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Sumário

AGRADECIMENTOS
Prólogo
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
Epílogo

❖ E A P L .
AGRADECIMENTOS

Um obrigado aos meus queridos leitores que


estão junto comigo desde 2015
acompanhando e apoiando essa história até
chegar aqui. Vocês todos são minha maior
inspiração!

Com todo carinho, Taylor R.C.


Prólogo
NOVA IORQUE

Era mais uma bela manhã na cidade de Nova Iorque,


Rose abriu a janela de seu pequeno apartamento no
[1]
SoHo deixando o sol penetrar o espaço, ela se
espreguiçou pronta para iniciar seu dia, tinha muito a fazer
e estava satisfeita por isso.

— Você poderia voltar para a cama!

A voz masculina sonolenta a fez olhar para trás


encontrando a figura alta, sem camisa, com um lençol
enrolado à cintura, com as mãos atrás da cabeça,
parecendo muito contente, ela sorriu na sua direção.

— Sabe que não posso Philippe, tenho que trabalhar.

— Mas poderia, sempre pode dizer que está doente...

Ela riu rolando os olhos para o sujeito. Andou até ele


sentando-se na beira da cama estendendo a mão tocando
o rosto do homem de olhos verdes, cabelo loiro e uma
barba por fazer adorável.

— Não gosto de ficar dando esse tipo de desculpa


fajuta.

— Nem por mim? — Ela sacudiu a cabeça rindo em


resposta.
— Não começa com isso.

O homem riu puxando-a para um beijo antes dela o


deixa e correr em direção ao banheiro.

— Isso é um convite para um banho com você?

— Não, mas juro que se quiser fazer um café para


mim, ganhará mais que um banho comigo!

— Nem precisa pedir duas vezes!

Rose riu da resposta do homem. Então iniciou sua


rotina matinal começava com um bom banho de banheira,
depois escolher sua roupa do dia, seu trabalho exigia que
estivesse sempre muito bem vestida, bem maquiada e tudo
mais, meia hora depois ela já estava na mesa do café com
seu namorado.

— Você vai hoje me ver? — Ele perguntou jogando um


pedaço de pão na boca de modo distraído.

— Já fui ontem...

— Adoraria que fosse de novo! — Ele disse, Rose


semicerrou os olhos com um sorriso.

— Você está ficando muito mal acostumado.

— Apaixonado, essa seria a palavra correta! — Ela


sorriu e inclinou-se roubando um beijo.
— Não prometo nada, depende da hora que eu sair do
trabalho hoje, eu te aviso. — Rose se levantou da mesa
acariciando o rosto dele. — Fecha a porta quando sair!

— Até mais tarde minha princesa russa! — Philippe


concordou sorrindo na direção da mulher.

— Bobo, até mais tarde. — Rose saiu rindo pegando


sua bolsa.

— Sonhe acordada comigo!

— Sempre!

Quando ela saiu de casa naquela manhã achou que


tudo seria igual, como sempre era na verdade e foi na
maior parte do seu dia. Chegou pouco tempo depois à loja
de grife a qual era uma das estilistas mais bem colocadas e
tinha grandes chances dela ser alçada ao estrelato usando
seu próprio nome em uma marca sua, o que seria uma
guinada e tanto na vida dela, mas uma, só que dessa vez
um sonho se realizando.

— Bom dia, Rose!

Uma das suas “chefas” disse enquanto ela deixou


suas coisas sobre a mesa no gabinete ao lado do dela. A
loira estava sentada em sua mesa com uma grande xícara
de café ao lado, e de óculos.
— Bom dia, Megue, por que a dos óculos escuros? —
A mulher soltou um suspiro muito mal humorado.

— Depois daquela bebedeira de ontem queria que eu


estivesse como? — Ela tirou os óculos. — Ninguém tem
essa sua resistência russa a bebida, Deus, que inveja,
você está maravilhosa.

Rose sorriu dando de ombros. Seu celular tocou em


seguida, era uma mensagem, com o nome de sua irmã

— A genética é boa, só isso! — Ela respondeu a


“chefa” enquanto abriu a mensagem, só para descobrir que
era de voz.

— Então você é sortuda, Rose...

Ela sacudiu a cabeça em negativa, sorte não era uma


coisa que julgava ter, na verdade, sempre teve que lutar
muito por cada mísera coisa da sua vida. Ela levou o
celular ao ouvido para escutar a mensagem de voz e só
bastaram alguns segundos para que soubesse que tudo
havia mudado, mais uma vez, porém algo que lhe dizia que
desta vez seria definitivo.

И·И
RÚSSIA

Os Herovrisk eram um clã tradicional da Rússia,


conhecidos por seus vários negócios, mas acima de tudo,
pelo seu poder, sempre conseguiram e tomaram tudo que
queriam de um jeito ou de outro e o patriarca dessa família,
Conegon, queria algo mais uma vez.

— Já está na hora de você se casar!

Disse o homem em direção ao filho, Cristian, que tirou


os olhos do pessoal que descarregavam uma carga
especial em um dos armazéns da máfia vermelha, só para
encontrar com a imagem austera do pai.

— Casar-me? — A voz rouca de Cristian continha


incredulidade.

— Sim!

O tom seco que o pai imprimiu deixou claro que aquilo


não era uma ideia futura, mas sim algo decidido, o que
indicava que ele estava sendo apenas comunicado.

— Por quê? Eu não vejo necessidade para tal coisa,


não agora.

Conegon lançou um olhar frio e inflexível ao filho, do


mesmo modo como sempre fez desde que este era uma
criança.

— Pelo simples motivo... Eu quero!

Cristian não esboçou nada, apenas aguentou firme o


olhar do seu pai, aprendeu a muito tempo, de maneira
dolorosa, que tudo sempre dependia da vontade dele, e
não da sua.
— Suponho que essa seja uma condição para me
entregar a cadeira da máfia, não? — Ele disse, seu pai lhe
deu um olhar sem muito entusiasmo.

— Uma delas, você e eu somos os únicos Herovrisk,


eu não quero meu legado caindo por terra, depois de tudo
que eu fiz pelo simples fato de não termos outros
herdeiros. Além disso, depois desse casamento, nós nunca
mais vamos precisar nos preocupar quanto nossa posição
hierárquica dentro do nosso mundo, pois vamos nos unir
ao clã dos Volkov, então depois disso, nada será mais forte
que nós.

Cristian desviou os olhos do pai, voltando a fitar os


homens no armazém, ele nunca pensou em se casar,
achou que poderia assumir a máfia vermelha sem ter
aquilo, passou a vida treinando, se preparando, sendo
testado para assumir tal cargo, ele era o herdeiro, devia
assumir, mas possuía o conhecimento que só ia acontecer
se o pai permitisse, e este só ia fazer tal coisa se ele o
obedecesse em absoluto.

— Então é melhor marcamos um jantar com a família


o mais breve possível.

— Eu já marquei. Amanhã à noite vai conhecer a sua


noiva!

Sem dispensar mais uma palavra Conegon saiu,


deixando a percepção a Cristian, que sua vida já tinha sido
decidida, ele respirou fundo lamentado aquele fato.
Ótimo. Uma maldita noiva!

Pensou sem qualquer romantismo quanto à palavra e


a situação, no fundo o homem encarava aquilo como mais
uma missão desagradável, todavia, ele nunca tinha
deixado de cumprir uma missão, ainda mais quando
almejava um objetivo que movia sua vida. A máfia
vermelha.
CAPÍTULO 01
Diante dos enormes portões de ferro um táxi parou,
levando uma passageira nada contente, ainda mais depois
de mais de nove horas de voo.

— Rose Volkov!

Ela anunciou seu nome aos seguranças da casa,


vendo o claro estranhamento a sua presença ali, ainda
mais tão cedo. Acabava de amanhecer na Rússia quando a
mesma chegou, o veículo foi checado e liberado para
entrar, a mulher respirou fundo, observando a
movimentação na casa, pareciam preparar alguma
recepção, nada atípico da sua família.

— Aqui, obrigada! Acho que dá e ainda sobra...

Disse ela apressada entregando as notas de dinheiro


ao motorista e em seguida pulando do táxi. Ela estava
desacostumada à moeda russa, depois de tanto tempo
usando dólares, e sua vontade era de permanecer usando-
os, só estava ali por um motivo maior. Subindo
rapidamente as escadas que antecediam entrada principal,
ela logo alcançou a porta, e então adentrou o local que um
dia morou, a primeira figura que viu foi uma mulher de
baixa estatura, loira, vestida elegantemente.

— Ponha esse arranjo...


A voz da mulher se interrompeu no meio da frase
quando a mesma se deu conta de alguém entrando, sua
expressão ficou gravada em pura surpresa quando
distinguiu quem era.

— Filha! — Exclamou ela, Rose suspirou e forçou um


sorriso se dirigindo até sua mãe sem rodeios.

— Oi mãe. Desculpe a pressa, mas preciso primeiro


falar com Sacha, ela está no quarto?

Inquiriu rapidamente, depois de receber aquela


mensagem chorosa da irmã, a qual pedia para vir ao seu
encontro, e lá estava ela, sem entender o “motivo”, mas
sabia que era algo sério.

— Sim, ela está, mas o que faz aqui?

Os olhos verdes da mulher brilharam em direção à


filha mais velha, fazia muito tempo que Rose não punha os
pés na Rússia ou visitava-os, apesar de sempre manter
contato, obviamente de forma mais intensa com a irmã
Sacha, todavia, Rosely não podia imaginar que aquilo era
uma visita normal.

— Nós falamos em breve, mãe, prometo!

Rose disse dando um beijo no rosto dela e já se


afastando, quando se virou para seguir as escadas, deu de
cara com o dono de olhos azuis, tão parecidos com os
seus, entretanto esses estavam carregados por uma
dureza gelada.
— Vejo que lembrou que tem casa... — A fala com
conotação desdenhosa era do seu pai, Rose arqueou a
sobrancelha sem mascará seu desagrado.

— Oi pai... Vim pela minha irmã, agora se me dê


licença!

Ela tentou passar para a escada, mas o corpo do


homem a bloqueou. Ela encarou aqueles olhos, a face fria,
emoldurada por cabelos castanhos, que agora estavam
mais esbranquiçados desde a última vez que viu. Rose
odiava como nasceu com as características físicas tão
parecidas com as dele.

— Acha que volta como bem entende e entra como


quiser na minha casa? — O tom duro não a abateu, afinal
de contas ela já tinha enfrentado aquilo inúmeras vezes.

— Me deixe ver a minha irmã e depois pode


esbravejar, me jogar para fora, como bem quiser, tudo
bem?

Iuri expirou irritado pela forma como a filha sempre


batia de frente com ele. Não sabia como perdeu as rédeas
daquela criatura de cabelos castanhos chocolate e
profundos olhos azuis rebeldes.

— Devia jogar você para fora agora, e o que merece


depois do que fez!
— Você já me puniu, não importa o que faça agora,
infelizmente ainda continuo sendo sua filha, mesmo que a
maioria das vezes não queira. — Mordaz ela apontou e o
homem se enrolou em uma expressão irritada.

— Quando lhe convém lembrar que é minha filha! —


Disse ele, e ela deu de ombros.

— Não é como se tivesse muito benefício.

Os dois que se encaravam como se fossem partir um


para cima do outro, Rosely interveio, esperando evitar mais
uma briga descomunal, foi para o lado do marido
colocando a mão sobre seu ombro.

— Deixe-a ir ver Sacha, talvez a acalme, Iuri. Não


podemos ter um escândalo hoje...

O olhar cortante que Rose ganhou, do seu pai, a fez


meio instável, mas aguentou aquilo, enquanto ele pareceu
decidir que a mãe dela tinha razão, ela não deixou de
perceber a fala; “Não podemos ter um escândalo hoje...”
isso queria dizer que tinham algo importante o suficiente
para fazer Iuri retroceder em enxotá-la.

— Tudo bem! — Ele se deu por vencido naquele


momento. — Mas é bom que não tente nada, só mantenha
sua irmã decente, estou sem paciência para aturar sua
rebeldia Rose e muito menos a tolice da Sacha.

Ela quis praguejar todos os nomes mais baixos e sujos


que conhecia, mas respirou fundo, se controlando,
sabendo que continuar aquela discussão não levaria a
nada, sendo assim desviou do seu pai e subiu as escadas,
ignorando tudo que ele havia dito, ele sempre foi um idiota
ditador, mas aquilo não funcionava mais com ela, há muito
tempo tinha deixado de funcionar. Caminhando a passos
tão largos como podia dar pelo longo corredor até o quarto
da sua irmã, a porta estava aberta e ela avistou Marie, uma
empregada antiga dos Volkov, penteando os belos cabelos
loiros da menina, que chorava copiosamente, sentada em
frente à mesa de maquiagem, de costas, ela foi à única que
a viu, e sorriu do jeito caloroso, e parou de pentear os
cabelos da moça mais jovem.

— Sacha, olha quem chegou!

A menina levantou o rosto para encontrar sua irmã


mais velha parada a porta com um ar de preocupação.

— Rose... Você veio! — Sacha correu para a sua irmã,


dando um abraço apertado.

— Shhh... Calma. Calma. Eu cheguei, vou cuidar de


você. — Rose devolveu o abraço.

— Me ajude, por favor, por favor, não deixe o papai


fazer isso comigo. Por favor!

Rose desviou o olhar para Marie, a mulher que cuidou


dela e agora da sua irmã, ela tinha um olhar tão tristonho
quanto o de Sacha. Rose voltou para a irmã novamente
tentando soar calma.
— Loirinha, calma, vamos nos sentar aqui, explique-
me o que está acontecendo, só assim posso fazer algo.

Levando a irmã até a cama, sentando-se com ela,


Sacha levantou o rosto para encará-la, com o nariz
vermelho, olhos inchados, parecia que tinha chorado
bastante, o coração da irmã mais velha ficou apertado.

— O papai vai me casar, me casar. Não posso! Não


posso! Tenho Hank, o amo...

Foi como se Rose tivesse recebido um soco no


estômago.

— Sacha, devagar, do começo. Que história é essa?


— Alarmada ela inquiriu até um pouco dura.

— Há algum tempo papai vem falando que já era hora


de eu me casar, servir a instituição... — Rose quis
esbravejar, mas deixou-a continuar. — Parece que ele
recebeu uma proposta de uma família poderosa e aceitou,
ainda mais porque soube do Hank... Disse que vai matá-lo
se eu não casar ou e se tentar fugir, não posso deixar, mas
não quero e nem posso casar!

A voz de Sacha refletia seu desespero, medo de


casar, medo de perder Hank, Rose tentou se manter firme,
mesmo quando tinha forte vontade de chorar.

— Marie, pegue um copo de água para Sacha. — A


mulher fez o que foi pedido, Rose olhou a irmã. — Não se
desespere, vamos dar um jeito, eu sempre dei não foi?
Cuidei de você mesmo longe.

Sacha concordou, lembrando-se de que sua irmã tinha


a livrado dos problemas mesmo estando em outro país.

— Eu sei, mas não vejo saída, o jantar de noivado é


hoje. Acha que se falar com o papai ele te escuta?

Então era por isso que o pai delas a deixou ir sem


escândalo, Rose pensou, buscando segurar um sonoro e
desesperado "não" que tinha na ponta da língua,
entretanto, isso não ia ser algo que diria para a irmã numa
condição daquela.

— Vamos dar um jeito!

Ela falou se levantando, andando de um lado ao outro


próximo à cama, não podia permiti a Sacha casar-se, ainda
mais tão nova e apaixonada pelo garoto que havia
conhecido nas férias da irmã em Londres no final do ano
que se passou, podia dizer que ele era um rapaz incrível e
tão apaixonado.

— Você não vê saída também não é? – Falou Sacha e


ganhou um olhar apreensivo da irmã mais velha. — Talvez
a única saída seja eu me matar de uma vez...

— Pare de falar isso!

Rose disse indo na direção dela pondo um dedo sobre


seus lábios, aquilo ela nunca ia permitir, a imagem da sua
pequena bonequinha, a irmãzinha que tanto adorava,
pálida e caída no chão, morta, era repulsiva.

— Prefiro morrer a casar-me com um velho decrépito


de uma instituição e viver sem o Hank!

Sacha disse quando se desvencilhou de Rose, que se


sentiu fria e impotente. Era assim que sempre se sentiu
diante da “INSTITUIÇÃO” nada mais que a Máfia, ela olhou
por todo o espaço do quarto em busca de alguma luz, mas
nada vinha até que algo começou a surgir, algo que lhe
doeu no mais profundo do seu coração, todavia, quando
observou a irmã novamente, tão frágil, e delicada e sem a
dureza necessária para se cuidar sozinha, Rose soube, ela
menina nunca iria aguentar um casamento daquele, se não
se matasse ali, levaria nada mais que alguns meses até
sucumbir na depressão e fazer algo contra si mesma. Era
duro admitir, mas sua irmã tinha sido condicionada a ser
tão independente quanto um pássaro em uma gaiola.

— Isso não vai acontecer!

— Você não pode me impedir. — Sacha disse, Rose


bufou ante ao olhar cético e tristonho da irmã.

— Claro que posso, pare de chorar e levante essa


cabeça. — Ela se sentou a frente da irmã. — Se nosso pai
quer tanto a merda desse casamento ele vai ter, mas não
vai forçar você a isto, tomarei seu lugar!

— Rose... não... — Os olhos de Sacha se


arregalaram.
— Cale-se Sacha. Eu amo você, nunca permitiria algo
ruim te acontecer.

— Vai se sacrificar por mim tanto assim? Depois de


tudo que passou para fugir?

Rose suspirou, pois tudo que ela mais podia odiar


estava acontecendo, mas não podia permitir que Sacha
passasse por um casamento que ia a matar de uma forma
ou de outra, mas já ela, era forte, podia aguentar aquilo,
pelo menos era o que dizia a si mesma.

— Faço tudo por você, como faria por mim se pudesse,


mas tem que me prometer algo. — Sacha concordou sem
nem piscar. — Vai terminar sua faculdade, assim que fizer
isso, suma daqui com o Hank ou com quem for. Precisa
sair dessa casa, parar
de obedecer ao papai, ser independente, tanto
financeiramente, quanto como pessoa, entendeu? Não me
faça tomar seu lugar para depois deixar papai te enfiar em
outra merda dessas, ou estará só, porque não vou poder
fazer mais nada.

Sacha ficou séria limpando as lágrimas, então abraçou


Rose com força.

— Juro, eu juro para você, não vou deixar papai me


comandar! — Ela encarou a irmã. — Eu te amo, obrigada,
nunca, nunca eu vou conseguir pagar essa dívida...
— Pagará o dia em que for livre, então terá valido a
pena Sacha!

As duas se encararam e se abraçaram por um logo


momento, era este tempo que Rose precisava para se
munir das últimas forças que tinha. O embate com o seu
pai levaria cada gota da sua energia, pois uma coisa era
desenhar um plano em sua cabeça, a outra, era executar.

— Preciso ir loirinha, vou falar com nosso pai! — Disse


ela se levantando e alisando seu vestido, se preparando,
Sacha a olhou apreensiva.

— Acha que ele vai aceitar? Estou com medo que


não.

Rose sabia que ia ser uma batalha difícil, mas a merda


já estava feita, e ela não voltaria atrás, cuidaria de Sacha
se ninguém naquela família o fazia.

— Não se preocupe, sei lidar com ele.

Rose saiu do quarto, determinada a fazer seu pai


aceitar. Iria mandá-lo para o inferno primeiro por colocar
sua irmã nessa situação, não acreditava que ele podia
fazer aquilo. Sacha era uma garota e provavelmente ele
estava empurrando-a para um velho babão com o dobro da
sua idade, ignorou aquilo não querendo pensar em como ia
ser a porra do futuro marido que agora seria dela, morreria
de nojo depois ou pensaria em como se livrar dele, mas
novamente, daria um jeito, como sempre deu em tudo na
sua vida. Desceu as escadas com pressa, indo pelo
corredor sul, até a porta do escritório do seu pai, entrou
como um furacão, encontrando-o conversando com a mãe.

— O que é isso? — Ele esbravejou, mas não intimidou


a filha.

— Você é um estúpido. Como pode achar que eu ia


deixar minha irmã se casar contra a própria vontade?

Explodindo de raiva Rose falou alto, e a mãe tomou


sua frente, tocando seu braço com gentileza.

— Rose, por favor... — Rosely disse, e ela olhou para


sua mãe com irritação.

— Não mãe, não venha defender. Sei que tem medo


do papai, nunca iria contrariar ele, mas eu não sou você! —
Olhou para o homem que chamava de pai. — Ela não vai
casar!

— Não pode fazer nada quanto a isso. — Iuri olhou


para filha de modo ártico. — Eu mando aqui e digo que ela
casa!

Ele subiu a voz irritando-se, Rose se aproximou mais


da mesa, onde este estava atrás e se levantou da cadeira
para se agigantar sobre a filha.

— Claro que não, você é ditador demais, fez a sua


merda, mas minha irmã não vai fazer parte disso. Perdeu a
noção do ridículo, acha que estamos em que século para
sair casando ela com quem bem entende por “negociatas”?
— Cale-se Rose, já não basta ser uma decepção,
agora que influenciar sua irmã? — Ela aguentou aquele
golpe verbal, mas o homem não parou. — Agora saía da
minha frente antes que eu perca a paciência com esse seu
chilique, não me faça dar agora a educação que parece ter
faltado quando era mais nova!

— Sacha não vai casar! — Ela o enfrentou de igual,


para igual.

— Vou te ensinar boas maneiras!

Iuri se encolerizou. Ele deu a volta na mesa, Rose


sabia o que esperar, mas se manteve firme mesmo já
ouvindo o choro da sua mãe, antes de seu pai alcançá-la
levantando a mão para cobrir a face dela em uma tapa,
falou rapidamente:

— Eu caso no lugar dela! — A mão dele parou no ar.

— O que?

— Se quer tanto esse casamento, basta manter Sacha


em paz com a vida dela e eu caso no seu lugar, fazendo a
vontade do bom mafioso que você é!

— Qual é a gracinha dessa vez? — Iuri abaixou sua


mão, ele nunca esperou tal atitude da filha.

— Não há nenhuma, eu me casarei para a sua


felicidade papai. — O sarcasmo na voz dela pingava como
um líquido ácido.

— E quem disse que eu aceito isso? — Ele riu com


desdém. — Acha que quero que você case?

— Acho que quer um casamento pomposo e não uma


filha morta, que não pode cumprir seu acordo!

Ela tentou aquele argumento, sabia que não tinha


muitos, seu pai recuou.

— Ela não faria isso! — Disse ele cético, mas Rose


sacudiu a cabeça em negativa.

— Sim, ela faria. Eu não me prestaria a casar no lugar


dela se fosse mentira, seja inteligente, Iuri!

Mais uma vez viu seu pai recuar, parecia pensar


naquilo, Rosely ofegou observando toda aquela confusão e
pela primeira vez tomando coragem para falar.

— Iuri, não, por favor. Isso não. Ela é nosso pequeno


bebê... — Rose ficou grata pelo apoio da mãe.

— Você escolhe pai, ela morta ou o seu acordo!

Foi à última aposta de Rose, seu pai esperou um


longo minuto, então deu um passo na sua direção, ela
engoliu em seco quando ele invadiu seu espaço pessoal.

— Arrume-se e tente parecer mais nova...


Ele praticamente rosnou e saiu, Rose ignorou a dica
que a chamou de velha, tanto faz, seus vinte e seis anos
não lhe incomodavam. Quando o ouviu longe, deixou sua
postura arriar, espalmou as mãos na mesa de mogno a sua
frente, cansada, seu pai drenava suas forças em toda e
qualquer discussão que tivessem.

— Você está sendo muito corajosa!

Sua mãe disse passando a mão nas suas costas,


Rose se permitiu deixar as lágrimas caírem, o caroço no
fundo da sua garganta doeu mais, sentindo o peso da sua
decisão.

— Faço tudo pela Sacha... Quem é meu noivo? — A


palavra saiu grossa, incômoda, quase a deixou doente.

— É da família Herovrisk. Cristian Herovrisk!

Rosely respondeu a filha, ela fechou os olhos com


força, sabia que já tinha escutado esse nome, quando
ainda morava com seus pais, era uma família mafiosa
também, e bem mais poderosa que a sua, na verdade, tão
mais quanto perigosa. Só podia ser uma desgraça do
destino, à vida a qual tinha planejado nos menores
milímetros começava a esvair pelos seus dedos, fez de
tudo para se livrar do seu sobrenome e o que ele
carregava, mas no final voltava ao mesmo ponto inicial de
onde fugiu.

— Meu inferno pessoal vai começar!


Rose se desvencilhou da sua mãe, levantou o rosto,
saindo do escritório, não cairia agora, não agora, precisava
ser forte para suportar tudo que ainda viria pela frente.
CAPÍTULO 02
Conforto era algo que Cristian não sentia, mas não
deixava nada transparecer, seu pai também não dava
indicação alguma do seu humor, o silêncio habitual do
carro foi quebrado no momento que eles chegaram à
mansão do Volkov.

— Faça o pedido no final do jantar, depois vamos


embora!

Disse Conegon entregando a ele uma pequena caixa


preta, já tinha visto ela no cofre, era o anel de casamento
usado pela sua avó e em seguida pela sua mãe. Cristian
pegou a caixa, e em seguida o motorista abriu a porta do
carro, seu pai saiu primeiro e ele foi logo atrás. Subiram as
escadas juntos e não demorou muito para que
encontrassem Iuri Volkov a porta da casa, junto da mulher
loira, muita bonita, e Cristian ponderou mentalmente se a
noiva ia ser loira também.

— Conegon, Cristian... Sejam bem-vindos!

Iuri falou medido, seu pai respondeu no mesmo tom, e


ele apenas forçou um sorriso discreto, porém educado, não
era um homem de sorrisos. Eles entraram na mansão, tudo
parecia muito bem organizado, desde a sala espaçosa com
arranjos postos estrategicamente, até os garçons que
vieram servindo vodca e champanhe.

— Disse para não fazer nada muito grande Iuri. —


Conegon disse apreciando a vodca que foi servida.
— Não é sempre que recebo visitas como vocês e
Rosely adora preparar essas coisas.

O homem falou sentando-se e a esposa, como uma


boa mulher submissa, todas as mulheres da máfia eram
assim, ele se sentou ao lado do pai, também tomando um
pouco de vodca, implorando mentalmente que tudo aquilo
acabasse logo.

— Onde está sua filha, Rosely?

Cristian viu seu pai se dirigir calmamente a mulher


loira a sua frente, ela sorriu educada.

— Na verdade, filhas, já estão descendo.

Não passou despercebido o rápido franzir de cenho do


seu pai, claramente aquilo estava fora dos planos, Cristian
meditou.

— Filhas? — Conegon sabia que Iuri tinha duas filhas,


só que uma não estava mais com eles.

— Sim, chegou hoje de Nova York. Podemos


conversar a sós Conegon?

Iuri falou, parecia levemente preocupado, mesmo


tentando esconder. Cristian nunca ligou muito para os
Volkov, justamente porque só tinha filhas, elas nunca
assumiram a frente das máfias mesmo, pelo menos não na
Rússia.
— Boa noite!

Todos se viraram ao ouvir a saudação educada,


encontraram duas mulheres na soleira da sala, uma loira,
de olhos verdes, rosto delicado e a cópia da mãe pelo que
podiam perceber, mas a outra, não tinha nada haver, pelo
contrário, era o oposto da irmã, tinha os cabelos castanhos,
um rosto em um formato doentiamente perfeito, tendo
como brindes grandes olhos azuis e lábios carnudos.

— Boa noite.

Conegon respondeu, seguido por um coro, enquanto


as duas andavam até eles, Iuri foi até elas, ficando entre as
duas. O Herovrisk junto do pai levantou-se, às encarando e
Cristian avaliou a morena, ela tinha tudo de diferente da
loira, por isso atraiu sua atenção, não era só aquele tipo de
beleza clássica notável, rosto simétrico sem qualquer sinal
de imperfeição, mas era sua postura, a forma como
aqueles olhos azuis não se desviaram nem se mostravam
incomodados.

— Essa e Sacha. — Iuri indicou discretamente à loira


e a morena em seguida. — E essa é Rose, o motivo desse
jantar.

Cristian avaliou mais uma vez, discretamente, a


mulher que agora sabia ser a sua noiva. Ela era pequena,
mas aquele vestido azul mostrava o quanto estava em
forma, na verdade, parecia realmente deliciosa, mas ele
absteve-se desses pensamentos, fixando-se em seu
comportamento, apesar da delicadeza evidente seu rosto,
que era expressivo, só que naquele momento só dava
indicações de controle.

— Olá Cristian.

Ela falou firme, a voz aveludada e modulada, com que


pareceu ter um toque quase sensual quando disse seu
nome, de fato, era linda, não podia negar, não era cego,
porém a inquietude que a mesma lhe causava, não o
deixou contente.

— Olá Rose, é um prazer conhecê-la!

O Herovrisk mais novo estendeu a mão para tocar a


dela, foi apenas poucos segundos para a mesma
responder, mas nenhum dos dois esperou que fossem
atravessados por uma espécie de eletricidade quando se
tocaram. Cristian se manteve frio ignorando aquilo que
nunca havia sentido, mas soube no momento em que a
coloração das bochechas femininas mudou que ela sentiu
também, e essa reação a deixou mais atraente. Como se
ela precisasse! Cristian ponderou mentalmente, antes de
ser distraído pela voz do seu pai.

— Iuri, sua filha é muito bonita, as duas, mas pensei


que tivesse dito que não estava mais na companhia de
uma delas.

Rose ficou aliviada quando o homem mais velho,


aparentemente seu futuro sogro, interrompeu aquele olhar
penetrante e escuro, que cruzava com o seu, ela retirou
sua mão da de Cristian ainda sentindo aquela sensação de
choque. Foi estranho, ela sabia que seu rosto esquentou
diante do olhar dele, que era de uma beleza masculina
impressionante. Ela tinha procurado pelo nome dele na
internet, e da pouca informação que tinha, sabia que
possuía trinta anos e pelas imagens escassas, não muito
atualizadas, soube que não era um “sapo”, porém nada
chegava perto do que ele era pessoalmente. O cabelo era
escuro como a noite, com suaves cachos penteados para
trás, a barba bem feita em contraste dos lábios cheios na
medida ideal e se moldando as feições de homem.

— De fato, mas Rose voltou, ao meu pedido.

Conegon mediu a resposta de Iuri, eles haviam


conversado sobre unir as suas famílias há algum tempo,
nunca disseram nomes, quanto às filhas dele, pois era
claro que esperava que a mais nova fosse à noiva, era o
lógico, afinal de contas à outra estava longe da Rússia há
um bom tempo, a mudança sem aviso o deixou
desgostoso.

— Vamos nos sentar!

Rosely convidou suavemente sentindo o clima mudar,


as filhas foram para o seu lado, Cristian voltou ao seu
lugar, como Conegon, mas deixou um olhar vagar até
Rose, ela ficou no lado do pai, e a irmã ao lado da mãe, um
retrato de família perfeita. Ele quase rolou os olhos. Já
Rose tentou parecer calma, depois de aquele breve
incidente com seu noivo, sem poder se conter passou os
olhos nele mais uma vez, ainda parecia lindo, porém um
iceberg.

— O que andou fazendo longe de casa Rose?

O tom calculado de Conegon deixou Cristian saber


que o homem não estava satisfeito com algo, ele resolveu
deixar de lado e esperou a resposta da mulher que era sua
noiva.

— A maior parte do tempo estudando, agora


trabalhando.

Rose encarou o sujeito, parecia frio como ártico, não


que o filho fosse muito diferente, mas ele tinha algo
sinistro, todavia, ela tentou não se intimidar, afinal de
contas lidou com seu pai a vida toda, aquilo não deveria
ser muito diferente.

— Trabalha com o que?

Inquiriu novamente Conegon, Cristian a viu mantendo


o olhar do seu pai e constatou ali que não havia nada nela
igual à mãe e a irmã, as outras figuras femininas
assumiram a postura de submissão imediata, nem se quer
fixavam atenção permanentemente em nenhum deles. Já
sua noiva tinha algo incontido em seus olhos, como se
estivesse se controlando, ele manteve-se avaliando sua
linguagem corporal, suas mãos presas sobre o colo e as
costas rígidas longe do encosto do sofá.

— Moda, eu sou estilista!


Quando ela respondeu ainda era avaliada, o que levou
Cristian a entender aquele vestido tão bem escolhido, o
contraste azul com a pele branca ficou melhor do que o
próprio queria admitir.

— Promissor, mas me diga, agora irá fazer uma


pausa, imagino?

Conegon falou como quase uma afirmação. Cristian


percebeu como Iuri ficou tenso, olhou para a filha, que o
ignorou completamente, apesar de ele ter captado sua
tensão também.

— Claro...

Conegon e o filho pegaram o desgosto na voz dela,


mas os dois fingiram não fazer. O empregado chegou à
sala anunciando que o jantar ia ser servido. Isso quebrou
um pouco do clima estranho, todos se levantaram e
seguiram a sala de jantar, apesar os dois homens mais
velhos do local, terem ficado para trás.

— Irá ter que se retratar pelo seu equívoco de trocar


suas filhas!

Conegon ficou para trás somente para dizer aquilo a


Iuri, que nada disse, somente seguiram para tomar os seus
lugares à mesa.

— Sente-se ao lado de Rose, Cristian.


Rosely pediu dando a terceira cadeira da fila da direita
para ele, que aceitou, e Rose sentou-se, parecia ignorar
ele totalmente, enquanto encarava a irmã ao outro lado da
mesa, que se sentava perto da mãe. Iuri voltou assumindo
a cabeceira, Conegon ficou na primeira cadeira à direita
dele. Foi servido às entradas, todos ficaram em silêncio,
até começarem a falar sobre amenidades, Rose se
absteve, queria apenas sair logo da sala e ficar sozinha em
seu quarto, não se sentia mais firme, não como antes
quando colocou o único vestido realmente elegante que
trouxe e que se fazia se sentir poderosa, no entanto, o
encanto tinha acabado com a percepção do que se
concretizava.

Uma vez que ficava cada vez mais próximo do final do


jantar, bem como do pedido de noivado. Ela conhecia
esses jantares, tinha visto muitas amigas serem
empurradas para casamentos entre máfias, nunca
imaginou que um dia acabaria assim, depois de tanto bater
de frente com seu pai. Olhou de esguelha para o noivo,
tudo que tinha de beleza era igualada a frieza que
carregava, suspirou, não podia imaginar ou prever o que
seria a sua vida, pelo menos ainda não, quando percebeu
que todos haviam terminado a sobremesa, e o tal Cristian
se mexeu ao seu lado, soube que havia chegado a hora, e
tudo que ela fez foi respirar fundo, resignada, e esse não
era um sentimento que gostava de ter.

— Sr. Volkov, gostaria de tomar a palavra agora, e


pedir a mão da sua filha em casamento.

И·И
Os carros dos Herovrisk saiam da mansão Volkov
após um pedido de casamento tão frio quanto o clima
daquele país. Rose não esperou nenhum comentário,
apenas subiu para o seu quarto, evitando a todos, pelo
menos quase todos, quando sua irmã bateu na porta ela foi
até lá abrir, encontrou-se com olhos verdes tristonhos.

— Eu sinto muito.

— Está tudo bem, eu vou ficar bem, só preciso de um


tempo para digerir. — Rose forçou um sorriso e tocou o
rosto dela.

— Quer ficar sozinha não é?

— Nesse momento sim.

— Tudo bem, mas estou aqui, para o que precisar, é


só pedir!

Ela sorriu e abraçou a irmã, mas a mesma logo se foi.


Rose voltou para o seu quarto, olhando ao redor, era como
voltar no tempo, seis anos atrás quando deixou aquilo, e
agora estava de volta e tudo parecia igual, nada havia
mudado, suas fotos estavam no mesmo lugar, seus livros,
diários, alguns cadernos de desenho, até mesmo as roupas
dela foram mantidas, era como se estivesse esperando-a
voltar e dar “start” para iniciar de onde parou. Sentando-se
em sua cama pegou o celular, tinha medidas a tomar, o que
claramente ia ser uma grande “sacanagem” de sua parte,
pois o que ia fazer não era bonito, ela checou suas
mensagens, tinham dezenas, da sua melhor amiga, da sua
chefa, dos grupos, sem falar nas que mais lhe doíam,
Philippe. Ela o tinha deixado com um simples texto:

“Tenho que ir a Rússia, houve algum problema com a


minha irmã.”

Era leviano de sua parte tomar uma decisão de se


casar quando estava comprometida em um relacionamento
de verdade, mas não havia opções, naquele mundo da
máfia as convenções normais não eram aplicáveis, então
ela seria uma filha da puta sem coração e terminaria com
ele por mensagem, e foi exatamente o que ela fez num
texto curto e sem explicações:

“Estou indo terminando com você, não me procure


mais, acabou!”

Quando deixou o celular de lado cobriu seu rosto


segurando as lágrimas, não era só por Philippe, mas pela
sua vida, pelo que renunciou, mas Rose não chorou,
aquela foi uma escolha sua, inteiramente, dessa forma não
iria mais dá uma de vítima, tinha que achar um jeito de
sobreviver e seguir em frente.
И·И

Nas mãos do Herovrisk mais novo estavam alguns


papéis bem interessantes, os mesmos diziam respeito da
certa moça chamada: Rose Volkov. Cristian lia as
informações levantadas sobre ela e ficava cada vez mais
intrigado como diabos aquela mulher iria ser sua noiva. A
criatura intrigante vivia em Nova Iorque há uns dois anos,
fez paradas em Londres, Milão, Paris, mas naquele
momento residia em um bairro de pequena para média
classe, muito Hipster para o seu gosto, seu grupo de
amigos muito mundanos e o fato mais interessante, tinha
um namorado ou no caso um “ex” na história, nas redes
sociais não aparecia nenhum relacionamento, mas isso
não deixou de incomodá-lo, pois tinham fotos, no entanto,
nada muito revelador.

— Isso foi tudo que conseguiu Franco? — Indagou-o


encarando ao segurança de confiança, o sujeito deu um
aceno positivo.

— Temporariamente senhor, mas ainda tenho um


pessoal levantando mais informações, há algum ponto
específico que queira mais atenção?

— Quero saber tudo sobre esse suposto namorado, e


levante o máximo de informações sobre o motivo de ela
estar a seis anos longe da Rússia!

— Sim senhor, será feito, algo mais?

— Não, pode ir.

Obedecendo a ordem o homem saiu, Cristian encarou


a foto da mulher em frente ao relatório, novamente estava
vendo um brilho perigoso nos olhos dela, não que
houvesse perigo verdadeiro, mas sim outra coisa, algo que
ele ainda não sabia nomear, uma batida à porta o fez se
distrair. Um sujeito alto e loiro entrou, sem ser anunciado,
no escritório de Cristian na sede da “[2]Holding H” da família
comandada por ele, uma forte potência russa que tinha
negócios no mundo todo na gerência de empresas
subsidiárias em diferentes ramos. Era uma fachada muito
rentável aos Herovrisk e que se expandia tão voraz quanto
à própria máfia vermelha.

— Sr. Herovrisk!

— Ainda não aprendeu a se anunciar Noam?

— Eu sou em si um anúncio. — Ele disse sorridente


indo se sentar à frente da mesa — Como vai Todo
Poderoso?

— Por que não poupa meu tempo e em vez de ficar


dando voltas não diz logo o que quer?

O sujeito fez questão de fingir indignação, Noam


Serverovi era quase um irmão, filho de um grande amigo
do seu pai, e talvez o único realmente próximo Cristian.

— Chego de viagem e sou recebido assim?

— Estou contando! — Falou o Herovrisk sem muita


paciência, Noam sorriu.

— Tudo bem... Só queria te convidar para uma


“festinha”, banquete russo feminino patrocinado por mim!
— Sem esboçar nenhuma expressão Cristian negou e
sorriso de Noam se desfez. — Não posso crê que está
dando para trás!
O homem deu de ombros, resolvendo deixar o outro a
par do novo assunto que em breve seria a notícia do ano
para o mundo e o submundo da Rússia.

— Vou me casar em um par de semanas, não tenho


mais tempo para essas festas, não condiz mais com a
minha posição por enquanto! — Dizer que o queixo de
Noam caiu foi um eufemismo.
— Isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto
sua!

— Infelizmente não... — O Herovrisk segurou um


sorriso divertido.

— Que droga cara! — Cristian encolheu os ombros. —


Ela vale a pena?

— Não a escolhi idiota, foi meu pai, é a filha mais


velha do Volkov!

— Eu não me de lembro conhecê-la, mas só posso


desejar meus pêsames a você! — Foi à vez de Noam dar
de ombros.

— Obrigado...

— Mas obviamente vamos nos divertir se eu bem


conheço você.

Cristian deu um aceno sem entusiasmo.


— Tudo que sei é que peço que se divirta por mim
nessa festa, agora tenho mais o que fazer.

Noam soltou uma risada baixa não perdendo a chance


de caçoar do Herovrisk.

— Com certeza tem mais o que fazer, talvez, tipo


escolher o buquê da sua noiva?!

И·И

O anel de todo cravejado em pequenos diamantes ao


redor de um maior no centro, adornado por ouro branco,
era magnífico, no entanto, só pesou na mão de Rose
desde que foi posto lá há três semanas, ainda era
incômodo olhar para sua mão e vê-lo ali, era ostentação
demais e naquele dia ganharia companhia de uma aliança.

— Você está incrivelmente linda...

Rose ouviu a mãe e a observou pelo espelho


enquanto faziam um último ajuste no seu vestido de noiva,
que ela nem sequer escolheu, sua irmã o fez com Rosely,
ela suspirou, tinha feito muito aquilo nas últimas semanas.

— Me sinto como um cadáver, não linda!

Assim que as palavras saíram da sua boca ela se


arrependeu, viu sua irmã logo ali atrás, que deixou seus
ombros caírem ao escutá-la.

— Sinto muito! — Sacha disse na direção da irmã.


— Está tudo bem Sacha, não tem culpa. Eu escolhi
isso. — Esclareceu rapidamente.

— Porque me ama!

— Exatamente. — Sorriu tentando quebrar o clima


ruim. — Agora pegue aquele grampo em cima da mesa.

Sua irmã suspirou, mas fez o que ela pediu.

— Você deveria ter desenhado seu vestido... —


Rosely ponderou com filha, que sacudiu a cabeça
negando.

— Quando um dia pensei em desenhar um vestido,


não foi para um casamento forçado. Esse está bom, até
demais, fizeram um ótimo trabalho.
Sacha voltou com um grampo que Rose tinha visto na
sua única visita rápida a loja de acessórios de noiva mais
conceituada do país, o grampo era tão delicado e elegante
que a cativou, tinha um formato de flores nas pontas, com
diamantes discretos.

— Ponha para mim loirinha.

Pediu ela forçando um sorriso, que não estava fácil,


quando sua maior vontade era fugir, mas se segurou. Já
tinha ido longe demais para desistir e Rose não desistia
fácil.
И·И
O salão de um palácio russo, no interior do país, não
muito longe da capital, foi o lugar escolhido para o
grandioso casamento, não de duas pessoas, mas das
maiores casas da máfia. Cristian estava no altar, sendo
observado por mais de duzentos convidados. Um
submundo de um grupo de elite que se mantinha escuso, a
máfia não funcionava da maneira dos tempos antigos,
ninguém tinha rosto, tudo era muito bem organizado para
se manter nas sombras, mas algo não mudará, a prova era
a lei do silêncio, que se mantinha. Quem abria a boca para
falar dos negócios daquele mundo morria, simples assim,
era uma equação ininterrupta e certeira, vital para manter
aquele sistema.

— Faça uma cara de menos tédio!

Noam disse surgindo atrás dele no altar, colocando a


mão em seu ombro, ele era seu padrinho de casamento,
não porque convidou, mas pelo simples motivo dele ser um
intrometido e convidar a si mesmo.

— Cuide da sua própria cara, deixe-me em paz.

— Porque está tão mal-humorado, soube que sua


noiva é deslumbrante, tem sorte!

Sorte? Coisa Ridícula... Pensou Cristian ignorando


seu amigo e mantendo a pose, não estava feliz de casar,
nem queria aturar as brincadeiras de Noam.

— Já disse, deixe-me em paz!


— Vai dividir ela?

— Apressado demais, não é Noam?

Cristian olhou para trás encontrando o olhar


zombeteiro, mas via que a pergunta era verídica. Noam
sorriu mais, porém a atenção dele e de Cristian foram para
a porta, a mãe da noiva chegou, foi para a primeira fila ao
lado de Conegon, a filha mais nova, muito bonita por sinal,
veio para o altar, ficando ao lado de Noam, que concentrou
sua atenção nela.

— Não sei se alguém já lhe disse, mas é a mulher


mais linda dessa festa!

Cristian ouviu o galanteio barato do amigo, devia ser o


milésimo e a festa ainda nem tinha começado, manteve a
expressão, segurando-se para não rolar os olhos, então
encarou a futura cunhada.

— O ignore, como eu. Uma hora ele se cansa e se


cala… — A menina sorriu educadamente, então encarou
Noam.

— Obrigada, mas isso é porque não viu minha irmã,


ela está magnífica!

Assim que ela terminou a frase a marcha nupcial


tocou. Cristian olhou para frente, avistando a figura
pequena toda de branco nas grandes portas do salão de
braços dados a Iuri Volkov, mesmo de longe ele via como
ela parecia realmente magnífica, o único aspecto que
estava lhe agradando naquele casamento, a beleza da sua
noiva. Na ponta oposta do grande salão daquele palácio,
Rose sentiu sua pulsação ficar descontrolada, quando deu
o primeiro passo suas pernas fraquejarem, mas ela ergueu
o queixo, buscando forças onde não tinha, não iria deixar a
breve troca de insultos que teve com seu pai na antessala
daquele lugar ou a percepção do inferno que estava se
metendo, abalá-la.

— Não estrague tudo...

Iuri disse através do sorriso plástico que estampava


seu rosto, Rose puxou uma respiração profunda, tentando
não mandar o próprio pai à “merda”.

— Só me conduza e para de falar!

Ela respondeu em sorriso forçado em direção os


convidados, sabia que todos eram tão falsos quanto seu
sorriso, e enquanto isso Cristian manteve seu olhar na
mulher que caminhava até ele. A irmã dela tinha razão,
Rose estava muito bonita, não havia como negar, ouviu o
suspiro de Noam atrás dele, mas ignorou, mantendo a
atenção fixa na noiva, quando ela chegou, ele estendeu a
mão para tocar a dela, desde o dia do jantar não a tinha
mais visto, não que achasse ruim, com delicadeza Rose
colocou sua mão na do homem, mais uma vez aquela
corrente elétrica surgiu entre eles enquanto seus olhares
se cruzaram.

— Cuide bem dela, Cristian.


Iuri disse atraindo a atenção do Herovrisk, Rose ouviu,
mas menosprezou, apostava que aquilo foi apenas uma
solenidade que o pai tinha que fazer, mas na verdade,
ainda estava um pouco atordoada por tudo aquilo, pelo
sujeito a sua frente, que a perfurou com os olhos negros
fixos nos dela novamente. Ele ficou lindo naquele fraque,
realmente lindo, não achou que ele pudesse ficar
visualmente melhor do que já era, porém se enganou.

— Irei cuidar enquanto viver...

A voz rouca e potente de Cristian atingiu Rose de um


jeito estranho, quando este falou, encarando-a. Ele a levou
para o altar logo em seguida, e a partir dali não tinha mais
volta, o casamento ia acontecer, não importava mais o que
qualquer um sentia quanto a isso ou os motivos que
levaram até lá.
И·И

A maldita valsa parecia que nunca ia acabar para


Rose, seu vestido já parecia pesar algumas toneladas e
seus pés doíam, tanto pelos saltos altos, quanto pela
quantidade de gente com quem dançou e a pisou. Quando
mais um cavalheiro surgiu para mais uma dança ela só
quis poder chegar logo no sujeito que agora era seu
marido. Como a tradição mandava, ela e ele, depois dos
comprimentos aos convidados, iam até o meio do salão e
iniciavam a valsa, assim Rose ia ter que ir passando pelas
mãos da maioria dos homens da festa e Cristian das
mulheres, até voltarem um ao outro.
— Alguém já lhe disse que é a mulher mais bonita
dessa festa?

O cavalheiro alto e loiro falou sorridente assim que


iniciou a dança, ela lembrava de tê-lo visto no altar. Rose
segurou a vontade de rolar os olhos, apostava que ele já
havia dito isso para todas as mulheres que a olharam com
inveja por causa de um casamento que ela nem queria.

— Não sei se fico lisonjeada ou decepcionada. Já


disse isso para quantas?

Ele franziu o rosto e então sorriu como um pavão


exibido.

— Lisonjeada, porque para você é verdadeiro. Afinal é


mulher do meu quase irmão. — Foi à vez de ela franzir o
cenho. — Prazer, sou Noam, aos seus serviços, minha
querida!

Rose não deixou de perceber que ele a apertou mais


contra seu corpo... Grande quase irmão!

— Tire o “minha querida” e então prazer!

Noam gostou como ela era direta e rápida, mas Rose


não ficou muito satisfeita com o sujeito, todavia, preferiu
não relevar.

— Devo lhe chamar de quê então?


Cristian saiu dos braços daquela mulher que só faltava
babar nele e chegou bem a tempo de ouvir Noam fazer tal
pergunta a sua esposa, o termo ainda soava estranho para
ele, mas se meteu na conversa antes mesmo de avaliar
aquilo.

— Apenas de Sra. Herovrisk!

Um arrepio passou pela nuca de Rose ao ouvir aquela


voz grave, então sentiu a mão firme tocando sua cintura a
puxando, ela virou o rosto para encontrar o olhar de
Cristian ao “quase irmão”.

— Fala sério, você sempre atrapalhando...

Noam disse fingindo irritação, mas Cristian sabia


exatamente o que ele estava tentando fazer, ludibriar Rose
para levá-la a cama como todas as mulheres que os dois
conheciam e dividiam sem cerimônias quando queriam.

— Saía Noam!

Com um tom medido e frio Cristian ordenou, Noam


rolou os olhos, antes de pegar sem permissão a mão de
Rose, que ergueu uma das sobrancelhas em
questionamento mudo.

— Como disse, estou aos seus serviços, Sra.


Herovrisk!

Ele disse depositando um beijo meloso na mão dela,


que a fez estranhar, pelo simples fato que o amigo do seu
marido, que estava bem ao seu lado, flertava com ela sem
qualquer disfarce.

— Ninguém aqui precisa de você, saía!

O marido dela disse, e o jeito frio calculado como


falou, deixou Rose inquieta. Noam sacudiu rindo a cabeça
e saiu, e eles começaram uma dança, ficando realmente
próximos, de mãos unidas e novamente aquele choque.

— Seu amigo é estranho... — Sem se conter Rose


afirmou.

— Sim, por isso ignore o que ele diz!

Os olhos de Cristian se fixaram em Rose, ela não


distinguia nada que passava por aquelas orbes escuras,
realmente ele usava aquela máscara impassível, e era
enervante para ela.

— Podemos terminar logo essa dança? Não aguento


mais.

— Já está cansada?

— Sim, dance com esse vestido, pesa. Ainda mais


quando conseguem fazer o milagre de ultrapassar a barra
e pisar no meu pé!

Cristian teve que segurar para não rir da expressão de


ultraje que ela assumiu, decidiu terminar essa dança se
aproveitando da proximidade da valsa para sentir o corpo
dela, percebendo que a esposa, evitava ao máximo fazer o
mesmo. Ele seguiu a conduzindo naquela dança, antes de
preparar-se para o final, silenciosamente eles se
comunicaram com seus corpos em sintonia naquela, eles
giravam, foram à frente, Cristian pôs as mãos na cintura da
esposa e a sensação de ajuste o fez ter uma sensação
agradável.

Rose fixou suas mãos nos ombros do homem para


mais um rodopios seguidos e então o final da valsa chegou
e foi parar debruçada nos braços de Cristian, o rosto dele
ficou a milímetros do dela, as respirações dos dois estavam
ofegantes. Ele levantou Rose devagar, se deu conta da
mão delicada em sua nuca e a outra na sua cintura, apesar
dele a pôr de pé, ouvindo os aplausos dos convidados, a
atenção deles estavam um no outro. Não passou
despercebido, para ele, agora que Rose realmente estava
esparramada contra seu corpo, o cheiro insuportavelmente
bom de maçãs e ainda tinha os seios apertados contra seu
peitoral, assim como ela se deu conta da proximidade, que
fez seu corpo se arrepiar, quando encarou para boca dele
sem poder se conter aprendendo como era
deslumbrantemente atraente tão perto assim.

— Vivam a casal!

O grito dos convidados tirou Rose e Cristian daquela


bolha que haviam entrado, ela foi a primeira a se mover,
saindo mais de perto, ele fez o mesmo em seguida e foi a
onde estavam suas famílias, os olhos de Conegon fixaram-
se na nora quando chegou à mesa, Rose decidiu ignorar a
todos, dando atenção irmã, a qual abraçou.
— Obrigada... — Sacha sussurro agradecido ao
imenso sacrifício que a irmã estava fazendo por ela, nunca
na vida ia poder realmente agradecer.

— Está tudo bem. Amo você.

— Também te amo!

Cristian observou as duas irmãs abraçadas, elas


pareciam ser muito ligadas, viu lágrimas nos olhos da mãe
delas. Iuri se levantou e o cumprimentou, não esperou
receber nenhum elogio ou qualquer coisa do seu pai, esse
se manteve lá, observando tudo, mas dirigiu um olhar a
Rose, depois que ela se despediu da mãe, e o encarou de
volta.

— Espero que seja uma boa esposa ao meu filho!

Rose podia não percebe, mas havia uma ameaça ali


contida, mas Cristian percebeu.

— Que seja recíproco!

Rose não conseguiu segurar, aquele velho frígido


vinha tentando intimidá-la desde o início da festa, não
estava com muita paciência para aceitar, já tinha
aguentado muita merda, uma delas era ter casado, agora
ainda ia ter a noite de núpcias, que nesse momento ela
preferia ignorar. E em meio aquilo nada passou pelo rosto
de Conegon, porém por dentro estava querendo muito a
punir, mas deixaria Cristian se encarregar daquilo, pelo
menos naquele primeiro momento.

— Que assim seja...

Disse Conegon, Cristian mal acreditou quando ouviu


as palavras da sua mulher e a resposta do seu pai.

— É melhor irem logo, antes quem mais gente venha


a vocês!

Iuri falou e havia um tom de censura direcionado a


filha através daqueles olhos azuis semelhantes. Rose
ignorou, mas Cristian estava atento à animosidade deles,
essa foi à última gota para sacramentar a sua certeza de
que a mulher com qual casou era uma rosa cheia de
espinhos.
CAPÍTULO 03
A mansão Herovrisk era imensa, cercada por
sombras, tinha uma aparência austera, bem como outras
casas que ficavam localizadas ao norte da cidade. A porta
do carro foi aberta para Rose a tirando dos seus
devaneios, com um pouco de dificuldade ela saiu, aquele
vestido estava lhe dando nos nervos, de pé do lado de fora
viu Cristian surgiu segurando em seu braço para ajudá-la
na subida a escada que levavam a porta central.
Silenciosamente subiram lado a lado, e ele nem a olhou
enquanto a conduziu para dentro do lugar, não houve
tempo para avaliação interna, pois a mulher já foi levada
para mais uma longa escada.

O peso do que ia acontecer a deixou incomoda, mas


sabia que não haveria como não passar pela noite de
núpcias, pois uma hora outra ela ia ter que parar na cama
com o seu "marido" então era melhor que acabasse com
aquilo. Cristian a levou para o seu quarto, não gostava da
ideia de uma mulher ali, porém infelizmente ia ter que ser
assim, pelo menos até ela engravidar, depois a colocaria
em um quarto separado. Quando chegaram ao seu destino,
ele se virou para trancar a porta, logo depois se voltou para
Rose, que observava o ambiente, ela não estava
confortável, mas não era como se fosse uma virgem e não
soubesse o que ia ter de fazer, só que isso não a deixava
mais calma.

— Quer beber algo? — O homem ofereceu ao ver a


posição tensa que Rose assumiu quando o encarou.
— Não, só me ajude a sair logo desse vestido. Vamos
acabar com isso!

Rose cavou o último pingo de coragem que tinha.


Cristian não esperava que ela fosse tão direta, mas neste
momento ficou feliz por ela ser assim, e bom se a mesma
queria aquilo logo, ele faria.

— Vire-se de costas.

Ele comandou, Rose supôs que ia abrir seu vestido,


então se virou, Cristian foi até ela, no caminho se livrou do
fraque junto do lenço, ficando apenas com a camisa,
quando tocou o primeiro botão do vestido, escutou Rose
expirar. Cada botão que era aberto revelava mais da pele
alva que se arrepiou quando o homem tocou suas costas
com a ponta dos dedos desde a base da coluna indo até a
nuca. Ele ficou encantado como era macia, delicada, não
havia nenhuma marca na pele de alabastro. Quando
empurrou as alças do vestido, encontrou mais daquela pele
branca que pedia para ser beijada. Ele desceu um beijo no
seu ombro, mordiscando, só não esperava gostar tanto
daquilo.

— Você cheira deliberadamente bem!

Rose estava um pouco surpresa ao modo como seu


corpo reagiu aquele homem, e um estranho para ela, um
formigamento se espalhou, indo diretamente ao seu ventre,
quando ele a mordiscou, fechou os olhos, tentando
controlar sua respiração quando as mãos dele tocaram
seus seios desnudos.

— Oh...

Um gemido escapou pelos seus lábios enquanto


Cristian tocava aqueles seios que se encaixaram
perfeitamente bem em suas mãos, ele brincou com os
mamilos dela, enquanto a beijava no pescoço. Rose nunca
foi passiva, mas neste momento se esqueceu até de como
se respirava.

— Quero que saia desse vestido!

Os olhos dela fecharam instantaneamente ao mesmo


tempo em que Cristian chupou o lóbulo da sua orelha, ela
até mesmo deixou de lado o tom de ordem impregnado na
voz dele. Fazendo o que ele queria, Rose se livrou do que
a cobria, Cristian fez o mesmo e já estava pronto para ter
Rose. Eles se voltaram um para o outro com admiração
mútua, Rose gostou tanto do corpo do seu marido que até
esqueceu a própria nudez, tinha que admitir que ele fosse
melhor ainda sem roupa. Ele por sua vez ficou perturbado
pelas belas formas da sua esposa, era linda, quase pulou
nela, mas manteve o controle.

— Gostou da vista? — A clara mostra de presunção


na pergunta dele fez Rose rolar os olhos.

— Se eu dissesse que já vi melhores, ficaria


chateado?
Ela claramente estava apenas fazendo troça com a
sua cara, mas Cristian não conseguiu conter um sorriso,
mesmo que mínimo, então antes que ela pudesse perceber
já estava sendo jogada a cama e presa sob ele, o susto a
fez perder a voz, todavia, de repente, tendo a boca dele tão
próximo, o hálito quente com um leve toque de vodca,
misturando-se ao seu, não pensou muito naquilo e tentou
beijá-lo, mas para sua surpresa ele se esquivou
rapidamente.

— O que? — Rose ficou confusa, perguntou-se se de


repente pareceu indesejável.

— Sem beijos, eu não faço isso.

A voz comedida dele acabou jogando um balde de


água fria em Rose, que mais uma vez questionou-se
confusa, sobre o homem em cima dela, e concluiu que era
um louco.

— Como assim não beija?

— Não beijo, simples, agora eu quero que fique


quieta!

Cristian praticamente rosnou não queria conversar,


não naquele momento e definidamente em nenhum outro,
ainda mais sobre aquele tema. Rose percebeu aquilo
quando sentiu em sua coxa a excitação do homem, e daí
esse abocanhou seus seios, atormentando seu mamilo
intumescido e ela ficou completamente perdida. O cheiro
que ela tinha era inebriante para Cristian, que adorava ver
como o corpo dela reagia ao seu. Desceu beijos pela
barriga era plana sem nenhum defeito, até que chegar à
calcinha branca, quando expôs a feminilidade dela, teve de
conter um gemido. Rose ficou extremamente ciente que o
homem a olhava lá, com cobiça até, e isso a fez perder as
reservas quanto ao que estava claro que iria receber.

— Acho que agora é você que parece admirado...

O homem não esperava que ela retrucasse, na


verdade, se não se enganava era a terceira vez, ou mais,
que ganhava uma resposta ousada dela.

— Sim, estou gostando muito!

Ele admitiu dando um sorriso malicioso. Rose sentiu


um calor se espalhar e ofegou quando o homem passou o
nariz o os lábios no interior da sua coxa, depois indo
depositar um beijo seu clitóris, sugando logo em seguida,
um gemido sem pudor saiu dos lábios. Ela não podia negar
que aquilo era maravilhoso, sentia pequenos choques
deliciosos espalhando-se por seu corpo enquanto Cristian
sugava e colocava dos dedos dentro dela. Foi demais para
suportar, isso não se comparava em nada que já tivesse
passado, e qualquer dúvida que tivesse quanto a tal ato
oral, estava sendo desmistificado pelo seu “marido”. Isso a
fez se questionar por que não se deixou experimentar
aquilo antes. O homem adorou ver como ela estava
entregue, e isso porque ainda nem tinha realmente
começado, retirou seus dedos lentamente, só para meter
novamente simulando os movimentos que queria fazer,
mas com outra parte do seu corpo. Rose agarrou os
lençóis enfiando as unhas nele, mordendo seus lábios para
não gemer alto, Cristian estava fritando seu cérebro com
aquela boca no meio das suas pernas, porém quando ela
achou que iria atingir o clímax, ele parou com tudo.

— O que... — Ela começou, mas Cristian foi mais


rápido a interrompendo quando ele beijou seus seios,
então buscou o rosto dela, encarando sua boca
principalmente.

Que boca mais linda... Pensou o homem, mas nem


aquela quantidade de beleza o faria quebrar sua regra,
sem beijos, era algo que nunca compartilhou no sexo, nem
era necessário, aqueles eram os rodeios desnecessários.

— Sei que gostou disso, mas outra coisa vai te fazer


gozar...

A voz dele saiu mais rouca e deixou o couro cabeludo


de Rose formigando, ela não entendia como podia reagir
tão fortemente a ele. Os olhos negros de Cristian não se
desviaram dos seus, até que ele soltou os cabelos
castanhos dela, deixando espalhado na cama, o homem
gostou de como ela pareceu quase selvagem, era inegável
o quanto era linda, quando se posicionou entre as pernas
dela direcionando seu membro a entrada feminina.

— Não vai usar camisinha?

Perguntou Rose se alarmando, afinal não sabia nada


sobre aquele sujeito e independentemente da sua injeção
anticoncepcional.
— Não, isso é algo que não vamos usar mais... E além
do mais eu estou limpo e você também!

— Como sabe? — Ela indagou arqueando a


sobrancelha, Cristian deu um sorrio de canto pequeno e
quase perverso.

— Eu sei tudo sobre você. — Ele baixou os lábios até


a orelha dela, mordiscando e sussurrando. — Tudo!

Sem deixar tempo para reação ou para Rose julgar


aquela informação que lhe foi dada sentiu Cristian a
penetrar de uma vez a preenchendo, abafando um gemido
seu pescoço, a qual ela não conseguiu evitar também.

— Cristian...

A versão do seu nome saiu para lá de erótico naquela


voz aveludada de Rose. Ele sentia-se apertado como um
punho dentro dela, mesmo parado, enquanto deixava-a se
acostumar à invasão brusca.

— Tão apertada!

Ele gemeu agarrando a coxa dela para manter Rose


no lugar e assim fez sua primeira investida lenta. Rose
levou as mãos para a costa de Cristian, não se importando
em colocar as unhas contra sua pele, ouvindo o gemido
excitado em seu pescoço, enquanto gradativamente
aumentou o ritmo como tomava o corpo dela. O pior, ou
melhor, de tudo foi que Rose gostou, e logo envolveu a
cintura masculina com as pernas, deixando-o ciente que
era essa permissão que precisava para imprimir um ritmo
mais rápido e forte. A mulher gemeu de prazer, fazendo
Cristian adorar aquele som e desceu beijos em seu colo. O
cheiro dela misturando-se ao seu enquanto uma leve
camada de suor se formava em suas peles, deixava-o mais
excitado e de forma primitiva.

— Porra, vamos Rose, goza para mim!

Ela se surpreendeu que ele esperasse que viesse


junto, mas só foi sentir a mão descer até o montículo
inchado entre suas pélvis e esfregar para causar um
frenesi intenso, todo o corpo de Rose começou a tremer,
em seguida ela estremeceu num grito ofegante.

— Ah, Cristian!

Rose alcançou seu clímax e suas levaram Cristian ao


pico de prazer, ele que jogou o rosto contra o pescoço dela,
sentiu uma mordida em seu ombro, enquanto gozava e a
fazia gozar. Os dois ficaram parados por um bom tempo,
até ele sair de cima dela, fazendo-a estremecer levemente.
Ele se jogou ao seu lado, encarando o teto, mas sentindo
uma vontade súbita de olhar para a mulher ao seu lado,
quando o fez se arrependeu, pois a queria de novo. Ela
estava linda toda corada pelo que tinham feito, os seios
perfeitos subiam e desciam com a respiração acelerada,
mas ainda estava de olhos fechados, a mulher ainda sofria
com o espasmo daquele orgasmo, seu corpo todo parecia
mole. Pelo menos o sexo com o seu marido não ia ser um
martírio, e como se sentisse ele a olhando ela, o encarou,
aqueles olhos escuros fizeram seu ventre se apertar, ela
engoliu em seco sabendo que devia terminar aquilo de
imediato, era muito inquietante o encarar tão de perto.

— Hum, eu vou dormir!

Rose anúncio rolando sobre seu estômago, puxando


um lençol por cima do corpo. Não ia transar com ele de
novo, precisava se pôr em ordem, tinha muita coisa para
absorver. Cristian quase grunhiu mais se controlou, vendo
a mulher ao seu lado cobrir o corpo cheio de curvas, que
queria tomar para si novamente, a porra do sexo com ela
era melhor do que podia imaginar.

И·И

Estava tão escuro! O barulho de ratos ao redor era


tudo que tinha...
Aquela escuridão era nauseante e havia pouco que
pudesse ser feito. Ele queria sair de lá, mas não conseguia
se mover.
Fechou os olhos buscando controlar sua respiração, o
medo se mantinha presente, o mau cheiro era apenas
outro péssimo detalhe... E este era apenas o primeiro dia
de muitos dentro daquele lugar, totalmente sozinho...
Cristian abriu os olhos, sobressaltado, piscou algumas
vezes se ambientando a onde estava, observou ao redor
identificando seu quarto em meio a pequenas frestas das
luzes que entravam pelas cortinas negras, passou a mão
pelo rosto, algumas noites havia aqueles “sonhos” ou
lembranças que se entrelaçavam a eles, o homem às
vezes tinha dificuldade de discernir o que era ou não real.
Suspirando, se moveu, então avistou a figura pequena
dormindo ao seu lado, ela tinha as mãos embaixo do rosto,
apoiando-se, passando uma imagem inocente.

Ele pensou em como era desconfortável tê-la ali, uma


completa estranha, e mesmo com todos os relatórios que
possuía sobre Rose Volkov, no fundo, ela ainda era uma
incógnita de cabelos castanhos e olhos azuis. Afastou sua
atenção dela encarando o teto, permanecendo assim até o
amanhecer, quando abriu as cortinas deixando a luz entrar,
com intuito de incomodá-la mesmo, todavia, quando olhou
a sua “esposa” novamente, ela nem se moveu, continuou
dormindo. Cristian rolou os olhos e pegou seu notebook
para trabalhar, iria esperar a Sra. Herovrisk acordar.
Quando Rose abriu os olhos se deu conta do lugar
desconhecido, franziu o cenho, até lembrar-se com a
velocidade de um trem atingindo-a que estava na mansão
Herovrisk, casada, suspirou e se mexeu, levantando o
rosto, encontrando o rosto sério de Cristian.

— Achei que não ia acordar... — Ele falou sem dar


qualquer indicativo do que pensava.

— Bom dia... – Ela bocejou levemente. – A culpa do


fuso horário!

Sem dizer nada o sujeito ficou a observando, Rose


sentiu seu rosto corar, Cristian por sua vez percebeu isso,
assim como também percebeu que os olhos azuis dela
estavam ainda mais claros, mesclado a salpicos verdes e
um suave tom castanho em volta da íris, era intrigante.
— Imagino sim!

Foi tudo que ele respondeu, desviando os olhos para o


seu notebook, Rose observou o homem naquele silêncio
enervante, mas pode aproveitar para aparência do homem
pela manhã, o físico era invejável, tonificado, uma coisa ela
podia dizer, ele era ainda mais bonito na total luz do dia, e
ela tentou ignorar aquilo

— Perdi o café?

— Não, por muito pouco!

Sentindo-se pouco confortável Rose resolveu sair da


cama, puxou o lençol, enrolando-se.

— Irei tomar um banho.

Ela falou e ganhou um olhar entediado do sujeito, que


logo voltou à atenção ao que fazia, praticamente fingindo a
inexistência dela. Rose saiu da cama rolando os olhos,
irritada para a grosseria do sujeito naquela manhã, não era
como se estivesse esperando um tratamento especial, mas
pelo menos que houvesse educação. Cristian a deixou
entrar no banheiro para deixar um sorriso aparecer,
admitindo certa diversão em vê-la desconcertada.

Mais tarde já estava os dois lado a lado em frente ao


espelho, cada um cuidando das suas necessidades, mas
sem realmente se olhar, era algo estranho para ambos,
porém o silêncio era mais incômodo para a mulher do que
ao homem, que a ignorava. Rose quis bufar, Cristian só
podia ser o tipo de bastardo frio durante o dia e durante
noite ia procurá-la na cama. Irritada com a constatação,
jogou a escova de cabelo para trás e saiu do banheiro,
para o closet que encontrou por conta própria.

O homem que ficou sozinho não ligou para a esposa,


na verdade, ele não tinha a mínima intenção de ficar
dividindo tudo com ela, já bastava o quarto e o closet que
tinha sido tomado em mais da metade. Cristian queria
manter a distância, só assim ele conseguiria suportar
aquele casamento, quando saiu a viu terminando de fechar
a fivela de um salto, em sua opinião não era o calçado
ideal para estar em casa, mas nada ele disse. Um
momento depois os dois já estavam prontos e descendo
juntos, todavia, sem qualquer contato, silenciosos como os
dois estranhos que ainda eram. Eles seguiram até a sala
principal onde os Herovrisk faziam suas refeições, logo que
chegaram ao local e encontraram Conegon sentado à
cabeceira da mesa.

— Bom dia...

O patriarca Herovrisk saudou com um bom humor que


fez Cristian, observar discretamente, uma coisa sobre o
homem mais velho, ele nunca saudava ninguém, ele era
saudado.

— Bom dia...

A voz aveludada e calma dela passou pelo scanner de


Conegon, queria saber exatamente onde estava pisando
com a mulher, mas primeiro ia fazer uma investida mais
suave.

— Gostou da casa?

Rose se sentou observando o homem a perfeita


imagem de um tirano frio, desviou os olhos para seu
marido que a ignorava com sucesso do outro lado da
mesa, suspirou enquanto uma moça a servia, até pensou
em dispensar sabendo que podia muito bem lidar com
aquilo, mas deixou de lado, após morar tanto tempo
sozinha tinha perdido certos hábitos e um deles era ser
servida.

— Receio que ainda não posso dá uma opinião, pois


não vi muita coisa... — Olhou para a moça que a servia. —
Obrigada.

Ela deixou novamente seus olhos vagarem até


Cristian que estava mais envolvido em terminar de aprontar
seu chá, Rose achou curioso o tal gosto.

— Creio que terá a partir de agora muito tempo. — A


afirmação do sogro deixou desconfiada, se voltou a ele que
deixou de encará-la para se dirigir ao filho. — Estou saindo
Cristian, vá até o Rener ainda agora de manhã, entendido?

— Sim...

Cristian respondeu, porém agora sentia um olhar


curioso e quase penetrante em cima de si, sua esposa,
Rose percebeu que deviam estar falando sobre algo
envolvendo a máfia, observou seu marido, que não deu
indicações do que se passava. Com isso ela decidiu
apenas terminar seu café, vendo seu sogro sair, deixando
imediatamente a sala menos tensa, mas o silêncio mortal
na mesa não melhorou em nada, Rose terminou seu café,
logo viu Cristian fazer o mesmo, ele a pegou olhando, seus
olhos não revelavam nada além de uma frieza que a
mulher se deu conta de ser habitual.

— Eu tenho que ir. — Ele anunciou. — Se quiser


alguma coisa peça a um dos empregados que eles iram
providenciar!

Rose concordou, mas ficar na casa sem fazer nada,


não estava em seus planos, era ridículo que nem uma lua
de mel eles pudessem ter, já que assim ela ainda poderia
se distrair, mas era bem óbvio que aquele era um desejo
inacessível. Os mafiosos não deixavam seus postos ao
menos que fosse uma viagem a trabalho, então ela teria
que encontrar um jeito de se distrair com algo na Rússia.
Procurar um emprego para não ficar louca dentro desse
mausoléu... Pensou ela enquanto levava um pouco do
iogurte com granola a boca, deu de ombros.

— Tudo bem, mas não vou precisar, irei sair!

Cristian que já começava a se levantar da mesa, mas


parou ao ouvir a declaração da esposa.

— Irá sair? — Perguntou medido, sem demonstrar seu


desgosto, afinal ela não podia sair sem pedir sua
permissão.
— Sim!

Rose disse na cara dele, não tinha nada que pudesse


decifrar naqueles olhos gélidos. Percebeu-o passando a
língua nos lábios, o gesto fez algo estranho no seu corpo,
ela buscou ignorar.

— Acho que você ainda não entendeu como as coisas


funcionam aqui... Você só irá sair se eu quiser!

Foi como se Rose tivesse levado uma tapa, um tapa


bem forte. Ele está brincando como a minha cara? Não é?
Merda, não... Que filho da puta!... Cristian ficou satisfeito
quando o queixo da mulher caiu, era bom lidar com alguém
tão expressiva como ela.

— Como é que é? — A voz de Rose saiu mais aguda


que o normal, porém não se importou.

— Não se faça de surda, porque não é. Agora eu


tenho que ir e está me atrasando!

Disse ele sem paciência, o homem se levantou e deu


as costas para ela ao caminhar em direção à saída e aquilo
só a deixou borbulhando em uma cólera mal contida, ele a
fez lembrar-se do seu pai, sempre querendo tratá-la como
um objeto dele que colocava e deixava onde queria, mas
não mais acontecer, ela se levantou indo atrás do marido.

— Não dê as costas para mim! — A voz de Rose saiu


mais aguda que o normal, porém não se importou. — Em
que século você vive? Acha que manda em mim?

Rose continuou falando, estava irada com a cara


daquele sujeito. Bastardo... Ela quis gritar, mas pelo menos
conteve aquilo que pensou, e bufou apontando um dedo no
rosto dele. Cristian quis grunhi de raiva, aquela mulher
estava o desafiando, e a expressão voluntariosa dela
quase o tirou do sério, mas controlou-se firmemente,
estendendo a mão num movimento rápido até o pulso da
mulher.

— Sou seu marido!

Rose engoliu em seco, tanto pela sentença rouca e


firme dele, quanto pelo toque apertado em seu pulso, mas
que não chegou a machucar, ele apenas abaixou sua mão
do seu rosto, mas isso não diminuiu a irritação dela,
mesmo que a expressão dele fosse assustadora.

— Se não dissesse nunca ia perceber... — Ela rolou


os olhos, ainda com mais raiva. — Isso que você está
falando é arcaico, estu...

Rose perdeu sua respiração por um instante quando


interrompida por Cristian, que a puxou pela nuca deixando
uma mão em seu maxilar, foi tão rápido que não pode nem
reagir, só encarou o mar escuro e frio que eram seus olhos
tão próximos aos seus, e a respiração medida batia contra
a dela, que estava meio descontrolada.

— Cuidado com as palavras que usa. Faça o que eu


disse, não tente sair da mansão, porque eu não irei ter
pena se algum dos meus homens marcarem sua pele de
alabastro, eu imagino que não queira!

Cristian falou sem nenhum pingo de hesitação, queria


e parecia ter intimidado Rose, que ficou momentaneamente
chocada com as suas palavras, o homem viu isso nos
olhos azuis, então a largou como se queimasse e foi
embora sem olhar para trás, não queria ter que lidar com
ela novamente tão cedo, ainda estava abismado por ela ter
o desafiado, quem na vida tentou isso? A resposta era
ninguém.
И·И

Realmente era impossível sair daquela mansão sem


ser vista ou machucada pelo visto. Rose ainda não
acreditava que o marido a ameaçou daquela forma, mas
logo após o choque, resolveu dar um "passeio" pelo seu
novo lar, para reconhecimento. Na parte interna, entre
corredores que iam até as áreas de lazer, na parte externa
com o enorme jardim sob uma estufa e ainda tinha a
piscina coberta, cada pedaço milimetricamente coberto de
homens vestidos de preto com comunicadores. Rose
passou a manhã trancada no quarto e a única coisa boa do
seu dia foi não ver a cara daquele bastardo do Cristian,
mas cansada daquele ósseo em estar parada, Rose
avaliou o quarto pela centésima vez, era todo masculino,
cortinas escuras, móveis do mesmo tom, era sombrio. Um
sorriso brincou nos lábios dela quando teve uma ideia. Ela
pulou da cama e foi atrás de uma empregada, quando
achou uma, recrutou mais duas e fez seus pedidos, as
mulheres a observaram pasmas.
— Mas senhora, o Sr. Herovrisk está sabendo?

Rose ignorou o que a moça disse, se Cristian ia


infernizar sua vida a tratando como um objeto inanimado,
ela também podia deixar a dele bem mais difícil.

— Não se preocupe, eu me responsabilizo, agora


vamos, ajude-me a tirar essas cortinas e encontre outras
brancas, assim como tapete e colcha de cama, peça para
outra pessoa que venha aqui e modificar o closet... Ah... eu
também quero tirar essa mesa escura. Tem algo de mogno
ou branco? Adoro branco!

A empregada estava realmente receosa, mas afinal


aquela era a esposa do seu patrão, então devia obedecer,
por isso tratou de atender a todos os pedidos dela. Até que
a nova Sra. Herovrisk estivesse finalmente satisfeita com
todas as mudanças que fez durante aquele dia.
И·И

No final daquele dia Cristian chegava à mansão


desejando apenas um bom banho e poder relaxar depois
de um dia todo se mantendo ocupado com trabalhos de
campo da “Instituição”, tudo para passar o maior tempo
longe da sua esposa, todavia, uma hora teria que vê-la de
novo e a hora era aquela. Quando passou pela porta de
entrada aberta pela governanta ela lhe cumprimentou.

— Sr. Herovrisk!

Ele não se deu ao trabalho de responder, seguiu para


a escada, subindo silencioso, até seu quarto, caminhou a
passadas largas até o final do corredor, quando chegou
mais próximo à última porta, ouviu uma risada e logo em
seguida a voz feminina.

— Ah eu queria está aí... Você tem que tomar mais


cuidado com quem aborda!

Cristian adentrou mais o espaço observando, pela


fresta aberta da porta, a esposa deitada de bruços na
cama. As pernas para cima balançando
despreocupadamente, enquanto ela parecia escrever algo
em um dos papéis espalhados ao seu lado na cama,
conversando ao celular, ficou a observando sem poder
conter, ver ela descontraída e relaxada, capturou sua
atenção. Assim como as pernas bem esculpidas
aparecendo por causa do short, acompanhado de uma
camiseta, seus olhos vagaram até o pescoço alvo exposto
por causa dos cabelos presos em um coque,
definitivamente ela era bonita de qualquer jeito.

— E como está esse seu casamento relâmpago?


Ainda não consigo entender como se meteu nisso Rose...

Rose escutou a pergunta incrédula na voz da sua


amiga Louise ao celular. Ela tinha sido a única de Nova
Iorque que sabia sobre ela ter se casado, na verdade ela
até cuidou de arrumar todas as suas malas e mandar para
a Rússia, só não foi ao casamento por causa do trabalho,
era estilista também e tinha um desfile para coordenar no
dia. Rose sabia que deixou todos em choque com o pedido
de demissão repentino, junto a sua “mudança” para o outro
país, ninguém conseguiu entender, muito menos Philippe.
— Está uma droga. Basicamente meu marido é um
tirano!

As sobrancelhas grossas de Cristian se juntaram


quando a ouviu dizer aquilo, e para sua surpresa, quase
quis rir, decidiu revelar sua presença a mulher distraída.

— Tirano?

Perguntou ele, Rose tomou um susto com a voz rouca


que até esqueceu-se do que Louise dizia. Cristian se
desgrudou da porta adentrando o quarto, mas então parou,
e seus olhos vasculharam o local.

— Depois a gente se fala Lou, tenho que desligar! —


Rose desligou, encarando-o.

— O que você fez? — O sujeito perguntou sem


acreditar no que via, Rose mordeu o lábio vendo a
expressão dele ir de amena para totalmente séria.

— Gostou? Dei meu toque!

Indagou ao sentar-se na cama, com o semblante mais


inocente que conseguiu fazer, apesar de estar meio
receosa com o que viria a fazer o seu marido, começou a
considerar se realmente não tinha sido a melhor opção
confrontá-lo invadindo e modificando o seu espaço. Foda-
se. ELE TE AMEAÇOU. Só está dando o troco Rose... O
bastardo merece! Sua consciência gritou para ela.
— Seu toque? Eu não dei permissão...

Cristian estava usando de todo seu autocontrole para


não gritar em cima dela. Ela tinha mudado tudo, desde o
tapete até a cortina, a cama, as mesas e cadeiras, tudo,
nem parecia que era o seu quarto, a mulher tomou conta
do espaço, não parecia que ele vivia ali, tudo estava tão...
tão ela.

— Bom você não me deixou sair de casa, então


imaginei que podia soltar a minha criatividade aqui... — Ela
circulou o espaço com o dedo indicador. — Então não fique
chateado...

Cada grama da paciência que o homem tinha foi


usada, Rose era a personificação de um inferno disfarçado
com um rosto de anjo de grandes olhos azuis.

— Acho que você ainda não pegou o espírito da coisa


aqui.

A voz calma dele não a enganou, Rose sabia que o


seu "maridinho" estava querendo a jogar pela janela mais
próxima, quando ele se deslocou indo em direção, ela
engoliu em seco, Cristian todo vestido de preto, com a
expressão fria, era algo que não podia ser ignorado.

— Na verdade eu peguei, pois é você manda e eu


tenho que obedecer. — A afirmação por um minuto deixou
Cristian surpreso, não esperava tal admissão, talvez uma
colocação espertinha, não a verdade.
— Se sabe o que deve fazer, por que não o faz?

— Porque há muito tempo parei de obedecer à


vontade dos outros quando tenho a minha própria!

Outra surpresa, a mulher o desafiou novamente,


Cristian se deu conta que em seu primeiro dia de casado,
já vivia um purgatório, a esposa era uma criatura de gênio
tão ruim quanto o dele.

— Você não vai gostar de seguir essa linha comigo!

Rose ouviu a ameaça pura e crua na voz dele, mas


não era como as que ouviam do seu pai, a dele era
realmente mais assustadora, mais firme.

— Que linha?

Ela se fez de inocente novamente, Cristian deu um


sorriso que não chegou aos olhos escuros, enquanto
fechou a distância entre eles, parando ao lado da cama,
estendendo a mão grande e capturando o maxilar de Rose.

— Não se faça de boba, já percebi que não é. — Ele


apertou mais seu toque. — Não tente me testar, não vai
querer me ver perder a paciência...

Rose respirou com força, ela sabia que ele podia


machucá-la, não era louca de não temer, porém se
acovardar era outra questão, encarou o rosto duro do
homem. Cristian ia marcá-la, deixar seu recado, mas algo
naqueles olhos tão azuis fixos nele, com algo brilhante,
chamativo, o fez se sentir exposto, como se a mulher
pudesse ler seus pensamentos ou ver através dele, isso o
perturbou, tirando as mãos de cima dela ele se foi,
trancando-se no outro cômodo do quarto, enquanto Rose
conseguiu finalmente respirar normal, não sabia o que
tinha acontecido, mas estava aliviada.

И·И

O gosto da vodka tomado por Cristian era bem-vindo,


seu pai do outro lado da mesa do escritório fazia a mesma
coisa.

— Por que sua esposa não desceu? Evitou a minha


pergunta o jantar inteiro...

Conegon percebeu que o filho tratou de falar sobre


todos os assuntos relacionados aos seus negócios
evitando todo e qualquer outro que fosse relacionado à sua
esposa.

— Estava indisposta. Preferir a deixar no quarto!

Cristian lembrou-se de quando saiu do quarto, para o


jantar, encontrou a figura pequena toda encolhida como
uma bolinha no meio da cama, chegando a ressonar
calmamente, enquanto dormia, e então ele preferiu deixá-
la, porém não falaria isso ao seu pai.

— Indisposta?
— Sabe como mulheres são. — Cristian deu de
ombros assemelhando a expressão de tédio que o próprio
pai exibia.

— Não importa como são, devem obedecer. A próxima


vez que ela não descer para o jantar eu farei você arrastá-
la. Fui claro?

O tom de voz do seu pai deixava claro que não tinha


possibilidade para discussão. Há muito tempo havia
aprendido a lição e com seus vinte e nove anos tinha
experiência o suficiente para não questionar suas ordens,
nunca foi a melhor opção, sempre acabava de forma mal,
muito mal.

— Claríssimo.

— Saía, vá cuidar de foder essa sua esposa e me


trazer um herdeiro, afinal essa é a única serventia dela!

Cristian deu um suspiro cansado, se levantou e saiu


do escritório, não havia mais nada a ser dito, Conegon
podia não demonstrar, mas seu filho lhe orgulhava, havia
feito um bom trabalho com o menino, o talhou para ser
obediente e eficiente executando qualquer ordem,
implacável.
И·И

Rose não suportava mais permanecer dentro daquela


mansão, os seus dias eram resumidos a desenhar, pensar,
mentir para seus amigos em Nova Iorque, evitar a pessoa
que ela mais gostava lá, pensar mais um pouco sobre o
que faria da sua vida e a noite ela era acordada com um
sexo oral do seu marido, em seguida tinha uma transar
alucinante que a deixava desconcertada, todavia, Cristian
fazia questão de tratá-la como uma estranha durante o dia.

Na verdade, ele era estranho, misterioso, enquanto


seu pai era sinistro, Rose não gostava de ter que jantar
todas as noites com aquele velho, porém era inevitável,
Cristian sempre dava um jeito de arrastá-la por bem ou por
mal, nunca a machucou pelo menos, mas tinha seus
receios de que poderia. A infelicidade que Rose sentia era
crescente, só aumentava a cada dia e o maldito sexo com
aquele bastardo podia até ser incrível, mas a frieza com
que a tratava depois era horrível, fazia sentir-se usada, o
idiota nunca beijou nenhuma vez se quer e isso além de
frio era louco, ela nunca ficou com alguém sem ser beijada,
mas para Cristian aquilo parecia ser uma regra,
inquebrável. O BIP de uma mensagem chegará ao seu
celular, ela franziu o cenho, sendo trazida de volta a
realidade, sentada naquela mesa.

Rose, o que aconteceu? Onde está você?


Disseram-me que foi à casa dos seus pais, pediu férias
estendidas e depois demissão. Por que não me disse
nada sobre isso? Estou no escuro, me atenda. Por
favor.
PHILIPPE!

A mulher soltou um suspiro martirizado, diante de


outra mensagem para a coleção que ela recebia e
apagava, tudo que queria era poder responder, mas não
podia, não era mais correto, melhor que ignorasse. Um
movimento atrás dela chamou sua atenção. Cristian.

— Arrume-se, vamos a uma festa!

Ele disse simplesmente enquanto entrou no closet.


Rose bufou, o ignorando, voltou ao seu notebook,
terminando de organizar as fotos dos seus novos
desenhos, não que fosse seu melhor trabalho em sua
opinião, ela tinha andado sem inspiração.

— Rose! – Ouviu seu nome sendo chamado, olhou


para trás encontrando seu marido sem camisa, e odiou
como certa parte do seu corpo contraiu-se a imagem. —
Qual a parte do arrume-se não entendeu?

Ela se voltou ao notebook, fechando-o, e rogou a si


mesma paciência, enquanto se levantou indo até enquanto
closet onde Cristian estava parado, com aquela expressão:
“eu mando aqui e você obedece”.

— Eu entendi muito bem, mas achei que não tinha


permissão de sair, senhor!

Disse ela soltando seu cabelo, do coque, sacudindo


levemente, Cristian pareceu presta atenção, mas logo se
desviou, mantendo aquele olhar impassível.

— Comigo tem permissão de sair. — Rose rolou os


olhos em resposta e passou por ele.

— Foda-se...
Praguejou baixo, mas ele escutou e Rose sentiu o
puxão em seu braço, que a parou abruptamente chocando
suas costas contra o peito dele, sentiu a respiração quente
bater, junto com os lábios, em seu ouvido.

— Controle essa sua boca suja, não gosto nada dela.

Engolindo em seco, Rose tentou pensar normalmente,


Cristian tinha a tendência a deixá-la nervosa, ela lambeu
seus lábios, recompondo-se.

— Há muitas coisas que não gosto em você sabe e


nem por isso faço uma cena!

O aperto no seu braço foi quase doloroso, Cristian


sabia o que estava fazendo, assim como ela, que resistiu.

— Não me teste Rose!

O sussurro dele foi carregado de ameaças, mas então


a empurrou soltando seu braço, não foi forte o suficiente
para derrubá-la, mas a fez cambalear. Rose o olhou torto
enquanto este tirou um terno todo preto do cabide e sair.

— Qual a roupa eu devo usar, senhor?

Cristian que entrou no banheiro ouviu a voz, daquela


criatura pequena, que pingava sarcasmo, e o pior foi que
ele quis rir, mas conteve-se, assim como o tom da sua voz.
— Festa de negócios, então vista algo que a deixe
decente.

Ele ouviu um bufar alto, junto com um praguejar, ele


mentiu sobre a boca suja dela, ele gostava só que não
admitia totalmente.
И·И

Rose estava linda, todos os homens naquela festa


estavam deixando seus olhos vagarem até ela, Cristian
sempre se sentiu envaidecido por andar com mulheres
bonitas, porém aquela noite ele estava incomodado com a
cobiça desmedida que todos estavam demonstrando para
a criatura ao seu lado, mas no fundo o homem sabia que
aquilo no fundo não se devia somente a beleza da esposa,
mas sim também a surpresa de todos em relação aquele
casamento, muito ligado ao fato que ele sempre foi muito
convicto da sua posição em nunca tomar uma “esposa”.

— Me sinto fuzilada! — A mulher comentou com o


marido, este por sua vez a ignorou.

— É uma Herovrisk, terá de se acostumar.

— Estou tentando...

Rose disse entredentes vendo a forma como Cristian


desconsiderava a todos como se não fossem merecedores
nem do próprio ar que dividiam com ele, enquanto guiava-
os pelo salão, indo até um contato comercial chamado
Mihkal Luvom, que era o anfitrião da festa e um associado
poderoso na organização da máfia vermelha, que Conegon
queria agradar. Logo o casal avistou o homem passando
da meia idade em um terno bem cortado que acenou com
entusiasmo.

— Ora, ora, Cristian Herovrisk que prazer em vê-lo. —


O olhar dele seguido de um sorriso amarelo proveniente de
cigarros se desviou para Rose. — E obviamente bem
acompanhado!

— Olá Mihkal, essa é minha esposa, Rose.

A sentença saiu dos lábios de Cristian com mais


facilidade do que ele podia imaginar e a mulher sentiu uma
sensação estranha ao ser chamada de “minha esposa”, em
sua mente já tinha se acostumado, mas dizer em voz alta
deixava tudo mais real.

— É um prazer conhecê-la Rose, me disseram que


era linda, mas não tanto assim!

O velho disse pegando a mão dela, com um sorriso


muito grande e um jeito malicioso de olhar que a fez sentir
um asco crescente, ainda mais quando este lhe tascou um
beijo na mão, deixando a barba cheia esbranquiçada roçar
em sua pele. Rose conteve-se antes de puxar a mão
rapidamente, quando finalmente ele a soltou, ela não pode
deixar de limpar no vestido discretamente.

— Obrigada pela generosidade do elogio!

Ela agradeceu com um sorriso forçado, Cristian mais


uma vez experimentou na noite a inquietude com olhares e
elogios exacerbados a esposa.

— Olá Cristian!

Uma mulher apareceu dando um beijo no rosto de


Cristian, ela parecia mais ou menos com a mãe de Rose,
mas era alta e o cabelo um pouco mais escuro, seu olhar
logo caiu na mais nova Sra. Herovrisk.

— Oh, você deve ser a filha mais velha da Rosely?

— Sim, sou eu! — Respondeu ela meio sem jeito por


causa da animação da mulher desconhecida.

— Eu sou Michele, esposa de Mihkal. — Ela puxou


Rose dando beijos em ambos os lados do rosto. — Sou
amiga da sua mãe minha querida. Já vi muitas fotos suas,
mas nenhuma estava mais bonita que você pessoalmente.
Passou um tempo fora não foi? Uns quatro anos?

Rose se sentiu estranhamente bombardeada, a tal


Michele parecia ser o tipo típico de piruá intrometida, até
hoje ela não sabia como a mãe suportava aquilo, e
infelizmente ela também teria de aturar, por isso forçou um
sorriso.

— Na verdade, seis anos.

Cristian não estava surpreso com aquilo, ele já sabia,


estava nos relatórios, porém o que não conseguia entender
era o motivo de Iuri ter deixado sua primogênita tanto
tempo longe.
— Minha nossa tantos anos! — Acrescentou a mulher
e em seguida o marido dela sorriu de maneira obscura para
Rose, antes de se dirigir a própria esposa.

— É, mas agora está de volta, para o deleite de


nossos olhos!

Rose fingiu um falso ânimo, o velho mostrou os dentes


amarelos novamente com malícia, ela ficou chocada em
como podiam ser canalhas esses homens, pois estava ao
lado do seu marido, e ele da esposa, mas ainda sim dava
claros sinais de flerte com ela.

— Cristian... — Ela se aproximou dele, pondo a mão


em volta da sua cintura. Ele ficou rígido ao ato. —
Podemos pegar uma bebida?

Outra coisa o deixou estranhamente satisfeito mais


surpreso. Ela não estava apenas dizendo que ia fazer algo,
estava pedindo. Talvez nem tudo esteja perdido! Ele
pensou mais humorado quanto ao comportamento daquela
mulher.

— Sim... — Olhou aos anfitriões. — Com licença!

Puxou ela junto a si saindo de perto do outro casal,


mas ia soltá-la logo depois, porém a própria apoiou seu
corpo ao dele, como se estivesse cansada.

— Odiei esse homem, ele me olhava como se fosse


um pedaço de carne...
— De fato, ele não é agradável, nem de longe! — Ele
comentou de forma seca a fazendo rolar os olhos.

— Você podia pelo menos fingir que gosta um pouco


de mim e mostrar alguma irritação com esse flerte
desmedido!

— Ele é só um velho...

Rose notou que Cristian não negou a afirmativa dela,


de não gostar da própria, ela desviou olhos ainda mais
irritada. Estúpido! Ela articulou mentalmente pelo menos
ali poderia falar mal o sujeito a seu bel prazer.

— Claro, não é ameaça a você, e aí não importa se


ficar quase me comendo com os olhos. — O garçom
chegou. — Uma dose de uísque puro, por favor!

— Uísque? — Ele perguntou quando o garçom se


retirou. Rose deu de ombros. — Você combina mais com
vinho branco ou um Martini, coisa do tipo.

— Com isso eu não fico bêbada!

O garçom voltou entregando um copo a ela. Cristian


pediu a famosa vodka, deixando seu olhar vagar até ela
sem demonstrar nada.

— Então quer ficar bêbada?


Rose suspirou tomando o conteúdo do copo de uma
vez, a queimação em sua garganta foi bem-vinda, fez sinal
para que o garçom e pediu outro.

— Sim, mas sei que você não vai me deixar ficar


bêbada, pois seria um grande insulto ao senhor, meu
marido. Aposto que odeia um escândalo!

Cristian pegou seu copo de vodca, observando a


mulher pegar outra dose de bebida. Ele não estava
habituado a uma mulher bebendo ao seu lado, ainda mais
sem qualquer restrição, esse jeito desprendido de tudo e
voluntarioso que ela tinha deviam ter sido adquiridos após
tantos anos longe da mão forte da família conservadora
russa.

— Ainda bem que tem o bom senso de saber disso.


Nunca fique bêbada, me desagrada!
Ela bebericou novamente o líquido âmbar em seu
copo, ignorando o tom calculado que Cristian imprimiu na
sua direção, queria rir alto do “me desagrada” dele.

— Finalmente eu encontro a mulher que capturou meu


coração!

A voz maliciosa distraiu o casal. Apesar de Cristian


saber exatamente quem era antes mesmo de ver quando
Noam apareceu por trás de Rose.

— Noam!
Rose escutou o tom medido e despreocupado que
Cristian usou com aquele amigo estranho dele, que ficou
instantaneamente ao seu lado, pegando sua mão livre e
levando aos seus lábios para um beijo.

— Olá querida, como você está? Além de mais linda...

Noam não podia se segurar, pois Cristian tinha a


mulher mais linda que ele já colocado os olhos e não havia
condições de não querer entrar na brincadeira, seu amigo
já tinha tido tempo suficiente para curtir a esposa, sozinho,
era hora de colocar ele no jogo.

— Ah estou ótima!

Ironizou Rose, se desvencilhando das mãos do


homem, que pareciam ter cola, grudaram nas suas e não
queriam soltar. Cristian e Noam perceberam junta a ironia
dela, mas ele que estava incomodado não só com o tom,
mas com a cobiça nos olhos do amigo em direção a sua
esposa.

— Aposto que já cansou do Cristian não é? — Noam


continuou com a invertida. — Adoraria te mostrar como se
divertir de verdade.

— Noam... — Cristian advertiu o homem, não era hora


de falar sobre certos “hábitos” que tinham com as mulheres
que passavam pelas suas mãos.

— Ora meu amigo, deixe de ser egoísta, vamos dividir


um pouco a festa!
Rose entendeu o que significava "a festa" e não
gostou nada disso. Já Cristian ficou tenso, apesar de não
demonstrar, quando os olhos da esposa foram para os
seus, foi como se houvesse uma comunicação entre os
dois e ele percebeu no mesmo momento que ela estava
irada. Ela desviou seus olhos azuis para encarar Noam.

— Você está sugerindo sexo a três?

Ela disse sem rodeios, não era pela opção na forma


sexual de Noam, ou de Cristian, mas ao fato de quererem a
usar aquilo sem nenhum tipo de consentimento.

— Oh sim... — O sorriso de Noam de expandiu, olhou


ao Herovrisk. — Nossa cara, essa daqui é muito melhor
que as outras, você se deu bem, ela capta as coisas
rápido!

Rose quis vomitar o líquido âmbar que ingeriu. Cristian


ficou a um fio de socar Noam, ele não devia ter tocado no
tal assunto, mas quando viu sua esposa se inclinando na
direção dele e este colocar a mão na cintura dela, a bile
subiu a garganta, fechou suas mãos em punho, odiou vê-lo
tocá-la.

— Também capto rápido que você é um idiota


pervertido, não toque em mim e muito menos nesse
assunto novamente, procure alguém que curta isso, eu
não, ou juro que da próxima chuto suas bolas! — Rose não
controlou sua raiva, olhou para Cristian. — E você, vem
comigo!
O Herovrisk se sentiu imensamente melhor quando ela
deixou Noam de cara no chão, empurrando no seu peito o
copo de bebida, mas logo em seguida se viu desarmado
por aquela mulher, que envolveu sua mão, o puxando
firmemente, se não estivesse tão divertido com a cara
patética do seu amigo ela não teria conseguido lhe arrastar
até uma área mais privada, que estava vazia.

— O que... — Tentou falar, mas foi empurrado contra a


parede.
— Eu falo e você escuta! — Ela tomou uma respiração
profunda e ainda atônita. — Nunca, NUNCA mais deixe um
dos seus amigos vim oferecer sexo a mim. Eu não sou
adepta a ménage e estou pouco me importando se isso te
agrada ou não, estamos entendidos?

A explosão de raiva que dela foi desconcertante, mas


o pior foi que Cristian ficou incomumente satisfeito por ela
não querer o Noam, mas também divertido. A mulher
irritada ficava ainda mais bonita, se possível, essa
percepção o deixou excitado, coisa que nunca havia
acontecido, normalmente sentia compelido a dar uma boa
lição a mulheres petulantes como a sua, entretanto a lição
que gostaria de dar nela era totalmente oposta.

— Então você pudica Sra. Herovrisk? — Rose ficou


ainda mais irritada, o bastardo do marido estava fazendo
piada dela.

— Se você gosta disso o problema é só seu, eu não


preciso gostar e foda-se se acha que eu sou pudica ou
não. Pouco me imp...

Com um movimento rápido ele inverteu as posições e


a apertou contra a parede, aquela boca suja que Rose
tinha o fez querer tirá-la do vestido para mostrar o que
realmente iria gostar.

— Quieta, já escutei demais! — O olhar dele era


penetrante e conseguiu calá-la. — Só quem fode com você
é eu, ninguém coloca a mão no que é meu sem minha
permissão e eu não pretendo dar a Noam, nem a nenhum
outro homem o direito de tocá-la, estamos entendidos?

Rose arfou diante da sentença dele, naquela voz


rouca, sussurrada. Oh sim... Com certeza é só você que
“fode” comigo, pelo visto de todas as maneiras... Bastardo,
filho da puta! Ela pensou, fechando os olhos. O corpo a
imprensando de maneira eficaz a distraiu
momentaneamente antes de sentir os dedos dele subindo
pelo seu braço nu até o pescoço. Rose nunca achou que
um ato tão simples pudesse ser tão erótico, enquanto
Cristian devaneava sobre a verdade em suas palavras, ele
não queria ninguém tocando nela, tinha aprendido a gostar
bastante de ter seu corpo nas últimas semanas só para ele,
a dividir não era mais uma opção. Tocou a pele alva do seu
pescoço, traçando a mandíbula delicada, então baixou o
rosto até lá e nesse momento cometeu seu maior erro.

Seduzida ou simplesmente querendo afrontar uma


regra dele, Rose levou os lábios aos de Cristian e sugou o
inferior, neste momento não houve como nenhum dos dois
darem um passo atrás, o beijo aconteceu, as línguas
encontram-se, provando um ao outro e se deliciaram com o
gosto dos dois misturados, as mãos deles vagaram pelo
corpo de Rose, fazendo com que cada pedaço da sua pele
inflamada e a “luta” entre suas bocas fosse ainda mais
faminta. O homem não conseguia cessar aquele maldito
beijo, cada célula dele parecia entrar em combustão com a
convidativa boca da sua esposa correspondendo com
intensidade. Ela abraçou o corpo do homem que a
consumia com aqueles lábios, passou a mão por dentro do
seu terno, sentindo os músculos tensos em sua costa. Em
recompensa ele a prensou contra a parede descendo a
mão até sua bunda, sem poder se conter a mulher deixou
um gemido alto sair, o som fez estragos no controle quase
inexistente dele, que só fez o membro masculino mais
ciente de como a queria. Ele trouxe-a mais perto que pode
ganhando uma mordida erótica em seu lábio inferior antes
de aprofundar o beijo.

O modo como os dois se beijavam era tão impróprio


na ânsia do primeiro beijo, de se conhecerem, que se
esqueceram de onde estavam, somente um pigarro alto fez
com que eles parassem. Noam teve inveja do que via e
Cristian de repente caiu em si, voltou a pensar, então se
afastou de Rose, mesmo que minimamente. Já a mulher
manteve seus olhos fechados por um instante ainda
ofegante, mas quando abriu aqueles olhos azuis, eles
estavam incríveis, tão lindos e cheios de desejo, fazendo
com que algo esquentasse dentro de Cristian, mas logo se
desviou disso para encarar Noam, não confiava em si
depois de perder o controle.

— O que quer?
Percebeu que seu tom de sua voz não estava nada
controlada também. Isso é patético Cristian, se controle.
Foi apenas um beijo! Disse ele a si mesmo, tentando
dissipar toda aquela névoa que Rose o envolveu.

— Mihkal está te procurando...

Noam disse arqueando uma sobrancelha, Rose quis


bufar, virou o rosto se apoiando em Cristian sem pensar,
não pode deixar de apreciar seu cheiro forte e amadeirado
que ela já tinha gravado.

— Estou indo!

Cristian ficou sem ação ao ato de Rose, mas percebeu


que não se afastou, tratou de fazer em seguida. Rose
suspirou tentando se manter composta depois daquilo, não
esperava que aquele beijo mexesse tanto com ela. Cristian
se aprumou e a mulher fez outro ato inesperado, segurou
em sua mão, envolvendo seus dedos pequenos e suaves,
evitando olhar para Noam. Minimizando tal ato ele voltou
ao salão e ignorou o amigo também, percebeu que ainda
queria quebrar a sua cara dele e o assustou que estivesse
tão confortável com o toque da esposa.

Na volta a mansão Herovrisk, a mulher estava perdida


em seus pensamentos, e podia dizer que seu marido vinha
da mesma forma, parecia muito distante e ela não fez
questão de tentar se aproximar. Ela refletiu sobre seus
atos, nem mesmo se entendia, mas aquele beijo a deixou
perturbada e isso não podia negar. Os dois saíram do carro
em silêncio, foram para o quarto da mesma forma, não
queriam conversa, nem se sentiam impelidos a tal ato, pois
mesmo naquele estado silente, não havia desconforto,
cada um foi ao closet, tirando a roupa, isso fez alguns
olhares surgirem, mas sem nenhuma palavra.

Depois seguiram cada um as suas respectivas tarefas


no banheiro, Cristian estava irritado consigo mesmo e em
como se deixou levar por um beijo. Há tanto tempo tinha se
estabelecido fiel a sua regra, mas foi simplesmente tocar
os lábios dela que esqueceu tudo, isso o enfureceu. Olhou
para a mulher através do espelho, mas ela estava distraída
retirando a maquiagem para perceber, um grunhido se
formou no fundo da garganta dele quando se deu conta de
seda da camisola cor de vinho em contraste com a pele
branca, era tão chamativo. Rose terminou de retirar a sua
maquiagem e viu o marido se afastar dela como se tivesse
lepra ou algo do tipo, entrou no chuveiro tão rápido que ela
nem soube como, deu um suspiro cansado e tentou ser
educada, coisa que ele passava a quilômetros quando
queria.

— Boa noite, Cristian!

O olhar escuro dele caiu sobre ela quase como um


chicote que estala ao encontrar uma superfície plana,
então ele deu apenas um aceno e voltou para o chuveiro,
Rose se condenou por tentar o mínimo de educação com o
sujeito, saiu do banheiro a passos largos em direção à
cama. O homem em baixo do chuveiro abriu os olhos,
conseguindo respirar mais facilmente agora que não tinha
a visão da sua esposa. Cristian teve que sair de perto dela
ou a jogaria no chão e iria foder com ela. Olhou para
baixo, só para ver seu membro mais que contente com a
ideia, mas ele não ia se permitir isso, esse ia ser seu
castigo por ter sido fraco, iria se punir como aprendeu que
devia fazer todas as vezes que não mantivesse seu
controle. Rosnou debaixo da água, nem se tocar ele iria,
passaria por esse castigo, para se lembrar de nunca mais
deixar se envolver daquela forma pela mulher.
CAPÍTULO 04
Um bip alto e conhecido fez Rose abrir os olhos
lentamente, mas ela se sentiu ser restringida por um corpo
quente atrás de si, olhou por cima do ombro para ver
Cristian com o rosto enfiado na curva de seu pescoço,
respirando quente contra sua pele, a barba dele causava
arrepios deliciosos e ainda tinha suas mãos fechando-se
em volta da sua cintura. Seu corpo todo estremeceu de
repente se dando conta de que Cristian estava abraçado
nela, como se fosse ele mesmo. Perdeu algumas batidas
do seu coração, foi à primeira noite em que ele não tentou
nada com ela, somente a envolveu nos seus braços.

Rose buscou se desvencilhar dele, mas estava difícil,


seu notebook fez outro bip, alguém estava a chamando,
podia apostar que era Louise. Buscou sair mais uma vez,
mais bruscamente, sentiu Cristian se mexer atrás dela,
gemendo algo indecifrável e então respirou profundamente
contra seu pescoço, como se estivesse sorvendo o cheiro
dela. O suspiro satisfeito que escapou pelos lábios dele a
deixou desconfortável, então lutou mais firmemente se
livrando dele, assim que se levantou o viu tatear a cama e
então agarrar o travesseiro que ela usava, pareceu
satisfeito quando enfiou seu rosto ali. Rose ignorou o fato
de como aquilo fez seu peito se apertar, ela sentou-se à
mesa do quarto atendendo a chamada de vídeo.

— Lou. Já viu que horas são? — Rose falou baixo


para a amiga do outro lado da tela, e recebeu um sorriso
despreocupado.
— Sei do seu fuso horário, mas foi necessário!

— Trate de me dizer logo o que quer. Estou com sono!

A garota do outro lado da tela riu abertamente, logo a


mesma começou a pedir ajuda com uma coleção que
estava montando, na verdade, Rose ia cuidar de montá-la,
todavia pediu demissão, então obviamente eles iam passar
para outra pessoa, ela ficou feliz de ter sido Louise, elas
trabalharam juntas muito tempo, tinham um estilo parecido.
Distraída com o trabalho ela acabou esquecendo que
dividia o espaço com outra pessoa. Cristian abriu os olhos
devagar se viu jogado do lado da cama em que Rose
dormia, e de repente viu o local vazio, um estalo soou nele,
porém logo ouviu a voz melodiosa e aquela inquietude
passou instantaneamente, deixando Cristian confuso.
Olhou no relógio na mesinha ao lado da cama vendo como
tinha dormido muito, aquilo não era habitual, na verdade,
nem lembrava quando algo assim tinha acontecido.

— Mande essas últimas para o meu e-mail. Vou


especificar cada uma das peças para não haver mais
dúvidas... — Comandou Rose tranquilamente sem
perceber que era observada.

— Quando você vem aqui?

Perguntou à amiga, Rose suspirou. Cristian resolveu


se manteve quieto para escutar a conversa, sem se
importar se era invasivo ou não.
— Não tão cedo. — Admitiu Rose bem contrariada. —
Cristian não me deixa nem sair de casa, quanto mais ir à
Nova Iorque!

— Você está deixando-o te manter presa? Rose está


sendo machucada? Juro que... — Sua amiga falou do outro
lado entrando num tom histérico, ela levantou as mãos em
sinal de calma.

— Louise, não pira. Eu estou bem, ele só não me


deixa sair, somente ao seu lado pelo visto, mas até parece
que não me conhece, se um dia Cristian tentar me
machucar de verdade, mato ele durante o sono!

Mesmo ouvindo uma ameaça pura, Cristian quis rir, se


fosse outra situação ia ter a pessoa entre suas mãos
apertando seu pescoço, porém com aquela criatura
pequena, que era sua, só sentia diversão.

— Rose, que droga de marido é esse? Por que se


casou com um tipo desses quando tinha o Philippe? Eu via
como ele era maravilhoso com você...

A postura de Rose mudou e ele se deu conta que ficou


tenso também ao ouvir a menção de outro homem.

— Louise, nunca mais mencione o Philippe,


entendeu?

— O que? Por quê? Ele está louco atrás de você.


Poxa Rose, ligue para ele, explique o que diabos
aconteceu. Se eu mesma não estou entendo, e ainda tendo
algumas informações, imagine ele que está no escuro.

Rose sacudiu a cabeça com veemência.

— Não, Louise mantenha sua boca fechada, não


conte a ninguém que casei... Droga, eu só deixei você
saber por que confio minha vida a ti, por favor, mantenha
Philippe fora disso. É melhor assim, tenha certeza disso, eu
não posso mais vê-lo e nem atender suas ligações.

Cristian sabia que ela falava do tipinho com quem


parecia ter tido um relacionamento na América, era bom
que tivesse acabado mesmo, pois ele não iria tolerar algo
diferente. Seu humor tinha ido de razoável a intratável
apenas por ouvir aquele sujeito ser mencionado. Rose por
sua vez sentiu como se algo queimasse sua pele, de
repente, uma sensação estranha, então passou a mão na
nuca e olhou para trás, encontrou os olhos negros do
marido sobre ela, frio e sério.

— Rose? — Louise chamou ao ver ela se distrair.

— Nós falamos depois Lou. Beijo! — Sem se importa


com a amiga, Rose desligou, se preocupou com o que
Cristian tivesse escutado a sua conversa.

— Bom dia Rose...

A voz rouca por causa do sono causou calafrios no


corpo da mulher, mas não apenas isso, o fato dele
cumprimentá-la a deixou desconfiada, todavia tentou seguir
a mesma linha.

— Bom dia Cristian, de bom humor?

Rose perguntou soltando os cabelos que tinham sido


presos em um coque. Ela estava se sentindo um pouco
cansada por ter sido acordada de madrugada e ficado
desperta até o amanhecer.

— Na verdade, ótimo. — Mentiu o homem, não ia dar


indícios que ouviu sua conversa, a resposta mais
desconfiada.

— Jura? Que bom. — Disse ela tentando realmente


medir o humor dele e o viu dar um sorriso, muito curto,
mais ainda sim.

— O que estava fazendo?

Rose ficou em dúvida sobre a pergunta, não o


conteúdo, mas sim o intuito, ele não ligava para o que ela
fazia, contanto que não fosse contra suas “ordens”.

— Estava ajudando minha amiga com uns modelos de


uma coleção de roupas...

— Dando consultoria?

Ele realmente parecia de bom humor, claro, ainda com


aquele jeito frio, era a primeira vez que falavam tão
abertamente sobre algo relacionado ao trabalho dela e
sendo assim Rose resolveu arriscar em falar com ele sobre
uma coisa que havia pensando muito nos últimos dias e
chegou a uma conclusão, não dava para bater de frente
com ele em alguns assuntos, Cristian tinha uma tenacidade
surpreendente e irritante, então infelizmente teria que
“pedir” e aquilo não era fácil, mas parecia ser o único jeito
para atingir algo que queria.

— Não, só uma ajuda. — Ela limpou a voz. — Já que


está tão bem, gostaria de falar algo com você!

Ela saiu da cadeira indo até a cama, sentado na


beirada, encarando o homem com tronco nu, enrolado
apenas até a cintura pelo lençol, buscou ignorar aquilo,
mas pegou o olhar convencido do marido, desviou os olhos
para não os rolar com exasperação.

— Siga em frente, diga... — Cristian disse. Ela


suspirou.

— Gostaria de trabalhar!

— Achei que esse assunto já tinha ficado claro!

— Sim, mas não fiquei satisfeita... — Ela levantou as


mãos, quando viu que Cristian ia questionar, pediu calma.
— Bom, como ia dizendo... Não fiquei satisfeita, Cristian,
eu estudei, na verdade, muito, formei-me com méritos, fiz
pós-graduação em Paris, e fiz vários outros cursos e para o
que agora? Ficar presa dentro de uma mansão? Eu não fui
talhada para ser uma dondoca que passa seus dias sem
fazer nada, preciso me sentir útil.
A veracidade daqueles olhos azuis deixou Cristian
momentaneamente perturbado, não esperava que ela
fosse tão franca e sem qualquer sinal de ataque, nesse
momento pensou em suas palavras pela primeira vez com
certo cuidado, todavia, muito rápido.

— Entendo tudo o que fez, os seus esforços, mas


minha posição não muda. Quero que cuide dessa mansão,
assumir seu papel de Sra. Herovrisk e sabe que não cabe
trabalhar!

Rose não aguentou colocou as mãos no rosto se


jogando na cama tentando amenizar seu “gênio” que queria
explodir, o homem em sua opinião era um machista ridículo
como todos os outros naquele mundo mafioso.

— Cristian, eu não sou isso, droga vocês têm porra de


um exército de funcionários que podem muito bem cuidar
dessa casa, não precisam de mim para ficar ditando ordens
a cada segundo. Porra, por favor, olhe meu lado... —
Quando encarou para ele de novo só tinha frieza em seus
olhos escuros.

— Já disse o que penso sobre essa sua boca suja?

— Sim, mas quando me irrito é difícil me abster,


podemos voltar ao assunto original?

A expressão irritada a deixou estranhamente atraente


para Cristian, assim como aquele jeito dela falar, ele teve
vontade de tocar seu queixo delicado, morder até, mas
limpou sua mente, procurando ignorar toda aquela "coisa"
que estava acontecendo.

— Rose, encerramos esse assunto aqui, já tem minha


resposta. É não! — Cristian pulou da cama, Rose bufou
com raiva.

— Será que excelentíssimo senhor me deixaria fazer


uma visita a minha família?

Quando entrou no banheiro a ouviu falar com a voz


carregada de escárnio mal contido, e tudo que causou em
Cristian foi divertimento, nem ele se entendia mais, porém
disfarçou. Parou no meio do caminho que fazia e a olhou
brevemente.

— Sim, mas somente quando meu segurança voltar,


eu ainda não selecionei os seus.

— “Os”? Quantos seguranças quer enfiar na minha


cola? — Ela fez uma careta chocada. Cristian se conteve
para não rir.

— Quantos eu quiser!

— Desnecessário, nem me deixa sair de casa!

Rolando os olhos ele a deixou sozinha no quarto,


todavia, não dava para negar que aquela troca de farpas
tinha o deixado bem humorado de novo.
И·И
Rose estava estressada, precisava de algum
exercício, afinal só tinha permissão para sair da mansão
depois que o tal segurança de Cristian voltasse, ele tinha
ido o levar sabe Deus onde, ela não fez questão de
perguntar, sabendo que ir para a academia não era uma
opção, pois odiava, ela foi nadar, as mansões russas
tinham alguns luxos, como piscinas aquecidas que
ninguém poderia negar que eram sedutores.

Ela fez seu caminho para a piscina e encontrou o lugar


vazio, totalmente arrumado, como se ninguém nunca
usasse. Tinha a aparência de um cenário de revista, a
piscina era do tamanho olímpica, a água translúcida e
quando ela pulou ali, sentiu a temperatura perfeita, morna,
nem muito ou pouco, ideal, sorriu relaxando. Durante um
bom tempo ficou ali apenas flutuando, pensando na
conversa matinal que teve com o marido e vendo que não
tinha feito qualquer progresso. Realmente parecia
impossível que ele aceitasse seu trabalho, porém era
impossível ela viver sem fazer nada, não tinha sido feita
para aquela vida de ósseo, não mentiu quando disse a ele.

Dando um longo suspiro Rose se preparou para nadar.


Começou a cumprir uma sequência de ir e vir percorrendo
toda a extensão da piscina, forçando seus músculos
desacostumados a tal ação, realizando aquilo por quanto
conseguiu, queria mesmo se exaurir de certa forma, para
não ter que pensar, pelo menos não mais naquele
momento, sobre o que faria com a sua vida. Quando seu
fôlego acabou ela parou à borda da piscina respirando com
força e tomou um susto quando sapatos negros surgiram
em seu plano de vista, olhou para cima imediatamente,
pensou em Cristian, mas quem encontrou foi Conegon.

— Bom dia. — A voz dele era uma navalha, afiada,


enquanto os olhos eram pedras de gelo. Ela engoliu em
seco.

— Bom dia...

Ele a observou silencioso a deixando totalmente


desconfortável até quebrar o silêncio novamente.

— Bem disposta essa manhã?

— Aparentemente sim. — Sem saber onde aquele


homem queria chegar, ela se forçou a responder.

— Que bom... — Um sorriso frio ele estampou. —


Gostaria de lhe dizer algo!

— Pode dizer. — Ele ficou totalmente sério.

— Pode parecer inocente e fingir não entender ou


saber das coisas, mas sei o que você e seu pai fizeram!

Rose engoliu em seco. Sabia do que o velho estava


falando.

— Eu... — Ele a silenciou com um gesto de mão.

— Cristian pode não saber, mas eu sei e é bom que


você saiba também, pois estou de olho em você. Não
achou que eu ia engolir a troca de noiva do meu filho sem
perceber, achou?

Um frio súbito veio desde o início da coluna dela até a


nuca, nem mesmo a temperatura da piscina ajudou.

— Não, mas não há nada o que fazer agora, minha


irmã não servia para esse casamento!

O sorriso frio do homem retornou.

— Então é bom que você realmente sirva, pois sempre


pode ser feito algo minha cara, não se engane.

Ele entregou a ela uma toalha que tinha nas mãos


atrás das costas, Rose pegou. Em seu interior sentindo o
tom de uma ameaça, mas não pode dizer nada, e tão
silencioso como chegou, ele se foi. Ela ficou ali na piscina
processando o que tinha acontecido e não gostou nada.
И·И

Cristian havia deixado à esposa em casa, pois não


mandou o segurança de volta, havia decidido voltaria ao
local, tinha que pegar algo antes de ir realizar uma reunião
com novos investidores da empresa, depois de resolver
uma questão da máfia. Quando entrou no quarto, que
agora não era mais só seu, encontrou Rose na mesa de
trabalho que havia se apossado e ganhou um olhar raivoso
imediato.

— O senhor se esqueceu do que me prometeu? — O


tom irônico na voz dela não podia passar despercebido.
— Não, só não quis cumprir e me afronte mais um
pouco que desistirei de vez. — Ela arqueou a sobrancelha
e por um mínimo espaço de tempo pareceu medir suas
palavras.

— Ainda vou poder sair?

O homem não disse nada, foi até a mesa, procurando


por uma pasta sua, mas se sentindo benevolente, resolveu
responder dando um aceno positivo.

— Sim.

— Amém! — Falou ela dramaticamente. — Vou me


arrumar...

Rose sem perder tempo saiu, ele a olhou de esguelha,


quando voltou sua atenção à mesa de trabalho, viu alguns
croquis espalhados ali e outras anotações no notebook,
medidas e nomes de tecidos em suma, então observou
com mais atenção. A mulher realmente tinha talento, as
peças desenhadas eram modernas, elegantes, de muito
bom gosto, ele teve de admitir. Ainda curioso Cristian
mexeu em mais desenhos dela, tinham vários, pelo visto
ela tinha tido tempo de sobra para investir naquilo e era
boa.

— Cristian? — O chamado o tirou daquela avaliação,


na verdade, o pegou de surpresa, ele franziu o cenho.
— O que? — Respondeu, pegando a pasta que
procurava e rumou ao closet, encontrando o lugar em pleno
caos, todas as bolsas da mulher estavam jogadas no chão
e ela ao centro franzindo as sobrancelhas num olhar
confuso.

— Minha carteira com meu dinheiro e cartões


sumiram, não encontro em nenhum lugar.

Ela disse sem entender como aquilo aconteceu, não


podia acreditar que houvesse roubou dentro da mansão
Herovrisk o que se parasse para pensar era bem
contraditório, visto o “trabalho” que tinham. Encarando o
sujeito todo vestido de preto a sua frente, Rose viu o
mesmo tirar de dentro do blazer uma carteira e de lá tirar
algo também.

— Aqui! — Disse ele lhe estendendo três cartões, dois


negros e outro dourado. — Achei que procuraria sua
carteira mais cedo, agora esses são seus novos cartões,
os outros que tinha estão cancelados e eu os tirei da sua
posse.

Dizer que estava pasma era eufemismo. A mulher se


deu conta que aquele bastardo do seu marido tinha tido a
ousadia de mexer em suas coisas e ainda por cima
confiscar tudo sem nem mesmo comunicá-la.

— Que porra é essa? — Ela se levantou a voz


empurrando sua mão. — Não pedi nada disso, devolva
meus próprios cartões, meu dinheiro, não quero o seu!
— Chega! Não vou aturar suas reclamações, estes
são seus cartões agora, você é minha esposa, então usará
meu nome, agora pegue isso antes que te deixe trancada
nesse quarto e não vá mais a lugar algum.

Rose respirou com força, realmente irritada, mas


tomou os cartões da mão dele. Se ele queria que ela
usasse, iria usar, olhou para os pequenos cartões em sua
mão antes de voltar a encarar o marido com falso
agradecimento. Ah Herovrisk, vai se arrepender!

— Tudo bem. Muito obrigada pelos cartões.

A voz suave e aveludada da mulher veio


acompanhada de um beijo no rosto de Cristian, de repente.
Isso o desarmou, ele a olhou com imediata desconfiança
diante da mudança de atitude.

— Já posso sair? — Ela perguntou visto o silêncio


dele. Este deu um aceno positivo.

— Espere! — Disse ele parando-a ao segurar em seu


braço, encarando olhos azuis, que pareciam de repente
divertidos. Ignorou. — Haverá dois seguranças que vão
com você, tente sair de perto deles e vai se arrepender,
eles têm ordens para arrastá-la sem gentileza se não
obedecer.

A afirmativa não a deixou nem um pouco surpresa,


Cristian era um bruto que não se importava com ela mais
do que um “pastor” de ovelhas para abate.
— Que seja feita tua vontade, senhor!

Rose puxou seu braço e saiu do quarto sentindo


vontade de bater na cara daquele sujeito. Grande! IMENSO
BASTARDO! Ela pensou querendo poder gravar aquelas
palavras de sua mente em um letreiro bem grande e
pendurar o pescoço do seu marido, mas deu de ombros.
Iria dar o troco, apertou os cartões em sua mão, faria uma
bela fatura de presente ao seu “maridinho” em recompensa
a toda a gentileza que ele tinha com ela.

1.NÃO ME DEIXAR TRABALHAR!. 2 DEIXA SEUS


AMIGOS ME OFERECEREM SEXO. 3 ME AMEAÇOU,
MAIS DE UMA VEZ!. 4 CONGELOU MEU DINHEIRO!.
5.USURPA MINHA INDEPENDÊNCIA!

Rose enumerou mentalmente com um sorriso no


rosto, daria de presente cinco belíssimos presentes a
Cristian.

И·И

Homem de preto, que saiu do carro de luxo parado


naquele lugar inócuo, e caminhou em direção a um
casebre decadente, qualquer um que olhasse para aquela
figura descreveria como no mínimo como sinistro.

— Sr. Herovrisk, pensei que seu pai viria!

Nikolov, um segurança da máfia, falou se sentindo


impelido a olhar para baixo assim que o seu chefe se
aproximou, deixando quase uma reverência, o vazio que
Cristian parecia ter nos olhos, assim como o pai, fazia com
que todos fizessem esse gesto velado em sentido de puro
temor.

— É por isso que é pago para vigiar a porta e não


pensar... — O tom de voz baixo e frio não deixou dúvida de
quem comandava ali.

— Desculpe senhor!

— O que está esperando para abrir a porta?

Cristian perguntou impaciente, sem mais hesitar o


outro homem se movimentava rápido para abrir a porta.
Não queria mais atrasar seu chefe, que passou por ele,
caminhando tão confiante e cheio de si. Nikolov não se
enganava, aquele andar lento, só era um disfarce para a
real letalidade daquele homem, ele já o tinha visto em
ação, Cristian Herovrisk era imperturbável. A porta se
fechou, o tédio que ele sentia era comum, todavia não
aqueles pensamentos voltados a uma criatura feminina,
que não por acaso era sua esposa, ele ainda divagava
sobre a súbita mudança de humor dela.

— Quem está aí? Quem? Não me mate...na... não...


— A voz estridente e chorosa fez Cristian refutar todo e
qualquer pensamento que envolvia sua esposa.

— Senhor!

Greal, um dos homens dos Herovrisk, falou saindo da


cadeira adjacente ao fundo da sala, mas foi dispensado
com um gesto de mão, então se manteve à margem,
Cristian se voltou ao sujeito que choramingava amarrado
na cadeira.

— Cale-se Montez, estou com dor de cabeça, não me


faça arrancar suas cordas vocais, provavelmente irá expirar
sangue e sujar minha roupa — Ele falou tranquilamente,
caminhou na sua direção ao homem e arrancou um saco
preto da sua cabeça.

— Senhor, desculpe...

Com um movimento fluído Cristian tirou a arma das


suas costas e acertou em cheio com a coronha a boca do
sujeito amarrado à cadeira, arrancando alguns dentes
deste no processo. Ouvindo grito de do homem ele o soltou
um olhar como se não houvesse feito nada. Botou sua
arma em cima da mesa próxima, retirando o blazer em
seguida, enrolando a manga da camisa, calmamente.

— Soube que você andou falando demais Montez. —


Cristian disse, arrastando de propósito a cadeira, fazendo
um ruído estridente no chão, o homem preso fechou os
olhos, perturbado.

— Não senhor... Eu não...

— Chega de meias verdades. Você sabe o que


acontece com quem fala demais, não sabe? — Montez
choramingou, sem querer responder ao homem que se
levantou tirando de cima da mesa uma pequena faca. —
Ligue a luz Grael!
Cristian ordenou, e no minuto seguinte a ordem foi
cumprida, fazendo com que o espaço ficasse claro e nítido
a visão de Montez, e de todos ali presentes.

— Sr. Herovrisk, por favor, me dê uma chance de


explicar! — Implorou o homem, Cristian deu um suspiro
cansado.

— Ainda não entendeu que a máfia vermelha não dá


chance a ninguém?

Sem dar chance de resposta, Cristian aplicou um soco


no rosto do homem, deixando a lâmina da faca dilacerar
parte da pele depois que o golpe passou, a força do ato fez
a cadeira bambear as pernas traseiras, só para cair
novamente nas outras duas, em um baque surdo.

— Responda a pergunta. — A voz de Cristian era


implacável, Greal observou aquilo, sabia o modo-operante
do filho do chefe da máfia, sabia que ninguém escapava
nas mãos dele.

— Só...sofrem as...con...con... consequências...

— Exatamente Montez.

Grael viu Cristian em um movimento rápido arrancar


três dedos de Montez de uma única vez, fazendo-o gritar
de dor, e estava mais que claro que era apenas por
diversão.
— Ah... senhor...

— Para quem da polícia você abriu a porra dessa


boca? — Cristian aproximou o rosto do outro homem que
sofria.

— Ninguém senhor... Ninguém... — Um som de


desgosto veio de Cristian, o homem amarrado esperou que
outro dedo fosse cortado, mas nada aconteceu.

— Sabe, eu realmente achei que estávamos fazendo


algum progresso, mas pelo visto não.

O falso pesar só serviu para deixar o homem torturado


mais amedrontado, e com um golpe rápido a faca afiada
entrou na junção do joelho dele causando outro colapso de
dor.

— Quero nomes. Posso fazer nosso tempo se


prolongar aqui, só não sei se irá gostar Montez!

Ele girou a faca, mas no fundo já sabia, faltava um


empurrãozinho para ele quebrar, então tirou um canivete
afiado do bolso da calça e dirigiu-se até o olho esquerdo de
Montez.

— Não vai precisar enxergar mais, então vamos nos


livrar desse olho!

— NÃO. AKOVE, RUSK! SÃO OS NOMES, SÃO


NOMES!
— Dois? Você me surpreendeu.

Disse sorrindo e então enfiou a lâmina canivete no


olho esquerdo de Montez, por irritação. Cristian odiava
aqueles idiotas que queriam ganhar dos dois lados,
fornecendo informações para as operações policiais, todos
sabiam que aquele era um jogo perigoso e só acabava de
uma forma, com sangue derramado, e em meio aquela
pequena divagação, ele tirou a faca do rosto do homem
que agonizava.

— Bom. Preciso continuar com isso ou vai me dizer o


que mencionou a este Akove e Rusk?

— Na... Nada importante senhor, só locais... locais de


carregamento de drogas, eles... eles são peixes
pequenos... querem apenas o fornecedor interno... Não me
mate senhor...

— Tinha algum encontro com eles já marcado?

— Eles vão me encontrar no final de semana, mas


eles ainda vão mandar o endereço para o meu celular. Me
perdoe senhor...falei tudo que sei... juro que nunca mais
falarei nada se me poupar...

Ele arrancou a faca de dentro do joelho de Montez,


deixando-a em cima da mesa. Arrumou sua camisa, pegou
seu blazer, vestindo-o, pegando sua arma, virando-se para
ir em direção à porta, tudo em mais absoluto silêncio.
— Estou sendo poupado senhor? — Inquiriu Montez
esperançoso. Cristian parou antes de chegar à porta.

— O que me prometeu?

— Que nunca mais falaria nada a polícia.

— Bom então sim, você está sendo poupado. Nunca


mais vai falar... — Montez ficou calmo, e Cristian continuou
sua caminhada até chegar à porta e parou, virando-se,
olhando fixamente ao homem preso. — Mortos não falam!

Um segundo depois uma bala se alojou no meio da


testa de Montez, nem Grael esperou um tiro tão perfeito, ou
nem achou que iria acontecer. Viu Cristian baixar sua arma
guardar, dando um suspiro entediado.

— Limpe isso... Pegue o celular dele, aguarde a


mensagem dos dois nomes que ouviu aqui, vá ao encontro
e elimine todos, sem rastros ou sabe o que acontece...
Contatem a Franco quando terminarem!

Cristian disse e deu as costas simplesmente, passou


pelo homem, ignorando, caminhando até o carro. Quando
estava sozinho naquele banco de trás do carro, deixou algo
transparecer, incômodo, não era contra e muito menos
tinha problemas com assassinato, era a vida que tinha e
aceitava, há muito tempo tinha aprendido a fazer o que
deveria ser feito, simples e sem hesitar, porém não obtinha
prazer em tal ato, de fato, às vezes sentia um peso sobre
si, mas aprendeu a ignorar, e realizar suas tarefas, seu pai
ficava orgulhoso, isso era o que importava, foi criado para
ser implacável, e em breve como recompensa assumiria o
posto mais alto, teria o título de chefe da máfia vermelha
russa.

И·И

—Você parece bem! — Rosely comentou, e a filha que


bufou tomando um gole de vodka, que na opinião da mãe
era desnecessário naquela hora da manhã.

— Estou tão bem quanto um pássaro enjaulado!

Rose respondeu mal-humorada, estava assim desde a


hora que saiu da mansão Herovrisk, mesmo tendo
executado um verdadeiro rombo na herança do seu
marido, comprando absolutamente tudo que encontrou a
sua frente quando entrou no shopping, sua mãe tomou um
belo susto ao vê-la entrar em casa cheia de presentes fora
de época.

— Oh Rose... Cristian tem machucado você?

Rosely ficou triste por ouvir a filha falar daquele jeito,


sempre quis que as filhas fossem felizes, mesmo sabendo
da possibilidade de isso não acontecer. Iuri sempre impôs
sua vontade sobre as das filhas, anulando-as.

— Não! Mas deixa claro que pode muito bem executar


tal coisa.

Ele bebeu mais um pouco, sabia que não devia, mas


estava muito irritada para não fazer. Desviou os olhos da
mãe para o belo jardim que ela tanto cuidava, ela apostava
que Cristian ia adorar se ela passasse seus dias enfiada
em um jardim como uma boa mulher de chefão da máfia e
o pior que o estranho do pai dele ia querer o mesmo, só de
pensar naquele sujeito o estômago dela revirava.

— Filha, o melhor que tem a fazer é aceitar o que ele


pede e.... — Voltou a encarar sua mãe com um ar de
desgosto.

— Ao inferno com isso de “aceitar” mãe, eu não vou.


Ele pode até me machucar, mas não vai sair ileso... Não
irei viver minha vida sendo alguém que não sou!

As palavras dela eram verídicas, nenhuma das duas


mulheres duvidavam disso, mas Rosely, temia por tal coisa,
pela força da filha em contrariar tudo que não concordava.

— Rose...

— Nada de "Rose" mãe! — O celular dela tocou a


tirando da conversa. Era Louise. — Preciso atender… —
Ela disse a Rosely que concordou, um segundo depois ela
atendeu, dizendo:

— Estou bebendo e você está atrapalhando! — O mau


humor em sua voz não era falso, esperou sua amiga
responder.

— Rose? — A voz no outro lado da linha fez Rose


ficar tensa e muda, pois não era Louise. — Rose? Rose
fale comigo. Sei que está aí, posso ouvir sua respiração.
Vamos bebê fale comigo! Por favor.

Ela fechou os olhos sentindo seu peito apertar de


forma quase dolorosa diante daquela voz masculina,
respirou fundo antes de falar totalmente séria.

— Louise deu o celular para você Philippe?

— Não... Eu peguei escondido. Poxa eu estou


enlouquecendo aqui, onde você está? Por que está me
evitando?

A voz dele estava visivelmente triste. Rose sentia-se a


pior pessoa do mundo por estar fazendo isso com ele.

— Não me ligue mais. Estou com minha família, só


aceite que acabou, e esqueça que eu existo.

— Rose baby, por que...

— Adeus Philippe!

Ela desligou antes de desabar, odiava a si mesma


naquele momento, mas sabia que era o melhor a fazer,
respirou fundo tentando manter-se controlada. Pegou a
vodca, tomando um grande gole no próprio gargalo, o ardor
na garganta a fez se sentir melhor.

— Rose, você está bem? — Rosely perguntou vendo


que aquela ligação a afetou.
— Não. E não quero falar sobre isso mãe!

— Rose!

Seu nome foi chamado mais uma vez, porém pela


primeira vez no dia aquilo a fez sorrir, olhou para trás e viu
sua irmã caminhando saltitante em sua direção.

— Sacha!

Respondeu deixando a garrafa de lado e se levantou


da cadeira que estava ao lado da mãe. As duas irmãs
correram uma a outra se abraçando longamente, o carinho
entre as duas era palpável.

— Que bom te ver. Só suas ligações não eram


suficientes, estava preocupada Rose. Cristian está te
tratando mal?

Rose forçou um sorriso, não reclamaria para a irmã,


isso a deixaria com o sentimento de culpa.

— Não. Está tudo bem, mas agora eu quero saber de


você, como está Hank?

O sorriso dado por Sacha podia iluminar o mundo, e


nesse momento, por este sorriso, Rose teve certeza que
valeu a pena tudo que havia feito.

И·И
Cristian estava cansado, depois de torturar uma boca
grande, ainda teve que passar por um jogo de pôquer com
o velho rabugento do Irlan Trecovsk, um parceiro da máfia
na distribuição de drogas fora da Rússia, uma adulação
necessária. Pegou seu celular checando seus e-mails,
tinha um do seu gerente do banco, franziu o cenho, o
homem quase nunca entrava em contato direto com ele,
sem mais delongas abriu o texto contido ali e sua
expressão endureceu. O cartão da Sra. Herovrisk parecia
ter sido usado em um dia o equivalente a compras de um
ano, talvez dois, ou mais, ele não teve certeza, Cristian
ficou realmente sem acreditar o quanto ela tinha gastado,
parecia ter comprado metade do país.

— Infernos, essa mulher é uma praga!

Falou consigo mesmo, o seu motorista ao volante do


carro fingiu não escutar, o que foi melhor, porque Cristian
tinha acabado de perceber que aquele valor que tomou
nota era apenas de um dos três cartões dela, voltou a
praguejar veemente sobre sua esposa. Essa criatura fez de
propósito... MALDITA! Ainda espumando de raiva, o
Herovrisk pulou do carro assim que este parou, entrando
apressado na mansão. Ele ia fazer aquela mulher se
explicar e confiscar seus cartões por uma longa data, pela
primeira vez considerou que errou em tirar os cartões dela
e entregar os seus. Subiu as escadas logo em seguida,
rumando ao seu quarto, um formigamento desconhecido
apareceu em seu peito, certa urgência até, claramente
devia ser adrenalina pelo que queria fazer com Rose nesse
momento, e não eram sentimentos bons, assim que entrou
no ambiente modificado que era seu quarto, seu olhar
vagou procurando por ela.

— Rose?

Tirou o terno indo em direção ao Closet, não havia


nem sinal daquela pequena voluntariosa de olhos azuis, o
homem procurou no banheiro, mas já tinha ideia que não a
encontraria, no mesmo segundo tirou o celular do bolso.
Percebeu a alteração dos seus batimentos, isso o deixou
inquieto, mas se distraiu enquanto divagava o motivo de
sua esposa ainda não está em casa. Franco teria ligado se
algo tivesse acontecido, ponderou. Abriu sua lista de
contatos, mas então se deu conta do ícone de mensagem
na caixa superior da tela do aparelho, tocou abrindo-o.

Cristian estou muito cansada, resolvi dormir na


casa dos meus pais... Ah não avisei os seus dois cães
de guarda. Diga-lhes para não tentarem me arrastar, sei
manusear uma arma!
ROSE!

O homem nem se deu conta que enquanto lia aquela


mensagem sua raiva por ela ter quase falido uma geração
Herovrisk se foi e restou certa diversão por saber que ela
não era totalmente indefesa. Então a pequena insolente
sabe atirar? Talvez devesse estar preocupado Herovrisk!
Ele tratou de dissipar aquela sensação de divertimento.
Discou o número de Franco, seu homem de confiança, não
estava totalmente satisfeito de ela ter avisado em cima da
hora que não voltaria para a mansão, mas talvez fosse
bom, estava cansado e teria uma discussão com ela no
primeiro momento que a visse. Então descansar, com um
pouco de paz, talvez fosse mais sábio.

— Senhor! — A saudação saiu em tom de voz


respeitoso, esse era Franco, Cristian suspirou.

— Franco, minha esposa vai dormir na casa dos pais,


mas se mantenha por aí. Traga-a de volta cedo, bem cedo,
não importa se ela reclamar.

Ele ouviu um pigarro do homem em vez de uma


afirmativa rapidamente, ele não gostou.

— Senhor, talvez não seja possível, tentamos falar


com a sua esposa, que deveria se arrumar para ir embora,
mas ela parecia, bem, um pouco alterada, me disse para ir
ao inferno e mandou Gillian se...se foder.

Cristian teve que se conter. Seu gênio sendo


realmente testado por aquela mulher, mas por pior que
fosse a situação ele se pegou imaginando a cena dela
xingando seus homens, e se divertiu, para sua irritação,
fechou os olhos.

— Quando diz alterada que dizer o que? — O silêncio


dele fez Cristian tenso.

— Bom... Parecia bêbada senhor.

— Mas que porra! — Cristian não conteve um


praguejar. Isso o deixou ainda mais raivoso, ele estava
parecendo um adolescente sem controle, respirou fundo se
centrando.

— Esqueça as primeiras ordens, vou cuidar disso


pessoalmente!

Ele desligou seu celular já saindo do quarto. Ela me


paga… 1 PELA MALDITA INSOLÊNCIA! 2 POR FICAR
BÊBADA!
3 POR GASTAR SÓ PARA ME IRRITAR!

— Por todos os infernos como ela pode ser tão


endiabrada? — Perguntou ele a si mesmo em voz alta.

И·И

Rose se sentia como uma daquelas mulheres


amarguradas, sentada na sua cadeira de descanso no
quarto, com uma garrafa de vodka na mão e o copo meio
cheio na outra, faltava pouquíssimo para secar o recipiente,
com certeza passar o dia bebendo não foi uma boa ideia,
mas ela havia dado alguns intervalos, porém quando
Sacha saiu com o namorado, Rose ficou sozinha
novamente, se metendo de novo a beber. Claro que sua
mãe não ficou nada contente, mas ela nem se importou e
foi para o seu quarto, ficou feliz por seu pai não está em
casa porque seria um inferno para seus ouvidos, e para
terminar sua odisseia, discutiu com os dois cães de guarda
de Cristian, mas o pior de tudo foi ter que pedir o número
do próprio marido, porque ela se deu conta que não tinha.
Ela tomou mais um gole da bebida, até a porta de seu
quarto ser aberta de repente e quem entrou não lhe
agradou. Cristian encarou a mulher que olhava assustada
por ele ter invadido seu espaço, mas ele não estava se
importando, entrou na mansão Volkov, não esperou que a
mãe de Rose o conduzisse, só perguntou pela criatura
desobediente que era sua filha e foi ao encontro dela
sozinho.

— O que eu disse sobre nunca ficar bêbada?

O tom baixo e falsamente calmo que ele imprimiu na


direção dela fez arrepios passar pelo seu corpo, ele fechou
a porta atrás de si, na chave, antes de seguir caminhando
até a ela, cada fibra bêbada de Rose vibrou.

— Estou em casa... — Disse ela encolhendo os


ombros. Cristian bufou se aproximando cada vez mais
dela.

— E o que isso importa?

— Achei que não gostava de escândalos, então se eu


beber em casa não tem escândalos... Por que não se junta
a mim?

Rose levantou a garrafa na direção dele, tentando


quebrar a tensão daquele ambiente. Cristian se posicionou
acima dela, ficando a menos de um braço, tudo que ela
pode perceber foi o recipiente de vodca sendo arrancado
da sua mão, e um minuto depois ser jogado no chão e se
espatifando, e em outro ato rápido foi colocada de pé entre
os braços do marido.
— Sem brincadeiras Rose. Você me desagradou...

Rose sentiu a pressão do corpo dele contra o seu, a


mão na sua nuca era apertada, quase dolorosa, assim
como na cintura, então de repente essa desceu sobre sua
bunda, com um tapa, bem forte, Rose arfou segurando-se
em Cristian.

— Aí! Ficou louco? — Outro tapa, que teve influência


direta no membro de Cristian.

— Quieta!

Ele rosnou descendo mais uma tapa na mulher e foi


vergonhoso, mas seu corpo reagiu de forma contrária, se
excitando diante daquelas palmadas. Um formigamento se
instalou entre as pernas da mulher, Cristian não fez aquilo
para agradar nenhum dos dois, mas o próprio gostou da
sensação, ainda mais sentindo Rose se apertar contra seu
corpo com a respiração mudando.

— Você devia aprender a se comportar!

Cristian disse baixo, descendo sua mão sobre a bunda


da mulher, desferindo mais uma tapa. Rose não escondeu
a surpresa, nem conseguiu, e abafar o gemido.

— É mesmo?

Rose mordeu seu próprio lábio, sentindo a mão


masculina apertar sua bunda, a respiração dele batia no
seu rosto, mas neste momento tudo que Rose pensou, foi
naqueles lábios tão próximos, era muito tentador para sua
cabeça confusa por pensamentos e álcool, principalmente
pelo segundo. Foda-se, quero ele! Os lábios delicados dela
cobriram os de Cristian de forma eficiente, para logo em
seguida encaixar um beijo lento, que o pegou
desprevenido. Ela passou a língua sobre seu lábio inferior,
mordendo em seguida, então ele se viu deixando Rose
beijá-lo, e era absurdamente sem controle o que ela fazia
com ele, mas não podia negar que era bom, e Cristian que
se manteve tenso, no início, de repente a abraçou,
deixando aprofundar o beijo. Rose puxou os cabelos deles,
envolvendo sua cintura também. Os dois estavam
perdidos, sem qualquer outra coisa passando por suas
cabeças, a não ser o que sentiam um do outro. Mal se
deram conta que arrancavam as roupas de cada um, e se
jogavam na cama, nada mais importava, Cristian sentiu a
pele quente e macia de Rose embaixo de si, as mãos
pequenas passando pelas suas costas, deixando as unhas
arrastarem pela pele, sem falar naqueles beijos que
estavam deixando-o sem rumo.

— O que está fazendo comigo?

— Cristian... Quero você, por favor...

A voz dela não saiu mais que um gemido, implorando,


não se importava com isso, Rose só podia sentia aquela
necessidade absurda. Cristian passou os dentes pela pele
sensível do seu pescoço, soltando um gemido desconexo,
enquanto a penetrou.

— Cristian!
— Porra... Rose!

Os dois se envolveram tornando-se um, ele enfiou o


rosto na curva do pescoço delicado da mulher, sorvendo o
cheiro doce tão característico dela, sentiu sua mordida em
seu ombro, assim como as unhas, enquanto fazia um
movimento de ir e vir sobre seu corpo, fazendo todo seu
corpo estremecer de puro prazer e satisfação, aquela era
demais para se suportar, e então ele se rendeu, perdido em
sua esposa, que gemia sentindo seu corpo convulsionar de
forma maravilhosa enquanto alcançava o clímax, tendo
Cristian investindo mais duramente contra ela, que o
agarrou, sentindo os músculos das costas tensos, apertou
mais as pernas ao redor dele, aumentando seu prazer e
levando-o ao pico. O homem caiu sobre ela, tentando
segurar boa parte de seu peso, os olhos encontraram os da
mulher, então o sorriso pequeno que ela lhe deu o deixou
zonzo. Rose não resistiu a beijar ele novamente, aqueles
olhos escuros, sem qualquer escudo de frieza ou máscara
o deixavam incrível. Cristian não correspondeu como ela
esperava, mas também não rejeitou, Rose se afastou para
encará-lo novamente, seus olhos estavam fechados, mas
quando a encararam tinha uma intensidade imensa.

— Você me distraiu da minha raiva... — Rose não


conteve um sorriso em resposta.

— Hum... Isso é bom então!

A voz arrastada de contentamento dela deixou Cristian


ciente que havia perdido o controle, e então sem mais
assunto, se retirou de dentro dela, jogando-se de costas no
outro lado da cama.

— Nunca mais faça isso, odeio ser distraído... E se


beber assim de novo, não vai gostar do resultado e muito
menos se continuar gastando com seus cartões, só para
me irritar, escapou hoje, mas não uma segunda vez!

Sem dizer mais nada ele deu as costas para Rose,


não queria mais conversa e muito menos ceder ao desejo
de ter ela novamente. O que está acontecendo com você,
Herovrisk? Praguejando mentalmente Cristian fechou os
olhos. Rose observou o homem de costas para ela e rolou
os olhos. Ele era terrível, porque em um momento estava
quente e convidativo, já no outro um iceberg duro e
impenetrável, ela virou-se também, sentindo-se de repente
esgotada.

И·И

Um sentia cheiro doce invadia as vias respiratórias do


homem, mas não foi isso que o deixou confuso, e sim a
sensação de calma que aquilo lhe passava. Ao abrir os
olhos encontrou um amontoado de cabelos castanhos
espalhados na sua frente. Ele se deu conta de que estava
inegavelmente enrolado na mulher em seus braços, nunca
gostou de dormir com ninguém, muito menos abraçado,
estranhou o modo como estava com Rose, bem como a
sensação de vê-la tão vulnerável e frágil em seus braços.
Não gostou do aperto estranho que surgiu em seu peito e o
instinto de proteção que aflorou diante daquele
pensamento, sacudiu a cabeça, para se livrar daquilo, mas
só roçou o nariz na pele macia dela e a vontade de cheirá-
la foi maior, Cristian se rendeu, passou os lábios ali,
sentindo a pulsação calma, aquilo era bom, mesmo que a
voz gritante em sua cabeça dissesse que era errado, que
ele não podia gostar tanto assim.

— Cristian...

Os movimentos dele travaram no momento em que se


deu conta do seu nome sendo chamado, olhou alarmado
para o rosto de Rose, não queria que ela o visse daquele
jeito, porém tudo que encontrou foi uma expressão serena
em sua face só o que maculou seu rosto, foi um vinco entre
as sobrancelhas benfeitas. O homem se deu conta que
estava admirando-a por muito tempo, mas que acima de
tudo queria saber o que estava se passando em sua
mente, então resolveu arriscar.

— Rose... O que disse? — Ela apenas se mexeu um


pouco passando a língua nos lábios, e ele tentou de novo.
— Rose?

— Oi... — A fala saiu arrastada e rouca, com certeza


dormia.

— O que foi? — Ele perguntou, ela suspirou, então


quando Cristian achava que nada diria, ouviu a resposta;

— Quero ir embora... Cristian não me deixa... Viver.

A sentença saiu com um suspiro pesado no final, se


ela estivesse acordada não seria menos forte. Cristian
observou, ela soou realmente infeliz, e pela primeira vez
em toda a vida de Cristian, ele se viu preocupado com
outra pessoa, era estúpido, mas não queria ser a causa de
toda aquela infelicidade dela. Talvez se desse algo a ela...
Algo que ela quer... MERDA HEROVRISK. O que é isso?
Ele fechou olhos sem acreditar no que estava
considerando, todavia pensou que poderia ser moderado e
talvez de fato pudesse acalmar o “gênio” da esposa se
desse algo para distraí-la, algo que a fizesse
mais...contente.

И·И

Quando Rose abriu acordou foi com alguém puxando


seu lençol, piscou algumas vezes tentando se acostumar a
luz, querendo saber quem a despertava.

— Ei dorminhoca, acorde! — A voz de Sacha se fez


presente ao tentar se livrar da única coisa que escondia a
nudez de Rose.

— Pare. Estou nua!

Disse alto demais e sua cabeça doeu, aquilo era o


resultado da sua bebedeira, outras coisas começaram a
surgir em meio à névoa que era sua memória. As risadas
de Sacha chamaram a atenção dela novamente.

— Fala sério, acho que nunca te vi nua...

— A porta está aberta e fale mais baixo... Minha


cabeça está explodindo! — Disse ela afundando o rosto no
travesseiro, ela articulou, mas logo se distraiu com o cheiro
amadeirado e masculino, que estava na cocha de cama.
Tão Cristian!

— Mamãe disse que você resolveu encher a cara


ontem. Imaginei que estaria assim, ressecada, então trouxe
remédio.

Sacha falou a irmã, que apenas concordou, se


mantendo quieta contra os travesseiros.

— Onde está Cristian? — Ela perguntou tentando soar


o mais displicente possível.

— Foi embora há algumas horas, saiu rápido, disse


que vinha te buscar na hora do almoço e já estávamos
quase lá...

A mulher deu um pulo na cama, sentando-se, de


repente alerta.

— O que? Ele irá vir? —Arrependeu-se de ter falado


alto, sua cabeça parecia está solta do resto do corpo.

— Sim. Foi o que ele disse a mamãe!

Sacha encolheu os ombros entregando para ela um


copo com água e o remédio na outra mão. Rose aceitou
tomando tudo de uma vez, já prevendo que sua dor de
cabeça ia ser muito maior depois de encontrar seu marido.
Não muito tempo depois o luxuoso Bentley Mulsanne
[3]
preto parou em frente à entrada da mansão e Rose nem
precisava checar quem era, colocou seus óculos escuros
pronta para ir ao encontro de quem estava dentro daquele
carro. Cristian observava pelos vidros blindados com
películas escuras a figura feminina que descia as escadas,
seu rosto sem expressão não refletia exatamente o que se
passava em seu interior. O homem se sentia ansioso e não
gostava de estar assim. Rose por sua vez puxou uma
respiração profunda antes de abrir a porta e entrar no
veículo, no minuto seguinte encontrou marido, vestido
totalmente de preto e como sempre, lindo, ela odiava que
fosse tão atraente e que ao mesmo tempo pudesse ser tão
distante.

— Bom dia...

Disse ela. Cristian ignorou a voz sedosa dispensada


na sua direção. Fixou-se em algum ponto indistinto fora do
carro que já saía da mansão Volkov, mas isso não queria
dizer que ele não gostou de ouvir a esposa, todavia, Rose
não ficou nada feliz em ser ignorada. Estava esforçando
para ser educada, mas para variar, o bastardo do marido
fazia tudo para não ser, pelo contrário, virou o rosto,
deixando o ambiente mais silencioso do que parecia
possível.

— Chega! – A mulher estalou num tom de voz mais


elevado que fez Cristian a encarar surpreso. — Prefiro que
você exploda logo em cima de mim, grite e me ameace, do
que ficar nesse silêncio!

As palavras saíram da boca dela mais agressivas do


que realmente quis. Ela encarou o rosto dele, esperando
alguma coisa, mas nada veio, manteve aquele olhar
impassível.

— Você ficou mudo?

Cristian não tinha imaginado que ela iria agir assim,


mas no fundo sabia, nunca poderia prever sua esposa,
suspirou pensando que agora teria de mudar seus planos.

— Acho que silêncio faz bem para pessoas de


ressaca! — Ele não precisa ver aqueles olhos azuis
esmeraldinos para saber que estavam sendo rolados por
trás dos óculos escuros em resposta.

— Obrigada pela consideração, você é tão gentil meu


marido.

O sarcasmo mais que evidente na voz dela por algum


motivo incomum a Cristian o fez divertido, apesar de ele
não demonstrar.

—Não quero ouvir seu sarcasmo, se ficar calada seria


um bálsamo!

Rose quis bater em Cristian, por causa da sua


grosseria, ele a irritava em níveis sobrenaturais, mas se ele
achava que ela ficaria calada era um grande engano.

— Se é para ficar calado a porra do tempo todo podia


ter me deixado em casa, por que me trouxe?
— O que já disse sobre essa boca suja? — Cristian
ponderou suavemente, Rose não achava que isso era bom,
porém estava pouco se importando com isso.

— A boca é minha não é mesmo, então eu escolho


meu linguajar, foda-se o que pensa! — O sorriso que ele
abriu em sua direção ao mesmo tempo em que a deixou
receosa também a atraiu.

— Sua? — Cristian se aproximou dela, não conteve


seus movimentos, foi um ato pensado. Quase a prensou
contra a porta do carro, se certificou que estava travada
antes, então puxou os óculos do rosto de Rose. — Repita...

Ele disse, estava muito próximo, o ar parecia ter ficado


rarefeito, Rose teve que puxar uma respiração profunda,
apenas veio carregado com o cheiro dele, ela tentou se
concentrar, não ia abaixar o rosto para Cristian como um
cachorrinho adestrado, o encarou de igual para igual.

— Você não é surdo, sei que escutou bem!

Cristian travou a mandíbula, não entendia porque ela


era tão teimosa, e nem porque isso reagia nele de um jeito
confuso, porém a única forma que via para resolver isso
era revidando, da maneira que aprendeu, ele enfiou o rosto
próximo do dela, chegando ao seu ouvido, o cabelo sedoso
passou pelo seu rosto, acompanhado do cheiro doce.

— Sabe meu bem, eu andei pensando em seus


pedidos de poder trabalhar, cheguei à conclusão nesta
manhã que talvez eu pudesse deixar, mas...
Seu discurso foi interrompido sem gentileza por aquela
criatura pequena que o abraçou, enchendo de beijos seu
rosto, deixando o homem sem qualquer ação.

— Oh meu Deus! Sério Cristian? – Ela o beijou mais


uma vez e entendeu rapidamente o que ia acontecer se
não desse um jeito de reverter à situação. — Oh droga,
desculpe, não mude de ideia por conta da minha boca
grande. Eu estou de mau humor, e fiquei irritada porque
você ficou calado, mas se tivesse apenas dito no que
estava pensando eu teria ficado absolutamente quieta. Não
mude de ideia, estou tão feliz... Por favor!

Rose mal cabia em si, essa era a melhor notícia que


tinha desde o casamento, voltar a trabalhar com tudo que
amava era o que mais queria, não podia deixar isso
escapar, se ele mudasse de ideia seria um inferno, pois
sabia que o homem não voltaria atrás, não quando ele
parecia ter todo o poder sob suas mãos, segurou firme em
nele, como se tivesse medo que fugisse, manteve seu
rosto enfiado no seu pescoço e deu um beijo sem pensar,
se dando conta de que gostava disso. Cristo, ele tem um
cheiro tão bom... Aí Rose, foco, foco! Cristian estava quase
em choque, ela beijava, abraçava-o, e o pior ele se viu
satisfeito com aquilo, tentou limpar sua mente, como
sempre fazia, mas não conseguia, só tinha Rose em todos
os lugares. Cheiro, toque, quentura, delicadeza, isso o
deixava em um estado delicado.

— Rose...
Ele ia mandá-la se afastar, porém sua voz saiu
estranha demais, rouca demais, por isso se silenciou, mas
Rose tirou o rosto do seu pescoço o encarando, e os olhos
azuis inocentes, pedintes, junto daqueles lábios sendo
mordidos, fizeram Cristian esquecer que ela devia ser
afastada.

— Não mude ideia Cristian, por favor...

O sussurro dela tão perto, mas ainda tão distante, fez


ele se aproximar mais, as respirações se misturavam, o
cheiro da mulher nublou ainda mais o cérebro lógico do
homem. Rose afundou ainda mais os dentes nos lábios
enquanto olhava a boca dele tão perto, ela não podia negar
que era muito tentador beijá-lo.

— Infernos!

Cristian se esqueceu da sua regra, jogou aos ventos,


assim que Rose maltratou mais aqueles lábios rosados e
carnudos, puxou a mulher para si, tomando sua boca, em
um beijo luxurioso, e gostou quando ouviu o gemido baixo
da sua esposa, ela infiltrou os dedos no cabelo do homem,
adorando a textura sedosa, só para depois deixar as unhas
arrastarem levemente pela sua nuca. Os beijos daquele
homem deviam ser um artigo proibido, o Herovrisk não
conseguia cessar aqueles beijos, ela correspondia a todos
os seus toques, era magistral a forma como se derretia
contra ele. Os lábios tão doces, Rose tinha um “Q” de
paraíso.
— Pare de me distrair... — Ele rosnou contra mulher
sem abandonar seus lábios, pelo contrário, ele a prendia
mais contra si, Rose chupou o lábio masculino, logo em
seguida ajudando o beijo a se tornar mais voraz.

— Faça o mesmo por mim!

E enquanto isso, no banco da frente do carro, Franco


tratou de ignorar o que as duas pessoas no banco de trás,
virou o retrovisor e aumentou o volume dos fones de
ouvido que tinha colocado, seu trabalho era ser discreto e
manter a privacidade do patrão, entretanto, não podia
evitar o pensamento que essa era a primeira vez que o via
se comportar daquela forma com uma mulher. Seguindo
perdidos no tempo e um no outro, foi Cristian que sentiu o
carro parar, teve que usar toda sua força para se afastar
dela, pois era tão errado ele perder o controle assim.
Colocou um pouco de distância entre eles, vendo o rosto
dela corado, ainda mantendo os olhos fechados, mas nada
o preparou para quando a mulher abriu os olhos, aquelas
duas pedras azuis estavam nubladas de desejo e ele não
duvidava que talvez assemelhasse o mesmo, por mais que
tentasse esconder.

— Vamos... Já estamos no restaurante!

A voz rouca dele fez arrepios, deliciosos, passar por


Rose, que só pode sacudir a cabeça para o homem à sua
frente, que lentamente saiu de perto dela saindo do carro.
Era tão confuso o desejo ardente que sentia e via quase o
mesmo nos olhos dele comparado à raiva que
normalmente tinha, Cristian abriu a porta e eles saíram,
eles entraram lado a lado no restaurante, o Herovrisk ia ao
lugar com determinada frequência, mas nunca
acompanhado, por isso atraiu olhares quando entrou com a
bela mulher ao seu lado. Eles chegaram até a mesa que
era sua sempre que estava o lugar, Rose sentou-se meio
absorta de tudo ao seu redor, ponderava sobre o que
aconteceu no carro, a briga, a proposta, os beijos
escaldantes, ela levantou os olhos e avaliou o homem à
sua frente, seu marido, que abria o cardápio, já sabia o
bastante do seu gênio para ter uma ideia que o irritou em
algum grau, mas depois de beijá-lo e ser correspondida de
um jeito tão tórrido, ficou sem saber onde pisava
realmente.

— Pare de me olhar e escolha logo o que quer comer,


não tenho mais que uma hora, o garçom em breve virar!

Rose tomou um susto com a voz rouca, e baixa dele


dirigida a ela sem nenhum mínimo olhar, deixando-a mais
incapaz ainda de determinar com exatidão seu estado de
espírito. Ele era bom em esconder as coisas, isso a
enervava, abaixou os olhos pegando seu cardápio, fez o
que ele mandou e sem questionar, fazendo-o ter que
checar para ter certeza que a mesma não faria nenhuma
reclamação. O garçom chegou à mesa, sem muita
conversa, já sabiam que Cristian não suportava conversas,
só recolheram os pedidos dele e da mulher que o
acompanhava, que foi observada atentamente e o
Herovrisk não deixou de notar.

— Não é educado encarar a esposa de um cliente!


A voz pontuada de Cristian fez Rose tirar os olhos do
cardápio, que ela ainda avaliava, mesmo após o pedido, o
garçom se encolheu desferindo um rápido pedido de
desculpa e fugindo do local, ele não revelou nada, mas foi
mais do que irritante ver o homem admirando sua mulher, e
isso foi novo.

— Assustou o garoto... — Rose disse com certa pena,


vendo-o rolar os olhos na sua direção.

— Acha que me importa?

— Não...

— E acha que está me distraindo?

Rose ficou tensa, já conseguia ver onde Cristian


queria ir, estava em absoluto falando sobre o assunto
inacabado no carro, em um ato impensado levou a mão até
a dele que estava sobre a mesa.

— Escute apenas isso, por favor... – Cristian ficou


totalmente sério, mas não refutou o toque e nem a fala da
esposa. – Eu sei que você está acostumado com alguém
que você diga "senta" e ela obedeça sem hesitar, e sei que
te irrito, por não ser assim.

Ela esperou ele dizer algo, mas só viu seu olhar negro
e atento, respirou fundo decidindo continuar.

— Nós estamos vivendo em um ciclo vicioso e infinito


que sempre volta ao mesmo lugar, eu te desafiando e você
me punindo, porém viver assim não é algo que eu queira e
muito menos você, eu imagino, então vamos chegar a um
acordo, um ponto de equilíbrio. Deixe-me ter meu trabalho
de volta e eu prometo tentar ser....ser mais fácil...sei que
passo das contas as vezes, mas é porque me sinto inútil,
você me faz sentir assim, querendo me manter como uma
mulher do século retrasado presa com funções de casa...
Não sou assim, isso nunca vou conseguir ser Cristian,
desculpe.

Ela não devia ter se dado conta de que enquanto


recitava seu monólogo, envolveu a mão de Cristian entre a
sua, acariciando, mas o homem percebeu e se deu conta
que quando ela o tocava, fazia estragos com sua atenção,
ele perdia muita coisa e a combinação disso com toda
surpresa da fala tão honesta e limpa dela, não podia ser
boa, pois se viu cedendo.

— Quando diz algo sobre ser mais fácil, o quer dizer


me obedecer?

Rose suspirou, tinha que barganha com ele de alguma


forma e pelo visto essa parecia ser a melhor, mais segura
para que desse certo, então ela deu de ombros.

— Vou tentar obedecer, porém se me pedir algo tipo,


muito estúpido, eu não vou aceitar. – Ela mordeu o lábio
mal acreditando no que ia dizer. – Vou tentar ser a esposa
modelo que minha mãe um dia quis me fazer ser!

— Ainda estou cético...


— Oh Cristian, é sério. Eu quero trabalhar a ponto de
sim, barganhar!

O homem teve que se segurar para não rir, sua


expressão exasperada, era tão agradável quanto ela séria.

— Bom, pois então vamos discutir esses termos!

E de repente o rosto dela se iluminou com um sorriso,


que lembrava os dias de festa do feriado de ano novo, que
a deixava inumanamente mais linda. De onde veio isso?
Imediatamente desviou o olhar dela tirando a mão do seu
contato, Rose ignorou aquilo estava muito feliz com o fato
dele ser propor para chegarem a um acordo, para ligar se
ele era todo estranho e não gostava de toques bobos.

— Tudo bem Cristian, me diga seus termos?

— São coisas simples, você volta a trabalhar, eu irei


montar um bendito atelier, mas...

— Espera! — Rose achou ouvir errado. — Você vai


montar um atelier para mim? Quando eu pedi isso,
Cristian?

Pelo tom de voz dela, ele já sabia que algo estava


errado no julgamento que fez. Ignorou.

— Eu estou dizendo que irei fazer, não pedindo sua


opinião Rose!
A mulher se controlou para não responder mal, tentou
ser razoável, fazê-lo ver o que estava errado.

— Cristian, olhe a situação, não preciso que monte um


atelier. Eu posso fazer isso se quiser, na verdade, tenho um
conhecido aqui que ficaria mais que feliz em entrar como
meu sócio...

— Não! — Ele disse sem hesitação. — Meus termos,


não seus, pois vai ser assim, nenhum sócio se quer
trabalhar, está claro?

Rose mordeu o lábio inferior para não xingar o homem


malditamente tirano, mas algo lhe dizia que era pegar ou
largar essa proposta, pois não ia haver outra, era bem
claro.

— Claríssimo! — Respondeu cruzando os braços e


deixou Cristian satisfeito, mesmo que ele não houvesse
deixado transparecer.

— Continuando, eu montarei seu atelier, se dinheiro é


o que está deixando você com essa cara, que fique claro
que vai sair da nossa conta conjunta...

— Que é sua! Você congelou meu dinheiro.

Ela não pode segurar a língua, depois dos cartões de


crédito, checou suas contas, tudo estava congelado, ela
não podia mover seus próprios bens, era ridículo em sua
concepção o sujeito ter acesso sem limite a sua vida e a
privar das próprias posses, Rose sabia que aquilo não era
mais que uma medida para lhe controlar.

— Rose... — O tom dele era de retaliação, ela


levantou a mão, rendendo-se. — Bem, como ia dizendo,
vai ser retirado da conta corrente, os lucros vão ser
administrados por um sistema financeiro que é aplicado na
minha empresa, terá um pessoal exclusivo, e você pode
monitorar e fazer as retiradas que bem entender, faça o
que quiser. Outra coisa, você só irá trabalhar alguns dias
na semana, os outros vai ficar na mansão aprendendo
como ela funciona e cuidando dela como a Sra. Herovrisk
deve fazer, em breve vai precisar organizar festas
periodicamente, então terá que saber gerir tudo.

— Tudo bem, mas alguma coisa? — Ela soltou um


suspiro cansado, já imaginava que algo do tipo iria sair
dessa história.

— Vai parar de criar caso comigo, estou farto,


entendeu?

— Entendi.

Rose não ia começar uma discussão, iria tentar ser


razoável, não submissa, porque era impossível. Se ele
viesse com uma merda maior do que ela pudesse suportar,
não ia ficar calada, mas por agora não abriria a boca para
questionar nada, pelo menos ainda.

— Ótimo!
Cristian estranhou o modo como ela aceitou sem
qualquer rebeldia, foi de fato surpreendente, o garçom
voltou, ocupando o silêncio brevemente, até se ir, então
depois os dois ficaram ali, calados, um avaliando o outro
disfarçadamente, enquanto não se viam mal percebiam o
que realmente estava acontecendo entre eles.

И·И

Rose se viu descendo para o jantar, imaginou que


seria um momento solitário, já que vinha virando rotina,
Cristian sumiu, como em outros dias, depois do almoço que
tiveram, ela tentava ignorar o fato de que ele devia estar
cuidando de "negócios" não gostava de se lembrar da
profissão do marido ou do próprio pai, se fez de cega por
anos, até ir embora, porque simplesmente era trágico ficar
pensando sobre algo que ela reprovava e não podia mudar,
pelo menos não sem atingir diversas pessoas com isso,
algumas que ela amava. Resolveu pensar em como era
engraçado que Cristian simplesmente a largasse na casa e
saindo sem dar nenhuma satisfação, o que era bem
ridículo pelo simples motivo de que se a situação fosse
inversa, ele a teria de "joelhos" pela transgressão, ela
caminhou tranquilamente até a sala de jantar e estancou
quando viu que a mesa não estava plenamente solitária
como havia pressuposto, engoliu em seco, tentando
recuperar-se, indo em direção ao seu lugar, junto com o
seu bendito sogro.

— Boa noite Sr. Herovrisk. — A voz dela saiu


levemente modulada, mas não deixava transparecer
claramente o desconforto que sentia na presença daquele
homem.

— Boa noite Rose.

Conegon disse solícito enquanto se pôs a


esquadrinhar a garota, ou melhor, a mulher, ele passou as
últimas semanas fazendo a mesma coisa, avaliando a
postura daquela dela, que o deixava intrigado, não era uma
submissa, mas tinha certeza que podia ser ensinada, só
não havia total convicção se Cristian já tinha iniciado essa
lição, na verdade, se não o fizesse, o próprio faria, e iria
agradá-lo muito.

— Hum... Cristian vai se juntar a nós?

Rose perguntou um pouco incerta, era difícil admitir,


mas a presença do marido quando o pai estava dele por
perto, deixava-a mais segura e confortável, o homem a
encarou pelo que parecia ser um longo minuto.

— Não, somos apenas eu e você!

A mulher engoliu em seco, imediatamente foi servida


pela moça em pé ao seu lado. Apesar de não está
totalmente certa sobre seu apetite após ver a sua
companhia da noite.

— Hum, claro.

— Há algum problema?
Conegon perguntou percebendo a postura mais tensa
que ela assumiu e se aproveitando para avaliá-la, era tão
branca que ficaria marcada com muita facilidade, se viu
gostando da possibilidade.

— Não. — Disse ela simplesmente, tentando ignorar o


homem, que tinha os olhos em cima dela e não passava
coisas boas por trás deles.

— Diga-me, já está ambientada a mansão?

A voz fria e compassiva que ele usava quase dava


calafrios ruins em Rose, ela se esforçou para não deixar
isso aparecer, sabia que tipos como Conegon, Cristian e
até mesmo seu pai, se aproveitavam de pessoas que se
mostravam intimidadas.

— Sim!

— Percebo que está muito monossilábica ou é só


comigo?

Rose enfiou comida na boca para ganhar mais tempo,


Conegon parecia estar se divertindo de alguma forma,
provavelmente viu o jeito que ela estava desconfortável ao
seu lado.

— Na verdade, é a falta de costume de fazer jantares


tão falantes e interessados, ainda mais aqui...

A veia sarcástica naquela frase não foi despercebida


pelo homem que avaliou mais uma vez a mulher, se fosse
sua já estaria de joelhos, quase riu com o pensamento,
percebeu que Cristian não estava fazendo nenhum
progresso com a tal esposa, a mesma ainda continuava
com seu discurso cheio de indiretas espertinhas e aquela
postura topetuda, mulheres da máfia deviam ter sempre
olhar baixo, estarem recolhidas e nunca chamarem
atenção, para Conegon, Rose Volkov era uma tragédia
total que devia ser corrigida o mais rápido possível.

— Responda-me, Cristian já deixou você saber o que


acontece com mulheres do seu tipo por aqui?

O punhado de comida que a mulher colocou na boca


desceu rasgando sua garganta quando ela se deu conta da
fala do seu sogro, o velho estava a ameaçando, de novo.
Muito lentamente deixou seu olhar encarar a escuridão dos
olhos dele, percebeu que eram tão árticos, e Cristian tinha
isso, mas de alguma forma tinha algo nos dele que a
aquecia, ao contrário do que acontecia naquele minuto com
Conegon.

— Suponho que deveria? Porque pelo que entendi, as


mulheres não são informadas de nada aqui, tenho a
sensação que não são mais importantes do que um mero
enfeite de parede, desculpe-me ser tão franca!

Custou pingo de coragem dela para se dirigir a ele


com um tom de voz certo, Conegon pegou a sua taça de
vinho tomando brevemente, deixando-a esperando, quando
a olhou novamente, Rose se deu conta de que aquela frase
"se um olhar matasse", nunca tinha tido tão sentido como
naquele momento.
— Sua visão está deturpada, minha querida, eu acho
que é hora de eu mesmo lhe mostrar a verdade.

Ela não teve tempo de ponderar sobre aquilo, pois


Cristian apareceu na porta da sala, e ela nunca ficou tão
feliz em vê-lo, simplesmente deixou a mesa, querendo pôr
distância entre ela e o sogro, o ambiente estava pesado,
ver o marido de repente amenizou aquilo.

— Cristian!

O homem recebeu inesperadamente um abraço dela,


havia percebido um clima carregado na sala de jantar, mas
nunca viu os olhos à criatura feminina ficar tão aliviado,
como quando o viu.

— Rose... — Ele não teve tempo de falar, ela o


alcançou, interrompendo-o.

— Vou preparar um banho para você, deve estar


cansado!

Sem dizer nada mais ela deu um beijo delicado e


rápido no homem, que estava atônito ao seu
comportamento, e assim Rose saiu da sala tão rápido que
Cristian só pode observar, até que se deu conta que seu
pai foi espectador de tudo, virou o rosto lentamente para
encará-lo.
— Sabe o que aconteceu aqui? — A voz pausada do
homem não deixava dúvidas que estava até certo ponto
irritado, Cristian sabia que quanto mais calmo ele parecia
era pior.

— Ela só está cuidando das minhas necessidades.

— Ela não é assim, faça-se te tolo mais uma vez e vou


te fazer lembrar como deve se comportar Cristian. — O
homem mais velho ficou satisfeito ao ver o filho abaixar a
cabeça em sinal de respeito, sabia o que acontecia, era
bom que nunca se esquece.

— Ela parecia estar fugindo!

— Muito bem, agora me diga o motivo de você ainda


não corrigiu aquela garota?

Os dois homens a sala se encaram, um querendo uma


resposta plausível e o outro sem qualquer meio de
argumentar logicamente. Cristian já havia se perguntado o
motivo de não agir com Rose da mesma forma que tratou
todas as mulheres da sua vida.

— Estou corrigindo!

— De forma ineficaz. — Conegon tomou um gole do


vinho, deixando a sala num silêncio sepulcral. — Sua
esposa precisa de uma correção de verdade, é muito
obstinada, voluntariosa demais para meu gosto. Diga-me,
vai deixá-la mandar em você? Sei que já a deixou
trabalhar.
— Quero que ela seja útil, é diferente!

— Ela é útil apenas para ser fodida! — A exasperação


na voz de Conegon era clara. — Será que está ficando
fraco Cristian? É assim que quer meu lugar?

Ele engoliu a súbita irritação com seu pai.

— Não. — Disse ele sem qualquer expressão. — Irei


cuidar dela!

Conegon acenou positivamente.

— Então cuide, deixe-a marcada para que se lembre


do que acontece a tipos como ela!

Um sentimento estranho passou pelo peito de Cristian,


ele entendia perfeitamente o que significava a ordem do
pai, ele já tinha o feito realizar coisas do tipo, não foi
prazeroso e nunca seria, mas o fez, e se viu concordando
que faria novamente, pois era assim que funcionava, ele
não era apenas subordinado ao chefe da sua máfia, mas
principalmente ao pai, o homem que o moldou.

— Sim, eu entendi.

Virando-se Cristian saiu em direção escadas sentindo


um peso sobre os seus ombros, e Rose que tinha subido
as escadas até o quarto, divertida com a confusão que viu
nublar os olhos negros do marido, foi direto para o closet,
trocando de roupa, pondo uma camisola creme de renda.
Logo se dirigindo para preparar um banho de banheira, por
um momento se tornou pensativa, já sabia que tinha sido
ameaçada pelo sogro, agora o que não ficou totalmente
explícito quais as implicações que cabiam dentro dessa
nova ameaça e isso no fundo era algo que ela não queria
saber de verdade, o homem era maquiavélico. Um barulho
a fez voltar a si, encontrou Cristian na soleira da porta, o
olhar sério, não parecia de bom humor, mas ela resolveu
ignorar, sorrindo abertamente para ele. Que por sua vez
observou a mulher sentada na ponta da banheira
realmente preparando seu banho. Notou o sorriso
esplendidamente dela, bonito para uma pessoa só, sem
falar no que ela vestia, ser comparada ao um anjo era
eufemismo, nem parecia suficiente, declinando daqueles
pensamentos se moveu, entrando mais no ambiente,
completamente tomado pelo cheiro dos sais de banho. Ele
tinha uma tarefa para fazer, não importava o quanto
parecia ser errado. Eram ordens.

— Aposto que achou que eu estava mentindo sobre o


banho! — Rose se levantou indo até o homem. — Mas
peguei você!

Outro sorriso. Cristian parou seus passos, enquanto


ela chegava mais próximo. O homem quis praguejar se
perguntando se ela tinha aqueles sorrisos eram como um
mecanismo de defesa.

— Vamos, tire essa roupa! — Ela disse ao passar pelo


marido, achou estranho que estava tão quieto, mas
ignorou, resolveu tirar seu terno, ele a olhou por cima do
ombro enquanto puxava para baixo o material escuro,
depositando-o no cesto. — Estou fazendo isso, mas não...

Continuou Rose, antes de ter seu discurso foi


interrompido no meio pelo solavanco de ser puxada
rapidamente, parando de frente para Cristian, sua
expressão era quase vazia, ela ficou em alerta, algo estava
errado.

— Cristian? — A voz dela não passou de um sussurro


baixo e rouco. — O que houve?

O homem estava decidido a fazer o que tinha de ser


feito, mas pondo as mãos na pele delicada dos braços da
esposa e ainda tendo aqueles olhos azuis carregados de
confusão, preocupados, inocentes do que ele faria,
quebrou sua obstinação, fazendo-o abaixar o rosto até
descansar sua testa na dela. Céus... Ela é tão delicada...
Não posso feri-la! Rose pôs as mãos no peito dele, no
início foi para afastá-lo, mas então logo se viu acariciando
enquanto encarava olhos escuros com aquele ar de vazio,
mas que suavemente mudou, se tornando quentes e
convidativos, ela se condenou por ignorar qualquer
autoproteção, entretanto sentiu como se ele precisasse
dela, como se estivesse sofrendo, então se viu levando os
lábios até os dele, e não teve como o homem ignorar a
sensação boa de ter aqueles lábios tão delicados tocando
os seus, a queria, sendo assim beijou de volta, invadindo e
roubando para si o gosto doce dela. E nesse momento já
tinha se dado conta que pela primeira vez na vida não
podia cumprir a sua tarefa, não ia pôr as mãos de jeito
nenhum em Rose para machucar, repudiou tal ato.
— Tire minha camisa! — Sussurrou contra os lábios
dela, qualquer ato de controlado e medido se foi quando
ela simplesmente puxou a camisa dele, fazendo botões
voarem, o som da risada dela foi rico, cheio de vida e
Cristian adorou.

— Sempre quis fazer isso... — Ela disse ao morder o


lábio dele, as mãos acariciando suas costas nuas,
enquanto o beijava só o deixou sem defesas.

— Minha vez! — Sem esperar Cristian deu um puxão


forte e partiu a camisola que Rose usava em duas, ela
olhou para ele completamente surpresa, mas então riu.

— Era caríssima!

— Eu sei, vi suas faturas lembra? — A voz dela não


passou de um sussurro baixo e rouco. — Mas te dou
quantas outras quiser...

A mulher não conseguia disfarçar ou mentir sobre o


quanto era bom está nos braços dele. Cristian sentou-se
com ela sobre si dentro da banheira, se perguntado se já
tinha se sentindo tão bem com uma pessoa, se havia, tinha
esquecido. Deixou sua boca para descer beijos pela sua
garganta, que ela deu mais espaço jogando a cabeça para
trás, enfiando as mãos em seu cabelo, um gemido passou
por ela quando ele atacou seus seios do melhor jeito que
podia, beijou, sugou, tomou a seu bel prazer e dando o
mesmo a ela.
— Você é tão linda!

Ele disse enquanto sugou o lóbulo da orelha dela,


Rose se contorceu ali, deslizou a mão entre os corpos
encontrando o membro dele, duro e quente, sabia que
estava mais que pronta, então não esperou para tomá-lo
dentro de si, deixando que o membro ereto a penetrasse
bem devagar.

— Cristian...

Disse sem fôlego, e ele fechou os olhos, apoiando o


rosto na curva do seu pescoço alvo, agarrou a cintura fina
da mulher e levando sua mão aos cabelos dela, enquanto
Rose o deixava louco de prazer.

— Sim... Sinta-me, assim!

Ela abraçou ao corpo dele, levando as mãos ao seu


cabelo, Cristian sugou a pele sensível em seu pescoço e a
sensação não pode ter sido melhor, mas ela sabia que ia
ganhar uma bela marca.

— Pare de me marcar. — Puxou levemente seu


cabelo, sentiu os dentes dele em seu colo.

— Até parece que não gosta. Sinto como me aperta


dentro você...

A mulher fechou os olhos perdida entre seus toques e


aquela voz tão deslumbrante e sexy, baixou os lábios até
os dele, sugando, para tomar sua boca.
— Presunçoso...

Ela disse passando os dentes nos seus lábios


novamente, Cristian entrou mais forte contra ela que
gemeu, ele ficou ainda mais satisfeito e perdido nela,
quando aumentou o ritmo. Rose, um anjo tão quente... Tão
Minha! Cristian pensou, não havia resistência, pela primeira
vez, os dois estavam completamente entregues, se
saboreando sem reservas, nada podia quebrar esse
momento, aonde só tinha espaço para eles, sem ordens,
sem punições, apenas uma união sem precedentes.

И·И

Quando Rose acordou naquela manhã ainda nem


tinham raios de sol, o que a acordou de verdade havia sido
Cristian, ele estava inquieto em seu sono, o que a fez parar
para observar o que acontecia. O viu franzindo as
sobrancelhas, sua expressão denotava algo parecido com
dor, isso há deixou um pouco perturbada.

— Cristian?

Tentou chamá-lo pela primeira vez, mas ele não


acordou, na verdade suas mãos apertaram a coxa da
cama. Rose se moveu colocando a mão no peito nu dele,
sentindo a fina camada de suor, aquilo com certeza não era
normal, não era só um sonho, devia ser um pesadelo, coisa
do tipo.

— Ei, acorde, está tudo bem. Cristian?


— Rose...

Ele de repente abriu os olhos, estava assustado,


vulnerável, e fez com que alguma parte do coração da
mulher se apertasse. A voz dele estava mais rouca que o
normal, ela tentou sorrir esperando passar alguma calma,
enquanto acariciava o peito dele.

— Oi, você estava inquieto, acho que teve um sonho


ruim.

Cristian esteve no inferno muitas vezes, mas odiava


quando este voltava em seus sonhos, ou melhor, seus
pesadelos. Aquilo ser comparado ao “sonho ruim” era um
conto de criança, mas ele não falaria isso. Acordar e
encontrar Rose ao seu lado o deixou desconcertado, não
só por ela presenciar ele agindo como um “bebê”, mas
como também o deixou aliviado, as palavras sumiram
enquanto olhava-a e sentia o acariciar.

— Está tudo bem?

Ela perguntou visto o silêncio dele, seus olhos


pareciam confusos e pela primeira vez acessível, sem toda
aquela frieza calculada. Sua pergunta foi respondida com
um aceno, estava claro, o homem não ia falar nada, Rose
suspirou, mas foi surpreendida quando o viu cobriu sua
mão com a dele, ficou meio sem jeito, então o viu fechar os
olhos de novo. Não soube exatamente o motivo, mas
estava sorrindo, mesmo quando também fechou os olhos,
mantendo sua mão na dele. Para Cristian, por mais que
houvesse sido humilhante ser visto naquele estado,
totalmente descontrolado e desesperado, ele não pode
negar que gostou de como ela tocou nele e como o
encarou, ou como sua voz soou calmante, quando sentiu o
calor do seu toque, só pode pensar em segurá-la ali perto e
assim o fez, e isso lhe deixou tranquilo, a sensação era
bem vinda, depois de tantos anos sem se sentir assim após
seus pesadelos tudo que o Herovrisk fez foi se agarrar a
um momento que quase podia ser descrito como de
esperança.
CAPÍTULO 05
Vida não estava mais fácil, os primeiros meses de
casamento, mas não era um martírio total, na verdade,
Rose se pegava surpresa que estivesse até satisfeita, claro
que não era às mil maravilhas, ela e Cristian, ainda tinham
suas longas brigas, porém sempre acabavam na cama, no
chão, ou em qualquer lugar onde pudessem transar, as
discussões pareciam ser uma espécie de preliminares, o
que não a orgulhava de ser tão suscetível ao homem, mas
ficava feliz em ver que ele era tão suscetível quanto.

— Senhora, devemos pôr os espelhos onde?

Rose voltou a si, desviando os olhos da janela que


dava para a rua, dando atenção a um dos empregados que
arrumavam a loja que Cristian tinha comprado para a
própria, não entendia, e no fundo nem queria, como ele
tinha conseguido num espaço meramente curto de tempo
aquele ponto comercial na melhor parte da cidade.

— Podem por ali. A esquerda dos balcões...

Falou tranquilamente, estava quase tudo pronto, esse


meio tempo tinha sido cansativo, pois teve de se dividir
entre a montagem da loja, aprender um bando de coisa
que julgava desnecessárias, para cuidar da mansão e
aprender a dar festas, sua mãe havia ajudado, até Sacha,
mas essa vinha mais a loja, como Rose havia feito questão
de cuidar pessoalmente da montagem do lugar, sua irmã
acabava passando muito tempo ali com ela,
inevitavelmente o pai delas não foi um dos sujeitos mais
satisfeitos com aquele arranjo. O celular da mulher tocou
chamando sua atenção, ela o pegou vendo a mensagem
no seu marido brilhar na tela.

Estou indo te buscar, vamos há uma recepção,


chego em dez minutos, apresse-se, não quero esperar!
C
RISTIAN

A mulher rolou os olhos, isso a irritava, a mania de


aparecer e a mandar largar tudo para lhe acompanhar a
qualquer coisa, porém estava se treinando para adaptar-se.
Se batesse de frente com ele em determinados assuntos
só pioraria sua vida.

— Cam, cuide de tudo para mim, vou saindo...

Rose chamou o homem pelo apelido, seu nome era


Cameron, ele era chefe da sua equipe de decoração da
loja, tinha se dado tão bem com ele, que iria adicioná-lo
permanente a seu grupo de trabalho.

— Pode deixar Rose!

Ela pegou suas coisas, colocando uns óculos escuros,


saindo. Sabia que Cristian era muito pontual, isso pelo
menos era agradável, quando saiu, parou na calçada, se
voltando para ver a fachada da loja ainda coberta, não
pode negar que estava feliz. Em meio a isso ela de repente
se sentiu observada, olhou novamente ao redor, mas então
o carro de luxo surgir, parando diante dela, sem demora ela
entrou. Cristian estava lá dentro tranquilamente mexendo
em seu celular, era absurdamente bonito e ela se achava
ridícula por nunca se acostumar a isso.

— “Oi” para você também estranho.

Falou ressentida por ele nem se dar ao trabalho de


dirigir um olhar a ela, mal sabia que antes dela entrar no
veículo, o seu marido manteve os olhos grudados na
mesma, a cada movimento assim que a avistou na frente
da loja.

— Oi Rose, de mau humor? — Ele disse sem olhá-la,


dessa vez a mulher apenas soltou um som de desdém
tirando os óculos.

— Talvez... – Ela suspirou. – Hum... Não é querendo


ser paranoica, ou coisa do tipo, mas antes de você chegar
eu acho que tinha alguém me espreitando.

Isso ganhou a atenção do homem pelo visto ele olhou


para Rose franzindo as sobrancelhas.

— Tem certeza?

— Claro que tenho. Esqueceu que meu pai trabalha


no seu mesmo ramo, cresci treinada para identificar perigo!

Cristian sabia que parte do que a mulher havia dito,


apesar de conter sarcasmo, era verdadeiro, pois existiam
perigos que pessoas como eles, que sempre tinham de
estar olhando por cima do ombro, podiam perceber a
quilômetros de distância, ele ficou feliz que ela tivesse essa
qualidade e se surpreendeu por sentir aquilo, porém não ia
alertá-la com algo que podia nem ser real.

— Se identificasse perigo realmente, já teria aprendido


a medir as suas palavras!

Ele disse apenas para despistar sua atenção do fato


ocorrido. Voltou os olhos para o celular, iria deixar sua
equipe avisada, era hora de aumentar a segurança de
Rose, assim como na loja, também cuidaria de arrumar
outro carro para ela com a blindagem reforçada, não iria
arriscar.

— Que ótimo senhor meu marido, podia ao menos


fingir que se importa com que falei, não é?

Cristian suspirou, mas não voltou seus olhos a ela,


ouviu seu bufar exasperado. Já tinha aprendido nesse
período com ela que deixar o assunto se prolongar só a
deixava ainda mais obstinada. Era de certa forma
perturbadora a maneira como já se via conhecendo muito
bem a esposa, às vezes se pegava irritado consigo por não
conseguir agir tão friamente quanto queria com ela.

— Como está a preparação da loja?

Rose ficou menos irritada de repente com a pergunta


do seu trabalho, pelo menos viu ele perguntar sobre algo
que lhe era importante, não a ignorava totalmente, por fim.
Sorriu começando a falar dos preparativos finais para a
abertura.
И·И

Mas tarde naquele mesmo dia, o Herovrisk já tinha


terminado de se arrumar para o evento que tinha, todavia,
sua esposa ainda estava no quarto se arrumando.

— O que ainda está fazendo aqui? — Ouviu a voz do


pai que entrava no escritório. Ele deixou de lado a vodca
que tomava para levantar-se em sinal de respeito, então se
sentou novamente.

— Esperando Rose terminar de se aprontar.

Conegon que estava de costas pegando um pouco de


vodka no bar do escritório, ponderou sobre a resposta do
filho.

— Você me parece muito conivente com sua esposa,


ainda não esqueci que me desobedeceu.

Cristian engoliu com certa dificuldade o líquido em seu


copo, ele sabia que seu pai não tinha comprado à história
que entregou no dia em que foi mandado "corrigir" Rose e
tudo que fez foi transar com ela a noite toda.

— Foi mais eficaz intimidá-la. Não o desobedeci você


meu pai só não a marquei, mas ela está se comportando,
isso é o que importa.

Conegon sabia que Cristian não havia batido de


verdade na sua esposa, talvez algumas tapas, mas não o
que ela realmente merecia, mas não podia discordar que a
mulher estava melhor, mesmo que em momentos ainda
tivesse lampejos rebeldes.

— É bom que a eduque melhor, ainda não é ideal.

O filho concordou se sentindo estúpido por não


conseguir executar o que seu pai mandava e isso era uma
fraqueza, ele estava tentando sanar, mas se via a cada dia
mais perdendo essa batalha.

— Farei o que for necessário.

— Claro que fará. Sei que quer assumir essa cadeira


em poucos meses!

Conegon disse tragando o charuto que havia acabado


de acender, o filho mais uma vez acenou positivamente,
queria mesmo aquele lugar, na verdade, já praticamente
estava ali, mas ainda precisava da benção do pai, ou
melhor, precisava que ele lhe passasse o bastão
publicamente.

— Passei minha vida toda me preparando para isso


pai.

O Herovrisk mais velho sabia da vontade do menino


em assumir seu lugar, era tudo que queria, treinou a vida
toda para aquilo, mas era óbvio que só aconteceria quando
fosse realmente à hora e levando em consideração os
planos que tinha.
— E espero que não me decepcione, depois da
transação com os americanos, irei fazer sua posse como
novo chefe da máfia russa!

Cristian não expressou nada, mas se sentia satisfeito


por finalmente seu pai ter dado uma data, depois de tantos
anos iria ter tudo que queria tudo que realmente lhe era
importante.

— Cristian...

Seu nome foi chamado, como se seus ouvidos já


estivessem treinados ele escutou lá longe a voz sedosa de
Rose, levantou-se rápido demais, deixando seus devaneios
sobre o controle da máfia de lado.

— Obrigado meu pai. — Deu um aceno. — Com sua


licença!

Saiu da sala antes mesmo de ouvir seu pai, mas


imaginou que não falaria nada, nunca falava, caminhou
pelo corredor então a encontrou.

— Estava te procurando, vamos?

Ela disse sorrindo e foi de tirar o fôlego, para falar a


verdade, a imagem dela própria causava tal coisa, estava
absurdamente linda, Cristian teve que se forçar a racionar.

— Vamos!
Ignorou a imagem dela e caminhou ao seu lado, Rose
ficou meio desapontada, era ridículo, mas ela esperava que
ele ao menos dissesse que estava bonita. Eles saíram
seguindo o comboio de três carros que o seguiam agora, o
que fez a mulher estranhar a quantidade, mas não
comentou nada. O silêncio se instalou por todo o caminho,
até chegar ao local, que Rose esperava ser uma pequena
recepção, entretanto parecia mais uma mega festa, uma
boate.

— Por que não me disse que era algo mais despojado


Cristian? Teria me arrumado melhor. — Reclamou
passando a mão pelo vestido enquanto eles passavam por
uma fila de pessoas que queiram entrar.

— Não, assim está bom. Já vai chamar atenção


suficiente com isso, me daria o triplo de trabalho com o
vestido mais curto.

Cristian deixou escapar seus pensamentos ele estava


distraído com todas aquelas pessoas, não gostava desses
lugares tumultuados, se arrependeu imediatamente do que
falou quando ouviu a risada de Rose.

— Trabalho é?

Ela o encarou arqueando a sobrancelha com um


sorriso de canto, e era idiotice, mas Rose gostava de ver
que ele pelo menos não era totalmente imune, Cristian
rolou os olhos para sua provocação, chegaram à entrada
onde ele pegou com uma moça duas pulseiras.
— Tome... — Ele pôs no seu pulso uma pulseira neon
azul, e Rose estava se sentindo bem divertida e resolveu
provocar mais uma vez.

— É uma coleira? Demarcando território? — Cristian


semicerrou os olhos para a mulher que sorria demais, ele
ignorou mais uma vez. — Não saia do meu lado e não
preocupe, todos sabem que você tem dono com ou sem
coleira!

Ele falou puxando-a consigo para dentro da boate,


ficou satisfeito quando conseguiu calá-la, Rose rolou os
olhos para sua resposta barata. Cristian continuava
incomodado, ele não gostava desses locais, mas como o
negociante de hoje era um festeiro de primeira teve que
aceitar o encontro no local, não havia melhores lugares
para se negociar do que em festas, mesmo com os
seguranças abrindo espaço entre as pessoas para que eles
chegassem até a área vip, ainda era complicado, se viu
agarrando Rose sem nem ao menos pensar, tinha um
bando de idiotas na pista devorando-a com os olhos.

— Deus quanto tempo não venho a uma boate...

Ela disse quando chegaram às escadas do camarim


exclusivo, o homem ainda estava abraçado nela, achou
estranho, ele nunca fazia isso na frente de ninguém, na
verdade, só a tocava assim quando estavam transando e
nesse momento estavam bem longe daquilo.

— Não vamos ficar muito tempo, nem se anime, agora


suba!
A voz dele a distraiu, ela franziu o cenho, queria poder
dançar, mas fez o que foi mandado. Cristian foi atrás para
impedir que olhassem para a bunda dela que aliás parecia
incrível naquele vestido.

— Eu sei o que está fazendo... — A mulher disse a


frente dele, que não reprimiu um sorriso, já que ela não via.

— E eu não me importo, eu posso olhar o quanto


quiser, e tocar, quem sabe o faça.

— Pervertido!

Ele riu de novo quando chegaram ao camarote, mas


dessa vez Rose se virou para encará-lo, e pegou o sorriso.
Cristo ele fica tão lindo sorrindo assim! Foi a primeira coisa
que veio à cabeça dela antes de serem interrompidos.

— Cristian!

Um homem alto e magro o chamou, fazendo Rose e o


marido quebrarem aquele momento. Eles logo se
apresentaram e foram convidados a uma bebida, ela
escolheu um Dry Martini, era mais seguro que não ficaria
bêbada tão fácil, graças a Louise, havia ganhado uma bela
resistência e agradeceu por tal coisa, pois foi largada pelo
sujeito com qual casou em uma mesa onde estava a
esposa do tal amigo dele e outras mulheres, todas só
falavam futilidades e ela não tinha paciência para
responder, então se mantinha ocupada acenando e
bebendo, Cristian percebeu, foi até ela um tempo depois.
— Já está na sua quinta taça! — Ele apareceu falando
quando a comitiva das mulheres foi ao banheiro dando
teoricamente um pouco de paz a Rose.

— Culpa sua que me largou aqui, mas não se


preocupe, não irei dá vexame. Estou treinada no Dry
Martini.

Cristian semicerrou os olhos desconfiados enquanto


se sentou ao lado dela, pondo o braço por trás de suas
costas, ficando próximo.

— Como? — Ele perguntou, Rose suspirou, olhou


para os lados para ver se ninguém escutava.

— Quando passei uma temporada em Londres


estudando, eu e minha amiga, costumávamos ir a um pub
com outros conhecidos, entre eles, tinham a mania de
apostar quem bebia mais Dry Martini's, era uma coisa até
séria, porém bem divertida, só que eu nunca tive coragem
de entrar. Louise, minha amiga, me convenceu a jogar
dizendo que iria me cobrir, ajudar a beber, mas ela sumiu
com um cara, e tive que me virar sozinha. — Ela sorriu e
viu Cristian quase fazer o mesmo. — Não foi bonito, paguei
belos micos e ganhei uma ressaca monstruosa, mas como
sou teimosa, voltei a jogar. Claro que nas primeiras vezes
eu não me dei bem de novo, mas depois foi ficando
inevitavelmente mais fácil, até quando morava em Nova
Iorque ainda jogava.
Cristian estava realmente se divertindo com ela
contando sua história, se perguntava quantas outras ela
tinha aprontado.

— Você é mesmo muito teimosa, e essa sua amiga


não é boa companhia!

Ele lembrou-se da foto da amiga dela, uma ruiva


sorridente, que veio junto com o relatório que tinha
encomendado e sem falar no que encontrou nas redes
sociais das duas.

— Ela é boa companhia sim, quer dizer, apenas


quando não some.

Rose encolheu os ombros rindo, fazendo um biquinho


em seguida, sem saber o que se passava na cabeça de
Cristian, que ficou tentando a beijá-la, mas se conteve. Já
tinha estabelecido que não fosse tocar nela fora da cama,
porque ali era impossível resistir, e nesse meio tempo as
mulheres de repente apareceram à mesa, Rose praguejou
mentalmente, mas sorriu para elas, já o Herovrisk se
levantou terminando aquele momento leve entre ele e a
esposa, pedindo licença ao voltar para a mesa dos
homens.

— Seu marido é muito bonito...

Uma das mulheres disse, pois Rose não se lembrava


do nome dela, então apenas forçou um sorriso. Claro que é
lindo e casado...A forma como reagiu a surpreendeu, mas
evitou demonstrar isso.
— Sim, muito bonito!

Deu de ombros bebendo mais um pouco, olhando


para ele, não demorou muito para o olhar se cruzar com o
dela. Cristian percebeu pelo olhar quase martirizado da
mulher que estava estafada naquele ambiente, ele mesmo
estava, queria ir embora, queria ir para ficar com ela e
aquilo o fez ficar chocado, não devia sentir aquilo, sempre
pensou em se manter distante, este era o certo.

— Então Cristian, como vai à vida de casado?

Solen, o cliente da máfia, perguntou olhando


descaramento para Rose, Cristian mexeu no próprio
colarinho parecia que o tecido queimou contra sua pele.

— Bem. — Foi monossílabo, porque não confio


quando ouviu sua voz, estava desestabilizada, dura
demais, foi sorte Solen está bêbado demais para se dar
conta.

— Ah dê detalhes, com uma mulher daquelas não


pode estar apenas "bem"! — Todos na mesa riram olhando
para Rose e Cristian sentiu-se colérico.

— Não vim aqui para falar da minha vida pessoal,


Solen, estamos acertados? Eu preciso ir embora agora.

As palavras saíram quase vomitadas da boca do


homem que não conteve seu gênio, ele era um Herovrisk e
sua esposa herdava seu nome, ninguém devia olhar assim
para ela, os homens da mesa ficaram mais sérios enquanto
ele se levantava, não iria mais ficar naquele lugar, já estava
de saco cheio daqueles bêbados, e Solen o encarou.

— Bom, é claro, está tudo certo, desculpe se


ofendemos, mas sua esposa é muito bonita para passar
despercebida.

Cristian tragou uma respiração, então sem dizer nada,


dando apenas um aceno, se virou e saiu. Ponderou
realmente em nunca mais trazer Rose a uma recepção
como aquela, observou sua mulher e uma coisa não podia
discordar, ela era linda demais para que ninguém não
notasse, andou rapidamente até ela, que estava distraída
com a pista de dança, Rose de fato lembrava-se dos dias
em que a própria estava em um lugar como aquele, rindo,
divertindo-se também, com Louise e vários amigos, sentia
falta daquilo.

— Rose?

A voz rouca de Cristian fez a mulher voltar a si, saindo


dos seus devaneios, olhou para cima encontrando o
homem encarando somente a ela, percebeu o ar
decepcionado das outras mulheres.

— Já vamos? — Ele acenou levemente estendendo a


mão para ela.

— Sim, venha...
Não precisou falar duas vezes, ela pegou mão
máscula, dando um aceno de adeus às mulheres da mesa.
Cristian não se deu ao mesmo trabalho, Rose sentiu certa
tensão no próprio, envolveu seus dedos com os dele dando
um leve aperto antes de começarem a descer as escadas.

— Cristian, está tudo bem?

O homem ficou surpreso com o senso de percepção


que ela tinha sobre ele, na verdade, não era a primeira vez
que se repetia.

— Sim!

Como sempre foi monossílabo, Rose odiava esse


traço dele, um minuto depois ele se dirigiu rapidamente aos
seguranças que estavam no final da escada, esses
começaram a se organizar para sair, pedindo para o casal
esperar um pouco. Ela via a impaciência do marido, que
ninguém conseguia, mas a mesma já tinha aprendido que
quando ele deixava aquele vinco transparecer entre as
sobrancelhas, podia apostar que estava incomodado ou
impaciente.

— Desfaça essa cara feia Cristian... — Ela falou rindo.

— Quando estivermos fora, talvez faça isso!

— Qual é seu problema com o lugar?

— Muita gente!
Rose riu novamente e ganhou um olhar impaciente,
Cristian não entendia porque ela ficava tão sorridente de
repente, era muito difícil ignorá-la quando fazia isso.

— Ah Cristian, é uma boate, esperava o que? Todos


sentados e calados como num teatro? — Ele ignorou
rolando os olhos. – Você é muito travado, isso sim!

Ele deixou seu olhar cair nela, tinha algo brilhante


naqueles olhos combinado com o sorriso matreiro, parecia
facilmente uma menina.

— E você está muito sorridente! — Acusou o homem


com certo mal humor.

— Uma mulher não pode sorrir? — Ela arqueou a


sobrancelha, divertida. — Adoro essa música, venha
comigo!

E ele se viu sendo arrastado pela mulher pequena até


a pista da dança, então hesitou.

— Rose que ideia é essa?

— Venha Cristian, deixe de ser tão "poderoso chefão"


o tempo todo!

— Pare de me comparar a italianos.

Rosnou e Rose riu sabendo que isso o deixaria


espumando de raiva, era engraçada sua expressão, ela se
aproximou dele, pondo os braços em volta do seu pescoço,
se esticando para pôr os lábios em seu ouvido.

— Va bene il mio caro marito[4]...

Se ele dissesse que odiou ouvir italiano na voz dela ia


ser uma grande mentira, pois aquela voz sussurrada, e fez
cada célula do homem ligada, Rose passou os dentes no
lóbulo da sua orelha, só para depois descer beijos pela
mandíbula masculina, chegando até os lábios onde deu um
suave e sensual beijo.

— Relaxe e dance comigo, Cristian!

Falou ela encarando aqueles olhos escuros e antes de


sugar o lábio inferior do homem, Cristian não entendia
como seu corpo insanamente respondia ao simples toque
da mulher, ele ficou hipnotizado quando Rose começou a
dançar ao seu redor, passando seu corpo pelo dele, mas
logo se afastando para dar um pequeno espetáculo que o
deixou vidrado. Rose nunca se julgou a melhor dançarina,
mas sabia muito bem como dançar aquela música, porém
nunca tinha sido tão excitada e sexy. Cristian tinha os olhos
presos a cada movimento seu, o mínimo balançar dos
quadris para lado e para o outro, enquanto ela rebolava na
pista, girando, olhando-o por cima do ombro, foi demais
para ele, sem ligar para lógica que sempre permeia tudo
que fazia, Cristian foi para cima da mulher, puxou pelo
quadril, grudando seu corpo contra as costas dela, e como
não fazia em muito tempo, dançou, deixando seus
movimentos seguirem o dela. Rose arfou com o contato,
ele era bom, adorou sentir sua pegada, levou a mão até o
pescoço dele, rebolando. Um sorriso malicioso brotou nos
lábios dela quando teve certeza da evidência do membro
excitado contra sua bunda.

Cristian estava muito perdido na sensação dela, o


cheiro, os toques, para pensar em outra coisa, e baixou os
lábios fechando-os contra a pele alva do pescoço dela,
sugando. Rose deixou, adorando a sensação, fez seu
corpo ferver sentindo-o contra si, então de repente foi
virada, e seu marido envolveu sua cintura e ela seu
pescoço, grudaram seus rostos, ela mordeu os lábios em
um sorriso travesso, ele também sorriu de um jeito mal,
antes de beijá-la sem reservas ao ritmo da música. O beijo
era cheio de necessidade, ele adorava o gosto daquela
mulher e ela o jeito másculo que a tomava, nesse momento
a dominância do homem era um deleite para Rose, quando
se afastaram finalmente, foi por falta de ar, a música já
tinha acabado, mas o momento dos dois não, ainda
estavam envolvidos um com o outro, a respiração estava
fora de lugar, assim como os pensamentos incoerentes, só
queriam um ao outro. Rose e Cristian se deram conta que
pareciam ser como drogas um para o outro, quando se
provavam, não podiam resistir até ter tudo.

— Quero você na cama!

— Eu também! — Rose respondeu beijando


levemente.

— Vamos!
Ele disse com pressa, pegou-a pela mão, indo em
direção à saída. Os seguranças se moveram abrindo o
caminho para os dois, Cristian envolvia Rose nos seus
braços, enquanto esperavam seu carro no lado de fora.
Eles se beijaram novamente quando a mulher procurou os
lábios dele, estavam completamente alheios a tudo e
todos.

— Rose?

A voz com um murmúrio de desespero atingiu Rose


como um chicote forte o suficiente para retirá-la, da névoa
sensual que estava envolvida com Cristian, ela sabia
mesmo sem vê a quem pertencia aquela voz, lentamente
ela se virou, então seu coração perdeu uma batida.

— Philippe... — Disse Rose ao encarar o homem de


cabelos loiros que tinha os olhos fixos nela e demonstrava
tristeza, confusão.

— Você me deixou por causa dele?

A voz de Philippe era baixa e continha um tom


sôfrego, Rose tentou se manter firme, enquanto absorvia
que ele estava realmente a sua frente e ainda parecia tão
magoado.

— Então você é Philippe! — Cristian falou, foi como se


a mulher levasse outro tapa na cara, olhou para cima
tentando encontrar o rosto dele.

— Como você sabe sobre ele?


Ela perguntou com visível choque, Cristian deixou
seus olhos desgrudarem do homem loiro, para encarar sua
esposa, não gostou da sua reação dela ao sujeito que já
tinha sido seu amante.

— Achou que eu não saberia?

Respondeu ele com um tom de voz medido, Rose


fechou os olhos racionando, deduzindo algo que já devia
ter pensado. Claro que ele investigou minha vida e as
pessoas que faziam parte dela! Ela estava sem palavras,
encarou Philippe de novo que se aproximou, ela sem
pensar tentou ir até ele para mandá-lo ir embora, mas foi
retida pelos braços fortes do marido.

— Não chegue perto dele!

O homem assobiou baixo e Rose ficou tensa, Cristian


sentiu-se fervendo por dentro, seu coração começou a
disparar e uma raiva insana se multiplicar no seu peito,
chegando quase a doer.

— Você é a porra do dono dela? — Philippe franziu o


cenho ante a reação quase Neandertal do homem com
quem Rose estava. — Rose, fale comigo? O que está
acontecendo? Por que me deixou?

— Philippe pare!

Rose pediu e Cristian bufou de raiva, prendendo-a


mais contra ele, não ia deixar o homem chegar mais perto,
se o fizesse, colocaria Rose de lado eficazmente e poderia
acertar o seu oponente, estudou seus pontos fracos
decidindo onde acertá-lo primeiro se fossem para um
combate corpo a corpo.

— Eu sou o marido dela. Se dê mais um passo vai se


arrepender, muito! — A voz ártica de Cristian a fez ficar
tensa, ela tentou olhá-lo.

— Cristian, por favor. Espere!

Rose pediu respirando fundo seguidas vezes


buscando se acalmar, Philippe foi o melhor homem que já
tinha visto, na verdade, achava que se não tivesse voltado
para a Rússia, ia ter assumido algo mais sério com ele,
pois estava feliz ao seu lado antes de se casar e deixá-lo
sem qualquer explicação, entretanto, ele estava ali diante
dela, parecendo tão triste, enquanto Cristian o ameaçava.
Ela não o queria machucado e se viu preocupada com o
próximo ato que viria dos dois homens, resolveu sair do
seu estado de inércia e pôr um ponto final nisso, pois não
tinha dúvidas que se Cristian quisesse iria partir ele em
dois, por isso abraçou a cintura do marido, achando que
seria mais difícil ele se livrar dela assim para machucar o
outro homem.

— Philippe, desculpe se sumir assim ou se não estou


te explicando às coisas, mas tudo que nós tínhamos
acabou. Eu... Eu estou casada, e não sei como me
encontrou, mas, por favor, vá embora!
Custou a Rose dizer aquilo e ver a expressão sôfrega
do homem com quem um dia compartilhou momentos tão
agradáveis, já para Cristian foi um deleite ver a rejeição
dela ficando explícita.

— Rose... —Philippe tentou argumentar.

— Qual a parte do “vá embora” não entendeu?

Cristian falou mordaz, cortando-o, odiou o jeito que o


homem olhava para Rose, algo em seu peito rugia e todos
seus instintos de posse, proteção, ficaram vívidos, de
forma como nunca tinha sentido antes e não sabia
controlar.

— Eu não vou embora. — Disse Philippe se dirigindo a


ela. — Não vou até você falar comigo Rose, passei essa
semana atrás de você, para desistir agora? Não. Que
droga de casamento é esse?

Philippe não estava satisfeito com aquilo, queria que


ela explicasse o que tinha acontecido para se casar de
repente depois do que tinham tido juntos, ela fechou os
olhos procurando alguma luz, tinha que fazê-lo desistir, o
encarou de novo decidida.

— Não há o que explicar, eu estou casada, ponto final,


não podemos mais ter contato, eu não quero mais contato,
por tanto me esqueça. — Ela olhou para Cristian. — Deixe-
o, vamos, por favor...
O Herovrisk ficou satisfeito com a fala da esposa, mas
ainda sim se sentia impelido a quebrar o oponente em três
ou mais partes, só que quando encontrou um olhar
suplicante da mulher nos seus braços, as ideias não
pareciam mais tão agradáveis, pelo menos não na sua
frente, puxou ela para si, indo em direção ao carro, dando
um aceno para os seguranças que estavam prontos para
agir se precisassem, entretanto, Philippe se movimentou
rapidamente tocando o braço de Rose a puxando para trás.

— Não! Rose eu te amo!

Ele disse e no minuto seguinte Cristian o empurrou,


livrando-se do seu abraço de Rose com cuidado, mas
rápido o suficiente para empurrar Philippe novamente,
dessa vez com toda sua força e isso foi o suficiente para
jogá-lo ao chão em um baque potente.

— Cristian!

Rose gritou quando conseguiu processar o que


acontecido, viu seu marido se dirigir ao homem caído e
sem qualquer hesitação pôr a sola do seu sapato contra o
pescoço dele.

— Nunca mais volte a tocar em Rose, ela agora é


minha... Toda minha!

A mente de Cristian estalava aquela afirmação


enquanto admitia em voz alta também o que se sedimentou
em seu peito, Rose era sua e nada no mundo mudaria
aquilo. Ela ficou em choque com aquela reação e demorou
um pouco tomar uma atitude, mas quando o fez, foi até o
marido tentando afastá-lo de Philippe.

— Cristian, por favor, o deixe ir, não faça isso, não


precisa... Ele não sabe no que está se metendo, deixe-o,
será o melhor para todos nós.

Rose suplicou, sentindo a fúria da Cristian, quando a


encarou parecia muito perigoso, mas viu algo naquela
escuridão que eram seus olhos que a confundiu, mas então
ele cortou qualquer contato, tirou seu pé de cima de
Philippe e se afastou, observando-o caído.

— Suma da minha cidade, da vida da minha esposa,


não te darei outra chance!

Cristian articulou completamente frio, apesar da fúria,


mas se manteve no controle, depois de ouvir a voz de
Rose e encarar seus lindos olhos azuis, ele soube, não
queria que ela visse o monstro que ele podia ser, viu o
homem tossir aos seus pés, sem esperar para ouvir mais
nada dele, pegou Rose pelo braço, a arrastando em
direção ao carro, ela deixou, estava preocupada, demais
para ligar aos modos do marido, seus olhos foram para
Philippe caído.

— Não o olhe!

Rosnou o Herovrisk abrindo com brusquidão a porta


do carro e empurrando Rose lá dentro, ela entrou e teve
que encarar a janela. Cristian lutava para parecer calmo,
nunca havia sentindo aquela vontade desumana de posse,
apego a algo, nem a sensação de corrosão dentro de si
quando pensou que aquele bastardo colocou as patas em
Rose. A observou e a viu de olhos fechados, a mulher,
tentava controlar as lágrimas que de repente queriam
transbordar, mas não iria deixar Cristian ver isso, sentia
medo que machucasse Philippe de verdade, sabia que
dentro da máfia ninguém suportava a ideia de um homem
atrás da sua esposa, no caso dela, um troféu adquirido por
interesse financeiro e bem hierárquico.

— Se houver uma próxima vez em que aquele cara


vier atrás de você, não terei piedade! — A voz de Cristian a
tirou dos seus devaneios, e olhou para ele e o viu mais
sombrio que o normal, ela engoliu em seco.

— Eu sei!

Ele virou o rosto e Rose fez o mesmo logo em


seguida, e aquele clima aquecido e sensual que os dois
viviam, foi substituído pela frieza e silêncio por todo o
caminho até a mansão Herovrisk. Eles seguiam em polos
diferentes fizeram questão de se separar assim que o carro
luxuoso parou na entrada da residência, cada um perdido
em suas próprias ponderações sobre o que tinha
acontecido na saída da festa. Cristian se trancou em seu
modo introspectivo, distanciando-se da esposa, ficando no
escritório da mansão a companhia de uma boa vodca
tônica[5]. Aquela raiva insana que o homem sentiu, estava
mais amena, mas algo dolorido ainda restava em seu peito,
quando pensava no idiota que um dia foi namorado da sua
esposa, o pensamento dele junto a Rose era desagradável,
chegando a fazê-lo enjoado.
Sentir aquilo era novo e ele nem sabia como controlar,
por isso o tirava do sério, gostava de estar no controle das
suas emoções, só assim alguém sobrevivia no seu mundo,
mas desde que Rose entrou em sua vida, tinha começado
a experimentar sentimentos, reações novas, totalmente
desconhecidas e não gostava disso, estar em descontrole
era revoltante, mas não tão quanto a ideia de Philippe ir
atrás de Rose, pensou em como teria prazer de arrancar
cada dente, unha, pedaços de pele do tal, porém a máfia
não agia assim, isso atraia atenção desnecessária, e ele
não precisava isso. Acidentes sempre acontecem,
Herovrisk...

Ele considerou e logo se repreendeu, parecendo um


estúpido inexperiente, que ao mínimo sinal de raiva já
queria se vingar, ele não era assim, sempre foi lógico, o
que faria era manter os olhos em cima daquele bastardo
que seguia Rose e com frieza a partir dos atos dele iria
decidir o que fazer, mas uma coisa tinha certeza, ele não ia
chegar perto da sua mulher e nesse minuto pensou sobre
os instintos dela, lembrando-se do seu aviso sobre se
sentir observada e de fato estava sendo mesmo, o idiota a
seguia, Cristian decidiu que a partir daquele momento teria
seus homens há seguindo o tempo todo, cada passo seria
vigiado, não daria um suspiro que ele não soubesse.

E enquanto o homem se munia de planos no andar de


baixo, Rose, no quarto, mas exatamente trancada no
closet, ligava desesperada para Louise, questionava-se
sobre como Philippe a encontrou e porque Lou não falou
nada sobre ele nas últimas semanas. Bom ela havia pedido
à amiga que não falasse, mas se ele estava atrás dela, sua
amiga era única que sabia seu endereço na Rússia. Um
momento depois o celular que só chamava foi atendido.

— Mas que droga você estava fazendo para não me


atender? — Rose falou cheia de irritação, ouviu a música
alta ao fundo da ligação.

— Estou em uma festa! O que deu em você Rose?

— O que deu em mim? Philippe. Philippe apareceu


hoje aqui, na frente do Cristian!

Deu-se conta que estava falando muito alto, não


queria que o marido ouvisse se entrasse no quarto, então
baixou mais a voz e foi para o fundo do closet se sentado
no chão em frente à fileira de sapatos, os encarou sem
qualquer deleite.

— Porra! Ele está na Rússia?

— Não, na Escandinávia, Louise!

— Merda Rose, se pensa que eu sei de alguma coisa


está putamente enganada. Agora foda-se esse sarcasmo e
fale como um ser humano educado nas melhores escolas
da Rússia!

Rose bufou, mas quis rir, só Lou a fazia se sentir bem


em momentos críticos como aquele, foi para a amiga que
ela correu quando teve que se casar para salvar Sacha e
era para ela que corria a cada crise que sempre teve,
respirou fundo e então começou a contar tudo que tinha
acontecido, ao menos, o que havia absorvido.
— E foi isso... Cristian disse que não vai ser nada
amigável se o ver de novo, e sei que não mente, eu estou
preocupada!

— Que grande merda, se seu marido foi amigável


hoje, não quero saber quando não for. Philippe é louco,
acho que provocou a pior crise de ciúmes da história! —
Ouviu o suspiro de sua amiga, ela parecia ter ido a um
lugar mais silencioso.

— Ciúmes? Não!

Duvidava muito que Cristian gostasse dela o suficiente


assim, quanto mais sentir ciúme, no máximo o instinto de
"posse" que os mafiosos tinham e foi à única coisa que
aflorou naquela noite.

— Rô você disse que seu marido o jogou longe vocês


e agora ameaça o Philippe, isso para mim parece ciúme!

— Só parece, mas não é, e agora fixe em algo


produtivo, como Philippe me encontrou? Se você não deu
meu endereço, quem foi? Estou guardada a sete chaves
aqui.

As duas mulheres mantiveram o silêncio enquanto


pensavam em como o ex-amante de Rose havia a
encontrado, até Louise soltar um audível:

— FODA!
— Ai Lou! — Rose reclamou depois de quase ficar
surda.

— Duas semanas atrás o Philippe veio aqui em casa,


se lamuriar basicamente, então pediu para usar meu
banheiro. Eu estava na cozinha preparando uma comida
para nós dois... Um tempo depois percebi que ele estava
demorando, então chamei-o, não tive resposta, por isso fui
atrás. — Rose quis gemer em frustração antes mesmo da
amiga concluir. — Encontrei o Philippe saindo do meu
quarto apressado, me disse que se confundiu e usou meu
banheiro pessoal, na hora não liguei, mas agora juntando
os pontos, ele pode ter olhado no meu computador
enquanto esteve lá, seu endereço estava em uma das
minhas notas pessoais, ele sabe dessa minha mania...

A mulher não podia acreditar que Philippe tinha feito


aquilo, mas era bem plausível. Louise nunca ia trair Rose,
isso ela tinha absoluta certeza.

— Lou, se ele fez isso, foi a pior decisão que tomou na


vida. Eu não quero mais vê-lo, nunca mais, deixe ele saber
disso. Por favor!

— Rose, não está sendo muito dura?

Ela expirou com força. Sabia o que estava fazendo,


tinha convicção que as ameaças de Cristian não eram
vazias quando feitas.
— Não! Eu não pedi para ele vir, nós terminamos. E é
assim que tem que ser, quero-o longe de mim...

Do outro lado da porta do closet, Cristian escutava o


final da conversa da mulher, e se deu conta de que mesmo
ela sendo muito firme, buscando a afirmação de sua
vontade tão veementemente. Aquilo talvez não fosse
totalmente bom, pois poderia facilmente significar que ela
ainda gostava do tal Philippe, isso claramente não era bom
para o homem que se viu tomado por aquele primário
sentimento de raiva que doía em seu peito relacionado à
pequena mulher de olhos claros, que agora era sua, pelo
menos tudo gritava em na cabeça dele que ela era.

И·И

Incidente com Philippe mal aconteceu e Rose já


estava lidando com as consequências, na verdade, estava
ao lado do marido olhando para três homens fortes e
vestidos de preto, com cara de poucos amigos.

— Deixa eu ver se entendi... – Ela olhou para Cristian.


– Estou sendo colocada sob vigília?

Cristian a encarou sem exibir nada de seus


pensamentos.

— Achei que tinha ficado claro que quando falei


quando falei a palavra “segurança”.

— Mas três? — Ela rolou os olhos exibindo como


estava inconformada. — Pelo amor de Deus Cristian, não!
— Você, não tem opinião aqui! — Ele explodiu em
cima dela.

— Que ideia estúpida. Acha que vou fugir?

— Já disse que vai ter seguranças e ponto final!

— Isso é ridículo. Estúpido. Idiota!

Os três seguranças a frente do casal olharam-se


desconfortável ante a discussão.

— Pode resmungar até a morte e vai continuar tendo


seguranças, na verdade, posso adicionar mais um agora.

Cristian falou implacável para Rose e ela grunhiu de


raiva, sabendo que nada mais tinha a fazer deu as costas
para o homem, enquanto praguejava veemente, ela estava
completamente irada pelo que ele acabava de aprontar.
Saiu do escritório da mansão como tivesse acabado de
encontrar-se com diabo. O Herovrisk deu um suspiro
enquanto se sentou a cadeira, cansado de verdade, discutir
com a esposa era um exercício mental complicado e ele
ainda estava muito bravo com o episódio do ex dela
surgindo para infernizar a sua vida que já era um pequeno
inferno por conta da própria.

И·И

Não adiantou nem mesmo dias se passarem para que


Rose se sentisse melhor, a lembrança dos seguranças,
Yoro, Ivan e Bóris, faziam sempre ciente que Philippe podia
estar à espreita e isso lhe deixou uma pilha de nervos, mal
saiu de casa para evitar que algo acontecesse, ela não era
estúpida para não saber que os homens que o marido tinha
contratado eram para lhe vigiar por causa do ex-namorado.
No meio de tudo isso, é claro que Cristian levou isso para o
lado pessoal, achou que a mulher tinha se prostrado em
casa como modo de retaliação, o que não melhorou a
convivência deles dois na mansão, Rose jogava toda a
frustração de dias isolada e as brigas periódicas com o
marido, nos seus desenhos para a nova coleção que já
dava indícios de ser escura e pesada, uns dias depois riu
disso mostrando para a amiga, pelo notebook.

— Não parece com nada que já tenha feito Rose! —


Louise disse para o último desenho que ela mostrou.

— É e eu não posso negar. – Ela encarou a amiga. —


Ainda está chateada?

Rose se referiu ao assunto anterior aos desenhos


dela.

— Sei lá, um pouco, pensar que talvez não esteja no


meu aniversário desde que nos conhecemos é deprimente!

Ela concordou, ia conversar com Cristian, mas tinha


quase certeza que iria ser um inferno na terra para fazê-lo
concordar que ela fosse para Nova Iorque, ainda mais
depois dos últimos dias.
— Eu sei. Vou fazer o possível para ir, mas não posso
dar certeza.

— Tudo bem Rose, mas, por favor, trate de tentar


mesmo, seu marido não poder ser esse tirano!

A mulher riu sem poder fazer outra coisa, seu marido


era um tirano sim, e ela nunca se imaginou vivendo uma
vida como aquela, e por falar no homem este surgiu como
um espectro que sabia exatamente a hora oportuna de “dá
as caras”.

— Desligue isso e procure algo para vestir, tenho um


evento para ir!

Cristian disse passando por ela indo direto para o


closet, Rose olhou de esguelha com incredulidade, Louise
por sua vez que escutou a fala do sujeito, soltou um som
de desgosto.

— Minha nossa, ele é um doce! — Rose encarou a


amiga dando um aceno.

— E não é? — Disse com sarcasmo antes de dar um


aceno a Lou. — Vou desligar e começar uma discussão
monumental provavelmente.

— Boa sorte! — Louise ofereceu e Rose mandou um


beijo antes de finalizar a videoconferência. Saiu da mesa
de trabalho indo encarar a “fera” Herovrisk.
— Se você tem um evento por que eu devo procurar
algo para vestir?

Ela botou o rosto para dentro do closet encontrando


Cristian tirando o terno, ele lhe lançou um olhar impaciente,
tão como irritado. Era bem normal.

— Por que eu quero!

— Claro! — Rose encarou suas cutículas ao


responder com troça. — Poderia pelo menos dizer onde
quer que eu vá com o senhor?

Cristian jogou a camisa tirava no chão e pegou Rose


pelos braços a imprensando contra a parede. A mulher
arfou diante de tal ato.

— Chega de deboche...

— Então me trate como sua esposa e não um dos


seus empregados!

O homem estava mais irritado, aqueles últimos dias


tinham sido um verdadeiro martírio, ele e ela não pararam
de brigar um segundo, cada discussão uma pior que a
outra e nenhuma delas terminou de forma satisfatória, e
isso queria dizer que, nenhuma delas terminou com Rose
em baixo dele, nua, gemendo.

— Certo, quer que eu a trate como minha esposa,


então farei isso!
Ela engoliu em seco diante daquele olhar bravo e
faminto que o marido lhe dava. Puta merda! Seu corpo
reagiu aquilo, era aquela maldita sintonia, a forma como
parecia ter uma súbita ligação carnal com Cristian, ele
enfiou as mãos em seu cabelo e como se fosse realmente
a devorar, tomou seus lábios em um beijo, quase nunca a
tomava assim, mas quando fazia só faltava fazê-la ver
estrelas, a mulher gemia nos braços dele e antes que
pudesse pensar, ou agir, sentiu o toque excitante da mão
masculina entrando pelo seu short, tocando seu sexo.

— Cristian!

A forma como ela gemeu seu nome, fez com que o


homem perdesse o resto de controle que tinha, ele se
moveu para abrir o short dela e puxar para baixo junto da
calcinha azul de renda, então se ajoelhou diante da
esposa, ele a viu lamber os lábios, corando, e isso só
aumentou mais sua excitação.

— Espero que goste do tratamento!

Sem deixar tempo pra mais avaliações o homem


puxou o quadril feminino para frente, para sua boca,
escutando um gemido rouco e sexy dela, quando sua
língua alcançou o ponto de prazer feminino, a mulher se
contorcia em sua boca, enfiando as mãos em seu cabelo,
se impulsionando, querendo mais, todavia ele parou
quando a sentiu quase no ápice.

— Ah... — Rose olhou para baixo confuso, mas o


marido já estava de pé, virando-a de costas.
— Mãos na parede. — Ele baixou os lábios até a
orelha dela. — Vou te comer assim até você gozar, minha
esposa!

Ela engoliu em seco. Estava difícil respirar, ouviu o


homem abrir a calça, então logo o membro rijo, que veio
lentamente a preenchê-la, tão vagarosamente que a
mulher achou que iria morrer de prazer, escutou a
respiração pesado de Cristian em seu ouvido.

— Mais rápido, por favor...

Cristian puxou o cabelo dela expondo o rosto feminino


e mordiscando sua mandíbula, então a preencheu de uma
vez só e foi o paraíso.

— Porra, você é tão gostosa!

Os dois gemeram juntos, Rose perdeu qualquer


coerência quando ele começou a tomar seu corpo sem
piedade proporcionando aos dois um prazer carnal
indescritível, Cristian respirava por aquela mulher naquele
exato momento, não havia nada que não fosse o que
tinham ali, a abraçou, firmando o corpo dela mudando
suavemente a posição dos seus corpos o suficiente para
que sentisse o clímax dos dois se aproximar, não havia
como fazer durar, juntos os dois explodiu num prazer
imensurável. O closet era preenchido pela respiração
pesada dos dois que não se moveu continuando ali,
parados, buscando alguma calma, Rose sentia suas
pernas como gelatinas e estava grata pelo braço do
homem ao seu redor. Ele por sua vez não conseguia reagir,
ainda sentia a potência do sexo com aquela mulher que o
desnorteava, tudo era intenso demais, buscando forças
Cristian a soltou devagar se retirando do corpo feminino,
tentando se aprumar, puxando sua calça e entregando a
ela o short, os dois se olharam cúmplices e um pouco fora
de lugar.

— Hum... — Ele limpou a voz encarando aqueles


olhos mais azuis que nunca e totalmente saciados. — Bom,
é um evento beneficente... Se, se queria saber...

Ele falou meio fora de lugar, Rose mordeu o lábio,


segurando sua roupa descartada em frente ao corpo nu,
querendo rir daquela loucura.

— Hum, certo, está bem, eu vou tomar banho...

— Está bem!

Eles ficaram se encarando, antes dela baixar os olhos


dando um sorriso tímido e então saindo, o homem quando
sozinho acabou por sorrir também, aquelas malditas
“brigas preliminares” ainda iriam o enlouquecer, assim
como a sua esposa perturbadoramente linda.

И·И

— Temos os carregamentos para a costa da Europa


prontos?

— Sim, temos!
Cristian respondeu ao pai, eles estavam reunidos no
escritório conversando sobre o novo carregamento armas,
o aspirante a chefe da máfia tinha garantido a organização
dos Herovrisk, controle de toda a entrada e saídas da
Europa, sem falar nos aliados em outros países.

— Está na hora de checar com nossos contatos


americanos sobre a lavagem do dinheiro. Precisa pegar os
montantes para fazer o investimento nas Holding’s “H”.

Conegon deixou claro ao filho enquanto fumava seu


charuto, Cristian concordou. As empresas com uma
subdivisão de exportação era uma ótima fachada aos
Herovrisk, não tinha melhor forma de se fomentar
"investimentos".

— Quando quer que eu vá para Nova Iorque?

Era onde estavam à maioria dos seus negociantes, já


que o outro polo de “atividades” que eles praticavam, era
Chicago[6], entretanto a segunda cidade estava impregnada
de italianos e os negócios nunca eram muito bons onde
eles estavam, na verdade, não havia espaço para duas
máfias.

— Amanhã!

Conegon falou tranquilamente a Cristian, que acenou


em concordância, sem deixar transparecer o incômodo
repentino que surgiu, por ele não queria ir tão rápido,
entretanto, deixou aquilo de lado.
— Tudo bem. Vou preparar tudo e parto amanhã cedo!

O filho se levantou e o pai não fez questão de falar


nada. Eles não precisavam disso na opinião do Herovrisk
mais velho, dessa forma logo Cristian subia as escadas até
o seu quarto, e não demorou em chegar à porta, abriu para
encontrar Rose rindo em frente de um livro. Ficou olhando-
a por alguns segundos, insondável, no entanto, admirado
em como ela tinha um lindo sorriso, que nunca aparecia
daquela forma para ele, suspirou empurrando aquele
pensamento para então se virou fechando a porta em
seguida.

Nesse momento a mulher se deu conta do marido


entrando, ele era tão silencioso, isso a irritava na maioria
das vezes, nunca sabia quando ele estava chegando até
estar de cara com o mesmo, fechou o livro. Rose não
estranhou o comportamento dele em passar por ela sem
dizer nada, já tinha se acostumado a sua falta de modos
sempre que ela estava por perto, continuou na cama,
tranquilamente até ver pelo espelho no canto do quarto, ele
tirar do armário uma mala de viagem, franziu o cenho,
observando aquilo com curiosidade.

— Vai viajar? — Perguntou um momento depois


quando o viu começar a tirar algumas camisas do cabide.

— Sim.

Respondeu ele sem deixar um olhar na direção dela,


Rose ignorou e indo até lá, entretanto parou na soleira da
porta onde se encostou displicentemente.

— Para onde?

Timidamente Rose perguntou sem poder conter a


curiosidade, Cristian rolou os olhos, ela sempre era
curiosa, já tinha aprendido isso, porém ele não queria
responder nenhuma pergunta, ou ter alguma conversa,
com sua esposa bisbilhoteira.

— Você não precisa saber! — Respondeu com um


mau humor que ele nem mesmo entendia, nunca tinha tido
problemas com viagens, ainda mais uma tão curta.

— É claro que preciso.

Rose cruzou os braços, indignada. Ele que exigia


tantas coisas dela e depois simplesmente dizia que ia viajar
sem dar qualquer satisfação. Inaceitável! Cristian a
encarou com uma carranca ameaçadora.

— Tudo você transforma em uma discussão?

A mulher respirou fundo, controlando seu gênio, não ia


dá razão para ele.

— Eu só quero saber aonde meu marido vai. — Falou


tão calmamente quanto pode e acrescentou. — Afinal de
contas você me teria de joelhos se eu dissesse que ia
viajar e não informasse para onde!
O homem a olhou sem entregar nada e Rose devolveu
com desafio. Cristian bufou, pensando que talvez devesse
colocá-la de joelhos na frente dele, nua, tomando seu
membro na sua boca linda e... Ele parou com aquilo, se
concentrando em qualquer outra coisa, menos naqueles
pensamentos.

— Vou para Nova Iorque, agora me deixe terminar


com a mala em paz?

Cristian entregou o que ela queria para realmente ser


deixado em paz, no entanto, viu sua esposa sorrir como se
ele tivesse lhe dito algo incrível, não entendeu aquela
reação.

— Disse Nova Iorque?

— Sim Rose, eu não estou falando sua língua?

O homem falou mal humorado enquanto colocava uma


última camisa, Rose ignorou o fato dele está sendo um
bastardo.

— Obviamente está meu marido, e por isso queria


saber se eu posso ir junto?

Cristian reteve seus movimentos deixando os olhos


vagarem até a figura à beira da porta.

— Você quer ir junto comigo?

— Sim Cristian, eu não estou falando sua língua?


Dessa vez Rose não resistiu devolver ao sarcasmo
dele, sorriu abertamente e o homem rolou os olhos
impaciente, por mais que ela o deixasse irritado, Cristian no
fundo não podia negar que suas respostas rápidas eram de
alguma maneira refrescante.

— Se quer alguma coisa, sugiro que aprenda a


segurar seu sarcasmo. — Falou o homem sem humor,
Rose suspirou com tédio. — O que quer fazer lá? Não me
diga que deseja rever seus ex-namorados.

Ela fechou a cara para a sentença do marido, Cristian


por sua vez estava se sentindo colérico com o pensamento
dela querer ir atrás do tal Philippe, que tinha voltado para a
cidade após ficar mais uns dias zanzando pela Rússia,
segundo seus informantes.

— Vou fingir que você não disse isso. Porque é uma


das maiores besteiras que já saiu da sua boca. — Respirou
fundo e continuou antes que Cristian começasse a revidar.
— Tudo que eu quero é ir à festa de aniversário da minha
melhor amiga, se você acha que estou mentindo, vá
comigo...

Cristian se manteve analisando o rosto delicado da


sua esposa, tudo que via era sinceridade brilhando
naqueles olhos azuis.

— Rose eu estou indo a trabalho não a passeio... —


Ele começou, mas ela levantou as mãos interrompendo
seu discurso.
— Nem me fale o que vai fazer lá, pois tudo que mais
tento é ignorar a sua "profissão"... Cristian, sério, me deixe
ir junto, Louise é basicamente minha outra irmã, nunca
perdi um aniversário dela desde que nos conhecemos...
Prometo não te atrapalhar, em qualquer dessas coisas que
esteja fazendo lá, nem vai me notar!

Rose era insistente, já tinha provado isso, mas não era


apenas esse tal fato que estava fazendo Cristian
considerar levá-la, ele se viu querendo que ela realmente
fosse, o pensamento de deixá-la era desagradável.

— Não vou nem te notar? — Perguntou, e a mulher de


repente sorriu novamente ante a possibilidade de estar
indo com ele.

— Não. Prometo ser invisível!

Cristian virou seu rosto escondendo seus


pensamentos enquanto buscou outra peça de roupa, era
impossível não notá-la.

— Tudo bem, eu levo você... Mas se causar o menor


dos problemas a mando de volta na mesma hora!

A mulher sorriu contente, talvez Cristian não fosse


sempre um bastardo, ela ponderou, enquanto passou por
ele correndo para preparar sua mala. Ele ainda de costas
para a mesma escondeu um sorriso ante a animação
quase infantil que ela dispersava.
И·И

Cristian havia acabado de despachar suas malas para


o carro na manhã seguinte, faltava apenas mais uma, de
Rose, que atrasou, sendo assim seguiu para falar com seu
pai, que estava na mesa do café.
— Bom dia, senhor. — Falou ele quando entrou no
local, e o pai o encarou sem nada demonstrar.

— Já não devia ter saído? — Conegon perguntou.

— Já estou, vim apenas me despedir.

— Então já o fez, vá... — O homem acenou ao pai


então se virou para sair, mas foi interrompido.

— Cristian, já botaram minha mala no carro! — Rose


entrou falando no cômodo onde estavam os dois.

— Vai levar sua esposa? — A voz de Conegon fez o


Herovrisk mais novo parar sua caminhada para olhá-lo
novamente.

— Sim!

Ele respondeu, Rose ficou tensa quando os olhos frios


do sogro pousaram sobre ela, nesse momento quis está ao
lado de Cristian, mas ele estava apenas no meio do
caminho em sua direção.

— Você irá a trabalho e está levando sua mulher?


Conegon perguntou calmamente, mas por dentro não
estava satisfeito com aquilo, queria que a nora ficasse, já
tinha planejado que iria pô-la em seu lugar, pois para ele
ainda parecia muito vívida, nenhuma mulher da máfia podia
ser assim, tinham que sempre se manter submissas e
passivas, agora o filho tinha frustrado os planos de
Conegon para com a esposa dele.

— Não vejo problema, ela não vai me atrapalhar, não


tem porque se preocupar!

Cristian falou seriamente, mascarando qualquer sinal


de insegurança, não sentia absolutamente nada de errado
em levar Rose consigo, mas era claro que seu pai via.

— Espero que saiba o que faz.

O homem mais velho falou dando um olhar duro ao


filho, logo em seguida pousando em Rose, que ficou feliz
quando o marido lhe alcançou e a tirou daquela sala.

— Seu pai é estranho. — A mulher disse quando já


saiam da mansão em direção ao carro.

— Nunca disse que não era! — Cristian respondeu


sem muito entusiasmo.

И·И

O voo para Nova Iorque foi tranquilo, tiveram duas


paradas e puderam descansar, e Rose não ficou surpresa
de ver que a família Herovrisk tinha um jato com símbolo
do brasão deles, uma rosa sangrando, estampado na
aeronave, Cristian por sua vez não ficou tão confortável
quanto à esposa, ele jamais tinha levado uma mulher para
viajar consigo, pegou-se muitas vezes olhando para ela,
que leu a viagem toda basicamente, tentou e falhou
miseravelmente em não ser notada pelo marido, sem nem
ao menos saber. Quando pousaram a cidade na metade da
manhã caiu uma chuva forte, os seguranças se
organizaram parando os carros ao lado do jato na pista,
dispondo de guarda chuvas, saindo na frente, Cristian foi
logo coberto, viu que o outro segurança se preparava para
atender Rose e em um ato automático, a puxou para si
tomando a tarefa de mantê-los protegidos do aguaceiro,
percebeu o que fez um pouco chocado, assim como Rose
que queria negar, mas não conseguia, gostava de ter as
mãos dele em volta de si, Depois de meia hora eles já
estavam encarando o trânsito da cidade, ela olhava para
fora das janelas com um sorriso no rosto, tinha sentido falta
daquele lugar.

— Estamos indo para onde?

A mulher perguntou enquanto Cristian parecia


distraído demais com seu celular, mas era uma falsa
distração, pois o homem estava se forçando aquilo, para
tirar os olhos de cima dela, ele ficou muito curioso com a
forma que ela reagia a cada lugar que passavam.

— Comer algo e depois eu tenho uma reunião.

— Bom... Então poderia me deixar no metrô aqui


perto, não fica longe do meu apartamento... — Ela tentou,
mas quando Cristian deslizou aquele olhar inflexível, soube
que não era um bom sinal.

— Não vou te deixar em lugar nenhum. Você fica


comigo!

— Nossa me acalenta a sua confiança em mim! —


Rose disse indignada com ele, olhando para fora do carro
em seguida.

— Comporte-se, você prometeu!

— Tudo bem, mas então pode me levar ao meu


apartamento?

— A troco de que?

— Gostaria de pegar algumas coisas que minha amiga


não mandou, aproveitando que estamos aqui...

O silêncio dele era um sinal de que estava pensando,


Rose esperou, pois de fato o homem estava considerando
aquilo, pela simples curiosidade de saber onde ela morou.

— Tudo bem, diga a Franco o endereço, mas não


tenho mais que uma hora...

— Será mais que o suficiente!

Afirmou ela lhe dando um sorriso genuíno antes de se


voltar para Franco que dirigia, dando seu antigo endereço,
fazendo o comboio de segurança mudar a rota, quando
eles chegaram ao bairro sem luxo, o Herovrisk franziu o
cenho, Rose orientou onde deviam parar e assim que o
veículo parou, ela já estava fora.

— Ei, espere! — Rosnou Cristian saindo logo atrás e a


encontrando sorrindo na calçada.

— Tem uma cafeteria aqui do lado, o Franco pode ir


comprar algo para comermos, enquanto subimos?

Ela pediu e ele concordou, chamando o segurança o


orientando, enquanto seguiu de novo a esposa para dentro
do prédio.

— Morou realmente neste lugar?

— Sim, qual o problema? — Perguntou ela sem poder


conter uma risada ante a careta do sujeito.

— Esse lugar não combina com o seu sobrenome.

— Não era meu sobrenome que comprou o


apartamento, fui eu, trabalhando, e além do mais é um
ótimo lugar, você que está olhando como se fosse um
pardieiro.

Cristian franziu o cenho sem dizer nada e subiu as


escadas atrás de Rose, não ia comentar o fato de não ter
um elevador.

— Comprou este apartamento, sozinha? — Perguntou


o homem no meio do caminho, escutou um som positivo e
a viu acenar.

— Sim. Por quê?

— Seu pai é dono de redes de hotéis e tem imóveis


espalhados pelo mundo.

Rose o olhou por cima do ombro quando alcançaram o


corredor que levava até seu “AP”.

— E isso não quer dizer que ele me daria algo, eu não


fui embora de maneira convencional.

— Você quer dizer que fugiu?

— Sim. — Ela sorriu encolhendo os ombros. — Não


faça essa cara!

Ela ainda ria quando chegou à porta da sua ex-casa,


abriu e entrou passando os olhos pelo lugar do mesmo jeito
que deixou.

— Como seu pai deixou você fugir?

— Ele não deixou, eu só fugir, e claro que tentou me


levar de volta, mas aguentei a pressão.

Cristian observou o espaço, tinha uma sala com


varanda, seguida por uma cozinha conjugada e logo um
curto corredor que devia levar ao quarto, ficou em silêncio
ponderando sobre a história da esposa.
— Fica a vontade, eu vou pegar as coisas, já volto!

Rose disse se livrando do casaco e sapatos indo para


o seu quarto, ver Cristian ali era mais estranho do que
qualquer coisa, o sujeito todo vestido de preto, com um ar
imponente, parecia deslocado na sua sala pequena, ela
saiu dali rindo de tal situação. Já o homem se permitiu se
aproximar do mural de fotos que havia ali, eram várias
fotografias dela com amigos e claro, Philippe, sem pensar
muito ele tirou aquela e rasgou em pedaços, jogando
dentro de um vaso qualquer e foi atrás da esposa, a
encontrou se esticando para pegar o que parecia uma
pasta de cima do armário.

— Eu pego... — O repentino aparecimento dele ali


assustou Rose, ele logo estava ao seu lado pegando a
pasta e lhe dando.

— Obrigada!

Os olhos dele vagaram pelo espaço, era tão ela, tudo


arrumado em tons claros, bem como a mesma tinha feito
no quarto deles na Rússia, ele viu a mala que ela tinha em
cima da cama.

— Se preparando para fugir?

— Obviamente! — Rose disse provocando. — O plano


era sair voando pela janela.

Cristian semicerrou os olhos e ela riu.


— Engraçadinha. O que é tudo isso?

— Roupas, livros, objetos e minhas anotações,


coleções inteiras que fiz há algum tempo e nunca saíram
do papel. — Ela guardou o restante das coisas que queria
e observada pelo homem, até este quebrar o silêncio.

— O que vai fazer com esse apartamento?

— Nada!

— Como nada? — Ele disse e Rose encarou o homem


franzindo as sobrancelhas.

— O que quer dizer?

— Não pensa em vender?

— Eu não! — Ela afirmou tirando a mala da cama. —


Nunca se sabe quando vou precisar dele.

— Não irá precisar nunca, é evidente. — A expressão


do Herovrisk se fechou.

— É vidente? — Ela inquiriu e o sujeito semicerrou os


olhos escuros.

— Você nunca saíra do meu lado, daí nunca precisará


desse lugar ou de qualquer outro.

Rose engoliu em seco, “nunca” era uma palavra muito


forte.
— Bom, deixe ele aqui, não está atrapalhando
ninguém, não é mesmo?

Falou tentando puxar a mala pesada, Cristian deu um


suspiro cansado indo até ela, então pegou da sua mão, lhe
lançou um olhar em seguida.

— De qualquer forma é bom esquecer que esse lugar


existe!

Cristian afirmou e saiu com a mala, este sabia, nunca


deixaria Rose voltar aquele lugar, quanto mais sair do seu
lado, casamentos no seu mundo eram assim, até o “que a
morte nos separe”. Eles logo saíram do prédio encontrando
Franco com a comida, sendo assim seguiram calados até
um banco da cidade, não demoraram e já estavam indo
direto ao andar onde Cristian parecia ir encontrar alguém,
ele a deixou para trás com os seguranças, ela rolou os
olhos e foi sentar-se no sofá de espera, mas manteve seus
olhos no marido e nas secretarias que o atenderam, viu
uma delas bater os cílios e ser ignorada... Ah querida, ele
faz isso comigo o tempo todo! Rose pensou, dando um
sorrisinho, um minuto depois uma delas saiu de trás do
balcão para conduzi-lo, assim escutou os comentários
cochichados sobre a figura imponente com quem era
casada.

— Nossa ele é tão gostoso! — Uma disse e já a outra


sorriu concordando.
— Espero que ele venha mais aqui, é uma ótima
visão, mesmo com aquele olhar mal.

Rose observou aquilo e não gostou nada, estava com


raiva, ela levantou-se e foi até ao balcão das duas.

— Sabe quanto tempo irá demorar a reunião Cristian


demora? — Perguntou às mulheres se olharam sem saber
quem era.

— Bom, senhorita, ele... — Rose levantou a mão em


um gesto suave, interrompendo.

— Sem senhorita, apenas Sra. Herovrisk, por favor.

As mulheres a olharam de forma constrangida


imediatamente enquanto a sentença de Rose fazia seu
efeito, pois elas não imaginavam que o homem era casado
e pelo modo como ele deixou a mulher na sala, sem
qualquer contato, não as fez perceber que se tratava da
sua esposa, pelo menos não até aquele momento.

— Ah Sra. Herovrisk, desculpe, não sabemos informar.


— Respondeu uma delas, e Rose manteve o olhar firme
sobre ela.
— Claro e de qualquer forma obrigado.
Disse ao virar-se de costas, voltando ao seu lugar,
tinha feito seu ponto, ficando imensamente contente e logo
chocada consigo mesma, ela nunca foi quem fazia cena. E
já sala de reuniões, longe de saber o que se passava com
a esposa, Cristian negociava os termos da transação que o
tinha levado a Nova Iorque.
— Tudo está certo Sr. Herovrisk.

— E porque está me dizendo que vou precisar esperar


uns dias para fazer a retirada do montante? — Perguntou
ao diretor do banco, responsável pela lavagem do dinheiro
que ia ser retirado.

— Para não levantar suspeitas e cuidaremos de


eliminar qualquer ponta solta, você sabe como esse
sistema funciona!

Sim, o homem sabia, mas não gostava de esperar.


Pelo menos tenho Rose... O pensamento passou por ele
tão automaticamente que quase não acreditou que
aconteceu.

— Que seja, mas conclua essa transação o mais


rápido possível, porque não tenho tempo a perder!

Falando duramente e se levantou, descontando a


irritação por pensar besteira no homem à frente, que como
um cão adestrado concordou rapidamente, Cristian saiu da
sala procurando por Rose que estava sentada no sofá a
conversa no celular, ele quis saber imediatamente quem
era, mas se conteve.

— Rose, vamos! — Ele chamou e ela se levantou em


seguida, ainda ao celular.

— Sim, eu vou. Nós falamos em breve, até Lou!


Disse Rose ao aparelho, desligando no minuto
seguinte, enquanto seguiu Cristian até o elevador, que logo
apertou o botão para que subisse a cobertura, Rose olhou
confusa para ele.

— Por que estamos subindo? — Ela perguntou e logo


em seguida as portas se abriram e Cristian pôs a mão na
sua costa a guiando para fora, logo ela notou um
helicóptero com o brasão dos Herovrisk.

— Por isso! — Cristian respondeu sem muita


paciência enquanto a guiou para a aeronave, Franco veio
até eles.

— Tudo pronto!

— Bom! – Ele olhou para Rose. – Vamos!

— Espere...

— Entre Rose, estou com pressa!

Cristian a ajudou entrar, logo em seguida ele deu a


volta na aeronave, entrou e foi ajudando Rose com os
cintos rapidamente, Franco entrou também tomando o
comando, começando os procedimentos do voo, ela ouviu
pelo fone, aquilo não era novidade, não era a primeira vez
voando, se voltou para o marido.

— Por que estamos de helicóptero? Apenas


demonstração gratuita dos seus brinquedos caros?
Cristian quase sorriu, no entanto conteve-se, no último
minuto.

— É a forma mais rápida de sair da cidade para


chegar em nossa casa.

— Não vamos ficar em Nova Iorque? — A surpresa


era evidente na voz da mulher.

— Sim e não, nós vamos ficar à uma hora daqui, nos


[7]
Hamptons.

— Por quê? — Ela falou mais alto enquanto o


helicóptero decolava.

— Pode apreciar o voo é fazer menos perguntas? —


Rose rolou os olhos, mas no final ele tinha razão.

— Bem, tem razão olhar “NY”[8] de cima, assim, com


certeza era um privilégio para poucos.

Cristian se sentiu estranhamente bem por ver Rose


contente, e o homem se viu refletindo um pouco daquilo
durante todo o voo, que não durou muito tempo, pois logo
eles estavam pousando na casa de praia dos Herovrisk, o
queixo da mulher caiu mais uma vez, enquanto saía do
helicóptero, diante da visão da mansão toda com ares
modernistas, com grandes janelas de vidro, deixando-a
completamente iluminada e linda.

— Sr. Herovrisk. — A governanta da casa surgiu


sorridente dando boas-vindas.
— Katelyn, Rose, minha mulher! — Cristian
apresentou-as, e Rose sorriu para a senhora de cabelos
escuros e olhos castanhos simpáticos.

— Olá, prazer!

— O prazer é meu, Sra. Herovrisk.

Rose manteve o sorriso tentando se acostumar com


aquela sentença "Sra. Herovrisk" que ainda soava estranho
aos seus ouvidos.

— Mostre a casa a Rose e onde estão suas coisas! —


Cristian comandou e se afastou rapidamente,
desaparecendo em um dos corredores da mansão.

— Bom, vamos começar o tour!

Rose disse à mulher que sorriu e lhe encaminhou pela


mansão, mostrou à parte de baixo, tudo era muito
organizado com um aspecto clean, pareciam às típicas
casas de revistas, e claro, desabitadas.

— Cristian vem muito aqui?

— Não, na verdade, desde que estou aqui conto nos


dedos às vezes em que o Sr. Herovrisk veio aqui.

— Trabalha há quanto tempo para a família dele?


Perguntou à mulher curiosa quanto a Katelyn, ela era
a funcionária mais sorridente que já tinha visto trabalhando
para os Herovrisk, a maioria só faltava correr deles.

— Há seis anos senhora.

— Ah, por favor, me chame de Rose, é tão estranho


ser chamada de senhora, Katelyn, eu posso lhe chamar
assim?

A governanta concordou percebendo o quanto a


mulher era diferente das outras que uma vez Cristian
trouxe a mansão, bom não era à toa que era sua esposa.

— Claro... Rose!

— Bom! — Ela sorriu e então se encaminharam até


uma porta quase no final do corredor.

— Ah aqui é a suíte principal, a sua e do Sr. Herovrisk.

Katelyn disse apontando para a porta, mas Rose tinha


os olhos presos à sacada no final do corredor com vista
para a praia.

— Quer saber, acho que não vou ficar muito tempo na


suíte!

Enquanto isso em outro cômodo da casa, mais


exatamente no escritório, Cristian suspirava enquanto
falava com o pai, lhe posicionando sobre o atraso na
transação de Nova Iorque.
— Sim, está tudo em ordem, só teremos que esperar
um pouco.

— Tente mover essa transação o mais rápido que


puder, quero esse montante em caixa, eu falei com seu
sogro, vamos mandar o nosso próximo carregamento,
assim que essa transação se liberar, não quero ninguém
checando meus caixas.

A insatisfação do Herovrisk era tão grande quanto da


do filho, eles estavam perdendo em torno de uma semana
naquela transação e isso inaceitável para seus padrões.

— Está certo, farei o que for necessário para apressar


isso. O Volkov vai ter que nos esperar de qualquer forma.

— Mas eu não quero esperar! Apresse-se!

No minuto seguinte ao final da frase sem humor,


Conegon desligou na cara de Cristian, que respirou fundo
controlando-se, qualquer um que fizesse isso perderia no
mínimo a mão, mas aquele era seu pai e seu chefe, bom
pelo menos até ele assumir o comando. Deixando o celular
a mesa, Cristian saiu do escritório, olhou em volta, tudo
estava muito parado, foi atrás da Sra. Katelyn, para saber
onde estava à pequena intrometida que era sua esposa,
tinha que lhe informar do compromisso que iam ter,
encontrou a governanta na cozinha.

— Onde está Rose? — Ele perguntou a mulher que


tomou um leve susto, o homem mexia-se sem fazer
qualquer barulho.

— Ah... Está na praia senhor.

— Na praia?

A surpresa não foi escondida na voz dele se dando


conta que a esposa não tinha colocado nenhuma roupa de
banho em sua mala. Cristian viu vermelho, deu as costas
para a governanta e correu para fora da casa, quando o
vento frio o acertou, ficou ainda mais descontente, o tempo
estava ruim, não era seguro entrar na água assim, pior
ainda se isso fosse feito sem roupa.

— Se essa mulher estiver fazendo topless eu a arrasto


pelos cabelos!

Ele não duvidava que Rose fizesse algo do tipo, ainda


mais porque era uma praia privada, mas havia os
seguranças da mansão, eles a variam, Cristian grunhiu.

— Rose! Rose! — Ele passou os olhos pela praia, não


a via. Começou a ficar em alerta.

— ROSE! — Cristian gritou mais alto e seu corpo


tencionou, seu coração acelerou.

— Aqui!

A voz dela chegou aos seus ouvidos e rapidamente


ele buscou localizá-la, a viu vindo andando longe, perto da
água, acenando, soltou uma respiração profunda que nem
percebeu que prendia. Relaxou vendo que estava segura e
vestida, bom quase, já que a roupa estava molhada, colada
ao corpo marcando as curvas perfeitas, indicando
claramente que entrou no mar.

— O que deu em você para sumir assim e ainda por


cima entrar na água com esse tempo?

Estava demorando! Rose pensou rolando os olhos,


abraçando seu corpo sentindo um pouco de frio.

— Eu já estava voltando e quando entrei na água o


tempo não estava ruim! — Ela mordeu o lábio que
ameaçou tremer, Cristian pegou aquilo.

— Não suma assim e nem invente de entrar nessa


água de novo sem supervisão!

— Pare de falar comigo como se eu fosse criança


Cristian!

A mulher apertou mais os braços em volta de si,


fazendo cara feia para o marido, que teve que esconder a
vontade de rir da criatura pequena e irritada que estava
pelo visto morrendo de frio.

— Falo como quiser, você é minha, vamos, antes que


pegue um resfriado.

Cristian disse, só querendo estender as mãos para


pegá-la, e assim fez, puxando-a para si. Rose ficou
confusa diante daquela frase: "você é minha", não pelo
sentido, mas pela maneira como reagiu em seu interior,
ainda mais quando ele ainda a abraçava daquele jeito. Ela
foi para ele sem resistência e molhando-o todo, mas o
mesmo, não se importou, só queria que a criatura teimosa
não ficasse doente, mas isso não significava cuidado, era
só uma precaução, era isso que ele afirmava para si. Eles
chegaram a casa ainda abraçados, no entanto, Cristian a
soltou logo que entraram no lugar, Katelyn já aparecia com
uma toalha para os dois, Rose sorriu agradecendo.

— Quero que vá se trocar, vamos a uma recepção de


um conhecido meu! — Cristian informou a Rose.

— Sério que você me fala só agora, não podia ter


avisado antes? Não uma roupa para isso! — Disse com
deboche.

— Pare de reclamar, se está sem roupa, escolha o


algo pela internet que eu mando trazer aqui. — O homem
falou sem paciência, Rose soltou um som exasperado, a
Sra. Katelyn ficou observando a cena, de certa forma
divertida.

— Não é assim que funciona Cristian! Preciso


escolher, e experimentar...

Ele rolou os olhos para a esposa, tanto faz o que ela


vestisse, portanto que cobrisse seu corpo ia ficar bom, isso
o homem tinha certeza.

— É simples. Peça tudo que você quiser para ver,


experimentar, fazer o que bem entender, eu vou mandar
trazerem, agora apenas apresse-se, odeio atrasos.

— Homens! — Ela disse afastando dele. — Mantenha


seu celular para fazer meus pedidos então!

Dando as costas para ele a mulher o deixou na sala


com a Sra. Katelyn, que tinha um sorriso pequeno no rosto,
Cristian olhou para ela tentando descobrir onde estava a
graça.

— Sua esposa parece uma mulher de opinião...

Ele suspirou olhando para o alto da escada onde Rose


sumiu, até a governanta já tinha percebido o gênio
endiabrado daquela mulher, a criatura conseguia tirar
qualquer um do sério facilmente.

— Sim, e faz da minha vida um inferno!

Cristian disse saindo do lado da governanta, que


sorriu, aquele inferno que o mesmo se referiu,
provavelmente significava outra coisa.

И·И
Se aquela mulher não descesse nos próximos minutos
Cristian jurava que iria subir até o quarto e a arrastar. Ela
estava trancada no quarto há horas com duas mulheres de
uma loja, que trouxeram dezenas de vestidos e ainda tinha
um cabeleireiro, quando mandou que a mesma escolhesse
o que queria não imaginou que fosse dá tanto trabalho.
Perdendo a paciência, tomou o último gole de vodca,
decidindo ir buscá-la, saiu do sofá, se virando para a
escada quando escutou o barulho de saltos, olhou na
direção do som e viu sua esposa descendo.

— Estou pronta!

Rose anunciou olhando fixamente para ele. Cristian se


aproximou a assistindo como se fosse visão dos deuses
naquele vestido curto, que deixava suas belas pernas de
fora. A cor preta, juntando-se ao decote em seu colo,
contrastando com a pele de alabastro sem nenhuma
imperfeição deixou-o fascinado, sua atenção se prendeu
aos cabelos dela assim que ela o alcançou ao pé da
escada.

— Você cortou o cabelo...

Rose encolheu os ombros, se sentia quente sob o


olhar intenso do homem. Quando Megan e Dylan,
mostraram aquele vestido com decote ousado e curto, ela
soube que ia chamar a atenção de Cristian, mas o corte de
cabelo que pensou com Kim na última hora foi mais para
ela, por querer mudar, porém se pegou querendo agradar o
marido.

— Sim... Achei que seria boa uma mudança, ficou


bom?

Perguntou em voz baixa rouca e fez danos à


concentração de Cristian, sem pensar ele estendeu a mão
até a ponta das mechas mais curtas, acima dos ombros,
manteve os olhos fixos nela, que era como o sol,
esquentando-o e atraindo-o para si.
— Não, ficou perfeito, você está perfeita!

As palavras saíram sem nenhum cuidado ou


propositalmente pensadas, ele apenas disse, não podendo
ocultar a admiração, Rose sorriu, algo regozijo em seu
peito com o elogio, Cristian teve que lutar para sair daquela
bolha de deslumbramento pela esposa.

— Você também está lindo.

Rose disse pondo os lábios nos dele, por impulso de


tê-lo tão perto e ainda encarando daquele jeito sexy e mal
que só Cristian tinha, aprovou o gosto da vodka, na
verdade, marido parecia uma bebida que quanto mais
provava, mais ela se tornava viciada, enquanto isso ele
fechou os olhos se deleitando com o beijo dela, sentindo
seu controle escorrer quando abraçou sua mulher. E ela
não tinha seu raciocínio perfeito quando o marido retribuía
seus beijos daquela forma gentil, todavia, não podiam
começar algo ali, que não iam poder terminar, ainda mais
por estarem cercados, com certo desgosto ela afastou-se
devagar dele, que mantinha os olhos fechados, mas
quando abriu parecia querer a devorar, isso a fez sorri com
malicia. Cristian respirou fundo buscando seu estado
normal, isso que ela fazia com ele não podia mais
acontecer, afastou-se também e só então se deu conta da
plateia que os assistia, não gostou de se deixar distrair o
suficiente para esquecer-se daquelas pessoas.

— Vamos embora!
Ele falou quase como um rosnado saindo à frente,
deixando Rose para trás... Modo bastardo ativado com
sucesso! Pensou Rose com um suspiro, então virou-se
para as pessoas atrás dela, ficou um pouco envergonhada,
mas escondeu bem.

— Obrigada por tudo pessoal, você foram


maravilhosos.

Eles sorriam a ela satisfeitos com seu trabalho e por


que adoraram a Sra. Herovrisk. Quando o casal deixou a
sala todos se permitiram sorrir, diante da situação que
presenciaram, pois só um cego não via que o jovem casal
pareciam arrebatados um pelo outro.
И·И

O Audi A8[9] preto parou em frente a uma enorme


mansão, também de frente para a praia, no entanto, Rose
via claramente a diferença entre àquela e a que pertencia a
Cristian, a dele era mais reservada e sofisticada, enquanto
a outra era imensa e só faltava um letreiro enorme dizendo
“Me Notem”.

— De quem é essa mansão?

Ela perguntou antes de Cristian sair do carro, mas


este não respondeu, quando ela saiu o encontrado do lado
de fora, este a encarava, impassível, Rose ignorou, pois
ele veio o caminho todo assim e ainda calado.

— Um conhecido, já disse!
— Um conhecido da máfia? — Rose disparou sem
muita paciência, ele puxou uma respiração profunda
tentando não se irritar.

— Não Rose, não faz parte da instituição... — Ele


disse, a mulher rolou os olhos com um sorriso matreiro.

— Se te irrita a palavra, tudo bem, mas pelo menos


me diga de onde ele vem. Longe de mim falar algo
comprometedor!

Cristian quis bufar, ela era tão malditamente


impertinente, massageou sua têmpora buscando algum
sinal da intervenção divina, a mulher o levava ao extremo.

— Ele é um cliente da empresa de exportação, tudo


que precisa saber é isso. E não vai falar nenhuma besteira,
já que só tem que ficar calada e dar sorrisos educados
como uma boa esposa! — Sem mais delongas, ele passou
a frente, Rose o seguiu passando pela entrada de ladrilho
cerâmica branquíssimo.

— Ei, me espere! — Ela exclamou vendo que ele


quase a deixava para trás, o homem teve de parar visto o
chamado incisivo da esposa, um momento depois a
mesma o alcançou, enlaçando sua mão.

— Ande mais devagar.

Rose brigou e o viu bufar, ela apertou mais a mão na


dele, Cristian não refutou o toque, mas pensou, era
estranho andar assim em público, coisa que o mesmo
nunca havia feito.

— Olá Pierre. — Cristian disse em francês ao avistar o


anfitrião da festa, Rose achou bem sexy.

— Meu amigo Cristian, que bom te ver.

Um homem todo vestido de branco, de modo


despojado, falou estendendo a mão para Cristian, quando
eles chegaram até o mesmo, eles mantiveram a conversa
em francês.

— Digo o mesmo! — Respondeu ao homem que olhou


para Rose. — Essa é minha esposa, Rose.

— Oh com todo respeito, mas que bela mulher


arrumou Cristian. Tira-me o fôlego.

Rose riu entendo tudo que o homem disse, na


verdade, falava fluentemente francês, uma das línguas que
aprendeu quando morou em Paris, todavia, se fez de
desentendida querendo saber o que o marido diria.

— Sim, ela é linda, tira meu fôlego também.

Cristian admitiu, mas de fato essa noite e em algumas


outras ela o deixava assim, só não gostava de se deixar
afirma. Rose deixou olhar surpreso sob o marido, mas
tentou esconder rápido, o deleite que sentiu ao ouvir
aquelas palavras a deixou confusa, mas ela resolveu se
meter no assunto, não era hora de agir como uma boba.
— Estou lisonjeada, obrigada.

O seu marido a encarou brevemente surpreso, mas


então soltou um riso de canto, e lembrou-se de onde ela
morou, então... Claro que ela falava francês.

— Você fala francês? Que surpresa agradável. — O


homem disse e olhou para Cristian. — Escondendo sua
joia Sr. Herovrisk?

Rose sorriu um pouco sem graça, e olhou para o


marido, que por sua vez ficou sem saber exatamente como
responder, agora que tinha a consciência dela entendo
tudo, isso era um tanto desconfortável, mas não podia fugir
da pergunta de Pierre.

— Talvez, me poupa ter de lidar com interessados.

O Pierre sorriu e ela também, ficou satisfeita com


Cristian, que por sua vez estava querendo dar logo fim ao
monólogo sobre sua mulher, Pierre olhou novamente para
Rose interessado.

— Me diga onde aprendeu a falar essa divina língua,


bela Rose? — Pierre perguntou, Cristian quis rolar os
olhos.

— Morei em Paris durante um tempo, aprendi no


cotidiano. — Rose respondeu tranquilamente sentindo o
marido observar.
— Que maravilha, Paris é uma bela cidade não? — O
homem falou sorridente e Cristian se cansou daquilo, esse
interesse de todos em Rose o irritava.

— Pierre, você não tem outros convidados para


receber? Eu quero ir mostrar a Rose meu veleiro que você
está usando.

Rose segurou-se para não rir, "Cristian sendo Cristian"


ela pensou, mas então logo se tornou curiosa para ver o
veleiro.

— Oh claro, está no dec. — Pierre disse sem graça. —


Com licença! — Ele saiu de lá com certa rapidez, pois
sentiu que claramente Cristian não o queria mais ali
fazendo perguntas a sua esposa.

— Você tem um veleiro? —Rose perguntou animada.

— Porque não falou logo que era fluente em francês?


— Cristian a olhou sério, ela por sua vez desdenhou com
um sorriso matreiro.

— Alguém me perguntou? Você disse que devia ficar


calada, fui obediente.

Ela disse soando sarcástica e ainda fazendo beicinho,


o homem teve vontade de morder aqueles lábios e odiou
sentir aquilo quando devia estar querendo dar uma lição
nela.

— Você é irritante!
O comentário a fez sorrir novamente, dessa vez com
diversão, então passou os braços pelo pescoço do homem,
por puro charme, mas ela gostou daquilo.

— Sabe que você também é? E muito! — Arqueou a


sobrancelha bem feita esperando-o revidar, a expressão
séria do homem ficou desdenhosa.

— Se comporte Rose, só o que lhe digo. Vamos!

Cristian disse se segurando para não abraçar a mulher


de volta, ele quis, mas não queria permite-se. Rose rolou
os olhos e seguiu o marido de perto, ficava desapontada
com ele, com a mania de sempre se afastar dela como se
tivesse alguma doença contagiosa. Eles passaram pelas
pessoas indo para fora da mansão, mas exatamente até a
sacada de frente para o mar, a boca de Rose se abriu em
um "O" perfeito quando avistou o belo veleiro parado à
margem do longo dec.

— Cristian, é ele? — Ela perguntou com um sorriso


pequeno, ele ficou satisfeito por deixar ela com aquela
expressão.

— Sim...

— Tem um nome? — O homem sacudiu a cabeça em


negativa. — Cristian, deve-se dar nomes, é tradição...

Ele rolou os olhos, não ligava para isso, era apenas


um barco, nada mais, Cristian nem utilizava dele
praticamente, por isso deixou Pierre usar a seu bel prazer.

— Não acho necessário! — Ele disse, Rose sacudiu a


cabeça em negativa, ela queria descer e chegar mais
perto.

— Adoraria dar uma volta... — Olhou para Cristian. —


Você vai me deixar ir?

Ela parecia muito animada, o sorriso deixava claro, ele


sentia algo estranho esquentar em seu peito, mas se
empenhou em ignorar.

— Sabe pilotar um desses? — Perguntou franzindo o


cenho com expressão calculada e impassível.

— Não!

— Então tem sua resposta!

— Sem graça!

Cristian riu da sua reação, ela ficava ainda mais


tentadora daquele jeito, brava, ele se via gostando de
provocar, pensou em deixá-la dar uma volta sim, mas não
ia dizer nada.

— Vamos, quero uma bebida. — Tentou puxá-la pela


mão, mas ela fugiu do seu toque.

— Vá, não sou grudada com você, quero ficar


apreciando a vista! — Ela disse olhando para o horizonte e
menos para ele, que rolou os olhos.

— Se continuar assim, o máximo que vai conseguir é


ficar presa no quarto, comporte-se e talvez eu te leve para
dar uma volta no veleiro...

Rose olhou para ele imediatamente e sorriu, então


pulou nele, em um abraço, e beijou seu rosto o olhando em
seguida.

— Você tem que parar de me enganar assim!

Ele foi pego de surpresa novamente, a mulher tinha


essa mania de abraçar quando ficava feliz e o deixava
desconcertado.

— Enganar? Só fiquei calado, você que fala demais e


faz birra...

Ela sorriu abertamente o som encheu os ouvidos de


dele e aquele sentimento quente em seu peito também.

— É talvez sim!

Encarou os olhos quentes do seu marido, sentia


vontade de enchê-lo de beijos, na verdade, vinha sentido
essa vontade com tanta frequência que a assustava,
passou as mãos no cabelo dele observando seu rosto
sempre tão sério, mas como naquele momento, estava
limpo sem máscaras, Rose gostava de vê-lo assim, desceu
a mão a sua mandíbula, trançando a barba bem feita.
— O que foi Rose? — Perguntou ele sentindo-se
preso sob aqueles olhos azuis vívidos e os toques suaves,
ela estava fazendo coisas com ele que não podia entender.

— Nada, só olhando você! — Respondeu baixo, quase


falou que adorava quando ele não estava tão fechado, tão
mascarado e frio, tocou os lábios dele lentamente com os
seus e ainda olhando em seus olhos.

— Vê algo que lhe agrada? — Cristian perguntou com


seu olhar escuro, tanto ele e a mulher sentiam aquele clima
sensual que os envolvia.

— Sim...

Rose não queria mais resisti, colocou os lábios nos


dele e Cristian aceitou fazendo o mesmo, e era inevitável,
isso ele já tinha visto, sempre rejeitou beijos, mas os que
ela lhe dava eram algo espetacular, sem igual, tão tentador
que o deixava sedento por mais. Os dois se abraçaram se
envolvendo um no outro, em um beijo sem pressa,
resistência, ou controle, apenas entregando-se. Estavam
perdidos para tudo, como se nada mais existisse, quando
se afastaram por poucos centímetros, em busca de ar, eles
se olharam com uma intensidade inegável, o coração
acelerado e os pensamentos confusos, então só sorriram
um ao outro.

— Cristian Herovrisk?

Uma voz masculina quebrou o momento do casal.


Cristian respirou fundo, tentando controlar a si mesmo,
Rose sempre parecia deixá-lo a flor da pele. E apesar de
nenhum deles querer lidar com alguém, infelizmente
estavam em um lugar público. Quando o marido se virou a
deixando em suas costas, Rose olhou por cima do seu
ombro, se movendo para o lado, buscando a expressão
dele ao fitar um sujeito de cabelos loiros, que os encarava
de volta de forma debochada, pelo olhar duro do marido
ficou sabendo que aquele com certeza não era um amigo.

— Matthew!

O Herovrisk disse sem simpatia, não gostava daquele


homem e infelizmente tinha o desprazer de encontrar com
ele por causa negócios, negócios que o próprio não
aprovava, mas seu pai como chefe da máfia russa e ainda
usava o sujeito como contato na América.

— Quando me disseram que estava casado quase


não acreditei, mas agora vendo a sua esposa, entendo o
motivo.

Cristian ficou tenso e Rose sentiu quando ele colocar


um braço protetor em volta da sua cintura, instintivamente
fez o mesmo com ele.

— Não é porque temos negócios que com você que


tem direito de se dirigir a mim Matthew.

Ele falou frio em direção ao homem, já tinha um


grande desgosto pela figura, mas vendo-o olhar daquele
jeito para a sua esposa, o fez querer quebrar todos os
dentes do sujeito, porém o abraço de Rose o fez se sentir
estranhamente mais calmo.

— Ah sempre tão irritadiço... — O homem olhou para


Rose. — Ele não cansa você Srta. Volkov?

Rose ficou momentaneamente surpresa por ele saber


seu nome, mas logo se deu conta que ele só podia vir do
meio da máfia, e sua família era muito famosa nesse meio,
não gostou daquilo, sentiu algo ruim vindo daquele homem,
o jeito como falava com Cristian tinha desprezo, isso a
irritou.

— Corrigindo-o, se dirija a mim como Sra. Herovrisk, e


não, só me canso de tipos intrometidos como você!

Os dois homens ficaram surpresos com a resposta da


mulher, por motivos diferentes, Cristian pelo modo firme, e
a forma como assumiu seu sobrenome de casada, como
nunca fez, um sorriso pequeno se formou enquanto olhou
para ela, já Matthew, por não esperar que a mulher viesse
tão cheia de farpas.

— Cristian, podemos sair daqui? Quero uma bebida...

Rose pediu ao marido que concordou, e então eles


saíram ainda unidos, passando por Matthew, porém, antes
o Herovrisk deixou um recado, baixo, apenas para que o
homem escutasse.

— Não esqueça qual é seu lugar, verme...


Sem mais assunto Cristian rumou com Rose para
dentro da mansão, pegando no caminho para uma sala,
dois copos de champanhe, eles se sentaram no sofá, bem
próximos um do outro, e ela olhou para o marido.

— Quem é aquele babaca? — Ela perguntou, Cristian


deixou um sorriso sair.

— Um babaca, bem grande!

Ela não conseguiu evitar soltar uma gargalhada baixa


enquanto o marido lhe olhava ainda sorrindo de volta.

И·И

— Ele se acha inatingível. — O braço direito de


Matthew Michael falou.

— Ninguém é inatingível, nem a máfia vermelha,


Conegon ou ele... Todos um dia caem!

O homem falou espreitando o casal sentado próximos


no sofá, rindo de algo. Ele olhava de forma fixa,
principalmente, a bela mulher que Cristian ostentava e
deixou um sorriso mal aparecer no canto dos lábios.

— Todos caem! — Matthew repetiu.

И·И

Naquela mesma noite Rose acordou ouvindo Cristian.


— Não, não, não, não me deixe aqui...

Ela se sentou na cama um pouco assustada, se


esticou acendendo um abajur. Como havia acontecido na
Rússia ele estava inquieto, segurando os lençóis da cama
enrolados em seu punho, o rosto franzido, só que dessa
vez estava falando, com certeza eram pesadelos.

— Cristian? Acorde, está tudo bem!

Rose o chamou tocando seu no rosto, mas então


começou a sacudir ele, até que abriu os olhos,
completamente assustado, ela engoliu em seco, doeu vê-lo
daquele jeito.

— Ah... — Ele parecia embargado, Rose acariciou seu


rosto.

— Já passou, foi um sonho ruim, já passou!

Cristian olhou nos olhos dela, que estava iluminada


em meio às sombras do quarto, como um verdadeiro anjo,
ele respirou fundo tentando acalmar seus batimentos, fazia
muito tempo que aquelas crises não aconteciam desse
jeito, ele engoliu em seco, por mais estúpido que fosse
estar na frente dela assim, era inevitável negar que se
sentia aliviado por ter sua presença.

— Deite comigo!

Ele pediu, ela concordou sem saber o que mais


poderia fazer, pois com certeza o homem não ia lhe contar
o que estava o atormentando, e isso a deixou intrigada
para descobrir. Rose não pensou muito quando baixou a
cabeça no peito dele.

— Quer que eu apague a luz? — Ela ofereceu, e


Cristian esperou que ela perguntasse o que tinha sido
aquilo e ficou mortalmente aliviado quando não o fez.

— Não, assim está bom.

Respondeu com a voz rouca, sentiu ela o abraçar e a


forma como relaxou o deixou assustado, toda aquela
proximidade com a mulher parecia ideal. Rose podia ouvir
as batidas aceleradas do coração dele e acompanhou até
diminuírem, aquela cadência foi tão familiar, como se
houvesse passado sua vida toda assim com ele, o silêncio
entre eles se instalou, mas pela primeira vez não foi
incômodo, foi apenas certo.
И·И

E naquela manhã quando a Sra. Herovrisk despertou


sentiu seus movimentos serem travados, abriu os olhos só
para confirmar o que já sabia, deu de cara com um Cristian
adormecido, ainda abraçado a ela. Ele ficava tão pacífico e
muito mais jovem enquanto dormia, e isso a fez perder um
bom tempo admirando-o.

— Perdeu algo aqui? — A voz sonolenta e rouca a


pegou no flagrante assim como os olhos escuros.

— Ranzinza! — Ela disse, Cristian sorriu de verdade e


a deixou encantada com aquilo.
— Deixe-me dormir Rose!

O Herovrisk fechou os olhos novamente se sentindo


bem-humorado, talvez tenha sido por causa da noite com
ela, mesmo com a parte dos pesadelos. Sentiu ela se
mexer contra ele, só para lembrá-lo que estava nua nos
seus braços.

— Cristian? — Ela passou a mão no peito do homem,


acariciando devagar. — Cristian, abra os olhos, vamos...

Rose perturbou o homem, tinha certeza que não


dormia, queria falar com ele sobre o passeio de barco.
Jogou-se mais em cima dele ficando próxima demais dos
lábios do homem e então cedeu a vontade de pôr os seus
nos dele, esquecendo-se do que iria falar, e Cristian quase
gemeu quando a mulher se prostrou em cima dele e o
beijou daquele jeito, envolveu o corpo dela, apertando a
cintura feminina, apreciava a textura delicada e macia da
pele dela, assim como aqueles lábios carnudos, que ele
chupou lentamente.

— Bom ver que acordou... — Ela disse rindo contra os


lábios dele.

— Você não me deixou muita opção! — O homem


deslizou a mão pela coxa dela, sentando-se logo em
seguida com ela em seu colo, Rose riu surpresa.

— Cristian... — Disse enquanto deslizava os lábios


pelo pescoço da mulher, mordiscando, fazendo Rose se
arrepiar.

— Você é tão provocadora!

O homem sussurrou contra o pescoço da esposa, que


sorriu, adorando a sensação, e se aproveitando para
passar mão pelas costas musculosa do homem.

— E você gosta pelo visto... — Rose disse movendo-


se contra o membro excitado do marido.

— Mas do que devia!

Cristian falou então logo em seguida virou a mulher na


cama, descendo beijos em seus seios e pela barriga lisa.
Rose arfou completamente perdida, era muito bom acordar
daquele jeito, o homem não se deteve quando chegou ao
sexo da sua esposa, traçou a intimidade da mulher com o
nariz e logo tratou de prová-la.

— Oh Deus...

Ele adorava vê-la tão perdida assim, está entregue,


queria ouvir seu nome, queria que Rose dissesse do jeito
que só ela podia e que o deixava louco.

— Diga meu nome!

A mulher gemeu quando ele a atacou novamente,


chamando seu nome, não demorou em que Rose alcança-
se seu clímax através da boca experiente do homem.
Cristian subiu o corpo dela, ela estava mole e com aquele
olhar cheio de satisfação, ele ficou como se pudesse ainda
mais excitado, ao vê-la saciada.

— Ainda não terminei com você!

— Estou contando com isso...

Ele deu um sorriso malicioso para a mulher, Rose o


surpreendia em tantos sentidos, ela era sempre tão
desinibida.

— Vire-se para mim. — Ela fez o que o homem queria,


o olhou por cima do ombro, vendo-o satisfeito com a visão.

— Gosta do que ver?

— Sim... — Ele se curvou sobre ela pondo os lábios


próximos a sua orelha. — Você parece incrível assim, mas
sabe o que mais gosto? Da sua obediência aqui, na cama.

— Aqui eu gosto de ser obediente!

Sem que desse tempo para que pensasse, Cristian


penetrou tirando um gemido dela, a sensação de ser cheia
completamente.

— Deliciosa! — Disse adorando ouvir a mulher gemer


aceitando-o.

— Cristian!

— Porra, tão molhada!


O homem começou um vai e vem que o deixou sem
conseguir pensar em nada além dela, mordeu seu ombro
devagar para evitar os gemidos que se formavam no fundo
da sua garganta.

— Mais rápido, por favor... — Rose pediu perdida nas


sensações que Cristian provocava nele, cada toque a
deixava em brasa, ele brincou com seus seios, deixando-a
alucinada, ainda mais, e investiu mais forte contra ela.

— Rose, você é tão gostosa!

Nenhum deles resistia mais um ao outro, estavam


muito próximos do seu ápice, e quando alcançaram os
gemidos se misturam e logo os dois estavam na cama
estirados olhando um para o outro.

— Nada mal acordar assim. —Rose disse mordendo o


lábio, Cristian não conseguiu esconder o sorriso.

— Não discordo.

A mulher se aproximou dele apoiando o queixo em


seu peito para poder ter os olhos no mesmo nível.

— Vai me levar para dar uma volta de barco?

Cristian esquadrinhou o rosto da mulher nua em sua


cama, não conseguia fazer aquela vontade de pôr os lábios
e as mãos em cima dela passarem, suspirou tentando
pensar no seu dia, e em seus compromissos, mas nada
vinha. Só ela.

— Sim! — Ele respondeu, mesmo que soubesse que


não devia ignorar seu dia, não pode dizer "não", ganhou
um daqueles sorrisos enormes, então logo Rose subiu até
ele, beijando seus lábios.

— Vou me arrumar! Obrigada.

Ela disse toda animada, Cristian viu a mulher pular da


cama, totalmente despida, e quis fazê-la voltar para ele,
fechou os olhos, pensando; O que essa mulher está
fazendo com você Herovrisk?

И·И

O veleiro era lindo, Rose olhava tudo encantada


enquanto Cristian mostrava os vinte e três metros daquele
veículo aquático, ele contava com uma suíte do principal à
proa, além de camarotes para os hóspedes, ainda
acomodava uma cozinha e ampla praça[10] com vista
panorâmica.

— Ainda acho que devia dar um nome a ele, é


maravilhoso!

Ela comentou atrás do marido, que levava o veleiro


para alto mar. Observou o homem com certa cobiça, este
usada uma camisa de listra azul marinho, bermuda e
óculos escuros, estava muito longe daquele ar de “mafioso”
e muito mais atraente que o normal.
— O veleiro é meu e não julgo necessário!

A voz do homem a tirou dos devaneios, na verdade,


quase a jogou para fora do local, ela sabia que já deveria
ter se acostumado aos modos, ou a falta, deles no marido.

— Tanto faz. — Ela rolou os olhos. — Se não gosta


tanto dele por que o tem?

— Quem disse que não gosto?

— Sua falta de interesse. — Rose acusou e Cristian


soltou um som de desdém.

— Você fica supondo muitas coisas... Eu gosto dele,


se não nem teria comprado.

— Mas está na América, duvido que você venha muito


aqui, falta de interesse!

O homem suspirou, era impossível insistir em um


assunto com aquela mulher, ela tinha argumento para tudo.

— Se você diz. — Ele foi sucinto e Rose sorriu.

— Eu digo, agora posso guiar? — Pediu se


aproximando dele, que a encarou por cima do ombro com
desconfiança, porém para a surpresa dela, deu um aceno
positivo.
— Venha. — Cristian puxou a mulher para sua frente.
— Preste atenção, não mude o curso, um pouco mais a
frente vai sentir a maresia quebrando, mantenha firme e
estaremos bem!

Ela não sabia se prestava atenção nele ou modo


sedutor que ele falava ao lado do seu ouvido, as mãos dele
cobriram as dela e seguraram firme.

— Você entendeu Rose?

— Sim!

Foi apenas o que ela pode articular, olhou por cima do


ombro, ele tirou as mãos das dela, e pôs na sua cintura.
Rose fez o que ele mandou, o deixando satisfeito, ele
também gostou de ver excitação por estar no comando,
sorriu sem perceber e foi no mesmo momento que a sua
esposa o olhou, sorrindo também.

— Olhos para frente mocinha.

— Certo capitão!

A mulher disse mais alto por causa do vento forte,


olhando para frente, Cristian apertou os braços na sua
cintura, pondo o rosto ao lado do rosto dela.

— Vire mais para a esquerda se quiser velocidade...


— Ele disse e a mulher aceitou a sugestão.

— Nossa... Isso é tão legal!


Cristian observou a mulher sorridente, nunca a tinha
visto tão leve, ou tão solta.

— Você está parecendo feliz! — Ele disse sem pensar


em Rose que o olhou sacudindo a cabeça em
concordância, sorrindo.

— Sim, eu estou, e obrigada pelo passeio.

O Herovrisk concordou e encarou o horizonte, sem


saber o que dizer, ela fez o mesmo, então o homem
permitiu um sorriso aparecer, pois saber que ela estava
feliz o deixou estranhamente... Feliz. E dessa forma
continuaram a apreciar, em silêncio, a beleza do mar
aberto, foram realmente longe, até Rose decidir fazer mais
um pedido.

— Podemos parar aqui?

— O que você quer fazer aqui? — Questionou ele


franzindo as sobrancelhas escuras, Rose bufou, sorrindo.

— Não vou tentar te matar, pode relaxar! — Cristian


rolou os olhos e a fez rir mais ainda. — Só quero dar um
mergulho... Podemos parar ou não?

O homem olhou para o mar, parecia calmo, o tempo


também estava bom, não via nenhum empecilho, mas
então avaliou a vestimenta da dela.

— Você está sem roupa de banho.


— Cristian não é como se não estivesse de calcinha e
sutiã.

— Não é biquíni!

— Essa coisa de biquíni e sutiã é a mesma coisa, a


sociedade que diz que "não"!

A vontade de rir passou pelo homem enquanto aquela


criatura argumentava.

— Para mim são coisas diferentes!

— Olhe, ponha seus seguranças para ficar na proa e


ninguém vai me ver de sutiã e calcinha, simples, agora
podemos parar?

Dizer que ela era uma pessoa que desistia fácil isso
Cristian não podia fazer, e a encarou por mais alguns
segundos, seus olhos azuis vívidos, então suspirou.

— Fique aqui, não mexa em nada.

Ele saiu a deixando sozinha sentada no local, Rose


sorriu enquanto o viu descer até onde estavam os
seguranças e falar rapidamente com eles, logo em velas
foram baixadas. Cristian voltou a olhar para a mulher
sorridente, enquanto ele fez sinal para ela fosse ao seu
encontro e mandou seus homens não saírem, logo viu a
esposa começar a se livrar do short jeans, da camisa de
linho. A visão da pele alva em contraste com a roupa íntima
branca era dos deuses, Cristian não pode desviar os olhos,
se viu querendo levá-la para dentro de uma das cabines e
se deliciar com cada centímetro dela. Rose encarou o
marido e sorriu provocante diante do olhar faminto que o
mesmo lhe dava, Não pode dizer que não sentiu nada,
ficou tentada a ir até ele e pedir para ajudá-la com o resto
da sua roupa, na verdade, ela poderia ajudar com a dele.

— Vai ficar aí apenas me olhando?

— Sim...

A mulher riu dando de ombros e indo em direção as


escadas do fundo do barco, ele a observou descer devagar
e por apenas a ponta do pé na água, logo em seguida fazer
careta rindo, o homem se sentou observando a cena,
divertido, sorrindo disfarçadamente.

— Lá vou eu... um...dois...três... — Sua contagem


terminou e ela se jogou na água, emergiu jogando água
para todo o lado e sorrindo abertamente. — Cristian,
venha! A água está maravilhosa...

Você está maravilhosa... Foi o que piscou em letras


brilhantes na cabeça do homem, mas tratou de ignorar
aquele pensamento.

— Estou bem aqui!

Rose fez cara de tédio e voltou a mergulhar, a água


estava boa, e ela adorou, voltando a nadar pela área,
sentia Cristian observando o tempo todo e isso lhe fez
desejar que estivesse lá com ela, suspirando, nadou mais a
frente se afastando um pouco do veleiro.

— Rose, não vá muito longe, volte! — Ouviu Cristian


falar, olhou por cima do ombro e algo lhe passou pela
cabeça.

— Está tudo bem... — Disse dando meia volta e então


mergulhou, o Herovrisk esperou ela emergir novamente,
mas isso não aconteceu, todos os sentidos dele ficaram em
alerta.

— Rose? — Ele chamou, não houve resposta, nem a


viu de novo, seguiu até a borda do barco a buscando em
todos os lados, mas não havia sinal algum, ela não surgia
de volta e Cristian começou a ter dificuldade para controlar
sua respiração, algo incomum a ele. — Rose?

Chamou novamente e sem resposta mais uma vez,


então de repente o homem foi levado a um ponto no fundo
das suas lembranças que há muito tempo evitava.
....

— ... Cinco... quatro... três...dois...um.. lá vou eu! — O


garoto de cabelos escuros gritou saindo correndo na
direção do jardim, gostava de brincar assim. Foi na direção
dos arbustos, era sempre um bom esconderijo.

— Te encontrei!

Falou puxando um ramo de flores, mas então se


decepcionou, não havia ninguém ali. Bufou e correu de
novo, foi em direção até as pequenas árvores, mas uma
vez se frustrou, não havia ninguém lá, correu para a área
de lazer, revirou o local e nada encontrou, ele começava a
ficar impaciente.

— Rita, não tem graça. Eu desisto apareça! — Ele


falou com raiva. A menina sempre se escondia muito bem.

— Cristian?

O garoto ficou assustado quando viu o pai, que


pensou que ia chegar mais tarde. Agora sabia que ia ser
castigado por ter sido pego brincando quando devia está
no seu treinamento, mas o menino não gostava, pois
sempre se machucava muito.

— Pai, desculpe, eu já estava indo para...

— Silêncio Cristian. Um homem não deve dá meias


desculpas.

Disse o homem mais velho, indo até o garoto, pondo a


mão na sua nuca e o guiando. Cristian abaixou a cabeça,
imaginou que ia ser levado para a sala do castigo, mas
então foi empurrado para a área da piscina.

— Sabe Cristian, um homem para se tornar um


homem, deve abdicar de distrações. Entende o que eu
digo? — O garoto concordou rapidamente, respondendo;

— Sim. Um homem deve ser focado e controlado, o


senhor me disse!
— Isso. Quero que você seja um homem de verdade
filho... Por isso deve aprender uma breve lição, que eu irei
te mostrar.

Forçou o garoto a seguir até a frente à piscina,


deixando com que visse algo boiando próxima a margem.
Seu pai o fez caminhar até a beira do local para que visse
mais claramente do que se tratava, mas não era
necessário, pois ele já sabia.

— Rita?

Ele chamou com a voz embargada. A água até então


translúcida começou a ser manchada por uma cor rubra,
que vinha daquele corpo, o menino soube que mesmo
chamando a menina que era sua amiga, não ia obter
resposta.

— É a filha da empregada, algo insignificante... Mas


ela se tornou uma distração para você e distrações são
desnecessárias, descartáveis, tenha isso sempre em
mente Cristian, ou todas as suas distrações iram acabar
assim, afogadas ou pior...

O homem deixou uma faca ensanguentada cair do seu


bolso. Dando duas batidinhas na cabeça do filho e então o
deixou sozinho olhando para o corpo afogado e
esfaqueado dentro da piscina da casa.

....
— Rose!

Cristian gritou saindo da sua inércia e pulando na


água imediatamente de roupa e tudo, precisava encontrar
ela. Ele estendia a mão tentando encontrar algo, a visão
embaixo d’água era turva, nada encontrou e quando
emergiu estava sem fôlego, com o coração parecendo
apertado e começava a se sentir descontrolado, não a via,
não sabia o que fazer. Não, ela não se afogou! Conversou
consigo mesmo, mas a cada segundo se via entrando em
desespero, o homem não queria ver uma história ser
escrita tão parecida com outra que ele já tinha vivido, onde
ele não pode fazer nada.

— Rose! — Gritou mais alto completamente perdido,


não via ela em lugar algum, mas se viu com medo de vê-la
boiando, "boiando como... não". Cristian estava passando
por um inferno sem saber onde ela estava. — Rose!

— Ei! Estou aqui! — No segundo seguinte que ele


ouviu aquela voz doce, e olhou para a popa do barco,
vendo Rose acenar sorrindo.

— Não saía daí!

Ele gritou sentindo seu corpo todo relaxar


imediatamente, como se duzentas toneladas tivessem sido
tiradas de cima dele, do seu peito, até respirar se tornou
mais fácil, o homem nadou rápido na direção dela, chegou
até lá subindo sem muita dificuldade, e Rose ainda sorria,
mas quando viu a expressão assombrada de Cristian ela
ficou tensa, mas logo em seguida chocada, ele a abraçou
forte pondo os lábios sobre os dela. Cristian não pode se
segurar, teve que pôr as mãos em cima dela, para ter
certeza que era real, que estava ali mesmo, ele realmente
achou que a tinha perdido, beijou seus lábios, se afastando
para ver seus olhos, que agora pareciam confusos, ele
ignorou, pondo o rosto no seu pescoço sorvendo seu
cheiro... Ela está aqui, segura, minha!

— Nunca. Nunca mais faça isso de novo Rose. Nunca


você entende?

A voz rouca e preocupada foi um baque a mulher não


podia imaginar que uma brincadeira iria fazer aquilo com
ele, sempre foi boa em mergulhos longos e foi o que fez,
mergulhou dando a volta para subir pelo lado do barco, era
apenas uma “pegadinha” e que claramente foi de mau
gosto, agora via seu marido genuinamente preocupado.
Nunca tinha visto ele tão vulnerável assim, realmente
apavorado. Cristian estava a abraçando firmemente,
cheirando-a e beijando, como se quisesse se certificar de
que era ela mesma, Rose o envolveu em seus braços,
esfregando sua costa de modo calmamente, se sentindo
horrível, nunca ficou tão arrependida por assustar alguém,
só nunca pode prever aquela reação dele, nunca o viu
demonstrar nada parecido.

— Desculpe. Desculpe... Não sabia que ia te assustar


tanto, nunca mais farei isto, desculpe, olhe pra mim...

Lentamente o homem a encarou, seus olhos tão


vulneráveis, Rose quis acabar com aquilo imediatamente,
não gostou de ver aquele homem sempre tão imponente,
parecendo tão perdido. O beijou com carinho, querendo
passar algo nem ela sabia dizer o que, só queria tocá-lo,
acalentá-lo. Foi estranhamente doloroso ver ele assim, ela
quis acabar logo com aquilo, Cristian relaxou mais ainda
com ela nos seus braços, ele não achou que a ideia dela
morta fosse tão desesperadora como foi, fechou os olhos e
a beijou de volta... Ela é uma distração, mas não é
descartável... A força dos seus pensamentos o assustou,
mas não havia tempo para aquilo enquanto Rose o beijava,
e ela mesmo se sentindo arrependia, não pode negar que
ficou tocada com a preocupação dele.

— Temos que tirar essa sua roupa, vou pegar toalhas


para nós dois, tudo bem?

Ela o chamou, Cristian se sentiu um estúpido


enquanto apenas concordou, sem conseguir falar nada, a
mulher foi até a cabine buscar as toalhas, se enrolou em
um roupão, pegando mais duas, voltando apressada e
encontrou o marido prostrado no mesmo lugar, seu coração
se apertou.

— Aqui, venha. — O Herovrisk foi com a esposa que


lhe puxou pela mão em direção às cadeiras da praça do
veleiro. — Tire essa blusa...

Ele tirou a camisa como ela pediu e Rose tratou de pôr


a toalha em seus ombros, enrolando-o.

— Chame o Franco, mande ele nos guiar de volta! —


Cristian pediu a ela em um tom baixo, ela o observou,
realmente preocupada.
— Tudo bem!

Se afastando dele a mulher chamou pelo segurança,


que veio imediatamente e assumiu a posição no leme do
veleiro, Rose voltou para o lado de Cristian e foi
surpreendida quando este a puxou para o seu colo.

— Não sairá mais da minha frente até que estejamos


em terra.

Ela deu um sorriso curto, um pouco confuso, Cristian


sabia que estava agindo estranho, mas era inevitável
quando quase teve certeza que havia visto Rose morrer,
isso foi mais que angustiante, precisava tê-la perto, sentir
seu corpo, para ter realmente certeza que nada aconteceu.

— Me desculpe de novo, não quis te deixar


preocupado, foi uma brincadeira estúpida!

Rose disse beijando e o abraçou pondo o rosto na


curva do pescoço dele, encostando os lábios ali. Cristian
não disse nada, mas a sensação de estar daquela forma
com ela era boa e calmante. O casal voltou para a mansão
daquela maneira silenciosa, mas não se separam como
sempre acontecia, subiram para o quarto juntos, enquanto
Rose tomou um banho de banheira, Cristian ficou no
chuveiro, se pegava a todo o momento pondo os olhos
nela, já Rose estava pensativa, sobre o que aconteceu, a
forma como o marido a tratou foi surpreendente, se alguém
um dia viesse dizer para ela que o homem poderia ter um
surto de preocupação por sua causa nunca iria acreditar.
Ela saiu do banho depois dele, trocou de roupa e o
encontrou usando seu celular. Franziu o rosto até entender
quando viu o celular dele em uma toalha em cima da cama,
tinha se perdido quando pulou na água, suas suspeitas se
confirmaram quando ele pediu para que providenciasse
outro aparelho rápido, Cristian a pegou olhando-o e fez o
maior esforço para se manter impassível, não sabia
exatamente como agir depois de como se comportou no
barco, aquilo foi de muitas formas revelador e assustador,
todavia, resolveu que seria melhor ignorar e buscar seguir
do jeito que sempre fez.

— Precisei usar seu celular, tem uma mensagem da


sua amiga aqui, não abrir. — Ele estendeu o aparelho para
ela. — Estou descendo para almoçar, não demore!

Ele disse sem qualquer emoção deixando o celular na


mão da mulher e então saiu do quarto. Rose suspirou, não
entendia Cristian de jeito nenhum. Ela abriu a mensagem
da amiga se dando um tempo das esquisitices do marido.

Aposto que a vida nos Hamptons não está nada mal, mas se
lembre de que têm amigos em NY. Venha dormir em casa!
NÃO SE ESQUEÇA DA TRADIÇÃO!!!!!!
LO
U!

Rose riu da mensagem, a amiga tinha razão, ela tinha


que ir a Nova Iorque. Tinha a tal tradição de sempre dormir
com Lou e ser a primeira a lhe dar os parabéns, elas
sempre faziam isso desde que se conheceram. A mulher
se deu conta que ia ter uma difícil batalha pela frente com
Cristian. Desceu para o primeiro andar da casa indo até a
sala onde estava disposta a mesa do almoço, ele já estava
lá sentado, de cara feia para complementar, ela ignorou
sentando-se à sua direita, logo começaram a almoçar em
silêncio, até ela ser a primeira a rompê-lo.

— Você está irritado comigo? — A pergunta o pegou


de surpresa, Cristian olhou para o rosto dela com um olhar
sincero.

— Não.

— Então por que está tão calado assim?

— Eu sou assim Rose.

Falou desviando os olhos dela, por mais que fosse


sempre muito calado, naquele dia não se sentia normal,
tinha sérios e tórridos desejos de tocar a mulher a sua
frente, beijá-la ou simplesmente a abraçar... Pelo amor de
Deus Herovrisk, de onde veio isso?! Não seja ridículo!!!!

— Se está dizendo. — Ela disse num suspiro. — E se


está tudo bem mesmo eu posso te pedir algo?

Dessa vez ele deixou sua atenção ir para o rosto dela,


que agora estava cauteloso, Cristian não gostou daquilo,
nunca vinha coisa boa dessas situações.

— Fale!
— Hum... Eu gostaria de ir para Nova Iorque, quero
ficar com a minha melhor amiga, passar o dia com ela! —
Rose falou um pouco incerta esperando receber um sonoro
“NÃO” do sujeito e pronta para contra argumentar.

— Dormir e passar o dia?

— Sim! — Ela quase comemorou, não foi um “NÃO”,


sentiu que devia ser melhor que nada.

— Não! Que ideia é essa?

Todo o bom ânimo dela se foi, a voz dele não estava


nada suave, Rose percebia agora claramente a má
vontade dele, tentou manter a calma.

— Cristian, é aniversário dela, tenho uma tradição de


sempre estarmos juntas, ela é como minha irmã.

O homem a encarou cético, não a queria por aí


sozinha, ainda mais naquela cidade onde tinha um babaca
de um ex-namorado, que se soubesse dela, estaria pondo
seu tênis corrida para persegui-la, e aquilo era algo com
que ele não queria lidar.

— Minha resposta ainda é a mesma!

Rose bateu na mesa irritando-se, aquele homem tinha


um talento especial para fazer aquilo com ela.

— Mas que droga Cristian, por que está dificultando as


coisas? Nem é um pedido absurdo.
— Não sei com quem você vai encontrar.

Rose deixou seu queixo cair, não sabia se ficava com


perplexidade ou ódio. Cristian conseguia ser um bastardo
ENORME quando queria, ela levantou a mão com a aliança
e colocou perto do rosto dele.

— Se está dizendo que vou encontrar Philippe, está


redondamente enganado, eu respeito isso! — Apontou
para a aliança. — Como espero que faça também, eu só
quero passar o dia com a minha amiga e sua falta de
confiança em mim é ridícula, mas já que você tem, eu
agora faço questão de você colocar seus “cães” de guarda
me vigiando noite e dia, para ver se é capaz de criar
alguma confiança em mim.

— Rose...

— Não, não me venha com Rose, se não for pra me


deixar ir, estou falando sério, eu não vou ficar presa aqui,
fujo se necessário. Lou é importante pra mim Cristian e
você já me ofendeu o suficiente!

Os olhos azuis estavam claramente ofendidos mesmo,


Cristian não quis dizer o que disse daquela forma, apenas
escapou pelos seus lábios sem controle, na verdade, tudo
nele parecia estar incontrolável, a flor da pele, por causa
dela. Ele suspirou, talvez fosse melhor por alguma
distância entre eles dois mesmo, por mais que sentisse que
não queria.
— Pare de ser dramática, que seja, vá para Nova
Iorque se quer tanto, e irá mesmo com uma equipe de
segurança. Não quero reclamações!

Aquilo realmente era o fundo do poço, Rose não tinha


qualquer perspectiva de melhorar nada mais do que foi lhe
oferecido e nem queria, Cristian conseguia ir de gentil a um
completo grosseiro em uma velocidade atômica, ainda
estava chocada com a sua insinuação sobre Philippe, com
sua falta de confiança.

— Que seja Cristian... Você vai à festa?

— Que festa?

— De aniversário da minha amiga é claro, amanhã à


noite!

Ela respondeu impaciente, Cristian pensou sobre


aquilo, não gostava de festas, muito menos de aniversário,
mas não tinha certeza também se queria deixar Rose tão
solta em sua vida antiga.

— Vou pensar, pode ser que apareça, assunto


encerrado! — Falou num tom de voz seco, Rose virou o
rosto o ignorando também e dessa forma os dois não se
olharam novamente.

И·И

O Herovrisk estava sentado na cama fingindo ler


enquanto, mas na verdade, observava sua esposa arrumar
uma mala pequena, falando ao celular, parecia pedir para
que alguém preparar uma torta, ele não demonstrou
nenhum sinal de interesse, apenas ficou avaliando-a em
silêncio, logo a viu concluir sua arrumação e partindo para
se trocar, enfiando-se foi em uma calça jeans que a deixou
tentadora. Cristian tentou se abster desses últimos
pensamentos.

— Eu já estou pronta!

Rose parou em frente à cama onde seu marido estava


sentado confortavelmente lendo. Quando a encarou foi
sem expressão alguma, lhe dando nos nervos, de repente
se levantou e pegou o seu novo celular.

— Você irá de helicóptero e quando estiver em terra


não quero que faça desvios do seu destino final.

Ele disse passando por ela, em seguida um segurança


apareceu e Cristian mandou que pegasse a mala, a mulher
teve que se apressar para segui-lo.

— Como é perfeitamente normal sei que escutou me


escutou ao celular encomendando uma torta, então terei
que ir buscar e isso é um desvio de rota senhor? — Rose
disse atrás dele, que a olhou por cima do ombro de cara
feia.

— O sarcasmo nunca a abandona, não?

Indo até o lado dele, ela sorriu de forma doce para o


homem, que rolou os olhos.
— Certamente vai se acostumar...

— Não conte com isso Rose!

Eles desceram as escadas para ir até o “L" ponto


trocando suas farpas. Rose observou o helicóptero já
preparado, então parou para encarar o marido que parecia
mais mal-humorado que o normal, por qual motivo era um
mistério para ela.

— Espero que não morra de saudades! — Rose disse


com deboche, não acredita nem um pouco que ele sentisse
saudades suas e o viu apenas ignorar sua brincadeira.

— Comporte-se ou vai ser tragada de volta para a


Rússia.

— Pare de me tratar como uma criança... — Ela


franziu as sobrancelhas. — Nossa você sabe realmente se
despedir!

O homem estava irritado, pelo simples motivo que não


queria que ela fosse, mas também não ia fazê-la ficar,
odiava se sentir daquele jeito, instável.

— Vá logo Rose, pare de criar caso. — Falou ele sem


demonstrar nada, mas naquele momento Cristian quis por
ela nos braços e não a deixar ir.

— É melhor... Ah, se for à festa da minha amiga leve


algum presente!
Rose disse e ele franziu o cenho de um jeito adorável,
ela se viu querendo beijar aquele vinco no meio da testa
dele, mas se manteve no lugar, então apenas se esticou
dando um beijo na bochecha dele.

— Até mais Sr. Herovrisk!

Cristian respirou fundo sentindo seu peito inundado por


algo... Ele não sabia dizer o que era.

— Até Sra. Herovrisk, se comporte!

Rindo ela rolou os olhos seguindo para o helicóptero,


sendo ajudada por Yoro a entrar, o marido ficou a
observando, ela sentiu uma estranha necessidade de
querer voltar até ele e deu graças a Deus quando a hélices
começaram a girar, porque se sentia bem capaz de voltar
ao marido somente para beijá-lo... Que ideia estúpida
Rose... O helicóptero estava alto o suficiente para que ele
pudesse vê-la, mas era como se ainda estivesse com a
mulher em sua frente, a quentura agradável dos seus
lábios ainda marcavam seu rosto. Assim que percebeu-se
sozinho ele sentiu-se fora de lugar, foi indevido, Cristian
tratou de se empurrar para fazer algo, pois agora que tinha
sua paz de novo, era a primeira vez que voltava a ficar em
sua solidão que sempre foi bem-vinda.

И·И

O voo até Nova Iorque foi rápido, eles pousaram em


um belo prédio da cidade, desceram a garagem e ela
ignorou os seguranças de Cristian seguindo sozinha até
um dos dois Audi’s A8 estacionados ali. Rose rolou os
olhos para os veículos, achava desnecessário aquilo,
adorava andar normalmente em NY e não cercada como
se fosse um líder político importante.

— O Sr. Herovrisk disse que deseja fazer uma parada.

O segurança que dirigia o carro que ela estava falou, a


mulher olhou para ele arqueando a sobrancelha, percebeu
que era um dos homens que sempre estavam com Cristian.
Ele mandou seu segurança pessoal? Rose não sabia se
ficava lisonjeada ou irritada, decidiu pelo segundo, porque
aquilo só podia significar a grande falta de confiança nela.

— Sim, vou parar. No caminho lhe aviso... Ah, qual


seu nome mesmo?

— Franco, senhora!

Ela falou nada apenas concordou, pouco tempo


depois orientou a pararem em uma doceira tradicional onde
ela sempre comprava doce e bolos, quando morava na
cidade. Assim que botou os pés para fora, os outros
seguranças do carro de trás vieram a segui-la, ela parou
olhando encarando-os franzindo as sobrancelhas.

— Por que saíram do carro?

— Temos ordens de segui-la onde for... — Um deles


falou o mais alto, Rose respirou fundo vendo Franco se
aproximar também.
— Escutem eu não vou correr pelos fundos, vou
apenas pegar uma encomenda. É desnecessário entrar
todos esses "armários" dentro de uma loja pequena.

Eles se olharam como se tivessem em dúvida e em


seguida para Franco intercedeu.

— Eu a levo até a porta senhora, o restante fica aqui.

Rose ficou grata por não ter que começar uma


discussão com eles, e aí se deu conta que Franco parecia
o único segurança sociável de Cristian, qualquer outro teria
feito uma cena junto com ela, a mulher sorriu agradecendo
e foi para dentro da loja. Franco deixou seus homens
parados próximos aos carros e ele se colocou à frente da
porta. Tirou o celular do bolso, tinha que avisar seu chefe
da parada que fizeram, pois tinha ordens expressas para
comunicar todo e qualquer movimento da Sra. Herovrisk,
mas se deu conta que não ia ser nada fácil lidar com a
esposa do seu patrão... Mais tarde Rose se deparava com
casa da família da sua melhor amiga, saiu do carro e
pegou em seguida o embrulho com a torta de limão
preferida Lorna, mãe de Louise, sua amig havia decidido ir
para a casa dos pais que ficava mais ao sul da cidade, pois
tinha mais espaço para a festa, era um lugar bem grande,
assim que chegou a porta ela tocou a campainha e quem
abriu foi justamente Lorna.

— Oh meu Deus. Rose! — A mulher abraçou a


menina com um embrulho nas mãos, tentou ter cuidado
para não derrubar.
— Olá tia, que saudades. Trouxe para você... Sua
torta favorita. — Entregou nos braços da mulher o
embrulho.

— Ah... não precisava Rose...

— Não acredito, é a minha bonequinha russa!

Anthom o pai de Louise apareceu logo atrás da


esposa e Rose partiu para dar um abraço nele, aquele
homem foi e era uma figura de pai para ela, desde que a
conheceu tinha a apelidado de bonequinha russa e a
tratado como filha.

— Meu pai postiço! — Ela disse abraçada ao homem


de meia idade, logo em seguida avistando sua amiga.

— Sua vadia russa como aparece assim sem me


avisar? É só ela chegar que sou esquecida.

Rose saiu dos braços do homem e foi até Lou que a


abraçou forte, as duas tão diferentes, mas eram como se
fossem irmãs.

— Eu queria fazer uma surpresa!

— E fez mesmo. Hum, vejo que trouxe a torta


preferida da mamãe e não trouxe nada pra mim? É eu que
estou fazendo aniversário! — Louise disse fingindo mau
humor soltando a amiga, avaliando Rose vendo o quanto
estava bonita e parecia bem, realmente bem.
— Claro que trouxe algo para você. Eu! — Rose disse
apontando para si mesma. Louise bufou fingindo tédio.

— Como se isso valesse algo.

Todos riram sabendo do relacionamento irônico das


duas, não demorou muito para Rose se tragada para o
clima familiar da casa, Lorna serviu a torta a todos,
enquanto Anthom dispensou os dois produtores da nova
peça teatro que ele era o diretor, o homem trabalhava na
área artística.

— Rose, eu não quero ser intrometida, mas é


realmente difícil não perceber esse anel de noivado junto
da aliança, querida... você se...

— Casou? — Rose completou a frase para Lorna, que


concordou. — Sim, me casei na Rússia.

Todo mundo na sala ficou em silêncio, quer dizer os


pais de Louise, porque a mesma apenas se manteve
comendo, despreocupada.

— Casou? E nem nos fala nada? — Lorna disse


sentida, Rose forçou um sorriso.

— Foi muito corrido, não tive como avisar. Eu espero


que me perdoe...

— E onde está seu marido?


Foi à vez de Anthom perguntar, ela não queria entrar
nesse tópico, estava até muito bem sem pensar em
Cristian, agora estava com certa ansiedade de saber sobre
ele, até de vê-lo talvez.

— Hum... Está nos Hamptons, não pode vim, mas


imagino que deve aparecer na festa.

Falou tentando não parecer tão falsa, ainda tinha


sérias dúvidas que ele iria aparecer na festa,
provavelmente só mandaria alguém buscá-la.

— Ah gente já chega desse papo... Vocês parecem


está interrogando ela. O importante é que ela desencalhou!
Um milagre!

Louise foi à salvação da amiga, pois viu Rose


desconfortável, a conhecia muito bem, sorriu para amiga
que devolveu agradecida.

И·И

— Gostei do seu corte de cabelo! — Louise disse e


passou por Rose se jogando na cama.

— Fiz ontem... Estou a fim de clarear um pouco, o que


acha?

— Você pode fazer o que quiser que ainda ficar


maravilhosa. Vaca!
Ela sorriu convencida e piscou para a amiga. Louise era
ridiculamente linda de qualquer forma também.

— Fico feliz de você parecer tão bem, Rose! — Ela


falou, agora que sozinhas podiam falar abertamente,
olhando para a amiga que procurava um par de roupas na
mala.

— Obrigada... Você também tá ótima, o pilates tá


realmente te fazendo bem!

— Não adianta mudar de assunto. Eu a conheço,


vamos, desembucha, como tá esse seu casamento
arranjado?

Rose olhou para a mulher sentada na cama e a


encarando com total firmeza, rolou os olhos, não conseguia
fugir de Louise por muito tempo, desde o dia em que se
conheceram no curso de moda na Rússia.

— O que quer que eu diga? — Disse, Louise sorriu


vitoriosa e bateu no lugar a sua frente da cama, Rose
desabou ali, elas uniram suas mãos.

— Pode começar dizendo como tá se sentindo...

Riu sem muito ânimo então se jogou de costas no


colchão olhando para o teto.

— Eu sei lá Lou, tem horas que estou bem, realmente


bem. Outras eu estou querendo matar o Cristian... Tudo é
complicado... Não consigo distinguir como estou na maior
parte do tempo, vivo uma montanha russa, ele me deixa
confusa, ele é assim, nunca sei qual será sua próxima
ação.

Louise olhou para a amiga e se debruçou ao lado dela


passando a mão no seu cabelo. Rose lembrava-se da
forma como se comportou com ela no veleiro, mas não quis
falar sobre aquilo, outro tópico confuso.

— E Philippe?

— Quando não penso nele é fácil... Fico feliz que ele


tenha desistido.

— Faz um bom tempo que ele não fala comigo.

— Talvez seja melhor assim...

— Por quê?

Rose suspirou, elas já tinham tido essa conversa, mas


iam lá de novo.

— Você sabe que tem coisa que não posso te contar


certo? Coisas que envolvem minha família e o mundo que
fui criada.

— Sim, eu sei, mas não me deixa menos curiosa.

— Sei disso, porém não posso contar, assim como


Philippe não pode saber, e então se manter ele longe de
mim será a melhor coisa que pode acontecer pra ele.
— Só espero que isso não te faça infeliz Rose... É isso
que espero.

E a mulher também esperava o mesmo, o futuro que


era reservado com Cristian se tornava cada dia mais
imprevisível.

И·И

Cristian enfiou a cara no trabalho, tratou de revisar


tudo que podia, passou o dia no escritório da casa do
Hamptons, buscando terminar o “processo” no banco,
buscando agilizar o máximo que conseguia para ir embora
da América. Uma batida na porta o fez tirar atenção de um
relatório que lia, dizendo "entre" viu a Sra. Katelyn
aparecesse com um sorriso simpático que Cristian ignorou.

— Devo colocar seu jantar Sr. Herovrisk?

— Não, estou sem fome. — O homem respondeu sem


entusiasmo, seu semblante mais fechado que o normal,
qualquer um podia perceber.

— Tudo bem... Vou deixar o senhor.

A governanta saiu da sala rapidamente, ele suspirou


fechando o relatório, sem ter muito que fazer, e tudo que
podia tinha feito. Afastou-se dali se servindo uma bebida
encarando a grande janela de vidro, que dava uma bela
visão da praia, suspirou se sentido estranho, o silêncio que
sempre foi tão bem vindo agora era incomodo, o seu usual
temperamento frio e medido estava bem longe. O homem
sacudiu a cabeça deixando a bebida na sala e indo para o
seu quarto, quando chegou ali sentiu como se algo
faltasse, olhou as coisas de Rose espalhadas por todo o
espaço, ela tinha estado recorrentemente em seus
pensamentos durante todo aquele maldito dia,
verdadeiramente ele já tinha se habituado a sua presença
falastrona, teimosa e por muitas vezes impulsiva.

Tentando banir a esposa da sua cabeça, ele tirou a


roupa, se jogando na cama, agora com seu espaço
triplicado, se virou de um lado para o outro, até parar
encarando o teto, ficou assim por um bom tempo
esperando que o sono o tomasse, não foi o que aconteceu.
Olhou para o vazio ao seu lado, puxou uma profunda
respiração e sentiu o perfume doce, suave de Rose, ele
queria saber dela, não importava que fosse somente para
ouvir algo que já sabia, simplesmente tinha aquela
necessidade, que julgava estúpida, mas mesmo assim lá
estava ligando para Franco somente por causa da mulher
enlouquecedora que era sua.

— Senhor! — O homem atendeu no primeiro toque.

— Relatório. —Disse Cristian de forma fria sem


mostrar interesse, como se o que estivesse fazendo fosse
um peso, o que era totalmente o contrário.

— Sua esposa não saiu da casa da amiga, uma


mansão ao sul da cidade, a qual eu já enviei a localização.
Fui informado por ela não irá sair, mas amanhã durante o
dia sim e pelo que parece amanhã também vai ter uma
festa na casa!

A maldita festa, ele ainda estava pensando sobre isso,


não era algo que fosse decidir naquele momento de
qualquer forma, então preferiu postergar.

— Ela disse para onde quer sair?

— Não diretamente, mas parece que vai fazer


compras. — O homem deu uma pausa. — Deveria ter
consultado ao senhor quanto a essa saída?

Cristian massageou sua têmpora, se desse uma


ordem que a impedisse de sair era a mesma coisa que
declarar guerra ao inferno todo, não era um estresse que
queria, e além do mais, podia ser razoável, apesar de
saber que ela dizia que não, pois neste caso não havia
nenhum problema quanto àquela saída.

— Devo se consultado sobre qualquer saída Franco,


mas tudo bem!

— Sim senhor, não se repetirá.

— Bom, eu quero que me mande à localização de


vocês em tempo real amanhã, não a deixe exposta no meio
de muita gente, mantenha a equipe armada, independente
do local em que ela estiver e ignore se ela disser que não
quer vocês tão perto!

— Será feito como manda Sr. Herovrisk.


— Até mais Franco.

Sem esperar resposta Cristian desligou, por um lado


estava satisfeito que Rose ficou em casa, porém o fez
querer saber o que a mulher estava fazendo, rolou os olhos
para si mesmo se achando patético. Virou na cama
procurando posição, tentou dormir e nada, era absurdo que
ela estivesse tirando seu sono, exasperado, ele encarou o
teto mais uma vez, era inegável, sentia falta dela na cama.
O homem se jogou para o lado da cama onde ela dormia e
abraçou o travesseiro, pondo seu rosto ali, respirando o
cheiro da mulher.

Jogando o travesseiro no chão ele virou-se de costas,


não importava se não dormisse, mas aquele papel ridículo
não ia fazer e talvez por isso antes do sol nascer Cristian já
estava de pé. Ele precisava por toda a energia acumulada
que sentia para fora e desde que havia chegado da Rússia,
ainda não tinha conseguido fazer exercitar, por isso
resolveu que correria na praia hoje, e assim o fez, voltando
para a mansão quando o sol já estava alto. Sra. Katelyn
percebeu o modo inquieto com que o Cristian se
comportava e apostava que o motivo era a ida da esposa
para Nova Iorque. Cristian trocou de roupa, tomou café,
checando seu celular, não havia mensagens de Franco,
mas do diretor do banco, pedindo para o homem ir
encontra-lo, mas então se deu conta que assim podia
passa os olhos em Rose e que talvez pudesse ir a tal festa.

И·И
Rose se sentia sonolenta, passou as mãos no rosto e
se mexeu na cama com facilidade. Virou-se procurando por
Cristian e deu de cara com Louise a olhando.

— Deus! — Gritou tomando um susto e a amiga caiu


no riso facilmente.

— Não Louise! Pensei que você fosse dizer Cristian...


— A mulher falou o nome do marido de Rose de forma
melosa. Rose franziu o cenho, com mau humor.

— Louca, primeiro, feliz aniversário, eu te amo


imensamente! — Ela puxou a amiga para um abraço
apertado, antes de encará-la. — Agora segundo, que
presepada é esse de ficar me olhando e esperando eu falar
o nome do meu marido?

— Primeiro obrigado. Segundo te amo assim “muitão”


assim — Ela abriu os dois braços dando noção de espaço.
— Agora em terceiro, você passou a noite como uma
sonâmbula reclamando e chamando o nome dele, não
estava esperando nada diferente essa manhã!

— O que? Isso é sério?

Dizer que a mulher não ficou chocada seria mentira,


ela teve que tratar de levantar o queixo que provavelmente
tinha caído. Louise concordou, conhecia Rose o suficiente
para saber que quando ela tinha suas "noites falantes" era
pura reflexão do que se passava dentro da cabeça dela.
— Sim, você até me abraçou, você tá sentindo falta
dele não é?

Outra vez Rose ficou em choque. A mulher não sabia


dizer que “sim” e nem que “não”, pensou na noite anterior
quando deitou na cama e demorou a dormir, mesmo depois
de conversar horas com Louise, o cansaço não lhe abatia.
Tinha sido a primeira noite sozinha desde o casamento, a
primeira vez realmente só, pois de certa forma sempre
estava junto de Cristian, mesmo que fosse para brigar, no
final aquilo era estranho.

— Bobagem, claro que não!

— Ah quer mentir pra mim? Se liga que eu te conheço


melhor que você mesma.

Rose levantou-se, não queria discutir isso, desde


pequena era uma louca que falava sozinha, não tinha nada
haver com o que sentia a sua falação durante o sono.

— Hoje é seu dia. Então pare de me perturbar com um


assunto irrelevante, vamos nos arrumar. Pagarei seu dia de
princesa com os meus novos cartões ilimitados.

Ela visivelmente pulando o assunto em pauta e Louise


preferiu deixar passar, sabia que quando a amiga assumia
seu estado de negação sobre qualquer assunto ou coisa, ia
até as últimas consequências negando, mas isso não
queria dizer que estava desistindo do assunto, pois ficou
realmente contente da possibilidade dela está gostando de
verdade do casamento.
И·И

O helicóptero em que Cristian estava pousou no


prédio do banco da cidade em que ele ia. Desafivelou-se
sozinho saindo do veículo aéreo, arrumando o suéter
escuro. Sua reunião começaria em minutos, passou direto
para o elevador, em seguida se abriu no andar em que se
encontraria com o diretor. Seus seguranças também
vieram juntos, mas ficaram na porta do elevador, o homem
seguiu até o balcão onde estavam as secretárias.

— Avisem que Cristian Herovrisk chegou! — Ele falou


neutro, mas as mulheres olharam para Cristian como se
tivesse dito que as amava.

— Ah claro Sr. Herovrisk... — A loirinha se apressou


se virando para o telefone, ele quis rolar os olhos com
irritação, não gostava de mulheres batendo os olhos em
sua direção.

— Eu posso lhe servir senhor? — A outra morena


perguntou com um sorriso de canto antes de morder os
lábios, ele avaliou sem muito interesse, estafado na
verdade.

— Não!

Respondeu seco, desviando os olhos daquela morena,


lembrando-se de outra, uma que permeava no fundo da
sua mente. Era estúpido, mas depois de conhecer e provar
Rose tão intimamente, duvidava que outra mulher fosse
atingir o que tinha com ela ou somente a ela própria, linda,
sexy, perturbadoramente desinibida na cama... E toda
minha... Ele buscou abafar aqueles pensamentos, sentindo
os efeitos em seu corpo, de fato sua esposa havia o
estragado para qualquer outra mulher.

— Sr. Herovrisk pode seguir para a sala de reuniões,


já é aguardado!

Ele não esperou e seguiu direito para o escritório


principal, precisava ocupar sua mente com algo produtivo,
não com a criatura linda que casou.

И·И

— Você está linda!

Louise disse para Rose que agora se olhava no


espelho com um pouco se desconfiança. Quando pensou
em clarear o cabelo achou que tinha sido uma grande
ideia, no entanto, no momento presente nem tanto.

— Será? Eu me sinto diferente.

— Por que você está, mas incrível!

Rose se encarou novamente no espelho... Será que


Cristian vai gostar? Ela quis se agredir por causa daquilo.

— Quer saber, tem razão! — Deu de ombros. — É só


eu me acostumar.
Disse e Louise sorriu mexendo no próprio cabelo que
também tinha mudado. Elas já estavam na metade do dia e
Rose já tinha passado o seu cartão ilimitado mais vezes do
que podia contar sem se perder e o pior as mulheres ainda
tinham mais algumas horas pela frente antes da festa para
que terminassem de comprar tudo que queriam, Rose
resolveu não poupar, afinal se Cristian queria dar cartões a
ela, então faria uso com gosto.

И·И

— Sim Sr. Herovrisk, nós estamos cuidando para que


seja feito o quanto antes possível, hoje como ver as
primeiras remessas estão concluídas, mas não posso fazer
mais que isso.

O diretor do banco passou os papéis para a Cristian


que os aceitou avaliando tranquilamente enquanto seu
celular vibrava ao que parecia centésima vez, decidiu ver
logo o que era. Quando verificou, encontrou diversas
notificações, eram dos cartões de crédito da Sra. Herovrisk.

— Algum problema senhor?

O diretor perguntou ao homem que desde que entrou


na sala não tinha alterado sua expressão, mas que agora
franzia o cenho com claro estranhamento.

— Não!

Cristian disse desligando o celular e encarando os


relatórios lhe dados, vários milhões sendo movimentados
para contas diferentes, até que se perdesse a primeira
localização, eram mais importantes que os gastos de Rose
e para mantê-los ele devia se ater ao que era de fato
importante, deixaria Rose comprar o que quisesse, contato
que se comportasse.

И·И

— Acho que nunca gastamos tanto! — Louise disse


rindo enquanto saiam de mais loja.

— Agradeça a meu marido, ele congelou minhas


contas com todo meu dinheiro, então agora vai ter que
aguentar.

A amiga riu mais ainda, conhecia o gênio endiabrado


de Rose apesar do rosto de anjo. Elas entregaram mais
sacolas para os seguranças, Louise havia fica bem
surpresa ao ver a quantidade, mas Rose explicou que
Cristian era um paranoico com esse assunto e por isso
tinha que andar com eles, o que fez sentido a ela.

— Gostos desses caras são eficientes segurando


sacolas da Chanel!

— Eu também acho!

Enquanto as duas saíam da loja de grife nem tinham


ideia que eram observadas, os olhos do homem se
grudaram na figura de vestido azul e óculos escuros que
saía do prédio junto da ruiva... Ela fez algo no cabelo?
Cristian se perguntou, apertando os olhos tentando decifrar
se tinha visto mechas de cabelos mais claras na esposa.
Quando viu pela localização que Franco compartilhava que
eles se encontravam há algumas ruas dele, decidiu dar
uma passada, somente para espiar um pouco, não tinha a
intenção de se revelar, todavia, se sentiu um idiota
enquanto estava ali com um sorriso no canto dos lábios
vendo a mulher, que fazia os seguranças de "porta
sacolas". Ela estava radiante, como ele nunca tinha visto,
Cristian sentiu vontade de sair do carro e ir até ela.

Quando a viu entrar no carro Cristian sentiu aquela


sensação boa que sentia se esvair. Ficou ponderando
consigo mesmo, ele tinha que ir buscar a esposa, então
nem voltaria aos Hamptons, decidiu que ia a festa, de
surpresa, dizendo a si mesmo que era porque gostaria de
ver como ela estava se comportando e não porque sentia a
falta dela. Ele olhou para as lojas naquele ambiente e viu
uma joalheria, se ia a um aniversário é claro que não podia
chegar de mãos vazias, então pouco tempo depois Cristian
estava entrando no local, em busca de algo para dar a
amiga de Rose.

— Olá senhor, posso lhe ajudar?

A moça que trabalhava na loja foi em direção ao


homem bem vestido com uma aparência arrasadora e tinha
toda certeza de que faria uma boa venda dali.

— Quero algo para dar de presente, feminino.

Ele disse passando os olhos na vitrine então viu algo


que fez com que instantaneamente imaginasse adornando
o pescoço alvo de uma mulher que tinha nos olhos a
mesma coloração azul esverdeada que ele avistou no
pingente em formato de uma rosa no colar em ouro branco.

— Claro, temos peças lindas, venha comigo...

— Antes, tire aquele cordão, vou levar! — Ele disse


sem tirar os olhos da peça.
CAPÍTULO 06
A festa na casa dos Beilors estava a todo vapor, os
convidados de Louise não paravam de chegar e própria
estava elétrica. Rose acompanhava a amiga, revendo os
seus amigos, ficando realmente feliz por aquilo, porém em
determinados momentos ela se pegava checando o celular
para ver se havia algum sinal de Cristian, ele estava calado
demais para o seu gosto.

— Lou! Lou!

Lorna apareceu atrás da filha que começava uma


competição de vodca com um amigo, Jean, Rose estava
fiscalizando, mas acabava bebendo de vez em quando.

— Mãe, eu estou querendo ganhar aqui...

— Vá receber seus convidados antes, ainda tem gente


chegando. Quantas pessoas têm na lista?

— Sei lá mãe... Se me perguntasse há meia hora eu


saberia, agora não mais!

Rose riu da amiga que virava mais uma vez outra


dose de vodca e a roda de amigos comemorou.

— Tia, quer alguma ajuda para organizar isso? — Ela


se ofereceu vendo o certo desespero da mãe de Lou, que
adorava festas, mas sempre quando envolvia a filha era
uma grande complicação.
— Não querida, aproveite com Lou, mas... — A mulher
chegou mais perto do seu ouvido, falando baixo. — O seu
marido, pôs o nome dele na lista ou não vai vir?

Rose ficou agradecida por Lorna não falar tão


abertamente para que o grupo de amigos não escutasse,
pois ainda não tinha dito nada sobre estar casada.

— Ele não me avisou, mas é provável que não venha.

— Ah tudo bem então, aproveite.

Virando-se para os amigos Rose tratou de sorrir, ela


não ia ficar pensando no que Lorna imaginou pela falta do
marido dela não estar ao seu lado, mas ela nem imaginava,
que na portaria da casa dos Beilors algo acontecia;

— Cristian Herovrisk!

Assim que se identificou, de dentro carro, o homem foi


liberado para passar. Não como que precisasse, ele
observou a fachada iluminada da casa com ares campestre
o veículo dele parou em frente ao lugar, havia outros
também. Cristian não se agradava dessas grandes festas,
mesmo assim empurrou o pensamento para o lado,
pagando uma a sacolinha de luxo preta e saiu do carro,
sendo seguido pelos dois seguranças logo em seguida.

— Se mantenham discretos, aos arredores.


Os homens concordaram e o chefe deles deixou o
carro indo em direção à entrada da casa, certamente
tranquilo não foi para andar por ali, tinha muitas pessoas
zanzando por todo o lado. Cristian tentava localizar o seu
verdadeiro alvo naquele lugar, seus olhos procuravam
avidamente, como um predador atrás da caça. Quando a
área aberta, um jardim transformado em uma espécie de
boate ao ar livre, ele já estava no limite da sua ansiedade,
buscando se controlar. Cristian observou de cima das
escadas, tendo uma visão quase total do lugar, havia uma
pista de dança, DJs em um pequeno palco a margem, um
bar com barman's preparando drinks elaborados e de
forma elegante perto da piscina havia algumas mesas, com
poucos convidados é claro, pois a maioria parecia estar
pulando e dançando.

E como se houvesse um imã, seus olhos fixaram-se


no perfil delicado em meio a um pequeno grupo que
dançava. O homem puxou uma respiração forte ao ver o
sorriso característico antes dela virar o rosto
completamente só para não deixar nenhum resquício de
duvida que era Rose. Foi como se ele tivesse levado baque
nos pulmões que o deixou sem fôlego, ela estava tão linda,
completamente sexy naquela saia de couro e uma blusa
curta exibindo a cintura definida, delicada. Cristian teve
dificuldade em esconder como estava fascinado e quase
sem poder conter a vontade de por as mãos nela, agir
como um ser primitivo e dizer que aquela mulher era sua,
pois sabia que ela estaria chamando a atenção da maioria
do público masculino, o exemplo estava lá com Rose sorria
para Jean e Marcos que discutiam com qual dos dois ela
passaria a noite, claro coisa que nunca ia acontecer
mesmo que não fosse casada, sempre só viu os dois como
amigos, apesar das investidas, dos beijos roubados ou das
brincadeiras quando estavam bêbados demais.

— Garotos, não sonhem tão alto! — Ela disse, e


Louise, Emily e Raissa, as outras amigas na roda, riram.

— Poxa Rô, você some, quando volta ainda se faz de


difícil?

Marcos falou se aproximando dela brincando. Rose riu


e se esquivou dançando para mais longe piscando para o
amigo. Logo depois teve a súbita sensação de estar sendo
observada, sentiu algo quente subir desde o início da sua
coluna até a nuca, olhou para trás involuntariamente e
então o viu, todos seus movimentos cessaram, seu
coração acelerou de maneira estúpida. Ela engoliu em
seco quando seus olhos travaram com os de Cristian que
deixou aquele sorrisinho malicioso aparecer, ela se viu
refletindo a ele com um sorriso também, seu corpo pareceu
doer para alcançá-lo e isso foi absolutamente confuso,
inesperado.

— Rô, que foi? — Lou falou com um sorriso pequeno


mais questionador, não entendo porque a amiga parou de
repente.

— Cristian!

Foi tudo que Rose falou sem conseguir desviar os


olhos do homem, que de repente começou a descer as
escadas, a encarando fixamente. Ela não pode perder uma
avaliação desde que ele parecia despojado, vestindo um
blazer escuro, a camisa embaixo também e ainda tinha
aquela calça jeans que caia perfeitamente sobre os
quadris, mais lindo do que ela podia se lembrar, isso lhe
tirou um suspirou e amiga seguiu seu olhar para ver quem
deixou a abobalhada daquele jeito.

— Puta merda! — Lou exclamou. — É ele não é?

— Sim!

Rose falou sem prestar qualquer atenção a suas


palavras, estava distraída demais com Cristian, enquanto
foi na direção dele. Louise observou ela se afastar sem
dizer nada, assim como o pessoal, todos queriam saber
quem capturou a atenção total, e Cristian sentiu seu
coração perder o compasso quando viu a esposa, vindo até
ele, lhe arrancou inexplicavelmente um sorriso e recebendo
o mesmo dela. E assim que se alcançaram ele terminou de
fechar qualquer distancia ao colocar as mãos em volta da
cintura dela a trazendo para si, Rose sentiu um estranho
alívio ao toque do homem, estar envolvida pelo calor dele,
o cheiro amadeirado delicioso, foi como voltar para casa,
isso a pegou de surpresa. Levantou o rosto encontrando os
olhos escuros fixos nela, e sorriu envolvendo o pescoço do
homem, acariciando seus cabelos, aquilo parecia
malditamente certo.

Cristian sabia que sua memória não fazia jus


realmente à beleza daquela mulher, encarou seus olhos
azuis esmeraldinos e os lábios carnudos, tendo certeza
que tinha que por os dele ali, não importava se tinha plateia
ou se isso escapava do seu controle, apenas precisava
provar o gosto dela, senti-la e assim o fez, abaixou a boca
até a dela, envolvendo-os em um beijo sedutor. A mulher
aceitou a parecia que dependia daquilo, assim que ele
cobriu seus lábios com o seu, fazendo com que ela não
pensasse em outra coisa que não fosse ele, enquanto o
homem invadia sua boca tomando tudo que queria e uma
briga deliciosa de línguas. Ele queria parar, queria voltar a
ter algum controle, mas era tão bom o gosto da mulher que
o fazia sentir mais que dificuldade em se distanciar, com
muito esforço ele se afastou o suficiente, Rose ainda
deixou seus lábios passarem pelos dele mais uma vez, se
sentia embriagada pelo marido.

— Surpresa?

A voz potente dele a deixou completamente ciente de


como estavam próximos. Ela abriu os olhos para encarar
os dele, o escuro da noite e o céu azul do dia.

— Completamente! Você não avisou que vinha, deu


sorte de eu ter posto seu nome na lista!

— Acha mesmo que sou homem que precisa de nome


na lista?

Rose mordeu os lábios abafando um sorriso, ele tinha


razão, duvidava que Cristian não entrasse ali por bem ou
por mal.

— Não, você não precisava!


Ela desviou os olhos dele de forma até debochada e
Cristian teve que admitir que de certa forma isso fez falta,
ela fez. Ele se deixou avaliar sua mulher, vendo os cabelos
castanhos agora mais claros, quase mel, e ele gostou,
gostou demais, deixou seus dedos acariciarem os fios.

— Por que mudou?

Rose mordia um lábio e o soltou deixando um


pequeno sorriso aparecer enquanto avaliava o olhar
sedutor do homem, ela se deu conta que se Cristian fosse
todo tempo assim estaria em péssimos lençóis.

— Nova fase, novo cabelo, gostou? — Ela deu de


ombros, não resistindo à curiosidade de saber a opinião
dele.

— Devia me consultar antes de aprontar qualquer


coisa sabia? — Ela rolou os olhos, mas deixando aquele
sorriso especulador tão dela, e esperava uma resposta. —
Mas para sua sorte, eu gostei, combina com sua fase de
permanente casada!

Ela sorriu audivelmente, deixando o homem fascinado


com aquele som, e Rose tinha certeza que ele nunca
perdia o “ponto territorial” sobre a própria, até seu cabelo
agora servia para isso, mas insanamente ela se divertiu.
Cristian estava distraído com a esposa, mas então olhou
para os amigos dela, notando a curiosidade deles.

— Não vai me apresentar aos seus amigos?


Nesse momento Rose se lembrou de que tinha
amigos, e não tinha outra coisa a não ser apresentar o
marido, na verdade, ia ter que ser feito em alguma hora,
melhor que fosse log, ela sorriu para Cristian.

— Vou, é claro!

Ela o puxou pela mão, enquanto o grupo avaliava que


o casal que caminhava lado a lado, eram bonitos juntos.
Todos estavam atônitos para o que tinha sido aquela
demonstração gratuita de afeto entre Rose e o homem
misterioso, mas os dois homens, amigos de Rose, ficaram
meio abismados com aquele beijo, e as três amigas, em
unanimidade, ficaram bem impressionadas com o novo
affair[11] do Rose.

— Seja simpático, por favor!

Ela pediu ao marido que bufou disfarçadamente e


ganhou um aperto na sua mão. O homem queria negar,
mas a satisfação de ter a pequena criatura obstinada ao
seu lado era enorme.

— Oi pessoal, quero apresentar para vocês o


Cristian... — Ela respirou fundo. — Meu marido!

Rose anunciou sem rodeios por cima da música alta,


seria um eufemismo escandaloso se Cristian dissesse que
não quis rir da expressão catalítica das quatro pessoas
naquela roda, mas não foi surpresa que a quinta pessoa
estivesse na verdade, segurando a vontade de rir, a ruiva.
— Olá, sou Cristian Herovrisk! — Disse ele ainda
divertido com a cara do pessoal, sentiu que Rose estava
tensa, sem saber se era porque não sabia como ele se
comportaria ou pela reação dos amigos.

— Caramba Rose, você casou! — Uma das amigas da


mulher falou, Cristian manteve-se observando. —
Parabéns, a vocês dois, sou Raissa.

A mulher loira estendeu a mão para o homem, que


resolveu usar do seu charme, coisa que tinha normalmente
tédio em fazer. Ele aceitou a mão da tal Raissa e beijou
rapidamente, logo o padrão se repetiu com a outra amiga.
Rose olhou aquilo abismada e estranhamente irritada por
ele ser tão gentil, quando chegou a Louise, Cristian
entregou a mulher uma sacolinha preta que Rose
reconheceu imediatamente a loja, que até havia passado
naquela tarde, franziu o cenho com a coincidência.

— Aqui, espero que goste, e meus parabéns!

Ele falou depois de depositar um beijo na mão da


mulher, que sorriu para ele, e depois olhou para Rose, elas
se comunicam silenciosamente, e a esposa do homem
apenas entregou um rolar os olhos azuis.

— Ah muito obrigada Cristian, atencioso da sua parte.


— Louise disse tentando ser bem civilizada, porém, queria
rir abertamente.

— Imagina, Rose me falou que era seu aniversário,


nada mais justo que um presente. — Cristian falou e olhou
para os dois homens que visivelmente o mediam com os
olhos, ele envolveu a cintura da esposa antes de se dirigir
a eles. — Vocês são?

— Eu marcos, e ele Jean.

O mais alto se apressou em responder, e apontou


para o outro mais baixo de cabelos castanhos escuros.
Cristian se forçou a continuar simpático, mas não gostou
do modo como viu os dois homens estavam próximos a
Rose quando ele chegou à festa.

— Parabéns pelo casamento. Achei que Rose iria


casar comigo algum dia! — O tal Jean disse, Cristian
apertou a esposa contra si inconsciente.

— Pena que chegou tarde. Agora ela é minha!

O Herovrisk não tinha a intenção de soar tão agressivo


quanto aquela afirmação mais todos viram ali, até o
próprio, a intensidade. A mulher sentiu o coração perder
uma batida com o que ele disse, ela não sabia o motivo de
reagir aquilo, de gostar e pensar que queria ouvir isso dele
enquanto estivessem na cama.

— Então você foi para a Rússia para casar? — A


amiga que se chamava Emily perguntou, Cristian observou
Rose parecendo distraída.

— Hã...sim... — Ela respondeu sem qualquer


avaliação prévia, estava absorta na sua confusão mental.
— E porque nunca falou do seu marido a nós? Afinal
de contas você estava saindo com Philippe não era?

Se um buraco se abrisse nos pés de Rose ela ficaria


muito feliz, ela olhou para marido, o homem viu que parecia
ser um claro pedido de ajuda, e era mesmo.

— Acho que essa eu posso responder melhor que


minha esposa... — Cristian se meteu com um tom de voz
aprazível, apesar de estar fervendo internamente ao ouvir
sobre o tal ex. — A Rose não foi exatamente para se casar,
mas fui muito persuasivo quando nós aproximamos assim
que ela voltou, pois já nos conhecíamos há anos, nossas
famílias são amigas, então assim que ela aceitou se casar,
eu não quis esperar, apressei tudo, mas talvez façamos
uma festa quando completarmos um ano de casados,
então ela terá tempo para chamar a todos!

Ele esperava que a explicação acabasse logo com


aquele assunto, e Rose via o belo mentiroso com quem
casou, desviou os olhos segurando para não rir. Isso que
se chamava de um homem rápido em conexões, afinal
havia calado Emily com uma tremenda responsabilidade.
Ela olhou para Lou que provavelmente pensava a mesma
coisa e ainda segurava o riso também, achou melhor o tirar
logo dali ante que o sujeito fabricasse mais histórias
falsificadas.

— Bom, já que a curiosidade de vocês foi sanada,


agora nos dê licença, quero apresentar o Cristian aos pais
da Lou!
Rose puxou Cristian devagar e ele deu um leve aceno
ao pessoal até que se foram. Ele olhou para a mulher que
estava com o semblante pensativo, quis saber o porquê.

— Querendo me esconder o mais rápido possível dos


seus amigos?

— Não! — Ela rolou os olhos. — Querendo que você


pare de mentir...

— Mentir? Não, apenas corrigir seu erro. Não vou


tolerar que achem que você estava comigo e me traindo
aqui em Nova Iorque com o aprendiz de músico.

Rose olhou para ele chocada, mas logo se recuperou,


não ia ser uma novidade mesmo que tivesse investigado
tudo sobre Philippe.

— Vou ignorar você! Isso foi desnecessário.

Cristian não expressou nada, mas ficou irritado, se ela


não queria falar sobre o tal aprendiz idiota era porque o
assunto incomodava e isso só acontecia quando se sentia
algo, todavia, ele não pode levar o assunto à frente, pois
estavam diante de um casal que sorria abertamente a eles.

— Tio, tia Lorna!

— Olá minha bonequinha russa... — O homem de


meia idade falou e isso deixou Cristian intrigado, não havia
qualquer sinal de interesse ali, além de um visível carinho.
— Tio Anthom, Tia, esse é o Cristian... — Rose olhou
para o marido. — E esses são os pais da Lou!

Lorna sorriu e Anthom também, como se fossem os


pais da menina conhecendo o primeiro namoradinho.

— Oh, então esse é o rapaz que capturou o coração


da minha bonequinha?

Cristian olhou para Rose que apenas encolheu os


ombros sem jeito, ela não sabia como se portar diante
disso.

— Hum, acho que sim. — Respondeu a pergunta da


melhor forma que pode, totalmente desconfortável.

— Ficamos muito felizes em conhecer você Cristian,


Rose é como uma filha para nós e saber que casou nos
alegra.

Disse o homem, e Rose estava se sentindo totalmente


fora do lugar, não imaginava que ia ser tão difícil essa
apresentação, mas agora via que sim, pois todos
pensavam que ela casou por "amor", sendo que tudo não
passou de uma união por interesse de um lado e forçado
do outro.

— Me sinto feliz em conhecê-los também.

O Herovrisk tentou ser o mais gentil possível, afinal de


contas ele não precisava das pessoas o analisando mais
do que já faziam e sem falar que ficou curioso no porque a
esposa parecia mais a vontade aquele casal do que aos
próprios pais.

— Está a trabalho aqui na cidade? — Anthom


perguntou ao sujeito muito bem apessoado, educado ao
lado Rose.

— Sim, tenho uma empresa subsidiaria de exportação


aqui, vim ver como as coisas estão, e minha família é dona
de uma Holding, eu sou o CEO.

Rose olhou para o marido, vendo assim, sociável, era


uma coisa boa, não parecia ser aquele "chefão" e sim
apenas um homem imponente com um ar poderoso, e se
viu gostando demais até dessa versão.

— Bom eu trabalho com arte, mas conheço um pouco


do mercado de exportação por causa do meu irmão. Ele
segue este ramo...

O Herovrisk sorriu ao homem, de forma educada,


percebendo o quão ele parecia ser uma pessoa fácil, era o
tipo que não tinha dificuldade alguma em analisar e iniciar
um conversa.

— Cristian, eu vejo que meu marido vai lhe alugar um


pouco. — Lorna disse rindo e olhou para Rose. — Venha
comigo querida, vamos deixar os meninos conversarem!

Ela sorriu para a mulher e então tentou se


desvencilhar do aperto na sua cintura, vindo do marido, foi
travada assim que ele virou o corpo deixando o rosto
próximo ao seu.

— Vai muito longe?

Cristian franziu o rosto não gostando da ideia de


perder ela de vista, Rose suspirou, o tom rouco da voz
dele, estava fazendo coisas com seu sistema nervoso.

— Não... Volto já para você.

Rose falou sem intenção alguma, as palavras apenas


fugiram pelos seus lábios de modo inconsciente, mas o
casal que observava ela e Cristian, naquela interação tão
próxima, tomou aquilo por uma cena romântica. O
Herovrisk engoliu em seco e deu um aceno, realmente
queria que ela voltasse rápido para tirá-lo dai, e mais uma
vez de forma inconsciente Rose deixou um beijo casto, e
então saiu com Lorna, que sorriu para os dois homens,
assim eles ficaram para trás naquela conversa sobre
empresas. Cristian não conseguia parar de pensar que a
maldita regra que estabeleceu na sua vida, sobre evitar
beijos, tinha ido para o espaço com aquela mulher. Suas
concessões sobre fazer tal coisa apenas na hora do sexo,
também evaporou, nada que ele parecia estabelecer para
Rose estava se mantendo, isso era preocupante.

— Ele é um belo homem, Rose! — Lorna falou


enquanto elas se distanciaram de Cristian e Anthom. Rose
deu um sorriso sem graça.

— Sim... Bonito até demais


— Bom, eu imagino que Lou vai te querer aqui até o
final da festa e Cristian com certeza não vai te deixar, então
vou preparar o quarto de hóspedes para vocês dois...

Ela olhou para Lorna sem saber como recusar, apesar


de estar certa sobre Lou, não estava sobre o seu marido
querer ficar.

— Ah... Eu não sei se...

— Sem mais, quero que fiquem. Além do mais essa


festa não tem hora para acabar, olhe quem vem ali.

Lorna apontou para a filha que caminhava até elas,


Rose sabia que não ia conseguir dizer "não" a mãe da
amiga, então apenas começou a se preparar
psicologicamente para discutir com Cristian.

— Porra Rose, olha o que teu marido me deu! —


Louise falou rindo e mostrando uma pulseira de ouro
branco cravejada de brilhantes, ela sorriu.

— Ainda bem que gostou, ele gosta de ostentar, mas


fico feliz que tenha te dado algo bom!

— Bom? Rá, eu vou querer ele sempre nos meus


aniversários.

— Louise Beilors! Não foi isso que te ensinei. — Lorna


disse fazendo as duas rirem!
— Tá tudo bem, eu já conheço essa peça. — Rose
disse se divertindo, ela sabia como a mãe da amiga
prezava os bons conceitos, coisa que Lou parecia ignorar
desde as fraldas.

— Vamos dançar Rô!

Louise puxou a amiga que não teve nem tempo de


dizer nada a Lorna, resolveu que iria dançar apenas uma e
depois iria ao resgate do marido que na verdade estava do
outro lado da festa em meio a uma conserva interessante.

— Entendo totalmente, bom, você parecer um ótimo


administrador Cristian, gerir mais de vinte mil funcionários
não é fácil.

Anthom disse a Cristian, que foi forçado a falar sobre o


funcionamento da sua corporação de exportação. Se o
homem à sua frente imaginasse que ele não lidava apenas
com milhares de empregados e burocracia da alfândega,
mas sim com traficantes internacionais, veria o quanto era
um excelente administrador.

— Obrigada, mas fui bem treinado para isso! —


Cristian esclareceu com educação e passou os olhos pela
festa, encontrou Rose do outro lado, dançando. Anthom
acompanhou os olhos do homem.

— Sabe, quando Lou voltou para casa depois de um


intercâmbio na Rússia, ela avisou que queria trazer uma
amiga, para passar um tempo. — O homem falou atraindo
a atenção de Cristian. — Lembro-me perfeitamente desse
dia, Rose chegou um pouco envergonhada, trazendo nas
mãos uma caixa de presente, dentro continha uma
bonequinha russa, ela disse que se sentia como uma por
está sendo adicionada dentro da minha família. Nesse dia
eu coloquei o apelido nela, porque eu queria que ela
soubesse que sempre ia ter um lugar para ela aqui, porque
como a história da bonequinha a família não se separa, e a
Rose é muito importante para todos nós, quero que saiba,
pois peço que a faça muito feliz, ela é como uma flor que
precisa de espaço para crescer, mas de cuidados também
para que floresça... Você ganhou um presente!

Cristian ficou embargado com a fala do homem, ele


parecia realmente como um pai, um pai cuidadoso e
protetor, coisa que o Herovrisk nunca havia presenciado e
isso o tirou do eixo, fazendo-o engoliu em seco.

— Eu cuidarei dela.

— Bem vindo à família!

Anthom sorriu abertamente e abriu os braços. Cristian


não conseguiu refutar o abraço do homem, então aceitou
meio sem jeito, e enquanto Rose dançava, a amiga viu o
pai com o marido dela.

— Ele não tira os olhos de você, mesmo com meu pai


dando uma canseira nele provavelmente.

Rose olhou para trás e pegou o momento em que


Anthom abraçou Cristian. Ela ficou surpresa, um pouco
divertida pela falta de jeito do seu marido, um sorriso
apareceu nos seus lábios, ficou feliz em vê-lo desse jeito
simples e leve, sem aquele clima ou tensão que sempre
tinha.

— Eu acho que é melhor eu ir até ele, Cristian é um


verdadeiro russo sem costumes de demonstração de afeto
tão abertas!

— Claro, mas demonstrações de afeto com você não


conta não é? — Louise disse com a sobrancelha arqueada,
esperando o revide, ganhou um olhar intrigado da amiga.

— O que?

— Fala sério, aquele beijo foi beeeem quente! Então


imaginei que com você ele não tivesse nenhum
desconforto.

A mulher rolou os olhos para amiga, ela odiava


quando Louise começava com as suas ponderações.

— Fique com as suas imaginações para você e não


me encha!

Rose deu as costas para e a amiga que ficou para trás


rindo, ela ignorou seguindo para onde estava Cristian,
agora livre dos abraços do tio dela.

— Sessão de abraços, eu perdi tio Anthom? —


Perguntou ao chegar neles, encarou divertida Cristian que
forçou um sorriso sem jeito.
— Ah não seja por isso! — Anthom a abraçou, mas
antes de soltá-la, sussurrou. — Eu gostei dele! — Anthom
a soltou sorrindo para o casal.

— Bom Cristian, foi um prazer, mas agora preciso


encontrar a minha mulher. Já estou com saudades!

Rose sorriu de verdade, Cristian se absteve apenas


concordando simpático, assim que foram deixados
sozinhos, a expressão impassível retornou ao rosto do
Herovrisk, ela encarou o homem, com um meio sorriso.

— O que? — Ele perguntou.

— Nada... — Ela deu de ombros, o homem desviou os


olhos, bufando levemente, mas então resolveu juntar mais
algumas informações sobre Rose, que o deixaram de certa
forma curiosa.

— Anthom me disse que morou com eles... Por quê?

— Eu te disse às circunstâncias que sair da Rússia, foi


por isso.

— Explique-se! — Ele disse mandão a fazendo


arquear a sobrancelha, antes de soltar um bufido
exasperado.

— Eu pedi para ir embora, queria estudar fora da


Rússia, morar até, mas obvio que o Sr. Volkov não deixou.
Quando eu disse que ia de qualquer jeito, ele cortou todos
os meus recursos e então eu decidi fugi, juntei todas as
minhas economias e avisei apenas a mamãe, junto com
Sacha é claro, na semana em que meu pai viajou eu fui
embora com a Lou!

Cristian observou a expressão matreira que ela tinha


diante da sua história de fuga, era bom que já soubesse
como ela tinha essa característica fugitiva, ficaria de olho
nisso, ela já tinha ameaçado fugir uma vez.

— E então?

— Eu não tinha grana para bancar um lugar sozinha


em Nova Iorque, então vim para casa da Lou, ela me
ofereceu guarida por uns meses até nos duas irmos para
Paris! — Ela disse e assim o homem teve a parte da
história que faltava dentro dos seus relatórios.

— Depois foi para Londres e uma breve temporada


em Milão... — Cristian completou, Rose bufou, ela já via
que a mania dele de revirar sua vida tinha ido bem longe,
não a surpreendia totalmente.

— Parabéns, merece um Pulitzer[12] de investigação!

Cristian não deixou o sorriso aparecer, mas teve


vontade, a mulher escorria sarcasmo mal contido.

— O sarcasmo é o tipo mais pobre de humor.

— Então eu estou pobríssima, pois é só o que tenho!


Ele desviou os olhos da figura risonha na sua frente,
para que ela não visse a sua diversão, buscou se
concentrar ao que ainda queria saber.

— Hum, como seu pai não te levou de volta?

— Não foi por falta de tentativa, mas ele sabia que eu


ia fugir de novo, ainda mais quando experimentei a
liberdade!

O que ela lhe disse ficou martelando em sua cabeça,


Cristian não gostou de se sentir estranhamente vulnerável
diante daquilo.

— Quer saber, cansei desse papo, vamos beber


alguma coisa! — Rose disse tomando atenção dele que
ficou pensativo de repente, pegou a mão masculina
apertando e tentando o tirar do lugar, foi em vão.

— Não, nada de bebida, quero estar atento até


sairmos daqui.

A mulher mordeu o lábio inferior e ganhou a atenção


de Cristian, ele desviou os olhos, para encarar os dela,
tinha certa hesitação.

— Tenho uma coisa para te falar...

— Fale!

— Bom como a festa não vai terminar tão cedo, a tia


Lorna disse que ia preparar um quarto de hóspedes para
nós e...

— E? — O homem perguntou com seu tom


impaciente.

— Eu aceitei!

Cristian puxou uma respiração profunda desviando os


olhos dela, que franziu os lábios, sabendo que coisa boa
não iria vir daquela carranca.

— Sem me consultar? Infernos Rose! — Ele começou


a despejar as palavras em Russo para a mulher.

— Ah, não achei necessário, afinal não é como se


fosse mudar sua vida! — A carranca dele se aprofundou e
ela se apressou em continuar. — E olhe, talvez nem
precise usar o quarto, as festas da Lou nunca terminam
cedo...

— Você quer ficar até o final? — Inquiriu ele incrédulo.


— Não vamos ficar!

Rose se apressou pondo as mãos no peito do homem


ficando com o rosto mais próximo do seu.

— Cristian, por favor, escute, Lou é minha irmã, seria


um grande, grande falta de educação ir embora depois
desse convite. E pelo que vi hoje você quer passar a
imagem de bom moço, então podemos só aceitar?
Ainda irritado Cristian se viu ponderando sobre o que
ela falava, tinha que admitir que a criatura sabia negociar e
ela tirava sua atenção enquanto o tocava.

— Inacreditável, sai da Rússia por dois segundos e já


acha que voltou a sua vida antiga, onde faz o que quer!

— Não estou fazendo o que eu quero, estou


conversando com você senhor. — Ela deu de ombros
dando um sorriso.

— Por que toda vez que me chama de “senhor” sinto


que está rindo de mim?

— Eu não faço mínima ideia! — Ela comentou,


Cristian semicerrou os olhos diante das feições de anjo que
a mulher exibia com uma falsa inocência.

— Pois eu acho que faz. — O sorriso dela lhe tirou o


prumo. — Escute, ficaremos, mas não quero mais
surpresas. Não aceite mais nada, está entendendo?

A criatura feminina concordou abraçando-o e dando


um beijo casto, o Herovrisk suspirou completamente
desarmado.

— Tudo bem, eu entendi... Agora vamos nos divertir,


por favor, isso é uma festa! — Ela disse sorrindo, soltando
o marido, apenas para pegá-lo pela mão, com a intenção
de arrastá-lo para a pista de dança.
— Eu vou ficar encostado ali no bar...— Cristiana
afirmou, Rose arqueou uma sobrancelha de forma
desafiadora.

— Não vai dançar comigo?

— Não, eu não danço. — E nesse momento ela


gargalhou da sua resposta, pois tinha certeza que isso era
uma grande mentira.

— Pare de mentir. Lembro-me de você dançando


muito bem lá na Rússia. — Ele ignorou a afirmação, pois
aquilo tinha sido um lapso, mas Cristian não gostava de
dançar.

— Se quer ir dançar, vá. Eu não vou!

— Tudo bem então...

Ela se virou para procurar por Lou, já tinha visto os


seus amigos, mas então sentiu o aperto firme da mão de
Cristian em seu braço, Rose olhou para ele sem entender,
viu-o franzir as sobrancelhas parecendo sem jeito.

— Fique perto!

— Com medo de ficar sozinho? — Ele olhou com tédio


para ela que sorriu mais ainda. — Tudo bem, aproveite o
show!

Ela se desvencilhou dele indo para a pista de dança,


fazendo sinal aos amigos para se aproximarem. Cristian
pediu um drink enquanto observava Rose totalmente
diferente de todas as vezes que a tinha visto, ela parecia
brilhar, exalava felicidade, dançando e pulando com os
amigos, se viu admirando mais do podia disfarçar.

— Cristian! Vem dançar!

Ela chamou ofegante ainda dançando de forma


sensual, o homem ficou observando o sorriso provocador,
combinado com os movimentos atraentes do seu corpo,
era como o canto de uma sereia. O Herovrisk levantou o
copo mostrando que estava ocupado, quando na verdade
estava tentado a buscá-la dali, e ter seu show particular.
Rose rolou os olhos para a falta de interesse dele e então
deu as costas puxando um amigo que estava próximo, isso
fez com que a postura de Cristian mudasse rapidamente,
se desencostou do balcão do bar, não gostando nada de
ver outro homem por as mãos na cintura da sua esposa, no
segundo seguinte, por instinto, ele já tinha alcançado eles,
e espalmou a mão no peito do homem, que se atreveu a
tocar sua esposa, e o empurrou com certa força.

— Saía! — Falou frio e se pôs na frente dela a


puxando para si.

— Você não precisa assustar ninguém assim.

Ela olhou para o amigo atrás deles, com um sorriso de


desculpas, Cristian não interpretou assim e a bloqueou,
pondo sua mão em sua mandíbula, atraindo o rosto dela
para o seu.
— Estou aqui. Então se foque apenas em mim e não
em outros!

Ela rolou os olhos, riu de como o homem era um


territorial sem controle, colocou seus braços em volta do
pescoço dele.

— Sim senhor, mas agora pode dançar comigo?

Pediu de forma desafiadora arqueando a sobrancelha,


Cristian bufou, mas então começou a se mexer no ritmo da
música levando ela junto. Rose mordeu os lábios de um
jeito totalmente tentador para o homem, que usou de
controle para não capturar aquele lábio inferior e a beijar
sem controle, ela foi mais além, rebolando contra ele, se
afastando um pouco apenas para dar um pequeno show
que o deixou completamente seduzido. O olhar de cobiça
que ele dispensava a mulher, a fez se sentir confiante e
sexy. Rose voltou para Cristian, pondo os braços ao redor
do seu pescoço de novo, só que dessa vez acariciando
seus cabelos acima da nuca dele, fazendo-o adorar, ela
levou seus lábios aos dele, era tão tentador para ela, e a
sensação não era menos que deliciosa. Ele não queria se
tão suscetível, mas só foi ter os lábios dela contra os seus,
que tudo que considerava importante ia pelos ares e beijá-
la era a única coisa que restava, e por isso o beijo
aconteceu tórrido, sem reservas, apenas desejo.

— Whouuu... Vamos dançar pessoal!

Cristian e Rose cessaram o beijo a contra gosto, então


eles olharam para Louise que surgiu sorridente, dançante,
um grupo de pessoas logo se juntou também, o homem
não gostava daquilo, olhou para a esposa franzindo o
rosto, quase em uma comunicação silenciosa, ela
aproximou o rosto do seu, para sussurrar em seu ouvido:

— Só relaxe e divirta-se — Ela disse plantando um


beijo no rosto dele. — Comigo!

Rose sorriu antes de abraçá-lo, dançando contra ele,


enquanto acariciava seus cabelos e ele gostou, relando
contra a esposa, deixando o ritmo da música e os
movimentos dela o levarem, a mulher adorou ver ele se
deixar ir e fez o momento durar, até Cristian a arrastar em
direção ao bar, em seguida pedir água, só para lhe
entregar.

— O que é isso?

— Pensei que sabia o que era água!

O sorriso pequeno cheio de piada dele deixou Rose


querendo bater em seu rosto, mas ela ficou surpresa
demais no quão ele parecia relaxado.

— Ah, você é tão engraçado! — Rolou os olhos. —


Não quero água, quero uma vodka gelada!

Cristian empurrou para ela o copo, agora franzindo o


cenho.

— Água! Você vai tomar isso, tem que se hidratar,


uma das primeiras regras para se beber!
Rose bufou e pegou o copo da mão dele, sabia que
aquela expressão carrancuda, só ia piorar se insistisse, o
homem ficou satisfeito por ela obedecer, e ainda mais
divertido quando com um olhar, ela entendeu que devia
tomar tudo.

— Satisfeito? — Ela perguntou contrariada, o


Herovrisk sorriu.

— Temporariamente.

— Cristo, como você é mandão! — Ela acenou para o


barman. — Uma vodka bem gelada.

— Eu não disse que podia beber ainda. — Cristian


falou para provocar, ganhou um olhar causticante dela, que
a deixou tentadoramente linda.

— Está de sacanagem com a minha cara né? — Rose


viu o claro esforço com que ele tentava segurar uma risada
e acabou que ela riu. — Idiota!

— Não brinque com a sua sorte!

Ele disse mais querendo rir do que qualquer outra


coisa, enquanto ela deu de ombros com divertimento. A
bebida dela foi trazida e num gole só foi ingerida, Cristian
em nada se surpreendeu, entretanto quando começou a
ser arrastado sim.

— Anda Cristian, pesa viver te arrastando!


— Onde está indo? Não queria beber?

— Duvido que você me deixe tomar mais alguma


coisa sem me enfiar um copo cheio de água, eu não quero
agora! — Nisso ela tinha total razão, mas ele não disse.

— E o que quer agora? — Ele perguntou, o sorriso


que ela lhe deu por cima do ombro foi como de uma
criança prestes a ganhar doces.

— Fotos!

— O que? — A expressão esdrúxula dele a fez rir


mais ainda enquanto chegou a frente à cabine de fotos
instantâneas.

— Entra aqui, vem! — Ela disse entrando no cubículo


o arrastando sem deixar escolha.

— Rose isso é ridículo!

— Sorria! — A mulher falou sentando no colo dele. —


Veja já está fotografando e você irá sair com uma carranca!

— Não gosto de fotos! — Cristian disse. Não sabia por


que se deixou entrar na cabine fotográfica com ela.

— Deixe de ser ranzinza, sorria!

Ela disse animada e divertida com a falta de jeito dele,


Cristian virou o rosto, mas Rose teimosa o puxou para si
beijando-o. E o forçando a sorrir, o cutucando, logo o
homem se viu rindo junto dela, aceitando tirar benditas
fotos, todavia, mal sabia que estava a deixando encantada
por vê-lo tão leve, sorridente, como nunca havia visto,
quando eles saíram da cabine Rose pegou as fotos rindo,
vendo Cristian totalmente lindo nas fotos.

— Viu? Nem dói sorrir, você fica bem assim. — Disse


ela lhe entregando as fotos.

— Você inventa cada uma...

Cristian comentou olhando as imagens e vendo o


quão longe aquela mulher tinha o levado. Guardou as fotos
no bolso do blazer, agora era ele que precisava de uma
bebida e um pouco de distância antes de fazer mais
alguma estupidez pela senhora sua esposa.

— Irei ao bar, fique aqui, já volto!

Cristian disse para ela, que concordou, Louise se


aproveitou para ir e abraçar a amiga.

— Vocês estão se gostando de verdade não é?

— O que?

— Tá gostando pra valer do seu marido, eu acho que


isso é bom, ele também parece estar na sua!

Rose ficou sem ação, Louise percebeu, então soltou a


amiga rindo e viu o marido retornar. Cristian olhou para a
esposa de forma curiosa por causa da sua expressão meio
pálida diante da ruiva sorridente, ficou se perguntando o
que ela teria dito para deixá-la assim, mas não teve tempo
de verbalizar aquilo, pois seus instintos naturais de anos de
treinamento foram ativados. Ele sentiu alguém atrás dele,
quando olhou, só teve tempo de se esquivar de um soco
desferido, seus seguranças apareceram no segundo
seguinte, ele fez um gesto negativo com a cabeça, todos
pararam.

— Cristian! — Rose gritou atônita ao ver Philippe


tentar agredir seu marido, mas falhando feio, caindo a sua
frente.

— Rose! Rose, minha linda, você está aqui... —


Philippe falou se levantando, visivelmente bêbado. — Eu...
Eu... Sabia que...que ia te encontrar amor...

O Herovrisk se livrou do copo que tinha em sua mão


dando a uma pessoa qualquer e se aproximou de Rose,
mas exatamente ficando a sua frente, bloqueando a visão
que Philippe tinha dela.

— Esqueceu que eu disse para ficar longe dela!

A voz de Cristian soou implacável e bem audível já


que a música cessou, Rose pôs a mão no braço dele
tentando capturar sua atenção e até Louise que estava
meio bêbada percebeu a hostilidade, o perigo ali, então
imitando a sua amiga, a ruiva colocou a mão no braço de
Philippe.
— Phill... Vamos sair daqui, você está bêbado! —
Louise disse, mas ele se livrou do seu toque puxando o
braço, indo encarar Cristian.

— Você se acha dono dela? — Questionou


tropeçando nas palavras. — Pois EU digo. NÃO É!

— Philippe, por favor, não!

Rose saiu de trás do marido para tentar calar o


homem bêbado, mas foi travada por um braço forte de
Cristian, não indo muito longe e ganhou um olhar duro. Ele
não podia e não queria que sua mulher ficasse próxima
daquele sujeito, a qual encarou de novo.

— Não, o deixe falar, quero ouvir.

O Herovrisk falou inalterado, frio, parecia que estava


plenamente no controle, mas ele se sentia a ponto de
quebrar todos os dentes daquele Philippe com socos
seguidos.

— Por favor, não, vamos acabar com isso. — Rose


falou preocupada apertando seu ombro, mas foi ignorada,
pois o Herovrisk tinha sua atenção para Philippe.

— Eu... Eu não sei o que fez, mas ela me ama. ME


AMA... — Louise tentou parar o homem, puxando-o para ir
embora. — Não. Saí Lou. Eu vou pegar a minha namorada,
esse cara não é o dono dela!
Rose estava em pânico, olhava para Philippe e para
Cristian, principalmente para o segundo, com medo do que
viria a seguir, ela não queria que ninguém se machucasse.

— Philippe vá embora! — Pediu sem tentar ir até ele


que a olhou tristonho, sentia por ver ele assim, mas não
podia fazer mais nada, tudo entre eles tinha acabado no
minuto que Rose se casou, ele tinha que entender de
alguma forma, porém bêbado como estava, não iria ser.

— Eu te amo! Você é minha, só minha Rose.

Disse Philippe completamente descontrolado, Cristian


ficou tenso, tornando-se difícil manter seu sangue frio, ele
não sabia o que estava lhe tomando, mas sabia que era
um sentimento inglório, voraz e totalmente insano, e
quando aquele sujeito tentou ir tocar em Rose,
cambaleando, foi à gota d’água.

— Já chega!

O Herovrisk ergueu a mão e desferiu um soco forte,


jogando seu oponente a uma distância considerável. Todos
ficaram em choque, Rose olhou para o marido e viu a raiva
dele ferver em seus olhos escuros, no segundo seguinte
em que ele se preparou para ir até Philippe caído, com a
certeza de espancá-lo até a morte. Rose se meteu na sua
frente capturando seu rosto entre suas mãos, puxando-o,
para manter seus olhos apenas nela.

— Cristian. Pare, não faça nada, ele está bêbado,


vamos sair daqui. Por favor, você não tem que fazer isso,
ele já está no chão!

O homem estava com raiva, confuso com o turbilhão


de coisas que sentia e pensava, mas Rose conseguia de
alguma forma acalmar aqueles sentimentos ruins no seu
peito.

— Ele quer o que é meu! — Disse, e aquele discurso


tinha tudo para deixá-la irada, mas Rose não tinha tempo
para isso.

— O que importa é que eu não o quero. Estou com


você, não precisa provar nada, nem a ele e a ninguém, me
escute, por favor, vamos sair daqui!

Rose implorou, não queria mais briga ou qualquer


coisa que fosse, só queria terminar logo aquela cena.
Cristian fechou os olhos e quando abriu parecia mais
calmo, o que a mulher não sabia, é que a sua fala fez isso
com ele, a segurança que ela passou quando disse "estou
com você..." fez coisas estranhas e boas nele.

— Tirem ele daqui! — Ele disse, sabia que sua ordem


ia ser cumprida pelos seus homens. — Vamos, agora!

Com um aceno ela pegou na mão dele e o puxou,


olhou para Lou rapidamente, se comunicando
silenciosamente, elas entendiam-se bem o suficiente para
que usassem de palavras. Rose não deixou seu olhar cair
em Philippe, por mais que quisesse ajudar, tinha certeza
que estava bem. Ele já havia levado alguns socos piores,
que a mesma tinha presenciado, ficou apenas feliz que
Cristian não chegou até ele para terminar o que começou,
com isso sim ela ia ter que se preocupar. Subiu as escadas
com Cristian apressada, passou por todos sem falar nada e
ouviu Lou gritar atrás dela "Bom gente, chega de
adrenalina, vamos continuar. Isso aqui é uma festa. Mais
champanhe!" A música voltou a tocar imediatamente, Rose
agradeceu, por ela está tirando o foco da confusão.

Cristian sentia sua parte lógica finalmente voltar ao


seu lugar, nunca foi guiado tão veementemente por
emoção, ficou com raiva de si mesmo, porém pelo menos
tinha escutado Rose e não chutado um “cachorro morto”,
pois ia atrair mais atenção do que tinha feito. O casal
entrou na casa, e Rose os conduziu para o quarto de
hóspedes que era seu quando morou ali, quando entraram
no quarto, finalmente, ela soltou o homem indo trancar a
porta. Ele por sua vez escaneou o lugar, que era muito
delicado para seu gosto, mas não disse nada, apenas se
livrou do blazer e foi até a cama, sentando-se na beira do
colchão, encarando o nada. Rose o observou pensativo,
ele quase parecia triste, a mulher meio que esperava que
fosse haver gritos em russo assim que entrassem em um
local privado, mas não, Cristian estava ali sentado, quieto,
logo concluiu estava se fechando, ela não queria isso,
então foi até lá se sentando do lado dele.

— Eu não sabia que ele ia está aqui! — A mulher


começou procurando a melhor forma de iniciar um contato.

— Sei disso! — Ele respondeu deixando apenas um


vinco no meio da testa aparecer, mas Rose já tinha
aprendido o que significava, estava incomodado.
— Mas está com raiva de mim.

— Não estou com raiva de você! — A admissão a


deixou surpreendentemente aliviada, e ele continuou. — É
apenas aquele sujeito, tolerar a cena que ele fez hoje,
quase me tornou um santo.

A mulher suspirou e colocou mão em cima da dele,


que quase refutou o toque, mas no último segundo
permitiu, ela deixou um sorriso melancólico aparecer.

— Eu acredito que ele não vá mais fazer isso. Hoje só


estava muito bêbado!

— Isso tem que acabar! Você casou comigo, é minha,


irei o fazer entender que perdeu.

Ela olhou o homem, que deixava claramente


transparecer seu descontentamento, e a deixou confusa,
então as palavras explodiram dos seus lábios.

— Você está com ciúmes ou é somente posse?

Foi como um soco forte no estômago do Herovrisk.


Ciúmes?

— Nenhum dos dois. Que estupidez! — Ele se


levantou se livrando do toque da mulher, não admitindo
nada que não fosse sua raiva, Rose fez uma carranca
rolando os olhos.
— Tem razão, é uma estupidez, assim como você
querer ir falar, ou melhor, ameaçar o Philippe, na verdade,
pelo que conheço do meu ex, isso só irá dá mais corda
para vim atrás de mim.

Cristian olhou a mulher que se apoiava na cama o


encarando como se fosse um idiota.

— Então uma bala na cabeça resolve! — Afirmou e


postura relaxada dele se foi ao semicerrar os olhos para
ele.

— Não diga isso, olha, deixe me falar com ele e o farei


entender! — Ela tentou, a última coisa que queria era o
sangue de Philippe derramado, nesses momentos é que
ela não podia esquecer o quanto Cristian era perigoso e
não confiável.

— O que? — O Herovrisk explodiu. — Acha que sou


idiota? Nunca vai convencer ele!

— Claro que posso o fazer entender que acabou. Não


o fiz ainda porque não podemos conversar como pessoas
normais! — Ela se levantou da cama para encará-lo. — Por
culpa sua!

— Minha culpa?

— Sim, sua!

A raiva estava tomando o homem de novo, só de


imaginar ela perto do ex novamente era como tomar fel.
Lembrava-se do odioso do Philippe tentando pôr as mãos
em Rose, com certeza se ficasse sozinho ele iria tentar de
novo e.... Não!

— Você não vai chegar perto dele!

— Eu só quero conversar, explicar as coisas, ele


merece.

Rose alterou seu tom de voz se aproximando mais


dele, sentindo-se mais irritada com a reação do marido, ele
parecia irracional e totalmente autoritário, ela já havia
cansado de ficar se humilhando por permissão.

— Você quer conversar antes ou depois dele te foder?

No primeiro segundo Rose ficou em choque, porém


logo em seguida sua mão voou fortemente contra o rosto
de Cristian, o impacto fez a sua face dele arder, e nem com
isso no que ela tinha acabado de fazer.

— Eu não sou qualquer uma para você falar assim


comigo, eu sou sua esposa e me deve respeito, não irei me
desculpar por algo que você mereceu!

Rose falou firme sem se afastar nenhum milímetro,


mesmo que ele estivesse com o olhar carregado de um
perigo mal contido, ela estava muito irada de raiva para se
deixar intimidar. Cristian ficou encarando a mulher a sua
frente, ela parecia uma rocha com a postura firme, os olhos
quentes de raiva o enfrentando sem qualquer receio, o tapa
dela ainda ardia, enquanto ainda observava e ao que
parecia pronta para bater novamente nele, e Cristian não
entendia porque se sentia tão...

— Você me deixa louco!

Pegou nos braços dela, a mulher ficou em alerta, mas


não ouve tempo para pensar, ele a jogou de costas na
cama, em seguida cobrindo-a com seu corpo. Rose bateu
no peito dele, mas foi bem ineficaz, ele prendeu as mãos
dela em cima da cabeça, usando suas pernas para prender
as suas.

— Me solta! — Ela estava à mercê dele e pela


primeira vez se assustou com o que lhe aconteceria.

— Quieta!

— A merda. Me solta, eu juro que vou...

O homem a calou beijando-a com força, sem qualquer


cuidado. Cristian sentia raiva, descontrole e um desejo
incontido por ela, aquela criatura era mais corajosa que a
maioria de seus homens e inegavelmente excitante, nunca
pensou na vida que um tapa ia ser tão estimulante. Sabia
que tinha perdido sua mente quando pensou nela com o ex
no mesmo espaço, isso o deixou louco a ponto de não
pensar nas suas palavras, talvez tivesse merecido o
ataque, mas não importava, pois a queria com desespero.
Rose ficou em choque, mas não conseguia ficar inerte
quando o homem a forçava de um jeito excitante e quase
rude ao beijá-la. Ela estava presa, ele não deixava espaço
para que fugisse, quando se afastou minimamente, Rose
arfou por ar, ela lambeu os lábios encarando os olhos
cheios de luxúria dele.

— Você me excita todo tipo de coisa Rose, agora vai


ter que lidar com isso!

A voz dele fez cada terminação nervosa da mulher


vibrar e excitar-se. Não houve muito tempo para pensar
porque ela sentia seu cérebro fritar quando Cristian a
colocou, rapidamente em seu colo e rasgou literalmente em
duas sua blusa, o sutiã foi o próximo, só para ele capturar
entre os lábios os seios femininos. Ele não pensava mais
logicamente, só queria fazer ela sua, provar que era toda
sua, que somente ele podia deliciar e cuidar dela na cama,
em qualquer lugar. Rose não sabia mais dizer em que
momento a sua raiva se tornou aquele desejo, o bastardo
do marido não merecia que ela fosse tão suscetível, ainda
mais depois do que disse, mas ela não conseguia ignorar
seus toques, e não soube quando perdeu o controle total,
se foi quando ele a deitou na cama, se livrando da saía e
calcinha, ou quando a beijou inteira, deixando-a pronta
para tomar ele inteiro dentro dela.

— Co... Como faz isso comigo?... Ah Cristian...

A mulher o sentiu a abraçar a tomando mais fundo.


Gritou de prazer, levando as mãos até o cabelo dele,
enquanto usou as unhas para arranhar suas costas.

— Você é minha, minha...


Cristian rugiu o que não cabia mais no seu peito. Ele
estava totalmente perdido nela, sem lógica, sem controle,
não havia mais nada que ele pudesse pensar que não
fosse ao paraíso de está com ela, dentro dela, passou os
lábios pela pele alva, tudo nela era perfeito para ele, que
até o assustava. Rose foi jogada na cama sendo coberta
pelo corpo do marido, que a levou a um nível de prazer
nunca experimentado. A forma como ele dizia que ela era
dele, fez seu peito esquentar, e não conseguia raciocinar,
mas estava perto de dizer o que julgou uma grande
besteira do tipo "sou toda sua", o beijou dele fez com que
se calasse, tinha tanta coisa confusa dentro dela, mas não
podia pensar direito com ele tão próximo, Cristian era
inebriante e exercia algo forte nela, ninguém nunca a tinha
feito se sentir daquele jeito, e não era apenas prazer, ela
sentia algo mais.

И·И

A fumaça do charuto no ambiente deixava o lugar com


uma névoa, com as clássicas características de um local
perigoso e ilegal. Os dois homens em lados opostos da
mesa de pôquer, fumavam displicentemente.

— Sabe que em algumas semanas vamos ter a


oportunidade certa para atacar... — Um deles falou, o outro
tirou os olhos das suas cartas, para encará-lo.

— Claro que sei. Unir-me a você por isso, achou que


esperaria por seu sinal?

— Imagino que não!


— As instruções irão partir diretamente de mim. —
Tragando levemente seu charuto o homem disse.

— Não me oponho...

— Nem pode! — Com um sorriso sardônico o homem


de olhos escuros e frios falou. O outro não expressou nada.

— Somente você irá participar? Ou seu braço direito


também? Ainda não me informou essa parte do ato...

— Não, ele irá ficar de fora. Essa operação é sobre


meu comando!

Os seguranças que estavam do lado de fora da sala


não podiam escutar a conversa dentro da sala em que os
mafiosos se reuniam há mais ou menos um ano. Ninguém
sabia o que tanto debatiam, mas que a união deles havia
se formado no primeiro dia em que se trancaram dentro do
ambiente isolado, sabiam. Dentro da sala o silêncio se
instalou novamente, enquanto o jogo de pôquer
continuava. Mais uma rodada, apostas, e então o celular de
uns dos homens, ele pegou se dando conta da mensagem
ali. O outro homem do lado oposto da mesa percebeu que
o aliado que deixou transparecer seu desagrado com
qualquer coisa que tenha sido enviada na sua ali. Um
segundo depois o olhar frio foi desviado do celular ele.

— Temos uma situação.

— Qual? — A postura do homem mudou.


— Sua filha!

— O que ela fez?

— Nada relevante, ainda, mas está distraindo meu


braço direito, não me deixa feliz. Está distraindo meu filho!

Nesse momento o Volkov soube que o olhar frio de


Conegon ao outro lado da mesa deixava claro que devia
não devia brincar.

— Conegon...

— Quando me deu a sua filha mais nova, foi


justamente para não ter que me preocupar com Cristian
querendo foder ela a todo o momento, mas a sua filha mais
velha é mais experiente, com toda certeza entretém ele na
cama, o suficiente para deixá-lo sem foco!

O Volkov sabia que em algum momento o mafioso


voltaria naquele assunto da troca das noivas. Quando
ameaçou depois do casamento de Rose e Cristian, ele teve
certeza que qualquer outro problema os levaria até esse
momento.

— Cristian vai enjoar dela!

Conegon tragou mais uma vez seu cigarro e


dispensou um olhar duro ao homem.

— Como pode apostar nisso Iuri?


— Rose é irritante! — O pai falou de forma verdadeira,
sabia como a filha podia dar uma canseira em alguém.

— Sim tem razão, é irritante, demais, fala e se


comporta de modo inadequado a uma esposa, mas é
bonita, gostosa e com certeza uma foda perfeita. Isso está
distraindo Cristian ao ponto de nem corrigi-la do jeito certo!

Iuri não soube como responder, então apenas se


manteve impassível.

— Pode ser mais claro?

— Não seja burro. Sabe que sua filha com aquele


corpo pode manter a atenção do meu filho, tudo bem que
por um tempo, porque eu o eduquei para ser incapaz de
sentir algo, mas ele é homem. — Ele deu uma pausa. — O
tempo que ela o faz ficar distraído pode ser perigoso, uma
mulher nunca deve significar mais que um mero objeto,
sabe disso. Então é algo que deve ser sanado!

— Posso levar Rose para passar um tempo em minha


casa.

Conegon rolou os olhos e fez um gesto displicente


com as mãos.

— Isso é ineficaz.

— Então me fale o que pretende? — Iuri falou com


certa impaciência, mas de certa forma ficou preocupado
quando viu Conegon sorrir de modo sardônico,
perigosamente.

— Nada que interesse a você. Rose agora é uma


Herovrisk e está sobre o meu controle!

Iuri não gostou do modo como ele falou, ficou


temeroso pelo que aquele homem planejava, sabia o quão
Conegon era maquiavélico e perigoso. Ele tinha suas
diferenças com Rose, mas não queria que nada de ruim
acontecesse com a filha e tinha sérias preocupações agora
quanto ao que o Herovrisk mais velho planejava.

И·И

O sol batia no rosto de Rose, ela se mexeu abrindo os


olhos devagar, sentindo-se abraçada, assim que a visão
ficou menos embasada ela percebeu que dormia sobre o
peito masculino, levantou o viu o rosto sereno de Cristian
num sono pesado. Ela passou as unhas levemente no seu
peito, ele se mexeu mais não acordou, ela acabou sorrindo,
então viu um movimento na maçaneta da porta, com
cuidado se livrou dos braços de dele e foi até lá, enrolada
em um lençol.

Abriu a porta e encontrou uma blusa social masculina,


com uma calça de lavagem clara. Imaginou que tinha sido
Lorna, era a cara dela, guardar roupa para visitantes. Rose
sorriu, trancou a porta novamente, olhou para o homem
com o tronco despido na sua cama, ficou ali parada, um
longo tempo, antes sacudir a cabeça deixando a roupa em
cima da cama e rumando para o banheiro, ela precisava de
um bom banho seus pensamentos no lugar.

Cristian acordou com o barulho do chuveiro, avaliou o


quarto estranho, a procura da esposa, imaginou que ela
era a responsável pela água. Levantou-se não se
importando em estar nu, viu uma roupa em cima da cama,
mas ignorou indo até a fonte da quebra do silêncio matinal,
encontrou a mulher gloriosamente nua, ficou muito
entretido em observá-la, Rose sentiu a presença dele, o
encarou parado totalmente despido, ela não pode evitar um
sorriso malicioso.

— Vai ficar aí me olhando ou se juntar a mim?

— Acho que irei me juntar a você!

— Está demorando demais...

Rose falou sentindo-se corajosa o suficiente para tal


fala, gostava de ver aquele olhar provocante e malicioso de
Cristian. Quando ele entrou no ambiente com ela, a
imprensando na parede, em baixo do chuveiro, ela pôs as
mãos na cintura dele, deixando as unhas deslizarem
carinhosamente.

— Bom dia Cristian!

O homem sentia-se tomado por uma sensação de


extremo agrado, não sabia quando havia se sentido assim,
sem se importar a pegou pela cintura, forçando a enrolar
suas pernas nele.
— Bom dia Rose!

A mulher o beijou assim que sentiu o membro dele


pronto contra ela, que retribuía de forma sexy, enquanto a
preparou para tomá-la no chuveiro.

И·И

Uma hora depois o Herovrisk estava fazendo cara feia,


enquanto Rose terminava de secar seus cabelos, ela saiu
do banheiro se sentindo bem revigorada, afinal não pode
reclamar do tratamento do marido ali.

— Odeio cores claras!

Cristian disse fechando os últimos botões da camisa, e


olhou para a esposa totalmente vestida e linda. Absteve-se
daquele pensamento por não confiar no seu controle
sexual, que parecia está abalado nas últimas horas.

— Azul é a sua cor... Eu gosto!

Ela disse displicente procurando algo em sua bolsa.


Cristian não demonstrou, mas saber que a agradou, fez
sentir coisas estranhas. O celular do homem tocou, e ele
foi até lá, encarando a o nome brilhante na tela. Seu pai.

— Preciso atender...

Rose deu sua atenção para ele, entendeu o recado,


tinha pedido de forma até gentilmente que ela saísse e a
deixou até contente.

— Tudo bem, eu vou encontrar Lou, te espero na


mesa do café! — Ela disse lhe dando um sorriso e então
saiu, Cristian suspirou atendendo a ligação.

И·И

— Acorda! Acorda!

— Porra! O ser humano não pode nem morrer em sua


ressaca...

Lou falou sonolenta e jogando um travesseiro no rosto,


completamente esparramada na cama, Rose riu dela,
parecia como nos tempos antigos, onde sempre sobrava
para ela acordar a criatura que bebia demais.

— Morra depois. Fale-me sobre o Philippe!

A mulher de ressaca tirou o travesseiro do rosto,


revelando uma maquiagem completamente fora de lugar,
Rose segurou-se para não rir.

— Pode rir... Sei que estou como um panda. — Lou


falou e assim Rose se deixou rir. — Agora sobre o Philippe,
tá ótimo, na verdade, o soco que seu marido deu foi bem
forte, um pouco pior dos que ele recebeu, mas tá bem.
Liguei para o irmão dele vim buscá-lo.

Rose concordou, ela imaginou que o soco de Cristian


tinha sido pior, mas Philippe já tinha levado vários, um
deles ela mesma presenciou. Ele levou no dia em que se
conheceram no bar que o homem esse estava cantando, e
ela tinha ido acompanhado por um cara com quem estava
saindo, Philippe flertou com ela sem qualquer disfarce e
apanhou.

— Espero que ele fique bem, e longe!

— Sabe Rose, eu acho que ainda devia falar com ele,


explicar seu casamento, mostrar que realmente acabou.

— Não, eu já disse que acabou, achei que ele tinha


entendido, talvez tenha, mas estava bêbado ontem.

A mulher queria acreditar que Philippe ia se manter


longe, não queria imaginar o que Cristian poderia fazer
com ele se chegasse perto assim de novo dela.

— Eu devia ter mandado tirar o nome dele da lista,


mas ele havia dito que não vinha, então não esqueci.

— Esquece, já foi. E me desculpe pela cena ontem...


É que Cristian não gosta do Philippe!

— Não gosta? — Rolou os olhos. — Isso é um


eufemismo! — Disse, e Rose bufou e bateu com o outro
travesseiro nela.

— Aprendeu uma palavra nova foi?

— Sim. E aprendi outra, quer saber?...


Possessividade! — A mulher franziu os lábios para a
amiga.

— Você ainda dever está bêbada.

— Não, quer dizer, ainda tenho resquícios, mas no


geral estou bem, e sei o que vi, seu marido olha para você
como se fosse te devorar, ele nunca se afastou ontem
durante toda a festa, e quando Philippe chegou eu pensei
que ele fosse te colocar nos ombros e sair levando
embora...

Rose ficou meio chocada com o que a amiga disse,


engoliu com força o nó que se formou na sua garganta,
mas então tentou forçar a lembrar de que Cristian era
territorial com tudo, tudo que achava está na sua posse,
então toda essa "possessividade" não passava de vaidade,
ela era seu objeto, era isso.

— Quer saber, chega! Vai tomar banho Louise, cansei


desse papo...

— Minta para você, mas eu consigo te ouvir


pensando, e eu sei o que vi, seu marido caidinho!

Rose rolou os olhos com total incredulidade, ela


conhecia e sabia como os homens da máfia funcionavam e
Cristian era um deles, poderia até gostar o sexo que
compartilhavam, todavia, aquilo estava muito longe de
alcançá-lo romanticamente.

И·И
Todos tomavam café na grande mesa posta do jardim
dos Beilors. Os amigos de Lou também se juntaram a eles,
porém o que chamava a atenção do grupo, que
discretamente observava, era a interação de Cristian e
Rose, os dois nem precisavam se olhar, trocavam as
coisas de modo automático. Ela lhe passava o chá, ele o
café, em seguida as passava torradas, e o ela pão preto e
deixavam a geleia eles. Longe de perceber a avaliação,
Rose ficou feliz que o assunto mantido na mesa foi bem
ameno, evitando comentários sobre a briga de Cristian com
seu ex, pelo menos na frente deles.

— Então Cristian, vai levar Rose de mim hoje?

Lou perguntou jogando um pedaço de bolo na boca,


ele encarou para a mulher deixando que sua expressão
fosse simpática, não queria atrair a atenção errada, mais
do que já tinha feito.

— Acho que sim Louise.

— Rose me disse que estão nos Hamptons, acho que


podia deixar ela aqui, a viagem de carro não é tão longa,
para ela ir depois.

Cristian olhou para Rose, ela tinha uma expressão


meio preocupada, ele voltou sua atenção à amiga dela, não
qualquer inclinação em deixar Rose.

— Não, mas é melhor que ela me acompanhe hoje.


— Ah que fofo Rose. — Louise disse olhando para a
amiga. — Acho que tem alguém com saudades!

O Herovrisk semicerrou os olhos ao se voltar a


esposa, que nem deixou seu olhar passa perto dele, estava
fuzilando a amiga.

— Lou!

— Porque não fica aqui, com a Rose, pode ir amanhã?

A ruiva ofereceu e ele se deu conta que aquela


criatura não ia desistir tão fácil, mas ele não ia deixar Rose,
ainda mais com aquele Don Juan de meia tigela do
Philippe a rondando, suspirou, não acreditando que faria
aquilo.

— Se quer passar mais tempo com Rose, venha


conosco para os Hamptons, a casa é grande!

Rose olhou para Cristian de queixo caído, a última


coisa que imaginou fosse que ofereceria aquilo.

— Ah sério? — Louise sorriu. — Adoraria, o pessoal


pode ir?

O pessoal era Marcos, Raissa e Jean, a tropa


inseparável. Cristian controlou-se para não demonstrar o
desagrado, então concordou, e os convidados por sua vez
ficaram mais que felizes.

— Se os senhores quiserem, podem ir também.


Cristian falou para Lorna e Anthom, não iria ser
indelicado não convidando. Rose ficou quase em êxtase
com o que ele fazia, o casal Beilors concordou em ir,
claramente animados. Um tempo depois Rose ficou
sozinha com o marido enquanto saíam do jardim, olhou
para ele vendo sua carranca incontida no momento,
acariciou o rosto dele, os olhos escuros encontraram com o
azul dos seus.

— Obrigada, Lou pode ser bem insistente.

Ele suspirou concordando, então fechou a mão ao


redor da dela, sem nem mesmo se dar conta, Rose
percebeu e gostou.

— Acho que ela já tinha esse objetivo quando


começou, e de uma forma ou de outra me faria fazer o
convite!

— É uma possibilidade. — Ela disse rindo e então o


parou. — Mesmo assim obrigada, me deixou muito, muito
feliz, eles são como uma família para mim.

Sem saber exatamente como agradecer, mas


parecendo o certo, e ela levou os lábios até os dele, pondo
os braços ao redor do seu pescoço. Cristian tentou não
reagir, mas quase de modo automático a abraçou,
devolvendo o beijo, e por mais estúpido que ele achasse,
ficou contente por fazê-la feliz, e o mais atípico, era que
isso o deixou muito feliz também.
И·И

Os convidados do casal Herovrisk ficaram de queixo


diante da mansão que se exibia impressionante sob os
helicópteros que se preparavam para pousar.

— Nossa, que bela Cristian!

Louise falou ao sair do veículo aéreo encontrando a


amiga ao lado do marido, que lhe deu um aceno discreto,
ela já tinha visto que aquele sujeito não era de muitas
palavras. Quando toda a trupe de convidados já estava em
terra Rose os conduziu para dentro, sendo então
recepcionados pela governanta.

— Olá Sr. e Sra. Herovrisk.

— Katelyn. — Rose disse. — Bom dia, como você


está? — Ela abraçou a governanta e Cristian observou
aquilo sem entender o porquê, mas não disse nada e
entrou na casa.

— Cuide de mostrar a casa para eles, vou para o


escritório.

O homem falou a Katelyn, deixando Rose para trás,


que em nada estranhou a distância dele novamente, já
conhecia o sujeito o suficiente para saber que seu humor ia
de “quente” ao “frio” em frações de segundos.

— Katelyn pode mostrar os quartos para todos?


— Sim, na verdade eles estão prontos para recepção,
o Sr. Herovrisk avisou!

— Ótimo! — Disse Rose sorridente e sua melhor


amiga se aproximou, a governanta tratou de começar a
organizar as visitas se afastando da esposa do patrão.

— Praia ou piscina? — Lou perguntou.

— Eu estava pensando em uma volta de veleiro! — O


queixo da ruiva caiu antes da mesma rolar os olhos ante a
risada da amiga.

— Claro que vocês tinham que ter um veleiro!

— Não “vocês”, Cristian tem.

— Querida, que bela casa, eu estou encantada! —


Lorna disse pondo a mão no ombro dela.

— É tia, só posso dizer o mesmo também.

— Ei mãe, vamos nos trocar, hoje iremos passear no


veleiro da Sra. Herovrisk aí! — A melhor amiga de Rose
falou a fazendo rolar os olhos com divertimento, enquanto
Lorna riu.

— Vão se trocar, vou fazer o mesmo e falar com


Cristian, encontro vocês logo.

Elas se despediram rapidamente, enquanto a recém


Sra. Herovrisk fez seu caminho para o quarto principal da
mansão, já o marido dela, deixava o escritório para ir ao
mesmo lugar. O homem estranhou o silêncio quebrado
daquele lugar, tinha certeza que nunca tinha ouvido tantas
vozes diferentes dentro daquele ambiente. Quando
finalmente alcançou a porto do quarto e abriu, foi só para
parar abruptamente, os olhos escuros do sujeito deslizaram
pela pele alva da esposa que vestia nada mais do que
minúsculos pedaços de pano que ela devia chamar de
biquíni.

— Ah, que bom que chegou, queria falar com você! —


Rose disse se dando conta do marido parado a porta. —
Vai ficar aí?

Ela insistiu quando não o viu fazer nenhum


movimento, Cristian engoliu em seco, ainda estava
abismado com a quantidade de beleza naquela mulher, se
moveu fechando a porta, mas tudo parecia muito lento ao
seu redor ou era simplesmente sua mente.

— Será que pode emprestar o seu veleiro para um


passeio?

O Herovrisk voltou a encarar a esposa e quis gemer,


tinha visto ela de costas, agora a mesma estava totalmente
de frente e era a criatura feminina mais perfeita que já tinha
tido o prazer de por seus olhos.

— Um passeio?

— Sim! — Ela sorriu. — Por favor.


Cristo, não sorria assim para mim... Ele pensou,
suspirando, querendo que aquele “passeio” se explodisse
enquanto caminhava na direção dela sem entender o
motivo dela estar exercendo tamanha atração nele, já tinha
visto ela nua, tomado seu corpo, todavia, lá estava,
completamente afogado de desejo

— Tudo bem. — Ele respondeu, Rose piscou


surpresa.

— Sério? — Ele deu um aceno seu olhar fixo sobre


ela. — Hum, que bom vou avisar o pessoal. Ah, mas antes,
sabe se tem bronzeador por aqui? Eu me esqueci de
comprar.

— Quem se importa...

Ele nem piscou, a mulher logo começou a se dar conta


que a maneira mais estranha que o normal dele se
comportar deveria ter haver com o biquíni que ela usava.
Homens! Um sorriso passou pelos lábios dela, pois gostou
de ter aquele efeito sobre o marido.

— Acho que você não está ouvindo nem metade do


que eu digo!

Cristian alcançou o corpo dela envolvendo sua cintura


não deixando espaço entre eles. Havia a vontade de se
controlar, de não deixar aquele desejo dominar, entretanto,
ele cedeu.
— Talvez tenha razão. — A respiração dela se alterou,
ele gostou. — Adoro a cor da sua pele, o jeito com que fica
vermelha, pois você é muito delicada, não quero que se
que pegue sol, pois está linda assim, se mantenha desse
jeito pra mim!

O coração de Rose estava quase pra sair da sua caixa


torácica. "Adoro. Adoro. Adoro" o jeito que ele falou fez a
mulher ficar em um transe. Cristian era muito, muito,
tentador a olhando daquele jeito mal e sexy, porém com
uma gentileza que destruía qualquer pensamento coerente
dela.

— Sempre achei que homens preferiam as


bronzeadas...

Ele deu um aceno negativo e a empurrou na cama,


cobrindo seu corpo com o seu, deixando sua mão deslizar
até a bunda dela para apertar, Rose gemeu.

— Eu nunca gostei de um tipo específico, mas você...

Cristian teve que se parar antes que dissesse alguma


besteira, o desejo que tinha por ela nublava todos os seus
sentidos, sua lógica, a mulher sorriu começando a abrir a
camisa dele, enquanto acariciava o com sua perna,
roçando o membro excitado masculino.

— Eu o que? Fale comigo.

Rose sentia-se quase em desespero para que aquele


homem falasse e a tomasse do jeito que só ele sabia fazer.
Empurrou a sua camisa, livrando seu tronco nu, e levou o
rosto até o pescoço dele passando os dentes ali.

— Porra... — Ela passou as unhas na costa dele, se


mexendo contra o membro do homem. — Você é
incomparável, Rose!

Ele a beijou com puro desejo, não media suas


palavras ou seus atos, ele a queria e ponto. Rose devolveu
o beijou na mesma intensidade se sentindo enfeitiçada pelo
sujeito.

— Cristian, eu quero você...

Ela gemeu contra seus lábios, sem esperar mais ele


foi abriu o fecho do biquíni dela, tomando os seios exposto
em sua boca. Rose rolou os olhos de prazer quando ele
brincou com seus mamilos, deixando sua mão entrar na
calcinha e fazer coisas deliciosas.

— Tão deliciosa, não suporto mais essa tortura,


preciso estar dentro de você!

— Não sei por que está demorando tanto. — Ela


reclamou rindo e o homem fez o mesmo, mas agora pronto
para tomá-la.

— Não vou ser gentil agora, quero você rápido e duro!

Ele disse olhando para mulher na cama totalmente


linda e nua... Toda minha! Aquele instinto louco gritava isso
dentro dele, enquanto encarava a sua esposa morder os
lábios, excitada, brincando com ele.

— Faça seu melhor!

Cristian fechou os olhos, ela fazia coisas doentias com


seu sistema, com um golpe rápido ele entrou nela, fazendo
com que gemesse de prazer ao o abraçar, tomando seu
ritmo quase punitivo, ele não deixava que a mulher
conseguisse sentir outra coisa a não ser prazer, mantendo
ela no lugar, indo o mais fundo que podia, e para o deleite
dos dois.

— Inferno... Você parece um anjo, mas é a melhor


tentação desse mundo! — Ele disse, Rose mordeu o ombro
dele, segurando-se, aceitando as estocadas com prazer, o
beijou pedindo por mais.

— Você é incrível!

Cristian manuseou a mulher de forma que roçou seu


ponto de prazer a atingindo forte e então comandou o
clímax deles juntos, foi como se todo o mundo ao redor
simplesmente desaparecesse e só existisse os dois ali e
mesmo ao se separarem ainda sentiam o mesmo. A
intensidade daquilo assustou a ambos, nenhum jamais
havia compartilhado tamanha satisfação assim, ficaram ali,
calados, se acalmando Rose ainda abraçada a ele, e se viu
não querendo soltá-lo, começando a acariciar seus
cabelos.

— Eu descobrir que gosto rápido e duro.


Rose quebrou o silêncio, o Herovrisk se deu conta que
sorria e também do toque suave. Depois daquele momento
alucinante com ela, aquele ato parecia tão correto, ele
sorveu o cheiro feminino, enquanto mantinha o rosto na
curva do seu pescoço delicado. Havia adquirido uma
certeza, poderia ficar anos sem sentir aquela fragrância
intrínseca a pele dela e mesmo assim jamais esquecer. Ele
levantou o rosto somente para encontrá-la sorrindo com os
olhos brilhantes, o cabelo fora de lugar, por ele ter enfiado
as mãos ali, os lábios avermelhados por causa dos beijos
tórridos.

— Você me faz perder o controle... — Admissão foi


mais fácil do que ele imaginou, ela sorriu gostando de vê-lo
aberto.

— Um pouco de descontrole é bom! Gosto de você


assim...

Disse acariciando o rosto dele, em seguida sugando o


lábio inferior do homem, este se deu totalmente por
vencido, não sabia o motivo, mas resisti a ela parecia
errado demais, então a beijou, tomando tudo que podia,
Rose sorria.

— Pare ou não conseguirei sair dessa cama! — A


mulher falou e ganhou um olhar provocador dele.

— Talvez não queira que você saía.


— Ah mais eu devo. — Disse em o soltando. — Vou
tomar banho e faça o mesmo, porque quero dar uma volta
no veleiro!

Ele a deixou sair levando consigo lençol enquanto


tomou o centro da cama pondo os braços atrás da cabeça
confortavelmente, e sem nada o cobrindo, desafiando
esposa a não se deixar olhar, e a mesma olhou, sem poder
negar o espetáculo de homem.

— Eu dou ordens aqui, não você Sra. Herovrisk!

Rose sorriu irônica e então soltou o lençol que cobria


seu corpo.

— Se quer dar ordens, mande em mim em uma cabine


daquele barco.

A mulher piscou provocante enquanto o olhar do


homem caiu sedento e escuro sobre ela totalmente nua,
obviamente deu muito tempo para ele apreciar, foi para o
banho. Cristian jogou a cabeça contra o travesseiro
encarando o teto com um sorriso pequeno, ele pensou que
ia adorar ter Rose em uma das cabines do veleiro.

И·И

Eles navegavam em mar aberto, o iate de luxo os


seguida, eram os seguranças trazendo outros “brinquedos”
aquáticos do Herovrisk. Rose observava o marido no
comando do veleiro, sob o sol, de óculos escuros, sem
camisa, navegando com imponência. Ela ficou tentada a
tirar ele daquele comando e se trancar em uma cabine,
mas não ia ser possível, todos iam sentir a falta deles, seus
amigos iriam perturbá-los com a mais absoluta certeza.

— Você está babando! — Louise surgiu ao lado dela


com um sorriso de canto a observando por cima dos óculos
enquanto tomava um drink.

— O que?

— Não se faça de desentendida, até um cego


enxergaria a forma como você olha para o seu marido.

Rose cruzou os braços em uma postura defensiva,


não tinha nada demais na forma de olhar para ele, ela
julgava obviamente que não podia esconder o quanto o
achava belo, mas era só isso.

— Pare de ser ridícula Louise não tem nada de


diferente no jeito que olho para ele. — Disse e a ruiva deu
de ombros.

— Tudo bem eu paro de ser ridícula quando você


parar de ser teimosa. — Ela semicerrou os olhos para a
amiga que sorria como um predador ganhando sua caça.

— Se existe alguém mais teimosa que eu nesse


mundo com certeza é você!

— Obrigado!

— Não foi um elogiou.


— Foda-se!

Rose riu e voltou-se para Cristian, bem a tempo de ver


Emily se prostrar ao lado dele, ela dizia algo, e bom humor
dela se foi.

— O que diabo ela está falando?

— Com certeza não é sobre o tempo! — Lou


respondeu com a voz pingando divertimento, sua amiga
não riu, na verdade, saiu em direção ao seu marido.

— Você vem muito a Nova Iorque?

A mulher perguntou ao Herovrisk que fez um tamanho


esforço para parecer simpático quando somente queria que
ela sumisse e o deixasse velejar em paz, tinha poucas
oportunidades para aproveitar daquilo, assim como havia
pouquíssimas coisas na vida que lhe eram prazerosas.

— Não, meus negócios são concentrados na Rússia.

— Nunca fui lá. — Ela lhe deu um sorrisinho que o fez


querer bufar. — Dizem que vocês, russos, são muito sérios,
porém você não me parece assim...

— Ah é porque ele está fingindo!

A voz de Rose o fez girar o pescoço só para vê-la


chegar a eles, pondo a mão em seu ombro, ele finalmente
se sentiu respirando normalmente.
— Como? — Emily perguntou rindo, viu sua esposa dá
de ombros.

— Ele não é simpático assim, provavelmente é o fuso-


horário que está fazendo mal.

Foi inevitável, ele riu, a amiga de Rose sentiu que


claramente era hora de sair, então dando um sorriso e uma
desculpa que ia até Louise, se foi. Cristian olhou para sua
mulher ainda com resquícios da risada.

— O que foi isso? — Ele perguntou.

— O que estavam conversando? — Ela devolveu a


pergunta, o homem deu de ombros.

— Ela só puxou assunto, do tipo como é a Rússia.

Rose rolou os olhos, ela e Emily eram amigas, todavia,


nunca foram tão próximas ao extremo, na verdade, a
mesma sempre foi mais amiga dos meninos do que dela.

— Típico!

— Incomodada Sra. Herovrisk?

— Nem me venha com essa. — Ela disse na


defensiva, Cristian desviou os olhos com um sorriso de
canto.
— Vou parar aqui e mandar colocar o Jet-ski na água,
quer vir? — A oferta tomou toda a atenção da mulher.

— Com certeza!

— Tudo bem, mas pegue aquele colete.

— Isso é sério?

— Sim.

Ela soltou um riso descrente mais saiu para buscar o


colete, aquele foi o meio tempo para que os homens do
Herovrisk preparasse a veículo aquático, quando a mulher
voltou Cristian a puxou para si verificando as fivelas e as
apertando mais.

— Jesus, você vai me sufocar. — Rose reclamou, mas


ria. — Com medo de eu fugir?

— Não chegaria muito longe, não sou seu pai!

Ele tirou os óculos jogando sobre as cordas do dec,


Rose soltou um bufido enquanto foi puxada pela mão,
sendo levada até a popa do veleiro, onde o Jet-ski
aguardava pronto, Cristian foi à frente, em seguida ela.

— Por que só eu estou usando um colete? —


Perguntou vendo colocar a chave no veículo no pulso e
dando de ombros.

— Porque eu quero!
Ela arqueou a sobrancelha e viu pelo perfil dele que
sorria e isso diminuiu o ultraje dela, desde que sabia que
fazer aquele homem rir era o mesmo que extrair ouro.

— Estou emocionada... — Comentou com ironia, mas


dessa vez ele se virou para ela já sério.

— Preste atenção agora, eu quero que se segure em


mim, não me deixe, nunca! Se estiver escorregando ou
qualquer coisa me diga, não se jogue. Está entendendo?

Cristian não se importava de como parecia, somente


não poderia arriscar perdê-la se caísse. Ela por sua vez
ficou tocada com o cuidado dele, a fez se lembrar de do
episodio em que o assustou, nunca mais faria algo do tipo.

— Entendi, não vou largar de você por nada.—


Afirmou, e Cristian ficou agradecido por ela não questionar
nada, então funcionou o Jet-ski, se afastando do veleiro.

— Pronta?

— Sim! — Sentiu-a apertar os braços ao seu redor,


então acelerou, ouvindo o som da risada dela. — Mais
rápido!

Ela parecia gostar de velocidade, e ele decidiu dar um


pouco de diversão.

— Segura firma! — Falou por cima do som do vento


batendo contra eles.
— Estou segurando.

Com a afirmação ele acelerou fazendo uma manobra,


sempre de olho nela, mas o som da risada da mulher o fez
continuar. Rose o abraçava forte, adorando o passeio,
quando Cristian parou no meio do mar ela ainda sorria
abertamente.

— Já pilotou um desses Rose? — Ele perguntou para


a mulher a olhando por cima do ombro, estava confiante
para a deixar fazer aquilo, ela deu um sorriso gigantesco,
animado.

— Não, mas aprendo rápido, prestei atenção em você!

— Tudo bem, eu vou deixar você pilotar.

Os olhos da mulher brilharam, Cristian pulou na água


para que não corresse risco dela precisar fazer aquilo para
trocarem de lugar, Rose esperou ele subir atrás dela e
então ele prendeu a chave no seu pulso.

— Somente acelere ali, nada mais e busque não


manobrar tão bruscamente ou podemos virar. — Ele a
orientou vendo-a prestar atenção em tudo com um
sorrisinho no canto dos lábios, com isso a deixou tomar o
controle.

— Segure-se Sr. Herovrisk!


Rose segurou firme e escutou a risada baixa dele
abraçando-a quando acelerou, Cristian se sentia muito
contente por vê-la assim, relaxada e linda. Ela olhou para o
homem atrás dela, sentindo-se feliz como em muito tempo
não tinha sido.

И·И

Da varanda da casa o Herovrisk observava Rose na


beira da praia com os amigos, decidiu que não gostava dos
dois homens, que a olhavam com mais interesse do que
seria educado. Ele resolveu que deveria manter sua
atenção sobre os dois e com um passo errado daria uma
lição, o celular dele tocou o tirando de foco, quando leu o
nome na tela suspirou, mas atendeu no terceiro toque.

— O que houve Zirius?

Seu tom de voz era imparcial ao falar com o homem


de confiança da segurança dos funcionários de um dos
galpões de armazenamento dos Herovrisk na Rússia, no
entanto, Cristian sabia exatamente do que se tratava
aquela ligação.

— Senhor, desculpe ligar assim, mas temos um


problema. Varris, nosso carregador, andou abrindo o bico...

Os carregadores eram os responsáveis pelas cargas e


distribuição das mesmas para eles. Sempre sabiam de
muito, tinham boas informações.

— Andou falando com a polícia?


— Não senhor. Pior, os Holandeses!

O homem sacudiu a cabeça em negativo, tudo que o


estúpido não podia fazer o fez, ainda com os Holandeses.
Cristian e todos da sua árvore genealógica os odiavam, o
mercado de atuação dos dois era muito forte, isso gerou
uma grande briga antiga e bem perigosa, que ainda não
tinha sido apaziguada. O ódio por eles só não era maior
que pelos italianos, todavia, com esses tinha sido
levantado um período de trégua, mas todos sempre
estavam esperando uma bomba explodir.

— Eu já estava sabendo, em breve um dos meus


homens irá chegar com ele aí, fiz seu trabalho, então dessa
vez cumpra sua tarefa.

— Sim Sr. Herovrisk, não teremos mais falhas.

— Espero que sim. Trate de tirar cada gota de


informação dele, não o quero morto, quando terminar jogue
no fosso. — Cristian ouviu um movimento atrás de si, se
virou para ver Louise. — É só isso, eu cuidarei do resto
quando voltar!

Cristian não precisou dizer mais nada, apenas


desligou, olhou para a amiga de Rose esperando que a
mesma não entendesse nada de Russo, e a observou com
desconfiança, mas mascarando tal fato, com um curto
sorriso.

— Algum problema Louise?


— Não! Tudo muito bem... — Ela sorriu, e ele ainda
não sabia onde “pisava” com figura ruiva. — Mas se estiver
desocupado queria bater um papo rápido, ainda não
tivemos essa oportunidade.

Dando um aceno e completamente na defensiva, ele


aceitou.

— Claro, pode falar, sou todo ouvidos.

Ela adentrou mais a varando ficando ao lado dele e


cruzou os braços de forma despreocupada, ainda
encarando-o, Cristian não gostava de não parecer intimidá-
la.

— Você sabe que eu e Rose somos como irmãs,


certo?

— Sim!

O sorriso dela foi categórico. Nenhuma reação ele


esboçou, no fundo não estava surpreso, já tinha uma
certeza velada que a esposa tinha aberto o “jogo” com a
melhor amiga, pelo menos de uma boa parte da história,
todavia, não achava que Louise sabia da máfia.

— Imaginei que saberia. Rose parece não ter


segredos com você!

— É, pode se dizer que sim, quase não tem, mas isso


não vem ao caso. O que realmente quero com você é
saber se está disposto a ser um marido de verdade ou
apenas falsas aparências?

Estava clara a linha que seguiam ali, a mulher era


franca e sem rodeios, sabia aonde ia e não media suas
palavras, e ele resolveu que era hora de ser incisivo
também.

— Eu já sou o marido dela!

— Não estou falando de sexo, ou sei mais lá o que,


estou falando de amor. Rose não merece menos do que
um homem que a ame de verdade... Pode não parecer,
mas a ela precisa disso, muito.

Cristian franziu o cenho, preferia estar apanhando ao


falar sobre aquela trivialidade. Amor! Isso não existia no
seu mundo, tudo que sabia sobre aquilo era que não
passava de uma desculpa, uma fraqueza.

— Não acho que isso seja importante agora Louise,


sua amiga se casou comigo e é isto! — Afirmou e ela deu
um aceno em negativa com clara discordância.

— É importante sim! — Sua expressão ficou séria. —


Olha, a Rose é essa coisa, essa pessoa maravilhosa, mas
não sei como, sei como a família dela foi rígida. Eu vi mais
vezes do que posso contar ela sempre sendo coibida,
deixada de lado, ela cresceu sendo criticada, sem ser
verdadeiramente cuidada Cristian, não sei se você
entende, mas ela se tornou minha família, amamos e
demonstramos, pois não há nada que a faça mais feliz!
— E que quer que eu faça?

— Tente amá-la, duvido seja difícil conseguir.

O homem ficou sem uma reação imediata, ainda


processava em sua mente o discurso da mulher e isso o
levou a coisas do passado.
...

Cristian olhava para o casal de joelhos a frente do


chefe da máfia, seu pai, e sentia sua glote fechar, não
porque todos naquela sala estavam armados e ameaçando
as duas pessoas, isso ele já tinha se acostumado mesmo
estando apenas na sua adolescência, porém ao que estava
acontecendo não.

— Sua esposa é bonita Rondon! — O chefe da máfia


falou.

— Por favor, a deixe ir!

— Calado! Eu não quero ouvir você, não ainda...

Cristian observou seu pai se abaixar em frente à


mulher que chorava assustada, passou a arma pelo queixo
dela.

— Gosto de pele clara... São as melhores para


marcar.

— Pare!
O marido da mulher gritou e foi calado com um chute
nas costelas, ele caiu, mas logo foi posto de joelhos
novamente, Cristian viu a mulher sofrer pelo homem.

— Sabe que tudo de ruim que irá acontecer com você


é culpa dele!

Conegon falou a ela e então sem dar tempo desceu a


coronha no rosto mesma, causando um afundamento perto
da testa, fazendo com que gritasse de dor. Seu pai ignorou
levantando-se, o marido gritou tentando chegar nela.

— Se você tivesse escolhido ser fiel a máfia sua


mulher não ia sofrer!

Ele viu seu pai bater mais uma vez com a coronha da
arma no rosto da mulher seguidas vezes, o sangue
espirrava, o marido gritou em desespero como se ele
estivesse sofrendo o ataque até que ela caiu inerte, mas
não estava morta, Cristian sabia quando olhou no rosto do
chefe da máfia, completamente sujo de respingos sangue.

— Ela não está morta!

Conegon disse ao homem que chorava copiosamente.


Cristian via a dor clara nele, pior do que a do chute que
levou, pior do que tudo que tinha visto.

— A deixe ir, por favor, eu faço qualquer coisa,


qualquer coisa...
O pai de Cristian sorriu de forma sardônica. Um tempo
depois o homem tinha feito tudo que ele mandou. Passou
para ele endereços, contas, números e datas dos próximos
encontros onde ia articular a venda de armas e drogas dos
italianos, aquele sujeito de traficante bem relacionado,
passou a um mero fantoche.

— Sabe Rondon, eu esperava mais de você...

Falou o chefe da máfia vermelha russa então fez um


sinal para um de seus homens, que reanimaram a mulher
caída e pondo nos braços do marido que a abraçou
beijando, falando alguma coisa de forma baixa.

— Que decepcionante!

Cristian ouviu o pai dizer enquanto observava a cena,


e com outro gesto, um dos seus outros homens pegou a
mulher dos braços do marido. Que foi puxado para longe
enquanto e acorrentado em uma pilastra da sala, para um
momento depois ver sua mulher se posta em sua frente e
então começar a ser estuprada. Ele virou o rosto não
queria ver aquilo, mas então seu pai o pegou fazendo
aquilo, e se aproximou lentamente e pondo a mão no seu
ombro e o encarou.

— Quero que olhe! Veja como um homem pode ser


um verme por causa de uma criatura tão insignificante
como uma mulher, porque acha que a ama... Olhe!

A voz fria do pai não deixava dúvidas que se Cristian


não fizesse o que era mandado ia ser castigado. Então ele
olhou, sentindo seu estômago revirar com a cena.

— Pai... — Ele queria vomitar. Conegon segurou seu


rosto.

— É isso que laços efetivos fazem. Enfraquecem o


homem a ponto de ele ser totalmente dobrável... Um fraco!

Cristian olhou aquilo até o final, até a mulher ter sua


garganta cortada e deixada na frente do marido. Que ficou
vivo e ficaria vendo por dias e dias até que morresse de
fome. Foi isso que Conegon disse ao filho achando
divertido, e nesse dia ele teve noção de como era perigoso
criar laços com alguém, amar alguém.
...

Ele sacudiu a cabeça levemente, se desfazendo


daquelas lembranças, não queria voltar a suas lembranças
novamente e tinha aquela menina ruiva lhe encarando
querendo uma resposta para algo estúpido.

— Eu não acredito em "amor", tudo que posso dizer é


que Rose será bem tratada, cuidarei dela até o fim dos
meus dias, isso eu prometo! — Cristian falou sem emoção
alguma, Louise bufou.

— Uma dica, amor existe, não importa se acredita ou


não, tem muitas formas, significados...

A mulher sorriu satisfeita, deixando o marido da amiga


para trás confuso, Cristian sabia que não podia criar laços
com ninguém, entendeu há muito tempo e também sabia
que não era capaz, nunca foi e nunca seria.

И·И

— Nunca achei que você fosse se casar com um


figurão...

Rose tirou os olhos da fogueira, feita para o pequeno


luau, encarando Marcos que sentou ao seu lado, enquanto
Jean ficou do lado oposto conversando animadamente com
Raissa. Nem Cristian ou os pais de Lou tinham vindo até a
praia ainda, assim como a própria, o que a fez estranhar a
amiga não ter aparecido, mas se absteve desse
pensamento, pondo um sorriso no rosto.

— E nem eu! — Ela deu de ombros desviando os


olhos. — Nunca foi um objetivo de vida. — Ela ouviu uma
risada sem muito ânimo do homem ao seu lado, o encarou
novamente com curiosidade.

— Sei disso Rose, mas realmente esperava que um


dia, você sabe... Que a gente...

— A gente nada Marcos! Vaza, porque se o marido


dela te pega... Você já viu o soco de direita dele!

Ela tomou um susto com Louise que apareceu, por


providência divina talvez, para que cortasse Marcos, o
amigo delas por sua vez rolou os olhos, mas dirigiu um
olhar carinhoso para a Rose antes de pedir licença e sair.
Lou se sentou ao lado da amiga com um sorriso sinuoso no
rosto.

— O que te deu Louise Beilors para estar sorrindo


assim?

— Em mim? — Ela bateu os cílios de forma inocente.


— Nada, por que não vai chamar seu marido? Mamãe e
papai já estão vindo e sabe que o Sr. Anthom adora contar
histórias, não vão querer perder.

— Por que tenho a impressão que está aprontando?


— Rose semicerrou os olhos, desconfiada, a ruiva se fez
de indignada.

— Tenha um pouco mais de fé em mim Rose!

Dessa vez ela que não conteve uma careta, mas


então rolou os olhos, se erguendo para ir atrás de Cristian,
no final das contas nada era mais descortês, que o anfitrião
da casa, não estivesse presente naquela pequena reunião
a beira da praia. E Louise por sua vez sorriu por ver a
amiga acatar a sua sugestão, e Rose sempre tinha razão
no final da história, a ruiva realmente aprontava, mas dessa
vez não tinha nada de ruim, ela já tinha certeza que o tal
Herovrisk gostava muito mais de Rose do que deixava
transparecer e para a amiga realmente admitir também o
que sentia era questão de tempo, faltava pouco, era visível.

Rose encontrou Anthom e Lorna no caminho, avisou


que só ia buscar o marido, e já voltaria para se juntar a
todos. Não precisou de muito tempo para avistar a figura
masculina, em sua calça de flanela escura e camisa polo,
plantado estoicamente na varanda. O observou de perfil,
ele parecia totalmente distante com aquele famoso vinco
entre as sobrancelhas maculando o belo rosto, aproximou-
se devagar procurando a melhor forma de abordagem,
preferiu o contato físico, não que para ela fosse uma coisa
difícil, no entanto, admitir era. Rose envolveu a mão dele e
o olhar escuro, parecendo confuso, encontrou-se com o
dela.

— Oi. — Sorriu devagar. — Estão todos nos


esperando na praia, você não vai?

Cristian estava imerso em seus pensamentos e ainda


um pouco mexido com o que Louise disse, mas ele tinha
sido tragado de volta com o toque da sua esposa, a mão
pequena cobria a sua. Ele suspirou estava cansado de ficar
ali remoendo suas lembranças e barreiras, os olhos azuis
pareciam tão doces o impeliram a esquecer de qualquer
coisa ainda mais quando se juntou ao sorriso caloroso.

— Sim, eu vou!

— Que bom, então vamos!

Ela disse puxando-o junto dela, ficou feliz em vê-lo


apenas concordar, todavia, ele parou quando lhe lançou
um olhar avaliativo. Cristian analisava o suéter, bordado
creme, folgado que cobria os shorts e batia no meio das
suas pernas despedidas, aquilo não a manteria aquecida
por muito tempo e ela facilmente poderia ficar doente.
— Espere um minuto!

O homem deixou Rose e entrou na casa, ela


estranhou, franzindo o cenho, não entendendo até que viu
ele voltar com uma manta grossa nas mãos.

— Para que isso? — Perguntou e Cristian encolheu os


ombros.

— Para que se aqueça!

Rose ficou comovida com aquele gesto, se sentiu


cuidada, mas antes que ela pudesse dizer alguma coisa
Cristian pôs a mão na base da sua coluna a guiando para a
praia, enquanto ela o abraçou de volta, quando chegaram
no local, se sentaram lado a lado, enquanto todos os outros
já estavam em seus lugares. Ela nem se deu conta de
quando segurou a mão de Cristian em seu colo, se
aconchegando, mas o homem percebeu.

— Bom, eu acho que vou começar contando uma


velha história de uma antiga pescaria...

Anthom anunciou sua história, Cristian nunca gostou


de reuniões assim, mas pela primeira vez se viu
apreciando. Logo já ouviam outra narração do Sr. Beilors,
não podia se negar que o homem era divertido, o Herovrisk
acabou rindo das piadas e a cada risada dele Rose se
pegava admirando, encantado como ele rejuvenescia,
perdia todo aquele peso que sempre parecia ter, era ainda
mais lindo, e ele a pegou encarando, ainda com sinais de
um sorriso.
— Que foi?

— Nada!

Cristian franziu o cenho mais deixou passar. Ela então


a penas sacudiu a cabeça desviando os olhos dele, para
pegar o cobertor, uma desculpa clara para não contar seus
pensamentos. O homem viu a dificuldade dela para se
enrolar, logo estava ajudando-a, Rose ficou agradecida e
também o envolveu a manta, assim podia abraçá-lo. O
cheiro dele a invadiu, fazendo-a fechar os olhos, não sabia
explicar, mas simplesmente era como estar no lugar certo,
a qual sempre pareceu ser seu, e ele não resistiu, apertou
os braços ao redor dela, assim eles ficaram sem precisar
dizer uma palavra.

И·И

Já era madrugada quando todos voltaram a casa.


Rose subiu direto para o quarto querendo um bom banho
para se livrar de toda a areia, ela levou seu tempo na
jacuzi, Cristian nem fez questão de interromper, tomou um
banho no chuveiro e então voltou para o quarto, tinha
alguns e-mails à empresa para responder, aquele dia tinha
sido totalmente perdido no sentindo de que não trabalhou
nada. Quando a mulher voltou ao quarto cheirava a rosas e
vestia uma camisola fina o suficiente para não deixar nada
a imaginação dele, que estava sentado na cama, com o
notebook no colo. Ela não disse nada, apenas se deitou ao
lado dele. O Herovrisk olhou para a criatura pequena e
linda ao seu lado, ela só podia está vestida, ou melhor,
despida só para deixá-lo louco, tentou se concentrar no seu
trabalho, mas estava realmente difícil, sabendo da esposa
estava ali ao lado quase nua e acessível ao seu toque.

— Infernos!

O praguejar do homem pegou Rose de surpresa, ela


se assustou quando ele simplesmente colocou seu
notebook na mesa de cabeceira e então se jogou em cima
dela.

— Cristian!

— Você não tem noção do quanto é linda?

Ela perdeu uma batida do seu coração, o olhar escuro


dele sobre ela, as pupilas dilatando, se aquilo não era
desejo, Rose não sabia o que seria.

— Distrair você? — O olhar inocente combinado com


um sorrisinho convencido o fez sorrir também. Ele passou
a mão no rosto delicado da mulher.

— Mais do que eu um dia imaginei possível...

Rose se inclinou ao toque, foi inevitável, parecia tão


carinhoso, gentil, e era totalmente irresistível assim, ela
levou à mão a mandíbula masculina, acariciando sua
barba, então colocou os lábios nos dele sugando
levemente.

— Me beije.
Ela pediu sem pensar em nada, só em como adoraria
tê-lo assim. Cristian fechou os olhos e depois daquela voz
rouca, ele não ia resisti e nem queria. Ele tomou o rosto da
mulher entre as mãos, para segurá-la no lugar, beijando-a
de forma sedutora. Rose se derreteu contra ele, aceitando
a briga de línguas, os toques abrasadores dele.

— Você é tão linda! — Cristian disse perdido com ela


nos seus braços, a fazendo sorrir completamente seduzida.

— Você também é lindo!

Não demorou muito para os dois estarem sem


qualquer roupa. Rose riu quando ele se livrou
apressadamente da camisola dela, Cristian adorou ouvir
aquele som, provocou fazendo mais cócegas.

— Cristian... Pare... Pare! — Ela disse rindo


abertamente tentando fugir do homem, mas ele não
deixava, beijando seu pescoço.

— Adoro esse som!

Ele beijou a mulher sem deixá-la poder pensar muito


sobre naquilo. Logo em seguida os dois estavam se
acariciando, se beijando, possuindo um ao outro, pela
primeira vez os dois se olhavam nos olhos, refletindo o
prazer, tanto Rose quanto Cristian, não tinham pressa. O
homem queria estender ao máximo aquela sensação de
êxtase que sentia, enquanto ela aproveitava o jeito lento,
doce, com que a tomava, para ela aquilo que não parecia
só sexo por prazer, parecia que estavam fazendo amor.

И·И

As duas mulheres se abraçavam apertado em uma


despedida carinhosa. O casal Herovrisk e a família Beilors,
junto da comitiva de amigos, tinham voltado naquela
manhã para Nova Iorque, para que Rose e Cristian
voltassem para a Rússia. Eles haviam vindo direto dos
Hamptons e pousado bem próximo ao aeroporto onde o
jato já esperava pronto para seguir viagem. Os amigos da
Sra. Herovrisk ficaram pelo caminho, enquanto o restante
daqueles acompanhantes seguia até o último momento
antes de eles levantarem voo novamente.

— Vou sentir sua falta! — Louise disse encarando a


amiga que sorria saudosa.

— Eu também vou, quero que vá me visitar.

Rose disse a abraçando e então se voltou para Lorna


e Anthom que tinham um olhar melancólico, ela foi até eles
dando um abraço conjunto.

— Esperamos te ver o mais breve possível


bonequinha russa! — Disse Anthom, Rose sorriu.

— Farei o possível...

A voz de Rose estava um pouco embargada, mas ela


conseguiu resistir às lágrimas, não iria virar uma bagunça
chorona naquele momento, todavia, sabia que seria mais
fácil o inferno congelar a Cristian deixá-la voltar sem ele no
lado, Lorna que emoldurou entre suas mãos o rosto da
menina, ou melhor, mulher que tinha a sua frente.

— Um conselho, tenha paciência, casamento pode ser


difícil, mas quando se ama vale a pena. Espero te ver logo!

Rose suspirou dando um sorriso sem graça, nunca


que poderia responder adequadamente a Lorna, ela sabia
que não existia amor no seu casamento, provavelmente
nunca teria, mas esperava que pelo menos
companheirismo houvesse um dia, pois no momento atual,
tudo que tinham eram brigas monumentais e sexo na
mesma medida.

— Rose? — Cristian a chamou descendo as escadas


do jato vestindo seu blazer escuro e calças jeans da
mesma cor, ele parecia ter voltado ao estilo mafioso.

— Já vamos? — Ela perguntou quando o homem a


alcançou, ele lhe deu um aceno positivo e se voltando para
o casal mais velho.

— Sr. Sra. Beilors, foi um prazer conhecê-los! —


Cumprimentou de maneira elegante, o Herovrisk
estranhamente havia simpatizado com os dois, estendeu a
mão a Anthom e beijou a de Lorna.

— Ele beija a mão! — O Sr. Beilors disse e então deu


um olhar de censura para Louise. — Está vendo Lou,
arrume alguém assim...
Dessa vez nem Cristian conseguiu abster um sorriso,
escondeu levemente, mas Rose viu e sorriu também. Se
esse homem sorrisse deixaria um mundo em colapso. Ela
suspirou vendo Louise falou com seu sorrisinho irônico
superior que a deixava uma vaca linda.

— Desculpa pai, mas a Rose é a sua filha certinha, se


contente com um cara que pelo menos chame seu nome
ao invés de um apelido! — Disse ela, Anthom fez uma cara
de ultraje antes de desistir e rir da situação.

— Cristian, foi um prazer também, falo por todos!

Lorna afirmou de maneira gentil, Cristian tentou agir


do mesmo jeito em seu sorriso, coisa que ele julgava
complicado, nunca sorria com frequência o suficiente para
dissimular sentimentos que não tinha.

— É foi mesmo! — Louise disse de forma superior,


então se aproximou do homem puxando-o em um abraço,
não o soltou antes de falar apenas para que ele escutasse.
— E lembre-se de cuidar da Rose, pois não importa onde
esteja eu te encontro e não serei nada agradável em te
chutar!

Rose franziu o rosto para a cena, e logo se deu conta,


quando Louise se afastou com um sorriso falsamente doce
e Cristian com aquela carranca levemente disfarçada pelo
ar durão, que alguma coisa a amiga endiabrada tinha lhe
dito.
— Foi um prazer também Srta. Beilors!

O tom educado empregado por Cristian enquanto ele


refletia sobre ao ser ameaçado pela ruiva, quis rolar os
olhos, porém irritação verdadeira não lhe causou, o homem
apenas teve certeza de que a mulher realmente se
importava com Rose, isso era cuidado, dando um último
aceno ele se afastou chamando a esposa silenciosamente,
ela foi atrás dele, logo depois de acenar a Lorna e Anthom,
mas ainda junto de Louise.

— Nada mal ser podre de rica! — Disse a ruiva


apontando para o jato com o nome “HEROVRISK”
estampando a calda ao lado do desenho de uma rosa
vermelha sangrando em um tom escuro, este último
detalhe era curioso.

— Sabe que não ligo, nunca foi um sonho de consumo


Beilors... Meus pais são ricos, nem por isso sobe a cabeça!

— Seus pais não parecem mais ricos que seu marido!

— E não são, mas não ligo para o dinheiro dele ou dos


meus pais, sempre prezei pelo meu... — Ela franziu o
cenho. — E por que estamos falando sobre isso? Devia
está me dizendo adeus.

— Já disse adeus e agora quero saber quanto meu


futuro amante tem na conta bancária, tipo eu adorei a
pulseira de diamantes, quero mais!
Rose arregalou os olhos para a fala da amiga, sentiu
algo doer em seu peito, antes de vê-la cair da gargalhada,
Cristian olhou para trás querendo entender os risos, mas
não foi possível, pois subiu as escadas entrando no jato e
elas ficaram.

— Sabia que é uma vadia?

— Sei sim. — Ela ainda ria. — Mas só queria ver sua


cara e foi ótima, como o esperado, morta de ciúmes. —
Lou disse, e a careta de Rose foi esdrúxula.

— Até parece, sabe que não sou disso!

— Não mesmo! —Lou deu de ombros. — Pelo menos


até antes de conhecer seu marido ciumento também.

— Louise não seja absurda! — Comentou Rose, a


ruiva pegou seu rosto entre suas mãos a encarando.

— Não seja teimosa minha amiga, você gosta dele,


pelo menos um pouco, tente admitir para si mesma. —
Rose iria retrucar, mas ela não deixou. — Tudo bem, nós
não vamos discutir, pois você já vai então eu só quero que
saiba que eu te amo.

— Te amo também!

As duas se abraçaram e então encararam deixando-


se.
— Vá logo sua vadia bonita e quando eu for a Rússia
faça algo pomposo com o dinheiro do seu marido para
mim!

Rose caiu na gargalhada concordando e subindo as


escadas do jato. Ela entrou ali pensativa, odiava quando
Louise soltava as suas "bombas", em cima dela, cheia de
convicção, pois o grande problema disso era que na maior
parte das vezes a louca estava certa.

— Quanta demora!

Ouviu Cristian reclamar enquanto o encontrou sentado


no fundo da aeronave com a atenção no celular. Ela ficou
olhando para a figura masculina, sua postura estóica,
dominante e mais lindo do que deveria ser permitido a
alguém, mesmo distraído o homem era imponente e de
uma forma inegável era sexy. Como eu posso ter ciúmes
de alguém que me desperta na maior parte do tempo tanta
raiva?

— Rose! — Ela piscou o encarando. — O que foi?


Sente-se, vamos decolar. — A voz séria a tirou daqueles
devaneios, ela quase pulou assustada.

— Tudo bem!

Ela disse praticamente correndo para a poltrona a


frente dele, prendendo-se com o cinto e pegando um livro
que estava na bolsa dela disposta ao seu lado, procurando
uma posição confortável que parecia inexistir. Cristian
franziu o rosto desconfiado, tinha pegado a mulher com os
olhos azuis fixos sobre ele, foi como se estivesse
observando dentro dele, vendo todo o tipo de perversão
que tinha, ele se sentiu totalmente exposto. Todavia,
naquele exato momento, estava ficando curioso com o
modo como a mesma agia. Ele se questionou o motivo da
esposa estar tão inquieta enquanto levantavam voo, seria
uma viagem longa, duas paradas para reabastecer e isso
lhe deixaria preso muito tempo com aquela figura feminina.

— O que você tem? — Cristian perguntou, Rose


piscou encarando o livro que não lia obviamente.

— Nada!

— Não parece que não tem nada. — Ele estava se


divertindo, a viu se mexer mais uma vez sem conforto, não
o encarou de forma alguma.

— Estou bem!

— Acho que está muito calada.


Rose fechou o livro e o encarou se arrependendo, ele
tinha um sorrisinho de canto convencido que o deixou
adorável... Adorável não é uma palavra para ele Rose, o
homem é um mafioso... Ela pensou, mas ele ainda
continuava adorável.

— Pronto, não estou mais calada, sobre o que quer


falar? — Disse, o homem encolheu os ombros.

— Eu não quero falar!


A expressão dela caiu em incredulidade e Cristian quis
gargalhar, mas conteve o que pode. Rose pegou seu livro
rolando os olhos com total descrença.

— Você é absurdo.

O Herovrisk queria muito sorrir e provocá-la mais,


todavia, decidiu não fazer, apenas chamou a secretária de
bordo, por um botão em sua poltrona, logo uma moça loira
de grandes olhos verdes, vestida no uniforme preto, surgiu
ali.

— Sr. Herovrisk?

— Traga um chá, mas daquele jeito que eu tomo


quando viajo.

Ele pediu. Rose olhou de esguelha e internamente se


perguntou o quanto ele já tinha viajado com aquela mulher
para que a mesma soubesse o ponto do chá que este
gostava.

— Tem algum vinho tinto ou branco? — Ela perguntou


a moça baixando seu livro.

— Temos garrafas de [13]Merlot e uma [14]Sauvignon


Blanc, senhora! — A secretária falou encarando a esposa
estonteante do seu patrão era difícil não ter inveja da Sra.
Herovrisk.

— Me traga a Sauvignon Blanc, por favor! — Pediu, e


concordando a moça saiu deixando o casal a sós
novamente.

— Vinho há essa hora?

Cristian perguntou com uma sobrancelha arqueada e


expressão de especulação, a mulher tirou os olhos de um
ponto qualquer que encarava, tentando ao máximo parecer
tranquila.

— Não existe hora para vinho, existe vinho para


determinada hora!

Ela deu de ombros falando de forma mordaz voltando-


se para o seu livro, ele colocou os dedos em frente aos
lábios escondendo um sorriso.

— Inventou isso sozinha ou alguém te ensinou? — Ele


perguntou, Rose sem estar no clima para ter uma conversa
apenas soltou a informação sem prévia avaliação.
[15]
— Um sommelier com quem passei um tempo me
disse!

O rosto de Cristian se fechou, a secretária de bordo


voltou com uma taça de cristal, colocando em cima da
mesa que separava o casal.

— Esqueça o chá, traga uma taça para mim. Agora!

A voz dura e fria do homem fez Rose levantar os olhos


lentamente para ver a figura, com uma carranca, que a fez
franzir as sobrancelhas em interrogação, outra vez a outra
mulher saiu.

— Que foi?

Ela encolheu os ombros e se serviu um pouco do


vinho da garrafa já aberta e tomou logo em seguida. O
homem continuou olhando para ela feio, mesmo quando
pegou sem muita gentileza a taça da mão da secretária
que voltou, e ele a dispensou, se servindo do vinho
também.

— O que quis dizer com este “passei um tempo”?

— Hum, nada demais. — Rose mordeu o lábio.

— Seja clara! — Cristian sentiu seu humor se fechar,


assim como ela.

— Tudo bem! — Sem entusiasmo resolveu “ser clara”.


— Foi um ex, se é que pode se chamar disso. — Ela viu
semblante dele parecia gravado em pedra.

— Se é que pode se chamar disso? — Aquela


conversa não estava indo para um lugar bom, Rose bebeu
mais um pouco, ganhando tempo e irritando mais Cristian.

— Você não disse que não queria conversar?

— Agora eu quero. Responde! — Ele falou e ela


semicerrou os olhos ante a face grosseira dele.
— Não quero falar sobre isso, nem cabe falar aqui,
erro meu, admito!

— Eu disse para você responder! — O tom de voz


dele assemelhava aço, Rose mordeu a parte interna da
bochecha buscando paciência.

— Certo, quer que eu responda, então vamos lá, eu


fiquei com esse cara por uma temporada, mas ele não me
pediu em namoro, só ficamos, foi isso que eu quis dizer!

Ele ficou calado, nem parecia respirar, Rose sabia que


nunca era bom vê-lo guardando silêncio, Cristian buscava
se controlar, internamente estava espumando de ódio, se
não bastasse Philippe, agora tinha um sommelier, a
vontade dele era matar qualquer um que já houvesse
tocado em sua mulher.

— Qual nome dele? — Perguntou a mulher, que deu


um aceno em negativo.

— Vamos encerrar esse assunto...

— Somente eu digo quando encerramos algo! — Ele


era inflexível. — Nome?

— Cristo, para que quer saber? — Os olhos azuis dela


se ampliaram sem acreditar no que estava acontecendo ali.

— Rose! Quem é o patife? — A carranca dele se


aprofundou ante ao silêncio dele. — Tudo bem, eu
descubro sozinho, sabe que posso!
— Sabia que não está parecendo racional?

— Não me importa!

Rose franziu o cenho e então deu um curto sorriso


sem acreditar que aquela cena fosse o que estava
pensando que era.

— Cristian, eu tinha vinte e dois anos!

— Também não importa, ainda era você!

Ele quase rosnou, a mulher segurou para não rir, o


sujeito parecia realmente louco de raiva, ela não conseguia
acreditar no que estava acontecendo.

— Era um patife! Não vale a pena nem comentar.

Afirmou rolando os olhos dando de ombros


bebericando de forma elegante o vinho na taça, Cristian
fechou as mãos em punho, sentia-se colérico, aquela
mulher brincava com a sua raiva.

— Está protegendo ele? — Ele silvou baixo na direção


da mulher. — Diga o nome!

— Me diz por que deveria? — Rose arqueou a


sobrancelha de forma desafiadora e viu-o bater a mão com
força na mesa que os separava a assustando.
— Porra. Você é minha! Quero saber dos imbecis com
quem se meteu no caso de precisar matar um por um!

Todas as palavras dele foram uma explosão de raiva


que fugiu sem qualquer controle, e Rose ficou estática
encarando-o por um tempo que pareceu longo demais até
que sorriu.

— Você está com ciúmes de mim de verdade não é?

O Herovrisk engoliu com força e franziu o cenho em


completa confusão. Ciúmes? NÃO, CLARO QUE NÃO!

— Não, você pertence a mim, se é minha é meu


direito saber com quem andou perdendo seu tempo!

Ele pegou a taça de vinho tomando um grande gole


virando o rosto da atenção dela. Rose o observou tenso,
podia estar ouvindo um discurso de posse machista, e
podia até ser verdade, mas tinha ciúmes, aquele que
nascia entre um homem e uma mulher, ela percebeu que
era bom não estar naquele “barco” sozinha.

— Cristian? — Ele não a olhou e ela sorriu. — Ei?

— Fale! — Disse ele em seu tom nada gentil, mesmo


assim Rose ainda ria.

— A parte de matar não é verdade é? — Tentou ir


devagar, sabia que tinha empurrado ele até a borda da sua
paciência, o olhar de soslaio que ganhou, foi duro.
— Está provocando?

Rose sorriu de forma branda. Então se soltou do cinto,


indo até a poltrona vazia do lado dele, o homem a
observou sem demonstrar nada, mesmo quando ela tocou
sua mão ainda fechada no em punho sobre o apoio.

— Guille, era o nome dele, mas era um idiota, galinha,


que me traiu com uma garota do meu curso de moda,
como disse, um patife!

O toque dela era delicado, refinado e fazia coisas


calmantes com Cristian, ele não sabia explicar tamanho
prazer que era o simples fato dela tocá-lo lhe causava, era
de muitas formas, insano. Ele encarou o rosto perfeito dela,
os olhos azuis completamente límpidos.

— Ele te ensinou sobre vinhos mesmo? — Perguntou


mais brando, ela sorriu e aquele som o deixou extasiado.

— Sim e eu Louise roubamos a adega inteira dele.

— Vingança?

— Óbvio, tinha que custar caro para ele ter aprontado


comigo!

Cristian de repente sentiu seu humor clarear um


pouco, gostou de saber que pelo menos aquele patife não
era em nada querido a sua esposa.

— Bom!
— Melhor agora?

— O que? — Perguntou o homem sem entender o


ponto que ela queria fazer.

— Seu ataque de ciúmes! — Ela disse rindo, Cristian


fechou a cara.

— Rose! — Advertiu, ela levantou as mãos se


rendendo, mas logo pousou no rosto dele, em seguida
acariciando sua barba bem feita nesta manhã.

— Essa carranca não me assusta mais...

Sem pensar muito sobre aquilo ela se inclinou


chupando o lábio inferior do homem, logo em seguida
aprofundando o beijo, sentindo a resistência dele ir
embora, só para a levar ao seu colo, sendo tomada com
súbita dominância e repleto prazer. Doce. Vinho. Rose!
Uma combinação perigosa e deliciosa para Cristian que
não resistia aquela mulher, tudo isso parecia ser tão correto
com ela e ele pensou; Porra, eu não consigo mais resistir a
Rose. A minha Rose!
CAPÍTULO 07
Depois de horas de voo eles chegaram em uma noite
fria, Rose dormia contra o ombro de Cristian, envolvendo o
seu braço, deixando o rosto delicado exposto. O homem
não conseguia desviar os olhos dela, era tão linda, tão
delicada, tão sua. Sim, está afirmação estava cada vez
mais sedimentada dentro dele, sem que pudesse fazer
nada para evitar, passou sua mão dentro do terno em
busca do celular, mas então sentiu algo, um papel, quando
retirou viu que eram as fotos que haviam tirado e ficaram
no bolso daquele blazer, observou o rosto da esposa na
foto, sorridente e feliz, depois a encarou dormindo.

— Senhor, chegamos!

Franco falou baixo, percebendo que seu chefe não fez


menção de sair desde que o carro havia parado em frente
à mansão Herovrisk. Cristian deu um aceno e pegou a
carteira guardando as fotos ali, e então tentou acordar
Rose, mas não foi possível, ela parecia dormir
profundamente.

— Senhor, quer que eu a leve?

— Não!

Cristian odiou a ideia de ele tocar sua esposa, então


com certa dificuldade por falta de posição, ele a pegou no
colo e saiu do carro, Rose reclamou algo ininteligível, mas
se aconchego no peito dele, aquilo satisfez o homem de
um jeito atípico. A mansão já estava escura, já era
madrugada, mesmo assim Cristian podia andar por ali sem
nem mesmo enxergar um palmo a sua frente. Subiu as
escadas indo para o quarto com a mulher nos seus braços,
o cheiro doce dela o invadia fortemente, era algo que
remetia a ele a um dia ensolarado e bom. Quando entrou
no quarto, a levou para cama, tomando nota de tirar suas
botas, o casaco, a calça jeans que ela usava, cobriu-a com
cuidado e a ouviu ressonar calma em seu sono. Ele se deu
conta de que nunca tinha feito isso, somente despir uma
mulher para que dormisse, nunca havia cuidado de
alguém, e por mais estranho que fosse ele não achava
errado, parecia certo. Viu-se levando a mão até o rosto
dela acariciando, apreciando, ela era como um anjo, os
lábios levemente entreabertos, respiração compassada, os
cílios negros caindo sobre a pele de alabastro.

— Será você realmente meu anjo Rose?

Deixou-se seguir em devaneio, pois ele nunca


acreditou em Deus ou em anjos, eles jamais estiveram
presentes quando pediu forças, mas agora olhando para
aquela bela mulher adormecida, se prestou ao papel de
pensar sobre isso.

И·И

O sol já estava alto quando Conegon viu o filho entrar


na sala de refeição, sozinho, esperou que a tal esposinha
dele, mas ela não veio.
— Meu pai! — Cristian cumprimento de forma
respeitosa, tomando seu lugar na mesa.

— Como foi à negociação? — Perguntou, e Cristian


não teve nem tempo para pensar em servir seu chá, o pai
tinha uma expressão ávida e fria.

— Perfeita, claro, houve uma demora, mas temos o


dinheiro pronto, já fiz a aplicação, podemos liberar o
carregamento e seguir com o do Volkov!

O Herovrisk mais velho ficou satisfeito. Isso era a


última coisa que faltava para que o homem prosseguisse
com seu plano.

— Ótimo. Vá hoje às docas e acompanhe tudo, não


quero erros, mas antes teremos uma reunião com os
Andreys, Iuri vai estar presente.

Cristian concordou, sabia do que se tratava essa


reunião com os Andreys, uns velhos inimigos, mas que
caíram por culpa do seu pai, porém estavam tentando uma
trégua e começar a trabalhar para a máfia vermelha,
sempre era bom ter amigos perto, todavia, os inimigos mais
perto ainda, só assim podiam ser controlados e eliminados
se precisassem, mas as casas Herovrisk e Volkov, as mais
poderosas da Rússia se juntaram, agora ninguém no país
poderia resistir a uma investida deles em conjunto, por isso
o chefe dos Andreys pediu aquela reunião, melhor seria
servir do que ser destruído.
— Suponho que já sabe sobre Varris... — O Herovrisk
mais novo disse de forma displicente bebericando seu chá.

— Claro que sei. Sei de tudo que acontece ao meu


redor, como se você não soubesse! — Disse com um tom
de tédio.

— Cuide dele!

— Já estou cuidando. — Respondeu, sabia que devia


está sempre adiantado as ordens do seu pai, aprendeu a
duras penas.

— Bom dia!

Os dois homens levaram os olhos até a mulher que


entrava na sala, toda arrumada, em um vestido floral com
desenhos abstratos em azul e verde escuro,
acompanhando de um cinto demarcando a cintura fina e
um scarpin preto para fechar, ela ainda tinha no braço uma
bolsa de cor, junto a um, sobretudo de couro, a mulher
deixou tudo na cadeira vazia e sentou-se ao lado de
Cristian, que sempre se sentia um pouco abismado em
como ela podia ficar ainda mais linda.

— Vejo que as férias lhe fizeram bem!

Conegon falou em direção à mulher que realmente


estava diferente, o cabelo curto lhe deixou mais madura e
sexy, o homem sabia que o filho não ia se deixar perder por
isso, mas não havia como negar, que distraía. Muito!
— Sim, me fizeram!

Rose respondeu seca, se servindo um pouco de café,


passando a língua nos lábios pintados de vermelho, pelo
canto do olho viu Cristian a observando, o encarou com um
olhar de "O que?", mas ele não disse nada, apenas voltou
ao seu chá.

— Cristian, já informou a sua esposa sobre a festa que


vai ser dada? — Conegon disse. — É melhor que se
prepare logo!

Ela encarou o sogro franzindo o cenho e buscou em


seguia o marido que também fitava o pai, parecia confuso.

— Posso perguntar para quando será essa festa e por


qual motivo?

Conegon sorriu e encarou o filho, Rose se sentiu


arrepiar de um jeito ruim, aquele gesto nele parecia
maquiavélico.

— Será daqui a duas semanas, em homenagem ao


seu marido, ora! Cristian vai assumir meu lugar.

A xícara que Rose levava aos lábios parou no ar.


"Cristian vai assumir meu lugar", e aquilo ficou martelando
na cabeça dela. Ah não, não! Ela colocou seus olhos no
marido, que a encarava impassível, mas Cristian não
estava tão frio quanto parecia, enquanto encontrava o tom
de censura nos olhos azuis da esposa, o desagrado,
estampado nas feições angelicais, por algum motivo
desconhecido a ele, aquilo lhe atingiu dolorosamente, logo
ela desviou os olhos para encarar o pai dele.

— Irei cuidar de tudo, não vão ter o que reclamar


dessa festa! — Disse ela desviando os olhos se sentindo
embargada.

— Ótimo. Faça algo grande!

Conegon disse satisfeito, mas não gostou da


expressão de desgosto que ela deixou transparecer, sentiu
a imediata vontade de corrigi-la. Procurou uma reação de
Cristian, mas o filho como foi bem ensinado, nada deixou
passar pelo seu rosto. Rose empurrou o seu café, não
queria mais ficar naquela mesa, tinha que tentar dirigir essa
nova história, sabia que Cristian não era um santo, mas
agora chefe da máfia vermelha Herovrisk era outra coisa,
era como estar finalmente escutando de verdade algo para
o qual sempre tampou os ouvidos.

— Cristian, eu vou à casa dos meus pais, desistir de ir


ao atelier, tudo bem para você? — Ela perguntou baixo
deixando os olhos chegarem até os dele, apesar de não
querer, mas então viu algo, algo amolecer naquele mar
escuro que era olhar dele, isso a fez menos desgostosa de
repente.

— Sim, mas Yoro vai com você.

Ele falou satisfeito por ela pelo menos pedir sua


permissão. Os olhos azuis dela não refletiram qualquer
desafio a sua ordem, Rose apenas concordou, e então
Cristian se viu inclinando-se esperando um beijo, mas
então ela simplesmente levantou-se.

— Com licença...

Ela disse pegando suas coisas e saindo, deixando


Cristian, que mesmo sem admitir, ficou chateado por ela ir
sem nem tocar nele, isso era estranhamente novo e
incômodo para o Herovrisk jovem. Conegon que observou
os dois e conseguiu ver certa irritação nele, mas não soube
identificar o motivo, porém uma coisa detectou, o fato do
filho está muito condescendente com a tal mulher, devia ter
colocado para trabalhar imediatamente na sua festa, e não
deixá-la sair por ali... Se fosse minha já estaria em um
cabresto...

— Pensei que estaria me agradecendo. — O velho


Herovrisk disse, encarando seu filho.

Cristian encarou o pai. Ser o chefe da máfia foi o


objetivo que o moveu vida toda e sempre achou que
quando o momento chegasse estaria desfrutando do prazer
disso, mas não, ele não sentia nada.

— E eu estarei na minha posse. — Respondeu e


Conegon deixou um sorriso aparecer.

— Bom!

O homem se levantou deixando o filho sozinho, este


encarou a mesa vazia e suspirou, lançando um olhar a
cadeira de Rose.
И·И

Por mais que estivesse com raiva, até mesmo


deprimida por causa da porcaria desta tal posse de seu
marido sobre a máfia, por ele querer aquilo, ela ainda quis
beijá-lo, mesmo depois de já tê-lo deixado há algum tempo,
a vontade queimava dentro dela, suspirou com raiva. Sua
grande ESTÚPIDA... O segurança que foi designado para
ela parou o carro em frente à mansão Volkov, tirando Rose
dos seus pensamentos confusos, então ela nem se deu ao
trabalho de esperar o homem abrir a porta do Audi A8, saiu
simplesmente, indo até a porta da grande casa da sua
família, entrou tirando o sobretudo de cima dos ombros,
procurando por algum sinal da sua mãe, mas apenas
encontrou uma das empregadas que lhe informaram que
ela estava no jardim com Sacha.

— Será que ninguém vai vim me receber? — Ela falou


quando encontrou as duas loiras agachadas em frente a
um canteiro de rosas vermelhas, a qual sempre adorou,
Sacha foi a primeira a se levantar para abraçá-la.

— Rose! — A menina abraçou a irmã, apertado. — Eu


estava com tantas saudades! — Rose sorriu devolvendo o
abraço.

— Eu também loirinha. Agora deixe-me dá um abraço


na mamãe!

Sacha riu e soltou, mas então passou as mãos no


cabelo mais curto da irmã, vendo como ela estava
parecendo ainda mais bonita, radiante.

— Gostei do seu cabelo! — Falou a irmã, a matriarca


Volkov abraçou a filha e completou ao deixa-la;

— Eu também, você parece mais madura, linda. — Ela


soltou a filha e passou as mãos no seu rosto. — Fico feliz
que esteja parecendo tão bem. Como foi sua viagem?

Rose colocou os braços ao redor dos ombros da mãe


e irmã, puxando-as para a mesa do jardim.

— Foi boa, mas eu realmente preciso de algo doce,


uma torta!

Rosely sorriu, mas então chamou uma das


empregadas, pedindo o doce favorito da filha, um tempo
depois elas estavam sentadas, degustando uma bela torta.

— Vi pela rede social da Lou, fotos de vocês em uma


festa! — Sacha comentou, vendo a irmã concorda, dando
de ombros.

— Foi à festa de aniversário dela, acho que soube.


Você mandou parabéns? — Perguntou, Sacha rolou os
olhos verdes, tão parecidos com o da mãe e sorriu.

— Claro! Adoro Lou, ela sempre me faz rir.

— A pergunta é quem ela não faz rir! — Rose disse


com um sorriso esperto dando uma piscadela.
— Cristian estava com você?

Perguntou Rosely discretamente enquanto beliscava


um pedaço da torta, com toda aquela elegância que tinha,
e que na opinião de Rose, ela não tinha herdado, já sua
irmã sim, no final das contas achava que tinha herdado
todas as características do pai e não era como se fosse um
elogio.

— Sim. — Displicentemente respondeu, falar dele


deixava Rose estranhamente nervosa, sua irmã interpretou
aquilo de forma errada.

— Seu casamento está um inferno não é?

— Não Sacha! — Ela negou rápido demais, mas no


fundo não mentia afinal Cristian tinha uns bons momentos,
já estava se acostumando, e o sexo era insanamente bom.

— Não? — Rosely perguntou arqueando a


sobrancelha loira, estava curiosa com a forma firme com
que a filha negou.

— Não. — Rose começou disfarçando um nervosismo.


— Bom, não. É... Cristian não é de tudo ruim!

Ela deu de ombros desviando os olhos, se sentido


desconfortável com a atenção as duas espectadoras, que
não deixará de perceber a forma diferente que Rose se
comportou.

— Então está satisfeita com seu casamento?


A mãe usou um tom de inquisição, Rose levou a
colher a boca com torta para ganhar tempo na maior parte,
ficou ponderando sobre estar satisfeita ou não e a resposta
era um incógnita, apesar de nada lhe dizer que era
negativa.

— Eu sei lá mãe, nunca casei para poder comparar!

Respondeu com uma careta, franzindo a tez, pondo


mais torta na boca. Rosely olhou para a cria já crescida,
mas sabia muito bem identificar os sinais de quando ela
queria desconversar.

— Mas vocês estão se dando bem? — Sacha falou


com curiosidade também, Rose encarou as duas abrindo
mais os olhos.

— Sim mãe, quando não estamos acordados! —


Bufou ela, mas vendo o olhar consternado da irmã, tentou
se corrigir. — Estou brincando, esquece, olha só o que
posso dizer que estamos nos acostumando. Agora chega
desse tópico, preciso da sua ajuda com um assunto mãe!
— A proposta ali era terminar com aquela inquisição,
mesmo que o tema da nova conversa, ainda fosse o
marido dela.

— Peça o que quiser querida! — Rosely falou curiosa,


sempre a filha foi muito autossuficiente, desde pequena
nunca foi de correr para pedir ajuda. Resolvia-se sozinha,
coisa que provavelmente adquiriu do pai, eles eram
parecidos, talvez por isso brigassem tanto.
— Como faço uma festa cheia de pompa para a
porcaria da posse mafiosa do Cristian?

Sacha engasgou e Rosely apenas rolou os olhos, já


sabia que a filha mais velha não suportava a instituição que
seu pai comandava e agora seu marido.

— Rose, é instituição! — Rosely sabia que não tinha


jeito, dela aprender, em anos não foi possível, mas nem por
isso ela parava de corrigir.

— Instituição, empresa, corporação... máfia,


simplesmente máfia, mãe. Não vamos disfarçar o que é! —
Ela olhou para a irmã. — E você aprenda isso e tente
correr para o mais longe possível assim que puder, um dia
isso tudo vai ruir e agora sobre a minha cabeça, só espero
que não na sua!

A mãe suspirou cansada, já tinha tido aquela


discussão com Rose, Sacha com o tempo passou a
partilhar os mesmos ideais da irmã, tudo que esperava era
que não inventasse uma fuga também.

— Eu sei Rose. Sinto muito hoje você está envolvida


nisso... — Sacha afirmou e sentia muito mesmo, sabia que
foi a pior egoísta do mundo ao deixar a irmã tomar seu
lugar naquele casamento, nunca poderia pagar aquela
dívida.

— Sei disso loirinha, mas me faça algo melhor saindo


dessa coisa toda!
As duas irmãs se olharam de forma cúmplice, no
fundo a mãe admirava a relação das duas, sabia a
profundidade do amor uma com a outra.

— Tudo bem Rose, volte ao assunto original. Cristian


vai assumir o lugar do pai? — Rosely falou, a filha apenas
concordou com mau humor. — Bom, realmente precisa ser
uma grande festa, outras casas vão se reunir e os
anfitriões precisam estar perfeitos.

— Se mostrar poderosos, isso sim! — Rose reclamou,


não estava nada feliz, nada mesmo, e a cada vez que
entrava mais no assunto seu humor fechava.

— Sim, exato, mas me diga quando vai ser?

— Daqui a duas semanas! — Disse, e a mãe dela


ficou surpresa.

— Pouquíssimo tempo! Precisa correr com a


preparação... Bufê, drinks, decoração, música, estilo de
recepção...

Rose se jogou contra a cadeira suspirando, aquilo não


ia ser nada fácil, realmente dava trabalho, e ela tinha uma
grande noção, a mansão era enorme, muitos empregados,
vários espaços. Isso ia ser insano para organizar.

— Eu sei mãe, por isso vim atrás de você, tenho uma


noção do que fazer, mas não experiência, e agora essa
droga de posse é importante, não posso errar ou os
Herovrisk's ficarão loucos, mas do que já são!

— Tudo bem filha, eu te entendo, podemos começar


logo hoje, te ensinarei tudo que puder. — Rosely falou feliz
em poder ajudá-la, mas ainda por ela ter vindo em sua
busca para isso.

— Obrigada mãe! — Rose sorriu com carinho.

— O que devo a tão ilustre presença?

A voz masculina atrás dela, nem precisou ser tão alta,


para que a fizesse saber quem era, virou-se lentamente
para encarar a figura parada a fitando.

— Olá papai! — Deu um sorriso que não chegou aos


seus olhos. — Eu não posso mais fazer uma visita?

— Nunca é bom sinal quando você aparece do nada!


— Seu pai disse, ela fingiu não ligar, mas ele sempre
soube lhe atingir, por isso se voltou para a mãe.

— Como aguenta o papai mãe? Se ele é tão frio? Não


parece gostar nem das filhas.

— Rose... — A mãe tentou ponderar vendo a


expressão do marido, sabia que aquela casca dura dele
era apenas disfarce, ele a amava e amava as filhas, só não
demonstrava direito a elas.

— Me deixem a sós com essa insolente!


Iuri falou. Sacha se encolheu com o olhar duro que
seu pai lançou a Rose, que parecia alheia aquilo, e voltou a
comer outro pedaço de torta. Rosely sabia que nada podia
fazer, então levou a filha mais nova, quando saiu deixou
um olhar pedinte ao marido.

— Estou com um mau humor terrível hoje, então seja


rápido com o sermão! — Rose disse quando ficaram
sozinhos e ele sentou a sua frente.

— Quando olho para você me pergunto onde errei! —


Disse ele observando a filha, ela estava como de costume
mais bonita do que podia para seu próprio bem, mas
também parecia claramente mais desaforada.

— Se eu fizer uma lista era capaz de não sairmos


daqui!

— Seu comportamento intratável só vai lhe trazer


problemas, já está trazendo, sabia Rose?

— Está? Então pode você me dizer exatamente quais


problemas? — Rose semicerrou os olhos para ele.

— Escute com atenção, nunca seguiu os conselhos


que lhe dei...

— Porque obviamente nunca prestaram!

Iuri puxou uma respiração forte controlando-se para


não por aquela menina em seus joelhos e lhe dar umas
belas palmadas que faltaram na infância.

— Sem gracinhas. Escute. — Ele quase rosnou. —


Esse seu jeito sem limites não agrada ao Conegon!

— O que? — A mulher teria caído para trás se não


estivesse sentada.

— Conegon comentou comigo sobre as coisas que


você anda fazendo e que estão desagradando...

— Eu não tenho que agradar a ele! — Rebateu ela


imediatamente, já Iuri não esperava menos, ela foi assim à
vida toda, não importava se isso a machucasse.

— É claro que tem!

— Foda-se, esse velho é louco! — Ela sacudiu a


cabeça em negativa. — Que tipo de pessoa fica se
metendo na vida dos outros?

— Cale a boca e escute, porra.

Ele não sabia como fazer aquela menina escutar,


negar que ela aprendeu a ser agressiva na rua era uma
mentira, o próprio era assim, e foi com ele que aprendeu.

— Pedindo com esse jeitinho!

— Rose, é simples, Conegon manda ali, querendo ou


não. Casou-se com o Cristian, mas aquele menino teve a
merda batida para fora dele durante toda sua vida. O pai
faz o que quiser com seu marido, faz o que bem entender
com tudo que quer, e não se ponha na linha de frente dele
o desafiando como faz com todos, e principalmente, não
crie distrações quanto ao Cristian, tente ser invisível!

Dizer que Rose estava em choque com era pouco, ela


encarava o pai que terminou seu discurso e esperava uma
resposta.

— O que ele fez com Cristian?

Iuri desviou os olhos dela, não ia entrar em detalhes


de algo que apenas ouviu, mas conhecendo Conegon o
suficiente, sabia que era verdade.

— Tudo que precisa saber e que Cristian é o motivo


de orgulho do pai. É a obra prima, moldado para a máfia,
então tudo que envolve ele é de interesse do Conegon, por
isso faça o que eu lhe disse, mantenha-se sem chamar
atenção, não distraía seu marido.

— Pai, eu não sei aonde quer chegar com isso? —


Rose olhou para o pai com confusão e preocupada quanto
à declaração sobre Cristian.

— É um alerta...

— Mas meu casamento é meu, não vou deixar aquele


velho maquiavélico do Conegon e nem você, se meter em
algo que só diz respeito a mim e a Cristian!
— Estou tentando te proteger, não escutou uma
palavra que eu disse? — Ele disse incisivamente, e a
deixou surpresa.

— E eu agradeço, mas tudo que escutei é um


absurdo!

— É simples Rose, Conegon não gosta que você tire o


foco Cristian!

Rose ficou abalada por alguns minutos, então caiu na


gargalhada.

— Esse homem devia arrumar algo para fazer, não


ficar se importando com a minha vida e a do meu marido!
Isso é ridículo.

— Rose isso não é uma brincadeira, não posso te


ajudar lá, entende?

Engolindo em seco, olhou para o jardim, respirando


fundo. A vida toda esteve só, seu pai nunca a apoiou em
nada que quis fazer, era estranho que agora viesse a
alertar, tinha algo muito errado nessa história toda,
principalmente com Cristian.

— Eu entendi, mas não se preocupe. — Ela o


encarou. — Você nunca me ajudou pai, sempre me puxou
para trás, então pode deixar que eu vou dar um jeito de me
cuidar.
Ela levantou da cadeira, aquele assunto a deixou
confusa e perturbada, precisava pensar, sozinha, o pai dela
a segurou pela mão.

— Tudo que fiz foi querendo seu bem. — Iuri falou, e


Rose tinha uma expressão triste quando o encarou
novamente.

— Nossa, por que sempre pareceu que estava me


punindo?

— Só tome cuidado com Conegon, ele não é


confiável!

Puxou a mão do toque do pai e saiu, aquela conversa


tinha acabado ali, ela tinha muita coisa para fazer e pensar,
pois parecia que voltar a Rússia tinha sido a mesma coisa
que voltar para ir de encontro a uma avalanche.

И·И

O corredor das escadas era estreito e profundo,


ficando há quatro metros da superfície, Cristian sempre
pensou nesse caminho, com os últimos passos para a
morte. Quando terminou sua descida chegando ao final
dele, a porta rústica em um preto escorrido, era o último
obstáculo para o limbo horrendo. Ele preferia sempre
descer sozinho ali, pois muitas coisas permeavam sua
mente toda vez que voltava naquele lugar e o homem não
queria expor sua perturbação, tomou uma respiração
profunda e tirou do bolso a chave que um dia orou para ter
e não teve. Então em seguida abriu a porta que abriu com
rangido esdrúxulo, o cheiro podre de fezes e
provavelmente ratos mortos, era quase insuportável, ele
fechou a porta atrás de si se controlando.

— Quem está aí?

A voz fraca soou no ambiente totalmente envolto em


um breu. Nada podia ser visto, mas como se enxergasse,
Cristian seguiu apenas a voz até onde o dono dela estava,
e então acendeu uma lanterna nos olhos do condenado, o
homem gritou com a dor da alta claridade depois do breu.

— Achou que eu não descobriria Varris?

A voz falsamente calma, mas gélida, faz o homem


momentaneamente cego querer correr, mas não tinha
forças, foi espancado e jogado no foço, sem comida e
água, apenas com ratos, junto do silêncio doentio, já tinha
berrado por ajuda e nada veio, ele sabia quem estava na
sua frente mesmo sem ver o rosto com clareza. Cristian
Herovrisk.

— Senhor eu...

— Abra os olhos!

— Por favor...

— Abra os olhos seu verme! — O comando frio


desferido por Cristian e foi cumprido, o homem gemeu de
dor, mas manteve-se do jeito ordenado.
— Você falou demais com os holandeses. Devo
pergunta se falou com os porcos italianos?

Ele não vacilou em sua calma cortante, mas apenas


por fora, no seu interior uma briga por controle das suas
reais emoções acontecia.

— Não Senhor! Italianos nunca... São uma corja...

— Você é um verme imundo, assim como eles, assim


como os holandeses, e você sabe o que eu faço com
vermes?

A voz de Cristian atingiu o homem como um chicote, o


medo se instalou no traidor da máfia russa, ele sabia que
aquele homem não era dado a ameaças vazias.

— Perdão senhor...

— Perdão é algo relativo. Diga-me, o que eu faço com


vermes como você? — A pergunta era simples, Cristian
estava com raiva, dele, daquele lugar, odiava está naquela
merda novamente.

— Mata! Mas perdão senhor, juro que me arrependi,


juro nunca traí novamente a minha casa. Perdão. Perdão.
Me corte uma mão, qualquer coisa, mas não me mate. Tire-
me daqui. Tire-me daqui meu senhor! Isso é um inferno.

— Sabe, esse lugar faz um homem pensar. Vou lhe


dizer algo, eu já estive aqui, sei o que passa na sua
cabeça, as primeiras horas são as mais fácies, sempre
acha que vão voltar e tirar você, mas então ninguém vem.
— Cristian falou com o olhar fixo em um ponto qualquer,
relembrando seu inferno. — Então você perde a noção do
tempo, e tudo vai ficando pior, você começa a escutar o
silêncio e apenas os ratos, não consegue dormir, depois
vem à fome, a sede, e é aí que você sabe que ninguém vai
voltar, sabe que está sozinho e que ninguém te houve por
mais que grite até sua garganta sangrar, até não ter mais
forças nem para orar, então fica dependente do foço, os
ratos começam a passar por cima de você, o cheiro se
torna insuportável, a dor e a sede são implacáveis, tudo
que pensa e em morrer logo... Mas sei que ainda não está
nessa fase... — Cristian abaixou os olhos para o homem
que o encarava assustado.

— Senhor...

— Não vou matar você Varris...

O alivio do homem foi palpável, Cristian lembrou-se de


que sentiu a mesma coisa quando havia ficado ali, não
sabia quanto tempo naquele lugar e então viu seu pai.
...

— Pai? É você? —A dor tomou conta dele quando seu


pai acendeu uma lanterna em cima dos seus olhos.

— Pensou no que fez?

— Sim... Prometo nunca mais lhe desobedecer... Tire-


me daqui pai, por favor!
— Vai sair daqui. — Cristian sorriu e tentou se levantar
assim como o pai.

— Mas, não sou eu que vou te tirar. Encontre a chave


e estará livre!

A luz se apagou e Cristian escutou apenas o muito


rápido "timtim" da chave no chão. Para depois ouvir a porta
de o foço ser fechado novamente e seu pai o deixar para
trás na escuridão.

— PAI!!!!!! — Gritou o menino em desespero.

...

— Obrigada senhor. Obrigada!

O homem agradecia tentando se levantar. Cristian se


afastou das suas lembranças, então tirou de dentro do
bolso um canivete, o depositou na frente do homem para
que ele pudesse ver claramente quando focou com a
lanterna sobre ele.

— Eu não vou te matar, você vai, quando não


aguentar mais isso aqui. Agradeça pela minha misericórdia
em deixar essa faca, veja como seu perdão, pois como eu
disse, ele é era relativo.

O Herovrisk se levantou dando as costas para o


homem, esse não demorou muito a entender que foi
deixado para trás, que não ia ser retirado dali, então gritou,
pediu ajuda, nada adiantou. A porta foi fechada no minuto
seguinte, Cristian andou a passos largos para fora daquele
lugar, sentia sua glote fechar, quando finalmente abriu a
porta, com força, saindo para o ar puro ainda da manhã foi
como se pudesse realmente respirar, viver. Engoliu em
seco lembrando-se de como era estar na luz novamente, o
foço tinha sido feito para aquilo, torturar até que seu limite
acabasse e tudo que desejasse fosse à morte, ele havia
passado por isso, tentou se matar, mas não conseguiu. Um
dos homens que tomava conta da porta que levava direto
para baixo do solo se aproximou do chefe que o encarou
antes de entrar no SUV de luxo.

— Ele ainda está vivo, em dois dias desça até lá e


retire o corpo!

Cristian disse e então foi para o seu carro, tinha


absoluta certeza que Varris se mataria em dois dias, talvez
em um, era bem provável, o homem era fraco, todos os
traidores eram.

И·И

A mansão neoclássica era triste e silenciosa, tudo


tinha um ar antigo e luxuoso, mas tão sombrio. Rose
pensava sozinha sobre tal coisa, enquanto andava pelos
corredores de mogno da Mansão Herovrisk, havia jantado,
foi deprimente, mas muito melhor que dividir o mesmo
espaço com o sogro, pelos menos esse não estava em
casa e apostava que Cristian acompanhava o pai a onde
quer que ele estivesse, mas não quis pensar muito sobre
isso. Ela tinha passado à tarde com sua mãe, cuidando dos
preparativos da festa, foi boa, mas não foi o suficiente para
que fizessem Rose esquecer tudo que o pai havia dito.
Pensou sobre aquilo mais do que queria e não teve uma
conclusão satisfatória, e se tornou mais obcecada e
preocupada com as questões relativas ao que tinha sido
feito com Cristian.

Ela entrou na biblioteca, enorme, os livros do chão ao


teto em prateleiras, tinham todas as edições e com os
maiores clássicos, tendo uma grande parte em suas
primeiras tiragens. Rose gostava de ler, mas ainda não
tinha ido até aquele lugar depois de todo aquele tempo.
Olhou o espaço, uma mesa, um sofá, uma poltrona que
parecia bem confortável, uma típica mansão familiar, porém
algo lhe veio à mente, não havia uma só foto em toda a
mansão, nem da família ou da mãe de Cristian. Isso era
estranho, Rose lembrava-se da sua casa, sempre com
várias fotos espalhadas por toda a mansão, principalmente
da mãe com as filhas, mas naquela mansão não havia um
sinal se quer do passado dos Herovrisk, isso a intrigou.

E mais tarde naquela noite, no inicio da madrugada


Cristian saiu do seu carro, vendo pai fazer o mesmo, mais
lentamente. Com um aceno entrou em casa, o deixando
para trás. Tudo que queria era voltar para seu quarto,
tomar um banho, tirar aquele cheiro de si, seu dia não tinha
sido agradável, havia lidado com muita coisa, suportado
pessoas fumando ao seu lado, conversas estúpidas, tudo
aquilo lhe encheu. Entrou no corredor que levava ao seu
quarto, assim que abriu a porta, entrou, logo avistou aquele
montículo pequeno enrolado com os lençóis brancos no
meio da cama, Rose.
Estufou seu peito com o ar delicioso que permeava
aquele lugar, tudo que lhe lembrava de era ela. Fechou a
porta atrás de si, se aproximando da cama, olhando-a, e
percebeu que esperou o dia todo por isso, por vê-la. Ela
esteve em seu subconsciente o tempo todo, um sorriso
escapou pelo Herovrisk enquanto observava a mulher
dormir como um anjo, ocupando o meio da cama, abraçada
ao seu travesseiro, ressonando levemente, os cabelos
espalhados, os lábios entreabertos, tendo os cílios caindo
na sua pele clara. Adoraria ver seus olhos azuis... Refletiu
e logo se sentiu como um tolo, levou sua mão na direção
do rosto dela, mas então parou no caminho... Não a
contamine com a imundice que trouxe do seu dia! Afastou-
se dela, não ia tocar em Rose assim, realmente se sentia
sujo, como nunca se sentiu antes, deu a volta rumando
para o banheiro, queria um banho logo, porque percebeu
que a chuveirada que julgou ser o seu maior desejo, não
era, sua maior vontade agora era voltar para a cama e
abraçar sua linda esposa.

— O que está acontecendo com você Herovrisk?

O homem perguntou ao se olhar no espelho, vendo


sua imagem refletida. Os cabelos pretos, olhos da mesma
cor e sem expressão, nada tinha mudado, porém ele se
sentia diferente. Bufou, foi ao chuveiro, tomando o seu
banho rapidamente, quando saiu passou pelo closet, colou
apenas uma cueca, então voltou ao quarto, mas seus
passos diminuíram quando se surpreendeu ao ver a figura
pequena, sentada no meio da cama.

— Oi...
Ela disse baixo, ainda estava sonolenta, mas muito
ligada da presença máscula do homem, que por sua vez
estava mais que ciente da dela e ainda mais por ver a
camisola de seda creme, que moldava os seios femininos.

— Oi Rose!

A forma rouca como ele disse seu nome deu a ela


calafrios por todo o corpo, principalmente na região mais
ao sul. Cristian foi até a cama, puxando o lençol, se
enfiando em baixo, ela não fez nenhum movimento, deixou
que ele ficasse bem próximo.

— Você chegou tarde...

Falou de maneira delicada, não estava cobrando


nada, foi apenas uma constatação e ele se viu indo explicar
sem conseguir negar a vontade de abraçá-la.

— Tive uma reunião que demorou mais do que


imaginava!

— Ah... — Ela observou um pouco nervosa mordendo


o lábio inferior. — Cristian, eu posso perguntar algo?

Ele a observou, e tinha algo em seu olhar, talvez


expectativa, mas era inegável que ela parecia sexy como
uma tentação feita especialmente para ele.

— Pergunte. — Ele disse, o sorriso dela fez coisas


estranhas com o Herovrisk.
— Hoje quando andei pela casa, fiquei pensando, não
há uma foto de família ou da sua mãe, ou sua... Por quê?

A expressão dele ficou mais pensativa, mas não


pareceu irritado, ele se mexeu na cama, aproximando-se,
Rose teve que resistir a vontade de se jogar contra seu
peito, era tentador visto a falta de roupa. Cristian não
entendeu muito bem a fonte da curiosidade da mulher, mas
então se deu conta que não entendia muita coisa que vinha
dela, Rose era uma surpresa constante, mas sob aquele
olhar quase ansioso dela, ele resolveu responder. Quase
não pensava sobre sua mãe, não era dado a tal coisa, seu
pai também nunca gostou, mandava que se focasse em
algo realmente importante. Sabia que a mãe era
americana, mas viveu praticamente a vida toda na Rússia,
a família dela tinha negócios com a máfia vermelha que
orquestrou um casamento, nada fora da tradição, àquelas
informações, e um retrato no fundo da sua gaveta foi à
única ligação que teve com ela, mas quando era mais novo
muitas vezes pensou como seria ter uma mãe.

— Meu pai não gosta de fotos, e a minha mãe morreu


alguns dias depois que eu nasci e dessa forma ele nunca
se preocupou em ocupar a casa com fotos dela.

Rose sentiu seu coração apertar. Imaginar Cristian,


pequeno, sozinho e sendo criado por aquele homem
maquiavélico, isso não podia ter dado muito certo, agora
entendia boa parte do seu comportamento, vinha da
criação. Sem pensar pegou a mão a dele, acariciando,
olhando para a aliança grossa de ouro no dedo anelar,
Rose gostava das mãos dele e como ficava bonita com
aquele elo.

— Sinto muito. Você não tem nada dela?

A mulher lhe olhou com carinho, ele sentiu isso, e


encarou suas mãos unidas, a dela tão delicada e macia,
em contraste com a dele, grande e grossa, porém aquilo
parecia ser um arranjo ideal. O homem suspirou com a
curiosidade da esposa e se surpreendente por continuar
respondendo.

— Tenho uma foto, apenas uma. É a única coisa que


me fez ter uma espécie de contato com ela, vamos dizer
assim. — Ele fez uma pausa como se lembrasse de algo.
— Ela escolheu o nome Cristian por causa do avô
americano, meu pai não gosta, mas eu o mantive porque,
bom, talvez fosse uma forma de ter algo dela, mas nunca
disse a ele.

— Como ela era?

Ela se aproveitou de ver que ele parecia falante


aquela noite. Cristian via que Rose parecia empolgada,
quase sorriu, deixou apenas um esboço aparecer,
enquanto pensou sobre a foto, a única que tinha, e então
algo lhe caiu.

— Seus olhos às vezes lembram a cor dos dela.

Por um segundo o coração da mulher perdeu uma


batida pela sua fala, sorriu meio sem jeito, ele a olhava
com uma intensidade nova.

— Ah... São muito parecidos? — Perguntou sem jeito,


Cristian deu um sorriso pequeno.

— Não tanto assim, os dela eram azuis comuns, os


seus são mais vividos, tem tons de verde, com salpicos
marrons, são únicos... Acho que por isso são fascinantes!

Naquele momento Rose realmente ficou sem ar, o


homem não podia dizer aquele tipo de coisa e sorrir ao
mesmo tempo. Cristian não soube dizer como tudo aquilo
escapou dos seus lábios, mas no final não se arrependeu,
valeu por ver a mulher corar.

— Ah sim. — Foi apenas o que ela conseguiu articular,


estava realmente boba com o homem, que por sua vez se
sentia divertido.

— Só tem isso a dizer?

Ela sabia que ele estava provocando, mas estava


completamente derretida, não dava para evitar quando o
Sr. Herovrisk soava como um romântico.

— Só posso dizer que você prestou atenção.

— Como não poderia? — O sorriso dela foi


encabulado. — Sua curiosidade foi sanada Sra. Herovrisk?
— Ele perguntou em um tom ameno, divertido. Rose
respirou fundo e então deu um sorriso mais confiante.
— Sim, bom, pelo menos temporariamente!

Deu de ombros com uma expressão matreira, já


recuperada, e então viu Cristian soltar uma gargalhada.
Ficou mais uma vez boba, o homem rejuvenesceu anos
daquele jeito, além de ser o som mais delicioso que ele já
havia oferecido a ela, que suspirou como uma tola para ele.

— Você devia sorrir mais assim, te deixa incrível!

Cristian ainda tinha vestígios do sorriso no rosto, que


não pode segurar, e agora ficou estranhamente agradado
com o elogio da mulher, que fazia coisas em seu interior,
mexia com ele. Não se retendo mais, ele se aproximou
mais dela, pondo a mão na sua face acariciando.

— Não gosto de sorrir, mas ultimamente tem sido


difícil não fazer isso ao seu lado.

Admitiu o homem tomado de desejo por ela. Rose se


derreteu contra o toque e suas palavras, não sabia como
ou quando tinha ficado tão suscetível a ele, seu coração se
apertou de forma estranha, uma súbita felicidade veio a
ela.

— Isso é bom? — Ela perguntou deitando o rosto


sobre o toque da mão masculina. Cristian gostou demais
do ato, o aqueceu de um jeito diferente.

— Eu não sei.
Sussurrou aproximando seus lábios do dela, Rose
fechou os olhos, esperando por ele. Não demorou e logo a
envolveu em um beijo sensual, que ela retribuiu,
mordendo-o levemente, recebendo o mesmo, só para
então ter sua boca invadida pela língua cheia de perícia. O
homem não sabia dizer onde começava ou terminava
aquele beijo, só sabia que adorava aqueles lábios doces da
sua esposa, sua Rose. Sem demorar muito, a mulher
estava sentado sobre o homem, que a despia com
cuidado, ele beijou seu ombro, indo até o colo, ela enfiou
as mãos no cabelo dele, puxando levemente. Aquilo estava
sendo em muitos níveis intenso.

— Cristian... — O homem atacou os seios dela


devagar, sensualmente.

— Sua pele é tão preciosa...

Logo ele estava deitado sobre ela, a beijando, sem


deixar de acariciar seu corpo, tão lento e doce. Rose nunca
tinha visto ou sentindo Cristian tão gentil. Devolveu o beijo
dele, com paixão, queria-o imensamente, deslizou as mãos
pelas costas dele, cravando as unhas quando lentamente
ele a possuiu.

— Oh... Você é maravilhoso...

Cristian suspirou a ouvindo dizer aquilo, enquanto


tomava seu corpo delicado. Não sabia por que, mas de
todas as vezes que já tinha ficado com ela, aquela parecia
diferente. Especial. Olhou para o rosto dela, cheio de
prazer e satisfação, que o deixou vaidoso, por saber que
todo seu prazer era dele, dado por ele.

— Você que é, meu anjo! — Capturou um lábio dela,


chapando, para então beijar Rose, ela sorriu.

— Anjo? — Perguntou, Cristian a olhou vendo seu


deleite.

— Sim, meu! — Ele beliscou um seio dela e mulher


gemeu, o abraçando.

— Eu gosto...

Cristian sorriu e sentiu o sorriso dela contra seu


pescoço, e então ela o beijou de um jeito doce e cheio de
algo que não soube dizer o que seria. O homem percebeu
que nunca havia sido beijado assim, mas adorou, ele
continuou sobre ela, suavemente, dizendo aquelas
palavras gentis. Não demorou muito para que percebesse
que aquilo não era apenas mais uma noite, mas sim
estavam fazendo amor, e quando alcançou ao mesmo
tempo o clímax, ela soube, estava se apaixonando pelo
seu marido.

— Durma Rose...

Ouviu-o dizer quando a abraçou se juntando a ela, que


não teve tempo para processar sua nova descoberta, só
sabia que em toda sua vida jamais havia se sentindo
assim.
И·И

Naquela manhã cheiro doce invadia Cristian, ele abriu


os olhos devagar, procurando pela fonte linda daquele
perfume, mas se deu conta apenas da cama vazia,
estranhou, ainda era cedo, tirou o rosto do travesseiro,
saindo da posição de bruços.

— Rose?

Ele chamou vendo a mulher andar de um lado para o


outro no closet, pondo seus sapatos scarpin, parecia
apressada e tomou um susto, visivelmente, quando o
ouviu.

— Ah... Oi!

Rose pulado da cama, assim que acordou, se


lembrando do que havia descoberto na noite passada.
Queria sair, pensar, estava assustada precisava articular e
respirar normalmente, porque ao lado daquele homem
magnífico sem roupa, estava difícil, então aproveitou que
tinha que resolver alguns assuntos sobre a tal festa, para
sair, mas agora Cristian estava lá, acordado, lindo e
totalmente delicioso, fazendo seu coração saltar.

— Aonde você vai? — Ele perguntou rouco, a mulher


por sua vez desviou os olhos dele, tentando ao máximo
não demonstrar seu súbito nervosismo.

— Hum, eu tenho uma reunião com o chefe de um


buffet, que minha mãe indicou, e uma florista e um
decorador... Para a sua festa, então preciso sair!

— Venha aqui!

Ele comandou, sentia quase como uma necessidade


vital de por as mãos nela, olhar nos seus olhos azuis, que
agora o evitavam visivelmente. Rose quase gemeu em
frustração, não queria encarar ele, não naquele momento,
precisava pensar.

— Estou atrasada, depois nos falamos!

Ela não olhou para o homem e foi em direção à porta.


Cristian não gostou e com uma reação rápida, chegou à
esposa com facilidade, a abraçou, deixando-a encurralada,
enquanto a forçou a caminhar de costas de volta a cama
deles.

— Eu disse para vim até mim.

Falou rouco e sério, Rose fechou os olhos, sentindo


seu coração saltar feito um maluco. Ele a jogou de costas
na cama e ficou por cima dela.

— Cristian, droga, me deixa ir. — Rose esperneou


tentando se livrar dele, mas em vão.

— Por que esses olhos azuis estão me evitando?

Cristian falou sério, mas no fundo queria rir, Rose


parecia lindamente irritada essa manhã e o ele se sentia
extremamente bem humorado.
— Pare de me encher! — Rose olhou para ele,
tentando soar séria, mas amoleceu ao ver o sorriso dele
aparecer. — Ah tenho uma festa para organizar...

Por que ele tem que ser sorrir assim? A mulher decidiu
que ele era bipolar, e suas mudanças de humor não
podiam acontecer nas horas mais inapropriadas.

— Fico feliz que está empenhada nisso, mas eu te fiz


uma pergunta é quero resposta, não vai sair daqui antes
disso!

Cristian falou ainda divertido com a criatura mal-


humorada e linda em seus braços, não entendia porque ela
estava assim, tão irritadiça nessa manhã, talvez ele
pudesse resolver aquilo, então desceu os lábios no
pescoço alvo dela, passando os dentes na sua pele. Rose
gemeu quando ele chupou o lóbulo da sua orelha, levando
a mão para dentro do seu vestido, acariciando seu sexo.

— Cristian, não, droga... Oh!

— Minha resposta Sra. Herovrisk?

— Só estou atrasada...

Rose gemeu sôfrega contra ele, que mordiscava seu


pescoço, a acariciando, ele sabia como enlouquecê-la.
Cristian sorriu a ouvi-la ofegante, pôs sua testa na dela,
vendo seus olhos azuis dilatando de desejo, não pensou
em outra coisa a não ser beijá-la, assim o fez. Aquilo
parecia o paraíso para o homem, que nunca havia
imaginado que gostaria tanto de beijar alguém, de sentir
alguém. Rose não conseguia resisti aos beijos dele,
Cristian parecia ter rompido a barreira sobre beijá-la, agora
fazia e fazia tão bem que a deixava em um estado de
calamidade de tanto desejo, só pensando em como o
queria.

— Senhor?

A voz acompanhada de uma batida na porta fez o


casal gemer junto em frustração. Cristian enfiou o rosto no
pescoço da esposa, tentando controlar sua raiva, mas
então suspirou e saiu daquela toca.

— O que?

Rosnou o homem, e Rose não sabia se ficava


agradecida ou chateada pela interrupção, mas então
aproveitou a distração dele, para tentar fugir dos seus
braços.

— Seu pai mandou lhe avisar da sua reunião. — Falou


o homem atrás da porta, Cristian deixou Rose fugir, viu a
pressa dela, o que até o distraiu da sua raiva.

— Vá Franco, eu sei dos meus compromissos!

Vociferou ele frio e saltou da cama ficando a frente de


Rose, completamente nu, ela arfou com a visão do membro
masculino excitado, Cristian se aproximou dela, gostando
do olhar lascivo, que a mesma dava ao seu corpo, tocou o
queixo dela levantando seu rosto para encarar o seu.

— Nós não terminamos, vou pegar você mais tarde...

Rose teve dificuldade para respirar e se manter em pé,


ao receber aquele olhar malicioso do marido, foi difícil para
ela se manter firme com a ameaça sedutora dele, que
segurou a mandíbula feminina e lhe deu mais um beijo,
antes de encará-la de novo.

— Preciso ir!

A mulher ficou orgulhosa de si quando sua voz saiu


contida, não tão afetada como ela estava por dentro,
Cristian viu aqueles olhos azuis nublados, ela o queria,
mas escondia, ele quis rir, mas não o fez, aproximou seu
rosto do dela, poucos centímetros dos lábios se tocarem.

— Tudo bem. Tem minha permissão, chame Yoro!

Sussurrou e agora Rose ficou além de excitada,


irritada. Isso a ajudou, e rolou os olhos para a permissão
dele, quando o viu se afastar indo para o banheiro e a
deixou respirar normalmente. A merda que preciso de
permissão! Bastardo...gostoso! Ela ainda observava o
traseiro do homem e sacudiu a cabeça levemente
buscando esquecer daquilo, saindo. Assim que a porta do
quarto se fechou Cristian se permitiu rir, não sabia atinar o
que aquela mulher fazia com ele, mas era estranhamente
bom, aquecia seu peito, o divertia, e com certeza o deixava
louco de desejo, percebeu que adora vê-la irritadiça e em
saltos altos.

— Você está perdendo sua mente Herovrisk,


concentre-se!

O homem falou ao entrar na sua chuveirada matinal,


com o cheiro de sua esposa por todo o lugar, o agradando
de formas atípicas. Já Rose passou direto pelas escadas
da mansão, quase correndo, e então teve que parar
abruptamente para não se chocar com o sogro que tinha
um livro na mão e a olhava fixamente.

— Saindo tão cedo Rose? — A voz gélida do homem


esfriou completamente o corpo da mulher que foi aquecido
pelo marido.

— Sim... E já dei satisfação para quem tinha que dar!

Rose disse de mau humor, então se desviou dele


rápido, saindo, sem nem ao menos ligar para sua carranca
feia. Foda-se esse velho babaca! O homem se virou
lentamente observando a postura altiva da mulher e a sua
resposta desafiante, sacudiu a cabeça com desagrado,
deixando um sorriso frio no canto dos lábios.

— Essa vadia precisa de uma mão forte para corrigi-


la, principalmente essa boca... Cristian não está sendo
suficiente! — Falou o homem abrindo seu livro calmante,
pensou em várias formas de ocupar a boca daquela
esposa do filho.
И·И

— Você parece nervosa filha...

Rosely falou vendo a filha se mexer a toda hora na


cadeira, inquieta, lembrou-se da infância da menina, uma
apresentação de ballet, ela não parou quieta o dia todo até
a hora de entrar no palco, sorriu com a lembrança.

— Só pareço. Onde estão esses seus organizadores


que falou em?

Desconversando Rose perguntou, tentou parar de


bater as unhas bem feitas na mesa. Seus nervos estavam
à flor da pele, não queria admitir, mas era verdade,
suspirou lembrando-se de como seu coração saltou ao
receber a resposta à mensagem que havia enviado ao
marido só para saber o número de convidados, que sua
mãe insistiu em saber, para Rose fazer uma média já era
suficiente, tudo para evitar falar com Cristian.

— Ah estão ali... Ronald e Lia!

Sua mãe acenou para o homem baixo em um modelito


de blazer e jeans azul estiloso, e uma mulher negra, com
de olhos verdes raros e estava muito bem vestida com um
terninho branco.

— Olá Rosely... Ah você deve ser Rose! — O homem


disse meio afetado demais, ela sorriu entendo o motivo. —
Não disse que ela era linda assim... Eu sou Ronald, mas
meu marido e sua mãe costumam me chamar de Belo! —
Ele disse beijando a mão de Rose.

— Obrigada pelos elogios, Belo! — Ela disse então se


voltou para a moça de olhos verdes.

— Sra. Herovrisk, sou Liana Frans, mas conhecida


como Lia... É um prazer!

— Me chame apenas de Rose, Lia. Nada de senhora,


faz-me sentir velha. Sentem-se!

Todos sorriram na mesa de um café de luxo da região.


Rosely sempre vinha aqui, era uma conhecida da casa.

— Filha, como eu te falei, esses são meus dois


grandes amigos e de confiança, que sempre me ajudam na
organização das festas de casa.... Pode pedir qualquer
coisa, sei que vão lhe atender. — A matriarca Volkov disse
sorridente, sua filha concordou encarando os dois.

— Bom, eu não tenho uma noção clara do que


realmente quero, mas sei que tem de ser algo imponente e
elegante. Que combine com um ambiente neoclássico! —
Rose tirou da bolsa a relação do Buffet de mais de
duzentas pessoas. — Aqui está a relação do que vamos
servi, pode ajudar.

Rose disse e logo viu os olhos de Ronald saltaram,


assim como ideias de todos os lados. Lia apesar de mais
discreta também não ficava atrás, e depois de mais de
duas horas entre toda a organização, ambientes,
decoração, música, ela se debatia sobre quais arranjos de
flores, sua mãe teimou que tinha de ser a última coisa.

— Mãe, eu não sei se quero essas. — Disse Rose


folheando os papéis com fotos de arranjos.

— São lindas, delicadas e combinaria bem.

— Orquídeas? Não! — Rose não via algo que


realmente combinasse com Cristian, até que viu um arranjo
de rosas brancas, olhou para Lia. — Lia, você conseguiria
fazer um arranjo de rosas vermelhas e pretas?

Um sorriso brotou nos lábios de Rose, isso sim


combinava com Cristian, a cor dele e a cor de Rose, pretas
e vermelho.

И·И

O escritório da mansão era ocupado por duas figuras


masculinas, Cristian analisava alguns números e
repassava ao seu pai, para assinar. O Herovrisk mais velho
aceitava os papéis enquanto observava o filho, viu quando
parou para digitar algo em seu celular, viu sua expressão
ficar mais serena, voltando a se fechar quando guardou o
aparelho.

— Algum problema?

O Herovrisk mais velho perguntou sem demonstrar


nada. Cristian tratou de fazer o mesmo, mas sentiu um
breve deleite ao ver o nome da sua esposa piscar na tela
do celular, mas ela havia feito apenas uma brevíssima
pergunta, sobre quantidade de convidados, que ele
respondeu da mesma forma.

— Não, no nenhum.

— Você anda distraído... — Conegon disse olhando


para o filho, que refletiu a mesma calma do pai, ao encará-
lo.

— Impressão sua!

O Herovrisk mais novo disse sério, então desviou os


olhos para o relatório que analisava, mas no fundo estava
escondendo a sensação estranha de como se tivesse sido
pego mentindo igual quando era criança, mas agora era um
homem, não deixou aquela sensação se apoderar dele.

— Está dizendo que estou errado Cristian? — A voz


fria do pai dele o impelia para que o encarasse, Cristian
suspirou e assim o olhou.

— Eu não disse isso!

— Você está distraído sim, meu palpite é que foder a


garota Volkov te deixa assim. Diga-me, ela é tão boa
assim?

Conegon esperou alguma informação vinda de alguma


reação de Cristian, mas ele havia aprendido bem, sabia
esconder o que pensava, o pai sorriu frio. O Herovrisk mais
novo sentiu seus ombros tensos, seu punho se fechar, não
gostou nem um pouco de ouvir seu pai falar assim de
Rose, mas ele não podia revidar, mas se fosse outro já
estaria sem seus dentes.

— Ela não tem nada demais. Continuo dizendo que


não estou distraído meu pai.

Ele viu o pai o analisar e então sorriu sem humor.

— Me diga quando vai vir meu neto, já que fode sua


esposa todo dia!

Cristian ficou ainda mais tenso, um borbulhar de raiva


surgiu, mas ele tinha que se conter. Seja frio Cristian... Não
podia demonstrar sua irritação.

— Rose ainda está protegida por anticoncepcional.

O homem odiou ter que falar sobre sua esposa com o


pai. Nunca tinha tido esse problema, mas sobre Rose,
aquilo o deixava “pisando em ovos”, a sensação era ruim.
Sabia tudo sobre a saúde da esposa, tinha acesso aos
últimos exames dela, suas últimas injeções
anticoncepcionais e até a última crise alergia que ela tinha
tido.

— Bom se não pode engendrar o filho nela, quero que


a deixe sozinha no quarto, mude-se para outro. Está na
hora dela entender que não passa de um meio para um fim
e você fique focado, na máfia, a única coisa que importa!
Conegon disse satisfeito, então viu a expressão do
filho cair, mas logo voltar ao lugar. Sabia que o filho ia
cumprir qualquer ordem que fosse dado, foi talhado para
ser cego e surdo a qualquer outra coisa que não fosse
suas ordens. Ele era seu, depois de tantas surras e
treinamentos, fez o que era necessário com o filho para ser
implacável. Cristian sentiu-se cabisbaixo, ficou irritado, não
queria aceitar aquilo, mas infelizmente tinha que aceitar.
Percebeu que deixar seu quarto não ia ser algo fácil, deixar
Rose ali não ia ser fácil, mas se convencendo que tudo
aquilo era um costume e costumes podiam ser esquecidos,
porém quando fosse o chefe da máfia algumas coisas
mudariam.

— Como quiser meu pai!


И·И

Rose chegou à mansão e já era noite, quase na hora


do jantar, depois de passar o dia resolvendo questões
sobre a festa de Cristian e ainda deu uma passada no
atelier. Saiu do carro apressada, sentindo-se nervosa, ia
encontrar com o marido e a ameaça maliciosa dele se
reavivou em sua mente. Passou pela porta de mogno da
casa dando de cara com a governanta, Sra. Wladimir.

— Boa noite senhora. — Ela cumprimentou com uma


voz educada. — O Sr. Herovrisk lhe espera na sala
principal.

— Meu marido?
Rose se perguntou, sempre entrava em dúvida nessa
casa, tanto Cristian quanto Conegon eram chamados de
"Sr. Herovrisk".

— Sim, senhora.

A resposta da mulher fez um estranho formigamento


brotar no estômago de Rose, ela sabia o que era o
nervosismo, se xingou enquanto pediu para que a
governanta levasse a pasta, casaco e bolsa que tinha na
mão, para o quarto já que ela não ia ter tempo, sabia pelo
poucos meses de casada, que se Cristian já estava na
mesa, e ela não, sua carranca de mau humor estava
presente também, assim que se livrou das coisas que tinha
caminhou até a sala principal, o de era servido o jantar,
passou inconsciente a mão pelo vestido nada fora de lugar
e logo em seguida no cabelo. Entrou em seguida no
ambiente luxuoso, com uma mesa grande, compostas
pelas louças de prata e taças de cristal.

— Atrasada. Não sabe de seus deveres? — Ele falou


frio. Isso foi pior do que Rose imaginava, ele estava
parecendo o pai.

A expressão nada contente dele teria feito qualquer


um correr, mas ela não, que empinou o queixo e desviou o
olhar displicentemente, aquela recepção à fez esquecer
que estava nervosa.

— Se esquecesse dos meus deveres nem perderia


meu tempo discutindo arranjos, louças e decoração, para a
sua festa! — Ela frisou se sentado e encarando a cara mal-
humorada do homem.

— Este é apenas um dos seus deveres, e mude o tom


para falar Rose. Não estou de bom humor!

— Eu nem percebi!

Ela disse puxando o guardanapo para o seu colo com


um rolar de olhos. Cristian apertou seu maxilar pronto para
não bufar em exasperação com aquela mulher, seu dia
tinha sido miserável, esperava que o jantar não fosse, mas
assim que pôs os olhos em Rose, viu como se fosse
possível ainda mais estonteante, então se lembrou que ia
ter de deixar ela, ficar longe do seu cheiro, que o invadia
sempre que estava por perto, deixar seu corpo quente e
delicado que agora já parecia se moldar instantaneamente
ao seu.

— Adoraria que apenas ficasse calada e terminasse


seu jantar. Não quero ter que escutar mais nenhuma
gracinha sua, estou estafado!

Falou com a voz fria e viu ela respirar fundo, ele viu
algo estranho refletir em seus olhos azuis, não soube dizer
se foi raiva, tédio ou simplesmente mágoa, mas isso fez o
homem se sentir culpado e isso era louco, ele nunca sentia
assim, resolveu ignorar aquilo, não devia se sentir assim.
Rose preferiu não falar nada, mas sentiu seu peito doer de
forma angustiante. Não, eu não estou apaixonada por um
troglodita... Buscou se convencer depois de ser tratada
como um simples nada, Cristian parecia totalmente
diferente daquele homem sorridente da manhã. Toda
aquela raiva no fundo estava apenas mascarando uma
grande tristeza. Rose queria negar, mas tinha se
apaixonado, todavia, já se sentia ferida. Quando saiu da
mesa e ele não a acompanhou para o quarto, a fez ficar
muito grata, pois ela queria poder xingá-lo a plenos
pulmões nas outras quatro línguas que falava.

Ela entrou no closet para se trocar tomou um susto,


não tinha uma roupa dele ali, rapidamente pegou uma
camisola de seda, cor de vinho, pegando um robe que a da
mesma cor e se enrolou nele, indo atrás do marido, porém
ao abrir a porta do quarto deu de cara com ele entrando no
da frente, seu rosto franziu em completa confusão. Cristian
parou seu movimento ao ver a sua pequena mulher o
encarando, não pode deixar que seu olhar vagasse pelo
seu corpo dela, mas ele sabia exatamente o que tinha ali
sob o tecido, que se moldava perfeitamente a suas curvas.
Voltou sua atenção ao seu rosto, antes que se perdesse,
porém não foi mais fácil, os olhos azuis límpidos, lábios
avermelhados, tendo os cabelos emoldurando tudo, não a
deixaram menos que perfeita.

— Pode me dizer o que está acontecendo?

Ela inquiriu com a voz seria, mas havia toques de


irritação, Cristian adotou sua postura ainda mais fria, não
queria demonstrar sua insatisfação em deixar aquela
pequena criatura atraente.

— Se refere exatamente ao que?


O tom de voz do homem fez Rose querer bater
naquele rosto bonito e bastardo dele, ela botou as mãos na
cintura para se firma e levantou mais o queixo.

— Não se faça de burro.

Cristian mudou sua postura, ficando mais intimidante,


mas quem disse que a mulher mudou a dela, pior, se
firmou mais desafiante.

— Cuidado com o que fala.

— Explique-se logo Cristian.

Falou ela mordaz, o homem se aproximou dela, mas


não foi algo bom, o cheiro dela o atraiu imediatamente,
mas ele se conteve.

— Estou mudando de quarto, a partir de agora você


dorme sozinha, cansei de ter meu espaço ocupado!

Rosnou ele e viu a expressão dela mudar, aquela


irritação, virou surpresa então seu olhar caiu, Cristian não
se sentiu tranquilo com aquilo, então simplesmente deu as
costas.

— Cristian! — A voz dela saiu aguda, ele não se


voltou para ela, então Rose foi para sua frente. — Primeiro,
se pensa que depois disso eu vou deixar você me usar
como um égua de reprodução está muito enganado.
Segundo, vá para o inferno, para o raio que o parta seu
filho da puta!
Rose estava tomada pela sua raiva, falou sem pensar,
agindo assim quando bateu na cara dele e então saiu com
pressa, completamente irada e se trancando no quarto, foi
como se algo a possuísse, sua ira nunca foi tão extrema,
queria bater mais em Cristian, até fazê-lo agir como um ser
humano normal, um marido normal. Grande filho da puta
bastardo... Que ódio. Que ódio! Ela se jogou de costas na
cama olhando para o teto, cheia de raiva, estava com raiva
de si mesma, dele, de ver que estava se apaixonado, mas
decidiu que iria sufocar aquilo, se sufocaria se preciso, e as
lágrimas escaparam por seus olhos.

— Ótimo. Estou chorando! Droga!

Cristian ainda estava parado no mesmo lugar, sua


esposa era louca e completamente corajosa. Ele passou a
mão no lugar onde a sua mão desceu com uma tapa forte,
foi à segunda vez que a criatura havia feito aquilo com ele.
O pior, dessa vez o xingou como se fosse qualquer um, e
para agravar a situação o homem agiu como um
cachorrinho adestrado, não fez nada. Ele olhou para a
porta trancada, queria por as mãos nela, mas para sua
surpresa não queria lhe fazer mal algum. Só queria possuir
seu corpo até cair de cansaço e tirar aquele olhar de raiva
que Rose dirigiu a ele, aqueles olhos azuis pareciam
magoados. Não. Eu não vou tocá-la. Não mais por
enquanto... Vou me acostumar a isso... Eu tenho que me
acostumar! Não me importo o que ela sente... Com essa
afirmação ele entrou no seu novo quarto, e ao olhar o
espaço, composto por uma cama grande com cobertas
escuras, como gostava, e uma lareira igual a que tinha no
seu quarto antigo, duas poltronas a frente dela, uma mesa
de trabalho no lado, a porta para o banheiro e um closet,
mesmo assim viu em desajuste, não tinha mais o cheiro
dela, não a tinha e isso imediatamente o perturbou.

И·И

Quando Cristian desceu na manhã seguinte para o


desjejum encontrou a porta do quarto de Rose fechada,
não se deu ao trabalho de ir até lá, mandaria alguém fazer
isso. Sua noite não tinha sido nada boa, rolou para os
lados da cama, procurando por uma posição, nada parecia
se ajustar naquele quarto, isso o deixou com um humor
fora de lugar, ele chegou ao andar debaixo, encontrando
seu pai já na mesa.

— Meu pai. — Cumprimentou e olhou para a


governanta. — Vá chamar a Sra. Herovrisk!

Ordenou sem qualquer emoção na voz, mas sentia


uma urgência em vê-la, a governanta de repente pareceu
muito desconfortável.

— Bom, sinto dizer que não é possível, pois a senhora


acordou muito cedo e saiu...

Conegon olhou para o filho com uma expressão


categórica, Cristian não pode deixar de ficar surpreso, mas
se recompôs, ele queria esganar sua esposa.

— Traga meu o meu chá!


Falou sem demonstrar sua irritação, então viu seu pai
levantar a mão, impedindo claramente que a governanta
fosse fazer o que o filho pediu.

— Pergunte onde sua esposa foi Cristian!

Conegon disse frio, não gostando nada de ver a falta


de rédeas que o filho tinha sobre Rose. Aquela vadia
estava fazendo aos dois de palhaços, Cristian ficou tenso,
mas foi claramente uma ordem posta com a ameaça, ele
olhou para sua governanta.

— Onde minha esposa foi? — Sua voz sem emoção


alguma e ecoou na sala silenciosa.

— Não posso dizer senhor, ela não disse, somente


pegou um dos carros e mandou Yoro sair da sua frente.

A expressão do pai de Cristian apenas caía mais em


completo desgosto e a do próprio ficava mais difícil de
esconder.

— Mande Yoro vim até mim! — A governanta saiu e


Conegon olhou para o filho, depois da ordem que ele deu.

— Você me decepciona. Deixa a sua esposa sair por


aí e nem sabe aonde ela vai?

— Vou resolver isso.

— É o que eu espero!
Conegon se levantou jogando seu guardanapo na
mesa com força, mostrando seu descontentamento.
Quando sozinho Cristian levantou-se batendo na mesa, no
mesmo minuto que Yoro entrou cabisbaixo.

— Senhor...

— Como deixou minha esposa sair sem eu saber? —


Cristian foi para cima dele falando duramente, o homem se
encolheu.

— Desculpe Sr. Herovrisk, mas eu só a vi quando já


estava dentro do 911, então disse que tinha permissão e
continuou dizendo se não saísse da sua frente, passaria
por cima. Quase o fez senhor!

Incrédulo o homem massageou sua têmpora, então


encarou Yoro mais controlado.

— Achou que eu daria permissão para ela sair no meu


[16]
Porsche?

O segurança encolheu os ombros grandes, aquilo era


ridículo para alguém do seu tamanho.

— Achei que ela tinha permissão, tinha a chave e


todos esses dias haviam saído com seu consentimento.

— Eu alguma vez deixei de lhe avisar que dei


permissão? — Rosnou Cristian, o homem sacudiu a
cabeça em negativa. — Pois então, se eu não avisei, era
porque ela não tinha. Inferno, saía, saía da minha frente,
depois me acerto com você!

O homem saiu apressado e Cristian pegou seu celular,


todos os seus carros tinham rastreador e ele podia
encontrar Rose rapidamente pelo aparelho, caminhou para
a garagem, parando no armário de chaves dos carros,
aquela mulher tinha descoberto o local. Franco apareceu
logo que viu o patrão se dirigir a garagem.

— Senhor quer...

— Não!

Cuspiu a palavra e entrou no seu BMW série 8[17],


rápido o suficiente para alcançar sua esposa até no maldito
inferno, ele ligou o GPS, rastreando-a, encontrou a
localização da criatura teimosa, seu sangue ferveu ao ver
que era o endereço de um hotel. Tirou o carro da garagem,
acelerando, e ligando para o celular dela, não sendo
atendido. Cristian bateu no volante com raiva e com um
movimento rápido, checou para ver se sua arma estava no
porta luvas, e lá estava. Olhou para frente novamente,
sentia seu sangue ferver mais ainda ao pensar no que a
sua mulher podia está fazendo em um hotel, vários tipos de
coisas passaram pela cabeça dele, inclusive que o tal
Philippe estivesse na cidade.

— Não!

Falou em voz alta, deixando extravasar sua ira. Não ia


nunca deixar o bastardo por a mão nela. Rose era sua. Só
sua. Bateu no volante mais uma vez, imaginando ser o
rosto daquele bastardo. Ia arrancar Rose de onde quer que
ela estivesse e pelos cabelos se necessário. Acelerou mais
ainda o atravessando a cidade como um louco até chegar
no hotel, não era de luxo, mas também não um qualquer.
Colérico ele saiu do carro pegando sua arma, pondo nas
costas, cobrindo, passou pelo manobrista empurrando a
chave no seu peito, indo rapidamente em direção ao hall,
ou melhor, até as atendentes no balcão.

— Olá Senhor, eu...

— Quero saber se Rose Herovrisk deu entrada aqui?

Falou sem paciência com a moça morena, muito bem


portada, atrás do balcão. Sabia que não devia ser um
grosso, mas estava irado, queria Rose e resolveu esquecer
seus bons modos que adotava quando se tornava CEO,
pois não podia ser um mafioso ali.

— Não senhor. — A moça respondeu parecendo


realmente confusa.

— Procure na sua lista de clientes então um nome


parecido! — Rosnou, e a mulher engoliu com dificuldade.

— Senhor eu não posso...

— Sou Cristian Herovrisk, não estou perguntando se


pode, estou mandando!
O homem impaciente pegou sua carteira, procurando
a foto que guardou dele e dela juntos, colocando em
seguida na frente do rosto da atendente.

— Essa! É essa a mulher, viu ela por aqui?

A moça reconheceu imediatamente o homem irritado


com que falava, estava intimidada pela figura dele, mas
sacudiu a cabeça lembrando-se do rosto daquela mulher
que ele procurava. Tinha visto a figura pequena e elegante,
vestido de preto, fazer o cadastro ali, só tinha que se
lembrar do nome.

— Um minuto senhor.

A mulher começou a olhar no computador a sua


frente, Cristian sentia sua impaciência chegar a níveis
críticos, tudo por culpa daquela criatura que era sua
esposa.

— Senhor, está moça se registrou como Sacha


Beilors! — Disse ela encontrando o cadastro do nome,
percebeu a expressão no o rosto do homem se clarear e
ele sacudir levemente a cabeça.

— Andar, número e o cartão de acesso do quarto,


agora!

Cristian disse tirando algumas notas da carteira,


deixando ao alcanço da mulher, ainda estava pasmado
com as maquinações de sua esposa, ela havia usado o
primeiro nome da irmã e o sobrenome da mulher amiga.
— Oitavo andar. Dois. Quatro. Dois!

A mulher disse pegando o dinheiro discretamente e


passando o que o homem havia pedido, Cristian pegou o
que lhe foi dado seguindo direto para o elevador, a
adrenalina em seu sangue estava em níveis sérios, seu
coração bombeava como se estivesse em uma corrida,
suas mãos suavam, mesmo que ele não sentisse frio. O
pensamento dela está com alguém estava o deixando
desnorteado e cheio de raiva. O nervosismo era tão
incomum quanto a insegurança dos seus pensamentos,
quando parou na frente da porta que tinha adornado o
número "242" e toda sua parte lógica parou, era só instinto,
ele sentiu sua arma firmemente posta contra suas costas,
viu as câmeras no corredor e sabia que se fizesse algo,
teria que ser fora daquele lugar. Sem mais delongas ele
entrou, encontrou uma antessala de janelas de vidro do
chão ao teto e viu uma bolsa que já havia visto no closet de
Rose, em cima de um dos sofás de camurça clara da sala
separados por uma mesa de centro com um arranjo de
flores, olhou para uma porta de correr branca na esquerda
e outra na direita. Por que dois quartos? Cristian não teve
tempo de raciocinar sobre aquilo, pois a porta da esquerda
se abriu e um garoto de cabelos loiros e olhos azuis saiu
falando:

— Rose eu já terminei o banho, cadê...

Ele se interrompeu em suas palavras no mesmo


minuto que avistou a figura masculina ficando visivelmente
pálido, o Herovrisk observou o roupão branco que ele
vestia e os cabelos molhados.

— Seu filho de puta!

Rosnou com os dentes cerrados e foi para cima dele o


mais rápido que pode, o garoto ainda tentou correr, mas
Cristian o acertou nas costas com uma estátua qualquer
que estava na estante no caminho. Com o garoto caído no
chão foi mais que fácil para o Herovrisk o puxar pelo pé,
virando-o de frente para que ele visse quem o mataria, pois
deixou de lado qualquer regra que tinha estabelecido de
não atacar ninguém dentro daquele hotel, tudo que tinha
era ódio dentro de si por pensar em Rose o traindo com o
filho da puta que mal havia saído das fraldas.

— So.co.rro... — Falou o menino ficando vermelho,


em breve ficaria roxo, porque Cristian tinha as duas mãos
em seu pescoço enquanto mantinha o peso de seu corpo
sobre o dele, impedindo que saísse do seu
estrangulamento.

— Seu merda. Achou que tocaria nela e não ia


morrer? Ela é minha! Minha! — Cristian esbravejou em
cólera, nunca sentiu tanta raiva e nem aquela desolação
em seu peito, sentia vontade de quebrar tudo.

— CRISTIAN! Solte-o... — Ouviu e logo sentiu Rose


pondo as mãos no seu ombro, o puxando, mas ele não ia
soltar, mataria aquele homem.
— Não! Nunca mais você vai ver ele! — Outros gritos
se fizeram presentes, mas o homem ignorou em seu
ataque de ira.

— O solte Cristian, está louco? Solte!

Rose falava batendo contra os seus ombros, puxava-


o, mas nada pararia Cristian, até que ele viu a irmã da
esposa se jogar a sua frente gritando desesperada para
que soltasse quem ele estrangulava. Ela chorava e isso
deixou o Herovrisk confuso até que sentiu Rose o soltar e
quando viu a mulher desferiu um soco certeiro em seu
queixo o fez afrouxar a garganta do moleque caído em
baixo dele, tudo que Rose precisou para empurrá-lo para
longe.

— Ah Deus...

Sacha falou e tocou com desespero o rosto do homem


caído que tossia engasgado. Cristian passou a mão pelo
queixo olhando para a esposa que tomava a sua frente
impedindo que tivesse acesso ao garoto que ainda queria
matar.

— Saía da minha frente Rose. — Cristian falou


sacudindo a cabeça e se levantou.

— Não. Que porra deu em você para atacar Hank? —


O sangue de Cristian ferveu ao ver a mulher defendê-lo.

— Que porra deu em você para transar com um merda


que acabou de sair das fraldas? — Ele gritou irado. Viu a
expressão da esposa ir de raiva a choque e indignação em
segundos.

— Você é louco? Hank é o namorado da Sacha!

— O que?

A expressão de incredulidade do homem quase fez


Rose se esquecer da dor em sua mão após bater em
Cristian, isso estava virando uma rotina interessante, mas
dolorida.

— Isso mesmo que ouviu gênio, ele é o namorado da


minha irmã.

Cristian piscou algumas vezes e abriu a boca sem


articular uma frase, olhou novamente para o menino caído
no chão sendo apoiado por Sacha que o beijava na face,
encarou Rose novamente.

— Que merda queria que eu pensasse? Você foge de


casa e depois te encontro em um hotel com um garoto
saindo do quarto só de roupão a chamando...

De uma coisa ela não podia discordar, pois aquilo era


estranho, fugiu de casa realmente, porque não falou para
ninguém, muito menos à Cristian, a quem Rose queria ver
pelas costas depois da noite anterior, mas agora era claro
que ia ter que falar com sujeito que tinha ares Neandertais,
que para a raiva maior de Rose, fez seu coração saltar,
decidiu que foi um susto vê-lo ali e ainda mais
estrangulando o pobre Hank.
— Sacha... — Ela deu as costas o marido. — Leve o
Hank para o quarto. Desculpe por isso!

O garoto se levantou com dificuldade, ele tentou sorrir,


mas ainda estava se recuperando. Sacha olhou feio para
Cristian e Rose encolheu os ombros dizendo; "Eu dou um
jeito" silenciosamente, assim que os dois entraram no
quarto e fecharam às portas o casal na sala se encarou.

— Você é um insano! — Rose acusou e Cristian


fechou a cara se aproximando dela.

— Me explique por que enganou seus seguranças e


fugiu? Sabe que implicações disso...

— Foda-se as implicações, minha irmã precisou de


mim e se você não fosse um maldito ser territorial com o
seu "espaço" — A mulher falou com deboche e Cristian
respirou fundo. — E se estivesse no mesmo quarto que eu,
teria te avisado que ia sair!

O Herovrisk sentia sua irritação voltar, mas longe de


ser aquele ódio cego que sentiu ao pensar em Rose com o
patife de fraldas, que agora sabia ser apenas um namorado
de Sacha. Ele tentou manter o tom de voz calmo, aquela
mulher a sua frente sabia como ninguém empurrar ao limite
da paciência.

— Dê um jeito nessa sua boca suja e comece a falar


direito Rose. Quero que me explique por que está aqui!
Ela rolou os olhos com exasperação a cena que ele
fazia, achava absurdo que depois de largá-la no quarto
como um objeto insignificante, aparecia cheio de si
exigindo tudo e mais um pouco, massageou sua mão que
ainda doía enquanto encarou a carranca dele.

— Continuarei com meu jeito de falar, se quiser que eu


conte alguma coisa vai ser desse modo. — Falou mordaz e
Cristian rangeu os dentes. — Pois bem, eu vim porque
Sacha, na sua pouca idade fez merda. Levou Hank para
passar a noite com ela em casa, enquanto mamãe saiu
com meu pai, mas então Hank e ela acabaram dormindo, e
para resumir foram delatados por uma empregada ranzinza
e o papai tentou fazer o mesmo que você fez com Hank,
mas com a ajuda da mamãe eles fugiram, e então ela me
ligou para escondê-los até a poeira baixar, assim eu
precisei sair correndo.

Cristian absorveu a história, mas pôs sua atenção em


Rose esfregando sua mão, provavelmente tinha
machucado batendo nele, bufou mentalmente, já era a
terceira vez.

— Sente-se! — Apontou para o sofá e deu as costas


indo até o telefone perto da porta. Rose observou o homem
fazer aquilo é não entendeu, só o ouviu pedir pelo serviço
de quarto gelo e guardanapo.

— O que... — Ela tentou falar, mas ele deu um olhar


sério, medido. Rose foi se sentar entendendo o que o
bastardo queria, logo viu Cristian sentar-se ao seu lado e
pegar a mão que a própria massageava.
— Deu fuga para sua irmã achando que vai fazer seu
pai mais calmo?

O sujeito perguntou enquanto tocou a mão dela,


queria ter certeza que não havia quebrado nada, Rose
ficou aturdida com o ato, seu coração a traiu, pulsando
como um louco pelo simples fato do marido está a tocando
e muito gentilmente, ela se concentrou na pergunta dele,
tentando ignorar o toque, que reagiu em certos lugares
indevidos.

— Não, foi achando que se ele não vê Hank tão cedo


não vai matá-lo, sei que calmo nunca vai ficar, mas minha
mãe pode imprimir um pouco de humanidade naquele
homem!

Ele observou o jeito que a voz dela saiu num tom mais
calmo, mais rouco, quis saber o motivo, mas sentiu-se
muito entretido com a sua mão pequena e macia, já tinha
tido certeza que ela não quebrou nada, só que não quis
soltá-la, não ainda, era um deleite, mas a campainha do
quarto soou e isso acabou forçando Cristian a largá-la, foi
até a porta e pegou o que pediu, despachando sem nem
olhar quem trouxe o que ele havia pedido.

— Para que isso? — Rose perguntou enquanto olhou


Cristian se sentar novamente, pondo os cubos de gelo,
envolto no guardanapo branco de linho e então
simplesmente pegou sua mão, pressionando o pano gelado
na mão dela.
— Nunca mais saía sozinha assim e nem me bata
mais, já passou dos limites. — Ele suspirou. — Onde
aprendeu a dar um soco assim?

Os olhos escuros pausaram sobre ela, que sentiu um


formigar em seu peito ao vê-lo cuidar da sua mão. Tentou
ignorar aquele ato, o homem parecia dado a desconcertá-la
em momentos que não devia, pois afinal ela queria se
manter com raiva dele.

— Sou filha de um mafioso, e como em poucas coisas


na vida, compartilho da mesma opinião do meu pai de não
ser indefesa.

Cristian espremeu os lábios para não rir da pequena


criatura, ela lhe batia, falava de maneira inapropriada e por
algum motivo ainda irreconhecível para ele, não conseguia
corrigi-la.

— Pois bem, mas pare de me atacar!

— Não tente matar alguém na minha frente então,


muito menos meu cunhado!

Rose devolveu com mordacidade, Cristian deu um


olhar de advertência pelo tom, que foi ignorado, ele
suspirou mudando o gelo de posição na mão dela, não
queria machucar a pele delicada.

— A culpa foi sua... — Olhou a mulher e a viu


semicerrar os olhos azuis, esperando que ele continuasse.
— Sim, sua, se não tivesse fugido eu não teria irrompido
porta adentro atacando o garoto.

— Ah então na sua cabeça eu sou uma vadia traidora


e a culpa é minha? — Ela puxou a mão do contato dele,
que fez cara feia, e pagou de volta.

— Pare com isso, vai ficar dolorida, e agora pare de


deturpar minhas palavras e se ofender gratuitamente. Irrita-
me!

— Cristian, eu não faço gratuitamente, você disse


isso, só que com outras palavras!

Os dois se encararam um medindo forças com o outro,


ninguém desviava os olhos dali. Cristian suspirou sentindo
vontade de beijar aqueles lábios teimosos, assim como
Rose quis fazer com os dele, comprimidos e sérios.

— Não, não quis dizer isso. Inferno, eu estava com


raiva sem saber por que você estava em um quarto de
hotel e então depois vi o garoto só de roupão... Chamando
você, se coloque no meu lugar Rose!

Ele disse franzindo o cenho de um jeito quase


confuso, mas que o deixava lindo, e ela teve que se
controlar para não beijá-lo, pensou sobre o que ele falou,
tinha certo fundo de verdade, ainda mais pelo gênio que
tinha.

— Hank saiu de casa praticamente sem roupa e eu


comprei umas no caminho, mas estava no outro quarto, por
isso ele me chamou!

— Como eu iria saber? Eu só... — O homem suspirou.


— Só agir sem pensar, vi vermelho quando ouvir ele te
chamar!

Vê-lo admitir tão abertamente seus sentimentos era


algo novo.

— Bom, se pensou que eu estava te traindo, o que iria


fazer comigo?

Ela resolveu ser franca e viu Cristian engolir a olhando


sério, então de repente se aproximou, pondo seu rosto a
centímetros, os narizes quase se encostando, a respiração
um do outro se chocando. Rose sentiu um arrepio pelo
corpo, descer até o meio das suas pernas, concentrou-se
para não hiperventilar sob aquele olhar intenso do homem.

— Eu não pensei muito sobre isso, mas uma certeza


eu tinha, iria amarrar você em uma cama e transar até que
lembrasse que é minha agora e para sempre. Só minha
Rose! Só minha!

O homem sussurrou e ela se segurou para não se


contorcer, sentia-se quente, muito quente, lambeu os lábios
encarando os dele. Cristian queria tirar toda a roupa dela
naquela sala e beijá-la em todos os lugares possíveis, ele
sabia que ela não tinha noção do quão era sexy o
encarando e molhando os lábios rosados. Foi difícil, muito
difícil, mas Rose fechou os olhos, e empurrou Cristian se
levantando, não ia se deixar cair naquele seu ar sedutor,
que a fazia se contorcer de desejo, não era hora de se
derreter como uma menininha ao o ouvir sussurrar
promessas lascivas, que no fundo a deixou excitada.

— Amarrar uma mulher na cama, sem o


consentimento dela é crime, e eu não sou dada a BDSM[18],
por isso não tente ou irá se arrepender — Ela lhe lançou
um olhar sério. — E você está fora da minha cama de
forma terminantemente Herovrisk!

Cristian piscou algumas vezes, então encarou o chão,


odiando ouvir aquilo, ela andou para longe dele, pegando
sua bolsa, se mantendo o mais afastado que podia. O
homem se recompôs e a encarou.

— Eu dito as regras aqui Rose!

— Ao inferno com esse discurso.

O celular dela tocou tirando o foco da nova discussão,


ela atendeu, dando as costas para ele. Cristian observou a
figura esbelta, mostrando as pernas naquele saía preta e
tendo saltos altos scarpin da mesma cor, que o fez
imaginá-la apenas de saltos totalmente nua para ele.

— Olá, o que devo a honra do seu telefonema? —


Rose falou em um tom amistoso, dissimulando seu atual
humor, para a pessoa no outro lado da linha.

— Sabe da sua irmã? Não minta você sempre sabe


Rose! — Era Iuri, bravíssimo.
— Oi pai, estou bem, obrigado por perguntar. — Ela o
escutou quase rosnar. — Se já está afirmando que sei por
que pergunta? — Disse ela olhando pela janela os carros
passando na pista, tentando se distrair do marido, pois
sentia seu olhar passando por todo seu corpo.

— Sem brincadeiras Rose. Sua irmã, diga, onde está?

— Por incrível que pareça não sei dela.

— Está mentindo!

— Não sabia que você estava equipado de um


polígrafo, isso não é coisa de polícia? Você devia ter medo
de polícia...

Cristian continuou observando ela espetar o pai e quis


rir. Quase sentia pena do Volkov por ter que aguentar
aquilo, mas se Rose era assim, a culpa era dele,
totalmente dele que não deu a boa educação que
precisava, parecia só ter acertado com Sacha ou nem com
ela, mas tinha certeza que Rose foi à má influência da
menina.

— Porra. Deixe de gracinhas Rose, onde está Sacha?


— Iuri vociferou através da ligação.

— Olha, mesmo que eu soubesse onde ela está por


que iria dizer? Pense nisso, tenha um bom dia!

Rose desligou o celular rolando os olhos. Seu pai já


devia ter aprendido que ela já não ligava para o seu jogo
de intimidação, virou-se e encarou Cristian, que parecia
querer sorrir, por trás de seus dedos que escondiam os
lábios, ela tirou os olhos dele e indo bater no quarto que
Sacha estava, a menina abriu.

— Papai ligou e continua louco, então não vamos


aparecer tão cedo, mais tarde te trago um novo celular. O
Hank tá bem? — Rose perguntou se sentindo observada
pelo marido.

— Sim, se não olhar as marcas, seu marido é louco.


— Sacha cochichou a última parte. — Pode pedir café?
Estou morrendo de fome.

Ela concordou e a irmã fechou a porta. Rose foi até o


telefone do quarto, fazendo o pedido, tudo isso sendo
observado por Cristian, quando fez o que devia, voltou ao
sofá, o oposto, quando seus olhos encontraram os dele viu
clara curiosidade.

— O que fez com o celular da sua irmã?

— Passei com o seu carro por cima, tinha um


rastreador, assim como os carros de casa. — Ela pensou
um pouco agora sobre como foi encontrada. — O que me
leva a seguinte pergunta, você me “chipou” também?

O sorriso pequeno e convencido dele foi à resposta


que a mulher precisava, mas deixou-o falar.

— Todos os carros de casa também são rastreados,


seu celular também vai ser a partir de agora também,
porque já vi que não se comporta!

Agora foi a vez de Rose sorrir convencida e cheia de ironia.

— O que te faz pensar que não passarei por cima


deste celular também?

— Se o fizer, mando implantar um dentro de você!

Cristian disse assemelhando seu sorriso, mais uma


vez estavam se enfrentando através de olhares cheios de
farpas, até ser interrompidos pela campainha, a qual ela
atendeu, e agradeceu ao garoto que trouxe lhe dando uma
bela gorjeta.

— Sacha! — Ela chamou e então encarou Cristian,


quando se sentou bebericando seu café. — Só mais uma
pergunta antes de eu mandar você embora, como
descobriu o nome que dei para me registrar no hotel?

— Uma foto. E não vai me mandar embora, nós


vamos embora!

A irmã dela saiu de mãos dadas com o namorado que


olhava desconfiado para Cristian e usou o sofá aposto para
se sentar, provavelmente por prevenção. Rose olhou para
o marido levantando as sobrancelhas e voltando o olhar a
Hank, já o Herovrisk suspirou, mas ela tinha razão,
levantou-se e estendeu a mão por cima da mesa ao garoto.

— Desculpe pelo ataque, não foi pessoal garoto!


— Tá tudo bem Sr. Herovrisk, acho que faria o mesmo
se estivesse com ciúmes.

Cristian ficou tenso e viu Sacha rir. Voltou-se para a


esposa que olhava categoricamente para ele, mas então
desviou sua atenção para o próprio café.

— É melhor tomar seu café garoto. — Disse Cristian


então encarou esposa de novo. — Rose, vamos!

— Vou ficar com minha irmã!

— Não vai não! — Ele assumiu uma postura mais


firme enquanto ela se levantou, então deixou o café na
mesinha, passou pelo marido indo em direção a porta.

— Tenho coisas a fazer com Sacha e vou falar com


meu pai depois, então pode ir. — Ela abriu a porta do
quarto. — Não agradeço pela visita porque não foi
agradável.

Ele se levantou calmamente indo até ela e então


fechando a porta.

— O que sua irmã precisa? Vou mandar alguém cuidar


disso, seu pai não vai saber...

— Claro que não vai saber. — Ela o interrompeu. —


Não usei meu nome justamente para isso, Então nem
pense em contar ao meu pai!
— Como eu estava falando, antes de ser interrompido,
seu pai não vai saber até nós falarmos com ele!

— Nós? — Rose franziu o cenho.

— Sim. Vou com você falar com seu pai, pois


esconder sua irmã por muito tempo não vai adiantar muita
coisa!

No fundo ele tinha razão, mas Rose não queria


admitir, mas estava surpresa por ele estar se envolvendo
em um assunto que nada tinha haver com os seus.

— Posso resolver sozinha!

— Não perguntei se pode, eu disse que vamos


resolver isso de uma vez juntos. Agora vamos!

Rose mordeu o lábio, indecisa, mas ele parecia


realmente está fazendo por vontade própria, suspirou e
olhou para a irmã que ria ao lado de Hank, distraídos da
discussão dela e do marido, então foi até lá, ia dizer que
voltaria, depois de resolver aquela confusão.

— Sacha, eu vou com Cristian, mas eu volto. Hank


cuide dela! — Ela falou com um sorriso se despedindo do
casal, então voltou encontrando Cristian, ficando séria.

— Eu dirijo o Porsche, vamos!

O homem quis jogar a cabeça para trás em


exasperação, mas tinha plateia, então apenas acenou ao
casal e foi atrás da esposa e ele não pode deixar de
observar o andar sexy e o movimento dos quadris da
mulher a sua frente. Dessa forma eles entraram no
elevador, o silêncio era carregado, sem nenhum dos dois
dá o primeiro passo para quebrá-lo. Já na saída onde
esperavam o carro Cristian deixou Franco saber da
localização para que buscasse o outro veiculo. Rose tomou
o lugar do motorista e pouco tempo depois já estavam no
tráfego, ninguém poderia dizer que era entediante andar
com ela, desde que mais parecia pilotando um carro de
fuga.

— Onde aprendeu a andar assim? Não é seguro. Você


tem carteira? E agora me ocorre, não poderia ter pegado
um carro maior?

Rose deu de ombros se divertindo com a postura


defensiva que ele assumiu, como se ela fosse bater a
qualquer curva.

— Muitas perguntas Cristian, e não me tire à atenção!


— Falou rindo. — E sim tenho carteira, tirei nota máxima,
achei que você já saberia disso. — Disse ela, e Cristian se
apoio no painel do carro quando ela freou em cima de um
sinal, ganhando um olhar de advertência.

— Não vejo quem foi o louco que te deu nota máxima.


Responda a minha outra pergunta!

— Sair apressada, não tive tempo de escolher melhor!


Ela sorriu abertamente, fazendo firula do homem e
tirou os óculos da bolsa pondo no rosto, e o sinal abriu, ela
acelerou o carro, puxando sua potência máxima, Cristian
se segurou.

— Falta uma Rose!

— Fazia competição de corrida com uns amigos da


escola, quando tinha quinze anos, era mais para irritar meu
pai no início, mas depois acabei gostando, só que uma vez
fui presa. — Tinha completo divertimento na voz dela. —
Bom, dess experiência eu não gostei, por isso parei de
competir!

— Você foi presa?

— Sim, presa, mas meu pai nunca que ia deixar isso


aparecer no histórico da família. Curioso, porque ele faz
muita coisa errada!

Rose olhou por cima dos óculos para ele, com um


sorriso brincando nos lábios por causa do seu olhar cético
dele, então ela fez mais uma curva fechada e Cristian
sacudiu a cabeça desviando os olhos daquela criatura,
apostava que estava dirigindo daquele jeito para afrontá-lo
também, como fez com o pai a vida toda.

— Sua lista de curiosidades só aumenta.

Ele disse enquanto ela parou na guarita da


propriedade do Volkov, se identificando. Logo já guiava-os
para dentro, não respondeu até frear firmemente parando o
veículo bem na entrada da casa, ela tirou os óculos e olhou
para o homem com ironia.

— Você nem imagina!

Rose saiu a frente, entrando na casa, sendo


recepcionada pela governanta, parecia ser alguém
conhecido dela, já que a abraçou como uma velha amiga e
sorriu genuinamente. Logo ela e Cristian foram
encaminhados ao escritório onde encontraram Iuri com
semblante fechado.

— Oi papai, sentiu minha falta?

A mulher já começou ironizando. O Herovrisk não


interveio, mas não achava que era melhor forma dela
começar uma conversa diante do olhar fulminante que
ganhou do pai.

— Cristian, o que faz aqui? — Iuri se levantou dando a


volta na mesa e indo cumprimentar o genro.

— Veio me dar apoio moral eu acho! — Rose disse


rindo ironicamente ao se sentar despreocupada na cadeira
a frente da mesa do pai, o marido ignorou assim como o
outro homem.

— Na verdade, vim mediar uma conversa, já que Rose


não sabe falar sério! Por que não vamos direto ao assunto?
— Ele ganhou um olhar causticante da esposa antes de
sentar-se ao seu lado.
— Sinto ter que te envolver nessa birra de criança,
deseja algo para beber? — O pai de Rose disse ao se
sentar atrás da sua mesa.

— Não pai, ninguém quer nada, eu não quero perder


tempo com isso. Meu assunto com você é a Sacha a “birra
de criança”!

Iuri se mexeu desconfortável na mesa. Era diferente


discuti com a filha enquanto o marido dela estava ao seu
lado, uma surpresa afinal ver o Herovrisk, sempre tão
ocupado, resolvendo um assunto de interesse apenas da
família dele, não imaginava Conegon aprovando ele estar
ali.

— Onde está sua irmã? — Ele perguntou a filha que


se limitou a dar de ombros apenas mudando de posição ao
cruzar as pernas e exibindo uma careta dramática.

— Pai, eu não sou burra de começar falando onde ela


está. Vamos discutir primeiros os termos para chegar nisso!

Cristian olhou a esposa, vendo a postura ereta, quase


meticulosa, coisa que não esperava. Parecia uma típica
mulher de negócios, era firme, sagaz, e muito sexy, a voz
imprimida por ela fez o Cristian se contorcer discretamente
na sua cadeira por conta da fisgada que sentiu em sua
virilha, que fez com se sentisse um adolescente.

— Que porra de termos Rose?


O Volkov falou apoiando o cotovelo na cadeira,
enquanto massageou a testa, parecendo vencido. Cristian
observou a expressão de vitória da sua esposa, ela era
uma bela praga insistente.

— Simples. Você para de atazanar a vida de Sacha, a


deixa namorar quem quiser, fazer sexo com quem...

— Rose!

Exclamou Iuri, ela rolou os olhos, exasperada, ante o


grito do seu pai. Cristian forçou esconder a outra fisgada
que sentiu ao ouvir a sua esposa mencionar "sexo".

— Não vamos ser púbicos ou simplesmente idiotas.


Nós três sabemos o que Sacha e Hank fizeram ontem à
noite e por isso você quer matar o garoto, mas o que
importa? Já aconteceu mesmo. — Ela viu seu pai soltar um
olhar de advertência. — Sabe que eu tenho razão, nem
adianta me olhar assim, e além do mais, essa não foi à
primeira vez da sua filha mais nova...

Iuri estava completamente desconfortável com a


presença de Cristian ali, tentava esconder. Este por sua
vez apenas observava sem revelar nada. O Volkov passou
a mão pelos cabelos, queria bater no namorado idiota de
Sacha, poderia facilmente o enterrar vivo depois de escutar
que ele já andava... Sacudiu a cabeça ignorando a
constatação.

— Pouco me importa, eu vou caçar esse moleque, ele


vai se arrepender de ter seduzido sua irmã... E você é uma
desmiolada por apoiar isso!

Rose ficou sem paciência, se ele queria jogar desse


jeito com ela, a própria não ia deixar por baixo, achava seu
pai um belo hipócrita.

— Não sou não, eu sou a mais sensata aqui, não se


lembra de que há alguns meses você estava empurrando
Sacha para um casamento com Cristian? Achava o que ia
acontecer o que?

Agora foi a vez dos dois homens engasgarem ao


mesmo tempo com a fala da dela que deu de ombros para
reação deles. Rose não se importava que Cristian
soubesse que foi uma substituta, pelo menos foi isso que
disse a si mesma, mas logo ela estava analisando a reação
dele.

— Mas que merda Rose!

Iuri não se conteve, sua filha era uma tragédia, nunca


se comportou e sempre falava demais. Olhou para o
marido dela, tentando ver o estrago da informação jogada
em cima dele, Cristian olhou apenas olhava para ela
impassível. Uma sensação de alivio foi que ele sentiu por
ela ter sido sua noiva, pois conhecendo a irmã dela, sabia
que nunca iria aguentar uma jovem menina chorosa por
mais de algumas horas, e Rose era uma mulher completa,
vivida, enquanto Sacha parecia quase de vidro.

— Pare de pular como um inseto no asfalto quente


pai!
A comparação esdrúxula da mulher tragou Cristian
daqueles devaneios sobre ela e sua irmã. O homem se
aprumou, pois decidiu que já era hora de mediar àquela
conversa.

— Rose eu... — Iuri começou, mas Cristian se meteu.

— Chega! Essa conversa não vai a lugar nenhum com


vocês se atacando. — O Herovrisk disse imponente. —
Sejamos lógicos Volkov, sua filha já está mais envolvida do
você queria com o garoto, por isso é melhor que permita o
relacionamento, pelo menos por enquanto... — O olhar
descontente que Rose deu a ele, deixou claro que aquilo
não lhe agradava, mas Cristian a persuadiu com um olhar
sério a não dizer nada. — E se por acaso ela queira casar,
avalie a situação, nossas instituições não são apenas
dadas a casamentos arranjados.

Quando fitou a esposa, mesmo com o semblante sério


dela, viu alguma satisfação nos seus olhos azuis antes dela
se voltar para encarar o pai.

— Eu não a quero casada com qualquer um! — Ele


disse a Cristian que apenas maneou a cabeça, sem
expressa nada.

— Fala sério pai, olha não aceite a proposta do


Cristian, tudo bem, mas saiba que não te darei paz, vou
esconder Sacha até a morte se necessário.
O Herovrisk quis rir, sua esposa era tão obstinada
quando botava algo na cabeça que lhe pasmava, sem falar
que era dada a um drama extraordinário e que de forma
atípica o divertia. Viu Iuri o olhar como se pedisse ajuda,
não demonstrou nada, já via que Rose não ia ceder nem
que ele a amarasse para forçá-la, a mulher parecia uma
rocha quando o assunto era sua pequena irmã, e ele se viu
admirando isso, muito.

— Que seja!

O Volkov viu que Cristian não ia interferir mais e a filha


ia continuar com aquela expressão de desafio na cara. A
menina tinha herdado a sua tenacidade, e não era um
elogio, porque Rose enlouquecia seu pai, desde o dia que
ela abriu seus lindos olhinhos azuis e berrou a noite toda
até que ele a colocasse no braço, a pequena Volkov não
quis a mãe. Agora via crescida a sua primogênita, que o
impelia a aceitar suas vontades.

— Ótimo. Trago Sacha mais tarde e você vai


conversar civilizadamente com o Hank, pai ele é um bom
menino. — Rose disse sorridente e seu pai bufou com
tédio.

— Eu decido como vou proceder com o moleque.

Ela se levantou da cadeira, ia avisar que a mãe


precisaria colocar litros de calmante no café do pai, porque
o homem ia tentar assustar o pobre Hank. Rose não ia se
fazer presente naquela reunião, tinha tanta coisa para
resolver, além do mais Sacha precisava aprender a
começar a se virar sem ela e enfrentar o pai delas.

— Vou falar com a mamãe!

Rose anunciou simplesmente, dando as costas e


saindo da sala, Cristian fez um esforço para não olhar, se
manteve impassível, encarando Iuri que suspirou se
jogando na cadeira assim que a filha sumiu pelos
corredores.

— Espero que seu primeiro filho seja homem,


mulheres são criaturas complicadas e imprevisíveis!

Ele segurou para não se deixar sorrir do desabafo de


um Volkov cansado.

— Sua filha com certeza é!

— Talvez sim... Sempre achei que por Rose ter


herdado tanto de mim seria uma coisa boa, saberia
manobrá-la, mas veja como somente me deixa irado. Bom,
desculpe por ela ter envolvido você nesse assunto frívolo.

Cristian desviou os olhos dando de ombros, foi quase


imperceptível, no fundo se divertiu ali e também ganhou
informações interessantes.

— Eu me envolvi porque quis.

A admissão surpreendeu o pai da esposa do homem,


mas passos, embalados pelo barulho de saltos, revelaram
Rose e a mãe entrando. Iuri recuperou sua postura,
Cristian se levantou cumprimentando discreto a Sra.
Volkov.

— Já informei a mamãe da visita, e agora eu estou


indo, espero que você não seja um ogro pai! — Rose disse
observando a expressão de tédio dele

— Só suma da minha frente. Vá!

Ela ignorou a pontada que sentiu ao seu jeito


desdenhoso em tratá-la, mas o abraço da mãe,
acompanhado de um "obrigado" a fez se sentir muito
melhor. Então saiu da sala junto de Cristian, que não disse
nada, ela tirou da bolsa os óculos escuros e procurou a
chave, que foi roubada assim que ela colocou sobre a
palma da mão.

— Mas o que?

— Você não vai dirigir. Prezo pelo meu carro!

O Herovrisk afirmou descendo as escadas em direção


ao carro dando a volta e entrando no veículo. Rose franziu
os lábios com mau humor, quando entrou no carro bateu a
porta com toda sua força, ganhando um olhar feio,
enquanto pôs o cinto de segurança e cruzou os braços
sobre o peito.

— Que absurdo, eu dirijo bem!


Ela resmungou e Cristian virou o rosto escondendo
seu sorriso, junto da vontade de morder aquele biquinho
tentador que sua esposa fez com os lábios rosados.

— Aquilo não é dirigir bem, eu não gosto! — O homem


disse ligando o carro e saindo da propriedade da família
dela.

— Eu não gosto de muita coisa que você faz também


e nem por isso fico me intrometendo.

— Até parece!

Foi apenas o que articulou, mas olhando pelo canto do


olho, ela se desfazer da sua postura quase infantil, porém
cativante para o assombro do homem ao seu lado.

— Você não disse nada sobre o fato de eu ter


substituído minha irmã no casamento. — Rose não
conseguiu evitar a pergunta pelo fato dele não ter dito ou
demonstrado nada.

— Não disse por que não é importante!

Ele respondeu disfarçando o fato de que estava mais


que satisfeito com aquela troca, mas a resposta fez Rose
querer socar a cara dele de novo, mas ela se manteve
impassível, só que isso não impediu que preferisse
mentalmente todo tipo de xingamento que sabia.

— Pode, por favor, me deixar no ateliê? — Pediu


olhando-o enquanto Cristian ignorou o tom irritadiço dela.
— Você vai para casa!

— Por quê?

— Porque eu estou dizendo que vai.

— Pelo amor de Deus. Você é tão tirano, escute,


preciso trabalhar, preciso decidir a porcaria do tecido de
decoração das mesas sem falar em mais um monte de
detalhes, as pessoas que vão me ajudar nisso, estarão no
ateliê, e ainda tem a Sacha!

Cristian não a queria na rua, não depois de que fugiu.

— Mande-os para a mansão e quanto a sua irmã vou


designar algum segurança para buscá-la no hotel, assim
como resolver o que mais quiser!

— Qual o problema de eu juntar o útil ao agradável?


Tenho que ver como estão à confecção da minha coleção e
cuidar da sua festa, quanto a minha irmã eu quero resolver
isso!

— Não precisa!

Rose olhou para ele sem conseguir esconder seu


cansaço diante daquelas discussões sem fim.

— Tudo bem Cristian, faça como quiser!


Ele a olhou sem esperar que ela aceitasse, na
verdade, estava esperando mais afrontas, sempre eram
assim, só que dessa vez algo mudou, Rose manteve o
rosto virado sem o encarar novamente e por algum motivo
o deixou inquieto.

И·И

O passar dos dias não estava ajudando Cristian a se


acostumar com a distância auto imposta entre ele e sua
esposa. Ela nem ao menos tinha mais feito nada para
afrontá-lo, não diretamente, porque todos os dias a criatura
aparecia para tomar café mais deslumbrante do que o dia
anterior, e o deixava ansioso, louco para por suas mãos
sobre ela, parecia que fazia isso de propósito. Ele mal
lembrava a última vez que havia dormido bem, rolava na
cama e passava seus dias de forma miserável com um
mau humor a níveis críticos, e em mais uma noite sozinho
na cama olhava para o teto e imaginava-se abraçando o
corpo delicado da sua esposa em seu sono, algumas vezes
falante, mas onde ela sempre parecia tão frágil. Viu que
não se importava mais em deixar-se dividir com ela
aqueles momentos, pois ela mesma se entregava a ele
sem receio, era bom dormir e acordar com a visão dela, a
sensação era prazerosa.

— Infernos...

O homem resmungou, precisando dormir, descansar,


mas pelo visto era impossível sem estar com Rose, à
descoberta era desconcertante e o deixava em uma
encruzilhada, entre o dever e sua completa falta de
controle quanto à necessidade que parecia ter daquela
mulher.

И·И

Rose olhou para aquela camisa masculina no meio


das suas roupas de dormir, não sabia como tinha ido parar
ali, havia encontrado ela há algumas noites e todos os dias
ficava olhando-a, e desta vez não havia resistido em tocar
o tecido, levando até o nariz, sentindo o cheiro que tanto a
agradava. Homem e Cristian! Ela abriu os olhos e encarou
aquela camisa e então jogou de volta na gaveta.

— Sou tão burra!

Pegou a sua camisola de seda azul, com raiva de si


mesma, pela estúpida falta que sentia de Cristian no
quarto, na cama deles. O cheiro do homem não saía do
travesseiro que ele usava, mesmo ela mandando trocar as
cobertas. Todos os dias ela jogava o travesseiro para a
ponta da cama, mas no final, voltava a pegá-lo para dormir
abraçada, era ridículo em sua opinião, mas tinha virado
quase uma obsessão. E mesmo assim ela não dormia
bem, queria abraçar o marido idiota, mas ele não estava na
sua cama. E a deixava de mau humor e irritada consigo,
mais ainda quando tinha que se maquiar de forma natural
para ninguém percebe a sua falta de sono.

Mas apesar de tudo isso, quando Rose botava os pés


para fora do quarto, se empenhava em manter uma postura
distante ignorando Cristian e o pai sinistro dele, que nos
últimos dias parecia estar em um estranho bom humor
sardônico, o que a deixou desconfiada sobre quanta
influencia ele não teve na saída do filho do quarto dela, o
que era uma idiotice em tamanhos estratosféricos. Quando
ela se jogou em sua cama foi pensando em como tinha
chegado naquilo, aquele ponto de se sentir dependente de
alguém que claramente não lhe dava a mínima, riu de si
mesma quando se viu já abraçando o travesseiro do
Herovrisk.

— Eu devia mandar queimar isso... Eu devia... —


Rose disse se abraçando mais ao objeto enquanto cheiro-
o, lembrando-se de da figura bonita e idiota que era o
dono.
И·И

O café da manhã estava como sempre silencioso, mas


pela primeira vez em dias, Cristian viu a esposa
demonstrando algo mais que do que o desprezo que vinha
sendo o carro chefe daqueles olhos azuis, ele também
estava inquieta, preocupada até, logo deduziu que era por
causa da festa no dia seguinte.

— Espero que já tenha tudo pronto para amanhã


Rose!

A voz de Conegon quebrou o silêncio, os olhos de


Rose como em dias não faziam, pousaram em Cristian,
que teve vontade de sorri para ela, mas a mesma virou o
rosto tão rápido, para encarar a própria xícara.

— Sei que espera...


Resmungou ela, Conegon avaliou a resposta, parecia
irritadiça, em seguida se voltou para o filho, que mascarava
suas emoções, estava impassível, todavia, ele já havia
percebido que Cristian mal conseguia tirar os olhos de cima
da esposa sempre que ela aparecia, apesar de ele estar
longe dela, tinha algo ali, e isso não fez o Herovrisk mais
velho contente, muito menos o que viu acontecer a sua
frente.

— Precisa de ajuda com algo que esteja faltando? —


Cristian de repente se viu perguntando, fazia dias que ela
não dirigia a palavra a ele, quando o olhar azul encontrou
com os escuros do homem, foi quase como se faíscas
pudessem ser ouvidas.

— Não! — Rose conseguiu falar sem vacilar, mas seu


coração a traía, pulando feito um louco. Ela desviou os
olhos dele, para que não visse a intensidade com que ele a
afetava.

— Com licença, Sra. Herovrisk? — A governanta


adentrou a sala do desjejum. — A senhor se identificou
como Cameron e pede...

— Ótimo, eu estou indo! — Ela falou sem esperar,


sentindo os dois homens na mesa a olhando. — Licença!

Levantou-se com pressa, agradecendo a Deus por


Cameron, ou Cam para os próximos, chegar. Ele
trabalhava agora diretamente com ela no atelier e havia
vindo trazer a seu pedido alguns modelos de vestido, que a
própria havia desenhado e mandado confeccionar, para
que usasse na maldita noite da festa.

— Quem é este? — A voz de Cristian travou seus


movimentos, sua carranca não era amigável, ela forçou a
não rolar os olhos.

— É meu assistente do atelier, vou fazer provas de


vestidos para amanhã, com licença mais uma vez!

Dessa vez ela saiu da sala, Cristian observou ela ir


antes de voltar a tomar seu chá, sentiu os olhos do pai em
cima dele, mas não quis nem perguntar o motivo. Ficaram
os dois em silêncio, apesar de Conegon maquinar em sua
cabeça a reação do filho, não achava que podia significar
uma coisa boa.

И·И

Já era madrugada quando e Rose ainda rolava na


cama sem conseguir dormir, dessa vez não era somente
por causa do marido que estava com insônia, mas também
por causa da maldita festa de posse deste, o que no final
da questão não deixava de ter haver com ele, tudo agora
na vida dela parecia girar ao redor daquele sujeito mesmo,
fato que a fez querer gritar de raiva. Ela se sentou na
cama, pensou em ir trabalhar, mas não tinha muita
inspiração para isso naquele horário, sendo assim se
levantou, iria descobrir o caminho para a cozinha da
mansão, o que a exclamou, pois nunca havia ido até lá,
aquele parecia um castelo e sempre rodeados por
empregados, apostava que não conhecia nem metade dos
cômodos. Rose sempre achou que quando se casasse,
com alguém normal para variar, teria um apartamento ou
uma casa, mas não uma mansão, era tão fria e impessoal.
Bem como os Herovrisk! A piada interna a fez rir enquanto
vestia seu robe, ela saiu pelos corredores, frios,
silenciosos, mas não poderia se dizer que era sinistro,
eram bem iluminados e haviam quadros, caríssimos com
toda certeza, mas de muito bom gosto. Abraçando a si
mesma fez seu caminho para as escadas, descendo,
deslizando a mão pelo corrimão distraída, já no último
degrau, deu de cara com alguém.

— Deus!— Exclamou. Era Cristian, ele franzia o


cenho, quase tinham se chocado, quando o homem seguia
para subir a escada pelo mesmo lado que ela.

— O que está fazendo aqui essa hora?

Ele perguntou tirando os fones de ouvido. Rose


engoliu em seco observando o homem com a camisa preta
nos ombros, somente de short, o cabelo úmido, parecia
que estava malhando, ela teve que se esforçar para
lembrar que não podia “babar”.

— Hum. — Limpou sua voz disfarçadamente. — Vou


até a cozinha. — Disse, e a desconfiança nos olhos dele
era clara.

— A cozinha de madrugada? Tem água no quarto.

— E sabe se é água que eu quero? — Ele a avaliando


e a vez rolar os olhos com exasperação. — Oh você me
pegou, eu ia fugir, apenas de camisola, sem nada!

Cristian se esforçou para não rir da criatura feminina


que fazia drama a sua frente. Tinha levantando para se
exercitar, toda aquela energia acumulada não ajudava a
pegar no sono, então pensou que estando cansado seria
mais fácil, porém agora estava diante daquela deliciosa
mulher apenas de camisola e sentia seu corpo
imediatamente reagir.

— O que eu já disse sobre o sacarmos?

— Você não estava subindo? — Ela saiu da frente


dele, dando um passo para o lado, terminando de descer a
escada. — Pode seguir seu caminho.

O homem segurou o seu braço e Rose odiou sentir


aquele súbito desejo de se jogar contra o peito dele.

— Ao menos sabe onde fica a cozinha?

— Sim. — Ele deu de ombros, e ele não pode evitar


sorrir da mentira deslavada que ouvia, via nos olhos dela a
indecisão.

— Mentira!

— Só me solte e me deixe ir.

Negando o homem apenas a virou a fazendo


caminhar, sem a intenção de deixar de tocá-la, o mínimo
contato já lhe era agradável.
— Irei te levar lá sua pequena mentirosa.

— Oh que primor de gentileza.

Rose rolou os olhos, irritada, principalmente com o


fato de ele estar ali e ainda a acompanhando. Cristian não
disse nada, mas queria rir, somente a guiou até a bendita
cozinha, quando chegou lá infelizmente teve que soltá-la,
mas ficou esperando na soleira da porta.

— Obrigado? — Ele falou e ganhou um olhar de


desdém por cima do ombro enquanto a via abrir a
geladeira.

— Não pedi para me trazer!

— Mas te poupei trabalho. — A viu dar de ombros


pegando uma caixa de leite.

— Ainda sim não pedi ajuda.

Cristian soltou um bufido e então seguiu até a ilha da


cozinha, se aproximando dela.

— Ponha um pouco para mim.

Rose queria se enfiar em um buraco, não podia


acreditar que ele ainda continuava ali. Pegou mais um copo
e o serviu, deu as costas guardando a caixa de volta na
geladeira, quando se virou de novo, o encontrou a
observando.
— Que?

— Você está mais magra!

Cristian não conseguiu evitar a si mesmo de dar voz à


avaliação dela, ainda não tinha visto-a de perto e em
roupas finas, desde que haviam se separado, mas de fato
ela estava mais magra e isso o deixou um pouco
incomodado, Rose piscou sem saber o que responder,
então preferiu apenas ignorar.

— É pode ser, adeus!

Buscou sair da cozinha levando o copo de leite


consigo, mas outra vez, ele a segurou pelo braço, o rosto
bem próximo ao dela, somente assim ele conseguiu ver
sinais de cansaço.

— Rose você tem estado sobrecarregada com essa


festa e esse atelier!

NÃO! Tenho estado sobrecarregada de você! Ela quis


gritar, mas não falaria nada disso, pois seria dar o braço a
torcer e no fundo Rose estava se sentindo muito ferida
para tal coisa.

— Não, estou ótima, agora me deixe ir dormir.

A contra gosto ele a soltou e a viu sair tão rápido


quanto pode. Cristian passou a mão pelo rosto
preocupando-se com aquela figura pequena e endiabrada,
que por sinal era sua esposa, estava claro que ela estava
cansada, mas a mulher não dava o braço a torcer, por isso
o deixou preocupado.

И·И

A mansão Herovrisk estava repleta de funcionários,


carros de fornecedores e outras centenas de pessoas
ajudando, todas sendo comandadas pela figura feminina
que andava de lado para o outro com um tablet na mão,
sendo seguida por seus assessores, Ronald e Lia,
enquanto checava todos os detalhes do que estava sendo
montado para a festa.

— Rose, podemos cuidar de tudo! — Ronald disse,


mas foi ignorado com um gesto de mão e um sorriso
educado dela.

— Não, não... Eu quero ver tudo pessoalmente.

Ela disse enquanto via as caixas com lustres que iam


ser montadas no salão norte da casa, onde sempre ficava
fechado. Rose decidiu fechar as outras salas e aproveitar
aquele salão, tinha sacadas até e dava acesso ao jardim
oeste, apesar de pequeno era muito bonito.

Desde o dia anterior, depois da sua prova de vestido,


ela acompanhou a chegada de caixas e mais caixas com
parafernálias, depois tratou de supervisiona se tinham
limpado todas as louças, ainda checando se o Buffet
estava adiantado como ela pediu. Tinham muitos detalhes,
que a própria cuidava, outros, delegou, mas sabia que não
podia deixar de verificar, não concordava com aquela festa,
mas queria que tudo fosse perfeito, não ouviria um “A” de
Conegon ou do filho que fosse para reclamar. E de longe,
discreto, Cristian observava de sua esposa ir a todos os
lugares, dando ordens e checando tudo.

Parecia muito empenhada, meticulosa, nunca tinha


visto tão focada em algo, sabia quanto a sua opinião
quanto ao que aquela festa significava, todavia, era óbvio
que isso não influenciava na maneira dela de realizar tudo
com todo seu esforço. Sorriu ao ver que neste momento
ela parecia como nunca a sua Sra. Herovrisk.

И·И

Mais tarde naquele mesmo dia Rose recolhia de cima


da sua mesinha a bela aliança de ouro branco, junto do
anel da mesma cor com diminutos diamantes adornando o
maior ao centro, colocando em seu dedo, finalizando sua
produção, quando se olhou no espelho, refletia a imagem
de uma mulher quase fatal.

— Me pergunto se sou eu mesma! — Ela disse as três


pessoas no seu quarto. Cam, Jules e Cresco, todos a
ajudaram a se arrumar para a festa, o que não esperava
era que o resultado fosse tão bom.

— Você está magnífica!

Cam disse pondo os dedos sob o queixo delicado


dela, o levantando, dando um ar mais imponente a ela, que
via seus olhos demarcados, revelando o azul cristalino que
chegava a serem esmeraldinos, tendo os lábios
ressaltados pelo batom vermelho, dois tons mais escuros,
para que não contrastasse da maneira errada com o
vestido longo da mesma cor, rodado, sobre suaves
camadas, com uma grande fenda na frente e nas costas.
Rose sabia que podia ter optado por algo mais discreto,
não devia chamar tanta atenção, mesmo assim o escolheu
se sentindo poderosa com ele, e naquela noite, mais do
que nunca, precisava se sentir assim, respirando fundo,
passou a mão nas pontas do cabelo ondulado
artisticamente, por Cresco durante horas. Então deu as
costas para o espelho, já estava na hora de aparecer para
os Herovrisk’s, ou melhor, para o Herovrisk apressado que
mandou o segurança bater mais uma vez na porta.

— Preciso descer!

E enquanto ela saia do quarto, Cristian segui andando


de um lado para o outro em frente à escada principal
esperando que sua esposa surgisse. Ele estava irritado
com a demora, a criatura feminina estava trancada por
horas se arrumando, quando mandou que fossem chamá-
la, tudo que recebeu em resposta da própria foi um:
"Estamos dentro do cronograma, ainda não estou pronta.
Espere!". Os convidados em breve iam chegar e ela devia
está ao seu lado. Impaciente o homem passou os olhos
pela decoração da mansão, os arranjos em rosas negras e
vermelhas, o distraíram da sua ansiedade. Gostou do que
Rose havia feito, tinha um ar misterioso, velado pelas luzes
que assemelhando as luzes de vela, tudo era muito
elegante, muito organizado.
— Pode parar de gastar a sola dos seus sapatos!

A voz feminina fez o coração de Cristian se


sobressaltar, apesar de ele tentar disfarçar com sua
expressão inalterada, porém não teve como esconder o
fato de ter passado os olhos por todo o corpo da sua
esposa enquanto a mesma descia a escadas.

— Pelo menos valeu apena esperar.

Ele disse deixando um sorriso passar pelos seus


lábios. Ideias lascivas vieram à tona em sua mente, mas se
controlou e apenas estendeu a mão para Rose, quando a
mesma parou a sua frente.

— Que gentil!

Rose respondeu seca, mas se moveu para deixá-lo,


sem aceitar sua mão estendida, pois ela não confiou em si
mesma tão perto dele. Cristian estava de tirar o fôlego com
aquele sorrisinho de canto, quis por às mãos nele, beijá-lo,
todavia, não iria fazer isso, ele nem merecia, antes que ela
pudesse se afastar sentiu o aperto suave dele em seu
braço restringindo seus movimentos.

— Espere Rose! — A voz rouca e firme dele dizia à


mulher que era uma ordem direta, que a mesma resolveu
não acatar.

— Não posso, tenho coisas a checar, me solte!


Cristian queria aquela mulher para si, dentro de um
quarto, sozinhos, mas enquanto não podia satisfazer tal
desejo, pelo menos iria realizar outro, claro, se a criatura
feminina parasse de fugir.

— Não! — Em um movimento rápido ele a puxou para


si envolvendo sua cintura, deixando-a presa.

— Cristian!

Rose tentou manter sua mente sã, mas o cheiro dele,


seus toques, era como uma droga irresistível. Ela odiava o
fato de se sentir tão bem nos braços dele quando não
devia. O homem pôs o rosto ao lado do seu, os lábios
roçando a pele do sua mandíbula, seguindo a linha reta até
sua orelha.

— Falei para esperar minha pequena teimosa.

Sussurrou ele ameaçador, só que de uma maneira


incrivelmente sedutora. Cada pedaço de pele do corpo de
Rose se arrepiou, ela tragou uma respiração profunda, que
só serviu para deixar mais ciente do homem grudado nela.

— Você é tirano...

Ela sussurrou sentindo a mão dele subir pelo seu


braço, acariciando, indo até o pescoço e então abrindo-se
ali, ele sorriu contra a pele dela, plantando um beijo no
ombro feminino, sorvendo o cheiro feminino.

— Sou?
O homem brincou beijando-a novamente mais acima
do pescoço, seguindo a linha da mandíbula, para chegar
ao canto dos lábios, então encarou os olhos azuis da
mulher, tinha desejo ali, assim como devia ter nos seus.

— Sim... Você é!

A resposta dela foi quase ofegante, Cristian estava


seduzindo ela de forma muito eficaz. Nem pensar direito a
mulher conseguia mais, só pensava naqueles lábios
masculinos, tão próximos aos seus. O sorriso sedutor que
ele deu a ela foi o fim, a derrocada final. Rose fechou os
olhos, envolveu o pescoço dele com seus braços e
esperou, dando permissão para o avanço masculino e este
não demorou, ele a beijou sem reserva. Cada terminação
nervosa do casal pulsou, o beijo que começou calmo e
sedutor, logo começou a se tornar voraz, as línguas se
misturando, saudosas um ao outro, tanto Rose quanto
Cristian respiravam ofegante um contra o outro,
encostaram suas testas, mantendo os olhos fechados.

— Você está tão linda!

O coração de Rose se apertou, ela abriu os olhos no


mesmo momento que ele, tinha uma intensidade entre eles
inegável.

— Obrigada...

Cristian tentou se concentrar e agir normalmente, mas


sentia-se impelido a mimar, beijar, cuidar daquela mulher.
Ele buscou se acalmar, tinha que está focado na sua festa,
não em Rose, então se afastou dela devagar. Perder o
contato das suas mãos o deixou imediatamente
desapontado. Ela tentou se recompor passando a mão no
cabelo e nos lábios, o silêncio que se estendeu entre eles
não era confortável, mas nenhum sabia o que dizer então
apenas se encararam. De repente a campainha tocou,
fazendo os dois, se voltarem para a porta, o empregado a
abriu e logo os pais o casal Volkov entrou. Cristian
estendeu o braço a ela, que com um suspiro aceitou,
estava abalada com a força daquele beijo. Todavia, em
meio aquilo, o jovem casal Herovrisk não sabia que estava
sendo observado desde início do arroubo romântico que
tiveram, Conegon tinha os olhos como o de uma águia
sobre o filho e a nora. Percebeu a forma com que agiram e
não achou bom. Nada bom.

— Olá, mãe, pai... — Rose disse e procurou pela irmã,


alheio ao sogro. — Onde está minha Sacha?

Iuri observou a filha e o genro de braços dados, aquilo


lhe dava gosto, já o que tinha em suas costas não, fez um
gesto com o pescoço, apontando, para trás e respondendo
à pergunta de Rose. Sacha apareceu com Hank, estava
linda em um vestido longo branco, com alças finas,
deixando seu colo levemente exposto, o modelo havia
desenhado especialmente para ela.

— Sacha! Está perfeita. — Rose disse indo abraçar a


irmã, sorrindo cúmplices uma para a outra. Rosely se
aproximou dando um beijo na filha mais velha.
— Você está linda também... Assim como a festa,
parabéns! — A mãe disse orgulhosa pelo que via, sabia o
quão importante era aquela noite.

— Que bom vê-los Volkov's!

Conegon apareceu saudando os primeiros


convidados, isso fez o clima até agradável, sumir, o homem
tinha aquele talento estabelecido. Rose suspirou desviando
os olhos, já sabendo que aquela festa seria longa, bem
longa. Não demorou muito para o salão dos Herovrisk
começar a se encher, já Rose mal sabia para quantas e
indistintas pessoas ela tinha sorrido, agradecido à
presença numa evento que nem a própria queria estar.
Pediu licença a um casal que recepcionava e foi até onde
Ronald estava, falando ao seu fone de ouvido
discretamente, ele estava conectado com a equipe da
festa.

— Temos tudo ocorrendo bem? — Ela perguntou a ele


que sorriu abertamente.

— Sim minha bela. Tudo perfeito, assim como você,


agora tire essa carinha preocupada do rosto. Sorria!

Dessa vez ela realmente deixou um sorriso sair e o viu


pedir licença para ver algo. Então olhou para aquele lugar
cheio, pensando em como todos estavam engajados na
maldita vida mafiosa. Isso era de tantas formas tão errado,
ela suspirou cansada, procurou Cristian, não era difícil
encontrar um jovem homem no meio de tantos mais velhos,
sem falar que Rose parecia ter uma conexão direta com
ele, estava quase no meio do salão com uma taça na mão
enquanto conversava com alguns homens e o pai ao seu
lado, que sempre parecia o rondando.

— Você então é a famosa Rose Volkov!

Rose virou-se para olhar quem a chamava e


encontrou uma mulher de cabelos pretos ondulados, de
olhos castanhos, lábios cobertos por um vermelho intenso.
Tinha um vestido preto rendado, que moldava um belo
corpo, não tão alta, mas provavelmente era maior que ela
sem saltos.

— Não tão famosa assim. — Respondeu com certa


desconfiança.

— Estava ansiosa para saber quem tinha capturado


Cristian Herovrisk.

A mulher continuou, e seu tom de voz não tinha algo


muito amigável, parecia ser irônico. Isso fez Rose assumir
uma postura mais superior, enquanto levantou mais o
queixo.

— Desculpe-me, mas quem é você? — Perguntou, e o


sorriso que a estranha abriu não chegou aos olhos
castanhos.

— Ora, sou Natasha Reed, a mulher, ou se preferir, a


namorada, do seu marido!
Como esperado a afirmação surtiu efeito que a
estranha queria. Assim que chegou a festa ela observou
Rose Volkov soube que era uma princesinha de luxo, de
fato era muito bonita, mais até de perto, além de elegante e
visivelmente atraente a qualquer um, porém não era o que
podia manter Cristian. Natasha apostava nisso, enquanto
esperava uma resposta, se preparando para outro bote,
porém Rose mesmo sendo pega de surpresa, forçou um
sorriso pequeno e irônico nos lábios, tomando a decisão de
não se deixar ser abatida.

— Me parece muito mal informada então, não sou


mais uma Volkov, sou a Sra. Herovrisk e sobre Cristian... —
Ela olhou a outra de cima abaixo com desdém. — Duvido
que ele ainda tenha tempo para algo como você.

O revide fez a tal Natasha puxar uma respiração


aguda, provavelmente esperava que a mulher se abalasse,
retrocedesse, e não que investisse num ataque com força
total.

— Oh claro, a Sra. Herovrisk de fachada. — Ela


debochou. — Ele não contou de mim para você não é
mesmo princesinha?

A fala provocativa irritou Rose, que controlou sua


raiva.

— Não. Provavelmente porque não é importante, na


verdade, deve ser insignificante? — Devolveu mordaz e viu
a sua oponente se contorcer, disfarçando com um sorriso
falso.
— Nenhum dos dois minha querida, o Cris, sempre me
colocou em outro patamar.

Ela quis vomitar diante do apelido exposto ao seu


marido.

— Outro patamar, evidente, e quilômetros abaixo do


meu então! — Rose tirou o sorriso irônico dela, cansou
daquilo, ela aproximou o rosto da outra sem disfarces. —
Suponho que você queira me intimidar com esse joguinho,
mas lhe aviso, não vai acontecer. Já lidei com criaturas
piores e bem mais peçonhentas... Agora entenda uma
coisa, casei com ele, o anel da mãe dele está na minha
mão acompanhada de uma aliança bem cara, eu ocupo
sua cama, eu ocupo a sua vida. Cristian é meu!

O tom de voz que Rose imprimiu foi duro, sua postura


superior não mudou. Natasha a encarou, mas seu olhar
vacilou, realmente não esperava que ela lhe enfrentasse
tão explicitamente, não eram assim que as mulheres
escolhidas para casar com os chefes da máfia agiam,
nenhuma delas. E em meio aquilo, sem saber realmente o
que acontecia, Cristian que estava do outro lado do salão
conversando, procurou a esposa como vinha fazendo
durante toda a noite, foi quando a viu, mas isso que o fez
pedir licença de maneira quase rude e se encaminhar
rapidamente até ela, chegando a tempo de escutar
sentença da esposa: “Cristian é meu!”. O prazer que se
espalhou no peito dele foi indescritível, gostou e não ia
reclamar que ela afirmasse repetidas vezes se bem
entendesse que ele era seu, aquilo o excitava.
— Rose?

Ele a chamou, a atenção dela mudou, quando se


virou, procurando-o. O homem quase deixou um sorriso
escapar, mas então seu olhar encontrou o de Natasha.
Rose viu a forma fria como ele fitava a mulher, mesmo
assim não gostou, por isso se aproximou dele, pondo uma
mão em sua cintura, a outra em seu peito chamando a sua
atenção para si. Não se importava como se parecia aquele
ato, só queria mostrar sua posse, sim posse, do mais puro
tipo.

— Oi meu amor!

Disse ela e os olhos dele se encontraram com os dela.


“Meu amor”. “Meu amor”. “Meu amor”. As palavras dela
estavam sendo pregadas nele sem qualquer cuidado,
causando uma vibração em seu peito e um estranho
agrado lhe causou, mas foi perturbador, e Rose viu que foi
mais que bom chamá-lo assim.

— Está tudo bem?

Cristian perguntou custando muito da sua


concentração enquanto encarava o rosto dela e seu sorriso
o deixou aéreo, ela ficou contente de ver a atenção dele se
fechar apenas nela. Subiu a mão no seu peito indo até a
sua mandíbula acariciando a barba bem feita.

— Vai ficar depois de você fazer essa mulher sumir da


minha frente!
Rose pediu baixo mais alto suficiente para que
Natasha escutasse, então levantou os lábios dando um
beijo lento, quase casto, em Cristian, que aceitou
completamente surpreso, mas agradado daquela
demonstração excitante. Ele quase sorriu, e Natasha não
acreditou no que viu. Primeiro Cristian aparecia sério e sem
expressão, logo depois se voltava para a tal esposa, com
toda sua atenção, até podia dizer que preocupado, por fim
deixava aquela mulher o tocar e beijar seus lábios. A Sra.
Herovrisk queria beijar mais seu marido, vendo que ele
estava totalmente entregue, era ótimo saber que não
estava realmente preocupado com a outra mulher, pois o
que ela ia fazer necessitava disso, no fundo não queria,
mas tinha que ser feito, e alguns pontos só se provavam
com atos de confiança, ela se afastou dele e encarou de
novo.

— Cuide dela e não demore!

Ela pediu e Cristian quis beijá-la novamente. Sabia


que Rose queria Natasha fora, ela mesma poderia ter feito
aquilo, mas não, lhe passou a situação, sem dizer mais
nada ela se afastou sem nem olhar para Natasha, voltando
para o salão, ele se esforçou para não ficar olhando-a,
então lentamente voltou seu olhar para a outra mulher.

— Ficou louca de se aproximar da minha esposa? —


Ele disparou sem emoção na direção dela.

— Você deixou ela te beijar!


Natasha disse assombrada com aquilo, Cristian nunca
a deixou fazer aquilo, quase não deixava o tocar, mas com
aquela mulher era toda desprendido das suas regras.

— Ela é minha esposa! — O homem falou se irritando.

— E o que tem nisso? — Disse em choque. — Você


nunca me deixou, mesmo eu fazendo tudo que você e seus
amigos queriam!

Ela tentou se aproximar para tocá-lo, ele deu um


passo para trás, impedindo, sabia que Rose estava
olhando de algum lugar e não queira chatear ela, não
depois dela sair o deixando resolver aquilo, mostrando sua
confiança.

— Pouco me importa o que você fez! — O tom dele


era ártico. — Fique longe da Rose, me desagrada que
chegue perto dela. Saiba que se fizer isso de novo eu não
vou te poupar das consequências!

Natasha sorriu provocando, sem acreditar que ele


podia gostar tanto assim daquela bonequinha de porcelana
que era sua esposa.

— Desculpe se te deixei bravo, mas lembro-me de


você bem irritado me pegando em cima da mesa. Sempre
podemos repetir!

— Cale-se! Eu não estou brincando. — Ele disse


sentindo vontade de jogá-la para fora com as próprias
mãos. — Último aviso, se chegar perto da minha mulher
novamente eu não vou ser aceitar, farei você se
arrepender, agora suma daqui assim que eu sair é uma
ordem!

O homem deu as costas para Natasha que ficou o


observando sentindo sua raiva ferver. Cristian nunca a
tratou realmente bem, mas nunca foi tão ártico como
naquele momento, parecia irado por ela ter chegado perto
da tal mulherzinha dele.

— Não, você não pode gostar de verdade daquela


vadia! — Natasha disse com ódio vendo Cristian ir direto
para Rose do outro lado do salão. O sorriso da “Sra.
Herovrisk” denunciava como estava satisfeita e fez ela
respirar fundo assumindo uma expressão fria, não ia deixar
aquele sorriso da mulher se propagar da próxima vez.

— Me dê uma notícia boa! — Rose disse com um


sorriso que Cristian retribuiu, ficou feliz de ele sair de perto
da tal Natasha rápido, sem a deixar tocá-lo.

— Ela não vai te incomodar. Não mais!

A mulher se aproximou de Cristian deixando sua


expressão ficar mais séria.

— Vou encontrar outras ex-namoradas suas aqui?

O homem franziu o rosto. Nunca teve uma namorada,


não suportava ter que dar satisfação, ter que suportar
aquela ideia ridícula.
— Não, eu não tive namoradas!

— Não? — Ela disse incrédula arqueando a


sobrancelha bem feita. — Pois aquela se apresentou como
uma, aliás, uma atual. Você esqueceu-se de terminar ou
ainda está com ela?

— O que? Não, que ideia é essa? — A expressão de


Cristian se fechou, Rose colocou as mãos no peito dele,
arrumando o smoking negro dele, encarando seu rosto.

— Se um dia você me trair, saiba que não sou do tipo


que caí na cama chorando... Irei dar o troco!

Sem esperar uma resposta ela se afastou dele, o


deixando, sorrindo para a irmã, que estava ali próxima.
Cristian ficou ciente da ameaça e não gostou nada, pois via
naqueles olhos azuis desafiantes, que ela não mentia. O
bom dessa história é que ele percebeu que não tinha a
mínima vontade de ter outra mulher, aquela diaba de olhos
cristalinos tinha de alguma forma capturado todo seu
interesse, fugindo daqueles pensamentos, ele saiu dali,
indo até Franco na margem do salão.

— Sr. Herovrisk! — Disse o homem acenando ao


chefe que parou a sua frente.

— Como a Natasha entrou aqui? — Perguntou sério,


Franco franziu o cenho.

— A família Reed foi convidada a festa!


— Por quem? — Cristian franziu o cenho. — Rose?

Ele sabia que não havia passado aquele sobrenome


para a esposa incluir na lista de convidados.

— Pela checagem que fiz, seu pai, ele incluiu mais


uma pequena dezena, sendo informada a equipe
organizacional da Sra. Herovrisk!

O homem deu um suspiro exasperado, sabia que o pai


era amigo da família Reed, mas não imaginou que deixaria
convites abertos a eles, afinal não passavam de
prestadores dos serviços sujos ao qual a máfia vermelha
não podia se envolver.

— Verifique se Natasha estar aqui ainda, se ela


estiver, sabe como proceder!

Sem dizer mais nada ela saiu, estava irritado com


aquela situação, não gostou de ver seu passado vindo de
encontro ao seu futuro, nem um pouco. Buscou se distrair,
enquanto Sinatra "I've Got You Under My Skin" tocava já no
auge da festa, ele passava os olhos pelo salão procurando
por Rose, que nunca ficava muito tempo no mesmo lugar,
no fundo aquelas conversas com uma bajulação
desmedida, faziam o querer deixar de lado para ir até a
mulher, ela pelo menos não lhe entediava.

Conegon por sua vez observava tudo, mesmo


conversando com os convidados, estava atento a cada ato
daquela festa, a música, comida, bebida, pessoas. Quando
viu a estúpida Reed se aproximar de sua nora, sorriu, era
bom que ela visse logo que não tinha o valor que parecia
achar ter, porém Cristian o frustrou, e talvez colocar aquela
determinada mulher na festa não tinha sido a melhor ideia,
mas isso era o de menos.

Tudo estava funcionando muito bem na festa e já era


hora do pronunciamento dele. Saindo da roda de conversa
que estava e foi até a orquestra e mandou que parassem
para que apenas sua voz reinasse naquele ambiente.
Passou os olhos e viu Cristian o encarar, impassível,
procurou pela nora, ela estava ao lado da mãe e não tinha
mais que uma carranca mal escondida no rosto, o homem
pensou em como poderia ser castigada por aquilo, mas
logo se absteve.

— Aqui... Um minuto da atenção de todos! — Não foi


preciso gritar para ser ouvido e rodeado de olhos curiosos.
— Todos estão aqui por um motivo, está festa foi dada por
um e exclusivo motivo. E agora chega o momento de eu
finalmente anunciar à todos. — Sorriu mais sem muita
emoção. — Eu por muito tempo fui o único a frente dos
negócios Herovrisk, mas tive meu herdeiro, e chega meu
momento de ele assumir. Cristian venha até aqui!

As palmas explodiram no local e Rose sentiu a bile


subir, não gostava daquilo, de ver o olhar satisfeito de
Conegon, preferiu não procurar pelos olhos de Cristian.

— Preciso de ar! — Ela disse a sua mãe e saiu dali,


não queria presenciar aquilo, deu as costas, se
encaminhando para uma das duas sacadas. Cristian foi até
onde seu pai estava e bem a tempo de ver Rose sumindo
para uma das sacadas, ignorou, sabia a opinião dela sobre
aquilo.

— Chega a hora de meu filho suceder-me!

Seu pai disse tirando da lapela do seu smoking a rosa


sangrando, era o ato que dava significado a sua posse e ao
mesmo tempo algo silencioso, mas que todos sabiam o
que representava, ele era o novo chefe da máfia.

— Não me decepcione!

Conegon disse para que somente Cristian escutasse


ao terminar de por a rosa e então todos aplaudiram
novamente, o Herovrisk mais novo encarou a todos
impassível e superior. Pensou que esse seria o melhor
momento da sua vida, mas simplesmente não sentia nada,
nada de novo do que sempre sentiu na vida. Enquanto
Rose ouvia os aplausos, risadas, mas estava se sentindo
mal diante daquilo, era claro que sempre soube o que era a
máfia, o que fazia, mas sempre tentou manter-se a
margem, fechando os olhos covardemente, e admitia. Só
que agora era colocada diante de uma encruzilhada, pois
pela primeira vez não dava para fugir, quando foi embora
da Rússia, não foi apenas para ser livre do julgo do pai,
mas da máfia também, porém agora era casada, estava
presa a isso, e vivenciaria aquela vida.

— Precisando de ar fresco? — A voz masculina a


assustou, ela virou o rosto, encontrando o sujeito loiro e
alto.
— Noam, certo? — Ela disse e o sujeito sorriu galante.

— Certíssima meu amor... — Ele confirmou, Rose


semicerrou os olhos, não gostava do seu jeito, nem de
como a olhava.

— Não me chame assim. — Foi seca, porém mais


uma vez ele sorriu.

— Por quê? — Noam se aproximou devagar, sabia


que devia esperar Cristian, mas era divertido ver a esposa
dele se irritar, nunca tinha tido trabalho com uma mulher
antes.

— Porque eu não gosto! Ela deu as costas para o


homem e então sentiu ele por a ponta dos dedos na sua
costa, Rose se virou rápido e o empurrou, mas de nada
adiantou Noam riu e abraçou.

— Calma! — Disse ele no ouvido dela a envolvendo-a


num abraço.

— Vá para o inferno!

Tentando se lembrar das suas aulas de defesa


pessoal, Rose se contorceu e tentou atingir a virilha do
homem, mas nunca foi possível, seu golpe passou no
vazio, pois Noam já estava jogado no chão, a mulher olhou
aturdida para frente e viu o marido lançar um olhar cortante
a ele e então desviar-se para ela.
— Cristian eu... — Ela começou a tentar se explicar,
diante da expressão dura tão dele, mas com um
movimento rápido Cristian já estava a sua frente com as
mãos emoldurando seu rosto.

— Você tá bem? Ele te machucou? Diz para mim


Rose!

Ele passava os olhos pelo corpo da mulher,


procurando por algum dano, não via nada. Cristian tinha
ido à busca dela assim que se afastou do seu pai e de
todos que davam parabéns pela posse da máfia. Foi até a
sacada e viu Noam agarrá-la, sentiu seu sangue ferver,
então o atacou, mas naquele momento precisava cuidar
dela, de Noam cuidaria depois, primeiro tinha de saber se
ela estava machucada, sentiu quase uma dor física por
pensar nisso. Enquanto Rose apenas o olhava estranho, o
que o preocupou, tentou de novo, tentou ser mais gentil,
com medo de tê-la assustado.

— Rose meu anjo, ele te machucou, me diga? Fale


para mim, por favor!

A mulher estava em choque com ele acariciando seu


rosto tão delicadamente, com uma expressão
genuinamente preocupada, a tratando como se fosse de
vidro.

— Não! Mas tentou me agarrar a força...

Rose disse aturdida ainda pelo modo como o marido


se comportava, seus dedos gentilmente, acariciava sua
face, seus olhos desviaram-se dela, duros, para encarar
Noam, mas quando se voltou a ela, estavam gentis
novamente.

— Eu vou cuidar para que ele nunca mais ouse fazer


isso, prometo. — Cristian disse baixo, acariciando ela,
encostando sua testa na sua. — Me espere no salão meu
anjo, por favor.

Ele deixou os lábios encontrarem-se gentilmente com


os de Rose que suspirou desarmada. Segurou nos seus
braços para se firma, quando Cristian se afastou
minimamente, sem conseguir articular uma palavra ela
concordou e deixou a sacada sem olhar para Noam. Assim
que ela se afastou o Herovrisk encarou o sujeito que tinha
se levantando e o encarando com um semblante
desconfiado, Cristian não deu tempo para ele tentar falar,
acertou com um soco em cheio.

— Nunca mais toque na minha mulher!

Noam ficou zonzo e sabia que não podia revidar, foi


acertado por mais um soco no rosto, antes de ser preso
pela lapela do smoking sendo empurrando com força
contra a parede da sacada seguidas vezes. Gemeu de dor.

— Cristian, droga, eu...

— Seu filho da puta! — Ele acertou Noam no rosto


novamente. — Você merece morrer...
— Não! — Noam disse sentindo a dor se espalhar em
suas costas enquanto foi jogado novamente contra a
parede. — Porra cara, eu não ia forçar sexo, só estava me
divertindo com a irritação dela...

— Fique calado se não quiser que eu te mate aqui


agora! — Cristian disse gélido e ameaçador. — Eu falei
para ficar longe dela!

— Foi só brincadeira...

Noam encarou o amigo sentindo o ar ficar escasso


enquanto ele apertou o braço em sua garganta, Cristian
acertou mais uma vez o estomago dele com um soco.

— Rose não é uma brincadeira, é minha esposa! —


Sua voz era um assobio baixo cheio de raiva. — Se alguma
vez pensar em tocar nela novamente, eu vou te cortar em
pedaços e pode ter certeza que primeiro eu mesmo te
castro!

O homem absorveu a ameaça e viva nos olhos


irritados de Cristian, que não era vazia. Sabia o que o
amigo podia executar qualquer ameaça, só nunca imaginou
que ele seria alvo daquilo, afinal o homem que
basicamente o enforcava, ficou atônito, ele nunca se
importou com as mulheres que ficava.

— Cristian eu entendi, desculpe... Pode me soltar


cara...
O Herovrisk queria matar Noam, mas não podia fazer
isso ali. Teve culpa nesse maldito incidente dele com Rose,
pois devia ter previsto a volta dele a Rússia está noite, o
sujeito havia passado um tempo resolvendo umas
questões da sua família na costa da Ásia, porém voltará
àquela noite e fazia aquela merda com Rose.

— Ela é minha, passou a época que eu deixava você


tocar nas mulheres com que eu ficava. Rose é única e você
vai respeitá-la, por bem ou por mal, não me importo! — Ele
deixou claro soltando e viu o olhar estranho de Noam, que
por sua vez, continuava atônito, o homem piscou algumas
vezes.

— Então finalmente aconteceu? — A pergunta não fez


sentido algum para Cristian.

— O que você está falando? — Afirmou, Noam se


aproximou, checando, para ver ser não ia ser atacado, mas
via o amigo apenas confuso, pôs a mão do ombro dele.

— Nós sempre dividimos tudo...

— Rose não, ela não é assim e é só minha! — Cristian


sabia que nunca ia suportar outro a tocando, ela era sua.

— Eu sei. Já entendi. — Noam disse sorrindo. — Peço


perdão pela minha estupidez, peço perdão a ela também
se quiser, fui idiota, mas acima de tudo peço perdão por
não ter percebido antes que está apaixonado por ela!
O Herovrisk deu um passo para trás, como se tivesse
sido atingido por algo forte, franziu o rosto, processando
aquela afirmação... Não... Eu não... Claro que não! Ele já
tinha ouvido falar e visto com seus próprios olhos "homens
apaixonados" e nunca imaginou ser um, ele não tinha nada
em seu peito, não podia apaixonar-se, isso era impossível,
empurrou Noam de perto dele.

— Não seja idiota! Agora apenas suma daqui antes


que mude de ideia e mate você!

O Herovrisk disse colocando sua máscara impassível


e deixando seu tom de voz sem emoção, então deu as
costas e saiu rapidamente dali. Noam soube
imediatamente que ele estava mentindo, sorriu sozinho
depois de ver o amigo ir embora, nunca imaginou que
viveria para ver Cristian Herovrisk apaixonado, mas
aconteceu, que saiu daquela sacada sem norte, confuso,
pensativo, mas acima de tudo incrédulo, ainda ouvindo a
afirmação de Noam ricochetear em sua cabeça.

— Cristian?

A voz feminina seguida do toque suave o tragou de


volta ao salão, cercado de pessoas e todo o barulho
envolvido, ele encarou Rose sacudindo um pouco a cabeça
para se livrar daquela confusão, viu os olhos azuis dela
fixos nos seus e se esforçou para parecer normal.

— Noam não vai mais tocar em você. — Ele articulou


de maneira seca, sua mente ainda estava fora de linha.
— Você está bem? — Rose perguntou vendo o
homem a olhar de forma estranha, parecia totalmente
aéreo. — Cristian? Ei!

Mais uma vez ela o tirou daquele transe, Cristian


resolveu não pensar no que Noam disse, era mentira. O
Herovrisk se julgava incapaz de gerar sentimentos por
outra pessoa, nunca ia sentir nada, foi moldado com alta
perícia para isso, sabia que não podia acontecer, o que
sentia pela mulher estava apenas relacionado à posse,
pois era sua esposa, carregava seu nome, nada mais.

— Sim. Preciso falar com outras pessoas agora!

Sem mais explicações ele se virou a deixando,


sozinha, como se tivesse alguma doença ou algo do tipo.
Rose não conseguia acompanhar as mudanças de humor
daquele homem que iam de um extremo a outro sem
qualquer aviso, em uma hora ele era todo carinhos e em
outro já a tratava como se não valesse nada. E dessa
forma os dois permaneceram distantes, tendo de realizar a
despedida dos convidados, um a um, aos quais a Sra.
Herovrisk nem sabia o nome, todavia, tinha que entregar a
estes sorrisos educados, mesmo já estando cansada,
quando dispensou finalmente o último, obviamente que
tudo tinha de piorar quando o sogro se aproximou.

— Devo dizer que fez um bom trabalho, Rose. — O


ouviu dizer, ela virou-se para encarar Conegon que tinha
um sorriso que não chagava aos seus olhos.
— Isso é um elogio? — Disse ela arqueando a
sobrancelha. — Devo agradecer?

— Oh sim minha querida.

A expressão do homem nem se alterou. Rose desviou


a atenção dele e viu Cristian entrando, seu olhar
encontrou-se com seu, e lá estava aquela sensação
abrasadora no peito dela diante da imagem dele, todavia,
buscou desfazer-se daquilo, estava esgotada daquela
noite, daqueles homens mafiosos com seus jogos de
poder, simplesmente não tinha mais força para aquilo, não
naquele momento.

— Que seja Sr. Herovrisk, com licença, irei me retirar!

Não esperou resposta, simplesmente deixou Conegon


e passou pelo marido sem olhá-lo, buscando subir as
escadas para ir a seu quarto. O sogro ignorou a súbita
retirada da mulher, bem como sua forma de falar, pois tinha
a mais plena noção que em breve daria a lição que ela
merecia, e com tal convicção, ele saiu do salão também,
deixando ao filho apenas um olhar frio. Cristian suspirou
sozinho no ambiente, pelo que tinha visto, sua esposa e
seu pai voltaram a trocar farpas, mais uma vez, e ele sabia
que isso tinha de acabar, logo, mas decidiu não ter que
lidar com aquilo naquele noite.

Observou o espaço vazio, apenas os empregados


cuidando de arrumar tudo, passando as mãos pelo cabelo,
sentindo-se estranho, não sabia definir o que era aquele
sentimento, talvez fosse solidão, o que sempre o
acompanhou, mas nunca ficou tão evidente, pois ele nunca
teve que alguém na sua vida. Buscando dispersar sua
mente e tentar descansar deixou o salão também, indo
para seu quarto, entretanto, seus olhos se fixaram na porta
do antigo quarto, a qual sabia que estaria Rose, por
impulso caminhou até lá, testando girar a maçaneta, estava
trancada, encostou sua testa ali, pensando no que ela
estaria fazendo e no que ele queria fazer com ela.

As palavras de Noam vieram novamente à mente dele;


“está apaixonado por ela...”, Cristian não aceitava, sabia
que estava ali parado diante da porta dela porque
realmente sentia sua falta, mas afirmava para si, que amar
Rose não era impossível, seu coração tinha sido arrancado
há muito tempo, não restava nada mais de bom nele.
Suspirou se afastando dali e voltando para onde devia
dormir, mas assim que entrou naquele ambiente soube que
não ia conseguir passa mais uma noite ali sozinho.

И·И

E Rose, sozinha, desligava o chuveiro, pegando o seu


roupão, enrolando-se ao soltar os cabelos, enquanto se
olhava no espelho, sua mente estava longe, quer dizer,
mas exatamente em Cristian, no que aconteceu na festa,
sobre como foi doce, preocupado e depois simplesmente
gélido. Por que tem que ser tão complicado? A resposta
para aquela pergunta não veio, Rose suspirou, sentia-se
degastada e tão idiota por ficar se importando com um
homem que no fundo nem ligava para o relacionamento
deles, ao ponto de abandoná-la sem nem olhar para trás.
Jogando a escova de cabelo usava, saiu do banheiro, indo
recolher seu vestido que havia tirado e deixado no chão,
mas então tomou um susto ao ver aquele sujeito dentro do
seu quarto, seu corpo entrou em estado de alerta.

— Você?

— Quem mais seria Rose?

Ela engasgou com a visão Cristian sentado, em uma


das poltronas do quarto, sem camisa, usando apenas calça
do smoking e descalço, ele a olhava fixamente com um
sorriso sexy e maldoso.

— Como você entrou?

O sorriso dele aumentou, ficando ainda mais tentador,


então se levantou caminhando lentamente na sua direção,
fazendo o coração dela bater mais rápido enquanto ele se
aproximava como um predador pronto para capturar sua
presa, no caso ela.

— Chave extra!

Ele tirou do bolso mostrando a ela e então jogou para


trás, displicentemente, parando na sua frente, a respiração
dela vacilou, Cristian decidiu ali, naquela noite não ia sair
daquele quarto mesmo. Rose ficou surpresa pelo seu ato e
febril ao ver ele por as mãos na sua cintura.

— Não me toque!
A mulher disse afastando as mãos masculinas de si
para tentar se manter sã, ela engoliu em seco por está tão
próxima dele que a observou atentamente, via seus olhos
azuis desejo, não repulsa. O pensamento dela não querer
mais seu toque era repugnante, mas via que não era o
caso.

— Hum... — Ele passou os dedos pelos próprios


lábios. — Acho que teremos que fazer isso do jeito difícil!

Rose franziu a tez tentando entender aquela fala, mas


não houve tempo, Cristian a capturou entre seus braços e
a levou para cama, a jogando ali, sem sutileza, todavia,
tomando cuidado para não machucá-la.

— Que droga. Pare com isso!

Cristian imobilizou a mulher, a virando de bruços,


Rose tentava se soltar, mas só acabou o ajudando a puxar
seu roupão. Com uma virada rápida o homem estava em
cima dela, segurando os seus braços acima da cabeça,
prendendo suas pernas de baixo dele.

— Seu estú...

Antes que ela pudesse terminar a frase ele a beijou.


Cristian sentia seu corpo vibrar só por está perto dela,
assim que possuiu sua boca, gemeu de prazer. Rose
também não conseguia disfarçar o deleite de sentir ele
assim, por mais que os beijos dele a deixassem louca, ela
não queria se entregar, não depois de uma boa conversa,
mas o homem não parecia querer nada disso, afastou o
rosto do dele, tentando resisti, mas só tornava aquilo uma
doce tortura, sentindo os mamilos roçar o peito do homem,
fazendo com que sufocasse um gemido.

— Ah pare! — Se debateu, mas parecia claramente


vão, o aperto dele não diminuía um milímetro. — Vá
embora eu não vou te servi com meu corpo e depois ser
deixada de lado Cristian.

Ela travou os dentes quando o sentiu mordiscar a


parte interna do seu pescoço a qual ficou exposta quando
virou o rosto.

— Não posso ir embora, meu anjo!

Rose gemeu ao sentir a barba dele arrastar em sua


garganta ao mesmo tempo em que ganhava beijos
molhados.

— Não me chame assim... — Ela pediu, mas adorou


ouvir aquilo e não devia. — Vá embora... Não quero você
aqui.

— Não resista meu anjo. — Cristian estava louco por


aquela mulher. — Eu quero tanto você! — Ele procurou
pelos lábios dela, mas Rose virava o rosto de um lado ao
outro tentando impedir.

— Vai ficar querendo, então, eu disse que estava


banido da minha cama!

— Ah Rose... Não mesmo!


Cristian concentrou em encontrar a corda do roupão
dela, apenas com uma mão, já que a outra ainda a
segurava, assim que conseguiu começou a prender os
pulsos femininos na cabeceira da cama.

— Vai sim... — A mulher se interrompeu ao sentir o


que ele fazia. — Você está me pretendo! Seu filho...

Outro beijo a calou, terminando de prendê-la, e


quando conseguiu, aproveitou-se das mãos livres para
estimular os seios femininos. Rose se contorceu e gemeu
contra sua boca, quando o homem se afastou dela
minimamente a viu arfando.

— Você me forçou a isso anjo! — Cristian disse


divertido e excitado com a visão dela com irritada, mas
completamente sexy amarrada. — Mas não se preocupe,
farei você aproveitar cada momento disso.

Ele disse mordiscando o pescoço feminino, enquanto


suas mãos brincavam com o corpo dela, que ofegava ao
sentir o toque das suas mãos firmes.

— Oh droga. Deixe-me em paz! — Rose gemeu


sentindo o sorriso dele contra seu pescoço.

— Nunca...

Ele sussurrou se deleitando em ter a mulher em seus


braços, mesmo que ainda fosse amarrada, nem por isso
aliviava o desejo quase desesperador que sentia. Ia
atormentar aquela mulher da mesma forma que ela fazia
com ele. Saiu de cima dela, vendo-a o encarar ofegante, o
homem pegou com facilidade a garrafa de vinho branco
que tinha depositado em cima da mesinha ao lado da
cama, havia pensado em tudo quando decidiu ir aquele
quarto naquela noite.

— Cristian eu quero que me solte agora! — Rose


mandou vendo o homem com a garrafa na mão e um olhar
malicioso. — Tire esse sorriso bastardo do seu rosto... Eu
vou gritar se não me soltar!

O Herovrisk mediu a irritação dela, obviamente com


raiva de estar presa, mas tinha desejo ali, ela mal podia
imaginar como o quanto estava maravilhosa e o deixando
excitado.

— Você vai gritar Rose, mas de prazer...

Abrindo a garrafa de vinho e então tomou um pouco


do líquido, se a abaixou o suficiente para pegar o rosto dela
com uma das mãos livres e beijá-la, deixando o vinho
descer para os lábios da mulher. Rose aceitou e ficou
ofegante após engolir o vinho vindo dos lábios dele, seu
sexo pulsou com aquele ato, era tão íntimo, tão sexy, a
temperatura fria do líquido combinado com a temperatura
dos seus lábios a deixou desnorteada.

— Cristian... — Disse ofegante, e o encarou vendo a


escuridão sedutora nos olhos dele a aquecer.
— Shhh... — Ele pôs os dedos nos lábios dela. —
Quero apenas que se sinta o que vou fazer com você.

Aquilo devia ser algo que a intimidasse, afinal ela


estava amarrada pelos pulsos, nua e a mercê totalmente
dele, mas ela só sentia-se mais excitada sob o olhar
lascivo do homem. De repente o viu levantar a garrafa e
virar lentamente sobre seus seios, Rose se contorceu,
arqueando as costas do colchão ao sentir o líquido gelado
cair sobre sua pele morna, todas as terminações nervosas
da mulher afloraram só para ela ver então Cristian se
abaixar sobre seus seios e lamber o vinho que a molhou.

— Oh meu deus!

Gemeu arqueando-se contra os lábios do homem que


envolvia seu seio e logo se mudaram para o outro,
revezando num tormento maravilhoso. Ah como eu sentir
falta dessa boca maldosa... A mulher pensou, mas logo foi
tragada quando mais uma vez ele a cobriu com vinho,
dessa vez o vale entre seus seios.

— Não existe combinação melhor que você e vinho!

Cristian disse lambendo a pele dela, que não parava


de se contorcer gemendo, aquilo era um martírio dos mais
prazerosos que o homem podia presenciar, sua esposa
parecia uma deusa.

— Você vai me matar assim! — Rose gemeu


incoerente ao ver e sentir seu marido jogar mais vinho cima
dela, dessa vez na barriga, até o umbigo, onde ele pôs a
língua.

— Essa não é a intenção meu anjo... Você está tão


linda!

Cristian sorriu malicioso capturando as gotas de vinho


que desciam pela cintura da mulher, não resistiu passar os
dentes, mordiscando, e a viu fechar os olhos mordendo os
lábios, segurando um gemido, ficou ainda mais satisfeito.

— Não me chame assim!

Rose falou sôfrega então viu ele se afastar, mas só


para perceber o show que ia dar, ao tirar lentamente sua
calça, ficando gloriosamente nu, o membro excitado do
homem saltou, fazendo com que ela engolisse em seco.

— Meu anjo? Por que não? — Perguntou vendo ela se


contorce quando ele pegou despejou mais vinho em cima
dela, em cima da sua feminilidade.

— Oh meu deus... Cristian! — Sem conseguir ficar


parada Rose apertou suas pernas tentando aliviar aquela
sensação, era quase doloroso, o frio do vinho não aplacou
aquela dor crescente em ventre, só aumentou.

— Abra os olhos e responda Rose! — O homem


comandou enquanto abriu as pernas da mulher se
colocando ali, para atormentá-la, jogou mais um pouco de
vinho, ela tentou fechar as pernas mais ele não deixou.
— Cristian... Não consigo pensar... Pare! — Pediu, ele
sorriu mais despejar levemente mais vinho sobre o sexo
novamente.

— Ah não meu anjo... Agora que eu comecei...

Soltando a garrafa Cristian segurou as coxas da


mulher e se deliciou em atacar com seus lábios a
intimidade dela. Rose gritou de prazer ao sentir a língua do
homem em seu clitóris que foi sugado em seguida.

— Cristian!

Nem a mulher ou o homem conseguiam pensar direito.


Rose queria tocá-lo, mas estava contida, e era muito
intenso, estava à mercê dele, nada podia fazer, porém
sentia-se próxima do seu clímax. Que veio quando o
homem a penetrou com dois dedos, ao ouvir o grito de
prazer da mulher, Cristian gemeu e não a soltou até que
desse seu último tremor, observou ela lânguida e saciada,
completamente linda ainda amarrada, sorriu. Subiu pelo
seu corpo, deixando beijos cálidos até o vale dos seios e
depois em cada um deles, até o pescoço, então encarou os
olhos azuis dela que se abriram levemente.

— Você é tão linda. — Sem dar tempo para que Rose


pudesse voltar raciocinar, ela sentiu Cristian a penetrar,
bem lentamente, tentou puxar suas mãos para tocar nele,
mas foi impedida pela corda no pulso.

— Cristian... Quero tocar você... — Pediu sôfrega ao o


sentir entrar e sair do seu corpo, o homem gemeu, sentia
falta disso, falta dela, sem demora ele soltou seus pulsos.

— Rose, meu anjo... Senti sua falta! — Cristian gemeu


abraçando ela, mordiscando seu pescoço, enquanto sentiu
as mãos pequenas deslizarem em sua costa, uma delas
apertando sua bunda, ele sorriu.

— Adoro quando me chama assim... Seu idiota... Eu


senti sua falta também!

A mulher admitiu perdida nos braços dele, adorando


saber que ele sentia falta dela, quase parecia em êxtase
doentio à forma como fez bem a ela saber aquilo. Sentindo
o homem em cima dela, passou as mãos na sua costa
musculosa e a outra pôs em seu cabelo, guiando sua boca
até a dela, logo eles se envolveram em um beijo sensual,
enquanto o ele levava Rose ao êxtase novamente. Rose
queria aquele homem com desespero, assustava-se como
se sentia em relação a ele: desejo, carinho, prazer,
possessão, paixão. Não queria que seu marido saísse dali
nunca mais, mesmo que fosse uma idiotice admitir.
Enquanto Cristian sentia seu peito se apertar com as
saudades dela, mesmo tomando seu corpo ainda nem
parecia suficiente, sem nem mesmo se importar em ser
chamado de idiota, no fundo devia ser mesmo, por deixar
aquela mulher sozinha, ela era sua, toda sua. A beijou com
necessidade, enquanto a puxou para cima, e encaixando-
se entre suas pernas, deslizando mãos na sua costa,
iniciando uma sessão de mordiscadas na garganta dela,
que parecia ser o ar que ele respirava naquele momento,
era tudo, seu tudo.
— Rose!

— Cristian!

Falaram os dois incoerentes enquanto se entregavam


sem reservas um ao outro.
CAPÍTULO 08
Uma letargia tomava conta do corpo de Rose
enquanto tentava abrir os olhos ao ouvir um zumbido que
parecia ser do seu celular, porém, algo quente e agradável
a envolvia, fazendo com que se aninhasse voltando a
dormir, só que aquele zumbido irritante não parou e por
isso dando-se por vencida abriu os olhos, procurando o
aparelho, acabou por encontrar a desordem no quarto, o
seu roupão no chão, junto dos travesseiros e a garrafa de
vinho, as lembranças ao ver o objeto fizeram seu corpo
estremecer. Olhou o por cima do ombro o homem que a
abraçava de forma possessiva, mantendo o rosto enterrado
em seu pescoço, respirando lentamente e tranquilo, com
cuidado Rose escapou do seu abraço indo até a beira da
cama, se esticando para pegar o celular na mesinha, assim
que o fez verificou o nome de "Cam" acendendo, atendeu
logo em seguida quando voltou a tocar.

— Oi Cam, algum problema? — Ela perguntou


ouvindo a si mesma sonolenta e a culpa era do bastardo
lindo ao seu lado que ainda dormindo todo esparramado,
parecia tão pacífico e vulnerável assim, tirando sua
atenção dele buscou se concentrar na ligação.

— Rose desculpa ligar agora, depois da sua festa de


ontem, mas foi inevitável!

— Sem problemas... Mas me diga o que aconteceu?


— Tivemos problema com a equipe de confecção
daqueles novos modelos que mandou... Acho que
precisaremos do seu auxílio para umas modificações ou
vamos atrasar para a abertura do atelier.

Rose suspirou, devia está cuidando pessoalmente


dessa confecção, mas Cristian, a festa, tudo aquilo tomou
tanto seu tempo, que teve que se afastar
momentaneamente do atelier.

— Tá, tudo bem, dentro de uma hora estou aí.

Ouviu o homem ao outro lado da linha concordar,


então encerrou a ligação, quando se virou na cama
tentando sair, encontrou os olhos escuros fixos nela e
naquele momento com um brilho atípico, ela não conseguiu
disfarçar a admiração por ele com o cabelo desgrenhado,
totalmente despido, seu coração a traía parecia que nunca
ia poder se acostumar com sua beleza máscula do marido.
Cristian deixou-se ser observado, pois fazia o mesmo com
a mulher, estava louco para tocá-la, logo em seguida lhe
cobrir de beijos, respirou fundo, sua mente não estava
coerente, Rose o embriagava.

— Você é a mulher mais linda do mundo ao acordar...

Ele falou sem poder conter as palavras, elas eram


verídicas, o homem sentia necessidade de expor isso,
precisava, observou Rose corar, a mulher sentia-se febril,
quase ouvia a pulsação do seu coração de tão alto que
batia, ela ficou confusa com como Cristian dizia aquelas
coisas, tão inesperadamente, e depois voltava ao seu
"modo bastardo", e admitia que isso acabava consigo,
porque simplesmente adorava quando ele a tratava assim,
tão gentil.

— Por que me adula Sr. Herovrisk? — Perguntou


tentando parecer composta e não uma manteiga derretida
ou uma menininha que queria se jogar nos braços dele,
que franziu o cenho de um jeito adorável e então dar um
sorriso de canto.

— Um homem não pode tentar agradar?

Ele estendeu as mãos puxando-a pela cintura pondo-a


de frente, Rose não resistiu, mas quando Cristian beijou
sua clavícula, subindo para o pescoço, ela espalmou as
mãos no seu peito, forçando-o a encará-la.

— Se você está tentando me agradar só para ter mais


sexo eu vou lhe dizer que não vai mais funcionar, nem se
me amarrar novamente!

Rose disse com convicção, podia sentir seu corpo


doer, todos os seus nervos vibrarem, e aquela voz
estridente na sua cabeça gritando para se entregar e
aceitar qualquer pedacinho dele, mas não, não ia fazer
isso, ela tinha brio afinal, se ele a queria, teria de ser nos
termos que ela ditasse.

— Você é tão teimosa! — O homem disse segurando


um sorriso, então aproximou o rosto do dela, beijou seu
mandíbula, porque Rose virou o rosto não o deixando ter
acesso aos seus lábios.
— Pare! Quero conversar. Ontem você ganhou, mas
hoje não. — Ela o empurrou, não teve muito efeito, o
homem apenas suspirou e fitou os seus olhos azuis.

— Que seja, vamos lá então mulher... — Ele disse é


viu Rose se armar para uma discussão, mas Cristian se
sentia de muito bom humor para fazer tal coisa. — O que
quer?

— Que você pare de agir como um bastardo. — Não o


surpreendeu por ela o ofender, ignorou. — Odeio ser
tratada como se não existisse, você me deixa igual a um
objeto inanimado e depois volta exigindo todos os tipos de
direitos... Não vou aceitar isso!

— Isso tudo é porque sair do quarto?

O sorriso convencido dele só fez Rose querer o chutar


para fora da cama, mas ele pareceu ter lido sua mente,
então a abraçou mais forte.

— Não! — Ele arqueou a sobrancelha grossa em


interrogação, Rose bufou. — Também, mas envolve a
forma total como me trata, Cristian...

Sem pensar muito sobre, Cristian já sabia que não ia


conseguir ficar mais longe dela, pois a queria na sua cama,
nos seus braços, não importava o motivo, apenas queria e
ia tê-la. Tocou o rosto feminino com um das mãos
segurando-o logo em seguida.
— Você é a teimosia nascida viva, nunca lidei com
algo assim, falta-me tato, experiência... Se você apenas se
comportasse. — Rose tentou sair do aperto dele, mas a
segurou. — Pare de ser tão brava!

— Você me irrita, fala como se fosse uma criança...


Chega, vá embora, a pessoa aqui que não se comporta
quer ficar sozinha.

Cristian levantou o rosto olhando aos céus, quis rir da


criatura linda nos seus braços, não sentia irritação alguma
pelas ironias dela, somente diversão, abraçou-a antes que
fugisse do seu aperto, enfiou o rosto no seu pescoço,
beijando-a e então a encarou.

— Eu não vou a lugar nenhum... Nunca mais.

Rose olhou para o homem que a encarava com um


semblante firme, porém calmo. O coração dela vibrou e
sentiu a falta ar diante do que ele disse. "Nunca mais".

— O que quer dizer?

Foi quase um sussurro. Cristian aproximou o rosto do


dela, dando um beijo casto, e então se afastou
minimamente, não queria deixar ela, nunca, isso se firmou
dentro dele, até o assustou, porém não ia e não podia
voltar atrás, queria estar com Rose.

— Que quero voltar a dividir o mesmo espaço com


você, preciso voltar e vou! Não a deixarei, nunca, mais...
Desculpe-me!
O pedido de desculpas saiu dos lábios de Cristian tão
automaticamente que até ele se surpreendeu, mas ao ver
os olhos azuis da sua esposa se abrir em surpresa, então
de repente um pequeno sorriso surgir, que ela escondeu ao
virar o rosto, valeu a pena. Rose sentia que precisava se
recuperar, foi como se estivesse embriagada com as
palavras do homem, sentia-se derreter, cair mais e mais
por ele. Suspirou e então sentiu os lábios dele descerem
pela sua mandíbula, até ele virar o rosto dela para si, para
chupar um lábio inferior, e quando ela gemeu, o homem se
aproveitou para aprofundar o beijo.

— Cristian...

A mulher gemeu passando as mãos no cabelo dele,


subindo em seu colo, o envolvendo com suas pernas de
cada lado do seu corpo, apenas o fino lençol os separava,
ela afastou-se dos lábios dele, pondo as mãos no seu
rosto, acariciando levemente a sua barba com as unhas.

— Estou sendo aceito de volta? — Ele perguntou com


um sorriso de canto, que não conseguiu evitar, ao fitar o
olhar azul aquecido da sua esposa, que era a mulher mais
linda do mundo.

— Sim... E não me faça me arrepender!

Rose sabia que não podia dizer não, tudo que queria
era tê-lo de volta, seu peito doía de saudades sempre que
o via, doía por está visivelmente se apaixonando por
aquele homem a cada dia e não tê-lo perto era um terrível,
mas no fundo sabia que precisava se proteger, no ritmo
que ela ia, Cristian poderia destruir seu coração facilmente.
O homem a beijou lentamente sentido um deleite de poder
ter ela novamente, agora ele era o chefe, seu pai não ia
poder questionar suas escolhas, pelo menos não essa,
porque pela primeira vez em muito tempo ela não ia
conseguir cumprir uma ordem, não importando as
consequências, ficar com aquela mulher parecia ser o
essencial agora e ele havia se rendido.

— Rose! — Disse abraçando o corpo dela, mas sentiu


suas mãos o empurrando levemente.

— Eu... Cristian... Preciso levantar. Pare! — Ela disse


rindo sentido o homem mordiscar sua pele onde conseguia,
adorou aquilo, sentido seu peito formigar, e uma vontade
estúpida de sorrir abertamente.

— Quero você! — Cristian disse sem conter seus


instintos que perto da mulher nunca estavam controlados.

— Estou sentido isso... — Disse se referindo ao


membro excitado do homem entre suas pernas. — Mas
preciso ir ao atelier, trabalhar ou perderei o tempo de
inauguração... Alguma objeção?

Ele tirou o rosto do pescoço dela, encarando-a,


percebendo que já está estava pronta para uma briga,
sorriu decidindo surpreendê-la.

— Não, nenhuma, quer que eu mande preparar um


café para você levar?
Um choque foi o que ela tomou, ficou chocada e ao
mesmo tempo desconfiada, e pensando; Se me amarrar na
cama fez tão bem pra ele, talvez eu permita novamente...

— Pergunto-me se bateu a cabeça a noite? — Ela


disse sentido o homem acariciar suas costas com carinho e
então sorriu, decidiu que essa manhã o Herovrisk tinha se
prontificado a derreter seu coração.

— É possível que sim...

Cristian disse divertido vendo a expressão dela


confusa, beijou seu queixo e logo em seguida rapidamente
os lábios, mas já era hora de parar, não podia se distrair-se
tanto assim, ainda mais depois de tomar posse da máfia,
tinha que iniciar seu dia e com cuidado pôs a mulher de
volta na cama.

— Vamos vá se arrumar, eu te deixo no atelier!

Rose observou o homem a deixar na cama, entendeu


que o momento deles tinha acabado, porém o seu coração
idiota parecia soltar fogos no seu peito.
И·И

Dois carros escuros entraram no galpão a margem da


cidade, o silêncio reinava quando o mais novo chefe da
máfia desceu de um deles. Cristian observou o espaço com
um olhar sério, então caminhou em direção ao centro do
local, ninguém que o olhava duvidava que fosse um
homem perigoso e acima de tudo poderoso, ele parou em
frente a um grupo de homens que se mantinham numa
posição de respeito, com a cabeça levemente abaixada, os
ombros quase encolhidos, era automático para eles.

— O que estão esperando para abrirem as caixas!

Ladrou friamente o Herovrisk, logo eles se


movimentaram para abrir uma das várias caixas dispostas
próximas, assim que o pé de cabra quebrou o fecho da
tampa, armas de todos os modelos apareceram. Cristian
olhou satisfeito com o conteúdo, àquela era uma carga
especial faria uma negociação grande.

— Preparem para iniciar o carregamento, quero isso


nas mãos do pessoal de despacho do Volkov ainda hoje!

Cristian estava supervisionando aquela transação


pessoalmente, tanto eles como o Iuri tinham o mais alto
interesse que tudo saísse certo, os Volkov estavam
atuando como sócios diretos nessa primeira empreitada, se
desse certo logo iam ter carregamentos como aquele toda
a semana. O homem decidiu terminar de acompanhar
aquela tarefa, mas tinha muita coisa a fazer no escritório
Holdings “H”, afinal decidiu manter ainda a função de CEO,
a mesma que tinha antes de se tornar o chefe da máfia
vermelha. Gostava de ter o controle de tudo que estava o
cercando. E por falar em controle o celular dele tocou e
pela identificação sabia que tinha algo errado...

И·И
— Não! Ficou realmente bom... — Rose disse a uma
das costureiras que realizam a construção das suas peças,
e sorriu.

— Iremos preparar os outros dois vestidos e lhe


traremos amanhã, Sra. Herovrisk! — Afirmou a mulher com
confiança.

— Perfeito! — Ela disse sorrindo simpática.

— Rose? — Cam a chamou fazendo com que pedisse


licença indo até ele.

— Sim?

— Tem uma moça querendo falar com você, só com


você!

— Só comigo? — Franziu o cenho. — Se identificou


ou adiantou o assunto?

— Não, apenas insistiu em falar com você, e pediu


com muita ênfase!

Tal exigência a deixou desconfiada, não sabia quem


podia ser, e por estar tão curiosa decidiu logo saber.

— Estou indo recebê-la, cuida de passar as outras


orientações dos outros modelos para a costureira, por
favor.

E com isso ela desceu da parte superior da loja, indo


até a área comum de recepção, e quase chegando ao final
da escada, avistou uma figura toda de preto, jaqueta e
calça de couro, com de botas altíssimas, porém quando
olhou para o cabelo escuro, soube quem era.

— O que você quer? —— A voz dela saiu refletida por


toda a infelicidade que sentiu ao ver aquela estranha que
se virou para encará-la com um sorriso plástico no rosto.

— Ora é assim que recebe uma cliente? — Falou


Natasha cínica, Rose se portou do mesmo jeito ao terminar
de descer as escadas parando a uma curta distância.

— Ainda estamos fechados e além do mais não sei se


atendemos pessoas do seu nível. — A fala dela foi ferina. A
outra mulher soube disfarçar sua raiva, passando os olhos
de forma avaliativa, não era admiração.

— Sabe? Talvez tenha razão, não tenho o nível desta


loja, afinal de contas olhe para você, o tipinho princesinha
como sua imagem transparece e além do mais isso cansa
os homens facilmente... Principalmente o nosso Herovrisk!

Rose puxou uma funda respiração, disfarçada, ao a


ouvir falar "nosso Herovrisk". Ela já tinha uma convicção,
Cristian era seu, não podia dizer o contrário.

— Claro... Cristian, esse é o seu problema! — Sorriu


e se aproximou encarando sua oponente. — Você não
consegue entender que o que tinha com ele acabou? Ele é
meu marido e você não tem nada dele, pois a princesinha
aqui como você chama, é quem o mantém.
Natasha não podia negar, que aquela era dura na
queda, mas ela também. Amava Cristian de uma forma que
nenhuma mulher podia amar, aceitava qualquer coisa para
ficar com ele. Quando soube do casamento foi uma facada
em seu peito, só que tinha se reerguido, e não ia desistir de
ter aquele homem de volta mesmo que a tal Rose
ocupasse o título de esposa dele, ela faria com que ele
voltasse a sua cama, depois daria um jeito de fazê-lo
rejeitar a princesinha Volkov.

— Acha que pode mesmo manter ele? — O sorriso


dela foi frio. — Pois eu digo que não, você não sabe quem
é seu marido, é apenas uma estranha que foi empurrada
para ele, um enfeite para ser exposto em festas e ocupar o
lugar frio na estante, não sabe do que Cristian realmente
gosta. Você não pode mantê-lo!

Rose não conseguiu disfarçar que dessa vez a outra


mulher tinha a atingido no ponto certo, ela sentiu uma dor
estranha em seu peito ao pensar em Cristian a ignorando
friamente por não ser o que ele precisava.

— Isso não é você que tem de dizer... — Rose disse e


Natasha continuou.

— Não se preocupe, pois o Cristian vai te dizer em


breve... Você nunca poderá manter os gostos dele, mas eu
sim, eu posso, eu já fiz tudo que ele gosta. Quando for
deixada de lado, acha que ele vai correr para quem? —
Sorriu maliciosamente. — Para mim... É sempre para mim,
porque posso dar tudo que ele gosta dentro e fora do sexo,
o sexo duro ele gosta.
Sem pensar e sem poder controlar sua raiva Rose
enfiou a mão no rosto da mulher com uma tapa realmente
forte, que pegou Natasha despreparada, e a derrubou no
chão. Respirando com força, sentia seu peito comprimir,
doía por pensar em Cristian com aquela mulher.

— Não quero mais te ouvir sua vagabunda!

Assobio friamente e a outra a olhou com ódio, caída


no chão massageando o lado avermelhado do rosto, pela
tapa, então se levantou.

— Vou acabar com essa sua carinha arrogante por ter


me tocado...

Natasha disse, então foi para cima de Rose,


derrubando-a e tentando subir nela, que girou, invertendo
as posições, tentando lembrar-se das aulas de autodefesa,
desferiu mais um tapa na outra, que tentou segurar em seu
cabelo, mas foi impedida quando outro tapa a atingiu. E
longe daquela confusão, ou pelo menos temporariamente,
Cristian pulou do seu carro assim que este parou em frente
ao atelier da esposa, rapidamente atravessou o curto
espaço, e seu coração saltou ao que viu.

— ROSE!

Gritou o homem correndo em direção a sua esposa


que estava em cima de Natasha que agarrava os cabelos
dela enquanto tentava desviar-se de tapas. Ele pegou
Rose pela cintura vendo que ela parecia perdida em sua
fúria e viu Franco entrar para segurar a outra mulher.

— Me largue. Largue-me agora! — Ela falava aos


berros sentido braços forte a rodeando, nem percebeu
quem era, até ver Franco, quando virou o rosto viu o
marido.

— Cristian... Olhe o que essa louca fez comigo! —


Natasha falou chorosa apesar de querer enforcar Rose,
mas sabia que o Herovrisk odiava escândalos, e queria que
ele desmontasse a sua raiva contra a tal esposa.

— Vadia! Me solta Cristian! — Rose disse, e sentiu


seu corpo se virado e encontrou o olhar duro dele.

— Pare. Agora quero vá lá para dentro!

A raiva que a mulher sentia começou a virar tristeza


quando viu o olhar tão irado dele... Ficou com raiva porque
bati na vadia dele? O pensamento a enjoou e percebeu ele
soltar seus braços a empurrando para longe, quando olhou
para Natasha, parecendo ir à sua direção. Rose percebeu
que queria chorar, não ia fazer na frente de ninguém, assim
que ele deu as costas ela correu para fora do lugar. Assim
que Cristian a viu correr para fora e quis gemer em
frustração, foi até Natasha a pegando pelo maxilar, sem
qualquer cuidado.

— Você irá se arrepender por ter tocado em Rose...


Franco leve ela para um passeio no foço!
Ele não se deu mais o trabalho de perder seu tempo
com a mulher, a jogou nos braços de Franco, enquanto
correu para fora do atelier em busca da única coisa que
realmente importava. Natasha sentiu como se levasse
uma facada no meio do seu peito ao ver o Herovrisk a
abandonar e sair em disparada atrás da esposa, como se
fosse um homem qualquer e naquele momento a
percepção de que ele havia mudado foi clara. Já longe dali,
Rose abraçou seu corpo, lutava contra as lágrimas, que
teimavam em querer descer pelo seu rosto, mas ela resistia
para não chorar, estava com raiva, tristeza até, diante de
como viu seu marido agir ao redor daquela mulher
insuportável que parecia ter surgido de um buraco infernal
para assombrá-los, não dava para negar que alguma coisa
na fala dela tinha sentido.

— Rose!

Ouviu a voz de Cristian próxima e olhou para trás


vendo-o se aproximar correndo, ela pensou em correr, mas
estava sem se exercitar de verdade há um bom tempo, só
iria perder aquela corrida, visto que o homem não demorou
a alcançar e nem estava ofegante.

— O que quer? — Disse ela totalmente na defensiva


quando ele parou a sua frente impedindo-a que
continuasse a se afastar.

— Você! — Cristian não entendia a raiva que ela


dispensava na sua direção, parecia magoada, os olhos
azuis estavam brilhantes, eram lágrimas contidas que
fizeram algo se torcer de forma ruim dentro dele.
— Pensei que me quisesse longe, longe para falar
mais a vontade com sua querida Natasha.

— Ela não é minha querida! — Ele franziu o cenho


incomodado.

— Não?

Cristian queria sair daquela maldita rua, o tempo na


Rússia começava a esfriar as suas usuais temperaturas
congelantes, e Rose estava apenas com aquele vestido
rendado, deixando o colo exposto, sem casaco ou qualquer
proteção, isso o preocupou, se viu tirando o terno e
tratando de por nela, que parecia ir resisti.

— Está frio, não te quero doente! Vamos sair daqui.

— Você não respondeu! — Acusou ela, Cristian


suspirou, terminando de fechar o terno ao redor dela, ficou
quase como um vestido, e ela ainda parecia linda, ele
pegou o rosto dela entre suas mãos.

— Ela não é nada para mim Rose.

— Por que me mandou embora?

— Para que não tivesse que presenciar eu a


enxotando, estava tentando te poupar. — O olhar dele ficou
incrédulo. — O que achou que eu faria? Cuidaria dela?
Perguntou o homem mal-humorado, vendo a
expressão da mulher se suavizar, Rose sentiu que respirar
pareceu se tornar mais fácil assim que ouviu Cristian se
justificar, não sabia o que dizer então apenas articulou a
primeira coisa na sua cabeça.

— Achei que sim... Você parecia com raiva de mim,


afinal eu estava batendo nela!

Ele puxou uma respiração profunda e deixou suas


mãos envolverem com delicadeza os lados do pescoço
feminino.

— Não me importo se bateu nela, fico feliz, pois sabe


se defender, mas estou com raiva que tenha sido
necessário, com raiva da Natasha, somente dela... — Ele
sentiu a pele da mulher mais esfriar sob seus dedos. —
Vamos sair daqui, está frio!

Saber que ele não estava chateado com ela a deixou


verdadeiramente mais feliz, porém Rose ainda estava
perturbada por coisas que a mulher insuportável falou.

— Eu quero conversar! — Disse se abraçando viu


Cristian suspirar e envolver sua cintura aproximando-se
dela, sua respiração bateu no seu rosto.

— Quando você não quer? — Cristian falou, a criatura


não via que podia ficar doente, rolou os olhos, querendo
beijar o pequeno bico que ela fazia.
— Estou falando sério... — A mulher assumiu uma
posição de irritação, Cristian conteve-se para não rir. Era
uma criatura pequena e obstinada, toda linda.

— Eu sei, mas vamos sair daqui. Que tal irmos a um


restaurante francês? Soube que é sua culinária favorita.

Rose semicerrou os olhos... É claro que ele sabe


minha comida favorita... O sujeito tinha pesquisado
praticamente tudo sobre ela, isso a fez bufar e dar um
empurrão no peito do homem que nem saiu do lugar.

— É ridículo que você saiba essas coisas sem me


perguntar! — Comentou, dessa vez um pequeno sorriso
apareceu nos lábios dele, enquanto ela se deixou ser
guiada pela rua até o carro.

— Da próxima eu pergunto então se isso te faz menos


irritada! — Ele falou com um tom de divertimento, Rose
quase podia ver sua expressão convencida, mesmo
encarando o chão, mas então o sentiu beijar seu cabelo, o
gesto doce a aqueceu de uma forma acolhedora.
E no outro lado da pista, dentro de um carro dos
Herovrisk, Franco jogou Natasha, uma velha conhecida
sua, todavia, ao entrar no veículo também, ele não o ligou
e saiu, a deixou observar seu chefe junto da esposa, e ela
assistiu Cristian envolver Rose com sua própria roupa,
então depois com o corpo, em um abraço carinhoso. Viu
até quando a beijou com carinho e sorriu, ela nunca havia o
visto sorrindo, pelo menos não de verdade. Uma lágrima
solitária desceu pelo seu rosto ao perceber que ele gostava
daquela mulher, agia de um jeito que nunca pode imaginar.
— O Sr. Herovrisk adora a esposa, então é melhor que
entenda rápido ou vai passar por um inferno para entender!

Natasha olhou para Franco assustada não sabia onde


tinham mandado jogá-la, mas acreditava que era apenas
um susto, ela resistiria, resistiria por ele, que parecia outro
homem. Quando o viu abrir a porta de trás do carro para a
esposa e entrar logo depois, limpou a gota que tinha em
seu rosto, tomou uma decisão, se queria ele quando
pensou ainda ser aquele homem frio, decidiu que deseja
mais ainda aquela outra versão, queria Cristian Herovrisk
apaixonado, mas por ela.

И·И

O restaurante era intimista, Cristian o escolheu


justamente por isso. Observou Rose que parecia um pouco
distante e calada, avaliando o menu, não gostava disso e o
deixou um pouco preocupado.

— Ah Quiche lorraine[19], por favor... — Ela disse e pôs


os olhos nele. — Não vai escolher o seu?

— Vou acompanhar você no mesmo prato.

O garçom não demorou a sair e deixar o casal sozinho


novamente. Cristian se sentia meio inquieto com o silêncio
da esposa, que por sua vez ainda estava maquinando
sobre tudo que a tal ex-amante.
— Você disse que queria conversar, mas está calada
desde que entramos aqui.

O Herovrisk falou não se contendo mais, viu os olhos


azuis dela pousarem nele, Rose havia decidido que era
melhor se esclarecesse logo tudo de uma vez.

— Aquela mulher me falou coisas sobre você, seus


hábitos...

Cristian manteve seu rosto impassível, apesar de por


dentro não estar assim, ele não gostou de ouvir aquilo.
Natasha nunca foi muito inteligente esse era um fato,
porém parecia ter atravessado um limite, com o qual
poderia facialmente lhe causar problemas.

— Seja clara Rose. — Pediu e sentiu um frio estranho


se alastra pelo seu peito, e ela suspirou parecendo
cansada.

— Natasha disse que não posso manter você, porque


não posso fazer o que gosta na cama, deixou isso bem
claro, na verdade, falou que é para cama dela que você
sempre volta...

Rose quase vomitou as palavras, o pensamento que


aquilo fosse verdade, estava corroendo seu peito, viu a
expressão de Cristian ficar dura, então desviar-se dela,
parecia respirar fundo, quando seus olhos voltaram para os
seus, estavam sérios.

— Isso é mentira. Nunca voltaria para ela!


O homem disparou, mascarou sua raiva, tinha vontade
de estar enforcando Natasha naquele momento, não ia
aceitar que ela dissesse aquele tipo de coisa para Rose,
que parecia indecisa sobre acreditar ou não.

— Os que exatamente vocês tiveram Cristian? Quero


entender... Namorou ela por quanto tempo? — Perguntou e
doía, mas queria saber o que eles tiveram, não ia mais ser
pega de surpresa.

— Eu nunca a namorei Rose, não gosto de este tipo


de relacionamento... — Ele olhou para a mulher, que
aguardava séria. — Tudo que tive foram algumas horas
durante alguns meses com mulheres aleatórias e ela. Eu...
Eu fazia o que queria com ela e algumas vezes Noam,
outros conhecidos meus participavam desses encontros,
acredito que por isso ela esteja falando que não pode me
manter.

— Eu não posso fazer isso!

Rose disparou, sua cabeça dava voltas e muitas


coisas começaram a fazer sentido. Ela sabia que tinham
pessoas dadas a esse estilo de vida, não se importava,
mas não era um estilo que a própria queria para si, desviou
os olhos dele abalada.

— Rose... Olhe para mim.

— Eu aprecio uma relação monogâmica! — Disse ela


brincando com a borda da sua taça vazia em cima da
mesa, sem olhá-lo.

— Olhe para mim... — Cristian comandou preocupado


quase podendo ouvir os pensamentos indistintos da
cabeça dela, lentamente Rose voltou seu olhar para ele.

— Eu não quero você fazendo nada disso, nunca foi


algo essencial para mim. — Aproximou-se dela tocando
seu rosto com uma das mãos. — Só fiz porque não me
importava o mínimo com ela a ponto de dividir com outros
homens. Eu fui ensinado a não me importa, mas o
pensamento de fazer isso com você me deixa doente, te
quero só pra mim, nunca suportaria alguém te tocando
assim, entende?

Ela suspirou sentindo seu peito se apertar em alivio, e


talvez felicidade, parecia quase uma declaração, mas ela
não foi por esse caminho, era algo perigoso, Cristian
parecia muito sincero enquanto a encarava dizendo aquilo,
mas Rose ainda precisava saber mais uma coisa, coisa
que julgava ser essencial.

— Entendo. Você quer dizer que sou única e


exclusivamente sua, mas devo perguntar. É todo meu? —
Custou toda a última gota de coragem dela para se manter
olhando para o ele que lentamente deixou um sorriso
maldoso no canto dos lábios aparecer.

— Quer que eu seja?

Cristian pensou sobre a pergunta dela antes de


devolver com outra, mas já tinha se visto satisfeito dela
querê-lo para si. Rose bufou e tirou o rosto do contato dele,
encarando qualquer outro lugar.

— Pare de jogar comigo só responda... Porque se me


trata como sua eu devo ter o mesmo benefício! Sua ex
disse que não posso te manter!

Ela não olhou para ele, Cristian via um fundo de


desconfiança na sua fala. Quis rolar os olhos, não entendia
como ela podia ter dúvidas que só ela o mantinha,
nenhuma outra mulher fazia seu sangue ferver ou podia o
enlouquecer de desejo, e assim ele decidiu que teria de
mostrar, para que não tivesse dúvidas.

— Bom, eu vou te mostrar! — Falou baixo próximo ao


rosto dela, então sem esperar mais jogou seu cartão na
mesa, pegou a mão da mulher e a tirou de lá em direção à
saída.

— O que? Cristian o que deu em você?

Rose disse enquanto era levada para fora pelo marido


que ignorou sua pergunta, então encontrou Yoro, o liberou
dizendo que ia dirigir e mandou que recolhesse seu cartão
no restaurante. Depois simplesmente a colocou no banco
de trás do carro enquanto o próprio foi na frente dirigindo.

— Cristian? — Ela falou confusa pela forma que o


homem estava agindo. — Droga pode falar comigo?

Sem nada dizer ele continuou seguindo o trafego até


entrar em uma área não muito movimentada, então sem
mais saiu do carro, abriu a porta de trás e entrou, se
juntando a ela, encarando-a com uma intensidade que a
deixou desconcertada.

— Não quero que tenha dúvidas quando afirmo algo.


— Cristian aproximou-se, tocando o rosto dela, enquanto
uma mão tocou sua coxa indiscretamente. — Você é a
única que pode me manter e eu vou te mostrar isso agora!

A mulher engasgou quando a mão masculina


encontrou pelo seu vestido encontrando sua intimidade
coberta apenas pela calcinha de renda. Ela segurou nos
ombros do homem mordendo os lábios para não gemer a
aquele ataque sensual. Cristian beijou o pescoço feminino,
mordiscando, até capturar os lábios da mulher em um beijo
lascivo, não queria que ela tivesse dúvidas de o quanto
apreciava está com ela, e só com ela.

— Oh Cristian... Você é um pervertido! — Ela falou ao


sentir o sujeito rasgar sem cuidado sua calcinha e subir seu
vestido, sentia-se como uma adolescente tendo seu
primeiro amasso no carro, mas esse estava muito além de
qualquer coisa que já tivesse feito.

— Sim, seu pervertido...

O homem não deu tempo para ela pensar sobre


aquela afirmativa, mas Rose sentiu como se seu peito se
inflasse ao o ouvir admitir ser seu, foi quase doloroso de
tão bom. Cristian a virou de costa para ele, e quando olhou
por cima do ombro tinha seu vestido todo levantando acima
da cintura, ficando nua e exposta para a vontade dele, e
ela nunca se sentiu tão sexy. Gemeu ao sentir ele tocar sua
intimidade enquanto se debruçou sobre ela, acariciando
com a mão livre um dos seus seios que escapou do
vestido, a boca masculina encontrou a curva do seu
pescoço, sugou, e fez estragos com a libido da mulher, que
não conseguia articular um pensamento coerente.

— Cristian.

— Isso vai ser para o nosso prazer, mas acima de


tudo para você nunca mais pensar em ouvir aquela mulher.
— Ele falou rouco de necessidade. — Mãos na porta do
carro anjo!

Rose arfou ao ver o homem se livrar da calça e então


lentamente começar a penetrá-la, não demorou muito para
entender e obedecer à ordem, Cristian investiu contra ela
com força, arrancando um gemido sufocado, e alguma
palavra ininteligível dele.

— Oh Deus... — Ela se apoio sentido o homem a


preencher e a tocar de um jeito que a levava a outro
mundo.

— Porra... Você é tão perfeita. É minha!

— Cristian, por favor...

Ela implorou ao sentir ele vim mais forte contra seu


corpo, sentiu seu corpo a cobrir, enquanto sua boca
deslizou pelo seu pescoço. Rose virou o rosto para
encontrar seus lábios, chupou o inferior, e ganhou uma
estocada mais forte, mais gemidos de prazer ele tirou da
mulher, aumentando seu próprio. Cristian sorriu e tocou
sua intimidade dela, queria ela se entregando ao clímax
proporcionado por ele, chupou o lóbulo feminino e
sussurrou sem poder esconder seu prazer absurdo.

— Nada é melhor do que está dentro de você


gozando! Venha pra mim anjo...

Não foi preciso do que mais duas investidas fortes


para que ela tivesse seu ápice. Ela gritou e Cristian
também tendo seu próprio ápice desencadeado por Rose,
os dois caíram saciados, ele tentou tirar seu peso de cima
de dela, retirando seu corpo, ouviu um leve gemido, antes
de se deitar de frente para a mulher, usando seu braço
como travesseiro. O Herovrisk observou os olhos azuis
ainda dilatados de prazer e um pequeno sorriso malicioso.

— Ainda bem que SUV's são espaços...

Rose disse ainda com a voz abalada de prazer, nunca


pensou que ia chegar a ter um sexo tão quente no carro,
com ele, com Cristian, seu Cristian. Sorriu pensando em
como foi bom, viu o sorriso safado dele, ao mordiscar seu
lábio e então a beijar cheio de... Ela não soube dizer o que,
mas parecia bom, os olhos escuros refletiram esse
sentimento indeterminável, quando a fitou.

— É disso que eu gosto e de qualquer outra coisa que


nós dois possamos fazer juntos... Apenas eu e você, e
então não deixe Natasha nunca mais te confundir!
Foi difícil para a mulher esconder a vontade estúpida
de sorrir e beijar aquele homem. Algo dentro dela apertava
de felicidade ao ouvir aquelas palavras dele e Rose
percebeu que esperava que nunca mudassem. Cristian viu
o sorriso dela se alargar, não queria que houvesse mais
dúvidas, não sabia o porquê era tão importante, tão vital,
apenas era, ela acariciou seu rosto e o gesto o aqueceu.

— Não vou, prometo! E é bom saber que estamos de


acordo sobre... — Rose apontou entre ele e ela. — Nós...

Sem pensar duas vezes eles se beijaram. Rose e


Cristian não resistiam mais àquilo, a súbita atração, que
parecia se um imã que os atraía um para o outro de forma
irrevogável.

И·И

— Temos tudo pronto. Esperando apenas seu sinal...

Conegon ouviu Iuri Volkov especificar para ele algo já


sabia. Passou os olhos pelo seu copo meio vazio com o
líquido âmbar do sua vodca.

— Execute no fim dessa semana!

Falou sem emoção alguma. Finalmente ia fazer o que


tanto quis em anos, as coisas se encaminhavam bem, do
jeito que queria, porém, uma coisa não, Cristian e a esposa
Volkov. Nos últimos dias tinha visto o filho revogar sua
ordem e voltar para o quarto com Rose, aliás, sempre
parecia está rodando ela. Havia algo ali e o homem queria
descobrir o que.

— Vai usar o evento da Rose como uma distração? —


O Volkov perguntou desconfiado.

— E para o que mais iria servir? Sim, vai ser a


distração...

И·И

O casal Herovrisk estava lado a lado em seu closet,


todavia, Rose parecia insatisfeita.

— Que cara essa? — Cristian perguntou enquanto


dava o nó em sua gravata borboleta.

— Você me avisou muito em cima da hora sobre esse


leilão beneficente!

Ele sacudiu a cabeça com um sorriso disfarçado, tinha


a avisado no inicio daquela tarde, julgava tempo suficiente
para que a mesma se preparasse, e estava certo, pois lá
estava à mulher mais linda do que a própria lei natural
devia permitir.

— E qual o problema? Está mais que linda Sra.


Herovrisk.

E ela ainda estava só de roupão, apesar do cabelo e


maquiagem prontos, Rose deixou sua atenção cair em
cima dele e quase suspirou, era como um príncipe negro
naquele smoking.

— O senhor está muito bajulador sabia?

— Se você diz...

Ele encolheu os ombros minimizando o comentário, e


tirando um sorriso dela, que pegou do cabide, um vestido
na cor violeta quase negro com várias camadas em tule, o
colo era enviesado, preso por uma discreta tira ao redor do
pescoço, deixando parte das costas expostas. Tinha sido
mais uma criação dela, Rose abriu seu roupão, se livrando
dele, o homem suspirou, vendo-a se vestir.

— Está mostrando pele demais.

— Não está falando sério não é?

A mulher puxou o zíper do vestido, ficando composta,


e lançou um olhar a Cristian que se aproximou pegando
uma mecha de cabelo que ela tinha deixado livre, já que
havia prendido o restante, o que o deixou um pouco
frustrado, adorava vê-los soltos.

— Estou! — Os olhos azuis semicerraram na sua


direção. — Porém, você está divina, seria um crime
discutirmos por isso.

A expressão dela mudou instantaneamente, um


sorriso satisfeito fez estragos com a atenção do homem.
— Ótimo Sr. Herovrisk, obrigado pelo elogio, mesmo
porque eu não iria tirar esse vestido, eu o fiz.

Ele não tinha dúvidas que ela faria uma “briga” e nem
poderia lutar contra, sua esposa tinha talento, seus
vestidos eram da sua própria coleção, mereciam ser
exibidos, e ela como modelo valorizava-os mais ainda.

— Sem surpresas então. Agora termine, temos que ir.

— É um leilão beneficente mesmo?

— Sim, vamos representando as Holding’s “H”! — Ele


falou, outro sorriso veio dela levando os lábios lhe dando
um beijo.

— Gostei. — Deu uma piscadela. — Sapatos e


retoque na maquiagem, então eu estou pronta!

— Mulheres! — Cristian disse rolando os olhos e indo


se sentar para esperar.

И·И

Uma hora depois os carros da família Herovrisk se


aproximavam da entrada do grande Palácio Russo que
recebia o evento beneficente do ano, Rose observou a
frente do lugar repleta de fotógrafos.

— Essa exposição toda é boa?


Ele sabia exatamente ao que a esposa se referia, a
máfia, ninguém desse meio se exibia de modo exagerado.

— Não posso usar sempre meu diretor como


representante, atrairia mais mídia negativa do que eu
aparecendo.

Rose suspirou se preparando para sair quando os


carros pararam, o Herovrisk acenou para Franco abrir a
porta, um momento depois, e no minuto seguinte ele saiu,
sendo escoltado por outra equipe de segurança, e ela foi
logo atrás aceitando a mão que o mesmo estendeu. Os
flashes quase cegaram a mulher, que virou um pouco o
rosto, sendo ajudada por Cristian a seguir.

— Quanto assédio!

— Querem conhecer a Sra. Herovrisk.

Quase que ela poderia afirmar que viu um sorriso no


canto dos lábios dele, mas foi ao rápido, por isso não pode
dizer que era verdade. No entanto, sorriu, sabia que tinha
certa verdade no que ele disse, pois havia muito pouca
informação e imagens atuais suas divulgadas.

— Sinto-me como um animal em exposição!

Cristian a olhou calculadamente, disfarçando o certo


divertimento que sentia, enquanto a levava presa ao seu
abraço. Passar pelo tapete vermelho era obrigatório,
todavia, não para eles, já tinha feito seu número quanto às
malditas fotos para imprensa, agora já era hora de voltar às
sombras.

— Vamos por aqui.

A equipe de segurança ficou para trás, se espalhando


discretamente, ele a conduziu para fugir de mais
fotógrafos. Rose observou o local, repleto de figuras
vestidas aos seus melhores trajes de noite, em meio a um
espaço decorado luxuosamente, ela ficou mais
impressionada ainda ao sair do largo corredor em um
grande salão, dispostos com centenas de mesas,
realmente era um evento de pompa.

— Cristian esse leilão é em favor de que?

Perguntou enquanto seguiam para uma das mesas


mais próximas da ponta, perto do centro do salão onde
havia um púlpito, no entanto ainda estava mais distante
das outras, tinha a cara do Herovrisk, bem colocada, mas
sempre a margem de tudo.

— Cada ano é uma questão diferente, este ano é


sobre ajuda humanitária nos países abaixo da linha da
pobreza.

— Nossa, que bela fachada para a instituição!

Surpresa não deixou de passar pelos olhos dela, mas


logo se dissipou. O homem sabia como sua esposa tinha
certa rejeição ao seu legado, não esperava outra reação
que não essa, pois nem iria condizer a mesma.
— Sim, mas não é só fachada... — Ele a soltou
quando chegaram à mesa puxando uma cadeira para que
ela se sentasse, Rose procurou o rosto dele quando assim
o fez, querendo entender sua afirmação.

— Não é só fachada?

Cristian se sentou ao lado dela deixando analisando o


espaço mais uma vez, como sempre, estava sempre atento
às suas “costas”, nunca podia se dar ao luxo de relaxar
totalmente.

— Não! — Ele a olhou sério. — Somando todas as


nossas aplicações, nós temos mais dinheiro do que o PIB
de um país em desenvolvimento, nada mais justo que fazer
algo com isso e ainda se beneficiar.

Aquilo era verdade o Herovrisk fazia aquilo há anos,


apesar de que muitas vezes seu pai chegou a dizer que era
irrelevante, viu a esposa franzir as sobrancelhas como se
estivesse confusa.

— De uma forma meio torta isso é bom.

— Devo me senti lisonjeado? — Perguntou, Rose


encolheu os ombros, ainda estava absorvendo a
informação.

— Não sei. — Ela olhou as outras mesas, que eram


ocupadas por mais de duas pessoas, franziu o cenho. —
Por que estamos sozinhos nessa mesa?
— Porque é uma exigência minha!

Comentou o homem como se aquilo fosse à coisa


mais normal do mundo, ela se segurou para não rolar os
olhos, mas bem sabia que seu marido podia ser um russo
típico e totalmente intratável. Dessa forma se ateve em
prestar atenção ao salão, que cada vez ficava mais cheio,
percebia os olhares curiosos na direção da sua mesa, tanto
de homens, quanto de mulheres.

— Você sempre veio só a esses eventos? — A


pergunta dela distraiu a ele que voltou sua atenção
integralmente à mesma.

— Sim, por que a pergunta?

— Curiosidade. As pessoas não param de olhar para


cá!

— Claro, por isso evito que fiquem na minha mesa!

Ela riu, fazia sentido, sem pensar muito pegou a mão


dele sobre a mesa, brincando com a aliança.

— Aposto que muitas das mulheres que não tiram os


olhos daqui estão chateadas por você vir com uma
acompanhante esse ano!

Cristian manteve sua fachada estóica sem revelar o


quanto gostou das entrelinhas daquele comentário.
— Posso dizer o mesmo para você!

— Não, nenhum homem ficaria chateado... — Rose


sorriu. — Pois eu nunca estaria aqui mesmo se não
estivesse casada!

A percepção daquilo era verdade, ela provavelmente


estaria em Nova Iorque, vivendo sua vida, com o músico
estúpido a tira colo, a última constatação irritou o homem
por dentro.

— Como decidiu que iria casar comigo?

— Engraçado, nunca falamos sobre isso. — Ele nunca


havia mostrado interesse naquilo. — Bom, mas eu nem
pensei muito, só decidir não deixar a Sacha casar. O resto
você já sabe!

— Sempre agindo para depois pensar não é?

— O que posso fazer? É um talento natural...

O Herovrisk não conseguiu evitar um sorriso, mesmo


que comprimido, e Rose aproveitou para se inclinar
roubando um beijo, era difícil agir friamente quando o seu
marido estava em tão fino humor. E sem saber de uma
mesa do outro lado do salão alguém observava a interação
do casal, e havia inveja e clara inclinação ao mal.

И·И
Quando finalmente o leilão começou Rose e Cristian já
estavam querendo que terminasse logo, queriam ir embora,
mas claramente ficarem a sós, nenhum dos dois disfarçava
isso, porém logo a atenção destes passou para as peças
que iam a leilão, juntamente com os lances altos da noite.
O Herovrisk tinha adquirido dois quadros renascentistas e
induziu a esposa a escolher algo também.

— Não vou dar lance nenhum, estão altíssimos! —


Afirmou ela inclinada a se manter quieta, o homem soltou
um som exasperado.

— Nós podemos dar esses lances!

— Eu não, o dinheiro é seu, sempre fui a leilões sem


poder comprar, esse não é diferente!

— Deixe de ser teimosa, tudo que é meu é seu, sabe


disso.

— Dê os lances você, por favor, Cristian...

— Não! — Afirmou ele. — Parei por aqui e a culpa vai


ser sua por não ajudar a caridade nesse evento.

Aquilo foi golpe baixo, e ela viu a satisfação brilhar nos


olhos escuros, que sabiam que tinham vencido.

— Você não joga limpo...

— Não?
Ela voltou sua atenção para a nova peça que estava
sendo exposta, mas um quadro, no entanto da era
modernista, era bonito, combinava com um ambiente de
trabalho, talvez caísse bem em seu escritório, e já que seu
marido queria que ela gastasse, decidiu começar ali,
levantou sua plaqueta dando um lance, que estavam sendo
dados em dólares.

— Oh! Setenta mil dólares, vindo da mesa noventa,


Sra. Herovrisk!

Pescoços giraram de todos os lados quando o DJ


anunciou seu lance. Rose sentiu seu rosto corar enquanto
viu o marido manter a pose indiferente a todos, outra
plaqueta foi levantada atraindo a atenção do responsável
por anunciar os lances.

— Cem mil dólares, da mesa cento e doze, o


cavalheiro Sr. Matthew Michel.

Cristian de repente ficou tenso por simplesmente


saber que estava no mesmo espaço que aquele sujeito.

— Merda! — Ele disse e Rose lhe lançou um olhar


preocupado.

— É aquele babaca dos Hamptons?

— Sim! — Respondeu seco. — Aposto que está


dando os lances por afronta!
A mulher olhou em direção a mesa e pode ver com
certa dificuldade o homem, parecia sorrir, e isso a irritou.
Fitou mais uma vez Cristian e então meio que tomou as
dores dele, por isso pegou sua plaquinha mudando o valor
do seu lance e a erguendo em seguida.

— Temos uma disputa. — Afirmou o DJ. — A Sra.


Herovrisk lança o valor de cento e cinquenta mil dólares!

O Herovrisk olhou para sua esposa com um sorriso


brincando em seus lábios, havia certo orgulho em seu peito
e algo mais, pensando: Deus do céu, ela é minha!

— Cento e oitenta mil do Sr. Matthew! — Disse o DJ,


Rose queria sufocar o americano que deu um novo lance.

— Cento e noventa mil da Sra. Herovrisk, temos mais?


— Pediu o DJ animado a disputa. — E temos! Duzentos mil
do Sr. Matthew.

Vendo os números aumentarem tanto ela olhou para


Cristian e viu aquele sorrisinho de canto contido.

— Faça o que quiser meu anjo.

Um sorriso formou nos seus lábios ao ouvir aquele


apelido escapar do homem. Virou-se para o DJ novamente
mudando os números e levantando a plaquinha.

— Oh muito bem, a Sra. Herovrisk acaba de oferecer


trezentos mil dólares. Alguém irá cobrir! — A mulher lançou
um olhar na direção de Matthew desafiando a mais um
lance, porém pareceu que foi ali que ela o venceu. — Dou-
lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três, e vendido a Sra. Rose
Herovrisk!

Os aplausos tomaram conta do espaço, mas ela só


pode ouvir o marido lhe aplaudindo, com um sorriso
vitorioso no rosto, assemelhando ao dela.

— Acho que os lances cessaram hoje para mim!

Ela disse, e Cristian não conseguiu evitar sorrir, estava


orgulhoso sim, sua esposa mostrava a que veio, acabou
com o idiota do Matthew sem deixar espaços para um
revide.

— Fez muito bem meu anjo. — Ele estendeu a mão


acariciando o queixo dela. — Você parece competitiva!

— E eu sou, mas aqui foi pessoal.

— Foi?

— Sim, apesar de que você ainda terá de me dizer por


que eu adquirir essa raiva gratuita dele, não pode ser só
por ser um babaca!

— Ainda contarei, mas ele é um enorme babaca


mesmo! O homem concordou tentando se manter sério.
Neste meio tempo o leilão foi finalizado e iniciou-se um
baile, casais estavam à pista dançando, e ele viu a atenção
da esposa ali, antes de se voltar ao seu rosto.
— O senhor não irá me tirar para dançar? E sem essa
que não dança, passamos dessa fase.

— Qual a probabilidade de eu dizer “não” e você ir


dançar do mesmo jeito? — Perguntou, e o sorriso que ela
deu poderia facilmente iluminar todo aquele espaço.

— Alta! Bem alta! — Ela respondeu, e rolando os


olhos ele se levantou estendendo a mão para a mesma.

— Uma dança, depois você volta para a mesa, e eu


vou falar com alguns idiotas.

— Se são idiotas porque irá se dá ao trabalho?

— Porque quero o dinheiro desses idiotas.

— Oh minha nossa, que sujeito mais interesseiro é


você Sr. Herovrisk!

Eles chegaram ao meio do salão enquanto o homem


envolveu a cintura dela, segurando a mão feminina dentro
da sua, iniciando uma dança lenta.

— Preciso sustentar os lances nos leilões da vida que


minha esposa participa.

Uma gargalhada brotou dela e divertiu o Herovrisk, ela


deitou a cabeça em seu peito.

— Então boa sorte senhor.


Cristian baixou o rosto sentindo o cheiro intoxicante de
bom vindo dos cabelos da sua esposa, aquilo parecia tão
certo, tê-la ali, como nunca na vida imaginou que algo
fosse. Rose fechou os olhos sentindo o beijo dele. Ela
queria poder fazer momentos como aquele nunca mais
acabar. E dessa forma o casal dançou, não só uma ou
duas músicas, perderam-se um no outro até se
esquecerem do tempo. Quando se afastaram foi por pura
necessidade, ele seguiu para falar com os “idiotas” e a
mulher foi ao toalete, sorrindo durante todo o caminho, até
ser travada.

— Rose, Rose, Rose!

Ela encarou o sujeito a sua frente em um smoking


bem alinhado. Matthew.

— É parece que você sabe meu nome, entendi!

— Que senso de humor. — O sorriso dele era frio. —


Adorei nossa pequena competição e deixe-me dizer que
está deslumbrante!

— Por que não guarda seus elogios Matthew e me


deixa seguir o meu caminho?

— Assim começo a achar que não gosta de mim.

— Só agora percebeu?

Matthew sorriu satisfeito, aquela mulher era linda, mas


irritada ganhava um brilho delicioso, podia facilmente
entender o motivo de o Herovrisk estar tão fascinado.

— Vamos deixar essa troca farpas minha querida


Rose, eu quero ser seu amigo.

— Meu amigo?

— Sim. — O sorriso que ele lhe deu dessa vez foi


perigoso. — Afinal eu e você queremos nos livrar do
Herovrisk, claro, de formas distintas, mas ainda sim o
mesmo objetivo!

— Como é que é? — O coração de Rose parecia ter


feito uma pausa, ela franziu o cenho sem poder acreditar
do que ouvia.

— Exatamente o que ouviu. — O homem se


aproximou, pondo o rosto ao lado do ouvido dela. — Eu sei
as circunstâncias do seu casamento, sei que tinha uma
vida em Nova Iorque que foi despedaçada por ele, não
quer isso de volta?

— Você é louco!

Ela se afastou do homem como se este a queimasse.


Matthew ficou totalmente sério e frio, Rose tentou sair de
perto dele, mas a mão do sujeito envolveu seu pulso num
aperto firme e áspero.

— Sou? — Ele deu um aceno em negativa. — Minha


querida, acha que sua boa convivência com aquele sujeito
vai durar? Danças, festas e sei lá mais o que? Não, nada
dura dentro da máfia, ponha isso na sua cabeça, hoje é a
favorita, só que sempre existe a próxima.

— Me solte agora!

Em seu interior Rose tremeu diante das afirmações


daquele homem, engoliu em seco, tentando fugir do seu
aperto, antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Yoro
surgiu, pondo a mão no ombro de Matthew.

— Acredito que ouvir a Sra. Herovrisk mandar que a


soltasse.

O sujeito olhou para o segurança dela e então a


soltou, mas lhe lançou um sorriso.

— Grave as minhas palavras, Sra. Herovrisk! — Ele


disse, e ela o viu ir embora, atravessando o salão, quase
saltitante.

— A senhora está bem? — Yoro perguntou, Rose deu


um aceno.

— Sim, só vou ao toalete.

Forçou-se a sorrir antes de seguir seu caminho,


quando entrou no toalete ficou feliz por estar sozinha.
Encarou-se no espelho passando as mãos pelo rosto,
sobrecarregada. Não queria deixar as palavras de Matthew
infiltrar-se em sua cabeça, mas sabia que quanto mais
lutava contra, mais era pior. Respirou fundo, tinha que falar
com seu marido, era isso, foi em direção à saída e assim
que passou pela porta, encontrou Cristian e seu olhar
escuro totalmente fechado.

— Ele a machucou?

Perguntou ele em um tom gélido. Assim que foi


informado que Matthew não só rondava sua esposa, mas
que a tocou, Cristian soube que iria matá-lo se pudesse,
mandou imediatamente seus homens atrás do patife, mas
ele parecia ter sumido no ar, bem adivinhando qual poderia
ser seu destino caso deixasse colocarem as mãos nele.

— O que? — Rose piscou confusa, mas logo


continuou. — Não. Estou bem!

— Tem certeza? — Ele a avaliou de cima abaixo como


se não estivesse confiando na palavra dela.

— Sim!

— Vamos embora! — Pegando-a pela mão ele seguiu


caminho a fora. Rose percebeu ele tocar seu pulso com
cuidado, observando, e sentiu seu peito se apertar com
carinho.

— Cristian? — Chamou, ele a olhou de imediato e


ficou preocupado quando viu os olhos azuis marejados.

— O que, meu anjo?

— Matthew me ofereceu um acordo para te prejudicar,


não sei em quais termos, mas não pode ser bom.
O Herovrisk suspirou, sabia que nada de bom poderia
esperar daquele patife, porém dessa vez ele tinha ido além
e pagaria caro, a única coisa boa daquilo foi que ela lhe
contou aquilo, era um sinal de confiança, o homem deu um
aceno à esposa e continuaram andando, aquele silêncio a
incomodou, dessa forma foram até o carro que já os
esperava na saída. Ela entrou na frente e foi seguida por
ele, viu o rosto sério de perfil e não tinha ideia sobre o que
se passava em sua cabeça.

— Está bravo comigo ou só que ficar calado?

— Não estou bravo com você, só estou pensando. —


Cristian a encarou dando um aceno negativo.

— Esse homem é um porco. — Afirmou ela com


revolta, distraindo-o da sua raiva.

— Sim, ele é, mas eu vou cuidar dele.

— Tome cuidado, por favor.

Não podia negar que não se importava com aquele


sujeito, simplesmente não dava. Ele estendeu a mão até a
mandíbula dela sentindo-se quase contente em ver sua
preocupação.

— Não se preocupe!

Rose suspirou e então sabendo da “bandeira branca”


estendida entre eles, se aproximou, abraçando-o, o sentiu
fazer o mesmo e dessa forma seguiram.

И·И

Na manhã seguinte Rose foi desperta por beijos


famintos, era Cristian, cobrindo seu corpo com o dele,
enquanto tratava de mordiscar seu colo, seu pescoço, tudo
por baixo do lençol.

— Pare! Não... Cristian...

— Você não vai escapar de mim.

— Eu sei que não... — Ela tirou o lençol de cima dele,


encontrando seu rosto, pôs as mãos emoldurando-o,
puxando-o para perto e o beijou. — Mas eu preciso ir
trabalhar, tenho um atelier para inaugurar em dois dias...
Então, mais tarde Sr. Herovrisk.

Viu a carranca dele se aprofundar, mas então a deixou


sair da cama, mas puxou o tecido que a cobria.

— Vá, mas nua! — Ele disse querendo admirar o


corpo da mulher por mais tempo, e a viu semicerrar os
olhos, todavia, não refutou o desafio, aprumou sua postura
saindo da cama, deixando um olhar provocante por cima
do ombro.

— Pervertido!

Rose disse ao ver o sorriso safado do homem.


Quando entrou no banheiro se deixou sorrir também, ele
parecia diferente nos últimos dias, ainda tinha as crises
bastardas dele, porém andava mais suscetível, e sem falar
na libido crescente, todas as noites que chegava mais cedo
em casa, procurava por ela na cama. E sem falar nas
manhãs que o homem a acordava com aquela boca
maliciosa fazendo estragos com seu sistema nervoso. Não
havia dúvidas de que cada dia mais ela caía por aquele
homem, apesar de tentar esconder. Os eventos da noite do
leilão não pareciam ter os influenciado, e Rose não pode
deixar de respirar aliviada, as coisas iam tão bem, não
queria perder aquilo. Era bom viver com o Sr. Herovrisk
sem toda a briga desmedida. E ainda na cama, Cristian
não se sentia nada inclinado em sair, na verdade, ele iria
adorar passar o dia inteiro ali, mas obviamente não
sozinho, queria a companhia da bela esposa que tinha,
todavia, estava claro que ela não iria ficar, depois de ter
conquistado aquele nível de liberdade em seu trabalho
seria quase impossível segurá-la. O barulho do seu celular
tocando o distraiu, estendeu a mão até a mesinha,
pegando o aparelho, o nome de Franco brilhava no
identificador.

— Diga! — Falou ao atender.

— Encontramos o Matthew, senhor!

Um sorriso vingativo brilhou nos lábios dele, o homem


sabia que mais cedo ou mais tarde iria pegar o sujeito, por
isso mandou que mantivessem a busca, e agora tinha o
“rato preso em uma ratoeira”.

— Mande a localização, estou a caminho!


И·И

Rose ria da história do novo paquera de Louise, que


conversava com ela pelo computador.

— Juro... Ele é louco, fez uma cena só porque dei um


selinho em outro cara! — Lou falou rolando os olhos
enquanto prendia o cabelo em um coque.

— Não, louca é você, por que beija outro cara se


estava já está na companhia de um?

— Foi de brincadeira, ele era gay! Por favor, não é


como se fosse o fim do mundo...

Ela riu desistindo de argumentar mais alguma coisa,


com Lou que adorava se meter em encrencas e a própria já
tinha se acostumado com o talento peculiar da amiga.

— Você é uma tragédia Beilors...

— Nunca disse que não... — A ruiva deu de ombros.


— Bom, mas agora que já falei sobre meus casos
amorosos, por que não me fala do seu?

A mulher semicerrou os olhos para a amiga. Achou


que demorou até demais ela perguntar do seu casamento,
aquele assunto tinha se tornado figurinha repetida nas
conversas delas.

— Estamos bem Beilors... Claro que ainda temos


brigas, muitas, Cristian é um cabeça dura...
— Como se você não fosse! — Louise se intrometeu
falando de canto, Rose fez uma cara de tédio, mas
continuo.

— Como ia dizendo... Ele é cabeça dura, mas está


estranhamente melhorando eu acho... Talvez isso dê certo.

— E você já disse que está apaixonada por ele?

Rose engasgou e olhou para os lados vendo se


alguém estava por perto para ouvir isso. No caso Yoro ou
um dos seguranças que Cristian, que o mesmo, tinha
designado para ficarem no atelier, claro que depois de uma
pequena discussão.

— Beilors, está doida?

— Não querida, sou apenas realista... — Disse ela


minimizando a situação. — Você disse que bateu na ex
dele, na verdade, falou em pensamentos assassinos,
depois diz que está tendo um ótimo sexo e agora seus
olhos brilham mais que os brilhantes do seu anel de
noivado só por falar nele... E aí, eu estou doida? Não, não
mesmo!

Suspirando ela teve que dá alguma razão a Louise,


porém admitir em voz alta a assustava, assim como pensar
na reação de Cristian se soubesse. Iria ele mudar com ela?
Aceitaria? Ficaria feliz? Tudo aquilo vinha a assombrando
constantemente.
— Lou tudo isso é muito maluco, ainda estou confusa
com tudo que sinto por ele... — Desabafou com toda sua
sinceridade. — Às vezes quando ele é engraçado, gentil ou
simplesmente sorri, sinto como se fosse ter meu peito
explodindo e então sei o porquê de eu está... Está me
apaixonando, porém depois Cristian faz algo e volta ao seu
modo bastardo, isso me desgasta, faz pensar em coisas
erradas que ele executa. E aí me pergunto como, como
posso gostar dele?

— Às vezes nem tudo na vida é lógico e ético, preto


ou branco, Rose. Tá na cara que você parece louca por
ele, então não pense, apenas sinta... Quem me dera
encontrar alguém que eu realmente gostasse, por isso para
de ter medo, viva isso!

Ela queria poder apenas poder seguir aquele


conselho, se entregar ao que vinha sentindo, sem medo,
mas ela sabia que Cristian não era o tipo de homem
disposto a se entregar a algo também, no fundo nem sabia
se o marido podia sentir algo de verdade por ela que fosse
genuinamente derivado da paixão.

И·И

O Herovrisk atravessou o holl do aeroporto central da


Rússia indo até uma sala reservada onde seus homens
mantinha Matthew, não demorou a que chegar até a porta,
encontrando Franco ali.

— Sr. Herovrisk! — Ele disse num aceno.


— Interceptou o patife tentando viajar?

— Sim senhor, ele estava indo num voo de carreira


normal, parecia não querer chamar a atenção!

— A polícia ou o algum funcionário do aeroporto


desconfiou da movimentação?

— Não, tudo foi feito de maneira limpa.

Concordando Cristian se moveu para entrar na sala,


assim que o fez, encontrou o sujeito americano sentado em
um sofá com uma expressão de poucos amigos, quando
lhe viu franziu ainda mais o cenho.

— Posso saber a troco de que está me mantendo em


cárcere Herovrisk?

Ele escutou a pergunta, mas claramente fingiu que


não, enquanto andou até o outro pequeno sofá, sentando
em seguida ao abrir os dois botões do seu terno negro,
então encarou Matthew.

— Deveria me agradecer por estar em cárcere e não


em uma vala rasa sangrando até a morte.

O sujeito ficou tenso, mas tentou esconder essa


reação, mudou de posição juntando as mãos em seu colo.

— Você não irá me matar dentro desse aeroporto


movimentado! — Ele afirmou.
— Acha que eu não posso te tirar daqui sem ser visto
e te matar? — Cristian questionou.

— Não pode fazer isso!

— Não? — Cristian inclinou um pouco a cabeça. —


Esqueceu que sou o novo chefe da máfia russa? Pelo visto
sim, ainda mais quando tenta conspirar para me tirar de
jogo, nem tente negar.

— Não pode me matar, estou protegido pela palavra


do Conegon e ela ainda vale, não vale?

Matthew afirmou, apostando suas fichas nisso, pois


sabia que aquele olhar assassino do homem a sua frente
era apenas uma mostra do que ele falava. Estava ele sem
acreditar que Rose tinha contato ao Herovrisk sobre a
maldita conversa, tinha jogado todas suas fichas que
aquela idiota queria a vida antiga de volta, porém pelo
visto, a mesma queria continuar sendo uma esposa troféu.

— Tem razão, a palavra dele vale. — Ele odiava saber


que o pai fazia acordos com aqueles ratos que só viviam
atrás de um golpe. — Mas seu ato não irá deixar de ter
uma punição à altura, afinal de contas, você queria que eu
caísse, fico pensando a troco de que, já que se beneficia
da minha instituição!

— Está desenvolvendo teorias da conspiração na sua


cabeça e tudo através do que sua esposa fala, e isso é
ridículo, eu não tentei te derrubar!
Ouvir o sujeito falando de Rose deixou o Herovrisk
ainda mais sem paciência, ele tinha cansado da
diplomacia.

— Não queira me fazer de burro, você tem um plano


por trás disso, talvez um que envolva os italianos, um novo
cliente para as lavagens de dinheiro ou empresas de
fachada, mas pouco importa, agora estou ti colocando para
fora dos negócios com a máfia vermelha!

— O que? Não pode fazer isso, sou o melhor e maior


prestador de serviço de vocês na América!

Choque passou pelos olhos de Matthew, Cristian se


levantou e atravessou o espaço, o homem se levantou,
buscando encará-lo de igual para igual.

— Não me diga o que posso fazer. Você é só mais um


peão num jogo muito maior e sempre é substituível, mas se
esqueceu disso!

— Conegon tem promessas feitas a mim!

Cristian riu sem qualquer humor, nada chegava aos


seus olhos além de frieza.

— Provavelmente, mas meu pai sempre faz isso com


muitos, mas eu não seu ele.

— Irei falar com ele...


As palavras do homem morreram quando levou um
soco certeiro no estômago, então logo em seguida outro e
mais outro, sem ter tempo para reação, quando foi
arremessado contra a mesa de vidro no centro quebrando,
ficou caído ali, sentindo dor se espalhar como um veneno.
O Herovrisk pairou em cima dele como um espectro.

— Não falará com ninguém. Fará o restante das


transações pendentes, a única coisa que irá impedi-lo de
morrer agora, depois de concluído tudo, está fora
terminantemente. — Cristian sorriu vendo o homem sem
reação jogado naquele chão repleto de vidro. — Ah quase
me esqueci de dizer, esse não será seu único castigo, mas
deixarei o resto como uma surpresa e irá se lembrar para
sempre a nunca mais desafiar um Herovrisk.

Matthew ouviu aquela sentença sentindo a verdade


nelas, então Cristian saiu, deixando-o caído, ele havia
decidido liquidar o americano sem deixar pedra sobre
pedra, e isso queria dizer tirar tudo, absolutamente todo o
dinheiro dele, as empresas, porém jogando sujo. A vida
todas suas empresas competiram com a do sujeito foi do
jeito limpo, mas ele já havia cansado disso, era hora de
fazer jus a quem era.
И·И

Naquela manhã mal os raios de sol apareciam e


Cristian acordou com um movimento na cama, abriu os
olhos devagar, vendo Rose tentar se soltar dele com
cuidado. Fingiu que ainda dormia para poder ficar a
observando, se divertindo ao ver suas caretas até enfim ela
sair. Ouviu o barulho da água caindo no banheiro e logo
deduziu que ela ia sair para o atelier, já que a abertura era
naquele dia, levantou-se um tempo depois e a encontrou
secando o cabelo em frente ao espelho.

— Acordada tão cedo? — Falou o homem


displicentemente abrindo a torneira deixando a água cair
em suas mãos para levar até o rosto.

— Preciso ir para o atelier, há muita coisa para eu


cuidar... — Rose disse tentando não presta atenção no
corpo do homem ao seu lado apenas de cueca.

— Por que não manda alguém? — Perguntou ele a


encarando pelo espelho.

— Quero cuidar pessoalmente, nunca saí à mesma


coisa quando manda alguém fazer.

— Está passando muito tempo fora de casa... —


Cristian comentou, Rose parou o que fazia e semicerrou os
olhos para ele.

— Você também e nem por isso fico falando!

Voltou a secar seu cabelo quando viu a carranca dele.


O homem se afastou dali, mas antes parou atrás dela,
descendo um tapa forte em sua bunda, coberta apenas
pelo roupão.

— Aí!
Cristian não conseguia entender como aquela mulher
respondona o divertia e excitava. Aquele olhar desafiante
emoldurado pelo cabelo ondulado o fez querer levar ela
para cama no mesmo momento, porém se conteve.

— Se comporte... — Ele a olhou com o rosto acima do


ombro dela. — Deixe o cabelo assim... Fica linda!

Ela arfou assim que recebeu outro tapa, menos forte,


junto do elogio, bem como de um beijo rápido no cabelo,
então viu ele se afastar para o chuveiro. Rose se olhou no
espelho mordendo os lábios tentando esconder um sorriso
acompanhado de uma felicidade estúpida, não conseguia
negar que adorava quando o homem a elogiava com
aqueles olhares escuros tão intensos.

И·И

A enorme fachada envidraçada, de um prédio de dois


andares, estava livre dos tapumes e essa noite era
iluminada por diversos refletores. Agora o lugar tinha uma
fachada moderna e elegante, o nome “La Rose” era
evidenciado, um sorriso brotou nos lábios de Cristian e
percebeu que se sentia orgulhoso da esposa, tudo aquilo
havia sido pensado por ela, viu isso, agora presenciava o
resultado, não podia deixar de admitir que ela tinha um
bom gosto extremo, mas acima de tudo competente e
esforçada.

— Senhor os homens já isolaram a área, os fotógrafos


não vão lhe incomodar!
Franco disse o olhando pelo retrovisor o homem
sentado no banco de trás com sinais de impaciência. O
Herovrisk sabia que seria inevitável não ter a imprensa
nesse evento, ainda mais porque Rose tinha feito questão
de deixar uma nota no mais importante jornal do país,
todavia, não deu para adivinhar que o assédio seria tanto,
a frente do local estava abarrotada pela imprensa, no
minuto seguinte ele saiu do veículo, passando a mão no
bolso do terno e sentiu o pacote que carregava ali, logo
assumiu sua máscara impassível, passando o mais rápido
que podia para dentro.

Ele entrou no lugar, observando ao que parecia uma


centena de pessoas, sua esposa havia arrumado o andar
inferior como um grande salão de recepção, havia alguns
croquis em exposição, o ambiente era simples, mais
sofisticado, não era noticia nova que ele odiava estar em
lugares cheios, porém não podia cogitar a ideia de faltar
àquela inauguração, seria o mesmo que pedir para
começar a terceira guerra mundial com sua esposa. E
obviamente tinha feito alguns ajustes à segurança daquele
lugar, do tipo triplicar o número de homens, porém fazer
com que ficassem discretos, de forma que Rose não
percebesse.

— Sr. Herovrisk?

Um velhote surgiu falando com ele, tinha uns bons


centímetros a menos, seguidos por um bafo de cigarro
desagradável, Cristian não lembrava quem era aquele
homem, porém devia ser do meio sócio empresarial,
acenou educado.
— Boa noite.

— Parabéns, eu conheci sua esposa, é encantadora,


valeu a pena ter deixado minha mulher e filha me
arrastarem.

Ouvir o homem falar de Rose não deixou o humor do


Herovrisk muito agradável, foi difícil não deixar
transparecer em seu rosto.

— Ah claro, imagino, mas agora com licença, preciso


encontrá-la!

Assim que deu as costas ao velho sem nem ao menos


esperar a resposta, ele começou a pensar se tinha sido
melhor ter chegado mais cedo, porém nem iria conseguir,
tinha dito que lidar com um novo grupo de parceiros da
instituição. Todas as linhas de pensamento do homem
foram interrompidas quando finalmente avistou a figura
feminina que tanto estava mexendo com suas ideias, não
havia dúvidas que ela estava linda, só que faltava uma
última coisa para deixá-la perfeita, e ele sabia exatamente
o que era e iria combinar com o seu vestido creme, que
brincava com a transparência em seu colo exposto, e a
deixava irresistível, e enquanto fazia sua análise à
presença dele foi notada também.

— Ah com licença... — Rose pediu ao casal com


quem conversava, e ambos eram estilistas também,
caminhou em direção ao homem de terno escuro, com
camisa social vinho, que tinha os olhos negros intensos
sob ela.

— Olá Sr. Herovrisk. Bem vindo!

A mulher pressionou os lábios escondendo um sorriso,


Cristian percebeu e fez o mesmo, os dois ficaram se
olhando com intensidade.

— Parabéns... Você fez um bom trabalho aqui, acho


que esse será um dos meus melhores investimentos.

Disse o homem contido, não deixando a mulher


perceber, que no fundo o próprio não cabia em si de
orgulho dela, talvez nem ele próprio admite se tal coisa
para si mesmo.

— Se tivesse me deixado começar antes... — Ela


arqueou a sobrancelha bem definida, enquanto o viu rolar
os olhos.

— Não vamos voltar nesse assunto... — Passou os


olhos pelo corpo da mulher. — Esse também é um vestido
da sua coleção?

O sorriso dela foi totalmente contente e o fez sentir


coisas... Coisas que não sabia descrever.

— Sim, só uso minha coleção, afinal tenho um atelier!

— Parece contente... — Dissimulou ele vendo ela rolar


os olhos com diversão.
— Não posso reclamar, pois meu marido não poupou
investimentos.

— Um homem de visão, com certeza. — Brincou


Cristian e Rose soltou uma gargalhada baixa que o deixou
fascinado.

— Se você diz...

— Eu digo! — Enfatizou antes de desviar sua atenção


para algo tirou dentro do terno. — Tenho algo para você...

Ela franziu o cenho, antes de ver uma pequena caixa


preta, porém era longa.

— O que é isso?

— Isto... — Ele mostrou, para Rose, sua expressão foi


de pura surpresa.

— Cristian isso... Esse colar você comprou em Nova


Iorque?

Rose perguntou lembrando-se imediatamente que viu


na joalheria o colar naquela cor azul esverdeada, com um
pingente em formato de uma rosa no colar em ouro branco,
era uma jóia inegavelmente linda.

— Sim...
— É lindo... — Ela olhou para a jóia e depois para o
marido. — É lindo!

Por um momento Cristian pensou que ela iria achar


um presente extravagante demais, e talvez fosse, mas não
havia nada que quisesse mais naquele momento que ver o
colar adornando seu belo pescoço contra sua pele alva.

— Que bom que gostou.

— Eu amei, mas você é tão esbanjador Sr. Herovrisk,


não precisava...

— Apenas aceite sem reclamações Sra. Herovrisk! —


Disse ele, e com um sorriso ela concordou, virou-se de
costa afastando as pontas do cabelo da nuca e o olhou por
cima do ombro.

— Vamos, ponha em mim.

Ele sorriu de canto, então tirou o colar da caixa, e pôs,


logo então ela se virou deixando-o ver como havia ficado
seu presente.

— Combinou perfeitamente com seus olhos como


imaginei...

Rose não conseguiu esconder o suspirou para a frase


do homem. Tocou o colar com a ponta dos dedos e então
sorriu ao pensamento que passou por ela, por isso se viu
falando sem avaliação prévia.
— Comprou isso pensando nos meus olhos?

— Sim...

Admitiu ele sem poder esconder aquela verdade, e viu


sua esposa reagir daquela forma que sempre o desarmava,
envolveu seu rosto em suas mãos delicadas lhe dando um
beijo carinhoso ao acariciar sua barba, sorrindo. Rose não
conseguiu evitar aquela felicidade, e não pelo presente,
mas sim por saber que ele pensou nela daquele jeito
adorável.

— Obrigada, eu adorei! — O beijou castamente


sentindo seu sorriso. — Mas agora preciso ir... Ainda tem
convidados chegando, tenho de recebê-los.

Ele a segurou pela cintura, ainda tendo aqueles lábios


doces roçando nos seus, gostou.

— Que convidados? — Disse o homem dissimulando,


Rose deu um aceno em negativa, mas se divertindo,

— Cristian mais tarde...

Ela falou sorrindo quando o beijou mais uma vez


rapidamente então se afastou, dando as costas, olhou por
cima do ombro e piscou. O homem ficou observando a
figura feminina totalmente sexy em seu caminhar até os
tais convidados, dos quais ele havia pedido uma cópia da
lista, com o assistente dela, para poder ver quem estaria no
evento, à maioria era do meio da moda, pelo que havia
averiguado alguns conhecidos dela, uns já eram amigos,
outros eram críticos, e havia aqueles que se insinuaram
para ir ao evento. Ele sorriu discretamente observando a
mulher falar com um grupo que chegava, assistindo-a
estonteante, capturando a atenção de todos.

— Tenho inveja do belo casamento que você fez...

Não foi preciso Cristian olhar para trás e descobrir quem


era.

— O que faz aqui Noam? — Suspirou entediado. —


Não me lembro do seu nome na lista de convidados! —
Lentamente ele se virou para encontrar o sujeito loiro
sorridente o fitando.

— Bom, seus homens estão fazendo a segurança do


evento, e eu sou conhecido e não havia nenhuma ordem
sua me barrando... Dessa forma eu só entrei!

Disse ele displicentemente o encarando com uma


animação quase incontida, Cristian nunca entendeu como
ele, tão introspectivo se dava bem com alguém como
Noam.

— Rose não vai gostar de você aqui e eu não estou


gostando também. Vá embora! — Concluiu o Herovrisk,
sabia que a esposa não ia reagir bem, só não sabia em
quais níveis seria sua reação, ele viu o amigo tirar,
finalmente, o sorriso da cara.

— Eu vim prestigiar e quem sabe falar com ela... Ei


calma, só para pedir desculpas Cristian e a alguns bons
metros de distância.

Noam falou se apressando depois de ver o rosto do


amigo se fechar em uma carranca ameaçadora. Já tinha
uma ideia da quantidade de ciúme existente e ali, porém
era mais que isso, havia de ser, ninguém como Cristian
Herovrisk perdia a compostura por um simples arroubo.

— Eu disse que nunca mais falasse com ela!

— Mas devo desculpas...

Aquilo não era uma mentira, que fez com que ele
pensasse, vendo que talvez fosse uma boa ideia, Rose
talvez se sentisse menos ofendida depois do que o sujeito
fez.

— Não agora, procure outro momento em que eu


esteja presente também, hoje é um dia importante para ela
e você a irrita, então caia fora daqui.

Cristian falou sério, enquanto Noam sorriu incrédulo,


nunca havia visto o homem se preocupar com nada, nada
além da máfia e seus negócios, porém agora a equação
tinha mudado pelo visto.

— Sim, claro... Então se é importante para ela, será


importante para você...

Percebendo a afirmação dele o Herovrisk ficou tenso


avaliando aquilo, viu um fundo de verdade, mas logo em
seguida ignorou, justificando para si mesmo ter motivos
para querer que tudo acontecesse em ordem naquela
noite, afinal havia investimento dele no trabalho de Rose.

— Cale a boca e saía!

— Tudo bem, eu estou saindo. Dê meus parabéns a


ela e diga que peço desculpas, de verdade.

O Herovrisk acenou sem importância para ele com a


mão, claramente o dispensando, Noam rolou os olhos e se
foi. Sozinho o homem se pôs a observar a esposa
novamente, ela já estava do outro lado do salão, e metade
do corpo masculino torcia o pescoço para vê-la passar, e
ele não gostava daquilo. Rose teve que se afastar do
marido, ele a estava intoxicando de muitas formas,
deixando-a cada vez mais encantada e desconcertada,
sentia a cada passo seu no salão que o tinha a atenção
dele, quase podia sentir o olhar dele percorrendo cada
centímetro seu, tentou parar de pensar naquilo.

— Eu quase não acreditei quando vi o convite chegar


em meu e-mail, mas adoraria ter recebido o impresso!

A mulher se virou para encontrar a figura máscula do


homem moreno, cabelos escuros e olhos chocolates, que
falava com ela, a trazendo dos seus pensamentos ao
mundo real. Abriu um sorriso imenso, indo abraçar o amigo
de longa data.

— Luíde!
O homem tinha sido um dos seus grandes
incentivadores a seguir na carreira, havia dado a ela o seu
primeiro emprego na grife renomada dele em Paris.

— Eu teria te enviado o impresso se eu te encontrasse


em casa... Soube que estava em Milão... — Rose falou se
afastando um pouco dele, mas ainda tinha as mãos nos
seus ombros, e ele na sua cintura, sorrindo
simpaticamente.

— Alta temporada de inverno, daqui a quatro semanas


passa pela Rússia! — Ele a olhou de cima abaixo. — Oh
meu Deus, você está mais deslumbrante do que me
lembrava Rose!

— Sempre gentil Luíde, estava com saudades! —


Disse, e ele a abraçou de novo.

— E eu com saudades suas!

— Boa noite... Pode me emprestar minha esposa?

A voz baixa e fria tirou fez Rose soltar-se do amigo


lentamente, olhando para trás e encontrando o marido
pairando próximo com a expressão impenetrável, mas só
aquele homem podia parecer calmo e tão ameaçador no
mesmo espaço de tempo.

— Cristian.

Ele ouviu que o tom dela era cauteloso, o Herovrisk


estava se mantendo longe e de repente viu aquele sujeito
se aproximar, e estes começarem a se tratar daquela forma
íntima, então sem pensar duas vezes saiu do seu posto e
foi buscar o que era seu.
— Oh olá, sou Luíde Vollett... Prazer! — O homem
estendeu a mão ao Herovrisk, que aceitou, e então olhou
para a amiga. — Rose você casou?

A mulher ouviu a pergunta e deu um sorriso simpático.


Sim... Casei com um ogro possessivo... Ela estava
espumando de raiva, não gostava quando Cristian agia
como se fosse seu objeto.

— É casei, e este é Cristian... Ah pode me dá licença


um momento, acabei de ver meu assistente me
chamando...

Disse ela dando um olhar gentil ao amigo e nem


evitando o marido, dando as costas. Cristian ficou irado
com a audácia dela, ainda mais por deixá-lo sozinho, com
o outro sujeitinho que a abraçou.

— Bom... Parabéns pelo casamento! Rose é uma


mulher incrível!

Luíde disse a figura séria a sua frente, não sabia muito


bem como falar, afinal o marido da amiga não parecia
muito amigável, em seus olhos não havia nenhuma
emoção.

— É sim... — Respondeu seco. — Mas de onde


conhece Rose? — Ele iria decidir ali como agir com aquele
sujeito, depois da sua resposta, mas não sabia como reagir
caso o homem fosse um ex da esposa.

— Nós conhecemos em Paris, fui um dos orientadores


no curso dela e depois o primeiro chefe, viramos amigos!

A resposta tirou a tensão do Herovrisk, que avistou


Rose do outro lado do salão com seu assistente, bebendo
um drink num rápido gole, sua expressão parecia irritada e
totalmente crítica, mesmo sem estar olhando-o.

— Ótimo, mas se me dê licença, preciso ir, aproveite a


festa.

Dizendo isso e recebendo um aceno do tal Luíde,


Cristian o deixou, foi lidar com a esposa, assim que chegou
próximo o assistente dela saiu, percebeu sua carranca
talvez.

— Você é ridículo! — A explosão da mulher conteve o


homem tencionou.

— Como?

— Investigou minha vida? Fez uma inquisição com


meu amigo? Descobriu se dormir como ele?

Rose não continha sua irritação com os atos do


marido, queria poder empurrar o homem que a olhava
franzindo sua tez.

— Rose...
— Foda-se. Eu odeio isso, você acha que eu sou o
que? — Raiva era tudo que tinha ali e despejou em cima
dele. — Não me trate mais como uma vadia só por abraçar
alguém e achar que irei ou já dormir com ele!

Sem o deixar falar a mulher empurrou o copo no peito


dele, o deixando para trás, sozinho. Cristian fitou o vazio,
onde até uns segundos Rose ocupava, percebendo o nível
de irritação dela, vendo que estava realmente chateada,
suspirou. Se existe um Deus me ajude a lidar com essa
mulher... Cristian pediu mentalmente e se livrando do copo
com o garçom que passou, pegando um com vodca, sabia
que não ia adiantar nada ir atrás da esposa naquele
momento, à criatura pequena estava furiosa, todavia, fez o
humor dele piorar ainda mais quando a viu indo até o tal
amigo.

— Luíde... — Rose disse alcançando o homem.

— Oi!

— Desculpe por ter saído daquele jeito!

Disse ela tentando se redimir depois de abandoná-lo


com Cristian, mas queria ver se o ele iria interrogar o
amigo, para depois ir atrás dela, e não errou quando
percebeu que o marido ficou lá perguntando algo.

— Pelo amor de Deus, explique-me, quando casou?


— Ele perguntou, ela deu de ombros forçando um
sorriso.
— Longa história, mas foi há alguns meses, espero
que não tenha sido mal educado.

— Não, imagina, é normal no início do casamento os


ciúmes! — Luíde sorriu abertamente.

— Ele é um louco possessivo por demarcação isso


sim... Acho que não gosta nem da minha sombra me
acompanhando!

— Ah então provavelmente gosta muito de você...

A resposta de Luíde a fez rir e se absteve de


responder. Duvidava profundamente dos sentimentos de
Cristian por ela, sabia que podia ser possessivo, até
carinhoso às vezes, mas tudo não passava de
“demarcação”, Rose tinha cansado de ver homens como
ele, que viam suas mulheres objetos para pôr os seus
nomes e sobrenomes. Quando olhou por cima do ombro
viu ele a observando e tratou de ignorar logo em seguida,
como fez em boa parte do evento, ela não parecia querer
aproximação. Toda vez que o ele tentava se aproximar a
mulher, ela dava um jeito de ir para mais longe, falava com
todos e menos com ele, e isso estava o deixando em
condições de humor deploráveis, Cristian estava bufando
de raiva e bebendo para se distrair, porém já havia decidido
ir embora.

— Sr. Herovrisk?

— O que?
Respondeu grosso ao se virar e percebeu que não era
um dos seus seguranças, mas sim o assistente de Rose,
então tratou de aprumar sua expressão ao ver o homem
encolher em sua postura.

— Desculpe...

— Não, tudo bem, apenas diga o que quer. —Cristian


tentou soar menos ameaçador, não soube dizer se deu
muito certo.

— Bom... É Rose tem que ser anunciada, para o


discurso de inauguração, achei que o senhor gostaria de
fazer isso, tenho um cartão com o que deve dizer caso
queira...

O homem avaliou aquilo e pensou sobre, não tinha


certeza se queria, porém ia ser uma boa maneira de poder
chegar perto daquela mulher de gênio intratável, ela teria
de falar com ele por bem ou por mal daquela forma.

— Certo eu faço, mas tire esse cartão da minha


frente...

O Herovrisk disse sem muito jeito e então Cam sorriu


ao ver que ele ia fazer mesmo. Havia visto que Rose tinha
se desentendido com o marido, quando lhe disse em suas
palavras: "Vou esganar Cristian na primeira oportunidade...
Bastardo!". Então resolveu tentar intervir na situação,
esperava que a chefe não ficasse brava.
И·И

— Sim, claro, só marcar uma hora e eu mesma vou ter


o prazer de lhe atender... — Rose disse há uma senhora
simpática que conheceu, apesar de não ser o seu público
alvo, gostava de diversificar.

— Há... Um momento da atenção de todos!

A voz masculina que normalmente soava baixa e séria


com ela estava em todos os altos falante, e simpática,
quase calorosa. Rose olhou ao centro do salão e avistou
Cristian com uma rosa negra e outra vermelha na mão,
junto do microfone na outra, olhando diretamente para ela.

— Puta merda...

Exclamou ela baixo, não sabia o que ia sair dali.


Procurou Cam pelo salão e o viu há uns bons passos atrás
de Cristian, e sorrindo, ela fez uma careta para ele que
apenas encolheu os ombros quando viu.

— Bom, eu fui pego de surpresa, mas estou aqui para


anunciar a pessoa mais importante da noite...

Cristian começou, tentando encontrar as palavras


certas, não aceitou o cartão do assistente de Rose e teve
que improvisar, assim como a rosa vermelha, que remete a
ela, e a negra, que era dele, algo que sabia que ela
entenderia, afinal a própria tinha feito aquilo se tornar um
símbolo entre eles. Tinha feito Franco conseguir as
pressas, quase sentiu pena quando o viu sair em disparada
com uma equipe, para poder conseguir as rosas, ele
sempre era muito eficiente, mesmo diante de pedidos
bizarros.

— Eu gostaria de chamar a mulher que lutou, posso


dizer vorazmente, para que esse empreendimento saísse
do papel... Eu não fui o primeiro de todos a apoiar,
confesso, mas agora sou o maior admirador do que ela fez
e fará aqui...

Rose sentia seu coração saltar irregularmente tendo o


homem falando dela, olhando para ela, e quando ele fixou
a atenção na mulher não precisou pensar em suas
palavras, porque as mesmas fluíram dos seus lábios
quando continuou seu discurso.

— Quero que todos possam reconhecer, e aplaudir,


assim como eu o talento mais que evidente e a
competência que tem a minha esposa, por favor, Sra. Rose
Herovrisk venha até aqui e... — Sorriu ao ver o sorriso
dela. — E encante a todos com esse sorriso lindo...

A mulher sentiu uma lágrima escorrer ao pelo canto


dos seus olhos e limpou rapidamente. No fundo ela ria de
si mesma por ficar tão deslumbrada, mas simplesmente
não podia evitar, não quando aquele homem fazia algo
totalmente fora do que era da sua personalidade, ainda mal
acreditava que Cristian tinha se posto a falar tudo aquilo,
em público, ela se pôs a andar até o centro do salão,
alcançando, ouvindo os aplausos soaram, mas que ignorou
quando abraçou o marido.
— Isso é golpe baixo.

Ela disse abraçada a ele. Cristian sorriu escondendo o


rosto no seu pescoço, dando um beijo ali. O homem inflou
seu peito com o cheiro dela e com o sentimento de puro
prazer por tê-la ali.

— Depois falamos... Tem um monte de gente


esperando por você!

Ele disse se afastando com um sorriso pequeno, viu


os olhos azuis marejados, limpou o canto deles por
impulso. Então entregou lembrou-se das rosas, e lhe
entregou, a viu piscar, antes de entendimento brilhar em
seus olhos azuis, no fundo quis dizer com aquilo que
estava pensando nela, que tudo aquilo que fez foi ela, e
para mais ninguém.

— Obrigada...

Rose disse com um sussurro olhando para a rosa


negra e vermelha. Muitos não iam entender o que
significava, mas ela sim, pois não tinha nada que
descrevesse melhor Cristian e ela que aquilo. Podia ser
outra coisa para as pessoas, mas para a mulher era quase
poder ouvir o marido dizendo "Esse aqui é um presente
meu, eu pensei nisso pra você!". Pegou o microfone da
mão dele e o mesmo se afastou, deixando-a ser o centro
das atenções.

— Poucas vezes fico sem palavras, mas hoje estou, e


graças ao Sr. Herovrisk com seu discurso eloquente. —
Algumas pessoas sorriram, mas a ela só importou o
sorrisinho de canto dele. — Estou absurdamente grata por
ter tantas pessoas aqui e poder apresentar meu trabalho,
me sentindo apoiada e bem recebida, então só eu tenho
agradecimentos, os mais sinceros... E dessa forma, declaro
o “La Rose” aberto, oficialmente.

Cristian a olhava ali no centro sem conseguir evitar


sorrir e foi o primeiro a aplaudir ao final do discurso dela,
quem dera ter sido também o primeiro a ir até ela, todavia,
logo convidados a cercaram, e depois tomaram toda a
atenção dela. E quando enfim o salão começou a ficar mais
vazio, foi que conseguiu ver vê-la vir em sua direção.
Segurando as rosas, a expressão dela era séria, e ele
tratou de deixar a sua impassível, esperando que Rose
desse o primeiro passo ou a primeira palavra, logo ela o
fez.

— Estou cansada. Podemos ir embora?

Isso não foi o que Cristian esperava, ela percebeu e


escondeu a vontade de rir, ao o ver franzir as
sobrancelhas, mas então concordar e a guiar para a saída,
no caminho a mulher se despediu dos funcionários e do
seu assistente, a qual ela deixou um olhar de; "Me acerto
como você depois!", mas o homem apenas sorriu. Os
seguranças dos Herovrisk estacionaram os três carros de
luxo blindados bem na frente do prédio, o casal entrou no
do meio, dirigido por Franco. Os veículos entraram no
tráfego calmo, pela hora da noite, um atrás do outro,
enquanto os dois ocupantes do banco de trás estavam em
silêncio e Cristian, incomodado com aquilo, foi quem
quebrou o marasmo.

— Está menos irritada Sra. Herovrisk?

Rose deixou os olhos irem para a figura masculina em


volta as sombras dentro do carro, mesmo assim ela ainda
conseguia ver os olhos escuros expectantes, ela disfarçou,
vinha gostando cada dia mais de ser chamada daquele
jeito.

— Foi do Cam a ideia de fazer aquele anúncio?

— Sim...

Ela semicerrou os olhos, antes de virar o rosto


encarando as formas abstratas que passavam rápidas pelo
carro, então se voltou Cristian novamente.

— E o discurso? — Perguntou, o homem via


claramente curiosidade dela.

— Totalmente meu!

Rose gostou de ouvir aquilo, lembrar-se das palavras


dele, saber que tinha admiração por seu trabalho era bom,
olhou para o seu colo, olhando as rosas, então levantou
mostrando para o homem.

— E isso?
Cristian não conseguiu esconder um sorriso a
pergunta com um tom quase inocente de tão curioso e com
expectativa. Levou a mão até a dela, que segurava a flor,
deslizando pelo banco do carro, se aproximando mais.

— Fui eu, pensei que você criou esse símbolo entre


nós desde a festa na mansão, onde abusou dos arranjos
negros e vermelhos. — Ele viu que tinha toda atenção dela,
então se aproveitou ficando mais próximo, baixando a mão
dela entre eles para deixar o rosto quase tocar dela. —
Acho que você consegue entender que isso representa
nossa comunicação silenciosa...

A mulher suspirou contra ele, sentindo os lábios


quentes cobrindo sua face quando o homem beijou cada
lado do seu rosto, tendo a barba roçando sua pele, levou
sua mão livre até o rosto de Cristian e procurou os lábios
dele com os seus, eles se envolveram em um beijo lento,
Cristian não entendia como a mulher conseguia o deixar
tão embriagado. E Rose tentava levantar sua guarda
novamente, mas tendo o homem a beijando tão
docemente, depois de dizer coisas tão gentis a fazia perder
o chão, sentia-se lânguida e totalmente presa aos encantos
do homem, mas lutou para se afastar.

— Espera... Espera! — Pediu empurrando lentamente


o peito dele.

— O que Rose? —O Herovrisk perguntou descontente


em perder o contato com os lábios dela, fitou seus olhos
azuis cautelosos apesar de ter desejo ali.
— Eu ainda estou com raiva você, ou pelo menos
tentando... — A mulher bufou e viu um sorriso pequeno
dele.

— Por quê? — Cristian perguntou tentando não rir do


biquinho tentador que ela fez, isso a deixava ainda mais
atraente.

— Você com aquela cena de posse e desconfiança


ridícula. O que pensou?

Ele fechou os olhos buscando alguma luz indistinta,


então encarou a mulher novamente.

— Rose, não foi posse ou desconfiança. Foi... — Ele


parou, nem o próprio sabia distinguir. — Só não suporto ver
outro te tocando entende? E ainda não sei lidar com isso...

— Mas Cristian foi só um abraço...

A mulher tentou articular ao ouvir a explicação dele,


não queria isso voltando a se repetir. O Herovrisk suspirou,
sabia que Rose não ia arredar o pé daquele assunto, pelos
menos não facilmente.

— Abraços envolvem toque... — E le disse sem humor


e Rose recebeu com uma risada incrédula.

— Então quer dizer que agora qualquer um que me


toque, sendo do sexo masculino, você vai agir daquele
jeito? Ou vai colocar uma placa escrita "propriedade de
Cristian Herovrisk"?
Ele fez uma carranca para o jeito torto que a mulher
respondeu, mas viu claramente que foi ignorado.

— Quer que eu faça o que?

— Pare com isso, por exemplo? Isso seria bom para


início de conversa.

Os dois ficaram se olhando, travando uma briga


silenciosa, então ele desviou os olhos suspirando, ela
nunca se afastava em uma discussão, era demais, e o
deixava louco.

— Você é teimosa!

— Cristian, eu só não quero você vindo para cima de


qualquer um com quem eu fale como se fosse jogá-lo a mil
milhas... Isso não é legal e faz com que me sinta mal,
sempre parece que não confia em mim!

Rose tentou explicar para ele, viu ele franzir o cenho,


enquanto fitava o horizonte, com uma carranca.

— Eu confio! — Ele bufou mal humorado — Mas


droga, você é bonita demais para o seu próprio bem...
Deixa-me louco!

O homem soltou inconsciente e isso causou um


sorriso na mulher, que sentiu o coração bater mais rápido.

— Isso é um problema então?


Cristian olhou para a mulher entendendo que havia
falado demais, então suspirou, e resolveu falar
abertamente de uma vez, talvez a fizesse entender a
situação real, voltou a se virar para se aproximar dela,
deixando seu rosto a centímetros de tocá-la.

— Qualquer um que tenha olhos pode ver como é


linda, eu a acho linda, e é assim como todos que põem os
olhos sobre você, mas o problema é que isso me afeta de
uma forma insana... Eu nunca tive que lidar com essa...
Isso que sinto... Esses ciúmes, eu não sei controlar Rose,
me consome saber que outro alguém te quer, então
sempre tem alguém te rondando e meu primeiro instinto é
jogá-los bem longe.

Falar que respirar estava fácil era mentira. Rose


sentia-se incrédula e eufórica, ao mesmo tempo, como se
fosse desmoronar em cima do homem, que a olhava com
aqueles belos olhos, sedutores, ardentes e com
expectativa, depois de se abrir como nunca antes. A
mulher engoliu em seco sem conseguir pensar e então
simplesmente o beijou. Eles se afastaram minimamente
buscando ar, e ela buscou palavras.

— Não precisa ter ciúmes, eu estou inteira aqui


Cristian, com você, e sei afastar qualquer um que passe da
linha e farei caso aconteça, nunca duvide disso!

Rose deixou aquilo sair dos seus lábios e buscou logo,


preocupando-se falou demais, mediu a expressão dele,
mas quando o viu sorrir malicioso e satisfeito ficou
imediatamente aliviada.

— Vem cá...

O homem não resistia à distância, puxou ela para o


seu colo, esquecendo-se de tudo. Gostou de saber que era
o único para ela, confiava no que ela disse, então ficou
estranhamente mais calmo, ele a beijou novamente
escutando o riso dela quando passou os dentes na sua
garganta. Rose empurrou o ombro do homem, tentando
fitar seus olhos, e os encontrando ardentes.

— Ei...O Franco... — Ela sussurrou tão baixo que o


homem sentiu vontade de rir, levou os lábios até a orelha
dela.

— Só relaxe e me deixe cuidar dessa sua boca linda!


— Pegou a mulher pela nuca, trazendo sua boca para a
sua, enquanto segurou sua cintura, ela encarou os olhos
dele fixamente.

— Para quem não gostava de beijos, você parece bem


à vontade agora! — Disse ela e mordiscou o lábio inferior
do homem, que sorriu.

— A culpa é sua, agora tem que lidar com isso.

E sem esperar mais Cristian a beijou. E no banco da


frente Franco sorriu e aumentou o volume da música
barulhenta que tocava pelos nos fones de ouvido, tratando
de virar o retrovisor, dando privacidade ao seu patrão e sua
esposa, ele estava animado de ver que seu chefe parecia
realmente feliz e cuidaria disso, era leal a Cristian
Herovrisk, que sempre foi um homem bom para ele, afinal
tinha salvado sua vida e deste modo iria dar a dele pela do
homem ou por qualquer que um que julgasse vital para o
patrão, ele via que Rose talvez fosse à única, nunca havia
visto o homem tão inclinado a cuidar e proteger alguém,
somente ela.

— Cristian...

Rose falou baixo dando a ele acesso a seu garganta,


onde sentiu beijos molhados, junto ao roçar barba, o
homem a enlouquecia a ponto de perder o pudor de estar
com alguém no banco da frente e nem ligar. O Herovrisk
respirou o cheiro da mulher, se pudesse iria despir e beijar
cada pedaço de pele dela, a fragrância de Rose era
praticamente como um afrodisíaco para ele.

— Você me enfeitiçou anjo...

Sussurrou no ouvido dela, antes de capturar seus


lábios, e ela o deixou a levar naquele beijo, sentiu como se
estivesse a ponto de flutuar, parecia quase embriagada e
se apaixonando por ele mais um pouco através daquelas
doces palavras, que a fizeram sorrir como uma garotinha.
CAPÍTULO 09
Quem olhasse para o homem atrás da mesa elegante
com a paisagem da cidade russa exposta pela larga janela
de vidro, poderia dizer facilmente que existia poder naquela
figura, o CEO das Holding’s “H”, mas não imaginaria que
também ali estaria o líder da máfia vermelha.

— Sr. Herovrisk? — A secretária bateu a porta antes


de entrar, Cristian tirou os olhos do computador,
encarando-a.

— Sim?

— O Sr. Conegon acabou de passar pela portaria,


estará subindo em breve, achei que gostaria de saber. —
Disse ela, ele suspirou dando um aceno.

— Certo, pode ir.

A mulher concordou e saiu, e ele se escorou na


cadeira, passando a mão pela barba, pensativo, se o seu
pai estava ali, mais exatamente no prédio sede das
empresas, com certeza não era uma visita cordial, o
homem nunca fazia aquilo, mal se dava ao trabalho de
perguntar pela Holding, quanto mais ir visitar, Cristian sabia
que algo sério o trazia, bastou apenas mais alguns minutos
para que a expressão de Conegon confirmasse, quando
este entrou no escritório do filho.
— O que deu em você para tirar o Matthew da nossa
operação? — Sua voz era tão dura quanto o próprio
semblante.

— Foi necessário, e pelo visto ele foi como um


cachorrinho lhe contar! — Cristian afirmou encarando o pai
que franziu o rosto claramente desaprovando.

— Pouco importa como ele veio, o que importa é que


está jogando para fora um parceiro de negócio essencial, e
a qual motivo?

— Ele queria me derrubar, teve a coragem de procurar


Rose, oferecer um acordo de traição, provavelmente queria
informações.

— Todos querem derrubar quem está no topo da


cadeia. — Disse o Herovrisk mais velho inexpressivo.

— E por isso merecem punição ou vão ganhar


confiança para nos derrubar de verdade!

— Tirar ele do jogo é sua punição?

— Minha punição real seria matá-lo, mas sei que não


aprovaria e sei também que chamaria muita atenção um
bilionário americano morto em circunstâncias nebulosas,
mas eu não iria deixar o filho da puta sair livre.

Conegon cruzou os braços em frente do corpo


enquanto encarava o filho, seu rosto era como uma folha
em branco, sem nenhum traço para dar pista do que
pensava.

— A operação precisa desse filho da puta!

— Podemos usar nossas empresas espalhadas pelo


mundo, já está na hora de parar de depender de outros
peões.

— Vai chamar atenção Cristian!

A voz do pai dele era como uma navalha cortando, ele


conhecia aquele tom, por muitas vezes baixou a cabeça,
mas agora não se tratava do filho diante do pai, mas sim do
novo líder da máfia diante do antigo.

— Há anos estudo essa possibilidade, não fiz de


maneira impulsiva, sei o que estou fazendo, ele está fora!

— Está desconsiderando o que eu digo? — O


Herovrisk mais velho semicerrou os olhos, então
lentamente se aproximou da mesa, colocando as mãos
sobre ela fitando-o.

— Não, não há pessoa que respeite mais que você,


mas eu também não posso voltar atrás e ainda mais
quando tenho certeza que posso controlar a situação.

Conegon manteve seus olhos frios, fazendo o filho


entender rapidamente que ali estava sendo desaprovado,
todavia, dessa vez as coisas eram diferentes, Cristian era o
chefe, suas decisões eram as que tinham de valer para a
máfia.

— É bom que saiba o que faz Cristian, pois em seu


primeiro ato já me decepcionou, espero que pare de se
indispor com as pessoas da nossa operação. Não faça eu
me arrepender de te colocar à frente da instituição!

Sem dizer outra palavra ele virou-se deixando o filho


sozinho um momento depois. O Herovrisk mais novo
engoliu aquele gosto amargo em sua boca. Tinha sido lhe
repassado o poder da máfia, porém pareceu por um
segundo que não, ele passou as mãos pelo rosto se
sentindo sobrecarregado e não teve paz, um segundo
depois viu Noam entrar.

— Que inferno! — Exclamou vendo o sujeito


sorridente se aproximar e se instalar rapidamente na
cadeira a frente da sua.

— Pelo visto a visita do seu pai não foi boa não é


mesmo? — Perguntou o sujeito franzindo as sobrancelhas.
— Ele nem falou comigo sabia, deixarei isso passar dessa
vez, afinal seu pai é sempre tão simpático...

O semblante completamente irritado de Cristian o fez


se calar.

— Terminou?

— Sim... — Noam deu um sorrisinho.


— Fale o que quer aqui e suma!

O homem se remexeu na cadeira e pela primeira vez


tirou o sorriso da cara.

— A questão é que a irmã da Natasha me procurou há


alguns dias!

Todo o mau humor que Cristian já possuía se triplicou


ao ouvir a menção daquele nome. Havia colocado Natasha
em um lugar em que ela ia preferir ter morrido, mas
também a faria entender a não provocá-lo mais uma vez.

— O que ela quer?

— Hum... Pediu que eu intercedesse para que ela


falasse a sós com você... Disse-me que é você está com a
irmã dela.

O Herovrisk se levantou, dando as costas a Noam,


olhando pela grande janela de vidro do escritório.

— Foi burro o suficiente para vir interceder? — Riu


amargo. — Sabe que não vou falar com ninguém, a
Natasha se meteu no meu caminho e está pagando!

— Eu não vim falar por ela, mas sim te avisar, pois sei
muito bem como você age, só que também sei como a
Nikkei age e tive indícios disso no nosso encontro, a qual
ela me disse coisas que devem ser ouvidas, do tipo;

...
— Está louca se acha que Cristian vai te ouvir, ele não
escuta nem a mim, se é que um dia fez isso... — Noam
disse sem humor, ao ouvir o pedido esdrúxulo da mulher a
sua frente.

— Estou pouco me importando, quero minha irmã,


farei qualquer coisa. Até mesmo ir atrás da esposa dele...
Nós somos aliados, minha família presta serviços há anos
aos Herovrisk, ele não pode fazer o que faz...

— Está brincando com fogo Nikkei!

— Eu sei brincar, afinal herdei a parte boa de briga da


minha família...

— Eu não acho bom você ameaçar ele, muito menos


falando da esposa... Ele gosta dela, pelo menos mais do
que da sua irmã, é visível...

— Quero minha irmã!

— Se ele ainda está com ela não vai te devolver, é


bem provável que ela tenha feito uma merda a altura do
que está recebendo.

— Eu não vou parar até ter ela.

— É melhor guardar suas ameaças, escute meu


conselho.
— Escute o meu, farei qualquer coisa para ter a
Natasha de volta, não tenho medo de jogar a merda no
ventilador e muito menos ameaçar a esposa dele, já que
gosta tanto dela.

— Sei da sua capacidade Nikkei, e sei o que pode


fazer, mas sei o que ele fará se você dê esse passo.

A mulher se levantou da mesa do café onde eles


haviam se encontrado.

— Peça para ele vir conversar comigo e me entregar


minha irmã ilesa...

— Sou leal ao Cristian, não a você que eu apenas


fodi! Ele não fará o que você quer e vai saber da sua
ameaça.

...

— Eu vou acabar com ela... — Cristian disse frio


depois de ouvir a história de Noam, pois se achavam que
iam brincar com ele, com a vida de Rose, estavam muito
enganados.

— Sei que sim e da pior forma possível, mas ela


trabalha para nós, a família Reed é a nossa melhor
“prestadora de serviços”, não vamos nos indispor com
eles...

Ele respirou fundo lembrando-se do que o pai disse,


sobre se indispor com aliados, e por aquele lado era de
fato uma situação preocupante. Passou as mãos pelo
cabelo perturbado, parecia que desde o dia me que
assumiu a “instituição” todos dentro dela resolveram o
desafiar, Cristian fechou os olhos se sentindo sombrio ao
pensar em Rose machucada.

— E o que sugere? — Perguntou ele se voltando para


encarar Noam, escondendo sua preocupação e horror
diante daquela ameaça a vida da sua esposa.

— A Natasha está no fosso?

— Sim! — Respondeu Cristian e Noam passou a mão


pelo cabelo com desconforto.

— Bom, então ela teve o castigo que mereceu,


entrega ela a Nikkei, evita uma briga com os Reed, assim
não perde bons informantes e “limpadores de sujeira”.

O homem disse tentando apaziguar aquela a situação,


mas via pelo olhar vazio e frio de Cristian que as coisas
não iam acontecer como estava sendo sugerido.

— Não gosto de ser ameaçado e não vou... Então


farei do meu jeito!

И·И

Naquela manhã Rose havia decidido aceitar


finalmente o convite do seu assistente para ir fazer uma
aula de box e nunca achou que pudesse ser tão divertido e
estimulante, começou a pensar em incluir aquele esporte
em sua rotina, no final das contas precisava se exercitar
mesmo.

— Você parece incrivelmente animada Rose! —


Comentou Cam vendo-a acertar o saco de pancadas com
golpes fortes.

— É... Acho que estou pensando em uma vadia!

Ela afirmou lembrando-se de Natasha, apesar de estar


feliz, pois nas últimas semanas não tinha mais tido
qualquer sinal ou notícia da mulher, mas nem por isso
deixava de ter suas dúvidas quanto aquilo ser a desistência
dela em ir atrás de Cristian.

— Coitada dela então! — O homem disse se


divertindo. — Bom, mas agora eu preciso ir para aquele
meu encontro... Você ainda irá ficar?

— Ah sim, seu encontro, não perca a hora. — Sorriu


cúmplice a ele. — Eu vou ficar mais um pouco e me
informar sobre os horários de aula, acho que irei me
matricular para o box.

— Coitado do seu marido!

Brincou o sujeito a fazendo rir, antes de lhe dar um


beijo e se despedir, deixando-a. Ela pensou no marido,
achou que iria adorar ter um "encontro" com ele, mas
provavelmente este iria recusar por causa do seu
"trabalho", mas fugindo daqueles pensamentos se
encaminhou para mais informações sobre as aulas.
И·И

Mais tarde, depois de estar matriculada, foi para o


banheiro privativo da academia, precisando de uma longa
chuveirada, se arrumou ali decidindo voltar para o atelier,
pelo menos aquele dia, sabia que se fizesse daquilo uma
rotina, passar o dia todo trabalhando, algo que não era
coisa de outro mundo, teria seu marido agindo como se
aquilo fosse o inferno congelando. Já de saída ela avisou
Yoro e caminhou para a porta, assim que abriu esbarrou
em uma mulher.

— Oh me desculpe, não vi você! — Rose disse vendo-


a lhe parecer familiar, ela tinha cabelos pretos médios e
olhos castanhos, que davam a sensação a ela que já tinha
os visto.

— Não tem problema...

A mulher disse passando por ela com um sorriso


simpático, quando ela olhou para trás vendo-a se afastar,
franziu o cenho, querendo lembrar-se de onde podia
conhecê-la.

— Sra. Herovrisk, tudo bem? — Sua atenção se voltou


a Yoro que surgiu ali a porta enquanto parou o carro a
frente do local.

— Ah, sim!
Sorriu, mas olhou trás novamente procurando a
mulher, mas naqueles milésimos segundos a mesma
sumiu, como se evaporasse, isso a fez achar a situação
toda meio estranha.

И·И

Não havia qualquer outro barulho que não fosse o dos


ratos, o lugar era uma escuridão sem fim e perturbador.
Natasha já não tinha mais lágrimas para despejar, estava
aterrorizada por está naquele lugar há dias, mal comia ou
tinha água limpa. Quando ouviu som de trancas se abrindo
e luzes se acendendo abraçou o próprio corpo num gesto
inconsciente de proteção.

— Está gostando desta estada?

A voz de Cristian chamou a atenção dela, que piscou,


tentando acostumar os olhos à luz, era algo doloroso,
quando se deu conta, o viu pairando a sua frente.

— Você voltou... — A mulher tentou se levantar para


tocá-lo, mas ele se afastou, e ela caiu no chão, fraca.

— Não me toque.

— Cristian! — Ela o olhou chorando.

— Espero que tenha entendido agora que não quero


que chegue perto de mim ou da minha esposa... — Ele
abaixou-se na frente dela. — Isso aqui foi apenas um
aviso, se desrespeitar minha ordem e voltar a se aproximar
de mim, ou da Sra. Herovrisk, eu farei com que nunca mais
volte a respirar. Entendeu?

Cristian disse com raiva, nunca gostou de fazer essas


coisas com mulheres, mas aprendeu a não se importar, e
com Natasha não seria diferente, ele a queria longe, dele e
de Rose, e não haveria perdão se seu desejo não fosse
cumprido.

— Sim... — Não havia dúvidas sobre a ameaça dele,


mas ela o amava independente daquilo. — Vai me soltar
agora?

— Sim, mas antes temos um encontro!

O Herovrisk deu aceno para Franco a tirar dali. Ele a


deixou para trás saindo daquele lugar fétido, precisava de
ar fresco. Cristian caminhou até o carro, quando encontrou
na parte de trás Noam com uma expressão amena, quase
desconfortável.

— Esse lugar é tenebroso.

Cristian lançou um olhar na direção dele que havia


incredulidade e impaciência.

— Queria o que? Que fosse um parque de diversão?


— Continuou frio. — Isso é um local de tortura, se não
consegue lidar com isso, saia do ramo!

Noam suspirou, ele sabia muito bem que no “ramo”


deles aquelas coisas eram normais, mas nem por isso
precisava gostar, e era bem aberto quanto à questão.

— Seu humor sempre fica pior aqui...

— Virou a porra de um psicólogo de merda?

O Herovrisk o viu dar de ombros e observou Natasha


ser levada a outro carro, encapuzada, Franco a deixou com
seus homens, vindo em direção a eles.

— Bom, antes que me ponha para fora, devo dizer que


a Nikkei respondeu, estará indo ao seu encontro, porém
também devo dizer...

— Não deve dizer nada, apenas cale a sua boca


Noam, ou te deixarei aqui para ir a pé!

Noam levantou as mãos num gesto de rendição e


Cristian virou o rosto respirando com alivio, queria silêncio,
precisava pensar, e se manter centrado, tinha uma tarefa a
executar. E dessa forma o comboio dos Herovrisk
atravessou a cidade indo até um galpão em um bairro
afastado da cidade, a mulher que era levada, e foi retirada
do veículo, enquanto os homens ali se mantiveram a
margem,

— Onde estamos?

Natasha perguntou quando tiraram o capuz negro da


sua cabeça, percebeu estar sentada na cadeira no meio do
galpão, e só viu os seguranças de Cristian, pois o mesmo
estava fora da visão dela, assim como Noam.
— Onde ela está? — Perguntou Cristian em voz baixa
ao amigo, se referindo a irmã de Natasha.

— Disse que estaria chegando em breve, eu vou ligar.

Respondeu ele se afastando, Cristian passou a mão


pelo cabelo, impaciente, querendo terminar logo com
aquilo, então viu Franco se aproximar, carregando um
celular.

— Senhor, um dos homens da Reed acabou de deixar


isso aqui. — Ele disse sério. — Já verifiquei e está limpo!

Ele entregou o aparelho ao Herovrisk que franziu o


cenho, vendo que na tela onde continha apenas uma pasta
com o sobrenome dele estampado.

— Você viu o conteúdo? — Perguntou, Franco deu um


aceno em negativa.

— Não senhor!

Cristian clicou na pasta, abrindo-o, e então uma série


de fotos de Rose surgiu, ela estava em uma academia,
sorrindo, o assistente dela ao seu lado, aquilo provava que
as imagens eram atuais, porém essa não foi à única
confirmação, um áudio se ativou sozinho e ele escutou a
voz que tanto lhe era familiar; "Oh me desculpe, não vi
você...". Uma mensagem em texto seguia:
Se algo acontecer comigo a localização da sua esposa
já é conhecida!

O Herovrisk ficou sem ar por um segundo, seu peito


comprimindo, enquanto ele se moveu rapidamente tirando
o próprio celular do bolso.

— Senhor, tudo bem?

Franco perguntou, ele ignorou se afastando, sentiu


sua glote fechar, queria ouvir a voz dela, precisava... Rose.
Rose. Rose... Minha Rose! Sentiu o pânico tomar conta
dele, a ameaçaram ela claramente, e isso o atingiu com
uma potência que nem sabia que poderia ter.

— Que surpresa Sr. Herovrisk, eu estou esquecendo


algum evento para que tenha a honra de uma ligação sua?

A voz sedosa com aquela pitada de sarcasmo que só


Rose tinha o invadiu, assim como um sentimento de
calmaria, paz profunda, foi como se ele estivesse
submergido e então de repente voltasse à superfície.

— Você está bem? — O coração dele ainda estava


acelerado. — Onde estava?

— Estou, fui à academia, estava precisando me


exercitar. — Ela fez uma pausa. — Há alguma coisa
errada?
Cristian deixou uma respiração profunda sair, dizendo
um mantra a si mesmo: “Ela está bem, ela está bem, se
acalme Herovrisk!”.

— Não, não há nada errado, quero que vá para casa


apenas.

Rose do outro lado da linha estranhou o modo como


Cristian estava agindo, a voz dele não estava tão contida
como normalmente, parecia ofegante e tenso.

— Estou a caminho do atelier, não posso ir para a


mansão, marquei uma reunião, preciso estar lá!

Cristian suspirou passando a mão pelo cabelo. Rose


era impossível.

— Tudo bem, mas fique lá até eu te buscar, sem


saídas!

— Está tudo bem mesmo?

Ele soube que a tinha preocupada, não queria que ela


percebesse nada, quis brigar consigo por não conseguir
esconder todo aquele seu descontrole imediato ao pensar
nela machucada, fechou os olhos se abstendo daquilo, não
conseguia nem imaginar tal ato, o repugnava, então tentou
acalmar seu tom de voz e se viu falando:

— Sim meu anjo, eu só preciso desligar agora, fique


no atelier. Até mais tarde...
A mulher percebeu algo não ia totalmente bem, mas
ela via que ele claramente não ia dizer nada, então apenas
se conteve com aquele pequeno gesto carinhoso dele com
o "anjo" que ela descobriu tanto gostar.

— Tudo bem, se cuida... Até mais tarde!

Assim que Cristian desligou ele suspirou, passando a


mão pela barba, nunca sentiu um pânico daquele tipo, isso
era assustador, ouviu um barulho de carro e então soube
que Nikkei havia chegado. Retomou sua postura fria e a
raiva que tomou o lugar do medo no seu peito o ajudou,
faria aquela mulher se arrepender profundamente, ia fazer
qualquer um que o ameaçasse com a segurança de sua
esposa pagar caro e saber que não era um homem de
brincadeiras, muito menos um que ia aceitava joguinhos.

— Franco. — Ele se aproximou do homem. —


Mudança de planos, mande seus homens darem um jeito
naquele filho da puta e só depois desça ele ao meu sinal, e
quero que redobre a segurança da minha mulher e que
Yoro fique em alerta sobre Rose, se alguém chegar perto
dela novamente, eu mesmo o mato!

Sem dizer mais uma palavra e ele seguiu para o


centro do galpão.

— O que aconteceu? — Noam perguntou se


aproximando de Franco.

— Algo que o desagradou. Melhor sair de cena agora!


Franco saiu e deixou Noam ali que pensou sobre o
que escutou do Herovrisk, só podiam ter ameaçado a Rose
para deixá-lo naquele estado de nervos, nunca viu Cristian
demonstrar nada, nem raiva quando estavam em uma
situação como aquela, mas o jogo parecia ter mudado.
Decidiu sair de cena como Franco falou e foi para o fundo
do galpão onde estava o restante dos homens, e Cristian
esperou mais um momento até encarar a mulher de
cabelos escuros, que logo notou Natasha amarrada na
cadeira atrás dele.

— Sr. Herovrisk! — Ela disse sem emoção alguma,


parecia fria, mas no fundo não conseguia disfarçar a raiva.

— Nikkei? —Natasha perguntou ao ouvir a voz da


irmã.

— Estou aqui...

— Calada as duas!

Cristian falou friamente, Nikkei cessou seus passos,


Natasha não disse mais nada. Ele se aproximou da mulher
a sua frente, a vontade dele era enfiar uma bala nela, por
ter chego perto de Rose.

— Só quero minha irmã Sr. Herovrisk...

Com um movimento rápido ele pegou o maxilar dela


em sua mão apertando.
— Precisava ir ver a minha esposa? — A voz do
homem era de uma calma que angustiava. — O que achou
dela Nikkei?

A mulher estava segura que era um plano arriscado


ameaçar a nova Sra. Herovrisk, mas era o único modo de
fazer Cristian saber que ela tinha algum poder de
negociação ali.

— Tinha que fazê-lo saber que pode perder dentro


dessa negociação. — Ela disse, o sorriso dele foi quase
macabro.

— Jura? — O aperto da mão dele foi mais doloroso. —


Não estamos negociando! Você se esqueceu de quem eu
sou?

— Não! — Nikkei buscou ignorar a dor no toque dele.


— Mas o senhor esqueceu-se de quem eu e minha irmã
somos, do que nossa família representa.

— Vocês limpam a minha sujeira, mas nada Nikkei, e


hoje ultrapassou uma linha, portanto haverá
consequências!

Cristian sempre soube que aquele jogo do seu pai em


dar poder aos seus associados era perigoso. Os Reed há
anos executavam todo o serviço sujo que a máfia queria e
não podia fazer, andavam dentro dos bastidores,
respondiam somente ao chefe da máfia vermelha e foram
responsáveis por grandes quedas, todavia, toda aquela
falsa sensação de controle que eles tinham iria acabar.
Com ele no comando agora todos iam saber que um passo
errado seria punido, independente do bom relacionamento
ou a prestação de serviço bem feita. Ele soltou a mulher
com força a fazendo cambalear, e dando um aceno, uma
corrente em seguida desceu barulhenta e próxima a eles,
mas então Nikkei empalideceu ao ver um homem preso a
elas.

— Hory...

Ela sussurrou e tentou ir até o homem, Cristian tocou


seu ombro a parando sem usar a força. Nikkei apenas
entendeu que não podia sair do lugar, mas ele saiu da sua
posição indo até do homem ensanguentado, o rosto estava
inchado pelos socos, o corpo machucado, com hematomas
começavam a aparecer.

— Eu odeio ser ameaçado, não lido bem... Por isso


nunca é bom tentar. — Cristian falou parando ao lado do
sujeito que estava desacordado. — Sempre achou que o
manteve bem escondido, suponho, mas eu o encontrei até
bem facilmente o seu namorado Nikkei, e a culpa dele ter
apanhado quase até a morte é sua...

— Hory, não...

A mulher sussurrou sentindo-se dilacerada com


aquela cena, sempre achou mesmo que ninguém nunca o
encontraria, escondeu ele bem, tinha forjado uma vida
perfeita para eles longe da máfia, nem sua irmã a quem
sempre foi cúmplice soube dele, mas agora o Herovrisk o
tinha e logo após ela ter ameaçado a esposa deste, foi um
grande, grande erro.

— Quero que você veja os efeitos do seu desafio. —


Disse Cristian estava feliz com o resultado do que os
homens de Franco tinham feito. Inicialmente ele não tinha
preparado aquilo, não ia surrar ninguém, mas Nikkei teve a
ousadia de ir até Rose, então aquilo foi seu revide.

— Não o mate...

Ela implorou. O Herovrisk se aproximou dela


lentamente, deu outro sinal com a mão e Franco surgiu,
trazia um ferro quente de marcação em suas mãos.

— Quero que olhe! — Ele comandou ficando ao lado


dela, segurando seu cabelo, direcionando para onde o
homem estava. — Pode começar Franco...

Com a autorização, o segurança de Cristian levantou o


ferro. Nikkei gritou junto ao homem quando o ferro quente
atingiu o peito dele, deixando a marca de uma rosa, a
marca dos Herovrisk.

— Isso é por ter ameaçado a mim usando minha


mulher... — Ele sussurrou no ouvido dela, restringindo-a,
segurando pelo seu cabelo. — Seu namorado está
pagando por sua culpa, tenha em mente, que se me
desrespeitar de novo, eu sei onde encontrá-lo, não importa
se o esconder, o pegarei cortarei cada pedaço dele vivo na
sua frente, depois farei o mesmo com sua irmã...
— Não... — Ela ia dizer algo, mas Cristian puxou seu
o cabelo e apertou sua garganta impedindo-a de continuar
a respirar.

— Silêncio... A partir de hoje lembre-se o seu lugar,


recorde que a máfia vermelha não perdoa, eu não perdoo,
e quem comanda, sua irmã, você e os Reed, sou eu. Desta
vez eu apenas lhe avisei gentilmente, Nikkei Reed, então
não seja burra de cometer esse mesmo erro novamente,
por isso nunca, ameace um Herovrisk. Eu já tenho minhas
mãos sujas de sangue, não vai me custar derramar o seu,
fique longe de mim e de Rose!

Ele a soltou jogando no chão, quase desmaiada pela


privação de ar, quando encarou Natasha viu o medo em
seus olhos. Lentamente ele se virou, olhando-a para Nikkei
que começou a se arrastar até o namorado, que foi solto
das correntes, e ficou caído no chão ensanguentado e
gemendo de dor. Sem se importar ou se impressionar
Cristian caminhou para o seu carro, sendo seguido por
seus homens e Noam, deixando as irmãs sozinhas.
Natasha absorveu suas palavras e a cena rápida de tortura
ao namorado da irmã, que a encarou em seguida com o
homem amado desacordado em seus braços.

— Se você não tivesse ido atrás dele eu não ia ter


precisado ameaçar a esposa dele e Hory estaria bem,
seguro!

— Eu amo ele! Cristian ia me soltar, eu não pedi sua


ajuda... — Disse Natasha convencida à irmã riu dela
friamente.
— Sua estúpida, ele não ia te soltar tão cedo, iria te
manter onde quer que estivesse e provavelmente até te
enlouquecer e só depois te libertaria. Você ama um
monstro! Um monstro que te mataria sem pensar duas
vezes.

— Ele mudou. Você não viu o que eu vi... E eu o


quero!

Nikkei riu quase histérica de raiva. Sempre soube que


a irmã era obcecada por Cristian Herovrisk desde a
primeira vez que o viu e aceitou todo o tipo de coisa,
qualquer misero pedaço de atenção que ele lhe deu,
cegamente, mas aquilo estava passando de todos os
limites. Ela olhou para o namorado com o peito marcado
pelo brasão da rosa sangrando, porém com o sangue dele.

— Chega, para de ser burra, não ouviu o que ele


disse? — Ela encarou a irmã. — Alguém como Cristian
Herovrisk nunca muda, então se quer continuar nisso,
continue, se quer morrer vai fazer isso sozinha a partir de
agora, pois eu entendi o recado dele!

И·И

O carro do Herovrisk parou em frente ao atelier da


esposa, já estava tarde, suspirando ele saiu aprumando
sua postura, não queria que ela soubesse de nada, era
mais seguro e também não confiava na reação dela sobre
a forma com que ele resolvia seus problemas, já era sabido
que a esposa não aprovava a máfia, os atos dela e muito
menos aprovaria os métodos dele. Assim que entrou a
escutou, e a viu, ela estava sentada em uma poltrona
branca na sala de espera, falava ao seu celular. Cristian
ficou observando, ela parecia encomendar arranjos de
flores, ele não se ateve muito aquilo, estava mais
concentrado nela, o homem gostava vê-la ela falando, se
vestindo, ou qualquer outra coisa pelo visto, na verdade,
percebeu que o simples fato de olhar para ela o deixava
satisfeito... “Eu não quero perder essa mulher...”. A
constatação o assustou, mas não teve tempo para entrar
no mérito daquilo, pois de repente os olhos azuis dela
estavam o encarando curiosos.

— Ah tudo bem... — Ela disse ainda ao celular. —


Quero arranjos semanais, isso, meu assistente vai entrar
em contato, obrigado!

Rose estava passando o tempo escolhendo arranjos


para decorar o atelier durante a semana, já que seu marido
disse que iria buscá-la, mas só apareceu naquele horário.
Ela encarou o homem parado próximo, com seu usual
terno preto, com um sobretudo, parecia claramente um
CEO, a mulher adoraria se ele fosse apenas isso e não um
mafioso. Ainda o encarando percebeu que seu ar
preocupado, com aquele vinco adorável no meio da testa,
outra pessoa não perceberia, mas ela sim, já tinha
aprendido algumas coisas sobre ele.

— A vista lhe agrada Sr. Herovrisk?

Perguntou se levantando, viu o homem suspirar, então


vir na sua direção, os passos largos, apesar de lentos, o
fizeram chegar nela rapidamente. Rose foi invadida pelo
cheiro dele e a agradou, os olhos escuros encararam os
seus, ele parecia magnífico tão de perto.

— Me agradaria mais se estivesse sem roupa...

A voz dele não passou um sussurro e Rose


estremeceu. Mordeu os lábios escondendo um sorriso
enquanto viu a expressão dele ficar maliciosa. Se ele
queria jogar aquele jogo a ela decidiu que não ia se abster,
levou a mão até o peito dele e segurou sua gravata.

— Sabe, eu acho que podemos resolver isso! —


Olhou para ele sorrindo. — Gostaria de conhecer meu
escritório?

Cristian quis gemer e jogar a cabeça para trás com a


proposta dela, a mulher era um frescor na sua vida, não
tinha como negar, cada ação era uma surpresa. Fazia com
que se esquecesse de tudo, esquecer-se do quão sujo ele
era.

— Eu adoraria...

Falou baixo e a ela de repente o puxou pela gravata o


guiando, ele sorriu enquanto segurou na cintura dela, logo
se viu entrando num ambiente feminino, organizado. Rose
o soltou, ele se virou e fechou a porta, quando a encarou
novamente a viu apontando para o sofá do lado dele.

— Dando ordens? — Perguntou divertido, mas


escondendo, e viu-a sorrir maliciosa.
— Não queria me ver nua? Então é melhor que
colabore, não costumo fazer isso tão facilmente, deu sorte
pelo meu bom humor.

— É, então não vamos estragar seu bom humor!

Ele respondeu sem conseguir esconder seu sorriso,


sentando-se rapidamente. Rose não sabia o que diabos
tinha na cabeça para fazer aquelas coisas, nunca foi
inibida, porém com aquele homem este seu lado aflorava
em dobro nela.

— Aproveite o show... — Sussurrou diante do olhar


aquecido dele enquanto ela se livrava dos saltos
sensualmente.

— Não demore muito Rose...

Cristian não conseguia esconder sua admiração e


desejo. Tirou o sobretudo, junto terno e gravata sentido seu
corpo suar ao ter a mínima visão da pele branca das
pernas de esposa. O sorriso dela em resposta foi um abalo
ao controle do homem, que se mexeu após uma fisgada
em seu membro masculino.

— Apressado?

Ela começou a abrir a própria camisa, botão por botão,


Cristian lambeu os lábios ao ver a camisa descer pelos
seus braços revelando o sutiã creme cobrindo os seios
femininos.
— Totalmente...

A mulher sorriu ao ver o olhar lascivo nos seus seios,


deu as costas para ele e abriu o zíper da saia, empurrando
para baixo e deixando cair aos seus pés, então saiu dela
com cuidado, se sentindo sexy, ao olhar por cima do ombro
e ver a expressão de quase selvagem de puro desejo dele.

— Vejo isso!

— Rose... — Foi quase um gemido, Cristian ia se


levantar quando a mulher virou, mas fazendo um gesto que
não.

— Ainda estou vestida, seja paciente... Pode ficar


quieto? — Ela arqueou a sobrancelha para ele, que tinha
os olhos varrendo cada milímetro do seu corpo, coberto
apenas pela roupa íntima.

— Quero sentir você!

O homem articulou se livrando da própria camisa,


Rose sorriu e então se livrou do sutiã, não olhou para o
homem, então deixou sua calcinha cair, quando o encarou
via os olhos escuros repletos de admiração.

— Você é maravilhosa... — A respiração dele ficou


pesada. — Venha aqui meu anjo!

Cristian pediu com necessidade diante dela nua,


estendeu os braços, e então Rose veio. A puxou para o
seu colo com cuidado, beijando a linha delicada da
clavícula, chegando à garganta, até subir aos seus lábios
em um beijo lascivo que só terminou com os dois sem ar.

— O que vai fazer comigo agora? — Rose provocou


encarando o rosto dele e viu seu sorriso sedutor, queria
aquele homem com desespero, adorava estar nos seus
braços.

— Te fazer gozar de prazer até não aguentar mais


meu anjo!

Rose sorriu, mas não houve muito tempo para isso,


pois o homem não estava brincando quando disse aquilo.

И·И

Havia uma harmonia entre o casal Herovrisk naqueles


últimos dias, apesar deles nunca mencionarem nada sobre
isso, e naquele final de tarde quando Rose entrou na
mansão ficou um pouco surpresa pelo marido já está em
casa, normalmente ela chegava primeiro e ele só algumas
horas depois, sempre antes do jantar. Sorriu contente
achando que aquilo tinha sido um golpe de sorte, já que a
mesma estava querendo falar com ele.

— Entre!

Ela escutou a voz dele depois de bater duas vezes na


porta do escritório, ao qual a governanta informou que ele
estava, encontrou o sujeito, em um suéter azul escuro,
concentrado em algo no seu notebook, atrás da larga
mesa.

— Boa noite...

Disse meio tímida, nunca havia entrado ali, sabia que


existiam dois escritórios na mansão, o do sogro e o dele, e
apostava que gostava mais do segundo, que era como
Cristian, sério e elegante.

— O que quer pedir?

Cristian perguntou vendo a esposa observar seu local


de trabalho, ela o encarou arqueando a sobrancelha bem
feita e cruzando os braços em frente ao corpo numa
postura defensiva.

— Eu dei boa noite, por que acha que quero algo? —


Um sorriso quase escapou pelos lábios dele.

— Por que já a conheço.

Rose não quis dar o braço a torcer, andou pelo


espaço, se aproximando da lareira que estava acessa.

— Você não me deu boa noite!

Insistiu ela, o homem sorriu, aproveitando que ela


estava de costas, e a avaliou em seu vestido preto que se
moldava ao corpo, exibindo elegantemente suas curvas,
ele não conseguia evitar admirá-la sempre que a via.
— Boa noite! — Respondeu cruzando os braços e se
recostando na poltrona. — E agora, vai dizer o que quer?

— Chegou cedo, por quê? — Rose perguntou virando


para encará-lo.

— Vai insistir nesse rodeio?

Rose rolou os olhos e voltou a se aproximar dele, se


sentou na borda da mesa.

— Só estou tentando conversar.

O olhar dele era sério, mas tinha aquela suave gota de


bom humor, que a mulher vinha vendo com mais
frequência.

— Tudo bem. — Concordou resolvendo ver aonde


aquilo ia. — Resolvi trabalhar de casa...

— Em qual dos ramos, “instituição” ou a empresa?

— Na empresa!

— Estou como medo de perguntar, mas qual você


gosta mais? Pode mentir se quiser...

Cristian não aguentou e riu daquela mulher absurda.


Rose quase não acreditou que ele sorriu daquela maneira.

— Chega, você está dando voltas, eu sei.


— Certo, me pegou, quero algo mesmo!

— Eu disse que já a conheço.

O coração da mulher se apertou um pouco, adoraria


que ele a conhecesse mesmo e no fundo queria conhecê-lo
mais, porém sabia que existia certa barreira erguida entre
eles que sempre iria a impedir.

— Quero ir ao [20]Bolshoi.

— [21]Balé, Rose?

— Ganhei convites da primeira bailarina, ela foi ao


atelier. — Ela deu um largo sorriso orgulhoso. — O que
acha de irmos?

Ele apoiou o cotovelo na mesa e segurando o queixo


entre seus dedos numa pose avaliativa.

— Não me parece muito atrativo.

— Claro, pois você sempre morou na Rússia, pode ir


quando quiser, eu não, fiquei muito tempo longe!

A argumentação dela era sempre boa, não havia como


negar.

— Está querendo me fazer sentir pena de você Sra.


Herovrisk?
— Não sei, mas se isso fizer você ir comigo ou não me
impedir de ir, talvez! — Ela sorriu.

— Você é impossível... — Suspirou. — Que seja,


vamos!

Rose bateu palmas sorrindo contente e então deu um


pulinho da mesa, dando a volta nessa, indo até o marido.

— Viu, nem doeu aceitar!

Falou rindo antes de sentar-se no colo dele e pegar


seu rosto em suas mãos, lhe dando beijinhos seguidos nos
lábios, Cristian ficou sem ação, ninguém nunca tinha feito
aquilo com ele, quando ela parou e encarou seu rosto,
sentia o seu pulso acelerado, não era só desejo.

— É, e não doeu! — Cristian admitiu, Rose acariciou o


rosto dele, vendo aqueles olhos intensos, quentes.

— Gosto quando você está assim...

— Assim como? — Ele franziu as sobrancelhas.

— Sem aquela máscara de frieza.

— Não é uma máscara, é o que eu sou.

A mulher deu um aceno em negativa e lhe deu um


beijo tão delicado que o deixou instável, quando o encarou
de novo, sorria.
— Eu digo que não.

— Claro, você é uma teimosa. — Ele sorriu a imitando.


— Nunca concorda comigo!

— Vou concordar agora.

Sorrindo os dois se beijaram se esquecendo da


realidade por um longo momento.

И·И

Os seguranças seguiam a frente do casal no corredor


do teatro, que levava até o camarote, Rose não entendeu
porque aquilo, apesar de que já tinha percebido que a sua
segurança tinha sido reforçada, olhou para o marido ao seu
lado, apertou a mão dele que envolvia a dela, chamando a
sua atenção.

— Que foi?

— Por que tudo isso? — Apontou para os homens.


Cristian deu de ombros.

— Precaução.

— Aconteceu alguma coisa para toda essa


precaução?

O Herovrisk quis bufar, ele sabia que a esposa era


esperta, observadora, mas estava contando com a sorte
para que ela não percebesse aquela mudança do esquema
de segurança.

— Não, tudo está bem, na medida do que podemos


dizer bem no mundo em que vivemos.

Ela suspirou pensando sobre aquilo e sentiu um


calafrio, quando eles pararam em frente ao camarote,
esperando os homens conferirem se estava tudo certo,
Rose não se segurou, abraçou Cristian encostando o rosto
em seu peito, ouvindo seu coração bater com vigor.

— Queria poder viver num “mundo” mais normal.

Por algum motivo ainda oculto a Cristian naquele


segundo ele também quis, fechou os olhos abraçando ela
de volta, não poderia fazer aquilo virar verdade, porém
podia cuidar para que tentassem ter pelo menos um pouco
de normalidade.

— Ei, olhe para mim! — Pediu gentilmente e ela o fez,


ele tocou seu queixo. — Estamos bem, viemos ao balé
como queria, então vamos aproveitar...

Rose sorriu e então ganhou um beijo carinhoso, se


derretendo nos braços dele, como vinha virando uma rotina
sem mais nenhum controle, ela só queria estar ali,
precisava.
И·И

A semana de Rose não estava fácil, ela já acordou


pensando nisso, abriu os olhos piscando levemente, o
quarto estava meio escuro, culpa das novas cortinas que
Cristian mandou colocar, ele estava ficando até mais tarde
na cama, isso a fez mais contente, tinha mais tempo o
homem ao seu redor, mas sabia que ele tinha feito isso
porque queria apenas descansar, nem um motivo especial
como sua cabeça maquinava. Deixou seus olhos vagarem
para o homem que ressonando ao seu lado, ele dormia
todo esparramado, as pestanas negras caindo em sua
face, dormindo calmamente sobre seu travesseiro virado
na sua direção, suas mãos descansavam sobre o peitoral
nu e o abdômen bem definido, Rose se ajeitou de lado na
cama apoiando o cotovelo e pondo a cabeça em sua mão,
aproveitando para observá-lo.

— Seu mal humorado lindo!

Ela disse sorrindo levando os dedos até o rosto dele,


acariciando seu cabelo em seguida, ele parecia tão calmo,
tão sereno. Rose abaixou os lábios e encostou-se ao dele,
um leve roçar, então se afastou, viu ele se mexer um pouco
e passar a ponta língua pelos lábios, mas voltou a dormir.

— O que você faria se soubesse que estou


apaixonada por você?

Rose sussurrou, não confiava em dizer mais alto, tinha


medo, ela se assustava com a proporção com que seus
sentimentos por Cristian cresciam, foi a primeira vez que
testou falar em voz alta o que sentia, e gostou, mas ainda
sim tinha receio do que o marido faria caso ela viesse a se
declarar, era sabido que o Herovrisk era imprevisível e isso
era o que a travava, tão como o fato de não ter ideia se
poderia ser correspondida. Com um suspiro ela deixou
aquilo de lado e saiu da cama, precisava começar seu dia,
mas primeiro ia tomar um belo banho de banheira, pois
sabia que ia ter milhões de coisas para fazer no atelier.
Estava trabalhando alguns dias na mansão e outros no
atelier, não era só por estar em casa que o trabalho era
menor, as primeiras semanas se confirmaram como um
absurdo sucesso e tinha lhe resultado em uma breve
parceria com uma marca renomada na Rússia, os donos
dela, foram ao evento e realmente gostaram do que viram.
Rose havia terminado de preparar seu banho, acabou
deixando todo o ambiente com seu cheiro, adorava passar
horas, submergida, ela entrou na banheira, sentou-se e
prendeu o cabelo com grampo, então se deitou apoiando a
cabeça, fechou os olhos, ligando a função hidromassagem,
de imediato sentiu seu corpo entrar em um estado de
relaxamento.

— Tem espaço para mais um aí?

Com um sorriso já aparecendo nos lábios ela abriu os


olhos para ver Cristian a encarando.

— Suponho que sim... Eu só não sei se você vai


gostar de ficar com meu cheiro o dia todo...

O homem a observou ali, parecia uma deusa, sorriu de


canto.

— Eu já tenho seu cheiro gravado e mim Rose!


Ele andou até a mulher, que sorriu boba com o que ele
havia dito. Viu-o se abaixar na sua frente, e encarou
aqueles olhos maliciosos e com algo docemente sedutor.

— Entre aqui comigo então...

Pediu ela com um sussurrou, viu mais uma vez um


sorriso pequeno dele e seus dedos deslizarem pela sua
mandíbula, junto com um olhar ardentemente, acolhedor,
Rose às vezes sentia vontade de mergulhar naquela
escuridão, mas então se perguntava o que ele escondia ali.

— Não posso, porque se entrar aí, eu não vou ter


vontade de sair!

O homem se viu falando e sabia que a cada dia essas


coisas saiam com mais facilidade dos seus lábios, e ver
como os olhos azuis da sua linda esposa reagiam o
deixava com vontade de dizer mais coisas do tipo. Viu-a
passar a ponta da língua pelos seus lábios, enquanto olhou
os dele, então se rendeu a vontade de beijá-la. Um beijo
quase casto se ela não tivesse mordido o lábio masculino,
provocando, Cristian se afastou antes que perdesse o
controle.

— Vou para o chuveiro, termine seu banho, sua


provocadora!

Ele disse se levantando e Rose mordeu o lábio com


um sorriso matreiro vendo o homem ir para o chuveiro, se
livrando do último pedaço de roupa. Admirou a bela vista
que era seu marido, vendo-o lavar o cabelo, fazendo com
que os músculos do corpo, aparecessem, Rose ficou com
inveja da água que acariciava aquele corpo, descendo pelo
abdômen com gominhos, e só de pensar em passar os
lábios ali ela teve uma reação mais ao sul do seu corpo,
suspirou e fechou os olhos, não antes de escutar uma
risada convencida.
И·И

Logo o casal cuidava de suas necessidades em


separado, Rose terminava de fazer uma escova rápida no
cabelo e viu Cristian, pelo espelho, escolhendo seu terno.
Viu que era um grafite e soube imediatamente que ele ia
pegar uma camisa escura.

— Pegue uma camisa branca, eu acho que ficaria


muito melhor...

Disse a mulher de forma displicente, ele olhou para


onde ela estava, mas não disse nada, se voltando para o
closet, assim que terminou com o cabelo, ela fez uma
maquiagem leve, quando entrou no closet viu o marido em
frente ao espelho terminando o nó da gravata, sob a
camisa branca que ela sugeriu, e escondeu o sorriso
satisfeito. Cristian terminou primeiro de se arrumar, mas
ficou enrolando pelo quarto para descer junto com Rose, e
assim fizeram. Quando chegaram à mesa do café não
havia ninguém, Cristian estranhou que seu pai não
estivesse ali, porém também não questionou, tomou à
primeira refeição de forma agradável com a esposa e logo
eles estavam se dirigindo para pegar os carros opostos na
frente da mansão.
— Hum... Vamos almoçar juntos? — Rose perguntou
se voltando para o homem, enquanto terminava de fechar o
cinto do seu casaco. Cristian mexeu em seu sobretudo
preto também.

— Talvez... Eu ligo para avisar se não puder. — O


Herovrisk disse observando os lindos olhos azuis dela que
pareciam estar mais claros que o normal, quis poder gravar
aquele momento, pois sua esposa quase parecia irreal de
tão linda.

— Tudo bem!

A mulher sorriu, na maioria das vezes naquela


semana ele havia dito "talvez", mas sempre almoçava com
ela, aproximou-se dele beijando seu rosto e então os
lábios, ele fechou os olhos deixando, mas Rose se afastou
logo.

— Tenha um bom dia Sr. Herovrisk! — Sussurrou com


um sorriso e apesar dele não retribuir, ela viu em seus
olhos algo amolecer, parecia doce, e então levantou a mão
e acariciou sua bochecha.

— Você também anjo...

Dizendo isto ele se virou e foi em direção ao Audi


SUV. Rose suspirou quando ele entrou no carro e então foi
para o seu.

— Olá Yoro, bom dia, para o atelier... — Disse ela


entrando no carro e cumprimentando seu "cão de guarda"
como carinhosamente chamava.

— Bom dia, sim senhora!

O homem nunca falava mais que aquilo ou um "sim" e


"não", apostava que tinha dedo do marido naquilo, pôs os
óculos e riu.

И·И

— Vamos para onde senhor? — Franco perguntou ao


patrão que ia ao banco de trás.

— Para a empresa e depois vamos ao galpão... —


Disse Cristian em seu normal tom calculado, era só se
afastar de Rose que o homem sentia-se assim, frio,
suspirou, não tinha tempo para isso, então ignorou seus
pensamentos.

— Senhor, qual galpão? — Perguntou Franco


normalmente, era o único que não ligava para o tom
normalmente ártico do chefe, era sua rotina.

— A dos arredores da floresta. Preciso checar Vlad,


tenho quase certeza que ele está desviando da produção
de entorpecentes... Browser andou me informando do
comportamento suspeito dele.

O Herovrisk disse com um suspiro apoiando o


cotovelo na porta do carro e deixando os dedos passarem
pela sua barba, sabia que Franco era o único com quem
podia compartilhar algo, e ele nem tinha alguma
consideração pelos outros homens para explicar algo.

— Aquele verme filho da puta... Será que é tão burro


assim? — Disse Franco, Cristian deu de ombros.

— Vamos descobrir isso hoje...

Ele odiava ter que lidar com aqueles vermes,


Contrabandista, mesmo os que trabalham para a
instituição, eram tratantes indesejados para de se lidar.

— Patrão, soube que Bertinelli foi atacado no fim da


semana em Moscou...

Cristian desviou os olhos de fora do carro para Franco.

— Como só fiquei sabendo agora? E por que ele


italiano de merda estava na Rússia?

— Kiev... Eles ainda tem negócios... E ele foi morto,


mas o Bertinelli escapou e pegou o assassino dele,
abafaram o caso, tive informações essa manhã.

Agora o Herovrisk já sabia onde seu pai se


encontrava, estava com certeza em busca de colher mais
informações. Provavelmente não ia poder almoçar com
Rose, ia ter muita coisa para ir atrás. Um ataque ao
italiano, na Rússia, os colocaria em uma posição delicada,
mesmo que em nada tivessem haver com aquilo.
— Quem ordenou esse ataque foi um grande idiota se
deixou que pegassem o assassino...

— Sim... Uma hora dessas, ele já deve ter aberto o


bico! — Concordou Franco com o Herovrisk.

И·И

Sacha olhava encantada para a irmã que desenha na


sua frente, Rose apenas ria do encantamento da mais
nova.

— Vai acabar babando no meu desenho... — A mais


velha disse divertida.

— Você é tão talentosa... Ainda não acredito que


papai não deixou mamãe e eu vir à inauguração.

Rose deu de ombros. Já tinha sido avisada


previamente que no dia da inauguração seu pai ia dar um
jantar, indo assim reter as duas mulheres, mas pelo menos
sabia que a mãe e a irmã apoiavam seu trabalho, então
deixou isso de lado.

— Tá tudo bem, nós duas sabemos que o papai não


liga para o meu trabalho!

— Mas Cristian sim... — A menina sorriu contente. —


Vi uma matéria falando sobre ele ter te elogiado!

A mais velha não deu importância a tal ato, viu a


matéria também, não comentou com Cristian, então
preferiu não falar mais nada com ninguém, já estava
satisfeita apenas em saber que o que ele havia dito era
sincero.

— Ele foi gentil...

— Parece te apoiar Rose...

Ela não entendia onde a irmã queria chegar, mas ela


não ia deixar ir muito longe, olhou no seu celular. Estava
muito quieto, não havia uma mensagem do mal humorado
Cristian, pelo visto hoje não ia vim ao seu encontro e não
se deu nem o trabalho de avisá-la, isso há irritou um pouco,
já tinha se habituado aos seus sinais.

— O que acha de almoçar comigo Sacha?

— Está propositalmente mudando de assunto? —


Perguntou a mais nova arqueando a sobrancelha, Rose
rolou os olhos para a irmã, se levantando de trás da sua
mesa.

— Só estou com fome e sem muita paciência para o


tópico Cristian Herovrisk.

A mais nova sorriu abertamente, vendo a irmã


parecendo bem mesmo vindo de um casamento arranjado
que nem era para ela, e a deixava menos triste saber que
Rose poderia sim estar feliz.

— Ah Rose, eu só quero saber se está bem, bem com


ele... Eu me sinto...
— Nem termine isso! — Disse ela à irmã. — Eu
escolhi me casar Sacha, e você não me forçou, então
nunca sinta culpa... Eu... Eu até gosto dele... Então
esquece isso está bem?

Rose deu a volta na mesa e abraçou a irmã, que havia


se sentindo aliviada ao ouvir da mais velha aquilo.

— Está bem!

A porta do escritório foi aberta, quebrando o momento,


as duas olharam para quem era, e surpreenderam-se ao
ver a mãe.

— Mãe, que bom te ver... Venha se juntar a Sacha e


vamos almoçar, Cristian me deixou a ver navios. — Rose
disse a mãe, que estava parada na porta a olhando,
estranhou que não tivesse nenhum sorriso no rosto como o
usual.

— Querida... — Rosely começou tentando escolher as


palavras certas, mas no final elas não existiam para dar
uma notícia daquela.

— Aconteceu algo mãe? — Foi Sacha quem fez a


pergunta, viram a mãe suspirar e se aproximar mais da
filha mais velha.

— Conegon ligou para seu pai , ligou para pedir ajuda,


pois o carro de Cristian sumiu do radar há algumas horas.
Foi como se Rose levasse um soco bem forte no seu
estômago, faltou todo o ar e sentiu-se enjoar, teve de se
segurar a mesa para evitar cair, diante do impacto do que
soube, Cristian estava desaparecido. Rosely correu até a
filha, a irmã também, mas não era como se houvesse algo
que pudessem fazer.

— Me leve para a mansão...

Foi tudo que ela conseguiu pedir, e foi atendida,


todavia, permaneceu calada, fechada em si mesma, com
sua mãe e Sacha que a observavam de maneira
preocupada, ela que tinha os olhos fixos para a paisagem
fora da janela do carro, mas sem realmente vê alguma
coisa, pois sua mente e atenção estavam bem longe dali...
“Onde você está Cristian?” Ela se perguntava seguidas
vezes e em vão, pois não tinha resposta. Rose sentia seu
corpo álgido, aquele sentimento ruim tomava conta dela e a
cada momento mais um pouco, como uma fome voraz que
não podia ser controlada.

— Rose? Rose?

Ela desviou os olhos para a irmã, percebeu que


chegaram à mansão, nesse momento respirou fundo e saiu
do carro, pelo menos a necessidade de mais informações
sobre Cristian a fez sair daquela inércia. Entrou no lugar
caçando Conegon e não demorou a encontrá-lo sentado
em um sofá na sala de recepção luxuosa, que estava cheia
de homens engravatados ao celular, e o ar inerte dele fez a
dor que ela sentia explodir em raiva.
— Como pode está aí sentado quando Cristian sumiu?
— Rose disse, e ele a encarou impenetrável e frio.
— Não posso fazer nada de pé também Sra.
Herovrisk...

Ela ia partir para xingar o homem, mas Iuri apareceu


na sua frente a abraçando, a deixando sem reação.

— Shhh... Estamos todos nervosos. Você


principalmente, então venha comigo!

Antes que ela pudesse processar Iuri a levou para o


corredor tendo os braços ainda ao seu redor, foi nesse
momento que Rose sentiu lágrimas descerem pelos seus
olhos, foi como se tudo estivesse caindo sobre a mulher, a
realidade e a gravidade disso.

— Pai onde está o Cristian? — Ela perguntou


procurando olhar o rosto dele, que parecia consternado,
sentiu os dedos dele limparem as lágrimas da sua
bochecha.

— Você tem que ser forte como sempre foi Rose...


Conegon me avisou que eles perderam o sinal do carro de
Cristian no final dessa manhã, nós enviamos buscas para o
último local, e havia sinais de uma explosão. — Ela abriu a
boca sem conseguir articular nada. — Escute, tenha
calma... Não encontramos o carro, só sinais, o que quer
dizer que não há certeza de nada, e confie em mim filha,
nessas situações, melhor não ter notícia alguma do que
uma definitiva...
Rose entendeu o que significava "definitiva", a morte
do marido, ela fechou os olhos ignorando aquilo, a dor
latente em seu peito só fazia piorar, respirar não ficava
melhor também.

— Precisamos encontrar ele... Eu... — As palavras


sumiram porque não havia como articular o desespero que
sentia, era como se houvessem arrancado um pedaço seu.

— Se mantenha forte Rose, vamos continuar atrás


dele, prometo!

O acontecimento era como algo sangrando sob sua


consciência, mas Rose se manteria firme, até ter alguma
notícia real de Cristian. O pai percebeu que a filha
começava a se armar, reunir suas forças, isso era o que
mais admirava nela, não pensou que a veria tão abalada,
mas quando a viu gritar com Conegon soube que havia
uma relação real entre ela e o marido.

— Vocês vão encontrá-lo e vão encontrá-lo vivo pai!

Disse ela em um tom de ordem pura, Iuri concordou,


acariciou seu cabelo, Rose se sentiu como uma menininha,
e sorriu para o seu pai engolindo o caroço que se formava
em sua garganta, não ia cair no choro tão facilmente de
novo, mesmo que todo o calor do seu corpo tivesse sido
expulso, por um frio que consumia até seus ossos, porém
ela não podia desabar, Cristian ia voltar, ele tinha que
voltar, pois a concepção da vida dela sem ele não era mais
possível.
И·И

Os dois homens se isolaram no escritório e Iuri viu


pela primeira vez no dia o Herovrisk inquieto, andava de
um lado ao outro da sala, preocupado.

— Foi ele... Aquele maldito! — Vociferou Conegon


passando as mãos impaciente pelo cabelo.

— Erramos!

Iuri afirmou sentindo-se culpado. Sua família estava na


sala do Herovrisk, todos consternados com o sumiço de
Cristian, Rose parecia está num estado de transe em uma
tristeza palpável em seus olhos azuis.

— A merda que errei. Nunca erro Iuri... — Ele se


voltou ao homem. — Cristian não pode ter morrido, eu o
treinei para ser melhor do que qualquer um!

— Conegon, nós dois sabemos mais do que ninguém,


que a partir de agora, depois de tanto tempo ele já devia ter
dado algum sinal... Temos que considerar...

— Eu sei que temos... E se acontecer, eu vou quebrar


aquele maldito por tentar me atingir...

— Sabe que ele não tentou te atingir... Ele


provavelmente pensa que a ordem partiu do seu filho.

— Foda-se o que ele pensa!


Iuri se levantou e foi até a mesa de bebidas, servindo-
se um pouco de vodca, colou gelo e levou aos lábios. A
bebida refrescou seu sistema.

— Entraremos em guerra... — Disse ao Iuri que tinha


se voltado para encarar a grande janela.

— E eu vou ganhar. Eu estou no comando Iuri, eu


ainda estou no comando!

Conegon disse. Sabia que tudo aquilo que estava


acontecendo era culpa de uma pessoa, iria matar e esfolar
vivo, mas antes precisava saber do seu filho, não ia aceitar
tão facilmente a morte dele, mesmo que tudo indicasse que
isso tinha acontecido.

— A única possibilidade agora é que ele esteja em


cárcere, mas por quanto tempo vão deixá-lo vivo?

O Herovrisk suspirou avaliando aquilo, a pergunta de


Iuri. Tinha uma pequena chance, mas não acreditava nela,
sabia que Cristian se mataria antes de pegarem-no, afinal
foi assim que ele foi ensinado.

— Já amanheceu e nenhum contato. Isso não é como


eles agem... Se estivesse com meu herdeiro eu já teria
recebido algo!

— Ou eles simplesmente não querem te atingir... Você


fez do seu filho o chefe da máfia, pense no que você
próprio faria se botasse a mão em alguém na mesma
posição de Cristian?
Iuri articulou e Conegon soube exatamente onde a
mente do homem foi. Sim ele sabia que o Volkov foi
assertivo naquela questão.
И·И

O amanhecer caia junto de uma garoa, até o clima


estava sombrio, assim como Rose, ela apertou seus braços
ao redor de si, pensando que já faziam dezessete horas
que ele estava desaparecido, nenhuma notícia, nenhum
sinal, todos ainda estavam no escuro e isso consumia
Rose, e não poder fazer nada era o pior. Parecia ter um
vácuo em sei peito, que se abria cada vez mais, ao
imaginar Cristian a mercê daquele tempo inglório, ferido,
sozinho ou muito pior... Não. Não... Ele está vivo... Fechou
os olhos tentando abafar a dor de pensar em perdê-lo,
nesse momento ela tinha noção de quanto estava
apaixonada por Cristian, quando abriu os olhos mais uma
vez, conseguia ouvir um burburinho na sala, até escutou
alguém dizer que tinha conseguido evitar que a imprensa
soubesse do desaparecimento, mas a mulher não fez
questão de prestar atenção, só queria seu lindo e teimoso,
Cristian.

— Querida... — A voz da sua mãe soou perto até


perceber que estava tocando em seu braço. — Vá
descansar um pouco, comer algo, está aí há muito tempo...

Cada hora que passava fazia Rose querer quebrar em


um choro que lhe espreitava de perto. Ela respirou fundo,
passou os olhos na sala, sua irmã dormia no sofá,
aquecida por um cobertor, então encarou a mãe, parecia
cansada, preocupada acima de tudo, ela se forçou a
colocar sorriso e gesticulou negativamente com a cabeça.

— Estou bem, só quero ficar aqui...

Ouvir sua própria voz foi assustadoramente estranho,


estava falha e rouca, sua garganta estava seca, mas tinha
certeza que se tomasse qualquer coisa iria voltar, sentia
seu estômago embrulhar só de pensar em ingerir qualquer
coisa.

— Filha...

A mãe tentou novamente, mas recebeu um balançar


de cabeça, que dizia: "Não", Rosely entendeu a filha,
vendo sua preocupação, sabendo agora a profundidade
dos sentimentos dela por Cristian, ela estava visivelmente
apaixonada, só assim para reagir daquela forma e
despedaçava sua mãe, saber que talvez a filha não tivesse
o marido de volta, por isso concordando com a vontade
dela, a mãe voltou para o lado de Sacha. Rose voltou ao
seu estado de isolamento, lembrou-se da manhã, que
agora parecia longínqua e irreal, onde tinha Cristian a
observando com aqueles olhos escuros e maliciosos.
Recordou o sorriso de canto que o deixava irresistível e
suas palavras: "Eu já tenho seu cheiro gravado em mim
Rose...", seu lábio tremeu. Ela colocou a mão ali,
impedindo de irromper-se em lágrimas.

— Meu deus eu preciso dele de volta... Sei o que ele


faz, sei que não é certo, mas mesmo assim me apaixonei
pelo seu sorriso malicioso ou aquele tão raro e juvenil, suas
tiradas inteligentes, pelo jeito que me abraça, que cuida de
mim, me protege, por seus beijos sedutores e a forma
como faz amor comigo, mesmo que não saiba o quanto é
doce, até seu ciúme desmedido me faz falta, o quero tanto
de volta, por favor, o deixe estar bem, estar vivo!

Pediu em uma prece sussurrada, não tinha noção do


que faria se Cristian estivesse morto, pela primeira vez
vislumbrou uma vida onde não ele não existisse mais, e
descobriu que era terrível.

И·И

17 horas antes...

Cristian terminou de assinar a revisão dos contratos


de aquisição de uma nova subsidiária das empresas
Herovrisk, olhou no seu relógio, já era hora de ir, chamou
sua secretária pelo telefone.

— Senhor? — A moça surgiu à sala rapidamente.

— Não volto hoje mais hoje, entregue esses relatórios


e deixe uma reserva pronta naquele restaurante francês. —
Disse Cristian ao se levantar, pondo seu terno, aprumando-
se para sair.

— Uma reserva apenas para o senhor?

— Não, minha esposa e eu!


Falou com um tom de obviedade, pois passou a
semana mandando-a executar reservas para dois. Hoje
não tinha certeza se poderia ir buscar Rose para almoçar,
mas se não conseguisse, iria a mandar ir e talvez levasse a
irmã isso a deixaria feliz. Quando saiu da sala, desceu
direto para a garagem, mandou uma mensagem a Franco e
ao chegar ao lugar o homem já estava lá.

— Para o galpão senhor?

Perguntou ele abrindo a porta do SUV para Cristian


que deu um aceno positivo. Dentro do carro, já no tráfego,
ele pegou seu celular e sentiu uma estranha vontade de
ligar para a sua mulher, mas não o fez, apenas checou
seus recados, e voltou a guardá-lo. Meia hora depois o
SUV trafegava pela estrada, que margeava uma floresta
densa, a qual era o lugar ideal para manter um galpão de
produção que tinham há anos, os Herovrisk mantinham o
monopólio da distribuição das substâncias em toda a área
do sul e norte.

— Franco... Minha arma!

— Aqui...

Ele tirou uma Glock 9mm e lhe entregou, o Herovrisk


pegou a checando então guardou em seu terno. Só pegava
nas suas armas quando era necessário, em alguma
situação que podia representar perigo. Apesar de que seu
encontro com Vlad, um verme repugnante, fosse seguro,
pois estava dentro território dos Herovrisk, era melhor que
não arriscasse, pois contrabandistas não eram nada
confiáveis. Não demorou muito para que eles chegassem
ao galpão, nem esperou Franco abrir a porta, saiu
simplesmente, e logo que os seus homens o viram
assumiram uma postura de respeito o cumprimentando
quando passou por todos ao adentrar o local.

— Vlad!

Cristian disse ao olhar para o escritório posto acima do


nível da fábrica, viu o verme que trabalhava para sua
família, ali sentado, ao ser chamado pulou da cadeira
assumindo uma expressão que o Herovrisk julgou nervosa.

— O príncipe da máfia. O que devo a honra senhor?


—Ele disse descendo pelas escadas, dois lances, até
chegar a alguns metros de Cristian.

— Franco, reúna os homens deste verme pra mim. —


Disse encarando a expressão de Vlad ficar tensa.

— O que tá acontecendo? — Perguntou ele, e Cristian


com a sua calma inabalável, andou pelo espaço ao redor
dele, então parou bem a sua frente.

— Isso é você quem vai me dizer!

Colocou em tom de voz medida o novo chefe da


máfia, tão calmo que angustiava. Vlad olhou para ele
tentando não deixar transparecer o seu medo, quando viu
seus homens serem guiados pelos seguranças armados,
até ficar de joelhos atrás do Herovrisk. Cristian se virou
encontrando os cinco homens abaixados com e então
olhou para Franco que estava pairando por perto e deu um
aceno de cabeça, o homem já sabia os procedimentos dele
e como tudo aquilo funcionava.

— Engatilhe as armas e apontem para a cabeça!

Franco disse aos seus homens que estavam armados


e forçavam os outros que eram leais a Vlad a ficarem de
joelhos, eles vacilaram ao ouvir a ordem, mas Cristian não,
ele não podia, já tinha aprendido há muito tempo.

— Agora o primeiro que levantar a mão e comece a


relatar o desvio de carga que Vlad está realizando, com a
ajuda de vocês, não vai levar uma bala no meio da
cabeça... Então, quem vai ser o primeiro a sobreviver?

A fala calma dele, só na voz dele, podia sair


amedrontadora. Isso porque a forma serena como ele
executava tal ato mostrava a falta de importância que era
dispersa aos homens e no minuto seguinte as mãos das
cinco pessoas ajoelhadas levantaram, Cristian se virou
lentamente para o traidor, com um sorriso que não chegava
aos olhos.

— Eu... Sr. Herovrisk eles estão mentindo...

Vlad disse e foi tudo que Cristian precisava para saber


quem estava verdadeiramente tentando enganá-lo, com um
movimento rápido o ele acertou um chute certeiro na rótula
do contrabandista mentiroso, que soltou um grito de dor
caindo ajoelhado e teve seu cabelo puxado para cima,
forçando a encarar o novo chefe da máfia.
— Eu odeio homens como você, gananciosos e
covardes para assumir suas merdas... — O homem tremeu
ao ouvir o desdém naquela voz. — Achou mesmo que
podia roubar da máfia, de mim, sem eu descobrir?

— Eu não roubei...

Cristian desceu o punho sobre o rosto dele com força,


o nariz provavelmente quebrou.

— Não minta. Assuma o que fez!

Os homens ajoelhados observaram o destino do chefe


deles na mão do Herovrisk e temeram pelos seus.

— Precisava de dinheiro, seu pai não quis me dar


mais e então eu fiz isso, mas me arrependo... — Ele disse
choramingando com dificuldade por causa do sangue
jorrando.

— Ah então este é motivo... Seu verme ganancioso,


nunca está satisfeito não é? — Cristian bateu mais uma
vez no homem. — Meter uma bala na sua cabeça seria
muito fácil, mas não vou fazer tal coisa, mas terá seu
castigo, vai aprender a nunca mais roubar a máfia... — Ele
acenou para um dos seus homens no galpão. — Podem
levá-lo para Folk!

Os olhos de Vlad saltaram, o homem sabia pelo que ia


passar.
— Não! Não... Para o Folk não, me bata, faça
qualquer coisa, mas não me entregue para o para ele.
NÃO!

Disse o homem implorando enquanto o arrastavam,


Cristian deu as costas para ele encarando os homens
ajoelhados, não ia voltar atrás na sua decisão, sabia que
qualquer um preferiria morrer a passar nas mãos de Folk,
um torturador da máfia que não tinham qualquer escrúpulo,
ele mesmo sabia por que passou pelas mãos dele, foi
treinado por aquele doente e sabia, ninguém era pior que
ele.

— Agora os cúmplices... — O Herovrisk disse


impenetrável e olhou aos seus homens. — Vocês têm
facas?

— Sim senhor! — Eles responderam em uníssono e


então retiraram dos bolsos, sem deixar de apontar as
armas, para as cinco pessoas ajoelhadas.

— Franco, pegue-as, ponha na frente de cada um


desses capachos do Vlad!

Não demorou nem meio minuto para que a ordem


dado fosse cumprida, os homens olharam para o objeto em
sua frente sem entender.

— Irei explicar uma única vez, vocês foram cúmplices


de roubo e dentro da máfia é combatido normalmente com
algum membro decepado. — Os homens ficaram em
alertas, prontos para pedir clemência, mas foi dispensado
por um gesto do Herovrisk. — Nem tente me pedir algo, eu
não vou fazer nada se cumprirem minha ordem. Meus
homens têm armas apontadas para suas cabeças e vocês
têm facas... A punição é simples, cortem uma das mãos e
então estão livres, caso não o fizerem, irão levar uma bala
na cabeça e então de uma forma ou de outra vão estar
quites com a máfia vermelha!

Os cinco condenados se olharam e então ao Herovrisk


novamente, em choque, vendo que ele não brincava.
Cristian acenou a Franco, dando um olhar sério a seus
homens, que dizia para cumprir a ordem dada, então saiu
do galpão encontrando o segurança lhe forneceu as
informações sobre desvio, parou a sua frente, enquanto ele
assumiu uma posição de respeito.

— Browser... Fez um bom trabalho, se mantenha


assim. — Deu as costas sem esperar resposta. — Franco,
deixe ele saber o que está acontecendo lá dentro e
gerencie as coisas aqui até eu enviar um substituto para
Vlad!

Depois de dito isso ele entrou no SUV negro e se


trancou ali, isolando-se. Finalmente pode respirar fundo e
deixar sua postura cair, tudo aquilo lhe cansava e lhe
estressava, mas Cristian sabia que tinha de ser feito, era o
único jeito de manter o poder, manter o respeito da máfia.
Não demorou muito para que Franco retornasse ao carro, e
observou o chefe olhando para fora do veículo, pensativo,
podia dizer exatamente o que se passava com ele. Já tinha
muito tempo de trabalho ao seu lado para poder entender
suas reações, mesmo que fossem mínimas e mascaradas,
então botou o carro em tráfego e olhou-o novamente pelo
retrovisor.

— O senhor podia ter matado todos eles, eu acharia


mais fácil... — Franco falou e Cristian se voltou a encará-lo
insondável.

— Podia, mas hoje eu não queria um rastro de corpos


atrás de mim, além do mais, isso serve como um bom
aviso. O Vlad estará pensando agora que adoraria estar
morto!

Disse o Herovrisk vendo logo em seguida Franco


concordar. Suspirou, cansado, lembrando-se que deveria
ligar para Rose, resolveu que iria almoçar com a mulher e
não queria ter que editar uma resposta a sua pergunta;
"Como foi seu dia?" Que se tornou frequente nos almoços
dos dois, a deixaria chocada se respondesse que tinha
feito, preferiu não dizer nada a mentir. Pegou o celular
percebendo e escondendo um sorriso que se formava em
seus lábios.

— Franco, levantou mais alguma informação sobre o


ataque ao Bertinelli?

— Não, nada de novo até agora senhor!

Sacudiu a cabeça e olhou a tela do seu celular, os


contatos, então viu o nome da esposa brilhar junto a uma
foto do seu belo rosto. O homem tinha retirado à imagem
de uma rede social dela, assim como outras, e como um
tolo salvou as fotos em seus aparelhos eletrônicos, mas
era inevitável, ela era tão linda e nunca poderia deixar de
admirar. Um movimento fora do veículo chamou sua
atenção, outro carro surgiu em alta velocidade, na pista
contrária, Cristian estranhou imediatamente. A estrada era
particular e aquele [22]BMW x1 não fazia parte da frota da
máfia, pelo menos não da sua, e quando o veículo virou em
uma manobra, digna de filme, na direção do seu Audi ele
soube:

— Temos problemas Franco!

— Eu percebi senhor...

Cristian olhou para trás e teve tempo de ver alguém se


levantar pelo teto solar do carro em alta velocidade,
todavia, o que o deixou tenso foi vê-lo preparando e
carregando uma metralhadora que ele logo reconheceu.

— [23]Metralhadora, uma ponto cinquenta, Franco! —


Falou o Herovrisk sabendo exatamente o estrago que iam
fazer, não iria sobra nada deles, não importava a
blindagem ou o que tivessem ali.

— Porra, nós estamos sem rota de fuga, se nos


acertarem vão nos explodir...

Franco acelerou o carro, puxando seu máximo, mas


Cristian tinha convicção que não ia adiantar nada, eles
tinham sido encurralados em uma estrada aberta, não
havia margens para se esconder. Viu-os quanto apontaram
a arma na direção do Audi, e assim que engatilhasse a
droga da metralhadora, essa não iria mais parar até eles
estarem mortos, e nesse milésimo de segundos, seu último
e único pensamento foi ela. Rose!

И·И

— Por que não? — Ela perguntou com raiva, raiva era


bom, fazia com que se esquecesse da dor.

— Rose, está ficando louca, não vou te colocar em


uma busca que nem nós sabemos exatamente onde vai
dar!

Iuri vociferou no corredor com o pedido da filha de ir


às buscas a Cristian, era perigoso demais arriscar sua
própria filha em algo como aquilo, era um disparate.

— Não importa, pois eu quero ir atrás dele, fazer algo


útil, porque me sinto uma nada aqui parada chorando
enquanto ele está lá fora se sabe lá passando pelo que! —
Ela disse, mas ele deu um aceno em negativa e seguiu de
um suspiro cansado.

— Não é porque sabe atirar e dar uns chutes que


pode se meter nisso. Você não vai, nem que eu tenha que
te trancar e acorrentar seus pulsos!

— Isso é um absurdo! — Bufou ela empurrando o


peito do pai e ele segurou as mãos dela.

— Não adianta espernear, quero você segura e então


pode ter certeza que não vai sair daqui. Vai ter alguém te
vigiando, se tentar sair pode se por em risco e morrer sem
ajudar Cristian em nada!

A mulher se soltou do seu pai e voltou para a sala. O


nó na garganta se expandia e a forma como o peito se
comprimia não ajudava em nada, respirar profundamente
só fazia piorar as coisas, isso já tinha sido testado, então a
única forma de ficar sem parecer que iria sufocar era se
manter imóvel e os olhos fechados, evitavam o ardor das
lágrimas. Encostou sua testa na janela, no fundo seu pai
tinha alguma razão, aquela busca por Cristian envolvia
rastreamento e ela nunca foi muito boa nisso quando
treinou, na verdade, morria de medo, odiava as armas e
odiava as dores que sentia depois do treinamento de luta
que seu pai a fez fazer, todavia, já tinha se passado anos
desde que deixá-lo treiná-la, agora já achava que mal
podia correr sem cair.

— Ele não ia gostar de ver você assim!

Rose abriu os olhos, desgrudando a testa da janela


fria, então olhou para trás e viu quem menos queria
naquele momento.

— O que você tá fazendo aqui Noam?

As palavras saíram quase estranguladas, ela respirou


fundo, seu peito doeu, fazendo querer gemer com raiva,
seus olhos também se enchiam de lágrimas e às piscou de
volta, não querendo desabar na frente do homem.
— Vim ajudar, fiquei sabendo a algumas horas que ele
sumiu, os homens do meu pai estão na busca dele também
agora. Eu vou me juntar a eles e vamos encontrar o
Cristian, prometo para você!

Noam disse com uma expressão séria, Rose virou o


rosto para olhar a garoa lá fora, queria Cristian de volta,
não podia aceitar que ele tinha partido, mas sabia, sabia lá
em seu âmago que talvez estivesse apenas se preparando
para o pior.

— Me leve com você? — Pediu abraçando a si


mesma. — Meu pai deixou claro que não posso sair
daqui... E eu quero de alguma forma me sentir útil na busca
por ele...

Ela disse baixo, não olhando para ele, então sentiu o


toque masculino em seu ombro, quando o encarou, viu seu
olhar consternado.

— Rose, ele me mataria se eu te tirasse de casa, aqui


é o lugar mais seguro para se ficar no momento, se Cristian
souber de você lá fora provavelmente iria atrapalhar...

— Só quero que ele esteja bem, só quero encontrá-lo!

— Sei disso, mas precisa ficar aqui, ele é um homem


forte Rose, duvido que vá se deixar ser pego, além do
mais, agora tem você e eu sei na minha própria pele,
depois daquela merda que eu fiz e peço desculpas, que
Cristian não vai te deixar sozinha...
O homem sorriu para ela, o lábio da mulher tremeu,
ela suspirou e sentiu uma lágrima cair.

— É nisso que eu quero acreditar...

И·И

17 horas antes...

Rose... Não, eu não posso morrer! Foi o que Cristian


gritou para si internamente ao ver a metralhadora ser
apontada para o seu carro, um plano se moldou naquela
fração de segundos enquanto entrará em uma curva.

— Freia e Pula!

Ele gritou, e em sintonia com Cristian foi o que Franco


fez, no segundo seguinte eles se jogaram para fora,
ouvindo a metralhadora soar, enquanto rolaram barranco a
baixo. Pedras, raízes, terra, mato eram o que davam de
encontro com o corpo dos dois homens que rolavam, e por
sorte nenhuma árvore. Os tiros da metralhadora não
cessaram até uma explosão, os ouvidos dos dois homens
zumbiam quando finalmente pararam de rolar e ficaram
caídos no chão enlameado da floresta fria.

— AH!

Cristian gemeu tirando as mãos da cabeça. Havia se


encolhido e se protegido, pondo os braços à frente do
rosto, enquanto rolava, tentou levantar mais caiu, estava
zonzo, mas tentou novamente, olhou para os lados e viu
Franco fazendo o mesmo, não tinha tempo para avaliar sua
situação corporal, só sabia que não tinha nada quebrado,
apenas zonzo.

— Temos que sair daqui. Eles vão descer!

Os dois olharam para os lados e então começaram a ir


em direção ao sul, o Herovrisk passou a mão nas costas
procurando sua arma, ficou aliviado ao saber que ainda
estava lá, então tirou do lugar.

— Quem acha que são?

Ouviu Franco perguntar, preparando sua arma


também, enquanto eles dois cambaleavam através das
árvores. Sabia que tinha perdido seu celular na pressa de
sair do carro e Franco também, já mantinha o seu no apoio
do carro.

— Não sei... Não sei, mas não vão me pegar!

Os dois começaram a andar o mais rápido que


podiam, era só uma questão de tempo para a caçada a
eles começar, nem por um minuto Cristian achou que iam
se safar apenas pulando do carro. Quem quer que
estivessem atrás deles, eram treinados, iam dar um jeito de
rastrear, e com a neve caindo, seria tudo que precisavam,
por isso tinham que tentar apagar o máximo que pudessem
das pegadas, Franco e ele se revezavam na tarefa, sem
parar por um minuto. As horas se passavam rápido, mais a
distância não, os dois homens tinham entrado na mata
mais densa, na esperança de complicar o rastreamento.
Variavam em correr e andar, a escuridão caía, fazendo o
frio ficar ainda pior, o corpo de ambos já reclamava,
exaustos, sem nenhuma pausa há tantas horas.

— Quão longe estamos?

Cristian perguntou a Franco antes de se jogar contra o


tronco de uma árvore, precisando parar. Viu seu homem de
confiança fazer o mesmo, não queria admitir, mas sentia
medo de ainda está perto o suficiente dos malditos que
queriam o pegar, precisava sobreviver.

— Mais de vinte quilômetros, talvez mais ou menos...


Perdi a conta há algum tempo senhor! Mas assumimos
uma boa margem, não há dúvida.

Mesmo assim o Herovrisk ainda sabia que não era o


suficiente, porém a noite tinha caído e eles não iam mais
consegui seguir em frente, provavelmente perderiam parte
dessa margem para quem estava vindo atrás deles, ou
melhor, atrás dele.

— Vamos subir em alguma árvore, andar vai ficar


impossível, nos revezamos na guarda. Assim que o
primeiro sinal de luz surgir nós continuamos, não devemos
estar muito longe da rodovia!

Ele disse passando a costa da mão em baixo do nariz,


limpava um pouco de sangue que escorria por causa do
frio que machucava, avaliou rapidamente os danos em seu
corpo, sabia que devia está cheio de hematomas, ao julgar
pelas dores, mas pelo menos sabia que não estava
quebrado, isso já era uma coisa boa, olhou sua roupa,
tinha um rasgo na calça, assim como na parte superior do
ombro direito de seu terno, ignorou aquilo tudo.

— Eu fico na primeira guarda senhor... — Viu Franco


se prontificar.

— Não. Eu fico... Preciso pensar!

Franco concordou e logo eles estavam escalando, em


árvores diferentes uma de frente para a outra, nem tão
altas ou baixas, tinham que se manter escondidos de quem
vinha de baixo e daqueles que podia vim de cima, Cristian
viu o homem se aprumar em um tronco grosso, assim
como ele, pondo a arma segura perto do peito. Respirando
fundo ele olhou para cima, tinha um pouco da visão da lua,
por uma brecha na copa das árvores, e então finalmente se
deixou pensar, coisa que não fez durante o caminho, pois
se deixou levar pelos instintos para ir o mais longe possível
naquela caçada, não tinha ideia de quem era o
responsável, mas pagaria caro quando ele descobrisse.

A imagem de olhos azuis, um sorriso caloroso,


cabelos castanhos, acompanhado de um cheiro doce e
fresco, invadiu a mente do homem. Sentia falta da esposa,
queria saber como ela estava, e se havia ficado
preocupada, pois certeza que àquela hora já era conhecido
seu desaparecimento e pensou na reação dela...
Provavelmente está feliz de se livrar de você! Aquela voz,
ao fundo de sua cabeça disse cheia de escárnio e
mesquinharia, Cristian se recusou a acreditar naquilo, tinha
convicção sobre a personalidade boa e nobre de Rose, ela
não ia comemorar, era gentil e tinha compaixão, sua
esposa se preocupava com os outros, então ele sabia, que
pelo menos iria querer saber do seu bem estar. E ele só
queria voltar para casa, voltar para ela, queria vê-la, sentir
aquele deleite ao ver seu sorriso ou simplesmente assisti-la
dormir, era um anjo enquanto dormia e acordada fazia dele
louco, mas o homem queria tudo de volta.

— Esses filhos da puta não vão me matar. Não vão!

Prometeu a si mesmo com a voz baixa, não iria deixar


aquela mulher, queria seu casamento, tudo dele,
principalmente aquela criatura feminina pequena e linda.
Não gostava nem de dar margem ao futuro onde estivesse
morto e a abandonasse, com certeza teriam dezenas de
pretendes nos pés dela pedindo-a em casamento mesmo
antes de seu corpo esfriar em uma cova. Decidido ele se
se encostou à árvore descansando, se manteria forte,
precisava voltar para casa e saber quem tinha o atacado,
tinha que cuidar de Rose, não queria nem pensar nela
exposta, por isso quando trocou de turno com Franco lutou
para dormir um pouco, tentando se recuperar, mas só foi o
primeiro raio de luz aparecer que os dois já estavam
correndo de novo.

— Finalmente!

Franco disse quando apontou a frente deles, tinham


chegado até uma região que margeava o outro lado da
floresta, havia casas e carros. Cristian sacudiu a cabeça
sorrindo, depois de mais horas caminhando, sem comer,
sem beber, com o corpo dolorido, haviam chegado ao
povoado e tudo que ele conseguiu pensar foi que estava
mais perto de Rose agora. Eles saíram da clareira para
descer outro barranco quando tiros vieram de um carro
preto, tanto Franco quanto o Herovrisk se jogaram no chão,
pegando suas armas, então rastejaram de volta a floresta,
escondendo-se entre as árvores, ele fez um sinal abrindo
dois dedos da mão, para que Cristian visse, e esse soube
significava que eram dois homens e quando apontou para
os lados, ele entendeu que era para esperar eles virem,
então sairiam pela lateral. Os dois não tinham dúvidas que
aqueles que atiraram iriam vim, não perderiam tempo para
poder pegá-los por medo deles se embrenharem na mata
novamente, e como eles haviam imaginado ouviram os
barulhos dos dois e se olharam esperando o momento
certo.

— Aqueles filhos da puta correram... Liga para


reforços, vamos descer...

Quando os ouviram dizer aquilo, sabiam exatamente o


ponto onde estavam então saíram de trás da árvore
atirando tudo que tinham. Cristian sabia que só havia uma
chance e não perderam, os homens que os caçavam foram
abatidos com diversos tiros, e Herovrisk se aproximou de
um deles e procurou por alguma coisa que lhe desse
alguma indicação de quem eram, não iriam descansar até
que descobrisse o mandante daquele ataque.

— Senhor?
— Sim? — Ele olhou para Franco abaixado do lado do
homem caído, viu que virou o pescoço dele.

— Tem a mão em punho tatuada no pescoço!

O Herovrisk assumiu uma expressão fria, aquele era o


brasão da máfia italiana.

— Filhos da puta!

И·И

— Vamos Rose, por favor! — Sacha insistia para que


Rose comesse, ela já tinha a arrastado para a mesa posta,
praticamente intocada.

— Estou sem fome loirinha...

Rose olhou para o relógio em cima da lareira atrás da


ponta da mesa. Já tinham vinte e cinco horas que ele havia
sumido, as esperanças de que alguma notícia boa viesse já
tinham caído drasticamente.

— Você não come desde ontem...

A mulher mais velha viu no rosto bonito da sua irmã a


preocupação gravada lá. Suspirou e olhou para a mesa,
tentando procurar algo para comer, mas então viu o chá e
lembrou-se dele.
...
— Por que você só toma chá Cristian? — Perguntou a
mulher curiosa para o homem, que tirou os olhos da bebida
que preparava, então a encarou insondável.

— Descobrir a alguns anos que me ajuda a dormir


melhor e na concentração... E, além disso, é mais
agradável que café.

Rose sorriu sacudindo a cabeça, e desviou os olhos


para o seu café.

— Há controvérsias...

Viu ele franzi o cenho em uma carranca e seu sorriso


aumentou.

И·И

Engoliu o nó em sua garganta e passou as mãos pelo


seu rosto, fechando os olhos em uma prece silenciosa,
mas uma delas, então olhou para Sacha.

— Eu realmente não sinto fome Sacha! — Falou baixo


e viu a irmã buscar sua mão, apertando, dando força, ela
sorriu da melhor forma que pode.

— Tem muita gente procurando por ele, e eles vão


encontrá-lo, tem que ter fé Rose.

— Eu estou tentando, juro que estou, mas...


Uma movimentação lhe chamou atenção,
ociosamente, coisa que ela não percebeu durante todas as
outras horas, então sua mãe apareceu parecia nervosa, o
coração de Rose perdeu algumas batidas.

— O segurança de Cristian acabou de dar entrada no


portal principal da casa... — Rosely disse para a filha que
pulou da cadeira em um movimento rápido.

— Franco? — Perguntou passando por sua mãe, que


a acompanhou, enquanto entravam no corredor principal
da mansão, e Sacha seguiu as duas mulheres de perto.

— Sim, acabou de passar...

Rose andou mais rápido sentindo uma dor comprimir


seu peito ao mesmo tempo em que um arrepio percorria
sua espinha até a nuca, quando estava há alguns metros
de chegar à grande porta de mogno, já viu Conegon e seu
pai lá, próximos, e no minuto seguinte ela se abriu. Os
passos dela cessaram abruptamente quando a figura
masculina ali surgiu, um Cristian parecendo cansado e
desanimado, vestindo apenas a camisa branca do dia
anterior que estava toda suja com terra e pingos de sangue
e a calça par do seu elegante do terno grafite, estava em
seu fim de linha, o homem parecia estar exausto e mesmo
assim não deixava de ser lindo... “Ele e está vivo, vivo...
Meu Cristian está vivo!” Rose sentiu seu corpo entorpecer
com uma sensação de alivio, que a fez ficar mole, como se
somente agora o cansaço finalmente começasse a vencer,
ela ficou totalmente parada, se deleitando da visão do
marido vivo e todas as lágrimas não choradas vieram a
descer pelo seu rosto, acompanhada de uma respiração
inconstante, que lentamente voltava à normalidade.

— Cristian onde você estava? — A voz de Conegon


soou ali, mesmo fria, mas tinha vestígios de preocupação.

— Longa história pai...

A voz de Cristian causou quase uma convulsão em


Rose de puro êxtase, mas ela não conseguia se mover,
não conseguia falar ou expressar nada mais, apenas ficou
parada sentido as lágrimas molharem seu rosto, Cristian
levantou o rosto e escaneou o lugar procurando pela
mulher que foi todos os seus pensamentos naquela floresta
e então a viu, ela sentiu a força do olhar escuro, mesmo
parecendo cansado, ele nunca deixava de ser forte, e mais
lágrimas desceram pelo seu rosto, sem nada conseguir
fazer para evitar.

— Cristian que bom te ver, estávamos todos


preocupados...

Iuri tentou se aproximar e pegar na mão do genro,


mas este ignorou e foi em direção a Rose, não via mais
nada a não ser aquele rosto lindo, que parecia tão tristonho
e cansado, ainda coberto por lágrimas, a cada passo dele
na sua direção dela mais esgotada ela parecia ficar, só
teve forças para jogar seus braços ao redor do pescoço
dele e cair em um choro compulsivo, totalmente
vergonhoso, porém foi inevitável ao sentir os braços fortes,
o cheiro, mesmo que mascarado pelo suor e terra, mas
nada importava, ainda era ele, estava ali, estava vivo e
bem.

— Shhh... Calma meu anjo, calma...

A voz dele era suave e doce, assim como sua mão


acariciando suas costas, beijando seu pescoço, a mulher
não conteve um soluço enquanto acariciou os cabelos do
homem.

— Cristian... Eu... Eu pensei...

Ele afastou o rosto para poder encarar o dela, então a


beijou, não podia se conter. Ter ela nos braços o deixou
completamente em êxtase, o fez esquecer tudo, a dor, a
fome ou as pessoas ali, foram beijos castos seguidos, que
ela aceitou, contente de ter os lábios quentes nos seus,
mas muito brevemente ele se afastou novamente a
observando sério, porém com algo doce em seus olhos.

— Eu sei meu anjo, mas achou mesmo que se livraria


de mim tão fácil?

O homem sorriu e levou as mãos a cada lado do rosto


da sua mulher, limpando as lágrimas que corriam em seu
belo rosto, odiava vê-las ali, percebeu isso, mas também
soube imediatamente que era por ele e sentiu seu coração
se apertar. Ninguém nunca havia chorado por ele, e sua
esposa fazia isso, parecia abalada, tremia em seus braços,
frágil, tudo que quis foi beijá-la e poder fazer toda aquela
tristeza e preocupação desaparecer, pois estava em casa,
nos braços dela estava em casa.
— Cristian fiquei com tanto medo! — Rose fechou os
olhos e encostou seus lábios no dele novamente.

— Não precisa mais anjo... Eu estou aqui, com você...

O casal de abraçou novamente e todos na sala não


podiam deixar de ver a cena. Rosely e Sacha se olharam
entre si, chorosas, vendo que o casamento de Rose não
era o fardo que todos achavam ser, e elas viam
sentimentos mútuos ali. Já Iuri só confirmou que Conegon
tinha razão sobre a filha ser uma distração, ele mesmo
tinha a mãe da filha como a sua, e não recriminava o
genro, porém isso era muito diferente do que o Herovrisk
mais velho pensava, a qual repugnou a cena, pois achava
que seu filho não podia agir assim, parecia um tolo.

— Você... Você está bem? Está machucado?

Rose se afastou, agora podendo pensar melhor, tinha


que saber se Cristian precisava de cuidados, passou os
olhos pelo corpo dele, estava realmente sujo, e sua roupa
era perda total, deixou sua mão vagar pela cintura, até o
peito, então pegou o sorriso pequeno do homem que tocou
suas mãos ainda trêmulas.

— Tire esse olhar preocupado desse rosto minha


linda, eu estou bem, preciso apenas de algo para comer e
um banho...

O homem estava encantado com a preocupação dela.


Custava para ele acreditar que aquela mulher era sua, que
estava cuidando dele.

— Ah claro. Vou pegar algo...

Disse ela tentando ir, mas Cristian a travou, sem


querer perdê-la de vista, ou seu contato, e Rosely
percebeu, por isso se meteu na conversa do casal.

— Rose por que não cuida das outras necessidades


do seu marido? E eu cuido da comida.

— Ah tudo bem... — Ela concordou com a mãe e


então viu seu marido dar um aceno em agradecimento e se
voltar para as outras pessoas ali, puxando-a com ele.

— Eu preciso de um banho e comer algo, mas em


voltarei para explicar o que aconteceu... — Disse a todos
antes de olhar para a sogra. — Peça para a governanta
checar Franco e ver se precisa de algo, por favor, Rosely.

A Sra. Volkov deu um aceno positivo, e então Cristian


sem mais esperar puxou Rose ao seu lado, se dirigindo
para a escada, e agora com o corpo se livrando de toda a
adrenalina começava a sentir dor a cada passo que dava,
mas não demonstrou nada, pois ainda sentia a esposa
tremer contra seu corpo, e não queria a deixar mais
nervosa, e isso era porque ela tentava se controlar, mas o
corpo não obedecia, apertou mais o braço em volta da
cintura forte do marido, sentindo seu calor, tendo certeza
que estava ali e era real. Ela observou o rosto vestido com
a máscara séria tão característica dele. Analisou o perfil
divino do homem, certamente era para ela, o nariz reto,
lábios na medida ideal param serem beijados e os cabelos
pretos bagunçados, que lhe davam um ar selvagem, nunca
houve dúvidas que Rose era deslumbrada pela aparência
dele, mas naquele momento era mais que isso, muito mais.

— Que foi? — O Herovrisk perguntou pegando o olhar


admirado dela sob ele, sem entender o motivo.

— Você está aqui... — Disse a mulher sem poder


conter-se, não queria. Cristian sorriu ao ver que ela estava
feliz.

— Sim... E não vou mais a lugar nenhum!

Eles pararam em frente à porta do quarto Rose se


esticou dando um beijo casto nele, feliz por ouvir aquilo.

— Vamos, pois você precisa de cuidados.

A mulher segurou sua mão e o puxou para dentro do


quarto. O fato de que ela estava cuidando dele o deixou
desconcertado, ela o levou diretamente para o banheiro, o
soltou, para ir encher a banheira.

— Eu posso fazer isso... — Comentou e viu o olhar de


censura dela.

— Não estou perguntando se pode, eu vou fazer!

A voz firme dela denotava que ele não ia conseguir


fazê-la desistir daquilo, por isso apenas a deixou e
começou a soltar sua camisa, sabia exatamente o que
tinha por baixo do tecido, e por isso preferia que Rose
estivesse presente em seu banho, não queria que ela
visse, mas não ia ter jeito pelo visto. Assim que terminou o
último botão, soltou as abotoaduras do pulso, então
começou a puxar a camisa para baixo, sentiu os músculos
reclamarem junto às articulações, pelos movimentos.

— Me deixe ajudar você com isso!

Rose disse se aproximando terminando de livrá-lo da


camisa destruída, todavia, ficou em choque ao ver como
ele estava, um grande hematoma na região da omoplata
direita, sem falar no que devia ser uma contusão abaixo
das costelas, e mais hematomas pequenos em pontos
distintos da sua costa.

— Rose está tudo bem!

Cristian se apressou em dizer ao vê pelo espelho a


expressão horrorizada dela, quando seus olhos azuis
encontraram os seus, tinham mais lágrimas novamente, ele
não perdeu tempo em se virar e pegar o rosto dela entre
suas mãos.

— Cristian... — Ela tentou falar ao passar a mão em


seu peito, onde tinha mais um hematoma arroxeado.

— Ei, esqueça isso, não é nada. Eu estou bem... — A


viu franzi o rosto com preocupação. — Eu já estive pior
meu anjo, isso não é nada, nada!

— Me dói te ver assim...


Disse ela num tom de voz quase sufocado, ela passou
as mãos no peito dele, lágrimas desceram pelo rosto dela.
O Herovrisk descobriu que vê-la chorar o fazia miserável,
queria acabar com aquilo, beijou a face feminina, onde as
gotas salgadas caiam, indo até seus lábios.

— Por favor, não chore por mim...

Ninguém nunca chorou por ele ou se preocupou, e


não queria que Rose ficasse assim por sua causa, por mais
que seu coração egoísta que julgava de gelo começasse a
se esquentar diante daquele gesto tão doce.

— Você não entende o quanto tive medo de perdê-lo.


— Rose suspirou deixando as palavras saírem dos seus
lábios. — E ver todos esses machucados, só me mostra o
quão perto estive... Isso acaba comigo Cristian!

O homem a abraçou beijando seus lábios, sem


entender o que havia feito para merecê-la. Então a beijou,
indo até seu pescoço, respirando profundamente o cheiro
doce, aquilo era o paraíso, ele concluiu.

— Eu nunca vou te deixar, nunca, você foi toda a


minha força para sair o mais rápido possível daquele
lugar... — Ele beijou o pescoço dela mais uma e deixou os
lábios ao lado da orelha dela. — Quero que entenda, não
há nada mais nesse mundo, que possa me manter longe
de você meu anjo!
Os dois se olharam um querendo consolar o outro,
Rose beijou os lábios dele, seu coração derretendo de
felicidade, sentindo aquela admissão sedimentar-se em
seu peito, Cristian devolveu na mesma moeda, a vida do
lado dela não era o inferno que imaginou, pelo contrário,
era sua salvação.

— É muito bom ouvir isso. — Ela fungou tentando não


parecer patética. — Vamos para o seu banho!

Rose se forçou a deixá-lo, viu aquele sorriso adorável


dele, quando tirou o resto da roupa e entrou na banheira,
ela se sentou a borda, vendo-o afundar na água, molhando
os cabelos escuros, emergindo em seguida, pegou uma
esponja e começou a passar nas costas dele,
delicadamente, levou seu tempo, percebendo-o que o
relaxou.

— Deite-se...

Pediu suavemente e o viu obedecer, então ela assim


pode esfregar seu peitoral, odiava ver o corpo dele
maculado por aquelas marcas horríveis, o movimento da
mão dele colocando uma mexa de cabelo sua que escapou
atrás da orelha chamou sua atenção, encarou os olhos
escuros dele que estavam repletos de carinho, como ela
nunca havia visto, e acompanhado de um sorriso.

— Você sabe que mesmo desse jeito chorosa ainda é


a coisa mais linda da minha vida, não sabe? Mas por favor,
pare agora, pois eu estou bem e com você, me dilacera a
ver sofrer!
Os movimentos dela cessaram quando diante do que
ouviu, e talvez a frequência cardíaca dela também tivesse
tido uma parada, pois sabia que terminaria fazendo juras
de amor antes da hora para aquele homem se ouvisse
mais coisas assim.

— Pegue a toalha pra mim, por favor, preciso ir comer


agora.

Sem muita ação, ainda sofrendo com aquele ataque


de romantismo do marido, ela se forçou a fazer o que ele
pedia, tentando controlar suas reações, estava toda a flor
da pele e isso nunca terminava bem.

— Aqui!

Ela lhe deu toalha, vendo-o se enxugar e enrolar-se,


passando as mãos no cabelo e então seguindo em sua
direção, capturando seu queixo entre seus dedos,
forçando-a gentilmente a encarar seus olhos.

— Precisa aprender a receber elogios...

— Eu sei receber... — Encolheu os ombros. — Mas


me dê um desconto por hoje!

O som da risada dele quase a fez flutuar, Cristian


baixou seus lábios a beijando.

— Tudo bem, apenas por hoje! — Encarou o rosto


dela de novo ainda a olhando daquela forma carinhosa e
calorosa.

— Quando vai me dizer o que aconteceu? — Rose


pediu sem poder aguentar mais, o viu franzir o cenho,
dando um suspiro.

— Deixarei você saber junto com os outros, já está


preocupada demais para ouvir essa história duas vezes!

Ela deu um suspiro, mas concordou, passando a mão


em seu peito, sentindo o homem fresco após o banho.

— Eu pedir para ir atrás de você... — Comentou e viu


o Herovrisk piscar incrédulo e rapidamente aliviado.

— Graças a Deus alguém com uma cabeça mais


correta que a sua não deixou!

— Eu estava preocupada... — Falou ela da defensiva.


— Mas papai ameaçou me prender e Noam disse que eu ia
atrapalhar.

O pai dela estava mais que certo, se por alguma


loucura tivessem a deixado sair da segurança que tinha, ia
fazê-lo ficar louco de preocupação, ele não gostava nem de
imaginar.

— Então o Noam esteve aqui?

— Sim, me pediu desculpas pelo que fez na festa.


— E você aceitou? — Ele ergueu uma sobrancelha
com interrogação.

— Não sei, eu nem pensei sobre isso, eu estava


procurando um jeito dele me levar nas buscas atrás de
você!

O Herovrisk ergueu os olhos ao céu pensando em


como tinha encontrado uma criatura linda, forte e corajosa
daquele jeito, quando a encarou, acariciou seu rosto.

— Por favor, nunca mais pense em algo assim.

— Eu queria ajudar! — Rose fez quase bico


inconscientemente.

— E você ajuda estando segura, deixa-me tranquilo


para poder agir... Prometa que nunca mais vai pensar em
se por em risco Rose? — O tom de voz dele ficou
autoritário e Rose rolou os olhos.

— Prometo isso se você nunca mais se pôr em risco


também!

Cristian não conseguiu parar um sorriso. “Ponto para


minha menina esperta... Sempre com a resposta na ponta
da língua!”.

— Ah Rose você é uma coisa malditamente teimosa e


encantadora...
Baixou os lábios novamente contra os dela,
apreciando poder beijá-la assim, podendo sentir seu corpo,
a mulher também adorou ter ele de volta, tão carinhoso e
acima de tudo vivo, todavia, o encanto foi quebrado quando
ouviram uma batida na porta e então se afastaram.

— Vou ver o que é!

Rose disse escapando dos braços dele indo até a


porta, e o viu ir para o closet. Quando abriu a porta deu de
cara com a governanta que tinha nas mãos uma bandeja
com duas refeições.

— Senhora, sua mãe mandou entregar!

— Ah obrigado, pode deixar que eu irei cuidar disso


aqui a partir de agora. — Respondeu ela com um sorriso
gentil pegando a bandeja.

— Sua mãe também recomendou que coma algo


também senhora, já está há muito tempo sem comer...

— Ela está sem comer?

Um arrepio percorreu Rose ao ouvir a voz visivelmente


zangada de Cristian, ela olhou por cima do ombro para vê-
lo com uma calça moletom escura junto de uma camisa
branca, parecia menos abatido.

— Estou. — Olhou para governanta novamente. —


Obrigada por trazer a comida...
A mulher sorriu quase como um de desculpas por ter
falado demais, e Rose devolveu o gesto, simpática, então
fechou a porta, levou a bandeja até a cama e olhou para
seu marido que estava com aquela carranca.

— Pode me dizer por que está sem comer Rose?

— É óbvio não?

Para o Herovrisk não era nada óbvio, somente que ela


já era pequena e se não se alimentasse facilmente poderia
passar mal, não era saudável, nem poderia fazer bem a
sua saúde.

— Para mim não!

— Eu não conseguir, tudo bem? Com você sumido a


última coisa que pensei foi em comida! — Suspirou irritada.
— Agora pode, por favor, vim comer? Vou tentar fazer isso
agora junto com você!

Ele engoliu o nó em sua garganta, se aproximou dela


e pegou sua mão a guiando até a cama para sentar ao seu
lado, Rose viu nos olhos dele, no seu toque, carinho.

— Obrigado por se preocupar comigo... — Disse, e os


olhos azuis dela brilharam com surpresa.

— Não precisa agradecer, e nem era como se


pudesse fazer outra coisa.
Ele sorriu então se esticou beijando os lábios dela,
descendo pela linha da mandíbula até chegar próximo a
sua orelha, para lhe sussurrar.

— Você é um anjo, lindo e gentil... Fico feliz que é


minha!

O coração dela saltou, sentiu o rosto corar, e ainda


mais quando o encarou com aquele ar tão carinhoso.

— Vamos comer, pare de ficar me bajulando...

Cristian sorriu ao vê-la sem jeito, estava mais que


feliz, somente agora ele possuía a total ideia de que viver
sem sua esposa não era mais possível, e que queria ter
todo o tempo do mundo para viver com seu anjo
enlouquecedor, a vida nunca tinha sido tão boa, não até
conhecê-la... Cristo Herovrisk, se controle, se controle! Se
forçando a agir em seu estado normal ele desviou os olhos
dela, em um silêncio, cômodo e começaram sua refeição,
obviamente que Cristian ficou reclamando quando Rose
comeu menos da metade, todavia, não foi um problema,
pois ele cuidou do resto, o que a fez sorrir, logo depois ela
o fez tomar alguns comprimidos para dor. Não muito tempo
depois eles desceram juntos, de mãos dadas, até a sala de
recepção da mansão, todo o clã familiar já estava lá
reunido para ouvir a história de Cristian.

— Então foi isso, depois que atiramos neles, pegamos


o carro e voltamos para cá... Não houve como avisar antes,
nossos celulares se perderam na fuga apressada do carro!
Ele terminou de contar tudo e nem por um minuto
olhou para a esposa, não queria ver a repressão em seus
belos olhos, ao final da história sobre o que aconteceu,
mas então sentiu ela aperta sua mão, que já segurava, e
logo em seguida seus lábios quentes estavam em sua
bochecha num gesto que inevitavelmente o fez olhá-la com
surpresa.

— Tudo que importa é que está bem agora, Cristian!

Rose afirmou, sabia que ele estava a evitando por


causa do que fez, mas ela não poderia se importar menos,
pois sabia que naquela situação era proteger a si mesmo
ou morrer, e com certeza o primeiro era o que valia,
encarou os olhos escuros, eles estavam cautelosos, talvez
esperando repreensão, ela sorriu querendo acabar com
aquilo.

— Não! — Conegon disse capturando os olhares de


todos na sala. — O que importa é que temos de acabar
com quem tentou isso!

Cristian concordou, ele já sabia quem era, mas não ia


compartilhar isso com tantas pessoas ali, teria que falar
com seu pai em particular, mas acima de tudo precisava
primeiro recuperar suas forças e pensar naquela equação
complicada, antes de atacar quem quer que fosse.

— Sim, mas em todo caso preciso descansar, não


posso fazer nada agora. Vamos aumentar a segurança da
casa e de tudo mais...
— Temos que agir rápido Cristian! — O Herovrisk mais
velho afirmou, o filho deu um aceno.

— E vamos!

Rose sentiu um frio na barriga ao ouvir a voz do


marido assemelhando o aço, forte e fria.

— Terá meu apoio total, pode contar com meus


homens. — Iuri até então calado se pronunciou.

— É bom saber disso. — Cristian se voltou para


Rosely. — Há algo que Franco precise?

— Não, ele já foi cuidado, a Sra. Wladimir também irá


prestar ajuda se ele precisar. Fique tranquilo e descanse.

Ele deu um aceno em positivo, agora sabia que


poderia se retirar, Rose prestou atenção à forma como o
marido pareceu se importar com Franco e sabia que não
era apenas pelo que tinham passado naquela floresta,
havia mais ali, poderia até dizer que uma amizade.

— Bom, vou me recolher, se nos derem licença.

Cristian ficou de pé, puxando a mão da esposa, que


levantou junto, seu pai observou impassível e decidiu que
seu filho precisava ser lembrado logo que aquela mulher
que ele não soltou desde que havia chegado era apenas
uma vadia de reprodução para lhe dar um filho, não um
objeto de vidro que devia ser cuidado. O casal deu um
aceno aos que estavam presentes, e rapidamente se
foram.

— Cristian? — Ela perguntou enquanto eles entravam


no quarto, o homem a encarou esperando. — Como
conheceu Franco?

A mulher soltou a mão dele e fechou a porta, então se


virou novamente vendo o homem tirar a camisa e ir se
deitar na cama, o olhar enigmático fez seu interior se
contorcer.

— Deita aqui comigo e talvez eu te conte... — Cristian


disse e a viu sorrir.

— Preciso trocar de roupa!

— Não. — Disse ele dando um aceno em negativa. —


Se livre dessa calça jeans e a camisa, então se deite aqui.

Os lábios dele se levantaram num sorrisinho e ela


semicerrou os olhos.

— Tudo bem, mas não vamos fazer nada... — Ela tirou


a camisa e deixou ao pé da cama, assim como os sapatos
e a calça. — Você vai descansar mocinho!

Era impossível impor alguma coisa diante dele


sorrindo, ela subiu na cama engatinhando até os seus
braços, se aconchegou com cuidado por causa das
contusões, no fundo Rose estava preocupada, mesmo
sabendo que havia tomado remédios para dor, mas não
sabia como ele realmente estava, já que não demonstrava
nada.

— Mais perto, não vou te morder! — O Herovrisk disse


puxando ela, deixando encostada contra seu corpo, tendo
o rosto feminino em cima do peito dele, a viu franzi o cenho
quando olhou para ele.

— Não é exatamente medo de você me morder...

Cristian sorriu e então acariciou as costas dela, a


sensação da pele delicada, fazia coisas boas com o
sistema dele, era um bálsamo tocar a pele imaculada da
sua esposa, abriu o fecho do sutiã dela, que atrapalhava
seu caminho.

— Cristian! — Ouviu a censura na voz dela e a olhou


sabendo como estava sua expressão, “pidona”.
— Só quero te sentir...

Vendo aqueles olhos escuros, quentes, ela não pode


deixar de amolecer, então com um suspiro levantou-se
minimamente e retirou o material que cobria seus seios,
então voltou a deitar contra o marido sentindo-o
acariciando sua costa, ela relaxou, levou a mão até seu
estômago passando as unhas ali, apreciando ter o homem
aquela proximidade.

— Me fale do Franco!

— Não sei se vai gostar da história...


— Só me conte, e o resto é insignificante!

Cristian suspirou então beijou os cabelos dela antes


de continuar.

— Franco trabalha pra mim há oito anos, quando o


conheci estava na mira da arma do meu pai. Ele havia
matado um dos nossos melhores homens e por isso ia ser
punido, mas eu fiquei sabendo que Franco só matou um
dos nossos porque seu filho havia sido morto sem motivo
aparente... — Isso tirou o ar dos pulmões de Rose, ela
encarou o marido, mas deixou que ele continuasse. — Eu
contei ao meu pai. Olha Rose, nós fazemos coisas erradas,
mas temos um código, se você ou alguém que conhece
não fez nada contra nós, não atacamos. Frenzo, filho de
Franco, trabalhava em um bar e foi ele morto com um tiro a
queima roupa porque cobrou a conta de um bêbado
armado que trabalhava para nós... Foi um ato estúpido e
covarde!

Ela piscou algumas absorvendo aquela história, não


conseguia imaginar a dor de Franco como pai, se sentiu
complacente ao homem.

— E então seu pai o perdoou?

— Não, ele nunca perdoa. — Cristian deixou claro e a


viu franzir o rosto, então continuou. — A decisão de
perdoar ou não ficou na minha mão, eu escolheria matar ou
não Franco, e eu escolhi que o deixaria vivo, desde que
trabalhasse para mim, a partir desse dia ele jurou fidelidade
e nunca falhou... Apesar de o meu pai dizer que o que fiz
foi uma tolice, o decepcionei, claramente.

— Fez à coisa certa, seu pai não faria, e o que fez foi
justo, talvez aí seja o cerne da questão quanto à lealdade
do Franco.

— Sim, talvez seja isso. Só sei que confio nele.

Ele ficou observando-a, acariciou seu queixo, um


pouco hipnotizado poderia assim dizer. O sorriso dela o
encheu de um sentimento sem nome, ele não pode resistir
em puxá-la mais para cima do seu corpo e tomar seus
lábios com os dele, para senti-la, poder se afogar em seu
cheiro, esquecer-se do mundo com seus beijos.

— Cristian... — Rose tentou resistir, mas era


impossível, ele a consumiu com seus lábios, em um beijo
sedutor e cheio adoração, que fez cada parte dela instável.

— Senti falta dessa boca!

Sussurrou e ele lhe dando beijos seguidos, castos,


não menos maravilhosos, ela o abraçou se sentindo
tocada, apaixonada, mas principalmente grata por tê-lo ali.

— Eu sentir falta de você todo! — Afirmou enquanto


uma lágrima solitária caiu. — Pensei que tivesse te
perdido...

Cristian suspirou e abraçou, beijando seu rosto, então


se afastou o suficiente para olhá-la, enxergando a
vulnerabilidade com que estava exposta, e sem medo, todo
o coração dele se apertou em felicidade.

— Minha linda, enquanto eu puder lutar a


possibilidade de que me perca não existe, sou egoísta
demais para te deixar sozinha...

Rose o beijou com paixão derretendo-se contra ele,


sabia que depois de tudo que tinham dito um ao outro
levava nível do relacionamento deles, todavia, ela ainda
não se sentia pronta para dar o passo mais longo, mas
algo sabia, não poderia guardar para si aquela paixão por
muito tempo, a cada segundo sentia que ela a consumia
mais e mais.

И·И
Cristian acordou com os movimentos ao seu lado,
procurou Rose, e a viu se levantar, parecendo tomar o
máximo de cuidado para não acordá-lo, e ele a observou
apenas de calcinha e apreciou a bela vista, enquanto ela
dava a volta na cama, pegando algo na mesinha, quando
se virou o pegou a espiando e tomou um pequeno susto,
ele sorriu.

— O que está fazendo? — Perguntou em um tom de


voz rouco que fez o coração de Rose vacilar.

— Pegando seu remédio.

Ela disse tentando dissimular o fato de estar


completamente derretida com a versão afetuosa que ele
vinha apresentando, dando a volta na cama e pegando o
copo d’água na ao lado da mesa da cabeceira, ela deu a
ele junto de uma pílula, logo recebeu de volta o apenas o
copo vazio, deixando no mesmo lugar que estava
anteriormente, Rose encarou o marido e o mesmo tinha
aquele olhar escuro e malicioso que tanto conhecia.

— Contenha-se em suas ideias Herovrisk! — Ela disse


e deu a volta na cama, sendo seguida pelo olhar dele,
quando se deitou, foi envolvida pelos braços masculinos.

— Acho que não quero conter... — Afirmou ele


beijando o pescoço dela, até ter seus lábios a qual
mordiscou, enquanto acariciava a costa nua da esposa.

— Cristian não!

— Por que não? — Dessa vez ele a beijou, mas logo


desceu os beijos pelo colo feminino, até seus seios,
capturando um mamilo entre seus lábios.

— Não, você não... Oh Deus! — Rose fechou os olhos


absorvendo o ato excitante do marido, respirando com
força.

— Tão linda...

Sussurrou ele sugando o outro mamilo, Rose gemeu


alto, tentou raciocinar, lembrar que ele estava machucado,
todavia, sabia que o homem não ia desistir, e muito menos
ela conseguiria ser eficaz em tentar pará-lo, mas podia com
certeza fazer outras coisas e manter o controle daquilo.
— Cristian! — Pediu ofegante. — Espera, por favor, oh
droga, pare um momento... — Ela o empurrou devagar e
ele a contra gosto se afastou um pouco sem a soltar.

— Eu te quero, estou com saudades de estar dentro


de você! — Falou sem rodeios fitando os olhos azuis da
sua esposa que estavam carregados de desejo e isso o
deixou mais ansioso por tê-la.

— Eu sei, também estou com saudades. — Ela quase


tremia diante da necessidade que via nele. — Mas vamos
devagar, você está machucado, por isso me deixe tomar o
controle... Vou cuidar de nós dois!

— Tudo bem, sou seu, faça o que quiser. Só não me


faça esperar muito meu anjo!

Depois de ouvir aquilo seria impossível ela conseguir


negar qualquer coisa a ele, o empurrou lentamente de
costas na cama, o deixando sentado, mas ele estava
totalmente ligado nela, sem resistir.

— Colabore comigo... — Sorriu lhe dando um beijo. —


Vou cuidar de você!

Sentindo seu corpo em chamas ele permitiu que ela


tomasse o controle a partir dali, se sentou como foi
instruído, e ganhou mais um beijo, então ela baixou os
lábios, descendo pela sua garganta, deixando seus dentes
arrastarem pela sua pele.

— Cristo!
Ele disse ofegante. Rose sorriu, beijou o peito dele,
deslizando as unhas pelo abdômen, só para substituir por
sua língua. Cristian arfou com a visão da mulher se
abaixando a sua frente, repetindo o padrão de toques sexy
e enlouquecedores, seus olhos azuis pareciam selvagens
ao encará-lo, traçando com a ponta dos dedos o cós da
sua calça moletom.

— Hum, acho que você está muito vestido, Sr.


Herovrisk!

— Rose... — Tinha um tom de advertência na voz dele


que a mulher ignorou.

— Só me obedeça!

Com um movimento, pondo suas mãos ao lado do cós


da calça, a mulher puxou para baixo e o viu ajudar
levantando o quadril. Cristian teve uma noção clara do que
ela queria e não iria se recusar, Rose sorriu satisfeita ao
ver a evidência do desejo do marido ao livrá-lo da peça de
roupa. Sabia exatamente que não era uma perita naquele
quesito, mas só de ver a respiração superficial dele, a
apreciação naqueles olhos escuros, a faziam se sentir a
mais confiante e sexy mulher do mundo. Levou sua mão
lentamente ao membro excitado dele, o envolvendo, e viu
Cristian fechar os olhos soltando um sibilo ininteligível por
entre os dentes. Rose se sentiu poderosa ao vê-lo
totalmente entregue, movimentou sua mão para cima e
para baixo sentindo ele se enrijecer ainda mais, e ela
apreciou bastante.
— Oh Rose...

A voz dele rouca, crua, visivelmente gostando daquilo,


ela ficou admirada que somente o tocando conseguisse o
deixar com a cabeça jogada a cabeça para trás, os olhos
fechados firmemente, a boca levemente aberta e a
respiração completamente descompassada. Apertou-o
entre seus dedos e sem mais delongas o pôs na sua boca,
querendo ver sua reação, e não foi nada desestimulante.
Cristian gemeu alto incapaz de esconder seu prazer, a
sentindo brincar com a língua na ponta do seu membro, ele
a olhou admirado, excitado, a visão dela combinada a sua
boca descendo lentamente pelo seu cumprimento o deixou
estagnado, e quando ela o tomou mais profundamente,
chupando com força, ele não conseguiu evitar por a mão
em seu cabelo, puxando e incentivando-a mais, Cristian
movimentou seu quadril e quase perdeu a razão quando a
mulher o levou até o fundo da garganta.

— Anjo pare... Não vou durar... Rose minha linda, por


favor, pare, eu não quero...

Ela não deixou que o homem se afastasse, queria vê-


lo chegar ao ápice com os lábios dela, nunca tinha feito
aquilo até o final, mas Cristian era tão delicioso,
demonstrava um desejo cru, que a excitava, ela queria
poder fazê-lo convulsionar de prazer, ter o poder de levá-lo
ao máximo, segurou o quadril do homem, impedindo seus
movimentos, e o levou até o limite em sua boca. Foi então
que sentiu ele vim forte contra sua garganta, quente e
levemente salgado, enquanto ele gemia seu nome ao
agarrar os lençóis da cama com força. Cristian sentiu-se
zonzo e perdido, quando encontrou o olhar iluminado da
mulher, cheia de si passando a língua nos lábios, não se
segurou, ele se moveu, puxando o rosto dela para o seu,
beijando-a, deixando Rose ainda mais contente ao vê-lo
agir daquela forma tão terna depois do que fizeram.

— Porra... Você é maravilhosa, isso foi maravilhoso,


tão gostoso! — O homem disse com suas mãos infiltradas
no cabelo dela, que ainda sorria segurando nos seus
braços, mas afastou-se um pouco para encarar seus olhos.

— Ouvir dizer que os homens dizem isso após


receberem algo assim de uma mulher!

Ela disse num tom descontraído, mas então o viu


franzir o cenho, e a expressão escurecer com uma
carranca, de repente ele a pegou pelos braços e jogou de
costas na cama, sem muito cuidado, mas não a
machucando, e então puxou sua calcinha a livrando
rapidamente, só ficar entre suas pernas, cobrindo seu
corpo com o dele. Rose ficou um pouco apreensiva, não
sabia o que pode ter dito de errado para o humor de ele
mudar tão rápido.

— Não me faça pensar que já fez isso para alguém...


— O homem sacudiu a cabeça em negativa, sério.

— Eu... — A súbita declaração à fez piscar surpresa,


sem palavras.
— Odeio pensar em algum outro cara que tenha tido a
porra da chance de ter você. Ter sua boca, seu corpo, seu
cheiro... — Cristian disse sem conseguir mais se controlar.
— Foda! Eu odeio todos que já tocaram sua pele. Você é
minha, te quero só pra mim. Rose, você me deu uma das
melhores coisas que pode ser feito a um homem, e me
deixa louco pensar que não fui o único... Sei que isso é
ridículo, mas me faz miserável não ter sido o único na sua
vida... Que demorou tanto para eu te encontrar!

Rose ficou boquiaberta, tinha certeza que seu coração


estava a ponto de sair pela boca e ao mesmo tempo em
que se encolheu diante daquela declaração tão sincera, ela
se sentia lisonjeada, elétrica e tudo que conseguiu fazer foi
respirar, a capacidade de pensar tinha sido afetada, nunca
pensou que uma crise daquelas, que sempre julgou boba,
fosse então a seduzir de uma forma crescente. Aquela
vozinha no fundo da sua mente a encarava com total
deboche e também total razão, ao dizer que ela adorou
aquilo por estar incondicionalmente apaixonada por aquele
homem, ao ponto, que sim, podia entendê-lo, toda aquela
necessidade e ciúmes estavam nela também, todavia, era
mais que assustador assumir aquilo em tão claras
palavras.

— Eu... Deus você é lindo... — Falou ela sem


raciocinar acariciando o rosto dele e vendo sua confusão.
— Cristian, não precisa pensar sobre isso, ou se martirizar
assim, tudo que faço com você é único... Se te faz feliz,
nunca levei ninguém ao ápice, só você! Ainda não
entendeu que também me tem? Eu sou totalmente sua...
“E completamente apaixonada, mas não quero dizer
isso e te assustar!”... Rose ainda precisava saber se ele
estaria pronto para ouvir aquilo dela, no fundo não sabia se
ela estava preparada para dizer, nunca achou que poderia
o adorar tanto, viu o sorriso dele se abrir como se
houvesse ganhado seu presente de natal.

— Minha?

Cristian queria a beijar, cada pedacinho dela, e pedir


repetidas vezes que dissesse que era só sua, mas buscou
se controlar, aquela mulher tinha o poder de fazê-lo agir
como um adolescente e também conseguia o fazer feliz de
uma forma que nunca imaginou existir. Era amedrontador
estar tão ligado a alguém naquele nível, mas era inevitável,
porque era sua Rose.

— Totalmente sua! — Disse ela com convicção, foi a


primeira vez que a mulher admitiu gostar de ser dele, afinal
de contas seu coração ele já possuía.

— Meu lindo anjo... — Ele a beijou, arrancando um


sorriso dela. — Agora eu quero você!

Murmurou o homem sem poder se conter, beijando o


rosto dela, seu pescoço, deixando sua mão descer pelo
seu estômago até sua intimidade, e a tocou, ouviu o
gemido.

— Ah... Você tinha que descansar!

— Não há melhor lugar do que dentro de você.


Ele fitou o rosto dela enquanto lentamente guiou seu
membro a penetrou, arrancando um gemido instável da
mulher, e a observou fascinado, vendo os olhos brilharem,
enquanto mordia seus lábios, tendo a luz do final da tarde
banhando algumas mexas espalhadas do seu cabelo. Não
demorou muito para o casal se perder em uma tarde
fazendo amor, Rose sentia que ele venerava seu corpo a
cada investida sua, onde a beijava docemente, tomando
seu tempo em dar prazer a eles dois. Cristian só podia
pensar na esposa e em como era maravilhoso poder estar
com ela. Tinha convicção que nunca queria perder aquilo,
não podia perdê-la.
CAPÍTULO 10
Ele estava na floresta, podia sentir o denso frio, só
intensificado pelas altas árvores, nenhum músculo do seu
corpo respondia, e por isso continuava deitado naquele
chão lamacento, todavia, o pior agravante era a escuridão.
Pelo menos era o que sujeito achava até ele escutar:
— Cristian? Cristian? Socorro, socorro, por favor,
Cristian!
Era a voz de Rose. Ele podia sentir a agonia e a força
do som, estava perto, mas ele simplesmente não
conseguia se mover, por mais que tentasse. Todo o interior
dele se retorceu em um desespero mudo.
— Cristian, por favor!
O choro na voz dela estava abrindo um buraco no
coração de Cristian e ele tentava se mover, gritar, fazer
qualquer coisa, mas continuava inutilmente parado,
aterrorizado, sentindo-se fraco. Estavam machucando sua
Rose.
— Cristian... NÃO!
Com aquele grito tudo sumiu e ele sentiu lágrimas em
seus olhos... Por dentro gritando por ela de volta, mas só
havia silêncio de novo, escuridão, nenhum sinal dela...
...

O homem piscou algumas vezes e então sentiu o sol


em seu rosto, entrando pelas frestas da cortina meio
aberta. Não havia escuridão ou frio, ele estava em seu
quarto, com a posse de todos seus movimentos, e ao olhar
para o lado encontrou o rosto de Rose, a visão dela assim
era divina. Ele suspirou, controlando sua respiração e seus
batimentos cardíacos, os pesadelos haviam melhorado,
entretanto, aquele não foi sobre suas lembranças, e foi
pior, muito pior. Lembrar-se da agonia de ouvir a esposa
gritar e não poder fazer nada chegou a ser pior que
qualquer dor advinda de uma tortura física. Cristian se
moveu sentido seu corpo dolorido, mas isso pelo menos
significava uma coisa: Estava vivo. Levou a ponta dos
dedos ao rosto adormecido da mulher, aliviado por vê-la ali
segura, sabia que podia passar horas e horas admirando
enquanto dormia, com certeza era paisagem mais linda e
delicada que tinha em sua vida.

— O que você fez comigo Rose? Sinto como se não


pudesse mais viver sem você... — Ele disse e abaixou os
lábios contra sua testa, aproveitando para sorver um pouco
do seu cheiro.

— Não amor... — Rose disse e Cristian se afastou


dela minimamente vendo se tinha a acordado, suas
palavras o deixaram confuso.

— Rose?

Chamou vendo ela ainda de olhos fechados, seu


cenho franziu um pouco, como se um pensamento ruim a
atormentasse, ela tinha os lábios entreabertos enquanto
respirava lentamente, no entanto, ele ficou perturbado com
o que a mesma havia dito, então tentou se comunicar
novamente.

— Rose? O que disse?


— Não me deixe... — A mulher franziu as
sobrancelhas, resmungou algo ininteligível, antes de
suspirar. Ele conseguiu entender o que ela disse, mesmo
que tenha saído um pouco abafado e baixo, e certa
apreensão se instalou em seu interior.

— Rose? — A chamou de novo, mas não houve


reação e o deixou quase nervoso, querendo entender do
que se tratava aquele claro sonho dela. — Rose quem?
Quem Rose?

— Cristian... Meu Cristian...

O ar foi expulso dos pulmões dele e preenchido por


uma felicidade a qual nunca teve de verdade, sorriu sem
poder se conter, beijou o rosto dela com carinho.

— Não irei te deixar, abra os olhos pra mim...

Disse em voz alta, beijando-a, provocando a acordar.


Rose se espreguiçou, ganhou mais beijos, começando a
sorrir por estar sendo desperta por um “ataque” que
poderia se dizer romântico.

— Cristian... — Ela falou, para ele ouvir seu nome com


a voz sonolenta da mulher era um deleite.

— Estou aqui, acorde meu pequeno anjo! — Ele


deixou a beijar seu rosto, afastando seu cabelo, colocando
os lábios no pescoço feminino e então capturou o lóbulo da
sua orelha com seus dentes.
Rose gemeu sentindo o toque quente causando
arrepios deliciosos em seu corpo. Piscou algumas vezes
sentindo o marido a enchê-la de beijos, até encará-la com
um sorriso satisfeito.

— Que foi? — Perguntou esticando os músculos


devagar e percebendo que o sorriso dele só aumentava.

— Você andou falando enquanto dormia!

Entregou o homem divertido com a expressão de


surpresa que a esposa exibia, sem saber que internamente
a mulher se xingava de em todas as línguas que falava.

— Olhe eu quero logo dizer que não me


responsabilizo por nada que sair da minha boca enquanto
durmo!

— Oh não? — Cristian não pode evitar uma


gargalhada baixinha.

— Você esta zombando de mim? — Rose tentou não


se derreter com aquele homem sorrindo daquele jeito,
semicerrando os olhos escondendo seu encantamento.

— Talvez! — Ele comentou, ganhou um empurrão,


sorriu e puxou-a para cima dele, enterrando o rosto em seu
pescoço.

— Você podia ser educado e ignorar o que eu falo! —


Disse a mulher e Cristian se inclinou para poder ver o rosto
dela.
— Não. É engraçado ver você falando e acordando
confusa... Eu me divirto!

— Ah eu vejo! — Disse ela mal-humorada. — Então, o


que eu disse?

— Nem sob tortura contarei! — Cristian fez uma falsa


carranca e gesticulou negativamente com a cabeça.

— Como você é frustrante!

Ela tentou sair dos braços dele, mas não foi muito
eficiente. Resmungou ela sabendo que não iria ter
nenhuma palavra do marido quanto ao conteúdo que
expos, mas pensou se houvesse dito algo “sério” não o
teria em tão bom humor.

— Sou? — O homem provocou beijando a clavícula


feminina, subindo para o pescoço, mordiscou o local, então
subiu novamente.

— Sim, muito...

Rose tentou soar séria, mas já se derretia aos toques


dele. Quando este chupou seu lóbulo quase deixou um
gemido sair, mas desistiu totalmente quando o sentiu
mordiscar sua mandíbula até alcançar seus lábios.

— E você deliciosa, muito!


Cristian mordeu o lábio inferior dela com cuidado,
então a beijou, sentido seu controle se esvair quando a
mulher passou a língua nos seus lábios, chupando. Cobriu
o corpo dela com o seu adorando a sentir nua, e Rose
sorriu ao perceber seu estado de excitação contra dele
contra o corpo dela, nunca era entediante acordar com
Cristian Herovrisk.

И·И

— O que você está fazendo? — O Herovrisk


perguntou ao ver a mulher tirar um vestido azul do closet,
que o olhou por cima do ombro enquanto procurava um
sapato.

— Me arrumando! — Respondeu ela em um tom de


obviedade e viu o homem franzir o cenho.

— Não quero que saia de casa hoje.

— O que?

Ela cessou seus movimentos e se virou para encarar o


homem, tentando não ficar babando diante da visão
arrebatadora dele apenas uma toalha em volta da cintura,
mesmo que houvesse aquelas marcas do atentado o
maculando.

— Isso mesmo que entendeu. Vai ficar em casa! —


Cristian viu a mulher por as mãos na cintura assumindo
uma expressão crítica.
— Não basta eu ter ficado dois dias?

Ela questionou, e ele fechou os olhos esperando


alguma iluminação, mais paciência talvez, passou a mão
pelo cabelo então voltou a encarar sua mulher.

— Não, escute Rose, executaram um atentado contra


mim, não sei de onde veio, preciso descobrir o mandante.
Então até lá preciso de você em segurança... Está
entendendo que quero te proteger?

Rose piscou, a expressão do marido era séria e


sincera, ela suspirou, tinha de dar razão, afinal atentaram
contra sua vida, e agora ele protegia a dela. Deixou sua
roupa de lado e foi até o marido colocando suas mãos em
volta da cintura dele, olhando fixamente nos olhos escuros.

— Tudo bem, eu fico. — Deu um sorriso conciliador. —


Só basta se comunicar comigo, não simplesmente ladrar
ordens, se quer que eu fique, pois te deixa mais tranquilo
para agir, ficarei...

Foi um choque para o homem vê-la falar assim e ao


mesmo tempo o deixou em estado de paz. Pegou o rosto
dela entre as mãos e abaixou o seu até ficar a centímetros.

— Ah o que você faz comigo?

Ele a beijou lentamente, Rose sentiu como se


estivesse sendo venerada, seu coração tolo pulou de
alegria.
— Me diga você... — A mulher sussurrou sorrindo
contra os lábios dele. O homem continuou a beijá-la.

— Preciso me vestir Rose, com você aqui isso se


torna difícil!

Ele disse, se afastando e a viu o encarar divertida,


quando o prendeu num abraço carinhoso ao dar um beijo
em seu peito, que o deixou desconcertado, então a mulher
saiu, deixando um sorriso glorioso para ele, e ali sozinho
ele respirou fundo sentindo que a sua esposa começava a
levá-lo a loucura, consumindo-o de uma forma
inexplicavelmente boa.

И·И

Fazia dois dias desde o atentado, contando com o que


Cristian voltou e se trancou no quarto, passando o próximo
da mesma forma, e naquela manhã já havia perdido o
horário do desjejum, por isso apenas seguiu direto para o
escritório de seu pai, assim que entrou, soube pelas suas
feições dele, não estava satisfeito com algo.

— Essa é a prioridade que dá a quem te ataca?

A voz fria de Conegon, não revelou a totalidade da sua


irritação, o homem estava digladiando consigo mesmo
antes do filho aparecer sobre como parecia distraído e
totalmente tolo em volta da esposa, da qual ele não tinha
saído do lado desde que voltou.
— Eu não estava parado, já coloquei Urike para colher
informações e ativei todos os nossos contatos, mas eu
precisava me reestabelecer antes de sair por aí.

O Herovrisk mais novo falou firme, pois não tinha a


mínima vontade de discutir o tempo que havia dedicado a
si mesmo e a Rose, foi mais que ideal, era vital, sentiu uma
falta absurda da sua esposa e ela foi tudo que o
impulsionou a sair o mais rápido possível dentro daquela
floresta, não tinha como negar.

— Claro! — Conegon disse com deboche, viu a forma


afirmativa e superior como o filho se comportou. Isso não
era bom.

— Estou...

— Cale-se. Há coisas que você precisa saber, não era


da sua conta, mas a situação mudou!

Cristian travou o maxilar se irritando por ser mandado


ficar calado, mas se controlou.

— O que mudou?

O homem mais velho atrás da mesa não deu


indicação, mas por dentro estava indeciso sobre qual seria
a reação do filho, decidiu que não devia se importar, podia
lidar com qualquer coisa, pois sabia os “gatilhos” para
colocar Cristian no lugar.
— Foram os italianos que te atacaram... Porque eu e o
Volkov fomos os mandantes do atentado contra Bertinelli!

Toda o sangue de Cristian congelou ao mesmo tempo


em que a raiva permeou suas veias.

— Você o que?

Cristian vociferou, ele tinha passado um inferno por


causa de um ataque mal sucedido do seu pai, não podia
acreditar e nesse momento queria poder socar algo.

— Isso que ouviu. Eu mandei matarem o Bertinelli!

O Herovrisk mais velho disse cheio de escárnio,


Cristian se aproximou da mesa espalmando suas mãos ali
enquanto se inclinou para o seu pai, não conseguiu
esconder a raiva.

— Você falhou pelo visto... Como pode fazer algo sem


me consultar?

Conegon viu pela primeira vez a liderança do filho


sobrepor a sua e não gostou. Levantou-se para ficar no
mesmo nível dele e sorriu com deboche.

— Consultar um moleque? O que deu na sua cabeça


para falar comigo assim Cristian?

— Eu sou o novo chefe! Eu decido! — O homem mais


novo tirou as mãos da mesa dando um passo para trás
incrédulo.
— Poupe-me!

Seu pai riu abertamente da sua cara, o Herovrisk mais


novo sentiu a irá se abater sobre ele, e nem sua respiração
conseguia controlar, suas mãos tremiam enquanto se
fechavam em punho.

— Você mente nesta merda e agora rir de mim? —


Gritou alto o suficiente para fazer qualquer um se encolher
e foi o bastante para Conegon se calar e o olhar com
frieza.

— Olhe como fala, Cristian!

Cristian repudiou aquilo, deixou seu pai ver, não


estava se importando, por culpa dele quase tinha sido
morto. Eles haviam firmado há algum tempo uma espécie
de acordo de paz com os Bertinelli, nunca se falaram
diretamente, mas pelo menos aquilo evitou que se
cruzassem, e assim nenhum deles ficariam interferindo em
seus negócios. O Herovrisk mais novo odiava tanto quanto
o pai aqueles italianos, mas sabia que não era ideal cruzar
uma guerra entre eles, não enquanto seus marcados
estivessem equilibrados, por isso não tinha necessidade de
um ataque.

— Eu nunca disse que iria te desrespeitar, falei que


iria te ouvir em minhas decisões com os negócios da máfia,
mas você mentiu para mim!
Conegon riu abertamente e deu a volta na mesa,
somente parando quando ficou frente a frente com o filho.

— Você não sabe de nada, pode até mandar nas


indústrias "H", mas não aqui, não na máfia. Achou mesmo
que te deleguei tanto poder assim? — Ele deu um aceno
negativo. — Pense, acha que te casei porque queria
apenas um herdeiro? Se fosse isso, qualquer vagabunda
serviria, mas não, eu queria uma putinha Volkov pelo seu
sobrenome e poder da família dela...

— Não fale assim da Rose! — Rosnou Cristian sem


poder conter-se, seu pai tencionou, mas escondeu
rapidamente seu susto ao vê-lo defender a esposa.

— Eu falo como quiser, porque é isso que ela e todas


as outras são, você sabe, há muito tempo te ensinei. E
lembre-se de que você era só um moleque, eu te fiz um
homem, e obviamente não um feito para defender uma
mulher!

O Herovrisk mais novo franziu o rosto e ficou sem


ação. Conegon ficou satisfeito, vendo que tinha o controle
do filho novamente, sabia como manobrá-lo através de
anos de surras que foram educativas, assim como as
palavras duras e exercícios de tortura, ele moldou o filho
para ser seu melhor soldado, e com essa convicção ele
continuou a falar:

— Eu casei você com aquela puta riquinha porque


quis o apoio do Volkov para atacar o Bertinelli... Você foi só
uma moeda de troca, como tudo que temos na vida
Cristian, devia se lembrar disso, sua posse da máfia não foi
mais do que uma mera distração. Então tire esse olhar de
cachorro ferido da cara antes que eu faça você se lembrar
na marra o que é ser um homem de verdade.

Cristian o olhou com raiva, nunca tinha sentindo tão


usado e ainda mais revoltado pelo modo como ele falava
de Rose, inflamava seu sangue como nunca tinha
acontecido, o Herovrisk mais novo respirou fundo lembrado
de tudo que passou para atingir o poder da máfia, mas
então seu pai dizia que tudo foi falso.

— Se eu sou apenas a moeda de troca então já fui


usado, fica claro que você não precisa mais de mim!

Falou com escárnio e deu as costas para o seu pai,


que ficou em choque pelo ato. Conegon puxou o filho, mas
ele se desvencilhou rápido do toque, viu seu pai o encarar
como se fosse algo de outro mundo.

— Fique onde está. É uma ordem, Cristian!

Conegon disse vendo como nunca havia visto antes o


olhar do seu filho, sabia que precisava usar de algum
artifício para fazê-lo lembrar de quem tinha o controle,
Conegon nunca havia perdido o poder sobre ele e isso o
deixou frio.

— Não obedeço mais suas ordens. Acabou! Eu vou


embora daqui. — Disse Cristian frio e viu a expressão de
seu pai cair. — Estou saindo agora com Rose!
Assim que ele terminou a frase os lábios de seu pai
levantaram-se em um sorriso frio.

— Sabe Cristian eu acho que você precisa lembrar-se


de uma lição. Tudo que eu faço é para que aprenda... Hoje
vou te mostrar quem está no poder, quem você deve
obedecer, porque tudo que faço é pensando no seu bem,
porém acho que se esqueceu de mostrar respeito a mim e
precisa se recordar!

O Herovrisk mais novo franziu o rosto e então viu seu


pai o deixar na sala. Ficou olhando o chão tentando
discernir o que se passava e então em sua mente algo
clareou, lembrou-se de como ele sorriu ao o ouvir anunciar
o nome...

— Rose! Não...
И·И

Rose conversava com Cam por de mensagens


enquanto ela avaliava algumas informações sobre a loja
quando ouviu a porta do seu quarto ser aberta e fechada
com força, olhou para trás assustada e viu Conegon, seu
corpo entrou em estado de alerta total.

— O que você tá fazendo aqui? — Ela perguntou séria


fechando o roupão ao seu redor, sem se levantar da
cadeira, o velho sorriu sardônico.

— Eu vim mostrar uma coisa para o Cristian e te


ensinar boas maneiras, coisa que já estava te faltando há
um bom tempo...
A boca da mulher secou, um alarme soou alto em sua
cabeça, ao vê-lo avaliar o quarto e então por os olhos de
novo nela, frios e repugnantes.

— Saia daqui agora! — Rose disse tentando esconder


o medo na sua voz. — Onde está o Cristian?

Conegon permitiu-se rir, ele sabia que ela estava com


medo e isso era na sua cabeça doentia, excitante, pensava
também que no final de tudo aplicaria uma boa lição em
seu filho e ainda desfrutaria açoitar a vadia da nova Sra.
Herovrisk.

— Em breve ele vai está ali naquela porta. — Apontou


para trás de si. — Enquanto te ouve gritar!

Todo o sangue é drenado do rosto de Rose se foi e ela


sentiu suas mãos suarem, um tremor ruim passa por seu
corpo.

— Saia agora daqui seu louco...

Ela brandiu não deixando o medo tomar conta dela. O


velho riu grotescamente, então tirou o blazer, e pós na
mesinha, logo depois deixou sua arma ali e arqueou uma
sobrancelha como se inquirisse algo ela há algo.

— Sabe eu sempre te achei gostosa, mas nunca


pensei que fosse me excitar apenas em ver esses seus
olhos amedrontados... Eu sei que está com medo Rose!
— Você é nojento, Conegon...

O modo como ele a olhava, falava o nome seu nome


lhe dava nojo e quase a fazia sufocar, ele deu de ombros e
então começou a abrir sua camisa. Rose arregalou seus
olhos tendo uma noção clara do que o homem ia fazer.

— Eu ia comer sua bunda sem te fazer sangrar, mas


depois disso você merece ser fodida com bastante força...
Farei com que se lembrar de nunca mais me insultar sua
puta, eu não sou o Cristian.

Rose sentiu seus olhos encherem-se de lágrimas, sem


saber que seu marido corria para alcançá-la, subindo de
dois em dois degraus da escada, até chegar ao corredor,
porém não esperava ser atingido por um soco potente em
seu queixo que o jogou no chão zonzo. Mesmo caído no
chão conseguiu ver o corredor repleto de seguranças,
tinham que ter mais de dez, ele se levantou o mais rápido
que conseguiu ainda cambaleante, os encarando.

— Saíam da minha frente agora! — Mandou ele, mas


os homens negaram e um deles falou:

— Temos ordens do seu pai para fazer o senhor ficar


aqui e apenas escutar...

Cristian fechou os olhos com raiva sentindo quase


uma dor física, seu pai viu em Rose uma fraqueza nele e ia
usá-la. O Herovrisk sabia como a cabeça do pai funcionava
e como suas punições eram, e como sempre aceitou...
— Dessa vez não! — Ele disse firme aprumando sua
postura. — Vou matar todos vocês se necessário para
passar.

— Seu pai deixou ordem para atirar, caso necessário,


e não queremos machucá-lo senhor!

Ele viu os homens pegarem suas armas. Nada


importava a Cristian naquele momento, poderia ser
fuzilado, mas se tivesse forças para lutar, para salvar sua
esposa, ainda estaria de pé.

— Então vocês terão que me matar, porque não vou


ficar parado!

E assim como ele disse aconteceu, partiu para cima


dos homens, enquanto a própria Rose reunia suas forças,
espantando o medo, se preparando para lutar também, ela
procurou na sua mesa algo com que pudesse se defender,
não tinha nada pontiagudo, apenas canetas, e dessa forma
pegou uma, dizendo a si mesma que teria de servi, colocou
escondido na manga do seu roupão. Conegon tirou a
camisa e ela quis vomitar com a visão, mas se levantou da
cadeira o encarando, não ia dar chance de ele prendê-la
ali.

— Não tente correr ou vou bater no seu rosto até ficar


deformada. O que seria uma pena, já que é tão bonita. —
Conegon a ameaçou e viu a repugná-lo, apenas sorriu,
pois gostava de quando elas resistiam.
— Se me tocar vou garantir que seja seu fim velho
porco!

— Aposto que você gosta de uma foda suja, pelo jeito


que fala!

Ele se aproxima dela rapidamente tentando abrir seu


roupão e Rose bateu com toda força que pode sua cabeça
no rosto dele, Conegon não esperou isso e se afastou,
pondo a mão no nariz segurando para não soltar um grito
de dor.

— Arghe, vadia...

Aproveitando isso Rose pegou a caneta e enfiou com


força na clavícula do homem, acertando com seu joelho o
meio das pernas dele. Conegon caiu e ela correu para a
porta, tentou abri-la mais estava travada, não por dentro,
seu batimento cardíaco falhou ao perceber que tinham
sidos isolados por fora.

— Sai da minha frente!

Ela escutou em ao e bom som a voz do marido,


enquanto ao que parecia a ela, ele lutava. O som de socos,
chutes e grunhidos de luta se intensificaram, seu único
instinto foi gritar por ele.

— Cristian! Cristian... A porta es... Aaaah!

A voz dela morreu ao ser acertada com força na


cabeça por um descanso de mesa que Conegon havia
conseguido pegar quando com muito esforço ficou de pé, e
do outro lado da porta Cristian sentiu seu peito ser partido
ao meio quando escutou a voz dela, e logo em seguida o
grito de dor, ainda mais desesperado ele lutou, acertando
um chute, no segurança que levantava a arma, em seguida
jogou a cabeça para trás, acertando o rosto de um que
tentava imobilizá-lo, ao mesmo tempo sentiu alguém chutar
sua costela.

— Aaaaah!

Gritou irado, usando o peso de quem o prendia para


lhe ajudar a ter impulso para chutar seu outro oponente, ao
se livrar desse, girou, se soltando e apagando mais um
segurança, não tendo tempo para parar, apenas sendo
atacado de novo, o desespero tomava conta dele por saber
que sua mulher estava sofrendo.

— Sua cadela!

Conegon gritou enquanto Rose foi ao chão, apoiando-


se na mesa onde ele havia depositado suas coisas,
todavia, essa caiu à frente dela, a mulher tentou se arrasta
para fugir, mas não pode, logo sentiu um chute nas suas
costelas que a fez gemer.

— ROSE! ROSE!

Os gritos desesperados de Cristian eram tão


dolorosos quanto à dor física. Ela podia quase ver o rosto
dele contorcido de preocupação, e quando ouviu Conegon
rir assombrosamente, soube que aquilo era exatamente o
que ele queria, por isso a chutou de novo, apesar dele
próprio sentir dor, o prazer de machucá-la lhe era o
combustível.

— Grite para ele te ouvir, vamos Rose, quero que ele


ouça!

O Herovrisk mais velho a chutou de novo. Rose


segurou-se para não exprimir nenhum som, só tentou se
arrastar novamente, não ia dar aquele gosto ao velho, não
ia ser parte do plano doentio de tortura contra ela e o
próprio filho, e Conegon vendo-a calada, fez com que seu
ódio intensificasse, por isso a agrediu com mais chutes
seguidos, descontrolado.

— GRITA! — Conegon disse, e Cristian ouviu seu pai


vociferar e gritou do outro lado da porta.

— Pare, pare com isso, deixe ela!

Cristian estava gritando ao empurrar outro segurança,


desesperado para arrebentar aquela porta e chegar a
Rose, sabendo que iria acabar com seu pai sem hesitar,
por ele machucá-la, mas dentro daquele quarto, a mulher
vivia um inferno.

— Você é uma vadia durona... Vamos ver se não vai


grita enquanto eu te fodo sem pena!

Rose cuspiu um pouco de sangue, sentia toda a


região das suas costelas queimando, era uma dor
lancinante, mas não gemeu, não soltou nenhum som.
Sentia-se zonza demais, a ponto de vomitar ou
provavelmente desmaiar, sua cabeça doía
verdadeiramente... “NÃO DESMAIE! NÃO DESMAIE...”,
esse era mantra que ela rogava para si, sabia que se
apagasse não poderia se defender. Rose apenas tentou se
arrastar, e quando o fez, sentiu algo gelado contra sua
mão; O revolver!

Nesse momento Conegon virou o corpo dela, gemeu


ao sentir dor no ombro que a mulher havia furado, ignorou
mesmo assim e abriu o roupão dela, a visão do sutiã preto
conjunto da calcinha pequena, deu a Conegon uma noção
do porque Cristian parecia tão entretido com a esposa,
abaixou-se contra ela a tocando sem cuidado, apalpando
os seios, apertando as costelas machucadas, a pele já
tinha começado a ficar marcada e o homem sádico gostou.

Rose reprimiu uma crise de vomito ao sentir as mãos


sobre ela, sua visão turvou, mas ainda conseguia ver os
olhos frios e divertidos de Conegon quando ele apertou
suas costelas, ela travou os dentes evitando gritar. E se
concentrou em envolver a arma, mas tinha de distrair o
velho, ou com toda certeza ele veria seu ato, por isso optou
pela tática de provocá-lo.

— Seu filho da puta... Velho nojento... Não me toque,


porco!

Ele sentiu seu ódio aumentar, a mulher mesmo a sua


mercê ainda o atacava, por isso socou as costelas dela,
dessa vez ela não pode evitar um grito agonizante, Cristian
ouviu com clareza e seu coração se partiu, ele chamou por
ela:

— ROSE!

— Ele está ouvindo, continue, grite para ele Rose,


mas antes deixe eu conhecer essa sua boca...

Conegon disse, no momento em que ele pôs a boca


na dela, Rose quis morrer, mas não ia, então deixou e se
concentrou na arma, esse era o momento perfeito, ela
pegou o revólver. Quando o velho nojento pôs a língua em
sua boca, usou suas últimas forças e levantou a arma,
levando até a cintura do homem, puxando o gatilho,
rezando para que fosse automática, ela não tinha mais
forças para reagir. E Cristian, alheio ao que se passava,
somente lutando para entrar naquele quarto, conseguiu
passar por mais dois seguranças, a cada grito que ele
ouviu de Rose era como se fosse esfaqueado seguidas
vezes, não tinha mais lógica em suas ações, apenas força
bruta e desespero para proteger sua esposa.

— Pare ou eu vou atirar senhor!

A voz do segurança soou e ele apontou a arma para o


Herovrisk mais novo que não teve tempo para retrucar uma
resposta, pois no segundo seguinte este que lhe ameaçava
caiu aos seus pés, abatido. Ele olhou para trás e viu
Franco com sua Glock com silenciador, em punho, o
silêncio que reinou foi interrompido pelo som de tiros,
vindos de dentro do quarto, Cristian virou-se bruscamente
em direção à porta, sentindo qualquer calor esvair-se do
seu corpo e só restar o puro medo. Ele gritou.

— NÃO!

Conegon olhou nos olhos azuis da mulher e viu um


sorriso. Sentiu como a dor em sua cintura, não havia
dúvidas que a vadiazinha Volkov tinha o enchido de balas.

— O inferno te espera...

Rose sussurrou ao ver o rosto dele em choque com


seu ato. Ela usou a última gota de suas forças para sorrir
ainda e então veio à escuridão que foi bem-vinda,
acabando com a dor, enquanto o Herovrisk mais novo
chutava porta, tentando arrombar junto da corrente que a
isolava, entretanto Franco apareceu ao lado dele o
empurrando, para atirar no cadeado, assim que a entrada
foi liberada ele entrou e viu a cena mais horrorosa que já
tinha presenciado e sentiu toda a luz sumir da sua vida.

— Não, não, não... Rose!

O homem não sabia mais como respirar, o medo


incontrolável se apossou do seu corpo, o invadindo frio e
incomodo. Ele correu na direção da esposa, afundando de
joelhos, vendo Conegon cobrindo-a quase despida em
baixo dele, com um puxão ele tirou o pai de cima dela
jogando longe, ouvindo um gemido deste.

— Rose anjo... Não. Não, por favor... — Ele dizia


olhando sua esposa caída no chão frio, coberta de sangue,
as mãos tremiam quando tocou o rosto dele e procurou
examinar seu corpo, procurando ferimentos, o que logo o
fez perceber que todo aquele sangue não era dela.

— Cristian?

Conegon o chamou num tom de voz muito fraco, ele


olhou para o pai, que apertava a mão na sua cintura, o
sangue era dele, os tiros tinham sido disparados contra ele.

— Seu desgraçado eu quero que morra sozinho em


um inferno!

Sem mais esperar Cristian pegou Rose nos braços,


não ia cuidar de nada agora que não fosse ela, era sua
única prioridade, se a perdesse não sabia o que seria dele,
então não tinha tempo para terminar com a vida do seu pai,
ele precisava cuidar da única coisa a qual não poderia viver
sem.

— O helicóptero Franco!

Gritou e Franco correu na sua frente, ele foi atrás com


ela nos braços olhando seu rosto, vendo-a tão fria e tão
quieta. Doía em Cristian vê-la assim, uma dor física tão
potente e de um jeito que nunca tinha sentido antes, nem
todas as torturas que passou era comparada a agonia que
passava ao tê-la tão inerte, quando finalmente chegou à
área de pouso o helicóptero já estava funcionando, ele se
abaixou a prendendo firmemente contra si, enquanto
entrava no veículo aéreo e viu Yoro surgir o ajudando,
acompanhando-o também.
— Vai. Vai. Vai. Vai Franco!

O desespero do Herovrisk não podia ser escondido, e


de certa forma era desolador ver o poderoso Cristian
naquele estado de puro caos, Franco pensou, buscando os
tirar dali para o hospital mais próximo e o mais rápido que
podia.

— Anjo, Rose, minha linda, abra os olhos para mim,


por favor, por favor, não me deixe...

Ele pedia tocando o rosto da esposa em seu colo,


checando o pulso, parecia tão franco. A beijou de maneira
casta, encostando sua testa na dela, percebendo que
estava ficando cada vez mais fria.

— Rose... Fique comigo meu anjo, eu estou aqui, por


favor, acorde linda...

Pediu sussurrando contra ela. Buscou tentar entender


a extensão dos danos que lhe foram causados, pois
aparentemente parecia bem, porém desacordada, ele abriu
um pouco o roupão, vendo que a única marca visível era
em suas costelas, estava claro que tinha sido chutada,
fechou os olhos com pesar, sofrendo por ela.

— Me perdoe meu anjo... Perdoe-me...

O homem a abraçou com cuidado sentindo-se


totalmente impotente, fraco, por não ter protegido ela
melhor. Respirou fundo contra os cabelos dela, inflando
seu peito, tentando aplacar sua dor, mas sabia que só
passaria quando tivesse aquele olhar azul claro de volta.

— Eu preciso tanto de você, tanto...

Yoro e Franco se olharam, viam como seu chefe


parecia desnorteado com a mulher nos braços. Era visível
o quanto ele que se importava com a esposa, os dois não
sabiam o que poderia acontecer se algo de realmente ruim
viesse a acontecer com Rose Herovrisk, nem Cristian
ousava pensar naquilo, ainda mais quando sua atenção era
toda em mantê-la bem, quente em seus braços, este mal
viu quando já pousavam. Saiu do helicóptero com a ajuda
dos seguranças e logo uma equipe do hospital surgiu ali,
soube que Franco teve algo haver com aquilo, mas deixou
sua atenção em colocar a esposa na maca com o máximo
de urgência, querendo que ela fosse mais rápido cuidada.

— Sou o Dr. Orlov, me diga o que aconteceu Sr.


Herovrisk?

Um homem de meia idade se aproximou dele, vendo-o


totalmente perturbado, nunca havia visto aquele Herovrisk
assim, nas raras vezes a qual foi designado para cuidar de
sua família.

— Não sei. — Cristian disse desnorteado. — Eu não


sei, quando a encontrei estava desmaiada...

Ele passou a mão no rosto dela, eles já desciam pelo


elevador, mal ouviu a voz do médico falando com a sua
ajudante, diziam algo sobre checagem dos sinais de Rose,
logo estava examinando-a, não se importou em explicar
porque Rose estava suja de sangue, Cristian a
acompanhou de perto, abaixando-se, pondo seu rosto ao
lado do dela, sussurrando seu nome.

— Rose, meu anjo, abre os olhos pra mim, por favor,


estou ficando louco sem você...

O médico e sua equipe se dirigiram para uma porta,


mas pararam, e chamaram, a atenção de Cristian, quando
se ergueu em toda sua altura, a maca com Rose seguiu, e
ele foi impedido.

— O senhor precisa ficar aqui. — Dr. Orlov falou


pondo a mão em seu ombro.

— Não! — Falou veemente. — Não, eu não posso


deixar ela.

— Sr. Herovrisk, por favor, nos precisamos examiná-


la, ver qual a extensão dos danos e não poderá
acompanhar, eu irei voltar assim que tiver qualquer notícia
dela, mas peço que nos deixe levá-la. — O médico olhou
para o segurança que se aproximou e pôs a mão no outro
ombro de Cristian.

— Senhor, deixe-o cuidar dela, assim mais rápido a


terá de volta...

Franco disse e o Dr. Orlov agradeceu, viu o Herovrisk


dar um aceno, e afastar-se, jogando-se em uma cadeira
próxima. Ele encarou o chão, sentindo seu peito ser
dilacerado por aquela dor tão nova e cruel, Cristian sempre
se sentiu frio, mas nunca tão vazio ou tão seco. Uma luz
parecia ter se apagado, nada mais fazia sentido, quando
encarou suas mãos com sinais de sangue, bem seu blazer,
sentiu nojo, ele tirou aquele pedaço de roupa de si,
limpando-se, e jogando na lixeira ao seu lado. No entanto
aquela sensação de asco de si mesmo, do seu pai, não
passou. Conegon a quem ele passou a vida idolatrando,
sentia-se doente por ter sido um cego, pois por sua culpa
ele machucou Rose, mas todos os infernos sabiam, se ele
não morresse com os tiros que ela lhe deu, Cristian iria
terminaria com sua vida, bem lentamente, de forma
agonizante, o faria sofrer cada grama do que fez a sua
mulher passar, ele fechou os olhos jogando a cabeça para
trás, contra a parede, repetiu o movimento seguidas vezes,
pensando: “Ela não vai mais me querer... Vai querer fugir
de mim... Irá me deixar... Claro que vai Herovrisk, não pode
protegê-la!” Aquela voz estridente e cheia de escárnio não
para de soar na cabeça dele. Seus batimentos cardíacos
caiam ao pensar que não saberia o que faria da sua vida
se ela o abandonasse, Cristian abriu os olhos novamente
sentindo uma umidade, passou os dedos sobre e percebeu
que eram lágrimas, fazia anos que ele não dispensava
nenhuma, e isso o fez rir sem emoção.

— Isso é porque sabe que a perdeu seu bastardo...

Disse a si mesmo e levantou-se, sem poder ficar


parado, começou a andar de um lado para o outro, sua
preocupação maior deveria ser a condição de saúde da
mulher, o resto não ia importar mesmo se ela não estivesse
bem.
— Senhor? — A voz de Franco soou em suas costas,
quando o encarou, viu que tinha um copo na mão, e um
saquinho de chá, diluindo dentro do recipiente.

— Eu não...

— Tome, vai lhe acalmar.

O homem suspirou aceitando, então voltou a se


sentar, ficou olhando novamente algo indistinto. A imagem
de Rose machucada não saia de sua mente e nem a culpa,
se ela não ficasse bem ele nunca se perdoaria.

И·И

O relógio batia e batia, mas para Cristian era uma


eternidade, não sabia quanto tempo estava sentado
sozinho no corredor do hospital esperando por notícias que
nunca vinham.

— Você tá um lixo!

Ele levantou os olhos ao ouvir a voz de Noam, franziu


o cenho com a sua presença ali.

— O que faz aqui?

— Franco!

Respondeu ele como se isso explicasse tudo, de fato


explicava, Franco sabia do bom relacionamento que
Cristian tinha com o outro homem. O Herovrisk voltou a se
prostrar em seus pensamentos quanto a sua esposa, a dor
não passava, ele apenas se acostumava com ela.

— Ainda não teve notícias dela? — Perguntou Noam


sentando-se a frente dele, se dando conta que nunca tinha
visto seu amigo tão fora de lugar, que sempre foi um
homem que dizia que dominar sua aparência era o primeiro
passo para dominar o resto.

— Não! Estou no escuro, esse maldito médico não


volta, estou sem nada, sem ela! — Ele passou a mão no
cabelo ao que parecia ser a milésima vez.

— Entendo... Mas pense, essa mulher é corajosa e


forte, vai ficar bem, logo vai ter ela de volta.

O Herovrisk piscou parecendo um transe ou apenas


estava muito perturbado.

— Se ela ainda me quiser...

— Do que diabos você está falando?

Noam o encarou como se visse um animal de cinco


cabeças. Cristian abaixou os olhos para sua mão,
analisando sua aliança, lembrando-se da que adornava a
mão delicada da sua esposa, e um suspirou o escapou.

— Eu não a protegi. — Riu de maneira amarga. —


Não protegi minha própria esposa, que foi atacada pelo
meu pai, por minha culpa. Acha que ela ainda vai querer
olhar para mim depois do que eu a deixei passar?

Diante daquele discurso tão desapaixonado e aquele


olhar tão sofrido, Noam só podia concluir que o Herovrisk
sofria muitíssimo, isso o fez sorrir, afinal de contas era o
momento perfeito para ele lhe fazer enxergar algumas
verdades que estavam mais transparentes que água.

— O que eu sei é que você a ama e duvido que a


deixe ir!

Cristian olhou para o amigo, aquelas simples palavras


o assustavam, mas raciocinou em cima delas, a forma
como tudo na sua vida parecia girar ao redor de Rose, o
jeito como seu coração disparava a simples chegada dela
no mesmo ambiente ou por um sorriso dela, toda aquela
devoção a sua proteção, sua incapacidade de vê-la sofrer,
o melhor sexo que havia compartilhado e obviamente a
maneira como ela lhe enchia de felicidade só por existir.

— Nunca achei que fosse capaz... — Ele desabafou e


viu o sorriso de Noam se ampliar.

— Todo mundo é capaz. — O homem se divertiu. —


Até mesmo os que julgam não ter coração, porém acho
que a Rose provou que você tem um e que parece bater
apenas por ela.

— E, no entanto, isso não importa. — Cristian riu sem


emoção, não sabia amar, mas estava amando, era louco.
— Como não?

— Rose provavelmente já me odeia!

— E você a ama. — Disse com um bufo exasperado.


— Mostre a ela isso e convença que não há outra pessoa
se não você para estar ao seu lado!

— Eu não sei fazer essa coisa de amor Noam, eu


nunca fiz, nunca vi de verdade, e tenho certeza que não
sou capaz de por em prática a ponto de convencer essa
mulher a ficar do meu lado...

O amigo olhou incrédulo para o Herovrisk, era um


verdadeiro teimoso que não conseguia assumir seus
sentimentos, apostava que isso tinha haver com seus anos
de treinamento físico e psicológico, imposto pelo pai.

— E então o que você vai fazer? Deixá-la ir? —


Provocou Noam querendo ver até onde o Herovrisk
teimoso ia, todavia, um movimento no corredor pôs o
homem de pé, era o médico de Rose.

— Como está minha esposa? — Cristian disse


ansioso ao médico que apareceu com um semblante
impassível.

— Sr. Herovrisk, sua esposa está sedada agora, ela


teve uma batida na cabeça que causou um hematoma,
também teve uma contusão nas costelas do lado direito,
por sorte não houve fratura, mas em geral ela está estável,
porém vamos ver como vai acordar, pode ter um atraso na
fala, perda de memória curta, então iremos mantê-la em
observação.

Ouvir sobre os machucados que foram infligidos em


Rose deixou Cristian nauseado, ele passou a mão pelo
cabelo mais uma vez.

— Quanto tempo ela vai dormir?

— Algumas horas!

— Posso vê-la agora? — O homem não conseguia


mais ficar longe dela, mesmo que lhe fosse negado o
pedido, ele iria dar um jeito de por seus olhos em cima da
mulher.

— Sim, pode, a transferimos para um quarto.

— Ótimo, me leve até lá! — Pediu ele apressado e


então viu o médico franzi o cenho, e isso o fez parar,
estranhando tal gesto.

— Sr. Herovrisk, há uma coisa que gostaria de falar


ainda!

Ele piscou, se fosse sobre o estado de saúde da


mulher, algo ruim, sentia que ia partir ao meio.

— O que doutor? Ela está mais machucada e não quis


me dizer?
Dr. Orlov levantou as mãos pedindo calma ao esposo
da sua paciente.

— Vendo as condições que ela chegou aqui, não são


comuns e eu realmente gostaria que me fosse informado,
para que seja preenchido de forma correta o relatório da
sua esposa... — Ele fez uma pausa esperando uma
resposta do homem a sua frente, mas não houve nada. —
Bom, mas o que tenho a lhe dizer, julgando suas reações
desde que chegou, é que não sabe que sua esposa está
grávida!

O Herovrisk deu uns passos para trás como se tivesse


levado um soco forte, piscou algumas vezes respirando
entrecortadamente... “Grávida... Um bebê dentro dela...
Rose com uma pequena vida dentro dela... Eu... Eu pai...”,
ele estava em transe, chocado, assustado, completamente
sem ação. Noam ouviu claramente o que havia sido dito
pelo médico, e viu Cristian olhar para o chão atônito, e não
aguentou, riu abertamente se levantando da cadeira, para
ir até o amigo, pondo as mãos no seu ombro o virando para
encará-lo.

— Parabéns! Você vai ser papai... — Noam disse e viu


Cristian piscar parecendo ter engolido algo estragado.

— Cristo. Eu estou sufocando!

Ele disse abismado e o outro homem riu da careta


hilária do amigo, não era todo dia que se via Cristian
Herovrisk em choque. “Ah obrigado Rose...”, pensou
Noam completamente divertido, enquanto o Herovrisk teve
que ser conduzido a se sentar visto que estava claro que
de pé este não se aguentaria.

— É normal ficar um pouco verde? —Noam perguntou


e ganhou um olhar assassino de Cristian, que começou a
ter sua pressão aferida pelo Dr. Orlov.

— Já disse. Não preciso disso!

— Mas o senhor não perece bem... — Disse Franco,


ele havia chegado ali um pouco antes de ouvir seu patrão
receber a notícia que ia ser pai, dessa forma nem tinha
sido notado até tal momento.

— Se os dois não se calarem são vocês que não iram


ficar bem!

Reclamou Cristian com uma carranca, mas seus


pensamentos ainda estavam na notícia que recebeu, e
percebeu que aquilo era agradável, muito. Imaginou então
Rose com um pequeno bebê de olhos azuis como dos
dela, que ele tanto adorava, a visão parecia ser divina e lhe
causava sentimentos estranhamente bons, mas também
eram assustadores, pois não sabia como ia ser pai, só
tinha um exemplo, mas que agora sentia odiar mais que
todos os italianos. Ele fechou os olhos e sentiu aquela dor
novamente, mas desta vez triplicada, pois o pensamento
de que aquela vidinha dentro da esposa pudesse ter se
perdido o deixou irado.

— Sua pressão parece ter estabilizado Sr. Herovrisk, e


é normal pais de primeira viagem reagirem assim. Eu
mesmo quase desmaiei quando minha mulher me contou
sobre nossa primeira filha.

Cristian olhou para o médico e piscou. ROSE! Ele


finalmente se deu conta que uma parte da equação da
gravidez estava em aberto. Sua esposa, pois não sabia
qual seria sua reação, e levando em conta o jeito
imprevisível com que se comportava e todo aquele maldito
acontecimento, ele teve medo da ideia dela rejeitar a
criança, mas logo tratou de deixar isso de lado, afinal sabia
muito bem o tipo de pessoa que Rose era. Ia ficar com
aquele bebê e Cristian não se viu pensando em outra coisa
que não usá-lo para mantê-la consigo.
“Você é um merda Herovrisk!”... Aquela voz gritou na
cabeça dele, Cristian buscou ignorar, pois a única coisa
que sabia era: Queria Rose para sempre e queria o bebê
também, então não ia importar os métodos, mas ia ter os
dois, iria se esforçar ao máximo para satisfazer as
vontades e necessidades dela, e ainda teria o bebê, que
cuidaria, mostrando que podia tomar conta dos dois. Tinha
decidido, faria a mulher ficar ao seu lado com todas as
suas forças, podia não saber amá-la, mas era obstinado o
suficiente para conseguir algo quando queria.

— Quero ver minha esposa!

Ele saltou da cadeira ignorando a cara de divertimento


de Noam, e vendo Franco tentar esconder a sua cara de
preocupação, o médico concordou e o levou para onde
Rose estava, foram por um longo corredor, onde Cristian
fez uma nota mental de que devia por seguranças, antes
de entrar no quarto em que estava sua esposa encarou o
Dr. Orlov.

— Deixe que eu conto para minha esposa sobre a


gravidez. E vá até meu segurança, ele irá explicar o que
aconteceu com ela...

Sem esperar resposta ele entrou no quarto, fechando


a porta atrás de si, e seu peito apertou com a visão de
Rose, ele se aproximou devagar, olhando-a ligada a um
aparelho. Tinha intravenosas conectadas e outro fio em seu
dedo, medindo sua frequência cardíaca, o "bip" seguido e
compassado da máquina, marcando seu coração, de
alguma forma o deixou mais calmo. O homem ficou ao lado
da cama observando então seu rosto, ela parecia pálida, os
lábios não estavam vermelhos como normalmente, os cílios
caiam mais escuros sobre sua pele. Sem conter seus
gestos ele levou a mão até sua bochecha, e fechou os
seus olhos sentindo um deleite a temperatura normal dela
estava lá, quando abriu os olhos novamente, deixou sua
mão arrumar os cabelos femininos para trás, contra o
travesseiro de hospital, ele abaixou seus lábios até tocarem
sua testa em um beijo carinhoso.

— Você me assustou tanto, me fez enxergar que você


se tornou a minha vida toda!

Cristian passou os lábios contra os dela,


delicadamente, então se afastou, olhou para a sua barriga
e então deixou sua mão livre descer até lá acariciando, era
louco para o homem, que uma vida se formava ali, um
sorriso orgulhoso cruzou os lábios dele por saber que ele
era o responsável por ter posto aquela coisinha lá dentro,
sacudiu a cabeça e encarou o rosto da mulher novamente.

— Eu juro que vou cuidar de vocês, vou dar o melhor


de mim... Quero vocês do meu lado, para sempre!

И·И

Tudo estava muito escuro, seus músculos não


obedeciam ou na verdade ela mal os sentia, sua língua
parecia grossa e a cabeça pesava como se houvesse
acabado de passar pela pior ressaca já existente, Rose
lutou para abrir os olhos, mas não conseguiu, um medo
surgiu nela ao pensar que podia estar morta.

— Não... Vou ficar aqui com ela!

Aquela voz. Aquela voz grossa e levemente rouca, a


fez entender onde estava, era Cristian, ela tentou se
lembrar em que momento ele chegou ao seu lado, mas
nada veio, a única coisa que sabia era que o quer que
tivesse passado na mão de Conegon, já havia acabado,
estava com seu marido e de alguma forma sabia que iam
ficar bem, e mais uma vez tentou abrir os olhos e se
frustrou.

— Chame o médico novamente para mim, não estou


gostando dela tão quieta!

Ela percebeu que ele falava com alguém, mas só pode


escutar um sussurro em resposta, também o sentia parecia
próximo, aquele tom que usava era o de costume,
autoritário e decidido, porém tinha algo de cansado ao final.

— Ei. Vamos! Acorde, está me deixando preocupado


novamente anjo...

Rose sentiu a quentura da respiração dele contra seu


pescoço e os lábios na sua orelha, juntamente com a
barba, que fez cócegas, tentou abrir seus olhos e quase
conseguiu, mas percebeu que perdeu a respiração dele,
Cristian tinha se afastado.

— Não era para minha esposa estar já está acordada?


— Cristian soou preocupado e Rose quase podia ver o
vinco na sua tez, isso a fez se esforçar mais em abrir seus
olhos.

— .... Ela deve acorda em breve senhor. — Uma voz


diferente se aproximou, era feminina.

— Chame o médico logo, quero-o aqui e agora, e ela


está muito quieta, já devia ter pelo menos...

Rose conseguiu enfim abrir seus olhos sentindo-os


realmente pesados, ela fez Cristian parar de falar
imediatamente, buscou pela face dele, mais estava com a
visão embasada, piscou algumas vezes devagar e então
sentiu seu rosto envolvido por mãos quentes, então logo a
figura masculina se materializou a sua frente.

— Hey anjo...
— Cris... — Ela tentou falar mais sua língua parecia
grossa demais e a garganta muito seca. Ele percebeu de
imediato.

— Você está sentindo algo? Quer água? Alguma


coisa?

— Água! — Sussurrou ela com certa dificuldade e logo


que ele a soltou, e voltou a ajudando a tomar um pouco do
líquido que imediatamente aliviou sua garganta.

— Eu vou chamar o doutor!

A enfermeira falou saindo. Rose piscou mais algumas


vezes sentindo sua visão melhorar e fez uma breve
avaliação do marido, e o encontrou com os olhos um pouco
vermelhos, como se não tivesse dormido, o cabelo
desgrenhado, do jeito que ficava quando ele passava as
mãos muitas vezes, e ainda tinha uma barba por fazer
atípica dele, sua roupa também era um desastre, a camisa
social estava mais que amassada, enrolada até os
cotovelos, parte para fora da calça, sendo que ainda tinha
três botões abertos que davam uma visão do peito dele,
mesmo muito longe da imagem que ela conhecia, sabia
que mesmo daquele jeito todo amarrotado ele ainda devia
ter sido o “point” das atenções das enfermeiras do lugar.

— Porque estou no... Hospital?

Perguntou ela com um pouco de dificuldade, Cristian a


olhava fixamente, aliviado por vê-la acordada, mas
obviamente preocupado e tentando prevê suas reações,
mas a mulher só o olhava com um ar confuso.

— Você desmaiou e estava machucada... A trouxe


para cá logo depois.

— O que aconteceu comigo?

Dessa vez a sentença saiu mais fácil dos lábios dela e


viu o homem hesitar, logo esperou pelo pior, ela percebeu
que o marido parecia cansado, mas acima de tudo
cauteloso.

— Teve um hematoma na cabeça e uma contusão nas


costelas, lado direito.

Rose pensou em levar sua mão até o lugar


machucado, mas quando viu já tinha colocado lá, seus
movimentos estavam de volta, isso a deixou imediatamente
feliz, ela sentiu que tinha algo cobrindo o local, resolveu
avaliar depois, precisava saber se tinha sido realmente só
aquilo que aconteceu com ela.

— Foi apenas isso? — Perguntou, a careta esdrúxula


dele a tomou de surpresa, não tão como a raiva que via no
fundo dos seus olhos escuros de Cristian.

— Apenas? Acha isso pouco?

Pela resposta dele todas as dúvidas da foram tiradas,


tinha sido só aquilo, então Rose permitiu fechar os olhos
agradecendo por está bem, quando encarou Cristian ficou
em choque pelo olhar desolado dele.

— Cristian, o que...

— Me perdoe por isso. Eu sinto muito!

O homem desviou os olhos da mulher, não queria ver


ela, o encarar com ódio, ia ser mais difícil do que
imaginava, mas não ia desistir do plano que traçou, então a
encarou novamente e viu seus olhos azuis preocupados.

— Não quero suas desculpas, porque seu pai é


louco...

— Ele não é mais meu pai, sinto nojo e eu sei que


você também sente, sei que vai me deixar, mas não pode!
Não mais...

Rose piscou atordoada com a linha de pensamento do


homem, uma coisa era clara, ele se culpava pelo que tinha
acontecido, mas quanto ao resto, só podia vir de algum
delírio pelo cansaço. De onde ele havia tirado que ela ia
deixá-lo? Aquilo estava longe de acontecer.

— Cristian eu quero que entenda...

— Não! — A veemência na voz dele a calou. — Nosso


casamento é para sempre, ainda mais agora, nós vamos
ter um filho que será uma parte minha e sua para o resto
da vida e vamos criar ele juntos!
O Herovrisk despejou a notícia assumindo um
semblante sério, mesmo que por dentro estivesse ruindo,
diante dos olhos incrédulos da esposa, que piscou e abriu
a boca diversas vezes sem nada dizer.

— O que? — Aquilo foi à única coisa que a mulher


conseguiu articular em seu estado choque.

— Você está grávida!

Ele repetiu totalmente sério, Rose olhou para si


mesma sentindo lágrimas brotarem enquanto levou as
mãos até sua barriga ainda totalmente surpresa que
houvesse um bebê ali.

— Oh meu Deus!

Disse ela sendo arrebatada por um sentimento de


felicidade, euforia e medo também, a realidade tomava
conta dela lentamente. Ia ter uma criança. Ia ser Mãe e já
descobria um sentimento de ligação, proteção se formando
com o seu pequeno.

— Temos de cuidar juntos do bebê que está aí dentro


Rose!

Rose ouviu o marido falar e então a mão dele cobriu a


sua, ela o encarou, vendo que a postura séria tinha se
quebrado e ele estava vulnerável, os olhos escuros
brilhando em expectativa e... Medo.

— Cristian...
— Vocês dois têm que ficar comigo!

Ele afirmou num tom de voz quase bravo a


interrompendo sem poder admitir ouvir algo contrário a sua
vontade, francamente pensava que não iria suportar perder
os dois de uma vez, as lágrimas nos olhos azuis de sua
esposa estavam o deixando ainda mais apreensivo, a
possibilidade de ela negar o filho deles fez com que todo o
corpo de Cristian esfriasse.

— Você está feliz? — Rose perguntou e ele franziu o


cenho confuso.

— Que?

— Você está feliz pelo bebê? — Ela tentou


novamente, querendo ter certeza. — Eu... Eu não sei como
aconteceu... Eu...

Ela se atrapalhou em suas palavras lembrando-se que


não estava mais protegida por seu anticoncepcional, tinha
se esquecido de ir renovar sua injeção, então usou pílulas,
mas havia ficado claro agora que tinha esquecido algum
dos dias, apostou que foi depois da confusão com os
preparativos da festa dos Herovrisk e combinada com a
abertura do atelier, Cristian pegou as suas mãos
capturando sua atenção.

— Eu não me importo em nada como aconteceu Rose,


eu quero o bebê, estou feliz... Vamos ter nosso filho e você
não pode pensar em me deixar!
Ela sentiu ele aperta suas mãos como se estivesse
prestes a fugir, Rose ficou um pouco tonta ao ouvir "nosso
filho" sair dos seus lábios e sentiu vontade de chorar ainda
mais ao ver seu olhar sem máscaras, dizendo que queria o
bebê, que estava feliz.

— Que bom... — Disse fungando. — Mas agora me


explica por que acha que vou te deixar?

— Por ser o culpado pelo que te aconteceu, eu não te


protegi, e a deixei cair nas mãos daquele doente!

A mulher piscou atônita, sem poder acreditar que ele


se martirizava daquele jeito. Isso a fez ficar consternada,
ela buscou aperta e acariciar a mão dele de volta,
buscando passar algum conforto.

— Você não tem culpa alguma nessa história, o único


culpado é o bastardo do Conegon... — Ela suspirou de
repente lembrou-se de aperta o gatilho da arma. — Eu
atirei nele, então acho que fica claro que já descontei no
culpado... E eu nunca pensei em te deixar Cristian, nem
tive tempo, acordei com a sua voz e me sentir em casa,
segura, então acho que podia ter me dado à notícia que
vamos ser pais de maneira adequada, quase fez meu
coração parar!

Um sorriso brotou nos lábios do homem, ele


aproximou seu rosto do dela, envolvendo-o com as mãos,
sentindo que subiu do inferno ao céu em questão de
segundos com a fala da esposa.
— Agradeço que você tenha aprendido a atirar Rose,
eu estava tão preocupado — Ele a beijou castamente. —
Fiquei com medo de você não querer nosso bebê...

Rose sentiu outra vez seu peito se apertar de


felicidade ao ouvi-lo falar com carinho "nosso bebê", beijou
os lábios dele novamente.

— Porque eu não ia querer Cristian? — Ela perguntou


buscando os olhos dele e viu a incerteza ali.

— Pensei que estaria com raiva de mim, por tudo


aquilo e que talvez a fizesse infeliz carregar uma parte
minha dentro de você!

Ficou triste por ver a preocupação dele com o que


tinha acontecido, Rose nunca poderia culpá-lo, começava a
se lembrar da sua voz desesperada tentando alcançá-la.

— Eu não te culpo, nunca poderia. O que ele fez pra


te impedir de chegar até mim?

O suspiro dele foi cortante para a ela que percebeu


que foi doloroso para Cristian relembrar os minutos de
tormento fora daquele quarto enquanto não sabia o que se
passava com ela.

— Conegon encheu o corredor de seguranças, ele


queria que eu ouvisse, o desgraçado entendeu que eu
simplesmente não suportaria nada te machucando.
Rose tocou o rosto dela sentindo todo seu interior se
retorcer a dor que via no marido.

— Está tudo bem agora, passou, é o que importa.


Estamos juntos! — E Cristian beijou a mão dela aliviado.

— Sim, estamos juntos. Juntos!

O sorriso dele amoleceu quase fez Rose se derreter,


mas antes que pudesse dizer ou pedir algo, alguém bateu
na porta e abriu em seguida.

— Sra. Herovrisk, que bom que acordou! Sou o Dr.


Orlov.

O homem se aproximou com um sorriso amistoso e


isso fez com que se dispersasse o momento dela com o
marido. Viu-o beijar sua testa então se afastou ela ia
protestar, mas o viu dar um aceno negativo.

— Depois anjo, depois... Vamos primeiro cuidar de


você e do bebê!

A menção do bebê a fez mudar de foco rapidamente,


concordando com seu marido.

— O bebê está bem doutor? — Perguntou se voltando


ao médico. — Quanto tempo de gravidez exatamente eu
tenho?

— Bom primeiramente, você tem apenas quatro


semanas e o bebê está ótimo... — Ele olhou para Cristian.
— O que é uma sorte, mas vamos nos ater ao momento
presente. Preciso saber como está se sentindo, tem
alguma tontura ou...

O médico começou a fazer perguntas. Rose


respondeu em automático, ela não pode deixar de sentir
certo terror ao ouvir o médico dizer "sorte", viu Cristian
envolver sua mão como se tivesse adivinhado seus
pensamentos, mas no fundo o homem sabia o que ela
sentia, porque passava pela mesma coisa, o Herovrisk
agora que sabia da existência da criança não queria perdê-
la, assim como a mãe dela.

— Portanto iremos te deixar mais um dia em


observação. — Esclareceu o Dr. Orlov. — Só para ter
certeza que hematoma na cabeça está estabilizado.

Ela concordou sem estar verdadeiramente preocupada


com isso ou com a bela marca da contusão nas costelas
que ia ganhar temporariamente.

— Tudo bem, mas e o bebê, não corre nenhum risco


certo? — O médico sorriu como um pai sorrir para uma
filha.

— Sim, sem risco algum, no entanto, é bom que


comece o quanto antes seu acompanhamento com um
especialista.

— Eu já providencie isso doutor! — O Herovrisk falou


e sentiu o olhar da esposa em cima dele, mas não a
encarou.
— Ah isso é ótimo, bom eu vou deixá-los, mas lembre-
se nada de falar muito ou manter ela acordada por um
longo período.

O casal concordou então o médico saiu fechando a


porta. Rose esperou o marido finalmente se dignar a olhá-
la, e quando o fez estava como de costume insondável,
porém pelo cansaço talvez, denotava algo menos rígido.

— Já cuidou do médico para o bebê?

— Sim, não podia fazer menos.

Com um suspiro ele concordou e se sentou ao lado


dela na cama. Rose sorriu e o homem sentiu seu mundo
voltar à órbita normal, Cristian nunca imaginou que uma
mulher pudesse o fazer tão feliz pelo simples fato de sorrir.

— Apesar de tudo estou contente...

— Queria que houvesse sido diferente, mas sinto o


mesmo Rose, indubitavelmente!

Se um dia houvessem dito a ela que seu casamento


“forçado” iria lhe render felicidade, Rose olharia para
pessoa e daria o melhor sorriso cínico que possuía,
todavia, naquele exato momento soube que se casar com
aquele homem foi à coisa mais correta que já tinha lhe
acontecido.
— Acho que agora pode me dar um beijo Sr.
Herovrisk!

— Tudo que você quiser Sra. Herovrisk...

Ele disse num tom de voz ameno e que não revelava


no total como estava arrebatado pela esposa, sendo assim
a beijou, provando um pouco do paraíso nos lábios dela,
sentindo as mãos femininas acariciarem os cabelos em sua
nuca, puxando-o para si, porém antes que pudesse ter
mais daquilo o casal ouvia a porta do quarto se abrir e
então serem interrompidos pela família dela invadindo o
espaço, Cristian franziu o cenho se afastando e sentiu o
olhar da mulher nele.

— Você os avisou? — Perguntou ela gemendo


praticamente em frustração, pois não queria sua mãe ou
Sacha preocupadas.

— Não!

Ele disse se sentido da mesma forma que a mulher,


não era como se ele quisesse um monte de gente no
hospital, tinha decidido não avisar ninguém naquele
momento, mas pelo visto aconteceu algo, ele olhou para
trás da família da mulher e viu Franco parecendo culpado.

— Oh minha querida, como você está? — Rosely


perguntou alcançando a filha, sua feição preocupada, logo
então Rose viu a irmã fazer o mesmo semblante.

— Eu estou bem. Calma!


A mãe tocou o rosto dela como de quisesse ter
certeza que a ela estava ali, bem, real. Sacha pegou na
mão de Rose e lágrimas caiam pelo seu rosto.

— Rose!

Seu pai entrou no quarto e tinha o rosto visivelmente


preocupado, isso a assustou. “O que diabos eles ficaram
sabendo?” Ela se perguntou e olhou para Cristian, que
tinha o mesmo olhar confuso dela.

— Calma gente. Eu estou bem... Já passou!

A mulher completou novamente e então viu o marido


dar espaço a sua família que a rodeou. Viu seu olhar e
identificou a culpa lá, quis poder se levantar e ir até ele,
sacudi-lo e gritar que não tinha que estar assim, depois o
beijaria até esquecer-se do mundo.

— Você quer que eu explique o que aconteceu? — O


Herovrisk perguntou a ela, sentia-se sujo diante da
situação.

— Não, eu explico... Agora faça algo por mim, tire


esse olhar, por favor!

Rose pediu a Cristian, a família da mulher olhou a


interação do casal que claramente estavam se
comunicando em silêncio.
— Tudo bem, eu vou cuidar de outros assuntos. Volto
logo!

Cristian disse insondável e Rose apenas concordou,


gostava de ter ele por perto, mas era melhor que não
estivesse no quarto quando ela então começasse a contar
o acontecido. Não ia esconder da sua família, ele deu as
costas para sair, porém parou e encarou o pai dela.

— Depois que terminar com a Rose tem um assunto


comigo!

Sem dizer mais nada o Herovrisk saiu e deixou sua


esposa desconfiada, o tom que ele usou não foi amigável e
a postura do pai dela denotou tensão, quando a encarou
tentou disfarçar.

— Há algo que eu precise saber? — Ela perguntou a


ele e o viu bufar.

— Não, mas me diga o que aconteceu com você?


Ficamos sabendo pela imprensa que está noticiando que a
esposa do CEO das Holding’s “H”, foi hospitalizada por
uma queda da escada!

— Eu no fundo esperava que não fosse para os


noticiários. — Disse Rose, sua mãe passou a mão
novamente em seu rosto.

— Parece que foi inevitável, e nós assustamos tanto,


ligamos direto para Franco e ele nos informou que estava
aqui, Cristian não atendia o celular.
Rose concordou se preparando para começar a parte
difícil da história.

— Olha o que aconteceu comigo não foi uma queda,


não quero mais ninguém sabendo, por mim e por Cristian
que está se julgando culpado. — Ela viu a atenção dos três
nela. — Conegon tentou me estuprar...

Iuri cambaleou, Rosely piscou incrédula e viu Sacha


abriu os lábios em choque.

— Oh meu Deus, Rose!

Sua mãe exclamou e o seu pai virou-se não


conseguindo a encarar, ele sabia o monstro que Conegon
era, mas atacar sua filha passou todos os limites, o homem
tentou controlar sua raiva. Quando encarou Rose
novamente tentou parecer centrado e levou a mão
passando carinhosamente em sua cabeça.

— Diga que ele não te infligiu danos mais... — O pai


da mulher começou.

— Não! — Rose completou imediatamente não


querendo nem pensar na possibilidade real do velho ter
conseguido seu intento contra ela.

— Você não pode deixar isso assim! — Foi à vez de


Sacha explodir revoltada.
— Bom, eu atirei nele, então acho que de alguma
forma já o punir!

— Graças a Deus você está bem, esse homem é um


monstro. Um monstro e tomará que vá para o inferno!

Rosely disse cheia de ódio e proteção a sua filha, com


cuidado a abraçou e Rose sorriu. Era bom ter sua família
ao seu lado, enquanto isso Cristian saiu do quarto da
esposa, olhou para os lados e viu Franco encostado na
parede do lado direito, Yoro do esquerdo e mais dois no
início do corredor, o homem de confiança do Herovrisk já
tinha cuidado, a seu pedido, da segurança do local.

— Pode me dizer quem avisou a família da minha


esposa? — Ele perguntou a Franco que ficou de imediato
sério.

— Fui eu senhor, vazaram na imprensa, deve ter sido


algum dos funcionários do hospital, mas eu já estou
cuidando para descobrir o responsável.

Passando as mãos pelo cabelo o Herovrisk bufou,


depois de tudo ainda tinha a merda da imprensa. Cristian
conseguiu por anos se esquivar de toda mídia usando seu
diretor comercial das Holdings "H", mas desde que havia
tomado Rose como esposa não saia mais dos noticiários.
Porém o homem considerou aquilo, os mafiosos não
gostavam de mídia, ele raciocinou, pois isso chamava
muito atenção para eles, então decidiu que agora essa
exposição seria boa, protegeria Rose, o bebê é claro, ele
de certa forma, mas isso precisava ser controlado para que
desse certo.

— Bom, encontre quem foi, mas deixe que ele repasse


apenas informações insignificantes, não quero que nada
saia sobre o estado de Rose, se é que entende. — Referiu-
se a gravidez que já era conhecimento de Franco. —
Muitos menos sobre o que a trouxe ao hospital. Ligue para
Ivan e mande preparar uma nota sobre isso, que peça
respeito a nossa privacidade.

Cristian pediu aquela nota, pois sabia que quanto mais


privacidade pedia menos tinha, porém iria poder controlar
aquilo, pois teria alguém dizendo o que ele queria, nada
aleatoriamente, tudo na hora certa.

— Sim senhor, eu executarei agora mesmo!

— Me diga o que descobriu sobre Conegon?

— Foi levado para um hospital na capital, o estado de


saúde dele, até agora é grave, Alexei está cuidando para
que nenhuma informação vaze!

O Herovrisk quase quis cuspir, mas se segurou, ele


aguardaria somente o tempo que Rose estava no hospital
para ir até o homem que tentou machucá-la. Já havia
decidido que ia matar Conegon, nunca achou em sua vida
que levantaria a mão para seu pai, porém o homem o usou
com descaramento, o pôs em risco sem nem piscar, tentou
usar sua esposa ao perceber que ele gostava dela... Isso
Cristian nunca ia suporta, vislumbrar a mulher que virou
sua vida, sofrer, o fez entender que nada do que o pai fez
foi para ajudá-lo, tudo não passou de manipulação.

— Quero saber tudo sobre ele. Esse desgraçado vai


morrer pelas minhas mãos!

Franco concordou e procurou algo no bolso, sabia que


seu chefe estava irado pelo que tinha sido feito a sua
esposa, porém nunca imaginou que este pudesse se
rebelar contra o pai.

— Aqui senhor, eu conseguir este quarto. — Franco


entregou ao homem uma chave numerada. — Suas coisas
estão lá para que troque de roupa ou descanse enquanto
sua esposa está com a família. Achei que iria querer já que
disse não sairá do hospital.

— Obrigado... Faça apenas mais uma coisa, me


transfira junto com Rose para o Moscou!

O Herovrisk não pode deixar de agradecer e viu o


homem sorrir brevemente então se afastar para cuidar dos
seus pedidos, Franco era mais que um segurança, era um
amigo, apesar de Cristian não dizer. Quando ele chegou ao
quarto, entrou de imediato, indo direto tomar um banho
rápido, tirar um pouco à barba, percebendo o quão mal
cuidado estava em sua aparência. Logo já tinha se
arrumado, posto uma roupa limpa e se encarou no espelho,
ainda parecia cansado, porém aquilo era o de menos, ele
só conseguia pensar que tinha muita sorte. Sua esposa
estava bem e ainda carregando um bebê... “Céus um
bebezinho está dentro dela!” Ele pensou.
— Você não merece ter tudo isso... — Cristian disse
encarando seu reflexo. — Mas por alguma merda certa que
talvez tenha feito na vida, você têm tudo Herovrisk... Agora
eu precisa cuidar disso!

Falou ele consigo erguendo sua postura, um dia


pensou que a máfia fosse tudo na sua vida, lutou anos para
chegar lá, tendo Conegon o incentivando, jurou que seria o
dia em que sentiria em seu peito aquele sentimento de
plenitude, entretanto, foi o maior engano da sua existência,
hoje ele percebia que o seu "tudo" estava no quarto ao lado
com um pontinho dentro dela e isso era o que importava, e
uma batida na porta do quarto o fez retornar a realidade,
assim como o fez esconder tudo que se passava dentro
dele, quando alcançou a porta e abriu seu rosto já tinha
uma máscara fria, e encarou Iuri dessa forma.

— Precisamos conversa!

Cristian escutou e se afastou um pouco dando espaço


para o sogro entrar, então fechou a porta atrás deles,
virando para encarar o homem.

— Como você pode ser tão burro em arriscar sua


família, sua vida, a minha mulher com um ataque ao chefe
da máfia italiana?

Ele cuspiu as palavras em cima de Iuri que lhe deu


suspirou passando as mãos no cabelo, Cristian viu os
olhos azuis dele, que Rose herdou, se transformarem de
sérios a culpados.
— O poder nos cega tanto quanto a paixão Cristian...
— Iuri afirmou, ele sabia que a raiva estampada no rosto
do genro não era infundada, havia razão naquilo.

— Você é um tolo... Expôs a todos nós nessa


empreitada com Conegon. Eu paguei por isso. Eu!

— Eu nunca gostei dos italianos Cristian, o Bertinelli


por anos interferiu nos meus negócios, me humilhou, e eu
cresci alimentado pelo ódio deles, então quando seu pai
surgiu me oferecendo à aliança entre nós dois, com você e
uma filha minha, achei que conseguiríamos acabar com o
velho italiano. Somos poderosos juntos, nossas máfias
juntas são maiores que a do Bertinelli, porém erramos e sei
o quão caro irá custar...

O Herovrisk observou o sogro, sua postura sempre


ereta, estava baixa e ele visivelmente arrependido.

— Essa merda não irá custar só a você... — Cristian


se aproximou dele pegando pela gola da camisa e Iuri não
reagiu. — Eu não vou te entregar de bandeja para o
Bertinelli por causa da Rose, somente por ela, mas esteja
pronto para assumir as consequências.

O Volkov suspirou. O tom do genro deixava claro que


ele tinha algo se formando em sua cabeça, mas não ia
compartilhar.

— Estou pronto para assumir Cristian!


И·И

— Espero que esse velho morra!

Rose olhou surpresa pelo tom usado pela irmã que


estava sentada ao seu lado acariciando seus cabelos.

— Eu só não quero ter que ver esse velho nunca mais,


de resto pode acontecer o que for a ele que não me
importo! — Disse ela e viu sua mãe suspirar na cadeira ao
lado da cama.

— Você foi muito corajosa, estou orgulhosa...

Rose sorriu e então a mão passou levemente a mão


na barriga dela, foi um ato intuitivo, Rosely sentada no sofá
observou, mas não disse nada, a filha fechou os olhos se
pegando mais uma vez apreciando a sensação nova e
arrebatadora de ter alguém dentro dela. Quando abriu os
olhos viu sua mãe ainda observava e então soube que não
ia poder esconder dela, tinha que falar sobre a gravidez, só
sua mãe a entenderia agora, tudo estava muito novo, foram
tantas coisas que Rose ainda precisava absorver para
poder contar a todos, ela se voltou para Sacha sorrindo.

— Loirinha você pode ir até Yoro e pedir para que fale


com Cam, explicando minha situação, mandando que ele
fique responsável pelo atelier na minha ausência?

Rose pediu, usando daquilo que tinha de fazer


mesmo, como um pretexto para ficar sozinha com a mãe,
sua irmã sorriu concordando e então pulou com cuidado da
cama dando-lhe um beijo.

— Tudo bem, eu já volto!

No minuto que as duas ficaram sozinhas Rosely soube


que tinha algo que a filha mais velha queria dizer.

— O que há Rose? — Ela perguntou e viu os olhos


azuis da filha brilhando em certa ansiedade, igual quando a
mesma era criança e aprontava algo, mas não sabia
esconder.

— Eu... Eu descobri que estou grávida! — Rose viu a


mãe abrir os lábios em surpresa então um sorriso surgiu
logo em seguida.

— Minha nossa querida, isso é maravilhoso!


Parabéns... — Ela se levantou indo até Rose e lhe dando
um beijo no rosto carinhoso antes de passar a mão pela
barriga dela.

— Ah mãe, sim! Eu estou feliz, muito, mas também


com medo, não parece real que estou gerando uma vida
dentro de mim...

— Querida isso é normal. Até hoje quando olho para


você e a Sacha, eu não consigo acreditar que vieram de
mim, será algo que vai admirar para sempre!

Rosely beijou os cabelos da filha, ela tinha finalmente


dado os últimos passo para se tornar uma mulher crescida,
com sua própria família.

— Não sei o que fazer mãe. Ainda estou em choque


por tudo, muita coisa aconteceu e eu estou em êxtase,
porém assustada.

— Eu imagino filha, maternidade assusta, não é e


nunca será fácil, quem disser isso está mentindo. — Rose
riu com lágrimas nos olhos vendo a mãe da mesma forma.
— Mas de uma coisa tenho certeza, você vai ser uma mãe
incrível, estou muito feliz que tenha escolhido contar logo
para mim... Oh meu primeiro netinho ou netinha...

Rose sorriu se divertindo com a emoção da mãe e


tentando conter a sua.

— Eu ainda não quero contar para as outras pessoas,


tenho que primeiro me habituar a isso, ainda é estranho
para mim, apesar de que... — Ela tocou sua barriga
imaginando que podia apenas ter perdido o bebê e aquilo
lhe deixou louca. — Que eu soube há pouco tempo desse
bebê, mas já sou completamente apaixonada por ele
mãe... É insano!

— É ser Mãe! — Disse Rosely, e as duas mulheres


riram juntas.

— Ainda preciso conversar com Cristian, mas quando


acharmos que é o momento, todos vão saber.

— E me diga como ele reagiu?


— Foi ele que me contou, descobriu antes de mim... E
está feliz mãe. Ele está feliz!

— Como não ficar feliz com um bebê Rose?

— Ah mãe... Eu não pensei muito sobre isso, mas


achei que Cristian não fosse o tipo que ficasse feliz com
uma gravidez inesperada.

Rose disse, pois sabia que Cristian não era um


homem muito aberto a sentimentos, nem parecia lidar bem
com eles, porém a deixou pasma o modo como ele estava
tratando sua gravidez.

— Um filho derrete qualquer um querida. Lembro-me


claramente do seu pai chorando como uma criança ao te
ver pela primeira vez...

— Está aí uma coisa que eu queria ver! — Rose sorriu


ao imaginar a cena.

— Queria ver o que?

A porta se abriu e Sacha entrou sorridente. Rosely


piscou para a filha mais velha como se dissesse que
guardaria seu segredo, não era que Rose quisesse
esconder aquilo da irmã, apenas queria conversa melhor
com Cristian antes disso, afinal ele parecia muito
interessado na criança.

— Seu pai! — Rosely disse mudando o assunto. —


Rose queria ver seu pai choroso quando eu estava
internada no hospital para te ter Sacha!

As três mulheres riram, do lado de fora Cristian ouviu


umas risadas, no entanto, não bateu na porta, apenas
entrou, encontrou sua mulher rodeada com a mãe e irmã
rindo de algo. Os olhos azuis da sua esposa passaram por
ele, ela estava o avaliando, e o homem permitiu usando de
uma expressão convencida. Realmente Rose tinha que
admitir que adorava olhar para o seu marido, vestido ou
não, ele era perfeito para ela, agora ele estava
perfeitamente alinhado, o cabelo bem penteado a barba
feita, a calça jeans escura combinando com o suéter cinza
enrolado até os cotovelos. Percebeu que ele tinha na mão
uma bandeja com comida, deduziu que era para ela.

— Parece mais alinhado agora Sr. Herovrisk. — Ela


brincou e o viu semicerrar os olhos escuros.

— E você cansada Sra. Herovrisk! — O homem deu


um olhar educado à família da esposa. — Eu acho que
seria bom Rose se alimentar e descansar agora...

As duas mulheres Volkov olharam para Rose e a


beijaram, se despedindo prometendo a visitar no dia
seguinte, mas dispensou dizendo que já ia estar fora dali e
combinando de avisar.

— Te amamos! — Sacha falou ao deixar outro beijo na


irmã.

— Eu também. Muito!
Ao observar aquelas palavras o Herovrisk franziu o
cenho, despediu-se de Sacha com um aceno, mas Rosely
o abraçou rapidamente, no tempo exato de lhe falar:

— Parabéns pelo bebê!

Então se afastou rindo da expressão surpresa do


genro e fechou a porta do quarto. Cristian olhou para a
esposa, se aproximando da cama, deixou a bandeja na
mesinha ao lado.

— Contou para todos? — Ele se sentou ao lado dela


na cama e pegou a mão da mulher, queria tocá-la, lhe era
um bálsamo, ainda mais agora.

— Não, contei apenas para a mamãe... Meio que


precisava. Ela pode me entender!

Rose disse observando os olhos do homem em cima


dela, ele parecia carinhoso e tão doce. Quando sorriu e
levou a mão dela aos lábios, beijando os nós de seus
dedos, com delicadeza, isso a fez se derreter como uma
boba.

— Eu imagino que sim...

Olhar os olhos azuis dela estavam vívidos fez de


Cristian mais contente, assim como a cor da sua pele,
parecia menos pálida, talvez depois que se alimentasse
melhorasse e mais ainda.
— Aqui... — Ele a soltou e pegou a bandeja, pondo no
seu colo, Rose olhou divertida. — Mandei que trouxessem
de um restaurante francês que você gosta... uma
[24]
Bouillabaisse!

— Oh... Isso é um sonho!

A mulher disse franzindo a tez apreciando o cheiro


quando ele abriu a embalagem, Cristian riu, então começou
a terminar de servi para ela, logo estava com uma colher
na mão apontada para os lábios de Rose que sorriu
incrédula com a cena, mas aceitou.

— Está deliciosa... Mas sabe que eu poderia fazer isso


sozinha, não sabe? — Falou com um sorriso pequeno e viu
o homem franzir do rosto.

— Eu quero fazer. Deixe-me!

Ele voltou a por comida na boca dela de novo, ela


aceitou, Cristian observou os lábios da esposa em volta da
colher e não pode deixar de lembrar-se da última vez que
tinham estado juntos, quando ela tomou seu membro em
sua boca.

— Você está olhando demais para minha boca,


suponho que se lembra de algo?

A mulher arqueou a sobrancelha, o olhar carregado do


homem denotava bem o que ele lembrava. Cristian nunca
se desapontava com as respostas dela, sorriu e lhe deu
mais comida.
— Você nunca decepciona Sra. Herovrisk... Sim, fez
seu ponto, estou realmente lembrando-me de algo!

Rose sorriu e ele também, e não precisaram falar mais


nada, ficaram apenas trocando olhares perspicazes
enquanto Cristian terminava de alimentá-la, quando
terminou ela o agradeceu.

— Preciso ir ao banheiro, pode chamar a enfermeira?

— Eu levo você.

— Não! — A mulher fez uma careta que fez Cristian


rir.

— Por quê?

— Porque não... Eu... Cristian!

O homem nem deu tempo para mulher protestar.


Pegou com cuidado, antes interrompendo o soro conectado
a ela, então a tirou da cama a levando ao banheiro, vendo
sua expressão fechada, apenas riu.

— Eu vou te colocar de pé, vai com cuidado. —


Cristian disse e Rose pisou no chão sentindo um pouco
gelado, mas a dor na sua costela a fez gemer um pouco. —
Devagar!

— Só uma fisgada... Pode me deixar. — Ela pediu


respirando fundo, Cristian entendeu que a mulher queria
privacidade.

— Eu vou ficar aqui na porta... — Ele parou e pegou


uma necessaire. — Ah aqui estão seus produtos pessoais,
vou esperar lá fora, se precisar de qualquer coisa me
chame.

Rose concordou se sentido, cuidada. Quando ele a


deixou, ele se mexeu para fazer o que precisava.
Lentamente ela foi fazer suas necessidades e depois mais
lentamente ainda, andou até a frente ao espelho da pia,
encarou seu reflexo, não era nada agradável para ela,
estava com olheiras, o cabelo fora de lugar, desgrenhado e
sua pele estava muito mais pálida que o normal. Viu que a
necessaire tinha tudo que ela normalmente usava, foi para
tonificar seu rosto e hidratar, fazendo tudo devagar, mexer-
se demais doíam suas costelas. Tentou se pentear, mas
gemeu de dor quando levantou o braço e então no minuto
seguinte já tinha Cristian dentro do banheiro com os olhos
grudados nela.

— O que aconteceu?

O homem viu a sua mulher apoiada na pia, estava de


cabeça baixa, parecia respirar fundo, ele sentiu-se
perturbado pela dor dela, lhe doía também, sabia que se
pudesse trocaria de lugar com ela sem nem ao menos
pensar.

— Estou bem, só dói quando levanto o braço... Tentei


pentear o cabelo.
Disse Rose abrindo os olhos, a fisgada havia passado,
ela puxou sua camisola com a mão livre, não se
importando se estava nua por baixo, então observou a
contusão coberta por um curativo fino que lhe soltava
analgésicos.

— Eu posso fazer isso para você!

Ouviu o marido dizer e então o viu pegar a escova de


cabelo de dentro da pia, com um olhar distante, ela
rapidamente se arrependeu de ter avaliado seu machucado
na frente dele, sabia que estava mais uma vez se
culpando.

— Cristian...

Ele apenas sacudiu a cabeça, dizendo “não”


silencioso, então começou a pentear o cabelo dela.
Lentamente, vindo de cima e puxando para baixo com
delicadeza, Rose observou o rosto dele concentrado,
escondendo seus pensamentos, ela não pode negar que
era demasiadamente boa à sensação dele cuidando dela, e
para Cristian, fazer isso, o deixava mais calmo, ele levou
seu tempo a penteado e ela deixou aproveitando, quando
enfim ele terminou deixou a escova no lugar e deu um beijo
nos cabelos dela, pondo o rosto sobre seu ombro.

— Eu prometo que vou cuidar de você, não irei mais


permiti que nada te machuque! — Ele disse sério e Rose
viu a veracidade em suas palavras, sorriu para o marido o
encarando pelo espelho.
— Você já cuida... Agora vamos, me ponha na cama,
quero conversar!

Sorriu mais para ele que finalmente deixou também


transparecer um sorriso também, porém pequeno e rápido.
Ele a pegou no colo a levando para a cama, onde a
depositou com cuidado, religando novamente o soro a seu
braço, então a encarou, aqueles olhos azuis expectantes.

— Eu preferia que você fosse descansar e depois


conversássemos. — Disse Cristian preocupado com o
bem estar dela, afinal já tinha passado por muita coisa
desde que tinha acordado, viu seu semblante mudar
ficando desafiador.

— Não. Eu estou querendo conversar e não dormir!

O homem suspirou vencido, sabia que ela não ia


desistir e entrar em uma discussão com a própria, não
seria bom para sua saúde.

— Tudo bem. O que quer conversar?

Rose ficou contente que ele estava falando até


facilmente.

— Seu pai!

— Não temos que falar sobre ele. — Ele franziu o


cenho ficando com uma carranca.
— Cristian eu atirei no seu pai, temos que falar sobre
isso!

— Ele não é mais meu pai!

O Herovrisk esclareceu rápido, não queria nunca mais


ser ligado aquele homem tendo-o como seu pai, tinha nojo
depois de ele machucar a mulher da sua vida, Rose piscou
com a resposta do marido, ele não parecia vacilar em seu
semblante irritado.

— Então suponho que não esteja com raiva por eu ter


atirado nele não é?

O homem sentou-se na cama a frente dela e levou sua


mão ao rosto feminino acariciando, enchendo a mulher
com o prazer do seu toque.

— Claro que não anjo. Eu estou feliz, porque você foi


muito corajosa e forte... Pode se defender quando não
estava lá por você!

— Você chegou lá por mim...

— Atrasado! — Cristian soltou um bufido descrente e


irritado.

— Mas chegou e é isso que me importa!

Rose acariciou a mão dele com a sua fechando os


olhos aproveitando os dedos longos do homem, que
afagavam sua mandíbula e indo até o queixo. Cristian
adorava a pele dela, adorava ela toda, suspirou, sentindo
seu peito apertar por apenas está olhando e tocando-a,
mas ele ainda tinha coisas para contar, não podia somente
se aproveitar aquele momento.

— Anjo... — O tom dele era delicado ao chamá-la. —


Eu nunca menti para você e não quero começar a fazer
agora, então já que começamos os tópicos difíceis, tem
algo que precisa saber.

— Pode falar qualquer coisa Cristian, não gosto de


segredos de qualquer forma, muito menos entre nós!

Ele concordou e acariciou o queixo dela, sabia que


tinha de deixá-la informada, isso era para sua segurança
também, assim como a do bebê.

— O ataque que eu sofri foi mandado da máfia


italiana, mas só aconteceu porque Conegon e seu pai os
atacaram primeiro. — A expressão da mulher caiu
surpresa. — Nosso casamento não foi apenas uma união
de sobrenomes, mas sim de poder de fogo. Até minha
posse sobre a máfia foi manipulada.

Rose o encarou, mas sem realmente o ver, estava


tentando processar aquilo, era coisa demais, seu próprio
pai articulou um ataque aos italianos que quase tiraram
Cristian dela, e raiva foi o primeiro sentimento que teve.

— Deus, o meu pai é um estúpido! — Ela esbravejou e


Cristian se aproximou mais dela, deixando suas mãos
desceram para seus braços, acariciando de forma
calmamente.

— Sim minha linda, ele é, mas não quero você se


estressando por isso, eu já estou cuidando do assunto!

— Por isso você quis falar com ele não foi?

— Sim...

— Ah Cristian... O que teria acontecido se você... Você


tivesse morrido? Eu iria ficar sozinha, sem ti, com nosso
bebê...

Ela falou se sentindo entrar em histeria, com raiva, por


pensar que podia ter descoberto sozinha sua gravidez, sem
seu marido, e agora eles não estavam seguros, seu bebê
não estava seguro, e o pensamento a deixou fria.

— Shhh... Pare!... — Pediu Cristian lentamente se


abaixando sobre ela com cuidado, beijando seus lábios,
seu rosto. — Não pense nisso. Eu estou aqui com você,
com essa vidinha dentro de ti. — Ele passou a mão com
delicadeza na barriga dela. — E pretendo nunca deixar
vocês, entende isso?

Cristian perguntou fitando os olhos azuis da esposa, e


Rose sorriu ainda um pouco abalada e ficando boba com
ele falando carinhosamente sobre o bebê.

— Entendo, é claro, mas fiquei com raiva do que meu


pai fez... Eu não sou burra e sei que as coisas estão
complicadas agora não é?

— Sim, mas eu te prometo que vou manter você e


nossa vidinha, seguros...

Rose não pode deixar de sorrir ao ouvi-lo falar assim,


seu coração soltava de alegria e ela sabia que tinha um
olhar bobo admirado, por isso aproveitou ele perto e beijou
seus lábios.

— Nossa "vidinha", você já apelidou ele? — Piscou


para o homem e viu um sorriso dele.

— Sim... — O homem beijou a mulher, foi lento,


apreciador, doce e apaixonado.

— Gosto de como você chama ele... — Cristian sorriu


ou a ouvir dizer aquilo contra seus lábios, deu um beijo
casto, então falou.

— E se for ela? — Ele falou, a mulher abriu os olhos,


eles se encaravam próximos com sorrisos pequenos e
divertidos.

— Quer uma menina? — Rose arqueou uma


sobrancelha, incrédula, e viu o sorriso jovial dele.

— Não me importa se for menino ou menina, só quero


ter um bebê seu... — Rose suspirou de amores e o beijou,
o homem aceitou, mas se afastou a olhando intensamente.
— No final dessa história onde tudo foi armado, um
casamento que foi mudado no meio do caminho, eu fico
feliz que tenha sido com você...

O coração da mulher perdeu o ritmo ao saber daquilo,


o olhou apaixonada, estava cada vez mais difícil não
externar aquele sentimento, mas ela ainda se sentia
amedrontada. Não sabia dizer o porquê, mas tinha certeza,
que assim que dissesse aquilo o relacionamento deles
passaria a outro nível a qual não sabia se Cristian estava
pronto.

— Me beije Cristian. Beije-me, agora!

Sem pestanejar com o pedido dela então a beijou


cheio de paixão.

И·И

A luz da manhã incidirá sobre o rosto da Rose a


acordando fazendo com que piscasse várias vezes, se
acostumando, ficou levemente confusa até se lembrar de
que estava em um hospital. Olhou para os lados buscando
alguém, mas especificamente, Cristian. Ao deixar seus
olhos vagarem ao final da cama viu o homem sentado em
uma cadeira, debruçado na cama, a posição não parecia
nada confortável, ele tinha o rosto virado na sua direção,
apoiado pelo seu braço, enquanto a mão segurava a dela
gentilmente.

Rose viu claramente o quão ele parecia cansado, os


círculos escuros nos olhos, davam uma ideia de que
parecia não ter dormido direito, e não achava que naquela
cadeira não tinha passado uma noite muito melhor,
entretanto, ela havia insistido para que ele fosse descansar
e voltasse de manhã ou que pelo menos então dormisse ao
lado dela na cama, porém o homem teimoso rejeitou a
ideia dizendo: "Não vou sair do seu lado, nem arriscar
dormindo com você e te machucar...".

Apesar de contrariada ela não podia negar que estava


feliz por ele ali, mas se sentiu culpada vendo tamanho
desconforto, logo ficou em dúvida se o acordava ou
deixava que dormisse mais, no entanto, a decisão foi
tomada dela, quando seu celular tocou de maneira
estridente na mesinha ao lado da cama onde carregava, o
barulho fez com que o marido dela despertasse no
supetão, ele levantou o rosto, sobressaltado, procurando
de imediato por uma ameaça.

— Cristian?

Rose acabou rindo achando quase cômico o susto


dele, porém a voz dela e sorriso zombeteiro deixaram
Cristian mais tranquilo, o barulho realmente tinha o pego de
surpresa, ele tinha acabado dormido quando começou a
amanhecer.

— Quem é que liga uma hora dessas? — O homem


perguntou a esposa que sorriu mais um pouco. — A
acordou?

— Não, eu estava te vendo dormir... — Ele franziu o


rosto e ela riu. — Pode pegar para mim?
Pediu ela olhando ao celular, ele concordou, soltando
a mão dela e esticando o braço até a mesinha pegando o
aparelho que deu a esposa logo em seguida, viu Rose
franzi o rosto como se algo a desagradasse.

— O que foi? — Perguntou já ficando preocupado e


ela suspirou o encarando com intranquilidade.

— Louise Beilors! — Cristian sorriu e ela atendeu o


celular. — Oi Lou! — Disse a amiga e esperou...

— Oh meu Deus, eu estou tendo um ataque cardíaco


aqui! Como fico sabendo pelos outros que você rolou de
uma escada?

Falou a mulher visivelmente preocupada na outra


linha. Rose fechou os olhos passando a mão em sua
têmpora, ela não ia escapar de Lou tinha certeza.

— Eu estou bem, não tinha necessidade de se


preocupar contando isso, mas esqueci da imprensa. Andou
lendo ou vendo jornal russo?

— Não mude assunto Volkov, ou melhor, Herovrisk? —


Louise disse com um ar exasperado que fez Rose ri antes
dela continuar. — Eu li na internet, está relacionado ao seu
nome, tive uma notificação, foi terrível.

— Eu sei, só não quis preocupar ninguém, se serve de


consolo minha família também não soube por mim, mas
está tudo bem agora, por isso não precisa você mais ficar
preocupada, eu sou dura na queda, sabe disso!
— Eu vou te ver! — Louise anunciou do outro lado da
linha, decidida.

— O que? — Rose perguntou não acreditando que


ouvia direito.

— Eu vou para Rússia, só vou ficar tranquila quando


por os olhos em você...

— Louise...

— Nem vem Rose, quero te ver.

Ela suspirou, sabia como sua amiga era, e essa


sempre podia ser a mais irresponsável de todos, mas
quando se tratava de cuidar de alguém o botão do juízo
nela era ligado.

— Tudo bem... — Rose disse e olhou para Cristian


com uma careta que o fez perceber que havia alguma
coisa.

— O que ela está aprontando? — Ele perguntou se


apoiando na cadeira e cruzando os braços.

— Decidiu vir para Rússia!

Falou ela abafando a conversa paralela com Cristian,


que sorriu. Ele entendia totalmente a preocupação da
amiga dela, ele já tinha sido alvo daquilo uma vez.
— Diga que meu jato vai buscá-la! — O queixo de
Rose caiu. — O que é? Nós dois sabemos que ela virá de
qualquer jeito... Então é melhor que seja algo controlado,
assim posso ficar de olho nela!

Rose não pode deixar de ficar preocupada, mas


resolveu nem dizer nada.

— Cristian vai mandar o jato ir te buscar...

— Ah que gentil, mas sabe que não precisa, já estou


vendo passagens...

— Só venha, eu sei que você quer.

Lou deu uma risada mais tranquila.

— Tá bom, você acertou, me pegou, mas eu quero é


poder te abraçar e ter certeza que não é um clone seu
falando.

A piada fez com que Rose caísse em uma gargalhada


baixa.

— Tudo bem, fique com seu celular, depois alguém


deve te passar as coordenadas para o embarque.

— Positivo e operante, até eu chegar aí fique inteira,


eu te amo!

— Também te amo, até...


Sua amiga desligou e ela encarou Cristian, que estava
voltado para o seu próprio celular, mas deixou de lado lhe
dando atenção, sua semblante era inocente.

— Que foi algum problema?

— Não me responsabilizo por ela, já sabe! — Afirmou


Rose, e Cristian sorriu ao se levantou da cadeira,
debruçando-se em cima dela, então deixou seus lábios a
centímetros dos dela.
— Eu não me importo em me responsabilizar por tudo
na sua vida meu anjo... Tudo! — Ele beijou os lábios dela
então se levantou. — Agora, por exemplo, vou buscar seu
café da manhã e eu já volto!

Deixando um beijo casto nos lábios dela, se ergueu,


deixando o quarto rapidamente. Um suspiro escapou dos
lábios dela, que ainda estava meio abobalhada com como
ele estava agindo, se o intuito era fazer com que o coração
dela se derretesse de amores, o sujeito estava
conseguindo com sucesso.
И·И

Do lado de fora do quarto o Herovrisk pegava das


mãos de Franco uma sacola com o café da manhã de
Rose.

— Está aí uma coisa que nunca imaginei ver... Aliás,


uma das muitas que vem acontecendo com você!

Cristian ignorou a fala de Noam que mais uma vez


aparecia inoportunamente.
— Obrigada Franco... — Ele olhou para o sujeito. —
Não tenho tempo para suas brincadeiras agora!

Ele disse já ia dando as costas para o amigo quando


esse o parou puxando seu ombro.

— Espere, eu tenho algo para você!

— Então fale de uma vez!

— Andei sondando uns contatos do meu pai quanto a


Bertinelli, como você me pediu, e não há dúvidas que foi o
próprio que ordenou que fossem te pegar!

Cristian suspirou, ele não tinha dúvidas daquilo, mas


de qualquer forma precisava de confirmação, só assim
poderia começar a pensar em agir, naquele mundo em que
viviam informação correta era tudo.

— Com quem falou?

— Morris!

— Ele ainda está andando nas duas linhas? —


Perguntou, Noam arqueou a sobrancelha com ironia.

— Rússia e italiana são as máfias preferidas dele,


sabe tanto quanto eu, mas além dele, falei com o
informante de Matthew!
O Herovrisk não gostou daquilo, mas sabia que era
questão de tempo que chegasse até o gângster americano,
aquele verme.

— Para alguma coisa esse idiota do Matthew tem que


servi. — Ele maneou a cabeça ficando ainda mais sério. —
Faça outra coisa para mim...

— Diga!

Lealdade entre eles não possuía um limite, Cristian


sabia disso, Noam eram um dos poucos que sabia que
poderia contar.

— Deixe Morris e todos os outros informantes do


mundo saberem que eu não faço mais parte da máfia
vermelha russa... E que Conegon Herovrisk é o meu
próximo alvo, quero que meu pai saiba que estou indo
pegar ele!

И·И

Rose passou o braço lentamente pela blusa folgada


de algodão, que caiu por cima do short do mesmo material,
que havia sido subido pelas suas pernas pouco antes, ela
soltou um suspiro e olhou para baixo vendo suas sandálias
serem postas em seus pés.

— Cristian, minha mãe está aí, ela podia muito bem


me ajudar com isso!
Ele se levantou ignorando e arrumou a camisa dela,
até parecer que ficou satisfeito, só assim se deu ao
trabalho de encará-la e muito sério.

— Você é minha e eu cuido de tudo que é meu!

Ela mordeu o lábio inferior escondendo um sorriso,


então o viu tirar os olhos dela, e a pegou no colo com
cuidado, logo estavam fora do banheiro e ele a levou para
a cama. Os pais dela e Sacha, estavam apenas os
observando do canto do quarto, enquanto Cristian
arrumava os travesseiros nas costas da esposa, todos
esperavam a chegada do médico para a liberação da
paciente.

— Está bom. Cristian... Já está bom assim! — Falou


ela vendo-o concentrado em deixar tudo perfeito, e eram só
travesseiros, ele suspirou e fez uma carranca.

— Olhe aqui, se estiver doendo algo me diga, não


vamos sair desse hospital se você sentir algo! — Disse ele
sério e Rose rolou os olhos, então esticou a mão, puxando
a barra da camisa dele.

— Sente-se aqui comigo e para de neurose, eu estou


me sentindo ótima!

Iuri observou o Herovrisk rolar os olhos e então


obedecer sentando-se ao lado dela na cama, sufocou um
riso, pelo visto a filha já tinha dobrado o genro dele nesse
meio tempo.
— Rose sempre detestou hospital e qualquer coisa
derivado dele Cristian, lembro-me dela correndo no
dentista e Rosely desesperada atrás. — Iuri falou e viu
Rose franzi o rosto com uma careta indignada.

— Pai!

Todos acabaram rindo na sala, Cristian foi o primeiro,


e não escondeu, fazendo a esposa sentiu o corpo forte
dele vibrar ao lado do dela por ter posto o braço ao seu
redor, para a mulher aquele era o lugar mais confortável de
se estar.

— Ah então quer dizer que você corria do dentista? —


Ele a olhou zombeteiro e Rose bufou.

— Ele tinha aquela máquina que fazia um barulho


horrível... E eu era criança!

— Uma criança que corria, muito, muito, mal, diga-se


de passagem... Ela teve que passar pelo dentista e na
enfermaria se não me engano, lascou os joelhos e as mãos
ao cair...

O pai dela continuou se sentido divertido em


compartilhar coisas da infância nada calma da primogênita,
desde pequena ela era dada a aprontar mais que se fosse
um menino, mas no final o Volkov estava apenas feliz por
poder contar essas histórias com a filha bem e presente.

— Mas o que está acontecendo, tirou o dia para


denegrir minha infância? — Rose disse num tom de
indignação. — Minhas pernas eram curtas, tente correr
rápido assim e de vestido... — Ela rolou os olhos ouvindo
todos se divertirem as suas custas.

— Ela caía muito? — O Herovrisk perguntou curioso e


viu sua esposa fazer cara feia.

— Oh sim. Graças a Deus ela melhorou! — Rosely foi


quem falou dessa vez ganhando um olhar crítico da filha
mais velha.

— Chega! Todos vocês. Cansei de ser a chacota...

Bufou ela fazendo beicinho inconscientemente,


Cristian achou adorável, não resistiu e pegou o queixo
dela, puxando seu rosto para ele, sem se importar que
tivesse plateia, apenas fez o que tinha vontade, beijou os
lábios dela castamente encarando os olhos azuis
surpresos.

— Você é a “chacota” mais linda que já vi, e


principalmente corada assim...

Ele afagou a bochecha da esposa, que sorriu boba, o


marido a deixava assim, piscou para o sorriso fácil dele e
ficou um pouco envergonhada, Cristian nunca tinha tocado
nela daquele jeito em público, o gesto a deixou com o peito
apertado de uma forma boa.

— Algo mudou em você? — Ela perguntou apenas


para que ele ouvisse e o viu franzi o cenho com um sorriso,
Cristian não podia dizer o que mudou, porém apenas uma
coisa talvez.

— Talvez meu coração esteja batendo!

O médico entrou no quarto e quebrou o momento do


casal, Cristian se levantou e Rose engoliu em seco ao ouvir
aquilo, sentindo as estruturas dos seus sentimentos se
abalarem diante da perspectiva de está começando a ser
correspondida pelo Herovrisk.
CAPÍTULO 11
Cristian carregava Rose para o helicóptero, fazendo
questão de dispensar uma cadeira de rodas ou deixá-la ir
andando devagar, logo com a ajuda de Yoro e Franco o
homem entrou com a esposa, no veículo aéreo, prendendo
nos cintos com cuidado, sentando-se bem ao lado dela,
passando o braço protetor ao redor dela, após por os fones
necessários de se usar.

— Cristian? — Ela o chamou ganhando sua atenção


de forma imediata enquanto decolavam.

— Sim?

Rose apertou um pouco os lábios e então encarou a


mão dele sobre sua perna, cobriu com a sua, brincando
com a aliança, de repente se sentindo insegura.

— Podemos ficar em um hotel? — Ela não o encarou


nos olhos. — Não quero voltar agora para a mansão...

— Olhe pra mim!

O comando dele foi firme, mas permeado por algo


carinhoso, que a mulher vinha presenciando cada vez
mais, ela o encarou, e pela primeira vez, Cristian, viu certo
abalo em relação ao ataque que sofreu de Conegon.

— Está tudo bem, não se preocupe com isso meu


anjo...
— Obrigada!

Aquele sorriso curto e agradecido encheu o peito dele


de felicidade, ele beijou os lábios dela de maneira que
casta, e a viu em seguida se aninhar em seu peito, Cristian
acariciava o braço dela satisfeito pelo simples fato de tê-la
ali, pôs a mão na barriga dela se lembrando da pequena
vidinha que a mulher guardava. Rose gostou de sentir a
mão protetora sobre si, sabia que com ele ao seu lado,
cuidando dela e do bebê, nada podia machucá-los, para
ela, estar rodeado pelo marido, era como estar em uma
fortaleza, por isso fechou os olhos se sentindo contente e
segura.

O tempo de voo não era longo, mas foi o suficiente


para fazer com que mulher adormecesse, e logo que se
aproximavam do destino o Herovrisk percebeu, era uma
área mais afastada do grande centro, entretanto
estrategicamente posicionada perto de estradas que
davam a rodovia, porém também protegida por uma série
de morros e pinheiros, era um lugar especial, ele sempre
pensou. Aproveitou que a neve que caia não era o
suficiente para atrapalhar a visão e apreciou a vista,
entretanto, queria que sua esposa visse também, afinal
estavam ali por ela, e não pode negar que estava um
pouco nervoso.

— Rose? — Ele beijou o cabelo dela sussurrando. —


Anjo? Acorde...
A voz rouca e gentil a trouxe de volta a realidade.
Rose sorriu se sentindo estupidamente feliz com ele lhe
chamando de “anjo”, não podia evitar, ela encarou o marido
e encontrou um olhar cheio de expectativa.

— Já chegamos?

— Olhe para baixo...

Ele pediu e ela o fez, então viu uma bela casa


modernista, com um jardim na cobertura, várias dezenas
janelas de vidro, era linda, iluminada, vivaz e totalmente
hipnotizante, parecia um lugar feito para dar prazer aos
olhos.

— Diz que vamos ficar aqui? — Falou sorrindo ao


encará-lo de volta. E o viu fazer o mesmo.

— Sim, achei que iria gostar!

O queixo dela caiu um pouco, mas não pode negar


que a perspectiva de mudança de ambiente a deixou mais
que feliz, eles pousaram em uma área reservada, na parte
de trás da casa, de perto a visão do lugar era ainda melhor.
Tinha dois andares, um formato cúbico moderno, uma
varanda com portas de vidro, era luxuosa, mas parecia
aconchegante, a mulher sentiu Cristian a livrar dos cintos e
então a pegar no colo levando-a.

— Assim eu vou me acostumar mal!


Disse pondo o braço em volta dele, Cristian sorriu e
beijou o rosto da esposa, que fechou os olhos apreciando,
o Herovrisk pôs seus lábios próximos ao ouvido dela,
aproveitando-se para sorver seu cheiro.

— E eu adoraria você mal acostumada...

Ela sorriu e eles subiram os degraus para entrar na


casa. Rose observou curiosa e então uma figura conhecida
dela surgiu.

— Senhora Katelyn? — A mulher sorriu para a outra


nos braços de Cristian.

— Olá senhora, espero que esteja melhor, o Sr.


Herovrisk me chamou para cuidar de vocês e da casa...

Rose olhou para Cristian que tinha um ar de


expectativa com um sorriso pequeno, antes de encarar a
governanta de novo.

— Oh eu estou muito bem, obrigado por vir!

— Não precisa agradecer senhora, agora entrem. Irei


preparar algo para vocês! — Disse a governanta e o casal
concordou, assim que deixados sozinhos a Sra. Herovrisk
procurou encarar seu marido.

— Você está cheio de surpresas... Tem mais alguma?


— Rose disse, e o homem sorriu ao arquear a sobrancelha
grossa.
— Pode ser que sim...

Ele beijou o pescoço dela e voltou a caminhar para


dentro da casa, Rose sorriu gostando acalentado por
aquela versão carinhosa dele, mas foi distraída quando sua
atenção foi capturada pelo espaço ao redor.

— Essa casa é sua? — Ela perguntou.

— Agora é nossa. — O tom dele era sério, mas já


estava permeado por aquele toque suave, que Rose
descobriu adorar.

— Certo, nossa... Então, temos ela há muito tempo?

A resposta inicial dele foi um sorriso que o deixou


ainda mais lindo.

— Não, não temos há muito tempo, mas eu costumo


comprar imóveis por investimento, este foi um, mas a
localização foi que mais me atraiu, proporciona segurança!

Lá estava à palavra “Segurança” que parecia ser um


novo sobrenome do homem. Rose sabia que o marido
pensava mais naquilo do que em qualquer outra coisa, e
não podia deixar de achar doce, afinal de contas era por
eles que Cristian se preocupava. Ela se permitiu sair
daquela linha de pensamento para avaliar sua nova casa,
sala tinha um sofá em “L” cor creme ficava de frente para
uma lareira, real, que estava acessa, e próximo a ela no
segundo ambiente tinha um mini bar, tudo isso com vista
para a bela paisagem quase enquadrada pelas diversas
janelas enormes de vidro, mas o que capturou a atenção
dela, fazendo-a esquecer de qualquer avaliação, foi um
piano ali.

— Você que toca? — Perguntou ela se voltando a


Cristian que sacudiu a cabeça com um aceno em negativa.

— Terrivelmente mal! — Ela sorriu e ele deu um beijo


na sua testa. — Vamos, depois vai ter tempo para ver a
casa, tem que descansar...

— Eu acho que estou bem descansada!

Imediatamente a mulher ganhou um olhar feio do


homem e bufou rindo, ele subiu para o segundo andar da
casa, ainda com ela no colo, e muito satisfeito, pegando
um corredor bem iluminado indo a última porta deste e
assim que eles entraram Rose pode ver um quarto de casal
bem totalmente alinhado, havia uma cama no centre, que
ficava de frente para uma enorme janela de vidro. Os
outros móveis seguiam o mesmo estilo moderno do resto
da casa, Rose foi colocada com cuidado nos lençóis
branquíssimos da cama e conseguiu ver o closet,
entretanto, o que a surpreendeu foi vê-lo repleto com suas
coisas. Imediatamente procurou encarar o marido estava
concentrado tirando suas sandálias.

— Cristian... — Ele olhou para ela. — Você mandou


que trouxessem todas as minhas coisas para cá?

O Herovrisk concordou e subiu pela cama, ficando


bem a frente da mulher e pôs as mãos no rosto dela.
— Sim, eu nunca ia deixar você voltar naquele lugar
Rose, vamos morar aqui por enquanto, pode redecorar e
derrubar paredes, o que quiser meu anjo...

Um misto de choque e adoração foi o que ela sentiu


encarando o rosto sincero de seu marido.

— Derrubar paredes... Hum? — Rose piscou divertida


e ele sorriu deslizando a mão pela nuca dela, mordendo
seu lábio, antes de roubar um beijo muito suave.

— Tudo que quiser...

Eles se beijaram devagar, a mulher se afastou,


sussurrando contra seus lábios.

— Não me dê ideias Sr. Herovrisk!

O homem sorriu puxando a boca dela para si em um


beijo sensual, apreciador, cheio de significados silenciosos,
os dois se afastaram um pouco ofegantes, trocando
olhares intensos.

— Eu falo sério... Quero que você se sinta bem e


confortável em um lugar que é seu!

O coração de Rose se apertou com tremenda vontade


de abraçá-lo e não largar nunca mais.

— Em um lugar que é nosso! — Sorriu e roubou um


beijinho dele. — E eu já me sinto bem, obrigada.
Cristian sentia que não tinha necessidade dela
agradecer, era seu dever, mantê-la segura e feliz... “Feliz”,
lá estava à palavra que menos ouviu na vida, mas daria
sua fortuna para manter, pois sentia aquilo, aquela
felicidade, somente por poder olhar Rose, não haveria
quantidade de tempo suficiente no mundo que o fizesse se
acostumar com a intensidade da beleza dela e o que
provocava em seu peito.

— Não me agradeça meu anjo... Agora me diga se


precisa de algo!

Ela acariciou seu rosto sorrindo como se ele


merecesse toda aquela atenção, que o no fundo, deixava-o
imensamente contente, era de algumas formas difícil para
o homem acreditar que não a tinha perdido.

— Me ajuda a ir tomar um banho?

Perguntou a mulher maliciosa e Cristian quis gemer


frustrado, tudo que queria era banhar o corpo dela e depois
possuí-la dentro da água, e ela sabia que ele queria, mas
não podia.

— Ajudo, somente com o banho!

— Somente? — Rose soltou um bufido exasperado. —


Jura que só quer isso?

O homem infiltrou rosto no pescoço feminino, estufou


seu peito com o cheiro doce, então chupou o lóbulo da
orelha dela.

— Sabe que não, eu adoraria por você de quatro


naquela banheira e me enfiar dentro do seu corpo, te
fazendo gritar meu nome enquanto goza, mas eu preciso
cuidar da sua saúde, isso é mais importante que meu
desejo!

Todo o corpo da mulher se arrepiou com a promessa


sexual do homem, na sua voz rouca, ela acariciou os
cabelos dele e desceu os dentes no seu pescoço.

— Se formos devagar... — Antes que ela pudesse


terminar sua frase tinha Cristian a encarando com uma
expressão quase de dor.

— Nem pense nisso, não irei te tocar até está


totalmente bem... Arriscar sua saúde não é uma opção,
mesmo que isso signifique eu duro de desejo a cada
manhã e noite por você.

Rose gemeu frustrada e excitada com a ideia do


homem duro por ela, puxou o rosto dele passando a língua
nos seus lábios.

— Tudo bem, mas quando me assistir nua e estiver


lavando meu corpo, saiba que a escolha a abstenção
sexual é sua e não minha!

Cristian gemeu e a beijou lentamente, então apoio sua


testa na dela, de olhos fechados, a mulher era capaz de o
deixar maluco apenas com aqueles beijos e oferecendo em
breves palavras um prazer imensurável.

— Ah Rose... O que eu faço com você? — Perguntou,


a mulher sorriu o beijando castamente.

— Faça amor comigo...

O homem se afastou a olhando com aqueles olhos


negros, de modo intenso.

— Era o que eu mais queria.., mas não!

Cristian se levantou ou não ia resistir às investidas da


sua mulher. Rose bufou percebendo que ele não ia ceder.

— Essa foi à última vez que me viu implorar.

— Será?

Rose bufou e fechou os olhos se recostando nos


travesseiros macios, mas pode ouvir a risada do homem,
que era inegavelmente bonita, ela suspirou sentindo-se
vencida e também um pouco cansada, de fato, nos últimos
dois dias a vida dela tinha dado outra virada e não lhe deu
tempo nem de respirar, entretanto, dessa vez as coisas
pareciam estar caminhando para um lugar melhor.

— Não durma, seu banho está pronto!

Ela escutou a voz do marido e sorriu, abriu os olhos


fugindo do seu monólogo mental, começando a se levantar
da cama, bem no momento que Cristian voltava, e a
carranca mal humorada que ele fez foi o suficiente para
levá-la a franzir o cenho.

— O que foi?

Com dois passos largos ele fechou a distância entre


eles e a pegou no colo.

— Você não consegue ficar quieta? — A voz dele era


inflexível. — Está machucada e ainda tem o bebê!

— Eu me sinto bem e gravidez não me deixa inválida


Cristian... — Ele a pôs com cuidado em pé no banheiro. —
Estou praticamente sem dor, os remédios estão
funcionando rápido!

O Herovrisk não estava convencido, ele havia a


ajudado com o banho no hospital, não ficou feliz ao ver a
região das costelas ainda arroxeada.

— Não me importo! Você fica na cama até eu dizer


que pode sair...

Ele puxou a camisa livrando a mulher do tecido macio,


Rose o encarou com incredulidade e sem disfarçar sua
crítica. Cristian ignorou se ajoelhando a frente dela para
tirar os shorts dela.

— Já passou pela sua cabeça que eu tenho mais


noções das condições do meu corpo que você?
Rose pôs as mãos na cintura olhando para o homem a
despindo, não se importou em nada quando ficou
totalmente nua, na verdade, foi uma cena bem excitante,
mas sabia que não ia passar disso. Além do mais ela
estava se irritando com ele cuspindo ordens. Cristian se
levantou e deixou um sorriso de canto aparecer, ignorou o
máximo que pode a lesão nas costelas dela, aquilo lhe
doía, por isso deixou suas mãos subirem pelos braços e
irem até os seios dela, lhe acariciou, vendo-a morder
aqueles lábios deliciosos abafando um gemido.

— Eu só estou cuidando de você. É minha, seu corpo


é meu, e então vai me obedecer sim...

“O coração também é seu...” Ela engoliu suas palavras


e os gemidos, enquanto via o olhar dele ficar mais escuro,
sedutor, ao pontuar cada frase dando leves beliscões nos
mamilos femininos, só para tomá-los em sua grande mão.
Rose teve que se controlar para não gemer e pedir para
que ele a jogasse no chão do banheiro, fazendo amor ali
mesmo, ela nunca imaginou um homem fazendo tanto
estrago em seu sistema apenas afirmando que ela era sua.

— É um jogo sujo quando me toca assim e você sabe


que não sou boa em obedecer!

Rose levantou o rosto para encarar o dele, tentando


ao máximo ignorar seus toques, ele sorriu malicioso, então
baixou o rosto até seu pescoço, deixando um beijo,
seguido de uma mordida. Cristian não conseguia negar, era
louco por tudo nela, até suas teimosias sem limites. Será
que amar é isso?... Ser louco até pelos defeitos? Ele se
questionou.

— Eu sei, adoro isso mesmo que me deixe louco,


adoro essa boca teimosa, adoro você...

A mulher arfou diante daquelas palavras, descobrindo


que seu coração tinha uma batida especial para aquele
homem, ele se afastou sorridente e muito satisfeito,
fazendo-a sonhar sobre aquela simples palavrinha “adorar”,
desejando que pudesse se transformar em outra, sem estar
prestando muito atenção no que fazia ela foi para banheira
conduzida por ele.

— Vamos, sente com cuidado. — O olhar dele ficou


intrigado. — O que? Por que está me olhando assim?

“Porque eu quero que você me ame!” Rose abafou


aquelas palavras, ele a adorava, tudo bem, mas a mulher
sabia que tinha que ir devagar quanto aos seus próprios
sentimentos e revelações destes ao seu marido. Nunca
sabia quando poderia o assustar e aí vê-lo levantar suas
barreiras de novo e francamente, isso a despedaçaria.

— Nada... Somente apreciando o banho que irei


ganhar de você, Sr. Herovrisk!

Cristian tinha a sensação de que estava perdendo


algo, que ela não lhe dizia tudo, mas resolveu não dizer
nada, sua esposa já tinha passado por muita pressão
durante os últimos dias.
— Ótimo então relaxe e aproveite!

Ela concordou fechando os olhos tomando nota que


pelo menos por enquanto aquilo lhe bastava, tê-lo assim
protetor e a adorando, e já era mais do que podia imaginar.

И·И

Mais tarde naquele mesmo dia Cristian estava diante


da esposa com cara de poucos amigos.

— Espere... Estou cheia! — Afirmou a Rose vendo-o


balançar a cabeça com claro desgosto.

— Você precisa comer por dois agora!

Ele olhou para o prato de sopa meio vazio em sua


mão, Rose bufou e olhou ao redor, ela havia pedido para o
homem a levar para a sala, agora estavam sentados no
sofá, onde o marido fez questão de pegar e lhe dar na boca
seu jantar, mas ela já estava cheia, tinha aproveitado o
sanduíche que a Sra. Katelyn tinha levado no quarto, ela
olhou para o sujeito, mandão, a sua frente. Sorriu avaliando
a bermuda de lavagem clara e a camisa azul escura que o
deixava formidável, com cuidado aproximou o rosto do
dele, mordendo seu lábio inferior.

— Não se preocupe, o bebê está tão bem alimentado


quanto eu...

Ela passou a mão na sua barriga ainda boba com a


ideia da sua pequena vida ali. Cristian suspirou e devolveu
a mulher um beijo casto, mas a olhou sério.

— Por agora tudo bem, mas antes de dormir você vai


tomar alguma coisa!

Rose riu descrente e divertida ao mesmo tempo.

— Se você ficar me empanturrando de comida assim


eu vou ficar enorme!

O homem rolou os olhos, ela era exagerada em sua


opinião, ninguém podia dizer que não estava em forma e
duvidava muito que chegasse a ficar acima do peso, ainda
mais pela genética familiar dela.

— Eu só quero você bem cuidada.

A mulher sorriu e então pegou a mão livre dele,


acariciando com a sua.

— Eu sei que quer e está fazendo um ótimo trabalho!

Puxou a mão dele e beijou. Cristian ficou tocado com


o gesto dela, mas também sem jeito, então devolveu,
roçando os lábios nos dela, se levantando o sofá.

— Vou pegar um pouco de água pra você. Já volto.

Rose concordou e viu-o dar as costas indo em direção


ao corredor, que a ela julgou levar a cozinha, e então
sozinha na sala ela observou o piano, deixou um sorriso
aparecer em seus lábios lembrando-se da sua infância, de
tudo que o pai havia a feito fazer, dentre elas escola de
boas maneiras, a única coisa que apreciou no local foi
aprender a tocar piano. Olhou para o corredor, não viu
Cristian, então se levantou devagar, as costelas não
doeram, os remédios estavam ajudando, ela caminhou
devagar até o piano de calda, negro, Rose ficou encantada,
fazia muito tempo que não tinha a oportunidade de tocar
em um, sentou-se diante dele e devagar levantou a tampa,
depois passou as pontas dos dedos nas teclas. Permitiu-se
sorrir e lembrar-se do que havia aprendido, há muito tempo
atrás, bem devagar deixou que as notas de Debussy "Clair
de Lune" encherem a sala e a si própria. Tocar sempre foi
sublime e emocionante para Rose, foi uma forma de deixar
a tristeza de alguns dias ir embora, era uma válvula de
escape, quando ela não podia gritar.

Cristian escutou o som longe e calmo, franziu o cenho


e deixou a garrafa de água de lado. A Sra. Katelyn também
pareceu estranhar, o homem rumou para a sala
novamente, não correu, caminhou devagar. Escutando as
notas vindas do piano, então chegou ao local e viu a figura
pequena atrás do piano, ela tinha os olhos fechados
enquanto tocava, ele se aproximou lentamente
completamente encantando, a visão da esposa tocando era
a coisa mais bonita que podia ter na vida, quando chegou
perto dela, mas ele hesitou, então Rose abriu os olhos
azuis, encarando-o como se ele tivesse algo especial,
Cristian ficou totalmente parado admirando-a, tinha medo
que qualquer movimento o fizesse perder aquele momento.

Rose via como os olhos escuros dele brilhavam em


sua direção, com um ar quase infantil, como se tivesse a
ganhado o melhor presente, totalmente encantado, ela
sorriu e voltou a se concentrar em terminar a peça,
sentindo-se observada até o final, quando enfim terminou a
última nota pode sentir os movimentos hesitantes dele em
sua direção, até sentar-se ao seu lado, ela o encarou,
vendo um pequeno sorriso nos seus lábios, então o homem
a surpreendeu beijando seus cabelos, voltando a encará-la,
tinha algo quente e indecifrável nele.

— Você vai ter que tocar outras vezes pra mim assim
minha linda...

— Tocarei por quantas você quiser apesar de estar um


pouco enferrujada. — Ela levou a mão até o rosto dele
acariciando sorrindo.

— Está perfeita pra mim! — Cristian aproximou os


lábios do dela em um beijo lento e calmo, quando se
afastou a mulher tinha um sorriso envergonhado.

— Pare de me lisonjear assim meu marido, não vai


gostar se eu acreditar, pois eu posso ser insuportável
quando acreditar!

O homem deixou uma gargalhada rouca brotar do


fundo do fundo da sua garganta, jogando a cabeça para
trás, Rose admirou apaixonada, e ele a olhou divertido.

— Certo, mas me conte quem te ensinou a tocar?

Ela piscou e então se voltou para o piano dando um


sorriso de canto, então fitou o marido novamente.
— Aprendi na escola de boas maneiras, era isso ou
balé que eu sempre foi terrível, afinal eu nunca fui esbelta
para a coisa. — A risada dela veio com um ar saudoso. —
Mas eu me apaixonei pelo piano de verdade!

O Herovrisk voltou a sua atenção a mão dela,


trançando os dedos suaves.

— Piano sortudo!

Rose o observou de lado com um sorrisinho, sentindo


o comentário acariciar seu coração.

— Você quer que eu toque outra no piano sortudo? —


Perguntou e ele a encarou de novo com aquele sorriso de
garoto.

— Não está cansada demais?

— Não, na verdade, estava com saudades de tocar e


vai ser um prazer fazer para você!

Cristian conseguiu ficar ainda mais lindo ao aumentar


seu sorriso, concordando com ela, antes de lhe dar um
beijo estalado. Rose levou um pouquinho de tempo para se
recuperar daquele surto de gestos encantadores.
“Deuses... Eu amo ele tão carinhoso assim... Isso bem que
poderia ser para sempre!” Ela pensou consigo mesma
antes de iniciar uma nova peça musical com o marido ao
seu lado, totalmente enfeitiçado.
И·И
O homem andava de um lado para o outro, elétrico,
agitado com a perspectiva do que ouvia ser verdade, mal
podia acreditar no que havia chegado aos seus ouvidos.

— O que aconteceu para aquele idiota, larga o osso?


— Ele perguntou ao outro sujeito presente na sala, sentado
em uma cadeira de couro, no outro lado do ambiente.

— Não sei. Tudo que sei é que ele está fora... Dizem
que brigou com o pai!

— E quem vai assumir os negócios? O velho


novamente? — Pensou ele prevendo uma jogada. — De
toda forma, não faz sentido mesmo que tenha havido uma
briga.

Os dois se olharam procurando algo nexo naquela


história, mas sabiam que alguma coisa seguia fora dos
eixos. Uma batida na porta os fez soltar, o que estava
sentado foi até lá para abrir a porta e a figura feminina que
entrou surpreendeu a todos.

— Boa noite, cavalheiros... Espero não estar


atrapalhando, mas sua secretária me deixou entrar direto!

Aquilo não era uma surpresa para o homem, visto que


tinha de longa data uma “amizade” com aquela figura.

— Nat? O que faz na América? — Indagou e a mulher


sorriu maliciosa.
— Cuidando do meu homem... E preciso de você para
isso!

O sujeito em pé riu abertamente, assim como aquele


que ainda estava na porta.

— Já fui acusado de muitas coisas, menos de cafetão!

A mulher se aproximou do centro da sala e sentou-se


de forma provocadora no sofá a frente dele.

— Vou ignorar isso. Eu tenho apenas um assunto e


um nome para tratar com você. Cristian Herovrisk!

O silêncio na sala ficou marcado, seguido de olhares


intensos, e logo, o homem abriu um sorriso maquiavélico.

— Sempre uma surpresa agradável Srta. Reed!

— Que tal irmos direto ao assunto Matthew? — Ela


disse sorrindo também.

И·И

Rose acordou com um som estrangulado saindo dos


lábios do seu marido, com certa dificuldade e lentidão se
sentou na cama, o quarto ainda estava escuro, e ela
buscou acender o abajur na mesinha de cabeceira, quando
o fez, pode enxergar Cristian molhado de calor e seu rosto
torcido em uma careta de dor, o ar escapou dos pulmões
dela.
— Ei, Cristian? Acorde, acorde, por favor!

Pediu ela sacudindo-o como conseguia e então ele


abriu os olhos, estavam ainda mais escuros, e as pupilas
dilatadas, havia medo ali e total vulnerabilidade que fizeram
o interior da mulher se retorcer, desejando poder afastar
aquilo dele.

— Ah... Rose!

Cristian arquejou sentindo-se francamente débil e


desesperado. Novamente aqueles pesadelos vieram o
atormentar, só que dessa vez eram muito piores, cada vez
que era invadido por eles eram com imagens da sua
esposa ferida ou... Morta.

— Sim, eu, estou aqui.

O homem se sentou na cama e olhou para os lados


como para que se certificar que estava em casa de
verdade.

— Desculpe, não quis... — Ele limpou sua voz, ainda


estava embargado. — Não quis te assustar!

— Não tem pelo que se desculpar... — Ela negou e


tocou o rosto dele, hesitou, mas foi em frente. — Eu sei
que tem pesadelos, mas pareciam ter parado durante um
tempo... O que são eles?

Um frio estranho subiu pela espinha do homem, ele


nunca havia falado sobre os pesadelos para ninguém, dar
voz aquilo nunca foi uma opção de qualquer modo, sempre
esteve sozinho, até aquele momento, encarando os olhos
azuis, sérios e preocupados da esposa, soube, não havia
nada que lhe fosse perguntado que não responderia.

— Eles são meu passado colidindo com o futuro... —


Respondeu num suspiro. — Eu vivi coisas na minha
infância e adolescência que não consegui esquecer, e eles
tem estado se confundindo com meu momento atual.

— Está querendo dizer sobre essas coisas que viveu


que na verdade é o treinamento da máfia?

A simples mensura as palavras “treinamento da máfia”


faziam com que Rose quisesse vomitar, mas ela se
manteve firme, pois sabia que talvez essa fosse à única e
verdadeira chance de Cristian se abrir com ela sobre tudo
que se passou com ele.

— Sim...

— Que tipo de coisa aconteceu, Cristian?

— Não acho que você tenha de ouvir isso.

— Mas eu quero! — Disse ela, determinada, pegando


a mão dele entre as suas, e Cristian sentiu algo em seu
peito se esquentar diante do frio que o pesadelo lhe fez
sentir.

— O que aconteceu foi... Tortura, basicamente surras


sem fim para cada transgressão que cometi, além das
prisões, Conegon gostava de me manter por dias preso no
fosso, um local bem eficaz para te deixar louco. — Se Rose
quis vomitar antes, agora queria chorar também, mas se
conteve e ele continuou. — Eu também pratiquei esse tipo
de coisa, vi mais mortes do que posso contar e fui culpado
na maioria, direta ou indiretamente, não posso negar nem
mesmo para você, eu sei que sabe, mas que evita falar... E
eu me sinto um lixo, eu sempre me senti, mas era uma
tarefa, só que isso não me eximiu dos pesadelos e agora
essas imagens se misturam, e eu te vejo no meio disso,
ferida... Morta!

Cristian assumiu cada pedaço sujo que tinha dentro de


si e esperou a reação dela. Viu os olhos azuis
transbordando emoção, mas não sabia apontar o que era,
e quando Rose se inclinou na sua direção beijando seus
lábios, foi como se tivesse recebido uma descarga elétrica,
não somente de paixão, mas de alegria.

— Essa é primeira conversa sincera que temos sobre


esse lado da sua vida... — Ele concordou e ela acariciou
seu rosto. — E eu sinto muito pelo que passou, sinto
também pelo que fez, mas não importa mais, estamos em
outro momento Cristian, e eu estou do seu lado, segura... E
quero que saiba que pode compartilhar qualquer coisa
comigo e pode ter certeza que ainda estarei aqui...

Ele se inclinou na direção dela tomado por aquele


sentimento pleno e feliz, nunca na vida se sentiu mais em
paz do que naquele momento. Ela ficaria com ele, estaria
ao seu lado, mesmo que no fundo o Herovrisk afirmasse
que não a merecia, todavia, dizia ser egoísta demais para
não a tomar para si.

— Obrigado por ficar comigo...

— Como se eu pudesse fazer diferente, agora venha,


deite aqui, vou te abraçar e nada mais irá te incomodar.

O homem tinha certeza naquela afirmação, ela era sua


luz, a luz que espantava a escuridão e os pesadelos.

И·И

Rose observava o homem se arrumando, adorou a


posição da nova cama, tinha uma visão completa do closet,
consequentemente podia observar o marido. Via-o
terminando a composição do seu termo cinza sobre cinza,
sem gravata, que o deixou divinamente elegante. Quando o
homem saiu pegou o olhar sensual da esposa sentada no
meio da cama, mordendo displicentemente a ponto do
dedo, enquanto deixava uma análise completa sobre seu
corpo, deixou o sorriso assemelhar o dela.

— Vê algo que gosta?

Ela sorriu ainda mais e bateu na cama devagar


assinalando para que ele fosse até lá, e este fez
exatamente aquilo.

— Tem que sair mesmo? — Rose perguntou pegando


a mão dele e acariciando, o viu franzi a testa como se algo
o irritasse, então suspirou.
— Sim, tenho assuntos inadiáveis para tratar! — A voz
dele saiu mais dura. Foi à vez da mulher franzi o cenho,
desconfiada.

— Cristian, esses assuntos inadiáveis são sobre seu


pai? Eu sei que ele não morreu ou você teria me falado,
certo?

O homem desviou os olhos dela, dando à resposta


silenciosa a mulher, quando a encarou estava tenso, mas
não ia mentir.

— Está certa. Ele ainda vive, por algumas horas, no


entanto.

Rose piscou deixando com que as palavras do homem


caíssem sobre ela revelando seu verdadeiro significado.
Ele ai matá-lo!

— Cristian, por favor, não!

A voz dela saiu crítica e cheia de repreensão, Cristian


sentiu isso quando ela apertou sua mão firmemente e
quando encarou com aqueles olhos azuis de forma dura,
não gostou do que viu.

— Isso não é algo que você decida Rose! — O


Herovrisk sabia que foi agressivo, mas também não sabia
agir de outra forma.

— Não precisa mais ser assim...


A voz dela saiu num sussurro baixo, deixou a mão
dele de lado, pegando as suas próprias e as encarou,
Cristian viu o ato dela como repúdio e sentiu algo se abrir
em seu peito.

— Ele te machucou, podia ter nos feito perder nosso


bebê, não posso deixar ele impune. — Cristian disse e
então ganhou o olhar dela, parecia triste.

— Eu sei, mas eu não quero que você se vingue do


seu próprio pai... — O homem franziu o rosto em desgosto,
mas ela continuou. — Não importa o quão demoníaco ele
seja, ainda é seu pai. Se você... Se você matá-lo vai descer
ao nível dele, entende? Será como ele, só que pode e é
mais nobre Cristian. Eu odeio pensar em você matando
alguém, e ainda em meu nome e do nosso bebê.

Ela o viu piscar confuso, então suspirar, olhando ao


redor, porém quando fixou sua atenção nela tinha algo
melancólico no fundo dos seus olhos.

— Ele me criou para ser assim, para matar sem nem


piscar... É a única forma que eu sei Rose. Você me repudia
não é?

Ela piscou atônita, aproximou-se o mais rápido que


pode dele o abraçando, beijando seu pescoço.

— Não, não, eu repudio seu pai. Eu sei que ele te


criou para assumir a máfia e ser tão frio quanto ele,
agradeço que alguma coisa nesse processo tenha falhado,
porque no fundo você é bom, você cuida de mim, cuida do
nosso filho, mas... — Ela o encarou encontrando o olhar
confuso. — Mas mude, e se não for por mim, pelo bebê,
pode punir seu pai sem matá-lo, há sempre justiça
Cristian...

Ele encarava a sua esposa, sentindo seu peito doer


com a ideia de perder seu carinho. Abraçou o corpo dela
com cuidado, pondo-a do seu colo, afundando o rosto em
seu cabelo, beijando-a, Cristian não conseguia mais negar
era louco por ela e faria qualquer coisa para não perdê-la.

— Por você eu não vou acabar com ele, mas não


posso prometer gentileza... — Disse e sentiu ela envolver
seu rosto com as mãos delicadas e então fixar seu olhar no
dele.

— Eu fico feliz em ouvir isso...

Rose disse beijando-o devagar, ele nunca ia ser


perfeito, já tinha feito muitas coisas erradas, mas estava
tentando mudar e aquilo lhe bastava, saber que tentaria por
ela aumentava mais ainda seu contentamento.

— Se isso te deixa feliz, talvez saber que deixei a


máfia faça o mesmo!

Ela piscou diversas vezes sem poder acreditar no que


ouviu.

— Você... Você deixou... Como? Saiu? É isso?


— Conegon me enganou quando me fez assumir, mas
fez-me perceber que não vale a pena, são tantas manobras
para se manter o poder... Eu vou acabar com meu pai
acabando com a máfia, ela e ele são uma só.

— Eu nunca pensei que ouviria isso dos seus lábios...


Cristian... — A mulher sorriu e beijou os lábios dele
seguidas vezes.

— Isso quer dizer que você gostou? — Perguntou o


homem contra os beijos dela, enquanto acariciava-a.

— Sim. Sim. Claro que sim! — Ela o encarou. — Eu fui


embora da Rússia porque não queria me casar com
alguém que fosse do mesmo meio que meu pai, você sabe,
mas agora... Agora isso parece ser perfeito.

Cristian sorriu e a beijou lentamente apreciando, a


felicidade dela com a notícia e ficou estampada em seu
rosto.

— Então um marido CEO está bom para você? —


Perguntou ele ganhando uma gargalhada da esposa que
sacudiu a cabeça positivamente.

— Parece incrível...

— Pois bem, então você está casada para sempre,


com o CEO das indústrias H.

— Isso soa maravilhoso!


Rose o beijou apaixonada. Aquilo realmente parecia
um sonho, ele havia deixado à máfia, estava lhe dando um
filho, era mais do que ela um dia podia imaginar de um
casamento arranjado. Cristian afastou-se do beijo sorrindo,
apesar de vê-la claramente indicar que não queria, ele
também não, mas era necessário.

— Se continuar me beijando assim me fará perder o


controle!

— Acho que é isso que estou tentando. — Disse ela


muito satisfeita. Ele beijou a ponta do nariz dela se
sentindo encantado com aqueles olhos azuis tão felizes.

— Minha danadinha!

A batida na porta interrompeu a interação deles e


deixou Rose frustrada.

— Sim! — Respondeu o Herovrisk insondável, a


mulher percebeu a mudança na voz dele, gostando de
saber que ele era mais gentil com ela.

— Senhor, desculpe o incômodo, mas estamos quase


em cima da hora do... — Franco falou do outro lado da
porta e Cristian o cortou antes que terminasse a frase.

— Tudo bem, eu estou descendo! — Ele deu um beijo


casto nela e a tirou do seu colo, pondo-a com cuidado na
cama.

— Vai ter que sair mesmo?


— Sim, preciso resolver logo isso, quero que
tenhamos tranquilidade. — Ele suspirou como se estivesse
cansado. — Vou mandar a Sra. Katelyn trazer seu café...
Quero que se alimente bem!

— Tudo para o senhor meu marido...

O sarcasmo foi pego pelo Herovrisk na frase da


esposa, abaixou-se diante tocando seu queixo, deixando
seus lábios a centímetros de roçar os dela.

— Não brinque comigo, posso cobrar dessa sua


sentença!

Ele beijou a mulher de forma sensual, deixando uma


mordida, então se afastou sorridente observando o olhar
desejoso e insatisfeito.

— Você não presta...

Rose disse meio mal-humorada pelo homem aflorar


tão facilmente o desejo dela com um beijo cheio de perícia,
ele riu audivelmente antes de chegar à porta, mas parou a
encarando.

— Nunca disse que não meu anjo. — Ele fez uma


pausa como se lembrasse de algo. — Ah, devo lhe avisar
que sua amiga irá chegar às dez, boa sorte!

O Herovrisk piscou para ela se sentido divertido ao ver


sua careta adorável. “Céus eu sou louco por essa criatura
linda...”... Ele fez seu caminho para longe do quarto, se não
fosse logo era possível que nem saísse, vontade ele não
tinha de deixá-la.

И·И

Aos poucos o homem começou a abrir os olhos se


dando conta que estava em um espaço escuro, culpa das
janelas fechadas, sabia que era dia apenas pela luz que
escapavam pelas frestas, todavia, não foi isso que o
perturbou, e sim o fato de sentir-se observado. Lentamente
virou o rosto em busca de saber se a sensação que sentia
era verdadeira, piscou algumas vezes antes de avistar
alguém entre as sombras, sentado em uma poltrona.

— Cristian? — Conegon arriscou diante da silhueta


que via muito próxima a do filho.

— Sim, estava esperando você acordar. — A voz do


Herovrisk mais jovem saiu era desfeita de qualquer
emoção alguma, sem deixar que o pai pudesse identificar
algo.

— Eu sabia que você estaria aqui filho...

Cristian se levantou da poltrona sentindo a sentido a


bile subir a sua garganta ao ouvir a palavra "filho" sair da
boca do homem que atacou sua esposa, entretanto,
calmamente, ele se colocou a frente de Conegon, aquele
que foi seu mentor, seu modelo, e naquele momento
parecia uma imagem distorcida do pior que existia no
mundo, ele avaliou também a situação física do sujeito,
ligado a vários aparelhos, o peito coberto por fios, a cintura
enfaixada devido à cirurgia pela qual passou para retirar
seis balas que perfuraram seus rins e fígado, sem falar-nos
outros estragos, todavia, claramente não foi suficiente para
matá-lo.

— Que bom que sabia... Também imagino que saiba o


que irá receber de mim, “pai”!

Sem qualquer compaixão e num movimento rápido


desferiu socos seguidos no rosto do homem na cama,
tomado pela raiva de lembrar-se dele torturando Rose. Os
golpes eram fortes e violentos, aumentando no ritmo que
sua raiva se inflamava, não davam tempo para Conegon
exprimir qualquer reação, somente aceitar a punição,
grunhindo e gemendo de dor. O ataque só cessou quando
o Herovrisk via o sangue jorrando pelo rosto de Conegon,
podia sentir em seu próprio rosto os respingos, sua mão
estava prazerosamente dolorida, Pegando um lenço de
dentro do terno, limpou-se, vendo o homem mais velho
quase engasgar no seu próprio líquido rubro.

— Por... Por quê? — Conegon conseguiu cuspir o


sangue da sua boca, ficando atônito, diante do ataque
brutal que sofreu sem qualquer hesitação.

— Você sabe! — Rosnou Cristian deixando todo seu


rancor e indignação aparecer em sua voz, o Herovrisk mais
velho piscou incrédulo.

— Ro...Rose...
Ele disse sentindo escárnio somente do nome da
mulher e só aí se deu conta, Cristian, seu filho, o único que
teve, havia sido corrompido, não pode acreditar. O viu
tomar uma respiração profunda, como se buscasse
controle, e de fato era isso, ou então ele iria matá-lo ali,
golpeando-o até a morte.

— Achou que eu deixaria você tocar nela e ainda


ficaria ao seu lado?

A fala carregada de rancor e nojo do filho, o deixou


gelado. Conegon sabia que estava perdendo o controle.

— É seu dever... Ela é... É uma vadia que vai...

Cristian não pode aguentar ouvir a fala engasgada do


homem, denegrindo sua esposa, sem conter sua raiva, e
ele começou uma nova sessão de agressão, investindo
socos na região que foi operada no Herovrisk mais velho,
que gritou de dor.

— Nunca. Mais. Fale. Da. Minha. Mulher. Assim!

Cada palavra foi pontuada com um golpe, e Conegon


mal suportava, a dor era dilacerante, e ele sabia que
ninguém ia vir em sua ajuda, ou senão, isso já tinha
acontecido, o filho devia ter tirado seus seguranças do
prédio.

— Pare!... Pare...
Ele implorou a Cristian que parou, mas porque quis,
respirando firmemente em busca de controle, prometeu a
Rose que não ia matar aquele verme, mas isso não queria
dizer que ia ser bondoso.

— Você me torturou a vida toda. — Disse começando


levantar a voz. — Por que fazer isso quando tinha tudo?
Tinha minha lealdade, eu era cego por você.

Cristian gritou em cima dele que fechou os olhos


tentando esquecer a dor, era como se facadas seguidas
fossem dadas em Conegon e ao mesmo tempo lhe
rasgavam a pele, e expirou com força e encontrou o olhar
desgostoso do filho.

— Você sempre foi um fraco, como sua mãe. Por isso.


É por isso!

Conegon falou os mais alto que pode, queria poder


gritar, poder bater naquele moleque que não se lembrava
do seu lugar, ele era dele, não podia se rebelar, Cristian
piscou frio e então agarrou a garganta do seu pai.

— Se eu sou fraco, você é um doente, e eu te odeio


mais que tudo hoje...

Soltou a garganta do homem sentindo o asco apenas


por tocá-lo, Conegon puxou ar, ele não podia perder o
controle filho.

— Isso tudo por causa da maldita Volkov... Não... —


Ele fez uma pausa cuspindo o sangue da sua boca. — Não
posso acreditar que se deixou seduzir por aquela mulher...
É uma oportunista, vai te usar e vai te deixar.

— Não!

Cristian brandiu tomado pela raiva, Rose nunca ia


deixá-lo, era dele, iam ter um filho, iam ser uma família de
verdade. Porém foi inevitável não ser afetado pelo discurso
do Herovrisk mais velho, e era ali que consistia o poder
dele, conseguir afetar o filho mentalmente, tinham sido
anos minando a cabeça de Cristian até fazê-lo ficar cego e
vulnerável.

— Claro que vai te deixar, e se acha que ela gosta de


você é um estúpido, como ela vai gostar de alguém que a
tirou daquela liberdade ilusória que ela achava ter? — O
homem disse com a voz entrecortada, buscando ar. —
Criou um ponto fraco e ela está usando isso para te
manipular seu tolo... Olhe o que fez a mim, o homem que
te deu tudo....

Cristian não queria mais ouvir aquilo, botou a mão em


cima da cirurgia do pai e apertou com força, Conegon
resistiu a gritar.

— Você não tem direito de falar dela, é só um verme


sujo, Rose é boa e minha...

Conegon gemeu de dor e o filho apertou mais ainda, e


só quando ele o ouviu o grito de dor do homem foi que ele
soltou, mas então viu um sorriso cheio de sangue e
debochado se instalar no Herovrisk mais velho.
— Você é ridículo, eu não o criei para isso Cristian, me
decepciona. Desagrada-me...

O Herovrisk mais velho tentou seu último golpe, não


pode acreditar que uma vadia de olhos azuis tinha aquela
força sobre o filho, o seu menino, que treinou a vida toda
para ser sua cópia fiel. Cristian ouviu as últimas palavras
do pai e percebeu que não sentiu nada, antes desagradar
seu pai era algo insuportavelmente ruim, mas naquele
momento em diante não significava nada, aproximou o
rosto do dele e encarou os olhos que herdou.

— Eu não me importo em desagradar você, isso não


significa nada para mim!

Conegon piscou aos olhos frios do filho. “Não...” O


homem falou mentalmente e o filho viu seu olhar
assustado.

— Você não pode...

— Eu posso tudo. — Cortou Cristian. — E tanto que


eu posso, vou acabar com você, acabar com a sua máfia
que tanto fez questão de dizer que eu não podia assumir,
pois agora ninguém vai comandar, nem eu ou você, ou
melhor, ficarei a frente das empresas H, que eu tornei um
império e irei destinar a você a sarjeta, para sempre, até
sua morte.

O Herovrisk disse com os olhos grudados no do pai,


ele demonstrava todo seu repúdio, sua raiva, sua revolta.
Conegon via claramente, a sua criação havia sido rompida,
e ele havia se tornado independente, não aparecia mais
ligado a ele.

— Não pode sair... Sabe as regras.

Cristian riu com deboche ao fio de voz assustada do


pai, sabia que ninguém saia da máfia, porém o intento dele
não era apenas sair.

— Acho que não entendeu. Eu não vou simplesmente


sair e deixar tudo para trás, eu vou destruir sua máfia e
suas regras, junto com todas as mentiras que você me
envolveu...

Sem mais aguentar ficar na frente daquele homem


prostrado na cama, todo ensanguentado, gemendo de dor,
virou-se de costa e deixou Conegon em um estado
catalítico, sentia que podia matá-lo e via várias formas
diferentes, mas não ia fazer, por ela. Por Rose, pela mulher
que mudou sua vida.

— Você vai se arrepender de não ter me matado


moleque!

Conegon sentia seu peito comprimir de um jeito forte,


enquanto via a perdição do seu filho, vendo o deixar.
Cristian parou, mas não se dignou a olhar para o homem.

— Não. Você vai se arrepender de eu o ter deixado


vivo...
O Herovrisk falou frio e abriu a porta do quarto
deixando aquele há quem um dia foi cego em fidelidade e
obediência, e nesse momento só sentia desprezo, quando
finalmente estava fora do quarto, pode respirar
normalmente, avistou Franco e sua equipe com as armas
em punho, em estado de alerta, fez um sinal de cabeça e
eles se aprumaram para sair dali. Cristian tinha mandado
retirarem os seguranças do prédio onde Conegon estava
internado, sabia que uma hora dessas estavam com uma
ou duas pernas quebradas, pelos homens dele, em algum
beco próximo, tinham a promessa de que se voltassem iam
morrer sem piedade. Agora o que ele queria era voltar para
Rose, estava exausto do encontro com o pai, se deu conta
que Rose era sua força agora, riu sozinho vendo o quão
era louco que em poucos meses a criatura adorável tinha
se tornado o centro do seu universo, colorindo seu mundo
que sempre foi branco e preto, feito dele mais feliz e
correto.

И·И

Rose estava estafada de ficar na cama então saiu


para andar pela casa, queria conhecê-la, antes que Louise
chegasse e a enchesse de perguntas, tinha que se
preparar a inquisição que viria sobre o lugar, depois de
algum tempo, passando por quarto de hóspedes, academia
privada, um jardim interno, sala de vídeo e uma bela
biblioteca, passou por uma porta entreaberta, pensando
que fosse mais uma sala comum, mas era o escritório do
seu marido. Sorriu e observou a mesa de vidro, com a
cadeira de couro atrás, o Mac Book na mesa, uma
prateleira com livros à esquerda, atrás dos móveis tinha
uma bela visão, proporcionada pelas duas janelas de vidro
do chão ao teto.

Ela foi até a mesa sentindo como se estivesse


descobrindo algum segredo do homem apenas por entrar
ali, passou a mão na cadeira de couro pensando em como
aquilo era tão ele, tão Cristian, olhou de relance e viu o
computador dele aberto, a vontade de mexer ali foi forte,
mas ela se conteve, não era certo que saísse mexendo em
algo que não lhe dizia respeito, ele nunca tinha mexido em
suas coisas mesmo como todas as grosseiras que tinha, e
que nas últimas horas haviam sido substituídas por um
carinho incondicional que estava a sufocando de tanta
felicidade. Um sorriso moldou-se nela quando decidiu
deixar aquele espaço, não queria provocar nenhuma briga
boba com o marido por causa da sua curiosidade, mas
antes que deixasse o lugar, de relance viu a tela do
computador, que acendeu com uma notificação e para sua
surpresa, havia uma foto sua ali, se aproximou sorrindo
ainda mais, o coração dela saltou em pura e vertiginosa
felicidade.

— Juro que você ainda vai me matar do coração!

Rose ouviu a voz da amiga na porta do escritório,


apesar de ainda está distraída com o computador, tratou te
tentar limpar sua expressão boba de quem queria abraçar-
se se sacudindo por saber que o homem por quem era
louca tinha uma foto sua depositada tão carinhosamente
em seu aparelho eletrônico.
— Louise! — Rose disse deixando indo até ela, dando
um sorriso, e a abraçando.

— Oh Rô, graças a Deus que está bem... — Louise


abraçou a amiga menor, feliz por ver Rose bem, afinal ela
era praticamente sua irmã.

— Eu disse que estava... — A morena olhou para a


ruiva que logo passou a avaliar o estado físico da outra.

— É parece, que sim, mas eu não estava


convencida... Tomei um grande susto! — Lou falou para
Rose que sorriu tocada, sabia que a amiga podia ser tudo,
mas sempre se preocupou imensamente com ela.

— Esqueça isso, já passou, estou bem agora, vamos


para a sala, pedirei a Sra. Katelyn que traga torta de limão
para você. Pedi para ela fazer em sua homenagem!

— Você sempre soube como me dobrar, seja com


argumentos ou com comida!

— Eu tive que aprender a me virar, medidas


desesperadas.

As duas caíram na gargalhada indo para a sala de


visitas.

— Bem, a Sra. Katelyn está morando aqui? — Ela


perguntou a Rose tranquilamente.
— Sim, Cristian a trouxe para cuidar da casa e de
mim.

— Que atencioso...

— Nem comece!

Rose deu de ombros e se sentou no sofá, uma das


empregadas da casa apareceu, ela pediu para que
chamasse a governanta e trouxesse a bendita torta, antes
que sua amiga começasse a lhe fazer perguntas, no
entanto, meia hora depois Rose ria da amiga que atacava o
quarto pedaço de torta, a Sra. Katelyn tinha se juntado a
elas e ria também.

— Pra onde vai tanta comida? — Perguntou à


governanta olhando a ruiva que deu de ombros.

— Nem eu sei...

— Santa genética da sua família!

— Como se você tivesse algo a reclamar.

Retrucou Louise na mesma moeda com um bufido,


Rose concordou sorrindo e se apoiou no sofá, a amiga fez
o mesmo e a encarou, logo a Sra. Katelyn pediu licença
dizendo que ia cuidar de alguns assuntos na cozinha,
deixando as duas sozinhas.

— Que foi? — Rose perguntou sentindo um frio na


barriga sabendo que a ruiva a sua frente estava a
analisando.

— Você não me contou como esse acidente


aconteceu, não pense que eu não percebi!

Era agora que ela sabia que não teria para onde
correr, suspirou.

— Eu desci muito rapidamente a escada e rolei, foi


somente isso Lou...

A mulher do outro lado escutou a versão dos fatos e


não pode acreditar que foi assim tão facilmente que
aconteceu, mesmo porque alguma coisa que lhe dizia que
não tinha sido somente aquilo.

— Sabe que sempre foi uma péssima mentirosa e eu


sempre te pegava não é?

Rose ruborizou-se e quis se chutar por não conseguir


enganar a amiga, porém pela providência divina ela pensou
naquela hora, o celular de Louise tocou, a mulher tirou do
bolso e atendeu sem olhar irritada por ter tido sua
inquisição atrapalhada, porém a expressão dela caiu
imediatamente, fazendo com que a outra mulher
percebesse que tinha algo errado.

— Lou, o que foi? — Perguntou Rose vendo a amiga


tomou uma ingestão de ar profunda e então a encarou.

— É o Philippe! — O ar ficou suspenso entre elas


antes da mesma continuar. — Está dizendo que veio a
Rússia!

— O que? — O coração de Rose parecia ter sido


atacado por diversas agulhas que espetavam
profundamente.

— Ele está aqui... — Sussurrou Louise pondo o celular


de lado. — O que eu faço? Mamãe contou porque vim para
Rússia e ele está aqui pelo mesmo motivo. Quer vê-la!

Rose fechou os olhos massageando sua têmpora, não


entendia como Philippe podia ser tão persistente, ainda se
preocupar com ela depois de tudo aconteceu, quando abriu
os olhos novamente encontrou o olhar confuso da amiga.

— Eu não posso encontrar ele... — A mulher disse a


Louise com um fio de voz, que logo se voltou ao celular.

— Ela tá bem Philippe, mas não vai conversar...

Ela parou no meio da sua frase e isso fez Rose saber


que alguma coisa importante era dita no outro lado da
linha, colocou a ponta do dedão entre os dentes esperando
pela a amiga que a encarou mais uma vez, preocupada
pelo que dava a entender no momento.

— Rô, ele quer te ver, disse que vai ficar na Rússia até
que consiga, fará o que for preciso, palavras dele e não
minhas.

— Oh merda...
Falou ela exasperada, se Cristian sonhasse com
Philippe a perseguindo não sabia qual ia ser sua reação,
quer dizer, não sabia em qual nível seria “mal”, porque boa
não seria, no impulso pegou o celular da mão de Lou e
falou:

— Philippe eu não posso encontrar com você!

— Rose! — A voz do homem ao dizer seu nome foi


quase como se ele suspirasse, ela travou, buscou manter-
se firme.

— Eu preciso que você pare de me procurar, meu


marido não te suporta perto de mim, já sabe disso, fique
longe para o seu próprio bem!

— Não, nós precisamos conversar, eu preciso de te


ver. — A voz dele embargou do outro lado da linha. —
Você tem noção de como fiquei louco ao saber por um
jornal e depois ser confirmado pela Lorna que você caiu de
uma escada? Não nos falamos há meses, você nunca me
explicou o que aconteceu, eu vivo um inferno desde o
último dia que acordei ao seu lado, para então no dia
seguinte você sumir e um mês depois aparecer me dizendo
para eu esquecer da sua existência... Droga eu te amo!
Amo mais do que a mim mesmo... Deve-me pelo menos
uma conversa... Nem que seja a última!

Rose ouviu a respiração ofegante dele e soltou a sua


que nem sabia que prendia, e no fundo, ela tinha essa
convicção de que realmente precisavam de um
encerramento, porém tinha medo das consequências disso
com Cristian, mas naquele momento o que importava era
fazer a coisa certa, devia pelo menos isso a Philippe.

— Tudo bem, venha a minha casa!


CAPÍTULO 12
Cristian estava impaciente, havia pegado trânsito,
queria voltar para casa, para Rose, precisava dela, fechou
os olhos, a lembrança sorriso fácil dela naquela manhã, o
jeito que olhava para ele, era algo que nunca queria perder,
não podia. Seu celular de repente tocou e isso o fez sair da
sua linha de pensamento, pegou o aparelho do bolso
interno do terno e quando o encarou via a imagem brilhante
do rosto de Rose em uma foto, e piscou com estranheza,
se preocupando que algo estivesse errado, ela nunca ligou
para ele diariamente, por isso atendeu logo.

— Rose?

— Oi... — A voz dela estava baixa, tímida e doce. Sem


poder se conter Cristian tinha um sorriso nos lábios assim
que a ouviu e sentiu que não havia perigo.

— O que aconteceu? Está tudo bem? — Ele tentou


deixar sua voz estabilizada, sem denotar o prazer imediato
que tomou conta dele só por ouvi-la.

— Sim, está... Mas eu preciso te dizer uma coisa, não


há tempo para ser pessoalmente!

O jeito que aquilo soou fez o interior dele se torcer, a


voz dela tinha um tom nervoso. Cristian quase podia vê-la
maltratando seus lábios, ele se mexeu no banco do carro já
prevendo que não ia gostar do que viria a seguir.
— Diga-me! — Sua voz saiu um pouco mais dura do
que queria, ouviu o suspiro dela do outro lado.

— Você disse que nunca mentiu para mim e eu quero


fazer o mesmo...

— Fale logo... — Pediu ele preocupado, mas foi duro,


então tentou se emendar. — Por favor...

Do outro lado da linha tinha uma Rose de olhos


fechados mordendo o lábio, ela abriu os olhos e encarou a
paisagem da janela do seu quarto, a neve caía e com ela o
frio, que nesse momento se instalava nela, e podia sentir a
tensão do marido ao outro lado da linha.

— Philippe está vindo aqui em casa, vem conversar


comigo!

A frase caiu como uma bamba e enorme, houve


silêncio por um momento, Rose não achava que era sinal
de algo bom, e estava certa, Cristian arfou como se tivesse
levado o soco na boca do estômago, sua bile subiu a
garganta, sentiu-se desnorteado.

— Não! — Vociferou ele. — Mande-o embora, eu não


permito isso!

Ele disse num tom em muitas oitavas mais alto do que


o normal em seu estado de raiva comum, o homem não
conseguiu conter seu gênio, tudo que ele via era o homem
que Rose sempre quis indo a tirar ela dele.
— Não Cristian, isso aqui não é uma questão de
permissão, estou te informando!

Foi difícil Rose entregar aquela negação com a força


certa, e ainda mais depois daquele tom de voz
ensurdecedor do marido.

— Um merda que está, pois você não irá falar com


ele!

— Pare de gritar! — Ela inspirou. — Nós vamos


apenas conversar, Cristian, por favor, escute e não faça
isso...

— Não, e não. Eu vou mandar os seguranças tirarem


ele daí, você não ficará do lado dele.

Cristian sentia-se desesperado, tudo que queria era


poder envolver a mulher em seus braços e a afastá-la de
qualquer lugar que o tal Philippe pudesse estar, seu ciúme,
seu medo de perdê-la para o homem, nunca falou tão alto.

— Pare de agir assim, escute-me, não adianta ordenar


coisas que não vou cumprir, queria apenas que soubesse
que vou conversar com ele e não queria fazer em suas
costas!

— NÃO! Eu vou matá-lo se chegar perto de você...


Me obedeça e fique longe!

— Chega! Pare de ser irracional, cansei, cansei dessa


sua atitude, dos seus gritos e ameaças, portanto escute
uma última coisa de mim, se algum segurança seu chegar
perto dele ou você, terá que me machucar primeiro antes
de atingi-lo... Entendeu? Agora acabou, nós acabamos
aqui, não volte a me ligar!

Rose desligou o celular respirando com força. Cristian


parecia um bicho enjaulado, ela achava até cativante os
ciúmes dele, mas daquela forma era doentio, era
assustador. Sentiu uma lágrima cair, odiava discutir ou ter
que gritar com ele, ainda mais depois de todos os
momentos bons dos últimos dias, seu celular tocou
novamente, e viu que era ele, mas desligou, fechou os
olhos e quando abriu limpou suas lágrimas, ela teria que se
resolver em outro momento com o marido, um que ele a
escutasse sem ela precisar rasgar sua garganta gritando. E
enquanto isso parado em meio a um congestionamento
quilométrico, lá estava Cristian, desesperado, tentou ligar
para a esposa, ignorando que tinha sido ordenado que não,
mas ela própria havia desligado o aparelho. O peito se
comprimiu em uma dor intensa quando percebeu que Rose
não ia mais falar com ele, foi como levar um tiro ouvir
aquelas palavras. "NÓS ACABAMOS AQUI".

— Não, não, não, eu não posso viver sem você... —


Ele disse discando o número dela novamente. Não podia
perder Rose, parecia que a escuridão tomava conta dele e
cada segundo mais ficava sem ar.

— Senhor? Senhor? — Franco chamou ao ver e ouvir


seu patrão em uma discussão feia, mas então agora o via
transtornado, o Herovrisk o olhou como se tivesse sido
torturado.
— Ela vai me deixar, Rose está me deixando...

И·И

— Você está bem?

Louise perguntou vendo o olhar triste de Rose ao


descer lentamente as escadas, ela fez um sinal positivo e
então a Sra. Katelyn apareceu na sala.

— Sua visita chegou!

Ela anunciou num tom de voz que parecia temeroso,


no entanto, a Sra. Herovrisk ignorou e seguiu em frente
com o que achava que era o certo, as consequências,
afirmava lidar depois.

— Tudo bem, mande-o entrar!

Rose falou caminhando até o sofá e se sentou ali, seu


coração saltou, sentiu um frio na barriga, olhou para Louise
que estava sentada na cadeira mais próxima em uma
postura tensa a encarando.

— Cristian não reagiu bem não?

— Reagir mal seria apelido a forma como ele se


comportou!

Disse a mulher a amiga e suspirou, logo em seguida a


porta se abriu e Philippe entrou, vestindo calças jeans
pretas e a camisa cinza, tinha os mesmos de olhos verdes
sinceros, o cabelo loiro e a barba por fazer, todavia, não foi
como havia sido há um tempo, nenhuma faísca saltou entre
eles, nenhum sorriso esperto, somente uma tensão
carregada de segredos, por parte dela.

— Rose...

O homem disse retirando o casaco do braço e


entregando a Sra. Katelyn que se retirou rapidamente
deixando apenas as três pessoas na sala.

— Pode entrar Phil...

Pediu Rose usando o apelido que sempre o tratou, ele


deu um sorriso pequeno e então sorriu também para
Louise que se levantou, dando um abraço nele, mas nem
por um minuto o homem desviou os olhos de dela.

— Hum... Eu vou pra cozinha com a Katelyn, vou


deixar vocês conversarem!

Disse Louise lançando um olhar para a Rose que


sorriu discretamente, então logo a mulher tinha ido e
restaram apenas os dois na sala, se encarando,
desconfortáveis.

— Como você está? — Encolhe os ombros. — Fiquei


preocupado.

Philippe tentou quebrar o gelo de sentando-se no


mesmo sofá em frente da mulher que era a sua paixão.
— Estou bem, foi só um susto!

— Você continua linda, se possível ainda mais...

Ela usava um short de tecido marrom e tinha uma


camisa um pouco de tricô, sem decotes, parecendo bem à
vontade com os cabelos soltos e sem maquiagem alguma,
realmente parecia bem.

— Obrigada... Eu... Eu não sei por onde começar! —


Rose foi sincera, não podia dizer que sabia como iniciar
aquela conversa, olhou para suas mãos não conseguindo
encarar os olhos verdes dele.

— Pode começar me dando um abraço...

Ela levantou o rosto rápido demais, com um leve


susto, podia se dizer de passagem, suas mãos levantaram,
quase inconscientemente, pedindo que o homem a
tocasse, só depois se deu conta disso quando viu seu olhar
ferido.

— Desculpe! — Falou em seguida para o homem que


deu um sorriso que não chegou aos olhos, ele sacudiu a
cabeça com descrença.

— Ele te proíbe até de ser tocada? — Havia


indignação na voz dele. — Está tão condicionada assim
Rose?
A mulher suspirou fechando os olhos antes de abri-los,
buscando suavizar aquela conversa.

— Não é assim...

— Deus, você aceita isso não é?

Rose piscou sentindo a voz dele como uma facada


nela e riu descrente.

— Isso não está em discussão aqui Philippe, eu já


briguei com ele para te receber, não vou aborrecê-lo mais.

Philippe sentia que aquela mulher a sua frente não era


mais a mesma por quem havia se apaixonado em NY, na
verdade, parecia muito mais firme, forte e decidida do que
queria, e não era que antes ela não fosse, todavia, tinha
algo diferente, mais maduro talvez.

— Você mudou! — Concluiu o homem e ela sorriu,


não chegou aos belos olhos azuis, então suspirou mais
uma vez.

— Sim, mudei e as coisas não são mais o que eram.

Ele piscou e lentamente olhou ao redor, nada parecia


mesmo com as coisas antigas, quando a encarou não foi
feliz, mas de certa forma resignado.

— Por que casou com ele?


Rose mordeu os lábios, indecisa com o que falaria,
porém resolveu que não ia mais mentir para ele, devia ser
o mais sincera que podia se quisesse encerrar o caso mal
esclarecido deles.

— Porque minha família queria... — Viu o olhar


confuso do homem e continuo. — Minha família arranjou
esse casamento, mas em algum momento eu me apaixonei
por ele, Philippe... Cristian se tornou mais que um marido
forçado, virou o homem da minha vida e não me vejo mais
sem ele.

Philippe tomou uma respiração profunda e virou o


rosto escondendo sua dor com a revelação da mulher, na
verdade, ele já sabia que ela devia sentia algo pelo homem
que com qual casou, só não sabia que chegava a esse
ponto.

— Eu queria que você tivesse me falado isso logo, ia


me fazer perder menos tempo tentando entender onde
errei e ti perdi. — Ele disse sem olhá-la, mas a mulher
sentia a dor, a até raiva em sua voz.

— Cristian não lida bem quando o assunto é você, e


eu quis te proteger, por isso te evitei.

Os olhos verdes dele caíram em cima dela com uma


confusão refletindo-se neles.

— Esse cara é violento?


— Todo homem rico e poderoso que eu conheço aqui
é...

— Ele te ameaçou Rose?

O homem perguntou mostrando fúria e Rose tentou


aplacar aquilo rapidamente, não podia deixar que ele
pensasse em fazer uma besteira, sabia que Cristian o
machucaria se tentasse.

— Não Philippe, pare. Cristian é protetor comigo,


muito até, e ele não gosta de você, só por isso é motivo
suficiente para eu te evitar.

— Eu não entendo Rose, esse cara, ele não é nada do


que você um dia quis... Então como se apaixonou assim?

Pela primeira vez ela sorriu e estendeu a mão para


pegar a dele, o homem aceitou deleitando-se com a
sensação da mão pequena dentro da sua.

— Nossas prioridades mudam, ele mudou tudo na


minha vida, mudou meu mundo, não posso dizer como,
mas Cristian o fez e eu sou feliz mesmo com todos os
contratempos...

Philippe olhou para a mão dela vendo a aliança


acompanhada de um belo brilhante, sabia que não podia
competir com aquilo e muito menos com os sentimentos
que Rose tinha, e era visível que tudo entre eles não ia
mais ser possível.
— Ele é um puto sortudo de ter você, e mesmo que eu
esteja sofrendo por saber que não tenho mais chances
contigo, fico feliz que esteja feliz.

— Você sempre foi um homem incrível Philippe... — A


mulher sorriu e apertou a mão dele.

— Pena que não fui suficiente para você! — Disse ele,


e ela desviou o olhar.

— Não diga assim, tudo entre nós foi perfeito.

Philippe apertou a mão dela trazendo sua atenção


para ele.

— Se um dia, um dia... — Ele deu ênfase. — Você não


quiser mais esse cara, eu tenho alguma chance?

Rose sorriu de verdade agora vendo o olhar


apaziguador dele.

— Não vou responder isso...

— Tudo bem, eu entendi, sempre será o engomadinho


não é mesmo?

Ela sorriu e concordou, não havia outro homem para


Rose, nunca mais, amava aquele cabeça dura, mal
humorado e lindo mafioso protetor que era seu marido.

— Eu espero que você seja muito feliz Philippe e me


perdoe por qualquer coisa que eu tenha te feito!
— Shhh... Você é o amor da minha vida, hoje, agora,
talvez para sempre Rose, nunca precisar pedir perdão,
porque meu amor por você é maior.

Rose o olhou sem saber o que dizer, mas então ele


deu aquele sorriso de menino dele, sempre caloroso e
abriu os seus braços pedindo um abraço, ela não pode se
recusar, foi até ele o abraçando, sentiu seu rosto no em
pescoço.

— Você é o tipo de homem ideal sabia? — Ela disse


de olhos fechados sorrindo, era bom saber que as coisas
estavam indo para o seu lugar, sentiu o sorriso dele
também.

— Pena que não mais para você...

— Pare com isso... — Beijou o ombro dele. — Não


tem como não te amar!

Ela abriu os olhos e então seu coração parou por


alguns instantes, Cristian estava ali estático observando
com um olhar escuro e duro, com mágoa, Rose se afastou
de Philippe bruscamente, suas costelas doeram, ela
ignorou se levantando, aquele tinha sido o pior momento
para que ele os encontrasse.

— Cristian!

O homem ouviu seu nome sair dos lábios dela com


certo pânico, mas tinha uma advertência ali, mas nada
aplacou a dor em sei peito, então de repente o tal Philippe
se levantou o encarando, tudo que o Herovrisk pensou foi
em aniquilar o homem que queria tirar a sua vida dele.

— Não toque nela!

Cristian correu para cima do homem e Rose previu


isso então se pôs a frente de Philippe, o Herovrisk com
muito custo se conteve para não machucar a sua mulher.

— Não Cristian, sem brigas!

Rose falou firme, não podia deixar o marido massacrar


Philippe, mas então o olhar que ele deu a ela de raiva
quase a deixou sem fôlego.

— Você está defendendo ele?

A mulher olhou para Philippe atrás dela ignorando


Cristian, mesmo que seu peito doesse. E o gesto foi
interpretado pelo Herovrisk como uma escolha, a cabeça
confusa dele não funcionava com clareza quando o
assunto era Rose junto de Philippe.

— Philippe, vamos... — Ela pediu ao homem então


sentiu Cristian puxar seu braço.

— Não, você é minha, fique longe dele!

Rose olhou em choque para Cristian, para a maneira


que ele agia, todo o cuidado e carinho tinham ido embora
dos seus olhos escuros.
— Philippe saia daqui, por favor!

Ela disse sem tirar os olhos do marido, o encarando


de igual para igual, mesmo que ele parecesse uma bomba
atômica prestes a explodi, cheio de raiva, todavia, aquela
demonstração, era apenas um disfarce para encobrir o
desespero crescente dentro do Herovrisk.

— Rose eu não vou te deixar sozinha com ele! —


Philippe falou preocupado vendo como o homem a
segurava.

— Não, está tudo bem, saía, por favor...

— Saía daqui antes que eu acabe com você! —


Cristian desviou os olhos para o homem, ele não ia deixar
o idiota tomar Rose dele.
— Tente! — Philippe atacou e ele se preparou para ir
para cima, mas Rose meteu a mão no seu peito, se
mantendo no meio da linha de combate.

— Parem os dois!

— Philippe saia agora, os deixe! — Louise apareceu


falando ao escutar o barulho na sala e ficou com os
cabelos em pé diante da catástrofe que se armava ali se o
intruso masculino não saísse logo. — Agora Philippe!

Ela rosnou e viu a amiga dar um olhar de


agradecimento, então finalmente o homem deu a volta no
sofá saindo, mas antes parou e olhou Rose.
— Eu vou está aqui se precisar.

O Herovrisk encarou o tal homem a ponto de atacar,


mas sentiu Rose puxar seu braço, então deixou que ele
fosse embora, quando seus olhos encontraram os dela
viram a clara crítica e indignação.

— Precisava de tudo isso?

A voz dela estava carregada mágoa e dura. Cristian


ficou frio por dentro, tinha certeza que ela ia tentar deixá-lo,
mas faria tudo para impedir, faria qualquer coisa que
estivesse ao seu alcance.

— Você é minha, não vou permitir que ele a tire de


mim! — O Herovrisk disse quase beirando a histeria.

— Por que você está sendo tão irracional? — Ela


devolveu num tom ainda mais duro. — Nós estávamos
apenas conversando, eu já expliquei...

Rose perguntou e não conseguindo entender a


dimensão do ataque do marido.

— Estava nos braços dele!

Cristian gritou em uma dor profunda a cena que ele


presenciou, e depois de fazer, Franco correr o mais rápido
que pode para a casa deles, chegou e viu aquilo, o homem
abraçando apaixonadamente sua mulher, para ele era
como ver Rose escapando por entre seus dedos, e não
podia permitir, sentia sua alma sombria morrendo sem ela.

— Foi somente um abraço, Cristian, por favor, para de


agir assim, está me assustando!

Rose disse com lágrimas nos olhos, ele parecia


transtornado, ele a encarou parecendo exausto, olhou para
o teto e respirou fundo, quando fitou a mulher novamente a
deixou desnorteada, Cristian Herovrisk parecia quebrado.

— Eu sei que não sou o que sempre quis, estou longe


de ser ideal, mas eu posso conseguir ser o que você
precisa! — Ele engoliu em seco respirando profundamente.
— Tentei por muito tempo me convencer que não sentia
nada por você, porém eu falhei, eu sinto tudo!

O coração de Rose de apertou de forma forte, ela


quase podia ouvir os batimentos, sentiu seus olhos
embaçarem com as lágrimas, o homem estava se
declarando, se aquilo não fosse uma declaração não sabia
o que era.

— Cristian...

Ela tentou falar mais ele fechou a distância entre eles


segurando seu rosto, Cristian sentia que estava sufocando,
como se estivesse se afogando na ideia de perder Rose.

— Eu te amo... Eu posso não saber fazer isso, talvez


não como esse Philippe que a ama, eu sei, pois é
impossível não te amar, porém me deixe tentar, por você
faço qualquer coisa, eu posso ser melhor, me dê à chance
de aprender a te amar do jeito que merece...

Rose sentia cada gota do seu sangue correr por todas


as suas veias como brasa quente, as batidas do seu
coração seguiam um novo ritmo, ela abraçou o homem
colando os lábios nos dele, beijando-o e sentindo-o
devolver apaixonado cada toque, agora ela entendia o
motivo do ataque dele, era desse jeito torto e desesperado
que o marido transparecia o seu amor, todo o ciúme
incontido era por causa dos seus sentimentos.

— Cristian eu também te amo, amo tanto... — Ela


segurou o rosto dele entre suas mãos olhando no fundo
dos seus olhos. — Amo você há tanto tempo, mas você
sempre tirando suas conclusões antes de me ouvir!

A mulher beijou o rosto dele, os lábios, Cristian se


afastou alguns centímetros piscando com incredulidade.

— Me ama?

Aquilo era inconcebível para ele, mas ao mesmo


tempo, lhe causava um profundo sentimento de deleite.
Rose sacudiu a cabeça vendo o olhar de confusão do
marido.

— É claro que eu te amo, não sei de onde tirou o


motivo que leva a achar que eu iria ficar com Philippe... —
Lágrimas desceram pelo rosto dela. — Eu mal posso viver
longe de você Cristian... É por isso que está agindo assim?
Pensa que te deixarei por ele?
O homem tomou uma ingestão de ar com força, aquilo
não parecia real. Pegou o rosto dela e deixou beijos
apaixonados nos seus lábios, sussurrando contra eles:

— Oh Rose, sim, como podia pensar que não?


Quando eu não passo de um ser sombrio e escuro, já você
é a pessoa mais iluminada que conheci? Sinto-me
ameaçado, desesperado, por qualquer coisa que possa te
levar.

— Você não é “um ser sombrio e escuro”, é um


homem incrível que merece ser amado!

Cristian não conseguia entender como ela podia lhe


dizer coisas tão lindas, mas nunca queria parar de ouvi-las,
ele tocou seu rosto com a adrenalina pulsando em suas
veias, amava aquela mulher, a amava, mais que tudo.

— Eu não sabia que te procurava até te encontrar meu


anjo! — Segurou o rosto dela afagando suas bochechas
que tinha lágrimas descendo. — A amo, hoje, agora e
sempre!

Rose olhava atônita para o homem aturdido na sua


frente, nem seu melhor sonho podia acreditar em ouvir
aquilo de Cristian, ele a amava e a percepção disso
alegrava seu mundo de formas inimagináveis.

— Cristian, sabe que vai ter que fazer amor comigo


depois disso não é?
O homem sorriu finalmente conseguindo respirar
normalmente, aquela mulher era sua vida toda e saber que
não estava indo perdê-la era o paraíso.

— Tudo para você Rose, tudo!

Rose beijou os lábios dele, agora ela podia entender


todas as palavras doces dele. Cada frase, cada gesto,
cada olhar, ele já estava a amando, ela foi tão tola por
pensar que o homem ainda não estava pronto, o abraçou
encarou seus olhos escuros tão vulneráveis.

— Eu te amo, quero que entenda que o amo com todo


meu coração e alma, nunca duvide disso, e não duvide que
seja capaz de me retribuir da mesma forma, pois você já o
faz!

Cristian fechou os olhos como se sentisse deleite ao


ouvir as palavras dela, abaixou seu rosto do dela e então a
encarou com intensidade.

— Eu passei anos indo e vindo ao meio das pessoas,


nunca acreditando que uma delas poderia tomar meu
coração, porém você surgiu, como um sol na minha vida e
o tomou para si, assim como tudo que sobrou de mim é
seu, para sempre...

A mulher fechou os olhos sentindo cada palavra dele


infiltrar-se em suas veias, em seus ossos, no seu coração.
Deixou seus lábios buscarem os do homem, era uma
felicidade absurda que tomava conta dela, pôs as mãos no
rosto do marido, o segurando, com carinho.
— Cristian eu sou sua, meu coração é todo seu
também...

O homem a encarou vendo as lágrimas em seus olhos


e o sorriso cativante dela, a beijou abraçando, enfiando o
rosto em seu pescoço, sorvendo seu cheiro.

— Diga que nunca vai me deixar...

Rose sorriu e beijou o pescoço dele, acariciando suas


costas.

— Nunca vou te deixar. Eu te amo!

De repente ele a pegou nos braços, fuçando seu


cabelo, enquanto saia da sala e ia em direção às escadas.

— Eu pensei que você ia... Foi um inferno Rose! —


Ele disse baixinho enquanto subia as escadas com a
mulher em seu colo, o coração dela se apertou ao ouvir o
tom de voz entristecido dele.

— Deixar você seria meu fim...

O sorriso dele parecia quase de um menino e iluminou


seu rosto todo, ele a beijou novamente sentindo a paz das
palavras sinceras dela.

— Eu não sei o que fiz para te merecer, mas eu juro,


vou te amar até o último dos meus dias do mesmo jeito que
te amo hoje Rose, talvez mais...
A mulher piscou lágrimas de felicidade novamente, o
beijou e assim o casal entrou no quarto, ouviu quando o
homem empurrou a porta e trancou, logo em seguida para
a por sentada no meio da cama com cuidado, enquanto ele
pairou em cima dela.

— Venha logo pra mim! — Disse Rose querendo logo


ter o homem para si, ele piscou com um olhar lascivo.

— Vamos fazer isso lento... Quero muito você, mas se


te machucar paramos na hora.

Rose ignorou a dor de levantar o braço e puxou a


camisa, se livrando dela, ficando apenas de shorts. Cristian
gemeu ao ver os seios da mulher, abaixou o rosto,
despejando beijos doces em seu colo até chegar a um dos
seios femininos, só para capturar um mamilo entre os
dentes.

— Cristian...

Disse a mulher enfiando a mão nos cabelos dele,


segurando-o contra si, mas o homem se afastou rápido,
ficando de pé e então ela soube o que ia fazer quando se
livrou rapidamente do terno, assim não demorou em ele
está nu e pronto para ela. Cristian tratou de retirar os shorts
dela junto da calcinha e a puxou para o seu colo, cheio de
cuidados, beijando-a, acariciando as costas dela e ela
fazendo o mesmo.
— Você é tão linda... Tão minha! — Disse ele contra a
garganta da mulher que era atacada de forma apaixonada,
por beijos e leves mordiscando, fazendo-a se contorcer em
seus braços.

— Sua... Toda sua...

Rose puxou o rosto dele, delicadamente, querendo


dizer o quanto o amava, ficou tanto tempo em silêncio que
agora tudo que queria era gritar aos quatro ventos o
tamanho da sua paixão, que descobriu ser recíproca, não
havia nada melhor do que amar alguém e essa pessoa te
amar na mesma intensidade.

— Meu anjo...

Ele disse a olhando nos olhos enquanto sua mão


deslizou entre as pernas femininas, acariciando a
intimidade dela. Rose gemeu e abaixou os lábios nos do
homem mordendo levemente, Cristian sabia que aquilo que
apertava seu peito de forma quase dolorosa era amor, o
coração batendo mais rápido, e sentia suas veias quentes,
era maravilhoso amar aquela mulher, nada que teve na
vida o proporcionou tal sensação, cheio de paixão ele a
penetrou com dos dedos preparando seu corpo pra recebê-
lo, a mulher jogou a cabeça para trás ao sentir os dedos do
marido a preparando, gemeu enfiando as unhas no ombro
dele. Tudo agora parecia tão melhor, tão mais certo.

— Cristian, eu quero você...

— Calma, eu quero você bem molhada pra mim!


Rose fechou os olhos ao apoiar o rosto no ombro dele,
segurando nos seus braços, enquanto seus dedos faziam
um vai e vem nela.

— Preciso de você, por favor!

O homem mordeu levemente o pescoço dela, então a


deitou com cuidado na cama, e cobriu com seu corpo.
Beijou seus lábios ao direcionar seu membro até a entrada
dela. Foi o fim para os dois, ela gritou o nome do homem
que fez o mesmo, clamando por ela. Rose segurou o rosto
dele o beijando sem reservas e sentiu-o preencher com
todo o seu corpo, Cristian respirava com dificuldade,
tentando resistir a tanto prazer que sentia com a esposa.

—Você é tão perfeita...

Disse ele indo e vindo, Rose sorriu, gemendo as


investidas, lentas e doces do homem que atacou sua
garganta, com beijos molhados, Cristian respondeu
sôfrego, completamente impelido a fazer aquele momento
inesquecível para eles, mudando levemente sua posição
para atacar os seios dela, ela gritou de prazer, deslizando
as mãos no corpo do homem, sabia que esse era o
primeiro dia de uma vida toda fazendo amor daquele jeito,
sorriu ao beijá-lo novamente.

И·И

Louise encarava um Philippe mal humorado. Ela havia


o levado para outra sala adjacente para assim Rose poder
conversar com Cristian, que parecia visivelmente louco de
ciúmes, para dizer o mínimo.

— Eu estou preocupado com Rose. Aquele cara


parece violento... Vou atrás de dela! — Disse o homem,
estava temeroso, após presenciar o tal marido de Rose
entrar na sala em disparada com sangue nos olhos.

— Não se meta nisso Phill... — A mulher falou se


levantando do sofá e o segurando.

— Ele pode machucar Rose! — Emendou Philippe


sem poder se conter ali parado.

— Eu tenho certeza que não vai Phill, aposto que


preferia levar um tiro antes de machucá-la e nós dois
sabemos que essa crise de ciúmes é por causa da paixão
dele por ela. Deixe eles se resolverem, Rose sabe se
defender e gritar bem alto...

O homem não pareceu feliz, mas então dando um


suspiro cansado, ele desistiu de ir atrás de Rose, sentou-se
novamente no sofá ao lado dela antes de encará-la.

— Dói saber que ele tem o coração dela... Não


entendo como Rose se apaixonou por alguém tão
possessivo, ela nunca gostou de crises de ciúmes... —
Falou ele, não conformado e Louise deu de ombros.

— Toda mulher gosta no fundo de um ciúme, bom pelo


menos quase todas... Agora eu não posso te responder
sobre como ela se apaixonou, acho que nem a própria
Rose, afinal ninguém escolhe quem vai amar não é? Essas
coisas simplesmente acontecem!

Ela viu olhar de concordância dele acompanhado por


um sorriso triste.

— Infelizmente é verdade... — Suspirou cansado. —


Se eu pudesse tinha escolhido me apaixonar por você Lou!

A mulher riu audivelmente e sentou-se na frente do


amigo, tomando suas mãos.

— Eu sei, pois saiba que eu também queria, já que


você é o cara mais legal que conheço, porém infelizmente
nossa química é tão quente quanto o polo ártico...

Philippe sorriu e abraçou a amiga, beijou seu cabelo


ruivo, então a encarou pondo as mãos no seu rosto.

— Vou voltar para Nova Iorque, pelo visto não há mais


nada o que fazer aqui. Dê meu adeus a Rose, não vou
mais causar problemas.

Ela concordou e repetiu o gesto dele beijando seu


rosto como uma forma de consolo. Louise gostava de
Philippe, mas apoiava a felicidade da amiga Rose,
independente de quem fosse o responsável, e naquele
momento estava bem claro que o nome da felicidade dela
tinha nome e um sobrenome de um russo.

И·И
— Pare de me olhar assim...
Disse Rose divertida não conseguindo esconder seu
sorriso bobo diante do marido que a encarava com uma
malicia deliciosa, permeada admiração, enquanto
acariciava seus pés em cima do peitoral dele, depois de
passar horas trocando caricias e fazendo amor, tinham se
mudado para a banheira, recostando-se um de frente para
o outro, aproveitando a água quente.

— Não consigo! — Ele sorriu como um garotinho. —


Como posso acreditar que alguém tão linda, inteligente,
divertida, talentosa, generosa e sensível me ama?

Cristian falou em um tom de voz suave beijando o


peito do pé da mulher, sem deixar sua mão parar de
acariciá-la até a coxa e voltar à panturrilha, Rose sorriu se
derretendo ao olhar escuro e bonito dele.

— Pare, não há nada aqui inacreditável, ou na


verdade, apenas você, que a cada dia me surpreende
mostrando as coisas boas que um dia tentaram sufocar,
você é bom Cristian!

— Só você consegue ver bondade em mim...

— Porque é apenas pra mim que você mostra esse


lado, amoroso... — Rose se mexeu indo para o colo do
homem, acariciando seu rosto. — Bondoso, preocupado,
protetor, doce e totalmente apaixonante!

Ela disse beijando o rosto dele, que fechou os olhos,


aproveitando os lábios quentes e gentis, abraçou o corpo
dela e então a beijou, quando a encarou viu os olhos azuis
brilhantes e o sorriso fácil, doce, totalmente cativante.

— Você é apaixonante... Fez meu coração de gelo se


derreter, nunca pensei que isso fosse acontecer comigo,
achava que tinha perdido a capacidade de amar um ser
humano.

Falou o homem franzido o rosto e Rose beijou o vinco


em sua testa, para então o encarar curiosa e um pouco
temerosa. Cristian nunca esteve tão falante e ela achou
que devia aproveitar.

— O que Conegon fez para achar que perdeu essa


capacidade?

Cristian suspirou e desviou os olhos dela, encarando


os lábios, mas ela puxou seu queixo fazendo-o a encarar, o
incentivando com um olhar a lhe contar tudo e ele resolveu
desistir de esconder-se, ela o amava.

— Na infância não tive contato com muita gente além


de tutores da máfia, treinei e estudei desde sempre ao que
eu lembre, na adolescência eu via os outros filhos dos
amigos do meu pai, saindo, se divertindo, mas eu nunca
pude, mesmo quando comecei na escola regular, pois logo
percebi que sempre que pensei em gostar de alguém essa
pessoa morria ou eu ganhava um castigo, o que me fazia
odiá-la... Todas as minhas transgressões ganhavam um
castigo do Conegon... — O homem a viu piscar com os
olhos carregados de tristeza. — Mas sabe Rose, se não
fosse esse desgraçado eu nunca teria conhecido você,
então cada minuto de agonia valeu para ter você nos meus
braços hoje.

O coração dela se apertou ao imaginar todos os dias


de sofrimento e dor que ele teve, queria apagar isso das
suas memórias, mesmo sabendo que não podia, mas
queria dar todo o conforto e amor a Cristian.

— Então me deixe multiplicar mostrar meu amor... — E


assim ela o beijou.

И·И

O casal saiu do quarto de mãos dadas e encontrou


uma Louise se divertindo na sala com a Sra. Katelyn que
deixou escapar uma gargalhada sobre algo que a ruiva
tinha dito, mas assim que viram Cristian e Rose parados
aos pés das escadas as observando, elas pararam.

— Boa noite Sr. e Sra. Herovrisk. — A governanta


falou se levantando do sofá.

— Boa noite Sra. Katelyn... E Louise! — Disse o


Cristian para a ruiva que tinha um olhar no mínimo curioso
para ele e Rose.

— Olá Cristian, boa noite.

A voz dela saiu melódica denotada de alguma coisa


que o Herovrisk não soube dizer o que era, mas sua
esposa sabia, já que exprimiu um bufido exasperado, ele a
encarou e apertou sua mão suavemente, chamando a
atenção para si e disse:

— Preciso fazer alguns telefonemas, porque não


discute sobre o jantar com a Sra. Katelyn enquanto isso?

— Tudo bem... — Rose concordou deixando seus


olhos vagarem até seus lábios, mas o homem apenas
sorriu malicioso, e acariciou seu queixo gentilmente se
afastando em seguida.

— Imagino que uma queda das escadas não afetou


em nada sua disposição...

Louise comentou e Rose ficou carmesim ao olhar para


a Sra. Katelyn, claro que todos sabiam o que ela fazia
trancada a mais de quatro horas no quarto com o marido,
mas nem por isso ela ficava abertamente confortável,
porém resolveu ignorar ao ver o olhar complacente da
mulher, encarando Lou com petulância.

— Nunca! Ainda mais quando ele afirma que ama...

Ela viu o sorriso da Sra. Katelyn, mas para logo então


fixar-se nos olhos de Louise que brilharam como luzes de
natal, que correu na sua direção dando lhe um abraço que
tirou o seu fôlego por causa da dor.

— Ah desculpe, mas me empolguei.

Disse Lou com pesar e dando de ombros, Rose


respirou fundo se recompondo.
— Eu percebi, mas também estou da mesma forma
querendo me abraçar com um idiota.

Louise a levou para o sofá sorridente.

— Rose, eu vou deixar você conversar com sua amiga


e cuidarei do jantar, o que acha de um assado?

A mulher olhou para a governanta e se deu conta que


não tinha ideia sobre o que servi, afinal de contas nunca
cuidou das refeições na mansão e além do mais nem sabia
os gostos de Cristian, coisa que ia mudar.

— Ah sim, seria ótimo, obrigado.

A governanta sorriu e então deixou à sala dando


privacidade as duas mulheres que ficaram para trás.

— Você vai ter que me contar tudo...

Louise falou pipocando de curiosidade e Rose sorriu,


precisa liberar também toda sua felicidade com aquela
notícia, que veio acompanhando o seu bebê, mas por hora,
não contaria ainda sobre a gravidez, por algum motivo
ainda era algo que queria manter para si, um pequeno
segredo que gostaria de aproveitar apenas com Cristian.

— Eu ainda estou processando tudo, Cristian sempre


vem para cima de mim como uma bomba nuclear... Mas eu
estou tão feliz Lou, ele me disse coisas que me tiraram do
chão...
A amiga sorriu para Rose observando os olhos azuis
dela brilhantes, a felicidade era palpável e isso contagiava.

И·И

Franco foi chamado pelo chefe e não demorou a


aparecer no escritório, pronto para receber suas ordens.

— Senhor!

O Herovrisk que estava de costas para a entrada


enquanto olhava a paisagem de fora da janela, lentamente
se virou para encarar o homem que veio ao seu encontro.

— Tenho ordens específicas para você. — Falou e


não era menos do que Franco esperava, ainda mais na
situação crítica a qual passavam.

— Estou pronto para executá-las senhor.

Cristian suspirou e foi até sua mesa pegando um


celular.

— Aqui estão todos os contatos da máfia, têm


informações sobre os próximos carregamentos,
pagamentos, e tudo mais, agora eu quero que entre em
contato e suspenda tudo, acabe com tudo... Não importa
quanto isso custe!

Franco já tinha feito de tudo para o Herovrisk, porém


nunca pensou em vê-lo dissolver toda uma organização a
qual ele havia assumido há pouco tempo. Sabia que algo
grave aconteceu ente ele e Conegon, bem como que o
ataque brutal a Rose tinha tornado tudo ainda mais grave.

— Devo mandar parar a produção dos entorpecentes


também?

Ele recebeu um sinal positivo do homem atrás da


mesa, enquanto entregava o aparelho celular, foi à
confirmação que o segurança precisava, mas esperou a
reposta.

— Tudo! Todas as atividades da instituição vão acabar,


preciso que mande o responsável levantar todo o inventário
de ganhos e gastos, marque uma reunião para amanhã!

— Farei como quer senhor...

— Mais duas coisas. — Cristian disse especificamente


mais sério. — Faça à venda a mansão Herovrisk e não
importa se o preço for abaixo do preço de mercado, e faça
com que todos os empregados de Conegon e seus aliados
sejam demitidos recebendo uma boa quantia, porém deixe
um aviso claro para não voltarem a ajudar aquele homem,
também quero uma equipe de segurança nova para Rose,
os melhores, nada dos agentes antigos, deixe apenas Yoro.

A única preocupação de Cristian naquele momento


era com a esposa, mas não apenas com ela, pensava no
seu filho, nunca se perdoaria se algo acontecesse a um
dos dois.
— Sim, eu vou fazer essa triagem de seguranças e
amanhã lhe entrego uma lista para sua aprovação.

— Ótimo, é apenas isso por enquanto!

Dando um aceno de concordância, Franco pediu


licença e se retirou da sala deixando Cristian, que pegou
seu celular ligando para Noam, esse atendeu no terceiro
toque.

— Notícias para mim? — Perguntou Cristian em um


tom estável, o amigo do outro lado respondeu em seu
habitual tom despreocupado.

— O nosso mundo já sabe da sua desistência da


máfia, mas poucos estão acreditando, ainda mais que quer
você quer matar seu pai!

Cristian bufou, todos sabiam da sua cega lealdade,


podiam não acreditar em boatos, mas em breve todos iam
vê-lo destruir seu pai, aquele homem não merecia perdão
por ser tão cruel com ele, com Rose. Ah Rose... Imaginar
ela prejudicada mais seriamente o deixava doente.

— Bom, pois isso não importa, não vou mais matá-lo,


mas cuidarei para sua existência ser um inferno... — Ele
não deixou Noam o questionar pelo motivo e continuou. —
Sabe algo do Bertinelli?

Noam sorriu do outro lado do telefone e muito longe


de ser cínico, dessa vez não tinha ninguém vendo, mas ele
estava realmente feliz em ver a mudança no seu amigo de
tantos anos, era claro que ele tinha desistido de matar o pai
por Rose, pelo amor da esposa.

— Sei tanto quanto você, e ninguém sabe onde esse


homem está agora, na Itália não deu as caras e muitos
menos em Chicago, os contatos que eu tenho estão tão no
escuro quanto nós também. Aquele velho sabe
desaparecer, não é a toa que ele é chamado de fantasma.

O Herovrisk massageou sua têmpora encarando a


paisagem fria do lado de fora janela do escritório.

— Odeio esse homem, ele é perigoso e eu não gosto


do seu silêncio!

— Continuarei a tentar saber dele, mas não querendo


ser xereta, e sendo, vai mesmo tentar se encontrar com
ele?
— É a única forma de esclarecer a situação, preciso
me livrar o espectro de um ataque eminente e proteger
minha família!

— Não vou parar de correr atrás de notícias, sua


família vai ficar bem!

— Sim, vai. Não permitirei que ninguém toque em


Rose ou no nosso bebê! — O Herovrisk suspirou decidido.

И·И

Os olhos azuis do homem, passando da meia idade,


porém de aparência muito elegante e austera, brilharam ao
terminar de ouvir a fala da sobrinha, ele andou pela sala
mal iluminada do galpão que tinha sido improvisado para a
sua estadia. Sorriu devagar ao voltar a encarar a mulher
em sua frente sentada na cadeira de couro marrom, em
uma postura despreocupada e fina. A sua vestimenta
escura, a camisa de gola combinando com uma calça de
couro, e as botas na altura dos joelhos com saltos agulhas,
finalizaram sua aparência basicamente perfeita, ela
lembrava muito o pai, ele pensava.

— Você nunca me decepciona minha preciosa...

Preferiu usar sua língua materna com sobrinha, não


queria revelar aos seguranças americanos quem era que
estava naquele galpão, ninguém sabia qual era a "carga"
protegida ali, apenas a mulher de olhos azuis e rosto
angelical que era o orgulho do homem, que sorrio.

— Que bom tio, pois eu preciso apenas do seu “sim”


para executar tal tarefa...

— Pois você tem. Faça-os saberem quem nós


somos... Ainda me sinto colérico com a falha do Enrico,
mas sei que você não irá fazer a mesma coisa.

Ela deu um meio sorriso frio diante do nome citado,


era o primo tosco, que apesar de ter um órgão masculino,
nunca foi mais que um garotinho assustado tentando
agradar o pai, sem nunca conseguir.

— Claro que não tio. Quando eu terminar com meu


intento, eles nem saberão o que os acertou.
Falou ela em tom moderado e convencido. O tio sorriu
de forma aprovadora, sentou-se na cadeira de couro
semelhante à dela, encarando, enquanto arrumou o lenço
do bolso da sua camisa.

— Sobre os boatos, descobriu algo mais que eu não


sei?

Perguntou o homem em um tom de voz que não


entregava nada, mas a mulher sabia que ele estava tão
curioso quanto à própria para saber se o que o mundo da
máfia andava comentando, era verdade, porém sua
demonstração era tão fria quanto dela.

— Morris afirma que eles realmente romperam, porém


nunca se deve acreditar no que esses ratos comentam...
Prefiro beber da fonte!

Disse ela arqueando a sobrancelha bem feita que


adornava seus olhos azuis tão característicos da sua
família. Seu tio deixou um sorriso perigoso aparecer e
assemelhar o da sobrinha, ele havia entendido exatamente
o que ela tinha sido dito.

— Ah minha bela, como queria que Pietro tivesse te


visto...

A mulher crispou quase imperceptivelmente. Não


gostava de falar do seu pai.
— Bom, eu também, mas nós dois sabemos que isso
não é possível. — Ela falou inalterada e se levantou. —
Agora eu tenho uma tarefa que precisa da minha atenção.

Ele a observou, era tão calculada e pragmática


quanto, um dia chegou a se preocupar com esse lado tão
gélido e alheio dela a qualquer sentimento, mas ela sempre
seria seu maior orgulho.

— Os deixe saberem quem nós somos!

Ela concordou então se abaixou na sua frente. Eles


deram um beijo em cada lado do rosto de forma
respeitável, os olhos azuis dos dois travaram um no outro.

— Sua benção tio... — Falou a mulher em um


sussurro. O homem passou as mãos nos cabelos cor de
chocolate dela.

— Me dê orgulho minha bela!

— [25]Lo farò zio! — A mulher piscou os olhos azuis de


maneira decidida e assustadoramente fria.

И·И

— Então Cristian, quando vai para Nova Iorque?

Perguntou Louise, eles estavam reunidos na mesa em


um jantar, o Herovrisk tirou dos lábios o copo de suco,
estava acompanhando Rose, que não podia beber, tanto
pelos remédios e pelo bebê deles, Cristian não queria uma
gota de álcool nos lábios dela até a criança nascer, e se
fosse preciso ele mesmo ia se abstrair de beber para
apoiá-la.

— Eu não sei, depende de como alguns negócios vão


agir por aqui... Se Rose quiser nós podemos ir ao final do
ano.

Disse ele displicente bebericando um pouco mais de


suco. Rose levantou o rosto surpresa para ver Cristian a
olhando de canto, expectante, sorriu.

— Fala realmente sério? — Ela perguntou ao marido


que levantou as sobrancelhas, provocativo.

— Eu sempre falo. — Falou, e Rose sorriu mais


ainda, pegou a mão dele por cima da mesa em seguida.

— Pois bem, eu adoraria ir para Nova Iorque no final


de ano, na verdade, adoraria ir a qualquer época.

O homem aceitou o toque, feliz pelo sorriso dela e a


voz contente, se descobriu fazendo qualquer coisa para ter
mais daquilo de Rose, por isso quando encarou a amiga
dela foi decidido.

— Então é isso, nós vamos ao final do ano Louise.

— Isso vai ser maravilhoso! — Lou sorriu e bateu


palmas.
— Nada de piscinas esse ano Lou. — Rose rolou os
olhos e sorriu para a amiga, mas no fundo sabia que isso
seria incrível sim, a ruiva que fez beicinho, Cristian
observou as duas com curiosidade.

— Piscinas? — Perguntou ele e as duas se olharam,


começando a rir em seguida, logo foram contar as suas
histórias de final de ano.

— Ficamos sabendo de uma superstição de pular sete


ondas e fazer pedidos para cada uma delas, porém não
tínhamos uma praia, mas estávamos em um clube. Eu já
estava para lá de bêbada então aceitei o convite da Lou...

Falou Rose olhando para a amiga de forma muito


contente e completou o final da história.

— Pulamos em sete piscinas diferentes e ganhamos


resfriados no dia seguinte...

As duas sorriam cúmplices e Cristian não pode deixar


de sorrir também. Sua esposa e a amiga pareciam ser os
tipos especiais de criaturas sem qualquer noção sobre
modos quando estavam juntas.

— Algum pedido se realizou?

Mais uma vez às duas se olharam como se Cristian


estivesse pendendo algo, Louise explodiu em risos e Rose
bufou seguindo a mesma linha, mas encarou o marido com
sinais da diversão.
— Sim. — Rose falou e o homem ficou curioso.

— Qual foi?

— Você... Eu pedi por você!

Disse ela com um sorriso pequeno, lembrava-se que


na última piscina pediu que encontrasse uma coisa,
alguém. Alguém que amasse e a amasse do mesmo jeito,
chegou a pensar que tinha sido Philippe, mas se enganou,
era Cristian, sempre seria ele.

— Eu? — O Herovrisk crispou com um pouco de


confusão e um misto de surpresa.

— Bom, pedir para encontrar o homem da minha vida


e aí está você...

O homem inflou seu peito com aquele sentimento de


arrebatamento e puro prazer, queria ser tudo para aquela
mulher como ela era para ele. Rose sentiu a intensidade no
olhar do homem que puxou sua mão para beijar com
carinho.

— Que bom, pois sou todo seu Sra. Herovrisk!

Louise teve que desviar os olhos dos dois com um


pigarro, qualquer um poderia sentir a tensão quase elétrica
entre eles, Rose sorriu e desviou os olhos no marido, era
melhor que parassem por ali. Cristian também se controlou,
mal tinha se percebido que estava em uma aberta cena
demonstração de afeto com plateia, tudo parecia evaporar
em seu lado.

— Bem, nenhum dos meus deu certo, vai entender...


— Disse Lou com um falso tom de lamúria.

— Claro, pois você invalidou os seus fazendo dois por


cada piscina...

Rose comentou empurrando seu prato meio vazio


para longe e logo viu Louise rir dando de ombros, quando
seus olhos encontraram com os do marido viu reprovação
neles, entendeu em seguida o motivo.

— Só vai comer isso? — O tom dele era de


desagrado, apesar de que saiu muito bem disfarçado, mas
a esposa percebeu.

— Estou bem cheia Cristian, mais tarde como algo,


tudo bem?

Louise os observou com certa graça.

— Sim. — Disse ele não tão satisfeito. — O que acha


de tocar então para nós?

Aquele convite do Herovrisk pegou a mulher de


surpresa, mas essa sorriu concordando. Um tempo depois
ela estava à frente do piano sendo observada pelo marido
em uma cadeira próxima à lareira e por Louise estirada no
sofá com uma taça de vinho na mão, e quando Rose
terminou a peça ouviu os aplausos.
— Nossa Rô. Tanto tempo que não te ouvia tocar...

Disse a amiga e Rose sorriu, olhou para Cristian que a


encarava fixamente com um sorriso discreto, mas
apreciador.

— Gostou Sr. Herovrisk? — Perguntou ela, então o


homem se levantou indo até ela, dando um beijo em seus
cabelos.

— Sim, muitíssimo, eu sou afortunado em ter uma


esposa tão talentosa, você foi perfeita... — Disse ele a
encarando com seus olhos escuros e sedutores. — Mas é
hora de ir dormir.

— Seriamente? — Piscadela da mulher foi matreira e


Cristian fez uma carranca até meio ameaçadora.

— Sim. Vou deixar você se despedir da sua amiga


enquanto busco algo para você comer...

— Vai me deixar enorme!

O resmungo dela foi ignorado com mais um beijo nos


cabelos e ele saiu se despedindo de Louise, assim que as
mulheres ficaram sozinhas a ruiva se manifestou, dizendo:

— Ele parece realmente mandão, mas um apaixonado


babão também.
— Não estou longe disse também, mal posso caber
em mim de tanta felicidade, isso é tão louco!
Rose saiu do banco do piano, rindo e foi até a amiga,
as duas se abraçaram de forma fraterna, então Louise
sorriu falando em seguida:

— Estou muito feliz por você, merece esse amor e


muito mais... Muito!

И·И

Olhando suas mãos unidas Rose sorria, e as alianças


se juntando, com os dedos deles entrelaçados, ela
suspirou contra o peito nu do marido, sentiu a vibração
quando ele falou.

— Ainda tem tanta coisa que não sabemos um do


outro, percebi hoje na mesa com a Louise!

Ele disse, e ela levantou o rosto para ver os olhos


negros dele, então um sorriso carinhoso aparecer.

— Sim, mas você já sabe muito, revirou minha vida, já


eu não sei quase nada. — Falou e ele sorriu e então pegou
o queixo dela acariciando.

— Pode ser, porém não sei das suas histórias mais


íntimas, seus desejos, sonhos, um relatório não pode me
entregar isso...

— Então vamos fazer um trato... — Rose passou a


mão no seu rosto acariciando sua barba. — A cada dia me
conte algo que ninguém sabe e eu farei o mesmo, pode
começar agora... Qual sua comida favorita?

Cristian sorriu para a mulher, que lhe inspirava coisas


boas, parou para pensar em sua comida favorita, nunca
tinha feito isso, então se lembrou de algo.

— Doce de leite! — Afirmou, e os olhos azuis da


mulher brilharam.

— Isso é sério? — Rose sorriu para o ver


concordando.

— Sim. Eu era proibido de comer, sempre que fazia


algo errado, até isso ser banido da minha casa.

Ao final da frase do homem o sorriso de Rose


murchou, sabia exatamente quem fazia aquilo com
Cristian.

— Oh isso é horrível, está decidido que a partir de


hoje sempre teremos doce de leite pelo menos uma vez na
semana.

O Herovrisk sorriu para a fala dela, que queria agradá-


lo, pegou o rosto dela entre suas mãos e beijou seus lábios
com cuidado, ninguém na vida nunca o tinha tratado assim
e ao mesmo tempo em que era perturbador, também era
prazeroso.

— Obrigado, eu sei o que está fazendo...


Rose sabia que seu peito doía por pensar em tudo que
ele passou na vida, tinha consciência que ainda estava
conhecendo a ponta do iceberg, mas jurou que ia conhecer
cada camada daquele homem e com todo seu amor
cuidaria dele.

— Quero que saiba mesmo Cristian, não quero mais


imaginar você privado de qualquer coisa... Quero te fazer
feliz!

Ele a puxou para seus braços a abraçando fuçando


seu cabelo com carinho e beijando-a.

— Você me faz Rose, desde o primeiro dia que te vi


entrando naquela sala da sua casa...

A mulher buscou os lábios dele dando um beijo


apaixonado, queria que ele pudesse sentir todo o amor,
Cristian sabia que sua vida triste e escura tinha passado,
agora com Rose só havia luz.
CAPÍTULO 13
Depois de Cristian a deixar assim que tomou o café da
manhã, foi receber um homem que chegou, disse ser um
contador. Rose não falou nada só foi esperar a chegada da
sua mãe, com Lou, assistindo TV, Rosely viria junto com
Sacha para visitá-la, isso a deixou ainda mais contente.

— Rose sua mãe e irmã chegaram! — Anunciou a


Sra. Katelyn e se retirou assim que abriu a porta para a
mulher loura entrar com a filha que era basicamente o seu
espelho.

— Filha, como está? — Rosely perguntou ao por os


braços ao redor da filha mais velha, a viu de pé com um
bom aspecto, nem parecia que tinha sofrido nada, porém
ainda se preocupava.

— Estou bem mãe, obrigada.

— Louise, quanto tempo, como você está minha


querida?

A mãe de Rose se dirigiu para a amiga dela soltando a


filha que foi abraçar a irmã. Logo as mulheres estavam em
uma boa conversa na sala que só não podia ser ouvida no
escritório do Herovrisk.

И·И
— Vai ser uma grande perda de dinheiro como o
senhor pode ver!

Disse o homem para Cristian que avaliava um relatório


entregue, olhou de maneira contida e impassível ao
responsável por lhe apresentar aqueles dados.

— Não estou preocupado com isso, quero que retire


todos os fundos de investimento, não ouse avisar
Conegon. Esqueça-se de todos que nos devem, pode
avisar que estão livres dos compromissos assim como a
máfia vermelha com eles.

— Senhor, tem certeza disso? — O homem a frente do


Herovrisk ficou pálido, tudo que foi dito era uma clara
ordem de liquidação.

— Claro que tenho! — Cristian soltou um som


exasperado. — Agora continuando, pegue a última
remessa dos pagamentos foram feitos e quite tudo que nós
temos, pegue a lista dos outros empregados, está incutido
de demitir todos, pague pelo tempo de serviço, dê um
bônus, mas deixe a mensagem clara que é ordem
expressa minha, eles estão sendo totalmente desligados
da máfia, e do Conegon.

Falou por fim vendo o contador e administrador dos


Herovrisk terminar de ficar da cor de uma folha em branco.
Cristian sabia que ninguém jamais tinha liquidado uma
máfia, com certeza, agora achava que ele estava louco.

— Farei como quer, mas e se houver retaliação?


— Está falando do Conegon? — O contador
concordou, me resposta. — Esse está fora de jogo, você e
todos trabalham para mim e independente de ser da máfia
ou não.

Disse o homem irritado, queria terminar logo aquilo,


mas sabia que ainda estava apenas no começo de seu
plano, afinal é o primeiro passo para era falir Conegon,
assim tiraria a lealdade da maior parte dos seus homens,
consequentemente o poder de fogo, uma batida na porta
tirou Cristian dos seus pensamentos, então viu Franco
entrar com um olhar preocupado, e ele soube que algo
estava errado.

— Senhor ligue a TV, por favor. — Franco pediu e o


Herovrisk fez de imediato, a TV na lateral do escritório ligou
no minuto seguinte e fez o pasmado.

...
NOTÍCIA URGENTE —— EXPLOSÃO EM PRÉDIO
SEDE DAS EMPRESAS H.
...
Era essa manchete que piscava na tela da TV russa
seguindo de imagens do prédio luxuoso sede da empresa
Herovrisk, que agora parecia mais com um cortiço
depredado. Tinha fogo e fumaça, que sai das varias
janelas, em andares diferentes, sem falar no que parecia
quebrado, as imagens mostravam a movimentação de
bombeiros e polícias isolando a área.
— Infernos. — Rosnou o Herovrisk com raiva, olhou
para Franco. — Há quanto tempo isso aconteceu?

— Cerca de minutos, fui avisado ainda a pouco pelo


Gean, ele já está correndo atrás de informações e tomando
todas as medidas necessárias...

Cristian passou as mãos nos cabelos se levantando


da mesa irritada. Olhou para o contador.

— Nossa reunião terminou, faça o que lhe mandei.

— Sim senhor!

Respondeu o homem se encolhendo ao tom cortante


do chefe e saindo da sala o mais rápido que pode, a
atenção de Cristian foi para Franco.

— Faça o acompanhamento com o Gean, quero


repostas em meia hora, algum filho da puta explodiu meu
prédio!

Assobio em uma cólera fria, Franco concordando sem


nem perder tempo com saudações, foi em busca do que o
chefe queria, sabia que ele não ia descansar até pegar
quem tinha sido tolo para atacar. Sozinho na sala o
homem olhou para a TV, quem quer que tenha feito aquilo
seriamente era um profissional, pois explodiu o prédio de
diferentes maneiras pelo visto, pois pelas imagens Cristian
pode raciocinar, em cima de suposições, que explosivos de
cargas desiguais tinham sido plantados, para fazer
estragos de maneira desigual. Percebia que o último andar,
onde ficava seu escritório, foi o mais afetado, travou a
mandíbula com raiva, aquilo foi feito para atacar
diretamente a ele, mas com certeza não foi um coisa feita
para matar, foi um aviso, uma chamada de atenção, o
homem tinha certeza que sua linha de pensamento estava
certa, seu celular tocou o tirando dessa avaliação, atendeu
sem nem checar quem era e a voz de Noam preencheu o
silêncio:

— Já deve ter visto como seu prédio está mais cheio


de fogos mais do que o quatro de julho dos EUA não é?

— Não estou para brincadeiras, que porra você quer?

— Eu estava a caminho da sua casa para lhe dizer


algo quando soube, temo que a minha notícia e o
acontecido com seu prédio estão intimamente ligados... O
anjo da morte está na Rússia, foi vista na parte nobre da
capital essa madrugada.

O Herovrisk tomou uma respiração profunda, e olhou


para o seu prédio chamas e então se concentrou em
manter a calma.

— Venha direto para o meu escritório quando chegar!

Ele desligou sem dizer nada a Noam, e fechou os


olhos quando jogou seu celular na mesa passando as
mãos nos cabelos, dando as costas para a porta do
escritório, Cristian sentia que tudo estava se complicando
de formas inimagináveis e o seu controle se esvaindo, não
gostava disso, nem um pouco, queria resolver logo tudo
isso, por tudo em ordem.

— Cristian?

A voz incerta e baixa de Rose o fez abrir os olhos


imediatamente, ele se virou devagar para encará-la em
frente à porta maltratando seu lábio inferior com um olhar
preocupado.

— Venha aqui!

Ele comandou e Rose obedeceu sem nem piscar. Ela


saiu da sala assim que viu a notícia pipocar na TV sobre a
explosão do prédio, seu coração perdeu uma batida ao se
dar conta que esse era o lugar onde o marido trabalhava,
não quis nem dá margem para sua imaginação sobre ele
poder estar ali quando ocorreu, ela saiu da sala deixando
sua mãe, irmã e Louise preocupadas, porém ela não se
importou com aquilo. Chegou aos seus braços abertos de
Cristian o apertando com força, satisfazendo uma
necessidade de ter certeza que ele estava ali, seguro, e o
homem a envolveu precisando dela, tudo na vida deles era
tão complicado, mas Rose parecia ser seu ponto de
equilíbrio agora, sua luz, colocou o rosto no pescoço dela e
beijou.

— Deus... Cristian essa explosão. Você! — Falou ela


incoerente, mas o homem pode entendê-la perfeitamente.
— Eu sei, não pense nisso, pode fazer mal para o
bebê essa preocupação... — Ele beijou o rosto dela, que
suspirou.
— Não quero te perder Cristian... Essa explosão não
foi um acaso não é?

Cristian acariciou as costas dela e beijou seu pescoço,


então seus lábios, queria fazer a mulher esquecer, mas
percebeu que a sua tensão não era dissipada pelos seus
carinhos. Beijou os lábios dela mais uma vez e quando ela
abriu os olhos azuis estavam marejados, ele tocou sua
bochecha acariciando com a ponta dos dedos.

— Não anjo, eu acredito que não foi um acaso. — A


mulher puxou uma respiração entrecortada. — Mas tire
esse olhar preocupado dos seus lindos olhos azuis, eu
nunca vou permitir que separem a gente!

Rose sentiu seu coração saltar ao ouvir as palavras


firmes, cheia de sinceridade, acompanhada de um olhar
apaixonado, puxou o rosto dele para si, beijando seus
lábios com paixão. Sentia um medo pungente que tudo
pudesse acabar com a sua felicidade, acabar com o jovem
amor que nascia entre eles, acabar com a família que
estavam construindo. Cristian devolveu o beijo dela que
começou lento e foi se tornando mais intenso, mais duro,
até que o puro fogo da paixão os consumisse, o Herovrisk
sentia que com aquela mulher em seus braços nada podia
vencê-lo, ela era sua maior força para levantar a cabeça e
lutar por ele, por ela, pelo bebê deles.

— Desculpe!
Um pigarro fez o casal se afastar minimamente e
então encarar Noam parado na porta do escritório, Rose
olhou para Cristian que assumiu uma expressão séria.

— Tudo bem, entre e feche a porta Noam.

O som da voz dele era dura e tinha uma tensão, Rose


pode sentir através da vibração do corpo do marido,
passou a mão em seu rosto atraindo sua atenção, ele a
encarou deixando seu olhar amolecer.

— Eu vou ficar aqui!

Rose anunciou firme e viu-o piscar com surpreso, mas


então soltou um suspiro, dando um aceno de concordância,
ele se afastou um pouco dela só para encarar Noam, que
se sentou na frente deles na mesa, os observando.

— Pode começar Noam. — Falou Cristian enquanto


fez Rose sentar na sua cadeira, ficando ao seu lado.

— Bom, como eu tinha adiantado, o anjo da morte foi


visto na Rússia essa madrugada.

— E só agora você me avisa?

O tom de Cristian foi cortante e Rose não soube como


Noam conseguiu crispar os lábios em exasperação.

— Tão pouco sabia também...


— Desculpe, mas quem é anjo da morte? — Rose
falou e levantou o olhar para Cristian que tinha um vinco
entre as sobrancelhas. — Isso parece macabro...

— Posso dizer a ela Cristian? — Pediu Noam a


permissão e o outro deu um aceno positivo enquanto
andou pela sala. — Bom Rose, anjo da morte é uma forma
carinhosa de chamar a vadia italiana mais linda e filha da
puta que existe entre eles...

— Olha o linguajar Noam!

O Herovrisk lançou um olhar duro para o outro homem


quando voltou a se prostra do lado da esposa, Rose franziu
o cenho e Noam deu um aceno de desculpas.

— Está tudo bem, mas então continuando, essa


mulher tem haver com o atentado?

Uma batida na porta interrompeu Noam novamente,


era Franco, que entrou com cara de poucos amigos, e
todos na sala sentiram sua tensão, ele nem parou para
dizer nada apenas estendeu a mão e entregou um pen-
drive a Cristian.

— Descobrimos quem foi...

Franco disse e Cristian não perdeu tempo em por o


aparelho em seu computador, Rose observou tudo sentindo
sua tensão e logo uma imagem de câmera de segurança
apareceu. Estava até então em branco, mas cortou para
um elevador e logo depois uma pessoa entrou, parecia
algum técnico, pela roupa, a cabeça baixa e usando um
chapéu, assim que as portas se fecharam a tal pessoa tirou
o chapéu e uma cabeleira marrom caiu solta, e logo se
revelou uma mulher, que abriu um macacão, deixando cair
aos seus pés, revelando uma calça de couro e uma jaqueta
no mesmo material e então olhou para a câmera com um
sorriso.

Seu rosto foi totalmente exposto, lábios vermelhos,


nariz reto, junto de um olhar azul gélido e cheio de desdém.
O sorriso da mulher apareceu, ela ficou ainda mais bonita,
porém mortalmente perigosa, não havia nenhum humor, ela
disse algo, que não pode ser ouvido, mas logo depois as
portas do elevador se abriram e ela parou um segundo
então mostrou um aparelho pequeno que estava em sua
mão direita e apertou um botão, jogando-o para trás
deixando o elevador, no minuto seguinte veio às explosões
e tudo ficou negro. Rose olhou para Cristian e viu sua
tensão, ele se afastou dando as costas enquanto encarou a
janela, ele estava realmente tomado de raiva, mais raiva do
seu pai principalmente, tudo isso era culpa dele, quando se
virou para todos no escritório sabiam que esperavam sua
reação.

— Bertinelli a mandou atacar!

Disse ele frio e Rose olhou para Noam que pegou o


computador e assistiu ao vídeo, ele olhou para Cristian
pela primeira vez parecendo preocupado desde que
chegou ali, e isso a fez entender rapidamente o que se
passava ali.
— Então ela é o anjo da morte e veio a mando do
capo da máfia italiana?

Perguntou ela e viu Cristian concordar, Rose pensou


que realmente o apelido macabro combinava com a tal
italiana, ela parecia um anjo, mas entrou sem ser vista no
prédio dos Herovrisk e brincou de colocar bombas como
uma verdadeira criminosa.

— O nome dela é Beatrice Bertinelli. — O Herovrisk


falou. — É especializada em ataques desse tipo, ela só
deixou esse vídeo como um aviso, e é claro que quis ser
vista!

Esclareceu o marido e Rose ficou fria, Noam chamou


a atenção ao soltar um bufido.

— Ela é a porra da primeira sobrinha e é o orgulho do


Bertinelli, o que tem de linda tem de letal... A situação
está...

Cristian olhou com censura para Noam, que se calou


imediatamente, ele não queria preocupar Rose ainda mais
do que ela visivelmente estava, se arrependeu de ter
deixando-a presenciar aquela conversa. Ela o encarou
maquinando algo.

— Porque ela atacou um prédio seu e não você, já


que queria te ameaçar, qual motivo de chamar tanta
atenção?— Algo piscou na mente dela. — Polícia!
Pela primeira vez na manhã o homem conseguiu
sorrir, sem poder evitar a sensação de orgulho que tinha da
esposa.

— Sim, você está correta, eu acredito que ela quis


chamar minha atenção, colocar meus negócios em
evidência, sob a mira dos investidores policiais... Desse
jeito pode afetar a instituição, mas também quer deixar-me
saber que ela está chegando!

— Ela disse algo, o que foi?

Rose perguntou sentindo um calafrio subir pela


espinha, tinha certeza que Cristian sabia o que a tal
Beatrice havia dito, e o Herovrisk sabia mesmo só não quis
dizer, mas sob o olhar inquisidor da esposa não poderia
fugir disso, desse modo desistiu de vez com um suspiro.

— O próximo a explodir serei eu, em breve...

— Não! — Rose disse, ele se aproximou dela


abaixando-se sua frente.

— Calma... Lembre-se do que te disse...

O olhar do homem era firme, mas Rose não pode


dizer que estava segura, tinha medo depois de ver o que
toda aquela guerra começava a se transformava.

— Isso tem que acabar... Todas essas ameaças, esse


jogo de gato e rato, Cristian!
Ele concordou compartilhando da mesma opinião, pois
se aquilo continuasse, a insegurança se instalaria
provocando um caos, e só havia uma forma de acabar com
tudo, no entanto, ele nem precisava pensar muito para
saber que Rose não ia gostar, ele se levantou e encarou
Franco que se manteve calado no canto da sala.

— Franco... — Cristian olhou seriamente. — Ela ainda


está na Rússia, então a deixe saber que quero vê-la cara a
cara, sob julgo de paz!

— Está louco? — Noam disse, enquanto Rose


encarou Cristian chocada, ainda bem que ela estava
sentada, o russo pensou.

— Deve está! — Ela completou em seguida. Cristian


os encarou com uma carranca, irritado, pois sabia o que
estava fazendo e não voltaria atrás.

— Com ela aqui é a única forma de um contato rápido,


qualquer boato que passe de boca em boca até chegar aos
Bertinelli será ignorado, aquele maldito Lorenzo está
entocado em algum lugar dando ordens para me matar...
Isso não vai mais acontecer! Tudo que chegar aos ouvidos
da Beatrice chegará nele... — Encarou Franco novamente.
— Pois então vá e cumpra minha ordem, quero todos os
contatos dela avisados!

O segurança saiu da sala e Rose se levantou da


cadeira, revoltada encarando o marido, sem poder aceitar
aquele plano dele, que parecia mais com um claro
suicídio.
— Você não pode fazer isso!

— Já o fiz! — Olhou para Noam. — Sei que ainda fala


com o filho do Kiev, o deixe saber do meu interesse de
encontrar a Bertinelli ou o próprio Lorenzo.

Noam se levantou com uma carranca e antes de sair


falou.

— Eu os deixarei saberem, mas vou com você nesse


encontro, não estou pedindo sua opinião.

Ele afirmou deixando a sala, deixando Rose e Cristian


sozinhos. Ela se aproximou do marido que tinha o
semblante marcado pela frieza.

— O que deu em você, ficou louco realmente? — Ela


disse sofrendo. — Essa mulher explode seu prédio e agora
que ir dar os parabéns para ela junto do tio?

O Herovrisk respirou fundo, pois sabia que não ia ser


uma conversa fácil com a mulher pequena que estava o
encarando como se fosse bater nele, no fundo o homem
não duvidava que ela pudesse fazer tal coisa.

— Rose, esse é o único jeito de explicar as coisas,


mostrar que eu não fui o responsável pela ordem de ataque
a eles... Só assim vão parar de tentar me matar, me
ameaçar!

— Acha que eles vão te escutar?


— Sim, dependendo do que eu apresentar e como for
fazer isso, tenho experiência, não me subestime.

Rose deu as costas para o homem bufando de raiva


ao tom duro que ele imprimiu no final, não estava nem aí
para sua experiência, ela se virou encarando-o.

— Não faça isso, por favor, eu não quero você se


arriscando, podem muito bem te capturar, meter uma
bala... Ela é perigosa.

— Eu também sou! — Ele explodiu em um tom duro.


— Não vou me acovardar dentro de uma caixa de vidro,
isso é algo que não pode me pedir Rose, essa conversa
termina aqui, eu não vou mais discutir isso com você.

Cristian só queria acabar aquela conversa, tudo


aquilo, estava cansado de estar sempre sendo atacado por
todos os lados, tinha que proteger sua família, e eram Rose
e o bebê, e o único jeito era aquele, indo até Beatrice,
independente do quanto sua esposa desgostasse, por isso
suportou o peso do olhar machucado dela.

— Se encontrar com uma assassina letal é uma ótima


forma de provar que ama alguém em filmes românticos,
mas não na vida real, Cristian, não na vida real...

Ela disse e deu as costas saindo do escritório,


deixando o homem sozinho, ele respirou com força e bateu
na mesa descontando sua irritação, tudo estava indo tão
bem entre eles, mas agora só conseguia se lembrar da dor
exposta na voz dela, e era algo inevitável, pois não
mudaria seus planos, e Rose sabia disso também, quando
passou pelo corredor sentindo seus olhos arderem com as
lágrimas que segurava para não deixar cair. Estavam em
uma encruzilhada, ele buscando a proteção de todos, mas
arriscando a sua vida.

— Ei está tudo bem? — Ela parou ao ouvir a voz de


Louise que estava em pé na soleira da sala e se aproximou
devagar.

— Sim...

— Não parece, sua mãe saiu daqui às pressas com


Sacha dizendo que tinha algo para fazer...

Rose podia apostar que ela tinha saído correndo para


falar com Iuri, afinal de contas ele ainda era sócio na
"instituição".

— É só complicado Lou, e eu não saberia por onde


começar a explicar e nem posso! — Disse ela limpando
uma lágrima que fugiu do seu controle, Louise suspirou e
deu de ombros, antes de puxá-la em um abraço.

— Sabe que pode me dizer o que quiser, mas tudo


bem se não puder também, ainda vou estar aqui, amigos
são para essas coisas sabe?

— Obrigado Lou!
Rose fungou nada elegante abraçando-se a amiga
com um sorriso triste, grata por poder apenas se consolada
sem dizer nada. Era difícil resistir à vontade de
simplesmente desabafar, dizer tudo, mas não podia
envolver mais ninguém naquilo, já bastava de pessoas
correndo perigo, Louise não pertencia aquele seu mundo
caótico.

И·И

O homem olhava para fora da janela, vendo a


escuridão como fundo para a neve pesada que caía,
sentindo em seu interior uma implacável dor, envaidecia
pelo ódio, que tomava cada vez mais conta do seu espírito.
Quando a porta do quarto se abriu, ele nem precisou virar o
rosto para saber quem era.

— Temos uma vadia a menos no mundo? —


Perguntou com sua voz indisfarçavelmente revestida de
cólera enquanto o seu homem de confiança se prostrou em
frente à cama a qual ele jazia.

— Desculpe, mas não senhor, a localização do seu


filho ainda é desconhecida...

Conegon bufou em sua raiva e sentiu a dor pelo


simples gesto. Quase riu sem qualquer humor, o seu
próprio filho havia o deixado naquela condição de
calamidade.

— Eu quero a puta da Rose Volkov morta! Já!


— Senhor, houve uma explosão no prédio da empresa
e acho que essa vai ser nossa oportunidade, quando seu
filho aparecer, vamos localizar onde se esconde e estar
prontos para matar a esposa dele...

O Herovrisk mais uma vez desviou os olhos do


segurança. Ele queria com todas as suas forças Rose
Volkov morta, pagando pelo que fez, pagando por tomar
seu filho dele o transformando em um tolo. Cristian era seu,
a sua criação e jurou que nada o levaria do seu poder.
Aquela mulher ia morrer e quando isso acontecesse,
Conegon ia ter seu filho de volta.

И·И

Cristian andava no quarto de um lado para o outro


enquanto maltratava seguidas vezes o seu cabelo, e olhou
mais uma vez para sua cama vazia. Rose não havia
voltado para o quarto deles, nem mesmo foi jantar com ele,
tinha se isolado no quarto de hóspedes com Louise e o
deixado sozinho, o Herovrisk sabia que ela estava
chateada, com raiva até, mas não poderia e não ia voltar
atrás da sua decisão, todavia, também não poderia ficar
sem ela, ele respirou fundo, sentindo em seu peito aquela
sensação de perda, não ia mais ficar um minuto sentido
aquilo.

Rapidamente ele estava fora do quarto, no corredor


que ia até o aposento de hóspedes. Já era tarde então ele
abriu a porta com cuidado, viu o local levemente escuro,
poderia distinguir as duas pessoas na cama, assim logo
avistou a esposa, Rose dormia do lado direito e virada de
costas para a amiga, sem fazer qualquer ruído, Cristian
entrou, caminhou lentamente até ela e se baixou a sua
frente, fitou o rosto feminino adormecido calmamente, ele
tocou sua mandíbula e então aproximou seu rosto do dela,
sussurrando.

— Anjo... Abra os olhos...

Pediu Cristian passando seus lábios nos dela


enquanto acariciava Rose, adormecida, que se mexeu um
pouco e abriu os olhos devagar, sentiu a respiração quente
e os lábios, acompanhado de um roçar de algo
asperamente bom, parecia um sonho.

— Rose? — A voz rouca surgiu mais uma vez e


estava muito próxima, e o toque muito vivaz, o cheiro muito
real, ela abriu os olhos lentamente, piscando seguidas
vezes, a letargia se dissipando lentamente, até consegui
enxergar a figura masculina ao ser redor.

— Cristian? — Rose disse quase de forma inaudível,


o homem com delicadeza acariciou seus cabelos, pondo
atrás da sua orelha, então beijou castamente seus lábios.

— Não consigo dormir sem você, eu não quero, sinto


sua falta, venha comigo?

Afirmou sincero o Herovrisk e a mulher sentia isso,


suspirou ainda um pouco sonolenta. Tinha choramingado
antes de cair no sono, ela mentiria em dizer que não sentia
falta dele, porém estava magoada, só que dizer não para
um pedido dele depois dessas palavras tão fidedignas era
quase impossível.

— Não acho que consigo rejeitar seu pedido, me leva?

Pediu ela se sentindo mimada quando o homem abriu


um sorriso monumental, pegando-a nos braços. Louise
espiou pelo conto do olho o homem levar à amiga e sorriu,
era bom que o Herovrisk não fosse um tolo em deixar sua
esposa sozinha quando era claro que os dois estavam
machucados e sofrendo a ausência um do outro. Cristian
levou Rose para o quarto deles, cheirou seu cabelo, a
deixou na cama cuidadosamente e retirou sua camisa para
se enfiar no leito junto dela, e a abraçou feliz por ela
aconchegar o rosto em seu peito, as mãos pequenas da
mulher alisaram o abdômen dele, não havia melhor lugar
no mundo para o Herovrisk que aquele.

— Você não desistiu daquela insensatez não é? — A


voz da mulher soou pesarosa.

— Não!

— Sabe que está cortando meu coração, não sabe?

Rose expôs sua dor, ela preferia brigar mil vezes com
o homem do que estar em paz com um cadáver, sentiu ele
se ajeitar contra ela e pegar o queixo delicado, forçando
assim seu olhar ao dele.

— Eu não quero fazer isso com seu coração, quero


proteger você, a única coisa boa da minha vida a qual não
posso me dar o luxo de perder.

Ela piscou as lágrimas de seus olhos não querendo


que as mesmas caíssem em sua face.

— Eu também não posso te perder Cristian, consegue


ver o quão isso é desigual? — Ele piscou franzido o cenho,
a mulher continuou. — Você diz que não quer me perder,
porém me dá como moeda de troca o risco de eu te
perder...

Era irrefutável a linha de pensamento dela, mas


Cristian tinha a convicção que nada de ruim iria acontecer,
primeiro porque se achava um bastardo verdadeiramente
egoísta e possessivo por aquela mulher para deixá-la sem
um inferno de uma boa luta, segundo porque sempre foi
um bom negociador, sabia lidar com situações como
aquela.

— Anjo... — Ele pegou o rosto dela entre suas mãos.


— Confie em mim quando digo que não vai acontecer nada
comigo, eu não vou te deixar sozinha no mundo com nosso
filho. Vocês dois são minha vida e eu nunca me colocaria
em algo que não tivesse plena certeza a qual posso manter
o controle.

Rose fechou os olhos e respirou fundo, sentindo que


era inevitável, ele não ia desistir do maldito encontro com a
tal italiana letal, sabia claramente ao encarar novamente os
olhos escuros do marido que essa batalha ela tinha
perdido.
— Jure pra mim que vai se munir de toda segurança
que tiver, e que Franco e Noam vão estar contigo... — Ele
ia começar a protestar, mas Rose usou o olhar carrancudo
que aprendeu com o próprio. — Se disser que não, juro
que eu mesma me ponho a ir junto...

Cristian suspirou e concordou logo em seguida. Nunca


poria Rose em meio a uma negociação, ou ficaria louco e
todos veriam seu descontrole, a sua paixão e a devoção à
proteção dela e do filho.

— Infernos mulher! Você me deixa doente por me


fazer pensar em te ter com nosso filho em meio a uma
negociação... — Ele beijou seus lábios sem a deixar falar.
— Tão corajosa e feroz, eu amo isso em você, mas me
enlouquece...

Rose não conseguiu abafar uma risada contra os


lábios dele.

— Se você não me obedecer eu faria isso mesmo,


posso muito bem proteger meu filho e o pai dele ao mesmo
tempo!

O Herovrisk gargalhou, sim, ele sabia que aquela


criatura pequena podia se defender, porém arriscá-la a isso
era inconcebível, mas aumentava seu desejo mais ainda
por aquela mulher de olhos azuis.

— Oh eu sei o quão feroz você é, mas use toda essa


ferocidade aqui, na nossa a cama agora, porque me
excita...
Ela sorriu quando o homem deslizou pelo seu corpo
empurrando as alças da camisola, expondo seus seios e
deixando-a nua logo em seguida, ele a olhou como se
fosse devorá-la, Rose não ia negar essa noite de amor com
ele, na verdade, aproveitaria cada gota.

— Faça seu pior comigo essa noite ou seu melhor


Cristian...

O homem sorriu sedutor, admirando a esposa nua,


saber que ela carregava um filho seu o deixava
envaidecido e ainda mais apaixonado pela mulher que
estava lhe dando tudo. Cristian baixou o rosto e beijou o
santuário em que o bebê deles crescia, Rose arfou com o
gesto delicado dele e ainda mais ao encontrar seu olhar
amoroso.

— Amo vocês, eu prometo que nada nesse mundo vai


nos separar, e que vou estar aqui a cada momento da sua
gravidez e para o resto das nossas vidas, juro!

Rose levou as mãos ao cabelo dele acariciando


apreciando o rosto masculino próximo ao seu ventre
encostando os lábios ali novamente, ela deixou uma
lágrima de felicidade cair.

— Eu também te amo! Amo muito e sei que nosso


filho fará o mesmo... Vou cobrar sua promessa meu
Herovrisk, estaremos juntos para sempre!
Cristian sorriu e subiu indo até seus lábios a beijando
com amor, os dois sabiam que viver um sem o outro não
era mais uma opção, tinham se entregado de alma e
coração.

И·И

O vestido se ajustou perfeitamente ao corpo da


mulher, nem parecia que a mesma tinha passado por uma
"queda" da escada, Rose riu irônica para si mesma em
frente ao espelho do closet, ela já tinha repetido tantas
vezes que havia rolado degraus, que estava quase
acreditando nessa versão.

— Quero que fique em casa! — A carranca de


Cristian, que a encarava encostado na soleira da porta, só
a fez rolar os olhos. — Não tem sentido nenhum sair...

Quando ela disse que iria levar Louise no aeroporto,


mas antes passar em seu atelier, o homem não gostou
nada e deixou visível seu desagrado.

— Sabe... — Ela se voltou para ele, caminhando até


parar na sua frente. — Eu também queria que ficasse em
casa hoje à noite, mas não, você vai encontrar uma
assassina italiana...

O Herovrisk tragou uma respiração profunda, ele havia


recebido uma resposta de Noam ao raiar do sol, a Bertinelli
concordou até bem rapidamente com o encontro, mas
claro, tinha feito suas exigências bem específicas.
— Podemos não falar sobre isso? — Ele suspirou. —
Me desagrada.

Rose soltou um sorrisinho sarcástico.

— Curioso, eu não me importo, porque estou irada! —


Ela fez um gesto amplo com a mão. — Agora pode sair da
minha frente Sr. Herovrisk?

Cristian teve que comprimir seus lábios para não rir da


mulher irritada, ela só ficava ainda mais linda, então
aprumou sua postura e não saiu do seu caminho, pelo
contrário, infiltrou suas mãos no cabelo curto da esposa,
que tentou se afastar mais o homem a segurou firmemente
forçando a olhar para cima.

— Eu gosto de você brava, fica ainda mais


tentadora...

Ela bateu no peito sólido dele, mas não houve efeito


algum, ele apenas sorriu, os olhos escuros brilharam
aquecendo Rose imediatamente.

— Não quero ser adulada...

— Não?

Perguntou o homem puxando-a pelo cabelo com


cuidado para então passar o nariz em sua garganta, em
seguida para deixar um rastro de beijos delicados, que a
fez derreter e isso o deixou satisfeito, ele passou sua
língua em baixo do lóbulo direito dela para então chupar.
— Cristian... Isso é golpe baixo!

Rose levou as mãos aos braços dele para se apoiar e


ele buscou seus lábios rapidamente capturando entre seus
dentes para então a beijar duramente, quando se afastou a
encarava faminto.

— Posso ser muito mais baixo se deixar minha linda...

Os dedos dele brincavam em uma carícia sensual na


pele macia do pescoço da mulher. Essa por sua vez sabia
que se ele continuasse com aquilo iam acabar na cama e
ela totalmente rendida, mas não ia deixar isso acontecer,
não agora, queria e ia mostrar sua insatisfação quanto à
decisão imprópria dele encontrar a louca italiana, por isso
tirou as mãos dele de si, com certo custo, pois gostava
muito daquelas mãos, porém se afastou como pode,
buscando cada grama do seu controle.

— Eu não estou nem um pouco interessada nas suas


técnicas baixas de sedução... Saia!

Nem Rose soube dizer como conseguiu deixar sua


voz tão firme, ainda mais com o marido a olhando com
aquela expressão de quase fome.

— Você me quer! Eu sei... — Ele disse vendo no fundo


dos olhos azuis o desejo que também sentia.

— Não importa se eu quero, mas importa que eu


esteja chateada e você vai respeitar isso, portanto até que
você volte totalmente inteiro pra mim sem nenhum
arranhão depois do seu encontro, não vou agir como se
estivesse tudo bem agora!

Cristian piscou surpreso, via claramente que ela falava


sério, e o inferno e todos os santos sabiam que isso o
deixava louco, mas acima de tudo ainda mais apaixonado
pela mulher forte que ela era. Suspirou e resolveu não
entrar naquela discussão novamente, faria tudo como ela
queria e então rapidamente poderia se enfiar na sua cama
e nos seus braços. Rose ficou feliz quando ele apenas
concordou e abriu caminho para ela, era bom que o
homem passasse a entender logo que se fosse continuar
se pondo em risco, ela não iria aceitar. Nunca. Ele era seu
amor, uma cabeça dura, mas era seu, e ela tremia diante
da possibilidade de perdê-lo. Antes que ela passasse
totalmente por ele a mão masculina segurou seu braço e a
puxou, até suas costas estarem encostada no peito dele,
sentiu aquela boca descer pescoço, subindo de volta,
fazendo uma trilha de beijos até seu ouvido, onde
sussurrou:

— Eu amo você... Mesmo brava comigo!

Rose fechou os olhos sentido ele beijar seu cabelo,


ela o encarou por cima do ombro.

— Eu também te amo... Muito!

И·И
Cristian olhou para seu sogro que avaliava a lista de
especificações da Bertinelli e lhe passava em seguida
papéis com as informações que ele tinha exigido.

— O bairro é neutro, totalmente deserto, não acho que


possa ter uma ameaça. Ela realmente soube escolher a
hora e local, mas todo o cuidado ainda é pouco, é uma
Bertinelli.

— Não vou esconder seu nome, já o sabe não é? —


Cristian disse, e Iuri tirou os olhos do papel e encarou o
genro que parecia tenso.

— Sei, e eu não reclamo, pois você precisa fazer o


que for necessário para cessar os ataques... — Suspirou
cansado. — Rose sabe?

— Não, porque isso só iria deixa-la preocupada... Ela


ama você, afinal é pai dela, e somente por isso vou
negociar sua abstenção, farei tudo que estiver ao meu
alcance e aceitarei qualquer proposta, então esteja pronto
para aceitar qualquer coisa também.

Iuri piscou atônito para o Herovrisk, sabia a fama dele


em não poupar cabeças, ainda mais daqueles que tinham
lhe traído, foi exatamente o que ele e Conegon fizeram.

— Cristian, obrigado!

— Não me agradeça, não faço por você, faço pela


Rose, por sua outra filha, que é importante para minha
esposa, assim como a mãe, que não merece pagar por
suas merdas, todo esse esforço é pela minha esposa,
lembre-se!

O Herovrisk falou firme, convicto, nunca magoaria


Rose deixando sua família ser massacrada, porém não
podia omitir Iuri da sua negociação com a Bertinelli, pois se
isso fosse descoberto depois, só iria gerar outro problema.

— Você realmente ama minha filha não é? — Iuri


perguntou e viu um genro franzi o cenho, mas então
suspirar.

— Amo! Absolutamente... E farei qualquer coisa para


protegê-la, sendo assim isso se estende a todos que são
caros para ela.

— Eu nunca achei que vocês fossem chegar a isso,


mas eu fico feliz, e te dou minha palavra Cristian, nunca
mais terá que fazer outra negociação por mim, tem toda e
total lealdade da minha parte.

Cristian o encarou vendo a legitimidade das suas


palavras, e sabia que agora teria um ponto de apoio sem
reservas e nesse momento era o que mais precisava para
proteger Rose e seu filho, sua família.

И·И

O colete a prova de balas sendo fechado ao redor de


Cristian não deixava Rose mais calma, seus dedos temiam
ao fechar a camisa escura do marido, escondendo-o. Ele
por sua vez parecia muito tranquilo acariciou sua
mandíbula mais uma vez e puxou o queixo feminino para
cima a forçando a olhar para ele.

— Vai ficar tudo bem, não fique assim meu anjo!

Rose piscou e então levou seus lábios até o dele em


um beijo necessitado.

— É o que eu espero, pois você tem uma noite amor


comigo assim que chegar...

Ele sorriu do seu jeito maldoso que a deixava a beira


de um colapso, Cristian abraçou a esposa, fuçando em seu
cabelo, enquanto a outra mão acariciou a pele delicada da
sua nuca.

— Mais um incentivo para eu voltar ainda mais rápido!

Procurou os lábios dela e a beijou de forma aquecida,


quase duro, ela não recusou, se entregou aquilo, sentindo
o corpo dele fechando-se ao seu redor, infiltrou suas mãos
no cabelo dele e deixou que aprofundasse o beijo, logo os
dois estavam sem ar se olhando com intensidade, mas
uma batida na porta do quarto quebrou aquele momento,
Rose sabia que era a hora dele ir, passou as mãos em seu
rosto, querendo manter ele sob sua pele por mais alguns
minutos.

— Você leva meu coração! — Disse ela beijando-o


castamente mais uma vez.
— É você fica com o meu anjo, sempre. — Ele beijou
sua testa demoradamente e então a encarou. — Eu volto
logo, prometo!

Com mais um beijo ele se afastou e Rose se sentiu


imediatamente fria, concordou e viu seu marido sair do
quarto a passos firmes, dominante como só ele podia fazer,
suspirou quando se sentou na cama e observou o lugar
vazio.

И·И

— Você está visivelmente preocupado, tem que


disfarçar isso! — Disse Noam enquanto via Cristian
distante, esse por sua vez rolou os olhos.

— Cale a boca e procure algo para fazer ao invés de


me perturbar, eu sei exatamente como me comportar...

O Herovrisk até então não estava preocupado com o


encontro, mas pela primeira vez em sua vida não era
apenas ele que cairia se algo desse errado, pois tinha
Rose e seu filho nessa equação, sua única preocupação
era sua mulher, a proteção dela, não ia falhar, faria
qualquer coisa, mas essa negociação teria de funcionar.

— Ei quem era aquela ruiva que estava na sua casa?


— O homem perguntou ao outro que se absteve de seus
pensamentos para o olhar cético.

— Uma amiga, fique longe, ela não sabe de nada do


nosso mundo e Rose quer manter isso assim.
Noam rolou os olhos, pelo menos seu plano para
distrair o Herovrisk estava funcionando, sua cara feia
direcionada a ele era melhor do que a preocupação
gravada nos seus olhos.

— Eu posso muito bem manter minha boca calada e


me divertir com...

— Não. — Ele o interrompeu firmemente. — Ela não


faz parte do seu mundo de vadias da máfia, nada de
brincar, eu sei que você pode ser muito nocivo em suas
diversões.

— Isso é tudo porque ela é amiga da Rose?

Cristian fez uma cara de "é óbvio" e o amigo bufou em


exasperação.

— Rose ficaria irada com você brincando de iludir a


amiga dela e no final das contas eu teria que bater em você
por chatear minha mulher.

Noam soltou um riso irônico, mas no fundo divertido


com a situação, infelizmente estava vetado de ir atrás
daquela beldade ruiva que viu muito rapidamente na sala,
ela nem chegou a vê-lo, estava distraída assistindo TV,
mas como era linda, e só de pensar ele tinha palpitações
nas partes baixas do seu corpo.

— Quem diria que você fosse virar um meloso


apaixonado... — Cristian olhou feio para Noam. — Qual é?
É verdade, mas é até bonitinho, acho que já achei qual
será a minha distração para os próximos anos.

Cristian rolou os olhos para o amigo para não dar o


braço a torcer, mas no fundo via a razão, nem ele sabia
como tinha se tornado aquele homem louco pela felicidade
da sua mulher, acima de qualquer coisa, era fantástico e ao
mesmo tempo assustador o que os sentimentos por Rose
faziam com ele. Antes que pudesse ponderar mais sobre
isso o carro dirigido por Franco parou devagar em meio a
um bairro soturno, a rua na qual estavam tinha duas
entradas e duas saídas, rotas de fugas perfeitas que ele e
Franco tinham discutido.

— Pare exatamente aqui!

Cristian disse a ele assumindo uma expressão mais


fria, o colete estava lhe incomodando e se não tivesse
prometido a Rose que ia usar, o tiraria, baixou o rosto
olhando no relógio querendo logo que aquilo começasse,
mas estavam dois minutos adiantados.

— Está certo de nos manter dentro do carro? — Noam


falou e ganhou um olhar exasperado do Herovrisk.

— Se eu não quiser foder essa negociação, sim!

O amigo ao lado bufou, Cristian viu Franco por sua


arma em cima da perna, a postura dele controlada, mas
havia certa tensão em seus ombros que revelava sua
preocupação.
— Tivemos alguma movimentação na área?

O Herovrisk perguntou ao seu segurança se referindo


à área em que estavam, já que tinha mandado alguém ficar
de olho no local para saber se não foi sabotado ou algo do
tipo antes do encontro.

— Não senhor, tudo está limpo, os Bertinelli não


fizeram nenhum movimento.

Disse o homem escrutinando cada pedaço do espaço


fora do carro. Noam ao lado começou a preparar sua arma,
colocava o silenciador, quando um farol de carro vindo à
frente deles chamou a atenção dos três homens.

— Acho que a puta italiana chegou!

Noam disse com total desprazer, Franco pegou sua


arma e segurou firme, o clima do ambiente de repente ficou
mais sinistro, Cristian olhou a hora novamente, a italiana
fez sua entrada triunfal exatamente em ponto, ouviu a
freada brusca a uns bons metros do seu carro. Ninguém
saiu da Ferrari 488 GTB que ofuscava a eles com seus
faróis no máximo, o Herovrisk soube que quem estava
dentro daquele esportivo imponente esperava ele sair
primeiro, afinal ele tinha feito o pedido do encontro,
pegando a pasta de cima do banco, Cristian saiu do carro
com sua expressão ficando instantaneamente distante e
impassível.

— Qualquer movimento errado eu atiro na cabeça da


vadia...
Noam disse atrás de Cristian que já tinha o corpo para
fora do veículo, mas ainda tinha a porta a sua frente, com
um aceno discreto ao amigo ele fechou a porta, e pronto,
estava na linha de fogo. Nenhum movimento foi executado,
o Herovrisk mais uma vez sabia o que ela queria, tomando
uma respiração profunda, ele andou em direção ao veículo
dela, parou quando ficou a menos de dois metros, o
sangue martelava em suas veias, estava tenso, mas se
mantinha firme, depois do que pareceram décadas, os
faróis se apagaram, então a porta do veículo esportivo se
abriu, a figura feminina surgiu, movimentos preguiçosos e
elegantes, deixando com que ele a avaliasse, era claro. A
italiana parecia vestida como alguém comum, alinhada em
uma calça jeans de lavagem escura, acompanhada de uma
camisa suéter de gola rolê da cor pérola. Não demorou que
os olhos deles encontrassem os dela, azuis, com um belo
rosto emoldurado pelos cabelos artisticamente caindo em
leves cachos nas pontas, tudo aquilo, a vestimenta, o rosto
angelical, era fachada para a assassina, tão arrogante que
não trazia ninguém com ela.

— Vejo que pelo menos ordens você sabe cumprir...

O tom de voz da mulher era glacial, se referindo a ele


atender a todas as especificações dela, Cristian não se
abateu, levantou mais seu rosto em sinal de superioridade.

— E vejo que o Bertinelli continua mandando crianças


negociar por ele.
Inclinando um pouco a cabeça ela sorriu, não chegou
aos olhos azul turquesa intenso com a íris escura, Cristian
podia ver a clara diferença com os de Rose que
dependendo da luz tinham ao redor da íris um tom mais
marrom, com salpicos esmeraldinos, e sem a frieza dos
olhos que encarava agora, tinha algo sinistro neles.

— Criança? É assim que vocês chamam aqui alguém


que pode matar de olhos fechados às suas babás dentro
daquele carro e derrubar prédios luxuosos iguais a caixas
de papelão? — Ela piscou fingindo inocência. — Desculpe,
pois nosso conceito com certeza é mais elevado na Itália.

— Isso não te faz subir no meu conceito, muito pelo


contrário Beatrice!

A mulher andou a passos comedidos assim como


todos os seus gestos, ficou a distância de um braço dele.
Os olhos fixaram-se nele sem qualquer indicação do que
ela pensava, insondável Cristian encarou também.

— Não é a porra do seu conceito que eu quero, mas


sim a sua cabeça entalhada Herovrisk. — Disse ela
cáustica. — Então porque não sejamos logo claros aqui e a
partir daí eu decido se explodo seu carro com você dentro
ou sujo meu salto o enfiando na sua garganta enquanto
engasga em seu sangue...

O ambiente entre os dois mafiosos era ártico, de


dentro do carro os dois homens ficaram ainda mais tensos,
Cristian, porém não abalou sua postura em nenhum
milímetro, levantou entre eles a pasta que tinha na mão, a
mulher acompanhou com um olhar interessado.

— Isso é um presente para que você engula essa sua


arrogância enviada a mim. — Sua voz era tão vazia quanto
podia se imaginar, mas a veia ameaçadora estava lá. — Aí
tem provas de que eu não partilhei da ordem de ataque ao
seu precioso tio, fui enganado!

Ela pegou a pasta da sua mão com uma calmaria


perturbadora, então levou, abrindo em cima do capô do
carro, avaliando as páginas rapidamente, o Herovrisk
esperou paciente e então tudo que ganhou foi um riso de
desdém em seguida.

— Você perdeu os culhões é isso mesmo? — A


italiana o encarou sem emoção e séria como um diabo.

— Eu quero que os ataques contra mim cessem!

— Você não tem querer aqui. — Ela pontuou


inalterada. — Acha que só por me entregar uns
documentos, com cópias, descrições de encontros,
pagamentos e planos de ações entre o seu pai e o Iuri
Volkov, vou te poupar?

Foi à vez de Cristian rir com desdém, é claro que ele


sabia disso, ninguém ia simplesmente o liberar assim,
teriam que ter a cabeça de alguém, os típicos italianos.

— Não, eu não acho, mas vocês vão! Porque vou te


entregar a localização do Conegon, vai finalmente poder
entalhar a cabeça de alguém que tanto quer.

— Só seu pai? Quer dizer que o Volkov está fora da


equação?

A parte mais difícil da negociação estava a se


aproximar e o Herovrisk sabia, a mulher era ardilosa.

— Não queremos essa guerra, Iuri caiu em si e viu o


quão estúpido foi, e essa briga sangrenta que começa a se
forma não é rentável para ninguém, e agora principalmente
para vocês, pois eu estou liquidando com a máfia
vermelha... Será menos uma no seu caminho!

As palavras se desenrolam com facilidade, mas


Cristian por dentro sentia seu orgulho contra os italianos
falar mais alto, porém hoje não ia enfrentar uma guerra, o
desejo de destruir seu pai e proteger Rose falou mais alto.

— Então os boatos são verdadeiros...

Ponderou Beatrice, ela o encarou avaliando, sua


postura não se alterava, a calma dela era enervante, porém
Cristian não fez mais do que a encarar com tédio.

— Sim, são, pois eu quero acabar com meu pai, então


sejamos inteligentes. Eu lhe dou Conegon e vocês me
deixam em paz!

A mulher deixou um olhar cheio de malícia aparecer e


seu sorriso gélido surgiu.
— Eu me pergunto se todo esse complexo de Gandhi
é por causa da princesinha Volkov, ou melhor, da Sra.
Herovrisk?

Cristian tencionou, seu peito congelou com a menção


de Rose, o olhar do homem refletiu um ódio que não pode
ser contido, pela primeira vez na noite Beatrice sorriu
genuinamente e então sua expressão se tornou vazia
novamente, tinha feito seu ponto, o Herovrisk engoliu o
caroço da sua garganta buscando todo seu controle.
Beatrice Bertinelli bateu palmas internamente, para ela era
tão fácil ameaçar alguém que chegava a sere ridículo,
todos sempre tinham alguém com quem se importavam,
até o mais cruéis dos criminosos, até mesmo Cristian
Herovrisk o frio e intocável mafioso russo, era primeira vez
que ela ficava frente a frente com ele e foi uma decepção
total, pois agora via que o homem que era tão mortal
quanto os outros, coisa que muita gente dizia ser
impossível, o todo poderoso, o implacável, tinha um
calcanhar de Aquiles chamado Rose e a sensação de
poder em saber disso era ótima.

— Não seja burra em me ameaçar...

— Burra? — Piscou ela com desdém. — Você é quem


está tremendo como uma criança indefesa que quer safar
sua bunda, que precisa da minha piedade. Eu só não
estourei seus miolos porque seria muito fácil. — Ela deu
mais um passo a frente sustentando o olhar frio do homem.
— Quer evitar essa guerra Cristian?
Os dois homens no carro viam a atmosfera crítica dos
mafiosos, mas nenhum deles davam um passo atrás, se
encaravam como se fossem se matar no próximo segundo.

— É óbvio que quero! — Disse o Herovrisk


entredentes, a italiana maneou a cabeça com satisfação.

— Pois bem, vamos aos meus termos, sua cabeça


vale tanto quanto a do seu pai, porém ele parece ser mais
estúpido, então aceito que ele o substitua, mas temos outra
situação... — O tom desdenhoso dela só irritava Cristian.
— Seu sogrinho!

O homem rangeu os dentes, a postura calculada da


mulher não mudou um mísero milímetro, pior se impôs,
Cristian sabia e ela também, que tinha o poder nessa
negociação.

— Peça o que quer...

Ela deu um aceno, séria, e então adquiriu um


semblante tão letal, seus olhos brilharam em ameaça, sem
ela dispensar uma palavra, o Herovrisk esperou, mas
queria esganar aquela mulher arrogante, ele sabia que ela
era tão cheia de si porque era boa ou melhor que qualquer
assassino da Itália.

— Eu não peço, eu mando... — Ela nem piscou. —


Quero você fora do caminho da máfia italiana, quero todos
os seus negócios finalizados, não quero ter que lidar com
você outra vez e diga que o Volkov que faça a mesma
coisa, ou vamos brincar de explodir coisas com ele, até eu
chegar à sua própria cabeça... [26]Capiche?

Cristian devolveu a expressão vazia, mas sabia que os


termos dela eram altos demais, ela também sabia, mas o
Herovrisk podia apostar que se recusasse a proposta, a
Beatrice Bertinelli já teria algo na manga, isso era a porra
mais irritante nela e saber que não podia meter uma bala
na sua cabeça o deixava irado, por isso as palavras saíram
grossas da sua boca.

— Sim. Seus termos estão aceitos!

— Bom... Agora me dê à localização de Conegon!

O Herovrisk sacudiu a cabeça em negativa, então a


mulher içou uma sobrancelha bem feita em
questionamento.

— Quero uma garantia que não vai atacar.

A mulher rolou os olhos e deu mais um passo


invadindo seu espaço pessoal, Cristian quase podia ver
Noam e Franco se armando, mas deixou sua mão abrir ao
lado do seu corpo em sinal de tranquilidade, não ia se
intimidar, apesar de admitir, que o olhar e a postura de
Beatrice podia fazer aquilo.

— A minha palavra é a garantia, quem você acha que


negociou a "paz" entre russos e italianos? — Ela
praticamente cuspiu as palavras. — Os únicos traidores
aqui são vocês...
Imediatamente ele soube que sua única garantia ia ser
realmente aquela e ficou surpreso que Beatrice tivesse sido
o contato do negociante do seu pai, quase bufou, mas uma
coisa que ele tinha omitido dele, todavia, já tinha ouvido
falar que tudo que a Bertinelli prometia ela cumpria, por
isso era o braço direito do Capo italiano, a figura mais
cotada para assumir o império criminoso, de fato a mulher
não conquistou sua fama de anjo da morte à toa.

— Apesar de te odiar, vou confiar na sua palavra...

— O sentimento é recíproco, Russo. — Ela içou uma


sobrancelha novamente com audácia.

— Hospital S'Moscoso. Ala B, quarto 231, último


andar, a equipe de segurança estar bem reduzida.

Beatrice piscou com calma ouvindo Cristian entregar o


endereço do pai.

— Eu vou atrás dele, mas se você estiver tentado me


passar para trás, vou te encontrar e o farei se arrepender, e
ainda vou satisfazer minha vontade de te sangrar...

— Não estou preocupado, você vai ter a cabeça do


homem que sempre quiseram pegar!

Dando as costas para o homem ela se foi e Cristian


observou o andar silencioso firme e cheio de arrogância até
o carro, pegando a pasta com os documentos no caminho,
mas antes de entrar no veículo olhou de lado para o
Herovrisk.

— Talvez você devesse ficar preocupado, afinal não


sou eu que vou ter um bebê!

Disse a mulher apática, mas então sorriu satisfeita


pelo estrago que causou no Herovrisk, como se ele tivesse
sido atingido por um trem de carga, ela entrou no carro,
acelerando e indo embora ao virar veículo em uma
manobra esportiva, deixando a rua tão rapidamente como
chegou. Cristian deu um passo para trás como se
absorvesse o impacto de um golpe real, o que não deixava
de ser, ela tinha a informação sobre seu filho, se recompôs
voltando para o carro, o sangue martelava em seus
ouvidos.

— Que porra ela te disse para estar branco assim?

Noam que tinha feito à pergunta, Cristian fechou os


olhos e passou a mão pelo cabelo, quando abriu sentia-se
ainda mais vulnerável.

— Ela sabe do meu bebê, os filhos da puta sabem que


a minha Rose está grávida!

A voz de Cristian não escondeu seu horror, agora que


tinham essa informação era como ter o Herovrisk sobre seu
cabresto, porque se algo ameaçasse sua esposa e filho,
não havia nada que ele se negasse em fazer para mantê-lo
seguros.
CAPÍTULO 14
Rose estava a andar de um lado ao outro da sala, já
tinha horas que Cristian tinha saído, sua mente vagou em
todas as direções com o passar do tempo, isso estava
deixando-a angustiada, mais uma vez ela foi até a janela e
então para sua felicidade, dessa vez, viu o SUV preto
entrar na garagem do subsolo. Sem poder esperar ela foi
para a porta do elevador, os segundos que demoraram
pareciam quase horas antes de Cristian sair, só assim
Rose começou a sentir-se de volta ao eixo, quando seus
olhos encontraram os dele, inflexíveis, sedutores e
visivelmente apaixonados.

— Cristian!

Sem mais delongas ela já estava abraçada ao marido,


sentiu os braços firmes a envolverem e ele fuçou em seu
cabelo deixando um beijo.

— Eu disse que voltaria logo anjo...

Rose afastou-se do seu peito para pegar seu rosto e


puxá-lo ao um beijo apaixonado, a qual Cristian se rendeu
sem qualquer resistência, pensando que tendo ela em seus
braços era como finalmente estar em paz.

— Eu estava perdendo minha mente aqui! — Ela disse


entre os beijos enquanto suas mãos não paravam de
acaricia-lo.
— Estou vendo isso, mas acabou, estamos seguros.

O homem falou por mais perturbado que estivesse


com o fato dos Bertinelli saberem da gravidez dela, ele não
ia demostrar isso, cuidaria para que nada a afetasse mais,
Rose já vinha vivendo sob um constante estresse que não
seria bom a sua saúde.

— Como foi à negociação?

Ela perguntou o encarando, mas ainda abraçada ao


seu corpo, Cristian suspirou, não queria falar daquilo,
apenas queria ir com ela para sua cama, fazer amor sem
ter que pensar em mais nada, mas era necessário
compartilhar pelo menos parte de tudo que foi dito.

— Tensa, a Beatrice é mulher ardilosa, mas inteligente


e pragmática, tenho a certeza que ela tinha imaginado todo
tipo de carta em sua manga e teria as repostas para
qualquer coisa, mas acho que nem podia imaginar que eu
iria oferecer o Conegon de bandeja!

A mulher piscou, ele havia entregado o próprio pai à


máfia italiana, mas de uma forma ou de outra isso era
justo, aquele velho merecia um castigo trágico, ela ficou
feliz que não ia ser pelas mãos de Cristian, pelo menos não
diretamente. Conegon devia pagar por toda a maldade que
fez com o filho, com ela, com todos e melhor que fosse
pelas mãos dos seus piores inimigos.

— Bom... Cada um tem a justiça que merece. — Ela


disse firme. — Ir para as mãos dos italianos é a do
Conegon!

— Então você não desaprova meu ato?

— Como poderia? Esse era o único jeito de te manter


seguro, eu não sou uma pessoa empedrada de valores tão
nobres quanto você pensa Cristian. — Ele piscou como se
ficasse confuso. — Sou muito egoísta quanto a você e
aceito qualquer coisa que o mantenha seguro, por nós,
pelo bebê.

O Herovrisk sorriu e puxou a mulher para mais um


beijo. "Céus. Ela é perfeita..." pensou o homem quando a
carregou no colo, precisando dela em sua cama, para fazer
amor esquecer-se do seu nome. Logo ele já tinha feito o
caminho do quarto e despia a esposa.

— Me pergunto por que você ainda está vestido? —


Ela indagou com a voz arrastada de desejo, Cristian sorriu
maldoso, e então puxou seu terno e logo abriu a camisa.

— Não seja por isso... — Quando totalmente despido,


falou novamente. — Assim lhe agrada mais, Sra.
Herovrisk?

— Mmmm... Sim, com certeza!

Ele não podia conter seus sorrisos. Pegou o pé


delicado da mulher e trilhou beijos, junto de carícias até a
coxa, então passou sem nem tocar no monte feminino que
queria atenção, Rose se ressentiu, mas logo isso passou,
pois os dedos hábeis do marido capturaram seus mamilos.
— Você tem seios tão lindos... — Ele beijou cada um
deles enquanto acariciava. — E são meus, e você é minha!

A mulher encarou os olhos escuros tomados de


desejo, admiração e amor, seu coração se apertou, amava
aquele homem e ele era seu também, como ela era dele.

— Sua... Toda sua Cristian!

Satisfeito com a resposta ele atacou um dos seus


seios, começou um tormento prazeroso a mulher, que o
deixava ainda mais louco por ela também, o revezamento
entre os seios a deixava sem chão, logo então apertou dos
dois juntos para um ataque completo, Rose gritou
arranhando as costas dele.

— Cristian...

— Tão gostosa! — Disse ele perdido no corpo da


mulher.

— Não demore tanto, quero você, por favor!

Cristian fez um sinal em negativa e chupou um mamilo


dela, que arqueou-se na cama, ele subiu até capturar seus
lábios, engolindo um início de um protesto, passando os
dentes em sua mandíbula até chegar a orelha dela.

— Quero você gozando na minha boca, por isso fique


calma meu anjo...
Ela engasgou ao ouvir a sentença e calma era a última
coisa que tinha. Cristian sorriu satisfeito e desceu pelo seu
corpo, Rose se contorcia, quando ele espalhou suas
pernas abertas, ela já respirava com dificuldade em
antecipação, o marido a cheirou e a própria fechou os
olhos, tomada ainda pelo choque do seu prazer.

— Você cheira tão bem, me enlouquece desde a


nossa primeira noite!

Sem perder mais tempo, por ele querer prova-la,


beijou a intimidade dela deixando sua língua fazer sua
trilha, Rose gritou com a intensidade, cada parte do seu
corpo parecia em chamas, seguindo o ritmo da língua de
Cristian, que sorriu, o semblante de prazer que ela exibia o
deixou maluco, gostou ainda mais quando sentiu o toque
das suas mãos em sua cabeça, puxando seus cabelos,
conduzindo-o para tomar o próprio prazer, até o clímax se
abater sobre ela, mas Cristian não parou até o último
tremor, quando ergueu o rosto e encarou o olhar azul
nublado e satisfeito da esposa, tal visão era a mais erótica
possível.

— Vamos deixar você bem sensível para poder fazer o


que quero com você, Sra. Herovrisk!

A mulher respirou com dificuldade então sentiu


Cristian se posicionar e arremeter contra ela o seu membro
masculino, enquanto apertou firme sua coxa para
mantendo-a no lugar, Rose sabia que ganharia uma marca
ali e não se importava, só queria mais. Ele a encheu
completamente e a mesma só pode choramingar quando o
homem repetiu o movimentado estirando-a deliciosamente.

— Cristian isso é tão bom...

Ele respirava com dificuldade, o som era abafado no


pescoço dela, enquanto ele repetia o movimento, entrava e
saia lentamente do corpo feminino, tomando-a cuidado
para não machucar sua lesão, segurando-a no lugar.

— Porra... Eu amo está dentro de você, tão perfeita!

Cristian moveu a sua boca e atacou seus seios dela,


girou os seus quadris arrancando um gemido da esposa
que cravou as unhas em sua costa, ele se retirou
minimamente atormentando a eles dois. Rose circulou seus
quadris com as pernas querendo-o mais, porém o homem
não se moveu mais nenhuma polegada.

— Não ouse parar...

Ele sorriu louco para continuar, mas o homem queria


que essa noite fosse ainda melhor para eles, levou sua
mão entre seus corpos até o centro de prazer da esposa e
a massageou, Rose gemeu, delirando com estocadas
curtas dele.

— Cristian, por favor...

— O que você quer? — Cristian lutava com sua


excitação para simplesmente não ceder e a tomar como
um bruto, pois a queria sensível mais do jeito certo.
— Mais de você...

Ela lambeu seu pescoço tentando trazê-lo para mais


dentro dela. O homem só girou os quadris e atingindo seu
clitóris, a sensação de ter só apenas a ponta dentro dela e
ainda ser tão estimulada sem ganhar o que realmente
queria estava a enlouquecendo.

— Diga o que quer exatamente! — A voz dele era


rouca e dominante em cima de Rose.

— Me foda, rápido!

O homem sorriu cheio de si e a beijou duramente e


falou contra seus lábios.

— Que boca suja mais gostosa, diga-me para parar se


te machucar.

Rose sabia que não falaria nada, porque nenhuma dor


podia impedir o desejo dela por aquele homem vindo sem
piedade contra seu corpo, então quando ele se levantou e
puxou seu corpo, ainda dentro dela, para a beira da cama
quase deixando para fora, quase protestou, mas foi calada
pelo marido que pôs suas pernas para cima, apoiada em
seu peito, deixando exposta e em uma posição totalmente
nova que a fez sentir a primeira estocada forte e profunda,
gemeu e logo veio outra, seguida de um tapa, que a fez
apertar seus músculos internos. Ele não aliviou o ritmo,
tomando-a sem poder controlar, só podia sentir a fome por
marca-la como sua de todas as formas possíveis.
— Anjo, eu não vou durar...

— Nem eu continue...

Rose agarrava os lençóis da cama procurando por um


apoio, enlouquecida, sentindo seu corpo ceder a um novo
clímax, todo seu corpo tremeu, Cristian continuou, até
soltar um grunhido gutural junto do nome dela de forma
totalmente carnal explodindo em seu próprio prazer, por
longos minutos tudo que podia se ouvir eram as
respirações descompassadas dos dois. Cristian reuniu
todas suas forças e se retirou da mulher, que gemeu
sensível, e viu o marido se jogar ao seu lado na beira da
cama, ele a olhou admirando seu corpo coberto por uma
camada fina de suor que a fazia brilhar como algo divino,
encontrou os olhos dela fixos no seu, aproximou-se,
passando a mão em rosto, colocou uma mexa do cabelo
castanho atrás da orelha dela e a beijou suavemente
encarando-a novamente.

— Fui muito bruto? — Ele perguntou, ainda ofegante.

— Oh bruto? Quase, mas eu gosto, e gosto muito...


Acho que podemos repetir isso logo.

Ele sorriu e a beijou novamente, deixou sua mão


vagar até a barriga dela e acariciando, então a fitou
apaixonado.

— Não me provoque mulher!


Rose sorriu mais e se aproximou mais dele, levou sua
mão até o membro semi ereto, o apertando, acariciando
para cima e para baixo.

— Gosto de provocar você... — Ela levou a boca até o


pescoço dele e o chupou, Cristian gemeu.

— Droga Rose, se continuar vou estar pronto para tê-


la novamente em breve.

Disse o homem com a voz rouca sentido as carícias


da esposa, essa sorriu ainda mais e capturou os lábios
dele, que segurou seus cabelos possesivamente.

— Que bom, porque quero você dentro de mim, mas


não antes de levá-lo em minha boca.

Cristian sorriu perdido contra os lábios dela, puxou


mais seus cabelos sedosos.

— Rose você vai ser minha morte, e ainda bem, sou


todo seu. — Ele sorria. — Me tome como quiser minha
doce esposa!

E assim Rose o fez mais que satisfeita, apenas


iniciando a noite dos dois.

И·И

O calor que envolvia o corpo de Rose a fez acordar no


meio da madrugada, depois de tomar um banho com
Cristian e por uma camisola foi envolvida nos seus braços
e continuava, mas estava com sede, então com certo custo
conseguiu sair do aperto dele e levantar, logo estava no
corredor indo para a cozinha, ao chegar abriu a porta da
geladeira, pegou uma garrafa, quando foi em busca do
copo viu uma sombra que se encaminhava para a entrada
do local, não demorou e ela se deu conta que não era
Cristian, viu claramente o cano da arma. Seu primeiro
instinto foi correr, mas havia alguém na porta, que não era
amigo e iria apontar a arma para ela. Rose deixou a garrafa
cair e se jogou atrás do balcão da ilha no meio da cozinha,
ela soube imediatamente que teria de fazer barulho para
rezar que Cristian ouvisse, e tinha que pensar rápido
porque quem vinha atacar iria chegar num piscar de olhos,
foi então que viu o amontoado de facas acima dela, não
pensou em outra coisa, o puxou para o chão e um tintilar
de facas caindo foi alto, Rose pegou uma e respirou fundo,
viu o homem refletido no espelho do fogão, respirou fundo.

— CRISTIAN! CRISTIAN!

Gritou tão alto que sua garganta doeu, ela tinha que
se proteger, e proteger seu filho, por isso com um
movimento rápido ela colocou parte do corpo para fora da
ilha e atirou uma faca em cima do inimigo, o grito dele a fez
ter certeza do seu acerto, Rose foi para pegar outra faca e
quando ia fazer outro lance, viu e ouviu os tiros. Cristian
estava na porta com a arma em punho e deu vários tiros na
costa do homem que caiu de joelhos e logo afundou de
barriga sobre a faca, a mão dela cedeu ao chão junto
segurando a faca.

— Cristian! — Falou aliviada.


— Rose?

O Herovrisk chamou com desespero quando a viu de


joelhos no lado da ilha, passou pelo homem caído e se
jogou na mesma posição que Rose, deixando a arma ao
lado, para tocar seu rosto procurando em seguida procurar
por ferimentos.

— Cristian... — A mulher disse num sussurro tocando


o peito nu dele, vendo seu olhar coberto de preocupação, e
choque.

— Rose amor, está machucada?

Cristian disse num tom de voz vacilante vendo-a com


a mão em cima da sua barriga, como se estivesse
protegendo o filho deles, e ficou consternado. Tinha
acordado sem ela nos seus braços e então ouviu seu grito,
não levou nem dois segundos para pegar a arma na gaveta
ao lado da cama e correr para a cozinha, nesse momento
só ouviu um grito masculino e quase sufocou quando o viu
armado, só pensou em eliminar o perigo então descarregou
tiros nas costas do homem.

— Não, estou bem, graças a Deus você está aqui...

Rose beijou os lábios dele, a paz que sentiu ao ver o


homem que amava foi imediata, ela fechou os olhos, mas
quando os abriu, havia outra pessoa armada atrás deles.

— Cristian!
Por impulso ou pela adrenalina que ainda corria em
suas veias, ela o empurrou para o lado e atirou a faca que
estava próxima, mas dessa vez seu alvo desviou-se, porém
o Herovrisk entrou em modo combate novamente, pegou
sua arma tão rápido quanto pode ao ver o movimento da
esposa e quando se virou empunhando a arma avistou a
italiana.

— Beatrice...

Cristian disse e o sorriso dela não chegou aos olhos


azuis frios, que agora fitavam ele e Rose.

— A Sra. Herovrisk tem boa pontaria, só não é tão


rápida!

Disse Beatrice cheia de ironia. Cristian mais uma vez


sentiu seu peito comprimir pelo medo de Rose no meio do
fogo cruzado, a mafiosa italiana o encarava fixamente em
sua postura superior e a arma apontada na sua direção.

— O que você quer? — Falou um homem cuspindo


com escárnio. — Achei que tínhamos um acordo, voltando
atrás na sua palavra?

Essa por sua vez o olhou com tédio, mas então mexeu
a cabeça em negativa.

— Sabe que da onde eu estou posso fazer uma bala


atravessar seu peito e se depositar na sua mulher grávida?
Foi à vez de Rose ficar fria até os ossos, a italiana
sabia do bebê, ela olhou para a mafiosa que a ameaçava,
via claramente em sua postura que não estava brincando,
a voz dela era metódica e conduzida sem qualquer
oscilação. Cristian estava tenso a sua frente, e ela passou
as mãos nele, tentando o acalmar, por isso reuniu sua
coragem e se dirigiu a Beatrice.

— Não é necessário você fazer isso, esse homem


caído no chão já tentou meter uma bala em mim!

O Herovrisk ficou tenso quando ouviu a voz da sua


mulher. Beatrice não demonstrou nada, apenas passou
seus olhos no homem caído aos seus pés, até deu um leve
chute, porém voltou a encarar o casal com a sobrancelha
arqueada.

— Quem é seu enfeite de cozinha?

A voz dela soava como se falasse de algo banal,


Cristian olhou pela primeira vez ao homem caído e seu
sangue inflamou.

— Filho da puta! — Ele disse entredente. — É o braço


direito da segurança do Conegon.

Rose ficou chocada ao fazer a mesma constatação do


marido, Beatrice por outro lado apenas semicerrou os olhos
e soltou um som frustrado.

— Curioso, pois também vim estourar seus miolos,


russo, e sabe por quê? — O olhar da italiana era vazio. —
O seu papai não estava onde você me indicou!

Lentamente Cristian levantou do chão puxando Rose


para cima segurando-a apertada contra sua costa.

— Bom, seu serviço quase foi poupado, eu não sei em


que inferno ele se meteu, pode ver com seus próprios
olhos que ele mandou alguém me atacar.

O alarme da casa de repente soou e assustou Rose,


Cristian nem se moveu, assim como Beatrice que apenas
suspirou como se estivesse entediada.

— Abaixe a arma e mande parar esse alarme, o


barulho é irritante! — Beatrice falou e Cristian ficou ainda
mais rígido.

— Não, quero você fora daqui.

Rose pode sentir e ela também via que de alguma


forma a italiana não ia atacar, talvez fosse apenas seu
sexto sentido, algo do tipo, ou simplesmente estava muito
errada, mas então se afastou do marido e abaixou a arma
dele, que ia protestar, mas Beatrice abaixou a sua também
no mesmo momento.

— Ela não vai atirar, já teria feito se quisesse, estamos


em desvantagem aqui!

Rose disse, mas Cristian ainda estava tenso, no fundo


ele sabia que Beatrice queria algo, e não ia perder seu
tempo atirando neles, talvez o fizesse depois que
conseguisse o que queria. A italiana gesticulou com a
arma, sem ameaça, para Rose.

— Garota esperta! — Olhou Cristian com indiferença


mal contida— Pelo menos mais esperta que você russo.

A mulher foi para a ilha da cozinha e sentou-se como


se estivesse à vontade, mesmo com um corpo morto no
chão de mármore da cozinha, e para completar Franco
entrou com a arma em punho e mais uma vez à italiana
rolou os olhos.

— Franco abaixa a arma, eu já tive armas demais


apontadas nessa cozinha... — Rose falou, esgotada. —
Deus eu preciso que tirem esse corpo daqui e de um café,
para não vomitar, alguém quer?

Rose perguntou chocando a todos, bem quase todos,


exceto Beatrice que apenas levantou a mão aceitando o
café. Era louco, mas de alguma forma, aquilo quase fez
Rose rir, e Franco abaixou a arma com um aceno de
Cristian.

— O russo é melhor abrir o bico e começar a falar


onde seu papai está. — Beatrice estava claramente puta.
— Porque não vou sair daqui sem uma reposta e não me
importo em conseguir por bem ou por mal...

O Herovrisk estava em uma cólera quando caminhou


até Franco e olhou com ódio.
— Tire esse corpo daqui, depois terá que explicar
como duas falhas de segurança aconteceram essa noite e
quase custaram a vida da minha mulher...

O segurança chefe de Cristian se encolheu, mas logo


a atenção dos dois homens foi a Beatrice que falou
displicente, olhando para suas cutículas:

— Sua segurança não é das melhores e eu só seguir


o rastro de corpos que o primeiro atirador deixou, na
verdade, foi brincadeira de criança. — Ela o olhou com
frieza. — Minha paciência não é infinita e temo que acabe
em segundos, por isso pode responder onde está seu pai,
russo?

Rose observou Cristian respirar fundo buscando


controle e em troca a italiana tinha uma expressão de tédio
contínuo, e Franco passou por ele lhe dando um olhar de
desculpas, tirando o corpo da cozinha, a qual ela não quis
olhar.

— Eu não sei que porra aconteceu. — O Herovrisk


falou. — Com certeza ele teve a ajuda de alguém, pois eu
cortei alguns dias todo o dinheiro que ia pra ele, assim
como não tem acesso às residências, não tem como se
mexer sozinho, alguém o ajudou, agora quem é que não
posso afirmar.

A mafiosa deixou seu queixo descansar sobre os


dedos delicados, quanto os outros batiam ritmicamente
sobre o balcão. Rose podia ver a beleza estonteante da
italiana, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo
elegante, a roupa preta dava uma áurea misteriosa, mas só
seus olhos davam a verdadeira visão de perigo e caíram
sobre ela.

— O que me diz do pai da sua esposa?

Ela perguntou mais não desviou os olhos de Rose, o


Herovrisk apertou seu punho para não voar e arrastar
Beatrice para fora, a arrogância dela não parecia ter
limites.

— Não, não foi ele.

Cristian respondeu frio e de imediato. Rose ficou ao


lado do marido quando terminou de fazer o café e então
empurrou uma das xícaras na superfície do balcão que
deslizou até Beatrice que pegou sem nenhum esforço, ela
ainda encarava Rose que sustentou seu olhar frio, mesmo
sendo de várias formas, intimidador, fazia com que se
lembrasse de Cristian quando o conheceu, ele era ártico
como Beatrice Bertinelli, porém não tinha aquele tom
sinistro.

— Como sabe que não foi ele?

Sua voz era inflexível, como se exigisse provas sem


nem ao menos mencioná-las, o que fez Rose soltar o ar de
maneira exasperada.

— Seu tio ajudaria um homem que tentou te estuprar a


fugir?
Com isso Rose viu pela primeira vez algum sentimento
passar pelos olhos azuis da italiana, talvez raiva ou
indignação, mas tão rápido quanto apareceu essa sombra,
sumiu, Beatrice apenas maneou a cabeça, claramente não
ia dar uma resposta.

— Então as coisas começam a se encaixar... — Ela


disse vazia. — Por isso está liquidando seu pai russo?

O Herovrisk não se agradava em nada estar com uma


italiana ardilosa sob seu teto que capturava informações
tão facilmente quanto um radar, porém sabia que não podia
fazer muita coisa, ia ter que aceitar, ele se virou para Rose
puxando-a pela cintura a encarando.

— Por favor, vá até o quarto, troque de roupa e


prepare uma mala.

— Uma mala? — Perguntou a mulher franzindo o


rosto.

— Sim. Agora, vá!

O tom dele foi mais sério demais dessa vez, Rose


suspirou e então concordou, mas antes olhou para Beatrice
que parecia está mais preocupada com o café.

— Espero que não fique ressentida sobre a faca e


nem tente atirar no meu marido! — Rose falou e ganhou a
atenção despreocupada da criminosa italiana.
— Não se preocupe, pois essa não foi à primeira
recepção inamistosa que tive, e sobre tiros, só depende do
seu marido se comportar!

A mulher era claramente indiferente e perigosa, mas


Rose sabia que sua decisão tinha mudado, seu intento de
matar alguém tinha mudado, ela parecia querer Conegon
acima de matar qualquer outro, sendo assim Rose saiu da
cozinha e logo que ela se foi Cristian partiu para mais
próximo da italiana, encarando-a do outro lado da ilha da
cozinha.

— Eu quero Conegon morto, isso é a única coisa que


interessa...

— Ao que parece temos o mesmo objetivo, mas sua


esposa sabe que está fazendo uma mala para partir
sozinha? — Ela arqueou a sobrancelha. — Você não irá
deixá-la perto de mim e eu não vou perdê-lo de vista russo,
não até que tenha Conegon sufocando com seu sangue
nas mãos dos meus, por isso estamos num impasse...

Cristian suspirou, já sabia que ficar com Rose agora


não ia ser uma opção, por mais que a sensação de deixa-la
fosse algo parecido como o partir ao meio.

— Quero sua palavra que ninguém vai me atacar


nessa busca.

— Agora minha palavra importa?

— Sabe que sim!


Beatrice Bertinelli rolou os olhos, ela já tinha dito muito
da sua paciência tomada nesta madrugada, precisava
desesperadamente de descanso, pois estava a mais de um
dois dias sem um bom sono, então era melhor que
acabasse logo com aquilo.

— Pois tem minha palavra, agora deixe de moleza e


se ponha a trabalhar, quero encontrar seu pai logo!

Com um suspiro cansado Cristian saiu da cozinha,


encontrou Franco à beira do corredor cabisbaixo, quando o
viu foi até ele.

— Desculpe pelas falhas senhor, eu não sei como...

O Herovrisk levantou a mão, isso não era mais


necessário, ele ia ter Rose fora dali, junto com tudo dele, a
casa estava totalmente comprometida.

— Esqueça Franco, temos algo maior para nos


concentrar.

И·И

Rose tinha acabado de concluir a arrumação da sua


mala quando Cristian apareceu na porta do closet.

— Eu já vou preparar a sua mala só...

— Não! — Ele cortou a fala dela encarando-a


seriamente, seu estômago deu um nó.
— Não? — A voz dela não saiu mais que um sussurro,
quando olhou o rosto do marido de perto viu um cintilar de
dor aparecer em seus olhos escuros.

— Não, não vou precisar de mala, pois você vai viajar


sozinha!

Foi como se Rose levasse um tapa potente em seu


rosto.

— Você está se separando de mim?

Cristian via a dor nos olhos azuis da sua linda esposa


e a envolveu em seus braços beijando seu rosto.

— Amor, isso vai ser temporário, eu preciso ficar na


Rússia, mas aqui não é seguro para você, preciso de você
protegida para eu agir. — Pegou o queixo dela e beijou
castamente seus lábios. — Por favor, não me olhe assim,
eu me sinto doente por ficar longe de você, mas eu
morreria se algo te acontecesse. Hoje foi uma amostra de
que pela minha arrogância poderia ter a perdido, não vou
falhar outra vez, irei capturar Conegon e assim todos nós
estaremos seguros, mas principalmente nosso bebê, nossa
vidinha, Rose...

Ela abraçou o homem caindo em um choro


compulsivo, pela primeira vez na noite ela se deixou pensar
nos acontecimentos, tudo pareceu cair como uma
avalanche sobre ela; Foi quase morta, viu Cristian matar
alguém, foi ameaçada por uma criminosa italiana,
realmente tudo aquilo pesou.

— Odeio ter que ficar longe de você!

Rose fungou chorosa, sentiu ele a abraçar firme, mas


então afundaram no chão abraçados um no outro. Para ela
viver um tempo sem ele era doloroso, mas pensar numa
vida inteira ameaçada de perdê-lo ou perder seu pequeno
bebezinho que ainda nem sabia como era, mas já o amava
demais, seria morrer lentamente.

— Eu também odeio Rose, mas é por pouco tempo,


farei o que puder para estar logo com vocês, tudo vai ficar
bem! — Disse Cristian tomado pela necessidade de
aplacar a tristeza evidente em Rose.

— Eu te amo Cristian! — Ela disse procurando seus


olhos e o encarando fixamente.

— Eu amo você e nosso bebê, para sempre!

Ela entendia o que ele queria e não podia fugir dessa


lógica, tinha que pensar primeiro em seu bebê agora, era
isso que os pais faziam, eles tinham que estar seguros
para o pai dele agir. Rose procurou o beijou apaixonada e
foi retribuída.

— Iremos te esperar, por favor, não demore!

O Herovrisk sorriu contra os lábios dela.


— Seu desejo é a minha ordem...
И·И

Uma equipe de seis homens levava Rose para Nova


Iorque, fora deles iam Franco, Yoro e Katelyn, e na cidade
já teria uma equipe de segurança pronta para proteger a
casa nos Hamptons.

— Faça Rose se alimentar e dormir bem, não a deixe


pegar sol, nem ficar no frio e...

— E acabou, pare, eu sei como me cuidar e ficarei


bem. — Rose cortou o discurso de Cristian para Katelyn. —
Você é quem deve se cuidar, afinal não sou eu que vou
ficar trabalhando com uma criminosa.

Foi à vez de Cristian bufar, levou a mão à mandíbula


da esposa acariciando, aproveitando a sua pele enquanto
podia.

— Estamos de bandeira branca, vai ficar tudo bem,


mas você é a minha única preocupação.

Cristian estava ao lado de fora do carro se despendido


dela, mas a cada segundo ficava mais difícil a deixar ir.

— Irei me cuidar e, por favor, faça o mesmo! — Ela


semicerrou os olhos azuis e Cristian sorriu, ele sabia o que
vinha depois desse olhar. — Eu juro que se voltar para mim
com um arranhão, irei me acertar pessoalmente com a
Beatrice.
O Herovrisk sorriu abertamente e jogou a cabeça para
trás, quando encarou Rose novamente ela ainda estava
séria.

— Céus eu a amo sabia?

Deu-lhe mais um beijo devagar e rapidamente quando


se afastou o olhar dela era mais doce, preocupado.

— Se cuide, por favor. Eu também te amo!

— Eu vou anjo, você também, e siga todas as ordens.

— Farei tudo que mandarem, com tanto que o tenho o


mais rápido possível. — Disse e o sorriso de Cristian
aqueceu o coração dela.

— Você me terá, em breve, esteja pronta, porque vou


ser exigente...

Os dois se beijaram, e não se importavam com a


plateia, porém mesmo assim aquele beijo acabou cedo
demais, mesmo com eles sem ar, então logo o carro dela
se foi, antes que Cristian sentisse que tivesse se
despedido.

— Agora vê se não chore do meu lado como um


bebê... — Desdenhou Beatrice a Cristian. — Odeio
lamúrias, você mais do que ninguém devia saber que não
se devem criar pontos fracos.
Cristian rolou os olhos a voz fria que falou cheia de
ironia atrás dele, Beatrice estava até então observando
impassível a interação do homem com a esposa, o
Herovrisk se virou para ir em direção ao seu carro, a
italiana o acompanhou.

— Fala como se não tivesse, todo mundo sabe que


seu tio é o seu! — Falou, e foi à vez da mulher bufar ao seu
lado com claro desdém.

— Lógico que não, ele sabe se defender e não precisa


de mim, além do mais é família, seria difícil não criar laços
de lealdade... — Ela acrescentou de maneira pragmática.
— Então não há motivo para fraquezas, já sua mulher é
uma criatura indefesa!

— Ela não está indefesa... Tem a mim!

Ele disse e a olhou feio de soslaio. Beatrice o encarou


sem emoção, vendo no semblante dele a preocupação,
não fazia questão de esconder que era visivelmente louco
pela esposa.

— Continua indefesa, russo, e precisando de você, é


por isso que eu nunca crio laços com alguém mais fraco
que eu...

O Herovrisk quase soltou um rosnado, mas foi


ignorado pela mulher arrogante, deu a volta no Audi R8 a
encarando.
— Ela não é fraca, ela só é boa demais para esse
nosso mundo que é sujo...

A italiana não expressou nada e entrou no lado do


passageiro, lá dentro o clima frio continuou e o silêncio da
mulher dizia que ela não discordava em tudo de Cristian.
Isso fez do Herovrisk menos infeliz.

И·И

Dentro do jato para Nova Iorque, Rose pensava em


quando ela teria paz para ficar com Cristian e seu bebê,
passou a mão em sua barriga.

— Você está tendo que suportar muito estresse não?


— Falou ela com o seu pequeno lá dentro, lógico que não
houve resposta, porém de alguma forma foi reconfortante
poder conversar.

— Logo, logo vamos ter o seu pai de volta, será que


você sente a falta dele como eu? — Rose sorriu para si
mesma enquanto acariciava sua barriga. — Eu acredito
que sim, afinal dizem que pode sentir tudo que sua mãe
sente.

O barulho da chegada de alguém a fez parar sua


conversa silenciosa com seu bebê. A Sra. Katelyn
apareceu trazendo um sanduíche e um suco, Rose quase
rolou os olhos, mas sabia que a governanta cumpria
ordens e que no fundo só queria seu bem.
— Aqui senhora... — Ela lhe entregou a pequena
bandeja.

— Já disse, é só Rose.

— Não sei se um dia vou me acostumar. — Disse a


mulher com um sorriso ao se sentar na sua frente. Rose
retribuiu.

— Vai sim é só começar a tentar.

As duas riram novamente. Isso era bom, distraía Rose


de pensar no que Cristian estava fazendo naquele
momento.

И·И

Disciplinada. Metódica. Arrogante em sua calma. Isso


definia um pouco de Beatrice Bertinelli.

— Eu disse que não tinha nada aqui!

Ela falou desdenhosa e com mal humor. Cristian rolou


os olhos e voltou a se concentrar em encontrar algo no
quarto de hospital em que seu pai ficou, foi até a janela
observando a rua lá em baixo, avistou um prédio simples
era uma loja. Isso o fez articular rapidamente que poderia
ter câmeras de segurança, dava para os fundos, Conegon
podia ter saído por ali e de repente pudesse encontrar uma
pista.
— Vamos descer, aquele prédio pode ter uma câmera.
— Disse e ele passando por ela, que nem seu deu ao
trabalho de ir atrás.

— Uma pessoa da minha equipe já checou...

— Mas eu não!

Ele disse com um assobio frio, seguindo seu caminho,


logo atravessava a rua e indo em direção à loja. Beatrice a
muito contragosto foi junto, lá dentro encontraram um
senhor de meia idade que sorriu pensando em fazer uma
venda.

— Olá senhor, eu e a minha amiga somos


investigadores e precisamos da sua ajuda para esclarecer
um roubo de carga do hospital.

O homem pareceu ficar assustado, mas logo fez o que


Cristian queria e deu as imagens. Nada que passou
chamou a atenção, porém até um carro negro chamou sua
atenção, na verdade, a placa, era falsa, a numeração
inexistente no país, só alguém de fora erraria aquilo, o que
fez o Herovrisk se lembrar de alguém que facilmente
poderia localizar aquele carro.

— O que diabos você descobriu?

Beatrice perguntou a Cristian que saiu da loja, depois


de agradecer ao homem tão rápido quanto chegou, eles
entraram no carro e aceleraram.
— A placa do veículo negro era falsa e eu sei alguém
que pode localizar esse carro.

— Como?

— Se esse carro passou por qualquer via que tiver


uma câmera, meu contato tem acesso ao programa de
localização do governo, vamos saber onde foi à última
parada.

Nenhum dos dois disse nada, cada um mais


circunspecto em suas próprias divagações. O dia já
passava da metade quando eles iam caminhando pelo
corredor de um prédio na parte baixa da cidade, quando
pararam em frente a uma porta velha.

— A rosa sangra... — Cristian falou ao bater quatro


vezes na porta, logo depois um velho maltrapilho e com
óculos de garrafa apareceu.

— Sr. Herovrisk...

— Abra a porta agora, quero que localize algo pra


mim.

O homem deixou seu olhar muito luxurioso ir para


Beatrice, essa por sua vez o ignorou de maneira ártica
quanto um iceberg.

— Finja que não existo velho!


Ela disse azeda e cortante, Cristian quase quis rir, mas
apenas empurrou a porta e entrou. Os dois filhos da máfia,
bem vestidos, pareciam em desajuste ao apartamento sujo,
com resto de comida espalhado, totalmente desorganizado.
O velho andou até uma mesa com o computador de última
geração, já que era a única coisa boa ali, e começou a
digitar algo. Cristian lhe passou a numeração da placa e
ele começou a procurar.

— Senhor, eu tenho uma rota.

Falou o velho cabisbaixo em respeito à figura do


Herovrisk, que se aproximou do computador, junto da
mulher, eles observavam a rota que foi descoberta.

— Andaram no maior tempo fora do radar, são vias


que nem aparece no GPS, o que indica que estavam com
alguém que conhece o terreno.

Cristian disse e Beatrice acenou como se também


estivesse pensando naquilo, a cabeça dos dois funcionava
de forma muita parecida.

— Você nunca nos viu aqui...

Disse Cristian ao velho que concordou e olhou para


Beatrice, deixando seus olhos pararem em lugares íntimos.

— Nem pense em querer saber de mim, ou vai saber


que gosto tem seu pau quando eu o enfiar na sua boca.
Falou ela inalterada e dando às costas saindo do lugar
fétido, o Herovrisk sabia que a mulher sentia nada mais
que asco pelo local e homem ali dentro.

— Se eu fosse você faria o que ela manda.

Cristian falou, saindo dali logo encontrou a italiana do


lado de fora, eles caminharam em silencioso cadenciado
até o R8.

— Alguém em mente russo? — Perguntou Beatrice


dentro do carro, Cristian bateu os dedos ritmicamente no
volante.

— Não... Ainda estamos no escuro!

— A última localização do carro foi perto do centro...


— Cristian a encarou, a mulher tinha um brilho fugaz nos
olhos, como se tivesse descoberto algo. — O hospital
estava à margem, o que nos leva a questão de por que o
carro voltou em direção ao centro, quando a rota de fuga
mais propícia não essa?

O Herovrisk pode enxergar claramente onde a italiana


queria chegar.

— Ele foi ao encontro de alguém.

A mulher deixou um sorriso de obviedade aparecer,


Cristian teve que admitir a inteligência dela, pois a
desgraçada era boa.
И·И

O voo tinha sido tranquilo, para Rose seria uma pena


não ter Cristian, pelos menos seria apenas por uns dias.
Assim que deixou o jato e caminhou para ir em direção ao
carro um o tiroteio começou, não houve muito tempo para
pensar, tudo que ela fez foi se abaixar, jogando-se no chão
e rezou para que nenhum desses tiros a atingisse, seu
único pensamento nesse momento era o bebê e Cristian,
se ela morresse ali sabia que ele ia se culpar para a vida
toda por não estar ao seu lado. Ela começou a rastejar em
direção ao o carro, foi quando olhou para trás e percebeu o
corpo da Sra. Katelyn no chão com uma poça de sangue
em volta, lágrimas salpicaram em seus olhos.

— Franco!

Ela gritou querendo ajuda para a governanta, mas o


corpo dele cobriu o dela em proteção logo em seguida, e
ele pegou sua mão e entregou algo mais parecido que um
botão, Rose olhou para seu rosto tomado pelo que parecia
dor, mas tinha preocupação gravada ali, enquanto os tiros
não cessavam.

— Segure isto moça, esconda e nunca solte, caímos


em uma emboscada, esse será único modo do Sr.
Herovrisk lhe encontrar.

E antes que pudesse falar algo para ele, ouviu um tiro


mais próximo e viu os olhos de Franco se abrirem ainda
mais.
— Não! — Ela disse sabendo o que tinha acontecido,
então viu botas pretas entrarem em seu campo de visão e
logo depois só escuridão.
И·И

Foi realmente rápido fazer a localização de Conegon


ou pelo menos de onde o homem havia se enfiado, os
prédios no centro eram basicamente de uma pessoa, os
que restavam era dos Herovrisk e os outros eram de peixes
menores, então Cristian e Beatrice traçaram informações,
um tempo depois, estavam encarando o único prédio
possível que o pai dele podia ter se enfiado.

— Eu vou matar aquele verme americano!

Falou Cristian aportando o volante do carro enquanto


Beatrice totalmente indiferente arrumava sua arma e
colocava um chapéu que havia comprado na rua. Logo em
seguida tirou a jaqueta ficando apenas com a camisa de
manga, escondeu sua arma nas costas e a cobriu, só aí se
dignou a olhar para ele.

— Ao inferno o que vai fazer com Matthew, ele é todo


seu, pois eu só quero seu pai.

— Porque odeia tanto Conegon?

Ela piscou, e de repente parecia haver tristeza em


seus olhos azuis frios, mas expurgou aquilo rapidamente,
voltando a se tornar impenetrável, todavia, naqueles breves
segundos agindo como uma pessoa real, Cristian pode
deduzir que aquela caça ao Conegon tinha um caráter
muito pessoal e íntimo para aquela italiana.

— Não é da sua conta, russo, agora siga o plano...

Com isso a mulher saiu do carro batendo a porta com


uma força exagerada, Cristian enrolou as mangas da sua
camisa, olhou no relógio e sabia que ainda tinha um tempo
até Beatrice começar a fazer a distração no prédio, e foi aí
que seu celular tocou, um ícone de vídeo chegou, ele
estranhou mais abiu e sentiu todo ar sumir de seus
pulmões. Seus olhos marejaram ao ver que era Rose ali,
desmaiada, o som superficial da sua respiração o invadiu,
havia sangue escorrendo da cabeça, descendo ao lado do
seu rosto, ela parecia jogada no chão, o peito do Herovrisk
se retorceu em dor de uma forma violenta, uma voz soou
distorcida.

— Um dia todos caem, e o seu dia chegou, Cristian!

A glote de Cristian fechou e ele soltou o celular em


seu colo, o tempo pareceu parar e seu coração também,
seus olhos ardiam, ele sentia-se entrando em pânico, sua
vida, seu amor, e seu pequeno bebê estavam à mercê de
um louco e ele não pode protegê-los. Não soube dizer
quanto tempo ficou ali parado, mas de repente ele escutou
algo além do zumbido crescente, era alguém gritando,
olhou para o lado e avistou Beatrice gesticulando, mal
ouvia o que ela parecia esbravejar.

— Que porra, russo? Não sabe seguir um plano? Eu


tive que fazer tudo sozinha e não, seu papai não está lá
dentro, agora ponha esse carro para funcionar... Vamos
russo, temos que ir embora. agora! — A italiana via o
Herovrisk parecer alheio a tudo, seus olhos estavam vazios
como se nada que ela tivesse tido fizesse sentido.

— Russo? Que porra? RUSSO! — Ele não mexeu


nem um músculo e deixou Beatrice irada, mas então ela viu
o celular em seu colo, pegou e logo descobriu o motivo da
apatia do homem, o encarou. — Ficar parado não vai
salvar ela, ou seu filho, reage ou eles vão morrer!

Nesse momento ele pareceu finalmente acordar, que


piscou repetida vezes, então ligou o carro e pegou o celular
da mão dela, discou o número de um dos seus assessores,
pois Franco ele já sabia que estaria morto, Beatrice estava
certa, ele tinha que reagir por Rose. No minuto seguinte
estava falando com um assessor, todas as notícias que
tinha foram assustadoras, tinham emboscado o jato, nesse
instante Cristian não deixou ninguém saber que Rose
estava ali, a imprensa só saberia o que ele queria, pois se
envolvê-los só deixaria tudo mais difícil, quando desligou o
celular bateu no volante gritando.

— Gritos são melhores que apatia... — Falou Beatrice,


mas o homem ignorou, ele estava desesperado.

— Foi o maldito do Matthew, esse desgraçado, eu vou


atrás dele agora...

— Sim, é claro que foi ele, já que escondeu seu pai,


mas não vai atrás dele! — Beatrice disse dura. — Não está
vendo que é isso que ele quer?
— Para o inferno, vou atrás da Rose e ponto. — O
Herovrisk a olhou, mas em sua raiva, era como se nem a
visse.

— Escuta! Primeira lição, pois acredito que não


aprendeu... — Ela disse categórica. — Análise a situação,
segunda lição, comece a traçar uma estratégia e a terceira
e última, siga o plano até o final, russo!

— Eu não me importo com o plano ou estratégia, ele


tem meu filho, minha mulher... Eu quero matá-lo.

— Não seja burro, ele sabe que você vai atrás dele,
pense Cristian, pense... — Beatrice rolou os olhos e
respirou fundo.

— Como pode querer que eu pense quando ele


embosca a escolta da minha mulher e a leva, e agora me
ameaça?

A mulher franziu o rosto, Cristian quase a escutou


pensando.

— Se foi uma emboscada... Reconstitua os


acontecimentos pra mim. Agora! — Disse a italiana
mandona, o homem fez um esforço e buscou as
informações que estavam em sua mente.

— Assim que o jato pousou e eles saíram, então acho


que assim que Rose saiu com os seguranças... — Ele
respirou fundo, pensou no desespero de Rose. — Os tiros
começaram...

— Sabiam do jato estava chegando, aquele aeroporto


é movimentado, o que quer dizer que sabiam do horário e
tiveram como se preparar para atacar na hora exata, foram
meticulosos, se sua equipe não agiu, foram coibidos
fortemente, então chegamos a conclusão de que eles não
esperavam só Rose. — Ela encarou Cristian. — Eles te
queriam, eram para você todas aquelas balas russo.

O Herovrisk finalmente conseguia pensar ou, na


verdade, seguia a linha absurdamente clara de
pensamento dela, era assombroso vê-la em ação, pela
primeira vez o homem admitiu certa admiração pela
italiana.

— Eu era o alvo...

— Sim, e o americano não vai machucar Rose porque


ela é o troféu, ele já percebeu que ela é sua prioridade. —
Beatrice falou com convicção. — Enquanto eles não te
tiverem, vão manter ela viva, acredite em mim, pois era o
que eu faria!

Tudo que ela dizia começava a fazer mais sentido


para o Herovrisk, sua raiva e desespero o fizeram cego
para tudo, suspirou entregando seu orgulho.

— Eu não sei como agir, só quero Rose de volta,


matar Matthew e o Conegon, que está metido nisso até o
pescoço.
Ele olhou para Beatrice que tinha uma expressão que
dizia que já havia algo sendo maquinado em seu mente
perigosa e fria.
— Fato é que eu quero Conegon e você Rose, dois
alvos, um caminho... — O semblante dela ficou ainda mais
perigoso. — Eu adoro explodir coisas, o que acha de
começarmos pela sede Michael?

Pela primeira vez nas últimas horas Cristian se deixou


sorrir, mas maligno, pois ia ter a ajuda daquela mulher, e
ele estava sanguinário, e ela já era por natureza assim,
então nada ia pará-los.

И·И

Os dois homens olhavam pela TV a imagem da mulher


caída desmaiada no chão, um sorria satisfeito o outro já
nem tanto.

— Ele deve ter ficado louco... — Disse o primeiro mais


que animado.

— Por mim já teríamos metido uma bala na cabeça


dessa vagabunda!

O mesmo que falou primariamente olhou feio para


quem estava ao seu lado totalmente frio, mas havia ódio
em seus olhos.

— A vagabunda vai atrair seu filho!


Conegon se deixou olhar para Matthew pensando que
o sujeito era um almofadinha estúpido, que estava se
achando o todo poderoso só porque o tirou da Rússia.

— Ele vai vir de qualquer jeito, deixe de estupidez.

O homem mais novo encarou o Herovrisk.

— Você não manda aqui, lembre-se que de não fosse


por mim, ia estar morto, pelas mãos do anjo da morte,
então seja mais grato...

Sem esperar a reação de Conegon, Matthew saiu da


saleta no subsolo, era hora de ir acordar a sua hóspede, a
qual ele não esperava a pegar sozinha, soube que o jato
de Cristian ia sair da Rússia, achou que ele estaria junto,
mas por alguma merda o desgraçado tinha ficado, e isso
quase o alarmou, porém quando se viu com a bela Rose
em sua posse, soube que tinha o Herovrisk mais novo nas
mãos. Entrou no corredor e caminhou para a sala ao fundo
onde tinham encarcerado Rose Herovrisk, ou melhor, a sua
nova propriedade, saber que Cristian, que sempre o
humilhou, pisou nele como se não fosse nada, agora devia
estar furando seus olhos de raiva pela esposa capturada, o
deixava muito feliz.

Assim que abriu a porta de onde Rose estava a


avistou no chão frio, mesmo ali jogada sem qualquer
cuidado, ela era ainda muito bonita. Matthew conseguia
entender o fascínio de Cristian, aproximou-se dela, se
abaixou ao seu lado, o ferimento em sua cabeça ainda
sangrava, teria que cuidar daquilo, ele não era um homem
que gostava de machucar gratuitamente uma mulher, mas
de vez em quando era impossível. Passou a mão nos
cabelos sedosos, acariciando, admirando aquele belo
rosto, o pensamento de ter sexo com ela era bom, porém
melhor ainda seria fazer Cristian Herovrisk o ver possuindo
a sua puta de ouro, a mulher de mexeu sob seu toque e
sussurrou:

— Cristian?

O homem suspirou exasperado para o seu chamado e


ela abriu os olhos, mas assim que o viu se desviou da sua
mão com um tapa, Rose se sentou rapidamente
encolhendo as pernas na sua frente em proteção, Matthew
sorriu.

— Olá querida, ainda lembre-se de mim?

O conhecimento de que foi capturada, que a equipe de


segurança dela foi abatida, fez Rose querer chorar, mas ela
levantou seu rosto para encarar aquele filho da puta, e
nesse momento sentiu quase como se queimasse o
aparelho rastreador dentro da sua camiseta, ficou feliz que
só tivessem lhe tirado o casaco.

— Infelizmente, e eu já quero vomitar.

Matthew levou a mão para tocar no rosto dela e tomou


mais um tapa, que afastou o toque, ele sorriu mais uma
vez.

— Mmmm, que brava?


— Vai para o inferno! — Falou ela querendo socar a
cara daquele homem.

— Não sou eu que vou, mas sim seu marido, e farei


dos últimos minutos da existência dele um inferno!

Rose ficou gelada pelo medo, mas se ele pensava que


ia intimidá-la estava enganado, tomada por um impulso, ela
cuspiu no rosto dele e deixou seu desprezo escorrer em
sua voz.

— Não ache que vai conseguir, Cristian vai acabar


com você, ele vai te pisar, como o verme que é, vai fazê-lo
se lembrar de que o seu lugar no chão, rastejando!

Disse ela se lembrando do que Cristian uma vez falou


e viu Matthew ficar tenso, mas ele respirou fundo, o homem
sentiu raiva e quis bater nela, mas preferiu não profanar o
rosto dela, não agora.

— Bom... Pois esse verme aqui vai comer você e vai


estar disposta, porque vou ter seu marido nos olhando e se
não fizer como eu quero, farei a tortura dele ainda pior,
agora comece a obedecer ou não gostará das
consequências.

— Ele vai matar você...

Mais uma vez por impulso Rose bateu no rosto dele,


com ódio, Matthew dessa vez devolveu o tapa, ardeu na
face dela, essa cravou as unhas nas mãos para se segurar
a não revidar, sabia que só ia prejudicar a ela e o bebê.

— Não, eu vou acabar com ele muito antes e sua


ajuda será de grande valia!

И·И

Noam não podia entender quem o privava da sua foda


matinal em seu escritório, puxou sua calça para cima e
tirou a sua secretária, que estava ajoelhada a sua frente,
indo foi atender a porta, mal teve tempo de falar, pois
Cristian entrou, mas com uma criatura mítica atrás.

— Saia!

Ele rosnou para a secretária que saiu imediatamente


limpando os lábios borrados, Noam olhou para a mulher ao
lado de Cristian e perdeu sua ereção na hora, ela o
encarava como se fosse a pior bosta do mundo.

— Que inferno é essa mulher com você?

Cuspiu as palavras e Beatrice Bertinelli rolou os olhos,


enquanto Cristian tomou a frente com um olhar irado.

— Esqueça ela, eu quero sua ajuda para resgatar


Rose, o Matthew a pegou e está com Conegon, não temos
tempo para mais explicações, tenho sua ajuda?

И·И
Levada para um quarto Rose tinha se visto obrigada a
ir trocar de roupa, eles tinham saído do subsolo pelo que
percebeu, ela sabia que estava sendo vigiada e quando
entrou no banheiro tomou todo o cuidado ao tirar o
localizador da blusa, o olhou por uns segundos, não havia
nenhum sinal, mas então de repente acendeu. Logo ela
seu deu conta de que agora parecia ter sido ativado, supôs
que antes não tinha sinal, fechando os olhos ela fez uma
prece de agradecimento e pedindo proteção a Cristian, pois
ele ia saber da sua localização em breve e não demoraria a
chegar.

Rose tomou um banho rápido, limpou o ferimento na


cabeça, provavelmente uma coronhada. Cristian ia ficar
louco, o coração dela se apertou, sabia que ele ia se culpar
dia e noite por qualquer coisa que tivesse acontecido a ela,
passou à mão em sua barriga, ela se deu conta que o bebê
não tinha sido mencionado pelos seus sequestradores, isso
lhe dava uma vantagem, pois era claro que eles não
sabiam do seu filho, só aceitou ser conduzida para aquele
quarto e trocar de roupa, porque não podia se dar ao luxo
de ser maltratada, pois tinha o bebê, respirou fundo, ia se
comportar pelo seu filho até Cristian chegar.

Quando se olhou no espelho vestindo uma camisa


branca pérola e jeans também de cor clara, ela respirou
fundo, encarou sua mão sem sua aliança e seu anel de
noivado, sentia falta deles, ela suspirou empurrando a
lembrança para o fundo da sua mente, tentando evitar
pensar em Cristian, pois sabia da sua agonia, sua dor, ela
também sentia isso e se intensificava pelo medo de algo
acontecer com o filho deles, e escondendo o localizador
em seu sutiã, saiu do banheiro, tomou um susto, mas
escondeu tão rápido quanto pode.

— Olá princesinha...

A voz de Natasha era impregnada de cinismo, Rose


levantou o queixo e andou até um pouco mais próximo da
mulher que estava sentada da cama.

— Olá vadia!

Natasha não se abateu pela ofensa de Rose, pelo


menos não externamente.
— Nunca perde esse seu nariz em pé não é?

— E você nunca se cansa de ser enxotada pelo meu


marido?

Natasha se levantou e encarou Rose com desdém.

— Sabe, pois isso não vai acontecer, quando você


estiver em uma cova fria eu vou estar na cama dele, bem
quente.

Rose apertou suas mãos em punho, um inferno que


outra mulher, principalmente ela, ia tocar em Cristian, ele
era seu, e ninguém nunca ia tomar seu lugar nem com a
sua morte, o que ela não planejava deixar acontecer, é
claro, ia ficar bem viva para dar uma surra naquela
vagabunda que queria seu marido.
— Tenho pena de você... A ilusão não é a melhor
opção, escute sua burra, Matthew quer matar o Cristian,
acha mesmo que vai conseguir ficar com ele de alguma
forma se isso acontecer?

Pela primeira vez Natasha piscou em dúvida, mas


então empurrou o pensamento.

— Conegon estar aqui e não vai deixar isso acontecer.

Todo o corpo de Rose se arrepiou ao conhecimento da


presença de Conegon tão próximo, ela sabia que ele a
mataria na primeira oportunidade que tivesse, e isso era
mais uma coisa que tinha de evitar a todo custo.

— Ele é um estúpido, e se você fosse inteligente não


acreditaria nele.

— Quando chegar a hora, claro, depois que Matthew


te foder, porque é isso que ele quer, eu mesma vou
esfaquear você... Vai ser apenas retalhos!

— Não conte com isso, quem vai morrer é você, agora


me deixe em paz vadia...

As duas se olharam frias, Natasha não revidou ao


insulto de Rose, apenas sorriu debochada e saiu, logo
depois Rose sozinha dentro do quarto despencou na cama,
preferia engolir balas ao deixar Matthew tocá-la.

И·И
Noam observava a figura adormecida ao fundo do jato
alugado, realmente era um anjo, tão linda, delicada como
uma rosa, tremendamente gostosa, porém tudo era uma
ilusão, aquela mulher estava mais para filha do capeta.

— Eu ainda não entendo como se aliou a essa


demoníaca mulher...

Ele disse fitando Cristian ao seu lado, o olhar dele


estava voltado para a janela do jato, estava tão quieto que
nem parecia estar ali, sua respiração era superficial.
Quando contou todo o ocorrido com Rose foi bem breve,
era claramente doloroso para ele contar aquilo, ainda mais
porque Conegon estava envolvido.

— Ela quer Conegon e eu o Matthew, para resgatar a


Rose, então temos um mesmo objetivo no final. — Falou
Cristian tão ártico e distante que o amigo temeu, ele
parecia a ponto de partir.

— Podemos confiar nela?

O Herovrisk se deixou encarar Noam.

— Não, mas se ela me levar a Rose isso é o menos


importante, porque quando eu tiver minha mulher nada
poderá me ameaçar.

И·И

A vodca banhava a garganta do homem, ele sabia que


o filho se aproximava, e como também sabia claramente
que Matthew não era nada mais que um rato traidor, assim
que tivesse Cristian ele ia tentar matá-lo, porém Conegon
sempre se achou mais esperto, então agiria na sua frente.

— Um pouco de cinismo e espera é tudo que preciso...

Disse para si mesmo na sala isolada, olhou a tela do


celular, a imagem da vadia Volkov enchia seus olhos, em
breve a teria sobre seu julgo, assim como todos, seu filho o
traiu e ia pagar caro, e se gostava tanto daquela vadia, iria
vê-la morrer, essa seria sua primeira punição, talvez
fizesse o próprio Cristian matá-la, com certeza ia ser
divertido na opinião de Conegon, ele sorriu, vendo a porta
do quarto dela se abrir e Matthew entra, e esse era outro
alvo que ia adorar se livrar. Observou a interação dos dois,
Rose se armou, ele pensou que era triste não ter áudio.
И·И

O jato que levava Beatrice, Noam e Cristian, mal havia


pousado solo americano quando o Herovrisk recebeu um
sinal em seu celular, ele imediatamente checou e foi uma
surpresa ver o sinal do rastreador de Franco ativo, a
italiana que descia atrás dele parou ao ver seu semblante
que se abria em um sorriso.

— O que foi russo?

Cristian olhou para ela e para Noam que veio logo


atrás percebendo algo diferente.

— O localizador do chefe da minha segurança voltou a


funcionar, havia sumido desde o ataque, mas agora
simplesmente voltou e minha intuição diz que está com a
Rose!

Pela primeira vez depois de todas àquelas horas de


angústia Cristian finalmente conseguia respirar como um
ser humano normal, nunca poderia agradecer a Franco já
que ele provavelmente estava morto, mas faria aquilo valer
a pena, seu homem de confiança havia deixado um rastro
para ele seguir.

— Finalmente alguém competente, então está na hora


de nós mexermos... — Disse Beatrice. — Estou querendo
matar alguém até o fim da madrugada, de preferência um
russo velho!

A mulher saiu andando a passos confiantes ao carro,


passando por Noam, que a olhou de soslaio.

— Céus, ela é diabólica!

Falou ele e Cristian pela primeira vez quis rir, eles iam
sim matar alguém até o fim da madrugada, não sobraria
pedra sobre pedra. Cristian caminhou em direção ao carro
ciente que um plano começava a se desenvolver em sua
cabeça, pois agora tinha a localização do Matthew e por
isso estava um passo a sua frente.

И·И

A mesa estava posta para dois tinha sido colocada no


quarto que Rose ocupava, Matthew parecia muito
satisfeito, enquanto ela engolia com dificuldade, mas
comia, a final tinha um bebê para ser cuidado.

— Então Rose o que você viu naquele babaca do


Cristian? — Perguntou Matthew bebericando um pouco de
vinho.

— Provavelmente tudo que você não tem! —


Respondeu em um tom mordaz, porém só ganhou um
sorriso maior do homem.

— Você é tão ferina, posso a entender melhor o


interesse do Herovrisk...

Ela deixou seus talheres caírem no prato não


aguentava mais comer e olhar para aquele homem sem
jogar tudo de volta para fora do seu estômago.

— Você realmente tem muito inveja dele não é?

— Inveja? Não, eu tenho ódio, seu marido me


prejudicou e me feriu, mas inveja não é algo que eu tenha
dele. — Matthew piscou com desdém. — Porque eu ia ter
inveja de uma marionete que teve a merda batida dele a
vida toda?

Rose ponderou, sabia que Cristian tinha passado


pelos piores tipos de treinamento e sido condicionado a
não amar ninguém, para que sua lealdade a Conegon
nunca fosse questionada, por muito tempo ele cumpriu
esse propósito, mas no fundo Cristian era um homem bom,
preocupado e amoroso com quem lhe era caro.
— Talvez você tenha inveja justamente por ele ter sido
forte o suficientemente para aguentar tudo isso e ainda ser
mais homem que você!

O maxilar do homem ficou tão rígido que ela pensou


que pudesse quebrar, Rose esperou ele revidar com uma
agressão, mas isso não aconteceu.

— Sabe Rose, eu ainda não liguei para o seu querido


marido, ele nem sabe onde você estar, por isso eu poderia
bater muito nesse seu rostinho e mandar seus gritos para
ele, acha que ele iria gostar?

Foi à vez de Rose ficar rígida, tensa, não poderia


torturar Cristian assim, faria qualquer coisa para não o
deixar passar pela agonia, muito menos se deixar ser
machucada.

— Não! — A palavra saiu grossa dos seus lábios e


Matthew sorriu cheio de si.

— Boa garota, então continue comendo, nossa noite


está apenas começando...

Ela olhou para ele com desconfiança, sabia que isso


não podia ser bom, e pediu internamente para Cristian já
soubesse onde ela estava e quem era seu captor, pois
começava a precisar da sua ajuda, não iria mais conseguir
se proteger sozinha por muito tempo, precisava dele.
И·И
A mulher encarava o sujeito no banco de trás pelo
retrovisor interno do carro.

— Você entendeu projeto de mafioso?

Beatrice falou com Noam como se ele tivesse algum


retardo mental, ela não tinha muita paciência para lidar
com um homem que fazia piadas com a mesma facilidade
que respirava, mas ele também não era o maior fã dela.

— Acha que só você sabe ligar uns fios e explodir


coisas? — Respondeu Noam com irritação e ela o encarou
com indiferença, nada parecia abalar o semblante
arrogante da criatura feminina.

— Não, mas tenho certeza, é claro, que em relação a


você todo o cuidado é pouco, mafiosinho!

— Pare de me chamar assim mulher!

Noam disse com um rosnado de verdade e Cristian


explodiu exasperado no banco da frente.

— Porra Noam, chega! — Reverberou sem paciência.


— Só vá e exploda aquele inferno todo!

Noam sacudiu a cabeça e deixou um olhar duro para


Beatrice, que por sua vez estava mais preocupada em
colocar suas luvas, ele saiu do carro, desaparecendo nas
sombras da pequena mata que cercava a uma curta
distância a residência do Matthew, que era afastada do
grande centro urbano. Cristian sentia seu corpo vibrar para
iniciar o ataque, a italiana ao seu lado estava tão calma
quanto como se fossem fazer compras.

— Seu pai é meu, não se esqueça! — A mulher disse


indiferente, sem olhá-lo, Cristian a tratou do mesmo modo.

— Faça o que quiser, pois a minha prioridade você já


sabe qual é!

Os dois voltaram a olhar para a mansão iluminada na


noite escura e fria, tinham o ponto de ataque perfeito, bem
como a visão de tudo e logo teriam o sinal de Noam, daí
eles iam realmente fazer daquele lugar um inferno e os
dois filhos da máfia estavam ansiosos por isso.
И·И

O apetite de Rose já tinha sumido há muito tempo, por


isso ficou apenas bebericando a água enquanto Matthew a
olhava como se fosse sua sobremesa.

— Eu acho que já perdemos tempo demais!

Ele falou com a voz sugerindo algo ameaçador, Rose


ficou tensa, sua mão em cima da mesa não era atoa, ela
ficou desse jeito para que pudesse pegar a faca
rapidamente, só assim teria chance de se defender se ele a
atacasse.

— O que quer dizer?

Rose perguntou temendo a resposta e então antes


que ele pudesse esclarecer o que queria, um alarme soou
alto o suficiente para fazer a mulher pular.

— Que porra é essa?

Matthew gritou se levantando e dando as costas para


ela, foi quando Rose se aproveitou para pegar a faca e
então cravar nas costas dele, que caiu de joelhos e ela
pegou a garrafa de vinho estourando logo em seguida ao
batê-la com toda força na cabeça dele, fazendo-o cair
desmaiado no chão. Rose sentia as mãos tremerem, mas
não parou, e se abaixou procurando na roupa dele alguma
arma, pois tinha certeza que possuía, encontrou um
revolver, e então se preparou para sair dali, rezando para
os seguranças estarem ocupados com o alarme soando,
ela só tinha uma certeza, era o seu marido que havia
chegado.

Rose abriu a porta lentamente para ver o corredor


vazio, ela não esperou nem meio segundo, correu para fora
com a arma engatilhada ao lado do corpo, precisava
encontrar Cristian tão como precisava de ar. Ela seguiu
encostada pelas paredes do corredor em busca de uma
saída segura, mas antes que pudesse chegar ao seu
intento ela foi puxada para trás, não havia visto quando
uma porta se abriu e assim foi parar no chão, a arma
escapou das suas mãos e Rose viu o rosto de Natasha.

И·И

Cristian tinha o sangue martelando em suas veias


quando ele abateu mais seis homens no jardim, na parte
superior da casa avarandada, mais exatamente no
segundo andar, ele viu Beatrice atirar, derrubando mais três
homens e em seguida pular acertando um mais um, mas
foi puxado pelo cabelo por outro, ela reagiu se jogando
para trás agarrando-o pelo pescoço e com um giro de
corpo, quebrou o homem. Cristian realmente entendia a
citação de Noam agora, ela realmente parecia pactuada
com um capeta.

Outra explosão soou, era o segundo sinal, soube


exatamente que Noam tinha chegado à próxima parte do
plano, com a sua área limpa ele gritou para que Beatrice,
pois precisava dela cobrindo-o, assim ia lhe garantir
atravessar até dentro da casa, e assim o fez. Quando
entrou encontrou mais seguranças, atirou rapidamente os
deixando caídos, pegou seu celular e viu o ponto vermelho
ainda piscando. Correu pelas escadas, mas teve que parar
no meio do caminho e se jogar para o lado, só que no
segundo seguinte descarregou mais tiros em seu
oponente, voltou a subir com a arma em punho, seguindo o
rastreador, indo o mais rápido que podia, escutando outros
tiros na varanda, sabia que a italiana fazia seu caminho a
procura de Conegon.

O Herovrisk abateu mais três homens, cada vez mais


próximo do sinal, implorando mentalmente para ser de
Rose. Uma terceira explosão aconteceu, o que significava
que Noam seguia o plano e tinha deixado todas as
entradas livres, provavelmente ia ir ao seu encontro, logo
teriam também os aliados do Volkov entrando na mansão,
Cristian havia pedido a ajuda do sogro, esse prontificou
uma equipe na América. Ele correu, seguindo o ponto em
seu celular vibrou ainda mais, estava terminantemente
próximo do alvo.

И·И

Rose tentou rolar para o lado, mas foi travada pelo


joelho de Natasha, que acertou uma tapa seu rosto, para
se defender agarrou a primeira coisa que sentiu, era seio
dela, então apertando com força.

— Puta!

Natasha gritou para e isso deu a distração perfeita


para ela impulsionar seu corpo o girar, fazendo com que
rolassem ruidosamente pelo chão.

— Desgraçada!

Rose disse conseguindo livrar suas mãos, se


esticando para pegar a arma que agora estava acima da
cabeça da mulher, mas Natasha conseguiu bater nela, a
arma caiu de novo e outra vez elas se engalfinharam na
briga pelo objeto.

— Você vai morrer! — Natasha afirmou tentando


chutá-la.

— Não... Você... Vai...

Rose disse puxando a arma para si, o objeto ficou


entre elas, Natasha tentou puxá-la, ficando por cima, mas
então houve um disparo. Rose ficou estarrecida por um
momento vendo a mulher a sua frente engasgar e uma
gota de sangue deslizar pela sua boca, ela caiu em cima
de Rose, ela empurrou a mulher sentindo o cheio metálico
de sangue, olhou a si mesma toda suja do líquido rubro, se
levantou devagar, de costas para a porta, com os olhos
turvos, havia matado uma pessoa, não era melhor
sensação do mundo, mas ela não se arrependia por ter
feito, para se defender, para defender seu filho, porém em
meio aquela confusão mental, choque e distração, alguém
surgiu pelas suas costas.

— Então a vadia pode matar?

Sentiu o cano da arma na base da sua coluna, fechou


os olhos absorvendo a voz fria de Conegon a fez perder
uma respiração, ela engoliu em seco.

— Eu devia ter matado você!

Ela disse abrindo os olhos falando em um tom um


pouco vacilante, a mão dele apertou sua garganta, ouviu-
se mais tiros, e então ela foi virada, com ele ficando atrás
do seu corpo, a arma subiu para sua cabeça e eles
encararam a porta.

— Acho que Cristian chegou, vamos dar boas vindas


para ele!

A voz de Conegon era fantasmagórica, ele parecia


realmente estar caindo na margem da loucura e como ele
havia dito, Cristian chegou, e a porta se abriu de supetão e
então o olhar escuro do Herovrisk mais novo travou com o
de Rose.

— Desculpe...

Ela sussurrou quando viu a dor aparecer nos olhos


dele, Cristian sentiu um frio na barriga subir e o coração
acelerar por medo, Rose estava na mira de Conegon que
tinha um olhar sanguinário. Ele sacudiu a cabeça querendo
acalmar o olhar azul assustado da sua esposa, tudo que
queria era coloca-la em seus braços e a levar para um
lugar seguro, por isso naquele instante se lhe pedissem a
lua para que a mulher da sua vida e seu bebezinho
ficassem seguros, ele iria dar um jeito de conseguir.

— Por essa criatura miserável que me traiu filho? —


Conegon perguntou com a voz carregada de nojo. —
Abaixe a arma!

— Solte ela, e eu faço o que você quiser, eu juro meu


pai!

Cristian disse sofrendo por ver o amor da sua vida


com lágrimas em seus olhos, a palavra "pai" foi um soco
em si próprio, mas ver Rose com uma arma apontada para
sua cabeça era muita pior.

— Não, Cristian!

Rose falou vendo-o abaixar a arma e sua postura


sempre tão dominante sumir, doía vê-lo sendo dominado,
ficar tão vulnerável, uma lágrima caiu pela bochecha dela,
Cristian gesticulou com a cabeça como se tentasse
tranquilizá-la.

— Cala a boca puta... — Conegon rugiu, apertou mais


a garganta dela e Cristian gritou:

— PARA! — Pediu erguendo as mãos. — Para, para


pai, eu já disse que faço qualquer coisa que quiser, não
precisa machucar ela, eu vou colaborar!

A voz do homem era distorcida de dor e Rose sentiu o


aperto do Herovrisk mais velho afrouxar, ela estava com
medo como nunca sentiu na vida, sabia que seria seu fim
se Cristian não agisse logo, qualquer movimento seu
estava fadado a um disparo direto na cabeça.

— Você ficou tão fraco Cristian, fraco por essa mulher,


não consegue ver? — Disse o Conegon com um tom louco.
— É por isso que eu preciso expurgar essa fraqueza, para
fazê-lo entender...

Cristian podia ver nos olhos do pai que não havia jeito,
ele ia matar Rose, e caso ele tentasse um tiro iria acertar a
esposa de qualquer jeito, estava de mãos atadas.

— Se matar a ela vai estar me matando no mesmo


segundo!

Ele levantou a arma colocando na cabeça, Rose


ofegou com completo horror diante do que assistia.

— Cristian, não faça isso, não!


Ela disse, e Conegon apertou a garganta dela e seu
choro saiu convulsionado.

— Vai acabar com sua vida por essa vadia?

Cristian olhou para sua esposa que chorava com


desespero, aquilo estava partindo-o no meio, mas não
havia outra saída, se ela iria morrer, se o bebê deles iria
morrer então ele não ficaria naquele mundo por nem mais
um segundo.

— Minha vida é ela!

Conegon encarou o filho perplexo e apertou a arma


em sua mão, Cristian fez o mesmo, pronto para puxar o
gatilho da própria arma contra sua cabeça, mas de repente
viu movimento na janela atrás de Conegon, no minuto
seguinte Beatrice pulou de uma sacada próxima direto na
sala, quebrando a janela surpreendendo a todos, mas foi
tudo que Rose precisava para jogar sua cabeça para trás
acertando Conegon no rosto e fugindo para os braços de
Cristian que a envolveram antes que desse mais dois
passos. O Herovrisk mais novo pode ver a italiana ia atacar
sem dar tempo para Conegon agir enquanto ainda absorvia
o golpe de Rose. Beatrice o acertou e o derrubou de
joelhos, logo em seguida ela girou acertando um chute no
rosto dele, que caiu abatido, ela empurrou a arma dele
para longe e acertou mais chutes até deixá-lo encolhido no
chão totalmente incapacitado, quando olhou para Cristian
seus olhos azuis estavam completamente tomados de ódio
como nunca estiveram.
— Sai agora russo, as coisas não vão ser bonitas
aqui!

Cristian e Rose abraçados se olharam, ele beijou seu


rosto e ela o tocou como se quisesse ter certeza que era
real.

— Vamos sair daqui amor!

Ele disse deixando a italiana para trás, os dois sabiam


que a mulher ia ser o carrasco de Conegon. Cristian puxou
Rose atrás dele, e ainda bem que o fez, pois Matthew
surgiu atirando, ele foi mais rápido atirando no peito dele
seguidas vezes acabando com sua munição até vê-lo cair.

— Oh meu Deus!

Rose exclamou, Cristian não pode olhar para ela, pois


ainda tinha seus olhos cravados em Matthew, esse
agonizava no chão, o Herovrisk mais novo se aproximou
dele, deixando Rose ali no canto protegida, e o viu
sufocando. Matthew se viu morrendo sem nem ter a
mínima chance de atacar, sua vida toda foi assim e agora
sua última visão era o rosto daquele maldito, que tinha
tudo.

— Seus pulmões estão enchendo de sangue, vai


morrer em alguns segundos. — Disse Cristian para o
homem que o olhou abrindo e fechando os lábios sem
conseguir articular uma palavra.
— Essa morte ainda é mais do que você merece!

Cristian olhou para Rose, ele tinha algo muito mais


importante para cuidar, podia tornar o inferno muito mais
aprazível para o homem caído no chão se o mantivesse
vivo o torturando, mas percebeu que isso não valia a pena,
porque ele estava vivo e olhando para a mãe do seu filho, o
amor da sua vida, e ter ela, o amor dela, era muito mais
importante do que qualquer vingança. “Todos tem a justiça
que merecem!”, foi isso que ele ouviu dela uma vez e tinha
certeza que Matthew estava recebendo a sua, todos
estavam.

— Acabou amor!

Ele disse voltando até ela e a abraçando, Rose fechou


os olhos respirando o cheiro familiar dele. O celular de
Cristian tocou e ele atendeu em seguida.

— Área limpa, você já está com Rose? — A voz de


Noam invadiu o aparelho.

— Sim, prepare um carro, estou tirando ela daqui! —


Falou Cristian e desligou, dando um beijo nos cabelos da
sua esposa.

— Cristian eu sabia que você vinha...

Disse ela num sussurro levantando o rosto,


encarando-o, tocando sua bochecha. Ele beijou sua testa,
o cheiro dela o invadiu dando paz.
— Ainda tinha dúvidas que eu não viria anjo? — O
Herovrisk pegou o rosto dela entre suas mãos e então a
beijou, mostrando seu amor profundamente.

— Eu te amo! — Rose disse contra os lábios dele.

— Eu também te amo, agora vamos sair daqui. — Ele


a colocou no colo e caminhou em alerta pelos corredores.
— Feche os olhos!

Rose fechou os olhos, enquanto eles saíam daquele


mausoléu, Cristian não quis que ela visse os corredores
cheios de corpos, quando sentiu o ar puro e o vento ela
abriu os olhos, Noam foi a primeira coisa que enxergou.

— Oi Rose! — Disse ele com um sorriso pequeno e


simpático, mas parecia cansado como o marido dela, tudo
que ela pode fazer foi sorrir de volta agradecendo.

— Olá Noam, acho que ajudou Cristian, então


obrigado!

O Herovrisk também deu um olhar de agradecimento


ao amigo que deu de ombros.

— Tudo bem, eu sei que salvei a pátria! — Ele voltou


ao seu modo cheio de si. — Mas agora sumam daqui e
deixe que eu cuido de tudo!

Ele falou e o casal sorriu, então entraram no carro,


logo estavam sendo conduzidos para fora daquele lugar,
Cristian infiltrou suas mãos no cabelo da esposa e a beijou
sem reservas, sem se preocupar com nada. Rose gemeu
contra o corpo quente dele, o cheiro de homem e tão dele
embriagou-a, e ela o abraçou-se, puxando seus lábios para
o seu, suas línguas entraram em um duelo sensual,
respiração entrecortadas, mas então precisaram se afastar
necessitando de ar.

— Amor, Cristian, eu senti tanto medo de algo


acontecer! — Ele a beijou novamente acariciando seu
rosto.

— Eu também, fiquei desesperado quando soube que


estavam com você...

Rose viu o olhar vulnerável dele e beijou seu rosto,


observou seu marido deslizar a mão em sua barriga com
carinho.

— Ele está bem? — A voz de Cristian era


genuinamente preocupada, Rose então percebeu que
ainda vestia a camisa só sangue.

— Sim, está bem, ninguém nos machucou, mas agora


me ajuda a tirar essa blusa, por favor... — Ouviu a
respiração aliviada dele. — Cristian eu...

— Shhh... — Tocou os lábios dela. — Eu sei, sei de


quem é o sangue, não se explique, pois eu vi o corpo da
Natasha, mas tudo ficará bem, eu estou aqui do seu lado e
vamos concertar tudo, eu prometo!
Ele tirou a própria camisa antes, então começou a
ajudar Rose só para vesti-la novamente com a peça dele,
beijando seu rosto, a abraçando firmemente, enquanto
Rose mergulhou naquele abraço sentindo o peito dele nu
contra o seu rosto, quente e fresco, sabendo que o teria ao
seu lado dela para sempre.

— Ela ia me matar... — Disse a mulher um pouco


chorosa e o marido acariciou seus cabelos, beijando-os.

— Imagino que sim e você só protegeu a si e ao bebê,


nunca se sinta culpada, tudo acabou amor, vamos superar,
vamos ficar bem, estamos juntos agora!

Tudo era o que a mulher queria acreditar, depois de


tantas mortes e ataques só queria que um pouco de paz,
tinha sido a pior coisa que já aconteceu na sua vida, viu
pessoas que lhe eram queridas morrer sem qualquer
dignidade, fez coisas que nunca ia esquecer, porém nos
braços de Cristian o fardo parecia menor, ele era um
bálsamo, o seu amor era.

— Eu só queria voltar logo para você, estava com


medo deles descobrirem do bebê, foi horrível!

Cristian fechou os olhos nem querendo lembrar-se


dessa possibilidade, sabia que seria o pior inferno no
mundo se tivessem descoberto.

— Sim, eu sei... Se algo tivesse acontecido com você


com o bebê eu morreria... — Ele desabafou. — Foram as
piores horas da minha vida, nem quando era mais jovem e
Conegon me deixou apodrecer no foço foi tão perturbado.

Rose limpou suas lágrimas e olhou para o seu marido,


Conegon era um monstro e dele ela não sentiria pena,
como ele fazia aquilo com uma criança? Isso era loucura,
crueldade.

— Como ele podia fazer isso com você? Ele é louco.


— Ela beijou o peito do marido, bem cima do coração. —
Eu espero que Beatrice não tenha piedade dele.

Cristian a beijou levantou o rosto dela e a beijou,


nesse momento não havia coisa que queria mais nesse
mundo, do que beijar Rose, que se entregou, não era hora
de realmente falar, pois nenhuma palavra podia expressar
a paz e a felicidade dos dois estarem juntos novamente.
CAPÍTULO 15
Noam caminhou devagar pelo corredor ouvindo gritos,
até conseguir identificar que estavam sendo emitidos
Conegon, a quem a equipe de Iuri Volkov e os homens
deles procuravam, mas claro que ele já tinha sido
encontrado, e ele sabia mesmo antes de ver, que Beatrice
era quem tinha o encontrado. Ele sentiu um frio na espinha
quando empurrou uma porta minimamente e viu a italiana
em frente ao homem sem camisa amarrado em uma
cadeira por cabos de telefone que pareciam bem
apertados.

— Você é um verdadeiro covarde, fraco...

A voz da italiana era ártica enquanto ela arrancava


mais um pedaço notoriamente grande de pele do peito do
Herovrisk com uma faca afiadíssima, Conegon gritou e
quase sem voz.

— Vadia, sua vadia!

Noam não via a expressão dela, mas sabia que tinha


total indiferença, que os olhos deviam ser safiras azuis
totalmente frias.

— Sabe por que estou arrancando seu couro não


sabe?

Ela colocou a faca no bolso da calça e se moveu


pegando uma caneta na mesa ao lado dele, Noam viu o
perfil estoico dela, os movimentos medidos.

— Vadia burra. — Ela ficou atrás de Conegon e o


puxou pelo cabelo. — Acha que eu...

A cena foi grotesca ela o puxou pelo cabelo e enfiou a


caneta no olho esquerdo dele tão profundamente que
Conegon parecia ameaçar desmaiar de dor ao gritar. A
italiana soltou o cabelo dele, jogando sua cabeça para
frente, então se movendo para encará-lo, dando tapinhas
no rosto dele como se fosse para reanima-lo.

— Nós tínhamos uma vida e você matou meu pai,


demorou um tempo até eu desencavar toda a história, mas
agora irei te fazer sofrer tudo que meu pai sofreu. — Se a
voz de alguém pudesse cortar a da italiana com certeza
seria uma. — Irá aguentar o que ele suportou até
arrancarem a cabeça dele como se fosse um animal!

Noam observava a postura de ataque dela enquanto


encarava Conegon que nem mais conseguia gemer, mas a
sua agonia era evidente. Ele já tinha visto torturas assim,
mas o ódio que emanava de Beatrice era tão puro, tão cru,
que tornava tudo pior. A Bertinelli continuou e pegou a faca
novamente, começou a cortar dois dedos dele, Conegon
gritou novamente.

— Eu peguei todos os seus compatriotas russos, um


por um, até saber que foi você que entregou a localização
do meu pai, então eu esperei até você ficar vulnerável,
porque eu o queria assim, como um rato em uma ratoeira,
preso e sabendo seu destino. — Ela soltou um som
fantasmagórico. — Vai descobrir que o inferno seria muito
mais agradável do que me conhecer!

Noam quase engasgou quando Beatrice terminou de


decepar o restante dos dedos dele fez a mesma coisa com
a outra mão, ela então começou a retalhar o rosto do
homem e foi aí que percebeu que ele estava na porta, a
faca ensanguentada na mão dela de repente estava a
centímetros dos olhos dele cravada na madeira.

— Se você não sair daqui agora eu vou arrancar seus


olhos!

A voz dela era como fio de aço, forte sem qualquer


oscilação, cheia de ameaça, Noam respirou fundo e fechou
a porta, não ia se meter naquilo, ele desceu e encontrou
um dos seus homens vindo apressado.

— Encontramos algo para o Sr. Herovrisk!

И·И

Rose sorriu contra Cristian e encontrou seu olhar


apaixonado enquanto subia e descia em seu colo, estavam
dentro da banheira em um momento de pura saudade e
amor.

— Eu amo você!

Disse ele beijando sua garganta, ela segurou os


cabelos dele e deu mais acesso para seus lábios, enquanto
as mãos masculinas brincavam com seus seios.
— Eu também Cristian... — Ela puxou seus lábios em
um beijo carnal. — Amor da minha vida!

Os movimentos dela em cima dele se intensificaram,


os gemidos preenchiam o espaço enquanto a água
inundava o banheiro do hotel, mas nada podia impedir a
plenitude daquele momento, Rose gritou quando chegou
ao seu clímax e Cristian a mordeu segurando um grito de
satisfação, então eles ficaram conectados, abraçados,
acalmando um ao outro.

— Eu não posso imaginar mais viver um dia sem você


Rose, acho que morri mil vezes hoje, mas agora tudo
parece um sonho.

Cristian falou deixando sua mão subir e descer pela


coluna dela, que virou o rosto para beijar seu pescoço,
então sua mandíbula, logo em seguida seus lábios.

— Sim, parece um sonho, mas essa agora vai ser


nossa realidade para sempre... — Ela encarou os olhos
escuros e apaixonados dele. — Por que eu sou sua e você
é meu, para toda a eternidade.

— Sim, seu, até meu último suspiro.

Os dois sorriram e se beijaram novamente, com o


amor entre eles transbordava em cada gesto.

И·И
Algumas horas mais tarde Rose era alimentada na
cama era uma dádiva, o amanhecer caia em frente a
grande janela, da qual tinha uma visão perfeita da cama.

— Assim eu vou acabar querendo esse tratamento


todos os dias!

Falou ela e viu o sorriso jovial despreocupado dele,


Cristian nunca tinha se sentido tão feliz, Rose ali estava ali
e sua felicidade completa. Ele baixou o rosto, beijando a
fresta exposta pelo roupão da barriga dela, onde guardava
o bem mais precioso deles, aquele desejado bebê.

— Tudo para você minha linda e para o nosso bebê...

Rose sorriu e pegou o rosto dele, deixando um beijo


carinhoso.

— Você está me mimando demais!

— Claro, quando não estou te deixando irada. — O


Herovrisk disse divertido e viu o sorriso dela se abrir.

— Isso é verdade!

Antes que eles pudessem continuar o celular do


homem tocou. Cristian foi até ele e viu que era Noam,
atendeu logo em seguida.

— Tenho algo para você... — Disse o amigo e deixou


o Herovrisk curioso.
— Diga!

— Encontramos Franco e dois de seus seguranças


vivos num porão...

Cristian piscou e olhou para a esposa que o


aguardava com semblante curioso, ele ficou feliz com a
notícia e ela também ficaria, pois Rose tinha contado para
o que Franco fez e como ficou triste por não ter podido
ajudar, como viu Katelyn agonizar sozinha, e ele tentou da
melhor forma consolá-la, mas sabia que não poderia mudar
o fundo de tristeza que aquilo causou nela.

— Ótimo, me passe o endereço do hospital e deixe


tudo de melhor a disposição deles!

— Tudo já foi feito, mas eu tenho outra coisa para te


contar, mas tem que ser pessoalmente!

— Tudo bem!

Logo o Herovrisk tinha desligado e encarou a esposa.

— Não me diga que é mais problema? — Perguntou, e


ele sorriu e acariciou seu queixo.

— Longe disso, Franco está vivo! — Ele contou, e os


olhos azuis dela se iluminaram quando o abraçou.

— Isso é maravilhoso, eu estou tão culpada pelo que


aconteceu com todos...
— Shhh... Eles sabiam os riscos, não se sinta assim.
— O homem falou acariciando o cabelo dela então Rose se
afastou.

— E a Beatrice? — Ela franziu o cenho. — Vamos ter


problemas com ela e com tudo isso que aconteceu?
Matthew era famoso...

Ele soltou um suspirou cansado, havia contado tudo à


esposa sobre seu resgate, depois a conversa com a família
dela.

— Eu acredito que não, mas de qualquer forma acho


que ainda vamos ter notícias dela, quanto à mídia, não se
preocupe, têm pessoas que cuidam de tudo para mim. —
Beijou os lábios dela castamente. — Tudo que tem de fazer
é me mostrar o seu lindo sorriso que me deixa um
completo idiota.

— Me pergunto o que aconteceu com o homem que


não me podia ver sorrindo que fechava a cara...

O homem abriu um sorriso que a deixou sem fôlego e


então deu um beijo na palma da mão dela e a encarou
novamente.

— Ele se apaixonou, profundamente, eternamente e


mudou!

O coração dela saltou mais alto, ela amava aquele


homem de uma forma praticamente impossível de expor
em palavras, por isso beijou apaixonada declarando-se
com gestos.
И·И

As pessoas olhavam ao casal que caminhava de mãos


dadas pelo corredor do hospital, Rose e Cristian não
ligavam realmente para elas, pois eles estavam ali ver
como Franco e os outros passavam, já tinham sido
informados que ele passou por uma cirurgia para ter uma
bala retirada de próximo da coluna, era uma sorte estar
bem. Quando eles chegaram ao quarto o Herovrisk entrou
e ela o seguiu.

— Franco?

Cristian chamou, ele descansava calmante de olhos


fechados e sem qualquer sinal de dor, ligado a alguns
aparelhos, quando virou o rosto encontrou o casal
Herovrisk sorriu.

— Olá Sr. e Sra. Herovrisk! — A voz dele saiu um


pouco rouca, Rose se aproximou, sorrindo e pegando a
mão dele, dando um aperto.

— Não se esforce, está tudo bem agora! — Disse


Cristian pegando a outra mão livre de Franco.

— Obrigado, eu nunca vou poder agradecer por


salvado a Rose e meu filho!

— Eu fiz o que era certo, meu dever...


Franco sorriu e se esforçou para falar com os dois, mas o
Herovrisk pôs a mão no seu ombro em um gesto amigável.

— Não, foi mais que o dever, obrigado meu amigo!

Rose observou a cena e ficou feliz em ver o marido


fazer aquilo. Franco se surpreendeu também e sorriu, não
precisou de mais palavras entre os dois, eles realmente se
entendiam sem elas.

И·И

Mais tarde depois que o casal saiu do hospital,


encontrou com Noam, eles foram até um café, onde
Cristian fez questão de ficar no local mais escondido, com
um braço protetor em volta de Rose. Ela sabia que ele
estava ainda agindo em seu estado de alerta máximo, mas
não podia culpá-lo, ainda mais depois do que haviam
passado, pois tudo ainda era muito vívido na memória
deles.

— Então Noam, o que você tinha para me dizer?

Perguntou o Herovrisk ao homem que estava sentado


à sua frente, mas parecia ter um olho na garçonete, o que
fez Rose querer rolar os olhos, a atenção dele se voltou a
Cristian, mas não que estivesse totalmente composto.

— Quase esqueci que a América tem mulheres que


chamam atenção!
— Deixe de ser um cachorro e fale de uma vez porque
estamos aqui...

Cristian falou, então Noam começou a discorrer que o


assunto dele era sobre a tal italiana, ele não poupou
detalhes, na verdade, foi tão descritivo que Cristian
percebeu Rose virar o rosto algumas vezes, ouviu ele falar
sobre o desejo implacável de Beatrice capturar Conegon
por causa do envolvimento dele no assassinato de Pietro
Bertinelli, o pai dela, ao que tudo indicava ele tinha sido o
informante do falecido Evanoff, ex-líder de uma máfia
dizimada, que com toda certeza tinha sido obra dos
italianos, por isso eles tinham chegado à conclusão que
muitas mortes de russos do alto escalão das máfias, até
então desconhecidas, haviam sido obra de Beatrice
Bertinelli. Conegon parecia ter sido o único que faltava para
a italiana vingar a morte do seu pai, mas o que deixou
Cristian curioso foi o fato do seu pai ter entregado um
homem que abriu mão do comando máfia italiana para o
irmão mais novo, que era o atual chefe, Lorenzo.

— Algum interesse ele tinha em ir atrás do pai dela...


— Disse Noam. — E a italiana disse algo sobre eles terem
uma vida, em meio à tortura!

— Beatrice devia ser só uma criança quando tudo


aconteceu, não posso imaginar alguém crescendo com
todo esse ódio, talvez isso explique porque ela é tão letal.

Rose disse e os dois homens concordaram


silenciosos, até Noam se pronunciar de novo:
— O que eu vou dizer não é legal, mas como Cristian
conta tudo a você Rose, é melhor que saiba junto dele
também. — Ele esperou a permissão de Cristian, que deu
um acenou positivo. — Beatrice não só torturou o
Conegon, mas saiu da mansão Michael levando a cabeça
dele em um saco de lixo, encontramos o corpo dele em
chamas dentro de uma banheira em um dos quartos!

O Herovrisk não demonstrou nada, na verdade, ele


nem sentiu. Conegon foi um homem que passou a vida
toda tramando, e terminou de um jeito pior que um animal.
Cristian sentiu o olhar preocupado de Rose sobre ele, a
mão dela cobriu a dele, apertando em sinal de apoio. Ela
estava chocada com a brutalidade dos atos da italiana,
mas estava longe de julgá-la, no mundo em que viviam
aquela era a última coisa que podia fazer, todos tinham
suas sombras.

— Eu estou bem! — Cristian disse a ela puxando sua


mão e beijando o dorso.

— Bom! — Noam falou chamando a atenção. — Era


isso que eu tinha a dizer, achei que eu devia deixar vocês
bem informados.

O casal concordou, depois dessa notícia nenhum


deles queria falar mais sobre esse assunto, por isso pouco
tempo estavam fora do café se despedindo e ouvindo
Noam dizer algo sobre ir atrás de uma bela e disposta
mulher, Rose bufou, mas tinha um estranho senso de
camaradagem com a figura agora, já Cristian fechou a cara
para o amigo. Eles se separaram, o casal seguiu para o
seu carro, mas pararam ao ver a figura encostada no
veículo sem qualquer preocupação, era Beatrice Bertinelli,
que conseguia ser totalmente fiel ao seu título de anjo da
morte sem nem abrir os lábios, ou qualquer gesto, apenas
os olhos azuis dela davam a dimensão da sua imponência,
pensou Rose.

— Imagino que o projeto de mafioso estava


discorrendo sobre os acontecimentos que presenciou?

— Ela está falando do Noam?

Rose perguntou erguendo o rosto para fitar Cristian,


que mesmo vendo que a italiana parecia longe de atacar
puxou sua esposa mais para o lado, cobrindo-a com seu
corpo.

— Sim. — Respondeu sem tirar os olhos de Beatrice.


— Sabia que ainda veria você!

Ele disse, mas foi distraído pelo apertou de Rose em


seu braço, como se chamasse sua atenção, então sem sua
permissão, ela saiu da mínima área de proteção que ele
tinha criado e foi até Beatrice, Cristian ainda tentou travá-
la, segurando seu braço, mais só ganhou um olhar de
exasperação.

— Está tudo bem. — Ela o olhou e depois para a


italiana. — Não está?

— Não vejo porque não!


A italiana disse indiferente, Rose olhou mais uma vez
ao marido vendo sua carranca se aprofundar, sua postura
ficar tensa, porém deixou isso de lado por um momento,
pois voltaria para seus braços logo, e então se voltou para
Beatrice que não entregava nada em sua expressão, só
tinha uma sobrancelha levemente içada.

— Quero agradecer você por tudo que fez Beatrice,


talvez eu não estivesse aqui...

A mulher não alterou sua expressão, mas desviou os


olhos para Cristian, depois para Rose novamente.

— Não fiz por você, tínhamos objetivos, que...

— Só conviva com o fato que me salvou e aceite. —


Rose a cortou sem hesitação. — Eu sei que você podia ter
pegado Conegon sem ajudar Cristian!

A italiana soltou suspiro em exasperação, ouviu


Cristian rir baixo atrás da esposa, só para puxá-la contra
seu corpo, suas mãos enrolando-se nas dela em cima da
sua barriga.

— Agora entendo porque está domesticado russo. —


Beatrice disse e fez o homem sorrir mais uma vez, Rose
não pode evitar também. — Que seja, mas acabamos por
aqui, não pretendendo me envolver com nenhum russo,
nunca mais!

Ela disse com a sua voz modulada cheia de si, Rose


rolou os olhos, Cristian apenas concordou, ele sabia que
iam terminar dessa forma, a última coisa que queria
também era ter de lidar com ela novamente.

— Nem eu pretendo vê-la novamente Srta. Bertinelli,


mas preciso que me esclareça algo!

A mulher saiu de perto do carro e encarou o casal


abraçado a sua frente, era a cena uma cena muito piegas
para o seu gosto, porém não podia discordar que
combinava muito bem para aqueles dois. Ela levantou mais
o queixo em arrogância silenciosa.

— Sempre curioso demais russo, mas sua sorte é que


eu ainda tenho dois minutos.

Rose não podia dizer que adorava a forma com que a


mulher falava com seu marido, mas não podia discordar
que era engraçado, quando não havia perigo, é claro.

— Porque meu pai entregou o seu se ele não tinha


qualquer envolvimento com a máfia?

A postura da mulher mudou quase de forma


imperceptível, mas seu rosto não alterou nenhum
milímetro, ela pareceu pensar sobre responder ao não,
mas se decidiu rapidamente.

— O que você faria se alguém entregasse Rose para


casar com outro homem e você fosse um invejoso? — Ela
indagou dando de ombros, continuando. — E sendo que
ainda tinha mais um pretendente igualmente insatisfeito e
tão mais invejoso quanto?
O Herovrisk fez a ligações dos fatos sem muito
esforço, conhecia a mente do seu pai e entendia o que
Beatrice estava expondo de maneira tão banal. Já Rose
tomou conta da situação ficando fria diante da sórdida
história que começava a se moldar, Beatrice deu um olhar
de "é isso mesmo" para o casal.

— O primeiro invejoso era o Conegon, e o outro


pretendente era Evanoff, eles se juntaram e então
resolveram chamar mais alguns “amigos” poderosos para
caçar e matar seu pai!

Disse Cristian e a mulher deu um sorriso frio


balançando a cabeça levemente em concordância.

— Agora você já sabe por que matei seu pai, ele


matou o meu porque não conseguiu ter a mulher que
queria. — Totalmente metódica ela mudou seu tom. — Bom
nosso tempo acabou, agora que satisfiz a curiosidade de
vocês, até nunca mais casal Herovrisk!

Sem esperar despedidas ela deu as costas e pôs as


mãos dentro do casaco negro, caminhando pela calçada,
não demorou muito para ela de repente sumir em meio às
pessoas que andavam por ali, sumiu como se nem fosse
real. Cristian abraçou Rose beijando seu cabelo, ela se
apertou contra ele pondo um beijo no seu peito, e então
procurou seus olhos escuros, vendo carinho ali.

— Conegon usou o tal Evanoff, que também queria a


mãe dela, para matar o pai de Beatrice, pelo visto ele
achou que não teria problemas com a máfia se estivesse
escondido nas sombras. — Cristian concordou, e ela
continuou. — Até nisso ele foi covarde, agora porque ele
queria a mãe dela? Será a amava ou era apenas
ressentimento de não conseguir o que queria?

O Herovrisk beijou o rosto de Rose mais uma vez, ele


amava sua esposa, tão profundamente e entendia que
esse tipo de sentimento não era algo que Conegon
pudesse sentir.

— Duvido muito que fosse amor, pelo que vemos da


aparência de Beatrice, ela não deve divergir da mãe,
Conegon no mínimo a queria por isso, por simples vaidade,
ele sempre teve tudo que quis, por bem ou por mal!

Rose acariciou o rosto do marido, era triste que


tivesse demorado tanto tempo para entrar na vida dele,
ainda não sabia tudo pelo que ele havia passado, mas
pelos últimos meses ao lado de Conegon, soube que foi
um inferno.

— Mas agora acabou, finalmente, acho que todos nós


tivemos nosso encerramento com a morte dele. — Ela
disse. — Agora me beije e deixe-me tonta, quero esquecer
tudo isso!

— Como quiser meu anjo!

Cristian sorriu e abraçou mais o corpo curvilíneo da


sua mulher, puxou o rosto dela para si, capturando seus
lábios, ela gemeu ao sentir a quentura dele contra sua
boca, o envolveu mordendo-o e sentiu ele a segurar firme,
aprofundando o beijo, foi algo carnal, apaixonado, vindo
dos dois na mesma intensidade.
И·И

O hotel era confortável, porém Rose não queria passar


muito tempo ali, já estava há dois dias, Cristian a deixou
dizendo que tinha alguns assuntos da empresa para
resolver, mas prometeu não demorar, mas isso tinha sido
há um bom tempo e ela começava a se preocupar. Ela
estava na cama quando ouviu um barulho no corredor e
antes que pudesse se levantar a porta do seu quarto se
abriu, uma enxurrada de rostos conhecidos surgiu. Sua
mãe, irmã e seu pai, com uma cara preocupada, mal houve
tempo de se erguer, na verdade, foi coberta por abraços e
beijos, muitos beijos.

— Mãe! Sacha!

— Não viemos antes porque seu pai escondeu seu


sequestro de nós minha filha!

— Mas então assim que ele se dignou a falar voamos


para cá, você tá bem? — Sacha perguntou e Rose sorriu
no meio delas.

— Sim, eu estou muito bem!

Ela conseguiu se sentar e olhou para seu pai ainda no


meio do quarto, com as mãos nos bolsos da calça,
parecendo meio deslocado, ele se aproximou lentamente e
então se sentou a sua frente, sem jeito a puxou em um
abraço e então ela ouviu o seu pai chorar, ficou sem ação.

— Filha, eu achei que... — Rose abraçou seu pai. —


Ah filha, eu amo você!

Ela havia esquecido a sensação de como era bom


estar nos braços do seu pai e ouvir que a amava, talvez a
última vez que tivesse ouvido aquilo e o abraçado daquele
jeito foi quando era uma criança, mas nesse momento isso
não importava, depois de tudo, isso podia ser deixado no
passado.

— Eu também te amo pai...

O Herovrisk observou a esposa feliz, com a sua


família que hoje era dele também, sorriu e deixou-os ali,
era um momento que não devia ser atrapalhado e ele tinha
outras coisas para preparar, trazer os Volkov para Rose
tinha sido só o primeiro presente.
И·И

Cristian e Rose haviam acabado de sair do hospital


depois da visita a Franco. Estava há uma semana em Nova
Iorque, sua família também, e seguiam uma rotina
tranquila, mas muito entediante.

— Cristian quando você vai parar de ser um tirano e


me deixar sair do hotel, e não para ir ao hospital?

— Tirano? — O homem tirou os olhos rapidamente do


tráfego e a olhou com um semblante debochado.
— Sim tirano...

Ele desviou os olhos com um sorriso, então parou o


carro quando o sinal ficou vermelho, nesse momento voltou
a encará-la. Rose sentiu algo quente em seu olhar e logo
essa sensação se alastrou para o seu corpo quando
Cristian pôs a mão em sua coxa e subiu para dentro do seu
vestido, ela tragou uma respiração profunda e fechou suas
pernas, mas ele continuou com seu ataque.

— Sabe, pensei que os seus gemidos, que tem


preenchidos nossos dias, fosse uma demonstração do seu
agrado comigo e não que me achasse um tirano!

Rose não pode resisti quando ele abaixou o rosto até


a curva do seu pescoço e deu uma leve mordida, a mão
dele avançou até sua calcinha e encontrou seu sexo, um
gemido escapou pelos seus lábios.

— Sim, eu me agrado de fazer amor em cada canto


daquele apartamento, mas isso não quer dizer que não
seja um tirano, gostoso, mas tirano!

Ele riu contra seu pescoço dela e de repente deixou


um dedo invadir a intimidade de Rose, começando um vai
e vem vagaroso.

— Cristian, o sinal... — Disse a mulher sôfrega com o


ataque dele, ela gemeu de novo e ganhou um gemido dele
em troca.
— Maldito sinal, não me deixa nem fazer minha
mulher gozar, você está ficando cada vez mais molhada
anjo.

Rose sentia-se quente demais e permitindo cada vez


mais o ataque do homem, ele lambeu seu pescoço, e o
movimento teve contato direto com seu sexo, que teve
outro dedo dele como companhia.

— Ah... Vai... Vai abrir Cristian...

— Abrir o que? — Perguntou o homem louco para


poder tocar mais do corpo da sua esposa.

— O sinal... Droga!

A mulher gemeu quando ele a chupou seu pescoço e


intensificou seus movimentos entre suas pernas, uma dor
deliciosa se espalhou pelo seu ventre, porém o homem se
afastou com um sorriso maldoso e pôs o carro de volta no
tráfego. Não antes de chupar seus dedos olhando-a de
forma crua e sexy. Rose arfou com o gesto, mas ele
simplesmente voltou a dirigir, como se não houvesse feito
nada, apenas comentou com a voz rouca, a única coisa
que demonstrava que estava afetado.

— Já disse que adoro como você fica ofegante e


corada?

Rose soltou o ar de seus pulmões e desviou os olhos


dele, a visão do homem chupando seus dedos a deixou,
encharcada, frustrada por não continuar, se mexeu
incomodada na cadeira e escutou o sorriso do marido.

— Você é tão mal...

Cristian queria dar tudo que eles dois queriam, mas


ainda não podia, porém estava pensado em algo para eles
em breve.

— Não pense que eu não estou totalmente duro por


você meu anjo!

Foi a sua vez de sorrir perversa, mas quando foi levar


a mão para tocá-lo, ela foi travada, e o encarou de modo
travesso.

— Que?

— Por mais que eu queira isso, vamos parar aqui, pois


eu preciso andar, se você me tocar estou perdido.

Rose sorriu, mas ficou um pouco confusa, não sabia


por que estavam parando em frente a um belíssimo prédio,
sabia que estavam por perto do [27]Central Park, bem longe
do hotel que eles ficaram hospedados.

— Porque estamos parando aqui?

Perguntou ela e não obteve resposta, pois o homem


saiu do carro, só lhe deu um sorriso. A mulher ainda estava
se acostumando com o lado sorridente dele, era de tirar o
fôlego. Assim que abriu a porta ela saiu e logo tinha ele
envolvendo sua mão a levando para dentro, percebeu que
era um hall de uma portaria.

— Cristian...

— Calma meu anjo, não seja tão curiosa!

Ele acenou a um segurança e foi em direção ao


elevador, não demorou estavam lá dentro e a mulher viu o
marido apertar o botão para a cobertura, olhou para ele
com curiosidade, envolveu seus braços na sua cintura,
beijando-o rapidamente.

— Está me levando para ter um ótimo sexo na


cobertura Sr. Herovrisk?

O homem gargalhou e deu um beijo nela, envolvendo


sua cintura também.

— Quando você se tornou tão insaciável meu anjo?

— Mmmm... Acho que desde que te conheci meu


amor!

Antes que ela pudesse beijá-lo a porta do elevador se


abriu, eles entraram em um corredor iluminado e clean, que
ia em direção a uma porta de mogno. Rose só viu a chave
na mão de Cristian quando ele foi para abrir o local, ela o
olhou com um sorriso de canto. Eles não falaram nada,
somente seguiram para entrar em um belo apartamento
todo iluminado pelas luzes da manhã ensolarada, tinha
muito vidro, janelas bem grandes, varanda nas duas
laterais que se união, Rose se desprendeu do marido e foi
mais para dentro daquele belo lugar, encantada.

Era tão lindo, mesmo que não estivesse mobiliado,


não deixava de ser incrível. Tinha claramente dois andares
e os arquitetos deviam ter se prendido a opção de usar o
máximo a luz natural, ela pode ver que da sala de estar,
havia uma vista para toda a cidade, o parque, sem falar em
uma parte recolhida onde tinha a piscina e uma área verde,
parecia um lugar perfeito, chamando por vida. O Herovrisk
se aproximou, indo até o meio da sala com ela, vendo-a
observar tudo, de repente os olhos azuis da sua esposa
estavam focados nele com vivacidade e uma clara
indicação de curiosidade, ele esperou que ela fosse a
primeira a falar.

— Esse apartamento é mais um investimento seu? —


Ela arqueou a sobrancelha e viu o marido se aproximar
mais, seus olhos pareciam carregados de expectativa.

— Digamos que sim, mas tudo depende de você, só


de você meu anjo.

Seu tom foi sério, porém parecia que estava no fundo


se divertindo, Rose cruzou os braços e semicerrou os
olhos, começou a ficar desconfiada.

— Seja claro Herovrisk, sou uma mulher grávida sem


paciência para rodeios!

O sorriso dele foi aterrador, tão lindo que Rose não


pode se manter séria, ele se aproximou acariciando sua
bochecha, logo pondo um mexa do seu cabelo atrás da
orelha, com um semblante apaixonado.

— Eu pensei bastante nos últimos dias, você não


parece gostar muito da Rússia, e eu sinceramente não
quero mais estar lá, ficaria louco a cada saída sua, aquele
lugar não trás boas lembranças... — O coração de Rose se
apertou em antecipação antes dele continuar. — Então se
você quiser, eu posso transferir a sede da empresa para
um novo prédio aqui em Nova Iorque, mudar seu atelier e
comprar essa cobertura para morarmos com nosso bebê,
me disseram que o parque é seguro para passeios com
crianças, tem espaços para famílias...

Lágrimas salpicaram nos olhos de Rose, Cristian tinha


pensado em tudo até na localização do parque para eles,
estava falando em família, crianças, mais de uma. Ela
pegou o rosto dele e puxou para si encarando seus olhos
negros.

— Você realmente fala sério não é?

— Absolutamente, você aceita ser feliz comigo aqui


Sra. Herovrisk? — Ele sorriu cheio de carinho.

— Sim, sim, sim... Para sempre sim!

Rose o beijou seguidas vezes e ele a pegou no colo


girando-os naquele espaço. A felicidade não parecia caber
em nenhum deles, Cristian a pôs no chão, mas ainda
manteve seu rosto infiltrado contra o pescoço dela, mordeu
levemente antes de deixar seus lábios resvalarem contra o
ouvido dela.

— Seu aniversário está chegando, tome essa


cobertura como um presente de adiantando...

Rose se afastou para ver o semblante satisfeito do


homem, ele semicerrou os olhos, ela nunca havia dito a
data do seu aniversário e mesmo assim seu marido sabia.

— É irrelevante, mas você deveria me perguntar, pelo


menos por educação o dia do meu aniversário e não revirar
seus relatórios.

O Herovrisk riu abertamente e beijou o queixo bem


esculpido da sua mulher.

— Desculpe é à força do hábito, não se preocupe, ano


que vem eu finjo que esqueci e aí você terá de me lembrar!

— Engraçadinho! — Ela rolou os olhos, mas riu e


bateu em seu ombro. — Obrigado pelo presente adiantado,
eu amei realmente esse lugar!

Beijou os lábios dele, sugando para si o lábio inferior,


mas então o soltou sorrindo, Cristian fingiu uma carranca.

— Acho que quero um agradecimento com mais


empenho...

A mulher semicerrou os olhos para o sorriso pervertido


e lindo que seu marido lhe concedeu, sentiu a mão dele
subir para a o zíper do seu vestido nas suas costas.

— Mais empenho? — Seu vestido foi aberto e o olhar


do homem só se tornou mais ardente. — E o que seria
isso?

— Mmmm... Você com menos roupa para começar!

Quando o material caiu aos pés dela, revelando Rose


apenas com um sutiã de renda preta e calcinha,
contrastando com a pele branca, só serviu para deixar
Cristian admirado, ele se afastou um pouco sem nunca tirar
os olhos dela, puxou o seu blazer e começou a abrir os
botões da camisa cinza.

— Apreciando a vista, Sr. Herovrisk?

— Sim, sempre foi uma fantasia te ver quase sem


nada e saltos altos.

— Você é um safado!

Ela sorriu mordendo um lábio em seguida. Cristian


ficou livre da camisa e Rose adorou ver seu corpo definido,
ele era lindo.

— Sim, mas o seu safado... — Acrescentou ele se


aproximando como um predador, a mulher arfou ao sentir
as mãos dele em sua cintura.

— Eu te amo!
Disse ela e ele a beijou de um jeito doce, seus dedos
acariciavam sua pele deixando um rastro quente, então ele
a olhou com uma potência que fez seus joelhos tremerem e
seu coração fraquejar.

— Eu também te amo Rose, cada e mísero pedaço


seu, eu amo! — Ele segurou o rosto dela. — Você e essa
criança são a razão da minha existência, agora, hoje e para
sempre!

Rose e Cristian assim se entregaram mais uma vez


um ao outro, mas como todas às vezes, sempre parecia à
primeira, muito além de qualquer coisa que um dia tiveram,
porque agora tinham encontrado o que muitos passavam a
vida toda procurando e não encontram; Amor incondicional.

И·И

Rosely e Lorna observavam as pessoas no seu jardim,


era uma tarde de sol como nenhuma outra, tinha dado
sorte esse ano.

— Nunca pude te agradecer realmente por ter cuidado


de Rose... — Disse a matriarca Volkov à outra mulher que
tirou os olhos das pessoas no jardim para encará-la.

— Você não precisa!

— Sim preciso, hoje só estamos aqui reunidos porque


sua família protegeu Rose das investidas de levarem ela de
volta a Rússia!
Lorna pensou um pouco sobre isso, porém mesmo
assim não achava que merecia um agradecimento, amava
Rose tanto quanto a mãe dela. Olhou novamente ao seu
marido conversando com Iuri, viu sua filha contar algo a
Sacha que a fez rir e então avistou o casal Herovrisk
sorrindo um ao outro enquanto Cristian tirava flores com
Rose.

— Talvez tenha razão, mas o que realmente importa é


a felicidade de todos aqui, o passado é para ser deixado
para trás, não importa mais, eu fico feliz de hoje estarmos
reunidos aqui!

— Você é sábia, entendo porque Rose gosta tanto de


você. — Rosely pegou sua mão de Lorna com carinho.

— Oh não me deixe boba...

As duas riram, e o casal Herovrisk olhou para ver as


duas se entendendo, Rose pensou que era muito bom ter
todas as suas famílias reunidas, ela tirou outra rosa e deu
ao marido para segurar.

— Tem certeza que vamos anunciar amanhã no meu


aniversário sobre a gravidez?

O Herovrisk mexeu nas rosas pondo-se juntas


meticulosamente, acabava que já tinham flores suficientes
para os arranjos que Rose queria, e então ele a olhou, logo
a puxou da ficar de pé, aproximou seu rosto do dela
deixando um beijo casto.
— Sim, já está na hora, daqui a pouco não vai mais
poder esconder com suas roupas a barrigada meu anjo,
também acho que é o momento ideal, além do mais, não
passa de uma questão de tempo para Louise perceber e
contar para todo mundo, ela já está fazendo perguntas
sobre você não beber e enjoar com torta de limão!

Rose levantou os olhos em desgosto só por ouvir falar


as palavras: “torta de limão”.

— Deus, nem me fale dessa torta maldita!

Ela ficou horas tentando se recuperar do seu ataque


de enjoos, Cristian teve que ser muito paciente, Rose
quase sentiu pena dele, só quase, pois ele vinha a
deixando totalmente maluca, tudo para ele podia prejudicar
o bebê, até ela sair da cama descalça, o que era ridículo,
ela já tinha dito que bateria nele se piorasse com seus
excessos de preocupação à medida que a gravidez
avançasse.

— Não está mais aqui quem falou, agora vamos, o sol


pode fazer mal.

Rose bufou, ele fez cara feia, sendo assim ela desistiu
de uma discussão e rumou para algum lugar onde o toque
compulsivo de proteção do marido se acalmasse, Cristian
sorriu satisfeito e Rose teve que dizer, no fundo era até
bonitinho as várias formas que ele demonstrava amar o
bebê e ela, seu amor era como ele, sem igual.

И·И
Rose terminou de fechar a abotoadura do salto então
se levantou para olhar-se no espelho do closet. Estava
apenas com um sutiã e calcinha creme rendada, admirou
sua barriga saliente, sorrindo com o pensamento que logo
teria seu bebê no colo, era louco como perdia tempo e
mais tempo olhando para sua barriga e imaginando como
seria seu filho ou filha, não importava mesmo o que fosse,
pois só o queria logo. Ela de repente se sentiu observada,
viu Cristian parado na porta do closet, encostado lá
displicentemente, porém parecia um modelo, o homem
estava vestindo seu casaco listrado marinho, com uma
camisa branca aberta e jeans, era totalmente maravilhoso
e seu, e coração dela se regozijava com o fato.

— Gosta do que ver meu marido?

Perguntou ela quase inocente e ele sorriu


abertamente, Rose ainda tinha dificuldade em lidar com
todos esses sorrisos que o marido dava ao seu redor,
parecia ter rejuvenescido anos nas últimas semanas, a
áurea normalmente pesada e escura que pendia sobre ele
tinha sumido.

— Claro que sim minha esposa, gosto muito,


principalmente vendo meu filho crescer aí!

Cristian andou até a mulher mais linda do mundo, a


mãe do seu filho, o amor da sua vida, sua amada e
enlouquecedora Rose, assim que chegou a sua frente se
abaixou e beijou a barriga dela, o ato fez sua esposa
suspirar contente.
— Sabe que vou ficar imensa daqui a pouco tempo
não sabe?

O homem sorriu e se levantou pegando o rosto da


esposa entre suas mãos, e a beijou castamente seus lábios
só para encará-la novamente.

— Sim, e vai ficar maravilhosa, tenho certeza. — Ele


lhe deu mais um beijo. — Vou amar as mudanças do seu
corpo, sei disso também!

Ela o envolveu quando se beijaram de novo, de um


jeito calmo e doce, tinham sido assim seus beijos, todos
apreciativos, totalmente apaixonados, Rose suspirou
perdida na sua felicidade nos braços daquele homem que
fazia dos seus dias os melhores da sua vida, amava-o mais
do que um dia achou capaz amar alguém.

— Mmmm... Amor, se continuarmos com isso vou


querer estar na cama em breve, mas tenho convidados
para receber!

Cristian a abraçou mais forte, ao a ouvir dizer aquilo,


tudo que queria era fazer amor com ela, porém tinha que
seguir seus planos, deixou seus lábios descerem pela sua
mandíbula, indo até seu pescoço onde fuçou.

— Sua mãe está recebendo-os e claro, Louise!

Ele se afastou e encarou os belos olhos azuis


divertidos, beijou seu queixo ganhando um sorriso dela.
— Me ajuda a fechar meu vestido?

— Eu preferia tirá-lo!

Rose jogou a cabeça para trás sorrindo, deixou sua


garganta exposta, ganhou um beijo seguindo uma mordida
leve, então encarou os olhos ardentes de Cristian.

— Não me tente, agora vamos, me ajude!

Ele sorriu maliciosamente, mas concordou, Rose


suspirou, nunca ia se cansar daquele jeito maldoso dele.

И·И

Somente os amigos de Rose estavam na festa de


aniversário na casa dos Hamptons, Cristian havia insistido
para ser na casa, preparou carros e helicópteros tão
rapidamente que deixou a mulher um pouco desconfiada,
mas isso logo passou quando Louise e ela se perderam em
meio à preparação da festa. Rosely e Sacha, cuidaram da
parte da comida, já que Rose não quis se meter nisso, ela
tinha medo de ter enjoos e isso lhe entregar antes da hora
de contar da gravidez, sua mãe estava ajudando esconder
o segredinho, mas não podia fazer milagre.

As últimas semanas tinham sido tomadas por


mudanças radicais, a Cristian também, Rose vinha
conhecendo todos os males que ele passou, era sofrido,
mas ela precisava daquilo, assim como ele. Agora que
residiam em Nova Iorque, com a sede das empresas "H"
transferida também, assim como o atelier dela, tinha Louise
como sua parceira de negócios. Tudo parecia mais leve, o
clima havia mudado, talvez fosse verdadeira a aquela
sentença de que as coisas pioram muito antes de melhorar,
depois de tudo que passaram, agora vinham vivendo um
sonho, algo que nem Rose ou Cristian podiam ter
imaginado.

A mulher olhou para sua casa cheia, seu marido


conversando com seu pai. E Iuri era outro que estava
diferente, talvez fosse pelo fato de que tinha sido exigido
pela italiana a sua desvinculação dos seus negócios
ilegais, tudo para terminar a guerra, ele aceitou, e Rose
ficou feliz, isso significava que ele não estava mais vivendo
uma vida que tanto foi desaprovada por ela, que agora toda
a sua família toda estava segura. No fundo ela pensava
que devia muito ao tal "Anjo da Morte", a italiana ou
simplesmente Beatrice Bertinelli, ela tinha muitos nomes,
porém para Rose era só uma mulher forte, perigosa, mas
que tinha tido um começo difícil, ela esperava que um dia
pudesse vê-la agradecer de novo pelas mudanças que
provocou.

— Aqui está a mulher mais linda da festa...

Ela se virou para ver Noam atrás dela com um


presente esvoaçante na sua mão, sorriu para ele.

— Sempre cafajeste!

Foi até ele e abraçou, o homem sorriu enquanto a


envolveu amigavelmente, depois de tudo tinham começado
a se dar bem.

— Bem algumas coisas não mudam como a cara feia


do babão Herovrisk do outro lado da sala... — Disse Noam
se afastando divertido. — É melhor eu manter distância!

Rose olhou para ver seu marido do outro lado da sala


olhando carrancudo, quis rolar os olhos, ele continuava um
poço de ciúmes, era tão possessivo, mas no fundo Rose
gostava, ela olhou para o amigo do marido, e agora seu.

— Fico feliz que tenha conseguido aparecer, como


está a Rússia?

Ele bufou e pegou uma uva da mesa de comida,


jogando na boca sem dificuldade.

— Fria, sem graça e escura. — Ele fez bico. — Deus,


eu posso morar com vocês?

— Desculpe, mas não, eu não suportaria suas orgias!

Os dois riram e então alguém chegou, Rose viu que


era Louise, também percebeu o olhar de cobiça de Noam
cair na amiga dela, que estava em um vestido floral que a
deixava incrível. Rose quis sacudir a cabeça em desgosto,
o homem com certeza ia atrás da amiga dela e Louise
provavelmente ia gostar.

— Rô onde tem...
A frase morreu nos lábios vermelhos de Louise ao ver
o homem alto e loiro conversando com a amiga, ele sorriu
para ela de forma sedutora, e ela quase viu uma placa
escrita: "PROBLEMAS!" na testa dele, mas quem disse que
seu bom senso ligou.

— Oi!

Disse Noam encantado com a figura feminina, que


tinha os belos cabelos vermelhos presos em um coque,
expondo seu pescoço alvo, ela era definitivamente uma
coisa linda e fascinante com aqueles olhos verdes vividos,
parecia tão delicada.

— Olá...

Louise respondeu. Rose olhou para os dois e quis


gemer em frustração, ela soube que ia ter sua melhor
amiga com um pote de sorvete, em seu sofá na cobertura
nova, dentro de dias se não acabasse com aquele joguinho
agora. Louise se apaixonava facilmente e se jogava de
cabeça, fosse o “lago” raso ou fundo, por isso sempre se
machucava, só que com Noam seria ainda pior, ele era um
caçador e estava envolvido com um mundo a qual Rose
não queria ninguém que amava envolvida.

— Eu sou Noam, prazer em te conhecer... — Ele


sorriu para a ruiva. — Quem é a mulher mais linda da
festa?

Ele disse estendendo a mão para a ruiva, só que foi


travado quando Rose entrou na sua frente com uma cara
de poucos amigos.

— Sem esse papo furado Noam, procure sua turma


agora!

Louise cutucou a amiga, queria falar com o carinha,


mas pelo visto ia ser barrada, ela soltou um som
exasperado rolando os olhos, Rose já tinha tirado ela de
vários "barcas furadas", porém dessa vez não queria, ficou
quase de quatro pelo tal Noam, ele realmente parecia
gostoso e totalmente sensual.

— Tudo bem! — Disse o homem e olhou para amiga


dela. — Adorei conhece-la bela ruiva...

— É Louise, mas bela ruiva funciona!

Os dois sorriam um para o outro, mas então ele se foi,


Rose encarou a amiga em seguida.

— Ele não presta, eu aviso logo, se quiser ir em frente


é por conta e risco seu, estamos entendidas?

— Só uns beijinhos não iam tirar pedaço... —A amiga


rolou os olhos e fez beicinho.

— Como se você fosse ficar satisfeita apenas com


isso...

Louise sorriu abertamente, sim não ia querer ficar só


nos beijos com aquele deus grego.
— E qual um problema de um sexo casual?

Rose rolou os olhos e sabia que ela não ia ficar


satisfeita com tão pouco, nem Noam que era um cachorro
de primeira, e sexo casual não era a de Louise apesar dela
dizer que sim, ela queria alguém romanticamente, só não
gostava de admitir, tinha herdado do pai o espirito
romântico mais preferia morrer a dizer aquilo em voz alta.

— Você ia querer mais de uma noite e eu sei, nós


duas sabemos, que você é gulosa. — Rose soou bem
séria. — Bom, foi avisada, ele não é o mais indicado para
suas aventuras!

— Para as sexuais sim! — Piscou Louise e Rose


levantou as mãos rolando os olhos desistindo, sua amiga
realmente era louca.

И·И

Cristian estava nervoso, sim ele admitia, e somente


uma pessoa o deixava assim, sua Rose. Hoje era um dia
especial, mas que isso, era o aniversário dela e claro era o
dia em que contariam sobre seu pequeno segredo, a
gravidez deles. O homem queria que fosse um dia
memorável, que sua linda esposa não pudesse esquecer,
sorrio para si mesmo, ele queria fazer de todos os dias da
vida deles juntos assim, memorável, ele nunca pensou que
aquele sentimento, que fazia se sentir cheio, pleno, tendo o
coração sempre acelerado e seguido de algo
extremamente prazeroso, pudesse existir. Um Herovrisk
que julgou a sua vida toda que as pessoas que se
deixavam envolver por um sentimento tão eufórico quanto
este não passava de idiotas, hoje vivia isso e era
completamente ciente que se alguém tentasse tirar isso
dele, perderia sua vida tentando. Rose e seu filho eram a
razão da sua vida, de todos os sentimentos bons nele,
sabiam que se os perdesse seria seu fim, porém via que
hoje esse risco era mínimo, ele se cercou de toda a
segurança que tinha e podia oferecer.

— Senhor, tudo certo com o seu presente, já foi


checado e testado.

Franco apareceu ao seu lado falando discretamente,


olhou para o homem que salvou a mulher da sua vida
sorrindo, era bom ter ele de volta a sua equipe de
segurança, mas ainda limitado após a saída do hospital,
porém aquele era o único sujeito a qual Cristian entregaria
a segurança de Rose e o bebê de olhos fechados.

— Fez o abastecimento como eu pedir?

— Sim, ele está pronto e operante. — Comentou com


eficiência.

— E o extra?

Perguntou Cristian querendo ter a certeza que tudo


estava seguro, isso era o mais importante, até mais que a
surpresa para Rose, ele esperava que ela gostasse,
passou dias se debatendo sobre o que dá para ela e então
chegou à conclusão que deveria ser algo que
representasse alguma coisa para eles, principalmente para
ela, queria fazê-la se sentir importante, ver que era tudo na
vida dele, que a amava de todas as formas humanamente
possíveis.

— Está pronto também, se houver algum problema


estará lá.

— Bom. Isso é tudo, obrigada!

— Não foi nada senhor.

Franco se retirou e Cristian olhou para o espaço, com


vários amigos da esposa, procurando pela sua sogra, já
era hora de cantar os parabéns para sua linda esposa, ele
não aguentava mais ter que dividi-la com todas aquelas
pessoas, queria-a só para si, sobre seus cuidados, a ideia
do que faria com ela o deixou ligado, sacudindo a cabeça
para tirar aqueles devaneios, não era hora para isso, então
voltou a vasculhar o ambiente, não teve sinal de Rosely,
mas avistou Sacha ali próxima, foi até ela sem muita
dificuldade, a chamou educadamente.

— Sacha, posso falar com você?

— Sim? — A menina olhou para o cunhado com um


sorriso amigável.

—Pode providenciar a entrada do bolo para os


parabéns da Rose? — Pediu ele com um tom simpático e
Sacha mais uma vez concordou.
— Farei isso agora mesmo! — Disse ela animada para
começar os parabéns, era sua parte preferida nas festas.

— Obrigado.

Agradeceu Cristian já se virando para ir, mas então


sentiu a mão da cunhada em seu braço, se voltou para ela
em busca de saber por que foi parado, ficou
momentaneamente confuso.

— Cristian, eu queria dizer algo para você!

Sacha disse tomando coragem, Cristian sempre a


intimidou muito, até hoje, mesmo parecendo mais sociável,
uma coisa ela tinha que admitir, sua irmã exerceu quase
um milagre sobre o marido, mas no fundo eles mudaram
um ao outro, de uma forma profunda e eterna, isso era
amor.

— Pode falar... — Disse Cristian meramente curioso


para saber o que a menina queria.

— Nunca falamos sobre isso, mas eu fico feliz que


meu pai tenha me empurrado para casar com você!

Ele piscou e ela sorriu ainda mais vendo a confusão


do homem.

— Feliz? — Perguntou confuso, o Herovrisk realmente


não soube o que ela queria dizer.
— Sim, porque só assim minha irmã pode tomar meu
lugar para casar com você, eu vejo o quanto se amam,
mas isso não teria sido possível se eu não tivesse sido
forçada ao casamento, acho que nós dois sabemos que
Rose nunca casaria com você de boa vontade e nem você!

Um sorriso pequeno brotou nos lábios do homem, ele


viu a razão na fala de Sacha Volkov, Rose nunca seria dele
e nem ele dela se não fosse por Iuri ter começado aquela
história tentando forçar um casamento entre eles. Sua
esposa e ele eram tão opostos, dia e noite, e ainda era,
mas nunca iam se aceitar mutualmente se eles se
conhecessem de outra forma. Ele se aproximou da irmã de
sua esposa e deu um beijo na sua testa então se afastou
para encará-la.

— É eu também fico feliz, graças a você eu tenho


Rose, e ela é minha a vida!

A menina sorriu feliz em ouvir aquilo, sentia tom


caloroso, cheio de significados, de Cristian ao falar da sua
irmã.

— Eu vejo!

— Bom, agora eu vou atrás dela, cuide do bolo, conto


com você!

O Herovrisk se virou indo atrás da sua esposa, ele a


queria o quão mais breve possível. Não demorou muito
para ele a encontrar próxima a varanda, conversava
animadamente com aquele amigo, Cristian lembrou seu
nome com certo custo, era o tal Jean. Quis bufar, o homem
a olhava de forma muito calorosa, seu gênio se debatia
sobre lhe ensinar boas maneiras de como se comportar
com Rose, porém controlou-se, não ia dar motivos para
sua mulher se irritar.

— Meu anjo...

Ele chegou a ela, pondo a mão com cuidado na sua


cintura, ganhou um olhar azul por cima do ombro e em
seguida um sorriso que sempre o deixava louco para beijá-
la.

— Oi!

Sua voz era doce, ele quis apartar ela entre seus
braços, mas apenas olhou para o homem a sua frente e
deu a sua melhor forma de expressão simpática, que não
foi totalmente bem sucedido. Rose via a forma possessiva
como ele tomou o espaço, sua presença era imponente e
claro que ela ficou embriagada, era uma das coisas que
adorava nele, a forma como tomava conta de tudo.

— Olá Jean, tudo bem?

A voz de Cristian era impassível, ela passou a mão ao


redor da cintura masculina, viu seu amigo sorrir sem graça
a presença do marido dela.

— Tudo, Sr. Herovrisk, prazer em vê-lo!


Não havia prazer algum, Cristian sabia, mas não
demonstrou nada, apenas deu um sorriso educado.

— Apenas Cristian, agora se me der licença, vou


roubar Rose?

— Claro!

Sem ter muito que dizer o homem concordou. Rose


deu um aceno e um tchau rápido e então logo estava presa
ao seu marido saindo dali, ele circulou sua cintura com um
dos braços enquanto fuçou seu cabelo, deixando um beijo
carinhoso ali.

— Você sempre querendo demarcar território!

— Fui educado, não fui? — Disse o homem se


abstendo da repreensão, a mulher semicerrou os olhos
azuis para ele.

— Sim, mas sabe que não precisa ter ciúmes.

— Ele quer você e eu devo cuidar do que é meu! —


Ele riu e a beijou mais uma vez, Rose rolou os olhos mais
acabou rindo.

— Todos me querem nessa sua cabeça dura,


Cristian... — Rose falou, ele deu de ombros de maneira
inocente.

— Ora, mas todos querem mesmo...


Eles sorriram e só então Rose se deu conta que o
marido a levava para o meio da sala, que tinha sido
transformada quase em um salão de festas, ela olhou para
ele em busca de informação.

— Nós já vamos para o ponto alto da festa? —


Perguntou ela se referindo ao ponto alto, sendo os
parabéns e sua gravidez, principalmente a segunda coisa,
o homem sorriu de forma travessa.

— Oh sim meu anjo!

Rose suspirou quando Cristian parou no meio de


todos clamando a atenção do Dj para parar a música,
sendo assim o silêncio se alastrou e a atenção de todos se
voltaram para eles.

— Bom, já é hora de cantar parabéns a minha linda


esposa, que entre o bolo!

Falou o homem e Louise acompanhada de Sacha,


trazendo um bolo de três andares todo bem decorado,
Rose caiu na gargalhada, sabia que aquele exagero de
bolo, com uma bela vela de vinte e sete anos, era ideia da
sua irmã e amiga. Louise como sempre, chamou os
parabéns, cantou na frente e todos logo foram atrás. Elas
trouxeram o bolo até Rose, assim ficaram ao seu lado e do
de Cristian, já os Volkov's e os Beilor's estavam ali perto,
ao redor, com os olhos turvos de tanta felicidade. Cristian
continuou abraçado a Rose, deixando seu rosto bem
próximo ao seu, cantando baixinho para ela, quando as
palmas e os cantos pararam, Rose agradeceu e então
soprou a vela.

— Oh... Bem, eu não sou muito boa com discursos,


ainda mais agora. — Ela olhou para Cristian e viu o apoiou
dele naqueles olhos escuros. — Eu estou muito feliz e
emotiva, esse ano foi modificador, ganhei tudo que uma
mulher podia querer, hoje além de ser meu aniversário é o
dia que escolhi para contar também, junto de Cristian, que
a família vai crescer, pois eu estou grávida!

Foi maravilhoso de ser vê Iuri Volkov engasgar, a mãe


dela acompanhou com um sorriso e tentou acalmá-lo,
Sacha veio para Rose com um abraço, Cristian se afastou
deixando as irmãs terem seu momento, e viu Louise de
queixo caído pela primeira vez e apenas caiu na
gargalhada, realmente a notícia pegou todos de surpresa.

— Deus Rose, isso é maravilhoso, vou ser titia... Titia!


— A irmã mais nova disse e a outra sorriu concordando.

— Sim, e aposto que vai ser a melhor!

— E eu a melhor madrinha! — Exclamou Louise, indo


abraçar Rose também, que sorriu mais ainda ao ver aquele
olhar aniquilado de surpresa.

— Claro Lou, tem que ser você! — Ela franziu o


cenho. — Mas pelo amor de deus não me ofereça mais
torta de limão até o final da gravidez!
Elas ririam, assim como todos ao redor. Rose viu sua
irmã partir para abraçar Cristian e Lou lhe dar tapinhas nas
costas.

— Parabéns novo papai...

Cristian riu e a abraçou, logo os pais de Rose se


aproximaram do casal, Iuri parecia muito emocionado.

— Querida, seu pai está um pouco embargado. —


Falou Rosely ganhando um sorriso do casal Herovrisk.

— Pare com isso mulher... Eu só... — Iuri olhou para a


filha. — Rose... Minha filha... Hum...

O homem puxou a filha para um abraço apertado, sem


ter o que dizer.

— Pai...

— Você sempre com essa mania de surpreender a


todos, eu estou feliz de ter um neto, mas da próxima vez
me conte em privado criaturinha danada!

— Como quiser papai!

Ela concordou rindo, o Volkov soltou a sua filha mais


velha antes que desse vexame, logo se afastou viu o casal
Beilor's se aproximar, eles abraçaram Rose e Cristian,
dando os parabéns. Lorna tinha lágrimas nos olhos, todos
ali estavam tocados pela notícia, ainda absorviam as
novidades, quando o Herovrisk se pronunciou.
— Bom, agora eu estou sequestrando a Rose, tenho
de lhe entregar seu presente!

Disse ele e Rose o olhou, viu seu olhar escuro


recheado com expectativas. Sorriu e logo eles estavam
sendo liberados, e ela estranhou que o homem estivesse a
tirando da mansão e indo em direção ao píer.

— O que... — Sua fala foi interrompida por ele, que a


pegou nos braços. Rose deu um grito de surpresa.

— Feche os olhos, por favor, não olhe até eu mandar!

O Herovrisk comandou, estava ansioso, por isso a


pegou nos braços para ir mais rápido, sem ter que arrastá-
la, ele a viu semicerrar os olhos, mas então obedeceu
fechando-os.

— O que você está aprontando Cristian?

— Nada que você não vai gostar, pelo menos acredito


nisso!

Rose estava curiosa, queria abrir os olhos, todos os


tipos de coisas passavam pela sua cabeça, mas nenhuma
a prendia, realmente não sabia o que aquele homem
pretendia. Sentiu o vento, escutou o barulho do mar, quase
podia ver a paisagem imaginada em sua mente, então
percebeu que estava sendo colocada de pé novamente.

— Cristian?
— Não abra os olhos, ainda não!

A curiosidade se instalou nela, sentiu que Cristian se


distanciou de seu corpo, pelo menos um pouco.

— Já posso? — Gemeu frustrada. — Não aguento


mais de curiosidade, Cristian!

— Agora!

Assim que ouviu o comando da sua voz ela abriu os


olhos e deu de cara com o veleiro, mas não exatamente foi
aquilo que a deixou imediatamente com lágrimas nos
olhos, foi seu nome. Cristian havia lhe posicionado para
que a primeira coisa que ela visse fosse seu nome escrito
elegantemente em itálico na proa dele. Uma lágrima
desceu e ela sorriu, quando se virou para Cristian ele tinha
um olhar cálido.

— Você deu meu nome a ele... — Sua voz não era


mais que um sussurro incrédulo, chocada da melhor forma,
Cristian sorriu discretamente.

— Sim, você disse uma vez que era algo importante,


então achei que eu devia dar o nome da coisa mais valiosa
que tenho na vida.

Rose foi até ele sorridente, seu coração era mais que
uma coisa pulsante, quase parecia soltar fogos. O
Herovrisk viu a felicidade exposta em seus olhos azuis e
seu peito se aqueceu, ela rodou o homem com seus braços
e beijou toda sua face.

— Eu amei, eu te amo! — Disse ainda o beijando. —


Isso é perfeito, perfeito Cristian!

Seu sorriso tímido dele derreteu seu coração de Rose,


sentiu ele a prender contra seu corpo e então buscar seus
lábios com os seus, e logo a tinha perdida em um beijo
cheio de amor, completamente sedutor, nenhum dos dois
queria que aquele momento acabasse, porém o Herovrisk
ainda tinha algo a dizer, ele se afastou da esposa
minimamente.

— Eu ainda tenho outra coisa para você, na verdade,


é um pedido!

Rose mordeu o lábio, já estava tão feliz e sabia que


aceitaria qualquer coisa que ele pudesse pedir.

— Faça então!

Ele ficou mais sério e então a soltou. Cristian nunca


esteve tão nervoso na vida quanto naquele momento em
que se abaixou a frente dela, ficando com um joelho
apoiado no chão e tirando de dentro do blazer algo. Rose
piscou quando viu algo reluzir entre os dedos dele, um frio
subiu da base da sua coluna até a sua nuca.

— Rose, aceitaria se casar novamente, pelos motivos


certos, com esse homem que antes de você era um ser
vazio, mas que descobriu a vida ao seu lado e que deseja
vorazmente renovar seus votos, afirmar seu amor e sua
promessa de cuidar, protegê-la para todo o sempre?

Ela pôs as mãos nos lábios contendo um soluço do


choro que queria irromper seu peito. Cristian Herovrisk
estava de joelhos a sua frente a pedindo para se casarem,
por amor, o que ela sempre quis na vida estava se
realizando, casar com alguém que a amasse e ela amasse
tão profundamente quanto.

— Sim, mil vezes sim!

A felicidade que Rose sentia não podia ser totalmente


exposta, porque palavras eram pequenas, quase
insignificantes, para descrever o que sentia por estar vendo
Cristian fazer um pedido tão genuinamente lindo. O homem
sorriu apaixonado e levantou-se para pegar a mulher em
seus braços, seu sorriso o enchia de vida e de esperança,
convicção que tudo agora seria melhor para eles.

— Eu te amo Rose! — Eles se beijaram, deixando as


línguas de entrelaçarem em um beijo cheio de amor,
agarrou tornando-o tudo que podia um do outro, o
Herovrisk foi o primeiro a quebrar o beijo. — Deixe-me por
seu novo anel...

Rose sorriu e se afastou do marido e entregou sua


mão de bom grado, avaliou o pequeno elo, era lindo e
elegante, ouro adornado por um diamante, com alguns
quilates a mais que o antigo a qual havia sido perdido, ela
ignorou isso quando encontrou o olhar escuro e sensual
dele.
— Ele é lindo e eu amei!

Sorrio o homem e então a beijou de volta torcendo as


mãos no cabelo dela, enquanto a mantinha cativa a si,
Rose amava a forma como ele a dominava, ela chupou um
lábio dele ganhando um gemido.

— Anjo... — Disse ele em advertência. — O que acha


de dormir no mar hoje?

A mulher quase se abraçou e se sacudiu de tanta


alegria, beijou o homem a sua frente mais uma vez e
sussurrou.

— Eu adoraria, porém não dormir...

O Herovrisk gemeu apertando o corpo dela contra o


seu, aquilo era o paraíso para ele e tudo que podia querer
na vida, beijou o pescoço dela.

— Então vamos logo!

Cristian a beijou e pôs no colo, não perdendo tempo,


Rose sorriu, beijando o rosto dele enquanto subiam no
veleiro e lá dentro viu que tinha sido preparada uma mesa,
cheia de comida, sucos, arrumada romanticamente. Não
teve muito tempo para avaliar porque foi levada para a
cabine do lugar, minutos depois estava de pé à frente de
Cristian, que fechou a porta, partindo para encará-la como
se fosse um banquete que ele queria devorar, seu olhar
escuro estava ardente e a respiração pesada, a dela não
divergia.

— Sabe que você me faz o homem mais feliz do


mundo, não sabe?

Falou ele com a voz rouca, ansioso para ter Rose,


mas queria as coisas devagar, sem pressa, aquela mulher
merecia ser venerada, e o sorriso tímido dela reagiu nele
como choque prazeroso, ele andou ao seu redor, tocando
seus cabelos, adorava aquelas madeixas.

— Você também me faz muito feliz!

— Faço? — Perguntou ele sedutor beijando sua


mandíbula, sua orelha, então chupou seu pescoço
suavemente.

— Oh sim...

Ele sorriu contra sua pele, logo desceu suas mãos


pela cintura dela, seus olhos se encontraram e eles se
beijaram. Um beijo cheio de reverência, excitante, Rose
sentia-se embriagada, chupou seu lábio e ouviu um gemido
duro dele, então sua mão apertou firmemente sua bunda.

— Preciso de você fora desse vestido!

Afirmou Cristian contra os lábios dela, estava difícil se


concentrar em ser gentil com ela tão perto, tão cheirosa e
toda ofegante para ele, saber que tudo isso era só dele o
deixava ainda mais excitado, e sentiu o sorriso dela contra
seus lábios.

— Sou sua, faça o que quiser...

Era tudo que o homem queria ouvir, ele se mexeu ao


redor dela, beijando seu pescoço, então abrindo o zíper do
vestido em suas costas. Rose gemeu quando sentiu o
hálito quente, os lábios macios em contraste com a barba,
descendo contra sua pele, desde a sua nuca, passando por
toda a coluna, até a base, então o tecido caiu aos seus
pés, ela olhou para trás vendo seu marido beijar suas
pernas, acariciar com as pontas dos dedos subindo por
toda a extensão lateral.

— Amo sua pele tão delicada!

Ela sorriu e então em seguida tragou uma respiração,


enquanto ele a beijava. Rose jogou a cabeça para trás com
um gemido, o ato dele, reagiu bem em seu centro feminino.

— Cristian...

Falou ofegante e ele subiu novamente pelo seu corpo,


soltando o sutiã, para então cobrir seus seios, ele brincou
com os mamilos dela, enquanto Rose inclinou o pescoço,
dando acesso para sua boca.

— Tão cheirosa, meu anjo...

A mulher não passava de uma massa mole nas mãos


dele, perdida na sensação dos toques dele, mas isso de
repente mudou quando foi virada e Cristian pegou seu
rosto com as duas mãos, puxando em um beijo duro,
profundo, mostrando seu desejo, toda sua necessidade.
Ele segurou em seus braços para se afirmar, mas então foi
depositada na cama e o homem pegou sua perna,
acariciou, tirando seu sapato, beijou o peito do seu pé, fez
a mesma coisa com o outro.

— Não acha que está muito vestido ainda?

Perguntou Rose se contorcendo na cama quando ele


mordeu sua coxa, ele sorriu e se inclinou sobre ela, pondo
as duas mãos em cada lado da sua cabeça, ficando com o
rosto pairando em cima do seu. O Herovrisk deixou o nariz
descer pelo seu queixo, a mandíbula, até seu lóbulo onde
chupou.

— Se me quer sem roupa eu farei imediatamente!

O homem se afastou e deixou um beijo profundo,


amoroso, Rose suspirou quando ele se afastou e tirou seu
blazer, logo a camisa, em seguida a calça com tudo, foi um
espetáculo ver seu marido ali, sem nada, pronto para ela,
não aguentou ficar apenas deitada, se sentou e o puxou
pela cintura, ficando no nível de seu membro ereto, o
olhando debaixo com um sorriso malicioso, ela envolveu
seu membro rijo, apertando-o.

— Rose, você sabe me deixar maluco!

Seu sorriso foi ainda maior, era bom saber o quanto


afetava aquele magnífico homem, ela começou um
movimento de vai e vem lhe dando prazer.

— Que bom então, vamos ver se posso te fazer perder


o controle!

Ela não deu tempo para Cristian pensar, o envolveu na


sua boca, ele teve que de firmar no chão, sua cabeça caiu
para trás ao sentir a quentura acolhedora de seus lábios,
envolvendo-o, sem qualquer piedade, ela realmente levava
todo seu controle realmente. Segurou seu cabelo dela, que
olhou para ele ali entregue, Cristian sabia que não ia durar
muito tempo se a mulher continuasse, era a visão mais
erótica que podia existir, se afastou dela com certa
dificuldade e viu o olhar azul frustrado.

— Sem reclamação amor, é minha vez de provar você!

Rose arfou quando ele a pegou, puxando sua


calcinha, logo espalhando suas pernas abertas na cama,
então se abaixou em sua frente, ele mordeu a parte interna
das coxas, só para então a atacar com sua boca, ela
gemeu, seu corpo não estava em seu controle, fazia arcos,
mal respirava corretamente, levou a mão até os cabelos
dele, torcendo, puxando para si. Cristian deixou dois dedos
a invadirem, Rose fechou os olhos mordendo os lábios,
eram demais todas as sensações, tão bom que foi jogada
em seu clímax com força, gritou o nome dele e ficou
estagnada na cama, sentiu o corpo masculino cobrir o seu.
Procurou o rosto do marido e puxou para si o beijando sem
qualquer restrição.
— Você é incrível! — Rose disse contra ele e Cristian
sorriu.

— Quero você em cima de mim... — Ele pediu e então


ela o abraçou beijando-o.

— Terá que me colocar em cima de você Sr.


Herovrisk, você me esgotou!

Foi à vez de o homem gemer, então a levou em seus


lábios e puxou para cima do seu corpo, não demorou em
Rose o pegar e guiar para dentro dela, ele fechou os olhos
aproveitando as sensações de estarem unidos.

— Rose meu amor, você é perfeita!

Ela apoiou as mãos no peito dele e mordeu os lábios


enquanto sua cabeça caiu para trás. A sensação era plena
de estar ali, preenchida, cheia dele, o Herovrisk puxou ela
para si, a beijando cheio de paixão, ela devolveu o beijo
com fervor, enquanto lentamente ai e vinha em cima dele.
Gemeu enquanto dava acesso à boca malvada dele que
maltrata a pele sensível de seu pescoço, enquanto uma
das suas mãos apertava-a como se ele procurasse algum
controle, mas isso era a última coisa que os dois tinham, se
perdiam em beijos longos, enquanto o homem se enterrava
profusamente dentro dela.

— Eu te amo... — Sussurrou ela contra ele e o ouviu


gemer, como se aquilo desse mais prazer a ele.

— Eu te amo mais anjo!


Rose adorou e sua boca procurou a dele, só os
gemidos preenchiam o silêncio do lugar, nada passava por
eles, eram como se fossem alinhados ao desejo um do
outro, até os dois chegaram juntos ao ápice.

И·И

Mais tarde, depois de um banho, cheios de carícias, o


casal a vontade, sem roupa, estava deitado na cama. Rose
com a cabeça em cima do peito do marido, ouvindo as
batidas em uma cadência calmante, passou a mão pelo
seu estômago, sentindo-o acariciar sua coluna.

— Isabelle...

Disse o homem e Rose procurou o rosto dele,


confusa, colocou a mão em seu peito para então apoiar
seu queixo, com os olhos semicerrados na sua direção.

— O que? — Perguntou, o sorriso dele foi quente.

— Um nome para nosso bebê, se for menina é claro!

— Por que este? — Agora foi a vez de ela abrir um


enorme sorriso.

— Gosto do nome, eu sempre gostei e eu acho lindo


como você!

Rose rolou os olhos, mas estava divertida, levou a


mão livre até sua mandíbula, acariciando.
— Você me faz muito lisonjeada marido.

— Falo a verdade, tenho a mulher mais linda do


mundo!

— Bom, mas e se for um menino...

— Sugira você...

Disse Cristian satisfeito, ele queria logo conhecer seu


filho com Rose, mas à espera ainda seria grande, então
podiam pelos menos pensar em nomes, viu Rose pensar e
os olhos brilharam.

— Cristopher! — Ela falou, e o coração do Herovrisk


se aqueceu.

— Tem certeza? Lembra muito o meu nome? — Disse


ele divertido e a mulher subiu pelo seu corpo, beijando
seus lábios.

— Claro que lembra, pois eu adoraria um menino com


cabelos escuros, olhos da mesma cor, correndo atrás de
mim...

Cristian sorriu abraçando o corpo dela, a felicidade


realmente existia.

— Esse daí eu deixo correr atrás de você!


Ela gargalhou e bateu de leve em seu peito, mas
então o beijou, mordendo levemente seu lábio inferior,
encarou seus olhos escuros em seguida.

— Estou ansiosa para ter nosso bebê nos braços.

— Eu também Rose, ansioso como nunca estive na


vida.

Eles se beijaram sorrindo mais uma vez, mas então


Cristian se afastou com uma carranca medida.

— Agora falando no bebê, você tem que comer, agora!


Eu abusei demais de você querida.

Rose sorriu maliciosamente enquanto o homem a tirou


de cima dele, para levantar, mordeu um lábio observando o
corpo despido de seu marido.

— Bom, não estou reclamando, se quiser pode abusar


um pouco mais...

O Herovrisk a olhou com uma reprovação fingida, mas


então a puxou da cama, torcendo seu cabelo, enquanto a
beijou com necessidade.

— Mais tarde, quero você forte, tenho muitas ideias


sobre como abusar da sua energia, quando recuperada...

A mulher sorriu e só a menção do que ele poderia


fazer a vida nunca ia ser um marasmo com aquele homem.
И·И

O segundo grito da amiga tinha sido tão alto quanto o


primeiro há algumas semanas atrás, quando Rose contou
que ia renovar seus votos com Cristian, mas agora elas
olhavam para o vestido de casamento de Rose havia
acabado de desenhar.

— Ficou lindo! Perfeito...

Louise dizia, Rose quis se abraçar, sim estava lindo,


pois ela havia passado alguns dias para finalizar se
dedicando totalmente aquilo, sempre tinha uma ideia nova,
até encontrar outra perfeita. Sorriu, lembrando-se da tarde,
da noite e do outro dia inteiro, depois do seu aniversário,
onde ficou no barco com seu marido, recebendo o melhor
tratamento que uma mulher podia ter, foi realmente
maravilhoso.

— Ficou não é?

Comentou Rose e Louise abraçou a amiga, beijando


seu rosto, vendo a felicidade lá, ela parecia radiante, a
cada dia mais.

— Sim, finalmente você realizou seu desejo de


desenhar seu próprio vestido de noiva.

— Estou realmente muito feliz e ansiosa para a hora


do “sim”!
As duas riram juntas, mas então o celular de Rose
tocou, a foto de seu marido piscou junto de seu nome, ela
atendeu no segundo toque.

— Oi amor!

— Oi meu anjo, venha almoçar comigo, estou aqui na


frente da loja e não aceito “não” como resposta! — Disse o
homem do outro lado da linha e Rose quis bufar em
exasperação.

— Cristian, eu disse que estaria ocupada o dia todo,


avisei que ia almoçar no atelier...

— Mas eu quero ver o que você vai comer, é então


melhor que venha comigo!

— Isso está passando dos limites sabia? — Ela soou


indignada. — O filho é meu também, sei o que devo ou não
comer.

— Eu só quero ter certeza que está comendo bem...

— Parece mais com você me achando uma


irresponsável! — Rose disse e ouviu-o praguejar baixinho.

— Você distorce minhas palavras, pode descer logo?


— Ele suspirou de maneira exagerada. — Por favor?

Rose desligou o celular na cara dele, mesmo com o


pedido se tornando mais educado, porém não deixava de
irritá-la, Cristian às vezes parecia que ia enlouquecê-la e
não no bom sentido.

— Deus ele me deixa irada!

— Ainda com os surtos sobre sua alimentação?

Louise perguntou com um sorriso de canto enquanto


digitava algo em seu computador, Rose bufou concordando
e pegando sua bolsa, junto casaco, pois deus a livrasse se
ela aparecesse sem aquele pedaço de pano cobrindo seu
corpo, seu marido faria um inferno dramático.

— Surtos? Ele está alucinado, faz a nossa nova


governanta checar todos os prazos de validade de tudo
que eu como, sem falar no que ele próprio supervisiona.

A amiga da mulher caiu na risada e olhou para ela


sem conseguir disfarçar sua diversão, mesmo vendo a
expressão de sofrimento da outra.

— Isso deve ser porque é pai de primeira viagem, na


segunda gravidez melhora!

Ou piora! Rose quase fez o sinal da cruz, mas gostava


da ideia de um segundo bebê, não tão quanto à
preocupação exacerbada de Cristian.

— Deus faça que sim ou eu juro que vou chutar ele da


minha cama! — Disse Rose saindo do escritório. — Tchau!
Ela ouviu a gargalhada da amiga, não ligou, ela
passou pela recepção se despendido dos outros
funcionários e de Cam, que era agora supervisor da loja,
ela tinha feito ele vim para Nova Iorque com boa parte da
equipe. Quando enfim pôs os pés para fora da local
avistou a Mercedes parado ali, viu Franco se apressar e
abrir a porta, e encontrou seu marido no minuto seguinte e
o sorriso largo dele a fez menos irritada.

— Você está linda!

— Idiota... — Suspirou. — Obrigado!

O Herovrisk foi para ela ainda mais sorridente, não


sentiu nenhuma resistência quando capturou seus lábios
em um beijo saudosista.

— Sim, seu idiota, apaixonado e preocupado com


você.

Ela se afastou olhando-o com um olhar de censura.

— Vai ficar um velho decrépito até o final da minha


gravidez assim, tem que relaxar mais...

O homem a olhou de forma malicioso e então fuçou


em seu pescoço, subindo até sua orelha, mordiscando.

— Eu sei como pode me relaxar, na verdade, muitas


formas, todas elas envolvem você.

— Pervertido!
Eles sorriram juntos, isso vinha sendo uma prática
cada vez mais frequente entre eles.
CAPÍTULO 16
ALGUMAS SEMANAS DEPOIS.

— Filha pode, por favor, não se mexer, ou eu não vou


conseguir prender o grampo! — Rosely falou rindo.

— Ah eu estou uma pilha de nervos, tem certeza que


tudo está certo com a marcha nupcial? — Ela se lembrou
das flores. — E os meus arranjos? Mãe, meus arranjos,
eu...

— Calma criatura, não é primeira vez que você se


casa!

Rose olhou pelo espelho vendo Louise se levantar de


trás dela, depois de terminar de arrumar a calda do vestido.

— É a primeira vez sim, pelo menos parece, pois eu


tenho um homem que me ama no altar, meus amigos,
minha família e agora eu estou grávida!

Afirmou ela passando a mão na sua barriga e


lembrou-se de algumas horas atrás, na verdade, boas
horas atrás;
...

— Ei... Acorda, o grande dia chegou!

Ela não precisou abrir os olhos para ver Cristian


pairando sobre seu corpo, na cama, com aqueles olhos
escuros cheios de expectativa.

— Estou acordada, nervosa, nem dormir muito bem


com tanta ansiedade... — Disse ela abrindo os olhos para o
homem que beijou seu queixo e logo todo seu rosto.

— Eu também, eu estou louco para te ver com o


vestido de casamento, que tanto fez mistério...

— Acho que vai gostar.

— De tirar também? — Perguntou, e Rose gargalhou


para o olhar brincalhão dele.

— Oh sim...

Os dois se beijaram novamente, amorosamente, mas


uma batida na porta do seu quarto os fez gemer em
frustração.

— Lua de mel adiantada não casal... Fora do quarto


Rose! Temos que ir. — Louise disse, tinha ido buscar Rose,
as mulheres iam para um hotel, onde ia ser realizado na
cobertura o casamento.

— Estou indo...

Falou Rose se sentando na cama e viu o olhar cheio


de reverência do seu marido ao fitar sua barriga que já era
visível. Cristian achava ela cada dia mais linda, quanto
mais seu filho crescia ali, mais feliz ele ficava apaixonado,
e assim se abaixou até lá e beijou o ventre da esposa.
— Cuide da mamãe por mim, vamos estar em breve
juntos de novo, filhote ou filhota...

O Herovrisk olhou para Rose que sorriu emocionada,


eles decidiram não saber o sexo do bebê, até o
nascimento, ela pegou o rosto do marido entre suas mãos
e o beijou.

— Esteja lá perfeito para quando eu entrar...

— Sempre! — Ele sorriu apaixonado.


...

— Você vai estar perfeita! — A voz de sua irmã lhe


trouxe de volta a realidade, Sacha lhe entregou seu buquê
com rosas brancas com outras vermelhas.

— Já viu o Cristian?

— Ele não fugiu se é isso que te preocupa...

As três mulheres riram depois de Louise responder,


Rose acabou sorrindo também, estava pronta para casar
novamente.

И·И

O ar parecia rarefeito, Cristian não conseguia parar


quieto em cima do altar montado na cobertura de um
prédio, ele mal podia avaliar toda a decoração do espaço,
porém a tenda onde estava, esperando pela mulher da sua
vida, parecia perfeita, os arranjos com orquídeas
suspensas, outros arranjos marcando o caminho a até o
reverendo, tudo foi feito com elegância, mas um toque de
simplicidade implícito. Tudo nesse casamento era diferente,
lembrou-se que no primeiro, ele não passava de um
homem seco, sem humor, que só queria que tudo
acabasse logo, também ponderou sobre os convidados,
nenhum realmente importava, nem tinha algum significado,
porém nesse dia a verdadeira família que tinham formado
se fazia presente ali, e a opulência sufocante da primeira
estava esquecida nessa, tudo era mais leve.

— Vai furar o chão! — Disse Noam ao seu lado com


displicência, e Cristian rolou os olhos.

— Ela está demorando demais.

— Noivas demoram, sabia? — Ele respondeu com um


tom que fazia Cristian se sentir um tolo, se virou para ele
com um olhar ameaçador.

— Sabia também que posso jogar do alto desse prédio


facilmente?

— Calma, sei que você ainda "morde", mas procure


outro para injetar sua fúria. — Ele fez uma cara de
surpresa forçada. — O que Rose diria se você andasse
brigando em pleno dia do seu “recasamento”?

— Que tal sabermos nós dois juntos?


O Herovrisk disse com mau humor disfarçando seu
nervosismo e Noam apenas riu, ele via o amigo um monte
de músculos e força, estava a mercê da espera de Rose.

— Que tal falar da Rússia? Não quer saber como vai


os negócios que meu pai assumiu de você?

O Herovrisk olhou mais uma vez para a entrada por


onde Rose tinha que aparecer, ponderando atravessar o
caminho entre as cadeiras brancas dispostas em frente à
nave, para encontrá-la em um dos quartos daquele hotel,
mas encarou Noam se controlando.

— Se eu quisesse saber de alguma coisa desse lugar,


eu não teria gastado boa parte da minha fortuna me
livrando de tudo relacionado a essa vida!

— Bom, mas não quer nem saber do novo chefão aqui


após assumir tudo, logo, logo?

Cristian rolou os olhos mais uma vez, a família de


Noam, ele em breve, ia assumiu a conta dos Herovrisk,
eram os mais poderosos agora que ele e o Volkov, forçado,
diga se passagem, deixaram os negócios mafiosos, mas no
fundo nenhum deles se arrependia, ainda eram ricos com
seus outros negócios, e sem falar na segurança que
adquiriram com o afastamento.

— Não, e espero que nem aborde o tema com Rose, e


claro, se mantenha longe de Louise!
Foi à vez de Noam bufar, ele já tinha visto, e sido
avisado, que aquela mulher não era para ele, trocou uma
conversa rápida com a formosa ruiva, pegou seu número,
porém não muito mais que isso, sempre era interrompido e
depois que foi para Rússia, recebeu uma mensagem da
Sra. Herovrisk que descobriu que ele tinha pegado o
contato da amiga, seu texto foi claro, dizia que se ele
envolvesse Louise em suas ilusões e mundo criminoso,
não era Cristian que ia cortar suas bolas, mas sim ela.

— Eu sei, vou ficar longe, a ruivinha é muito delicada


para meus gostos, apesar de ser linda. — Deu de ombros.
— E além do mais sua mulher ia me matar se eu fodesse e
largasse na manhã seguinte a melhor amiga dela!

O Herovrisk o avaliou para ver se não era um truque


do amigo, para distraí e depois fazer seu jogo com a amiga
de Rose. Cristian tinha a total noção que Louise não era
uma menininha indefesa, porém não era o tipo que
aguentaria a merda de Noam, do mundo deles. Antes que
o homem pudesse responder a mãe de Rose veio ao seu
lugar, junto de Iuri, depois a irmã e Louise que subiu para
ficar ao lado de Noam, era a madrinha. O Herovrisk viu o
sorriso que ela deu ao homem atrás dele, e ouviu o suspiro
do outro que sussurrou antes que ela pudesse ouvir.

— É uma pena que ela não é pra mim...

Cristian sacudiu a cabeça e então ele ouviu a marcha


nupcial, não era a tradicional, e logo esqueceu tudo, a sua
vida sorria, era Rose, lá da entrada, vindo para ele, seu
coração quase doeu ao ver que a mulher parecia ainda
mais linda com os cabelos presos de forma elegante e o
bendito vestido de modelagem leve, que não marcava sua
cintura, mas deixava claro que tinha um propósito nas
costas. Rose sorriu já avistando Cristian, todo seu
nervosismo sumiu, ela tinha se arrependido de entrar
sozinha, mas só foi ver o sorriso apaixonado do homem,
junto daquele olhar escuro e ardente, fixos nela, que tudo
foi esquecido, e ela caminhou para ele. Queria estar logo
nos seus braços, a visão dele no terno claro a fez ficar
ainda mais apaixonada, quando enfim chegou nele, sentiu
o leve choque, assim que deram as mãos, ele a puxou para
si e com a outra mão tocou sua costa, ela sorriu.

— Eu sabia que tinha algo aí!

Disse o Herovrisk acariciando a pele exposta nas


costas da mulher, graças a um decote, ele beijou o rosto
dela, adorando aquele vestido, ela ficou ainda mais linda
que a primeira vez.

— Fiz pensando em você...

Rose sussurrou antes de se voltar ao reverendo.


Ouviu Cristian ofegar enquanto envolveu sua mão com a
dele, o olhar que um dedicava ao outro era visivelmente
amoroso, não negava e nem podiam mais que eram o
universo de cada um.

— Hoje estamos aqui para sermos testemunha de um


casal que quer renovar seus votos de matrimônio...
O reverendo começou, Rose e Cristian tinham sua
atenção um no outro e todo resto estava em segundo
plano. Eles estavam ali se prometendo um ao outro amor
eterno, mas com brigas e reconciliações, nos dias tristes e
nos dias bons, na saúde e na doença, na riqueza e na
pobreza, até que a morte os separasse, o que eles
duvidavam, diziam um ao outro que eram um encontro de
almas e inseparáveis, mesmo depois da vida.

— Eu te amo, ontem, agora, hoje e cada segundo da


minha vida Rose.

Ela sorriu e pegou a nova aliança colocando na mão


do seu marido, o seu apaixonado, lindo Herovrisk.

— Eu te amo, ontem, agora, hoje e cada segundo da


minha vida Cristian.

Os dois se beijaram, não um simples beijo, nenhum


deles podia resistir, porém se afastaram sorrindo cúmplices
em meio aos aplausos enquanto se abraçaram.

— Eu sou a mulher mais feliz do mundo! — Rose


sussurrou ao acariciar os cabelos de Cristian, ele fazia o
mesmo com a suas costas.

— E quero que seja para sempre, hoje eu posso


finalmente dizer que é minha realmente minha!

Ela o olhou nos olhos escuros, sabia a profundeza de


tudo que ele sentia por ela apenas o encarando assim.
— Sou sua desde a primeira vez que me tocou, senti,
só não sabia!

Os dois sorriam e aproveitaram aquele momento de


deleite entre eles, mas logo uma multidão de amigos veio
até eles, adiando a reunião amorosa do casal, mas os dois
sabiam que não iam demorar como na primeira festa para
fugir dali e ficarem a sós.

И·И

ALGUNS MESES DEPOIS...

— Não gosto disso... — Cristian disse, Rose rolou os


olhos, saindo do carro sem esperar Franco abrir. — Rose!

— Eu não estou inválida Cristian...

— Mais devagar! — Ouviu o marido chamar enquanto


ela saía indo em direção à loja.

— Quero chegar logo!

— Devagar!

Rosnou o homem ao envolver o braço na sua bela


esposa, que ostentava uma barriga avantajada, seu
pequeno bebê, o Herovrisk estava para enlouquecer.
Naquele dia a mulher havia acordado decidida a
comparecer ao maldito desfile da sua grife, apesar dele,
com veemência, dizer que ela não ia, mas tinha um grande
problema, e era que: Ele não tinha mais controle sobre a
esposa, por isso lembrou-se do argumento dela naquela
manhã;

...

— Não, estamos a poucas semanas do parto, você vai


ficar em casa! — Ele disse, e a mulher então se aproximou
dele.

— Você está me deixando irritada, quer irritar o bebê


também?

— Não. — Cristian deu um passo para trás


suspirando.

— E o que você quer? — Perguntou ela pondo as


mãos na cintura o olhando como se estivesse passando
por uma inquisição.

— Você segura, protegida...

— E o que mais? Você sempre fala... — Disse Rose


com os olhos azuis sérios o encarando. Cristian bufou.

— Feliz! — Ele falou, e o sorriso que ela abriu o


deixou zonzo.

— Ótimo! Então vamos ao desfile porque isso me


deixa feliz... — Ela se aproximou dele e beijou seus lábios.

— Só vamos ficar meia hora... — O Herovrisk afirmou,


antes dela o beijar, chupando seu lábio inferior, então
deixou sua mão infiltra-se pela camisa e acariciou a cintura
masculina.

— Que tal uma hora?

— Meia!

— Cristian... — Ela passou os dentes na mandíbula


dele.

— Quarenta e cinco! — Sussurrou, aquela mulher o


deixava de quatro. — Nada mais...

Rose sorriu e beijou novamente, e ele aceitou,


agarrando seu corpo, adorava todas as mudanças que ela
sofreu, ficou perfeita e com uma área de luz ainda mais
linda.

— Seu mal humorado... Tudo bem, eu vou me


arrumar.

— Nada de saltos!

— Não gosta mais deles em mim? — Perguntou ela


divertida fazendo beicinho, o Herovrisk rolou os olhos.

— Rose... — Comandou ele em advertência, ele a


adorava de qualquer forma e odiava quando a mesma
brincava com isso dá forma contrária. A mulher era
deslumbrante grávida e sabia, porém gostava de perturbá-
lo.
— Tudo bem, sem saltos e meus pés estão inchados,
não é como se coubessem!

Ele suspirou, não queria sair de casa, tentou persuadir


ela a ficar.

— Eu podia fazer uma mensagem daquelas que


adora... — Ofereceu, e ela semicerrou os olhos.

— Não! — Ela o empurrou. — Vou me arrumar...

Cristian bufa a vendo ir para o quarto. "Santo Deus, eu


amo cada maldita teimosia dela!", sorriu ele com o
pensamento.
...

O som exasperado da mulher o trouxe de volta a


realidade, ele a olhou vendo sua impaciência.

— Estamos atrasados!

— Que esperem, já que você é a Sra. Herovrisk, dona


de tudo aqui...

A mulher sorriu provocadora, adorava ser chamada de


"Sra. Herovrisk", mas sobre ser dona de todas as lojas,
nem tanto, mesmo porque devia muito a Cristian, ele foi o
principal investidor quando ela quis expandir, Louise a
ajudava tanto também, mas os dois diziam que a marca só
cresceu por causa do meu empenho, Rose suspirou, fosse
como fosse ela cresceu com a ajuda de muita gente, isso
podia aceitar.
— Bom, a única coisa a quem digo que sou dona é de
você, meu marido!

— Sim, seu! — Afirmou contente. — Com firma


reconhecida e uma coleira elegante.

Mostrou sua mão em que levava a aliança e Rose


sorriu, mas logo estavam no salão sendo absurdamente
fotografados, Franco e a equipe de segurança os livraram
da maioria e Cristian tratou de bloquear os outros pondo
seu corpo forte como escudo. Assim o casal Herovrisk
conseguiu chegar até a área reservada a eles, o desfile foi
atrasado para que Rose chegasse a tempo, mas em breve
ia começar. Louise apareceu um tempo depois com um
sorriso enorme, abraçou a amiga com carinho e passou a
mão pela barriga dela.

— Como vai esse pequeno? Veio ver a tia arrebentar


na passarela?

A ruiva perguntou e Rose sorriu, Lou ia representá-la


na passarela, Cristian morreria se ela subisse ali com a sua
barriga tão avantajada.

— Sim... — Rose disse e Lou se afastou, e então


Cristian pôs a mão na barriga da esposa.

— O pequeno devia estar em casa descansando, não


é papai?
Perguntou e então sentiu um chute, olhou para Rose
convencido e ela sorriu rolando os olhos. O bebê parecia
adorar a voz dele, sempre que falava com o pequeno
acontecia aquilo, pelo menos mais agora no final da
gravidez.

— Ah deixe de ser tão protetor Herovrisk, nosso


garoto ou garota vai adorar isso aqui!

Comentou Louise e então piscou para Cristian, que


riu, mas logo o casal estava a sós de novo, esperando o
desfile começar, o homem passou o braço ao redor de
Rose beijando seu cabelo.

— Desculpe se estou sufocando você!

Rose olhou para ele surpresa, então levou a mão a


sua bochecha acariciando.

— Eu sei que só está cuidando de mim, de nós. — Ela


falou, e ele sorriu ao beijar seus lábios.

— Amo tanto vocês que às vezes passo do limite, eu


sei!

A mulher beijou seu marido, sorrindo, agradecido por


tê-lo, mas então o desfile começou e eles se afastaram, só
que não antes da mulher sussurrar que o amava muito
também. Os dois logo passaram a prestar atenção nas
modelos que vinham atravessando a passarela, porém não
muito tempo depois algo aconteceu com Rose.
— Cristian... — O tom de voz dela fez o homem a
olhar imediatamente.

— O que?

— A bolsa... — Ela disse com os olhos azuis titilando


em certo pânico, o Herovrisk olhou para os lados e viu a
bolsa dela no chão a pegou entregando a esposa.

— Aqui...

— Não, não essa bolsa... A bolsa do bebê... Eu estou


entrando em trabalho de parto!

Falou a mulher com exasperação e certa dor, a


mesma que sentiu naquela manhã algo parecido, mas
quem não achou que já podia ser seu filho querendo vir.
Ela olhou para o marido e o viu branco como uma folha de
papel, quis sorrir e chorar ao mesmo tempo, mas então de
repente ele estava pondo-a nos braços e gritando ordens
para todos saírem da frente, enquanto chamava Franco
mandando avisar o hospital. Cristian estava desesperado,
seu filho parecia estar nascendo e ele sentia medo, euforia,
achava que ia cair a qualquer momento por causa do
tremor das suas pernas.

И·И

Cristian andava de um lado para o outro, o corredor


estava cheio, os pais de Louise e ela, Cam e...
— Noam? O que faz aqui? — Cristian franziu o cenho
ao vê-lo aparecer ali.

— Estava no escritório, aqui na cidade, vim ver você e


caramba, passou o que por cima de você?

Cristian se virou e voltou a andar sozinho naquele


corredor, não deixaram ir para a sala de parto porque ele
estava muito alterado, mas cada gemido de dor da esposa
o deixava louco para bater em algo. Queria que o
sofrimento dela cessasse, porém não podia, dessa forma o
deixaram para fora e agora ele andava ao ermo no lugar,
só queria estar com sua Rose e o bebê, mas estava
demorando tanto, ele estava com medo, muito medo. Ia
morrer se alguma coisa acontecesse com a esposa, por
isso fechou os olhos e pediu a Deus que cuidasse da vida
de seu filho e da mulher, eram tudo na sua maldita
existência.

— Senhor? —Alguém pôs a mão no seu ombro e


então viu o médico da esposa.

— Por favor, me diga se ela está bem? E o bebê? Eles


estão bem? — Rosnou o homem a ponto de enlouquecer.

— Sua mulher e o bebê estão bem, na verdade, estão


no quarto, sua esposa pediu para vê-lo o quanto...

— Onde eles estão?

Cristian já estava andando na frente do médico, que o


guiou até onde estavam as duas coisas mais importantes
da sua vida. Cristian entrou no quarto e seus pés travaram
ao ver a imagem da mulher amamentando o bebê em seus
braços, seu coração doeu de tanta felicidade. O olhar de
Rose encontrou o dele e ela sorriu, e para ele ela não
podia estar mais linda mesmo parecendo cansada, com o
filho deles no braço.

— Vem conhecer nosso bebê!

Falou Rose embargada pela felicidade e pelo que via


nos olhos do marido, ele se aproximou devagar e passando
as mãos na roupa, nervoso, quanto mais chegava próximo
mais ficava inquieto.

— Anjo... — Ele sussurrou e viu as lágrimas nos olhos


escuros.

— Olha... — A mulher mostrou o pequenino que


mamava então Cristian levou a mão lentamente até a
manta que o cobria, então piscou com surpresa e sorriu.

— É uma menininha?

— Sim, nossa Isabelle! — Rose disse com lágrimas


escapando, Cristian com cuidado beijou a bebê e logo
abraçou a mulher, e a encarou sem esconder sua emoção.

— Você me deu uma anjinha, minha Isabelle, e eu não


posso nunca agradecer a felicidade que me deu, pela vida
que está me proporcionando, obrigado por me fazer o
homem mais feliz do mundo!
— Oh Cristian, eu te amo!

— Eu te amo!

Eles se beijaram, mas logo eles estavam encarando


deslumbrados a sua pequena filha, era realmente a coisa
mais linda que podia ter nascido deles, do amor deles.
Epílogo
— Era uma vez um sapo, sim um sapo, não olhe
assim, eu estou começando, vamos ser bonzinhos, bom
como ia dizendo, um sapo, ele era um pouco zangado, na
verdade, muito zangado!

Rose não aguentou ficar quieta no quarto ao ouvir,


pelo aparelho conectado ao quarto do bebê, Cristian contar
aquela história de maneira animada. Ela pulou da cama e
correu para o quarto ao lado, fez o mínimo de barulho ao
se encostar-se à soleira da porta do quarto da filha e viu o
marido com a pequena nos braços, sentado na cadeira de
balanço, sacudindo lentamente para frente e para trás.

— Então ele conheceu uma princesa, uma bela


princesa, linda como sua mãe, sim sua mãe... — Ele sorriu
passando o dedo no nariz de Isabelle que sorriu ainda sem
os dentinhos, Rose suspirou com a imagem, era linda.

— Deixe o papai continuar sua história, não o distraía


com esse sorriso, foi sua mãe que lhe ensinou não é? —
Mais um sorriso veio dela para ele. — Deus proteja a todos
nós minha filha, pois você terá o mundo quando sorrir
assim!

A pequena sorriu mais ainda, ela era linda como mãe,


Cristian sempre afirmava, tinha os olhos azuis como os
dela e herdou a cor escura dos seus cabelos. O Herovrisk
já se sentia decrépito de preocupação só de pensar em
como sua vida ia ser um inferno quando os meninos
corressem atrás da sua princesinha, já ficava louco com
Rose, que ficou ainda mais bonita depois da gravidez, às
vezes tinha vontade de prendê-la em casa para evitar a
corja de admiradores.

— Bom, continuando... A princesa sempre foi gentil


com o sapo, mas o sapo era muito irritado, mas a princesa
era forte e paciente, então com o tempo aquele sapo
começou a se apaixonar, sim filhota... — A menina sorriu,
de novo. — Ele se apaixonou pela princesa corajosa...

Rose observava ele se aproximar do fim da história,


mas estava encantada, pois ele era um sonho como pai e
como marido, lhe deu a coisa mais valiosa da sua vida,
Isabelle. Sua linda menina que tornava todos os seus dias
ainda mais maravilhosos, ser mãe não era fácil, porém
morreria mil mortes se fosse preciso para ser mãe daquela
coisinha rosada nos braços do Herovrisk.

— E então a princesa amou o sapo e o transformou


em um homem, hoje eles são felizes para sempre com a
sua princesinha de olhos azuis e cabelos pretos!

Ela pensou, ao ver Cristian sorrir para a filha e


fazendo cócegas, que existia felicidade, completa e
totalmente pura.

— Pensei que faria com que ela dormisse! — Disse


descruzando os braços e andando até o homem que se
levantou com a menina no colo, a criança se mexeu
inquieta ao ouvir sua voz.
— Calma Belle, aqui está à mamãe. — Disse Cristian
deixando a filha ver Rose, assim que viu sorriu. — Ela não
parece querer dormir!

— Não quer dormir com o papai meu amor? —


Perguntou a mulher estendo os braços para sua filhinha,
era tão linda.

— Vai com a mamãe...

Falou Cristian observando com deleite a sua esposa


com a filha nos braços. Rose balançou a menina para um
lado e outro enquanto recitava uma cantiga de ninar. As
mulheres de sua vida, e era tudo que o fazia feliz, sua
esposa o encarou com um olhar amoroso que o enchia de
prazer. Logo ele via Isabelle, que tinha os olhinhos azuis
fixos na mãe, cair lentamente em um sono, e Rose a pôs
no berço e ficou ali admirando.

— Amo vocês... — Cristian disse baixinho abraçando


sua esposa pondo o rosto em seu pescoço, depositou um
beijo ali e logo a encarou, Rose o olhava como se não
fosse real.

— Um dia quero que nossa filha possa ter um amor


como nosso, quero que ela ame alguém tanto quanto eu
amo você Cristian Herovrisk!

Ele beijou seus lábios com reverência, nenhuma


palavra no mundo conseguia mostrar com totalidade o
amor dele por ela.
— Ela vai terá Rose e será tão forte e profundo quanto
o nosso!

Os dois se abraçaram em silêncio, com amor fluindo


naquele pequeno espaço. Às vezes nem tudo na vida
começa do jeito certo, aliás, o que podemos dizer que é
certo? Ou o que é errado? Para Cristian e Rose tudo foi
atribulado, tiveram de lutar, quase se perderam, mas a
prova de que o seu amor vencerá estava adormecida em
um berço, um pequeno milagre chamada Isabelle Volkov
Herovrisk, a prova de que o amor existia e que valia a pena
se esforçar para ter, alguns sempre dirão que é piegas,
mas a verdade é: Nada floresce sem amor, nada vive sem
amor!

Fim.

[1]
Informação: O SoHo é um bairro de Manhattan, na cidade de Nova
York.
[2]
Informação: Holding, sociedade holding, sociedade gestora de
participações sociais, empresa de participações e empresa-mãe.
[3]
Informação: Bentley Mulsanne: Veículos ultra luxuosos e velozes
produzidos pela montadora britânica Bentley, cujo inclusive tem a
Rainha Elizabeth II como cliente.
[4]
Informação: *Tradução Livre: “tudo bem caro marido.”
[5]
Informação: Drink clássico geralmente formado por destilados
acompanhado por suco ou alguma bebida alcoólica que venha para
adoçar.
[6]
Informação: Chicago é a cidade mais populosa do estado de Illinois
nos Estado Unidos.
[7]
Informação: “The Hamptons” não é reconhecida somente pela
riqueza e vida noturna agitada. A região também é famosa por suas
praias deslumbrantes, perfeitas para pesca e passeios de barcos,
caiaques e botes.
[8]
Informação: “NY” sigla mundialmente conhecida por abreviar o nome
da cidade americana “New York”, em português, “Nova Iorque”.
[9]
Informação: Veículo de especialmente desenhado para ter a
aparência de um carro de luxo normal, no entanto possui blindagem
contra disparos de rifles automáticos e explosões.
[10]
Informação: PRAÇA D'ARMAS (Wardroom) compartimento que
serve de refeitório, sala de estar ou lazer na parte superior do barco.
[11]
Informação: Affair é uma expressão que vem do francês affaire, que
significa caso. É frequentemente usada em português para definir um
caso amoroso.
[12]
Informação: É Prêmio Pulitzer é um prêmio norte-americano
outorgado a pessoas que realizem trabalhos de excelência na área do
jornalismo, literatura e composição musical.
[13]
Informação: Originária de Bordeaux, a casta Merlot (a variedade
mais plantada na França) produz vinhos tintos mais macios.
[14]
Informação: A Sauvignon Blanc é uma das mais nobres e elegantes
uvas do mundo do vinho.
[15]
Informação: profissional especializado em bebidas alcoólicas, em
especial vinhos.
[16]
Informação: 911 ou Porsche 911 (chamado por vezes também de
Porsche 911 Carrera) é um carro desportivo de luxo produzido pela
alemã Porsche AG de Stuttgart, Alemanha.
[17]
Informação: BMW Série 8 é uma referência no segmento de cupês
esportivos de alto luxo, e, por este motivo um dos mais caros da marca.
[18]
Informação: A sigla é um acrônimo para Bondage e Disciplina,
Dominação e Submissão, Sadismo e Masoquismo. O intuito do BDSM
é trazer prazer através da troca erótica de poder, que pode ou não
envolver dor, submissão e outras práticas, que são previamente
combinadas entre os parceiros.
[19]
Informação: A “quiche lorraine” é um prato da culinária francesa. É
uma tradicional receita da Lorena, região ao nordeste da França. É
uma torta de queijo salgada coberta com uma mistura de nata e ovos,
toucinho (bacon) pimenta do reino e noz moscada, normalmente
servida quente como prato principal.
[20]
Informação: Teatro Bolshoi, que hospeda uma das maiores
companhias de Ballet do mundo, que leva seu nome, a Bolshoi Ballet
Academy (academia).
[21]
Informação: Balé (do francês Ballet) é um estilo de dança que se
originou nas cortes da Itália renascentista durante o século XV.
[22]
Informação: É um utilitário-esportivo de luxo da famosa montadora
BMW.
[23]
Informação: A metralhadora Browning, 50 é arma de guerra
utilizada como arma antiaérea, terrestre, e também naval, sua
capacidade de combate é por causa da configuração de sua munição,
que pode ser perfurante, explosiva, traçante, incendiária e perfurante
anti-blindagem.
[24]
Informação: Bouillabaisse é um prato típico da culinária da França,
comum na região do Mediterrâneo, que consiste de uma sopa ou
guisado preparado à base de peixes.
[25]
Informação: Tradução livre de “Lo farò zio” é “Eu darei tio”.
[26]
Informação: Capiche é um empréstimo do italiano, geralmente
usada como uma expressão que interroga o interlocutor se ele aceitou
os termos ou se entendeu o que foi dito.
[27]
Informação: O Central Park (em português: Parque Central) é um
grande parque dentro da cidade de Nova Iorque.

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