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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE ENFERMAGEM
ESTÁGIO SUPERVISIONADO I

CECÍLIA ROSA DE OLIVEIRA

PORTFÓLIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - CENTRO DE SAÚDE DA


FAMÍLIA JARDIM DOM FERNANDO

GOIÂNIA
2023
CECÍLIA ROSA DE OLIVEIRA

PORTFÓLIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - CENTRO DE SAÚDE DA


FAMÍLIA JARDIM DOM FERNANDO

Portfólio de Estágio Supervisionado apresentado à


disciplina de Estágio Supervisionado I, do curso de
enfermagem, da Faculdade de Enfermagem (FEN) da
Universidade Federal de Goiás (UFG), como requisito de
obtenção de nota.

Professor (a): Prof.ª Dr.ª Roxana Isabel Cardozo Gonzales

GOIÂNIA
2023
SUMÁRIO

1. SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO...........................................................................4


2. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE........................................................................................ 4
2.1 Equipes da unidade...................................................................................................... 6
2.2 Agendamento de consultas.......................................................................................... 9
2.3 Triagem....................................................................................................................... 10
3. ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA............................................................................12
3.1 Acesso de primeiro contato........................................................................................ 13
3.2 Longitudinalidade do cuidado..................................................................................... 13
3.3 Coordenação do Cuidado........................................................................................... 13
3.4 Integralidade............................................................................................................... 14
4. PAPEL DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA..................................................... 14
5. PLANEJAMENTO OPERACIONAL...................................................................................15
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 16
7. REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 17
8. ANEXOS
1. SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Meu nome é Cecília Rosa, sou acadêmica de enfermagem do décimo período e o meu
terceiro campo de estágio supervisionado foi no Centro de Saúde da Família (CSF) Jardim
Dom Fernando, localizado no setor Jardim Dom Fernando II, em Goiânia - GO. A minha
orientadora foi a professora doutora Roxana Isabel Cardozo Gonzalez e a preceptora da
unidade foi a enfermeira Alba Valéria Sales Fortes.
Nesta unidade, realizei o Estágio Supervisionado I que é destinado a prática no
ambiente de Atenção Primária em Saúde (APS). A APS engloba uma variedade de serviços
essenciais no acompanhamento da saúde dos usuários, incluindo ações preventivas e curativas
para promoção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados
paliativos e vigilância em saúde. O período de prática neste setor se deu de 16/05/2023 a
26/06/2023, percorrendo a carga horária de 40 horas semanais.

2. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE

A APS é considerada a porta de entrada para o sistema único de saúde (SUS), sendo
assim é onde ocorre o primeiro contato com o usuário. De acordo com Mendonça (2018),
espera-se que os serviços oferecidos nesse âmbito sejam dotados de infraestrutura adequada e
qualidade, integrados à rede assistencial, com capacidade para resolver a maioria dos
problemas da população, direcionando o percurso do usuário na rede de serviços.
A APS possui princípios fundamentais, incluindo a universalidade, garantindo o
acesso a todos; a equidade, atendendo o usuário de acordo com suas necessidades, focando
em áreas mais carentes; e a integralidade, que visa tratar o usuário como um todo, atendendo
todas as suas necessidades.
Além disso, a APS adota diretrizes como a regionalização e hierarquização dos
serviços; a territorialização e adscrição, vinculando a população a uma equipe específica; a
população adscrita, que representa a base para o planejamento das ações; o cuidado centrado
na pessoa; a resolutividade; a longitudinalidade do cuidado; a coordenação do cuidado; a
organização de redes; e a participação da comunidade.
Dessa forma, para cumprir com essas diretrizes e atividades, a Política Nacional de
Atenção Básica (PNAB) preconiza que a equipe seja composta por profissionais como
médicos, de preferência especialistas em medicina da família e comunidade; enfermeiros,
também preferencialmente especialistas em saúde da família; auxiliares e/ou técnicos de
enfermagem; agentes comunitários de saúde (ACS), podendo contar ainda com agentes de
combate às endemias (ACE), cirurgiões-dentistas e auxiliares e/ou técnicos em saúde bucal.
A forma de financiamento do custeio da APS no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS) é estabelecida pelo Ministério da Saúde (MS) através do Programa Previne Brasil, por
meio da Portaria nº 2.979, de 12 de novembro de 2019. Esse programa define critérios para o
repasse financeiro às unidades de saúde, incluindo o pagamento por desempenho. O repasse
financeiro é calculado com base na quantidade de pessoas cadastradas na unidade, sendo que
as pessoas com maior vulnerabilidade socioeconômica, que fazem parte de programas
governamentais como o Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família), e o perfil demográfico têm um
peso maior.
Para receber o repasse financeiro, a unidade de saúde deve alcançar as metas dos
indicadores estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Esses indicadores estão divididos em três
categorias, sendo: processo e resultados intermediários das equipes, resultados em saúde e
indicadores globais de APS (BRASIL, 2019).
O Centro de Saúde da Família (CSF) Dom Fernando II está vinculado ao Distrito
Sanitário Leste, que, por sua vez, está ligado à Secretaria Municipal de Saúde. Essa unidade
de saúde faz parte da Rede de Atenção à Saúde (RAS) por meio de três redes específicas. A
primeira é a Rede de Atenção Psicossocial, que se estabelece por meio do Centro de Atenção
Psicossocial (CAPs), visando à assistência em saúde mental. A segunda é a Rede de Atenção
à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, que conecta o CSF a hospitais de referência para
o tratamento dessas condições. A terceira é a Rede Cegonha, que promove a interligação entre
o CSF e serviços relacionados ao pré-natal de alto risco, exames e tratamentos oferecidos em
maternidades de referência.
No PSF Dom Fernando são ofertados os seguintes serviços: Consultas de crescimento
e desenvolvimento infantis (puericultura), curativos, acompanhamento do Auxílio Brasil,
tratamento de hanseníase e tuberculose, testes rápidos de IST, pré-natal, vacina, consulta de
enfermagem, consulta odontológica, consulta médica, teste da mamãe, teste do pezinho, visita
domiciliar, notificação compulsória de doenças, encaminhamentos, atendimento de
intercorrências (estabilização e se necessário encaminhamento para unidade de pronto
atendimento), agendamento de exames e etc. A unidade também participa do Programa Saúde
na Escola (PSE) que consiste em ações de educação em saúde dentro do ambiente escolar.
No que tange a estrutura do local, a unidade possui uma sala de triagem, uma sala de
vacina, recepção, uma sala de enfermagem, três consultórios médicos, escritório da gestora,
uma sala destinada à realização do teste rápido para COVID-19, dois consultórios
odontológicos, centro de material e esterilização (CME), uma sala para os agentes
comunitários de saúde (ACS), escovódromo, banheiro para pacientes, uma sala de reunião,
sala de procedimentos, banheiro para funcionários, depósito de materiais de limpeza,
almoxarifado e copa. A unidade no período do estágio estava passando por reforma para
melhoria do local. O funcionamento do PSF é de segunda a sexta, das 07 horas às 19 horas.
A PNAB estabelece que a população adscrita a cada equipe de Atenção Básica e
Saúde da Família deve ser de 2.000 a 3.500 pessoas, residentes no território da unidade de
saúde. Além disso, a PNAB recomenda a presença de 4 equipes por Unidade Básica de Saúde
(UBS), a fim de alcançar o potencial resolutivo necessário, levando em consideração a
quantidade de pessoas, vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária. Cada Agente
Comunitário de Saúde (ACS) deve atender no máximo 750 pessoas, e cada equipe deve
incluir, no mínimo, um médico, um enfermeiro e auxiliares e/ou técnicos de enfermagem.
Adicionalmente, a equipe pode contar com dentistas, auxiliares de saúde bucal (ASB) e/ou
técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de combate a
endemias (BRASIL, 2017).

2.1 Equipes da unidade

A unidade possui três equipes de saúde da família: equipe 514, equipe 515 e equipe
516. Cada equipe é responsável por atender cinco microáreas de acordo com o território de
atuação, como é preconizado na PNAB. Além disso, a unidade recebe o apoio de estudantes
de graduação nas áreas de medicina, enfermagem e odontologia.
Segue a relação dos profissionais por equipe na unidade:
Tabela 1. EQUIPE 514
Nome Função

Kelli Enfermeira

- Tec. de enfermagem

Beatriz Médico

Livia Dentista

Ana Maria ASB

Rute ACS

Christie ACS

Thaílla ACS

Meire Julia ACS

Paola ACS
*No momento a equipe encontra-se descoberta por técnico de enfermagem devido a licença
da técnica (a técnica de enfermagem entrou de férias dia 26/05, em seguida tirará licença
premium e depois se irá aposentar).

Tabela 2. EQUIPE 515


Nome Função

Alba Enfermeira

Lucimara Tec. de enfermagem

Ana Caroline Médica

- Dentista

Maria G. ACS

Joelma ACS

Sheila ACS

- ACS

- ACS
* No momento a equipe 515 encontra-se descoberta por dois ACS e um dentista. A técnica de
enfermagem Lucimara está de férias até o dia 26/06/23.

Tabela 3. EQUIPE 516


Nome Função

Denis Enfermeiro

Ernesto Médico

Helena Tec. de enfermagem

Rosangela Dentista

Jaqueline ACS

Sandra ACS

Ivone ACS

Andreia ACS

Maria Francisca ACS


*No momento a equipe 516 encontra-se descoberta por técnico de enfermagem e enfermeiro.
O enfermeiro está com licença por tempo indeterminado.

Os ambientes do CSF Dom Fernando estão dispostos de acordo com as


recomendações da PNAB, no entanto, a falta de materiais e insumos como medicamentos,
seringas, agulhas e materiais para curativos dificultam a realização de todas as atividades a
serem realizadas como previsto na legislação (BRASIL, 2017).
Existe uma profissional lotada exclusivamente para a sala de vacinas que é a técnica
de enfermagem Fabiana. A sala de vacinas funciona de segunda a sexta, das 07h30 às 12h e
das 13h às 16h30.
A área da equipe 514 está completamente descoberta pelo profissional técnico de
enfermagem, a 515 não conta com o profissional dentista e 2 microáreas estão descobertas de
ACS, já a 516 não conta com enfermeiro, o técnico de enfermagem trabalha apenas no
período da manhã. As equipes se organizam e as microáreas que se encontram descobertas de
ACS, quando há demanda, ACS que estão ativos atendem, o mesmo ocorre quando a equipe
está descoberta do profissional médico, em caso de urgência e/ou quando pessoa não tem
condições de buscar o serviço, para os demais casos é orientado ligar no 0800-646-1560 e
marcar atendimento em outras unidades da RAS.
2.2 Agendamento de consultas
Atualmente, o agendamento de consultas médicas na unidade é realizado todos os dias
de acordo com a escala de atendimento de cada médico das equipes. Então, diariamente são
disponibilizadas até 24 vagas para consultas com o médico clínico geral, sendo 12 vagas para
o período da manhã e 12 vagas para o período da tarde. Neste sentido, os médicos tem apenas
20 minutos para realizarem as consultas para conseguirem atender a demanda da população.
O agendamento é feito por ordem de chegada e a marcação da consulta é feita no período da
manhã, o agendamento só é feito em outro horário caso haja disponibilidade de vaga. Além
disso, o paciente só consegue marcar consulta para ser atendido no mesmo dia.
No período do meu estágio, todas as equipes estão completas com o profissional
médico, então não há a necessidade de agendamento de consultas médico pelo telefone ou
whatsapp da prefeitura.
Para o agendamento é necessário que o paciente compareça à unidade e apresente o
documento de identificação juntamente com o comprovante de residência.

Tabela 4. Escala de atendimento dos médicos

Equipe Dias de atendimento

Equipe 514 - Dra. Beatriz Terça


Quarta
Quinta
Sexta - Período matutino

Equipe 515 - Dra. Ana Caroline Segunda


Quarta
Quinta - período matutino
Sexta - período matutino

Equipe 516 - Dr. Ernesto Segunda


Terça - Período vespertino
Quarta
Quinta - Período vespertino
Sexta

O agendamento de consultas com o profissional enfermeiro não acontece como dos


médicos. Os pacientes podem agendar para o dia que acharem melhor, de acordo com os dias
de consulta de cada categoria. Apenas a enfermeira Alba compartilha consultas com a médica
de sua equipe. A enfermeira Kelli reserva apenas um dia para realização da consulta
ginecológica, ademais ela fica disponível para atendimento de intercorrências.
Tabela 5. Escala de atendimento dos enfermeiros(as).

Equipe Dias de atendimento

Equipe 514 - Enfa. Kelli Segunda: Demanda espontânea (07h - 12h)


Terça: Demanda espontânea (07h - 18h)
Quarta: Demanda espontânea (07h - 18h)
Quinta: Demanda espontânea (07h - 18h)
Sexta: Consulta ginecológica - COP (07h -
12h)

Equipe 515 - Enfa. Alba Segunda: Visita domiciliar e saúde da


mulher (13h - 18h)
Terça: Consulta ginecológica - COP (07h -
13h)
Quarta: Consulta de puericultura (07h - 13h)
Quinta: Consulta de pré-natal (07h - 13h)
Sexta: Demanda espontânea, reunião de
equipe e Programa Saúde na Escola (07h -
13h)

Equipe 516- Enf. Dennis -


*Enfa. Alba possui carga horária reduzida, por isso atende em apenas em período horizontal.

Em casos de emergência, os pacientes são colocados como encaixe por intercorrência


e passam pela consulta médica.

2.3 Triagem
A triagem é feita pelo profissional técnico de enfermagem e consiste na verificação
dos sinais vitais do paciente antes da consulta médica. O sistema utilizado na unidade é o
CELK Saúde, logo, o técnico de enfermagem preenche o campo de avaliação e encaminha o
atendimento para o médico. Atualmente, o sistema está programado para que todo o
atendimento realizado na unidade passe por algum profissional de enfermagem, como é o
caso das consultas médicas; o recepcionista não consegue lançar o atendimento direto para o
médico e isso tem sido um problema visto que a unidade enfrenta a falta de profissionais. Na
ausência de técnicos de enfermagem, as enfermeiras assumem a triagem, mas isso impacta no
atendimento das consultas de enfermagem, que fica reduzido para conseguir atender a
demanda. Além disso, na sexta à tarde nenhuma enfermeira e técnico de enfermagem, logo
isso dificulta no atendimento dos pacientes pelos médicos, então, algum profissional da
enfermagem precisa disponibilizar seu login no celk para que possa haver continuidade do
atendimento, mas reforço que isso acontece de maneira inadequada.
A gestora da unidade já solicitou ao Distrito Sanitário Leste o chamamento de novos
profissionais para haja o dimensionamento adequado de pessoal, mas ainda não obteve
nenhuma resolutividade sobre isso.
A equipe encontra alguns problemas de relacionamento interpessoal, visto que em
alguns momentos a comunicação entre os membros da equipe é falha. A recepção é o
principal ponto para gestão do fluxo de pacientes que passam na unidade e muitas vezes, os
trabalhadores acabam atropelando os fluxos já estabelecidos, seja por desconhecimento (dois
profissionais foram contratados a pouco tempo) e/ou por desatenção. A gestão de conflitos
deve ser a base para a resolução dos problemas de comunicação, considerando que a gestão
deve buscar entender a fundo os problemas que circundam a divisão de trabalho, postura
profissional e conduta que foi realizada e avaliando as reclamações que são feitas.
Considero que foi um estágio de grande aprendizado, na primeira semana de estágio
fiquei impactada com a estrutura e recursos da unidade. Por ser uma unidade de saúde
municipal, faltam muitos insumos e a equipe precisa ser criativa e se adaptar ao que é
oferecido para conseguir prestar assistência ao paciente. Por exemplo, falta de insumos para
realização de curativos. Mas além destes problemas com insumos, foi interessante pois pude
aprender muito com a equipe. Realizei consulta de enfermagem (consulta de pré-natal,
puericultura, consulta ginecológica), coleta do exame preventivo de colo de útero, curativos,
retirada de sutura, auxiliei em lavagem otológica, triagem dos pacientes, vacinação de
crianças e adultos (vacinas de rotina e campanha da influenza), acompanhamento de
hanseníase (avaliação simplificada e dispensação de medicação), realizei testes rápidos para
IST, teste do pezinho e teste da mamãe, notificação de casos de sífilis, sífilis gestacional e
adquirida, notificação antirrábica e toxoplasmose gestacional, além de participar de visitas
domiciliares. Ademais, pude conhecer mais sobre é na prática o referenciamento de paciente
na regulação de Goiânia, para realização de exames, procedimentos de alto custo e consultas
com especialistas dentro da rede.
A equipe do CSF Dom Fernando foi muito acolhedora, os profissionais estão dispostos
a ensinar, recebem muito bem os feedbacks e estão abertos a aprenderem. Participei das
reuniões de equipe e das comemorações.
Arraiá da Equipe Dom Fernando II - 16/06/2023

3. ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA

A Atenção Primária em Saúde (APS) é amplamente reconhecida como um


componente fundamental dos sistemas de saúde. Esse reconhecimento é baseado em
evidências de seu impacto positivo na saúde e no desenvolvimento da população nos países
que adotaram a APS como base de seus sistemas de saúde. Esses benefícios incluem melhores
indicadores de saúde, fluxo mais eficiente de usuários no sistema, tratamento mais efetivo de
condições crônicas, continuidade do cuidado, aumento do uso de práticas preventivas, maior
satisfação dos usuários e redução das desigualdades no acesso aos serviços e no estado geral
de saúde (OLIVEIRA, PEREIRA, 2013).
A organização dos serviços de APS por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF)
prioriza ações integradas e contínuas de promoção, proteção e reabilitação da saúde. A ESF
abrange todo o território nacional e é composta por um conjunto de ações e serviços que vão
além da assistência médica, com base nas necessidades da população, favorecendo a criação
de vínculo entre os profissionais e usuários daquele território.
Os atributos essenciais da APS são: Acesso, longitudinalidade, integralidade e
coordenação. No CSF Dom Fernando, existem diversas oportunidades de melhoria em relação
a esses atributos. A maioria deles está presente para oferecer um atendimento integral aos
usuários, mas ainda há espaço para aprimoramentos, como uma comunicação mais efetiva
para garantir uma resolutividade adequada.

3.1 Acesso de primeiro contato


O acesso de primeiro contato se refere à porta de entrada dos usuários na atenção
primária, permitindo o acesso aos serviços de saúde de forma livre e quando necessário
(demanda espontânea). É importante que os serviços nesse nível de atenção sejam acessíveis e
capazes de resolver as necessidades da população ou fazer encaminhamentos adequados. A
utilização de ferramentas de gestão adequadas, como abordagem multidisciplinar,
planejamento operacional, organização do trabalho e tomada de decisão conjunta, pode
melhorar significativamente a prestação de cuidados primários.

3.2 Longitudinalidade do cuidado


Envolve a existência contínua de uma relação de cuidado, estabelecendo um vínculo
sólido e responsável entre profissionais e usuários ao longo do tempo, de maneira duradoura e
consistente. Essa abordagem permite acompanhar os impactos das intervenções na saúde e em
outros aspectos da vida das pessoas, evitando a perda de informações relevantes e reduzindo
os riscos de iatrogenia resultantes da falta de conhecimento das histórias de vida e da falta de
coordenação do cuidado.
No CSF Dom Fernando, pode-se observar a presença desse atributo por meio do forte
vínculo entre usuários e profissionais de saúde, especialmente os Agentes Comunitários de
Saúde (ACS), que realizam visitas domiciliares e conhecem de perto as necessidades dos
usuários, garantindo a continuidade do cuidado.

3.3 Coordenação do Cuidado


O papel do centro de comunicação na Rede de Atenção à Saúde (RAS) é elaborar,
acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os diferentes pontos de atenção. Atuando
como um elo central, sua responsabilidade é garantir o cuidado dos usuários em qualquer
ponto da rede, estabelecendo uma relação horizontal, contínua e integrada. O objetivo é
promover a gestão compartilhada da atenção integral, envolvendo a articulação com outras
estruturas das redes de saúde, bem como com setores públicos, comunitários e sociais. Essa
abordagem visa garantir uma assistência coordenada, abrangente e de qualidade, que atenda
às necessidades dos usuários ao longo de seu percurso na rede de saúde.
Na unidade é possível ver este atributo pela utilização dos sistemas de saúde, sendo o
primeiro sistema o CELK saúde (utilizado em todas as unidades de saúde municipais) e o
Intranet (utilizado para encaminhamento e agendamento de consultas).

3.4 Integralidade
O conjunto de serviços executados pela equipe de saúde na atenção primária abrange
diversas áreas do cuidado, da promoção e manutenção da saúde, da prevenção de doenças e
agravos, da cura, da reabilitação, redução de danos e dos cuidados paliativos. Esses serviços
visam atender às necessidades da população adscrita e garantir uma abordagem integral e
holística.
Além disso, a atenção primária também inclui a responsabilidade de oferecer serviços
em outros pontos de atenção à saúde, reconhecendo de forma adequada às necessidades
biológicas, psicológicas, ambientais e sociais que contribuem para as doenças. Isso implica na
utilização de diversas tecnologias de cuidado e de gestão necessárias para alcançar esses
objetivos.
Um dos princípios da atenção primária é ampliar a autonomia das pessoas e da
coletividade, capacitando-as para tomar decisões informadas sobre sua saúde. Isso envolve o
empoderamento dos indivíduos para que participem ativamente no cuidado de sua própria
saúde, bem como na promoção de ações de saúde na comunidade.
Em resumo, a atenção primária busca oferecer um conjunto abrangente de serviços de
saúde, com foco na integralidade do cuidado, na prevenção de doenças e na promoção da
saúde, considerando as necessidades individuais e coletivas da população.

4. PAPEL DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA

No contexto da atenção primária, o enfermeiro assume múltiplas responsabilidades,


atuando tanto na assistência direta aos indivíduos e famílias quanto na gestão e coordenação
de equipes de saúde. Ele é o profissional que estabelece uma relação de cuidado contínuo e
longitudinal com os usuários, desenvolvendo vínculos e responsabilizando-se pelo
acompanhamento e pela resolutividade dos problemas de saúde.
O enfermeiro na atenção primária realiza ações de promoção da saúde, como educação
em saúde, prevenção de doenças, vacinação, acompanhamento pré-natal e puericultura. Além
disso, ele é responsável pelo acolhimento dos usuários, realizando a escuta qualificada, a
triagem e o encaminhamento adequado para outros profissionais e serviços quando
necessário.
A Política Nacional de Atenção Básica reconhece a importância do enfermeiro na
estratégia de saúde da família, destacando sua participação na visita domiciliar, no
monitoramento de condições crônicas, na solicitação de exames complementares, na
prescrição de medicações estabelecidas nos protocolos do MS, no cuidado aos idosos e na
atenção às pessoas em situação de vulnerabilidade. Essa abordagem integral e comunitária
exige do enfermeiro habilidades de comunicação, empatia, resolução de problemas e trabalho
em equipe.
Além disso, o enfermeiro tem um papel relevante na gestão do cuidado, coordenando
as ações da equipe multiprofissional, planejando e organizando o trabalho, promovendo a
integração entre os diferentes pontos de atenção à saúde e articulando com outros setores,
como educação e assistência social, para garantir a integralidade das ações em saúde.
Portanto, o enfermeiro desempenha um papel estratégico na atenção primária à saúde,
sendo um elo fundamental entre os usuários e o sistema de saúde. Sua atuação baseada na
Política Nacional de Atenção Básica contribui para a melhoria da qualidade de vida da
população, a promoção da equidade em saúde e o fortalecimento do cuidado integral e
humanizado.

5. PLANEJAMENTO OPERACIONAL

As feridas representam um importante desafio para a saúde pública, pois podem


comprometer a qualidade de vida dos indivíduos e demandar cuidados específicos. Nesse
sentido, é fundamental que as unidades básicas de saúde tenham protocolos bem definidos
para o cuidado das feridas, visando a uma abordagem adequada e efetiva.
A implementação de guias sobre cuidados em feridas nas unidades básicas de saúde é
de extrema importância por diversos motivos. Primeiramente, fornecem diretrizes claras e
baseadas em evidências científicas para a equipe de saúde, garantindo uma abordagem
padronizada e segura no tratamento das feridas. Isso ajuda a evitar práticas inadequadas,
reduzindo o risco de complicações e promovendo uma recuperação mais rápida dos pacientes.
Além disso, permitem a identificação precoce e adequada das feridas, por meio de uma
avaliação minuciosa e criteriosa. Isso inclui a análise das características da ferida, como tipo,
localização, extensão, presença de infecção, exsudato e tecido de granulação. Com base nessa
avaliação, a equipe de saúde pode determinar as melhores estratégias terapêuticas e selecionar
os produtos adequados para o tratamento das feridas. Os guias auxiliam na escolha e na
aplicação correta dos curativos, considerando fatores como a necessidade de desbridamento, a
proteção da ferida, a absorção do exsudato e a prevenção de infecções. Além disso, eles
contemplam o monitoramento regular das feridas, permitindo a avaliação da evolução do
processo de cicatrização e a detecção precoce de eventuais complicações.
A existência de protocolos de cuidados em feridas na unidade básica de saúde também
contribui para a capacitação e atualização da equipe de saúde, fornecendo orientações claras e
atualizadas sobre os avanços no campo da cicatrização de feridas. Isso garante que os
profissionais estejam aptos a realizar intervenções eficazes e seguras, promovendo uma
abordagem interdisciplinar e integrada no cuidado das feridas.
Por fim, é importante ressaltar que a implementação de guias de cuidados em feridas
na unidade básica de saúde resulta em benefícios tanto para os profissionais de saúde quanto
para os pacientes. Os profissionais se sentem mais seguros e capacitados para lidar com as
feridas, enquanto os pacientes recebem um cuidado de qualidade, que visa à promoção da
cicatrização adequada e à melhoria de sua qualidade de vida.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No CSF Dom Fernando tive experiências positivas com a equipe que foi muito
acolhedora e essencial para meu desenvolvimento no campo de estágio. Acredito que meu
desenvolvimento foi bom e dentro do que esperei para o campo, a atenção primária ganhou
meu coração. Além de realizar os procedimentos consegui identificar a relação da teoria com
a prática, a necessidade e a importância de avaliar a clínica do paciente, bem como consegui
ver na prática os conteúdos aprendidos teoricamente durante as aulas teóricas da faculdade. A
atenção primária à saúde, embora seja considerada como básica, é muito complexa e essencial
para o cuidado do paciente.
Apesar de todas as experiências adquiridas neste estágio, acredito que falta uma
melhor organização do serviço, considerando que não tem protocolos e ou POP
(Procedimento Operacional Padrão) para esta unidade, deve haver fluxos estabelecidos e que
fiquem disponíveis para todos os profissionais. Além disso, a unidade deve investir em
capacitações para os profissionais como forma de manter um padrão de atendimento e que
todos tenham acesso ao conhecimento, como exemplo capacitação sobre feridas, reanimação
cardiopulmonar, esterilização de materiais, atualização dos sistemas utilizados e etc.
Durante meu estágio observei alguns pontos que estão enfraquecidos na unidade, entre
eles: A falta de insumos básicos como gazes, curativos, medicamentos (captopril, dipirona),
falta de profissionais que compõem as equipes; falta de comunicação efetiva entre as equipes;
falta de compromisso e diálogo entre alguns profissionais e fim das reuniões de equipe;
resistência de alguns moradores em receber os ACS; grande rotatividade de moradores; falta
de treinamento dos profissionais em especial os ACS;
Outro fator a ser colocado é que a gestora deve dar ordens mais claras aos
profissionais, realizando reuniões periódicas com todos os profissionais da unidade juntos
para que assim seja resolvido os problemas operacionais existentes.
Neste estágio, foi consolidado o meu desejo em atuar na área da atenção primária à
saúde.

7. REFERÊNCIAS

BRASIL. PORTARIA Nº 2.979, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019. Ministério da Saúde.


Brasília, 2019. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2019/prt2979_13_11_2019.html. Acesso em:
17 de jun de 2023.

BRASIL. PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017. Ministério da Saúde.


Brasília, 2019. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html. Acesso em:
17 de jun de 2023.

COREN. Protocolo de Enfermagem na Atenção Primária à Saúde no Estado de Goiás.


Conselho Regional de Goiás. 4ed. Goiânia, 2022. Disponível em:
https://www.protocolodaenfego.org/ Acesso em: 17 de jun de 2023.

PIERONI. Guia Ilustrado sobre a técnica de curativo em paciente queimado. São Paulo,
2018. Disponível em: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/52653 Acesso em: 17 de jun
de 2023.

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