervosa! Cooper está desesperado sem
notícias da Sarah. Ela não atende o celular, nem o seu irmão.
— Nina, preste muita atenção. Dante e Sarah sofreram uma
emboscada. A Corsa invadiu nossa base e...
— Por favor! Me diz que Sarah está bem!
— Sarah Cooper foi levada pela Corsa. Estou voltando para a Itália
com Dante, que está ferido e não tenha dúvidas, vamos encontrar Sarah
Cooper!
Capítulo 64
Sarah Cooper

— A lendária Sarah Cooper vai continuar brincando de mafiosa agora


que está nas mãos dos seus inimigos? — o francês que estava me
interrogando perguntou num inglês quase fluente. Eles não tinham como
saber que eu também falava francês.
Fiquei olhando para ele em silêncio. As cordas que estavam
prendendo os meus braços me faziam sentir dor e eu tentava manter o
pensamento distante dali.
— Você roubou toda a nossa carga e nós vamos querer tudo de volta.
Será que você vale tanto assim para o seu marido? Será que sem você ele
continua à frente da Máfia Americana? Ou será que a culpa o destruirá? —
outro homem entrou falando.
Eles conversavam enquanto enchiam uma grande tina com água.
— O que o seu marido vai sentir quando assistir a um vídeo com a
mulherzinha dele sendo torturada? — o homem perguntou, passando a mão
pelo meu rosto e eu cuspi nele, mal vi quando ele levantou a mão e me deu
um tapa muito forte, que fez o meu rosto virar para o outro lado. Senti que
Matthew ficou agitado, já que estava amarrado sem poder fazer nada para
me defender.
Eu só conseguia pensar que se um dia saísse viva dali, mataria cada
membro da Corsa.
O homem que me bateu me soltou da cadeira onde eu estava
amarrada, mas minhas mãos continuaram presas na frente do meu corpo. Ele
parou em frente à enorme tina de água e me perguntou para onde tinha sido
levada a carga.
— Ne sait pas! (Não sei!) — respondi em francês.
— Mauvaise réponse (Resposta errada) — o homem falou e me
segurou pelos cabelos, enfiando minha cabeça dentro da água.
Meu nariz começou a queimar à medida que me faltava ar nos
pulmões e minha cabeça começou a doer quando senti sua mão forte em
minha nuca, puxando-me para cima. Senti uma dor enorme enquanto tentava
desesperadamente respirar.
— Onde está a nossa carga? — o homem gritou.
— Eu não sei.
Senti minha cabeça sendo empurrada novamente para dentro d'água.
Procurei ficar imóvel para o ar durar mais tempo. Tais homens me odiavam e
mesmo que eu falasse onde estava a carga, eles me matariam no fim de tudo.
Nesse caso, eu preferiria morrer, deixando-os no prejuízo. Tudo ficava
escuro quando minha cabeça era erguida novamente.
— Você se acha valente, mas vamos ver até onde vai essa sua
coragem. A Cosa Nostra orquestrou tudo e temos uma informação segura de
que Dante Cosa Nostra estava no ataque à nossa carga com você.
Eu não respondia a nada, a única coisa que fazia era tentar respirar.
Porém, novamente, ele afundou minha cabeça na água e dessa vez, eu já não
sentia nada. Quando ele levantou minha cabeça, eu estava tonta e não
conseguia mais me equilibrar de pé.
— Está vendo, Cooper, o que a gente está fazendo com a sua esposa?
Isso é só o começo do vídeo que você vai receber com o tratamento vip que
sua mulher vai ter aqui! — o homem falava para alguma câmera e lembrei
que ele havia dito algo sobre filmagem.
Ele não me mataria nesse momento, mas me torturaria para fazer
Ryan devolver a carga. Eu era a moeda de troca! Contudo, a carga estava
com a Cosa Nostra e a devolução não dependia do meu marido. No fim de
tudo, eu morreria ali!
O homem enfiou minha cabeça mais uma vez na água e escutou o
barulho das bolhas de ar que eu ainda fazia ao soltar o resto de ar dos meus
pulmões praticamente vazios. Quando ele me levantou mais uma vez,
empurrou-me, eu caí no chão. Eu tentava respirar, mas o meu corpo todo
doía.
Em seguida, eles me levantaram e me arrastaram para um canto da
sala, jogando Matthew próximo a mim. Deixaram ali uma garrafa de água e
um pão em uma bandeja e apagaram as luzes.
— Dante Cosa Nostra matou o nosso Capo e roubou a nossa carga.
Cooper, ou você passa por cima do seu Capo di tutti capi e nos devolve tudo,
ou sua mulher vai pagar caro.
Esse era o plano deles. Se Ryan traísse a Cosa Nostra, seria
eliminado e seu tio Luigi se tornaria o novo Capo dei capi da América.
— J'ai tué Capo Frances avec une balle dans le front et non Dante
Cosa Nostra (Eu matei o Capo Francês com um tiro na testa e não Dante
Cosa Nostra) — falei com a voz fraca e com um fio de ar que tinha
conseguido puxar com esforço dos meus pulmões.
— Putain de salope! Femme assoiffée de sang! D'où venait une
femme, alors au lieu de servir son homme au lit, elle est au milieu de la
máfia? (Cadela maldita! Mulher sanguinária! De onde surgiu uma mulher
assim que no lugar de servir a seu homem na cama, fica no meio da máfia?)
— ele gritou e me deu vários chutes na barriga. Eu preferiria morrer a deixar
Luigi sair vitorioso. Não serviria como moeda de troca para o pateta
conseguir o que sempre sonhou.
Os homens saíram da sala me xingando em francês e passaram a me
odiar mais do que antes.
— Senhora Cooper, seja forte, tente se acalmar e respirar lentamente
— Matthew pediu e eu só conseguia sentir meu corpo pesado. Assim que
tomei um pouco de água, desmaiei e não vi mais nada.

◆◆◆

Não sei por quanto tempo fiquei desacordada, pois com os olhos abertos ou
fechados, a escuridão era a mesma. Minhas narinas queimavam por conta
das tentativas de afogamento e minha garganta doía muito. Os chutes na
barriga me deixaram com cólica e me senti enjoada com o cheiro de sangue
daquele lugar.
— Senhora Cooper...
— Me chame de Sarah, por favor...
Eu falava pausadamente, tentando encontrar o ar que ainda me
faltava. Não importava mais nada para mim, eu poderia morrer ali mesmo,
só não queria que Luigi e Erick, a dupla nojenta de patetas, conquistassem
algum lugar no mundo.
— Sarah, você precisa ser o mais forte que puder — Matthew pediu,
e senti frieza e apreensão ao mesmo tempo em sua voz. — Isso só está
começando!
Eu não entendia o que Matthew fazia ali comigo. Por que o
escolheram para ficar preso e me ver sendo torturada? Nada daquilo fazia
sentido para mim.
— Por que te trouxeram para cá?
— Porque sou forte e treinado para resistir. Aconteça o que
acontecer, não se entregue. Lembra que eu treinei você, Alice e Nina para
serem fortes em um caso como este?
— Sim, eu vou ser forte — minha voz embargou quando me dei
conta do que ele queria me dizer com "sou forte e treinado para resistir".
— Você já entendeu, não é mesmo?
As lágrimas então começaram a rolar pelo meu rosto e não aguentei a
dor que sentia no meu peito misturada com minhas narinas que queimavam
ainda mais por eu estar chorando.
— Não chore! Seja fria ou ao menos tente parecer indiferente à
minha vida. Não demonstre sentimento na frente do inimigo.
— O que eles vão fazer com você? Te torturar?
— Me torturar e me matar na sua frente. Eles querem te quebrar e
não vejo outra explicação para que eu esteja aqui.
— Não!
— Senhora Cooper… Sarah… eu estou com o Senhor Cooper desde
a época do Capo Giuseppe. Ryan é um Capo nato, ele tem a força e a
determinação dentro de si. Posso te garantir que ele virá te buscar e se no
processo, eu tiver que morrer para nossa vitória, que seja assim. Fui treinado
para esse dia caso ele chegasse.
— Eu não posso aceitar isso. Não vou deixar te matarem!
— Seu desespero só vai fazer o Capo vir mais rápido e é isso que
eles querem. Seja forte! Acho que você também já se deu conta de quem está
por trás disso.
— Luigi! Você já sabia? Quando descobriu?
— Quando estava no avião, escutei a voz dele do lado de fora da
cabine em que eu estava preso. Ele falou que não sabia que Dante Cosa
Nostra estava com você, que não falaram tudo para ele e que só soube
quando a Corsa já estava invadindo a base da qual Erick conseguiu a
localização, porque pagou uma quantia alta para uma pessoa, que estava na
sala com Alice e Nina, trair o Senhor Cooper.
— Malditos! Tudo isso para ser o Capo dei capi e transformar a
América em território da Corsa. Esse homem é um doente, mas não vai
conseguir nada. Eu não vou deixar!
— Você é a Senhora Cooper, uma mulher única! Não se esqueça
disso.
Meu coração estava dilacerado. Escutar Matthew falar que sabia que
morreria para me dobrarem era muito triste, eu não sabia como fazer para ser
tão forte. Tomei então um gole de água, combinamos de tomar só um gole
por dia, porque não sabíamos quanto tempo ficaríamos presos e se nos
dariam outra garrafa. Meu estômago doía de tanta fome, já que também
racionamos o pão que deixaram ali para comermos.
Por um momento, fechei meus olhos e pensei em Ryan. Ele teria que
ser forte caso acontecesse o pior comigo. Eu era mais uma que o tio dele
tentava tirar do seu caminho para ser Capo. A dor no meu corpo só não era
maior do que a saudade do meu marido e o meu medo era só de não poder
abraçá-lo de novo. Resolvi pensar nessa dor e esquecer o sofrimento físico.
Matthew estava em silêncio, talvez já se preparando para o pior. A
quietude e a escuridão daquele lugar só aumentavam minha angústia, mas
essa sensação ruim não me venceria.

*********

Tinha perdido até a noção de tempo. Não sabia por quantas horas ou dias
estava trancada ali, só conseguia usar o banheiro pois sabia a localização
pelo cheiro. Isso certamente acabava com o emocional e a sanidade mental
de qualquer um. Eu procurava me concentrar para não perder a razão, mas
tudo que eu queria era que aquilo tivesse logo um fim.
A porta se abriu e as luzes se acenderam. Era impossível enxergar
porque a claridade queimava a minha vista.
— E então, Senhora Cooper, será que hoje você vai falar ou vai
preferir se afogar novamente?
Aquilo de novo... a mesma tortura para que eu já sofresse por
antecipação.
— Hoje nós vamos enviar esse vídeo para o seu maridinho saber
como você está bem depois de alguns dias aqui. Quem sabe ele resolve
devolver tudo que roubou com Dante Cosa Nostra. A sua vida deve valer
mais que uma aliança na máfia, não é verdade?
Continuei em silêncio, porque qualquer ar que eu pudesse guardar
me ajudaria, já que estava fraca. Quando vi a tina com água, tentei desviar
meu pensamento pensando na Grécia e em suas águas tão lindas.
O homem segurou minha cabeça novamente e a afundou na água.
Com meus olhos abertos, vi as bolhas de ar sumirem até meu corpo ameaçar
cair e então eles suspenderam minha cabeça. Eu mal tinha força para puxar o
ar.
— Quanto vale a vida dos seus soldados? — ele me perguntou, e eu
não respondi. — Será que vale tanto quanto a sua para Dante Cosa Nostra?
— o homem continuou e eu não dei uma palavra.
A porta se abriu novamente e trouxeram um dos nossos soldados. Ele
estava abatido e machucado. Com certeza, havia sido torturado por esses
sádicos que teriam mesmo que me matar, porque se eu escapasse dali, não
sossegaria enquanto não matasse um por um.
— Você achava que todos os seus homens tinham morrido no
confronto? Não, alguns nós trouxemos pra cá.
O soldado me olhava e minha vontade era de soltá-lo da cadeira em
que ele estava amarrado.
— Que tal você vê-los morrendo como um aperitivo antes do prato
principal? — ele falou isso e olhou para Matthew.
Fiquei firme e não demonstrei emoção! Estava morrendo por dentro a
cada minuto que ficava ali dentro, mas assim como a fênix, eu retornaria das
cinzas e acabaria com essa Corsa maldita!
O soldado me olhou e fez um aceno leve com a cabeça para mim. Ele
estava pronto para morrer e eu sangrava por dentro.
Quando aquele francês apertou o gatilho, o primeiro tiro foi numa
perna, depois no braço e por último, na testa. Seus gritos abafados por uma
força sobrenatural durante a execução me fizeram endurecer. Eu não sairia a
mesma dali, depois de presenciar tudo isso.
— Enviem os vídeos para o Capo Cooper! — o desgraçado ordenou.
— E limpem essa sujeira! — ele falou, referindo-se ao meu soldado morto.
— Vai continuar em silêncio, Senhora Cooper?
— Tu es cruel! C'est la mafia! Et moi? Je suis Mme Cooper, le pire
cauchemar que vous puissiez avoir! (Vocês são cruéis! Isso aqui é a máfia! E
eu? Eu sou a Senhora Cooper, o pior pesadelo que vocês poderiam ter!)
— D'où vient ce démon? (De onde saiu esse demônio?) — o francês
gritou e me atirou no canto da sala, mandando apagarem tudo quando
acabassem de limpar.
Algum tempo depois, quando tudo finalmente ficou escuro, deixei
que as lágrimas rolassem pelo meu rosto.
— Você foi forte. Estou orgulhoso! — Matthew falou, encorajando-
me.
— O que falei é verdade! Estou quebrada por dentro, e da pior forma
possível. Ver um dos nossos sendo executado e ouvi-los me chamando de
prato principal me destruiu por completo. Mas agora quero sair daqui! —
falei e puxei o ar com dificuldade para respirar. — Porque eu quero voltar
para matá-los! Para cada um dos meus que mataram, vou tirar a vida de dez
homens deles. Essa vai ser a minha resposta de quanto vale para mim a vida
de um dos meus soldados!
Capítulo 65
Ryan Cooper

Chegamos à Sicília e fomos direto para a Mansão Cosa Nostra. Fomos


recebidos por Lorenzo, que passou a semana interrogando todos os membros
da Corsa que eles conseguiram prender na Itália.
— Seja bem-vindo, Cooper! — ele falou, apertando a minha mão. —
Dante está nos esperando no escritório dele — completou, fazendo sinal para
que eu, Jordan, Alice e Nina o seguíssemos.

◆◆◆

Três dias atrás

— Não é possível que ninguém saiba de nada. Alguma pista nós temos
que conseguir desse traidor! — falei irritado, com Giancano ao celular.
— Cooper, não tenha dúvida de que estamos caçando, torturando e
eliminando todos os membros da Corsa do nosso território. Mas você sabe
que essa gente é como os nossos soldados, morrem sem abrir a boca.
— Mas sempre tem um covarde no meio, assim como temos um
traidor e uma hora vamos pegar o elemento certo.
Todos os Capos estavam se esforçando para descobrir qualquer coisa
que nos levasse a Sarah e Matthew. Ele havia desaparecido no mesmo dia
em que minha esposa e meus homens buscavam por ele.
Na máfia, infelizmente, pessoas desapareciam. Mas, quando Nina me
disse que Sarah tinha sido levada, percebi que não era coincidência. Então
mandei reforçar a segurança da minha casa e ordenei que, até que isso fosse
resolvido, Anne ficaria lá.
Estávamos arrasados por causa do Matthew, o meu Sottocapo que
estava comigo há anos. Eu sabia que provavelmente o teriam matado e jurei
que cada membro da Corsa pagaria com a vida por isso.
A tentativa de me desestabilizar e me tirar de cena por parte dos
meus inimigos era grande, mas, a cada minuto, acontecia o contrário, porque
tudo que eu queria era mais vingança!
Enquanto refletia sobre tudo que estava acontecendo, meu celular
vibrou e era uma ligação de Dante.
— Porra, o que você quer comigo? Isso é culpa sua, você inventou de
levar minha mulher numa missão e ainda não deu conta de garantir a
segurança dela e a dos nossos homens! — gritei, porque ele era o culpado de
tudo que estava acontecendo.
Era a primeira vez que eu falava com Dante depois do sequestro da
minha mulher. Dante seguiu do México direto para a Itália e foi com
Lorenzo que conversei durante os outros dias.
— Eu quero que você venha para cá! Não adianta ficar aí na América
e com certeza os franceses trouxeram Sarah para o país deles. Vamos tentar
localizar esse local.
— Você que tinha que ter sido levado, não ela!
— Cooper, eu pedi a ela que se escondesse, que eu iria sozinho para
a linha de fogo, mas pelo visto, você não conhece sua esposa. Ela é teimosa!
Eu sabia muito bem como era a minha mulher, e ela certamente
nunca ficaria escondida em lugar nenhum.
— E não sei se você sabe ou se Lorenzo te contou, mas ela matou o
Capo da Corsa.
— Ela o quê? — perguntei, sem acreditar que Sarah tinha feito isso,
se fosse verdade, eles jamais deixariam isso passar em branco.
— O Capo apontou uma arma para mim e ela deu um tiro na testa
dele, depois que ele insinuou que eu agora levava mulher comigo até nas
lutas.
Essa era minha Sarah! Ela nunca escutaria um insulto calada. Mas ela
não poderia ter feito isso, porque se os franceses descobrissem, seria ainda
pior para ela.
— Alguém viu quando ela fez isso?
— Só eu. Não tem como eles saberem quem matou o infeliz no meio
do tiroteio.
— Lorenzo já conversou com Jordan e podemos montar aqui na Cosa
Nostra, uma base de investigação.
Eu estava com ódio de Dante, mas sabia que lá ficaria mais perto de
onde minha mulher supostamente estaria presa. Depois dessa ligação,
conversei com Jordan e ele me aconselhou a ir para a Sicília.
— Vou pensar! Preciso passar em casa para ver minha filha, que não
para de perguntar pela mãe e sei que Sarah ficaria brava se soubesse que eu a
deixei de lado. Vou, e na volta decidimos se vamos para a Cosa Nostra.
— E quanto a seu primo? Vamos mantê-lo preso? — Jordan me
perguntou sem saber que rumo dar para o infeliz do Erick.
Dei ordem para que o deixassem preso até a minha volta, pois eu
ainda estava com ódio das insinuações dele contra Sarah. Por um momento,
achei estranho o meu tio ter viajado e deixado o filho nessa condição no
galpão.
— Meu tio nunca se importou com a mulher dele para sair pelo
mundo e deixar o filho preso aqui. Com a minha cabeça cheia, não parei pra
pensar nisso. Investigue essas férias dele, para onde ele foi e quando retorna.
Fui para casa e fiquei brincando com Anne por um tempo, ela
acreditava que a mãe estava viajando a trabalho.
— Por que a mamãe não me liga?
— Ela está em um monte de reunião. Nem para o papai ela está
conseguindo ligar. Mas quando Sarah chegar, nós três vamos viajar e ficar
juntinhos por muitos dias — falei e abracei minha filha.
Meu celular vibrou e era uma mensagem de Jordan.
“Venha urgente para o galpão! Chegou um pendrive para você! Foi
enviado da França com uma mensagem: ‘Vacances de Mme Cooper!’
(‘Férias da Senhora Cooper!’).”

◆◆◆
Cheguei ao galpão supernervoso e com medo das imagens que eu veria
naquele pendrive.
— Senhor Cooper, já analisei o pendrive e não tem nenhum
explosivo conectado a ele — Jordan falou, entregando-me o pequeno objeto
que continha as imagens da minha mulher.
Alice e Nina ficaram ao meu lado e os segundos até as imagens
aparecerem pareciam eternos.
— Força, Ryan, vai dar tudo certo! — Nina falou, segurando forte no
meu braço e eu pude sentir que ela estava tremendo.
— Capo Cooper, est un plaisir de vous accueillir. Je suis le Capo dei
tutti capi de Corsa et je pense que vous aimerez savoir que pour le moment
votre femme est bien vivante en s'amusant dans nos salles de torture. (Capo
Cooper, é um prazer poder cumprimentá-lo. Eu sou o novo Capo da Corsa e
acho que você vai gostar de saber que por enquanto, sua mulher está viva, se
divertindo em nossos aposentos de tortura).
— Maldito! — gritei, socando a minha mesa.
As imagens que vi me deixaram desesperado. Minha Sarah estava
amarrada e jogada no chão. Matthew estava ao seu lado. Como imaginei,
eles o tinham levado com ela.
Assim que começaram o interrogatório, ela não respondeu a nada. O
ódio cresceu dentro de mim quando vi aquele desgraçado segurando a
cabeça da minha mulher e afogando-a num barril de água. As imagens dos
homens que vi morrendo quando meu avô me levou pela primeira vez a uma
sala de torturas vieram à minha cabeça, e comecei a ficar desesperado. Cada
vez que eles a retiravam de dentro d'água e Sarah buscava o ar, eu tinha a
sensação de que também estava me afogando.
— Qu'est—ce qui est le plus important pour toi, Cooper? La mafia
ou votre femme? (O que é mais importante para você, Cooper? A máfia ou
sua esposa?) — aquele maldito apareceu novamente do seu escritório para
falar comigo.
As imagens voltaram e Sarah estava caída no chão com dificuldades
para respirar. Eu não conseguia mais ver aquilo, Alice segurou o meu ombro,
dando-me força para continuar assistindo. Eles acusaram Dante de ter
matado o Capo deles na emboscada e Sarah gritou dizendo que ela tinha
feito isso.
O homem então começou a dar vários chutes nela. Virei a mesa e o
computador que estavam na minha frente com todo ódio do mundo. Jordan
arrumou tudo e Alice disse que se eu não me acalmasse, eles assistiriam
sozinhos.
— Ryan, a gente precisa ver tudo! Qualquer detalhe é importante —
Nina falou e eu me sentei novamente.
— Por que ela foi falar que matou o Capo? — perguntei, furioso.
— Porque eles querem a carga que está com você, e entregando-a
para eles, você estará traindo a Cosa Nostra — Alice explicou, então entendi
o que Sarah estava fazendo e me levantei desesperado de novo.
— Minha mulher prefere morrer a ser uma moeda de troca — falei,
sabendo que isso não aconteceria, pois eu não deixaria que a matassem.
O vídeo continuou em um lugar escuro onde eu não conseguia ver
nada.
— Il n'y a qu'une nuit pour ta femme! (Para sua esposa, só existe
noite) — algum francês que eu com certeza mataria, falou como se fosse um
narrador.
Voltamos a ver a sala de tortura e pude perceber que Sarah parecia
fria, mas eu a conhecia e sabia que ela deveria estar despedaçada por dentro.
Quando mataram um dos nossos homens na sua frente e ameaçaram
Matthew, eu tinha certeza de que precisaria agir rápido. Sarah não aguentaria
passar por isso!
— Preciso fazer alguma coisa! Não podemos ficar aqui parados.
Vamos seguir imediatamente para a Sicília — pronunciei quando Nina disse
que tinha mais uma coisa para falar comigo e Alice começou a rever a parte
final do vídeo.
— Eu fiz o que você falou e investiguei a viagem do seu tio Luigi.
Ele viajou sozinho e não com a esposa — Nina falou e parou para respirar.
— Seu tio foi pra França.
Quando ela disse aquilo, fiquei paralisado. O que começou a ser
desenhado na minha mente não poderia ser verdade.
— Vocês precisam ver uma coisa! — Alice gritou, quebrando o
silêncio. — Enquanto Sarah era torturada e nosso soldado morria, vocês não
repararam no Matthew, que estava movimentando suas mãos amarradas o
tempo todo.
— Como assim? — Nina perguntou, e Alice aproximou a imagem.
Matthew tinha as mãos amarradas na frente do corpo e fazia
pequenos movimentos como se fossem... sinais! Ele era um gênio! Usou o
alfabeto dos surdos para se comunicar.
— Eu dei pausa de letra em letra — Alice falou e nos olhou em
choque. — Ele falou

◆◆◆

Mansão Cosa Nostra, Sicília, Itália

Quando entramos no escritório da família Cosa Nostra, estava tudo pronto


para a nossa reunião.
— Bem-vindo, Cooper — Dante me saudou, e eu queria arrebentar a
cara dele, mas Jordan segurou o meu braço. Ele era um excelente Consiglieri
e mediador, porque eu desejava matar aquele desgraçado que havia causado
toda aquela confusão.
— Você sabe que a culpa disso tudo é sua, Dante! — falei e me
sentei irritado para participar da reunião.
Os irmãos Cosa Nostra participariam da reunião comigo, Jordan,
Alice e Nina.
— Não basta envolver sua esposa, você ainda me traz mais duas
mulheres para a minha máfia? O que deu em você, Capo Cooper? Está
pretendendo formar um harém na máfia?
— Por que você não guarda suas piadas para outra hora? Minha
amiga e irmã está sendo torturada pelos franceses e precisamos tirá-la de lá!
— Alice falou, e Jordan a olhou, pedindo para se calar.
— E todas com uma língua afiada — Dante falou, rindo. — Você é a
Nina?
— Não, eu sou a Alice.
Dante ficou em silêncio, olhando para Nina, que estava sentada ao
seu lado, como se a analisasse e por fim, ele disse que Lorenzo falava muito
sobre ela. Giancarlo abaixou a cabeça rindo e Lorenzo conseguiu ficar com a
expressão mais fechada que o normal.
— Muito bem! Vamos falar do sequestro da Sarah Cooper — Dante
pronunciou e olhou para mim. — Você me acusou, Cooper, assim que
chegou aqui, mas até onde fiquei sabendo, o seu tio Luigi te traiu e entregou
a Cosa Nostra e a sua mulher nas mãos da Corsa.
Dante tinha razão, eu o estava culpando, mas na verdade, foi o meu
tio que havia causado tudo aquilo. A missão deles estava praticamente
encerrada quando a Corsa invadiu o local onde eles estavam.
O alvo era a minha esposa!
Meu tio queria me destruir emocionalmente e me jogar contra a Cosa
Nostra. A minha morte faria dele o Capo dei capi da América.
— Lorenzo me disse que deveríamos manter sigilo quanto a ele ser o
traidor, mas pode ter certeza de que, quando isso acabar, seu tio vai morrer
pelas minhas mãos.
— Isso nunca! Eu vou acabar com aquele desgraçado! — exclamei,
dando um soco na mesa. — Esse homem tirou a vida dos meus pais, tentou
duas vezes contra a minha vida e agora quer acabar com a minha esposa.
— Ele, achando que não sabemos de nada, vai nos ajudar, dando
informações erradas à Corsa — Lorenzo estava explicando quando alguém
bateu à porta. — E enquanto isso, o seu filho que é outro traidor, está aqui
em casa como nosso hóspede — ele falou rindo, enquanto Giancarlo foi ver
quem interrompia a nossa reunião.
— Nosso plano já está funcionando. Você mal chegou aqui em casa e
recebemos uma cartinha da Corsa — Giancarlo falou, mostrando um
envelope em suas mãos.

◆◆◆

Dois dias atrás

​Liguei para o meu tio e tive que buscar forças para não o deixar perceber o
ódio que eu sentia por ele.
— Tio Luigi, como estão as férias? — perguntei, tentando mostrar
interesse. — Eu queria me desculpar por ter gritado com o senhor, que
sempre foi um pai para mim.
— Já te perdoei como todo pai faz com seus filhos — o falso me
falou. — E o seu primo? Você precisa soltá-lo.
— Eu ainda estou com raiva dele, mas vou pensar. Vou pra Sicília
implorar que Dante me deixe devolver o carregamento para a Corsa, caso
contrário, não respondo por mim.
— Você vai se arriscar muito se ficar contra a Cosa Nostra, eu me
preocupo — ele disse, e senti nojo por ter que escutar tantas mentiras. —
Dante Cosa Nostra jamais voltou atrás em qualquer coisa. Ele nunca vai
devolver nada para a Corsa.
Essa parte da conversa me incomodou muito, porque eu sabia que
Dante nunca tinha cedido em nada na vida dele. De qualquer forma, a Corsa
ficaria sabendo que eu estava indo para a Sicília negociar com Dante, o que
me faria ganhar tempo. Sarah era a moeda de troca, e eles não a eliminariam
se soubessem que eu pensava em devolver tudo de uma forma ou de outra.
— Jordan, você fez o que te pedi com relação ao Erick?
— Positivo, Senhor Cooper. Ele já está na última cabine do avião.
— Alice, está tudo certo com a nossa outra parte do plano? —
perguntei, referindo-me a uma ação ousada que estávamos planejando em
sigilo total.
— E por acaso eu sou mulher de falhar em alguma coisa! Investiguei
e chequei as informações. Na hora certa, estarei com tudo pronto para o
xeque-mate! — ela falou e entrou na aeronave, seguida por Jordan e Nina.
Respirei fundo e entrei no jatinho. Fui até o local onde meu primo
estava preso, encarei-o bem de perto e sorri.
— Confortável, priminho? — perguntei e arranquei com força a fita
que tapava a sua boca, ele deu um grito enquanto me olhava cheio de ódio.
Dessa vez, eu enxergava claramente que ele nunca havia gostado de mim.
— Seu louco, para onde você está me levando? — ele perguntou, aos
gritos.
— Para sua última viagem! Você vai passar uma temporada num Spa
igual àquele para onde você mandou a minha esposa — expliquei, e Erick
arregalou os olhos quando me escutou falando isso. — Na verdade, você vai
pra um com muito mais conforto e entretenimento. Quer saber pra onde você
está indo, meu primo? — perguntei e tive prazer em falar olhando bem
dentro dos olhos dele. — Para a sala de tortura de Lorenzo Cosa Nostra.
— Me solta, seu sádico! Eu quero sair desse avião. — ele continuou
gritando sem parar.
— Posso colocar a fita de novo para o pateta calar essa boca imunda?
— Alice perguntou, entrando na cabine.
— Não vai ser preciso. Ele vai dormir agora mesmo — respondi e
dei um soco tão forte no meio da cara de Erick que ele apagou na hora.
— Espero que você tenha quebrado o nariz dele — Alice falou e
voltou para a cabine onde Jordan e Nina estavam nos esperando.
Havia chegado a hora de resgatar minha Cinderela.
Capítulo 66
Ryan Cooper

Meu coração parou enquanto eu esperava Lorenzo e Jordan examinarem


um pendrive igual ao que foi enviado para mim e que tinha sido endereçado
a Dante Cosa Nostra.
Lorenzo colocou as imagens no telão que tinha no escritório e o
vídeo começou novamente com o Capo Carbone falando como se estivesse
em um pronunciamento oficial.
— Meus cumprimentos, Dante Cosa Nostra. Pensar que já fomos
aliados e agora você passa seus dias roubando pessoalmente as minhas
cargas. Acredito que o Capo Cooper, que deve estar com você nesse
momento, já tenha lhe informado que eu quero o meu carregamento de volta,
ou ele vai ficar viúvo. Na nossa época, nossos assuntos eram só entre
homens, mas agora a Cosa Nostra também tem demônios em forma de
mulher como essa Sarah Cooper. Ela pode ser muito forte, mas acredite, ela
vai quebrar se você não andar rápido, Ryan De Lucca Cooper, convença
Dante Cosa Nostra a devolver o que é meu.
Dante então deu um soco na mesa quando escutou as palavras de
Carbone, e as imagens começaram.
Ao vê-las, percebi que Sarah estava muito mais abatida do que no
outro vídeo. Eles continuavam com aquele padrão repetitivo de tortura.

◆◆◆

Sala de tortura da Corsa


— E então, Cooper? Quanto tempo mais você acha que sua mulher
aguenta passar por isso?
Ele enfiava a cabeça de Sarah com força dentro da água e a tirava
quando ela estava quase perdendo o sentido e desmaiando. Lorenzo disse
que a tortura repetitiva era a mais cruel, porque a pessoa já sofria por
antecipação com o que aconteceria e acordava com aquilo sendo parte da sua
rotina, o que destruía por completo sua estabilidade emocional.
Sinceramente, eu não aguentava ficar assistindo a tudo aquilo sem
me desesperar. Este era o jogo deles, fazer-me pensar o tempo todo que
Sarah poderia passar por aquilo e não resistir, traindo assim, a Cosa Nostra.
As imagens mostravam outro soldado nosso entrando para ser
executado.
— O tempo está passando e quando acabarem os seus homens,
vamos ver o que você sente ficando sozinha neste lugar sem o seu soldado
de estimação! — disse o torturador.
Matthew estava desfigurado, o que significava que ele tinha sido
torturado. Estavam acabando com ele aos poucos para deixar Sarah ainda
mais destruída.
Sarah via mais um dos nossos soldados morrer com seu olhar
distante.
— E então, Sarah Cooper? Será que valeu a pena você ter matado o
nosso Capo e não ser nossa aliada? Você deveria ter matado Dante, que é o
seu verdadeiro inimigo e que te deixou para morrer nas nossas mãos.
— Cosa Nostra é família! Não matamos nossa família!
Ao ouvir isso, o homem a jogou longe e iniciou uma sequência de
chutes que me fizeram levantar e andar de um lado para outro na sala.
O vídeo voltou para Carbone fazendo seu pronunciamento cheio de
pose. Ah! Ele não sabia o que esperava por ele!
— Le temps presse, Dante Cosa Nostra! (O tempo está passando,
Dante Cosa Nostra!)

◆◆◆

— Maledetto Carbone! Nessuno intimidisce, minaccia o ordina la


famiglia Cosa Nostra! (Maldito Carbone! Ninguém intimida, ameaça ou dá
ordens à família Cosa Nostra!) — Dante disse.
— Então, para tudo tem uma primeira vez, porque eu não pretendo
deixar minha esposa lá para morrer — falei, encarando Dante e deixando
claro que não sairia da Europa sem a minha mulher.
— Eu não devolvo o que eu tomo, Cooper. Nunca! Jamais! Seu erro
foi colocar seus sentimentos nas mãos de outra pessoa e se tornar vulnerável.
Sua sorte é seu erro ser Sarah Cooper, que salvou a minha vida e por isso,
vou negociar primeiro com você e depois com Carbone — Dante falou e
pediu silêncio enquanto nos observava, um por um, individualmente.
Dante negociaria pela primeira vez porque era grato à Sarah por ter
matado o desgraçado do Capo Francês que apontou uma arma para ele. No
entanto, o que negociaria comigo?
— Giancarlo, manda i nostri uomini a portare immediatamente
Luigi De Lucca in Sicilia. Voglio che questo traditore rinchiuso nei nostri
alloggi per le torture guardando suo figlio soffrire un po 'ogni giorno. Un
giorno per il padre di Cooper, l'altro giorno per sua madre, per l'attentato a
suo nipote e Capo, per il rapimento di Sarah Cooper, per avermi costretto a
negoziare con Carbone, per preparare un'imboscata e per aver tradito Cosa
Nostra. Luigi ed Erik De Lucca sono condannati a morte per aver tradito la
famiglia! (Giancarlo, mande nossos homens localizarem Luigi De Lucca
imediatamente, eu vou pessoalmente trazer esse rato para a Sicília. Quero
esse traidor trancado em nossos aposentos de tortura, vendo o filho dele
sofrer um pouco a cada dia. Um dia pelo pai do Cooper, outro pela mãe, pelo
atentado contra seu sobrinho e Capo, pelo sequestro de Sarah Cooper, por
me fazer negociar com Carbone, por me preparar uma emboscada e por ter
traído a Cosa Nostra. Luigi e Erik De Lucca estão condenados à morte por
trair a família!).
Dante então me olhou e concordei com a cabeça. Sabia que Sarah
desejaria fazer isso pessoalmente, mas para mim, só importava tirá-la das
mãos de nossos inimigos e levá-la para casa.
— Nina! — Dante chamou enquanto enchia o seu copo com whisky.
— Para você, quanto vale a vida de Sarah Cooper?
Olhamos para Nina, e apenas Lorenzo olhou para Dante.
Capítulo 67
Dante Cosa Nostra

Nunca voltei atrás ou negociei com algum inimigo. Não tinha tempo para
chorar por perdas ou ter qualquer tipo de sentimento que me fizesse perder o
controle da situação.
A Corsa foi minha aliada e resolveu medir forças comigo. Estava
querendo tomar o território americano para ampliar seu poder, e isso nunca
aconteceria porque eu não permitiria. Só o idiota do Luigi De Lucca para
achar que eliminando o sobrinho, ele se tornaria Capo dei capi e obrigaria
todos os outros a se tornarem aliados da Corsa.
Isso tudo que aconteceu serviu para que eu refletisse que havia
chegado a hora de consolidar alianças. Lorenzo, meu Consiglieri e irmão,
vinha me falando isso há algum tempo, mas chegou o momento de isso se
fazer necessário. Precisava fechar acordos e alianças sólidas e indestrutíveis,
que na máfia, normalmente eram feitas por meio de contratos de casamento.
As famílias se uniam em troca de poder!
Havia chegado a hora de os irmãos Cosa Nostra começarem a formar
uniões que nos favorecessem e aumentassem o nosso poder. Sempre foi
assim na máfia... Sempre seria assim!
— Senhorita Coleman, estou esperando a sua resposta — falei,
olhando para Nina e virando meu copo de whisky.
— Sarah é minha irmã de coração e nossos laços são como os de
sangue. Pela minha irmã, eu faria qualquer coisa...
— Ótimo! — interrompi sua fala. — Cooper, eu quero garantias de
que essa operação para libertar sua esposa em que eu terei que negociar com
meu inimigo seja de alguma forma vantajosa para mim. Vamos firmar uma
aliança sólida entre Cosa Nostra e seu território americano. Aceito essa
"irmã de coração" da sua esposa na minha família — falei enquanto enchia
novamente o meu copo com whisky e o erguia para um brinde. — Lorenzo e
Nina vão se casar. Benvenuti nella nostra famiglia Cosa Nostra, cognata!
(Bem-vinda à família Cosa Nostra, cunhada!).
Após eu falar isso, Nina me olhou assustada e Lorenzo se levantou
nervoso e surpreso.
— Sei impazzito, fratello mio! Non mi sposerò perché hai deciso di
usarmi per fare un'Alleanza! (Você ficou louco, meu irmão! Eu não vou me
casar porque você resolveu me usar para fazer uma aliança!) — Lorenzo
falou, ousando me enfrentar.
— Sono il capo di quella famiglia! Quello che decido qui è legge!
(Eu sou o chefe dessa família! O que eu decido aqui é lei!) — falei e
Lorenzo se sentou, abaixando a cabeça.
— Aceito! — Nina concordou. — Eu me caso com Lorenzo Cosa
Nostra.
— Nina... — Cooper ia falando, mas minha futura cunhada o
interrompeu.
— Feche o acordo, Ryan. Eu vou me casar!
— Abbiamo un accordo, Cooper? (Temos um acordo, Cooper?)
— Para tudo! — a tal da Alice gritou com os braços para o alto. —
Nós estamos na era medieval em que famílias acertam os casamentos e todo
mundo aceita calado?
— Não, minha querida Alice! — falei e me levantei, indo em sua
direção. — Nós estamos na máfia! Talvez você e suas amiguinhas
estivessem pensando que isso aqui fosse uma brincadeira, mas não sei se
assistindo aos vídeos da sua "irmã de coração", você percebeu que a vida
real na máfia não tem nada de cor-de-rosa — expliquei, e ela engoliu em
seco, olhando para mim. — A máfia tem suas leis próprias! Aqui,
casamentos são contratos de aliança, para que as famílias se tornem mais
poderosas, tenham aliados e garantam a sua segurança. Ryan fez uma
bagunça quando se casou com Sarah, mas esse decisão que ele tomou trouxe
uma mafiosa nata para a família. Vocês duas vieram com ela e me parecem
que são fortes para ficar, mas entenda uma coisa de uma vez por todas, na
nossa máfia, a última palavra é sempre da Cosa Nostra, ou seja, aqui eu sou
a lei.
— Com esse casamento — Cooper falou, olhando para Alice e Nina
—, fica firmada uma aliança que não será quebrada e vamos continuar fiéis
às ordens de Dante.
— Porque se resolvermos algum dia trair essa aliança, vocês
perderão o contato com Nina, que vai pertencer a eles, uma vez que será
esposa de Lorenzo Cosa Nostra. Por isso, os casamentos são por alianças —
Jordan continuou a explicação. — Na máfia, as mulheres, quando se casam,
pertencem à família do marido e em caso de alguma desavença, são
proibidas de ver a família novamente.
— Isso é uma loucura! — Alice falou e olhou para Nina.
— Lembra quando eu te perguntei se você tinha noção de que não
seríamos As Panteras? — Nina perguntou, e as duas começaram a rir. —
Ora siamo ufficialmente nella mafia! (Agora estamos oficialmente na
máfia!).
— Pode fechar esse acordo, Ryan, que a Senhora Cosa Nostra aqui já
está até falando em italiano — Alice falou, olhando para Cooper. — Mas o
seu noivo não parece muito animado — ela opinou, direcionando o olhar
para Nina.
— Deixa que isso eu resolvo depois. Agora vamos salvar nossa irmã.
— Nina falou e Lorenzo olhou intensamente para ela.
Ryan olhou para Nina e respirou fundo antes de falar:
— Temos um acordo!
— Congratulazioni fratello mio, ti sposi! (Parabéns, meu irmão, você
vai se casar!) — falei e o abracei quase à força. — Avrai del lavoro per
mettere in pericolo tua moglie! (Você vai ter trabalho pra colocar sua esposa
na linha!).
— Non avresti potuto farlo! Sono un uomo senza cuore! Non ho mai
dormito un'intera notte con una donna e non ho nemmeno ripetuto uno con
cui ho fatto sesso. Non è una donna mafiosa, vorrà un marito innamorato.
Non la servo! (Você não poderia ter feito isso. Sou um homem sem coração!
Nunca dormi uma noite inteira com uma mulher e sequer repeti com quem
transei. Ela não é mulher da máfia e vai querer um marido apaixonado. Eu
não sirvo pra ela!) — Lorenzo disse enquanto me devolveu o abraço.
— Giancarlo mandará redigir o contrato de casamento entre Lorenzo
e Nina para nós assinarmos e assim que tudo acabar, vocês se casam — falei,
olhando para Lorenzo. — Agora, Cooper, preciso saber quais as garantias
que vamos ter de que devolvendo a carga, a Corsa realmente nos entregará
sua esposa.
— Eu já tenho um plano. Não vou contar a carta que tenho na manga,
mas farei com que me devolvam minha esposa. Quanto à carga, vamos
colocar explosivos nela para explodir toda a base deles. Perdemos a carga,
mas a base deles vai pelos ares.
— Então começamos agora a operação de resgate de Sarah Cooper!
Lorenzo e Jordan, que são os Conseglieris, façam chegar até a Corsa a
decisão de Dante Cosa Nostra de que vou entregar toda a carga roubada
deles em troca de Sarah Cooper.
— Quero meu segurança vivo também — Cooper falou, e eu
concordei. — Alice, você sabe tudo que tem que fazer? — ele perguntou, e
ela afirmou com a cabeça.
— Partirei agora para França com oito soldados. Não se preocupe
que estarei no local na hora exata em que você marcar, para destruir a Corsa.
Capítulo 68
Sarah Cooper

Os dias naquela escuridão pareciam sem fim. Não tinha noção do tempo.
Não sabia se estava ali há uma semana ou um mês. Em alguns momentos,
eles acendiam duas ou três vezes as luzes e a tortura recomeçava.
— Eles fazem isso para que você não conte os dias pelas sessões de
tortura — Matthew me explicou. — Quanto mais você perde a noção do
tempo, mais desestabilizada emocionalmente fica e é isso que eles querem
para pressionar Dante Cosa Nostra.
— Dante nunca deve ter cedido em nada na vida dele, ou seja,
morreremos aqui.
— O Senhor Cooper jamais te deixaria morrer aqui!
— Esse é o meu maior medo! Eu não quero que ele morra tentando
me salvar. Luigi e Erick esperam por isso, que ele passe por cima de Dante.
— Eles são burros demais se acreditam que isso é o mais importante
para a Corsa. O que eles querem é o que Dante roubou deles. Isso vai
enfraquecer a Cosa Nostra. Os Capos vão achar que Dante amoleceu se
devolver tudo, e se Ryan passar por cima dele, todos vão perder o medo e o
respeito.
— E deixam Luigi pensando que eles querem ajudá-lo a ser Capo dei
capi.
— Neste momento, ele é um idiota útil, que passa as informações que
eles precisam, mas depois não vão querer saber dele, porque se ele foi capaz
de trair a família de sangue por anos, por que seria fiel à Corsa?
— São dois patetas mesmo — falei rindo, me dando conta de que foi
a primeira vez que fiz isso desde que o pesadelo começou.
Comecei a relembrar meus momentos com as minhas amigas.
Lembrei-me do Nick nos chamando de meninas superpoderosas e dos
perdidos que Alice dava nos caras com quem ela ficava e depois não queria
mais ver.
Só Jordan mesmo que conseguiu dominar minha amiga. Pensando
nisso eu sorria, recordando-me dela contando sobre os dois juntos, duas
semanas antes de isso tudo acontecer, e da Nina preparando drinks fortes
para escutar os babados da Alice.
Como eu amava as minhas meninas poderosas!

◆◆◆

Duas semanas atrás

— Gente, brindemos ao Jordan, que conseguiu domar a Alice! — Nina


brincou enquanto erguia o copo com um de seus drinks perfeitos.
— Vai rindo! Quero ver quando encontrar seu mafioso sinistro e ele
te pegar de jeito! — Alice falou, segurando os braços de Nina e imitando o
irmão de Dante.
— Lorenzo Cosa Nostra só me faz perguntas e me dá instruções
sobre como devemos monitorar os galpões — Nina disse. — E só estou lá
por causa dessa missão da Sarah com esse Dante arrogante, senão, estaria na
Cooper!
— Para amiga, você está aqui falando dele e seus olhos estão meio
que brilhando! — Afirmei, rindo.
— Daqui a pouco vai estar chamando o cara só de Lorenzo... Enzo...
me chupa mais, Enzinho! — Alice falou, aos risos, fazendo biquinho e
movendo a língua.
— Você é doida! — Nina disse rindo.
— Eu sou doida mesmo, mas pelo meu ex-segurança hot e atual
amante super-hot! Gente, meu Jordan tem uma pegada tão forte que já tô
com calor só de falar disso.
— Te dominou mesmo — falei, rindo. — Nem parece aquela Alice
que dizia que homem uma vez era bom e duas já era grude.
— Dizia que nunca se apaixonaria, mas foi Jordan entrar por aquela
porta que a mulher nem queria mais sair de casa — Nina disse, lembrando-a
da primeira vez em que Jordan entrou na nossa casa todo sem graça, e Alice
só faltou pular no colo dele.
— Sarah também não pode falar nada, porque quase transou em
público com o Ryan na boate, sem nem conhecer o cara!
— Fazer o quê, não é Alice? Meu marido é muito gostoso! Não
resisto quando ele me pega de jeito! — pronunciei, e Nina começou a rir.
— Nina, quando esse torturador sinistro arrancar sua roupa e te pegar
de jeito, você vai ver que não tem nada mais gostoso que um amante
mafioso! — Alice gritou e levantou seu copo. — Vamos brindar: VIVERE
LA MAFIA! (VIVA A MÁFIA!)
— E seus homens gostosos! — completei, rindo.
— Agora a gente se reencontra depois dessa missão da Sarah. Mas
ainda vamos nos falar por telefone entre a lua de mel e sua ida para o
México! — Alice falou, abraçando-me.
— Nunca esqueça isto: unidas para sempre e para o que der e vier!
— Nina ressaltou, juntando-se a mim e Alice no nosso abraço.
Saudades das meninas poderosas!
Capítulo 69
Luigi De Lucca

Tudo estava indo bem na minha vida! Em pouco tempo, a vadia da Sarah
Cooper seria apenas uma lembrança desagradável. Meu sobrinho, consumido
pela tristeza, desistiria de tudo e eu finalmente teria o lugar que por direito
sempre deveria ter sido meu.
“O Capo Carbone seria eternamente grato por eu ter ajudado na
conquista do território americano. Inclusive, eu me tornaria o Capo dei capi
da América e todos me respeitariam”, pensei nisso e sorri.
A primeira coisa que eu faria era tirar meu filho da prisão em que
Cooper o deixou trancado e me vingar daquelas duas insuportáveis: Alice e
Nina. Elas pagariam caro por ter me diminuído tantas vezes.
Em meio a tudo isso, decidi ir a Paris, uma cidade linda! Precisava
me distrair e passar o tempo até a minha vitória, resolvi tomar um café num
bistrô perto do meu hotel. Eu estava em paz, sozinho, sem querer ser
perturbado, fazendo meus planos para o meu futuro promissor, quando vi
alguém se sentando à minha mesa, pegando um dos meus biscoitos
amanteigados e comendo como se fosse meu convidado.
O ar desapareceu dos meus pulmões quando ele começou a falar.
— Buongiorno, Luigi De Lucca! Che piacere incontrare uno dei miei
uomini in vacanza a Parigi! (Bom dia, Luigi De Lucca! (Que prazer
encontrar um dos meus homens passando férias em Paris!) — Dante disse
enquanto se servia de café.
— Que honra! — falei quase gaguejando. — Meu Capo di tutti capi
sentado à minha mesa.
— Você veio ajudar seu sobrinho?
— Ryan? Ele está aqui em Paris?
— Você não sabia? — ele perguntou com certo tom de ironia. —
Claro que não! Ah, lembrei agora! Que cabeça a minha! Você não é um dos
meus homens e sim de Carbone, o que faz de você meu inimigo, correto?
— Eu? Não! Nunca seria seu inimigo! Sou apenas o tio velho do
Ryan, que não manda em nada e vim passar uns dias em Paris. Penso que o
Capo di tutti capi não deveria perder tempo comigo e sim com meu
sobrinho, que está colocando mulheres na máfia. Não bastasse a esposa,
ainda tem as suas intragáveis amigas vadias!
— A sua defesa é essa? Tentar me colocar contra o seu sobrinho?
Você é um homem desprezível, Luigi De Lucca. Você vai se levantar e
acompanhar os meus homens em silêncio! Não tente nenhuma gracinha se
quiser ver seu filho vivo pela última vez. — ele disse e colocou seu celular
na minha frente, mostrando um vídeo do Erick amarrado e aquela não era a
nossa base.
— Onde está o meu filho?
— É hóspede do meu irmão, Lorenzo! — Dante respondeu e eu me
apavorei por ele falar com tanta calma que meu filho estava nas mãos do
mais sádico dos Cosa Nostra. — Me acompanhe!
Dante se levantou e seus dois seguranças se aproximaram.
— Eu e meu filho não fizemos nada!
— Você descumpriu duas leis da Cosa Nostra: matou sua família e
traiu seu Capo di tutti capi. Em algum momento, você realmente achou que
a Corsa me venceria? — ele perguntou e deu uma gargalhada.
Sem escolha, fui obrigado a acompanhá-lo e a entrar em um carro
cheio de seus soldados armados até os dentes.
— Você está indo para a Sicília fazer companhia ao seu filho.
Aproveite a estadia e seus últimos momentos juntos.
Isso não poderia ser verdade. Eu não estava indo morrer! Que
inferno! Só havia lutado pelo que era meu por direito.
— Você não merece, mas vou ter um ato de generosidade agora que
seu fim está próximo! — ele falou e eu engoli em seco. — Não repita na
frente de Lorenzo que a noiva dele é uma vadia, porque meu irmão vai cortar
a sua língua antes mesmo de interrogar você.
— Eu nem sabia que Lorenzo Cosa Nostra tinha uma noiva, como eu
poderia ter dito isso sobre ela?
— Nina Coleman será em breve, a Senhora Lorenzo Cosa Nostra!
Ao ouvir isso, respirei fundo e joguei minha cabeça para trás. Não
era possível que Ryan sempre fosse me vencer. Não bastava ter nascido, não
morrer nunca e se casar com uma mulher que não sabia que seu lugar era
cuidando da casa, ele ainda tinha que implantar mais duas mulheres na
minha máfia.
Eu queria acabar com Alice e Nina, porém viveria mais esse
pesadelo, já que o maior sádico da máfia se casaria com aquela advogada
sonsa que se tornaria uma Cosa Nostra.
Logo depois, eles me jogaram dentro de um helicóptero e quando dei
por mim, estava na mansão Cosa Nostra. Aqueles brutamontes ignorantes
me levaram para uma casa. Lá, começamos a descer as escadas para uma
parte que mais parecia uma caverna, abriram uma porta e me atiraram lá
dentro.
— Pai? O que você está fazendo aqui?
— Pelo que eu entendi, vim para morrermos juntos!
— Como será que eles descobriram?
— Não sei! Minha única alegria é saber que vou morrer, mas o meu
sobrinho vai ficar viúvo e ser muito infeliz!
— Espero que sim! Não quero morrer sabendo que ele vai ser feliz
— Erick falou com raiva. — Sou um ano mais velho que ele e meu avô
deveria ter ensinado tudo a mim. No entanto, aquele velho idiota só babava
pelo netinho preferido. Não sei o que ele viu de tão especial no otário do
meu primo. Nem colocar cabresto na mulher esse imbecil conseguiu.
— Ele quer ser moderno e dividir tudo com a esposa. Espero que ela
seja torturada até o último suspiro.
— Deveriam ter levado as amigas vadias juntas para morrerem ao
lado dela.
— Erick, não repita mais isso. Pelo visto, trancado aqui, você ainda
não sabe, mas Nina vai se casar com Lorenzo Cosa Nostra.
— O quê? Outra mulher que não nasceu na máfia, que tinha até um
namorado e que já deve ter dado para outro homem, vai entrar para a máfia e
ainda se tornar uma Cosa Nostra? Este mundo é muito injusto!
— Vai ter o mesmo fim da amiguinha — falei, rindo. — Só que pelas
mãos do marido. Ela vai se casar com um monstro. Deixa começar com suas
atitudes de mulher moderna, que vai ser jogada aqui e ter um fim pior que o
nosso.
Estávamos conversando quando alguém abriu a porta e jogou um balde
com água e gelo em cima de nós. Começamos a tremer de frio, ficamos com
a nossa roupa toda molhada e não conseguimos falar de tanto que nossos
dentes batiam uns nos outros.
— Vediamo se adesso sono tranquilli e la bocca chiusa. Parli troppo,
e ti dà fastidio! (Vamos ver se agora ficam quietos e de boca fechada. Vocês
falam demais, e isso incomoda!) — um dos soldados de Lorenzo Cosa
Nostra falou e saiu batendo a porta.
Capítulo 70
Ryan Cooper

Chegamos à França e fomos direto entrar em contato com Carbone.


— Dante Cosa Nostra está mandando trazer a carga. Eu quero a
minha esposa e meu segurança vivos. Se você não entregar a minha mulher,
o trato será desfeito — falei com aquele maldito pelo celular.
— Temos um acordo, Cooper! Você tem as coordenadas. Basta vir
para cá e trazer a minha carga.
A minha ideia era ter explosivos só nos caminhões sem a carga para
não termos que devolver. Mas Dante cresceu os olhos em terminar com a
Corsa e falou que devolveria toda a carga, mandando todos para o inferno.
— A carga só vai seguir quando eu vir a minha mulher e acredite,
estou levando um exército comigo pronto para começar a Terceira Guerra
Mundial. A carga será escoltada pelos melhores homens da Cosa Nostra!
— Sua mulher será entregue a você assim...
— Nos vemos em breve! — não o deixei concluir para ele entender
que eu não liguei para bater papo e sim dar o meu recado.
Segui sozinho no meu carro por um caminho silencioso e no outro
veículo estavam os meus soldados. Eu iria na frente e a carga seguiria depois
escoltada por Giancarlo Cosa Nostra. Lorenzo estava cronometrando a ação
para que nada desse errado.
Pareceria que eu havia chegado apenas com os meus soldados, mas
eu teria um exército na minha retaguarda. Estava nervoso e a cada minuto
que eu passava dirigindo, mais aumentava a minha ansiedade.
Eu traria Sarah comigo e não me mediria esforços para isso, mas
levaria minha mulher para casa comigo. A brincadeira tinha acabado, então
eu era só o Capo Cooper, que torturava e matava os inimigos. Como não
tiveram pena de machucar minha mulher, eu também não teria consideração
pela família deles. Vingaria cada chute que minha esposa levou e eles
aprenderiam da pior forma possível que ninguém poderia encostar na minha
Cinderela.
— Está tudo certo! Nossos homens estão cercando o perímetro onde
você vai ficar — Lorenzo me avisou pelo rádio. — Quando chegar ao local
onde nossos homens o esperam, você vai seguir a pé alguns quilômetros e já
encontrará os contêineres que estamos colocando próximos ao local
combinado para a entrega. O lado deles também está cercado pelos homens
da Corsa. Fizemos uma divisão de fronteiras para resgatar Sarah e sair
mandando o lado deles pelos ares.
— Alice deve estar vindo também. Não falei com ela nestes dois
últimos dias, mas já lhe enviei as coordenadas. Preciso que cubram o trajeto
dela. Nina vai estar em contato com ela e te avisar quando Alice se
aproximar, porque estarei ocupado negociando com o maldito Carbone.
— Positivo! Na hora da entrega da carga, eu, Dante e Giancarlo
estaremos na linha de frente para que eles se recordem de nunca mais
afrontarem a Cosa Nostra. Os explosivos estão conectados a uma caixa que
vai estar no meu carro. Os caminhões seguirão com eles e explodirão.
— Perfeito! Depois que a minha mulher estiver nos meus braços, eu
quero que eles voem direto para o inferno.
— Quero te informar também que nossos homens acabaram de
prender o traidor do seu tio, que estava tomando café num bistrô em Paris
como se não estivesse acontecendo uma guerra na máfia provocada por ele.
O infeliz já foi levado para nossa casa. Quando isso tudo acabar, seu titio e
seu priminho estarão te esperando para uma última visita e acerto de contas.
— Os helicópteros vão estar no local para partimos desse inferno
quando tudo acabar?
— Vai estar tudo pronto! — Lorenzo respondeu e me chamou de
novo. — Minha noiva? Ela está com você?
— Nina está vindo mais atrás e ficará na segunda linha, que vai fazer
a minha retaguarda. Ela manterá contato com Alice.
— Eu não a quero na zona de confronto!
— Então você deveria ter falado isso para ela! Eu aviso quando
chegar ao local.
Eu nem queria imaginar como seria quando Sarah soubesse desse
noivado de Lorenzo com Nina. Ela se preocuparia com a amiga e se sentiria
culpada.
Lorenzo era um Cosa Nostra, um homem ruim, mas eu convivia com
Nina na Cooper e a conhecia. Por trás da sua aparência delicada, tinha uma
mulher centrada, inteligente e que com certeza, daria trabalho para o marido
dela, que assim como os outros homens da máfia, eram acostumados com
escravas e não com esposas.
Minha mãe era assim, uma submissa que só ficava em casa. Eu não
me lembrava dela com o meu pai, só com meu avô, que não permitia que ela
fizesse nada. Mas minha mãe achava tudo normal, porque havia nascido
nessa vida.
Depois que meu avô morreu, a minha mãe pedia tudo para mim. Ela
era dependente primeiro do meu pai, depois do meu avô e por último, de
mim.
Eu estava chegando ao local onde deixaria meu carro para seguir
caminhando. Estava cada vez mais perto de Sarah. Só faltavam algumas
horas e ela estaria de novo em meus braços.

◆◆◆

​Aquelas horas caminhando só aumentavam a minha ansiedade. Passamos a


noite organizando tudo para a chegada dos caminhões com toda a carga
roubada da Corsa que seguia para lá.
Assim que me aproximei dos contêineres, fiquei atrás deles olhando
para a base que a Corsa tinha montado para fazer essa troca. Havia vários
soldados aguardando a operação. O perímetro estava cercado pelos dois
lados. Estávamos num cenário de guerra. O silêncio ali era enorme.
Que minha Sarah estivesse bem era tudo que eu pedia em silêncio. Já
tinha perdido todos os que eu amava, e ela e Anne eram tudo que eu tinha.
Pensar que perdi meus pais pela inveja e pela ganância do meu tio me
destruía por dentro. Ele pagaria caro por isso!
Assim que amanheceu, começamos uma contagem regressiva para o
início da operação que não poderia ter furo algum para dar certo. Já eram
mais de dez da manhã quando vi uma movimentação diferente do lado da
Corsa.
Era o maldito Carbone que estava chegando. Ao mesmo tempo,
escutei um barulho enorme atrás de mim, dos caminhões se aproximando por
uma direção diferente da que eu fiz caminhando com Jordan e os nossos
homens.
Quando os caminhões pararam, Carbone me chamou e começamos a
nos comunicar por megafones.
— Muito bem, Capo Cooper, eu preciso verificar se a minha carga
está mesmo nos contêineres — o maldito falou e esperou eu dar um sinal
para que seus homens pudessem conferir.
— Primeiro quero saber onde está a minha esposa, seu maldito!
Ele fez um sinal e seus homens se aproximaram, segurando minha
mulher pelo braço. O ódio então tomou conta de mim quando vi que ela
estava mais magra e abatida depois de quase dez dias em poder desse
desgraçado. Dei um passo para frente e Jordan me segurou pelo braço. Todos
que encostaram na minha mulher morreriam pelas minhas mãos, mais cedo
ou mais tarde. Quem escaparia com vida naquele dia seria perseguido por
mim até a morte.
— Capo Carbone — Dante falou enquanto caminhava ao lado de
Lorenzo e Giancarlo e parava na frente dos caminhões.
Por mais que Dante fosse arrogante, ele era preciso. Parecia, aliás,
antecipar o que aconteceria. Com certeza, ele imaginou que ver Sarah me
faria perder a razão e entrou em cena na hora certa, desestabilizando
momentaneamente o lado inimigo e me dando tempo de recuperar a frieza de
que eu precisava para vencer a missão de resgate.
Carbone se assustou quando viu os irmãos Cosa Nostra juntos, mas
tentou se manter firme. Dante era temido por aliados e inimigos. Os três
irmãos juntos representavam oficialmente que o inimigo estava em guerra
contra a Cosa Nostra, que nunca havia perdido uma batalha e por isso era
considerada a Máfia das Máfias.
— Je suis vraiment important que tous les trois se réunissent pour
rendre ce qu'ils m'ont volé. (Realmente sou importante para os três virem
juntos devolver o que me roubaram).
— Cosa Nostra non abbandona la sua famiglia e siamo venuti a fare
questo scambio personalmente. (Cosa Nostra não abandona sua família, e
fizemos questão de vir pessoalmente fazer essa troca).
Carbone deu uma gargalhada.
— Depuis quand Cosa Nostra se soucie—t—elle de quelqu'un?
(Desde quando a Cosa Nostra se preocupa com alguém?).
— Finché è la mia volontà! (Desde que essa seja a minha vontade!).
Carbone pegou um lenço e o passou no rosto. Era visível seu
desconforto com a presença do trio Cosa Nostra.
— Seu maldito, me entrega logo a minha mulher! — falei ao me
recompor e Carbone fez sinal para que seus homens verificassem a carga. A
impaciência então começou a tomar conta de mim à medida que eles iam
avançando entre nossos homens e entrando nos caminhões.
Dante, Lorenzo e Giancarlo se aproximaram de mim.
— Tenha calma, Cooper e se prepare para atacar, porque esse homem
não vai querer entregar a Sarah — Lorenzo falou e eu dei um sorriso
vitorioso. — Ele veio preparado para a guerra.
— E você acha que eu vim preparado para quê? — perguntei e olhei
para Jordan, que fez um sinal positivo para mim com as mãos. — Alice e
minha arma secreta para ter Sarah em meus braços acabam de chegar.
— Onde está Nina que eu não estou vendo em lugar nenhum? —
Lorenzo me perguntou, irritado. — Não quero a minha noiva sozinha no
meio desses homens.
— Ela está vindo com Alice. Eu não a trouxe comigo, pois não
poderia comprometer a segurança das duas. Meu Consiglieri achou melhor
que, em nossas conversas, ficasse registrado que deixamos o hotel a caminho
da operação.
— Isso tudo aqui é para salvar sua esposa. Espero que você tenha
certeza de ter garantido a segurança da minha noiva.
— Isso aqui, para mim, é a libertação da minha esposa. Para a Cosa
Nostra, essa missão é um recado para que ninguém mais se atreva a
intimidá-la — falei e Lorenzo voltou a me olhar friamente como qualquer
Cosa Nostra depois da minha resposta. — E só por curiosidade, desde
quando você se importa com Nina?
— Desde o dia em que ela se tornou minha!
Em seguida, Lorenzo saiu de perto de mim e voltei a olhar para o
lado inimigo e para a estrada. Eu vim caminhando com meus homens para
que eles não tivessem noção do momento em que cheguei, mas Alice viria
de carro com minha arma secreta.
O último caminhão foi revistado e um dos homens fez sinal de
positivo para a Corsa. Em segundos, vi Sarah sendo arrastada para trás e o
tiroteio começou.
Como previsto, a Corsa atacou e não se importou que seus homens,
que estavam ainda do nosso lado, morressem.
O fogo cruzado começou, Dante e seus irmão estavam atrás dos
contêineres, posicionados e atirando. Eles já esperavam por isso, tanto que
assim que o francês deu o primeiro tiro, surgiram dez homens da Cosa
Nostra na frente de cada caminhão fuzilando os franceses.
O carro de Alice e Nina se aproximou em alta velocidade, seguido
por mais dois veículos que faziam sua segurança.
— Carbone, pare os tiros ou você vai perder quem você tanto ama!
— falei no megafone o mais alto que pude quando o carro preto parou do
meu lado.
— Eu não amo ninguém. Minha esposa já me deu meus herdeiros, e
não sou um frouxo como você! — o infeliz respondeu do outro lado.
— Alice, tudo certo? — perguntei quando ela saiu do carro.
— E eu lá sou mulher de falhar, Ryan Cooper!
Nina saiu do segundo carro e correu para trás do contêiner ao meu
lado, mal vi quando Lorenzo surgiu do nada e a colocou atrás dele.
Meus homens tiraram as duas mulheres que estavam no banco de trás
de cada carro e as trouxeram para frente dos contêineres no meio do fogo
cruzado.
— Merde, Cooper! (Maldito seja você, Cooper!) — Carbone gritou.
— Arrêtez les tirs maintenant! (Parem os tiros agora!) — ele ordenou
quando viu suas duas irmãs amarradas e chorando.
Capítulo 71
Ryan Cooper

— Quero a minha mulher de volta, seu maldito, ou suas irmãs não voltam
mais para casa!
— Cooper, eu quero a minha carga de volta!
— Se você tivesse cumprido o trato, já estaria com a sua carga e eu
com a minha esposa, indo para casa. Mas você não tem palavra e eu sabia
disso, já que sempre foi aliado do verme do meu tio Luigi.
— Não vou entregar a sua mulher se você não entregar as minhas
irmãs — Carbone falou e eu comecei a me irritar. — Eu quero...
— Você não quer mais nada, Carbone! Me entrega a minha mulher e
o meu segurança, que eu te entrego as suas irmãs.
As irmãs dele desesperaram-se quando Alice e Nina se aproximaram
e colocaram uma arma na cabeça de cada uma. Atrás de Nina, estava
Lorenzo Cosa Nostra.
Carbone também se desesperou com Lorenzo próximo das suas
irmãs, porque todos sabiam que ele matava e torturava da mesma forma
como pessoas normais bebiam um copo de água.
— Rilasci Sarah Cooper e Matthew e noi liberiamo le tue sorelle
(Você solta Sarah Cooper e o Matthew, e nós soltamos suas irmãs) —
Lorenzo falou, e Carbone não quis concordar, achando que seria enganado.
— Les femmes qui ressemblent à des démons en jupes sont-elles la
nouvelle stratégie de Cosa Nostra? (Mulheres que parecem demônios de
saias são a nova estratégia de Cosa Nostra?).
— Alors reparle de ma fiancée et je tuerai tes sœurs. Ensuite, je
franchis cette barrière, tue vos hommes et vous termine d'une manière lente
et douloureuse (Fale assim de novo da minha noiva e eu mato as suas irmãs.
Depois, atravesso essa barreira, mato seus homens e acabo com você de uma
forma lenta e dolorosa). — Lorenzo fez questão de responder, dessa vez em
francês, para não deixar dúvidas do que ele seria capaz de fazer, e Carbone
ficou em silêncio.
Ele era, sem dúvida, o mais cruel dos irmãos Cosa Nostra, e ninguém
arriscava um confronto direto para não ter um fim nas mãos dele.
Aquilo tudo era muito arriscado e teríamos que ser rápidos, porque
estávamos sem proteção e de frente para a Corsa.
— Deixa minha esposa vir andando com o Matthew que eu deixo as
suas irmãs irem caminhando ao mesmo tempo.
Carbone olhou para Lorenzo e viu quando Dante e Giancarlo se
juntaram a ele. Ficamos todos em frente aos contêineres e de peito aberto.
O olhar do trio Cosa Nostra era de morte, e Carbone aceitou o acordo
e mandou que Sarah caminhasse devagar com Matthew próximo a ela. As
irmãs de Carbone fizeram o mesmo.
Apesar de levar segundos, pareceu uma eternidade o que aconteceu a
seguir.
As duas irmãs começaram a correr em vez de caminhar.
Já Sarah, conseguiu finalmente me ver, e seus olhos se fixaram nos
meus. Só consegui balbuciar: “Corre!”.
Vendo isso, Lorenzo não pensou duas vezes e atirou nas irmãs de
Carbone, que caíram mortas no chão.
Matthew se jogou atrás de Sarah e a tomou em seus braços, servindo
como um escudo humano no meio do fogo cruzado que atravessou a
barreira.
Todos pularam para trás dos contêineres, atirando sem parar.
Eu corri ao encontro da minha mulher, com Jordan na minha
retaguarda, segurei Sarah nos meus braços e fui para trás dos contêineres.
Jordan fez o mesmo, amparando Matthew, que caiu no chão coberto
de sangue.
Olhei para minha Sarah, que estava abatida e a deitei no chão. Queria
abraçá-la, mas Matthew estava muito ferido, então fui até ele.
Alice e Nina se aproximaram e as três se abraçaram.
— Assim que matarmos esses franceses, vamos colocar a fofoca em
dia — Alice falou e saiu puxando Nina com ela.
— Matthew, eu não vou deixar você morrer — falei e chamei meus
homens. — Tirem-no rápido daqui!
— Ele está muito ferido! — Jordan falou, arrasado.
— Salvem-no! Coloquem ele no carro e o leve direto para o nosso
helicóptero! Iniciem os primeiros socorros a caminho da Sicília! —
Giancarlo ordenou, e seus homens começaram a correr, cumprindo as suas
ordens.
— Fique vivo, meu amigo e obrigado por tudo! — eu falei e voltei
para o lado de Sarah.
— Sabe por que eu te amo tanto, meu Paraíso Hot? — Sarah
perguntou, olhando-me, e seus olhos estavam cheios d'água.
— Não! Por que você me ama, Cinderela?
— Porque, mesmo com saudades, mesmo me amando, mesmo tendo
feito essa guerra por mim — ela parou de falar e respirou fundo —, você,
antes de me abraçar, foi socorrer o Matthew, que estava ferido. Eu te admiro
e te amo muito, meu Al Capone por cuidar de todos da nossa “Famiglia”.
Então nos abraçamos e nos beijamos no meio do fogo cruzado.
— E minha Anne?
— Ela está bem e em casa, com saudades de você! — respondi, e ela
sorriu.
— Agora vamos acabar com essa guerra! — Sarah sugeriu, saindo
dos meus braços.
— Você mal consegue andar — falei, com receio de ela querer lutar.
— Eu não consigo, mas você, sim! Vai lá e acaba com eles, Ryan De
Lucca Cooper!
Fui correndo até Dante, que estava falando no megafone com
Carbone.
— Espero que você tenha aprendido a nunca mais desafiar o poder da
Cosa Nostra! Você é um merda, Capo Carbone. Mande seus homens
cessarem fogo antes que eu mate todos e não te sobre ninguém para dirigir
os caminhões! A carga que você tanto queria de volta é sua! Eu vou embora,
porque tenho mais o que fazer da minha vida. Nunca mais chegue perto do
meu território ou invada uma base minha!
— Seu irmão Lorenzo matou as minhas irmãs!
— Isso foi só um aperitivo para você começar a entender que não se
desafia a Cosa Nostra!
— Que garantia eu tenho de que você vai me entregar os caminhões?
— Nenhuma! Pare essa guerra e venha buscar logo essa carga. Você
sabe que tenho paciência para esperar por horas até cada um de vocês cair
morto nesse chão. Qual a sua escolha? — Lorenzo perguntou a Carbone.
— Arrêtez le feu! (Cessar fogo!)
Nossos homens começaram a recuar e os caminhões foram levados
pelos franceses. Entramos em nossos carros e seguimos para os nossos
helicópteros.
— Não entendi por que vocês devolveram a carga — Sarah
mencionou com a cabeça deitada no meu ombro quando seguíamos para a
Sicília.
— Olhe para baixo — falei quando houve a primeira explosão e
Sarah olhou pelo lado de fora do helicóptero. — Aquela fumaça negra é a
carga da Corsa indo pelos ares.
— Vocês colocaram explosivos nos caminhões?
Não me aguentei e comecei a rir, e Sarah me beijou intensamente.
— Ei, vocês dois, esperem chegar à futura casa da Nina, arrumem
um quarto e se amem por lá! — Alice falou, rindo.
— Futura casa da Nina? — Sarah perguntou, sem entender.
— Nina vai se casar com Lorenzo Cosa Nostra — Alice respondeu e
Nina ficou olhando, esperando a reação de Sarah.
— Você vai se casar com o mafioso sinistro? — Sarah perguntou.
— Sinistro e sem coração, porém, super hot! — Nina respondeu,
rindo.
— Ah, por favor! Esses detalhes vocês conversem depois quando
estiverem sozinhas — pedi, tapando os meus ouvidos.
Quando desembarcamos na fortaleza Cosa Nostra, Sarah já estava
um pouco melhor, porque tinha se alimentado no avião. O helicóptero com
Dante e seus irmãos chegou praticamente com o nosso.
— Reunião em quatro horas! — Dante falou quando saiu do
helicóptero acompanhado por seus irmãos.
— Providenciamos quartos e a bagagem que vocês deixaram aqui já
está lá também — Giancarlo disse e sugeriu que o seguíssemos em direção à
casa.
— Nós vamos ficar aqui? — Sarah me perguntou, sem entender por
que não voltaríamos para casa.
— Sim. Temos assuntos para resolver aqui antes de partir —
respondi e a abracei.
— Assunto número 01: os patetas estão presos aqui na sala de tortura
— Alice falou enquanto caminhava abraçada com Jordan.
— Assunto número 02: acabei de receber uma mensagem do hospital
e Matthew, segundo os médicos, por algum milagre, se salvou.
O assunto número 03 Sarah falou ao meu ouvido:
— Eu quero você, meu Al Capone!
Capítulo 72
Sarah Cooper

A primeira coisa que fiz quando entrei no quarto de hóspedes, que seria
meu e de Ryan, foi ir ao banheiro, arrancar a roupa que usava, a qual estava
podre, e ir para debaixo do chuveiro tomar um banho. Liguei a água e a
deixei escorrer pelo meu corpo, lavando-me de toda aquela sujeira. Precisava
me reequilibrar depois daqueles nove dias em poder da Corsa.
Não queria esquecer nada do que tinha acontecido lá, porque foi uma
experiência que me fez refletir sobre muitas coisas, e principalmente,
endurecer e me tornar mais forte. Ali, pude ver o quanto eu era determinada
e se a intenção deles era me fazer ficar em casa como uma esposa submissa
da máfia, aconteceu exatamente o contrário. E a Corsa, que ficou
desestruturada após a mais fracassada tentativa de recuperar seu
carregamento roubado, demoraria, mas voltaria, e eu estaria pronta para
fazê-la sofrer cem vezes mais do que sofri nesses dias.
Estava com os olhos fechados, encostada na parede, enquanto a água
caía do chuveiro, quando senti as mãos de Ryan me tocando. Ele deslizava
seus dedos pelos meus braços, e aquela sensação era a melhor do mundo. Ele
beijou meu pescoço e meu corpo que esteve adormecido nos últimos dias,
despertou com força. Respirei fundo, querendo que aquela sensação de
prazer durasse o maior tempo possível.
Assim que abri meus olhos, vi que Ryan me olhava com saudade e
desejo. Suas mãos tocaram o meu rosto, e seus dedos deslizaram, fazendo o
contorno dos meus lábios. Mordi os meus lábios, sentindo um desejo que
parecia invadir a minha corrente sanguínea. Suas mãos, foram descendo até
chegar aos meus seios e ele ficou fazendo círculos nos meus mamilos.
— Ryan — falei, gemendo. — Preciso de você!
— Precisa? — ele perguntou e sua língua foi parar nos meus seios,
substituindo seus dedos, que começaram a descer até chegar à entrada da
minha intimidade, que estava quente e molhada, esperando-o.
— Sim, por favor! — Respondi quando senti seus dedos dentro de
mim.
Ryan fazia movimentos rápidos e fortes, e eu estava com tantas
saudades que cheguei ao orgasmo duas vezes seguidas lambuzando a sua
mão. Senti que meu corpo ainda precisava de mais daquilo para aliviar todo
o estresse.
— Eu senti muita falta de ver você assim se desmanchando nas
minhas mãos, Senhora Cooper.
— Só nas suas mãos?
Ele me pegou no colo e entrelacei minhas pernas em sua volta. Ryan
começou a meter com força, eu pedia por mais. Ele também estava com
saudades de mim, mas seu autocontrole fez com que me deixasse chegar
mais uma vez sozinha e só depois junto a ele.
— Goza junto comigo, meu amor!
Ele nem precisava pedir, porque, quando senti aquele líquido quente
novamente dentro de mim, eu me desmanchei na mesma hora.
Ryan me levou para o quarto e quando me deitou na cama, passou as
mãos pelas manchas roxas que eu tinha na barriga e nas pernas por causa dos
vários chutes que levei.
— Malditos!
— Por favor! Não pensei nisso agora. A dor que senti com as
agressões nunca chegaram perto da dor de não dormir e acordar com você
dentro de mim.
— Sentiu tanta falta assim? — ele perguntou enquanto movimentava
o meu corpo, subindo e descendo, preenchendo-me por completo.
— Só consigo ser feliz se tiver você assim todos os dias!
Ryan aumentou a força com que me suspendia e descia, quando eu
arqueava o quadril e ele entrava mais fundo, eu gemia e gritava o seu nome.

◆◆◆
Era estranho estar em um dos quartos daquela fortaleza chamada de
residência Cosa Nostra. O lugar era enorme. Da varanda do nosso quarto, a
vista dava para um jardim imenso, com um lago e uma ponte que ligava a
casa principal onde nós estávamos à outra mansão.
— É lindo, não é? — Ryan perguntou, abraçando-me por trás e
beijando o meu pescoço. — Eu vinha aqui quando criança e gostava de
correr por essa ponte.
— É um lugar muito bonito, mas que não parece ter vida.
— Esta casa não existia na minha infância. Ela foi construída quando
eu já era adolescente para ser a residência de Lorenzo.
— Eles não moram todos nesta casa principal?
— Não. Aqui só vivem Dante e a mãe dele. Lorenzo mora na casa
depois do lago, e Giancarlo, naquela perto de onde os helicópteros
pousaram.
— Então, na verdade, isso aqui é um condomínio? — perguntei,
rindo. — O condomínio Cosa Nostra.
— Sim — Ryan respondeu e me pegou no colo. — Já enchi a
banheira para você tomar um banho e descansar.
— Não quero descansar — falei e o beijei. — Quero você, meu
amor!
— E como você me quer, Senhora Cooper?
— Dentro de mim! — respondi, e ele me beijou com força.
— De novo? Você aguenta? Ficou muito tempo sem se alimentar e...
Não o esperei terminar de falar e o beijei, e essa era a minha resposta.
Por mais que eu sentisse o meu corpo doendo, a dor do vazio dele dentro de
mim era muito maior.
— Você sempre vai ser só minha, Senhora Cooper!
— Para sempre! — Falei, gemendo. — Só sua, meu Paraíso Hot!
Capítulo 73
Ryan Cooper

A reunião com Dante começou, mesmo com todos exaustos por tudo que
havia acontecido naquele dia.
— Sarah Cooper, bem-vinda de volta à Cosa Nostra. Não tivemos
tempo de comemorar o sucesso da nossa missão no México, mas acabamos
de conclui-la no dia de hoje, mandando parte da Corsa pelos ares — Dante
falou com um sorriso vitorioso.
— Carbone deve estar nos amaldiçoando e jurando vingança —
Giancarlo disse, rindo. — Mas no fundo, ele entendeu que não se desafia a
Cosa Nostra. Ficou sem a carga e perdeu uma quantidade enorme dos seus
homens e da sua família. Que ele entenda de uma vez por todas que a Cosa
Nostra e a Máfia Americana juntas são uma combinação explosiva.
— Acabando a reunião, precisamos dar um fim àqueles que
começaram tudo isso: Luigi e Erick De Lucca. Lorenzo cuidará dessa parte
com Cooper e sua esposa — Dante falou e depois olhou para Nina. — E,
aproveitando que todos estão aqui, vamos marcar agora a data do casamento
de Lorenzo e Nina para daqui a trinta dias.
— Trenta giorni? (Trinta dias?) — Lorenzo perguntou com a sua
famosa expressão de poucos amigos.
— Algum problema, irmão? — Dante indagou. —Dentro de trinta
dias está perfeito!
— Você que marca a data do casamento deles? — Sarah perguntou e
Alice respondeu baixo, mas não tinha como todos não escutar:
— A máfia tem suas leis próprias ditadas pela Cosa Nostra. No caso,
o Rei Dante, quer dizer, o Capo di tutti capi Dante Cosa Nostra é a lei.
— Trinta dias está perfeito! — Nina afirmou com sua diplomacia em
acalmar os ânimos. — Eu vou ter tempo de organizar tudo e me mudar para
cá.
Alice e Sarah não falaram mais nada, e pelos olhares, eu já sabia que
as três conversariam sozinhas sobre o casamento.
A reunião encerrou e todos foram para os seus quartos, enquanto eu e
Sarah acompanhamos Lorenzo até o local onde o meu tio e Erick estavam
presos.
— Meu amor, eles têm uma prisão no condomínio deles? — Sarah
perguntou baixo, mas Lorenzo escutou e respondeu que sim.
— Essa casa é onde recebemos nossos inimigos para uma última
estadia na Terra — ele respondeu e apontou para uma casa que parecia com
outra qualquer, mas, quando entramos, o local era escuro e sombrio.
Lorenzo abriu a última porta de um imenso corredor e eu avancei
contra o meu tio Luigi, que estava sentado no chão.
— Velho nojento e asqueroso! Seu verme maldito, você me fez
crescer sem meu pai! — gritei e dei um soco na cara dele. — Você chorou a
morte da minha mãe, que era sua irmã, sendo que a culpa era sua!
— A culpa foi do seu pai, que queria o meu lugar, e depois sua, que
nasceu e roubou minha posição na máfia por todos esses anos.
— Eu vou te matar, seu filho da puta.
— Não! — Sarah gritou e Lorenzo me tirou com muito custo de cima
daquele monstro que olhava como se minha esposa fosse um fantasma.
— Deixe-o me matar! Quero ver se tem coragem de fazer algo contra
a pessoa de quem ele roubou a vida, a posição, o título…
Sarah, nessa hora, deu uma gargalhada.
— Você acha que só vai morrer? — Sarah perguntou. — Você vai
sofrer tudo que Ryan sofreu perdendo os pais dele. Vai ter que pagar também
por cada um dos meus soldados que morreram na minha frente.
Lorenzo levantou Erick e o jogou sentado em uma cadeira, e seus
homens o amarraram.
— Me conte, Sarah, como foi que mataram os seus homens lá no
cativeiro? — Lorenzo perguntou.
— Meus homens primeiro levaram um tiro na perna direita — Sarah
relatou, olhando dentro dos olhos do meu tio, e então veio o primeiro disparo
feito por Lorenzo e o grito de Erick. — A diferença é que meus soldados não
gritaram!
— Você é um demônio, Sarah Cooper! Solta o meu filho! — tio
Luigi gritou enquanto ela continuava a falar.
— Depois o tiro foi na outra perna — ela disse, e eu fiz o segundo
disparo e Erick pareceu ter desmaiado.
— Além de pateta, é frouxo! — falei, olhando com desprezo para
Erick desmaiado na cadeira.
— Acho que a surra que o Matthew levou quando descobriram que
ele fazia parte da troca pela carga vai ter que ser em você, velho miserável!
Não esqueçam — ela disse, olhando para os soldados de Lorenzo — que fui
afogada todos os dias em um tanque de água, passei fome, sede e levei
chutes.
Após Sarah falar, os homens de Lorenzo deram uma surra em Luigi
com barras de ferro. Os chutes eram tão fortes que faziam um estrondo
dentro da sala de tortura. Ele deve ter perdido alguns dentes pelo sangue que
saía da sua boca, mas nem morrendo parava de me xingar. Por mais que
batessem nele, o seu ódio por mim era maior. Sua ambição era incontrolável.
Ele sempre foi meu maior inimigo e eu nunca havia percebido.
— Você sempre me odiou enquanto eu, do meu jeito, sempre te tratei
como uma figura próxima a de um pai! — falei com raiva de mim. — Vocês
dois eram a minha família!
— Era você quem deveria ter morrido e não a minha irmã! Mas não
senti pena dela, aquela maldita te deu à luz!
Ao ouvir isso, avancei nele, afundando sua cabeça no tanque de água
e deixando-o ali até quase morrer. Fiz isso até cansar e o atirei contra a
parede. Depois ele ficou no chão, puxando o ar, enquanto Erick despertou,
gritando por causa dos tiros em sua perna. Lorenzo deu um tapa forte em sua
cara e o mandou se calar e morrer como um mafioso.
— Maldito! Você, Lorenzo Cosa Nostra, é um idiota igual ao Ryan,
que vai se casar com uma vadia! — ele gritou, e Lorenzo que sempre
torturava em silêncio, transformou-se. — Uma mulher que, com certeza, já
foi muito bem comida por outro homem!
— La tua vita medíocre finisce adesso! Nessuno al mondo offende
mia moglie! (Sua vida medíocre termina agora! Ninguém no mundo ofende a
minha mulher!) — ele gritou e cortou a língua de Erick, atirando-a longe e
depois começou a cortar os seus dedos um por um, enquanto meu primo
urrava de dor, ele bateu tanto no miserável, que acho que não sobrou
nenhum osso inteiro do seu corpo, e por fim, disparou um tiro certeiro na sua
boca e outro na sua testa.
— Meu filho! Você matou o meu filho. Maldito! — meu tio gritou
com o pouco ar que tinha.
— Esse velho é todo seu! — Lorenzo falou, olhando para mim e
Sarah se afastou.
— Você foi a pior pessoa que eu conheci na vida. Te desejo sorte no
inferno! — meu tio falou e me olhou com ódio.
— O único que vai pro inferno no momento, é você, meu tio — Eu
falei, pegando o meu punhal e fazendo um corte do seu peito até o umbigo
— Mas como será que eu devo te mandar para lá? Vejamos como o meu avô,
o seu pai, me falava mesmo? Os traidores não merecem morrer sem sofrer
antes por terem falhado no juramento de lealdade.
Eu levantei o meu tio do chão e mandei que o amarrassem de cabeça
para baixo, com correntes de ferro em brasa.
— Você não queria ser o Capo, titio? Sabia que para chegar até aqui
eu fui preso em correntes assim quando criança? Sabia que eu tenho marcas
delas pelo meu corpo?
— Você é um sádico. Me tira daqui! — Ele gritou antes de começar a
urrar desesperado sentindo seu corpo todo queimar.
— Agora, eu vou te deixar queimar só um pouco, antes de te dar o
fim que você tanto merece — Eu falei pegando uma foice e me aproximando
dele — Vou fazer isso logo, porque quero que você assista a sua morte, e
fraco como é, vai desmaiar por causa das queimaduras. Você nunca foi
homem o suficiente para se tornar um Capo.
Eu não quis perder tempo com tortura, porque não aguentava mais
dividir o mesmo ar que ele, então me aproximei, e cortei sua cabeça fora
num golpe só, acabando de vez com toda a sua maldade contra mim e
encerrando esse capítulo na minha vida.
Sarah me deu a mão, e deixamos aquele lugar.
— Limpem tudo isso! — Lorenzo ordenou aos seus soldados.
Capítulo 74
Sarah Cooper

Antes de irmos para casa, passamos no hospital para visitar Matthew, que
voltaria para Los Angeles uma semana depois, assim recebesse alta.
— Matthew, como é bom te encontrar novamente longe daquele
pesadelo — falei, sorrindo.
— Feliz em revê-la, Senhora Cooper! E os patetas?
— Você é o nosso herói! — Ryan falou. — Só um gênio usaria a
linguagem de sinais para nos avisar no meio daquela situação sobre quem
estava nos traindo.
— A essa hora, os patetas já devem estar no inferno! — respondi, e
Alice começou a rir.
— Nem o inferno merece os dois patetas — ela completou, rindo. —
Vou resumir o final da dupla para você!
— Vou até me sentar para escutar — Jordan falou, sabendo que
resumo não era o forte dela.
— Erick passou dez dias preso com o nariz quebrado, enquanto o pai
dele estava turistando em Paris e sonhando em ser Capo. Quando você nos
falou que eles eram os traidores, trouxemos Erick para Lorenzo Cosa Nostra,
que o colocou amarrado de cabeça pra baixo e mandou dar uma surra nele.
Quando Dante prendeu Luigi, que acredite, estava tomando café com
biscoitos amanteigados num bistrô em Paris, jogaram-no lá com o filho
amado. Disse que eles falavam tanto que acabaram com uma mordaça na
boca além de uns mergulhos no tanque de água.
— Deixe-me falar agora! — pedi, e Ryan respirou fundo.
— Acho que vou tomar um café e já volto.
— Vou com você — Jordan falou, rindo. — Sorte, Matthew!
Os dois saíram rindo como se fosse um castigo Matthew não poder
sair do quarto.
— Idiotas! — falei, fazendo careta para eles. — Matthew, aquele
velho maldito apanhou muito e mesmo assim, continuou amaldiçoando o
Ryan. Eu fico com pena do meu Al Capone, porque o próprio tio, o irmão da
mãe dele, em quem ele confiava tanto, foi quem lhe fez mal a vida toda.
Ryan não quis deixá-lo com Lorenzo e ele mesmo o matou. Eu o teria
deixado de presente para a Cosa Nostra esmagar cada parte sua, mas meu Al
Capone não queria mais saber de compartilhar o mesmo plano físico com
Luigi. Aquele homem era tão revestido de ódio, que eu pensei que ele fosse
sofrer vendo o filho tomando tiro, igual a mim quando sofri pelos nossos
homens, mas ele só enxergava o cargo que achava que tinha que ser dele. Ele
não defendeu o filho em momento nenhum, além de falar apenas "soltem o
meu filho", pedido sem emoção! Ele não olhava para o Erick nem lutava
para se aproximar dele. Morreu com o olhar de ódio que era só o que ele
tinha na vida.
— O Erick, pateta número dois, tomou uns tiros na perna e desmaiou
— Alice falou e riu. — Além de pateta, era um fracote! Quando acordou,
resolveu ser macho e chamou a noiva do Lorenzo de vadia. Agora vem a
melhor parte, para defender a honra de sua noiva, Nina Coleman, que Erick
chamou de vadia, Lorenzo Cosa Nostra cortou a língua dele fora e depois
deu um tiro na sua boca imunda.
— Espera! — Matthew interrompeu com uma expressão de surpresa.
— Por quanto tempo eu dormi? Desde quando Nina é noiva de Lorenzo
Cosa Nostra?
— Fiquei noiva e vou me casar em trinta dias. Você acha que, com
tudo que treinamos de luta, estou pronta pra ser a mulher do subchefe da
Cosa Nostra?
— Você não vai lutar, bebê! — Alice falou, fazendo biquinho. — Vai
ser a esposa troféu!
— E quem disse que estou pensando em lutar? Eu vou matar toda
vagabunda que se aproximar do meu marido!
— Que orgulho, amiga! — eu e Alice falamos juntas.
— Quando eu voltar na semana que vem para Los Angeles, vamos
ter que treinar muito, porque a fama do seu noivo não é das melhores —
Matthew falou, rindo.
Quando deixamos a Sicília, tudo que eu queria era ver a minha filha e
ter uns dias de paz. Aquelas duas últimas semanas haviam sido intensas
demais, e eu precisava ter alguns dias para relaxar antes de ajudar Nina com
os preparativos do seu casamento, que aconteceria por minha causa, embora
Alice estivesse convencida, depois de ser contra inicialmente, de que Nina
acabaria dando um jeito de domar a fera e ser feliz.
Por fim, descemos do jatinho e seguimos para casa. Jordan foi direto
para o galpão ver como estavam os negócios e organizar as novas entregas
das nossas cargas.
Assim que entrei em casa, Joana me abraçou emocionada.
— Fico tão feliz em saber que tudo terminou bem! — ela falou,
sorrindo para mim.
Nesse momento, escutei uns passinhos descendo as escadas e corri
para abraçar a minha Anne.
— Mamãe, por que você demorou tanto?
— Desculpa, meu amor, eu prometo que vamos compensar esses dias
em que ficamos separadas. O que você quer fazer?
— Ir para a Disney!
— Combinado! Está cedo ainda, mas vamos passar o dia na Disney!
— Só por curiosidade, o seu pai não vai ganhar um abraço? — Ryan
perguntou.
Anne correu para o colo do pai, enchendo-o de beijos. Nossa menina
era linda e carinhosa!
Minutos depois, trocamos de roupa e fomos para a Disneylândia, que
não era tão longe da nossa casa. Foi um dia mágico em família, com direito a
muitas risadas, fotos e algodão-doce. Momentos em que parecíamos uma
família normal como outra qualquer, que se divertia andando na roda-
gigante, sem que ninguém pudesse imaginar que reinava no submundo do
crime e que, sem o glamour das roupas pretas, como dizia Alice, era a
verdadeira realidade da máfia.
Eu queria que Anne tivesse registros de momentos felizes, porque o
tempo passa muito rápido e em breve ela vai ter que enfrentar o fato de ser
filha do Capo e conhecer todo o submundo que a cerca.
A simplicidade daqueles dias me fez ver quanto eu amava a minha
família e ter certeza de que eu não mudaria nenhuma das minhas escolhas.
No dia do atentado contra Ryan, achei que estivesse fazendo aquilo
motivada por vingança, mas, no fim, descobri que havia nascido para ser a
sua companheira e não o deixaria sozinho com sua herança de família.
Amar Ryan era muito fácil, porque ele me compreendia, me
completava e me fazia ser uma mulher realizada em todos os sentidos. Se eu
voltasse no tempo e alguém me perguntasse o que eu gostaria de ser na
minha vida, só teria uma resposta: Senhora Cooper!
Epílogo
Sarah Cooper

Toda vez que chegava o fim do ano, eu parava para pensar que eu e Ryan
completávamos mais um ano juntos. Aquele já era nosso terceiro Natal e
resolvemos passar a noite em casa, sem festas e agitação.
No ano anterior, que foi o nosso segundo Natal como casal, viajamos
para Aspen com Daniel e Aby, e passamos uma noite maravilhosa com os
nossos amigos.
Nesse ano que encerrava, estávamos nos dedicando aos nossos
negócios e nos revezando para dar conta de estarmos presentes em todos os
lugares. Éramos uma dupla de sucesso em tudo: na empresa, na máfia e na
cama!
— Nossa casa está tão linda! — falei, me referindo à decoração de
Natal.
Ryan colocou a estrela no topo da árvore e me pegou no colo.
Quando chegamos ao nosso quarto, ele me deitou na cama e me beijou com
a mesma intensidade de sempre. Costumávamos nos amar como se fosse a
primeira vez!
Ele tirou o meu vestido e me olhou cheio de desejo, enquanto eu
mordia meus lábios olhando para a perfeição que era o meu marido. Ryan
beijou o meu pescoço e mordiscou a minha orelha. Depois, ele desceu os
lábios pela minha barriga, arrancou minha calcinha com os dentes e me
chupou gostoso como só ele sabia que eu gostava. Eu ergui o quadril,
exigindo por mais, e ele começou a lamber e morder com a ponta dos dentes
o meu clitóris.
Meus dedos se enterravam nos lençóis enquanto gemidos escapavam
da minha boca, a prova de que eu estava morrendo de prazer lambuzava todo
o seu rosto.
— Você é deliciosa! Eu sou viciado em te fazer gozar com a minha
língua enterrada na sua boceta.
Ryan subiu as mãos até os meus seios e começou a brincar com os
meus mamilos. Ele não só me fodia, mas me venerava a cada segundo que
me fazia chegar mais perto de um novo orgasmo.
— Você é linda pra caralho — Ele falou, enfiando dois dedos na
minha boceta molhada e me estimulando mais uma vez, entrando e saindo, e
me levando à loucura.
— Ryan! — Eu gemia o seu nome.
— Goza de novo para mim, meu amor — Ele falou, estocando os
dedos com mais rapidez e massageando com o polegar o meu clitóris.
— Eu quero você dentro de mim. Por favor!
Ryan me beijou, deixando que eu provasse do meu próprio gosto em
seus lábios. Ele então tirou a calça e a cueca e meus olhos famintos foram
direto para o seu pau.
— Me foda, meu Capo.
— Não vou te foder hoje, minha Rainha. Eu vou fazer amor com
você.
Ele penetrou em mim devagar, querendo me proporcionar um sexo
de dois amantes apaixonados, que querem chegar sem pressa ao prazer, e
prolongando ainda mais os nossos momentos de prazer.
Meus dedos deslizavam pelo seu peito, tocando cada cicatriz do seu
corpo, que eu sei que vieram da sua infância roubada e do seu treinamento
para ser o Capo que seu avô tanto sonhou.
— Olhe para mim — ele pediu, me puxando para o seu colo e me
fazendo cavalgar no seu pau.
Era uma tortura gostosa, o seu pau entrando e saindo de dentro de
mim. Ele apertou a minha bunda, colocando um pouco mais de força nos
meus movimentos.
— Eu sei que você gosta de gozar com sexo pesado, mas hoje tudo
que eu quero é ver você sendo minha enquanto goza, lambuzando o meu
pau, e eu te preencho com a minha porra — Ele falou colando nossas testas
uma na outra, e ficamos nos olhando, enquanto chegávamos juntos a um
orgasmo intenso, que nos marcava por inteiro.
— Cansada? — ele perguntou, rindo.
— Eu nunca me canso de você!
— Ainda bem! Porque eu estou só começando.
Ryan me pegou de novo no colo e me levou para o banheiro, ligando
o chuveiro. Tomar banho com ele era a coisa mais gostosa do mundo.
Quando minhas costas quentes encostaram na parede fria, o contraste da
temperatura me deixou excitada e eu gemi, pedindo por mais.
Ele me pegou no colo, com as minhas pernas entrelaçadas na sua
cintura e enterrou seu pau de uma vez dentro de mim, me fodendo com
força. Nossos corpos se chocavam um com o outro, enquanto minhas costas
batiam nos azulejos da parede e eu gritava pedindo por mais.
— Eu já te amei lá no quarto e agora vou te comer como você gosta,
minha safada.
Depois de um banho que levou algumas horas, ele enxugou o meu
corpo, fazendo uma trilha de beijos por onde passava a toalha. Logo depois,
meu marido me levou para a cama e ficamos um tempo deitados e
abraçados, olhando um para o outro!
— Eu te amo! — Ryan falou e me beijou.
— Eu também te amo! Você, Anne e nosso bebê são as pessoas mais
importantes da minha vida!
Ryan me beijou com força, mas depois me afastou e se sentou na
cama, olhando assustado para mim.
— Que bebê?
— O nosso, que está guardadinho aqui dentro! — respondi,
passando a mão na minha barriga.
Ryan se levantou e começou a andar de um lado para outro.
— Você ficou maluca? Me deixou transar com você dessa maneira
com meu filho na sua barriga? E se você perde o bebê?
— Calma, meu amor! Nosso bebê está bem seguro!
— Tem certeza disso?
— Claro que sim!
Assim que se acalmou, ele se deitou ao meu lado e beijou minha
barriga.
— A partir de agora, vamos fazer tudo bem devagar! — ele disse,
beijando-me e fazendo carinho com a sua mão na minha barriga. —
Precisamos contar para Anne!
— Ela já sabe! Eu contei e disse que era um segredo até o dia de
hoje. Falei que esse ia ser o seu presente de Natal. Eu queria que ela se
sentisse importante, sendo a primeira pessoa a saber e entendesse que o lugar
dela está garantido no meu coração e que o neném só vem pra fazer nossa
família mais feliz!
— Como você pode ser tão perfeita? Você sempre pensa em tudo
para a nossa empresa, para a máfia e para a nossa família. Eu sou um homem
de sorte em ter você, Cinderela!
— Eu te amo muito e para sempre, meu Al Capone!
Vejo vocês no próximo livro que será do Lorenzo e
da Nina
Lançamento
1° de fevereiro de 2023
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