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Copyright © 2023 Linda Evangelista

Capa: VIC DESIGNER


Leitura crítica: Josiane Queiroz
Revisão: Leticia Tagliatelli

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,


lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova
Ortografia da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados.

É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de


qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios
(tangível ou intangível) sem o consentimento escrito da
autora. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184
do Código Penal.2018.
SINOPSE
Honra, família e poder até onde essas três palavras pode te
levar?
Para Jonh Schmidt, essas são as palavras que definem sua
vida, tanto que mesmo contra sua vontade ele aceita um casamento
por contrato, imposto por seu pai.
Empresário em ascensão com grande visibilidade só falta uma
esposa para ter maior respeito em seu meio e enfim ter um herdeiro
para carregar seu sobrenome pelas gerações futuras.
Amelie Queen, jovem sonhadora que vê seu futuro ser
negociado a fim de manter o patrimônio da família e a garantia de
uma vida confortável, já que é a única herdeira da sua família.
Após um contrato de casamento ser firmado, Amelie se tornar
a noiva do poderoso Jonh Schimidt, porém, amor não faz parte
dessa equação.
Ela sonha conquistar o amor do marido, já a ele interessa
apenas uma esposa troféu e um herdeiro para dar continuidade ao
seu império que começa a ser moldado.
Porém, Jonh Schmidt não nega o sangue que corre em suas
veias e a possessividade por sua esposa até então intocada, surge
com força abalando as estruturas do homem que se nega a ter
sentimentos considerados por eles banais.
Há atração, química, tesão, fogo, mas ele não assume isso,
até porque pensa que seu coração pertence a outra pessoa que ele
não pode assumir e torná-la sua esposa.
Jonh deve respeitar sua esposa e a família que está
construindo, porém, sua paixão estará entre essa obrigação quando
a passa a conviver diariamente em sua casa e não aceita ser
“abandonada por ele”.
Intrigas, traição, amor, arrependimento, segunda chance e
perdão serão o plano de fundo dessa história de amor nada
convencional, onde a honra deve estar acima de tudo.
AVISO DA AUTORA

A história contém assuntos polêmicos, incluindo


agressão física e verbal, linguagem imprópria e conteúdo
sexual gráfico.
Não leia se não se sente confortável com isso.
Essa é uma obra de ficção destinada a maiores de 18
anos.
PREFÁCIO
“Vou ser sua pela eternidade meu amor, nessa vida e em
uma próxima se tiver.
Vamos sempre ficar juntos, eu prometo.”

O que está além das margens do universo observável1?


É possível que nosso universo seja apenas um de muitos em
um multiverso muito maior?
O multiverso é um termo que os cientistas usam para
descrever a ideia de que além do universo observável, outros
universos também podem existir. Os multiversos são previstos por
várias teorias científicas que descrevem diferentes cenários
possíveis, desde regiões do espaço em planos diferentes do nosso
universo, até universos-bolha separados que estão constantemente
surgindo.
A única coisa que todas essas teorias têm em comum é que
elas sugerem que o espaço e o tempo que podemos observar não
são a única realidade.
As ideias da humanidade sobre realidades alternativas são
antigas e variadas.
Mas o conceito de multiverso realmente decolou quando
teorias científicas modernas, tentando explicar as propriedades do
nosso universo, previram a existência de outros universos, onde
eventos ocorrem fora da nossa realidade.
Se eles existem, esses universos estão separados do nosso,
inalcançáveis e indetectáveis por qualquer medição direta.
Pelo menos até agora.
E isso faz com que alguns especialistas questionem se a
busca por um multiverso pode ser verdadeiramente científica.
Os cientistas um dia terão certeza se o nosso universo é
único?
Quebramos as diferentes teorias sobre um possível multiverso,
incluindo outros universos com suas próprias leis da física, e se
muitas versões de você poderiam existir por aí.
De acordo com essa interpretação, versões de você poderiam
estar vivendo as muitas vidas possíveis que você poderia ter levado
se tivesse tomado decisões diferentes. No entanto, a única
realidade que é perceptível para você é aquela em que habita.
Uma teoria ou uma certeza?
Será que realmente vivemos em um conjunto de universos
hipoteticamente possíveis?
Uma história de amor entre duas pessoas poderia mudar
drasticamente em um desses possíveis universos?
Toda essa teoria pode ser substituída apenas por uma ligação
de almas destinadas a se amarem e a ficarem juntas
independentemente de onde estão, ou em que vida vivem, ou em
até mesmo em qual universo estaria?
Não importa qual será a resposta certa para todas essas
perguntas e teorias, o que realmente importa é que independente da
resposta o amor destinado a ficar junto sempre vai se encontrar no
final.
“Vou ser sua pela eternidade, nessa vida ou em uma
próxima se tiver.”
Uma promessa válida de amor, feita em um momento de
entrega e paixão entre duas almas, que desencadeou
acontecimentos que provariam que duas pessoas destinadas a
ficarem juntas, no fim, sempre se encontrariam, mesmo vivendo
acontecimentos totalmente contrários do que já teriam vivido em
outra vida.
SUMÁRIO
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
EPÍLOGO
BÔNUS
AGRADECIMENTO
SOBRE A AUTORA
OBRAS DA AUTORA
PRÓLOGO
— Vencemos, porra! Ganhamos a nossa primeira grande
licitação. — Meu irmão entra na nossa até então humilde sala
vibrando de alegria.
Confesso que acho isso tudo muito estranho, afinal estávamos
concorrendo a várias licitações, mas por não termos muitas
experiências, já que estamos começando agora, ganhar uma grande
licitação é quase que impossível.
— Como assim ganhamos? — pergunto surpreso.
Essa licitação estava sendo muito concorrida por grandes
empresas e a nossa estava longe de ter uma chance.
— Nós ganhamos, Jonh, e os donos dessa licitação estão
vindo aí para nos conhecer pessoalmente, então se prepara, porra.
Eles com toda certeza vão fazer perguntas e temos que estar
preparados para responder e sanar todas as dúvidas deles. Essa é
a nossa única chance, se não falarmos agora podemos dizer adeus
a tudo o que sonhamos para a nossa empresa.
Eu nem tenho tempo de organizar as ideias e a nossa
secretária bate à porta.
— Senhor Schmidt, o dono da licitação Export está aqui
querendo falar com os senhores.
“Caralho, então é verdade mesmo, nós ganhamos!
Mas como!?”
— Mande-os entrar, agora mesmo — meu irmão ordena,
empolgado.
— Sim, senhor — ela fala e se retira.
No mesmo instante, um homem alto e muito bem-vestido entra
na nossa sala, olhando para todos os cantos, como se avaliasse o
lugar.
— Por favor, sente-se, senhor... — falo, o induzido a dizer seu
nome, apontando para a poltrona a minha frente.
O homem apenas me encara, sentando-se de frente para mim.
— Ainda não sei se posso confiar nos senhores a ponto de
revelar meu nome.
“Mas, que porra de conversa é essa?
Se ganhamos a licitação e vamos trabalhar juntos é claro que
terei que saber seu nome.”
— Como vamos trabalhar juntos sem que eu saiba o seu
nome? — questiono cruzando as pernas.
— Você deve ser Jonh Schmidt, o administrador. Recebi boas
referências a respeito de vocês dois. Vamos dizer que todos que se
candidatam as nossas licitações passam por um sistema rigoroso de
investigação e se ganharam a nossa “licitação” foi porque os escolhi
e não porque tinham o melhor preço. Dinheiro, para mim, realmente
não é o problema e a proposta de vocês era ridícula.
“Mas que merda é essa?”
Eu me incomodo com a maneira como ele fala, mas sei tratar
com homens desse porte, que se acham melhores que todo mundo.
— Vá direto ao assunto, não gosto de enrolações e não tenho
tempo a perder — falo e meu irmão me lança um olhar mortal.
— Jonh...
— Ele veio até aqui para nos humilhar ou para falar de
negócios?
O homem a nossa frente sorri, pega um cigarro e o acende
dando logo em seguida uma longa tragada, calmo demais para o
meu gosto.
— Foi por isso que escolhi vocês dois. Não tem medo de falar
o que pensam, mas tenham muito cuidado na próxima vez em que
falar comigo assim, não tolero certos tipos de coisas.
— O que o senhor realmente deseja? O que espera de nós?
Ele sorri.
— Que construam meu complexo, um lugar de alta tecnologia
que servirá como base para todas as minhas operações, uma
verdadeira fortaleza na Terra — ele fala muito sério e dessa vez,
acabo sorrindo.
Isso é impossível.
— O quê? O que o senhor falou não faz o menor sentido, isso
parece conversa de mafioso. Vai me dizer que o senhor agora é da
máfia?
“Esse homem só pode ser louco!
Não vou atrelar a minha empresa a uma pessoa como ele.”
Meu irmão apenas fica calado, observando o desenrolar dessa
nossa conversa sem sentido.
— Não, rapaz, não sou da máfia. Eu sou maior do que a máfia,
sou o topo do mundo. A minha organização é algo muito maior do
que essa sua cabeça pequena possa imaginar. Nós somos a lei, eu
sou a lei, a linha que se rege um plano, o conjunto de instruções, as
linhas gerais que orientam um projeto, a curva que intercepta a
geratriz.
“Querem saber quem sou eu?
“Eu sou o senhor das leis que rege tudo e todos no mundo,
todas as máfias existentes. Eu sou a Diretriz, a alta cúpula.
“E para que entendam o que é a Diretriz, vou explicar de uma
maneira, mais clara.
“Quando qualquer máfia ou governo existente no mundo passa
muito dos limites, somos nós que vamos até lá e julgamos.
Dependendo das suas transgressões, decidimos se simplesmente a
extinguimos da face da Terra, ou apenas os colocamos na linha
novamente, simples assim.
“Não há piedade para quem não obedecem às leis. É para isso
que elas existem, para que haja ordem em um mundo dominado
pelo caos.
“Eu sou a lei do mundo, a lei que mantêm governos no poder e
reis em tronos. Eu sou simplesmente o topo do mundo, o topo da
cadeia alimentar dessa raça desenfreada que é viciada em poder,
riquezas e status.”
Eu deveria ficar assustado com tudo o que escutei, mas não, o
que esse homem falou só me fez querer fazer parte de algo muito
maior do que só viver um dia após o outro, bajulando homens ricos
para que tenhamos uma chance de mostrar que somos capazes.
— Por que nos escolheu? O que temos de especial para que
tenha gerado esse interesse todo no senhor? Não me parece ser
um homem de se perder tempo.
Ele sorri de forma desinteressada.
— É assim que eu gosto, direto ao ponto. Respondendo a sua
pergunta, os escolhi porque enxerguei potencial em vocês. Não
costumo me enganar. Os dois não tem nada, mesmo assim não
desistiram de tentar crescer na vida apenas com o esforço e suor do
trabalho de vocês. Gostei muito do que vi, mas já vou logo avisando,
se concordarem em fazer parte disso, será para sempre. Vocês se
tornarão afiliados da Diretriz e farão parte da alta cúpula. Saibam de
antemão que não toleramos traições.
Olho para meu irmão e os olhos dele brilham, assim como os
meus devem estar brilhando agora.
— E o que ganhamos com isso? — meu irmão questiona.
— Além de passarem a serem os principais construtores da
Diretriz, ganharão uma verdadeira fortuna e muito poder para
conseguir o que quiserem, não só vocês, mas os filhos de vocês, os
filhos dos filhos de vocês e filhos deles também.
“Claro que tudo terá que passar primeiro por mim, pelo menos
por enquanto.
“Mas já estudei e investiguei os dois o suficiente para saber
que posso confiar em vocês, ou não estaríamos tendo essa
conversa.
“Passarão a servir a alta cúpula e em troca o grupo Schmidt
Empreendimentos se tonará uma potência mundial. Essa é uma
oportunidade que só se tem uma vez na vida, outra dessa não
baterá à sua porta, isso eu garanto.
“A decisão está em suas mãos.”
Meu irmão e eu nos olhamos, e quando Adam balança a
cabeça, sei a resposta.
— Pode contar conosco, a partir de hoje serviremos a Diretriz
e a alta cúpula — falo e o homem sorri satisfeito com o que escuta.
— Ótima decisão! Não irão se arrepender e a sua
descendência agradece, porque todos irão passar pelo treinamento
da Diretriz em algum momento da vida. Somos a alta cúpula do
submundo e para que a Diretriz seja uma engrenagem funcional
precisamos de homens de confiança. — Ele se levanta e eu e meu
irmão fazemos o mesmo, então apertamos as mãos selando o
nosso acordo. — Sejam bem-vindos a Diretriz e a alta cúpula, logo
serão convocados para serem informados de tudo e então irei sanar
todas as dúvidas que certamente sei que os dois devem ter.
— Não nos disse o seu nome — falo e ele sorri.
— Dimitri Zorkin.
— Russo!? — meu irmão Adam pergunta, surpreso.
— Uma ironia e tanto não acham? — o homem fala.
CAPÍTULO 1

Construí um império do nada, junto com meu irmão,


Adam.
Se foi fácil?
É claro que não, afinal nunca é fácil crescer na vida, ainda
mais quando não se tinha nada, quando não se passava de um zero
à esquerda, um ninguém, uma dupla de irmãos que simplesmente
não tinha nem mesmo onde cair morto, segundo muitos.
Levamos muitos “nãos” na cara até que conseguimos ganhar
uma licitação e depois disso ninguém mais nos segurou.
Aquela foi a nossa chance, a que a vida só dá uma vez e a
aproveitamos da melhor maneira possível, fazendo amizades com
pessoas importantes da área que poderiam nos abrir portas, na
verdade, várias delas.
Depois de trabalhar incansavelmente dia e noite, nos
transformamos em uma potência mundial e hoje todos sabem o que
nosso nome representa.
Somos leões na nossa área de atuação e ninguém tem
coragem de entrar no nosso caminho, pois passamos por cima de
quem tentar.
Inicialmente, o grupo Schmidt Empreendimentos, um sonho
que começou com um grande empréstimo bancário e dois irmãos
com muita força de vontade, atuava apenas no ramo da construção
civil, mas hoje tomamos conta do mercado financeiro mundial e
somos referência em várias áreas.
Uma das primeiras coisas que meu irmão e eu fizemos quando
as coisas melhoraram foi comprar uma belíssima casa para os
nossos pais, afinal eles mereciam depois de tudo o que fizeram para
nos criar. Sem contar que senti um prazer imenso em ver a minha
mãe se divertindo fazendo compras, coisa que ela não podia fazer
antes, pois tinha que contar cada centavo que papai ganhava para
não faltar comida no dia seguinte.
A verdade é que foi por eles, a quem tenho muito respeito e
admiração, que lutamos para chegar onde estamos hoje.
Com o passar dos anos, eles se tornaram tão importantes e
influentes quanto meu irmão e eu, pois demos esse poder a eles.
Mas, hoje, me encontro em um impasse.
Todo homem que possui dinheiro e poder tem que ter
herdeiros e com o passar dos anos nossos pais tiveram a excelente
ideia de arrumar esposas perfeitas, para meu irmão e eu, a fim de
cumprir esse papel.
Só tem um probleminha nessa história, não quero me casar de
jeito nenhum, porque sou apaixonado por Madalena, a filha da
nossa empregada, e ninguém imagina ou desconfia dessa relação.
Madalena é a mulher que invade meu quarto durante a calada
da noite e me tira o estresse do dia. A mulher possui a boceta mais
deliciosa que já comi, sem contar que foi a primeira virgem que
deflorei, o que fez com que eu ficasse cada dia mais louco por ela.
— Chefe, chegamos — meu motorista anuncia e me dou conta
de que me perdi em pensamentos, pois já estamos na garagem de
casa.
— Já pode se recolher, não irei sair mais de casa hoje.
— Sim, senhor.
Saio do carro, sigo até a entrada principal da casa e quando
entro, dou de cara com meus pais conversando com a família
Queen, mas o que me chama a atenção é a bela moça que os
acompanha.
— Pai, mamãe. — Ao falar, chamo atenção de todos para mim.
— Meu filho, que bom que chegou! Estávamos esperando
justamente por você. Cumprimente a família Queen — meu pai fala.
Eu me sinto sendo tratado como criança, mas não é uma
opção válida aqui desrespeitar meus pais.
— Senhor e senhora Queen, como vão?
— Jonh, vamos muito bem. Estamos aqui para tratar do seu
relacionamento com a nossa filha — o senhor Queen fala animado.
“Isso chega a ser ridículo!”
— Eu não estava sabendo que...
— Mas eu estava e isso é o que importa — meu pai fala em
alto e bom tom para que eu entenda que minha vontade nesse
assunto não prevalece, mas a dele.
— Deixe-me apresentar a nossa filha. — A mãe da menina
segura na mão da moça e a faz se levantar.
— Jonh, essa é a única filha da família Queen, Amelie, sua
futura esposa — meu pai fala já dando a certeza do compromisso
entre as nossas famílias e com certeza por trás disso deve ter um
belo contrato comercial.
É sempre assim que essas coisas acontecem nesse nosso
meio.
— Cumprimente a moça, Jonh — mamãe fala e me aproxima
da menina que me oferece a mão que seguro e beijo.
— É um prazer conhecê-la, Amelie.
Ela pela primeira vez levanta a vista e me encara.
— O prazer é todo meu, Jonh. — É tudo o que ela fala antes
que sua mãe mande que se sente ao seu lado novamente.
— Bom, agora que o compromisso foi firmado vamos falar de
negócios — o senhor Queen fala empolgado com os olhos
brilhando.
O idiota com certeza não deve nem mesmo se importar com o
que a filha pensa.
— Tem certeza de que quer falar disso agora, na frente da sua
filha? — pergunto, o observando.
Não que eu esteja empolgado com isso tudo, mas falar
abertamente que o homem está praticamente vendendo a filha dele
para mim, faz com que me sinta mal por ela.
A família Queen está em ascensão no mercado financeiro e
com o investimento do grupo Schmidt eles chegarão ao topo,
entretanto, com o casamento com a filha deles, que é a única
herdeira a empresa será minha.
— Ela sabe muito bem o papel dela dentro desse casamento,
é uma união que beneficiará os dois lados — o senhor Queen
responde, já a minha vontade é de rir do que esse escroto falou.
— Essa união beneficiará mais a minha família do que a sua, e
sabe muito bem disso.
— Ela será uma Schmidt, será a mãe dos seus filhos e a nossa
família será honrada porque teremos nossa filha sendo uma
senhora respeitada, carregando um sobrenome de peso. Ela ficará
bem e, no fim, você vai ficar com a nossa filha e a nossa empresa.
Esse está sendo um ótimo negócio para você e para sua família.
Olho para Amelie e a vejo se encolher no sofá com a cabeça
baixa.
— O que você acha disso, Amelie? — pergunto e ela me olha,
surpresa.
Vejo o esforço que está fazendo para não chorar.
Pobre garota!
— Ela não tem que achar nada, já foi decidido, eu...
— Cala a boca, senhor Queen. Quando dirigir a palavra a
minha futura esposa, espero que ela responda e não que o senhor
faça isso por ela. Coloque-se no seu lugar. Como o senhor mesmo
falou, a sua filha pertence agora a mim, é o meu nome que ela
carregará. Então, é bom que passe a ter mais respeito pela minha
mulher.
O velho muda de cor e a raiva dele é aparente em sua face.
Essa coitada não tem nem mesmo permissão para falar e
quem sabe com isso a família dela passe a escutá-la. Pelo que
estou vendo, ela não passa de um fantoche vivo nas mãos dos seus
pais.
— Responda a pergunta, Amelie — a senhora Queen fala
segurando a mão da filha.
— Meu pai sabe o que é melhor para meu bem-estar.
“Meu Deus, vou ser obrigado a me casar com uma boneca
viva.”
— Bom, como aceita tudo o que é imposto a você, creio que a
minha presença não seja mais necessária aqui. Podem acertar tudo
e só me avisem a data do casamento para que eu esteja presente.
Creio que meu pai já tenha providenciado o anel de noivado. —
Olho para meu pai que sorri, tira do bolso uma caixinha de veludo e
me entrega.
— Um lindo solitário, com um diamante de dez quilates,
lapidação marquise — meu pai fala, orgulhoso. — Digno de uma
senhora Schmidt.
Eu me abaixo na altura da minha futura esposa, tiro o anel da
caixinha e escorrego pelo seu dedo.
— Você agora pertence a mim, menina. — Beijo o anel em sua
mão e me levanto, a deixando completamente atônita com o que
está acontecendo diante de si.
— Não irá se arrepender, Jonh — o pai dela fala cheio de
orgulho, afinal ele conseguiu o que queria.
— Espero que não. Paciência não é muito o meu forte e se ela
continuar assim, calada e submissa, creio que nosso casamento irá
transcorrer muito bem. — Aperto a mão do meu futuro sogro
selando o nosso compromisso e ao longe vejo minha adorável
Madalena derramando algumas lágrimas.
Eu ainda relutei muito antes de aceitar que meu pai me
arrumasse uma esposa, já o meu irmão aceitou seu casamento
muito facilmente e logo foi o primeiro a se casar com uma belíssima
mulher chamada Abbie, que depois do sim, diante de Deus, no altar
da igreja, passou a carregar o peso do sobrenome Schmidt nas
costas.
E que Deus a ajude, porque apesar da aparência de bom
moço e empresário de sucesso, conheço bem meu irmão e sei que
não será homem de comer uma única boceta pelo resto da vida.
A coitada da minha cunhada com toda certeza irá derramar
algumas lágrimas ao longo da vida, porque divórcio não está no
vocabulário de um Schmidt, apenas a morte separa um casal.
Depois de mais alguns minutos de conversa, me despeço de
todos e subo para meu quarto, exausto dessa merda toda.
Tudo o que quero é um banho relaxante e minha cama macia.
Mas ao abrir a porta do quarto vejo Madalena sentada na
minha cama com um lenço na mão.
Eu, realmente, não estou com cabeça para isso agora.
— O que faz aqui, Madalena? — pergunto assim que fecho a
porta.
Não posso correr o risco de que alguém nos veja juntos, ainda
mais no meu quarto.
— Me diga que não vai se casar com aquela mulher — ela fala
entredentes, se controlando.
— Quer que eu minta para você?
— Jonh!
— Eu também não queria isso, Madalena, mas uma hora teria
que acontecer. Eu preciso de uma esposa, uma mulher de boa
família para me dar filhos.
Ela soluça alto, mas incrivelmente suas lágrimas não me
convencem de nada.
Gosto da Madalena, mas ela tinha esperança de que eu fosse
assumi-la.
Ela é uma mulher um tanto gananciosa, mas sabe muito bem
os termos do nosso envolvimento, afinal nunca menti para ela em
relação a isso.
— Então, por eu não ser de uma boa família não sirvo para ser
a mãe dos seus filhos? Não sirvo para você por ser a filha da
empregada? Não sirvo por que sou a mulher que limpa o chão que
você pisa?
Esse papel de vítima não combina em nada com ela.
— Sabe muito bem como esse mundo funciona, Madalena,
não preciso explicar nada a você porque sei que entende bem.
Então, engula esse choro, pois papel de vítima para cima de mim,
não cola, meu amor.
Ela limpa as lágrimas, se levanta e deixa cair sobre seus pés a
camisola transparente que usava, no mesmo instante, meu pau
ganha vida.
A desgraçada é linda e tem a capacidade de levar até mesmo
o homem mais santo à loucura.
CAPÍTULO 2

Faltam exatamente três dias para meu casamento com


Jonh, e como estou me sentindo no momento?
Sem empolgação nenhuma.
Confesso que até estava gostando da ideia, afinal o fato de me
livrar das garras dos meus pais era mais do que motivo para
comemorar.
Fui praticamente vendida?
Sim, fui, mas com esse casamento seria livre para viver e me
apaixonar pelo meu noivo seria fácil demais, afinal ele é lindo,
imponente e influente no mundo todo. Seria uma senhora respeitada
por carregar um sobrenome de peso, teria os filhos que ele
precisava e poderíamos ser uma família feliz.
Pelo menos esse era o pensamento que tinha até ontem,
quando acordei e vi meu lindo noivo estampando as primeiras
páginas de jornais e revistas ao lado de uma linda modelo em um
jantar.
Ao que tudo indica, foi o fechamento de um grande negócio
milionário para o grupo Schmidt e ele levou outra mulher ao invés de
mim, sua noiva.
— Amelie, espero sinceramente que você esteja pronta, pois
seu noivo acabou de chegar para te buscar. — Mamãe entra no meu
quarto sem bater como sempre faz.
Com a proximidade do casamento, as famílias acharam que
era uma boa ideia um último encontro entre o casal de noivos, na
verdade, último e único, já que não tivemos outros.
— Esse jantar é ridículo, mamãe! Ontem mesmo, Jonh estava
em estampando tudo que era notícia ao lado de outra mulher,
porque eu... — Eu me calo quando ela vem para cima de mim, com
tudo.
Tenho certeza que ela só não me bate porque ficaria a marca
da sua mão pesada no meu rosto, mas em compensação o aperto
em meu braço dói tanto quanto um tapa na cara.
— Ninguém aqui perguntou a sua opinião, Amelie. Um homem
pode ter quantas mulheres ele quiser, mas no final do dia ele volta
apenas para uma, a esposa. Então, cala a sua boca e seja a noiva
adorável que Jonh Schmidt precisa, assim como será uma esposa
perfeita para ele e a mãe zelosa dos filhos que terão juntos. Agora
retoca esse batom e desça. Não faça um homem como Jonh
Schmidt esperar por você. Já foi um milagre ter conseguido esse
casamento, então não estrague tudo. — Ela solta meu braço com
toda raiva que possui em seu coração e me pergunto o que foi que
fiz para merecer esse tratamento.
Eu sempre me esforcei para ser uma boa filha e fiz tudo que
meus pais quiseram.
— O que fiz para merecer ser tratada assim, mamãe? —
pergunto segurando as lágrimas.
— Não nasceu homem. Eu fui amaldiçoada por ter tido uma
única filha mulher, não pude dar continuidade ao nome da nossa
família, mas pelo menos alguma coisa boa vai sair de você. E use
algo para cobrir esse braço, não queremos que seu noivo faça
perguntas que não deve. — Ela vira as costas sem nem mesmo se
importar com o que suas palavras causam em mim.
A minha vida toda aceitei isso, esse tipo de tratamento, afinal
qual opção tenho senão aceitar calada.
Faço o que minha mãe manda, como sempre, me sento em
frente à penteadeira e retoco o batom.
Quando me levanto para procurar por outro vestido que cubra
a marca deixada pelo aperto dela no meu braço, decido que dessa
vez vou desobedecer à sua ordem.
É a primeira vez que vou desobedecer uma ordem da minha
mãe.
Ela não quer que Jonh veja como sou tratada, pois, é
exatamente isso que vou mostrar a ele, afinal é meu noivo, meu
futuro marido e é bom que saiba do que a prestigiada família Queen
é capaz de fazer com a própria filha.
Apesar de achar que Jonh já saiba disso, afinal a família
Schmidt comprou uma noiva troféu para ele.
Eu me olho no espelho de corpo inteiro uma última vez, reparo
bem na marca dos dedos da mamãe no meu braço e me sinto
satisfeita. Pego a bolsinha de mão e saio do quarto descendo a
escada logo em seguida, sempre graciosa como fui ensinada a ser.
A cara que mamãe faz quando me vê com o vestido que ela
ordenou que eu trocasse é de assustar, tanto que logo se levanta do
sofá, chamando a atenção do papai e Jonh, os fazendo olhar para
mim, que estou quase chegando ao fim da escada.
— Amelie, querida, mandei que colocasse algo que cobrisse
seus braços, não é bom que uma moça de família ande mostrando...
— Mamãe, esse vestido está perfeito. A senhora mesma o
comprou para mim. Ele é novo e nunca tinha usado. Ele é lindo e
perfeito para a ocasião de hoje.
Mamãe dá um sorriso como se quisesse dizer que vai me
matar depois dessa pequena desobediência, mas ela não pode
fazer isso, afinal meu casamento é a segurança da família.
— Não discuta, Amelie, suba e troque de vestido rapidamente.
— Ela não precisa trocar de vestido, senhora Queen, gostei
muito do que está usando — Jonh fala se aproximando enquanto
desço o último degrau da escada.
— Jonh. — Cumprimento oferecendo a mão direita que ele
segura e beija, exatamente a do braço que mamãe queria arrancar
com um aperto.
Quando sinto seus lábios em minha pele, meu corpo se arrepia
e uma sensação boa da qual eu nunca tinha sentido antes toma
conta de mim.
— Amelie, linda como sempre.
Minha mãe dá um passo para o lado e Jonh me oferece o
braço.
Quando aceito, ele vê a marca vermelha e franze suas
sobrancelhas.
— O que foi isso no seu braço? — ele pergunta diretamente
para mim.
— Apenas um pequeno acidente...
— Eu não perguntei para a senhora, mas para a minha noiva
— Jonh fala interrompendo mamãe e isso chama a atenção do
papai que também se aproxima.
— Jonh, releve o que está vendo, Amelie se machuca à toa,
sempre foi assim desde criança. — Papai sabendo que certamente
foi mamãe que fez isso tenta justificar.
— Está me dizendo que minha noiva, uma mulher adulta se
machuca à toa feito uma criança? É isso mesmo que ouvi, ou vocês
dois acham que sou idiota e não sei diferenciar um machucado
acidental de um forte apertão com marcas de dedos que pelo que
estou vendo deve ter doído muito. — Ele se vira para mim e
pergunta: — Agora me diga, querida Amelie, o que você fez para
merecer tal repreensão?
Meus pais me olham como se falassem para que eu tivesse
bastante cuidado com o que vou dizer.
— Fiz questionamentos que não eram da minha conta. — De
uma maneira resumida falo a verdade, mas mamãe parece não
gostar da minha resposta.
— Amelie tem que ser educada constantemente, para que ela
seja exatamente a mulher que você precisa.
Mais uma vez essa história e não posso falar nada, apenas
engolir em seco.
Jonh parece perceber isso.
— Eu quero uma mulher, uma esposa e não um fantoche. Não
toquem mais nela, nunca mais, ou se verão comigo e garanto que
não sou um homem muito agradável quando as coisas que quero
não são feitas.
— Me desculpa, Jonh, mas Amelie é nossa filha e você não
pode...
— Ela deixou de ser sua responsabilidade no dia em que a
trocou por um contrato bilionário. Esse anel no dedo dela significa
que ela pertence agora a mim e não admito de jeito nenhum que
toquem no que é meu, então tenham muito cuidado nos próximos
três dias. Não quero minha mulher com um arranhão sequer, nem
faltando um fio de cabelo, a tratem como ela merece ser tratada,
como a futura senhora Schmidt.
Abaixo a cabeça porque no momento não tenho coragem de
encarar meus pais.
Jonh está me defendendo e não sei o que pensar em relação a
isso.
— Entendemos e garantimos que nada irá acontecer a ela.
— É muito bom mesmo. Agora levante a cabeça, Amelie, será
uma Schmidt e um Schmidt jamais abaixa a cabeça e se curva a
ninguém. São as pessoas que se curvam a nós, querida, aprenda
isso desde agora.
Eu levanto a cabeça e encaro meu noivo sem saber o que
dizer, pois, nunca tive esse tipo de tratamento, nunca pude me opor
a nada e agora esse homem está mudando isso, me dando um
poder que jamais poderia imaginar que teria um dia.
— Eu, eu, eu...
— Vamos para o nosso jantar, já estamos atrasados e atrasos
é outra coisa que não gosto. — Ele segura minha mão e depois de
um último olhar de mamãe saímos juntos passando pela porta larga
da sala.
CAPÍTULO 3

Jonh foi muito cavalheiro comigo, abriu a porta do carro para


que eu entrasse e logo em seguida se sentou ao meu lado, no
banco traseiro do carro, mas não trocou sequer uma única palavra
comigo, o que foi constrangedor. Um casal de noivos que estão a
três dias do casamento não ter sequer um assunto em comum para
desenvolver um diálogo.
Ele olhou pela janela do carro durante metade do percurso e a
outra metade passou conversando com o motorista, que pareceu
ser alguém de sua extrema confiança.
Eles pareciam ser íntimos.
— Chegamos, chefe — o motorista anuncia assim que
estaciona o carro em frente a um dos melhores restaurantes de São
Francisco.
“Eu não esperaria menos de Jonh.”
Alguns poucos fotógrafos em frente ao restaurante indica que
esperavam pela nossa presença, afinal vamos nos casar.
— Espere por nós no estacionamento — Jonh ordena ao
motorista.
— Sim, senhor — o homem responde prontamente.
Jonh sai do carro, oferece a mão para me ajudar a sair e isso
não passa desapercebido das câmeras.
É claro, ele tem que aparecer como um grande cavalheiro nas
notícias que com toda certeza estamparemos amanhã e só de
pensar que essa cortesia toda não passa de um maldito teatro,
chego a ficar enojada.
— Vamos, Amelie, você vai gostar daqui.
Continuo mantendo a boca fechada e é muito bom que ela
continue assim, ou posso acabar falando o que não devo.
Dou a ele apenas um sorriso tímido e entramos no restaurante
de braços dados, formando assim um lindo casal da alta sociedade,
invejado por muitas famílias, afinal muitas moças queriam estar no
meu lugar.
— Por aqui, senhor Schmidt, a sua mesa já está pronta
exatamente como o senhor pediu, em um lugar reservado — a
recepcionista fala nos acompanhando.
— Obrigado.
Ao chegarmos na nossa mesa, ele puxa a cadeira para que eu
me sente e assim que a recepcionista se afasta um garçom se
aproxima de nós com uma garrafa de vinho em mãos.
— O seu pedido já está quase pronto, senhor Schmidt, e logo
será servido. Enquanto esperam o senhor pode ir desfrutando do
nosso melhor vinho. — O homem serve o vinho apenas na taça de
Jonh e então olha na minha direção.
— A senhorita gostaria de tomar um suco ou uma água, quem
sabe...
— Eu gostaria muito de apreciar também do seu melhor vinho,
por favor.
O idiota olha de Jonh para mim, como se estivesse esperando
a autorização dele para me servir, o que chega a ser ridículo.
Pelo que estou vendo vou sair de uma prisão para entrar em
outra, mas isso não vou admitir.
— Sirva a minha noiva e deixe a garrafa — Jonh fala.
— Como preferir, senhor. — O garçom me serve.
— Pode se retirar — John ordena.
Sem demora, o homem deixa a garrafa em cima da mesa e se
retira, então pego a taça de vinho e tomo um pequeno gole,
sentindo o sabor da bebida invadir meu paladar.
Não costumo beber, fiz isso poucas vezes e apenas quando
mamãe permitiu, mas nunca passei de um gole ou dois.
— Você não é de falar muito e não consigo dizer se isso é bom
ou ruim.
A minha vontade é de rir da cara dele, mas é claro que não
faço isso, afinal se mamãe souber me mata antes mesmo do
casamento.
— Acredite, vai preferir que me mantenha calada.
Ele sorri do que falo e toma mais um gole de vinho.
— Olha, será que a pequena gatinha mimosa, criada para ser
a esposa perfeita tem garras?
Quando ele fala isso a minha vontade é de despejar em cima
dele tudo o que está entalado na minha garganta.
— Todo gato tem garras, senhor Schmidt, as minhas apenas
foram cortadas. E, acredite, a manutenção para que elas não voltem
a crescer são feitas diariamente. Então não se preocupe, terá a sua
esposa perfeita, afinal pagou um grande valor por ela.
Ele toma o restante do vinho na taça em apenas um gole e
volta a me encarar. Tomo apenas mais um gole da minha taça e não
desvio o olhar do dele que parece estar interessado nisso.
— Estou vendo que a manutenção de hoje foi pulada.
— A marca que viu no meu braço mostra exatamente o
contrário do que o senhor pensa. — Tomo mais um gole do vinho e
ele olha para o meu braço que agora está bem menos vermelho.
— Por que sua mãe fez isso?
Sinto um bolo se formar na minha garganta, um difícil demais
de engolir.
— O senhor não vai querer saber, então é melhor não
perguntar sobre isso. Ainda estou sob a responsabilidade dos meus
pais e eles têm direito de fazer o que quiserem comigo,
independente se estou certa ou errada. — Abaixo a cabeça e me
concentro nos bordados da toalha de mesa.
— Levante a cabeça, olhe para mim e me diga o que fez para
que a sua mãe fizesse isso com você, isso é uma ordem. Como
você mesma falou, paguei um bom dinheiro pela esposa perfeita.
Fale.
Chego a respirar fundo, buscando me controlar, porém, se ele
quer saber e exige isso, eu direi.
Levanto a cabeça, pego a taça de vinho e bebo o restante do
conteúdo em um só gole.
Eu vou precisar de coragem.
— Eu tive a ousadia de questionar o motivo ridículo desse
jantar, já que ontem mesmo meu noivo estava com outra mulher em
todas as notícias do país, em um jantar onde foi fechado um
contrato milionário do grupo Schmidt. Em resposta, tive meu braço
quase arrancado pela minha mãe, porque levar um tapa na cara
seria uma ofensa ao meu noivo, afinal eu não estaria perfeita.
“Segundo ela, um homem pode ter quantas mulheres quiser, e
eu jamais poderia nem sequer, cogitar a possibilidade de questionar
o senhor quantas mulheres teria fora do casamento, porque no final
das contas sempre voltaria para casa.
“Então, senhor Schmidt, não se preocupe, que essa lição eu
aprendi hoje.
“Aprendi a três dias do meu casamento que meu marido vai
poder ter quantas amantes quiser e eu não vou poder falar nada.”
Despejo tudo de uma vez, afinal foi ele quem insistiu.
Quando levo a mão À garrafa de vinho para encher a minha
taça novamente, me para segurando meu pulso, então ele mesmo
me serve.
— A mulher que viu ontem comigo nas notícias era apenas
uma amiga — ele fala sério e sorrio sem querer.
— Elas sempre são amigas, senhor Schmidt.
— Eu não estou mentindo.
— E eu não estou questionando o senhor, mas e se eu quiser
ter um amigo, será que...
— Sem amigos para você, pode se contentar com as amigas
que já tem.
Pego a taça e a levo aos lábios tomando mais um gole
generoso de vinho.
— Foi o que pensei.
— O nosso casamento não precisa ser de um todo ruim,
Amelie. Não tenho pretensão nenhuma de te manter presa em casa,
poderá viver a sua vida como bem quiser, terá dinheiro, mais
prestígio do que já tem, uma vida muito mais do que confortável e
pretendo tratá-la muito bem, mas a minha vida e a minha empresa
sempre serão minha prioridade. Tenha em mente que já tenho uma
vida completamente feita que não pretendo mudar apenas porque
estou me casando com você. O casamento é apenas mais um ciclo
da vida pelo qual estou tendo que passar.
Eu fico abismada com todos os absurdos que acabei de ouvir
desse homem.
— Então é com esse pensamento que pretende ter um filho? É
essa a lição de vida que pretende dar para uma criança, caso nosso
casamento venha dar frutos?
Pela primeira vez, vejo que o deixei sem palavras e ficamos
apenas nos encarando.
— Não tem essa de que caso nosso casamento venha dar
frutos, quero um filho o mais rápido possível e vou trabalhar
bastante para que ele seja logo feito. Eu sou assim, Amelie, e não
tente me mudar, pois, falhará miseravelmente.
Estou completamente chocada, pois, não vou passar de um
objeto nas mãos desse homem.
Quando estou prestes a responder o garçom chega com o
nosso jantar e então me dou conta de que não fiz pedido nenhum.
— Os pedidos, eu...
— Eu fiz os pedidos antecipadamente, para não perdermos
tempo.
Eu acabo sorrindo.
É claro que ele não pode perder tempo comigo, afinal não sou
tão importante assim.
— E como sabia o que eu gostaria de comer, se não me foi
perguntado nada?
Ele pega o guardanapo lindamente e o coloca no colo.
— Minha secretária ligou para a sua mãe.
— É claro que ligou. — Olho para a comida que me foi servida.
— Sua mãe não comentou nada com você?
— Por que ela comentaria? Sempre decidiu tudo por mim, não
será agora que sou sua noiva que as coisas iriam ser diferentes.
Ele está prestes a colocar a primeira garfada na boca quando
para e me olha.
— Será minha esposa e também será tratada como tal, o que
falei aos seus pais na sua casa era muito sério. Você pode falar,
Amelie, use a sua boca e fale, não quero uma mulher muda dentro
de casa, que para se comunicar comigo, precise ficar puxando
assunto.
Eu, realmente, não gosto da maneira como esse homem fala
comigo, mas algo me diz que um dia ele vai se arrepender dessas
palavras.
CAPÍTULO 4

— Acorda, Amelie, acorda e se levanta agora mesmo.


Você tem dez minutos para levantar, tomar banho e se arrumar. —
Minha mãe entra no meu quarto, me acordando, puxando as
cobertas.
Estava dormindo tão tranquilamente.
— Amelie não me irrite logo pela manhã, levante-se.
Eu me sento na cama, tentando me situar do que está
acontecendo.
— Bom dia, mamãe — falo bocejando.
— Para você vai realmente ser um excelente dia. Vamos,
levante-se e se arrume, sua sogra está chegando, ela acabou de
ligar.
Agora sim, acordo de vez.
— A senhora Schmidt está vindo?
Durante meus dias de noivado poucas vezes a vi, já que tudo
relacionado ao casamento ela está tratando diretamente com
mamãe.
Isso mesmo, eu não opinei em exatamente nada.
— Sim, ela está vindo, então se apresse. Você vai conhecer a
casa onde irá morar com o seu marido, casa não, na verdade, uma
mansão. Pelo que ela me falou pelo telefone o lugar é gracioso.
— Vou fazer isso a dois dias do casamento? Jonh não me...
— Amelie, minha filha, você não tem que achar nada, mas
aceitar tudo. Você é uma das garotas mais sortudas da sociedade,
pois está prestes a se casar com um excelente partido. Agora se
apresse ou irá sair com ela sem tomar café da manhã. E lembre-se,
sempre perfeita, muito bem-educada e lindamente graciosa. Não
nos envergonhe, pois, deu muito trabalho para o seu pai conseguir
esse casamento para você. Tem dez minutos e já perdeu uns quatro
só fazendo questionamentos infundados. — Com a mesma pressa
que ela entrou, sai do meu quarto.
— Que saco! — Eu me jogo para trás e coloco o travesseiro no
rosto gritando de frustração, assim ninguém escuta.
Como mais uma vez não tenho escolha, levanto e faço o que
mamãe mandou em tempo recorde.
Nunca imaginei que fosse conseguir tomar banho e me
arrumar tão rápido.
Infelizmente meu cabelo não deu tempo de secar e vai ser
assim mesmo.
Mamãe tem que dar graças a Deus que achei pelo menos uma
roupa decente para vestir, já que minhas malas estão praticamente
prontas e tenho pouquíssimas roupas no meu closet.
Saio do quarto e desço a escada quase que correndo, já com o
coração praticamente na mão.
Quando chego ao final da escada tropeço no último degrau e
então me abaixo para ajeitar o sapato.
— Mas que droga! Mãe, estou pronta e não consegui secar
meu cabelo, acho que também não vai dar tempo de tomar café da
manhã. E não reclama da minha roupa porque já estou sem nada no
closet, a senhora já arrumou praticamente todas as minhas malas.
— Amelie Queen!
A maneira com a qual mamãe chama meu nome mostra que
estou com problemas.
Quando eu me ajeito e levanto as vistas, vejo o motivo do tom
de voz usado bem na minha frente.
— Senhora Schmidt, Jonh. — Respiro fundo, engulo em seco
e passo as mãos pela roupa completamente sem jeito.
O que esse homem está fazendo aqui?
E, por que ontem quando ele me deixou em casa não falou
nada sobre ir ver o lugar onde moraríamos juntos?
— Não é muito bom andar com o cabelo molhado, querida —
minha futura sogra fala me deixando mais sem jeito ainda e o olhar
que a minha mãe me direciona é mortal.
— Eu, eu, eu... Não...
— Amelie, minha filha, eu já tinha conversado com você no
seu quarto. Por que não fez o que mandei?
“Porque a senhora me deu menos de dez minutos”, essa é a
resposta que tenho vontade de dar a ela.
— Me desculpa, mamãe — respondo colocando as mãos em
frente ao corpo.
— Suba e vá secar o seu cabelo, depois tome seu café da
manhã, minha mãe e eu esperamos por você — Jonh fala fazendo a
minha mãe olhar para ele.
Deus, ela vai me matar.
— Eu vou com ela para ajudá-la. Preciso ter uma conversinha
com a minha filha, creio que ela ainda...
— A senhora fica aqui. Sua filha já é mulher feita e creio que
saiba secar o cabelo sozinha. Sem contar que assim evitamos mais
marcas de dedos pelo corpo dela, coisa que se chegar a ver
novamente me deixará muito chateado. Creio que nem a senhora,
nem o senhor seu marido queiram me ver com raiva.
Minha mãe fica vermelha com o que Jonh fala, só não sei se é
de raiva ou de vergonha, mas eu é que não vou ficar aqui para
descobrir.
— Eu vou secar meu cabelo e já volto. — É tudo o que falo
antes de voltar para o meu quarto pelo mesmo caminho que vim.
Quando entro no meu refúgio tranco a porta com o coração
acelerado.
— Deus do céu! Que poder esse homem tem para deixar
minha mãe desse jeito? E o pior, mexe comigo também.
Sem perder mais tempo vou até à penteadeira no closet e seco
meu cabelo, fazendo um penteado simples logo em seguida.
Aproveito e retoco a maquiagem simples que tinha feito, ficando
perfeita como minha mãe gosta.
Volto a sair do quarto e com mais calma desço novamente a
escada, degrau por degrau até chegar na presença de todos na
sala. Vejo que Jonh me olha dos pés à cabeça, como se ele
estivesse gostando muito da visão que está tendo.
— Está linda, Amelie. Agora tome seu café da manhã, em
seguida vamos ver a nossa casa e ainda tenho que voltar para a
empresa — Jonh fala.
Eu apenas balanço a cabeça, e minha sogra sorri para mim.
— Não se demore muito, minha filha, já fizemos o seu noivo
perder muito tempo — minha mãe fala.
Concordo mais uma vez com a cabeça, sem falar nada, e me
dirijo até à mesa que ainda está posta com o café da manhã.
Como mamãe falou, não me demoro muito na refeição,
comendo apenas uma fatia de bolo e tomando um copo de suco.
Depois de limpar os cantos da boca com o guardanapo de
tecido, torcendo para que não tenha manchado meu batom, volto
para a sala.
Creio que esteja tudo em ordem comigo, pois mamãe não
falou algo apenas com o olhar para que eu me tocasse, sendo
assim estou do agrado dela.
— Podemos ir agora — falo.
Todos se levantam e Jonh fica ao meu lado.
— Vamos então, o motorista espera por nós — minha sogra
fala e olho para minha mãe.
— A senhora não vem, mamãe? — pergunto, pois, ela jamais
perderia essa oportunidade e vejo que os olhos dela se iluminam.
— Não, a sua mãe não vem, ela vai junto com a minha acertar
os últimos detalhes do casamento.
Agora sou eu que olho para Jonh, completamente surpresa.
— Eu achava que iriamos todos juntos.
— Esse era o plano inicial, mas como perdemos o horário os
planos foram mudados.
De alguma maneira que não sei explicar me sinto mal por isso.
— Me desculpem, não tinha a intenção de...
— Não se preocupe, querida, a culpa foi nossa de não termos
informado antes da visita à casa, mas não se preocupe, meu filho
será um cavalheiro com você — minha sogra fala me
interrompendo.
— Disso não tenho dúvida, senhora — respondo.
— Me chame de Kate, afinal agora vamos ser uma família só.
— Tudo bem, Kate. — Sorrio para ela, coisa que não passa
desapercebido de Jonh.
— Vamos, o motorista vai deixar as nossas mães na loja de
noiva e depois vai nos levar a mansão.
— Podem ir na frente, encontro vocês lá fora, vou apenas
pegar minha bolsa — minha mãe fala.
E assim fazemos, saímos todos juntos e logo mamãe se junta
a nós na garagem da casa. Como Jonh tinha falado, elas ficam na
loja de noiva e em seguida somos levados para a casa onde vamos
morar juntos.
— Vamos lá conhecer a nossa casa, senhora Schmidt.
CAPÍTULO 5

Eu não precisava estar presente nessa visita à nossa casa


hoje, mas minha mãe encheu a minha cabeça de tal maneira que foi
impossível dizer não a ela.
Estou cheio de trabalho na empresa, pois meu irmão e eu
estamos trabalhando em um projeto gigantesco e sou o responsável
por garantir que tudo saia perfeitamente bem. Sem falar nas
inúmeras reuniões com fornecedores, já que nada vai diretamente
para a obra, mas para os nossos depósitos e só depois o nosso
pessoal de confiança encaminha o material para seu destino, o que
exige uma logística impecável que não é nada fácil de organizar.
Estamos trabalhando com gente muito importante, pessoas que
depositaram em nós sua plena confiança.
Esse não é nosso primeiro trabalho com eles, mas é tão
importante quanto o primeiro.
Mas aqui estou, dentro de um carro, vendo a minha linda noiva
puxando os dedos de nervosismo, enquanto chegamos na casa
onde iremos morar após o casamento.
Já pude perceber muitas coisas na minha noiva durante o
nosso jantar de ontem, a mulher é simplesmente controlada pelos
pais, ela não dá um passo fora da linha sem a permissão deles,
sempre perfeita e impecável como se não tivesse defeito nenhum, e
isso me intriga, me instiga a provocá-la para ver se ela reage de
alguma maneira.
Amelie tem algo que chama a minha atenção, mas não sei
explicar o que é.
— Chegamos, chefe! — Roger fala assim que entra pelos
portões da mansão.
Diferente do que pensam, ele não é apenas meu motorista, ou
meu segurança, ele é muito mais do que isso.
— Enquanto olhamos a casa, você faz a vistoria aos arredores
do terreno. Eu não quero surpresas desagradáveis, Roger, já sabe
como as coisas funcionam. Aqui irá morar a família que irei construir
e a segurança da minha esposa vem em primeiro lugar.
Amelie me olha não entendendo muito bem o que falo, mas
sobre isso ela não precisa entender mesmo.
— Pode deixar, Jonh, tudo será feito conforme os protocolos
de segurança — Roger responde.
Desço do carro e Amelie faz o mesmo, em seguida andamos
até à entrada principal. Ela se mantém sempre um passo atrás de
mim e, como sempre, não fala uma só palavra.
— Você será a dona da casa, então a honra de entrar na frente
é sua. — Eu me viro na direção dela e ofereço a mão que logo ela
segura.
Eu a encaminho na minha frente e entrego as chaves a ela que
sorri.
Consigo perceber que ela olha para todos os lados, como se
estivesse em dúvida se essa será mesmo a nossa casa.
— Abra e espero muito que goste da casa. Comprei esse
imóvel logo depois do nosso noivado. Sei que deveria ter trazido
você antes, mas o meu tempo é muito escasso — falo olhando as
horas no relógio.
Eu já perdi mais tempo do que previa nessa visita.
— Entendo, o senhor é um homem ocupado, eu...
— Acho que já pode parar de me chamar de senhor, afinal em
dois dias vamos nos casar, morar juntos e teremos uma intimidade
grande demais para que continue me chamando de senhor.
A mulher a minha frente fica vermelha de vergonha e isso
desperta algo que não deveria em mim.
— Eu, eu... Eu vou tentar.
— Não tente, Amelie, apenas faça o que mando. Agora abra a
porta.
Ela engole em seco e faz o que falo, coloca a chave na
fechadura abrindo a porta.
Assim que ela entra vejo que fica chocada com a beleza do
lugar.
— Deus do céu, isso, isso, isso é inacreditável! Não precisava
comprar uma casa tão grande.
— Não gostou do lugar? Se quiser posso...
— Não, não é isso, é só que... Nossa, não sei o que dizer,
deve ter custado uma verdadeira fortuna. Você não precisava ter
gastado tanto dinheiro assim.
Deus!
Será que essa mulher tem noção com quem está prestes a se
casar?
Amelie pertence a uma família de posses, claro que nada
comparado a fortuna que acumulei nesses anos, mas ela está
completamente surpresa com a nossa casa.
— Amelie, dinheiro não é problema, querida. Não se preocupe
com ele, pode deixar que eu me preocupo. Agora me diga se gostou
da casa.
Ela apenas balança a cabeça dizendo que sim.
— Eu quero que fale, Amelie, quero escutar a sua voz.
“Deus, vou passar a vida inteira mandando essa mulher falar?”
— Eu gostei, claro que gostei. É perfeita, perfeita demais. —
Ela olha para os lados e vejo um brilho intenso em seus olhos, o que
me faz sorrir.
— Pode conhecer os outros cômodos se quiser. Por ali fica a
cozinha, a sala de jantar, por aquela porta você tem acesso à área
externa da casa e temos uma grande piscina também. Já lá em
cima ficam os quartos e outros cômodos. Essa casa é enorme,
Amelie, você terá que fazer um tour se quiser conhecer todos os
cômodos. Em relação aos móveis, depois do casamento você pode
trocá-los se quiser. Você pode redecorar a casa para deixar ao seu
gosto, eu não me importo e não ligo muito para isso. Só peço para
que não coloque nada de tons pastéis no meu escritório, isso já
seria demais para mim. — Vejo que ela fica surpresa com o que
falo.
— O seu escritório!?
— Se a minha esposa decidir redecorar a nossa casa o
mínimo que espero dela é que dê atenção especial ao meu
escritório. Quando eu não estiver trabalhando na empresa, irei
trabalhar aqui.
Ela fica me encarando, como se quisesse falar alguma coisa,
mas não tem coragem.
— Jonh, eu, eu, eu... Como vou falar isso pra você, eu...
— Só fale, Amelie, respire fundo e fale.
Ela acaba mesmo respirando fundo e sinto vontade de rir da
minha futura esposa.
— Eu nunca fiz isso, quer dizer, nunca tomei nenhuma decisão
que não fosse passada pela minha mãe primeiro, agora você está
me dizendo para redecorar uma mansão inteira ao meu gosto e quer
que eu faça isso no seu escritório também. E se você não gostar? E
se eu não conseguir ser perfeita como espera que eu seja? E se
depois do casamento você não se agradar de mim e depois...
— Amelie, calma — falo a interrompendo, segurando pelos
braços, a fazendo olhar para mim.
— Eu só estou com medo. E eu não deveria estar, pois, fui
criada para isso.
— É normal ter medo. Não quero que seja perfeita, Amelie, só
quero que seja minha esposa e que me dê filhos, é só isso que
espero de você. E quanto a casa faça tudo o que quiser ao seu
gosto, sei que deve ter um. Você será livre, poderá tomar suas
decisões sem ter a insuportável da sua mãe no seu pé. Essa será a
sua casa e aqui quem manda é você. O mais importante é que será
minha esposa e carregará meu sobrenome. Em dois dias, minha
querida, a sua vontade estará acima da vontade da sua família, só
não estará acima da minha, isso nunca. A única coisa que peço é
que não me cobre mais do que estou disposto a oferecer, já disse e
vou repetir, não tenho a pretensão de tratá-la mal, só não me cobre
amor.
Ela prende a respiração por alguns segundos me encarando e
solta o fôlego devagarinho.
— Como vamos ter um filho sem amor? Como espera que isso
aconteça, Jonh?
— Não se precisa de amor para fazer um filho, Amelie, o que
precisa fazer é sexo e isso eu garanto que vamos fazer muito até
que engravide.
Ela arregala os olhos como se eu estivesse acabado de falar
uma heresia.
— Sexo?! Como pode falar isso desse jeito? Com tanta calma
como se já tivesse feito.
Dessa vez eu não consigo segurar, acabo sorrindo e isso a
deixa desconfortável.
— Por que está sorrindo de mim? Por algum acaso você
realmente já fez esse tipo de coisa?
— Já fiz sim, e mais de uma vez. Já fiz tantas vezes que até
perdi as contas. Satisfeita agora?
Ela dá um passo para trás completamente em choque.
Será que ela achava mesmo que eu era um virgem puritano?
— Eu não sei o que dizer, não esperava que meu futuro marido
já tivesse uma experiência tão vasta, quando eu nem mesmo... —
Ela se cala antes de completar a frase.
— Você nem mesmo o quê, Amelie? Fala, termine o que
estava dizendo.
Ela engole em seco e pela primeira vez a vejo levantar a
cabeça, empinando o nariz como se estivesse me enfrentando.
— Enquanto eu nem mesma beijei alguém e não me
envergonho disso. Sou completamente virgem em todos os sentidos
da palavra.
Agora é ela que me deixa chocado.
“Como assim ela nunca beijou ninguém?”
Saber que minha noiva é virgem não me impressiona, é claro
que ela é, ou não teria sido escolhida para mim, mas saber que
nenhum outro homem beijou sua boca, ou tocou mais intimamente
seu corpo desperta algo que não deveria em mim, possessividade.
— Nunca beijou ninguém? — pergunto dando um passo em
sua direção.
— Não, nunca. Nem mesmo fiquei sozinha com um homem no
mesmo ambiente, mamãe nunca permitiu, você foi o primeiro.
Puta que pariu, isso vai ser mais difícil do que esperava!
— Eu fui o primeiro em quê, Amelie? — Percebo que ela está
nervosa com o rumo da nossa conversa.
— Você foi e vai ser o primeiro em tudo. Eu nunca tinha saído
com um homem antes sozinha. Meus pais só permitiram que eu
saísse com você porque somos noivos e seu pai já tinha dado sua
palavra. Você até mesmo beijou a minha mão.
É nessa hora que mando meu autocontrole para os quintos
dos infernos, porque essa mulher é minha em todos os sentidos,
somente minha porque sou o único que vai tocar nela.
— Gostei muito de escutar isso. Agora me diga se quer
experimentar o que é ser beijada de verdade? — Dou na direção
dela, o último passo que nos separava com os nossos olhares fixos
um no outro.
— Eu não sei se deveria querer isso, ainda não nos casamos,
pode não ser certo.
Eu sou um filho da puta grande demais para ter uma mulher
inocente como essa, mas ela já é minha e agora desejo mais do que
nunca corromper sua alma de menina inocente.
— Você já é minha, querida, nos casaremos em dois dias e
como você mesma disse, já demos a nossa palavra. Um Schmidt
nunca volta atrás com uma palavra dada, principalmente, quando se
é um homem de honra. Então diga sem medo, quer saber como é
ser beijada de verdade? Ser beijada pelo seu futuro marido?
Amelie respira fundo e apenas balança a cabeça. Ela está
apreensiva e com medo do que realmente quer.
— Eu quero que fale, Amelie, quero que diga o que quer.
Quero escutar da sua boca o seu desejo.
Ela fica muda por alguns segundos.
— Eu quero, Jonh, quero saber como é ser beijada de
verdade.
Por alguns segundos, nos olhamos intensamente até que
aproximo meu rosto do dela e enrolo a mão no cabelo da sua nuca.
Ela engole em seco e consigo ver expectativa, além da mais
genuína curiosidade em seu olhar. Não resistindo mais encosto
apenas meus lábios nos dela.
Esse era meu plano inicial, não passar de apenas um selinho
demorado, mas ao estar assim tão junto, sentindo seu cheiro, algo
me leva além, então aprofundo o beijo colocando minha língua em
sua boca. Em um primeiro momento percebo que ela não sabe o
que fazer, mas quando passo a outra mão por sua cintura, ela
suspira oferecendo o que desejo, a sua total entrega.
O gosto do seu beijo é doce e quanto mais a beijo, mais quero
beijar. Quero tomar tudo da minha noiva nesse momento, mas sei
que não posso.
Pelo menos não agora.
Eu a seguro forte pela nuca e cintura enquanto timidamente
ela passa as mãos pelo meu pescoço se segurando, o que me dá
mais espaço para explorar o corpo dela. Logo minha mão, que está
em sua cintura, desce um pouco mais, me fazendo apertar forte sua
bunda e sem conseguir segurar acabo gemendo involuntariamente.
Mas que porra está acontecendo comigo?
Eu nunca tinha beijado alguém tão intensamente como estou
fazendo agora com Amelie e minha vontade é de ir além de um
beijo, mas percebo que ela tenta me empurrar.
Antes de me afastar dela totalmente aprofundo mais o beijo,
me despedindo do doce sabor da sua boca.
Quando percebo que minha noiva já está quase sem fôlego a
solto falando baixinho em seu ouvido:
— A visita acabou e Roger vai te levar para casa. Preciso
manter o máximo de distância de você até o casamento.
CAPÍTULO 6

A ordem principal que recebi da mamãe ontem à noite foi


para que tivesse uma excelente noite de sono.
Mas como fazer isso se não consigo tirar Jonh dos meus
pensamentos, e muito menos o que fizemos na visita à casa que
iremos morar juntos?
Eu me sinto como uma boba apaixonada, com borboletas no
estômago desde a hora que acordei.
Nunca tinha passado por esse tipo de experiência e isso me
assusta porque sou completamente ignorante quando se trata de
relacionamentos. Para piorar fico nervosa na presença do meu
noivo, que hoje se tornará meu marido e dono da minha alma.
Como uma esposa perfeita, segundo a mamãe, estou em
frente ao espelho, após passar o dia me preparando com o
chamado "dia da noiva". Fiz cabelo, limpeza de pele, depilação e
massagem. Já a maquiagem tive ajuda profissional aqui em casa
mesmo.
Tive todo um tratamento de rainha.
Jonh disse que desde o momento em que me tornei sua, ele é
o provedor dos meus gastos e que já se sente meu marido.
Mas só eu me apaixonei porque sou uma boba.
Fico admirada ao olhar meu reflexo com esse vestido de noiva.
Meu vestido é lindo, todo em seda com renda francesa e
arabescos, ele é rodado, bojo em formato de coração e manga
longa transparente em renda. Ainda possui uma faixa trabalhada em
pedrarias que abraça minha minúscula cintura. Uso uma tiara no
cabelo e grinalda curta, pois não quis muito longa.
Essa foi a única coisa que pude opinar, já que mamãe não me
deixava nem abrir a boca.
Se dependesse dela meu vestido seria ultra mega
conservador.
Foi minha sogra que se opôs e disse que sou muito linda para
usar qualquer vestido cafona.
Graças a Deus por isso.
Jonh não impôs limite de gastos, então fomos a uma loja
famosa de grife, onde tudo o que é bom passa por lá no segmento
de moda.
Fomos bem recebidas na Dior, experimentei vários modelos
exclusivos e cá estou com meu vestido perfeito, para uma esposa
perfeita, em um casamento nada perfeito, já que fui uma moeda de
troca, uma venda valiosa para papai e mamãe.
— Está na hora, Amelie, vamos.
Sou tirada dos meus pensamentos com mamãe invadindo meu
quarto, como sempre.
Nem mesmo sei o motivo dela ter me dado um tempo apenas
para mim, isso não costuma acontecer. Talvez esse tenha sido seu
presente de casamento.
— Estou pronta.
Ela sorri.
— É claro que está, querida, a preparei a vida inteira para esse
momento, então vê se não estraga tudo. Depois do sim, no altar,
diante de Deus, você passa a pertencer oficialmente à família
Schmidt. Foi um verdadeiro milagre seu pai ter conseguido esse
casamento, Amelie. Você tem sorte de estar se casando com um
homem como Jonh, então faça tudo o que ele quiser. Não vai ser
sacrifício nenhum ir para a cama com um homem como ele. Vê se
trata logo de engravidar, quanto mais rápido melhor, assim garante
de uma vez por todas seu lugar na família. E lembre-se bem, seja
sempre obediente.
Eu não sei o motivo de ainda me surpreender com as palavras
de mamãe.
Tudo que queria hoje era escutar palavras de alegria e
felicidade, mas aqui está ela, me lembrando dos meus deveres
como esposa de um homem importante, deixando claro, para mim,
mais uma vez qual será meu papel nesse casamento, gerar
herdeiros para a família Schmidt.
— Eu...
— Não fale nada, querida, se mantenha calada e só abra a sua
linda boquinha para dizer “sim” no altar, diante de Deus.
Engulo minhas palavras mais uma vez concordando com a
cabeça, como sempre fiz durante toda a minha vida.
Quando saímos do quarto e descemos a escada, vejo meu pai
me esperando com um sorriso grande nos lábios. Posso afirmar que
ele está feliz, afinal sua única filha está se casando com um
magnata, o genro dos sonhos de qualquer pai.
Pelo menos ele e mamãe estão felizes, já que não compartilho
desse ato.
— Está perfeita, minha filha, e posso dizer com propriedade
que é a noiva mais linda do mundo.
Sorrio para ele, pois me sinto bem com suas palavras.
Pelo menos está sendo gentil, coisa que mamãe nem mesmo
se esforça para ser.
— Obrigada, papai.
— Chega de conversa, vamos ou nos atrasaremos demais —
mamãe fala.
— Mas não é normal a noiva se atrasar? — papai pergunta.
— Não quando se está casando com Jonh Schmidt.
Quando ela fala isso ninguém mais abre a boca e meu pai
lógico que concorda com ela.
Saímos os três juntos e quando chegamos na garagem me
impressiono com a quantidade de seguranças, homens esses que
nunca tinha visto, mas imagino que estejam aqui a mando do meu
futuro marido.
***
Chegamos na igreja que está lindamente ornamentada e vejo
os padrinhos posicionados em seus devidos lugares, padrinhos
esses que não faço ideia quem sejam, pois, foram escolhidos por
mamãe.
Também não pude opinar nessa escolha.
Quando vejo as daminhas de honra, sorrio para elas, mesmo
não as conhecendo, que parecem ter saído de uma revista perfeita
de noiva.
A macha nupcial toca, todos ficam de pé e sou conduzida pela
igreja de braços dados com meu pai.
Quando chegamos ao altar, ele me dá um beijo na testa, me
abençoando e me entrega a Jonh que está maravilhosamente lindo
vestido de noivo.
Meu coração mais uma vez falha uma batida com a emoção do
momento.
Tenho fé e esperança que meu casamento possa dar certo, fé
de que minha união com esse homem será muito mais do que só
um contrato de casamento onde tenho que gerar herdeiros para ele.
— Você está linda. — É tudo que meu noivo fala antes do
padre dar início a nossa cerimônia de casamento.
Fico emocionada com as palavras do padre que explicam a
importância da união entre duas pessoas que se amam, mas no
meu caso apenas eu amo e espero que só meu amor seja o
suficiente para fazer dar certo.
Então, chega a hora da tão esperada pergunta.
— Jonh Schmidt, aceita Amelie Queen como sua legítima
esposa, prometendo amá-la e respeitá-la na saúde e na doença, na
riqueza e na pobreza, todos os dias da sua vida até que a morte os
separe?
Jonh olha para mim, bem dentro dos meus olhos e fala em alto
e bom tom para que todos escutem:
— Sim.
Então o padre pede para que ele faça seus votos.
— Eu, Jonh Schmidt, prometo estar contigo, Amelie Queen, na
alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na
pobreza, amando-te, respeitando-te, sendo fiel em todos os dias da
minha vida, até que a morte nos separe.
Depois dos votos feitos, o padre se vira para mim.
— Amelie Queen, aceita Jonh Schmidt como seu legítimo
esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo na saúde e na doença, na
riqueza e na pobreza, todos os dias da sua vida até que a morte os
separe?
— Sim — respondo sem sombra de dúvidas, afinal eu sou a
apaixonada.
— Faça seus votos, Amelie.
— Eu, Amelie Queen, prometo estar contigo, Jonh Schmidt, na
alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na
pobreza, amando-te, respeitando-te, sendo fiel em todos os dias da
minha vida, até que a morte nos separe. — Faço meus votos
emocionada e com lágrimas nos olhos, pois apesar de tudo, e pelas
circunstâncias que meu noivado aconteceu, hoje é um dos dias mais
felizes da minha vida.
— Com o poder investido a mim, pela igreja, eu vos declaro
marido e mulher. O que Deus uniu o homem jamais conseguirá
separar — o padre diz nos dando sua benção. — Agora pode beijar
a noiva.
Jonh me pega nos braços e me toma em um beijo lento e
carinhoso selando assim nosso enlace matrimonial e fico feliz com a
delicadeza que ele demonstra ter comigo.
— Finalmente minha esposa, somente minha — ele cochicha
no meu ouvido.
— E você é o meu marido.
Ele solta um sorrisinho.
— Não teria outro melhor do que eu, querida.
“Autoconfiança ele tem de sobra, já eu...”
Saímos da igreja debaixo da chuva de arroz e seguimos para a
recepção que será em um hotel de luxo.
Foi preciso um batalhão de segurança para conter a
quantidade de repórteres na entrada do hotel e posso dizer que seja
lá quem estiver responsável por isso teve muito trabalho para
organizar toda a segurança desse casamento.
— Não quero enrolar muito na festa, então assim que possível
vamos embora, afinal temos coisas muito mais importantes para
fazer — meu marido fala.
Que Deus me ajude!
CAPÍTULO 7

O que posso dizer sobre a noite de hoje?


Que ela foi especial e Jonh foi um perfeito cavalheiro durante
toda a festa, sempre ao meu lado, atencioso, perguntando se eu
estava bem, ou se estava precisando de algo. Ele não soltou a
minha mão e fez questão de me apresentar a muita gente
importante, que eu não fazia ideia quem era, como sua esposa, a
nova senhora Schmidt.
Meu marido, como filho mais velho, ocupa a principal posição
agora da família Schimdt e serei a anfitriã dessa prestigiada família.
Jonh deixou isso bem claro hoje para toda a sociedade e,
segundo as minhas amigas, sou a mulher mais sortuda do mundo.
Mas algo mudou em mim, depois do “sim” no altar.
Mesmo com nossa pouca convivência, acabei me apaixonando
que nem uma boba pelo meu marido, o que eu tenho certeza que
não foi algo muito inteligente da minha parte.
Mas Jonh faz com que me sinta diferente, ele escuta o que
tenho a dizer e me dá opções de escolha, coisa que nunca tive
antes. Eu sempre tive um roteiro de vida traçado pelos meus pais,
para ser seguido à risca sem poder desviar um centímetro para
direita ou esquerda.
Eu nunca tive a alegria de fazer o que quisesse e tinha que me
manter uma verdadeira boneca de porcelana perfeita.
— O que tanto você pensa, Amelie? E, por que está segurando
com tanta força a saia lateral do seu vestido?
Sou tirada dos meus pensamentos por Jonh e percebo que
estamos passando pelos portões da nossa casa, o que me deixa
mais nervosa do que já estava.
— Não é nada, apenas besteiras que estão passando pela
minha cabeça.
Ele sorri e me sinto ridícula.
Oh, céus, eu nem mesmo consigo disfarçar meu nervosismo.
— Então pare de pensar. Não pense em nada, pense só em
mim, isso vai acalmar você.
Como se isso fosse possível!
Não falo nada já que o carro para bem em frente à entrada
principal.
— Roger, como está a segurança da mansão? — Jonh
pergunta ao motorista antes de descermos.
Algo me diz que esse homem é muito mais do que só um
motorista.
— Pode ter a sua noite de núpcias despreocupado, Jonh,
ninguém entra aqui e caso consiga entrar leva bala, eu mesmo vou
garantir isso.
Enquanto eu me assusto com o que o homem fala, meu
marido sorri, satisfeito.
— É assim que eu gosto. Você é o responsável pela segurança
da família que estou formando hoje, Roger, e sabe muito bem que
não vai gostar nadinha de me ver com raiva, caso alguma coisa
aconteça com a segurança da minha esposa. Fez um juramento.
Percebo que Roger sorri como se estivesse sentindo orgulho
do que acabou de escutar.
— Eu sei disso, não se preocupe. Daria a minha vida para
proteger a da sua esposa.
— Deus do céu, mais que tipo de conversa é essa? — Eu
resolvo falar alguma coisa, pois não estou entendendo mais nada.
— Não se preocupe com nada, querida, isso é algo que você
não precisa saber, pelo menos por enquanto. Agora vamos que
temos coisas muito mais importantes para fazer.
Com isso, ele consegue desviar totalmente a minha atenção, já
que sei exatamente do que está falando.
Jonh desce do carro e me oferece a mão, então segurando o
vestido de noiva saio do carro com a ajuda dele, em seguida nos
encaminhamos para a porta da sala que é aberta assim que nos
aproximamos.
Noto uma moça com uniforme de empregada nos recebendo.
— Sejam bem-vindos, senhor e senhora Schmidt.
Olho para Jonh e pela primeira vez na vida vejo surpresa em
sua face.
— O que você está fazendo aqui, Madalena? — ele fala sério
demais.
Como ele sabe o nome dela, vejo que também se conhecem.
— Fui mandada pela senhora Kate para servi-los.
Percebo que Jonh não gosta do que escuta.
— E, por que diabos não fiquei sabendo disso? Que eu saiba
outra empregada viria para a minha casa.
— Aconteceu um pequeno acidente doméstico, uma panela de
óleo quente caiu em cima da coitada, então fui mandada no lugar
dela.
— Oh, céus, ela está bem? — pergunto preocupada e Jonh me
olha.
— Talvez fique bem, senhora, não se preocupe com isso. Fui
mandada para ajudá-la no que precisar.
Estamos em casa e vejo que já tem algumas coisas diferentes
no ambiente.
— Eu acho que vou precisar de ajuda mesmo para redecorar
todo esse lugar, essa casa é gigantesca.
— Você pode fazer isso com a ajuda da minha mãe, ela vai
adorar fazer isso com você. Madalena sabe muito bem qual é o
lugar dela.
Acho estranho a maneira como meu marido fala, mas não vou
questioná-lo.
— É claro que sei. Agora se me dão licença irei me recolher, já
está tarde. Se precisarem de alguma coisa é só chamar. Boa noite.
— Ela dá um aceno com a cabeça, em seguida um olhar para Jonh,
que não me passa desapercebido, e sai da sala, nos deixando
sozinhos.
— Qual é o seu problema com a empregada que a sua mãe
mandou? Acho que vamos precisar dela, Jonh, sou boa em muitas
coisas na cozinha, mas acho que...
— Não precisa se preocupar em fazer nada, Amelie, terá
empregados para fazer tudo o que precisa. Agora vamos para o
quarto que o nosso assunto é lá em cima — ele fala me
interrompendo, então se aproxima e me pega no colo de uma vez.
Acabo gritando de susto sorrindo alto logo em seguida
enquanto ele sobe as escadas.
— Não faça isso.
— Por que não? É minha esposa.
— Eu me assustei, fui pega desprevenida.
— Você tem um sorriso lindo, deveria sorrir assim mais vezes.
Eu gostei.
Com certeza devo ter ficado vermelha agora, mas não tenho
tempo de falar nada porque ele abre a porta do nosso quarto e fico
de boca aberta ao ver como o local é bonito, espaçoso e está
completamente decorado.
— Nossa, eu amei.
Jonh me coloca no chão e beija o topo da minha cabeça.
— Agradeça a minha mãe por isso. Não queria passar a nossa
primeira noite juntos em um hotel e sabe que não vamos poder
viajar em lua de mel agora por causa dos projetos em andamento da
empresa, então dona Kate me deu uma mãozinha com isso aqui.
— Estou encantada, sua mãe realmente tem muito bom gosto.
Com toda certeza, vou pedir a ajuda dela.
— Eu tenho certeza de que ela vai adorar ajudar você, mas
agora acho que vai preferir tirar esse vestido e esses saltos, não sei
como conseguiu ficar tanto tempo em pé usando isso. Suas coisas
já estão todas organizadas no closet.
Esse homem tem o dom de me deixar completamente sem
jeito.
— Eu vou tirar o vestido e tomar um banho primeiro, você
espera aqui. — Eu nem espero uma resposta e me viro para correr
para o banheiro, mas não sei qual das duas portas a minha frente é
a dele.
— A da sua esquerda.
— Obrigada. — Corro como se estivesse fugindo da morte e
tranco a porta atrás de mim, como se isso pudesse me proteger do
que vai acontecer.
Com muita dificuldade consigo tirar o vestido e soltar o cabelo,
em seguida vou para o box e ligo a água quente pedindo a Deus
que seja o suficiente para me acalmar.
Eu me dou o tempo necessário para que isso aconteça, ou
seria capaz de desmaiar de nervoso na frente do meu marido na
nossa noite de núpcias.
Estou nervosa com a nossa primeira noite e até agora Jonh
tem se mostrado ser um cavalheiro. Espero que ele seja pelo menos
delicado ao romper a barreira da minha virgindade, pois já percebi
que ele é um homem intenso.
Reunindo toda coragem saio do banheiro usando apenas um
roupão, sem nada por baixo.
Ele vai tirar a minha roupa mesmo, então, para que dar mais
trabalho vestindo um conjunto de lingerie?
Sem contar que não trouxe nada para o banheiro comigo.
Quando fecho a porta atrás de mim, vejo meu marido na
varanda do quarto com um copo de uísque na mão, usando
somente a calça social, mostrando seus belos músculos, olhando
para a paisagem do jardim.
Engulo em seco com o que vejo, pois, é a primeira vez que
vejo um homem dessa maneira.
Com o restinho de coragem que me resta, vou até ele e o
abraço por trás mostrando uma intimidade que não temos, mas ele
agora é meu marido.
— Pensei que fosse morar dentro do banheiro.
Meu coração acelera quando escuto suas palavras, afinal não
era isso que pretendia escutar do meu marido minutos antes dele
me levar para cama.
Acho que fui ousada demais, então me afasto dele, recuando
um passo.
— Desculpa, eu estava... Quer dizer, estou um pouco nervosa,
nunca fiquei sozinha com um homem antes.
Ele sorri do que falo e me olha.
— É claro que não, querida. Não teria sido escolhida para mim,
se isso fosse diferente.
Engulo em seco pela maneira que ele fala comigo e quando
vou responder ele levanta o dedo indicador para que eu fique quieta.
— Uma das qualidades, Amelie, é o silêncio. E eu adoro
escutar meus pensamentos, eles são meus melhores conselheiros
— ele fala me encarando e coloca o copo em cima de uma mesinha
próxima.
Jonh se aproxima, me segura pela cintura, puxa meu corpo
para junto do seu e beija meu pescoço, sussurrando no meu ouvido:
— Hoje, só quero escutar seus gemidos de prazer, quando eu
estiver enterrado no meio das suas pernas.
Eu não tenho nem reação para responder e muito menos
tempo para isso, porque Jonh me toma em um beijo devasso que
me deixa completamente atordoada. Logo consigo acompanhar seu
ritmo e depois de uns segundos devorando meus lábios meu marido
desce o beijo para meu pescoço, mordiscando o lóbulo da minha
orelha.
— Você aprende rápido e gosto disso. — Ele volta a me beijar
e me pega no colo, me levando até à cama.
Ao me deitar, ele puxa o nó do roupão revelando toda a minha
nudez e me olha como se admirasse meu corpo, enquanto estou
completamente envergonhada.
Jonh para de me olhar, fica do meu lado e começa a me tocar.
Ele parece estar acariciando algo frágil enquanto seus olhos
seguem o caminho dos seus dedos, mas sua suavidade desaparece
no momento em que chega na minha coxa e segura o local com um
pouco mais de força ao ponto de me fazer arfar.
Não de dor, mas de surpresa.
Vou perdendo o ar conforme ele vai se aproximando do meio
das minhas pernas.
— Jonh, o que vai fazer? — pergunto quando um dos seus
dedos começa a invadir a minha intimidade, deslizando de cima
para baixo.
Sinto quando entra de súbito dentro de mim, o que me faz arfar
mais ainda.
— Você costuma se tocar, esposa?
Essa pergunta me pega completamente de surpresa.
Eu falei a ele que nenhum homem tinha tocado em mim, mas
eu mesma já tentei fazer isso.
— Sim, apenas uma vez, mas... — Um gemido sai alto da
minha boca interrompendo a minha fala.
Sim, eu já me toquei, mas nunca da forma como ele está
fazendo.
Enquanto meu marido começa a me masturbar bem devagar,
se inclina um pouco sobre mim, abrindo mais espaço no roupão
para sua boca ir para um dos meus mamilos.
Isso nunca tinha feito é claro e a sensação de tê-lo me
mordendo, chupando e lambendo associada com o que ele faz lá
embaixo é diabolicamente sublime.
— Você gozou quando se tocou?
A voz rouca e profunda me arranca da onda de prazer em que
me encontro, mas logo sou tragada por ela de novo quando Jonh
assopra o bico do meu seio que ele acabou de torturar com a boca,
ao mesmo tempo, em que encontrava um ponto sensível dentro de
mim.
— Eu nunca... Nunca... — Mais uma invertida profunda e mais
forte, e novamente não consigo terminar de falar.
— Então vou realmente ser o seu primeiro em tudo, isso é bom
e me deixa mais do que satisfeito. Vou fazer esse momento valer a
pena.
Desde que o conheci, passei achar Jonh muito sexy ao menos
em sua aparência, mas nada se compara a isso, a forma como ele
fala, me toca, beija, me seduz.
Acho que realmente meu casamento pode dar certo com esse
homem.
Sem saber ao certo o que fazer começo a tentar tirar a sua
calça, mas não estou com muita firmeza nas mãos no momento.
Com uma risada safada meu marido para de me tocar e sozinho tira
a peça de roupa.
Jonh não demora a voltar para perto de mim, inclinando-se e
tomando minha boca novamente para si. Em um rompante sou
virada de barriga para baixo sem a menor dificuldade e a boca do
meu marido vai direto na minha bunda, a mordendo de várias
formas. Enquanto faz isso, flexiona um dos meus joelhos deixando
minhas pernas em forma de quatro e logo volta a me masturbar.
— Jonh... — gemo seu nome involuntariamente e faço isso
quase sem ar.
Ele agarra meu cabelo liberando meu pescoço e meus ombros,
depositando beijos por ali.
Sinto que estou prestes a explodir, mas meu marido não
parece estar satisfeito, então agarra meus quadris empinando minha
bunda, afastando minha pélvis da cama e se coloca sob mim,
sussurrando:
— Monte na minha boca, esposa.
O quê?
Como assim?
Esse homem só pode ser louco!
Eu não vou fazer isso nunca.
Percebendo minha total inexperiência, vendo que não vou
fazer o que ele está falando, pega e empurra meu tronco para cima,
para que eu erga a coluna e me sente, me colocando na posição
perfeita que ele quer, com a cabeça entre as minhas pernas e a
boca na minha intimidade.
Isso é errado, só pode ser errado!
Mas é tão bom e essa posição...
Ah, merda!
Ele vai acabar comigo, meu marido vai acabar comigo, na
minha primeira vez.
Preciso agarrar a cabeceira delicada de metal da cama para
me firmar, especialmente porque Jonh não me deixa parada. Ele me
movimenta, me obrigando a rebolar contra sua boca e meu corpo se
mexe em busca de mais.
Sua língua faz misérias em mim, girando, explorando enquanto
seus lábios me sugam.
Ele me deixa rendida por cada uma das coisas que faz.
— JONH! AH... — grito seu nome, sem nem me importar que a
empregada da casa pode nos ouvir.
Quando ele se ocupa do meu clitóris com a boca e volta a me
penetrar com seu dedo, tenho discernimento para começar a me
movimentar sozinha.
Sinto novamente aquela explosão se aproximar, tento me
afastar, mas Jonh me segura no lugar com seu braço livre, até que
me sinto despedaçar por inteira.
— Está mais relaxada agora? Podemos seguir adiante?
Eu apenas assinto, pois não estou raciocinando direito.
Com a minha permissão, ele ajeita nossa posição na cama e
vai para cima de mim, devagar, cauteloso.
Quando começa a me penetrar a dor é mais intensa do que
pensei que seria.
— Fica calma, só é difícil na primeira vez — afirma com a voz
suave.
Concordo com a cabeça, o sentindo me rasgar, tirando a
minha virgindade e me tornando dele.
— Ah...
— Calma, o pior já passou, agora é só prazer.
A cada investida que ele dá a dor vai se transformando em
prazer, não um prazer como ele havia me dado minutos atrás, mas
posso imaginar que em algum momento daqui para frente as coisas
podem ser bem interessantes.
Eu não esperava gozar na minha primeira vez, nem mesmo
nas preliminares como aconteceu, pois, já tinha ouvido falar que a
dor era muito grande para isso acontecer na primeira vez de uma
mulher.
Mas Jonh foi gentil e ele parece encontrar um prazer
indescritível porque está escrito no seu rosto o quanto está
satisfeito. O belo rosto másculo se contorcendo de tesão, mostrando
que se delicia com meu corpo é algo excitante de ver.
As invertidas vão se tornando mais prazerosas e seus
grunhidos se misturam a leves gemidos.
Não demora muito para que ele se derrame dentro de mim,
chegando ao seu clímax.
— Puta que pariu, você é muito gostosa, Amelie! Fazer um
filho em você vai ser fácil com essa boceta apertada e deliciosa.
É com essas palavras que sinto meu coração inocente se
partir.
Não demora muito para Jonh se jogar ao meu lado na cama,
ofegante.
— O que você disse? — pergunto com a esperança de ter
entendido errado.
— Eu me casei com você para que me desse um herdeiro o
mais rápido possível e sei que sabe disso. Sei que está apaixonada
por mim, mas não espere o mesmo sentimento da minha parte. Eu
já disse que vou te dar tudo o que precisa; conforto, dinheiro, carros
o que quiser, só não me peça amor. Não me peça isso nunca,
Amelie.
Agora sim, tenho certeza de qual será a minha finalidade
nesse casamento, gerar e carregar um herdeiro para a família
Schmidt.
Meu casamento mal começou e tenho o pressentimento de
que já está começando a desmoronar.
CAPÍTULO 8

Quando acordo e olho para ao lado a minha vontade é de


matar meu marido sufocado com o travesseiro, mas isso seria um
pecado muito grande e eu não seria perdoada apenas me
confessando ao padre.
Para tirar esses pensamentos da cabeça resolvo me levantar e
me arrumar para ir à missa, pois não estou com muita disposição de
encarar meu marido quando ele acordar.
Por falar no infeliz, ele parece estar em um sono pesado
demais para perceber a minha movimentação.
Também não é para menos, ele me torturou praticamente a
noite inteira.
Confesso que foi uma tortura deliciosa demais, afinal ele é
uma perdição de homem.
Mas depois do que escutei ontem à noite é bom manter
distância, pelo menos por enquanto.
Tomo banho, seco meu cabelo, me arrumo, faço um penteado
bem elaborado, maquiagem, troco de roupa e nada do Jonh acordar.
Melhor assim, pelo menos não serei impedida de sair.
Saio do quarto completamente pronta e antes de fechar a porta
atrás de mim, olho para ele uma última vez.
Desço a escada bem devagar e quando chego a sala vejo a
empregada arrumando a mesa de café da manhã, o que acho um
grande exagero, pois é comida demais apenas para duas pessoas.
— Bom dia, senhora. — Ela me cumprimenta educadamente,
mas sinto algo falso nessa mulher.
— Bom dia, é Madalena o seu nome, não é?
— Sim, senhora, me chamo Madalena, e estou à sua
disposição.
Fico a encarando e me vem a memória que Jonh parece não
ter gostado muito da presença dela, na verdade, ele parecia estar
muito surpreso.
— Você sabe me dizer se o Roger está aí?
Agora é ela que me encara de uma forma estranha, como se
me analisasse.
— A senhora vai sair? Jonh deu permissão? Não pode sair
sem a permissão dele, sinto muito.
Nossa, agora estou surpresa!
Mas sei ser bem-educada quando precisa.
— Jonh!? Chamou meu marido pelo primeiro nome? Eu sou a
sua senhora nessa casa e meu marido é o seu patrão, então não
sou questionada. Na verdade, sou eu quem questiona e faço
perguntas. Você apenas escuta e obedece, com um simples “sim,
senhor” e “sim, senhora”, estamos entendidas?
Eu não gosto de ser assim, na verdade, nunca precisei ser,
mas sinto que tem algo de muito errado com essa mulher.
— Sim, senhora, eu entendi.
Vejo que a mulher engole em seco e percebo que não gostou
nadinha do que acabei de falar.
— Agora me responda, Roger está na casa?
Ela balança a cabeça.
— Sim, senhora, ele está.
— Então enquanto tomo meu café da manhã vá chamá-lo e
não incomode o meu marido. Ele foi dormir tarde ontem e está muito
cansado. Madalena, quero me dar muito bem com os empregados
da minha casa, afinal faremos um trabalho em conjunto aqui e
espero muito que não tenham mal-entendidos entre nós duas. Se a
minha sogra a mandou para minha casa é porque deve confiar em
você.
— Sim, senhora, eu entendi. Agora se me der licença vou
chamar o Roger.
A mulher sai de perto de mim, vermelha de raiva, mas não
entendi o motivo dessa atitude.
A verdade é que não vou me preocupar com isso agora e pode
até ser coisa da minha cabeça.
Eu me sento e me sirvo, tomando meu café da manhã.
— A senhora mandou me chamar?
Eu me assusto com a voz do Roger.
Como esse homem é silencioso, nem mesmo percebi que ele
estava chegando.
— Bom dia, Roger, você já tomou café da manhã?
Ele me olha meio sem entender nada.
— Senhora!?
— Se não tomou café da manhã sente-se e coma, depois
quero que me diga como faço para chegar à igreja para assistir à
missa.
Agora ele me olha como se eu fosse louca.
— A senhora quer ir aonde?
— À missa, algum problema? Que eu saiba não sou prisioneira
dessa casa.
— Seu marido sabe disso?
Eu desisto de comer.
— Ele está em um sono profundo demais para que eu peça
permissão, então será que pode me falar como faço para chegar à
igreja onde costumo frequentar? É a igreja do padre Pedro, aquela
que fica...
— Eu sei onde fica, só achei estranho que a senhora...
— Que eu quisesse sair logo depois da minha noite de
núpcias? É, eu sei, também estou surpresa, mas quero ir à missa,
tenho muito trabalho a fazer lá. Os preparativos do casamento me
atrasaram e tem muitas famílias que dependem do meu trabalho.
Quero ir para à igreja, só isso, então me diga como chego lá.
Ele fica me encarando.
— Só pode sair com a permissão do Jonh, peça a ele e se
houver permissão, levo a senhora.
Respiro fundo buscando por controle.
Grande engano meu achar que seria livre depois que me
casasse, parece até que apenas troquei de carcereiro.
Mas eu não vou desistir.
— Então peça você a ele a maldita permissão, porque eu não
vou acordar aquele homem e eu vou à igreja com ou sem a sua
ajuda — falo me levantando e quando passo por ele, o vejo bufar.
— Tudo bem, eu levo a senhora.
Paro no lugar, me viro em sua direção e dou um sorriso a ele.
— Muito obrigada, Roger, eu sabia que poderíamos ser
amigos.
Ele arqueia uma sobrancelha.
— Minha função é protegê-la e não ser o seu amigo.
— Besteira, é a mesma coisa. Vamos ser amigos. Eu não
tenho amigos e minhas amigas são um bando de cobras falsas. Vai
gostar de ser meu amigo, prometo que não vou dar trabalho. —
Sorrio para ele novamente.
— Já está me dando trabalho. Agora vamos ou vai chegar à
missa na hora em que o padre declarar o amém. — Ele passa na
minha frente me deixando para trás e o que me resta é correr atrás
dele.
— Ei, espera por mim, você é sempre grosso assim?
— Só com quem me dá trabalho, agora entra no carro.
Chegamos na garagem e ele abre a porta do carro, mas estou
literalmente de boca aberta, afinal ainda não tinha visto essa parte
da casa.
— O que foi agora, senhora Schmidt? Desistiu de ir à missa?
— Meu Deus, que tanto de carro é esse?
— Todos do seu marido, mas não trouxeram os mais luxuosos
ainda. Jonh tem um lado fraco por carro. Agora vamos ou vai
encontrar a igreja fechada.
Dou uma última olhada pela garagem e entro no carro.
“Quem sabe um dia eu não aprenda a dirigir.”
— Nem pense nisso — Roger fala assim que fecha a porta do
carro.
— O quê? Eu nem falei nada.
— Não foi preciso, o brilho nos seus olhos já falou tudo. E a
resposta é não. — Ele liga o veículo e o coloca em movimento.
— Você bem que poderia me ensinar, assim já poupava o
trabalho de sair comigo, olha que ideia boa.
— A resposta continua sendo não e eu teria que acompanhá-la
do mesmo jeito. Se não fosse eu, seria qualquer um dos
seguranças. A senhora jamais vai sair sozinha por aí,
desacompanhada, nunca, jamais.
— Será que pode me explicar o motivo de tanta segurança?
Eu acho isso tudo um grande exagero, pois eu não tinha essa
segurança toda na casa dos meus pais. — Eu até tinha segurança,
mas nada se compara a isso.
— Passou a ter no dia em que se tornou noiva de Jonh
Schmidt, conforme-se com a sua nova vida e com as suas novas
responsabilidades.
A minha vontade é de rir do que ele fala.
— Responsabilidades de ser a procriadora de bebês Schmidt,
é só para isso que vou servir.
Ele me encara pelo retrovisor, então abaixo a cabeça e resolvo
calar a boca, pois já falei demais.
Fazemos o restante da viagem toda em silêncio e quando
Roger para o carro em frente à igreja sinto um frio na barriga.
É a primeira vez que estou saindo em público como uma
mulher casada, até dois dias atrás, só saía acompanhada dos meus
pais e hoje estou na igreja, casada, sem o meu marido, um dia
depois do nosso casamento.
— O que foi agora? Desistiu? — Roger pergunta quando
percebe que não desço do carro.
— Eu acho que não estava pensando direito quando decidi vir
à missa sozinha um dia depois do meu casamento. — Escuto a
risadinha de Roger.
— E só agora a senhora se deu conta disso? Já estamos aqui,
desça do carro e entre, já chamamos atenção, não pode voltar
agora.
Levanto a cabeça, o encaro e então uma ideia vem à mente, o
que me faz sorrir para ele.
— Eu acabei de descobrir que não gosto do seu sorriso.
— Você bem que poderia entrar comigo.
— Mas nem fodendo.
Eu arregalo os olhos, pois não tenho costume de escutar as
pessoas falando desse modo mais vulgar, apesar que o meu marido
falou muita vulgaridade no meu ouvido ontem.
— Estamos em frente à igreja, olha lá como fala, controle a
sua língua.
— Tudo bem, senhora, vou falar de um modo mais cortês. Eu
não vou entrar dentro dessa igreja de jeito nenhum, nem adianta
insistir.
Respiro fundo e faço uma cara de coitadinha para ele.
— Por favor, Roger, eu não posso entrar sozinha, as pessoas
vão comentar. Você é o homem de confiança do meu marido, todos
sabem quem você é. Se você me acompanhar vai passar um ar de
confiança e cuidado do meu marido com o meu bem-estar. Eu quero
tanto assistir à missa.
Ele trava o maxilar.
— Não, não e não.
— Por favor, estou implorando. Uma Schmidt está implorando
a você. Eu não quero ficar malfalada e nem quero que pensem nada
de errado sobre o meu casamento.
— Já disse que não.
— Estou pedindo por favor. Eu poderia estar ordenando isso a
você e como segurança da família seria obrigado a fazer o que
estou mandando, mas ao invés disso estou pedindo por favor.
— A resposta continua sendo não.
— Por favor.
— Mas que porra!
— Olha essa língua.
— Eu vou entrar com a senhora e vou xingar quantos
palavrões eu quiser. Agora sai logo de dentro desse carro.
Eu praticamente pulo de dentro do carro.
— Obrigada, Roger, e não precisa me chamar de senhora, me
chame apenas de Amelie, eu não sou uma velha.
— É por isso que não vou me casar nunca, mas nunca
mesmo. — Ele fecha a porta do carro resmungando, mas entra na
igreja comigo.
É incrível como todo mundo olha para trás, afinal não é mais a
Amelie Queen que está entrando é a Amelie Schmidt, a mais nova
anfitriã de uma das famílias mais importantes da cidade.
CAPÍTULO 9

Poucas vezes na minha vida vi mamãe com tanta raiva. Na


verdade, ela vive com raiva ou infeliz com alguma coisa.
Mas hoje a expressão dela é diferente, é como se ela quisesse
me matar, inclusive passou a missa todinha olhando para trás.
Quer dizer, olhando para mim, que estou sentada ao lado do
Roger.
Certamente, ela não gostou nadinha de me ver aqui hoje.
— Graças a Deus essa tortura acabou, vamos embora —
Roger fala se levantando e o seguro pelo braço.
Ele olha exatamente para onde estou segurando então o solto,
sem jeito.
— Me desculpa, mas não podemos ir embora agora.
“Eu não vou voltar para casa, pelo menos não agora.”
Ele respira fundo.
— E posso saber o porquê?
— Preciso falar com o padre Pedro e ainda tenho que
organizar algumas coisas no depósito. Temos várias doações
também para organizar e com toda certeza ainda deve ter doação
na van da igreja. Sem contar que ainda tenho que montar as cestas.
Eu me atrasei completamente no trabalho da igreja durante a
organização do casamento, mamãe não me permitia sair de perto
dela de jeito nenhum, o que foi um saco. O padre Pedro só conta
comigo, para ajudá-lo nesse trabalho, ninguém mais quer fazer a
parte difícil. Tudo o que essas mulheres fazem é tirar fotos depois
que eu faço o trabalho pesado, elas acham que já fazem demais
doando. — Cruzo os braços e Roger me olha como se eu fosse de
outro mundo.
— Mas de onde foi que você saiu, menina?
Eu o encaro não entendendo o que ele fala.
— Eu sempre estive aqui, mas nunca vi a família Schmidt na
igreja, acho que eles não gostam muito de frequentar aqui. Eu já
fiquei sabendo que algumas vezes o padre Pedro recebe doação da
minha sogra, sempre que ele pede ela doa.
Roger sorri e abaixa a cabeça.
— Jonh, meu amigo, você está muito fodido mesmo e eu vou
assistir de camarote a sua queda.
— Roger, tenha cuidado com a sua língua, ainda estamos
dentro da igreja, não pode...
— Amelie, minha filha querida, não imaginava que fosse
encontrar com você aqui hoje.
Sou interrompida por minha mãe e a maneira que ela fala me
causa um arrepio pela espinha.
— Mamãe. — Eu me viro na direção dela, sorrindo, tentando
disfarçar meu nervosismo.
Mas ela me conhece bem e sabe que tem a capacidade de me
apavorar apenas com um olhar.
— Será que pode me acompanhar até ali, tenho um assunto
em particular para tratar com você. — Ela nem me espera responder
e sai me puxando pelo braço.
Ainda vejo Roger querendo impedir, mas faço sinal para que
ele espere por mim e isso o para.
Mamãe continua me puxando pelo braço até que passamos
por uma porta e entramos em um corredor onde ficam os depósitos
e o escritório do padre.
— Mas o que deu na sua cabeça, menina? O que pensa que
está fazendo? — Ela solta meu braço de uma vez, me empurrando
e acabo batendo o corpo na parede.
— Mamãe, eu... — Eu me calo quando ela estala um tapa na
minha cara, mas esse não é tão forte quanto os outros que
costumava desferir contra mim.
— O que está fazendo aqui no dia seguinte ao seu
casamento? Onde está o seu marido? Espero muito que você tenha
permitido a consumação do casamento.
Passo a mão pelo rosto sentindo meu coração doer.
Por que essa mulher nunca pode ser apenas a minha mãe?
— Isso não é da sua conta, é a minha intimidade matrimonial
— falo e a vejo arregalar os olhos.
Nunca tive coragem de falar assim com ela.
— Mas que insolente! Não seria uma Schmidt se não fosse por
mim e pelo seu pai, praticamente entregamos a nossa empresa a
Jonh Schmidt em troca desse casamento e é assim que você nos
agradece.
— Eu nunca pedi por isso, mamãe, eu nunca... Ai...
Minha mãe vem para cima de mim e segura firme na carne da
minha cintura apertando forte com um beliscão, como se quisesse
arrancar um pedaço de mim.
— Você não serviria para nada além de fazer um bom
casamento e eu garanti que você fizesse, então não estrague tudo
sendo mimada. E vê se esquece de uma vez por todas esse
trabalho inútil que faz aqui na igreja, uma senhora com nome de
peso não faz esse tipo de coisa.
“Trate de voltar para a sua casa e nunca mais ouse sair em
público sem a companhia do seu marido.
“As pessoas são más, minha filha, e podem falar o que não
devem quando veem uma mulher um dia após o casamento sentada
ao lado do segurança do marido dela e não queremos esse tipo de
fofoca circulando por aí.”
Antes de me soltar, ela faz questão de apertar mais ainda o
beliscão cravando sua unha em mim.
Tenho certeza de que só não me corta porque estou protegida
pelo tecido do vestido.
— Mamãe...
— Seja perfeita, Amelie. Seja a esposa que seu marido espera
que seja, foi para isso que te criamos tão bem, para que seja
sempre perfeita. — Ela faz questão de falar segurando meu queixo,
me fazendo olhá-la nos olhos.
— Mãe, eu, eu...
— Você entendeu, minha filha, ou precisa que eu a ensine
mais?
Faço que não com a cabeça.
— Assim que tem que ser, você só fala quando a sua opinião
for indispensável, ou quando for solicitada.
Balanço a cabeça concordando mais uma vez, então ela solta
meu queixo e passa as mãos por meu cabelo.
— Você sempre foi linda, uma verdadeira boneca desde bebê,
muitíssimo bem cuidada e olha pra você agora, se tornou uma das
mulheres mais importantes do nosso país. Estou muito orgulhosa de
você, minha filha. — Ela beija a minha bochecha e sai de perto de
mim, me deixando sozinha no corredor.
Só então consigo respirar direito, sentindo o latejar do beliscão
que recebi na cintura.
— Deus, por que ela tem que ser assim? Por que não pude
nascer em uma família normal? Por que nunca pude viver como
uma pessoa normal?
Esses são questionamentos que me faço desde que consegui
entender como as coisas seriam na minha vida.
Tentando me recompor da melhor maneira possível e controlar
a dor que estou sentindo com a respiração, abro a porta e saio do
corredor. Logo vejo Roger com os olhos grudados em mim, como se
estivesse procurando algo fora do lugar.
Não posso deixar transparecer nada a ele, ou com toda
certeza contará ao meu marido.
— Está tudo bem com a senhora? — ele pergunta assim que
me aproximo dele.
— Por favor, já pedi para que não me chame de senhora. E
sim, estou bem. Agora vamos para os fundos da igreja, temos que
pegar a chave da van com o padre Pedro e ver se tem doações para
descarregar. Se você me ajudar o serviço vai ser mais rápido. —
Percebo que ele continua me olhando e dessa vez com mais
atenção.
Roger é um homem grande e assustador quando quer ser.
— Está mentindo, senhora Schmidt, não está nada bem.
Deus me ajude.
— Não me faça perguntas, por favor, eu imploro. Eu não sei o
que estou fazendo, Roger, me jogaram nesse casamento e nunca
ninguém me perguntou nada, apenas fiz o que me mandaram fazer.
Agora a ordem principal é ter um filho, mas ninguém nunca me
perguntou se era isso que eu queria. Tudo o que eu tenho que fazer
é obedecer, obedecer aos meus pais e agora tenho que obedecer
ao meu marido. Obediência sempre, porque é isso que uma filha e
esposa perfeita fazem, mas tudo o que eu quero fazer é gritar e
mandar todos para o inferno. — Acabo me descontrolando e falo
tudo sem pensar de uma vez, o que não pode acontecer, pois, ele
vai contar para o Jonh e isso me trará problemas.
— E, por que não faz isso?
— O quê? Como?
— Por que não faz o que quer? Por que não grita e não manda
todos para o inferno?
Isso me surpreende.
Quando vou responder o padre se aproxima e esse assunto
vai ficar para um outro momento.
— Amelie, minha filha, achei que não a veria mais por aqui, já
estava até mesmo procurando alguém para colocar no seu lugar.
Achar voluntários é bem difícil e eu até tentei fazer todo o trabalho
sozinho, mas não dei conta de tudo. Temos muitas doações, esse
ano vai ser especial e vamos ajudar muitas famílias necessitadas.
— Eu vou continuar ajudando, padre, não se preocupe.
— Isso é muito bom, mas não quero causar problemas a você,
menina, sua mãe disse que não poderia mais...
— A minha mãe estava equivocada, padre, eu vou continuar
ajudando e vou tentar conseguir mais pessoas para a nossa boa
causa. Agora sendo uma mulher casada com um homem importante
talvez eu consiga mais ajuda. Vou usar o sobrenome de peso do
meu marido para conseguir mais voluntários. — Percebo que o
padre fica animado na mesma proporção que fica preocupado.
— E se o seu marido não gostar? Eu não quero irritar um
homem como ele, então não faça nada que vá contra as vontades
do seu marido, menina.
Por que todo mundo parece ter medo do meu marido enquanto
eu estava desejando matá-lo sufocado com o travesseiro?
— Padre, não se preocupe com nada disso, já falei que vou
continuar ajudando e vou conseguir mais voluntários. Agora vamos
ao trabalho, meu amigo, Roger, aqui vai nos ajudar hoje.
Roger fecha a cara mais ainda, mas também não fala nada.
— Isso vai ser maravilhoso! Com um homem forte nos
ajudando vamos conseguir carregar mais caixas e também tenho
uma coisa para mostrar lá na área dos fundos. Alguém abandonou
uma ninhada de filhotes de labradores aqui, são os filhotes mais
fofos que eu já vi na vida.
Agora sim, o padre Pedro me faz sorrir, pois sempre quis ter
um cachorro, mas nunca me foi permitido.
Quem sabe agora não possa ter um.
— Eu adoraria vê-los primeiro.
— Já vou logo avisando que o Jonh não gosta de cães —
Roger fala.
O padre e eu o olhamos de uma só vez.
— Quem não gostaria de adotar um cachorrinho fofo? Ainda
mais labradores, eles devem ser lindos e fofos — falo.
— Seu marido. Ele não gostaria. — Roger dá uma resposta
direta e sem enrolação.
Mas essa resposta apenas me faz ter mais certeza do que eu
quero.
— Ainda bem que não sou o meu marido. Padre, acabei de
decidir que vou adotar um dos filhotes, eu sempre quis ter um
cachorro, mas nunca pude.
Roger sorri sabendo muito bem o que estou fazendo.
— Mas e se o seu marido...
— Não se preocupe com isso, padre, eu vou conversar com
ele e vai ficar tudo bem. Agora vamos ver os filhotes e depois vamos
ao trabalho.
Eu vou amar ter um cachorrinho, ainda mais se isso for irritar o
meu marido, assim faço com que ele pague um pouco da frustração
que me fez sentir.
CAPÍTULO 10

Eu acho que abusei um pouquinho só da boa vontade de


Roger em me ajudar, tanto que agora estamos dentro do carro
voltando para casa e ele está com a cara mais fechada do que de
costume.
Nem mesmo a fofura do meu mais novo filhote que está no
meu colo animou o homem.
— Eu gostaria de agradecer a ajuda de hoje, muito obrigada.
Ele apenas me olha pelo espelho retrovisor.
— Eu fui obrigado a ajudá-la. — É tudo o que ele fala antes de
voltar a sua atenção ao trânsito.
Roger me ajudou muito hoje e percebi até que ele sorriu uma
única vez quando eu estava escolhendo o filhote que iria adotar.
— Não foi, somos amigos agora e amigos se ajudam.
— Eu sou amigo do seu marido e não seu, o meu dever é
mantê-la segura, só isso. E amigos não torturam uns aos outros.
Eu acabo sorrindo baixinho.
— Eu não torturei você. E tem mais, se é amigo do meu
marido é meu amigo também. Você tem que me manter protegida e
segura, até mesmo dele se for preciso.
Agora sim, ele sorri, pois, deve ter se dado conta do motivo de
ter falado isso.
— Sério mesmo? Você é uma esposa fujona, dona Amelie,
seu...
— Ei, eu não fugi coisa nenhuma. Estou voltando para casa,
não estou?
— Está voltando para casa depois do horário do almoço, isso
depois de ter saído de casa sem tomar café da manhã com o seu
marido, coisa que ele preza muito. Para piorar mais ainda a sua
situação, está voltando com um cachorro, outra coisa que seu
marido não gosta. Resumindo, está com problemas, senhora
Schmidt.
Abaixo a cabeça e faço carinho no filhote respirando fundo,
afinal mal tive a sensação de liberdade e ela foi arrancada de mim.
Que vida é essa que me aguarda ao lado de um homem como
Jonh Schmidt?
Ter a certeza de que tudo o que ele quer é um filho de mim, um
herdeiro, me tirou o chão. Claro que sempre soube dos interesses
por trás da negociação, por trás do meu matrimônio, mas eu tinha
esperança. Por sinal, esperança essa que foi arrancada de mim, em
um dos melhores momentos da minha vida.
Isso não se faz, é desumano fazer uma mulher escutar o que
eu escutei quando a minha pureza estava sendo tirada.
Então me vem outro questionamento...
O que eu realmente significo para essas pessoas?
Meus pais me trocaram por um investimento milionário e tudo
o que o meu comprador quer de mim, é um filho.
Depois que esse filho nascer o que será de mim?
Serei apenas uma mãe e dona de casa, a esposa troféu,
aquela que cuida da família enquanto o marido trabalha e se diverte
entre as pernas de prostitutas?
Esse é um destino triste demais e talvez seja por isso que a
minha mãe é uma mulher tão amargurada. Para piorar a situação
dela ainda não foi capaz de dar um filho homem ao meu pai.
E se acontecer a mesma coisa comigo?
E se eu não for capaz de dar ao meu marido o filho que ele
tanto deseja, afinal foi para isso que a família dele me comprou?
— Amelie, em que mundo você está, menina? Chegamos e eu
já te chamei várias vezes.
Sou tirada dos meus pensamentos por Roger alterando o tom
de voz comigo.
Olho para os lados e me dou conta de que estamos na
garagem da mansão.
— Desculpa, eu, eu... Eu estava pensando. E não sou mais
uma menina. — Eu me remexo no banco do carro e é impossível
não fazer uma careta de dor.
A minha mãe realmente estava empenhada em tentar tirar um
pedaço meu com a unha.
— Não pense então. Desça do carro e entregue essa bola de
pelo para um dos seguranças. Vou mandar dar um banho nessa
coisa primeiro antes de você levá-lo para dentro de casa.
Concordo com a cabeça e abro a porta do carro descendo.
Com um sinal, um dos seguranças da casa se aproxima e
Roger ordena que banhem e alimentem o filhotinho antes de
entregá-lo novamente para mim.
— Obrigada por tudo o que fez hoje por mim, Roger, você foi
em um dia mais gentil comigo, do que muitos foram durante a minha
vida toda. Você pode até achar que não, mas a sua ajuda na igreja
foi de muita valia. Como pode ver ninguém se interessa pelo outro
lado do trabalho, acham que só fazer as doações é mais do que o
suficiente. Depois voltam lá quando tudo está pronto, quando as
cestas de doações estão perfeitas para tirar fotos para a mídia,
levando o crédito de quem realmente faz o trabalho pesado.
“Fazer caridade vai muito além disso, fazer caridade é ajudar
quem precisa mesmo sem saber de onde aquela pessoa vem.
Ninguém precisa saber o que você está fazendo por outra pessoa, a
mídia não precisa saber disso.
“Eu não entendo o porquê das pessoas serem tão...”
Paro de falar e respiro fundo, afinal Roger também não
entenderia.
— Enfim, obrigada. Você tem uma alma caridosa e pode ter
certeza que hoje você ajudou muitas famílias necessitadas que vão
receber aquelas cestas.
Ele fica me encarando muito sério e isso me incomoda um
pouco.
Não gosto da sensação de estar sendo analisada e Roger faz
muito isso.
— Não se engane comigo, Amelie, eu não tenho uma alma
caridosa, muito pelo contrário... Eu tenho um passado sujo, um
passado que assustaria você. Eu fiz muita coisa até conhecer seu
marido e me tornar o homem de confiança dele.
“Porém, mesmo contra a minha vontade fico feliz em saber que
ajudei você de alguma forma.
“Agora, nunca mais, entendeu bem?
“Nunca mais me use para fazer laços de cetim, isso não se faz
com amigos.
“Suba para o seu quarto e vá tomar um banho, mulher, está
imunda.”
Sorrio pela maneira que ele fala, afinal realmente estou bem
suja e em nada me pareço com a mulher perfeita que minha mãe
criou.
Se ela me visse assim morreria.
— Agora você vai falar com meu marido e vai contar a ele tudo
o que eu fiz durante o dia. Não esqueça de mencionar o que
almoçamos, ele pode querer saber desse detalhe também.
— Com toda certeza ele vai querer saber, afinal a esposa dele
não almoçou em casa, mas na cozinha de uma igreja, sentada no
chão enquanto montava cestas de doações. Não sei o que ele vai
achar disso.
— Você acha que ele deve estar com muita raiva?
— O que você acha? Casaram-se ontem, hoje pela manhã
você saiu de casa antes dele acordar e olha só a hora que está
voltando para casa. Feliz, eu garanto que não está.
Chego a cogitar a possibilidade de me sentir culpada pelo que
fiz, mas aí me lembro do que meu marido teve a capacidade de falar
na nossa noite de núpcias.
— Pois eu não me importo nenhum pouco se ele está com
raiva ou não. Vai por mim, ele mereceu, e o que eu fiz não foi nada
de mais, só fui para a igreja, assisti à missa e ajudei o padre. Estava
segura e tenho certeza absoluta que o meu marido frequenta
lugares muito mais divertidos quando está chateado com alguma
coisa.
— Ah, mais com toda certeza.
— Roger!
— O quê? Foi você mesma que acabou de dizer isso.
— E você confirmou.
— Quer mesmo que eu minta pra você? Que eu saiba amigos
não mentem uns para os outros.
Ele tem razão.
— Fale a verdade sempre, mas não seja tão direto, aprenda a
ser sutil com as palavras.
— Sutileza não é o meu forte, se quer a verdade, sempre vou
falar na sua cara e do meu jeito.
Eu acabo bufando frustrada.
— É melhor a verdade escancarada e direta do que uma
mentira bonitinha. Agora vou para o meu quarto e você vai fofocar
para o meu marido, nos vemos depois e cuidado com meu filhote.
— Era só mais essa que me faltava!
Escuto Roger resmungando quando me viro para sair da
garagem.
CAPÍTULO 11

Momentos antes...
Acordo me sentindo revigorado como há muito tempo não
me sentia. Estar entre as pernas da minha esposa é como estar no
paraíso e há muito tempo não me sentia cativo e satisfeito desse
jeito.
Fazer sexo com Amelie foi extraordinário.
Ela era tímida, pura e inocente, e o mais importante de tudo,
intocada.
Mas depois do que falei para ela, quando rompi sua barreira,
senti que ficou mais distante.
Dei prazer a ela, me preocupei em satisfazê-la assim como
estava me satisfazendo, mas ela não estava mais tão entregue
durante o restante da noite como no nosso primeiro momento
juntos.
Minha esposa sabia muito bem quais eram as condições do
nosso casamento e achei necessário acabar de uma vez por todas
com qualquer esperança que ela tivesse em relação ao amor da
minha parte.
Isso não irá acontecer, mas não significa que irei tratá-la mal,
muito pelo contrário.
Passo a mão pela cama e sinto que está fria, me dando a
certeza de que a mulher que deveria estar deitada aqui, ao meu
lado, não está, então me sento e constato de que realmente minha
esposa não está ao meu lado.
Levanto, vou até ao banheiro e nada dela, mas seus produtos
de higiene em cima da bancada da pia mostram que ela esteve
aqui.
Vou até o closet e nem sinal da mulher.
— Onde diabos essa mulher se meteu?
Eu tinha planos para a minha mulher antes do café da manhã,
mas pelo visto não vai ser possível já que ela parece ter evaporado
do quarto.
Resolvo tomar um banho rápido e troco de roupa, vestindo
apenas bermuda social e camisa.
Hoje é domingo e não vou para a empresa. Gosto de tomar
café da manhã com a família aos domingos, mas parece que minha
esposa não tem esse costume.
Talvez ela esteja na cozinha.
Com esse pensamento saio do quarto e desço a escada
rapidamente. Ao chegar na sala, avisto a mesa de café da manhã
lindamente posta na sala de refeições, mas a minha esposa não
está sentada à mesa.
Vejo Madalena retirando a jarra de suco.
— Madalena, onde está Amelie?
Ela levanta as vistas e sorri.
Conheço bem esse sorriso debochado de que vem coisa por
aí.
— Parece que a noite de núpcias foi tão boa que ela resolveu
ir até à igreja pedir perdão a Deus por ser tão escandalosa.
O mesmo poder que essa mulher teve de me enfeitiçar ela tem
de me irritar.
— Tenha mais respeito pela minha esposa, Madalena, ela é a
anfitriã da família agora. Tenha muito cuidado com suas palavras de
agora em diante, por enquanto é só um aviso.
— Está defendendo aquela pobre coitada? Ela estava com
uma cara de dar pena em quem olhasse para ela. Até eu fiquei com
pena da menina. O que você fez com ela, Jonh? Consumiu a alma
da garota em apenas uma noite.
— Em primeiro lugar, ela não é uma menina, eu a tornei
mulher, e em segundo; eu não fiz nada a ela. Amelie apenas tinha
pensamentos errados sobre como seria o nosso casamento, só isso.
Madalena sorri e balança a cabeça.
— Você com toda certeza foi para cima dela com aquele
papinho de que não posso te dar amor. Deveria ter esperado pelo
menos a segunda noite de casados para falar isso a ela. Parece que
você quebrou o coraçãozinho de cristal da sua esposa troféu. Agora
senta aí que vou servir seu café da manhã, já que a sua esposa não
está aqui para fazer isso. Como eu já tinha falado, ela foi a missa,
levantou bem cedinho e Roger a levou. Daqui a pouco deve estar de
volta.
Pelo menos ela não foi sozinha, mas quando chegar vamos ter
uma conversinha.
Depois que tomo café vou para meu escritório que ainda não
está cem por cento organizado, pois tem muita coisa fora do lugar
ainda, principalmente, documentos importantes que deveriam estar
dentro do cofre e não em cima da minha mesa.
Resolvo esperar a minha jovem esposa ocupando meu tempo
com a organização do escritório.
Os minutos se transformam em horas e nada de Amelie voltar,
o que já está me deixando irritado.
Na verdade, já estou irritado pra caralho, afinal não temos nem
vinte e quatro horas de casados e a minha mulher resolve
simplesmente sumir, porque ninguém fica até essa hora na igreja.
— Posso servir seu almoço ou vai continuar esperando a
senhora sua esposa? — Madalena entra no escritório perguntando
muito satisfeita para o meu gosto.
— Não, eu não vou comer agora. Pode se retirar e não me
incomode mais hoje.
Ela sorri.
— Sim, senhor chefinho.
— Madalena, não me provoque ou...
— Ou o quê, Jonh? Vai me jogar em cima da sua mesa e vai
fazer comigo, o que a sua esposa deveria estar fazendo? Parece
que a boneca de porcelana não é tão perfeita assim.
— Fora daqui.
— Sabe onde me encontrar quando se der conta de que esse
circo todo é uma grande perda de tempo. — Ela sai fechando a
porta.
Pego o copo de whisky e o jogo na parede com raiva.
Amelie vai me pagar por essa afronta.
Continuo no escritório, bebendo e fumando um dos meus
Gurkha Black Dragon2 até que olho as horas no relógio e vejo que já
passa da uma hora da tarde. Estou prestes a me levantar para ir
pessoalmente atrás de Amelie, quando a porta do escritório é aberta
e Roger passa por ela.
A minha vontade é de explodir primeiro com ele.
— Onde diabos você estava com a minha mulher? — pergunto
entredentes com vontade de voar no pescoço dele e ele sabe disso.
Roger é um dos poucos amigos que tenho, assim como
também é um dos poucos que tem a minha total confiança.
— A sua mulher é uma santa, um anjo puro demais para estar
nas suas mãos. Você vai para o inferno por corromper uma alma tão
pura quanto a dela.
Eu não sei se fico chocado com o que escuto ou se fico mais
puto de raiva ainda, afinal ele não pode falar da minha mulher desse
jeito, ela é minha.
— A minha passagem para o inferno já está garantida há muito
tempo, Roger e não vou fazer companhia ao Diabo apenas porque
estou trabalhando arduamente para corromper a minha mulher de
vez. Pelo menos era isso que eu deveria estar fazendo. Mas
advinha só? Ela não estava aqui.
Ele sorri.
— Ela é uma mulher que...
— Eu mato você com as minhas mãos se ousar olhar para a
minha mulher com outros olhos.
Agora o sorrisinho dele morre no rosto, pois chegamos a um
impasse.
— Você me ofende falando isso, Jonh. Eu jamais faltaria com
respeito com a sua esposa e nunca a olharia com outros olhos. Ela
pertence a você, já carrega o sobrenome da família e eu sou um
filho da puta fodido demais para ter a graça de ter uma mulher como
ela, então pode ficar despreocupado quanto a isso.
— Que bom que sabe que é um filho da puta fodido. Somos
amigos, mas você deve fidelidade a mim. Seu dever é garantir a
segurança da minha família.
Roger escuta cada palavra concordando com a cabeça e então
se joga no sofá que tem ao canto do escritório.
— Falando em fidelidade, o que diabos a sua amante está
fazendo nessa casa? Pretende continuar fodendo a Madalena
mesmo já estando casado? Isso é traição contra a própria família,
Jonh. Eles podem não gostar, na verdade, não vão gostar nadinha
de saber de uma porra dessas, então tenha cuidado. Você é um
homem de honra e eu também sou, não me coloque em problemas
e em situações que me façam escolher um lado, porque você não
consegue comer apenas uma única boceta. Conforme-se com a
mulher que foi escolhida para você.
A minha vontade é de gritar na cara dele que esse assunto não
é do seu interesse, mas o infeliz tem razão, então engulo todos os
xingamentos.
— Não, Roger, eu não pretendo continuar com Madalena. Na
verdade, fiquei tão surpreso quanto você com a presença dela
nessa casa, mas você conhece a peste. Ela aprontou alguma coisa
com a empregada que ia ser mandada para cá, então mamãe a
mandou como substituta.
— Só tome cuidado com essa mulher, como eu disse a sua
esposa é inocente demais. A peste pode se aproveitar dela.
— Madalena não seria nem louca de fazer isso.
— Então esclareça de uma vez por todas as coisas com ela e
a coloque em seu devido lugar. Sei que você gosta e ficaram juntos
por anos, mas com o seu casamento o caso de vocês dois fica no
passado. Sua esposa não merece isso, como já falei, ela é uma
santa.
— Mas que diabos Amelie fez para que você passasse para o
lado dela? Na verdade, a pergunta é outra, onde é que vocês dois
estavam?
— Na igreja, fomos à missa — ele fala tranquilamente e o
encaro sem acreditar.
— Você não vai à missa, nem mesmo gosta de igreja.
— Sua esposa me obrigou a ir.
— Não, você teve que acompanhá-la porque esse é o seu
trabalho, proteger a minha mulher.
— Ela me obrigou a entrar na igreja, me sentar ao lado dela e
assistir à missa inteirinha. Foi uma verdadeira tortura. Na verdade,
eu preferiria uma tortura completa. Mas o ponto é outro.
Eu não acredito que Amelie conseguiu fazer isso.
— Que ponto?
— Não era eu quem deveria estar ao lado da sua mulher na
missa e a mãe dela não pareceu gostar muito disso. Depois que a
tortura acabou, a bruxa da sua sogra, levou sua esposa para um
canto afastado e quando voltaram Amelie tinha lágrimas nos olhos.
Mas sua esposa disfarça bem as coisas que acontecem com ela.
Eu vou ter que dar um jeito nos meus sogros, principalmente,
na minha querida sogra.
Não vou permitir que ela continue intimidando a minha mulher.
— Vou resolver isso depois. Mas, por que só estão voltando
agora?
— Sua esposa é voluntária da igreja, disso você não sabia.
Depois da missa, ela se enfiou em um depósito cheio de caixa de
doações e começou a organizar tudo. Sem falar que praticante
descarregou uma vã de mantimentos não perecíveis.
“Parece que as damas da alta sociedade se gabam das
doações que fazem, mas o verdadeiro trabalho fica para a sua
mulher, já que é ela que organiza e separa tudo com a ajuda do
padre.
“Depois de tudo isso, ela montou cestas de doações.
“A sua mulher me usou para fazer laços rosas de fitas de cetim
e eu não faço laços rosas para cestas de doações, Jonh.
“Você vai me recompensar muito bem por isso.
“E eu também acho que ela não estava nem um pouquinho a
fim de voltar para casa, o padre praticamente a expulsou da igreja.
“Ah, e antes que eu esqueça, meus parabéns, agora vocês
também têm um cachorro.”
— O quê? Um cachorro?
— Você não é surdo. Abandonaram filhotes de Labradores na
porta da igreja e a sua esposa se encantou pelos filhotinhos. Espero
que me agradeça por ter pegado apenas um, pois por ela tinha
trazido todos. Estou falando sério, Jonh, sua mulher tem uma alma
bondosa demais. Ela se importa mais com o bem-estar do próximo
do que com o dela. Seja lá o que você fez a deixou infeliz.
Estou completamente chocado com tudo o que escuto.
Minha esposa parece ser uma caixinha de surpresas...
— Ela está apaixonada, Roger, e não posso dar amor a ela.
Meu amigo me olha como se estivesse nascido uma segunda
cabeça em mim.
— Ela é sua esposa, idiota, é claro que pode dar amor a ela.
— Não, eu não posso, isso é perda de tempo.
Roger apenas se levanta de uma vez do sofá onde estava
sentado.
— É por isso que não me caso e nem vou me casar. A sua
mulher já está me dando problema o suficiente para confirmar a
minha teoria. Então, boa sorte com ela. Só não a magoe, pois, isso
ela não merece. E mantenha o seu monstro dentro das calças
quando estiver perto da Madalena, acho que já deixei claro a você
qual lado eu escolheria.
— Mudou de lado em menos de vinte e quatro horas?
— Mudei de lado quando ela me convenceu a fazer laços de
cetim. Você está muito fodido, cara, é só o que eu falo.
Roger sai do escritório e me sento no lugar dele.
Algo me diz que vou ter dor de cabeça com a minha esposa
perfeita.
CAPÍTULO 12

Assim que entro em casa passo pela sala e subo direto


para o quarto, implorando a Deus para não dar de cara com meu
marido pelo caminho. Abro a porta do quarto com cuidado, fazendo
o mínimo de barulho e entro, aliviada depois de constatar que não
há ninguém.
Não vou ter como evitar esse encontro com Jonh, afinal somos
casados e moramos debaixo do mesmo teto, mas no momento
quero ter a opção de não o ver.
Entro no closet enorme, muito maior do que tinha na casa dos
meus pais e observo minhas coisas ao lado dos pertences do meu
marido.
Tudo está organizado impecavelmente, bem-arrumado, sem
nada fora do lugar.
Pela manhã, me arrumei com tanta pressa que não pude
observar todas as minhas coisas como estou fazendo agora.
Tem algo faltando, na verdade, tem muitas das minhas coisas
faltando porque nem mesmo fazer as minhas malas me foi
permitido, mamãe arrumou tudo e mandou para cá.
Passo as mãos pelas minhas roupas e percebo que muitas
nunca tinha visto.
Com certeza são novas.
Começo a abrir as gavetas, observo minhas roupas íntimas e
fico chocada com o que vejo. Pego uma das peças e a levanto na
altura dos olhos observando mais de perto.
— Mas que diabos estava passando pela cabeça da minha
mãe quando ela colocou isso nas minhas coisas? — Eu me
questiono sem acreditar no que estou vendo.
Realmente, meus pais querem facilitar o trabalho do meu
marido em me engravidar, porque isso aqui é um convite para
fazermos tudo o que fizemos ontem.
Coloco tudo novamente na gaveta, procuro por algo
minimamente descente para vestir e com muito esforço acho.
Eu que não vou ficar me exibindo para um homem que só
deseja o meu corpo para fazer um filho.
Só espero que meus queridos sapatos tenham vindo todos
intactos.
Entro no banheiro, tiro minhas roupas e quando observo meu
corpo no espelho me espanto. Entre as marcas que meu marido
deixou em mim, na noite passada, uma se destaca, mas essa não
foi ele quem deixou, foi a mamãe.
O beliscão assassino dela deixou uma marca roxa grande
demais para ser escondida.
Isso vai ser difícil de explicar, caso Jonh perceba e questione
alguma coisa.
Tenho que pensar em alguma desculpa para caso ele perceba,
mas vou fazer isso depois. Agora, tudo o que quero agora é me
deitar e descansar pelo restante da tarde, sem ser incomodada por
ninguém.
Ligo a água em uma temperatura muito boa para relaxar meu
corpo e chego a sentir um alívio grande. Aproveito e lavo meu
cabelo, depois ensaboo o corpo com um sabonete líquido muito
bom que tenho certeza de que não me pertence, mas nunca tinha
usado nada igual.
Pelo menos, muito bom gosto meu marido tem.
Depois de quase trinta minutos dentro do box termino meu
banho e quando me viro para sair falto ter um infarto, tamanho é o
susto que levo.
“Como esse homem pode ser tão silencioso ao ponto de ter
entrado no banheiro sem que eu tenha percebido?”
— Deus do céu, o que está fazendo aqui? Estou em um
momento íntimo do meu banho. — Tento me cobrir com as mãos,
mas é impossível, então vou até à toalha que é tomada de mim.
— Por que se cobrir, querida, se o seu corpo pertence a mim?
Não tem um pedacinho só do seu corpo por onde a minha língua já
não tenha passado — ele fala de uma maneira tão intensa, com
uma certeza tão grande das suas palavras que fico nervosa com a
possibilidade do que ele está falando seja verdade, uma verdade
que me nego a aceitar.
— O meu corpo não pertence a ninguém além de mim mesma.
Meu marido mexe a cabeça um pouco de lado e isso faz meu
coração acelerar.
Já percebi que Jonh não gosta de ser contrariado.
— Pertence a mim. Na verdade, você toda pertence a mim e
provei isso a você ontem à noite várias vezes. Agora o que está me
deixando intrigado é ver uma mancha roxa na cintura da mulher que
me pertence, marca essa que não foi feita por mim. Uma marca que
deve ter causado muita dor e que eu jamais teria coragem de fazer.
Então me diga, esposa, que marca é essa na sua cintura.
Coloco a mão em cima da marca tentando esconder e ele
sorri, mas esse não é um sorriso qualquer, é um sorriso que grita
perigo e vai ser muito difícil explicar isso a ele agora.
— Eu me machuquei.
Ele me encara mais profundamente do que estava fazendo.
— Machucou? — Ele arqueia uma sobrancelha questionando a
minha mentira.
— Eu tropecei e bati em uma mesa que tinha no depósito da
igreja.
Ele sorri sem vontade.
Droga, respondi rápido demais!
A verdade é que nunca fui boa mentirosa.
— Sabe qual é uma das qualidades que mais admiro em mim
mesmo, Amelie? A capacidade de saber quando uma pessoa está
mentindo. Você não tem ideia, querida, de como isso me é útil.
Meu Deus, eu não estou capacitada para enfrentar esse
homem, ainda mais estando pelada ainda dentro do box com os
olhos cravados dele no meu corpo.
— Jonh, por favor, eu não...
— O que foi isso na sua cintura, Amelie? Eu não vou perguntar
uma terceira vez — ele fala alto e grosso como se fosse meu pai,
me dando uma maldita ordem, chamando a minha atenção.
— Eu já falei, mas você não acredita em mim. Por favor, me dê
a minha toalha e retire-se do banheiro, quando eu sair pode usá-lo
se quiser.
— Tudo bem, vai ser da sua maneira então. Eu adoro o jeito
mais difícil, ainda mais quando estou puto de raiva. Estou com você
entalada na minha garganta, esposa. — Ele joga a toalha em cima
de mim e se vira saindo do banheiro.
Por algum motivo isso não me tranquiliza, muito pelo contrário,
me apavora, porque tenho certeza de que ele vai fazer alguma
coisa.
— Jonh! Jonh, por favor. — Saio atrás dele me enrolando na
toalha.
Ele para com a mão na maçaneta do quarto, mas não se vira
na minha direção, continua de costas.
— Por favor, eu não quero causar problemas para ninguém,
apenas aceite o que eu disse e tudo ficará bem. Eu já estou
acostumada e nem está doendo mais tanto.
Ele fica calado por alguns segundos até que se vira na minha
direção.
— Você não se machucou coisa nenhuma, machucaram você.
Ousaram tocar na minha esposa e isso eu não admito. Na verdade,
eu já até sei quem foi, mas queria a confirmação da sua boca, então
você me dizendo a verdade ou não, Amelie, isso vai ter
consequências.
Meu Deus do céu, o que ele vai fazer?!
— Jonh, estou pedindo por favor.
— Diga quem fez isso com você, eu quero escutar da sua
boca.
— Me prometa que não vai fazer nada.
Ele sorri.
— Não tente negociar comigo, menina, não vai conseguir.
— Eu não sou uma menina, sou sua esposa. Você me fez
mulher, me fez sua mulher e eu estou pedindo para que não faça
nada. Eu estou bem. — Eu mantenho o olhar firme no dele,
tentando passar uma confiança que nem eu mesma tenho.
— Onde você estava até agora?
Engulo em seco.
— Por que está perguntando se já sabe da resposta?
— Porque eu quero ouvir da sua boca, inferno. Quero que
você fale, quero saber que desculpa vai dar para ter saído de casa
tão cedo da manhã e estar voltando somente agora. Acordei e você
não estava em casa, minha esposa não estava em casa para tomar
café da manhã comigo, não estava em casa para almoçar comigo.
Casamos ontem e não fui trabalhar hoje para ficarmos juntos porque
deveríamos estar fazendo...
— Fazendo o quê, Jonh? Sexo? Já não teve o suficiente na
noite passada? O que você pensa que eu sou? — Eu o interrompo
porque sei exatamente o que ele ia falar.
— Eu não penso nada, você é minha mulher. Para que o intuito
desse casamento seja cumprido temos que ficar juntos o máximo
que conseguirmos. E sim, esposa, fazendo sexo, muito sexo
gostoso e suado, do jeito que eu gosto.
Eu nunca na minha vida imaginei que alguém fosse ter a
capacidade de me humilhar mais do que a minha mãe, mas estava
completamente enganada.
— Então é somente para isso que vou servir?
— Terá tudo o que quer.
Sinto como se meu coração estivesse se partindo.
— Eu quero um marido de verdade, que me deseje, que me
ame, que faça com que eu me sinta especial. É isso que eu quero
de você.
Ele dá apenas um passo na minha direção.
— Desejo, isso eu posso dar a você... É uma mulher linda,
Amelie, e estar com você não é sacrifício nenhum, muito pelo
contrário, estou satisfeito. Mas amor não, não me peça amor nunca
e nem insista nisso. Respeito e desejo, teremos um bom casamento
com isso.
Mesmo sem querer sinto meus olhos queimarem e luto com
muito afinco para impedir que as lágrimas rolem pelo meu rosto.
— Então já que vai ser assim pode consumir o produto que
você comprou, afinal custei uma quantia alta a você, de quebra
ainda vai ficar com toda a fortuna da minha família e ainda vai ter o
filho que tanto quer. No fim, você tem tudo e vai ficar com tudo, até
mesmo com a minha vida — falo cada palavra sentindo um amargor
na boca, porque é uma verdade difícil demais de aceitar, uma
verdade que dói.
Quando tiro a toalha do meu corpo e a jogo no chão, vejo
surpresa nos olhos do meu dono.
— Amelie, as coisas não precisam ser assim. Podemos entrar
em um acordo bom para nós dois.
— O acordo já foi fechado semanas atrás, senhor Schmidt, e
nem mesmo tiveram a dignidade de me perguntar se era isso
mesmo que eu queria, porque a boneca perfeita que estavam
vendendo ao senhor não podia ter opinião e caso ousasse ter, um
beliscão na cintura seria o de menos que poderia acontecer. Então
respondendo à pergunta que tanto me fez, sim, senhor, foi a minha
mãe que fez isso comigo. — Aponto para a marca na cintura. — Ela
fez isso porque eu não estava sendo perfeita o suficiente, afinal
ousei ir à igreja sem a presença do meu marido na manhã seguinte
ao meu casamento.
“Onde já se viu, uma dama da alta sociedade querer ir à missa
para depois se enfiar em um depósito de doação a fim de montar
cestas para os menos favorecidos?
“Isso foi um verdadeiro insulto ao sobrenome do meu marido.
“Então me use, senhor Schmidt, se enfie entre as minhas
pernas e faça o filho que tanto quer, PORQUE FOI PARA ISSO
QUE COMPROU UMA ESPOSA TROFÉU.”
Eu termino de falar as últimas palavras gritando e com
lágrimas nos olhos.
A vida está sendo muito injusta comigo, mas eu não vou
desistir tão fácil assim.
Não sem nem mesmo tentar um destino diferente.
— Vejo que está nervosa. Vou mandar que Madalena sirva a
você um chá calmante. Vista-se e descanse um pouco. Vou sair
para resolver um assunto importante e depois conversamos. — Ele
vira as costas e sai do quarto em uma velocidade impressionante,
batendo a porta.
Admito que essa reação tão calma dele me surpreendeu.
A verdade é que realmente não sei o que esperar desse
casamento.
CAPÍTULO 13

Saio do quarto sentindo o coração bater acelerado no peito.


Amelie me deixou com muita raiva quando resolveu sair pela manhã
sem falar nada, mas saber que ela foi machucada mais uma vez
pela mãe dela, já sendo minha esposa, apertou um parafuso em
mim, que não deveria ser mexido.
Amelie é minha e ninguém além de mim, pode tocar em um fio
de cabelo dela.
Posso não amar a minha esposa, mas ela carrega meu nome
e merece ser tratada como uma rainha, a minha rainha.
— Para onde você vai? Parece que está pronto para explodir o
inferno — Roger fala assim que me vê chegando na garagem.
— Quase isso. E você vem comigo.
Roger dá seu melhor sorriso macabro, aquele que eu gosto.
— Quem vai ser dessa vez? Faz tempo que não nos
divertimos.
— Vamos à casa dos meus sogros, fazer uma visitinha.
No mesmo momento, o sorriso dele morre no rosto e se
transforma em uma careta.
— Vamos matar os seus sogros!? Mas isso não vai ser rápido
demais? Deveria esperar pelo menos mais uma semana.
Às vezes, me surpreendo com a capacidade que Roger tem de
ser tão sangue frio, inclusive algumas vezes chega a superar até
mesmo a mim.
— Não vamos matá-los, Roger, não ainda. Como você
desconfiou a bruxa da minha sogra agrediu a minha mulher. Amelie
está com uma mancha roxa horrível na cintura delicada e perfeita
dela, e avisei a eles para que respeitassem a minha mulher. Estou
puto de raiva com isso.
Ele cruza os braços e me encara.
— Amelie não merece isso, já falei que ela é um anjo.
Arqueio a sobrancelha olhando para ele, mas o infeliz não
recua.
Roger não tem medo, não de mim.
— Amelie!? — questiono pela forma como se refere à minha
esposa.
— Que eu saiba esse é o nome dela, não é?
— Senhora Schmidt para você.
Agora sim, dei a ele combustível para me encher o saco
eternamente, a cara dele já diz tudo.
— Sua mulher insistiu muito para sermos amigos e adivinha
só? Eu aceitei, então somos amigos agora, sua mulher e eu. Ela
não gosta que eu a chame de senhora.
Filho da puta!
— Roger, nem começa...
— Eu não vou começar nada. Agora vamos que eu também
estou louco para dar uns socos na cara velha da sua sogra. Eu
sabia que aquela bruxa tinha feito alguma coisa.
Até que a ideia não é ruim, mas o que eu vou fazer vai ser
muito pior.
— Não vamos fazer isso.
— Está ficando mole, Jonh?
— Eu não estou ficando mole coisa nenhuma, seu filho da puta
miserável. Aqueles idiotas gostam de dinheiro e é nisso que eu vou
mexer. Eles assinaram um contrato e estavam tão sedentos que
nem mesmo se deram ao trabalho de ler. Eu vou fazê-los rastejar
aos pés da minha esposa. Eles vão aprender por mal a dar o devido
valor que minha mulher merece.
Agora sim, ele entendeu o que pretendo fazer.
— Realmente a sua ideia é melhor por enquanto. Vamos lá
apavorar os velhos.
Entramos no carro juntos e saímos da mansão indo em direção
à casa dos meus sogros.
Uma visita que eu garanto que não gostariam de receber.
***
Como eu esperava, assim que paramos em frente aos portões
da elegante casa a nossa entrada logo é liberada, sem nem mesmo
fazerem perguntas, afinal sou o genro milionário que todo pai e mãe
desejam ter.
Mas eles não estavam contando com a minha proteção
excessiva em cima da minha esposa.
— Jonh, que surpresa maravilhosa! Vamos, entre e fique à
vontade, seu segurança pode esperar na garagem ou na cozinha se
preferir.
Roger solta um sorrisinho e encaro a minha sogra feliz demais
para o meu gosto.
— Roger fica comigo, ao meu lado sempre.
A velha muda o semblante.
— Jonh, a nossa casa não representa perigo nenhum a você,
muito pelo contrário, somos uma só família agora — meu sogro fala
se aproximando.
— Roger não é apenas um segurança qualquer, é meu homem
de confiança, um amigo. — Vejo que minha sogra fica desconfiada
pelo que Roger me falou, ela não gostou nadinha de ter visto Amelie
ao lado dele na igreja.
— Bom, sendo assim vamos entrar, sintam-se a vontade — ela
fala sem alternativa.
Eles abrem passagem para nós dois e entramos na espaçosa
sala de estar.
— Sentem-se, querem um chá ou algo diferente? — minha
sogra pergunta muito bem-educada.
Sou o único a me sentar, Roger fica de pé, atrás de mim, no
sofá.
— Não, a minha visita não é uma cortesia, é assunto rápido e
pretendo voltar logo para a minha esposa que me aguarda para o
jantar.
Meu sogro logo enxuga o suor na testa com um lenço pelo jeito
que eu falo.
— Em que podemos ajudá-lo, Jonh? — meu sogro pergunta.
Direto ao ponto, isso é bom, é assim que eu gosto, porque não
quero enrolação.
— Vamos direto ao ponto, no dia em que a sua esposa
encostar em um fio de cabelo sequer da minha mulher de novo,
deixo os dois na miséria, sem nada, nem mesmo um teto para
morar. O que ela fez a minha mulher hoje pela manhã na igreja vai
ter consequências, porque estou muito puto de raiva com isso. Eu
não gosto nenhum pouco que toquem no que é meu. Imaginem só
como eu viro o Diabo em pessoa quando machucam algo que me
pertence. — Olho do meu sogro para a minha sogra.
A velha até mesmo chega a se sentar tamanho espanto pelas
minhas palavras, mas não falei nenhuma mentira e eles não perdem
por esperar.
— Jonh, por Deus, do que está falando? Amelie está bem? —
meu sogro pergunta.
— Pergunte a sua esposa. Avisei mais de uma vez para que
tivessem respeito pela mulher que ia ser minha, mas não deram
atenção. Acontece que agora Amelie já é minha mulher e a sua
esposa machucou a minha. Agora entramos em um impasse e vou
pagar na mesma moeda.
— Amelie é nossa filha, se ela faz algo de errado temos a
obrigação de corrigi-la.
Nessa hora, Roger saca uma arma da cintura e aponta para a
velha que fala besteira na frente dele.
A verdade é que a mulher não deveria ter feito isso, pois
parece que meu amigo virou o maior protetor que minha esposa
poderia ter.
— Deus o que é isso!?
Sorrio e olho para trás para ver qual arma Roger está
carregando hoje, ele tem uma coleção delas.
— Essa é uma pistola Taurus 1911, possui capacidade de 8
tiros, calibre 45ACP, cano de 128 mm e mecanismo de disparo em
ação simples, uma boa arma. Mas voltando ao assunto principal...
— Eu me viro na direção deles novamente. — A filha de vocês
passou a ser inteiramente minha no dia em que paguei uma
verdadeira fortuna por ela. Vocês a venderam para a minha família,
então...
— Jonh, não fale assim, amamos a nossa filha e não a
vendemos como está falando.
Sorrio do que esse velho fala, afinal o desgraçado faltou soltar
fogos de artifícios quando aceitamos Amelie como minha noiva.
— Duzentos milhões de dólares, esse foi o valor que Amelie
custou aos cofres da família Schmidt. Nem mesmo Abbie custou
tanto ao meu irmão e olha que a família dela tem muito mais
prestígio do que a sua. Então, vamos falar as claras, meu querido
sogro, somos homens de negócios e Amelie não está presente para
que finjam se importar com ela. Respeitem e se curvem se for
preciso diante da nova anfitriã da família Schmidt é o mínimo que
exijo de vocês. Como eu falei, o ato da senhora, minha sogra, terá
consequências, não sou um homem que fala duas vezes e com
vocês eu falei três. — Eu me levanto e meu sogro se levanta junto.
— Jonh, por favor, podemos entrar em um acordo. Amelie
sempre foi uma menina que precisava ser corrigida constantemente,
ela tinha pensamentos e ideais que não condiziam...
O velho se cala quando Roger engatilha a arma e encosta em
sua testa.
— A senhora Schmidt é uma santa, boa demais para ser filha
de um crápula como o senhor, então pense duas vezes antes de
querer falar qualquer merda a respeito de uma senhora tão bondosa
quanto ela.
Eu ainda me pergunto o que minha linda esposa fez para que
Roger ficasse ao lado dela desse jeito.
— O recado já foi dado. Tenham em mente que presto atenção
em coisas que vocês dois nem mesmo pensariam. Sabiam muito
bem para quem estavam vendendo a filha de vocês e que bom que
fui eu o comprador. Estou muito satisfeito, pois ela nas mãos de
outro homem seria um desperdício. Tenham um excelente restante
de tarde. — Eu nem espero reação nenhuma deles e viro as costas
saindo da presença medíocre dos dois.
— Você bem que poderia ter me deixado dar pelo menos um
tiro no pé do velho — Roger fala em alto e bom tom para que
escutem quando estamos nos aproximando da porta da sala.
— Eu deixo não só um tiro no pé, mas explodir os miolos na
próxima vez em que ousarem pelo menos olhar para a minha
mulher com uma cara feia.
CAPÍTULO 14

Volto para casa por volta das sete horas da noite, pois como
já estava na rua aproveitei para resolver alguns assuntos
importantes e ninguém melhor do que Roger para me dar essa
mãozinha.
— Ainda vai precisar hoje de mim, ou posso me recolher? —
Roger pergunta assim que estacionamos na garagem.
— Algum compromisso inadiável, meu amigo?
— Hoje é domingo, Jonh, claro que tenho um compromisso
inadiável. E não se preocupe que a conta vai chegar para você
pagar.
— Ficou pobre foi? Que eu saiba você tem dinheiro o
suficiente para bancar suas farras e festas privadas.
— Eu disse que você ia me pagar pelo que a sua esposa fez
hoje comigo.
— Você agora pouco estava abrindo a boca para latir para os
quatro ventos que eram amigos, já mudou de ideia?
— Viramos amigos no caminho de volta para casa, então você
paga pelo que ela fez ainda na igreja comigo e não reclama que
você tem muito mais dinheiro do que eu. Eu vou sair no seu carro, o
meu está na oficina.
A sorte dele é que somos amigos, ou não teria essa coragem
toda.
— Algo mais? Não quer levar a minha carteira também? —
pergunto de forma sarcástica e o infeliz sorri.
— Não, obrigado, só o seu carro é o suficiente. Amanhã eu
mando a conta. Agora cai fora, por favor, você está me atrasando.
O desgraçado faz sinal com a mão para que eu saia do meu
carro.
Mas é muita coragem mesmo!
— Se arranhar meu carro eu te mato. E vê se não deixa
nenhuma calcinha por aqui. Também não quero sentir cheiro de
perfume barato nos meus bancos de couro, agora tenho uma
esposa e não será nada bonito ela questionar sobre a situação do
meu carro depois de uma noite de farra sua.
Ele gargalha do que eu falo.
— Quem diria, Jonh Schmidt preocupado com o que uma
mulher vai pensar dele. Como as coisas mudaram rápido!
— Minha esposa, Roger. Enquanto ela não me der o que eu
quero, tenho que ser o melhor marido do mundo. Já percebi que
minha mulher não é tão quieta quanto eu pensava. Ela sabe
responder muito bem quando é preciso, Amelie tem uma boa língua
afiada.
Roger fica sério.
— E depois que ela der o que você quer, o que vai fazer com
ela? Vai virar um marido ruim? Vai tratá-la mal? Será que não
entende que está tendo a chance de ser feliz de verdade, Jonh?
Chance essa que muitos não tem, porque já tem a cabeça fodida
demais. Sua esposa é uma mulher linda que está apaixonada por
você. Não pense só nos filhos que você quer que ela tenha, sua
mulher também tem sentimentos, leve em conta...
— Não acha que está elogiando demais a minha mulher, não?
Eu não estou gostando muito disso.
Ele respira fundo e balança a cabeça.
— Eu só acho uma pena muito grande uma pessoa com a
alma tão boa cair nas mãos de um homem como você. Pessoas
boas estão em falta no mundo, meu amigo, e você sabe disso
porque vive na pele o que estamos falando.
“Não faça com a sua mulher o que o cretino do seu irmão faz
com a Abbie, ela não merece isso.
“Essas duas mulheres são o futuro da família Schmidt, o futuro
de todo o seu trabalho, Jonh, de tudo o que você lutou e luta para
conseguir.
“É o seu legado, porque se fosse depender apenas do seu
irmão você estaria fodido.
“E não estamos falando do lado profissional dele.
“Adam não é mais considerado um homem de honra, mas
você é, a confiança deles está em você, somente em você, então
não estrague as coisas sendo um idiota.”
Roger vem se preocupando muito com isso ultimamente, ele
tem medo de que eu vá trair a minha esposa assim como meu irmão
faz com a minha cunhada.
A verdade é que o ponto fraco de Adam é um belo par de
pernas.
— Eu sei o que estou fazendo e você não precisa se
preocupar com a minha vida, cuide apenas da sua. Agora tenha
uma excelente noite. — Abro a porta saindo do carro, mas ainda
escuto quando ele me xinga e me chama de burro.
Sem olhar para trás para não correr o risco de ver a cara feia
do Roger me julgando, entro em casa, mas quando passo pela porta
dou logo de cara com a minha esposa descendo a escada sorrindo,
feliz com uma bola de pelo nas mãos.
Ela está tão entretida com o animal que nem mesmo se dá ao
trabalho de olhar para os degraus, correndo o risco de tropeçar e
rolar escada abaixo.
Maldito cachorro!
— Amelie Schmidt, será que dá para olhar por onde anda? E
que bicho é esse nas suas mãos?
Quando ela escuta a minha voz estanca no meio da escada,
levanta a cabeça para me olhar e percebo que ela segura o
pequeno animal com mais força.
— Eu adotei um cachorro, algum problema com isso? — ela
fala petulante.
— E com ordem de quem você fez isso, querida esposa?
Vejo decepção em seus lindos olhos assim que nos
encaramos.
— Eu achei que esse tipo de decisão poderia tomar sozinha
depois que me casasse, mas vejo que me enganei mais uma vez. A
minha vida não vai mudar em nada, não é mesmo? — Ela segura o
animal como se quisesse protegê-lo de mim.
Amelie nunca teve liberdade, viveu toda a sua vida sendo
reprimida e maltratada pela mãe, praticamente sem identidade, sem
poder falar o que pensava, sem poder agir como as garotas da sua
idade, totalmente presa em um personagem que a família criou para
ela. E o pior, é que eu sei que ela saiu de um personagem para
representar outro, apenas trocou de teatro, e não posso dar a ela
além do que me comprometi a dar.
— Você quer esse bicho? Tem certeza disso? Porque eu odeio
cães.
Um pequeno sorriso se forma em seus lábios e isso é o
suficiente para me convencer a deixá-la ficar com o animal e sentir o
gosto de fazer o que ela quer.
Mas que porra, eu não gosto de cachorro!
— E só porque o senhor não gosta, acha que é motivo
suficiente para me fazer desistir dele?
— E, por que não seria um bom motivo? Sou seu marido e
deveria se preocupar com o meu bem-estar. — Eu me aproximo da
escada e subo dois degraus.
— Eu sempre quis ter um cachorro, mas nunca me deram
permissão. Uma ninhada de labradores foi abandonada na porta da
igreja e eu quis ficar com um. Na verdade, eu queria mais de um,
mas Roger não deixou. Por favor, Jonh, essa é uma boa raça, o
padre disse que eles servem como cão de guarda também e pode
ajudar na segurança da casa.
A minha vontade é de rir, porque se toda vez que essa mulher
quiser uma coisa me pedir desse jeito, estou fodido.
— Para me pedir para ficar com essa coisa em suas mãos,
não sou mais senhor. Boa jogada, senhora Schmidt. — Subo mais
uns degraus ficando a apenas dois de distância dela.
— Quero ficar com ele. — Ela insiste batendo o pé.
Mas vou negociar, porque quero muito estar entre as pernas
dela novamente.
— E o que eu ganho em troca? Hoje você não foi uma boa
esposa, saiu pela manhã sem falar comigo, chegou em casa depois
do horário do almoço e ainda decidiu adotar um cachorro sem a
minha permissão. Acho que mereço algo em troca. — Eu sei que ela
já entendeu muito bem o que eu quero, tanto que a vejo ficar
vermelha.
— O senhor quer algo em troca da permissão de me deixar
ficar com o cachorrinho?
— E também quero que pare de uma vez por todas de me
chamar de senhor, eu não gosto disso. Sei que está me chamando
assim porque ainda está chateada pela discussão que tivemos mais
cedo, então pare com isso, sou seu marido e você é minha mulher.
Ela engole em seco e subo o último degrau.
— O que você quer? — ela pergunta nervosa e passo as mãos
pela sua cintura, a puxando para mim.
— Você sabe muito bem o que eu quero, esposa.
Ela segura o cachorro com uma mão e a outra apoia no meu
peito.
— Jonh, olha o cachorrinho, você vai machucá-lo.
— Amelie, eu quero você e está quase me convencendo a te
deixar ficar com esse bicho, então não o use contra mim. — Vejo
seus olhos brilharem.
— Posso ficar com ele então!? — ela pergunta empolgada.
— Vai me dar o que eu quero? — Devolvo a pergunta.
— Eu não posso me negar a você, Jonh, querendo ou não
você tem direito sobre o meu corpo, mamãe disse que quando uma
mulher se casa...
— Sua mãe é uma tola que não sabe de nada. Eu quero você,
te desejo, é uma mulher com um corpo lindo e quero que tenha um
filho meu o mais rápido possível, mas nunca vou forçá-la a ir para
cama comigo.
Ela abaixa a cabeça e acaricia o cão.
— Eu também quero você... Ahhhh...
Eu nem espero que ela termine de falar e a pego no colo de
uma vez, a fazendo segurar o cãozinho com uma mão e com a outra
ela segura meu pescoço.
— Por Deus, o que está fazendo?
— Você já jantou? — pergunto voltando a subir a escada.
— O quê? Mas...
— Comeu ou não?
— Não, ainda não, estava indo justamente falar para Madalena
servir o jantar.
— Ótimo, hoje eu vou comer a sobremesa primeiro, depois
descemos juntos para jantar.
— Sobremesa!?
— Sim, esposa, você é a minha sobremesa e eu vou te
devorar todinha.
CAPÍTULO 15

Devo ser um filho da puta muito desgraçado mesmo, porque


tive que esperar a minha mulher acomodar o bicho que ela insistiu
em adotar para depois vir se deitar comigo.
Confesso que a minha vontade era de jogar esse cachorro
pela janela, afinal mal chegou na minha casa e já está me
impedindo de fazer sexo com a minha esposa.
— Amelie! Se eu tiver que te chamar mais uma vez, jogo esse
bicho pela janela.
Minha mulher sai do closet fechando a porta com cuidado,
cruzando os braços para logo em seguida me encarar.
— Eu tinha que acomodá-lo direitinho, Jonh, imagina só se ele
vê você...
— É só um cachorro, Amelie, ele não entende nada. Agora
vem de uma vez por todas.
— Preciso ir ao banheiro primeiro. — Ela se vira e vai para o
banheiro quase correndo.
— MALDIÇÃO!
Essa mulher só pode estar querendo me castigar!
Onde já se viu o grande Jonh Schmidt esperando pela boa
vontade de uma mulher?
Se me falassem que eu estaria fazendo isso dois dias atrás eu
morreria de rir, mas aqui estou, praticamente me humilhado para
uma mulher só porque tenho pressa em engravidá-la.
— Amelie Schmidt, você tem cinco minutos para... — Eu me
calo quando ela abre a porta do banheiro e aparece usando apenas
um roupão.
— Estou aqui.
Porra, como essa mulher é linda!
— Venha, querida, e tire esse roupão. Quero você
completamente nua para mim.
Eu não sei se ela está vermelha de vergonha ou de excitação,
aposto na primeira opção.
— Venha, Amelie, venha para o seu marido.
Ela faz o que mando e anda em minha direção lentamente
abrindo o nó do roupão, o deixando cair aos seus pés assim que
chega na beirada da cama.
— Estou aqui.
Porra!
Não sou um homem carinhoso, nunca precisei ser com mulher
nenhuma, e ontem à noite precisei me controlar muito para não
passar dos limites com a minha mulher, afinal era a primeira vez
dela e tentei ser delicado o máximo que pude.
Mas hoje...
— Lembra das posições de ontem? — pergunto, alisando sua
barriga.
Ela balança a cabeça dizendo que sim.
— Quero sua bunda para o alto de novo.
Ela arregala os olhos.
— Jonh, não diga essas coisas assim.
— Eu não sou nenhum santo, Amelie, creio que já percebeu
isso. Não quero que você seja também, então faça tudo o que eu
disser. Você só tem a ganhar, querida, afinal me preocupo tanto com
o seu prazer quando o meu. — Eu a ajudo a se deitar na cama,
tocando suas curvas macias, me colocando de joelhos ao seu lado
para abraçar seus quadris.
— Linda, perfeita e todinha minha para o meu deleite e prazer.
— Dou um tapa na boceta de lábios comportados e fechadinhos, os
abrindo devagar com o indicador.
— Jonh... — ela fala toda manhosa meu nome.
— Só sinta. — Esfrego seu clitóris, arrancando um gemido
gostoso da minha mulher.
Uso seus gemidos como um termômetro para saber o que ela
acha bom ou não, depois levo a boca até o local e chupo seus
lábios internos.
— Jonh... — Amelie geme, balançando a bunda discretamente.
— Está gostando?
— Sim...
Sorrio forçando o polegar, passando um dos braços por baixo
da sua barriga, manipulando seu pequeno clitóris com os dois dedos
trabalhando na mesma velocidade.
Amelie choraminga, afundando o rosto no travesseiro,
escorrendo lubrificação pela boceta gostosa que agora me pertence.
Faço minha mulher gozar dessa maneira, com meu polegar
fodendo sua boceta, enquanto esfrego minha outra mão na boceta
ensopada. Ela geme e treme quando tiro o dedo e o substituo pela
minha boca, dando beijos delicados na região, para em seguida,
passar a língua por cada canto dos lábios internos.
Sou um puto na cama e isso não irá mudar agora que me
casei.
— Gostosa — murmuro, virando seu corpo de barriga para
cima, me aproximando do seu rosto vermelho.
— Tudo bem por aqui, esposa? — Ela apenas ronrona, não
pronunciando nada que dê para entender, esfregando as pernas e a
bunda no colchão.
Deito ao seu lado e desço a mão pelo abdômen liso, tocando o
monte de vênus macio até chegar nos lábios melados. Meu pau já
lateja batendo nas minhas coxas, já estou nu, querendo se afundar
dentro da boceta quente e me sinto ansioso por isso.
Massageio o clitóris sensível, beijando um dos seios, ao
mesmo tempo, em que a penetro com o dedo médio e esfrego a
palma da mão nos lábios internos.
Amelie agarra meu cabelo e puxa meu rosto, me encarando
com os olhos transbordando de tesão.
É isso o que eu quero.
— Eu quero sentir você — fala, jogando a cabeça para trás
quando afundo o dedo e, depois, o puxo em gancho.
— Meu Deus, Jonh...
— Gosta disso?
— Ah... Gosto... — geme e aperta meus braços, mas suas
pernas se abrem mais.
— Marido...
— O que você quer, esposa?
— Quero você dentro de mim.
Sorrio lambendo seu pescoço que já está suado, aumentando
a velocidade da minha mão que a fode.
Suas costas se afastam do colchão momentaneamente
conforme Amelie pronuncia o barulho delicioso do prazer, que se
mistura ao som molhado da sua boceta. Puxo o dedo e dou um
descanso a ela, me ocupando de beijar cada centímetro de pele do
seu pescoço, mordendo e chupando sua pele, alisando de leve a
bocetinha em descanso.
Subo sobre o corpo de Amelie, fechando os dedos ao redor da
sua garganta, esfregando meu pau entre suas pernas. Ela rebola ao
meu ritmo, arranhando minhas costas, me olhando fixamente.
— Você é linda, um verdadeiro anjo que vou corromper a alma
— falo, mordendo sua boca. — Você valeu cada centa... — Paro de
falar antes que saia uma merda muito grande e me ocupo em beijar
seu corpo, fazendo o caminho até me ajoelhar entre suas pernas.
Trago suas coxas para mais perto, erguendo um pouco seus
quadris, enfiando meu dedo na sua entrada apertada.
— Jonh... — Puxo os quadris ainda mais para o alto, quase
deixando minha mulher num ângulo de noventa graus, chupando a
boceta gostosa enquanto a fodo dessa maneira.
— JOHN!
Quando aumento a velocidade seus gritos ecoam pelo
ambiente, esfregando seu ponto de prazer, a fazendo gozar de
novo, sentindo o gosto do seu gozo.
— Você vai acabar comigo.
Sorrio baixinho e me deito, a puxando para uma conchinha.
Amelie está mole em meus braços.
— Ainda nem começamos... — aviso, colocando sua orelha na
boca, abrindo sua perna para apoiar na minha. — Agora a gente vai
foder gostoso, de verdade.
Ela apenas joga o braço para trás e me aperta, enquanto
movimento meus quadris, guiando meu pau até sua boceta,
empurrando devagar, no mesmo ritmo dos quadris da minha mulher
que se abre para me receber.
Quando a cabeça do meu pau encaixa na sua entrada estoco
com cuidado, sentindo a pressão ao meu redor, mas também o calor
e a umidade que só me fazem querer ir mais além como um
desesperado.
— Isso... — minha mulher murmura ofegante.
— Eu quero tudo de você, Amelie, quero sentir tudo... —
Lambo sua orelha e depois a chupo, estocando fundo, me sentindo
enterrar em seu canal.
Seus gemidos são deliciosos de todas as formas e minha
mulher me acompanha com perfeição, uma hora me esmagando
dentro da sua boceta apertada, outra hora me concedendo mais
espaço.
Sou o mais carinhoso que consigo, mas depois de uns dois ou
três minutos, puxo sua perna mais para cima e fodo minha mulher
de verdade, estocando e investindo meus quadris contra os seus.
Aperto seu pescoço com força, sentindo seus dedos se
fecharem ao redor do meu pulso.
Continuo metendo na boceta apertada que recebe todo o meu
pau.
— Não achou que eu fosse pegar leve para sempre, né? É
assim que eu gosto de foder e você também vai gostar muito,
esposa — falo mordiscando sua bochecha.
O som dos seus gemidos ecoa pelo quarto, cada vez mais alto
e entrecortado, até que me ergo e monto seu corpo, ajoelhando no
colchão, me encaixando entre as coxas macias. Dou um tapa no
seio esquerdo, sem parar de meter, depois outro no direito.
Ela agarra os lençóis com as mãos pequenas, gritando como a
safada que eu quero que ela seja, aumentando mais ainda o meu
tesão.
Os seios balançam enquanto aperto sua cintura, mas me
inclino para a frente e seguro seu queixo, levando meu polegar para
dentro da sua boca.
— Está gostando, esposa? — pergunto e a filha da mãe
assente de olhos fechados.
Na minha cama não aceito timidez e minha mulher está
exatamente do jeito que gosto. Deito sobre seu corpo e levo um dos
seios para minha boca, batendo a língua no mamilo no mesmo ritmo
em que a fodo.
— Ai... Sim...
— Está gostoso? — Diminuo um pouco a velocidade e rebolo
dentro dela, sugando o outro mamilo antes de beijar sua boca.
— Sim... — responde abrindo os olhos.
Beijo sua testa antes de recuar e observar seu corpo. A pele já
ostenta deliciosamente algumas marcas deixadas por mim e quero
muito mais. Aliso o clitóris inchado e a penetro com um dedo, me
excitando com a carne melada e quente. Pincelo a cabeça do meu
pau na entrada vermelha e a faço se virar de costas. Puxo um
travesseiro para colocar sobre seus quadris e pego um dos seus
braços, o trazendo para trás, levando sua mão para baixo da sua
barriga.
— Quero que se toque enquanto a como nessa posição. Já
sabe como fazer. — Enrolo seu cabelo em meu pulso e o puxo,
ouvindo sua reclamação. — Pode gritar que eu adoro, acabou de
dizer que estava gostoso.
Minha mulher geme alto quando a penetro até o fundo e meto
rápido.
Amelie tenta se agarrar à cabeceira da cama, sem sucesso,
mas a outra mão faz o trabalho que mandei e a ajudo a me esmagar
em seu interior.
— Porra, Amelie... Que gostosa! — Não aguento mais e encho
sua boceta de porra que escorre para fora cada vez que meu pau se
move e transforma tudo numa sujeira maravilhosa.
Solto seu cabelo para afastar as nádegas macias e ter uma
visão melhor da boceta me engolindo, sem vontade nenhuma de
sair de dentro dela porque ainda estou duro. Seu desespero
aumenta com os gemidos quando a puxo para grudar as costas no
meu peito. Ajoelhada e quicando em meu pau, ela aperta meu braço
quando a enforco e chupo sua orelha.
Amelie joga o peso todo para trás e desce as mãos para apoiá-
las em minhas coxas enquanto estoco com força e exijo mais da sua
boceta pequena.
Levo os dedos até seu clitóris, o esfregando depressa, a
fazendo gritar mais. Tento inclinar o corpo para a frente quando
começo a gozar, mas a prendo firme e a mantenho no mesmo lugar,
sem dar descanso por enquanto.
— Jonh... — choraminga, tentando afastar minha mão.
— Não, senhora, vai ficar aqui onde é o seu lugar. — Afundo
os dentes em seu pescoço e puxo a pele entre meus lábios.
Seus tapinhas nas minhas pernas só me incentivam ainda
mais a foder minha esposa, por isso me deito de costas e a prendo
em cima de mim, estocando numa boceta que não para de me
esmagar.
Amelie puxa as pernas contra o peito tentando se fechar,
enlouquecida com a sensação que experimenta quando volto a
manipular seu clitóris.
— Eu vou morrer... — murmura quando aumento a velocidade
dos meus quadris. — Por favor...
— Quietinha, esposa. — Assopro seu pescoço e o beijo. —
Brinque com seus mamilos. Confie em mim, sempre terá que confiar
em mim, quando estivermos nessa cama. Sempre te darei prazer,
Amelie, sempre.
Ela obedece ofegante, suada, gritando, se entregando por
completo.
Seus dedos apertam os seios e as mãos deslizam pela pele
que brilha. Aumento a fricção no clitóris, apreciando seu desespero
que só aumenta até que explode em um novo orgasmo incrível,
sofrendo espasmos fortes em cima de mim. Estoco mais algumas
vezes, substituindo suas mãos pelas minhas em seus seios lindos,
os apertando enquanto goza bem fundo, tremendo a cada investida
que me arrepia a espinha e alcança meu pau.
Porra, essa mulher é incrível e estou muito fodido agora.
Saio de dentro dela sem pressa, mas permanecemos na
mesma posição. Passo os braços ao redor do seu corpo e a aperto,
beijando seu rosto, esperando que se recupere, pois, ainda estou
trêmula.
Afastando seu cabelo do rosto melado, a prendo em meus
braços.
A única coisa que tem forças para fazer é se aconchegar mais
contra meu corpo e empurrar a bunda contra meu pau, relaxando o
corpo.
— Jonh, posso fazer uma pergunta?
— Claro que pode, sempre pode falar comigo o que quiser.
Ela respira fundo.
— Quanto você pagou por mim?
Sinto um frio passar pela espinha com essa pergunta, por isso
não vou responder, não vou acabar com o momento maravilhoso
que estamos tendo.
A verdade é que pela minha boca nunca irá saber a pequena
fortuna que paguei por ela.
— Isso não importa, o que importa é que você agora é minha
mulher e de você sairá a continuação da família Schmidt.
CAPÍTULO 16

Uma semana já se passou desde o meu casamento com


Jonh e a minha rotina não mudou muito. Antes, eu não podia sair de
casa sem a permissão dos meus pais e agora não posso sair de
casa sem a permissão do meu marido. Mesmo ele dizendo que
tenho liberdade para ir aonde quiser, sempre Roger ou um dos
seguranças liga para ele primeiro.
O problema é que as poucas amizades que tinha agora não
existem mais, parece que as pessoas acham que sou outra pessoa
depois que me casei, ou seja, meus dias seguem tediosos dentro
dessa mansão, mas eu tenho planos.
Jonh disse que eu poderia redecorar a casa e é isso que vou
fazer, já até mesmo falei com a minha sogra e ela se dispôs a me
ajudar. Também vou contar com a ajuda de Abbie, cunhada do meu
marido, que não tem muito tempo descobriu estar grávida. Minha
sogra acha importante a proximidade entre nós duas, já que o plano
é criarmos nossos futuros filhos como irmãos para garantir a
segurança da família e o laço forte entre eles no futuro, o que me
parece ser um bom plano.
— Senhora, o jantar já está pronto, posso servir ou irá esperar
o senhor Schmidt? — Madalena entra na sala falando e assim que
me vê me analisa.
Não sei o motivo, mas acho que tem algo muito estranho com
essa mulher.
Eu não gosto muito do jeito que ela fala comigo, mesmo não
me faltando com educação.
— Vou esperar o meu marido, aviso quando ele chegar para
que possa servir o jantar.
Ela me dá um sorrisinho que posso jurar ser falso, conheço
pessoas falsas, convivi com elas durante toda a minha vida.
— Sim, senhora. — Ela se retira da sala.
Fico encarando suas costas até sumir de minhas vistas e me
pergunto se Jonh ainda irá demorar para chegar.
Não temos muito tempo de interagir, nossa interação desde o
casamento é na cama, onde interagimos até demais e eu gosto.
Gosto do que meu marido me faz sentir e meu medo está no que vai
acontecer depois que ele conseguir o que tanto deseja, seu filho tão
esperado.
Nossa convivência se resume em tomar café da manhã e
jantar com ele todos os dias, já que passa o dia fora trabalhando na
empresa.
Desde que nos casamos, ele não veio almoçar em casa uma
única vez e quando o questionei sobre isso, ele foi direto com a
resposta, “não tenho tanto tempo assim disponível para você”.
Admito que não gostei muito de escutar isso.
Mas o que eu esperava?
Uma eterna lua de mel?
Claro que não.
Jonh tem um humor um tanto peculiar, em um momento ele
está bem, conversando e sorrindo, me tratando como uma
verdadeira rainha, mas percebi que essas nossas conversas sempre
terminam em um único lugar, a nossa cama. Depois que fazemos o
que ele bem quer, volta a ser o homem sério e sisudo de antes.
Bem, no fundo, sei o que tudo isso significa, mas é muito mais
fácil eu me enganar, eu mesma estou fazendo isso comigo.
A verdade é que a realidade das circunstâncias do meu
casamento são duras demais para se aceitar sem um pouco de
ilusão.
— Com licença, senhora, seus pais estão no portão querendo
entrar. Posso permitir a entrada deles? — um dos seguranças da
casa entra falando e me impressiono em saber da presença dos
meus pais.
Desde o casamento não tive mais notícias deles, como se eu
estivesse deixando de existir na vida dos dois.
— Pode deixá-los entrar.
— Sim, senhora. — Ele sai.
Não demora muito outro segurança aparece acompanhado dos
meus pais, então coloco a revista que tinha nas mãos em cima do
sofá e me levanto para recebê-los.
Percebo que os dois estão com uma expressão cansada no
rosto.
— Mamãe, papai, que surpresa!
Meu pai sorri, já mamãe...
— Será isso mesmo? Foi preciso uma permissão sua para que
pudéssemos entrar na sua linda mansão. Casa essa que se não
fosse por nós, você jamais teria conseguido. Onde já se viu
tamanha falta de respeito — mamãe fala.
— Ora, o que temos aqui? Parece que as coisas realmente
nunca mudam. — Jonh chega falando.
Percebo que mamãe muda de cor, meu pai então já tira logo o
lenço do bolso e enxuga um suor instantâneo que surge do nada em
sua testa, e o mais assustador é a expressão de Roger que está
logo atrás do meu marido.
— Jonh, meus pais vieram nos fazer uma visita surpresa —
falo quando meu marido se posiciona ao meu lado.
— Não é surpresa nenhuma, querida, eu já esperava pela
visita deles. A verdade é que demoraram até mais do que eu previa.
Olho de Jonh para os meus pais sem entender nada.
— Jonh, será que podemos conversar? O que está fazendo
conosco não é digno de... — meu pai fala.
— Quer mesmo falar de dignidade, senhor Queen? — meu
marido o interrompe.
— Por favor, vamos conversar em particular, Amelie pode ficar
fazendo companhia a mãe — meu pai insiste.
— Minha esposa não fica com a sua mulher sozinha em um
mesmo ambiente nunca mais na vida e tratem de dizer logo o que
querem. Estou cansado de um dia de trabalho e quero poder jantar
em paz com a minha esposa.
— Jonh, por favor, são meus pais.
Conviver com meus pais não foi muito fácil, mas os amo
mesmo assim e sou a única filha deles.
— Tudo bem, vamos jantar todos juntos e assim durante a
refeição podem falar o que querem — meu marido fala.
— Tem certeza de que quer ter essa conversa na frente de
Amelie? — Dessa vez é mamãe quem questiona meu marido.
— Quero sim e tenham muito cuidado com o que vão falar na
frente da minha esposa.
Isso soa mais como uma ameaça do que com um convite para
jantar.
— Vou mandar servir o jantar. Roger, você se junta a nós,
hoje? — pergunto.
Minha mãe me olha como se eu fosse louca, mas Roger
praticamente faz parte da família.
— É claro que sim, eu tenho que ficar de olho em algumas
coisas — Roger fala.
Eu não vou tentar entender a cabeça desse homem e nem
suas palavras.
Peço licença e vou até à cozinha pedindo para que Madalena
sirva o jantar.
Em menos de dez minutos estamos todos à mesa, mas é
nítido o clima tenso. Realmente, não entendi o motivo dessa visita
repentina dos meus pais e nem a reação do meu marido ao
encontrá-los.
Mas o que me deixa mais chocada mesmo é a ousadia de
Roger ao se sentar, tirar uma arma da cintura e a colocar em cima
da mesa, ao lado do seu prato.
— Por Deus, Roger, o que é isso?
Jonh levanta as vistas e ao se dar conta do que estou falando
apenas sorri.
— Essa é uma pistola Russa 9 mm, uma antiguidade, muito
difícil de se achar hoje em dia. Essa belezinha aqui é item de
colecionador e uma das minhas preferidas. Ela está em perfeitas
condições para estourar os miolos de quem fala muita merda na
minha frente — Roger responde.
Arregalo os olhos e mamãe falta derrubar os talheres, o que
me impressiona, afinal ela sempre foi muito elegante quando se
trata de se comportar à mesa, uma verdadeira dama.
— Mas estamos jantando e não...
— Deixe-o, querida. Roger sabe o que está fazendo, tanto que
confio a minha vida e a sua nas mãos dele. O que eu quero saber
mesmo é o motivo que traz meus sogros à minha humilde
residência. — Jonh se concentra em sua comida.
Tento fazer o mesmo, mas pelo canto de olho vejo que papai
não se sente confortável.
— Estamos com problemas na empresa, Jonh, você realmente
cumpriu com o que falou, disse que as ações de minha esposa
teriam consequências e teve. Estamos aqui para que ela peça
desculpas à nossa filha pelo trágico ocorrido — meu pai fala e
mamãe se ajeita na cadeira, limpando a boca delicadamente com o
guardanapo de tecido.
— Amelie, querida, sinto muito pelo ocorrido na igreja. Quero
me desculpar com você e deixar claro que aquele tipo de atitude
nunca mais vai acontecer. Espero que me perdoe.
Dessa vez sou eu que largo os talheres e encaro a todos.
— Mas será que alguém pode me explicar, por favor, o que
está acontecendo aqui? Por que vocês vieram à minha casa? E, por
que motivo mamãe está pedindo desculpas a mim? Ela nunca pede
desculpas a ninguém, não importa quem seja, nunca.
— Sua mãe está apenas se desculpando com você, filha. Ela
se sentiu muito mal depois do que aconteceu, é a nossa única filha
e te amamos. Mesmo que não pareça te amamos muito e queremos
apenas o seu bem, nunca o seu mal — papai fala e o encaro vendo
em seus olhos meias verdades.
Ele sempre foi o mais amoroso comigo, mas sei que tem algo
mais nas entrelinhas.
— E o que a empresa tem a ver com esse pedido de
desculpas? O que o meu marido tem a ver com isso? — Olho para
mamãe e a encaro sustentando seu olhar. — A senhora pode ser
tudo o que existe de pior nessa Terra, mas não é uma mentirosa.
Esse defeito a senhora não tem, sempre falou a verdade na minha
cara por mais que doesse em mim, sempre fez isso sem se importar
com os meus sentimentos, então mamãe peço para que dessa vez
não segure a língua dentro da boca.
Ela entende exatamente o que eu quero.
— Chega desse assunto, Amelie, a sua mãe veio aqui pedir
desculpa, então aceite e pronto. Se é mais dinheiro que eles
querem, eu posso muito bem dar...
— Por favor, mãe, eu nunca pedi nada para a senhora, mas
estou pedindo agora — falo interrompendo Jonh e vejo que papai se
prepara para falar, mas mamãe fala primeiro.
— Eu não vou falar nada com esse seu segurança com uma
arma em cima da mesa, não vou correr esse risco.
— Ele não vai fazer nada com a senhora, eu garanto — falo.
— Não fale por mim, menina, eu... — Roger fala.
— ELE NÃO VAI FAZER NADA! — falo alto me levantando da
mesa empurrando a cadeira para trás e mamãe faz o mesmo.
— Seu marido não gostou nadinha da correção que dei em
você, por isso foi até à nossa casa, garantiu que os meus atos
teriam consequências e realmente teve, mas as minhas desculpas
são sinceras, Amelie.
“Eu realmente passei dos limites com você, é uma mulher
casada e agora o que faz ou deixa de fazer é problema dele e não
mais meu.
“Mas aí tocar no patrimônio da empresa apenas para me
ensinar uma lição é demais.
“No seu patrimônio, na sua herança que passou a pertencer a
ele quando assinamos aquele maldito contrato.
“Duzentos milhões de dólares, foi esse o valor que ele pagou
por você e pela sua herança.
“Seu pai investiu todo esse dinheiro na empresa e agora o seu
marido quer...”
— Chega disso, fora da minha casa os dois agora mesmo! —
Jonh fala se levantando, possesso de raiva e Roger faz o mesmo
pegando a arma.
— Por favor, somos uma família agora, chega de confusão.
Vou acabar infartando a qualquer momento, Jonh, por favor. Passo
o comando da minha empresa para você, só pare com o que está
fazendo. Trabalhei a minha vida toda para ter o que tenho hoje. O
que Susan fez foi errado, mas ela se desculpou, então chega disso.
Vamos passar uma borracha no passado e seguir em frente.
Aprendemos a lição, nossa filha é sua, você pagou por...
Eu não fico mais para escutar tamanhos absurdos e me viro
saindo da sala de jantar. Ainda escuto Jonh chamando por mim,
mas finjo não escutar.
Eu não quero saber dessa sujeira toda que me causa nojo, fui
vendida por meus pais e nada e nem ninguém vai mudar isso.
CAPÍTULO 17

Eu não sei quanto tempo se passa e nem como consegui


chegar até aqui, tudo o que sei é que estou debaixo do chuveiro,
encolhida no chão, segurando meus joelhos, tentando absorver tudo
o que escutei.
Eu não sei o motivo desse tipo de coisa ainda me surpreender.
Nunca tive opção e sei as circunstâncias pelas quais meu
casamento aconteceu, mas quando isso é escancarado e jogado na
minha cara da maneira como aconteceu hoje, no jantar, me afeta de
uma maneira dolorosa e tenho que aprender a conviver com essa
verdade.
— Amelie.
Escuto a voz de Jonh ecoando de dentro do quarto, mas não
tenho vontade nenhuma de me mexer.
— Amelie... — Ele abre a porta do banheiro de uma vez e
encara o box.
Nesse momento, devo estar parecendo a pessoa mais ridícula
do mundo.
— O que está fazendo? — Ele se aproxima e sente a água
gelada que cai em meu corpo.
Eu precisava que algo doesse em mim, mais do que o meu
coração está doendo.
— Pelo amor de Deus, você vai ficar doente, mulher. O que
pensa que está fazendo? — Ele desliga o chuveiro e me pega no
colo, se molhando todo.
Estou usando apenas uma calcinha de renda preta.
— Porra! A minha vontade é de matar a sua mãe com as
minhas mãos. — Ele me coloca sentada na bancada branca de
mármore da pia e pega uma toalha para me secar, mas continuo
como estava, imóvel, sem falar nada. — Vamos, fique de pé, tem
que se secar bem. Está gelada, Amelie. — Ele me ajuda a descer.
Tomo a toalha das mãos dele e me enrolo, logo em seguida
tiro a calcinha com cuidado para que ele não veja nada além do que
permito.
Jonh pode até ter comprado uma esposa, mas hoje ele não vai
usar o meu corpo.
— Amelie! — Ele chama meu nome assim que passo por ele e
saio do banheiro indo em direção ao closet.
Sei que ele está vindo atrás de mim, mas não estou com
vontade nenhuma de discutir.
O dia de hoje já deu o que tinha que dar.
— Será que dá para falar alguma coisa? Grite se quiser, assim
pelo menos vou saber que está tendo alguma emoção — ele fala
encostado na porta do closet enquanto tento me trocar da melhor
maneira possível, sendo protegida apenas pela toalha.
Primeiro visto a calcinha, depois escolho uma camisola e a
visto por cima da toalha para depois puxá-la do meu corpo.
Tudo o que escuto é o sorrisinho debochado do meu dono.
— Que porra está tentando fazer, Amelie? Não tem nada no
seu corpo que eu já não tenha visto, por que está se escondendo
agora de mim?
A minha vontade é de mandá-lo para o inferno, mas prefiro
permanecer calada.
Nisso eu sou boa, afinal passei a vida inteira calada.
— AMELIE, CARALHO!
— O que você quer de mim? O que mais você quer de mim,
Jonh? Desde o nosso casamento, faço sexo com você todas as
noites. Será que não posso ter sequer um dia sem que você... — Eu
resolvo me calar antes que fale algo que não tenha mais volta.
A verdade é que tudo o que eu queria nesse momento era um
tempo sozinha só para mim.
— Termine de falar o que estava dizendo.
— Será que pode ficar sem usar o corpo da mulher que
comprou pelo menos uma única noite? Tudo o que eu quero é me
afundar na cama e chorar todo o amargor da minha vida miserável.
Será que posso pelo menos ter esse direito de ser infeliz em paz?
Será que pode me conceder esse simples desejo?
Ele fica me olhando e passa a mão pela barba.
Sei que está chateado, mas eu estou me sentindo muito pior.
— Então vai ser assim? Sempre que ficar com raiva de algo
vai agir dessa maneira?
— Eu só quero paz, isso não é pedir muito.
Ele balança a cabeça.
— Não fui eu que fui atrás da sua família, Amelie. Seus pais
ficaram sabendo que a minha família estava à procura de uma noiva
para mim e vieram até nós. Eles fizeram uma proposta muito boa, o
meu pai aceitou e eu concordei.
“Realmente foi um excelente negócio, pois se não fosse eu
teria sido qualquer outro.
“Seus pais não estavam pensando no seu bem-estar, na
verdade, acho que nunca pensaram.
“Eles estavam desesperados atrás de um bom investimento
para as empresas Queen.
“Não sou o único monstro dessa história. Para falar a verdade,
que bom que fui eu, pois seu destino poderia ter sido muito pior,
esposa.”
Agora eu tenho que ser grata?
A minha vida deve ser uma piada de muito mau gosto.
— Obrigada por passar na minha cara que os meus pais me
venderiam para o primeiro milionário que aparecesse, isso é muito
gentil da sua parte. Agora se me der licença eu vou dormir.
— Seu cabelo está molhado.
— Que se foda a porra do meu cabelo.
Ele franze a testa para o meu palavreado, afinal nunca tinha
falado nada nem mesmo parecido com isso na frente dele. Na
verdade, na frente de ninguém, mas também não me importo mais.
Passo por ele, vou direto para cama e tudo o que ele faz é ficar
me olhando.
— Não vai fazer suas orações?
Mas será que justo hoje esse homem resolveu prestar atenção
em tudo o que estou deixando de fazer?
— Se eu fosse você, não se importaria com as minhas
orações, pois é capaz de pedir a Deus algo que não deva.
Ele sorri e fica no meio do quarto.
— Pelo visto você realmente não me quer por perto. Tudo
bem, vou respeitar a sua vontade. Vou para o meu escritório,
quando você dormir eu venho me deitar e quando acordar pela
manhã, com certeza já não estarei na cama.
Eu apenas me viro de lado sem dar atenção ao que ele fala e
segundos depois escuto a porta do quarto sendo batida com força.
CAPÍTULO 18

Estou dentro do closet, em frente a um espelho de corpo


inteiro com o roupão aberto, paralisada, olhando minunciosamente
cada centímetro do meu corpo, procurando por algo fora do normal.
Não encontro nada, tudo está como sempre esteve, mas a
dúvida corrói dentro de mim.
— Aconteceu alguma coisa?
Eu levo um susto e fecho o roupão de uma vez, apertando
bem o nó.
— Não, está tudo bem.
Já faz mais de um mês que meu casamento foi celebrado e
depois do que aconteceu na última visita dos meus pais, as coisas
meio que ficaram estranhas entre Jonh e eu. É claro que ainda
ficamos juntos, ele sempre me procura e eu não consigo resistir,
mas é só isso. Não conversamos, só falamos o necessário e ele
parece estar bem com isso.
— Você vai sair com a Abbie hoje? Meu irmão comentou que
vocês duas estão bem próximas. Eu gosto disso e a família também.
Vocês duas precisam ser amigas, nossos filhos...
— Eu já sei disso tudo, a sua mãe já fez questão de esclarecer
bem as coisas. Nossos filhos têm que ser criados juntos para
manter o laço da família fortalecido, eu já entendi. E respondendo a
sua pergunta, sim, Abbie e eu vamos sair juntas. Vou ajudá-la com o
enxoval do bebê. Ela me ajudou muito na redecoração da casa,
ficamos próximas e nos tornamos amigas.
Ele parece ficar satisfeito com o que escuta.
— Isso é bom, muito bom. Ajude a Abbie que é como você,
sempre sozinha. Vai ser ótimo para as duas fortalecer essa
amizade. Espero ter novidades suas em breve também.
Sinto meu coração acelerar em escutar isso, porque a
possibilidade dessa novidade chegar logo é grande, afinal a última
vez que minhas regras desceram ainda estava na casa dos meus
pais.
— Por enquanto não tenho novidades para você. — Eu me viro
na direção das minhas roupas e começo a escolher algo para vestir.
Tudo o que escuto é a porta do closet sendo fechada.
Deus, preciso saber se estou grávida ou não, essa dúvida está
acabando comigo.
Sei de alguém que pode me ajudar e esse alguém é a Abbie.
Eu me arrumo e desço para tomar café, sempre sob o olhar
atento de Madalena.
Ainda vou descobrir o que há de errado com essa mulher, mas
procuro não pensar muito nisso agora, tenho pressa em chegar na
casa de Abbie, preciso conversar com ela.
Chego na garagem e me surpreendo em não ver Roger me
esperando, afinal é sempre ele que meu marido coloca como a
minha sombra. O que eu vejo é um segurança completamente novo
com meu cachorro nas mãos, fazendo carinho nele.
— Quem é você? Onde está o Roger? E o que está fazendo
com Athos nas mãos?
O homem se assusta com o que falo e logo coloca o cachorro
no cercadinho dele.
— Desculpa, senhora. Eu me chamo Ricardo, vou ser um dos
homens da sua segurança. Roger hoje está com o senhor Schmidt.
Peço desculpa mais uma vez, não sabia que era proibido segurar
o...
— Athos, esse é o nome dele. Não é proibido segurá-lo, só
tenha cuidado. Agora me leve até à casa do meu cunhado.
— Sim, senhora. — Ele abre a porta para que eu entre e logo
saímos.
Admito que é meio estranho sair de casa sem o Roger, sempre
foi ele que fez a minha segurança. Mesmo reclamando ele fazia e
sentia como se realmente se importasse comigo.
— A senhora vai passar o dia na casa do senhor Adam, ou irá
sair para outro lugar?
Que estranho ele perguntar isso.
— Vou sair com Abbie. Mas, qual o motivo da pergunta?
Ele me encara pelo espelho retrovisor e tenho que admitir que
é um belo homem.
— Nada de mais, senhora, vou estar a sua disposição, mas
tenho que informar ao Roger no final do dia os lugares onde a
senhora esteve.
Eu acabo sorrindo.
— É claro que tem. O chefe dele precisa saber de tudo o que
eu faço. As coisas realmente nunca mudam.
Ninguém fala mais nada e logo chegamos à casa de Abbie que
já está a minha espera.
— Amelie, que prazer revê-la. Estou ansiosa para comprar as
coisas do bebê e quero a sua ajuda para tudo. Será tia de um
rapazinho, fiz o exame ontem e meu marido está radiante.
— Meu Deus, que noticia maravilhosa! O primeiro herdeiro
Schmidt a nascer será um menino, nossos sogros devem estar
dando pulos de alegria. — Eu fico muito feliz por ela, tanto que nos
abraçamos forte.
— Sim, eles estão, mas sabe que a responsabilidade de
assumir tudo será do seu filho e não do meu. Confesso que, no
fundo, fico aliviada com isso.
Seguro suas mãos e a puxo para o sofá, onde nos sentamos e
ela me olha já se dando conta de que tem algo de errado.
— O que aconteceu, Amelie? Por que está com essa cara?
Respiro fundo e me abro com ela.
— Como soube que estava grávida?
— Ai, meu Deus! — Ela coloca as mãos na boca surpresa e
depois começa a rir.
— Você também está grávida?
— Eu não sei, Abbie, nunca passei por esse tipo de
experiência. Eu, eu, eu...
— Quando foi a última vez que a suas regras desceram? Isso
é o mais importante de tudo, você se lembra?
Balanço a cabeça dizendo que sim.
— Uma semana antes do meu casamento.
— Amelie, querida, as chances de você estar grávida são
altíssimas.
— Eu sei, Abbie, e é isso que me assusta. Estou sentindo
coisas estranhas, mas não notei nada de diferente no meu corpo.
Porém, posso garantir que já odeio o cheiro do meu perfume
favorito.
Ela sorri como se estivesse feliz com o meu desespero.
— Só tem um jeito de tirarmos essa dúvida e dependendo do
resultado vamos montar dois enxovais em vez de um.
— Como fazemos isso?
— Vamos ao médico da família, conversamos com ele e você
faz o exame. Já vai sair da clínica sabendo se já é mamãe ou não.
Meu coração acelera com essa possibilidade.
— Podemos fazer isso?
— É claro que podemos, fui lá ontem fazer meu exame. Pode
deixar que resolvo tudo. Agora vamos que quero muito saber se eu
também vou ser titia. — Ela pega a bolsa.
Saímos juntas, mas não para o shopping como estava
combinado, vamos para o médico da família e não me passa
desapercebido a cara que ela faz quando vê o mais novo
segurança. Ela deve estar estranhando, assim como eu, afinal já
estávamos acostumadas com Roger reclamando o dia todo quando
saímos juntas.
— Você trocou de segurança? O que aconteceu com o
insuportável do Roger?
— Eu não troquei, o Roger que trocou, ele está com o meu
marido hoje.
Ela parece ficar decepcionada com o que escuta.
— Melhor assim, Roger não sabe ser nenhum pouquinho
agradável. E como é o nome desse seu novo segurança?
— Ricardo — respondo.
— Então, Ricardo, nos leve ao médico da família. Imagino que
saiba onde fica a clínica? — ela fala.
— Sim, senhora Schmidt, não se preocupe. Eu já fui
segurança da senhora Kate.
Agora nós duas olhamos para ele.
— Você já trabalha há muito tempo para a família? Eu nunca
tinha visto você — Abbie fala.
— Estava na equipe de segurança do senhor Logan Schmidt,
fui remanejado hoje — ele responde e Abbie apenas balança a
cabeça.
Sei que ela deve estar pensando alguma coisa, mas não fala
nada.
Abbie e eu vamos conversando durante o percurso até à
clínica. Ela está bem empolgada com a sua gravidez e a
possibilidade de eu estar grávida também a deixou mais animada
ainda.
A conversa está tão boa que nem mesmo me dou conta
quando chegamos.
Como Abbie falou, ela resolveu tudo, pois assim que a
recepcionista nos vê já logo nos atende. Noto que ela é bem
confiante quando fala com as pessoas e não demora nada para que
sejamos encaminhadas à sala do médico.
— Senhoras Schmidt, não esperava pelas senhoras hoje — o
médico fala assim que nos vê.
— Uma consulta de última hora, mas hoje a paciente não sou
eu, é a cunhada do meu marido — Abbie fala.
O médico olha para mim e engole em seco.
— A esposa do senhor Jonh!?
— Que eu saiba ela é a única cunhada que meu marido tem, a
não ser que o senhor esteja sabendo de algo. O senhor está?
Olho para Abbie sem acreditar no que escuto.
— Não, senhora, eu não sei de nada, só fiquei surpreso, mas
me digam o que a senhora...
— Amelie.
— Sim, senhora Amelie, me diga o que está sentindo. Como
posso ajudá-la?
— Eu quero fazer um exame para saber se estou grávida. —
Resolvo ir direto ao ponto, sem enrolação.
— A senhora poderia me dizer quando foi quando que a sua
última menstruação veio?
— Antes do meu casamento, há mais de um mês.
— A senhora poderia me dizer quanto tempo antes?
— Pelo amor de Deus, doutor, faça logo esse exame de uma
vez e as perguntas depois.
O médico olha para Abbie com uma cara não muito boa, mas
ele não tem coragem de falar nada.
ninguém nunca tem coragem, afinal quem seria louco de ir
contra a vontade de uma das noras Schmidt.
— Perguntas depois, entendi. Vamos lá então, senhora Amelie,
eu mesmo vou colher seu sangue para o exame. Sairá daqui hoje
sabendo se está grávida ou não.
Acompanho o médico até outra sala e ele pessoalmente me
atende, depois me direciona a uma sala de espera onde Abbie já
aguarda por mim.
***
Tenho que admitir que esperar quase três horas pelo resultado
de um exame não é nenhum pouquinho agradável, estou muito
ansiosa e a minha ansiedade está afetando Abbie, já que a cada
dez minutos ela vai até à recepção questionar sobre o resultado do
exame.
— Senhora Schmidt, me acompanhe, o resultado do seu
exame já está com o doutor — a recepcionista fala.
— Graças a Deus!
Levantamos e acompanhamos a recepcionista até a sala do
médico. Assim que nos sentamos, ele me entrega os papéis.
— Parabéns, senhora Schmidt, o seu exame deu positivo, está
grávida.
— Eu vou ser titia...
Escuto Abbie comemorando feliz e animada, já eu estou em
choque.
Meu Deus do céu, Jonh conseguiu o que queria!
Ele conseguiu me engravidar logo no nosso primeiro mês de
casados, mas esse era o intuito do meu casamento, gerar um filho
para o meu marido.
Agora eu vou ser mãe de uma criança e isso vai mudar tudo,
toda a minha vida, todo o meu futuro.
— Amelie, você está se sentindo bem? Parece que não ficou
feliz com a notícia. — Abbie segura meu braço e então olho para
ela.
— Estou feliz, é claro que estou feliz, só estou surpresa. Não
esperava engravidar assim tão logo, ainda mais no primeiro mês do
meu casamento.
— Se a senhora e o seu marido não usaram nenhum tipo de
método contraceptivo as chances de uma gravidez logo nas
primeiras relações sexuais eram altíssimas, tanto que aconteceu. Eu
já vou logo receitar algumas vitaminas para que comece a tomar e
já vamos deixar agendadas as suas consultas de pré-natal. Por
favor, não falte em nenhuma delas, as consultas são muito
importantes para acompanharmos a sua saúde e o desenvolvimento
do bebê.
— Não se preocupe, vou me cuidar e comparecer a todas as
consultas.
O médico faz mais um monte de perguntas sobre meu histórico
médico e faz todas as anotações no meu prontuário que ele acabou
de abrir.
Admito que ainda estou sem acreditar que realmente estou
grávida e me pergunto como vai ser a reação do meu marido
quando der a notícia a ele.
— Prontinho, aqui está a sua receita e não falte nas consultas.
Nos vemos em breve, senhoras, as duas. Parece que a família
Schmidt vai crescer muito rápido.
Nos despedimos do médico e combinamos de ir às compras
em um outro dia, já que passamos praticamente a manhã inteira na
clínica.
Abbie tinha razão, vamos montar dois enxovais em vez de um
só.
Depois de deixar Abbie em casa, Ricardo me leva de volta
para a mansão, não estou muito para conversa e ele também não
puxa assunto, o que agradeço.
Tudo o que eu penso nesse momento é no bebê que carrego
em meu ventre e em como isso aconteceu tão rápido.
Assim que chegamos em casa vou direto para a escada, pois
tudo o que eu quero é o meu quarto.
Escuto Madalena falando comigo, quando subo o primeiro
degrau.
— Senhora, posso servir o seu almoço?
Eu me viro em sua direção.
— Não, Madalena, estou sem apetite. Não vou almoçar, pelo
menos não agora.
— Terei que comunicar isso ao senhor Schmidt.
Eu não estou com paciência para isso agora.
— Boa sorte em tentar falar com ele, porque nem eu mesmo
consigo. Vou para o meu quarto e não quero ser incomodada por
ninguém, entendeu?
Ela cruza os braços e me encara com um belo nariz empinado.
— Sim, senhora, entendido.
— Você tem algum problema comigo, Madalena? Eu sinto uma
certa hostilidade vinda de você.
Ela sorri para disfarçar.
— Problema nenhum, senhora. Agora se me der licença tenho
muito trabalho na cozinha. — Ela nem mesmo espera eu falar nada
e se vira, saindo.
Subo a escada contando os degraus e entro no meu quarto.
Tomo um banho quente, visto apenas a calcinha e o sutiã e me jogo
na cama me cobrindo com o edredom macio, pensando em como
contar para o meu marido que estou grávida. Gostar da notícia eu
sei que ele vai, mas não sei como contar isso a ele.
Eu me pego pensando em várias possibilidades de fazer isso,
penso tanto que acabo pegando no sono.
***
Sou despertada com alguém cheirando e beijando o meu
pescoço. Em um primeiro momento chego a me assustar, mas logo
reconheço o perfume do meu marido e me pergunto que horas deve
ser para ele já estar em casa.
— Deus, eu dormi demais.
— Você pode dormir o quanto quiser, só fiquei preocupado
porque se recusou a almoçar. Na sua atual situação ficar sem comer
não é recomendado e eu trouxe as suas vitaminas também.
Com isso ele me desperta de vez, tanto que me sento na cama
e me viro para encará-lo.
— Como assim a minha atual situação? E como ficou sabendo
que não almocei? E o que está fazendo em casa tão cedo? —
Percebo que ainda é dia, mas o que o meu marido faz diante das
minhas perguntas é respirar fundo e passar as mãos pelo cabelo.
— Para quem estava fazendo voto de silêncio até que você
ficou bem-falante, esposa.
— Responda as minhas perguntas, marido. Todas elas e sem
enrolação.
— Tudo bem, eu já sei que está grávida e também...
— Como assim você já sabe? Abbie contou para você? Eu não
acredito que ela pode fazer isso sem nem...
— O médico da família. Assim que o resultado do seu exame
saiu, fui informado. Satisfeita? Agora entendo o motivo para estar se
olhando no espelho daquele jeito. Deveria ter falado comigo das
suas suspeitas, eu mesmo teria a levado ao médico. — Ele começa
tirar o terno e logo depois começa a desabotoar a camisa social,
como se o que ele tivesse acabado de falar não fosse um completo
absurdo.
— Você ficou sabendo que eu estava grávida antes mesmo de
mim? Mas que tipo de médico é esse?
— O tipo de que é muito bem pago para servir a família. E
você está bem, é isso que importa. Agora tem que se alimentar
direito para que o nosso filho fique bem também.
— Isso é um absurdo, Jonh, um absurdo sem tamanho! Onde
já se viu isso? É falta de ética. Eu não vou mais nesse médico de
jeito...
— O dinheiro compra a ética, Amelie, e você vai fazer o seu
pré-natal com o médico da família, assim como Abbie faz. É assim
que as coisas são e elas não vão mudar só porque você quer.
Madalena está trazendo algo para você comer...
— Eu não vou comer nada, estou furiosa...
— Vai comer sim, senhora, nem que para isso eu tenha que
amarrá-la e dar comida na sua boca. Pense no nosso filho.
— Eu odeio você.
— Não odeia e sabe disso. Agora trate de se acalmar, não faz
bem para o bebê ficar nervosa desse jeito.
— E desde quando você sabe o que é bom para o bebê e para
mim?
Ele para o que estava fazendo e se aproxima.
— Posso não ser o homem que você esperava que eu fosse,
mas eu me importo com a família, com a nossa família. Antes de
voltar para casa passei na casa do Adam, conversei com a Abbie e
ela me falou tudo o que preciso saber sobre gravidez.
“Não pode ficar nervosa e nem com raiva, foi o que ela mais
frisou.
“Vou tentar chegar mais cedo em casa também, ela disse que
isso é importante, mas essa parte eu juro que não entendi.
“Ela informou que você vai ter desejos estranhos e que era
para me preparar para esse momento. Além de que eu deveria
contar da nossa conversa para você, que saberia o que fazer.
“Esse foi outro ponto que não entendi.”
Encaro o homem a minha frente completamente chocada.
Esse é o poderoso Jonh Schmidt.
CAPÍTULO 19

Primeiro trimestre de gravidez...


Eu nunca imaginei na minha vida que os primeiros meses de
gestação fossem tão difíceis em alguns aspectos e deliciosos em
outros. Estou com uma sensibilidade enorme nos seios, minha
vagina então nem se fale. Olho para o Jonh salivando por cima e
por baixo, e tenho tanta vontade de fazer amor com ele que não me
reconheço mais.
Jonh não nega nunca, diz que o bebê e eu não podemos
passar vontade e transamos a qualquer hora.
Segundo Abbie, ela também anda assim com os hormônios da
safadeza aflorado o que é supernormal.
Eu me sinto sempre cansada, meu humor também não está
dos melhores, mas sem sombra de dúvida a pior parte são as
náuseas matinais.
É por causa delas que nesse momento estou abraçada ao
vaso sanitário.
— Eu vou morrer de vomitar. Não aguento mais.
— Não fale besteira, Amelie, ninguém morre desse jeito. O
médico disse que isso é normal nos primeiros meses. Abbie passou
pelo mesmo e está bem viva. Sem contar que estou aqui com você
— meu marido fala segurando meu cabelo, passando a mão nas
minhas costas, me dando conforto.
— Você tem que ir trabalhar, já está até arrumado. Passei mal
por causa desse seu perfume horrível. — Enjoei de tudo que tem
cheiro muito forte e os perfumes do Jonh são um verdadeiro
exagero.
— Não se preocupe, vou jogar todos no lixo e vou usar o que
você depois comprar para mim, assim não corremos o risco de você
passar mal. — Ele se agacha ao meu lado, passa a mão pelo meu
rosto e começo a chorar. — O que foi agora, Amelie? Por que está
chorando?
— Seus perfumes custam uma verdadeira fortuna, é um
desperdício de dinheiro e você vai jogá-los no lixo por minha causa.
Ele apenas balança a cabeça sem entender o motivo do meu
choro, na verdade, nem eu mesmo entendo.
— E o que você quer que eu faça com eles, querida?
— Mande entregar ao padre Pedro, ele pode doá-los, é uma
boa solução.
— Tudo bem, vou fazer o que está falando, só para de chorar.
Balanço a cabeça concordando, tento me levantar e ele me
ajuda. Mas quando fico de pé sinto a tontura me atingir em cheio,
afinal acabei de colocar tudo o que tinha no estômago para fora.
— Me leve para cama e nem pense em me obrigar a comer de
novo.
— Mais você tem que comer, mesmo...
— Não e não, por favor, não me obrigue. Pelo menos não me
obrigue agora.
Ele bufa frustrado.
Depois que me deito na cama, ele começa a tirar o terno
desabotoando a camisa logo em seguida.
— O que está fazendo? Não estava de saída para o trabalho?
— Não vou mais, vou ficar em casa cuidando de você. Mas
antes vou tomar banho de novo para tirar o cheiro do meu perfume
horrível. Não queremos você passando mal por causa do meu
cheiro. — Ele beija a minha testa e se afasta entrando no banheiro.
A minha vontade é de começar a chorar novamente, pois
nunca imaginei que Jonh fosse se preocupar tanto assim comigo.
***
Segundo trimestre de gravidez...
Estou no escritório do meu marido, deitada confortavelmente
no sofá com uma almofada enorme nas costas, lendo uma revista
enquanto ele trabalha, porque agora o homem decidiu que vai
passar mais tempo em casa de olho em mim, do que na empresa
trabalhando, o que é ridículo porque sei me cuidar muito bem
sozinha.
Mas não adianta insistir e nem discutir, afinal ele tem o apoio
dos meus sogros para fazer isso.
Até mesmo o meu cunhado concordou, então eu perdi, já que
o meu time é composto por duas grávidas, Abbie e eu.
— Está pensativa, quer alguma coisa, ou está sentindo algo?
“É isso o dia todo.”
— Estou pensando em você. Algum problema nisso? — Passo
a página da revista sem olhar para o meu marido.
Aprendi que falar esse tipo de coisa o deixa desconcertado, o
que chega a ser engraçado.
Agora se ele quer ficar no meu pé que fique, mas também não
vou perder a oportunidade de provocá-lo.
— Pensando em mim? Mas eu não fiz nada de errado, ou fiz?
Eu não vou sorrir, vou me segurar.
— O que você acha, Jonh? Será que fez algo de errado ou
não?
Ele larga o papel que tem em mãos e me encara, pensando.
Jonh realmente está pensando se fez algo de errado ou não e
chega a ser engraçada a cara que ele faz.
— Eu não lembro de ter feito nada que desagrade você. A
única coisa que fiz que te desagradou ultimamente foi quando
mandei que trocasse de vestido, mas em minha defesa, o que
estava usando era curto demais. A minha mulher não vai sair
andando por aí mostrando as pernas, grávida do meu bebê, isso
nunca.
Ele fez isso quando me levou na minha última consulta ao
médico e fiquei furiosa nesse dia, mas tive que trocar de roupa,
afinal o idiota se recusava a sair se eu não trocasse.
— Isso foi realmente bem desagradável e não tinha nada de
curto naquele vestido.
— Claro que tinha, eu vi o Roger olhando para as suas pernas.
Eu preciso dele e não vai ser agradável matá-lo porque anda
olhando para onde não deve, aquele filho da puta.
Agora eu coloco a revista de lado.
— Ele não olhou para as minhas pernas, Jonh, ele apenas
tirou o Athos do meu colo e o colocou no chão. Roger e eu somos
amigos, ele me respeita e jamais olharia com outros olhos para mim.
Será que ele está com ciúmes de mim?
Isso seria um bom sinal.
— Esse cachorro! Ele rosnou para mim, acredita? Toda vez
que me aproximo de você, ele rosna. Sou eu quem paga a ração
que aquele peludo come, que falta de respeito!
Agora ele está falando do cachorro!
— Você é hostil com ele. Athos sente isso, já falei para que...
— Eu me calo e arregalo os olhos porque sinto algo diferente na
minha barriga.
— O que foi? Amelie está sentindo alguma coisa? — Jonh se
levanta de uma vez e se aproxima, se ajoelhando.
— Me dê a sua mão, a sua mão rápido. — Eu pego a mão dele
e coloco em cima da minha barriga.
— O que foi, Amelie? Por que... Mas o que foi isso?
Eu acabo sorrindo me dando conta do que é, o nosso bebê
mexe quando escuta a voz do pai.
— O bebê mexeu, ele mexe quando você fala. Esse bebê
gosta da sua voz, meu amor.
Jonh arregala os olhos e me encara, pois, eu nunca o tinha
chamado de meu amor antes e saiu sem querer.
— Você me chamou de...
— Desculpa, saiu sem que eu percebesse... — Paro de falar
quando sentimos o bebê mexer novamente e meu marido abre um
sorriso grande.
— Mexe para o papai, meu bebê. A sua mãe quer me matar de
curiosidade com essa história de saber o sexo só quando você
nascer.
Como se entendesse o que o pai pede o bebê mexe de novo e
pela primeira vez vejo Jonh emocionado.
Pelo menos o amor do pai o nosso filho tem, já eu não posso
dizer a mesma coisa.
— Você não sente dor quando o bebê mexe? — ele pergunta
alisando a minha barriga que já está bem grandinha.
— Não, não dói, mas agora o bebê está com vontade de
comer abacaxi e já vou logo avisando que não temos abacaxi em
casa. Roger não vai querer ir comprar, então é com você dessa vez.
A emoção dele passa rapidinho com o que eu falo.
— Qual é o seu problema com essa fruta? Não pode ser uma
mais fácil de encontrar? Tem que ser abacaxi?
— E bem madurinho e docinho, se você parecer aqui com um
abacaxi azedo vai sair para comprar de novo.
— Amelie...
— É desejo de grávida, Jonh, você não pode fazer isso
comigo.
Ele se levanta não muito feliz.
— Abacaxi docinho, a porra dessa fruta nem é doce...
— Jonh Schmidt!
— Estou indo. O Roger vai comigo atrás dessa coisa quer ele
queira ou não.
CAPÍTULO 20

Se achei que os primeiros meses de gravidez tinha sido


difíceis é porque eu ainda não tinha chegado ao último mês.
Estou enorme e não consigo enxergar os meus pés, mas estou
sentindo uma felicidade enorme no peito, porque a qualquer
momento meu bebê pode vir ao mundo.
Esperei ansiosa todos esses meses para o seu nascimento,
pensando se vai ser menino ou menina, imaginando como vai ser o
seu rostinho. Na verdade, tenho quase certeza de que ele vai
nascer hoje, pois desde a hora que levantei pela manhã que estou
sentindo cólicas e poucas contrações que estão aumentando aos
poucos.
Mas não é a primeira vez que eu tenho um alarme falso e não
quero que meu marido morra do coração com mais um susto,
porque da última vez ele queria me manter internada na clínica até o
bebê nascer, já que virou o rei do exagero.
Pensando nisso, vou aguentar até onde der.
— Você respirou fundo. Está sentindo alguma coisa? — meu
marido pergunta.
Estamos na sala, eu deitada no sofá e ele massageando meus
pés.
— Sua mulher não pode mais nem respirar em paz? — Roger
entra na sala com Athos vindo atrás dele.
Meu cachorro não é mais só um filhote.
— Athos, vem com a mamãe — eu o chamo e ele se
aconchega no sofá ao meu lado.
— Roger tire essa bola de pelo daqui — meu marido fala e
Athos rosna.
Eu não sei por que Jonh insiste em rejeitar meu cachorro.
— Podem parar, o Athos fica perto de mim e eu estou bem...
Ai...
Essa dor foi diferente e os dois homens na sala percebem.
— Ela está com dor, e dessa vez é de verdade — Roger fala
se aproximando.
— Como você pode saber disso? É especialista em dor agora
— pergunto.
— Eu sei por que já fiz muita gente sentir dor. Na verdade,
você está sentindo isso desde cedo, eu só queria ver até onde iria
aguentar. Acho que essa é uma boa hora para avisar o médico e
irmos para a clínica.
Eu não sei quem é pior, o meu marido ou o Roger.
— Você percebeu isso e não me falou nada? — meu marido
indaga.
— Se prestasse atenção na sua mulher teria percebido
também.
Os dois se encaram como se conversassem pelo olhar e não é
um olhar muito bom.
— Estão exagerando. — Tiro os pés de cima das pernas do
meu marido e me sento no sofá, mas quando vou tentar me levantar
algo acontece. — Eu acho que o Roger tem razão.
— Porra, agora sim, está na hora! — Jonh fala nervoso.
— Não é hora de entrar em pânico, Jonh. Você corre lá em
cima e pega as coisas do bebê enquanto vou levando a Amelie para
o carro. Mande alguém avisar a sua mãe ou ela te mata — Roger
fala.
— Tudo bem, eu vou. Toma cuidado com a minha mulher, é o
meu filho que vai nascer — meu marido responde.
— Ninguém vai tentar nada contra ela daqui para a garagem,
Jonh, agora vai rápido — Roger apressa meu marido.
Meu marido beija minha testa.
— Vamos lá bola humana, temos que fazer esse bebê nascer.
Roger começou a me chamar assim quando minha barriga
começou a crescer.
— Eu quero ver do que você vai me chamar depois que o bebê
nascer.
Ele me ajuda e praticamente me carrega.
— Não se preocupe, eu vou pensar em algo. Agora, você quer
que eu mande avisar a sua família?
Meus pais há meses não os vejo e eles não fazem questão em
saber de mim. A única coisa que sei é que meu marido continua
investindo nas empresas Queen e só faz isso para que eu não perca
meu patrimônio.
Eu ainda tentei visitar meus pais uma vez depois que
engravidei, mas mamãe não me recebeu, disse que estava
indisposta e depois disso foi como se eu não tivesse mais família.
— Eu não tenho mais família, Roger, e você sabe disso. Eles
já conseguiram o que queriam, o privilégio de ter uma filha bem-
casada. O sobrenome Schmidt deu o prestígio que eles tanto
queriam.
— Bando de filhos da puta, isso é o que eles são.
— Eu... Ai... Nossa, como isso dói, meu Deus. — Sinto uma
dor mais forte dessa vez.
Dói tanto que chego a tremer e Roger se apressa para me
colocar dentro do carro, que com toda certeza vou molhar todo,
porque a sensação que eu tenho é de estar fazendo xixi sem nem
mesmo fazer esforço.
— Você ainda não viu foi nada, vai doer muito mais.
Arregalo os olhos e o encaro.
— Se está tentando me acalmar não está conseguindo.
— Não estou tentando te acalmar, mas te preparando para o
que vai vir.
— Você é um idiota, sabia?
— Sou sim, um idiota que não mente para você. Vai por mim, a
coisa vai ficar muito pior.
— Roger, seu... Ahhh... Ai... Cadê o Jonh?
O infeliz ao invés de me ajudar a ficar calma faz é rir da minha
cara.
— É bom gemer o nome dele, né? Fica esperta agora.
— Eu vou te matar, Roger, vou te matar.
Ele gargalha alto.
Isso vai ter volta.
— Cheguei, vamos lá — Jonh fala, se aproximando com a
bolsa que deixei arrumada para a ocasião.
— Pelo amor de Deus, essa demora toda para pegar uma
bolsa... Mas o que é isso? Ai... Deus, você vai assim mesmo, não
ouse querer voltar para trocar de roupa de novo — falo tentando
controlar a dor que sinto.
Jonh não está só com a bolsa do bebê, parece que resolveu
trocar de roupa também.
— Eu nunca na minha vida imaginei ver uma cena dessas.
Tem certeza de que a camisa combina com a calça que vestiu,
Jonh? — Roger pergunta segurando o riso.
Nesse momento, meu marido olha para a roupa que veste e se
dá conta do que fez.
— Combinando ou não é assim que ele vai vestido. Agora me
levem para o hospital, o bebê está com pressa de nascer... Ahhhh...
— Eu vou assim mesmo, já ordenei para que os seguranças
fossem na frente abrindo caminho para nós, agora vamos. — Meu
marido entra no carro usando camisa social com a calça de um
pijama.
Admito que se eu não estivesse com tanta dor estaria rindo
dele.
Como Jonh falou, os seguranças vão nos carros à nossa frente
abrindo caminho e não sei como eles fazem isso.
Parece mais uma comitiva, mas o que importa é que isso ajuda
a chegarmos mais rápido.
Quando Roger para em frente a clínica, o médico da família já
está a nossa espera com uma maca e vários enfermeiros.
Parece que ele foi avisado também que estávamos a caminho.
— Que sorte ele estar aqui, graças a Deus — falo.
— Não é sorte, querida. Nada nessa vida tem a ver só com
sorte — Jonh responde.
Eu não entendo o que ele fala, mas com a dor que estou
sentindo no momento eu também não me importo.
— De zero a dez qual o tamanho da dor? — o médico
pergunta assim que Jonh me deita na maca e eles começam a
entrar comigo no hospital.
— Dez, eu já estou tendo dor desde a hora que levantei pela
manhã. Estava com medo de ser mais um alarme falso.
— Parece que dessa vez não era um alarme falso. Vamos lá
preparar você para ter esse bebê.
Fecho os olhos tentando controlar a respiração como Abbie me
ensinou enquanto o médico entra comigo corredor adentro, mas
nada parece adiantar.
— Vai ficar tudo bem, Amelie, estou aqui com você.
Sinto Jonh ao meu lado o tempo todo, mas tudo o que faço é
gemer de dor.
— O plano é um parto natural, senhora Schmidt, como a
senhora mesmo queria desde o início. O médico fala assim que
chegamos em uma sala completamente diferente de tudo o que já
tinha visto na vida.
— É muito tarde para me arrepender do plano? Aiiiii...
— Infelizmente sim, o bebê quer nascer e ele vai nascer agora.
Com rapidez os enfermeiros trocam minha roupa e o médico
me examina sob o olhar atento do meu marido enquanto minha
vontade é só de gritar de dor.
— Tem que ser agora, senhora. Na próxima contração faça o
máximo de força que conseguir.
Eu concordo com a cabeça e Jonh segura a minha mão, me
dando apoio.
Assim como o médico orientou, quando a contração vem, faço
força e sinto que meu corpo está se rasgando de dentro para fora.
— AHHHHH... Eu não vou conseguir. — Começo a chorar com
medo de não conseguir trazer o meu bebê ao mundo.
— Isso mesmo, senhora, vai conseguir sim. Está indo muito
bem, continue assim — o médico fala animado.
— Jonh, eu não vou conseguir, está doendo demais, eu não
consigo.
— Vai conseguir sim, você é uma Schmidt. É forte e vai trazer
ao mundo meu filho.
— Você que fez isso comigo... AHHHHHHH... SEU
DESGRAÇADO. — Faço o máximo de força que consigo.
— Está quase, senhora, mais uma vez — o médico fala.
— Eu vou morrer. Jonh, eu vou morrer.
Meu marido pula em cima da maca e se senta me colocando
entre as pernas dele, me apoiando em seu peito, me dando as mãos
para que eu possa segurar e ter mais apoio para fazer força.
— Você não vai morrer porra nenhuma. Eu sou um desgraçado
mesmo, pode me xingar à vontade, mas você vai ter esse bebê e
tudo vai ficar bem. Vamos lá, Amelie, traga o nosso filho ao mundo.
— Eu nunca mais vou permitir que faça um filho em mim...
AHHHH... — Eu dou um grito que corta a alma, apertando as mãos
do meu marido com toda a força que tenho.
O alívio que sinto logo em seguida e o choro alto estridente
mostra que meu bebê nasceu.
— Graças a Deus, meu bebê — falo me sentindo aliviada.
— Parabéns, senhor Schmidt, o senhor é pai de um lindo e
saudável menino.
A minha vontade é de chutar a cara do médico, porque quem
deveria estar recebendo o parabéns era eu por ter trazido uma vida
ao mundo com a dor da morte.
— Eu quero o meu filho.
O médico me entrega meu filho e olho para Jonh que também
parece estar emocionado. Eu nem mesmo sinto o que fazem
comigo, nesse momento, toda a minha atenção está no meu
pequeno filho nos meus braços.
— Obrigado, Amelie, obrigado por estar me fazendo o homem
mais feliz do mundo nesse momento. — Ele segura meu queixo e
me beija carinhosamente.
— O nome dele vai ser Caio, Caio Schmidt. — Meu marido
beija o topo da minha cabeça.
— Excelente escolha, querida. Um belo nome para um
Schmidt. Agora somos uma família completa.
CAPÍTULO 21

Um tempo depois...
Amelie Queen, a garota mais sortuda do mundo por ter
sido a escolhida para ser a esposa troféu de um homem influente.
Minhas amigas morriam de inveja, afinal elas queriam estar no
meu lugar.
Não foi muito difícil me apaixonar pelo meu marido, afinal
quem não queria se casar com um homem lindo, elegante e ainda
por cima rico.
O príncipe encantado de toda garota.
Desde que conheci o Jonh, o achei muito sexy, ao menos em
sua aparência, a forma como ele falava comigo, depois como me
tocava, me beijava e me seduzia.
Eu achei que realmente meu casamento poderia dar certo com
esse homem.
Jonh sempre se mostrou ser um homem frio e distante, mas
isso eu resolveria com o tempo, afinal de contas nem nos
conhecíamos direito. Apesar de tudo, eu tinha fé de que conseguiria
fazer meu marido se apaixonar por mim.
Mal sabia eu o quanto estava enganada.
Tudo o que ele queria de mim, era um filho, um herdeiro, e eu
cumpri meu papel, assim como Abbie cumpriu com o seu, afinal foi
para isso que a família Schmidt comprou noivas escolhidas a dedo
para seus filhos.
E desde então tudo mudou.
— Senhora Schmidt, posso servir o jantar? Já está ficando
tarde e acho que seu marido não vai chegar agora.
Sou tirada dos meus pensamentos com Madalena falando
comigo.
Por incrível que pareça, ela é minha única companhia nessa
casa enorme.
— Pode servir.
Hoje Jonh e eu fazemos um ano e meio de casados e mandei
preparar um jantar especial para nós dois, já que no nosso
aniversário de um ano ele estava viajando a negócios.
Mas como sempre vem acontecendo, ele não chega em casa
no horário, provavelmente, vai chegar de madrugada como costuma
fazer quase todos os dias.
— Sim, senhora — ela responde e antes de sair vejo um
sorrisinho em seu rosto.
Eu não sei por que, mas tenho a impressão de que Madalena
sente prazer em ver o meu sofrimento.
Chega a ser vergonhoso saber que os empregados sabem que
a minha vida de casada não é nada como mostra os jornais e as
revistas da alta sociedade. Para todos, sou a esposa mais feliz e
satisfeita do mundo, com um marido atencioso e um filho lindo.
Madalena me serve e mais uma vez faço a minha refeição
sozinha. Não tenho pressa em comer, faço a minha refeição
devagarinho com a esperança de que meu marido apareça, mas ele
não chega.
Assim que termino de comer chamo Madalena e o que me
resta a fazer é seguir mais uma vez a minha rotina, a melhor de
todas, a única que me traz alegria.
— Retire a mesa e depois de organizar a cozinha pode se
recolher, não vou mais precisar de você por hoje.
— Sim, senhora. Sinto muito pelo seu jantar não ter dado
certo, eu vi o quanto se esforçou.
Eu realmente não consigo acreditar nessas palavras.
— Não vai ser a última vez que isso vai acontecer, disso eu
tenho certeza. — Saio da sala de jantar e subo a escada.
Entro no quarto do meu filho, a única coisa boa que saiu desse
inferno de casamento, e como sempre o seu fiel protetor está
deitado ao lado do berço dele.
— Athos, está cuidando bem do nosso menino? — Eu me
agacho ao lado do meu cachorro e faço carinho nele.
— Amo você, Athos. Você me ama? Ama a mamãe?
Ele me lambe como se falasse que sim.
— Pelo menos você me ama, não é garoto? Agora sai, é a
minha vez de cuidar do Caio.
Como se entendesse o que falo, ele sai do quarto abanando o
rabo.
Olho para meu filho dormindo tranquilamente dentro do berço,
sem ter noção nenhuma do que acontece ao seu redor.
Hoje, meu filho tem oito meses de vida e é o orgulho da família
Schmidt.
Caio e Robert Schmidt serão os herdeiros da fortuna da família
e rezo todos os dias para que meu filho e meu sobrinho não sejam
que nem os pais.
Abbie também não é muito feliz no casamento, pois meu
cunhado, Adam, só tem cara de bom marido.
Como não pretendo dormir hoje na mesma cama que Jonh,
vou para o meu quarto apenas para tomar banho e vestir minha
camisola.
Ele que durma sozinho.
Assim que estou pronta, volto para o quarto do bebê e me
deito na cama da babá que tem no cômodo, então mesmo com o
coração doendo, com muito custo consigo pegar no sono.
CAPÍTULO 22

Momentos antes...
Acabei de ter uma reunião exaustiva, afinal estamos com
vários projetos importantes e agora vamos expandir ainda mais o
grupo Schmidt, coisa que está deixando muita gente do nosso ramo
chateada.
Mas que se explodam os filhos da puta!
Eu nunca entro em um jogo para perder, tenho gente poderosa
e influente do meu lado, e minha empresa em breve estará entre as
maiores potências mundiais.
É para isso que trabalho arduamente.
— Jonh, vou sair mais cedo hoje, a Abbie está enchendo a
porra do meu saco. Ela está me cobrando tempo e tudo o que não
tenho é tempo, mas ela acha que um bebê de meses sente a falta
do pai. A verdade é que ela descobriu que usando o nosso filho
contra mim, consegue o que quer, porque eu faço de tudo pelo meu
filho.
Meu irmão e minha cunhada vivem em pé de guerra, de longe
parecem o casal que demostram ser na frente das pessoas.
— Dê mais atenção a sua família, Abbie é uma boa esposa,
você tem sorte.
— Olha só quem fala, deveria seguir seu conselho, idiota. —
Ele recolhe todos os documentos e os coloca em sua maleta.
Pelo jeito vai levar trabalho para casa como sempre faz.
Até eu mesmo faço isso.
Saímos juntos da sala de reuniões, mas quando passo pela
minha secretária ela me para.
— Senhor Schmidt, sua esposa ligou. Ela pediu para que o
senhor chegue cedo para o jantar.
Já até imagino o motivo disso, hoje fazemos um ano e meio de
casados, no nosso aniversário de um ano eu não estava na cidade e
ela com certeza deve estar querendo comemorar.
— Tudo bem, se ela ligar novamente passe a ligação para a
minha sala imediatamente. Não me incomode, a não ser que seja a
minha esposa ligando.
— Sim, senhor. Entendi.
Passo o restante do dia trabalhando, mas em momento algum
sai da minha cabeça que Amelie me quer cedo em casa.
Alguma coisa em mim, mudou em relação a minha esposa
depois que o nosso filho nasceu e não consigo compreender esse
sentimento. Para piorar mais ainda a minha vida, tem Madalena em
casa me cobrando algo que eu não posso dar a ela.
Desde meu casamento com Amelie que não tenho
absolutamente nada com essa mulher, mas ela acha que ainda
pode me seduzir.
Eu evito a minha casa para não ter que lidar com a minha ex-
amante e isso é ridículo.
A verdade é que preciso resolver isso o mais rápido possível.
***
Como sempre vem acontecendo nos últimos meses, não
consigo sair cedo da empresa, mesmo tentando eu não consegui.
Tive que entrar em outra reunião de emergência e até mesmo meu
irmão que tinha ido embora voltou.
Um acidente de trabalho em uma das nossas obras, o que é
muito sério e tem que ser resolvido o mais rápido possível, ou a dor
de cabeça é maior.
Certamente, alguém vai ser demitido por isso.
Porra, estou exausto e sinto que o trabalho está me
consumindo!
Mas não ter chegado cedo em casa deve ter deixado Amelie
frustrada novamente, então, para não deixar a data passar em
branco ligo para um amigo que vai me salvar mais uma vez.
— Barker, preciso de ajuda.
Meu amigo sorri do outro lado da linha assim que atende.
— Você sempre precisa. Bem que poderia precisar mais cedo,
tem noção de que horas são?
— É por isso que preciso de ajuda, Barker. Eu deveria ter
chegado em casa há horas, perdi o jantar que a minha esposa
preparou e ela deve estar uma fera.
— Eu não sei quem é pior, você ou o seu irmão. Eu tenho uma
excelente joia aqui na minha casa, ia levá-la para a joalheria
amanhã. Mas já vou logo avisando, custa uma pequena fortuna,
então passe por aqui para pegá-la.
— Dinheiro não é o problema e obrigado mais uma vez.
— Toma juízo, Jonh, joias caras nem sempre é a solução. Às
vezes, um pedido de desculpa sincero resolve o problema.
— Virou conselheiro amoroso agora foi?
Ele sorri.
— É mais fácil aconselhar do que seguir nossos conselhos,
passe por aqui.
— Tudo bem, já estou indo.
Nos despedimos e eu o agradeço mais uma vez.
Saio da empresa, passo na casa do Barker e chego em casa
extremamente cansado.
Tudo o que eu quero é a minha cama.
Ao entrar em casa vejo que não é a minha esposa que está me
esperando na sala, mas Madalena e quando ela me vê com a bolsa
da joalheria nas mãos me encara, surpresa.
— Onde está minha esposa?
Ela se levanta do sofá e se aproxima tentando me beijar, mas
seguro em seus braços a impedindo de continuar.
— O que foi, Jonh? Até quando vai continuar com isso?
— Eu fiz uma pergunta a você. Onde está a minha mulher?
Ela se afasta com raiva.
— Eu sou a sua mulher. Eu sou a mulher que você ama, era
comigo que deveria ter se casado.
Eu acabo sorrindo da sua afirmação, pois ela parece estar
muito certa do que fala.
— Quando foi que eu disse que amava você? Eu não tenho
lembranças de ter falado um absurdo desse.
Ela me olha, incrédula com o que falo.
Nunca prometi nada a Madalena que sabia muito bem o tipo
de compromisso que tínhamos.
— Quando foi que mudou, Jonh? — ela pergunta chorosa.
— O que mudou!?
— Quando foi que o que você sentia por mim, começou a
mudar?
— Madalena, entenda que as coisas não são mais como eram.
Eu me casei e agora tenho um filho. Tenho uma família que precisa
de mim.
Ela avança em mim, querendo me bater, mas eu não permito e
seguro suas mãos.
— Eu preciso de você e não ela, nem aquele garoto chorão.
Eu a jogo no sofá e ela cai de qualquer jeito.
— Muito cuidado quando você for abrir a sua boca para falar
da minha mulher e do meu filho. E não venha se fazer de vítima
para cima de mim, que nós dois sabemos muito bem qual era sua
verdadeira intenção quando começamos a nos envolver. Eu não sou
idiota, Madalena, muito menos burro. Eu não teria chegado aonde
cheguei se fosse.
Ela arregala os olhos percebendo que não vai mais conseguir
me enganar com esse papinho de boa moça.
A verdade é que eu queria uma boceta gostosa e ela me deu
com a intenção de que um dia a assumiria para todos.
Ela jogou e eu também.
— A sua esposa deve estar chorando no quarto, porque o
marido dela mais uma vez foi um cretino e tudo o que a idiota sabe
fazer é chorar em vez de tomar uma atitude.
O que ela fala é um tapa na minha cara, um tapa forte, mas
não quero mais discutir.
Eu a deixo para trás e subo a escada entrando no quarto, mas
não vejo Amelie dormindo na nossa cama. Eu a procuro no
banheiro, no closet e nada dela, então resolvo ir para o único lugar
onde tenho certeza que ela pode estar, no quarto do nosso filho.
Saio do meu quarto e vejo a bola de pelos dormindo no
corredor.
Como sempre, ele rosna para mim, quando passo por ele.
Eu realmente não entendo o problema desse cachorro.
Abro a porta do quarto do Caio devagar para não o acordar e
ao entrar no cômodo vejo Amelie deitada encolhida na cama da
babá. Ao olhar para o berço vejo Caio acordado brincando com seus
pés.
— E aí, garotão, você tem cuidado da mamãe por mim?
Meu filho abre um sorriso como se gostasse de escutar a
minha voz. Na verdade, ele sempre gostou, pois, costumava
conversar com a barriga da minha esposa por horas e ele sempre
mexia quando eu pedia. Eu me aproximo mais do berço e ao tirá-lo
de dentro Amelie acorda, assustada.
Ela se assusta ao me ver e isso é estranho.
— O que você está fazendo com meu filho?
Essa pergunta me pega desprevenido.
O que essa mulher pensa de mim?
— Que eu saiba ele também é meu filho. Você estava
dormindo e ele estava acordado. Era para ser ao contrário, não é
mesmo?
Ela se levanta e se aproxima tentando tirar o bebê dos meus
braços, mas não permito.
— Me dê o meu filho agora mesmo — ela fala enraivecida.
— Que porra é essa, Amelie? Acha mesmo que eu teria
coragem de fazer mal ao meu filho?
Ela sorri debochando da minha cara.
— Espero qualquer coisa de você. Nunca se importou com ele
e nem comigo. Não entendo o motivo de você ter entrado aqui, na
calada da noite, e pegá-lo no colo. Sei contando nos dedos da mão
as vezes que você entrou aqui para ver o bebê. Eu não quero você
perto do meu filho, não quero que ele seja influenciado por você em
nada.
Se essa mulher queria me tirar do sério, ela conseguiu.
— Mas que merda é essa que você está falando? Sabe muito
bem que isso não é verdade. Eu me importo com a família e Caio é
meu filho, é claro que ele vai ser influenciado por mim.
— Não se eu puder impedir. Meu filho vai crescer sabendo
muito bem o tipo de pai que ele tem para que no futuro não siga os
seus passos — ela fala conseguindo tirar o menino de mim.
— E que tipo de pai eu sou, Amelie? Que tipo de homem você
acha que eu sou?
Ela sorri e me olha ninando o bebê em seus braços.
— Você quer que eu faça uma lista? Mas vai ter que me dar
um tempo porque ela vai ser extremamente longa.
Vejo que a minha comportada esposa agora criou garras e elas
são afiadas.
Isso vai ser interessante...
Antes ela não abria a boca, agora ela me enfrenta sem baixar
a cabeça.
— Coloque o bebê para dormir e depois vá para o nosso
quarto, tenho uma coisa para você — falo me aproximando da porta.
— Não conte com isso, marido, eu quero distância de você.
— Você é quem sabe, mas esteja preparada para arcar com as
consequências, caso desobedeça. — Escuto seu xingamento
baixinho e acabo sorrindo.
Lembro que nem mesmo isso ela tinha coragem de fazer.
Fecho a porta do quarto e vou para o nosso esperá-la.
Não gosto de ameaçá-la, mas com Amelie tudo é difícil.
Ela adquiriu o poder de me tirar do sério sem fazer muito
esforço.
CAPÍTULO 23

Depois de enfim conseguir fazer o bebê dormir


novamente, me encontro em um dilema, se vou para o meu quarto
ou não.
Sempre fui a esposa obediente que Jonh queria que eu fosse,
mas agora estou cansada disso, cansada de lutar por um
casamento que sei que não tem jeito.
Com esse pensamento, me deito de novo na cama da babá e
fico quietinha.
Ele não pode fazer pior do que já faz e as consequências da
minha desobediência é o mínimo que sei que ainda vou ter que
aguentar dele.
Estou quase pegando no sono quando escuto novamente a
porta do quarto sendo aberta, mas não abro os olhos e finjo estar
dormindo profundamente. Sinto que Jonh se aproxima e se senta ao
meu lado na cama.
— Por que você de repente resolveu ser teimosa, esposa? O
que está pretendendo fazer com isso? — ele fala baixinho passando
as mãos por meu cabelo em um carinho que ele nunca fez antes.
Sinto meu coração traidor acelerar porque sou uma tola
carente de afeto.
— Me perdoe por não ter chegado cedo para o jantar como me
pediu para fazer. Sei que nunca facilitei as coisas para você, mas
esse é o meu jeito e não pretendo mudar nem mesmo por você,
querida, que é a mãe do meu filho. Eu nunca te prometi dar nada
além do que já dou.
Minha vontade é de chorar ao escutar essas palavras, mas
não posso. Se ele descobrir que estou acordada as coisas vão ser
muito piores.
Jonh me pega no colo, me tira do quarto do nosso filho e
segue em direção ao nosso. Ao entrar no cômodo me deita na cama
e me viro para o lado fingindo que ainda estou dormindo. Ele cobre
meu corpo com o edredom macio, me aquecendo, deposita um beijo
em minha testa e depois um nos lábios.
E assim tem sido nesse nosso um ano e meio de casamento...
Eu vivo de migalhas de afeição e carinho da parte do meu
marido e como sou uma burra apaixonada sempre aceito o pouco
que ele me dá, com a esperança de que um dia esse homem possa
vir me amar.
Percebo que ele entra no banheiro e minutos depois se deita
ao meu lado na cama, então me puxa para os seus braços, me
aconchegando nele. Aproveito esse momento raro para sentir sua
pele quente na minha, seu cheiro amadeirado de homem que me
deixa louca e é sentindo o seu cheiro que aos poucos caio no sono
novamente.
Quando acordo na manhã seguinte estou sozinha na cama,
como sempre acontece em todas as manhãs, exceto no domingo
que ele insiste em tomarmos café juntos.
Mas ao me levantar percebo que há algo diferente no meu
pescoço e ao passar a mão sinto que é um colar.
Levanto, vou até o banheiro e me olho no espelho dando de
cara com um belíssimo colar de esmeraldas, que deve ter custado
uma fortuna, no meu pescoço.
Eu me pergunto quando foi que Jonh o colocou que não senti.
Acabo sorrindo da situação, é sempre a mesma coisa, todas
as vezes que Jonh acha que fez algo que eu poderia ficar muito
tempo chateada, me negando a ir para a cama com ele, como se
importasse a minha vontade, ele sempre me aparece com uma joia
mais cara do que a outra, como se me encher de mimos fosse
apagar o modo como me trata.
Aproveito que estou no banheiro, faço minha higiene matinal e
ao sair dou de cara com Madalena no meu quarto que quando me
vê parece ficar surpresa.
— Belíssima joia, senhora.
— Bom dia, Madalena.
Tem alguma coisa muito errada com essa mulher e não é de
hoje que algo nela me incomoda.
— Desculpe entrar no seu quarto assim, mas é que a babá não
está conseguindo alimentar o chorão do Caio.
Ela só pode ter perdido o juízo de vez, pois não admito que
ninguém fale assim do meu filho.
Eu me aproximo dela e a olho bem dentro dos olhos.
Não é só o meu marido que parece ser assustador, eu posso
ser muito pior do que ele quando alguém mexe com o meu bebê.
— Você perdeu de vez o juízo? Ficou louca? Olha lá como fala
do meu filho, Madalena, ou posso fazer você engolir seus dentes.
Ela me olha assustada, pois, provavelmente, não esperava
essa reação da minha parte.
Eu já cansei de ser a Amelie boazinha.
— Me perdoe, senhora, não quis parecer...
— Tem alguma coisa muito errada com você, Madalena, faz
tempo que venho te observando e vou descobrir o que é. Agora saia
do meu quarto e diga a babá que já estou indo.
Ela engole em seco e é muito bom mesmo ficar com medo de
mim.
— Sim, senhora. — Ela sai de cabeça baixa e não diz mais
uma palavra.
Pode até parecer infantil da minha parte, mas essa mulher não
vai ficar mais muito tempo dentro da minha casa.
Vou até à mesinha de cabeceira, pego o telefone e faço uma
ligação para o grupo Schmidt que é logo atendida pela secretária
piranha do meu marido.
Mais uma que ele deve comer escondido por aí.
— Presidência do grupo Schmidt Empreendimentos.
Até a voz dela é irritante.
— Passe a ligação para o meu marido agora mesmo — falo
sem enrolação, indo direto ao ponto.
— Senhora, o senhor Schmidt está ocupado no momento.
— Eu não me lembro de ter perguntado se ele estava
ocupado, mandei passar a ligação para ele agora.
Ela respira fundo do outro lado da linha.
— Sim, senhora, vou passar a ligação agora mesmo.
Não demora muito e escuto a voz do meu marido na linha.
— O que aconteceu, Amelie? Por que está me ligando? Algum
problema em casa?
Educado como sempre.
— Como você nunca está em casa, liguei apenas para
informar que vou começar a procurar por outra empregada.
— Madalena não está dando conta do serviço? Ela não
comentou nada comigo, sobre está precisando de ajuda.
Mas o que é isso?
Tem algo estranho nessa frase dele.
— E, por que ela comentaria com você alguma coisa se nem
eu mesma tenho esse privilégio vindo do meu marido?
Ele fica mudo por alguns minutos até que volta a falar.
— Por que você quer mais uma empregada?
— Eu não quero mais uma empregada, Jonh, eu quero uma
empregada para substituir Madalena, é ela que eu não quero mais.
— Eu vou resolver isso, não se preocupe — ele responde
rápido demais e acho isso estranho.
— Não vou demiti-la, apenas vou mandá-la de volta para a
mansão dos seus pais.
— Amelie, eu não tenho tempo para isso agora e já disse que
vou resolver isso depois.
O infeliz desliga a ligação na minha cara.
Que grande idiota!
Isso não vai ficar assim, estou cansada dessa situação!
Agora nem trocar de empregada eu posso?
Cansei de ser a esposa obediente e boazinha que faz tudo o
que o marido quer.
Jonh Schmidt, me aguarde.
CAPÍTULO 24

Como sempre acontece algumas vezes por mês aos


sábados meus sogros pegam Caio, o levam para a casa deles e só
o traz de volta à noite.
Já que não tenho nada de melhor para fazer nessa casa e não
quero passar o dia olhando para a cara de Madalena, que me
enfrenta cada vez mais, é melhor eu sair. A verdade é que não sei o
que se passa na cabeça da Madalena para agir assim comigo,
desde o dia em que entrou nessa casa para ser a minha
empregada.
Mas eu sempre trato de colocá-la em seu devido lugar, afinal
carne de cobra a gente come é quente.
Vou aproveitar meu dia de descanso para ir fazer compras no
shopping e atormentar e muito Roger que adora ir às compras
comigo.
É satisfatória a cara feia que ele faz e é a minha forma de
castigá-lo por sempre ficar do lado do meu marido.
Resolvo me arrumar além do habitual, pois não é todo dia que
posso sair para fazer compras.
Não que Jonh me proíba, ele nunca fez isso, mas é que Caio
toma todo o meu tempo e faço questão de cuidar do meu filho
mesmo tendo uma babá vinte e quatro horas à minha disposição.
Depois de pronta vou até à garagem, pois já deixei avisado
aos seguranças que iria sair.
Ao chegar no meu carro estranho ao ver o homem que está no
banco do motorista.
Não é o Roger, mas Ricardo e vê-lo ocupando o lugar do meu
amigo é estranho. Raramente, o vejo por aqui e foram poucas as
vezes que ele fez a segurança da casa, ou foi meu motorista.
Entro no carro desconfiada e como se o homem lesse meus
pensamentos, fala:
— Boa tarde, senhora, vou ser seu novo segurança a partir de
hoje. Vou ocupar definitivamente o lugar do Roger.
Acho estranho essa mudança repentina, pois não fui informada
disso.
— Por que o Roger não vai mais ser o meu segurança? O que
aconteceu?
— O senhor Schmidt nos trocou. Ele vai precisar do Roger
com mais frequência, por isso passarei a ser o segurança da
senhora agora.
Resolvo aceitar, pois, não vai adiantar nada reclamar, ainda
mais sendo uma ordem dada pelo meu marido.
Fazemos a viagem até o shopping em silêncio, mas percebo
que meu mais novo segurança não tira os olhos de mim e é difícil
também não olhar para ele, já que é um homem extremamente
bonito.
As poucas vezes que ele ficou comigo, como um dos meus
seguranças, admirei a beleza dele.
Quando chegamos ao estacionamento do shopping, Ricardo
abre a porta para que eu desça e logo se coloca atrás de mim, me
seguindo como uma sombra, assim como Roger fazia.
A cada loja que entro, Ricardo faz questão de se aproximar e
se oferece para levar as minhas sacolas de compras, muito bem-
educado.
Com isso passamos a conversar.
Nunca tinha entrado em um diálogo com ele que está se
mostrando ser simpático e não é difícil entrar em uma conversa
agradável com o homem.
Posso dizer que até me sinto bem com isso, pois depois do
meu casamento não tive muitas amizades, as pessoas pareciam
sentir medo de mim, mas, na verdade, o único que dava medo era o
meu marido.
A tarde passa tão rápido que nem vejo o avançar das horas.
Como não quero jantar mais uma vez sozinha naquela mansão
enorme sob o olhar atento de Madalena, como se fizesse pouco da
minha desgraça, resolvo jantar no shopping mesmo.
Procuro por um restaurante bem conhecido que tem uma
comida excelente, entro e Ricardo fica na porta do restaurante me
esperando.
Mas quando me sento à mesa acabo me sentindo mal de ver o
pobre homem que passou a tarde inteira andando atrás de mim,
carregando várias sacolas de compras, parado na porta como uma
estátua.
Ele deve estar com tanta fome como eu também estou, então
tenho uma ideia.
Chamo um garçom, peço para ele ir até meu segurança e que
o mande entrar. Assim ele faz e sem perder tempo Ricardo entra,
parando na minha frente, pronto para receber uma ordem minha.
— Sente-se e jante comigo.
O homem me olha como se eu fosse um bicho de sete
cabeças.
— Desculpa, mas meu dever é protegê-la, não posso jantar
com a senhora.
— O seu dever é obedecer às minhas ordens. Estou
mandando você se sentar e jantar comigo. Sei que também deve
estar com fome assim como eu, então não discuta e faça o que
estou mandando. É uma ordem.
Como não dou muita opção, ele acaba obedecendo, então o
garçom novamente se aproxima e fazemos o nosso pedido.
— O senhor Schmidt não vai gostar nada se ficar sabendo
disso.
— Ele só vai ficar sabendo se você ou eu contar, e posso
garantir que pela minha boca ele não vai ficar sabendo de nada.
O homem à minha frente sorri do que falo e logo engatamos
em outra conversa.
Percebi que gosto muito de conversar com ele.
Nosso pedido chega e peço uma garrafa de vinho, então
conversamos, comemos e bebemos.
Confesso que há muito tempo não tinha uma noite tão
agradável como a que estou tendo agora.
— Senhora, já está tarde, acho melhor voltarmos para casa.
Quando ele fala isso, olho no relógio e vejo que realmente já é
muito tarde.
Jonh com certeza já chegou do escritório e meus sogros já
foram devolver Caio.
— Droga, perdi a hora! A senhora Kate já deve ter ido levar
meu filho de volta para casa. — Pago a conta do restaurante e
apressados vamos para o estacionamento.
Ricardo sem perder tempo anda pelas ruas em alta velocidade
e dou graças a Deus por ele ser um excelente motorista porque, em
poucos minutos, chegamos em casa.
Mas não vou deixar que meu atraso acabe com o excelente dia
que tive.
Ricardo abre a porta para que eu desça e agradeço a
excelente companhia.
— Obrigada, Ricardo, por ter passado a tarde inteira comigo,
apreciei muito a sua companhia.
Ele sorri.
— Fiz apenas o meu trabalho, senhora, não precisa me
agradecer.
— O seu trabalho era me proteger e não ficar carregando
minhas sacolas de compras, então obrigada mais uma vez. Agora
vou entrar, você pega as compras e entrega para Madalena que vai
saber o que fazer.
— Sim, senhora.
Estou saindo da garagem de cabeça baixa quando topo em
uma parede de músculos. Dou de cara com meu marido que alterna
o seu olhar entre meu segurança, que está no carro tirando minhas
compras do porta-malas, e eu, ao levantar as vistas.
— Vejo que se divertiu tanto hoje gastando o meu dinheiro que
até se esqueceu do filho.
Eu não vou deixá-lo acabar com o meu bom humor, hoje ele
não conseguirá fazer isso.
— Tem razão, querido, me diverti muito, como há muito tempo
não fazia. Você não imagina o prazer que senti gastando o seu
dinheiro, acho que vou fazer isso mais vezes. — Fico nas pontas
dos pés e dou um selinho rápido nos seus lábios, em seguida saio
passando a mão no seu peito.
Com certeza, ele deve estar surpreso com o meu ato.
Entro em casa e escuto seus passos vindo atrás de mim, com
isso começo a andar mais rápido. Ao chegar ao pé da escada ele
me alcança e me puxa, me imprensando na parede, segurando o
cabelo da minha nuca, mas não coloca força.
— O que você quer, Jonh? Me solte, estou indo ver meu filho.
Ele me encara.
— Você não me parecia preocupada com seu filho quando saiu
de dentro daquele carro cheia de sorrisos para o segurança — fala
debochado.
Agora é a minha vez de sorrir.
— Está com ciúme, meu amor? Não deveria. Não é essa a
vida que você quer que eu tenha? Apenas aproveitei o dia para
fazer compras. Ou agora vai passar a negar isso também? Caso
não queira mais me dar dinheiro posso pedir o do meu pai.
Esqueceu que também sou rica? Não preciso do seu dinheiro de
merda para comprar nada para mim e nem para o meu filho, posso
muito bem exigir a minha parte da empresa da minha família.
Agora sim, ele coloca um pouco de pressão no cabelo da
minha nuca, mas não tanto ao ponto de me machucar.
— O que aconteceu com você? Perdeu a noção das coisas,
Amelie?
— Eu cansei, Jonh Schmidt. Eu me cansei de você. Não me dá
atenção, não me dá carinho, só fez isso quando queria arduamente
me engravidar. Eu mesma me deixei enganar e até cheguei a achar
que as coisas poderiam ser diferentes entre nós dois, mas você não
estava cuidando de mim, estava cuidando da procriadora do seu
filho, do seu bebê de ouro, porque se algo acontecesse comigo,
aconteceria com ele também. Eu simplesmente cansei de ser
apenas uma boneca, a esposa perfeita para você exibir em eventos
sociais, mostrando para todos uma mentira.
Ele me olha intensamente e me solta de uma vez.
— Suba agora mesmo. Não tem noção das merdas que está
falando.
— Eu vou subir, mas não porque você está mandando. Vou
subir porque quero ver o meu filho.
— Você sabe que vou te colocar na linha de novo, não sabe?
— Quero só ver se consegue. Boa sorte tentando, meu amor.
Ele ainda dá um passo na minha direção, mas começo a subir
a escada rebolando e correndo.
Sinto uma felicidade imensa no peito, porque pela primeira vez
enfrentei a fera e tenho certeza que ele não gostou nadinha disso.
Ele que lute, porque eu já escolhi as minhas armas.
CAPÍTULO 25

Momentos antes...
Chego em casa depois de um dia exaustivo de trabalho, já
passando das oito da noite, e, para a minha surpresa, Amelie não
está e meus pais já deixaram o Caio e a babá em casa.
Amelie nunca tinha feito isso, ela sempre está em casa,
sempre.
— Onde está minha esposa? — pergunto para Madalena
entrando na cozinha.
— Como disse, ela é sua esposa, deveria saber por onde anda
a sua mulherzinha.
— Madalena não começa, hoje eu não estou com muita
paciência.
— Você nunca está com paciência, Jonh, nós dois...
— Não existe mais nós dois, inferno! Já deixou de existir há
muito tempo.
Está na hora de colocar um ponto final nessa loucura toda.
— Jonh, não pode falar isso. Eu e você...
— Madalena, entenda de uma vez por todas, acabou, o que
existia entre nós dois acabou e isso já aconteceu faz muito tempo.
O que a minha mãe tinha na cabeça para mandar a Madalena
para a minha casa?
— Você não pode fazer isso, Jonh, eu te amo, me entreguei a
você — ela fala vindo para cima de mim, tentando me abraçar.
— Madalena, não se faça de inocente, afinal nós dois
sabíamos muito bem o que você pretendia fazer, mas nunca dei
chance apenas dinheiro e você sempre gostou muito. Era isso que
você amava, o meu dinheiro e não a mim. Eu era a chance de você
subir na vida.
— Não, Jonh...
— E eu vou falar mais uma coisa, Madalena, tenha muito
cuidado com o que você fala nessa casa. Amelie já está ficando
desconfiada, seja lá do que, por causa das merdas que você anda
falando. Não me faça ter que escolher entre você e a mãe do meu
filho. Eu ainda tenho uma consideração grande por você, mas a
minha escolha sempre vai ser a família, sempre, a família acima de
tudo.
— Eu não quero a sua consideração, eu quero você, quero
que largue aquela idiota e fique comigo. Eu sim, merecia ser a
senhora Schmidt.
— Eu nunca te prometi nada disso, Madalena...
— Mas eu te amo.
— Não ama não e acabou de deixar isso claro. Vou falar mais
uma vez, cuidado com o que fala para a minha esposa, pois não
quero ter problemas com ela por sua causa. — Não dou mais
chance dela questionar nada e saio da cozinha subindo a escada,
indo para o meu quarto.
Madalena é um problema que já era para eu ter resolvido.
Tomo um banho longo e quente, tentando me recuperar do dia
cansativo que tive, saio do banheiro, troco de roupa e vou até o
quarto do meu filho.
— Como ele está? — pergunto para a babá que está
alimentando o meu menino.
— Está muito bem, senhor, acabei de dar banho nele, logo ele
adormece.
— Muito bem, vou estar lá embaixo, qualquer coisa você
chama. — Depois de me certificar que meu filho está bem, desço
para esperar pela minha mulher na sala.
Hoje nós dois vamos ter uma conversinha.
Quase meia hora depois de espera, escuto uma movimentação
e resolvo ir até à garagem. Ao chegar, vejo Amelie vestida
lindamente, cheia de sorrisos para a porra do segurança.
Nem para mim, ela sorri desse jeito ultimamente.
Estou começando a achar que não foi uma boa ideia ter
trocado Roger da segurança da minha mulher, mas estava
precisando dele para resolver alguns assuntos.
Fico parado onde estou e Amelie sai andando de cabeça baixa
até bater de frente comigo.
Não consigo me segurar e acabo sendo grosso, explodindo
com ela novamente. É mais forte do que eu, pois estou muito puto
de raiva.
Porém, dessa vez ela resolve me enfrentar como nunca tinha
feito antes e isso me deixa intrigado.
De onde essa mulher está tirando tanta coragem?
Ela não era assim, mas ultimamente a sua mudança tem sido
grande.
Quando Amelie sobe a escada correndo, vou até o bar e me
sirvo de uma generosa dose de whisky. Bebo tentando colocar as
ideias no lugar, pois não posso permitir que Amelie vire a minha vida
de cabeça para baixo.
Isso não daria certo.
Preciso da antiga e comportada Amelie de volta.
Minutos depois resolvo subir para o quarto e assim que entro,
escuto o chuveiro ligado. Eu me aproximo da porta do banheiro e a
abro devagarinho para não assustar minha esposa que está
tomando banho com o box aberto.
Mas nada me preparou para cena que presencio.
A minha esposa está embaixo do chuveiro, se tocando,
ofegante, e isso faz o meu pau ganhar vida no mesmo instante. Ela
parece estar sentindo muito prazer, porque solta pequenos gemidos
e só de imaginar que ela pode estar se tocando pensando no
desgraçado do segurança para quem estava sorrindo meu sangue
chega a ferver de ódio.
— Vejo que está se divertindo, esposa. Ainda lembro da nossa
primeira vez em que te perguntei se já tinha se tocado.
Amelie abre os olhos e me encara levando a mão livre a um
dos seios, apertando o bico eriçado. Ela quer me deixar louco e está
muito perto de conseguir.
— Ultimamente não tenho tido um homem de verdade para me
dar prazer e satisfazer as minhas necessidades, então tudo o que
me resta a fazer é me virar do jeito que posso.
Puta que pariu, o que fizeram com a minha mulher?
E o pior é que ela não para de se tocar me olhando
intensamente, como se clamasse por mim.
Que se foda tudo!
O que mais quero agora é me enfiar entre as pernas dela,
porque ela conseguiu subir o fogo e o meu pau com essa cara de
anjo, ao mesmo tempo, devassa, gostosa, sexy pra caralho.
Eu começo a tirar minha roupa rapidamente e entro no box
puxando seu corpo para o meu, tomando a sua boca em um beijo
cheio de desejo e tesão. Ela corresponde na mesma intensidade
mostrando o quanto me quer também.
Como não há mais necessidade de preliminares porque ela já
fez esse serviço muito bem-feito, eu a penetro em um tranco firme a
apoiando na parede fria do banheiro.
— Ah... Jonh... — ela geme alto meu nome me deixando ainda
mais inebriado de prazer.
— Era isso que você queria, não era? — falo mordendo e
chupando seu pescoço. — Queria o meu pau dentro de você. Te
fodendo forte e duro. — Tomo sua boca novamente chupando sua
língua gostosa.
— A única certeza que eu realmente tinha de você, era o
desejo que sentia pelo meu corpo, mas depois que o nosso filho
nasceu foram poucas as vezes que me procurou. Eu continuei a
mesma, Jonh, a mesma depois da gravidez e cheguei a pensar que
você não era...
— Não se atreva a dizer uma besteira dessas ou eu te como
de todas as formas possíveis e não vai nem mesmo conseguir
levantar da cama por uma semana. Eu sempre desejei você,
Amelie, desde a nossa primeira vez sempre te desejei. — Isso não é
mentira.
Depois do meu casamento a minha mulher sempre foi o
suficiente para mim.
— Então me fode, Jonh. Faz amor comigo de verdade, pelo
menos uma vez na sua vida. Me faça sentir amada pelo meu
marido. Eu preciso disso, Jonh, preciso de carinho, de amor, de
atenção. Eu juro que nunca mais te peço nada na vida e volto a ser
a mesma Amelie obediente de antes. Por favor.
Ver a minha mulher implorando por amor, carinho e atenção é
o meu fim, pois não sei se consigo dar o que ela me pede.
— Eu não posso, Amelie. Eu não sei se consigo. — Saio de
dentro dela, vejo a decepção em seus lindos olhos e isso me faz
sentir uma espécie de aperto no peito.
— Jonh, por favor...
— Não sei se posso, acho que não consigo. — Eu me afasto
dela como se o olhar que ela me direciona queimasse a minha alma.
Saio do banheiro fugindo da minha esposa e só escuto o seu
grito agudo de dor e decepção.
Pela primeira vez na vida, me amaldiçoo por fazer uma mulher
tão boa, como ela, sofrer desse jeito.
— DESGRAÇADOOOOO, VOCE É UM DESGRAÇADO,
JONH! EU VOU ARRANCAR O AMOR QUE SINTO POR VOCÊ DO
MEU CORAÇÃO E QUANDO ISSO ACONTECER VAI SE
ARREPENDER DE TUDO O QUE ESTÁ ME FAZENDO SOFRER.
Essas são as últimas palavras que escuto antes de sair
batendo a porta do quarto.
CAPÍTULO 26

Depois da grande humilhação que sofri dentro do banheiro,


Jonh não voltou para o quarto e dormi sozinha na nossa cama pela
primeira vez desde que nos casamos. Sem contar que fiquei
sabendo pela secretária dele, que o idiota fez uma viagem de
negócios e não teve a decência de me falar nada.
É bem a cara dele mesmo fazer isso, fugir feito um covarde.
Já tem duas semanas que ele viajou com Roger e ainda não
voltou e nem dá notícias.
O meu único consolo é meu filho que faz a minha vida valer a
pena e é por ele que ainda aguento passar por tudo isso.
Jonh nunca aceitaria o divórcio e eu não tenho mais família
para me apoiar, pois, há meses não tenho notícias dos meus pais, é
como se eu realmente tivesse deixado de existir para eles.
Quem faz isso com um filho?
Eu jamais teria coragem de fazer algo parecido.
Depois que me tornei mãe passei a entender menos ainda os
meus pais que me viam apenas como uma mercadoria.
Assim que termino de tomar café com o meu pequeno, resolvo
levá-lo para aproveitar a nossa piscina. Caio ama água e por incrível
que pareça Athos também, mas nunca levei o bebê para tomar
banho de piscina.
Só que hoje ele terá essa experiência e a teremos juntos.
Subo com ele e peço para que a babá troque sua roupinha
enquanto me troco. Entro no meu closet e paro para olhar as roupas
do meu marido todas organizadas do jeito que ele gosta. Eu me
aproximo das suas camisas e pego uma para cheirar.
Isso é tudo o que posso ter do meu marido, o seu cheiro.
Volto ao plano principal, abro uma de minhas gavetas e
observo a quantidade de biquínis que tenho e que nunca foram
usados.
Um verdadeiro desperdício de dinheiro.
Mas isso muda hoje.
Pego uma das peças, visto me olhando no espelho e observo
que meu corpo ganhou formas mais bonitas depois que meu filho
nasceu.
Uma pena que meu marido não aprecia essa mudança.
Visto apenas um roupão e vou pegar meu bebê que já me
espera prontinho no colo da babá. Pego algumas boias que há
tempos tinha comprado e juntos vamos até à piscina.
Claro que Athos vem correndo atrás.
— Vamos nadar, Athos. Vamos ensinar Caio a brincar na
piscina.
Já na área da piscina tiro o roupão para aproveitar o sol que
está na temperatura certa para que meu bebê possa aproveitar
também.
Athos é o primeiro a pular na água e sair nadando.
— Vá até os seguranças e chame o Ricardo aqui.
A babá me olha surpresa com o meu pedido.
— Senhora, acho que o senhor Schmidt não vai gostar muito
disso. Nenhum segurança pode se aproximar da senhora a não ser
que seja para fazer a sua proteção.
Eu acabo sorrindo do que ela fala.
Era só o que me faltava, eu me preocupar se Jonh vai gostar
ou não de alguma coisa.
— Apenas faça o que mandei, por favor.
— Sim, senhora.
Ela não discute e sai desconfiada.
Minutos depois volta acompanhada por Ricardo que quando se
aproxima da piscina passa os olhos pelo meu corpo como um raio-x.
— A senhora mandou me chamar? Em que posso ajudá-la? —
ele pergunta um pouco desconfiado.
Antes de responder mando a babá se retirar, caso eu precise
dela a chamarei.
Assim que ela sai, volto a minha atenção para Ricardo.
— Quero que você encha as boias do meu filho, para que eu
possa colocá-lo na piscina em segurança.
Ele olha do Caio no meu colo para mim e sorri pegando as
boias que estão próximas, em cima da mesa.
— Um dia de piscina com o bebê, isso é muito bom. Eu já
volto, na garagem tem um compressor de ar. Vai servir para o
serviço.
— Não demore, meu filho e eu vamos esperar ansiosamente.
Temos pressa em fazer companhia para o Athos na água.
— Eu não me demoro. — Ele se retira e eu o acompanho com
o olhar até sumir das minhas vistas.
Quando volto a minha atenção para a casa, vejo Madalena me
olhando pela janela e isso me incomoda muito.
Na próxima vez que encontrar minha sogra, vou pedir para que
leve Madalena daqui e mande outra empregada.
Caio esperneia no meu colo, vendo o cachorro brincando,
doido para entrar na piscina.
Ainda bem que Ricardo não demora a voltar com as boias
cheias, ou era capaz do menino pular dos meus braços.
— Acho que você exagerou na quantidade de boias, Amelie,
quer dizer senhora Schmidt. — Ele logo se corrige, mas gostei de
ouvi-lo me chamar pelo nome.
— Pode me chamar de Amelie, sem o senhora, por favor.
Ele sorri concordando com a cabeça, colocando as boias
dentro piscina e volta sua atenção a mim.
— Seu marido pode não gostar. O senhor Schmidt é um
homem bem rigoroso.
— Você está vendo o meu marido por aqui? Ele não se importa
nem um pouco comigo. Tudo o que ele queria de mim, era um filho,
um herdeiro e isso eu já dei a ele. Essa é a dura realidade da minha
vida. — Falar isso em voz alta dói mais do que eu imaginava.
Na verdade, sempre doeu.
— Eu sinto muito que uma mulher tão linda como a senhora
não seja valorizada como merece.
— Nem tudo na vida é perfeito. Obrigada pelo elogio, eu nunca
recebi esses tipos de palavras... Deixa pra lá, eu vou entrar na
piscina com o bebê e você fica de olho em nós dois. Caio é afoito
com água e pode escorregar do meu colo ou das boias.
Só eu e a babá sabemos a festa que esse menino faz no
banho.
— Vai ser um prazer fica olhando a senhora, na verdade,
sempre foi.
Acabo sorrindo do que ele fala e entro na água.
Até o segurança flerta comigo, parece que só para meu marido
não sou boa o suficiente.
Como já imaginava, Caio se diverte na água e eu também.
Ricardo sorri de nós dois e até o cachorro entra na brincadeira.
Tenho certeza que Ricardo sorri do meu desespero, afinal
estou morrendo de medo que Caio escorregue de cima das boias.
— Amelie, deixe o menino ter contato direto com água, o tire
um pouco de cima das boias. Que graça tem tomar banho de
piscina desse jeito?
— Ele é um pouco pesado, Ricardo, tenho medo de que
escorregue do meu colo.
— Amelie, isso não vai acontecer, e caso aconteça estou aqui,
deixe o garoto aproveitar a água direito.
— Não tire os olhos de nós dois, Ricardo, se algo acontecer
você pula nessa piscina de roupa e tudo.
O segurança ri da minha preocupação excessiva, mas acabo
fazendo o que ele fala e meu filho sorri animando com a nova
experiência.
— Ricardo você tinha razão, ele está se divertindo, olha só
para ele — falo segurando Caio com força para que ele não caia.
— Senhora Schmidt o seu...
— Mas que porra e essa que está acontecendo aqui?
Meu coração gela ao escutar essa voz.
Como foi que Jonh se aproximou e não percebi, muito menos o
Ricardo?
Ele chegou de viagem e eu nem mesmo fiquei sabendo.
— Responda, Amelie. Por que seu segurança está aqui vendo
você vestida desse jeito e ainda por cima com o meu filho junto?
Sem falar nesse cachorro. — A maneira como Jonh fala é
totalmente grosseira.
Como é que um homem passa duas semanas fora de casa e
chega agindo desse jeito?
Sem falar na vergonha que estou sentindo agora.
— Obrigada, Ricardo, pela ajuda, você pode se retirar agora.
— Sim, senhora, com a sua licença senhor Schmidt.
Antes de se retirar, Ricardo ainda me olha uma última vez, me
direcionando um olhar de pena e isso não passa desapercebido
pelo meu marido.
— Está olhando o que aqui, caralho? Quer ficar sem olho seu
filho da puta? Jonh encara o Ricardo, que se rende abaixando a
cabeça e sai.
— Você não tem vergonha, Amelie? É minha esposa, minha
mulher, deveria se dar o mínimo de respeito. Onde já se viu ficar
vestida assim na frente dos seguranças?
Eu não respondo, saio de dentro da piscina com meu filho nos
braços e Athos vem logo atrás de mim. Assim como Ricardo fez,
Jonh passa os olhos pelo meu corpo, mas o ignoro completamente
pegando uma toalha e enrolando o meu filho.
— Amelie estou falando com você porra — fala assim que me
viro em direção à casa.
— Você se importa com isso, Jonh? É bom, sabia? Ter outro
homem olhando pra mim, já que o meu marido não faz questão de
olhar. — Eu não me dou nem ao trabalho de vestir o roupão para me
cobrir.
Antes que ele abra a boca para falar mais besteiras, saio da
área da piscina e vou para dentro de casa, mas sei que ele está
logo atrás de mim.
Subo a escada, vou direto para o quarto do bebê e encontro a
babá arrumando algumas roupas dele.
— Dê um banho nele, depois um lanchinho e veja se ele
dorme um pouco, deve ter se cansado na piscina.
— Sim, senhora.
Entrego Caio a ela e quando vou saindo ela me chama
novamente.
— Senhora, não quero parecer fofoqueira, mas quando entrei
em casa eu vi Madalena ligando para o senhor Jonh, falando que a
senhora estava na piscina com o segurança.
Eu não sei por que mais isso não me surpreende.
Agora o que me intriga é Madalena ter um acesso tão fácil ao
meu marido se nem eu consigo falar com ele tão rápido assim.
— Obrigada por me falar isso e não se preocupe que não vou
achar você fofoqueira. — Dou um sorriso a ela e saio do quarto
fechando a porta.
Sigo para o meu quarto e quando entro, encontro Jonh dentro
do cômodo bufando de raiva.
Eu o ignoro completamente e vou direto para o banheiro,
entrando e fechando a porta para que ele não consiga entrar atrás
de mim.
— Amelie, abre essa porta, quero falar com você.
— Estou ocupada no momento — falo tirando o biquíni.
— Ocupada!? O que vai ser agora? Se masturbar pensando no
segurança.
Eu acabo sorrindo da excelente ideia que ele teve.
— Por que não? Eu sou uma mulher desdenhada pelo marido.
Infelizmente, só posso recorrer aos meus pensamentos e eles me
levam ao ápice do prazer já que o marido que eu tenho não dá
conta... — Antes que eu termine de falar levo um susto grande com
a porta sendo arrebentada com um chute.
— Você ficou louco de vez, Jonh? Olha o que você fez.
— Eu vou mostrar pra você se dou conta ou não da mulher
que tenho em casa.
Quando ele tira a camisa, começo a me animar com a
possibilidade de fazer sexo com meu marido, mas Madalena entra
no quarto e não me parece nem um pouco surpresa em ver Jonh
sem camisa.
Agora sou eu que pergunto, mas que porra é essa?
— Senhor Schmidt...
— O que você quer, Madalena? — Jonh pergunta chateado.
— Desculpa, mas seus pais estão lá embaixo. Vieram ver o
menino e almoçar com o senhor. Eles também estão perguntando
pela senhora Schmidt.
— Diga a eles que já estamos descendo — ele responde.
Madalena só não me vê sem roupa porque estou dentro do
banheiro.
— Jonh, que intimidade toda é essa que Madalena tem de
entrar no nosso quarto sem bater e ainda falar assim com você?
Ele não demonstra reação nenhuma.
— Isso é coisa da sua cabeça. Tome banho e desça,
terminamos essa nossa conversinha depois.
Jonh não me deixa falar nada e sai do quarto vestindo a
camisa novamente.
CAPÍTULO 27

Momentos antes...
Tinha acabado de chegar de viagem quando recebi a
ligação de Madalena avisando que a minha mulher estava na
piscina cheia de sorrisos para o segurança. No fundo, sabia o que
ela estava pretendendo fazer, e conseguiu, porque a informação me
desestabilizou e não pensei duas vezes antes de mandar minha
secretária cancelar minha agenda do dia para que pudesse ir o mais
rápido possível para casa.
— Onde está indo com tanta pressa? Temos que entrar em
reunião. — Meu irmão me para no meio do caminho, mas nessa
reunião ele vai se virar sozinho.
— Tenho que ir para casa — falo tão ansioso que ele se
preocupa.
— Aconteceu alguma coisa com o bebê? Amelie está bem?
— Eu recebi uma ligação da Madalena, Amelie está na piscina
com o maldito segurança.
Meu irmão me encara.
— Madalena te ligou para fazer fofocas da sua mulher? Não
seja tolo, Jonh, sabe muito bem o que ela pretende. E, por que
diabos você ainda não se livrou dessa mulher? Ela vai acabar
prejudicando o seu casamento, se é que já não está fazendo isso.
— Eu vou resolver esse problema, Adam. Agora se vira na
reunião sem mim, eu tenho que ir para casa.
Ele sorri do meu desespero.
— O Ricardão está tirando o poderoso Jonh Schmidt dos eixos
por causa da belíssima Amelie. Cuidado, irmão, o cara é boa pinta.
— Cala boca, idiota! Se vira sem mim. — Saio de perto dele
para não escutar mais besteiras.
— Pode deixar. E olha lá o que vai fazer.
Assim que chego na recepção da empresa avisto Roger no
telefone e quando faço sinal para ele, já sabe o que tem que fazer.
— O que aconteceu?
— Que porra foi que deu na sua cabeça para colocar
justamente o desgraçado do Ricardo para ser segurança da minha
mulher?
Estamos a caminho do estacionamento e ele me para
segurando meu braço.
— O que aconteceu?
— A minha mulher, minha, está na piscina com o meu filho
cheia de sorrisos para aquele desgraçado e o Adam ainda coloca
mais coisas na minha cabeça.
Ele solta meu braço.
— Em primeiro lugar, a sua mulher nunca teria coragem de
trair você, ainda mais com um dos seguranças. Depois de mim, ele
é o mais qualificado para cuidar da segurança dela e do bebê.
Agora se você está inseguro em relação a sua mulher, não coloque
culpa em mim, no Adam e nem mesmo em Amelie. A culpa disso é
sua e de mais ninguém.
— Não me enche o saco você também, Roger.
— Estou falando a verdade, Jonh. Você mudou muito com ela
depois que o menino nasceu, nem mesmo parece ser a mesma
pessoa. Sabemos que tudo o que você queria era um filho e
conseguiu o que queria, mas está ligado a Amelie pelo resto da sua
vida. Uma hora ela iria se cansar, Jonh, cedo ou tarde ela iria
desistir de tentar levar esse casamento adiante e me parece que
isso aconteceu. Está na hora de você tomar uma decisão, porque
essa nova Amelie não vai mais ficar calada, meu amigo, e nem vai
mais baixar a cabeça para você.
Esse idiota consegue me deixar sem palavras.
— Porra! Eu não vou perder a minha mulher. Ela é minha,
caralho! — Entro no carro e ele entra logo em seguida.
Durante todo o caminho vou pensando no que fazer com a
minha esposa e com o maldito segurança.
Eu preciso da minha Amelie de volta.
Assim que o carro para na garagem vou direto para a área da
piscina e a cena que vejo me tira dos eixos. Até meu filho parece
estar feliz com a presença do desgraçado.
Amelie então nem se fala, está radiante.
Eu logo trato de acabar com a palhaçada e Amelie como previ
sai da piscina furiosa, rebolando a bunda gostosa que ultimamente
não sai da porra dos meus pensamentos, desde o nosso último
encontro frustrado no banheiro.
Eu sou um filho da puta mesmo!
Sigo minha mulher até dentro de casa e vou para o nosso
quarto, enquanto ela vai entregar o bebê para a babá.
Mas ao entrar no cômodo, onde estou esperando por ela, a
maldita provocadora passa direto para o banheiro e ainda tem
coragem de se trancar dentro do cômodo.
O pior que ainda tem a ousadia de insinuar que não dou conta
de satisfazer seus desejos sexuais.
E se não fosse pela infeliz da Madalena ter entrado no meu
quarto daquele jeito, eu teria mostrado a ela se eu dava conta ou
não.
Ao me recompor desço a escada e encontro meus pais na
sala.
Eles têm a péssima mania de aparecer na minha casa sem
avisar, como se quisessem ver com seus olhos como anda o meu
casamento.
Mas sei que Amelie sabe muito bem como se comportar na
frente deles, afinal não é vantajoso para nenhum de nós dois ter
meus pais metidos nos nossos problemas pessoais, já que os dela
esqueceram que tem uma filha. Eles seguiram com a vida sem nem
mesmo se importar com o neto.
***
— Espero que a comida esteja do seu agrado, Kate. Se eu
soubesse que viriam nos visitar hoje teria mandado preparar algo
especial. É sempre um prazer tê-los na nossa casa — Amelie fala.
— Minha querida, não se preocupe com esse tipo de coisa,
tudo está perfeito. Seu sogro está satisfeito, não é mesmo, querido?
— Claro que sim, Jonh não poderia ter feito um casamento
melhor. Amelie e Abbie realmente foram escolhas acertadas e nos
deram os netos que tanto queríamos.
Olho para a minha mulher e vejo como ela fica desconfortável
com o comentário do velho Logan, mas ela sabe disfarçar bem,
afinal fez isso a vida inteira.
— Amelie, fiquei sabendo pelo padre Pedro que está
organizando uma grande doação de alimentos, algo que nunca a
nossa comunidade tinha visto. Esse é um projeto audacioso,
querida, e quero me juntar a você. Abbie fará o mesmo. Esse tipo de
obra de caridade é muito bom para o nome da família.
— Eu já fazia caridade antes mesmo de carregar o sobrenome
Schmidt, Kate, mas ninguém dava importância, então depois que
me casei ampliei os projetos e consegui mais ajuda. Fui agraciada
com um sobrenome que abre portas, então, por que não usar isso
ao meu favor para ajudar aos mais necessitados?
— Não só você foi agraciada, mas o nosso filho também, não é
mesmo, Jonh?
— Claro que sim, mãe, agora vamos terminar de comer.
Como eu já imaginava, minha esposa se comporta muito bem
na presença dos meus pais, mas em momento nenhum ela olhou
para mim e sua atenção estava cem por cento voltada para mamãe
que está muito satisfeita com a nora que tem.
Logo depois do almoço, meus pais pedem para ver o meu filho
e algum tempo depois vão embora. Amelie os acompanha até à
garagem e demora muito para voltar.
Isso me deixa em alerta, porque se ela resolver abrir a boca
para mamãe, estarei perdido, vão ser dias dela reclamando no meu
ouvido junto com o meu pai.
Saio de casa indo em direção à garagem para ver o motivo da
demora, mas ao me aproximar escuto a voz de Amelie e do
segurança que vou mandar para o inferno com as minhas mãos,
caso ele continue perseguindo a minha mulher.
Eu me escondo para que eles não me vejam, pois, quero saber
o que vão fazer e o que estão conversando.
— Ricardo, eu não posso. Na verdade, isso nunca nem mesmo
passou pela minha cabeça. Eu amo o meu marido, o que deu em
você?
Pelo menos bom senso ela tem, mas esse segurança de
merda acabou de cavar a sua cova.
— Ele não te ama, Amelie. Olha só como trata você. Não
merece isso, você é linda, perfeita, tudo o que um homem poderia
desejar na vida. Você merece ser amada de verdade.
Esse desgraçado morre hoje.
Vejo Amelie se aproximando dele e tocando delicadamente
seu rosto em um carinho singelo.
— Você tem tudo o que eu queria em um homem, Ricardo, e
se não fossem as circunstâncias em que vivo hoje, casada e com
um filho para proteger da má influência do pai, não teria nada que
me impedisse de me entregar a você. Mas isso não vai acontecer.
— Amelie, não fale isso, podemos criar Caio, juntos.
— Você não entende, Ricardo, nunca vai entender. — Amelie
chora e o desgraçado passa as mãos pelo rosto dela, aparando um
lágrima.
— Você é a mulher dos meus sonhos, Amelie. Eu me encantei
desde a primeira vez que coloquei os olhos em você, no dia em que
fiz a sua segurança pela primeira vez. Seu marido é um idiota
cretino por não saber dar valor a mulher incrível que tem ao lado
dele.
Amelie o abraça forte, chorando, e ele retribui o abraço,
apertando-a em seus braços.
— Eu o amo, Ricardo, mesmo com tudo o que ele me faz
sofrer, eu o amo, sou completamente apaixonada pelo meu marido.
— Eu sei, querida, sei que o ama. Aprenda a se valorizar,
Amelie, ou vai passar a sua vida toda chorando por um homem que
não te merece.
Ver outro homem consolando a minha esposa que sofre
porque eu não sei dar valor a ela mexe comigo.
Essa é a realidade da vida dela sendo jogada na minha cara,
uma mulher linda, rica, influente, casada com um filho pequeno, mas
que é completamente infeliz.
E tudo isso por minha culpa.
— Se você não quiser morrer agora mesmo largue a minha
mulher — falo chamando a atenção dos dois para mim e Amelie se
afasta dele, pálida de medo.
— Jonh, não fizemos nada, deixe-o em paz, por favor.
— Vá para o quarto agora mesmo. Não me faça falar de novo
— falo tentando me controlar.
Amelie finalmente está conseguindo o que tanto quer.
— Não, eu não vou para lugar nenhum. Você não vai
machucar o Ricardo.
Eu vou até ela e seguro forte em seu braço.
— Você ficou louca de vez, Amelie? Obedeça, porra, e vá para
o quarto agora mesmo.
— Eu não obedeço mais você, enquanto não agir como meu
marido de verdade eu não te obedeço mais.
— Amelie, não me faça perder a paciência...
— Amelie, faça o que ele está mandando. Eu vou ficar bem,
por favor, vá para o quarto.
Ela olha para ele derramando um mar de lágrimas, balança a
cabeça concordando e isso me impressiona porque a ele, ela
obedece.
Amelie sai correndo da garagem e quando entra dentro de
casa, acerto um soco em cheio na cara do desgraçado que estava
tentando tirar a minha mulher e o meu filho de mim. Parto para cima
dele sem dó e o filho de uma puta reage.
— A minha vontade e de matar você, desgraçado, dar você de
presente ao capeta.
— Você não vai me matar, pois, ela nunca te perdoaria. Se
está tão mordido de ciúmes assim é porque também a ama, seu
idiota, mas é arrogante demais para admitir e prefere foder com a
empregada do que satisfazer sua esposa na cama. Você não é
metade do homem que late dizer ser.
Esse filho da puta não sabe o que fala.
— Você vai morrer hoje, seu infeliz...
Ele começa a rir da minha cara, então saco a arma e miro na
testa do maldito.
— Você não vai me matar porque a cúpula não iria gostar
nadinha disso.
Agora ele consegue chamar a minha atenção.
— O que a Diretriz tem a ver com isso?
— Você não é o poderoso Jonh Schmidt, não é? Eles me
infiltraram na sua equipe para que eu ficasse de olho em você e só
não relatei tudo o que descobri ao seu respeito, porque Amelie não
merece passar por mais uma humilhação, seu cretino de merda.
Você não vale nada. Como foi que teve coragem de colocar a sua
amante sob o mesmo teto que a sua esposa? Nem eu que já fiz
muita coisa errada nessa vida teria coragem de fazer uma coisa
dessas, porque família é sagrada. Você não tem honra nenhuma e
não merece a mulher e o filho que tem.
Eu dou um chute nas costelas dele quebrando pelo menos
umas duas e ele grita de dor.
— Meu caso com Madalena acabou no dia em que me casei
com Amelie e parece que foi você quem não fez o dever de casa
direito. Isso não vai ficar assim, acredite, o seu ato vai ter
consequências.
“Está apaixonado pela esposa de um homem que exerce uma
posição muito mais alta do que a sua perante a Diretriz, cobiçando o
que não é seu, o que nunca vai ser.
“Vá embora da minha casa agora mesmo, antes que eu mude
de ideia e faça o trabalho de te mandar para os braços do Diabo.”
O infeliz se levanta com dificuldade e eu vou para dentro de
casa com suas palavras martelando na minha cabeça.
Hoje, ele me fez perceber uma coisa, estou completamente
apaixonado pela minha esposa e sou covarde demais para admitir
isso.
CAPÍTULO 28

Estou dentro do quarto apavorada, pensando no que Jonh


pode estar fazendo com Ricardo uma hora dessas.
Ando de um lado para o outro, nervosa até que a porta do
quarto se abre em um rompante.
— O que você fez com ele? O que fez com o Ricardo?
— Você se importa tanto com ele assim, Amelie? Então quer
dizer que ele era o tipo de homem a quem você se entregaria se
não estivesse casada comigo? Eu sou tão terrível assim para você?
Eu sempre te dei tudo.
Eu não sei onde Jonh quer chegar com isso, mas a maneira
calma como faz essas perguntas me apavora.
— Ele demostrou ter muito mais cuidado comigo, em alguns
dias do que você em um ano e meio. Agora diga o que fez com ele,
Jonh?
Meu marido sorri e dá um passo em minha direção.
— Eu não o matei, por mais que o desgraçado merecesse
apenas quebrei algumas costelas para que ele se lembre a nunca
tocar no que é meu. O verdadeiro castigo dele chegará em um outro
momento, porque você é minha, Amelie, e ver você abraçada a
outro homem me fez finalmente enxergar o que eu me negava ver.
Eu coloco as mãos na boca sem acreditar que Ricardo está
machucado por minha culpa.
— Você é um monstro Jonh, meu pai me entregou a um
monstro sem coração.
— Seus pais nunca se importaram com você, Amelie, e eu sou
um monstro. Sim, querida, eu sou e seu pai sabia muito bem disso,
mas não pensou duas vezes antes de entregá-la a mim, porque
você carregar o sobrenome Schmidt daria a ele um status jamais
imaginado. Era apenas nisso que ele estava pensando.
Meu coração dói mais ainda ao escutar isso.
— Eu te odeio, odeio, odeio...
Ele avança em mim e me segura pelos braços, me sacudindo.
— Você não me odeia, você me ama e escutei isso em alto e
bom tom. Eu sou o seu amor, o homem da sua vida, o pai do seu
filho.
— E você se orgulha disso, John? Amar você dói, amar você
me humilha, amar você me faz sofrer, amar você me sufoca, amar
você me faz querer morrer para apagar um pouco do sofrimento que
me faz passar.
— Não diga uma coisa dessas, Amelie, temos um filho.
— E é por ele que eu luto todos os dias contra os sentimentos
que você me faz sentir. Será que você não se cansa de me fazer
sofrer? Você está cansado de falar que nunca vai me dar o que eu
quero, então, por que não me deixa em paz? Caio nunca deixará de
ser seu filho, seu herdeiro, mas eu pelo menos teria uma chance de
ser feliz.
Ele me solta e anda pelo quarto passando as mãos no cabelo,
irritado.
— Isso está fora de cogitação, sabe muito bem disso. Você
será minha por toda vida.
Eu sinto a raiva começar a me dominar, porque isso não faz
sentido nenhum, ninguém merece viver assim.
— Eu não sou sua, Jonh. Você nunca me quis, o que queria
com esse casamento eu já dei a você, agora pode me deixar ir. Eu
nunca afastaria o nosso filho de você, inclusive poderia vê-lo
quando quisesse. Eu só peço para que me dê uma oportunidade de
tentar te esquecer, de arrancar do meu coração o amor que sinto
por você. Eu imploro, Jonh, me deixe em paz. Eu não suporto mais
viver assim.
— Eu não posso, Amelie...EU NÃO POSSO DEIXAR VOCÊ,
PORRA!
— E, POR QUE NÃO? POR QUE NÃO PODE ME DEIXAR
IR?
— Porque você conseguiu o que queria. — Ele me olha como
nunca tinha me olhado antes.
— Não, Jonh, não pode falar isso, não pode brincar comigo
desse jeito...
— Você conseguiu o que queria, Amelie, fez com que me
apaixonasse por você e vou matar o maldito que ousar querer tirar
você, ou o meu filho de mim. Eu não sou um homem bom, Amelie.
Você e meu filho são a minha família, o bem mais precioso que um
homem pode ter nessa Terra... Eu só peço para ter paciência
comigo e que me ensine a ser um homem melhor para você e o
nosso filho.
Meu pobre coração falta parar ao escutar as palavras que
saem da sua boca.
Eu não consigo me controlar e me encolho no chão, próximo à
cama, em lágrimas, porque eu esperei muito tempo para escutar
isso.
Será que agora finalmente vou conseguir ser feliz?
Jonh se aproxima, me pega no colo e me coloca na cama, me
abraçando forte.
— Não chora, amor. Não quero mais que derrame lágrimas por
minha causa, me deixe ser o marido que você quer, me ensine a ser
o marido que você merece ter. Por você, eu posso ser bom.
Olho para ele e o puxo para um beijo. Ele logo assume o
controle, me beijando como nunca antes tinha beijado.
— Eu te amo, Jonh.
— Amelie, amor...
— Comece a ser meu marido na cama, me prove que tudo que
falou é verdade, mostra que me deseja...
Ele nem espera eu terminar de falar e começa a me beijar
intensamente, desesperado, bruto, como se marcasse cada canto
da minha boca com sua língua.
— Nada mais vai me impedir de ter você agora. — Ele avança
em cima de mim e começa a me beijar.
É claro que correspondo na mesma intensidade já que estou
tão louca quanto ele para fazermos amor.
Jonh sem muita paciência para preliminares rasga meu vestido
e isso me deixa ainda mais excitada do que já estou. Ele beija meus
pés, minhas panturrilhas como se estivesse me provando até chegar
em minha intimidade. Quando penso que ele vai tirar a minha
calcinha também a rasga, me deixando completamente nua.
Aproveito seu momento de distração e o jogo na cama subindo
em cima dele.
Não sei de onde foi que tirei essa coragem, mas ele parece
gostar.
— Vejo que minha mulher quer assumir o controle — ele fala
completamente excitado.
Sei disso porque consigo sentir seu membro potente e duro
embaixo de mim.
Não respondo nada apenas começo a beijar seu peitoral
sarado tirando a sua camisa até chegar em seu abdômen, então tiro
a calça que está vestindo junto com a cueca. Em seguida toco seu
membro duro e começo a acariciá-lo.
Jonh chega a gemer de prazer.
— Está gostando, marido?
— Você ainda tem dúvida? Olha só como estou.
Vejo que ele realmente está muito excitado e como está se
controlando, então para acabar com seu sofrimento eu me posiciono
em cima dele e vou escorregando em seu membro já que estou
completamente molhada por ele.
— Puta que pariu, Amelie, você vai me matar de tesão, porra!
— ele fala colocando as mãos em minha cintura, me estimulando a
rebolar em cima dele.
Faço conforme ele me estimula e quando estou muito próxima
de gozar, ele inverte as nossas posições e fica por cima de mim, me
penetrando rápido e forte. Eu não consigo segurar meus gemidos de
prazer, pois esse homem me leva à loucura, é algo que nunca senti
na vida.
Com apenas mais algumas estocadas, chegamos juntos ao
ápice do nosso prazer.
Ele se joga em cima de mim, ofegante e cansado, então o
abraço e entorpecida pelo orgasmo falo o que está dentro do meu
coração:
— Eu te amo, Jonh, como nunca imaginei que seria capaz de
amar alguém.
Ele se vira na minha direção e passa a mão pelo meu rosto,
acariciando de uma forma diferente, me dá vários beijos, alisa meu
cabelo e o tempo podia parar aqui, onde definitivamente nos
entregamos como nunca aconteceu nesse um ano e meio de
casamento.
— Vamos ser uma família agora, Amelie, uma família de
verdade.
— É tudo o que mais quero.
CAPÍTULO 29

Nunca pensei que fosse ter uma paz tão grande como a
que estou tendo agora.
Finalmente, as coisas entre Amelie e eu entraram nos eixos, e
hoje posso usufruir do meu casamento como deveria ter sido desde
o início, mas era cego demais para enxergar a mulher maravilhosa
que tinha ao meu lado.
Com a intenção de provar a ela que estou tentando fazer de
um tudo para dar certo a nossa relação, resolvo ir para casa mais
cedo, cancelando todos os meus compromissos do final da tarde.
Tenho certeza de que ela irá ficar feliz com a surpresa, pois
nunca fiz isso.
— Indo pra casa mais cedo, Jonh? Quem diria que eu viveria
para ver isso um dia. A santa Amelie conseguiu operar seu primeiro
milagre, realmente uma verdadeira santa.
Eu sabia que Roger não ia deixar o meu ato passar em branco.
— Só dirija, idiota, apenas faça isso.
Ele sorri e coloca o carro em movimento.
— É bom, Jonh?
Estranho a sua pergunta.
— O que é bom?
— Ter uma vida, uma esposa, filhos, construir uma família. Ter
alguém para voltar no final do dia, possuir o amor de uma mulher.
Nós dois, mesmo sendo amigos há muito tempo, nunca
tínhamos entrado nesse tipo de assunto.
— É bom demais. Isso tudo que acabou de mencionar faz toda
a merda que fazemos valer a pena.
— Sabe que a nossa causa é muito maior do que isso.
— É claro que eu sei disso e sou fiel a nossa causa, Roger.
Sempre vou ser, porque é essa causa que me garante todo o poder
que preciso para proteger a minha família. A minha descendência
jamais vai passar pelas humilhações e dificuldades que passei na
vida. Meu sobrinho e filho viverão como reis nessa Terra, terão o
mundo aos seus pés e serão homens de honra, eu mesmo estou
garantindo isso. Deveria experimentar viver algo parecido com isso,
Roger. Você também já passou por muita merda nessa vida, merece
ser feliz com uma mulher que ame.
Ele sorri e balança a cabeça.
— Eu fico muito feliz por você, meu amigo, de verdade, sabe
que pode contar sempre comigo, mas acho que ter uma mulher não
está nos meus planos.
— E, por que não? Nunca teve nenhuma mulher nessa Terra
que despertasse o seu interesse?
— É claro que teve, mas ela é uma mulher inalcançável, está
muito além de mim. O meu destino é apenas observá-la viver sua
vida, mesmo eu sabendo que ela não é feliz, mas como eu falei, ela
é inalcançável e não posso fazer nada para ajudá-la. Não sou muito
íntimo de Deus para pedir por ela.
Percebo que o que ele fala o machuca, então resolvo ficar em
silêncio, já que ele mergulha em seus pensamentos. Cada um
carrega os pecados que merece, mas quem sabe um dia meu amigo
não alcance a graça de ter a mulher que ama ao seu lado.
Chego em casa e acho estranho o silêncio. Vejo apenas os
seguranças ao redor da mansão, subo a escada e vou até o quarto
do bebê procurar por Amelie, mas não a encontro, muito menos a
babá. Vou para o meu quarto e assim que entro Madalena está
saindo do banheiro.
— O que você está fazendo aqui?
— Limpando o banheiro, fazendo apenas o meu trabalho.
— Onde está minha esposa?
Ela respira fundo fechando os olhos por alguns segundos e
depois se volta para mim, respondendo:
— Ela saiu com a sua mãe e o bebê, a babá também foi junto.
Segundo sua esposa, você estava precisando de algumas coisas e
cabia a ela comprar, então convidou sua mãe e sua cunhada para ir
às compras com ela.
Acabo sorrindo com a lembrança de que Amelie ontem mesmo
estava reclamando das minhas gravatas, dizendo que todas
praticamente são da mesma cor.
— Se já terminou o seu trabalho se retire do quarto, eu quero
tomar um banho. E já vou logo avisando que você vai voltar para a
mansão dos meus pais, Amelie vai contratar uma empregada que
seja do agrado dela. Você já passou tempo demais aqui. Eu nunca
deveria ter aceitado a sua presença dentro da minha casa.
Madalena arregala os olhos e se aproxima de mim, tentando
segurar a minha mão.
— Jonh, você não pode me tratar dessa maneira, eu te...
— Madalena, nem começa, já conversamos e esclarecemos as
coisas, o que existia entre nós dois acabou. Chega desse assunto,
eu já tomei uma decisão, quero você fora da minha casa.
Como se não me escutasse, ela ainda tenta me abraçar e a
seguro com força, imprensando na parede.
— Jonh, tudo isso é por causa daquela mulher... Ah...
Eu coloco a mão em seu pescoço colocando pressão o
suficiente apenas para sufocá-la ao ponto de assustá-la.
— Aquela mulher é minha, aquela mulher a quem se refere de
modo tão desrespeitoso é a mãe do meu filho. Caralho, você me
conhece bem, Madalena, sabe o que faço e tenho certeza de que
não vai querer me ver com ódio de você, então pense duas vezes
antes de colocar o nome da minha esposa nessa sua boca. Eu não
bato em mulheres, mas nada como um rifle e uma boa mira não cale
a sua boca. — Eu a solto de uma vez.
Ela se desestabiliza e cai no chão.
— Você vai pagar por tudo o que fez comigo.
— O que eu fiz com você? Eu não fiz nada além do que você
já queria e eu nunca te prometi nada além de um bom sexo suado.
Sempre soube que no dia em que eu me casasse tudo o que existia
entre nós dois acabaria.
“Eu nunca te iludi, você que se iludiu sozinha achando que iria
me conquistar só porque tinha uma boceta gostosa.
“E não pense que estou me desfazendo de você pela sua
classe social porque não é isso, porque se estivesse me apaixonado
por você nada nesse mundo nos impediria de ficarmos juntos.
“Mas isso não aconteceu e eu amo a minha mulher.
“Então, tenha muito respeito por ela, ou eu mesmo enfio o
respeito em você, goela abaixo.
“Espero que tenha entendido agora qual é o seu lugar.”
Eu cansei dos joguinhos dessa mulher para cima de mim. A
verdade é que eu já deveria ter dado um basta em Madalena há
muito tempo.
— Eu entendi — ela fala limpando uma lágrima que escorre
por seu rosto, lágrima essa que não me convence de nada.
— Ótimo, hoje mesmo você volta para a mansão dos meus
pais para continuar ajudando sua mãe. — Eu saio do meu quarto,
porque não quero mais ficar no mesmo ambiente que essa cobra
sorrateira.
Tudo o que quero é viver em paz com a minha mulher.
CAPÍTULO 30

Estou no meu escritório, bebendo meu melhor whisky à


espera da minha esposa. Estou relaxado depois de tantas doses e
sei que não deveria beber assim, mas estou me sentindo
visivelmente bem, com uma sensação de euforia, excitação pelo
corpo.
Nunca tinha me sentido assim, parece que...
— O que você está fazendo, Madalena? Já dei ordem para
que um dos seguranças te leve de volta para a casa dos meus pais.
— Sou tirado dos meus pensamentos com Madalena entrando no
meu escritório.
— Quero você uma última vez, eu mereço isso.
Ela só pode ter enlouquecido de vez!
— Madalena...
— Não vai ter escolha, Jonh, você será meu uma última vez
quer queira ou não, depois disso saio da sua vida de vez, vou
embora daqui e nunca mais me verá novamente.
Eu nem consigo responder, porque ela vem para cima de mim
e começa a me beijar. Tento resistir no começo, mas parece que
tem algo de errado no meu corpo.
— Madalena...
— Não pode resistir, meu amor, não lute contra isso, já está no
seu organismo.
— Desgraçada, o que você fez?
— Seu whisky favorito... Hoje ele estava de um jeito especial,
preparado especialmente para você, querido.
Eu seguro em seu pescoço com força e minha vontade é de
matá-la, mas de repente vejo os olhos da minha mulher.
— Amelie... Você está aqui...
— Estou, meu amor. Me faça feliz uma última vez, Jonh.
E com essas palavras perco de vez o sentido do que estou
fazendo, é como se estivesse em uma luta interna contra mim
mesmo. Minha mente parece estar em choque e não tenho controle
das minhas ações.
Tiro a camisa, depois a calça, a seguro pela cintura e a jogo
em cima do sofá. Sem perder tempo, tiro sua calcinha me
posicionando entre suas pernas enquanto ela arranha meus braços
e morde meu ombro.
— Eu vou te matar... — Ainda tento lutar contra minha mente
com flashes que variam entre alucinação e realidade.
— Cala boca, Jonh, e me come com força assim como fazia.
Não vai conseguir resistir, quando a euforia e a excitação passar
terá noção de alguma coisa, mas vai demorar um pouquinho para
você ficar cem por cento. Esse será o tempo que terei para sumir e
você nunca mais me encontrar.
— Amelie... — Eu a penetro de uma vez arrancando um
gemido alto de sua garganta.
Vejo minha esposa, mas algo, no fundo da minha alma, grita
em desespero.
— Jonh... — ela geme e eu continuo fodendo sem ter controle
das minhas ações, a comendo rápido e forte até que ela goza
gritando o meu nome.
Em pouco tempo eu também chego ao ápice do meu prazer e
caio em cima dela com a minha cabeça girando e o suor excessivo
escorrendo pelo meu rosto e corpo, como se algo quisesse sair de
dentro de mim.
Estou ofegante, lutando internamente para voltar a realidade
quando escuto um choro e ao olhar para o lado sinto meu coração
quebrar, minha alma se desespera, minha mente entra em curto e
meu peito dói. Sinto meu corpo queimando, o fôlego me faltando,
porque, no fundo, sei que um elo da minha vida acabou de ser
quebrado.
— Amelie... — É só o que consigo pronunciar, saindo de cima
de Madalena, tonto, sem entender direito ainda o que aconteceu.
— Agora eu entendo tudo. Meu Deus, como eu sou burra,
idiota! Como eu fui acreditar em você? Todo esse tempo era ela, por
isso que ela sentia prazer em ver meu sofrimento. Você tem um
caso com a nossa empregada.
— Amelie, por favor vamos conversar. Não é isso que você
está pensando, essa desgraçada me...
— Há quanto tempo isso vem acontecendo?
Ela me encara enxugando as lágrimas dos olhos e, nesse
momento, percebo o quanto eu destruí a vida da minha mulher, da
mulher, que até uns dias atrás, declarei estar apaixonado.
Mas agora ela está vendo o homem que ama com outra e eu
nem mesmo consigo me explicar.
— Jonh e eu somos amantes desde antes do casamento de
vocês e foi por isso que ele fez questão de me trazer pra cá depois
do casamento.
— Não, isso é mentira! Ela está mentindo, Amelie, eu nunca
traí você. — Caio no chão com a sensação de que meu peito vai
explodir.
— Espero que tenha valido muito a pena, Jonh. Esperava
muitas coisas de você, mas me trair com a empregada? Por isso eu
realmente não esperava. Você é o poderoso, Jonh Schmidt, pode
fazer tudo o que quer, não é mesmo? Só não vai mais me enganar.
— Ela sai do escritório batendo a porta com força.
— Eu vou matar você, Madalena, nem que para isso tenha que
te procurar no inferno. Eu vou te encontrar e te matar com as
minhas mãos, você mexeu com alguém que não deveria, eu te
avisei, sua desgraçada, filha de uma grande puta….
— Eu também te avisei que não iria deixar barato, que você
iria pagar. Eu sei exatamente do que é capaz, Jonh, mas vai estar
ocupado demais tentando conseguir o perdão da sua esposa para
vir atrás de mim.
— Pode demorar o tempo que for, mas a morte vai te encontrar
e eu vou ajudar na procura em cada maldito canto dessa cidade.
Você sentirá tanta dor que vai se arrepender do dia que ousou
machucar uma Schmidt.
— Tente se recuperar primeiro para vir atrás de mim. Por esse
golpe nem mesmo Jonh Schmidt esperava e eu fiz isso sabendo
que a minha vida se resumiria a fugir de você para sempre. Mas
quer saber, valeu a pena. — Ela se recompõe rapidamente e sai do
escritório.
Eu me levanto e me sento no sofá de olhos fechados, tentando
me recuperar, mas estou completamente tonto.
Eu preciso ir atrás da minha mulher antes que ela faça uma
besteira.
— Jonh, o que aconteceu aqui? Vi a Madalena saindo com
pressa da mansão e entrando em um táxi que já esperava por ela,
enquanto Amelie subiu as escadas correndo, desesperada,
chorando. E, por que diabos está sem roupas, pelado?
— Madalena me drogou, eu...
— Puta que pariu!
— Amelie viu tudo, ela nunca vai me perdoar. Eu não a traí, eu
não traí a minha família. Você me conhece e sabe que eu nunca
faria isso.
— Porra, Jonh, caralho! Mas você está bem?
— Não, a minha cabeça...
— Você sabe o que ela te deu?
— No meu whisky. — Roger se levanta, vai até à garrafa e
cheira o líquido depois olha com atenção para o fundo da garrafa,
como se analisasse o que tem dentro dela.
— Roger...
— Tudo indica que é LDC, a desgraçada nem mesmo se deu
ao trabalho de diluir a droga direito.
— Eu não percebi nada de diferente, mas a minha cabeça está
uma confusão e o meu corpo...
— Euforia, excitação, todos os tipos de excitação. Vai por
mim... E mudança na percepção da realidade.
— Coloque o inferno atrás de Madalena e a traga até mim, eu
mesmo vou matá-la e beber o sangue dela em uma taça trabalhada
em ouro maciço.
— Eu também quero um gole desse sangue, pode deixar
comigo. Mas agora vou te ajudar a tomar um banho, vai te ajudar a
ter mais percepção das coisas. O efeito demora para passar, mas
pelo menos vai ficar mais lúcido para que Amelie consiga te matar.
Roger se aproxima jogando a garrafa de whisky no lixo, me
ajudando a levantar.
— Amelie, minha mulher, não sai dessa casa sem a minha
permissão, Roger, avise aos seguranças.
Eu vou implorar o perdão da minha mulher, nem que para isso
seja preciso ficar de joelhos.
CAPÍTULO 31

Ver meu marido com outra mulher destruiu meu coração.


Eu, realmente, acreditei nele, estava tão desesperada por
afeto e amor que acreditei em suas palavras, mas estava enganada.
Na verdade, fui enganada e traída da pior maneira possível, e
a minha vontade é de desistir de tudo.
Mas eu não posso, tenho meu filho e é por ele que vou lutar
agora.
Entro no quarto do meu bebê chorando, me aproximo do berço
e o vejo dormindo tranquilamente, feito um anjo inocente, que não
tem ideia do pai que tem.
Eu jamais vou permitir que meu filho siga os exemplos do pai.
— Senhora, ele acabou de dormir, estava cansado por ter
passado a tarde fora.
Eu concordo com a cabeça.
— Você pode se retirar, se eu precisar de ajuda chamo por
você.
— A senhora está bem? Está chorando.
Eu não consigo segurar as lágrimas, fazer isso exige um
esforço grande demais que não estou disposta a fazer.
— Eu não estou bem, não estou nada bem, mas preciso ficar
sozinha e pensar no que vou fazer da minha vida.
— Tudo bem, senhora, eu vou pegar o Athos e levá-lo para
passear pelos arredores da mansão, se precisar de mim, é só
mandar me chamar.
— Obrigada.
Ela sai do quarto e assim que fecha a porta me enterro na
minha dor, me sento no chão ao lado do berço do meu filho, apoio a
cabeça na grade e seguro sua mãozinha por entre os espaços,
então choro toda a minha dor, como nunca na minha vida tinha
chorado, tamanho meu desespero.
Alguns minutos depois, escuto a porta do quarto sendo aberta,
mas não me movo do lugar e nem paro de chorar.
Eu quero que ele veja como me quebrou, como me machucou,
como destruiu a minha vida.
— Amelie...
Escutar sua voz me chamando desse jeito faz meu coração
sangrar mais ainda.
— Amelie, não chora assim, me...
— Onde ela está? Onde está a sua amante? — pergunto
soluçando.
— Ela não é minha amante, foi no passado, mas desde o dia
em que nos casamos tudo o que tínhamos ficou para trás. Eu
sempre fui fiel a você e vou matá-la por ser a causadora das suas
lágrimas. Não existe mais nada entre nós dois, acabou tudo, eu juro,
meu amor.
Ele não vai me enganar, de novo não.
— Meu amor? Você não tem vergonha na cara, Jonh? Como
tem coragem de me chamar de meu amor depois de tudo o que vi?
Depois de ver o meu marido, o pai do meu filho, transando com a
empregada que por sinal era sua amante. Você é muito pior do que
eu imaginava, Jonh...
— Eu não vou permitir que me deixe, se está pensando em
divórcio esqueça isso.
Movida pela raiva eu faço uma coisa que achava que nunca
teria coragem de fazer.
Levanto do chão, vou até ele, me aproximando lentamente e o
encarando, assim como ele faz comigo. Ao chegar perto o suficiente
dou um tapa forte com toda a força que tenho em seu rosto e ele
não reage, apenas passa a mão sobre a marca avermelhada em
sua face.
— Divórcio? Acha que vai ser fácil assim, Jonh? Se eu vivo no
inferno você também vai viver nele. Divórcio não é uma opção aqui,
meu amor. Você se empenhou muito durante todo esse tempo para
destruir o meu coração e finalmente conseguiu, agora está na hora
de retribuir o favor. Não vou me divorciar de você para que se case
com uma empregada e me humilhar ainda mais, esse gostinho não
vou dar a vocês dois.
— Ela me drogou, Amelie. Olha para mim, eu ainda estou sob
o efeito da droga, a minha mente está uma confusão, o meu corpo...
— Eu não quero saber. Eu não quero mais saber de nada que
venha de você, seu desgraçado.
— Eu nunca trocaria você por Madalena.
Eu dou outro tapa forte na cara dele, no mesmo lugar do
primeiro.
— Não ouse nunca mais falar esse nome na minha frente,
tenha pelo menos o mínimo de consideração comigo — falo
passando por ele, saindo do quarto do meu filho e entrando
novamente no meu.
Vou direto para o closet, pego uma mala grande e a abro.
Quando começo a colocar minhas roupas na mala vejo Jonh
entrando e olhando pra mim, assustado.
— O que você está fazendo com essa mala?
— Você não acha que vou ficar nessa casa sabendo que deve
ter transado com a empregada em cada canto dela.
— Amélie, eu não fiz isso, tem que acreditar em mim. Eu
nunca trairia você, meu amor. E não vai embora daqui, não permito
isso. Eu sou o seu marido seu lugar é ao meu lado.
É sério isso?
Eu quero ver se ele vai me obrigar a ficar em uma casa toda
quebrada.
— Você não estava agindo como meu marido até uns minutos
atrás, estava? — Pego uma luminária que está próxima e jogo nele.
— AMELIE! — ele grita saindo do closet e eu vou atrás do
cretino.
— Você não estava agindo como meu marido quando resolveu
me trair. — Agora já dentro do quarto, pego tudo o que está ao meu
alcance e jogo nele.
— Para com isso, Amelie, vamos conversar. Precisa me
escutar, amor.
Idiota!
Já passamos e muito da parte da conversa.
— Você não estava agindo como meu marido quando resolveu
trazer a sua amante para dentro da minha casa. — Agora pego os
porta-retratos com as fotos do nosso casamento e jogo nele que
anda em direção à porta e eu vou atrás.
Ele desce a escada e o sigo até chegarmos na sala, o que é
ótimo porque tem mais coisas para quebrar jogando nele.
— Você está descontrolada, amor, e com razão, mas não pode
me deixar, pense no nosso filho.
— É justamente nele que estou pensado, no meu filho, seu
desgraçado. Você não tem o direito de me exigir nada. Como teve
coragem de colocar a sua amante sob o mesmo teto que o nosso
filho? Que tipo de pai é você, Jonh? Já que não tinha respeito
nenhum por mim, deveria ter pelo menos pelo seu filho. — Quebro a
sala toda e ele sem ter como me parar permite assistindo à tudo.
— O que está acontecendo aqui? — Roger entra na sala,
assustado.
— Deixe-a fazer o que quiser — Jonh fala.
— Eu vou embora dessa casa, esse lugar está contaminado
por você e por sua amante. E você não vai me impedir ou eu grito
para os quatro cantos do mundo o tipo de homem miserável que
você é. Vamos continuar casados, porque eu vou fazer questão de
te fazer pagar por cada humilhação que me fez passar, mas não
vamos mais morar sob o mesmo teto nunca mais. Não vai me
obrigar a ir em eventos sociais com você, não vai mais se meter na
minha vida e nem nas minhas decisões, perdeu esse direito hoje
quando resolveu transar com outra mulher dentro da minha casa.
Ele não fala nada apenas fica me olhando.
Chego a tremer com a possibilidade dele me trancar dentro
dessa casa e me proibir de sair.
— Amelie, pense no que está fazendo, as coisas não são
como está pensando — Roger fala.
— Não o defenda, Roger, eu vi com os meus olhos.
— Vou mandar preparar uma das coberturas para que você
possa ficar confortável com o nosso filho até nos acertamos. Não
vou obrigá-la a ficar aqui se não quer — Jonh fala.
— Isso não vai acontecer. Não existe mais nós, Jonh, na
verdade, nunca existiu. Você tirou tudo de mim, a minha pureza, a
minha inocência, tomou o meu corpo como seu, sem se importar
com os meus sentimentos. Mas a única coisa que você não vai tirar
é a minha dignidade e o meu filho, por ele eu sou capaz de fazer
qualquer coisa, até mesmo manchar o belíssimo sobrenome
Schmidt fazendo com você exatamente o que fez comigo.
Ele cerra os dentes e tenta se aproximar de mim, mas me
afasto.
— Você não teria coragem, Amelie.
Ele tem razão, eu não teria coragem, mas ele não precisa
saber disso.
— Paga para ver então — falo olhando pra ele uma última vez.
Ele me encara, então viro de costas para o CEO de uma das
maiores empresas de construção do mundo, decidida a finalmente
viver a minha vida longe dele.
CAPÍTULO 32

Sair daquela casa foi libertador.


Cheguei a duvidar que Jonh realmente iria mesmo me deixar
sair, mas creio que deixei bem claro para ele as consequências de
me prender ao seu lado.
Depois da nossa briga e de ter quebrado praticamente a casa
inteira, fiz minhas malas e fui embora com meu filho.
Estou há três meses morando em uma das coberturas
pertencentes ao meu marido e não sei que história ele inventou para
a família dele, mas ninguém se meteu na minha decisão e nem
falaram nada.
É sempre assim, Jonh fala uma coisa e todos abaixam a
cabeça, aceitando.
Ninguém em sã consciência tem coragem de ir contra ele.
— Senhora, a secretária do senhor Schmidt ligou e disse que
em meia hora ele chega para ver o menino e... — Ela para de falar
no meio da frase e levanto uma sobrancelha.
— Continue.
— E que era bom a senhora estar em casa dessa vez.
Eu acabo sorrindo por Jonh ainda pensar que manda em mim.
— Vamos fazer como todas as outras vezes, quando ele for
embora você liga para o meu celular e eu volto. A festinha de um
ano de Caio é no final de semana e ainda tenho que comprar
algumas coisinhas.
Celular foi a melhor coisa que já inventaram na vida.
— A senhora ainda continua com a ideia de não convidar o
senhor Schmidt para a festinha do menino Caio? Ele pode não
gostar, senhora.
— Jonh é um homem muitíssimo ocupado e vai ser só uma
festinha com as crianças do prédio. Ele não vai querer ficar rodeado
de crianças correndo pela cobertura.
Ela me olha como se eu fosse louca, afinal não vou falar nada
sobre a festinha do meu filho para o pai dele.
— Se a senhora está dizendo, então tudo bem.
— Eu já vou sair, pois, não quero encontrá-lo, ainda não estou
preparada para isso. — Eu vou até o meu bebê que está brincando
na sala, dou um beijo nele e saio.
É sempre assim, todas as vezes que Jonh avisa que vem ver o
filho, saio de casa para não o encontrar, ou é capaz de jogá-lo pela
janela da cobertura.
Chegando na garagem para pegar meu carro, vejo um homem
encostado na porta usando boné e óculos escuros de cabeça baixa.
Eu me aproximo um pouco receosa, mas ao chegar mais perto abro
um sorriso vendo quem se trata.
— Você é uma mulher bem difícil de se encontrar, Amelie.
Não consigo acreditar que Ricardo está bem na minha frente,
então vou até ele e o abraço forte.
— Calma aí, já se passaram três meses, mas ainda consigo
sentir bem as costelas que seu marido quebrou.
Eu me sinto mal escutando isso, pois se Jonh bateu nele, foi
por minha causa.
— Desculpa, Ricardo, não queria machucar você. Na verdade,
eu nunca quis que nada disso tivesse acontecido.
— A culpa não é sua, seu marido que é um idiota. Fiquei
sabendo o que aconteceu entre vocês dois, um dos seguranças da
casa é meu amigo e me contou tudo o que aconteceu.
Deus, que vergonha
— De qual parte de tudo você sabe?
Ele sorri sem jeito.
— Quando digo que sei de tudo é porque sei de tudo. Eu sabia
que Jonh teve um caso com Madalena, mas não queria vê-la sofrer,
por isso não falei nada. Sem contar que poderia achar que estava te
colocando contra seu marido. Sinto muito por não ter falado antes.
Quer dizer que até os seguranças da casa sabiam do caso do
meu marido enquanto eu era a única trouxa que não sabia de nada.
— Entendo os seus motivos, Ricardo, agora vamos sair daqui
antes que Jonh chegue. Ele está vindo ver o filho, mas sempre
quando isso acontece saio de casa para não o encontrar. Não quero
vê-lo, eu simplesmente não consigo.
— E, por quanto tempo acha que vai conseguir fazer isso?
Para todos os efeitos ainda são casados.
— Pelo tempo que eu conseguir — falo entregando as chaves
do carro, onde ele entra no lado do motorista e vou para o lado do
passageiro.
Saímos juntos.
— Para onde a madame quer que eu a leve? — ele pergunta
sorrindo.
Tenho certeza que quando eu der a minha resposta ele vai
ficar impressionado.
— Para a padaria.
A cara com a qual ele me olha é impagável.
— Desde quando Amelie Schmidt anda em padarias? Você
não tem empregados para fazer isso por você?
— Desde quando eu quero encomendar um bolo para a
festinha do meu filho que acontecerá no domingo à tarde e você
está convidado. E não se refira mais a mim, como Amelie Schmidt,
esse é um título que eu queria muito poder me desfazer dele.
Ele concorda com a cabeça.
— Desculpa, não queria chatear você.
— Não chateou, não se preocupe com isso.
Ele me olha e sorri.
— Não tem a mínima possibilidade de ir à festinha do seu filho
por mais que eu goste dele, dessa vez o seu marido me mataria.
— Ele não vai fazer isso porque ele não vai estar presente.
— Se eu ainda sei fazer conta, seu filho vai fazer um ano de
vida. Como assim o pai dele não vai estar presente na festa do
filho?
— Não vai ser uma festa grande, Caio ainda não entende
muita coisa, então vai ser apenas uma pequena comemoração com
as crianças do prédio. Eu tenho certeza de que Jonh não iria querer
estar presente em um ambiente onde estariam várias crianças
correndo pela cobertura. Ele nunca teve tempo para o filho quando
morávamos na mesma casa, imagina agora que estamos morando
em casas separadas.
Ele respira fundo.
— Tudo bem então, se você está me garantindo que ele não
vai estar presente eu terei um prazer imenso de comparecer à
festinha do menino. Vou fazer questão de comprar o presente mais
barulhento que encontrar na loja de brinquedos, apenas para te
enlouquecer. Tenho certeza de que o menino vai amar.
— É muito bom saber que você gosta de mim, a esse ponto.
Sorrimos e vamos conversando sobre o que aconteceu até
chegarmos à padaria, onde encomendo o bolo do meu filho que
será entregue no domingo à tarde. Depois Ricardo me leva ao
shopping e compro mais algumas coisas que estava precisando
para a festinha de Caio. Aproveitando a viagem acabo comprando
algumas coisinhas para mim e para o meu bebê.
Admito que fazer compras me relaxa, ainda mais com uma
excelente companhia que nem a do Ricardo.
Estamos saindo do shopping quando a babá me liga
informando que John já foi embora da cobertura e que, segundo ela,
o meu marido não ficou nem um pouco satisfeito em saber que mais
uma vez ele foi ver o filho e eu não estava em casa esperando por
ele.
Quando morávamos debaixo do mesmo teto, ele não se
importava nem um pouco com isso, chegava em casa todos os dias
tarde da noite, viajava e passava dias fora. O pior que nem tinha a
decência de me avisar nada.
Mas agora que estamos separados, ele faz questão da minha
presença, o que chega a ser ridículo.
Ricardo me deixa no prédio onde estou morando agora, nos
despedimos na garagem e mais uma vez ele confirma que estará
presente na festinha do meu filho.
Não estou nem aí para o que os vizinhos vão falar.
Eu não convidei nem a minha família e nem a de Jonh, então
desde que eu não entre em nenhum escândalo para manchar a
reputação da família, eles não se importam. No momento, quero
distância de pessoas que só se importam com dinheiro e status.
Entro no elevador e quando chego a sala vejo a babá juntando
vários brinquedos espalhados pela sala toda.
— Mais o que aconteceu por aqui?
Ela sorri.
— O senhor Schmidt fez essa bagunça toda com o bebê que
se divertiu muito, tanto que logo depois que o pai deu banho nele,
dormiu.
Eu acho que escutei errado, porque uma coisa dessas nunca
aconteceu em um ano de vida do meu filho. Jonh nunca sequer
tocou em uma fralda, dar banho no filho então estava fora de
cogitação.
— Você está me dizendo que Jonh brincou com o filho, que fez
essa bagunça toda, depois deu banho nele e o colocou para dormir?
— Sim, senhora. Ele mandou dizer que deixou uma coisa para
a senhora em cima da sua cama.
— Ele entrou no meu quarto?
— Desculpa, senhora, mas ele é o patrão e não posso impedi-
lo de fazer nada.
— Tudo bem, eu entendo. Termine de arrumar isso tudo e
depois mande servir o jantar, vou tomar um banho e assim que
descer jantamos juntas.
— Sim, senhora — ela responde sorrindo.
Depois que passei a morar aqui sempre fazemos as refeições
juntas.
Subo a escada pensando que provavelmente Jonh deixou
mais uma joia como ele sempre faz e mais uma vez vou jogá-la em
uma gaveta qualquer.
Ele não vai mais conseguir me comprar.
Entro no quarto, vou direto para a cama e o que vejo me
surpreende muito. Tem apenas uma rosa bem no meio da cama
com um envelope. Eu pego a rosa e abro o envelope tirando o papel
que tem dentro.
“Amelie, meu amor.
Peço perdão pelos meus erros, sei que perdi sua
confiança e talvez o seu amor, mas irei te reconquistar e nada
mais vai nos separar.
Peço perdão por te amar de repente.
Confesso que fui um idiota por demorar a reconhecer isso.
Eu te peço perdão pelo amor inesperado, pois não me dei
conta de que ele havia chegado assim.
O amor e o perdão são almas gêmeas.
Vou resgatar o seu amor em meio a mágoa, o perdão em
meio ao ressentimento, a alegria em meio a sua dor.
Eu te amo e nunca vou desistir de você.
Vou te pedir perdão por todos os dias da minha vida.
Jonh Schmidt.”
Agora ele resolveu ser romântico?
Vai precisar fazer muito mais do que isso Jonh Schmidt para
conseguir o meu perdão.
CAPÍTULO 33

Estou há três longos malditos meses longe da minha mulher


e do meu filho.
Como fui idiota por não ter aproveitado o meu casamento
antes...
Amelie é uma mulher maravilhosa e a única coisa que ela fez
desde que nos casamos foi ser uma boa esposa que sempre estava
à minha disposição, já eu era o canalha idiota que não sabia dar
valor a mulher que tinha em casa me esperando, implorando por
carinho e atenção.
Hoje foi o dia em que fui visitar meu filho e mesmo exigindo
que Amelie estivesse em casa para me receber, mais uma vez ela
fez o contrário do que pedi, assim como vem fazendo ao longo
desses três meses...
Três meses sem ver a minha mulher, porque toda vez que vou
à cobertura, ela sai.
Ela prometeu que eu viveria um inferno na Terra e está
cumprindo, porque é um verdadeiro inferno ficar longe dela, ainda
mais me ignorando desse jeito.
Escuto uma batida à porta do meu escritório e peço que a
pessoa entre.
— Jonh. — Roger entra no meu escritório.
— O que o segurança disse?
Amelie acha que está solta longe de mim, mas grande engano
da parte dela. Eu sei cada passo que a minha mulher dá durante o
dia, sei a hora que ela acorda e a hora que dorme. Sei mesmo até o
que ela come e o horário em que toma banho. Ela me ameaçou
insinuando que poderia vir a me trair, mas isso nunca vai acontecer
porque acabo com a vida do desgraçado que ousar se aproximar
dela.
— Você não vai gostar.
— Fala de uma vez, onde ela estava dessa vez? — falo sério e
o meu amigo parece ponderar as palavras, o que significa que
realmente vou ficar muito puto com o que vou escutar.
— Jonh...
— Fala logo de uma vez que já estou perdendo a paciência,
Roger, onde a minha esposa estava?
— Ela saiu com o Ricardo e pelo que relataram ela estava
muito feliz com a presença dele.
— Filho da puta infeliz! Eu deveria tê-lo matado da primeira
vez em que tive chance.
— Sabe que não pode matá-lo assim. Até pode, mas teria que
explicar a você sabe quem o motivo de ter matado um dos soldados
a sangue frio, já que esse é o seu estilo. Eu sou muito mais
organizado quando se trata desse tipo de coisa, um verdadeiro
artista, diferente de você, meu amigo. — Esse infeliz transforma
homens em zumbis e chama isso de arte.
— Que se foda tudo! Agora me diga aonde eles foram? —
pergunto já tremendo de raiva.
— Eles foram a uma padaria e depois ele a levou ao shopping,
onde passaram o restante da tarde fazendo compras juntos.
Eu bato na mesa com força e Roger se ajeita na cadeira,
porque ninguém gosta de me ver com raiva.
Nem mesmo ele.
— O que diabos, Amelie foi fazer em uma padaria? Ela tem
uma cozinheira e uma faxineira naquela cobertura, ainda tem a babá
que a ajuda a cuidar do bebê. Ela não tem necessidade de ir até
uma padaria.
— Ela foi encomendar um bolo, Jonh.
— Bolo!? — Isso sim, me surpreende.
— Sim, um bolo, pelo que relataram parece que Amelie está
organizando uma festa de aniversário para o menino. Caso não
lembre, ele faz um ano de idade no domingo.
Esse desgraçado está insinuando que não lembro o dia que o
meu filho nasceu?
— É claro que lembro que ele faz um ano no domingo, nós
dois estávamos lá, esqueceu? Só acho estranho Amelie não ter
comentado nada comigo e nem a babá.
— Ultimamente ela não tem falado nada com você, meu
amigo.
— É bom você sair daqui agora mesmo antes que eu te acerte
com um peso de papel. E continue de olho na minha mulher.
— Você está pior do que já era. — Roger se levanta para sair
do escritório, mas lembro de algo importante e o chamo novamente.
— Roger espere um momento.
— O que foi dessa vez?
— Madalena.
Ele se senta novamente.
— Aquela rata de esgoto sabe se esconder bem e isso está
me deixando intrigado. Nem mesmo a mãe dela tem notícias. Eu
pessoalmente já segui aquela velha para ver se estava mentindo,
mas nada. Madalena simplesmente evaporou.
— Pois trate de encontrá-la e a traga pra mim. Aquela infeliz
não pode sair impune depois do que fez comigo e com a minha
família.
— Eu também estou com sede no sangue dela, Jonh, e
acredite quando eu falo que estou fazendo de tudo para encontrá-la.
Amelie não merecia passar por aquilo.
— Não, Roger, ela não merecia. — Fico lembrando de como
Amelie ficou ferida e magoada.
Ela nunca deixou que eu me explicasse, o único que ela
escutou foi o Roger e, mesmo assim, ela não me perdoou.
***
O restante da semana passa rápido, logo o domingo chega e
até agora nada de Amelie me ligar para falar sobre a festinha do
meu filho. Todas as vezes em que liguei para a cobertura foi a
empregada ou a babá que atenderam o telefone e quando pedia
para falar com Amelie era a mesma conversa, ou ela não estava em
casa, ou estava no banho. Em algumas dessas vezes, cheguei até
mesmo a escutar a voz dela falando com o nosso filho.
Eu já estou no meu limite com essa situação, não sei mais o
que fazer para que essa mulher pelo menos me escute, mesmo
sabendo que para o que ela viu com seus olhos não têm explicação.
Aquilo vai ficar marcado na alma dela para sempre.
Eu já mandei várias joias até ver que não funcionariam, porque
descobri que ela simplesmente as estava doando para caridade,
então, mudei de tática e passei a mandar rosas com cartas escritas
por mim, pedindo perdão, já que ela se recusa a falar comigo e
mesmo assim até agora nada.
Estou agora no meu escritório pensando em como farei para
que Amelie me perdoe.
Puta que pariu!
Como as coisas mudam!
Quando minha mulher e meu filho moravam aqui, eu não fazia
questão de estar em casa, mas agora que eles foram embora, olha
só como estou.
Estou no meu escritório pleno domingo à tarde remoendo os
meus erros.
— Com licença, senhor — um dos seguranças fala batendo à
porta e entrando.
— O que foi?
Ele coça a garganta e me encara.
— A senhora Schmidt está dando uma festinha para o menino
Caio nesse exato momento na cobertura, convidou apenas os
vizinhos que tinham crianças e o...
— E quem? — Já pergunto sentindo o coração acelerar.
— Ricardo está com ela na cobertura, senhor. Ele chegou
carregando vários presentes e a senhora Schmidt foi pessoalmente
recebê-lo na garagem com o menino que logo se jogou nos braços
dele.
Escutando isso chego ao ápice do meu desespero, porque
agora me dou conta de que estou perdendo a minha família para o
desgraçado daquele segurança.
Eu não vou permitir isso!
Amelie é minha esposa, Caio é meu filho, meu herdeiro, e vou
recuperá-los nem que seja a força.
Sou ciente da merda que aconteceu, mas não vou permitir que
Amelie continue me ignorando desse jeito. O pior é querer me
substituir, me trocar por um segurança filho de uma puta, que deseja
ocupar o lugar de pai na vida do meu menino.
Eles são meus…
Meus!
E odeio que toquem no que pertence a mim.
Com esse pensamento abro uma das gavetas da mesa e tiro a
minha arma conferindo se todas as balas estão no lugar.
— O senhor vai armado para a cobertura? Senhor Schmidt, lá
está cheio de crianças pode não ser seguro.
— Amelie que tivesse pensado nisso antes de querer colocar
outro homem na vida dela e na do meu filho. Ela nem mesmo teve a
decência de me ligar para comunicar que estava preparando uma
festa para o meu filho. Eu tive que mandar o presente dele pelo
motorista, porque ela disse que estaria indisponível hoje. Eu aceitei
com a mísera esperança de que até o final do dia ela fosse entrar
em contato comigo, mas claramente estava enganado.
— Mais, senhor...
— Reúna meus homens agora mesmo e avise o Roger. Quero
também uma equipe de segurança armada. Fechem todo o
perímetro em volta da cobertura. Hoje vamos nos divertir um
pouquinho como nos velhos tempos.
Ninguém chega onde eu cheguei com as mãos limpas e hoje
Ricardo, aquele desgraçado, vai conhecer um Jonh Schmidt que
poucos tiveram o azar de conhecer.
Ele vai se arrepender de ter chegado perto da minha mulher.
— Você vai matá-lo? — Roger pergunta assim que entro no
carro e ele sai em alta velocidade, sendo seguido por meus homens
de confiança.
Eles gostam e muito de se divertirem comigo e hoje o dia vai
ser divertido, isso eu garanto.
— Isso vai depender da minha linda esposa.
Roger sorri.
— Você é um sádico.
— É claro que eu sou. E foi por esse sádico que ela se
apaixonou, ela lutou muito para ter o meu amor e agora que tem
arque com as consequências disso. Essa mulher vai ser minha até o
dia em que eu seja mandado para o inferno.
Roger sabe muito bem como as coisas são, tanto que apenas
concorda comigo.
Chegamos ao prédio de luxo pertencente ao grupo Schmidt e
ao me ver ninguém tem coragem nem mesmo de me cumprimentar.
É assim que eu gosto.
Sou a autoridade nessa porra dessa cidade, tanto que prefeito,
governador, todos dependem de mim, para manterem a bunda em
suas cadeiras de poder e isso não vai mudar nem daqui a mil anos.
— Cinco de vocês sobem comigo e os outros ficam aqui, se
aquele desgraçado quiser fugir peguem-no, mas não façam nada
até a minha ordem.
— Sim, senhor.
Entro acompanhado por cinco homens mais o Roger no
elevador privado da cobertura. As portas se abrem exatamente na
sala, mas nada me preparou para a cena que se desenrola na
minha frente.
Agora sim, consigo entender um pouco a dor que Amelie
sentiu ao me ver transando com outra mulher, mesmo que drogado,
porque só de ver meu filho sorrindo nos braços de outro homem, ao
lado da minha mulher, que por sinal também está muito feliz, parte o
meu coração.
— Que bom que cheguei a tempo de cantar parabéns para o
meu filho — falo chamando a atenção de todos.
Amelie me olha, pálida, e pela primeira vez não gosto dessa
reação, uma reação de medo.
É isso que a minha mulher sente agora por mim, medo e raiva
quando apenas quero o seu amor.
CAPÍTULO 34

Quando vejo Jonh saindo de dentro do elevador com


cinco seguranças mais o Roger sinto meu sangue gelar, mas dessa
vez não é de raiva é de medo. Estou com medo do que ele pode
fazer com o Ricardo já que ele está com o nosso filho no colo e a
cara do Jonh não é nada boa.
Sei muito bem o que os homens do meu marido são capazes
de fazer sob as ordens dele e ele não teria entrado aqui com cinco
deles sem ter um plano de fazer alguma coisa muito ruim.
— Vem aqui com o papai, filhão, está na hora de cantar os
parabéns, não é mesmo? — Jonh fala tirando o bebê dos braços de
Ricardo, mas com o seu olhar cravado em mim.
Esse é um claro exemplo de ordem que eu não vou discutir,
não agora que ele está dentro de uma sala cheia de crianças com
cinco dos seus homens que tenho certeza absoluta de que devem
estar armados. E para piorar a cara do Roger também não é muito
boa.
— Tem razão, já está na hora de cantarmos os parabéns —
falo e depois olho para Ricardo ao meu lado.
— Ricardo, obrigada pela ajuda, pode se retirar, não vou mais
precisar dos seus serviços hoje — falo na intenção de que Jonh
pense que contratei Ricardo para ser meu segurança novamente,
mas pela sua cara, ele não acreditou muito no que falei porque
começa a rir.
— Você não vai conseguir me enganar, meu amor, ou você
acha mesmo que eu te deixaria aqui desprotegida, sem ninguém de
olho em você? Eu sei cada passo que você dá, Amelie, então não
tente me enganar, sabe que não vai conseguir.
Eu chego a engolir em seco com essa informação, pois só na
minha cabeça mesmo que Jonh me deixaria em paz.
— Jonh, não fizemos nada de mais.
Ele sorri novamente.
— Eu sei disso, meu amor, e é por esse motivo que esse
desgraçado ainda está respirando.
— Então já que sabe disso o deixe ir embora.
— Mas, por que tão rápido? Justo agora que acabei de
chegar? Fique para os parabéns, Ricardo, só tenho uns trinta
homens lá embaixo te esperando, caso tente sair daqui. Acho que já
deve ter entendido tudo, não é mesmo?
Meu Deus, o desespero toma conta de mim, pois sei que Jonh
vai fazer uma besteira.
— Eu não tenho medo de você. — Ricardo ainda tem coragem
de enfrentá-lo.
— Excelente. Eu gosto mesmo é de pegar os corajosos, os
frouxos não aguentam, assim a diversão dura mais tempo.
— Jonh, por favor...
— Os parabéns, meu amor, os convidados estão esperando.
Olho para os lados e vejo que as pessoas estão começando a
achar estranho nós três conversando ao lado da mesa do bolo.
— Tudo bem, vamos cantar os parabéns. — Vou até o meio da
sala e chamo todas as crianças para se aproximarem.
Assim cantamos os parabéns e Jonh em momento nenhum
solta o filho.
Com a presença intimidadora do poderoso Jonh Schmidt na
festinha alguns minutos depois de servimos o bolo, os pais
começam a ir embora com seus filhos e isso faz o meu desespero
aumentar porque os cães de guarda de Jonh estão na entrada do
elevador para impedir que Ricardo saia.
A verdade é que não sei o que ele pretende fazer com isso.
Sem contar que a todo instante Roger me direciona um olhar
como se dissesse que eu fiz uma besteira muito grande.
Como Caio está cansado da agitação da festa logo adormece
no colo do pai e então eu me aproximo dele.
— Me dê o meu filho, vou colocá-lo na cama, ele deve estar
cansado.
— Cama? Até a última vez que eu vim aqui tinha um berço no
quarto dele.
— Eu troquei o berço pela cama dois dias atrás.
— Mas ele pode cair e se machucar, Amelie.
— A cama tem grades de proteção, Jonh. Eu não sou louca,
sou a mãe dele e não sei que preocupação toda é essa sua, afinal
nunca se importou com o nosso bem-estar.
— Não seja injusta comigo, Amelie, nunca deixei faltar nada a
vocês dois, sempre teve acesso a toda a minha fortuna e nunca
reclamei dos seus gastos. Sempre teve liberdade para fazer o que
quisesse com o dinheiro.
— Bem-estar não tem a ver só com dinheiro, Jonh, mas na sua
cabeça isso era só o que bastava para que nós dois ficássemos
bem.
Ele me encara por alguns segundos e se levanta do sofá.
— Eu vou colocá-lo na cama, mande a babá subir para cuidar
dele e se despeça dos últimos pais que eu já volto.
— O que pretende com isso, Jonh, já não nos fez mal o
suficiente?
Ele finge não me escutar, vai em direção à escada e então
faço o que ele mandou.
Assim que os últimos pais saem, vou até Ricardo que está
sentado em um canto da sala.
— Precisamos dar um jeito de tirá-lo daqui.
— Ele não vai conseguir sair — Roger fala nos olhando.
— Você pode ajudá-lo, Roger, Jonh vai matá-lo.
— Você deveria ter pensado nisso antes de armar esse circo
todo. Achava mesmo que Jonh não iria mandar vigiar você, Amelie?
Porra! É a festa do filho dele.
— Roger, por favor, me ajude a tirá-lo daqui.
Antes que Roger consiga responder, Ricardo fala:
— Sabe que não tem como fazer isso, Amelie, hoje o seu
marido vai me matar.
Sinto meu coração afundar no peito.
— Vai mesmo e parece que eu vou ter que ajudar. Foi mal,
cara, nada pessoal, mas você mexeu com a mulher do homem
errado.
Olho para Roger sem acreditar no que escuto e o pior é que
ele está comendo bolo como se o que está acontecendo fosse a
coisa mais normal do mundo.
— É, parece que realmente vou morrer — Ricardo fala de
maneira calma.
— E você fala isso assim? Com tanta calma.
Agora Ricardo sorri.
Só pode ser louco esse homem.
— Me desesperar não vai mudar o meu destino vai? —
Ricardo fala.
— Eu não vou permitir que Jonh faça uma loucura dessas de
jeito nenhum — falo.
— Acha que tem poder o suficiente para fazer isso, Amelie?
Aquele homem nunca se importou com você, nunca te ouviu nem
mesmo quando você gritava por amor. Acha que agora vai ser
diferente? Ele é Jonh Schmidt não se importa com nada e nem
ninguém.
— E aí que você se engana, desgraçado. Vejo que mesmo
com um pé na cova, você não se cansa de querer colocar a minha
esposa contra mim. Tem muita coragem, isso eu tenho que admitir.
Para provar que escuto a minha mulher e faço tudo o que ela quiser,
vou deixar o destino da sua vida nas mãos dela — Jonh fala
descendo a escada assim que vou responder algo.
Agora sou eu que o encaro sem entender o que ele quer falar,
em seguida escuto Roger sorrindo, indo se servir de mais um
pedaço de bolo.
— Esse bolo está gostoso, depois eu vou naquela padaria.
“Roger só pode estar de brincadeira com a minha cara!”
— Como assim nas minhas mãos? O que pretende, Jonh?
Jonh se aproxima e tenta me tocar, mas eu não permito e ele
sorri.
— Isso mesmo que você escutou, meu amor. Se você quiser
que ele continue vivo, vai permitir que eu me mude para a cobertura
para ficar junto de você e do nosso filho, inclusive vamos dormir no
mesmo quarto e na mesma cama. Agora se você disser que não...
— Ele para de falar, olha para os homens dele que estão próximos
ao elevador e eles se aproximam.
— A gente vai ter que matá-lo. Ainda tem desse suco? —
Roger fala de boca cheia e é ele que eu vou matar.
— Tirou as palavras da minha boca, amigo.
Estou perplexa!
Esse idiota vai usar a vida de uma pessoa para me obrigar a
viver com ele.
— Jonh, você...
— Olha lá o que você vai falar, meu amor. Eu te amo, já disse
isso várias vezes, mas não vamos brigar na frente de estranhos,
eles não têm nada a ver com os nossos problemas matrimoniais.
— Eu odeio você, Jonh! — falo tentando me controlar para não
partir para cima dele.
— Eu te amo o suficiente por nós dois, então pode continuar
me odiando, amor.
Desde quando esse homem ficou tão sem-vergonha?
— Amelie, você não precisa fazer isso — Ricardo fala.
— Eu não vou jogar com a sua vida, Ricardo. Sei que ele tem
coragem de fazer tudo o que está falando e você também sabe
disso porque até alguns meses atrás, trabalhava para ele.
— Tem razão, amor, ele era um dos meus melhores homens, o
único erro dele foi ter colocado os olhos em você e desejado o que é
meu.
— Ela nunca foi sua, porque nunca a quis de verdade —
Ricardo fala e Jonh saca a arma tentando partir para cima dele, mas
entro no meio dos dois.
— Eu tenho a sua palavra de que ele vai sair daqui sem
nenhum arranhão? — pergunto encarando meu marido que parece
ficar furioso com a minha pergunta.
— Se importa tanto assim com ele?
— Me dê a sua palavra, Jonh, e pode se mudar hoje mesmo.
Ele respira fundo, travando o maxilar e toca no meu rosto.
— Você tem a minha palavra.
— Então o deixe ir embora.
— Me prometa que nunca mais irá vê-lo.
Deus, ele ainda quer negociar comigo?!
— Eu prometo, agora deixe-o ir embora.
Olhando nos meus olhos, ele dá a ordem aos homens dele.
— Roger, tire esse verme da minha casa.
Eu ainda tento olhar para Ricardo, mas Jonh não deixa,
segurando o meu rosto.
— Nunca mais olhe para outro homem, meu amor, porque não
vou ter a mesma benevolência que eu tive dessa vez.
Escuto a porta do elevador se fechando e volto a falar.
— Você é louco!
— Tem razão, eu sou louco, mas foi você quem me deixou
assim. Louco de ciúmes, porque eu te amo mais do que tudo nesse
mundo, mas percebi isso tarde demais. Eu sou louco, mas é por
você, Amelie.
Ficamos nos olhando intensamente por alguns segundos e os
meus sentimentos começam a querer falar mais alto.
— Você está aí todo cheio de marra, bancado o macho
ofendido só porque me viu com outro homem. Será que tem ideia do
que eu senti vendo o meu marido, o homem que eu amo, transando
com outra mulher?
— Amelie, amor, você nunca me deixou explicar o que
aconteceu.
Eu me solto dele e resolvo falar tudo o que estava entalado na
minha garganta.
— Eu vi tudo, Jonh. Eu fiquei lá quietinha, no canto, assistindo
o meu marido fazendo sexo com a minha empregada. Eu nunca vou
conseguir perdoar você. — Vejo o quanto as minhas palavras o
afetam e essa era justamente a minha intenção.
— Eu não quero perder você por uma coisa que eu nem
mesmo tive culpa.
— Deveria ter pensado nisso antes. Eu sei que a família
Schmidt não aceita divórcio e eu tinha te falado que não pretendia
me divorciar de você, mas eu mudei de opinião e vou contratar um
dos melhores advogados especializados em divórcio do país. Ele vai
dar entrada no nosso processo de separação o mais rápido
possível, e assim que a certidão de divórcio for emitida, vou embora
do país com o meu filho.
“Se você não quiser que isso vire um escândalo é melhor
aceitar os meus termos, afinal um escândalo envolvendo o CEO de
uma das maiores empresas do mundo não seria nada bom para o
grupo Schmidt e você perderia muito dinheiro com isso.”
A cara com a qual Jonh está me olhando agora faz com que eu
pense que ele está à beira de um colapso nervoso, porque eu nunca
tinha visto uma expressão assim no rosto dele.
Jonh me olha como se quisesse enxergar a minha alma e sei
que ele consegue ver o quanto me magoou e me machucou.
Jonh me quebrou e não sei se um dia vou ser capaz de colar
os meus cacos.
— Eu não vou permitir isso, Amelie. Se você quer entrar em
uma briga judicial então é isso que vamos ter, mas, jamais algum
advogado ou juiz irá contra mim. Nesse mundo nenhum desses
magistrados tem autoridade para tal coisa.
Eu perco totalmente o controle e vou para cima dele, furiosa,
batendo nele e em momento nenhum ele me para, deixando que eu
desconte toda a raiva e frustração que sinto nele.
— SERÁ QUE NÃO ENTENDE QUE NÃO TEM MAIS COMO
FICARMOS JUNTOS, JONH? NÃO SE CANSA DE ME
HUMILHAR? — grito, ofegante, na cara dele, o fazendo reagir de
uma maneira que eu não esperava.
— Sou eu que estou me humilhando para você, Amelie. Estou
te pedindo perdão há meses e você nem mesmo quis falar comigo.
Eu ligo e você não me atende. Eu venho aqui para ver o nosso filho
e você sai. Eu te mando presentes, flores, cartas de amor pedindo o
seu perdão e você ignora. Sai por aí cheia de sorrisos para outro
homem e eu não fiz nada. Fez uma festa de aniversário para o
nosso filho e nem mesmo me convidou. Você me fez uma promessa
de que eu viveria em um inferno e está cumprindo com maestria,
porque você conseguiu, Amelie.
“Viver sem você está sendo um inferno para mim.
“Eu não consigo trabalhar, não consigo dormir, pensando em
como fazer para que você possa me perdoar porque eu te amo.
“Eu não vou desistir de você, não vou abrir mão da minha
família e se para tê-los de volta eu precise me humilhar, então que
seja.
“Eu me humilho perante você, implorando pelo seu perdão,
porque prefiro a morte a viver nessa Terra sem ter você ao meu
lado.”
Jonh se ajoelha aos meus pés, abraça minhas pernas e não
consigo segurar o choro, porque por isso eu não esperava.
Mas eu não vou fraquejar, não dessa vez.
— Estou ajoelhado aos seus pés, implorando pelo seu perdão,
meu amor. O poderoso, Jonh Schmidt, como todos falam não é
ninguém sem você. Estou te pedindo pelo amor de Deus, Amelie,
que me perdoe. Estou desesperado só de pensar na possibilidade
de te perder, pois, perder você e o nosso filho será o meu fim.
Eu passo as mãos por seu cabelo macio e ele levanta a
cabeça, me olhando nos olhos, então o vejo em lágrimas.
Ter um homem desses, ajoelhado aos meus pés, chorando,
implorando pelo meu perdão é algo inimaginável e que tem o poder
de balançar o meu coração.
— Jonh...
— Me perdoa, eu imploro. Eu te amo e prometo ser o melhor
marido do mundo para você e o melhor pai para o nosso filho.
Eu balanço a cabeça dizendo que não.
— Eu não consigo, não consigo, Jonh. Se quiser morar aqui
tudo bem, você me deu a sua palavra e eu dei a você a minha, mas
evite falar comigo, a não ser que seja extremamente necessário. Se
vou suportar a sua presença embaixo do mesmo teto que eu, tenha
certeza absoluta de que estou fazendo isso pelo bem do nosso filho
e para salvar a vida de uma pessoa inocente. — Eu me afasto dele
e vou em direção à escada.
Deixo para trás o homem que eu amo, literalmente, no chão,
chorando e implorando por mim, assim como um dia eu fiz por ele.
CAPÍTULO 35

Uma lição que aprendi, não existe nada pior nessa Terra do
que uma mulher enraivecida e magoada.
A santa Amelie, como Roger fala, virou um verdadeiro
demônio, pois nem mesmo me ajoelhando aos pés dela, fez com
que a mulher me desse pelo menos uma chance de me explicar.
Mas eu vou continuar insistindo mesmo sabendo que ela já
sabe da verdade, afinal com Roger ela aceita conversar.
O meu problema maior com a minha esposa é que não foi só
os fatos dos últimos acontecimentos que a afetaram, foi um
apanhado de tudo, de toda a nossa convivência desde que nos
casamos e agora sou eu quem está correndo atrás dela, clamando
por amor, atenção e carinho, assim como um dia ela fez.
Na minha casa fui reduzido a menos que um cachorro, já que
Athos tem muito mais privilégio do que eu, mas eu não vou competir
com aquela bola de pelo, pois, nesse momento, eu não ganharia
essa disputa.
Sem contar que está sendo uma verdadeira tortura dormir ao
seu lado e não poder tocá-la, já que assim que me aproximo ela sai
e não volta para o quarto. Sei que ela está dormindo no quarto de
Caio nesses dias que estamos embaixo do mesmo teto.
— Sua esposa saiu. Lembra quando eu dizia que ela era uma
santa? Estou retirando o que eu disse. Que diabo de mulher
teimosa! É por isso que eu não arrumo esse tipo de problema pra
mim, eu já tenho a sua mulher que já me dá dor de cabeça mais do
que o suficiente. — Roger entra no meu escritório e logo se senta à
minha frente.
Nesse momento, estou no grupo Schmidt com uma pilha de
documentos que exigem a minha atenção.
— Onde ela foi? E o meu filho?
— O menino ficou em casa com a babá. Amelie foi para a
igreja ajudar a montar as cestas de doações, ela faz questão.
— E, por que isso te deixou tão chateado?
Ele respira fundo.
— Porque acabei de ser informado que ela também fez
questão de sair apenas com um segurança, coisa que não pode
mais acontecer, Jonh. A empresa acabou de entrar em um novo
patamar e tem gente louca só esperando um vacilo nosso para nos
destruir, falo isso em todos os sentindo da palavra. Vê se coloca
juízo na cabeça da sua mulher, ou eu coloco. Já está passando da
hora de Amelie saber do que realmente ela faz parte.
Cedo ou tarde esse dia teria que chegar.
— Vou conversar com ela.
— Faça isso. — Ele está prestes a se levantar quando o
telefone da minha mesa toca e faço sinal para que ele fique.
Tenho outro assunto chamado Madalena para tratar com ele,
pois não vou desistir nunca de encontrar essa mulher.
— Pode falar — falo assim que atendo.
— Uma ligação internacional para o senhor, mas a pessoa não
quis se identificar, disse que o senhor sabe do que se trata — minha
secretária informa.
Só pode ser ele, é sempre assim quando eles ligam.
Pela minha cara, Roger já sabe do que se trata.
— Pode passar a ligação.
— Sim, senhor.
— Sabíamos que cedo ou tarde eles dariam notícias. Isso é
bom, seu status é importante, Jonh, e sua honra foi colocada em
xeque — Roger fala enquanto a ligação é transferida.
— Jonh Schmidt!
Essa voz é inconfundível.
— Senhor, esperava pela sua ligação.
— Seu problema com o soldado Ricardo está sendo resolvido,
ele já está em posse da cúpula. As ações dele foram consideradas
traição a um membro do alto escalão da Diretriz.
“Que fique claro que não compactuamos com esse tipo de
coisa, ele foi mandado à sua casa com a missão de descobrir se
eram verídicos os rumores que chegaram até nós.
“Você como um homem de honra jamais poderia trair a família,
nenhuma delas e o que ele fez foi nos passar informações falsas,
tudo isso com o intuito de acabar com você, porque se apaixonou
por quem não deveria nem mesmo olhar.
“O dever de nossos soldados é baixar a cabeça perante
nossas mulheres, assim como também não ousamos olhar para
mulheres que não são nossas.
“Considere o seu problema resolvido.”
É assim que as coisas funcionam no nosso mundo, eu não
poderia tocar no infeliz, ele era um soldado a serviço da cúpula, mas
eles podem.
— Muito obrigado, senhor.
— E tem mais uma coisa.
— Senhor!
— Ricardo estava passando informações suas à inimigos que
não estão felizes com o crescimento do grupo Schmidt. Ele estava
agindo completamente fora das nossas ordens e leis, e isso é
pagável com a morte. Ele já está sendo torturado, pois, queremos
descobrir o que mais ele estava revelando.
Desgraçado filho da puta!
— O mínimo que espero é que me seja servido a cabeça dele
em uma bandeja de prata.
Ele sorri do outro lada da linha.
— Considere-se feito. É um direito seu exigir isso, ninguém
mexe com um dos nossos. Mas agora vamos tratar de outro
assunto.
— E qual seria?
— Adam Schmidt.
Agora sim, ele me fez tremer.
— Senhor, ele é meu irmão, meu sangue, eu...
— Ele também foi considerado um traidor, Jonh, eu sinto
muito. Um homem que trai a mulher com quem compartilha a cama,
tem coragem de trair qualquer um.
Eu sabia que o dia dessa conversa chegaria.
— Ele tem um filho.
— Você será o responsável pela criação da criança.
Se eu vou ser o responsável pela criação do meu sobrinho, é
porque eles consideram o ato de traição do meu irmão perante a
família que ele construiu pagável com a morte, mas eu não posso
permitir isso. Aquele idiota é meu sangue e eu o amo, por isso, para
ajudar o meu irmão pela última vez, vou fazer algo que estava nos
meus planos nunca fazer.
— Sou um membro do alto escalão e clamo por misericórdia.
Peço pela vida do meu irmão. — Escuto o som de vidro sendo
quebrado do outro lado da linha e Roger me olha como se eu fosse
louco.
— O que você fez, meu amigo? — Roger fala balançando a
cabeça em sinal de negação.
— Porra, Jonh, sabe que esse ato é concedido apenas uma
única vez por geração. Você tem certeza disso? Porque vou ser
obrigado a pedir algo em troca.
Eu nunca arriscaria a vida do meu irmão por mais que ele
mereça.
— Tenho certeza e espero que entenda também o meu lado.
— Escuto sua respiração profunda.
— Será concedido o ato de misericórdia. Seu irmão a partir de
hoje será um problema inteiramente seu, mas vamos ficar de olho
nele. Faça seu irmão ser fiel à esposa e a família que ele construiu.
Roger mesmo servindo a você passará a ficar de olho em Abbie
Schmidt. Ela é mãe de um dos nossos e sendo criança ou não, tem
a nossa proteção garantida. Lembre-se, Jonh, seu ato de
misericórdia foi usado, por isso apenas sua geração próxima poderá
usá-lo agora.
Sinto um alívio no peito.
Sei que vou ter que ter uma conversa bem séria com o meu
irmão, mas eu também sei que o pior ainda não veio.
— Obrigado, senhor.
— Não me agradeça ainda, porque assim como você exigiu a
cabeça de Ricardo em uma bandeja de prata, eu também exijo que
a cabeça de Adam Schmidt me seja servida. No dia em que aquele
infeliz morrer, você pessoalmente irá me trazer a cabeça dele, não
importa quantos anos tenha. E se até lá eu já não estiver nessa
Terra, leve a cabeça dele ao meu túmulo. Eu sou o senhor das leis
que rege tudo e todos no mundo, e é isso que acontece quando um
homem perde sua honra. Espero que tenha entendido.
— Sim, senhor, eu entendi.
— Ótimo! Sabia que você nunca me decepcionaria. Tenho
planos grandes para você, Jonh, e seus descendentes serão muito
maiores do que você é. Nossa causa é válida, meu amigo,
protegemos o mundo, e Adam sabia muito bem das regras.
Conversa com ele e conte o que fez para salvar a vida dele, não
custa nada tentar apelar para a humanidade de um homem.
— Sim, senhor, farei isso.
— E mais uma coisa, Jonh, que tudo isso te sirva de exemplo.
Uma mulher viúva na cúpula pode se casar de novo, não tenho
dúvidas de que Amelie conseguiria ótimos pretendentes. Está na
hora da sua esposa saber a quem serve.
— Amelie é minha esposa, ninguém toca nela.
Ele sorri.
— É exatamente isso que eu espero. Pelo visto, entendeu tudo
direitinho. Se precisar de algo sabe para onde deve ligar. — Ele
desliga a ligação e eu encaro Roger que me olha profundamente.
— Por que tenho a impressão de que algo nessa conversa vai
sobrar pra mim?
— Porque sobrou. Você será o responsável por Abbie, é a
proteção da cúpula para ela.
Ele fecha os olhos, travando o maxilar.
— Caralho, Jonh!
— São ordens lá de cima, apenas obedeça e tudo ficará bem.
— Olha aqui, já vou avisar logo uma coisa, se o seu irmão
continuar fazendo merda, eu mesmo o mato e entrego a cabeça
dele para a Diretriz, que isso fique claro.
— Senhor Schmidt aconteceu uma tragédia. — Minha
secretária invade a minha sala, pálida.
Roger se levanta de uma vez e eu faço o mesmo.
— O que aconteceu?
— Fomos informados que o carro da sua esposa sofreu uma
emboscada e a senhora Schmidt foi levada.
Sinto como se mundo parasse ao meu redor, um zumbido alto
apita na minha cabeça e o chão parece sumir dos meus pés.
— Jonh... Jonh...
Escuto a voz de Roger me chamando ao longe e meu corpo
todo se arrepia, é como se eu estivesse sendo tomado por uma
coisa ruim. Sinto o ódio e a raiva crescer no peito, porque seja lá
quem fez isso vai pagar um preço muito alto.
— Roger, avise ao Diabo que mandaremos almas a ele hoje,
porque eu vou matar meio mundo atrás da minha mulher.
CAPÍTULO 36

Estou com uma arma apontada bem no meio da testa de


um velho asqueroso. Eu já derramei um verdadeiro rio de sangue
atrás da minha esposa e não quero nem saber se estou matando
inocentes ou culpados. Todo mundo tem uma conta para acertar um
dia e enquanto minha esposa não aparecer sou o juiz e o carrasco
de quem se colocar no meu caminho.
— Senhor Schmidt, eu juro que não sei onde a sua mulher
está. Eu nem mesmo sabia que o senhor tinha se casado.
Mas que grande mentiroso!
Quem nesse mundo não ficou sabendo do meu casamento
com Amelie?
Só por causa da sua mentira dou um tiro em cada perna, o
fazendo cair de joelhos bem na minha frente.
— Eu ia dar a você uma morte rápida, mas parece que o
senhor quer complicar as coisas.
— AHHHH... SEU DESGRAÇADO...
Agora sim, as coisas vão começar a fluir.
— Jonh, esse charuto aqui é dos bons. Essa porra é forte. —
Roger está sentado na cadeira do velho, com os pés em cima da
mesa dele, fumando um charuto e bebendo um excelente whisky
direto do gargalo da garrafa, descansando depois de ter matado
seis seguranças sozinhos.
Se eu estou sujo de sangue, ele está muito pior.
— Vocês dois são verdadeiros animais sanguinários. Sempre
soube que tinha algo a mais por trás de vocês dois. São verdadeiros
monstros.
— Você ainda não viu foi nada. Precisava ver a festa que
fizemos no apartamento do seu filhinho caçula. Admito que ele não
faz muito o meu estilo, gosto mesmo é de uma bela e cheirosa
boceta, mas deu para o gasto. Eu mal comecei a brincar com ele e o
idiota te entregou, achando que ia se livrar da brincadeira. Agora se
ele mentiu ou não aí já é problema seu, porque dele eu garanto que
não é mais. Ele está sendo recepcionado no inferno nesse momento
— Roger fala.
O velho muda de cor e mesmo de joelhos tenta me acertar,
então dou outro tiro, o acertando no ombro.
— FILHO DA PUTA... AH... CARALHO!
— Olha, estou com um pouquinho de pressa, meu filho de
apenas um ano não para de chamar pela mãe, porque ele
simplesmente só dorme com a canção de ninar que ela canta.
Parece que quando eu canto não surte o mesmo efeito nele. Você
sabe, um pai amoroso faz de tudo por um filho. E adivinha só, pelo
meu, eu sou capaz de qualquer coisa. Mexeu com a mulher do
homem errado. Agora diga, onde está a minha esposa. — Engatilho
a arma novamente e o desgraçado perde o controle da bexiga.
Olha que eu não fiz nada de mais com ele.
— Tudo o que tinha que fazer era fornecer os carros blindados.
Foi tudo o que eu fiz e não sei quem está por trás disso, eu juro.
— Você está tentando prejudicar a minha empresa há meses e
eu fui recentemente traído por uma pessoa muito próxima a mim,
então...
— Não fui eu, por favor, não me obrigue a falar mais nada...
— Senhor Schmidt, encontramos. — Um dos nossos homens
entra na sala empolgado e percebo que o velho se agita todo.
— Acharam minha esposa?
— Sim, vamos dizer que o CEO da LENNAR CORP não é tão
inocente como está dizendo ser.
— Como conseguiram a informação? — Roger se levanta
vindo na nossa direção.
— A Diretriz — o homem responde.
— Acaba logo com isso, Jonh, vamos lá buscar a rainha dessa
porra toda Roger fala.
— O meu filho não...
O desgraçado nem termina de falar porque estouro os miolos
dele.
— Filho da puta, querendo proteger o filho. Ele não tem honra
para fazer isso — falo olhando para o corpo sem vida no chão.
— Sujou mais ainda seus sapatos, uma pena, não vão mais
servir para nada — Roger fala.
— Que se foda meus sapatos! Eu quero mesmo é a minha
mulher. Coloquem fogo na casa, quero isso tudo aqui resumido a
cinzas, que não sobre nada dos nossos inimigos.
— Quero morrer sendo seu amigo — Roger fala saindo do
cômodo.
— É bom mesmo.
Saímos da casa e deixamos alguns homens responsáveis pela
minha última ordem, mas assim que entro no carro dou de cara com
a bola de pelo.
— O que esse cachorro está fazendo aqui?
— Ele só gosta de andar no banco da frente, então é bom você
ir lá atrás. E não discuta com o cachorro da sua mulher, para
entregar você esse bicho é capaz de falar.
Eu não acredito que escutei isso!
— Roger! Você está de brincadeira comigo?
— Jonh, Amelie está em um cativeiro e esse cachorro a fareja
como ninguém. Não importa em que lugar da casa ela esteja, ele
sempre a encontra. Athos passa mais tempo com a sua esposa e o
seu filho do que você mesmo, não reclama porque estamos
perdendo tempo.
— Obrigado, amigo, por passar na minha cara que eu era um
cretino de merda.
— Disponha, precisando estou aqui. Agora entra na porra
desse carro que já tenho a localização de onde Amelie está.
Entro no carro e assim que fecho a porta a bola de pelo late
para mim, e Roger sorri.
Eu devo ter sido um filho da puta muito cretino em outra vida
para merecer isso.
***
Quando eu saí pela manhã de casa, jamais imaginava que
aconteceria uma tragédia dessas comigo.
Tudo para atingir o meu marido, tudo porque querem derrubá-
lo me usando como moeda de troca.
Estou com fome e com meu rosto e corpo doloridos, porque
não satisfeitos em me sequestrar ainda fizeram questão de me
bater. Tudo para que fosse mandado para meu marido fotos minhas
completamente machucada.
— COMO ASSIM A NOSSA LOCALIZAÇÃO FOI REVELADA?
— O CEO da LENNAR CORP grita no rádio.
Eu o conheço dos eventos que já participei com Jonh, é o filho
mais velho da família Lennar, um completo crápula. Na alta
sociedade soam fofocas de que ele constantemente agride sua
esposa e filha, e foi ele que me deixou no estado em que estou.
— Porra, como esse infeliz pode ser tão idiota? A única função
dele era entregar o envelope na portaria do prédio onde essa cadela
mora.
Com certeza, ele foi capturado por um dos homens do Jonh
que devem ter desconfiado de alguma coisa.
— Ela está aqui, dei um belíssimo trato na vadia. Eu deveria
mesmo era ter fodido a vadia de todo jeito e gravado para mandar
para aquele infeliz. Eu odeio Jonh Schmidt com todas as minhas
forças. Antes dele surgir como um deus com essa empresa de
merda, éramos quem mandava nessa porra.
Toda essa desgraça não passa de um jogo de poder.
— Que ele venha então, vou esperar por ele.
Volto a fingir que estou dormindo para que ele não comece
novamente com as agressões, pois meu corpo não vai mais
aguentar.
— Acorda, vadia.
— AHHHH...
Ele chuta meu abdome com tanta força que acabo vomitando
sangue.
— Por favor, eu não aguento mais.
— Por mim, você pode morrer, cadela.
Antes que consiga fazer qualquer movimento, ele bate com
força no meu rosto e me puxa pelo pé para um canto da cela
imunda.
Eu já sei o que vai acontecer, provei desse canto várias vezes
durante o dia.
Ele começa a chutar minhas pernas, depois cai em cima de
mim, me golpeando em todos os lugares.
— Pare, por favor, pare. — Ofego, vomitando quando esmurra
meu estômago.
Ele não para, bate o suficiente para acabar com as minhas
forças até para gritar.
— Estou descontando em você todo o ódio que sinto pelo seu
marido, sua vadia de merda... — Ele para de falar quando o som de
uma explosão ecoa pelo lugar e logo ouço tiros e um helicóptero
sobrevoando o local.
Vejo quando ele sai rápido de perto de mim, para ver o que
está acontecendo do lado de fora, me deixando sozinha.
Os tiros cessam e logo ouço gritos ressoarem em um recinto
próximo. Meu coração bate descompassado e o tempo aparenta se
arrastar.
Já estou prestes a tentar me arrastar pelo local, quando a
porta é aberta de uma vez e lágrimas caem pelo meu rosto assim
que contemplo as figuras a minha frente.
CAPÍTULO 37

Momentos antes...
Os homens já estão todos postos sob o meu comando, só
aguardando a minha autorização. A bola de pelo foi crucial para
acharmos a localização exata do galpão onde minha mulher está
sendo mantida refém. Fiquei impressionado em como ele conseguiu
farejá-la até esse galpão, já que tem outros dois ao lado desse.
Meu foco todo está nessa operação. Minha atenção é desviada
por um breve momento para a entrada do galpão, onde posso ver
mais homens entrando no lugar.
— Desgraçados! — falo irado.
— Não se preocupe, tem reforços chegando. O mais
importante agora é salvar Amelie.
— Não esqueçam, quero Lennar vivo. As ordens são claras: se
ele aparecer atirem, mas sem matar. Eu terei o prazer de mandá-lo
para o inferno e será de forma lenta e dolorosa.
— A cúpula conseguiu infiltrar alguns soldados entre eles.
— Como fizeram isso tão rápido? — questiono Roger.
— Quando capturaram o desgraçado que estava no seu prédio
com aquelas fotos. Eles parecem saber operar milagres e o sinal
para que a invasão seja feita é uma explosão. Eles estão com a
gente nessa, Jonh, o que mostra mais uma vez o poder que eles
têm e em como mantêm a palavra e a honra.
Eu concordo com Roger sentindo o coração bater
descompassado.
Até que minutos depois escutamos o som alto de uma
explosão que ressoa no recinto.
É o sinal.
Logo todos ficam à postos e helicópteros liderados pela Diretriz
entram em ação começando a atirar nos inimigos.
— Bando de incompetentes! Não estão vendo que estamos
sendo atacados?!
Lennar aparece assim que invadimos tudo com uma arma na
mão, tentando atirar no helicóptero, mas logo percebe que os novos
reforços estão matando seus homens.
— Droga! Maldito Schmidt! — ele fala e sai correndo.
Vejo que o maldito corre e se esconde atrás de um dos vários
carros velhos que estão espalhados ao redor do pátio.
Imediatamente o lugar se torna um verdadeiro campo de
guerra e vou atrás de Lennar, me esquivando dos tiros, me
protegendo.
O maldito está atrás de um carro velho escondido como o
covarde que é. Em seguida, observo quando o desgraçado mira na
direção do Roger que está distraído. Sem titubear dou um tiro na
sua mão e ele erra o alvo por causa do impacto.
Ouço seu grito de dor, analiso ao redor e já posso ver a
situação ficando sob controle.
Logo vou na direção do maldito, chuto sua arma e miro nele.
— Desgraçado! Achou mesmo que pegaria a minha mulher e
sairia impune, seu miserável? Todo esse plano para me destruir?
Você não honra nem mesmo as calças que veste. Você nunca se
conformou com o meu crescimento, mas essa disputa sempre foi
legal, a minha empresa sempre agiu dentro da lei. Você que não
teve a capacidade de levar a sua empresa ao topo para competir de
forma honesta comigo. — Dou um chute no peito do desgraçado, o
fazendo cair.
— Jonh, já está tudo sob controle — Roger fala.
Observo os helicópteros pousando e poucos homens que
restaram do Lennar sendo rendidos.
— Esse verme é meu, Roger. — Vejo que o desgraçado
começa a rir.
— Eu posso até morrer, mas me diverti demais com a puta da
sua esposa, encontrará apenas o que sobrou dela. Isso se ela ainda
estiver viva.
Sinto a raiva me dominar e então começo a pisar nos seus
dedos da mão ferida ouvindo o barulho dos ossos se quebrarem e o
seu grito de dor ecoar pelo local.
— Seu covarde de merda! — Eu o pego pelo colarinho e
acerto um soco em seguida no seu rosto.
Saio o arrastando pelo galpão, onde já se pode ver dezenas de
corpos que estão sendo empilhados pelos meus homens enquanto
os que foram feridos já se encontram sendo socorridos.
A minha vontade é de acabar agora mesmo com esse infeliz,
mas eu tenho que encontrar a minha esposa.
— Levem-no para um lugar seguro, meu acerto de contas com
esse verme vai ser memorável. Agora tudo o que eu quero é a
minha mulher. — Eu o jogo aos pés de um dos soldados da Diretriz.
Sem que eu perceba, Lennar tira a arma da minha cintura com
sua outra mão e me acerta com um tiro no peito. Antes que ele
consiga me atingir pela segunda vez, Roger o apaga com um chute
no rosto.
— Filho da puta! — Caio de joelhos com a mão no meu
ferimento que dói feito o inferno.
No desespero de resgatar Amelie, não vesti o colete à prova
de balas.
— Você está bem, Jonh? Porra! Ele te atingiu próximo ao
coração.
— Me leve até a minha Amelie — falo segurando no braço de
Roger.
— Você vai ser socorrido, eu vou pegá-la.
— Não, eu a quero, me leve até ela agora mesmo.
— Você está ferido, porra, sangrando muito.
— É uma ordem do seu superior, me leve até a minha mulher.
— Porra, Jonh, não faça isso.
— É UMA ORDEM!
Ele sabe que não pode ir contra a uma ordem minha, por isso
mesmo contra sua vontade me ajuda a levantar e, quase que caindo
sobre os meus pés, sou arrastado por ele até um corredor onde os
soldados nos indicam ser uma espécie de cela. Ao abrir a porta
achamos a minha esposa jogada, completamente suja de sangue
em um canto, sem nem mesmo conseguir se mexer.
— Meu Deus do céu, o que fizeram com você!
Roger me ajuda a chegar até ela e me abaixo passando as
mãos por seu lindo rosto agora completamente machucado,
inclusive um de seus olhos está tão inchado que não se abre.
— Por favor me matem, eu não suporto mais a dor.
Roger me larga e sai apressado para pedir ajuda.
— Meu amor, você vai ficar bem.
— Não, eu não vou, nunca vou ficar bem ao seu lado. Olha o
que fizeram por sua causa comigo.
Eu começo a chorar sem me importar com praticamente mais
nada, porque suas palavras partem meu coração.
— Me perdoe, amor, me perdoe.
Ela balança a cabeça dizendo que não e o desespero toma
conta de mim.
— Se um dia você sentiu alguma coisa por mim, vai fazer o
que estou pedindo, vai tirar a minha vida para acabar com o meu
sofrimento.
— Não, não me peça isso. Eu sou capaz de dar a minha vida
para salvar a sua.
— Não pode, a minha vida está sendo arrancada de mim, por
sua causa. Eu não vou poder ver meu filho crescer, não vou poder
criá-lo para que se transforme em um homem de bem, o que me
resta vai ser olhar por ele onde quer que eu esteja.
— Não fale isso, Amelie, você não vai morrer. Eu não vou
deixar.
— Eu fui espancada brutalmente, Jonh, minhas costelas estão
praticamente todas quebradas, meus pulmões estão falhando, não
consigo mais respirar direito, é como se estivessem cheios de água.
Muito provavelmente estou com hemorragia interna e não tenho
mais muito tempo. Não consigo mais me mexer, o frio está tomando
conta do meu corpo.
— Não, não, não! Eu não admito que você morra, é minha, eu
mando em você e proíbo que morra...
Ela com esforço me dá um sorriso fraco.
— Há muito tempo que você não manda mais em mim e sinto
muito morrer sem conseguir te perdoar... — Ela fecha os olhos e
seguro o seu corpo em meus braços sem me importar com a
quantidade de sangue que estou perdendo.
— Nãooooooooooo... Amelie...
Roger entra de uma vez acompanhado de vários homens e
quando vê a cena a sua frente se ajoelha ao meu lado.
— Ela morreu, Roger, morreu por minha causa. Eu a perdi, o
amor da minha vida se foi.
— Não, não pode ser, não pode.
— Amelie, amor...
— Ela não está morta — um dos soldados fala.
Roger olha para ele e logo depois coloca dois dedos no
pescoço da minha mulher sentindo seu pulso.
— Ela não está morta, a pulsação está fraca, mas não está
morta, me ajudem a tirá-la daqui — Roger fala.
Meu coração se enche de esperança.
— Senhor Schmidt, me entregue sua esposa, o senhor vai
acabar morrendo também se não cuidar do seu ferimento, foi
atingido muito próximo do coração, isso é grave — um dos homens
fala.
— Não se importem comigo, inferno, apenas com ela.
— Você não pode morrer também, idiota. Ela está viva, mas
não sabemos por quanto tempo — Roger fala.
Com isso uma completa mobilização se forma ao nosso redor,
Roger tira Amelie dos meus braços a carregando no colo com
cuidado, enquanto meus homens me ajudam a andar.
***
Assim que chegamos ao hospital separam minha Amelie de
mim. Eu não pude ficar com ela e nem Roger, pois seu quadro,
segundo o médico, é muito grave.
Até mesmo eu escapei com sorte da morte, o tiro passou
centímetros do meu coração e eu tive uma perca significativa de
sangue.
Mas a minha preocupação maior está na minha esposa.
— Se ninguém vier me dar notícias da minha mulher, eu vou
me levantar dessa cama e ir atrás dela, Roger.
— Ela estava em estado grave, Jonh, é normal a demora de
notícias.
Estou prestes a responder quando um dos médicos da nossa
família entra no quarto.
— Senhor Schmidt precisa ficar em repouso absoluto, levou
um tiro, perdeu muito sangue, quase morreu.
— Como está a minha mulher? — Ignoro completamente o que
ele fala, afinal saber da minha esposa agora é a minha prioridade,
mesmo lutando contra a fraqueza e o cansaço que o meu corpo
sofre no momento.
— Fale de uma vez ou ele não vai sossegar — Roger fala.
— Então vamos às notícias que não são nada boas. Sua
esposa está na UTI, ela sofreu uma lesão muito séria no fígado que
resultou em uma insuficiência hepática aguda seríssima. Em outras
palavras, o fígado dela não serve mais para nada. A insuficiência
hepática aguda é bem complicada, ela causa encefalopatia e
costuma ser fulminante, deteriorando significativamente o fígado e
quase sempre levando o paciente à morte.
Eu sinto o mundo cair sobre a minha cabeça.
— O que podemos fazer para salvá-la? — Roger pergunta já
que eu não consigo falar.
— A insuficiência hepática fulminante ocasiona altas taxas de
mortalidade, mesmo com tratamento intensivo ela pode...
— A pergunta foi o que podemos fazer para salvá-la? — Dessa
vez sou eu quem fala, já perdendo a paciência.
— Um transplante de fígado nas próximas horas, senhor
Schmidt, é isso que pode salvar a vida dela, mas encontrar um
fígado compatível assim com tanta pressa é praticamente
impossível. Teríamos que...
— Eu faço a doação.
O médico me encara e Roger se levanta de uma vez da
poltrona.
— Você ficou louco? Quase morreu também, perdeu litros de
sangue, sem falar que para fazer essa doação teria que ser
compatível com ela.
— Ele é, mas fazendo essa doação, senhor Schmidt, colocaria
a sua vida em risco. Foi baleado, perdeu muito sangue, seu corpo
está fraco e muito provavelmente não aguentaria o processo de
recuperação.
— Eu não me importo nenhum pouco. As últimas palavras que
escutei da minha mulher é que ela iria morrer sem conseguir me
perdoar por ter feito da vida dela um inferno. Posso até morrer, mas
ela não. Amelie merece viver, se ela está nessa situação é por
minha causa. A minha vida em troca da dela é um bom negócio para
mim, assim meu filho poderá crescer e ser criado pela mãe.
— Jonh, você não sabe o que está falando, Amelie não...
— Eu a amo a ponto de sacrificar a minha vida pela dela. Está
decidido e vocês dois vão fazer o que estou mandando. Sabem
muito bem que não podem ir contra uma ordem minha — falo
interrompendo o Roger.
— Puta que pariu, isso é loucura, Jonh! — Roger exclama.
— Loucura é eu viver e Amelie morrer, isso é loucura. Caso eu
não resista, você, Roger, vai cuidar e proteger a minha família.
— Isso tem que ser antiético.
— E desde quando trabalhamos com ética, meu amigo?
Infelizmente, essa decisão não é sua, mas minha. Eu troco a minha
vida pela da minha esposa sem nem pensar duas vezes. Pode
preparar tudo para a cirurgia, doutor, está na hora de trazer minha
doce Amelie de volta a vida.
CAPÍTULO 38

Estou sentada em um banco de madeira, em frente a um


grande jardim, observando meu filho correndo e brincando,
querendo pegar borboletas.
— Ele vai ficar bem, Amelie, você vai garantir isso, mas não
sei se vou estar ao seu lado para ajudá-la.
Olho para o meu lado e vejo Jonh.
— Por que está dizendo isso? É o pai dele, é claro que vai
estar presente em sua vida em todos os momentos.
Ele sorri.
— Fiz uma escolha, escolhi você e o nosso filho. Eu garanti a
segurança de vocês antes de vir me encontrar aqui com você.
Precisava te ver e dizer que te amo pelo menos uma última vez.
Olho para ele sem entender.
— Porque está falando essas coisas, Jonh?
— Você precisa voltar, Amelie, nosso filho chama por você.
— Jonh, por que está dizendo isso? Está me deixando
assustada.
— Eu te amo, Amelie, nunca esqueça disso. Agora volte para o
nosso filho.
— Jonh...
— Volte para ele.
— Não, Jonh, ele está logo ali...
— Volte.
— Jonh...
— VOLTE AGORA!
Desperto como se estivesse em um sonho. Tento falar, mas
não consigo porque sinto algo dentro da minha boca, me impedindo
de fazer tal gesto. Eu me desespero tentando tirar até que olho para
o lado e vejo Roger.
— Hammm...
Ele olha na minha direção e se levanta de uma vez, se
aproximando.
— Ela acordou, ela acordou.
No mesmo instante, vejo várias pessoas entrando no quarto e
me sinto completamente confusa, sem saber onde estou.
— Você vai ficar bem, acalme-se vão tirar isso de você —
Roger fala.
Eu concordo com a cabeça tentando me acalmar até que sinto
algo sendo arrancado dentro de mim e um alívio toma conta da
minha garganta.
— A senhora quer água? — o médico pergunta.
Concordo com a cabeça e ele me serve levando até a minha
boca um canudo por onde tomo a água que me traz mais alivio
ainda.
— Jonh... — É tudo o que consigo falar.
— Senhora Schmidt, preciso examiná-la, passou por um
trauma muito grande, precisa se recuperar bem. Não faça esforço.
— Trauma!?
— Você se lembra do que aconteceu, Amelie? — Roger
pergunta e eu tento puxar na memória minhas lembranças.
— Fui sequestrada, meu marido me salvou. — Minha mente
está uma confusão.
— Qual é a última coisa que se lembra?
— Eu não sei, você e o Jonh me salvaram. Onde ele está,
onde está meu marido?
— Amelie...
— Roger, eu sonhei com ele e ele me mandou voltar. Eu quero
vê-lo. — Observo o médico e Roger se encarando.
— O que aconteceu, Roger? Onde o Jonh está?
— Fica calma, Amelie, suas costelas estão quebradas e
passou por um transplante muito delicado de fígado. Precisa ficar de
repouso. — Eu olho para o meu corpo sem entender muito bem
ainda o que está acontecendo.
— Transplante!? Mas, por quê? Eu...
— Doutor, nos dê licença, vou conversar com ela.
— Tudo bem, só o fato dela ter acordado e estar ciente das
coisas é um bom sinal. Quando terminarem a conversa me chamem
para que eu possa fazer os exames necessários.
O médico sai do quarto e Roger se aproxima da cama,
pegando na minha mão com cuidado.
— Você está se sentindo bem?
— Mais ou menos. Estou sentindo a minha boca amarga e
uma dor no meu abdômen, por que eu fiz um transplante? Por que
Jonh não está aqui comigo?
— Você sabe que não sou um homem de meias palavras,
então vou contar tudo a você.
— O que aconteceu?
— Jonh está em coma, Amelie, e você também estava há mais
de um mês.
Eu sinto meu coração acelerar e uma tontura me acerta em
cheio.
— Meu Deus, não.
— Você lembra que foi sequestrada, nós te salvamos, mas
Jonh foi baleado e por muito pouco a bala não acertou o coração
dele. Jonh perdeu muito sangue.
Eu coloco a mão na boca.
— Meu Deus!
— Você também quase morreu, suas costelas foram
quebradas, teve uma hemorragia no cérebro, mas foi controlada.
Sem contar que sofreu uma grave lesão no fígado, por isso o
transplante.
Eu tento me lembrar, mas não consigo, não lembro de nada.
— Jonh...
— Ele salvou a sua vida. Você não tinha tempo, estava
morrendo, então Jonh tomou uma decisão. Ele queria você bem e
viva. Jonh estava com o coração partido, Amelie, pois a última coisa
que você falou a ele foi que não conseguia perdoá-lo. Ele se
sacrificou por você, com a esperança de que poderia vir a perdoá-lo
um dia.
— Não, não, não.
— Jonh nunca te traiu, Amelie, e eu mesmo falei isso para
você várias vezes, aquela infeliz...
— Ele foi drogado, mas eu estava muito magoada, a minha
cabeça estava uma confusão. Eu queria que ele sentisse a mesma
dor da rejeição que eu senti. Nunca passou pela minha cabeça que
uma tragédia assim fosse acontecer... Eu só me lembro de vocês
dois aparecendo naquele lugar para me salvar, é só disso que eu
me lembro.
— Jonh estava muito fraco, tinha perdido muito sangue,
mesmo assim insistiu em fazer a doação, mesmo sabendo das
consequências. Ele se manteve consciente até ter certeza de que
você estava fora de perigo, depois ele se entregou a morte, entrou
em coma e não reage mais a estímulo nenhum desde então.
Eu fico completamente em choque com tudo o que ele fala.
— Eu quero vê-lo.
— Você acabou de sair de um coma, sem falar que ainda está
debilitada e ele está na UTI.
— Eu quero vê-lo.
— Amelie, não pode entrar na UTI.
— Quero ver o meu marido.
— Pelo visto, ser teimosa você lembra.
— Roger, por favor, me leve até ele.
Ficamos nos encarando.
— A sua sorte é que sou mais louco que você. — Roger sai do
quarto e o vejo discutir com o médico por longos segundos até que
ele volta com uma cadeira de rodas.
— Se eu for preso a culpa é sua.
Com muito cuidado, ele me tira da cama e me coloca sentada
na cadeira de rodas.
Eu apenas respiro fundo para aguentar a dor.
Roger segue comigo, empurrando a cadeira por um longo
corredor, andando atrás do médico que não parece nenhum pouco
feliz.
Mas eu não me importo, tudo o que quero é ver o meu marido.
Logo chegamos em uma área restrita do hospital e vejo a
placa que indica que é a UTI. O médico abre a porta e entramos,
então avisto meu marido deitado em um leito, pálido, como se não
existisse vida em seu corpo.
— Meu Deus, por que você permitiu que ele fizesse isso,
Roger?
— Até parece que alguém consegue parar esse homem. Eu
tentei, Amelie, mas ele não escutou ninguém. Tudo o que importava
para ele era a sua vida. O homem chegou a assistir você tendo uma
parada antes da cirurgia e ele praticamente surtou.
— Meu Deus, me leve mais para perto dele, quero tocá-lo,
fazê-lo voltar para mim, assim como ele me fez voltar para o nosso
filho.
— Ele não reage mais a estímulos, Amelie, não...
— Deixe-a tentar, uma pessoa quando entra em coma, há três
possibilidades: ela pode se recuperar e despertar, entrar em estado
vegetativo persistente quando é muito raro acordar ou chegar ao
chamado estado mínimo de consciência. Esse último é um estado
no qual já há consciência, mas, como o nome diz, é um estado
mínimo, em que o paciente reage a pouquíssimos estímulos. Talvez
escutando a voz dela, ele faça um esforço para voltar. É uma
possibilidade, pequena, mais é uma possibilidade, não custa nada
tentar — o médico fala.
Roger concorda com a cabeça, me leva até o leito do meu
marido e seguro a sua mão.
— Vá em frente então, Amelie, quem sabe você não opera um
milagre. Fale com ele de forma carinhosa... — Roger fala.
— Jonh Schmidt, como ousa entrar em coma e me deixar
sozinha com um filho pequeno para cuidar? Estou com as costelas
quebradas, morrendo de dor e você aí dormindo. Volte para mim,
agora mesmo.
— Isso, Amelie, mata logo de uma vez o homem. Eu disse de
forma carinhosa, sua louca, e não...
— Está funcionando, o coração dele acelerou. Isso, senhora
Schmidt, continue — o médico fala interrompendo Roger e uma
chama de esperança se acende em meu peito.
— Eu desisto de tentar entender vocês dois, desisto! São
completamente loucos — Roger reclama.
— Jonh, meu amor, não me deixe. Você me fez voltar pelo
nosso filho, então volte para mim. Eu te amo mesmo que não
mereça o meu amor, mas eu te amo.
— Amelie... Por Deus, mulher.
— Cala boca, Roger!
— Continue, senhora. — O médico se aproxima do leito de
Jonh e começa a examiná-lo.
— Jonh, eu não me lembro qual foi a última coisa que falei
para você, mas seja lá o que for não leve em consideração. Eu
deveria estar alucinada de dor. A última coisa que me lembro é de
você aparecendo para me salvar e agora de acordar nesse hospital.
Você sacrificou a sua saúde por mim, deu a sua vida para salvar a
minha, então agora não desista de viver. Estou aqui e preciso de
você para me proteger, para proteger a nossa família, o nosso filho
precisa do pai dele. — Eu abaixo a cabeça, coloco a sua mão no
meu rosto e começo a sentir as lágrimas se formando em meus
olhos.
Estou tão cansada que tudo o que quero agora é paz.
— Eu preciso de você, amor, não vou conseguir sozinha. É
muita coisa, Jonh, eu não consigo. Estou tão cansada de sofrer, a
minha vida toda eu sofri... Mesmo com tudo o que aconteceu entre
nós dois, eu tive momentos de alegria ao seu lado, momentos de
felicidades. Eu só quero você de volta, porque eu te amo. Sei que
não vou conseguir esquecer os momentos ruins da noite para o dia,
mas aceito uma segunda chance, Jonh. Eu dou uma segunda
chance a você, mas, por favor, volte para mim. — Eu não controlo
minhas emoções e choro com medo de perder o homem que eu
amo e que me deu a maior prova de amor que uma mulher poderia
receber.
— Prometo que vou fazer valer a pena essa segunda chance,
meu amor.
Levanto o rosto de uma vez e vejo meu marido olhando para
mim. Ele também está com lágrimas nos olhos e a minha vontade é
de pular em cima dele, mas a minha condição não permite que eu
faça isso.
— Porra, vocês dois não tem coração!
Olho para Roger que também enxuga as lágrimas e Jonh sorri
baixinho.
— Amelie, amor, nosso amigo também tem um coração.
Eu seguro forte a sua mão.
— Jonh se me der outro susto desses eu mato você.
— Nunca mais vai passar por nada parecido com isso, meu
amor, eu não vou deixar, aprendi a lição. Agora vou passar todos os
dias da minha vida te fazendo feliz.
Eu fungo baixinho beijando sua mão.
— É bom que faça isso mesmo.
— Eu te amo e vou repetir isso a cada hora do dia para o
mundo inteiro ouvir e saber que Jonh Schmidt vive para fazer sua
mulher feliz.
CAPÍTULO 39

Quatro meses depois...


Tudo o que passei para salvar a vida de Amelie valeu muito
a pena e ver minha esposa bem, brincando com o nosso filho é a
minha maior gratificação.
Não foram fáceis esses meses de recuperação, mas
passamos por todo o processo juntos.
Hoje estamos bem e é claro que ainda me preocupo com
Amelie. Apesar dela estar recuperada, eu não vacilo um minuto com
a saúde dela, outro motivo que a faz reclamar.
Não me envergonho nem um pouco do dia em que ajoelhei
aos pés da minha esposa e chorei implorando pelo seu perdão, pois
mereci o castigo que ela me deu. Eu vou continuar pedindo seu
perdão por todos os dias da minha vida, afinal ela me deu uma
segunda oportunidade e dessa vez vou fazer tudo valer a pena.
Vou amá-la como merece pelo resto dos meus dias.
— Jonh, eu quero você, estou pronta.
Sou tirado dos meus pensamentos com a minha esposa
saindo do banheiro, enrolada em um roupão.
— Amelie, amor, melhor não.
— Jonh Schmidt, não me torture. Se estou falando que estou
pronta é porque aguento. Até quando vai continuar me negando...
Eu não espero que ela termine de falar e me levanto indo até
ela, forçando a minha boca na sua com a lembrança da última vez
em que ficamos juntos invadindo os meus pensamentos.
— Isso, Jonh...
Minhas mãos firmam seu rosto, aprisionando a sua boca na
minha, então chupo a língua da minha esposa como se estivesse
me deleitando em um doce raro. Ela joga os braços em meus
ombros, pressionando seu corpo no meu deliciosamente.
— Um dia você vai me matar de tesão — rosno louco pela
mulher em meus braços, a minha mulher.
Desço as mãos pelo seu corpo até chegar em sua cintura fina
e sugo o ar com força ao sentir o peso dos seus seios, o calor que
vem deles. Sem cerimônia, abro seu roupão e passo a ponta dos
polegares nos bicos inchados e duros dos seus seios.
— Jonh...
Ver a minha esposa gemendo meu nome com apenas um
toque íntimo me deixa louco.
Abraço minha esposa forte, passando as mãos pelo seu corpo,
a desejando como nunca antes tinha feito. Eu a seguro forte pela
cintura, ela envolve a minha pélvis e ando com ela até à cama.
— Vai me fazer sua?
Deus, como ela pode me perguntar uma coisa dessas vendo o
estado em que me encontro?
— Estou morrendo de saudade de você, do seu corpo, e sei
que também está sentindo a minha falta porque o seu corpo está
gritando pelo meu.
Ela sorri e volta a me beijar.
É assim que quero vê-la de agora em diante, sempre sorrindo.
Vou até à cama e a deito sem tirar os olhos dos dela. Deixo um
beijo em sua boca e bem devagar me afasto pegando seus pés.
Levanto um e dou beijos em seu tornozelo, escutando seu arfar em
cima da cama. Abro suas pernas para beijar seus joelhos, até as
coxas macias.
Hoje eu vou venerar o corpo dessa mulher com nunca fiz
antes.
Ela respira fundo, abre mais as pernas e fico satisfeito com o
que vejo, sua calcinha de renda delicada, molhada por causa da sua
excitação. Puxo o pequeno pedaço de pano sem pressa nenhuma
do seu corpo e vejo com perfeição sua linda boceta molhada e
carente por atenção. Por breves segundos, fecho os olhos
lembrando que sou o único homem que já a viu assim e sempre
será apenas eu.
Aproximo a boca da sua boceta e beijo os lábios molhados, em
seguida olho para o seu rosto passando dois dedos nos seus lábios
depois escorrego para dentro do seu calor, bem devagar enquanto
com a outra mão separo os grandes lábios e deixo um beijo em seu
clitóris.
— Oh... Jonh...
— Tão molhada e deliciosa — falo lambendo seu ponto de
prazer.
Ela está irresistível.
Ajeito os cotovelos na cama, me apoiando, abrindo-a ainda
mais. Escuto seus gemidos e sinto suas mãos em meu cabelo
enquanto minha linga provoca seu clitóris chupando e dando leves
mordidas.
Ela fica cada vez mais molhada e aberta para mim.
Amelie geme cada vez mais alto e suas mãos apertam cada
vez mais meu cabelo, demonstrando que está perto de gozar e é
isso que eu quero dela. Eu quero que ela sinta prazer de todas as
formas possíveis.
Eu a chupo mais forte, não deixando de dar atenção a sua
boceta deliciosa. Quando intensifico os movimentos, ela goza
chamando meu nome, ficando ainda mais escorregadia, desabando
na cama, relaxando seu corpo e eu fico satisfeito em tê-la deixado
nesse estado.
— Não acabou não, amor, estamos apenas começando.
Ela me olha com um sorriso safado e acabo sorrindo também.
Amelie nunca negou o que sente por mim, eu que fui um idiota,
cretino e negava a ela o que tanto me pedia.
— Se você não tirar a porra desse roupão eu juro que o rasgo
agora mesmo — falo olhando para ela enquanto me livro da minha
roupa rapidamente.
Com um sorriso no rosto, ela faz o que eu mando e é assim
que a quero agora, obediente só na cama, pois fora dela, Amelie
pode fazer o que quiser que sempre vou acatar suas ordens.
Agora é ela que manda e eu vou ser o marido obediente à
minha esposa como deveria ter sido desde o início.
Eu vou até ela, seguro seu rosto, beijo a sua boca chupando
sua língua e ela se esfrega no meu pau já duro, louco para entrar
dentro dela.
Eu já não estou mais aguentando.
— Jonh, eu quero você, eu quero agora.
Porra, essa ordem obedeço com prazer!
Eu me ajeito entre suas pernas e quando estamos cara a cara
ela toca meu peito, meus braços, meus ombros e seus dedos
caminham pelo meu pescoço até que ela segura em meu rosto.
— Senti tanta falta de ter você assim, foi assim que eu sempre
te quis, Jonh.
Eu me sinto o maior filho da puta quando ela fala isso.
É um tapa na minha cara saber que tinha uma esposa em casa
me esperando, disposta a me dar tudo o que eu precisava.
— Você me terá para sempre, meu amor. Será sempre a
minha prioridade número um e nunca vou me cansar de dizer o
quanto eu te amo.
Ela segura meu rosto entre as mãos e se esfrega em mim,
mais uma vez.
— Eu também te amo, meu amor, mas não me torture mais,
por favor.
Eu acabo sorrindo do que ela fala e faço o que nós dois
estamos loucos para fazer. Eu a penetro gostoso devagarinho para
que possa sentir todas as sensações do meu pau entrando nela e a
escuto gemer baixinho de prazer.
— Como você é gostosa. — Eu começo um vai e vem que me
enlouquece e tenho que me segurar para não gozar logo porque
quero deixar que ela aproveite ao máximo o prazer que está
sentindo. — Está me sentindo dentro de você, amor?
— Sim... — ela responde ofegante e isso me estimula a
aumentar a intensidade dos meus movimentos, segurando forte a
sua bunda.
— De quem você é? A quem você pertence? Diga. —
Abocanho um dos seus seios expostos e chupo com prazer, a
deixando mais louca de tesão ainda.
— Eu sou sua, apenas sua.
— Minha, todinha minha.
— Sim! Eu sou sua... Para sempre sua, amor, e você será só
meu.
— Serei seu para sempre.
E assim, com nossas juras de amor, chegamos ao ápice do
nosso prazer juntos, com Amelie gritando o meu nome enquanto
gemo alto, entorpecido de prazer, me derramando dentro dela,
caindo sobre o seu corpo macio.
— Vamos começar o nosso casamento do zero. Eu comprei
uma mansão para você, amor, a mansão Schmidt, onde você será a
rainha que nasceu para ser, onde vamos criar nosso filho e outros
que poderemos ter no futuro se Deus nos abençoar com mais
alguns.
Ela sorri e me puxa para um beijo delicado.
— Caio já me dá trabalho o suficiente. Vamos falar de filhos
daqui uns anos.
Beijo sua testa e depois sua boca, doido para continuar
fazendo amor com ela.
— Eu faço o que você quiser a partir de hoje e acho que você
quer muito um banho de espuma na banheira, com a água bem
quente, assim podemos fazer amor de novo, o que acha?
Ela gargalha da minha cara e vejo o quanto seu sorriso é lindo.
— Eu acho que quero isso.
— Ótimo! — Eu saio de dentro dela, a pego no colo e a levo
para o banheiro para realizar todos os seus desejos, com a certeza
de que seremos felizes agora.
CAPÍTULO 40

Vou até à sala de tortura e a abro com um chute. É um lugar


amplo e bem planejado.
Roger guardou um presente para mim, durante todos esses
meses. Um não, na verdade, dois, pois precisaria de uma
testemunha.
— Oras, vejamos o que tem por aqui.
— Você é um demônio que não morre nunca — Lennar fala,
apavorado de medo.
— Eu nunca morrerei enquanto um Schmidt nascer. Agora
vejamos qual brinquedinho temos aqui. — Observo sua expressão
que agora é de medo.
Ele sabe o que o aguarda.
— Tenha misericórdia, senhor Schmidt — o outro desgraçado
pede se urinando nas calças.
— Recomponha-se, homem, você foi bem tratado durante a
sua estadia aqui, só arranquei os seus dentes — Roger fala para
nossa testemunha.
Ele amaciou bem os dois para mim.
— Te darei um tratamento vip, Lennar.
— Me solta, seu desgraçado de merda! Você não pode me
tratar assim! — Ele tenta se soltar e dou um soco nele.
— Claro que não, Vossa Majestade! — debocho. — Receberá
um tratamento à altura. — Coloco o homem em uma cadeira de
tortura elétrica e prendo suas mãos e os seus pés.
— Vejamos! Primeiro preciso extravasar minha raiva e nada
melhor do que começar a me aquecer — falo desferindo um murro
nele. — Esse foi pelo tiro que me deu. — Dou mais um murro
informando o motivo. — Esse foi por ter espancado a minha mulher.
— Perco a noção dos golpes e só quando vejo o desgraçado quase
inconsciente e irreconhecível, é que paro. — Acorda, seu molenga!
— ordeno dando um tapa na sua cara.
Ele está quase inconsciente.
— Para bater em mulher você é muito macho, estamos apenas
começando. Não vale dormir ainda.
Ele tenta cuspir seu sangue em mim, mas não consegue.
— Coisa feia! Sua mãe não te deu educação, Lennar? Aquela
puta — pergunto me divertindo com sua expressão de dor. — Você
queria me fazer sofrer, queria usar minha mulher contra mim?
Vamos ver quais outros brinquedinhos o Roger potencializou para o
seu tormento. — Vou até à mesinha e pego um pequeno punhal
bem afiado. — Vamos ver o que podemos fazer! — Vendo a sua
expressão de medo, passo levemente o punhal na sua garganta, a
arranhando, conseguindo tirar um pequeno filete de sangue. — Não,
seria uma morte muito rápida. Que tal esse? — Cravo o punhal na
sua perna, rasgando a carne e ele grita de dor, como o covarde que
é. — Quem vai implorar agora?
— Nunca! — ele sussurra e faço o mesmo processo na outra
perna, ainda ouvindo seus gritos.
— Tudo bem. Chega de brincadeira. — Pego um balde de
ferro. — Bem... Já deve imaginar o que vai acontecer agora, Lennar.
Mande lembranças minhas ao seu pai e irmão e diga que sinto
muito não ter mandado a vadia da sua mãe pessoalmente para o
inferno. Porque quando mexem com um Schmidt não sobra
ninguém da família para reclamar depois. — Coloco o balde de ferro
na sua cabeça e ligo o botão que conduz a eletricidade.
Logo ele começa a gritar e a se remexer na cadeira.
O balde de ferro intensifica o processo e me sento assistindo
Lennar morrer enquanto a minha testemunha fecha os olhos para
não ver seu chefe ter os miolos fritos.
— Se não abrir os olhos terá o mesmo destino que ele.
A testemunha faz o que mando e assiste à cena aterrorizado
até que a vida de Lennar se esvai do corpo.
— Eu não quero morrer, tenha piedade, senhor Schmidt.
— Você não vai morrer, vai ficar vivo com a função de espalhar
para o mundo o que acontece quando se mexe com a mulher de um
Schmidt.
CAPÍTULO 41

Se alguém perguntar como está a minha vida agora, não


tenho dúvida da resposta, maravilhosa. Jonh se tornou um marido
carinho e atencioso como sempre sonhei e o mais importante, ele
agora é presente na vida do nosso filho que adora o pai.
Poucos dias depois da nossa noite de amor, nos mudamos
para a mansão Schmidt que é três vezes maior do que a que
morávamos antes e quando o questionei o motivo de uma casa tão
grande, ele respondeu que queria ter uma família muito grande.
Admito que gostei muito desse plano.
Por outro lado, foi o desespero de Roger que disse que são
mais metros quadrados para que ele cuide da segurança.
Mas Athos gostou da nossa casa e, finalmente, meu marido
aceitou meu cachorro, apesar de que as vezes os dois ainda se
estranham.
Estamos vivendo bem, nos amando como nunca e criando o
nosso filho juntos, nos tornando uma família unida como deveria ter
sido desde o início.
— Amor, acho que o nosso filho se sujou um pouquinho no
jardim.
Sou tirada dos meus pensamentos com Jonh entrando no
quarto com o Caio completamente sujo de terra dos pés à cabeça.
— Mais o que aconteceu com essa criança, Jonh? — falo me
levantando e indo até os dois.
— Estávamos brincando de construção no jardim com os
novos brinquedos dele e acho que nos empolgamos um pouco —
ele fala sério, tentando justificar o motivo do nosso filho estar tão
sujo.
Confesso que até sinto vontade de rir da cara dele.
— Papai...
— Isso, filho, fala para a mamãe que o papai é o melhor.
Agora sim, eu sorrio deles.
— Me dá meu filho que vou dar um banho nele e é bom você
fazer a mesma coisa. — Tiro Caio do seu colo e dou um selinho
rápido nos seus lábios.
— Sim, senhora — ele fala e quando vou passar pela porta dá
um tapa na minha bunda.
Eu o encaro fazendo uma cara de brava.
— Desculpa, amor, não resisti. Eu te amo.
— Vá tomar banho agora.
— Já estou indo. — Saio do nosso quarto e entro no de Caio
onde começo a saga de dar um banho decente nele.
Como uma criança desse tamanho conseguiu se sujar tanto
assim sob a supervisão do pai?
Tiro a roupa suja dele, encho a banheira de água, o coloco
dentro e o deixo se divertir com a espuma.
Depois de mais de vinte minutos, começa a nossa briga para
que ele saia da banheira.
— Filho, já está bom de tanto banho, você já está limpinho...
— Senhora, é bom ir correndo para a sala — uma das
empregadas entra no banheiro assustada e imediatamente fico
preocupada.
— O que aconteceu?
— É melhor a senhora ir ver com seus olhos, eu termino tudo
aqui com o bebê.
Dou um beijo no meu filho e saio do banheiro.
— Ele já está tempo demais na banheira...
— Senhora, vá correndo para a sala, sei o que fazer com o
menino.
Como parece estar muito aflita, faço o que ela fala.
Saio do quarto e vou a passos rápidos até a escada descendo
com cuidado para não cair por causa da minha pressa de ver o que
foi que assustou tanto a empregada.
Ao chegar na sala entendo o motivo da aflição dela.
— Jonh! — chamo meu marido que me olha pálido, como se o
sangue tivesse fugido do seu corpo.
— Amelie, amor, eu sinto muito...
— Jonh, o que está acontecendo? Quem é essa senhora e
porque você está segurando esse bebê?
Meu marido está prestes a abrir a boca quando a senhora
responde:
— Esse bebê é o fruto da traição do seu marido e a trouxe
para que ele a crie, ou faça com ela o que achar melhor.
É nesse momento que acho que meu coração vai sair pela
boca.
Como assim fruto da traição do meu marido?
— O que a senhora disse?
— Amelie, meu amor...
— Calado, Jonh, deixe a mulher falar.
Meu marido para de falar, me olha com um pesar nos olhos e
respira fundo buscando controle como sempre faz.
— É isso mesmo o que a senhora escutou. Madalena era
minha filha e quando a senhora pegou os dois juntos, ela fugiu e a
ajudei a se esconder para que nunca fosse encontrada.
“Descobrimos depois de um tempo que ela estava grávida e
por mais que eu insistisse para que tirasse essa maldição de
criança, ela não quis, preferiu seguir com a gravidez para
chantagear seu marido.
“Mas ela morreu no parto alguns dias atrás e agora estou aqui
entregando a criança para o pai fazer com ela o que achar melhor,
porque eu não vou criá-la.
“Essa criança é fruto de uma sem vergonhice e não tenho mais
idade, nem disposição para criá-la.”
Não sei se fico mais chocada com a descoberta de que meu
marido tem um bebê fora do casamento, ou com a maneira como
essa mulher fala do neto ou neta.
Mas de uma coisa eu tenho certeza, essa bebê não tem culpa
de nada, é um inocente que não pediu para nascer.
Pensando nisso tomo uma importante decisão.
— Saia da minha casa agora mesmo. Nunca mais volte aqui,
nem se aproxime de nós. Esqueça que um dia segurou essa criança
em seus braços porque agora ela pertence à família Schmidt.
A mulher arregala os olhos na minha direção e a surpresa do
meu marido não é muito diferente da dela.
— A senhora vai criar essa menina?
Então é uma menina.
— Ela é filha do meu marido, não é? É tão dona da fortuna
dele como meu filho, os dois são herdeiros Schmidt. Mas não pense
nem por um segundo que vai se aproveitar da situação, porque
escutei da sua boca a chamando de maldição de criança e por esse
motivo está demitida da mansão dos meus sogros. Quero que suma
das nossas vidas, sua velha maldita.
A mulher muda de cor, mais dessa vez é de raiva.
— A senhora não pode fazer isso, não é a minha patroa.
É isso que vamos ver.
— Jonh!
Com certeza meu marido sabe o que significa quando o chamo
assim.
— Minha esposa é a senhora Schmidt e não a minha mãe. Ela
pode fazer o que quiser na família, porque dei esse poder a ela. O
que resta aos meus pais é obedecê-la e tenho certeza de que
mamãe não vai se importar nem um pouco com a sua demissão.
Agora faça o que a minha mulher mandou, saia daqui e nunca mais
apareça, ou vai arcar com as consequências. Essa menina é minha
responsabilidade agora.
A velha rabugenta sai da minha sala com pressa e é melhor
que ela nunca mais apareça.
Quando ficamos a sós, na sala, Jonh me olha e percebo a
angústia em sua face.
— Amelie, pelo amor de Deus, não me deixe, eu imploro mais
uma vez. Roger procurou por Madalena por meses e não teve
notícias dela. Eu não fazia ideia de que isso tinha acontecido, meu
amor. Eu te amo e sei que sabe muito bem disso, me perdoa, amor,
me perdoa...
— Jonh, cala a boca, agora é eu que peço pelo amor de Deus
que fique calado antes que eu pegue as suas roupas e jogue pelos
portões da mansão — Falo indo até ele, pegando o pequeno bebê
dos seus braços. — Como vamos chamá-la? — pergunto abrindo
um pouco a manta que enrola a menina.
Aquela velha desgraçada não teve a decência nem de vestir a
coitadinha.
— Você vai fazer mesmo isso, Amelie?
Sinto vontade de estapear esse idiota, a sorte dele é que
Madalena morreu ou as coisas seriam muito piores.
— É claro que vou. Ela é sua filha, não é? Mas eu tenho uma
condição para fazer isso, Jonh.
— Eu faço tudo o que você quiser, meu amor, eu até mesmo
me ajoelho aos seus pés novamente se me pedir.
— Você vai registrá-la como se ela fosse a nossa filha e nunca,
nunca vai contar a verdade a ela e nem vai permitir que quem sabe
dessa história abra a boca, entendeu bem? Quero que mande matar
quem fizer isso. Ela vai ser a minha filha e sou capaz até mesmo de
matar para defender os meus filhos.
Ele se aproxima, beija a minha testa e depois a testa da
menina em meus braços.
— Eu achava que não fosse capaz de te amar mais do que eu
já amo, mas vejo que me enganei.
— Não está sendo fácil para mim, tomar essa decisão, Jonh,
mas eu entendo de fato o que aconteceu e prometi nos dar uma
chance. Você tem se mostrado mais do que disposto a fazer o
nosso casamento dar certo, tanto que mudou da água para o vinho,
me provando que realmente suas palavras e promessas são
sinceras. Esse bebê é apenas uma inocente nessa história toda.
— A cada dia que passa, te admiro e te amo mais — ele fala e
me beija rapidamente.
A bebezinha tão linda se mexe em meus braços e só de olhar
para ela, tão pequena e desprotegida faz o meu coração se encher
de amor.
— Vamos chamá-la de Anastácia — falo e olho para ele que
sorri.
— Anastácia Schmidt, a princesinha de uma das famílias mais
poderosas do mundo. Gostei desse nome, ficou perfeito para ela.
— Vamos amá-la e protegê-la de tudo.
— É claro que vamos e quando Caio tiver idade o suficiente
vou contar toda a verdade do que aconteceu a ele, para que assim,
como nós dois, ele também possa proteger a irmã.
— Eu concordo com isso. Agora temos que providenciar tudo o
que ela precisa, principalmente, leite. Ela deve estar com fome.
Temos também que ligar para o pediatra a fim de ver se ela está
bem. Aquela velha asquerosa nem mesmo vestiu a menina.
— Vou providenciar isso tudo agora mesmo e depois que ela já
estiver acomodada vamos juntos ao shopping comprar um enxoval
de princesa para ela, como merece.
Jonh chama um dos seguranças e dá a ordem para que o
homem vá comprar o leite adequado para a minha filha o mais
rápido possível, depois subimos juntos para o quarto de Caio para
apresentá-lo a sua nova irmãzinha, Anastácia, a princesinha da
família Schmidt.
EPÍLOGO

Anos depois...
Estou sentado na área externa da mansão Schmidt,
rodeado por minha família. Ter meus filhos, netos e sobrinhos ao
meu redor, me deixa muito feliz e satisfeito.
Meu filho, Caio, é homem feito e casado com uma mulher
belíssima, Livia. Minha nora é maravilhosa e soube colocá-lo em
seu devido lugar já que o idiota puxou na safadeza a mim.
Assim como eu aprendi, ele também aprendeu e gostei muito
de rir da cara dele, já que não quis dar ouvidos aos conselhos que
sua mãe e eu demos.
Mas o que realmente importa foi que ele me deu duas netas
lindas e maravilhosas.
Meu sobrinho, Robert, hoje também está comigo. Ele foi o
presente que meu irmão me deixou depois da sua morte.
Meu irmão não foi um bom marido e teve coragem de trair o
filho da pior maneira que existe.
Com muita dor no coração digo que ele mereceu o fim que
teve.
O que ele fez custou muito caro e transformou meu querido
sobrinho que tenho como filho, em um homem frio e de coração
duro, como eu fui.
Mas, assim como eu, ele também teve sorte de ter um grande
amor, a belíssima, Estella. Uma menina meiga que com a sua
inocência soube colocá-lo na linha.
Hoje, eles também têm uma linda família.
O meu sobrinho sofreu e muito para dar valor a mulher que
tem ao seu lado.
Acho que arrogância e possessividade está no sangue dos
homens Schmidt.
Agora a razão da minha vida, Anastácia, minha preciosa filha,
essa me deu trabalho e é o motivo de vários fios de cabelo branco.
Mas tudo o que ela faz é devido sua inocência...
— Pai, em que o senhor tanto pensa olhando para as crianças
brincando?
Caio me tira dos meus pensamentos se aproximando junto
com meu sobrinho, Robert, e meu genro, Ítalo.
A única escolha errada da minha filha.
Esse eu engoli na marra, mas deixei as coisas bem claras,
com uma arma engatilhada em cima da minha mesa no escritório
enquanto tínhamos uma conversinha de sogro para genro.
Acho que ele aprendeu a lição.
— Estava pensando em como a minha preciosa filha é
inocente.
Os três idiotas caem na gargalhada.
— Tio, amo o senhor, mas Anastácia não tem nada de
inocente. Esqueceu que ela ajudou a minha esposa a fugir de mim?
Ela sabia o tempo todo onde ela estava e por três anos escondeu
essa informação — Robert diz sorrindo e se senta ao meu lado com
um copo de uísque na mão.
— Você mereceu passar por isso e ela não fez isso sozinha,
teve muita ajuda — digo olhando para meu filho que coça a
garganta.
Caio foi o cérebro dessa loucura.
— Pai, Anastácia, sabia onde minha mulher estava escondida
durante a gravidez e mesmo implorando, ela não abriu a boca.
— Você também mereceu e isso só mostra o quanto minha
filha é leal a cunhada e a melhor amiga dela.
Caio se cala e se senta à minha frente.
— Ela também teve coragem de fugir de mim, quando
engravidou do nosso filho...
— Você fica calado, não tem direito de falar da minha filha. Ela
deveria ter feito como Estella fez e ter passado três anos longe de
você. — Corto meu genro antes que ele termine de falar.
— Não fale uma coisa dessas nem brincando, senhor Schmidt,
já aprendi minha lição e trato minha mulher feito uma rainha.
— Eu sei disso e é por esse motivo que ainda está vivo.
— Vocês estão falando de quê? — minha filha pergunta se
aproximando, acompanhada pela mãe.
Minha Amelie ficou mais linda ainda com o passar dos anos.
— Estávamos aqui falando do quanto você é inocente —
Robert diz e os outros dois sorriem.
— Papai tem razão, não faço nada com má intenção. Vocês é
que são...
— Anastácia! — minha mulher chama a atenção da filha que
se cala.
— Deixe a menina, Amelie, ela não ia falar nenhuma mentira.
Robert, Ítalo e Caio tiveram o que mereciam, porque não souberam
dar valor as mulheres que amam. Eles passaram pelo inferno, assim
como eu passei, para aprenderem a dar valor as mulheres
maravilhosas que eles têm — digo encarando os três que
permanecem calados, porque sabem que tenho razão.
— É por isso que o amamos, senhor Schmidt — Livia diz se
aproximando com Estella.
As duas me dão um beijo na bochecha.
— A mansão Schmidt sempre vai estar de portas abertas para
as minhas três preciosidades. Quando os maridos de vocês fizerem
besteiras, podem vir para cá, minhas queridas, que dou ordens para
meus homens os manterem fora dos portões dessa mansão. Foi
justamente por isso que comprei esse lugar, tem espaço mais do
que o suficiente para vocês e seus filhos.
— Titio, pelo amor de Deus, não dê ideias — Robert fala.
— Papai, não fale uma coisa dessas nem brincando — Caio
reclama.
— Senhor Schmidt, por favor...
— Ítalo, você pode continuar calado que ainda não engoli você
direito.
— Papai, o senhor prometeu... — minha filha fala.
— Jonh, isso não é jeito de falar com seu genro, pai do nosso
neto.
— Desculpa, querida, vou tentar melhorar. Não se chateie
comigo, amor. — Beijo a mão da minha esposa.
Na verdade, queria mesmo era fazer outra coisa, mas com a
casa cheia fica impossível.
— Vejo que também está no sangue dos Schmidt serem
maridos obedientes.
Meu genro só tem coragem de falar essas coisas na minha
frente quando minha esposa e filha estão por perto.
— Ítalo Fox, minha arma ainda está carregada esperando por
você.
Todos caem na gargalhada e até eu acabo sorrindo.
— Desculpa, senhor Schmidt, não vou falar mais nada.
— É bom mesmo.
— Chega desse assunto. Vamos entrar para comer que o
almoço já está servido. Dei ordem para as babás pegarem as
crianças e as levarem para mesa. Por elas, passam o dia todo na
piscina — Estella diz indo em direção ao marido.
Levantamos e vamos para a mesa.
— Vejo que está feliz hoje, meu amor — minha esposa diz me
abraçando pela cintura.
Deixo que os outros passem na nossa frente.
— Você me faz feliz, meu amor, e nunca vou me cansar de
agradecer a família linda que me deu. Vou te amar até mesmo
depois da morte.
— Também vou te amar por toda a eternidade.
Nos beijamos profundamente, selando mais essa promessa de
amor eterno.
Essa será nossa vida até o fim de nossos dias.

FIM.
BÔNUS
DIRETRIZ
— Cale a porra da boca! Maldito traidor — rosno de maneira
cortante, deixando transparecer em minha voz arranhada, o quão
instável estou nesse exato momento, querendo conter o que cresce
dentro de mim, querendo controlar a destruição que me corrói e me
dilacera por dentro, que é incapaz de ser controlada. — Eu não
estou aqui para ouvir nada de você e o aconselho a não implorar.
Odeio quando as pessoas apelam para o meu lado sentimental, lado
esse, que não existe dentro de mim! — Olho de relance para a arma
que está em cima da mesa, inalo o odor ferroso que se espalha pelo
ar e, por instinto, os cantos dos meus lábios se curvam em um
sorriso cruel e perverso.
— Jonh Schmidt não merece toda essa confiança que
depositam nele.
— Não foi ele quem me traiu, mas você. Eu dei uma missão
para você, uma missão simples, e o que fez? Estava nos passando
informações falsas a respeito de um membro do alto escalão e
ainda estava vazando informações dele para seus inimigos. E
adivinha só? Por causa dessa sua traição maldita, a esposa dele foi
sequestrada. O homem está derramando um verdadeiro rio de
sangue, mandando para o inferno mais almas em um dia do que
você foi capaz de fazer em uma vida toda. E quando um homem
com a influência de Jonh Schmidt sai do controle é minha obrigação
intervir e restaurar a paz.
O infeliz arregala os olhos se dando conta da merda que fez.
Como ele se deixou levar por sentimentos tão vãos, porque o
que sentia não era amor, o capturamos muito bem enterrado entre
as pernas de uma prostituta.
— Eu nunca quis que acontecesse nada com a Amelie, ela não
merece...
Ele se cala com a porrada que desfiro em seu rosto.
— Mas aconteceu e você deveria saber disso, afinal eram
informações do marido dela que você estava vazando. Eu tinha
planos audaciosos para você, Ricardo. Seu pai foi um bom soldado,
fiel à cúpula, mas, infelizmente, você não herdou dele as devidas
qualidades. Isso vai te levar à morte e vai servir de exemplo para
que outros não cometam o erro que cometeu, porque por sua causa
é muito provável que Amelie Schmidt saia sem vida de seu cativeiro.
— Observo a arma bem diante de mim e constato o inevitável, essa
pistola será a última ferramenta a ser utilizada nessa nova sessão
infernal que me levará ao êxtase.
— Eu não queria isso, não queria...
É aqui que homens que perdem sua honra terminam e nada e
nem ninguém pode livrá-los da minha ira, porque esse fim faço
questão de dar pessoalmente.
Movido pela adrenalina que pulsa em minhas veias, inspiro
profundamente de maneira calma e pausada, saboreando o cheiro
de sangue, sentindo-o com admiração, atiçando assim meus
instintos mais sombrios e dilacerantes.
Ele sabe que essa será a última sessão do dia e,
provavelmente, o fim de sua vida miserável.
Eu me viro e encaro o seu rosto pálido, ciente que será a
última vez que irei encará-lo com vida. Sua imagem está degradada
pelo sofrimento e o seu olhar é débil, totalmente desfocado da
realidade, se perdendo em alucinações, causadas pela dor crua que
rodeia seus ferimentos profundos.
O rosto do infeliz está inchado e há alguns hematomas feios
em suas bochechas, no entanto, não é isso que me chama a
atenção, mas um profundo corte bem no meio da cartilagem do seu
nariz, uma ferida que se destoa facilmente das demais, provocadas
por mim, causada por um soco forte em seu rosto.
Deslizo meu olhar pelas cordas que pressionam seus pulsos e
os seus tornozelos deixando a pele, que está em contato com os
fiapos e com as fibras, em carne viva, totalmente esfolada,
provocada pelo atrito da sua insistência em se soltar.
Eu me aproximo devagar, sondando seus reflexos, querendo
descobrir o quão perdido na dor o seu subconsciente está.
— Eu sou o senhor das leis que rege tudo e todos no mundo.
Eu sou a Diretriz, a alta cúpula e julgo você culpado de traição
perante a família. Que o Diabo te receba nos portões do inferno.
O som do tiro ecoa pelo ambiente e a vida de mais um traidor
é tirada.
— Já que terminou de se divertir, temos assuntos mais
importantes para resolver agora, Dubai precisa de nós.
AGRADECIMENTO
De início, quero expressar minha gratidão a Deus, pois, vem
DELE a minha força e capacidade para a escrita.
Eu me sinto privilegiada e toda honra e toda gloria sempre a
Ele!
Agradeço também a minha família, meus filhos e meu esposo
que são a base da minha estrutura.
Agora chegou a vez de vocês, minha segunda família, as
Lindaétes, como algumas leitoras se intitulam.
Vocês são a minha maior motivação.
Gratidão é a palavra que define meu sentimento por meus
leitores.
Obrigada por cada comentário de incentivo, carinho e
entusiasmo. Sempre digo que tenho os melhores leitores do mundo,
porque sem vocês nada disso teria sido possível.
Vocês moram no meu coração.
Amo a interação de vocês e estou sempre aberta a ideias e
críticas construtivas.
Espero de coração que tenham gostado de mais essa história.
Meu objetivo é satisfazer cada leitor, proporcionando uma
leitura contagiante e agradável, e saber que sou capaz de despertar
sensações e alegrias com a minha criatividade é arrebatador.
Isso é muito poderoso.
Eu me arrisco a dizer que o livro é um portal para o outro lado
do mundo.
Um cheiro no coração de cada um de vocês e me aguardem
para próximas histórias.
Bora viajar juntos?
SOBRE A AUTORA

Olá, meninas!!
Sou Linda Evangelista, tenho trinta e cinco anos, sou casada,
mãe e estudante de engenharia civil, cursando os últimos períodos
da faculdade.
Apaixonada por literatura em suas diversas ramificações de
escrita e gênero, e é nesse meu "paraíso particular" em que me
conecto a música e viajo pelo alfabeto de letras, linguagens e
infinitas possibilidades. É daí que sai minhas inspirações que muitos
já conhecem.
Inicialmente, escrever era um hobby e hoje faço disso a minha
profissão, pois amo escrever.
E assim deixo um pouquinho de mim, em cada livro escrito,
com pequenas doses de sonhos, homens lindos, românticos,
possessivos e ricos, quase donos do mundo.
Mas que se deixam ser de uma única dona, de mulheres lindas
que são donas de si e amam serem chamadas de MINHA pelo
mesmo homem lindo, romântico e possessivo.
Agradeço a cada uma de vocês que leem meus livros esse
quiserem, me sigam nas diversas mídias sociais para saberem das
novidades e próximos lançamentos.
REDES SOCIAIS DA AUTORA
OBRAS DA AUTORA
A MULHER DOS MEUS OLHOS — LIVRO 2

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SINOPSE
Após negarem seus sentimentos por muito tempo, enfim,
Nathan Schmidt e Ellen Mitchell decidem assumir o que sentem e
começam um relacionamento desejado por muitos e odiado por
outros, afinal a união dos dois só deixará o grupo Schmidt mais
forte.
Nathan é possessivo e Ellen não tem qualquer dom para ser
uma mulher submissa, obediente.
Após dias de juras de amor e permanecerem em uma bolha,
onde por vinte e quatro horas a única preocupação era curtir o que
estavam vivendo, é hora de voltar para a realidade, para os
compromissos e responsabilidades do dia a dia.
Novas responsabilidades aparecerão e os dois terão que saber
ter jogo de cintura para levar esse relacionamento a frente.
Ela se tornou a mulher dos olhos do mais novo CEO do grupo
Schmidt e seu ponto fraco, como consequência.
Inimigos estão à espreita a espera de uma chance a fim de
estragar essa felicidade e acabar com o poder do mais novo chefe
da família Schmidt.
Como esses dois que tem uma química explosiva e
personalidades fortes irão viver a nova realidade imposta?
O QUE ACONTECE EM LAS VEGAS FICA EM VEGAS

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SINOPSE
O que acontece em Las Vegas fica em Las Vegas?
Essa é a pergunta que os oito casais pertencentes as famílias
mais poderosas do mundo vão responder ao passarem o feriado na
cidade do pecado, do prazer e da luxúria.
Robert, Caio, Ítalo, Olive, Collins, Álvaro, Willie e Ângelo com
suas respectivas esposas vão passar por algumas aventuras e
desventuras na estadia no hotel cassino Bellagio, o mais famoso de
toda Las Vegas.
O rei do petróleo junto com seus amigos irão armar um plano
para comprar o tão cobiçado hotel cassino em um jogo de poker,
jogo esse que o poderoso Olive Thomson domina.
As mulheres não faziam parte do plano, porém, ao decidirem
acompanhar seus maridos irão embarcar em uma jornada de prazer
e muita diversão.
As fichas estão na mesa, as apostas foram feitas, quem será o
vencedor?
O HOMEM DOS MEUS OLHOS – LIVRO 1

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SINOPSE

Ellen Mitchell se tornou uma modelo internacional super


prestigiada, sempre apoiada por seus pais, Álvaro e Catalina e seus
padrinhos, Robert e Estella, que carinhosamente ela chama de pai e
mãe.
Aos vinte e sete anos, Ellen tem uma carreira sólida e não quer
nem saber de assumir as empresas Mitchell, já que é a única
herdeira e a função é sua por direito.
Com medo do futuro da filha, Álvaro junto com Robert Schmidt
decidem que se Ellen não quiser assumir o comando das empresas
Mitchell, uma fusão será feita com o grupo Schmidt e Nathan irá
tomar conta de tudo, já que se tornará CEO do grupo Schmidt.
Nathan Schmidt foi criado e moldado para comandar um
império, além de carregar o sobrenome Schmidt, diferente da irmã e
de Ellen que foram blindadas do mundo e da dura e crua realidade.
Ele nunca teve um relacionamento, já que acha ser perda de
tempo, pois tem muitas responsabilidades com a família e o grupo.
Mas isso não quer dizer que se priva de ter prazer, pelo contrário,
muitas mulheres já passaram por sua cama, afinal ele é lindo, rico e
cobiçado.
Nathan e Ellen foram criados juntos e desde cedo houve muita
implicância entre eles, um “ódio” inexplicável. Isso até o dia em que
Nathan cresceu, se tornou o homem dos olhos de Ellen e um
avalanche de sentimentos acometeu a mulher que tem medo de se
envolver e sofrer.
A atração entre os dois é palpável, a química, então nem se fala.
Mas há um pórem, os dois não assumem o que sentem um pelo
outro, mesmo sendo nítido a todos.
Há muito em jogo nessa relação de gato e rato e os dois sabem
disso.
A pergunta que fica é:
Até onde eles estarão dispostos a ir para viver esse sentimento
novo?
A ESCOLHA DELE

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SINOPSE

Riccardo Bianchi passou boa parte da sua vida sendo treinado


para assumir o lugar do seu pai em uma das mais tradicionais
máfias, a Cosa Nostra.
A fim de torná-lo o Don mais implacável da história, seu pai se
certifica de tirar qualquer tipo de sentimento e humanidade que ele
possa ter, o tornando frio, uma verdadeira máquina de matar e
torturar.
Sua única paixão são os cavalos, tanto que ele tem constrói um
centro de hipismo de referência na Itália.
Sua fama com o passar do tempo o precede e um dos seus
muitos nomes é Diabo.
Mas há um porém, para ele se tornar um Don respeitável, precisa
se casar, algo que não deseja fazer mesmo sendo pressionado por
todos.
Pelo menos era o que ele queria até uma linda mulher de cabelo
longo, olhos marcantes e corpo perfeito cruzar seu caminho,
chamando sua atenção.
Ele não sabe quem ela é, mas a deseja intensamente e a quer
para si.
Lorena Bernardi, é uma linda mulher, com a personalidade forte
que não se deixa dobrar por nada. Apesar de ser filha da máfia, ela
teve oportunidade de estudar e se formou na profissão que tanto
ama. Ela é a veterinária-chefe do centro de hipismo e uma amazona
premiada, detentora de inúmeras medalhas de ouro.
Diferente das mulheres da máfia, ela tem voz e se faz se
respeitar.
Aqueles que tentam algo contra sua vontade ou tentam diminui-la
provam algo amargo e doloroso.
Ela tem tudo o que sempre quis até seu caminho se cruzar com o
já Don, Riccardo, em uma das suas noites de diversão.
Ele a deseja, ela sente repulsa...
Ela quer liberdade, ele quer ensiná-la a ser submissa...
Ela é apocalíptica, ele o apocalipse...
Um casamento forçado, obrigações com a máfia, chantagem e
inimigos fazem parte do plano de fundo dessa história explosiva
onde desejo e raiva se misturam.
LIBERTA-ME

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SINOPSE

O casamento perfeito, o príncipe encantado em seu cavalo


branco pronto a salvar a mocinha de tudo e uma família perfeita é
tudo o que Luiza pensa que tem.
Ela está feliz com sua nova vida, vivendo o que sempre
sonhou.
Porém, não imagina que seu príncipe não passa do vilão,
aquele que já a fez chorar, o responsável por notícias maldosas e
falsas que foram espalhadas de maneira tão vil pela internet e gerou
grandes problemas a ela e a sua família que tanto ama.
Kristofer por outro lado se vê envolvido na própria armadilha,
pois acaba se apaixonando por quem não deveria, sua linda e doce
esposa, o alvo que usaria para enfim ter sua vingança e se ver livre
da promessa que fez ainda pequeno.
Seu novo dilema é esquecer tudo e viver esse sentimento novo
que ele está sentindo ou perder seu grande amor e realizar a
vingança que ele se preparou a vida toda para cumprir.
Segredos vêm à tona, ferindo dois corações.
Raiva se transforma em amor e amor se transforma em
decepção.
Inimigos antigos voltam e põem à prova a união da família.
Agora um pedido de perdão deverá ser buscado, assim como
a confiança quebrada deverá ser restaurada.
A princesa com coração partido irá fazer o vilão passar por
maus bocados, afinal ela não é apenas doce e meiga, ela é um
furacão e o fará provar do seu próprio veneno.
ENCANTO

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SINOPSE

Kristofer Broz, renomado cirurgião geral e plástico, cresceu


tendo o peso de uma promessa feita no leito de morte do seu pai em
suas costas, acabar com Robert Schmidt e sua família. Passou anos
estudando o objeto da sua vingança, planejou cada detalhe para
atingir seu objetivo e agora está pronto para colocar seu plano em
ação.
Para enfim poder viver livre desse fardo que carrega por
tantos anos, decide usar um alvo que considera ser frágil e fácil de
manipular, a doce e linda Luiza Schmidt.
Ela é a peça chave no seu jogo para acabar de vez com a
onipotente família Schmidt.
A herdeira, segundo suas informação, não passa de uma
mulher fútil que gosta de gastar fortunas em viagens e roupas de
grifes.
Mas ao conhecer pessoalmente seu alvo percebe que Luiza é
muito mais que isso, é uma mulher adorável com um coração
enorme que ajuda a todos. Ela é a alegria por onde passa, amada
por todos que estão ao seu redor e isso o surpreende, afinal não era
o que esperava encontrar.
Usando seu charme e sedução, ele consegue finalmente
fisgar o coração da doce mulher e dar o primeiro passo para
concretizar sua vingança.
Mas não se enganem, de doce e frágil a princesinha Schmidt
não tem nada, afinal ela puxou o pior lado do pai, honrando o
sangue que corre em suas veias e não é à toa que é chamada pelos
familiares de furacão Schmidt.
PRÍNCIPE DO PETRÓLEO: SEJA MINHA PARTE 1

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SINOPSE

Denny Thomson é conhecido por todos como o príncipe


do petróleo. Herdeiro de um dos maiores impérios da
sociedade, é um homem respeitado e temido por sua
inteligência e facilidade em gerir os negócios.
Briana Morris, uma linda e humilde mulher, que apesar
de ter vindo de uma linhagem onde todos dizem ser um tanto
duvidosa, cresce profissionalmente no mundo empresarial
através da sua competência e habilidade financeira.
Duas almas completamente diferentes que se esbarram
pelos caminhos da vida no ambiente profissional, onde ele é o
chefe e ela a subordinada, apesar de não concordar com isso.
As intrigas e rivalidades os tornam de alguma maneira
próximos e um segredo do passado pode tornar essa
rivalidade ainda pior, onde pré-julgamentos podem ser feitos
indevidamente.
No fim, Denny e Briana percebem que o ódio pode ser
um sentimento tão intenso quanto o amor.
PRÍNCIPE DO PETRÓLEO: SEJA MINHA PARTE 2

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SINOPSE

Após uma noite de bebedeira e muita jogatina, um casamento


é realizado, juntando Briana e Denny.
Amor e ódio, segundo os dois quando estavam embriagados, é
a combinação perfeita para o casamento dar certo.
Briana se entrega a Denny para provar que nunca foi o que ele
insistia em dizer que ela era. Já Denny percebe que esteve errado
em seus julgamentos durante o pouco tempo de convivência que
tiveram.
Agora casados, ela quer a anulação a qualquer custo, já ele
quer tê-la para si de qualquer jeito, por isso não irá facilitar as coisas
para ela.
Briana quer viver, Denny quer se redimir.
Segredos serão revelados e um pedido de perdão deverá ser
feito.
Porém, Briana está machucada e decidida a recomeçar sua
vida longe das amarras que foram impostas a ela.
O mundo não a conhecia, mas do dia para a noite, Briana
Morris virou Briana Morris Thomson, a esposa do príncipe do
petróleo, um homem cobiçado, poderoso e temido.
Notes
[←1]
Fonte de pesquisa: www.nationalgeographicbrasil.com
[←2]
Gurkha Black Dragon é líder na seleção dos 10 charutos mais caros do mundo,
sendo maior preço do mercado. Eles são raramente disponíveis e podem apenas ser
comprados em lojas de charuto selecionadas, pelo mundo inteiro.

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