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Doenças (Dor)

Psicossomáticas
Importante: o diagnóstico de doença psicossomática deverá sempre, ser
de exclusão.
Definição de doença psicossomática: desordem física do corpo,
originada ou agravada pela psiquê (tudo o que é formado pelos
fenômenos que ocorrem na mente humana) ou por processos
emocionas do indivíduo.

“Mens sana in corpore sano” (Décimo Júnio Juvenal, poeta romano, 50


DC.

“A estabilidade do organismo é essencial à vida.” Claude Bernard


(1813-1878), fisiologista francês.
As doenças psicossomáticas são causadas por problemas emocionais
do indivíduo e representam a ligação direta entre a saúde emocional e
a saúde física, ou seja, quando o sofrimento psicológico, de alguma
forma, acaba causando ou agravando uma doença física.

“Mais importante do que saber que doença tem esta pessoa, é saber
que pessoa tem esta doença”. Hipócrates (460-377 AC)
Conflitos sociais e/ou familiares

Conflitos pessoais

Disfunção do comportamento

Sintomas físicos
As doenças psicossomáticas não são conscientes e a confirmação do
diagnóstico não costume ser simples, principalmente por se tratar de
um diagnóstico de exclusão.
Nesse processo a pessoa costuma apresentar múltiplas queixas físicas,
em diferentes locais do corpo e que não são explicadas por nenhuma
doença ou alteração orgânica.
Algumas doenças psiquiátricas facilitam o desenvolvimento da
somatização como depressão, ansiedade e estresse e as situações que
geralmente estão associada ao seu desenvolvimento incluem
sobrecarga profissional, eventos traumáticos prévios (sejam na infância
ou vida adulta) e vítimas de violência psicológica, física ou sexual.
Os sintomas psicológicos mais frequentes incluem ansiedade,
irritabilidade, impaciência, tristeza, falta de interesse nas atividades
diárias e exaustão.
Sintomas físicos mais frequentes: dor e queimação no estômago
associado ou não a náuseas e vômitos, constipação e/ou diarreia, falta
de ar e/ou dor torácica, dores musculares, aumento da pressão arterial,
taquicardia, cefaleia, alteração da visão, prurido, ardência ou
formigamento com aparecimento ou não de lesões cutâneas, queda
excessiva de cabelo, insônia, disúria, mudanças da libido, dificuldade de
engravidar ou alterações do ciclo menstrual.
Sintomas físicos: 60% a 90% dos pacientes que procuram médicos nos
ambulatórios têm suas doenças devido ao stress físico e mental.
São pessoas que têm sintomas físicos como resultado de problemas
sociais e emocionais.
A média poderia ser 75%.
Herbert Benson, Harvard Univ.
O Código Internacional de Doenças (CID), em sua próxima versão,
define a dor crônica como uma condição de saúde em si e não algo que
necessita achar a causa, como por exemplo dor crônica generalizada
(síndrome fibromiálgica), cefaleia ou dor orofacial crônica primária, dor
visceral crônica primária e dor musculoesquelética crônica primária.
Quando relações sociais são ameaçadas, isto é percebido como uma
experiência dolorosa, ativando respostas de adaptação e de
sobrevivência diante desta situação.
A exclusão social é vivida como experiência de dor porque a rejeição é
processada emocionalmente pelo mesmo sistema que processa a dor
física. (Mac Donald, 2005)
Um estudo de neuroimagem examinou os correlatos neurais da
exclusão social e testou a hipótese de que as bases cerebrais da dor
social são similares àquelas da dor física. (Eisenberger, 2003)
Uma revisão de literatura por Philips e Gatchel (2000), mostrou que os
extrovertidos demonstram tanto alto limiar doloroso como alta
tolerância à dor.
Extrovertidos são mais propensos que os introvertidos a expressarem
sua dor.
Introvertidos tendem a menor expressão, mesmo quando a experiência
dolorosa está sendo percebida mais intensamente que em
extrovertidos.
A percepção da dor física pode ser subdividida em dois componentes
que dependem de diferentes substratos neurais:
1) componente sensorial que codifica os aspectos discriminatórios da
dor ( localização, intensidade, duração e caráter);
2) componente afetivo: que codifica a aplicabilidade emocional da
experiência dolorosa (angústia e sofrimento).
Responsável pela organização de estados e experiências emocionais e
de suas expressões somáticas, o sistema límbico possui grande
relevância em pacientes com dor crônica.
Sob uma perspectiva evolutiva, o sistema de alerta às ameaças sociais
apresenta evidências de ter sido atrelado ao da percepção da dor física,
sobretudo em seu componente afetivo, o qual inclui a ínsula anterior e
o córtex cingulado anterior em sua porção dorsal.
É possível definir o Sistema Límbico em duas palavras: emoção e
memória.
Giro do síngulo:depressão, ansiedade e agressividade.
Giro parahipocampal:muito relacionado com memória.
Hipotálamo: sede, fome, fúria, saciedade, tranquilidade, medo, auto
punição, impulso sexual.
Tálamo: sensibilidade, motricidade, comportamento emocional e
ativação do córtex cerebral.
Amígdala: significado emocional importante, memória, desejo sexual,
estímulos de recompensa, raiva.
Hipocampo: novas memórias, aprendizado e emoção.
Área septal: centro do prazer.
Sempre que sentimos alguma emoção, essa sensação chega ao
hipotálamo, que é a região do cérebro responsável por coordenar
diversas funções vegetativas, emocionais, comportamentais e
endócrinas do nosso corpo.
O hipotálamo regula as alterações da pressão arterial e frequência
cardíaca, fome, agressividade, regulação térmica e sede.
O hipotálamo é o grande responsável pela gênese das condições
orgânicas para que o sujeito estressado possa, dentro de certos limites,
se adaptar e superar as mudanças responsáveis pelo estresse.
Tanto nos estados de estresse físico/mental, o hipotálamo ativa o
sistema nervoso simpático e como consequência aumenta a frequência
cardíaca, força de contração do VE, da pressão arterial, aumento do
fluxo de sangue para músculos ao mesmo tempo que diminui o fluxo
para órgãos que não são necessários naquele momento. Aumenta
glicemia, atividade mental, dilatação da pupila.
O hipotálamo se liga e coordena grande parte das funções da hipófise.
Na hipófise é produzida a prolactina, catecolaminas e corticosteroides
As áreas cerebrais dos componentes afetivo emocionais, aumentam o
número de conecções entre neurônios e passam a dominar o
processamento da percepção da dor em pacientes com dor crônica (dor
que persiste por um período superior a três meses, OMS).
Essa áreas são grandes buscadoras de ameaça todo o tempo, na tentativa
de antecipar ameaças dolorosas. Nesta tentativa há amplificação dos
sinais, gerando dor para um contexto que não deveriam.
No processo de cronificação da dor, várias mudanças irão acontecer e
serão de maior ou menor magnitude para cada paciente. Mudanças nos
nociceptores, neurônios de condução, sinapses e no córtex cerebral, onde
há o processamento das informações. Seriam essas alterações
irreversíveis?
No processo de sensibilização central, podem ocorrer dois processos
patológicos:
1) Hiperalgesia: estímulo doloroso leve, provoca sensação de dor
severa.
2) Alodínia: estímulos não dolorosos, principalmente tato, provocam
dor.
Em contra partida aos processos formadores da dor há o sistema
modulador descendente ou áreas descendentes do controle da dor ou
sistema analgésico endógeno.
Essas áreas participam do entendimento e da modulação da dor,
contextualizando a resposta a dor. Tem a função de proteger o nosso
corpo, buscando entender o que de fato trás risco e o que não.
Fibromialgia

É uma síndrome dolorosa, idiopática, crônica e não articular, com


pontos dolorosos generalizados.
É uma doença multissistêmica caracterizada por distúrbios do sono,
fadiga, cefaleia, rigidez matinal, parestesias e ansiedade.
Afeta 0,5% a 5% da população. Mulheres entre 40 e 60 anos são
maioria com proporção mulher homem de 8 a 10:1.
As características fisiopatológicas mais bem estabelecidas são as da
sensibilização central, com aumento da conectividade com as regiões
cerebrais nociceptivas e diminuição da conectividade com as regiões
antinociceptivas.

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