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Capa: Lysa Moura Designer

Revisão de Textos: Noely Pacheco do Amaral


Diagramação E-book: Hylanna Lima
Assessoria: HL Assessoria @hlassessorialiteraria

Copyright © – 2023 por Yole Quaglio

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma


ou por qualquer meio, sem a autorização expressa da autora que possui os
direitos exclusivos sobre a versão da obra.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº
9.610/98, punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Esta é uma obra de ficção, seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação
da autora. Quaisquer semelhanças com nomes, datas e acontecimentos reais
são mera coincidência.
1ª Edição Novembro 2023
Publicado no Brasil
Sumário
Nota de Revisão
Sinopse
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Epílogo
Agradecimento
Recado da Analista Crítica
Avaliação
O texto aqui apresentado foi corrigido de acordo com o novo acordo
ortográfico da norma culta, porém por se tratar de uma história fictícia, o
texto apresenta em determinados trechos a linguagem informal.
Vitor Moretti é o filho destinado a suceder seu pai como Don da Cosa
Nostra.
Ele é um "bad boy" que foge do compromisso do casamento, mas uma
tradição inquebrável da família o força a encontrar uma esposa antes de
assumir como Don.
Violetta Romano, uma mulher doce e estudiosa, criada sob a proteção
zelosa de seu pai, o capo Enrico Romano, é a CEO das empresas legais da
família. No entanto, ela se torna um alvo constante para sequestradores
implacáveis.
Um antigo acordo de casamento deve ser respeitado por ambos.
Será Vitor capaz de proteger sua prometida?
Violetta será capaz de conquistar o coração de Vitor?
Venha conhecer suas histórias em "A Escolhida do Don", onde você
encontrará um passado turbulento, muita ação e uma história de amor.
Meu nome é Violetta Romano, e sou a caçula do respeitado Capo
Enrico Romano. Com vinte e cinco anos de idade, trilhei um caminho repleto
de sonhos e obstáculos desde muito jovem.
Desde cedo, nutria o ardente desejo de assumir a liderança das
empresas familiares, mas enfrentava uma realidade implacável: a proibição
das mulheres da máfia em prosseguir com seus estudos universitários.
As mulheres na máfia eram criadas sob uma rígida cartilha, destinadas
ao casamento, à maternidade e aos afazeres domésticos. Contudo, minha
natureza perspicaz e minha inteligência não passaram despercebidas por
Papai. Ao concluir o ensino médio, reuni coragem e pedi sua permissão para
buscar uma educação superior. Nas sombras, inscrevi-me nas mais
prestigiadas universidades do país, e, para minha surpresa e alegria, fui
aceita.
Mas com astúcia, consegui a autorização necessária para que eu
pudesse continuar meus estudos.
Durante meu período na faculdade, onde cursei Administração de
Empresas, firmei uma amizade duradoura com Nina, filha do poderoso Don
Moretti, atual Capo dei Capi da Cosa Nostra na América, ou seja, chefe de
papai. Até hoje, ela é minha melhor amiga. Juntas, sonhamos em liderar os
negócios familiares e em colaborar em um projeto que uniria nossos esforços
em prol de um futuro grandioso.
Hoje, celebramos a conclusão de um acordo milionário que
impulsionará os negócios de nossas famílias. Como parte da comemoração,
saímos para uma das boates que pertencem à família de Nina. No retorno para
casa, após essa festa memorável, mergulhei em um mar de lembranças de
uma semana intensa, repleta de compromissos profissionais. A exaustão toma
conta de mim, e decido fechar os olhos, recostando a cabeça no banco do
carro. Aproveito a viagem para refletir sobre os eventos da semana e me
preparar para os desafios que virão pela frente. A sensação de contentamento
e gratidão envolve meu coração, enquanto a noite avança silenciosa à minha
volta.
De repente, percebo que o carro aumenta a velocidade. Abro meus
olhos e noto a tensão no rosto dos soldados.
— Gino, o que está acontecendo? - Pergunto já em pânico.
— Não é nada, fique tranquila e volte a descansar. - Responde Gino.
Conheço muito bem o Gino; ele faz minha segurança desde que me
lembro, ou seja, desde criança. Pelo olhar dele, sei que não está me dizendo a
verdade. Quando vou questioná-lo, nosso carro é lançado para frente.
Preocupada, olho para trás e percebo uma van com vidros escuros acelerando,
tentando bater novamente no nosso carro.
Gino carrega uma Glock 9mm, me entrega e diz: “Senhorita, para sua
segurança, se for preciso, use para matar.”
Assustada, questiono novamente Gino, que não me responde. Percebo
a tensão em sua expressão e sua mão na arma. Fico apavorada, mas confio
nos meus soldados.
Fico totalmente em alerta, pois sei que não me dirá mais nada.
Observo os soldados da frente, eles estão conversando pelo ponto e, pelo que
entendi, o carro que nos seguia com os soldados foi alvejado e jogado para
fora da estrada.
Pânico me toma por completo; preciso pensar rapidamente em como
agir e ajudar de alguma forma. Não vou me entregar de bandeja, sem lutar.
Seja quem for que está me seguindo, ficará surpreso ao ver uma mulher se
defendendo e matando se necessário for.
O cenário é assustador e, para piorar, começo a ouvir tiros. Viro-me
rapidamente na direção dos tiros e a visão que tenho é aterradora, um dos
homens do carro que nos ataca está com o corpo para fora e uma arma
enorme apontada para nós. Tento abrir a janela para atirar no homem, mas
sou impedida por Gino, que imediatamente abre uma fresta de sua janela,
coloca a ponta da arma para fora e começa a atirar.
Meu coração acelera em apreensão, o carro se aproxima
perigosamente com aquela arma apontada para nossa direção. Os tiros que
Gino dispara não atingem o homem, tampouco o carro, que provavelmente é
à prova de balas, pois vejo as balas ricocheteando sem causar nenhum dano à
carroceria.
O soldado que está na frente do carro age rapidamente, abrindo
totalmente a janela e se projetando por ela, com a arma em punho, começa a
atirar também, mas é em vão, nenhum tiro acerta o homem. Frustrado, o
soldado volta para o carro com cara de raiva e decepção, rapidamente
fechando os vidros para minha proteção.
Não consigo tirar os olhos do carro que nos persegue, quando de
repente, o homem pendurado na janela cai, e o carro onde ele estava começa
a girar descontroladamente, se aproximando do nosso. Dou um grito de
desespero e peço ao soldado para acelerar, mas é em vão.
Nosso carro avança, mas o outro veículo está ganhando velocidade, e
a colisão parece inevitável. No momento seguinte, a colisão acontece e nosso
carro perde o controle, começando a rodopiar. Sou projetada para frente e,
mesmo com o cinto de segurança, bato bruscamente minha cabeça no banco
da frente, sinto uma vertigem e tudo escurece.
Vitor
Passado...
Era meu aniversário de dezesseis anos. Fui carinhosamente acordado
por minha mãe, Dona Aurora, uma mulher linda e amorosa, por volta dos
trinta e cinco anos, cabelo castanho claro e olhos verdes, carregados de
ternura e amor. Ela sempre colocou a família em primeiro lugar.
Ela entra no meu quarto equilibrando uma bandeja lindamente
decorada e um bolo com uma única vela acesa. "Parabéns, meu querido filho!
Dezesseis anos já... Nem acredito como o tempo passou rápido. Você se
tornou um jovem lindo e educado", diz ela, me abraçando e me beijando com
todo o carinho que lhe é natural.
Mamãe é seguida por meus irmãos e papai, que invadem o quarto,
cantando parabéns e me felicitando pela data. Nina, nossa caçula, com apenas
10 anos, pula na cama e enfia o dedo na cobertura do bolo! Sempre atrevida,
essa minha irmã.
Somos em quatro irmãos: eu, o primogênito, seguido por Pietro, Dante
e Nina. Temos dois anos de diferença entre cada um.
Comemos ali, todos sentados na minha cama, fazendo festa e falando
alto, como uma típica família italiana. Brincamos entre nós, nos abraçando e
dizendo bobagens.
Quando as coisas se acalmam, papai, com sua voz de trovão, anuncia:
"Vitor, tome seu banho, se arrume e me encontre no escritório em 30
minutos. Temos muito a conversar."
Ansioso e preocupado, faço exatamente o que papai ordena.
Chegando ao escritório, papai está sozinho; tio Steffano ainda não
chegou para o início dos trabalhos. Papai pede que eu me sente e inicia a
conversa.
Papai é um homem alto, com um metro e noventa de altura. Seus
cabelos negros contrastam com seus olhos azuis indecifráveis. Seu nariz
adunco adiciona um traço de caráter à sua aparência. Sua constituição é forte,
resultado de seu treinamento diário. Com quarenta anos de idade, sua
fisionomia é dura, como a de alguém que aprendeu a esconder seus
sentimentos e emoções. No entanto, sua presença emana poder e liderança,
preenchendo a sala com sua aura marcante.
— Vitor, hoje você completa dezesseis anos, e como um bom filho da
máfia, chegou o momento de sua iniciação. Saiba que não será fácil, mas será
necessário. Como você sabe, você será meu sucessor, faz uma pausa, me
olhando profundamente nos olhos, buscando enxergar minha alma.
Neste momento, seu treinamento será basicamente de defesa pessoal,
tiro e artes marciais. Mas também aprenderá como guardar seus sentimentos e
pensamentos. Só de te olhar, vejo medo e ansiedade. E isso, meu filho, não
poderá acontecer quando estiver à frente dos negócios.
Eu espero que você, junto a este treinamento, continue seus estudos
com dedicação e zelo, pois isso é imprescindível para o bom andamento dos
negócios. No momento adequado, seus irmãos também serão inseridos no
treinamento. Mas sinto muito, meu filho, seu treinamento será bem pesado.
Preciso de você preparado para me acompanhar e suceder em breve.
Expectativa e apreensão me dominam. Papai é o Don da Cosa Nostra
na América; todos os capos devem obediência a ele. Nossa família também se
envolve em negócios legais e ilegais. A maior parte dos negócios, está
concentrada no estado de Nova York, mas temos presença em outros estados,
distribuindo responsabilidade com os demais capos.
Nossa atuação tem foco em tráfico de influência, mas também nos
envolvemos com tráfico de drogas e armas, jogos e prostituição consentida.
Abominamos o tráfico humano e a prostituição forçada. Nossos negócios
legais ajudam na lavagem de dinheiro e também justificam nossos ganhos.
Somos uma das famílias mais influentes da América.
Temos muitos políticos, juízes, promotores e policiais em nossa folha
de pagamento. Essas conexões são essenciais para nossos negócios.
Papai ainda preside o conselho, que é formado pelas cinco famílias
mais importantes e proeminentes da Cosa Nostra. Esse conselho foi
estabelecido há alguns anos, quando meu avô ainda era o Don. Estávamos em
guerra com uma máfia rival, que tentava tomar o controle de alguns
territórios da Cosa Nostra.
Na mesma época, a Italia envolvida em sua própria guerra, não teve
condições de nos apoiar e foi quando meu avô teve a brilhante ideia de unir
as cinco famílias, formando uma aliança para expulsar os invasores dos
nossos territórios. O sucesso dessa operação nos permitiu desvencilhar das
influências italianas e assumir o controle de todas as operações na América.
Esse movimento não apenas nos fortaleceu, mas também beneficiou todas as
famílias envolvidas. Foi um ponto crucial na história da nossa família e da
Cosa Nostra.
— Tem alguma dúvida, meu filho? - Papai me pergunta, me fazendo
voltar ao presente e afastar os receios e apreensões.
— Não papai, estava ansioso por isso, confesso que também receoso,
mas sei que é inevitável. Quando começamos?
— Imediatamente, diz papai.
De repente sinto uma mão gelada me agarrando por trás e algo pesado
cobrindo a minha cabeça. Parece um saco ou um capuz. Tento me soltar, mas
é inútil: não vejo nada além da escuridão.
Sou erguido do chão com violência e arrastado para algum lugar
desconhecido.
Sinto um empurrão brutal que me joga no chão frio e duro. Antes que
eu possa me levantar sinto o primeiro golpe: um chute na barriga que me tira
o ar. Depois outro: um soco no rosto que me faz sangrar. Quero gritar, mas
me contenho: tenho que ser forte para provar ao papai que sou digno de ser
seu herdeiro.
Soa estranho dizer que sou um homem de paz, nascido na máfia, filho
do Don da Cosa Nostra nos Estados Unidos, desde muito pequeno, papai
conversa comigo, nunca fez segredo do que somos e para quê eu venho sendo
criado, mas nunca presenciei absolutamente nada.
Então, quando vem o primeiro soco, fico aturdido. Sabia que seria
parte do meu treinamento, mas sentir na pele é outra coisa, ainda mais sem
saber quem está me agredindo e sem poder ou saber me defender.
Resolvo manter minha mente clara, ouvir no escuro, antecipar os
golpes, mas não adianta; tomo uma surra daquelas.
Que belo presente de aniversário fui ganhar. Enquanto meus amigos
ganham carros, ganho uma bela surra.
A sessão de socos e pontapés acaba depois de uma eternidade. Apenas
sinto meu corpo todo machucado, a mente confusa. Mas preciso me
concentrar, esperar e tentar não apanhar mais. Minutos se passam e não ouço
nada, não vejo nada. Me encolho em mim mesmo e aguardo ansioso para ver
o que vai acontecer.
Removo a cobertura dos meus olhos e não vejo nada além da
escuridão. Sinto cheiro de umidade e mofo.
Fico em pé e devagar começo a me movimentar. Estico os meus
braços e caminho na escuridão do lugar.
Encontro uma parede e vou seguindo por ela. Sigo, sigo, sigo e não
encontro nada até que acho uma porta. Tento abrir e nada. Está trancada.
O desespero começa a me tomar mas não posso fraquejar. Preciso ser
forte implacável. Serei o sucessor do Don o "Capo dei Capi" da América.
De repente a porta se abre e uma luz forte invade o ambiente. Eu me
cubro com os braços para proteger os olhos. Ouço passos se aproximando de
mim. Reconheço a figura do papai:
Atrás de papai, vejo três homens me encarando, são eles, tio Steffano,
e dois homens que nunca vi, mas são enormes. Eles me encaram de volta,
mas não dizem nada, eu, por minha vez, me calo e os encaro da mesma
forma.
Eu olho para os dois homens que o papai me apresenta. Eles são altos
fortes e sérios e usam ternos pretos. Parecem agentes secretos ou assassinos
profissionais.
— Este é John e papai aponta para o loiro. - Um homem alto e forte,
seus olhos azuis são sem vida, como se ele não tivesse emoções ou remorsos.
— Ele é um especialista em tiro, capaz de acertar alvos a longa
distância com precisão e rapidez. Ele conhece todos os tipos de armas, desde
pistolas até rifles de precisão, e sabe como manuseá-las, limpar e consertar.
Ele é um mafioso implacável, que não hesita em eliminar seus inimigos com
frieza e eficiência.
— E este é Grecco. - Papai aponta para um homem moreno, de olhos
negros, muito alto e de corpo atlético.
— Ele é um mestre em artes marciais, capaz de lutar com diferentes
estilos, desde boxe até jiu-jitsu. Ele sabe como usar o seu corpo como uma
arma, e como imobilizar ou nocautear os seus adversários com golpes rápidos
e precisos. É um mafioso implacável, que não tem piedade nem compaixão
pelos seus inimigos.
— Ambos são homens de confiança e irão te treinar, assim como
serão seus seguranças pessoais. A partir de hoje você não sai de casa sem
eles. - Ele diz olhando para mim com firmeza.
— Sim senhor. - Digo engolindo em seco. Os olhares penetrantes do
papai e do tio Steffano me avaliam e me intimidam.
Grecco se aproxima de mim com um sorriso sarcástico e me estende a
mão.
— O seu treinamento começa agora. - Ele diz, puxando a minha mão
com força.
Eu sinto o chão sumir debaixo dos meus pés e caio de bunda no chão.
Grecco me dá uma rasteira tão rápida que nem vi. Sinto uma dor aguda na
coluna e na cabeça. Tenho muito a aprender eu penso com amargura.
E assim o meu inferno começa.
Não tive mais paz. Mal saía da escola e um dia estava no estande de
tiros, noutro, num tatame, levando couro. John e Grecco sempre implacáveis
e exigentes.
Eu me tornei um aprendiz dos dois homens que o papai me designou.
Eles me ensinaram a usar todo tipo de arma desde uma simples pistola até
uma poderosa metralhadora. Eles me ensinaram também diversas artes
marciais desde o elegante Jiu-Jitsu até o brutal Krav Maga. Eles me
transformaram em um guerreiro.
Eu ganhei corpo e músculos me dediquei aos treinos com afinco. Eu
corria, nadava, lutava e puxava peso. Eu me tornei uma máquina de matar.
Nunca mais tive uma noite tranquila de sono era acordado a qualquer
hora para treinar.
No início de janeiro, participei de um intenso treinamento de
sobrevivência nas montanhas geladas próximas a Nova York. O objetivo era
me preparar para enfrentar o frio intenso e os desafios da natureza. Equipado
com roupas adequadas, composta por camadas de tecidos para manter-me
aquecido e seco, além de óculos escuros e protetor solar, eu estava pronto
para a experiência.
Na minha mochila, carregava equipamentos essenciais de emergência,
como um kit de primeiros socorros, cobertor térmico, saco de dormir,
lanterna, isqueiro, faca, cantil, mapa, bússola e rádio. Além disso, levei
rações de emergência, como barras de cereal, chocolate e sopa desidratada.
Durante o treinamento, contava com a orientação de dois instrutores
experientes, que lideravam o grupo pelas trilhas e compartilhavam técnicas
essenciais de sobrevivência. Nossas jornadas envolviam longas caminhadas
na neve, subindo e descendo montanhas, desafiando o vento gelado e a densa
neblina.
Frequentemente, fazíamos pausas para descanso, hidratação e
alimentação. Em algumas situações, precisávamos montar acampamento na
neve, construindo abrigos improvisados com galhos, folhas ou blocos de
gelo. Outras vezes, a tarefa era caçar ou pescar animais, como coelhos, peixes
ou pássaros, ou coletar plantas comestíveis, como frutas, raízes ou
cogumelos.
Apesar do treinamento rigoroso, minha determinação em superar os
desafios e absorver o máximo de conhecimento possível me impulsionava.
Ciente da singularidade da oportunidade, sentia-me orgulhoso e confiante em
minhas habilidades, acreditando que essa experiência poderia fazer a
diferença em minha vida.
Quando completei dezessete anos, não me identifiquei mais com o
garoto que eu era antes. Não tive uma festa surpresa nem um bolo de
aniversário. Em vez disso tive uma surpresa terrível: uma arma apontada para
a minha cabeça. Meus olhos foram vendados e fui levado para um lugar
misterioso.
Quando chegamos, senti o carro parar e a porta se abrir. Alguém me
puxou pelo braço e me empurrou para fora. Senti o frio cortante do vento e o
cheiro de gasolina e fumaça. Ouvi a voz do meu primo Matteo, dizendo:
— Vitor, hoje você vai aprender uma lição importante. Você vai
participar do seu primeiro serviço para a família. Você vai ver como se faz
justiça com quem nos desrespeita.
Meu coração começou a bater mais rápido, a ansiedade se misturando
com o medo. Olhei para Matteo, tentando entender o que estava acontecendo.
— O que você está dizendo, Matteo? O que você vai fazer? -
Pergunto, com minha voz trêmula.
Ele apenas olha para mim, seus olhos sérios e determinados,
transmitindo uma mistura de confiança e severidade.
— Você vai ver, meu primo. Você vai ver.
Matteo é mais alto do que eu, com seu um metro e noventa e três,
possui uma força que parece implacável, seus olhos têm um tom intrigante de
castanho esverdeado, e seus cílios longos são uma característica marcante
compartilhada por muitos de nós na família. Com uma diferença de cinco
anos a mais do que eu, seu rosto sério e marcante raramente é adornado por
um sorriso.
Ele é leal à família e é meu primo, nascido do primeiro casamento do
Tio Steffano. Exercendo o papel de executor, ele é um homem de confiança
nas operações da máfia. Onde quer que ele esteja, é inevitável não sentir o
misto de medo e respeito que sua presença impõe. Apesar disso, temos uma
amizade sólida e confio plenamente nele.
Ele tira a venda dos meus olhos e eu vejo onde estamos. Um galpão
abandonado, cercado por carros velhos e latas de lixo. No meio do galpão,
havia um homem amarrado a uma cadeira, com fios elétricos ligados ao seu
corpo. Ele implorava por misericórdia, mas ninguém o ouvia. Ao lado dele,
havia um gerador ligado a uma bateria. E na mão do Matteo, havia um botão.
O homem gordo e fedido parecia um porco pronto para o abate.
Estava sentado numa cadeira, já sem dentes e amarrado, nariz quebrado e
sangue escorrendo por todo seu rosto já inchado de tanto apanhar. Fico em
silêncio, apenas aguardando as instruções do meu primo.
Matteo, grita com o homem, exigindo o dinheiro que deve, mas o
homem apenas pede desculpas, dizendo que não tem o dinheiro e pedindo
mais tempo para o pagamento.
Matteo aperta o botão e a cena que vejo é de horror e tortura. O
choque faz o seu corpo tremer e se contrair involuntariamente. Seus músculos
se tensionam, causando—lhe dor e agonia. Ele perde a respiração, ficando
ofegante e sufocado. Posso ver a sua jugular saliente e batendo
desreguladamente, indicando o seu pânico e o seu risco de vida. Ele tem os
olhos arregalados e a boca aberta, expressando o seu medo e o seu
sofrimento. Ele não consegue falar nem pedir ajuda. Ele está à nossa mercê. É
uma cena que choca e que nunca vou esquecer.
Depois de um tempo, Matteo dá um soco no estômago do homem e
diz:
— Mais prazo? você ficou louco? Estivemos aqui semana passada e
você se comprometeu em pagar o valor devido hoje.
— Seu tempo acabou. Ou me diz onde está o dinheiro ou dê adeus à
sua vida.
O homem começa a chorar, implorando por mais tempo.
Matteo se aproxima de mim e diz:
- Ele é seu. Não tinha dinheiro semana passada, não tem hoje e não
terá amanhã. A Cosa Nostra não dá segundas chances.
— Você tem um minuto para acabar com ele.
Me entrega uma arma e caminha para trás de mim.
Sinto um frio na barriga ao segurar a arma, sei atirar, fui treinado para
isso, mas nunca chegai a tirar a vida de alguém, mas é o preço que pago por
ser filho do chefe da máfia.
Respiro fundo e tento controlar o tremor das minhas mãos. Não posso
demonstrar medo ou hesitação diante dos soldados do papai. Eles me
observam com expectativa, esperando que eu prove o meu valor.
Olho para o homem amarrado na cadeira à minha frente. Ele implora
por misericórdia com os olhos arregalados de terror. Não sei quem ele é, nem
o que ele fez, apenas que nos deve dinheiro e tem que morrer.
Aponto a arma para o meio da sua testa e puxo o gatilho. Um estrondo
ensurdecedor ecoa pelo galpão. O sangue salpica o chão e as paredes. A
cabeça do homem pende para o lado, sem vida.
Sinto um enjoo e uma repulsa imensa pelo que acabei de fazer.
Devolvo a arma para Matteo, que sorri satisfeito e ordena aos soldados que
limpem a sujeira. Depois, me puxa pelo braço e me leva para fora dali. Ele
diz que eu fiz um bom trabalho.
Estou devastado por dentro, mas mantenho a expressão neutra.
Aprendi a duras penas que não posso revelar os meus sentimentos nesse
mundo cruel.
Foi um ano difícil, cheio de lições amargas e dolorosas. Aprendi a
mentir, a trair, e agora a matar.
Quando chegamos em casa, vejo papai à porta do seu escritório. Ele
faz um gesto para que eu o siga. Noto um olhar cúmplice entre ele e Matteo,
que parece orgulhoso de mim. Mas eu sei que aquele olhar esconde segredos
que eu ainda não conheço.
Entro no escritório e me deparo com uma sala vazia. Papai me
convida a sentar no sofá de couro, enquanto caminha até o bar e serve dois
copos de whisky. Ele me entrega um deles e diz que é para comemorar. Eu
nunca provei álcool antes, nem tenho idade legal para isso, mas isso não
parece importar para ele, toma um gole do seu copo e se senta ao meu lado,
me olha nos olhos e pergunta como eu estou.
Eu não sei o que dizer. Eu estou confuso, assustado, enojado. Eu
acabei de tirar uma vida pela primeira vez. Eu fiz o que ele queria que eu
fizesse, mas não sei se fiz certo. Eu balbucio uma resposta sem sentido.
— Papai, eu nunca matei ninguém antes. Eu não sei como me sentir.
Este último ano tem sido tão exaustivo para mim, papai, tenho me dedicado
aos meus treinamentos com todo o meu ser.
- Posso lhe fazer uma pergunta? - Digo aflito. - O Senhor pode me
dizer como tenho sido avaliado por meus treinadores? Quero que o Senhor
saiba que tenho me dedicado com afinco, não quero te decepcionar.
Papai me olha, e consigo ver amor em seus olhos.
— Meu filho, a única coisa que posso te dizer é que sinto um orgulho
imenso de você. Seu treinamento tem sido excelente, seus treinadores só te
elogiam. Estou muito feliz e orgulhoso de você.
Ele continua, dizendo:
- Estou feliz por você ir estudar na Columbia, uma das melhores
universidades do mundo. Você irá aprender os negócios da família. Duas
vezes por semana irá acompanhar o Matteo, para treinamento de campo. Nos
demais dias, vamos revezar entre os negócios legais e os negócios da máfia.
Eu tento acreditar nas suas palavras. Tento sentir o mesmo orgulho
que ele sente. Mas não consigo. Só sinto um vazio no peito. Uma culpa que
não me deixa em paz.
- Papai, o senhor é feliz sendo o Don? O senhor não se arrepende de
nada que fez?
Ele me encara com surpresa, hesita por um instante, solta um suspiro e
diz:
- Sim, meu filho, sou feliz sendo o Don. Eu não tive escolha. Seguiu o
legado do meu pai, o Nono. Me acostumei com esse estilo de vida. Amo
minha família acima de tudo.
Ele me abraça e diz que eu sou o seu maior orgulho.
Eu digo que também o amo.
Depois disso, as minhas noites foram tomadas por pesadelos e
remorsos. Nessa noite, eu perdi a minha alma e abracei a escuridão. Eu me
transformei na sombra do mal.
Violetta
Passado...
Cresci numa casa grande e bonita, meus pais e irmão sempre foram
muito presentes, contudo, nem tudo foram flores, lembro-me, muito bem, de
alguns perrengues que passei, principalmente, por causa de minha única
prima, Chiara. Ela é filha do irmão do papai, mas sempre foi maldosa.
Lembro-me de quando estava fazendo dez anos, estava muito animada
para a minha festa de aniversário. Havia convidado todos os meus amigos da
escola, inclusive a Chiara. Na minha inocência de criança, esperava que ela
me desse um presente especial, pois eu sempre dividia tudo com ela, mesmo
ela sempre fazendo maldades comigo, quando estávamos sozinhas.
Quando recebi seu presente, fiquei muito feliz, mas minha alegria
durou o tempo que levei para abrir o pacote. Era uma boneca linda, mas
estava com a cabeça quebrada. Ela tinha me dado um brinquedo estragado de
propósito, só para me magoar.
Ela riu da minha cara e disse que era um presente dos meus tios, os
pais dela, mas eu sabia que era mentira. Ela tinha quebrado a boneca de
propósito, pois ela era invejosa e cruel. Ela não gostava de mim, só fingia ser
minha amiga para me usar e me humilhar. Ela era uma menina loira com
doze anos, alta, magra, olhos castanhos, cabelos longos e se achava superior a
mim, pois eu tinha cabelos castanhos e curtos, era mais nova, um pouco mais
baixa, não era gorda, mas não era magra como ela, e o pior, meus olhos eram
verdes, como os de papai e meu tio. Chiara era uma menina mimada e
egoísta, que só pensava em si mesma e não se importava com os sentimentos
dos outros.
Quando vi o presente todo destruído, não quis fazer escândalo na
frente dos outros convidados, então, engoli meu choro e coloquei o sorriso
mais doce no meu rosto. Agradeci a Chiara e fingi que não tinha percebido o
defeito da boneca. Continuei abrindo os outros presentes e tentando me
divertir na festa. Mas por dentro eu estava muito triste e com raiva da Chiara.
Quando todos foram embora, eu contei a meus pais o que tinha
acontecido. Mamãe me abraçou forte e me consolou, pediu que eu não ficasse
triste, pois eu tinha muitas outras bonecas lindas e que a Chiara não era uma
verdadeira amiga. Me levou até meu quarto de bonecas e pediu que eu
mostrasse todos os presentes que tinha ganhado.
Mostrei um por um, inclusive a boneca quebrada. Mamãe pegou a
boneca e guardou em uma caixa, dizendo que tentaria consertá-la ou trocá-la
por outra.
Passadas algumas semanas, mamãe me surpreendeu com uma boneca
nova, idêntica à que a Chiara tinha me dado. Disse-me que era um presente
extra pelo meu aniversário, e contou que tinha levado a boneca quebrada à
loja onde os meus tios a tinham comprado e conseguiu trocá-la por uma nova,
sem custo nenhum. Disse, ainda, que os meus tios nem sabiam da troca, pois
eles tinham confiado na Chiara e não tinham conferido o presente antes me
dar.
Fiquei muito feliz, agradeci mamãe com um beijo. Guardei a boneca
nova no meu armário de brinquedos, bem escondida. Eu só brincaria com ela
quando estivesse sozinha, pois tinha medo que a Chiara visse e tentasse
quebra-la de novo.
Algum tempo depois, os meus tios e a Chiara vieram visitar a minha
casa. Dizendo que iam viajar a trabalho e que não podiam levar a Chiara com
eles. Eles perguntaram aos meus pais, se ela podia ficar conosco no final de
semana. Eu não gostei nada da ideia, mas eu não podia dizer nada, afinal, era
apenas uma criança de dez anos.
Os meus tios eram muito bonitos e simpáticos. O meu tio parecia
muito com o papai, pois eles eram irmãos. A minha tia era loira, e muito
gentil e atenciosa comigo, pois ela sabia que eu sofria com as maldades da
Chiara. Chiara se parecia fisicamente com ela.
Lembro-me até hoje, naquele dia, quando Chiara chegou, com um
sorriso falso e me abraçou como se fosse minha amiga. Dizendo que estava
com saudade de mim e que queria brincar com os meus brinquedos. Eu sabia
que ela estava mentindo, que ela só queria mexer nas minhas coisas e estragar
os meus brinquedos.
Mamãe, me levou até a cozinha, com a desculpa de ajudá—la a servir
um café, e disse que a Chiara ia dormir no meu quarto comigo, entrei em
pânico, então pedi a ela para deixá-la dormir em outro quarto, pois eu não me
sentia confortável com ela no meu. Mamãe entendeu e mandou as
empregadas arrumarem um dos quartos de hóspedes, mas pediu para eu fosse
educada com a minha prima, contudo, não precisaria ficar perto dela se não
quisesse. Eu lhe agradeci e voltamos para a sala, com uma linda bandeja de
café e bolo.
Meus tios não se demoraram, mas quando estavam saindo, Chiara se
agarrou à perna da minha tia e implorou para que a mãe não a deixasse,
dizendo que odiava nossa casa e a todos nós.
Lembro de meus tios tentando acalmá-la, mas ela não queria ouvir.
Fazia birra, segurava forte nas pernas da mãe, e gritava dizendo que não
queria ficar. Entre muitas coisas que fez, me lembro dela jogar no chão a
mochila que minha tia havia preparado para aquele período em nossa casa.
Nada fazia com que Chiara se acalmasse, ela gritava, chutava os pais,
se agarrava mais forte nas pernas da mãe, na tentativa de não os deixar sair,
mas tudo foi em vão. Depois de muita conversa, meus tios convenceram-na a
ficar, prometendo-lhe que logo voltariam para pegá-la.
Depois que meus tios saíram, ela sentou-se no sofá e não falou com
mais ninguém. Quando mamãe nos chamou para a refeição, fomos todos para
a sala de jantar, meu irmão Rafaelli, talvez querendo acalmar os ânimos, fazia
piadas e contava histórias engraçadas, mas Chiara, não abria a boca,
continuava emburrada, sentada na ponta da mesa, longe de todos.
Talvez, este momento nunca tenha se perdido em minha memória,
porque quando o telefone de papai tocou e ele começou a falar em italiano,
soubemos que alguma coisa muito errada tinha acontecido. Eu ainda não
tinha domínio da língua italiana, então, apenas compreendi o nome dos meus
tios. Quando olhei para mamãe, percebi que ela estava com lágrimas nos
olhos e uma expressão de dor no rosto. Desviei meu olhar para Chiara, e
reparei seu olhar de pânico, as lágrimas em seus olhos, a palidez na sua pele
começava a se espalhar. Ela revirou os olhos e desmaiou. Meu irmão, que
estava sentado próximo a ela, se levantou rápido e a pegou no colo, levando-a
para outro cômodo.
Com o coração disparado e respiração ofegante, pedi colo à mamãe.
Ela me abraçou forte e me disse, com voz carinhosa e firme:
— Filha, precisamos ser fortes e ajudar Chiara.
— Não compreendo mamãe, o que está acontecendo? perguntei,
confusa e assustada.
— Os pais de Chiara estão mortos, minha filha. Chiara não tem mais
ninguém somente nós.
Neste dia, meu inferno começou. Minha prima ficou muito triste, mal
dormia à noite, gritava com pesadelos horríveis. Ela chamava pela mãe e pelo
pai praticamente a noite toda. Meus pais faziam de tudo para ajudá-la, até um
psicólogo foi contratado, mas nada a ajudava.
Além disso, ela me atormentava durante o dia. Meu quarto de bonecas
nunca mais foi o mesmo. Voltávamos da escola e ela corria lá. Cada dia,
quebrava uma de minhas bonecas, outras, ela cortava os cabelos ou as
riscava. Colocava bichos nos meus sapatos, pegava minhas roupas e as
sujava. Era um verdadeiro inferno.
Eu, por insistência de mamãe, tentava conversar com ela, dava amor e
carinho, mas quando estávamos sozinhas, ela me batia, e dizia que se eu
contasse para meus pais ou irmão, ela faria pior no dia seguinte. E assim,
terminou o meu finalzinho de infância.
Mas não acabou o meu sofrimento. Na minha adolescência, as coisas
só pioraram. Não eram mais meus brinquedos que eram quebrados, mas sim
minhas maquiagens, bolsas e sapatos. Meus pais não permitiam que eu
trancasse meu quarto, mas eu não aguentava mais. Eu sentia raiva, medo e
tristeza. Eu não entendia por que ela me tratava tão mal. Eu não merecia isso.
O que eu tinha feito de errado? Por que ela não podia ser minha amiga? Por
que ela não podia ser feliz?"
Quando Chiara fez quinze anos, mamãe preparou uma linda festa, mas
poucas pessoas vieram, Chiara não tinha amigos. Na escola, todos a
detestavam, provavelmente, fazia as mesmas maldades com eles.
Já no meu aniversário de quinze anos, a festa ficou lotada, quase todos
os alunos da escola compareceram, foi uma festa linda, e me senti uma
princesa. Eu tinha muitos amigos, todos me adoravam, provavelmente,
porque eu era gentil e simpática com eles.
Um tempo depois, meus pais viajaram e ficamos sozinhas com
Rafaelli e os soldados. Numa tarde, meu irmão precisou sair e Chiara
aproveitou. Ela conseguiu entrar em meu quarto e rasgou minhas roupas
novas, as quais havia ganhado naquela semana, além de alguns livros.
Eu senti uma raiva enorme subir pelo meu peito. Eu olhei para ela e vi
um sorriso maldoso no seu rosto. Ela estava segurando uma tesoura na mão e
me disse:
— O que foi? Não gostou da surpresa? — chiara riu debochada.
Eu não pensei duas vezes. Avancei sobre ela e dei um tapa na sua
cara. Ela soltou um grito e tentou me acertar com a tesoura, ao mesmo tempo
em que gritava.
— Sua idiota! Sua imbecil! Sua inútil! — Ela me xingava, furiosa.
Eu desviei e dei um chute na sua barriga. Ela se dobrou de dor e
soltou a tesoura. Eu aproveitei e dei uma joelhada na sua cara. Ela caiu no
chão e sangrou pelo nariz. Tentou se levantar, mas eu pulei em cima dela e
apliquei um mata-leão. Ela se debateu, mas eu apertei mais o seu pescoço.
— Cala a boca! Cala a boca! Cala a boca! — Eu gritava, irritada.
Podia ver o medo nos seus olhos. Podia sentir o seu corpo ficando fraco.
Podia ouvir o seu coração batendo acelerado. Queria que ela sofresse como
eu sofri.
De repente, a porta se abre, era o meu irmão, que tinha voltado para
casa. Ele entrou e viu a cena horrível que estava acontecendo. Ele ficou
paralisado de espanto e horror. Chiara, percebendo que não conseguiria o
apoio do meu irmão, correu para seu quarto.
— O que está acontecendo aqui, irmã? Nunca te vi se descontrolar
desta forma! O que Chiara aprontou?
Contei a ele tudo que vinha acontecendo, mostrei todo o estrago que
ela fez.
Falei para ele que não aguentava mais, não tinha um dia de paz com
ela, pois sempre aprontava alguma coisa. Mostrei a ele o que ela tinha feito
no dia anterior, destruindo algumas maquiagens. Contei das ameaças diárias.
Ele me pediu calma, dizendo que eu não estava sozinha e que poderia
contar sempre com ele.
Me prometeu que no dia seguinte, estaria ao meu lado, para contar a
nossos pais tudo pelo que vinha passando.
Contamos a meus pais que ficaram muito tristes e preocupados,
buscaram ajuda com um outro psicólogo, pois o anterior, não tinha alcançado
nenhum sucesso. Só que neste novo profissional, além dela, eu também
passei a me consultar. Contei tudo o que se passou e passava entre nós, e ele
aos poucos foi me ajudando a me fortalecer e me impor.
Ele me ensinou técnicas de respiração e relaxamento para controlar a
minha raiva, me mostrou como me valorizar e me respeitar mais, me orientou
como estabelecer limites e dizer não para a minha prima e, também, me
encorajou a buscar apoio nos meus amigos e na minha família.
Em algumas consultas, meus pais também compareciam, e por causa
destas consultas, fui autorizada a trancar meu quarto, assim como Chiara,
com a justificativa de que já estávamos ficando moças e precisávamos de
privacidade.
Após algum tempo, as coisas foram se acalmando e, aparentemente,
Chiara foi se controlando. Sua violência para comigo foi diminuindo até que
deixou de existir, quer dizer, deixou de ser explícita.
Ela passou a ser dissimulada, fazia as coisas de uma forma que
ninguém poderia dizer que foi ela. Mas nunca mais deixei de me impor.
Impus vários limites os quais ela passou a respeitar. E passamos a conviver
mais tranquilamente.
Depois de se formar no ensino médio, Chiara pediu um ano sabático,
alegando não saber qual curso que gostaria de fazer. Como viajar era
impossível para uma filha da máfia, ela passava seus dias em casa, no
shopping ou no spa. Passou a ficar obcecada com a aparência e imagem, mas
não passava muito dos limites.
Já eu, me dedicava, estudava muito, nunca deixei de ser vaidosa, mas
não era minha prioridade. Gostava de me vestir bem, adorava uma tarde de
spa com mamãe, assim como nossas compras, mas felicidade mesmo eu tinha
quando estudava.
Meu sonho era administrar alguma empresa do papai, e quando
chegou o momento, papai conseguiu autorização e pude cursar administração.
Me formei como melhor aluna da turma e como presente de
formatura, papai me deixou administrar parte dos negócios legais da família.
Durante o curso de administração, conheci muitas pessoas, fiz
amizade com algumas garotas, mas quase todas eram muito superficiais, pois
ninguém poderia imaginar que sou uma filha da máfia.
Por este motivo, namorar é assunto proibido. Devo manter minha
pureza para meu futuro marido.
Ser mulher na máfia não é fácil. Enquanto os garotos se divertem com
prostitutas e supermodelos, nós, mulheres, devemos nos preservar e nos
preparar para o casamento.
Neste ponto, estou em vantagem, pois sou filha de Enrico Romano,
um homem excepcional.
Quando o assunto casamento entrou na conversa, papai foi categórico
em dizer que eu deveria me casar para benefício da família, mas jamais me
obrigaria a casar com alguém que não me agradasse.
Além disso, ele não me impôs prazo para isso.
Não sei como foi a conversa quando foi a vez de Chiara, mas eu, sua
caçulinha, amada e querida, terei esse benefício.
Porém, isso não significa que eu não tenha pressão para me casar.
Afinal, ser mulher na máfia é um papel difícil e delicado.
Dentre os poucos amigos que fiz durante o curso, fiquei muito
próxima de Nina, que também é filha da máfia. Nossos pais são conhecidos,
o pai dela é Don da Cosa Nostra, ou seja, o “chefe” do papai. Nina é uma
figura, linda, divertida, inteligente, e sempre teve o mesmo sonho que eu:
administrar as empresas de sua família.
Durante o curso, fizemos muitos trabalhos juntas, pois nossa sincronia
para negócios era perfeita. As poucas vezes que saí, foram com ela e uma
horda de seguranças, tanto meus quanto dela.
Combinamos de fazer muitos negócios juntas assim que
assumíssemos nossas empresas. Estamos sempre em contato e ficamos muito
felizes com as conquistas uma da outra.
Diferentemente de Chiara, que continua da mesma forma, só quer
saber de compras, SPA e maquiagens. E claro, a busca pelo marido bonito e
rico.
Violetta
Dias atuais...
Pouco depois de me formar, assumi a direção das empresas da família.
Ser mulher no mundo dos negócios não é fácil, mas amo o que faço. Mato
vários leões por dia e, ao final, chego em casa esgotada, mas com aquele
gostinho de missão cumprida. Fiz um bom negócio, ou muitas vezes, fiz
vários bons negócios.
Minha amizade com Nina continua desde os tempos da faculdade, mas
ainda não tínhamos conseguido concretizar um negócio juntas, o que era
nosso sonho. Temos tantas afinidades, mas nossos negócios correm
paralelamente, e ainda não conseguimos juntar nossas habilidades para
alcançarmos o sucesso que tanto almejamos.
Contudo, nossa última conversa resultou em um almoço de negócios.
Temos ideias e planos em mente, e parece que nossa vontade de trabalhar
juntas está finalmente se tornando realidade. Durante nossa ligação, Nina
compartilhou necessidades que uma de nossas empresas poderia atender,
enquanto ela encontrou soluções para um desafio que eu enfrentava. Foi
quase como se nossos problemas se completassem.
No meio de nossa conversa, de repente, nossas dificuldades
emergiram e nos demos conta de que possuíamos a solução para os nossos
desafios. Começamos a rir, relembrando dos tempos de faculdade quando
éramos apenas garotas. Marcamos um almoço para discutir nossos projetos e
ideias em um restaurante próximo às nossas empresas.
Minha secretária cancelou todas as reuniões da tarde, ciente de que eu
não retornaria após aquele almoço.
A ansiedade me impediu de dormir muito naquela noite. Ideias
fervilhavam em minha mente incessantemente. Minhas horas de sono não
passaram de três, mas mesmo assim, acordei cedo. Dediquei um tempo para
praticar Tai Chi Chuan, tomei café da manhã, me arrumei e segui para a
empresa.
A manhã passa rapidamente, e logo me vejo solicitando aos
seguranças que me acompanhassem ao almoço com minha querida amiga.
Ao chegar no restaurante, avistei Nina em uma mesa discreta,
reservada para garantir nossa privacidade. O restaurante pertence à família de
Nina e é muito utilizado para encontros e reuniões comerciais. Possui um
ambiente calmo e acolhedor, fornecendo toda privacidade necessária para
esse tipo de refeição. A pouca iluminação colabora com a privacidade dos
frequentadores, além de uma comida excepcional.
O negócio que estávamos prestes a fechar envolvia uma soma
considerável de dinheiro, e não queríamos interferências em nossas decisões.
Por esse motivo, nossa mesa era mais afastada das demais.
Após um abraço caloroso e conversa casual, Nina lançou um olhar
curioso e questionou:
— Quantas horas você dormiu esta noite?
Olho para ela e devolvo a pergunta, e ambas rimos, erguendo três
dedos. Mais risadas ecoaram entre nós, compartilhando o entendimento
mútuo de que somos ferozes nos negócios. Nossa parceria, sem dúvida, seria
um triunfo.
Enquanto degustávamos nossa refeição e apreciávamos um bom
vinho, as discussões sobre nossos projetos avançavam. O tempo voou, e logo
percebemos que o restaurante estava praticamente vazio, com cadeiras
empilhadas ao fundo. Éramos as únicas presentes, completamente envolvidas
em nossas conversas e planos.
Decidimos, então, continuar nossa reunião em seu escritório, que
ficava nas proximidades. Optamos por ir no carro dela, seguidas por nossos
soldados.
Chegamos ao andar onde fica a diretoria e adentramos na sala de
Nina. Ali, finalizamos as últimas etapas da negociação, alinhando todos os
detalhes.
Ao final da tarde, Nina se vira para mim e diz:
— Precisamos celebrar! Vamos para a boate da família esta noite!
Uma noite entre amigas, dançar, tomar alguns drinques e nos divertir. Nós
merecemos.
— Você sabe que papai nunca me permitiu sair, não é? Minha vida
social limita-se a poucas festas da família.
Reflito um pouco sobre o motivo de papai não gostar de que eu e
Chiara participemos das festas. Talvez por receio de Chiara. Muitas vezes,
Chiara insiste tanto, que papai acaba cedendo, mas eu não os acompanho, não
por falta de vontade, mas pela presença de Chiara.
Embora não seja alguém que saia frequentemente, concordo com a
ideia, sabendo que obter a autorização de papai seria um processo.
Sim, sou uma mulher de negócios, apesar dos meus vinte e cinco anos.
Ainda assim, preciso da aprovação de papai para sair à noite. Isso me limita
bastante, razão pela qual raramente saio. Já enfrentei diversos estresses por
conta disso, principalmente graças à Chiara, que adora frequentar festas em
sua obsessão por encontrar um marido rico.
Quando chego em casa, meus pais estão juntos no sofá, namorando
como sempre. A cena deles é linda, e espero encontrar um amor assim um
dia. Mas, enquanto não acontece, resta a observação. Mamãe, percebendo que
preciso conversar com papai, se despede e me encaminho ao escritório de
papai que chama Rafa para se juntar a nós.
Estou ansiosa para contar a eles sobre o acordo firmado com Nina.
Papai conhece nossa amizade e nossa vontade de trabalharmos juntas.
Imagino que Nina esteja fazendo o mesmo neste exato momento.
Depois de explicar os detalhes do acordo, papai para e fecha os olhos.
Uma lágrima escorre por sua face. Fico preocupada instantaneamente e
pergunto apressadamente:
— Papai, você está sentindo algo? Está tudo bem? Por que está
chorando?
Suas mãos me acalmam e ele segura a minha, olhando diretamente em
meus olhos:
—Estou muito orgulhoso de você, minha filha. Este acordo é genial.
Rafa me olha com orgulho nos olhos, me parabeniza pelo acordo e me
abraça forte, e suas palavras me tocam profundamente.
— Te amo, irmãzinha. Foi muito acertado você se envolver na
administração de parte dos nossos negócios. Estou orgulhoso de você.
Minha felicidade e orgulho são inabaláveis. Levanto-me, vou até
papai e o abraço com força. Sentando em seu colo, algo que fazia quando era
criança, digo:
— Te amo, papai. Você é minha inspiração.
Ele retribui o abraço e diz:
— Depois de assinarmos esse acordo, marcaremos um jantar com a
família Moretti. É hora de estreitarmos nossos negócios, não apenas os legais.
Apreensiva, tento imaginar quais outros negócios poderiam interessar
a família Moretti, sei que papai é um homem respeitado por todos, mas não
faz parte do conselho, ou seja, não é um dos cinco que comandam a máfia
americana. Como papai não divide os assuntos da máfia comigo, resolvo
deixar de lado meus pensamentos e preocupações e vou direto ao outro
assunto.
— Papai, Nina me convidou para comemorarmos o fechamento do
negócio em uma das boates da família, e eu adoraria aceitar o convite, o
senhor me autoriza?
— Minha filha, você sabe que não me agrada vê-la saindo à noite,
especialmente neste momento. Você também sabe que não compartilho os
problemas da máfia contigo. No entanto, é necessário que você esteja ciente.
Estamos enfrentando um problema sério com um cartel da Colômbia. Tive
que reforçar sua segurança, acredito que você já tenha notado. Explica papai
com seriedade.
— Sim, papai, eu percebi. - Respondo, reconhecendo o aumento na
segurança. Mas estou tão contente com este acordo que gostaria muito de
celebrá-lo. Os soldados podem me acompanhar, sabe que não me incomodo
com isso. A boate é segura, e o senhor conhece o Don Moretti. Ele jamais
permitiria que sua filha estivesse em risco. Vocês dois são bastante parecidos
nesse aspecto. Por favorzinho, imploro, usando meu melhor olhar de súplica.
Após um breve momento de ponderação, papai cede.
— Está bem, minha filha. Você pode ir. Merece comemorar após esse
acordo. No entanto, tome cuidado. Não aceite bebida de ninguém, mantenha
os soldados por perto e fique junto de sua amiga. E, o mais importante, não
chegue tarde. Estarei acordado esperando por você. Se ao menos Rafaelli
pudesse te acompanhar, ficaria mais tranquilo, mas hoje ele precisa cuidar de
um assunto delicado.
Agradecendo com um abraço, me despeço de papai e Rafa, me
dirigindo ao meu quarto para me arrumar. Um banho revigorante é seguido
por uma mensagem da Nina, confirmando nossos planos para a noite.
Respondo confirmando minha presença.
Desço para o jantar, e, para meu azar, minha prima está presente à
mesa. Cumprimento todos e me calo durante a refeição.
Terminado o jantar, peço permissão para me retirar. Mamãe parece
intrigada, mas não me questiona. Volto ao meu quarto e logo ouço batidinhas
suaves na porta. Mamãe, claro. Peço que ela entre, e seu espanto é evidente
ao me ver toda preparada para a noite.
Rapidamente, conto a ela sobre o acordo com Nina, poupando os
detalhes, pois sei que mamãe não gosta de se envolver nos negócios. Em
seguida, compartilho que papai autorizou minha ida à boate com Nina.
Mamãe me ajuda a finalizar a maquiagem e me acompanha até a sala.
Minha prima não perde tempo em expressar sua decepção.
— Nossa priminha toda produzida para a noite e nem me convida? Se
me der trinta minutos, posso me arrumar e te acompanhar.
— Sinto muito, Chiara, mas vou me encontrar com parceiros de
negócios e sei que você acharia nossa conversa enfadonha. - Respondo,
tentando manter a calma.
Ela parece contrariada, mas a menção aos negócios parece ser o
suficiente para fazê-la desistir da ideia de me acompanhar. Agradeço
silenciosamente, aliviada por não ter que lidar com sua presença.
Ao chegar na boate, percebo que meu nome já está na lista VIP. Pouco
antes de chegar, recebi uma mensagem da Nina informando que ela já me
aguarda. Entro no local rodeada pelos meus soldados e a beleza do lugar me
deixa boquiaberta. Apesar da música alta, o local transborda luxo e elegância.
A atmosfera é simplesmente impressionante, como se tivesse entrado
em um jardim suspenso, repleto de cores, luzes e flores. A decoração é
sofisticada e elegante, com móveis de veludo, um bar de cobre e um lustre de
gotas d'água pendendo do teto. No centro do salão, uma imensa bola de
discoteca reflete raios de luz em todas as direções. A música animada
contagia a todos, estimulando as pessoas a dançar e se divertir. Além disso, a
vista é espetacular, já que a boate ocupa o um dos andares mais altos de um
hotel e possui paredes de vidro que se abrem para criar uma varanda ao ar
livre. Dali, tenho uma visão completa de Nova York, desde a Estátua da
Liberdade até o Empire State Building. Sinto-me como se estivesse em um
sonho, imersa em um ambiente mágico e encantador.
A pista de dança está lotada, e seguimos pelo canto até alcançarmos a
escadaria que leva à área VIP. Inicio minha subida, porém, sou bruscamente
interrompida por um muro de músculos que me atinge. Perco o equilíbrio e
quase caio, mas braços fortes me seguram, e um choque suave percorre meu
corpo. Levanto os olhos gradualmente e encontro apenas músculos sem fim.
Esse homem é enorme, e quando meus olhos finalmente alcançam seu rosto,
engulo em seco. Um homem incrivelmente belo, um verdadeiro Deus Grego.
Nunca vi tamanha beleza.
Ele deve medir em torno de um metro e noventa, e sua musculatura é
impressionante, para dizer o mínimo. Não pude evitar repetir a palavra
"musculoso" em minha mente, pois essa é a única forma de descrevê-lo. Sua
imponência é como a de um armário, e seus olhos verdes, frios e sombrios,
contrastam com uma tonalidade exuberante. Os cílios longos sombreiam seu
olhar, dando-lhe um ar enigmático. Cabelos castanhos levemente
desalinhados enquadram seu rosto, e sua boca é carnuda e convidativa. Seu
nariz adunco e queixo quadrado conferem-lhe uma expressão de autoridade.
Simplesmente não consigo desviar os olhos.
Quando sinto suas mãos fortes e quentes envolvendo meu corpo, um
choque percorre minha pele. O calor se espalha por mim, e borboletas
agitam-se em meu estômago, enquanto meu corpo reage a este toque. Uma
sensação totalmente nova toma conta de mim. Nunca experimentei algo
assim antes. O mero contato me faz derreter, e a ideia de beijar essa boca
irresistível se forma em minha mente. Será que esse beijo poderia me levar ao
céu sem a necessidade de asas?
Vitor
Após longos anos de treinamento, já não acompanho Matteo em
cobranças. Agora, estou envolvido em todos os negócios da máfia ao lado de
papai. As empresas legais ficam nas mãos de Nina, que as gerencia com
tamanha competência que, por vezes, duvido se eu faria um trabalho melhor.
Minha irmã mais nova nasceu para isso e tem uma paixão genuína pelo que
faz.
Minha amizade e admiração por Matteo só crescem. Depois de anos o
acompanhando nas cobranças, nossa ligação tornou-se ainda mais forte.
Quero fazer dele meu subchefe assim que assumir os negócios. Por causa
disso, ele vem treinando Pietro, que o sucederá como nosso executor.
Pietro é um homem de presença marcante, adquiriu uma seriedade
intensa ao longo do tempo e treinamento, mais baixo que eu por míseros dois
centímetros, emana aura de autoridade que só ele consegue. Seu olhar
impiedoso e implacável deixa nossos inimigos apavorados e nossos amigos
cautelosos. Com cabelos castanho-claros como os de mamãe, seus os olhos
verdes iluminam seu rosto claro, os cílios longos, característicos de nossa
família, dão aos seus olhos um contorno magnético.
Pietro sempre foi o mais divertido dos três irmãos, e sua amizade com
Dante sempre foi muito forte. Eles costumavam sair juntos quase todas as
noites, frequentavam nossas boates e nunca iam embora sozinhos. Muitas
vezes, compartilhavam a mesma mulher. Uma vez, eles me convidaram para
participar; eu até fui e me diverti com eles, mas não é “minha praia”. Não
gosto de dividir, então não quis mais participar.
Há alguns anos, seu comportamento mudou radicalmente. Ele deixou
de sair conosco e de participar das “festinhas com Dante”. Tornou-se um
rapaz entristecido e fechado. Tenho certeza de que algo muito grave
aconteceu, mas ele não se abre comigo. Não sei se com o Dante ele se
comporta da mesma forma, mas percebo que aquela amizade que os unia se
desfez.
Atualmente, vejo meu irmão sair todas as noites sozinho. Ele volta
para casa cedo e embriagado, com um olhar de cachorro abandonado. Mas no
dia seguinte, lá está ele ao lado de Matteo, treinando com afinco e devoção.
Já Dante é um homem bastante sério e fechado, sendo o mais
inteligente dos três. Ele está sempre com seu celular ou tablet nas mãos,
quando não está com tio Steffano. Ele vem sendo treinado para se tornar meu
conselheiro, e é bastante dedicado e atento, mas não consigo enxergar paixão
em seu semblante.
Ele é quem mais se assemelha a papai. Com seus cabelos negros e
lisos, olhos azuis e nariz adunco. Embora seja um pouco mais baixo que
Pietro, sua estatura de um metro e oitenta e cinco impõe respeito. Ainda que
sua musculatura não se compare à minha ou à de Pietro, o empenho nos
treinos diários esculpe músculos definidos em seu corpo, conferindo—lhe
uma aparência elegante e, de certa forma, mais esguia que a nossa.
Estamos no escritório em casa, só papai e eu. Discutimos por algum
tempo a respeito de um casamento para mim. Papai me apresentou algumas
fotografias das filhas dos capos, mas nenhuma me agradou. A verdade é que
não estou interessado em me casar neste momento. A sucessão na família está
atrelada a um matrimônio, uma regra que não posso questionar. A
persistência de papai nesse assunto me intriga, mas estou decidido a adiar o
máximo que puder.
Gosto da companhia das mulheres, isso é fato, mas nenhuma delas
despertou em mim um interesse maior do que algumas horas de alívio físico.
Nunca passei uma noite acompanhado, e todos os encontros que tive até hoje
foram muito bem explicados e consentidos, ou seja, uma foda e nada mais.
Passamos a discutir a situação delicada com os colombianos, que
estão cada vez mais se infiltrando em nosso território e nos tirando do sério.
Eu adoraria acabar com todos eles, mas a situação é complicada. Não
podemos atrair a atenção do FBI ao eliminar o cartel de uma vez. Precisamos
ser cuidadosos. Contamos com contatos no governo, polícia e agências de
inteligência, mas uma matança desenfreada não seria fácil de encobrir. Se não
fosse por isso, eu já teria resolvido a questão com os colombianos há tempos.
Batidas suaves na porta nos tiram da conversa. Pelas câmeras
verificamos que é Nina. Papai a convida a entrar, e lá está ela, com um
sorriso de orelha a orelha. Aquele sorriso que sempre usa quando fez alguma
travessura. Nossa caçula sempre foi uma pestinha, mas é uma fera nos
negócios.
— Preciso falar com vocês. Acho que fiz um negócio excelente, mas
preciso da aprovação, papai, diz Nina sorridente.
Nina nos apresenta um projeto muito bem elaborado que supre
algumas das necessidades de nossas empresas, consequentemente
prometendo uma boa margem de lucro.
— Minha querida Nina, que ótima notícia! exclamo, e parece que
papai concorda comigo. Isso certamente trará muitas vantagens para as
nossas empresas. Você fez um trabalho incrível, minha irmã.
— Então, meu adorado pai, eu combinei com minha amiga e parceira
nesse negócio de comemorarmos em uma de nossas boates.
— Nina, entenda, este não é o momento mais oportuno para
comemorações. - Diz papai, com sua expressão séria. No entanto, não posso
negar o seu pedido. Há, entretanto, algumas condições para a sua celebração.
Começando com a presença dos soldados ao seu lado o tempo todo, assim
como seus irmãos. Ele lança um olhar firme na minha direção, transmitindo
claramente o recado: "Não pense em recusar".
Eu adoro sair, mas ser a babá da minha irmã não estava nos meus
planos. Minha semana foi longa e exaustiva, e eu estava ansioso para sair e
foder uma bela mulher. No entanto, parece que esta noite vou acabar com o
"saco roxo". Vou acompanhá-la, mas não estarei sozinho nisso. Meus irmãos
também vão participar. Ela é responsabilidade de todos nós.
Rapidamente, envio uma mensagem para Pietro e Dante, convocando-
os por ordem do Don, para que não possam recusar. Eles tentam argumentar,
mas eu deixo claro que hoje seremos babás da nossa caçula.
Saímos cada um em seu próprio carro, acompanhados por dois carros
de escolta para cada um de nós, totalizando seis carros de escolta, com quatro
soldados em cada um, além dos soldados responsáveis por nossa segurança
pessoal. Chegamos juntos à boate e Nina para na portaria para autorizar sua
amiga. Foi nesse momento, que percebi que eu conhecia apenas o pai da
moça, senhor Romano, mas ela nunca havia sido apresentada a mim.
Entramos juntos na área VIP, mas o tédio rapidamente me atinge.
Alguns minutos depois, avisto um amigo antigo da faculdade, uma pessoa
hilária. Decido descer para trocar algumas risadas com ele.
Estou descendo as escadas distraído, quando de repente esbarro numa
linda garota de cabelos castanhos e longos. Seus olhos são uma mescla de
azul e verde, como as águas de um oceano tropical. A visão dos seus seios
fartos, cintura fina, quadril largo e pernas grossas faz meu coração disparar.
Sinto um choque percorrer meu corpo quando nossos corpos se tocam, uma
eletricidade que só acontece quando duas pessoas estão intensamente atraídas
uma pela outra. Ela está prestes a perder o equilíbrio, mas ajo rápido e a
seguro firmemente.
Nossos olhares se encontram, e uma conexão instantânea parece se
formar. Meus olhos percorrem cada detalhe de seu rosto, parando nos cílios
longos que emolduram seus olhos hipnotizantes, na boca carnuda que
desperta um desejo avassalador em mim e a pele salpicada de pequenas
sardas, como estrelas no céu noturno. Ela também me analisa com
intensidade, como se estivesse tentando decifrar algo em mim.
O momento parece suspenso no tempo enquanto a seguro e a observo
atentamente. Consigo sentir o calor de seu corpo contra o meu, e minha
mente fica totalmente tomada por sua presença. Aproximo minha boca a
poucos centímetros do seu ouvido, e minha voz sai mais rouca do que o
normal quando digo: "Desculpe pelo esbarrão." As palavras são uma
desculpa, mas o tom sensual revela algo mais profundo, algo que nossa
conexão instantânea não consegue esconder.
Violetta
Ainda estava perplexa com a avalanche de emoções que aquele
encontro na escada me despertou. Minha mente estava tão tumultuada que
nem percebi que, no momento do esbarrão, meus soldados não cumpriram
sua função. Essa falha me deixou inquieta e vulnerável, era a função deles
não deixar que nenhum desconhecido chegasse até mim. Preciso conversar
com Gino, para entender o motivo pelo qual nenhum soldado veio me ajudar.
Pior, não faço ideia de quem era aquele homem, e se for um dos
inimigos de meu pai?
Assim que entro na área VIP, Nina vem ao meu encontro, me
abraçando efusivamente!
— Que bom que você chegou! Estava doida por companhia. Meus
irmãos estão ali. - ela aponta para uma área ao fundo. - já envolvidos em seu
momento de caça, e me deixaram sozinha! Venha, vou te apresentar a eles.
Depois, vamos nos divertir!
Ela me apresenta a seus irmãos, Pietro e Dante. São lindos, muito
lindos, mas não se comparam ao homem que quase me derrubou na escada.
Ainda sinto o calor de suas mãos na minha cintura.
Sinto um arrepio pelo corpo e um pulsar em minha região íntima.
Tenho a impressão de que estou sendo observada, mas não seria educado
ficar olhando ao redor em busca de algo que nem sei se existe.
Neste momento, ouço Nina falando:
- Até que enfim, irmão! Venha conhecer minha amiga Violetta
Romano.
O que Nina fala a seguir se perde, pois quando sigo seu olhar, meu
coração erra uma batida, minhas mãos estremecem e sinto um calor subindo
diretamente ao meu rosto. Que vergonha! Devo estar toda corada, tudo
porque o irmão de Nina é ninguém menos que aquele gigante lindo que me
atropelou na escada.
A intensidade de seu olhar é quase palpável, me escaneando de uma
forma tão crua, que sinto como se suas mãos me tocassem, um arrepio vai se
formando, à medida que seu olhar vai deslizando por mim, a sensação é tão
intensa que sinto como se fossem suas mãos a me tocar.
Travo meu olhar no seu e ajo da mesma maneira, encarando-o sem
pudor. Percorro seu lindo rosto, gravando cada nuance, cada ruguinha que
começa a aparecer quando ele esboça um sorriso descarado, vou seguindo por
seu pescoço, peitoral, da mesma forma que ele faz comigo.
Lentamente se aproxima de nós e estende a mão, se apresentando.
— Oi novamente, senhorita Romano! Meu nome é Vitor, é um prazer
te conhecer.
Quando estendo minha mão para cumprimentá-lo, ele a segura
delicadamente, leva-a aos seus lábios, roçando-os suavemente em um beijo
sutil.
Meu corpo inteiro entra em frenesi, meu coração acelera, minha
respiração falha, um suor frio percorre meu corpo, deixando-me ainda mais
desestabilizada, e sinto minhas pernas tremerem, dando-me a sensação de que
posso cair a qualquer momento. Perco-me nas sensações que um simples
beijo nas mãos evoca em todo o meu corpo, esquecendo completamente da
educação rígida que recebi, mas não tinha forças nem para falar olá.
Uau! Isso foi quente, exclama Nina, quebrando nossa bolha e me
arrastando em direção ao bar.
— Violetta, me explica o que aconteceu? Como assim, “oi
novamente”? Você já conhecia meu irmão?
— Calma, Nina. Vou te explicar, mas antes, preciso de uma água.
Chegamos ao bar e, no momento em que ia pedir água, Nina me
interrompe, dizendo que estamos ali para comemorar, e pede um drinque bem
colorido. Enquanto esperamos, ela volta a perguntar sobre Vitor.
Constrangida, respondo que não houve nada além de um esbarrão na escada.
Eu sei que Nina não está muito convencida do que eu disse, mas como
posso explicar todas as emoções que senti com apenas um toque? Nem eu
mesma entendo bem o que aconteceu, então decido deixar isso de lado e
aproveitar a noite ao lado da minha melhor amiga.
Conversamos, rimos e dançamos, envolvidas na magia da noite. No
entanto, uma sensação de calor parecia me consumir, fazendo meus pelos se
arrepiarem involuntariamente, todas as vezes que meu olhar percorria o
ambiente, percebia que Vitor me olhava, intensamente. Era como se fôssemos
atraídos por um ímã invisível, e eu, incapaz de desviar meu olhar do dele.
Depois de algumas horas, chamo Nina e aviso que preciso ir. Papai me
aguarda acordado, não entro em detalhes, mas ela entende, pois também
precisa voltar para casa. Decidimos ir embora juntas, ao menos até a porta da
boate.

Na saída, sigo com meus soldados para um dos carros da família.


Sento-me no banco de trás e observo Gino, meu segurança particular,
enquanto ele se acomoda ao meu lado. Gino é um homem de cabelos
grisalhos, com seus quarenta anos, olhos negros como a noite, corpo forte e
imponente. Sua pele morena de sol contrasta com o branco da camisa, e seus
ombros largos denotam sua presença de forma marcante. Com cerca de um
metro e oitenta de altura, ele transmite uma sensação de segurança e
confiança.
Na frente, temos o motorista e mais um soldado, enquanto nos outros
dois carros, quatro soldados em cada um, garantem a minha escolta. Um
carro está na frente e outro atrás. Apesar de não morar muito longe, as rotas
são sempre alteradas para evitar possíveis emboscadas. Essa precaução faz
com que a viagem deva durar cerca de trinta minutos. Minha segurança é
prioridade para papai. Com isso em mente, resolvo questionar Gino sobre os
acontecimentos da noite.
— Gino, me explica porque nenhum dos soldados me auxiliou quando
quase caí da escada? - Pergunto.
— Senhorita, eu estava bem ao seu lado, quando ia te segurar,
identifiquei quem era a pessoa com quem havia esbarrado. O reconheci
imediatamente, ele será nosso Don, então julguei que não seria apropriado
intervir. Peço desculpas se falhei em minha avaliação. - Responde Gino.
— Tudo bem Gino, não se preocupe, mas nunca mais deixe isso
acontecer.
Tive uma semana muito agitada, com muitos compromissos de
trabalho. Sentindo—me exausta, decido fechar meus olhos e encostar minha
cabeça no banco, aproveitando a viagem para refletir sobre os acontecimentos
da semana e me organizar para os próximos compromissos.
De repente, percebo que o carro aumenta a velocidade. Abro meus
olhos e noto a tensão no rosto dos soldados.
— Gino, o que está acontecendo? - Pergunto já em pânico.
— Não é nada, fique tranquila e volte a descansar. - Responde Gino.
Conheço muito bem o Gino; ele faz minha segurança desde que me
lembro, ou seja, desde criança. Pelo olhar dele, sei que não está me dizendo a
verdade. Quando vou questioná-lo, nosso carro é lançado para frente.
Preocupada, olho para trás e percebo uma van com vidros escuros acelerando,
tentando bater novamente no nosso carro.
Gino carrega uma Glock 9mm, me entrega e diz: “Senhorita, para sua
segurança, se for preciso, use para matar.”
Neste momento, percebo que o cenário é mais grave do que pensei, já
que Gino quebrou o protocolo ao me entregar uma arma. Fico muito
preocupada, mas os anos de treinamento que tive me deixam em alerta. Sei
que não é usual para uma filha da máfia ser treinada em defesa pessoal e tiro,
mas minha segurança sempre foi prioridade para papai.
Em segredo, fui treinada por Gino (tiro) e Noah (defesa pessoal).
Depois de tudo o que já aconteceu comigo por causa de Chiara, meu
treinamento passou a ser indispensável. Esse tipo de treinamento não é
autorizado para mulheres; somos criadas para casar e gerar filhos, não para
estudar, treinar, pensar. Ser mulher na máfia traz muitos desafios, mas papai
sempre esteve à frente dessa mentalidade retrógrada.
Assustada, questiono novamente Gino, que não me responde. Percebo
a tensão em sua expressão e sua mão na arma. Fico apavorada, mas confio
nos meus soldados.
Fico totalmente em alerta, pois sei que não me dirá mais nada.
Observo os soldados da frente, eles estão conversando pelo ponto e, pelo que
entendi, o carro com os soldados que nos seguia foi alvejado e jogado para
fora da estrada.
Pânico me toma por completo; preciso pensar rapidamente em como
agir e ajudar de alguma forma. Não vou me entregar de bandeja, sem lutar.
Seja quem for que está me seguindo, ficará surpreso ao ver uma mulher se
defendendo e matando se necessário for.
O cenário é assustador e, para piorar, começo a ouvir tiros. Viro-me
rapidamente na direção dos tiros e a visão que tenho é aterradora, um dos
homens do carro que nos ataca está com o corpo para fora e uma arma
enorme apontada para nós. Tento abrir a janela para atirar no homem, mas
sou impedida por Gino, que imediatamente abre uma fresta de sua janela,
coloca a ponta da arma para fora e começa a atirar.
Meu coração acelera em apreensão, o carro se aproxima
perigosamente com aquela arma apontada para nossa direção. Os tiros que
Gino dispara não atingem o homem, tampouco o carro, que provavelmente é
à prova de balas, pois vejo as balas ricocheteando sem causar nenhum dano à
carroceria.
O soldado que está na frente do carro age rapidamente, abrindo
totalmente a janela e se projetando por ela, com a arma em punho, começa a
atirar também, mas é em vão, nenhum tiro acerta o homem. Frustrado, o
soldado volta para o carro com cara de raiva e decepção, rapidamente
fechando os vidros para minha proteção.
Não consigo tirar os olhos do carro que nos persegue, quando de
repente, o homem pendurado na janela cai, e o carro onde ele estava começa
a girar descontroladamente, se aproximando do nosso. Dou um grito de
desespero e peço ao soldado para acelerar, mas é em vão.
Nosso carro avança, mas o outro veículo está ganhando velocidade, e a
colisão parece inevitável. No momento seguinte, a colisão acontece e nosso
carro perde o controle, começando a rodopiar. Sou projetada para frente e,
mesmo com o cinto de segurança, bato bruscamente minha cabeça no banco
da frente, sinto uma vertigem e tudo escurece.
Vitor
Volto para a área VIP determinado a conhecer a garota e terminar
minha noite, completamente enterrado nela. Ela mexeu com a minha cabeça,
além de ser linda, possui um corpo perfeito.
Para minha surpresa, a encontro cercada pela minha família, de braços
dados com Nina. Meu coração acelera. Será ela a parceira de negócios de
Nina? Quando li o projeto, verifiquei se tratar das empresas dos Romano,
embora o conheça pessoalmente, nunca fui apresentado a sua filha.
Caminho lentamente ao encontro deles, sem deixar de admirar a
beleza da garota que roubou minha atenção. Logo que Nina me nota, já me
chama para apresentar sua amiga!
— Até que enfim, irmão! Venha conhecer minha amiga Violetta
Romano.
Olho-a fascinado, querendo gravar na minha memória toda beleza e
elegância que emana, chego a ser indiscreto, mas o magnetismo que emana
dela não me deixa opções.
Sem desviar o olhar, ergo minha mão para cumprimentá-la,
expressando que é um prazer revê-la. Quando ela estende sua mão, seguro-a
suavemente, levando-a à minha boca. Nossos olhos se encontram e nesse
momento minha pulsação acelera. Seu olhar desliza pelo meu corpo, fazendo
com que meu corpo reaja intensamente, deixando-me mais excitado.
Nina quebra nosso momento, dizendo que isso foi quente e já leva
Violetta para o bar.
Minha atenção permanece fixa na garota, enquanto ela conversa
animadamente com a minha irmã. Elas passam a noite se divertindo, rindo e
conversando, e quando a vejo dançar, isso me leva a outro nível, pois começo
a imaginar essa deusa quicando sobre o meu corpo. Fico desconfortável,
tamanha é a ereção que me provoca. Nunca uma mulher mexeu tanto comigo
e com os meus hormônios. E o pior de tudo, ela é proibida para mim.
Preciso me distrair com outra coisa, pois para ter essa mulher onde
quero, preciso me casar e casamento está fora de minhas ambições no
momento. Mas o feitiço é tão grande que não consigo fazer outra coisa senão
olhá-la.
Em dado momento, Dante se junta a mim, entregando-me um lenço.
— Para quê isso, Dante? - Digo sem entender onde ele quer chegar.
Ele responde com um tom de brincadeira:
— Para enxugar sua baba, irmão. É verdade que ela é linda, e super
atraente, mas você poderia ser um pouco mais discreto.
— Vai se foder, Dante. - Digo, já puto pela interrupção.
— Você sabe que ela não está no mercado, né? Parece que o pai a tem
escondido debaixo das asas. Já negou todos os pedidos de casamento que
recebeu.
— Como é que é? Me explica essa história direito. - Digo num misto
de curiosidade e ansiedade.
— Não sei ao certo, Vitor, mas parece que o Sr. Romano não a deixa
participar das festas da família, e isso tem despertado ainda mais a
curiosidade dos outros capos.
— O Sr. Romano fez seu nome, adquiriu o respeito dos demais capos,
e muitos estão de olho na herdeira, a fim de ganhar o respeito e admiração
que ele tem.
— Não entendo por que ainda não a casou, ela tem a idade da Nina e é
linda demais.
— Sei que tem algum segredo que ronda a família; os Romano
participaram do conselho quando foi criado, mas depois de um tempo, o
Senhor Romano pediu afastamento. Nunca descobri o motivo. Há também a
autorização da Violetta para cursar a faculdade, que foi autorizada por papai,
a portas fechadas. Somente ele e tio Steffano sabem os motivos. Uma vez,
cheguei a perguntar, mas o titio disse que no momento certo, saberia.
— Acho isso estranho, Dante. Papai nunca mencionou nada a respeito
disso. Tenho conhecimento dos negócios dos Romano e da influência deles,
mas nunca soube que chegaram a fazer parte do conselho.
Decidimos deixar nossas dúvidas de lado quando as meninas
resolveram encerrar a noite.
Vitor
Após sairmos da boate, cada um de nós segue para seu próprio carro.
Atento a tudo, espero até que todos entrem em seus veículos antes de sair, a
segurança dos meus irmãos é sempre minha prioridade. O primeiro carro a se
movimentar é o de Violetta, acompanho os três carros que saem, mas algo me
chama a atenção: uma van preta com vidros escuros que segue a comitiva.
Desconfiado, chamo Pietro pelo ponto, instruindo-o a seguir para casa
junto com Dante, escoltando Nina. Sou firme nas palavras ao explicar o que
observei. Minha mente já está trabalhando em diversos cenários, buscando as
melhores alternativas para ajudar Violetta e frustrar a ação dos homens que a
perseguem.
Concentrado no que vejo à frente, peço que Grecco siga o carro de
Violetta com cuidado para que não sejamos vistos. A sensação de urgência se
intensifica, mas mantenho a calma e a concentração, pois uma reação rápida e
precisa é crucial para momentos como este.
Com isso em mente, decido ligar para papai. Serão necessários
reforços, mas não posso remanejar os soldados que seguiram com meus
irmãos para casa.
— Pai, boa noite. Desculpe te acordar, mas é urgente. Pietro e Dante
estão indo para casa com Nina, mas eu observei que o carro da senhorita
Romano está sendo seguido. Preciso que o senhor entre em contato com o pai
dela e prepare um contingente para me auxiliar. Não sei o que vou encontrar
pela frente.
No outro lado da linha, papai fica mudo por alguns instantes, e logo
uma voz agitada entra na ligação. "Boa noite, Don. Algum problema?" diz o
Senhor Romano.
— Enrico, boa noite. Estou com Vitor na linha; ele vai te explicar o
que está acontecendo. Permanecerei na ligação para ajudar no que for
preciso. - Diz papai.
— Boa noite, Senhor Romano. Serei direto, pois estamos sem tempo.
Quantos carros o senhor colocou para a segurança de sua filha?
— Boa noite, Vitor. Dois carros, com quatro soldados em cada um, e
no carro dela, o seu segurança particular e mais dois soldados. Sei que estão
sendo seguidos, os soldados me contataram há pouco.
Ouço um movimento pela linha e algumas palavras sussurradas, mas
foco no que é necessário neste momento, então digo:
— Senhor Romano, vou compartilhar minha localização com o
senhor. Quando estávamos saindo da boate, percebi dois carros seguindo o
carro de sua filha. Estou seguindo-os sem ser visto, mas não sei o que vamos
encontrar pela frente. Falo tenso, já imaginando mil cenários, buscando
soluções e calculando riscos. A situação é muito séria, não quero correr
riscos.
— Vitor, Rafaelli já está a caminho com trinta soldados. Eles estão
seguindo na direção oposta à sua. Nossa intenção é cercar esses homens e
resgatar minha filha. - A voz do Senhor Romano soa firme, e sua resoluta
determinação me proporciona um alívio momentâneo. É reconfortante sentir
que estamos tomando medidas concretas para proteger Violetta e enfrentar
essa ameaça iminente. Isso traz algum alívio, mesmo que estejamos
envolvidos em uma atmosfera tensa e carregada de expectativas. - Mas com
seu apoio, fico mais confiante. Agradeço muito.
Papai nos interrompe dizendo que enviou trinta soldados, mas estão há
quinze minutos de distância, informa, ainda, que acionou nossos hackers afim
de verificar o que temos mais à frente. Pede para que eu deixe esta ligação
aberta para irmos nos comunicando.
Adrenalina corre por minhas veias; a incerteza do que está por vir
alimenta minha determinação em proteger Violetta. Analiso cada detalhe,
cada movimento, com minha mente em total alerta. Não posso me dar ao luxo
de perder a concentração, dada a situação complexa e imprevisível em que
me encontro. No entanto, estou decidido a fazer o possível e o impossível
para ajudar Violetta.
Instantes depois, vejo a van avançar e tirar o carro de escolta do
caminho. Peço que meus soldados no outro carro verifiquem os soldados, e
continuo seguindo.
Pelo ponto, meus soldados avisam que os soldados estão vivos, porém
machucados. Peço a eles que chamem o médico e que me alcancem; parece
que vou precisar de reforço.
À medida que a van avança, a distância entre ela e o carro de Violetta
começa a diminuir, e isso não é um bom sinal. Observo atentamente quando a
van bate no carro que leva Violetta. Meu coração dispara em uma mistura de
raiva e preocupação; a adrenalina que flui por minhas veias faz com que eu
me concentre e avalie rapidamente a situação. Não há espaço para hesitação.
Continuo a observar e constato que o motorista dela é bom, pois
consegue manter o carro em seu curso.
Imediatamente, um dos homens da van debruça o corpo pela janela e
começa a atirar. Sem tempo a perder e com meu coração explodindo, falo
para John, que está no banco de trás comigo, para começar a fazer sua
"mágica". Ele dá um sorriso torto, se abaixa e tira uma metralhadora que fica
debaixo do banco. Abre a janela e começa seu show.
O barulho dos tiros ecoa por nosso carro; tenho total confiança em
John, ele é um dos melhores atiradores da família e foi ele quem me ensinou
tudo o que sei. Sei que é uma questão de minutos para que ele consiga acertar
o homem.
Após o tiro certeiro de John, o homem da Van cai, mas minha mente
já está focada no próximo passo. A perseguição continua, e a estrada à nossa
frente é nosso único foco.
John é persistente e continua com os disparos, mas a van além de ser
blindada, o motorista dirige em frenesi, fazendo manobras ousadas e em alta
velocidade, o que dificulta nossa abordagem. No entanto, a teimosia e
determinação de John é tanta, que seus tiros certeiros conseguem enfim
acertar um dos pneus.
A Van gira desgovernada na pista e meu coração se aperta ao perceber
o perigo que se intensifica à medida que a Van desgovernada avança cada vez
mais próxima do carro de Violetta.
A colisão é inevitável, mas o soldado no volante do carro de Violetta é
bom e novamente consegue estabilizar o carro, parando-o em seguida.
A van acaba batendo em um poste. Grecco para meu carro, Grecco e
John saem rapidamente e vão até a van verificar se tem algum homem vivo.
Enquanto isso, corro até o carro de Violetta.
Ao alcançar o carro, verifico que os soldados estão um pouco
machucados, e Violetta desacordada. Ansioso, abro rapidamente a porta de
trás para verificar seus sinais vitais; um desespero toma conta de mim, um
medo que nunca senti antes, mas me sinto aliviado pois sinto sua pulsação.
Sem hesitar, ligo imediatamente para uma ambulância. Enquanto
aguardamos, ouço uma freada brusca e instintivamente, ergo minha arma. No
entanto, quem sai do carro é Rafaelli, irmão de Violetta.
Ele corre até o carro para ver a irmã, mas antes me olha com respeito
e gratidão. A ambulância logo chega e leva Violetta ao hospital. Eu pergunto
a Rafaelli a distância até o hospital controlado por sua família. Embora ele
estranhe minha pergunta, diz que certa de 30 km. Explico a ele que um dos
hospitais controlados por minha família, está à 5km de distância, e que se ele
preferir, posso organizar a chegada deles lá. Rafaelli aceita e me agradece.
Deixamos alguns homens para fazer a limpeza e levar os
sobreviventes para um de nossos galpões enquanto seguimos para o hospital.
Violetta
Minha boca está tão seca que parece que engoli um monte de areia.
Um som contínuo e incômodo de bip, bip, bip ressoa, agravando o latejar
doloroso em minha cabeça. Tento mover meus braços, porém, eles estão tão
pesados que não respondem.
Ao fundo, ouço vozes sussurrando, que se misturam num emaranhado
ininteligível. Com dificuldade, mas muita determinação, forço meus olhos a
se abrirem, mas uma luz muito forte me atinge, obrigando-me a fechá-los
novamente. Respiro fundo, tentando acalmar meu coração acelerado.
Faço mais algumas tentativas e, aos poucos, consigo firmar o foco.
Meu coração erra uma batida quando vejo papai e Rafa conversando com
Vitor. Aos poucos, a névoa que envolvia minha mente começa a dissipar e
minha consciência luta para se libertar do torpor.
A imagem da sala vai se definindo gradualmente, revelando o
ambiente hospitalar. Vejo linhas intravenosas ligadas ao meu corpo, que
parece uma âncora de tão pesado que está. A confusão se intensifica e minha
mente é invadida por uma série de perguntas a respeito de tudo que
aconteceu.
Meu coração dispara e o som do bip acelera; os homens percebem a
mudança e correm em minha direção.
Papai segura minha mão com firmeza, trazendo-me o conforto e a
segurança que precisava, pede que eu me acalme e aguarde o médico fazer
seu exame. Ele apenas olha na direção de Rafa, que compreende seu pedido e
se afasta, indo em busca do médico.
O médico me faz diversas perguntas, ao final pergunta como me sinto.
Respondo que estou com sede e com uma leve dor de cabeça. Ele esclarece
que os exames realizados não revelaram danos significativos e a dor é
consequência do impacto, me prescreve alguns analgésicos para o alívio e me
dá alta.
Durante todo o exame, sinto o olhar fixo de Vitor em mim,
demonstrando que está ali por mim, preocupado com minha saúde.
Assim que o médico deixa o quarto, papai retorna com um copo de
água. Bebo—a lentamente, como se cada gole me ajudasse a dissipar a tensão
que me domina. Ele me detalha o evento, incluindo o fato de que os soldados
que me acompanhavam passam bem. Além disso, ele explica que Vitor notou
carros seguindo minha comitiva logo que deixei a boate, decidiu me seguir e,
agindo rapidamente, conseguiu afastar o perigo.
Neste momento, o telefone de papai toca e ele sai do quarto
acompanhado de Rafaelli.
Meus olhos se voltam para Vitor, e um sentimento de gratidão
profunda se forma dentro de mim. Seus olhos encontram os meus, e um
sorriso tímido e reconhecido se forma em seus lábios. Agradeço a ele por ter
me ajudado e somos interrompidos pela volta de papai.
Peço licença, sentindo a necessidade de me afastar por um momento.
Preciso me trocar para voltar para casa, para retomar o meu lugar no mundo
após esse susto tão intenso.
Enquanto se afastam, fico observando a porta, incapaz de deixar de
pensar naquele sorriso. Que coisa linda. Meu coração acelera e uma onda de
calor percorre meu corpo. Nossa, esse homem deveria viver sorrindo. Se ele
já é lindo sério, sorrindo é simplesmente deslumbrante.
Dirijo-me ao banheiro, encontrando minhas roupas dobradas em um
banquinho. Enquanto troco de roupa, não consigo evitar que meus
pensamentos voltem para essa noite: nosso esbarrão na escada, ele se
apresentando, beijando minha mão, seu olhar indiscreto durante todo o tempo
que estivemos na boate e agora aquele sorriso. Com a roupa trocada, vou ao
encontro deles, pronta para seguirmos nossa viagem.
Vitor nos acompanha, mas segue em seu próprio carro. Observo que
papai está muito pensativo. Impulsivamente, pergunto a ele o que tanto lhe
passa pela cabeça. Ele me olha, com um sorriso leve, e me responde:
— Agora, minha filha, tenho uma dívida com a família Moretti. O que
Vitor fez por nós, por você, é algo que vou carregar comigo pelo resto da
vida.
Olho para o lado e observo Vitor, que dirige ao nosso lado. Quando
nossos olhos se encontram, meu coração acelera. Trocamos um sorriso
cúmplice, como se entendêssemos que algo muito especial nos unisse,
entrelaçando nossas vidas.
Quando chegamos em casa, encontro mamãe na sala, andando de um
lado para o outro, parecendo preocupada. Chiara está sentada no sofá com
cara de entediada, mas seus olhos se arregalam, olhando atrás de mim. Nem
preciso me virar para saber que ela olha para Vitor, um olhar faminto que me
faz lembrar aqueles desenhos animados onde os olhinhos ficam virando e
soltando corações.
Sinto-me incomodada com essa atitude de minha prima, embora não
pudesse esperar outra coisa dela. Quando mamãe percebe que chegamos,
corre ao meu encontro me abraçando fortemente. Faz várias perguntas sobre
o que aconteceu e como estou me sentindo, sem me dar tempo para
responder.
Eu a abraço forte e asseguro que responderei tudo, mas antes disso,
apresento Vitor a ela e Chiara, explicando que ele me salvou. Mamãe o
abraça e percebo que ele fica levemente incomodado com o toque, mas
disfarça bem.
Já minha prima, por outro lado, quase se joga no colo dele, e começa a
se insinuar, mas percebo que Vitor não lhe olha uma segunda vez, pois seus
olhos permanecem fixos em mim.
Papai convida Vitor a acompanhá-lo até o escritório, nos deixando
sozinhas. Mamãe corre para a cozinha e pede que preparem um chá para mim
e um café aos demais. Chiara faz de tudo para levar o café até o escritório,
mas mamãe é incisiva dizendo:
— Chiara, desde quando você é tão prestativa? Sabe muito bem que
seu tio não permite que ninguém o interrompa quando está em reunião. Eu
mesma levarei o café.
Depois dela voltar do escritório, conto por alto o que aconteceu, sinto
mamãe relaxar um pouco, mas no fundo, vejo a preocupação em seus olhos.
Ela pondera por um momento e então me pergunta, com um olhar curioso e
apreensivo:
— O que você e Vitor têm? Por que ele te salvou?
Respiro fundo antes de responder, buscando as melhores palavras; não
quero entrar em detalhes, principalmente por causa da presença de Chiara.
— Eu o conheci hoje, mamãe. Ele é irmão de Nina e, ao que parece,
percebeu que eu estava sendo seguida. Ele me salvou, mamãe. Se não fosse
por ele, nem quero pensar no que poderia ter acontecido. Serei grata a ele
eternamente.
Chiara comenta sarcasticamente:
— E o mocinho salva a donzela em perigo, que clichê, priminha! - Ela
continua com sua ironia e completa: Se fosse comigo, já estaria com uma
aliança brilhando no dedo.
Ignorando completamente o comentário maldoso de Chiara, dirijo
meu olhar para mamãe em busca de apoio. Mamãe, percebendo a situação
constrangedora, com toda a gentileza que lhe é natural, pede a Chiara que nos
acompanhe, dizendo que já está tarde e precisamos descansar. Foi, afinal,
uma noite longa e exaustiva.
Chiara, a princípio, demonstrava vontade de permanecer na sala,
talvez para ver Vitor novamente, mas mamãe é incisiva e pede que nos
recolhamos. Mal-humorada, Chiara nos segue, resmungando palavras
ininteligíveis.
Confesso que também gostaria de aguardar Vitor sair para me
despedir e agradecer, contudo, mamãe está certa, melhor me recolher.
Vitor
Ao entrarmos no escritório, o Senhor Romano nos serve um copo de
uísque. Pego o copo de sua mão, umedeço a boca, mas não bebo. Não aprecio
bebidas alcoólicas, mesmo após tantos anos. A única exceção é o vinho, este
aprecio, mas raramente bebo; em vez disso, apenas brinco com o copo.
Aguardo até que ele também sirva Rafaelli e a si mesmo, e então nos conduz
até o sofá, sugerindo que nos acomodemos.
Seus olhos encontram os meus, e seu olhar é carregado de respeito e
gratidão. Ele inspira profundamente e direciona a pergunta para mim:
— Então, rapaz, me conte tudo, por favor.
Embora já tenha relatado todos os eventos, compreendo que ele
precisa dos detalhes. Quanto mais minuciosa minha descrição, mais fácil será
encontrarmos e punirmos os culpados. Assim, calmamente, vou revivendo
tudo que aconteceu depois que deixamos a boate.
Após meu relato, permaneço em silêncio, permitindo que ele e o filho
processem as informações que compartilhei. Momentos se passam antes de
eu fazer a próxima pergunta:
— Senhor Romano, como é feita a designação da escolta e as rotas?
Ele me encara atentamente, como se estivesse buscando entender o
rumo da minha linha de raciocínio. Então, ele fala:
— Você será um excelente Don, meu rapaz. Vamos pensar juntos.
Quando chamei os soldados para fazerem a escolta de Violetta nesta noite,
não revelei o destino, tampouco a rota. Somente Steve, o motorista, sabia o
local exato. A rota foi definida por um dos soldados que trabalha com TI; ele
costuma variar rotas para evitar emboscadas. E a rota é informada no
momento em que eles ligam o carro.
Vitor, algo me incomoda, pense comigo, diz Rafaelli:
— Você nos disse que a Van que a seguiu já estava próxima à boate
quando saíram. Isso significa que ou foram seguidos até a boate ou o local foi
informado posteriormente. Parece que precisaremos rever as gravações da
noite, analisar cada trecho do trajeto de Violetta. A região pertence à sua
família, certo? Seria possível nos fornecer as imagens?
— Nós já nos antecipamos. - Digo orgulhoso. - Enquanto eu seguia o
carro de sua irmã, meu irmão já estava trabalhando no levantamento de
informações. Ele já me informou que está com as imagens. Existe algum
dispositivo ao qual eu possa me conectar para podermos analisar isso juntos?
Rafaelli me olha com atenção, já se levantando para ativar uma grande
tela que se encontra na parede oposta à mesa do capo. Ele me fornece as
instruções necessárias para o pareamento e nos sentamos frente à tela,
prontos para examinar as imagens.
Chamo Dante pelo celular, para que ele nos oriente e mostre os pontos
específicos que precisamos verificar. Coloco a ligação em viva voz e
esperamos suas indicações.
Depois de tudo conectado, Dante vai nos passando as informações que
obteve.
Ouço Dante nos cumprimentando e indo direto ao ponto. Isso é uma
marca registrada de nossa família.
— Irmão, a van chegou pouco depois que a senhorita Romano entrou
na boate. Ficou estacionada no mesmo local durante o período em que ela
permaneceu conosco. Só saiu depois dos carros que a transportavam.
Ninguém entrou ou saiu da van nesse intervalo, o que me leva a crer que
havia alguém a observando de dentro do veículo, possivelmente se
comunicando por telefone.
Dante continua a explicar os detalhes:
— Revisei as imagens das câmeras desde o momento em que ela saiu
de casa até chegar à boate. Não há indícios de que tenha sido seguida. Minha
conclusão é que alguém informou a localização dela ou obteve acesso a essa
informação de alguma outra maneira. E eu me pergunto, quem teria acesso a
esses detalhes e por quê?
Dante continua sua explicação, mantendo-se focado e direto.
— Ela possui algum dispositivo de rastreamento? Quem está ciente da
sua existência? Quem teria acesso a estas informações?
— Depois vocês me respondem a todas as minhas dúvidas, vamos
prosseguir.
— Não fiquei contente com a falta de respostas, então, fiz o caminho
contrário, segui a Van desde sua chegada, fui utilizando as câmeras por um
longo período. No entanto, as imagens dela simplesmente desaparecem,
como em um passe de mágica, uma hora antes do incidente. A impressão é de
que ela simplesmente surgiu do nada, ou, alguém invadiu as câmeras,
sabendo que faríamos esta busca, com o intuito de encobrir os rastros.
Fizemos todas as buscas prováveis ou improváveis, mas não conseguimos
achar o rastro dela antes disso.
— Todos os celulares que foram encontrados estão passando por um
processo de exame. Peço desculpas pela demora, mas esse procedimento é
um pouco mais demorado. Acredito que só teremos uma resposta amanhã.
— Vitor, em relação aos homens que conseguimos capturar com vida,
os conduzimos até o galpão que você mencionou. Matteo e Pietro estão
trabalhando com eles, buscando informações. Assim que tivermos algum
progresso, compartilharei as descobertas com todos.
— Senhor Romano, sua família está convidada a comparecer ao
galpão, onde os prisioneiros estão detidos, para que possam ter um certo
"divertimento" com a situação.
— Agradecido pela sua ajuda, meu irmão. Agora, Rafaelli irá fornecer
a você os detalhes relacionados ao rastreamento da senhorita Romano.
— Boa noite Dante, agradeço em nome da família Romano toda a
assistência que os Moretti estão nos prestando neste momento delicado. No
que diz respeito ao rastreamento, Violetta utiliza algumas jóias com
dispositivo de localização, além do aparelho celular. Apenas nós, os
familiares temos conhecimento dessa medida de segurança. Além de mim e
de papai, nosso especialista em TI também possui acesso às coordenadas.
Resumindo as ações que empreendemos até o momento: todos os soldados
que faziam parte da escolta de Violetta, foram liberados do hospital, e agora
estão abrigados em um de nossos galpões, estão incomunicáveis entre si.
Seus celulares foram recolhidos para análise. Conduziremos os
interrogatórios individuais, seguido de um período de observação em uma
sala monitorada, visando identificar eventuais ligações ente eles.
— Ótimo Rafaelli, se precisarem de ajuda com os celulares, por favor
me avisem. Possuo um programa que consegue recuperar até mesmo arquivos
e mensagens apagadas.
— Eu aceito a oferta, Dante, nosso setor de TI é bastante antiquado e
não sei até que ponto posso confiar nele.
— Perfeito, traga-os quando vierem ao galpão, ou entregue-os ao
Vitor. Realizarei as verificações necessárias. Agora, se me dão licença, ainda
tenho algumas investigações pendentes. Desejo a todos uma boa noite.
Conclui Dante, encerrando, nossa conversa por telefone.
Nossos olhares se encontram, com uma expressão de mútuo
entendimento. Era claro para nós que as respostas que buscávamos,
obteríamos com os homens detidos no galpão. Sem mais delongas, nos
levantamos e seguimos para lá. Apesar da exaustão, reconhecia que a
importância de minha presença era crucial. Além disso, eu também queria
respostas para acalmar meu coração e minha alma.
Ao chegarmos ao galpão, encontramos alguns homens suspensos e
amarrados, visivelmente machucados por nossos soldados. No fundo,
encontro Matteo ao lado do papai, conversando em voz baixa.
O Senhor Romano dirige-se ao papai com um gesto de respeito:
— Don Tommaso, agradeço profundamente por toda a assistência que
nos concedeu esta noite. Reconheço que tenho uma dívida com você.
Gostaria de reafirmar o convite para um almoço em família neste domingo.
Acredito que tenhamos muito a conversar.
Papai, respondendo ao gesto, afirma:
— Com certeza, Enrico. Conte com toda a minha família neste
domingo. Você está certo, temos muito o que conversar e nos orgulhar.
Nossas filhas são brilhantes.
Papai nos conduz a uma sala adjacente e pedimos a Matteo que nos
atualize sobre o andamento do processo.
Matteo compartilha conosco que os homens são membros do cartel
colombiano, identificados pelas tatuagens. Até o momento, nenhum deles
cedeu e começou a falar. Ele afirma ter certeza de que conseguirá algumas
respostas antes mesmo do amanhecer.
— Enrico, os homens estão à sua disposição para interrogatório.
Estaremos lá para dar todo o suporte necessário. - Diz papai.
Presumi que o Senhor Romano solicitasse a Rafaelli a condução do
interrogatório, mas para minha surpresa, ele mesmo se levanta, nos agradece
e caminha até os homens detidos.
Ficamos ali por horas, observando enquanto o senhor Romano
questiona um a um sem obter respostas. Diante dessa resistência, ele decide
mudar sua abordagem. Ordena a um dos soldados que vedem os olhos dos
homens detidos e os coloque em um canto distante do galpão, distantes entre
si. Eles estarão longe o suficiente para não ouvir o que é dito, mas perto o
bastante para ouvir os gritos de dor.
Antes de começarmos, ele se aproxima de mim, seus olhos fixos nos
meus, e diz:
— Você salvou minha filha. Te devo minha vida. Trouxe esses
homens até aqui para que eu possa obter respostas. Poderia ter me deixado
aqui e ido para casa descansar, mas ao contrário, está aqui me apoiando e
ajudando. Você me concederia a honra de auxiliar-me com esses homens?
Preciso de respostas e a cada momento que passa, a situação se complica
ainda mais.
Não costumo realizar esse tipo de trabalho. Geralmente, deixo para
Matteo, que adora esse ofício. No entanto, diante do pedido desse homem,
não consigo recusar. Já estava disposto a fazer isso, mesmo que esses homens
pertençam aos Romano. Eles estiveram envolvidos no ocorrido com Violetta,
e eu não poderia ficar de fora.
Sem hesitar, levanto-me e com um sorriso sutilmente maligno, sigo-o.
Minha visão se tinge de vermelho, a ira me toma. Como alguém ousa tocar
no que é meu? Violetta é minha e ninguém toca.
De onde surgiu isso? Mal conheço a moça, mas um simples olhar foi
suficiente para eu ter a certeza de que ela é minha. Não costumo me envolver
com ninguém, nunca namorei. Tive encontros com várias mulheres, mas
todas elas serviam apenas para saciar meus desejos carnais, meu tesão. Essa
história de possessividade, de comprometimento, não fazem parte do meu
estilo de vida. Quem sabe acabar com alguns idiotas ajude a colocar meus
pensamentos no lugar.
Acompanho-o até os homens detidos. Depois que ele decide com
quem começar, faço minha escolha, peço a um dos soldados que leve o
sujeito até o canto oposto ao que o senhor Romano rumou. Pego um alicate.
Peço que os soldados posicionem o homem sentado e amarrado. Retiro a
venda dos seus olhos e pergunto se ele se importa com os próprios dentes. Ele
solta uma risada e me ignora.
Peço aos soldados para segurarem firmemente a cabeça do sujeito e
que abram sua boca. Com o alicate em mãos, arranco o primeiro dente. Os
gritos do homem ecoam, enquanto o sangue se mistura à sua saliva,
manchando-lhe o rosto. Espero um momento e falo:
— Vai começar a falar, ou vou precisar arrancar todos os dentes da
sua boca?
O desaforado cospe na minha direção. Respiro fundo, faço um gesto
aos soldados e mais uma vez, arranco outro dente; os gritos se intensificam,
mas continuo arrancando seus dentes. A cada dente extraído, a cada grito,
minha paciência vai se esgotando. Após extrair dez dentes, o homem cai
desacordado.
— Joguem água gelada nesse covarde. - Ordeno aos soldados e
recomeço.
Enquanto os gritos do homem sob o interrogatório do senhor Romano
ecoam ao fundo, olho para ele e percebo que a situação também não evoluiu.
Ordeno aos soldados que levem o homem para outro canto e o
mantenham vendado e amordaçado. Um tiro ressoa atingindo um saco, e sei
que os demais prisioneiros pensam que o homem morreu.
Faço um sinal, solicitando que me tragam outro homem.
Horas se passam, uma sequência interminável de dor, gritos e
desespero. Finalmente, conseguimos obter as respostas que buscávamos.
Com um gesto, ordeno que os soldados executem os homens, porém
peço que separem as cabeças; estas vou mandar para Juan, o chefe do cartel
colombiano.
Nos reunimos na salinha adjacente e compartilhamos nossas
descobertas. De fato, foi um dos soldados da família Romano quem entregou
a localização de Violetta. No entanto, eles não tinham informações sobre o
nome do traidor. Nossa equipe de TI está vasculhando os celulares que
confiscamos, na esperança de descobrir quem foi o responsável.
Após nos despedirmos, combinamos que o senhor Romano nos
encontraria em casa no final da tarde, para discutirmos a situação e
buscarmos alternativas viáveis.
Vitor
Seguimos em silêncio parte do trajeto até nossa casa. Sinto a
necessidade de falar com papai, mas não encontro palavras para chegar onde
quero. Me questiono, mais uma vez: o que quero? O que está acontecendo
comigo? De onde vem essa fúria louca, essa urgência em proteger uma
mulher que acabei de conhecer? E por que ela não sai dos meus
pensamentos?
Passo a mão no meu rosto, soltando um longo suspiro. Escuto a risada
de papai e me viro rapidamente encarando-o. Papai dá um sorriso sarcástico,
mas não diz nada, aguardando que eu comece a despejar tudo que se passa
em minha cabeça. Sem alternativas, reúno coragem e pergunto:
— O que o Senhor acha que está acontecendo? Quem poderia ter
vazado a localização de Violetta a Juan? Está pensando o mesmo que eu?
— E você, o que está pensando, meu filho?
Ao perceber que não obterei respostas de papai, decido compartilhar
minhas suspeitas:
— Acredito que um dos soldados da família Romano foi comprado
por Juan, entregando a localização de Violetta.
— E o que mais você está pensando? - Indaga papai.
Sem uma resposta, questiono-o novamente:
— Por que agora? Será que há alguma ligação com o acordo firmado
entre Nina e Violetta?
Papai apenas me olha, aguardando que eu conclua meu pensamento.
— Papai, sugiro que devemos aumentar a segurança de Nina e, se
possível, que ela trabalhe remotamente por um tempo. Esta medida nos trará
tranquilidade. Tenho intenção de sugerir o mesmo ao senhor Romano. -
Complemento.
— Sinceramente, meu filho, ainda não sei se há relação com o acordo
entre as meninas, e concordo com você sobre a Nina. Porém, te pergunto:
Qual é o seu interesse nesta moça, Violetta? Ela é responsabilidade do
Enrico. Você não deveria se meter na forma como ele resolve os problemas
da família. Já nos envolvemos demais por uma noite, você não acha? Ou tem
mais alguma coisa acontecendo que você não me contou?
Compreendendo o que papai está tentando abordar, decidido a
enfrentar a questão, sou direto ao afirmar:
— Por favor, acalme-se, pai. Não está acontecendo nada. Só me
preocupo com a moça. Violetta parece tão frágil e inocente. Preocupo-me
com ela da mesma forma que me preocupo com Nina. Elas são melhores
amigas e trabalham bem juntas. Pelos termos do acordo, acredito que juntas
irão longe.
Papai dá um sorriso, daqueles que demonstram que não acreditou em
nenhuma palavra que eu disse, e revira os olhos. Sei que está colocando todas
as engrenagens para funcionar, mas não vai me falar nada por hora.
Fico em silêncio enquanto estaciono o carro em frente de nossa casa.
Mal saímos do carro, a porta da entrada se abre de repente, e por ela, passa
uma Nina correndo, toda desgrenhada e visivelmente assustada.
Ela vem até mim, com aqueles olhinhos perscrutadores e me indaga:
— Como está Violetta? Alguém se machucou? Ela está viva, não
está? Me conte tudo meu irmão. Eu liguei inúmeras vezes para ela, mas o
telefone está fora de área. Quase fui até a casa dela, mas Pietro me prendeu
em casa.
— Se acalme Nina, está tudo bem com sua amiga, foi apenas um
susto. Ela foi medicada e está em casa descansando, mais tarde você conversa
com ela.
Papai nos interrompe e chama Nina para uma conversa. Tenho certeza
que ela não vai gostar de ouvir nada do que papai vai dizer, mas é necessário.
Entro em casa, dou um abraço em mamãe e sigo papai e Nina até o
escritório. Mas, chegando lá, papai me olha com seriedade e me aconselha a
descansar, pois mais tarde teremos muito a fazer.
Assim, subo para meu quarto. A exaustão pesa sobre cada músculo do
meu corpo. Um banho quente é um alívio. Deixo que a água leve as tensões
da madrugada, assim como minhas dúvidas. Só havia trocado minha camisa
antes de sair do galpão. Ela estava arruinada de tanto sangue. Sei que nossos
soldados, quando fizerem a limpeza do galpão, irão incendiá-la para não
deixar rastros. Todo cuidado é pouco.
Durante o banho, meus pensamentos voltam à Violetta, seu rosto
lindo, nosso encontrão na escada, aquela boca carnuda. Conforme a imagem
de Violetta vai surgindo em minha mente, minha excitação vai aumentando,
até que sinto meu pau enrijecer. Deixo-me levar pela imaginação,
visualizando como seriam seus gemidos enquanto me enterro nela. Sem
pensar, seguro meu pau com força, fazendo movimentos de sobe e desce,
imaginando serem os lábios de Violetta nele, conforme minhas mãos vão se
movimentando, minha excitação aumenta na mesma proporção, até que acabo
gozando.
Sem sequer vestir roupas, apenas enrolado na toalha, me jogo na
cama. Preciso dar um pouco de descanso aos meus músculos e minha mente.
Esta madrugada foi desgastante demais. Estou exausto.
Durmo apenas algumas poucas horas, e nesse breve período, mergulho
em sonhos assombrados por Violetta. Sonhar é modo de falar, pois foram
pesadelos aterrorizantes. Em cada um deles, Violetta era arrancada de mim e
morta por nossos inimigos, ou pior ainda, eu mesmo era o algoz que lhe
tirava a vida. Irritado, confuso e mal-humorado, resolvo ir até a academia
para desestressar.
Depois de um treino pesado, recheado de socos, chutes e alguns pesos,
sinto-me um pouco mais calmo e aliviado. Volto para casa, um banho
reconfortante vai ajudar a aliviar a tensão que ainda me toma.
Ao entrar na sala de jantar, encontro minha família inteira reunida à
mesa, prontos para o almoço. Os olhares trocados carregam preocupação com
os acontecimentos da madrugada. Meus irmãos, com suas expressões
inquisitivas, lançam olhares alternados entre mim e nosso pai. No entanto,
ninguém ousa tocar no assunto. Assuntos da máfia são estritamente proibidos
nas refeições, principalmente na presença das mulheres.
O almoço transcorre de maneira tranquila. Sentados à mesa,
envolvidos nas conversas triviais e ocasionalmente interrompidos por
brincadeiras bem-humoradas vindas dos meus irmãos, experimentamos um
breve momento de descontração. Por um instante, parece que as
preocupações que pairavam no ar se afastam e a alegria genuína encontra
espaço.
No meio da refeição, Nina olha diretamente para o papai e diz:
— Preciso ir visitar Violetta. Estou muito preocupada com ela. Sei
que o senhor me pediu para ficar em casa e evitar ao máximo sair, mas é
realmente importante, papai. Ela é minha melhor amiga.
Papai, como sempre tranquilo, olha para Nina com serenidade. A
resposta dele é calma e gentil:
- Acalme-se, Nina. Amanhã, todos iremos almoçar na casa dos
Romano. Você poderá conversar com sua amiga.
— Nina faz aquela carinha de quem não gostou; um biquinho se
forma em sua boca, como se ainda tivesse cinco aninhos. Ela sabe que papai
sempre cede quando ela faz isso.
Mas, mesmo assim, papai é irredutível. Olhando seriamente para
Nina, papai explica:
— Enrico passará a tarde comigo no escritório. Não posso
comprometer muitos soldados para garantir a sua segurança neste momento.
Fique em casa e amanhã converse com sua amiga, minha filha. Sinto muito.
Vejo, na expressão de Nina, sua decepção. É difícil aceitar limitações,
mas ela está ciente das circunstâncias que nos levaram a tomar esta medida.
Compartilho da sua frustração, mas a sua segurança é mais importante que
isso.
Vitor
Depois da refeição, seguimos papai até o escritório, ansiosos para
analisar tudo que apuramos até o momento. Enquanto esperamos tio Steffano
chegar, meus irmãos curiosos me perguntam o que aconteceu e como acabei
envolvido em tudo isso.
Enquanto inicio meu relato, tio Steffano chega e, em silêncio, ouve
cada palavra que compartilho. A conexão entre ele e papai é tão profunda que
palavras são desnecessárias; seus olhares discretos trocados nos momentos
certos falam mais do que qualquer palavra. Meu irmão Dante, que tem sido
treinado desde cedo pelo tio Steffano, observa atentamente a interação entre
os dois.
Ao final da narrativa, percebo que os lábios de Dante formam um leve
sorriso, quase imperceptível, mas que se desfaz rapidamente.
Ouvimos uma batida na porta e papai pede para que a pessoa entre. É
Matteo, acompanhado de um dos nossos soldados, que é responsável pelo TI.
Assim que entram, entusiasmado eu atropelo a todos e pergunto se eles têm
alguma novidade para compartilhar.
A análise das ligações e mensagens que interceptamos nos celulares
dos homens que pegamos ontem, nos levam a crer que a informação partiu da
residência dos Romano. No entanto, não conseguimos identificar a exata
origem, pois foi feita por um celular descartável. E isso nos deixa
desconfortáveis, pois não conseguiremos rastrear os responsáveis.
Discutimos por mais alguns momentos sobre nossos procedimentos,
explorando as opções possíveis, enquanto aguardamos os Romanos
chegarem.
No final da tarde, o senhor Romano chega para o encontro com papai.
Compartilhamos com ele todas as novidades que obtivemos. O senhor
Romano nos ouve atentamente, com um olhar carregado de preocupação. Em
troca, ele nos mantém a par das evoluções que obteve até o momento.
Menciona que todos os soldados que acompanharam Violetta ontem estão
sendo investigados, mas prefere fazê-lo discretamente, pois quer cavar a
fundo de onde partiu tal traição.
Ao final do encontro, papai me pede que, junto a meus irmãos,
mostremos a casa a Rafaelli. Embora seja uma solicitação simples, me deixa
intrigado. Enquanto conduzimos Rafaelli pela casa, minha mente está voltada
para o que está acontecendo na sala onde papai e o senhor Romano estão
reunidos a portas fechadas.
Paramos na sala de música. Eu e meus irmãos temos o hábito de tocar
e cantar quando nossos afazeres nos permitem. As paredes estão repletas de
instrumentos musicais, alinhados e bem cuidados; as memórias musicais
ecoam por cada centímetro do cômodo.
Sinto um misto de surpresa e alegria ao ver Rafaelli pegar uma
guitarra, pronto para se unir a nós. As notas de um clássico rock and roll
soam por sua guitarra e nos envolvem em uma atmosfera leve e agradável.
Nossos olhares se cruzam enquanto tocamos. Um entendimento
mútuo, uma cumplicidade que cresce à medida que as notas fluem. Através
da música, encontramos um momento de pausa, bem-vinda após o turbilhão
de eventos recentes.
Tommaso
Quando os garotos saem, meus olhos se voltam para Enrico, e as rugas
em minha testa revelam a dificuldade iminente da conversa que se desenha
diante de nós. Não será uma tarefa simples, disso tenho plena consciência.
Exigirá coragem e vulnerabilidade, e essa última é uma emoção proibida
entre homens da máfia como nós.
Nossos olhares se encontram e, naquele instante, uma comunicação
silenciosa se estabelece. Enrico e eu possuímos uma história que transcende
os limites da amizade. Nossa jornada foi compartilhada desde os primeiros
passos. Cada treinamento, cada passo na nossa iniciação, aprofundou nossa
ligação. No entanto, essa mesma proximidade também abrigou segredos que,
até o momento, permanecem ocultos nas sombras do passado.
Éramos amigos inseparáveis. Até aquele fatídico acidente que mudou
tudo. Os pais de Enrico foram vítimas de um acidente aéreo, até hoje mal
explicado. A vida o empurrou para um papel que não estava preparado para
assumir tão cedo. Ele teve que se tornar o chefe da família, carregando um
fardo mais pesado do que poderia suportar. Papai estendeu a mão para
Enrico. Foi um apoio incondicional e um grande incentivo para que Enrico
amadurecesse rapidamente.
A família Romano sempre foi muito respeitada; esteve ao lado das
demais famílias quando firmamos o conselho. Eles desempenharam um papel
crucial no conselho por um longo período. Mas, tudo mudou após todo
problema com o irmão de Enrico.
Para o conselho, Enrico optou por um afastamento motivado pelo luto.
Os outros membros aceitaram essa justificativa sem questionar. No entanto, a
verdade que ele e eu compartilhamos é conhecida por nós dois apenas.
Nosso vínculo, outrora tão firme, agora é fortalecido pela confiança de
que só nós sabemos o que realmente ocorreu e como isso impactou a vida e a
posição dele na família.
Esse saudosismo me levou a única questão que jamais foi esclarecida.
O motivo de Enrico ter se afastado tanto, tínhamos uma amizade tão
profunda. Logo após a morte do irmão, dei o tempo que Enrico precisava
para absorver seu luto, mas o tempo foi passando e todas as tentativas de
reaproximação foram em vão, até que deixei de fazê-las, achando que assim
que ele estivesse preparado, me procuraria, mas não aconteceu. Espero com
toda minha convicção que o incidente com sua filha e o possível casamento
entre ela e Vitor, seja o caminho para reafirmar nossos laços.
Enrico dá um pigarro, trazendo-me de volta do devaneio, e logo me
questiona:
— Tommaso, você acha que o que aconteceu com minha filha tem
ligação com o passado? O meu passado?
Respiro fundo, permitindo que a gravidade da pergunta me atinja. Eu
pondero por alguns instantes, tentando alinhar as informações que reunimos
até agora, antes de finalmente responder:
— Enrico, acho improvável. Pense comigo. Se fosse um problema
relacionado àquele passado, os ataques se concentrariam exclusivamente nos
negócios da sua família, o que claramente não é o caso.
Enquanto minhas palavras pairam no ar, posso sentir a tensão se
acumulando entre nós. Há tanto a ser desvendado. Estamos enfrentando um
inimigo desconhecido; minha mente está constantemente girando, tentando
encontrar a peça-chave que possa nos guiar.
— Hoje pela manhã, acionei o conselho. Pedi que eles verificassem
com todos os capos e capo-regimes se têm sofrido ataques por parte do cartel.
E todos foram unânimes em me dizer que sim. Estão todos com o mesmo
problema.
- Na minha opinião, esse negócio é muito maior do que eu jamais
imaginei. Há anos, eles têm sido uma verdadeira pedra no meu sapato. Já fiz
tudo o que está ao meu alcance, mas esses latinos simplesmente brotam feito
erva daninha, sempre um passo à frente. Chegamos a um beco sem saída com
eles. Não tenho nenhum interesse em tentar conversar, buscar uma trégua ou
ceder algumas rotas. Quem eles pensam que são? Chegam aqui e
simplesmente vão tomando o que é nosso, como se fosse um assalto, e no
rastro deles, só deixam destruição e caos. Isso não é como eu enxergo a Cosa
Nostra, não é como eu acredito que devemos agir. Coloquei alguns infiltrados
na organização, mas o fato é que o comando é bastante fechado. A ordem
vem poucos minutos antes de tudo acontecer e apenas para os homens que
farão o serviço, por isso não fui informado antes sobre o possível sequestro
de sua filha. Esse trabalho é demorado, pois é difícil conseguir se infiltrar. A
organização deles é diferente da nossa, não há alto escalão, apenas Juan que
dá as ordens. Não conseguimos descobrir ainda se há outros homens no
comando, principalmente fora de nossas fronteiras. Acredito que Juan, por si
só, não seja o cérebro por trás disso. Na minha visão, ele é apenas um "pau
mandado". As ordens vêm diretamente da Colômbia.
Respiro profundamente, pois sei que o assunto a ser abordado a seguir
é mais delicado e prossigo:
— E este é um dos motivos pelos quais pedi que tivéssemos essa
conversa a portas fechadas. Nos conhecemos desde crianças, e você sabe que
sou e sempre fui muito direto, então serei agora. Preciso que volte a integrar
o conselho, imediatamente. - Ao perceber um lampejo de receio nos olhos de
Enrico, entendo o dilema que ele enfrenta. — Enrico, preciso de você. Agora,
mais do que nunca. - A urgência pulsa em minhas palavras, e o peso da
situação se intensifica a cada segundo. — Vitor ainda não está totalmente
preparado para assumir toda essa carga. A família, o conselho e tudo que essa
responsabilidade exige. E eu estou sem tempo. Não sei até quando poderei
ajudá-lo.
— Não é bem assim, Tommaso. - responde Enrico, sua voz carregada
de confiança e um toque de reconforto. — Você é forte e tem feito um bom
trabalho à frente dos negócios e das famílias. Vitor poderá sempre contar com
você.
— O que vou te dizer, apenas Aurora e Steffano sabem. Estou doente,
meu amigo. Preciso que Vitor assuma, para que eu possa fazer meu
tratamento. Descobri há algumas semanas que tenho câncer. Estou fazendo
alguns exames, e ainda não sei qual será o tratamento. Mas a verdade é que
preciso de tempo livre para cuidar de mim.
— Tommaso, conte comigo, em tudo. - Diz Enrico, sua voz carregada
de sinceridade. E sim, voltarei ao conselho, se ainda me aceitarem.
— Na verdade, eles já foram comunicados, não existe aceitar ou não.
A família Romano é um membro do conselho desde sua constituição. Você
apenas se retirou em uma licença, que a meu ver, foi longa demais. E isso me
leva ao outro assunto que preciso tratar com você, ainda mais delicado que
este. Enrico, você sabe que Vitor somente poderá assumir depois de casado,
começo, escolhendo as palavras com cuidado. A história e as tradições da
nossa família ditam muitas regras, e essa não é exceção. Acontece que todas
as mulheres que selecionei, ele negou. Quando ele salvou sua filha, algo
mudou. Aquela chama de determinação e bravura, que parecia destinada a
servir a nossa família, encontrou um novo propósito. E eu vi nos olhos dele a
mesma luz que encontro quando olho para Aurora, o brilho inconfundível do
amor. Ontem, isso ficou claro para mim. Ele ainda não percebeu, mas creio
que você tenha notado os olhares entre eles. A ideia me ocorreu em um
momento de reflexão. A sinceridade de Vitor e o modo como ele cuida de sua
filha me tocaram profundamente. Há algo autêntico em seu afeto por ela, algo
que vai além de meras aparências ou preocupação. Pode parecer um passo
ousado, mas não consigo evitar pensar que seria uma união maravilhosa.
Vitor é um homem de caráter, e sua filha, Violetta, é uma jovem encantadora.
Juntos, eles poderiam construir um futuro brilhante, baseado no amor e na
confiança mútua. Está na hora de firmarmos aquele compromisso que
deixamos em aberto desde que tudo aconteceu.
Enrico respira profundamente e me encara com intensidade antes de
responder:
— Tommaso, sei que temos o acordo de casarmos um de nossos
filhos. Eu sempre soube que cedo ou tarde isso aconteceria, mas sempre
imaginei que seria entre Rafaelli e Nina, jamais com Violetta e Vitor.
Sinto a tensão no ar enquanto ele continua:
— No entanto, não depende apenas de mim. Eu prometi a minha filha
que ela poderia escolher o marido quando estivesse pronta. O que posso te
dizer inicialmente é que vou conversar com ela. Se Violetta quiser, eles
podem se conhecer melhor, sair algumas vezes, claro, sempre acompanhados
por meus soldados. E se, ao final, ela quiser seguir adiante com isso, não
tenho nada a opor.
— Entendo, Enrico, respondo com sinceridade.
— Fiz o mesmo com Nina. E só de você falar em casá-la com seu
filho, meu sangue ferve. Mas não confio em mais ninguém além de você e
Steffano para orientarem meu filho, caso eu não possa fazê-lo, admito. Vou
conversar com Vitor a respeito disso e, amanhã, após nosso almoço,
retomaremos o assunto. Afinal, será interessante ver se nossos filhos se
entendem. Mas, Enrico, não posso deixar de lembrar que se sua filha aceitar
esse casamento, ela assumirá o papel de Primeira Dama da Cosa Nostra.
Espero sinceramente que ela esteja preparada para a responsabilidade que
isso implica.
Enrico, com sua habitual tranquilidade, responde:
— Fique tranquilo, Tommaso. Violetta foi criada para ser uma rainha,
não nos decepcionará.
Então, sirvo uísque para nós dois, e continuamos nossa conversa,
relembrando alguns momentos de nossa juventude. A noite passa com
conversas leves e risadas, até que Enrico se despede e parte.
Vitor
Depois que Senhor Romano se despede, decido procurar papai em seu
escritório. No entanto, ao chegar lá, vejo que ele está sentado, abraçado à
minha mãe. Opto por deixá-los a sós por um tempo, já que acho lindo o amor
que compartilham. Mesmo após anos de um casamento arranjado, ainda
demonstram um carinho profundo um pelo outro.
Enquanto tomo um banho e me arrumo, Dante me chama. Peço a ele
para entrar no quarto, e ele me olha com curiosidade:
— Irmão, você tem ideia do que papai e o Senhor Romano estavam
conversando? Ele não me disse nada, e Tio Steffano também não me contou.
Sinto que falta uma peça nesse quebra-cabeça, só não consigo ver qual.
Tento tranquilizar meu irmão, dizendo:
— Calma, irmão. Eu também estou curioso. Tanto que fui procurar o
papai, mas ele estava com a mamãe e não quis incomodar. Tenho certeza de
que logo saberemos.
Dante me encara novamente e solta a pergunta que pairava no ar:
— O que você sente pela amiga da Nina? Percebi que você não tirou
os olhos dela a noite inteira. Também não entendi como você se envolveu
nessa confusão.
Olho diretamente para ele, buscando as palavras certas para responder
a essa pergunta tão direta. Entretanto, a verdade é que não tenho uma resposta
definitiva para essa questão complexa. Opto por compartilhar o que sei.
Explico que inicialmente estava apenas aguardando todos saírem da
boate para poder seguir em frente com meus planos. Foi quando reparei no
carro que seguia Violetta, e a partir daí, ele já conhece a história.
Dante continua a me observar, com expectativa, e percebo que ele
aguarda não apenas a explicação óbvia, mas também a verdade sobre o que se
passa em meu coração. Então, decido ser completamente sincero.
Conto a ele que, antes de saber que Violetta era amiga de
Nina, fiquei fascinado por sua beleza e presença. A atração que senti naquele
momento foi arrebatadora. Cheguei a considerar voltar para tentar conhecê-la
melhor, mas a presença constante de Nina ao seu lado durante toda a noite me
impediu. E após os acontecimentos tumultuados, decidi não pressionar a
situação.
Ele estava prestes a dizer algo mais, mas Pietro bate à porta e
imediatamente põe a cabeça para dentro, nos informando que o jantar está
servido. Levantamo-nos e seguimos juntos em direção à sala de jantar.
A refeição transcorre em meio a conversas e brincadeiras habituais,
como de costume, mas sem qualquer menção aos acontecimentos do dia. Ao
término, papai me chama para uma conversa, e tenho certeza de que o tema
será a reunião com o Senhor Romano.
Nos encaminhamos ao seu escritório e, após nos acomodarmos, papai
vai direto ao ponto:
— Vitor, pedi a Enrico que retome seu posto no conselho. Ele estava
afastado desde a morte de seu irmão, mas, diante dos eventos recentes, o
conselho necessita que todos os membros atuem simultaneamente. Juntos,
somos mais fortes. Há mais algumas coisas que você precisa saber. Enrico e
eu sempre fomos amigos muito próximos, desde a infância. Fomos iniciados
na mesma época e fortalecemos nossos laços de amizade nessa mesma fase.
Quando os pais de Enrico faleceram de forma inesperada, ele precisou
assumir a responsabilidade pela família. Foi papai, seu nonno, que o auxiliou
nos primeiros passos dessa jornada. Nossos pais também eram grandes
amigos. Para resumir uma história longa, eu e Enrico fizemos um acordo. -
Me olha com uma mistura de apreensão e afeto e continua: Sei que talvez
você não vá gostar do que direi, mas acordamos que, um dia, casaríamos
nossos filhos. Até ontem, nunca mais tocamos no assunto, mas a verdade é
que agora preciso que você assuma a família com urgência. Por isso, pedi a
mão de Violetta em seu nome.
Mantenho a calma e a compostura, mesmo que por dentro esteja em
turbulência.
Fico feliz por ter aprendido o ofício com o melhor. Não deixo
transparecer nada e mantenho minha melhor expressão neutra enquanto
pergunto:
— Qual foi a resposta do Senhor Romano? E, pai, o senhor sabe que
pode contar comigo para tudo, mas casar, o senhor não acha que é um passo
um pouco precipitado? Nem conheço essa moça. Como posso me casar
assim, de repente? Não me sinto preparado para isso.
Papai ergue as mãos, usando aquele gesto característico para me
silenciar.
— Vitor, mantenha a calma. Nada foi decidido ainda. Enrico me
assegurou que jamais forçaria um casamento para sua filha. Ele concordou
em conversar com ela sobre o assunto. Se ela aceitar, vocês terão a chance de
se encontrar algumas vezes, conversar, se conhecer, e, se ambos estiverem de
acordo, poderemos avançar com o compromisso. Quero que saiba que nunca
o forçaria a isso, mas peço que avalie cuidadosamente a situação.
Ele continua, seu olhar firme:
— Sei que você não conseguiu desviar o olhar dela durante toda a
madrugada. Também percebi sua preocupação com seu estado de saúde.
Apenas peço que reflita sobre isso e me dê uma resposta quando estiver
pronto.
Sinto um peso sobre meus ombros, mas também sinto o apoio
incondicional do papai. Ele continua:
— Quando estivermos lá, conversaremos com Enrico para entender
qual será a decisão final. No entanto, quero que saiba que vejo com bons
olhos essa união. Ela traria benefícios em diversos aspectos, e, se minha
intuição não falhar, logo teremos motivos para celebrar.
A perspectiva de um casamento com Violetta começa a tomar forma,
e minhas emoções estão em turbilhão, mas sinto um senso de
responsabilidade e um laço familiar que me incentivam a considerar
seriamente essa proposta.
Após me despedir do papai, subo diretamente para o meu quarto. Há
muito em minha mente, e, para ser honesto, não consigo parar de pensar
naquela mulher incrível. Ela é deslumbrante e inteligente.
Acordo por causa do meu pesadelo, uma aflição que me assombra
desde que completei dezessete anos e matei aquele homem no meu
aniversário. Os pesadelos, persistentes e torturantes, sempre retratam a
mesma cena: alguém amarrado em uma cadeira, e eu, impiedosamente,
acionando a arma.
No entanto, desta vez, algo angustiante mudou. Era ela, Violetta,
sentada e amarrada, e eu a atingia. O peso da culpa se abate sobre mim,
mesmo que tudo tenha ocorrido apenas no meu pesadelo. A aflição em meu
peito é intensa, e percebo que algo mudou dentro de mim, algo que não
consigo compreender completamente. A cada vez que fecho os olhos, a
imagem dela presa naquela cadeira me atormenta, e isso me deixa mais
inquieto do que nunca.
Embora ainda seja madrugada, não há como voltar a dormir. Levanto-
me e sigo direto para a academia, na tentativa de clarear a mente. Malho por
horas, mas a sensação do pesadelo persiste. Meu corpo está exausto, e, ao
verificar o horário, percebo que estou atrasado para o almoço.
Subo apressadamente, tomo um banho e me arrumo em instantes.
Quando desço, quase todos estão prontos, aguardando apenas eu e Nina. Ela
sempre demora um pouco, mas antes de partirmos, papai me chama para um
canto, querendo saber se tomei uma decisão sobre o assunto que discutimos.
Olho para ele e respondo de supetão:
— Não tenho uma resposta definitiva para a sua pergunta. Entretanto,
sei que não tenho opção. Compreendo minha responsabilidade, e se Violetta
concordar em sair comigo e me conhecer melhor, farei o meu melhor para
conquistá-la. Se ambos desejarmos, estou disposto a me casar com ela.
Papai me encara com orgulho e responde:
— Isso ainda não é um compromisso, mas estou de acordo com você
sobre suas responsabilidades. Estou muito satisfeito com o seu treinamento;
você se tornará um excelente Don. A partir de agora, assumirá mais
responsabilidades. Espero em breve passar o comando para você, mas você
sabe que para isso, será necessário esse casamento.
Ele pausa por um momento e continua:
— Não quero que sinta que estou tentando pressioná-lo, mas eu vi o
que aconteceu. Você se encantou pela moça; isso é evidente. Portanto, dê a si
mesmo uma chance. Saia com ela, conheça—a de verdade, seja gentil,
educado e seja você mesmo. Tenho confiança de que tudo se encaixará, e
vocês serão felizes juntos.
Papai prossegue com mais conselhos:
— E mais uma coisa, Vitor: respeite-a. Ela não é qualquer pessoa.
Conheço você e a quantidade de mulheres que passaram por seu apartamento
no centro da cidade. Trate-a com o mesmo respeito que dedica à sua irmã. E
lembre-se, a mulher sempre tem razão, mesmo quando está errada.
Eu dou um sorriso, concordando com as palavras dele, e então
ouvimos os passos de Nina se aproximando. Juntos, partimos para o almoço
das famílias.
Violetta
Acordo muito cedo, depois de passar praticamente todo o dia de
ontem na cama, ainda sob o efeito dos medicamentos. Não me dei ao trabalho
de ligar meu celular, algo que nunca fiz, dado que meu trabalho exige minha
total atenção. Já passei muitos sábados e domingos em reuniões e tomando
decisões importantes, mas ontem, finalmente me permiti o luxo de descansar,
tanto o corpo quanto a mente.
Ainda na penumbra da madrugada, desço para praticar Tai Chi
Chuan[1], a melhor forma que encontrei para aliviar a tensão que carrego
desde a infância, devido aos problemas com minha prima. Testei diversas
práticas ao longo dos anos, mas no Tai Chi encontrei o equilíbrio necessário
para acalmar meu espírito e relaxar. Os exercícios físicos, a respiração
profunda e a concentração exigidos pelo Tai Chi são como um bálsamo para
minha alma, ajudando-me a encontrar paz interior.
Após a prática, subo para um banho relaxante e finalmente ligo meu
celular. Precisava me atualizar sobre as demandas das empresas, mas ao ver
as centenas de mensagens de Nina, meu coração se enche de culpa e
preocupação. Percebo o quanto fui egoísta com minha amiga ao não manter
contato depois de tudo que aconteceu. Deveria ter, pelo menos, feito uma
rápida ligação ontem para tranquilizá-la sobre minha segurança e bem-estar.
Resolvo algumas pendências de trabalho e, então, decido enviar uma
mensagem breve para Nina. Dizendo a ela que estava bem e ansiosa por sua
visita ao almoço, acrescentando que estava pronta para colocar nossa
conversa em dia pessoalmente.
Desço para o café da manhã e também para ajudar mamãe nos
preparativos para nosso almoço. Aos domingos, mamãe gosta de cozinhar
para a família e dá folga aos empregados. No entanto, quando chego à sala de
jantar, vejo que mamãe está calmamente sentada, conversando com papai, e
as empregadas correndo à volta da mesa para nos servir.
Meu coração se aquece com a cena familiar e um sorriso involuntário
surge em meus lábios.
— Bom dia! Exclamo com um sorriso sincero.
Papai e mamãe retribuem o sorriso me desejando um bom dia, e uma
sensação de conforto se instala à medida que me junto a eles.
Enquanto tomamos nosso café, percebo os olhares entre meus pais
direcionados a mim, como se tentassem desvendar meus pensamentos.
Embora não digam uma palavra, a curiosidade paira no ar, criando uma
atmosfera carregada de expectativas. Contudo, essa tensão se dissipa com a
chegada de Rafaelli e Chiara.
Em dado momento, mamãe direciona um olhar severo, focando
principalmente em Chiara, enquanto profere suas palavras de advertência:
— Vocês duas, comportem-se como as damas que foram criadas. Hoje
receberemos para o almoço o Don da Cosa Nostra e sua família. Não nos
envergonhem.
Sinto o peso de suas palavras, e a tensão parece pairar ainda mais forte
sobre a mesa enquanto o café da manhã prossegue em silêncio.
Ao término da refeição, papai me convida a acompanhá-lo até seu
escritório. Dou um sorriso, presumindo que discutiríamos o acordo de
parceria que fechei com Nina. No entanto, quando entramos no escritório e
ele segura minha mão, percebo que o assunto é diferente do que eu
imaginava.
— Filha, sei que evitamos tocar em assuntos relacionados à máfia,
mas há situações que simplesmente não podemos ignorar. Ontem, tive uma
conversa que considero profundamente significativa com Don Tommaso, e
ele me fez um convite que mexeu comigo. Ele deseja que eu reassuma o meu
posto no Conselho. Relembrar o que ocorreu naquela madrugada, a
perseguição implacável, a ligação de Tommaso alertando sobre sua situação,
tudo isso foi como experimentar mil mortes. Vitor esteve lá por mim, devo
minha vida a ele. Prometo que farei o meu melhor para assegurar a sua
segurança. Mas, sem prolongar ainda mais o assunto, vamos direto ao ponto.
Don Tommaso sugeriu algo que, devo confessar, me pegou de surpresa. Ele
propôs que Vitor se case com você. Ontem, ele pediu formalmente a sua mão
em casamento.
Estou prestes a responder, mas ele levanta a mão, silenciando minhas
palavras, e continua:
— Eu expliquei a ele que temos um acordo e que jamais forçaria um
casamento para você. No entanto, disse que conversaria com você e, se isso
estiver alinhado com os seus desejos, permitiria que saíssem juntos para se
conhecerem melhor. Se, depois desse período de convivência, ambos se
sentirem confortáveis e decidirem seguir adiante, eu darei a minha bênção a
esse casamento. Sei que você merece a oportunidade de tomar suas próprias
decisões e que a vida que Don Tommaso oferece a você pode ser cheia de
desafios, mas também repleta de privilégios. Afinal, a Cosa Nostra é uma
realidade, nossa realidade. Entenda, minha filha, se você aceitar este pedido,
não será apenas um casamento, mas também uma grande responsabilidade.
Não vou te pressionar, Violetta. Quero que saiba o quanto você é importante
para mim, e seu bem-estar é minha prioridade, te amo mais que minha vida.
Por isso, peço que pense cuidadosamente sobre tudo isso. Reflita não apenas
sobre seus sentimentos, mas também sobre a grande responsabilidade que
virá com essa união. Lembre-se de que ele é o futuro Don da Cosa Nostra, e
esse casamento abrirá portas para nossa família que nem podemos imaginar.
Sinto meu coração acelerar enquanto processo todas as informações.
A pressão dessa decisão pesa sobre mim, e as palavras de papai me fazem
pensar sobre as implicações desse acordo.
— Isso me deixa sem opções, papai. - Confesso, minha voz trazendo
um misto de incerteza e resignação. Entendo a necessidade disso e a
responsabilidade que carrega, mas uma dúvida persiste em minha mente.
Vitor está ciente desse pedido? Ele está disposto a se unir a mim nessa
jornada?
Papai sorri e sua expressão se suaviza.
— Calma, minha filha. Pensei que fosse apenas uma pergunta, não um
interrogatório completo.
Ele continua, tentando me tranquilizar:
— Vitor ainda não sabe de nada, mas Tommaso pretende conversar
com ele em breve. No entanto, sabe dos olhares compartilhados entre vocês
durante a madrugada. Acredito que Vitor não se oporá à união, mas ele
também precisa de espaço para tomar sua própria decisão.
— Compreendo, papai, mas não quero um casamento por acordo ou
conveniência. Já conversamos exaustivamente sobre esse assunto, e meu
desejo é um casamento baseado no amor. Será que é possível que Vitor venha
a me amar? Ou eu venha a amá-lo? Também notei os olhares que ele
direcionou a mim, mas pode ser apenas uma atração, e isso não é o que quero
para o meu futuro.
Papai ouve minhas palavras com paciência e respeito, e isso me traz
alívio. Ele responde:
— Compreendo seus sentimentos, minha filha, e é por isso que estou
oferecendo a oportunidade de vocês se conhecerem primeiro. Somente
depois, quando estiverem certos, tomarão uma decisão. Pense bem sobre isso
e me dê sua resposta quando estiver pronta.
— Não preciso de tempo para pensar, papai. Aceito me encontrar com
ele e nos conhecermos, se essa atração que existe entre nós florescer, falamos
sobre os próximos passos.
Está certo minha filha, você é sábia.
— Outro assunto que quero abordar é o acordo. Saiba que tanto eu
quanto Tommaso estamos felizes com o trabalho que você e Nina estão
realizando. O acordo está totalmente aprovado. Meus parabéns, minha filha.
Abraço papai e peço licença para me retirar, vou direto para a cozinha
ajudar mamãe, enquanto reflito sobre tudo que papai me falou. Tenho muito a
pensar e as emoções estão à flor da pele.
Após um tempo ajudando minha mãe na cozinha, percebo que algo a
está incomodando, algo que ela quer falar, mas não consegue abordar. Tenho
certeza de que papai deve ter compartilhado com ela sobre o acordo com Don
Tommaso e o envolvimento de Vitor nesse assunto. Decido abrir meu
coração com ela, pois sinto que é importante compartilhar meus sentimentos
e pensamentos, especialmente considerando o quão confusa estou com toda
essa situação.
— Mamãe, papai te contou sobre o acordo com Don Tommaso e sobre
Vitor, não é? - Pergunto, tentando aliviar a tensão no ar.
Ela cora levemente, soltando uma risadinha constrangida, e depois me
olha com carinho, indicando que está disposta a ouvir e conversar sobre o
assunto.
Eu aperto sua mão, em busca de conforto e apoio, e concordo
levemente com a cabeça. Reúno coragem para compartilhar meus
sentimentos:
— Não sei ao certo o que pensar ou qual decisão tomar, mamãe.
Agradeço por estar aqui para me ouvir e compreender.
Ela para diante de mim e me pergunta sobre o que sinto por Vitor,
qual foi minha primeira impressão dele. Com essa pergunta, a cena de nosso
encontro nas escadas da boate retorna à minha mente, tão vívida como se
estivesse acontecendo agora. Sinto um arrepio percorrer meu estômago ao
relembrar dele sussurrando no meu ouvido.
Olho para minha mãe, decidindo compartilhar com ela sobre esse
encontro e os sentimentos que ele desencadeou em mim. Ela me observa com
um sorriso divertido e simplesmente diz:
— Acho que você já sabe a resposta que deve dar a seu pai.
Nesse momento, começo a suar frio e meu coração acelera. O que
devo fazer? Devo esquecer tudo isso ou dar uma chance para descobrir o que
realmente aconteceu naquela noite? Vitor não tirou os olhos de mim a noite
toda. Sua preocupação no hospital parecia genuína, e tudo o que ele fez por
mim e minha família não pode ter sido apenas por causa da amizade com sua
irmã. Se fosse o caso, ele não se daria ao trabalho de me seguir e me proteger.
Realmente, minha decisão de sair com Vitor algumas vezes, de
conversar e realmente conhecê-lo foi acertada. Afinal, dar uma chance não
significa que estamos comprometidos. E quem sabe, no final das contas,
descobriremos que não temos tanto em comum e que não somos feitos um
para o outro. Por que não tentar? Não finjo que Vitor não me atrai. Na
verdade, aquele corpo todo malhado e aquele sorriso cativante me
conquistam completamente.
Estou determinada a seguir em frente. Não estou aceitando um pedido
de casamento, apenas me dando a oportunidade de conhecer melhor o irmão
da minha melhor amiga. Mas, falando nela, como ela reagirá a essa situação?
Não quero perder sua amizade, então planejo falar com ela sobre tudo isso
assim que eles chegarem. Não estou disposta a arriscar nossa amizade por
causa de um acordo, e espero que ela entenda meu ponto de vista.
Violetta
Depois de cuidar de alguns detalhes na cozinha, subo para terminar de
me arrumar. Opto por um vestido que irradia elegância e compostura, em um
tom suave, azul-petróleo, escolhido com o cuidado de não chamar a atenção,
mas sim transmitir sofisticação. O vestido vai um pouco acima dos joelhos,
com um corte clássico que abraça minha figura de maneira graciosa, sem
exageros.
Deixo meus cabelos soltos e bem penteados, caindo em cascata pelos
meus ombros e adicionando um toque natural à minha aparência. Minha
maquiagem é discreta, realçando minha beleza natural em vez de escondê-la.
Uso apenas um toque de batom em um tom neutro nos lábios, realçando
minha pele impecável e meus olhos brilhantes com um mínimo de
maquiagem.
Minha aparência transmite uma sensação de confiança e tranquilidade,
deixando claro que minha personalidade é o que mais importa. Chego à sala,
bem a tempo de ver papai abrir a porta e a família Moretti entrar. Visto meu
melhor sorriso e me aproximo ao lado da minha mãe, ansiosa para
cumprimentar nossos convidados.
Após os cumprimentos, Chiara entra na sala com uma roupa que
parece mais forçada do que graciosa, como se ela estivesse tentando demais
impressionar, e sua atitude ao se insinuar a Vitor é ainda mais evidente, como
se estivesse desesperada por atenção.
Após o desconforto que causou, acabou sendo ignorada. Os homens
seguem direto para o escritório, enquanto mamãe conduz dona Aurora para
um tour pela casa. Nina me puxa para um canto e começamos a conversar,
deixando Chiara completamente sozinha na sala.
Sinto um misto de alívio e preocupação com a situação. Por um lado,
estou grata por escapar da atenção indesejada de Chiara, que parecia
desesperada por atenção. Por outro lado, tenho receio de como ela pode
reagir a essa exclusão e o que isso pode causar em nossa dinâmica familiar.
Nina olha para mim com um olhar solidário e sussurra:
— Você está bem? Poxa, te enviei tantas mensagens, e você nem me
respondeu.
Eu respiro fundo e respondo com um suspiro de alívio:
— Estou bem, Nina. Apenas aliviada por termos conseguido evitar
essa situação constrangedora. Mas estou preocupada com o que pode
acontecer depois. Nina, temos muito o que conversar, preciso da sua ajuda.
Minha amiga é rápida em responder, dando-me com um largo sorriso
e, de imediato, me chamando de cunhada.
Nesse momento, uma onda de timidez toma conta de mim, mas faço
questão de falar baixinho, garantindo que apenas ela possa ouvir:
— Calma, amiga. A ideia é apenas nos conhecermos melhor. Não
houve um pedido de casamento.
Antes que eu possa continuar, Nina me corta com convicção:
— Ainda não, Violetta, porque tenho certeza de que isso vai
acontecer. Veja por si mesma, meu irmão não tira os olhos de você desde que
se conheceram, e o que foi aquilo dele te salvar? Se não é amor, quebro nosso
acordo.
Sinto um nó se formar em meu estômago, uma mistura de gratidão e
desconforto.
— Não é para tanto, Nina. Ele apenas foi gentil e incrivelmente
perspicaz. Devo minha vida a ele, e é por essa razão que concordei em
conhece-lo.
Nina, com um brilho nos olhos, continua sua argumentação:
—Ah, por favor, Violetta! Conte outra história. Meu irmão é incrível,
e está claramente atraído por você, assim como você por ele. Acha que não
percebi como o olha com desejo? Você sabe que pode confiar em mim, e,
mais importante ainda, seremos cunhadas. Há algo melhor que isso?
Sinto meu coração bater mais forte, enquanto tento expressar meus
sentimentos com sinceridade:
— Calma, Nina. As coisas não são tão simples assim. Não quero um
casamento por contrato. Você me conhece há tanto tempo, já tivemos
inúmeras conversas, e sempre sonhei com um casamento baseado no amor,
da mesma forma que vejo nos olhos dos meus pais até hoje. É isso que desejo
para mim.
— É exatamente o que todas queremos, amiga, mas você sabe muito
bem como as coisas na máfia acontecem. Casamentos, muitas vezes, são
apenas por conveniência, então por que não unir o útil ao agradável? Meu
irmão é lindo e gostoso, e como bônus, você me ganha como cunhada.
- Nina, você sempre tem um jeito único de encarar as coisas. - Eu rio
das besteiras sinceras que ela costuma dizer. - — Vou sair com seu irmão,
darei uma chance para nós nos conhecermos melhor, e se, durante esse
tempo, o amor florescer, aí sim, poderemos pensar em casamento. Não tenho
pressa, temos a vida inteira pela frente, e ainda não vivemos tudo o que há
para viver. Tenho muitos planos para realizar, começando pelo nosso acordo.
— Por falar em acordo, Nina, como seu pai reagiu? Naquela noite na
boate, mal tivemos a chance de conversar, e estou curiosa para saber. Já
posso adiantar que papai e Rafaelli adoraram a ideia. Senti tanto orgulho de
nós, amiga. Ver o brilho de aprovação nos olhos do papai só me fez desejar
ainda mais concretizar essa parceria e enfrentar novos desafios.
— Nem me fale, Violetta. A mesma coisa aconteceu em minha casa.
Nunca vi tanto orgulho nos olhos do papai e do meu irmão. Quanto ao papai,
ele também não precisou questionar, porque antes mesmo do nosso almoço,
eu já tinha conversado com ele e exposto todas as nossas necessidades e
ideias. Ele me deu autorização antecipada para fecharmos o acordo. Os
últimos detalhes foram como a cereja do bolo. Estou incrivelmente feliz,
Violetta. Alcançar o sucesso profissional é motivo de grande orgulho para
mim. Estou nas nuvens, pois sonhei tanto com isso, e mal posso acreditar que
estou tendo a oportunidade de realizar esse sonho. E agora, fico ainda mais
feliz porque seremos parte da mesma família. Minha melhor amiga se tornará
minha cunhada.
Nina diz a última frase um pouco mais alto, e Chiara, que nem
percebemos que estava sentada próxima a nós, pigarreia. Ela se vira para mim
e pergunta:
— Como é que é? Que história é essa, Violetta? Cunhada? Você só
pode estar brincando comigo, né? Eu sou mais velha que você, vou me casar
antes.
Ela aumenta o tom de voz, chamando a atenção de mamãe e dona
Aurora, que retornam para a sala. Sinto—me completamente envergonhada,
um calor sobe pelo meu rosto, e percebo que estou corando intensamente.
Procuro por mamãe ao redor, buscando seu apoio. No entanto, mamãe
opta por não dar atenção a ela, deixando-me a tarefa de acalmar a situação.
— Calma, Chiara. As coisas não são como você está pensando.
Ninguém vai se casar por enquanto. Aguarde até que papai converse com
Don Tommaso, mais tarde ele vai explicar o que está acontecendo.
Num sussurro, peço a ela que se comporte, afinal, estamos na
presença de visitas. Chiara me olha com ódio, levanta-se, bate os pés e dirige-
se à cozinha. Peço desculpas a Nina e volto a conversar com ela, como se
minha prima simplesmente não existisse.
Continuo na animada conversa com Nina, discutindo os detalhes do
acordo. Após um longo bate-papo, mamãe nos chama para a sala de jantar,
indicando que o almoço já está servido. Ao me posicionar ao lado de Vitor,
minha prima esbarra em mim, fazendo com que um copo de vinho se derrame
sobre o meu vestido. Sinto uma mistura de surpresa e irritação. Fico
momentaneamente sem reação diante da cena constrangedora. Enquanto me
desculpo com educação e peço licença para me retirar e trocar de roupa, uma
onda de frustração e desconforto me invade. Este vestido é um dos meus
favoritos, e vê—lo manchado me deixa profundamente chateada.
Quando retorno à mesa, todos já estão acomodados, e a única cadeira
vazia é aquela entre Nina e Vitor. Sento-me rapidamente, ainda sentindo a
tensão da situação anterior, e peço desculpas pela demora. Percebo os olhares
acusadores que Chiara lança em minha direção, e uma sensação de
constrangimento se mistura com minha determinação em não deixar que sua
atitude estrague meu dia especial. Convivo com minha prima há tantos anos e
sei como ela pode ser competitiva e, por vezes, prejudicar os outros para
alcançar seus objetivos.
O almoço segue tranquilamente, e eu evito olhar na direção de Chiara.
Não quero me estressar, afinal, hoje é um dia muito importante para mim. A
realização desse sonho compartilhado com minha melhor amiga enche meu
coração de alegria e gratidão, apesar dos obstáculos iniciais.
Antes de chegarmos à sobremesa, papai interrompe a conversa,
pedindo um minuto de atenção. Todos param e olham para ele, ansiosos para
ouvir o que ele tem a dizer.
Ele começa:
— Hoje é um dia verdadeiramente especial na vida da minha família,
e quero compartilhá-lo com todos vocês. Juntamos as famílias Moretti e
Romano para celebrar o início de uma parceria incrível. Nossas filhas, Nina e
Violetta, que atualmente lideram parte dos nossos negócios, firmaram um
acordo excepcional que não apenas beneficiará nossas famílias, mas também
milhares de outras pessoas. Vamos fazer um brinde a essas duas "gênias nos
negócios".
Enquanto todos brindam, papai continua seu discurso com um brilho
de orgulho nos olhos. Ele revela que esse acordo vai muito além dos negócios
atuais, estendendo-se para outros setores, o que fortalecerá ainda mais nossos
laços familiares e nossa posição no mercado.
Depois que as congratulações são feitas, mamãe nos convida a nos
reunirmos na sala para tomar um café. Os homens se reúnem em um canto,
mergulhados em discussões de negócios, enquanto as mulheres se juntam em
outro, compartilhando conversas animadas e risos.
Observo Chiara com um olhar atento e percebo que ela está
visivelmente nervosa. No fundo, torço para que ela encontre a tranquilidade
necessária e não deixe que sua ansiedade estrague nosso precioso domingo,
que é tão especial.
Enquanto conversamos, percebo que Vitor não desvia os olhos de
mim. Decido retribuir a gentileza, afinal, não há nada de errado em apreciar a
beleza daquele homem. Ele é incrivelmente atraente. Será que conseguirei
resistir a ele? Minha mente divaga em pensamentos ousados, e de repente,
sou surpreendida por uma voz profunda ao meu lado.
— Olá, Violetta. Você se importaria de me mostrar os belos jardins da
sua casa?
Meu coração dispara, como se estivesse ansioso para sair do meu
peito. Sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo, enquanto meu rosto
esquenta e minhas bochechas coram intensamente. Olho nos olhos dele e faço
uma pausa, tentando recuperar o fôlego.
Peço licença às demais mulheres, com meu corpo trêmulo de
nervosismo, acompanho Vitor até a porta que liga a sala aos jardins. Ao
fundo, ouço um leve bufar de Chiara e a voz de mamãe, pedindo a ela que se
controle, assim como as desculpas à Dona Aurora e Nina.
Fico momentaneamente sem palavras, enfrentando um desconforto
palpável. Não tenho experiência em interações com homens que não sejam da
família. A verdade é que, considerando nossa realidade, não faço ideia de
como agir. Percebo que Vitor também está um pouco desajeitado, mas ambos
sabemos que precisamos romper esse gelo.
Tomando a iniciativa, propondo:
— Você gostaria de conhecer meu lugar favorito no jardim?
Ele me olha intensamente, um leve sorriso se formando em seus
lábios, e concorda. Caminhamos até um banco próximo ao lago e nos
sentamos. Viramo-nos um para o outro, e ele comenta sobre a beleza do
lugar. Iniciamos uma conversa leve sobre a natureza, mas fica claro que esse
assunto não nos levará muito longe.
Decido ser mais direta, algo que aprendi ao gerenciar as empresas da
família. Meu coração bate um pouco mais rápido enquanto compartilho meus
pensamentos:
— Então, Vitor, parece que teremos que nos conhecer melhor. Você
tem alguma ideia de como faremos isso? Sinceramente, não faço a menor
ideia por onde começar.
Ele olha nos meus olhos, compreensivo, e responde com uma
sinceridade que toca meu coração:
— Violetta, para ser sincero, eu também não sei ao certo. Mas antes
de qualquer coisa, gostaria de saber como você se sente em relação a tudo
isso. Não quero que nada seja forçado. Se não estiver confortável com este
acordo, basta falar, e eu converso com papai. Da minha parte, será um prazer
te conhecer melhor.
— Vitor, penso da mesma forma. Já conversei com papai, e ele sabe
que não farei nada forçado. Combinei com ele que daria a oportunidade de te
conhecer e me fazer ser conhecida por você, mais do que isso, não sou capaz
de fazer neste momento. Espero que concorde com isso.
Ele olha nos meus olhos com um brilho gentil e responde:
— Não só concordo como sinto da mesma forma. Confesso que fiquei
feliz com o que foi pedido, você é uma mulher linda e, melhor ainda, amiga
da minha irmã. Então, vamos deixar acontecer naturalmente e ver como será.
Concordo com um aceno de cabeça, mas a ansiedade ainda me
consome.
— Vitor, sou uma mulher prática, e te pergunto, o que faremos daqui
para frente?"
Ele sugere com um sorriso:
— Que tal começarmos com um jantar? Só nós dois? Vamos
conversar, nos conhecer e depois vemos o próximo passo? Um dia de cada
vez.
Assinto, sentindo um certo alívio com sua abordagem direta, e ele
complementa:
— Só quero te dizer que serei sempre direto e honesto com você, e
espero o mesmo de sua parte. A partir do momento em que percebermos que
a coisa não vai fluir, falaremos ao outro. Combinado?
—Combinado, respondo com um sorriso sincero. Um dia de cada vez!
- Meu coração parece saltitar no peito enquanto ele me observa atentamente,
seus olhos profundos e encantadores parecem tentar decifrar meus
pensamentos.
De repente, sou tirada de meus devaneios quando ele me chama:
— Violetta?
Meu nome soa tão atraente em sua voz que me surpreendo ao me ver
respondendo com um olhar ansioso. Ele me pede o número do meu telefone e
estende o celular para que eu o insira.
Quando nossos dedos se tocam por acidente, sinto um choque elétrico
que percorre meu corpo. Um arrepio inesperado me envolve, acompanhado
de uma sensação de calor que me faz estremecer. Fico olhando para ele, sem
reação, meu coração batendo descompassado. Vitor segura minha mão,
colocando o celular nela e fechando meus dedos sobre ele para evitar que
caia.
Leva um tempo até que eu recobre a compostura, mas quando o faço,
desvio o olhar e começo a inserir meu número no aparelho dele. Entrego-lhe
o celular e ele o pega, digitando algo que não consigo ver. Seu olhar
profundo encontra o meu novamente, e diz que enviou uma mensagem para
que eu também tenha seu número registrado. O frio na barriga persiste, mas
agora, é acompanhado por uma nova e excitante sensação.
Vou me levantando, mas ele me interrompe, e sinto uma onda de calor
percorrer meu corpo quando ele pergunta se gostaria de sair para jantar com
ele na quarta-feira. Minha mente fica em branco, e parece que minha agenda
se torna a coisa mais irrelevante do mundo naquele momento. A presença de
Vitor me deixa completamente fora de controle.
Tento reunir meus pensamentos, respondendo com uma voz um pouco
trêmula:
— Amanhã, quando estiver no escritório, retorno com uma resposta.
Na sexta-feira, pedi a minha secretária que reagendasse todos os meus
compromissos, então terei uma semana bem complicada.
Ele parece genuinamente preocupado comigo, e sua preocupação faz
meu coração bater mais rápido. Ele me pergunta:
— Por que você vai ao escritório? Seria muito mais seguro fazer todo
o trabalho remotamente, especialmente após o que aconteceu na sexta-feira.
Concordo com ele, mas também explico:
— É exatamente isso que farei, porém, algumas reuniões eu não
poderei deixar de comparecer, por isso, preciso verificar minha agenda. Mas
tão logo eu o faça, entrarei em contato com você para confirmar ou remarcar
nosso jantar.
Voltamos para sala, sob os olhares especulativos de todos, mas por
dentro, estou inquieta e ansiosa, pensando na possibilidade de sair para jantar
com Vitor.
Vitor
Depois de voltarmos do jardim, deixo Violetta com as mulheres e me
junto aos homens. Fico ali por um tempo, mas meus pensamentos são
dominados exclusivamente por Violetta: seus olhos cativantes, seu rosto
angelical e sua sinceridade encantadora. Sinto meu coração acelerar toda vez
que penso nela, e é como se o mundo ao meu redor desaparecesse.
Peço licença, indo ao banheiro. Permaneço mais tempo do que o
necessário. Não consegui prestar atenção à conversa dos homens, pois meus
pensamentos estavam todos voltados para ela, Violetta. O que diabos está
acontecendo comigo? Por que não consigo afastar esses pensamentos? Sinto
uma ansiedade crescente enquanto pondero sobre o que sinto por ela.
Quando finalmente saio do banheiro e abro a porta, dou de cara com a
prima de Violetta, cujo nome nem me lembro. A cumprimento e tento seguir
adiante, mas ela segura meu braço. Eu, que detesto ser tocado, reajo
instintivamente e puxo o braço rapidamente, em uma mistura de desconforto
e irritação.
Ela começa a falar sobre como eu e Violetta não fazemos um par
adequado e como eu deveria fazer uma escolha melhor. Sua intromissão em
minha vida e a tentativa de me tocar sem permissão me irritam
profundamente, mas também sinto uma frustração crescente pela insistência
dela.
Respondo com firmeza, minha voz carregada de emoção:
— Eu sou capaz de tomar minhas próprias decisões. Se eu julgar que
Violetta não é apropriada para ser minha esposa, buscarei outra por conta
própria. Mas devo deixar claro que não tolero intromissões não solicitadas
em minha vida, especialmente quando envolvem toques não autorizados.
Deixo-a falando sozinha e me encaminho para a sala, onde me junto
aos outros homens. Percebo que papai me observa atentamente e sei que não
consegui esconder completamente minhas emoções. Decido conversar com
ele em outro momento. Forço um semblante neutro e concentro minha
atenção na conversa dos homens, embora uma parte de mim ainda esteja
perdida nos pensamentos sobre Violetta.
Depois de alguns minutos, papai começa a se despedir da família
Romano, e seguimos o exemplo. Ao nos aproximarmos das mulheres, sinto
uma onda de nervosismo e expectativa percorrer meu corpo. Pego a mão de
Violetta, e enquanto a levo aos meus lábios, olho profundamente em seus
olhos. Vejo as faíscas de atração mútua dançando em seu olhar, e isso me
enche de um calor reconfortante. Parece que estou seguindo o caminho certo.
Despeço-me dos pais dela e de seu irmão. No entanto, quando chega a
hora de lidar com a prima, apenas aceno, não posso deixar de notar a
sensação de desagrado que me invade. Ela me parece excessivamente
atrevida e invejosa. Durante a refeição, seus olhares insistentes em minha
direção e as caretas que fazia não passaram despercebidos. Era como se ela se
visse como a rainha do jogo, e isso me deixou desconfortável.
Quando me encaminho para o meu carro, percebo papai me seguindo.
Tenho certeza de que ele notou algo e que deseja conversar. Eu também sinto
a necessidade conversar sobre o que aconteceu. Não posso negar que uma
sensação de desconfiança paira sobre mim quando penso na prima de
Violetta. Todos os meus instintos alertam que devo manter uma postura
cautelosa em relação a ela, e essa desconfiança me deixa inquieto.
Papai, ao meu lado, não perde tempo e decide abordar o que
claramente o intriga:
— Me conte o que aconteceu no banheiro. Eu percebi quando a
sobrinha de Enrico te seguiu até lá, e você voltou com uma expressão nada
amigável. Além disso, quero saber como foi sua conversa com Violetta.
Decido ser completamente honesto com ele e começo a relatar todos
os eventos, sem esquecer nenhum detalhe. Além disso, compartilho o
turbilhão de sentimentos que tenho experimentado desde o momento em que
conheci Violetta.
Estou tão imerso na conversa que acabo dando um pulo quando papai
solta uma sonora gargalhada. Interrompo imediatamente meu relato e o
encaro, mantendo o foco na estrada à nossa frente.
— Por que está rindo, pai? Está me fazendo sentir patético.
Ele responde com serenidade:
— Não se preocupe, filho. Você não é patético, apenas está
apaixonado.
Essa revelação me atinge como um raio. Embora eu soubesse que
Violetta tinha mexido comigo profundamente, a palavra "apaixonado" soa
como um grande salto. Mal tivemos a chance de nos conhecer de verdade,
mal trocamos palavras, e já estou mergulhando em um turbilhão de emoções
avassaladoras.
— Apaixonado, isso é demais, não acha, pai? Nem tive tempo de
conhecer a moça. Mal conversamos.
— Não acho, meu filho. Por tudo que você me contou até agora, essa
moça mexeu com você desde o momento em que se viram pela primeira vez,
naquela escada da boate. Ele responde com tranquilidade.
A revelação seguinte de papai deixa-me ainda mais atordoado:
— Vitor, a partir de amanhã, você receberá mais responsabilidades na
gestão dos assuntos da família. Você assumirá a liderança sempre que
possível, mas é importante que compreenda que, oficialmente, continuarei
sendo o Don até o seu casamento. No entanto, desejo que você comece a se
familiarizar com as demandas e as decisões desde já.
Ele pergunta:
—Posso contar com você, meu filho?
Meu coração se enche de uma mistura de surpresa, incerteza e
responsabilidade. Estou prestes a assumir um papel de liderança para o qual
venho sendo treinado, embora tenha pensado que teria mais tempo. Respiro
fundo e olho para papai com determinação.
— Sim, papai, pode contar comigo. Vou honrar essa confiança e
liderar nossa família com sabedoria e coragem.
Fico aturdido a princípio, mas uma onda de felicidade me envolve
pela confiança que papai acabou de depositar em mim. No entanto, também
surge uma inquietação: será que estou realmente preparado para essa
responsabilidade? Rapidamente afasto a insegurança. Cresci e fui treinado
para assumir esse cargo, e é isso que vou fazer, da melhor maneira possível.
A confiança de papai é um sinal claro de que estou no caminho certo. Paro
por um momento para coletar meus pensamentos ouvindo o que mais papai
tem a dizer.
— Mas há algo, meu filho. Nas reuniões do conselho, eu
permanecerei como Don, até que eles se acostumem com você e com seu
estilo de liderança. Esteja preparado, pois em alguns momentos, pedirei sua
opinião. E nesses momentos, seja o mais preciso possível. Jamais demonstre
insegurança, sua aprovação depende disso.
Eu entendo papai profundamente e agradeço imensamente por sua
confiança. Prometendo que farei o meu melhor. No entanto, uma dúvida
começa a surgir em minha mente.
— Pietro e Dante também passarão por essa transição agora, ou ainda
poderemos contar com Tio Stefano e Matteo?
Papai responde com calma:
— Seus irmãos ainda estão em treinamento, e não quero me envolver
nisso. Eles são jovens e têm muito a aprender. Quando chegar o momento
certo, Steffano e Matteo nos informarão.
Vitor
Estaciono o carro em frente à nossa casa e jogo as chaves do carro
para que um soldado o guarde na garagem. Não tenho a intenção de sair
novamente; talvez eu consiga finalmente descansar depois deste fim de
semana turbulento.
Essa era minha ideia inicial: descansar, organizar meus pensamentos,
me alinhar e me preparar para a nova semana. Muitas mudanças estão a
caminho, e a responsabilidade que recai sobre meus ombros vai muito além
do que eu esperava neste momento. No entanto, não pretendo decepcionar
minha família, nem a mim mesmo. E o melhor de tudo é que sei que papai
sempre estará ao meu lado.
Após um longo banho, deito-me na cama usando apenas a boxer.
Minha mente está uma verdadeira bagunça, repleta de pensamentos sobre o
atentado de sexta-feira, as descobertas do sábado, minhas novas
responsabilidades e a possibilidade de um casamento.
Quando paro para pensar o quanto minha vida mudou rapidamente,
questiono se estou preparado para absorver tudo isso, tudo está acontecendo
de uma só vez. Será que serei capaz de lidar com tudo? Enquanto esses
pensamentos tumultuam minha mente, ouço uma notificação no celular. Ao
verificar, vejo uma mensagem de Violetta confirmando nosso encontro na
quarta—feira.
Meu coração se acelera com a notícia, e uma onda de emoções me
invade. A simples ideia de vê-la novamente já traz uma sensação de alívio e
alegria.
Logo me vem à mente aqueles olhos lindos, aquela voz suave, e a
lembrança se instala diretamente em meu pau, que reage imediatamente. O
que está acontecendo comigo? Nunca me senti tão atraído por uma mulher
como estou por ela. Fico relembrando nossa conversa, seus olhos, seus
trejeitos, como ela cora quando estou perto, e meu desejo atinge um ponto tão
intenso que chega a doer.
A vontade é avassaladora, mal me reconheço. Decido completar uma
chamada de vídeo, algo que nunca fiz na minha vida, mas a necessidade de
olhar para ela novamente está me tirando do sério.
Após quatro toques, ela atende, já corada, mas incrivelmente linda.
Sua enxurrada de perguntas não me dá tempo para responder. Percebo que ela
está tão nervosa quanto eu.
— Está tudo bem sim, chegamos todos bem. Nina deve estar em seu
quarto. E você, como está? Tento me acalmar e tomar o controle da situação.
Ela responde com um simples "Vou bem", mas vejo a preocupação em
seu rosto. Sei que ela quer saber o motivo da minha ligação, mas me perco
em seus traços e fico em silêncio por alguns momentos. Volto à realidade
quando ela pigarreia, e percebo que preciso me controlar.
— Só liguei para confirmar nosso jantar de quarta-feira. Espero que
você consiga se desvincular das reuniões atrasadas.
Ela se mostra preocupada e ansiosa, esperando que eu possa me
encontrar com ela.
— Amanhã cedo, saberei como estará minha agenda da semana e te
avisarei. Vamos dar um jeito de nos vermos.
— Pode ficar tranquila, darei um jeito com a nossa segurança. Não se
preocupe com isso. Tento tranquilizá-la.
Ela expressa sua confiança em mim. "Confio em você, Vitor. Se não
fosse por você, talvez não estaríamos aqui conversando. Nem gosto de pensar
que algo ruim poderia ter acontecido comigo. Nunca conseguirei agradecer o
que você fez. Te devo minha vida.
— Não fique pensando nisso, Violetta. Eu vou proteger você, com
minha vida se for preciso.
— Não fale assim, Vitor. Não quero que nada aconteça a você
também.
— Fique calma, Violetta. Confie em mim, nada vai acontecer a você,
ou melhor, a nenhum de nós. Vamos te proteger e nos proteger, como sempre
fizemos.
— Espero que isso se resolva logo. Vai atrapalhar muito o meu
trabalho em casa. Muitas vezes, preciso me reunir com os demais diretores e
clientes, e não posso trazê-los todos para cá. Preciso da minha vida de volta
para continuar com meu trabalho.
— Você ama o que faz, né? Assim como a Nina.
— Sim, é o que mais gosto de fazer. É a realização de um sonho.
Desde cedo, quis dirigir as empresas da família. Me preparei para isso. Faço
por amor. Não quero que tudo o que está acontecendo tire isso de mim. Você
entende, Vitor?
— Entendo sim. Só se preocupe com as suas coisas. Deixe que nossas
famílias resolvam o resto. Você é muito boa no que faz, Violetta. Li o acordo
que você e Nina fizeram, e confesso que eu não faria melhor. Vocês são boas
no que fazem, e juntas, são ainda melhores. Estou muito feliz com isso.
— Vitor, me desculpe, preciso desligar, tem alguém me chamando.
Nos falamos amanhã, tudo bem?
— Claro, Violetta. Tenha um bom descanso e até amanhã. Desligo a
chamada e fico olhando para o teto, tentando pensar numa forma de eliminar
de uma vez por todas o Juan e seu cartel.
Violetta
Depois de desligar da chamada de vídeo com o Vitor, peço para que a
pessoa que está batendo na porta do meu quarto entre. Quando vejo, é minha
prima.
Fico encarando Chiara, esperando que ela diga algo, enquanto meu
coração bate acelerado, antecipando a conversa desagradável que se
desenrolará a seguir. Seu olhar de desdém parece me queimar como brasas
enquanto ela para diante de mim.
— O que é, Chiara? Você quer falar comigo? - Pergunto, lutando para
manter minha voz firme, apesar do turbilhão de emoções que já começam a
me consumir.
— Quero, sim. Com quem estava conversando?
— Não é da sua conta Chiara. - Respondo, começando a ficar irritada.
Estou no meu limite, considerando todas as loucuras de Chiara aos últimos
acontecimentos, minha paciência não está das melhores.
Chiara se abaixa, pegando meu celular, que deixei em cima da cama.
Me levanto rapidamente, querendo pegá-lo de volta, mas Chiara é mais alta
que eu e o ergue acima de sua cabeça.
— Você estava falando com o Vitor? Exijo que você se afaste dele.
Vim aqui apenas para dizer que Vitor é meu. - Ela declara com determinação,
sua voz soando ríspida.
A notícia me atinge como um soco no estômago. Meu peito se aperta
e uma onda de incredulidade e confusão me invade.
— Como é? De onde você tirou essa ideia, Chiara? Ele sabe disso ou é
mais uma das suas viagens alucinantes? - Minha irritação cresce à medida
que ela insiste em permanecer em meu espaço.
Com uma explosão de adrenalina, passo uma rasteira nela, vendo-a
cair, desajeitadamente no chão, retiro meu celular de suas mãos e digo:
— Saia daqui, Chiara, antes que minha paciência se esgote. - Falo
com firmeza, tentando controlar minha raiva crescente. — E mais uma coisa,
não se meta na MINHA VIDA! Grito a última parte. Estou à beira de um
colapso emocional. Meu final de semana já foi exaustivo, e tantos
pensamentos ocupam minha mente. Como essa maluca pode inventar algo
assim do nada? — AGORA!
Chiara sai, batendo os pés e a porta. Suspiro profundamente, minha
respiração retornando ao normal após a explosão de emoções. Quando menos
espero, papai está no meu quarto, e meu coração continua acelerado, agora
ansioso sobre como ele vai reagir a essa confusão toda.
— O que aconteceu desta vez? Nunca te vi gritar, Violetta. O que sua
prima aprontou? - Pergunta papai, visivelmente preocupado.
Sinto meu coração acelerar e a raiva ferver dentro de mim enquanto
respondo:
— O Senhor precisa falar com ela, eu não aguento mais a inveja dessa
garota, papai. Minha vida inteira foi assim, tudo que conquisto, ela destrói. A
energia negativa dela é tanta que sinto até medo de pensar em qualquer coisa.
Me desculpe papai, eu sei que me exaltei, mas Chiara consegue despertar o
pior de mim.
Papai percebe minha agitação e tenta me acalmar, abraçando-me com
carinho. Seu abraço é um refúgio, e me sinto amparada por sua presença.
Permaneço um pouco mais em seus braços, absorvendo todo o amor que ele
sempre demonstrou por mim.
Decido então contar a ele o que Chiara acabou de me dizer, revelando
a confusão e a frustração que tomam conta de mim.
Ele me abraça novamente e me tranquiliza, revelando que já havia
percebido o comportamento dela durante o almoço. Ele também notou que
Chiara seguiu Vitor até o banheiro, e que Vitor voltou bastante incomodado,
mas não mencionou nada.
Após papai sair do meu quarto, desabo na cama, sentindo-me
profundamente desanimada com tudo o que vem acontecendo. A sensação de
impotência e frustração parece crescer dentro de mim, tornando a noite ainda
mais pesada. Sinto-me como se estivesse presa em um turbilhão de emoções,
e a incerteza sobre como lidar com toda essa situação me angustia.
Mais tarde, quando desço para o jantar, percebo que Chiara está com a
cabeça baixa, mas logo em seguida, ela me lança um olhar repleto de
ressentimento e hostilidade. Tenho certeza de que papai conversou com ela, e
não foi uma conversa agradável. No entanto, decido que não vou me deixar
abalar por isso. Vou focar em cuidar da minha vida e deixar que ela lide com
suas próprias escolhas e atitudes.
Nossa refeição transcorre em silêncio e de forma rápida, o que é
bastante incomum para nossa família. Suspeito que papai tenha contado à
mamãe o que aconteceu mais cedo, e mesmo ela sendo sempre amorosa, está
evidente que não está satisfeita com a situação. Percebo a tensão no ar, e isso
aumenta meu desconforto.
Termino minha noite em silêncio, dando um beijo em mamãe e papai
antes de subir para o meu quarto. Tomo um banho relaxante e me deito na
cama, tentando encontrar um pouco de paz. Sei que minha semana será
intensa e corrida, e preciso descansar para enfrentar os desafios que estão por
vir. A sensação de preocupação e ansiedade ainda está presente, mas aos
poucos, tento acalmar meu coração e mente para o que o futuro reserva.
Violetta
Tenho uma noite de sono agitada, repleta de pesadelos em que eu era
sequestrada e Chiara tentava me matar. A presença constante desses sonhos
perturbadores me deixa inquieta. Sempre que esses pesadelos ocorrem, Vitor
surge como meu salvador, assim como aconteceu da primeira vez. Essa
sensação de vulnerabilidade me acompanha desde aquele terrível incidente.
Acordo cedo, com o dia amanhecendo lá fora, ainda me sentindo
assustada e com o corpo todo suado. Decido tomar um banho rápido para me
livrar das sensações incômodas dos pesadelos.
Após o banho, busco encontrar equilíbrio e paz interior através da
prática de Tai Chi. Ao fundo, a melodia suave da música chinesa, que sempre
uso durante a prática, começa a preencher o ambiente. Essa música possui o
poder de acalmar meu coração e me trazer tranquilidade, ajudando-me a
deixar de lado as preocupações e o medo que me atormentam.
Após alguns exercícios iniciais de aquecimento e alongamento,
mergulho na prática do Tai Chi. Cada movimento gracioso e fluido me
permite desligar das preocupações que me assombravam. Com o tempo, entro
em um estado meditativo profundo, onde posso encontrar um refúgio
temporário de paz em meio ao caos que cerca minha vida.
Horas se passam, mas cada minuto investido na prática do Tai Chi
vale a pena, pois consigo encontrar um pouco de serenidade e clareza mental.
Quando termino a prática e desço para o café da manhã, encontro
todos à mesa, incluindo Chiara. Seus olhares carregados de hostilidade são
evidentes, mas opto por não me deixar afetar por suas tentativas de
perturbação. Minha resolução é manter minha paz interior a qualquer custo.
Papai aproveita o momento para me comunicar uma boa notícia. Ele
ordenou que os soldados esvaziassem o cômodo ao lado de seu escritório,
transformando-o em um espaço de trabalho em casa para mim. Mamãe, com
sua gentileza habitual, já providenciou a encomenda de móveis que serão
entregues durante o dia para decorar esse novo ambiente. A notícia trouxe um
sorriso genuíno ao meu rosto, e agradeço a eles com sinceridade.
Mal terminamos de nos servir, quando um dos soldados se aproxima
com um belo ramalhete de flores e me entrega. As flores são simplesmente
deslumbrantes, copos-de-leite, minhas preferidas. Meu coração se aquece
instantaneamente.
Pego o buquê com cuidado, admirando a beleza das flores, e percebo
que há um cartão anexado, escrito à mão. Meus olhos percorrem as palavras
enquanto meu coração bate mais rápido.
"Estas flores combinam com você e não
pude resistir. Tenha um lindo dia! V.M.
PS. Ansioso por te ver novamente."
Um sorriso involuntário se forma em meus lábios enquanto leio o
bilhete. Mamãe percebe e não perde tempo em fazer uma pergunta.
— Que lindas flores, Violetta. São do Vitor? - Pergunta ela com
curiosidade genuína.
— Sim, mamãe. São as minhas flores favoritas. Como ele soube
disso? - Fico me questionando por um momento, tentando lembrar se já
mencionei minha preferência a ele ou a Nina, mas não me recordo de tê-lo
feito.
A alegria e o carinho da surpresa me envolvem enquanto terminamos
nosso café da manhã. Decido enviar uma mensagem a Vitor para agradecer
pelas flores, percebo que ele vê a mensagem, embora não me responda
imediatamente. Opto por não me preocupar muito e sigo para me preparar
para o dia.
Apanho minhas coisas e desço, pronta para enfrentar o que o dia me
reserva.
Vou para o escritório, e logo Fátima, minha secretária, chega
carregada de documentos e papéis. Ontem, após todos terem ido embora,
entrei em contato com ela e solicitei que viesse do escritório trazendo todos
os documentos que precisariam ser assinados, bem como minha agenda.
Dois soldados estão ao lado dela, auxiliando-a com as pesadas pastas.
Peço que Fátima me acompanhe até o interior do escritório e fecho a porta
com cuidado. Em seguida, peço a ela que deposite os documentos em cima de
uma cadeira e a convido a se sentar ao meu lado.
— Fatima, vou precisar muito da sua ajuda, começo a dizer. Não
tenho certeza de quando poderei voltar ao escritório, então teremos que nos
adaptar, com você lá e eu aqui. Você será meus olhos e ouvidos nesse
período. Posso contar com você, não é?
Fátima assente com um leve sorriso, expressando sua disposição em
ajudar.
— Além disso. – continuo. - Você consegue agendar uma
videoconferência com todos os diretores a partir daqui, certo? Por favor,
agende uma para daqui a 30 minutos. Enquanto isso, me entregue minha
agenda para que possamos analisar o que consigo resolver sem precisar me
deslocar.
Fátima é uma secretária excepcional, com vasta experiência nas
empresas, tendo iniciado antes mesmo de eu assumir como CEO. Tenho
plena confiança em sua competência para lidar com a situação.
Explico a Fátima que, ao chegar na empresa, ela deverá trancar minha
sala e entregar as chaves ao soldado. Somente ele terá acesso à minha sala,
sem nenhuma exceção. Caso alguém insista em acessar meu escritório, ela
deverá me comunicar imediatamente. Não é necessário que ela saiba, mas
durante o final de semana, câmeras foram instaladas tanto na minha sala
quanto na dela. Somente eu e Franco, responsável pelo TI da família, teremos
acesso a essas câmeras. Nem Gino, o soldado que ficará na empresa, está
ciente disso, e é melhor que continue assim.
Após verificar minha agenda e ajustar alguns compromissos, me dou
por satisfeita, e Fátima me avisa que está na hora da reunião. Ela faz menção
de sair, mas peço que permaneça ao meu lado.
Dou início à reunião e comunico a todos que estarei trabalhando de
casa por tempo indeterminado, sem dar explicações detalhadas. Informo que
qualquer assunto deve ser tratado primeiro com Fátima, que cuidará para que
chegue até mim. Problemas urgentes e confidenciais devem ser
encaminhados para meu e-mail pessoal. Além disso, informo que todas as
reuniões serão realizadas por videoconferência, inclusive as com os clientes.
Após o término da reunião, Fátima se retira, e finalmente posso me
dedicar aos assuntos urgentes do dia. O tempo passa rapidamente, e quando
percebo, minha mãe está me chamando para o almoço.
Ao voltar do almoço, encontro Chiara no escritório de papai,
vasculhando minhas coisas.
— O quê pensa que está fazendo aqui Chiara? Você não tem
permissão para entrar neste escritório, tampouco mexer nas minhas coisas.
Saia imediatamente. - Repreendo, sentindo uma mistura de raiva e frustração.
— Não é nada Violetta, credo, quanta frescura, só vim olhar como
você se organizou junto ao titio. - Ela responde com desdém.
— Pensa que me engana Chiara? Você já aprontou muito comigo, mas
chega, estou farta de você. Digo enquanto me aproximo dela. Sem que ela
perceba, tiro o cartão que veio junto com as flores de sua mão e a encaro
profundamente. — Chiara, não se meta na minha vida. Não se meta com
Vitor. Eu posso até ser condescendente com você, mas tenho certeza de que
se de alguma forma você prejudicar Vitor ou a família dele, não haverá
perdão para você, nem a amizade de papai poderá te salvar.
Com serenidade, porém com uma firmeza inabalável na voz, direciono
o olhar para os olhos dela e declaro:
— Agora, saia daqui e não volte mais. Ficou absolutamente claro?
Ela sai batendo o pé e a porta, eu me sento, exausta devido as
incessantes brigas. Até quando ela vai continuar me provocando? Até onde
ela pode ir para me prejudicar?
Essa fixação de Chiara em Vitor está me deixando preocupada, não
sei se é pelo fato de Vitor vir a ser o próximo Don ou se é porque ele se
interessa por mim. A verdade é que nunca consegui compreender minha
prima.
Nesse momento, decido conversar com Vitor a respeito disso. Ele
precisa saber que minha prima está tentando atrapalhar as coisas entre nós.
Pego o celular para mandar uma mensagem a ele e só então percebo
que ele respondeu minha mensagem da manhã.
Vitor: “Elas se parecem com você. Lindas e puras.”
Violetta: “Mais uma vez agradeço, são lindas mesmo.”
Violetta: “Preciso conversar com você sobre minha prima. Está
confirmado nosso jantar de quarta?”
Vitor: “Claro, mas se quiser, podemos antecipar para hoje.”
Violetta: “Perfeito, nos vemos mais tarde”
Volto a me concentrar no trabalho, e o tempo passa rapidamente. No
final da tarde, dou meu dia por encerrado e decido ir verificar minha nova
sala.
Ao entrar na sala, sinto meu corpo petrificar. Tudo está em completo
caos: papéis rasgados, equipamentos quebrados e móveis completamente
arruinados. A raiva ferve dentro de mim neste momento.
Chamo por mamãe, que chega rapidamente, seguida por papai. Antes
deles entrarem, mamãe pergunta se gostei da "arrumação". Com um suspiro,
abro a porta e deixo que eles vejam o estado da sala.
Mamãe começa a chorar, e papai fica visivelmente furioso. Sem dizer
uma palavra, ele vira as costas e sobe correndo as escadas. Eu abraço mamãe,
e juntas deixamos as lágrimas rolarem, compartilhando a angústia daquele
momento.
Enrico
Sigo direto para o quarto de Chiara, já enxergando tudo vermelho.
Abro a porta com toda violência, sem me dar ao trabalho de bater, e a
encontro jogada na cama, com fones de ouvido e balançando a cabeça.
Tiro os fones do ouvido dela, e ela se assusta ao me ver ali. Seus olhos
refletem surpresa e inquietação.
— Chiara, você pode me explicar o que aconteceu no escritório da sua
prima? - Minha voz sai firme, mas por dentro estou cheio de tensão.
Ela me olha com surpresa e responde:
— Não sei, tio, o que houve? Passei a tarde aqui no meu quarto.
Não me seguro e a acuso:
— Não minta para mim, sua fedelha. Acha que não sei? Basta puxar
as imagens para ver você entrando lá. Assim como também entrou no meu
escritório SEM MINHA AUTORIZAÇÃO. O que você está querendo,
Chiara? Não te demos tudo a vida toda, o que mais você quer?
— Sim tio, me deram todo amor possível, e me arrependo de tudo que
venho fazendo, por isso passei o dia todo aqui, tomando coragem para me
desculpar com todos vocês, me perdoa tio, vou tentar melhorar, mas... Quanto
ao escritório de Violetta, eu realmente não sei o que aconteceu, pode puxar as
imagens das câmeras, vai ver que não saí do quarto desde que voltei do
almoço.
— E quanto ao meu escritório Chiara? O que queria? - Digo muito
irritado.
— Eu queria ver o cartão das flores tio, a verdade é que eu quero ser a
primeira-dama da máfia. Quero Vitor para mim. Sendo mais velha que
Violetta, acho que mereço me casar primeiro.
— Se seu problema é casar, podemos procurar um noivo para você,
que não seja o Vitor, ele está fora dos seus planos. - Digo, já irritado.
— Eu quero ele tio, não outro. - Responde Chiara determinada.
Sinto meu sangue ferver, mas tento manter a calma:
— Sinto muito, menina, mas isso não vai acontecer. Não depende de
mim. Vitor quer Violetta e ela o quer. Nada do que eu, Tommaso ou qualquer
outra pessoa tente fazer vai conseguir mudar as coisas. Eles estão
apaixonados, se você ainda não percebeu, é bom ir se acostumando. Achei
que tivesse sido muito claro ontem quando conversamos. Você tem uma
chance, Chiara. Ou você se desculpa com sua prima e se orienta, ou terei que
tomar medidas mais enérgicas com você. Te dou em casamento para qualquer
soldado que a queira e despacho vocês dois para o outro lado do país.
Encaro Chiara com firmeza:
— Você entendeu, Chiara? Minha paciência com você está no limite.
Eu não admito isso.
Nem espero a resposta dela. Saio do quarto muito puto e resolvo
chamar Rafaelli; precisamos de um plano para neutralizar Chiara, pois ela já
passou dos limites.
Bato à porta do quarto de Rafaelli e entro.
— Oi, meu filho. Podemos conversar? Preciso da sua ajuda.
— Diga, papai, em que posso ser útil?
Meu filho é um dos homens mais bem educados que conheço. Calmo,
tranquilo, mas implacável quando se trata de algo que possa prejudicar os
negócios da máfia ou nossa família.
Conto a ele tudo que tem acontecido com Chiara, assim como minha
desconfiança a respeito do escritório, a verdade é que não sei se foi de fato
ela. Quando puxei as imagens, percebi que as câmeras ficaram desativadas no
período da tarde, e isso me deixa mais preocupado ainda. Ele me olha
serenamente e diz:
— Eu desconfiava. Chiara é muito invejosa, sempre foi, além de
gananciosa demais. Vou te contar uma coisa, e já peço desculpas por ter
escondido isso do senhor. Quando eu fiz dezoito anos, ela entrou
sorrateiramente no meu quarto. Eu já dormia, mas sabe como é, somos bem
treinados, e o mínimo barulho nos acorda. Eu fingi que dormia, para ver o
que ela queria.
Tomo fôlego e complemento:
— O senhor acredita que ela queria me seduzir! Enquanto ela achava
que eu dormia, foi tirando suas roupas e já ia deitando em minha cama, na
certa ia fingir que eu a estuprei e me forçar a casar. Assim que ela fez o
primeiro movimento, levei minha arma até sua testa e mandei que ela se
vestisse e fosse embora. Ela é minha prima, foi criada aqui, eu a tinha como
uma irmã. Depois desse dia, nunca mais pude olhá-la sem me lembrar
daquela noite.
— Por que não me contou isso, meu filho? - Minhas palavras tremem
ligeiramente enquanto questiono Rafaelli. A notícia que acabo de ouvir me
deixa surpreso e, ao mesmo tempo, com um turbilhão de emoções.
Ele suspira profundamente, como se carregasse o peso de uma história
triste.
— Não queria que ela se prejudicasse, papai. No fundo, sinto pena
dela, órfã e carente, mas depois de tudo isso, sinto é raiva.
Minha frustração começa a se misturar com um crescente sentimento
de urgência.
— Precisamos agir, Rafaelli. Se a deixarmos aqui, temo pela
segurança da sua irmã. Não sei até onde essa maluca pode ir.
Rafaelli considera minhas palavras por um momento e, então, uma
ideia surge em sua mente.
— Acho que tenho uma ideia. - Diz ele e complementa. — Lembra
daquele seu primo que mora na Itália? Tio Nuno. O que acha dela passar uma
temporada com ele? Ele tem três filhos, certo? Nenhum deles é casado. Não
têm fortuna, mas vivem relativamente bem.
A sugestão parece trazer um vislumbre de esperança em meio à
turbulência emocional. Refletindo por um momento, concordo com a ideia.
— Como não pensei nisso, Rafaelli. - Murmuro. — Vou ligar para o
Nuno e resolver isso com ele. Quem sabe ela já embarca amanhã mesmo.
Uma sensação de alívio começa a se infiltrar em mim, sabendo que
estamos mais perto de uma solução para essa situação delicada.
— Quanto ao escritório da Violetta, estou preocupado, papai, pois está
claro que temos algum traidor, com acesso a nossas câmeras e talvez até
mais. Vamos precisar melhorar nossa segurança interna, e neste momento,
não confio em nosso TI.
— Filho, você consegue verificar isso para nós? Vamos buscar fora da
nossa família, vou conversar com Tommaso também, talvez ele tenha algum
contato que possa me auxiliar.
— Claro pai, vamos fazer isso amanhã logo cedo.
— Venha, vamos jantar, meu filho.
Vitor
Hoje foi um dia exaustivo, repleto de compromissos devido às novas
responsabilidades que recaíram sobre mim na liderança da família.
Desde o amanhecer, a vontade de tornar o dia especial para Violetta
me dominava. Sem hesitar, ligo para a floricultura que sempre nos atende.
Escolho cuidadosamente um lindo buquê de copo-de-leite que achei que
combinava com ela. Lindo e puro.
Cuidadosamente, escrevo um cartão expressando o significado da
escolha. Envio um dos soldados para fazer a entrega, ansiando que o presente
pudesse iluminar seu dia e aquecer seu coração.
Quando, finalmente, recebo sua mensagem de agradecimento, um
calor intenso se espalha pelo meu peito, e um sorriso involuntário surge em
meus lábios. No entanto, o momento era inoportuno; eu estava mergulhado
em uma reunião e não pude responder de imediato, deixando-me frustrado.
Entre um compromisso e outro, todos os acontecimentos do final de
semana vêm surgindo em meus pensamentos, e Violetta, surpreendentemente,
permaneceu no centro deles por muito mais tempo do que eu poderia ter
imaginado.
Finalmente, recebemos os relatórios dos infiltrados no cartel, mas a
falta de respostas satisfatórias me frustra ainda mais. A incerteza que paira
sobre o destino da mulher que domina meus pensamentos é avassaladora, e
minha impotência em relação a isso é esmagadora. A ansiedade e o medo se
entrelaçam dentro de mim, formando um nó apertado.
Quase no final da tarde, recebo uma mensagem de Violetta, me
dizendo que precisa conversar sobre a prima. Logo me vem à memória o
encontro desagradável que tive ontem na porta do banheiro. O receio toma
conta de mim, alimentando uma série de perguntas inquietantes: Será que
Violetta descobriu? Será que a prima perturbada inventou alguma mentira?
A ansiedade me sufoca. Proponho antecipar nosso jantar, e a rapidez
com que Violetta responde apenas intensifica minha apreensão, deixando
claro que a situação é mais sombria do que eu poderia ter imaginado. A
incerteza e a preocupação se unem, formando um turbilhão de emoções
dentro de mim.
Antes de encerrar meu dia, decido chamar Matteo para discutir os
detalhes de segurança para o jantar que planejei com Violetta. A antecipação
desse encontro estava me consumindo, e eu queria ter certeza de que tudo
correria perfeitamente. Reservo uma mesa em um dos restaurantes da família,
e, junto com Matteo, começamos a traçar nossos planos para garantir que a
noite seja memorável e segura.
Estávamos quase no final quando fomos interrompidos por Dante, que
entrou sem bater na porta, ansioso para saber do que estávamos falando.
Rapidamente, explico a ele sobre a antecipação do jantar, a reserva no
restaurante e os detalhes dos nossos planos de segurança.
— Irmão. – Diz Dante, com um brilho de empolgação nos olhos. —
Você me permite testar um programa que estou desenvolvendo para reforçar
a segurança do seu jantar? Prometo que não será invasivo.
O pedido de Dante me surpreende, mas também sinto um misto de
orgulho e gratidão por ter alguém tão talentoso ao meu lado. Aceito sua
proposta com um sorriso.
— Basta você usar este ponto, e imediatamente terei acesso à sua
localização em tempo real. E caso precise falar comigo, basta pronunciar
"Romeo"; com esse comando, o microfone será ativado, e poderemos nos
comunicar como se estivéssemos lado a lado. Estarei na sala de TI. Entregue
este dispositivo a um dos seus soldados. Ele estará conectado aos outros
pontos, mas também terá a capacidade de receber minhas instruções diretas,
caso sejam necessárias.
— O que você está planejando, Dante? – Pergunto com uma mistura
de curiosidade e preocupação na voz.
— Vamos fazer o teste, Vitor. – Responde Dante com entusiasmo. —
Se tudo correr como espero, amanhã apresentarei a vocês todas as
funcionalidades do “Romeo”.
— Está certo, irmão. Vamos em frente. Estou ansioso para descobrir
como isso vai funcionar e, o mais importante, como essa tecnologia pode nos
beneficiar.
— Agradeço, Vitor. Tenha um ótimo encontro. – Diz Dante com uma
expressão de gratidão e felicidade.
Chego pontualmente às nove horas na casa de Violetta. Sou recebido
pelos pais dela, que prontamente a mandam chamar. Enquanto aguardo,
ficamos um pouco na sala, trocando conversas amenas, mas a ansiedade
cresce a cada minuto.
Logo, Violetta chega, me cumprimenta um tanto desconfortável e
pede permissão ao pai para conversarmos em seu escritório. O senhor
Romano estranha a situação, mas concorda sob a condição de que sua filha
aguarde um momento, pois ele precisa falar comigo. Intrigado, sigo o senhor
Romano até o escritório, ansioso para entender o que está acontecendo.
Assim que entramos no escritório, o senhor Romano pede desculpas, o
que só aumenta minha confusão. Eu não compreendo o motivo, mas aguardo
que ele explique.
— Vitor, percebi que ontem minha sobrinha o seguiu até o banheiro.
Não sei o que ela aprontou, mas gostaria de pedir desculpas antecipadamente.
Chiara tem dado muito trabalho desde que chegou aqui. Talvez você já saiba,
mas meu irmão e sua esposa foram mortos quando Chiara tinha apenas doze
anos. Minha esposa e eu fizemos o possível para cria-la, mas desde cedo, ela
sempre foi desafiadora. A situação tem se tornado insustentável.
— Senhor Romano, compreendo sua preocupação, e para que fique
claro, Chiara realmente se comportou de maneira inconveniente comigo.
Chegou a afirmar que seria uma primeira-dama melhor do que sua filha.
Sinto muito, mas a coloquei em seu devido lugar. Não tenho interesse algum
nela, muito pelo contrário. Ela não me inspira confiança.
O senhor Romano assente, demonstrando compreensão.
— Você fez bem, Vitor. Vou chamar minha filha. Comportem-se.
Respondo com seriedade:
— Pode confiar em mim, senhor. Sua filha estará bem cuidada. –
Embora minhas palavras soem confiantes, por dentro, uma mistura de
sentimentos e pensamentos confusos se agita, porque, na verdade, se ele
soubesse o que realmente passa pela minha mente quando penso em sua filha,
certamente não me permitiria ficar a sós com ela.
Violetta entra rapidamente e se acomoda ao meu lado. Seu rosto traz
uma mistura de gratidão e preocupação.
— Como vai, Vitor? – Ela me cumprimenta com um sorriso grato. —
Agradeço novamente pelas flores, são realmente lindas. Mas não foi por isso
que te chamei. É sobre minha prima. Você pode me acompanhar, por favor?
Eu a sigo, ansioso e um tanto apreensivo, enquanto ela me conduz a
um cômodo próximo. Quando entro, deparo-me com uma cena caótica:
móveis quebrados, papéis rasgados, paredes riscadas, um verdadeiro desastre.
Meu coração se aperta diante desse cenário de destruição.
Violetta me pede para retornarmos ao escritório de seu pai, e eu a
sigo, mas não posso evitar questionar:
— Isso foi obra de sua prima?
Ela suspira, revelando a tristeza que a situação lhe causa.
— Acredito que sim Vitor, mas não posso dizer com certeza, pois pelo
que papai me falou, as imagens das câmeras foram perdidas em todo o
período da tarde.
Depois de um breve momento de reflexão, ela começa a falar com
uma expressão pesarosa:
— O que vou te contar, Vitor, não é bonito, mas você precisa saber.
Ela me conta em detalhes tudo o que aconteceu desde a infância delas.
A história é tenebrosa, revelando Chiara como uma pessoa malvada e
impiedosa, à beira da loucura. Meu peito se enche de indignação e raiva
diante do que Violetta teve que suportar.
— Vitor, você consegue entender por que suspeito que tenha sido a
Chiara a responsável por destruir meu escritório? Tudo o que ela já fez com
as minhas coisas me leva a desconfiar dela.
Olho para Violetta, preocupado, e tento acalmá-la:
— Se acalma, Violetta. Seu pai já conversou comigo sobre sua prima.
Também contei a ele o que ela me fez ontem. – Ela me olha com os olhos
arregalados, ansiosa por ouvir mais. Continuo, preocupado com ela: — Veja
bem, ela não fez nada de grave, e eu a coloquei no devido lugar. Mas estou
preocupado com você.
Minhas palavras são carregadas de cuidado e proteção, pois ver
Violetta em meio a essa situação difícil me faz querer mantê-la a salvo a todo
custo.
— Já estou acostumada com os rompantes de minha prima, tenho
meus pais e Rafaelli, para me proteger, além de manter meu quarto sempre
trancado. Mas agradeço sua preocupação. No fundo minha prima é uma
pessoa carente, mimada e egoísta.
Enquanto ela fala, seguro a sua mão e faço um carinho, sentindo uma
mistura de carinho e preocupação. Ficamos nos olhando por um longo tempo,
até que ela resolve quebrar esse contato e voltar para a sala.
— Não quero abusar da boa vontade de papai. Podemos ir?
Estou tão absorto nas sensações de ter as mãos de Violetta entre as
minhas que só me dou conta de que ela falou comigo quando solta suas mãos
e começa a levantar. Levanto junto e caminhamos até a sala.
Quando voltamos à sala, os pais de Violetta estão sentados
conversando. Eu me despeço deles e saio com Violetta para nosso jantar.
Abro a porta do carro para que Violetta entre e me deparo com o
senhor Enrico ao meu lado. Encosto a porta para que ela não nos ouça e falo
ao meu futuro sogro.
— Senhor, tomei a liberdade de dispensar a escolta de sua filha.
Usaremos apenas a minha, como o senhor sabe, ainda não sabemos quem é o
traidor, e não quero que ela corra mais riscos.
— Está certo, Vitor. Confio em você e na sua equipe, mas estarei a um
telefonema caso seja necessário. Eu e Rafaelli estaremos a postos,
aguardando o retorno de vocês.
— Senhor, ela me contou a história com a prima, e sinceramente, me
deixou preocupado.
— Não se preocupe, meu rapaz, estamos sempre de olho em Violetta.
Até coloquei alguns soldados nos andares dos dormitórios durante a noite.
Você tem se mostrado uma excelente pessoa. Faço muito gosto na união de
vocês. Pelo que vejo, vai acontecer.
— Assim espero, sua filha é encantadora. Confesso que não consigo
parar de pensar nela. Mas torço para que ela venha a sentir o mesmo que eu.
Nunca pensei em casar, até conhecer sua filha. Mas desde o primeiro
momento que a vi, me encantei. – Confesso.
— Vitor, fico feliz em saber e torço para que minha filha venha a
sentir o mesmo, só o fato de ela te contar os problemas que tem com Chiara,
já mostra que ela confia em você. Acho que estão no caminho certo.
— Boa noite, senhor. Como falei anteriormente, pode me chamar, a
qualquer hora do dia ou da noite.
— Boa noite, rapaz. Tenham um encontro divertido e com muito
respeito.
Vitor
Conversamos amenidades durante todo o trajeto até o restaurante que
reservei. Violetta tem uma conversa alegre, inteligente e com uma pitada de
diversão na medida certa. Cada risada dela é como um feitiço que me cativa.
As trocas de olhares alimentam uma chama dentro de mim, que cresce a cada
segundo.
Como é possível que ninguém a tenha notado antes? Ela é
simplesmente deslumbrante, linda, educada, gostosa pra caralho, divertida,
inteligente, agradável. Simplesmente encantadora, o que deixa a tarefa de não
me envolver, difícil demais.
Reservei um dos restaurantes da família, garantindo que ele
permanecesse fechado durante nosso encontro. Achei melhor fazer isso; não
quero surpresas desagradáveis e também desejo alguns momentos a sós para
conhecê-la.
Ao chegarmos, um dos garçons nos conduz até a única mesa
cuidadosamente arranjada no salão. A atmosfera era intimista, e a escolha da
localização nos isolava do olhar curioso dos transeuntes que passavam pelo
lado de fora. Estávamos próximos o bastante da porta dos fundos para uma
possível fuga.
Somos servidos com um vinho cuidadosamente escolhido por mim, e
à medida que a noite avança, nossas conversas se tornam mais íntimas,
revelando um mundo de afinidades e visões compartilhadas; Sinto-me cada
vez mais atraído por Violeta, e seu sorriso ilumina meu mundo, borboletas
dançam em meu estômago, e não posso evitar sonhar com o que o futuro
poderia reservar para nós.
Desde o momento que saímos de sua casa, decidimos deixar para trás
Juan, cartel e Chiara. Nossa noite está focada em nos conhecermos
verdadeiramente, em explorar o que há entre nós sem interrupções
indesejáveis. Estamos imersos em um mundo à parte, onde as emoções fluem
livremente, e o desejo de estar mais próximo de Violetta se torna cada vez
mais intenso.
Depois de saborearmos a entrada, faço um discreto sinal ao garçom,
indicando que pode nos servir o prato principal.
No entanto, antes que o garçom possa se afastar com os pratos, ouço a
voz de Dante em meu ponto, sussurrando:
— Vitor, prepare-se para sair correndo pela porta dos fundos, vocês
serão atacados. Peça a Violetta que se livre de todas peças que possam ser
rastreadas e as entregue ao soldado que está entrando neste momento.
Uma onda de choque e tensão percorre meu corpo, e meus olhos se
encontram com os de Violetta. Vejo surpresa e preocupação em seu olhar, e
sei que estamos diante de uma reviravolta inesperada em nossa noite
romântica. Meu coração bate forte, uma mistura de medo e determinação se
instala em mim.
Faço um gesto rápido para que o garçom leve os pratos de volta à
cozinha
Mantendo a calma, viro-me para Violetta, esforçando-me para
esconder minha preocupação sob um sorriso tranquilizador.
— Violetta. – Murmuro. — Precisamos agir com rapidez. Por favor,
livre—se de qualquer coisa que possa ser rastreada e me entregue. Explicarei
tudo depois, mas agora nossa segurança está em jogo.
— O que está acontecendo Vitor? – Pergunta Violetta, já tirando
colar, anel e o celular e me entregando.
— Seremos atacados, Violetta. – Digo com a voz firme. — Mas fique
tranquila, temos uma rota de fuga. Preciso que confie em mim e siga todas as
minhas instruções.
Digo entregando os objetos ao soldado que acaba de se aproximar de
nossa mesa, e me levanto, segurando a mão dela com firmeza.
Corremos até a porta, com o soldado nos seguindo de perto. Ao abri-
la, meus olhos se fixam imediatamente em um carro com a porta aberta. Com
determinação, guio Violetta até lá, nossos corações batendo em uníssono com
a pressa de escapar, enquanto ouvimos o eco do primeiro disparo que ecoa
em nossos ouvidos.
Violetta não hesita, entrando rapidamente no carro. Eu a acompanho
de perto, fechando a porta com um suspiro aliviado. Meus olhos buscam o
soldado que havia ficado responsável pelos objetos dela, e o vejo correndo
em direção a outro carro que estaciona logo atrás do nosso.
A adrenalina corre por nossas veias enquanto arrancamos em
disparada, deixando para trás a ameaça iminente.
Minha maior preocupação reside em Violetta e na sua integridade
física. Ela está sob a minha responsabilidade, e o peso disso é esmagador.
Não posso falhar. Se fosse apenas eu, estaria lá, junto aos meus soldados,
encarando o inimigo de frente. No entanto, minha prioridade é salvar
Violetta, e isso é o que verdadeiramente me consome.
Essa necessidade avassaladora de proteger essa mulher cresce a cada
dia, e por vezes, me sinto sufocado por esse desejo incontrolável. Meus
pensamentos estão permanentemente tomados por Violetta; ela habita cada
segundo do meu dia, até mesmo nos meus sonhos, onde sua presença é
constante.
É uma sensação avassaladora, intensa, mas não consigo definir
exatamente o que sinto. Muitos poderiam rotular isso como amor, mas hesito
em aceitar tal definição, porque a escuridão que habita em mim parece
contradizer qualquer sentimento puro. No entanto, seja lá o que for que se
enraizou em meu coração, é indiscutivelmente poderoso e me motiva a
protegê-la a todo custo.
Ao chegarmos na rua ao lado, diversos carros de nossa escolta nos
seguem de perto. No entanto, percebo que o carro onde o soldado entrou,
toma uma direção diferente, seguido de outros carros.
Dante? Chamo uma vez, mas não ouço meu irmão, levo alguns
segundos para me lembrar como acessar o ponto. Finalmente, digo “Romeo”,
e a voz clara de meu irmão ecoa em meu ouvido.
— Oi Vitor. Vi que já estão no carro. Vocês estão seguros. – Ele diz.
Sinto um alívio momentâneo, mas então, um estrondo ensurdecedor
corta o ar, e olho para trás, deparando-me com o restaurante onde estávamos,
agora envolto em chamas. Violetta solta um grito de susto, e eu seguro sua
mão com firmeza, tentando acalmá-la.
— Está tudo bem, Violetta. – Sussurro, meus próprios sentimentos de
choque e medo lutando contra minha determinação em mantê-la segura.
— Dante, os funcionários do restaurante? – Pergunto preocupado.
— Estão a salvo irmão, todos saíram assim que você deixou o local.
Preste atenção. Tem alguns carros seguindo o carro de Lívio, o soldado que
está com os rastreadores de Violetta. Vocês seguirão direto para cá, e ele para
a casa dos Romano. Logo à frente, tem um comboio com alguns soldados
nossos, eles aguardarão Livio passar e seguirão atrás dos carros que o estão
seguindo. A ideia é cercá-los e neutralizá-los. Por enquanto vocês não estão
sendo seguidos, e pelo que vejo na sua rota, o caminho está limpo. Estou
acompanhando vocês através das câmeras e qualquer alteração do
programado te aviso.
- Está certo, Dante. Ótima estratégia.
Olho para Violetta, seus olhos marejados e o olhar assustado me
apertam o coração.
- Acalme-se Violetta, estamos seguros. Todos os funcionários do
restaurante estão bem, saíram antes da explosão. Vamos seguir direto para
minha casa. Fique calma que nada de ruim nos acontecerá.
Chegamos em casa sem intercorrências, embora o carro onde Livio
seguia tenha sido alvejado, nenhum dos nossos foi ferido, e conseguimos
capturar alguns dos homens do cartel, que já estão no galpão nos esperando
para o interrogatório.
Ao entrarmos, Nina corre para abraçar a amiga, ainda tremendo dos
pés à cabeça. Não soltamos nossas mãos desde o momento em que nos
levantamos da mesa, e mesmo enquanto abraçava Nina, Violetta ainda
segurava meus dedos com firmeza.
Sentamos no sofá e mamãe, sempre muito solícita, traz um chá
calmante para Violetta. Ela toma sem dizer uma palavra, mas consigo sentir o
medo dela irradiando de seu olhar e de seu comportamento.
Fico mais um momento ao lado dela, mas percebo Pietro me fazendo
um sinal. Com cuidado, seguro o rosto de Violetta entre minhas mãos e olho
profundamente em seus olhos.
— Violetta, preciso me reunir com minha família e tentar descobrir o
que aconteceu. Fique aqui com minha mãe e irmã. Elas já disponibilizaram
um quarto para que você possa descansar. Amanhã conversamos novamente.
Ela assente com gratidão, sua voz embargada quando responde:
— Sim, agradeço novamente Vitor, por toda ajuda que você tem nos
prestado e por salvar minha vida mais uma vez. — Eu vou precisar do meu
celular, você sabe quando poderá devolvê-lo?
- Amanhã de manhã estará aqui, disponível para seu uso. Hoje você
pode usar alguma roupa da Nina. Amanhã, daremos um jeito de pegar suas
coisas. Pedirei a sua mãe que monte uma mala com algumas roupas e
também algumas coisas de seu trabalho.
- Sim, claro, agradeço imensamente. Tenho uma reunião importante
logo no início da manhã, se ela mandar meu laptop e houver um acesso à
internet que eu possa usar, poderei fazê-lo daqui.
- Não se preocupe, tudo estará aqui antes do amanhecer, agora precisa
se acalmar e descansar. Preciso ir.
Sem pensar muito, me aproximo dela e lhe dou um selinho. Ela
retribui, e em seus olhos, percebo surpresa misturada com outras emoções
que não consigo definir.
Sigo para o escritório, mas aquele selinho significou muito mais para
mim do que um simples roçar de lábios. No momento em que nossos lábios
se tocaram, uma miríade de emoções conflitantes se instalou em minha
mente, e meu corpo reagiu de uma maneira que nunca antes tinha
experimentado.
Meu coração acelera, batendo descompassadamente, como se quisesse
saltar do peito. Um frio na barriga se espalha por todo o meu corpo, me
deixando arrepiado. Ao mesmo tempo, um calor intenso se instala em várias
partes do meu corpo, principalmente no meu pau, e a sensação é
avassaladora. É como se um fogo ardente tivesse acendido em mim, me
deixando embriagado pelas sensações que Violetta desperta em mim com
apenas um simples beijo.
Vitor
Deixo Violetta na sala com Nina e mamãe e sigo Pietro até o
escritório, onde encontro todos à minha espera.
— Vitor, meu filho, você está bem? E Violetta? - Pergunta papai com
preocupação nos olhos.
— Papai, estamos bem, apesar do susto. Violetta está em choque, mas
precisei deixá-la aos cuidados de Nina e mamãe para nos reunirmos.
- O que temos até agora? Pergunto a todos, mas olhando para Dante,
que tem um sorriso diabólico estampado no rosto.
Dante olha para papai, que acena, dando-lhe autorização para falar.
Naquele momento, ele não é nosso pai, é nosso Don, e o assunto a ser tratado,
é grave. Fomos criados no seio da máfia, conhecendo bem cada papel que nos
cabe e a importância de respeitar nosso Don.
— Irmão, farei um resumo dos acontecimentos, pois precisaremos agir
rapidamente. Foi providencial você ter me autorizado fazer o teste no seu
encontro, pois pude perceber, em um tempo curto, mas suficiente para
organizar sua saída, que o ataque aconteceria. Pelas câmeras nas
proximidades, pude notar a aproximação dos carros. Imediatamente, acionei
os soldados da escolta. Alguns deles, se esconderam. Reposicionei alguns
carros próximos ao restaurante e também instruí os funcionários a deixarem o
local tão logo vocês saíssem. O carro da fuga já estava preparado, então,
consegui alertá-lo a tempo. Como vocês não foram seguidos, supus que os
homens tinham acesso à localização da Violetta, por isso pedi que se livrasse
dos rastreadores, e isso ficou confirmado, pois apenas o carro de Livio foi
seguido, não o seu. A emboscada que organizamos, foi perfeita. Felizmente,
nenhum dos nossos sofreu ferimentos, e conseguimos capturar os homens que
foram designados para atacá-los. Precisamos ir até a casa dos Romano. Não
falei com ele por telefone, pedi apenas que Livio dissesse a ele que Violetta
estava vindo para cá, que ele agisse discretamente, como se nada tivesse
acontecido e nos aguardasse.
— Dante, por que essas providências? - Pergunto curioso.
— Se o cartel tem acesso à localização de Violetta, possivelmente,
também tenha acesso aos demais membros da família. Além disso, a casa
pode estar grampeada. Neste momento, não confio em nada nem em
ninguém. Explica Dante, com uma expressão séria.
— Dante, isso me fez lembrar um detalhe. Hoje quando estive na casa
dela, ela me confidenciou que as câmeras ficaram fora do ar durante o
período da tarde, e justamente neste período, o escritório que estava sendo
preparado por ela, foi vandalizado.
— Vou para lá agora, gostaria que me acompanhasse. Quero verificar
se há escutas dentro da casa, e também, verificar os telefones, ao menos o do
senhor Romano e do Rafaelli, eles podem estar grampeados.
— Você consegue fazer isso, Dante? – Questiono preocupado.
— Romeo consegue, irmão. É uma de suas funções. – Responde
Dante, confiante e orgulhoso.
— Caralho Dante, que porra é essa? Depois quero detalhes sobre esse
“Romeo”.
— Em poucas palavras, é um programa que usa inteligência artificial.
Não vou entrar em detalhes técnicos, pois demandaria uma explicação longa,
e não temos tempo para isso. Podemos ir? – Dante diz, com uma expressão
determinada.
— E quanto aos homens capturados? – Pergunto.
— Estamos indo para o galpão. Vá conversar com seu sogro. Depois
nos encontre lá e convide Enrico e Rafaelli, acredito que eles também
queiram respostas. Matteo já está lá com alguns soldados, estávamos apenas
te esperando para irmos para lá. – Papai responde com firmeza.
— Agradeço papai. Vamos Dante?
Dante assente, já pegando seu laptop e uma mochila. Dá um sorriso a
todos e sai da sala. Eu o sigo, sem olhar para trás.
Vitor
Ao chegarmos na mansão dos Romano, encontramos Rafaelli nos
aguardando. Aproveito o fato de ele estar do lado de fora e já peço a Dante
que explique a ele suas suspeitas e as soluções que pretende implementar, o
que ele faz com maestria e clareza.
Rafaelli concorda com Dante e nos pede para aguardarmos que o pai
venha até nós.
Quando o senhor Romano nos encontra, ainda no jardim, Dante
explica a ele tudo que aconteceu, assim como suas suspeitas e providências.
Ele concorda com que Dante faça o necessário e pede a Rafaelli para
acompanhá-lo e o auxiliar no que for preciso.
— Vitor, como está minha filha? – Senhor Romano me questiona,
visivelmente preocupado.
— Está em choque, mas ficará bem. Mamãe lhe deu um chá calmante,
e já deve estar dormindo. Amanhã o senhor poderá visitá-la. Acho prudente
que ela passe alguns dias em casa. Não sabemos quem é o traidor, e
possivelmente, é alguém aqui de dentro. Veja, senhor Romano, ela sofreu
dois atentados em menos de uma semana. E apenas o fato dos homens terem
seguido o carro de Livio e não o nosso, isso nos leva a crer, que essa pessoa
tem acesso aos rastreadores que ela utiliza. Dante dará um jeito nisso, mas
minha preocupação é com a segurança dela aqui dentro. Poderíamos forjar
uma viagem de negócios para ela. Eu posso trazê-la amanhã no horário de
almoço, e ela faz uma mala, dizendo que precisa viajar, eu me ofereço para
levá-la ao aeroporto, dispensando a escolta e a levo para minha casa.
— Você tem razão meu filho, apenas Milena e Rafaelli saberão da
localização exata de Violetta. Fique tranquilo, ambos são de total confiança.
— Não tenho dúvidas disso senhor. A propósito, Violetta precisa de
algumas roupas, além documentos de trabalho e seu laptop. Aproveito para
levá-los, pois parece que ela tem uma reunião pela manhã.
— Claro, vou pedir a Milena que providencie a mala. Vamos entrar e
verificar se os meninos precisam de ajuda.
— Senhor Romano, lembre-se, nada poderá ser dito dentro da casa.
Ainda não sabemos se está limpa. – Reforço.
— Claro, pode deixar. – Ele responde.
— Ao chegarmos na sala, Dante vem até nós com um largo sorriso no
rosto.
— Senhores, tenho notícias! Romeo encontrou diversas escutas,
espalhadas pelas salas; o escritório e os dormitórios estão limpos. O que me
surpreendeu, foram anomalias nos sistemas de segurança da casa, assim
como na internet. Romeo já está fazendo as correções. Vou deixá-lo
instalado, mas senhor Romano, Romeo ainda é um protótipo, falhas ainda
podem ocorrer, então, seria bom o senhor não tratar de assuntos sigilosos
nesta casa, ao menos por enquanto. Dante explica. Se o senhor permitir,
instalarei algumas câmeras, cujo acesso será restrito ao senhor e ao Rafaelli.
Caso novas escutas sejam colocadas, poderão verificar quem as colocou,
Romeo se encarregará de avisá-los. Dante propõe determinado. Quanto aos
programas espiões encontrados no seu sistema, Romeo vai tentar localizar o
endereço para onde as informações estavam sendo enviadas, mas
precisaremos de tempo até conseguirmos isso. Assim que obtiver as
respostas, informarei a vocês. – Diz Dante.
— Rapaz, isso é incrível. Agradeço toda ajuda que a família Moretti
tem nos prestado, e sim, eu te dou permissão para fazer o necessário para nos
proteger. – Senhor Romano responde, expressando sua gratidão e confiança
na nossa família.
— Senhor, precisamos ir para o galpão, interrogar os homens que
seguiram Livio. O senhor e Rafaelli estão convidados a me acompanhar.
Dante ficará cuidando da segurança virtual, depois nos encontrará lá. – Digo,
num misto de pressa pelas informações e orgulho pelo meu irmão.
— Claro Vitor, me dê licença que vou providenciar o necessário. –
Responde o senhor Romano.
— Senhor Romano. – Interrompe Dante. — Seu celular já está
verificado. Encontrei alguns programas espiões, mas já removi, e instalei
Romeo, além de todas as medidas de segurança necessárias. Fiz o mesmo
com o celular de Rafaelli e Violetta.
— Agradecido, meu rapaz. Se me derem licença, vou providenciar as
coisas de Violetta para seguirmos para o galpão.
Minutos depois, deixamos a mansão com destino ao galpão.
Vitor
Chegamos no galpão e a cena é a mesma de sempre, já acostumamos a
chegar e encontrar homens amarrados, pendurados pelo teto. A única
inovação reside na maneira como decidimos obter as informações
necessárias.
Juntamo-nos a papai, que cumprimenta os Romano e pede que Matteo
nos acompanhe.
Matteo nos recebe com um aceno, incapaz lidar com toques, mesmo
os mais simples, como um aperto de mãos. Nunca descobri o motivo. Por
mais amigos que sejamos, Matteo esconde muito bem sua escuridão interior.
— Matteo, o que descobriu até agora? - Pergunta papai.
— Boa noite senhores, até o momento, não descobrimos muita coisa.
Sabemos apenas que foram chamados para executar um serviço, que consistia
em sequestrar Violetta. O local para onde ela deveria ser levada seria
revelado após o êxito na missão. – Matteo responde com uma expressão
séria. Receberam as coordenadas do local onde ela se encontrava, por
mensagem, minutos antes de se locomoverem para o local. Não conhecem
Juan, tampouco o viram alguma vez. Por tudo que já conhecemos sobre este
cartel, assim como as informações obtidas por nossos infiltrados, acredito que
não obteremos respostas diferentes das já apuradas até o momento. Mas
sintam-se à vontade para tentar extrair mais alguma coisa. – Diz Matteo, com
olhar cheio de ódio e complementa.
— Como já sabemos, o cartel tem seu poder centralizado em Juan, ele
passa as informações aos soldados minutos antes da ação. Nunca é visto por
ninguém. Se comunica por mensagem de texto, sempre por celulares
descartáveis e os descarta ao final da mensagem. Ele não tem capitães, capos
ou coisa do tipo, é apenas Juan e uma horda de soldados. Por isso nossa
dificuldade em conseguir capturá-lo. Podemos passar a noite aqui, mas não
obteremos respostas. Estou às suas ordens Don.
— Matteo, você tem razão, mas se Enrico ou Rafaelli quiserem se
divertir, fiquem à vontade. Eu vou voltar para casa. – Diz papai com seu
semblante cansado.
— Tommaso, confio no seu sobrinho. Também vou voltar para casa,
estou preocupado com Milena e Chiara. Agradeço imensamente toda ajuda
prestada por sua família. – Diz senhor Romano, olhando nos olhos de papai.
— Matteo, peça que os soldados matem a todos e façam a limpeza,
vamos retornar para casa. – Diz papai, com semblante exausto.
Me despeço dos Romano e sigo para casa. Puto da vida por não ter
conseguido as respostas que são necessárias. Precisamos, com a máxima
urgência, exterminar Juan e seu cartel de nossas cidades. Isso já foi longe
demais. Só de pensar que Violetta poderia estar sob o domínio desse crápula,
meu corpo estremece.
Ao chegar em casa, vou direto para meu quarto, ansiando por um
banho e um tempo de descanso. Amanhã precisaremos nos reunir e traçar
alguns planos para derrotar o cartel.
Assim que saio do banho, visto uma bermuda e estou prestes a
procurar uma camisa quando um grito assustador e estridente irrompe no
silêncio da noite. Meu coração dispara, e rapidamente pego minha arma antes
de correr na direção do grito. O som provém do quarto de hóspedes, onde
Violetta está hospedada.
Com a arma empunhada, abro a porta com cuidado, varrendo o quarto
em busca de algum invasor. No entanto, minha tensão se dissolve quando
percebo que Violetta se debate na cama. Ela está tendo um pesadelo. Coloco
a arma com cuidado no criado-mudo ao lado da cama e me aproximo dela.
Com a voz calma e suave, chamo-a, mas ela está tão imersa no
pesadelo que não consegue me ouvir. Minha mão desliza por seu braço
suavemente até que ela abre os olhos por alguns instantes.
— Se acalme Letta, é apenas um pesadelo. – Murmuro com toda
ternura que consigo reunir. Ela me abraça com força e, aos poucos, volta a se
acalmar, adormecendo novamente.
Tento me desvencilhar de seu abraço, mas ela me aperta com mais
força. Acabo cedendo, deitando-me ao seu lado, determinado a esperar que
ela adormeça novamente e me solte, No entanto o cansaço me vence, e acabo
adormecendo abraçado a ela.
Uma luz incômoda invade o quarto, vinda de uma fresta na cortina, e
lentamente me tira do sono profundo. Meu corpo parece pesar toneladas,
como se estivesse preso sob um manto de calor e aperto. Tento mover—me
com cuidado, mas a sensação de acolhimento persiste.
Abro lentamente meus olhos, piscando para me ambientar, e deparo-
me com Violetta. Ela está enrolada em mim, com um dos braços repousando
suavemente sobre meu pau, a cabeça repousando em meu peito e suas pernas
entrelaçadas nas minhas. E eu com uma das mãos no seu seio. A memória do
que aconteceu durante a noite retorna rapidamente, e percebo que adormeci
depois de acalmá-la após seu pesadelo.
A maior surpresa, além de uma ereção monstro, é o fato de que, desde
que adormeci, não experimentei nenhum pesadelo perturbador. Não me
lembro dos meus sonhos, mas tenho a certeza de que não fui acordado em
nenhum momento. Um suspiro de alívio escapa dos meus lábios, e sinto-me
revigorado e descansado, uma sensação que não conhecia desde os meus
dezesseis anos, quando fui iniciado. Naquele tempo, minhas noites eram
repletas de pesadelos constantes, interrompendo meu sono após apenas três
ou quatro horas de descanso.
Lentamente, retiro sua mão do meu corpo, assim como a minha do seu
seio, com um movimento suave, tento verificar a hora no meu relógio e meu
coração acelera ao notar que já passam das nove da manhã. É um horário que
não vejo há muito tempo. Geralmente, sou despertado pelo tormento dos
pesadelos antes disso.
Chamo Violetta com delicadeza, para não assustá-la, mas mesmo
assim, ela se sobressalta ao perceber que dormiu em meus braços.
— Vitor, bom dia. O que está acontecendo aqui? Por que estamos
abraçados? – Violetta questiona com surpresa em seus olhos.
— Bom dia, Letta. Você teve um pesadelo durante a madrugada, e eu
vim acordá-la, mas acabei pegando no sono junto com você. – Respondo com
um sorriso sonolento. — Parece que dormimos demais; já passa das nove da
manhã.
Violetta dá um pulo na cama, claramente assustada.
— Vitor, não brinca comigo, minha primeira reunião é às nove e meia.
Por favor, me dê licença, preciso me arrumar.
Ela para por um momento, olhando para as roupas que veste, com
uma expressão de dúvida estampada no rosto.
— Eu trouxe algumas coisas, estão na porta. Vou buscá-las para você.
Aproveitarei para me preparar para o dia, pois tenho muito a fazer. – Ofereço,
enquanto me levanto da cama.
— Violetta, depois que te deixei aqui, estive com seu pai e
combinamos que você passará alguns dias aqui, até que as coisas se acalmem.
Então combinamos um almoço hoje lá. Durante a refeição, você vai dizer que
fará uma viagem de negócios que não pode ser adiada. Já combinei tudo com
seu pai, então peço que seja convincente, pois todos lá devem acreditar que
você sairá da cidade.
— Tudo bem Vitor, e agradeço novamente, por tudo. – Violetta
responde, já se encaminhando para o banheiro.
Guardo minha arma com cuidado, pegando em seguida a bolsa com os
pertences de Violetta, colocando-a sobre a cama. Em seguida, me encaminho
para o meu quarto, pronto para me preparar para o dia que se inicia.
Vitor
— - Bom dia! – Cumprimento calorosamente minha família ao chegar
no escritório.
— Boa tarde bela adormecida! Brinca Dante, com um sorriso travesso
nos lábios.
— Me desculpem, perdi a hora.
Dante me lança um olhar misterioso, como se estivesse ciente de algo
que não deveria dizer em voz alta, mas opto por ignorá-lo. Quero respostas e
soluções, não vou perder tempo com as brincadeiras de meu irmão.
— Então papai, o que temos até agora?
— O mesmo que ontem. Ou seja, nada. Não conseguimos encontrar
nenhum indício do paradeiro de Juan, e também não temos ideia de quais
podem ser seus próximos passos. – Papai responde, uma nota de frustração
transparecendo em sua voz.
Dante nos interrompe com um pigarro. E diz:
— Se me permitem, acho que tenho uma ideia que poderá resolver
nossa situação.
— Prossiga, meu filho. Se a ideia for promissora, estamos dispostos a
seguir adiante.
Dante assente e, com um gesto determinado, conecta seu laptop a uma
das televisões no escritório. Ele continua com um brilho nos olhos, revelando
uma confiança renovada:
— Pois bem! Temos um carregamento programado para ser entregue
em três dias pela rota quatorze.
Na tela, ele aponta a rota exata por onde o carregamento passará,
ganhando nossa atenção.
— Após o teste de ontem, fiz alguns aprimoramentos em Romeo.
Acredito que podemos utilizá-lo para proteger nosso carregamento. Vejam
só:
Dante destaca alguns pontos na rota e segue com sua explicação.
— Estes locais aqui são suscetíveis a emboscadas. Minha ideia é criar
um tipo de cavalo de Tróia. Ou seja, nosso caminhão de transporte será
desviado para esta rua aqui, e em seu lugar, colocaremos um caminhão
idêntico, cheio de soldados preparados para qualquer situação.
Ao longo de todo o trajeto, contaremos com vários veículos que
seguirão a rota alternativa, que corre paralelamente a nossa rota principal.
Um destacamento, específico estará na retaguarda do nosso caminhão,
responsável por proteger a carga. Enquanto isso, os demais soldados estarão
posicionados ao redor do nosso “cavalo de Tróia”.
Assim que nosso caminhão for emboscado, os soldados da rota
paralela entrarão em ação, deslocando-se rapidamente até o local da
emboscada. Os membros do cartel ficarão cercados. Com um comando meu,
as portas do caminhão se abrirão e mais soldados reforçarão a luta, virando o
jogo a nosso favor.
— Dante, a ideia é brilhante, mas precisamos saber quantos soldados
estarão envolvidos nisso. Um grupo deve acompanhar a carga e o outro deve
preparar a emboscada.
Dante olha para papai com determinação e sugere:
— Papai, pensei que talvez pudesse pedir ajuda ao senhor Romano.
Enquanto nossos melhores soldados garantem a segurança da carga, os
demais podem preparar a emboscada.
— Vou falar com Enrico, meu filho. Sua ideia é realmente boa. No
entanto, me diga uma coisa: você vai coordenar tudo isso através do seu
laptop?
— Sim papai. Aqui posso monitorar todas as imagens necessárias,
além de controlar os drones que estarão posicionados próximos aos locais de
possíveis emboscadas. Tenho certeza de que os homens do cartel farão de
tudo para inutilizar as câmeras que encontrarem, então precisamos de um
olhar atento em tempo real.
— Caralho, irmão. O que mais esse Romeo pode fazer? – Pergunto ao
Dante, impressionado com a eficácia de seu programa.
— Muitas outras funções também, irmão, incluindo a operação das
armas nos drones. No entanto, lembrem-se de que ainda se trata de um
protótipo. Posso ajustá-lo de acordo com as nossas necessidades.
— Impressionante! – Diz papai, todo orgulhoso do filho “nerd”.
Dante, mantendo sua seriedade, prossegue:
— Além disso, gostaria de discutir outro assunto de igual importância,
se me permitir, papai. Venho trabalhando em um rastreador que não pode ser
detectado pelos equipamentos existentes atualmente. Eu gostaria de implantá-
lo em todos os membros da nossa família, substituindo os dispositivos atuais.
— Me explique direito meu filho. – Diz papai.
— É um dispositivo minúsculo, que pode ser implantado através de
uma simples injeção, sem deixar nenhuma marca visível. Sua eficácia é muito
superior à dos dispositivos convencionais, pois utilizei a nanotecnologia em
seu desenvolvimento. Eu mesmo tenho usado o meu por um tempo, e os
resultados têm sido excelentes.
Papai reflete por um momento antes de tomar uma decisão:
— Vamos testar isso por um mês. Se tudo correr bem durante esse
período, desativaremos os dispositivos antigos. Quantos desses dispositivos
você possui?
Dante responde com confiança:
— Tenho vinte deles, papai.
Papai finaliza:
— Vou conversar com o Enrico. Violetta não possui um rastreador, e
ela é um alvo em potencial.
— Quanto tempo para você produzir mais destes dispositivos? –
Pergunto a Dante.
— Vinte dias, irmão. – Responde Dante.
Tio Steffano interrompe a conversa, questionando a Dante:
— Dante, você vai precisar de assistência com esse programa?
— Sim, tio, mas não tenho confiança em nenhum dos nossos soldados
para operar o Romeo. – Diz Dante, com um semblante preocupado.
— E que tal contar com a ajuda do Lucca? Ele passa a maior parte do
tempo mergulhado em seu computador, formou—se há seis meses e não
demonstra interesse pelos assuntos da máfia. – Sugere tio Steffano.
— Tio, ele também é formado pelo MIT, certo?
— Sim, se formou com louvor.
— Vou fazer alguns testes de conhecimento com ele. Realmente
preciso de ajuda, tanto no teste do Romeo quanto nas implantações e
inovações. Vou ligar para ele e convidá-lo a me encontrar ainda hoje.
— Dante, concentre-se na operação do carregamento. Fale com Lucca
e veja se ele está disposto a colaborar.
— Pietro, hoje você liderará as cobranças sozinho, leve consigo os
soldados necessários.
— Matteo, por favor, converse com o chefe de segurança e organize
as escalas, além de disponibilizar os soldados que farão parte da operação.
Após, volte aqui, pois temos assuntos a discutir.
Papai emite as ordens e espera que todos saiam. Fico me perguntando
sobre o que será essa conversa com Matteo, pois papai não me informou
previamente. Embora esteja preocupado e ansioso, confio completamente em
seu julgamento, sabendo que ele está sempre um passo à frente em todas as
situações.
Vitor
Enquanto aguardamos Matteo retornar, papai fala, com um ar de
preocupação:
— Vitor, precisamos ter uma conversa séria.
— Estou à sua disposição Don. – Respondo, percebendo que nossa
conversa é de extrema importância.
— Primeiro assunto é sobre Violetta. Como foi ontem, antes de tudo
acontecer? Enrico estará aqui mais tarde. Quero acertar o casamento de
vocês.
— Papai, por que tanta pressa? Não combinamos que teríamos tempo
para nos conhecermos melhor antes de pensar em casamento? Não entendo
essa urgência toda. O que o senhor ainda está escondendo de mim? –
Questiono.
— Sim, meu filho, foi o combinado, contudo, não pense que não
percebi que você dormiu no quarto dela. Você não pode desrespeitar a moça,
Enrico é um homem de princípios, um capo muito respeitado e membro do
conselho. O que aconteceu esta noite me colocou numa situação complicada.
Se Enrico suspeitar disso, será uma tragédia, e a única pessoa a sofrer as
consequências será Violetta. Você entende o que isso significa? – Papai fala
com mais veemência, claramente irritado e desapontado comigo.
— Me desculpe papai, não foi intencional. Ela gritava muito durante a
madrugada, invadi seu quarto pensando que tinha alguém a machucando.
Mas era um pesadelo. Eu tentei acalmá-la, mas ela me abraçou e voltou a
dormir. Quando tentei me desvencilhar dos seus braços, ela me abraçou mais
forte. Planejava esperar até que ela pegasse no sono e, então, voltar para o
meu quarto, mas acabei adormecendo e, acordamos agora. Estou
constrangido, mas posso garantir que nada fiz, ou sequer considerei isso. Não
foi minha intenção desonrá-la, pelo contrário, queria protegê-la. No entanto,
vou pedir a ela que não comente sobre isso com sua família. – Digo
envergonhado.
— Está certo, inobstante a isso, diz papai ansioso, acredito que o
casamento entre vocês é inevitável.
— Papai, peço que nos conceda o tempo necessário para entendermos
se este é realmente o caminho que queremos seguir. Não vou negar que a
ideia de me unir a ela me desagrada, pois isso seria uma mentira. Contudo,
ainda considero cedo para tomar uma decisão tão permanente.
— Decida-se rapidamente Vitor, se não for Violetta, escolha outra das
que já te apresentei. Você precisa se preparar para assumir minha posição.
Não me obrigue impor um casamento por conveniência. – Papai afirma com
firmeza.
— Me dê mais algum tempo, por favor. – Respondo, já sentindo
irritação crescer em mim, ao mesmo tempo em que minha curiosidade se
aguça em relação à urgência desse casamento.
— Você tem dois dias, preciso de sua resposta antes da operação com
nosso carregamento. – Papai argumenta, claramente impaciente.
— Agora temos outros assuntos a tratar, começando pelos seus
irmãos. – Ele continua.
— O que há com eles, papai? – Pergunto, curioso.
— Acredito que depois de você assumir, formará sua própria equipe.
Sei que deseja tornar Matteo seu subchefe.
— Sim, isso é verdade.
— Estou preocupado com Dante e Pietro. Dante está desenvolvendo
um programa excepcional que será de grande utilidade para nós, e ele não
terá tempo para ser seu conselheiro. Por outro lado, temos o Pietro, que,
apesar de ser um executor competente, está infeliz com seu papel. A cada dia
que passa, vejo meu filho se afundar na incerteza e insatisfação.
— Também observei isso, papai, mas o que podemos fazer? O senhor
tem alguma sugestão?
— Discuti muito sobre isso com o Steffano, e sim, tenho uma
sugestão. Vou retirar o Dante do treinamento, para que ele possa se
concentrar totalmente no programa. Ele demonstrou hoje ser um excelente
estrategista, e vamos usar isso a nosso favor.
— Pietro, assumirá como seu conselheiro e será treinado por Steffano.
Pelo que tenho visto, ele está preparado para essa função.
— Assim que Matteo retornar, pedirei a ele que indique um dos
homens sob seu comando, para ser treinado como executor. Logo após sua
posse, ele poderá se dedicar a te ajudar. O que acha?
— Acho perfeito papai. Tenho percebido as mudanças no
comportamento de Pietro, e sei que ele não está feliz. Acredito que algo em
seu passado possa ter desencadeado essas mudanças, mas ele não se abre
comigo, apesar dos meus esforços.
— Sim meu filho, ele vai se abrir no momento oportuno, dê espaço a
ele. Não é fácil lidar com o que ele vem enfrentando. Esteja presente e lhe dê
crédito. Pietro é um homem de valor.
— O senhor sabe o que está acontecendo com ele?
— Sim meu filho, eu sei de tudo, embora ele não tenha vindo falar
comigo. Esteja ao lado dele. Tenho certeza de que, com o tempo, ele se
sentirá seguro o suficiente para contar a você.
— Entendido. – o Respondo, enquanto minha mente fica repleta de
conjecturas.
Resolvemos mais alguns assuntos pendentes até que Matteo volta,
pedindo autorização para entrar. Após explicarmos a ele as mudanças que
desejamos implementar, vejo um semblante mais tranquilo em seu rosto.
— Don, fico muito feliz em ouvir sobre essas mudanças e agradeço
pela confiança Vitor. Quanto ao Pietro, eu estava aguardando uma
oportunidade para conversar com vocês. Tenho notado que meu primo está se
esforçando ao máximo para cumprir suas obrigações, no entanto, não
consegue mais esconder sua insatisfação. Por este motivo, tomei a liberdade
de iniciar o treinamento do Pascoal. Venho observando-o há algum tempo, e
sei que ele tem a capacidade necessária para assumir a função. Pascoal é filho
do Antunes, tio, e é um homem em quem podemos confiar
— Antunes, o soldado que faz minha segurança particular? – Pergunta
papai.
— Sim tio, ele mesmo.
— Confio em você Matteo, mas amanhã, traga-o aqui, quero
conversar com ele.
— Com certeza, tio.
— Matteo, se você já finalizou os detalhes sobre o carregamento,
junte-se a nós para o almoço. Após, teremos outra reunião com Dante e Pietro
para comunicar as mudanças. É importante que você esteja presente.
— Papai, se me permite. – Digo, olhando nos olhos do Don. – Eu
preciso levar Violetta até a casa dela, vamos forjar uma viagem de negócios
para tentar despistar a localização dela. Voltarei para a reunião.
— Sim meu filho, boa ideia, melhor que pensem que ela não está aqui.
Por mais segura que seja nossa casa, não quero colocar sua mãe e irmã em
evidência. Peço que sejam rápidos, pois temos muito a resolver.
— Com licença. Serei o mais rápido possível.
— Saio em busca de Violetta.
Violetta
Não me recordo do pesadelo que tive, apenas que desfrutei de um
sono tranquilo. Acordar com Vitor ao meu lado na cama foi uma surpresa
agradável. Fiquei envergonhada, porém, feliz. Estar em seus braços e sentir
seu calor foi extremamente reconfortante.
Quando ele me falou que já eram nove horas da manhã, pulei da cama.
Sabia que não podia perder tempo, pois minha reunião estava marcada para
as nove e meia, e não tinha ideia de como e onde conseguiria trabalhar. Corri
pro banheiro, fiz minha higiene matinal em tempo recorde e peguei a
primeira roupa que encontrei na mala que me foi entregue. Por sorte, meu
laptop estava junto com alguns documentos que eu precisava despachar.
Desço rapidamente, tentando encontrar Nina, para obter ajuda com os
detalhes de localização e acesso à internet. Encontro-a à mesa, junto com
dona Aurora. Cumprimento-as rapidamente e peço a Nina que me ajude.
Embora dona Aurora tenha me convidado para o desjejum, declino
gentilmente, pois estava em cima da hora para minha reunião.
Nina me leva para seu escritório, onde encontro outra mesa, que ela
havia providenciado para que eu pudesse usá-la. Agradeço a Nina por sua
generosidade e começo a trabalhar.
Junto uma reunião a outra, e nem percebo o tempo passar. Paro apenas
quando uma das mulheres que trabalhavam na casa, nos traz um pequeno
lanche, o que agradeço, já que estava faminta, pois não me alimentava desde
ontem, quando nosso jantar foi interrompido.
Não tive tempo para refletir sobre tudo que aconteceu, pois logo fui
chamada por um dos meus gerentes para resolver um problema sério na
empresa. O problema se revelou mais grave do que pensávamos, e percebo
que precisaria lidar pessoalmente com a situação. Agendo para depois de
amanhã, no primeiro horário, uma reunião com os responsáveis. Precisarei
conversar com papai a respeito disso.
Logo, Vitor me chama para irmos à minha casa, para eu me preparar
para a viagem.
No trajeto, ele me explica tudo que havia acontecido ontem e eu
agradeço a ele por tudo.
Lembro-me de quase tudo, exceto de como você acabou na minha
cama. Ele esboça um sorriso sem graça e explica que acabou pegando no
sono enquanto tentava me acalmar após o pesadelo. Além disso, menciona
algo que me surpreende: que nunca dormiu tão bem.
— Sabe Violetta, ele continua, desde que fui iniciado, tenho pesadelos
todas as noites. Embora eu não acorde aos gritos como você fez ontem,
costumo despertar no meio da madrugada e, muitas vezes, não consigo voltar
a dormir. Mas, essa noite, de alguma forma, dormi profundamente, mais
horas do que costumo dormir normalmente. Acredito que dormir ao seu lado
me fez bem.
Sinto meu rosto corar intensamente. Ele segura gentilmente meu rosto
entre as mãos, abaixa e me dá um selinho. Um leve choque percorre por todo
o meu corpo, e uma onda de calor, se espalha por mim, concentrando-se no
meio de minhas pernas. Fico olhando para ele, sem saber o que dizer.
— Desculpe-me Letta, mas não consegui resistir. Depois de passar a
noite abraçado a você, só consigo pensar em sentir seus lábios nos meus. Foi
mais forte que eu. Não quis te desrespeitar, perdoe-me.
— Tudo bem Vitor, eu gostei. – Respondo, com meu rosto em
chamas.
Ele me abraça e continuamos em silêncio até chegarmos à minha casa.
Essa onda de carinho nos acalma. Esse beijo me tirou completamente do
eixo. Nunca teria imaginado que apenas um selinho poderia mexer comigo
como mexeu.
Sou uma filha da máfia, sempre estive cercada de soldados o que
afastava a maioria dos garotos. Até hoje, eu só tinha beijado um rapaz. Foi na
época da faculdade. Fomos à uma festa, e foi uma verdadeira batalha
convencer meu papai a me permitir ir. Após muita persuasão, consegui sua
permissão.
A festa aconteceu na casa de uma das minhas amigas, na ocasião em
que Nina estava viajando com a família e não pôde me acompanhar. Deixei
os soldados esperando na rua e entrei na casa. Conhecia a maioria dos
presentes, e, ao me verem sozinha, muitos se aproximaram. Steve, um dos
meus colegas de turma, veio conversar comigo e passamos um bom tempo
juntos. Quando estava prestes a sair, ao nos despedirmos, ele virou o rosto e
acabou me beijando. Foi um beijo agradável, mas nada comparado ao selinho
que acabei de receber de Vitor.
O beijo de Steve foi rápido e suave, mas não me despertou nenhum
sentimento. Quando nos encontramos na sala de aula, ele insistiu em sentar
ao meu lado, puxou conversa e tentou me beijar novamente, mas eu virei o
rosto e disse que não seria possível. Ele tentou mais algumas vezes, sem
sucesso. Agora o beijo do Vitor, ah! Esse despertou muitas emoções.
Violetta
Assim que chegamos em casa, mamãe vem me abraçar
imediatamente, preocupada e dizendo:
— Filha, como você está? Fiquei tão preocupada com você. Seu pai
me contou.
Respondo, agradecida, enquanto olhava para Vitor:
— Agora estou bem mamãe. Mais uma vez, Vitor me salvou.
— Vitor, não tenho palavras para te agradecer. – Diz mamãe o
abraçando ternamente.
— Venham, vamos almoçar, seu pai e irmão já estão à mesa, vão se
sentando enquanto chamo Chiara. Diz mamãe já subindo as escadas.
Acompanho Vitor até a sala de jantar, onde somos recebidos com
abraços calorosos por papai e Rafa, que claramente estavam preocupados.
— Sentem-se. – Diz papai, já emendando: — Como se sente Violetta?
Passou bem a noite, minha filha?
— Confesso que me sinto muito assustada, papai. Foi aterrorizante ver
o restaurante explodindo poucos minutos depois de sairmos de lá. Se não
fosse por Vitor... – Digo olhando agradecida para Vitor.
— Violetta, era minha responsabilidade te proteger. Mesmo que não
fosse, jamais deixaria que algo lhe atingisse. Você sabe disso. – Responde
Vitor com gentileza.
— Eu sei Vitor e agradeço novamente.
Mamãe e Chiara entram neste momento. Chiara corre para me
abraçar, o que me surpreende, já que ela não costuma ser uma pessoa afetiva.
— Violetta, fiquei muito preocupada com você quando titia me contou
sobre o acontecido de ontem. Quero aproveitar para me desculpar pelo cartão
das flores e por todas as minhas atitudes anteriores.
Embora tenha achado a atitude de Chiara estranha, decido não discutir
naquele momento. Agradeço a preocupação dela e aceito suas desculpas.
O almoço segue em clima agradável até que papai aborda um assunto
importante:
— Chiara, minha filha, estamos passando por um momento muito
delicado. Sua prima sofreu dois atentados em menos de uma semana.
Portanto, a partir de hoje, vocês duas estão proibidas de sair de casa. Essa
medida é para protegê-las.
— Tudo bem, tio. Não quero passar pelo que a Violetta passou. Deve
ter sido muito assustador. – Diz Chiara.
Papai acrescenta:
— Além disso, Chiara, depois do almoço, preciso que você pegue
aquelas joias que têm rastreadores e me entregue, assim como seu celular.
Vou substituir os rastreadores antigos por novos. Até que isso aconteça, é
mais seguro que fiquem sob minha proteção.
— Claro tio, farei isso. – Concorda Chiara.
— Papai, com sua permissão, preciso discutir algo importante. Tenho
uma reunião de trabalho agendada para amanhã, e não posso evitar deixar a
cidade. É a reunião que tentamos marcar por meses, e o empresário
concordou apenas se eu estiver presente. Entendo a situação delicada que
estamos enfrentando, mas minha ausência pode prejudicar muito. Será que há
alguma maneira de permitir que eu participe? – Explico a situação.
— Violetta, como vou garantir sua segurança sem os rastreadores?
Sinto muito, mas não posso permitir — responde papai.
— Senhor Romano, se me permite, eu posso ajudar. Tenho em casa
um rastreador que Violetta pode usar enquanto esperamos pelos novos. Além
disso, posso cuidar da segurança dela. – Sugere Vitor.
— Faria mais isso por nós, Vitor? Seria excelente! – Diz papai
agradecido.
— Claro, senhor. Não se preocupe, os Moretti cuidarão da segurança
de Violetta durante a viagem. – Responde Vitor com confiança.
— Dadas as circunstâncias recentes, acho sensato que ela deixe a
cidade por alguns dias. – Acrescenta Vitor.
Papai concorda dizendo:
— Então está combinado. Quando você precisa ir, minha filha.
— No final da tarde, papai. A reunião será amanhã à tarde.
— Você acha que consegue organizar tudo isso em tão pouco tempo,
Vitor? – Questiono.
— Claro Violetta, não se preocupe. Enquanto você prepara suas
malas, vou pedir a Matteo que envie os soldados ao aeroporto para encontrá-
la. Infelizmente, não posso acompanhá-la, pois sou necessário aqui, mas você
estará segura. – Diz Vitor, olhando em meus olhos.
Depois do almoço, arrumo minha mala e tranco meu quarto. Me
despeço da minha família e saio com Vitor de volta para sua casa. No
caminho, pergunto a ele:
— Vitor, será que conseguimos convencer todos o suficiente?
— Claro Letta, ninguém vai desconfiar de nada. – Responde Vitor
com confiança.
Ao chegarmos na mansão dos Moretti, Vitor pede que um dos
soldados leve minhas coisas para o quarto em que estou hospedada e me
chama para um passeio rápido no jardim.
Caminhamos em silêncio, lado a lado, de mãos dadas, até chegarmos a
um lindo lago.
— A paisagem é linda! – Exclamo.
— É realmente lindo aqui. Sabe, venho aqui tão pouco! Com a
correria do dia a dia, às vezes esqueço de apreciar as belezas da vida! Mas
você me motiva a fazer essas coisas simples, mas tão reconfortantes. Venha,
vamos nos sentar um pouco.
Sentamos num banco estrategicamente posicionando de frente para o
lago. Os pássaros fazem rasantes em cima da água. Ao fundo, uma fileira
densa de árvores, como se fossem cercas vivas.
A mansão é deslumbrante por dentro, como pude notar ontem, mas
esses jardins e o lago me conquistaram completamente. Eles emanam uma
paz que preenche meu ser. Toda a opressão que estava sentido devido aos
eventos recentes, simplesmente se esvai. Sinto-me leve e livre, renovada.
Começo a imaginar como seria praticar Tai Chi na beira do lago e decido
pedir permissão para fazê-lo na manhã seguinte.
Vitor me olha com uma expressão de perplexidade.
— Eu pratico Tai Chi há mais de 10 anos, encontrei no Tai Chi o
equilíbrio que me reconectava. Conheci o Tai Chi quando tinha quinze anos,
naquela época, eu sofria demais com tudo que Chiara me fazia passar. Eu
fazia terapia três vezes por semana, e só consegui melhorar depois que
comecei a praticar.
Ele acena com a cabeça, indicando que entendeu, mas ainda parece
surpreso.
— Você não precisa pedir permissão para fazer nada aqui Violetta. Se
deseja praticar Tai Chi ao amanhecer, pratique, onde preferir. No entanto,
saiba que alguns soldados estarão de olho em você. Se isso não a incomodar,
fique à vontade. Mas, eu gostaria de ver você praticando, se me permitir.
— Só vou permitir se você praticar comigo! Vai adorar.
— Então está combinado, amanhã temos um encontro ao amanhecer.
– Ele concorda, com segundas intenções em sua voz, que finjo não notar.
— Combinado, vamos praticar Tai Chi juntos.
— Vitor, tem mais uma coisa que preciso conversar com você. Estou
com um problema complexo na empresa, o qual não consegui resolver por
telefonemas e vídeo chamadas. Agendei uma reunião presencial para amanhã,
no primeiro horário. Vou conversar com papai para disponibilizar alguns
soldados para me acompanharem.
— Vitor me analisa com um olhar preocupado e responde:
— Violetta, sair pode ser complicado. Tenho receio de que algo
aconteça a você. Infelizmente, amanhã de manhã, tenho um compromisso e
não poderei acompanhá-la. Vou falar com Dante para que ele organize sua
segurança. Aliás, falando em Dante, ele vai contatá-la para implantar um
rastreador com tecnologia inovadora, seu pai já concordou com isso. Seus
rastreadores anteriores foram desativados, e é arriscado sair sem cobertura.
Vou pedir que ele adiante o procedimento. Não se preocupe, é apenas uma
injeção, não vai doer nem causar desconforto. Dante lhe explicará todos os
detalhes.
— Está bem, vou aproveitar que papai virá, para conversar com ele
sobre o problema na empresa.
Voltamos para nossos afazeres e o dia passa rapidamente. Ter Nina
como companheira de sala é gratificante. Além de muito inteligente, ela
possui um senso de humor único, e sabe usá-lo nos melhores momentos.
Quando as tensões aumentam, ela solta uma de suas piadas e desfaz
completamente o clima ruim. Essa convivência tem sido muito agradável
para mim
No final da tarde, Dante aparece em nossa sala para implantar os
rastreadores. Em seguida, ele me explica como será minha saída no dia
seguinte e como funciona o dispositivo que deverei usar. Logo somos
chamados para o jantar, onde desfrutamos de um momento agradável à mesa,
com conversas descontraídas e muitas risadas.
Depois do jantar, meus pais finalmente chegam. Fico muito feliz em
poder vê-los novamente.
Nos sentamos no sofá e ficamos conversando com Nina e Dona
Aurora, enquanto os homens se recolhem no escritório.
Mamãe me pergunta como estou me sentindo e decido não mencionar
o pesadelo que tive. Não quero preocupá-la mais. Mas pergunto sobre Chiara.
Mamãe parece desconfortável, mas sabe que não pode evitar a
pergunta. É crucial que todos nós estejamos cientes da situação. Ela nos relata
que tiveram que chamar a psicóloga que nos tratou no passado, pois Chiara
surtou quando percebeu que eu não estava em casa. Ela ficou furiosa,
gritando que Vitor era dela e que eu a estava roubando.
Mamãe acrescenta, que a psicóloga não pode mais lidar com Chiara
sozinha, pois seu caso vai além do psicológico e requer ajuda psiquiátrica.
Papai está tentando encontrar um psiquiatra de confiança dentro da máfia
para tratá-la, mas isso tem se mostrado uma tarefa difícil.
Eles estão com medo dela, tanto que colocaram alguns soldados
dentro de casa, incluindo no andar onde o dormitório deles fica. Nossa casa
tem três andares, sendo o último de uso exclusivo de meus pais. Meu quarto,
o de Rafa, e o de Chiara, assim como os quartos de hóspedes estão no
segundo andar.
É uma situação delicada. Fico preocupada com eles, mas acredito que
nada de grave acontecerá. Embora Chiara seja problemática, não acredito que
ela chegará a tal extremo, mas com ela, nunca se sabe.
Antes de sair, tranquei meu quarto e trouxe as chaves, embora mamãe
tenha uma cópia. Não quero imaginar o que Chiara faria se entrasse lá. Ela já
destruiu tantas coisas no passado, prefiro nem pensar nisso.
— Achei tão estranho o comportamento dela hoje! – Digo.
— Pois é filha, ela estava sob efeito de medicamentos, por isso estava
tão solícita e doce. – Diz mamãe encabulada.
Decido mudar de assunto e começo a descrever o lago que fica nas
terras da mansão. Mamãe fica encantada. Dona Aurora, então a convida para
um chá amanhã à tarde para que possa conhecer os jardins. Mamãe fica muito
feliz com o convite e aceita imediatamente.
Enquanto continuamos conversando, os homens se juntam a nós, e
papai senta ao meu lado. Segura minhas mãos e me pergunta como estou me
sentindo.
Asseguro a papai que estou bem e que fui muito bem recebida na casa
dos Moretti, e também ressalto como é agradável trabalhar com Nina, que
tem trazido muita alegria à minha vida.
Eu compartilho com ele os detalhes do problema na empresa e as
medidas que pretendo tomar para resolvê-lo. Ele concorda comigo, mas sua
preocupação com minha ida até lá é evidente. Ele me abraça e sussurra ao
meu ouvido que posso chama-lo a qualquer hora do dia ou da noite. Retribuo
o abraço com mais força e asseguro a ele que sei disso.
Papai me chama para uma conversa particular e o acompanho até os
jardins.
Vitor
Depois do almoço, e do passeio com Violetta, nos reunimos
novamente, afim de informar a Dante e Pietro sobre as alterações que
ocorrerão.
Papai, usando do poder de seu cargo, inicia a reunião explicando:
Resolvemos realizar algumas alterações no treinamento de vocês dois,
Dante e Pietro. Observamos muito cuidadosamente como vocês tem
evoluído, e já me adianto dando os parabéns aos dois. Contudo, não posso
deixar de observar que vocês têm muito mais a agregar se fizermos algumas
alterações.
- Dante, seu programa é muito bom, e merece mais cuidados e
aprimoramentos, e para que isso aconteça, não posso te deixar apenas ao lado
de Steffano para finalizar seu treinamento. Isto posto. A partir de hoje, quero
que você se dedique plenamente ao programa e nos auxilie nas estratégias.
- Pietro, você é um ótimo executor, mas a cada dia que passa, vejo sua
tristeza aumentar, então, decidimos que a partir de hoje, você iniciará seu
treinamento como conselheiro. Irá acompanhar seu tio e aprender tudo que
for possível.
- Quando Vitor assumir como Don, Matteo deixará de ser nosso
executor e passará a ser nosso subchefe, cargo que dividirá com Dante,
quando ele estiver preparado.
Posso ver com clareza o alívio e felicidade nas feições dos meus dois
irmãos, e isso me deixa aliviado e ao mesmo tempo orgulhoso, pois sei que
desta forma, meus irmãos poderão levar suas vidas mais focados no que de
fato gostam de fazer.
Ambos agradecem a oportunidade e se comprometem a fazer o melhor
para atender a família.
Após a chegada do Senhor Romano e Rafaelli, passamos ao próximo
assunto tratado, a segurança de Violetta amanhã, em sua ida à empresa.
Dante explica todos os processos de segurança:
— Amanhã, Violetta sairá acompanhada de dois carros com quatro
soldados em cada, no carro com ela, irão três soldados, sendo uma mulher. A
mulher a acompanhará durante todo o momento, inclusive durante a reunião.
Disfarçada de assistente. Ambas usarão um dos meus pontos, mas não
acompanharei as conversas, ele será acionado por um comando de voz, tanto
meu quanto delas. Senhor Romano, é do seu interesse que façamos uma
varredura na sede de sua empresa, como foi feita em sua casa? Assim como a
instalação de algumas câmeras, cujo acesso será exclusivamente seu e de
Rafaelli? – Complementa Dante.
— Dante, eu gostaria muito que você pudesse fazê-lo. Eu mandei
colocar algumas câmeras na recepção da presidência e na sala de Violetta,
mas diante do que você descobriu na minha casa, tenho receio que estas
câmeras estejam comprometidas.
— Está certo. Lucca, irá acompanhar Violetta e darei as orientações
necessárias a ela para que ele possa ter acesso necessário. Agora vou explicar
como farei o acompanhamento da saída de Violetta. Romeo tem acesso a
todas as câmeras da cidade. Contudo, eu vou designar alguns carros, que
ficarão espalhados entre o trajeto daqui à empresa e também na volta. Eles
seguirão o comboio por rotas alternativas. Conto com a ajuda de alguns
drones, que poderão ser acionados por Romeo, caso eu perca acesso às
câmeras.
— Perfeito Dante. Eu e Rafaelli estaremos em uma reunião ali na
região, me chame a qualquer momento. – Diz Senhor Romano.
— Senhor, o rastreador da Violetta foi implantado ontem, o acesso a
ele já está disponível para vocês pelo aplicativo do Romeo, fico à disposição
para auxiliá-los, caso tenham alguma dúvida.
Papai pede a palavra e se direciona ao senhor Romano, dizendo:
— Enrico, Dante nos deu uma ideia, que achei interessante para atrair
Juan, ou ao menos para deixá-lo puto conosco. Penso que se ele se
desestabilizar, pode vir a cometer algum erro, e com isso, teremos acesso a
ele. Temos um carregamento chegando em dois dias, e pelo que vem
acontecendo, possivelmente, Juan irá querer intercepta-lo, então, usaremos a
mesma tática que Dante explicou com relação à Violetta, Dante, por favor,
demonstre a Enrico e Rafaelli.
Depois que Dante mostra a eles, senhor Romano pergunta:
— Dante, esse programa é brilhante! Já estou na fila para adquiri-lo,
tão logo esteja disponível. Enquanto isso, posso ajudar em alguma coisa?
— Enrico. – Papai diz. – Pode nos ajudar sim. Vou precisar de alguns
soldados para complementarem a operação.
— Estava pensando aqui. – Diz senhor Enrico. A ideia é frustrar as
ações de Juan, deixando-o raivoso, certo? Pois bem, eu tenho um
carregamento chegando uma noite após o seu. O que acha de fazermos o
mesmo? E quanto ao seu pedido. Terá tantos soldados quantos forem
necessários. Me digam quantos precisam e o horário para que eles se
apresentem.
— Ótima ideia Enrico. Diz papai, olhando para Dante, e já
complementa. Dante, Matteo, acham isso viável?
Ambos concordam e Dante sugere que Rafaelli acompanhe o
procedimento junto a ele e Lucca, afim de demonstrar como Romeo é
operado.
Rafaelli agradece, mostrando muito interesse.
Papai retoma o assunto do casamento entre mim e Violetta, e diz:
— Enrico e Vitor, sei que concordei com vocês que não iria forçar o
casamento, mas acho que seria uma boa estratégia que fizéssemos o anúncio
conjunto, no dia posterior a nossa ação no carregamento dos Romano.
Senhor Romano entende a necessidade, se comprometendo a
conversar com Violetta, e me olha, aguardando que eu me posicione a
respeito.
— Senhores, eu não vou forçar um casamento se Violetta não
concordar. – Digo, deixando claro que aceito o casamento, desde que Violetta
também o aceite.
Não gostaria de impor um casamento entre nós, mas a verdade é que
em tão pouco tempo, Violetta se infiltrou em meu sistema, de uma forma que
não sou capaz de tirá-la. Verdade seja dita, eu quero me casar com ela.
Com isso em mente, decido que ainda esta noite, conversarei com ela
a este respeito, vou apenas aguardar a conversa entre ela e o pai.
Findada a reunião, nos juntamos às mulheres na sala.
Vejo Violetta com os pais e o quanto são apegados.
Depois de um tempo, Violetta caminha ao lado do pai até os jardins e
fico apreensivo, pois sei que o senhor Romano conversará com ela a respeito
de nosso casamento.
O tempo vai passando e nada de pai e filha voltarem, minha ansiedade
está me corroendo, sinto minhas mãos tremerem e ficarem pegajosas, um
suor frio se espalha por meu corpo.
Sinto a garganta seca, de tanta ansiedade, resolvo ir até eles, contudo,
no mesmo instante, vejo Violetta voltando. Ela vai até a mãe, dando-lhe um
beijo e pedindo licença aos demais, dizendo que vai se recolher.
Minha vontade é de questionar o senhor Enrico sobre a atitude da
filha, mas ele faz um leve sinal a papai e ambos vão até o escritório. Não
posso me intrometer na conversa dos dois, mas se eles vão falar sobre
Violetta, o assunto me interessa.
Me levanto, no intuito de segui-los, mas Dante me dá um olhar
mostrando o caminho da cozinha, acompanho meu irmão e pego uma garrafa
de água, quem sabe isso me faça relaxar. Meu irmão faz o mesmo e me fala:
— Irmão, sei que deve estar preocupado, mas peço que aguarde papai
o chamar, você melhor que ninguém, sabe que papai não gosta de ser
interrompido.
— Eu sei Dante, mas é sobre meu futuro, que estão falando. Minha
vida vai mudar completamente a partir de agora. Papai me deu um ultimato
hoje, se Violetta não aceitar se casar comigo, deverei escolher outra e me
casar o mais breve possível.
— O que não entendo é a pressa de papai. Você sabe de alguma coisa
para essa correria toda?
— Não sei irmão. Nem tudo que papai e o tio conversam, é passado a
mim. Tenho a mesma dúvida que você, vamos aguardar para que papai
revele.
— Está certo irmão. – Digo irritado e curioso.
Ao voltarmos para a sala, vejo os Romano se despedindo, e assim que
vão, olho para papai, que dá um sorriso e se despede de todos. Consigo ver
em seus olhos um cansaço que jamais ele deixou que notássemos. Fico
surpreso em verificar que papai baixou a guarda desta forma, e me decido
que amanhã terei uma conversa decisiva com ele.
Violetta
Acordo toda suada, com um calor sem igual, ao abrir os olhos,
percebo que o dia está amanhecendo. Faço uma tentativa de me mover, mas
uma sensação de paralisia me impede de fazê-lo.
Viro o rosto lentamente e me deparo com Vitor, que está enlaçado a
mim, com suas pernas entrelaçadas às minhas, da mesma maneira que
estávamos quando acordamos no dia anterior.
Com muito cuidado, tento me mexer, com medo de acordá-lo.
Entretanto, sua voz rouca ressoa em meu ouvido, desejando-me um bom dia.
Me viro para encará-lo, cumprimentando-o com um sorriso sonolento
e questionando como ele acabou na minha cama.
Ele dá um sorriso tímido e revela que tive outro pesadelo durante a
noite. Ele veio me acalmar, e como eu o abracei com força, decidiu descansar
um pouco.
Peço desculpas e me levanto para iniciar meu dia. Preciso de algum
tempo para praticar Tai Chi, uma vez que tenho lidado com um nível
considerável de estresse devido a tudo que vem acontecendo. Tenho certeza
que a prática me ajudará a encontrar alguma estabilidade emocional.
Após minha rápida higiene matinal no banheiro, retorno ao quarto e
percebo que Vitor já não está lá. Decido sair e dirijo-me diretamente ao lago.
Com uma música escolhida especialmente para a ocasião, começo
meus exercícios de aquecimento. Logo, para minha surpresa, Vitor se une a
mim e acompanha os movimentos.
Enquanto nos aquecemos, compartilho com ele as técnicas de
respiração e concentração que envolvem a prática. Quando finalmente
começamos, estou tão imersa na concentração que mal percebo sua presença,
entregando-me completamente à prática.
Ao final, ele me agradece, dizendo que gostou bastante e que pretende
se juntar a mim outras vezes. Ele toma minha mão e me conduz de volta para
casa, onde nos preparamos para o dia de trabalho que se inicia.
Durante todo esse tempo, ele não menciona o assunto do casamento.
Embora esteja curiosa para saber sua opinião, opto por não trazer o tema à
tona, pelo menos não neste momento. Tenho um compromisso na empresa
para resolver, o problema que ocorreu ontem.
Logo depois do café da manhã, Dante me chama e me apresenta aos
soldados que me acompanharão até a empresa. Me entrega o ponto e explica
que só deverei ativá-lo caso eu precise urgentemente de assistência,
pronunciando a palavra-chave "Romeo".
Em seguida, Dante me apresenta a Bianca, que assumirá o papel de
minha segurança pessoal e também atuará como assistente durante a reunião.
Ele detalha que ele precisará acessar os sistemas da empresa e solicita
permissão para fazê-lo através de nosso servidor online. Além disso, pede
que eu realize uma reunião com toda a equipe do andar, de forma discreta,
para que Lucca possa substituir as câmeras de segurança existentes sem que
ninguém perceba.
Com os documentos necessários em mãos, parto em direção à
empresa. Durante todo o percurso, não consigo evitar a constante vigilância
pelas janelas, buscando sinais de que estamos sendo seguidos. Felizmente,
chegamos à empresa sem incidentes.
Ao chegar na empresa, acompanho Lucca até minha sala, fornecendo
as autorizações necessárias para que ele execute as tarefas solicitadas por
Dante. Em seguida, aviso a Fátima que Lucca não deve ser interrompido por
ninguém até meu retorno da reunião.
Na sequência, realizo uma reunião com os gerentes para obter mais
detalhes sobre a situação. Faço entrevistas com as partes envolvidas no
problema e, posteriormente, convoco novamente os gerentes para
compartilhar as medidas que serão tomadas para solucionar a questão.
Infelizmente, tive que tomar a decisão de demitir o gerente
responsável pelo departamento onde ocorreu o problema. Ele teve a audácia
de questionar minha ausência, tentando me responsabilizar pelos problemas
que ocorreram durante meu afastamento. Já estava monitorando seu baixo
desempenho, mas essa falha, além de um flagrante desrespeito, foram
determinantes para minha decisão.
A demissão aconteceu durante a reunião, e fiz questão de deixar claro
aos demais presentes que sou a pessoa que comanda a empresa. Se não estão
satisfeitos, têm a opção de buscar outro lugar para trabalhar. Minha
expectativa é a excelência, não apenas a mediocridade.
De volta à minha sala, Lucca me informa que concluiu os
procedimentos necessários e solicita que eu autorize a liberação do restante
do andar para a instalação das câmeras. Peço a ele que aguarde alguns
instantes, pois em breve estará apto a prosseguir com as instalações
Em seguida, reviso com minha secretária todos os documentos
urgentes e organizo os demais. Solicito a ela que providencie o trancamento
do acesso ao andar da presidência e convide as assistentes para uma reunião
em meu escritório.
Através do ponto, recebo a confirmação de Dante de que todos os
procedimentos foram concluídos e que estou autorizada a retornar para casa.
Encerro a reunião e chamo os soldados para nos dirigirmos de volta à
mansão dos Moretti. Conforme as instruções de Dante, notifico-o pelo
comunicador de que estamos a caminho. Ele me assegura que estará vigilante
o tempo todo, pedindo que eu permaneça calma, garantindo que em breve
estarei de volta em casa.
Violetta
Passaram-se cerca de dez minutos de viagem pelo trajeto, numa
estrada mais deserta, já que a mansão dos Moretti fica afastada da cidade.
Nesse momento, percebo que o carro começa a aumentar a velocidade de
forma abrupta.
Com preocupação, volto o olhar para trás e constato um veículo se
aproximando em alta velocidade, disparando tiros em um dos carros de nossa
escolta.
Agindo instantaneamente, entro em contato com Dante, relatando o
que está ocorrendo. Ele me tranquiliza, assegurando que já estava ciente da
situação e monitorando os acontecimentos. Ele acrescenta que enviou
reforços para se unirem a nós, incluindo Vitor, que estava nas proximidades e
deve chegar em alguns minutos. Agradeço a informação e o ponto silencia.
A perseguição continua, e o carro onde estou começa a realizar
manobras de direção perigosas. Quando olho novamente para trás, percebo
que os carros de nossa escolta já não estão mais onde deveriam estar.
Em um movimento rápido, abro minha bolsa e retiro minha arma, o
que deixa Bianca surpresa. Ela me questiona se sei manusear uma arma, ao
que apenas assinto com a cabeça.
Os perseguidores conseguem acertar um dos nossos pneus, levando o
nosso carro a uma perda de estabilidade considerável. Apesar de o soldado
que está ao volante ser habilidoso, a ausência de um dos pneus torna difícil
manter uma alta velocidade.
O veículo inimigo se aproxima cada vez mais, colidindo com o nosso
carro, que começa a girar e, por fim, colide com um poste. Sou arremessada
para a frente, mas me abaixo para evitar bater no banco, mantendo
firmemente minha arma em mãos.
A porta ao meu lado é abruptamente aberta, acompanhada de tiros.
Uma mão agarra meu braço e tenta me puxar para fora do carro, e é nesse
momento que vejo minha chance.
Rapidamente, destravo a arma, levanto meu corpo e atiro. Acertando a
garganta do homem, que começa a jorrar sangue para todos os lados, ele me
solta e tenta estancar o sangramento com as mãos, mas não consegue e cai em
câmera lenta.
Outro homem começa a se aproximar de onde estou, mas mantenho
minha arma firmemente, mirando o homem, quando, de repente, ele cai com
sangue saindo por sua boca.
Atrás dele, vejo Vitor, se aproximando em disparada, mas ele para
abruptamente, com um olhar de desespero e me diz:
— Violetta, você está ferida? Vou te levar para o hospital. – Diz Vitor
enquanto corre em minha direção.
Não entendo porque ele diz que estou ferida. Balanço minha cabeça
em negação e tento sair do carro, mas o homem que matei está caído rente à
porta, me impossibilitando de sair.
— Vitor, se acalme. O sangue não é meu. – Digo, tentando acalmar a
ele e a mim ao mesmo tempo.
Vitor empurra o corpo do homem para o lado e me ajuda a descer do
carro, me abraçando instantaneamente.
— Violetta, minha piccolina, você não sabe o medo que senti quando
recebi a chamada do Dante. Ao te ver toda coberta de sangue, pensei que
tivesse chegado tarde demais. – Ele diz, preocupado.
— Ei, estou aqui, está tudo bem. Todo esse sangue é do homem que
matei quando ele tentava me tirar do carro. Agradeço por ter lidado com o
outro. – Eu respondo, tentando acalmá-lo.
— Como assim, você matou? E os soldados que estão com você? –
Ele pergunta, perplexo.
— Não sei ao certo. Tudo aconteceu muito rápido. Ele abriu a porta e
começou a atirar, eu estava abaixada. Quando ele me viu, tentou me puxar à
força. Ele apenas não esperava que eu estivesse armada e o matasse. –
Explico.
—Quanto aos soldados, não tive tempo de verificar. Vamos fazer isso
agora. – Digo, puxando Vitor de volta para o carro.
Descobrimos que os soldados foram alvejados, mas ainda estão vivos.
O motorista está em pior estado, já que o impacto contra o poste o deixou
preso nas ferragens.
Os soldados que vieram com Vitor, agem rapidamente, retirando os
soldados e os levando para algum lugar, possivelmente um hospital. Outros
começam a limpar o lugar e recolher os corpos.
Vamos, Violetta, é hora de irmos para casa. Você precisa de um banho
e de um momento para se acalmar. – Diz Vitor, preocupado.
Sigo Vitor, sem reação alguma, apenas agora percebendo a magnitude
de tudo o que aconteceu. Começo a suar frio, sentindo gotas geladas de suor
escorrendo pelo meu rosto. Meu coração acelera, batendo
descompassadamente no peito, como um tambor ensurdecedor. A cada
batida, sinto um aperto no peito, como se algo estivesse esmagando meu
coração. Minha capacidade de respirar parece desaparecer, e minha
respiração se torna curta e superficial, como se o ar estivesse em falta. Cada
inspiração é um esforço penoso, e cada expiração parece insuficiente para
satisfazer minha necessidade desesperada de oxigênio. É como se estivesse
sufocando, mesmo que o ar ao meu redor seja abundante. E então, travo no
meio do caminho, meu corpo paralisado pelo pânico que me consome.
Ao fundo, escuto a voz de Vitor dizendo: "Violetta, Violetta, presta
atenção. Inspira, expira, inspira, expira." Mas suas palavras parecem
distantes, como se estivessem chegando até mim através de um túnel longo e
distorcido. Minha visão começa a escurecer, e sinto as mãos de Vitor me
segurando com firmeza, uma âncora que se recusa a me deixar afundar ainda
mais na escuridão.
Lentamente, muito lentamente, começo a absorver suas instruções.
Cada palavra é como um raio de luz penetrando a escuridão que me envolve.
Aos poucos, tento focar minha atenção no som da sua voz, uma voz que tenta
me guiar de volta à superfície, à realidade. Sigo suas orientações de
respiração, mesmo que cada inspiração pareça um desafio monumental, como
se estivesse lutando contra uma tempestade dentro de mim. Cada expiração é
um alívio momentâneo, e, embora ainda esteja em meio ao turbilhão do
pânico, essas respirações me trazem um pequeno respiro de calma.
Com o tempo, a voz de Vitor se torna mais clara, mais próxima, e suas
palavras começam a fazer sentido. Aos poucos, meus sentidos se acalmam,
meu coração desacelera, e a escuridão que estava se fechando ao meu redor
começa a se dissipar. Finalmente, sinto-me mais presente, mais ligada ao
mundo real, como se tivesse emergido de um pesadelo profundo.
— O que está acontecendo? – Digo, assim que recupero meu fôlego,
ainda frágil e trêmula, mas consciente de que estou retornando ao controle da
minha própria mente.
— Você teve uma crise de pânico, explica Vitor gentilmente. Olhe nos
meus olhos e siga minha respiração. Logo você vai se sentir melhor.
Faço como ele pede, focando em seus olhos e seguindo suas
respirações. Com o apoio dele e as técnicas de controle de ansiedade,
gradualmente, a tempestade dentro de mim se acalma, e começo a sentir uma
sensação de segurança e alívio, como se estivesse finalmente emergindo de
águas turbulentas para um lugar mais tranquilo.
Ele me abraça apertado e diz que é bom me ter de volta, mas ressalta
que precisamos voltar para casa, pois aqui estamos muito vulneráveis.
Deixo-me guiar por ele e, assim que entramos no carro, o abraço e
começo a chorar.
O tempo passa despercebido enquanto permito que as lágrimas
carreguem o desespero que vivenciei durante aquela perseguição.
Ao chegarmos em casa, sou recebida por Dona Aurora e Nina, que
correm para me abraçar, mas param abruptamente ao notar o sangue em
minhas roupas. Vitor tranquiliza a situação, explicando que o sangue não é
meu, mas de um dos homens mortos. Ele pede que as duas me auxiliem com
um banho, pois precisa tomar providências.
Vitor segura meu rosto com ambas as mãos, fazendo-me olhar em
seus olhos, e diz com serenidade:
— Fique calma, estamos monitorando tudo, você está segura aqui.
Seus pais já estão a caminho. Mais tarde, vou procurá-la para conversarmos.
– Ele me dá um selinho e sai em direção ao escritório.
Vitor
Estava a caminho de casa, depois de uma reunião enfadonha com um
de nossos fornecedores, quando pelo meu ponto, ouço Dante dizer:
— Vitor, presta atenção, Violetta está a apenas cinco minutos de
distância de onde você está, e parece que está sendo perseguida. Já
movimentei nossos homens para que sigam ao encontro dela, mas tenho
certeza de que você vai querer estar ao lado dela neste momento.
— O motorista já tem a localização dela e está a caminho. Esteja
pronto.
Sinto meu corpo tremer e um frio na barrida se instala. Não pode ser
verdade, mais uma vez Violetta está passando por dificuldades. Preciso
chegar até ela, o mais rápido possível.
Percebo o carro acelerar um pouco mais, e o soldado que está na
frente usa seu celular para guiar o motorista pelas rotas necessárias. Grecco,
que está ao meu lado, apenas me encara, transmitindo silenciosamente que
está ciente da situação e fará o seu melhor.
Quando finalmente alcançamos o comboio onde Violetta está, meu
sangue gela, e meu coração dispara ao testemunhar a cena diante de mim. O
carro onde ela está colidiu com um poste, e um homem está abrindo a porta
traseira.
Sem esperar o carro parar completamente, salto dele no mesmo
instante em que ouço tiros sendo disparados.
Em seguida, vejo o homem que abriu a porta tentando retirar alguém
de dentro do carro e ouço mais um tiro. Fico momentaneamente paralisado,
mas não deixo de me mover quando vejo o mesmo homem cair de joelhos no
chão, com as mãos no pescoço.
A cena seguinte me deixa mais apavorado, pois vejo Violetta,
segurando uma arma apontada na direção do homem, e coberta de sangue.
Não tenho tempo para processar a cena, pois outro homem aparece
com a arma apontada na direção do carro. Sem pensar duas vezes, atiro no
homem, que cai instantaneamente.
Corro em desespero na direção dela, meu coração apertado pela
terrível possibilidade de ela ter sido ferida. Quando nossos olhares se
encontram, vejo refletido em seus olhos o medo que também me domina.
O alívio é avassalador quando ela me garante que não está ferida,
como se todo o peso do mundo fosse retirado dos meus ombros.
O orgulho que sinto por sua coragem ao se proteger é imenso, mas
também começo a perceber como essa experiência pode afetá-la
emocionalmente.
Lembro-me do meu próprio passado, quando tirei uma vida pela
primeira vez aos dezessete anos. Com isso em mente, decido que darei todo
suporte possível para ajudar Violetta a superar este momento tão peculiar.
Sei que ela está forte neste momento, impulsionada pela adrenalina,
mas estou ciente de que, quando a realidade se impuser, ela pode desabar. E
eu estarei ao seu lado para segurá-la.
Uma coisa sou eu matar uma pessoa, hoje não me abalo mais, outra
coisa é ela que sempre esteve numa redoma de vidro, chegar a este ponto. Sei
como é e farei o possível e o impossível para que ela se sinta bem.
Nesse turbilhão de eventos, sinto meu coração se apertar de uma
forma inusitada. O desespero que sinto ao ver Violetta ensanguentada quase
me derruba, mas minha formação e treinamento me ajudam a manter a calma.
Decido, então, afastar o homem que ela matou para que ela possa sair
do carro.
Sendo uma pessoa prática, questiono-a sobre o estado dos soldados.
Ela me responde que não sabe detalhes, pois tudo aconteceu muito
rapidamente.
Dirijo-me aos soldados e constato que todos estão vivos, porém,
feridos. Instruo os outros soldados a levarem os feridos ao nosso hospital e
providenciarem a limpeza.
Enquanto nos encaminhamos de volta ao carro em que vim, Violetta é
tomada por um ataque de pânico. Após acalmá-la, entramos no veículo e ela
se abraça a mim, desabando em lágrimas durante todo o trajeto até chegarmos
em casa.
Quando ela quebrou no meu peito, chorando por tudo que lhe
aconteceu, eu não tive o que fazer, deixei-a chorar, limpar tudo que ela
segurava. Mamãe sempre me falou que o choro alivia as dores da alma, e,
naquele momento, permito que ela se entregue completamente às lágrimas.
Ao chegarmos em casa, a deixo aos cuidados de mamãe e de Nina, e
sigo para o escritório em busca de pistas que possam esclarecer o que está
acontecendo.
O ódio que sinto desse Juan, chegou a um nível que se o encontro em
minha frente, não sei se serei capaz de me controlar, e antes de conseguir
qualquer informação o mato na porrada.
Preciso me acalmar e pensar fria e racionalmente sobre a situação.
Afinal, estou destinado a ser o próximo Don, e reações impulsivas não
condizem com essa responsabilidade.
Violetta
Enquanto Nina me acompanha até meu quarto, dona Aurora vai à
cozinha em busca de um chá calmante. Ainda tremendo, tiro toda minha
roupa, sem me incomodar com a presença de Nina, que não me deixa um
momento sozinha. Tomo um banho demorado, esfregando meu corpo com
força, tentando com isso, tirar as imagens que ficam voltando à minha mente,
mostrando o momento em que tirei a vida daquele homem.
Nina percebe que estou me perdendo, me chama para sair do banho e
me trocar. Ela me acompanhou no banheiro, compreendendo que estou à
beira de um colapso emocional.
Me troco rapidamente e me sento na cama, ao lado dela. Nina acaricia
minha mão e pergunta com um sorriso:
— Já posso passar a te tratar como cunhada? Você fisgou direitinho
meu irmão. Ele nunca foi desse jeito, tão protetor, nem comigo.
— Está com ciúme Nina? – Falo, tentando mudar de assunto. Mas é
claro que não consigo evitar a conversa. Nina continua:
— Claro que não Violetta, mas está claro para todos nós que Vitor
está completamente apaixonado por você. Talvez ele ainda não saiba, mas
todos já perceberam.
— Ontem papai conversou comigo. Estão planejando antecipar nosso
casamento, o anuncio sairá em dois dias. Mal tive tempo para tomar uma
decisão. Estou profundamente desapontada com Papai, Nina. Tínhamos um
acordo diferente. Entendo a nossa situação e o motivo por trás disso, mas
terem tirado minha escolha me desapontou muito.
— Foi por isso que você veio para o quarto mais cedo ontem? –
Pergunta Nina.
— Sim, estava tão desapontada com papai que se ficasse ali, poderia
falar algo inapropriado.
— Mas a pergunta que não quer calar Violetta. Você aceitou o
casamento?
— Não aceitei nem rejeitei. Em verdade, apenas disse a papai que ele
me deixou sem escolha, e o deixei sozinho. – Respondo refletindo.
— Você acha tão ruim assim se casar com ele? Não me diga que não
nutre sentimentos por ele, porque sei que também está apaixonada. Qualquer
um pode ver.
— Nina, não sei o que dizer. Dizer que seu irmão não mexe comigo
seria uma mentira, mas dizer que estou apaixonada, não é verdade. Concordo
que sinto atração por ele.
— Vou te contar uma coisa. Ele tem dormido comigo todas as noites.
Confesso corando. Desde aquela noite no restaurante, venho tendo pesadelos.
Quando acordo, estou abraçada a ele.
— Ele, de alguma forma, consegue me acalmar. – Acrescento,
admitindo que talvez Nina esteja certa.
— Eu sei Violetta, eu o vi sair daqui esta manhã. Estava apenas
aguardando você me dar abertura para falar. Não queria invadir sua
privacidade. – Diz Nina, com um sorriso.
— Nina, anda nos espionando? – Pergunto rindo.
— Não amiga, apenas estava saindo do meu quarto quando o vi saindo
do seu. Me escondi para não constrange-lo, mas acredito que todos saibam,
inclusive papai.
— Ai que vergonha, Nina. Como vou encarar seus pais e irmãos?
Pensei que ele seria mais discreto, mas, pelo visto, não é. Seu irmão sempre
me respeitou.
— Eu imagino, Violetta. Mas você não acha que essa situação está
indo longe demais? Por que vocês dois não se casam logo e pronto. Talvez
isso ajude a superar os pesadelos um do outro.
— Ainda não tive a chance de conversar com seu irmão sobre isso,
Nina, nem sei o que ele pensa a respeito. Pretendia conversar com ele hoje,
mas diante de tudo que aconteceu, não sei se teremos tempo para isso.
— Está tudo acontecendo tão rapidamente, que mal tenho tempo para
processar essas mudanças. Estou me sentindo insegura e apavorada. –
Concluo, lembrando das cenas de algumas horas.
— Quer conversar sobre isso Violetta?
— Nina, eu matei um homem hoje, você tem noção do que é isso?
Estou com medo de mim mesma. Como pude ser capaz de fazer algo desse
tipo?
— Para com isso Violetta, era ele ou você, e sinceramente, ainda bem
que foi ele.
— Você não faz ideia do quão ruim teria sido, Nina. Eu estava a ponto
de fazer algo ainda pior, eu ia matar outro, se não fosse pelo seu irmão que
chegou e resolveu a situação. Estou com medo do que sou capaz.
— Violetta, você aprendeu a atirar?
— Sim Nina, meu segurança me ensinou quando os problemas com
Chiara começaram a ficar mais intensos. Além de atirar, aprendi defesa
pessoal e algumas técnicas de luta. Sei que não somos autorizadas a ter este
tipo de treinamento, mas papai me autorizou. Por favor, não conte a ninguém,
isso poderia prejudicá-lo.
— Ei, Violetta, não vou contar a ninguém. Embora a esta altura, todos
já saibam que você sabe atirar, e que anda armada. Mas vou te confessar que
também passei por esse treinamento.
— Papai sempre considerou essas regras antiquadas, mas não
conseguiu modificá-las, então me permitiu treinar secretamente. Além disso,
ando armada. Nosso segredo tá!
Dona Aurora bate à porta e entra com uma bandeja com chá e alguns
biscoitos. Ela se senta ao meu lado, e a conversa se desenrola em torno de
assuntos triviais.
Continuamos conversando por um tempo, até que alguém bate à porta.
Após conceder permissão para entrar, meus pais entram correndo em minha
direção, abraçando-me com força.
Depois de responder a algumas perguntas e garantir que estou bem,
papai pede licença para se juntar aos homens e nos deixa conversando.
Percebo que papai deixou uma mala na porta do quarto e pergunto à
mamãe se são mais roupas para mim.
— Não filha, diz mamãe. Eu vou passar alguns dias aqui, a convite do
Don e Aurora. Depois do que aconteceu hoje, eles acharam mais seguro que
eu fique com você.
Meu alívio é imediato, e um sorriso se forma em meu rosto. Abraço
minha mãe com força, sentindo uma onda de gratidão e carinho por sua
presença.
Entretanto, a preocupação logo retorna, então pergunto:
— Mas e a Chiara? Ela não veio com a senhora? Minha voz traz um
tom de apreensão, temendo que minha prima possa causar problemas.
— Não minha filha, para todos os efeitos, eu vou te acompanhar em
sua viagem de negócios. Ninguém sabe nosso destino. – Mamãe responde
com uma serenidade forçada.
Um suspiro de alívio escapa dos meus lábios, e eu a abraço com
gratidão.
O momento do almoço chega e, ao chegarmos na sala, percebo que a
mesa está posta apenas para nós mulheres. A ausência dos homens aumenta
minha preocupação, e decido perguntar sobre eles. Dona Aurora, com um
olhar misterioso, informa que os homens saíram para resolver alguns
assuntos, deixando-me inquieta com a incerteza do que está acontecendo.
Fazemos nossa refeição rapidamente, mas minha mente está cheia de
pensamentos. Depois do almoço, eu e Nina vamos para o escritório. Tenho
muitos assuntos atrasados para resolver, e a pressão do momento não me
deixa relaxar. A ansiedade e o senso de urgência permeiam cada tarefa
enquanto mergulhamos no trabalho.
Violetta
Nossa tarde passa rapidamente, entre uma reunião e outra, um assunto
ou outro, Nina mantém seu humor divertindo, fazendo com que eu me
esqueça completamente sobre o ocorrido pela manhã.
Percebemos que já está na hora de encerrarmos o expediente quando
notamos que a noite já caiu.
Cada uma segue para seu próprio quarto, afim de se aprontar para o
jantar. Estou terminando de me trocar quando mamãe vem ao meu quarto.
— Mamãe! Que bom estar aqui! Sinto tanto a sua falta! Corro para
seus braços, com uma saudade genuína.
— Filha como você está se sentindo? – Ela me pergunta, aproveitando
que estamos sozinhas.
— Mamãe, agora estou bem! Foi assustador. Três vezes em uma
semana, é muito para absorver, sabe! Eu tirei a vida de um homem, mamãe.
A senhora sabe o que isso significa? Estou com medo de mim mesma. E
ainda tem essa história do casamento. Estou muito desapontada com papai,
ele me tirou o direito de escolha. Tudo isso junto, é muito para processar.
— Violetta, te entendo, estou aqui para ajudar e apoiar, mas vamos
por partes.
— Quanto ao que aconteceu, bem, não podemos negar que você
estava em uma situação difícil. Era uma escolha entre você e ele, e,
felizmente, foi ele. Estou aliviada por você estar aqui comigo agora. Eu nem
consigo imaginar o que teria acontecido se algo tivesse lhe ocorrido. No
entanto, de agora em diante, quero que entenda que é estritamente proibido
sair de casa. Não posso suportar a ideia de você correndo mais riscos. Fui
clara?
— Sim mamãe. Eu concordo plenamente com a senhora. Só deixarei
este lugar quando toda essa situação estiver resolvida. – Digo isso com
resignação.
— Quanto ao casamento, minha filha, quero que seja completamente
honesta comigo. Você tem sentimentos por Vitor? Compreenda, querida, que
seu pai não a deixou sem escolha, mas esta é a melhor alternativa para nós.
Você está constantemente em perigo, Violetta, e contar com a proteção dos
Moretti é a nossa melhor saída. E não pense que não pude deixar de notar os
olhares que vocês trocam. É óbvio que há uma atração mútua entre vocês. Eu
sei que é tudo muito recente, que vocês acabaram de se conhecer, mas será
que isso não poderia ser o destino? Não culpe seu pai, minha filha. Tente
compreender a responsabilidade que recai sobre ele, especialmente após os
últimos acontecimentos. Ele conversou comigo sobre tudo que está
acontecendo, e agora, pensando bem, um casamento com o Vitor não seria
uma má ideia. Filha, você já se deu conta que será a primeira dama da máfia?
Tem noção da responsabilidade que isso implica?
— Ah! Mamãe, não me coloque mais pressão! Estou começando a
perceber a magnitude de tudo isso que está acontecendo. Quanto ao homem
que matei, sim, eu sei que não tive opção, mas ainda assim, uma vida foi
ceifada. O homem poderia ser um monstro, mesmo assim, que direito eu
tenho em tirar—lhe a vida. Essa é uma conta que terei que acertar no futuro.
E é isso que me amedronta. Quanto ao Vitor. Bem, é inegável que ele mexe
comigo, de várias maneiras. Mas mamãe, nós mal nos conhecemos, não faz
nem uma semana desde que nos encontramos! Como posso estar apaixonada
por ele? Ainda estamos nos conhecendo. Acho que é cedo demais. Eu
compreendo a posição do papai, todos nós sabemos como as coisas
funcionam no mundo da máfia, mas, mamãe, é a minha vida. É a minha
escolha. É a minha liberdade. Não sei se estou pronta para assumir todas
essas responsabilidades. Por outro lado, Vitor desperta em mim, sentimentos
que nunca experimentei antes. Gostaria de explorá-los, mas no devido tempo,
não com pressa. A senhora entende, não é.
— Compreendo, minha filha. Mas me diga, você já teve a
oportunidade de conversar com ele sobre isso?
— Ainda não tivemos essa oportunidade, mas planejo conversar com
ele ainda hoje.
— Melhor nos apressarmos, não podemos deixar nossos anfitriões
esperando à mesa. Aqui eles são bastante regrados com os horários das
refeições. Vamos descer? Digo para mamãe, já me levantando e colocando
um ponto final em nossa conversa.
— Você tem razão, minha filha, vamos jantar. Seu pai já deve ter
chegado.
— Mamãe, neste momento, eu realmente não quero falar com papai.
Ainda estou magoada com ele. Deixe-me conversar com Vitor, por favor.
— Claro, eu conversarei com ele. Vamos?
Descemos juntas, encontrando todos na sala conversando. Nos
juntamos a eles enquanto aguardamos o jantar ser servido.
Jantamos em um ambiente animado e descontraído, mas eu
permaneço em silêncio, evitando olhar na direção de papai. Durante todo o
tempo, sinto Vitor me observando, mas ele não faz comentários.
Depois de terminada a refeição, nos dirigimos à sala, onde
continuamos a conversar. Foi então que Vitor me chamou para dar um
passeio pelo jardim.
Aceito, sem olhar na direção dos meus pais. Nossa conversa era
necessária, e acho muito bom que tenha partido dele a iniciativa de me
chamar.
Vitor
Logo que entro no escritório, encontro meu pai, tio, primos e irmãos
reunidos. Já vou logo dizendo:
— O que temos?
— Oi Vitor, como está Violetta? Pedi a Enrico que viesse com Aurora
o mais rápido possível, também pedi que ela passe uns dias aqui conosco. –
Diz papai.
— Obrigado pai, sei que a presença da mãe a auxiliará. Ela está em
choque, teve uma crise de pânico logo que cheguei, mas acredito que vá ficar
bem.
— Irmão, diz Dante. Não tenho boas notícias. Gostaria de aguardar o
senhor Romano chegar para mostrar a todos, mas sei que você está agoniado,
então, apenas vou dizer que a informação da localização dela partiu da
empresa.
— Sabe quem foi?
— Não, mas prefiro aguardar o senhor Romano que acabou de chegar.
— Tudo bem Dante, agradeço por tudo.
Aguardamos por alguns minutos até que os Romano se juntem a nós e
Dante inicia seu relato.
— A necessidade de Violetta ir até a empresa hoje foi uma
emboscada, queriam tirá-la do esconderijo para agir. – Diz Dante muito puto.
— Senhor Romano, não vou dosar a pílula, então, serei direto.
— Logo que chegamos, Lucca já instalou o Romeo nos servidores.
Ele encontrou diversos arquivos espiões, os quais já foram removidos.
Tivemos acesso a todas as chamadas feitas pela empresa e também os
celulares que estavam logados ao servidor, assim que Violetta deixou a
empresa, fomos notificados sobre a mensagem que informava a localização
da Violetta, contudo, não sabemos quem escreveu a mensagem, pois era um
aparelho descartável. Quando fomos alertados sobre a mensagem, Violetta já
estava no carro, então, já acionei os soldados que estavam próximos aos
locais por onde ela iria passar. Foi muito rápido, mas chegamos a tempo de
evitar o pior. Os soldados nos trouxeram todos os aparelhos encontrados nos
carros e nos corpos dos homens que estavam perseguindo—a, mas
infelizmente, não conseguimos muita coisa. O fato é que Violetta é o alvo
principal dos ataques de Juan, só não sabemos o motivo pelo qual a querem.
Fiz o trajeto inverso dos carros que a seguiram, mas como da outra vez, os
rastros foram apagados, e isso me leva a crer que eles têm um hacker muito
bom a seu serviço. Tenho feito minhas buscas, pois caso não saibam, todo
hacker tem uma assinatura, eu consegui identificar esta assinatura e estou na
cola dele, mas a pessoa é boa, não tão boa quanto nós, mas é boa. Eu e Lucca
estamos trabalhando nisso incessantemente, mas ainda não obtivemos êxito.
Tão logo tenha alguma novidade, aviso vocês.
— Dante, você precisa de mais gente? – Pergunta papai.
— Sim papai, mas não tenho em quem confiar essa tarefa. É muito
risco abrir meu sistema para outra pessoa. Se ao menos eu conseguisse
encontrar um antigo amigo da faculdade. Ele era muito bom nisso, mas
perdemos contato há alguns anos.
— Veja se consegue encontrá-lo e o traga para uma conversa. – Diz
papai.
— Dante, isso quer dizer que continuamos na estaca zero? – Pergunta
senhor Enrico.
— Infelizmente senhor. Mas estou me dedicando ao máximo para
conseguirmos alguma pista. Ainda acho que nossas ações com os
carregamentos e o anúncio do casamento de Vitor, serão primordiais para que
tenhamos acesso a Juan.
— Está certo, meu filho, agradeço o empenho de vocês. Mas, Enrico,
acho que Violetta não poderá sair de casa até que possamos neutralizar Juan,
você concorda? – Diz papai.
— Está certo Tommaso, concordo e vou falar com ela mais tarde.
Já era tarde quando paramos para um almoço rápido, as mulheres já
tinham comido e Violetta e Nina estavam no escritório trabalhando. Achei
melhor deixá-la resolver seus assuntos e me dedicar aos meus. Tenho a
intenção de conversar com ela sobre o casamento, mas não quero
sobrecarregá-la mais, contudo, depois de hoje, nosso casamento é inevitável.
Depois do anoitecer, encerrei o expediente e fui me preparar para o
jantar. Enquanto estávamos à mesa, reparei que Violetta comeu pouco e
também não olhou em direção do pai. E isso me deixou preocupado em
relação a nosso casamento, mas vou tirar esta história a limpo hoje mesmo.
Ficamos um pouco na sala conversando, mas a minha ansiedade não
me deixou espaço para me divertir com os demais. Assim, peço a Violetta
que me acompanhe até o jardim para conversarmos.
Violetta
— Violetta, como está se sentindo? Ficou quieta durante toda a noite.
Posso te ajudar em alguma coisa piccolina?
— Estou bem Vitor, na medida do possível. Muita coisa para
processar ao mesmo tempo. Algum progresso em relação ao meu “agressor”?
— Ainda nada, Letta, todos foram mortos na ação de hoje, e nas
demais, não conseguimos nenhum progresso. Mas não foi para discutir isso
que te chamei.
— Eu queria realmente saber como você se sente e também abordar
outro assunto. Desculpe, Violetta, não sou muito bom em delicadeza, então
vou direto ao ponto.
— Nós concordamos em nos conhecermos antes de decidirmos sobre
o casamento. Como seu pai deve ter mencionado, estamos sem tempo.
Gostaria de saber qual é a sua posição a respeito disso. Tentei obter uma
resposta, mas seu pai não me disse nada.
— Ele não falou porque eu não falei nada a ele, apenas mencionei que
ele quebrou sua promessa e me deixou sem opções. Entenda, Vitor, não é
nada contra você, mas casamento é algo muito sério. Não quero tomar uma
decisão precipitada.
— Com tantas coisas acontecendo em tão pouco tempo, um assunto
tão sério como esse não pode ser tratado de forma leviana. Eu entendo
minhas responsabilidades com a família, assim como estou ciente dos
problemas que enfrentamos, especialmente porque pareço ser o alvo
principal.
— Por outro lado Vitor, não posso dizer que não estou envolvida e
encantada com você. Esses dias que estou aqui na sua casa, me mostram que
você é um homem maravilhoso, seu carinho e atenção me cativam
diariamente. Sem falar em como me sinto protegida por você. Veja como
durmo bem ao seu lado. Inobstante a isso, receio confundir todo esse carinho,
atenção, cuidado com o amor.
— Eu te pergunto: o que você pensa sobre tudo isso? Nunca
discutimos essa possibilidade, e não sei o que você espera de uma esposa e de
uma família. Nem mesmo sei onde viveremos se decidirmos nos casar. São
tantas perguntas sem resposta que me sinto perdida.
— Compreendo, e não pense que também não tenho minhas próprias
dúvidas. assim como você, também estou me sentindo pressionado, mas a
verdade é que eu já estava disposto em me envolver com você Violetta.
Vitor me olha intensamente e diz:
— Você despertou algo em mim, que nunca senti antes, sentimentos
que jamais me julguei capaz de sentir. Não me peça para definir o que sinto,
pois sinceramente, não sei. Posso apenas dizer que você se infiltrou em meu
sistema de uma forma que não consigo me desvencilhar disso. Acordo
pensando em você, passo o dia pensando em você, vou dormir pensando em
você e ainda sonho com você. Sem contar que acho que não sou mais capaz
de dormir sem estarmos abraçados. Você se tornou meu vício Violetta, um
vício bom, bom demais.
— Vitor, comigo acontece o mesmo. Não sei como, mas estou
completamente envolvida por você, por sua intensidade, e pela sua proteção.
Tem sido muito incrível esse tempo que estamos passando juntos. Como
disse antes, apenas não tenho certeza se estou pronta para o casamento.
— Eu também não tenho certeza, Violetta, mas parece que não temos
muita escolha. Mas posso te dizer que mesmo depois do nosso casamento,
vou te conquistar diariamente. Cresci e fui criado num ambiente harmonioso
e cercado de amor e carinho, e esse ponto para mim é a base de uma família.
Você está disposta a continuar me cativando mesmo depois de nosso
casamento, assim como eu farei? Sabe Violetta, o amor se constrói
diariamente, e se ambos estivermos dispostos, podemos construir uma linda
família.
— Você tem razão Vitor, se nós dois nos propusermos a construir um
casamento feliz, tenho certeza que conseguiremos. Acho que no fundo, minha
insegurança falou mais alto.
— Não fique insegura Violetta, prometa-me que sempre que se sentir
assim, dividirá comigo e juntos vamos resolver nossos problemas.
— Acho que isso pode funcionar. Você tem o dom de me fazer
enxergar melhor as coisas, acalmar meu coração e me proteger.
— Violetta, nossos pais já solicitaram que o anúncio de nosso
casamento seja feito em conjunto, e os departamentos de relações públicas de
ambas as empresas já estão trabalhando no texto que será divulgado para a
imprensa depois de amanhã.
— Não acredito Vitor, que papai tenha ignorado minha autoridade de
gestora. Ele parece não ter limites.
— Não pense assim Letta, ele também parece estar sem muita opção.
— Eu sei Vitor, mas o que faremos agora? Vamos aceitar e pronto?
— Sim Violetta, vamos aceitar e nos esforçar ao máximo para que
nosso casamento seja feliz. Vamos construir nossa família, e, da minha parte,
pode ter certeza de que você e nossos futuros filhos sempre estarão em
primeiro lugar. O resto, vamos lidando conforme as situações se
apresentarem. O que acha?
— Vitor, você realmente quer isso, ou apenas está cedendo pois é o
certo a se fazer?
— Violetta, eu desejo. Desde aquele encontro na escada, você não
saiu da minha mente. Nunca senti algo assim, Violetta. Nunca namorei, para
ser sincero. E você, quer se casar comigo Violetta? Ou cederá apenas para
cumprir sua obrigação.
— Eu quero me casar com você Vitor. E quero que nossa vida e nossa
família sejam nossa prioridade. Estou disposta a me esforçar para que
tenhamos uma vida feliz juntos.
Vitor segura meu rosto com as duas mãos e toca meus lábios com o
seu, desta vez, ele não cessa o beijo, mas abre sua boca, sua língua pede
passagem para me beijar. Eu retribuo o beijo, ansiando por este momento.
Quando nossas línguas se entrelaçam, meu corpo entra em um colapso de
sensações.
Se apenas um selinho me deixou acesa como fiquei ontem, esse beijo
me levou a outro planeta. Um frio na barriga intenso instala-se dentro de mim
e ao mesmo tempo, um calor percorre todo meu corpo, meu coração acelera,
na mesma medida que o beijo evolui.
Uma de suas mãos, desce por meu pescoço e vai para minha nuca,
Vitor segura meus cabelos e os puxa levemente, aumentando o frenesi que
sinto, sua outra mão desce por meus braços e para na minha cintura, ele me
puxa para mais perto, intensificando ainda mais o beijo.
Eu faço carinho em sua nuca, subindo pelos cabelos enquanto a outra
mão segura seu braço com força, caminhando para suas costas.
Nunca fui beijada desta forma. E o prazer que sinto é inenarrável.
Paro um momento para puxar ar, mas logo Vitor me puxa novamente, me
envolvendo ainda mais no beijo. A mão que estava em minha cintura vai até
minhas costas, e desce, quase chegando na minha bunda, logo começa a
subir, voltando à minha cintura e sobe sentido meus seios.
Mas Vitor não os toca, volta com sua mão para minha cintura sem
parar de beijar. Até que ele cessa o beijo. Encosta sua testa na minha e dá um
suspiro.
— Desculpe Violetta, se eu não parar agora, não serei capaz de me
conter. – Ele me olha intensamente, e vejo um fogo ardente em seus olhos,
um desejo tão fervoroso quanto o meu.
Ele me abraça tentando me acalmar e também se acalmar, sinto seu
coração batendo acelerado, assim como o meu. Ficamos abraçados em
silêncio, até que nossos ânimos se acalmam.
— Violetta, acho melhor voltarmos para a sala, antes que seu pai
venha atrás de mim, querendo antecipar ainda mais nosso casamento. – Diz
Vitor com uma nota de ironia na voz.
— Tem razão Vitor, vamos voltar. Mas a data já foi marcada? Papai
não me disse nada sobre isso. Pensei que fossemos passar um tempo noivos.
— O casamento será quinze dias após o anúncio Violetta.
— Puta merda Vitor. Não teremos tempo para nada. Nem vestido eu
tenho. Igreja, festa, buffet. É muita coisa para organizar em tão pouco tempo.
— Por favor, Violetta, se acalme. Minha mãe já está cuidando disso.
Além disso, sua mãe vai passar alguns dias conosco. Temos uma
cerimonialista que está acostumada a lidar com prazos apertados. Quanto ao
vestido, bem, você sabe que uma de nossas empresas é de moda. Tenho
certeza que Nina pode convencer uma de nossas estilistas a criar o vestido
dos seus sonhos a tempo para o casamento.
— Vitor. Nem a data de nosso casamento poderemos escolher? Daqui
a pouco você vai me dizer que meu vestido já está encomendado.
— Você poderá escolher o vestido e a decoração, Letta. Ninguém vai
exclui-la dos preparativos, apenas vamos fazer acontecer. Amanhã, você pode
conversar com nossas mães, e tenho certeza de que a Nina não se recusará a
ajudar.
— Vitor, e quanto à nossa futura residência? Vamos morar na casa
dos seus pais?
— No início, sim, porque minha casa ainda não está pronta. Amanhã
ou depois eu te mostrarei o local, e, antes que pergunte, sim, você pode
decorá-la como quiser. Pode até mesmo fazer alterações no projeto, se
desejar. Se tivermos tempo, amanhã eu te levarei até lá, e o engenheiro
explicará o projeto para que você possa fazer as mudanças que achar
interessantes.
— Vamos lá, temos um anúncio a fazer.
Vitor
Caminhamos de mãos dadas em direção à sala, adentrarmos, todos
param de falar e voltam seus olhares para nós, ansiosos pelo que temos a
dizer. Paro diante do senhor Romano e pronuncio:
— Senhor Romano, concederia-me a honra de desposar sua filha?
Olho diretamente nos olhos do meu futuro sogro.
Ele responde com um sorriso caloroso:
— Se minha filha concordar, ficarei muito feliz. – Senhor Romano
volta seu olhar para Violetta.
Viro-me para Violetta e, ajoelhando-me, tiro delicadamente uma
pequena caixinha do bolso e a estendo em sua direção, prosseguindo:
— Violetta, sei que nos conhecemos há pouco tempo e que tudo
aconteceu de forma acelerada, mas independentemente de todas as
circunstâncias e acordos firmados por nossos pais, você me encantou desde o
momento em que pus os olhos em você. Quero que saiba que, apesar do
momento conturbado que estamos vivendo, você é a minha escolha. Aceita se
casar comigo? Prometo respeitá-la e fazer o possível e o impossível para
fazê-la feliz. Protegerei você e nossos futuros filhos com minha vida, se for
necessário. Estendo a caixinha aberta na direção dela e completo:
— Apenas diga sim!
Violetta emocionada, com as mãos sobre a boca, deixa escapar
algumas lágrimas. Por um momento, pensei que ela fosse recusar meu
pedido, apesar de já ter aceitado anteriormente, durante nossa conversa no
jardim.
Com voz embargada, ela responde:
— Sim, Vitor, eu aceito me casar com você.
Eu me levanto, coloco o anel em seu dedo e beijo delicadamente sua
mão. Aproximo-me para selar nosso compromisso com um beijo, mas antes
que nossos lábios se toquem, ela sussurra:
— É você... sempre foi você.
Então, selamos nosso acordo com um terno selinho, e todos na sala
nos aplaudem. Mal nos separamos, e nossos familiares começam a nos
cumprimentar. Logo, recebemos taças de champanhe para brindar ao nosso
futuro juntos.
— Vocês estavam nos espionando? Pergunto a papai, mas é Nina
quem responde.
— Claro irmão. Todos estávamos ansiosos para saber a resposta de
Violetta. Afinal, vocês dois estavam muito tensos durante a refeição.
— Nina, você não tem limites. – Digo em tom de brincadeira e todos
riem.
O resto da noite passa rápido, entre risadas e conversas banais, nem
sentimos a hora passar, até que senhor Romano e Rafaelli se despedem,
seguem para sua casa.
Tomo um banho rápido, visto um moletom e me deito, adormecendo
em seguida. Sou acordado com os gritos de Violetta e imediatamente vou
para o quarto dela.
— Piccolina, acorde, sou eu Vitor. É só mais um pesadelo. Abraço-a,
tentando transmitir calma, enquanto minhas mãos percorrem suas costas.
Logo Violetta desperta e me pergunta o que aconteceu.
— Foi apenas mais um pesadelo, Violetta. Venha, vamos voltar a
dormir, está tarde.
— Não sei se consigo Vitor. Foi horrível. Sonhei que em vez daquele
homem, era você, e eu atirava em você. Violetta diz soluçando.
— Ei, veja, estou aqui, são e salvo. Foi apenas um sonho ruim. Se
acalme. – Digo beijando o topo de sua cabeça.
Violetta levanta e cabeça e não resisto, beijo-a com se não houvesse
amanhã.
Um duelo de línguas se inicia e nossas mãos começam a desvendar
nossos corpos com carícias leves e macias. O beijo se aprofunda e junto a ele,
nossas carícias se intensificam, até que não suporto mais e toco os seios de
Violetta, mesmo sobre a roupa, sinto seu mamilo enrijecido. Ambos
gememos juntos e isso é o combustível que precisava para intensificar meus
movimentos.
Desço minha mão pelo corpo de Violetta e quando chego na barra da
camiseta do pijama, levanto-a, tocando levemente sua pele, sinto seu corpo
arrepiar e não paro, vagarosamente, vou subindo com a mão até encontrar seu
seio, quando o toco, Violetta responde com um gemido que abafo com nosso
beijo.
Continuo acariciando seu seio enquanto ela, com dedos trêmulos,
passa sua mão pelo meu braço, depois passa suas mãos por dentro da minha
camiseta, tocando meu abdômen. Neste momento, sou eu a gemer.
Continuamos nos beijando e nos acariciando quando a puxo para mais
perto de mim, sentindo seu calor, esfrego meu pau completamente ereto por
sua intimidade e ela geme em resposta.
Desço a mão que estava em seu seio até sua bunda, apertando-a e
friccionando seu centro em meu pau. Estou tão excitado que não consigo me
conter. Levo minha mão até sua calcinha e dedilho sua intimidade.
— Está toda molhada para mim picolina! – Falo entre uma respiração
e outra.
Violetta não interrompe o beijo, apenas rebola em meus dedos e essa
resposta dela me leva ao nível máximo de excitação, não respondo mais por
mim, afasto sua calcinha para o lado e toco sua intimidade.
A resposta de Violetta é imediata e ela geme forte em meus lábios.
Continuo avançando até que encontro seu centro de prazer. Toco seu
clítoris com a ponta do dedo e inicio movimentos circulares, levando-a a
gemer novamente.
Goze Piccolina, digo a ela, enquanto continuo tocando—a, ela rebola
em resposta se esfregando em minha mão. Desço um dos meus dedos por
seus lábios e circundo seu canal, sem penetrá-la. Volto ao seu clítoris com
movimentos circulares e ela geme com mais intensidade.
Continuo os movimentos circulares, alternando entre leves e intensos,
até que sinto todo seu corpo tensionar, Violetta está tão envolvida e no
momento que goza, solta um gemido longo. Continuo tocando-a por mais
alguns momentos até que seu corpo acalma.
Interrompo nosso beijo e a olho com carinho, ela dá um leve sorriso,
faz um carinho em meu rosto e cai em sono profundo.
Eu a abraço, beijo sua testa e a deito no meu peito. Tento dormir, mas
com o pau duro do jeito que está, acho muito difícil conseguir. Pouco tempo
depois, consigo me desvencilhar de seu abraço e vou até o banheiro tomar um
banho gelado para me acalmar, mas nem isso resolve.
Sem conseguir me conter e com minha excitação vibrando por todo
meu corpo, encosto meu braço na parede e minha testa no braço, circulo meu
membro com os dedos. Inicio movimentos de vai e vem, lembrando dos
momentos que passei com ela.
Aperto um pouco mais forte, intensificando os movimentos. O gosto
de Violetta ainda vibra em minha boca. Começo a imaginar como seria sentir
sua boca em meu corpo, lambendo meu pau.
Sinto meu pau enrijecer um pouco mais, um latejar insistente se
intensifica, minhas pernas amolecem levemente, e com um leve tremor,
chego ao ápice. Gozo longamente, pensando na minha linda noiva.
Violetta
Acordo com o despertador do meu celular, está quase amanhecendo,
faço minha higiene matinal e vou para o lago praticar Tai Chi. Sinto falta do
Vitor em minha cama, o que aconteceu durante a noite volta à minha
memória e sinto um calor subir por todo meu corpo.
Como pudemos deixar chegar a esse ponto? Foi tão bom! Nunca
imaginei sentir tantas coisas diferentes como senti ontem com ele, mas estou
entristecida por ter acordado sozinha. Porque será que ele não estava em
minha cama?
Enquanto vou lembrando e pensando sobre os últimos
acontecimentos, me preparo para iniciar o aquecimento. De repente, sinto que
alguém me observa. Olho para trás e vejo Vitor vindo a meu encontro.
Ele se aproxima, me beija e deseja bom dia!
O cumprimento e pergunto se está pronto para treinar.
Ele dá um sorriso de lado, que o deixa mais lindo e fala:
Sim Violetta, estou pronto para treinar, mas antes disso, quero te
explicar que saí um pouco mais cedo do seu quarto, pois fiquei com receio de
sua mãe me surpreender com você, me desculpe por não ter avisado, mas
você estava dormindo tão gostoso que não quis te acordar.
— Foi melhor mesmo Vitor. Não sei o que falaria para mamãe se ela
nos encontrasse juntos. Sei que vamos nos casar em quinze dias, mas
enquanto isso, precisamos nos conter.
— Você não gostou, Violetta? Eu te machuquei? Me fale por favor.
— Não é isso Vitor, eu gostei e muito, e é isso que me assusta. Não
deveríamos ter deixado as coisas chegarem a esse ponto. Você sabe como são
os casamentos na máfia, e uma desonra nas vésperas de nosso casamento, não
é algo com que eu gostaria de lidar. Precisamos nos conter.
— Eu te entendo Violetta, e peço desculpas novamente, mas não pude
me conter. Você desperta em mim uma necessidade que não sei explicar. É
muito diferente do que já vivi até agora. Mas vou tentar me conter até nossa
noite de núpcias.
— Vamos iniciar? Hoje teremos um dia corrido.
— A respeito disso, hoje teremos um dia atípico e ocupado, talvez não
consiga tempo para conversarmos. Hoje daremos início ao nosso plano de
captura de Juan, por favor, pelos próximos dias, evite até sair da casa.
Estaremos em alerta total.
— Vai me contar o que estão planejando?
— Prefiro não Violetta, quanto menos souber, melhor para você, mas
saiba que em momento algum, deixaremos de proteger nossas famílias.
— Está certo, vamos ao Tai Chi.
Depois de praticarmos, voltamos para a casa e cada um segue para seu
próprio quarto afim de se preparar para o dia.
Tomamos o café da manhã juntos, e Don Tommaso reforça o pedido
que Vitor me fez mais cedo, sobre não sairmos por nada. Depois da refeição,
cada um segue para seu local de trabalho.
Nina agendou com a estilista da empresa dela, uma visita a nós, para
que pudéssemos escolher nossos vestidos e tirar nossas medidas. Às quinze
horas em ponto, Alanis chega. Levo algum tempo até escolher o modelo.
Opto por um vestido estilo Boho Chic, na cor branca, um decote
discreto na frente, que contrasta com a delicadeza da renda, que vai do busto
ao ombro; nas costas, ouso no decote, a renda que vem dos ombros contrasta
com o decote.
Na cintura uma fita de cetim; dela se estende a saia que cai solta e
fluida até os pés, feita de chiffon e coberta pela linda renda que escolhi.
Não usarei véu, pois optei por um penteado levemente solto com
algumas flores, que decidirei com a cabeleireira no momento oportuno.
Todas amaram minha escolha, e eu também. Depois que me decidi,
deixei mamãe, minha sogra e Nina ainda discutindo sobre seus vestidos e fui
verificar meus e-mails. Nem percebi quando Nina entrou e começou a
trabalhar.
Mamãe e Dona Aurora ficaram responsáveis pela escolha dos demais
detalhes, pois não entendo nada de organização de festas e eventos.
Não vi mais o Vitor durante o dia, o que fez com que eu sentisse
muita falta da presença constante dele. Sei que ele me falou que hoje seria um
dia atípico e que poderia não ter tempo para conversarmos, mas uma leve
insegurança me assola.
Fico lembrando dos momentos que compartilhamos em meu quarto, e
um misto de prazer e timidez me assolam. Uma dúvida surge em minha
mente. Será que deveria ter deixado as coisas chegarem ao ponto que
chegaram? Deveria ter freado nossos impulsos?
Por outro lado, penso que já aconteceu, foi muito bom, na verdade, foi
maravilhoso. Só de me lembrar da nossa noite, meu corpo se acende. Um
calor gostoso se instala em meu centro e um frio na barriga se espalha por
todo meu corpo.
Para sanar sua ausência e todas estas dúvidas e sensações, concentro-
me no trabalho e também nos preparativos do casamento.
O dia passa voando e quando a noite chega, a saudade aumenta, sei
que ele está trabalhando, que é para o bem de todos, mas eu o queria comigo.
Depois do jantar, passamos um tempo na sala conversando e mamãe e
dona Aurora nos contam como já está tudo adiantado para o casamento.
Agradeço a elas pela ajuda, me sentindo acolhida e feliz.
Me despeço de todas e vou para meu quarto dormir.
Vitor
Passamos o dia alternando entre as demandas dos negócios e a
organização da proteção do carregamento. Já era noite quando papai me olha
e diz:
— Acredito que Enrico já tenha chegado; é melhor chamarmos todos
para alinhar os detalhes. O carregamento está quase chegando, e não
podemos nos permitir cometer erros.
— Sim papai. Vou chamá-los.
Chamo os demais para nos reunirmos no escritório. A tensão no ar é
palpável. Dante toma a frente, já distribuindo as funções de cada um.
— Senhores, vamos nos dividir para que não percamos nada, minha
ideia é fazermos três grupos, um liderado por Lucca, outro pelo Rafaelli e
outro por mim. Os demais devem se dividir entre nós e acompanhar as
imagens. Cada grupo vai observar uma parte do plano, então, podemos fazer
assim:
— O grupo do Lucca ficará responsável em observar o trajeto do
caminhão de carga.
— O grupo do Rafaelli ficará responsável em manter o caminhão com
nossos soldados na mesma rota em que nosso caminhão com a carga está,
mas na rota paralela. Depois o acompanhará até nosso galpão.
— Eu ficarei responsável em coordenar tudo, farei a comunicação
com os soldados e operarei os drones, caso seja necessária alguma
intervenção.
Cada um de nós se posiciona próximo a um dos líderes e iniciamos a
observação.
Dante se conecta ao programa e compartilha as imagens nas enormes
telas do escritório de papai.
Tio Steffano, faz várias perguntas a Dante, que as explica com a maior
tranquilidade. A sincronia que os dois tem é admirável.
Posso entender por que meu pai confia tanto em tio Steffano. Além
disso, percebo o quanto Pietro presta atenção aos detalhes, fazendo perguntas
específicas e pertinentes. Tio Steffano é um excelente professor, e meu irmão
será um excelente conselheiro quando chegar seu momento.
Nossos homens já estão posicionados ao longo da rota e das rotas
alternativas. Sinto a ansiedade no rosto de cada um. Temos uma missão
importante a cumprir, e a confiança reina entre nós.
Enquanto observamos as imagens do nosso caminhão percorrendo a
rua em uma das telas, a ansiedade continua a crescer. Na outra tela, vemos as
ruas pelas quais o caminhão passará, e em uma terceira tela, temos a
visualização de algumas outras ruas que podem ser usadas como alternativas
para desviar a carga.
Em um certo momento, observamos uma movimentação alguns
quilômetros à frente do caminhão. Meu irmão imediatamente se comunica
com o motorista do caminhão, que entra na primeira rua disponível. Outro
caminhão segue o seu lugar.
Este outro caminhão está cheio de soldados que irão surpreender
nossos adversários. Obviamente que as imagens das câmeras da cidade foram
alteradas, para que ninguém perceba a troca dos caminhões.
Lucca continua observando nosso carregamento, enquanto Rafaelli
acompanha o caminhão com os soldados, e a tensão no ar é quase palpável.
Sabemos que um confronto é iminente.
Os tiros começam a ecoar, são tiros e mais tiros, criando um cenário
de intensa adrenalina, mas um destacamento de nossos homens chega,
surpreendendo os atacantes, que acabam se rendendo.
Um dos homens tenta fugir, mas Pascoal é rápido e certeiro, dando um
tiro em sua perna. Logo em seguida, um de nossos soldados desarma o
fugitivo e o prende.
Nunca tinha visto Pascoal em ação, embora confie em Matteo de
olhos fechados. Isso me traz certo alívio diante as mudanças que realizamos.
Todos são levados para um de nossos galpões, enquanto nosso
caminhão continua sua rota.
Observamos por mais alguns minutos e, finalmente, o caminhão com
nossa carga chega ao seu objetivo. A ansiedade toma conta de nós enquanto
Dante passa o relatório para papai e tio Steffano.
São oito homens mortos, sendo um nosso e os demais de nosso
inimigo. Outros dez homens presos e levados ao galpão, onde Pascoal e
Matteo já estão cuidando de conseguir informações.
Parabenizamos Dante e Lucca pela atuação e nos direcionamos ao
galpão. Sabemos que esta noite será longa.
Vitor
A cena no galpão como sempre é a mesma. Vários homens
pendurados pelos braços, em correntes penduradas no teto, as pernas presas
no chão, todos pelados e já bastante machucados.
Nos aproximamos de Matteo, que para de torturar o homem que está à
sua frente e vem nos atualizar.
— Não conseguimos nenhuma informação importante ainda, Don
Tommaso, dos homens que já “tratamos”, todos são mercenários e foram
contratados para abordar nosso caminhão cuja entrega será realizada amanhã,
em um local a ser informado.
— Estamos tentando extrair mais informações, mas não sei se teremos
sucesso, aparentemente, esses homens não sabem de nada, nem quem os
contratou.
— O serviço foi pedido pela dark web, sem contratante informado.
— Ok, Matteo, bom trabalho hoje. Vamos pegar um pouco mais
pesado, quem sabe obtemos mais algumas respostas. Deixe apenas um vivo.
Ele será nosso recado ao mandante.
— Me diga uma coisa. Como o mandante saberia se obtiveram êxito?
– Pergunto a Matteo, já com uma ideia em mente.
— Então Vitor, essa informação, somente um dos homens sabe, o
líder deles. Resolvemos deixá-lo para vocês, enquanto isso, ele assiste nosso
pequeno show.
— Bem pensado Matteo, onde está o líder? – Pergunta papai.
— Bem aqui Don Tommaso, me acompanhe, por favor.
Matteo nos leva a um dos homens, que já está com o rosto todo
desfigurado, o homem nos olha com ar de petulância, tentando demonstrar
superioridade, mas sabemos que depois de algumas horas com nossos
homens, vai cantar como um passarinho.
— Como é seu nome? – Pergunto ao homem, que dá um sorriso
sarcástico e cospe em minha direção.
— Vou perguntar mais uma vez, e lembre-se, será a única vez que
repetirei uma pergunta. Como é seu nome?
O homem ri da minha cara e cospe novamente.
Dou um soco em seu estômago e com minhas mãos em sua garganta,
prendo-o.
— Já que não quer dizer seu nome, vou te chamar de “cadelinha”.
O homem começa a ficar com os lábios roxos por causa do aperto em
sua garganta, e o ar a lhe faltar. Seguro por mais alguns momentos, mas solto.
Não quero que ele morra ainda, preciso de informações que somente ele pode
nos fornecer.
— Então “cadelinha”, vai começar a falar ou vamos precisar elevar a
outro nível?
Nenhuma resposta, somente seu sorriso sarcástico. Sei que ele está
tentando me desestabilizar, para que eu perca a cabeça, mas estou
acostumado demais com esse tipo de gente, então dou-lhe as costas e com um
olhar, Pietro vem ao meu lado.
Nunca vi uma pessoa que goste tanto de infringir dor como meu
irmão. Ele faz isso com um sorriso no rosto, como se os gritos e lágrimas dos
oponentes fossem seu combustível.
— Irmão, que tal um tratamento VIP para o “cadelinha”? Faça seu
melhor. – Digo, olhando para o homem preso que não esboça reação.
— Eu adoro isso irmão, vamos lá, o que quer você quer primeiro,
“cadelinha”? Agulhas entre as unhas? Decepar os dedos? Esfolar a carne?
Um choque de leve ou quem sabe uma injeção de veneno de cobra?
— Acho que o “cadelinha” é mudo, se não escolher, escolho eu... –
Digo irritado.
Pietro pega um taco de basebol e se posiciona ao lado do homem.
Então começa...
- Vai falar “cadelinha”?
Ele olha para Pietro com aquele olhar sarcástico e solta uma
gargalhada.
Pra quê ele foi fazer isso? Meu irmão detesta esse tipo de atitude.
Pega o taco e com toda força, bate em uma das canelas, quebrando-a.
Nem gritar, ele grita, e isso deixa meu irmão mais furioso, quebra a
outra canela e parte para o braço.
Depois de quebrar os dois braços e as duas pernas, meu irmão para e
me olha. Sei que é o momento de reiniciar as perguntas.
Vou até ele e pergunto:
— Quem contratou o serviço?
— Precisa do irmãozinho pra me bater? Não sabia que o futuro Don
era uma florzinha. Não quer sujar as mãos.
Pego o taco das mãos do meu irmão e dou sem dó nenhum uma
pancada no estômago do “cadelinha”.
Ele se contorce, mas não abre o bico. Apenas diz:
— Você é muito fraquinho, parece uma princesinha. – E gargalha.
Pego as agulhas e começo eu mesmo a enfiá-las entre a unha e carne.
Começo pelos pés. Na segunda agulha, “cadelinha” não aguenta a dor e
começa a gritar.
Depois de finalizar um dos pés. Me levanto, ficando cara a cara com
ele e pergunto:
— Já está pronto para começar a falar ou preciso repetir isso no outro
pé?
— Vai se foder. Diz “cadelinha” com a respiração entrecortada. A
Cosa Nostra estará muito fraca nas suas mãos.
Abaixo novamente, enquanto um dos soldados o segura firmemente.
Ao lado, vejo que Pietro já está “brincando” com um de nossos
“convidados”.
Calmamente, vou enfiando as agulhas no outro pé do “cadelinha”. Ele
grita, tenta tirar o pé, mas meu soldado é forte e não o deixa se mexer.
Quando termino a última unha, ele desmaia de dor. O bicho gritou
muito, mas ainda não está pronto para falar, está se fazendo de durão, mas sei
que logo ele vai começar a abrir o bico.
Peço ao soldado que jogue água gelada para acordar e quando a água é
jogada, ele acorda gritando e tremendo.
Mais uma vez, chego bem perto dele e pergunto se já está pronto para
falar.
Ele nem me olha mais, está esgotado de dor, mas sei que ainda
resistirá por mais um tempo.
Peço ao soldado que ligue os fios de eletricidade no homem.
— Vamos aproveitar que ele está todo molhado e dar uns choquinhos,
quem sabe, ele abre o bico. – Digo, com um sorriso maldoso.
Fico um pouco longe, enquanto meu soldado executa meu comando, e
aproveito para verificar com meu pai se conseguimos alguma informação.
— Nada ainda meu filho. Sempre a mesma resposta. Já executamos
metade dos homens e Matteo e Pietro estão trabalhando com os demais. – Diz
meu pai com fisionomia cansada.
— Acho que só esse homem poderá nos dar respostas suficientes.
— Pai, onde está o Dante? Ele veio conosco, mas não o vi mais.
— Ele está fazendo uma busca pela Dark Web com Lucca e Rafaelli,
quem sabe eles obtêm algum resultado.
— Certo, logo mais vou lá tentar alguma resposta, mas parece que
esse homem gosta de sofrer.
— Estou vendo filho, vamos conseguir, ele já está quebrando, logo
mais canta feito um canário.
Com tudo pronto, me aproximo do “cadelinha” e sem falar nada, ligo
o primeiro botão. É um choque de baixa intensidade, mas se você deixar
ligado por muito tempo, é doloroso.
Tenho pressa, todos temos, mas com esse homem, as coisas não
funcionam assim. Vou levá-lo ao limite.
Deixo um pouco o choque ligado, e o sorriso no rosto do homem não
sai. Desligo um pouco e me aproximo, mas não o suficiente para que a
cuspida que ele dá, pegue em mim.
Começo a rir e falo:
— Perdeu a mira “cadelinha”? Acho que o choque foi muito fraco.
Nisso, um dos meus soldados joga mais um balde de água gelada nele
e eu ligo outro botão, com maior intensidade de choque.
O corpo inteiro dele começa a tremer. Nessa intensidade, precisamos
ter cuidado, pois pode chegar a matar, então, desligo o choque e pergunto:
— Pronto para falar?
— Vai se foder.
— Pego uma corrente, com alguns pregos na ponta e bato em suas
costas, os pregos cortam sua carne, deixando lindos desenhos vermelhos.
Meu soldado vem com outro balde e esse, além de água gelada,
contém sal. Quando bate nas costas do homem ele começa a gritar, não dou
nem tempo de ele se manifestar, ligo novamente o botão, em uma intensidade
maior que a última.
Ele treme inteirinho, mas é preciso tomar cuidado, então, logo desligo
o choque e me aproximo. Com a corrente com pregos na mão.
Quando ele vê a corrente, se mija todinho.
— Nãnãnã... Que feio, “cadelinha”, se mijando como criancinha! Tá
pronto pra falar ou quer mais uma correntadas nas costas?
— Me mata, por favor.
— Ainda não “cadelinha”. Ainda não. Tá pronto pra falar ou vou
precisar usar essa belezura?
— Eu falo, eu falo, só me mate logo por favor.
— Vamos lá! Abre o bico.
— Meu nome é Jericho, sou um mercenário, fui contratado para
roubar o caminhão e entrega-lo amanhã. Não sei quem me contratou.
— Tá, isso eu já sei. Como o contratante vai receber a prova que você
concluiu o serviço?
— Eu preciso mandar uma mensagem para ele via Dark Web. Com
uma foto do caminhão.
— Onde será a entrega?
— Ele vai me passar o local depois da confirmação.
— Mais alguma coisa Jericho?
— Não, só isso. Agora me mate por favor, não aguento mais sentir
dor.
— Não assim tão fácil. Preciso confirmar que o contratante recebeu
confirmação do êxito de sua emboscada.
— Dante? – Grito apressado.
— Estou aqui. Já estou providenciando a foto, mas Jericho vai
precisar me informar os dados para eu fazer o acesso.
Olho para Jericho que concorda.
Enquanto Dante faz sua mágica, observo que todos os demais homens
que capturamos estão mortos. E tenho uma ideia.
— Papai, o que acha de mandarmos os corpos para Juan? Colocamos
todos no caminhão e deixamos no local de entrega.
— Era isso que eu queria. – Diz papai.
— Precisamos ter cuidado na entrega. Mas vamos monitorar tudo com
o programa do seu irmão, inclusive, ele já preparou o caminhão de entrega.
Disse que teremos uma linda surpresa.
Alguns minutos depois, Dante nos informa que conseguiu as outras
informações que precisava e que já poderíamos dar seguimento ao planejado.
Como já imaginávamos, a entrega será realizada amanhã. Pois eles
pretendem roubar a carga de Don Romano.
Vamos manter o “cadelinha” vivo, amanhã o enviamos junto com os
outros homens capturados para Juan.
Deixamos o galpão enquanto os soldados fazem a limpeza e nos
dirigimos para casa. Don Romano e Rafaelli vão para sua casa, para se
preparem para o carregamento de amanhã.
Chegamos quase ao amanhecer. Me despeço de todos e corro para
meu quarto, tomar um banho, ainda pretendo verificar como está Violetta.
Vitor
Após um rápido banho, visto uma calça de moletom e sigo em direção
do quarto de Violetta. Minha necessidade por ela tem me consumido,
deixando-me em um estado de confusão que nunca experimentei antes. Até
então, eu nunca havia me importado com outra mulher além da mamãe e
Nina, mas de alguma forma, Violetta conquistou um espaço em meus
pensamentos que me deixa perplexo.
O fato de estarmos praticamente dormindo juntos apenas intensifica
minha confusão. Eu nunca fui alguém que se preocupasse com o amanhã, na
verdade, raramente me importava com o próximo momento. As mulheres
costumavam ser meros meios de aliviar meu estresse e satisfazer meus
desejos, e eu nem ao menos me dava ao trabalho de lembrar seus nomes
depois de me saciar. Mas com Violetta, a situação é completamente diferente.
Às vezes, me pego pensando que estou mais preocupado com o bem-
estar dela do que com o meu próprio. Não que eu seja um egoísta, muito pelo
contrário, mas esse nível de preocupação é algo completamente novo para
mim. Talvez papai tenha razão, talvez eu esteja apaixonado. Sempre acreditei
que a escuridão que me cerca me impediria de sentir algo tão puro e belo, e
eu mesmo evitei que isso acontecesse por tanto tempo. No entanto, bastou um
único olhar em direção a Violetta para que todas as minhas convicções
desmoronassem. Ela é a luz que rompeu as barreiras da minha escuridão.
Em silêncio, abro a porta de seu quarto e percebo que ela dorme
tranquilamente, sinto um grande alívio, por causa de seus pesadelos
constantes.
Minha vontade é de me juntar a ela e dormir por algumas horas, mas
temo que sua mãe venha acordá-la, se ela me pegar aqui, será desonroso para
Violetta.
Volto para meu quarto e deito, dormindo em seguida. Pouco tempo
depois, sou acordado por meus próprios pesadelos e acabo me levantando,
pois sei que não conseguirei mais pegar no sono.
Vou até a janela do quarto e observo que Violetta está próxima ao
lago, praticando Tai Chi. Resolvo me juntar a ela, faço minha higiene matinal
rapidamente e me junto a ela.
Assim que chego ao lago, ela percebe minha aproximação e abre o
sorriso mais lindo que já vi. Violetta é simplesmente encantadora.
Me aproximo e peço permissão para me juntar a ela. Ela concede com
um aceno. Começo a copiar os movimentos que ela faz.
Praticamos por um tempo até que ela se dá por satisfeita e diz que
finalizamos.
De fato a pratica do Tai Chi é muito gostosa, me sinto renovado
depois de conseguir meditar.
Eu a abraço e digo:
— Senti sua falta, dormiu bem Letta?
— Também senti sua falta Vitor. Dormi muito pouco para ser sincera.
Custei a pegar no sono e quando consegui, logo fui acordada por mais um
pesadelo. Demorei para conseguir adormecer novamente.
— Não te vi chegar, como foi a noite?
— Chegamos há pouco, estava quase amanhecendo. Fui até seu
quarto, você estava dormindo, parecia tranquila. Voltei para meu quarto, mas
logo fui acordado com um pesadelo.
— Sabe Violetta, estas noites que dormimos juntos me deixaram mal
acostumado, pois não tive pesadelos, mas bastou dormir sozinho por uma
noite, e olha só, os pesadelos voltaram. Acho que você é meu remédio.
— Confesso que também durmo melhor quando está comigo, Vitor.
— Acho que vou pedir para apressar nosso casamento Violetta, quinze
dias é muito tempo. Não quero mais dormir sozinho. – Digo sorrindo.
— Ei, não inventa Vitor, por mais que eu também goste de dormir ao
seu lado, nosso casamento será no dia combinado. Por falar nisso, você já viu
o anúncio? Será publicado amanhã, certo? Diz Violetta
— Ainda não vi, você viu?
— Também não, mas vou falar com relações públicas, ao menos a
aprovação deve ser feita por mim, afinal, eu sou a CEO da empresa, além da
noiva. Você quer que eu te envie antes da aprovação?
— Claro Letta, nada mais justo que nós dois aprovemos, embora a
palavra final será sua e de Nina, quero fazer parte de todo o processo.
— Melhor nos apressarmos, já está ficando tarde, todos já devem estar
à mesa. – Digo, verificando as horas.
— Bom dia, dizemos juntos, ao entrarmos na sala de jantar.
— Todos nos cumprimentam e iniciamos uma conversa amena. Ao
final, subimos para nos aprontarmos para o dia.
O dia passa rápido, desde que passei a atuar mais nos negócios, minha
responsabilidade triplicou. Papai me dá todo o suporte necessário, tira todas
as minhas dúvidas, mas as decisões, são tomadas por mim.
Isso tem sido bom, pois ter o suporte dele em todos os momentos faz
com que eu me sinta mais seguro. Por mais que eu já estivesse ao lado dele
em treinamento, a responsabilidade agora é minha. Antes de finalizarmos, ele
sempre me pergunta como eu agiria. Tenho algumas visões diferentes da dele
e quando isso acontece, ele pede que eu me explique. Muitas das vezes, ele
concorda comigo, mas em algumas, ele me mostra as consequências de não
as acatar.
Experiência se adquire, e aproveito tudo que posso como um
ensinamento valioso. Em quinze dias serei o novo Don e preciso estar
preparado para isso.
A cada dia que passa, percebo o cansaço nos olhos de papai e isso me
preocupa, mas ele é irredutível em não me falar o motivo, as vezes chego a
pensar que ele possa estar doente, mas não posso ser invasivo, se ele quiser
contar, estarei aberto a lhe ouvir e apoiar.
No final da manhã, recebo uma mensagem da Violetta com o anúncio
de nosso casamento.
“Os grupos Moretti e Romano têm
o prazer de anunciar o noivado de
Vitor Moretti (diretor do Grupo
Moretti) e Violetta Romano (CEO
do grupo Romano).
O enlace acontecerá nos próximos
dias em cerimônia privada.”
— Simples e direto, gostei. E você, o que achou Letta?
— O mesmo que você, já dei o de acordo, Nina aguarda você
concordar para finalizarmos.
— Pode aprovar. Vou mandar uma mensagem para ela. Estou com
saudade.
— Também estou. Nos vemos no almoço.
Paramos alguns momentos para um almoço rápido, mas logo voltamos
para o escritório. Estava tão atarefado que não pude ficar com Violetta, ela
entendeu, pois parece que seu dia também está atribulado.
Ao final da tarde, senhor Romano e Rafaelli chegam para nos
organizarmos para a ação da noite. Depois de dividirmos as tarefas, cada um
vai para seu posto.
Hoje, além de salvar o carregamento dos Romano, vamos explodir
alguns laboratórios, entregar aos agentes do FBI, que estão em nossa folha de
pagamento, alguns pontos de drogas e prostituição. Além de devolver os
mercenários contratados para os ataques aos nossos carregamentos.
Adoraria ver a cara de Juan quando abrir os caminhões e encontrar
apenas corpos mutilados.
Sei que ele ficará desestabilizado e muito puto, mas contamos com
isso para ele cometer um erro e por fim, eliminarmos de vez esse latino de
nossas terras.
Pelo programa de Dante, acompanhamos o carregamento dos
Romano, Juan é mesmo desleixado. Acreditou que Jericho havia conseguido
roubar nosso carregamento e nem se preocupou com o outro, deixando a
cargo de Jericho toda operação, o que para nós foi benéfico, pois não
precisamos perder tempo tentando arrancar mais informações de outros
homens.
Dante logo entrou em contato com Juan pela Dark Web e marcou a
entrega.
Enviamos os caminhões apenas com os corpos dos mercenários,
inclusive o de Jericho e fizemos um ataque surpresa, tão logo os caminhões
chegaram ao destino. Infelizmente, Juan não estava lá, a luta foi sangrenta
perdemos alguns homens, em contra partida, deixamos apenas um dos
homens dele vivo, só para que o caminhão chegasse ao seu destino.
As operações de explosão dos laboratórios e as ações do FBI foram
realizadas com sucesso. Ao total, foram duas horas de trabalho coordenado e
realizado com sucesso, tenho certeza que foram as piores duas horas de Juan.
E a cereja do bolo virá nas primeiras horas do dia, com o anúncio do nosso
casamento.
Dou meu dia por encerrado, e vou para meu quarto descansar.
Amanhã teremos mais um dia cheio.
Violetta
Meu dia foi super corrido, mal tive tempo de conversar com Vitor. No
final da manhã, enviei a ele o anúncio de nosso casamento, ele aprovou.
Estamos tão alinhados que pensamos da mesma forma. O anúncio foi
simples e direto, como nós dois somos. Para mim é reconfortante ter alguém
ao meu lado sem frescuras e formalidades, por mais que nossos cargos depois
do casamento sejam de maior destaque, entre nós as coisas funcionam com
total equilíbrio.
Em poucos dias posso dizer que Vitor é o centro do meu universo, não
sei como ele conseguiu conquistar seu lugar. Ele é amável, atencioso, gostoso
demais. Com essas ações ele foi me conquistando. Não posso dizer que o
amo, mas o fato é que estou completamente apaixonada por ele. Não posso e
nem quero negar este sentimento.
Vamos nos casar, e é bom que me sinta assim. Sei que ele também
nutre sentimentos por mim, isso é claro na forma como ele age, nos olhares
que me dá, em nossas noites calientes. Sei que não é apenas uma atração, se
fosse apenas isso, ele não me daria a atenção que dá durante o dia.
Sei que ele é um homem muito ocupado, mas sempre que pode, me
manda uma mensagem, perguntando se estou bem ou precisando de alguma
coisa.
São estas pequenas ações que me conquistam diariamente. E quando
chega a noite, eu me perco em seus braços e seus beijos.
Estou tão viciada nele que esta última noite, não dormi direito, pois
não estava em seus braços. Dormi mal e pouco, meu dia se arrastou com um
cansaço que não sentia há muito tempo. Espero que esta noite ele venha me
fazer companhia, pois acho que não sou mais capaz de dormir sozinha.
Adormeço em meio a esses pensamentos.
Sou acordada por Vitor, me embalando com palavras doces. Olho para
ele perdida e vejo preocupação em seu olhar.
— Tive outro pesadelo né?
— Sim Letta, você estava gritando.
— Venha, levanto as cobertas para que ele se deite ao meu lado.
Vitor me olha com um pouco de dúvida, mas parece que algo brilha
em seus olhos e ele me diz.
— Que se dane, vamos nos casar em quinze dias, vou dormir com
você todas as noites, se isso te faz dormir melhor. – Diz ele resoluto.
— Acho bom, assim também espanto seus pesadelos. – Digo olhando
em seus olhos.
Nos abraçamos e começamos a fazer carinho um no outro. Logo em
seguida, Vitor me beija, como se não houvesse amanhã. Suas mãos começam
a percorrer meu corpo e eu arrepio inteira.
Um frio se instala na minha barriga, se espalhando por todo meu
corpo e junto a isso, um calor se instala no centro das minhas pernas.
As mãos de Vitor avançam por minhas costas, braços, cintura até que
ele alcança meus seios. Sei que se não pararmos agora, vamos fazer algo que
venhamos a nos arrepender, assim, me afasto dele.
— Vitor, se começarmos não sei se vamos conseguir parar, melhor
não começarmos. Estamos indo muito depressa. Vamos nos casar em quinze
dias, acho que podemos esperar. Ainda não estou preparada para dar esse
passo.
— Você tem razão Violetta, peço desculpas, mas você é irresistível,
não posso ficar ao seu lado que perco a cabeça.
— Podemos só dormir abraçados?
— Claro piccolina, venha, deite aqui no meu peito.
Eu o abraço e ficamos por um tempo assim, mas nenhum dos dois
consegue adormecer. Até que ele diz:
— Que se fodam os quinze dias. Alcança meus lábios e começa a me
beijar.
Retribuo o beijo, mas ele se controla com visível esforço. Até que
nosso beijo se intensifica. Eu tomo a iniciativa e levanto sua camiseta,
fazendo um caminho por seus gominhos perfeitos, sinto toda sua pele
arrepiar, ele não me impede e continuo o carinho.
Ele me aperta junto ao seu corpo e consigo sentir sua ereção tocando
meu centro, mas não me importo, a verdade é que não consigo mais resistir
aos seus carinhos e me esfrego a ele com toda minha vontade.
Ele começa a tocar meu seio, no começo é uma carícia leve, mas
conforme nosso beijo se intensifica, ele não se contém e levanta minha blusa
do pijama, tocando meu seio com mais vigor.
Ele aperta a aréola e depois faz um carinho me arrepiando inteira, sua
boca deixa a minha e ele começa beijar meu pescoço, descendo sua boca até
alcançar um dos meus seios.
Quando ele chega no meu mamilo, o abocanha e chupa com vigor,
levanta os olhos em direção dos meus e continua a chupar.
Isso me leva à loucura, as sensações são tão incríveis e indescritíveis
que me perco em um frenesi maluco.
— Eu quero sentir seu gosto. – Vitor fala com a voz rouca, tomada de
tesão.
Não reajo, apenas continuo olhando para ele enquanto ele continua
chupando meu seio. Ele se movimenta, abocanhando o outro. Estou tão
tomada pelas sensações que não sou capaz de freá-lo, quando sinto uma de
suas mãos descendo pela minha calça a puxando.
Ele tira minha calça junto com a calcinha sem soltar meu seio. Já
estou tão enlouquecida que não me importo com mais nada.
Vitor vai descendo, beijando minha barriga até chegar na minha
intimidade, em nenhum momento ele deixou de olhar em meus olhos.
Quando sinto sua língua me tocar, solto um gemido longo e baixo. Ele
tira sua boca e me diz.
— Se controle piccolina, alguém pode nos ouvir. – E me abocanha
novamente.
Ele abre a boca e com a língua lambe desde minha abertura até meu
clítoris, o que me leva a uma viagem sem volta. Com os dedos, ele toca meus
grandes lábios, mas não me penetra.
Com a junção desses dois toques, sinto algo crescer dentro de mim,
uma sensação boa e crescente, até que não me contenho e atinjo o clímax.
Vitor beija minha boca e sinto meu gosto em seus lábios. Ele esfrega
sua ereção em minha intimidade, me despertando novamente.
Me beija com sofreguidão enquanto se esfrega em mim, começo a
gemer novamente e o desejo cresce novamente, até que não resisto e gozo
novamente, ouço Vitor gemendo dentro da minha boca. Sinto algo quente se
espalhar entre nós e sua calça ficar úmida.
— Me desculpe piccolina, não consegui me conter. – Ele diz,
levantando seu corpo do meu e caminhando até o banheiro.
Pouco tempo depois ele volta, com um olhar acanhado e diz:
— Preciso ir até meu quarto me trocar, eu já volto.
Me dá um beijo e sai, mas volta em alguns minutos com outra calça.
Deita ao meu lado e me abraça.
Enquanto ele vai até seu quarto, me visto rapidamente sem me dar ao
trabalho de levantar. Me sinto esgotada, mas revigorada.
— Violetta, me perdoe, eu não resisto quando estou ao seu lado. – Diz
Vitor.
— Ei Vitor, você não precisa me pedir perdão, se eu não quisesse, não
teríamos chegado a isso. Foi bom, digo, me surpreendendo com minha
ousadia.
— Não foi bom Violetta, foi muito bom. Não vejo a hora de nos
casarmos para que eu possa te ter como quero. Não sei até quando vou
conseguir me controlar.
— Melhor dormirmos, amanhã teremos um dia cheio. Boa noite Vitor.
Boa noite Letta.
No dia seguinte, depois de praticar Tai Chi, me arrumo para o café da
manhã com a família, contudo, noto que mamãe está com uma carinha
estranha, ela me olha, fecha os olhos, mas não diz nada. Antes de ir para o
escritório, a chamo para um passeio no jardim. Ao nos sentarmos, digo:
— Pode falar mamãe, estou vendo que tem alguma coisa para me
dizer só não sabe como. Venha e enlaço nossas mãos.
— Está bem, você tem razão, me perdoe, sabe que sou bem direta,
então vou dizer sem rodeios.
— Você está dormindo com Vitor, minha filha?
— Mamãe, de onde tirou isso?
— Eu vi o Vitor saindo do seu quarto logo pela manhã, estava indo te
chamar, mas quando o vi, me escondi entre as portas e ele não percebeu
minha aproximação.
— Sim mãe, estou dormindo com ele, mas não é o que pensa. Vou te
explicar, mas não surta.
— Desde a primeira noite que vim para cá, tenho tido pesadelos, e
acordo gritando. Então, Vitor acorda e vem para meu quarto me acalmar, ele
me abraça e eu acabo pegando no sono nos braços dele. Depois de duas
noites assim, ele tem vindo dormir comigo, e eu não tive mais pesadelos
desde então.
— Entendi, mas ele não avançou o sinal ou avançou?
— Beijar é avançar o sinal mamãe? Se for, então avançou, mas não
vejo mal nisso, somos noivos e vamos nos casar em breve.
— Não é esse tipo de intimidade que me refiro Violetta, você sabe
disso e está fugindo...
— Não mamãe, não estou fugindo, e não mamãe, ele não avançou
esse sinal. Ainda sou virgem como era quando nasci. Pode ficar tranquila.
— Ainda bem, Violetta. Lembre-se, você é uma filha da máfia e deve
se resguardar até o matrimônio. Lembre—se, ainda, qual posição você estará
assumindo. Respeito é a coisa mais preciosa que temos.
— Claro mamãe, fique tranquila. Vitor me respeita e eu também me
dou ao respeito. Casarei virgem como dita a lei.
Conversamos mais algumas coisas sobre os preparativos para o
casamento e me despeço de mamãe, pois tenho que iniciar minha rotina de
trabalho.
Assim que chego ao escritório, Nina já corre pra me dizer:
— Saiu o anúncio e a repercussão está em todos as mídias da cidade!
— Deixe-me ver! Falo, já me dirigindo para minha mesa e ligando o
computador.
Como sempre fomos muito discretos, as mídias tem poucas fotos
nossas, inclusive, nenhuma juntos e isso é um prato cheio para a mídia
marrom.
Alguns comentários foram bastante ofensivos, mas em sua maioria,
retrataram como uma boa estratégia de negócios.
Opinião pública é uma meleca, mas quem se importa? Eu não me
importo nenhum pouco, desde que não prejudique os negócios.
Logo deixo de me preocupar com isso e foco no trabalho. Minha caixa
de mensagens estava lotada de felicitações. Agradeço a todos e inicio o meu
dia de trabalho.
Paramos para um almoço rápido, onde o assunto central foram as
especulações sobre o anúncio do casamento, entre risos e brincadeiras, o
almoço transcorreu rapidamente.
Voltamos ao trabalho até que recebo uma ligação de Chiara. Penso
por alguns segundos em não atender, mas acabo atendendo.
— VIOLETTA, SOCORRO! Ouço o grito de Chiara do outro lado da
linha. Coloco no viva voz e chamo Nina.
— O que houve Chiara?
— Estou sendo perseguida, tem dois carros correndo feito loucos atrás
do nosso. Não sei o que fazer, me ajuda prima, por favor.
Saio correndo, com Nina atrás de mim e encontro Vitor saindo do
escritório que ao ver nossas caras de preocupação, diz:
— Ei, ei, o que aconteceu agora?
— Vitor, me ajuda, é a Chiara, ela está sendo perseguida.
— Se acalma meu amor, venha, vamos para a sala do Dante.
— Já estava chamando vocês Vitor. Vejam isso.
Nas telas, aparece o carro onde Chiara está, e mais dois carros a
perseguindo.
— O que está acontecendo Dante? – Pergunta Vitor.
— Parece que Chiara é um alvo. Mas fiquem calmos que temos
cobertura, vejam. E ele aponta para três carros que surgem logo atrás dos
carros que perseguem o carro de Chiara.
— Violetta, nós sabemos que sua prima te chamou, estamos
monitorando todas as suas mensagens e ligações, espero que não se
incomode, mas fizemos isso para sua proteção.
— Nina, você também, desculpa irmã, mas enquanto essa guerra não
acabar, vocês e nossas mães são nossas fraquezas e como tal, precisamos
fazer o possível e o impossível para que nada venha respingar em vocês.
Permanecemos mudas, só olhando as imagens.
— Se vocês quiserem voltar a seus afazeres, fiquem a vontade, agora
precisamos nos concentrar na Chiara. – Diz Vitor nos abraçando.
Nenhuma de nós move os olhos da tela onde estamos acompanhando
Chiara. Apenas descansamos nos braços do Vitor.
Assim que conseguimos resolver tudo, pelo vídeo acompanhamos o
carro onde Chiara está, chegar aos portões da casa dos Romano.
Só me acalmei depois de ver Chiara correr para os braços de papai e
Rafa. Resolvemos voltar a nossos afazeres, mas nenhuma de nós está
conseguindo se concentrar, então, subimos um pouco para nos acalmarmos.
Enrico
Estava no escritório resolvendo alguns assuntos, quando ouço algumas
batidas na porta. Pelas câmeras, vejo que é Chiara e lhe peço para entrar.
— Boa tarde titio, como vai?
— Tudo bem minha filha, e você?
— Estou me sentindo muito só, com saudade da titia, sabe quando ela
volta?
— Ainda não sabemos, Violetta vai precisar de mais alguns dias para
concluir a negociação que está fazendo.
— Posso te ajudar em alguma coisa, Chiara?
— Sim titio, será que não posso ir encontrá-las? Estou me sentindo
muito sozinha aqui.
— Sinto muito minha filha, mas elas estão incomunicáveis. Fica
tranquila, elas logo voltam e você mata a saudade.
— Estava pensando tio, será que posso dar uma passadinha no SPA?
Estava querendo fazer minhas unhas, talvez uma hidratação, quem sabe assim
me distraio.
— Claro Chiara, pode ir, sem problemas, mas não se esqueça, os
soldados ficarão colados em você o tempo todo. Lembre-se de sua posição,
não podemos te perder.
— Sim titio, pode deixar que não ficarei longe do John.
— Sinto muito Chiara, mas o John está em uma missão, outros dois
soldados farão sua segurança enquanto ele não voltar, vou chama-los.
— Tudo bem titio.
Logo a porta se abre e dois seguranças entram, são homens dos
Moretti, como ainda não sei quem é nosso traidor, aceitei a oferta do Don.
Chiara estranha, dizendo:
— Titio, o senhor contratou novos soldados? Nunca os vi por aqui.
— Não Chiara, eles já trabalham comigo há muitos anos, depois do
ataque a sua prima, resolvi mudar meus homens de função.
— Estes são Stephen e Gabriel, eles serão responsáveis por sua
segurança a partir de agora.
— Tudo bem.
— Tem mais uma coisa Chiara, esta é Gail, ela entrará com você no
SPA e ficará ao seu lado o tempo inteiro. Ela é bem treinada e te protegerá
com a vida se for necessário. O que me importa é a segurança de minha filha
e minha sobrinha.
— Nossa titio, fico feliz com sua preocupação, mas fique tranquilo,
vou apenas ao SPA, logo estou de volta.
— Todo cuidado é pouco minha filha.
Pouco tempo depois que Chiara sai, um alarme soa, sei que é o
programa do Dante, algo não está correto.
Ligo imediatamente para Dante que me atende dizendo:
— Senhor Enrico, não saia de casa. O carro de Chiara está sendo
perseguido, já estão cobertos, mas creio que sua sobrinha vai precisar do
senhor quando ela voltar, está bastante assustada.
Rafaelli me mostra as imagens que o programa de Dante nos fornece,
então respondo a Dante:
— Dante, eu e Rafaelli estamos acompanhando por aqui também.
— Muito agradecido a todos por toda ajuda e apoio, não vou mais
atrapalhá-los, vou deixar a vídeo chamada aberta, me chamem caso precisem
de alguma coisa.
— Sim senhor Romano, fique tranquilo. – Diz Dante silenciando a
chamada em seguida.
Enquanto acompanhamos a ação por uma imagem que o programa do
Dante nos oferece, vemos que da janela de um dos carros, um homem se
projeta, carregando um lança mísseis portátil, mirando no carro de Chiara.
Logo o homem é abatido por um dos homens que os persegue. E
assim começa o tiroteio.
Depois de algum tempo de troca de tiros, os soldados do Don levam a
melhor e conseguem acertar os pneus dos carros que perseguem Chiara.
Ouço Dante conversar com o motorista do carro onde Chiara está e
pede que ele retorne para casa com a escolta. A limpeza será feita pelos
homens que os ajudaram.
Os homens que foram presos são direcionados ao galpão, precisamos
de respostas, e eles vão nos dar.
Logo Chiara chega em casa, aos prantos e correndo para os meus
braços.
— Titio, eu nunca senti tanto medo na minha vida, me protege, por
favor.
— Claro minha filha, você acha que estávamos fazendo o quê
enquanto você estava sendo perseguida? Te protegendo. Eu estava aqui
acompanhando tudo. Nada vai fazer mal a você menina. Posso não ser seu pai
de sangue, mas te criei como filha.
— Ah! titio, eu te amo, me desculpe por ter te dado tanto trabalho e
por ter demorado tanto tempo em te dizer isso. O senhor é o pai que a vida
me deu, e eu retribuí tão mal.
— Preciso de ajuda tio, muita ajuda mesmo. Eu quero ser uma pessoa
melhor, para o senhor, para a titia e também para meus primos. Mas não sei
como me controlar, quando vejo, já fiz bobagem, me perdoe, por favor.
— Se acalme minha filha, vai tomar um banho e descansar, vou
precisar sair para tentar descobrir o que aconteceu. Descanse um pouco assim
que eu chegar vou lá ficar com você.
— Não me deixe sozinha titio, por favor, estou com medo.
— Tudo bem Chiara, vai tomar uma ducha que vou lá ficar com você,
vou pedir um suco enquanto isso.
— Tá certo.
Depois que Chiara se arruma, entro em seu quarto com um copo de
suco, o qual ela bebe todinho.
— Venha criança, deite no meu colo e tenta relaxar. Mas me diga uma
coisa. Porque não ligou pra mim e sim para sua prima? Não confia em mim?
— Desculpa meu tio, o senhor tem razão, deveria ter ligado para o
senhor. Estava tão apavorada que liguei para o primeiro contato que
encontrei, e era o dela. O senhor me perdoa?
Ela deita a cabeça no meu colo e minutos depois já está dormindo.
Saio do quarto junto de Rafaelli, peço que Gail fique no quarto com
Chiara, e que ligue caso precise. Indico os medicamentos que ela deve tomar
caso fique muito nervosa e vou para a casa do Don, traçar novos planos.
Sei que a casa está sendo monitorada pelos Moretti, mas sou esperto o
bastante para não deixar que os soldados percebam.
Vitor
Chegamos ao galpão junto com senhor Romano. Ele logo pergunta
como estão Violetta e Nina que viram toda perseguição.
— Acalmaram depois que Chiara chegou em casa. Violetta estava
com muito medo, pois Chiara ligou para ela.
— Sim Rafaelli me mostrou o relatório. Só não consigo entender
porque ela não ligou para mim, eu a questionei, mas ela falou que ligou para
o primeiro número que tinha.
— Também não sei te dizer senhor Romano, ela devia estar realmente
apavorada. Pelo que Dante me falou, Chiara ligou para Violetta logo cedo,
mas ela não atendeu.
— Conseguimos apreender todos os celulares dos envolvidos, já
devem estar chegando em casa, logo Dante fará sua mágica e teremos mais
informações. Acredito que Matteo já tenha começado com a diversão.
— Vamos entrar e acompanhar. Fiquem a vontade para se divertir,
caso queiram.
Quando entramos, Matteo vem nos encontrar com um sorriso no rosto.
— Foi fácil, não precisei de muito para arrancar as informações e se
agirmos rápido, podemos pegar o Juan.
— Venha, vamos chamar o Dante, e juntar as informações.
Seguimos para uma salinha anexa e ligamos para Dante.
— Então, Dante, o que tem para nós?
— Irmão, ou é uma cilada ou esse Juan é muito burro.
— O que descobriu?
— Ele orquestrou o sequestro de Chiara para tirar Violetta do
esconderijo, o que ele não imagina é que sabemos onde ele vai agir.
— Matteo, o que você descobriu?
— Exatamente o que Dante falou.
— Eu não matei nenhum dos homens, preferi aguardar vocês
chegarem para decidir.
— Fez bem, Dante, mande a informação de que eles não conseguiram
pegar a Chiara e vamos aguardar o próximo passo.
— Matteo, mantenha todos trancados. Até que consigamos desvendar
esse mistério. Coloque homens de guarda e vamos para casa aguardar os
próximos passos.
— Me diga uma coisa, os soldados que capturaram esses homens
usaram os bloqueadores de sinal, certo?
— Não tenho certeza Vitor.
— Por via das dúvidas, vamos remover esses homens para outro
galpão, usando bloqueadores. E vamos deixar este galpão preparado, se
formos atacados pelos homens de Juan, explodimos tudo.
— Perfeito. Já vou dar as ordens e iniciar nossa movimentação.
— O que foi feito dos carros?
— Deixamos próximo ao local do ataque.
— Dante, está monitorando?
— Sim Vitor, até o momento, nenhum movimento.
— Certo, vamos agilizar tudo. Estamos voltando.
— Matteo, dê as ordens e nos acompanhe.
— Saímos rapidamente do galpão enquanto nossos soldados tomam as
providências de locomoção.
Quando chegamos em casa, vamos direto para a sala do Dante para
sabermos como andam as coisas.
— E aí Dante, como estamos?
— Até o momento, tudo tranquilo. Os soldados já moveram os
homens e chegaram no outro galpão. Os carros usados por eles continuam
parados no mesmo local.
— Chiara continua dormindo. O que o senhor deu a ela senhor
Romano?
— Uma dose de calmante, ela precisava apagar, senão não conseguiria
sair de casa. Estou preocupado que isso agrave mais os problemas mentais
dela.
— No caminho, liguei para o psiquiatra e contei sucintamente o que
aconteceu. Ele me disse que se ela acordar muito surtada, podemos levá-la
para a clínica. Lá ela terá acompanhamento e medicamento necessário para
voltar ao convívio.
— Ele já tinha me falado sobre interná-la, mas devido aos últimos
acontecimentos, precisamos adiar.
— Está certo senhor Romano. Vamos monitorar. De qualquer sorte,
estou preocupado em deixá-lo com Rafaelli lá, ainda não sabemos em quem
confiar.
Nisso, um alerta soa nos computadores de Dante e ele logo
compartilha a tela em uma de nossas televisões gigantes.
“Juan: Onde você está?
Traidor: Há cinco minutos da casa dos Romano.
Juan: Como assim, você me falou que só saia quando acompanhava a
sobrinha dele.
Traidor: Hoje ele precisou dos meus serviços e não tive como negar.
Juan: Certo, assim que chegar, entre e verifique quem está na casa,
deixe o portão lateral aberto, estou chegando.”
Olhamos para senhor Romano, que nos diz:
— Tenho um quarto do pânico em minha biblioteca, melhor deixar
Chiara lá com Gail, o que acham?
— Perfeito, senhor Romano. – Digo aliviado.
Imediatamente chamamos Gail, Stephen e Gabriel pelo ponto dizendo:
— Peguem Chiara e a levem para a biblioteca, lá vocês vão encontrar
um quarto do pânico, se tranquem lá e tentem acalmar Chiara caso ela acorde.
— Sim Senhor.
— Gail, não abram a porta por nada, a não ser um comando meu ou
dos Moretti, vocês serão atacados e a prioridade é a Chiara. – Diz senhor
Romano.
— Sim senhor, pode deixar.
Acompanhamos pelas câmeras a movimentação dos três soldados.
Por sorte, senhor Romano lembrou de pedir para que Gail pegasse os
medicamentos de Chiara, se ela acordar surtada, eles vão precisar ceda-la
novamente.
Eles são rápidos e logo depois de trancados no quarto, alguns soldados
chegam.
Um deles tenta entrar na casa, mas nosso homem não deixa, dizendo
que tem ordens expressas de senhor Romano que não quer ser incomodado.
— Papai, precisamos de respostas, diz Rafaelli, se deixarmos John na
casa, capaz dele ser morto pelos homens de Juan.
— Tem razão Rafaelli, tenho uma ideia.
— Senhor Romano tira o celular e liga para John.
— John, você precisa falar comigo, mas antes disso preciso que você
vá imediatamente até a farmácia, buscar alguns medicamentos para Chiara.
Um dos soldados que estão aqui, vai te acompanhar com a receita. Só confio
em você para comprar esses medicamentos, você sabe como a saúde da
minha sobrinha é frágil.
— Claro senhor Romano, pode contar comigo.
Senhor Romano chama Gabriel pelo ponto pedindo para que ele
acompanhe John até a farmácia, mas no caminho, o apague e o leve para
nosso galpão. Lembro a ele para não esquecer o bloqueador de sinais.
Feito isso, John acompanha nosso soldado, enquanto Matteo corre
com vários soldados para a casa do Senhor Romano.
Já tínhamos deixado alguns soldados de prontidão próximos à
residência, mas ainda não sabemos com quantos homens vamos lidar.
Aguardamos alguns momentos e logo vemos vários homens invadindo
a casa dos Romano.
Tínhamos pedido aos soldados que estavam fazendo a segurança da
casa que se escondessem, deixando apenas alguns soldados.
Depois que todos entram na propriedade, dou comando para que os
soldados ataquem os invasores.
É um tiroteio daqueles, mas nossos homens são melhor treinados e
conseguem capturar a maior parte dos homens, inclusive Juan.
Vemos Matteo chegar e encher os carros com os homens capturados.
Quanto aos mortos, alguns soldados foram designados para cuidar disso.
— Enrico, acho melhor você ir para sua casa, creio que sua sobrinha
vai precisar de ajuda, veja como ela está instável. – Diz papai.
— Sim Tommaso, sei que preciso ir ajudá-la, mas preciso de
respostas.
Fique tranquilo. Vamos esperar você acalmar sua sobrinha e depois
nos encontra no galpão, enquanto isso, vamos deixar nossos hóspedes
pensando.
Certo, muito agradecido mais uma vez. Antes de ir, quero dar um
beijo na minha mulher e filha.
Senhor Romano e Rafaelli saem e nos reunimos para decidir os novos
procedimentos.
Violetta
Percebo uma movimentação na casa, mas não tenho forças para sair
do quarto.
Depois de ver aqueles carros seguindo o carro onde Chiara estava,
toda agonia que passei naquela madrugada voltou.
Entro em pânico e só melhoro quando mamãe vem ficar comigo. Eu
deito no colo dela e não consigo sair de lá. Não tenho forças para contar a ela
tudo que aconteceu, ela estava agoniada. Por sorte, Nina vem para meu
quarto e explica tudo.
Pouco tempo depois Nina pega no sono em meu quarto mesmo. Eu
não consigo parar de pensar em tudo, sei que minha prima está em casa e a
salvo, mas as imagens não saem da minha cabeça.
Depois de algumas horas, batem na porta do quarto e mamãe pede
para entrar, é papai e Rafaelli.
Pulo da cama e abraço os dois de uma vez só. Como se não os visse há
décadas.
— Está tudo bem com vocês? – Exclamo preocupada.
— Se acalme minha filha, estamos todos bem. E temos novidades.
— Nos diga senhor Romano, diz Nina, já mais do que acordada.
— Conseguimos capturar Juan, e também o traidor.
— Quem era? Pergunto.
— Era John, o soldado de Chiara. Mas ainda precisamos de mais
informações, então, quero que vocês duas continuem aqui protegidas até que
tenhamos todas as respostas. – Diz papai todo protetor.
— E Chiara, como está? – Pergunto.
— Por isso não posso me demorar, vou pra casa ficar um pouco com
ela, já liguei para o psiquiatra que nos encontrará lá. Ela não está bem filha.
— Vou deixar que Vitor explique para vocês com calma, agora
preciso correr lá para ver como estão as coisas, neste momento ela está presa
no quarto do pânico com três soldados do seu noivo.
— Nossa casa foi invadida por Juan, mas conseguimos salvar sua
prima, que não foi ferida. Apenas está abalada com os acontecimentos.
— Milena, não vou te levar agora, sei que Chiara vai precisar de nós
todos, mas neste momento ainda não é seguro, assim como não é seguro
trazê-la para cá.
— Como vocês estão “viajando”, vou dizer que vocês vão antecipar o
retorno para estarem com ela. Combinado? Amanhã vemos como será.
— Preciso ir. Fiquem bem, amo vocês.
— Também te amo papai e Rafa. – Digo com emoção.
Logo que os dois saem, Vitor chega e me abraça.
— Como está Letta? Estava preocupado com você.
— Agora estou bem, mas curiosa, papai falou que vocês conseguiram
prender o Juan, é verdade isso?
— Sim Violetta, vou contar a vocês para que se acalmem um pouco.
Depois de nos contar rapidamente o que aconteceu, ele nos pede
licença para voltar para o escritório, eles precisam tomar providências sobre o
que aconteceu.
Assim que ele vai, abraço mamãe e Nina, chorando de alívio.
— Espero que esse pesadelo tenha realmente acabado. Quero voltar a
viver. – Digo entre alívio e preocupação.
— Eu também, dizem juntas mamãe e Nina.
Logo em seguida, Dona Aurora bate à porta, nos chamando para um
lanche.
Peço para que mamãe vá na frente, preciso de um banho e trocar de
roupa. Estou toda amassada, com os olhos inchados e vermelhos.
Depois de arrumada, desço para me juntar às mulheres, parece que
enfim teremos um pouco de paz. Temos um final de tarde tranquilo, com uma
conversa bastante agradável, até que o jantar seja servido.
Enrico
Logo que chegamos em casa, verifico se todos os nossos soldados
estão bem, tivemos algumas baixas, mas muito poucas. Peço a alguns
soldados que iniciem a limpeza. Peço que as famílias dos soldados mortos em
ação sejam comunicadas e que toda assistência seja prestada. Vou até minha
biblioteca, verificar Chiara.
Pelo interfone, chamo Gail para avisar que vou abrir a porta, ela me
atende na hora e fala que Chiara está muito nervosa, então resolvo abrir uma
chamada de vídeo para conversar um pouco com Chiara e tentar acalmá-la.
— Chiara aqui é o titio, olha só estou aqui já está tudo seguro, vou
abrir a porta.
— Sim tio, pode abrir mas eu estou com medo tio, era muito tiro, eu
nunca ouvi tanto tiro na minha vida, estou apavorada.
— Se acalma Chiara estou aqui com seu primo olha, só estamos nós
dois, vamos abrir a porta para você, pode ficar calma.
Dou os comandos e quando a porta se abre, ela se joga nos meus
braços.
— Calma Chiara, se acalma minha filha, estou aqui com você, nada
vai te acontecer, fica tranquila.
— Titio, eu nunca senti tanto medo na minha vida. O que que foi isso?
Me conta o que que tá acontecendo.
— Fica calma Chiara, ninguém vai fazer mal a você, estou aqui e vou
te proteger.
— Já não te protegi hoje por duas vezes? Confia em mim?
— Eu sei tio, sei que posso confiar no senhor, mas eu estou com
muito medo.
— Calma cara mia, vem cá, vamos nos sentar, vem toma esse copo
com água e açúcar.
— Eu liguei para a sua tia e pedi para ela antecipar a volta. Você vai
ficar mais calma assim?
— Não tio, não precisa. Eu estive pensando enquanto estava nesse
lugar. Foi horrível, depois de tudo que aconteceu hoje, acho que eu vou
seguir o conselho daquele médico, eu preciso me tratar, não posso continuar
fazendo o que eu faço. Eu amo vocês. Vocês são os pais que eu precisava
quando os meus foram tirados de mim, e eu sei que eu fui uma cadela com
vocês. – Chiara respira e continua:
— Eu quero me tratar, eu quero ser uma pessoa melhor, para merecer
todo o amor que vocês estão me dando.
— Você tem certeza disso Chiara? O que você acha de dar uma
descansada? Alinhar seus pensamentos, e depois, quando estiver mais calma,
toma uma decisão. – Pergunto.
— Não tio, eu já tomei minha decisão, eu vou me internar, preciso
ficar melhor. Só assim eu vou ter paz, só assim esses monstros vão parar de
ficar falando na minha cabeça.
— Ah! minha filha, fica calma, já está tudo resolvido. Os homens já
foram todos exterminados, nós não corremos mais riscos. Fica tranquila que
agora vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você tá bom?
— Vem cá, me dá um abraço.
— O que você acha de tomar um banho e dar uma relaxada? Enquanto
isso eu vou pedir para a cozinheira fazer um lanchinho bem leve para você.
Depois que estiver alimentada, conversamos um pouquinho.
— Eu chamei seu psiquiatra, ele está vindo para cá. Vocês podem
conversar um pouco e, quem sabe, ele te dá um medicamento para você ficar
um pouco mais calma.
— Está certo, vou aproveitar que ele vem e vou pedir para que ele me
leve, eu preciso melhorar, não quero continuar assim, preciso ficar boa. Eu
sou e quero ser uma pessoa melhor, confia em mim, vou ficar boa, vocês
ainda sentirão muito orgulho de mim.
— Está bem Chiara, fica tranquila, nós vamos resolver tudo juntos. E
o que você decidir, vou te apoiar, como sempre, jamais vou te deixar na mão.
Vai descansar, vou te levar até o quarto e deixarei Gail com você. Assim
acredito que você se sinta mais segura.
Enquanto isso, vou conversar um pouco com seu primo, resolver
algumas coisas, mas estarei aqui por e para você, eu te amo ragazza.
— Obrigada, meu tio, não sei o que seria da minha vida se não fosse o
senhor e a titia.
Pouco depois que Chiara sobe, o psiquiatra chega. Explico a ele tudo
que aconteceu, assim como as reações de Chiara. Ele prefere conversar com
Chiara e eu o levo até o quarto. Deixo-os conversando, mas logo os dois
voltam e Chiara já com uma mala prontinha me diz:
— Titio, eu realmente estou pronta para me cuidar. Vou com ele. Por
favor, diga a titia que eu a amo e lhe peça desculpas a Violetta também.
Assim que for possível, eu gostaria muito de lhes pedir perdão. Amo vocês.
— Rafa muito obrigada por tudo e me desculpa, meu primo, eu vou
ficar melhor por todos nós.
Rafaelli acompanha Chiara até o carro, levando sua bagagem.
— Pai, acho que realmente foi o melhor a ser feito, com Chiara
internada, nós vamos ter um pouco mais de tranquilidade e tratar com todos
os assuntos pendentes, inclusive o casamento da Violetta. – Diz Rafaelli.
— Será que ela ainda vai querer casar?
— Não sei meu filho, eu ainda preciso de respostas, não estou
satisfeito. É preciso saber até que ponto John está envolvido, se existem
outros soldados nos traindo e se Juan tem mais alguém por trás de si.
— Mas agora, vamos lá para o galpão, o melhor que temos a fazer é
resolver isso logo, tirar tudo da frente e partir para o próximo passo.
— O senhor está certo papai, vamos lá então, vou avisar o Vitor que
nós estamos indo.
Enrico
Assim que chegamos no galpão vemos o tamanho do problema. Tem
mais de cinquenta homens presos. Não sei quantos foram mortos e ainda não
conversei com Don Tommaso para saber o balanço da operação.
Don Tommazo para ao meu lado e diz:
— John é seu, faça o que quiser com ele. Vitor está com Juan e Dante
está com todos os celulares, vasculhando tudo que pode. Mais tarde nos
juntamos para dividir o que descobrimos. Você e Rafaelli fiquem à vontade e
se divirtam.
Vou direto até o John, preciso de respostas e ele vai ser o primeiro a
me dar, não tenho por hábito fazer esse tipo de trabalho, já fiz muito, desde
que iniciei meu treinamento, hoje sou chefe da família tenho homens
treinados para isso, mas neste caso, vou fazê-lo, o ódio que estou sentindo
não vai passar só de olhar.
Eu até poderia deixar com Rafaelli, mas acho que ele tem outros
planos, pois já está se divertindo com os outros homens capturados.
— Então John, o que você tem a me dizer? Começa abrindo o bico.
— Não tenho nada a falar ao senhor, isso foi um erro, sou inocente,
ainda não entendo por que estou aqui.
— Você acha que sou idiota John? Não sou o Capo desta família à
toa, não se faça de desentendido, sei muito bem que é você que está por trás
da tentativa de sequestro da minha filha e hoje de minha sobrinha.
— Pode começar abrindo o bico, ou você prefere que eu comece a
usar esses brinquedinhos?
— Não sei de nada senhor, sou inocente.
— Não tenho o mínimo problema em usá-los em você. Tem quinze
segundos para decidir, ou fala agora e tem uma morte rápida, ou então vai
sofrer muito.
— Não senhor, não senhor, eu sou inocente. Eu sou inocente.
— Seu tempo acabou, vai ser pelo modo mais doloroso.
— Vamos John, diga o que quero saber. O que Juan queria com você?
Se me disser agora, salva o dedo, se continuar negando pode ir dando adeus
para seus dedos, vou cortar cada um deles com essa faca. E já te digo, não
está afiada.
— Eu sou inocente senhor, eu juro.
Pego a faca enquanto um dos guardas segura uma das mãos de John
sobre a mesa e corto. Demoro mais que o necessário, só para que ele sinta
mais dor e veja que não estou brincando.
Ele começa a gritar feito louco, mas não me diz nada. Corto um
segundo dedo e John apenas grita.
— O que você ia ganhar entregando minha filha?
— Eu não sei senhor, eu não sei de nada, eu sou inocente, eu sou
inocente.
Nem me dou ao trabalho de falar nada, corto outro dedo, e nada. Corto
todos os dedos de uma mão, e John continua negando.
Resolvo fazer outra coisa, não estou com paciência para ser criativo,
então vou pelo mais fácil, pego uma faca bem afiada e vou passando pela
pele, fazendo pequenos cortes.
Olho para o soldado, e ele já sabe, vem com um balde de água com sal
e joga em cima de John.
O rapaz urra de dor, mas não abre o bico.
Tento choque, e nada.
John começa a defecar de dor, mas isso não me abala. Uma vida
inteira dedicada à máfia, esse tipo de coisa não me é estranha.
Dou uma pausa para analisar os instrumentos disponíveis, quando
acho um maçarico. É com ele que vou brincar agora. Mas John continua
negando.
As agulhas não tem jeito, ninguém aguenta por muito tempo, é com
elas que eu vou conseguir as respostas que preciso.
Assim que ele me vê com as agulhas ele começa a gritar.
— Não, por favor, por favor, eu falo, eu falo, só não me enfia essas
agulhas, eu não vou aguentar.
Sento-me numa cadeira, bem em frente a ele e peço que comece a
falar.
— Eu odeio sua família, meu pai era um dos soldados do seu irmão,
ele estava no dia do atentado e também foi morto. Ficamos apenas eu e minha
mãe, um tempo depois, ela acabou se casando com outro soldado e meu
inferno começou.
— Ele era um demônio, que infernizava nossa vida. Batia na minha
mãe e também em mim, quando cresci e me iniciei, eu comecei a intervir,
mas ele era muito forte, e muitas vezes nossas brigas eram muito cruéis.
— Minha mãe não suportou e acabou morrendo, ele a matou na minha
frente. Como eu ainda era menor de idade, fiquei sob sua tutela, se eu vivia
um inferno antes, depois da morte dela, ficou pior, até que um dia, ele não
voltou de uma das missões.
— Mas neste momento, eu já estava perdido. Eu culpava o senhor e
sua família pelo inferno que vivi, nunca perdoei nenhum de vocês.
— Depois de algum tempo, fui designado para ser o soldado de
Chiara, e aí meu inferno continuou, aquela menina não bate bem, com o
perdão da palavra senhor, mas ela precisa de tratamento.
— Ela me infernizava dia e noite, e não só a mim, mas a todos os
outros soldados. Não sei como ela ainda sobreviveu. Eu estava por um triz
para matá-la.
— Em uma das minhas folgas, estava em um bar bebendo, quando fui
abordado por um dos homens de Juan. Eu já estava um pouco alto e acabei
falando demais.
— Então Juan me propôs ajuda-lo a acabar com sua família em troca
de minha liberdade da vida na máfia.
— Era tudo o que eu queria, acabar com sua família e sumir no
mundo, nem precisei pensar. Aceitei a proposta, e desde então, tenho
trabalhado para ele.
— Instalei alguns microfones pela casa e também alguns rastreadores
nas roupas da Violetta. Foi assim que Juan soube onde ela estava naquela
noite.
Como seu escritório estava sempre trancado, e eu nunca estava
sozinho, nunca consegui entrar e roubar seu caderno onde são anotados todos
os contatos dos associados da família, que era um dos objetivos do Juan.
— Eu não sabia do ataque à Chiara, mas ajudei na entrada da casa,
deixando o portão lateral aberto.
— A ideia era deixar que o senhor pensasse que era Chiara a aliada de
Juan e o senhor mesmo matá-la, mas depois do ataque à Violetta, o senhor
nos tirou o acesso à casa e tudo se complicou.
Eu fico com tanta raiva que acabo pegando o revólver dando um tiro
nele. Ao menos, uma parte da história nós já temos. Agora preciso de Juan.
Vitor
— Olha! Olha! o que temos aqui? O chefinho de cartel que resolveu
achar que conseguiria tomar nossos territórios?
— Vai se foder!
— Olha só, estou solto, livre, minhas rotas estão cobertas e ainda vou
me casar com a Violetta, em compensação, você está aqui, acorrentado, seus
homens ou estão mortos ou estarão em breve. Quem é que está fodido? Me
diz?
— Vai se foder.
— Não tenho pressa, mas você deveria ter, quanto mais tempo levar
para falar, mais vai sofrer.
Pego um pedaço de madeira envolta com arame farpado e começo a
bater nele, começo pelas costas. As farpas vão cortando a pele, enquanto a
madeira vai machucando.
Miro em uma de suas pernas e bato, bato forte e ouço seu osso
quebrando, bato no braço, e outro osso se quebra, não tenho dó, bato forte.
Juan é forte e não solta nem um grito.
Um dos soldados me traz um barril cheio de água gelada, coloco um
tecido na boca de Juan e enfio sua cabeça no barril.
Deixo por um tempo e tiro. A intenção não é matar, não agora, preciso
de respostas, então não posso me empolgar.
Repito a operação mais duas vezes e Juan não quebra.
O soldado vem com alguns fios e coloca em seu corpo, em pontos
estratégicos. Eu ligo o botão e ele começa a tremer com o choque.
Conforme vou repetindo o processo, vou aumentando a intensidade,
mas nem isso o faz falar.
Peço para que um dos soldados o prenda de ponta cabeça e o deixo lá,
pensando.
Vou até senhor Romano e papai para saber se já temos alguma
novidade.
— Papai, meu sogro, temos alguma novidade? Como foi com seu
soldado senhor Romano?
— Dante ainda está trabalhando com os telefones, pediu mais um
tempo. Nenhum dos homens que torturamos até agora sabia alguma coisa. Ao
que parece, Juan não confiava em ninguém. – Diz papai claramente irritado.
— John estava trabalhando sozinho. Ele estava tentando incriminar
Chiara para se vingar da família. Eu o matei.
— Juan é forte, não abriu a boca até agora.
— Acho que vou precisar ser mais persuasivo... Estou pensando em
chuva ácida ou veneno, ainda não decidi. Ele já apanhou bastante e não
quebrou. Estou dando um tempo para ele falar.
Nossos telefones tocam, nos olhamos e já sabemos que Dante tem
novidades. Nos encaminhamos para a sala anexa, para sabermos o que Dante
conseguiu.
— Oi irmão? Tem alguma notícia? – Pergunto ansioso.
— Pouca coisa Vitor. Ele sabe se esconder. Se eu tivesse o
computador dele, teria mais o que falar, por isso chamei vocês.
— Tentem conseguir o local do esconderijo de Juan que mando uns
homens pra lá. Sem o computador, vai ficar difícil conseguir respostas.
— Mais alguma coisa?
— Pelo que pude ver, Juan trabalha sozinho, ao menos não divide
com seus homens seus planos. Pouco antes de cada ação ele dá a ordem. Mas
isso não é novidade para nós.
— Certo irmão, vamos tentar descobrir onde é o esconderijo dele.
Assim que qualquer um de nós tiver notícias passamos.
— Enquanto isso, vou tentando descobrir por onde eles andaram pelos
históricos das mensagens e ligações, mas não teremos uma localização exata.
Teremos uma grande área para cobrir.
— O primeiro que conseguir qualquer informação passa para o outro.
— Temos um foco, vamos trabalhar nisso. Até breve irmão.
— Quantos homens de Juan ainda temos para torturar? Vamos nos
dividir e trabalhar neles. Vou deixar Juan pensando na sala escura, acho que
teremos uma resposta mais rápida com os outros. Sem a presença dele acho
que abrirão o bico mais rápido.
— Alguém tem alguma sugestão?
— Concordo com você filho, cada um pega um homem e vamos tentar
descobrir o local onde ele se escondia, quanto antes conseguirmos esta
informação, mais rápido Dante vai poder começar a trabalhar.
Embora tenhamos pego Juan, não sabemos se ele está sozinho.
Nos dividimos e cada um vai tentar conseguir informações. Horas
depois, nos reunimos novamente na sala anexa e chamamos Dante.
— Dante, alguma novidade?
— Tenho uma região, mas é muito ampla, cheia de residências, vai
ficar difícil encontrar, mas acho que vocês têm alguma coisa para mim.
— Alguns locais prováveis, vamos te passar os locais que nos
informaram e cruzamos com a região que você encontrou, acho que com isso
podemos iniciar.
Cada um de nós fala o que descobriu, ao final, Dante fala que tem
uma possível localização.
— Nos chame se tiver novidades, vou trabalhar com Juan.
— Peço aos soldados para prepararem o chuveiro ácido. Agora, mais
que nunca quero respostas, estou cansado e preocupado. Não vejo a hora de
chegar em casa para ficar com Violetta.
Já era alta madrugada quando voltamos para casa. Nada do que fiz fez
com que Juan falasse. Se eu forçasse mais, poderia perder meu prisioneiro, e
sem respostas, isto está fora de cogitação.
Chamo um de nossos médicos para cuidar dele, ao menos mantê-lo
vivo, amanhã voltamos para mais uma série de torturas, uma hora ele se abre.
Dante conseguiu entrar no esconderijo e está trabalhando no
computador de Juan, mas ainda não conseguiu acesso, pelo que ele falou, os
arquivos são criptografados e ele está tentando quebrar a segurança.
Vitor
Chegamos em casa já havia amanhecido, corri para meu quarto para
tomar um banho, estou sujo, e não quero que Violetta me veja assim.
Depois do banho, coloco uma roupa de treino e vou até o lago
encontrar Violetta que está praticando Tai Chi. Assim que ela me vê, abre o
maior sorriso e corre em minha direção me abrançando.
— Senti tanto sua falta, fala me dando um selinho.
— Eu também Violetta, como passou a noite? – Pergunto ansioso.
— Dormi pouco Vitor, tive pesadelos horríveis, só consegui
adormecer depois que mamãe veio dormir comigo.
— Ela sabe que você tem dormido ao meu lado e que isso faz com que
meus pesadelos se acalmem.
— Como assim Violetta, ela sabe? Você contou?
— Não, ontem foi um dia tão confuso e nem tive oportunidade de
conversar com você, a verdade é que ela te viu saindo do meu quarto e veio
conversar comigo.
— Então, contei a ela o que vem acontecendo, os pesadelos, o fato de
você me proteger. E só isso.
— Entendo, melhor que ela saiba e confie que nós estamos curando
um ao outro.
— Sim Vitor, é isso que ela acha. Não sei se ela vai contar a papai,
mas por tudo que aconteceu esta noite, creio que ela tenha entendido minha
necessidade.
— Espero não ter problemas com seu pai. Não quero que nada te
prejudique, tampouco que nosso casamento seja cancelado por um mal
entendido.
— E como foi ontem Vitor, agora estamos livres?
— Foi complicado Violetta, não vou entrar em detalhes, mas temos
Juan preso e John morto. Ao que tudo indica, John estava trabalhando para
Juan e foi o responsável por colocar escutas e localizadores na sua casa.
Mas ainda não podemos dizer que está tudo bem e que você está livre
de qualquer ataque. Estamos investigando, então, seu “toque de recolher”
permanece.
Mas se ele está preso, ainda corro perigo?
— Ainda não sabemos Violetta, suspeitamos que ele era apenas um
“testa de ferro”, tenho a impressão que ele trabalha para alguém, muito mais
forte e poderoso. Estamos investigando, mas está complicado encontrar
rastro.
— Está certo, vamos continuar atentas e protegidas aqui.
— Mas, mudando de assunto, você viu a repercussão do anúncio?
— Vi rapidamente Violetta, logo pela manhã de ontem, demos uma
olhada nos comentários, mas depois não tivemos tempo. Estou chegando em
casa agora. Não durmo há vinte e quatro horas.
— Então é melhor deixarmos o treino para outro dia, vamos tomar
café da manhã e você vai descansar enquanto trabalho.
— Você tem razão, algumas horas de sono serão bem vindas, estou
exausto, mas não queria dormir antes de te ver.
Tomamos um café rápido e subo para descansar. Fui acordado com
outro pesadelo. Faço minha higiene e desço, para saber como estão as coisas.
— Todos estavam à mesa, almoçando, me juntei a eles e comemos em
um ambiente tranquilo.
Assim que terminamos a refeição, seguimos para o escritório,
infelizmente não temos respostas às milhares de perguntas que ainda temos,
assim decidimos voltar ao galpão forçar mais um pouquinho Juan.
Ao chegar no Galpão, nos deparamos com tudo limpo, apenas Juan,
jogado em um canto, todo encolhido. Os soldados já haviam limpado tudo e
dado um fim aos corpos.
Tento tirar algumas respostas de Juan, mas ele não colabora. O
médico nos alertou a dar uns dois ou três dias para Juan, antes de voltarmos a
pegar pesado, assim, deixo-o lá, muito puto por não obter respostas e volto
para casa.
Ao chegar em casa, nos reunimos novamente para saber se Dante
conseguiu mais algumas informações, mas infelizmente, ele ainda está
trabalhando em decifrar as criptografias no computador de Juan.
Estamos em um beco sem saída, e isso me frustra ao extremo. O medo
de que algo venha a acontecer a Violetta ou minha família me deixa
completamente desestruturado.
Todos saem, me deixando sozinho com papai. E neste momento,
resolvo que está na hora de questioná-lo sobre o que ele está me escondendo.
Ele insistiu muito para que o casamento acontecesse rapidamente,
venho reparando em seu cansaço, em sua preocupação. Preciso que ele seja
honesto comigo. Então pergunto.
— Papai, o senhor não acha que está na hora de ser sincero comigo e
me contar o que está acontecendo com o senhor? Acha que não percebi como
o senhor anda cansado, preocupado, fora a insistência em meu casamento?
— Você tem razão, meu filho, vou te contar.
— Eu tenho câncer. Fiz todos os exames necessários, e não será
possível uma cirurgia. Preciso iniciar a quimioterapia e radioterapia
imediatamente.
Não sei quanto tempo levará o tratamento, tampouco se serei curado,
mas não vou me entregar à essa doença maldita. Farei o que estiver em meu
alcance para me curar, mas para isso, preciso que você assuma seu lugar de
direito.
— Papai. Digo já extremamente abalado. Eu imaginava que algo
estava errado, mas nunca imaginei que fosse algo tão sério. Fico sem chão,
paralisado por uma onda de choque e tristeza.
Na minha mente, parece que um filme de nossa vida inteira se
desenrola, todas as memórias vêm à tona num instante. Por um momento,
sinto vontade de gritar, de descontar minha frustração nas coisas ao meu
redor, mas meu autocontrole se mantém firme. Não posso demonstrar
fraqueza agora, não quando meu pai mais precisa de força. Preciso ser forte
para amparar papai neste momento tão difícil.
Ele me interrompe, dizendo:
— Não diga nada meu filho. Apenas prometa que cuidará de sua mãe
e irmãos se eu não puder.
— Nem pense nisso, papai. O senhor vai superar isso, e um dia vamos
rir desta conversa.
— Assim espero meu filho.
— Vou precisar de seu apoio quando contar aos seus irmãos sobre
isso. Mas confio no treinamento e união entre vocês.
— Contar o quê papai? Diz Dante, entrando sem bater, acompanhado
de Pietro.
Papai conta aos meus irmãos sobre a gravidade da situação, e eles
ficam igualmente chocados. Mas, aos poucos, a determinação substitui o
choque em seus olhares.
— Quando iniciam as aplicações papai? – Pergunta Pietro.
— Semana que vem meu filho. Para todos os efeitos, vou fazer uma
rápida viagem com sua mãe. Não quero que ninguém fora desta sala saiba do
real motivo de minha ausência.
— Isso seria mostrar fraqueza, coisa que não podemos neste
momento.
— Sim senhor. – Dizemos em uníssono.
— Pode contar conosco papai, estamos aqui torcendo por seu
restabelecimento. Tenho certeza que o senhor vai passar por isso como
sempre fez com tudo na sua vida. Vencer é o lema.
Nos abraçamos e seguimos para a mesa do jantar. Fazemos nossa
refeição como sempre fazemos, entre piadas e risadas, tentando, a todo custo,
manter um clima ameno.
Logo depois do jantar, peço licença e subo para meu quarto, preciso
de um tempo para colocar minha cabeça no lugar. Nunca imaginei que papai
estivesse passando por uma doença tão grave.
Pouco depois, Pietro bate à porta e já entra dizendo:
— Que merda essa doença do papai. Estou sem chão irmão. Não sei o
que fazer, o que pensar, estou com medo.
— Também Pietro, mas precisamos nos manter fortes e unidos, pois
papai vai precisar de nós durante o tratamento, não é hora de nos perdermos,
e sim de nos juntarmos, honrar nossa família e todo nosso poder.
— Você tem razão Vitor, mas é tão difícil. Você não sabe o que é ver
a pessoa que você ama se perdendo para uma doença e você não poder fazer
nada.
— Não queria que nenhum de vocês passasse por isso. É muita dor. E
você sabe que não lido bem quando não posso estar no comando. Não sei
lidar com a impotência e é isso que sinto neste momento.
— E desde quando você sabe o que é a dor da perda de alguém que
ama Pietro? O que você tem escondido de nós todo esse tempo?
— Te vejo aí, sempre nervoso e perdido, só encontra felicidade
quando está torturando ou matando alguém. O que você tem escondido
dentro desse peito?
— Estou aqui por você irmão, e não falo isso por ser seu futuro Don,
mas por ser seu irmão. Coloco uma mão em seu ombro e aperto.
— É uma história longa e triste Vitor, não temos tempo agora e ainda
não estou pronto para falar sobre isso. Mas saiba que assim que eu conseguir,
vamos conversar, está certo?
— Por enquanto, vamos levando e matando os monstros que aparecem
para nos assombrar diariamente.
Pouco tempo depois que Pietro sai, sigo para o quarto de Violetta,
assim que entro, ela abre um sorriso e levanta o edredon, para que eu me
deite ao seu lado.
Conversamos por um tempo até que adormecemos. Embora sinta uma
atração intensa por Violetta, minha mente está dominada por preocupações
acerca da saúde de meu pai. Neste momento, tudo que mais anseio é o
conforto de seu carinho e abraço, mesmo que ela desconheça o motivo. É
esse gesto que desperta em mim uma sensação de profunda calma e consolo,
uma onda de sentimentos que jamais imaginei serem possíveis.
Violetta
Acordo renovada, esta noite não tive pesadelos, Vitor dormiu comigo
a noite toda, ele deveria estar bastante cansado. O fato de ele ter dormido a
noite toda, me deixa aliviada. Sei como é ruim ter pesadelos.
Assim que me levanto, Vitor vai para seu quarto se arrumar.
Nos encontramos no lago e praticamos um pouco de Tai Chi. Percebo
Vitor mais amuado, disperso, preocupado, o que me deixa inquieta e
desejando poder ajuda-lo. Sinto uma profunda preocupação e um desejo
ardente de aliviar o fardo que ele carrega. Opto por não questioná-lo neste
momento, pois respeito sua necessidade de espaço emocional, embora meu
coração anseie por compreender e acalmar suas emoções.
Tomamos café juntos e cada um segue para seu escritório, minha
mente não para de pensar no que pode estar atormentando Vitor. À medida
que o dia avança, minha apreensão cresce, e meu desejo de ajuda-lo se torna
avassalador. Quando chega a noite, jantamos todos juntos em meio a sorrisos
e brincadeiras. Depois, passamos um tempo na sala, mas sua distância
emocional é evidente. Nos recolhemos, e a preocupação com ele perdura,
enchendo meu coração de tristeza.
Uma semana se passa sem que tenhamos novidades sobre Juan, ao
menos, Vitor não me contou nada de novo. Sinto uma crescente ansiedade e
frustração diante da incerteza que nos envolve. Seus pais precisaram fazer
uma pequena viagem e mamãe ficou responsável pelo andamento da casa.
Todos os preparativos para o casamento estão prontos; só precisamos
que nossos vestidos cheguem. Ontem, fizemos a última prova, agora é só
esperar que cheguem na próxima semana. Minha ansiedade cresce a cada dia,
principalmente porque consigo ver muita tristeza nos olhos de Vitor. Não
falei nada até agora, pois não quero ser invasiva, mas sinto que ele está
distante e preocupado, o que me angustia profundamente.
Todas as tardes ele sai, volta mais nervoso e ansioso, fica trancado no
escritório até a hora do jantar. Quando vamos dormir, ele apenas me abraça e
dorme. Sinto falta de nossas noites mais quentes, mas entendo que algo o está
incomodando profundamente. Respeito seus sentimentos, mas não posso
evitar sentir um vazio em nossos momentos íntimos, e isso me deixa mais
aflita e insegura. Minha única esperança é que, após o casamento, possamos
enfrentar juntos o que quer que esteja o afligindo e, assim, reconstruir a
conexão que compartilhamos.
Com isso em mente, resolvo abrir meu coração e ter uma conversa
franca com ele ainda esta noite.
Depois do jantar e uma leve conversa na sala, me despeço de todos e
subo para o quarto, preciso clarear minha mente e me conectar
emocionalmente para conversar com Vitor mais relaxada. Pouco depois, ele
chega; eu já estava deitada, como sempre, levanto as cobertas e ele se deita ao
meu lado. Mas hoje, ao invés de abraçá-lo, sinto uma necessidade profunda
de compreendê-lo melhor e expressar meus sentimentos.
Com o coração batendo forte, me sento na cama e digo com cuidado:
— Vitor, tenho notado você cabisbaixo, com o olhar distante, e isso
tem me preocupado. Quero muito estar ao seu lado, mas sinto que você está
carregando algo consigo. Pode compartilhar comigo?
Ele suspira e olha nos meus olhos, sua expressão carregada de
emoções. Finalmente, ele desabafa:
— Não é nada Letta, O caso de Juan tem nos deixado sem respostas, e
isso me mantém acordado à noite.
Seus olhos revelam uma mistura de preocupação e alívio por
finalmente compartilhar sua angústia, e sinto uma onda de compaixão e amor
por ele. Estamos agora mais próximos, ligados por nossas emoções
compartilhadas, prontos para enfrentar juntos as incertezas que a vida nos
apresenta.
— Não é Vitor, tem algo a mais, tenho sentido você distante. Você
quer desfazer nosso casamento? É isso? Minhas palavras escapam em um
misto de medo e incerteza, e minha voz treme de apreensão.
Vitor suspira profundamente, seus olhos revelando uma tristeza que
corta meu coração.
— De jeito nenhum Violetta. Nosso casamento é a única coisa que
tem me mantido em pé. Não pense que é algo com você, estou apenas
preocupado, com muitas responsabilidades dada a ausência de papai. – E
complementa:
— Está bem Violetta, você tem razão, estou escondendo uma coisa de
você, e acho que realmente preciso compartilhar. Mas já te alerto, este
segredo não é meu e Nina não pode saber. Você é capaz de guardar este
segredo da minha irmã?
Sua voz revela preocupação, ao mesmo tempo em que minha
determinação em apoia-lo é inabalável.
— Claro Vitor, se é algo importante assim, prometo não contar nada a
ela. – Digo com apreensão e compreensão.
Vitor hesita por um momento, olhando profundamente em meus
olhos, antes de finalmente confessar:
— É sobre papai, Violetta. Semana passada ele nos contou que está
com câncer. Neste momento, ele não está em uma viagem de negócios, mas
internado, fazendo tratamento. – A angústia em sua voz é palpável, e seus
olhos estão marejados.
— Vitor, você poderia ter compartilhado isso comigo antes. Jamais
vou contar a ninguém, especialmente Nina. Pode confiar em mim. – Digo
com carinho e empatia, segurando sua mão.
— Foi pedido de papai que não contássemos para ninguém, por este
motivo que não contei antes. Mas a verdade é que estou muito preocupado
com a saúde dele, e carregar esse peso sozinho tem sido difícil. Vitor
desabafa, com um misto de alívio por finalmente compartilhar sua dor e
preocupação.
— Eu entendo, Vitor. Não se preocupe, estarei ao seu lado em todos
os momentos. Acredito que seu pai superará esse desafio e encontrará a cura.
Você não está sozinho nisso. – Digo com carinho e apoio inabalável.
Vitor sorri, seus olhos refletindo gratidão e alívio.
— Ah! Violetta, é muito bom poder contar com você. Tenho mantido
todas essas preocupações em segredo, para não sobrecarregar meus irmãos,
sei que eles também estão preocupados. – Sua voz está repleta de emoção
sincera.
— Só Nina ainda não sabe?
— Nina, Matteo e Lucca. Enquanto papai for o Don, não podemos
revelar a ninguém. Depois que eu assumir como Don e tiver o apoio dos
demais capos, aos poucos vamos abrir. Por enquanto, apenas meu tio, seu pai
e meus irmãos estão cientes.
— Papai sabe?
— Sim, no dia que papai conversou com ele sobre nosso casamento,
explicou seus motivos. Você sabia que eles são amigos de infância?
— Sei sim, papai me contou noites atrás. Eles compartilham muitas
memórias, não entendo por que meu pai se afastou.
— Isso também não sei, mas acredito que logo seu pai vai nos contar.
— Venha, vamos dormir, estou exausto.
Me aconchego em Vitor e, juntos, nos entregamos ao sono,
compartilhando nosso conforto mútuo e amor.
Vitor
Ter compartilhado com Violetta sobre a saúde de papai foi um alívio
imenso. Pude finalmente sentir que não estou sozinho nesse peso emocional.
Dormir ao seu lado todas as noites nos trouxe conforto e, milagrosamente,
nossos pesadelos parecem ter nos deixado em paz.
Ainda frequento o galpão todas as tardes, canalizando minha
frustração ao socar Juan, que permanece em um silêncio inquietante. Cada
soco que lanço é uma expressão de minha crescente raiva e impotência,
deixando—me mais nervoso do que antes.
Certa tarde, estava no escritório, tentando me concentrar em alguns
documentos, quando Matteo entra.
— Podemos conversar Vitor?
— Claro Matteo, sinta-se à vontade. Digo, permitindo que minha
guarda baixe perante meu primo.
— Primo, me desculpe ser invasivo, mas, como sua família, preciso
saber o que está acontecendo com você.
— Não se preocupe, Matteo, é só a ansiedade pré-casamento, e essa
pressão crescente por causa da ascensão. Além disso, a frustração por não
conseguir mais informações sobre Juan tem me deixado à beira do desespero.
— Entendo, Vitor. Vou respeitar seu espaço, mas quero que saiba que
estou aqui para apoiá-lo. Quanto à sua frustração, é exatamente sobre isso
que eu queria falar.
— Obrigado, Matteo, significa muito para mim. – Digo, sentindo um
peso sendo aliviado de meus ombros.
— Acredito que você já está lidando com muitas coisas na cabeça, o
que acha de deixar que eu cuide de Juan por você? Tenho percebido você sair
do galpão visivelmente mais irritado do que quando entrou.
Suas palavras tocam meu coração. A oferta de ajuda de Matteo é um
alívio diante de minhas preocupações.
— Você está certo Matteo. A partir de hoje, ele passa a ser sua
responsabilidade. Mas, mudando de assunto...
— Está preparado para assumir comigo? Acha que Paschoal já está
pronto? – Pergunto, sentindo uma mistura de ansiedade e empolgação pela
responsabilidade que está prestes a recair sobre nossos ombros.
— Sim e sim. Na verdade, tenho deixado toda a responsabilidade para
Paschoal. Fico apenas ao seu lado, e vou te falar, foi uma decisão acertada.
Ele é implacável. Tão bom quanto eu, e acredito que, com o tempo, ele será
ainda melhor. – Matteo compartilha sua confiança, e consigo sentir seu
orgulho em relação a Paschoal.
— Perfeito. Então assumiremos na próxima semana. A antecipação e
a seriedade do momento me fazem sentir a pressão que estamos prestes a
enfrentar.
— Quando seu pai volta Vitor?
— Amanhã Matteo, não vejo a hora de tê-lo aqui conosco, como ele
me faz falta.
— O tratamento está indo bem? – Matteo pergunta com uma mistura
de preocupação e curiosidade.
— O tio te contou?
— Não Vitor, foi seu pai. Pouco antes de viajar, ele me chamou para
uma conversa particular. Você estava ocupado no galpão. Ele me contou tudo
e pediu que eu estivesse ao lado de vocês se precisassem. – Matteo
compartilha esse segredo com cuidado e apreensão.
— Por isso vim aqui. Não como seu futuro subchefe, tampouco como
executor, mas como seu primo. – Suas palavras são carregadas de gratidão e
emoção genuína
— Matteo, se você não fosse tão avesso ao toque, iria te abraçar
agora. – Minha voz revela meu desejo de expressar meu afeto, mas também,
carregada de sarcasmo.
— Não é para tanto Vitor. Uma conversa pode ser tão boa quanto um
abraço. – Matteo tenta minimizar o gesto.
— Um dia você ainda vai me contar o motivo dessa sua aversão? –
Minha curiosidade e preocupação se entrelaçam em minhas palavras.
— Quem sabe, Vitor, mas é uma coisa que não faz diferença, não é
importante. – Matteo responde com um toque de mistério e uma pitada de
tristeza em sua voz, revelando que há mais em sua aversão ao toque do que
ele está disposto a compartilhar por enquanto.
— Fala isso porque ainda não se apaixonou. Quero ver quando
encontrar a mulher da sua vida e não receber um abraço bem gosto.
— Não preciso de abraços Vitor, só uma boceta pra me aliviar já está
de bom tamanho. A resposta de meu primo carrega um toque de humor, mas
também de desapego, escondendo talvez uma pitada de resignação.
— Diz isso pra mim daqui um tempo. Estou só esperando pra te ver
cativo.
— Vai rogar praga em outro. Não quero saber de compromisso,
casamento. Isso não é para mim. Matteo responde, suas palavras revelando
uma atitude firme em relação a relacionamentos e a vida que ele escolheu
seguir.
— Tá bom, vou fingir que acredito. – Minha resposta está tingida de
um toque de ironia, mas também de respeito pela decisão de Matteo.
Somos interrompidos por meus irmãos que chegam juntos, como
sempre, sem se dar ao trabalho de bater à porta.
— Ei, alguma novidade? – Pergunta Pietro.
— Não temos nada, e vocês?
— Nada também. Mas viemos por outro motivo. Vamos fazer sua
despedida de solteiro.
— Não precisamos disso Dante. Nem quero.
— Vamos fechar uma das boates, conto com você dois.
— Não conte comigo. Não vou trair Violetta, prefiro ficar em casa
com ela. – Minhas palavras expressam meu compromisso inabalável com
Violetta, enquanto meus sentimentos de afeto e lealdade para com ela são
evidentes.
— Tá vendo Pietro, preso pelas bolas. Violetta te deu uma chave de
coxa irmão, Vitor?
— Mais respeito Dante, Violetta não é dessas. Eu apenas não preciso
de uma festa, tampouco de mulheres aleatórias. Irmão, acho que o momento
não é oportuno. Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Ainda não temos
certeza se há mais alguém por trás de Juan, tem a doença de papai, minha
ascensão. Porra Dante, eu vou ser o novo Don, você acha que esse tipo de
comportamento é o esperado para mim? Dante, como posso justificar esse
tipo de comportamento quando estou prestes a me tornar o novo Don? –
Minha voz revela preocupação e uma sensação de dever. Vão vocês,
divirtam-se por mim, mas não contem com minha presença. – Digo
determinado, expressando minha recusa em participar da despedida de
solteiro.
— Você tem razão Vitor. Não tinha pensado sob este ponto de vista.
Mas tenho uma ideia. – Dante sugere. Assim que papai voltar, que tal
juntarmos as famílias e celebrarmos? Podemos tocar música, tomar uns
drinques e nos divertir juntos. Dante propõe uma alternativa que parece mais
apropriada dadas as circunstâncias.
— Com isso posso concordar. Vamos apenas esperar para ver como
papai está se sentindo. Ele diz que está bem, mas vocês conhecem papai e o
tio que têm. Mesmo quando não está bem, ele nunca admitiria sua fraqueza. –
Minhas palavras refletem minha preocupação com a saúde de papai e minha
compreensão de sua relutância em mostrar vulnerabilidade.
— Você tem razão, irmão. Amanhã papai chega, certo? Se ele estiver
bem, podemos nos reunir depois de amanhã, o que acham?
— Combinado, dizemos todos juntos.
Jantamos todos juntos em meio a sorrisos e piadas, após o jantar,
permanecemos na sala por mais algum tempo, desfrutando da companhia uns
dos outros. No entanto, logo nos recolhemos, cientes dos desafios e
responsabilidades que o amanhã nos reserva.
No dia seguinte, papai retorna no final da tarde. Ele aparenta estar
bem, forte e saudável e isso me deixa um pouco mais tranquilo.
Compartilho com ele todos os acontecimentos dos dias em que esteve
fora e, finalmente, reúno coragem para abordar o assunto que tem pesado em
meu peito.
— Papai, estamos a sós agora. Como tem se sentido? Como foi o
tratamento? – Minha voz está repleta de preocupação, e meus olhos buscam
desesperadamente por qualquer sinal de fragilidade em seu rosto.
— Vitor, por incrível que pareça, estou bem. Não tive efeitos
colaterais, e de acordo com os exames, estou saudável. – Ele me tranquiliza
com um sorriso frágil, e minhas emoções se desenrolam em um turbilhão de
alívio.
— Volto para a clínica depois de seu casamento, para uma segunda
etapa do tratamento, daqui um mês, termino esta fase e vamos saber se o
câncer regrediu. – Ele compartilha seu plano de tratamento, e meu coração se
enche de esperança.
— Fico feliz com isso, papai. Estava profundamente preocupado. Mas
acho que chegou a hora de contar para a Nina. Todos já sabem, exceto ela. E
quando ela descobrir que escondemos isso dela, ficará furiosa. Você conhece
a nossa "pimentinha".
— Você tem razão, meu filho, chame-a, por favor. Quero falar com
ela a sós. Vá namorar um pouco. O grande dia já está chegando. Sua mãe me
falou que está tudo preparado. – Seu sorriso e palavras carregam um amor
paterno, e sua preocupação com Nina é evidente.
— Sim papai, ela e dona Milena foram espetaculares. Mal posso
acreditar que estou prestes a me casar em apenas alguns dias. Vou lá chamar
a Nina e seguir seus conselhos. – Meu coração se enche de gratidão e
ansiedade.
— Papai, conte comigo. E se cuida, não estou preparado para te
perder. E, por favor, cuide-se. – Minhas palavras revelam minha profunda
preocupação e meu amor pelo meu pai.
— Pode deixar filho. Papai responde, uma lágrima teimosa se
formando em seus olhos, denunciando a emoção que ele está sentindo.
Aproveito que vou ao escritório das meninas e peço a Nina que vá
conversar com papai. Após sua saída, pergunto se Violetta já havia terminado
o expediente e a convido para um passeio pelos jardins.
Caminhamos em silêncio até que, finalmente, quebro-o.
— Violetta, acho que vamos precisar de você, papai está contando
para Nina neste momento. Não sei qual será a reação dela, mas como são
melhores amigas, tenho certeza de que ela precisará de um abraço e conforto.
— Claro, Vitor Vamos entrar e esperá-la juntos. – Violetta responde,
sua expressão revelando sua compreensão e empatia pela situação que está
prestes a se desenrolar.
Violetta
Me olho no espelho e não consigo conter a enxurrada de emoções que
me invadem. O reflexo que me encara já está completamente transformado,
adornado por uma maquiagem suave que realça a delicadeza de cada traço.
Meus olhos, no entanto, brilham com um toque mais intenso de sombra,
como se quisessem revelar a ansiedade que transborda em meu olhar.
Meu cabelo, cuidadosamente arrumado e adornado com um arranjo de
flores, está simplesmente perfeito. Cada fio parece estar alinhado para
testemunhar este dia especial que se desenha à minha frente, como se
compartilhassem da minha alegria e nervosismo.
Hoje é o dia do meu casamento com Vitor, e as emoções que inundam
meu coração são incontroláveis. Mesmo com a sensação de que tudo
aconteceu rápido demais, não posso negar a felicidade que enche meu ser.
Vitor tem sido o mestre em encantar-me a cada dia, cumprindo sua promessa
de me cativar, com maestria impressionante.
Enquanto me preparo, tenho a companhia de mamãe, dona Aurora,
Nina e dona Valentina. Elas estão prontas, animadas e tagarelando sem parar.
No entanto, meus pensamentos estão exclusivamente voltados para Vitor,
como tem sido desde o momento em que nossos caminhos se cruzaram.
Sou gentilmente trazida de volta à realidade por mamãe, que me
chama com doçura, informando que é hora de vestir o meu traje de noiva.
Com uma mistura de nervosismo e entusiasmo, deixo o roupão deslizar pelos
meus ombros e deslizo suavemente no vestido branco. A estilista entra para
verificar se há necessidade de algum ajuste de última hora, mas a verdade é
que o vestido se acomoda em mim como se fosse parte de um sonho.
Mamãe tira uma pulseira de seu pulso e, com os olhos marejados, me
entrega, dizendo:
— Violetta, esta pulseira é o seu "algo emprestado". Foi o primeiro
presente que ganhei do seu pai, e tem um valor emocional imenso para nós.
Desejo, do fundo do meu coração, que o seu casamento seja repleto de
alegria, felicidade e diversão, assim como o meu é.
— Que lindo mamãe, se depender de mim, será exatamente como a
senhora deseja. – Meu coração está transbordando de gratidão e amor neste
momento.
— Violetta, esta aliança está na família do meu marido há gerações.
Ela carrega muita história que perdura ao longo do tempo. Use-a com
sabedoria e seja forte," – Dona Aurora diz, com voz suave, deslizando a
aliança pelo meu dedo. O cálido metal encontra a minha pele, e uma onda de
emoção e responsabilidade toma conta de mim.
— Desejo, do fundo do meu coração, que vocês dois sejam muito
felizes juntos.
— Nina, minha querida cunhada, se aproxima e me envolve em um
abraço caloroso.
— A mim coube o 'algo azul', e escolhi esses brincos que combinam
com a cor dos seus olhos. Te desejo toda a felicidade do mundo, cunhada. Te
amo. – Suas palavras carregam uma sinceridade que aquece meu coração.
Neste momento, minhas emoções já transbordam, e quando dona
Valentina se aproxima, segurando uma linda caixa nas mãos, fico ainda mais
emocionada. Ela me olha com ternura e diz:
— Violetta, seu 'algo novo' é um presente do seu noivo, mas coube a
mim entregá-lo. Espero que você seja imensamente feliz e que seu desejo de
um casamento repleto de amor se concretize. – Sua voz trêmula revela o quão
especial é este momento.
Com mãos trêmulas, abro a caixa e meu olhar se ilumina ao ver um
deslumbrante colar de ouro branco, incrustado com pequenas pedras
brilhantes e um deslumbrante diamante em forma de coração no centro. Fico
completamente sem palavras, a magnitude do gesto de Vitor me deixa sem
ação. Mamãe percebe a minha comoção e gentilmente pergunta se desejo que
ela coloque o colar. Apenas concordo com a cabeça, lágrimas de felicidade
escorrendo livremente pelo meu rosto.
Pouco depois, a maquiadora entra para arrumar nossas maquiagens,
ela me deixa por último, pois o momento de partirmos para a igreja está
quase chegando. As emoções correm à flor da pele.
O casamento será realizado na St. Paul the Apostle Church, uma igreja
que já testemunhou tantas uniões na nossa família. Graças às palavras
tranquilizadoras de Vitor, sei que todas as medidas de segurança foram
cuidadosamente tomadas, e podemos caminhar até o altar sem temer
emboscadas.
Quando recebi a notícia de que a cerimônia aconteceria ali, uma onda
de pânico me invadiu. Mas, com a prisão de Juan e as coisas mais calmas,
Don Tommaso julgou melhor não romper com nossas tradições.
Depois de todas as preparações, as outras saem, deixando-me sozinha
com a maquiadora. Enquanto ela aperfeiçoa seu trabalho, papai entra na sala
e seus olhos se enchem de emoção ao me ver.
— Filha! Você está maravilhosa.
— Papai! Chegou o grande dia.
— Sim minha filha. E acredite, foi a melhor escolha. Tenho certeza de
que você será muito feliz.
— Também espero papai. Confio em Vitor e estamos determinados a
fazer o impossível para construir um lar repleto de amor.
— Está na hora minha filha, vamos?
— Sim, mas antes me conte o que tem essa ruguinha no seu rosto?
— Nada com que você precise se preocupar, minha filha. Vamos indo.
Caminhamos para fora da casa e me deparo com uma fila de carros
parados. Nossa escolta é impressionante, com oito carros, além do nosso.
— Papai, precisamos realmente de tantos soldados?
— Claro filha. Lembra-se de que o seu noivo se tornará o próximo
Don a partir de amanhã?
— Talvez seja melhor seguirmos, papai. Não quero pensar nisso neste
momento tão especial.
O caminho até a igreja deveria demorar aproximadamente vinte
minutos, mas mal se passaram dez minutos desde que deixamos a mansão
quando ouço meu pai mencionar o nome "Romeo." Imediatamente, um
arrepio de preocupação percorre a minha espinha, e não consigo evitar
perguntar:
— Aconteceu alguma coisa, papai?
Ele tenta me tranquilizar, mas a ansiedade já tomou conta de mim.
— Não se preocupe, Violetta, mas notamos que alguns carros estão
nos seguindo
Vitor
Finalmente, é o dia do meu casamento. Estou terminando de me
arrumar quando alguém bate à porta do meu quarto. É papai, e seu semblante
está preocupado. A preocupação me invade imediatamente.
— Aconteceu alguma coisa, papai?
Ele tenta me elogiar, mas sua expressão séria não passa despercebida.
— Olá, meu filho, você está incrível, estou extremamente orgulhoso
de você.
— Papai, sem rodeios, por favor, estou vendo em sua fisionomia, algo
aconteceu. Pode me contar?
— Está certo Vitor. Não há razão para esconder isso. Enrico acabou
de chegar com Rafaelli, parece que a Chiara fugiu da clínica.
— Quando foi isso?
— Há algumas horas. Enrico enviou alguns de nossos soldados para
procurá-la, mas acredito que ela não represente uma ameaça para o seu
casamento. No entanto, estaremos em alerta.
— Vamos aumentar o número de soldados na escolta de Violetta. Não
confio na prima dela. Dante já está buscando pistas?
— Sim, meu filho. Ele conseguiu as imagens de quando ela deixou a
clínica, mas misteriosamente, as imagens desapareceram minutos depois.
— Merda! Não posso permitir que algo aconteça com Violetta, papai.
Sinto que essa prima dela está à beira da insanidade. Tenho medo de que ela
possa querer prejudicar a própria prima.
— Fique tranquilo meu filho. Já reforçamos a escolta e também
reforçamos o trajeto. Dante usará os drones para seguir o caminho que ela
possa percorrer, apenas como precaução.
— Por precaução, acrescentei um rastreador extra no colar que
Violetta usará hoje.
— Fez bem, meu filho. Enrico estará com ela, utilizando um dos
pontos do “Romeo”. Agora, é hora de irmos para a igreja.
— Está certo. Vamos.
Chegamos à igreja sem incidentes aparentes. Dante, Lucca e Rafaelli
estão com seus laptops, monitorando as imagens de Violetta. Uma angústia
persistente me domina, o tempo parece arrastar-se, e eu não consigo evitar
ficar olhando para Dante, esperando por qualquer sinal. No entanto, seu rosto
permanece impassível, concentrado na tela.
De repente, um sinal de notificação toca em meu celular, e percebo
que todos da minha família também recebem a mesma mensagem. Sem me
importar com os protocolos, corro até onde estão Dante, Lucca e Rafaelli, e
só pelos olhares em seus rostos, entendo que algo terrível está acontecendo.
O desespero me envolve instantaneamente, e sem demora, volto-me
para Dante, ansioso por informações sobre o que está acontecendo. Seu olhar
é a resposta, não há necessidade de palavras; sei que o problema diz respeito
a Violetta.
— Irmão, se acalme, Violetta está sendo seguida. Pegue um dos
pontos para acompanhar. Vou compartilhar as imagens no seu celular. –
Dante diz, sua voz transbordando tensão.
— Merda, onde ela está? Estou indo até ela. – Minha preocupação se
manifesta com urgência.
— Não se precipite, Vitor. – Papai me aconselha.
— Vamos acompanhar a situação daqui por enquanto. Se necessário,
sairemos em conjunto. Vou chamar os capos e logo nos reuniremos.
Papai retorna rapidamente, instruindo-nos a nos dirigirmos para uma
sala adjacente, onde teremos uma visão mais clara dos acontecimentos. Junto
a ele, estão os outros membros do conselho.
Assim que chegamos à sala, Dante projeta as imagens em uma tela,
mas, em um instante de agonia, as imagens desaparecem. – Dante exclama
em frustração.
— Merda! Esse hacker é habilidoso, mas eu sou melhor.
Logo uma imagem menos nítida aparece e Dante explica:
— Peço desculpas, senhores, só temos acesso às imagens dos drones.
Eles estão usando um bloqueador de sinal. Perdi a conexão com o senhor
Romano.
— Don, o comboio está próximo, se sairmos agora, podemos chegar
rapidamente. O senhor permite? — Matteo pergunta, já ao lado da porta,
urgência evidente em sua voz.
— Sim, Matteo. Leve Paschoal e alguns soldados com você, e
mantenham seus pontos de monitoramento ativados. Vou reunir alguns
homens, e também seguiremos. – A voz de papai carrega uma mescla de
ansiedade e determinação.
— Dante, continue fornecendo as coordenadas. – Instrui papai.
Meu coração bate descompassadamente, preocupação pelo que pode
estar acontecendo com Violetta vai me dominando.
— Senhores. – Papai se volta para os outros membros do conselho. —
Vejam quantos soldados podem disponibilizar e ajudem Dante no que for
necessário.
Após alguns minutos de tensa espera, Dante finalmente obtém a
localização de Violetta e elabora um plano para resgatá-la. Sem hesitar,
saímos da igreja às pressas, ignorando completamente as leis de trânsito.
Dante continua a fornecer as coordenadas, e meu coração aperta com a
angústia do que possamos encontrar.
À medida que seguimos em alta velocidade, o desespero e a
preocupação crescem dentro de mim. O coração bate de forma frenética, e
cada segundo que passa parece uma eternidade. Violetta está em perigo, e não
posso deixar que nada de mal aconteça a ela.
Os olhos não se desviam do ponto de monitoramento em minhas
mãos, onde acompanho as coordenadas fornecidas por Dante. Cada curva,
cada semáforo, cada obstáculo no nosso caminho me fazem temer o que
podemos encontrar. Ela não deveria estar passando por isso no dia do nosso
casamento.
Os pensamentos de todas as vezes que prometi cuidar dela, protegê-la
e fazê-la feliz martelam na minha mente. Não posso falhar agora. Tenho que
chegar até ela a tempo.
A preocupação com a segurança de Violetta é avassaladora, mas
também há uma centelha de determinação dentro de mim. Vou fazer qualquer
coisa para garantir que ela esteja a salvo e que possamos finalmente celebrar
nosso casamento no altar, como planejamos.
A incerteza do que encontraremos e os sentimentos que nutro por ela
se entrelaçam, formando uma mistura avassaladora de emoções que parece
que vai me engolir a qualquer momento.
Dante
Assim que o senhor Romano chegou em casa com a notícia da fuga de
Chiara, uma onda de surpresa misturada com apreensão nos invadiu. A
verdade é que nunca confiei naquela moça, e seus atos suspeitos apenas
confirmaram meus instintos.
Quando Vitor compartilhou seus relatos sobre o comportamento de
Chiara e os eventos recentes, meu radar interno entrou em alerta máximo.
Silenciosamente, mantive um olhar atento sobre a clínica, mas, mesmo assim,
ela conseguiu escapar de nossas vistas.
Fomos forçados a reestruturar completamente o esquema de segurança
de Violetta. Como medida de precaução, reforçamos o número de soldados
em seu comboio e até designamos uma equipe para seguir uma rota
alternativa, assim como fizemos anteriormente quando ela precisou sair.
Apesar das precauções, eu não conseguia me sentir tranquilo. Por isso,
programei um dos drones para acompanhar de perto o carro de Violetta e
coloquei Rafaelli como responsável por monitorá-lo. Alguns podem me
chamar de obsessivo por controle, mas a realidade é que confio plenamente
em meus instintos, e eles gritam que Violetta está em perigo iminente.
Optei por não compartilhar minhas suspeitas com Vitor, pois ele já
está suficientemente nervoso, e sei que minha desconfiança só o distrairia
ainda mais.
Após termos tudo organizado, nos dirigimos à igreja. No trajeto,
confidenciei minhas preocupações e estratégias para Lucca e Rafaelli.
Precisava de aliados confiáveis, e esses dois provaram ser os melhores até o
momento, especialmente com a ajuda que têm fornecido para lidar com
Romeo.
Já estávamos todos reunidos na igreja, acompanhando o comboio de
Violetta, quando percebi vários carros se aproximando rapidamente. Olho
imediatamente para Lucca e Rafaelli, e eles entendem que algo estava
terrivelmente errado. Com urgência, com meu laptop em mãos, corro para um
dos bancos disponíveis, começando a verificar o comboio. Em questão de
segundos, o alarme de Romeo ecoa no ambiente, e todos se aproximam
ansiosos, buscando entender o que está acontecendo.
— Senhores, o comboio de Violetta está sob ataque. Permitam-me
avaliar a situação e tomar as medidas necessárias.
Com um gesto de autoridade de papai, Matteo se apressa a sair,
acompanhado por Paschoal e alguns soldados, a fim de encontrar o comboio
que já se aproxima da igreja.
Enquanto papai reúne os membros do conselho e lhes explica o que
está acontecendo, começo imediatamente a organizar os soldados,
preparando-os para se unirem a Matteo.
De repente, as imagens desaparecem, e minha suspeita de um hacker
agindo se confirma. Antevendo esse cenário, já havia liberado as imagens dos
nossos drones como precaução.
Um breve olhar de Rafaelli me comunica que ele está monitorando o
carro em que Violetta se encontra, o que me traz um alívio imediato. Não
precisamos de palavras para entender um ao outro. Nossa sincronia é perfeita,
e tanto ele quanto Lucca estão cientes dos meus planos.
Quando as imagens são restauradas, percebo a chegada de Matteo. O
caos se instaura, com tiros ecoando em todas as direções. Nesse momento,
pelo ponto de comunicação, alerto Matteo para tentar proteger Violetta ou o
senhor Romanno, pois a incerteza aumenta a tensão no ar.
Enquanto isso, vou inspecionando os veículos, pedindo a Lucca para
observar as câmeras de segurança da cidade enquanto organizo os soldados
que ficarão de guarda na igreja e os que serão enviados para auxiliar Matteo.
Lucca me chama para mostrar que conseguimos captar algumas
imagens das câmeras da cidade, mas elas aparecem e desaparecem
intermitentemente. Em uma das imagens, conseguimos visualizar o exato
momento em que o carro em que Violetta e o senhor Romano estavam foi
desviado do seu percurso planejado.
Rafaelli apenas me encara, fazendo um gesto afirmativo. Ele está
monitorando de perto a situação de Violetta, e essa notícia me proporciona
um certo alívio.
— Dante, dê uma olhada nisso. Parece que o hacker está tentando se
comunicar conosco. Observe, toda vez que a câmera exibe as imagens, alguns
números são inseridos, mas não consigo decifrar seu significado. — Diz
Lucca.
— Sim, Lucca, vamos analisar essa sequência numérica. Quem sabe
seja alguma pista valiosa — Respondo, minha mente fervilhando com
inúmeras possibilidades.
Conforme reunimos os números, uma ideia brilhante surge em minha
mente. Começo a conectar os pontos e, finalmente, tenho um insight.
— Lucca, são coordenadas. Vou enviar um dos drones para esse local.
Vamos ver o que conseguimos descobrir. Ao mesmo tempo, pergunto a
Rafaelli sobre a localização atual de Violetta.
— Dante, eles ainda estão em movimento, mas é possível que essas
coordenadas se refiram ao destino final. Note como elas estão se
aproximando. – Rafaelli diz, com um ar de concentração.
Assim que o drone chega ao local das coordenadas, confirmamos que
o carro em que Violetta está estacionado em frente a um galpão. Ao lado
dele, vemos mais alguns carros e um grupo de homens que fazem a segurança
da área.
Imediatamente, informo a Vitor e papai sobre a localização de
Violetta, mas os alerto para a presença de numerosos homens na área. A
tensão aumenta, sabendo que o local está fortemente guardado.
Nesse momento, a situação onde Matteo e nossos soldados estão já
está sob controle. Alguns dos inimigos foram detidos, mas muitos perderam a
vida.
Ouço papai dando instruções a Matteo para destacar alguns guardas
para fazerem a limpeza e outros para darem um jeito nos corpos. Os corpos
de nossos soldados deverão seguir para suas famílias, pois morreram com
honra e merecem um enterro digno.
Os demais devem se organizar para ir para outro ponto.
— Papai, estou com as imagens do local onde Violetta e o senhor
Romano estão. Há muitos homens cercando o local, e apenas duas entradas,
uma à frente e outra nos fundos. De acordo com o sensor de calor,
identificamos a presença de oito pessoas dentro do galpão. Acredito que, se
nos dividirmos e cercarmos o galpão, em uma ação rápida e coordenada,
conseguiremos neutralizar todos os homens que o cercam. Podemos criar
uma distração na porta da frente, enquanto uma equipe invade o galpão pela
porta dos fundos. Dois atiradores de elite podem se posicionar em locais
estratégicos para abater os alvos, enquanto nossos homens distraem os que
estão dentro.
— Ótima ideia, Dante. Existe alguma abertura pelo lado de fora? Se
posicionarmos os atiradores de elite nessas aberturas, nossa entrada será mais
segura.
— Podemos tentar por aqui, papai, veja, mas não tenho certeza se há
alguma obstrução.
— Dante, temos imagens do interior do galpão. — Lucca comenta,
completamente focado.
— Papai, acho que é melhor começarmos a nos movimentar. Manterei
o Romeo ativo e manteremos a comunicação aberta. Se eu obtiver uma
imagem melhor, compartilharei com vocês e acertamos os detalhes da
invasão. — Digo, enquanto observo atentamente tudo ao nosso redor. A
adrenalina está à flor da pele enquanto planejamos a operação de resgate de
Violetta.
Papai convoca os membros do conselho e determina que eu ficarei
encarregado da coordenação do ataque e da comunicação entre ele e os
demais. Ele pede que protejam os convidados e que solicitem aos soldados
designados para nos ajudar que o acompanhem.
Papai, Vitor, Pietro, Tio Stefano e Rafaelli partem em direção ao
galpão, enquanto Lucca e eu observamos atentamente os eventos, capturando
as conversas que ocorrem dentro do local. Olho para Lucca e pondero:
— Parece que esse hacker mudou de lado. Quem será ele e por que
está fazendo isso? – Questiono.
— Dante, não tenho ideia, mas podemos aproveitar essa reviravolta a
nosso favor. – Responde meu primo.
— Você tem razão. Vou abrir o áudio apenas para papai e Vitor.
Ainda não sabemos o que está acontecendo.
Através do dispositivo de comunicação, explico a papai a situação e
ele concorda em manter a conversa restrita a nós.
Minutos depois, recebemos uma mensagem alarmante: "Bomba na
igreja". Ela surge rapidamente e desaparece, levantando a suspeita de ser
mais um aviso do hacker. Não hesito em tomar providências imediatas.
Levanto-me junto com Lucca e decido:
— Lucca, acompanhe nossa família até o carro e espere por mim do
lado de fora. Vou organizar a evacuação da igreja. Não diga nada a eles,
apenas peça que recepcionem os convidados no local da festa.
Enquanto isso, informo papai e Vitor sobre a possível ameaça de
bomba na igreja e as medidas que tomei. Papai elogia minha rápida decisão e
concorda com as ações.
Encontro o padre e peço que ele e os membros da igreja deixem o
local imediatamente, orientando—os a seguir para o local da festa. Um de
nossos carros já aguarda na saída lateral. O padre obedece às minhas
instruções, e eu me dirijo ao púlpito para comunicar aos convidados:
— Senhoras e senhores, solicito que todos se dirijam ao local da festa
de casamento. Lá realizaremos a celebração, e os noivos nos encontrarão no
local. Agradeço antecipadamente.
Em seguida, saio rapidamente para encontrar Lucca. Conscientes de
que estamos em um ambiente potencialmente monitorado, tomo a precaução
de invadir os sistemas de telefonia nas proximidades, causando uma pane
momentânea.
Chegando ao carro, instruo o motorista a se afastar da igreja. À
medida que os últimos convidados saem, entro em contato com um dos
policiais que temos sob nosso pagamento e o alerto sobre a possibilidade de
uma bomba na igreja. Peço ao motorista que nos leve ao local da recepção.
Durante o trajeto, permaneço alerta, ouvindo atentamente as
comunicações que ocorrem no galpão, ciente de que cada instante é crucial.
Violetta
Tudo acontece em um turbilhão de eventos vertiginosos. Nossos
carros são subitamente cercados, e um tiroteio irrompe, ecoando em meio ao
caos. Nosso motorista é atingido e morto, enquanto outro homem toma o
volante. As portas traseiras são violentamente abertas, e dois estranhos
adentram, bruscamente cobrindo nossas cabeças com sacos escuros. Uma
onda de pânico e impotência nos envolve, enquanto a escuridão nos envolve.
Minha mão procura instintivamente a de papai, e um medo intenso me
consome. No entanto, em nossa impotência, não podemos fazer nada senão
enfrentar o desconhecido. O carro logo para, e somos arrastados para fora,
empurrados e jogados em meio a uma sala desconhecida. Sou forçada a uma
cadeira e minhas mãos e pés são brutalmente amarrados. O silêncio no
ambiente é sufocante.
Chamo por papai, e sua voz me responde, trazendo um leve alívio:
— Filha, mantenha a calma. Estou aqui com você.
— Quem são eles papai? – Minha voz trêmula mal consegue formular
a pergunta.
— Não sei, minha querida. Será melhor ficarmos em silêncio e
aguardar. Confie no seu noivo.
O capuz que cobre meus olhos é arrancado de forma abrupta, e meus
olhos se arregalam em puro choque ao ver Chiara ao lado de um homem mais
velho, estranhamente semelhante a papai. Não pode ser. Não é possível. Mas
as palavras de papai penetram meus ouvidos:
— Brunno, é realmente você, meu irmão? – Diz papai, atônito.
— Enrico, Enrico. Você é mesmo um idiota. Acreditou mesmo na
história do meu acidente. Sempre me subestimou. Sempre.
— Não entendo, meu irmão.
— Cale-se, Enrico, estou farto de você. Você deveria ter morrido com
nossos pais, mas como sempre, seu amiguinho, o Don, estava sempre em
primeiro lugar.
— Como, Brunno? Ter morrido com nossos pais, não estou
compreendendo.
— Era para você estar naquele avião com eles naquele dia. Eu teria
eliminado todos vocês e ainda sairia como a vítima inocente. Meu plano era
perfeito.
— Como assim? Foi você quem sabotou o avião, causando a morte de
nossos pais? Como pôde fazer isso? Eles nos amavam, Brunno.
— Cale-se, já disse. Não suporto mais ouvir sua voz. Mas não será por
muito tempo. Logo me livrarei de você. Pensei que você fosse mais esperto,
mas nunca desconfiou que era eu quem estava por trás de tudo. Da morte de
nossos pais, dos desvios de dinheiro nas empresas da família. Das
emboscadas dos seus carregamentos.
Uma onda de choque, horror e traição se mistura em meu peito
enquanto escuto essa revelação devastadora. A tensão no ar é palpável, e o
peso da traição de um irmão para com o outro paira como uma nuvem escura
na sala.
— Mas eu tenho o plano perfeito. – As palavras do tio Brunno soam
carregadas de sarcasmo e perversidade, como se ele estivesse saboreando
cada detalhe de sua trama maligna. — Está vendo aquela bela moça nos
computadores? Ela é a Manoella, filha do Don Franco Giannini. Eu dei
algumas pistas falsas para ele, fazendo com que ele acredite que ela foi
sequestrada pelo seu querido Don. — Neste momento, ele está indo para a
igreja onde aconteceria o casamento da sua filhinha aqui. Assim que ele
chegar lá, terá uma surpresinha. A igreja irá pelos ares. — O filho mais velho
assumirá o comando, e eu me apresentarei como o herói que salvou sua
irmãzinha. Como recompensa, me casarei com ela! Com a morte da maior
parte dos membros da Cosa Nostra, todo o território será dividido entre nós.
— Meu plano é perfeito. – A confiança exagerada em sua própria genialidade
ressoa em sua voz.
— Você enlouqueceu de vez, Brunno? – A incredulidade nas palavras
de papai é palpável. – Você realmente acredita que Franco acreditará em você
a ponto de arriscar sua vida, sem ter certeza de que sua filha está realmente
em perigo? Quem está subestimando algo aqui é você, Brunno. Você não tem
ideia do que significa ser um capo ou Don.
— Ah! Enrico, você nunca soube reconhecer o meu valor. Sempre se
considerou superior por ser o primogênito. Se eu não fosse tão talentoso
quanto sou, não teria quadruplicado o dinheiro que roubei das empresas, não
teria conseguido documentos falsos e forjado minha morte. Além disso, me
livrei da chata daquela mulher que você me obrigou a casar.
— Eu fugi para a Colômbia, onde reuni um exército. E não subestime
meu cartel, ele domina boa parte da América do Sul e alguns países da
América Central. Tenho tentado entrar em solo americano por anos, mas você
e a Cosa Nostra sempre foram obstáculos. Por isso, elaborei um plano. Juan
veio antes de mim e fez um trabalho razoável. Durante anos, vocês nunca
suspeitaram que era eu por trás de tudo, até que finalmente frustraram minhas
operações. Achei que já era tempo de eu voltar e assumir meu lugar. Voltei
com meus homens. E agora estou aqui. Meu lema é: se quer algo perfeito,
faça você mesmo. Juan tentou sequestrar sua filha três vezes sem sucesso.
Agora, veja, na minha primeira tentativa, eu a tenho, e de bônus, tenho você
também.
A voz de tio Brunno é permeada por um misto de ressentimento,
ambição desenfreada e uma pitada de insanidade. Enquanto ele interrompe
sua revelação sombria, dirige-se à mesa onde Manoella, filha do Don da
'Ndrangheta, está sentada. Ele pergunta a ela sobre a situação na igreja, se há
alguma movimentação. A jovem, mantendo a cabeça baixa, responde com
frieza que tudo está calmo por lá, e todos continuam aguardando minha
chegada. O silêncio que paira na sala é quase tangível, carregado de tensão e
ansiedade.
A insegurança toma conta de mim: Será que ninguém percebeu que
fomos sequestrados? Será que ninguém virá em nosso auxílio? Essas dúvidas
invadem minha mente, aumentando meu estado de pânico e desespero.
Chiara está sentada diante de nós, encarando-nos com um sorriso
sarcástico no rosto. Cada segundo que passo olhando para ela aumenta minha
raiva e mágoa. Como ela pode nos trair dessa forma?
Uma onda avassaladora de agonia toma conta de mim, e sinto meu
peito se apertar, como se estivesse sendo espremido por garras invisíveis. A
respiração, que antes fluía naturalmente, agora se torna rasa e difícil, como se
o ar ao meu redor estivesse rarefeito.
O suor brota em minha testa, gotejando frio e persistente, enquanto
meu corpo parece gelar por dentro. Meu coração, descompassado, bate com
uma violência assustadora, ecoando em meus ouvidos como um tambor em
frenesi. Sinto como se estivesse à beira de um abismo, prestes a cair em um
precipício de desespero intransponível.
É nesse momento de agonia que papai, percebendo meu estado, fala
suavemente:
— Violetta, se concentre, inspira, expira, inspira, expira. Não é
momento para ter uma crise de pânico minha filha. Confie no seu noivo.
Em meio a essa tormenta, as palavras de papai são um bálsamo para
minha mente em turbilhão. Tento seguir sua orientação, concentrando-me na
respiração, forçando-me a inspirar e expirar de maneira controlada. Aos
poucos, a tempestade que se desenhava em minha mente começa a se
acalmar, e o pânico recua, permitindo que eu recupere o controle sobre mim
mesma.
Aproveito que ninguém está prestando muita atenção em nosso
diálogo e pergunto a papai se ele tem comunicação com o Don. Ele acena
positivamente, pedindo que eu mantenha a calma, mas é uma tarefa árdua.
Mais aliviada por saber que ainda há um fio de esperança, concentro-
me na respiração até conseguir recuperar o controle. No entanto, meu tio
retorna, dizendo:
— Chiara, o que devemos fazer com sua priminha querida? Este será
meu presente de boas-vindas para você. Vamos governar juntos.
— Papai, na minha opinião, ela poderia ser enviada para qualquer
bordel. Antes disso, ofereça-a à seus soldados. Não gosto dela, para ser
sincera.
— Chiara sabia que você estava vivo, Brunno? – Pergunta papai
visivelmente irritado.
— Tantas perguntas, Enrico, mas como você será morto em breve,
vou satisfazer sua curiosidade. Claro que sabia. Mantivemos contato nos
últimos anos. Ela tem sido meus olhos e ouvidos em sua casa.
— Hora do show. Manoella, conecte as imagens ao monitor. Seu pai
deve estar chegando na igreja. – Diz tio Brunno, olhando em seu relógio.
E então, uma confusão imensa irrompe. Papai começa a balançar sua
cadeira, que esbarra na minha, fazendo-me cair de lado e bater a cabeça com
força. Tudo ao meu redor se torna turvo, e um zumbido ensurdecedor
preenche meus ouvidos, imediatamente, tudo escurece.
Vitor
Ao chegarmos no local indicado por Dante, deparamo-nos com um
galpão abandonado, cercado por uma verdadeira legião de quase cem homens
fortemente armados. A incerteza nos envolve, pois não conseguimos verificar
se há armadilhas ocultas espalhadas pelo terreno. A sorte parece ser nossa
única aliada nesse momento crítico.
Organizamo-nos em grupos estratégicos, cientes de que a velocidade
de ação é essencial para neutralizar a maior quantidade possível de soldados
sem chamar atenção. Aguardamos ansiosos pelo sinal de Dante, que será o
gatilho para o início do ataque.
Cada grupo segue para um ponto pré-determinado, planejando atacar
coordenadamente e com precisão. A tensão no ar é quase palpável, à medida
que nos preparamos para o confronto iminente.
A ansiedade cresce à medida que Dante compartilha conosco as
imagens e os sons que emanam do interior do galpão. A surpresa nos atinge
em cheio quando descobrimos que Juan não estava agindo sozinho; o
mandante por trás de toda essa trama é ninguém menos que o tio de Violetta,
o pai de Chiara.
À medida que a conversa se desenrola, nossos nervos entram em
colapso. Quando o tio de Violetta revela seus planos de plantar pistas falsas
para incriminar-nos pelo sequestro da filha de Franco e também de colocar
bombas na igreja para atraí-lo ao local, troco olhares angustiados com papai,
consciente de que é imperativo agirmos com rapidez.
Papai reage instantaneamente à revelação, pegando seu celular e,
enquanto disca, chama Dante através do ponto de comunicação.
— Dante, precisamos atrasar a chegada de Franco à igreja e cortar
todas as ligações daquela região. Você consegue fazer isso?
— Papai, já derrubei as torres de celular que cobrem a área. Faça a
ligação para o Don da 'Ndrangheta o mais rápido possível e o retire daquela
região. Está cheio de policiais, pois os acionei devido à ameaça de bomba.
Imediatamente, papai faz a ligação, e a tensão é palpável em sua voz.
— Franco, boa noite, aqui é Tommaso. E já vou avisar, não estou com
sua filha. Deixe-me explicar. Tudo isso é parte de uma armação. Eu não a
sequestrei, mas estou próximo ao local onde ela está sendo mantida. Sei que
você não tem motivo algum para confiar em minhas palavras, mas peço que
me conceda esse voto de confiança. Como prova do que digo, se estiver a
caminho da igreja, desista. Ela está rodeada de policiais. Descobrimos a
presença de uma bomba no local e acionamos os especialistas. Assim que
estiver com sua filha, entrarei em contato, e poderemos conversar com calma.
Ela tem muitas explicações a dar. Entendo Franco, toda sua desconfiança,
podemos fazer da seguinte forma, assim que eu estiver com sua filha, ligo
para você novamente e vocês conversam. Neste momento, o importante é que
você não vá até a igreja e aguarde um novo contato meu.
Ouço atentamente a conversa de papai com o Don da 'Ndrangheta,
com o coração apertado de ansiedade, torcendo para que ele acredite nas
palavras de meu pai. Aguardamos nervosamente o sinal de Dante para
darmos início à operação.
— Dante, já podemos atacar? – Pergunto já ansioso pelo desfecho.
— Aguarde mais um momento Vitor. Deixe que o Brunno fale mais
alguma coisa, precisamos de respostas e sei que o senhor Romano irá
consegui-las para nós.
Enquanto aguardamos, a conversa continua dentro do galpão. Os
minutos se arrastam enquanto continuo a ouvir a conversa dentro do galpão.
Estou tenso, minha mente oscilando entre o medo pela segurança de Violetta
e a determinação em resgatá-la. Cada segundo parece uma eternidade, e
anseio pelo momento de agir, de enfrentar Brunno e Chiara, e de ter minha
amada nos braços em segurança.
Enquanto esperamos, a tensão paira no ar e a conversa continua
ecoando dentro do galpão. Até que, pelo ponto de comunicação, ouvimos as
palavras de Dante:
— Vitor, papai, é hora. Parece que a moça está realmente do nosso
lado. Ela projetou uma imagem antiga da igreja, se ela projetasse a imagem
real, Brunno perceberia que todos foram retirados e a polícia foi acionada.
Precisaremos de respostas dela.
A uma ordem de papai, nossos grupos se preparam para a
aproximação, avançando com cautela e silêncio.
Ao sinal de Dante, executamos todos os soldados do lado de fora do
galpão. Nossa ação é rápida e discreta, graças ao uso de silenciadores.
Ninguém percebe o que está acontecendo.
John e Grecco conseguem escalar o galpão, encontrando uma abertura
na parte superior que lhes permite entrar por cima. Eles serão nossos
atiradores de elite à distância e serão de grande ajuda quando estivermos
dentro.
Por sorte, não encontram obstruções e conseguem adentrar sem serem
detectados. Enquanto isso, um dos soldados da equipe à frente do galpão bate
na porta e aguarda para ser atendido. Quando um dos soldados do interior
abre a porta e começa a falar em espanhol, ele é rendido imediatamente, e nós
a fechamos silenciosamente.
Dante nos dá o sinal para a invasão. Enquanto invadimos o galpão,
John e Grecco eliminam os soldados no interior, deixando apenas Brunno e
Chiara vivos, mas sob mira constante. A emoção do momento está à flor da
pele enquanto finalmente avançamos em direção à nossa missão.
Utilizando toda a autoridade de seu cargo de Don, papai encara
diretamente os olhos de Brunno:
— Se der mais um passo, morre. Isso vale para você também, Chiara.
Conseguem ver a luz vermelha sobre seus peitos? São nossos atiradores de
elite, prontos para atirar.
Enquanto papai profere essas palavras, meu coração dispara, temendo
ter chegado tarde demais. Uma onda de pânico me assola, pois a ideia de
perder Violetta é insuportável. Ela se tornou uma parte tão essencial da minha
vida que não posso nem imaginar viver sem ela. No entanto, procuro manter
a calma e pensar racionalmente.
Corro imediatamente em direção a Violetta, que está desacordada.
Com mãos trêmulas, verifico seus sinais vitais, e um suspiro aliviado escapa
dos meus lábios ao constatar que ela está viva. Rapidamente, a desamarro,
enquanto Rafaelli liberta seu pai, que se apressa em verificar o estado da
filha.
Os soldados prendem Brunno e Chiara e os levam para um de nossos
galpões. Papai se vira para Manoella, e diz:
— Você é a filha de Franco? Acredito que tenha muitas coisas para
nos contar. Por respeito a seu pai, você virá conosco e nos explicará tudo.
Depois, conversaremos com ele.
Manoella pede permissão para levar seu laptop, que contém
informações valiosas que podem ser úteis e servir como prova de sua
inocência. Através do ponto, ouvimos Dante instruindo Rafaelli a lidar com o
laptop. Como não entendo todos os detalhes técnicos, permito que eles
resolvam a questão, enquanto concentro-me em Violetta, que começa a
recobrar a consciência.
Quando ela abre os olhos, seus lábios se curvam em um sorriso, e ela
diz:
— Você veio! E me abraça.
— Claro piccolina, você acha que eu desistiria de você? Como se
sente? — pergunto, com alívio por tê-la de volta, mas ainda preocupado com
sua saúde.
— Estou com uma dor de cabeça, bati quando a cadeira caiu.
— Consegue se levantar? Um médico nos aguarda para examiná-la.
Precisamos sair daqui. Ainda temos um casamento a celebrar. Se você estiver
de acordo.
— Sei que passou por muitas provações, e entenderia se quisesse adiar
o casamento. – Digo, com um peso no coração.
— Casar-me com você é o que mais desejo. Não quero adiar
cerimônia, Vitor! Se você ainda quiser se casar comigo, faremos isso hoje
mesmo. Me ajude, por favor.
— Violetta, casar com você é tudo o que quero. Você não imagina o
quanto estava preocupado. Para ser sincero, não sei se consigo viver sem
você ao meu lado.
Auxilio-a a se levantar, e logo o senhor Romano se aproxima,
abraçando-a e perguntando como ela se sente. Ela responde que está bem, e
saímos juntos do galpão.
Senhor Romano se aproxima de mim extremamente agradecido, e diz:
— Vitor, mais uma vez, devo-lhe minha vida. Você nos salvou.
Entendo que a situação é complicada, e após todas as revelações,
compreenderei se quiser desistir do casamento.
— Senhor, eu jamais desistiria de sua filha. Além disso, nada do que
aconteceu é culpa sua ou dela. Não precisa se preocupar com isso. Vamos,
temos um casamento para celebrar.
Em um comboio, seguimos para o hotel, onde nosso casamento e festa
acontecerão. Uma onda de alívio e felicidade nos envolve, apagando as
angústias que vivemos.
Violetta
Ao chegarmos no hotel, meu coração dispara de ansiedade e
preocupação. Sou levada a uma suíte, onde um médico me examina,
constatando que estou bem. Mamãe se junta a nós e me abraça apertado, e
sua preocupação transparece em seus olhos.
— Filha, estava muito preocupada com sua demora. Fomos tirados da
igreja e não nos contaram nada. Mas sentia aqui dentro que algo havia
acontecido com você e seu pai.
Sinto um nó na garganta ao ver o carinho nos olhos de minha mãe, e
agradeço a Deus por tê-la ao meu lado.
— Ah! Mamãe, foi um susto danado. A senhora acredita que o tio
Brunno está vivo e foi o responsável por toda essa bagunça. Quase infartamos
quando o vimos. E pior, Chiara o estava ajudando.
As palavras saem de meus lábios carregadas de incredulidade e
indignação. Minha mãe suspira e abaixa a cabeça.
— Sim filha, seu pai me contou. Estou muito envergonhada. Temo
que isso tudo venha respingar em nossa família.
Sinto uma tristeza profunda e uma sensação de injustiça ao pensar nas
consequências que a traição de meu tio pode ter para nossa família.
— Não vai mamãe. Nós não somos culpados pelas atitudes do tio e
Chiara. Eles terão o castigo que merecem.
— Eu sei minha filha, mas a traição dele já afastou seu pai do Don por
muitos anos, até do conselho ele se retirou por este motivo.
A preocupação na voz de minha mãe é palpável, e eu desejo poder
aliviar seus receios.
— Confie no Vitor mamãe, ele é um homem justo. Se fosse respingar
algo em nós, a primeira atitude dele seria cancelar o casamento, e isso não vai
acontecer. Fique calma quanto a isso.
— Mamãe, assim que recobrei a consciência, Vitor propôs que
adiássemos o casamento. Inicialmente, senti uma onda de insegurança me
invadir, mas logo percebi que ele estava me oferecendo a oportunidade de
uma recuperação mais tranquila.
— Respondi rapidamente que não desejava adiar a cerimônia, não
apenas por conta das implicações envolvendo o tio Brunno ou o que passei.
Nosso casamento carrega responsabilidades, como a ascensão do Vitor e o
tratamento de Don Tommaso. Não queria ser egoísta, mãe. Acima de tudo,
casar com Vitor é o que desejo intensamente. Estou apaixonada, mamãe. E
incrivelmente feliz, pois estou prestes a concretizar meu sonho de casar por
amor. Espero que possa entender.
Querida, estou verdadeiramente feliz por você. Sua maturidade,
bondade e amor me enchem de orgulho. Saiba que a sua felicidade é o meu
bem mais precioso.
— Agora, temos muito trabalho pela frente. Deixe-me retocar sua
maquiagem. Nina e Aurora já estão chegando, e parece que a estilista já foi
convocada. Seu vestido precisa de alguns ajustes, está amassado e um pouco
sujo.
O quarto se enche com a agitação calorosa das mulheres da família e
da estilista. É um turbilhão de sentimentos e emoções à medida que cada
gesto e toque reforça o amor e apoio da minha família, um testemunho da
união que compartilhamos.
Com agilidade e dedicação, todas as mulheres me auxiliam, e em
questão de minutos, estou pronta para o casamento.
Elas deixam o quarto assim que papai chega para me levar. Seu olhar
é uma mistura de carinho, preocupação e orgulho.
— Você está bem, minha filha?
— Sim papai, agradeço por estar ao meu lado, me fortalecendo. Como
está o senhor?
Sinto a preocupação em sua voz, a tristeza que espreita em seus olhos,
mas também a alegria por esse momento especial.
— Triste e preocupado, mas por outro lado, feliz pelo seu dia. Chegou
o momento de se casar Violetta. Você ainda quer isso?
Sinto meu coração se encher de emoção e determinação, enquanto
respondo com convicção.
— Sim papai, é o que mais quero. Acho que vou conseguir o que
sempre desejei. Um casamento por amor.
— Que bom ouvir isso, filha. Vitor é um bom homem, e será um
excelente Don. – Responde papai com um sorriso orgulhoso.
— Papai, posso te pedir uma coisa?
— Claro minha filha.
— Não se afaste novamente. Os atos do seu irmão não condizem com
quem o senhor é. A responsabilidade é dele e de mais ninguém. Não se isole
por causa disso.
Ele abaixa a cabeça, um peso visível em seus ombros.
— Você tem razão Violetta, mas sinto tanta vergonha do irmão que
tenho. Não sei com que cara vou olhar para Tommaso ou Vitor.
— O senhor vai olhar para eles com a cara do homem honrado que é.
Vai olhar para seu melhor amigo, que no momento em que mais precisou, ele
estava lá para te ajudar. Vai olhar para seu genro, que saiu correndo da igreja
para nos salvar e lhe garantir que estará sempre ao seu lado. Depois vai
agradecer aos dois e tocar sua vida. Sem remorsos, culpa ou vergonha.
Meu pai sorri, uma mistura de orgulho e alívio.
— Olha só, minha filhinha cresceu e já está me dando bons conselhos!
Você tem razão Violetta. Vamos em frente.
— Papai, estou com algumas dúvidas, será que o senhor pode me
esclarecer?
— No percurso até o hotel, Vitor compartilhou que Manoella
informou sobre uma ameaça de bomba no local. Diante dessa emergência,
Dante coordenou o redirecionamento de nossos convidados para o hotel, onde
originalmente aconteceria nossa recepção. Com eficiência, alguns soldados
organizaram um espaço para que a cerimônia possa prosseguir, e o padre
aguarda ansiosamente para celebrar nossa união. Também me explicou que
logo após a saída dos convidados da igreja, Dante agiu prontamente,
chamando especialistas que conseguiram localizar e desativar os explosivos
antes que fossem detonados. Ao mesmo tempo, Manoella projetou imagens
antigas para despistar o tio Brunno e evitar que ele desconfiasse de nossas
ações. Foi realmente uma imensa sorte podermos contar com a ajuda de
Manoella, mas continuo perplexa quanto à forma como ela se envolveu com
eles. Mesmo que ela tenha dito que foi sequestrada, fica a dúvida de como
conseguiu contatar Dante e por que não o fez antes.
— São tantas perguntas e tão poucas respostas, minha filha. Tommaso
já conversou com ela, mas ainda não compartilhou todos os detalhes conosco.
Sabemos que ela ligou para o pai e relatou tudo o que havia acontecido.
Acredito que Tommaso deve se reunir com Vitor e Steffano para esclarecer
essa questão. Não se preocupe com isso minha filha, foque no seu casamento
e em ser feliz.
— O senhor está certo, papai. Vamos nos concentrar no casamento e
na busca da felicidade.
— Assim seja, minha querida. Agora, venha, deixe—me acompanhá-
la até o altar.
Chegamos ao salão, e a cerimonialista nos pede para
aguardar à porta, criando um momento de expectativa que faz meu coração
bater mais rápido. Ela nos faz um gesto e, em seguida, nos convida a entrar,
intensificando a ansiedade que cresce dentro de mim à medida que a porta se
abre.
Assim que a porta se abre, todos os olhares se voltam para nós, e um
misto de nervosismo e ansiedade paira sobre mim, como borboletas agitadas
no estômago. No entanto, assim que os primeiros acordes de "Stairway to
Heaven" ecoam, toda a tensão se dissipa. Sinto um arrepio emocionado
percorrer meu corpo, e concentro-me no caminho à minha frente. Para minha
surpresa, vejo Vitor com uma guitarra, dedilhando a canção. É como se o
mundo ao redor desaparecesse, e só resta a música e o olhar profundo de
Vitor.
À medida que nos aproximamos do altar, Vitor deixa a guitarra de
lado e vem ao meu encontro, mantendo contato visual constante. A música
ainda preenche o ambiente, e, ao olhar para o lado, percebo que meu irmão e
meus cunhados estão tocando. Essa surpresa me emociona profundamente,
pois "Stairway to Heaven" é a música que mais gosto de ouvir. A emoção se
mistura com gratidão e alegria.
Durante o ofício, não consigo prestar atenção nas palavras do padre.
Após todas as emoções conflitantes que vivenciei, o único foco dos meus
pensamentos é a presença reconfortante de Vitor, cujo olhar nunca se desvia
do meu por um único momento. Sinto-me envolvida por um oceano de
sentimentos, com a certeza de que estou no lugar certo.
Quando chega o momento de proferirmos nossos votos, temo não
conseguir expressá-los em voz alta, pois a emoção é avassaladora. No
entanto, ouço com profunda atenção os votos de Vitor, e o amor que
transborda de suas palavras preenche meu coração de uma forma que
palavras não podem descrever.
“Violetta, neste dia, aceito você como minha
mulher. Prometo ser um marido comprometido em
proteger e honrar nossa família. Nossa jornada será
marcada por respeito e segurança.”
Na minha vez, tiro forças de um lugar profundo dentro de mim, e
minha voz trêmula, embargada pela emoção, finalmente encontra as palavras:
“Vitor, hoje, acolho você como meu marido.
Prometo ser uma esposa sábia e leal, comprometida em
nutrir nosso lar e cuidar do bem-estar de nossa família.
Juntos, enfrentaremos a vida com graça e determinação,
construindo um futuro cheio de realizações.”
O padre abençoa nossas alianças, e com as mãos trêmulas de
antecipação, deslizamos as alianças em nossos dedos, selando nosso
compromisso perante Deus e nossos entes queridos. Ao final das bênçãos, o
padre nos declara marido e mulher, e, com um sorriso emocionado, pede que
o noivo beije a noiva.
Vitor olha em meus olhos, me dá um selinho, e, num sussurro,
expressa:
— Finalmente minha!
Já no local da festa, caminhamos pelo tapete vermelho e aguardamos
ansiosamente que os convidados venham nos cumprimentar. Capturamos
momentos preciosos em algumas fotografias e nos dirigimos à nossa mesa,
que abriga todos os nossos familiares. Enquanto aguardamos o jantar ser
servido, sinto-me envolvida pela alegria e pelo calor daquele momento.
Após nos deliciarmos com o jantar, a pista de dança é aberta, e Vitor
segura minha mão, conduzindo-me na primeira dança como marido e mulher.
A música nos envolve, e nossos corpos movem-se em harmonia, como se
dançássemos nas nuvens. Ainda durante a música, nossos pais se juntam a
nós, e danço com papai e Don Tommaso. Depois, com meu irmão e os irmãos
de Vitor. Lucca também vem dançar comigo, mas Matteo permanece à
distância, seus sentimentos guardados em segredo.
Já exausta de tanto dançar, retorno à mesa em busca de um merecido
descanso. Vitor vem comigo e nos serve uma taça de vinho, e é então que ele
compartilha um pensamento travesso:
— Mal posso esperar para irmos embora. Já é aceitável que o noivo
roube a noiva?
— Ainda não cortamos o bolo e nem joguei o buquê. Vou pedir para a
cerimonialista apressar as coisas. Estou exausta, toda adrenalina gasta com
meu sequestro está cobrando seu preço.
Vitor, com um olhar cheio de desejo, responde:
— Querida senhora Moretti, esta noite não vamos dormir. Vou te ter
de todas as formas que sonhei por todas essas noites que passamos dormindo
juntos.
— É uma promessa senhor meu marido? – Digo brincalhona.
— Pode apostar! – Responde Vitor com um sorriso sarcástico.
Depois de cortarmos o bolo e tirarmos as fotos de praxe, chega a hora
do buquê. Dirijo-me até o pequeno palco, viro-me, conto até três, mas lanço o
buquê no dois. Ao me virar para ver quem o pegou, fico surpresa, pois foi
Manoella. Como de costume, vou até ela e a abraço, desejando sorte em sua
conquista. No entanto, ela apenas sorri sem graça e não diz nada. Dante se
junta a ela e a questiona:
— O que está fazendo aqui Manoella?
— Seu pai me autorizou participar da festa, estava passando e isso
caiu no meu colo, não que eu lhe deva satisfações. – Ela responde de maneira
decidida
— Muito abusada você! – Comenta Dante.
Deixo os dois discutindo e parto em busca de Vitor, que em breve se
junta a mim. Caminhamos de mãos dadas em direção à área dos elevadores,
com a antecipação da nossa noite de núpcias pulsando em nossos corações.
Nossa suíte presidencial, situada neste luxuoso hotel do grupo Moretti, é o
cenário que escolhemos para celebrar o início da nossa jornada como marido
e mulher.
No instante em que entramos no elevador, Vitor me envolve em seus
braços, e nossos lábios se encontram em um beijo que, a princípio, é terno e
contido. À medida que subimos, a paixão nos consome, e o beijo se torna
mais ardente. Finalmente, chegamos à cobertura, e Vitor me ergue nos
braços, carregando-me até a porta do quarto, nossas bocas ainda unidas em
um beijo voraz. Não sei como ele consegue abrir a porta, mas o desejo e a
urgência nos impulsionam a continuar, ansiosos para nos entregar ao desejo
que compartilhamos.
Ele me coloca delicadamente no chão, mas antes que eu tenha a
chance de contemplar o quarto, seus lábios retomam o beijo com uma
intensidade avassaladora. Seus braços me envolvem com força, e o beijo é
interrompido apenas para dar lugar a uma chuva de beijos em meu rosto e
pescoço. Quando ele se aproxima do meu ouvido, sua voz rouca sussurra:
— Te desejo tanto, Violetta. Mal posso esperar para fazer de você
minha mulher, por inteiro, corpo e alma.
Ele me vira suavemente, e seus dedos ágeis começam a desabotoar os
botões do meu vestido. Enquanto seus dedos trabalham, seus lábios não
cessam de me beijar. A cada botão que se desfaz, sua boca desce um pouco
mais, explorando minha pele arrepiada.
Quando finalmente chega à altura da minha cintura e abre o último
botão, meu vestido desliza suavemente por meus ombros, revelando-me a ele
em toda a minha vulnerabilidade e desejo. Estou apenas de calcinha, e a
intensidade do momento nos envolve, como se fôssemos os únicos habitantes
do mundo naquele instante.
Ele solta um suspiro, e seus lábios encontram minha bunda, deixando
um rastro de beijos suaves. Com ternura, ele murmura:
— Você é linda e completamente minha. Te desejo, Letta.
Ele me vira de frente para ele, e seus olhos famintos percorrem
minuciosamente todo o meu corpo. Suas palavras e seu olhar incendiário são
como combustível para o fogo da paixão que arde entre nós. Cada centímetro
da minha pele responde ao desejo ardente em seus olhos, e minha excitação
cresce a cada segundo que seus olhos percorrem meu corpo.
Quando seu olhar alcança meu seio, sinto uma onda de excitação
percorrer meu corpo, os bicos se enrijecem imediatamente, e um arrepio
sensual percorre toda a minha pele. Embriagada pelo desejo avassalador,
aproximo-me dele, determinada a despir sua roupa. Primeiro o terno, com
todo o cuidado, seguido da gravata. Quando chego à sua camisa, desabotoo
cada botão com uma intenção provocadora, deixando meus dedos roçarem
deliberadamente em sua pele.
Vitor não tira os olhos de mim, seu olhar ardente de desejo capturando
minha alma a cada toque. Cada botão que abro é acompanhado por beijos
sensuais em seu corpo, traçando um caminho de paixão. Vitor geme
baixinho, e sua pele se eriça em resposta aos meus beijos e carícias, em um
turbilhão de sensações que nos consome.
Vitor
Violetta me hipnotiza, sua aura de sensualidade é irresistível, e ela
nem parece perceber o poder que exerce sobre mim. Com toda sua inocência
e beleza, ela está me levando à beira da loucura, fazendo com que a mera
ação de desabotoar minha camisa quase me leve à extrema excitação.
Quando ela termina de desabotoar os botões da minha camisa, percebo
que ela fica levemente envergonhada, mas sua determinação é inegável.
Logo, ela desce o zíper da minha calça com confiança.
Eu permaneço imóvel, completamente dominado pelo desejo que me
consome, enquanto ela continua a explorar as fronteiras da paixão que
compartilhamos. Cada toque e movimento de suas mãos despertam uma
excitação avassaladora, e minha entrega a ela é total.
Sinto meu pau totalmente rijo, com pré gozo escorrendo, mas Violetta
não se detém, avançando com ousadia. Ela puxa minha calça até abaixo dos
joelhos, enquanto eu, num gesto impulsivo, arranco meus sapatos com os pés,
chutando a calça para longe.
Ainda assim, sua ousadia não cessa. Com uma expressão ardente nos
olhos, suas mãos alcançam a borda da minha cueca e começam a abaixá-la
com um toque provocante, fazendo meu coração disparar de desejo. Cada
movimento dela é um convite à paixão e à entrega, e meu corpo responde
instantaneamente à promessa de prazer que ela oferece, meu membro salta,
me deixando mais excitado. Chuto minha boxer para não sei onde e digo:
— Violetta, como te quero. – Confesso, incapaz de conter a paixão
que arde em mim há tanto tempo, e completo:
— Não sei como consegui me controlar por tanto tempo.
Ela me olha com olhos cheios de desejo e emoção, sussurrando:
— Também te quero Vitor. Muito.
Ao ouvir suas palavras, sinto-me dominado pela intensidade do nosso
desejo. Sem mais hesitação, a conduzo até a cama e a deito no centro. Ela
parece um pouco incerta, mas tomo as rédeas da situação, fixando nela um
olhar de fome e desejo vorazes. Os olhos dela se encontram com os meus, e
eu começo a explorá-la com meu olhar.
- Violetta, você é deslumbrante. – Declaro, enquanto me deito sobre
ela, minha respiração ofegante de desejo. —Vou te ter como minha, hoje e
para sempre. – Sussurro enquanto beijo sua boca.
No início, nossos beijos são repletos de ternura, mas à medida que
minhas mãos começam a traçar um caminho ardente por seu corpo, o desejo
se intensifica. Cada toque, cada carícia, acende uma chama que queima entre
nós. Quando minhas mãos encontram seus seios, um arrepio percorre todo o
seu corpo, e sei que o tesão que compartilhamos é avassalador. O desejo está
à flor da pele, e nossos corpos anseiam por se unir em um abraço de desejo e
paixão.
Gememos juntos, até que abaixo a cabeça e começo a chupar seu
mamilo que já está todo enrugado. Com a outra mão, vou tocando o outro
seio, quando chega na aréola, dou uma leve puxada, ela geme de tesão.
Depois troco, abocanho seu outro mamilo enquanto minhas mãos descem
pelo seu corpo.
Quando minhas mãos alcançam sua calcinha, não me contenho,
seguro forte e a rasgo, arrancando-a do seu corpo. Sinto a umidade
escorrendo entre suas pernas, gemo alto, enquanto toco sua intimidade.
Meu coração acelera, batendo com tanta intensidade que parece
prestes a saltar do meu peito. Um turbilhão de desejo e ansiedade se mistura
em mim, criando uma sensação avassaladora de paixão que toma conta de
cada fibra do meu ser. O momento é eletrizante, e a entrega à nossa paixão
iminente é o único caminho a seguir.
Com o dedão, toco seu clítoris e inicio movimentos circulares, com
outro dedo exploro sua fenda alcançando sua intimidade espalho sua umidade
enquanto seu corpo ondula de prazer.
Com um dos meus dedos, a penetro com muito cuidado, sentindo seu
calor e umidade, inicio movimentos de vai e vem. Enquanto ela leva suas
mãos do meu pescoço por todo meu tórax, me deixando completamente
arrepiado. Se ela soubesse o efeito que seus dedos produzem em mim.
Já não me contenho, estou muito excitado, e sei que ela não tem
experiência, então pego uma de suas mãos e a levo ao meu pau, envolvo sua
mão na minha e inicio movimentos para cima e para baixo, mostrando a ela a
pressão certa que gosto de ser tocado. A sensação é indescritível, sentir sua
mão me deixa mais excitado ainda.
— Preciso te preparar para mim. Está tudo bem até aqui? Estou te
machucando? – Pergunto em meio a sussurros e gemidos.
— Só continua Vitor, está uma delícia. – Diz em meio a gemidos.
Adiciono outro dedo e aproveitando sua excitação, eles deslizam
facilmente, aumento um pouco a pressão em seu clítoris até que ela goza,
chamando o meu nome. Não paro de tocá-la até que se acalma e sem desviar
os olhos dos seus, digo:
— Diga-me se doer, vou fazer o possível para ir devagar. – Sussurro,
me deitando sobre ela, e enquanto amparo meu peso com os braços
estendidos ao lado de sua cabeça, sinto uma onda de paixão e desejo nos
envolver. Minha proximidade com Violetta é eletrizante, e meu corpo vibra
com a expectativa do que está prestes a acontecer. A troca de olhares
apaixonados intensifica a conexão entre nós, e a promessa de entrega se torna
mais vívida a cada momento.
Pincelo sua intimidade com meu pau e a penetro aos poucos. Ela é
apertada pra caralho, mas está bastante molhada, o que me permite iniciar um
vai e vem lento e superficial. Aos poucos vou me inserindo nela, até que
encontro sua barreira. Forço um pouquinho, mas percebo que ela faz uma
careta de dor e paro, olhando em seus olhos, pergunto:
— Está doendo piccolina?
— Só um pouquinho, mas não pare.
Saio do seu corpo e começo a invadi-la novamente. Com vai e vem
lento, vou ganhando território, quando encontro sua membrana novamente,
me arremeto de uma vez, penetrando-a totalmente. Seus olhos lacrimejam,
beijo seu rosto secando suas lágrimas, enquanto aguardo seu corpo se ajustar
à minha largura.
Logo começo a me movimentar e ela me acompanha. Pego suas
pernas e as envolvo em minha cintura, nossos corpos se fundem e vou até as
estrelas, meu tesão está na borda, mas não quero gozar antes que ela goze
novamente, então digo:
— Goze no meu pau Violetta. Goze para mim.
Aumento o ritmo de minhas investidas enquanto Violetta me
acompanha gemendo incessantemente. Me retiro todo, e a penetro
novamente, metendo enquanto ela rebola. Estou quase gozando quando a
sinto me espremer. Suas paredes quentes latejam, prensando meu pau e ela
goza novamente chamando por meu nome. Me enterro mais algumas vezes
até que gozo, jogando minha cabeça para trás e urrando de prazer.
Com todo o cuidado, eu a abraço e a movo, permitindo que ela fique
por cima de mim. Deitamos juntos, esperando que nossas respirações voltem
ao ritmo normal. Com carinho, pergunto:
— Você está bem? Não te machuquei? – Embora preocupado com seu
bem-estar, não posso deixar de sorrir. Foi a experiência mais incrível da
minha vida.
Ela me olha, um brilho de satisfação e carinho nos olhos, e responde:
— Estou bem, sim. Apenas um pouco dolorida, mas acho que é
normal, não é?
— Sim, é normal. Logo você estará acostumada a me receber, e tudo
será puro prazer. Venha, vamos nos limpar juntos.
A cumplicidade que compartilhamos neste momento pós-intimidade é
a expressão de uma conexão única, fortalecida pela intensidade do que
acabamos de viver.
Cuidadosamente, a levo no colo até o banheiro e a acomodo com
delicadeza na bancada enquanto começo a encher a banheira. Testo a
temperatura da água e a coloco sentada na minha frente. Com carinho,
começo a ensaboá-la, fazendo uma suave massagem em seu pescoço. Em um
momento de cumplicidade, ela vira o rosto, e nossos lábios se encontram em
um beijo apaixonado.
O desejo ainda está vivo entre nós, e estou pronto para outra rodada.
No entanto, preocupo—me com seu conforto e pergunto com ternura:
— Você está muito machucada? Acha que consegue mais uma vez?
Ela sorri de forma travessa, repleta de cumplicidade, e responde:
— Você é um tarado, Vitor! Mas podemos tentar. Se doer muito,
paramos, combinado?
— Vire-se e sente-se de frente para mim, com os joelhos apoiados ao
redor da minha cintura.
Conforme ela obedece, seguro com cuidado. Nossos olhares se
encontram, transbordando de desejo, nossos corpos prontos para a próxima
etapa da nossa jornada de entrega. Cada toque e movimento são um
testemunho da conexão única que compartilhamos.
Seguro meu pau e testo sua intimidade. Ela senta em mim e começa a
descer. Faz uma careta de dor, mas não para até me colocar totalmente dentro
dela.
— Está tudo bem Violetta? Posso continuar?
— Simmmm. – Diz gemendo.
Começo a me impulsionar com cuidado, morrendo de tesão. Sei que
essa posição exige mais dela, então resolvo pegar leve. Deixo que ela tome
ritmo, segurando em sua cintura, e a amparando caso precise. Com minha
boca, alcanço um dos seus seios, lambo sua aréola e ela geme mais forte.
Nossas respirações se aceleram assim como o ritmo que ela impõe. Não
precisamos de muito e gozamos juntos, gemendo nossos nomes.
Tomamos um banho juntos, e enquanto Violetta se seca no banheiro,
eu vou até o quarto para trocar a roupa de cama. Ainda bem que papai
conseguiu abolir o costume arcaico da prova da virgindade da noiva. É muito
constrangedor para a mulher, e para ser bem sincero, para mim também seria.
Ninguém precisa saber o que acontece entre minha mulher e eu.
Quando ela me encontra, já estou deitado na cama, completamente nu.
Seus olhos se arregalam com surpresa, e eu a convido a se juntar a mim.
— Venha, Violetta. Vamos descansar um pouco e recuperar nossas
energias. Amanhã será um dia agitado.
A preocupação de Violetta a leva a questionar:
— Vitor, o que acontecerá com Chiara e o tio Brunno?
— Ainda não sei Violetta, o que eles fizeram, foi muito grave, foi
traição, e você conhece as leis da máfia.
Ela fica inquieta e pergunta:
— Isso pode prejudicar o papai ou o Rafa?
— Não, Violetta. Temos provas suficientes para mostrar a inocência
deles. Não se preocupe. – A tranquilizo com carinho.
Abraço-a com ternura e a beijo, um beijo cheio de sentimentos
profundos. Após a noite que compartilhamos, tenho a certeza de que fiz a
escolha certa ao aceitar me casar com ela. Embora não possa afirmar ainda
que é amor, não consigo mais imaginar minha vida longe dela
Sua inocência e determinação são cativantes. Esta noite foi um marco
em nossa história. Ela se entregou por completo, sem amarras, e foi uma
experiência incrível. Nunca imaginei que foder uma virgem pudesse ser tão
profundo e emocional como foi.
Sentir o corpo de Violetta, despido de qualquer proteção, é uma das
experiências mais intensas e emocionais da minha vida. É a primeira vez que
transo sem camisinha, e a conexão profunda que isso traz entre nós é
palpável.
Embora eu deseje ter mais tempo para compartilhar com ela nesta
noite, estou consciente do desconforto que ela está sentindo, mesmo que não
o mencione diretamente. Sei que ela precisa de tempo para se recuperar, e
estou disposto a dar a ela esse espaço, mas o desejo que sinto por Violetta é
tão avassalador que não sei quanto tempo conseguirei resistir.
Enquanto penso nela, sinto meu corpo relaxar e, aos poucos, caio no
sono, sonhando com a mulher que me enlouquece de desejo e emoção a cada
instante que passo ao seu lado.
Vitor
Acordo completamente excitado, mas compreendo que não posso
pressionar Violetta. Ela precisa de descanso para se recuperar. Faço minha
higiene matinal, ligo para a recepção e encomendo nosso café da manhã. Sei
que é cedo, e dormimos muito tarde, mas tenho que voltar para casa. Hoje, no
primeiro horário, acontecerá a cerimônia de minha ascensão. Depois, nos
reuniremos para lidar com a situação envolvendo Brunno e Chiara, e o pior
de tudo, enfrentar Don Franco Giannini.
Ontem, papai me informou brevemente que entrou em contato com
Don Franco, explicando resumidamente o que aconteceu. Ele não estava
muito receptivo, mas concordou em nos encontrar para uma discussão mais
detalhada.
Nossa relação com a 'Ndrangheta nunca foi boa. Embora não sejamos
inimigos declarados, temos um acordo tácito de não invadir o território um do
outro. Brunno nos colocou em uma situação delicada, mas parece que
Manoella possui algumas provas que podem nos ajudar a resolver toda a
situação.
Deixo de lado meus pensamentos e vou acordar Violetta. Não quero
que ninguém a veja dormindo nua e deslumbrante. Meu lado ciumento e
protetor emerge. Ela é minha, e ninguém tem permissão de contemplar seu
corpo.
— Violetta, piccolina, está na hora de acordar. – Chamo acariciando
seus braços.
Ela abre os olhos vagarosamente, e com um sorriso, diz.
— Bom dia meu marido!
Essa simples saudação é o suficiente para me enlouquecer. Se
pudesse, a levaria para a cama novamente naquele momento. Me abaixo para
beijá-la, mas sou interrompido pelo som da batida na porta.
— Bom dia! Violetta, por favor vá para o banheiro, enquanto recebo
nosso café da manhã.
Somente abro a porta após ela entrar no banheiro e fechar a porta. Um
dos soldados entra com o carrinho de café da manhã e, depois de deixá-lo
onde eu indico, se retira. Aguardo Violetta, que logo se junta a mim, já
completamente vestida, assim como eu.
— Dormiu bem Vitor? – Ela pergunta com um sorriso.
— Muito bem, Letta. E você? Dormiu bem? Está muito dolorida? –
Pergunto.
— Dormi muito bem, e sim, estou um pouco dolorida, mas acho que é
normal. — Ela responde, com as bochechas coradas.
— Vou pedir ao médico que receite uma pomada para ajudar. –
Sugiro.
— Ah, Vitor, que vergonha! Melhor não. Ela responde, visivelmente
envergonhada.
— Ei, não precisa ficar encabulada. Fale com sua mãe ou com a
minha, se você se sentir confortável.
— Está certo, falarei com mamãe. Estou faminta. – Ela diz.
— Eu também, mas minha fome por você é maior. — Brinco.
— Vitor, você não tem freio? É um tarado! – Ela exclama, sorrindo.
— Só com você Letta.
Tomamos nosso café da manhã em meio a conversas descontraídas e
brincadeiras. Em seguida, voltamos para casa, pois a cerimônia está prestes a
começar. Deixo Violetta com mamãe, Nina e Dona Milena, enquanto me
dirijo ao escritório para me encontrar com minha família.
— Bom dia família! entro no escritório com um sorriso no rosto,
apesar das preocupações que pairam no ar.
— Bom dia, todos respondem em uníssono, e sinto o calor e apoio da
minha família.
— Vitor, você está preparado para a cerimônia? – Papai pergunta com
um olhar de preocupação, sabendo que o dia que se inicia é repleto de
desafios.
— Sim papai, mais do que pronto.
— Como está minha filha Vitor? Senhor Romano pergunta, seus olhos
revelando a apreensão que sente em relação à saúde de Violetta.
— Está ótima senhor, ficou com as mulheres na sala.
— Estou preocupado com ela. Ontem, enquanto estávamos presos, ela
teve um ataque de pânico, mas logo conseguiu se controlar. Pensei que,
depois de relaxar, pudesse ter outra crise.
— Ela tem passado por muitas coisas em um espaço de tempo muito
curto. É normal que tenha esses ataques de pânico. Vou conversar com ela
para retomar as consultas com o psicólogo para ajudá-la a lidar com isso. –
Digo sentindo o peso da responsabilidade que tenho em relação a Violetta.
— Faz bem, rapaz. Estarei sempre a disposição caso precise. Sei que a
partir de ontem, ela é sua responsabilidade, mas conte comigo sempre que
achar necessário. – Senhor Romano afirma, mostrando seu apoio
incondicional.
— Senhor Romano. Violetta é sua filha, e o ama profundamente.
Embora seja minha mulher, jamais permitirei que os laços familiares se
rompam. Ela não é uma obrigação para mim; ela é a minha luz. Farei o
possível e o impossível para fazê-la feliz. Quero deixar claro que o senhor
não perdeu uma filha, mas ganhou outro filho, se assim desejar.
— Meu rapaz, você é mais do que bem-vindo como meu filho de
coração. Fico muito feliz pela sua atitude e pelo respeito que demonstra por
minha família. Sem dúvida, será um excelente Don. – Senhor Romano
responde com um sorriso emocionado.
— Agradeço, meu sogro, e conto com seu apoio e ajuda! – Digo com
gratidão, sabendo que tenho uma família maravilhosa ao meu lado.
— Está na hora Vitor. Você está preparado? Papai pergunta, e meu
coração acelera, pois sei que o dia que se inicia será marcante e desafiador.
— Sim, papai, vamos.
Nos dirigimos a um salão próximo à nossa casa, onde se encontram
todos os membros do conselho e nossos capo-regimes. A cerimônia
acontecerá à portas fechadas, envolta em um ambiente de reverência e
tradição.
Enquanto seguimos em direção ao local da cerimônia, meus
pensamentos começam a se concentrar na importância deste momento. Fui
meticulosamente treinado para ocupar o lugar de Don, para liderar com
sabedoria e firmeza a Cosa Nostra. Embora eu não saiba exatamente o que
vai acontecer após a porta se fechar, estou ciente de que a cerimônia será
repleta de etapas cruciais, e cada uma delas reforçará o compromisso e
respeito que os membros da famiglia devem a papai, e, a partir de agora, a
mim mesmo após prestar meu juramento.
Não estou inseguro, mas sinto uma apreensão natural em relação à
cerimônia e às enormes responsabilidades que virão a seguir. Eu sei que estou
preparado, mas não posso evitar a tensão que envolve esse momento singular
em minha vida. Afinal, estou prestes a assumir o comando da Cosa Nostra,
uma honra que também traz consigo um fardo de proporções igualmente
imensuráveis.
Ao cruzarmos a entrada do local, uma atmosfera solene envolve a
todos. Cada pessoa presente acomoda—se com reverência, direcionando seu
respeito à figura do Don. Com passos firmes e determinados, papai, avança
até o centro do salão. Ao pronunciar as primeiras palavras, uma cerimônia
cheia de tradições antigas se desenrola. Todos os presentes erguem—se
solenemente, inclinando seus joelhos em profundo respeito, reverenciando a
autoridade do Don com uma reverência que transcende o comum.
O único a permanecer em pé é meu tio, o respeitado conselheiro, a
representação viva da sabedoria da famiglia. Caso houvesse um subchefe
designado, este se posicionaria ao lado de papai, em um gesto simbólico de
lealdade inquestionável, solidificando ainda mais as tradições que nos guiam.
Entretanto, o Subchefe Valentim encontra-se afastado devido a
enfermidade. Como já era intenção de papai, que eu assumisse, ele não
nomeou substituto ao subchefe.
O compromisso de papai de que eu assumiria o comando da família
foi anunciado com antecedência, preparando todos para a cerimônia que se
desenrola diante de nossos olhos.
Com sua voz imponente de Don, papai dita que todos retornem aos
seus lugares. A cerimônia segue solene, com todos prontamente obedecendo,
reconhecendo sua posição de liderança na famiglia.
— Como é de conhecimento de todos, nos reunimos aqui hoje para a
solene cerimônia de ascensão do meu filho, Vitor Moretti. A partir deste dia,
ele assume o cargo de Don da Cosa Nostra e passa a liderar o Conselho.
Como manda nossa tradição, convido Vitor a se aproximar para prestar seu
juramento.
— Vitor, me dê sua mão, por favor. – Diz papai com solenidade, sua
voz ecoando a autoridade de um Don.
Estendo minha mão direita a papai, que segura com firmeza. Com um
punhal afiado, ele corta minha pele, um ato que ecoa séculos de tradição
familiar. Em seguida, eleva minha mão para que todos possam testemunhar o
sangue que flui como elo entre o passado e o presente. Cada gota representa a
ligação indissolúvel com nossa famiglia e sua tradição secular.
Então, com olhos firmes, papai me pede para fazer o juramento.
“Por este sangue derramado, juro, diante de
todos, honrar a famiglia[2] em primeiro lugar,
dedicando minha vida e meu sangue a seu serviço.”
Após o juramento, sinto um nó de respeito e responsabilidade apertar
em meu peito. Nesse momento solene, percebo o peso das obrigações que
agora carrego, consciente de que devo honrar esse compromisso com firmeza
e dedicação.
— Convido cada membro desta famiglia a se unir a mim neste
juramento, para que, juntos, possamos fortalecer nossas tradições e proteger
nossos princípios. – À medida que pronuncio essas palavras, a sensação de
respeito e reverência se intensifica. Cada membro se ergue de seus assentos e
se aproxima de mim, ajoelhando—se com humildade perante nosso
compromisso compartilhado. Cada beijo em minha mão é um selo de
aceitação, e a responsabilidade que assumi se torna mais clara do que nunca.
Como Don, sei que devo liderar com sabedoria e coragem, garantindo a
preservação de nossa famiglia e sua herança intocada.
Após todos os membros terem retornado a seus lugares, dirijo a
atenção de todos para mim com uma voz firme e segura:
— Senhores, como meu subchefe, tenho a honra de escolher Matteo
Moretti. Por favor, venha até mim e preste seu juramento.
Matteo se aproxima com solenidade e, com determinação, declara:
— “Juro, diante de todos, honrar a famiglia em primeiro lugar,
dedicando minha vida e meu sangue a seu serviço.”
Na ausência de Matteo, a quem confio a posição de subchefe, nomeio
Paschoal Bonnano como nosso executor. Os demais cargos permanecerão
inalterados, mantendo a estabilidade da famiglia que é nossa força.
Aplausos ressoam pelo salão, ecoando a aceitação e aprovação das
nomeações. Aos poucos, os presentes começam a se retirar, deixando apenas
nossa famiglia e os membros do conselho.
Peço a todos que se sentem ao redor da mesa, marcando o início de
nossa reunião. Tio Steffano permanece em pé a meu lado, conforme nossa
tradição. Ele e Matteo são os únicos presentes que não são membro. Quando
percebo que papai está prestes a se retirar, peço que ele permaneça, pois sua
presença é essencial, e ele possui informações valiosas sobre os assuntos que
abordaremos.
Com a presença de todos reunidos à mesa, dou início à nossa
conversa.
— Antes de tudo, gostaria de dar as boas-vindas ao meu sogro, Enrico
Romano, que retorna ao conselho.
— Em seguida, quero expressar minha gratidão a todos que nos
apoiaram durante o resgate de minha noiva e de meu sogro. Da mesma forma,
quero destacar a prontidão com que agiram ao evacuar a igreja diante da
ameaça iminente.
— Na manhã de hoje, recebemos um relatório de um de nossos
aliados na polícia, que identificou uma grande quantidade de explosivos no
local. Se tivessem sido detonados, os estragos seriam incalculáveis. Na
verdade, a quantidade de explosivos encontrada era tão significativa que
poderia afetar uma área de mais de três quarteirões. Como muitos de vocês já
sabem, conseguimos deter o líder da operação, que atualmente está sob
custódia em um dos nossos galpões. No entanto, nossa situação se complicou
devido à presença de Manoella, filha de Don Franco Giannini, o líder da
'Ndrangueta. Estamos em alerta total, por isso, reforcem a segurança de suas
famílias. Evitem que as mulheres saiam, até que tenhamos a situação sob
controle.
O clima na sala de reuniões é tenso, todos cientes da gravidade da
situação. Sinto a responsabilidade pesar sobre meus ombros, afinal, acabei de
assumir como Don.
— Ontem mesmo, papai entrou em contato com Don Giannini,
explicando rapidamente que não estamos envolvidos no sequestro da sua
filha. Hoje ele virá para uma reunião aqui. Pelo que a moça nos falou, ela tem
provas de nossa inocência, além de muitos detalhes sobre o cartel colombiano
que estava nos atrapalhando. Dante vem trabalhando com ela, e estão fazendo
progressos na descriptografia dos programas de segurança encontrados nos
computadores apreendidos. Ainda não temos todas as informações sobre as
operações. Assim que todas nossas ações terminarem, marcarei nova reunião
para traçarmos as estratégias que tomaremos em seguida. Obviamente se
forem relativas à segurança da famiglia.
Minha mente está repleta de preocupações, mas mantenho a calma e a
postura.
— Papai, o senhor gostaria de colocar mais algum assunto em pauta?
— Não, meu filho, apenas te apoiarei em tudo que precisar.
— Alguém tem algum assunto que precise de nossa atenção?
Nenhum membro se pronuncia, e dou a reunião por encerrada,
seguindo com todos de volta para casa. Ao chegarmos à sala de reuniões,
encontro Dante e Manoella em uma discussão acalorada. Olho para Lucca
que faz um sinal de negação com a cabeça, dizendo sem emitir som algum.
— Esses dois não param de discutir.
— Bom dia, geeks. – Só neste momento Dante percebe que já
chegamos.
— Bom dia, dizem Dante e Manoella juntos, já começando a discutir
novamente.
— Vocês podem parar de discutir por um momento e me explicar se
tiveram algum avanço? – Falo com autoridade de Don.
— Desculpe Don. – Meu irmão diz, de cabeça baixa. — Conseguimos
desbloquear alguns arquivos, com diversas imagens, mas temos muito no
caminho. O importante é que Manoella conseguiu todas as provas de que ela
foi sequestrada por Brunno, assim como as imagens com áudio onde Brunno
explica seu plano ao senhor Romano. Acredito que com isso, não teremos
problemas com a ‘Ndrangheta.
— Está certo, deixem tudo preparado de forma rápida e simples e
quando Don Giannini chegar, quero vocês três na reunião. Manoella, posso
contar com sua presença e seu testemunho?
— Claro Don. Me comprometi com seu pai em fazer isso e me
comprometo com o senhor da mesma forma.
— Certo, agora, por favor, quero todos à mesa para nosso almoço e,
Dante, Manoella, sem brigas por favor.
— Se ele não me provocar.
— Se ela não me provocar.
Dizem os dois em uníssono. Olho de lado para papai, compartilhando
com ele um olhar que denuncia nossa preocupação compartilhada.
Assim que chegamos à sala de estar, vou direto até Violetta, a
abraçando e perguntando, com um misto de saudade e ansiedade:
— Como foi sua manhã?
— Foi ótima Vitor, mas senti sua falta. Como foram as coisas?
— Até agora tudo correu como esperado. O pior vem depois do
almoço. Teremos que convencer Don Franco Giannini de que não
sequestramos sua filha e, futuramente, acredito que teremos uma fusão com a
‘NDrangueta.
— Todos perceberam o clima entre Dante e Manoella. Eles não param
de discutir um minuto sequer. Lucca veio ficar conosco umas três vezes,
dizendo que não consegue se concentrar no trabalho de tanto que eles
discutem. Eu e Nina oferecemos nosso escritório para ele, que ficou conosco
um bom tempo. – Diz Violetta.
— Tô muito ferrado. Meu primeiro desafio como Don será de ferro e
fogo.
— Ah! Meu amor, parabéns pelo cargo. – Diz Violetta já vindo me
beijar e sem se dar conta de que me chamou de amor. Será que ela me ama ou
foi apenas uma forma carinhosa de falar?
Sei que nunca falamos essa palavrinha um para o outro, mas será que
ela realmente sente isso? E por que isso me soa tão bem? Será que o que sinto
por ela é amor também? Não é cedo demais para falar sobre essa palavrinha
de quatro letras? Tantas dúvidas na minha cabeça. Este não é o melhor
momento para pensar nisso. Quero curtir meu casamento, minha mulher e
deixar fluir todo esse tesão que sentimos um pelo outro. Sem pensar em
sentimentos e essas coisas.
Mamãe interrompe meu devaneio, nos chamando para almoçar. Após
todos se sentarem, papai levanta, dizendo.
— Vitor, a partir de hoje é nosso Don, este lugar à cabeceira é seu de
direito. Venha tomá-lo.
Eu me levanto, vou até ele e o abraço, com muita emoção e segurando
as lágrimas que teimam em querer escorrer digo:
— Papai, posso hoje ser o Don, mas este lugar é seu e sempre será. O
senhor tem e sempre terá o meu respeito e admiração. Por isso, te peço.
Enquanto estamos em família e em ambiente informais, vamos manter as
coisas como sempre foram, por favor. O senhor é meu tudo, meu exemplo e
tem toda minha admiração. Deixe-me te espelhar por mais tempo.
Papai notadamente emocionado, me abraça novamente e volta para
seu lugar, enquanto eu retomo meu lugar ao lado de Violetta, que chora
emocionada.
— Você é um cara excepcional Vitor, estou muito orgulhosa de você e
de suas atitudes. – Diz Violetta, bem baixinho para que só eu escute.
Enxugo suas lágrimas e dou-lhe um selinho.
Fazemos nossa refeição em um clima descontraído e divertido. Para
que tivéssemos paz, colocamos Manoella e Dante bem longe um do outro, e
suas brigas deram uma pausa durante a refeição.
Depois da refeição, passamos um tempo juntos na sala, mas logo
somos informados da chegada de Don Giannini, então nos reunimos no
escritório para recebe-lo.
Vitor
Assim que Don Giannini adentra no escritório, seus olhos buscam
ansiosamente por sua filha. Percebo imediatamente a expressão de angústia
em seu rosto ao não encontra-la conosco. Ele nos cumprimenta rapidamente e
pergunta com inquietação:
— Onde está minha filha?
— Ela está na sala de operações com Dante, meu filho, onde estão
preparando o material para te mostrar. Por favor, acalme-se, Franco, vamos
conversar. – Papai responde com empatia.
— Este é meu filho Vitor, nosso Don. Ao seu lado está Matteo, nosso
subchefe, e Steffano, nosso conselheiro, a quem você já conhece. Também
temos Enrico, sogro de Vitor, e seu filho e subchefe Rafaelli. Por favor, tome
assento.
Após todos nos acomodarmos, assumo a palavra. É um assunto
delicado, e seguimos um protocolo apropriado. Digo:
- Don Giannini, gostaria que soubesse que é bem-vindo em nossa
casa. Com a sua permissão, papai irá relatar tudo o que aconteceu. Em
seguida, chamaremos Dante e Manoella, que apresentarão as provas de que
tudo o que estamos dizendo é verdade. Papai, por favor, inicie o relato.
— Claro, Don! Diz papai com profundo respeito.
— Franco, nos conhecemos há anos, e embora não tenhamos laços de
amizade, sempre mantivemos um respeito mútuo. Em nome de nossa história
compartilhada, em primeiro lugar, quero lhe pedir desculpas por tudo o que
aconteceu. Embora a Cosa Nostra não tenha participado do sequestro de sua
filha, sentimo-nos, de certa forma, responsáveis. Vou começar o relato.
— Há algum tempo, temos enfrentado emboscadas em nossas cargas
por parte do cartel colombiano, liderado por Juan. Não sabemos se algo
semelhante ocorreu à sua família, mas tem sido um problema recorrente para
nós. Nos últimos meses, os ataques intensificaram-se. Minha nora, Violetta,
filha de Enrico, sofreu uma emboscada enquanto retornava para casa. Por
sorte, Vitor percebeu que o comboio estava sendo seguido e nos alertou a
tempo. Graças a isso, Violetta saiu ilesa. Conseguimos prender alguns
membros do cartel, mas obtivemos poucas informações relevantes. Para
resumir uma longa história, Violetta enfrentou três emboscadas em uma
semana, todas elas milagrosamente frustradas. No entanto, o terror continuou
quando sua prima também foi alvo de um ataque à sua comitiva. Novamente,
conseguimos protegê-la. Mas, naquele mesmo dia, a residência de Enrico foi
invadida. Conseguimos prender Juan e os outros membros do cartel, e
desfrutamos de quinze dias de relativa tranquilidade. Ontem, no caminho
para a igreja, onde ocorreria o casamento, o carro que transportava Violetta e
Enrico foi alvo de uma emboscada. Infelizmente, ambos foram capturados.
Com determinação, corremos para resgatá-los. Quando chegamos ao galpão
onde estavam presos, descobrimos a terrível verdade: sua filha estava
envolvida. Permita-me explicar melhor. Sua filha foi sequestrada por Juan a
mando de seu chefe. As razões do sequestro incluem suas notáveis
habilidades intelectuais e um plano ardiloso para criar divisões internas em
nossas organizações, colocando—nos um contra o outro. No exato momento
em que descobrimos o plano, entrei em contato com você, pois a ideia era
levá-lo à igreja e acionar as bombas que haviam sido colocadas no local. O
objetivo era nos incriminar pelo sequestro de Manoella e Brunno a salvar.
Como recompensa, ele a tomaria como esposa, e os territórios que pertencem
à Cosa Nostra seriam divididos entre o cartel e a 'Ndrangueta. Sua filha nos
ajudou tremendamente ontem, fornecendo informações vitais,
compartilhando a localização deles, alertando sobre a bomba, desativando os
bloqueadores de sinal, disponibilizando áudios e vídeos do local de cativeiro
e até alterando as imagens para que Brunno não desconfiasse de nossa
evacuação da igreja e da chegada da polícia. Ela desempenhou um papel
fundamental em nossa operação de resgate. Tudo que estou compartilhando
com você agora é apoiado por provas concretas, e temos o testemunho de sua
filha para respaldar nossas palavras. Passei muito tempo conversando com ela
ontem, e ela detalhou todos os eventos desde o momento de seu sequestro.
Além disso, ela foi habilidosa o suficiente para salvar cópias de tudo o que
foi forçada a fazer e adquiriu valiosas informações sobre o cartel. Em resumo,
sua filha é uma verdadeira prodígio da informática. Importante destacar que
ela afirmou que não sofreu danos físicos. Essa foi uma das primeiras questões
que coloquei a ela, pois compreendo a agonia que você deve ter enfrentado
durante todo esse período.
— Entendido, Tommaso. Não questiono as informações que você
compartilhou, mas gostaria de ter um momento a sós com minha filha.
— Certamente. Vou chamá-la, e vocês podem dar um passeio pelo
jardim. Lá, poderão conversar com total privacidade. Pode confiar que não há
escutas, e todos os nossos homens foram informados de que você é um
convidado do nosso Don.
— Eu agradeço. Mais uma coisa, quem é esse Brunno, e por que ele
orquestrou todo este plano? Onde ele está? Foi morto?
— Franco, depois de conversar com sua filha, prometo que explicarei
quem é Brunno e os motivos por trás de seu plano. Ele ainda está vivo, e você
terá a oportunidade de lidar com ele. No entanto, a vida dele está nas mãos de
Enrico.
— Está certo, agora, por favor, chame minha filha, preciso vê-la.
Antes que possamos dizer algo mais, a porta se abre, e Manoella entra
chorando, correndo diretamente para os braços de seu pai.
— Papai, como senti sua falta. Tentei por tantas vezes fazer contato,
mas nossos homens do TI são todos muito burros.
— Você está bem, minha filha? Foi ferida? Venha vamos conversar
nos jardins.
Manoella me lança um olhar, e eu concordo com um leve aceno de
cabeça. Ela me retribui com um sorriso de gratidão antes de seguir seu pai
para fora.
Aguardamos os dois voltarem para prosseguirmos com nossa
conversa.
— Don Giannini, permita-me apresentar meu irmão Dante e meu
primo Lucca. Eles são responsáveis por nossa equipe de TI. Junto com
Manoella, eles apresentarão todas as evidências coletadas por sua filha, e
então poderemos discutir sobre Brunno.
— Don Moretti, eu não preciso de provas. Acredito em minha filha e
na palavra de vocês, no entanto, pelo que Manoella me contou, esse cartel
não pode ser subestimado. Vamos ouvi-los e, em seguida, conversaremos. Se
me permite, de minha parte, não precisamos de tanta formalidade, chame-me
apenas de Franco.
— Desde que você me chame de Vitor, eu o chamarei de Franco.
Acredito que tudo que nos envolve neste momento é mais importante do que
toda essa formalidade.
Dante, Manoella e Lucca explicam tudo o que descobriram sobre o
cartel, apresentam as provas de que Brunno é o único culpado por tudo o que
aconteceu com nossas famílias e concluem dizendo que ainda há muito
trabalho a ser feito, mas que precisarão da ajuda de Manoella.
Essa última parte é uma surpresa para todos nós, dado que ela e Dante
não param de discutir. Olho para Dante, que, ao perceber minha pergunta
silenciosa, apenas acena com a cabeça, como se dissesse "sim, eu preciso da
ajuda dela".
Sem outra alternativa, falo:
— Franco, você se importaria em deixar Manoella conosco por alguns
dias? Ela será tratada como nossa hóspede.
— Filha, isso é necessário?
— Papai, se eu não fizer isso, nunca saberemos a extensão do
problema. Esses dois sozinhos não conseguirão decifrar todos os códigos sem
minha ajuda.
Dante começa a protestar com Manoella em uma linguagem que
nenhum de nós compreende. Essa briga entre os dois me irrita, então eu digo:
— Parem os dois, por favor. Dante, a presença de Manoella é
necessária?
— Sim, irmão, será mais rápido com ela.
— Franco, a decisão é sua.
— Manoella, sua mãe está morrendo de saudade de você. Se eu voltar
para casa sem você, você já sabe.
— Franco, peço desculpas, mas se sua esposa quiser passar alguns
dias aqui com a filha, será uma honra hospedá-la.
— Vamos resolver isso mais tarde, por favor. Agora, preciso saber
mais sobre esse Brunno e seus motivos.
— Franco, é uma história complicada, mas, em resumo, Brunno é
irmão do meu sogro. Há cerca de quinze anos, ele traiu a família Romano,
roubando uma grande quantia das empresas. Descobrimos isso apenas dias
após sua suposta morte. Ontem, descobrimos que, além de roubar as
empresas, ele também foi responsável pelo acidente de avião que vitimou
seus próprios pais. Ele forjou sua própria morte, matando a esposa no
processo, e fugiu para a Colômbia com documentos falsos e o dinheiro
roubado. Lá, ele montou seu cartel. Atualmente, esse cartel domina boa parte
do território colombiano, bem como uma parte considerável da América do
Sul e Central.
— Puta que pariu. O buraco é bem mais profundo do que eu
imaginava. Como prova de boa vontade, vou compartilhar com você que
também sofremos diversas emboscadas em nossas cargas, todas atribuídas a
esse cartel. No entanto, meus informantes não conseguiram obter
informações. Estávamos lutando no escuro, e agora vocês me apresentam
todas essas revelações. Vou aceitar meu tempo com Brunno, e também vou
permitir que minha filha permaneça com vocês por um tempo. Hoje, no
entanto, preciso levá-la de volta para a mãe. Amanhã um carro a trará de
volta, e minha esposa poderá optar por passar alguns dias aqui com nossa
filha. Mas, quando eu voltar, gostaria de compartilhar as informações que
obtiveram.
— Franco, agradeço por sua cooperação. Quanto às informações, eu já
tinha a intenção de compartilhá-las com você. Se desejar, podemos seguir
para o galpão onde Brunno está.
— Certamente.
— Vou pedir a alguns soldados que levem sua filha até onde sua
esposa está hospedada enquanto nos organizamos para ir ao galpão.
— Claro, nós nos hospedamos em um dos seus hotéis, como você
sugeriu Tommaso.
Chamo Pietro pedindo para que ele organize uma escolta à Manoella
enquanto nos organizamos para ir ao galpão.
Estávamos saindo do escritório quando ouvimos Manoella e Dante
discutindo novamente. Eles falavam rápido e usavam termos técnicos que
nenhum de nós conseguia entender.
Chegamos todos juntos ao galpão, a tensão paira no ar. No caminho,
solicitamos aos soldados que deixassem Brunno preparado e Chiara em uma
das celas, presa a uma cadeira, de onde ela poderá testemunhar tudo o que
ocorrerá com seu pai. Os soldados já haviam despojado Brunno de suas
roupas e o penduraram nu no centro do galpão, pronto para que Franco tenha
seu momento com ele. Hoje, somente ele terá a oportunidade de punir
Brunno. As sessões de tortura em equipe começarão amanhã.
Deliberadamente, colocamos Brunno na mesma cela que Juan, obviamente,
equipada com várias câmeras e escutas discretamente escondidas.
Enquanto Franco desabafa sua fúria em Brunno, nenhum de nós
intervém, permitindo-lhe extravasar sua raiva. Finalmente, ele se junta a nós.
Matteo vai tirar seu tempo com Juan. A ideia é colocá-los em celas
separadas e utilizarmos algumas informações obtidas por Dante e Manoella,
como isca, deixando no ar que o outro as contou. Quem sabe este método os
faça falar. Mais tarde, colocaremos os dois na mesma cela, amarrados, é
claro.
— O que planeja fazer com ele? – Pergunta Franco, curioso.
— Vamos tentar extrair o máximo de informações possíveis e, em
seguida, o executaremos — respondo de forma direta e concisa.
— E quanto a Juan e a filha de Brunno? – Questiona Franco
novamente.
— Terão o mesmo destino — afirmo com determinação, imaginando
que Manoella pode ter compartilhado com seu pai as descobertas sobre o
envolvimento de Chiara no plano.
Nos despedimos e cada um segue para o próximo destino. Estou
exausto e com saudade de Violetta. Anseio passar as próximas horas perdido
em seus braços, pois percebo que estou viciado em minha mulher. Porra de
mulher gostosa do caralho. Recordo da sensualidade dela, e só de pensar,
meu desejo se acende intensamente. Porra, preciso me acalmar. Não posso
chegar na casa de papai de pau duro. Começo a focar em pensamentos mais
tranquilos até que meu corpo relaxe. Quando finalmente chegamos, minha
ereção se dissipou, permitindo-me sair do carro sem maiores problemas.
Encontro as mulheres na sala, imersas em uma conversa animada.
Cumprimento todas e, ao abraçar Violetta, sussurro em seu ouvido.
— Vamos para o nosso quarto, estou sentindo sua falta.
Imediatamente, um rubor toma conta do rosto dela. Pedimos licença e
subimos as escadas. Assim que entramos em nosso quarto, começo a me
despir e convido Violetta a se juntar a mim no banho. Ela concorda
prontamente, também começando a tirar suas roupas.
Passamos o resto da tarde nus e deitados em nossa cama, conversando
sobre assuntos diversos e nos fazendo carinho.
Violetta
Depois de uma longa conversa, Vitor me convida a tomar outro banho
juntos. Ele acerta a temperatura da água e entra no chuveiro comigo,
questionando suavemente:
— Ainda está se sentindo dolorida, minha querida esposa?
— Um pouquinho, senhor meu marido. – Respondo com um toque de
timidez.
Vitor me olha com carinho e compreensão. Ele desliza sua mão
suavemente até seu próprio membro, que está completamente ereto, e me
convida a tocá-lo, dizendo:
— Tudo bem, Violetta. Se você não estiver pronta, podemos encontrar
outras maneiras de nos dar prazer. Sinta como eu desejo você.
— Como seria isso, Vitor? — Pergunto, curiosa.
Vitor me lança um olhar malicioso e um sorriso travesso aparece em
seu rosto.
— Já compartilhamos muitos momentos de prazer juntos, e você já
me viu me dando prazer. Agora, vou te mostrar como me satisfazer, da
mesma maneira que faço com você. Claro, apenas se você estiver disposta a
aprender.
— Sim, Vitor, eu quero aprender. Estou completamente entregue a
você. – Digo, sentindo o rubor em meu rosto.
Antes que eu termine de falar, Vitor me pega no colo, desliga o
chuveiro com pressa e me envolve em uma toalha, enxugando-me
delicadamente antes de me deitar na cama e me beijar intensamente.
Seus beijos percorrem meu corpo e param em meus seios. Ele toma
um de meus mamilos entre os lábios, lambendo-o com carinho, e guia minha
mão até seu membro, murmurando:
— Agora, deixe-me mostrar como você pode me dar prazer, minha
piccolina. Já te mostrei como gosto de ser tocado, e agora você pode fazer
isso sozinha? – Diz Vitor, soltando minha mão em seu pênis e levando sua
mão até minha intimidade. Começa a acariciar meu clítoris com o polegar e
com os outros dedos, espalha minha umidade com carinho. Solto um gemido
longo e prazeroso.
Seguro seu membro da maneira que me ensinou, e começo a
movimentar a mão para cima e para baixo. Vitor deixa sua cabeça descer até
minha intimidade. Com a boca entreaberta, passa sua língua por toda a
extensão de minha região íntima, desde a abertura até o clítoris. Ao chegar ao
ponto mais sensível, fecha seus lábios ao seu redor, sugando-o suavemente e
dando uma pequena mordida.
Continuo os movimentos em seu membro enquanto ele continua a me
acariciar com sua boca habilidosa. A sensação é tão intensa que sinto minha
intimidade latejar, e quando ele me penetra com sua língua, um orgasmo
avassalador me percorre, fazendo—me gemer seu nome longamente. Vitor
não para de beijar e acariciar minha intimidade até que me acalmo. Em
seguida, ele se aproxima de minha boca e me beija, e posso sentir meu gosto
em seus lábios, o que me deixa ainda mais excitada. Ele interrompe o beijo e
diz, com um olhar ardente:
— Agora vou te ensinar a me dar prazer com sua boca. – Ele se
levanta e se ajoelha em minha frente.
Por um momento, fico sem reação, até que compreendo o que ele
deseja que eu faça e respondo com um misto de ansiedade e desejo:
— Como devo fazer?
Ele sorri e instrui:
— Já tomou sorvete, Violetta? Imagine que meu pau é seu picolé
favorito, mas tome cuidado com os dentes. Relaxe e aproveite.
Acomodo-me em uma posição confortável e observo seu membro,
imaginando como fazer. Vitor percebe minha hesitação e tranquiliza:
— Violetta, coloque sua língua para fora e abra a boca.
Obedeço suas instruções, e ele aproxima seu membro de minha boca,
orientando:
— Comece lambendo toda minha glande, sinta meu gosto.
Vejo um líquido esbranquiçado emergir de seu membro no momento
em que me aproximo. Passo a língua pela glande, explorando seu sabor que,
embora um pouco salgado, não é desagradável. Continuo a lamber enquanto
ele emite gemidos abafados, seu prazer tornando-se cada vez mais evidente.
— Abra a boca, Violetta, e coloque meu pau dentro, o máximo que
puder. Cuidado com seus dentes, piccolina.
Sigo suas instruções, permitindo que seu membro adentre minha boca,
quase alcançando minha garganta. Sinto um espasmo involuntário e retiro um
pouco, mas Vitor me orienta:
— Chupe, Violetta, e aproveite. Vou me mover para que você veja
como é, e depois você fará sozinha, tudo bem? Mantenha seus olhos nos
meus. Sonho em ver meu pau na sua boca desde o dia que nos conhecemos.
Concordo com a cabeça e começo a chupá-lo, adotando um ritmo.
Vitor é bem dotado, e não consigo acomodá-lo completamente em minha
boca. Por isso, fecho uma de minhas mãos na base de seu membro e replico
os movimentos que fiz quando o toquei. Não desvio o olhar dele por um
instante, e posso testemunhar o prazer refletido em seus olhos.
Persisto no que estou fazendo até que Vitor recupera o controle e
intensifica os movimentos. Seus olhos faíscam de prazer e ele começa a
gemer e a murmurar palavras desconexas até que avisa:
— Vou gozar, Violetta. Se não quiser engolir, precisa parar agora.
Ele continua arremetendo em minha boca, e eu continuo meus
movimentos, sentindo um líquido quente encher minha boca. Engulo tudo
enquanto Vitor geme, chamando meu nome em meio ao êxtase.
— Puta que pariu, melhor boquete da minha vida.
— O que é boquete, Vitor? – Pergunto sem entender.
— O que você acabou de fazer, minha doce e ingênua esposa. Chupar
meu pau.
Ruborizo novamente, entendendo o que ele quis me dizer e pergunto.
— Você gosta disso Vitor?
— Sim Violetta, todos os homens gostam. E você, gosta quando
chupo sua boceta?
— É muito prazeroso, Vitor. Mas você é tão desbocado assim?
— Gosta de ouvir, Violetta? Tenho pegado leve com você, confesso.
Adoro falar sacanagem durante o sexo, só não quis te assustar ainda.
— Acho que posso me acostumar com isso, quer dizer, não sei. Por
favor, não me confunda Vitor. Não tenho experiência, mas estou aberta a
aprender. E vou te falar, caso não venha a gostar de alguma coisa. Podemos
combinar assim.
— Claro Letta. Acho justo. Mal posso esperar para te foder
loucamente quando você estiver bem. O que fizemos ontem foi apenas o
começo do que quero fazer com você.
— Vitor, você é um tarado! – Digo rindo.
— A culpa é sua por ter me enfeitiçado e por ser uma delícia. Ah!
Violetta, se você soubesse tudo que quero fazer com você.
— Temos a vida inteira para desfrutar Vitor. Agora me diga, quando
nossa casa fica pronta? Não me sinto à vontade aqui, estou sempre
preocupada em não fazer barulho.
— Semana que vem eles entregam, os móveis já começaram a chegar.
Já pedi para mamãe contratar uma governanta para nós e também uma
cozinheira. A equipe que faz a limpeza desta casa, também fará da nossa.
— Vitor, precisamos conversar a respeito do meu trabalho. Agora que
nos casamos, será que haverá algum problema em eu continuar dirigindo as
empresas de papai? A preocupação invade meus pensamentos, e olho para
Vitor com uma expressão séria.
Vitor olha para mim com carinho, compreendendo minhas
preocupações. Ele coloca a mão suavemente no meu rosto antes de
responder:
— Embora você não precise trabalhar, sei que o faz por amor. Você
poderia comandar as empresas do grupo Moretti, mas isso não seria justo
com Nina, então tomei a liberdade de conversar com seu pai há alguns dias a
este respeito.
A ansiedade aumenta à medida que ele faz uma pausa, e fico
completamente preocupada com o que vem a seguir. Ele continua:
— Expliquei a ele o que acabei de te contar e, chegamos a um acordo.
Você continuará comandando as empresas Romano até que engravide.
Quando isso acontecer, você deverá decidir se quer continuar ou não no
comando, contudo, deverá treinar alguém para ficar no seu lugar depois que o
bebê nascer, por um período em que ele ou ela precise de sua total atenção.
Se depois disso você ainda quiser voltar ao trabalho, terá nosso total apoio.
Uma onda de alívio e gratidão percorre meu coração. Olho para Vitor
com os olhos marejados e sinto um imenso carinho por ele. Digo
emocionada:
— Acho muito justo e quero agradecer a você por ter pensado em
mim e no meu sonho.
Vitor sorri e continua:
— Tenho mais uma coisa para te falar a este respeito, Letta.
Minha curiosidade cresce, e eu o encorajo a continuar. Vitor revela:
— Você continuará trabalhando de forma remota, assim como Nina,
até que tenhamos conseguido mais detalhes sobre o cartel do seu tio, e
também acharmos que é seguro para vocês.
— Mais tarde, vou me reunir com você, Nina e Dante para mostrar o
projeto que estamos trabalhando. Entre esta casa e a nossa, vamos construir
algumas salas comerciais onde você, Nina, Dante e sua equipe poderão
trabalhar. Podemos combinar de você ir à empresa uma vez por semana se for
necessário, os demais dias você trabalharia daqui, claro que depois que for
seguro para você sair.
Vitor compartilha seus planos, e sinto a gratidão por ele estar
considerando nossas necessidades. Respondo com entusiasmo:
— Seria perfeito Vitor, gostei da ideia e tenho certeza que Nina vai
aprovar também. O fato é que gostamos muito da companhia uma da outra e
este tempo trabalhando na mesma sala nos deixou mal acostumadas.
A conversa segue para o tópico da maternidade, e Vitor menciona a
possibilidade de termos filhos em breve. Sinto uma mistura de surpresa e
apreensão. Expresso minhas preocupações:
— Vitor, você falou em eu engravidar. Você pretende ter filhos logo?
Não sei se estou preparada para a maternidade.
Vitor é sincero em sua resposta, e suas palavras me deixam refletindo
sobre nossos próximos passos:
— Eu quero tudo com você. Para ser sincero, nunca pensei em filhos,
até por que não pensava em casamento. Mas saiba que seremos pressionados
a ter filhos logo, devido a minha posição. E tem mais uma coisa. Neste
momento, você já pode estar grávida. Ontem transamos sem proteção e para
ser sincero, eu adorei. Nunca mais quero usar uma camisinha.
— Não me fala isso Vitor. Ainda nem aproveitamos nosso casamento
e logo já vem filhos. Não queria tudo tão atropelado, mas pelo jeito, não
temos opção né?
Minhas palavras refletem a surpresa e preocupação que a notícia dos
filhos tão rapidamente me causou. Vitor responde com carinho e
compreensão, o que me acalma e me faz sorrir:
— Infelizmente não Violetta. Mas te garanto que vamos aproveitar o
máximo que pudermos, até nosso bebê chegar.
Continuamos nossa conversa sobre o casamento, nossos planos e a
nova casa, aproveitando o tempo juntos. O toque do telefone interrompe
nossa conversa, e Vitor atende para receber uma mensagem que nos convoca
para o jantar.
Quando Vitor compartilha a notícia, prontamente nos arrumamos para
descer à sala. Sabendo que seu pai não gosta de atrasos, agilizamos o
processo.
Na sala, encontramos a família reunida, mas noto a ausência dos meus
pais e do meu irmão. Compreendo que eles provavelmente retornaram para
casa. O jantar transcorre em meio a risos e brincadeiras, com uma atmosfera
leve e descontraída.
Após a refeição, meu sogro compartilha seus planos de viagem para a
próxima etapa do seu tratamento, e designa a mim e Nina a responsabilidade
de manter a casa organizada durante a ausência deles. Agradecemos pela
confiança e prometemos cumprir a tarefa com zelo.
Dona Aurora nos orienta sobre a organização das funções e dos
empregados antes de se despedir, expressando a necessidade de arrumar suas
malas para a viagem de amanhã. Abraçamos calorosamente e pedimos que
ela mantenha contato para nos manter informadas sobre o tratamento.
Depois da conversa com dona Aurora, seguimos para o escritório,
onde Vitor nos apresenta o projeto. Dante faz uma série de exigências
técnicas que não compreendemos completamente, mas confiamos que Vitor e
Dante encontrarão uma solução que funcione para todos.
Quando chega nossa vez de opinar, Nina e eu expressamos nossas
preferências de forma simples e direta. Queremos duas salas com banheiro,
uma ante sala para secretárias, duas salas de reunião, um banheiro para os
demais funcionários e uma copa.
Vitor nos alerta que os funcionários deverão ser parte da famiglia.
Pois não teria como justificar a civis a quantidade de soldados que transitam
pela propriedade, assim como todas as atividades que eles desenvolvem.
Nossas perguntas sobre o prazo de conclusão do projeto são
respondidas, embora Vitor destaque que a velocidade dependerá das
necessidades de Dante. Ele promete buscar uma forma de entregar nossa ala o
mais rápido possível.
Ao término da reunião, nos despedimos da família e retornamos ao
nosso quarto. Estou exausta, após os eventos recentes, a falta de sono e as
atividades da tarde. Encaminho-me ao closet para trocar de roupa, mas Vitor
me impede e expressa sua preferência por me ver nua na cama. Nossa
cumplicidade e intimidade são evidentes, e sua paixão me faz sorrir:
— Vitor, você é um tarado! – Digo, com um sorriso.
Ele responde com carinho e intensidade:
— Mas bem que você gosta desse tarado aqui.
— Sim, isso é uma verdade! – Digo me juntando a ele em nossa cama.
O calor entre nós se intensifica, e nos beijamos com desejo. Deitamos
nus, abraçados e nos entregamos ao carinho e ao sono, com a certeza de que
nossa intimidade cresce a cada dia.
Vitor
Acordo com uma puta ereção. Sentir a bunda de Violetta roçando meu
pau não ajuda em nada. Começo a beijar suavemente sua nuca enquanto
minhas mãos exploram seus seios. Percebo que ela está despertando, pois
começa a se mover.
Chego perto de seu ouvido e desejo-lhe um bom dia, plantando um
beijo suave em seu lóbulo. Ela responde com um gemido suave, e esse som
se torna o combustível que impulsiona meus avanços. Deslizo minha mão até
sua boceta e começo a acariciá-la. Em resposta, ela entreabre suas pernas.
Penetro um de meus dedos e pergunto se ela ainda sente dor. Entre
suspiros e gemidos, ela responde que não.
Prossigo com meus carinhos, concentrando-me em seu clítoris,
enquanto adiciono mais um dedo em sua abertura. Sinto que ela está molhada
e ansiosa por mim. Com movimentos circulares no clítoris e o movimento
rítmico dos meus dedos dentro dela, seus suspiros aumentam. Quando
percebo sua contração, sei que ela está próxima do clímax, então retiro os
dedos, e ela suspira.
Coloco meu pau ereto na sua entrada e começo a penetrá-la com
cuidado, lembrando-me de sua recuperação recente. Com gentileza,
questiono:
— Se estiver doendo, me avise, piccolina.
— Apenas continue, Vitor. Está tão bom... – Violetta responde com
voz rouca, em meio a um longo gemido.
Aumento o ritmo gradualmente e sinto Violetta ficar mais molhada.
Seus suspiros seguem um padrão e me incentivam a acelerar. Estou prestes a
gozar, mas minha prioridade é fazer com que ela goze primeiro.
Com uma das mãos, acaricio seu clítoris com movimentos circulares,
e não demora muito para sentir Violetta me apertando.
— Goze, piccolina, goze no meu pau, que eu também estou quase lá. –
Digo-lhe, e essas palavras têm o efeito desejado. Quando Violetta começa a
gozar, eu me derramo em êxtase dentro dela. Ela vira o rosto para me encarar
e diz com ternura:
— Lembre-se de sempre me acordar assim, Vitor. O melhor bom dia
que já ganhei!
— Pode deixar, sempre vou te acordar com prazer, Violetta.
Depois de nos acalmarmos, fazemos nossas higienes e descemos.
Quero conversar com meu pai antes de sua viagem e também marcar uma
reunião com o engenheiro para incorporar as alterações no projeto, atendendo
às necessidades de Dante.
Encontramos todos à mesa, já desfrutando do café da manhã.
Cumprimentamos a todos e, em seguida, nos juntamos a eles. O clima está
mais tranquilo do que o normal, já que a preocupação com o tratamento de
papai paira no ar. Hoje, Dante não lança suas piadas habituais,
compreendendo o momento sensível que vivemos.
Após o café, Violetta e Nina acompanham mamãe até a cozinha para
organizar as tarefas da semana e discutir com a governanta e a nova
funcionária. Enquanto isso, seguimos papai para o escritório.
Mostro a ele as alterações sugeridas por Dante no projeto, e papai se
mostra muito satisfeito com as ideias. Em seguida, ele compartilha uma
surpresa em desenvolvimento, um projeto que está prestes a ser concluído e
que planeja revelar em breve.
— Steffano e eu estamos finalizando um projeto especial. Quero
mostrá-lo a vocês em breve, será uma surpresa agradável. Já conversei com o
engenheiro para agilizar a construção do escritório e, em seguida,
começaremos as demais casas. Estamos planejando erguer todas juntas, as
dos seus irmãos, as dos seus primos e a de Nina. Nossa meta é tê-las prontas
até o final do ano.
— Papai, já estamos em maio, o senhor acha que dará tempo de
construir tudo isso tão rápido? – Pergunto, preocupado.
— Sim, meu filho, já conversei com o engenheiro. Sua casa demorou
um pouco mais porque ele estava focado num outro projeto, mas como já está
em fase de acabamento. A construção das outras cinco casas que encomendei
passarão a ser prioritárias. Pelo que ele me falou, a sua será entregue ainda
esta semana.
— Sim, papai, foi o que ele falou. Inclusive, a equipe de limpeza já foi
acionada e virá nos próximos dias, antes da entrega dos móveis.
— Com sua permissão, irmão, gostaria de automatizar sua casa. – Diz
Dante com um sorriso.
— Não pensei em outra pessoa para fazer isso, Dante. Quando nos
reunirmos com o engenheiro sobre o escritório, ele vai te apresentar a planta
e, com base nisso, você desenvolve o necessário.
Papai se despede de nós e vai encontrar mamãe para seguirem viagem
para o tratamento. Meus irmãos continuam no escritório e, por alguns
momentos, nos perdemos em nossos próprios pensamentos.
Estamos passando por um momento muito difícil e lidar com os
sentimentos que a doença de papai nos provoca é muito desafiador. Nenhum
de nós está preparado para lidar com esses sentimentos, ninguém está pronto
para falar sobre essas emoções e ninguém está pronto para perder nosso pai.
Afim de tornar esse momento menos constrangedor, digo:
— Dante, você pode me dizer o que está acontecendo entre você e
Manoella? Nunca te vi discutir com uma mosca, mas vocês dois parecem cão
e gato. O que está acontecendo, irmão?
Dante suspira e responde, visivelmente frustrado:
— Ah, Vitor, ela é irritante e prepotente, se acha mais inteligente que
eu. Não conseguimos chegar a um acordo.
Olho para Dante, compreendendo a situação:
— Mas mesmo assim você pediu que ela te ajudasse a desvendar o
cartel?
Dante franze a testa e admite:
— Porra, irmão, o fato é que ela é boa pra caralho, não tanto quanto
eu, mas cara, a verdade é que ela tem nos ajudado muito.
— Então se controle, irmão. Ela não tem obrigação nenhuma em nos
ajudar, e mesmo assim, peitou o pai ontem, pedindo para deixá-la aqui.
Lembre-se, ela é uma hóspede em nossa casa, e deve ser tratada com respeito
e educação. – Aconselho.
— Porra, eu bem que tento, Vitor, mas ela consegue me tirar do sério
na velocidade da luz. Mulher irritante do caralho. – Dante desabafa
Pietro, provocador, comenta:
— E linda, gostosa, inteligente, simpática.
Dante se irrita e levanta rapidamente, segurando o colarinho de Pietro:
— Fique longe dela, Pietro. E nunca mais pense nada sobre ela.
Eu e Pietro caímos na risada, deixando Dante mais irritado, até que ele
fala:
— O que foi agora? Os dois vão ficar me irritando. Caralho, já basta
essa mulher me deixar louco, vocês vão tomar partido dela?
— Se acalme, Dante. Ninguém aqui está tomando partido de ninguém,
estamos apenas constatando um fato.
— Que seria?
— Você vai descobrir, irmão. – Respondo, dando uma piscada para
Pietro.
Pietro apenas observa, mantendo—se em silêncio.
Somos interrompidos por algumas batidinhas na porta, e pedimos para
que a pessoa entre. Ao abrir, vemos Violetta e Nina, que chegam com os
olhos vermelhos. Levanto-me rapidamente e me aproximo de Violetta,
prontamente para abraçá-la, mas ela nega com a cabeça, indicando que quem
precisa de atenção é Nina. Vou até minha irmã e a envolvo em um abraço;
preocupado, pergunto:
— O que houve, Nina, precisa de alguma coisa?
Nina funga e me abraça com força, sua voz tremula ao responder:
— Não, só estou com medo, preocupada com papai.
Eu a abraço com carinho, permitindo que ela chore e desabafe em meu
peito. Logo meus irmãos se aproximam, assim como Violetta, e formamos
um abraço coletivo. Neste momento, deixamos de lado nossas personas
mafiosas e agimos como a família unida que somos. Apesar de me esforçar
para manter a compostura, as emoções estão à flor da pele. Sinto lágrimas se
formando em meus próprios olhos, mas não sinto a necessidade de contê-las.
Aqui, entre nós, não existem barreiras, papéis preestabelecidos ou
hierarquias. Somos uma família unida pela dor e pelo receio.
Pouco depois, ouvimos uma batida na porta e nos separamos, tentando
controlar nossas emoções. Peço que a pessoa entre, e é Matteo, Lucca e tio
Stéphano. Eles percebem nossa apreensão, mas não dizem nada, apenas nos
cumprimentam.
Aproveitando que todos estão no escritório, tomo a palavra:
— Acho que precisamos iniciar os trabalhos. Queria aproveitar a
presença de todos e começar a reunião sobre a construção do escritório. O
engenheiro me entregou a planta com as sugestões que Dante fez ontem à
noite. Quero que todos a examinem e deem suas opiniões. Se for necessário
fazer alguma alteração, ele já está a par, pois a construção terá início ainda
esta semana.
Após compartilhar a planta na tela sala, todos expressam suas opiniões
e dúvidas, quando, de repente, ouvimos batidas à porta. Convido a pessoa a
entrar, e é nosso engenheiro, que entra na sala com cumprimentos para todos.
Ele responde com paciência a todas as perguntas de Dante,
esclarecendo cada detalhe. Em seguida, Pietro pede a palavra. Levanta-se e se
aproxima da tela, apontando para uma porta localizada no subsolo:
— Para que serve esta porta?
O engenheiro lança um olhar significativo para tio Steffano, que faz
um sinal negativo com a cabeça antes de responder:
— Pietro, esta porta está ligada a um projeto distinto em
desenvolvimento. Seu pai o apresentará a todos quando estiver pronto.
Terminada a reunião, cada um segue para suas respectivas tarefas do
dia, deixando apenas tio Steffano, Pietro, Matteo e eu no escritório. Quando
ficamos sozinhos, não posso mais conter minha inquietação:
— Tio, não me sinto confortável com o fato de não sabermos o que o
senhor e papai estão tramando.
Ele suspira, compreendendo minha preocupação:
— Sabíamos que você questionaria isso, e seu pai me autorizou a dar
a você um resumo. O projeto envolve uma ligação subterrânea entre as casas,
bem como algumas saídas estratégicas. Haverá também um local designado
para manter prisioneiros e, se necessário, para interrogá-los.
— A ideia inicial era que o projeto fosse concluído antes da sua casa,
mas, devido à antecipação do seu casamento, priorizamos a construção da sua
residência. Se já estivesse pronto, seria um lugar ideal para lidar com Brunno,
Juan e Chiara.
Concordo com a cabeça:
— Compreendo, tio. Falando em Chiara, o que planejamos fazer com
ela? Acredito que ela seja mais uma vítima das maquinações do pai do que
cúmplice.
Ele pondera:
— Você tem razão, Vitor. Mas por precaução, manteremos Chiara
detida. Não sabemos até que ponto ela poderá se tornar um ponto fraco para
Brunno. Se não tiver valor ou utilidade, tomaremos medidas necessárias.
— Concordo tio.
— Bem, está na hora de voltarmos ao trabalho. O que temos para
hoje?
Passamos o resto da manhã resolvendo alguns negócios até que somos
chamados para o almoço. É tão estranho ter a cadeira de papai vazia, mas é
assim que ficará. Aquela cadeira é dele por direito.
Após o almoço, Manoella chega, acompanhada de Franco e sua
mulher. Seguimos para o escritório, enquanto Violetta e Nina recepcionam as
convidadas.
Franco entra, e o cumprimento educadamente.
— Franco, boa tarde! Como estão as coisas? – Digo, estendendo a
mão para ele.
— Corrido, Vitor. Vim apenas deixar Manoella e vou seguir para
casa. Não posso me ausentar por muito tempo, sabe como são as coisas. Mas
quero te perguntar.
Franco hesita por um momento antes de continuar:
— Posso confiar em seu irmão? Ontem ele e Manoella não pararam de
discutir. – Ele pergunta parecendo preocupado.
— Sim, Franco, pode confiar em qualquer membro da minha família.
Conversei com Dante a esse respeito, e ele me prometeu que se controlará e
tratará Manoella como a hóspede que é.
Franco parece aliviado.
— Sua mulher ficará conosco? – Pergunto.
— Não, ela precisará voltar comigo. Embora não esteja confortável
em deixar a filha, tem alguns compromissos inadiáveis. – Explica Franco.
— Se ela mudar de ideia, as portas de minha casa estarão abertas para
recebê-la, e a você também.
— Está certo, Vitor. Estou a um telefonema de distância. Bem, preciso
ir, tem uma longa estrada pela frente.
Acompanho Franco até a sala, onde encontro as mulheres em uma
conversa animada. Lucca está em um canto, em silêncio, e Dante não está à
vista. Eles se despedem, e Franco sai. Lucca acompanha Manoella até a sala
onde Dante e ele estão trabalhando, e Nina segue para seu escritório.
— Como estão as coisas? Precisa de ajuda?
Violetta me tranquiliza:
— Está tudo bem, Vitor. Tudo organizado. Só preciso voltar ao
trabalho; ainda bem que meu dia hoje está mais calmo. Mas amanhã, terei
reuniões intermináveis.
— Violetta, como foi a recepção de Dante à Manoella?
— Ele foi bastante educado, Vitor. Até estranhei, pois antes eles só
discutiam. Ele foi encantador com a mãe dela, que o elogiou bastante. Mas
por que pergunta?
— Estou desconfiado de que Dante pode estar se apaixonando por ela
e não quer admitir. Hoje, Pietro fez um teste com ele, e ele caiu direitinho.
— Ah, eu e Nina também suspeitamos disso. Acho que Manoella
também está.
Rimos da situação e concluímos:
— Viramos dois alcoviteiros minha esposa! Vamos deixar que eles se
resolvam. – Digo brincando.
— Verdade! Preciso ir para o escritório. Nos vemos mais tarde! –
Concorda Violetta.
Ela me dá um selinho antes de partir, e eu passo o resto da tarde
resolvendo alguns problemas antes de ir para o galpão.
Vitor
Chego no galpão acompanhado de Matteo e Paschoal, meu coração
carregado de raiva e frustração, determinado a confrontar Brunno e Juan em
busca de respostas. O tempo que concedemos a eles para se recuperarem já
foi mais do que suficiente, e a ansiedade paira no ar.
Matteo já havia ordenado aos soldados que preparassem o cenário de
forma cruel, projetado para provocar ainda mais nervosismo. À minha direita,
Brunno permanece nu, com as mãos amarradas a correntes presas ao teto do
galpão. Do outro lado, Juan enfrenta a mesma situação cruel. As mesas
repletas de instrumentos de tortura são posicionadas estrategicamente,
causando agonia em seus corpos indefesos.
Assim que entramos, ordeno que tragam Chiara e a amarrem a uma
cadeira, posicionada diante de seu próprio pai. Não é nossa prática torturar
mulheres, mas a gravidade da situação exige medidas extremas.
Ao me aproximar de Brunno, não posso conter a intensidade das
minhas emoções e a necessidade de obter respostas.
— Veja sua filha aqui. Ela testemunhará as consequências da traição.
E lembre-se, a cada resposta que omitir, ela sofrerá as consequências. Você
entendeu?
Brunno, encarando-me com desdém, permanece em silêncio. Incapaz
de conter minha própria frustração, desfiro um tapa em seu rosto, mas ele não
vacila.
Olho para Paschoal, que se aproxima de Chiara e a esbofeteia. A
agonia em seu rosto é palpável.
— Brunno, a quem você é subordinado na Colômbia?
Paschoal se aproxima novamente de Chiara, desta vez com uma
corrente cravejada de pregos. Brunno mantém sua expressão inabalável. Com
determinação, pego uma corrente idêntica e a acerto na perna de Brunno, mas
ele não cede. Paschoal, com um olhar sombrio, ergue a corrente e a acerta nas
pernas de Chiara, causando-lhe agonia.
— Papai, por favor, está doendo. Dê a ele as respostas que precisa. –
O lamento de Chiara ecoa, trazendo à tona a complexidade de sentimentos e a
tensão da situação.
Brunno permanece imperturbável, desafiando-me com seu olhar. A
insensibilidade diante do sofrimento de sua própria filha me deixa inquieto.
Necessito ser mais incisivo.
Com determinação, pego uma das facas dispostas na mesinha e me
aproximo novamente de Brunno. Não proferindo uma palavra, levo a ponta
da faca à sua perna, fazendo um corte fino e superficial que, mesmo assim,
arde como o inferno.
Observo seu rosto, mas sua expressão permanece inabalável. Paschoal
se aproxima de Chiara e repete o gesto. Ainda assim, não conseguimos
extrair nenhuma resposta.
— Sabe, Brunno, minha segunda profissão é ser um artista. Eu aprecio
a arte de pintar as costas dos meus prisioneiros com uma faca afiada. É
incrível o resultado que consigo. Acho que sua filha ficará deslumbrante com
uma obra dessas. Mas, vamos começar com você.
Dando a volta ao seu corpo, começo a deslizar a mesma faca pelas
suas costas. Posso sentir sua pele se contrair, seus músculos tensionarem, mas
ele não emite sequer um gemido. Após cortar suas costas inteiras, volto-me
para um dos soldados que segura um balde repleto de água e sal. Faço um
sinal para que ele aguarde e, em seguida, pergunto a Brunno:
— Então, Brunno, quem está encarregado dos seus negócios na
Colômbia? A quem você é subordinado? Quem ocupa o seu lugar?
Brunno solta uma gargalhada, mas permanece em silêncio. Distancio-
me um pouco e faço um gesto ao soldado, que despeja o conteúdo do balde
nas costas de Brunno. Seu rosto se contorce de dor, e seu semblante
demonstra sofrimento, mas ele continua mantendo o silêncio.
— Paschoal, dispa Chiara e faça o mesmo que fiz em seu pai.
Chiara começa a gritar e implorar ao pai que a ajude, mas Brunno
permanece em silêncio, sua expressão um escudo de indiferença inabalável.
Paschoal não tem pressa e tortura Chiara, causando-lhe uma dor
insuportável. Os gritos dela enchem o galpão até que a agonia a faz desmaiar.
O choque de água com sal a traz de volta à consciência, e ela se debate,
soltando gritos de angústia.
— Paschoal, leve Chiara para a sala anexa com o vidro. Quero que ela
veja o que farei com seu pai. Se ele não fornecer as respostas, instrua cinco
de nossos soldados a "se divertirem" com ela, mas sem causar danos fatais.
Nós jamais compactuaríamos com tal crueldade contra as mulheres.
Antes de entrarmos no galpão, Paschoal e eu elaboramos uma farsa. Ele
agiria com extrema delicadeza em relação a Chiara, e quando eu ordenasse
que a levasse para a sala, ele a interrogaria. Continuaríamos com a encenação
de que ela seria estuprada, mas nunca permitiríamos que isso acontecesse.
Enquanto Paschoal leva Chiara para a sala, ouço seus gritos
agonizantes ecoarem. Aproximo-me de Brunno e digo:
— Então, Brunno, vai falar, ou sua filha enfrentará um estupro? A
responsabilidade recai inteiramente sobre você.
— Vai se foder. Não vou falar nada, quero que ela se foda.
Parece que Brunno está decidido a resistir, o que me faz pensar em
recorrer às agulhas. Eu sei o quanto são dolorosas. Começo pelas mãos,
enfiando as agulhas profundamente enquanto repito as perguntas, mas
Brunno continua a negar-se a falar. Prossigo com seus pés, mas ainda não
obtenho resultados, apenas alguns gritos de dor que ecoam no galpão.
Decido deixar Brunno por alguns momentos e me aproximo de
Matteo, que, neste instante, está eletrocutando Juan. E pergunto a ele:
— Alguma novidade, Matteo?
— Nada ainda, Don. Mas o que você fez com Chiara o deixou
instável; talvez esse seja um dos pontos fracos de Juan.
— Certo, vamos explorar isso.
Me aproximo de Juan e falo bem baixinho.
— Quer ajudar a moça? Dê-me as respostas.
— Por favor, não a machuquem. Eu vou dizer o que sei.
— Matteo, parece que nosso "hóspede" precisa de um pouco de
descanso. Leve-o para uma das celas e permita que ele descanse enquanto
trabalho com Brunno. Ele já está conosco há muito tempo, e sua resistência
está diminuindo.
Me aproximo de Matteo e acrescento em um sussurro:
— Ele vai nos fornecer informações. Extraia o que puder enquanto eu
lido com Brunno.
Volto para Brunno com um taco de beisebol nas mãos, acertando sua
canela e ouvindo o som terrível de seu osso quebrando. Esse som é música
para meus ouvidos.
— Brunno, quem está gerenciando seus negócios na Colômbia? A
quem você é subordinado? Quem ocupa o seu lugar? Repito as perguntas
com urgência.
— Ele não responde, apenas balbucia palavras desconexas entre
gemidos de dor.
Sem alternativas, quebro sua outra perna e um dos braços, mas as
respostas continuam inacessíveis. A frustração e a raiva fervem em mim,
borbulhando como um vulcão prestes a entrar em erupção.
Percebo que Brunno não suportará muito mais tempo, então decido
deixá-lo descansar. Peço a um dos soldados que o leve para uma das celas,
bem afastada de Juan, e me reúno com Matteo, que acaba de retornar.
Assim que todos saem, questiono:
— Conseguiu alguma coisa, Matteo?
— Sim Don.
— É melhor continuarmos essa conversa em casa, Matteo. Seu pai,
Dante e Pietro precisam estar presentes. Vou convocá-los para uma reunião.
Ao chegarmos no escritório, Dante, Pietro e tio Steffano já nos
aguardam.
— Senhores, vamos nos sentar. Juan finalmente começou a falar.
Matteo, por favor, compartilhe conosco o que descobriu.
— Sim, Don. Juan sabe muito pouco, mas o que ele compartilhou é
um ponto de partida valioso. Matteo para de falar por um momento, respira
profundamente e revela com um ar de preocupação:
— Juan já conhecia Brunno muito antes de ele fugir para a Colômbia,
cerca de vinte e cinco anos atrás. Eles se conheceram na cidade natal de Juan,
durante a festa de aniversário de uma de suas primas. Brunno foi apresentado
como namorado dela na época. Pouco tempo depois, a prima engravidou e
Brunno casou-se com ela. Todos ficaram perplexos com o fato de Brunno
morar na América e não trazer sua esposa e filho com ele. Mas, quando
questionavam a prima a respeito disso, ela afirmava que em breve ele se
juntaria a ela. Como Brunno já tinha feito seu nome no submundo da
Colômbia, seus parentes tinham medo de enfrentá-lo, então aceitavam a
condição da minha prima desta forma. Quando o menino completou dez anos,
Brunno finalmente se mudou permanentemente para a Colômbia, onde
fortaleceu seu cartel, que já tinha alguma influência no país. Com o tempo,
Juan se tornou seu homem de confiança, embora Brunno não compartilhasse
muitos detalhes, ele confiava em Juan. Conforme o tempo passou, Brunno
ficou obcecado com a ideia de retornar à América e reivindicar o que
acreditava ser seu. Ele elaborou um plano. Juan viria para cá com um
destacamento de homens para ganhar território e infiltrar-se no tráfico de
drogas, o principal negócio do cartel. E assim foi feito. Juan trabalhou
incansavelmente por anos, até que Brunno decidiu que era hora de tomar
nossos territórios. Começaram a atacar nossas mercadorias e expandir seu
domínio, até que as coisas mudaram. Brunno deu a ordem para sequestrar
Manoella e Violetta, os ataques aconteceram quase simultaneamente, como já
sabemos. No entanto, as tentativas fracassadas de sequestrar Violetta e a
prisão de Juan anteciparam o retorno de Brunno. Devido ao tempo que Juan
passou na América, ele não tem informações precisas sobre quem está
liderando os negócios na Colômbia, mas suspeita que seja o filho que Brunno
teve.
— Puta que Pariu, Matteo. Você conseguiu os nomes e endereços da
mulher e filho de Brunno? – Digo muito puto.
— Consegui, embora duvide que os encontraremos nos endereços.
— Terei que compartilhar todas essas informações com o meu sogro.
Isso é terrível! Se o filho de Brunno quiser seguir os planos do pai,
continuaremos a enfrentar problemas.
— E quanto a Paschoal, conseguiu obter alguma informação de
Chiara?
— Não, Don. Ele me mandou uma mensagem dizendo que a moça
não sabia de nada sobre os planos do pai. A única coisa que sabia era que ele
voltaria e a faria viver como uma princesa.
— Garota fútil do caralho. Pra mim, ela só foi usada pelo pai. Ele não
tem qualquer tipo de sentimento por ela.
— Precisaremos de tempo para nos organizarmos e tentar neutralizar
o filho de Brunno. Nos reuniremos novamente em breve. Enquanto isso, cada
um de nós deve pensar em estratégias.
— Dante, consegue acesso às câmeras na Colômbia, se existirem?
— Vou investigar, irmão. Também vou considerar algumas
alternativas. Isso é uma merda.
Encerramos a reunião assim que Violetta vem nos chamar para o
jantar.
Jantamos em um clima ameno, mas meu celular toca, e peço licença
para atender ao telefonema de papai. Dirijo-me ao escritório e, após uma
rápida conversa, papai me assegura de que está bem e voltará antes do final
de semana. Alívio toma conta de mim, e volto para a mesa, compartilhando
as boas notícias.
Todos na mesa estão ansiosos por notícias, e minha revelação sobre a
ligação de papai traz um pouco de tranquilidade. Digo que ele está bem e
voltará antes do final de semana. Nem nos lembramos da presença de
Manoella. Mas com ela convivendo conosco por um tempo, isso será
inevitável.
Após o jantar, Pietro sugere que nos reunamos na sala de música, e
peço a todos que se sintam à vontade. Chamo Manoella até o escritório.
Dante vem logo em seguida, mas faço um sinal para ele, que a contra gosto,
se direciona à sala de música.
Com um tom amigável, começo:
— Manoella, seja bem-vinda à nossa casa. Peço desculpas por não tê-
la saudado antes; a correria tomou conta de mim. Bem, Manoella, sei que sua
relação com Dante é um pouco tumultuada, mas quero pedir que ambos se
controlem. Conversei com ele pela manhã e fiz o mesmo pedido.
— É, eu percebi que ele está menos pé no saco.
— Outro assunto que gostaria de discutir com você envolve papai.
Você deve ter notado o desconforto à mesa quando ele ligou. Vou ser direto;
papai está passando por um tratamento médico e não está viajando a lazer.
Como acabei de assumir o comando, queremos que apenas a família saiba
disso. Posso contar com você sobre esse assunto?
— Claro, Don. Não direi a ninguém, nem mesmo a papai. Desejo
melhoras ao seu pai.
— Manoella, estou à disposição caso enfrente problemas em
trabalhar com Dante. Não hesite em me procurar.
— Combinado, Don. Se me permite, preciso voltar ao trabalho.
Quanto mais cedo terminarmos, mais cedo voltarei para minha casa.
— Claro, Manoella. Se precisar de alguma ajuda com a acomodação,
basta chamar Violetta ou Nina; elas estarão à disposição para auxiliá-la.
— Ah! Manoella, junte-se a nós na sala de música, depois vá
descansar. Amanhã vocês focam no trabalho. Todos precisamos de um pouco
de diversão e descanso.
— Já tinha até me esquecido. Vamos lá, então.
Chegamos juntos ao local, onde meus irmãos e primos estão tocando,
e Nina e Violetta conversam animadamente. Cumprimento—as com um beijo
e deixo Manoella com elas antes de me juntar à família. Pego minha guitarra
e começo a tocar, acompanhando os outros músicos.
Ao terminarmos a primeira canção, Manoella se aproxima e pede
permissão para se juntar a nós. Dante faz uma careta, mas eu a autorizo a
escolher qualquer instrumento. Ela opta pelo teclado e nos surpreende com
seu talento. Depois de algum tempo, peço licença e me dirijo a Violetta e
Nina. Conversamos um pouco antes de decidirmos nos recolher.
Violetta
Chegamos ao quarto, e mal a porta se fecha, Vitor já está me
agarrando com avidez. Ele me beija com uma intensidade que me deixa sem
fôlego. Com a saudade que estava dele, retribuo seus beijos com a mesma
paixão.
Ele me conduz diretamente para o banheiro. Vira-me de costas para
ele e beija meu pescoço, deslizando sua boca por todo o meu corpo. Suas
mãos não param de explorar, ora acariciando meus seios, ora tocando minha
intimidade.
— Letta, abra as pernas e encoste a cabeça na parede. Preciso sentir o
seu sabor. — Vitor diz, empurrando-me suavemente.
Quando sua boca alcança minha intimidade, sinto meu centro latejar.
Sua língua traça um caminho do clítoris até meu lugar inexplorado, enquanto
suas mãos brincam com meus seios. Ele repete esses movimentos algumas
vezes até abocanhar meu clítoris, ao mesmo tempo que um de seus dedos me
penetra. O prazer que sinto é avassalador, e mal consigo conter os gemidos.
Minha intimidade pulsa incessantemente.
— Preciso de você agora, Violetta. Vou ser duro, estou desesperado
de tesão. — Vitor diz, levantando-se e penetrando-me de uma só vez.
— Ah! Que delícia. Você está completamente molhada para mim,
piccolina! Vou te possuir com intensidade.
Ele começa a mover-se, segurando minha cintura. Suas palavras,
combinadas com suas ações, me levam a um estado de excitação que eu
nunca havia experimentado. Chego ao ápice rapidamente, gemendo seu
nome. Vitor não diminui o ritmo, continua a me penetrar com mais força e
velocidade. Não tenho tempo para me acalmar e gozo novamente, desta vez
em junto com ele.
Ele continua suas investidas por alguns momentos, mas nossos corpos
estão tão enfraquecidos que ele me leva de volta ao chuveiro. Depois de
desligá-lo, me envolve em uma toalha e me carrega até a cama, onde nos
deitamos lado a lado.
— Você acaba comigo Violetta. Caralho, como você é gostosa.
— Você que é! Abraço-o e sem conseguir mais me controlar,
adormeço.
O restante da semana segue da mesma forma. Vitor me acorda
fazendo amor, e depois adormecemos novamente após fazer amor diversas
vezes. Se continuarmos nesse ritmo, uma gravidez pode estar a caminho.
Embora não tenhamos planos para filhos neste momento, nenhum de nós está
se prevenindo.
Embora eu perceba que Vitor está sempre irritado e preocupado,
depois que fechamos a porta de nosso quarto, ele se doa totalmente a nós
dois. Tentei por varias vezes saber o que tanto o aflige, mas ele sempre diz
que são problemas do trabalho e que quanto menos eu souber, melhor para
mim.
Sei que muito das suas preocupações referem-se ao tio Brunno, mas
nem sobre isso ele conversa comigo. E todas as vezes que ele sai, volta mais
irritado ainda. Tento fazer o meu melhor, dando-lhe carinho e conforto, mas
ele sempre se fecha quando tento descobrir alguma coisa.
Sexta—feira chega, e para nossa alegria, meus sogros retornam. Nossa
casa fica pronta, com todos os móveis no lugar. Nossa governanta já foi
contratada e abasteceu nossa geladeira. A mudança definitiva acontecerá
amanhã. A semana passou voando, mas ainda não temos avanços sobre tio
Brunno e Chiara. Não fico pressionando Vitor com perguntas, mas capturo
algumas conversas entre irmãos e primos sobre o assunto.
Papai me visitou duas vezes, deixou mamãe comigo e foi se juntar aos
homens. Mamãe está radiante por ter voltado para casa e muito feliz com meu
casamento. Marcamos um almoço no domingo para inaugurar nossa nova
casa, se meu sogro estiver se sentindo bem. Ele voltou um pouco cansado e
mais magro, mas tenho certeza de que tudo ficará melhor.
No domingo, acordamos cedo e, após fazermos um amor bem gostoso
e safado, nos preparamos para o café da manhã. Tenho muitas coisas a
organizar, pois os pais de Manoella também estarão presentes. A manhã
passa rápido, e logo nossos convidados começam a chegar. Mamãe e Dona
Aurora vêm me ajudar a organizar, embora não seja necessário. Minha
governanta é muito eficiente e tudo está adiantado.
Ficamos na sala, conversando enquanto aguardamos a chegada de
Dante e Manoella, os únicos que ainda não se juntaram a nós. Vitor pergunta
a Lucca se ele sabe por que estão demorando, mas Lucca apenas comenta que
eles estão perdendo tempo demais discutindo entre si, em vez de trabalharem.
Durante a semana, Nina e eu conseguimos nos aproximar de
Manoella. Ela é uma jovem extremamente inteligente, divertida e agradável.
No entanto, assim que Dante se aproxima, o clima fica tenso, e eles começam
a discutir. Quando eles finalmente chegam, percebo que estão um pouco
diferentes. Não estão brigando, e seus olhos estão brilhando. Manoella parece
um pouco envergonhada. Decido ficar em silêncio e estou pronta para
conversar se ela desejar.
O almoço transcorre em perfeita harmonia, com risadas e piadas que
preenchem o ambiente. Dante recupera seu jeito brincalhão, o que nos enche
de alegria. Meu sogro demonstra estar sinceramente feliz e mais disposto do
que quando retornou para casa, o que nos tranquiliza ainda mais.
Passamos uma tarde agradável, conversando sobre assuntos leves e
sem preocupações, enquanto os homens se reúnem no escritório. À medida
que a noite se aproxima, nossos convidados vão embora. Completamente
exaustos, chamo meu marido para compartilhar um banho relaxante na
banheira, seguido de um merecido descanso.
Conforme Vitor havia prometido, inauguramos cada cômodo de nossa
nova casa de maneira especial. A cada dia, Vitor me surpreende de formas
diferentes, em lugares diferentes. Já faz um mês desde nossa mudança, e
nosso desejo mútuo continua forte e intenso. Fazemos amor pela manhã e à
noite, nos fins de semana, quando Vitor não está ocupado com o trabalho,
passamos horas na nossa cama, nos entregando um ao outro de maneira
profunda e apaixonada.
Vitor
Hoje, decidi preparar uma surpresa para Violetta, pois estamos
celebrando dois meses de casamento, e não poderia estar mais radiante. A
presença dela em minha vida é um verdadeiro bálsamo. Eu tinha razão em
dizer que ela é a luz que ilumina minha escuridão.
Decido levantar antes dela acordar, notando que nos últimos dias, ela
tem estado mais sonolenta. Isso pode ser atribuído às nossas noites de sexo
ardente e apaixonado, sim, paixão, pois não tenho mais como negar meus
sentimentos profundos por ela, embora ainda não tenha pronunciado essas
palavras em voz alta.
Faço minha higiene matinal rapidamente e desço para preparar o café
da manhã. Encomendei um lindo colar para presenteá-la e reúno uma seleção
de delícias para compor uma bandeja. Incluo um vaso com um copo de leite e
subo para nosso quarto. Com todo o cuidado, entro silenciosamente e coloco
a bandeja na cama. Quando vou pegar a caixa do colar, percebo que Violetta
corre para o banheiro. Preocupado, a sigo e a encontro agachada, vomitando.
Seguro seus cabelos enquanto ela termina e pergunto com
preocupação:
— O que houve Violetta?
— Ah, Vitor, o cheiro dos ovos me enjoou. Só de pensar nisso, já
sinto vontade de vomitar novamente. Leve a bandeja do nosso quarto, por
favor. – Ela pede.
Rapidamente, retorno ao quarto, removendo a bandeja. Quando ela
termina o banho, vejo-a envolta em uma toalha, com uma palidez
preocupante e os lábios esbranquiçados. A inquietação cresce em mim.
— Vou chamar um médico, Violetta. Você não está com uma
aparência saudável.
- "Não precisa...", ela começa a dizer, mas antes que termine, ela
desfalece.
Com cuidado, carrego-a até a cama e imediatamente pego o telefone
para chamar um médico. Em seguida, ligo para mamãe, pedindo que ela
venha nos ajudar, que logo chega, acompanhada de Nina, e as duas correm
para o nosso quarto. Mamãe ajuda a elevar as pernas de Violetta com
travesseiros, e ela logo recobra a consciência. Ela fica surpresa ao ver as
duas, claramente precisando de explicações.
Ao perceber sua confusão, informo que ela passou mal e desmaiou.
Contudo, o olhar atento de Violetta logo percebe a presença de mamãe e
Nina, e ela começa a se lembrar do que ocorreu.
Ao ouvir sua explicação, mamãe sorri gentilmente e pergunta:
— Violetta, seus ciclos menstruais estão atrasados?
Eu, instantaneamente, entendo a implicação da pergunta de mamãe e
pergunto com uma mistura de antecipação e preocupação:
— Mamãe, a senhora acha que a Violetta pode estar grávida?
Ela responde com convicção:
— Não tenho dúvidas, meu filho. Fiquei exatamente assim em cada
uma das vezes que engravidei.
Violetta leva suas mãos até sua barriga e faz um carinho, dizendo:
— Será?
— Vitor, meu filho, peça a um dos soldados para trazer alguns testes
de farmácia. Vamos tirar essa dúvida de uma vez. Tenho convicção de que
dará positivo. Amanhã, marcaremos uma consulta com um obstetra para o
acompanhamento. Nem posso acreditar que vou ser avó.
Ainda atordoado pela notícia, chamo um dos soldados e peço que ele
nos traga os testes. Em um piscar de olhos, ele retorna com uma dúzia deles,
e Violetta parte para o banheiro para realizá-los. Após alguns minutos, ela
volta com alguns palitinhos na mão e um sorriso radiante no rosto.
— Deu positivo! Em todos.
Nina se apressa para abraçá-la, juntamente com mamãe. Fico estático,
observando a cena e absorvendo a magnitude da notícia. Após um momento
emocionante, peço que as duas nos aguardem na sala, pois desejo um
momento a sós com minha mulher.
Quando ficamos sozinhos, me aproximo de Violetta e me ajoelho à
sua frente. Delicadamente, abro a toalha que a envolve e beijo seu ventre,
murmurando com carinho:
— Estou imensamente feliz por você estar aí, meu filho ou minha
filha. Que venha com muita saúde e seja gentil com a sua mãe.
Me levanto e a beijo, com um beijo lento e suave, repleto de emoções.
Olho em seus olhos e declaro:
— Eu amo você Violetta.
Seus olhos se enchem de lágrimas imediatamente, e ela responde
comovida:
— Também te amo, Vitor, assim como esta pessoinha que está se
formando aqui dentro, um pedacinho de cada um de nós!
Nesse momento, somos interrompidos pela chegada do médico. Após
explicarmos o que aconteceu e compartilharmos o resultado dos testes, ele
nos tranquiliza e recomenda procurar um obstetra, esclarecendo que estes
sintomas são comuns no início da gravidez.
Antes de nos dirigirmos à sala, entrego o presente que comprei para
Violetta, felicitando-a pelos nossos dois meses de casados. Ela me pede para
prender o colar, e seguimos de mãos dadas para a sala. Para nossa surpresa,
todos os membros da nossa família estão lá, inclusive os pais de Violetta e
Rafaelli.
Com a voz embargada pela emoção, anuncio:
— Nossa família vai crescer! Violetta está grávida!
Uma onda de felicidade e amor nos envolve, e todos vêm nos
cumprimentar e nos abraçar.
Vitor
Nossa noite de Natal foi simplesmente perfeita. Reunimos toda a
nossa família em nossa casa, e Violetta fez questão de receber nossos pais,
meus tios e primos, além de convidar os Giannini, que vieram em peso.
Após o tratamento, papai conseguiu se curar, e isso é uma felicidade
para todos nós. Embora ainda precise de um acompanhamento contínuo, ver
sua saúde restaurada já é um grande presente.
Nossos escritórios foram construídos e montados rapidamente, e
decidi usar uma das salas como meu próprio espaço de trabalho, deixando o
escritório do papai para seu uso pessoal.
Dante, Lucca e Manoella fizeram progressos notáveis em suas
investigações sobre o cartel colombiano, com a ajuda de Franco,
conseguimos nos infiltrar mais na colômbia e já estamos nos organizando
para colocar fim ao sucessor de Brunno.
Como garantia, ainda mantemos Brunno e Juan sob prisão. Chiara, no
entanto, não resistiu por muito tempo na prisão, revelando—se uma pessoa
doente. À medida que o tempo passava, sua saúde se deteriorava, e um dia a
encontramos sem vida. A causa de sua morte permaneceu um mistério, mas
continuamos a usar sua prisão como meio de pressionar Brunno e Juan e
preencher as lacunas em nossas informações.
No início do próximo ano, planejamos a ascensão de Dante e Pietro.
Eles amadureceram consideravelmente nos últimos meses, e, em acordo com
papai e tio Steffano, acreditamos que chegou a hora.
Lucca tem feito um excelente trabalho ao lado de Dante e Manoella,
mesmo que às vezes isso envolva algumas discussões acaloradas com Dante.
Seu trabalho é brilhante, e a dinâmica entre eles funciona surpreendentemente
bem.
Pietro permanece essencialmente o mesmo. Ele sai todas as noites,
volta embriagado e com um olhar melancólico, mas, no dia seguinte, está de
pé e desempenhando seu papel com competência. Ele ainda não se abriu
completamente comigo, mas sei que, quando estiver pronto, compartilhará o
que o aflige.
Dante parou de frequentar boates e agora passa todas as noites
trabalhando com Manoella até altas horas. Eles fecham-se em sua sala, e
ainda não tenho certeza do que acontece lá dentro.
Papai e tio Steffano planejam uma viagem com suas mulheres, e tudo
indica que meus sogros os acompanharão. Embora Rafaelli ainda não possa
assumir como Don, tem feito um trabalho excepcional ao lado de seu pai.
Matteo continua sendo o observador silencioso, sempre atento e
cuidadoso. Ele tem sido de grande ajuda e, a cada dia que passa, minha
confiança nele cresce. Nomeá-lo meu subchefe foi uma decisão acertada.
Nina e Violetta continuam liderando os grupos Moretti e Romano, e
sua parceria provou ser um sucesso. Elas já estão planejando expandir seus
negócios.
Manoella, quando não está em desentendimentos com Dante, passa o
tempo com Violetta e Nina. Elas se tornaram amigas próximas e estão
frequentemente juntas, discutindo estratégias e planos. Manoella, aliás, tem
contribuído com ideias valiosas para melhorar a colaboração entre os grupos
e tem se destacado desde que o acordo foi firmado.
Olho para minha mulher por um longo tempo, com sua barriga de
final de gravidez, e a acho mais linda a cada dia. No início da gestação, as
coisas foram complicadas, com enjoos frequentes e sensibilidade a odores.
No entanto, depois do primeiro trimestre, tudo se acalmou e Violetta levou
uma vida normal.
Quando fizemos o primeiro ultrassom, meu coração quase pulou do
peito. A emoção de ouvir o coração do nosso filho pela primeira vez foi
indescritível. Sim, será um menino. Descobrimos isso em uma das
ultrassonografias, o que nos deixou incrivelmente felizes.
Decidimos chamá-lo de Fabio Moretti. Seu quarto já estava pronto, e
fomos inundados com tantos presentes que mal conseguimos usar tudo.
Quando revelamos à família o nome que escolhemos, nossas mães, tia
Valentina e Nina ficaram extasiadas. Organizaram um enxoval digno da
realeza, o que levou semanas para ser organizado por Violetta e nossa
governanta.
Não existe um único dia em que eu não expresse meu amor por
Violetta. À medida que o tempo avança, nossa conexão se fortalece e nossa
paixão permanece viva. Ver minha mulher nua, sua barriga enorme quicando
no meu pau, é uma experiência que me preenche de desejo. Não me canso de
estar com ela, de nos possuirmos com entrega e cumplicidade. A ideia de
enfrentar o período de resguardo pode ser um desafio, mas estou certo de que
superaremos juntos, mesmo que isso signifique desenvolver alguns calos nas
mãos.
Nossa relação com a 'Ndrangheta continua prosperando, e temos
vários projetos em andamento. Dona Stella, mãe de Manoella, visita a filha
sempre que possível e desenvolveu uma amizade sólida com mamãe, dona
Milena e tia Valentina. Elas frequentemente se encontram para tomar café ou
compartilhar um lanche da tarde, e fico extremamente feliz em ver essa
amizade crescer.
Franco continua vigilante, mantendo um diálogo constante conosco.
Agora, posso considerá-lo não apenas como um aliado, mas como um amigo.
Embora ainda não tenhamos formalizado um acordo, tenho a convicção de
que isso ocorrerá em breve.
Fevereiro chega, e com ele, o grande dia se aproxima.
Estávamos adormecidos quando Violetta me chama. Desperto em
alarme e pulo da cama, questionando o que está acontecendo.
— Vitor, acho que está na hora. Estou com muita dor. – diz gritando e
apertando minha mão.
Imediatamente, ligo para mamãe e, em seguida, para a obstetra.
Depois de explicar os sintomas de Violetta, marco o tempo entre as
contrações conforme a obstetra solicita. Ela fica na linha enquanto
registramos os intervalos e me instrui a levá-la imediatamente ao hospital. A
equipe já está a postos.
Enquanto Violetta e eu nos apressamos para nos trocar, mamãe chega
com Nina ao seu lado. Brevemente, informo-as de que estamos indo para o
hospital, e elas nos seguem em outro carro.
Ao chegarmos na porta do hospital, uma equipe de profissionais já
aguarda para acompanhar Violetta até o quarto. Ela aperta minha mão com
firmeza, e eu a acompanho, deixando para mamãe e Nina o preenchimento
dos formulários necessários.
A médica avalia Violetta imediatamente e nos alerta de que o tempo é
curto, uma vez que ela já está com dez centímetros de dilatação, e Fabio está
prestes a chegar. Um enfermeiro me leva a uma sala para que eu possa trocar
de roupa, o que faço rapidamente, pois não quero deixar minha Letta sozinha
por muito tempo.
Ao entrar no centro cirúrgico ouço Violetta dizendo.
— Preciso que o Vitor esteja ao meu lado. Fabio está esperando que
seu pai chegue para vir ao mundo. – Diz, enquanto acaricia a barriga
— O papai já chegou, Fabio. Você pode vir, estamos ansiosos para te
conhecer. Digo, emocionado.
Violetta tem mais algumas contrações, e em seguida, ouvimos um
choro alto e vigoroso. Só solto a mão de Violetta quando a médica me chama
para cortar o cordão umbilical e, em seguida, colocam meu filho em meus
braços.
Nesse momento, deixo qualquer preocupação de lado e permito que as
lágrimas da emoção escorram livremente pelo meu rosto. Levo nosso
precioso bebê até a mãe, que também está emocionada. Eu digo:
— Amo você, piccolina. Amo nosso Fabio. Obrigado por fazer de
mim o homem mais feliz do mundo.
Em seguida, uma enfermeira leva Fabio para ser avaliado pela
pediatra, e me pedem para esperar no quarto enquanto eles realizam os
procedimentos necessários com Violetta.
Após me trocar novamente, vou ao encontro de nossa família. A sala
de espera está repleta de parentes, todos ansiosos por notícias.
— Ele nasceu! É lindo e saudável! Violetta está bem e logo estará de
volta ao quarto. Vamos vê-lo no berçário! Anuncio com alegria.
Depois de abraços emocionados, caminhamos até o berçário.
Esperamos ansiosos até que uma enfermeira traz Fabio para conhecer
a família. Todos ficam encantados e felizes. Ele nasceu grande, com uma
cabeleira espessa e está cheio de energia.
— É sua cópia, meu filho. – Diz mamãe, com os olhos marejados de
emoção. – Você era agitadinho como ele, e esse cabelo todo... deve ter
puxado da mãe, porque você era quase careca.
— É verdade, Aurora. Violetta nasceu com uma cabeleira espessa,
assim como Fabio. Não posso acreditar, somos avós! — Dona Mirela
exclama, abraçando mamãe com carinho.
Agora, vou para o quarto para verificar como Violetta está. Acho que
é melhor todos voltarem para casa e virem visita-los amanhã.
Chego ao quarto e encontro Violetta de olhos fechados. Sento-me na
cadeira ao lado de sua cama, e ela me cumprimenta com um suspiro.
— Você voltou, estava preocupada. Falou com nossa família? Foi ver
nosso bebê? – Ela pergunta ansiosa.
— Ei, acalme-se, meu amor. Eu a tranquilizo.
— Nossa família estava toda na sala de espera. Levei-os até o
berçário, e a enfermeira mostrou nosso filhinho. Pedi a todos que voltassem
amanhã. Agora, você precisa descansar. Logo nosso príncipe estará pronto
para sua primeira mamada.
— Vitor, isso é real! Nós temos um filho! Estou tão feliz! Você viu
como ele é lindo? – Violetta fala radiante.
— Sim, meu amor. Nós nos tornamos pais, e nosso filho é
maravilhoso. De acordo com nossas mães, ele é agitado como eu e tem um
cabelinho espesso como o seu. Agora, vamos descansar um pouco, porque
tenho certeza de que nosso quarto será invadido pela família nos primeiros
raios de sol.
Tem razão. Deite-se ao meu lado, e não consigo adormecer sem sua
presença.
Algumas horas depois, uma enfermeira entra no quarto com nosso
precioso bebê. O choro suave de Fabio desperta Violetta. A enfermeira ajuda
na primeira mamada, e quando Fabio finalmente consegue sugar, ele se
acalma.
É uma das visões mais belas que já vi: meu filho se alimentando na
mãe. Desfrutamos desse momento especial até que Fabio adormece. A
enfermeira nos explica os próximos passos e como trocar sua fralda. Como
pai de primeira viagem, fico um pouco atrapalhado, mas, no final, consigo
cuidar do nosso filho.
As visitas começam a chegar e ficam encantadas com a beleza do
nosso bebê. Ele é verdadeiramente lindo.
Alguns dias depois, Violetta e Fabio recebem alta e voltamos para
nossa casa. Dona Milena nos acompanha para ajudar durante a noite. Durante
o dia, mamãe, tia Valentina, Nina e Manoella se revezam nos cuidados.
Os meses passam, e Fabio começa a se assemelhar a nós, uma mistura
perfeita de mim e Violetta. Ela é incrivelmente generosa, sempre me
ajudando quando Fabio nos dá um tempinho, seja com a boca ou com as
mãos. Claro, após o período de resguardo de Violetta, não conseguimos
resistir e nos entregamos novamente um ao outro.
Para nossa surpresa, Violetta está grávida novamente. Mas essa é uma
outra história...
FIM
Espero que vocês tenham gostado da história de Vitor e Violetta tanto
quanto amei escrevê-la.
Este foi meu primeiro romance, e para que ele tenha ficado como
ficou, contei com ajuda de muitas pessoas, as quais chamo de meus anjinhos.
Eu não poderia terminar esta história sem deixar um agradecimento a cada
uma delas.
Primeiro, agradeço a Deus, por me dar saúde, força, inspiração e
meios para que esse momento pudesse chegar.
Minha família que esteve a todo momento ao meu lado, me
incentivando e apoiando em tudo.
Meus amigos que me apoiaram e me tiraram muitas dúvidas, em
especial Lucas Julien, Fabio Calil, Ronivon Carriello, Luiz Montez, Luciana
Valente da Costa e Emilia Fernandez Gayo.
Minha analista crítica Carol Miranda que me ensinou muito, me fez
crescer na escrita e me orientou durante o período de criação.
Minha assessora Hylanna Lima que além de ensinar muito, coordenou
toda parte burocrática e artística com maestria, acalmou meus “surtos” e
minha ansiedade, com toda sua paciência, me explicou tudo de forma clara e
inequívoca.
Minha prima Noely Pacheco do Amaral pela revisão e muito além
disso, com seu apoio e orientação.
Minha amiga Silvia Torralbo pela betagem, por me apoiar
incondicionalmente e me colocar no foco, sem falar no incentivo.
Ao Mestre Cleber Dias, meu mestre de Tai Chi Chuan, que me
orientou quanto a forma de abordar esta arte milenar e maravilhosa.
A Autora Lysa Moura, pelas artes maravilhosas e a capa, além de me
dar várias dicas valiosas.
As autoras Ary Nascimento, Graci Rocha, Isadora Almeida e Gabriela
Alves por toda ajuda, incentivo, orientação e força.
Mirian Lemos por toda paciência e presteza em me dar conselhos
maravilhosos.
Vocês são maravilhosos. Sem vocês tudo seria mais difícil.
Mas meu agradecimento maior é a você meu leitor. Espero que
continue comigo em outras aventuras.
Para mais informações sobre meu trabalho, sigam-me nas redes
sociais.
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Até breve,
Yole Quaglio
O bom do trabalho de uma analista é que você descobre novos
talentos antes de muitas pessoas, quando a gente começa a ler um livro não
sabemos o que nos espera pela frente. Mas é sempre uma grata surpresa
quando pegamos uma autora que já vem meio que pronta, você modela algo
aqui e ali mas a essência a história já está perfeita.
Posso dizer que foi o melhor livro de mafiosos que li até hoje, Yole
tem uma escrita rica e fluída, que faz a gente entrar na história e sentir como
se os personagens ganhassem vida.
Leitura obrigatória para os fãs de romances da máfia.
Por favor, deixe sua avaliação ela é muito importante e irá me ajudar a
melhorar como autora. Muito obrigada!
Yole Quaglio

[1]
O Tai Chi Chuan, muitas vezes simplesmente chamado de Tai Chi, é uma arte marcial chinesa que
também é praticada como uma forma de exercício físico e meditação. É conhecido por seus
movimentos fluidos, graciosos e lentos, juntamente com uma ênfase na respiração profunda e na
concentração mental. Aqui estão algumas informações sobre o Tai Chi Chuan e seus benefícios:

**1. Origens e filosofia:** O Tai Chi Chuan tem raízes antigas na China, sendo desenvolvido ao longo
de séculos. Sua filosofia é influenciada pelo taoismo, enfatizando o equilíbrio, a harmonia e a conexão
entre mente e corpo. Os movimentos do Tai Chi são projetados para fluir suavemente, como uma
dança, e representam a dualidade de forças opostas, como o yin e o yang.

**2. Benefícios físicos:** A prática regular do Tai Chi Chuan oferece diversos benefícios físicos, como
melhora da flexibilidade, equilíbrio e força muscular. Os movimentos suaves e controlados ajudam a
reduzir o risco de lesões articulares e musculares, tornando-o uma opção adequada para pessoas de
todas as idades e níveis de condicionamento físico.
**3. Benefícios mentais:** Além dos benefícios físicos, o Tai Chi Chuan também promove a
tranquilidade mental e a redução do estresse. A concentração exigida durante a prática ajuda a acalmar
a mente e a promover a atenção plena, o que pode ser útil para aliviar a ansiedade e melhorar o bem-
estar psicológico.

**4. Melhora da postura e da consciência corporal:** Os movimentos controlados do Tai Chi Chuan
ajudam a melhorar a postura, promovendo uma maior consciência corporal. Isso pode ser especialmente
benéfico para pessoas que sofrem de dores nas costas ou problemas de postura.

**5. Benefícios sociais:** O Tai Chi Chuan muitas vezes é praticado em grupos, o que proporciona
uma oportunidade para interações sociais e construção de amizades. Essa dimensão social pode
contribuir para a saúde mental e o senso de pertencimento.

**6. Prática acessível:** Uma das vantagens do Tai Chi Chuan é que pode ser praticado por pessoas de
todas as idades e níveis de aptidão. Não requer equipamento especial ou instalações específicas,
tornando-o acessível para a maioria das pessoas.

**7. Benefícios para a saúde:** Estudos têm sugerido que a prática regular do Tai Chi Chuan pode
ajudar a melhorar a pressão arterial, reduzir o risco de quedas em idosos, aliviar dores crônicas,
melhorar a qualidade do sono e fortalecer o sistema imunológico.

Em resumo, o Tai Chi Chuan é uma prática holística que oferece uma série de benefícios físicos,
mentais e sociais. Seu apelo universal o torna uma opção atraente para aqueles que desejam melhorar
sua saúde geral e bem-estar. É importante notar que a consistência na prática é fundamental para colher
esses benefícios ao longo do tempo.
[2]
Famiglia – referindo-se à Cosa Nostra.

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