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Copyright © 2022 Evilane Oliveira

Um Bebê de Presente Para o Sugar Daddy

PARTE 01 E 02

1ª Edição

Revisão: Andrea Moreira

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens e acontecimentos

que aqui serão descritos são produto da imaginação da autora.

Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é

mera coincidência. Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da


Língua Portuguesa. É proibido o armazenamento e/ou a reprodução

de qualquer parte desta obra, através de quaisquer meios, sem o

consentimento escrito da autora. A violação dos direitos autorais é

crime estabelecido pela lei nº. 9.610. /98 e punido pelo artigo 184 do

Código Penal.

Todos os direitos reservados.


Edição Digital | Criado no Brasil.
——— PARTE UM ———

CAPÍTULO 01

CAPÍTULO 02

CAPÍTULO 03

CAPÍTULO 04

CAPÍTULO 05

CAPÍTULO 06

CAPÍTULO 07

CAPÍTULO 08

CAPÍTULO 09

CAPÍTULO 10

CAPÍTULO 11

CAPÍTULO 12

CAPÍTULO 13

CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15

CAPÍTULO 16

CAPÍTULO 17

CAPÍTULO 18

CAPÍTULO 19

AGRADECIMENTOS

——— PARTE DOIS ———

CAPÍTULO 01

CAPÍTULO 02

CAPÍTULO 03

CAPÍTULO 04

CAPÍTULO 05

CAPÍTULO 06

CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08

CAPÍTULO 09

CAPÍTULO 10

CAPÍTULO 11

CAPÍTULO 12

CAPÍTULO 13

CAPÍTULO 14

CAPÍTULO 15

EPÍLOGO

EPÍLOGO

CONTATO
Serenity não imaginou chegar ao extremo em tão pouco
tempo. Quase dois anos na faculdade foram suficientes para
perceber que ser independente e lidar com as dívidas do irmão
requer muito dinheiro.

Quando sua melhor amiga a convida para conhecer o seu

trabalho tão secreto, jamais passou pela cabeça de Ren que ela era
uma sugar baby, muito menos que aceitaria fazer o mesmo.

Na sua primeira noite, ela esperou várias coisas, mas nunca

que o seu primeiro sugar daddy a levasse ao jantar de Natal da sua


família.

Devon é mais velho, rude e incrivelmente sedutor, e Ren não

é capaz de resistir, nem se quisesse.


Porém, quando novos encontros surgem, ambos começam a

questionar a importância de um para o outro e a colocar na balança


se vale a pena ficarem juntos.
Para os amores inalcançáveis.
Para os amores subestimados.
Para os amores que provam todos os dias que são amor.
Eu finquei as unhas na palma e controlei minha respiração.
Às vezes, a dor física me mantinha firme e não me deixava desabar.
Eu sabia que isso era um problema. Eu precisava de ajuda, mas
não adiantaria. Nada adiantaria enquanto eu tivesse que cuidar de

um homem de vinte e três anos.

Ele deveria cuidar de mim, me ajudar com a faculdade e


merdas de jovens, mas Brandon se preocupava apenas consigo
mesmo. Eu continuava tentando enxergar um homem bom e

honrado, mas a cada ligação meu amor por ele parecia quebrar.

— Eu sei que te pedi semana passada, mas, Ren, só tenho

você. — Brandon andava para lá e para cá no estacionamento do

meu alojamento. Lugar onde eu estava hospedada há pouco mais


de dois anos.
Brandon e eu ficamos órfãos há cinco anos. Nossos pais

estavam em um ponto turístico de Londres, quando terroristas se


explodiram no local. Eles haviam ganhado a viagem no trabalho do

meu pai. Mamãe relutou em ir, não queria nos deixar sozinhos, mas

meu pai a convenceu.

Eu nunca fiquei tão assustada como no dia em que eu vi

tudo pela televisão. Passei aquele dia ligando para os dois,


petrificada diante da . Só saí do local quando minha tia Wanda

chegou. Ela morava a cinco horas da minha casa, em Kearney

Valley.

Meus pais estavam mortos.

Tia Wanda nos levou com ela, mas Brandon logo percebeu
que a vida dela não combinava com a dele. Então, partiu e me

deixou sozinha.

Infelizmente, eu vim para a faculdade, a mais longe da minha

tia e mais próxima de Brandon.

— Eu juro que não vou mais te pedir. Ren, eles vão me

matar, você sabe disso.

Brandon passou a mão pelo rosto com barba por fazer. Eu

me aproximei e toquei seu rosto. Meu irmão ficou sem reação, então
continuei capturando cada pedaço dele tanto quanto eu podia.

— Estou devendo vinte mil dólares, Ren. Acho que eles vão

me matar. Não tenho esse dinheiro, não tenho como arrumar

também. — Ele passou a mão pelo cabelo.

— Ninguém tem esse dinheiro. Nem eu, nem você e nem a

tia Wanda. — Minha voz era muito baixa, isso era algo que o irritava
quando morávamos juntos. — Eu só tenho cem dólares aqui

comigo...

— Serve. — Ele assentiu rapidamente.

Eu não estava oferecendo, estava tentando explicar que eu

era tão pobre quanto ele. Respirando fundo, puxei as minhas


últimas notas da bolsa.

— Cuidado, Brandon — murmurei, entregando a ele o

dinheiro.

Depois de guardar as notas, ele acendeu um cigarro.

— Obrigado, Ren. — Ele tragou com vontade a fumaça

assassina. — Eu... não quero morrer. Você tem certeza de que não

pode me ajudar? — Seus olhos castanhos não encontraram os

meus.

Força, Ren.
— Eu posso tentar...

— Graças a Deus. — Aliviado, Brandon acenou rapidamente,

enquanto eu engolia em seco. — Entre e se aqueça. Diga a tia

Wanda que mandei um feliz Natal.

Eu viajaria dali a dois dias para casa. Era Natal e tia Wanda
fazia questão de ter todos nós em casa. Menos Brandon. Ele já não

ligava para nenhum de nós.

— Você deveria ir comigo — falei rapidamente.

— Melhor não — ele recusou. — Se cuida, Ren. — Ele


beijou minha testa e se afastou até seu carro.

Eu o vi dirigir para longe, sentindo um vazio dentro de mim.


Brandon se perdeu depois da morte dos nossos pais. Ele sempre foi

um garoto bom, mas agora não havia mais resquícios do meu irmão
nele.

— Ei!

Virei-me ao ouvir a voz de Willow. Ela era a minha melhor


amiga no campus. Assim que a conheci, com seus piercings e

tatuagens, eu me questionei se ela era uma punk drogada, mas não,


Low era apenas filha de dois tatuadores que a deixavam livre para
fazer suas próprias escolhas.
— Ei. — Dei um sorriso lento enquanto ela trocava a mochila

pesada de ombro.

— Eu preciso trocar de roupa e correr para o trabalho.

Eu a segui para dentro do nosso dormitório.

— Eu não achei nada ainda, antes que pergunte. — Respirei

fundo ao entrarmos no elevador. — Onde fica seu trabalho? Não


tem vaga?

Eu havia sido demitida há um tempo, de uma cafeteria que

ficava a dez minutos do campus. Infelizmente, não encontrei mais


nada depois disso.

Low me encarou por alguns segundos e depois sorriu. Nunca


toquei no assunto do trabalho dela, e ela também não.

— Sempre tem. — As portas se abriram e ela saiu, me

fazendo segui-la como um cachorrinho. — Você se daria bem lá.

— E por que você nunca falou nada? — Franzi as

sobrancelhas. — Você sabe que estou procurando trabalho há


meses, Low.

— Não sei se você gostaria disso. — Ela abriu a porta do

nosso apartamento minúsculo.

Fiquei rígida com suas palavras.


— É algo errado? — Coloquei minha bolsa no sofá e me
virei.

— Não. — Low parecia pensar. — Eu não acho, pelo menos.


— Ela deu de ombros e jogou a chave na mesinha antes de irmos

para a cozinha.

— O que é?

Low sorriu e ligou seu notebook. Peguei uma maçã e me

aproximei, olhando sobre seu ombro. Ela abriu um site e eu


arregalei os olhos. Babies e Daddies.

— Oh meu Deus! Você é prostituta? — Tapei a boca assim

que me ouvi gritar. — Me desculpa... — pedi, me afastando para ver


seu rosto enquanto Willow ria sutilmente.

— Não, eu não transo com clientes. Eles gostam do lance de


ser o meu “papai”. Me bancam, me levam para jantar... às vezes,

rola uma coisa ou outra, mas raramente. Nunca transei com


nenhum. — Willow clicou em uma página de novo cadastro.

— Não, não. Não posso — neguei rapidamente.

— Você ganharia muito dinheiro, mas realmente não faz seu


perfil. — Willow se ergueu e deixou o site aberto. — Vou me

arrumar.
Quando ela sumiu pelo corredor que ia para os quartos, eu
me sentei e olhei para o site. Comecei a descer a página e encontrei
algumas explicações logo abaixo. As meninas – sugar babies –

eram jovens e atraentes que queriam um homem maduro para


patrocinar seus sonhos. Isso é sério?

Na explicação do sugar daddy, dizia que ele era um homem

maduro disposto e generoso que queria a companhia de jovens


bonitas. Os interesses eram claros e não havia cobrança.

Engoli com força e toquei minha garganta.

Isso era estranho. Porém, se Willow gostava, não era tão

ruim assim, certo?

Respirei fundo. Eu precisava de dinheiro para ajudar

Brandon e pagar minhas contas na faculdade. Willow pagou o


dormitório para mim durante os últimos dois meses, e eu estava

farta disso e queria poder pagar a ela.

Não seria tão ruim. Os homens do site eram ricos e, talvez,


educados. Não poderiam ser depravados e psicopatas, certo?

Willow apareceu depois de um tempo, já pronta. Ela tinha


cabelo loiro e olhos azuis. Low era linda. Óbvio que se dava bem

nisso. Já eu? Eu não apostava muito nisso.


Meu cabelo era fino e castanho-claro quase avermelhado,

meus olhos eram marrons bem claros. Eu era muito normal para
isso.

— Eu quero! — anunciei, suspirando.

— Ótimo! — Ela arregalou os olhos. — Eu farei seu cadastro,

não se preocupe. — Ela pegou seus documentos da mochila da

escola e enfiou na bolsa de grife que usava.

As tatuagens davam um charme incrível nela. Low usava um

vestido vermelho ombro a ombro, curto e justo. Seu decote discreto


deixava o look elegante.

— É seguro, certo? — murmurei, mordendo a ponta da

minha unha.

Low sorriu e se aproximou de mim.

— É seguro e viciante.

Assim que ela saiu, eu respirei fundo e fui para o meu quarto.

Arrumei todo o local e me deitei na cama depois de tomar um longo


banho.

Queria que isso desse certo. Queria ajudar Brandon e poder


pagar minhas contas. Queria saber quantas vezes precisava sair
com um sugar daddy para juntar vinte mil dólares. Eu precisava de

mais que isso para conseguir pagar minhas dívidas.

— Calma, Ren. Vai ficar tudo bem.

Eu continuei falando isso e logo peguei no sono.

Eu ouvi batidas insistentes por longos minutos, mas meu

sono estava aconchegante demais. Porém, quando um grito soou,

eu me arrastei da cama.

— O que foi, Willow? — questionei, bocejando e esfregando

meus olhos.

Low entrou como um furacão, pegou meu celular e começou

a mexer. Eu me deitei novamente, quando estava adormecendo de

novo, ela me cutucou.

— Me deixe dormir, por favor. Eu viajo a noite inteira.

— Olhe. — Low se deitou comigo e me entregou meu celular.

Apertei meus olhos e suspirei. O site Babies e Daddies

estava aberto na tela do meu telefone em um aplicativo. O ícone de

mensagem estava cheio, isso com certeza me fez acordar. Me


sentei rapidamente e abri a primeira delas.
“Olá, Ren. Disponível?”

— O quê? — Encarei Low e ela deu de ombros.

— Eu disse que você faria sucesso. Olhe esse seu rosto.


Jesus, você é tão angelical.

Meu coração começou a acelerar a cada mensagem que eu

lia. Não respondi a nenhuma. Willow foi filtrando e me mostrando as


que ela achava legais. Quando chegou a vez de um deles, eu

suspirei.

Devon Chanse.

Ele era loiro, tinha dois metros de altura e amava ficar em

casa.

— Nossa, esse é incrível. — Low me encarou, erguendo as

sobrancelhas. — E aí?

Devon. Eu mordi meu lábio e peguei o celular das suas

mãos.

“Olá, Serenity. É a primeira vez que entro neste site e

preciso de companhia para a noite de Natal. Eu dou trinta mil

dólares e uma viagem para Cancun.”

O quê?
Quando meu queixo foi ao chão, Willow franziu as

sobrancelhas.

— Ele só pode estar desesperado. — Ela riu.

Engoli em seco, nervosa.

— Mas... — Minha boca secou. Minha amiga parou de rir e

me encarou. — Natal é com a minha tia. Eu vou viajar mais tarde...

— Diga a ele que não pode. — Willow se ergueu e andou até


a porta. Porém, no último segundo, ela se virou para me encarar. —

Porém, você precisa de dinheiro. Ano que vem você passa o Natal

com Wanda.

Willow estava certa, mas o nervosismo deu um nó em meu

estômago.

Ela saiu e eu olhei para o celular.

“Olá, Devon! Estou disponível.”

Cliquei em enviar e respirei fundo. Ele demorou para ver a

minha resposta, e quando o fez, eu estava andando pelo quarto de

olho no celular.

“Preciso ligar para você. Atenda.”


Eu arregalei os olhos, mas não consegui me recuperar.

Assim que o celular começou a tocar, eu suspirei e mordi minha


boca.

— Olá, Serenity. — A voz dele fez meu estômago apertar.

Era forte, rouca e intensa. Meu Deus.

— Duas coisas para deixarmos tudo esclarecido. Uma, eu


não ajudo se for problemas com drogas ou dívidas de terceiros. Seu

caso é esse?

Era óbvio que esse era meu caso.

Eu poderia falar a verdade e procurar outro sugar daddy,

mas gostei da ideia de ser a primeira vez dele também. Seríamos


dois estranhos pisando em terreno desconhecido. Fora que quando

o vi, algo nele me fez aceitar.

Uma mentirinha de Natal não tem problema, certo?

— Olá, Devon. — Engoli em seco e andei pelo quarto. — O

dinheiro é para pagar a minha faculdade e algumas despesas, na


verdade.

Devon ficou em silêncio, e quando pensei que ele havia

desligado ao perceber a minha mentira, ele falou:

— Tudo bem. Eu pego você...


— Eu quero ir sozinha, se possível — murmurei, engolindo
em seco.

— Eu faço questão. Me envie seu endereço.

Eu ia retrucar, mas decidi recuar. Enviei a ele o meu

endereço e suspirei, nervosa.

— Até amanhã, Serenity.

— Ren, pode me chamar de Ren — murmurei lentamente,


mas ele não disse nada por alguns segundos.

— Boa noite, Serenity.

Okay. Ele desligou e eu suspirei, aproximando o celular do

meu peito.

Vai dar tudo certo, Ren. Você vai ver.

Me sentei na cama e penteei meu cabelo, pensando na

roupa que usaria. Eu havia comprado um vestido florido simples


porque estava indo para casa, mas agora eu precisava de um
vestido bonito e elegante.

Droga.

Willow estava na cozinha quando saí. Quando me sentei à


sua frente, ela me encarou com expectativa.
— Eu aceitei. Agora você precisa me ajudar com um vestido.
Vermelho, de preferência.

Willow pulou em seu próprio lugar animadamente e começou


a falar sobre um vestido perfeito que tinha visto em uma loja.

— Eu não tenho dinheiro — eu a lembrei, mas ela balançou


a mão em desdém.

— Devon Chanse vai amar comprar esse vestido. — Ela

empurrou o prato com ovos para mim e pegou meu celular.

Quando ela me devolveu o celular, havia uma mensagem


enviada.

“Não tenho roupa para o jantar. Você poderia me ajudar

com isso?”

Devon respondeu na hora pedindo a conta para transferir o


dinheiro.

— Ele nem sabe quanto é — resmunguei para Willow, mas


ela fingiu que não ouviu e me pediu para enviar meus dados para o
homem. O que eu fiz rapidamente.

Logo, um valor que daria para comprar dois vestidos estava

em minha conta antes negativa.

— Ok, nós vamos às compras.


Ansiedade e nervosismo atacaram minhas entranhas, mas
acenei mesmo assim.
Meu celular vibrou e eu empurrei os papéis para longe.
Arrumei meu paletó e surpreendi a mim mesmo ao me erguer e
andar diretamente para a porta. Se eu ousasse ficar mais um
segundo neste escritório, eu não iria para essa festa.

Já havia adiado demais ver meus pais, eu precisava ir. E no

Natal era propício rever a família. A surpresa que eu levava iria


animar a noite.

Dirigi por cerca de dez minutos até estacionar diante de um

prédio dentro da faculdade de Solwe. A cidade era enorme e a


universidade antiga era a mais famosa do estado. Eu havia

estudado nela a muitos anos atrás.

Relaxei no banco de couro enquanto encarava a fachada do


dormitório. Surgiu das sombras do local, um corpo pequeno com
curvas perfeitas e um rosto que eu ainda não conseguia ver. Seus

passos eram decididos, diferente do que suas mãos retorcidas


diziam. Eu saí do carro e dei a volta.

Quando Serenity ergueu os olhos para mim, eu pisquei. Ela


era linda, mas isso eu já sabia, uma vez que vi seu perfil no site.

Porém, o brilho dos seus olhos castanhos me prendeu.

Eu não ficava com meninas novas. Na verdade, usei o


aplicativo hoje pela primeira vez. Meu foco era encontrar a garota

mais bonita do site que fosse jovem o suficiente para chocar a

minha família.

Fazia meses que eu não via minha família. E durante esses

meses, inventei que tinha uma namorada. Uma namorada que... era
jovem demais para mim. Isso enlouqueceu meus pais e minha irmã.

Só que agora eu precisava levar a minha namorada para o

jantar de família.

E a garota diante de mim tinha que servir.

— Boa noite. — Ren parou diante de mim e engoliu em seco.

Eu segui o movimento da sua garganta subindo e descendo.

A pele era tão clara que eu conseguia ver suas veias. Seu cabelo
estava ondulado e puxado para a lateral. Vi um brinco de diamante
em sua orelha, e ela estava mexendo nele.

— Boa noite, Serenity. Pronta?

Ela acenou e eu a guiei até o lado do passageiro. Assim que

ela se sentou, eu fechei a porta e respirei fundo.

A noite seria longa se eu tivesse que lidar com a beleza da

menina.

Eu mexia no brinco diversas vezes enquanto Devon dirigia.

Estava nervosa e um pouco chocada com a beleza dele. Eu nunca


pensei que ficaria atraída por um homem bem mais velho que eu,

mas ali estava eu, babando em sua barba e olhos azuis.

— O jantar é da minha família. Eu disse que tinha uma

namorada.

O quê? Meus olhos se arregalaram, mas ele não conseguiu

ver, porque sua atenção estava na estrada.


— Eu sou a namorada? — Quando a minha voz ecoou, eu

me repreendi por soar tão infantil.

— Sim, não vai ser nada de mais. Não sou próximo deles,

então esse lance da mentira é apenas hoje — Devon explicou como


se isso não fosse algo tão extraordinário quanto minha cabeça me

dizia que era.

— Como nos conhecemos? — perguntei, tentando ficar


calma.

— O quê?

Devon franziu as sobrancelhas e me encarou rapidamente.


Juro que perdi o fôlego. Eu não fazia ideia do que estava

acontecendo comigo, mas cada vez que ele me encarava, eu sentia


que havia algo me puxando em sua direção.

— Sua família vai questionar como nos conhecemos. É


melhor definirmos isso.

Devon encarou minha garganta enquanto eu falava. E essa

não era a primeira vez.

— Um plantão.

Não. Não. Não.

Ele é médico?
— Eu atendi você e nos apaixonamos. — Suas palavras

eram rápidas, quase pude imaginar a cena se desenrolando diante


de mim.

— Que tipo de médico você é? — perguntei, ansiosa.

— Cardiologista.

Oh meu Deus. Ele precisava cuidar do meu coração. Isso era


certo.

Minhas batidas estavam fortes e eu estava irritada por reagir

tanto a ele. Eu nunca fiquei tão atraída por alguém.

— Mas eu não teria que ter um problema no coração? —

Minha voz aumentou.

— Não necessariamente. — Devon sorriu.

Ele não se estendeu no assunto, então deixei morrer. Devon


se virou para mim e inclinou a cabeça quando paramos em um sinal
vermelho minutos depois.

— Você tem quantos anos, Serenity?

Eu sabia que ele devia ter visto isso no meu perfil, mas

respondi mesmo assim.


— Quase vinte e um. — Quando lambi meus lábios secos, os
olhos de Devon seguiram meu movimento.

— É sua primeira vez?

— Sim.

— Bom. — Ele acenou, satisfeito, me deixando sem


entender direito a sua resposta.

— É a sua também? — perguntei, já sabendo que sim.

— Eu não saio com garotas tão jovens. — Sua explicação


fez minha barriga girar.

— E por que estou aqui? — murmurei baixinho.

Devon começou a dirigir novamente.

— Porque minha família detesta coisas diferentes. E ter um


filho com quarenta e cinco anos saindo com uma garota de vinte, irá

infartá-los.

Minha boca abriu e fechou, mas não produzi nenhum som.

Era sério? Ele odiava tanto a família que inventaria uma mentira na
noite de Natal?

Isso não é da sua conta. Você só precisa do dinheiro.

Verdade. Eu precisava me lembrar disso.


— Se eu fizer algo errado...

— Me chame de daddy na frente deles. — Sua voz rouca me

fez arregalar os olhos mais uma vez. — Isso vai ser incrível.

— Daddy? — murmurei para treinar.

O carro deu um solavanco, então Devon me encarou e seus


olhos estavam brilhando perigosamente. Meu ventre se agitou e eu

o vi prender os olhos em minha garganta. Qualquer som ficou em


segundo plano. Ele ergueu a mão e deslizou pela minha garganta.

Meu corpo arrepiou e eu engoli com força.

— Não me chame assim a menos que queira que eu incline


você e a foda.

Eu estava grata por estar sentada, porque cairia se ele


tivesse dito isso enquanto estivesse de pé. Não havia dúvidas.

— Mas você disse...

— Na frente deles. Apenas. — Devon se virou para a frente.

A tensão no ar era densa, mas foi se dissipando enquanto os


segundos passavam.

— Chegamos — Devon disse ao passar por um portão

enorme de ferro.
A mansão da sua família era imensa. Eu podia sentir a

riqueza entre meus dedos só de olhar a fachada poderosa. Devon


saiu do carro e me ajudou a fazer o mesmo. Quando paramos na

porta, sua mão descansou sobre a minha coluna e eu estremeci

com seu toque.

— Devon.

— Serenity.

Mas nenhum de nós conseguiu falar. A porta foi aberta e a

empregada nos deixou entrar. Assim que atingimos uma sala bonita
e elegante, uma senhora alta e com cabelo loiro apareceu. Ela olhou

para Devon e depois para mim, sua expressão era completamente

neutra.

— Devon, boa noite.

— Boa noite, mãe.

Eu fiquei chocada. Ela não parecia ter idade para ter um filho

de quarenta e tantos anos.

— Seu pai está no bar, e Quentin e Camille estão chegando.

— Ela me ignorou completamente. A mãe dele passou a mão pelo

cabelo enquanto Devon me mantinha ao seu lado.


— Esta é a Serenity. Baby, essa é Caiana Chanse. — A mão

dele me puxou contra seu peito.

Estremeci, sabendo que essa era uma indicação que eu não


deveria sair do seu lado.

— Boa noite, sra. Chanse — murmurei, tentando sorrir.

— Você me surpreende, Devon. — Ela me mediu e encarou

o filho.

— Eu sei — ele resmungou assim que um homem gordo e

com cabelo completamente branco entrou, carregando dois copos

de uísque. — Pai.

— Devon! — O homem sorriu, mas parou assim que me viu.

Todos realmente me odiariam? — Oh, essa deve ser a sua

namorada jovem.

Meu estômago se remexeu, mas não de uma maneira boa,

diferente de quando Devon me tocava. Era nervosismo ao extremo.

— Serenity, esse é meu pai, Natan Chanse.

— Boa noite, sr. Chanse — murmurei, porém bem mais


contida, já sabendo que minha presença não era bem-vinda.

— Boa noite, Serenity. — Natan acenou e olhou para a


esposa. Ambos pareciam contrariados.
Quando Devon me puxou mais para perto, eu o encarei. Seu

cheiro era tão bom, uma mistura de água fresca, sabonete e


homem. Eu desejei ficar ali, sentindo-o eternamente.

— Boa noite. — A voz de uma mulher ecoou, quebrando


meu encanto.

Chocada, suspirei quando ela apareceu. Ela tinha cabelo

vermelho e olhos azuis como os de Devon. Um homem moreno


apareceu atrás dela, segurando a mão de uma garotinha. E um

rapaz estava ao lado dela, parecendo desinteressado.

— Oh meu Deus, você é real. — Ela riu, divertida. Eu a amei

no mesmo segundo. — Meu nome é Camille, este é o meu marido,

Quentin, e nossos filhos, Sam e Stive.

Sam deveria ter dez anos, enquanto Stive tinha a idade mais

elevada. Eu apostaria em uns dezessete.

— É um prazer, eu sou a Ren.

Estendi minha mão, mas novamente Devon não me deixou

me mover. Eu queria entender por quê, mas não o interrogaria por


isso.

— Seja bem-vinda. Devon é irritante, mas um homem bom.

Eu sorri e encarei Devon, que ainda parecia fora da caixa.


— É um prazer rever você, Quentin. Não posso falar o

mesmo de Camille. Ela continua insuportável. — Ele sorriu para o

cunhado quando se cumprimentaram em um aperto de mão.

Devon cumprimentou seus sobrinhos e logo avisaram que o

jantar seria servido. Eu me sentei entre Devon e Stive. Diante de

mim estavam Camille e Quentin, e Sam bem no meio. Os pais de


Devon estavam nas cadeiras da ponta.

— Então, como vocês se conheceram? — Camille

questionou assim que serviram a entrada.

Estava deliciosa. Parei de comer e me concentrei em

responder à irmã de Devon.

— Em um plantão — respondi suavemente e olhei para o

meu namorado de mentira. — Ele me atendeu e eu fiquei

apaixonada.

Um barulho de tosse ecoou, então olhei para Caiana. Ela

estava com o guardanapo contra os lábios.

— Você é bem nova para o tio Devon — murmurou Stive ao

meu lado.

Eu o encarei. De perto, percebi que me enganei. Ele deveria

ter quase vinte, como eu.


— Muitos podem dizer — dei de ombros e me virei para

Devon —, mas nos amamos mesmo assim.

Devon beijou as juntas dos meus dedos e voltou a comer.

— Então, Ren, você sabia que Devon não nos vê com


frequência? — Caiana perguntou perigosamente.

Senti a mão de Devon deslizar pelo meu joelho.

— Sim, infelizmente. — Dei a ela um sorriso fraco.

— A vida dele é aquele hospital. Nosso escritório de


advocacia está às moscas, sendo cuidado por um negrinho —

Natan resmungou, na outra extremidade.

Arregalei os olhos, abismada. O que ele tinha acabado de

falar?

— Pai! — Camille grunhiu, rígida.

Quentin estava com os olhos presos à mesa. Ele era preto,

com traços lindos. Seus olhos eram verdes e ele era tão alto quanto
Devon.

— É a verdade.

— Eu vou me retirar. — Stive se ergueu, jogando o

guardanapo na mesa.
— Stive. — Quentin se ergueu e encarou o filho. — Sente-
se.

Os dois trocaram olhares em silêncio, enquanto Camille e


Sam apenas respiravam devagar.

— Meu Deus. Quando você vai superar o fato de eu não ter


me tornado um advogado, e que Camille se casou com um homem

preto? — Devon perguntou, com a voz forte. — Você tem setenta

anos. Cresça, Natan.

— Eu me pergunto onde errei por isso — Caiana resmungou.

Que família tensa e horrível.

— Eu tentei pela mamãe, mas não vou ficar sentado

enquanto ele insulta você. — Stive se afastou, até sumir da sala de

jantar.

— Que menino mal-educado. — Caiana bebeu seu vinho


devagar, enquanto Camille continuava sem reação.

— Deixe-o. Aquele menino está perdido.

— Feliz Natal para os Chanse! — Camille se ergueu e


empurrou a taça com vinho na mesa. — Vocês são horríveis. Eu e

Devon tentamos todos os anos, mas quer saber? Eu cansei.


Camille saiu da sala, com Quentin e Sam. Devon se ergueu
também e suspirou.

— Obrigado por mais um Natal horrível. Um ano é pior que o


outro.

Devon me ajudou a me erguer e me puxou contra ele mais


uma vez.

— Feliz Natal!

Quando ele me guiou para fora, eu me deixei ser arrastada

por ele. A energia do local era horrorosa, eu só queria sumir.

— Peço desculpas pelo show de horrores.

Eu balancei a cabeça pronta para falar, mas chegamos do

lado de fora. Camille e sua família estavam entrando no carro deles.

— Eu ligo para você amanhã. — Ela sorriu para o irmão e


depois para mim. — Você é linda, Ren. Vou marcar um jantar na

minha casa para você ir.

Eu quase falei que nunca mais a veria, mas apenas acenei.

Devon entrou no carro e eu coloquei meu cinto de


segurança. Mordi meus lábios quando vi seus dedos brancos. Eu

me repreendi mentalmente ao ouvir meu estômago roncar. Droga.


— Vamos a um restaurante.

Eu estava mortificada.

— Não precisa — murmurei, mas Devon me calou com um

olhar.

— Eu vou alimentar você.

A imagem que se formou em minha mente era suja e muito


pecaminosa.

Mas eu nunca desejei tanto algo.


Ainda não entendia por que eu voltava. Sempre saía
envergonhado e furioso, mas de alguma maneira sempre dava um
jeito de estar no mesmo lugar, mais uma vez. Sentindo tudo
novamente.

— Me desculpe por meus pais — murmurei assim que ajudei

Serenity a se sentar diante da mesa.

Era véspera de Natal e o meu restaurante favorito estava


lotado, mas ser rico e conhecido tinha suas vantagens. Uma delas

certamente era pegar uma mesa de última hora na noite mais


família do ano.

— Não se preocupe — Ren murmurou assim que me sentei

diante dela.
Sua garganta continuava me atraindo como um ímã. Passei

o tempo inteiro imaginando segurar ali para sentir sua pulsação,


para prendê-la contra meu corpo. Eu não sabia que uma garota me

atrairia tanto, mas ali estava eu, desejando tocar o pescoço de Ren

enquanto a fodia em uma cama.

— Devon.

Sua voz entrou em minha mente, então pisquei e encarei seu


rosto confuso.

— O quê? — perguntei, passando a mão no meu terno.

— Nada. Só que você ficou parado encarando meu pescoço.

— Ela franziu as sobrancelhas antes de sorrir, aliviando a pressão

em meu peito.

E se ela achasse que eu queria enforcá-la? Porra, eu queria,

mas não para machucar de verdade.

— Eu gosto dele. — Fui escasso na explicação. Ren apenas


sorriu ao acenar. — Então, o que você estuda?

— Enfermagem. — Ela deu de ombros enquanto eu erguia

os olhos.

— Uau — murmurei, bebendo o vinho que sempre pedia. —

Você já está estagiando?


Não, Devon, não faça isso.

— Não. Eu estou no segundo ano da faculdade ainda.

— Mas no site diz que você tem vinte anos. — Semicerrei os

olhos. Se Ren tivesse menos do que dezoito anos, nem se eu

quisesse – e eu queria pra caralho – eu não continuaria ali jantando

com ela.

— Sim, faço vinte e um em duas semanas. — Ela desviou os

olhos de mim e suspirou. — Eu entrei tarde. Depois da escola, eu

tive que trabalhar...

— Você pode fazer estágio supervisionado. — Voltei para o

assunto principal. — É remunerado.

E você não precisaria estar no site estúpido, saindo com

homens mais velhos.

— Eu adoraria, mas não sei. — Ren desviou os olhos e

segurou a taça com água.

— Pense nisso. — Engoli mais vinho pouco antes do garçom

se aproximar. — Vou querer o de sempre. E você, Ren?

Ela lambeu os lábios rosa e piscou. Eu percebi que a havia

chamado de Ren e não Serenity.


— O mesmo que você. — Ela deu de ombros, sem nem

mesmo saber o que eu pedia. Eu confiava que ela gostaria do


carneiro ao molho de abacaxi.

O garçom foi embora e Ren engoliu em seco.

— Você tem filhos?

— Se eu tiver? — perguntei, inclinando a cabeça.

Serenity engoliu em seco mais uma vez e empurrou o cabelo


para o lado, deixando seus seios à vista.

— Não sei.

Ela não me encarou ao responder, por isso suspirei antes de


responder a ela:

— Não, eu tenho.

Ren franziu as sobrancelhas, mas a chegada do maître com


uísque a impediu de falar. Troquei o vinho pela bebida forte e engoli

o líquido.

— Seus pratos.

A rapidez do restaurante também era um ponto forte na hora


de escolher o local como favorito.
Nós começamos a comer rapidamente. Depois de provar o

carneiro, Ren gemeu ao apreciar o prato. E eu senti meu pau se


contrair. Eu a conhecia há menos de cinco horas e estava

desejando-a mais que qualquer mulher com quem estive. O que


diabos estava acontecendo?

— Devon. — A voz de Serenity ecoou em pânico, então eu a


encarei, confuso. — O que tem aqui?

Ela apontou para o prato enquanto levava a mão à garganta.

— Carneiro e abacaxi.

— Eu sou alérgica a abacaxi. — Seus olhos se arregalaram


e logo sua pele começou a ficar vermelha e a inchar.

Me ergui rapidamente e a peguei nos braços. Os segundos

que levaram para colocá-la dentro do carro foram suficientes para


ela desmaiar. Senti sua pulsação enquanto abria a sua bolsa à

procura do seu medicamento. Alérgicos sempre andavam com seus


comprimidos, certo? A pulsação fraca me deixou rígido. Empurrei
minha boca na dela, fazendo respiração boca a boca. Eu não

conseguiria dirigir assim.

Encontrei um frasco de medicamentos e suspirei ao ver o


nome. Peguei dois comprimidos e enfiei em sua garganta. Quando
percebi as amídalas inchadas, eu me preocupei. Deitei Ren e
comecei a dirigir.

Assim que cheguei ao hospital, dez minutos depois, sua


pulsação estava mais forte.

— Dr. Chanse — a chefe da emergência, Ingra, me saudou

assim que coloquei a máscara de oxigênio no rosto de Ren, já


entrando no quarto onde ela ficaria em observação.

— Ela está com reação alérgica. Insira adrenalina e um


antialérgico — ordenei a uma das enfermeiras, que se moveu

depressa. — Olá, Ingra.

— Prontinho. — Dani, a enfermeira, sorriu enquanto cuidava


de Ren.

— Me avisem quando ela acordar. — Andei para fora do


quarto e Ingra me seguiu.

— Que garota de sorte — ela murmurou enquanto


entrávamos no elevador. Semicerrei os olhos para a minha colega,

então ela explicou. — Um médico fez os primeiros socorros. Pelo


que vi, a alergia dela deve ser quase cem por cento.

— Foi abacaxi — respondi, para preencher o silêncio.

— Que merda.
Eu a deixei no elevador e segui para a minha sala. Tirei meu
paletó e o joguei ao lado. Que Natal caótico, meu Deus. Me sentei
na minha poltrona e fiz a única coisa que podia no momento –

trabalhar.

Verifiquei Serenity duas horas depois, mas ela ainda dormia.


Eu sabia que ela acordaria apenas no dia seguinte. Sua respiração

havia se restabelecido e a reação alérgica cessada.

Na manhã seguinte, saí da minha sala e fui até seu quarto,


passando pelos corredores do hospital, que era minha vida desde

que pus meus pés aqui. Comecei como um residente normal, e

depois de muito esforço consegui a presidência. Os donos me

venderam cinco anos atrás e, desde então, San José era meu lar.

— Bom dia — resmunguei, abrindo a porta do quarto.

Ren se sentou rapidamente. O alívio em seu rosto me deixou

incerto.

— Devon, eu sinto muito! Me desculpe por isso...

— Você não tem culpa de uma reação alérgica — murmurei

o óbvio ao parar ao lado da sua cama e cruzar os braços. Eu estava


de jaleco e com meu estetoscópio. — Me deixe examiná-la.

Ren acenou e eu escutei seu coração. Estava forte.


— Respire fundo e solte devagar.

Ela fez tudo que pedi, e quando terminei, inclinei a cabeça.

— Você está ótima. Eu vou lhe dar alta. — Peguei meu tablet
e rabisquei minha assinatura. — Estou indo para casa. Vamos lá.

Serenity mordeu o lábio e suspirou, acenando. Quando eu a

ajudei a sair da cama, ela baixou o vestido que ainda usava. Suas
coxas ficaram visíveis por alguns segundos, mas foi o suficiente

para eu ter a necessidade de tocá-la.

— Devon, esse hospital é caro. Quanto eu devo? — Ren

retorceu suas mãos no colo enquanto entrávamos no elevador.

— Nada. Eu quitei tudo, não se preocupe.

— Mas... — Ela abriu a boca para reclamar, mas eu toquei

sua coluna delicada.

— Não me contrarie, Serenity.

Sua garganta subiu e desceu. Assim que saímos no


estacionamento, eu a guiei até meu carro. Ao ver Ren passar as

mãos nas coxas, liguei o ar quente. Estava frio atualmente em

Solwe.

— Tome café da manhã comigo — murmurei ao entrar no

trânsito. — Eu prometo que não vai ter abacaxi. — Encarei-a e


pisquei rapidamente.

— Claro.

Quase quinze minutos depois estacionei dentro do meu

prédio. Meu apartamento era no último andar. Ren evitou me

encarar enquanto estávamos de frente um para o outro no cubículo


de ferro.

Assim que entramos em minha casa, ela arregalou os olhos.

Seus dedos finos tocaram em alguns móveis e ela sorriu ao ver a


enorme. Eu amava assistir a jogos ali.

— Seu apartamento é lindo.

Eu concordava. Ele era grande e tinha móveis pretos e cinza.

Era um pouco impessoal, mas fazia o meu estilo.

— Obrigado. Venha cá. — Ao estender a mão para ela, seus

dedos tomaram os meus. Levei Ren para a cozinha e encontrei Sisi.

Ela era minha ajudante e cozinheira em tempo integral. — Bom dia,


Sisi. Esta é a Ren.

Serenity sorriu para a mulher que tinha minha idade. As duas


se cumprimentaram.

— O café da manhã está servido na varanda. — Ela sorriu e

eu agradeci.
Estava frio demais para deixar a varanda aberta, por isso Sisi

deixava meu café o mais próximo da rua, sem estar realmente no


relento.

— Gostei dela — Ren murmurou ao se sentar enquanto eu


fazia o mesmo.

— Ela é uma boa pessoa.

Ren se serviu de café e logo comeu uma panqueca, e eu

optei por ovos e bacon. Fizemos a refeição em silêncio.

— O dinheiro que você precisa é para a faculdade, certo? —

questionei assim que finalizei.

Ren engoliu em seco, mas acenou.

— Eu quero pagar a sua faculdade. Toda. — Minhas

palavras a fizeram arregalar os olhos. — Eu vou dar um


apartamento a você e um carro.

— O que... — Ela não conseguia formular uma palavra.

— Tudo que quiser.

— E o que você quer em troca? — Nervosa, Ren piscou e


me encarou, respirando fundo.

Você. Completamente.
— Eu quero tocar em você, levá-la para sair, satisfazê-la. E

eu quero que saia exclusivamente comigo. — Minha resposta a fez

arregalar os olhos novamente. — Não precisa responder agora.

— Devon...

— Eu vou deixá-la no seu dormitório e esperarei por uma


resposta sua por dois dias. — Peguei a caneca de café e tomei um

longo gole. — Depois disso, minha oferta não estará mais de pé.

Serenity empurrou uma mecha do cabelo para trás da orelha


e colocou as mãos na barriga. Seu olhar estava em qualquer lugar,

menos em mim.

— Eu sou virgem.

Meu pau fez uma pequena festa com essa informação. Não

que eu fosse dizer isso a Ren. Nunca tirei a virgindade de uma


mulher, mas desejei fazer. Com ela.

— Não vou agradar você em nada, e não sou... prostituta.

A palavra caiu dos seus lábios com asco.

— Eu seria o seu sugar daddy. Não é isso que aquele site


prega? — perguntei suavemente e ela me olhou. — Você seria

minha sugar baby. É um acordo fácil se ambas as partes sabem o

que querem.
— Mas lá não tem sexo envolvido...

Não, não tinha.

— Realmente não tem, mas eu quero transar com você,

Serenity. — Passei a mão em minha barba. — Eu penso nisso


desde o segundo em que a peguei no seu dormitório.

Suas bochechas e colo ficaram vermelhos. Me perguntei se


o ardor alcançava seus seios.

— Eu não sei. Não vou agradar você, sou inexperiente.

Me ergui e estendi a mão para ela. Ren a aceitou vacilante,

então eu a guiei até o espelho. Ren ergueu o olhar e encontrou meu

rosto pelo espelho. Deslizei minhas mãos por seus ombros e vi pelo
espelho seus mamilos ficarem rígidos sob o tecido grosso. Afastei o

seu cabelo castanho e me inclinei para sentir o cheiro dela. Ren

estremeceu enquanto a baunilha e rosas enchiam minha mente.

— Eu poderia gozar só de ver você nua, garotinha.

Ela arquejou quando deslizei minhas mãos por seus braços e


rocei seu mamilo. Sem perceber, ela empurrou a bunda contra mim.

Meu pau estava duro e babando por ela.

— Você quer que eu prove? — questionei lentamente,


enquanto Ren mantinha seus olhos em mim pelo espelho.
Suas pupilas estavam dilatadas e sua boca entreaberta. Os
seios pesados contra o vestido me chamavam, mas eu me controlei.

— Co-como?

— Não vou foder você hoje. Mas eu quero tocar em você.

Ren lambeu os lábios e acenou devagar.

— Agora, você pode me chamar de daddy.


— Daddy.

Assim que a palavra deslizou pelos meus lábios, eu vi os

olhos azuis de Devon escurecerem. Suas mãos seguraram minha


cintura e ele deslizou uma mão até quase tocar em meu seio.

— Você fez algo muito ruim, Serenity. — Ele estalou a língua


como se estivesse bravo comigo. Era a sua brincadeira. — E você

precisa ser castigada.

Minha boceta pulsou. Pelo visto, não era apenas ele que

gostava desse jogo.

— Mas, daddy... — comecei a praguejar, mas Devon

segurou meu pescoço.

— Suba seu vestido e me mostre sua boceta. — Seu pedido

foi feito estrangulado. Eu respirei fundo e levantei a barra devagar.


Quando a minha calcinha de renda branca apareceu, os olhos dele

ficaram presos no triângulo. — Afaste sua calcinha, Ren.

Eu afastei, sentindo meu colo, seios e bochechas pegarem

fogo. Minha boceta estava lisa e úmida. Eu havia me depilado há


três dias. Não gostava da sensação dos pelos.

— Jesus Cristo. — Devon gemeu e suas mãos trabalharam

no zíper do meu vestido. A parte superior era justa demais para


apenas baixar o tecido. O ar frio alcançou meus mamilos duros

assim que Devon abriu o vestido.

— Daddy.

— Segure sua boceta com uma mão e use os dedos da outra

para apertar seu mamilo.

Eu segui seus comandos com obediência. Meus dedos

ficaram molhados assim que pressionei contra minhas dobras. Torci

meu mamilo com meus dedos e deixei minha cabeça cair contra seu

peito com a sensação.

— Movimente seus dedos contra seu clitóris.

Eu o fiz e meus gemidos encheram o quarto. Devon me

ergueu suavemente e segurou minhas coxas, abrindo-as na frente

do espelho. Ele era grande, enquanto eu parecia uma boneca, leve.


— Jesus, eu posso quase sentir o quão apertada, quente e
molhada você é.

Ele gemeu e fincou os dedos em minhas coxas. Eu continuei

movimentando meus dedos contra meu mamilo e minha boceta. O

orgasmo era iminente.

— Me deixe provar. — Devon grunhiu. Tirei meus dedos do


meio das minhas coxas e os aproximei do seu rosto. Quando sua

boca capturou ambos, sua língua se agitou, me fazendo imaginá-las

contra minhas dobras. — Humm. — Ele gemeu, lambendo tudo.

— Daddy, por favor.

Devon soltou meus dedos e eu os levei para o lugar que


pulsava. Porém, antes que eu alcançasse o orgasmo, Devon fechou

minhas pernas. Eu gritei e ele suspirou.

— Em dois dias.

Eu odiei Devon Chanse naquele momento.

— Não acredito que você...

Ele me colocou no chão.

— Eu precisava provar algo a você. E provei. — Ele se

afastou. Arregalei os olhos ao ver a mancha escura em sua calça.


Ele havia gozado. — Você vai me satisfazer, Serenity. Disso eu não

tenho dúvidas.

— Eu... — comecei a falar, mas parei.

Sua proposta era incrível e boa, mas eu não queria algo


assim. Não queria ser sustentada por ele, ter uma casa e carro de
mão beijada. Eu queria trabalhar, queria conquistar minhas coisas.

— Dois dias — ele reafirmou.

Eu acenei, enquanto meu corpo esfriava.

Devon me deixou no dormitório, e pelo restante daquele dia,


minhas convicções se confrontaram com meus desejos. Eu queria

Devon desde que coloquei os olhos nele, mas a que custo?

Eu não sabia o que fazer.

Não havia ninguém no dormitório. Ninguém seria maluco o


suficiente para não passar o feriado prolongado com a família para
estar na faculdade. Apenas eu, então, eu fiz o que qualquer pessoa

solitária faria. Assisti a séries e filmes, pedi comida e dormi.

Devon não saía da minha mente, e quando meu celular


apitou com uma notificação do banco com uma transferência de
milhares de dólares, eu me encolhi. Ele havia me ajudado.

“Pode me encontrar para almoçarmos?”

Enviei a mensagem para o meu irmão e aguardei. Ele não

tinha falado comigo depois do dia em que veio aqui.

“Você conseguiu o dinheiro?”

Nossa, Brandon. Revirei os olhos.

“No Will.”

Evitei sua pergunta.

Me ergui mesmo com preguiça e juntei as embalagens de


comida. Limpei o apartamento, e quando finalizei a faxina, fui tomar

banho. Saí do banheiro com o cabelo limpo e o cansaço inexistente.

Escolhi uma calça jeans alta, um casaco grosso e uma blusa


de linho. Peguei minha bolsa e as botas. Assim que fiquei pronta,
peguei meu celular. Brandon havia me respondido apenas com um

o.k.

Às doze em ponto o Uber parou diante do Will. Era um


restaurante simples, e eu amava a comida. Imaginei Devon sentado

comigo ali e sorri. Eram tão diferentes, seria bom ver isso.
Deslizei em uma mesa e me sentei, pedindo batata frita em
seguida. Assim que ela chegou, eu a enfiei no molho cheddar e
comi devagar. Meu celular vibrou e eu abri uma mensagem de

Devon. Era uma imagem.

Ele estava em uma varanda de frente para o mar e havia


várias fatias de abacaxi em um prato bonito.

“Eu passo o abacaxi, mas queria a vista.”

Em Solwe não havia mar, apenas na cidade vizinha. Era lá


onde Devon estava?

“Você pode vir almoçar comigo.”

“Não posso. Já estou almoçando com uma pessoa.”

Eu cliquei em enviar assim que Brandon deslizou diante de


mim. Guardei o celular e olhei para o meu irmão. Seu cabelo

castanho estava despenteado e, seus olhos, vermelhos.

— Oi, bebê. — Ele sorriu.

Quase pude sentir o cheiro de álcool.

— Brand, nós podemos fazer um acordo? — pedi, me

sentindo medrosa.
Eu odiava tentar mudar a vida dele. Me sentia sem forças e
sem o que fazer. Já conversei com ele, já tentei outras vezes
interná-lo, mas nunca consegui.

— Claro, Ren-ren — ele brincou com meu nome enquanto

pegava minhas batatas.

— Eu vou pagar suas dívidas, mas em troca preciso que


decida se tratar.

O silêncio ecoou de nós dois, apenas o som da batata sendo

mordida podia ser ouvido.

— Eu sei que você acha que não precisa, mas, Brand, eu sei
que você consegue enxergar isso. — Segurei sua mão e respirei

fundo. — Por favor.

Meu irmão engoliu em seco e acenou devagar. Aliviada, eu

sorri e me ergui, pulando em seus braços. O nosso abraço foi forte,

minha felicidade era quase palpável.

— Você vai ver como tudo vai se resolver. Eu amo você e só

quero seu bem.

Brandon me abraçou com força.

— Eu também te amo, Ren.


Eu transferi o dinheiro da sua dívida e Brandon agradeceu.

Nós pedimos nossas comidas e começamos a comer assim que


chegaram. Quando terminamos, falei que o esperaria no dia

seguinte para irmos para a clínica.

— Estarei lá. — Ele se virou e andou para longe.

Suspirei aliviada e me sentei para chamar meu Uber. Assim

que destravei a tela, vi cinco mensagens do Devon.

“Bom almoço, então.”

“Aliás, você pode vir depois do almoço.”

“Ele vai durar o quê? Uma hora? Dá tempo.”

“Quando puder me responda, Serenity.”

“Quem é o cara, aliás?”

Eu abri a boca e voltei a fechá-la, sem reação. Ele estava

nervoso? As mensagens transpareciam isso. Digitei uma resposta

rápida e guardei o celular.

“Já acabou, mas não posso ir. Vou lavar roupas.”

Fui para casa. Mesmo que eu quisesse ver a sua resposta,

eu realmente iria lavar roupas, então me ocupei com sabão e

amaciante.
À noite, eu comecei assistir a um filme. Tirei uma foto e

enviei para Devon. Só aí que vi sua falta de resposta. Mordi meu

lábio.

“Vou assistir pela décima vez. Você gostaria dele.”

Na verdade, eu achava que ele não gostaria. Eu amava o


filme porque era uma comédia romântica. Adam Sandler e Jennifer

Aniston estavam incríveis ali.

“Eu assistiria, mas estou de plantão.”

“Bom trabalho.”

“Você tem vinte e quatro horas. Você sabe, certo?”

Eu mordi meu lábio. Droga.

“Sim.”

“Boa noite, Serenity.”

“Boa noite, Devon.”

Na manhã seguinte, eu saí para comprar um vestido para o


Ano Novo. Willow voltaria para passar a virada em uma festa na

fraternidade e eu iria com ela, querendo ou não. Então, deixei a

preguiça de lado e fui ao shopping.


Havia sobrado alguns dólares do dinheiro que Devon havia

me dado, então eu os usaria para pagar minha faculdade e o vestido


que compraria. Fui de loja em loja, e quando parei em uma onde

vestidos não valiam uma fortuna, ouvi alguém me chamar.

— Ren! — Me virei e vi Camille Chanse, parada com a Sam.

— Meu Deus, eu me odeio por deixar tudo para a última hora. — Ela

riu.

Eu a cumprimentei com um abraço.

— Como estão? — perguntei, sorrindo.

— Estamos ótimas. Você quer almoçar conosco? Nossa,

esse vestido é incrível. — Camille olhou para o vestido curto e com

as costas nuas. Ele era brilhante. Eu tinha uma sandália de salto


prata com brilhos. Eu achava que combinaria.

— Obrigada! É claro. Me deixe pagar e eu encontro vocês lá


fora.

Camille acenou e minutos depois estávamos andando em

direção ao restaurante que ela escolheu. Sam se mantinha quieta,


mexendo em um celular. Camille pediu comida para as duas e eu

pedi a minha.
Enquanto pensava se tinha dinheiro suficiente para pagar a

comida, Camille começou a falar sobre o jantar que daria e queria

que eu fosse. Ele aconteceria no dia seguinte.

— Convidei Devon, mas ele não confirmou nada.

— Vou falar com ele. — Evitei confirmar também. Eu não iria,


claro.

Devon e eu não éramos namorados. Isso era uma mentira de

Natal que ele inventou.

— Oh, olha ele — Camille murmurou.

Eu me virei, procurando Devon.

E era ele. Vestido com um terno muito bonito, ele puxava a

cadeira para uma mulher. Ela não era da minha idade, talvez, uns
trinta anos. Ela era muito bonita.

— Quem é a mulher com ele? — Camille questionou


enquanto eu sentia minha barriga esfriar.

Eu não sabia e não queria saber.

— Não sei — murmurei, me virando para encará-la. — Eu

preciso ir. — Peguei minha sacola, mas Camille segurou minha

mão.
— Ei, mas você não almoçou.

Era verdade. Voltei a me sentar.

— Vocês brigaram?

Não. Não brigamos. Ele só quer me sustentar e me ter para

si quando quisesse. Eu queria outra coisa. Algo que eu não sabia o

que era ainda.

— Não sei. — Optei por falar uma meia-verdade.

— Tudo bem. — Camille parou de falar pouco antes dos


nossos pratos chegarem.

Comi com pressa, querendo ir embora antes que ele nos


visse juntas. Quando Camille parou de falar sobre seu jantar, eu

respirei fundo e senti o cheiro de Devon.

— Serenity. Camille — ele murmurou, me fazendo


estremecer. Devon se moveu para o lado e me encarou, enquanto

se sentava. — Isso certamente é uma surpresa. — A acusação em

seus olhos me confundiu.

— Nos encontramos no shopping ao lado. Ren comprou um

vestido incrível para a virada do ano. Para onde vocês vão? —

Camille entrou na conversa.


— Eu vou passar com amigos na fraternidade. Devon... não
sei, talvez com a mulher ali — murmurei, acenando sutilmente para

a mesa atrás de mim.

Devon apertou a mandíbula. Eu levei mais uma garfada da

comida à boca e tomei um pouco do suco enquanto o silêncio se

estendia. Assim que acabei de comer, limpei meus lábios com o


guardanapo.

— Camille, obrigada por me convidar para almoçar.

— Foi um prazer.

Me ergui pedindo licença e olhei para Devon.

— Preciso ir. Tchau para vocês.

Andei para a saída depois de beijar Camille e dar tchau para


Sam. Os meus passos eram rápidos, eu quase corria para a saída

do restaurante. Minha calça e o casaco grande me aqueciam,


enquanto meus dedos eram castigados pelo frio, já que eu não

usava luvas.

Peguei meu celular e chamei um Uber. Lambi meus lábios e


aguardei.

— Continue andando.

A voz de Devon me fez pular.


— Você deixou sua amiga sozinha — eu o lembrei, mas ele
parecia não se importar.

Devon segurou meu braço e me levou até onde seu carro


estava. No meio do caminho plantei meus pés no chão e não me

movi um centímetro.

— Não vou a lugar algum com você.

— Você está com ciúme?

O quê? Óbvio que não!

— Você estava ontem. — Joguei em seu colo, mas ele


negou.

— Entre no carro, Serenity. Não faça uma cena.

A maneira como ele falou balançou meu peito. Uma cena. Eu

parecia uma menina irritada.

E eu era. Devon sabia disso.

Nós dois sabíamos.


Assim que me recuperei, tentei me soltar do seu aperto.

— Eu? Isso é você — retruquei, irritada.

Devon me ignorou e continuou me levando até seu carro.

Meu coração batia com força e eu suava na base da minha coluna.


Estava irritada por ele estar jantando com uma mulher, mas ele não
era nada meu. Nada. O que havia de errado comigo?

— Devon, eu não vou com você — murmurei assim que ele

me soltou.

Suas rugas finas se acentuaram com seu rosto retorcido. Eu


queria que ele me deixasse em paz, mas seu rosto parecia tão

confuso, que por um momento, Devon Chanse pareceu indefeso.

— Por quê?
— Você estava almoçando com outra pessoa segundos atrás

— falei depressa, chocada por ainda ter que explicar.

— E você almoçou com outro homem ontem. Você precisou

de mais dinheiro? O que houve?

Por um milésimo de segundo, passou pela minha mente lhe

dar um tapa. Me senti insultada. Porém, a sua pergunta era válida.

Eu saí com ele por dinheiro. Devon não estava errado ao pensar
que ontem eu poderia estar com outro homem, um do site.

— Eu estava com meu irmão, Devon — falei baixo e encarei


seus olhos verdes antes de desviar o rosto. — Eu não preciso de

mais dinheiro. Não quero seu dinheiro. Nunca quis.

Devon semicerrou os olhos e eu entendi que havia errado.


Não deveria ter falado nada a ele.

— Se não queria, por que estava naquele site? — Sua voz

soou estranha. Quase como se estivesse com raiva.

— Eu nunca quis isso, mas precisei — respondi rapidamente

e balancei a cabeça. — Eu preciso ir.

Devon me encarou em silêncio. Eu queria saber o que ele

estava pensando.

— Aceite minha proposta.


Jesus. Eu queria. Não pelo dinheiro, carro e tudo. Por ele.
Pela maneira como ele me fez sentir dias atrás. Eu o desejava. E

não era algo apenas carnal.

— Várias meninas aceitariam seu acordo — argumentei,

engolindo em seco. — Mas eu não sou uma delas.

— Você não quer. — Devon acenou, passando a mão na


barba.

Senti minha barriga esfriar.

— Quero — respondi rápido demais. Ele ergueu o rosto

franzido, me fazendo engolir em seco mais uma vez. — Mas não

posso fazer isso. Não quero seu dinheiro.

Devon fechou os olhos e ergueu a cabeça, encarando o céu.

Sua garganta subiu e desceu. Me imaginei beijando seu pomo de

adão, lambendo até seu ouvido. De maneira quase imperceptível,

minha respiração acelerou.

— Entre no carro. Eu a deixo em casa.

A maneira como ele falou me fez dar um passo em sua

direção. Porém, um carro parou perto de nós.

Era o Uber.

Me virei para Devon e suspirei.


— Eu vou de Uber.

Ele apertou sua mandíbula e balançou a cabeça.

— Faça o que achar melhor.

Então se virou e entrou em seu carro. Eu fiz o mesmo, e


quando olhei pelo vidro, eu o vi me encarando e apertando o

volante. Eu me odiei por não ter ido com ele.

Duas horas depois, Willow entrou pela porta carregando


duas malas. Eu sorri e a abracei apertado.

— Nossa, vejo que teve gente com saudade. — Ela riu, me

apertando novamente. — Me conta tudo do Natal!

Willow já sabia mais ou menos o que havia acontecido entre

mim e Devon, porque eu respondi suas dezenas de mensagens


sobre o assunto. Porém, não me alonguei e nem lhe dei detalhes.

Por isso, peguei sorvete para a gente antes de nos sentarmos à


mesa.

Contei tudo para a minha amiga e colega de apartamento.


Do jantar com a família louca do Devon até a sua proposta,

passando pela minha crise alérgica.


— E você não quis por que diabos? — Willow berrou assim

que murmurei sobre carro, faculdade e apartamento.

— Low, não é certo...

Willow respirou fundo e pegou minhas mãos. As duas peles


eram um contraste gritante. A minha limpa e, a dela, cheia de
rabiscos. Encarei seu rosto e suspirei, olhando para seus lindos

olhos azuis.

— Não é errado quando ambas as partes estão de acordo.


Me desculpa, Ren, mas você não tem dinheiro para bancar essa

faculdade até o final. Viemos nos arrastando depois que perdeu o


emprego. — Minha amiga semicerrou os olhos e inclinou a cabeça.
— Devon gostou de você. Vocês se deram bem, certo?

Acenei devagar.

— Apenas defina seus limites. — Willow sorriu. — Deixe

claro que você não é propriedade dele e nunca vai ser. Isso é
importante. Fale que tem amigos homens, mesmo não tendo diga
que tem. Que sai com suas amigas, você não sai, mas diga que sai.

— Basicamente, eu vou mentir em tudo. — Sorri, tentando

aliviar o clima.
— Relações sugar daddy e sugar baby podem terminar de
maneiras distorcidas. Não vou deixar você passar por isso, então,
siga meu conselho.

— Mas e se eu... — Parei de falar, com medo. Willow ia me

achar uma louca.

— E se você o quê? — Minha amiga empurrou a questão,


me encarando com firmeza.

— E se eu me apaixonar por ele? — Minha voz soou baixa,


estranha. Como se não fosse eu que tivesse falado.

Willow me encarou com os lábios abertos. Eu nunca a tinha

visto tão chocada.

— Você acha que isso seria possível? — Sua pergunta soou

calma.

— Sim. Eu o vi hoje almoçando com uma mulher e fiquei


com ciúme.

Willow fechou os olhos e respirou fundo. Eu sabia que ele


havia odiado isso.

— Eles não querem isso, Ren. — Suas palavras me

cortaram. — Eles querem nos exibir, se divertir e até sexo, mas não
querem um relacionamento conosco. Somos jovens e imaturas para
eles. E eles não estão errados.

Imaginar que Devon devia me achar imatura para ele doía.


Eu sabia que ele era bem mais velho, mas eu não era imatura.

Certo? A lembrança da gente de horas antes voltou.

Não faça uma cena.

— Eu sei que você acha que não é imatura. — Willow sorriu.


— Mas somos. Nós queremos viver aventuras, enquanto eles estão

em um estágio da vida que só querem lazer.

Eu não sabia por quê, mas ouvir isso de Low me deixou


desanimada. Eu poderia tentar um lance apenas pelo dinheiro e

pela companhia do Devon, mas e se no final saísse machucada?

— Eu não sei se quero arriscar.

Willow acenou e me puxou para perto dela. Apoiei minha

cabeça em seu ombro e suspirei. Os olhos de Devon apareceram


assim que fechei os meus. Ele estava me encarando pelo espelho

enquanto tocava entre minhas pernas. A lembrança vívida me fez

abrir minhas pálpebras.

— Então, não arrisque.


— Eu tenho apenas hoje para fazer sua cirurgia, ou vamos

ter que remanejar para a segunda quinzena de janeiro, já que não


quer que ninguém além de mim faça sua operação. — Folheei os

exames de Jackson enquanto falava para ele o óbvio.

Jackson havia sofrido um infarto aos vinte e cinco anos. Ele


tinha pavor de hospitais, fazer uma cirurgia era algo impensável. Eu

estava tentando convencê-lo há dois dias, e falhando

miseravelmente.

— Por mim, tudo bem. — Ele acenou depressa.

Puxei uma cadeira e me sentei, apoiando meu tornozelo


sobre o outro. Jackson olhou entre mim e sua esposa, que estava

quieta há vários minutos.

— Você vai infartar novamente. É questão de tempo. O que

estou propondo é sua única chance. — Encarei seu rosto. Ele

engoliu em seco e sua esposa segurou sua mão e a apertou. — Não

queremos que a pequena Alice não conheça o pai dela, certo?


E pronto. Seus olhos começaram a lacrimejar e ele acenou

com força.

— Sábia decisão. Vamos lá.

O pessoal começou a se mexer, então levaram Jackson para

o centro cirúrgico. Quando entrei, ele já estava sedado. Andra


acenou para mim e eu a cumprimentei rapidamente.

— Como foi seu Natal? — Sua pergunta soou assim que

comecei o procedimento em Jackson.

— Caótico, como sempre — respondi rápido e ela riu. — E o

seu?

Durante todo o tempo, Andra falou sobre seus sobrinhos e o

quanto eles gostaram dos presentes que ganharam. Assim que

terminei, passei no quarto de Jackson e falei para a esposa que ele


logo estaria com ela.

— Você poderia pelo menos bater — grunhi assim que vi


Daniel entrar. Ele era o chefe de cirurgia do hospital e um dos meus

melhores amigos. Na verdade, o único.

— E você poderia responder as minhas mensagens.

Culpado. Eu estava evitando encarar a porcaria desde

ontem, depois que deixei Serenity ir embora sozinha. Eu não era de


forçar ninguém a fazer nada, mas naquele momento eu quis dobrá-

la sobre meu joelho e estapear sua bunda até ficar tão vermelha
quanto um tomate.

— O que quer? — Empurrei os papéis que estava assinando


e ergui a cabeça.

— Que horas você vai? — Daniel questionou, me fazendo

semicerrar os olhos.

— Vai aonde?

— Noivado da Sanderson. O que você está tomando? —

Daniel franziu as sobrancelhas. — É mulher. — O homem moreno

sorriu largamente. — Não acredito que depois dos quarenta Devon

Chanse está gamado em alguém.

— Você me faz parecer um monge — murmurei, insultado.

— É quase isso. — Dan deu de ombros. — Depois que Riley

te deixou, você esqueceu de como viver.

Depois de falar, ele percebeu. Não tocava no nome da Riley.


Nunca.

— Eu vou às vinte horas.

— Mas começa às dezoito.


— Que pena.

Daniel se ergueu da cadeira confortável que era destinada

aos meus pacientes. Em dois passos, ele chegou à porta. Porém,


quando comecei a agradecer sua partida, ele se virou.

— Diga a ela que eu a amo.

— O que diabos... — comecei a resmungar e ele sorriu.

— A mulher que virou sua mente.

A porta bateu quando Dan saiu, me deixando irritado.

À noite, eu entrei no restaurante simples que a noiva de

Sanderson amava. Ele dizia isso todas as vezes que tiravam sarro

da escolha de local. Avistei Daniel assim que passei pela porta. Me

dirigi a ele, que me cumprimentou assim que parei ao seu lado.

— Não seja um babaca rico aqui. — Ele olhou ao redor,

então olhei para a minha roupa.

Eu estava de terno, enquanto todos eles estavam de calça

jeans e camisa de algodão.

— Ninguém me avisou que era para vir como um moleque

desleixado.

— Ei! — Dan me fulminou e eu dei de ombros.


Cumprimentei Sanderson e a esposa, entregando meu

presente de noivado. Ele era um dos residentes de San José. Um


dos melhores, como eu e Dan o chamávamos.

— Vou pegar uma bebida — avisei a Daniel assim que

começaram a fazer pedidos.

Ele acenou e eu andei para o bar. Porém, quando me

aproximei mais, vi uma menina pequena e de cabelo escuro


avermelhado. Ren.

Eu mudei a rota e me encaminhei até ela. Antes que eu

chegasse, um cara se sentou diante dela. Ele era loiro e tinha olhos
escuros. Quem era?

Ren o encarou enquanto ele falava freneticamente. Ela


limpou o rosto e eu percebi que ela chorava. O que diabos estava

acontecendo? Serenity fungou e começou a falar enquanto seus

ombros tremiam.

O desgraçado a olhava com desespero. Quase como um

namorado que havia sido pego e pedia perdão. Eu estava furioso e

nem sabia o que diabos estava acontecendo.

Tentei me impedir de ir até lá, mas quando vi já estava diante

dos dois.
— Devon! — Ren gritou, arregalando os olhos.

— Serenity — murmurei, encarando os olhos do idiota.

— E aí, cara. — Ele ergueu o queixo, já levantando-se. — Te

vejo depois, Ren.

Então saiu em disparada para fora.

— Quem é esse cara? — perguntei, voltando a encarar Ren.

Ela estava com os olhos presos às mãos. Com alguns

segundos, fechou as pálpebras. Ela parecia cansada. Eu desejei

levá-la para casa, alimentá-la e a deixar dormir por horas.

— O que está fazendo aqui? — Ren perguntou, evitando

minha questão.

— Quem é o homem que estava aqui?

Serenity suspirou e se ergueu. Ela jogou notas na mesa e

pegou sua bolsa.

— Eu não sou sua propriedade. Nunca vou ser.


Devon ergueu as sobrancelhas grossas e loiras. Eu odiava
quando sentia prazer com suas perguntas intrometidas.

Brandon havia acabado de me destruir com pequenas


palavras.

Eu não posso ir, Ren. Eu preciso pagar outra dívida. Mais


dinheiro. Eu preciso de você.

Devon não merecia minhas mentiras.

Brandon não deveria me fazer mentir.

Eu precisei de dinheiro para o meu irmão pagar sua dívida

com drogas. Óbvio que também quis para as minhas contas, mas se
fossem só elas, eu nunca teria entrado naquele site.

— Você acha que eu quero você por isso? — Suas palavras

me seguiram enquanto eu saía do restaurante para caminhar.


Era perto do meu dormitório e eu gostava de andar.

— Eu acho que não devemos nos ver de novo — grunhi

rapidamente e funguei. Limpei minhas bochechas molhadas e gritei

quando senti um puxão.

— Eu não acho — Devon sussurrou contra minha boca

enquanto estávamos parados na calçada. Um parque ficava ao

nosso lado. Grande, bonito e mergulhado na escuridão. — Eu acho


que a gente quer tanto isso que machuca só falar que não quer.

Meu coração martelou enquanto eu segurava seus braços.


Ele estava de terno, parecendo tão perfeito como em todas as vezes

que olhei para ele.

— Eu tenho idade para ser sua filha.

— Uau! Você percebeu isso hoje?

Enquanto falava, eu fiquei presa aos seus lábios. Eles eram

cheios, bem desenhados e, por segundos infinitos, eu me questionei


se eram macios. Se Devon seria exigente como quando me tocou,

se ele iria querer me devorar como seus olhos faziam.

— Eu quero que seja minha. E não como um carro, mas

como uma pessoa com quem eu posso ser eu mesmo, uma pessoa

em que confio e que tira a porra do meu ar só com um olhar.


Minha boca secou. Devon a encarou e eu sabia que ele me
beijaria. Eu o pararia?

Nem se eu pudesse.

— Aceite nosso acordo.

Sua voz estava bêbada de desejo. Eu engoli em seco, lambi


meus lábios e suspirei.

— Seremos exclusivos? — As palavras rolaram.

Devon sorriu de lado e se inclinou, cheirando meu pescoço.

Ele mordeu meu ombro e eu estremeci. Fiquei com meus olhos

presos aos dele enquanto suas mãos agarravam minha cintura e


seus dedos fincaram na carne, me fazendo suspirar.

— Você acha que eu deixaria alguém tocar em você?

Não, ele não deixaria. Eu sabia e sentia em cada célula do

meu corpo.

Devon Chanse não dividia.

— Não.

Devon acenou, apreciando que eu soubesse o óbvio.

Ele enfiou a mão em meu cabelo e eu me arqueei,

encarando-o com expectativa. Meu estômago estava frio, minhas


mãos suavam e eu queria esse beijo como o ar que enchia meus

pulmões. Quando sua boca pousou na minha e sua mão apertou


meus fios, eu gemi. Foi involuntário. Ele capturou meu lábio inferior

e mordeu lentamente para chupar em seguida. Eu subi minhas


mãos para o seu pescoço assim que ele aprofundou o beijo.

Eu fui ao céu e voltei com o toque da sua língua na minha.

O beijo, antes calmo, passou a ser exigente, esfomeado e


punitivo. Eu gemi e Devon engoliu meus murmúrios de prazer.

Quando nossos pulmões gritaram por ar, nós nos afastamos.

— Minha casa. — Suas palavras saíram rápidas.

Mesmo que eu quisesse, meu corpo sedento pelo seu toque

não me permitiria contrariá-lo. Então voltamos para o


estacionamento. Eu segurava sua mão com força enquanto suas

pernas longas me faziam correr e rir ao mesmo tempo.

— Você precisa andar mais devagar — resmunguei assim

que chegamos ao seu carro. Eu estava cansada.

— Não posso ir devagar quando o assunto é você, Serenity.

Meu ventre se apertou com a promessa em suas palavras.


Devon abriu minha porta, e depois de me deixar sentada, deu a
volta. Ele, com certeza, infringiu várias regras de trânsito até

chegarmos à sua casa.

Ele me puxou contra si assim que entramos no elevador. Seu


peito largo me deu a sensação de lar e segurança, como nada no

mundo foi capaz.

— Eu preciso estar dentro de você. — Seu gemido rouco me

fez estremecer.

— Por favor — gemi, trêmula.

A porta se abriu e nós entramos em seu apartamento.


Quando Devon me segurou pela bunda, eu me apoiei em seus
ombros e beijei seu pescoço. O pomo de adão que eu tanto desejei,

acabei lambendo. E isso fez com que seus dedos fincassem em


minha bunda.

— Eu preciso desembrulhar meu presente de Natal.

— O Natal já passou — falei, respirando com dificuldade.

Devon me colocou sobre a cama e se inclinou para beijar a


minha barriga. Eu estava com um vestido florido, lindo e bem curto.

Devon subiu o tecido e minha calcinha de renda ficou visível.


Estremeci com seu hálito quente contra minha pele. Ele terminou de
subir o tecido e beijou meu umbigo. Suspirei quando sua língua
rodopiou ali. Meus peitos doíam, querendo atenção.

— Passou, mas eu não abri meu presente. Alguém me deu,


mas não pude desembrulhar aquela noite.

Jesus Cristo.

Eu me sentia como um presente, realmente.

Devon passou os dedos pelos meus mamilos e eles ficaram


duros sob o tecido do vestido. Eu estava sem sutiã. Era um erro.

Eles eram sensíveis demais.

— Abra suas coxas.

Eu engoli minha vergonha e fiz o que ele pediu. Sua mão

esquerda desceu enquanto a outra sustentava seu peso na cama


para ele brincar com meu mamilo. Sua boca desceu e, por cima do

tecido, seus lábios puxaram a carne dura.

Assim que sua mão pousou sobre o monte inchado da minha


boceta, respirei profundamente. Não consegui impedir o grito
quando Devon beliscou meu clitóris.

— Devon!

— Não, garotinha. Não é assim que me chama aqui.


Daddy.

Eu não sabia explicar o fetiche nessa posição, mas eu

gostava. Nós dois gostávamos e era isso que importava.

— Daddy — resmunguei, baixinho, antes de sua boca voltar


ao meu mamilo.

Sua mão afastou minha calcinha e seus dedos brincaram, se

revezando ao entrar em mim. Eu estava molhada e pronta para


Devon, mas ele queria me levar à loucura.

— Você é tão perfeita.

Devon se mexeu e eu suspirei quando o vi com a cabeça

entre minhas pernas. Toquei minha barriga quando suas mãos

grandes empurraram minhas coxas.

— Daddy.

Devon sorriu e lambeu minha boceta. Impiedoso, ele movia


sua língua lentamente. Os gemidos dele vibraram contra minhas

dobras. Suas mãos puxaram a calcinha e ele a tirou rapidamente.

Quando fui abrir minhas coxas mais uma vez, ele me virou.

— Se apoie em seus joelhos e peitos no colchão.

Sua ordem era clara, mas levei um tempo para entender. No


entanto, Devon bateu em minha bunda. Eu gritei, chocada, mas
minha boceta pulsou.

— Rápido, Ren. Ou você quer mais tapas?

Eu queria. E isso me surpreendeu. Devon gostava de bater?


Bem, eu gostava de receber tapas. Isso estava me fazendo ficar

molhada. Porém, fiz o que ele mandou. Assim que me posicionei,

Devon massageou onde tinha batido. Sua mão enorme tomava a

minha nádega e a apertava.

— Sua boceta gostou disso, eu vejo.

Minhas bochechas coraram, porque ele estava certo.

— Não sei se ensino você a chupar meu pau agora ou

depois. — Gotejava necessidade de sua voz.

— Eu sei...

O silêncio que seguiu isso foi desconfortável.

— Você disse que era virgem. — A voz dele estava sombria.

— Sim, virgem, não completamente inexperiente.

— Eu não gosto disso.

Eu sabia e adorava o ciúme dele.

— Você quer que eu tente? — murmurei, porém Devon


voltou à minha boceta. Ele mordeu meus lábios grandes e os
pequenos, e chupou meu clitóris antes de sua língua entrar em

minha boceta. — Daddy!

— Monte meu rosto, Ren. — Ele se deitou assim que falou.

Eu o encarei debaixo de mim e acenei. Me empurrei para

trás, me sentando sobre sua boca. Me apoiei na cama enquanto


Devon apertava minhas coxas.

— Toque em seus peitos.

Eu pesei o seio em minha mão e agarrei os mamilos. Devon

me fez gritar e, por um segundo, soltei meus peitos. E então ganhei

um novo tapa. Mais forte. De alguma maneira, eu sabia que não era
por eu ter soltado meus seios. Era pelo boquete que eu já sabia dar.

— Toque seus peitos.

Eu o encarei e acenei novamente. Segurei meus seios e me

toquei com mais afinco. Quando estava gozando, ele grunhiu. Eu

gritei e soltei meus seios. Novamente, ele me bateu. Eu gritei e


gozei mais uma vez.

— Você quer me punir, daddy? — perguntei assim que ele se


afastou e me sentou na cama. — Por ter chupado um homem antes

de você?
Devon apertou a mandíbula. Ele estava enfurecido. E era

bom vê-lo assim.

— Sente-se — pedi, me erguendo. Ele semicerrou os olhos,

mas fez como pedi, então me deitei de bruços em seu colo,


empinando a minha bunda. — Faça.

Devon não desperdiçou a oportunidade. Ele me deu tapas

nas duas nádegas. Sua força, o ardor e a pancada nova me faziam


gemer, com lágrimas nos olhos. Quando percebi, um líquido descia

pela minha perna.

— Me monte.

A voz de Devon era grossa, ruidosa. Eu fiz o que ele mandou

enquanto enxugava meus olhos. Me sentei em suas coxas e puxei


seu cinto. Quando a calça desceu com a cueca, engoli em seco ao

ver seu cumprimento.

Devon pegou uma camisinha e a colocou rapidamente.

— Me monte, Serenity.

— Mas eu...

Parei de falar com seu olhar. Ergui meu quadril e coloquei


seu pau na minha entrada. Devon se deitou e me observou

empurrar meus quadris para baixo. A dor me fez ranger os dentes,


porém, ela multiplicou quando Devon segurou meus quadris e me

puxou mais ainda para baixo.

— Dev — murmurei, chorando.

Ele segurou meu rosto e limpou minhas lágrimas com seus

dedos antes de beijar meus lábios.

— Relaxe. — Ele brincou com meus mamilos enquanto

apertava meu cabelo. A dor nos mamilos e no cabelo me dispersou

da dor inundante da minha virgindade. — Isso mesmo, Ren, mexa


seus quadris. Me monte. Eu sou seu.

Ele era meu. Me apoiei em seu peito e rebolei em seu colo, a


ardência continuou, mas o prazer também apareceu. Ele era ameno,

mas estava ali. Meu ventre tremeu, e quando Devon puxou meu

mamilo para a sua boca, eu suspirei, chorando e gemendo. Gozei

com força e ele me acompanhou, gemendo e me marcando com


seus dedos.

— Isso, Ren, você é perfeita.

Caí em seu peito enquanto ele brincava com meu cabelo.

Ergui meu rosto e ele me beijou.

— Vou ficar muito dolorida?

Devon acenou com pesar.


— Infelizmente. Vou lhe dar medicamentos para dor.

Eu acenei e me aconcheguei em seu peito mais uma vez. Eu

já estava cansada, e depois do sexo alucinante, estava ainda mais.

Então, quando adormeci, não foi uma surpresa.

Acordei no meio da noite sem saber onde estava. Levei

alguns segundos até me lembrar de Devon. E só precisei fazer um

mínimo movimento para me lembrar que eu havia perdido a


virgindade. Me sentei e vi comprimidos na mesinha, com um copo

de água. Tomei ambos rapidamente.

Me ergui e fui ao banheiro, quando terminei de me limpar, saí


do quarto. Ainda era madrugada, percebi pelas janelas do

apartamento. Desci a escada e entrei na sala impessoal. Não havia

fotos de ninguém, nem dele ou da sua família.

Ter pais como aqueles não devia ser fácil, constatei

tristemente. Meus pais amavam a mim e Brandon de todo coração.

Nunca sentimos algo diferente do que amor e cuidado. Talvez, por


isso, Brand tenha se perdido no mundo. A dor da morte dos nossos

pais foi horrível e nós lidamos cada um da sua maneira.


Enquanto eu recebia tanto carinho, Devon recebia apenas
um narcisismo extremo. Me senti mal por ele. Queria que ele tivesse

tido o mesmo que eu.

Ouvi passos e me virei, franzindo as sobrancelhas ao ver a

porta principal se abrir. Abracei meu próprio corpo com força. Eu

vestia apenas a blusa de Devon, que estava caída no chão ao lado


da cama.

Assim que ele apareceu na porta, eu me senti inquieta e

confusa. Onde ele estava?

— Ren, eu pensei que estivesse dormindo. — Ele passou as

mãos no rosto, parecendo cansado. Eu me aproximei e ele me


agarrou. — Um paciente teve um novo infarto. Tive que ir ao

hospital.

Meu peito apertou por ele. Ele saiu no meio da noite por

causa de um paciente. Isso era comum?

— Ele tem sorte por ser cuidado por você — murmurei com
seriedade.

Devon sorriu e me colocou no colo. Agarrei seus ombros e

circulei sua cintura com minhas pernas.


— Desculpe por deixar você. — Devon beijou meu pescoço e
eu o abracei.

— Eu fiquei a salvo.

Devon sorriu novamente e me levou para a cama. Eu nunca

imaginei que dormiria tão bem na cama dele.


Eu acordei antes de Ren. Observei-a dormindo por quase
dez minutos, até perceber que isso era muito estranho. Decidi tomar
banho, e assim que a água quente tocou meus ombros, eu me
inclinei contra a parede.

Os gemidos de Ren ecoaram em minha mente tão claros

quanto a noite de ontem. Nunca pensei que nos daríamos tão bem
na cama, mas nos dávamos. Era incrível e, nossa, ela havia
acabado de perder a virgindade. Imagina daqui um ou dois anos?

Meu corpo ficou rígido com o pensamento. Ela ainda estaria


aqui depois de todo esse tempo? Eu queria que ela ficasse?

Eu precisava conversar com Ren. Queria cuidar dela, era

completamente errado pensar em não a ter para mim. Não como a


porra de uma propriedade. Não era sobre isso, era sobre eu saber
que ela me queria. Que eu poderia aparecer na sua porta e ela não

me mandaria embora.

Eu queria essa segurança, e se ela precisava de dinheiro e

eu tinha o bastante, por que não?

— Bom dia! — Ren estava sentada na cama assim que saí

do banheiro. Minha camisa era enorme nela, mas eu gostava.

Dentro daquele tecido, ela ficava mais linda do que em um vestido


caro.

— Bom dia! — Sorri e me aproximei, segurando o seu rosto


em seguida.

Eu ainda estava meio molhado, mas ela não se afastou, pelo

contrário, se inclinou para mim como se gostasse. Com seus olhos


escuros me encarando, eu beijei seus lábios.

— Tome banho. Vou fazer nosso café.

— O.k. Sem abacaxi. — Ela sorriu e me lembrou.

Acenei e acabei rindo. Desci a escada e peguei meu celular,

checando meus horários. Eu tinha duas cirurgias naquele dia e

alguns orçamentos para fazer. Eu levaria Ren para a casa e iria

trabalhar.
Fiz nosso café e preparei ovos e bacon. Tinha sobrado
massa de panquecas, então fiz algumas para nós dois. Estava

terminando de colocar tudo na mesa quando senti mãos tocarem

meu peito, me abraçando por trás. Ren beijou minha coluna e eu me

virei.

Ver seus olhos castanhos brilhando, me fez tocar seu rosto

com ambas as mãos. Me inclinei e beijei seus lábios.

— Está se sentindo bem? — murmurei ao me afastar.

— A dor cessou. — Suas bochechas coraram.

— Posso brincar com você — segurei sua cintura fina —,

mas sem penetração. Você precisa descansar.

Seus olhos se arregalaram e sua boca formou um “o”

perfeito. Segurei seu queixo e sorri.

— O.k. — Seu sorriso apareceu antes de engolir em seco.

Subi Ren e a deitei no balcão. Seu rosto era uma mistura de


vergonha com ansiedade. Eu estava enfeitiçado pela garota. Subi a

saia do seu vestido e sua calcinha apareceu. Ren respirou fundo

enquanto eu afastava suas coxas e deslizava a mão, apertando com

firmeza. Puxei o fio de renda e ele saiu pelas suas pernas.

— Daddy.
Eu juro que meu pau saltava cada vez que ela me chamava

assim. Me sentia possessivo com ela, eu a queria comigo a cada


maldita hora enquanto fodia sua boceta. Sedento, ciumento e louco.

Afastei suas coxas e sua boceta apareceu. Ela estava lisa,


sem pelos, e brilhava com excitação. Toquei seus lábios maiores e

depois os menores. Ela estava mais vermelha que o normal, devido


ao sexo da noite passada.

— Toque seu clitóris. — Minha voz saiu rouca.

Ren engoliu em seco. Sua mão derivou para baixo, e eu vi o


contraste da sua boceta e dedos finos, com unhas longas pintadas

com esmalte rosa. Ela começou a se movimentar e eu apreciei a


vista, tirando meu pau da calça de moletom. Bombeei meu

cumprimento enquanto, devagar, Ren se tocava.

— Eu prefiro você fazendo isso, Dev.

Eu não sabia o que me enlouquecia mais. Daddy ou Dev.

Mas não importava. Serenity era a única coisa que tinha o poder de
me enlouquecer. A sua voz era baixa e gotejava necessidade.

— Continue.

Ela acenou e eu me abaixei. Puxei sua bunda para a borda e


apoiei suas coxas em meus ombros. Ren arquejou quando sacudi
minha língua em seu canal apertado. Sua boceta era apertada e

sensível. Eu chupei seus lábios e mordi devagar, apreciando o


sabor.

— Deliciosa, Ren. Sua boceta parece um pote de mel.

Ela gemeu, e quando gritou eu soube que estava gozando.


Diminuí meus movimentos e beijei sua boceta em despedida, mas

não consegui me afastar. Recomecei a beijá-la, mas dedos finos


cobriram, me privando do prazer.

— Daddy, está sensível — Ren avisou, sem fôlego.

Beijei seus dedos, me ergui e segurei meu pau. Queria fodê-


la, mas estava preocupado com sua dor.

— Vem — Ren chamou, abrindo as coxas e me puxando

pela bunda. — Me foda, daddy. Eu estou bem.

Nem se eu quisesse poderia negar.

Devagar, eu entrei em sua boceta. O aperto era como a

morte e a vida ao mesmo tempo. Ren ofegou assim que a puxei


para se sentar. Queria seus seios nus, balançando para mim

enquanto eu a fodia.

— Me deixe ver seus seios.


Ren acenou, puxando o vestido para fora. Seus peitos
saltaram e eu a fodi mais rápido.

— Está doendo? — perguntei, sem fôlego, assim que ela se


deitou novamente.

— Um pouco, mas é bom.

Suas palavras fizeram um sentimento intenso crescer em


mim. Continuei a fodendo, vendo seus seios pulando e sua boceta

me sugando tão bem. Me inclinei e mordi sua barriga, segurando


seus quadris com força. Ren gritou quando pressionei meu dedão

em seu botão rosa e me apertou, gozando e me levando junto.

— Porra, a camisinha — falei e ela ficou rígida.

— Eu não tomo nada, Devon. — Sua voz ficou em alerta.

— Você quer começar a tomar? — Eu encarei seus olhos

preocupados. — Podemos usar camisinha todas as vezes, mas


pode acontecer como hoje. Fomos imprudentes.

Ren respirou fundo quando eu a ajudei a se sentar. Saí do


seu corpo e coloquei meu pau amolecido dentro da calça.

— Não sei. — Ren vestiu o vestido e segurou a calcinha. —

Anticoncepcionais são uma bomba de hormônio que não acho bom


estarem em meu corpo.
O.k.

— Essa é uma decisão exclusivamente sua. O que quiser,

estou de acordo — murmurei, sério.

Ren sorriu ao se aproximar. Segurei sua cintura e ela beijou


meu queixo.

— Willow falou sobre um chip com menos malefícios que a

pílula. Talvez, eu veja com ela. — Suas palavras soaram.

— Me deixe avisado. — Eu acenei, cheirando seu pescoço.

Serenity foi para o banheiro, e quando voltou tomamos café


juntos.

— Eu quero que veja apartamentos — murmurei assim que


servi suco para ela. Eu tomava café preto pela manhã.

Ren piscou e engoliu em seco. Ela havia desistido? Não.

Não.

— Você não acha melhor eu ficar no campus? — Sua voz

soou incerta.

— Não. Eu quero poder ir à sua casa. Visitar você no

campus não é possível — expliquei devagar, tentando muito não

parecer o louco que estava vendo dentro de mim.


Ren acenou, parecendo pensar.

— Eu moro com a minha melhor amiga. Não quero sair e

deixá-la com um desconhecido.

— Leve-a com você. O apartamento será seu, Ren.

Serenity me olhou, piscando e afastando o cabelo para as

costas.

— Eu odeio essa sensação de que estou usando você.

Eu respirei fundo, me afastei e bati em meu colo. Ela não

demorou para entender o que eu queria, então se ergueu e deu

alguns passos até se sentar em minha perna.

— Somos adultos, Serenity. Nós dois. — Segurei sua

bochecha e ela se inclinou para o meu toque. — Quero cuidar de

você. E cuidado abrange dinheiro. Eu não dou a mínima para isso.

— Eu sei, eu sei. — Ren respirou fundo. — Vou olhar alguns

e aviso.

— Minha corretora vai falar com você para marcarem um dia

para isso.

— Tudo bem. — Ren se ergueu, parou e se inclinou,

beijando meus lábios. — Bom trabalho para você, me ligue mais

tarde.
Eu acenei e bati em sua bunda ao me erguer. Assim que me

arrumei para o trabalho, nós saímos juntos. Segurei sua coxa

durante todo nosso trajeto enquanto ela ria das músicas que
cantava.

— Quem é esse cara? — questionei a Ren assim que

estacionei. Havia um homem parado na entrada do seu prédio.

— Não sei. Deve ser estudante. — Ela deu de ombros e

depois sorriu. — Obrigada pela noite.

Recebi seu beijo de despedida e a observei sair do carro. Ela

andou para o prédio e o homem que estava parado a acompanhou

com os olhos. Não gostei disso. Na verdade, eu odiei. Ren entrou e


eu vi o homem sair do local, se afastando. Quem era esse filho da

puta?

Meu celular tocou e eu vi o painel do carro se acender com o

nome da minha irmã.

— Olá, Camille.

— Bom dia! Então, você e a Ren vêm hoje?

Droga. O jantar na casa dela.

— Eu te confirmo mais tarde, mas é mais um não que um

sim — falei, rapidamente. Minha irmã ficou em silêncio. — Ainda


está aí?

— Sim, eu só... hoje é meu aniversário, Devon.

Porra.

— Desculpa, Cam. Eu irei, o.k. Preciso ver com a Ren, mas

acho que ela também irá.

— Tudo bem. Eu vou fazer seu prato preferido. Ainda é...

— Carneiro ao molho de abacaxi, sim. Só deixe qualquer


abacaxi longe da Ren. Ela é alérgica.

— Claro, não será um problema.

Nos despedimos e eu fui para o hospital. No caminho, liguei

para Tracey e pedi que ela entrasse em contato com Ren. O

apartamento teria que ser perto do meu e do campus. Nada fora das
redondezas. Tracey logo afirmou que falaria com Ren ainda hoje.

— Obrigado, Tracey.

— De nada, Devon.

Desliguei a chamada e estacionei o carro.


— Bom dia, Kathlen. Como está hoje? — Entrei com Andra

minutos depois no quarto da paciente que iria operar naquele dia.

— Bem. Quero ir para casa. — Ela fez uma careta e eu sorri,


checando seus batimentos e pressão arterial. — Quando meu filho

vem me buscar?

Kathlen era uma idosa de setenta anos. Ela tinha um filho,

Richard, que desde o dia que deixou a mãe na emergência, nunca

mais voltou. Já fazia uma semana.

— Assim que se recuperar.

Eu esperava que sim. Odiava seu filho e, por mim, ela estava
melhor sem o imbecil que dizia estar muito ocupado trabalhando

para ver a mãe que precisava de um transplante de coração.

— A cirurgia vai ser um sucesso, Kathlen — prometi,


apertando sua mão.

— Você parece feliz, dr. Chanse — Kath resmungou, se


sentando na cama. — E você merece isso.

— Você está delirando. Já deram sua anestesia?

Ela riu com as enfermeiras.

— Eu nunca entendi como um homem bonito desses está


solteiro — ela continuou falando e eu a encarei. — Você me trata há
um ano, as enfermeiras comentam que é solteiro.

Eu encarei as meninas e as vi de olhos arregalados.

— Okay, minha vida pessoal não deveria estar sendo

discutida no ambiente de trabalho — grunhi para minhas


funcionárias e olhei para a minha paciente. — Agora, vamos lá. Eu

tenho um coração novinho em folha para pôr em você.

Estacionei o carro diante do prédio da Serenity às dezenove

horas. O jantar de aniversário da Camille era às vinte horas. Ren


aceitou rapidamente quando a convidei.

Assim que eu a vi sair do prédio, saí do carro. Ela estava


com um vestido que alcançava seus joelhos e estava de salto. Seu

cabelo estava liso e ela estava maquiada.

— Você está linda — murmurei, admirado.

— Eu queria estar bonita. — Ela sorriu.

Abri a porta e beijei sua boca.

— Você conseguiu.
Tranquei-a lá dentro e andei para o meu lado. Novamente, vi
um homem parado. Parei de me mover e o encarei. Ele estava

olhando em nossa direção. Não percebi meus movimentos até ouvir

Ren chamar.

Quem era esse cara? E por que estava parado ali toda hora?

Ele estava de olho em Serenity?

— Quem é você? — Me aproximei até ficar diante dele.

Sua roupa era larga e ele fumava um baseado. A juventude


era podre.

— O que foi, tio? — Ele ergueu o queixo e seus olhos foram


para atrás de mim. — O dinheiro faz coisas incríveis. Ela é sua

garota?

— Eu o vi hoje pela manhã aqui, e agora, novamente. Você


quer me responder o porquê? — Meu sangue estava esquentando

rapidamente.

— Eu sou amigo do Brandon — ele resmungou.

Semicerrei os olhos, confuso.

Quem diabos era Brandon?


Devon estava completamente rígido. Eu toquei sua coluna e
encarei o homem que estava aqui mais cedo. Eu deveria saber que
era algo relacionado a Brandon. Será que era para ele que o meu
irmão devia?

— É meu irmão, Dev. Vamos logo, ou vamos nos atrasar —

pedi, nervosa, mas Devon não se mexeu.

— O que faz aqui? O irmão dela, seu amigo, não mora aqui,
então o que diabos faz aqui?

O homem semicerrou os olhos, olhando entre nós. Algo em


sua expressão enojada me deixou furiosa. Por que ele agia como se

eu e Devon fôssemos nojentos?

— Minha namorada mora aqui.


— Sei. — Devon se aproximou do homem. — Boa noite. Nós

precisamos ir.

Meu coração desacelerou e eu olhei para o amigo de

Brandon, acenando em despedida. Assim que Devon fechou a porta


e saiu do estacionamento, sua mão agarrou minha coxa.

— Seu irmão anda com gente barra pesada.

Não me diga.

— Ele anda. — Acenei, apenas confirmando.

Não queria falar sobre Brandon. Isso desenrolaria mentiras

que eu havia dito a Devon. Seria um desastre. Ele não precisava

saber dos meus problemas.

— Você frequenta os mesmos lugares que ele?

Droga.

— Não. Brandon mora aqui há mais tempo que eu. Não


conheço seus amigos, nada disso — murmurei calmamente e

apertei sua mão. — Você parecia preocupado lá.

— Não quero que ninguém faça mal a você.

Meu coração pulou com o carinho e cuidado. Peguei sua

mão e envolvi seus dedos, beijando sua pele em seguida.


— Não precisa se preocupar. Estou muito bem, prometo. —
Sorri para dar ênfase.

Devon me puxou para mais perto dele.

A viagem até sua irmã foi curta, e assim que chegamos,

Devon tirou um presente do porta-malas.

— O que comprou para ela? — perguntei, segurando minha

bolsa e a sacola onde o presente de Camille estava.

Fui correndo ao shopping assim que Devon me comunicou

que iríamos ao jantar de aniversário da sua irmã. Não era nada de

mais, apenas uma pintura a óleo. Havia duas pessoas na tela, mas

só a víamos depois de encará-las por um tempo.

— Uma bolsa de uma grife que ela gosta.

Nossa, uau.

Camille nos recebeu muito feliz, e quando abriu o presente

de Devon, só faltou gritar.

— Estava esgotada há dias — ela murmurou, maravilhada,

enquanto seu irmão dava de ombros. — Obrigada, Devon!

Eles se abraçaram e eu entreguei seu presente. Camille o

encarou com o olhar suave e me puxou para um abraço.


— Obrigada. É incrível. — Seus olhos estavam úmidos, mas

fingi que não vi.

Quentin, Sam e Stive estavam na mesa. Nos sentamos e

logo serviram a comida. Dessa vez, o jantar foi calmo e divertido. O


marido de Camille contou várias pérolas e eu me peguei sorrindo

enquanto Devon gargalhava.

— Quer cerveja? — Camille questionou assim que as


crianças se dispersaram e fomos para sala.

— Vinho eu aceito. — Sorri e ela saiu para pegar a bebida.

Quentin e Devon bebiam uísque. Sorri para Dev ao sentir


sua mão em minha coxa. O marido de Camille sorriu ao ver isso.

Não um sorriso desconfortável, apenas um que dizia “estou feliz por


vocês”.

Não parecia que eu conhecia Devon há menos de uma


semana. Dali a dois dias já seria a virada do ano e eu pensei em

como minha vida girou nos últimos minutos do ano.

— Aqui. — Camille me deu a taça.

Beberiquei devagar. O vinho era delicioso e eu disse isso a


ela.

— Obrigada. Adoro colecionar.


Nós tomamos a garrafa toda e, ao final da noite, Devon

estava sóbrio e eu muito mais alegre do que quando cheguei. Nós


saímos da casa da sua irmã, com ele me carregando.

— Babie, você está uma bagunça — sua voz murmurou

contra meu cabelo. Eu estremeci, imaginando de qual bagunça ele


falava. Soltei um gemido baixo e ele me colocou no banco.
Pressionei minhas coxas juntas. — Vamos sair daqui.

O caminho para a casa de Camille era feito por avenidas

com vegetação vasta. Assim que beijei o pescoço de Devon, depois


de cinco minutos dirigindo, ele estacionou.

— O que quer, baby?

Eu passei pelo console e me sentei em seu colo. Seu carro


era grande como seu pau, e eu queria senti-lo dentro de mim

novamente. Me enchendo.

— Você dentro de mim — falei, sem fôlego.

Puxei as alças do meu vestido, enquanto Dev subia o tecido.

Eu amava usar vestidos, e desde que saí com Devon, percebi que
eu os amava mais ainda. Eles eram práticos.

Suas mãos grandes agarraram a minha bunda e ele

percebeu a ausência da calcinha. Gemendo, um dos seus dedos


circulou minha entrada úmida. Eu aproveitei a sua distração para
desabotoar seu paletó, abrir sua calça e puxar sua camisa para fora.
Assim que segurei seu pênis, choraminguei. Eu o queria.

— Daddy, por favor — implorei, sedenta.

Devon guiou seu pau para a minha abertura. Deslizei

gemendo em todo o cumprimento, enquanto suas mãos iam para os


meus seios. Sua boca agarrou um deles e ele puxou, para morder
em seguida. Sugadas, mordidas e lambidas com seu pau dentro de

mim foram o suficiente para eu gritar.

— Silêncio, baby. — Ele tapou a minha boca e eu


choraminguei.

Rebolei em seu colo quando Devon mordeu meu seio. A dor


e o prazer andavam de mãos dadas. Devon ficava agressivo cada

vez que chegávamos mais perto do orgasmo. Seus dedos fincaram


em minha bunda, sua boca chupou meu pescoço e eu sabia que as

marcas da noite anterior não seriam páreas para as daquele


momento.

— Daddy, dói.

— Eu sei. — Ele mordeu a lateral do meu seio e eu gritei


gemendo, me balançando em seu colo. — E sua boceta adora isso.
Sim, adorava.

— Goze para o seu daddy.

Sua ordem foi clara, então meu corpo desmontou

imediatamente, como se Devon fosse meu dono. Como se sua


ordem fosse a minha única saída.

— Ah, meu Deus — murmurei contra seu peito, com ele

dentro de mim. — Nós precisamos de pílula do dia seguinte.


Urgente.

Devon acenou.

Eu beijei seu peito e o abracei com força. Nós ficamos juntos

por segundos, e depois de um tempo, nos separamos para ir para

casa.

— Eu preciso dormir em casa — expliquei pela terceira vez

depois de voltarmos para a pista. Eu estava vestida novamente e

um pouco do álcool ainda nadava em minhas veias.

— Você está bêbada.

Sério? Me remexi em seu banco, sabendo que essa batalha

seria perdida.

— Não posso dormir com você todo dia. Não somos um


casal, sabia? — murmurei, vendo seu carro parar na sua vaga.
Devon saiu do carro e me pegou no colo.

— Eu posso andar — avisei, mas ele me ignorou.

— Eu quero que passe a virada comigo — Devon murmurou


assim que entramos no elevador.

— Eu vou a uma festa com a Willow. — Eu o encarei e

suspirei. — Podemos nos ver no dia primeiro — falei, sorrindo,


quando as portas se abriram.

— Claro. Pode ser.

Devon me levou para o seu quarto assim que entramos no

apartamento. Ele tirou meu vestido e me guiou para o banheiro.

Suas roupas também sumiram, então entramos juntos no chuveiro.


Ele despejou xampu em sua palma e lavou meu cabelo devagar. A

ponta dos seus dedos deslizou pelo meu couro cabeludo e eu gemi,

apreciando a massagem.

— Haverá uma festa depois de amanhã no hospital. — Suas

palavras soaram quando ele começou a enxaguar meu cabelo.

Seus movimentos eram tão suaves, que desejei que ele

lavasse meu cabelo sempre.

— Hummm.

— Quero que vá comigo.


Eu ainda estava um pouco bêbada, mas sabia meus limites.

Ir ao trabalho dele era um. Eu seria uma enfermeira daqui a alguns

anos. Não queria que pensassem que eu estava com um dos


médicos mais prestigiados do estado.

— Devon, eu não acho uma boa ideia.

Ele ensaboou meu corpo antes de sua mão descansar em

minha vagina. Ele a lavou lentamente, gemi quando seus dedos

rasparam em meu clitóris inchado. Devon beijou meu ombro e


segurou meu seio.

— Eu adoraria foder você em minha mesa. Em um dos leitos.

Até na recepção. Quero me lembrar de você a cada lugar que eu for.

Eu odiava quão bem ele usava os dedos e as palavras.

— Eu vou.

Devon sorriu e sua boca bateu contra a minha. Ele me

empurrou para cima e eu circulei sua cintura. Ele começou a me


foder com força, gemi a cada estocada.

— Como me viciei em você tão rápido? — ele grunhiu, me


apertando.

Beijei seu pescoço, lambi sua pomo de adão e mordisquei

sua orelha. Eu empurrava meus seios doloridos contra seu peito.


— Me diga como eu também me viciei em você?

Devon me fodeu até nós gozarmos juntos. Foi um dos

melhores orgasmos que Devon me deu, e olha que ele sempre me

dava maravilhosos.

— Você precisa descansar.

Ele me enxugou com carinho e me vestiu com uma das suas


blusas. Assim que nos deitamos em sua cama, eu bocejei. Devon

me puxou para o seu peito, eu conseguia ouvir seu coração.

— Não quero que isso acabe.

Era a minha voz.

Eu fui tola e deixei aberto que gostava de nós dois juntos.

Fechei os olhos com força, com medo de Devon me afastar.

— Nem eu, Ren.

Nós dormimos agarrados um ao outro, sem nem saber que

nosso mundo iria ser sacudido.

Devon me fez encontrar sua corretora na manhã seguinte.

Ele tinha que ir ao hospital e eu fui encontrar a mulher sozinha.


Quando Tracey estacionou e desceu do carro em um prédio muito

bonito, eu me perguntei se Devon a achava tão bonita quanto eu.

Seus quadris eram pequenos, suas pernas longas e seu


cabelo tão loiro quanto o sol. Ela era uma modelo perfeita.

— Serenity, é um prazer conhecê-la. Devon é um cliente


incrível, então encontrei um lugarzinho na minha agenda para

acompanhar a sobrinha dele.

Sobrinha? Ele falou para ela que eu era sua sobrinha?

— Obrigada, Tracey.

A corretora Barbie me levou para conhecer três

apartamentos, eu havia gostado de todos. Queria que Low estivesse

ali, mas ela tinha um encontro com o seu daddie. Tirei fotos e enviei

para ela. Depois de muito implorar, ela aceitou se mudar comigo.

Em segundos, ela falou qual preferia. Eu o havia amado

também. Ele ficava a cinco minutos de carro do apartamento de


Devon. Eu poderia ir a pé, se quisesse.

— Eu quero esse. — Olhei ao redor no espaço claro e

arejado.

— Vou falar com seu tio sobre sua escolha, mas adianto que

ele ficará satisfeito.


— Ele não é meu tio — murmurei, de repente, muito irritada.

— Ele é meu namorado.

Tracey abriu a boca e seus olhos se expandiram. Ela se

recuperou rápido, no entanto.

— Me desculpa, eu jamais...

— Não se desculpe. Fale com Devon. — Acenei para o seu


celular e abri a porta. — Vou ficar aqui. Minha amiga quer dar uma

olhada.

Tracey acenou e saiu, já falando com dr. Chanse.

Estava irritada com Devon, e muito mais comigo. Namorado?

Jesus. Nós éramos alguma coisa que não havia definição. E eu


queria que tivesse.

Queria mesmo, e isso me deixou com um sentimento

estúpido de estar desejando algo fugaz. Devon logo iria encontrar


uma mulher da idade dele. Iria se casar, ter filhos se quisesse, e

eu...

Bem, eu não queria nada além de me formar, tirar Brandon

das drogas e poder dormir no peito de Devon todas as noites. Não

queria um casamento. Não, eu queria apenas ele. Apenas Devon e

nosso sexo alucinante. Sua risada, suas demandas e seu jeito único
de cuidar de mim. Eu queria que ele quisesse a mesma coisa,
senão, nós tínhamos hora marcada para o fim.

E droga, isso doeria muito mais do que era suposto quando


você só conhecia essa pessoa há alguns dias.
Ren estava com raiva de alguma coisa. Eu sabia, porque
suas respostas eram monossilábicas e sem emojis. Algo que ela
usava com uma frequência absurda.

Segurei o celular com força e empurrei meu prato, onde meu


jantar estava quase intocado. Daniel estava diante de mim, focado

em alguma coisa em seu telefone.

“Aconteceu alguma coisa?”

“Nada.”

Porra.

“Onde você está?”

“Em uma festa com Willow.”

Festa? Que festa?

“Onde?”
“Você está tentando me controlar.”

“Controlar? Eu só quero ter certeza de que posso achar

você, caso algo aconteça.”

Eu esperei longos minutos por sua resposta. Quando eu


estava quase ligando, ela respondeu.

“Na fraternidade.”

Jesus Cristo. Eu mataria alguém. Se alguém tocasse nela,

eu não responderia por meus atos.

“Você está sozinha?”

“É claro que não estou sozinha.”

“SERENITY!”

“A festa está lotada. Mas se você se refere a homens,

não, Devon, não há nenhum comigo.”

“O que diabos eu fiz, Ren? Por que está irritada?”

Ela não respondeu. Que novidade! Porra.

“As bolas que tenho não são de cristal, então preciso


que você me diga quando algo a incomoda. Não vou adivinhar,

Serenity.”
Ela começou a digitar, mas parou. E pronto. Nossa conversa
se encerrou.

Okay. Guardei meu celular e encarei Daniel. Ele ainda

encarava a tela.

— Estou saindo com uma garota de vinte anos. — Derramei

a porcaria de uma vez, fazendo Daniel tossir.

— O quê? — Meu melhor amigo arregalou os olhos

lacrimosos.

— Sim, e ela está com raiva de mim, mas não fala o que fiz.

Daniel começou a rir e bateu em meus ombros.

— Eu quase caí, cara. — Ele bebeu seu suco e sorriu. —

Você é charmoso e tal, mas vinte anos? Tá de sacanagem, né?

— Você é um idiota, e sim, é verdade. Eu quero ajuda com

essa merda dela.

Daniel parou de rir.

— Você enlouqueceu? Vinte anos? — ele berrou baixo. Isso

seria engraçado se eu não estivesse tão incomodado com a irritação

de Ren.

— Eu quero ajuda. Só.


Daniel respirou fundo.

— Ela é jovem, imatura, faz coisas sem pensar. Não falar o

que quer é apenas uma das muitas coisas que vão enlouquecer

você. — Dan fez uma careta. — Se eu fosse você, saía fora.

Não podia e nem queria.

— Preciso ir pra casa. Obrigado pela ajuda de merda.

Daniel me deu o dedo do meio e eu me ergui, jogando minha


bandeja e indo embora.

Assim que cheguei à minha casa, ainda não tinha nenhuma

mensagem da Ren. Eu optei por deixá-la lidar com sua raiva da


maneira que quisesse. Quando ela estivesse bem, ela falaria
comigo. Era isso que eu esperava de uma adulta.

Tomei banho e me deitei. Coloquei um filme e comecei a

assistir. Já era tarde, mas ainda estava sem sono. Por causa dela,
óbvio.

Peguei meu celular ao mesmo tempo em que o interfone


tocou. Atendi e fechei os olhos quando o porteiro disse quem estava

lá embaixo. Porra. Liberei sua entrada e saí da cama.


Assim que ela apareceu, vi suas mãos retorcidas na frente e

seu cabelo bagunçado. Ela estava maquiada e com uma saia tão
curta, que se ela se abaixasse eu poderia ver sua boceta.

— Que porra é essa, Ren? — perguntei, confuso e chateado.

Ela ficou em silêncio. Que novidade.

— Você me ignorou por horas e agora está aqui, então é


melhor abrir a sua boca — grunhi, furioso.

Ela mordeu seu lábio. Eu estava irritado, mas meu pau não.

Ele só pensava em como seria bom curvá-la, estapear sua bunda e


a foder com força.

— Você disse a Tracey que era meu tio.

O quê? Ren balançou a cabeça e andou pelo apartamento. A


cada passo, sua saia subia mais. Eu podia ver a polpa da sua

bunda.

— Essa saia é impertinente.

— Eu não sou sua sobrinha. Se eu fosse, você não me

foderia. — Ela deslizou os dedos pela bancada, eu podia ver a


lembrança em seus olhos. Ela deitada e eu chupando sua boceta.

— Eu não falei nada disso. Se eu fosse seu tio, com certeza


não iria curvar você nesse balcão, bater em sua bunda e comer
você — grunhi, me aproximando.

Ren agarrou o balcão e se inclinou sobre ele. Seus saltos

deslizavam no chão enquanto sua bunda estava no ar.

— Faça, Devon. — ela pediu, mordendo o lábio. — Nós dois


gostamos disso.

— Escolha uma palavra. Eu estou muito irritado, Serenity.


Escolha a palavra e só a fale quando você não aguentar mais.

Ren engoliu em seco e acenou.

— Abacaxi.

Eu poderia rir disso se não estivesse tão puto.

Eu puxei sua saia para cima e sua bunda lisa ficou nua,
apenas o tecido fino na calcinha entre as nádegas. Passei a mão

devagar e ergui, dando o primeiro tapa. Ren arfou, mas não disse
uma palavra. Apertei a carne entre meus dedos, vendo a

vermelhidão causada por eles. Toquei na outra e, dessa vez, o tapa


ecoou na cozinha.

— Daddy.

— Você não pode me deixar no escuro. — Pá. — Não pode


agir como uma garotinha mimada. — Pá. — E ciumenta. — Pá. —

Não pode me deixar preocupado e ciumento. — Pá.


— Dev...

— Você é minha, Ren.

— Sou.

Pá. Mais um e outro. E outro.

— Abacaxi — ela gritou, chorando.

Eu me afastei e observei sua bunda, completamente


vermelha e marcada.

— Nunca mais faça isso — pedi, respirando com dificuldade.

— Eu fiquei com raiva.

— Me perguntasse antes — rebati, irritado. Ren se virou com

os olhos cheios de lágrimas. — Você não faz ideia de como isso é

difícil para mim. Não compreendo você, Ren.

Ela desviou os olhos e eu me aproximei. Segurei sua nuca e

cheirei seu pescoço. Não sabia lidar com ela e isso me machucava.

Bem mais do que o normal.

— Desculpa. — Seus braços agarraram meus ombros e eu a

ergui.

Levei-a para o quarto e cuidei da sua bunda irritada. Limpei,


passei pomada e deitei Ren com os seios para baixo.
— Eu quero que me toque.

Jesus Cristo. Ela seria minha morte.

Ela ficou sobre os joelhos e eu levei minha mão à sua


boceta. Toquei devagar e enfiei meus dedos lentamente. Ren

gemeu, e depois de algum tempo, gozou. Pensei que ela

adormeceria, mas sua mão agarrou meu pau. Ela o tirou da calça e

desceu um pouco.

Assim que sua boca me tomou, eu gemi. Odiava saber que

ela já havia feito isso em algum filho da puta, mas, em segundos,


sua língua doce me fez esquecer. Ela gemeu, me levando para a

garganta, enquanto eu grunhia e empurrava meus quadris.

Ren me engoliu e eu gozei em sua boca. Ela bebeu tudo e


sorriu. Um pouco de sêmen perolado estava em seus lábios, então

capturei com meu dedão. Ren segurou minha mão e chupou meu

dedo.

Ela caiu em meu peito e eu toquei sua coluna.

— Eu quero que a gente dê um jeito. Qualquer jeito, mas não


quero ficar sem você.

Suas palavras me fizeram relaxar.

— E nem eu quero ficar sem você, Ren.


Na manhã seguinte, Serenity estava longe de ser vista na

cama. Eu desci a escada, segurando meu celular procurando por

ela. Só a encontrei na cozinha, fazendo panquecas.

— Você cozinha? — murmurei, abraçando-a por trás.

Ren riu devagar e virou a cabeça, beijando minha barba por


fazer.

— É claro.

— Como está sua bunda? — Ergui minha camisa, e a pele,

antes vermelha, estava menos irritada.

— Bem. — Ela mordeu o lábio. — Você curte ?

Eu respirei fundo e inclinei a cabeça.

— Não como o cara do cinema, mas gosto da sensação de

punir você na cama. Faz sentido?

Serenity acenou e desviou os olhos.

— Eu gostei de ontem. Doeu, é claro, mas foi excitante.

Jesus, essa garota seria a minha morte.


— Sobre o que aconteceu... — comecei a falar, mas seu

semblante mudou. Os ombros dela cederam e seus olhos se


desviaram para a tigela com a massa da panqueca. — Depois

falamos disso. Vou pôr a mesa para tomarmos café da manhã.

Ren acenou, aliviada, e eu fiz o que disse. Porém, assim que

começamos a comer, o assunto pareceu inevitável.

— Eu não disse a Tracey que era minha sobrinha. Ela deve


ter deduzido isso, Serenity, e nós dois não podemos culpá-la. —

Minha voz ecoou firme.

— Eu sei... — Ren ergueu o rosto para mim — é só que... —

Ela mordeu o lábio e piscou rapidamente.

— O quê, baby? — questionei, realmente tentando entender


o que se passava na cabeça dela.

— Eu me sinto insegura com mulheres mais velhas.

O quê? Tentei compreender, mas era muito difícil. Ren era

jovem, completamente linda, tudo que algumas mulheres gostariam

de ser. E era ela que estava insegura?

— Ren...

— Pode ser bobo, mas, e se você cansar disso? Quiser se

casar e ter filhos?


Isso estava indo mais rápido do que imaginei.

— Eu tenho quarenta e cinco anos, Ren. Se eu não tive

filhos é por um motivo.

Seus olhos escuros me encararam, aguardando.

— Eu não quero. — Abri meus braços, dizendo o óbvio.

Ren abriu a boca e ficou quieta. Ela precisava de um minuto

para processar isso, eu entendia. Dei minutos de silêncio para Ren,


que apenas olhou para mim.

Eu não sabia o que ela estava pensando. Na verdade, eu


nunca sabia de nada quando se tratava de Ren.

— Eu quero ter filhos.

Okay.

— Você vai ter.

Um dia, ela se formaria, encontraria um cara da idade dela

com quem iria se casar. Em dois ou três anos, ela teria o seu

primeiro filho.

— Vou? — Sua voz baixou e eu a encarei. Ren olhava para o

prato, onde os restos da panqueca com geleia de morango estavam.


— É claro. Você é nova. Logo vai achar alguém. Você vai se

casar e ter filhos bonitos, iguais a você.

Serenity acenou, movimentando o queixo. Ela respirou fundo

e se ergueu.

— Eu vou tomar banho.

E ela saiu, sem me deixar falar mais nada.

Eu não sabia o que fazer em relação a Ren. Era melhor ser

bom ou mostrar o quanto eu era horrível? Porque eu era horrível.

Minha mente era ruim, dominadora e feroz. Eu queria Ren só para


mim. Ninguém mais.

Mas ela merecia meu lado bom, o melhor de mim.

Na noite do Ano Novo, eu saí com Daniel e alguns colegas

do trabalho. Jantamos, e perto da virada, senti meu celular vibrar.

Pedi licença e me afastei deles. Saí para a varanda do salão de


festa e atendi Serenity.

Ela decidiu ir com a amiga à festa. Eu não me opus. Não


falamos mais sobre seu desejo de ter filhos ou a falta do meu.

— Ei — ela murmurou baixinho.


— Oi. — Respirei fundo. — Como está sua festa? —
perguntei, suspirando. Faltavam doze minutos para o Ano Novo.

— Boa, quero dizer, o.k. — Ela suspirou. Ouvi um barulho ao


fundo de porta se fechando. — Estou no quarto, ligando para você

faltando alguns minutos para o Ano Novo. Talvez, ela não esteja

nem o.k.

— Deveria estar comigo.

E deveria mesmo. Eu a chamei. Queria que viesse para cá


ou que apenas saíssemos da cidade. Eu não sabia, só queria estar

com ela.

— Eu sinto isso desde o momento que coloquei o vestido

estúpido e percebi que você não me veria nele.

Ren riu na chamada e eu fechei meus olhos.

— Eu queria estar com você, Dev.

— Estou indo.

— O quê? — ela gritou em resposta, enquanto eu já estava

atravessando o salão. — Faltam dez minutos.

— Eu chego em cinco aí.


— Dev, não precisa. Podemos nos ver amanhã — Serenity
resmungou, mas não havia convicção alguma.

— Me manda sua localização. Fique na linha.

Soquei o botão do elevador e respirei fundo quando ela

respondeu uma simples concordância. Saí da caixa de metal, andei


para o meu carro e acelerei. Ren estava cantarolando enquanto eu
dirigia.

— Você canta bem — respondi, sorrindo, enquanto


ultrapassava um sinal.

— Ah, nem vem.

— É sério. — Virei na avenida da cidade que dava acesso à

faculdade dela.

As ruas estavam desertas, o trajeto levaria bem menos


tempo.

— Às vezes, você fala coisas que me desconcertam.


Parecem bobas, mas sendo ditas por você, me fazem suspirar.

— Às vezes, você faz coisas bobas que sendo feitas por


você, se tornam excepcionais. Serenity Price, você é incrível.

— Estou vendo seu carro — ela murmurou, sem fôlego.


— Então venha para mim, garotinha.

Eu a vi segundos depois. Ela desceu a escada da casa de


dois andares e sorriu para mim como se eu fosse o sol depois de

um dia inteiro de chuva.

Eu saí do carro, me encostei nele e cruzei os braços, mas


logo os abri para receber minha pequena mulher. Ren sorriu e

empurrou a boca na minha. Segurei seus quadris e gemi, chupando


seu lábio. Suas mãos acariciaram minha nuca, enquanto nossas
línguas brigavam, impiedosas.

— Deus, como senti sua falta — gemi, beijando seu pescoço.

— Eu também, Devon. — Ela riu. — Eu também.


Eu ouvi falarem ou li em algum lugar que quanto mais
ficamos próximos de alguém, mas essa pessoa se torna parte de
você. Não precisei ter Devon por vários momentos ou dias para
sentir que ele era parte de mim.

Conheci esse homem há alguns dias e minha vida havia

dado um giro completo.

Eu sentia uma atração enlouquecida, e eu achava que


estava me apaixonando.

Yes, rápido, duro como um soco do Mike Tyson.

— Está sujo aqui. — Devon deslizou o dedo pelo canto da

minha boca.

Estávamos em Fortwood, em um restaurante à beira mar. Já

era quase duas horas da madrugada e Devon continuava pedindo


pratos para comermos.

— Sabe, eu escolhi o apartamento — falei, devagar. Não

havíamos falado ainda sobre isso. Brigamos, nos reconciliamos,

brigamos de novo e deixamos o assunto morrer.

Devon não querer ter filhos não era o problema. O problema

era eu.

Eu queria tudo. Devon e bebês, enquanto ele queria que eu

tivesse tudo com outro homem. Ele não via futuro na gente e, sendo

sincera, eu também deveria não ver.

Mas eu queria.

— Quando você se muda? — Ele arrancou a pata de um


caranguejo e levou aos lábios cheios. Ele sugou a carne e mastigou

devagar, aguardando. Porém, minha mente pervertida estava focada

em sua boca e em como ela me fazia ir às estrelas. — Ren.

Respirei fundo e balancei a cabeça para clarear minha


mente.

— Daqui a duas semanas.

Eu sabia que ele queria que eu já me mudasse, mas não

dava. Eu precisava arrumar algumas coisas do apartamento e

definir como seria minha mudança com a Willow.


— Tudo bem. Apenas me avise para que eu possa ajudar na
mudança.

Esse homem realmente existia?

— Dev — comecei a murmurar, mas parei quando uma

mulher se aproximou. Ela era morena, cabelo curto e estava com

um vestido solto e branco.

— Dr. Chanse. — Ela sorriu.

— Andra. — Ele se ergueu para cumprimentá-la. — Não

sabia que vinha para Fortwood. — Ele sorriu, parecendo conhecê-la

há tempos.

— Tenho parentes aqui. — Ela sorriu, olhando para ele sem

nenhum pudor.

Não a julguei, Devon estava lindo. Com uma blusa de linho

branca um pouco aberta, dava para ver um pouco dos seus pelos

loiros, e short combinando.

— Essa é... — Ela olhou para mim, sorrindo largamente. Seu

olhar era simpático, parecido com aqueles que damos ao ver uma

pessoa com uma criança e vamos cumprimentá-la.

— Esta é a Serenity. — Ele me ergueu e passou o braço pela

minha cintura, possessivo. O olhar da Andra derreteu, e por um


segundo vi irritação e pavor.

— É um prazer, Andra. Você é médica?

A mulher acenou e sorriu, dizendo que precisava ir.

— Ela gosta de você — resmunguei assim que ela saiu e


ficamos sozinhos mais uma vez.

— O quê? Não gosta não — Dev rebateu rápido.

Eu o encarei, revirando os olhos. Por que homens eram tão

desligados?

— Gosta. Gosta sim. — Peguei minha taça de vinho e a virei.

— O.k., eu não havia percebido.

Nós mudamos de assunto e depois de alguns minutos

estávamos rindo.

— Quer molhar os pés lá? — Devon acenou para o mar,

então me ergui rapidamente.

— Eu amo o mar. Vim poucas vezes aqui — confessei


enquanto saíamos do restaurante e pisávamos na areia.

Devon se abaixou, tirou meus saltos e seus sapatos.

Segurando a sua mão, andamos em silêncio.

— Então vamos viajar para um lugar com muitos mares.


Eu sabia que ele não estava brincando. E eu me peguei

querendo isso.

— Sua viagem para Cancun pode ser comigo. Aliás, você só


precisa falar com a agência de viagens. Já está tudo pago.

Lembrei-me do nosso acordo de Natal. Uma noite, trinta mil


dólares e uma viagem para Cancun.

— Eu adoraria ir com você.

Eu sorri assim que chegamos às ondas. Molhei meus pés,

pulando com a água gelada, enquanto Devon me observava com


nossos sapatos na areia e suas mãos nos bolsos.

— É muito gelada! — gritei, rindo.

— Você está incrível, Ren. — Ele sorriu, divertido. —


Desculpe se não consegui falar antes, eu estava muito focado em

tocar em você.

Meu coração parou, eu sabia que Devon havia elevado o

romantismo naquele momento. Um dia, o pai dos meus filhos falaria


isso para mim?

— Obrigada — murmurei, engolindo em seco.

Seus olhos focaram em minhas coxas nuas. Meu vestido era


brilhoso, com alças que prendiam na nuca, o decote era fluido com
tecido sobrando. Minha coluna estava nua. O olhar dele fez com que
eu me sentisse tão desejada como nunca fui.

— Você está usando calcinha, Ren?

Meu coração parou e voltou a bater numa velocidade


alucinante.

— Si-sim. — Engoli em seco e olhei ao redor. Havia algumas


pessoas ao longe, mas ninguém próximo da gente.

— Tire-a para mim.

— Devon — resmunguei, ainda olhando para os lados.

— Eu nunca deixaria alguém ver você, Ren. — Suas


palavras eram fortes, eu acreditei nele.

Me aproximei dele e fiquei diante do seu rosto, longe das

luzes do restaurante, e enrolei meus dedos em minha calcinha.


Tirei-a rapidamente e entreguei o tecido de seda nas mãos dele.

— Porra — Devon murmurou, cheirando o tecido. — Vamos


voltar para o restaurante.

— Mas...

— Não discuta, Ren.

Oh meu Deus, era o daddy agora.


Eu amava ter as duas versões de Devon. Elas se
completavam e me deixavam louca.

Eu andei na frente dele, enquanto ele carregava nossos


calçados. Assim que chegamos à escada que dava acesso ao

restaurante, Devon me ajudou a calçar meus saltos e calçou seus


sapatos.

— Abra suas coxas. — A voz dele soou assim que nos

sentamos em nossa mesa.

Eu engoli em seco, bebi o vinho e fiz o que ele queria.

Minhas dobras estavam molhadas e eu estava com medo de sujar

meu vestido.

— Pegue o gelo.

Meus olhos cresceram. Devon continuou impassível. Ele deu

um gole em seu uísque e esperou. Segurei o cubo e o encarei em

expectativa.

— Solte o gelo.

Assim que soltei, ecoou um barulho das pedras se tocando.

— Agora leve sua mão para baixo. As duas.

Meu ventre se apertou. Eu fiz o que ele queria, tremendo de


desejo.
— Abra os lábios da sua boceta com uma mão e pressione

seu clitóris com os dedos gelados.

Engoli em seco e suspirei. Abri devagar os lábios grandes e

toquei. Meu corpo pulou da cadeira involuntariamente. Devon


relaxou na cadeira e bebeu o seu uísque, lambendo os lábios

úmidos.

— Gire seus dedos.

Eu girei enquanto pressionava, gemendo sem perceber.

— Você precisa guardar seus gemidos para o daddy,

garotinha. Ninguém deve ouvir você.

Minha boceta pulsou.

— Coloque os dedos no seu calor apertado. Faça inveja ao

meu pau. Ele com certeza queria estar dentro de você agora.

Eu engoli um gemido e o encarei.

— Daddy, vamos para o hotel.

— Shiiiu, em breve. Agora faça o que mandei.

Acenei rápido e deslizei meus dedos em minha boceta

úmida.

— Diga o que seus dedos estão sentindo.


Me concentrei no que eles sentiam e não na minha vagina

ambiciosa.

— É quente e muito escorregadio — murmurei devagar,


encarando-o. — E apertado.

Devon apertou o copo e eu mordi meu lábio. O orgasmo


cresceu e eu o reprimi.

— Estou quase — avisei a ele, vendo-o levar a mão ao seu

colo.

— Ainda não.

Quase choraminguei com isso. Eu não ia aguentar.

— Me mostre seu seio. Qualquer um. Ou os dois. — Sua voz

era urgente. Seus olhos estavam escuros e necessidade brilhava


em suas íris.

— Devon, vão ver — murmurei, chocada.

Olhei ao redor, as pessoas estavam entretidas consigo

mesmas ou bêbadas demais. Nossa mesa era afastada e a luz

estava baixa. Porém, ainda assim, me senti medrosa.

— Ren, faça.

Sua ordem era clara.


Tirei a mão que estava livre do colo e levei à parte lateral do

meu vestido. O decote era frouxinho e meu seio estava nu. Me


inclinei para a frente e puxei o tecido para o meio dos meus peitos.

Quando meu seio esquerdo saltou para fora, Devon lambeu os

lábios.

— Eu quero chupá-los, mas vou me contentar com isso.

Ele pegou um cubo de gelo e pressionou em meu mamilo. O


orgasmo iminente rompeu e Devon agarrou meu seio. Seus dedos

esmagaram meu mamilo e eu queria gritar. Mas não podia fazer

isso.

— Isso, boa menina, Ren.

Ele cobriu meu seio e levou o gelo à boca. Devon chupou o


cubo e bebeu seu uísque, enquanto eu tentava me recompor.

— Vamos para o hotel.

Graças a Deus.

Assim que chegamos ao carro, Devon me puxou para a porta


do motorista. Eu o encarei sem entender. Ele a abriu, se sentou e

afastou o banco. Arregalei os olhos ao perceber o que ele queria.

— Abra suas coxas e sente em meu pau enquanto dirijo.


Minhas pernas estremeceram. Eu me aproximei enquanto

ele abria o cinto. Eu engoli em seco, mas me sentei sobre ele.

Suspirei quando seu pau grosso me invadiu e coloquei a cabeça em

seu peito. O carro foi ligado e Devon saiu do estacionamento.

A cada solavanco da avenida, eu gemia e Devon grunhia. Eu

o apertei dentro de mim e remexi minha bunda. Não conseguia mais


esperar.

— Encosta — implorei, me balançando. Queria muito gozar.

— Rebole, Ren. Estamos chegando.

Ele estava certo. Eu subi e desci, pressionando meus seios


em seu peito. Em segundos, meu corpo ganhou vida e eu gritei,

gozando tão forte como nunca.

— Chegamos, Ren.

— Sim, chegamos.

No dia da minha mudança, Devon estava diante de mim,

segurando duas caixas pesadas. Nas duas tinha escrito, cozinha.

— Olá! Cheguei. Desculpem o atraso. — Willow apareceu na


porta do apartamento.
— Como foi com seus pais? — questionei e sorri, enquanto

Devon acenava para ela e ia para a cozinha.

— Melhor do que eu esperava. Eles obviamente querem

pagar pelo menos pela comida, então que você e Devon lidem com

isso. — Ela jogou sua bolsa no sofá e respirou fundo. — Onde está
a caixa com as minhas coisas?

Daniel saiu do corredor neste momento, segurando um


vibrador rosa choque. Era da Willow, obviamente.

— Essas empresas só podem ter se inspirado em mim. —

Ele balançou o pau de borracha.

Willow me encarou, com os olhos esbugalhados.

— Daniel, você só precisava deixar a caixa lá, não mexer

nela — Devon grunhiu atrás de mim.

— Seu pau é desse tamanho? — Willow questionou,


andando até ele e pegando o brinquedo. — Nos seus sonhos,

talvez.

— Ei, é sim. Eu sempre fui conhecido pelo meu pau grande e

grosso.

— Meu Deus! Seu ego deve ser do mesmo tamanho. —


Willow piscou os cílios e andou para o seu quarto, deixando um
Daniel aturdido.

— Ela é intensa, e você, um intrometido.

Daniel me encarou e deu um sorriso amarelo. Eu o conheci

naquele dia, mas Devon havia me avisado que ele era brincalhão e

amava fazer piada de tudo.

— Eu sou inocente. Qual o nome dela? — ele falou mais

alto.

— Não é da sua conta, tronco de árvore! — Willow gritou de

volta.

Devon gargalhou e eu tentei muito segurar, mas apenas


solucei e ronquei, antes de explodir em risos.

— Você quer experimentar, Barbie punk?

Os dois continuaram trocando farpas até que o apartamento


estava arrumado e habitável. Pedi pizza para nós quatro e comemos
assistindo a um episódio de uma série que eu e Willow queríamos

começar há um tempão.

— Duas palavras para essa série — eu e Willow


resmungamos juntas. Era uma coisa nossa.

— Surreal, intensa — falei primeiro.


— Dramática e lágrimas.

Assim que ela parou de falar, olhamos para os dois. Devon


estava dormindo e Daniel também. Que idiotas.

— Eles não são dignos da família Pearson.

Ninguém era.

Balancei Devon e o acordei. Willow foi para o seu quarto,


pegou uma coberta e jogou em Daniel. Eu ri dele quando agarrou o
negócio, ainda dormindo.

— Boa noite, Dev — murmurei, deitada no peito dele.

Devon me abraçou e beijou meu cabelo.

— Boa noite, Ren.


Hoje era o aniversário de Serenity. Willow queria fazer uma
festa, mas, graças a Deus, Ren odiou a ideia e descartou. Então,
hoje ela comemoraria com Willow no cinema e eu a buscaria ao final
da sessão.

— O filme foi incrível. — Ela entrou em meu carro, sorrindo

amplamente.

Segurei sua nuca e a beijei. Suas mãos agarraram meus


ombros e ela empurrou sua boca na minha, com fome. Estávamos

sem nos ver desde a manhã do dia anterior, quando ela saiu da
minha cama para ir à faculdade.

— Eu estava com saudades. — Ela sorriu e eu beijei seu

nariz.

— Eu também.
Saí do estacionamento e comecei a dirigir enquanto ela

falava sobre o filme.

— Para onde estamos indo? — Ela franziu as sobrancelhas.

— Seu presente. — Segurei a sua mão.

Ren arregalou os olhos e começou a questionar o que era,

mesmo eu dizendo que era surpresa.

Assim que estacionei meu carro na garagem do meu

apartamento, Ren pulou para fora do veículo. Um Jeep branco

estava parado e havia um laço vermelho em cima.

— Oh meu Deus! — Ren gritou, com a mão na boca. — Um

carro!

— Quem vai dar uma volta com você? — perguntei, sorrindo.

Ela correu para mim e envolveu suas coxas em minha

cintura, então eu a beijei.

— Obrigada! Eu amei. — Ela ria e pulava, tão feliz quanto

uma criança.

— Você merece. Agora vamos dar uma volta.

Ren desceu e eu bati em sua bunda. Ela entrou no carro e

eu fui para o banco do passageiro. Olhei para Ren e me senti


satisfeito com a sua felicidade.

— Para onde? — ela perguntou, sorrindo.

— Onde quiser, garotinha.

Nós fomos à praia. Conversamos e comemos até Ren

adormecer e eu ter que levá-la para casa. Naquela noite, eu senti


algo. Um tipo de amor que nunca experimentei, e isso me assustou.

Assim que cheguei ao hospital, depois de uma semana

evitando as ligações dos meus pais, eu fui verificar Kathlen. Ela

estava jogando baralho com uma mulher que eu nunca havia visto

aqui. Me aproximei e conferi seus batimentos.

— Esse coração está agitado — comecei a falar

suavemente.

Ela deu de ombros e sorriu largamente.

— Júlia ganhou de mim três vezes, estou tentando alcançá-

la — Kathlen murmurou.

Eu encarei a convidada. Ela era morena e tinha pouca


estatura.
— Olá. Sou o dr. Chanse e cuido da senhora eufórica aqui —

me apresentei.

Assim que ela estendeu a mão, eu a peguei rapidamente.

— Ela está usando o coração da minha mãe — Julia falou


baixinho, piscando rapidamente. — Desculpe. Eu só... queria saber
quem é forte o suficiente para bater no mesmo compasso do

coração dela.

Júlia não era a primeira pessoa a pedir para ver quem era o
receptor do órgão de um parente. Eu apoiava esse encontro, mas a
legislação, não. Então, a presença de Júlia era estranha.

— Como você soube? — perguntei cautelosamente.

Ela deu um sorriso e engoliu em seco.

— Eu só sei.

Acenei. Eu não a obrigaria a falar nada.

— Vou examinar Kathlen. Você pode esperar lá fora?

Júlia concordou e saiu do quarto.

— Você está chateado com algo? — Kathlen me olhou


enquanto eu pegava o transdutor e colocava gel na ponta.
— Se vire um pouco — pedi, suspirando. Pressionei o

transdutor em sua pele e comecei a ver seu coração. — Não estou


chateado. Júlia não pode ter contato com você. Isso é tudo.

— Ela é uma moça boa. Vocês deveriam sair. — Kathlen

sorriu largamente, mas eu neguei. — É claro, só se você não estiver


comprometido.

Eu não estava realmente comprometido, mas tinha um


acordo com Ren. Exclusivos.

— Não vou sair com a Júlia. Agora respire fundo.

Fiquei com Kathlen até finalizar seu exame. Depois passei o


dia organizando os orçamentos do mês, e quando finalizei, Daniel

estava à minha porta, com os olhos arregalados.

— A Serenity.

Sua voz urgente me fez correr.

— Ela está com um rapaz. Ele foi esfaqueado — Dan

começou a me explicar enquanto eu socava o painel do elevador.

— Cara? Que cara? — perguntei, preocupado. — Ela está


bem?

— Aparentemente, sim — Dan resmungou enquanto eu saía


do elevador em direção à emergência.
Eu a vi antes que ela pudesse me enxergar. Ren estava com
o cabelo preso no alto da cabeça e os olhos raiados de sangue. Seu
nariz estava vermelho e suas bochechas banhadas de lágrimas.

Algo nessa visão fez meu peito doer de uma maneira que nunca
experimentei.

— Ren — chamei assim que parei diante dela.

Serenity se ergueu e correu para mim. Por um breve


momento, fiquei preocupado que as pessoas nos vissem, mas quem

ligava? Ren precisava de mim.

— Eles tentaram matá-lo.

Seus soluços faziam minha cabeça doer. Eu a puxei para


longe dos olhos das pessoas e segurei sua cabeça.

— Quem tentou matar quem, baby?

— Meu irmão. O Brandon. — Ren mordeu o lábio. — Ele


devia muito dinheiro a alguns traficantes e eles tentaram matá-lo
hoje. Ele foi me visitar, e quando foi embora eu o levei até seu carro.

Eles chegaram de repente. Eu fui empurrada e eles bateram nele.


— Ren soluçou mais uma vez. — Nunca senti tanto medo na minha

vida. Eles o machucaram diante de mim. Tentaram matá-lo.

Porra.
Eu respirei fundo e acenei.

— Você precisa se acalmar. Eu vou saber como ele está,

mas só sairei daqui se você estiver bem — avisei inflexivelmente.

Ela respirou fundo, limpando o rosto.

— Obrigada, Devon.

Eu acenei e a deixei sentada na sala de espera. Em pouco


tempo, eu tinha a cirurgiã responsável por Brandon me relatando

que estava tentando costurar o estômago dele e que era cedo para

dizer se ele sairia dessa bem. Eu agradeci a ela pelas informações e

fui atrás da Ren.

Willow estava com ela quando retornei. A amiga a abraçava,

enquanto seus ombros tremiam.

— Ele está em cirurgia e levará algum tempo. Não há muito

o que possamos fazer, só esperar — avisei a Ren assim que surgi

na sua frente.

— Ele vai ficar bem? — Sua voz estremeceu.

Respirei fundo. Ser médico vai além de cuidar de

enfermidades. Cuidamos das dores emocionais dos nossos

pacientes e familiares deles. Não é fácil encarar a morte, mas


encarar as vidas que precisam seguir em frente é tão doloroso

quanto.

— Não sabemos. Ele precisa sair do centro cirúrgico.

— Dr. Chanse — uma voz gritou enquanto meu bip soava.

— Eu preciso ir. Volto em breve.

Ren acenou, envolvida em sua própria dor.

Eu me virei e saí. Quando retornei para ver Serenity, já havia


se passado duas horas. Seu irmão ainda estava sendo operado.

— Vamos tomar um café — chamei, pegando em sua mão.

Ren entrelaçou nossos dedos e me seguiu em silêncio

enquanto eu via Willow dormindo na cadeira.

— Eu estou com medo, Dev.

Ren se sentou à mesa e colocou as mãos no rosto. Puxei

ambas para mim e beijei seus dedos.

— Eu estou aqui para você. Não posso jurar que seu irmão

vai ficar bem, mas estou tentando deixar você a par de tudo —
respondi e engoli em seco. — Não vou pedir que não tenha medo,

porque deve ser apavorante.


— Eu só queria ter conseguido levá-lo para a reabilitação. —

Ren fungou e eu toquei seu rosto. — Odeio não ser forte o

suficiente. Odeio que ele não me ame o suficiente. Nada importa


mais do que as drogas. Brandon nem me ama.

— Você não tem culpa disso. Ele está doente, Serenity.

— Eu sei... só que dói.

Eu imaginava que sim.

— Ele vai sair dessa, Ren.

Eu esperava que sim. Nunca imaginei que a dor de alguém


me abalaria tanto, mas ali estava eu, torturado com a tristeza dela.

Devon mal parecia perceber que as pessoas estavam nos

olhando. Não queria trazer problemas para ele, mas estar com ele,
com suas mãos nas minhas e suas palavras direcionadas a mim,

estavam me dando segurança.


— Você teria problemas se as pessoas soubessem que

saímos juntos? — Mudei de assunto, tentando me afastar do pavor


absoluto de perder mais uma pessoa.

Papai e mamãe já haviam me deixado, eu não me imaginava


perdendo Brandon.

— Não, por quê? — Seu rosto se fechou.

— As pessoas estão nos olhando. — Respirei fundo.

Devon se virou e, em segundos, todo mundo voltou para sua


própria vida, tentando disfarçar.

— São curiosos.

Eu acenei e ele se ergueu para buscar nossos cafés. Eu

preferia sempre café com baunilha e chantili, enquanto Devon

amava seu tradicional café preto.

— Isso é tão doce, que quando você tiver a minha idade,

vamos lidar com sua diabetes.

Meu coração parou e voltou dois segundos completos

depois.

Ele disse vamos lidar?


Ultimamente, eu andava sempre procurando migalhas de um

futuro com Devon. Eu o queria comigo nele, e odiava sentir isso

quando era óbvio que ele não sentia o mesmo.

— E eu vou lidar com sua calvície. — Entrei na brincadeira,

fazendo-o semicerrar os olhos.

— Eu não vou ficar calvo. — Sua indignação e passada de

mão pelas suas entradas muito bem cobertas de pelos me fez rir. —

Sua risada é como um coral de anjos fazendo uma sinfonia.

Jesus, como eu poderia não me apaixonar?

— Tem algo em você que me faz querer ser muito mais


velha. Tem algo em você que me faz desejar um futuro juntos — eu

confessei baixinho e Devon parou de sorrir. — Desculpa. Eu não

deveria...

Assim que seu bip ecoou, ele olhou para o celular.

— Vamos lá, Brandon saiu da cirurgia.

Meu coração falhou uma batida. Por meu irmão e por sua

resposta inexistente.

Nós fomos para o quarto onde Brandon já havia sido

alocado. Nervosa, eu me aproximei da sua cama e vi uma médica

loira de pé.
— Olá, Devon. Olá, Serenity. — Ela acenou com um sorriso.

— Brandon está bem, mas foi por muito pouco que não perfuraram
seu intestino grosso, o que complicaria bastante.

— Becca, ele vai ficar bem? — Devon se aproximou dela e

começou a olhar as máquinas presas a Brand.

— Ele precisa ficar no hospital por algum tempo, mas no

geral não temos com o que nos preocupar.

Eu suspirei de alívio e toquei em Brandon. Ele parecia

sereno enquanto dormia. Toquei sua mão e me sentei perto.

Agradeci a Deus pelo seu livramento e jurei me dedicar mais a ele.


A sua reabilitação.

— Você está me devendo uma bebida. — A voz da médica


ecoou, então eu me virei e a vi perto de Devon.

— Me diga o local e horário. — Ele sorriu e virou para mim

quando ela saiu.

Pisquei e encarei Brandon. Eu precisava focar nele, não em

Devon e seus possíveis encontros.

— Você precisa de mais alguma coisa?

Odiava o tom que ele estava usando. Como se ele realmente


fosse só o médico aqui.
— Não, obrigada.

— Eu preciso ir ao meu escritório, mas volto...

— Não precisa — eu o cortei, engolindo em seco. Tudo

dentro de mim doía. Que ódio de mim mesma. — Muito obrigada por

tudo. — Encarei-o novamente e vi quando acenou.

Ele estava de jaleco, usando seu estetoscópio. Tão bonito

que me irritava.

Devon saiu do quarto e eu me inclinei sobre a cama,

respirando fundo.

Vamos ficar bem. Sempre ficamos.

— Você precisa lutar comigo, ao meu lado. Por favor, Brand.

— Pisquei novas lágrimas enquanto Brandon continuava dormindo.

Pelo menos, era dormindo. Eu poderia ter perdido o meu


irmão naquele dia. Nunca mais queria sentir aquela sensação
aterrorizante.

Brandon não acordou até o dia seguinte. Willow passou ali e


ficou com Brand enquanto eu ia para casa e tomava um banho.

Quando voltei, encontrei Daniel na recepção.


— Ei, seu irmão está melhor?

— Sim, obrigada por chamar Devon ontem. — Agradeci a


ele, sorrindo.

— Não há de quê. Preciso ir, mas desejo melhoras a ele.

Daniel se afastou e eu fui para o quarto do meu irmão. Assim


que cheguei, vi Devon com ele e Willow. Brandon ainda dormia e
Willow estava no celular.

— Ei, bom dia — murmurei, engolindo em seco.

— Brand acordou agitado — Willow resmungou ao se


aproximar, me fazendo arregalar os olhos. — Ele queria ver você.
As enfermeiras o colocaram para dormir.

— Tudo bem. Você pode ir. Muito obrigada. — Sorri,


abraçando minha amiga.

Assim que Low saiu, eu me aproximei do meu irmão. Ele

estava sereno. Eu ainda não o havia visto acordado, e queria muito.

— Ele vai acordar logo.

Lembrei-me de Devon e respirei fundo, então me virei para


encará-lo e acenei.

— Eu quero conversar com você.


Eu odiava essa frase.

— Tudo bem. Eu vou sair daqui à noite. Eu te aviso por


mensagem.

Devon acenou e apontou para a porta.

— Eu preciso ir.

Eu o assisti ir embora, e alguma coisa me dizia que Devon


não sairia apenas do quarto. Ele sairia da minha vida.

Eu esperei vinte minutos para Brandon acordar. Ele apertou


minha mão, e quando abriu os olhos tentou se sentar. Eu o empurrei
com uma força que nem sabia que tinha.

— Ei, ei, touro louco. Pare com isso. — Eu sorri assim que
seus olhos localizaram os meus. Seus braços me rodearam e eu
afundei em seu peito, tendo cuidado com sua barriga. — Nunca

mais faça isso comigo.

— Perdão, Ren. — Sua voz arranhou e ele engoliu. — Eu


estou doente, mana. Eu sabia disso, mas colocar você em perigo foi

minha morte.

— Eu estou bem.

— Eu sei, a loira tatuada falou. — Ele me apertou mais e


beijou meu rosto. — Eu vou me internar. Eu juro.
Meu coração ficou aliviado. Beijei seu rosto e o abracei de
novo.

— Vamos ficar bem, Brandon. Eu prometo.

E eu cumpriria minha promessa.

— Vamos, eu sei que vamos.

Brandon pediu água e eu me afastei para pegar. Assim que

virei o copo em sua boca e lhe dei pequenos goles, a médica entrou.
Ela devia ter uns trinta e poucos anos. Era muito bonita e loira.

— Olá, srta. e sr. Price. Eu sou a dra. Riley Preston. — Seu

sorriso era gracioso. — Vamos dar uma olhada em seus pontos? —


Ela se aproximou e começou a examinar Brandon.

— Ele está bem, certo? — perguntei, tensa, enquanto meu


irmão sorria.

— Está ótimo, na verdade.

Suspirei de alívio segundos antes da porta ser aberta. Fiquei


rígida ao ver Devon mais uma vez.

— Ouvi dizer que Brandon acordou — ele se explicou antes

que alguém pudesse perguntar. Devon olhou para o resto das


pessoas presentes e ficou congelado.
Eu segui seu olhar e vi que Riley estava o encarando,

parecendo nervosa. Quem era ela?

— Olá, Riley. — Devon acenou.

Eu podia sentir a tensão de longe. Brandon me encarou com


uma expressão que dizia o mesmo.

— Olá, Dev. Devon — ela se corrigiu rapidamente. — Eu


deixei uma caixa no seu escritório. Achei algumas coisas suas no
porão.

Oh meu Deus. Ela era a esposa dele?

— Eu assinei os papéis.

Riley engoliu em seco enquanto eu caía em um redemoinho


de dúvidas e emoções.

Devon foi casado?


Casar-me com Riley foi, sem dúvidas, a melhor coisa que fiz
por mim há dez anos. Nós éramos apaixonados, vivíamos
trabalhando, mas dentro da nossa casa tudo era perfeito.

Até começarmos a tentar engravidar.

Acho que nunca pensei que tudo fosse ruir em poucos anos,
mas foi exatamente isso que aconteceu.

Riley passou o primeiro ano cheia de expectativas, comprava

vários testes de farmácia e estocava no nosso banheiro. Todos os

meses, na semana da sua menstruação, era de aflição, nervosismo


e ansiedade acima de tudo. Eu tentava consolá-la a cada negativo,

mas chegou o momento em que ela se ressentiu de mim. Dizia que

eu não queria o suficiente. Que nossas tentativas eram apenas sexo


para mim e não a idealização do nosso bebê.
Éramos dois médicos. Sabíamos o que estava acontecendo.

Éramos saudáveis, mas a ansiedade dela nos atrapalhava.

Por dois anos vivemos isso. Então, há oito meses, Riley

pediu o divórcio. Passei oito meses para realmente conseguir


assinar os papéis. Daniel disse que não superei, mas eu o fiz.

Só que se divorciar é um tipo de fracasso que eu não queria

para minha vida.

Minha família odiava Riley, o que não era novidade, já que

meus pais odiavam todo mundo de Solwe. Mas Camille começou a


questionar se eu estava saindo ou vendo alguém.

Foi aí que Ren entrou.

Eu queria que a minha irmã me deixasse em paz, então levei

Ren para o jantar de Natal.

— Você era casado. — A voz da menina doce que estava tão

profunda dentro de mim que me assustava ecoou na minha sala.

Ren deslizou os dedos pelos móveis sem me encarar.

— Sim.

— Por quanto tempo?

— Dez anos.
Ren se encolheu com a informação e eu quis retirá-la.

Willow chegou assim que Riley saiu da sala, então pedi a

Serenity para conversarmos. Eu precisava falar com ela.

— Estão separados há quanto tempo?

Jesus.

— Oito meses.

Ren fechou os olhos e engoliu em seco, parecendo sentir

dor. Eu queria tirar dela qualquer sentimento ruim, mas não podia.

Não agora.

— Você a ama?

Assim que sua frase soou eu me ergui. Andei até ficar perto

dela, mas seu rosto estava focado nas prateleiras onde livros

descansavam.

— Eu a amei. Não sei o que sinto por ela hoje. Carinho,

talvez.

Ren acenou e segurou meu pulso.

— Você quer terminar comigo, não é?

Eu queria mentir. Dizer que sim, que eu queria isso, mas era

ridículo mentir.
— Não, mas eu preciso, Ren.

Ela respirou fundo e se virou. Seus olhos brilhavam e eu quis

segurar seu rosto e prometer não a deixar. Mas eu precisava.

— Você mentiu para mim. Estava comigo para pagar as


dívidas do seu irmão.

Serenity engoliu em seco, mas não me desmentiu. Era


verdade, nós sabíamos disso.

— E eu acho que estamos elevando rápido demais a nossa

relação.

— Você tem medo de se apaixonar por mim?

Sua pergunta me fez desejar poder ser sincero. Porque eu

não tinha medo de me apaixonar por ela, eu já estava.

E era um erro.

Ren merecia viver tudo ao máximo. Nossa diferença de

idade era um problema sim, sempre seria.

— Não. Eu quero que viva sua vida da melhor forma


possível.

— Eu não posso fazer isso com você? — Ela me encarou e


sorriu. — Esquece. Eu vou sair do apartamento e mando a chave
por alguém...

— Pare com isso — pedi, insultado. — Ele é seu. Tudo que

dei a você é seu. Não quero nada de volta.

— Você realmente acha que tudo isso foi por dinheiro, né? —
Sua pergunta saiu enquanto ela erguia o queixo e me olhava.
Lágrimas enchiam seus olhos. — Sabe quantas noites eu quis estar

na sua cama, só agarrada a você assistindo a um filme? Não sou


hipócrita e nem mentirosa. Eu amei meu apartamento, amei o carro,

sou grata pela faculdade paga e por poder pagar as dívidas do meu
irmão, mas se hoje você dissesse que não tem mais dinheiro, eu

ainda iria querer dormir em seu peito. Eu iria querer fazer amor e
depois conversar sobre qualquer coisa.

— Você merece tudo que quer, Ren. Filhos, casamento, tudo


— murmurei, entorpecido.

— Eu mereço. — Ela acenou, piscando enquanto duas

lágrimas desciam por suas bochechas. Ren enxugou sua pele,


pegou sua bolsa e me encarou. — No dia que me procurar para
voltar, porque eu sei que vai, eu não vou voltar para você. Não

facilmente.

— Eu não vou, Ren.


Era mentira. Eu iria.

— Eu vou viver a minha vida de forma plena. Vou transar

com desconhecidos em festas, ficar muito bêbada, e, quem sabe,


parar aqui na emergência para tomar glicose. Então você vai ter a

oportunidade de dizer “esses jovens” junto com seus amigos e com


a sua Riley preciosa.

— Você está sendo agressiva e mal-educada.

— É, daddy? Eu estou? O que vai fazer? Me bater? —


Serenity me olhou com escárnio, então senti a boca do meu

estômago doer. — Vai se foder, Devon Chanse.

Ela saiu da minha sala como um furacão. Eu desejei ter feito


isso de uma maneira menos agressiva com ela. Porra.

Eu era um idiota.

Ren sabia disso e ainda me agradeceria por deixá-la livre. Eu


sabia que sim.
Eu estava entorpecida. A dor em meu coração irradiava por
todo meu corpo. Minha cabeça doía, meu coração estava quebrado
e meu estômago revirava de uma maneira nunca vista.

Eu nunca me apaixonei, nem sabia o quanto isso podia ser

horrível e assustador.

Por que Devon estava fazendo isso? Qual era o problema


dele?

Mesmo que ele tivesse se explicado, eu não entendia. Eu

sabia que nossa diferença grande de idade era um problema, mas

um que poderíamos resolver. Eu e ele.

— Você está bem? — O atendente do café me encarou por

alguns segundos, com o cenho franzido. Ele parecia não ter mais

que vinte e três anos. Seu cabelo era preto e ele tinha olhos azuis.
Era lindo de uma maneira perigosa.

— Sim. Um café com baunilha, por favor.

Ele acenou e me trouxe o café. Me sentei o mais longe da

entrada e das pessoas. Eu queria chorar. Queria minha cama e

sorvete. Eu queria ser a jovem melodramática que Devon achava


que eu era. Ele estava certo, eu não me importava.
Vi Riley entrar na cafeteria e quis odiá-la, mas pelo quê? Por

ter sido amada por Devon? Até eu tinha um pouco de consciência.


Ela era linda e eles tinham a mesma idade. Devon ficou tão nervoso

quando a viu. Ele ainda a amava?

Eu perguntei a ele, mas sua resposta de não sei foi vaga o

suficiente.

— Tire-o da sua cabeça — murmurei para mim mesma e


respirei fundo.

Isso só me trouxe lágrimas. Eu odiava quão rápido me


apaixonei por Devon.

Eu era uma tola.

Willow me levou para casa depois de Brandon pedir que eu

fosse. Ele estava bem e queria que eu dormisse em casa. Eu não

queria, mas precisava. Eram coisas diferentes.

— Ele terminou comigo — falei devagar enquanto apertava

minhas mãos juntas.

Willow tirou os olhos do trânsito e me encarou. Seu

semblante relaxou e ela me puxou para perto.


— Como eu me apeguei a ele tão rápido, Low? — perguntei,

enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. Eu funguei, tremendo

levemente.

— Ele fez bem a você, Ren. Nos apaixonamos por quem nos

traz o nosso melhor lado. Quem cuida e nos protege. Devon foi isso

para você.

Fora o sexo alucinante, mas isso eu não falaria à minha

melhor amiga.

— Ele disse que o apartamento é meu — falei devagar e Low

sorriu.

— E é. Ele o deu a você. É seu. — Minha amiga suspirou. —

Não estou falando isso porque amo morar lá, é porque você merece

tudo que ele te deu. Tudo.

Eu sabia disso, mas meu orgulho estava ferido.

— Tudo bem. O apartamento fica, mas o resto... eu vou


devolver. — Respirei fundo e encarei a janela, vendo as árvores

passarem.

— Eu acho que vocês voltam, Devon parece gostar de você.

— Eu achei isso também, mas quem gosta faz isso?

Willow respirou fundo, mas não respondeu.


Ela não precisava, eu entendia.

Devon não gostava de mim o suficiente.

Havia se passado duas semanas desde o meu rompimento

com Devon. Eu não o via desde então, e estava bem com isso. Ver
Devon me deixaria mais triste. Relembrar o que perdi doeria muito

mais, porém, queria saber como ele estava. Dormia mais para fugir

da realidade igual a mim? Ou sua vida estava igual antes?

— Eu estou bem. — Brandon estava sentado na cama,

nervoso.

— Eu sei, mas não sou eu que dou alta a você.

Ele fez uma careta. Meu irmão queria ir embora, ele


realmente parecia estar bem.

— Eu acho que essa Riley está apaixonada por mim. Por

isso não quer que eu vá embora — Brand murmurou, me fazendo


sorrir.

— Sério? Ninguém aguenta mais a sua cara feia aqui. —


Willow entrou no quarto, fazendo uma careta.
Eu peguei a deixa e saí, deixando os dois se matando

sozinhos.

— Café com baunilha — Henry, o cara moreno do café,


murmurou antes que eu pudesse.

Sorri e acenei confirmando. Agradeci e fui para a minha


mesa habitual. Eu havia começado a trabalhar como assistente em

uma clínica ali perto há alguns dias, os horários eram flexíveis com

as minhas aulas. Eu gostava daquela cafeteria. Ainda era cedo,

então eu tomava café e depois ia para o trabalho.

— Eu sei que você vai dizer não, mas estou há dias

querendo fazer isso. — Henry se sentou diante de mim de repente.


— Aceita jantar comigo?

— O quê? — Com as sobrancelhas erguidas, arregalei os

olhos.

— Só um jantar, ou apenas um café. — Ele sorriu, sem jeito.

— Estamos em um encontro, então? — Apontei para o meu

café e o que ele segurava.

Henry respirou fundo e riu. Ele era realmente bonito.

— Pode ser.

Henry deu um gole em seu café.


— Eu sou Henry, e moro em Solwe desde sempre.

— Eu sou a Serenity, e moro em Solwe há alguns meses.

— Eu gosto de café — ele ergueu o copo —, skate e do mar.

— Nossa, eu amo café. E cairia de bunda se subisse em um

skate e, bem, ir ao mar não é algo que eu queira agora.

Muitas lembranças.

— Prometo não deixar você cair de bunda. Vamos lá.

— O quê? — Arregalei os olhos e ele se ergueu, estendendo

a mão.

Naquele momento, as portas se abriram e Devon entrou. Ele

acenava concentrado para Riley, que estava falando atrás dele. Eu

queria sumir. Desejei que um buraco se abrisse e eu pudesse pular

dentro.

— Vamos?

Meu buraco estava bem ali, me estendendo a mão. Épico.

— O.k., mas se eu cair você vai se ver comigo — murmurei

sorrindo e me ergui.

Henry me guiou até a saída pela mão. Não olhei para Devon.

Não podia fazer isso.


Não depois de tudo. Eu desabaria.

Henry me levou até o estacionamento e tirou um skate de um

carro. Ele segurou minha mão e eu subi na tábua com quatro rodas.
Gritei enquanto deslizava e Henry morria de rir.

— Oh meu Deus! — gritei quando o skate deslizou e eu


fiquei. Minha bunda doeu antes do impacto que não aconteceu.

— Estou aqui — Henry murmurou assim que me segurou.

— Obrigada. — Eu ria enquanto meu coração batia rápido.

A adrenalina era imensa e tão boa.

— É expressamente proibido andar de skate em qualquer

espaço do San José. — A voz dura e rouca me fez pular.

Henry se virou me segurando e nós vimos Devon.

— Desculpe, dr. Chanse. Vamos sair imediatamente.

Henry me puxou pela mão enquanto eu olhava para Devon.


Nada havia mudado. Ele estava tão bonito como meses atrás. Eu o
odiava por isso.

— Vamos lá, Ren. — Henry me levou para seu carro, então


entrei no automático.
Quando ele dirigiu para fora do estacionamento, eu comecei
a chorar. Os soluços enchiam o carro, então Henry estacionou,
completamente confuso.

— Me desculpa. Eu...

Nada saía. Como eu poderia explicar?

— Ei, calma, está tudo bem.

Não estava.

Devon estava ótimo, enquanto eu tomava um chá horrível

para conseguir dormir. Soluçava sozinha, contra as almofadas para


Willow não me ouvir.

Eu odiei perceber que estava sofrendo sozinha.


Eu não me arrependia de ter rompido com Serenity, sabia
que havia sido o correto, mas não seria hipócrita de falar que não
estava me machucando. Pensar nela me causava saudade,
imaginar que ela poderia estar em um bar com os amigos ou em

uma balada me preocupava. Queria ter certeza de que ela estava


bem. Tudo isso eu havia sentido, mas o ciúme era novo.

— O garoto da cafeteria? — Daniel fez uma careta.

Eu estava com a pasta do funcionário da cafeteria. Eu sabia

seu nome – Henry – e onde ele morava. E eu queria matá-lo.

Por tocar nela, por ensiná-la a andar de skate, e por ter sido

ele a segurá-la, e eu a assustá-la.

Eu queria poder exigir que ele se afastasse dela, mas não

podia. Não naquele dia, nunca.


— Não é da sua conta — grunhi para Dan, folheando a

pasta.

— Você parece um perseguidor. Você decidiu terminar, deixe

Ren seguir em frente. Viver o que você queria que ela vivesse...

— Cala a boca — rosnei entredentes. — Eu só quero

protegê-la...

— Você é louco. — Ele inclinou a cabeça. — Você está

irritado e com ciúmes. Quer ir buscá-la e tirá-la do quarto dele à

força — ele grunhiu.

— Ela não está dormindo com ele. — Fechei a pasta e a

joguei para o lado.

Não, certo? Porra, que não esteja.

— E se ela estiver? Ela é jovem, ele também, isso é tudo que

você desejou para ela.

Eu encarei Daniel, semicerrando os olhos. O que deu nele?

— Pare com isso.

— De falar a verdade? — Dan arqueou a sobrancelha.

— Vai se foder.
Me ergui e peguei meu blazer. Vesti tudo e saí do
consultório, deixando-o sozinho. Andei até a cafeteria sem perceber,

e quando cheguei olhei para a mesa onde Ren estava hoje de

manhã. Tão linda.

Então eu vi Henry estendendo a mão e ela a aceitando,

seguindo-o.

Deus, eu odiava que ele tivesse tocado nela.

— Me seguindo? — Riley sorriu ao meu lado.

— Tentando arejar. — Sorri.

Fui me sentar e Riley me seguiu em silêncio.

— Eu quero conversar com você. Podemos jantar juntos? —

Suas palavras me confundiram. Riley se sentou e me encarou,

engolindo em seco. — Antes de marido e mulher fomos amigos,

Devon.

Eu sabia disso, mas fazia muito tempo.

— Eu não sei, Riley. Faz muito tempo que não somos

amigos. Acabei de assinar os papéis do divórcio, não acho saudável

jantarmos...

Minhas palavras foram fazendo Riley morder a boca e piscar.

As lágrimas que encheram seus olhos doeram em mim. Eu a amei


um dia e ainda sentia carinho por ela. Ver Riley chorando não era

algo que eu queria.

— Tudo bem.

— Fortwood?

Por que não?

À noite, eu encontrei Riley na cidade vizinha, em um

restaurante próximo ao mar. Não era o mesmo que levei Ren,


aquele lugar era especial. Apenas dela. Nosso. Mesmo que nunca

mais voltássemos lá.

— Eu amo esse lugar. — Riley me trouxe para o presente.

Riley sempre amou a praia. Era uma coisa que

compartilhávamos. O amor pelo mar.

— Um vinho — pedi ao garçom e ele se virou para Riley.

— Eu quero só um suco.

— Suco? Onde está o conhaque? — Sorri, divertido.

Seu rosto suavizou.


— É sobre isso que quero conversar. — Riley respirou fundo.

— Não posso mais tomar nada disso...

— Por quê? — Franzi as sobrancelhas, confuso.

Porém, meu celular começou a tocar. Atendi sem ver quem


era ao mesmo tempo em que Riley murmurou algo que não
compreendi.

— Não pague mais a minha faculdade! Mês passado você

fez isso. Eu não liguei porque, sinceramente, apenas ver ou ouvir


sua voz me machuca. Mas não quero você custeando a minha vida.

Nunca mais. Você está me ouvindo, Devon?

A voz de Serenity estava alta, então me ergui e pedi um

segundo a Riley.

— Você está com raiva porque paguei sua faculdade? —


perguntei, sério.

— Estou puta por você continuar esfregando seu dinheiro na


minha cara. Não bastou eu ter ficado com o apartamento? Você

quer que eu esfregue meu orgulho no chão?

— Eu vou continuar pagando sua faculdade. Isso não está


em discussão.

— Você não é meu pai, Devon!


— Não sou, Ren, não sou mesmo. Porém, eu quero e
preciso cuidar de você.

— Cuidar de mim? — Ela riu do outro lado da linha,


descontrolada. — Você me machucou. Você. Quem cuida não

machuca, Devon.

— Eu estava cuidando de você nesse caso também, amor.

— Não me chame assim. Não faça isso. — Sua voz quebrou.

Eu desejei estar com ela. Queria segurá-la contra meu peito

e dizer que eu nunca deveria ter aberto mão de nós dois.

— Eu vou pagar sua faculdade, vou estar na sua formatura e


vou acompanhar sua entrada no San José. Porra, Ren, eu quero ver
cada passo seu, mesmo que eu não possa estar ao seu lado.

— Não importa o que eu quero, certo? — Ren fungou. —

Para você, eu sempre vou ser uma criança estúpida que não sabe o
que quer.

— Eu nunca disse isso.

— Está em seus olhos, Devon. No dia em que me deixou,


estava em seus olhos.

— Devon, está tudo bem? — A voz de Riley soou atrás de

mim, então me virei.


— Sim, estou indo.

— O seu vinho chegou. — Ela franziu as sobrancelhas,

confusa.

— Está tudo bem, Riley. Prometo. — Encarei o mar e fechei


os olhos.

Ela acenou e me deixou sozinho.

— Você está com ela?

Jesus, eu queria matar Riley.

— Ela quer conversar sobre algo. Viemos jantar, só isso.

— Onde você está?

— Em Fortwood.

O seu silêncio me deixou nervoso.

— Eu só liguei para você parar de pagar as minhas dívidas.

Eu sou uma mulher adulta, eu me viro sozinha. Me virei quando meu


irmão estava enfiado em drogas, vou me virar agora também.

— O quê? Você vai voltar para aquele site? — A raiva em

minha voz explodiu.

— E se eu for, dr. Chanse? O que você tem a ver com isso?

Eu a mataria.
— Serenity...

— Nada. É isso que você tem a ver com o fato de que outro

homem bonito, maduro e rico está comigo.

E ela desligou.

Apertei o celular, tremendo de ódio. Ela estava realmente de

volta ao site?

Voltei para a mesa e me sentei, tentando controlar minha

irritação. Imaginar Ren em um encontro com outro homem me fazia


ver vermelho. Queria socar alguém.

— Está tudo realmente bem?

— Sim, Riley. — Bebi um gole grande do meu vinho e a

encarei. — Então, me conte por que não pode tomar seu conhaque.

— Você se lembra da última noite que nos vimos, há dois

meses?

Vagamente. Talvez, ela tivesse me cobrado os papéis do


divórcio, eu não lembrava.

— Eu engravidei aquela noite, Devon.

Meu coração parou e eu a encarei, assustado. O quê?


Eu sabia que não deveria ter vindo. Mas depois de tentar
pagar a minha faculdade e ver que Devon tinha feito isso, eu estava

muito irritada. Vim todo o percurso de Solwe até Fortwood

ruminando o fato de ele continuar me bancando.

Então explodi e resolvi ligar. Escondida em um banheiro

perfumado, chorando por ele ser um idiota enorme.

— Não olhe — Willow grunhiu, mas eu fiz do mesmo jeito.

Riley estava ali com Devon. Ele parecia branco como uma

folha de papel.

Eu nunca pensei que o universo me odiava tanto, pelo

menos até aquele momento.

— Quando dizem não olhe é para não olhar — Low

murmurou, fazendo careta.

Virei-me novamente e respirei fundo. O sugar daddy dela

estava ali. Viemos encontrá-lo. Eu só não sabia que ele traria


companhia. O homem moreno não parecia tão velho, na verdade,

parecia bem mais novo. Willow tinha um jantar com seu daddy
marcado e viemos encontrá-lo juntas.

— O que estudam? — ele perguntou, mas eu não estava


focada o suficiente.

— Eu preciso ir ao banheiro.

Willow olhou para mim como se questionasse “de novo?”

— Na verdade, eu que preciso ir. — Willow se ergueu e seu


acompanhante fez o mesmo. Os dois saíram e eu fiquei sentada.

— Está tudo bem? — Ele franziu as sobrancelhas.

— Não estou me sentindo muito bem. Desculpa, vou embora

mais cedo.

— Desejo melhoras. — O homem sorriu amavelmente. Mas

seu sorriso caiu ao ver algo atrás de mim. — Você conhece aquele

cara?

Eu sabia quem era o cara. Por isso, não me virei.

— Ele está vindo para cá.

Droga, Devon.
— Estou atrapalhando? — Devon se inclinou na mesa me

encarando.

— Sim — grunhi, irritada. — Onde está sua esposa?

— Ex-esposa. Vamos, vou deixar você na sua casa.

Sério? Ele se achava no direito de fazer isso?

— Saia daqui — ordenei inflexivelmente.

Ele negou, em silêncio.

— Olha, eu preciso fazer uma ligação. — O homem saiu sem


que eu ou Devon tirássemos os olhos um do outro.

— Sério, Serenity? Porra! Estou pagando a sua faculdade

para você não se preocupar com dinheiro, apenas em estudar...

— Você acha que tudo é dinheiro, não é?

Devon tocou meu cotovelo, mas eu o afastei bruscamente.

— Não me toque. — Me ergui da mesa enquanto o

encarava. — Nunca mais toque em mim.

— Eu quero cuidar de você.

— Você não é meu pai, Devon! — gritei no meio do


restaurante. Rígido, ele me encarou. — Esse título morreu com ele.

E isso é algo que você nem faz ideia, porque nunca se interessou
pela minha vida, apenas pelo meu corpo. E quando cansou dele,

você tentou compensar com dinheiro. Eu não quero seu dinheiro, eu


sempre quis você. Mas não mais, Devon.

Eu me virei e saí andando com pressa. Peguei meu celular e

enviei uma mensagem para Willow avisando que estava indo


embora. Havíamos vindo no meu carro. Mais uma coisa que Devon

havia me dado.

— Ren, por favor.

Eu girei, sentindo meu coração na garganta.

— Pare com isso! Me esqueça. Finja que nunca me

conheceu. Estou fazendo isso agora em relação a você.

— Estou tentando muito, todos os dias, não te procurar. Não

por eu ter cometido um erro, mas por ser horrível estar sem você.

Não me peça para esquecer você. Eu tentei, de uma maneira que

nunca tentei nada, mas não consigo.

— Devon, você...

— Me deixe falar. — Devon passou a mão pelo cabelo

freneticamente. — Eu penso em você em todos os momentos. Cada

segundo do meu dia. Quero estar com você, mas se não posso,

pelo menos quero cuidar e proteger você.


— Você estava pensando em mim enquanto jantava com a
Riley?

— Sim, estava.

— Você é patético, Devon. — Eu me virei e continuei

andando. Destravei meu carro e parei. — Eu vou deixar o carro no


estacionamento do hospital amanhã.

— Riley está grávida. — A voz dele ecoou, me deixando

rígida. — Grávida de algum residente, e ela queria me avisar sobre


isso. Mas não dou a mínima. Ela não é minha.

Sua. Eu queria ser dele.

Mesmo que ainda querer isso fosse idiota.

— Eu nunca quis realmente ter filhos. Foi por isso que nos
divorciamos. Riley está feliz com a gravidez e eu estou feliz por ela.

Só isso, nada mais.

Meu coração doeu. Eu odiei ouvir que ele não queria filhos.

Eu imaginei bebês com o cabelo loiro-escuro dele e com meus olhos


castanhos. Eu me peguei desejando isso com tanta força que me
assustou.

— Isso não é da minha conta, Devon.


Abri a porta do carro e entrei. Sua mão segurou a porta,
evitando que eu a fechasse.

— Eu quero que seja feliz.

— Você me fazia feliz. — Eu respirei fundo. — Está tudo

bem, Devon. O tempo é a chave de tudo.

Ele se afastou acenando e eu fechei a porta do carro. Pisei


no acelerador e fui para longe, deixando meu coração ali, sentindo a

brisa do mar e sendo banhado pela lua.

Não sabia como, mas eu amava Devon Chanse. Eu o queria


com tanta força quanto o bebê que idealizei em minha mente. Não

agora, era óbvio, mas dali a alguns anos? Sim.

Eu queria com muito afinco.

E isso me assustava imensamente.


Eu passei o dia seguinte focada em convencer Brandon a se
internar. Ele desconversava quando eu tocava no assunto, e até
para Willow eu apelei. Infelizmente, os dois se odiavam, então não
foi uma boa decisão.

— Você deveria pensar na sua irmã, seu bostinha — Low

grunhiu para Brand antes de eu passar pela porta.

Ambos ficaram calados e eu respirei fundo.

— Bom dia. Por que vocês brigam tanto? — perguntei,

franzindo a testa.

— Porque seu irmão é um idiota.

— Porque sua amiga é uma intrometida.

Eu suspirei e meus ombros cederam. No mesmo segundo,

entraram no quarto. Me virei e apertei meus lábios ao ver Riley. Ela


estava sorrindo e nos saudou.

— Pronto para ir para casa, Brandon? — Ela se aproximou

dele e o examinou rapidamente.

— Graças a Deus. — Brand sorriu aliviado.

Eu me aproximei dele.

— Você pode ficar conosco por enquanto — murmurei,

olhando entre ele e Willow. Ela fez uma careta, mas não me

contrariou. Havíamos falado sobre isso no dia anterior.

— Não precisa, Ren.

— Nós fazemos questão — Willow grunhiu rigidamente.

Riley deu alta a ele enquanto os dois discutiam. Eu fui até a

recepção assinar os papéis de alta, e quando esperei o preço

exorbitante que eu e Brandon teríamos que pagar, eu fiquei rígida.

— Já está pago.

— Não paguei nada. Você pode conferir novamente? —

perguntei, tensa, enquanto meu coração acelerava. Por favor, por

favor.

— Srta. Price, todos os custos foram pagos.


— Por quem? — perguntei trêmula, mas já sabendo a
resposta.

— A diretoria.

Devon.

Jesus, quando ele me deixaria em paz? Quando eu poderia


viver sem me lembrar dele ou do que vivemos?

— Obrigada. — Acenei para a atendente e caminhei a

passos largos até o elevador.

Apertei o botão e vi meu dedo tremendo. Segurei-o contra

meu peito, respirando fundo. Fique quieta. Calma, ele não é seu
dono. Ele não pode fazer isso.

Não mais.

As portas se abriram e a secretária dele se ergueu. Eu andei

até ela e sorri.

— Olá, Peyton. — Li o nome dela rapidamente e olhei para a


porta de madeira escura. — Dr. Chanse está? Sou Serenity Price e

preciso falar com ele.

— Olá. Só um momento.
A loira alta levou um tempo murmurando baixo no telefone,

enquanto eu tentava me acalmar. Eu estava irritada demais, e se


Devon tirasse meu juízo seria pior. Eu explodiria.

— Ele disse para entrar.

Agradeci a ela e segui seu comando. Devon abriu a porta


assim que me aproximei o suficiente. Seu perfume intenso e viciante

me cercou. Assim que entrei em silêncio, ele se virou para mim.

— Oi, Serenity.

Eu estava com saudade. Isso era ridículo, mas também


muito óbvio.

— Pare de pagar as minhas dívidas.

— Do que está falando? — Ele cruzou os braços e inclinou a


cabeça. Seus olhos verdes me capturaram e eu quase derreti.

— As despesas do Brandon.

— Então não são suas. — Devon ergueu a sobrancelha.

Ele estava usando jaleco e seu estetoscópio estava


descansando em seu pescoço. Sua calça era preta e a blusa de

dentro também. Seus sapatos pretos estavam lisos e brilhantes.


Meu ventre se apertou e eu senti meus seios pesarem.
Eu era completamente atraída por ele, desde o primeiro

olhar.

— Ele é meu irmão, então sim, são minhas — grunhi, me


recuperando.

— Não vou deixar o seu irmão te levar para um buraco de


dívidas. Aliás, ele está sendo transferido agora para uma clínica

excelente.

O quê?

— O que disse? — gritei, nervosa.

Ele acenou enquanto andava para a sua cadeira.

— Ele tinha posse de drogas. Se não for para a clínica de

reabilitação, vai para a prisão. Eu expliquei isso a ele há alguns


minutos. Sabe, quando você saiu para assinar os papéis da alta.

— Isso é algum tipo de brincadeira?

— Não. Eu sou o diretor do hospital, controlo isso, e se


Brandon quer ir para a reabilitação em vez da cadeia, bom para ele.

— Você o acobertou? — perguntei, tremendo.

— Eu dei opções a ele...


— Você usou seu poder para beneficiar meu irmão. O que
diabos está fazendo, Devon? — gritei, sem me segurar. — Você não
me quer, mas quer continuar cuidando de mim, me protegendo.

Palavras suas. Você é tão confuso e isso é horrível.

— Eu fiz o que tinha que fazer. Ele vai se cuidar. Você


deveria estar grata. — Devon grunhiu, semicerrando os olhos.

— Grata? — perguntei e fechei meus olhos.

Tudo bem, Ren. Fique calma. Agradeça.

— Você está certo. — Acenei devagar e suspirei. —


Obrigada, Devon.

Eu me virei e saí do seu escritório.

Quando cheguei ao quarto do meu irmão, Willow estava


ajudando-o a se sentar na cadeira de rodas. Havia dois homens de

branco, eu sabia que eram da clínica.

Brandon sorriu para mim e eu me aproximei, me ajoelhando


a sua frente enquanto meus olhos ardiam e minha garganta
fechava.

— Desculpe por ter feito você passar por tanta coisa —

Brand murmurou, tocando meu rosto e limpando minha bochecha


molhada. — Eu vou ficar bem. Devon me ajudou a ver isso.
— Ele é difícil — resmunguei, dando um meio-sorriso.

— Mas você gosta dele. Certo? — Não havia julgamento nos

olhos do meu irmão.

— Queria não gostar.

Realmente queria.

— Devon é um cara legal.

Nunca achei o contrário.

Brandon me abraçou e eu me despedi dele com choro.


Quando nós saímos do hospital, Willow me levou para o carro.

— Você está bem? — Low me encarou, preocupada.

— Estou, juro.

Era uma meia-verdade.

Uma semana depois, eu estava sentada diante do túmulo

dos meus pais. Naquele dia, completava seis anos da morte dos

dois. Seis anos que eu e Brandon fomos deixamos sozinhos no


mundo. Tia Wanda tentou ser suficiente, claro, mas nossos pais

nunca poderiam ser substituídos.


— Eu me apaixonei por um cara que tem a idade que o papai

teria hoje. É estranho pensar nisso. — Eu ri, riscando o chão. —


Talvez, muito estranho, na verdade, mas o tempo que estive com ele

foi mágico. Eu quase pude sentir o que é o amor que você sempre

me contava, mãe. — Toquei as pétalas das gardênias que eu tinha


levado. — Eu nunca pensei que me apaixonaria rápido por alguém,

mas me lembro que uma vez você me disse que as coisas não são

medidas pelo tempo, e sim por sua intensidade. Eu juro que tudo

que vivi com Devon foi intenso. Até o término. E eu me sinto


estúpida falando dele, quando já faz um mês que terminamos. Me

sinto tão idiota. — Funguei e encarei as árvores no horizonte. —

Desculpa, mãe e pai. Eu deveria estar falando que Brandon está


aceitando o tratamento e como estou na faculdade.

Eu ri sozinha e comecei a chorar. Meus soluços ecoaram e


eu tentei pará-los, mas eles apenas aumentavam.

— Eu queria que estivessem aqui. Me desculpe por todas as

vezes que não fui uma boa filha. Vocês mereciam mais de mim.

Coloquei as flores entre os dois túmulos e espirrei um pouco

do perfume favorito da mamãe, que era também a fragrância que


papai mais amava.
— Eu amo vocês. Obrigada por terem sido os meus pais.

Me ergui, limpei as gramas da minha calça jeans e andei

para longe.

— Você está atrasada.

Eu respirei fundo e sorri para Willow. Nós duas estávamos na

praia de Fortwood dias depois. Willow aproveitou o sol escaldante e

quis se bronzear. Eu tirei meu short e fiquei só de biquíni.

— Eu tive que deixar Henry em casa.

Isso chamou a atenção de Willow.

— Ele dormiu lá em casa? — Seus olhos se arregalaram.

— Sim. — Suspirei, mordendo meu lábio.

Henry e eu éramos amigos. Willow achava que deveríamos ir

mais fundo, mas eu não queria. Não estava pronta. E eu achava que
Henry também não me via assim. Ontem havíamos assistido a

filmes juntos e pedido pizza. Nós adormecemos juntos, mas não

aconteceu nada.

— Ele é bom de cama? — Low se sentou, animada.


— Eu não fiquei com ele.

— Você precisa tirar Devon do seu sistema. Foder outro cara

será bom — ela falou com firmeza, me fazendo semicerrar os olhos.

— Falou a virgem.

— Eu sabia que seria um erro te contar isso — Low grunhiu

enquanto eu dava de ombros. — Eu ainda sou virgem porque eu


quero.

— Onde você dormiu ontem, aliás?

— Nos meus pais.

Eu acenei e olhei para o mar. As ondas estavam amenas e o


sol ardia em nossa pele. Eu me virei e encarei Willow.

— Você visitou seu irmão? — Sua pergunta ecoou.

— Sim, ele perguntou pela loira tatuada? — Eu ri enquanto

ela fazia uma careta.

— Diga a ele que na próxima visita vou levar veneno. —

Willow sorriu e piscou, me fazendo mostrar meu dedo médio para

ela.

Nós decidimos almoçar na praia. Willow escolheu o

restaurante. Não me surpreendi ao perceber que era onde Devon


me levou no Ano Novo.

— O tronco de árvore passou lá em casa — Willow

resmungou. Franzi as sobrancelhas. O que o melhor amigo do


Devon queria? — Ele disse que estava passando por perto.

— Estranho.

— Pois é.

Eu balancei a cabeça e foquei no presente. Devon e Daniel


eram passado.

— Duas coisas. O dr. Alessio Williams sofreu um acidente,


então o substituíram de última hora — Willow resmungou assim que

deslizei na cadeira ao seu lado, no auditório onde assistiríamos a

uma palestra.

— E a segunda coisa? — Abri minha mochila, caçando meu

caderno de anotações e canetas. Eu os encontrei e respirei aliviada

quando coloquei tudo no colo.

— Bom dia a todos. — A voz grossa ecoou, fazendo meu

coração parar de bater.

— Essa é a segunda coisa.


Ergui meu rosto e vi Devon Chanse em cima do palco,

usando óculos de grau. Ele vestia uma camisa branca, com os


primeiros botões abertos, e calça social preta. Ele pareceu enfeitiçar

o auditório, todo mundo se calou e o encarou.

— Eu sou a segunda opção de todos vocês, eu sei. — Ele


fez todos rirem. Mas eu não. Ele nunca seria minha segunda opção.

— Alessio teve um contratempo, e a minha palestra que aconteceria

apenas no mês que vem foi adiantada. Não se preocupem, assim


que ele se recuperar, virá participar com vocês. — Devon sorriu e eu

senti minha barriga girar. — Podemos começar?

Todos acenaram ansiosos. Eu não conseguia me mexer.

— Você está bem? — Willow tocou meu braço.

— Sim, está tudo bem. — Engoli em seco.

Só que não estava. A cada palavra dita por Devon sobre a

convivência médica, procedimentos, ética e como posicionamentos


médicos são completamente diferentes dos baseados em nossa fé,

me deixavam pior.

Uma menina ergueu a mão e Devon a deixou falar.

— Eu posso me relacionar com um paciente? Se ele for

bonito como você?


Eu me virei para procurar a atirada e encontrei uma garota
loira e com olhos azuis.

— Se você se interessar por seu paciente, você deve


interromper seu tratamento e indicar um profissional em quem

confia. Assim, estarão livres para fazer o que quiserem. — Devon foi

firme. A menina sorriu, agradecendo a ele pela resposta. — Mais


alguém tem alguma pergunta sobre eu ser bonito?

Todo mundo riu, até Willow.

— Agora, falando sério, se apaixonar está fora do nosso

controle. Isso é algo que nunca vamos poder interromper quando

quisermos. Mesmo sendo eticamente incorreto em nosso ambiente


de trabalho. — Devon passou os olhos por todos e, enfim, me viu.

— Se você encontrar alguém que faça seu ar sumir, faça-a ficar.


Todos deveriam fazer isso.

Eu peguei minhas coisas e me ergui. Willow resmungou meu


nome, mas nem isso foi capaz de me parar. Subi a escada com
pressa e saí do auditório. Eu precisava de ar.

Meus olhos ardiam, eu queria chorar, mas ao mesmo tempo


queria voltar e o chamar de imbecil na frente de todos. Queria
esquecer aquele homem. Semanas desde que terminamos e ainda
doía como a morte.

Eu odiava isso cada dia mais.

— Você está bem?

Devon. Fechei meus olhos e respirei fundo.

— Eu só preciso encontrar uma pessoa. Sua palestra foi


ótima — murmurei, me virando e acenando para o corredor. — Te
vejo por aí.

— Seu namorado?

Droga.

— Sim, preciso encontrar meu namorado. — Me virei e andei


para longe, com pressa.
— Duas pacientes. — Ouvi a resposta da Peyton e respirei
fundo. Meus olhos estavam fundos e doíam de sono. Eu não me
lembrava mais quando foi a última vez que dormi uma noite inteira.

Ficar em casa era algo raro. Eu estava vinte e quatro horas


no hospital, e queria que continuasse assim.

Cada pedaço do meu apartamento me lembrava de Ren.

Nas primeiras semanas do término não foram tão sufocantes, mas


meses depois, parecia que as paredes estavam se fechando e me

enclausurando.

Não entendia isso. As pessoas diziam que melhorava com o

tempo, não?

— Você precisa de um café forte — Peyton resmungou, me

olhando com preocupação.


Eu precisava, mas estava evitando ir à cafeteria.

Não queria espancar Henry.

— Eu vou pegar um bem forte. — Ela saiu sem falar mais

nada.

Apertei a ponta dos meus dedos em meus olhos enquanto

tentava apagar o sonho da minha mente. Nele, Ren estava em


minha sala, grávida. Ela parecia brilhar, enchia a sala com sua luz, e

a barriga enorme me deixou alegre e ansioso no sonho. Era tão real,

que quando toquei nela, senti sua pele quente e o movimento da


sua barriga. Nosso bebê.

Mas foi apenas minha imaginação.

Peyton voltou minutos depois, carregando o café. Eu fiquei o

encarando e, por fim, bebi todo o líquido. Tomei um banho no

banheiro pequeno, e quando saí, fui até a minha primeira paciente.

Assim que finalizei as duas, eu me encaminhei para o


elevador, querendo voltar para o meu escritório. As portas estavam

se fechando, mas antes que isso acontecesse, uma mão as fez se

separarem novamente. Riley sorriu enquanto me encarava.

Sua barriga estava enorme, muito maior do que eu me

lembrava.
— Ei! Como você está? — Ela me abraçou devagar e eu
respondi que estava bem.

— E você? — perguntei quando a vi fazer uma careta.

— Estou sentindo cólicas. Vou até a minha médica agora.

— Sério? — Arregalei os olhos e ela sorriu, acenando.

O silêncio logo se fez presente e, então, um solavanco nos

balançou. Segurei Riley, temendo que ela caísse, enquanto suas

mãos agarraram a sua barriga.

— Tudo bem? — perguntei, preocupado quando senti o

líquido respingar em mim. Olhei para baixo e suspirei. Porra.

— Minha bolsa estourou. — Riley arregalou os olhos,

apavorada.

— Com quantos meses você está? — questionei, engolindo

em seco.

— Oito.

Acenei e fui até o painel. Liguei para a empresa responsável

pelos elevadores do hospital. Eles disseram que não sabiam qual a

porra do problema, e que um técnico estava a caminho. Eu não

precisava dizer que queria matar alguém.


— Devon — Riley me chamou, então percebi que ela havia

se sentado.

— Oi? Está sentindo dor? — Me aproximei e me ajoelhei.

— Eu acho que são contrações.

— Respire fundo. Vamos sair daqui antes do seu filho vir ao

mundo — murmurei, tenso. Estava preocupado. Riley não era


nenhuma moça, seu parto era um risco a ela e ao bebê.

— Filha.

— Okay. Sua filha. — Sorri, tocando sua cabeça.

As contrações dela foram velozes. Em menos de vinte


minutos, Riley estava gritando de dor e eu estava gritando pelo

telefone para os imbecis que não faziam seu trabalho direito.

— Não aguento mais. Quero empurrar — ela gritou,


expirando com força.

— Okay. Deite-se e coloque a bolsa como apoio para a sua


cabeça.

Riley colocou sua bolsa atrás da cabeça e se deitou. Eu

puxei a calcinha dela fora e ela abriu as pernas. Eu podia ver a


cabeça do seu bebê e ela não havia nem começado a empurrar.
— Vamos lá, Riley. Respire fundo, empurre e descanse.

— Eu sei o que fazer, bobão. — Ela riu e respirou fundo.

Quando empurrou, gritou e chorou tudo junto. O bebê

deslizou mais para fora. Ela repetiu isso mais três vezes e, então, eu
peguei sua filha nos braços. Ela era pequena, vermelha e tinha
cabelo loiro. Seu choro era vibrante e me deixou surdo por um

segundo. Eu a envolvi em meu jaleco e estendi para a sua mãe.

— Olhe. — Quando levei a neném para o seu peito, o queixo


da Riley começou a tremer.

— Oh meu Deus, ela é real. — Seus olhos se encheram de


novas lágrimas. — Eu a esperei por tanto tempo, mesmo antes de

ela estar dentro de mim. E agora ela é real. — Riley me encarou,


sorrindo e tremendo. — Obrigada, Devon. Se eu estivesse sozinha...

— Você não estava. — Eu a tranquilizei e observei Riley

oferecer o seio para a filha pela primeira vez. A menina parou de


gritar na hora e sugou com força. — Ela é linda, Riley.

— É, não é? — Ela riu, orgulhosa.

— Parabéns, Riley. — Beijei sua cabeça.

Ela murmurou um obrigada em meio aos soluços.


Dez minutos depois, o elevador se abriu e todo mundo ficou
chocado ao ver que Riley havia dado à luz. Ela foi levada com a filha
e eu fui para o meu escritório. Entrei no banheiro e deixei o chuveiro

levar o sangue das duas das minhas mãos e antebraços.

Fechei meus olhos com força e, pela primeira vez em um


longo tempo, lágrimas encheram meus olhos. Eu sentia falta da
Serenity. Sentia falta como um louco, mas todos os dias me

recriminava por sequer pensar em procurá-la.

Segurar a bebê de Riley me fez lembrar do meu sonho. Da


Ren, da nossa filha em seu ventre, e de todo amor que eu perderia.

Me fez me odiar mais a cada segundo. E o ódio deu lugar a tristeza.

Porque eu havia perdido minha chance.

E saber que era culpa exclusivamente minha doía como o

inferno.

Eu queria Ren de volta. Era egoísta, cruel e estúpido, mas eu


a queria. Desejei poder voltar no tempo, mas era impossível. O que
eu podia fazer era implorar.

Mesmo que sua resposta fosse um não, eu voltaria todos os

dias. Para sempre. Até ela aceitar.


Brandon mastigou o pedaço de bolo que eu havia levado

com muita vontade. Eu ri e ele também. Meu irmão estava perto de


deixar a reabilitação e esse era um bom motivo para estarmos

felizes.

— Onde está Willow? — ele questionou quando terminou de

mastigar.

— Em algum lugar, com algum cara — murmurei, rindo, e

Brandon franziu as sobrancelhas. — O que foi?

— Nada.

Mas não parecia nada. Brandon evitou o resto do bolo e

mudou de assunto. Eu não sabia se estava acontecendo algo entre


ele e Willow, mas eu achava que não. Certamente, eu saberia.

— Vocês estão saindo?

Brandon respirou fundo.


— Não. Eu só pensei em convidá-la... deixa pra lá. — Meu

irmão deu de ombros.

— Eu tenho certeza de que ela aceitaria.

Joguei a real e Brand me encarou, semicerrando os olhos.

— Ei, estou falando sério. — Empurrei seu ombro.

— Melhor não. — Ele respirou fundo. — Me deixe sair daqui,

arrumar um emprego. — Brandon me abraçou. — Obrigado por ficar

ao meu lado, Ren. Você e Devon são minhas únicas visitas.

— O quê? — berrei, chocada.

Brand franziu as sobrancelhas.

— Ele estava aqui antes de você chegar. — Suas palavras

fizeram um buraco frio crescer em meu ventre. — Disse algo sobre


ter feito um parto ontem, no elevador.

Acenei, tentando respirar com calma. Droga, só de ouvir o

nome dele eu me desestabilizava.

— Você e ele voltaram? — meu irmão questionou.

— Não, não vamos voltar. Nunca.

As palavras eram doloridas. Mas que se foda, eram reais.


Passei uma hora com Brandon, e depois saí da clínica de

reabilitação ainda pensando no que ele havia dito. Ele estava há

meses ali, Devon vinha visitá-lo todo esse tempo.

— Eu sei, inferno! — Reconheci a voz gritada. — Não estou

com o estepe. E o guincho vai demorar duas horas. Eu tenho uma

cirurgia em trinta minutos. — Me escondi e o vi de pé, chutando seu


pneu. Estava furado. — Daniel, eu vou socar sua cara.

— Você precisa de uma carona? — Saí do meu esconderijo.

Devon girou rapidamente. Quando vi seus olhos verdes

ainda mais claros, meu coração palpitou.

— Sim. — Ele desligou o celular sem se despedir do seu

melhor amigo.

Eu fui para o meu carro a metros do dele e entrei. Devon me


seguiu, logo estávamos na estrada. A clínica não ficava tão longe de

San José, então daria tempo de ele chegar para a cirurgia.

— Como você está? — ele questionou, enquanto meus olhos

estavam focados no trânsito.

— Bem — murmurei rapidamente e respirei fundo. — Eu não

sabia que visitava Brandon.

— Eu venho de vez em quando, para saber como ele está.


Meu coração ficou pequeno dentro de mim, mas fingi que

não.

— Onde está seu namorado?

Eu quis revirar os olhos, mas não o fiz.

— Não tenho namorado, Devon. Nunca tive.

Ele ficou em silêncio. Quando parei em um sinal vermelho, vi

seu rosto virado para mim, parecendo concentrado.

— Eu cometi um erro ao me afastar de você, Ren.

Eu esperei muito tempo por essas palavras. Queria ouvi-las

no mesmo dia que ele me deixou. O tempo era a cura, mas também
intensificador.

— Eu sei que cometeu — falei, dando de ombros. — Mas o


passado está lá e vai continuar lá.

Devon ficou em silêncio e eu voltei a dirigir. Ninguém

murmurou mais nada até estacionar na entrada do hospital.

— Demorei — Devon me encarou —, mas percebi. E eu sei

que vai ser difícil e você vai me odiar, mas eu estou pronto. E pode
levar o tempo que for, ainda estarei pronto.
Eu queria não ter compreendido o que ele falou, mas

entendi.

E isso era uma merda.

Naquela noite eu vi um carro parado diante do meu

apartamento. Willow estava com os pais, então não podia ser para
ela. Talvez fosse para algum vizinho, mas não era. Os únicos

vizinhos que eu tinha estavam viajando.

Me aproximei e parei ainda longe ao ver Devon.

Me afastei e entrei no prédio. Não podia lidar com ele. Não

naquele dia.

Me deitei depois de tomar banho e fechei meus olhos. A

imagem dele dentro daquele carro ainda estava viva em minha

mente. Quando começou a chover, meu coração ficou inquieto. Será


que ele ainda estava lá?

Me ergui e andei até a janela. Olhei para baixo e vi o carro


ainda parado.

Droga.

Peguei meu celular e digitei rapidamente.


“O que está fazendo?”

Em segundos sua resposta apareceu.

“Não estou fazendo nada.”

“Você está em frente ao meu apartamento, Devon. O que

quer?”

“Eu quero você de volta.”

“Vai se foder. Você não vai fazer isso.”

“O quê? Querer você?”

“Me chutar como um balde em seu caminho e depois


resolver me buscar.”

“Eu cometi um erro. Me perdoe, baby.”

“Vá embora, por favor.”

“Vamos conversar.”

“Já conversamos tudo, Devon.”

Meu interfone tocou e eu o atendi. Quando o porteiro disse


que Henry estava ali, autorizei sua entrada e logo o porteiro ligou

novamente. Devon queria subir.

“Eu preciso que vá embora.”

“Você mentiu para mim.”


“Em quê?”

“Você disse que não estava namorando. O imbecil do

café se apresentou como seu namorado, Serenity!”

“Ele não é meu namorado. Nem você.”

— Ele já vai embora — respondi ao porteiro e desliguei.

“Me deixe subir.”

“Henry está aqui, eu não quero confusão.”

“Não vou arrumar confusão com um moleque.”

Inferno. O porteiro pediu autorização novamente, então

deixei Devon subir.

Assim que Henry passou pela porta, eu respirei fundo.

— Devon está subindo. Nós tivemos um lance, por isso, não


estranhe se ele for rude com você.

— Você e o dr. Chanse? — Henry arregalou os olhos,

chocado.

— Sim. Eu deveria ter te contado, mas tudo ficou complicado


nos últimos meses. — Mordi minha boca, nervosa.

— Okay.
A porta foi sacudida e eu pedi licença a Henry. Quando abri
para Devon, vi seu corpo encharcado da chuva. Seus cílios e
cabelos pingavam. Sua roupa estava grudada em seu peito largo.

Droga. Pensei que não havia maneira de Devon Chanse ficar mais
bonito, porém, como sempre, eu estava errada.

Molhado, ele era a perfeição.

— Você vai ficar resfriado.

Puxei sua mão e passei por Henry, arrastando Devon até


meu quarto. Puxei os botões da sua camisa e lhe dei toalhas. Devon
ficou apenas com o tecido felpudo enquanto eu pegava suas roupas

molhadas.

— Obrigado — ele resmungou assim que voltei para o


quarto.

Havia duas camisas dele, que eu usava para dormir, e uma

calça de moletom que ele tinha esquecido ali. Entreguei uma muda
de roupa para Devon vestir.

— Eu vou falar com Henry...

— Não.

Parei e me virei.
— Henry é meu amigo e é bem-vindo na minha casa. Você
não vai me dizer com quem falar.

Me virei, fechei a porta e respirei fundo, tentando acalmar

meu coração.
Henry estava andando de um lado para o outro na sala. Eu
me aproximei e respirei fundo. Estava exausta e não eram nem
onze da noite.

— Me diga, o que aconteceu entre você e ele? — Henry não


me olhou ao perguntar.

— Muita merda. — Me sentei no sofá e ele fez o mesmo, me

encarando.

— Você deveria ter cuidado. Tipo, Devon é mais velho...

— Eu sei, não se preocupe. — Dei um sorriso forçado.

Parecia que a minha vida era um grande espetáculo teatral.


Devon me enlouquecia e me deixava irritada. Droga, eu só queria

conseguir seguir em frente.


— Eu também acho que ter cuidado é o que eu devo fazer

de agora em diante. — Concordei com um aceno. — Mas eu ainda


amo o Devon. E parece que por mais que o tempo passe, não

acontece o mesmo com meus sentimentos.

Henry apoiou os cotovelos nos joelhos e passou as mãos no

rosto.

— Eu sou seu amigo. — Ele sorriu. — Mas, sei lá, no fundo,


eu esperei que se apaixonasse por mim.

— Desculpa, Henry. Eu não posso. Não parece certo fazer


isso enquanto gosto de outra pessoa.

— Você está certa. Não seria justo — Henry murmurou e

depois riu lentamente. — Eu sou um pobretão. Não o dono do maior


hospital do estado.

Eu levei alguns segundos para entender o que ele estava

falando.

— Eu realmente gosto do Devon, não do dinheiro dele —

rebati, insultada.

No começo foi sim por dinheiro, mas depois? Devon era mais

que um sugar daddy, ele havia tomado meu coração. O dinheiro

dele não era importante para mim. Não mais.


— Sei. — Ele se ergueu, debochando.

— Henry...

— Esse apartamento, seu carro... nada disso foi fruto do seu

trabalho naquela clínica.

Ele não estava mentindo, mas estava sendo grosso.

— Eu sinto muito, Henry, mas preciso que se retire.

— Ele tem idade para ser seu pai — ele grunhiu rigidamente.

— Mas não é meu pai. Saia da minha casa. — Me ergui e

caminhei para a porta, mas Henry segurou meu braço.

— Mande-o embora...

— Solte-a.

Me virei e encontrei Devon parado. Ele parecia zangado na

calça de moletom.

— Olha, tio, eu e Ren estamos saindo. Sei que houve algo

entre vocês, mas isso acabou. — Henry me puxou contra seu peito,

mas eu o afastei.

— Não parece que ela queira isso — Devon rebateu, irritado.

Em dois passos, Devon empurrou Henry e me tirou da posse

dele.
— Saia. Agora. — Devon apertou o pescoço de Henry e só

soltou quando o jogou para fora. — Eu espero não ver você


novamente próximo a Serenity.

Devon bateu a porta com força. Eu olhei para o chão,


envergonhada. Nunca havia visto Henry tão fora de si. Respirei

fundo e encarei Devon.

— Você ouviu a nossa conversa? — perguntei e mordi meu


lábio inferior.

— Alguma coisa — ele respondeu, cruzando os braços.

— Você pensa isso também? Que quero você por dinheiro?


— Minha voz soou mais forte do que eu me sentia por dentro.

Será que foi esse pensamento que fez Devon me deixar?

Deus, não. Por favor, não. Que ele não pensasse isso.

— É claro que não. — Devon se aproximou e segurou meu


rosto entre as mãos. — Você é a melhor pessoa que conheci,
garotinha.

Eu fechei os olhos e apreciei seu toque. Eu queria que isso

durasse para sempre. Toquei seu peito e Devon me abraçou. Isso


fez lágrimas encherem meus olhos. Estava cansada de lidar com
meus sentimentos. Sentia falta de Devon, mas não queria correr

para ele como se nada tivesse acontecido.

— Obrigada. — Me afastei devagar e respirei fundo,


limpando minhas bochechas. — Você pode ficar e dormir, se quiser.

Devon acenou e eu me abracei.

— Você pode dormir no meu quarto, eu vou para o da Low —


indiquei, nervosa, mas ele negou. — Você não cabe no sofá, Devon.

— Se eu for me deitar na sua cama, vai ser para dormir com

você.

Eu o odiava. Como ele podia falar essas coisas? Minha

barriga esfriou e meu ventre apertou instantaneamente. Eu o


imaginei sobre mim, me fodendo e eu gemendo seu apelido.

Imaginei-o batendo em minha bunda, puxando meu cabelo e me


prendendo pelo pescoço. E me envergonhei dos meus

pensamentos.

— Por que você está com as bochechas vermelhas?

— Eu? Na-nada. — Neguei rápido e balancei a cabeça de

um lado para o outro.

— Você deixou alguém tocar em você nesse tempo? — Seus


olhos verdes escureceram e eu tremi.
— Não... — respondi, sem fôlego.

Devon se aproximou devagar e sua mão foi para o meu

pescoço. Ele me segurou ali e eu estremeci, desejo aflorando em


cada pedaço meu.

— E você? — perguntei, sem fôlego.

— Ninguém me tocou.

Meu peito bateu rápido. Não sabia que estava com tanto
medo de ele ter ficado com alguém, mas eu estava.

— Se não quiser que eu beije você, preciso que vá para o

seu quarto e feche a porta.

— Fe-fechar? — gaguejei, tremendo.

— Sim, garotinha, porque se ela ficar aberta, eu vou entrar

lá, foder cada pedaço do seu corpo e dormir ao seu lado.

Meu Deus.

— Okay.

Forcei minhas pernas a se mexerem. Empurrando meu

anseio, entrei em meu quarto, bati a porta e apoiei minha testa na


madeira. Me lembrei que ele dormiria no sofá, então peguei

travesseiro e coberta. Devon me observou voltar em silêncio.


Coloquei tudo no sofá e fui para o quarto depois de desejar boa-
noite.

Parei diante da madeira e segurei a chave. Queria fechar,


dar a Devon o gelo que ele merecia, mas eu estava em chamas,

queria que ele me tocasse.

Me deitei vestindo uma camisola de seda rosa bebê e tentei


dormir. Não consegui. Segundos viraram minutos, e quando achei

que o cansaço havia chegado, minha porta foi aberta.

Minha respiração aumentou e eu engoli em seco. O.k., seja

corajosa. Você é uma mulher, pode usar o corpo de Devon para seu

prazer. Sem compromisso.

Me sentei e encarei o homem que eu amava.

— Se vamos fazer isso, quero que saiba de algumas coisas.

— O quê? — Devon se aproximou e segurou meu rosto.

— É só hoje. Não vou voltar com você.

Ele deu um passo para trás e sua mão caiu.

— Eu não quero ficar com você só hoje. Eu preciso de você.

Cada pedaço seu. — Devon inclinou a cabeça. — Eu sei que quer

também, Serenity.
— E se eu quiser? O que importa? — Balancei a cabeça. —

Você me deixou, não me ouviu, apenas virou as costas e me deixou.

— Eu errei, não deveria ter feito isso. — Devon subiu na

cama e ficou diante de mim. — Demorei, mas percebi e quero você


para mim.

Eu neguei.

— Se quiser ficar, nós vamos transar. Podemos conversar

amanhã ou outro dia.

Quando Devon respirou fundo, eu subi em seu colo. Minha

camisola subiu e ele grunhiu ao ver minha calcinha de renda rosa.

Coloquei meus braços em seus ombros e empurrei meus seios em

seu peito.

— Me toque.

— Ren... — Seus dedos fincaram em minha bunda e eu

gemi, ansiosa.

— Por favor, daddy.

O fio que estava segurando Devon à sua força de vontade

arrebentou com isso.

— Esfregue essa boceta em mim.


Eu movimentei meus quadris em cima do seu colo. A

pressão que seu pau grosso fazia em meu clitóris me fez gemer

baixinho.

— Coloque seus seios para fora.

Acatei cada uma das suas demandas firmes. Empurrei a


seda para baixo e meus mamilos ficaram visíveis. Devon mordeu

cada um e depois fechou os lábios sobre a carne tenra.

— Toque sua boceta.

Enfiei a mão em minha calcinha e deslizei meus dedos em

minha umidade. Meus gemidos aumentaram e Devon me deitou na


cama. Ele empurrou minhas pernas abertas e observou meus dedos

deslizarem para dentro e fora.

Meu corpo estava em êxtase. A beira do orgasmo, ansiando


o prazer que apenas ele conseguia me proporcionar.

— Daddy — chamei, sentindo sua mão agarrar meu seio.

— Como senti falta de você.

Eu também.

Devon tirou minha calcinha e camisola, me deixando nua.

Descansei em meus joelhos e seios a pedido dele. Quando minha


bunda ficou no ar, Devon enfiou seus dedos em meu interior. Assim
que tirou, me lambeu, capturando meu clitóris e chupando com

fome.

Devon se afastou e eu senti a coroa do seu pênis tocar

minha abertura. Ele não entrou, apenas brincou com minha boceta.

— Sua boceta é meu paraíso, Ren. Tão apertada e boa. Ela

foi feita para o meu pau.

— Sim — afirmei, tremendo.

— Empurre, Ren. Me foda.

Eu empurrei meus quadris contra ele devagar e seu pau

abriu minha boceta. Deslizei em seu comprimento até suas bolas

baterem nos lábios da minha vagina. Tremi quando sua mão


apertou minha bunda. Devon deu um tapa que queimou minha pele.

— Eu amo deixar meus dedos em você.

Eu também amava. A cada tapa minha boceta inundava.

— Quem está fodendo você, baby?

Minhas bochechas coraram.

— Devon, meu daddy.

— Isso mesmo, garotinha. Sou eu. — Sua voz ficou rouca.


Ele me fodeu devagar, me levando ao delírio. Gozei tão forte,

que tive fluidos molhando a cama. Devon me virou e se sentou, me

colocando em seu colo.

— Rebole, baby. Quero gozar dentro de você.

Suas palavras me arrepiaram. Era arriscado demais.

— Tudo bem.

Decisão de merda.

Eu deslizei em seu pau e gemi quando suas mãos apertaram

minha cintura. Meus seios pulavam cada vez que eu subia e descia.
Girei meus quadris e Devon chupou um dos meus peitos. Ele sugou

a parte clara toda, me marcando. Ao final, seus lábios prenderam

meu mamilo e ele sugou com força.

Eu gemi e gozei novamente. Seu esperma encheu minha

boceta e eu caí em seu peito, respirando com força.

— Eu estava com saudade de você, mas essa boceta

realmente me fez falta.

Eu ri da sua palhaçada. Em segundos, me afastei e olhei


para os seus lábios. Devon se inclinou e pressionou sua boca na

minha. Eu o abracei e o beijei de volta. Saudade era meu nome.

Sua língua deslizou em minha boca e eu gemi.


— Você é perfeita, Ren. Minha e perfeita.

Eu não era dele, sabíamos disso, mas eu o deixei sem essa

resposta.

Nos deitamos juntos e logo adormeci, mas antes de cair em


um sono profundo, senti Devon me beijar nas costas e cabelo.

— Eu vou te conquistar de volta. Eu prometo.

Assim que acordei, Devon ainda estava dormindo. Eu me

levantei e fui para o banheiro. Quando saí do banho, eu o encontrei

ainda na cama. Segui para a cozinha e fiz nosso café da manhã.


Uma hora depois, eu estava estranhando Devon dormir tanto. Ele

sempre acordava antes de mim.

Quando a preocupação alcançou um nível maior, eu me

ergui para ir até ele, mas a porta do quarto se abriu e ele saiu

bocejando.

— Ei, bom dia! Você dormiu bastante. — Sorri para ele,

franzindo as sobrancelhas.

— Eu não via uma cama há algumas semanas — ele

explicou, passando para a geladeira. Devon tomou um copo grande


de água gelada.

— Como assim? — Semicerrei os olhos.

— Eu não fui para o apartamento no último mês. Fiquei no

hospital.

— Por que você faria isso? Deve estar exausto — murmurei,


preocupada.

— Aquele apartamento me lembra você. Diminuí minhas idas


a ele para não me torturar.

Droga. Eu engoli em seco e me afastei.

— Eu gostaria que morássemos juntos.

Respirei fundo, cansada. Morar juntos?

— Não se lembra de nada que falei ontem? — perguntei,


tensa. Ele se aproximou e segurou a minha cintura. — Devon...

— Eu me lembro, mas não vou aceitar. Eu amo você,


Serenity. Preciso de você na minha vida.

O ar sumiu dos meus pulmões. Nós nunca falamos sobre

isso.

— Não minta para mim — implorei, com a garganta seca. Eu

queria chorar, mas não podia.


— Não estou mentindo. Eu te amo. Me dê mais uma chance.

— Não posso. — Neguei rapidamente, me afastando. — Eu


acho melhor você ir.

Devon me encarou sem expressão.

— Não vou desistir. Eu sei que sente algo por mim também.
Pode ser menos que eu, mas sente.

— É óbvio que sinto — falei, insultada. — Eu lutei contra o


que você queria antes, tentei lutar, mas você não permitiu. Não

quero passar por isso de novo, Devon.

— Você não vai, eu prometo.

Eu não acreditava nele. Não mais.


Fazia dois dias que deixei Ren sozinha em sua casa, depois
da melhor noite de sono dos últimos tempos. Eu poderia dizer que
foi pelo sexo intenso e cansativo, mas a realidade era que dormir
com Serenity era bom, ela me fazia bem.

— O que você está fazendo aqui? — ela questionou,

parecendo tensa, assim que entrei na clínica onde ela estava


trabalhando.

— Vim convidar você para almoçar. — Eu sorri, enfiando as

mãos em meu casaco. — Será rápido, eu prometo, e você pode


escolher o restaurante.

Ela abriu a boca e voltou a fechá-la, então suspirou enquanto

apertava os olhos com a ponta dos dedos.


— Quando você decidiu me deixar, eu não fiquei te

procurando. — Suas palavras me fizeram parar de sorrir. — Eu não


consigo te esquecer. Nem antes e muito menos agora, com você

aparecendo.

Ren pegou sua bolsa e passou pelo balcão. Uma garota

apareceu e ficou em seu lugar. Segui Serenity para a saída,

tentando pensar em algo. Eu precisava de outra tática. Essa de


aparecer em um lugar depois de ficar meia hora sentado no carro,

pensando se ela ia me mandar embora ou me aceitar, não estava

funcionando.

— Só almoce comigo. A gente pode falar de qualquer coisa.

Tudo ou nada. Eu prometo não tocar em você, ou tentar fazer você


me aceitar de volta.

Ren se virou, já no estacionamento, e me encarou.

— Devon...

— Por favor, garotinha — implorei, cansado.

Serenity respirou fundo.

— Aquele restaurante é bom. — Ela apontou para o outro

lado da avenida.
Soltei o ar e acenei. Nós caminhamos juntos enquanto eu
ficava alerta sobre os carros e Ren. Assim que chegamos ao local,

fomos levados a uma mesa reservada.

— Nada de abacaxi.

Ela sorriu ao me ouvir.

— Nada.

Depois de fazermos nossos pedidos, eu a observei mexer no

celular, concentrada. Ela clicou na tela e um áudio começou a tocar.

“Você está certa disso? Você passou os últimos dois dias

chorando por causa dele.”

— Droga. — Ela tentou parar o áudio, mas não conseguiu.

Porra. Me inclinei na mesa e a encarei. Ren estava com os

olhos baixos e as bochechas rosadas.

— Do que Willow está falando?

— Ela está preocupada. — Ren ergueu o olhar.

— Comigo? Você disse a ela que quero você de volta?

— Falei. Esse é o problema, Devon. Willow catou os


caquinhos que você quebrou. Com sorvete, conversa e amizade. —
Ren suavizou o olhar quando viu que suas palavras haviam me

atingido.

— O que quer que eu faça?

— Devon...

— Eu não vou parar, Ren. Eu posso aliviar para você, parar

de aparecer, mas estarei sempre aqui, esperando você me perdoar.

Serenity piscou os cílios e fungou.

— Eu sou apaixonada por você. Acho que me apaixonei


naquele Natal caótico... não sei, mas eu realmente queria que
déssemos certo. — Ela limpou as lágrimas que desciam por suas

bochechas. — Porém, cada vez que enfrentávamos alguma


situação, nossa diferença de idade se sobressaiu para todos. Eu

odeio isso.

— As pessoas não importam, apenas o que sentimos um


pelo outro.

— Eu acho que deveríamos pensar o quanto a nossa vida


pode ser afetada se formos um casal. — Ela tocou minha mão e eu

segurei seus dedos. Esperança surgiu em meu peito.

— Claro. Claro que podemos. — Puxei sua mão para os


meus lábios e a beijei. — Só diga que voltarmos é uma
possibilidade.

— Como poderia não ser? — Ela sorriu devagar, fazendo

com que eu acenasse animadamente.

Nós comemos falando sobre sua vida e a minha. Eu fiquei


quebrado quando ela contou da morte dos pais e como isso afetou a
vida dela e do Brandon. Eu entendia por que seu irmão havia se

metido com drogas. A forma de lidar com a dor é diferente para


cada pessoa.

Quando deixei Ren em frente à clínica, ela se virou para

mim.

— Hoje, às sete. Na minha casa. — Seu tom era decidido,

mas eu sabia que ela estava nervosa. O lábio preso entre os dentes
era um forte indício.

— Combinado.

Me aproximei esperançoso, mas ela ergueu a mão.

— Fique onde está. Não confio em mim mesma quando você


me beija.

Eu sorri, com o peito inflado de orgulho.

— Isso é bom ou ruim?


Ren semicerrou os olhos e os revirou.

— Você sabe a resposta.

Ela se virou e foi embora, me deixando com a sensação de

que estava perto. Muito perto de ficarmos juntos.

Assim que voltei ao hospital, recebi um chamado de


emergência. Desci às pressas quando falaram o nome de Kathlen.
Assim que cheguei, seu filho estava assinando papéis enquanto ela

era movida para uma maca.

— O que houve? — perguntei, me aproximando.

— Muita dor. — Kathlen fez uma careta.

Porra. Quando as enfermeiras empurraram sua maca, eu me


virei para o filho dela.

— Eu estou indo. Me liguem quando ela receber alta.

— Você não vai a lugar algum. Kathlen está com sintomas de


rejeição. O coração está falhando — grunhi, tentando ficar calmo.

Porém, era difícil. Acompanhava Kathlen há muito tempo.


Não acreditava que isso estava acontecendo.
— Eu tenho uma reunião importante...

— Sua mãe vai morrer — falei, rígido.

O homem, que se chamava de Dean, arregalou os olhos.

— E você nem a aproveitou. A pessoa incrível que ela é,

porque está focado demais na merda do seu trabalho. — Acenei,


fora de controle, e dei um passo para trás. — Você não merece a

mãe que tem. Desculpe.

Me virei e corri para alcançar a minha equipe. Assim que

cheguei, Kathlen estava respirando fundo, com o balão no rosto.

— Eu sei que chegou a hora, Devon. — Ela gemeu baixo e

tocou a minha mão. — Você fez tudo que podia.

— Fique calma, Kathlen. Está tudo bem. — Eu apertei seus

dedos e senti o quão quentes estavam em comparação aos meus.

Mas não estava nada bem e ela sabia. Ela tossiu e gemeu
de novo.

— Está tudo bem. — Ela acenou e sorriu. — Você está certo.

Ela parou de sorrir e sua cabeça amoleceu. No mesmo

segundo, o bipe contínuo me deu a certeza. Me inclinei sobre a

cama enquanto alguém falava a hora do óbito.


Eu era médico há mais de vinte anos, perdi diversos

pacientes, chorei a morte de alguns escondido no armário de


limpeza, mas Kathlen era diferente. Ela era o que eu imaginava

como uma mãe deveria ser para um filho. E agora ela se foi.

Isso me destruiu.

Sete horas da noite, eu estava de pé em frente ao espelho,

me olhando de cima a baixo. Havia comprado um vestido rendado

com um forro escuro. Ele agarrava meu corpo todo, cada curva, e
eu sabia que Devon o amaria. E o arruinaria em pouco tempo.

— O.k., ele não precisa chegar tão rápido — murmurei para


mim mesma assim que fui para a cozinha.

Eu havia feito seu prato preferido – carneiro com molho de

abacaxi. O molho foi a Willow quem fez, porque eu não podia sentir
o cheiro disso. Mas o resto fui eu. Estava animada para que ele

pudesse provar.
Andei pela cozinha, fui para a sala e me sentei. Os minutos

foram passando e eu comecei a me preocupar. O que havia

acontecido? Devon não me deixaria sozinha hoje. Eu sabia que não.


Não depois de me pedir para voltarmos.

Liguei para o seu celular, mas estava desligado. Tentei deixar

uma mensagem na caixa postal, mas desisti. Fechei os olhos e


respirei fundo. Não queria fazer isso, mas era a minha única chance.

— Ah, meu Deus. Que bom que ligou! Eu estava quase


ligando para você neste momento — Daniel resmungou e respirou

fundo. Ele parecia cansado.

— Oi, Daniel. Desculpe telefonar assim, mas Devon e eu


havíamos marcado um jantar e ele não apareceu. Tentei ligar, mas

não obtive sucesso. Você sabe onde ele está?

— Ele está aqui, no hospital. Ele perdeu uma paciente que

tratava há muito tempo. Todo mundo amava Kathlen, mas ele...

droga, Devon a adorava. — Dan respirou fundo, sentido. — E agora

ele está trancado na sala dele, tentando lidar com isso.

Meu coração ficou pequeno e a dor fechou a minha

garganta.

— Obrigada por me avisar. Estou indo.


Dan agradeceu e desligou.

Peguei meu sobretudo e saí de casa correndo. Dirigi por

pouco tempo e cheguei ao hospital. Não pedi permissão a ninguém,

apenas subi para a diretoria. Quando cheguei, a secretária dele


estava conversando com Daniel.

— Ei, eu vou entrar — avisei, passando pelos dois.

— Não, você não pode...

— Deixe. Ela é a namorada dele — Daniel interrompeu


Peyton rapidamente.

Bati à porta, mas não obtive resposta. Tentei abrir e descobri

que estava fechada.

— Devon, sou eu — resmunguei baixinho. — A Ren.

Ouvi uma chave virar antes da porta se abrir. Devon me

puxou para dentro e eu colidi contra o seu peito.

— Me desculpe, eu esqueci o nosso jantar. Me perdoe. —


Sua voz estava rouca.

Quando me afastei, pude ver seus olhos vermelhos.

— Daniel disse que perdeu uma paciente importante.

Devon fechou os olhos e acenou.


— Kathlen. Ela era a minha paciente preferida, mas não

conta para os outros. — Dev me encarou tentando sorrir, mas seus

olhos se encheram de lágrimas.

— Está tudo bem, não conto.

Eu o abracei com força e ele fez o mesmo. Sozinhos, de pé


em seu escritório, juntos novamente por tudo e por Kathlen.

— Um dia, ela me disse que eu merecia ser feliz. — Devon

segurou meu rosto e me olhou como se pudesse enxergar a minha


alma. — E você me faz feliz, Ren.

— Você também me faz feliz, Devon. — Sorri, tocando sua


barba rala. — Eu amo você e posso chorar ao seu lado a sua perda.

Nada me faria mais feliz.

— Eu te amo, garotinha.

— Eu te amo, Dev.

Ele me beijou e eu derreti em seus braços. Não sei quanto

tempo levou, mas quando chegou ao fim, Devon estava sorrindo e

eu também.

E era isso que importava.


— Você realmente fez carneiro? — Devon perguntou assim

que chegamos à minha casa.

Eu coloquei nosso jantar para esquentar e dei de ombros.

— Você é perfeita. — Quando ele me puxou para o seu colo,


eu caí em cima dele.

Meu vestido curto subiu um pouco e Devon tocou entre


minhas pernas. Assim que seus dedos deslizaram pela calcinha, eu

suspirei ao sentir a pressão sobre meu clitóris. Me inclinei sobre a

mesa, empurrando minha bunda em seu colo.

— Que saudade da sua boceta, garotinha.

— Daddy — choraminguei, sedenta.

Ele me fodeu lentamente com seus dedos, e quando pensei

que ia gozar, ele parou.

— Me chupe.

Sua ordem era clara. Eu estremeci e me virei, caindo de


joelhos. Abri seu cinto preto e depois me atrapalhei com o botão e

zíper.
— Junte seus pulsos atrás.

Eu o fiz depois de me virar, então Devon os amarrou com

seu cinto. Minha vagina pulsou com isso. Voltei para a sua frente e
ele empurrou meu vestido para baixo. Meus seios pularam e eu

gritei quando Devon beliscou meu mamilo.

— Chupe meu pau como um pirulito que você ama.

Minha boca salivou. Me inclinei depois de observar Devon

libertar seu membro grosso e longo. Meus lábios se fecharam na


coroa do seu pênis e minha língua rodopiou. Devon gemeu e eu o

encarei. Isso o fez empurrar seus quadris para mim. Relaxei o

maxilar e senti seu pau deslizar em minha garganta. Ele fez isso até
gozar e eu engolir seu sêmen.

— Se erga e se deite na mesa — ele grunhiu de maneira


rude. — Sempre que olho para a sua bunda, eu quero deixar a

minha marca.

Sua palmada foi forte e eu gritei. Ele amassou minha bunda


e puxou minha calcinha para o lado. Seu pau deslizou em minha

abertura e eu gemi, alto e cheio de prazer.

— Meu pau estava com saudade.

— Eu também, daddy.
Gritei de volta e Devon empurrou seus quadris com raiva. A
cada impulso, ele alcançava um ponto doce dentro de mim. Quando
me penetrou e ficou parado, apenas pressionando, eu gritei,

gozando forte, com meus fluidos deslizando pelas minhas pernas.

— Bem-vinda de volta. — Quando ele sorriu nas minhas


costas, eu apertei seu pau com meu canal contraído.

— Obrigada.

Devon saiu de mim, libertou meus pulsos e me puxou para o


seu colo. Me sentei e o abracei com força. Seu cheiro limpo me
embriagou.

— Eu te amo, Dev. — Apertei-o contra mim e suspirei.

— Eu amo você, garotinha.

Beijei seus lábios e me senti em casa, como há muito tempo


não acontecia.

Devon e eu éramos um casal inesperado que ninguém


colocava muita força, mas nós queríamos fazer dar certo.
Queríamos ser bons um para o outro.

E isso bastava.
Serenity tomou banho comigo e nos deitamos juntos. Ela
queria assistir a alguma aula que precisava, então coloquei meus
fones para ver um filme. Em meia hora de filme, eu a olhei deitada
ao meu lado. Seu rosto estava fixo na tela e ela mordia o lábio,

concentrada.

— Eu sinto você me olhando. — Sua voz me fez sorrir.

— Você está com alguma dificuldade? Sabe, eu sou um


médico renomado. — Inflei o peito.

— Você se acha. — Ela virou o rosto para me olhar.

— É claro.

Ren se ergueu, pegou seu computador e andou para a

cama. Ela estava usando uma camisola com um desenho na frente.


Eu não sabia qual era. Ren se sentou ao meu lado e me mostrou

seu trabalho.

— Okay, eu vou ser seu professor.

Nós ficamos pela próxima hora debatendo sobre patologia


geral, e cada vez que Ren parecia compreender melhor, eu me

sentia incrivelmente orgulhoso.

— Obrigada, Dev — Ren murmurou, bocejando.

— De nada, agora durma. — Beijei sua boca castamente. —

Eu quero café da manhã.

Infelizmente, na manhã seguinte, nós dois acordamos

atrasados.

— Okay, sem café da manhã — Ren grunhiu, prendendo o

cabelo enquanto eu pegava minhas chaves. Ela puxou a calça jeans

pelas coxas enquanto eu abotoava a minha camisa.

— Você come algo no campus. Vamos lá.

Ela acenou e eu a acompanhei para fora do apartamento.

Assim que as portas do elevador se abriram, Willow saiu dele e ficou

parada quando nos viu.

— Ei, bom dia — Ren saudou a melhor amiga enquanto eu


me mantinha parado.
— Bom dia. — Ela sorriu para Ren e me encarou. — Pelo
visto, você tirou a cabeça da bunda.

Eu ergui minha sobrancelha para sua linguagem horrível.

— Low, pegue leve. — Serenity suspirou, me puxando para o

elevador.

— Não a machuque — Willow resmungou, ignorando Ren.

— Não irei.

Nós entramos no elevador e Ren deu um sorriso tenso para

mim. Eu sabia que ela estava nervosa sobre estarmos juntos, mas

dessa vez eu faria a coisa certa.

— Eu quero levar você para um lugar.

— Onde? — Seus olhos se acenderam em excitação.

— Eu pego você hoje. Arrume uma mala, vamos passar o fim

de semana fora.

Eu a puxei contra meu peito e beijei sua testa. As portas se

abriram de novo e nós saímos na garagem. Convenci Ren a deixá-la

no campus, então dirigi todo o caminho tocando em sua coxa.

— Que horas você passa? — Ela guardou o celular na

mochila e se virou para mim. — Meu Deus, meu cabelo está


horrível. — Ren soltou o cabelo e começou arrumá-lo.

— Você está linda. Sempre está.

Serenity sorriu e se inclinou para beijar os meus lábios.

— Espero que seu dia seja bom. Amo você.

— Eu também te amo. Fique bem. — Eu a segurei contra


mim e a beijei.

Ren se afastou, saiu do carro e andou para longe, virando de

pouco em pouco tempo para me olhar. Eu só me afastei do


estacionamento quando não pude mais vê-la.

Assim que cheguei ao hospital, eu vi Daniel. Ele me entregou


um café enquanto sorria largamente. Semicerrei os olhos antes de

entrarmos no elevador.

— O que foi? Por que está rindo desse jeito?

Daniel pressionou os lábios juntos.

— Onde está sua menina?

Porra.

— Quem te contou? — grunhi, irritado.

— Willow. Há alguns segundos. — Dan se moveu para o

meu lado e ergueu as sobrancelhas.


— O quê? Foi com você que ela passou a noite? —

perguntei, chocado.

— Ela dormiu fora? — Daniel franziu as sobrancelhas.

O.k.

— Sim. Isso não é da sua conta, na verdade. — Respirei

fundo e apertei a ponta do meu nariz enquanto segurava o café com


a mão livre. — E sim, nós estamos juntos.

— Você a pediu em namoro?

As portas se abriram e eu saí.

— Farei isso hoje.

Daniel acenou e apertou meu ombro.

— Graças a Deus você voltou com ela. Eu não aguentava


mais você rabugento.

Eu o ignorei e entrei na minha sala. Daniel parecia não


querer desgrudar, porque entrou também e se sentou em minha

cadeira.

— Então, vai trazê-la para o aniversário do hospital?

Eu havia esquecido completamente que a festa em


comemoração aos quinze anos do San José aconteceria daqui a
algumas semanas.

— É claro — respondi com firmeza.

— Você visitou a Riley e a bebê? As enfermeiras foram

esses dias.

Eu respirei fundo enquanto pensava se isso era esperado.


Talvez flores fosse o mais apropriado. Riley e eu nos separamos, ela
engravidou e teve a filha que sempre sonhou. Eu nunca fiz parte

disso.

— Vou mandar flores...

— Você fez o parto dela. Cara, você deveria ir visitá-la.

Droga.

— Vou chamar Serenity — afirmei.

— Ótimo. — Meu melhor amigo acenou.

Daniel cansou de bater papo e saiu da minha sala vinte


minutos depois. Eu passei o dia esperando sair dali, ir para casa

fazer uma mala e pegar Ren. Porém, agora eu precisava ir até Riley.

— O quê? — Ren gritou na chamada.

Eu respirei fundo. Lá vamos nós.

— Eu fiz o parto dela. Daniel falou que eu deveria ir.


— Por que o Daniel não foca na vida dele? — Serenity
grunhiu, irritada.

— Garotinha — apertei as minhas têmporas —, eu preciso ir


e quero que vá comigo. Será rápido, eu juro.

Serenity ficou em silêncio.

— Tudo bem.

Eu suspirei e a pedi para me esperar no estacionamento da

clínica.

Nós chegamos na casa onde eu e Riley moramos, à noite.


Era a mesma, mas parecia diferente. Ren olhou para cada pedaço

do lugar enquanto minha ex-esposa nos recebia.

— Fico feliz com a visita de vocês. — Riley sorriu, mas ela


parecia exausta. — Devon contou que fez meu parto?

Ren me olhou e voltou a encarar Riley.

— Não tivemos muito tempo para pôr a conversa em dia,

mas eu soube que ele havia feito um parto em um elevador —


Serenity murmurou e eu toquei sua coxa.
— Nossa, ele foi um herói. Acho que nunca conseguiria sem

ele.

Ren sorriu e me olhou. Seu rosto estava tenso e eu odiei

isso.

— Eu... — Parei de falar assim que um choro ecoou.

Riley tocou as flores que dei a ela e se ergueu.

— Vou pegá-la. Esperem um segundo.

Assim que Riley sumiu no corredor, eu me virei para Ren.

— Nós já vamos, você pode relaxar um pouco? — pedi,

nervoso, mas isso causou o efeito contrário, Serenity grunhiu e


suspirou.

— Eu não estou confortável, Devon.

— Olhem aqui, que linda a pequena Liz. — Ergui minha

cabeça rápido e Riley sorriu. — Sim, eu dei o nome que idealizei

para a nossa filha. — Ela suspirou, encarando o pacote rosa nos


braços. Liz era o nome que daríamos a nossa filha quando

engravidássemos.

Em dois passos, Riley ficou diante de mim e me deu sua Liz.

Eu engoli em seco, mas segurei. A bebê era branca e loira como

Riley. Seus olhos estavam abertos e eram escuros.


— Olá, Liz.

Ela bocejou e resmungou. Eu a entreguei de volta para Riley

e sorri desconfortavelmente para Ren. Ela estava vidrada em Liz.


Ren se ergueu e tocou a bebê. Liz envolveu a mão no dedo dela e

segurou.

— Ela é incrível, Riley — Ren murmurou, encantada.

Naquele momento, eu a imaginei com nossa filha nos

braços. Isso me deixou inquieto.

— Eu espero que com você, Devon tenha filhos lindos —

Riley resmungou baixinho, mas eu escutei.

— Okay, nós precisamos ir. — Me ergui do sofá e puxei Ren

contra meu peito. — Parabéns pela filha. Você merece essa

felicidade.

Riley agradeceu e nos acompanhou até a porta. Entrei em

meu carro depois de abrir a porta para Ren. Ela agradeceu e ficou
em silêncio, olhando pela janela.

— Você pensou sobre termos um bebê? — Sua voz soou


baixa.

Droga. Eu esfreguei a mão em minha barba e a encarei de

relance.
— Eu tenho quarenta e cinco anos, Ren. Não quero ir velho

e com cabelos brancos à formatura do meu filho — murmurei com


sinceridade.

— E antes? — Ela me encarou. — Por que não teve filhos


com a Riley? — Sua pergunta direta me fez apertar o volante.

— Porque eu não quis.

— Mentira. — Ren balançou a cabeça e se sentou virada

para mim. — Seus pais foderam sua mente.

Meu coração acelerou e ela tocou meu rosto.

— Você é incapaz de seguir esses passos. Olhe para mim —

ela pediu, aflita.

— Estou dirigindo... — Tentei desconversar, mas paramos no

sinal. Eu a encarei e vi tanto carinho em seus olhos, que me senti


completamente amado.

— Incapaz.

Fechei os olhos e apoiei minha testa na dela. Os carros

começaram a buzinar, mas eu não me mexi. Eles foram me

ultrapassando, gritando comigo, mas eu não dei a mínima.

— Você tem vinte e um anos. Não deveria estar pensando

em ter filhos.
Ren sorriu.

— Mas eu posso pensar. Você é rico, vai contratar diversas

babás para nosso bebê. — Ela ergueu as sobrancelhas, brincando,


quando segurei seu rosto. — Mal posso esperar para carregar o seu

filho. O nosso bebê.

— Não fale assim ou vamos transar aqui para fazermos essa

criança hoje — brinquei, gemendo. Ela mordeu meu queixo. — Ren.

— Então, vamos ter um bebê?

Porra. Quando ela falava assim, me fazia querer engravidá-la

agora.

— Daqui a um ano, eu juro.

Seus olhos brilharam e ela acenou com pressa, me


abraçando. Eu a puxei para mim e beijei sua boca bonita. Seu gosto

era bom, na verdade, maravilhoso. Tão bom que viciava.

— O.k., vamos lá. Ainda vamos para o lugar que disse.

Era verdade.

Eu voltei a dirigir, sempre tocando em alguma parte de

Serenity. Quando chegamos à sua casa, ela pegou sua mala e nós

fomos para o meu apartamento. Peguei também minha mala e


voltamos para a estrada.
— Para onde vamos? — Ren perguntou, nervosa, quando

beijei seus dedos.

— Eu tenho uma fazenda a algumas horas daqui. Lá está

frio, mas eu quero mostrar a você aquele lugar.

Os olhos dela se expandiram e eu sorri.

— Uma fazenda? Você está brincando.

— Não estou.

Depois de algumas horas, eu estacionei o carro. Ren pulou


para fora, sem me esperar abrir sua porta. Ela correu para a vista

diante de nós e suspirou ao ver o lago no meio do imenso terreno.

— Não está tão frio. — Ela sorriu e começou a tirar a roupa.

Já era noite e não havia ninguém na fazenda. Eu a observei

ficar nua e correr para a água, enquanto também tirava a roupa.


Ren gritou quando seus pés tocaram a água e eu a ergui do chão.

Ela suspirou e envolveu minha cintura com suas coxas grossas.

— Está muito frio. — Ela riu.

Toquei seu mamilo rosa e duro. Eu estava com frio também,

por isso voltei para a terra. Assim que deitei Serenity sobre nossas
roupas, ela olhou para o céu e eu comecei a beijar seus mamilos.
— As estrelas aqui são tão lindas.

— Como você — murmurei, lambendo seu colo e mordendo

sua orelha em seguida. — Quero foder você, mas antes preciso que
responda uma coisa. — Me afastei devagar.

— O quê? — Ela franziu as sobrancelhas.

— Quer ser minha namorada?

Serenity abriu a boca e depois deu um gritinho histérico, que


eu aceitei como um sim. Ela me beijou com força e me puxou para

si. Eu deslizei para dentro da sua boceta escorregadia e gemi ao

sentir suas unhas arranharem minhas costas. Apertei sua bunda e a


beijei.

Ren gritou gozando e eu nos virei. Agora ela sabia o que

fazer. Sua bunda batia em mim e o barulho ecoava na imensa


escuridão. Quando vi sua pele clara brilhando com o luar, eu me

inclinei e chupei seu seio, que subia e descia a cada movimento.

— Okay, namorada, eu vou gozar.

— Na minha boca.

Ren ergueu a perna e deslizou. Sua boca me tomou e em

duas chupadas seguidas de rodopios de língua, eu derramei meu


sêmen em sua boca. Ren engoliu tudo e sorriu.
— Eu sou sua namorada.

— É, você é minha.

Para sempre parecia pouco tempo para viver com ela.


Devon me levou para dentro da casa enorme. Eu olhei para
cada espaço, apaixonada. Ela era decorada com muita madeira,
mas era clara e aconchegante. Eu estava encantada.

— Você a tem há muito tempo? — perguntei, enquanto


entrávamos no quarto.

Ele era grande e a cama era alta, mais que o normal. A luz

era mais amarelada que a dos outros cômodos. Eu me senti em


casa.

— Alguns anos.

Então ele comprou com Riley. Empurrei esse pensamento.

Não importava. Devon estava comigo e Riley era boa demais para
que eu alimentasse esse ciúme.
Lembrei-me da Liz e suspirei. Ela era tão linda, tão pequena

e indefesa. Eu queria uma para mim daqui um tempo. Sabia que eu


era nova mesmo daqui um ano, mas daria tudo certo.

O medo havia privado Devon de ser pai. Agora que ele


estava lidando com isso, eu achava que seríamos bons pais.

— No que você está pensando? — Devon me abraçou por

trás.

— Em nosso bebê — falei, dando de ombros e sorrindo.

— Jesus. Você vai querer fazer esse garoto antes do


previsto, não é? — Suas palavras me fizeram rir.

— Não. Eu quero esperar. — Me virei e toquei seu rosto. —


Vamos ser ótimos pais.

— Eu não tenho nenhuma dúvida de que você será uma mãe

incrível.

Doeu ver que ele não se incluía. Eu havia pensado muito

sobre seu desejo de não ser pai. E a cada noite revirando isso, a

imagem dos seus próprios pais na noite de Natal vinha para mim.

Não imaginava como foi para Devon crescer com eles. O tanto que

ter pais horríveis o modificou. Fez com que temesse a paternidade.


Eu o abracei com força, e mesmo sem entender, Devon
retribuiu com a mesma urgência que eu tinha.

— Eu amo você.

Beijei seu peito e ele sorriu. Seus lábios tocaram minha testa

e eu segurei seu rosto.

— Vamos dormir, garotinha.

Depois de tomar banho, Devon trouxe comida para o quarto.

Nós comemos e fomos dormir, cansados. No meio da noite, eu

acordei e Devon não estava na cama. Eu me ergui, amarrei o robe

que eu havia levado e saí do quarto.

Desci a escada depois de o caçar nos quartos, mas só o

encontrei diante de uma lareira. Ele estava bebendo uísque, com os

olhos presos às chamas.

— Ei, tudo bem? — perguntei, cautelosa.

Devon acenou, sem tirar os olhos de lá.

— Por que saiu da cama? — Me aproximei e ele me puxou

para o seu colo.

— Tive um pesadelo, vim beber água e acabei pegando o

uísque.
Passei a mão em seu cabelo loiro e ele fechou os olhos.

— Eu sinto muito. Você quer falar sobre o pesadelo? —

sondei.

Devon abriu as pálpebras e seus olhos verdes estavam


escuros.

— Você me deixava.

Ergui as sobrancelhas e abri a boca, mas não saiu nenhum


som.

— Nós deveríamos nos casar. — Eu arregalei os olhos com


sua sentença. — Eu sei que pedi você em namoro hoje, mas você

quer se casar comigo?

Devon me deixou sem palavras.

— Eu não vou deixar você, e um casamento não nos


prenderia. — Sorri, tentando ficar calma. — Vamos nos casar em
algum momento, mas porque desejamos muito. Não apenas

movidos por um pesadelo.

— Estamos pensando em ter um filho, é normal nos


casarmos antes.

Ele estava irritado.


— Devon, vamos para a cama — pedi, querendo mudar seu

foco.

Ele respirou fundo e acenou. Eu me ergui do seu colo, mas


Devon me puxou de volta. Suas mãos subiram pelas minhas coxas

e ele encontrou minha calcinha. Eu estremeci quando ele roçou


seus dedos em mim.

— Faça amor comigo.

Como eu poderia dizer não?

Devon estava com sua calça de pijama, sem camisa,


parecendo tão delicioso quanto sempre. Eu desci minha calcinha e
montei em seu colo. Ainda de robe, eu puxei sua calça e suspirei,

guiando seu membro para dentro de mim. Devon relaxou no sofá


enquanto eu rebolava em seu colo, concentrada em cada

terminação nervosa que seu pau tocava dentro de mim.

— Porra, garotinha, você é perfeita.

Eu gemi, sentindo suas mãos apertarem minhas coxas.

Devon se aproximou e começou a chupar meu colo e pescoço. A


sugada era forte e eu sabia que teria várias marcas no dia seguinte.

— Foda seu daddy. — Suas palavras me colocaram sobre a

borda.
Apertei seu pau e moi contra sua pélvis. Ele desceu para os
meus seios e afastou o robe, puxando minha camisola para baixo
em seguida. O movimento bruto fez sua mão colidir com meu seio.

Eu gemi e ele abocanhou o mamilo como um bebê esfomeado.

— Daddy.

Dev segurou minha bunda e me ajudou a subir e descer


rapidamente. Em segundos, eu gritei no meu clímax e ele grunhiu,
gozando dentro de mim.

— Você já deve estar grávida.

— Não. — Balancei a cabeça, respirando com força. — Eu

coloquei aquele chip.

Devon acenou, satisfeito, antes de eu beijar sua boca.

— Vamos para a cama.

Cansada, acenei e ele me ergueu com ele. Devon me levou

para o quarto e nós dormimos pelo resto da madrugada.

Na manhã seguinte, Devon me levou para andar a cavalo.


Eu estava com medo, mas ele parecia saber perfeitamente o que
estava fazendo. Os funcionários da fazenda tinham chegado e
foram supersimpáticos comigo. Nenhum deles comentou sobre
minha idade, o que agradeci internamente.

— Segure com firmeza — ele mais mandou do que pediu.

Eu estava em cima do cavalo, e ele, no chão. Minhas pernas


estavam apertando o cavalo. Tadinho.

— Sobe, por favor — pedi, com medo, mas Devon sorriu.

— Ande até a árvore sem mim e eu subo. — Ele acenou

para uma árvore a três metros.

Eu o encarei, nervosa. Acenei quando vi que ele não ia


ceder. Segurei as rédeas e o cavalo começou a andar. Em

segundos, ele aumentou o ritmo. Devon estava correndo ao nosso

lado. Eu me inclinei sobre o animal e acariciei seu pescoço.

Na árvore, puxei suas rédeas e ele parou. Me virei, sorrindo

largamente, e vi Devon parado, encarando a casa. Havia um carro

grande parado lá.

— São meus pais.

Porra. Ele me ajudou a descer do cavalo e eu o acompanhei

até a casa. Seus pais estavam na sala quando entramos. Sua mãe

se ergueu e franziu as sobrancelhas para mim.

— O que ela está fazendo aqui?


— Bom dia, mãe, pai. — Devon limpou as botas e eu fiz o

mesmo com meus tênis. — Ela é minha namorada.

— Devon, o Natal foi uma piada. Sua mãe e eu sabemos

disso, por isso não comentamos nada. — O pai dele me olhou de


cima a baixo. — Eu sei que quando se chega a uma certa idade,

queremos mulheres mais novas, mas isso não dura.

— Pai, já chega — Devon grunhiu, irritado. — Ren é minha


namorada, será minha noiva e a mãe dos meus filhos.

— Ela já falou sobre filhos com você? — A mãe dele olhou


de Devon para mim, sorrindo maliciosamente. — Você é boa. Uma

puta interesseira.

— Mãe! — Devon gritou, furioso.

— Você não vê? Ela quer seu dinheiro. Isso é o que essas

garotas querem com homens mais velhos. Dinheiro. E você tem de


sobra. — Caiana me olhou com asco. — Saia da vida do meu filho.

Você não vai conseguir dinheiro aqui.

Meu estômago revirou e eu senti nojo dessas pessoas. Me


virei para subir a escada, mas Devon me segurou.

— Saiam, agora. — Seu aperto era firme e seu grito fez seus
pais ficarem chocados. — Eu não quero vocês na minha vida.
Nunca quis. Não palpitem sobre a minha vida.

— Você vai se arrepender disso quando chegar à sua casa

mais cedo e encontrar essa daí com um homem jovem na cama. —


Sua mãe sorriu, balançando a cabeça.

— Vamos, Caiana. — Natan segurou a mão da sua mãe. —


Isso não vai durar.

Eles estavam errados. Nós íamos durar.

Eu queria Devon porque havia me apaixonado. Não era por

dinheiro. Sempre pensariam isso de nós?

Os dois saíram da casa e eu soltei as lágrimas. Subi a

escada com Devon me seguindo, e funguei ao entrar no quarto.

— Ren, não ligue para isso.

— As pessoas sempre vão pensar isso — resmunguei, me

sentando na cama e tentando enxugar meu rosto, mas era em vão,


novas lágrimas surgiam.

— Vão. E que se fodam as pessoas. Nós sabemos o que

sentimos, isso que importa.

— Não quero que pensem isso de mim. Eu amo você. Não

amo seu dinheiro, pelo amor de Deus. — Funguei.


Devon se ajoelhou diante de mim.

— Se a gente for focar no que os outros pensam de nós,

vamos nos esquecer quem somos. — Ele beijou minha testa e

limpou meu rosto. — Pare de chorar, garotinha.

Eu amava quando ele me chamava assim. Talvez, por ser

um apelido que somente ele usava. Eu não fazia ideia, mas amava.

— O.k. Tudo bem, você está certo. — Acenei, respirando

fundo.

Devon me abraçou e eu relaxei em seus braços.

Duas semanas depois, Devon estava andando de um lado

para o outro, na sala do meu apartamento. Tia Wanda veio me


visitar e queria conhecer Devon. Eu a avisei que ele era mais velho,

para ela não reagir tão chocada.

— Se acalme — pedi, apertando minhas mãos juntas.

Tia Wanda estava terminando de se arrumar. Devon chegou

cedo.

— Eu estou calmo.
O suor em sua testa no frio que estava fazendo em Solwe

dizia outra coisa.

— Boa noite. — Tia Wanda apareceu e eu sorri.

Ela era alta, magra e tinha cabelo escuro. Seu sorriso

sempre me lembrava a mamãe.

— Boa noite. Tia, este é o Devon, meu namorado.

Minha tia sorriu mais amplamente e abraçou Devon


rapidamente.

— Seja bem-vindo à família Price. — Suas palavras me


emocionaram.

E Devon também, já que ele só engoliu em seco e piscou

rápido.

— Obrigado, sra. Price. É um prazer conhecê-la.

Minha tia sorriu e disse que o sentimento era recíproco.

Nos sentamos e comemos a comida da minha tia, que era

incrível.

— Brandon logo sairá da clínica e ficará comigo — murmurei

assim que tia Wanda tocou no nome dele.


— Eu vou visitá-lo amanhã e sondar a possiblidade de ele ir

comigo para Kearney Valley.

Engoli minha objeção, porque sabia que ele não aceitaria.

Brandon jamais voltaria para aquela cidade.

— O que você faz, Devon? — Ela mudou de assunto

enquanto mexia no macarrão delicioso que fez.

— Eu sou médico.

— Que incrível. — Ela sorriu, admirada.

Nós conversamos pelo resto do jantar e, no final, tia Wanda

anunciou que iria dormir.

— Estou cansada da viagem. — Ela se desculpou com

Devon. — Foi um prazer, Devon. Vá para Kearney Valley com Ren,

no Natal. Amarei ter vocês lá.

Contente, Devon acenou e minha tia saiu.

Eu o guiei até o sofá e me sentei ao seu lado.

— Ela é incrível, certo? — Sorri para ele.

Devon colocou o braço em meus ombros.

— Igual a você.
Nós ficamos assistindo a alguns programas até eu começar
a cair no sono.

— Vou pôr você na cama e vou embora — ele avisou, mas


balancei a cabeça.

— Fique comigo.

— Você sabe que não podemos. Sua tia está aqui.

Eu fiz bico e implorei com os olhos. Não adiantou.

— Vamos lá.

Ele me colocou na cama, beijou minha boca e sorriu.

— Amo você.

— Mesmo? — murmurei, sorrindo, então ele se sentou na

cama.

— Você tem dúvidas? — Devon afastou meu cabelo do meu

rosto e segurou minha bochecha. — Você é, sem dúvidas, a pessoa


que mais amo no mundo hoje.

Minha garganta fechou e eu tive vontade de chorar. Porém,

não o fiz.

— O amor nasce de momentos imprevisíveis, ao lado de

pessoas inesperadas. É só estar no lugar certo, no dia certo.


— Levinho — murmurei, sorrindo.

Ele segurou meu queixo.

— Com você, tudo é.

Eu me aproximei e o beijei. Mordi seu lábio inferior, depois

lambi e suguei. Devon me agarrou e sua língua deslizou pela minha


à procura de algo que eu nem sabia o que era. Talvez, algo que
combatesse a nossa fome um pelo outro.

— Eu nunca vou esquecer aquele Natal. Você foi meu

presente, Serenity.

— O presente do sugar daddy? — perguntei, sem fôlego,


querendo fazer com que ele risse.

— O presente do homem mais feliz do mundo.

Eu sorri e meu coração pulsou, apaixonado.


Este livro foi, sem dúvidas, uma das melhores surpresas de
2021. E com Devon e Ren, eu preciso agradecer primeiramente as
minhas parceiras nessa trilogia. Mandy e Jéssica, obrigada por
fazerem desse projeto o sucesso que ele é.

Obrigada, é claro, a minha revisora maravilhosa por me

aguentar enviando capítulos de ultima hora e me ajudar em vários


momentos de dúvida.

A minha melhor amiga e beta, Veridiana, por ler e me

apontar melhorias. Te amo muito!

A minha assessora, Vanessa, por me ajudar em tudo e ser

extremamente importante na minha carreira.

E a você, leitor, que sempre está ao meu lado! GRATIDÃO.

Amo vocês,
Evilane Oliveira
Copyright © 2022 Evilane Oliveira

Um Bebê de Presente Para o Sugar Daddy


1ª Edição

Revisão: Andrea Moreira

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens e


acontecimentos que aqui serão descritos são
produto da imaginação da autora. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos
reais é mera coincidência. Esta obra segue as regras
da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. É proibido
o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer
parte desta obra, através de quaisquer meios, sem o
consentimento escrito da autora. A violação dos
direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº.
9.610. /98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Todos os direitos reservados.


Edição Digital | Criado no Brasil.
Devon Chanse e Serenity Price são um casal
pouco comum.

Ele é um milionário de quarenta e seis anos,


ela é uma estudante de vinte e dois.

As pessoas comentam, oprimem e duvidam


do amor dos dois.

Quando o casamento de ambos se aproxima


e uma gravidez não planejada acontece, Ren se
pergunta se o amor será suficiente para não se
deixar abalar com a opinião dos desconhecidos e,
principalmente, da sua família.

O amor tudo suporta, tudo crê, mas... será


mesmo?
Para as minhas leitoras que amam me perturbar por
continuação.
Amo vocês!
UM ANO E ALGUNS MESES DEPOIS...

— Eduard disse que preciso chegar às sete


— Ren resmungou, saindo do closet com uma calça
branca que se agarrava a suas coxas e uma blusa
de seda. O jaleco estava ao lado, em cima da sua
bolsa.

— Eu não ligo, eu quero você em cima de


mim até as sete — grunhi, mal-humorado.

Serenity havia começado a estagiar no


hospital há dois meses, parecia que não tínhamos
tempo um para o outro. Eu estava atolado com a
nova ala do hospital e ela, bem, ela estava tentando
conquistar o respeito dos seus supervisores.

— Dev... — ela gemeu, inclinando a cabeça e


colocando as mãos na cintura. — Eu preciso muito
desse emprego.

Eu sabia desse fato e também sabia o quanto


isso a deixava estressada.

Fizemos um ano juntos há alguns meses, e


todos os dias eu tentava convencer Ren a morar
comigo. Não é fácil. Ela não queria que pensassem
que conseguiu um estágio por mim. Não foi. Eu
ofereci quando a conheci no Natal do ano passado,
mas ela declinou. Quando chegou o momento que
realmente precisava de um para cumprir a carga
horária na faculdade, ela se inscreveu e, com
dedicação, conseguiu.

— Eu sei, garotinha.

Ela lambeu os lábios e me observou sair da


cama. Fui até ela, abri meus dedos e passei em sua
cabeça, empurrando seu cabelo castanho-
avermelhado para trás. Sua boca se abriu um pouco
e eu beijei sua testa.

— Eu amo você. — Sua voz saiu trêmula.

Eu amava isso em Ren. Eu poderia ter


reações dela com um simples toque.

— Eu sou obcecado por você.

Ela fechou os olhos e engoliu em seco. Não


era uma mentira. Meu amor por Ren havia se
transformado em mais. Mais desejo, mais obsessão.
Eu a queria ao meu lado. Vinte e quatro horas por
dia. Havia muitas coisas das quais eu poderia ter em
segundos, em um simples estalar de dedos, mas
isso não. Porque a minha garota era uma mulher
foda. De tudo que eu amava nela, isso era o maior.

— Hoje à noite. Nós dois e nosso restaurante


preferido — ela prometeu, passando as unhas rosa
por meu peito nu.

Eu cerrei a mandíbula e segurei seus pulsos.

— Não me toque assim quando não está


disposta a me deixar foder você.

Suas bochechas coraram e o vermelho se


espalhou pelo colo. Eu apostava que seus seios
estavam iguais. Tão corados quanto seus mamilos
rosados.

— Porra, eu preciso que vá. — Girei-a e bati


em sua bunda.
Ren gemeu e se virou depois de pegar sua
bolsa e jaleco.

— Hoje. Eu amo você.

Ela se virou novamente e foi embora, me


deixando com o pau duro e ansiando que a noite
chegasse logo.

Assim que cheguei ao hospital, Daniel estava


me esperando com uma pilha de papéis.

— Bom dia para você também — murmurei,


abrindo a porta e entrando com ele em meu encalço.

— Os casos que precisamos selecionar para


a cirurgia acessível.

Havíamos criado um plano de cirurgias para


o hospital visando as pessoas que não tinham
condições de arcar com as despesas. Meus
funcionários toparam fazer isso uma vez por
semana. Médicos e enfermeiras se disponibilizavam
e nós selecionávamos casos para isso. Infelizmente,
não conseguíamos atender a todos no momento.

Passei algumas horas da manhã com Daniel


trabalhando nos casos, mas cada vez que ele falava
sobre a vida familiar de alguém, eu queria pagar pela
sua cirurgia.

— Não é assim que vai ser, Devon. Pelo


amor de Deus, você não pode pagar pela cirurgia de
quem não passou pela seleção. — Meu amigo
empurrou a porta do refeitório.

— Eu sei, é só que... — Respirei fundo e


parei de falar assim que avistei o cabelo com
reflexos vermelhos. Seu peito tremia e ela limpava o
canto dos olhos, rindo como se tivesse ouvido a
melhor piada de todos os tempos.

— Hum, Eduard é divertido, pelo visto.

Deslizei meus olhos para o superior de


Serenity e o encontrei sorrindo para ela. Daniel
continuou andando e se sentou, então eu fiz o
mesmo. Ela não percebeu a minha presença e
mesmo se o tivesse feito, ela não moveria um
músculo. Ren implorou para ficarmos distantes
dentro do hospital.

A risada dela encheu meus ouvidos


novamente. Apertei meu copo e Daniel escondeu o
sorriso atrás da borda do dele. Eu o ignorei.
Comecei a comer, tentando ignorar as gargalhadas
de Serenity, mas era inútil. Porra, eu nunca fui
ciumento, mas com essa garota... Porra, parecia que
eu virava o pior de todos.

— Ei, Ren! — Daniel gritou, então eu o


encarei. — Preciso da sua assinatura para o dia .

Eu a ignorei quando parou ao meu lado,


segurando sua bandeja. Comi devagar e o silêncio
mortal estava me enlouquecendo. Ergui o rosto e a
vi me olhando.

— O que foi? — questionei, rígido, quando


ela franziu a testa. — Sua risada ecoou pelo
refeitório inteiro, quer compartilhar a porra da piada?

Serenity arregalou os olhos enquanto Daniel


suspirava e começou a se erguer, mas eu o detive.

— Fique. A srta. Price está de saída.

Ren engoliu em seco e piscou rapidamente,


antes de olhar para Daniel e respirar fundo.
— Eu passo na sua sala daqui a alguns
minutos. Obrigada, dr. Sebastian. — Ela se virou e
saiu, me deixando ainda mais irritado.

— Cara, calma. Ela só estava rindo com um


colega de trabalho — Dan murmurou.

— Sério? — Joguei os talheres no prato,


respirando fundo. — Eu não posso chegar perto dela
por essa merda?

Daniel coçou a cabeça, sem saber como me


responder.

— Viu? — Forcei, grunhindo como um


animal.

— São coisas diferentes, Devon. Ela só quer


que a respeitem sem você ser o motivo.

— Todos eles sabem que ela é minha


namorada. O que Serenity quer?
— Abafar as fofocas. — Daniel me encarou
com firmeza. — Para a gente é fácil, mas para as
mulheres? Porra, as pessoas sempre esperam que
elas tenham tido ajuda para estarem onde estão.

Eu odiei entender as palavras dele, mas isso


não anulava o fato de ela estar com Eduard aqui,
almoçando como se fossem velhos amigos.

— Eu vou trabalhar. — Me ergui, jogando o


guardanapo e pegando a bandeja. Deixei meu amigo
sozinho e saí do refeitório com pressa.

Assim que cheguei à presidência, vi a Peyton


se erguer rápido e engolir em seco. Nunca era algo
bom quando ela fazia isso.

— O que foi srta. Finning? — perguntei


quando ela abriu a boca e a fechou.
— A srta. Price está na sua sala. Bem, ela
entrou e eu não pude fazer nada. Ela, bem, ela
parecia bem chateada. — Peyton corou ao explicar.

— Obrigado. — Acenei, me afastando. —


Pode ir almoçar.

Não me virei para saber se ela havia ido. Abri


a porta do meu escritório e encontrei Serenity de
braços cruzados, andando de um lado para o outro.

— Você não confia em mim, Devon.

Suas palavras ecoaram e eu fiquei em


silêncio, esperando por mais. Com Serenity, sempre
havia mais.

— Você acha que eu posso flertar com outro


homem? Com Eduard? Por que diabos você está
com tanto ciúme?
Seus olhos ardiam com fogo, eu sabia a hora
de recuar. Essa era a hora.

— Eu não estou.

Ren riu e balançou a cabeça, levando a mão


até os lábios e rindo por trás de maneira irônica.

— Não? Eu... você nem me olhou quando me


aproximei. Nada.

— E não é assim que quer? — gritei,


começando a me irritar. — Porra! Não é assim que
precisa ser para você ser respeitada dentro do San
José?

Ela abriu a boca e a fechou. Quando seus


olhos começaram a encher de lágrimas e seu lábio
tremeu, eu me aproximei, mas ela ergueu a mão.
Engoli em seco, parando. Porra.
— Eu pensei — Ren respirou fundo e engoliu
com força — que dentre todos, você me entenderia.
— Seus dedos se atrapalharam, enxugando as
lágrimas que nem conseguiram descer.

— Eu entendo. Só que odeio isso. Eu quero


poder tocar em você e beijar você quando eu quiser,
onde eu quiser. — Puxei meu cabelo, irritado.

— Eu também odeio, Devon. — Ela fungou e


desviou os olhos dos meus. — Esse é o ponto,
certo? Não podermos estar perto... Não é o seu
ciúme...

— É também, porque eu sou humano, Ren.


Tenho o dobro da sua idade, mas isso não quer dizer
que preciso sempre ser maduro. Porra, eu amo
você. Eu quero fazer você rir, não o imbecil do
Eduard.
Serenity respirou fundo e acenou devagar.
Ela se aproximou e fechou a mão em volta das
lapelas do meu terno.

— Você me faz rir. Todos os dias, com você


ou sem, porque em todos os momentos que estou
só, estou pensando em nós e isso me faz sorrir.
Você me faz feliz.

Fechei meus olhos e ela segurou meu


pescoço, na ponta dos pés, se esticando.

— Eu acho que cometi um erro hoje. — Ela


suspirou depois de falar. Eu a encarei, confuso. —
Deixar você em casa... duro. Não foi legal. A tensão
está fazendo seus miolos estourarem. — Ren
mordeu o lábio e segurou o meu cinto e o abriu,
enquanto eu apenas a observava.
Seus dedos finos baixaram minha cueca e
meu pau saltou, já duro. Eu a queria desde que
acordei. Segurei seus quadris e ela envolveu a mão
em meu pau, bombeando.

— Se encoste na mesa — ela pediu com


firmeza e eu obedeci.

Apoiei-me na mesa e estiquei minhas pernas,


então Ren ficou entre minhas coxas. Sua mão nunca
abandonando meu pau. Eu grunhi, querendo
empurrá-la contra a mesa e a foder com força. Mas
não o fiz, era sobre ela hoje. Sobre ela ter o controle
da situação.

— Eu amo ter você em minha boca, daddy.

Uma gota de pré-sêmen vazou e Serenity


sorriu, se colocando de joelhos no chão limpo.
Segurei seu cabelo preso em um coque e minha
garota sorriu.

— Você sabe como eu gosto.

Seus olhos brilharam com excitação. Seus


lábios se abriram e ela me levou para dentro. Ren
sugou meu pau, alternando com lambidas. Meu
estômago se apertou assim que ela desceu,
lambendo toda a minha extensão e minhas bolas.
Porra, era uma mistura de medo e prazer. Medo por
ela estar tão perto de algo doloroso, mas prazer,
porque Ren fazia essa merda ser algo extraordinário.

— Fundo, garotinha — grunhi, assim que ela


me sugou novamente.

Estremeci a cada movimento da sua língua e


garganta. Minha porra começou a vazar e ela
engoliu enquanto me olhava com um tipo de
adoração que me matava. Me colocava entre seus
dedos. Ela tinha tanto poder sobre mim que nem
conseguia imaginar.

— Isso, porra.

Serenity lambeu os lábios e eu a ergui.


Empurrei minha boca contra a sua e deslizei minhas
mãos para a sua bunda. Eu a levantei mais e girei,
empurrando as coisas que estavam sobre a mesa
para o chão, então a coloquei deitada e abri sua
calça, puxando o tecido para baixo. Sua calcinha de
renda clara apareceu e eu afastei a porcaria frágil.
Sua boceta rosada estava brilhando de excitação.
Empurrei dois dedos em seu canal estreito e ela os
apertou, sugando para dentro.

— Boceta gananciosa — resmunguei, rindo.


Beijei seu clitóris e chupei o botão duro, então ela
levou a mão à boca, gritando contra a carne. — Você
quer o pau do daddy, garotinha?

Ren arqueou as costas e sua boceta apertou.

— Eu sei que você quer. — Sorri, retirando


meus dedos.

Meu pau já estava duro, pronto para entrar


nela com força. Mas eu tinha algo com seus peitos.
Eu a fodia olhando para eles.

— Me mostre seus seios. Agora.

Ren me obedeceu. Ela sempre fazia isso.


Serenity subiu a blusa e puxou os seios para fora do
sutiã. Me inclinei, capturando seu mamilo com a
boca. Chupei com força, tremendo para foder a
boceta dela, mas eu precisava de calma.

— Daddy, por favor.


Sua voz me fez ficar ainda mais excitado.
Peguei sua mão e empurrei em seu clitóris. Ren
arregalou os olhos quando movi a outra para o seu
seio. Ela apertou o mamilo e brincou com sua
boceta, gemendo devagar.

Abri mais as suas coxas e segurei meu pau,


alinhando com seu canal. Lentamente entrei nela,
tentando me manter firme. Ela arqueou as costas
assim que todo o meu pau estava dentro dela.

— Ah, meu Deus, daddy!

Sua boceta se apertou e ela gozou sem que


eu mexesse meus quadris. Fiz meu primeiro
movimento e suas coxas se apertaram, mas segurei
com firmeza, mantendo-as abertas. Serenity gritou e
eu me inclinei, empurrando com força. Quando seus
peitos pularam, eu lambi.
— Você sabe o que fazer. Me ordenhe.

Ren apertou sua boceta diversas vezes e


logo gozou de novo. Eu empurrei com força pela
última vez e gozei dentro dela profundamente.

— Eu amo seus peitos — grunhi antes de


puxar um para os meus lábios. — Quando
engravidar, eu vou mamar neles até adormecer.

Seus olhos se arregalaram, mas sua boceta


apreciou isso ao me sugar.

— Eu terei que dar de mamar a dois seres


humanos? O silicone vem antes do esperado. —
Sua risada borbulhou e eu a beijei.

— Venha aqui, garotinha. — Puxei-a para se


sentar e segurei seu rosto. — Me desculpe por
surtar. Eu juro que vou parar com isso.
Ren encostou a testa na minha e sorriu,
envolvendo as mãos em meu pescoço.

— E eu juro que isso vai passar. E você vai


ter mais chances de me foder em seu escritório. —
Ela sorriu, me fazendo rir junto. — Amo você, Devon.
Sempre foi e sempre vai ser só você.

Aliviado, acenei e a beijei. Isso durou até


baterem à porta. Ajudei-a a se vestir e me ajeitei,
enquanto Ren prendia o cabelo e colocava o jaleco.

— Só podia ser você — resmunguei assim


que vi Daniel.

— Temos problemas. — Ele entrou na sala e


parou ao ver Ren. — Fico feliz por terem feito as
pazes.

— O que houve? — questionei, parado,


enquanto Ren se aproximava.
— As ações de San José foram vendidas. —
Sua expressão mudou.

— O quê? Para quem? — perguntei, tenso.

San José tinha vários acionistas. Eu era o


majoritário, mas se alguém resolveu comprar tudo,
alguma coisa estava acontecendo. E se queria tanto
o San José, por que não me procurou para comprar
a minha parte?

— Não sabemos ainda.


Saí do escritório do Devon depois de me
despedir rapidamente. Passei no banheiro e me
limpei, enquanto tentava entender Devon. Parei
diante do espelho e respirei fundo. Meus olhos
estavam vivos e brilhantes, e meu cabelo estava em
desordem. O coque estava mais frouxo que antes.
Soltei os fios e os prendi novamente.

— O.k., Ren, você consegue — murmurei


para mim mesma enquanto lavava minhas mãos e
depois o rosto.
Desde que conheci Devon, minha vida havia
dado um giro enorme. Ele era o centro da minha
vida, e mesmo que Willow falasse uma e outra vez
que isso não era bom, eu não conseguia colocar
distância entre nós. Não morávamos juntos, mas eu
não me lembrava da última vez que dormi em casa.

Seu ciúme há poucas horas me deixou


irritada e bastante surpresa. Devon não era o cara
mais calmo do planeta, mas era maduro, bem mais
que eu. Meu ciúme era constante, mas o dele? Não.

Meu celular começou a tocar e eu o procurei


dentro da bolsa. Assim que achei, eu saí do banheiro
e atendi a ligação.

— Ei, Brand — murmurei, andando pelo


corredor em direção à saída. Hoje eu tinha aula no
período da tarde, por isso vim pela manhã para o
hospital. Os dias eram alternados, conciliando com
meus horários.

— Você tem café em casa? — Sua pergunta


me fez franzir as sobrancelhas.

— Claro, mas não estou lá, apenas Low.

— Foda-se, vou comprar essa merda — ele


grunhiu e eu suspirei.

Brandon e Willow haviam parado de se falar


totalmente, desde que ela decidiu que gostava de
meninas e começou a namorar Mya. O namoro
durou pouco, mas ele não sabia disso e,
sinceramente, eu preferia assim.

— Eu estou indo para casa e levo. Chego aí


em vinte minutos — falei rápido, atingindo o
estacionamento.
Brandon estava morando em um
apartamento no mesmo prédio que a gente. Depois
de passar seis meses com minha tia, ele voltou à
cidade e começou a trabalhar em um restaurante.

— Quando Devon vai colocar um anel em


seu dedo?

— Nossa, do nada essa pergunta? —


resmunguei, entrando em meu carro.

— Você nunca está em casa, Ren. É uma


pergunta válida. Se ele quer você na casa dele,
vocês precisam se casar. — Suas palavras eram
sérias.

Eu não estava preocupada com isso. Estava


focada em terminar a faculdade e conseguir um
emprego no San José. E sem a influência de Devon
Chanse. Todos já falavam pelas minhas costas sobre
o meu relacionamento. Não escondíamos que
estávamos juntos, mas eu decidi que deveríamos
evitar ser vistos.

Devon, pelo visto, estava ressentido com


isso.

— O.k., vou dirigir. Deixe o sermão para


quando eu for deixar o café.

Ele resmungou algo e desligou.

Saí da vaga e dirigi em silêncio até a minha


casa. Fazia um bom tempo desde que coloquei os
pés ali, por isso não me surpreendi ao encontrar o
apartamento bagunçado. Willow podia ser intensa
quando queria.

— Low? Está aqui? — gritei, jogando minhas


chaves do lado, mas ela não respondeu.
Peguei o café e fui para a casa do meu
irmão. Apertei a campainha, quando a porta foi
aberta, dei de cara com uma garota. Ela estava
usando nada mais que roupas do meu irmão.

— Oi, eu sou a irmã do Brandon. Onde ele


está? — perguntei, inclinando a cabeça.

— Oi, é, ele... hum...

Sua gagueira me incomodou, mas eu me vi


nela. Não pelo fato de estar na casa de um cara no
meio do dia, mas a incerteza, timidez.

— Ei, Ren, entra. — A voz dele ecoou.

Acenei para a garota enquanto entrava.

— Está aqui o café. — Empurrei um pacote


em suas mãos e meu irmão sorriu. Ele estava
dedilhando uma guitarra. Brandon sempre gostou de
música.
— Obrigado. Onde está a loira tatuada?

— Não sei. O apartamento está uma zona.


Vou limpar lá e depois vou para a faculdade. Tenho
aula em duas horas — murmurei, com os olhos fixos
nele, mas sentindo a garota. — Você não vai me
apresentar para a sua amiga?

Ele respirou fundo e ergueu os olhos para a


menina loira.

— Sidney...

— Cindy — ela o corrigiu rápido, então fiz


uma careta. — Eu vou me trocar.

Assim que ela sumiu no corredor, eu joguei


uma almofada no rosto do Brandon.

— Você é tão idiota.

— Ei...
— Estou indo.

Saí do seu apartamento e voltei para a casa.


Respirei fundo e comecei minha limpeza. Juntei as
porcarias da Low pela casa, levei as roupas para a
lavanderia, e o lixo, juntei em um saco preto.
Quando estava terminando, a porta abriu e Willow
entrou.

— Eu vou tomar banho, nos falamos em dez


minutos — falei alto. Quando me virei, percebi que
ela não estava sozinha. Mya estava com ela. — Oi,
Mya!

— Oi. Eu vou usar o banheiro. — Ela andou


com pressa para o quarto da Low.

— Que porra é essa? — Ergui a sobrancelha


e sussurrei.
— Ela não sai do meu pé. — Ela revirou os
olhos.

— Não terminaram?

— Sim!

— Então? — Empurrei a questão enquanto


ela parecia exasperada.

— Ela quer voltar. Eu não quero. Fim de


papo.

Okay.

— Eu tenho aula, mas venho para a casa


assim que terminar. Não saia, precisamos conversar.

Willow acenou e eu a deixei sozinha para


lidar com a Mya.
Olhei para o celular duas vezes em questão
de segundos. Estava nervosa. Devon não havia me
ligado e não estava respondendo as minhas
mensagens. Isso nunca aconteceu.

— Logo ele chega. Meu Deus! Você vive com


o cara.

A voz de Low me fez erguer o rosto e a


encontrar sentada no sofá. Eu estava jogada na
poltrona desde que voltei da aula.

— O que está acontecendo com você? —


perguntei, deixando para lidar com Devon depois.

Willow respirou fundo e me encarou. Ela


parecia distante e, talvez, fosse culpa minha. Eu
vivia para Devon. Isso não era legal.

— Mya está me enlouquecendo. Eu nunca


imaginei que namorar com uma garota fosse tão
irritante — ela grunhiu, revirando os olhos azuis.

— Você não gosta dela, Low.

Minha amiga ficou em silêncio, sem saber


como poderia me responder.

— Você está certa. Não gosto.

Me movi para o sofá e a abracei. Low


respirou fundo e me encarou.

— Eu senti sua falta, sabe? — Ela sorriu


fracamente e eu apoiei meu queixo em seu ombro.
— Eu amo que esteja feliz com Devon. Mas sinto
sua falta aqui.

— Você poderia ver o Brandon... — comecei


a falar, mas recebi um olhar gelado como resposta.

— Ele é um idiota.
Seu celular tocou, e quando vi o nome do
Daniel na tela, eu a encarei.

— E ele não é?

Willow fechou os olhos e respirou


profundamente.

— É. Os dois são, e eu não sei por que fico


atraída por idiotas.

Pensei sobre isso e afaguei seu cabelo.


Daniel não era muito visto fora do hospital, mas
percebi a atração que ele e Willow tinham. Porém,
eu odiava saber disso. Brandon gostava dela... ele a
merecia.

— Eu sei que quer que eu fique com


Brandon, mas não posso.

Engoli em seco.
— E nem com Daniel. Não dá. Parece errado.

— Como errado? — perguntei, confusa.

— Não sei. Esquece isso. — Low se afastou


e sorriu. — Podemos sair e tomar algumas cervejas?

Era meio da semana e eu teria prova na


faculdade no dia seguinte, porém Willow precisava
de mim.

— Claro, me deixe pegar um casaco.

Fui para o quarto, assim que voltei Low


estava de pé e havia alguém na porta. Devon?

— Você não me respondeu. — A voz do


Daniel ecoou.

Eu fiquei parada, ponderando sobre onde


Devon estava. Se não era com Dan, com quem era?
— Eu não quis, tronco de árvore. — A voz
dela soou baixa.

— Você ainda está se escondendo atrás da


garota?

— Não, estou solteira e livre como um


passarinho.

Nesse momento, resolvi aparecer. Bati os pés


e entrei na sala.

— Ei, onde está o Devon? — questionei


assim que Dan acenou.

— No hospital. Não falei com ele depois que


saiu. — Suas palavras me deixaram mais inquieta.

— Vamos? — Encarei Low e ela acenou,


pegando as chaves.
Daniel foi para o corredor e chamamos o
elevador. Quando a porta do elevador se abriu,
Brandon estava dentro com uma garota. A mesma
que encontrei no apartamento dele. Ele me encarou
e depois Daniel e Low.

— Ei, Brand. Oi, de novo — eu disse para a


menina, sorrindo.

Todo mundo ficou em silêncio, mas vi o olhar


de Willow para Brandon e a garota.

— Como anda, Brandon? — Daniel


perguntou, me fazendo franzir as sobrancelhas.

— Bem, doutor. — Ele o olhou rapidamente.

Que diabos estava acontecendo?

— Olá, meu nome é Willow. Quem é você?


Pelo amor de Deus, Low. Quase gemi baixo,
mas prendi meus lábios.

— Tatuada, não fode — Brand grunhiu,


irritado.

Willow sorriu. Ela era terrível.

— Com você? Não mesmo. — Suas palavras


saíram divertidas.

— Eu perdi alguma coisa? — Cindy


questionou, erguendo as sobrancelhas, arisca.

— Não, baby — meu irmão respondeu,


colocando o braço sobre os ombros da garota
enquanto Willow o encarava.

— Baby? Porra, nem um apelido real? Você


me surpreende, Brandon.
Meu irmão se aproximou dela até estarem tão
perto quanto era possível. Cindy e Daniel ficaram
sem reação.

— Não me teste, você correu na última vez.

O quê?

— Eu não corri...

— Por que vocês não calam a porra da boca?


— Daniel perguntou, irritação enfeitando seu rosto.
— Parem com essa merda.

— Claro, papai. — Willow revirou os olhos.

As portas do elevador se abriram e eu dei


graças a Deus. Brandon foi para seu carro com
Cindy, e Daniel sumiu no estacionamento. Eu entrei
em meu carro e Willow deslizou no banco do
passageiro.
— O.k., que porra foi aquela? — perguntei,
completamente confusa.

— Seu irmão é um idiota.

— Sim, já deixamos isso claro — falei,


apressada. Saí do estacionamento e dirigi para o bar
da cidade. — Sério, o que está acontecendo?

— Nada.

— Nada? Você quase pulou no pescoço da


Cindy depois de quase se jogar nos braços do
Daniel. Você está dividida entre eles, é isso? —
perguntei, decidida a fazê-la falar.

— Algo do tipo.

Isso bastava. Eu respirei fundo e estacionei,


então me virei para Low e segurei sua mão.

— Eu sou team Brandon, só para você saber.


Ela sorriu e revirou os olhos. Porém, logo foi
substituído por tristeza.

— Quem era a menina com ele, Ren? — Sua


pergunta saiu frágil.

— Ela dormiu com ele — falei de uma vez.


Willow piscou rapidamente. — Mas você sabe, ele
quer você. Sempre quis.

Ela fechou os olhos e acenou. Nós duas


sabíamos que só bastava uma palavra e Brandon
estaria ali. Infelizmente, Willow estava confusa
demais, e pessoas confusas magoam pessoas
incríveis, certo?

— Vamos beber, talvez assim a vontade de


matar seu irmão suma.

Eu sorri e fiz o que ela me disse. Bebi com


ela, rimos e dançamos, e ao final da noite ainda não
havia resposta de Devon. Willow estava acabada e
eu havia jogado fora algumas bebidas para não ficar
tão bêbada quanto ela.

— Eu preciso da minha cama — ela


murmurou contra mim.

— Vamos embora. — Sorri.

Me virei com ela e parei ao ver um homem


alto, com o semblante furioso. Eu podia sentir sua
raiva a quilômetros. Seus olhos estavam escuros e
uma onda de perigo flutuava ao nosso redor. Ele
estava fora de si.

O.k., daddy, mas eu estava muito mais.


Eu andei em direção a Serenity com os
punhos cerrados e o coração batendo violentamente.
Assim que parei diante dela, seu cheiro me
envolveu. Inibi isso e peguei sua amiga que estava
quase apagada.

Não falei nada, apenas dei passagem para


Ren e a segui para fora. Coloquei sua amiga em
meu carro e fechei a porta, vendo-a dormir. Abri a
porta para Ren e ela ficou parada, me encarando.
— Entre no carro, Serenity. Agora. — Minha
voz retumbou entre nós.

Ela se aproximou, erguendo o queixo.

— Onde você estava? Eu esperei por você


como uma estúpida e você aparece agora? — Ren
fervia, gritando. Eu ergui a mão para tocá-la, mas ela
se esquivou. — Não ouse. Como sabia que eu
estava aqui, aliás?

Eu não falaria, porque isso me levaria a mais


problemas.

— Eu fiquei preso no escritório. Estou com


problemas no hospital...

Ren negou, rígida.

— Onde está a porra do seu celular, Devon?


Eu te liguei, enviei mensagens. Você viu tudo e
apenas ignorou? — A voz dela tremeu, então
percebi que realmente estava magoada.

— Eu não vi. Meu celular descarregou, nem


mesmo percebi — expliquei, dando um passo em
sua direção, mas ela desviou os olhos.

— Me leve para a casa.

— Claro, mas precisamos deixar Willow...

— Para a minha casa, Devon. Não para a


sua.

Foi como se ela tivesse segurado meu


coração e apertado. Eu não me lembrava da última
vez que dormimos separados.

— Não faça isso, Ren. Sou eu, porra — gritei,


perdendo a cabeça. — Eu sou seu. Sempre.
Desculpe por hoje, mas você não pode agir como
uma garotinha e correr para festa toda vez que algo
acontecer.

— Eu sou uma garotinha, Devon. Não é


assim que me chama?

Porra. Abri a porta e ela deslizou.

— Mandarei alguém buscar seu carro —


murmurei assim que comecei a dirigir.

Ela franziu as sobrancelhas e me olhou,


confusa.

— Como sabe que meu carro está aqui?

Droga. Engoli em seco e encarei a pista,


apertando o volante.

— Você rastreia meu carro — ela afirmou.


Senti seu olhar queimando em minha cabeça. —
Isso é sério, Devon? Você rastreia meu carro? —
gritou, sem acreditar.

Eu fiquei em silêncio e ela começou a berrar


que eu era controlador, babaca e algumas coisas
que tentei esquecer. Mas quando ela começou a
chorar... Droga. Eu me obriguei a falar.

— Não gosto disso. Você me escondeu isso


ao me dar o carro... o que mais escondeu de mim?
— Sua pergunta e olhos molhados me fizeram
passar a mão no rosto.

— É para a sua segurança. Só isso,


garotinha.

Estacionei e ela me encarou, limpando o


rosto. Brandon estava ali parado, com as mãos nos
bolsos. Ele abriu a porta de trás e pegou Willow.

— Você ligou para ele? — Ren perguntou.


— Enviei uma mensagem assim que cheguei
e vi o estado de Willow.

Brandon carregou a melhor amiga de


Serenity para dentro e minha namorada me encarou,
abraçando a si mesma.

— Eu vou ficar na minha casa hoje. Eu


preciso disso.

— Por que as coisas com a gente estão


assim? — perguntei, rápido.

Eu odiava isso. Brigávamos por tudo.


Qualquer coisa era motivo de discussão.

— Porque somos diferentes.

— Você sabe o que é melhor para você,


garotinha. Vá dormir. Eu amo você. — Me inclinei,
deslizando meu nariz no dela, quase encostando
nossos lábios, porém não me atrevi. Assim que me
afastei, ela abriu a porta e saiu.

Apertei meu nariz e passei a mão pelo


cabelo. Percebendo a demora da porta se fechar,
olhei para ela. Ren estava parada, me encarando.

— Eu amo você.

Então fechou a porta, se virou e entrou no


prédio.

Na manhã seguinte, eu passei bons minutos


encarando a cadeira diante de mim. Era o lugar onde
ela se sentava para comer. Tomávamos café juntos,
enquanto ela ia para o campus, eu ia para o hospital.
Ela sorria quando eu a deixava em frente ao prédio
da sua aula e me beijava.
Eu passei a mão pelo cabelo e respirei fundo.
Não dormi bem, rolando de um lado para o outro,
procurando por ela. Apostava com qualquer um que,
enquanto Ren se mantivesse longe, não haveria
descanso para mim.

Peguei meu celular e toquei nas nossas


últimas conversas. Havia várias mensagens de
ontem, mas nenhuma de hoje. Ela estava segurando
a onda. Ela precisava de espaço e eu sabia disso.

Me ergui da cadeira e fui me arrumar para o


trabalho. Isso manteria minha mente ocupada, já que
eu ainda precisava saber quem diabos havia
comprado as ações do San José.

Assim que cheguei, Peyton me olhou e sorriu.


Ela me seguiu para a sala e eu respirei fundo ao me
sentar.
— A acionista pediu uma reunião com o
senhor. Eu consegui encaixar para as onze.

Suas palavras fizeram com que eu erguesse


a cabeça de supetão.

— Você a conhece?

— Não. — Minha secretária franziu as


sobrancelhas.

— Tudo bem. Você pode ir, se isso for tudo.

Não era. Peyton me entregou mais cinco


contratos que precisavam de assinatura. Eu revisei
cada um deles até a minha reunião com a misteriosa
acionista.

— Bom dia — resmunguei, entrando na sala


de reunião.
Havia apenas uma pessoa dentro e ela
estava encarando a vista da cidade.

— É um prazer finalmente conhecê-lo,


Chanse. — Ela se virou e eu semicerrei os olhos.

A mulher diante de mim era jovem, muito


jovem. Talvez com a idade de Serenity. Como diabos
ela comprou as ações?

— Eu desejei este momento por muito tempo.


— Ela sorriu e seus olhos azuis brilharam. — Meu
nome é Pipper Jones. — A garota empurrou o
cabelo loiro para fora do ombro.

— Olá, srta. Jones. Sente-se. — Indiquei uma


cadeira e ela se sentou rapidamente.

Me movi para o lugar a sua frente e cruzei


minhas pernas, uma sobre a outra.
— Estou surpreso por não ter tentado
comprar minhas ações também.

Ela sorriu e colocou a mão embaixo do


queixo antes de estalar a língua.

— Há algo em você que eu gosto. Sabe,


trabalharmos juntos será bom. — Havia uma pitada
de sarcasmo em sua voz. Algo que me incomodou.
— Além do mais, eu sabia que não venderia.

Ela estava certa. San José era minha vida.


Jamais abriria mão dele.

— Alguns acionistas também não venderiam,


mas aqui estamos nós. Os únicos donos do San
Jose. — Abri as mãos, completamente sério. — Por
que comprou as ações?

Jones piscou devagar e respirou fundo. Ela


se ergueu e eu a observei rodear a mesa e parar ao
meu lado. Assim que sua mão tocou meu ombro, eu
fiquei rígido.

— Eu quero algo que só você pode me dar.

Que porra estava acontecendo?

— O quê? — perguntei, me movendo para


sair de perto dela.

Pipper sorriu e limpou as mãos, deixando-as


juntas na frente do seu corpo.

— Você vai saber um dia. — Ela pegou sua


bolsa e me encarou. — Eu gostaria que
providenciasse uma sala para mim. Próxima da sua,
de preferência, porque vamos trabalhar lado a lado
para o crescimento do San José.

— Você pelo menos terminou o ensino


médio? — questionei, fervendo.
Quem essa garotinha mimada achava que
era?

— Oh, é claro, dr. Chanse. — Pipper sorriu,


cínica. — Administração.

Rangi meus dentes enquanto a via se virar e


ir em direção à porta. Antes que sumisse, no
entanto, ela me encarou.

— Tenha um bom dia, Devon.

A porta fechou e eu fiz o mesmo com meus


olhos, apertando meus punhos. Que porra estava
acontecendo? Como diabos ela convenceu meia
dúzia de acionistas a vender tudo?

Meu celular tocou e eu o peguei, sedento por


Ren, mas era apenas a minha irmã. Falei com ela
rapidamente, e assim que desliguei, enviei uma
mensagem a Serenity.
“Bom dia, garotinha. Com ressaca?”

Levou muito tempo para ela responder, por


isso fui para a minha sala. Peguei minhas chaves e
comecei a andar. Assim que entrei no carro e
comecei a dirigir, ela respondeu.

“Sim, quase dormi em cima da prova.


Estou indo para casa agora.”

“Foi com Willow para o campus?”

“Sim, mas vou pegar um Uber para voltar.


Ela foi almoçar com os pais.”

“Estou chegando. Fique parada.”

“Sério?”

“Sim.”

Em alguns minutos, entrei no estacionamento


do campus. Serenity estava de pé, me encarando.
Ela usava saia jeans e um moletom curto. Saí do
carro e abri a porta para ela.

— Eu senti sua falta. — Sua voz me saudou


e eu estremeci.

Porra, eu também.

— Vem cá, garotinha.

Ela me deixou envolver sua cintura e a puxar


para mim. Beijei seu ombro enquanto ela respirava
fundo.

— Eu amo seu perfume. — Ren segurou meu


rosto e eu beijei sua boca. — Por favor, não repita
mais o que fez ontem.

Seus olhos imploraram e eu me senti um


idiota. Não respondi nada porque quis, apenas me
enrolei no trabalho, mas eu não avisei. Ela estava
certa em ficar brava.
— Eu prometo.

Tomei sua boca enquanto segurava seu


rosto. Ela gemeu baixo quando chupei sua língua
doce e apertei sua cintura. Ren segurou meus
ombros e mordeu meu lábio. Segurei sua nuca
assim que nos afastamos para respirar. Deslizei os
dedões por sua bochecha e sorri.

— Senti sua falta.

Serenity sorriu e me abraçou com força.

Estávamos bem. Isso era o mais importante.

— Vamos lá, vou levar você para almoçar.

Ajudei-a a entrar no carro e segui para o


outro lado. Quando coloquei meu cinto, Ren estava
olhando para fora, tensa.

— Ei, o que foi?


— As pessoas estavam olhando. — Ela
engoliu em seco e me encarou. — Eu quero sair
daqui o mais rápido possível. Quero ficar com você
sem pessoas para nos observar com julgamento nos
olhos.

Eu segurei sua mão e levei aos meus lábios.


Beijei cada dedo e envolvi meus dedos nos seus.

— Precisamos parar de nos preocupar com


os outros, garotinha. Somos eu e você. Sempre.
Nada pode mudar isso. — Segurei seu queixo e me
inclinei para beijá-la.

Nós nos separamos e ela sorriu e acenou.

Dirigi para um restaurante e entramos de


mãos dadas. O garçom nos guiou para a mesa e eu
me sentei na frente dela.
— Como foi seu dia? — Ren perguntou,
chupando o suco pelo canudo. Seus lábios rosados
me fizeram lembrar de ontem, ela de joelhos me
deixando foder sua boca. — Amor? — ela chamou.

Ergui os olhos para os dela. Suas bochechas


estavam coradas e eu amava saber que ela sempre
previa minhas ações.

— Estranho, no mínimo. Conheci quem


comprou as outras ações — murmurei, me
erguendo. Me sentei ao lado dela e respirei fundo. —
Abra suas coxas.

— Co-como assim? — Seu colo estava


vermelho. E enquanto falava, ela abriu suas pernas.

Eu me virei, colocando meu braço atrás das


suas costas, enquanto a outra mão subia por sua
coxa. A saia era curta e logo encontrei sua calcinha.
— Pipper Jones. Ela é jovem. — Me inclinei,
beijando sua orelha. Afastei sua calcinha e quase
gemi. — Porra, baby, já está tão molhada.

— Daddy. — Ela gemeu baixo e eu afastei


suas coxas mais um pouco.

— Eu queria foder sua boceta ontem, mas


você me impediu. Então vou foder você no meio de
um restaurante lotado. — Grunhi rápido e deslizei
meus dedos dentro dela.

— As pessoas vão perceber. Estou corando...

— Bom, parece que gosta de expectadores.


Minha mão está encharcada.

Ren pegou seu copo e chupou o líquido doce.


Seus quadris se mexeram quando empurrei meu
polegar em seu botão rosa e inchado. Ela suspirou
assim que encontrei seu ponto doce, no fundo da
sua boceta.

— Mexa seus quadris.

Ela o fez. Se inclinou para a frente e montou


minha mão, enquanto fingia olhar as flores na mesa.
Seu corpo ficou rígido e ela gozou em segundos.
Ajudei-a a relaxar e tirei minha mão, colocando sua
calcinha no lugar.

— Tão doce, porra. — Gemi, lambendo meus


dedos com seus fluidos.

Ren me encarou e mordeu o lábio, com


vergonha.

— Eu sou obcecado por você — falei, sério.


Serenity sorriu. — Eu te amo e quero estar com você
para sempre. Te quero a todo momento, todos os
dias e horas.
Ela piscou rapidamente, engoliu em seco e
sorriu. Em segundos, seus olhos ficaram úmidos e
eu beijei seu ombro. Peguei a caixa de veludo que
comprei há mais de oito meses e me ergui. Serenity
me observou, arregalando os olhos ao perceber que
eu estava me ajoelhando. Assim que fiz isso, ela
levou a mão à boca.

— Eu estou com esse anel há meses.


Sempre esperando pelo momento certo, mas todos
os momentos ao seu lado são. Você é a minha
garota. Minha namorada. E eu espero, na verdade,
anseio como a porra do ar em meus pulmões, que
se torne a minha esposa.

Ela fungou enquanto lágrimas escorriam por


seus olhos. Ren se ergueu e gritou, como a menina
que era, um lindo e sonoro sim.
— Sim!

Porra, eu era o maldito médico mais feliz do


universo.
Meus dedos tremeram enquanto observava o
anel elegante. Havia uma pedra azul, de um azul-
claro tão lindo que eu não conseguia parar de
encará-lo. Meu coração era uma mistura louca de
batidas desenfreadas e paradas abruptas.

— Enquanto eu procurava seu anel, descobri


que existe uma cor com seu nome. — A voz de
Devon me acordou e eu virei o rosto, surpresa. Ele
sorriu, segurando o volante. — Azul Serenity. Dá
para acreditar?
Eu encarei a pedra e o olhei, fazendo a
pergunta silenciosa.

— Sim, é esse — Devon respondeu, sorrindo.


— O vendedor estava falando de uma pulseira para
outra cliente e disse “aqui, esse cristal é no tom do
azul Serenity”. Eu o fiz encomendar uma aliança de
noivado com aquela cor.

Meu coração de alguma maneira conheceu


um novo patamar de amor, e mais pedacinhos de
mim voaram em direção a Devon, para a sua mão.

— Eu já te amo — falei, com o queixo


tremendo.

— O quê? — Ele arqueou a sobrancelha


loira.

— Você está tentando me fazer te amar


mais? Isso é impossível. — Funguei, me inclinando e
beijando o canto da sua boca. — Obrigada. Eu amei
demais. É perfeito.

Devon sorriu e me puxou para perto. Eu me


agarrei a ele durante todo o trajeto. Completamente
feliz. Eu estava noiva! Noiva!

— Vamos marcar a data? — perguntei,


lambendo meus lábios secos.

— O dia que quiser. — Ele me olhou. — Fale


e será seu.

Jesus Cristo, ele era real? Porque se não


fosse, eu daria um jeito de me tornar irreal. Uma vida
sem um Devon Chanse jamais seria uma vida
satisfatória.

— Dez de maio.

Estávamos quase em maio. Era insano, mas


eu não dava a mínima.
— Duas semanas para um casamento. Deus
nos ajude. — Ele parou em um sinal e se virou, seus
olhos estavam brilhando, felizes. Devon segurou
meu rosto e beijou minha boca. — Vamos nos casar,
garotinha.

Sim!

Ele voltou a dirigir e eu suspirei para o meu


anel durante todo o caminho.

Assim que chegamos à minha casa, Willow


estava na cozinha. O cheiro de queimado estava no
ambiente inteiro, eu apostava que em alguns
andares acima também.

— Está tudo bem? — perguntei enquanto


Devon franzia a testa para a minha melhor amiga.

— Você é péssima na cozinha, o que estava


fazendo? — Suas palavras saíram suaves, mas
Willow não deixou de jogar um pano no rosto do meu
namorado – agora noivo. Eu estava noiva. Ainda não
conseguia acreditar.

— Eu estava fazendo um bolo. Parecia fácil.


— Ela fez uma careta e jogou a forma com uma
gosma preta na pia. Já era.

— Eu vou para o quarto...

— !

O grito me assustou, mas a forma brusca que


Willow puxou minha mão quase me fez ter um
infarto. Sua boca se abriu e seus olhos se encheram
de lágrimas.

— Ele tirou a cabeça da bunda e pediu sua


mão? — Suas palavras me fizeram rir.

— Sim, parece que sim. — Olhei para Devon,


que revirou os olhos andando em direção ao meu
quarto.

— Estou feliz por você, Ren. — Low me


abraçou com força e eu recomecei a chorar. — Você
e Devon merecem. Vocês têm algo que muitas
pessoas buscam.

Eu funguei e a apertei. Eu a amava demais.

— Seja minha madrinha. Eu preciso de


alguém para organizar tudo.

— Óbvio! — Ela sorriu e me perguntou a


data, quando falei, seu rosto se retorceu. — Você
está louca. É logo ali, não temos tempo.

— Vamos conseguir.

— O.k., vou fazer algumas ligações.


Precisamos escolher um espaço o mais rápido
possível. — Low começou a digitar freneticamente.
— Você sabe que maio é o mês das noivas? Todas
querem se casar nesse mês. Preciso correr.

Eu sorri e a vi ir para a sala. Fui em busca do


Devon e o encontrei na minha cama, de olhos
fechados. Fechei a porta e subi na cama, sentando-
me em seu colo. Devon sorriu, ainda de olhos
fechados.

— Não acredito que vamos nos casar —


murmurei, mordendo meu lábio enquanto olhava
para o meu anel.

Suas mãos subiram pelas minhas coxas e ele


apertou. Seus olhos brilharam com um tipo de
adoração que eu nunca me acostumaria. Devon
Chanse me amava e eu podia ver isso cada vez que
seus olhos batiam nos meus.
— Eu demorei, Serenity. Já deveríamos estar
casados, mas eu quero que tenha suas experiências
e que as aproveite. — Suas palavras me fizeram
respirar fundo. — Mas não posso mais esperar. Se
um dia acordar e perceber que não era isso que
queria, eu prometo que a deixarei ir, mas enquanto
quiser ficar, porra, garotinha, eu vou fazer isso da
maneira certa.

— Eu quero experiências, Devon, mas


também quero você ao meu lado. Eu posso ter os
dois. Eu posso ser a sra. Chanse e a jovem que
cursa enfermagem e tem amigos. — Me inclinei,
beijando seu queixo.

— Pode. Se ninguém tocar no que é meu,


obviamente.
— E se tocarem, dr. Chanse? — Sorri. —
Hum? Se algum bad boy da faculdade tocar na sua
doce Ren? — Assim que as palavras saíram, ele nos
virou e ficou por cima de mim. — Devon!

— Eu foderia você na frente dele, para ele


saber que você pertence a mim.

Minha garganta secou.

— Sério? — perguntei, forçando minha voz.

— Não, mas eu o mataria.

Suspirei de alívio. Não sabia se exibicionismo


era algo que Devon gostava, mas definitivamente, eu
jamais o deixaria me ter na frente de alguém. Não
era como ele me tocar em lugares públicos, saber
que alguém tinha certeza o que você estava fazendo
mudava as coisas.
— Agora fique nua. Eu preciso foder você
enquanto usa apenas o meu anel.

Eu mordi meu lábio e comecei a fazer o que


ele mandou. Puxei meu moletom e saí da minha saia
e calcinha. Devon semicerrou os olhos para os meus
seios nus. Eu não estava usando sutiã. Voltei para a
cama e ele se sentou, segurando por trás dos meus
joelhos e me puxando em sua direção. Me sentei em
seu colo e respirei fundo.

Trabalhei em seus botões, encontrando a


pele firme com pelos. Me inclinei e beijei seu peito
suavemente.

— Sem sutiã, hum? — Ele segurou meu


mamilo entre os dedos e torceu com força suficiente
para doer, mas sem realmente machucar. — Alguém
viu seus mamilos, garotinha?
— Não, daddy. — Balancei a cabeça com
força.

Ele deslizou a mão até a minha barriga, girou


a palma até ela estar empalada contra minha boceta
nua. Seus dedos me abriram e um deles pressionou
meu clitóris.

— Quem é o único que pode ver esses seios


perfeitos?

Meu ventre se apertou e eu desejei montar


em sua mão. Calma.

— Você, daddy, só você.

— Isso, garotinha. Isso mesmo.

Ele tirou as mãos de mim e abriu sua calça.


Ajudei-a a descer o tecido até suas coxas e seu pau
saltou. Longo, duro e vermelho. Segurei-o por um
segundo, até Devon tirar minha mão.
— Fique de costas, solte seu cabelo.

Engoli em seco, mas rapidamente fiz o que


ele queria. Olhei por cima do meu ombro e encontrei
meu Devon com a atenção cravada em minha
bunda. Ele pegou as nádegas e as apertou enquanto
eu suspirava. Me virei, segurando suas coxas e o
senti me erguer. Deslizei em seu pau e choraminguei
ao sentir a posição tão invasiva. Rebolei devagar,
sentindo Devon em cada pedaço do meu corpo. Subi
e desci, pegando o jeito.

— Um dia, eu vou comer você aqui. — Ele


tocou minha bunda e eu fiquei rígida por um
momento. — Não hoje, bebê.

Devon me deixou rebolar por algum tempo,


mas meu noivo era um homem que gostava de me
foder me encarando. Por isso, em segundos eu
estava no colchão com ele sobre mim, empurrando
seus quadris e me fazendo gritar.

— Caladinha, baby. Você quer que sua amiga


escute seus gemidos? Eles não são dela para ouvir.
— Sua voz misturada a estocadas me fez gemer. —
De quem são os seus gemidos?

— Do daddy.

Nossos corpos suados se encontraram uma


última vez e Devon gozou dentro de mim, com força
e tremendo. Eu vi estrelas flutuando enquanto o
prazer me sufocava. Quando voltei, percebi que ele
me puxou e eu estava sobre seu peito duro e suado.

— Eu juro que a cada vez parece melhor.

Eu sorri e ele me fez erguer a cabeça.


Pisquei, encarando-o, e me inclinei para unir os
nossos lábios. Devon enfiou a língua em minha boca
e eu suguei com prazer. Nós nos beijamos até
ficarmos sem fôlego. Então seu telefone tocou e nos
tirou do nosso prazer.

Ele deveria estar no hospital, não aqui, na


minha cama, em plena tarde.

— Vai para o hospital? — questionei, me


afastando.

Eu entrava às três da tarde e ficava até a


noite. Que Deus me ajudasse nisso.

— Sim, se arrume. — Ele pegou o celular e


suspirou. — Oi, Peyton.

Eu entrei no banheiro e tomei um banho


rápido. Quando terminei, Devon apareceu já sem o
celular. Ele bateu em minha bunda e segurou meu
queixo, me beijando. Me desvencilhei dele e fui me
arrumar.
Assim que estávamos prontos, saímos do
quarto. Willow estava com uma agenda aberta.

— Eu tenho algumas perguntas. Praia ou


igreja? A festa ao ar livre ou em um local fechado?
— Suas perguntas me fizeram arregalar os olhos. —
O bolo quer de abacaxi?

— Você está louca? É um casamento ou o


enterro dela?

— Ela está brincando — murmurei para


Devon e sorri para a minha amiga. — Me mande
tudo por mensagem. Estou indo para o hospital.

Willow acenou rindo do Devon enquanto


saíamos de casa.

— Willow é minha madrinha — falei assim


que entramos em seu carro. Devon sorriu e acenou.
— Quem serão seus padrinhos?
— Daniel, Quentin, Stive e Brandon, eu acho.

— Vou convidar Camille e minha tia. Eu


preciso dizer a ela que vamos nos casar...

— Ela já sabe. — Suas palavras me fizeram


olhar para ele, chocada. — Eu pedi sua mão para
ela antes.

Meu coração.

O.k., droga, não restou nada. Tudo era dele.


Completamente.

— Você pediu permissão para a minha tia


para se casar comigo? — Minha voz estremeceu.

Devon sorriu e segurou minha mão.

— A ela e a Brandon. Eu respeito a sua


família, e se seu pai estivesse vivo, eu pediria a ele.
— Ele respirou fundo e sorriu. — Eu amo você,
Serenity. Não brinco ao falar isso.

Eu sabia, como eu sabia!

— Obrigada por isso.

Eu o beijei e fomos o caminho todo de mãos


dadas. Assim que chegamos, Devon soltou minha
mão e se afastou. No fundo, eu agradeci por isso.
Ainda não queria as pessoas comentando. Nos
separamos no elevador, e assim que entrei no
vestiário olhei para o meu anel e respirei fundo,
retirando-o. Não podia usar adereços, e mesmo se
pudesse, talvez também tivesse tirado.

— Ei, você! — Uma voz suave ecoou. Eu me


virei e vi Dane. Ele era enfermeiro como eu, ambos
estávamos estagiando. — Eu estou cansado e nem
mesmo começamos.
— Nem me fale.

— Sim. Você já sabe que compraram as


ações que não eram do Diretor Chanse? — Dane
arqueou as sobrancelhas grossas.

— Sim, eu ouvi falar sobre isso.

— Pasme. A compradora é Pipper Jones.

— Eu deveria saber quem é? — Ri ao fechar


meu armário.

— Ela era uma aluna mimada que se formou


no ano passado na faculdade. — Sua explicação me
faz franzir o cenho. Ela era jovem? — Muito jovem.

Engoli em seco assim que percebi que


questionei alto. Dane fez uma careta.

— Ela está esvaziando uma sala para ela ao


lado da do diretor.
Que porra era essa?

— Parece que eles vão trabalhar juntos a


partir de agora.

Tentei respirar fundo e me acalmar. Não era


nada de mais. Devon era fiel a mim, não podia
enlouquecer apenas por uma companheira de
trabalho. Jovem. Isso não importava. Ele não se
sentia atraído por meninas jovens. Somente por
mim.

Empurrei o ciúme para baixo e sorri para o


Dane, avisando que precisávamos ir.

Ele acenou, se virou e eu o segui, tentando


ser a garota madura que eu exigi que Devon tivesse
sido ontem. Infelizmente, percebi que o ciúme
deixava qualquer pessoa irracional.

Principalmente eu.
Eduard me orientou como retirar o sangue
por alguns minutos. Eu já sabia fazer isso, mas não
queria parecer ousada. Era o trabalho dele, então
apenas prestei atenção. Já estava quase na hora de
ir embora, eu estava cansada e queria dormir. Com
Devon, de preferência. A noite de ontem havia sido
horrível.

E hoje passei o dia me sentindo cansada


demais. Podia ser pela noite mal dormida, mas isso
me incomodou o dia inteiro.
— Todos vão para um happy hour. Você vai?
— Eduard perguntou assim que terminamos e
saímos da sala da paciente.

— Infelizmente, não posso.

E não queria. Queria ir até Devon para irmos


para a casa juntos. Só isso.

— É uma pena. Vejo você amanhã. — Ele


sorriu, passando a mão no cabelo escuro, seus
olhos azuis brilhando.

Ele andou para longe e eu entrei no elevador.


Fui ao vestiário, e depois de me trocar subi até a
sala de Devon. Assim que cheguei, me encostei na
mesa de Peyton.

— Olá, Peyton. Tudo bem? — Sorri e ela me


devolveu o gesto.
— Oi, Ren! Tudo ótimo. O sr. Chanse está
ocupado. — Seu rosto ficou retorcido.

Semicerrei os olhos.

— É alguma reunião? — sondei, olhando


minhas unhas, tentando parecer desinteressada.

— Não, é que a srta. Jones está com ele.

O.k., a acionista.

— Você pode avisar que estou aqui? — pedi,


ignorando a pontada de ciúme.

Peyton engoliu em seco e pegou seu


telefone. Em alguns segundos, ela me encarou
desligando a ligação.

— Ele disse que já vem.

O quê?
— Eu vou entrar — falei rápido e andei para a
porta do Devon.

— Ren, não...

A voz de Peyton ficou para trás. Eu abri a


porta e dei de cara com Devon de pé e uma mulher
de cabelo loiro perto dele. O sorriso dela me deixou
enjoada. Eu sabia quando uma mulher queria um
homem, e essa queria o meu.

— Boa noite. — Sorri, rangendo os dentes.


Devon se aproximou rápido e colocou a mão em
minha cintura, me puxando para o seu peito. — Olá,
querido.

— Boa noite. Serenity, essa é a Pipper. Nova


acionista do San Jose — Devon murmurou. Eu
queria bater em alguma coisa, ou alguém. Por que
ele a estava chamando pelo primeiro nome? —
Pipper, essa é Serenity, minha noiva.

A leoa dentro de mim virou uma gatinha.


Droga, estávamos noivos.

— Olá, Serenity. Garota sortuda. — Pipper


sorriu, inclinando a cabeça.

Seu cabelo loiro era longo e ondulado. Os


olhos eram verdes e bem claros. Ela era linda.

— Não entendi — grunhi, entendendo muito


bem, mas querendo saber o que ela falaria.

— Sabe, Devon é lindo e milionário.

O veneno em sua voz me fez ficar rígida.


Devon apertou minha cintura, prevendo.

— Eu sou linda, então acho que o sortudo é


ele.
— Sem dúvida. — Devon beijou a lateral da
minha cabeça e encarou Pipper. — Se você nos der
licença, estamos indo embora.

Pipper sorriu e acenou, passando as mãos


nas coxas cobertas por uma saia lisa até os joelhos.

— É claro. Boa noite, pombinhos.

Assim que ela saiu, Devon se afastou,


bufando.

— Ela começou hoje e eu já a quero fora.

Eu respirei fundo e o encarei.

— Então deve saber que sinto o mesmo.

Devon pegou seu jaleco, sua pasta e estalou


o pescoço. Ele sorriu, andando até mim e beijou
minha boca. Gemi, agarrando seus ombros.
— Você é desobediente. — Ele gemeu
baixinho. Eu me virei, abrindo a porta para sairmos.

— É claro. Nunca mais diga que já vem. É


“Peyton, mande-a entrar”.

— Ei, não posso fazer isso sempre. — Ele


apertou o botão para chamar o elevador. Eu o
ignorei. — O que vamos jantar?

Eu comecei a falar sobre um restaurante que


tinha hambúrgueres maravilhosos e ele me guiou
para dentro do elevador assim que as portas se
abriram, dizendo que iríamos direto e depois para a
casa. Assim que entramos, Devon falou sobre as
cirurgias que faríamos em breve.

Devon criou, junto a Daniel, esse projeto de


cirurgias. Eu tinha muito orgulho dele e queria fazer
parte. Ao seu lado. Era a primeira vez que eu
trabalharia ao lado dele e queria que ele tivesse
orgulho de mim.

— Gostei do lugar. — Ele sorriu, entrando no


bar e restaurante.

Ele foi ali há um ano, eu estava com


Brandon, implorando para ele se tratar, mas meu
irmão rejeitou minha oferta. Foi um período horrível,
mas que graças a Deus passou.

— Vamos para aquela. — Apontei para uma


mesa e ele me seguiu.

— Você falou com minha irmã? No próximo


final de semana é o aniversário do Stive. — Devon
murmurou, quando fui responder o barman chegou.

— Ei, você é minha colega na turma de


infectologia.
A voz do cara me fez erguer o rosto. Eu já o
havia visto pelo campus, realmente.

— Ei, acho que sim. — Sorri, sendo


simpática.

— O que vão querer? — Ele me olhou com


um bloco de anotações na mão.

— Hambúrguer e batatas. Sem picles, por


favor — respondi e encarei Devon, sua atenção
estava no celular.

— E você, tio? — As palavras do garoto o


fizeram abandonar a tela.

— Eu? Deixe-me ver. — Ele estudou o


cardápio por um segundo e encarou o garçom. —
Que você pare de dar em cima da minha mulher,
seria ótimo.
O garoto arregalou os olhos e eu engoli em
seco. Droga.

— Desculpa, eu não...

— Você não o quê?

— Eu pensei que fosse pai dela, ou algo do


tipo. Eu sinto muito — o menino gaguejou, nervoso.

— Você pode chamar outra pessoa para nos


atender? — pedi, tentando afastar o confronto.

Ele acenou e saiu quase correndo.

Me virei para encarar Devon e ele estava


olhando para o copo com água que o menino havia
deixado para nós dois. Senti um arrepio na minha
espinha.

— Amor, o hambúrguer é ótimo, você vai


gostar. — Sorri, mudando de assunto.
— Eu te digo todos os malditos dias para não
ligar para a opinião das pessoas, mas é complicado
quando eu presencio essa merda. Não sou um
homem calmo, e agora mesmo, eu me imaginei
socando a cara desse idiota.

Minha barriga gelou e eu me ergui. Sentei-me


em seu colo e beijei seu pescoço.

— Sempre vai ser assim.

— Eu sei. — Ele suspirou e passou as mãos


grandes pelas minhas coxas.

Isso nos machucava, nos deixava tristes e


com raiva. De alguma maneira, isso estava nos
fazendo mal. E precisávamos cuidar disso.

— Eu acho que a gente deveria ir para a


terapia.
Encontraríamos ajuda com algum
profissional. Eles eram capacitados para isso.

Devon respirou fundo e me olhou.

— Se você quer, eu vou.

Suspirei aliviada e um novo garçom chegou.


Dessa vez, era uma garota. Tentei sair do colo de
Devon, mas ele me segurou. Encarei-o e ele negou.
Mordi meu lábio e olhei para a menina.

— O que vão querer?

Fizemos nossos pedidos, comemos rindo e


depois fomos embora com a sensação de que tudo
daria certo.

— Chocolate ou baunilha com morangos? —


A voz de Willow ecoou dias depois, assim que
deslizei em uma cadeira diante dela, na faculdade.
Ela empurrou dois objetos de plástico e eu os abri,
encontrando dois pedaços de bolo.

— Você não para? — perguntei, rindo, antes


de provar um de cada vez.

— Não. Faltam sete dias para o seu


casamento. Já escolheu o vestido?

— Hoje. Assim que sairmos daqui — falei,


decidida. Ela marcou um feito ao lado do nome na
sua agenda. — A irmã do Devon vai conosco. Seja
boa.

— Como assim, seja boa? Eu sou perfeita —


Willow resmungou, franzindo a testa. Comi mais um
pedaço do bolo com morangos.

— O.k., sobre o bolo. Devon ama baunilha.


Este está ótimo.
Realmente delicioso. Eu o comi todo e deixei
o de chocolate para Willow.

— Flores. Você já decidiu por rosas, mas qual


cor?

Nem precisei pensar duas vezes.

— Serenity.

— É o seu nome, eu quero uma cor. Você


bebeu? — Willow grunhiu, nervosa.

— Devon descobriu que existe uma cor com


meu nome. — Segurei a sua mão. — Eu quero essa
cor em tudo. Convites, decoração, vestidos das
madrinhas. Tudo.

Willow arregalou os olhos e pegou o celular.


Ela abriu a boca e me mostrou fotos de decorações
com o tom. Era perfeito.
— Incrível. Adorei.

Nós definimos mais algumas coisas, e


quando saímos da faculdade, eu disse que estava
nervosa pela presença da irmã do Devon.

— Não fique. Você disse que ela gosta de


você.

— Gosta, mas... eu não a vi desde que a


avisamos a alguns dias atrás que nos casaríamos.
Ela ficou feliz, mas não sei...

— Você está caçando problema onde não


tem. Pare de ser uma estraga-prazer.

Respirei fundo e acenei. Talvez.

Assim que chegamos, Camille já estava no


ateliê. Eu sorri e a abracei.
— Você parece um pouco pálida. Está tudo
bem? — Suas palavras me fizeram suspirar.

— Não dormi muito essa noite, alguma coisa


me fez mal.

— Mas você está bem, certo?

Acenei, não querendo preocupá-la. Andava


indisposta nos últimos dias, Devon até falou sobre
adiar minha vinda ao ateliê. Mas eu não podia.

— A noiva chegou! — Patch apareceu,


batendo as mãos.

— Cheguei! — Sorri e ele me levou para


dentro.

— Este vestido ficou um espetáculo.

Eu havia dito a ele como queria meu vestido


e ele o desenhou. Depois que aprovei, ele o fez.
Agora eu precisava prová-lo.

— O.k., vamos lá!

Depois de alguns minutos, eu estava sobre


um palco pequeno no meio do ateliê, vestindo meu
vestido de noiva.

— Senhor. — A voz de Willow me fez sorrir.

Suspirei, sentindo o tecido fino e fluido


deslizar por minhas pernas. O forro do vestido era
macio, e por cima uma onda de renda com bordado
o deixava sofisticado. O decote que Patch chamou
de "coração" também tinha, na verdade, a renda
começava ali e alcançava a minha cintura, se
espalhando pela barra.

O bordado era uma junção de flores, pétalas


e ramos. O vestido era delicado e eu não consegui
segurar as lágrimas. Era perfeito. Tão perfeito
quanto a maneira que eu me sentia.

Deslizei a mão pelas alças finas que eram


tranças pequenas e me virei a ponto de ver Willow.

— Eu acho que você é a noiva mais linda que


já vi. — Minha melhor amiga piscou e duas lágrimas
deslizaram pelas suas bochechas. — Aquele tiozão
vai ter um infarto.

Eu sorri e chorei ao mesmo tempo.

— Uau. — Camille levou a mão ao peito e eu


funguei. — Você está magnífica.

— Obrigada, Camille. Isso é importante para


mim. Sua presença é importante.

Minha cunhada se aproximou e segurou


minhas mãos. Eu me senti bem diante dos seus
olhos brilhantes.
— Você o faz feliz, Ren. Muito feliz. Você
tirou toda a escuridão que nossos pais colocaram
sobre ele. Eu estou além de contente com esse
casamento, estou grata por ele.

Meu queixo tremeu e eu soltei um soluço. Ela


me abraçou e eu funguei mais uma vez.

— Obrigada. Eu não imagino uma vida sem o


seu irmão nela.

— Isso é bom, sabe. Eu não acho que ele


sobreviveria a uma sem você.

Acenei, confiante, e ela se afastou, limpando


seus próprios olhos. Willow sorriu e eu me virei para
Patch. Seu sorriso me dizia que ele havia amado
tanto quanto eu.

— Esse vestido está impecável.

Essa era a palavra que definia bem.


Eu fui tomar um café com as meninas, e
quando terminamos, Willow me deixou na casa do
Devon. Havíamos definido os vestidos das
madrinhas em Serenity e uma flor de lapela para os
padrinhos no mesmo tom. Seria perfeito. Eu sabia
disso.

— Amor, cheguei — murmurei para dentro de


casa e joguei as chaves na mesa.

Estava muito silencioso para um dia em que


Devon faria o jantar. Ele disse que prepararia algo
para a minha indisposição estomacal. Eu disse para
ele não se preocupar, mas era pedir demais.

Fui para a cozinha, mas estava vazia. Me


virei para ir até o quarto, mas parei ao ver uma bolsa
preta no chão. Meu coração parou um segundo. Eu
jamais havia visto aquilo.

Peguei uma faca e andei devagar. Subi a


escada em silêncio, e quando fui para o corredor que
dava acesso aos quartos ouvi algo. Eu sabia que
deveria me virar, ligar para Devon e o esperar, mas
estava estranho demais.

Virei no corredor e parei quando vi a porta do


escritório do Devon aberta. Me virei para lá e fiquei
rígida ao ver quem era.

— O que está fazendo? — perguntei,


arregalando os olhos.
O pai de Devon se virou e me viu. Natan me
olhou de cima a baixo e franziu a testa. O desagrado
estava visível até em seus poros.

— Esta casa ainda é do meu filho, certo? Não


devo satisfações a uma vagabundinha. — Suas
palavras me fizeram tremer por dentro. Natan sorriu
ao se aproximar. — Você é esperta, te dou esse
crédito. Quer dizer, não, não dou, não. Devon
sempre foi estúpido. Aposto que assim que você
abriu as pernas e ele se viciou na boceta jovem.
Óbvio que você já o arrastou para o altar.

— Sr. Chanse — comecei a falar,


incomodada pela sua aproximação. — Você não tem
o direito...

— Eu tenho. Conheci várias de você ao longo


da minha vida, mas nunca fui burro a ponto de levar
uma para o altar. Pelo amor de Deus. — Ele me
olhou novamente, seus olhos descendo pelos meus
seios. Meu estômago embrulhou. — Eu foderia você
por ele...

O som de um tapa ecoou e eu percebi tarde


demais que havia sido eu. Eu bati em Natan. Seu
olhar queimou em mim e eu me encolhi quando ele
segurou meu braço.
— Eu vou arruinar você. Não vai sobrar nada,
eu juro.

Suas palavras me deram calafrios.

— Me solte! — gritei, me afastando.

Ele sorriu. Era um sorriso imundo,


manipulador, triste.

— Escute o que estou dizendo, Serenity. Não


vai sobrar nada.

Ele se afastou e saiu do quarto e da casa. Me


sentei na cama, tremendo, mas em pouco tempo
corri para o banheiro. Me curvei no vaso e vomitei
tudo que havia comido no dia. Lágrimas enchiam
meus olhos. Pelo vômito e por Natan. Que homem
odioso.

Me ergui, lavei a boca e saí. Olhei ao redor e


franzi as sobrancelhas. Natan estava revirando o
quarto. O último lugar era uma cômoda. Me
aproximei, me abaixei e olhei uma pasta com
contratos. Havia vários, até documentos de
propriedades. O que ele queria?

Guardei tudo no lugar e desci. Peguei minha


bolsa e liguei para Devon.

— Ei, garotinha. Vou me atrasar. Pipper quer


saber mais sobre as cirurgias — ele murmurou
assim que atendeu. Respirei fundo. — Serenity?
Está tudo bem?

— Si-sim. — Engoli em seco e fechei meus


olhos. — Só liguei porque estava preocupada. Vou
pedir comida e vou dormir.

— Assista a sua série daquele cara loiro.

— O Barney, amor. — Sorri, com os olhos se


enchendo de lágrimas. — Vá para a sua reunião. Eu
amo você.

— Eu amo você, garotinha. Chego em alguns


minutos.

Eu desliguei e joguei o celular na bolsa. Meu


peito estava apertado, e quando o soluço ecoou eu
não o impedi. Esse foi meu erro, porque de onde
esse veio, havia muito mais. Eu chorei por muito
tempo na cama, agarrada ao travesseiro de Devon,
e acabei dormindo sem perceber.

— Garotinha? — A voz preocupada e o toque


suave me acordaram aos poucos. — Ei, tudo bem?
— Devon beijou minha testa e semicerrou os olhos.
— Você estava chorando?
— Ei, eu vomitei de novo e fiquei chateada —
menti, tentando sorrir.

— Sério? Talvez a gente deva ir a um


médico.

— Tenho um neste momento me encarando.


— Tentei brincar, mas Devon negou. — Sinto muito.
Prometo que vou falar com alguém amanhã.

— O.k. Vem, eu fiz uma sopa.

— Você não chegou agora? — murmurei, me


sentando enquanto ele se erguia.

— Cheguei a um tempo. Você estava


dormindo e não havia sinal de comida. Resolvi fazer
e só te acordar depois. — Ele me ajudou a me
erguer e passou o braço pelos meus ombros. —
Está com fome?

— Um pouco.
Devon e eu descemos para a cozinha e nos
sentamos juntos. Observei-o me servir e gemi com o
cheiro. Era bom, muito bom. Minha boca se encheu
de água. Peguei os talheres e enfiei na boca uma
boa quantidade.

— Hum, está ótima. Obrigada. — Sorri, já


pronta para comer mais.

Devon sorriu e comeu também. Quando


terminei, relaxei na cadeira e fiquei o observando.

— Então, como foi com a Pipper? —


murmurei, tentando focar em algo que não fosse no
pai dele me ameaçando.

— Eu acho que ela se mete demais. Os


outros acionistas não ficavam me questionando. Ela
não tem poder de decisão, mas quer saber de tudo.
Devon reclamou de Pipper por algum tempo,
reforçando que a achava intrometida demais. Eu
gostei de vê-lo falando mal da loira cínica.

— Mas, me conta. O que achou do vestido?


— ele murmurou.

Sorri de verdade, pela primeira vez na noite.

— Incrível. Não vejo a hora de estar no altar.

Seu sorriso me deixou aliviada. Nada


aconteceria. Natan não faria nada para me
machucar. Além do mais, somente uma coisa
poderia me destruir como ele ameaçou – Devon.

E ele não tinha poder sobre o filho.

— Eu não vejo a hora de tirar ele de você.

Meu colo esquentou e eu sorri. Era bom ter


Devon em seu normal. Eu gostava desse, porque eu
o conhecia como a palma da minha mão.

— Eu não usarei calcinha. — Mordi meu


lábio, sorrindo.

— Então vou foder você no altar mesmo.

— Devon! — gritei, horrorizada, e ele riu.

Nós subimos para o quarto, tomamos banho


juntos e depois fomos assistir à série. Devon odiava
todas as minhas séries, mas adorava me ver a
assistindo. Não entendia seu conceito, mas ele fazia
isso. Hoje, no entanto, ele havia trazido trabalho.

— Eu não consigo deixá-la de fora. — Sua


testa estava franzida, ele parecia preocupado.

— Ela quem? — perguntei, olhando-o.

O notebook estava em seu colo e havia


alguns papéis ao lado.
— Barbie Tabby Fallon. — Eu franzi as
sobrancelhas. — Eu sei, quem dá o nome de Barbie
para a filha? — Sorri, mas ele não. — Ela tem um
tipo raro de caroço na cabeça. É complicado e muito
perigoso, mas...

— O quê?

— Ela não tem condições de pagar por isso e


vai morrer em meses se não fizer a cirurgia. Ela é
mãe solteira de duas crianças. Uma de quinze e
outra de dez anos.

Meu coração apertou. Se ela morresse, quem


cuidaria deles?

— Não pode colocá-la? — perguntei, me


sentindo emotiva.

— Fechamos a quantidade. Quero pagar pela


cirurgia dela, mas o Dan disse que não posso fazer
isso...

Devon esfregou o rosto e eu me aproximei.

— Você é um homem incrível e bondoso. Sou


sortuda por ter você. — Toquei seu rosto e sorri. —
Siga seu coração. Doe anonimamente, faça qualquer
coisa, mas que isso traga paz a você. Porque no
final do dia, a única coisa que importa é o que temos
dentro de nós mesmos.

— Não sei como você é tão sábia com vinte e


dois anos.

— O quê? Eu já vivi muito.

Ele beijou meu rosto e me abraçou. Nós


ficamos olhando para o histórico médico da Barbie, e
de alguma maneira, eu queria fazer parte disso.
Então, quando Devon disse que pagaria por ela, eu
pedi para estar na cirurgia.
— É claro. Vai ser bom trabalhar com você.

Eu o beijei e nós continuamos a fazer o que


fazíamos todos os dias. Eu assistir à série, e ele
assistir a mim.

— Eu posso saber o que diabos você estava


fazendo na minha casa? — rosnei assim que entrei
pela porta da casa e vi meu pai de pé no meio da
sala, fumando um charuto.

Eu não sabia como diabos ele conseguia se


manter saudável fumando, com a idade que tinha.
— Fui te visitar. Infelizmente, você não
estava. — Ele deu de ombros e se sentou em sua
poltrona. — Sua noiva gosta de fofoca, pelo visto.

— Eu vi pelas câmeras de segurança. Ela


não me falou nada.

E isso estava me deixando inquieto. Por que


Ren não me disse que meu pai foi até lá? Quando
cheguei, eu olhei o sistema de segurança por
costume e vi quando meu pai entrou e saiu.

— Ainda não acredito que vai se casar com


aquela mulher. — Ele torceu o rosto, completamente
enojado.

— Eu a amo, pai — grunhi, mas era perda de


tempo falar sobre sentimentos com ele. Natan
Chanse nunca soube dar amor a ninguém.

— Ela ama seu dinheiro.


Eu me ergui e respirei fundo. Olhei para o
meu pai.

— Eu não quero vocês lá no dia. É um


momento importante, e se são contra meu
casamento, eu prefiro que fiquem longe da minha
noiva.

Ele revirou os olhos. Minha mãe surgiu e eu


respirei fundo quando ela me olhou.

— Veio deixar nosso convite? Eu acho que


ele se perdeu.

— Não, mãe. Vocês não foram convidados


por um motivo.

Ela semicerrou os olhos.

— Essa garota quer afastar você da gente,


Devon. Ela quer seu dinheiro. Não vai demorar para
ela aparecer grávida. Você foi criado para ser mais
esperto que isso.

— Por mim, Serenity já estaria grávida, mas


adiamos porque ela percebeu que estudar e estagiar
demanda tempo. Muito tempo. — Respirei fundo,
passando a mão pelo rosto. — Parem de apertar
essa tecla de dinheiro. Ela não quer meu dinheiro,
nunca quis. E se quisesse, porra, o problema é meu,
não de vocês.

Quando ambos ficaram em silêncio, eu me


virei para sair.

— Vocês sempre colocaram o dinheiro acima


da Camille e eu. Nada nunca foi tão importante, e
veja onde estão. Sozinhos. Os netos que têm
detestam vocês, e os filhos querem distância. Eu
não me preocupo com dinheiro, porque no final, ele
não vai me servir de nada.

Saí da casa dos dois e entrei em meu carro.


Meu celular tocou e eu vi o nome de Pipper. Porra,
que garota chata. Deixei cair na caixa postal e dirigi
para casa. Assim que cheguei, vi Ren no sofá com
Willow.

— Festa do pijama? — perguntei, me


inclinando para beijar Serenity.

— Se fosse, estaríamos em casa — Willow


resmungou e eu a ignorei.

— Resolvendo algumas coisas do


casamento. Está com fome? — Ren se afastou do
beijo e sorriu.

Eu estava, mas não era de comida. Era dela.


— Vou tomar banho e desço para jantarmos
— avisei.

Ela acenou, sorrindo. Seus olhos ainda


estavam fundos e sua pele mais pálida que o
normal.

— Você vomitou de novo? — perguntei,


preocupado.

Willow ergueu a cabeça.

— Vomitou?

— Ren está com insônia, cansaço e vômitos


— expliquei, devagar.

— Eu estou melhor, não se preocupe. —


Minha noiva suspirou.

Acenei e saí da sala, subindo a escada. Meu


telefone tocou e eu vi o nome de Pipper mais uma
vez. Que porra essa menina queria?

— Devon, estou em dúvida...

— Olá, srta. Jones.

— O projeto das cirurgias nos beneficia em


quê?

Caralho, é sério?

— Em nada, porque esse não é o objetivo —


grunhi, irritado.

— Mas precisamos de algo. O San Jose não


é uma igreja para fazer caridade. Somos uma
empresa.

— Sério, srta. Jones? — perguntei, rígido. —


Eu acho que a senhorita está me questionando
demais. O projeto foi votado e aprovado pelo
conselho. Pare de questionar o que faço, antes que
eu me canse de você.

— Somos uma família, dr. Chanse. Tudo pelo


bem do San Jose.

Ela desligou e eu semicerrei os olhos. O que


essa maluca estava querendo?

Ignorei isso e foquei no meu projeto. Em dois


dias seria nosso primeiro dia. Pipper não ia me tirar
do propósito. Eu a colocaria em seu lugar mesmo
que ela fosse tão jovem quanto a mulher que eu
amava.

Entrei no banheiro e tomei meu banho.


Quando saí, jantei com Ren e sua amiga. Assim que
Willow foi embora, Ren e eu fomos nos deitar.

No escuro, ela gemeu quando toquei sua


barriga e deslizei até sua boceta coberta. Afastei a
calcinha e colhi seus fluidos e espalhei pelos lábios e
clitóris. Ela ergueu os quadris e eu deslizei meu
dedo dentro dela.

— Porra, eu preciso provar.

Ela me observou descer por seu corpo e


afastar suas coxas com meus ombros. Ordenei a
Alexa que ligasse as luzes, porque mais do que
querer provar, eu precisava ver. Ela brilhava com
excitação. Me inclinei, lambendo e gemendo,
sentindo meu pau crescer rapidamente.

— Daddy.

Era como se a porra da palavra tivesse uma


ligação direta com meu pau. Me tornei mais rígido e
muito mais necessitado. Lambi seu orgasmo e subi,
estocando meu pau em sua boceta apertada.

— Estou aqui, garotinha.


Ren andou até onde Barbie estava com os
dois filhos. O mais novo chorava, com medo,
enquanto a mais velha segurava a mão da mãe com
força.

— Oi, Barbie. Amei seu nome, aliás. —


Serenity sorriu enquanto eu e Daniel ficávamos mais
afastados. — Eu sou a Serenity. Estou estagiando
no San Jose e hoje cuidarei de você junto a esses
dois médicos. Essas duas enfermeiras maravilhosas,
Roselyn e Marina, também cuidarão de você. —
Minha noiva apontou para as duas colegas de
trabalho.

— Obrigada. Ainda nem acredito que alguém


fez uma doação para a minha cirurgia. — Ela
encarou os filhos e depois Ren. — Eu confio em
vocês. Ficarei bem.

Sim, eu faria de tudo para isso.

— Esses são o dr. Chanse e o dr. Sebastian.


— A enfermeira chefe nos apresentou e eu comecei
a explicar a cirurgia.

— Ela vai morrer? — A voz do garoto


fraquejou.

Eu me abaixei até ficar na altura dele. Seus


olhos eram castanhos e ele tinha cílios muito longos.

— Vou cuidar bem dela. Prometo.


O menino fungou e acenou rapidamente.

Saímos do quarto de Barbie e passamos para


o próximo. Hoje era o segundo dia de cirurgias e
tínhamos que conversar com os pacientes antes. O
protocolo exigia que não prometêssemos nada, por
isso, por mais que quiséssemos muito, jamais o
faríamos.

— Eu estou exausto — Daniel murmurou.

— O que houve? Não dormiu? — Percebi


suas olheiras escuras.

Dan sorriu e negou.

— George voltou da Itália. Rebeca quer que


ele fique comigo por alguns meses. — Meu amigo
franziu a testa. — Eu me odeio por não saber lidar
com meu próprio filho.
George tinha quinze anos agora, e Dan
quase nunca via o garoto. Sua mãe, uma modelo
famosa, o carregava pelo mundo.

— Você tem filho? — Serenity arregalou os


olhos. Ela estava com o cabelo em ondas preso por
uma tiara que tinha alguns brilhos. Estava linda. Mas
sem meu anel. Tentei empurrar isso para fora da
minha mente.

— De quinze anos.

— Nossa. Nunca imaginei. — Ren sorriu e se


aproximou. — Leve-o ao casamento, quero conhecê-
lo.

Daniel acenou respirando fundo e nós


entramos em outro quarto. Quando vi o bebê, senti
um aperto em meu peito. Com pouco mais de vinte
dias de nascido, Jose tinha o coração com um
pequeno problema. A cirurgia era delicada pelo seu
tamanho e idade.

— Oi. Nós somos a equipe que cuidará do


Jose — Daniel murmurou, olhando para o bebê.

Ren se aproximou da criança e sorriu para a


mãe dele.

— Jose é lindo. Parabéns.

— Muito obrigada. — A mãe deu um sorriso


trêmulo.

— Faremos tudo que estiver ao nosso


alcance para trazer seu bebê saudável para os seus
braços. — Ren tocou a mão dela.

A mulher piscou e seu queixo tremeu, em


segundos, as lágrimas transbordaram. Ren a
abraçou e fechou os olhos, sentindo a dor daquela
mulher.
— Vamos lá. Temos um bebê para operar! —
Marina falou, sem graça, enquanto eu fingia não
perceber seu desconforto.

Eu sabia que a alta demonstração de afeto


da Ren não seria bem-vista aos olhos dos outros,
mas era a primeira vez que eu presenciava. Dei tudo
de mim para não falar algo para a enfermeira mais
velha, eu não podia. Era isso que Ren queria, que eu
me mantivesse afastado da sua vida profissional.

— Isso! Vamos lá. — Serenity sorriu, sem


nem mesmo perceber a tensão.

Nós fomos para a sala de cirurgia e eu me


aproximei de Ren enquanto lavava as mãos.

— Ei, como está?

— Ansiosa por você estar na sala, mas


ontem foi bom. Eu fui bem, Eduard disse que vão me
contratar. — Ela sorriu largamente.

Eu acenei com firmeza.

— Você é excelente no que faz, só precisa


deixar seus sentimentos em stand-by.

Ren franziu as sobrancelhas e no mesmo


segundo Marina apareceu. Nos afastamos e logo
entramos na sala de cirurgia. O caroço na cabeça de
Barbie era bem grande, nunca havia feito uma
cirurgia com um desse tamanho.

— A gente pode retirar tudo? — Ren


questionou ao lado. Ela estava apenas observando,
o que era bom, ainda não podia realmente fazer algo
na sala.

— É o que vamos ver.

Depois de horas de uma cirurgia delicada,


nós saímos da sala sorrindo. Ren parecia realmente
feliz. Eu me troquei para ir falar com os filhos da
Barbie enquanto Ren foi ao vestiário fazer o mesmo.

— Eu nem acredito que ela está bem —


murmurei assim que nos encontramos fora do quarto
da Barbie.

— Não é? — Ela piscou e engoliu em seco.


— Eu fiz algo errado antes? Você falou sobre
sentimentos e agora isso está martelando em minha
cabeça.

Seu rosto preocupado me fez suspirar.

— Eu sei que seu coração é bom, um dos


melhores que conheço, mas as coisas podem dar
errado. Muito errado, na hora da cirurgia. Nos
abstemos de apenas explicar a cirurgia, nada de
palavras de conforto ou segurança. Não podemos.
— Toquei em sua bochecha e ela olhou ao redor, me
fazendo deixar cair a mão. — Suas intenções são
boas, mas é algo que precisamos fazer, mesmo que
seja uma droga.

— Eu sinto muito, vou prestar mais atenção


nisso.

Eu acenei e nós fomos ao quarto da paciente.


Ela estava dormindo, enquanto os filhos a
observavam, quietos. Assim que nos viram, eles se
ergueram.

— E aí? Curtindo a mamãe? — Serenity


questionou, sorrindo.

Isso era Ren. Sorrisos, gentilezas e muita


paixão pelo que fazia. Não queria tirar esse brilho
dela, só desejava que ela fosse excelente no que
fazia, que a respeitassem.

Isso era tudo.


— Você está nervoso? — A voz de Daniel
ecoou e eu ergui meu rosto.

Estávamos em um hotel à beira mar no dia


do meu casamento. Jesus, eu me casaria em alguns
minutos. Com ela. Eu me casaria com Serenity. Eu a
amava mais que a mim mesmo.

— Como você estaria se fosse se casar com


Willow — murmurei brincando, mas meu amigo fez
uma careta.

— Você começou a fumar maconha? — ele


questionou e eu ri.

Desde ontem pela manhã que eu não via


Serenity. Estava irritado por Willow ter obrigado a
minha noiva a dormir longe de mim. Eu a fiz jurar
não participar de nenhuma despedida de solteira
com Willow, porque, convenhamos, aquela garota
era encrenca.

— Eu não vou te perdoar por ontem — Daniel


falou, se recordando da sua tentativa frustrada de
uma despedida de solteiro à moda antiga. Porra, ele
contratou uma stripper.

— Eu não quero falar sobre isso, e espero


que essa conversa não chegue aos ouvidos da
Serenity.

— Ela te dá ração?

Eu ergui meu dedo do meio e Daniel revirou


os olhos enquanto ria. Minha porta foi aberta e
Brandon apareceu. Ele estava com um terno escuro
e seus olhos pareciam perdidos.
— O que houve? — Me aproximei, urgência
pingando em minha voz. — Serenity está bem?

— Ela quer desistir do casamento.

Porra. Eu pensei que nada poderia me


machucar no dia de hoje, mas estava errado. Cinco
palavras estúpidas e eu estava com o coração
dilacerado.

— Ei, cara, calma. Como assim ela quer


desistir? — Daniel passou por mim, indo até Brand.

Apertei meu nariz e passei a mão no cabelo.


Meus olhos ardiam e meu peito doía tanto. Será que
estava infartando?

— Onde ela está? — Minha voz saiu


diferente. Acuada, medrosa. Estúpida.

— Eu vim te buscar. Ela quer falar com você.


Ela quer falar comigo. Meu Deus, que piada
dos infernos.

Saí com Brandon e tentei respirar com calma.

— Fica frio, acho que é nervosismo. Acalme-


a e vai ficar tudo bem.

As palavras do meu cunhado não me deram


nenhum acalento. Pelo contrário, eu ficava pensando
no que fiz, se algo tinha saído dos trilhos e eu não
percebi.

Bati à porta, e depois de um murmúrio baixo,


entrei. Procurei por ela em cada pedaço do espaço,
mas não a vi.

— Cadê você? — Cruzei os braços, rígido, e


parei de me mover.

Destruído, fiquei no meio do quarto, enquanto


Serenity se escondia, segurando os pedaços da
porra do meu coração.

— Estou aqui. — Sua voz suave soou, então


vi uma sombra atrás de um biombo.

— Então você quer desistir do casamento e


não vai dizer isso me olhando nos olhos? — Minha
voz soou extremamente rígida.

— Não é cedo? — Sua pergunta quebrou no


final.

— Cedo? Ren, eu pensei que você me


amava...

— Eu amo. Amo demais, só que as


pessoas...

— Até hoje? No nosso dia, Serenity, até hoje


você vai pensar mais nos outros que em nós dois?
— gritei, enfurecido, e a vi estremecer.
— Eu descobri uma coisa. — Sua voz baixou.

— O quê, garotinha? — Respirei fundo.

Ela ficou quieta.

— Eu não posso me casar com você. —


Suas palavras eram afiadas e perfuraram até minha
alma.

— Se não vai ter casamento, eu posso ver


seu vestido.

Ela olhou para cima e respirou fundo.

Não saia. Por favor, não saia daí. Fique


escondida. Eu implorei, sentindo uma vontade
insana de chorar.

Quando ela saiu, eu soube que nada que eu


falasse poderia fazê-la mudar de ideia. O vestido era
perfeito, tão perfeito quanto ela. Ren estava com o
cabelo ondulado e um véu grande descia por suas
costas. Jesus, ela era minha. Ontem, ela era minha.
O que mudou?

Arranhei minha garganta e pisquei


rapidamente, afastando as lágrimas, mas foi em vão.
Elas encheram meus olhos novamente e novamente,
até deslizarem.

— O que mudou? — Minha voz partiu.

Ela deu um passo em minha direção.

— Eu descobri uma coisa e eu não posso


fazer isso agora.

— O quê?

Ren desviou os olhos. Eu queria segurar seu


rosto e implorar para ela não me deixar. Porra, eu
estava por um fio.
— Eu...

— Não faça isso. — Me aproximei


rapidamente e segurei seu rosto. Sua maquiagem
estava toda borrada, ela havia chorado e continuava.
— Olha para nós dois. Estamos dilacerados, desde
quando nos machucar é algo que quer?

— Eles vão pensar que foi por isso...

— Por isso o quê, amor? — Funguei, com as


sobrancelhas juntas, completamente confuso. —
Ren, fale comigo. Sou eu, Devon, seu Devon.

Ela fungou e tocou meu rosto. Sua mão


estava gelada.

— Eu não quero terminar, não é isso. — Suas


palavras saíram apressadas. — Eu só quero adiar o
casamento. Talvez daqui a alguns anos...
— Você não está fazendo sentido nenhum,
Serenity!

Ela se afastou e se virou, encarando o mar.


Seus ombros tremiam e ela segurava a barriga,
apertando os dedos. Me aproximei de novo,
tentando alcançar minha garota. Jesus, eu não podia
sair dali sem Serenity como uma Chanse. Não era
concebível.

— Eu prometo que vamos passar por cima de


qualquer coisa. Somos eu e você. Juntos. Sempre.
— Toquei seus ombros e beijei sua cabeça. — Não
me abandone, garotinha.

Ren segurou a minha mão e a puxou. Eu a


observei levá-la devagar até seu ventre. Eu a
abracei, mas ela apertou minha palma contra o
bordado do seu vestido.
— Eu estou grávida, Devon.

Meu corpo ficou rígido e ela se virou


lentamente. Serenity segurou o ventre e eu senti
algo me impedir de respirar por longos segundos.

— Eu sei que vão pensar que está se


casando comigo pelo bebê. Eu não posso...

A cada palavra dita era como se nada fizesse


sentido. Eu entendia seus medos, e a apoiei nas
suas decisões, mas nessa? Eu não fazia ideia do
que estava acontecendo, e por mais que eu
escutasse o que ela dizia, parecia avulso. Solto
demais.

— Dev? — Ren me chamou.

Eu me afastei até sentar na cama, então


respirei fundo e passei a mão pelo cabelo.
— Devon? — Ela se aproximou. — Nós
falamos sobre filhos... você tinha concordado.

Sim, eu queria com tanta força que era


impossível explicar.

— Eu quero, eu estou feliz, só... — Engoli em


seco e lambi meus lábios secos. — Como você
pensou em me deixar carregando nosso bebê?

Ren piscou e desviou o rosto. Ela retorceu as


mãos e fungou. Eu me ergui e me aproximei até
segurar sua nuca e a fazer me encarar, então
deslizei meu dedão por sua bochecha.

— Deixe-me dizer uma coisa, Serenity Price.


Eu vou estar naquele altar esperando por você, e é
melhor aparecer — afirmei, ainda tocando-a. —
Senão, eu vou caçar você, levá-la para Las Vegas e
me casar com você amarrada a mim.
— Devon... — ela suplicou, os olhos cheios
de lágrimas.

— Não pague para ver, Serenity. Eu sou


louco por você, faço tudo que quiser, mas quando o
assunto é me manter longe, passo por cima de quem
for. Inclusive você.

Saí do quarto e fui me preparar para o meu


casamento.
HORAS ANTES

De alguma forma, eu parecia tudo, menos


feliz. Meu rosto estava inchado, meus olhos fundos e
meu estômago não dava trégua. Me curvei diante do
vaso pela terceira vez apenas hoje. Eu havia
acordado cedo, estava ansiosa pelo casamento,
queria me arrumar, mas ninguém conseguia me
maquiar ou fazer meu cabelo enquanto eu estava
com a cara enfiada na privada.
— Você está mais pálida que o normal —
minha tia falou ao meu lado, esfregando minha
coluna. Seus olhos preocupados me fizeram respirar
fundo.

— Eu estou há dias com o estômago assim.


— Suspirei e me sentei no vaso, abraçando sua
cintura.

— É possível que esteja grávida?

Não, não era.

— Não. Eu uso um chip que previne gravidez,


fora que minha menstruação está em dia.

Minha tia suspirou e tocou meu rosto.

— O.k., que tal você se deitar um pouco? As


meninas voltam daqui a um tempinho.
Eu agradeci, porque realmente não
conseguia. Fui para a cama e me deitei. Adormeci
depois de um tempo, e quando acordei, tia Wanda
estava sentada na poltrona me observando.

— Ei, está melhor? — Sua pergunta soou


calma e eu acenei com força.

— Pode pedir para as meninas entrarem? —


pedi, me sentando. Me espreguicei e bocejei. Minha
tia ficou me olhando, sem se mexer.

— Você tem certeza de que quer se casar


com Devon, Ren?

Sua pergunta me pegou desprevenida.


Jamais imaginei que ela me perguntaria isso, logo
hoje.

— Eu o amo, tia. Com todo meu coração.


Fui o mais sincera possível. A irmã da minha
mãe se aproximou e colocou algo no meu colo. Abri
a sacola da farmácia e arregalei os olhos.

— Tia, eu não...

— Faça o teste.

— Eu não estou grávida, tia, eu juro...

Mas ela não estava me ouvindo. Seus olhos


estavam focados na colcha de cama. Me ergui,
engolindo em seco e acenei. Peguei a sacola e fui
ao banheiro. Segui os passos que tinha na caixa, e
quando terminei fiquei encarando o teste.

— Ti-tia. — Gaguejei enquanto encarava


meus dedos trêmulos segurando o plástico. — Isso é
negativo, certo? — perguntei, assim que ela
apareceu.

Era positivo. Eu sabia, não era estúpida.


— Sente-se na cama.

Tia Wanda me levou para a cama e eu


respirei fundo. Meu corpo tremia levemente,
enquanto a empolgação duelava com a
preocupação.

Bateram à porta e minha tia escondeu o teste


na sua bolsa. Ela me encarou, segurou meu rosto e
beijou minha testa.

— Assim que estiver pronta, venho conversar


com você. Fique calma.

Eu acenei e ela saiu, dando espaço para a


maquiadora e a cabelereira.

— Vamos começar? — A loira sorriu


largamente.

Eu acenei, sorrindo de volta.


— Vamos.

Passei as próximas horas com as duas, mas


a minha cabeça estava longe, distante. Às vezes, de
maneira imperceptível, eu colocava a mão sobre
minha barriga. Pensar que Devon e eu logo teríamos
um bebê me fez sorrir diversas vezes.

— Você está linda, Ren. — A voz de Willow


ecoou, então me virei.

Eu usava meu vestido branco impecável e as


rosas do meu buquê eram azuis Serenity. Estava
incrível, a junção das duas cores me deixou
completamente apaixonada.

— Você merece tudo de melhor nessa vida.


— Low segurou minha mão. — Eu amo você. Faça
aquele velho infartar, por favor.
— Não diga besteira. — Sorri, balançando a
cabeça. Encarei Willow e pisquei, querendo contar
do bebê, mas não parecia certo. Devon deveria ser o
primeiro. — Eu te amo. Esteja no altar perto dos
seus dois maridos.

Ela revirou os olhos e me abraçou. Quando


saiu, minha tia entrou. Seu rosto era uma mistura de
preocupação e orgulho. Ela tocou meu véu, meu
rosto e se afastou.

— Você guardou o teste? Quero usar para


contar a Devon...

— Ren. — Minha tia engoliu em seco e


desviou os olhos.

O que ela falaria me deixaria magoada, eu


tinha certeza.
— Oi, tia. Tá tudo bem? — Me aproximei,
nervosa.

— Você fez isso de caso pensado?

Arregalei os olhos, enquanto suas palavras


se assentavam dentro de mim. Ela... minha tia... a
mulher que me criou depois da morte dos meus
pais... ela achava que eu faria algo assim?

— Tia Wanda...

— Se foi, você não deveria se casar com


esse homem. — Seus olhos se encheram de
lágrimas. — Sua mãe... Jesus, Serenity, sua mãe se
envergonharia de você. Dinheiro não é tudo. Na
verdade, é tão pouco.

Eu tentei respirar fundo, tentei falar algo, me


justificar, dizer que ela estava errada, mas o ar havia
deixado meus pulmões. Tudo era nada nesse
segundo. A maneira como ela me olhava – com
desgosto, desacreditada – estava me fazendo
sufocar.

— Seu pai se enojaria. Engravidar por


dinheiro? Armar um casamento com um homem que
nitidamente não é seu tipo... Ren, eu te amo, mas
você não pode agir assim. É sujo, cruel!

Eu levei as mãos aos ouvidos e fechei os


olhos. Ela continuou falando e se aproximou, sua
voz cada vez mais perto.

— Eu jamais, jamais faria isso! — gritei,


minha voz ecoando como ondas pelo espaço. — E
você, minha tia, meu sangue, era a última pessoa
que eu esperei que pensasse isso de mim. Sou eu,
tia, eu. Sua Ren. A garota que corria para a sua
cama mesmo grande com saudade dos pais. A
mesma que você levava à igreja todas as manhãs de
domingo. Eu nunca faria isso.

— Querida...

— Eu amo tanto Devon, que apenas o


pensamento de não o ter me sufoca. Eu o quero pelo
resto da minha vida, porque com ele eu sou feliz. Ele
tem um poder de me fazer a mulher mais feliz do
mundo, e não é pelo dinheiro dele. Eu não quero o
dinheiro dele! — Respirei rápido enquanto soluços
me interrompiam. Eu balancei a cabeça e a vi de
olhos arregalados, o arrependimento nas suas íris.
— Eu esperei esse julgamento de qualquer pessoa,
mas vir de você parte meu coração.

— Eu sinto muito. Me desculpe. — Ela se


aproximou, pegando em minhas mãos. — Me
perdoe, Ren. Eu fiquei assustada...
— Eu preciso ficar sozinha.

Ela relutou, mas quando viu que eu não


mudaria de ideia, saiu. Meus olhos eram como
oceanos, inundados de água salgada. Levei as mãos
ao rosto e solucei, tremendo.

— Ren. — Brandon abriu a porta e eu limpei


meus olhos rigidamente. — Ei, o que houve?

Corri para seus braços e chorei


compulsivamente. Brandon estava assustado, mas
me deixou desabar em seus braços.

— Ren, o que houve? — murmurou, aflito, e


me afastou. — O que está acontecendo?

O que aconteceu? Eu estava entendendo


como minha vida seria dali em diante. Como eu
nunca seria respeitada, sendo taxada de dar o golpe
em Devon, de querer seu dinheiro. Jesus, eu nem
conseguia imaginar se conseguiria passar por cada
pancada.

— Ren...

— Eu não posso mais me casar com Devon.

As palavras eram como fel, amargas,


horríveis. Desceram por minha garganta queimando
lentamente, me deixando em chamas. Sozinha.

— O quê? — Brand gritou e eu o deixei me


observar.

— Chame o Devon.

— Ren, você vai matar o cara. — Meu irmão


tentou me tocar, mas me afastei. — Ele te ama, ele...
você vai destruí-lo.

— Só o chame para mim, por favor.


Meu irmão respirou fundo, passou a mão na
cabeça e saiu. Parei diante do espelho e meu peito
dolorido latejou. Chorei ainda mais encarando a
garota que só queria ser feliz com o homem que
amava, com o cara que a fez desejar mais da vida.
Com o único homem que tocou em seu corpo e
alma.

Patética. Ela nunca teria tudo.

Brandon me olhou assim que comecei a


andar de volta para o meu quarto.
— Está tudo bem? Você a fez mudar de
ideia?

Fiz? Porra, não sabia. Eu não fazia ideia,


mas rezava para que sim. Pedi a Deus, aos anjos, a
todos, que ela andasse em minha direção daqui a
alguns minutos. Implorei, na verdade.

— Não sei, mas eu vou estar esperando no


altar.

Ele suspirou, seus ombros baixaram. Brand


se aproximou e segurou meus ombros, apertando as
mãos.

— Você é um cara bom, Devon. Se eu for


metade do que você é, serei feliz. Obrigado por amar
Serenity.

Ele se virou e saiu, me deixando sozinho e


despedaçado.
Uma hora depois, eu estava diante de
dezenas de pessoas. Elas sorriam com o vento
batendo em seus rostos, pareciam felizes, era uma
pena que eu não podia usufruir disso. Eu queria
estar tão feliz que mal pudesse segurar meu sorriso,
mas como eu sorriria se a mulher da minha vida
queria me deixar?

— Você está bem? — Daniel tocou meu


braço.

Eu acenei, piscando rapidamente.

Quentin me encarou, semicerrando os olhos.


Stive estava ao seu lado. Eu observei Willow, a tia
de Ren, Camille e Sam. Elas estavam usando o azul
que Ren escolheu para o casamento. Estavam
lindas.
— Calma. — Brandon me encarou e eu
acenei.

Calma, ela viria. Ela me amava. Jamais me


deixaria.

Dez minutos se passaram e todo mundo já


estava estranhando. Eu permaneci de pé, firme.
Brandon saiu, porque ele a traria para mim, e até
agora não voltou. Eu não me permiti pensar que ela
havia ido embora. Isso me destruiria.

— O.k., ela chegou. — A voz da


cerimonialista ecoou e a música começou a tocar.

Mesmo com sua afirmação, eu esperei, só


relaxaria quando a olhasse. Então aconteceu, ela
virou no corredor de flores segurando o braço do
irmão. A maquiagem antes arruinada estava
impecável, o vestido ajustado em cada pedaço dela.
Perfeita. Mãe do meu filho. Minha Ren. Minha
garotinha.

— Respira, cara — Quentin brincou.

Eu sorri, deixando o ar sair do meu peito.

Olhei para seu rosto e Ren me olhou com


lágrimas nos olhos. Ela fungou, sorriu e depois
sibilou um “desculpa” com os lábios. Balancei a
cabeça, dizendo com firmeza que não importava. Eu
a amava, eu a queria ali, nesse momento. Nada
mais importava.

Brandon parou diante de mim e eu apertei


sua mão, em seguida o abracei com força.

— Obrigado por me entregar meu coração.

Ele sorriu e Ren suspirou ao me olhar. Brand


se afastou e eu segurei a mão dela, toquei sua
pulsação e beijei seus dedos.
— Eu nunca, jamais vou te abandonar. Eu
prometo.

As palavras dela acalmaram a besta medrosa


dentro de mim. Eu me inclinei, escovei nossas bocas
e me afastei. Nos viramos para o altar e o juiz de paz
começou a cerimônia. Foi rápido, e quando
estávamos de frente um para o outro, com nossas
alianças em nossos dedos, Ren começou a falar.

— Eu nunca vou esquecer aquele Natal. Que


Natal caótico. — Ela sorriu, piscando os olhos
rapidamente. — Mas não pelo jantar, não pelo
restaurante impecável ou minha alergia a abacaxi.
Na verdade, eu nunca vou esquecê-lo, porque foi
naquele dia que conheci o grande amor da minha
vida. O homem que me fez esquecer meu nome com
um simples beijo e toque. O homem que me ama
além de tudo e apesar de tudo. O médico gato e
charmoso por quem me apaixonei. Meu namorado, o
noivo, meu marido, o pai dos meus filhos. Você é
minha vida e eu sei que serei eternamente feliz ao
seu lado. Obrigada por nunca desistir de nós.

Eu me inclinei, beijei sua cabeça e sorri.

— Como eu posso ser melhor que esses


votos? — Sorri, completamente feliz. — Eu nunca
achei que pudesse amar tanto alguém. É sério. Vivi
muitos anos, viajei, cresci como pessoa e
profissional, mas nada, jamais, conseguiu meu afeto
como você. Com sorrisos acanhados, com olhares
inocentes e uma bondade que me fascina. Você é,
sem dúvida, minha alma. Não a gêmea, porque,
vamos lá, somos diferentes demais, mas a alma
dentro de mim. O que me dá vida, me enche de
felicidade e propósito. Eu amo você, Serenity
Chanse. E eu vou amar ser pai dos seus filhos.

Eu a puxei para mim e colei nossos lábios.


Ren segurou meus ombros e eu aprofundei nosso
beijo, deslizando a língua em sua boca, mordendo,
lambendo e chupando, amando-a. Dizendo a ela que
nada, nunca se compararia a nós dois.

Nós éramos épicos e para sempre.


Devon desenhava objetos na minha palma
sem perceber. Ele estava aéreo, mas sempre me
tocando. Quase como se quisesse ter certeza de
que eu estava ali.

— Nós podemos conversar? — pedi,


nervosa.

Havíamos nos casado. Ele se casou comigo


mesmo sabendo que minutos antes eu estava
querendo adiar o casamento. Eu achei que não
podia ter mais certeza sobre o amor de alguém por
mim, mas então Devon Chanse chegou.

— É nossa festa de casamento — ele


murmurou, olhando para onde sua irmã e Quentin
dançavam juntos. — Não quero falar sobre o motivo
de você quase ter me abandonado no altar.

A mágoa em sua voz não me surpreendeu.


Eu o machuquei. Mesmo sem intenção, foi o que
aconteceu.

— E sobre nosso bebê, você quer falar? —


Respirei fundo, deixando toda a tristeza de lado.
Quando estivéssemos a sós, eu pediria desculpas a
ele, tentaria me explicar.

Seu olhar encontrou minha barriga e ele


sorriu. Seus olhos vieram para os meus e eu toquei
sua mão que ainda estava desenhando na minha
palma.

— Você sabe há muito tempo? — Sua


pergunta ecoou e eu senti sua mão tocar minha
barriga.

— Eu descobri hoje.

Devon suspirou, apoiando sua testa na


minha. Eu respirei fundo e toquei em sua mão
também. Só de pensar que logo teríamos nosso filho
nos braços, eu derreti.

— Não acredito que vamos ser pais —


murmurei, tomada por emoção. Lágrimas silenciosas
encheram meus olhos. — Nós vamos ter um filho.

Devon se afastou e me puxou para o seu


peito. Fui de bom grado, me aconcheguei, cheirei e o
abracei.
— Você me faz feliz, mas quando ele nascer,
vou ser completo.

Eu sorri e acenei, porque eu compreendia.


Ele estava certo. Nosso bebê seria nosso bem
maior.

— Eu te amo — murmurei, segurando seu


rosto. Devon se inclinou e lambeu meu lábio. —
Devon...

— Amo você, Serenity, e não vejo a hora da


festa acabar para eu poder mostrar o quanto,
enquanto fodo você em cada pedaço desse hotel.

Meu ventre se apertou e eu suspirei,


mordendo meu lábio. Meus seios ficaram pesados
contra o vestido e minha boceta ficou úmida.

— Abra suas pernas.


— Você não vai me foder no meio do nosso
casamento!

— Quem vai me impedir?

Ninguém, muito menos eu.

Abri minhas pernas e ele acenou para alguns


amigos enquanto sua mão subia pela minha coxa.
Seus dedos acharam minha boceta e eu suspirei.
Estava sem calcinha.

— Não acredito que não fodi você no altar —


Devon falou entredentes, melando seus dedos e
espalhando por meus lábios. Em segundos, tudo
estava escorregadio e eu estava a ponto de gozar.
— Goze para o daddy, garotinha.

Meu corpo estremeceu, e assim que meu


orgasmo estava a um segundo de explodir, Camille
apareceu sorrindo largamente ao lado do esposo.
Reprimi tudo e tentei muito não parecer tão frustrada
quanto estava.

— Ei.

— A decoração está linda — minha cunhada


comentou, se sentando à mesa onde apenas eu e
Devon estávamos.

— Obrigada. Willow se esforçou muito —


murmurei, enquanto Devon continuava com a mão
entre as minhas pernas. Ele girou os dedos
lentamente, olhando para mim. — Não foi, amor?

— Sim, bastante — Devon respondeu e


encarou a irmã. — Preciso levar Ren a um lugar.
Voltamos em alguns minutos.

Camille olhou entre nós e semicerrou os


olhos. Antes que ela pudesse falar algo, Devon
abandonou minhas dobras e se ergueu, me
ajudando a fazer o mesmo enquanto chupava os
dedos. Meu Deus.

— Podem ir — Quentin resmungou, alheio à


tensão sexual.

Assim que Devon e eu dobramos em um


corredor, longe do salão de festas, ele me puxou
contra si, tomando minha boca. Sua língua era
impiedosa, suas mãos possessivas apertavam
minha cintura enquanto tropeçávamos até uma
porta. Assim que ele a abriu, percebi que era uma
varanda. Arregalei os olhos ao ver o jardim do hotel.
Não havia muitas pessoas ali, mas tinha gente.

— Devon — eu o alertei, mas meu marido


puxou meu vestido para cima em minhas coxas,
caindo de joelhos na minha frente. — Tem gente...
— Deixe que me vejam comendo sua boceta.
Porra, não consigo esperar. — Sua mão enrolou em
minha coxa, posicionou em seu ombro e assoprou
bem ali.

Devon não esperou que eu me recuperasse


do tremor pelo seu hálito. Ele enfiou sua língua em
mim e gemeu, provando minha excitação. Tentei não
tocar em sua cabeça, com medo de desarrumar seu
cabelo. Segurei seus ombros e abri a boca quando
ele capturou meu clitóris e chupou, esfomeado,
sedento.

— Daddy.

— Sim, garotinha? O que você quer? — O


timbre da sua voz estremeceu minha boceta. —
Goze na boca do daddy.
— Eu quero gozar em seu pau — murmurei,
tremendo, a um passo pequeno de explodir.

— Então você vai.

Devon deixou um último beijo em mim e se


ergueu. Ele segurou minhas coxas e me ergueu,
empurrando minha coluna contra a parede. As
pessoas estavam lá embaixo, ainda sem perceber a
noiva ser fodida numa varanda.

— Abra sua boceta, receba o daddy.

Apertei meu ventre, gemendo. Afastei minhas


coxas mais ainda e senti a coroa do seu pau beijar
minha abertura. Devon empurrou os quadris,
deslizando para dentro, gemendo, completamente
fora de si. Eu o senti todo dentro de mim. Suspirei e
Devon se mexeu, me fodendo lentamente.
— Quero os seus peitos, mas agora preciso
esperar.

Gemi ao imaginar sua boca em volta do meu


mamilo. Segurei meu vestido e puxei meu seio para
fora. O aperto era grande, mas a ponta rosada saiu.
Devon deu um sorriso bêbado e abocanhou a carne
rosa. Seu pau me alargava a cada estocada e eu
gritei, tremendo quando o orgasmo me partiu ao
meio.

— Me chupe. Me leve tão fundo na sua boca


como nunca. Quero vê-la de joelhos.

Eu obedeci assim que ele me colocou no


chão. Devon abriu a calça preta e seu pau duro e
rosa pulou para fora. Lindo, grande e grosso. Eu o
olhei assim que lambi a cabeça. Devon colocou a
mão na parede e empurrou. Meus lábios se abriram
e eu o recebi. Quente e forte. Segurei a base e
chupei a cabeça, rodopiando minha língua, enfiando
no buraco onde eu sabia que havia sêmen.

— Mais forte — ele ordenou.

Eu abri bem meus lábios e o levei até o


fundo, engolindo no caminho, voltando e chupando.
Em alguns segundos, um jato de porra encheu
minha boca. Engoli, mas logo veio mais. Tentei
beber tudo, mas as gotas escaparam e caíram em
meu decote. Meu mamilo rosa ainda estava visível e
havia uma gota perolada ali.

Devon me ergueu e se inclinou, lambendo ali


e chupando meu mamilo. Minha boceta já sentia sua
falta. Choraminguei e gemi, fazendo Devon me
erguer novamente.

— Goze em meu pau, amor.


Era poesia imunda e pecaminosa. Mas eu
abri minhas coxas e o recebi, rebolando e gemendo
em seu ouvido, gozando em seu pau e recebendo
mais gotas do seu sêmen.

— Daddy...

— Estou aqui, garotinha.

Gemi e ele me desceu dos seus braços.


Respirei fundo antes de começarmos a arrumar um
ao outro. Ele empurrou meu seio para dentro depois
de beijar o mamilo. Eu coloquei seu pau na cueca e
fechei sua calça. Devon arrumou meu vestido e se
inclinou para beijar meus lábios.

Suas mãos desceram para a minha barriga e


ele se ajoelhou. Seu olhar de adoração me fez
suspirar.

— Oi, campeão. O papai está aqui.


Meus olhos se encheram de lágrimas e eu
funguei quando ele beijou meu ventre.

— Cara, você tem tanta sorte. Sua mãe é


incrível.

Eu sorri, tocando seu rosto. Devon beijou


minha barriga novamente e se ergueu.

— Vamos nos divertir.

Assim que voltamos para a festa, Willow me


arrastou até o meio. Era a hora do buquê. Todas as
mulheres solteiras do local se juntaram atrás de mim
e eu sorri, achando muito divertido.

— Um, dois, três e... — Joguei o buquê e me


virei, vendo as rosas azuis caírem nas mãos da
minha tia.

Meu sorriso fraquejou, mas afastei o


ressentimento. Ela se aproximou, revirando os olhos
para o buquê e rindo.

— Me casar? Isso é uma piada. — Sua


risada nervosa me fez suspirar.

— Quem sabe? Para o amor não tem idade


— falei, tentando ficar neutra.

Tia Wanda respirou fundo e seus olhos se


encheram de lágrimas.

— Me desculpa, Ren. Eu sinto muito. De


verdade. — Suas palavras soaram frágeis.

— Tia...

— Não deveria falar sobre isso antes do seu


casamento. Eu errei...

— Está tudo bem? — Devon abraçou a


minha cintura.
Eu o olhei por alguns segundos antes de me
virar para a minha tia.

— Está sim. Minha tia está dizendo que


nunca vai se casar.

— Eu também pensava isso, Wanda. Não


perca as esperanças. — Devon riu e eu beijei sua
barba rala. — Um dia, você vai encontrar alguém
especial, e idade vai ser o menor dos seus
problemas.

Congelei um sorriso e minha tia me olhou


com mais desculpas.

— Eu preciso dançar com meu marido.


Depois volto. Parabéns pelo buquê — murmurei para
ela e arrastei Devon até a pista de dança.

— Sua tia está bem? — ele perguntou, assim


que começamos a dançar.
— Sim, está. Só ficou estranha pelo buquê.

— Quem sabe ela não arruma um cara legal?

Quem sabe.

Nós dançamos juntos e, em segundos,


Devon me fez esquecer da minha tia ou dos meus
problemas. Ele me girou, sorrindo largamente ao me
puxar contra seu peito novamente.

— Eu amo você.

— Eu amo você.

Ele sorriu com minha resposta e eu beijei


seus lábios. Durante toda a festa, eu fiquei ao seu
lado, sendo tocada por ele, recebendo seus sorrisos
e beijos. E não havia lugar onde eu quisesse estar
que não fosse ali.
— Para onde vamos? — perguntei assim que
Devon me ajudou a subir no carro.

— Primeiro, ao médico. Segundo, para nossa


lua de mel. — Ele beijou meus dedos.

Havíamos ficado no hotel ontem, como a


maioria dos nossos convidados, mas hoje viemos
para a casa. Não ficamos muito tempo, Devon me
mandou vestir um casaco, pois iríamos sair.

— Tudo bem.

Fomos o caminho em silêncio, e quando


chegamos ao prédio, franzi as sobrancelhas.

— O quê? Mas aqui não é o San Jose —


murmurei, confusa.

— Você não quer ser vista comigo lá. — Ele


sorriu. — Acha que eu a levaria até lá para vermos
nosso filho?
Seu rosto era uma mistura de resiliência e
confusão. Eu olhei para nossas mãos unidas e
respirei fundo, então me inclinei, beijei sua boca e
sorri ao me afastar.

— Eu amo você como uma louca.

— Às vezes, você parece meio doidinha


mesmo.

Devon saiu do carro e me ajudou a sair.


Quando entramos na clínica, ele foi reconhecido ao
ser cumprimentado, foram simpáticos em demasia.
Eu apenas observei, encolhida, tentando passar
despercebida.

— Serenity Chanse?

A enfermeira me chamou e eu me ergui.


Devon me guiou em direção a ela e nós fomos para
um consultório. Uma médica estava dentro. Seus
olhos se arregalaram quando nos viu.

— Eu não acredito. Chanse!? — Ela se


ergueu. Devon sorriu ao cumprimentá-la. — Faz
anos que não te vejo. Está melhor que aos vinte. —
Dr. Nicole, seu nome estava no jaleco branco, se
virou e sorriu para mim. — Sra. Chanse. Uau, ela é
linda, Devon. — Sua simpatia me fez relaxar.

— Que surpresa, Nicole. Essa é minha


esposa, Serenity. — Devon puxou minha cintura e eu
sorri para ele. — Ren está grávida, mas ainda é um
segredo.

Nicole sorriu, nos felicitou e pediu que nos


sentássemos. Depois de muitas perguntas, sorrisos
e conversas confortáveis, ela pediu que eu retirasse
as roupas e me deitou na maca com uma bata
simples.

— Vamos lá. — Ela inseriu o aparelho em


minha vagina e eu suspirei com o pequeno
incômodo. — Como eu falei, Ren, não era realmente
menstruações que vieram nos últimos meses. Você
está com quase quatro meses — Nicole resmungou
e eu arregalei os olhos. — Seus sangramentos
podem ter sido por outro motivo. Não é incomum,
mas devemos ficar de olho.

— Mas como eu não percebi? — Franzi as


sobrancelhas, chateada.

— Você focou no sangramento. Seus enjoos


começaram recentemente, pelo que disse.

— Eu tenho enjoo frequente há um tempo,


mas nada como atualmente — expliquei, me
sentindo uma péssima mãe. — Os sangramentos...
eu posso perder o bebê? — Minha voz falhou e
Devon apertou minha mão.

— Ele parece saudável. Dentro dos


parâmetros normais para esse período da gestação.
Vamos acompanhar de perto. — Nicole sorriu,
tentando me acalmar. — Vamos ouvir o coração?

O som alto, ruidoso e ritmado de batidas me


fez perder o fôlego. Meus olhos pinicaram e, em
segundos, se encheram de lágrimas. Devon sorriu
ao me olhar e eu funguei, emocionada. Era real. Nós
teríamos um bebê.

— É perfeito — murmurei, apaixonada.

Meu marido beijou minha cabeça.

— Sim, está saudável e bem. Não se


preocupe tanto. — Nicole tocou minha mão e eu
respirei fundo.

— Ela pode viajar? — Devon questionou.

— Pode sim. Está tudo normal. Ren e o bebê


estão bem. Vou passar suas vitaminas e ela precisa
começar a tomar imediatamente.

Devon acenou e eu respirei fundo. Ainda não


conseguia entender como pude não perceber que
estava grávida. Toquei minha barriga e olhei para
Nicole.

— Minha barriga está no tamanho certo?

— Sim, é sua primeira gestação. Demora


mais para aparecer a barriga. Não se preocupe.

Ela nos deixou sozinhos depois de questionar


se tínhamos mais dúvidas e respondemos que não.
— Ei, está tudo bem. — Devon segurou meu
queixo.

— Eu me sinto culpada. Deveria estar


acompanhando há mais tempo, tomando as
vitaminas...

— Vamos cuidar disso agora. Calma.

Ele me abraçou, mas a sensação de ser uma


péssima mãe continuou me sufocando.
Ren ficou o voo todo segurando sua barriga,
e franzindo as sobrancelhas de vez em quando. Eu
havia passado no hospital enquanto ela foi para casa
organizar nossas malas. Desde que fomos à médica,
ela estava assim.

— Você quer ouvir o coração? — perguntei, e


ela me encarou. — Eu trouxe um monitor fetal. Se
quiser, quando quiser, você só precisa encostar com
o gel.
Seus olhos se arregalaram e ela acenou
rapidamente. Eu sorri, relaxando e pegando tudo
que precisávamos. Ren ergueu a blusa e baixou um
pouco a calça.

Sua barriga ficou aparente e eu coloquei


minha mão nela. Era pequena ainda, mas dava para
ver uma bolinha. Coloquei o gel e usei o aparelho.
Assim que o som das batidas ficou limpo, parei ali e
encarei seu rosto. Ren sorriu, e como da primeira
vez, seus olhos estavam cheios de lágrimas.

— Ele está bem. Você vai ser uma mãe


incrível. Não é culpa sua que nosso bebê gosta de
pique-esconde — brinquei, tentando aliviar sua
preocupação.

— Você realmente acha isso? — Seu lábio


tremeu.
— Tenho certeza. — Me inclinei, beijando sua
testa. — Você é um ser humano lindo. Nosso filho
terá sorte por ter você.

— E se ele nascer com alguma doença? —


Ela fungou, segurando o aparelho, cativada pelas
batidas que ecoavam.

— Isso não vai acontecer. Ele está saudável.

Ren suspirou e eu limpei suas lágrimas.

— Vamos curtir nossa lua de mel. Curtir


nosso filho — pedi, ainda segurando seu rosto.

— O.k., tudo bem. — Ela fungou e enxugou


os olhos.

— Ainda quer ouvir? — Olhei para o


aparelho.

Ela acenou rapidamente.


— Sim, por favor.

Nós ficamos ouvindo até Ren adormecer.


Limpei sua barriga, guardei o aparelho e a puxei
contra mim.

Ainda ardia em mim a raiva e a mágoa por


Serenity ter pensado em adiar nosso casamento. O
pânico que senti naquele momento ainda estava
vivo, me deixando completamente certo de que se
um dia essa garota me abandonasse, nada me faria
superar isso. Seria o meu fim.

— Então? — Ren girou diante de mim


enquanto eu estava sentado na cama, esperando
por ela.
O biquíni branco era pequeno. Sua bunda
arrebitada estava com o fio entre as nádegas, a
parte de cima, sem alças e com um nó na frente,
parecia frágil demais para conter seus seios. O
tecido era grosso, mas eu podia ver os mamilos
duros.

— Eu consigo ver seus mamilos.

— Oh. — Ela arregalou os olhos e olhou para


os seios. Eles estavam inchados e com veias azuis.
As veias eram normais, Ren era bem clara, mas o
inchaço, não.

— Então todos os homens em um raio de três


metros verão também.

— Devon. — Ren revirou os olhos,


segurando a saída branca.
— E eles vão querer o que quero. —
Continuei e ela ergueu as sobrancelhas. — Baixar
essa porra e chupá-los.

Suas bochechas ficaram vermelhas.

— Nós precisamos ir, e eu não vou trocar


meu biquíni.

Eu sabia que não. E eu não pediria essa


merda, Ren podia vestir o que quisesse.

— Vamos — grunhi, me erguendo e


caminhando até ela. — Se alguém olhar para você...

— O.k., homem das cavernas. — Ela riu,


colocando os braços em meu pescoço. Usei essa
abertura para pegar seu mamilo e torcer. — Dev!

— Eles são meus.


— Sim, sim. Agora pare de machucá-los. —
Ren mordeu o lábio.

Eu soltei sua carne rosada e saímos do


quarto, entrando no elevador em seguida. Ren ficou
diante de mim, e eu a olhei pelo espelho. Toquei sua
barriga visível e beijei seu ombro.

— Você está linda.

Ela sorriu e eu a puxei mais para mim quando


as portas foram abertas e mais pessoas entraram.
Ren se aproximou mais enquanto o elevador enchia.
Olhei para um grupo de amigos bem mais jovens e
encontrei um deles nos encarando. Encarando Ren,
no caso.

— Ei, você sabe onde fica o bar? — ele


questionou, sorrindo, me ignorando completamente.
— Eu e meus amigos chegamos agora.
— Eu não sei — ela respondeu, dando de
ombros. — Eu também cheguei agora.

— Ah, podemos procurar juntos...

Porra, é sério?

— Meu marido não gostaria disso — Serenity


falou de maneira firme e me olhou de relance.

O garoto me encarou pela primeira vez e


abriu a boca, depois a fechou. Ergui as sobrancelhas
o desafiando, então ele murmurou um desculpas e
se virou.

Ren se virou para mim e ergueu a cabeça,


sorrindo. Eu me inclinei, beijei sua boca com gosto,
segurando seu rosto. Quando nos afastamos, o
imbecil estava olhando. Bom, porra, ela era minha.

Nós saímos do elevador e eu levei Ren pelo


saguão até a praia. Nos sentamos em sua toalha e
ela colocou um chapéu em minha cabeça.

— Eu sou branca, mas você é o sardento. —


Ela riu, passando protetor em meu rosto.

— Verdade.

Ela se deitou e eu passei protetor em todo


seu corpo. Não queria que ela se queimasse, por
isso a lambuzei bem. Ela se ergueu e nós fomos
para o mar. Ren gritou nas ondas e eu a segurei com
firmeza, temendo que fosse levada.

Ficamos no mar menos tempo do que Ren


queria, mas eu estava com medo de ela cair e o mar
a engolir. Ela estava grávida, pelo amor de Deus.

— Podemos fazer mergulho? — Seus olhos


se arregalaram enquanto lia um catálogo enquanto
almoçávamos no restaurante.

— Claro, garotinha.

Ela acenou, contente. Puxei o prato com


várias fatias de abacaxi que estava posto sobre a
mesa. Ren sorriu e eu pedi ao garçom para levar. Eu
não comia abacaxi há um bom tempo e não queria a
fruta cítrica por perto. Com Ren grávida, ou não.

— Willow disse que tem uma surpresa para


mim — ela murmurou, franzindo as sobrancelhas. —
O que pode ser?

— Você vai saber daqui a alguns dias. —


Ergui as sobrancelhas, brincando.

— Você sabe o que é?

— Eu? Não! — respondi com firmeza


enquanto negava com a cabeça.
Eu realmente não sabia. Willow era um
quebra-cabeça que eu não podia e nem queria
montar. Isso eu deixava para Brandon.

— Tudo bem, aliás, eu posso descobrir


quando chegar.

Nós sorrimos e recebemos nossos pratos.

— Eu quero comprar uma casa.

— O quê? Por quê? Tem o apartamento...

Tinha, mas não queria mais morar ali. Queria


criar nosso filho em uma casa espaçosa, com jardim.
Uma que Ren pudesse organizar e decorar como
quisesse.

— Estamos casados e esperando um filho. É


hora de mudar — expliquei, pegando sua mão sobre
a mesa.
— O.k., mas precisa ser perto. — Ren
acenou, respirando fundo.

Sim, eu sabia.

— Vamos falar com Tracey.

— Não, com ela não — Ren grunhiu rápido,


então me lembrei do que Tracey havia dito para ela.
— Ela era uma atirada e você sabe disso.

— O.k., Tracey não. Vou procurar outra.

Ren acenou, respirando fundo e começando


a comer novamente.

Nós subimos para o quarto quando


acabamos. Me deitei com ela depois de tomarmos
banho e a puxei para mim. Ren estava sonolenta e
logo adormeceu. Fiz o mesmo depois de algum
tempo.
Quando acordamos, já estava quase
anoitecendo. Aconteceria um luau e Ren queria ir,
então nos arrumamos. Ela mordeu o lábio quando se
virou para que eu dissesse algo sobre sua roupa. Eu
estava com uma blusa branca de botões que tinha
um tecido bem fino e bermuda.

— O que achou?

Ela estava com um vestido de renda


completamente transparente. Por baixo havia uma
calcinha que cobria sua bunda. A parte de cima tinha
um decote que alcançava sua barriga. Os seios
firmes ali, quase escapando. Seu cabelo estava em
ondas, caindo sobre os ombros.

— Você parece uma sereia — falei, sério,


fazendo-a sorrir.
— Vamos lá! Eu quero dançar com você à luz
da lua. — Ela me puxou pelas mãos.

— Só dançar? — Fiz uma careta.

— E talvez, fazer amor, se você for um


menino comportado.

Eu me ergui, segurei sua bunda e a puxei


contra meu pau duro.

— Estou ansioso, garotinha.

Ela riu e nós saímos. Assim que chegamos,


deixei Ren na borda da pista de dança e fui buscar
bebida para ela. Escolhi uma sem álcool, e peguei
uma para mim com vodca. Era forte e boa.

Procurei por Ren enquanto andava e a vi


parada com um cara. Ele sorria e falava alguma
coisa enquanto ela acenava. Me aproximei mais
rápido e parei ao lado dos dois. O cara era o garoto
do elevador.

— Você perdeu sua mente? — perguntei,


dando um passo em sua direção.

— Ei tio, eu só estava perguntando onde...

— Ela não trabalha aqui e não é a porra de


um mapa. Quer saber de algo? Pergunte para a
porra de um funcionário — gritei, ficando na sua
frente. — Se eu vir você perto da minha esposa
novamente, vou socar sua cara.

— Calma, cara. — Ele ergueu as mãos,


sorrindo e olhando para Ren. — Ela é linda...

Suas palavras sumiram, porque meu punho


acertou o seu rosto. Minhas juntas doeram, mas eu
fiz novamente até ele cair no chão.

— Você estava dizendo alguma coisa?


O garoto cuspiu no chão e o sangue
manchou a areia.

— Devon, vamos. — Ren segurou meu


braço. Me soltei dela e virei, andando de volta para o
hotel. — Devon!

Eu diminuí minha passada e ela me


alcançou. Não falamos nada, não precisava. Ela
sabia o que eu estava sentindo. Raiva, ciúme e uma
insegurança estúpida. Ela era minha esposa, pelo
amor de Deus. Havia dois anéis em seus dedos para
provar isso. Minha. Só minha, não de algum imbecil
mais novo.

— Me deixe ver seus dedos. — Ela foi ao


banheiro quando me sentei em nossa cama. Assim
que voltou, carregava algumas coisas nas mãos.
Ren limpou e passou pomada nos esfolados
dos meus dedos. Respirei fundo quando ela acabou
e fui para a varanda do hotel. A vista para o mar e o
céu estrelado formava uma vista linda, mas eu ainda
estava sufocado.

Ren apareceu e eu me sentei em uma


cadeira. Ela subiu em meu colo, agarrando o vestido.
Suas coxas descansaram ao lado das minhas e suas
mãos seguraram meu rosto. Ren beijou minha
mandíbula, minha bochecha e meus olhos. Subi
minhas mãos por suas coxas enquanto ela
continuava com a carícia.

— Eu sou sua. Completamente sua. — Ela


rebolou em meu copo. — Prometi que faríamos amor
sob o céu, lembra? — Ren se ergueu e puxou o
short branco para baixo. O tecido rendado cobria seu
corpo, mas eu conseguia ver cada pedaço.

— Fique com o vestido.

Ela acenou e voltou para o meu colo. Eu


respirei fundo, puxando o decote rendado para os
lados, deixando seus seios expostos.

— Puxe meu pau, me mostre que é minha.

— Sim, daddy.

Ela abriu meu short, tirou meu pau e se


ergueu, deslizando em meu membro enquanto seus
seios balançavam com os movimentos. Segurei um
mamilo e torci. Ren arqueou as costas, me dando
uma visão linda, então coloquei minha mão contra
sua boceta nua e aberta, que sugava o meu pau.

— Foda seu daddy, Ren.


Ela gemeu e rebolou os quadris. Me inclinei e
capturei um mamilo com meus dentes, sugando a
carne rosada. Ren gemeu longamente, me fodendo,
sentando, rebolando e me chupando para dentro da
sua boceta.

— Daddy, eu sou sua, está vendo? — Ela me


olhou com os olhos claros, bêbados de prazer. —
Apenas sua.

— Minha. — Agarrei sua bunda, fincando


meus dedos enquanto meus quadris encontraram os
dela, fodendo e possuindo. — Goze no meu pau,
amor.

— Sim!

Ela gozou, eu chupei seu mamilo e mordi


com força suficiente para machucar sem rasgar. Ren
gritou com a dor, mas sua boceta me apertou, me
levando mais fundo.

— Dev. — Ela choramingou e eu lambi a


marca.

— Nunca mais fale com um homem que sabe


que está interessado em você. É uma ordem,
Serenity.

Ela arregalou os olhos, surpresa.

— Você não pode me dizer com quem falar,


Devon. — Sua voz saiu incerta, e porra, era bom. —
Eu estava em pânico, procurando por você...

— Não é sua culpa que as pessoas queiram


roubar você do tio aqui. Eu quero que apenas se
afaste. Somente isso.

Ren engoliu em seco e desviou os olhos. Eu


a puxei e ela gemeu, ainda embalada com meu pau
fundo em sua boceta.

— Eu fui seu primeiro, fodi sua boceta virgem


e sou seu marido. És minha, Serenity, sabe disso,
não precisa ficar pensativa.

Ela suspirou e se inclinou, colando seus seios


em meu peito.

— Minha boceta é sua. Apenas você a


tomou. Meu sangue esteve em você. — Ela fincou
suas unhas em meu pescoço, rígida. — Eu sou sua
esposa e amo você, mas você nunca, jamais vai me
dizer com quem falar. Então, me foda, Devon, morda
minha pele, estapeie minha bunda, tudo isso me dá
prazer. E assim você extravasa sua raiva.

Meu sangue ficou quente e eu desejei fazer


exatamente isso com ela.

— Eu prometi uma dança a você.


Ren abriu a boca e a fechou. Puxei o tecido,
cobrindo seus seios e me ergui com ela nos braços.
Coloquei-a no chão e pedi para a Siri colocar alguma
música. Enquanto ecoava a letra, Ren dançou
comigo, murmurando algumas partes.
Nossa lua de mel durou poucos dias, mas
foram incríveis. Depois da noite caótica, quando
Devon foi um ciumento insano, ele se tornou
cuidadoso e gentil. Perfeito, eu diria. Ele me
alimentou e cuidou de mim, e todas as noites
conversava com nosso bebê. Dev aguentou minhas
crises, e não foram poucas.

Eu estava tendo pesadelos frequentes sobre


perder nosso filho. Eu acordei chorando três ou
quatro noites, implorando para ouvir o coraçãozinho.
Meu marido, em todas as vezes, me beijou, pegou o
monitor fetal e sorriu calmamente quando as batidas
soaram.

— Você sabe que o risco de aborto é menor


nesse período. O perigo passou, Ren. — Sua voz
ecoou em minha mente enquanto estávamos em
nosso quarto.

Minha barriga estava à mostra e minha blusa


amontoada em minha cintura. Respirei fundo e me
agarrei ao som do coração do nosso filho.

— Eu sei, é só que...

Ele não compreendia. Devon era perfeito,


mas eu não. Eu fui negligente comigo e com nosso
bebê.

— Tudo bem. Vem cá. — Ele afastou o


aparelho e limpou minha barriga.
Eu me aconcheguei em seu peito,
suspirando, enquanto Devon desenhava formas
geométricas na minha coluna.

— Qual nome vamos dar a ele? — Sua


pergunta ecoou.

— Ou ela. — Sorri, erguendo a cabeça. —


Não sei.

— Eu pensei em Brooklyn se for menina, e


Damon se for menino.

Meu coração parou. Eu pisquei rápido e me


sentei para o olhar melhor.

— Como?

— Brooklyn ou Damon.

Meu queixo tremeu e meus olhos se


encheram de água.
— São os nomes dos meus pais —
murmurei, enquanto as lágrimas embaçavam a
minha visão. — Eu nunca falei os nomes deles...

— Brandon.

Acenei devagar e coloquei a mão no coração.


Logo, os soluços chegaram e eu corri para o seu
colo. Afundei meu rosto em seu ombro e chorei por
minutos longos.

— Está tudo bem, garotinha. — Devon


passou a mão pela minha coluna, me acalmando,
então eu o abracei mais forte. — Eles teriam orgulho
de você.

— Eu os queria aqui. Seriam avós


maravilhosos. Eles eram pais tão incríveis...

Chorei, sentindo a saudade me sufocar. Eles


seriam perfeitos. Meu Deus, que saudade.
— Qual o Price que não é? — Devon sorriu e
eu me afastei. — Então, Brooklyn ou Damon?

Eu sorri, acenando e fungando, antes de o


abraçar com força.

— Eu te amo, obrigada por isso — murmurei,


passando a mão no nariz entupido.

— Eu te amo, Ren. Você é perfeita para mim.

Eu sabia que estava longe disso, mas se meu


marido estava dizendo, eu não o contrariaria. Me
aconcheguei em seu peito e deixei o sono me levar.

— Você está perfeita. Essa lua de mel fez


bem a você. — Willow entrou em meu carro assim
que estacionei em frente ao estúdio dos seus pais.
Ela foi trabalhar hoje no atendimento.
— Você está sendo boba.

Nós rimos e eu tirei uma caixa de presente do


banco de trás, colocando-a em seu colo.

— As lembrancinhas. Melhor parte. — Ela


rasgou o papel animadamente. — Espero que seja
uma Chanel...

Suas palavras abafaram quando retirou a


tampa. Dentro, havia meu teste de gravidez e um
macacão com a frase “aceita ser minha dinda?”.
Willow arregalou os olhos, pegando a roupinha.

— É sério? — Ela me encarou e eu acenei.


— Você está grávida?

Sim. Ai, Deus, sim! Estava grávida.

— Sim, eu estou com quase quatro meses.

— O quê? Mas como...


Eu expliquei tudo a ela, inclusive como
descobri. Dentro da caixa também tinha uma foto da
ultrassom, que Low ficou segurando com lágrimas
nos olhos.

— É claro que vou ser madrinha! — ela gritou


e me puxou para um abraço demorado. — Não
acredito que está grávida. Ai, parabéns.

Eu ri com ela e fomos tomar almoçar. Devon


demoraria no hospital porque tinha coisas pendentes
por conta da nossa viagem.

— Eu tenho novidades. — Ela mordeu a boca


depois de engolir um pedaço de hambúrguer.

— Sou toda ouvidos — murmurei, engolindo


um pouco da minha salada.

— Eu acho que estou apaixonada.


— Você acha? — Ergui a sobrancelha. —
Brandon? Daniel?

Ela fez uma careta e negou.

— Por uma garota. Não quero mais homens


— ela resmungou, com nojo. — Enfim, eu a conheci
no estúdio dos meus pais.

— Sério? Quando?

— Hoje.

Eu comecei a rir e Willow pareceu ofendida.

— Amiga, é sério? Hoje? — murmurei.

— Até parece. — Ela revirou os olhos. —


Dias depois do Natal retrasado, você estava jurando
amor a um velho rico.

— Ei! — gritei, jogando o guardanapo no


rosto dela. — Foi um encontro de almas, e meu
marido não é velho.

— O.k., o.k., papa-velho.

— Willow! — gritei, furiosa, mas eu ri depois.


— Se ele ouvir você...

— Não dou a mínima. Só aturo o Devon por


você.

— Cínica!

Nós rimos e terminamos de comer. Perguntei


sobre a surpresa e ela me mostrou uma nova
tatuagem. Deixei Low em casa e fui para a minha.
Quando cheguei de viagem, Brandon havia feito toda
a minha mudança. Devon riu e disse que não tinha
nada a ver com isso, mas eu sabia que tinha.

— Amor? — chamei, entrando e o


encontrando sentado no sofá.
Devon estava curvado, com uma garrafa de
bebida na mão. Eu respirei fundo, sabendo que algo
estava errado. Me aproximei e um barulho ecoou no
andar de cima. Me virei para lá e senti um frio
absurdo em meu estômago. Minha intuição me
mandava seguir para lá. Mas, o medo, ele estava me
prendendo no chão.

Vamos, Ren! Uma voz gritou e eu me movi.


Subi a escada, e quando cheguei ao meu quarto, vi
alguém deitado na minha cama. O lençol cobria boa
parte do corpo, mas eu vi que era uma mulher. Por
favor, por favor. Implorei, me aproximando. Acendi
as luzes e a pessoa levou a mão aos olhos no
mesmo segundo. Ela se virou, e quando vi quem
era, meu coração já machucado se despedaçou.
Pipper me olhou e teve a decência de puxar o
lençol e parecer chocada.

— Saia da minha casa! — gritei, me


aproximando, querendo arrancar sua pele, mas
parei.

Eu estava grávida. Grávida do idiota traidor.

Pipper pegou o lençol e o envolveu no corpo


nu. Deus, ela estava nua. Devon a tocou. Meu
marido, minha vida.

— Se vista e saia. Ou eu juro por Deus que


chamarei a minha melhor amiga e ela vai te dar uma
surra tão bem dada, que você vai esquecer como se
anda.

— Serenity, eu... Devon e eu não queríamos


magoar você.

Me magoar? Eles acabaram de me destruir.


— Cala a boca! — gritei, me aproximando e
agarrando o seu braço. — Não vai mais se vestir.
Como a boa vagabunda que é, vai andar pelo prédio
enrolada em um lençol.

Eu a empurrei para fora e Pipper correu,


descendo a escada. Quando alcancei a sala, ela
estava chamando o elevador. Assim que sumiu, eu
fiquei parada, olhando para as portas fechadas,
tentando entender o que havia acabado de
acontecer.

— Ren, eu... — A voz bêbada do único


homem que amei soou.

Eu entreguei tudo a ele. Minha vida, meu


corpo, minha alma.

Para isso?
— Você sabe o que acabou de fazer? —
perguntei, balançando a cabeça. — Tem consciência
de que você acabou comigo? Com nossa família?

Devon se ergueu do sofá e cambaleou. Olhei


para a calça preta que vestiu hoje de manhã, o zíper
aberto e a cueca malposta. Ele transou com ela na
nossa cama. Meu estômago girou e eu corri para o
banheiro. Só deu tempo de entrar no cubículo e
vomitar tudo que comi com Willow.

— Ren. — Sua voz me seguiu antes de um


estrondo soar. Minhas pernas se moveram rápido e
eu voltei para a sala. Devon estava no chão, sobre a
mesa de centro de vidro. — Porra.

— Cala a boca — grunhi, me aproximando.


Havia sangue no chão. Droga.
Olhei para os cacos e respirei fundo, então
peguei o celular e liguei para Daniel.

— O idiota do seu amigo caiu sobre uma


mesa. Tem cacos de vidro perfurando a pele. Alguns
bem fundos — murmurei, tentando me acalmar.

Eram cacos médios, nada que pudesse de


fato fazer estrago, mas se pegou em alguma veia
era melhor estar no hospital.

— Estou indo.

Devon grunhiu e eu me virei, vendo-o com os


olhos fechados, completamente bêbado. Eu nunca o
tinha visto assim, mas afastei a preocupação. Devon
não merecia. Eu precisava focar em meu filho, não
no pai idiota dele.

Em alguns minutos, Daniel apareceu. Eu


peguei minha bolsa e andei para fora.
— Ei, o que está fazendo? — Dan gritou
enquanto socorristas ajudavam a levar Devon para a
maca. — Para onde vai?

— Quando ele acordar amanhã, diga que


meu advogado vai entrar em contato.

Dan arregalou os olhos e se aproximou,


rígido.

— Que porra é essa, Serenity? Vocês se


casaram há menos de um mês!

— E foi tempo suficiente para ele me trair


com a Pipper!

Daniel ficou parado, me olhando, avaliando.


Seus olhos desviaram dos meus e eu soube que ele
sabia disso.

— Tchau, Daniel.
Me virei, entrei no elevador e fui embora,
deixando tudo para trás. Inclusive meu coração.

Assim que pisei dentro do apartamento do


Brandon, eu soube que ele não estava sozinho. Por
isso, dei a volta e fui para o da Willow. Ela não
estava e eu estranhei, já que a deixei aqui
momentos atrás, mas ignorei isso.

Fui para o meu antigo quarto e me deitei,


puxando o travesseiro. Dava para associar o meu
Devon ao de hoje? Eu não conseguia. Ele dizia me
amar tanto, por Deus, eu tive certeza de que ele me
amava tantas vezes. O que mudou?

Eu custava a acreditar que ele havia me


traído, queria muito crer que tinha uma explicação,
mas não existia, certo? A dor era minha única
certeza. A dor que ele me causou.

Não gostei da Pipper assim que a vi, mas


jamais imaginei que algo assim aconteceria. Nunca.
Eu confiava em Devon, mais que em mim mesma, e
no final recebi traição. Esse era o preço que se
pagava por ser idiota.

Nunca mais você vai me ter, Devon Chanse.


Nunca.

Coloquei minha palma sobre meu ventre


inchado e solucei. Oh, bebê, seu pai me
despedaçou, mas nós vamos colar esses caquinhos.
Eu prometo.

A porta bateu e eu me sentei. Os passos


chegaram à minha porta e eu respirei fundo. Eu
sabia que não era Devon, mas meu coração era
irracional.

— O que... — Willow parou de falar quando


me olhou.

Pelo espelho, eu conseguia ver o que ela


estava olhando. Nariz vermelho, olhos inchados e
cheios de lágrimas. Desesperada, destruída,
magoada.

— Ele me traiu, Low, e eu não sei como vou


sobreviver a essa dor.

Minha melhor amiga correu até mim e eu me


joguei em seus braços, soluçando.

— Por que ele fez isso? Por quê, Low?


Willow me ouviu explicar tudo que houve. Ela
dormiu ao meu lado e eu agradeci demais por estar
comigo. Precisava dela mais que tudo. Na manhã
seguinte, Brandon apareceu.

— Eu vou matá-lo — meu irmão grunhiu e eu


sorri, mexendo nos ovos com bacon que Willow
preparou. Ela havia acertado, não sabia como.

— Não, não vai. Eu vou ficar bem. —


Respirei fundo e o encarei. — Eu estou grávida,
aliás. Então, não quero que meu filho cresça sem o
pai dele.

Brandon respirou fundo, nem um pouco


surpreso, então semicerrei os olhos.

— Você sabia?

— A loira tatuada deixou escapar. — Ele fez


uma careta e a minha melhor amiga o encarou.

— Você podia ter feito uma cara melhor,


sabe. Idiota.

— Eu não minto para as pessoas como você


— Brandon rosnou, sorrindo. Nossa.

— Quer falar mais sobre isso? Você estava


transando com ele ontem à noite? — perguntei,
direta.
Willow franziu as sobrancelhas. Quando
olhamos para Brandon, ele estava revirando os
olhos.

— Não era ela. Obrigado por explanar minha


vida sexual, Ren. — Brand se ergueu e pegou suas
chaves.

— Nossa, já vai procurar mais uma


vagabunda para colocar na sua cama podre?

Eu me virei, chocada ao ouvir Willow.

— Sim, porque a que eu quero está muito


indecisa sobre o pau que quer. Nossa, agora tem
uma boceta na equação — Brandon gritou de volta,
enquanto eu desejava ter um buraco para me enfiar.

— Você é tão ciumento em relação ao Daniel.


Deveríamos formar um trisal. Seria épico.
— No dia que eu me sentar e ver você foder
outro pau além do meu, corte a minha cabeça. —
Seu grito fez Willow ficar em silêncio. — É isso que
você quer, certo? — Ele riu, negando. — Vá brincar
com o médico, Willow. Eu vou brincar com minhas
vagabundas.

Ele sumiu pela sala antes de ouvirmos a


porta bater. Nossa, muito drama.

— Então, ele está certo? Você quer os dois?


— Olhei para Willow.

— É óbvio que eu quero. — Ela deu de


ombros. — Já olhou para os dois? — Low revirou os
olhos. — Mas Daniel é muito para lidar, e seu irmão,
nossa, ele chega a ser uma novela mexicana.

Eu sorri e Willow me encarou.


— Eu me sinto atraída pelos dois. Mas
Brandon... eu não sei.

Respirei fundo e peguei sua mão.

— Eu sou team Brandon. Vai, irmãozinho! —


murmurei, sorrindo, fazendo Low rir.

— Tinha alguém lá mesmo?

Droga.

— Não sei. Ouvi barulho e vozes abafadas,


mas não sei se era uma garota.

Willow mordeu a unha e acenou.

— Problema dele. Aliás, eu vou sair com


aquela garota hoje.

Hoje?

— Hum, não, vou desmarcar. Não quero


deixar você sozinha.
— De jeito nenhum. Vá conhecer essa garota
melhor, e se ela for legal, você pode convidá-la para
a suruba com Daniel e Brandon — murmurei,
batendo meus cílios.

— Nunca. — Willow me empurrou. —


Palavras do Brandon, corte minha cabeça se eu vir
alguém sobre o pau dele.

— Eca! Isso não é legal.

— Para isso que servem as amigas. — Ela


mandou beijos e foi lavar a louça.

Willow precisava ir trabalhar, por isso que


quando saiu, eu não me opus. Sentei-me diante da
com o monitor fetal e tentei ouvir os batimentos
da Brooklyn.

Ou do Damon.
— Oi, mamãe. — Toquei devagar meu ventre
e em segundos consegui ouvir seus batimentos.
Estava baixo, mas aprendi com Devon que era só
mudar de posição até achar uma boa.

Achei uma com o som limpo, então encostei


minha cabeça no sofá. Deslizei meus dedos pela
minha pele e suspirei. Eu não sabia o que fazer, mas
tinha certeza de que ficar em Solwe não era mais
uma opção. Precisava de tempo, de distância de
tudo. Por mim e pelo bebê.

Por isso, me ergui e comecei a me mexer.


Tranquei minha faculdade, liguei para o San Jose e
avisei que estava me desligando. Peguei uma
mochila, coloquei peças de roupas da Willow e
peguei minha bolsa.
Me virei, olhando para o apartamento e
respirei fundo. Tudo ia ficar bem. Eu voltaria antes
do bebê nascer. Escrevi uma nota para Willow e
Brandon, optando por não contar para onde ia.

Eu sabia que Devon tentaria entrar em


contato, então deixei um aviso sobre isso também.
Ele tinha direitos e eu nunca faria nada para tirar
isso dele. Eu o manteria informado sobre tudo.

Eu estava magoada e muito triste, mas sabia


até onde eu podia ir. Sabia que mesmo com a
traição, Devon seria uma parte importante para o
resto da minha vida.
Minha cabeça estava em branco. Parecia que
tinha alguma coisa me mantendo longe da realidade.
Minha cabeça doía, meus olhos não respondiam aos
meus comandos de abrir. O que diabos havia
acontecido?

Eu me lembrava de ir trabalhar... e só. Havia


tantos papéis na minha mesa. Peyton me auxiliou
em todos, mas minha mente parava aí.

— Ele está acordando. — A voz da minha


irmã ecoou.

Em segundos, abri minhas pálpebras e levei


minha mão à cabeça. Minha boca estava seca e eu
queria engolir água o máximo que conseguisse.
Olhei para o quarto e suspirei. Uma dor fina pinicou
minha coluna.
— Ei, calma. — Camille sorriu, tocando meu
braço. Daniel me ofereceu água, que eu aceitei de
bom grado. — Você está se sentindo bem?

— Minha cabeça está explodindo —


murmurei, respirando fundo.

— Você foi drogado — Dan resmungou.

Eu o encarei. O quê?

— Como? — Olhei ao redor e suspirei. —


Cadê a Ren? — perguntei, apreensivo. Ela deveria
estar preocupada e isso não era bom para o bebê.
— Diz a ela que estou bem, para não se preocupar.

Daniel respirou fundo.

— Você se lembra de alguma coisa? —


perguntou, parecendo aflito.
— Não, cara, cadê minha esposa? — Elevei
a voz, irritado.

Ren estava em um momento delicado.


Sempre pensando que ia perder o bebê. Não queria
que ela se preocupasse.

— Cara, a Ren foi embora e pediu o divórcio.

Meu peito parou de bater e eu abri a boca,


então voltei a fechá-la e depois murmurei, sem
forças, apenas um “quê”.

— Ela pegou você e a Pipper na cama,


Devon — Camille falou, completamente séria.

— Não... eu nunca...

“— Você sabe o que acabou de fazer? — A


voz dela tremeu. — Tem consciência de que você
acabou comigo? Com nossa família?”
Não. Por favor, não.

— Onde ela está? — perguntei, puxando meu


acesso e empurrando os soros. Grunhi, jogando as
cobertas para o lado. — Onde está a minha esposa?
— gritei ao ver que ninguém se mexeu.

— Não sabemos.

Eu me vesti e corri para fora do quarto. Eu


sabia onde ela estava.

Minha irmã me seguiu e, em segundos, eu


estava dentro do seu carro, dirigindo para a casa da
Willow.

— Você não se lembra de nada? Pipper


estava na casa de vocês. Na cama de vocês.

— Eu não me lembro de nada. Nada. Mas eu


nunca, nunca tocaria em outra mulher. — Lágrimas
encheram meus olhos e meu coração latejou. — Ela
me deixou.

— Você precisa se concentrar, Devon.


Precisa se lembrar.

Eu estava tentando, mas não conseguia. Só


me lembrava da Peyton na minha sala, trabalhando.
Nós almoçamos juntos e depois tudo ficou escuro.

— Eu só me lembro de almoçar com a


Peyton. O resto está apagado.

Camille acenou e eu estacionei o carro. Subi


com Camille, e quando cheguei ao apartamento, bati
gritando por Serenity. Depois de algum tempo, a
porta foi aberta.

— Onde ela está? — Entrei no local,


passando por Willow.
— Saia agora! — ela gritou atrás de mim,
mas eu a ignorei. Fui aos quartos, banheiros e
closets. Olhei em todos os lugares, até ter certeza de
que ela não estava ali. — Seu idiota. Você a trai e
ainda age como se ela fosse importante!

— Ela é minha vida!

Willow riu e balançou a cabeça.

— Que amor você tem pela sua vida.

— Willow, onde ela está? Eu não a traí,


jamais faria isso — rosnei, desesperado, enquanto a
melhor amiga da minha esposa negava. — Ela está
grávida. Por Deus, ela não pode sumir assim.

— Ela não está aqui. Eu não sei para onde


ela foi, e se soubesse, não contaria. A única coisa
que ela deixou foi um bilhete — ela falou, apontando
para a mesa, então corri até ela.
Agarrei o papel nas mãos e reconheci sua
letra.

Ei, dinda, eu estou bem. Na verdade, eu vou


ficar bem. Estou indo, porque por mais que eu tente,
sei que não vou me curar se sempre cruzar com
Devon. Vou cuidar do nosso filho. Quero que diga a
ele que sempre mandarei notícias. Não quero afastá-
lo do bebê, preciso apenas de espaço.

Cuide do Brandon por mim. Logo mandarei


cartas.

Eu amo você,

Ren.

Fechei meus olhos, tremendo. Ela havia


realmente me deixado. Minha Ren, minha garotinha,
minha esposa, minha. Ela me deixou. E eu não fiz
nada. Nada! Eu não me lembrava de nada, mas
sabia que jamais a magoaria dessa forma.

— Eu não a traí, Willow. — Encarei a sua


melhor amiga, com lágrimas nos olhos. — Eu nunca
faria isso com ela. Eu a amo. Não sei o que houve,
não me lembro de nada. Se ela te falou, por favor,
me diz.

Willow desviou os olhos e Camille se


aproximou dela.

— Willow, por favor.

— Ela me deixou em casa depois que


comemos, então foi embora. Quando chegou ao
apartamento, você estava bêbado, no sofá, com a
calça aberta, malvestida. Ela ouviu um barulho no
quarto e quando chegou, Pipper estava lá. Nua. Na
cama de vocês. Pipper disse que não tinham a
intenção de magoá-la. Ren se despedaçou, Devon.
Eu não acho que você a recupera. Ela não vai
acreditar que não se lembra.

— Eu fiz exames que comprovam que fui


drogado. Foi Pipper.

Willow respirou fundo e cruzou os braços.

— Eu vou provar isso e vou buscá-la. Diga a


ela que não adianta se esconder, eu a encontrarei.
Nem que eu passe todas as horas do meu dia
vagando de cidade em cidade.

Me virei e saí da sua casa, sabendo muito


bem o meu próximo destino.

— Ei, dr. Chanse. — Pipper sorriu atrás da


sua mesa.
— O que você fez comigo? — Me aproximei,
cautelosamente. Meus ombros estavam rígidos e
meus punhos fechados. — O que fez? — gritei.

Pipper arregalou os olhos.

— Eu? Não fiz nada. Você não se lembra? —


Sua voz suave era como uma britadeira atacando
meus ouvidos.

— Você me drogou, sua vagabunda. Como


eu posso me lembrar?

Pipper abriu a boca, balançando a cabeça.

— Você me pediu ajuda para ir para casa


depois de beber um pouco no happy hour. Eu te
levei e você me beijou. Uma coisa levou a outra. —
Ela corou, parecendo reviver o momento.

— Não minta! — gritei, me aproximando e


segurando seus ombros. — Eu vou matar você.
— Eu juro que foi isso. — Ela começou a
chorar, então Camille me puxou.

A porta foi aberta e Daniel entrou. Ele jogou


um frasco na mesa e eu o peguei.

— Estava na bolsa da Peyton. — Ele se virou


para Pipper. — Você e ela estavam juntas nisso,
mas sua cabeça de bosta não tem motivos para isso.
Então, quem armou tudo?

Pipper arregalou os olhos mais uma vez e


engoliu em seco.

Camille pegou o celular dela e começou a


deslizar pelas mensagens. Pipper gritou, tentando
recuperar o celular, mas eu a empurrei e ela caiu na
cadeira.

— Ele me ofereceu dinheiro para tudo isso...


eu não tenho nada a ver. É meu trabalho, apenas...
— Ele? — Ergui a sobrancelha, furioso.

— Natan — Camille resmungou ao meu lado


e mostrou uma conversa da Pipper com nosso pai.
Minha irmã piscou rapidamente e balançou a
cabeça. — Por que eles nos odeiam tanto?

Natan. Meu próprio pai.

— Ele pediu que eu fingisse que tinha


comprado as ações, mas foi ele. — Pipper se
ergueu, me olhando com medo. — Eu só estava
trabalhando.

— Passa. Nós vamos sair — ordenei frio,


então Daniel a segurou.

Achei Peyton sentada do lado de fora, com


Andra. Ela já estava chorando.

— Você está demitida por justa causa. Eu


quero que tire sua sujeira do San Jose ainda hoje! —
gritei, sem parar de me mover.

Como Peyton foi capaz de me drogar? Por


dinheiro? Anos de trabalho e amizade jogados no
lixo. Eu não sabia porque ainda me surpreendia.

O mundo era sujo.


Eu entrei na mansão do meu pai carregando
Pipper. Ela estava chorando, esperneando, dizendo
que não tinha culpa, mas ela tinha. Ela havia
arruinado o meu casamento, afastado a única
pessoa que verdadeiramente amei. Pipper Jones era
culpada.

— O que está...

Minha mãe apareceu com seu cabelo loiro


impecável, e logo Natan apareceu. Eu empurrei
Pipper em sua direção, ela se desequilibrou e caiu
aos pés dele. Meu pai colocou as mãos para trás e
fez uma careta para a garota.

— Como diabos você é capaz disso? —


perguntei, rígido.

— Aquela garota vai ser sua ruína...

— Não, ela não, mas você sim. Você foi


minha ruína — eu o interrompi, com raiva pulsando
em minhas veias. — Eu amo aquela mulher. E ver
que ela me deixou me destruiu, mas é isso que você
sempre quis, certo? Me destruir até não restar nada
meu.

Meu pai assistiu ao meu desespero e nem


mesmo piscou. Era como se um inseto estivesse na
sua frente, zumbindo em seu ouvido. Chato,
insistente, mas insignificante.
— Saia da minha casa e leve essa prostituta
— minha mãe mandou. Eu a encarei, não surpreso.
— Eu preciso de paz e você e Camille adoram um
drama. Saiam.

Balancei a cabeça e respirei fundo.

— Caiana, você é a mãe do ano. — Camille


cuspiu nos pés dela e me puxou. — Deixe-os. Nunca
mais, Devon, vamos pisar aqui ou olhar para os dois.
É uma promessa.

Eu a deixei me levar, mas parei.

— As ações que comprou no nome de Pipper


serão minhas agora. Espero que esteja feliz comigo
sendo o dono do San Jose.

Pipper choramingou e minha mãe a fulminou.

— Saia agora.
Eu segui minha irmã e dei adeus para a parte
podre da família Chanse.

Quatro semanas depois

— Como você vai achá-la? — Camille


perguntou, sentada à minha frente.

Eu estava no hospital vinte e quatro horas por


dia, porque não conseguia ficar em casa. Sem Ren,
aquele apartamento era apenas um monte de
porcaria. Comprei nossa casa, estava apenas
esperando por ela. Mas minha garota não queria ser
encontrada.

Eu até fui a cidade da sua tia à sua procura,


mas ela não estava lá.
— Não sei mais. Já tentei de todas as
formas, mas Serenity é esperta.

Ela mandou duas cartas no tempo que estava


fora. Na última, ela dizia que nosso bebê mexeu pela
primeira vez. Eu queria ter estado ao seu lado.
Deveria poder compartilhar esse momento com ela.

— Vamos dar tempo a ela.

— Ela está longe há dias, Camille. — grunhi,


desesperado.

Minha irmã respirou fundo e tocou meus


ombros.

— Eu sei, mas Ren está magoada. Ela


precisa voltar por vontade própria.

A porta foi aberta e eu respirei fundo ao ver


Daniel.
— Eu já sei onde ela está.

Seis palavras e ele tinha toda a minha


atenção.

— Ela enviou uma carta para Willow. Eu a vi


sobre a mesa. Nela havia uma foto de Ren tomando
sorvete diante de uma sorveteria.

— Sim? — questionei, com pressa.

— Eu procurei a sorveteria. Tem cinco


espalhadas pelo mundo.

O.k., eu podia ir a cada uma delas. Não


importava.

— Eu vou viajar. — Suspirei, me erguendo.

Camille sorriu, acenando, enquanto Dan


socava o ar, com vitória.
O.k., garotinha, o esconde-esconde estava
acabando e eu ia te achar.

— Por favor, vamos dormir — choraminguei,


pedindo ao meu bebê, mas ele não me ouviu.

Desde que havia começado a se mexer,


semanas atrás, ele não parava quieto. Até estranhei,
porque eu procurei sobre isso e dizia que não era
comum o bebê mexer tanto. Eu havia feito cinco
meses há duas semanas. Estava longe de casa há
quase dois meses e não tinha um dia que eu não
tivesse vontade de voltar. Porém, acompanhada
dessa vontade de retornar, vinha a de voltar para
Devon, pedir que nunca mais me traísse, mas que
eu perdoaria dessa vez.

— Patética — resmunguei para mim mesma.

Olhei ao redor do quarto e suspirei. Eu havia


economizado muito durante o tempo que estive com
Devon. Então, sair de Solwe e viajar até Londres foi
fácil. O difícil era aguentar a saudade de casa.

Me obriguei a dormir, e quando acordei, o


bebê estava quieto. Fiz nosso café da manhã e parei
diante do espelho. Minha barriga estava bem
aparente. Como uma bola de futebol grande. Passei
a mão e meu filho acordou.

— Bom dia, dorminhoco.

O ar quente estava no máximo hoje, porque


havia uma chance de nevasca. Eu estava usando
um short curto e um top. Olhei pela janela, bebendo
meu café. Londres era linda, mas eu não havia feito
muito desde que cheguei. Apenas atravessei a rua
até uma sorveteria em um dia quente. Olhei para ela
e suspirei ao ver as pessoas a evitando. Estava
muito frio para um sorvete.

Eu queria ir passear, mas então me lembrava


dos meus pais. Foi aqui que foram tirados de mim.
Nesse país. E por mais contraditório que pudesse
parecer, foi esse o destino que veio à minha mente
assim que decidi sair de Solwe.

Me afastei da janela e fui para a cozinha.


Lavei a louça do dia anterior e peguei meu Kindle.
Meus dias eram preenchidos por livros. Apenas esse
mês havia lido doze, e queria fechar nos quinze.
Passei a manhã lendo, e quando deu fome,
troquei de roupa e peguei um casaco. Coloquei
minha touca, luvas e cachecol. Assim que saí do
prédio, puxei o tecido para cobrir minha boca. Estava
muito frio. Atravessei a rua e andei alguns metros.
Fiquei arrepiada em um determinado segundo e me
virei, com a sensação de que alguém me observava.
Respirei fundo e me virei para continuar.

Assim que cheguei ao restaurante, London


abriu a porta para mim. Ele era dono dali e sempre
sorria quando eu aparecia. Sua esposa era a
cozinheira e eu amava a comida dela.

— Ei, bom dia!

— Você deveria estar em casa. A nevasca vai


chegar em breve. — Sua preocupação era fofa.
— Eu só vim buscar meu almoço. Será
rápido.

Ele acenou e gritou por um dos garçons.


Sabrina sorriu e gritou um oi, que respondi. Um
garçom me entregou meu almoço e eu agradeci,
pagando logo em seguida.

— Obrigada! Se cuidem.

Me virei para sair e parei ao ver Devon do


outro lado da rua. Pisquei e um carro passou no
exato momento. Quando olhei novamente, Devon
havia sumido. Respirei fundo. Eu estava louca.
Resmunguei para mim mesma e saí do restaurante.
Fui para a casa com a sensação de estar sendo
observada.

Ignorei isso e entrei no prédio para fugir do


frio. Tirei toda a minha roupa e voltei para o pijama.
Me sentei diante da , e quando How I Met Your

Mother[i] começou, eu senti uma vontade louca de


chorar.

Devon não entendia porque eu assistia tanto,


ele dizia que era uma série ruim e sempre me olhava
enquanto estávamos na cama. Passei a mão pelo
rosto molhado, estremecendo. Idiota. Era uma série
boa.

Me assustei quando a campainha tocou,


então me ergui. Ninguém me visitava. Quem poderia
ser?

Olhei pelo olho mágico e vi uma senhorinha


parada. Suspirei e abri a porta, porém a senhorinha
havia sumido e em seu lugar estava Devon, meu
marido.

— O que...
— Ela me bateu com a bolsa. — Suas
palavras ecoaram.

— Como me encontrou? — Respirei fundo.

Devon semicerrou os olhos. Ele olhou cada


pedaço meu e eu percebi que estava frio. Entrei em
casa e deixei a porta aberta. Devon entrou, e eu a
fechei, me envolvendo no ar quente.

— Demorou mais do que eu achei que fosse


— ele resmungou, tirando a touca e abrindo o
casaco. — Você vai me escutar, Ren?

Ia? Ele estava ali e não adiantava mais fugir.

— Eu vi tudo. Se veio por mim, esqueça, mas


se veio por nosso filho, ótimo. Eu estou me
cuidando, ele está bem e saudável — falei, com
pressa, e andei até o sofá. Pausei a história do
Teddy.
— Eu vim por vocês dois. — Me virei, vendo-
o abrir e fechar a boca. — Eu nunca te traí, amor. Eu
juro. Nunca. Eu fui drogado aquele dia, estava tão
bêbado e drogado que nem me lembro de nada.

Claro. Revirei os olhos e cruzei meus braços.

— Ren, eu não minto. Eu amo você.

— Pare, por favor, pare de mentir — implorei,


relembrando aquele momento, o quanto foi difícil
superar, na verdade, ainda era.

— Não estou, garotinha...

— Não me chame assim! — gritei, furiosa. —


Você perdeu esse direito. Você me perdeu quando
dormiu com aquela vagabunda, então, Devon, pare.
Se quer falar sobre nosso bebê, vamos falar, mas
sobre nós... não há mais um nós.
Seu rosto caiu e ele desviou o olhar. Dr.
Chanse parecia perdido, completamente, e o meu
bobo coração doeu ao perceber isso.

— Peyton almoçou comigo, na sala, aquele


dia...

— Devon!

— ... ela colocou uma droga na minha


bebida. Saí do hospital e fui comemorar o
aniversário de alguém, era para ser rápido, apenas
passar.

— Pare.

— Pipper me levou para casa, tirou minha


blusa, tentou me beijar e levar para o quarto, mas
não fui. Então, ela subiu sozinha, tirou a roupa e se
deitou.
— E por que ela faria isso, Devon? — gritei,
rindo ironicamente.

— Porque meu pai pagou a ela. Pagou para


ela fingir ser a dona das ações quando foi ele quem
comprou. Pagou a ela para arruinar a minha vida
com você — Devon gritou, desesperado, com
lágrimas escorrendo de seus olhos. — Ele me odeia.
Ele me quer exatamente como estou agora.
Destruído, sem a única pessoa que eu quero para o
resto da minha vida. Infeliz, sem vida e sem alegria.
Sem você.

“Eu vou arruinar você.”

Fechei meus olhos ao me lembrar das


palavras de Natan, mas ele não seria tão baixo.
Seria? Meu peito apertou e eu levei minha mão ao
nariz, fungando. As lágrimas já haviam chegado, me
fazendo soluçar.

— Eu amo você, eu nunca faria algo para te


machucar. — Devon deu um passo em minha
direção. Ele segurou meu rosto e me olhou, aflito. —
Eu passei pelo inferno até chegar aqui. Até te
encontrar. E sinto muito pela dor que ele te fez
passar. Sinto muito pelos dias longe de você. Eu
odeio o que ele fez conosco.

Eu fechei meus olhos e levei as mãos ao


rosto, chorando tanto que meu corpo balançava.

— Eu pensei...

— Eu sei, garotinha. Eu sei. — Devon limpou


minhas lágrimas com os dedões. — Eu sou o único
culpado. Deveria ter te protegido deles.
— Eu sinto muito — choraminguei,
envolvendo meus braços em seu pescoço. Devon
me tirou do chão, tendo cuidado com nosso filho. —
Sinto muito, Dev.

— Apenas diga que me ama, Serenity. Que


nunca mais vai me deixar. Por favor, diga. — Sua
súplica doeu dentro de mim, eu fiz isso com ele. Fiz
ele temer que eu o abandonasse mais uma vez.

— Eu amo você. Eu amo você e nunca mais


sairei do seu lado, eu prometo.

Ele se aproximou e beijou meu queixo. Sua


boca seguiu para meu rosto, cada ponto recebendo
sua atenção, e quando chegou aos meus lábios, ele
me beijou como se cada pedaço de nós dois se
encaixassem. Segurei seu rosto, mordi seu lábio,
chupei e lhe dei minha língua, que Devon a chupou,
lambeu e mordiscou.

— Eu preciso de você, garotinha.

— Eu estou aqui, daddy.

Ele gemeu enquanto caminhávamos para a


minha cama. Era pequena para nós dois, mas Devon
conseguiu. Ele tirou meu top e depois meu short.
Quando fiquei nua, ele se inclinou e beijou minha
barriga.

— Oi, bebê. O papai chegou.

Sorri, tentando controlar minhas emoções.


Lágrimas encheram meus olhos, me dizendo que
não adiantava. Eu não controlava nada quando o
assunto era Devon Chanse.

O bebê se mexeu e Devon sorriu, fascinado.


O sexo foi esquecido, Devon continuou sua conversa
pedindo detalhes de como foram os dias separados.
Foram um martírio, mas o bebê não conseguiu
responder.
Ren adormeceu assim que parei de falar com
o bebê. Peguei seu almoço e guardei para quando
ela despertasse. Me deitei atrás dela e a puxei para
mim, tentando ficar tão próximo quanto eu podia.
Passei descalço pelo inferno nos últimos dias. Ficar
sem Serenity era tão solitário, que mesmo que
estivesse rodeado de pessoas, ainda me sentia
terrivelmente sozinho.

Eu estava há dias sem dormir bem, por isso


não me surpreendi quando acabei dormindo ao seu
lado.

Não sabia que horas tinha acordado, mas


senti uma mão fazendo carícias em minha cabeça.
Abri os olhos e sorri ao encontrar Serenity, com seu
almoço no colo.

— Obrigada por guardar. Você está com


fome? — Ela colocou a vasilha ao lado e subiu em
meu corpo.

Ah, baby, eu estava faminto.

— Não, eu comi — murmurei, optando por


esperar. Queria Serenity ao redor do meu pau, mas
em nossa casa. Não ali.

— O.k. — Ela sorriu e se esticou para pegar


um pacote de bala. Seu movimento deixou sua
boceta contra meu pau já duro. — Elas são tão
deliciosas. — Ren sorriu, pulando, feliz, enquanto eu
apertava meus dentes. — Oh, você está com dor?

Sim, no meu pau, que queria muito estar


dentro de você.

— Não, baby. Onde compra essas balas?


Vamos levar muitas — murmurei e sorri.

Ela acenou com força. Seus seios pularam e


eu fixei minha atenção ali. Sem sutiã, mamilos duros
contra o tecido.

— A duas quadras daqui. Preciso levar cinco


pacotes. São tão boas, você precisa provar. Tome.
— Ela se inclinou e eu perdi a cabeça.

— Coloque esse mamilo na minha boca.

Ren arregalou os olhos e eu acenei na


direção da blusa. Ela engoliu em seco e ergueu o
tecido apenas no seio direito. Ao ver a carne rosa,
meu pau quase gozou. Ele estava maior que da
última vez, as veias muito mais aparentes. Minha
garota se inclinou, segurando o seio e o
posicionando em meus lábios.

— Você precisa abrir a boca, daddy. — Ela


gemeu e eu abri devagar. Apertei minhas mãos em
suas coxas e Ren esfregou sua boceta em meu pau.
— Isso, aqui. — Rodopiei o mamilo e o abocanhei,
chupando. Ela revirou os olhos, ainda se esfregando
em mim. — Juro que estou mais excitada agora que
antes. Poucos toques me fazem gozar.

— Você se tocou, garotinha? Abriu sua


boceta rosa e enfiou os dedos lá no fundo? —
perguntei, lambendo o mamilo devagar.

— Sim, me toquei, mas não é tão bom como


é com você.
— Eu imagino que não, mas eu preciso ver
— resmunguei e me afastei. — Tire seu short, sente-
se e abra as coxas.

Ren respirou fundo e fez o que pedi. Assim


que abriu as coxas, eu gemi ao ver sua boceta
melada. Ela abriu os lábios com uma mão, e com a
outra, usou os dedos para deslizarem. Puxei sua
blusa do seio ainda coberto e o livrei. Toquei a ponta
e Ren estremeceu.

Abri minha calça e puxei meu pau para fora.


Serenity o encarou e engoliu em seco, lambendo os
lábios.

— Daddy.

— O quê, baby?

— Eu preciso de você.
Droga. Eu a ergui, coloquei em cima de uma
mesa pequena que tinha e abri suas coxas. Ren
guiou meu pau para sua boceta e me engoliu em
segundos. Minha garota se apoiou nas mãos e seus
seios se tornaram um banquete, que nem em um
milhão de anos eu recusaria.

— Quero fazer tanta coisa com você,


garotinha. — Gemi, apertando um mamilo e
lambendo o vale dos seus seios.

— Você quer me castigar.

Deus, eu amava como ela sabia tudo que se


passava em minha mente.

— Quero. Quero bater na sua boceta até ficar


mais vermelha do que é. Quero fazê-la engolir meu
pau e se engasgar com minha porra. — Fechei os
olhos, estocando fundo em sua boceta apertada.
— Daddy.

— Mas não posso. Seu corpo é o casulo do


nosso filho, e eu preciso amá-lo. Adorá-lo. Porque
você vai trazer meu filho ao mundo. Não há ninguém
no mundo que eu respeite mais que você.

Ren me olhou com amor em seus olhos


castanhos. Eu beijei seu rosto, seu pescoço, colo,
seios e mamilos. Chupei a carne dura e senti sua
boceta molhar ainda mais. Toquei sua barriga e
segurei sua cintura, fodendo mais forte, mais duro.

Ren gritou e eu me juntei a ela, gozando até


vazar da sua boceta.

— Perfeita. — Beijei seu ombro.

— Eu te amo. E o que falou é lindo.


Obrigada.
Eu a beijei longamente e a peguei da mesa.
Coloquei-a sobre a cama e, devagar, recomeçamos
a fazer amor. Sem pressa, apenas nos beijando e
fazendo juras de amor que cumpriríamos.

O voo foi desmarcado. Eu queria ir para casa,


levar Ren para a casa nova, mostrar cada detalhe,
mas isso teria que ficar para o dia seguinte. Então
ficamos na cama, juntos e assistindo à série.
Obviamente, Ren assistindo à besteirada do Mother,
e eu assistindo a cada detalhe dela quando sorria,
se mexia e falava.

— Está quente — ela murmurou, assoprando


a colher com sopa. Eu havia feito algo para a gente
jantar. A nevasca estava forte, o frio era congelante.
— O bebê mexe muito? — perguntei, curioso.
Eu não sabia mais nada sobre sua rotina, muito
menos sobre o nosso filho. Eu queria fazer parte
disso.

— Ele mexe mais a noite. Você vai ver. — Ela


sorriu, se iluminando. — Eu falo de você para ele —
Ren murmurou, sem jeito.

Eu ergui a sobrancelha.

— O que você fala?

— Que você é bonito, que quero que ele


nasça loiro como você, e que você é um homem
bom. Tem uma bondade que quero que ele tenha.

Me inclinei, emocionado, e beijei sua boca.


Serenity suspirou quando me afastei.

— Eu preciso contar a ele algumas coisas —


murmurei. Ela me deu um olhar questionador. —
Quando você dormir eu falo com ele.

— Ei! Eu te contei o que falei com ele — ela


resmungou, semicerrando os olhos.

— O.k. Depois do jantar.

Nós comemos juntos, e quando finalizamos,


Ren me deixou pôr a cabeça em seu colo. Beijei sua
barriga e a movimentação começou. Ren pegou seu
Kindle e eu coloquei minha palma sobre seu ventre.

— Oi, é o papai de novo. Eu vim te contar


algumas coisas. — Respirei fundo ao ver Ren focada
na leitura. — Eu conheci sua mãe há pouco tempo.
Ela é perfeita, sem dúvida alguma, a mulher mais
linda que já vi. Todas as vezes que a olho, eu me
pergunto como ela pode se interessar por mim. Ela é
jovem, gentil e caridosa. Ela é simpática e ama as
pessoas de uma maneira que eu invejo. Quando
você nascer e perceber meu amor por ela ao nos
observar, me vendo a admirar todos os dias, você
vai entender os motivos.

— Dev — Ren murmurou e eu olhei para ela.


As lágrimas desciam por suas bochechas.

— E ela é chorona. Nossa, ela chora por


tudo. Você vai ver — resmunguei, vendo a barriga
mexer contra minha mão. — E isso é uma das
coisas que amo nela.

— Você vai me fazer molhar o Kindle.

Eu sorri.

— É isso, bebê. Vá dormir. Nós amamos


você. — Beijei ali e me ergui, ficando ao lado dela,
puxando-a para meu peito. — Então, o que você
tanto lê nesse livro?
Suas bochechas coraram e eu semicerrei os
olhos.

— É... hum...

— É safadeza? — Arregalei os olhos e ela


acenou devagar. — Me conte mais.

— É sobre máfia.

— Como?

— Sim. Aqui a mocinha é uma princesa da


máfia italiana — ela começou a falar, toda
empolgada. — Ela vai se casar com o inimigo para
tentar selar a paz, mas o inimigo é o diabo. Ele é
possessivo, sádico e não confia nela. Mas ele toca

nela sempre e ela ama.[ii]

— Toca nela como? — Arqueei a sobrancelha


ao ver seu embaraço.
— Hum, ele tirou a virgindade dela e lambeu
o sangue dela. — Ren mordeu o lábio, com o colo,
topo dos seios e bochechas pegando fogo. — É uma
loucura, né?

— Nossa, amor, eu não sabia que você


queria que eu lambesse sua boceta depois que tirei
sua virgindade.

— Devon! — ela gritou, chocada e


envergonhada.

— O quê? Você gostou, não foi?

— No livro, Devon, pelo amor de Deus. E isso


foi no começo.

Ren fechou o Kindle e o colocou ao lado.

— Minha garotinha gosta de safadeza


literária? — perguntei, fazendo-a se deitar no sofá.
Ren gritou, me empurrando e eu ri.

Nós ficamos ali e fomos dormir assim que o


cansaço chegou. Eu não sabia que podia ser tão
feliz, mas lá estava eu, flutuando.

— Você precisa subir isso. — Peguei seu


cachecol e puxei o tecido, cobrindo sua boca e nariz.
Seus cílios estavam com gelo.

A nevasca havia acabado na madrugada,


então os voos voltaram.

Ren sorriu e beijou a minha boca com o pano


por cima.

— Vamos embora. Jesus, estou cansada de


frio. — Ela entrou no táxi e eu coloquei nossas malas
dentro.
Assim que chegamos, já subimos na
aeronave. Ren adormeceu quando nos sentamos e
só acordou ao chegarmos em Solwe. Eu a ajudei a
entrar no meu carro, que tinha deixado no aeroporto,
e comecei a dirigir.

— Amor — ela me chamou depois de alguns


minutos.

— Oi.

— Você passou da avenida para casa — Ren


resmungou, sorrindo.

— Nunca mais quero você naquele


apartamento. Não quero que reviva aquela merda.
— falei com seriedade. Ela ergueu as sobrancelhas,
surpresa. — Comprei nossa casa. Ainda precisamos
arrumar as coisas, mas logo você faz isso.
— Dev, não precisava, mas estou tão
aliviada. Sinto muito. — Sua voz baixa me fez pegar
sua mão.

— Não sinta. Já íamos comprar uma casa.


Está tudo bem.

Ren acenou e eu dirigi por mais alguns


minutos até entrar no condomínio. Estacionei o carro
em frente a nossa casa e saí, me encostando no
carro para olhar a fachada. Era enorme, branca e
com várias janelas de vidro.

— É tão... linda — Ren gritou, me abraçando.

— Vamos lá. — Beijei sua cabeça.

Eu a guiei para dentro e Serenity olhou cada


canto, anotando em seu celular o que faria naquele
lugar. Quando chegamos ao nosso quarto, ela
anotou rapidinho algumas coisas. Depois de alguns
minutos, ela tirou a roupa assim que avisei que gritei
do banheiro.

— A banheira está cheia — avisei.

Ela entrou no banheiro e me deu um beijo. Eu


a ajudei a entrar e massageei seus ombros
cansados. Ren me olhou, com os cílios molhados,
bochechas vermelhas, parecendo tão inocente.
Porra, eu a amava.

— Quantos filhos você quer ter? — perguntei,


de repente, e ela abriu a boca.

— Três? Dois garotos e uma garota. — Ren


apoiou seu queixo no ombro e sorriu. — E você?

— Cinco.

— Nossa, você é exagerado. — Ela riu,


balançando a cabeça.
— Você vai me dar três meninas e dois
meninos, Ren? — perguntei, beijando seu ombro.
Ela suspirou e eu afastei suas coxas. — Hum? Até
os cinquenta anos...

— Eu teria que ficar grávida todo ano. — Sua


voz falhou.

— É isso que eu quero.

Eu a imaginei em cada ano e meu pau


endureceu, apreciando a ideia.

— Eu vou trabalhar, estudar... — Ela gemeu


quando encontrei sua boceta.

— Vai sim, e pode me dar filhos.

— Humm... — Seus gemidos encheram o


banheiro. Parei de me mover e ela me encarou,
irritada. Ergui as sobrancelhas e Ren bufou. — O.k.
Eu deslizei os dedos para dentro dela e a
ouvi gemer. Entrei na banheira, abri suas coxas e
segurei seu peito, retirando-o da água. Fechei meus
lábios sobre ele e fodi minha esposa lentamente. Em
alguns segundos, ela gritou ao encontrar sua
libertação. Quando se recuperou, beijou meu
pescoço.

— Nós vamos ter três filhos até os cinquenta


e cinco anos. — Ela beijou meu peito e me empurrou
para trás, então se acomodou em meu colo, usando
meu pau para se sentar. — Não sou sua vaca
particular, então se contente com seus três filhos
saudáveis e sua esposa trabalhadora e gostosa.

— Eu acho que posso me contentar —


rosnei, segurando sua bunda, empurrando-a para
baixo. — Coloque esse mamilo doce em minha
boca.

Ren gemeu e me deu o seio, enquanto


rebolava em meu colo. Gemi, chupando e gozando
longamente dentro do seu canal apertado.

— Quatro, então? — murmurei, ainda de


olhos fechados.

Ela se ergueu e jogou água em mim. Eu ri e


ela também, saindo do banheiro.
Devon foi trabalhar na manhã seguinte à
nossa volta de Londres e Brandon veio me ver. Ele
trouxe café da manhã e provou uma das balas que
Devon disse para trazermos.

— É uma porcaria. — Ele fez uma careta.

— Você é uma porcaria, meu doce é


maravilhoso.

— A gravidez está deixando seu paladar


louco. — Brandon cuspiu no lixo e se sentou à ilha
da cozinha, olhando a casa. — Esse velho é
exagerado, viu.

— Não o chame assim — pedi, abrindo a


geladeira e pegando leite.

Me sentei com meu irmão e coloquei ovos


para nós dois.

— Como você está? — perguntei, vendo


seus olhos na comida.

— Eu vou viajar. — Suas palavras me fizeram


arregalar os olhos. — Sair com a banda que estou
tocando para fazer alguns shows.

Meu peito apertou e eu toquei seu braço.

— Eu volto logo. Verei seu filho nascer. — Ele


sorriu, tocando minha barriga. — Amo vocês, Ren.
Vocês dois são minha família.
— Nós também amamos você. — Sorri, com
lágrimas, e me aproximei para o abraçar. — Se essa
decisão tiver algo a ver com Will...

— Willow não é a minha garota, Ren. Talvez


seja do médico, mas minha não. — Ele tocou meu
nariz. — Cuide dela, tá?

— Cuidar de quem? — a própria gritou,


entrando na cozinha. Ela estava vindo passar o dia
comigo. — Hum? — Low encarou Brandon.

— De você — ele falou com firmeza.

Willow franziu as sobrancelhas e eu indiquei


a cadeira para ela se sentar.

— Por que ela precisaria cuidar de mim? E


por que você é quem está pedindo isso?

— Brandon vai viajar com a banda. Fazer


alguns shows. Vai ficar fora por um tempo.
Willow o encarou rigidamente, então
balançou a cabeça e desviou os olhos.

— Sua irmã vai ter um filho. Você acha que é


hora...

— Acho, Willow, eu acho. — Brand se


ergueu. — Amo você, Ren. Ligarei para você.

Eu acenei, me erguendo para o abraçar.


Cheirei seu perfume e meus olhos ficaram úmidos.
Sentiria sua falta. Que droga, não queria chorar.

— Você vai ficar bem. Você tem Devon e


Willow.

Eu acenei, compreendendo. Olhei para Low e


a vi encarando o prato na mesa.

— Você não vai me abraçar? — meu irmão


perguntou para a minha melhor amiga.
Willow ergueu os olhos e se levantou.
Quando parou na frente dele, ela ergueu o queixo.

— Não vou te abraçar, porque se eu o fizer,


nós sabemos que você não vai para lugar algum.

O olhar de Brandon dizia me abrace, então.

— Você merece ser feliz, Brand. Merece


muito.

Low se virou e saiu, deixando Brandon


respirando fundo.

— Eu vou cuidar dela, prometo — murmurei


para ele, que sorriu e beijou minha cabeça.

Assim que ele sumiu, Willow voltou. Seus


olhos e nariz estavam vermelhos.

— Não fale nada, por favor — ela implorou.


— Prove o doce que me viciei em Londres. —
Empurrei o pote em sua direção.

Willow colocou um na boca e cuspiu.

— Que porcaria é essa? Tem gosto de bosta.

— Você já comeu bosta, por acaso? —


perguntei, irritada.

Willow revirou os olhos.

— Só na vez que senti seu bafo perto da


minha boca.

— Putinha.

— Vaca.

Eu me ergui e parei ao seu lado, então nos


abraçamos e ficamos assim por um longo tempo.

— Ele volta logo.

— Namorando, aposto.
Willow se afastou e deu de ombros.

— Não ligo, vou focar em Daniel.

Eu semicerrei os olhos, irritada.

— Eu estou brincando. Nossa.

Nós passamos o dia juntas, e quando Devon


chegou, Willow já tinha ido embora. Devon avisou
que Camille viria jantar com Quentin, sem os
meninos. Então fiz nosso jantar, e quando estava
pronto, fomos tomar banho.

— Nossa, você está tão linda! — Camille


murmurou assim que a recebi na nossa sala.

— Ah, muito obrigada. — Sorri e ela olhou


para minha barriga. — Cresceu bastante nos últimos
dias.
— Sim. Nossa, eu posso tocar? — ela
perguntou, e eu acenei.

Camille tocou devagar, e eu sorri quando o


bebê mexeu.

— Você descobriu o sexo?

— Não, eu quero descobrir com Devon —


expliquei, dando um sorriso tenso.

Tive a oportunidade de descobrir em Londres,


mas parecia errado saber sem Devon. Então, decidi
descobrir só no parto. Agora, bem, agora eu queria
descobrir o quanto antes para decorar o quarto.

— Eu acho que é menina. — Quentin se


aproximou.

— E eu, menino.
— E você, amor? — Me virei para Devon,
que estava parado, de braços cruzados nos
observando.

— Um dos três meninos. A menina das duas


vem na próxima. — Suas palavras me fizeram revirar
os olhos e sua família rir.

— Você quer cinco filhos? — Camille riu e


Quentin a encarou. — Ele também queria, mas
depois da Sam, eu entendi que a maternidade é um
mal necessário. Só.

Nós rimos e Devon me encarou e deu de


ombros.

— Então, isso está incrível — Quentin


murmurou e eu agradeci. — Devon, Natan já
regularizou as ações.
Meu estômago gelou com a menção do nome
do meu sogro. Camille devia ter percebido, pois logo
mudou de assunto. Ela falou sobre a casa, os filhos
e seu trabalho.

— Então... — murmurei, entrando em meu


quarto depois que o casal de amigos foi embora. —
Agora você é o dono do hospital?

— Sim, ainda temos um conselho, mas o San


Jose é meu. — Ele tirou a blusa e chutou os
sapatos. Eu peguei tudo e guardei no seu devido
lugar. — O que quer fazer agora?

Eu queria apenas dormir ao lado dele. Isso


aliviaria todo medo que sentia do seu pai, mas
Devon merecia a verdade por trás disso.

— Dev, aquele dia que você chegou e eu


estava dormindo com olhos inchados... Seu pai
havia ido ao apartamento. Eu cheguei e ele estava
em seu escritório, revirando uma gaveta. — Comecei
e Devon me olhou cauteloso. — Ele disse que me
arruinaria. Que eu não era digna do nome Chanse,
que era contra o nosso casamento. — Minha
respiração acelerou ao reviver aquilo.

— Serenity...

— Eu quis te contar, mas seu relacionamento


com ele já era ruim. Me desculpa, eu deveria ter dito,
talvez teria evitado tudo isso. Porém, aquilo ficou em
minha cabeça durante aquela semana, e no dia do
nosso casamento, descobri a gravidez. Estava feliz,
mas, novamente, o fato de você ter dinheiro foi
abordado e eu me senti tão medrosa. Estava com
medo de ser julgada por todos, que me chamassem
de interesseira. Eu queria me casar, quis desde o
segundo que me pediu, mas ali, impulsionada pelo
medo, eu desejei esperar um pouco.

— Quem falou algo do tipo quando descobriu


a gravidez?

— Não importa...

— Fale. — Sua ordem cortou minha voz,


então ele se aproximou, lento e furioso.

— Foi minha tia. Ela achou que eu tivesse te


dado um golpe — murmurei, ainda sentindo a dor
daquilo. — Eu expliquei tudo...

— Você não precisava! — ele berrou, rígido.


— Você não tem que se explicar para ninguém. Eu
acredito em você, no seu amor, no nosso bebê
inesperado. Os outros não importam.

Eu sabia que ele estava certo, mas mesmo


assim, doía quando te acusavam de algo que não
era.

— Não quero sua tia perto de você até você


se recuperar do parto. Não quero ninguém que tire
sua paz próximo o bastante para te machucar. Você
me ouviu? — Devon segurou meu rosto com ambas
as mãos e eu acenei.

— O.k., tudo bem. — Suspirei, acenando.

Ele limpou meu rosto molhado.

— Eu amo você, e nós somos uma família.


Nós três.

Eu o abracei e suspirei, feliz por tê-lo comigo.

No dia seguinte, Devon me levou até a dra.


Nicole. Depois da consulta, fomos para a ultra. Meus
dedos tremiam levemente e minha pele estava
gelada. Devon me beijou e segurou minha mão.
Decidimos saber o sexo do bebê e eu estava
ansiosa.

— O coração. — Nicole sorriu, parando uma


imagem. O som do nosso bebê ecoou e eu suspirei,
emocionada. — O bebê está saudável e bem ativo.
Vamos saber o sexo? — Acenei rápido e Devon
também. — O.k., sr. e sra. Chanse, vocês terão um
garoto, em breve.

Damon.

Eu olhei para Devon e ele sorriu,


emocionado, então limpou o canto dos olhos e me
abraçou. Eu chorei, segurando minha barriga.

— Nosso Damon.

— Sim, nosso Damon. — Acenei, enquanto


ele limpava minhas lágrimas.
Assim que pegamos as fotos da ultrassom,
liguei para Willow e Brandon. Ambos atenderam e eu
gritei que era um menino. Brand se emocionou,
dizendo que vinha para o parto, e Willow falou que
seria uma madrinha incrível.

— Amo vocês! — gritei, mandando beijos e


desligando em seguida.

— Camille está gritando que sempre acerta


os filhos das pessoas, e Quentin está só rindo e
balançando a cabeça. — Devon me abraçou e eu o
vi em uma chamada com Daniel.

O cabelo loiro passando por trás dele me fez


parar de sorrir. Era Low.

— Willow está com você — afirmei.

Ele ficou rígido.


— Eu... preciso desligar. Parabéns para
vocês dois.

Daniel desligou e eu semicerrei os olhos. Que


vaca mentirosa.

— O que houve? Willow e Daniel era uma


bomba prestes a acontecer.

— Sério? — Franzi a testa. — Sempre foi


Brandon.

— Sim, com ele também. — Devon suspirou.


— Dan é um cara legal, e Brandon nem está aqui.

Não importava. Meu celular começou a


tremer e eu vi o nome da minha melhor amiga.
Ignorei a chamada e o guardei dentro da bolsa.

— Vamos — chamei, indo para o carro.


Assim que cheguei à nossa casa, Brandon
ligou me perguntando por que eu não estava
atendendo Willow. Nossa, sério que ela foi falar com
ele? Logo com ele?

— Eu perguntei se ela ia ficar com Daniel e


ela disse que não. E quando estávamos
conversando, ela estava na casa dele — respondi,
irritada, enquanto Devon tomava banho para ir
trabalhar.

— Atenda a sua amiga. Não tome as dores


por mim. Willow é adulta. — Brandon suspirou. —
Obrigado, de qualquer forma. Você é uma leoa.

Sim, eu era.

Desliguei a chamada e atendi Willow. Ela


suspirou assim que viu que atendi.
— Eu não estou com o Daniel. Nós somos
amigos. — Sua voz baixou e eu sabia que estava
mentindo, mas não importava. Como meu irmão
falou, ela era adulta.

— Eu gosto de você pra caralho, mas nunca


mais abra a boca para mentir. Eu detesto mentiras.
Você é adulta, fica com quem quiser, só não minta
na minha cara.

— Eu gosto do seu irmão, sabe disso...

— Eu não sei, Willow. Eu gosto do Devon,


então estou com ele. Você não gosta do Brandon e
nem do Daniel. Foque em você, depois você tenta se
relacionar com alguém.

Quando ela suspirou, eu olhei pela janela.

— Como meu irmão acabou de falar, você é


adulta. Só quero que seja feliz.
— Não é fácil se apaixonar e ficar com essa
pessoa, Ren. Para algumas pessoas é difícil.

— Sim, mas não é seu caso. É fácil, mas


você dificulta. — Suspirei. — Eu te amo, e se quer
ficar com Dan, eu não vou me opor, aliás, quem sou
eu, mas não minta mais, o.k.?

— Tá bom. Eu te amo, Ren.

Eu desliguei e suspirei, massageando minha


cabeça.

Devon me levou para jantar fora duas


semanas depois. Eu sorri ao ver seu prato preferido
no cardápio, aquele mesmo que tive uma crise
alérgica. Ele pediu outro. Como havia dito, tudo com
abacaxi estava a metros de distância de mim.
— Você quer uma massa? — ele perguntou
enquanto eu demorava na escolha.

— Quero o mesmo que você. — Baixei o


cardápio.

Ele sorriu, relaxado na cadeira.

O garçom se retirou e eu senti os dedos de


Devon envolverem os meus.

— Você tem noção do quanto está linda?

Minhas bochechas coraram. Eu estava com


um vestido branco e brilhoso e colado. Minha barriga
estava visível, e o decote era redondo com alças
finas.

— Obrigada, você está perfeito também —


falei com seriedade ao ver sua blusa de botões e
uma calça jeans.
Nós falamos de como o quarto do Damon
ficaria lindo e que faltavam alguns meses até o
vermos. Devon desenhou círculos em minha palma e
nós comemos, sorrindo e comentando sobre a
música do restaurante.

Meu marido me levou para perto do mar


assim que acabamos. Nós andamos e paramos para
ver a lua beijando o oceano.

— Eu vim a essa praia dois meses antes de


te conhecer. Era aniversário do Quentin, e eu lembro
que havia um casal recém-casado e a esposa estava
grávida. De um jeito bobo, eu desejei aquilo. Mas foi
fugaz, logo balancei a cabeça e falei que estava
louco.

Eu sorri e ele beijou meu ombro.


— Eu não estava, Serenity. Eu queria aquilo e
você tornou real. Você e Damon são meu sonho
materializado, então, obrigado.

— Oh, Devon...

— Você é minha vida, garotinha.

E ele era a minha.

A vida mais perfeita que eu poderia sonhar.


— Eu estou bem — murmurei no celular pela
terceira vez, enquanto Devon resmungava sobre não
ser hora de eu estar na faculdade.

Eu estava com mais de nove meses de


gravidez. Depois de voltar de Londres, eu decidi ir ao
campus normalmente. Sempre havia olhares em
minha direção, mas eu estava tão feliz que nem
ligava para isso.

Porém, eu estava a uma semana da data


prevista para o meu parto, então vim assinar os
papéis da minha licença-maternidade. Eu estava
bem, apenas senti dores pequenas naquela manhã,
mas já tinham passado.

— Você deveria estar em casa, com a Sisi.


Ela disse que fez um curso de massagem
especialmente para suas dores nas costas.

Sisi era perfeita. Devon e eu a amávamos,


então a levamos para a nossa casa. Ela me mimava
tanto quanto Devon.

— Ela me contou. Assim que eu chegar à


nossa casa, farei isso.

— Onde você está?

Olhei ao redor enquanto saía do prédio de


administração da faculdade. Estava quase vazio,
porque era hora de aula.
— Estou saindo da administra... Oh meu
Deus! — gritei assim que senti um líquido quente
descer pelas minhas pernas, molhando a calça que
eu usava.

— O que foi? — ele gritou antes de eu ouvir


uma porta batendo ao fundo.

— Minha bolsa estourou. — Respirei fundo,


dando um passo para fora da poça de água. — Não
pire. Eu posso chamar um Uber e vou chegar... —
Parei de falar quando olhei para a frente.

Devon pisou duro em minha direção, com


fogo brilhando em seus olhos protetores. Suspirei,
sentindo calma e uma sensação que eu sempre
sentia quando estava perto do meu marido. Ele era
meu lar, meu refúgio. Devon Chanse me fazia sentir
tão protegida quanto um carro-forte.
— Nós sabemos o que vai acontecer hoje,
hum? — Ele parou diante de mim e segurou meu
rosto.

— Sim, sabemos. — Acenei, com a garganta


fechada pela emoção.

— Damon vai chegar e vai mudar a nossa


vida para sempre.

Toquei seu rosto e lágrimas grossas


deslizaram pelas minhas bochechas.

— Eu não vejo a hora.

Devon me beijou e depois me guiou até seu


carro. As cólicas que senti pela manhã voltaram
devagarinho, e quando chegamos ao hospital, eu já
estava as sentindo bem mais fortes.

— A dra. Nicole chegou — Devon resmungou


quando vi minha médica sorrindo largamente.
Devon ofereceu a ela um emprego no San
Jose, pois eu não queria outra pessoa no meu parto.
Ela me acompanhou todo esse tempo e eu a queria.
Nicole não poderia ir ao hospital fazer meu parto,
havia contratos e etecetera, mas Devon insistiu no
cargo e ela aceitou.

— Pronta para conhecer o homem da sua


vida?

Nunca estive mais pronta.

Devon me levou na cadeira de rodas para


meu quarto, eu sorria cada vez que ele me olhava.

— As dores estão aumentando? — Dev


perguntou, colocando a mão em meu cabelo,
tirando-o da minha testa.

— Sim.
— Podemos dar sua injeção — Nicole
murmurou, esperando por minha decisão.

— Eu aguento mais.

E eu aguentei. Duas horas depois, Nicole me


deu a anestesia, e mais duas horas depois, minha
dilatação estava completa.

Quando Devon segurou minha mão,


completamente tenso, eu beijei seu pescoço. Ele me
encarou com uma paixão que nem em um milhão de
anos eu conseguiria compreender.

— Ele está vindo. Mais uma vez, Ren. Você


consegue. Está indo tão bem... — Nicole murmurou,
eufórica, então coloquei mais força.

Assim que o choro agudo e forte ecoou, eu


desabei contra a cama. Meu peito batia de forma
incontrolável e meus olhos tinham lágrimas. Nicole
trouxe Damon para mim e o colocou sobre meu
peito. Seu cabelo era loiro, como o de Devon. Ele
tinha minha boca, mas o nariz do pai. Ele abriu os
olhos, e quando vi o azul-escuro, meu queixo
tremeu.

— Os olhos da minha mãe — falei para


Devon e ele beijou minha cabeça. — Ele tem os
olhos dela e o nome dele. — Solucei, meu peito
balançando enquanto Damon se acalmava. — Eu te
amo, Damon. Meus pais amariam você.

Devon beijou minha cabeça e tocou nosso


filho. O tipo de amor que eu via em seus olhos ao
me olhar era nada comparado a como ele olhou para
nosso menino. Devoção nítida.

— Bem-vindo, Damon. Sua mãe é a mulher


mais forte que você vai conhecer.
Eu sorri e beijei meu bebê. Nicole me ajudou
a colocá-lo em meu seio e eu suspirei quando ele
sugou. Forte, lindo e completamente meu. Devon
ficou ao nosso lado a todo segundo, admirando nós
dois. E eu, enfeitiçada pela minha família.

Uma hora depois eu estava no quarto, de


banho tomado com Damon mamando. Ele estava
lindo, usando um conjunto azul serenity. Toquei seu
rosto e ele agarrou meu dedo.

— O titio chegou. — Brandon apareceu,


carregando um enfeite com balões. Neles havia o
nome do Damon.

— Jesus, nem parindo você fica feia? —


Willow apareceu atrás dele e correu para mim.
Brandon segurou Damon assim que o
coloquei para arrotar. Ele piscou e me encarou,
depois olhou o sobrinho e fez isso mais duas vezes.

— Os olhos da mamãe... — Sua voz falhou e


ele se virou, limpando o rosto.

— Vem cá — chamei meu irmão e ele se


aproximou. — Ela teria muito orgulho de você. Eu te
amo, eles te amavam tanto.

Brandon acenou e eu o abracei, sentindo


todo o sentimento que eu disse. Eu o amava.

— Eu posso pegar meu afilhado? — Willow


pediu e Brandon acenou.

Ele colocou Damon nos braços dela e os dois


ficaram se encarando por alguns segundos. Nem
perceberam, eu achava.
Brandon se afastou e Willow olhou para
Damon.

— Ele vai ter uma legião de garotas aos seus


pés. Sortudo — minha melhor amiga resmungou e
eu sorri.

— Cadê o Devon? — Brand perguntou.

Eu abri a boca para falar, mas a porta se


abriu.

— Ei, família. — Daniel entrou, seguido por


meu marido. Eu sorri para ele. — Você está linda,
querida. Parabéns.

— Obrigada. Onde está a Nicole? —


perguntei, sorrindo.

Daniel e Nicole se conheceram em uma das


minhas consultas. Devon ficou preso em uma
viagem a trabalho, e em seu lugar, Dan foi me levar.
Eu nem sabia que estavam saindo até Devon deixar
escapar que Daniel estava na casa dela.

— Limpando seu sangue das mãos, talvez —


brincou, me fazendo revirar os olhos. — Ela está
vindo.

— Não vai conhecer seu afilhado? — Willow


perguntou, erguendo as sobrancelhas e se
aproximando do Daniel.

Ambos eram muito amigos. O lance do


romance não deu muito certo, pelo que pareceu.

— É claro. — Dan acenou para Brand e


pegou Damon. — Oh, cara, você vai estragar tantos
corações.

Quando Devon beijou minha têmpora, eu


ergui a cabeça para o olhar.
— Camille e a família Buscapé estão
chegando.

— Que bom. — Sorri e ele beijou meus


lábios.

Willow se aproximou, mexendo em meu


cabelo, enquanto Brandon se sentava e Daniel
parecia muito entretido com Damon. Eu suspirei,
feliz.

Assim que Camille chegou, se juntou a nós.


Ela começou a chorar ao olhar para Damon. Eu era
grata por isso, pelo seu amor. Damon não teria esse
amor dos avós, mas teria do resto da família.

Isso era o bastante.


NOVE MESES DEPOIS...

Havia algo em Cancún que eu nunca vi em


lugar algum. Era claro, límpido demais. Eu adorava
apenas olhar pela janela, apreciando a vista.

— Jesus, eu não sei como, mas a cada


amanhecer você fica mais gostosa — Devon gemeu
atrás de mim.

Estávamos na cama, era cedo e hoje era


nosso último dia de viagem. Damon estava com Sisi,
no outro quarto. Ele havia acordado há muito tempo.

— É tudo seu.

Devon me encarou e eu rastejei para fora da


cama. Ele me seguiu até a parede de vidro e eu
mordi meu lábio.

— Você quer foder para todos verem,


garotinha?
Meus seios ficaram pesados. Eles estavam
cheios de leite. Era quase a hora da mamada de
Damon.

— Sim, daddy. — Gemi, puxando minha


camisola.

Se isso poderia ser verdade, eu não sabia,


mas Serenity havia ficado ainda mais gostosa depois
da gravidez. Ela havia engordado, coxas grossas,
barriga fofinha e uma bunda que eu queria foder.
Porém, nada me deixava mais duro do que seus
seios cheios de leite. Porra, só de ver seus mamilos
rosa, eu queria colocar minha boca e sugar.
— Porra, você está tão lisa — resmunguei,
colocando minha palma, cobrindo sua boceta nua.

— Para não aparecer no biquíni, daddy

— Qual biquíni? — perguntei, rouco, abrindo


os lábios da sua boceta.

Encontrei seu mel doce lambuzando suas


dobras.

— O branco.

A porcaria fina. Ele era uma indecência.

— Vá vesti-lo.

Ren arregalou os olhos e eu dei um tapa em


sua boceta.

— Foi uma ordem, garotinha.

Ela não demorou muito. Quando voltou, seus


seios grandes mal eram cobertos pelo tecido. Seu
mamilo duro era visível e a calcinha estava toda em
sua bunda.

— Você acha que vai usar isso? Quer que


outros homens vejam o que é meu? — grunhi,
ciumento.

Ela mordeu o lábio.

— Apenas você toca.

Eu a puxei para a parede e a ergui. Ren


abraçou minha cintura com as pernas e eu vi o
tecido branco ficar úmido e transparente.

— Coloque seu mamilo em minha boca.

Ela lambeu os lábios e, delicadamente,


afastou o tecido. Ren ficou ereta e segurou o seio,
levando-o até meus lábios. Eu lambi sua carne e
depois abocanhei, sugando e sentindo o leite
esguichar.
Ren gemeu quando segurei sua bunda.
Afastei sua calcinha e ela guiou meu pau para sua
boceta apertada. Assim que estiquei fundo, ela olhou
para o teto, gritando. Eu a fodi com força e ela
respirou rápido. Soltei seu mamilo e observei o leite
pingar, fazendo um caminho para onde meu pau
comia sua boceta.

— Porra, garotinha.

Ela gritou mais uma vez, no clímax, então eu


a arranquei da parede e a desci, colocando-a de
joelhos e mãos na cama. Segurei seus quadris e
entrei novamente, Ren me engoliu, sugou e gemeu,
enquanto sua boceta me fodia. Com estocadas
longas, eu gozei dentro dela enquanto ela gozava
pela segunda vez.
Assim que nossas respirações se acalmaram,
eu me deitei ao seu lado, beijei seus mamilos e
suguei um. Ela riu, balançando a cabeça.

— Eu amo seu leite.

— Você é louco.

Duas horas depois, estávamos na praia


vendo Damon sentado e brincando.

— Ei, garoto — chamei, vendo seus olhos


azuis brilharem. Eram tão claros quanto o oceano.

— Papa — ele gritou, segurando meu rosto,


me fazendo sorrir.

Era como se sua mãozinha estivesse


segurando meu coração. Eu nunca amei tanto
alguém. Damon era tudo.
— Dá pra acreditar que ele é nosso? — Ren
perguntou ao se aproximar.

Ela estava com o biquíni branco. Minhas


demandas eram aceitas na cama, fora dela, Serenity
não dava a mínima. E essa era uma coisa, que por
mais irritante que fosse, me fazia amá-la mais.

— Então, quando vamos ter outro? —


perguntei, me erguendo com Damon.

Nós andamos até o mar e colocamos Damon


para molhar os pés.

— Quando Damon fizer dois anos — Ren


murmurou, sorrindo.

Eu acenei. Era um bom plano.

— Obrigada pela família que me deu,


garotinha. — Me ergui e segurei seu rosto enquanto
nosso filho estava em meus braços.
— Obrigada pelos mimos caros. — Ela riu,
brincando, então beijei sua boca. — Eu te amo mais
que tudo. Minto, Damon vem primeiro, mas você —
Ren me olhou com adoração — mudou a minha
vida. Me deu a sensação de pertencer a alguma
coisa. A minha família.

— Um dia, eu vou te dar tudo que sempre


quis. Cada maldita coisa.

— Você já me deu. Amor e felicidade. — Ren


beijou meu peito e me abraçou. — Oh, Devon
Chanse, eu não sabia que um jantar de Natal caótico
e uma alergia me traria até aqui. Se eu soubesse,
teria feito acontecer antes.

Ren sorriu para mim e meu mundo girou,


como em todas as vezes. Ela era perfeita demais.

— Ao abacaxi, garotinha.
— Ao abacaxi!

Nós rimos e nos beijamos.

FIM?
PARTE 2

7 ANOS DEPOIS...

— Eu tenho duas coisas para falar — resmunguei,


parada diante do quarto onde Damon e Brooklyn estavam. Eles
piscaram, querendo me enfeitiçar com os olhos azuis
brilhantes. — Arrumem essa brinquedoteca e desçam. Agora!

Ambos engoliram em seco e começaram a se mexer.


Damon tinha quase oito anos, e Brooklyn veio dois anos após
ele, então tinha seis. E eu nunca vi uma criança tão intensa.

Me virei e deixei os dois. Arrumei a bolsa no ombro e


encontrei Devon no quarto, com Antony. Ele tinha quatro anos
e foi nossa última gravidez.

— Estou indo. Por favor, coloque-os na cama antes das


dez — resmunguei, me aproximando.

Devon me olhou de cima a baixo.

Não importava se eu estava usando um conjunto do


San Jose ou o vestido mais caro de uma loja chique, Devon
Chanse sempre me comia com os olhos.

— Como você está?

Eu respirei fundo ao ouvir sua pergunta e toquei minha


barriga.

— Ainda não acredito que o universo fez complô com


você — grunhi, balançando a cabeça.

Eu decidi ter três filhos. Só. Mas acabei engravidando


sem querer, há quatro meses. Eu sei, eu sei, só engravida
quem quer, mas eu me atrapalhei com meus comprimidos e ali
estava eu, grávida mais uma vez. Só que, de alguma maneira,
o destino queria fazer o desejo de Devon se realizar e me
mandou dois.

Sim, uma gravidez gemelar.

— Eu estou bem. Ótima, na verdade. Eles nem estão


mexendo tanto hoje.

Devon franziu as sobrancelhas. Droga.

— Eles estão bem. Só dormindo. — Me inclinei e beijei


sua boca. — Vamos jantar.
Peguei Antony dos seus braços, mas Devon o tomou de
volta.

— Não tente me enganar. Seis meses e repouso


absoluto.

Bati continência e ele revirou os olhos, saindo do quarto


do Antony.

Nós nos sentamos à mesa e começamos a jantar.

— Eu quero ser jogador de futebol — Damon murmurou


enquanto mastigava.

— Eu serei bailarina. — Brooklyn sorriu e seus olhos


brilharam. Ela já fazia balé e realmente amava.

— Bombelo! — Antony gritou e eu beijei sua cabeça.

— Vocês são livres para fazerem suas escolhas. Papai


e mamãe sempre apoiarão vocês — Devon sorriu ao
murmurar, enquanto eu acenava.

Nós terminamos o jantar e eles foram brincar na sala de


jogos, com a Sisi. Devon me levou até o carro e beijou minha
boca, com fome e um desespero que eu era viciada.
— Eu te amo — resmunguei, tocando sua barba por
fazer. — Cuide do nosso jogador, da nossa bailarina e do
nosso pequeno bombeiro.

Devon riu e acenou.

— Vá ser a chefe de enfermagem mais gostosa do San


Jose.

Eu sorri e acenei.

— Tudo que você quiser, daddy.

Quando um brilho perigoso cruzou seu olhar, eu soube


que permaneceria nesse estacionamento por mais algum
tempo.

Um longo e delicioso tempo.

FIM!
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obrigada!
[i] How I Met Your Mother (Como Eu Conheci Sua Mãe) é uma sitcom
estadunidense da CBS, criada por Carter Bays e Craig Thomas. Estreou
no dia 19 de setembro de 2005 e a temporada 2013-14, sua nona edição, é a
última, encerrando-se em 31 de março de 2014, após 208 episódios.
[ii] O livro em questão é Honra Distorcida, também escrito pela autora Evilane
Oliveira.

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