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Licenciatura em Enfermagem

Estudo de Caso Clínico / Avaliação Familiar


Guia de elaboração
A metodologia do Estudo de Caso pretende ser facilitadora da aprendizagem, possibilitando a
utilização das experiências dos estudantes na prática clínica ou em situações de contexto teórico
com casos clínicos “simulados”. É um dos mais antigos métodos utilizados no ensino em
Enfermagem. Florence Nigtingale utilizava esta metodologia com os seus alunos, exigindo que
levassem um caderno para registar os casos mais interessantes, sobre os quais seriam
questionados à posteriori para avaliar o que tinham aprendido.

Trata-se de uma estratégia de ensino humanista e problematizadora, que contribui de forma


muito positiva para a formação do estudante, aumentando o conhecimento teórico-prático
referente aos Cuidados de Enfermagem. O Estudo de Caso surge, assim, como uma tentativa de
definição e sistematização dos Cuidados de Enfermagem, baseando as intervenções na análise
da História do Utente.

O objectivo do Estudo de Caso será desenvolver no estudante competências de pesquisa e de


análise de dados, utilizando a metodologia do Processo de Enfermagem.

O estudo de casos clínicos, também denominado de estudo de caso informais, aplicados na


assistência directa de enfermagem, tem como objectivo o estudo profundo dos problemas e
necessidades do Utente/Família e Comunidade, proporcionado subsídios para a enfermagem
estudar a melhor estratégia para solucionar ou reverter os problemas identificados. Esta
metodologia exige conhecimento não só das técnicas de enfermagem mas, também, sobre a
fisiopatologia das doenças, dos sintomas e factores sócio económicos envolvidos no Processo
Saúde – Doença.

A realização de um Estudo de Caso deve seguir as Normas de Elaboração do Trabalho Escrito


tendo em conta alguns aspectos:

o Introdução: A Introdução deve proporcionar ao leitor a informação necessária para


compreender de que assunto se trata, sem precisar de recorrer a outras fontes. Deve
contemplar os seguintes aspectos:

• Definir ou delimitar o assunto/tema


• Apresentar as razões que levaram à escolha do tema

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• Descrever de forma clara e sucinta a metodologia adoptada


• Apresentar a estrutura do trabalho, referindo os objectivos a alcançar

o Identificação do caso em estudo:

• Quê? (o que aconteceu, qual é o problema?)


• Quem? (quem é a Pessoa /Família / Comunidade envolvida)
• Como? (como, seguindo uma ordem cronológica)
• Porquê? (porque aconteceu?)

O sujeito da pesquisa – identificação do Utente/Família/Comunidade, tendo em conta os


princípios éticos destes estudos.

Esta fase é muito importante para o desenvolvimento do caso. Deve ser realizada a colheita de
dados, utilizando as várias fontes de informação (Utente, Família, Processo Clínico) e as
diferentes técnicas de recolha dessa informação (observação, palpação, entrevista, …), com o
objectivo de investigar com profundidade a Pessoa /Família /Comunidade – Histórico de
Enfermagem.

o A Avaliação Inicial deve ser elaborada segundo um dos instrumentos possíveis, salvo
indicação em contrário, são eles:

• Padrões de Resposta Humana


• Sistemas Corporais
• Padrões de Saúde Funcionais
• Estrutura familiar

o Resumo dos problemas/necessidades ou alterações identificadas – Após a avaliação inicial


do Utente /Família/Comunidade, deverá ser elaborada a história actual (resumo das notas de
evolução até ao momento) e referir as Actividades de Vida / Necessidades Humanas Básicas
q que se encontram alteradas, assim como a História Familiar (ecomapa e genograma)

o Moldura Conceptual: É fundamental a pesquisa bibliográfica sobre a anatomia, fisiologia e a


patologia, bem como, a saúde familiar, promoção de saúde e processo de resolução de
problemas na família, que permitirá ao estudante compreender em profundidade as
alterações ou os problemas identificados. Pretende-se responder como e porquê?

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o Plano de cuidados – Acções /Intervenções recomendadas

Tendo em conta as etapas do Processo de Enfermagem e após a análise e interpretação dos


dados recolhidos junto do Utente, familiares ou outros, deve ser elaborada a descrição das
necessidades / problemas (diagnósticos de enfermagem), dos resultados esperados
/prognósticos, das intervenções bem como as avaliações das mesmas (planeamento e
avaliação).

O Plano de Cuidados deverá ser realizado segundo um modelo teórico, considerado o mais
adequado para a situação (Modelo Teórico de Nancy Roper, Jean Watson, Lenniger, …),
utilizando como linguagem a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE).

Todas as opções deverão ser devidamente fundamentadas exigindo a consulta de bibliografia,


permitindo a relação entre conhecimentos já adquiridos e novos conhecimentos. O
Planeamento das Intervenções deve assegurar as necessidades do Utente e fundamentar-se
no conhecimento científico; os diagnósticos devem ser sustentados pelos dados; os resultados
esperados descrevem uma situação que diminua ou alivie o problema descrito no diagnóstico
de enfermagem; as acções de enfermagem devem estar ordenadas por uma sequência lógica,
segundo as prioridades. Após a aplicação na prática das intervenções programadas é
importante a avaliação das mesmas, assim como a evolução do Utente, permitindo ao
estudante a reflexão sobre o planeado e os resultados. O Plano de Cuidados é individualizado.

o Reflexão Final

Nesta fase do trabalho, o estudante deverá fazer uma análise dos resultados alcançados, tendo
em conta os objectivos definidos e os contributos do estudo realizado para o processo de
aprendizagem, sendo este ponderado de acordo com o estadio em que o estudante se
encontra.

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Referências Bibliográficas:

HANSON, Shirley M.H. Enfermagem de Cuidados de Saúde à Família: Teoria, Prática e


Investigação – 2ª edição, Loures: Lusociência, 2005

ESTRELA, E.; SOARES, M. A.; LEITÃO, M. J. Saber Escrever Uma Tese e Outros Textos – 5ª
edição, Lisboa: Publicações D. Quixote, 2006

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104
11691996000300009&script=sci_arttext&tlng=pt

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