Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Yriel
Dramática!
Era assim que eu também poderia ser conhecida. Uma
grande dramática, que só sabia lamentar sobre a vida e tudo mais
que poderia vir por aí.
— Alô? — atendi.
— Ótima, e você?
— Ótima também.
— Estarei aí amanhã.
— Fico te aguardando.
Assim que ela encerrou a ligação, depositei meu celular ao
meu lado e daquela vez deixei que o suspiro audível escapasse por
meus lábios.
Não podia negar que ela era gata demais, gostosa demais,
uma mulher com expressão inocente, mas que eu sabia bem o fogo
que tinha na cama. Só que era só aquilo que eu sentia por ela,
então eu podia muito bem me controlar, para não ter que fazer
merda de novo com ela.
— Oi, cunhadinho!
Olhei para Sofia que tinha parado ao meu lado e sorri para
ela, aproveitando para me abaixar ao seu lado, e ficar da sua altura
para poder cumprimentá-la.
— Oi, minha princesa. Terminou seu banho?
Dei uma batidinha com meu dedo em seu nariz e ela soltou
uma gargalhada. Eu amava crianças, e era exatamente por aquele
motivo, que havia me tornado professora. Já que amava lecionar
para meus pequenos. Era uma pena que meus pais não entendiam
o meu amor por minha profissão.
— Terminei.
Era ódio, só podia ser… Ódio puro que eu sentia por ele.
— Não digo o mesmo para você, Roberto… — Estendi o seu
nome em minha voz, pois sabia que ele odiava quando o chamavam
daquela forma.
Ele iria falar mais alguma coisa, porém não permiti que aquilo
continuasse. Prometi que não faria nenhuma idiotice naquele dia e
era exatamente o que aconteceria, eu não faria nenhum escândalo.
Só que eu não disse nada, em relação a ir à cozinha e começar a
beber toda a bebida que tinha disponível ali.
Virei taças e mais taças de champanhe, só para controlar o
meu ódio. Mas o meu pior problema, era que o álcool me afetava
muito rápido, ainda mais quando estava de estômago vazio. Só que
não me importava, eu precisava de mais álcool.
Por fim, peguei uma garrafa de uísque e saí pela porta que
levava para o jardim que eu amava.
Ódio…
Ódio eu tinha de mim, por ser fraca e deixar me rebaixar por
Roberto…
Eu só queria que minha vida mudasse…
— Como assim?
Ela me encarou e eu segurei seu braço a levando para um
canto.
— Droga!
— Eu vou procurá-la.
— De verdade?
— Sempre!
Procurei por todo o jardim, que ela tanto amava, mas não a
encontrei. Suspirei fundo e olhei para o céu, que estava com uma
fisionomia meio bizarra. Ou iria cair uma chuva, ou a frente fria iria
piorar o que podia fazer com que Penélope ficasse doente do lado
de fora de casa.
— Eu vou pra casa com você. Mas não é para tentar nada, tá
bom?
Droga!
Eu precisava urgentemente parar de pensar naquilo, pois não
podia me entregar daquela forma para um cara que não merecia a
minha submissão.
— Não pretendo fazer nada com uma pessoa que não está
inteiramente aqui.
E eu assenti.
Em seguida, estendi-lhe minha mão, para que ele me
conduzisse até seu carro, pois não estava dando conta de andar por
conta própria.
Eu apaguei!
***
Saí da cama, assim que percebi que ele não estava ali, e
também não tinha sinal dele no corredor.
Mas o cheiro que havia me acordado, era de comida e eu
segui pelo caminho de onde aquele cheiro vinha.
— Dormiu bem?
— O quê?
— Roberto, eu…
— Tchau!
Nada!
— Por qual motivo você está com essa cara de cachorro que
caiu da mudança?
— Ok!
Depois de desligar o notebook, me aproximei dela, beijei sua
testa, e depois disse:
— Estou indo.
Caminhei em direção ao elevador e dei um aceno para eles,
assim que as portas do elevador começaram a se fechar.
Assim que a porta foi aberta, tive que tirar minha expressão
de homem raivoso e novamente soltar uma risada. Penélope estava
com um roupão rosa, uma toalha da mesma cor no cabelo e uma
pantufa de porco.
— Que maravilha.
— Bom, fui um idiota com você essa manhã, mas foi por ter
me chamado de abusivo, sendo que você sabe que não sou assim.
Mas me desculpe, eu queria que parássemos de sermos como cão
e gato, já que sempre nos estressamos à toa.
— Não, Penélope.
— O quê? — sussurrei.
— Tem certeza?
Não! E aquele era o problema, eu tinha absoluta certeza que
queria ser beijada por aquele idiota.
— Responde, Penélope.
— Quero…
Droga!
Tinha certeza de que tinha acabado o meu vício por aquela
mulher, por isso, não entendia a necessidade que sentia por ainda
querê-la tanto.
Deliciosa!
Afastei e fui até o fogão para desligar o fogo, pois não queria
que nenhum acidente atrapalhasse o que estava na minha mente.
Já que queria levar Penélope à loucura e deixá-la completamente
louca por mim.
A culpa, claro, era toda minha. Por ser um idiota que não
sabia ficar com o pau guardado dentro da calça. Só que eu sabia
também que queria Penélope, todas as vezes que a via.
Então, estava em uma encruzilhada.
— Roberto…
— Shi!!! — Quase rosnei, quando ela tentou intervir. — Vou te
dar o que você quer.
— Roberto…
Penélope gemeu, enquanto mexia seu quadril em minha boca
e eu me sentia poderoso o suficiente por estar fazendo aquela
mulher se sentir daquela forma.
Não esperei que fôssemos para lugar algum, ali estava ótimo,
fazia parecer que estávamos fazendo algo muito errado.
E por fim ele se liberou dentro de mim, pois senti todo o seu
líquido quente tomar conta do meu interior.
Depois caiu por cima de mim, mas sem apoiar seu peso todo.
— Como assim?
— O que você ouviu, deixei isso ir longe demais. Você não
pode ficar aqui, Roberto.
Eu era idiota…
Mas não adiantava ficar daquela maneira. O importante
naquele momento era só levar a vida adiante, e era exatamente
aquilo que faria.
— Então, o que é?
— Oi, Pen.
— Como está?
— Tem certeza?
— E a senhora?
— Ainda bem.
— Pode deixar.
— Mas parece não estar bem, pois está até pálida. Vou te
levar ao médico.
Girei rapidamente, ficando muito próxima dele.
— Acho melhor não. Ela disse para eu não ir, então devo
curtir o resto desse dia em algum lugar.
— É por isso que vocês não estão juntos. Quando você tem
uma oportunidade de reconquistar a menina, você comete alguma
besteira.
— Estão no Cosmopolitan.
Claro que seria alguma bebida feminina.
Porra!
Aquele dia tinha sido dedicado às pessoas para começarem
a dar suas opiniões sem eu lhes ter perguntado algo?
Que inferno!
— Maldita — sussurrei.
E deixei o copo cheio com a bebida sobre o balcão, peguei
algumas notas dentro da minha carteira e deixei embaixo do copo.
Aquilo pagaria à minha bebida e a das mulheres, que jurei que
levaria para um motel e as foderia a tarde toda.
Caralho!
Eu deveria ter visto quem era primeiro, pois não queria ver
ninguém. Parecia que eu realmente tinha pegado alguma virose e
isso estava me fazendo muito mal e se tivesse que encarar alguma
gracinha de Roberto, eu seria capaz de pegar uma faca e jogar em
sua direção.
— Você não está nada bem. — Sua voz grossa ressoou pelo
ambiente silencioso e novamente eu senti um embrulho tomar meu
estômago.
— Ei, não vim aqui para isso. Vim para cuidar de você.
Tive que soltar uma gargalhada, mesmo que estivesse me
sentindo fraca.
— Eu não preciso…
E mais uma vez naquele dia, Roberto estava ali ao meu lado,
segurando meu cabelo e me apoiando para o caso de eu perder
minhas forças e cair.
***
Estava na cozinha, preparando uma canja para Penélope, já
que aquela era uma comida típica do Brasil, para quando alguém
estava doente.
— Para sua tristeza, não fui, e ainda fiz uma canja para ver
se para no seu estômago.
— Sim!
— Eu sei.
— Ao menos um elogio.
— Eu não quero.
— Roberto…
— Posso até ir, mas depois você vai embora daqui. Ok?
— Concordo!
Droga!
— Posso perguntar?
— Não!
E o médico só pode rir de nós e da forma que ficamos
quando ele perguntou aquilo.
— E você, mãe.
E o pior…
— Estarei aqui para te ajudar. É algo novo para nós dois, mas
vamos saber o que fazer. Na verdade, eu ajudei Beatrice a cuidar de
Sofia, então acho que saberei tomar conta de um bebê que será
meu.
Tirei meu dedo dos seus lábios e voltei, com a mesma mão, a
afagar seu rosto. O que levou Penélope a fechar os olhos e
reencostar um pouco mais da sua pele na palma da minha mão.
— Estou com medo — sussurrou e uma lágrima escorreu dos
seus olhos.
— Mas não vai, pois você sabe tanto quanto eu que quer
isso.
— Igual a você.
Aproximei-me ainda mais de Penélope, lentamente, até que
nossos lábios se tocaram e com calma, fui passando minha língua
por sua boca.
— Isso mesmo.
Assenti e no momento que fui me levantar para não ficar
muito perto de Penélope, senti meu celular vibrar, já que estava
dentro do bolso da minha calça.
“Tic, tac, o relógio faz tic e tac… você vai perder todos
que ama”
— Ele está meio paranóico com isso, mas não sei se existe
alguma necessidade para temer alguém que não tem nem coragem
de mostrar sua cara.
— Amiga, eu concordo com a paranoia dele. Marco está
querendo também contratar seguranças, pois ele não gostou nada
do que viu.
— Tudo bem!
E assim continuei com a aula para os pequenos, que
estavam mais quietinhos naquele dia. Provavelmente era devido ao
clima frio que estava e somente com aquecedor ligado para nos
sentirmos melhor.
— Então vamos.
— Claro!
— Prontos, papais?
— Bom, o feto está com boa saúde, mas ainda não dá para
saber o sexo. Agora vamos escutar o coraçãozinho?
— Por favor! — Penélope pediu, chorando.
— É sim, Pen.
— Vamos tentar.
Franzi meu cenho e tive que indagá-la:
— Tentar, o quê?
Abri meus olhos e tive que deixar o sorriso tomar conta dos
meus lábios.
Soltei um gemido, assim que ele levou seus lábios até o meu
pescoço e sugou minha carne com pouca cautela.
Não queria cair muito fácil em seu papinho, mas como não
faria aquilo? Quando estava começando a ficar cega para o mundo
e só conseguia pensar nele, ainda mais depois de estar esperando
um fruto da nossa safadeza.
Sua mão desceu para a barra do meu vestido e a subiu
levemente. Senti minhas bochechas corarem e mordi meu lábio
inferior. O que faríamos ali, seria algo completamente diferente do
que já tinha feito. Ainda mais com aquela vista, correndo o risco de
alguém nos ver daquela maneira.
— Eu adoro — respondi.
Mas não diria aquilo em voz alta, não por enquanto, pois o
medo de me machucar de novo era grande.
— Minha vez.
— E você terá.
— Só para me recuperar.
Caralho!
Aquela mulher iria me levar à loucura.
— Com certeza.
— Vamos.
— Safado!
— Prometo.
— Promete que vai ser fiel a mim.
O que eu faria?
— Estou bem!
— Ainda bem.
— Você?
— Onde?
— Oi, lindo!
Por fora a caixa parecia algo lindo. Era rosa, com alguns
desenhos de ursinho, completamente infantil, mas no interior tinha
algo horrível.
— Não sei, Pen. Mas eu vou descobrir e vou acabar com ela.
— Não vou permitir que façam. É por isso, que você está com
esses seguranças, para que nada de ruim aconteça com você, meu
amor.
— Roberto?
— Sim!
Ela colocou sua mão em sua barriga, que já estava um
pouquinho iminente e eu levei a minha por cima da dela. Já tinha
virado algo corriqueiro fazer aquilo. E estava realmente gostando
daquela proximidade que tínhamos conquistado em relação àquele
nosso envolvimento.
— Sim!
— Filha, acho que você escolheu o cara certo para ser o pai
do seu bebê. — Mamãe que tomou a iniciativa de voltar a falar.
— Meu medo sempre foi que você escolhesse errado o
homem que passaria ao seu lado pelo resto da vida.
— Papai, vamos com calma, pois Roberto e eu estamos
iniciando.
***
Estávamos todos dentro da sala da médica e ela estava com
um sorriso bobo, por ver que até os pais de Penélope quiseram nos
acompanhar para tentarem descobrir o sexo do nosso bebê.
— Sim.
— Pelo amor de Deus, fala logo.
O mundo congelou…
Tudo parou…
— Por quê?
— Preciso voltar à empresa.
— Te amo — sussurrei.
— Eu também te amo.
Corri até a sala de Beatrice e abri sua porta com tudo, ela
digitava algo no seu notebook, mas parou no mesmo momento que
viu o meu estado.
— O que aconteceu? — Levantou-se de sua cadeira e veio
até mim.
— Ela sumiu, eu tenho certeza de que ela sumiu, Beatrice —
gritei de novo.
— Levanta daí, nada deve ter acontecido com ela. Você não
pode ficar assim.
— Não consigo falar com ela, nem com seus pais. Já liguei
para a casa dos Lancaster, mas Eva me disse que não chegaram
lá.
— Alguma coisa aconteceu. Eu sinto que fui enganado para
estar aqui e deixar minha mulher à mercê daquela pessoa que
estava me ameaçando.
— Moça…
— Meu nome é Jaclyn.
— Claro. Jaclyn, por favor, solta a gente, eu juro que não vou
à polícia e nem nada. Nós não temos culpa do que aconteceu no
seu passado com os Valente. Eu juro, que não desejo mal a você
e…
Meu pequeno menino, que não tinha nada a ver com aquela
história e que talvez pudesse sofrer as consequências, por algo que
nem eu e nem meus pais havíamos feito. Na verdade, nem Roberto
e muito menos Beatrice eram culpados.
Droga!
Eu ainda tinha dito a Roberto, que deveria ser alguma mulher
que ele havia enganado, mas não imaginei que estaria certa. Até
porque era somente uma brincadeira que não era para ter um fundo
de realidade.
Estava quase soltando fogo pela minha boca. Senti uma mão
pesada em meu ombro e sabia que deveria ser Marco, que estava
ao meu lado.
— Então vamos.
— Não sabemos ao certo se é a localização exata, mas ao
menos é uma pista.
— Penélope — gritei.
E quando ouvi sua voz, eu senti como se meu mundo tivesse
voltado a girar, se meu coração tivesse voltado a bater, se tudo
tivesse tomado forma de novo.
— Tô aqui.
Subi as escadas e ouvi alguns homens subindo comigo. Não
estava me importando se me machucasse, só queria encontrá-la
bem.
Mas eu abri a porta e entrei, com Joel na frente para que não
acontecesse nada.
— Você acha mesmo que vou cair nesse seu papinho, Rob?
Não sou idiota de acreditar nas suas palavras, como antes, que jurei
que você me daria uma chance. Só deixei que entrasse para ver a
sua amada morrer.
— Não tem problema, meu amor. A culpa não foi sua. Estou
tão feliz por te ver aqui.
— Eu também te amo.
Epílogo
Assim que pisei fora da cama, a pessoa que não saía dos
meus pensamentos, apareceu no quarto.
— Amiga, parece que a cada dia que passa, você fica mais
linda.
— Eu também te amo.
Depois que Beatrice se afastou, eu olhei para aquele
apartamento cheio de gente, os amigos que levaríamos para a vida,
meu bebê em seu carrinho e sorri, realmente aquela era a vida que
eu sempre quis e teve uma época em que pensei que nunca iria
conseguir, mas consegui.
Fim