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Liz preparava uma mochila com suas coisas enquanto eu fazia uma
ligação. Olhei ao redor da cozinha pequena, paredes encardidas, rachaduras
e manchas por todo lado. Aquele cenário me lembrava de um passado que eu
queria esquecer. Imaginava que para Liz deveria ser ainda mais difícil, sua
mãe morreu nessa casa e os últimos dias de angústia de sua avó foram nela.
Queria tirá-la definitivamente daquele buraco, mas tocar nesse assunto agora
seria demais, com certeza rejeitaria a ideia de morar comigo, no entanto,
temporariamente adiaria essa nossa conversa.
— Max, onde está? — minha mãe questionou logo que atendeu. —
Acabei de saber sobre a morte de Abigail Collins através do seu pai, você a
levou para o hospital e sequer me consultou sobre isso?
— Mãe. — Usei a palavra que a amolecia, precisava que aceitasse
bem a situação. — A avó da Liz estava morrendo, tive que agir rápido. —
Fiz uma pausa, pigarreando e continuei: — Sabe como isso mexe comigo,
sinto que preciso ajudá-la.
— Eu sei filho. — Suspirou, compreendendo. — Podemos fazer uma
doação, eu tenho...
— Estou levando Liz para nossa casa, mãe — revelei, no mesmo
instante ela ofegou surpresa.
— Isso é algo extremo, Max, podemos ajudar Elizabeth daí mesmo.
— Mãe, estou com a Liz agora — expliquei, e não tive resposta, por
isso fui mais claro. — Estamos juntos, quero cuidar dela, quero minha
namorada comigo.
— Max, você está na reta final das provas, além do basquete que
ocupa seu tempo... — argumentou.
— Eu deixo o basquete — ofereci, estava disposto a tudo. — Posso
alugar um apartamento, mas não fico sem ela, mãe.
— Tudo bem, conversamos quando você chegar — aceitou
facilmente, esperava mais resistência de sua parte, talvez a discussão ficasse
guardada para mais tarde.
— Obrigado, mãe. — Meu agradecimento foi sincero, apesar de
saber que aquele assunto não estava resolvido.
— Sabe que faço tudo por você, Maxwell, sou sua mãe — declarou
com uma voz mais amável.
Depois que desliguei o telefone, caminhei até a geladeira para
verificar se havia algo que pudesse estragar, não planejava trazer Liz de
volta para essa casa, queria usar esse fim de semana para mostrar o quanto
nós dois seríamos bons juntos. Quando Liz saiu do quarto, parecia tensa,
segurando uma mochila, fitou-me meio sem jeito, desconcertada. Entendia
que aquele era um grande passo, não só para ela, mas também para mim,
seria a primeira vez que levaria alguma garota para minha casa, a primeira
vez que assumiria um relacionamento sério. Desejava fazer tudo certo,
mostrar para Liz que poderíamos ser felizes juntos, cuidar dela como
merecia.
— Tem certeza de que é uma boa ideia ir para sua casa? —
questionou, indecisa. — Sua mãe parece não gostar muito de mim.
— Ela vai gostar quando te conhecer melhor. — Fui até ela e a puxei
para os meus braços. — Qualquer pessoa que tiver a oportunidade de te
conhecer vai se apaixonar.
— Duvido muito. — Riu baixinho, inclinando a cabeça, encostando-a
no meu peito. — Estou nervosa, Max.
— Não precisa ficar. — Beijei seu cabelo, inspirando o perfume
único que tinha. — Vou estar com você o tempo todo e quando não estiver,
Ashley estará.
— Mas não vou ficar muito tempo lá — pontuou com a necessidade
de deixar aquilo claro. — Volto na segunda...
— Vamos ver — murmurei, sem aprofundar o assunto, tinha meus
próprios planos. — Agora vamos indo, ainda tenho que preparar tudo para o
enterro da sua avó.
— Eles falaram quando vão liberar o corpo? — perguntou com
tristeza, percebi que Liz estava evitando tocar no assunto, talvez fosse um
mecanismo de defesa.
— Disseram que ligariam até o final da tarde, você pode escolher o
que quer fazer — expliquei. — Posso conseguir uma cerimônia completa ou
se optar pela cremação...
— Prefiro a cremação — respondeu rapidamente. — Nós não temos
ninguém para velar por ela, não tem porque gastar com isso, acho que ela
também não iria querer um monte de pessoas que nunca se importou com ela
fazendo esse tipo de coisa.
— Vai ser como você quiser — afirmei, Liz estava se mostrando
forte, não desabou como imaginei que aconteceria, por isso temia que
sofresse mais quando a realidade finalmente batesse contra ela. — Então,
vamos.
— Tem mesmo certeza disso?
— Se me perguntar outra vez te levo à força — declarei em um tom
divertido, mas estava prestes a fazer. — Quero você comigo, Liz, isso é
sério.
— Isso que você diz... Se refere a nós dois?
— Quero que seja minha — fui direto, não haveria confusões ou
dúvidas. — Minha namorada, minha amiga, minha mulher...
— Meu Deus! — soltou um gemido aflito, esfregando o rosto. — O
que as pessoas vão dizer? Não quero te causar problemas, principalmente
com Cristian.
— Cristian está no passado, ele teve a chance dele e eu respeitei. —
Segurei seu rosto e a fiz me olhar. — Agora é a minha vez, e garanto que não
haverá chance para nenhum outro tentar.
— Isso soa convencido. — Dessa vez, sorriu de verdade.
— Talvez eu seja mesmo. — Dei um beijo suave em seus lábios,
adorando a sensação de finalmente poder tocá-la sem qualquer reserva. —
Vamos de uma vez, não quero deixar você pensar muito ou vai mudar de
ideia.
— Não vou — garantiu, e eu acreditei, na verdade, escolhi acreditar,
não queria imaginar um cenário diferente.
Convenci Liz de levar os quadros e todas as fotos para a minha casa,
esse primeiro passo foi fácil, o difícil foi achar argumentos plausíveis para
que levasse mais de duas trocas de roupas. Falei que o melhor seria levar
todas as coisas do ballet, na segunda-feira ela voltaria para sua vida normal.
Questionei se não preferia tirar uns dias, tinha ciência que o luto era
diferente para cada um, Liz parecia ignorá-lo completamente, afirmou que
preferia continuar com a sua rotina. Não falou mais da avó ou de outro
sentimento que poderia habitar dentro de si, no entanto, eu a via caminhar
lentamente para o precipício da dor, já passei por isso, sabia que ser forte
nem sempre era a melhor solução.
Não sabia bem em qual momento soltei o ar que prendia, na verdade,
sequer percebi que segurava a respiração. Estava tensa... Era a primeira vez
que entrava em uma casa daquela dimensão, tudo parecia tão arrumado,
limpo. As paredes eram claras, um tom creme para ser mais específica, as
janelas de vidro eram imensas, adornadas com cortinas brancas, tudo isso
deixava o lugar incrivelmente claro, iluminado. Senti como se tivesse
passado a vida inteira em um buraco escuro e sujo, aquela realidade era
completamente diferente da minha.
Max caminhou à minha frente, carregando minha mochila, olhei ao
redor esperando que sua mãe surgisse de algum lugar e me expulsasse.
Pensei que talvez devesse ir embora, no entanto, não queria parecer ingrata,
fui idiota ao imaginar que aceitar a ajuda de Max seria uma boa ideia, agora
tudo o que desejava era sair correndo dali antes que fosse rechaçada,
humilhada.
— Você se importa de ficar no meu quarto? — perguntou, segurando
minha mão. — Temos quartos de hóspedes, mas quero que fique comigo.
— E a sua mãe? — inquiri nervosa, olhando mais uma vez ao redor.
— Vou conversar com ela, fique tranquila — garantiu, mas aquilo
não me deixou aliviada. — Vem comigo.
— Maxwell — a voz fina, que soava com tanta elegância surgiu no
topo das escadas. — Finalmente vocês chegaram — Freda disse com
docilidade, enquanto descia, ao chegar até nós, pegou-me de surpresa ao me
abraçar. — Sinta-se em casa, Elizabeth, saiba que pode contar com o apoio
da família King.
— Obrigada... — As palavras saíram rasgando da minha garganta, eu
não estava preparada para aquilo. — Pode me chamar de Liz.
— Ora, então me chame apenas de Freda. — Sorriu graciosamente,
acariciando meu ombro. — Bom, vou deixar você descansar, imagino que
deve ter sido um dia difícil — virou-se para Max e continuou: — Pedi que
preparasse uma refeição para vocês, depois que acomodá-la vá até o meu
escritório, filho.
— Tudo bem, obrigado, mãe — Max agradeceu, e antes que
começássemos a andar, Freda o interrompeu.
— Mandei que arrumassem um dos quartos de hóspedes para
Elizabeth...
— Não vai ser preciso — Max se adiantou e senti meu rosto
queimar. — Liz vai ficar comigo.
— Ah, claro. — Freda soltou um riso curto e nervoso, apostava até o
que não tinha que ela não havia gostado nada dessa ideia, mesmo assim,
manteve a pose. — Te espero no escritório, querido.
A matriarca da família King saiu em direção a um dos corredores,
caminhando sobre os saltos altos, que faziam barulho no piso de madeira.
Max virou em minha direção e abriu um sorriso largo, parecia estar
realmente feliz.
— Viu só, foi tranquilo. — Ainda segurando minha mão, conduziu-
me pelas escadas, até o andar superior. — Quando se sentir bem, posso
chamar a Ashley para conversar com você.
— Eu estou bem — declarei, sem saber ao certo se minhas palavras
eram verdades ou mentiras.
— Estou preocupado, Liz — disse, abrindo a porta do quarto. —
Entre — ordenou, ao me ver hesitar. — Sei que foi ideia minha te trazer para
a minha casa, não te dei tempo...
— Estou bem, Max, é sério — reafirmei, desejando que ele parasse
com aquela conversa. — Não precisa se preocupar.
— Você está ignorando os fatos. — Jogou minha mochila na cama
imensa, coberta por lençóis cinza. — Sua avó morreu, nós estamos juntos...
— Eu sei — respondi de modo impassível à sua declaração, ele
parecia querer me alertar. — Quero estar com você, Max, quero isso de
verdade.
— Tenho medo de estar agindo com impulsividade, não quero te
forçar a nada ou me aproveitar. — Sua voz saiu tensa.
Respirei lentamente, sentindo uma sensação estranha sair do meu
peito, Max estava sendo realista, tentando me ajudar, tentando me fazer
enxergar. Ficou atrás de mim, distribuindo beijos na minha nuca, fazendo
leves carícias em meu corpo. Senti-me segura, relaxada, satisfeita, mas
aquele sentimento momentâneo de paz que me proporcionava estava sendo
substituído por um duro golpe de realidade. Era como se estivesse em um
estágio de letargia, ignorando os fatos e agora, tudo estava desabando,
caindo sobre mim.
— Minha avó morreu — declarei, mais para mim mesma, dizer
aquilo em voz alta pela primeira vez era como finalmente tornar real.
— Ah, Liz... — Ele se inclinou, virando o rosto, de modo que
pudesse me olhar. — Eu sinto muito que tenha que passar por isso.
— Eu sabia que esse momento chegaria. — Meus olhos marejaram e
em busca de refúgio me virei para ele, enterrando meu rosto no seu peito. —
Mas acho que não estava pronta...
— Ninguém está pronto para perder alguém que ama — sussurrou
carinhosamente. — Você lutou muito por ela, fez o que pôde, ajudou, cuidou,
infelizmente Abigail estava em uma situação que não havia mais solução.
Concordei, ainda assim, me sentia em parte culpada. Balancei a
cabeça e as lágrimas finalmente caíram, o aperto no meu peito aliviou, mas
ao mesmo tempo parecia que eu iria sufocar, soluços desenfreados me
tomaram, encolhi-me ainda mais, molhando seu peito, eu não conseguia parar
de chorar. As lembranças dos últimos dias da minha avó voltaram com tudo.
O sofrimento, os gemidos de dor, o sorriso forçado no rosto tentando me
fazer acreditar que estava bem, e era claro que não estava. Max nos levou
até a cama e se sentou, puxando-me para o seu colo. Escondi meu rosto em
seu pescoço, abraçando-o.
— Acho que me culpo, sabe? — confessei, chorando baixo, sentindo
como se estivesse sendo esmagada por dentro. — Eu tive a oportunidade...
Eu... — Engasguei, meu coração disparou, lembrando das propostas
indecentes que recebi, e sempre me perguntava se teria conseguido salvar
minha avó se tivesse aceitado. — Só queria ter feito mais.
— Não se culpe assim, Liz. — Max me abraçou apertado, afagando
meu cabelo. — Olha pra mim.
Neguei, balançando a cabeça, escondendo-me nele. Não queria que
me visse chorar, odiava que sentissem pena, que me achassem fraca. Queria
que Max tivesse a mesma imagem sobre mim, que achasse que deveria
cuidar, como uma obrigação.
— Não quero ser um fardo, Max — disse de uma vez, ainda sem
olhá-lo. — Não quero atrapalhar a sua vida e bagunçar tudo.
— Ei, claro que não. — Segurou meu rosto e me fez encará-lo,
mesmo com a visão embaçada, pude ver a preocupação estampada ali. —
Nunca vai ser um fardo pra mim, acho que você ainda não entendeu como eu
me sinto.
— Max...
— Só me escuta. — Enxugou as minhas lágrimas, com delicadeza. —
Eu te amo, Liz, de verdade, não estou dizendo isso porque quero transar ou
porque quero você — afirmou, sua declaração me pegou de surpresa,
Maxwell King não era o tipo de cara que dizia amar. — Nunca vai ser um
fardo, amor...
Sua declaração foi interrompida com o toque do seu celular, engoli
em seco, estava nervosa, queria me declarar, dizer como me sentia, como
pensei nele nos últimos meses, como enxerguei os meus sentimentos, no
entanto, tinha medo do que pensaria, do que todos pensariam. Era muito
rápido? Sou uma vadia por estar com o amigo do meu ex-namorado? Max
levantou para tirar o celular do bolso, e fez uma pausa olhando para o
número. Atendeu, dando respostas como “Sim”, “Não” e “Estamos indo”,
quando virou para mim soube do que se tratava, estava explícito no seu
olhar, era o momento de me despedir da minha avó.
O dia amanheceu chuvoso, a preparação para a cremação levou o
resto da madrugada, o corpo foi liberado, e pude me despedir formalmente.
Eu não sabia como fazer aquilo, principalmente com a família de Max por
perto. Freda, Lucius e Ashley nos acompanharam, eles se mantiveram à
distância, dando apoio. Quando entrei na sala reservada, senti meu coração
acelerar, estremeci em um choro convulsivo ao me aproximar do caixão, a
dor me golpeando com força. Abigail nunca pareceu tão em paz, ali ela não
sentia mais a agonia que sua doença causava. Mesmo sabendo que agora
descansava, sofria sua perda, queria ter tido a chance de salvá-la, mesmo
que clinicamente fosse impossível.
Chorei segurando sua mão, lembrando-me de como era boa, como foi
melhor que minha mãe. Max ficou o tempo todo ao meu lado, amparando-me
quando minhas pernas fraquejavam e pareciam não conseguir me sustentar.
Minha única família estava dentro de um caixão, pronta para virar cinzas,
agora era real, era o fim, eu estava sozinha. Beijei sua testa quando disseram
que havia chegado a hora, e durante a espera para cremação, segurei a ficha
que Abigail me deu quando chegou, apertando com força, era o nosso
método de segurança para o dia de hoje, o dia em que me deixaria.
— Não vai precisar usar isso. — Max cobriu minha mão fechada
com a sua. — Nunca mais vai ficar sozinha, eu sempre estarei com você.
— Ela ficaria feliz em saber que estamos juntos — revelei,
apoiando-me nele. — Abigail tinha medo de que eu ficasse sozinha, demorou
quase um ano para me dar aquele número de telefone, disse que eu só
deveria ligar se fosse uma emergência.
— Não falou de quem é?
— Não, talvez seja de alguma amiga ou parente distante, mas não
quero pensar nisso agora. — Virei-me ficando de frente para ele. — Preciso
levar as cinzas para algum lugar, não quero deixar esquecida em um canto
daquela casa.
— Podemos fazer isso agora — afirmou, depositando um beijo na
minha testa. — Tem algum lugar especial que gostaria de levar?
— Aquele riacho na saída da cidade, Abigail o adorava. — Um
sorriso surgiu no meu rosto ao lembrar de lá. — Ela gostava de sentar nas
pedras e ficar molhando os pés, só paramos de ir quando a doença avançou.
— Então vamos até lá — concordou, depois olhou para trás, onde
seus pais estavam parados, esperando por nós. — Vou dizer que eles podem
ir para casa, assim você fica à vontade.
— Obrigada. — Enterrei meu rosto em seu peito, aliviada por não
precisar pedir aquilo. — Não quero soar ingrata, mas preciso de um tempo.
— Eu entendo, não precisa se preocupar.
Assenti um pouco mais tranquila. Um dos funcionários da funerária
apareceu, trazendo a urna com o que sobrou da minha avó, era tão pequena, e
isso me fez pensar como não valemos muito nessa vida, no final dela nos
tornaríamos apenas pó, cabendo dentro de uma caixa que poderia ser
perdida ou jogada no lixo, depois, ninguém mais se lembraria, ninguém
saberia quem era aquela pessoa. Abigail passou despercebida por essa terra,
sem dinheiro ou status, não era importante para ninguém, no entanto, foi a
pessoa que mais amei na vida, a única capaz de demonstrar amor, paciência
e coragem, mesmo sabendo que seus dias de vida estavam contados. Ela era
única, incrivelmente uma mulher de fibra.
Toda dor que Liz parecia conter, a golpeou quando viu o corpo da
avó no caixão, foi horrível vê-la sofrer daquela forma, tentei consolá-la de
maneira sutil, não havia palavras que pudessem amenizar sua perda, mas
entendi que tudo o que ela precisava era de apoio, saber que não estava
sozinha. Fiquei feliz por meus pais e Ashley estarem presentes, mostrando
apoio, no entanto, Liz precisa de espaço e privacidade para sua despedida
final. Eles voltaram para casa, e nós dois seguimos para a saída da cidade.
River Lake tinha um riacho lindo que era ligado ao Grande River, o
rio que dava nome à nossa cidade. Eu não sabia do significado daquele lugar
para ela, até que me contou. Quando chegamos, eu a fiz tirar os sapatos, tirei
os meus também, segurei a urna para que ela pudesse descer pelas pedras. O
dia amanheceu chuvoso, o céu nublado, com nuvens carregadas, anunciando
que a qualquer momento cairia um temporal.
Liz se sentou em uma das rochas, e eu a entreguei à urna, sentando ao
seu lado. Colocamos os pés na água, ficamos em silêncio apenas ouvindo o
som da natureza. O vento uivava, balançando as folhas das árvores,
derrubando muitas delas, ao nosso redor havia muitas flores, peguei algumas
arrancado o caule, Liz me olhou curiosa, parecia não entender o que eu fazia.
— Vamos preparar o riacho para recebê-la — expliquei, fazendo um
montante de flores no meu colo. — Abigail será acompanhada por elas.
— Não esperava isso de você. — Deu-me um sorriso fraco, achando
graça. — Não parece o tipo de cara delicado.
— Delicado talvez seja exagero, mas sou carinhoso quando preciso.
— Com a sua jaqueta e a cara amarrada de bad boy, eu não
imaginaria você pegando flores para uma senhora morta. — Deu de ombros,
ainda segurando os resquícios do seu sorriso.
— Acho que sou mais de ações do que palavras — comentei,
segurando sua mão. — Não conte a ninguém e minha reputação estará salva.
— Abigail dizia que você só agia assim porque não tinha encontrado
a garota certa — comentou, olhando para a urna. — Um dia vi você com uma
das bailarinas do meu grupo e cheguei em casa muito irritada, contei a ela
como você era um cafajeste.
— Eu não me lembro. — Fiquei envergonhado por saber que Liz me
viu com uma de suas colegas. — Na maioria das vezes eu bebia demais, não
me lembrava no dia seguinte com quem tinha... — Mordi a língua para não
soar tão cretino.
— Entendi, não precisa ficar constrangido, eu também não fui
nenhuma puritana.
Olhei para ela, lembrando que antes de se relacionar com Cristian,
Liz ficava com alguns caras do time de basquete, os malditos espalharam o
assunto por toda a escola, fazendo com que sua avó fosse chamada no intuito
de corrigir o comportamento de Liz. Eu a via como uma garota livre, que
fazia o que quisesse, mas todos os outros só a enxergavam como um
problema, uma mancha na sociedade hipócrita de River Lake. Logo depois
daquilo começou a namorar Cristian, então aquela garota cheia de vida, foi
sendo reduzida a uma sombra, onde lutava para agradar e mostrar que era
diferente, suas asas foram cortadas para caber em um lugar onde não
pertencia.
— Abigail sempre me apoiou, nunca me julgou. — Puxou o ar e
expirou audivelmente. — Ela era a melhor pessoa dessa cidade, acho que
agora ela está bem, talvez no céu. — Olhou-me de lado, sorrindo de verdade
dessa vez. — Pessoas boas vão para lá quando morrem, então ela com
certeza encontrou com o grande criador.
— Eu também acho. — Voltei a segurar sua mão e sugeri: — Vamos
terminar de libertá-la, chegou o momento, Liz.
Olhando para a urna, assentiu, as lágrimas voltaram a escorrer pelo
seu rosto. Joguei algumas flores, esperando até que ela se sentisse
confortável. Seus lábios se moveram, entoando bem baixo uma canção que
eu não conhecia. Ficou de pé, e gotas grossas começaram a cair sobre nós,
olhei para o céu, vendo-o escurecer ainda mais, assim que Liz abriu a urna e
jogou as cinzas no riacho, a tempestade caiu, um trovão ecoou no céu. Joguei
as flores que ainda segurava, e a abracei, protegendo-a com meus braços,
beijei sua cabeça, afagando suas costas, enquanto ela chorava copiosamente.
O clima parecia fúnebre, triste, mas assim era a morte, eu já a conhecia,
sabia o que era perder alguém, sabia qual era a sensação, por isso fiquei ali
com Liz, abraçando-a, mostrando que estava ali por ela, e sempre estaria.
Max e eu conversávamos sobre tudo o que passou, a morte da minha
avó me abalou mais do que eu esperava, quando voltamos do riacho na
semana passada, fiquei deprimida demais para qualquer coisa, faltei ao
trabalho e na escola de ballet, a diferença era que a madame Madelyn não
questionou ou reclamou pelas minhas faltas, mas meu chefe no Westhouse fez
uma ligação nada amigável me intimando a voltar ou perderia meu emprego.
Não tive tempo de argumentar, porque Max estava ao meu lado, furioso ele
pegou meu celular e iniciou uma fervorosa discussão, no final dela, acabei
sem emprego, e isso gerou uma nova discussão, desta vez, entre mim e Max.
Claro que ele soube bem como contornar a situação e me fazer ceder,
segundo ele, eu teria tempo para arrumar outro, até mesmo em uma academia
de ballet, enquanto isso Maxwell King cuidaria de mim. Surpreendentemente
eu aceitei, acho que estava cansada demais para discutir, até mesmo para ir
ao Westhouse e pedir meu emprego de volta. Naquela primeira semana eu
não queria pensar em nada, apenas me aconchegar em Max e dormir, no
calor dos seus braços me sentia segura.
Outro tópico que evitava falar era sobre meu ex-namorado e seu ex-
amigo enquanto estávamos agarrados na cama. Max me contou que Cristian
tentou contato com ele diversas vezes, mas ele deixou claro que não havia
nada para falar. Agora, toda River Lake sabia que estávamos juntos e que eu
estava em sua casa, não que fosse permanente, pretendia voltar para a minha
própria casa, mas meu maior receio era que Max acabasse entrando em um
embate com Cristian, não queria que ele se metesse em confusão por minha
causa.
Meu antigo relacionamento estava no passado, fazia cinco meses que
descobri toda a verdade sobre Cristian, ele também estava fora da minha
vida, tudo que soube desde que terminamos foi que a jovem grávida o
perdoou e que em breve se casariam e formariam uma família perfeita, seus
pais que o acobertaram a fim de manter um negócio milionário com os pais
da moça, encontraram ótimas justificativas para manter de pé o noivado. No
fim fiquei aliviada, eu nunca me encaixaria nessa vida de mentiras e
ganância.
Meu único medo era que entre Max e eu acontecesse a mesma coisa,
apesar de ser muito diferente de Cristian, eu tinha a percepção que suas
amigas eram iguais. Depois que chegamos do riacho, passamos o primeiro
fim de semana juntos, ele pediu comida, escolhemos alguns filmes, a sua
atenção estava toda em mim.
Max não saía do meu lado, eu gostava de sua companhia, ele me fazia
bem, tinha um jeito protetor que me deixava confortável e segura, mas com o
passar dos dias, eu comecei a desejar mais. Seus toques pareciam queimar
minha pele, meu corpo ansiava pelo dele, eu tentava me controlar, por mais
que o sentisse excitado atrás de mim, quando me abraçava e beijava meu
pescoço, sentia-me insegura, se ele não deu nenhum passo ou tocou no
assunto, talvez tivesse mudado de ideia.
Eu estava completamente apaixonada, acho que tentei ignorar aquele
sentimento que veio crescendo aos poucos dentro de mim. Quando Max
apareceu na minha casa com as fotos, percebi no seu olhar o desejo que ele
camuflou durante esses meses, meu coração saltou no peito com sua
declaração. Meu relacionamento com Cristian sempre foi confuso,
acostumei-me a receber o pouco que ele me dava, nenhuma atenção, sem
carinho, sexo rápido. A maneira como ele me controlava, eu denominava
como proteção, mas a verdadeira proteção eu descobri ao lado de Max.
Bastou apenas essa semana, e tudo o que aconteceu para perceber isso. A
princípio me senti culpada e desleal, como se estivesse passando de um
amigo para o outro apenas por capricho, no entanto, me fiz entender que eu
não fui errada em nada, nunca fui infiel, e o sentimento que florescia dentro
de mim era bom, não errado, não era um pecado.
— Estou feliz por você estar aqui — Max sussurrou, beijando meu
ombro.
Deitada em seu peito, deslizei os dedos pelo seu abdômen definido,
ergui a cabeça e fitei seu rosto relaxado, tão bonito como um modelo de capa
de revista.
— Eu também me sinto muito feliz — confessei, era verdade, a culpa
e o medo estavam cada vez mais distantes.
— Sabe que quando percebi que te queria fiquei maluco, eu te
desejava antes mesmo que estivesse com Cristian, e durante todo o tempo
que estiveram juntos esse desejo aumentou — revelou, subindo os beijos
pelo meu pescoço. — Você era meu pecado secreto, eu sonhava com você,
acordava e meu corpo ansiava pelo seu, mesmo sem nunca ter tido um
mísero gostinho dele.
— Ainda não consigo acreditar. — Eu ri, meu rosto esquentou pela
vergonha e eu me encolhi ainda mais em seu abraço. — Eu juro que nunca
desconfiei, achei que só me olhava daquele jeito porque era safado.
— Como eu não daria aqueles olhares se toda vez que te via você
estava em uma pose estranha se abrindo toda — provocou, mordendo minha
pele. — Eu ficava louco, cheio de maldade na cabeça.
— Não acredito. — Balancei a cabeça, era difícil acreditar que
durante tanto tempo ele gostava de mim e eu sequer imaginava.
— Eu que não posso acreditar. — Inclinou-se sobre mim, e segurou
meu rosto, fazendo-me encará-lo. — Te amo, Liz, e tudo que eu quero é uma
chance de verdade, uma chance para fazê-la feliz, para amar você como
merece...
— Max...
— Eu sei que parece rápido, mas eu tenho certeza do que eu quero.
— Beijou minha boca suavemente me fitando com paixão. — Eu quero você,
Liz.
Abracei Max com tanta força, como se ele pudesse escapar por entre
meus dedos. Sabia que teríamos muitas coisas para superar, comentários
ácidos, ideias erradas sobre nós, um mundo inteiro de obstáculos pela frente,
mas a certeza de que o que sentíamos era forte, superaria tudo. Beijei Max,
sentindo aquela sensação única, aquela pequena fagulha de amor se espalhar
dentro de mim. Eu nunca acreditei em finais felizes e príncipes encantados,
mas sabia que Max me completava, e poderia ser o amor pelo qual sempre
esperei.
— Liz... — Afastou nossas bocas, respirando fundo. — Não disse
isso só para transar com você.
— Eu quero — afirmei com convicção.
Não queria que ele agisse daquele modo, que ficasse preocupado por
me ajudar, que se sentisse mal por isso, que colocasse na cabeça que poderia
estar se aproveitando da situação. Eu desejava estar com ele, ainda que todo
o resto estivesse desabando ao meu redor, queria Maxwell King. Havia
passado por muitos infernos para agora rejeitar o pequeno pedaço de céu
que me era oferecido. Estava disposta a mostrar o quanto o desejava, não me
importei se era apropriado para o momento, ou se me julgaria por querer
sexo em vez de chorar a minha perda, não pensei em nada além de tirar
aquele sentimento estranho no meu peito e substituí-lo por outra coisa.
Tesão, paixão, não importava, sabia que Max era o único capaz de me fazer
esquecer meus piores pesadelos e me colocar em um lugar melhor.
Envolvi meus braços ao redor do seu pescoço, colei minha testa à
sua quando se inclinou para mim, fitei seus olhos intensos, na mesma hora os
meus marejaram, Max tinha uma coisa que não sabia definir em palavras, era
um poder estranho de me invadir, me ler por completo, saber o que eu sentia
sem fazer ou dizer nada, bastava me olhar. Minha respiração ficou
descompassada, meu coração acelerou, senti um frio na barriga, uma ânsia
desesperadora, a vontade de beijá-lo me chicoteou com força, não esperei
mais, cobri seus lábios com os meus, beijando-o de forma voraz. Max não
pensou duas vezes em retribuir, agarrou-me com brutalidade, uma mão no
meu cabelo, a outra apertando a minha bunda. Quando percebi, ele já estava
em cima de mim, encontrando o caminho entre minhas pernas. Nós nos
tornamos desesperados, dependentes daquele sentimento que nos consumia.
Eu estava dividido, confuso, não queria forçar Liz a nada, apenas
cuidar dela, desejava que ficasse bem, feliz outra vez, se recuperasse de
todas as merdas que vinham acontecendo em sua vida, mas no momento em
que tomou a iniciativa de me beijar, perdi o controle, não pensei, não
questionei, agi por instinto, retribuindo com a mesma voracidade. Beijei-a
fortemente, com paixão, invadindo sua boca, suguei sua língua, deliciando-
me, euforia me dominando, nunca senti algo tão intenso, que penetrava minha
alma, fazia tudo parecer certo, deixava-me desnorteado.
Subi uma das mãos até o seu cabelo, soltando as mechas, enfiei meus
dedos por elas, sentindo a sedosidade dos fios, segurei uma coxa, puxando-a
para o meu quadril, encaixando-me perfeitamente entre suas pernas. Meu pau
estava duro, pronto para entrar nela. Movi os quadris em movimentos
precisos, cheio de tesão pela quentura que emanava dela.
— Me diga que eu posso ir além — sussurrei, deixando meus lábios
colados nos seus. — Diga que posso cruzar essa linha, Liz, te fazer minha
como sempre quis.
— Eu quero cruzar essa linha também — murmurou rouca, percorreu
as mãos por dentro da minha camisa, arranhando suavemente minha pele.
Meu pau endureceu ainda mais, se isso era possível, não perdi
tempo, arranquei minha blusa sem me afastar. Liz também se livrou da sua,
os seios pequenos no sutiã rosa claro fizeram minha boca salivar. Enterrei
meu rosto naquela delícia escondida e cheirei. Feito um animal chupei,
mordi, com os dentes comecei a afastar a peça liberando os mamilos.
Abocanhei a aréola com o bico durinho e suguei, Liz gemeu mais alto, cada
gemido me levava a um nível diferente de prazer, eu estava fora de mim,
extasiado com tudo dela.
Levei uma mão às suas costas, e habilmente a livrei do sutiã, apertei
seus seios, mas não me demorei, a queria completamente nua. Enquanto
beijava sua barriga, deslizei o short que ela usava, mas deixei a calcinha,
queria ter o prazer de vê-la de todas as formas.
— Porra, você é linda demais! — Fixei meus olhos nos dela e
sussurrei: — Perfeita.
— É injusto só você poder me ver assim — brincou, mordendo o
lábio inferior.
Seu desejo foi mais que uma ordem, fiquei de pé, saí dos meus
sapatos e rapidamente desfiz meu cinto, abri o zíper e desci a calça, ficando
apenas na minha cueca boxer, mas ela não durou muito tempo no meu corpo,
desci a peça e meu pau ficou livre, duro, latejando de tanto tesão. Liz o
olhou com desejo, os lábios entreabertos, e eu o imaginei envolvido por sua
boca quente e gostosa.
— Você é a definição de pecado. — Sua voz tinha diversão, mas não
podia esconder sua excitação.
Sorri imaginando a ironia que era, Liz era meu pecado secreto, mas
que agora estando revelado, me entregaria àquela luxúria, me perderia em
cada curva, aproveitaria para conhecer cada centímetro da sua pele, do seu
gosto, seu cheiro, ela inteira.
— Estou louco por você, Liz — murmurei, minha voz rouca de
desejo.
Levei minha mão até o meio de suas pernas, e alcancei a boceta
coberta pela calcinha, esfreguei por cima do tecido, afundando o polegar
entre os lábios molhados. Friccionei, estimulando sua carne sensível,
colocando uma pressão firme, assistindo o prazer tomar seu rosto. Liz se
rendeu completamente, estávamos indo rápido, eu sei, mas havíamos perdido
muito tempo, se ela desejava aquilo, eu tinha que fazer direito.
Eu a peguei no colo e Liz deu um gritinho assustado, riu com o rosto
no meu peito, ela aproveitou sua boca ali e mordeu meu mamilo para me
provocar, estremeci inteiro, meu saco enrijeceu pela onda de prazer que
percorreu meu corpo, rosnei, esfregando meu rosto nela. Levei Liz para o
meio da cama , cobrindo-a com meu corpo, senti sua respiração em meu
peito, ela era tão pequena e delicada, parecia frágil, bela, eu estava
enfeitiçado, apaixonado, desejava-a demais, tinha fome, queria possuir seu
corpo, arrebatar sua alma e conquistar seu coração.
— Quero muito foder você. — Respirei fundo, tentando me controlar.
— Só que parece uma princesa, tão linda e delicada, essa pele tão suave que
pode ser marcada apenas com meus beijos mais ásperos... — Chupei seu
pescoço, tomado pelo tesão.
Distribuí beijos pelos seus seios, tão perfeitos... Caralho, não sei
como vou me segurar com essa mulher gostosa embaixo de mim, desci com
minha boca em direção ao paraíso, beijando cada centímetro de pele.
Abocanhei sua boceta ainda coberta pela calcinha, mordi, lambi, chupei,
beijei. Um misto de tesão, carinho, paixão e um amor incondicional balançou
tudo dentro de mim.
— Não precisa se segurar, quero isso, Max, quero você — sussurrou
com os braços ao redor do meu pescoço, deixando beijos no meu queixo. —
Eu confio em você.
Escorreguei meus dedos pela sua pequena boceta, e com a mão livre
puxei sua calcinha deixando-a nua por completo. Beijei sua barriga, seu
umbigo, mordi seu quadril, e quando fiquei de frente para o seu sexo,
enterrei meu nariz ali, inspirando seu cheiro feminino, nunca esqueceria
aquele cheiro. Levei minha língua ao seu clitóris acariciando, devorei-a,
chupando com uma fome desmedida, beijando e fazendo movimentos como
se beijasse sua boca.
— Nem nos meus sonhos imaginei que teria você assim. — Afastei-
me por alguns segundos, apenas para vestir o preservativo, sabendo o que
estava por vir. — Agora vai ser minha, para sempre, Liz.
Voltei a chupá-la com mais avidez, seus gemidos me enlouqueciam.
Tentei me controlar, sabendo que ainda tinha muito mais para experimentar,
meu pau estava no limite, babando de tesão, minhas bolas pesadas, eu
estava prestes a explodir. Segurei seu rosto com as duas mãos, movendo o
quadril para encaixar meu pau em sua entrada, Liz ergueu o seu quadril
vindo ao meu encontro, e meu pau mergulhou em seu canal, tive que me
segurar, entrando em pequenas estocadas para não gozar rápido.
— Ah, meu Deus... — Cravou as unhas nas minhas costas, elevando
o tronco, enquanto abria mais as pernas para me receber.
— Assim, Liz... — gemi em seu ouvido, agarrando em sua perna,
entrando bem fundo, era delicioso sentir meu pau grosso ganhar espaço
dentro dela. — A partir de hoje será só minha, como era para ser. —
Estoquei e ela se contraiu à minha volta.
Alcançamos um ritmo frenético, em poucos minutos Liz enlouqueceu,
entregue embaixo de mim, começou a ofegar, me arranhar, empurrava-me e
puxava-me, perdida em meio ao prazer intenso. Usou aquela boca pequena e
atrevida para atacar meu peito com mordidas que só me excitavam mais,
arrastei minhas mãos por baixo do quadril alcançando sua bunda, apertei
sentindo-a macia, levando meu pau mais fundo na sua boceta. Eu estava
faminto, louco por ela, queria mais, queria devorá-la. Tornei a agarrar seus
quadris com força, possessivo, desejando estar no controle, virei deixando-a
sobre seus joelhos, de quatro, a bunda toda empinada, acessível para eu
fazer o que quisesse, comer sua boceta, acariciar seu ânus... Porra! Eu
desejava fazer tantas coisas com a Liz que ela se assustaria se pudesse ouvir
meus pensamentos.
— Você está pronta para gozar no meu pau, Liz? — indaguei com
rouquidão, agarrando seu cabelo, forçando-a mais para baixo. — Se abra
para mim, quero meter fundo em você.
— Max... — sôfrega, gemeu meu nome.
— Quer isso, Liz? Quer que eu te foda com força, que coma sua
boceta forte? — Ajoelhei-me atrás dela, fitei a vagina melada, com lábios
pequenos, delicada, linda, encheu-me ainda mais de tesão. — Porra!
— Quero — respondeu com rapidez, excitada demais para qualquer
outra resposta.
Deslizei em seu calor mais uma vez, sentindo-a engolir cada
centímetro meu. Esse era, a porra, do sabor do pecado, eu não tinha dúvida,
uma sensação única, avassaladora. Empurrei meu pau dentro dela cada vez
mais forte, Liz se contorceu embaixo de mim, suas mãos puxando os lençóis,
rebolando os quadris necessitada, queria mais, eu estava inteiro dentro dela,
minhas bolas batiam em sua boceta a cada estocada, uma eletricidade
percorria meu corpo fazendo o prazer alcançar níveis que achei inatingíveis
antes dela. Liz era inigualável, nenhuma outra mulher ou foda poderia se
comparar. Eu passaria a vida toda dentro dela e nunca me cansaria.
— Que delícia, Liz! — gemi quando, agarrando seu cabelo, trouxe
seu corpo para junto do meu, virando seu rosto ataquei sua boca, nossas
línguas duelando. — Como pode ser tão gostosa assim, caralho?
Aos vinte e três anos tive minha melhor experiência sexual, minha
primeira transa foi aos dezessete, as outras seguintes foram boas, na
verdade, eu não pensava muito, porque em boa parte delas, Liz estava na
minha mente, não me orgulhava de pensar em outra quando fodia, mas o
desejo pela garota que gemia embaixo de mim, fez-me cometer loucuras.
— Quero ir por cima — Liz pediu excitada, e nunca poderia negar.
Virei-me, deixando-a por cima, e Liz desceu sobre o meu pau no
mesmo instante, bem fundo, engolindo-me por inteiro. Jogou a cabeça para
trás e gritou. Porra! Essa era a visão mais fodidamente maravilhosa que eu
tinha visto. Ela enterrou as unhas em meus ombros, e cavalgou insanamente.
Olhou-me com intensidade, paixão, e desceu sua boca sobre a minha, nossos
lábios se uniram como se fosse o último beijo, mas isso era apenas nossa
fome falando, ainda teríamos muitos outros, mais vorazes e necessitados do
que esse, tinha certeza disso. Segurei seu pescoço, os cabelos colados no
rosto e na parte baixa da nuca, suada, excitada, enlouquecida, Liz não parou
um segundo sequer.
Nossos corpos se moldaram, movendo-se em uma sincronia sem
igual, gemidos, suor, tesão, paixão e amor. O meu amor estava exalando,
agora tinha certeza de que esse era o sentimento que nos definia, não podia
existir outro, não quando o meu coração parecia querer pular para fora do
meu peito a cada segundo.
— Eu vou gozar... — choramingou, deixando o peito colado sobre o
meu, movendo apenas os quadris. — Mete mais forte... Mais gostoso...
Minha perdição. Ela seria minha perdição até o dia em que eu
morresse.
Liz começou a tremer, sua boceta me apertando, deslizando cada
centímetro, subindo e descendo, fazendo-me enlouquecer. Fechei uma mão
sobre seu seio, a outra agarrei seu pescoço para manter sua boca na minha,
ela começou a gozar. Então tomei o controle e passei a encontrá-la com meu
quadril, dando o que queria. Forte e gostoso. Estocando com brutalidade,
sem pausas, apenas metendo desenfreadamente. Eu desejei isso por tanto
tempo, e agora que a tinha ali, o prazer parecia ser de outra dimensão.
— Isso, amor, vem pra mim... — rosnei entredentes, vibrando na
mesma frequência. — Goza assim, do jeito que quiser! Me morde, me
arranha... Sou seu!
— Max! — ela gemeu meu nome quando o prazer a corrompeu.
— Ahh, caralho! — grunhi ao sentir sua boca atacando minha pele,
tremi por inteiro, minhas coxas se contraíram.
Revirei os olhos tendo pequenos vislumbres do seu corpo agitado
sobre o meu. Meu saco pesado enrijeceu mais, anunciando o gozo estrondoso
que viria. Quis estar sem camisinha para senti-la por completo, poder jorrar
meu esperma dentro da sua boceta.
Meus quadris bateram com mais força, moveram-se mais rápido, a
fim de alcançar o prazer. Liz voltou a me beijar, sua boca quente devorava a
minha. Quando me engoliu inteiro com a boceta, não deixando nenhum
centímetro de fora, não consegui me segurar, gozei enlouquecido, jatos de
porra inundando o preservativo. Continuei estocando com força, perdendo-
me numa miríade de sensações.
Não podia parar de olhá-la, seus olhos semicerrados pela exaustão
do sexo intenso, os lábios entreabertos, inchados pelos beijos vorazes, a
pele toda avermelhada, a marca da minha boca no pescoço, o peito subindo e
descendo em uma respiração descompassada. Se Liz era a imagem da
perfeição antes, agora ela havia atingido um novo nível de beleza, sua
imagem de mulher recém-fodida me fazia querer recomeçar tudo outra vez.
Ficamos unidos, eu ainda dentro dela, nossas respirações ofegantes,
ela deitada sobre mim, o rosto na altura do meu pescoço, deixando beijos
que faziam meu coração inflar com uma sensação única, um sentimento
grandioso que nunca imaginei sentir. Liz era tudo o que eu queria, e faria
com que se sentisse amada, como nunca foi, seria o melhor homem de sua
vida, ela me completava e eu seria um homem de sorte se pudesse ter por
completo seu coração.
Com o final da temporada se aproximando, Max teve que retornar
aos treinos com o time de basquete, nos últimos dias ele vinha dizendo que
queria deixar o time e focar apenas no estágio da King, apesar de ser a
empresa de sua família, queria começar como qualquer outro funcionário.
Max sabia que logo assumiria a presidência da empresa, e isso me
assustava, não sabia como ficaríamos quando isso acontecesse. Eu era
apenas uma garota solitária, sem futuro, e agora desempregada, a única coisa
que me restou foi o ballet, e precisava focar nele se quisesse ter alguma
chance na vida.
Saí do quarto, tendo a certeza de que havia deixado tudo organizado,
as camisinhas escondidas no lixo, a cama perfeitamente arrumada, nem uma
peça de roupa fora do lugar. Esse era o meu primeiro dia sozinha na mansão
dos King, insisti querendo voltar para a minha casa, no entanto, Max me
convenceu de que aqui seria melhor, pelo menos por ora, lá eu estaria
sozinha, apenas com as lembranças da minha avó. Passei pela mesma
situação quando Verônica morreu, e no fundo, aceitei ficar na casa de Max
porque não queria reviver tudo o que havia acontecido.
Meu coração estava disparado no peito, olhei ao redor torcendo para
que Ashley ainda estivesse aqui. Quando Max saiu pela manhã, avisou que
voltaria apenas no almoço, para me buscar, durante esse meio período eu
estaria sozinha, e meu maior receio era encontrar com Freda. Até então ela
vinha se mostrando uma mulher legal, compreensiva, mas algo que me dizia
que aquilo não era real.
— Bom dia — cumprimentei, sem me aproximar, Ashley e Freda
estavam sentadas à mesa, tomando café da manhã. — O Max disse que eu
podia descer...
— Fique à vontade, Liz. — Freda me surpreendeu, ficando de pé e
puxando uma cadeira ao seu lado. — Ashley e eu estamos falando sobre o
evento que nossa família vai participar.
— Eu não quero atrapalhar vocês, posso ir...
— Não atrapalha, querida — me interrompeu, sorrindo
estranhamente. — A propósito, precisamos falar sobre a sua roupa, Ashley
está escolhendo alguns modelos e quero que você faça o mesmo.
A pilha de revistas foi empurrada na minha direção, olhei para
Ashley que encolheu os ombros, como se dissesse que não havia opção.
— Senhora King...
— Freda, pode me chamar pelo primeiro nome. — Seu pedido saiu
mais com uma ordem.
— Certo. — Sorri tensa. — Freda, eu não sei se preciso de uma
roupa. — Minhas palavras saíram incertas, para falar a verdade, eu estava
incomodada com aquilo.
— Vai precisar, em duas semanas vou anunciar minha candidatura à
prefeitura de River Lake, você estará ao lado de Max, então precisa estar à
altura dele. — Olhou-me de cima a baixo e continuou: — Precisamos pensar
no seu vestuário diário, acredito que essas roupas não sejam muito
adequadas...
— Podemos ir às compras amanhã. — Ashley segurou minha mão,
enviando-me um sinal com os olhos, eu estava prestes a rejeitar tudo aquilo.
— Certifique-se de que seja algo decente — Freda ordenou sem me
olhar, os olhos afiados estavam no aparelho celular. — Eu tenho que ir ao
escritório, depois resolvemos isso.
Freda saiu apressada sem nos dirigir outro olhar, seus saltos batiam
no piso de madeira, anunciando o trajeto até o andar superior. Quando
finalmente desapareceu, pude respirar aliviada, minha mente procurava uma
maneira de fugir dali, dizer a Max que havia sido um erro e que eu não
poderia ficar.
— Eu sei que ela parece assustadora. — Ashley cobriu minha mão
com a sua. — Mas é só o jeito dela, gosta de ter tudo sob controle.
— Não sou alguém que ela possa controlar. — Quando dei por mim
já tinha falado. — Me desculpe, eu não quis parecer grosseira ou ingrata. —
Suspirei constrangida por aquele rompante.
— Entendo bem o que sente, Liz, fique tranquila. — Sorriu de forma
carinhosa. — Não precisa fazer ou participar de nada que não queira, mas
talvez possamos fazer compras juntas, você pode me ajudar a escolher algo
que não me faça parecer uma senhora dos anos vinte.
— Tudo bem, mas não quero comprar nada — me adiantei. — Não
tenho dinheiro para isso, e as lojas que vocês frequentam são caras demais.
— Combinado, mas eu posso te dar um presente. — Antes que eu
pudesse protestar ela falou: — E não pode recusar, me ajudou no dia da
minha entrevista.
— Será apenas um presente — concordei, não querendo discutir.
— No começo parece difícil, todo esse luxo, as roupas, a casa... —
comentou apontando ao redor. — Max diz que foi complicado se habituar
com essa vida, principalmente com a posição social. — Abaixou a cabeça,
mexendo no próprio prato. — E agora que minha mãe vai entrar para a
política, precisamos ser exemplares.
— Não consigo imaginar como deve ser ruim ser rico — falei sem
maldade ou ironia. — A vida é tão difícil do outro lado da cidade, que olhar
para essa mesa me faz pensar nas nossas diferenças.
— Nessa questão é realmente melhor, mas ninguém enxerga o outro
lado da cidade, não se preocupam com o que vestem, bebem ou como se
comportam — argumentou com certa tristeza na voz. — Quando Max brigou
no bar, minha mãe teve que inventar várias mentiras para justificar os
machucados, tudo para que as pessoas não falassem dele.
— Seu irmão é jovem, é normal se meter em brigas — pontuei e ela
balançou a cabeça negando.
— Na família King você não pode ser nada além de perfeito —
confessou.
— Ashley, melhor ir até o seu quarto pegar sua bolsa, vamos sair
agora para as compras da Liz. — Freda surgiu como um fantasma de trás da
pilastra, nem eu tinha visto que ela estava ali.
— Freda, eu não preciso. — Ela levantou um dedo, impedindo-me de
continuar, mas quando Ashley saiu, ela arrastou uma cadeira e sentou-se ao
meu lado.
— Elizabeth, você sabe que meu filho vai assumir a presidência da
King no próximo ano, não sabe? — Meneei a cabeça confirmando, e ela
prosseguiu: — Max precisa de alguém à altura ao seu lado, como planeja
sair com ele usando esse tipo de roupa?
Olhei para o meu próprio corpo, procurando algum problema no que
usava, era apenas uma calça de moletom velha, uma blusa simples de alça e
um par de calçados surrados. Naquele momento corei, pensando que talvez
ela tivesse razão. Nunca me preocupei com as minhas roupas, porque
Cristian não me levava a lugares movimentados, e quando tinha algum evento
do ballet, usava meus melhores vestidos, mas eles sequer se comparavam
com as roupas que Freda e Ashley usavam.
— Não tenho dinheiro...
— Vou pagar tudo — me cortou, como se não quisesse me ouvir. —
Agora pegue sua bolsa e vamos, já marquei um horário para você e Ashley
no salão, vamos passar lá depois das compras.
— Mas eu não quero mexer no meu cabelo. — Fui direta sem deixar
que me interrompesse outra vez. — Freda, eu sei que quer me ajudar, e
agradeço, só que não preciso disso.
— Você não precisa, mas não pode envergonhar o Max dessa forma.
— Apontou para mim, como se nada fosse bom. — Precisa entender,
Elizabeth, que se quer ficar com Max terá que se adequar ao estilo de vida
dele. — Abri a boca para negar, e ela se tornou mais feroz. — Eu trabalhei
duro para criar os meus filhos, eles são perfeitos, exemplos que até o menor
dos seres humanos pode se tornar grande se tiverem as oportunidades certas,
então se quer namorar o meu filho terá que aceitar o que vem com ele.
— Mãe — Ashley chamou, observando-nos, curiosa. — Estou
pronta, vamos?
— Claro, querida, estava apenas explicando algumas coisas, para
Liz. — Chamou-me pelo meu apelido, agora parecia outra pessoa, diferente
de quando estávamos a sós.
Entrei no carro, com um sentimento horrível, parecia estar sendo
obrigada, e na verdade, estava, mas tentei ser racional, não ver tudo com um
olhar negativo, talvez Freda estivesse mesmo tentando me ajudar, como
Ashley disse, ela queria tudo sob o seu controle, e cuidar de Max era o foco
principal. Acalmei-me pensando nas coisas que disse, sobre eu estar ao lado
do seu filho e das coisas que teria que fazer para ficar com ele. Pensei em
Max, e na noite que tivemos juntos, em como era carinhoso, como me sentia
amada em seus braços, respirei fundo e aceitei aquela imposição de Freda,
se tivesse que engolir algumas coisas para ficar com o homem que eu amava,
faria isso, afinal, a única coisa que poderia perder era o Max, e dele não
abriria mão.
Assim que entramos na mansão dos King, fiquei aflita, meu peito
estava apertado, como se alguém esmagasse meu coração. Olhei por todo o
lugar à procura de Max, e o encontrei sentado em uma poltrona com um saco
de gelo no queixo, seu olhar parecia raivoso, o corpo tenso, pés agitados,
batendo contra o piso em um ritmo frenético. Assim que me viu, ficou de pé,
pensei que estivesse com raiva de mim, mas me surpreendeu ao me abraçar
logo que me alcançou.
— Aonde você estava? — perguntou exasperado, depositando um
beijo nos meus lábios. — Fui até a sua casa, no ballet...
— Sua mãe me levou...
— Agora não é o momento para isso, Maxwell, vamos até o meu
escritório ter uma conversa séria — Freda me interrompeu, como de
costume, repreendendo Max como se ele fosse um garotinho de sete anos.
— Mãe, falo com você depois — declarou sem se importar. —
Vamos subir, Liz, quero explicar o que aconteceu.
— É a mim que deve uma explicação, Maxwell! — Freda gritou.
Max não deu ouvidos, sequer respondeu, agarrou meu braço e me fez
subir as escadas com ele, indo direto para o seu quarto. Ignorar sua mãe não
era a melhor opção, mas no fundo fiquei feliz por ele querer conversar
comigo primeiro, explicar o que tinha acontecido sem me deixar no escuro.
Caminhou pelo quarto tirando a roupa, ficando apenas de cueca, a
camisa estava manchada de sangue, o queixo pouco machucado, mas as mãos
estavam bem feridas, não quis imaginar a cena dele batendo em Cristian, vi
Max brigar uma vez no Westhouse, e foi o suficiente.
— Que roupa é essa? — perguntou com diversão. — Está...
— Não fala nada! — Levantei o dedo, interrompendo-o. — Sua mãe
me levou para fazer compras.
— Isso é um... — Apertou os lábios, segurando-se para não rir.
— Um conjunto xadrez de três peças — imitei o jeito que sua mãe
falava, e ele caiu na gargalhada. — Não ria, Max! Essa coisa pinica!
— Ah, meu amor... — disse com a voz doce, caminhando em minha
direção. — Vem aqui, vamos tirar isso.
— Freda me comprou muitas peças nesse estilo — comentei,
esfregando meu rosto no seu peito nu. — Acha que estou parecendo uma
senhora do século vinte?
— Nunca. — Achou graça, e daquele jeito safado que tinha, subiu a
mão em minha coxa, infiltrando-se por baixo do tecido. — Parece uma
bibliotecária sexy, talvez vendedora de planos de saúde...
— Max! — Bati e belisquei seu peito, mas não se afastou, segurou
meus braços e me levou para o banheiro. — Espera, preciso tirar essa
roupa... Max!
— Vou te ajudar, linda. — Sem hesitar, abriu o chuveiro, e a água
caiu torrente sobre nós. — Quero você nua, Liz.
— Precisamos conversar, o que aconteceu entre você e o Cristian?
— Segurei seu rosto com as duas mãos, fazendo-o me encarar.
— Ele voltou para a faculdade, teve algum problema em Great
Forest — começou a explicar, desabotoando o blazer que eu vestia. —
Quando começou a gritar que teria você de volta eu perdi a cabeça, fiquei
fora de mim e acabamos trocando socos.
— Trocando socos? — Semicerrei os olhos, intrigada. — Sua mãe
disse que o Cristian está no hospital.
— Eu bati mais do que apanhei. — Bufou com irritação por causa
dos botões. — Ele começou a falar coisas sobre você ser a puta dele, e
isso...
— Entendi. — Alisei seu peito, deslizando até o abdômen definido, a
cueca estava encharcada, transparente, a ereção visível, fazendo minha boca
salivar. — Não quero que brigue por minha causa, Max, não quero que se
meta em problemas.
— Liz... — murmurou meu nome, mas não conseguiu completar o que
diria, ajoelhei-me lentamente empurrando a peça molhada para baixo.
— Você tem um pau lindo — cochichei com um sorriso travesso no
rosto. — Não tive tempo de olhá-lo assim tão de perto.
— Vai me chupar? — Sua voz saiu mais grave, quase rouca,
carregada de tesão.
— Vai parar de brigar por minha causa? — Ergui o olhar para
encará-lo e ele negou, balançando a cabeça. — Então não.
Tentei me levantar, então sua mão dominante veio para o meu cabelo,
agarrando com força e me fazendo ficar onde estava. Aquilo fez minha
boceta contrair, fiquei excitada, Max fazia o tipo dominante na cama, sabia o
que falar, onde tocar, controlava tudo, não imaginei que ele fosse assim, mas
confesso que gostava desse jeito dele.
— Faça, amor — ordenou com aquele tom que fazia meu coração
acelerar. — Coloque essa boca linda no meu pau.
Segurei-o suavemente, envolvendo com os dedos, movendo para
cima e para baixo, a cabeça grande gotejava o líquido transparente e
viscoso. Esse não era o primeiro pau que eu via, mas era o mais bonito, com
toda certeza. As veias salientes não eram tão grossas, dava um aspecto
delicado, grande, rosado, novamente minha boca salivou ao imaginá-lo todo
dentro dela. Olhei outra vez para ele a fim de provocar, lambi a pequena
abertura com a ponta da língua.
— Assim? — indaguei, dando várias lambidas desde o freio, até
circular a coroa.
— Isso, Liz — ofegou, ordenando em seguida. — Engole ele todo...
Porra! Não brinca comigo.
Max estava mais excitado, empurrava sutilmente os quadris em minha
direção, mas eu não daria isso fácil. Chupei apenas a cabeça, bem devagar.
Ele estremeceu, apoiou uma mão na parede para se segurar. Eu estava tão
excitada quanto ele, parei com a boca onde estava e me apressei a tirar o
blazer, junto com a camisa que usava. Debaixo da água, os botões
deslizavam, Max não perdeu tempo, com a mão ainda no meu cabelo,
deslizou sua ereção para dentro da minha boca.
— Ah, caralho! — soltou um gemido rouco, perdido.
Agarrei sua bunda, e o tomei inteiro, como queria, parei quando
quase engasguei, mas logo relaxei, respirando pelo nariz, colocando a língua
por baixo da coluna grossa e segurei, mamando esfomeada. Max se agitou,
segurou meu cabelo com mais força, e começou a empurrar os quadris,
rebolando de forma sensual, fodendo a minha boca enquanto gemia alto.
Pensei na possibilidade de alguém ouvir, no entanto, ignorei aquilo, só
queria continuar a ouvi-lo gemer meu nome daquela maneira tão gostosa.
— Que gostoso, meu amor. — Tirou o pau da minha boca, esfregou o
polegar sobre o meu lábio inferior, depois introduziu dois dedos, olhando e
falando cheio de lascívia: — Chupa os meus dedos, deixar eu ver até onde
aguenta.
Obedeci, abrindo a boca, deixando-o ver tudo. Seus dedos entraram
devagar, enquanto isso eu bombeava seu pau, levei uma das minhas mãos
mais abaixo, e segurei suas bolas, estavam duras, inchadas, massageei com
cuidado, tocando o períneo sorrateiramente, quando pressionei o dedo ali,
empurrando para cima, vi Max se desmanchar em prazer, impulsionou os
quadris para frente, e seus dedos tocaram a minha garganta.
— Puta que pariu! — Afastou-se rapidamente quando engasguei e
comecei a tossir. — Desculpe, Liz, eu...
Não dei tempo ou espaço para que se sentisse culpado, voltei a
engolir seu pau, chupando com tudo, pressionei o mesmo lugar com o dedo,
sabendo que ali era um ponto fraco de Max. Deixei que metesse na minha
boca, segurando as bolas com uma mão, com a ponta do dedo, massageando
o períneo. Apertei as coxas, excitada demais por vê-lo naquele estado. Max
agarrou meu cabelo com as duas mãos, e me fodeu daquele jeito. Cada vez
mais fundo, mais rápido, a saliva escorria pelo meu queixo, misturando-se
com água. Não pararia até que ele chegasse ao limite.
— Porra, Liz! — rosnou fora de si. — Que boca gostosa do caralho!
— Onde você quer gozar? — Afastei-me apenas um pouco para olhá-
lo e minha pergunta o pegou de surpresa. — Na minha boca? No meu rosto?
— Liz. — Tocou minha bochecha com carinho, indeciso e
preocupado. — Não quero fazer isso com você...
— Não quer gozar em mim? — provoquei, lambendo os lábios bem
perto da sua ereção de modo que minha língua roçou no seu pau. — Tem
certeza, Max...
— Porra, garota! — Puxou o próprio cabelo, nervoso. — Você vai
ser minha perdição.
— Escolhe, Max... — insisti lambendo a extensão do seu pau. —
Onde você quer gozar?
— Nesse seu rostinho safado — declarou, a voz novamente atingindo
aquele timbre forte, autoritário. — Está me dando isso e eu vou querer
sempre. — Segurou minhas bochechas, apertando-as. — Sabe quantas vezes
me imaginei gozando na sua cara? Quantas vezes me masturbei pensando
nisso?
Balancei a cabeça negando. Ele se inclinou até alcançar meu rosto, e
beijou minha boca, cheio de fome, metendo a língua, parecia irritado,
descontrolado, nossos dentes colidiram, mesmo assim, não parou, mordeu
meus lábios, chupou, gemeu, estava completamente fora de controle. Quando
se afastou, voltou a me dominar pelo cabelo, puxou-me para que estivesse no
lugar onde queria, e meteu na minha boca, dessa vez, fodendo sem parar,
entrando e saindo com rapidez. Os gemidos que ele emitia eram
animalescos, ferozes, parecia outra pessoa. Apertei minhas coxas, excitada
com aquilo.
— Toma meu pau, Liz — berrou, estocando furiosamente. —
Assim... Caralho! Caralho!
Senti quando o líquido grosso invadiu minha boca, deliciei-me com
seu sabor, mas não tive muito tempo, Max se afastou, masturbando-se com
força, descontrolado, mirando em meu rosto. Jatos de esperma quentes me
atingiram, não deixei de encará-lo, e fiquei com a boca aberta querendo
receber mais.
— Puta que pariu! — exclamou, direcionando o pau, para que seu
gozo caísse no meu rosto, na minha boca, no meu pescoço, ele queria me
marcar inteira. — Que delícia...
Seu abdômen sofria espasmos, contraindo-se a cada jato. Com a
respiração irregular, os olhos semicerrados pelo prazer, Max me puxou pelo
braço, fazendo-me levantar, e sem que eu esperasse, atacou minha boca sem
se importar que seus fluidos estivessem ali. Suas mãos subiram, arrastando a
saia que eu usava para cima, com pressa colocou minha calcinha de lado, e
me penetrou em um único impulso, na hora me lembrei do preservativo, no
entanto, estava tão excitada que deixei, só queria que me fizesse gozar com
aquele pau grosso, que me comesse até que esquecêssemos de tudo, até que
eu esquecesse quem era.
Toda raiva e tensão que meu corpo acumulava se esvaiu no instante
em que gozei no banheiro com Liz, sabia que precisava dela para me
acalmar, bastava sentir seu cheiro, tocar sua pele e saber que era real, que
estava ali comigo, para que tudo dentro de mim voltasse para o lugar.
Claro que os problemas não acabariam com uma transa magnífica,
minha mãe me esperava no escritório para uma conversa daquelas. Eu vinha
evitando essa pequena reunião com Freda King porque ela fazia o tipo
intransigente, gostava que as coisas fossem feitas do jeito dela, dominava a
todos, inclusive meu pai, Lucius. Talvez fosse a maneira dela de se certificar
que nada desse errado, mas havia coisas que não podia e nem devia querer
controlar, como nossas vidas pessoais. Deixei claro desde o início que não
abriria mão de Liz, eu poderia abrir mão de tudo nessa vida, tudo mesmo,
exceto ela.
A porta do escritório estava aberta quando entrei, sentada em sua
cadeira, fitava o relógio no pulso, impaciente, ao me olhar, vi a irritação
estampada em seu rosto. Tentei me manter tranquilo, focado em não iniciar
uma discussão. Respeitava demais meus pais, ouvia seus conselhos, sabia
que só queriam meu bem, no entanto, suas exigências às vezes me tiravam do
sério, e para não agir como um ingrato de merda, cedia a fim de evitar
qualquer atrito.
— Achei que fosse passar o dia enfiado naquele quarto — declarou
com rispidez, assim que entrei e fechei a porta. — Tudo o que você sabe
fazer agora é ficar trancado lá com aquela garota.
— Elizabeth, ela tem um nome — corrigi irritado, estávamos
começando mal. — Não quero que se refira a ela dessa forma.
— Me desculpe, filho — disse em um tom ameno, recuando. — Só
que faz apenas algumas semanas que vocês estão juntos e você se tornou
outra pessoa.
— Ainda continuo o mesmo.
— Não. — Balançou a cabeça com veemência. — Você acabou de
mandar seu amigo para o hospital...
— Ele não é mais meu amigo — interrompi e ela apontou o dedo
acusatório para mim.
— Está vendo? Você não me interrompia, não usava esse tom
grosseiro comigo.
— Mãe, pelo amor de Deus! — Bufei, esfregando o rosto. — Você
está criando conflitos inexistentes, eu só pontuei algo, não fui grosseiro.
— Tudo bem, vamos começar outra vez. — Puxou o ar respirando
fundo. — Acho que Elizabeth Collins é um problema, você espancou
Cristian Michell que até há alguns meses era seu amigo. — Levantou os
dedos, pontuando os problemas. — Faltou nas aulas e nos seus treinos, você
nem passa um tempo com a sua família, só fica naquele quarto com ela.
— Eu disse desde o início que a Liz era muito importante para mim,
Cristian a enganou e agora que voltou, quis ofendê-la e eu não aceito isso —
expliquei, seguindo para o próximo tópico. — Ela acabou de perder a avó,
precisava de mim, não podia deixar que ficasse aqui sozinha, principalmente
com a sua receptividade.
— Poderia ter deixado Elizabeth na casa dela, nós a ajudaremos...
— Não — neguei entendendo aonde queria chegar. — Eu a quero
comigo, estou sério nisso.
— Sério quanto? — inquiriu. — Porque em breve vai assumir a
King, vai ter eventos, reuniões, negócios a fazer...
— Eu concordei em deixar o basquete de lado e assumir a empresa,
mãe, meu relacionamento com a Liz não vai mudar — afirmei. — Quero ela
pelo resto da minha vida, se ela aceitar, no momento certo a farei minha
esposa.
— Você está exagerando. — Bufou irritada.
— Não estou — garanti. — E espero que vocês me apoiem, não
quero ter que fazer uma escolha sobre isso.
— Ela não vale a pena, Max — insistiu. — Vai te magoar, vai acabar
com a sua vida.
— Sequer deu a oportunidade de conhecê-la — acusei desapontado.
— Tudo o que faz é apontar o que não gosta, o que acha que não vai dar
certo.
— Eu já passei por isso, conheci garotas do tipo dela, muitas nos
orfanatos que frequentei e garanto que todas elas têm o mesmo destino.
— E qual seria? — perguntei com ironia.
— Elizabeth Collins vai se tornar uma prostituta, ou amante de um
homem rico — disse com nojo. — Veja só, assim que Cristian a dispensou
ela correu para você.
— Está enganada — rebati confiante. — Cristian a enganou, ela é a
única vítima nessa história e depois...
— Não perdeu tempo e pediu para você consolá-la — desdenhou.
— Eu praticamente tive que implorar por uma chance — revelei,
encarando-a. — Sabe quanto tempo sou apaixonado por ela? Há quanto
tempo sonho com uma oportunidade de ter Liz comigo?
— Você nunca falou sobre ela, achei que...
— Mãe, sua única preocupação são seus eventos beneficentes, a
política, a King — acusei sem paciência. — Já se perguntou por que a
Ashley odeia tanto a escola? Por que eu soquei a cara daquele desgraçado
no bar?
— Eu sei os problemas que meus filhos têm, Maxwell — defendeu-
se ofendida. — Não venha querer mudar o foco do assunto, o problema é
você e aquela garota no seu quarto.
— Aquela garota vai ser a minha mulher, não há nada que diga para
me fazer mudar de ideia — reafirmei com convicção.
— Está certo, pelo visto você já decidiu tudo. — Sua voz saiu
carregada de desdém. — Então terá que conversar com ela, para que se
adéque a nós, Elizabeth não pode ir aos eventos usando aquele tipo de roupa.
— Mãe, não quero que incomode a Liz com isso, por favor, só a
deixe tranquila. — Meu pedido estava mais para uma súplica, sabia que
nessa questão, Freda era exigente demais. — A amo do jeito que é, não
preciso mudá-la para se encaixar na minha vida.
— Não estou dizendo para mudá-la, mas se faz planos de casar com
essa garota... — pigarreou, com certeza ponderando suas palavras. — Como
vai levá-la a um jantar de negócios? Lidar com as matérias do jornal que
sairá sobre vocês? Os homens vão olhar para ela como sua esposa ou uma
prostituta qualquer? — Mordi a língua com a sua última colocação,
segurando-me para não ser grosseiro com ela. — Se quer Elizabeth Collins
no seu futuro, tem que pensar sobre isso.
Em parte ela tinha razão, não na questão de como Liz se vestia, e
agia, eu a amava daquele jeito, mas era certo que quando assumisse a King,
todos os holofotes estariam voltados em nossa direção, principalmente nela,
procurando qualquer falha ou defeito para atacar. Eu não ligava para isso,
daria um jeito de resolver, a única coisa que me importava era ter Liz
comigo.
— Você paga para manter meus defeitos escondidos, mãe — falei,
ficando de pé. — Posso evitar que ataquem Liz por qualquer motivo, mas ela
vai ser do jeito que é, agir e vestir o que quiser. — Deixei claro, para que
não tivéssemos que entrar naquele assunto outra vez. — Não quero que tente
mudar isso, ou a pressione, acho que se fizer isso não vamos ter problemas.
— Acho que está confuso, Max, você não a ama, só está sendo
protetor — afirmou como se tivesse certeza. — A situação de Elizabeth te
lembra a sua...
— Não entre nesse assunto, por favor. — Virei-me quando já estava
quase perto da porta. — Sabe que odeio falar disso, que odeio que
mencione... — Engoli em seco, começando a me sentir mal. — Só não
misture as coisas, o que aconteceu no passado fica lá.
— Ignorar a morte da sua irmã não vai apagar o que aconteceu. —
Freda não tinha limites, ela ia até o fim no que queria, sem se importar com o
quanto pedíssemos para parar. — Você fez o que pode para protegê-la, era
só uma criança, e agora está revivendo tudo com Elizabeth.
— Chega, mãe... — sussurrei, cerrando os punhos, a raiva vinha me
invadindo aos poucos, mas se alastrava rapidamente.
— Você está agressivo outra vez, atacando outras pessoas por causa
dela... Está fora de controle, Max.
— Chega, caralho! — gritei, perdendo a razão, respirando
irregularmente. — Eu disse chega!
Saí do escritório fora de mim, furioso, imagens do passado vindo
com força total. O sangue em minhas mãos, o choro sofrido, medo, nojo, a
dor de ver o corpo infantil inerte no chão. Como fomos negligenciados,
lutando todos os dias para sobreviver, como eu agi tarde demais para
proteger minha irmã. O ódio que acumulei não foi o suficiente para tomar
uma atitude, o maldito medo me paralisava todas as vezes.
— Não vou pensar nisso. — Fui direto para o meu quarto procurar
por Liz, eu precisava dela para recuperar o ar que parecia ter sumido dos
meus pulmões.
— Max, está tudo bem? — perguntou logo que entrei.
Balancei a cabeça negando, escorreguei encostado na porta, até me
sentar. Mesmo que puxasse o ar ele parecia não vir. As lágrimas que nunca
caíam, agora nublavam a minha visão. Era sempre assim quando esse assunto
vinha à tona, me machucava, me fazia relembrar com detalhes, como se
aquela noite nunca tivesse acabado, revivia os dias sombrios, de dor e
tormento, repetidas vezes na minha cabeça.
— Só fica aqui comigo — supliquei, abrindo os braços para que
viesse para o meu colo. — Por favor, não me pergunta nada, só fica aqui.
Não vi se assentiu concordando, mas fez o que pedi, sentou em meu
colo, uma perna de cada lado do meu corpo. Vestindo apenas uma camisa
minha, senti a pele nua quando enfiei minhas mãos por baixo do tecido.
Enterrei meu rosto em seu pescoço, inalando seu cheiro. Ali em seus braços,
senti a minha respiração se acalmar. Liz não fazia ideia de que, na verdade,
eu precisava mais dela do que ela de mim. Não da forma como Freda
colocou, eu não estava substituindo o alvo da minha proteção, não queria
ocupar ou satisfazer aquela necessidade dentro de mim.
A maneira como Liz vivia quando a conheci me arrebatou, via nela a
mim mesmo. A fome era tão latente em seu olhar que foi impossível
esconder a minha surpresa ao ver a semelhança, vi minha irmã nela,
entretanto, com o tempo isso passou. Vi a garota que conhecia há anos se
transformar em uma adolescente rebelde e agora uma linda mulher. Isso que
sentia por ela não era nem de perto apenas um sentimento de proteção.
Amava Liz, nunca senti por ninguém o que sinto por ela, e o que mais
me irritava era que Freda fizesse uma junção de situações diferentes para
tentar me manipular. Eu podia ser um fodido, descontrolado, agressivo, mas
nunca agiria assim com Elizabeth Collins. Para mim, o passado não existia
mais, nada do que aconteceu me faria ter escolhas diferentes. Sabia bem o
que queria, e faria tudo para que ninguém me impedisse de ter.
Depois do dia em que Max conversou com sua mãe, não tocamos no
assunto que o deixou abalado. Fiquei tão nervosa, temendo que os dois
brigassem por minha causa, que decidi aceitar tudo que Freda propôs para
mim. Eu me dividia entre a minha casa, o ballet e a mansão dos Kings.
Durante as manhãs passava no lugar que morei toda a vida, para me
certificar de que tudo estava no lugar, a casa nunca esteve tão vazia, Max
sugeriu que eu alugasse ou vendesse, mas não me sentia pronta, de repente as
coisas entre nós poderiam dar errado e eu não teria para onde ir. E ter meu
lugar, mesmo que não dormisse ali, me deixava confortável, se estava na
mansão era por opção, por querer ficar perto do Max.
— Vamos, meninas, não quero distrações hoje! — Madelyn ordenou,
enquanto nos movíamos pelo salão.
Por ficar uma semana sem treinar, meus músculos protestaram com o
esforço repentino. Para muitos, dançar era algo fácil, mas apenas uma
bailarina podia dizer o quanto era difícil e como exigia muito trabalho para
se manter em forma.
Em sincronia dançamos, fiz com perfeição alguns fouettés, indo até
um dos bailarinos que fazia par comigo naquela manhã, ele me agarrou firme
pela cintura, jogou-me para cima e me estiquei, impulsionando o corpo,
executando um grand jeté. Pousei com elegância, um braço na vertical, outro
na horizontal, o suor encharcava meu pescoço e rosto, fazendo com que os
fios de cabelo grudassem na minha pele. Madame Madelyn aplaudiu,
repetindo várias vezes a palavra “perfeito”, suas exclamações alegres
deixaram todos satisfeitos com o trabalho, finalizamos a cena mais
aliviados, mas quando acabamos, uma salva de palmas descoordenadas
atraiu minha atenção.
Com um sorriso maldoso nos lábios, Cristian Michell estava parado
em frente à escola, eu o conhecia bem para saber que veio atrás de confusão.
Seu rosto estava bem machucado, os dias de recuperação no hospital, não
foram de grande ajuda para ele. Manchas rochas destacavam-se embaixo dos
olhos, ainda estava com o curativo no nariz. Se optou por sair assim em
público, apenas para vir até aqui, deixava claro que não era uma visita
cordial.
— Elizabeth — Madelyn declarou em alto e bom som. — Não quero
seus problemas aqui.
Corei quando uma onda de risadas ecoou pelo local, claro que todos
comentavam sobre a minha separação com Cristian, e depois do meu novo
relacionamento com Max. O fato dos dois terem sido amigos não me
ajudava. Ninguém queria saber se meu ex-namorado tinha me enganado,
traído, engravidado outra pessoa, sequer davam importância para o tempo
que fiquei solteira até ingressar em outra relação. Tudo o que comentavam
era sobre a minha falta de vergonha e pudor ao me envolver com eles.
Marchei irritada até Cristian, queria que ele desaparecesse da minha vida.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, empurrando-o para fora.
— Calma, Liz. — Levantou os braços em sinal de rendição. — É
assim que me recebe depois de tanto tempo?
— Se eu pudesse não olhava mais para sua cara! — exclamei,
irritada.
Por que ele tinha que vir aqui?
— Você estava linda, gatinha. — Inclinou-se para beijar meu rosto e
eu desviei, isso fez com que quase tocasse meus lábios. — Sinto sua falta,
me deixa explicar o que aconteceu.
— Não chegue perto de mim!
— Quanta agressividade. — Riu de maneira irônica. — Eu preciso
de carinho, veja só o que Max fez comigo.
— Acho que foi pouco — declarei. — Deveria ter isso como um
aviso e não se aproximar.
— Ele ficou irritado porque falei como você gozava no meu pau —
provocou-me, falando alto para que todos escutassem.
— Então você mentiu. — Sobrepus a sua voz, atraindo mais atenção.
— A verdade é que eu nunca gozei com você, Cristian Michell!
— O que pensa que está fazendo sua vagabunda? — alterou-se, e
tentou me calar.
— Cristian é um fraco na cama, não sabe onde fica... — Não
consegui terminar de falar, pois um tapa acertou meu rosto em cheio.
Cambaleei para trás, respirando descompassadamente, meu rosto
ardendo, a raiva inflamando dentro de mim. Com a força do golpe, acabei
cortando o lábio, passei a língua sobre o sangue, abrindo um sorriso de lado,
tão irônico quanto o dele. A ironia era que minha avó uma vez me disse, que
se um homem levanta a mão para você apenas uma vez, e mesmo que não
conclua a agressão naquele momento, em uma segunda vez ele te bateria.
Disse-me isso justamente após presenciar uma discussão entre mim e
Cristian. Ela tinha razão.
Reprimi a raiva, a dor e as perdas por tempo demais, não deixaria
que um cretino como Cristian Michell humilhar, envergonhar, muito menos
me bater. Ergui o olhar, enchendo-me de coragem, sem pensar nas
consequências, avancei sobre ele. Minhas unhas enfiaram-se em sua carne,
rasgando a pele, fazendo-o gritar, não deixaria que me desse aquele tapa e
saísse sem receber o troco. Bati minha cabeça em seu nariz machucado,
desejando fazer um estrago maior para que ficasse o máximo de tempo
possível no hospital, talvez, quando saísse, tivesse um pouco de decência e
não voltasse a me importunar.
Como se tudo passasse em câmera lenta, fui tirada, senti como sua
pele ficou sob as minhas unhas, que mesmo curtas fizeram um estrago no seu
rosto. Todos olhavam para mim como se eu fosse a errada, um animal
arredio e agressivo. Meu coração batia acelerado, estava nervosa, com
raiva, mas no fundo satisfeita. Um dos seguranças da academia me arrastou
para um canto e me manteve ali por um tempo, enquanto ajudavam Cristian,
ele não estava tão ruim assim, só gostava de se fazer de coitado.
Idiota! Como pude me envolver como um cara desse tipo? Como fui
tão cega por tanto tempo?
Ouvi o som de sirenes, e como se estivéssemos em um filme de ação,
vi quando dois policiais entraram pelo corredor, esperei que fossem até
Cristian e o levassem, mas fui surpreendida quando vieram em minha
direção. Fiquei de pé, pronta para declarar em alto e bom som que ele havia
me agredido, só que não pude. Como uma criminosa, fui algemada, enquanto
eles ditavam meus direitos. A vida era assim, pelo menos para pessoas sem
poder ou status, eles agiam primeiro para depois perguntar, entre um pobre e
um rico, o lado mais fraco sempre seria o culpado. Bom, talvez eu fosse.
As coisas estavam ficando cada vez mais difíceis na casa dos King,
meu relacionamento com Max era a única coisa boa de tudo, os dias que
passamos juntos em seu quarto, fazendo amor e jogando conversa fora se
tornaram um ótimo refúgio, mas eu não podia ficar ali, mesmo com a
crescente tensão que Cristian nos causava, optei por voltar para minha casa.
Ele nunca mais nos procurou, quando o encontrávamos em algum lugar,
simplesmente nos ignorava, isso foi o que me motivou a voltar, não havia
motivos para continuar morando com Max, no entanto, Freda insistiu em me
ter sob o seu domínio.
Ela era uma mulher decidida, que gostava de ter o controle sobre
tudo, inclusive sobre mim, não que me forçasse a nada, mas deixava claro
que se quisesse me enquadrar no mundo em que eles viviam, deveria seguir
seus conselhos. Eu tentava ao máximo me ajustar, principalmente porque
pensava na ideia de ter um futuro com Max.
Depois que nos abrimos um com outro, revelando nossas dores e
traumas, ficamos mais íntimos, nossa conexão mais forte, e isso era algo que
eu não queria estragar, pela primeira vez sabia o que era amar e ser amada,
ter alguém que se importava comigo, e não estava apenas atrás de um sexo
fácil.
Ouvi um carro se aproximando, e logo estacionou em frente à minha
casa, olhei através da janela, e pelo emblema cromado imaginei que fosse
Max, mas aquele não era o carro dele. Não demorou para que Freda saísse,
carregando consigo sacolas de uma das lojas mais conhecidas do país, sabia
que o que estivesse ali dentro era para mim. Nos últimos dias ela vinha
frisando o quanto era importante estarmos no evento em que anunciaria
formalmente sua candidatura, e eu estava inclusa naquilo, até me pediu fotos
para inserir em um slide formal da família King. Outra vez não me senti
confortável com aquilo, mas cedi, a fim de evitar conflitos.
— Elizabeth, que bom que te encontrei em casa. — Sorriu diante da
porta aberta, olhando tudo antes de entrar, era a primeira vez que pisava ali.
— Eu estava de saída, Freda, tenho que ir para o ballet — comentei,
tentando não soar deselegante.
— Hoje vai faltar — afirmou como se estivesse decidido. —
Precisamos organizar tudo para o evento da minha candidatura, quero que...
— Espera um pouco. — Estendi uma mão, fazendo-a parar, quando já
colocava tudo sobre a minha pequena mesa. — Não posso faltar ao ballet,
isso é importante pra mim, algo sério, não hobby.
— Então terá que decidir o que é mais importante. — Foi direta,
direcionando-me um olhar afiado. — Maxwell faz planos para se casar com
você, ele vai abrir mão do basquete para assumir a empresa porque é algo
seguro, sabe que só assim vai poder cuidar da família que quer criar.
— Mas não vamos nos casar agora, eu ainda...
— Entenda uma coisa, Elizabeth, isso não é sobre você e sim sobre o
meu filho — alterou-se, dizendo em um tom mordaz. — Maxwell vai ser um
homem poderoso, e precisa de uma mulher à sua altura, alguém que seja um
suporte, não um problema.
Um suporte? Era isso que eu me tornaria?
— Freda, acho que está exagerando — tentei ser razoável. — Amo
seu filho e sei que em algum momento nossa relação ficará mais séria, mas
não vejo como o ballet será um problema e não tem motivos para que eu
mude a minha vida para poder estar com ele.
— Sabe qual foi a primeira coisa que pensei quando Max me disse
que estava com você?
— Não faço ideia — respondi com ironia.
— Que isso não duraria, e acertei. — Deu de ombros, deixando claro
que não se importava. — Então acho que vou esperar até que acabe e ele
encontre alguém que queira algo sério.
— Meu Deus! — Andei em círculos sem acreditar no que ouvia. —
Você não pode resumir o que eu sinto pelo Max apenas pelas minhas
escolhas...
— Suas escolhas estragam a vida dele — acusou irritada. — Desde
que vocês estão juntos ele ficou mais agressivo, fora de controle, as notas
dele despencaram, sabia que ele tem duas pendências e se não resolver vai
perder o diploma?
— Eu não fazia ideia...
— Imagino que não saiba que Max teve que se humilhar para os
Michell apenas para que eles retirassem a queixa contra você — revelou,
deixando-me mais surpresa. — Agora além de toda essa confusão, teremos
que rezar para que eles aceitem e não processem a nossa família por isso.
— Freda, eu não fazia ideia — gaguejei, sem saber o que dizer. —
Vou resolver isso, vou falar com o Cristian e consertar as coisas...
— Se quer fazer algo útil de verdade, me escute. — Segurou meus
braços, olhando-me com seriedade. — Precisa escolher o que quer, se ama o
meu filho vai ter que mudar, se adequar para estar à altura dele.
— O Max me ama assim...
— Ele te ama agora que é jovem e bobo, mas quando você o fizer
passar vergonha diante de sócios importantes, usando esse tipo de roupa. —
Olhou-me com nojo. — Ou deixar de estar ao lado dele em grandes eventos
apenas para dançar em uma academia barata. — Suspirou dramaticamente.
— Esse amor vai acabar, Elizabeth, e sobrará apenas arrependimento, magoa
e no fim se tornará ódio.
— Não acredito nisso — neguei, mas no fundo refletia cada palavra.
— Então olhe para o futuro Maxwell King, um grande empresário,
que tipo de mulher imagina ao lado dele? — indagou, pressionando-me. —
Se ama o meu filho como diz que ama, vai fazer isso direito.
— Está dizendo que preciso largar o ballet? — Engoli em seco, as
palavras amargando como fel na minha boca.
— Você pode dançar, mas sua prioridade será outra. — Abriu as
sacolas tirando as peças de dentro. — Aqui tem três modelos para você
escolher, no dia do anúncio da minha candidatura meus filhos vão falar como
foi viver em orfanatos — continuou, deixando-me enojada. — Quero que
você dê um discurso dizendo como é difícil a vida desse lado da cidade,
como prefeita de River Lake vou cuidar para que o sistema melhore, e
ninguém melhor do que a minha família para falar sobre isso.
— Não sou boa com discursos. — Engoli o orgulho, sem tomar uma
decisão, mas pensando sobre aquilo.
— Vai se sair bem, pense no futuro bom que terá ao lado do meu
filho. — Olhou novamente para minha casa, sem esconder o nojo que sentia.
— Você vai sair ganhando, pense nisso.
Sem dizer mais nada, deu-me as costas e saiu. Olhei para os vestidos
sobre a mesa e fitei o lugar onde eu morava, certamente aquelas peças
valiam mais do que tudo que havia na minha casa. Puxei uma cadeira,
sentando-me para poder digerir tudo o que escutei, amava Max, na verdade,
nunca amei um homem antes dele, o que vivi com Cristian não se comparava,
mas não tinha certeza se seríamos bons juntos.
Como me adequaria ao seu mundo? Quantos mais problemas eu iria
causar para ele? O quanto o nosso amor suportaria? Essas eram respostas
que só o tempo daria, só tinha que ter coragem o suficiente para esperar e
saber se no final, Max me amaria ou odiaria. Eu tinha dito a ele que
sobreviver exigia força, mas agora sabia que amar exigia coragem.
Tudo parecia começar a dar certo na minha vida com Liz ao meu lado
não havia um só dia ruim, mesmo com toda pressão dos meus pais para que
eu assumisse a King. Eu tive uma conversa séria com os meus pais, depois
que finalmente me abri com Liz e revelei sobre o meu passado, senti-me
mais seguro, sem aquele peso que me atormentava. Ela me enchia de
coragem, tendo-a ao meu lado, sabia que poderia fazer tudo. Agora eu só
precisava provar para Freda e Lucius King que conseguiria um clube
profissional, o último jogo da temporada seria minha chance de ouro.
Tentei me manter focado no que era importante e dar o melhor de
mim, ainda que existisse toda a perturbação com Cristian, e a pressão dos
meus pais, conseguia me manter centrado e conduzir como capitão do time
inteiro. Acho que nunca estive melhor, e Liz era a razão de toda essa energia.
Virei-me quando ouvi a porta do banheiro ser aberta, meu coração sofreu um
solavanco ao vê-la caminhar em minha direção. Tão diferente, elegante, ao
mesmo tempo linda, esplendorosa. Usava um vestido longo, vermelho, com
mangas longas, desci o olhar minuciosamente, deparando-me com uma fenda
não muito reveladora, no entanto, podia ver a pele macia e o joelho que eu
adorava morder.
Enchi-me de orgulho enquanto a admirava, era a primeira vez que
estaríamos juntos em um evento desse porte. Geralmente eu odiava todos,
mas esse seria especial, ela ficaria ao meu lado, todos veriam e não
restariam mais dúvidas que nós pertencíamos um ao outro. Dei alguns passos
cortando a distância, levei uma mão ao pescoço fino, livre do cabelo, que
estava preso em lindo rabo de cavalo. Isso me fez ter pensamentos sujos, só
não diria a ela, ou certamente não sairíamos do quarto, eu devoraria aquela
garota a noite inteira, por isso me contive.
— Maravilhosa — sussurrei, beijando suavemente seus lábios
cobertos por um batom da mesma cor do vestido. — A mulher mais linda do
mundo, tenho certeza.
— Não sabia que Maxwell King era tão galante. — Ela riu, corando
com timidez, por receber um elogio. — Gostou mesmo de me ver assim?
— Gosto de ver você de qualquer jeito, principalmente nua —
declarei com malícia, tocando seu pescoço com o nariz, inspirando seu
perfume. — Não me importa a roupa que veste, Liz, não entendeu que sou
louco por você de todas as formas possíveis.
— Acho que está tentando me seduzir.
— Estou conseguindo? — perguntei e ela assentiu meneando a
cabeça.
— Sabe que sim. — Deslizou as mãos sobre o meu peito, ajustando a
gravata. — Estou nervosa.
— Não precisa ficar. — Beijei sua testa com carinho, percebendo
que estava muito tensa. — Eu também não gosto de vestir esse tipo de roupa
e socializar com toda aquela gente, mas preciso fazer...
— Eu sei — me interrompeu, desviando o olhar.
— Não sabe, Liz — corrigi para que entendesse que não tinha que
fazer nada que não quisesse. — Eu tenho que estar aqui, é a minha família,
mas se isso não te deixa confortável...
— Quero estar com você, Max, só não gosto muito dessa coisa toda.
— Quer trocar de roupa? — indaguei com a voz mansa. — Pode
fazer o que quiser, Liz, usar o que quiser, eu sei que a minha mãe deve ter
pedido para que usasse esse vestido.
— Eu modifiquei, antes não tinha a fenda, nem tanto decote —
revelou com um sorriso travesso. — Além do mais, que roupa usaria?
— Ficou linda assim e se quisesse descer de moletom não teria
problema — garanti, ela gargalhou.
— Sua mãe teria um ataque antes que pudesse assumir qualquer
cargo.
— Quer descer de moletom? Usar um dos seus vestidos? Eu não me
importo, Liz, só quero que esteja feliz.
— Eu estou — afirmou e eu acreditei, seu olhar tão apaixonado me
faria acreditar em qualquer coisa. — Vamos descer?
— Quero te contar uma coisa antes. — Segurei suas mãos, e a levei
até a cama para que pudesse se sentar.
— Está me deixando nervosa, o que foi? — perguntou impaciente.
— Depois da nossa conversa aquela noite, falei com os meus pais
sobre seguir com o basquete profissionalmente — revelei e seu sorriso se
abriu. — Ainda não é nada certo, mas se conseguir atrair o olheiro de um
clube importante no último jogo, vou poder escolher entre a empresa e jogar.
— Isso é incrível. — Envolveu os braços ao redor do meu pescoço e
beijou meu rosto. — Deve escolher o que te faz feliz, se quer jogar então
faça isso.
— Eu sei, só fico mal porque não queria decepcionar os meus pais
— confessei pensativo. — Depois de tudo o que eles fizeram por mim, sinto
que estou sendo ingrato e egoísta.
— O que eles fizeram por você foi porque te amavam, e não uma
troca — argumentou, franzindo o cenho. — Então vão entender.
— Bom, eu só espero arrasar nesse jogo. — Fiquei de pé, trazendo-a
para os meus braços. — Ainda tenho algumas obrigações com o estágio, eles
querem que eu me forme independente da profissão que vou seguir, então vou
ter que me desdobrar para conciliar tudo.
— Se precisar de ajuda eu estou aqui.
— Vou precisar mesmo. — Mordi seu queixo e ela gemeu baixinho.
— Vou precisar de muita ajuda, Liz...
— Você é tão safado, Maxwell King. — Deu um tapa em meu ombro,
rindo das minhas palavras em duplo sentido.
— Só com você, meu amor. — Beijei outra vez sua boca, guiando-a
para fora do quarto.
Segui meus instintos para estar naquele jogo, meu coração parecia
gritar dentro do peito para que eu me movesse, agisse, corresse atrás da
minha felicidade. Depois de uma semana infernal evitando qualquer contato
com Max, decidi que estava sendo idiota demais. Achei que ficar afastada
dele nos faria acostumar com a distância, que a saudade amenizaria, que ele
se acostumaria a viver sem mim, que seguiria sua vida, e eu lidaria com a
minha dor sozinha, no entanto, aqueles foram os piores dias da minha vida.
Pensei que fosse sufocar sozinha, a tristeza me espezinhava por dentro, me
apegava aos momentos que passamos juntos, mas isso não foi o suficiente.
Cheguei a ligar para Max de um telefone público, apenas para ouvir
sua voz. Ele havia saído de um treino e deveria estar comemorando com os
amigos antes do grande jogo, muitas vozes gritavam seu nome, não quis
atrapalhar aquele momento especial, desliguei e voltei para casa, como uma
covarde me tranquei outra vez, tendo a certeza de que estava fazendo o certo.
Porém, quando acordei hoje pela manhã, vi um envelope que foi colocado
por baixo da minha porta. Soube que era dele, abri e lá estava uma entrada
para o jogo, junto com um bilhete simples, que dizia: “Quero você comigo”.
Apenas três palavras que me fizeram vestir minhas roupas às pressas e
correr para aquele ginásio.
Logo que cheguei vi Freda ao lado do marido, engoli a raiva que
sentia e peguei um assento duas fileiras acima de onde estavam. Ignorei-a
por completo, torcendo para que não me visse ali. Max entrou em campo, seu
olhar varrendo todo o lugar até me encontrar, quando o fez, lançou-me um
beijo que agarrei como uma tola apaixonada, foi naquele momento que a mãe
dele me viu. Ela virou a cabeça procurando o alvo do filho, ao me achar,
fitou-me irritada. Seu marido deve ter falado algo, pois voltou a focar na
quadra e não em mim.
Meus olhos brilharam de emoção e paixão a cada cesta que Max
fazia, aplaudi, gritei, vibrei a cada lance. Eu estava em êxtase, contando os
segundos para que o jogo acabasse e pudesse correr para os seus braços,
beijá-lo, dizer que fui uma tola, que o amava demais, e nada mais importava.
Ele estava tão lindo, o cabelo colado na testa suada era um charme. Fiquei
atenta a tudo, no entanto, em seu último lance, depois de se pendurar na
cesta, caiu no chão e não levantou mais. De longe eu não pude ver bem o que
estava acontecendo, vários jogadores e técnicos fizeram um círculo em volta
dele.
Fiquei de pé, e desci os degraus da arquibancada às pressas, queria
alcançá-lo e me certificar de que estava bem, foi quando os gritos de Max
começaram, altos, sofridos... Ele tinha se machucado. Um nó se formou na
minha garganta, minhas mãos começaram a tremer, meu coração parecia
querer saltar do peito. Sentia que algo estava errado, meus olhos marejaram
deixando minha visão turva, esbarrei nas pessoas, pisando em seus pés ao
tentar descer o mais rápido possível, quando estava prestes a chegar na
quadra, fui puxada com brusquidão para trás.
— Onde pensa que está indo? — Freda gritou, raivosa, o rosto
vermelho, olhos afiados.
— O Max se machucou, preciso ver como ele está — falei
exasperada, as pessoas esbarrando em mim ao passar.
— Você vai ficar longe do meu filho — ordenou. — Já não basta
tudo o que causou? Quer acabar de vez com ele?
— Freda, não tem que se meter entre mim e o Max. — Eu a empurrei
tentando passar, e mais uma vez fui puxada. — Me solta.
— Não serve pra ele, Elizabeth — pontuou com um tom mordaz,
cheio de veneno. — Meu filho tem uma vida brilhante pela frente, um futuro
esplendoroso, mas que está ameaçado desde que você chegou.
— Eu não quero atrapalhar a vida dele, nós nos amamos...
— E olha onde esse amor o levou. — Apontou para a quadra, onde
Max era trazido em cima de uma maca, com a perna imobilizada. — Ele
estava animado com o basquete, hoje tinha a chance de ser chamado para um
time grande, onde seria o destaque, mas ele ficou a semana toda correndo
atrás de você.
— Eu não queria...
— Não queria... — me imitou com desdém. — Garotas do seu tipo
eu conheci aos montes, se fazem de pobre coitada para tirar proveito de
jovens como Max — acusou-me sem me dar chance de rebater. —
Provavelmente as chances no basquete dele acabaram hoje e por sua culpa,
se tivesse ficado longe meu filho continuaria focado, treinando, mas a sua
ganância não deixou, bastou perder Cristian para enfiar as garras no Max.
— Não estou interessada no dinheiro dele. — Limpei as lágrimas
que caíam. — Eu o amo.
— Ama mesmo? — Arqueou uma sobrancelha, encarando-me com
ódio. — Por que está aqui então?
— Precisava vê-lo, quero ficar com ele...
— Vocês não sabem o que é amor, Elizabeth. — Balançou a cabeça
irritada. — Se insistir nisso será um erro, para você e para Max, daqui a
alguns anos isso que chamam de amor vai acabar, ele vai te culpar por ter
perdido a chance que tinha no basquete, vai te culpar por ter entrado na vida
dele e estragado tudo...
— Não vai ser assim — neguei, não queria acreditar, mas no fundo
temia que isso acontecesse.
— A frustração vai fazer isso, ele vai se lembrar todos os dias que
era na cama do amigo dele que você se deitava, vai ligar os pontos e
descobrir a vadia que você é. — Sua voz saiu suave, envenenando-me. —
Você é a perdição do meu filho, um erro que Max cometeu e vai ter que
pagar pelo resto da vida. — Soltou-me, abrindo espaço para que eu
passasse. — Quer ir atrás dele e terminar de desgraçar com tudo? Vai, está
livre para acabar de destruir o que sobrou do meu filho.
Travei no lugar, sentindo o peso de suas palavras, tinha que dar razão
em parte das coisas que me disse. Max teria uma vida diferente longe de
mim. O que aconteceu hoje foi uma prova que eu não tinha nada de bom para
oferecer, tudo o que fiz foi trazer problemas. Em pouco tempo ele teve que
me livrar de ser presa por roubo, brigou com Cristian a ponto de mandá-lo
para o hospital, brigou com a mãe, assumiu o peso da morte da minha avó, e
agora provavelmente perderia suas chances no basquete. Olhando para tudo
isso, não encontrava uma coisa boa para pontuar.
— Não importa o que escolha, Elizabeth, eu vou acabar com a sua
vida assim como acabou com a do Max — declarou com raiva. — Esqueça
suas chances no ballet, esqueça qualquer oportunidade de trabalho nessa
cidade, sua vida acabou no segundo em que decidiu ficar com Max.
— Um dia ele vai saber a pessoa odiosa que você é, Freda —
murmurei segurando as lágrimas, não queria chorar, não na frente dela. —
Quando o Max descobrir a mãe que ele tem vai te odiar, eu posso não estar
aqui para ver, mas esse dia vai chegar.
— Está errada. — Seus olhos brilharam, na tentativa de esconder
suas emoções. — A única pessoa que ele vai odiar vai ser você — garantiu.
— Eu só lhe dei amor, apoio, segurança. Sou tudo que Max tem, já você, só
bagunçou a vida dele.
— Você é um ser humano horrível, suja, acho que essa cidade
finalmente vai ter a prefeita que merece — ataquei.
— Não me importa o que pensa, garota — desdenhou com um sorriso
maquiavélico no rosto. — No final eu vou ter tudo, e você nada, pode sair
rastejando e voltar para o buraco de onde sua mãe te trouxe, mas nenhum
lugar vai ser longe o suficiente para eu poder acabar com a sua vida.
— A minha vida vai acabar no segundo em que eu deixar o Max,
Freda — declarei entristecida. — Não há nada que possa fazer que vai me
machucar mais do que isso.
— E o que está esperando para partir? — Cruzou os braços,
esperando que eu fosse. — Me diga Elizabeth, quanto quer para deixar o
meu filho em paz?
— Vai se ferrar! — exclamei, virando-me para ir, mas ela não se
contentou e quis me atacar ainda mais. — Eu não preciso do seu dinheiro,
não quero nada que venha de você.
— Vagabunda... — sussurrou a ofensa, debochando.
Não me contive e me virei, acertando um tapa em cheio no seu rosto,
não foi o suficiente para lavar minha alma, mas ao menos não sairia dali sem
revidar cada ataque que recebi. As pessoas estavam agitadas por tudo o que
aconteceu na quadra, que ninguém pareceu notar que brigávamos. Passei por
cada uma, andando entre elas, invisível como sempre, nunca reparavam em
mim, ir embora daquela cidade não faria diferença nenhuma na vida dela,
seria como se nunca tivesse existido.
Não sei como consegui sair daquele ginásio, meu peito doía, minha
cabeça latejava, eu mal podia enxergar, as lágrimas que inundaram meus
olhos deixavam minha visão turva, mas quando cheguei em casa me permiti
desabar. Solucei, chorando encolhida em minha cama, como uma garotinha
perdida, solitária. Eu não tinha escolha, senão partir daquela cidade, Freda
estava coberta de razão, insistir no meu relacionamento com Max era um
erro, jamais daria certo. Ainda podia ouvir seus gritos de dor, a imagem dele
sendo levado pelos paramédicos invadiam minha mente, o rosto pálido,
cheio de dor, as mãos agitadas agarrando o cabelo enquanto berrava. Tudo o
que eu queria era ir até ele, abraçá-lo, dizer que ficaria bem, mas e se isso
não acontecesse?
Ele falou tanto sobre aquele jogo, estava feliz com a possibilidade de
seguir profissionalmente no basquete, e até isso eu fui capaz de destruir.
Martirizei-me a cada segundo desde que saí do ginásio, pensando se teria
sido diferente se eu não tivesse agido como uma idiota, ignorando-o quando
tentou falar comigo. Achei que estivesse fazendo a melhor escolha, acreditei
que me afastar seria melhor para ele, e mais uma vez estraguei tudo.
Burra! Burra! Burra!
A única pessoa que tinha o poder de me fazer esquecer de tudo, que
com apenas um abraço cheio de carinho me mostrava como era bom ser
amada de verdade, agora deveria me odiar. Levantei cambaleando pelo
quarto, sem poder lidar com as lembranças de nós dois juntos, do seu corpo
quente sobre o meu, a maneira como me reivindicava, sussurrando que me
amava enquanto me fodia daquele jeito feroz, dominante, beijando minha
boca com tanta força que deixava nossos lábios marcados. Seria difícil ficar
longe dele, tinha certeza de que me destruiria nunca mais vê-lo, no entanto,
era o certo a fazer. Pensei na possibilidade de ele vir atrás de mim, como o
conhecia, sabia que não desistiria fácil, Max gostava de se meter em
confusão, e mesmo sabendo que eu era um problema, persistiria nisso até
que nos destruíssemos, até que o amor que sentia se transformasse em ódio.
Seria eu a ter que decidir por nós, eu deveria fazer o certo para que
ele pudesse ter um futuro bom longe de mim. Amar exigia coragem, mas
deixar livre quem se ama, exigia muito mais.
Abri minha mochila velha, comecei a guardar o mais importante,
algumas peças de roupa, a caixa com fotografias da minha mãe e de Abigail,
guardei o álbum de fotos da minha apresentação, nele havia as fotos que tirei
com Max, não podia deixar, seria a única lembrança que teria de nós, a
certeza de que o que vivemos foi real e não um sonho. Olhei para os
quadros, desejando levá-los comigo, mas se não sabia para onde ir, nem se
havia um lugar para ficar, não poderia levar. Doeria deixá-los, entretanto,
que opção eu tinha?
Enfiei o que coube dentro da mochila e peguei poucas coisas do
ballet, talvez nunca mais precisasse, se Freda cumprisse com sua ameaça,
todas as portas estariam fechadas para mim. Peguei a jaqueta de Max,
inspirando o perfume dele que ainda estava nela, eu sentiria tanta saudade do
seu cheiro, do seu calor. Eu a vesti na tentativa de me sentir mais próxima a
ele, carreguei tudo para a porta, e dei uma última olhada para a minha casa,
decidida a ir de vez.
Caminhei até o ponto de ônibus, apressando os passos, pois
começava a chover, sentei à espera do primeiro que passasse, sem ter ideia
de onde ir. Tirei o papel com o número de telefone que minha avó deixou,
pensando se seria uma boa ideia usá-lo. Minhas mãos tremiam enquanto eu
fitava os números, ela não me deixaria o telefone de alguém que não pudesse
me ajudar. Enchendo-me de coragem, digitei no celular esperando que a
chamada fosse completada. Quando a voz masculina atendeu, não soube o
que dizer, minha garganta travou, meu coração acelerou ainda mais.
— Quem é? — o homem do outro lado da linha indagou com
rispidez.
— Eu sou Elizabeth Collins, minha avó Abigail faleceu e ela me
deixou seu...
— A minha mãe morreu? — ele perguntou surpreso, mas não mais do
que eu.
Ele era filho de Abigail, então aquele homem era meu pai?
Sem saber como explicar tudo fiz um resumo, sentindo meus olhos
transbordarem a cada vez que ele falava, seu tom se tornou mais brando,
estava surpreso com aquelas informações e eu ainda mais, no entanto, tentou
explicar o porquê de nunca ter vindo atrás de mim. Era muita coisa para se
falar por telefone, e eu não sabia se poderia confiar naquele desconhecido.
Novamente me vi sem opções. Não demorou para que Steven Collins
dissesse que eu não estava sozinha, me disse o que deveria fazer e até onde
ir para que pudesse me buscar. Tentei ficar feliz por descobrir que não
estava sozinha, que o pai que pensei não existir ou que não ligava para mim,
vivia em outra cidade e me queria em sua vida, no entanto, ao entrar no
ônibus que me levaria para longe de River Lake, dei-me conta de que
nenhuma surpresa ou notícia poderia me fazer feliz.
Eu estava desistindo de Maxwell King.
Meu nome foi anunciado, a música tomou conta do lugar, uma batida
lenta, sensual. Comecei minha performance como todas as outras vezes, fazia
isso no automático, um jogo de luzes foi inserido, enquanto eu me agarrava
ao poste, segurei com força dando o primeiro giro. Com a perna direita me
pendurei, jogando o corpo para trás. Mordi os lábios de forma sensual,
rodando ao redor daquele mastro, olhando para a pequena plateia de
homens, por ser um lugar de alto padrão, o público era mais seleto. Já havia
me apresentado em todo tipo de clube, no começo Steven me mandava para
os mais comuns, não queria arriscar que eu estragasse tudo, mas quando
comecei a ser muito requisitada, ele viu que seria vantajoso me mandar para
os melhores lugares, ao menos, esses pagavam mais.
Segurei o fio do top que vestia, pronta para desamarrar, revelando
meus seios, quando entrei um par de olhos familiares me encarando
ferozmente, cheio de autoridade, furioso. De cabeça para baixo, meio zonza,
adiei meus planos, não conseguia acreditar no que estava vendo. Terminei o
giro e fiquei de pé, procurando dentre aquelas pessoas o homem que mesmo
depois de anos tinha poder sobre mim, mas não o encontrei.
Deve ser coisa da minha imaginação. Pensei. O dia inteiro fiquei
olhando para foto de Max, relendo a matéria incansavelmente, por isso
deveria estar alucinando. Não tinha como ele estar ali. Sem fôlego, nervosa,
tentei voltar à concentração de antes, mas meu coração estava tão acelerado
que parecia querer pular para fora do peito. Comecei a me despir, ouvindo
os assovios, palmas, gritos. Fechei os olhos e torci para que aquela música
acabasse logo e eu pudesse sair dali.
Desliguei aquela chamada furioso, acho que não sentia tanta raiva
daquele jeito há muito tempo, apertei o aparelho entre os dedos querendo
destruí-lo. Sentia que a qualquer momento poderia perder a Liz e agora com
essa merda explodindo sobre nós, ela com certeza iria querer me deixar com
a ideia absurda que estava acabando com minha vida. Achei que seu pai
tivesse entendido meu recado, e apenas por pensar nela, não o entreguei para
a polícia. Liz passou a vida toda levando golpes duros do destino, desde a
infância vivendo com a mãe drogada, os relacionamentos falidos, que incluía
Cristian, que hoje estava casado, depois a pressão da minha mãe, sua partida
repentina que a trouxe para essa realidade de merda que vive, com um pai
que só quis explorá-la.
Porra! Por que as coisas não podiam ser tranquilas apenas uma
vez?
— Vamos sair daqui agora. — A passos largos alcancei a sua bolsa,
e terminei de enfiar as peças que estavam sobre a cama, peguei minha antiga
jaqueta e estendi para ela. — Aqui, veste isso.
— O que está acontecendo? — perguntou nervosa. — Max!
— Pega o que você acha indispensável, não vai voltar mais aqui —
ordenei, voltado para a janela, mas a vista era péssima, não tinha visão
nenhuma da rua. — Merda!
— Você está me assustando. — Cruzou os braços, visivelmente
abalada.
— Só um minuto. — Atendi o celular que vibrava, era da minha
equipe de segurança. — Como está aí embaixo, Vince?
— Senhor King, nós elaboramos uma saída pelos fundos, alguns
repórteres estão por aqui, o melhor é não conseguirem nenhuma imagem
comprometedora...
— Eu não me importo se me virem saindo, só não quero expor a Liz
nessa situação — rosnei, pegando o olhar assustado dela em mim. — Ligue
para o chefe de polícia, quero que ele me encontre no meu apartamento.
— Sim, senhor, o Charles já está esperando por vocês, vamos
continuar aqui na frente para despistar.
— Me mantenha informado da situação, e não deixe que percam
Steven Collins de vista, até o final do dia eu quero esse homem preso. —
Desliguei temendo encarar Liz.
— O que foi? — sua voz tensa me chamou. — Max, me conta de uma
vez.
— Seu pai tentou descontar o cheque que dei a ele e não conseguiu,
depois disso foi até a polícia prestou uma queixa e provavelmente falou com
algum repórter sobre nós — revelei de uma vez esperando que sua reação
fosse a pior. — Liz, nós temos que sair daqui, vou falar com o chefe de
polícia, vou resolver isso.
— Não acredito nisso! — Levou as mãos ao rosto, balançando a
cabeça. — Eu sabia que ele não ia ficar quieto, e agora, Max?
— Fica calma, eu vou resolver...
— Você diz que vai cuidar de tudo, mas como vai fugir de uma
acusação de agressão? — Seu olhar preocupado encontrou o meu. — Não
vou me importar se me chamarem de prostituta ou interesseira, só não quero
que tenha problemas com a justiça por minha causa.
— Não vou ter problemas, o seu pai vai — garanti, segurando sua
mão. — Vou denunciar ele por exploração e aliciação de menores.
— Mas, Steven não faz isso, não tem garotas menores de idade
trabalhando... — Liz parou, confusa, raciocinando. — Ele tem?
— Muitas, algumas delas são adultas hoje, mas tem várias meninas
nessa situação, minha equipe conseguiu reunir arquivos que seu pai
escondia, usando uma fachada legal para encobrir seus crimes. — Eu queria
explicar tudo, mas não tínhamos tempo. — Vamos embora, Liz, no caminho
vou mostrar tudo pra você.
— Preciso pegar uma coisa. — Disfarçou a tristeza em seu rosto e
correu até o armário do outro lado cômodo, tirou uma caixa de dentro e
enfiou na bolsa. — Estou pronta.
— Liz. — Segurei-a pelos braços, olhando dentro dos seus olhos. —
Promete que nada vai afastar a gente outra vez? Nenhuma das coisas que vão
dizer sobre nós, sobre você, vai fazer com que fuja? Me promete isso?
— Eu sou mulher agora, Max. — Segurou meu rosto com as suas
mãos delicadas. — Te amo e prometo que não há nada capaz de me afastar
de você outra vez.
Respirei aliviado, abraçando-a com força. Beijei sua testa, e a tirei
daquele apartamento antes que alguém nos encontrasse ali. Minha vida sob
os holofotes da imprensa era uma coisa complicada, principalmente quando
se referia a assuntos pessoais, mas faria o que fosse possível para que nada
daquilo afetasse Liz, queria mantê-la segura, e assim que resolvesse esse
problema, arrastaria a minha mulher para longe de tudo.
Descemos pelas escadas e quando chegamos à saída, um dos meus
carros nos esperava. Enfiei Liz dentro dele, passando um olhar ao redor,
algo dentro de mim dizia que o cretino estava por ali. Steven tentou entrar
em contato no meu escritório, mas não falei com ele, não daria a chance de
tentar me extorquir, aquele desgraçado não teria um centavo sequer do meu
dinheiro, entrei em contato com o banco e cancelei meu talão de cheques,
alegando ter sido roubado, sabia que tentaria pegar os cem mil, só que em
vez de entender isso como um aviso, ele prestou uma queixa contra mim,
mais um erro que cometeu.
— Senhor King, precisa entrar — Charles, um dos meus seguranças
falou.
— Sinto que ele está aqui — sussurrei, ainda com os olhos atentos.
— Ele não armaria esse show todo se não quisesse dinheiro, eu o ignorei e
essa é a chance dele de falar comigo para conseguir o que quer.
Charles varreu o lugar, tinha experiência naquilo, ele entrou na minha
frente, passando uma informação pelo rádio sem me olhar.
— Na esquina da frente, camisa xadrez, está com um Mustang 94. —
Virou-se apontando para a porta aberta do meu carro. — Senhor, é melhor
entrar.
— Eu vou até lá — decretei, e Liz tentou sair do carro para me
impedir.
— Max, não faça isso, Steven está com raiva por não conseguir o que
quer, vai causar confusão pra te prejudicar.
— Vou colocar esse babaca no lugar dele. — Dei um passo, mas a
mão forte de Charles me segurou.
— Me desculpe, senhor, não posso deixar que faça isso. — Soltou-
me quando lancei um olhar irritado para ele. — Vamos sair daqui antes que
alguém da imprensa apareça.
— Não vamos piorar tudo, Max — Liz insistiu, lançando aquele
olhar que me faria ceder a qualquer pedido seu. — Só quero ficar longe
dele, deixe a justiça cuidar disso.
Rosnei um palavrão e assenti, entrando na merda do carro. Minha
vontade era de ir até aquele filho da puta, socar a cara dele, mas isso apenas
pioraria nossa situação. Acomodei Liz puxando-a para mim, ela me envolveu
com os seus braços, apertando com força. Beijei sua cabeça, afagando com
carinho, mas meu olhar estava atento no carro que nos seguia.
Liz estava encolhida no meu sofá com uma caneca de café na mão,
nervosa, tensa, encarando o celular como se esperasse por algo. No caminho
mostrei os arquivos do seu pai, Charles conseguiu despistá-lo e seguimos
para o meu outro apartamento, o lugar onde eu morava estava cercado de
repórteres e paparazzi, não queria que Liz fosse mais exposta. Apreensiva
com aquilo, questionou se nos arquivos havia algo sobre ela, expliquei toda
a situação, disse que não tinha visto nada, mas que existia uma pasta com seu
nome e apaguei qualquer coisa que pudesse constrangê-la. Estava tentando
conter os danos, fazer com que passássemos por tudo aquilo da melhor
forma.
A mídia estava alvoroçada, manchetes tendenciosas foram
publicadas repetidamente, todas em tons ácidos falando sobre a mulher que
entrou na minha vida, Steven fez um estrago com as poucas informações que
tinha, agora todos vasculhavam meu passado em busca de informações sobre
Elizabeth Collins. Questões sobre infidelidade foram levantadas, o pai de
Scarlet não parava de me ligar, queria respostas que no momento eu não
poderia dar.
— O que foi, amor? — Sentei-me ao seu lado, afastando o celular da
frente dela, não suportava mais ver aquela perturbação em seus olhos.
— Eu tenho que te contar uma coisa. — Nervosa, fitou os próprios
dedos. — Isso pode te envergonhar e acabar com a gente.
— Nada vai poder acabar com o que temos — garanti, segurando seu
braço e trazendo-a para mim. — Me conta, Liz, seja o que for vou dar um
jeito.
— Talvez o Steven tenha fotos muito comprometedoras minhas —
revelou com a voz baixa, sua confissão saiu como um ruído. — No clube ele
fotografava quando a gente se apresentava, gravava vídeos...
— Mas não era permitido celulares.
— Os clientes não podiam, só que o Steven agenciava as garotas, e
tirava essas fotos para usar como portfólio para as apresentações. — Cobriu
o rosto com as mãos e começou a chorar.
— Minha equipe invadiu o computador dele, tudo que estava ligado a
você foi apagado...
— Ele gravava no celular, Steven ainda pode ter essas imagens, ele
pode... — soluçou nervosa, tremendo — merda! Me desculpa, eu só não
queria que você se deparasse com uma foto minha nua espalhada por aí...
— Eu vou resolver isso, vou ligar pra ele e pagar por qualquer
material que tenha sobre você — afirmei, faria tudo que pudesse para que
não tivesse que passar por esse tipo de exposição, já não bastava tudo o que
estava passando. — Vai tomar um banho, descansar, enquanto eu faço isso.
— Tá bom. — Meneou a cabeça constrangida. — Me desculpe
mesmo, você não deveria ter que pagar por isso.
— Liz, eu te amo, não precisa se desculpar. — Beijei seus lábios,
levantei-me, fazendo-a ficar de pé. — Confia em mim?
— Sabe que sim. — O sorriso que me deu não foi o mais feliz, no
entanto, era um bom começo.
— Então vai descansar e daqui a pouco vou estar ao seu lado na
cama, quando acordar esse problema vai estar resolvido, e os outros vão ter
o mesmo destino.
Com os olhos vermelhos de tanto chorar, concordou, eu a observei
caminhar até o quarto, maquinando tudo o que faria na próxima hora. Essa
era a oportunidade que eu precisava para colocar Steven atrás das grades.
Liguei para Joe Parks, o chefe de polícia, avisando que poderia vir até o
meu apartamento com uma equipe pequena, havia falado com ele durante o
caminho, deixando-o a par da situação, a queixa contra mim foi deletada do
sistema, isso era algo que o dinheiro facilitava, a única coisa que faltava era
tirar Steven de uma vez das nossas vidas. Peguei o celular de Liz,
procurando pelo número do desgraçado. Quando liguei, atendeu no primeiro
toque, como se esperasse por aquela ligação.
— Filha, sabia que me ligaria. — Sua voz asquerosa me encheu de
raiva.
— Não é a Liz — avisei e ele riu. — Estou disposto a pagar por
qualquer coisa que comprometa ela.
— Maxwell King, esperava pelo seu contato também. — O jeito que
falava me dava nojo, mas tinha que tentar pelo menos manter a calma. — Me
diga o que fazer e estou aberto a isso, se tivéssemos tido essa conversa
civilizada antes não teria chegado ao extremo.
— Certo, anote o endereço, e não tente atrair atenção ou não haverá
nenhum tipo de acordo — alertei, passando a localização de onde estava, era
o melhor lugar, ninguém sabia onde ficava.
— Esteja preparado, King, isso não vai sair barato. — Com aquela
risada tenebrosa, desligou.
Não estava nervoso pelo que aconteceria, apenas ansioso para
acabar de uma vez com aquilo, com Steven Collins fora do caminho, Liz
ficaria mais tranquila, cuidaria do meu divórcio e estaríamos livres para
ficar juntos de uma vez. Tinha muitos planos, queria me casar com ela, ter
filhos, formar uma família, desejava ver Liz florescer, livre de todo aquele
peso que carregava, que pudesse fazer o que quisesse, queria poder
proporcionar todas as oportunidades que ela perdeu, mas acima de tudo,
fazer a minha mulher feliz.
Aqui você vai poder me seguir nas redes sociais e conhecer os meus
outros livros! Aguardo você lá.
[1]
O plié é um dos movimentos mais importantes do ballet feito na barra. Consiste numa flexão do joelho
ou joelhos, que serve para tornar os músculos mais flexíveis e maleáveis e os tendões mais elásticos.
Existe o demi plié e o grand plié, que consiste numa flexão menos ou mais acentuada, respectivamente.
Table of Contents
Nota da autora
Parte Um
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Parte Dois
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Epílogo