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CEO Indestrutível ©Copyright 2021 — C.J.

Yriel

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autora.

Está é uma obra de ficção qualquer semelhança, com nome,

pessoas, locais ou fatos será mera coincidência.

Revisão: Sonia Carvalho


SUMÁRIO
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Epílogo
MINHAS OBRAS
Sinopse
Na maioria das vezes, um homem que não dá valor às maravilhas
da vida, acaba perdendo suas preciosidades. Bem, eu era assim. E
foi exatamente por isso que perdi a mulher que provavelmente seria
o amor da minha vida. Se eu não tivesse feito tanta merda, já estaria
como meus amigos: amarrado a ela para todo o sempre.

Porém, eu a tinha reencontrado depois de algum tempo e agora


morando na mesma cidade que ela, não seria difícil nos
esbarrarmos.

Por isso, em uma noite regada à lembranças, talvez nos


deixássemos levar pelo sentimento que vivia dentro de nós e essa
noite poderia se tornar ainda mais séria quando Penélope aparece
grávida.
Aquilo podia ser um problema, mas que eu podia resolver. No
entanto, a vida reservava algo muito pior e a mulher que eu amava e
o filho que ela esperava estavam correndo perigo por minha culpa.
Capítulo 1

O silêncio reinava diante a mesa de jantar da casa dos meus


pais. Ainda não sabia o motivo que me levava a ter uma noite de
domingo normal com eles, já que sabia que eles repudiavam minhas
escolhas.

Mesmo a comida que Eva — a cozinheira da casa dos meus


pais — fazia, que era maravilhosa, não estava descendo por minha
garganta, só por sentir os olhares julgadores que meu pai me
direcionava.

Tinha certeza de que ele estava esperando somente um


deslize meu — como um olhar em sua direção, ou um pigarro —
para começar a falar as mesmas coisas de sempre: Você não
deveria estar trabalhando naquela escola medíocre, você
envergonha o meu nome, você é a filha que nunca quis ter.

Aquelas palavras me machucavam mais do que qualquer


pessoa podia pensar, no entanto, não deixava transparecer para
quase ninguém, pois ainda tentava parecer mais forte do que era.

Depositei os talheres ao lado do prato e encarei meu pai. Só


aquilo faria com que a sensação de estar sendo julgada passasse. E
foi só ele perceber que eu o encarava que começou.

— Como está seu trabalho naquela escola?


Tirei meus olhos dele e observei minha mãe, que sempre
ficava do seu lado e nunca chegava a me defender. Ela limpou a
boca com o guardanapo e esperou que eu respondesse.

Talvez eu pudesse considerar meus pais como duas cobras


peçonhentas, que não mereciam meu amor, mas eu ainda era boba
demais e os amava mais que tudo e não queria romper a nossa
ligação.

Não, quando eles eram as únicas pessoas que eu tinha para


chamar de família. Claro, que havia mais pessoas para eu amar,
como minha melhor amiga, Beatrice, mas mesmo assim eu ainda
queria o amor dos meus pais para mim.

E ainda tinha esperança de que um dia eles me aceitassem


da forma que escolhi ser. Não era porque tinha dinheiro de sobra,
que não podia ser professora em uma escola. Meu pai queria que
eu fosse uma bancária como ele, que cuidasse dos bancos da
nossa família, só que não nasci para aquilo.
Meu sonho era lecionar para crianças e exatamente por isso
que estava vivendo do trabalho que exercia em uma escola de
ensino infantil. Aquilo era o que eu amava fazer, me fazia feliz, e
com que eu tivesse vontade de viver ainda mais.

— Está ótimo, papai. As crianças são uns amores que fazem


os meus dias ainda mais alegres.

— Uma vergonha — resmungou.

— Não sei por qual motivo, papai.

— Você sabe muito bem o motivo, Penélope. A vontade que


tenho é de tirar seu nome do meu testamento só para lhe dar uma
lição. — Alterou sua voz na última parte, fazendo com que
provavelmente os empregados ouvissem pela casa.

— Papai, se o senhor quiser me tirar do seu testamento e


doar toda a sua herança, pode fazer. Não me importo com um real
que venha do senhor, só quero ser feliz com a profissão que eu
escolhi. Não adianta me ameaçar, não vou mudar minha decisão,
porque o senhor está sendo preconceituoso.

Levantei-me da cadeira em que estava, joguei o guardanapo


na mesa e continuei:

— Mais um dia que o senhor consegue estragar nossos


jantares juntos. Vou acabar parando de visitar vocês, já que pelo
visto não se importam se venho ou não. Só se importam com a
minha profissão, sendo que não tem nada de errado com ela.

— Penélope… — Minha mãe tentou dizer algo, mas acabei


acenando em sua direção para que parasse.
— Não precisa dizer nada agora, mamãe. A senhora também
nunca está do meu lado. — Olhei para os dois e murmurei: — Boa
noite!

Saí batendo o pé, de uma forma bem revoltada, peguei minha


bolsa que estava em cima do sofá da sala e saí da mansão dos
meus pais.
Jackson Lancaster era um bancário conhecido mundialmente,
devido à sua rede de bancos ser famosa, e por uma mera besteira
do destino eu acabei sendo sua filha. O problema não era aquele, o
ponto da questão era que meu pai não aceitava a escolha de
ninguém e queria que tudo fosse do seu jeito.

Algo que eu não aceitava de forma alguma.

Entrei em meu carro comum — outra coisa que meu pai


odiava —, e parti em direção ao meu apartamento. Jackson queria
que eu fosse a filha exemplo, que esbanjava dinheiro, gastasse sem
motivo, que fosse uma famosa “patricinha” e eu não conseguia ser
daquela maneira.

Nunca gostei de esbanjar dinheiro, muito menos de deixar as


pessoas saberem que eu era herdeira de um homem poderoso.
Muitos interesseiros se aproximavam das pessoas somente por
causa de dinheiro e aquele era o mal do mundo.

Aquela pequena palavra “dinheiro” destruía nações, vidas,


famílias e qualquer relacionamento. Por isso, eu preferia ser
desconhecida a usar o meu dinheiro para ganhar coisas e até
mesmo para ser promovida para algo.
Dinheiro não era nada comparado com a vida que podíamos
viver. Claro que precisávamos do básico para vivermos, até porque
alimentação e contas só eram pagas com aquele maldito dinheiro.

No entanto, as pessoas tinham que aprender que não


precisávamos esbanjá-lo para sermos felizes.
Ganhei as ruas de Londres com meu carro e logo estava
chegando ao meu prédio. Estacionei em minha vaga e subi pelo
elevador, que por um milagre, parecia estar me aguardando.

Entrei em meu apartamento e respirei fundo, assim que ouvi


o silêncio que apreciava. Depois do casamento de Beatrice, eu tinha
perdido a minha companheira de casa e mesmo que sentisse falta
dela e de Sofia, gostava da paz que encontrava quando voltava para
casa.

Uma paz que mesmo sendo maravilhosa, tinha vezes que me


deixava meio depressiva.

Sim, eu era meio controversa. Amava a paz, mas também


odiava a solidão.
Sim, aquela maldita, que às vezes me deixava triste e meio
depressiva, por estar só no mundo.

Uma solidão que ainda me fazia mal.


Tinha vezes que dava vontade de ganhar o mundo e
esquecer-me de tudo que estava para trás. Só para poder me
enganar e não lembrar que eu vinha de uma família tão disfuncional,
que era tão sozinha e que ninguém ligava para mim.

Dramática!
Era assim que eu também poderia ser conhecida. Uma
grande dramática, que só sabia lamentar sobre a vida e tudo mais
que poderia vir por aí.

Tirei meus sapatos e os larguei em um canto. Caminhei até o


sofá e me joguei no acolchoado do móvel, tentando parar de pensar
no caminho que a vida tinha tomado.
Ainda estava perdida nos meus pensamentos, quando meu
celular tocou e acabou me assustando. Afinal, estava
completamente concentrada no amontoado de pensamentos que
haviam tomado minha mente.

Assim que vi o nome no visor, senti meu sorriso se abrir. Ao


menos, Beatrice conseguia fazer com que eu me sentisse melhor,
mesmo estando longe.

— Alô? — atendi.

— Como está a minha amiga linda?


Mentir! Era o que eu podia fazer.

— Ótima, e você?

— Ótima também.

— A que devo a honra dessa ligação? — indaguei. Afinal,


pelo que me lembrava, não tínhamos marcado nada e para Beatrice
me ligar em um domingo à noite, provavelmente havia acontecido
algo.
— Assim acabo me sentindo importante.

Beatrice fez manha.


— Você é importante na minha vida — comentei.

— Ah! Você é tão linda, amiga.

— Larga de ser idiota, Beatrice e diz logo o que quer.

— Ok! Sua chatinha. Tô ligando pra te lembrar que amanhã


vamos comemorar o aniversário do Marco, não esqueça. Será um
jantar normal, mas só para não passar em branco.
Fechei meus olhos e evitei suspirar fundo, pois não queria
que ela percebesse que eu havia me esquecido por completo
daquele compromisso.

— Claro, amiga. Eu já estava lembrando. Estarei aí.

— Você está bem mesmo?

Infelizmente Beatrice percebia as coisas muito rápido, mas eu


continuaria mentindo para ela, para não incomodá-la com meus
problemas. Ainda mais que ela estava vivendo uma parte tão
importante da sua vida, com o seu amor.

— Sim, está tudo ótimo.

— Que bom! Fico muito feliz por saber disso.

— Estarei aí amanhã.

— Fico te aguardando.
Assim que ela encerrou a ligação, depositei meu celular ao
meu lado e daquela vez deixei que o suspiro audível escapasse por
meus lábios.

Eu adorava fazer alguma resenha com meus amigos, ainda


mais quando eles eram tão importantes. Só que daquela sairia uma
coisa ruim: eu teria que ver Rob, o irmão da minha melhor amiga.

O homem que eu até podia enganar o mundo, mas que fazia


o meu coração bater mais rápido que o normal.

O quanto eu podia evitá-lo eu fazia, mas infelizmente na


maioria das vezes nos esbarramos e quando aquilo acontecia eu
quase perdia o controle.

Porém, eu tinha que agradecer à minha mente por me


lembrar o quanto Rob era idiota, mulherengo e não merecia um
minuto da minha atenção.

E era aquilo que iria fazer, tirá-lo do meu pensamento, antes


que me lembrasse de tudo que vivemos no passado. Algo que não
poderia acontecer no presente e nem no futuro.

Senão eu seria novamente uma mulher quebrada por um


homem que não valia nada.
Capítulo 2

Abri os olhos e respirei fundo.

Mais um dia que eu teria que vestir a máscara de homem de


negócios e ir para a empresa que amava. Sim, mesmo que
estivesse me sentindo, nos últimos tempos uma pessoa sem muito
sentido na vida, ainda amava a minha empresa, e mesmo que
estivesse entediado de ser um CEO, ainda queria continuar sendo
um homem exemplar nos negócios.

Eu amava o que fazia, só estava precisando de um pouco de


distração e nem o sexo que fazia diariamente com uma mulher
diferente a cada noite, estava fazendo com que eu me sentisse bem
e motivado para continuar trilhando meus passos na empresa.
Soltei mais uma respiração forte e tomei impulso para
levantar da cama. Sentei-me na beirada do móvel e fiquei parado
por um tempo, observando minha imagem refletida no espelho que
havia logo à frente.

Só precisava de um pouco de ânimo para voltar a ser o Rob


de todos os tempos.

Saí da cama, parti para o banheiro, precisava de uma ducha


rápida, para acordar meu corpo e tirar o desânimo. Assim que fiz
todo o meu processo de higiene e também tomei banho, voltei para
o quarto, como havia vindo ao mundo.

Nu… completamente nu, e fui até o armário pegar um terno.

Era segunda-feira e minha agenda estava cheia de


compromissos. Ao vir para Londres, pensei que minha carga horária
diminuiria um pouco, mas parecia ter aumentado drasticamente.

Terminei de me arrumar e parti para fora do quarto. Peguei


meu celular e abri logo minha agenda, para saber o que devia fazer
primeiro. Passei o dedo pela tela e percebi que hoje era o jantar em
comemoração ao aniversário de Marco.

Mais um compromisso que não podia perder, mesmo que eu


soubesse que ali eu poderia encontrar uma pessoa que me deixava
irritado ainda mais do que eu estava.

Penélope, tinha o poder de me deixar completamente


desnorteado, e ela tinha que ser a melhor amiga da minha irmã.
Aquilo realmente era uma grande merda, pois quanto mais tentava
fugir de sua presença, mais ela estava ali para me perturbar.
Aquela mulher tinha sido um alívio em minha vida, na época
em que vivemos nosso romance secreto, mas eu acabei estragando
tudo — tinha que admitir que tudo acabou por minha culpa —, já
que ela me pegou com outra na cama.

Vivemos um romance passageiro, mas foi algo tão forte, que


eu tinha certeza de que se tivéssemos continuado juntos, eu estaria
como meus outros amigos, completamente rendido por ela. Algo
que não gostava nem de pensar, pois jurei para mim mesmo, que
nunca me envolveria tão profundamente com ninguém, para chegar
ao nível daqueles idiotas apaixonados.

Na época em que vivíamos nosso romance secreto, eu não


tinha maturidade suficiente para ter um relacionamento, e hoje eu
não queria nada sério com ninguém. No entanto, aquilo eram águas
passadas e hoje eu não suportava ficar mais de meio segundo perto
daquela mulher, sem ter vontade de esganá-la.

Penélope me irritava, me deixava irado e ainda me fazia


sentir um tesão que eu não sentia por nenhuma outra mulher.

Não podia negar que ela era gata demais, gostosa demais,
uma mulher com expressão inocente, mas que eu sabia bem o fogo
que tinha na cama. Só que era só aquilo que eu sentia por ela,
então eu podia muito bem me controlar, para não ter que fazer
merda de novo com ela.

Sem contar que Penélope me odiava tanto, que eu tinha


certeza de que ela seria a primeira pessoa a escolher minha morte,
se tivesse essa opção em algum julgamento imaginário.
Saí dos meus devaneios e fui para o trabalho. Era melhor
focar minha mente em algo útil, do que ficar pensando asneiras.

Assim que cheguei à sede da Amarílis de Londres, não tive


tempo, nem de ir à sala do meu amigo parabenizá-lo por seu
aniversário. Tive que ir o mais rápido que pude para uma reunião
importante com alguns investidores e passei a manhã toda, com a
bunda pregada em uma cadeira, ouvindo palavras desnecessárias,
mas que era obrigado a aguentar para ter mais uma pessoa
acreditando em nossa empresa e deixando meus amigos e eu ainda
mais ricos.
Quando a tela da teleconferência foi desligada, senti um
pouco de paz tomar meu peito. Um leão do dia, eu havia matado,
faltavam mais alguns, que eu os destruiria como sempre fazia.

Levantei-me do lugar que estava, abotoei o casaco do terno e


saí da sala de reuniões. Por sorte, encontrei Marco no meio do
caminho. Meu amigo parecia mais feliz a cada dia e eu sabia bem o
motivo. Ele havia conquistado a minha irmã, a mulher que ele
sempre amou e que tinha até mesmo uma filha com ela.
— E aí, cara?! — cumprimentei-o.

Ele pegou na minha mão estendida aceitando o cumprimento.

— Oi, cunhadinho!

Revirei os olhos, mas deixei sua implicância de lado.


— Parabéns! — murmurei.

— Obrigado! Você era o único que faltava.


Provavelmente ele se referia a Henrique e a Joca.
— Digamos que eu tinha muito trabalho essa manhã e não
podia ficar fofocando com as mariquinhas.

— Não somos fofoqueiros.

— São sim, e são ainda piores do que as mulheres de vocês.

Marco fez uma expressão de puro sarcasmo e acabou


comentando:
— Não precisa ficar com inveja, amigo. Logo você terá uma
também.

Balancei minha cabeça em completo desdém e finalizei:

— Vou voltar ao trabalho, já que não sou obrigado a escutar


essas coisas. Mais tarde apareço na sua casa.

— Acho melhor mesmo. Senão a sua irmã vai te matar.


— Pra variar!

Afastamo-nos, enquanto aquele idiota gargalhava de mim.


Talvez eu fosse algum motivo de piada para ele e os outros idiotas
que eram donos daquela empresa, mas eu não me importava nem
um pouco com aquilo.
Fui para minha sala e continuei trabalhando, pois era a única
coisa que eu tinha para fazer. Eu quase nunca saía para curtir
algum lugar, a única coisa que fazia era ir da empresa para casa,
encontrava alguma mulher por algum aplicativo — eu sabia que
essas coisas podiam dar muito errado, porém era a opção que eu
tinha, já que não possuía tempo suficiente para procurar uma
mulher em um lugar comum, como em um bar, shopping, boate e
por aí vai... —as levava para o meu apartamento, as fodia e no outro
dia era a mesma coisa... da empresa para casa, de casa para a
empresa.

Rob, um bosta de um workaholic do caralho. Era assim que


eu deveria ser conhecido.
O dia passou como um furacão e quando vi já estava no final
do expediente, a quentinha que havia pedido no almoço, ainda
estava aberta sobre a minha mesa e eu não tinha provado metade
da comida, só pela quantidade de trabalho que tinha para fazer.

E ainda tinha coisas em aberto, mas deixaria daquela forma


para o outro dia. Precisava ir ao jantar que minha irmã estava
preparando para seu marido, senão eu teria que ouvir as piores
ofensas do mundo.

Saí da empresa, entrei em meu carro e parti rumo à casa de


Beatrice e Marco. Só esperava que aquele dia Penélope não
estivesse tão rabugenta, senão acabaríamos mais uma vez
trocando algumas farpas.
Capítulo 3

Estava parada perto da janela, observando o jardim da casa


da minha amiga. Eles tinham se mudado para uma mansão enorme
demais, para uma família pequena. No entanto, não seria eu a falar
aquilo para ela.

Tomei um pouco do meu champanhe e continuei olhando o


jardim. Talvez eu estivesse evitando encarar a porta, para que não
visse o meu pior pesadelo entrar. Ao menos era assim que eu
considerava Roberto. Ele sempre tinha um jeito idiota de acabar
com a minha vontade de curtir as coisas.
Ele sabia os meus pontos fracos e eu só podia evitá-lo, para
tentar me manter inteira e não me transformar em uma mal-
educada, ainda mais na casa dos meus amigos, que não mereciam
que suas festas fossem estragadas por minha culpa.

— Talvez eu pagasse uma fortuna para saber seus


pensamentos — Beatrice comentou assim que parou ao meu lado.

Olhei para minha amiga, que me encarava com um sorriso


estonteante. Eu a admirava demais, por ter conseguido ter o que
sempre quis e aquilo se resumia em seu final feliz. Ela e Marco se
mereciam e eu só podia agradecer por eles serem feitos um para o
outro.

Depois de tanto sofrimento, eles se reencontraram e


conseguiram enfim se amarem como deviam.

— Só estou tentando evitar virar uma bomba.

Beatrice revirou os olhos e encarou atrás de mim.

— Então continue assim, porque a razão das suas bombas


chegou. No entanto, ele é meu irmão, eu o amo e você precisa se
manter calma, mesmo se ele te irritar.

— Irei tentar, em respeito à sua casa.

— Obrigada! — agradeceu, enquanto segurou minha mão


com força e depois se afastou.

Provavelmente para ir conversar com aquele idiota.

— Oi, tia Pen.

Olhei para Sofia que tinha parado ao meu lado e sorri para
ela, aproveitando para me abaixar ao seu lado, e ficar da sua altura
para poder cumprimentá-la.
— Oi, minha princesa. Terminou seu banho?

Dei uma batidinha com meu dedo em seu nariz e ela soltou
uma gargalhada. Eu amava crianças, e era exatamente por aquele
motivo, que havia me tornado professora. Já que amava lecionar
para meus pequenos. Era uma pena que meus pais não entendiam
o meu amor por minha profissão.

— Terminei.

Sofia abriu seus bracinhos e me deu um abraço apertado. Eu


me sentia em repleta paz, quando recebia aqueles abraços fortes
daquela pequena menina.

Assim que me soltou, ela correu para o lugar onde estavam


os outros convidados e foi impossível não levar meus olhos para o
local e acabei ignorando todos que estavam presentes.

A porra do meu olhar caiu diretamente sobre Roberto e claro


que ele também estava me encarando, como se fosse um felino
pronto para atacar sua caça. No entanto, eu nunca mais cairia no
seu papinho de merda.

E para foder ainda mais com o meu humor, o meu pior


pesadelo começou a caminhar em minha direção. Ajeitei meu corpo,
pronta para confrontá-lo, caso precisasse.

— Boa noite, Penélope. — A voz grossa que ele sabia que


mexia comigo, ressoou por meus ouvidos e fez com que minha pele
se arrepiasse.

Era ódio, só podia ser… Ódio puro que eu sentia por ele.
— Não digo o mesmo para você, Roberto… — Estendi o seu
nome em minha voz, pois sabia que ele odiava quando o chamavam
daquela forma.

Ele engoliu em seco e pegou uma taça de uísque que estava


passando na bandeja do garçom.

— Por que ser dessa maneira?

— E por que não ser?


— Podíamos tentar viver o hoje e esquecer o passado.

Levantei meu nariz e o encarei.

— Eu nunca vou esquecer o que me fez, Roberto.

— Era um idiota que só pensava em mulher, você sabe muito


bem disso. Esqueça que te traí, esqueça que me pegou na cama
com outra. Na verdade, não tínhamos nada sério.
Não podia acreditar que ele tinha me dito aquilo. Não podia
acreditar realmente que aquele imbecil tinha me dito aquilo.

Tentei segurar todo o ódio que corria por minhas veias e


respondi, sem nem gritar, para que não chamasse a atenção dos
outros para nós. Ainda mais que os sócios e amigos de Marco
estavam presentes, juntamente com suas esposas. Não passaria
aquela vergonha por causa daquele idiota.
— Em algo eu posso concordar com você: realmente idiota é
um apelido que combina bem com você. No entanto, quando se diz,
te amo para uma mulher é para valer, e não para que ela te
encontre na cama com outra. Enfim, são realmente águas passadas
e eu não me importo com você. Por mim, se você se lascasse eu iria
adorar.

Ele iria falar mais alguma coisa, porém não permiti que aquilo
continuasse. Prometi que não faria nenhuma idiotice naquele dia e
era exatamente o que aconteceria, eu não faria nenhum escândalo.
Só que eu não disse nada, em relação a ir à cozinha e começar a
beber toda a bebida que tinha disponível ali.
Virei taças e mais taças de champanhe, só para controlar o
meu ódio. Mas o meu pior problema, era que o álcool me afetava
muito rápido, ainda mais quando estava de estômago vazio. Só que
não me importava, eu precisava de mais álcool.

Por fim, peguei uma garrafa de uísque e saí pela porta que
levava para o jardim que eu amava.

Talvez eu precisasse pedir uma substituta amanhã para meus


alunos, já que eu não estaria nada bem no outro dia.

Mas deixaria para pensar naquilo depois, eu só queria encher


a minha cara e esquecer o quanto eu tinha uma vida de merda.
Pais que não me apoiavam em nada.

Um cara que eu tentava esquecer, mas que ainda amava e


que sempre me perturbava.
E eu ainda queria que ele arrancasse minha roupa, todas as
vezes que discutíamos.

Ódio…
Ódio eu tinha de mim, por ser fraca e deixar me rebaixar por
Roberto…
Eu só queria que minha vida mudasse…

Só queria ter um motivo para ser feliz.

Um motivo que fizesse com que eu esquecesse todos os


pontos ruins que cercavam minha vida. Acabei mudando o meu
caminho e indo para o celeiro que minha amiga tinha em sua casa,
ao menos lá eu me esconderia da noite fria e poderia tomar aquela
garrafa todinha de uísque sozinha.

Ao menos com a bebida, esqueceria a minha vida por


algumas horas...
Capítulo 4

Todos conversavam, sorriam e contavam algum tipo de piada


que até tentei prestar atenção. Só que eu não conseguia tirar meus
olhos da entrada da cozinha por onde Penélope tinha entrado há um
bom tempo e ainda não havia voltado.

Aproximei-me de Beatrice e sussurrei em seu ouvido:

— Por acaso você viu onde sua amiga se meteu?

— Como assim?
Ela me encarou e eu segurei seu braço a levando para um
canto.

— Penélope e eu tivemos as nossas discussões novamente,


mas dessa vez conseguimos nos controlar. Só que depois ela foi
para a cozinha e não voltou mais.

— Droga!

Beatrice saiu em direção á cozinha e eu aguardei, para não


fazer muito alarde. Afinal, o pessoal já deveria ter percebido que
alguma coisa estava errada. Voltei-me na direção dos poucos
convidados, que se resumiam aos meus amigos e suas esposas,
que estavam de passagem por nossa cidade e sorri para eles.

— Aconteceu algo? — Marco indagou.

— Não, está tudo sob controle.

— Você parece meio pálido, Rob — Henrique comentou, com


um sorriso sacana em seu rosto.
Aquele homem podia até negar, mas adorava uma boa treta
para se meter.

— Como eu disse, está tudo sob controle.

— Aposto que tem a ver com a amiga de Beatrice. — Foi a


vez de Joca se intrometer.

Revirei meus olhos e depois apontei meu dedo do meio para


eles. Agradecendo a Deus pelas crianças estarem distraídas
brincando.

Dei as costas para eles e caminhei até a cozinha, pronto para


falar poucas e boas para Penélope, já que havia ficado estressado
com aquilo. Como ela sumia daquela forma sem nem mesmo
avisar?
Assim que entrei na cozinha, encontrei Beatrice um pouco
desesperada.

— Ela sumiu, Rob! — Sua voz estava um pouco trêmula e


eu… ah, eu estava arrependido de tudo que tinha dito mais cedo.
— Beatrice, se acalme. Irei achá-la. Não precisa se
preocupar, vá até seus convidados e curta a sua noite.

— Como vou fazer isso, sendo que minha melhor amiga


sumiu em minha casa?

Minha irmã era um pouco dramática, então ela estar quase


chorando, era extremamente normal.

— Eu vou procurá-la.

— Você vai piorar as coisas.

— Beatrice, eu sei que sou um idiota em muitas coisas, mas


te prometo que não vou lhe decepcionar.

— De verdade?

— Sempre!

Beijei a testa da minha irmã e caminhei para fora de sua


casa, tentando encontrar Penélope o mais rápido que podia. Não
estava a fim de demorar um pouco mais de tempo, até porque a
noite estava fria e aquela maluca podia se resfriar.

Procurei por todo o jardim, que ela tanto amava, mas não a
encontrei. Suspirei fundo e olhei para o céu, que estava com uma
fisionomia meio bizarra. Ou iria cair uma chuva, ou a frente fria iria
piorar o que podia fazer com que Penélope ficasse doente do lado
de fora de casa.

Olhei para todos os lados e não encontrei a mulher, mas acho


que provavelmente deveria ter recebido um sinal divino, pois assim
que pensei em desistir e chamar todos para me ajudarem, olhei em
direção ao celeiro que minha irmã tinha em sua casa.
Pensei por um momento se devia caminhar até ali, mas
decidi que era a melhor opção. Por isso, segui em direção ao lugar e
assim que entrei em seu interior percebi que estava certo.

Ao longe, pude ver Penélope sentada sobre alguns montes


de feno e uma garrafa de uísque em sua mão, enquanto ela olhava
para algum lugar indecifrável.

Aproveitei para pegar meu celular e mandar uma mensagem


para minha irmã:

Roberto: Achei a Penélope. Só não vou levá-la de volta,


pois está um pouco alterada com a bebida. Vou levá-la para
casa.

Beatrice: Só não faz nenhuma idiotice. Confio em você.

Guardei o celular dentro do meu bolso e voltei a caminhar em


direção a Penélope. Assim que ela ouviu os passos se
aproximarem, olhou por cima do ombro e murmurou:
— Lá vem o estraga-prazeres acabar com minha noite.

A voz de Penélope estava meio lenta e era perceptível que a


embriaguez havia tomado seu corpo por completo.

Aquela noite seria tensa… eu tinha certeza.


Capítulo 5

Roberto se aproximou lentamente de onde eu estava e tive


que revirar meus olhos, dando mais um gole na bebida que estava
dentro daquela garrafa, que eu até tinha começado a achar
bonitinha depois de um tempo.

Talvez eu estivesse bêbada o suficiente para começar a ter


algumas alucinações meio estranhas.

— O que tá fazendo aqui? — Minha voz estava arrastada e


eu tinha certeza de que a ressaca seria tão grande no dia seguinte,
que eu nem daria conta de ir para a escola dar aulas para meus
alunos.

— Você preocupou minha irmã.


Abaixei minha cabeça, para não ficar encarando demais
Roberto, até porque aquele homem era lindo demais para ficar
sendo muito observado. Logo ele começaria a se achar e eu não
estava com paciência para aguentar o Roberto e todo aquele sexy-
appeal que ele tinha.

— Beatrice vai entender meus motivos. Não sou obrigada a


ficar bem sempre.
— Ninguém tem que ficar bem sempre, mas podia tentar
evitar fazer algum tipo de burrada, ainda mais quando envolve
álcool.

— Ah, então está aqui para me dar lição de moral?

Fiquei com a garganta travada, porque eu realmente não


queria estar tendo aquela conversa com Roberto. Ainda mais com a
pessoa que eu queria evitar mais do que tudo.

Era principalmente por ele que eu estava ali: Isolada de todos


e querendo encher minha cara para tentar esquecer todas as
merdas que a vida nos dava.
Roberto se sentou ao meu lado e a porra do seu perfume
parou em meu nariz. Aquele homem era tão sedutor que acabava
me deixando com vontade de atacá-lo, mesmo quando não estava
tentando fazer nada comigo.

— Vou te levar para casa, Penélope.

— Ah, mas não vai. Ninguém manda em mim, eu vou ficar


aqui e vou continuar enchendo minha cara.
— Infelizmente isso deixou de ser uma escolha sua, quando
você perdeu o controle da situação.

— Eu não perdi nada.

Levantei minha mão livre e levei meu indicador até o seu


nariz.

Roberto não ficou em nenhum momento mexido com o que


fiz. Ele segurou meu dedo e o abaixou, como se eu não tivesse feito
nada. Logo, ele se levantou e me puxou, mas eu fiz força para não
ser arrastada dali e ainda usei de golpe baixo com ele.

— Me larga, senão irei gritar e você não vai poder se


defender. E ainda vou dizer que está abusando de mim.

No mesmo momento Roberto que soltou minha mão, caí


sentada sobre o feno e me arrependi no mesmo instante de ter dito
aquilo. Até porque assim que olhei a expressão do homem que
estava à minha frente eu soube que tinha feito merda.

— Eu nunca fiz nenhuma idiotice do tipo para que você


falasse algo assim. Sabe muito bem o quanto tento não ser nem um
pouco abusador, para que você fale algo desse tipo.

— Eu sei, Roberto. Me desculpe!


Ele levantou suas mãos e começou a se afastar.

— Tentei te ajudar, mas acho melhor chamar a Beatrice. Não


tenho paciência para cuidar de gente infantil.

Ele me deu as costas e meus olhos desceram para sua


bunda. Caralho!
Aquele homem era um perfeito tesão, só que naquele
momento eu tinha era que impedir que ele se afastasse, mesmo que
estivesse parecendo uma bipolar que nunca decidia o que queria.

— Roberto — chamei, tentando me levantar novamente.

— Eu vou pra casa com você. Mas não é para tentar nada, tá
bom?

Ele me encarou por cima do ombro e sorriu de lado… a porra


do sorriso que acabava com qualquer pensamento coerente.
Com aqueles lábios desenhados e prontos para me deixarem
completamente rendida e com a calcinha molhada por ele.

Droga!
Eu precisava urgentemente parar de pensar naquilo, pois não
podia me entregar daquela forma para um cara que não merecia a
minha submissão.

— Não pretendo fazer nada com uma pessoa que não está
inteiramente aqui.

Foi o que saiu de sua boca.

E eu assenti.
Em seguida, estendi-lhe minha mão, para que ele me
conduzisse até seu carro, pois não estava dando conta de andar por
conta própria.

E claro que para me deixar ainda mais constrangida, Roberto


ignorou minha mão e me pegou em seu colo, quase fazendo com
que eu deixasse a garrafa de bebida cair da minha mão.
— Não precisava disso — rosnei.

— É sempre bom te ter em meus braços, Penélope.

— Se for para falar umas idiotices dessas, é melhor me


deixar ir caminhando.

No entanto, não relutei com mais nada. Só deixei que ele me


conduzisse pelo caminho. Deitei minha cabeça em seu ombro e
nem vi o momento que Roberto me colocou no carro, já que eu caí
no sono e só vi alguns relances do que estava acontecendo.
Ele me tirou do carro…

Colocou-me em um lugar fofo…


E depois disso…

Eu apaguei!
***

Um perfume delicioso inebriava meu olfato e eu não sabia de


onde vinha. No mesmo momento que eu sentia aquele cheiro
perfeito, senti uma pontada insuportável na cabeça e me senti
obrigada a abrir os olhos para ver o que estava acontecendo.

Assim que consegui identificar onde eu estava, sentei-me


imediatamente na cama.

O que eu estava fazendo naquele lugar?

Eu não precisava ser uma mestra para saber que estava no


quarto de Roberto. Já que desde que ele havia mudado para
Londres, eu conhecia seu apartamento. Não por eu ter ido ali
diversas vezes, o que não é o caso, já que não tinha ido nenhuma
vez, mas sim, por vê-lo postando muitas fotos em suas redes sociais
naquele lugar.

E talvez… eu observasse bem todo o ambiente. Não que eu


tivesse algum tipo de interesse em Roberto, mas era inevitável não
olhar alguma postagem sua, minuciosamente, principalmente para
ver se aparecia alguma mulher com ele.
O que também nunca foi o caso, já que as únicas mulheres
que apareciam em suas redes sociais eram Beatrice e Sofia.

Olhei para o meu corpo, assim que bateu a realidade de eu


estar na casa daquele homem e vi que ainda estava com a roupa da
noite passada.

Uma tranquilidade bateu sobre mim, já que vindo de Roberto


não dava para confiar em nada.

Saí da cama, assim que percebi que ele não estava ali, e
também não tinha sinal dele no corredor.
Mas o cheiro que havia me acordado, era de comida e eu
segui pelo caminho de onde aquele cheiro vinha.

Antes de entrar na cozinha, passei pela sala e ela era


extremamente organizada e eu tive que sorrir com aquilo. O seu
jeito completamente controlador com organização nunca havia
mudado.
Saí dos meus devaneios, voltei a caminhar até a cozinha e
logo encontrei o homem que mesmo eu tentando evitar ainda mexia
com meu discernimento.
Roberto estava com calça de moletom, na cor azul, sem
camisa, deixando os músculos das suas costas todos expostos na
direção que eu estava. Usava um fone de ouvido, que
provavelmente estava conectado com o celular que estava sobre a
ilha que dividia a cozinha.

Aproximei-me lentamente do lugar e fiquei parada, perto do


aparelho, e eu percebi que mesmo depois de muito tempo o gosto
musical daquele homem não havia mudado.

Só que ele teria que me enxergar logo, já que eu não estava


gostando de estar na sua casa e eu podia ter bebido todas a noite
passada, mas me lembrava de tudo e ele disse que me levaria para
a minha casa.

Assim que vi a música que começou a tocar, lembrei-me de


quando Roberto cantou para mim e tive que fechar meus olhos para
não deixar que as lembranças me tomassem.

Aquela música ainda mexia comigo, e eu não podia nem ler o


nome de “You - Switchfoot” que eu quase desabava.

No momento que pensei em clicar em pausa, para que


Roberto percebesse que eu estava ali, ele se virou com uma
frigideira na mão e lá eu vi bacons com ovos mexidos e ele levou
um susto ao me ver ali.

Tirou um fone do ouvido e murmurou:

— Aprendeu a entrar de forma sorrateira nos lugares?

— Não tenho culpa de você estar ouvindo músicas na hora


que cheguei.
Roberto depositou a frigideira sobre a proteção indicada e
questionou:

— Dormiu bem?

Elevei minha sobrancelha e murmurei:

— Eu que tenho que te perguntar isso, não acha?

— Como vou saber se você dormiu bem?

Roberto se fez de desentendido e eu tive que descer meu


olhar do seu e deixar que parasse em seu peitoral. Aquele homem
devia ser proibido de ficar daquela maneira, os seus pelos deixavam
seu peito mais sexy e a vontade que tinha era a de agarrar aquele
filho da mãe ali mesmo.

— Roberto, o que estou fazendo aqui?

Ele soltou um suspiro e respondeu.


— Sua chave ficou na casa da Beatrice, não tinha como
entrarmos no seu apartamento, então te trouxe para cá.

— E se aproveitou de mim? — gritei.

— Você só pode estar ficando maluca. Eu não me aproveitei


de você. Pode ficar tranquila, Penélope. Dormi no quarto de
hóspedes. Desde ontem você está com essa história de eu abusar
de você.

Novamente percebi que tinha dito idiotices.

— Acho que estou um pouco alterada.

— Eu também acho, mas é melhor você ir embora.


Encarei-o como se não acreditasse que ele tivesse feito
aquilo.

— O quê?

— Isso que você ouviu, Penélope. Estou cansado de discutir


com você, então suma da minha casa. Eu até tinha feito café da
manhã para você, mas só que a senhorita não merece nada. Saía
daqui.

Ele estava falando sério e eu não acreditei que ele estivesse


sendo tão grosso daquela maneira. Provavelmente eu o tinha
chateado realmente.

Roberto, mesmo depois de tantas brigas, nunca havia me


expulsado de lugar algum, mas daquela vez parecia sério.

— Roberto, eu…

— Não quero saber, Penélope.

Ele contornou a ilha, segurou meu braço delicadamente,


caminhou até a sala, pegou meu celular e em seguida caminhou até
a porta.

Depois de abrir, me colocou do lado de fora e entregou meu


celular.

— Tchau!

E por fim bateu a porta na minha cara.

Senti minhas bochechas esquentarem de puro ódio e logo


decidi sair daquele lugar, pois estava com vergonha de mim, por ter
me prestado a passar por aquilo.
Comecei a caminhar em direção ao elevador e jurei que
evitaria aquele idiota pelo resto da vida.

Ele não merecia nem mesmo um oi…

Nada!

E era isso que teria de mim a partir daquele dia… nada.


Capítulo 6

Assim que fechei a porta me arrependi no mesmo momento.


Sentia até uma careta se formando pelo que eu tinha feito.

Eu nunca agi com ninguém de forma tão idiota, mas


Penélope me levava a extremos e aquilo em algum momento me
faria fazer algum tipo de merda mais pesada.

E foi o que aconteceu naquele momento.

Voltei a abrir a porta do apartamento, mas Penélope já havia


sumido e eu sabia que seria um caso perdido ir atrás dela naquele
instante. Já que se eu conhecia aquela loira bem o suficiente, ela
estaria puta da vida comigo.
Voltei para dentro do apartamento e fui comer o ovo com
bacon que havia preparado para nós.

Depois daquilo, me arrumei e fui para a empresa, pois era a


única coisa que eu podia fazer naquele momento.

Assim que cheguei ao local, recebi uma mensagem de um


número desconhecido e revirei meus olhos, pois provavelmente era
algum tipo de trote de mau gosto.

Abri a mensagem e franzi meu cenho ao ler.

“A vida é curta e a sua em breve chegará ao fim”

Provavelmente era Penélope, por estar chateada comigo, por


eu tê-la colocado para fora da minha casa. Cheguei ao andar da
presidência e antes de caminhar para minha sala, fui na da minha
irmã.

Abri a porta sem bater e lá estavam ela e Marco se beijando.

— Façam isso em outro lugar — brinquei, enquanto os dois


se separaram.

— Olha quem fala. Você transa com as secretárias em suas


salas.

Minha irmã respondeu, cruzando o braço em frente ao seu


peito. E Marco me encarou com uma expressão sacana, talvez se
eu não tivesse chegado, eles estariam fazendo coisas piores.
— Desde a última maluca, eu nunca mais fiz isso e vocês
sabem.

— Claro, o seu ficou na reta e você ficou com medo. —


Marco respondeu.
Lembrei-me de Jaclyn, quando me envolvi com ela e a
mulher se achou de mais para o meu gosto. Queria até colocar
minha irmã no olho da rua, algo que não tinha sido autorizada a
fazer.

Mas aquilo tinha passado e o que importava naquele


momento era o presente.

— Preciso falar com você — murmurei e Beatrice fechou a


expressão.

— Por qual motivo você está com essa cara de cachorro que
caiu da mudança?

Eu não estava com aquela cara, até porque quem tinha


aquela expressão era o Marco.

— Acho melhor eu ir para minha sala, pois não sou obrigado


a ouvir as burradas de Rob com Penélope.
Por que todos sabiam que quando alguma merda acontecia,
Penélope estava envolvida?

— Eu não acredito que você fez burrada de novo, Rob.


Deixei minha maleta no chão e caminhei até o bar que ficava
no escritório da minha irmã. Enchi um copo com uísque e virei em
uma só golada. Estava tentando não beber muito, afinal iria
trabalhar e precisava me controlar, ao invés de enfiar a cara no
álcool e depois não querer saber de mais nada.

— Eu fiz e não fiz. Ajudei aquela maluca, que estava


descontrolada ontem a noite, completamente bêbada. E aí hoje ela
me chamou de abusador e eu a coloquei para fora do meu
apartamento.
Voltei-me em direção da minha irmã e ela me fuzilou com seu
olhar reprovador.

— Você foi pra cama com ela?


— Caralho! O que vocês têm na cabeça? Penélope falou a
mesma coisa e eu a coloquei para fora. Desisto!

Deixei o copo com a bebida em cima da bancada do bar e saí


do escritório da minha irmã. Ela até tentou falar algo, mas estava de
saco cheio das mulheres acharem que eu era obrigado a aguentar
os desaforos que elas faziam contra mim.
Passei o dia todo trabalhando e nem quis almoçar. O dia
estava sendo uma merda e não tinha vontade de comer, por isso,
achei por bem não dar a mínima para o fato de que o corpo humano
precisava de comida.

Fechei alguns contratos e finalizei outros, quando chegou à


noite, decidi que estava na hora de ir embora. Antes que eu
pudesse sair, Beatrice entrou em minha sala.
— Estamos indo embora — anunciou.

— Que bom. Eu também — respondi sem dar muita atenção.


Arrumei minhas coisas e minha irmã disse:
— Eu errei em dizer aquelas coisas para você. Sei muito bem
disso, até porque você pode ser galinha, mas é um homem
respeitador em certos quesitos.

— Nossa, que bom que você lembrou, Beatrice.

Desdenhei com a sua fala e ela acabou dizendo:

— A Pen, é cabeça dura, mas acho que você deve ir até o


apartamento dela.
— Estou a fim de evitar sua amiga, mana.

— E eu quero que você vá lá pedir desculpas por tê-la


expulsado, para ela também te pedir.
Revirei os olhos e indaguei:

— Como você tem certeza de que ela vai me pedir?


— Porque falei com ela.

Soltei um suspiro audível e murmurei:

— Eu vou, mas não se esqueça de que vai ficar me devendo


um favor.

— Ok!
Depois de desligar o notebook, me aproximei dela, beijei sua
testa, e depois disse:

— Eu vou lá, sua chata.


— E eu te amo, irmão.

— E eu amo você, coisa linda.


Saí abraçado com Beatrice para o corredor e assim que
Marco saiu do seu escritório nos encontrou e brincou:

— Acho que tô com ciúmes desse homem te apalpando.

— Cara, fica quieto, eu já a vi pelada.

— Pelo amor de Deus! Vocês não me envergonhem.


Beatrice ficou com as bochechas vermelhas e eu tive que
gargalhar.

— Maninha, quando você era pequena, era uma gracinha,


gordinha e peladinha.
Beatrice me fuzilou e murmurou:

— Saia daqui, antes que eu te mate.


Levantei minha mão, rendendo-me para aquela mulher super
agressiva.

— Estou indo.
Caminhei em direção ao elevador e dei um aceno para eles,
assim que as portas do elevador começaram a se fechar.

Fui até o estacionamento, entrei em meu carro e dei a partida


no automóvel. O som rouco do motor ganhou o lugar vazio e eu até
dei uma leve risada ao pensar que iria ter que enfrentar a fera que
sempre tentava evitar.

No entanto, eu estava me sentindo super mal pelo que fiz


com ela mais cedo e por isso eu iria lá para me desculpar.

Parti em direção à casa de Penélope e pelo caminho fui


escutando uma música, para tentar manter a calma até chegar lá.
Quando parei em frente ao seu prédio, o lugar onde minha
irmã morou por um tempo, até se acertar com Marco. Desliguei o
carro e seu motor rouco parou de fazer o barulho gostoso que fazia.

Saí do carro e senti os cabelos da minha nuca arrepiarem.


Olhei para os lados, para tentar ver algo que não estava
enxergando, mas a rua estava deserta. Provavelmente era só
cansaço e eu pensando que talvez meu sexto sentido quisesse
começar a fazer efeito.

Entrei no lugar, onde era muito fácil de invadir e fui até o


andar de Penélope. Toquei a campainha e esperei. Pelo horário ela
devia estar em casa, já que provavelmente não tinha ido dar aula,
afinal a ressaca na parte da manhã estava perceptível em sua face.

Assim que a porta foi aberta, tive que tirar minha expressão
de homem raivoso e novamente soltar uma risada. Penélope estava
com um roupão rosa, uma toalha da mesma cor no cabelo e uma
pantufa de porco.

— Adoro o seu jeito infantil — brinquei.

— O que você quer, Roberto? — Ela falou entre dentes e eu


tive que sorrir mais um pouco.

Quase soquei a parede, já que odiava quando ela me


chamava de Roberto.

— A Beatrice mandou eu vir.

— Ah, claro que ela mandou. — Penélope cerrou os olhos e


abriu caminho para que eu entrasse. — Não quero que fique aqui
mais de cinco minutos.
— Pode ficar tranquila que não ficarei nem dois.

— Que maravilha.

Ela bateu a porta e eu a encarei.

Eu pretendia ir embora antes dos cinco minutos e iria cumprir,


já que Penélope estando daquela forma, me trazia mil e um
pensamentos ordinários que eu não devia deixar tomar conta da
minha mente.

Talvez tivesse sido uma péssima ideia ter ido ali.


Capítulo 7

Estava com meus braços cruzados, esperando que Roberto


falasse alguma coisa.

E ele ficou um tempo em silêncio, mas eu sabia que logo ele


abriria a boca.
— Está passando o seu tempo.

Claro que tentei continuar ranzinza, já que não podia perder o


meu espírito do contra. Só que se Roberto não andasse logo, eu
acabaria perdendo a minha pose, já que naquele dia estava tão
cansada que queria desistir de falar qualquer merda a mais.

— Bom, fui um idiota com você essa manhã, mas foi por ter
me chamado de abusivo, sendo que você sabe que não sou assim.
Mas me desculpe, eu queria que parássemos de sermos como cão
e gato, já que sempre nos estressamos à toa.

Senti minhas bochechas se esquentarem e assenti


— Eu sei, também fui uma idiota. Então, me desculpe
também.

Roberto se aproximou e estendeu sua mão para mim.

— Vamos tentar nos odiar menos.

Peguei na sua mão, que era tão áspera quanto eu me


lembrava e grande o suficiente para cobrir quase toda a minha.

— Vamos sim, mas não vou prometer nada — murmurei.

— Claro que não vai.

Roberto abriu um sorriso e eu quase pedi alguma


misericórdia divina, para que ele não sorrisse daquela forma na
minha presença. Eu ainda amava muito os seus sorrisos e todo o
seu corpo, mas o caráter daquele homem fazia com que tudo
parecesse mínimo.

E era exatamente naquilo que precisava focar.

Assim que Roberto soltou minha mão, ele assentiu e se


afastou, começando a caminhar em direção à porta. Olhei por cima
do ombro e o vi colocando a mão na maçaneta.

Talvez me arrependesse do que iria dizer, mas sentia dentro


de mim que precisava colocar pra fora as palavras que estavam
presas na minha garganta.

— Você vai estar ocupado essa noite?


Antes que Roberto abrisse a porta, ele se voltou para mim,
para entender o que eu tinha dito. Seu cenho estava franzido e ele
até questionou:

— Você disse o quê?


— Se vai estar ocupado essa noite?

Roberto levantou uma de suas sobrancelhas e eu odiava


quando ele fazia aquilo, pois ficava com a expressão ainda mais
desdenhosa.

— Não, Penélope.

— Não quero que se ache, mas eu estava indo preparar o


jantar. Então se quiser ficar…

Roberto sorriu e eu quis tirar aquele sorrisinho dele com um


soco. Era muito idiota por achar que ele não se sentiria o último
homem na Terra, depois daquele convite idiota que fiz para ele.

— Fica difícil eu não me achar, quando você me pede tão


carinhosamente, para jantar com você, Penélope.

— Roberto, se você for começar com essas idiotices, por


favor, pode ir embora, pois não vou te querer aqui, para me deixar
mais irritada que o normal.

Roberto levantou suas mãos, como se estivesse se rendendo


e murmurou:
— Pode ficar tranquila, garota. Prometo que me comportarei,
eu só não podia perder a piada.
Ele abriu um sorriso maior e eu perguntei a Deus o motivo de
ter feito um homem tão lindo?

Aquele imbecil acabava com todo o discernimento que eu


tinha e nem precisava de muito para me deixar completamente
desestabilizada.

Ele voltou a apoiar sua maleta no chão e tirou o casaco do


seu terno, ficando somente com a camisa social branca que usava.
E mesmo completamente vestido, a roupa ainda não conseguia
esconder as curvas dos seus músculos.

— Então, vamos preparar esse jantar. Já que você sabe que


adoro ajudar.

Revirei os olhos e comentei:

— Vou trocar de roupa, pois acho mais seguro não estar


vestida dessa forma com você presente.
— Por que não, gata? Acha que vou te atacar?

Não resisti e soltei uma gargalhada.

— Roberto, não posso esperar nada de você.

— Penélope, você não me irrite.


Deixei que ficasse sozinho na sala e caminhei para o meu
quarto para poder trocar de roupa, eu precisava estar ao menos
mais apresentável.

Assim que coloquei um vestido mais confortável, mas que era


comportado do jeito que eu queria, voltei à sala e Roberto mexia no
celular.
— Desmarcando o encontro de hoje a noite? — indaguei,
mas ele só olhou de soslaio para mim.

— Não, estava vendo algumas notícias. A empresa recebeu


um prêmio de maior lucratividade mesmo na crise.

Eu achava os quatro caras que haviam montado a Amarílis,


uns putos inteligentes, que tinham tido a sorte grande de terem
investido em algo muito bom e de muito sucesso. Só nunca
assumiria aquilo perto de Roberto, pois não queria que seu ego
falasse mais alto.

— Bom, então vamos fazer o jantar? — perguntei, colocando


as mãos na cintura, para demonstrar que estava impaciente.

— Só se for agora, Penélope.

E assim caminhamos para a cozinha e acabamos decidindo


por preparar uma macarronada. Algo que era rápido para preparar e
muito gostoso ao mesmo tempo.
Coloquei o macarrão para cozinhar, enquanto Roberto picava
algumas salsichas que ele insistiu em colocar no molho que
prepararia.

— Posso tomar a liberdade de mexer no seu som?

— Se eu disser não, vai adiantar?

Ele me olhou por cima do ombro com uma expressão


completamente safada e murmurou:
— Não!

— Então, coloca logo, seu insuportável.


Eu odiava muito aquele homem, mas tinha momentos em que
eu até sentia vontade de rir com ele. Afinal, Roberto fazia muita
palhaçada para que não deixasse ninguém triste.

Mesmo que ele fosse uma pessoa que se sentia muito


solitária e obrigada a fazer tudo pela família, já que desde muito
novo ele teve que ser responsável por sua irmã, porque os pais os
haviam deixado.
Assim que When Time Doesn’t Heal começou a tocar, eu
soube que aquela noite seria difícil de passar em vão com Roberto.

— Sabe, Penélope… — Voltei-me em sua direção um pouco


sobressaltada, pois não ouvi seus passos voltando para a cozinha.

— O quê? — sussurrei.

Roberto fez uma pausa, enquanto levava o molho ao fogo e


começava a prepará-lo.
— Eu vou te dizer isso somente agora, mas iremos esquecer,
no momento que eu fechar minha boca. Estamos entendidos?

Senti meu coração sobressaltar por um momento. Mentira!


Ele não parou nenhum segundo de retumbar mais forte em meu
peito, desde que Roberto havia aparecido ali.
— Estamos.

Roberto se voltou em minha direção, enquanto diminuía o


fogo e deixava o molho apurar para colocarmos em cima do
macarrão.

Ele desligou o fogo do macarrão e em seguida caminhou em


minha direção. Fiquei presa entre a bancada da cozinha e seu corpo
que não me dava muitas opções para escapar daquele lugar.

— Eu sinto falta de quando estávamos juntos e se pudesse


voltar atrás nunca teria cometido tanta idiotice. Acho que podíamos
ter nos tornado um casal e tanto, uma pena que estraguei tudo.
Esperava qualquer coisa sair da boca de Roberto, mas ouvir
aquilo foi tão inédito que nem sabia o que dizer, a não ser encarar
seus olhos claros e ficar por um longo tempo naquele órgão que
pareciam mais águas cristalinas do que olhos normais.

— Não acho que seja certo você me dizer isso agora. —


Consegui fazer com que minha razão voltasse.

— E eu acho que você está certa.

Roberto me imprensou ainda mais na bancada, que até senti


minha bunda sendo mais apertada sobre o mármore frio daquele
lugar.

Seu rosto chegou muito próximo do meu e eu senti o cheiro


amadeirado do seu perfume tomar conta do meu nariz.

— Penélope, posso beijar você?

— De onde você tirou isso? — Tentei argumentar, já que não


podia deixar aquele homem tocar meus lábios.

— Infelizmente eu sinto que você me puxa para perto e eu


não vou conseguir me comportar e não te beijar aqui mesmo. Só
preciso do seu sim, mas que na verdade, já vi brilhar em seus olhos.

— Dentro da minha mente só grita não. — Desconversei.

— Tem certeza?
Não! E aquele era o problema, eu tinha absoluta certeza que
queria ser beijada por aquele idiota.

— Responde, Penélope.

Fechei meus olhos, para não me deixar cair no feitiço de


Roberto e senti sua língua passar por minha orelha.

— Você me quer? — Sua pergunta fez com que toda a minha


pele se arrepiasse.

Suas mãos desceram para minha coxa e começaram a subir


a barra do vestido e naquele momento eu soube que não venceria a
porra daquela batalha.

— Quero…

E aquela era a resposta que me levaria para o resto do caos


que aquele homem fazia comigo.

Eu estava muito ferrada!


Capítulo 8

Eu deveria odiá-la, não deveria querê-la, mas porque estava


tão perto dela e insistindo que ela dissesse sim para o que eu
estava imaginando fazer com ela.

Droga!
Tinha certeza de que tinha acabado o meu vício por aquela
mulher, por isso, não entendia a necessidade que sentia por ainda
querê-la tanto.

Subi até a barra de sua calcinha, assim que ouvi a sua


aceitação. Afastei o tecido para um lado e levei dois dedos para
passear por sua boceta. Senti que estava molhada e fui obrigado a
chegar perto do seu ouvido e sussurrar:
— Acho que você estava tão ansiosa quanto eu para que
fizéssemos isso.

— Roberto, cala a boca — Penélope rosnou.


— Eu sei que você gosta quando falo perto do seu ouvido.

Penélope soltou um gemido e revirou os olhos para cima. E


eu só pude me sentir vitorioso por tê-la deixado daquela maneira.

— Quanto tempo sem transar, Penélope?

— Não importa, seu idiota.


Penetrei meus dedos dentro da sua boceta com um pouco
mais de força e ela voltou a soltar um gemido.

Deliciosa!

Eu me lembrava bem o suficiente de como era bom fazer


sexo com Penélope, já que ela era completamente fogosa e me
deixava ainda mais maluco por ela.

Levei minha mão livre até a alça do seu vestido e a abaixei


de um lado, fazendo com que seu seio esquerdo ficasse
completamente à mostra para mim.

Seus mamilos rosados fizeram minha boca salivar, com


vontade de agarrá-los com força, e sugá-los até deixá-los roxos.

Abaixei minha cabeça e peguei aquele pequeno ponto com


minha boca. Penélope por outro lado, abriu o cinto da minha calça e
desceu o zíper rapidamente, logo colocando sua mão por dentro da
minha boxer e massageando o meu pau.

— Assim você vai me fazer ficar louco, Penélope.


— Como você está fazendo comigo?

— Estou te deixando louca?

Estoquei com força meus dedos dentro da sua boceta e ela


gritou e aquilo foi quase como música para os meus ouvidos.

Tirei a outra alça do seu vestido e aproveitei para me afastar


dela, deixando que a peça caísse no chão e ela ficasse somente de
calcinha na minha frente.

— Senti saudades de ver seu corpo assim.

— Não me faça arrepender por estar permitindo que faça


isso, então me foda logo.

— Calma, querida. Para tudo tem o momento certo.

Afastei e fui até o fogão para desligar o fogo, pois não queria
que nenhum acidente atrapalhasse o que estava na minha mente.
Já que queria levar Penélope à loucura e deixá-la completamente
louca por mim.

— Às vezes me arrependo de cometer idiotices como essas.


— A mulher comentou.

— Não acho que seja idiotice, você querer transar comigo e


eu com você.

— Esse é o grande problema, Roberto. Não podíamos fazer


sexo, já que eu te odeio.

— No fundo, você sabe que não me odeia.

— Larga de ser convencido.


Eu sabia que ela me odiava, mas tinha completa convicção
de que também não era daquela forma e tinha certeza de que se eu
fosse um cara melhor, Penélope teria ficado comigo e não se
afastado da maneira que fez.

A culpa, claro, era toda minha. Por ser um idiota que não
sabia ficar com o pau guardado dentro da calça. Só que eu sabia
também que queria Penélope, todas as vezes que a via.
Então, estava em uma encruzilhada.

Levei as mãos aos botões da minha camisa e comecei a tirá-


la.

— Vamos ter que jantar depois, já que não vou conseguir


comer nada, sem antes provar o seu sabor.

— Roberto…
— Shi!!! — Quase rosnei, quando ela tentou intervir. — Vou te
dar o que você quer.

— E você sabe exatamente o que eu quero?

Penélope tinha um sorrisinho sacana em seus lábios, e eu


desejei que eles estivessem encostados nos meus para que eu
pudesse lhe morder e mostrar exatamente o que ela estava
querendo.

— Claro que sei.


Voltei a me aproximar dela e levei minhas mãos para sua
cintura fina. Apertei sua pele com força e provavelmente ali ficaria
uma marca, por causa da sua pele clara.
— Você é muito convencido, Roberto.

— Não sou convencido, eu só sei o que causo em você.

Não esperei mais nenhum segundo para grudar minha boca


na de Penélope e novamente tudo o que eu mais senti falta
aconteceu. Só quando eu beijava aquela mulher é que eu me sentia
poderoso o suficiente para fazer o que eu quisesse.

Só quando eu a beijava, que esquecia completamente de


tudo que acontecia ao meu redor. Quando os meus lábios tocavam
os seus, parecia que algo mágico acontecia e eu parecia um idiota
falando aquele tipo de coisa, mas era a única verdade que existia
ali.

Penélope, era a única mulher que conseguia fazer com que


eu me esquecesse de tudo que acontecia ao meu redor.

Com outras mulheres eu nunca tinha sentido aquela conexão


gigante.
Sua língua passou na minha e eu senti cada vez mais o meu
corpo ganhar vida, por estar podendo ter mais uma oportunidade de
provar o gosto maravilhoso que aquela mulher tinha.

Desci minhas mãos para o tecido da sua calcinha, e como se


ele não fosse nada, o arrebentei do seu corpo, para que eu pudesse
senti-la completamente nua. Peguei-a em meus braços e a sentei
em cima da bancada.
Abri suas pernas e afastei minha boca da sua, deixando que
meus olhos ficassem colocados em seu rosto por um momento.
Conectando nossos olhares que diziam tudo.
Precisávamos daquilo...

Precisávamos relembrar o passado.

Levei meu rosto para perto do seu e comecei a beijar sua


pele, descendo minha boca por seu pescoço, seio, e com uma de
minhas mãos fiz com que deitasse na bancada da cozinha.

Depois continuei descendo minha boca por sua pele, quando


cheguei à barriga, dei vários beijos, por toda a sua pele lisa e cheia
de pintas que a deixavam ainda mais sexy.

E assim que me dei por satisfeito, cheguei no ponto que eu


queria, que era a sua vagina.

Passei minha língua por toda a sua extensão e comecei a


provar o sabor delicioso que aquela mulher estava me deixando
experimentar depois de longos anos.
Chupei Penélope, como se o mundo pudesse acabar naquele
momento, como se aquela fosse a sua última foda antes de dizer
adeus para a humanidade. Como se eu pudesse curar tudo o que
acontecia de ruim em sua vida, com aquelas chupadas, que
estavam lhe dando um prazer extremo.

— Roberto…
Penélope gemeu, enquanto mexia seu quadril em minha boca
e eu me sentia poderoso o suficiente por estar fazendo aquela
mulher se sentir daquela forma.

— Você é deliciosa, Penélope — sussurrei, quando me


afastei de sua boceta e dei uma leve sopradinha para que ela
tivesse um choque de sensações deliciosas.
— Me fode, Roberto.

— Com todo prazer…

Não esperei que fôssemos para lugar algum, ali estava ótimo,
fazia parecer que estávamos fazendo algo muito errado.

Desci minha calça e me enterrei dentro de Penélope.


Aquela noite estava só começando e eu me fartaria daquela
mulher.
Capítulo 9

Eu me xingaria quando pudesse, provavelmente me culparia


por muito tempo e deixaria de comer coisas que eu amava, para me
dar um castigo por estar permitindo aquilo.

Só que todos deveriam me entender… Era Roberto, cheio de


músculos, com aquele rosto lindo que despertava todos os piores
pensamentos em mim, não podia deixar que ele escapasse daquela
maneira.

Eu já estava me segurando por muito tempo, porém todo


mundo chegava ao limite em algum momento e o meu naquele
momento era Roberto.

Assim que ele me penetrou, fui obrigada a soltar um grito.


Sim, tinha muito tempo que eu não transava e nem era por
não ser desejada por outros homens, e sim, por não ter tempo de
curtir a vida de forma mais desleixada, já que dava aulas e crianças
sempre nos cansavam mais que adultos.

Roberto deitou seu corpo por cima do meu, que estava em


cima da bancada, e continuou estocando com força, pra valer e me
fazendo ver estrelas, e continuar gritando, enquanto entrava cada
vez mais forte.

— Senti falta do seu corpo, do quanto você é apertada,


maravilhosa, deliciosa…

Ele continuou sussurrando aquelas palavras em minha


mente, e cada vez eu me sentia mais gostosa, já que Roberto tinha
aquele poder de deixar uma mulher maluca por ele.
Ele levou uma de suas mãos ao meu seio e o apertou com
força, fazendo com que eu sentisse minha pele se esquentar de
uma maneira deliciosa.

Roberto saiu de mim e puxou meu corpo para fora da


bancada, girou-me rapidamente e me colocou deitada sobre o
mármore frio, mas daquela vez com os seios tocando o lugar frio e
fazendo com que meus mamilos fossem friccionados no lugar.

Novamente me penetrou com brutalidade e não parou por


nem um segundo, nem quando eu quase pedi por misericórdia para
que fosse mais rápido para que eu gozasse.

Sabendo que eu gostava de algo mais bruto, quando tinha


relações, Roberto puxou meus cabelos em uma de suas mãos e a
outra levou até meu clitóris para me deixar ainda mais maluca por
ele.

Continuou me penetrando com força e eu continuei gritando


loucamente, sem nem me importar se os vizinhos ouviriam. Sempre
fui comportada, então eles não podiam reclamar por um dia estar
recebendo aquela foda deliciosa.

Sem ter escapatória gozei no membro de Roberto e em seus


dedos que ainda não haviam saído do meu clitóris.

— Isso, Penélope. — Roberto mordeu o lóbulo da minha


orelha, enquanto continuava entrando e saindo rápido o suficiente
de dentro de mim, e fazendo com que uma nova onda de orgasmo
me deixasse ainda mais louca.

— Você vai acabar comigo — gemi.

E por fim ele se liberou dentro de mim, pois senti todo o seu
líquido quente tomar conta do meu interior.

Depois caiu por cima de mim, mas sem apoiar seu peso todo.

Passou sua língua por minhas costas, que estavam


completamente molhadas e murmurou:
— Acho que podemos tomar um banho e depois apreciar o
jantar que preparamos.

Remexi um pouco embaixo dele, para que me desse espaço


para poder falar. E assim que me vi solta de suas amarras o encarei,
ainda um pouco ofegante e ordenei:

— Eu quero que vá embora.


Apontei para o corredor que o levaria até a sala e Roberto
ficou me encarando sem entender.

— Como assim?
— O que você ouviu, deixei isso ir longe demais. Você não
pode ficar aqui, Roberto.

— Mas Penélope, eu pensei…


— Pensou errado. — Cortei-o, me recriminando por dentro,
por estar sendo tão idiota, mas era a verdade, eu não podia ficar
mais nenhum segundo com ele.

Acabaria fraquejando e não teria coragem de me libertar


daquele homem tão cedo, o que faria com que eu entregasse meu
coração para ele novamente e depois começasse a sofrer tudo que
já havia sofrido.
— Penélope, me escuta.

— Por favor, vai embora, Roberto.

Vi o momento que ele engoliu em seco, mas não contestou


mais a minha decisão.

Pegou suas roupas e saiu da cozinha sem olhar em minha


direção. Depois de alguns minutos que ouvi a porta bater, voltei a
respirar mais tranquila. Era aquilo, eu tinha deixado meu corpo ter
uma recaída, mas não poderia deixar que as coisas ficassem
novamente como antes.
Tinha que me proteger dos encantos daquele homem que
sabia muito bem usar o seu corpo, a sua voz e tudo o que ele tinha
de melhor, para poder conquistar uma mulher e depois jogá-la fora,
ele era tão bom nisso quanto em conquistá-la.

Senti meus olhos se enchendo de lágrimas, mas evitei deixá-


las caírem. Não podia chorar por ter feito o que quis no momento,
mas eu sabia que no fundo não era por aquilo que chorava e sim,
por ter me deixado levar por minha fraqueza.
Por não conseguir conhecer nenhum outro homem que me
fizesse sentir daquela forma, por não me sentir boa o suficiente para
amar outra pessoa.

E infelizmente, para aquilo também era um grande, sim. Já


que eu nunca havia esquecido Roberto e ainda sentia meu coração
pulsar por ele, mesmo que em todos os instantes eu só brigasse
com aquele idiota.

No entanto, todos nós sabíamos que quem brigava demais,


sempre tinha alguma culpa no cartório e a minha era amar demais
aquele imbecil que não merecia nem um por cento do que eu sentia
por ele.

Peguei meu vestido e minha calcinha no chão e depois


caminhei para a sala, aproveitei para trancar a porta e em seguida
fui tomar outro banho.

Afinal, não daria para jantar se não refrescasse minha mente


e principalmente meu corpo, que ainda sentia necessidade de
receber mais do prazer que Roberto me direcionou.

Eu era idiota…
Mas não adiantava ficar daquela maneira. O importante
naquele momento era só levar a vida adiante, e era exatamente
aquilo que faria.

Continuaria seguindo um passo de cada vez e tentando ao


máximo evitar o Roberto…

Evitar o homem que eu amava.


Capítulo 10

Estava de costas para a porta de entrada do meu escritório e


observava o trânsito lento daquele dia. O dia estava chuvoso e
prometia ficar daquela maneira, segundo a meteorologia, pelo resto
da semana.

O que seria um saco, já que estava chegando a sexta-feira e


eu queria muito esquecer tudo o que havia acontecido noite
passada e a melhor forma seria encontrar alguma mulher que
estivesse disposta a ir para cama comigo.

— Você só pode ser um idiota e eu recuso ser sua irmã.

Beatrice entrou na sala, sem nem ao menos bater e pelo jeito


ela estava espumando pelo canto da boca. E daquela vez eu nem
sabia o que tinha feito para que minha irmã ficasse assim.
Voltei-me lentamente em sua direção com as mãos dentro
dos bolsos da calça e com a expressão cansada, encarei-a.

— Eu não sei o que fiz dessa vez.


Ele sorriu com desdém, com a minha resposta e depois bateu
a porta da sala, como se os funcionários não fossem obrigados a
ouvir o que iríamos discutir dali em diante.

— Eu digo para você pedir desculpas para minha amiga e


você transa com ela.

Ah, então era aquilo!

Fechei meus olhos com o comentário da minha irmã e evitei


abri-los por alguns minutos, pois eu não era obrigado a encarar
Beatrice furiosa comigo, sendo que a culpa não tinha sido
plenamente minha.

— Maninha, eu não fiz nada que ela não quisesse.

— O fato não é esse, seu grandessíssimo idiota.

— Então, o que é?

Tirei as mãos dos bolsos e sinalizei para que ela me dissesse


o que fiz mais de errado do que transar com a mulher que eu
sempre desejava, mas que não podia ter, já que não era homem
para uma mulher só.

— O fato é que vocês se gostam e ficam tendo essas


recaídas e nunca se assumem. Então é isso que você não pode
fazer, se quer ficar com a Pen, você tem que merecê-la, tem que
rastejar no pé dela para que te perdoe e tem que parar de ser um
puto que sai todo dia com uma mulher diferente.
Soltei uma risada de completa ironia.

— Eu não vou assumir nada com uma mulher que não me


quer. Você ficou maluca?

A informação de que nós nos amávamos não havia me


passado despercebida, mas eu não falaria nada a respeito daquilo,
pois da minha parte não era verdade e eu tinha absoluta certeza de
que da parte de Penélope também não.

— Claro que ela te quer, o problema é que você só faz


merda, Rob.

— Beatrice, foi só uma transa e nada mais. Eu não quero sua


amiga e ela não me quer. Eu amo foder várias mulheres, assumo e
também nunca escondi isso de ninguém.

Minha irmã me olhou com uma expressão furiosa e saiu do


meu escritório sem dizer mais nada. Revirei meus olhos e depois
bufei de raiva.

Quem ela pensava que era para me falar aquele monte de


coisas e depois saía como se não tivesse me dito nada?

Só não iria atrás dela, pois não queria fazer um vexame na


empresa e nem estava com a mínima vontade de me expor daquela
maneira.

Sentei-me na minha poltrona, apoiei meus braços na mesa e


em seguida coloquei meu rosto sobre as mãos.

Porém eu logo fui obrigado a sair do meu momento, porque


meu celular vibrou e eu pensei ser algo importante.
Peguei o aparelho e vi que era uma mensagem de outro
número desconhecido.

Está chegando a hora de eu acabar com você.

O que Penélope achava?

Que me ameaçando daquela maneira, eu faria algo, ou iria


atrás dela?

Não, ela estava muito enganada. Já que minha irmã adorava


defendê-la, mesmo quando estava com tanta culpa no cartório,
então ela teria que falar para sua amiguinha parar com aqueles
joguinhos ridículos.

Levantei-me da minha poltrona e caminhei, com o celular em


mãos, para fora da minha sala e em direção da minha irmã. Assim
que cheguei em frente à porta, fiz o mesmo que ela e entrei sem
bater.

Ela estava concentrada na tela do notebook, mas assim que


me viu, elevou uma sobrancelha e indagou:

— O que você quer?


— Que você pare de defender a sua amiga.

Coloquei meu celular em sua frente e mostrei a primeira


mensagem e depois a que havia recebido naquele dia. Beatrice
franziu o cenho e voltou a dizer:

— E onde que a Penélope entra nessa história?


— Você não percebeu? Ela está me mandando essas
mensagens de números desconhecidos para me ameaçar de coisas
que nem são tão graves.

— Rob, larga de ser idiota. A Pen não seria tão infantil de


fazer isso.
Guardei meu celular no bolso e soltei uma risada irada.

— Beatrice, então quem poderia ser? Já que quase ninguém


tem meu número. Não viaja, é a sua amiga e eu tenho certeza.
— Ok! Vou te provar que não é ela.

Minha irmã pegou seu telefone e ligou para a amiga,


deixando o celular no alto falante para que eu pudesse ouvir a
ligação perfeitamente.
— Oi, amiga!

— Oi, Pen.

Ouvi algumas risadinhas de fundo e provavelmente Penélope


estaria na escola naquele momento. Mas por ter atendido a ligação,
ela deveria estar no intervalo.

— Amiga, tira uma dúvida para mim.


— Claro, pode falar.

— Você por acaso anda mandando mensagem para o meu


irmão?

Penélope soltou uma gargalhada e acabou respondendo.

— Eu não mandaria nem bom dia para o seu irmão, amiga.


— Sei muito bem disso, mas ele não parece acreditar em
mim.

Ela ficou em silêncio e acabou indagando:

— Por que, ele anda recebendo mensagens misteriosas?

— Sim, e ainda estão ameaçando a vida dele.


— Nossa, deve ser alguma mulher que o Roberto enganou.
Ele sempre fica com qualquer uma.

Sem resistir, tomei o celular da minha irmã, mesmo que não


precisasse, mas queria que a minha voz estivesse em ótima
qualidade.
— Saiba que não fico com psicopatas e a única que fiquei foi
você.

— Acho que você está com um celular que não é seu,


Roberto.

— Se for você que estiver fazendo isso, espero que pare


imediatamente, senão farei uma denúncia para a polícia.

— Roberto, pode fazer, pois eu não perco meu tempo com


isso. E depois de provar que não fui eu, ainda lhe taco um processo
para você deixar de ser um imbecil.
Passei o celular para minha irmã e ela tirou do viva-voz. Sua
expressão havia voltado a não ficar das melhores e provavelmente
foi pela ameaça que havia feitoà sua amiga.

Saí da sua sala e voltei para a minha.

Se não fosse a Penélope, quem poderia ser?


Não estava gostando daquilo, nem um pouco, parecia até
aqueles filmes de suspense onde no caso, eu era o protagonista.

Provavelmente era algum idiota querendo fazer algum tipo de


piada, por isso, não ligaria para nada daquilo e focaria somente em
meu trabalho.
Era somente aquilo que importava.

Trabalho e nada mais… muito menos aquela loira que fazia


com que meu pau quase implorasse para que ela me desse só mais
alguns minutos com seu corpo.
Droga!

Eu era um viciado em sexo, mas com Penélope eu sentia que


já havia chegado na dose de heroína, uma que você não conseguia
nunca mais esquecer e precisava cada vez mais para se sentir
saciado.

Se alguém ouvisse o meu pensamento eu estaria muito


ferrado…
Capítulo 11

Estacionei em frente à casa dos meus pais e mesmo


chateada com o último jantar que tive na casa deles, há dois meses,
ainda os amava demais, por isso sempre aparecia por lá para dar
um oi e ver se os dois estavam bem.

Saí do automóvel e segui em direção à mansão deles. Antes


que pudesse entrar, respirei profundamente algumas vezes, e só
depois daquilo é que abri a porta e continuei indo em direção da
minha família, pois sabia que naquele dia os encontraria no jardim,
já que estavam oferecendo um almoço para alguns amigos.
Assim que cheguei, algumas pessoas me cumprimentaram e
eu retribuí com um sorriso gentil.
— Ah, que bom que chegou, querida! — Mamãe veio em
minha direção e eu a abracei.

Estava com muita saudade dela, mas às vezes ela e papai


mereciam um banho de água gelada em relação a mim.

— Como está?

— Estou bem, mamãe.

— Tem certeza?

Ela colocou sua mão esquerda em meu rosto e afagou o


lugar.

— Claro que sim.

— E a senhora?

— Estou bem, claro.

Meu pai também se aproximou e comentou um pouco bem-


humorado:
— Viu, Janny, eu disse que ela apareceria.

— Eu sempre vou aparecer, papai. Eu só fico chateada em


alguns momentos.
— Eu sei, querida. Aquele dia, sua mãe e eu tivemos uma
conversa, vou tentar aceitar aquele emprego que você tem.

— Ainda bem.

Sorri para ele e ele para mim, depois me puxou para um


abraço e eu retribuí. Logo tivemos que nos separar, pois alguns
senhores queriam conversar sobre negócios.
Eu revirei meus olhos, pois os almoços da minha família,
quando diziam amigos, nunca havia realmente amigos ali, e sim,
negociantes que queriam alguma parte do império do meu pai.

— Bom, eu vou até a cozinha, tentar roubar alguma coisa


para eu comer, pois estou faminta.

— Penélope Lancaster, não foi essa a educação que te dei.

O olhar repreensivo da minha mãe era o melhor, mas ela


nunca me botava medo.

— Mamãe, vocês estão servindo caviar. Pelo amor de Deus!


Eu nem gosto disso.

— Eu sei, mas não pode fazer uma forcinha para me ajudar a


ser uma ótima anfitriã.

— Mamãe, eu fui morar em uma casa no subúrbio para não


ter que participar disso tudo que vocês amam, não irei ajudar a
senhora não.

— Tudo bem, Penélope. Vá comer, mas não suma por muito


tempo.

— Pode deixar.

Lancei-lhe uma piscadela e saí em direção à cozinha.


Aqueles encontros, sempre me faziam sentir um peixe fora d’água e
era exatamente por aquilo que eu não queria ficar por muito tempo
ali.

Assim que cheguei à cozinha, Eva — a cozinheira da mansão


—dava algumas ordens para seus ajudantes daquele dia.
— Menina, o que veio fazer aqui? — perguntou, enquanto me
abraçava rapidamente.

— Você sabe que sou mais chegada a coisas menos


burocráticas.

— Sei bem, desde pequena você é assim.

— Desde pequena ela é uma chata, Eva?


Quando ouvi aquela voz, eu sabia que meu dia estava
acabado. Havia dois meses que eu evitava Roberto mais do que o
diabo foge da cruz, mas aquele idiota sempre tinha alguma maneira
de se enfiar no meu caminho.

Olhei por cima do ombro, com um olhar fuzilador e ele sorriu


para mim.
— Menino Roberto. Quase não te reconheci.

— Eu sei que a cada dia que passa, eu fico mais lindo.


Eva conhecia Roberto desde que Beatrice passeava em
minha casa, e às vezes ele aparecia para buscar a irmã. Nas suas
pequenas idas a Londres.

— O que você tá fazendo aqui? — indaguei entredentes.


— Juro que não sou um penetra.

Encarei Roberto com uma expressão assassina e ele


continuou sorrindo para mim, como se fôssemos grandes amigos.

— Se eu soubesse que você estava aqui, eu nem teria


aparecido.
Fui até a mesa de salgadinhos que estava ali, e peguei
alguns para comer. Fui mastigando um atrás do outro até me sentir
satisfeita.

Roberto para variar, já que ele amava me irritar, aproximou-se


de mim e começou a me contar sua versão dos fatos.
— Seu pai convidou os sócios da Amarílis para estarem
presentes nessa pequena reunião. Claro que não podíamos deixar o
Lancaster na mão, afinal, ele é um dos investidores da nossa
empresa.

Encarei-o com um salgadinho dentro da boca, sem me


importar de ainda estar cheia, questionei:

— O Marco não podia vir?

— Penélope, se a minha irmã está em um resort, onde será


que o Marco está?
Revirei os olhos e me amaldiçoei por ter esquecido daquele
pequeno fato.

— Enfim, eu vou ficar aqui e você pode ir para o jardim,


resolver os seus negócios com meu pai.

Assim que fechei a boca, senti um enjoo anormal, e não deu


tempo nem de irritar ainda mais Roberto. Tive que sair correndo
para um dos banheiros que ficavam no andar de baixo, senão
deixaria uma onda de nojeira se espalhar pela cozinha.

Quando me agachei em frente ao vaso sanitário, só tive


tempo de levantar sua tampa e colocar todo o salgadinho que tinha
acabado de comer para fora.
Senti mãos fortes segurando meus cabelos e naquele
momento, eu nem iria reclamar de Roberto ter me seguido até ali,
mesmo que fosse constrangedor.

Coloquei ainda mais comida para fora e quando senti que


estava seguro me afastar, dei a descarga e com Roberto ainda
segurando meu cabelo, fui até a pia e lavei meu rosto e boca.
Depois de me sentir mais controlada, encarei-o pelo espelho
e ele parecia realmente preocupado.

— Você está doente?

Neguei, tentando não falar nada por um momento, pois minha


garganta estava irritada com o que tinha acontecido.

— Mas parece não estar bem, pois está até pálida. Vou te
levar ao médico.
Girei rapidamente, ficando muito próxima dele.

— Não vou a lugar algum com você.

— Penélope, não pira. Eu não vou fazer nada com você,


fiquei preocupado, vai que está com alguma virose.

— Obrigada, mas não.


Afastei-me dele e comecei a caminhar pelo corredor que me
levaria até a sala e dali mesmo eu iria embora. Depois explicaria o
motivo para minha mãe.

— Onde você vai?

Ouvi a voz grossa que eu tanto amava me perguntar e sem


olhar para ele, respondi:
— Para minha casa.

— Então irei com você.

Fechei meus olhos e quase disse sim, pois eu odiava passar


mal, mas diferente daquilo eu só respondi.

— Não quero, Roberto.


Comecei a andar em direção à saída e não dei atenção para
o que ele falava. Naquele momento eu só queria a segurança do
meu apartamento.

Se fosse para passar mal, que fosse longe de todos os olhos


curiosos que estariam naquela reunião que meus pais fizeram.

Entrei em meu carro e vi que Roberto ainda me encarava da


entrada. Acelerei o automóvel e segui meu caminho sem olhar pelo
retrovisor, pois não queria pensar que aquele idiota estava
realmente preocupado comigo.

Eu não merecia ter esperanças… não com Roberto.


Capítulo 12

Fiquei com uma sensação esquisita ao ver Penélope indo


embora daquela forma.

Ela não parecia nada bem, mas mesmo assim tentava


demonstrar que era durona. Algo que eu sabia que ninguém era
cem por cento. A vontade que deu foi de abandonar aquela pequena
comemoração e ir atrás dela.

Fiquei pensando em qual momento da minha vida, eu


deixaria os assuntos de negócio de lado e iria atrás de uma mulher.

Só que ali eu não estava falando de qualquer mulher, estava


falando da que eu um dia pensei que ficaria com ela, mesmo que no
fundo eu soubesse que não fosse se tornar algo sério.
Uma que eu sempre me sentia completamente enfeitiçado
quando a via.

Olhei por cima do meu ombro e Eva estava atrás de mim.


— A menina estava bem?

Não sabia se dizia para ela o que presenciei, porém estava


ciente de que se a alarmasse, ela contaria para os pais de Penélope
e depois ela me mataria com requintes de crueldade.

Já que aquela mulher sempre odiou depender dos pais e por


isso fez tudo diferente do que eles desejavam, para mostrar que ela
tinha o livre arbítrio para escolher o que quisesse.

— Estava — menti descaradamente. — Ela só me odeia e


nunca fica bem no mesmo lugar em que eu esteja.
— Menino, teve uma época que pensei que vocês casariam,
mas pelo que sei, ela te pegou com outra. Então desisti dessa
esperança que tinha. Até porque seria um casal muito lindo.

Sorri de lado para Eva, levei uma de minhas mãos ao meu


cabelo e acabei dando uma leve bagunçada nele. Por qual motivo
as pessoas pensavam que Penélope e eu formávamos um ótimo
casal?

Não era a primeira vez que ouvia aquilo e tinha absoluta


certeza de que também não seria a última, só que também não
queria alimentar as esperanças de ninguém, pois eu não era homem
para uma mulher só.

— Bom, eu vou me despedir do pessoal, pois terei que ir


embora — anunciei, começando a caminhar para o lugar onde se
encontravam os anfitriões.

— Vai atrás da menina?

Eva era um pouquinho intrometida, mas eu gostava da forma


doce que ela se comunicava comigo, por isso, antes de sumir do
ambiente, respondi:

— Acho melhor não. Ela disse para eu não ir, então devo
curtir o resto desse dia em algum lugar.

— É por isso que vocês não estão juntos. Quando você tem
uma oportunidade de reconquistar a menina, você comete alguma
besteira.

Virei minha cabeça um pouco de lado e encarei Eva. Não


queria conquistar ninguém, então era bom pegar aquela dica e não
chegar perto da casa de Penélope.

Depois de lhe oferecer um aceno, fui até Jackson e Janny e


me despedi deles, inventando uma desculpa de que havia surgido
um imprevisto e depois fui rapidamente para meu carro.

Queria ir a um bar e encontrar alguma mulher que pudesse


fazer aquela tarde um pouco melhor. Era aquela opção que eu
achava boa, para esquecer que vi Penélope em um estado
deplorável.

Não queria pensar que ela podia estar frágil em seu


apartamento e passando mal com algo que provavelmente tinha
comido.

Ganhei as ruas de Londres e parei em um dos bares que


gostava de frequentar. Não seria certo beber, enquanto estava
dirigindo, mas talvez eu encontrasse o que procurava antes de
colocar um gole de bebida em minha boca.

Assim que entrei no lugar, algumas mulheres que estavam


em uma mesa, em um canto que me dava uma bela visão de suas
pernas me encararam. Os olhares depravados que me
direcionavam, pareciam gritar para mim, que naquele dia eu poderia
levar as três para a cama.
Seria uma orgia ótima, que com toda certeza eu amaria
cometer.

Cheguei perto do balcão e indaguei ao bartender:

— O que as moças estão bebendo?

— Estão no Cosmopolitan.
Claro que seria alguma bebida feminina.

— Então leve mais três para elas.


— Como queira, senhor.

O homem começou a preparar e eu não tirei meus olhos das


mulheres e um sorriso perverso surgiu em meus lábios. Aquele dia
seria muito bom, e eu já sentia meu pau ganhando vida, só de
imaginar que as levaria para a cama.
Girei meu corpo ficando de frente para o bar e mesmo
querendo fazer várias loucuras com aquelas garotas, eu sabia que
não estava cem por cento para tentar algo com elas.

Só que eu iria persistir, pois não deixaria minha mente me


guiar até o apartamento de Penélope. Eu não era de ir atrás de
mulher, ainda mais uma que fazia de tudo para deixar claro que nós
nunca nos bicaríamos.

— O homem me estendeu um copo com uísque e comentou:

— O senhor não parece estar tão a fim de continuar com o


flerte.

Porra!
Aquele dia tinha sido dedicado às pessoas para começarem
a dar suas opiniões sem eu lhes ter perguntado algo?

— Por que você acha isso?

Segurei o copo de uísque em minhas mãos, mas não o levei


à minha boca, pois nem sabia se seria certo eu começar a beber
naquele momento.

— Não quero desrespeitar o senhor, pra não perder meu


emprego, mas sua cara diz que aqui não é o lugar que queria estar.

— Aquele bartender nem me conhecia, como ele podia estar


dizendo algo daquele tipo?

— Não sei de onde tirou isso.


Ele deu de ombros e se afastou para atender outro cara que
surgiu no bar. E eu encarei o líquido âmbar que estava em meu
copo.

Que inferno!

Será que eu não podia ter minha independência somente


para mim?

— Maldita — sussurrei.
E deixei o copo cheio com a bebida sobre o balcão, peguei
algumas notas dentro da minha carteira e deixei embaixo do copo.
Aquilo pagaria à minha bebida e a das mulheres, que jurei que
levaria para um motel e as foderia a tarde toda.

Mas a porra dos planos mudavam, não é mesmo?


Saí do bar, novamente entrei em meu carro e ganhei as ruas
que me levariam para o apartamento de quem eu queria evitar.

O jeito era deixar o que meu corpo quase implorava para


fazer. Por isso, quando estacionei em frente àquele prédio, ainda
neguei um pouco o que estava para acontecer.

Mas eu era a porra de um idiota.

Correndo atrás de uma mulher que me odiava e eu também


odiava.
Só que se a odiava tanto, porque estava ali?

Por qual motivo, estava saindo do meu carro, indo para o


elevador do seu prédio e apertando o número do seu andar?

Caralho!

Será que mesmo sem eu perceber, minha irmã estava certa?


Será que eu realmente não percebia o quanto gostava de
Penélope?

Eu não podia amá-la, não podia ter sentimentos por uma


mulher que…

Toquei sua campainha e demorou alguns segundos para que


ela atendesse, mas assim que o fez, eu tive certeza de uma coisa:
algo acontecia dentro de mim, quando a via.

Afinal, a sensação ruim que sentia, havia passado assim que


coloquei meus olhos sobre ela.
Droga!

Eu estaria ferrado se realmente estivesse apaixonado por


aquela mulher.
Capítulo 13

Eu deveria ter visto quem era primeiro, pois não queria ver
ninguém. Parecia que eu realmente tinha pegado alguma virose e
isso estava me fazendo muito mal e se tivesse que encarar alguma
gracinha de Roberto, eu seria capaz de pegar uma faca e jogar em
sua direção.

— Você não está nada bem. — Sua voz grossa ressoou pelo
ambiente silencioso e novamente eu senti um embrulho tomar meu
estômago.

— Por favor, se você veio falar algum tipo de merda para


mim…

— Ei, não vim aqui para isso. Vim para cuidar de você.
Tive que soltar uma gargalhada, mesmo que estivesse me
sentindo fraca.

— Roberto, conta outra piada, porque essa foi ridícula.


— Será que podemos nos lembrar do dia em que
combinamos tentar ao menos sermos pessoas decentes?

Coloquei minhas mãos em minha cintura e o encarei com


uma sobrancelha arqueada.

— E aí, acabamos transando e isso tudo ficou no passado.

— Qual o problema de transar comigo?

Ele gritou bem na hora que meus vizinhos saíram de seu


apartamento. O casal, que parecia ser bem conservador, me
encarou com um olhar desprezível e eu senti minhas bochechas
corarem.

— Boa tarde! — sussurrei, tentando disfarçar o que tinha


acabado de acontecer.

Só que eles viraram o rosto para mim e continuaram


seguindo o seu caminho.

— Viu? — Apontei na direção que os vizinhos tinham ido. —


É por isso que não dá pra ficar no mesmo ambiente que você, já
que toda vez que estamos juntos, você faz alguma merda que
estraga o meu dia. O que meus vizinhos vão pensar de mim?

Roberto balançou a cabeça, como se não acreditasse naquilo


que eu estava dizendo, e voltou a falar:
— Penélope, por favor, entenda uma coisa. Eu não sou um
monstro e não me sentiria bem em deixar você sozinha passando
mal. Ainda mais que minha irmã nem está na cidade para te fazer
companhia.

— Eu não preciso…

Tive que parar de falar para novamente sair correndo para o


banheiro e colocar mais comida para fora do meu estômago. Na
verdade, eu já tinha colocado tudo para fora, naquele instante era
somente água.

E mais uma vez naquele dia, Roberto estava ali ao meu lado,
segurando meu cabelo e me apoiando para o caso de eu perder
minhas forças e cair.

— Você precisa ir embora — murmurei, assim que fiquei de


pé e comecei a lavar minha boca.

— Não vou embora.

Encarei Roberto pelo espelho e ele estava realmente


decidido a ficar ali e eu não tinha sequer um resquício de força para
colocá-lo para fora.

— Faça o que você quiser, então. Eu vou para a cama,


porque não sou obrigada a ficar no mesmo lugar, da minha casa
com você.

Comecei a andar, mas me senti fraca e ainda bem que


Roberto estava ali e me apoiou.

— O que você falou mesmo?


Aquele idiota sempre se gabava quando estava certo, e olha
que não era frequentemente que aquilo acontecia.

Bufei de raiva e nem protestei, quando ele me pegou em


seus braços e começou a caminhar em direção ao meu quarto.
Assim que chegou lá, depositou-me na cama e passou a mão por
minha testa.
— Espero que melhore logo.

— Obrigada! — Tentei parar de ser um pouco marrenta


naquele momento, pois não estava me sentindo bem.
Depois daquilo acabei pegando no sono e agradeci por ao
menos naquele momento estar me sentindo em paz.

***
Estava na cozinha, preparando uma canja para Penélope, já
que aquela era uma comida típica do Brasil, para quando alguém
estava doente.

Nunca pensei que faria aquilo por ninguém.


Na verdade, quando minha irmã ficava doente, eu sempre
fazia aquilo para ela. Por isso, como os gostos dela e da sua amiga
eram tão iguais, resolvi fazer aquela comida para ela.

Assim que estava pronta, peguei um prato e o enchi.


Coloquei em uma bandeja e comecei a ir para o quarto de
Penélope. Quando cheguei no lugar, ela dormia como um anjo e eu
tive que sorrir.
Daquela forma, até parecia que ela era uma pessoa calma, e
completamente adorável.
Como era fácil enganar alguém.

Deixei a bandeja do seu lado e toquei seu braço de forma


respeitosa, pois não queria que ela me acusasse de abusador —
novamente —, em tão pouco tempo.
Penélope abriu lentamente seus olhos e eu sorri para ela,
mas claro que sendo a revoltada que sempre foi, ela fechou a
expressão.

— Pensei que já tinha ido embora — comentou.

— Para sua tristeza, não fui, e ainda fiz uma canja para ver
se para no seu estômago.

Ela olhou, ainda sonolenta, para os lados e encontrou o prato


de comida.
— Você fez isso? — Apontou para o prato.

— Sim!

— Estou com medo de cair algum tipo de tempestade depois


disso.

— Pode ter certeza de que não irá cair, estou acostumado a


fazer comida.
— Tem algum tipo de veneno? — Penélope sorriu, assim que
a encarei com o cenho franzido.

— Você é uma peste.

— Eu sei.

Concordou, enquanto pegava a bandeja e colocava em sua


frente, pegando em seguida a colher para provar a canja. Assim que
a levou à sua boca, soltou um ronronar de prazer.

— Bom, nisso aqui eu nem posso discutir, porque está


deliciosa.
— Claro que está. Eu sou bom em tudo que faço.

Ela revirou os olhos e levou mais uma colherada à boca.


— É por isso, que não posso te elogiar, você sempre se
acha.

Dei de ombros e sentei ao seu lado na cama.

— Vai ficar me observando?

Sorri com sua pergunta e assenti, mas logo resolvi jogar um


pouco de charme no ar, porque eu era daquela maneira.

— Até doente você é linda, então, como não te observaria?

— Roberto, para de ser safado.

— Não sou safado, só sei aproveitar as coisas boas da vida.

Quando Penélope terminou de comer tudo que estava no


prato, ela me estendeu a bandeja e ainda abriu um sorriso tão
grande, que quase parecia o gato de Alice no País das Maravilhas.
— Você gosta de ser mimada, não é mesmo? — Impliquei.

— Até gosto, mas gosto ainda mais de fazer de você meu


escravo.

— Vou embora e te deixarei sozinha.

Ela me mostrou língua, mas logo disse:


— Para você não ficar tão triste, só posso dizer que sua
comida estava maravilhosa.

— Ao menos um elogio.

— Não se acostume. — Penélope deixou claro e eu sabia


que vindo dela era muito real.

Logo ela jogaria algo em minha cabeça para que eu saísse


de sua casa.

Caminhei até a cozinha para guardar as louças sujas e logo


voltei para o quarto, mas assim que cheguei percebi que Penélope
estava no banheiro e novamente vomitava.

Como o cavalheiro que era, ajudei-a a se recompor e assim


que lavou sua boca eu ordenei:

— Iremos ao hospital agora mesmo.

— Eu não quero.

— Pen, você não tem que querer, vamos agora.

— Roberto…

— Você não está bem. — Cortei-a e não parei por aí. — Se


algo de ruim acontecer, nunca me perdoarei por você não querer ir
ao hospital. Então, ao menos uma vez, me escuta. Senão terei que
chamar os seus pais.

Ela me olhou com ódio, mas não me importaria com aquilo.


Penélope precisava ir ao médico e se eu tivesse que ameaçá-la era
aquilo que faria.

— Posso até ir, mas depois você vai embora daqui. Ok?
— Concordo!

Ela foi em direção ao seu armário e sem nenhum pudor, tirou


a roupa e eu adorei aquilo, mas também percebi algo que não
estava ali quando transei com ela.

Seus seios estavam maiores e sua barriga estava com uma


protuberância que não existia. Algo se passou por minha mente,
mas não iria dizer nada, até irmos ao hospital.

— Vamos? — Penélope, indagou, assim que terminou de


vestir sua roupa.
— Vamos!

Iríamos ao hospital e eu esperava que não fosse o que eu


estava pensando.

Afinal, eu tinha plena certeza de que Penélope não foi com


outro para cama depois de mim…

Droga!

Será que eu acabaria sendo pai?


Capítulo 14

Odiava ir a hospitais. Na verdade, quem gostava?

Eu não era a única que tinha aquele ódio ridículo, mas


mesmo assim, quando me via doente e sem saber o motivo, ficava
com ainda mais raiva. Por que eu me cuidava muito bem para não
ficar doente, ainda mais que trabalhava com crianças.

Mas também esse era o problema, na maioria das vezes,


elas sempre estavam doentes, e claro que a professora era quem
pagava o pato.

Chegamos ao hospital e Roberto de forma cortês, o que


achei estranho, já que não recebia muito daquela educação, abriu a
porta do carro para mim e até me estendeu a mão.
Como não sabia se podia cair a qualquer momento, retribuí o
gesto e segurei-a. Não tinha noção nenhuma do que eu podia ter,
mas eu não estava nada bem.

E se eu parasse para pensar, já vinha há alguns dias


sentindo algumas coisas estranhas. Uma sonolência exagerada,
alguns enjoos, mas nada que chegasse ao ponto de eu estar como
aquele dia, que nada parava dentro de mim.
— No que posso ajudar? — A atendente da recepção do
hospital, foi muito solícita, mas não pude deixar de perceber como
seus olhos passaram por Roberto.

E eu não a culpava de ficar daquela maneira, pois também


acontecia comigo, quando estava na presença daquele homem. Eu
podia negar o quanto fosse, mas o filho da puta, era um gato que
todas queriam passar a língua por seu corpo, boca, pau…

Era melhor não ficar pensando naquilo, enquanto não sabia


qual o problema que iria enfrentar.

— Minha amiga, está passando mal, queríamos consultar


algum clínico.

— Claro! Preciso dos documentos.

Depois que a moça fez o procedimento padrão de todo


hospital, pediu para que aguardássemos e nós ficamos sentados
nos bancos disponíveis na recepção.

— Vai ficar tudo bem — Roberto comentou e segurou


novamente a minha mão que ele havia soltado quando chegamos
na segurança do interior do hospital.
— Eu acredito que irá mesmo. Devo ter pegado alguma
virose dos meus alunos.

Ele girou sua cabeça em minha direção e encarou meus


olhos. Foquei minha atenção no seu olhar azul e ele não ficou
diferente de mim, parecia que tentava ler a minha mente.

— Penélope, eu não quero parecer um idiota, mas preciso te


perguntar.

— Ih! Se você já começou dessa forma, eu imagino que vai


vir alguma bomba por aí.

— Posso perguntar?

Soltei um suspiro mais alto do que esperava e respondi:

— Fala logo, Roberto.

— Sua menstruação está em dia?

Senti meu humor mudar no mesmo momento, até então eu


não estava com vontade de assassiná-lo. Ele tinha até conquistado
um pouco do meu coração, fazendo a canja, que estava uma
delícia. Uma pena que nem parou direito dentro da minha barriga.

— Roberto, isso por acaso é pergunta que se faça?

— Penélope, olha a forma que você está.

Ele gesticulou em minha direção, eu fui obrigada a soltar uma


risada muito alta, e até recebi uma repreenda da recepcionista.

— Desculpe-me — respondi para ela e me voltei para


Roberto: — O que está querendo insinuar, Roberto?

— Que você está grávida.


Daquela vez eu consegui me controlar, mas mesmo assim
sorri do que ele estava dizendo.

— Bonitinho, eu tomo anticoncepcional e não estou muito


ativa.

Dei de ombros, sem me importar com o que ele iria achar.


Não era obrigada a ter uma lista de fodas constantes, como ele
tinha. E eu nem gostava de me entregar tão fácil a alguém.

Aquela fraqueza eu só sentia por aquele idiota que estava ao


meu lado.
— Roberto, não viaja.

E naquele instante o médico me chamou e nós fomos para o


consultório dele. O homem era um senhor gordinho e parecia ser
muito educado, mas no momento eu não estava pronta para reparar
no quanto ele era fofo, por isso, expliquei tudo o que estava
acontecendo e como Roberto havia falado anteriormente, a primeira
coisa que ele disse, era que poderia estar grávida.
— Doutor, é impossível eu estar grávida. Entendeu?

— Vocês são um casal?

Ele questionou em nossa direção e respondemos juntos:

— Não!
E o médico só pode rir de nós e da forma que ficamos
quando ele perguntou aquilo.

— Mas mesmo assim, passarei um exame de sangue e um


soro para tomar na veia, para que você não desidrate, ok?
— Vou ter que ficar internada? — perguntei, quase
chorando.

— Só até tomar a bolsa de soro.

Meu sangue esfriou no mesmo momento, porém Roberto


segurou minha mão novamente e comentou:

— Ficarei com você.


Olhei para ele e assenti, pois era a única coisa que daria
conta de fazer naquele momento. Não iria brigar com ele mais, não
por agora, já que estava até me dando vontade de chorar. Eu odiava
hospitais e mais ainda ter que tomar remédio na veia.

Depois de fazer o exame de sangue, passei quase duas


horas tomando a bolsa de soro e quando finalizou, pegamos o
resultado e levamos para o consultório do médico.
— Está se sentindo melhor? — Ele me perguntou e eu
assenti.

O homem tinha uma expressão gentil e assim que ele abriu o


exame de sangue, fez um movimento com suas sobrancelhas que
não me passou despercebido.

— O que foi, doutor?

— Bom, você afirmou com tanta convicção que eu até


acreditei, mas você está grávida, senhorita.
Meu coração que já parecia estar mais acelerado que o
normal, começou a correr uma maratona e provavelmente eu iria
infartar, só aquilo poderia explicar o que estava acontecendo comigo
naquele momento.
— Como?

— Senhorita Lancaster, a senhora está grávida.

Senti minha cabeça girar lentamente na direção de Roberto e


ele já estava me encarando com uma expressão chocada. Até
porque não éramos idiotas e os dois sabiam que se eu estava
esperando um bebê, aquele bebê era do homem que estava ao meu
lado.

— Você vai ser pai — afirmei.

— E você, mãe.

Sim, eu seria mãe.


Puta que pariu!

Eu sabia muito bem como cuidar de filhos de outras pessoas,


porém não estava preparada para ter um bebê meu.

E o pior…

Eu estava grávida de Roberto, o homem que prometi odiar, e


agora teria um vínculo com ele para sempre.
Aquilo podia parecer engraçado, senão fosse trágico.

A criança não tinha culpa de nada, mas para o nosso azar o


seu pai era a pior pessoa que eu podia ter escolhido.

Ferrada… era isso que resumia a minha vida.


Capítulo 15

Estava sentado na poltrona da minha sala, um pouco curvado


para frente, com os braços apoiados em minhas pernas e focando o
nada. Já que naquele momento eu sentia o quanto minha vida tinha
dado um giro gigantesco.

Até algumas horas atrás eu pensava que nunca teria alguém


para me apoiar no futuro, agora eu seria pai e não sabia como reagir
àquela situação.

Não que eu fosse correr das minhas responsabilidades, mas


era porque eu não sabia como ser um bom pai,já que era só aquilo
que me preocupava, não ser bom o suficiente para o meu filho ou
filha.
Tirei meus olhos do grande nada que encarava e os levei a
Penélope, que estava sentada no sofá, de uma forma
completamente perdida. Ela abraçava seus joelhos e parecia estar
mais em choque do que eu.

Nós dois, ainda estávamos tentando entender, como aquilo


aconteceu. Claro que sabemos que foi devido ao sexo que tivemos
há dois meses, só que Penélope tomava remédio, por isso, as
coisas ficavam ainda mais difíceis de serem compreendidas.

Como o médico havia nos dito, sempre tem uma chance de


engravidar, mesmo se prevenindo e nós fomos os sorteados na
pequena porcentagem de um por cento.

Resolvi tomar coragem, levantar-me de onde estava e


caminhei até o sofá, sentando-me ao lado de Penélope. Mais cedo
ela até tentou fazer com que eu a levasse para sua casa, mas assim
que começou uma onda de choro completamente descontrolado,
achei melhor trazê-la para o meu pequeno casulo e cuidar da
mulher por quem eu sempre nutri um sentimento muito forte.

E naquele ponto eu já estava quase concordando com minha


irmã, afinal eu sabia que minha ligação com Penélope era forte, mas
não queria assumir que sentia alguma coisa por ela.

Só que naquele momento, eu só conseguia pensar que


iríamos ter um bebê e que eu queria cuidar dela, como uma
princesa, colocá-la em um pedestal e não deixar que ela ficasse
sozinha em nenhum momento.

— Ei? — Toquei o seu braço, assim que a chamei e ela levou


seus olhos diretos aos meus.
— Você sabe que não precisa ficar assim, não é mesmo?

— Como que não fico, Roberto? Vamos ter um bebê e eu


nem sei ser uma boa mãe e…

Ela começou a desesperar novamente e eu levei minha mão


ao seu rosto e voltei a dizer:

— Estarei aqui para te ajudar. É algo novo para nós dois, mas
vamos saber o que fazer. Na verdade, eu ajudei Beatrice a cuidar de
Sofia, então acho que saberei tomar conta de um bebê que será
meu.

— Você só pensa em sair com diversas mulheres, não vai ser


dessa forma, eu te conheço, não dá para confiar e…

Daquela vez levei meu indicador aos seus lábios e Penélope


ficou em silêncio.

— Para de me ter tão em baixa. Eu estarei aqui para ser o


seu apoio nessa nova fase da nossa vida. Confia em mim ao menos
uma vez.

Tirei meu dedo dos seus lábios e voltei, com a mesma mão, a
afagar seu rosto. O que levou Penélope a fechar os olhos e
reencostar um pouco mais da sua pele na palma da minha mão.
— Estou com medo — sussurrou e uma lágrima escorreu dos
seus olhos.

Ela os abriu e me encarou e eu senti até um choque tomar


meu peito, por causa daquilo.

— Eu também, mas vamos passar por isso juntos, tudo bem?


— Você promete?

— Com todas as forças que eu possuo, Penélope. Eu te


prometo que serei o melhor pai para nosso bebê.
— Vamos ter um bebê, Roberto.

Ela chorou mais um pouco, porém ao mesmo tempo tinha um


sorriso em seus lábios. Penélope levou uma de suas mãos à sua
barriga e eu não resisti e fiz o mesmo gesto que ela.
Coloquei minha mão por cima da dela e novamente Penélope
encarou meus olhos.

— Isso vai ser difícil, Roberto.

— Eu sei, mas vamos dar conta, Penélope.

E naquele momento percebi o quanto estávamos próximos, o


quanto seu corpo parecia quente encostado no meu e eu só tinha
certeza de uma coisa. Com a vinda de um bebê, eu ficaria ainda
mais perto de Penélope e aquilo acabaria em várias noites de sexo,
pois eu não dava conta de me controlar e tinha absoluta certeza de
que aquela mulher não daria também.

— Vou te beijar — anunciei.

— Eu deveria recusar — respondeu.


Sorri de lado e continuei:

— Mas não vai, pois você sabe tanto quanto eu que quer
isso.

— Você é muito prepotente, Roberto.

— Igual a você.
Aproximei-me ainda mais de Penélope, lentamente, até que
nossos lábios se tocaram e com calma, fui passando minha língua
por sua boca.

Depois lhe dei um selinho e por fim, comecei a beijá-la de


verdade, com vontade e até um pouco de desespero, pois era
daquela forma que me sentia quando estava ao lado daquela
mulher.
Nosso beijo não durou muito, o que me fez quase praguejar,
porém foi o tempo necessário para perceber que se não
parássemos iria ser difícil controlar o desejo que tínhamos um pelo
outro.

Penélope mordeu seu lábio inferior e murmurou:

— Isso vai dar muito errado.

— Acho que vou ter que concordar com você.


— O que vamos fazer, Roberto? Eu não quero ficar de
casinho, até porque não quero nada com você.

Engoli em seco com a afirmação de Penélope, claro que eu


também não queria nada, mas era estranho saber que ela estava
grávida, que nós faríamos de tudo para cuidar bem do bebê, mas
que seria muito difícil controlar a vontade de agarrá-la a cada
segundo que estivéssemos juntos.
— Vamos ser os melhores pais e nada de casinho, você está
certa, não temos nada, então não existe motivo para nos beijarmos
a todo momento.

— Isso mesmo.
Assenti e no momento que fui me levantar para não ficar
muito perto de Penélope, senti meu celular vibrar, já que estava
dentro do bolso da minha calça.

Peguei-o e fiquei em pé em seguida. Abri a mensagem e


daquela vez a preocupação tomou conta do meu corpo, pois tive
absoluta certeza de que a pessoa por trás daquelas mensagens
misteriosas, não estava brincando, já que daquela vez chegou uma
foto no meu aplicativo de mensagem.
Era uma foto de Penélope e eu, entrando no meu prédio e no
texto dizia:

“Tic, tac, o relógio faz tic e tac… você vai perder todos
que ama”

Olhei para Penélope e provavelmente a minha expressão não


deveria estar das melhores.

— O que foi? — Ela perguntou.

— Acho que preciso contratar seguranças.

Não sabia qual a intenção daquela pessoa, mas se tinha a


capacidade de me seguir até minha casa, já poderia concluir que
não era nada bom para ninguém.
Então que eu tomasse as devidas providências, ainda mais
que agora tinha um bebê em jogo.
E mesmo que fosse recente, eu já queria proteger meu filho
ou filha com unhas e dentes. Faria de tudo para que aquele
pequeno ser ficasse bem, e que nada de ruim acontecesse a ele.

Protegeria a ele e a Penélope, ou não me chamava Roberto


Valente.
Capítulo 16

Estava observando os alunos pintarem o desenho que havia


levado para eles. Passava por minha mente se o bebê que eu
carregava dentro da minha barriga seria como eles.

Às vezes batia aquela insegurança de não ser suficiente para


aquele pequeno ser que estava dentro de mim. Ou mesmo de ser
uma mãe tão ruim que meu bebê me odiaria e aquele turbilhão de
pensamentos estava passando por minha mente, em menos de
quatro dias, pois era a quantidade de tempo que havia descoberto
que seria mãe.
O sinal do intervalo tocou e as crianças começaram a sair
para se divertirem. Aproveitei para naquele momento pegar o
telefone e percebi que tinha uma ligação de Beatrice, por isso, achei
por bem retornar para saber o que tinha acontecido.

— Como você não me contou que estava grávida?


Ela atendeu sem nem me cumprimentar.

— Oi, amiga! — Tentei fazer com que Beatrice não ficasse


tão chateada comigo, mas a verdade era que não queria ter lhe
contado antes da hora.

— Não me venha com “oi, amiga”. Pensei que éramos


confidentes, mas nem para me contar que eu seria tia.

Choramingou e eu tive que rir da sua reação, pois Beatrice


era uma dramática e eu imaginava que ela ficaria daquele jeito,
quando descobrisse sobre o bebê.
— Beatrice, não te falei, pois nem estou sabendo assimilar o
que aconteceu.

— Desculpa ficar revoltada com você, mas saber pelo meu


irmão foi um baque.

— Pelo jeito ele já deve ter contado para todo mundo.

— Contou para os meninos, você sabe que todos eles são


confidentes.

— São um bando de fofoqueiros — brinquei.

— Eu tenho que concordar com isso.

— Hoje a tarde será a minha primeira consulta, você quer ir?

— Eu até iria, mas o Rob já deixou bem claro que só vocês


dois irão para aproveitarem o primeiro momento do neném de
vocês.

Senti minhas bochechas corarem com aquela declaração.


Não imaginava que Roberto teria aquela reação com o bebê. Na
verdade, eu jurava que ele seria o pior pai, mas ele estava me
mostrando que eu estava completamente enganada sobre ele.

— Eu jurei que ele não aceitaria bem essa situação e que


seria o pior pai do mundo.

— Você tá maluca, amiga? — Beatrice pareceu ofendida. —


Rob foi a melhor pessoa que me ajudou a cuidar de Sofia, nunca vi
um homem tão dedicado a fazer o melhor para minha filha. Tenho
certeza de que ele será ainda melhor para o bebê.

Fiquei um pouco contente por ver Beatrice defender o irmão


daquela forma. Já que ela não costumava fazer aquilo, então para
estar quase ofendida daquele jeito, era por estar realmente
confiante de que ele seria um bom pai.

— Obrigada, amiga — agradeci um pouco emocionada.


— Não tem que agradecer. Eu vou te ajudar a ficar
familiarizada com a gravidez e já estou apaixonada por esse bebê
que vai vir.

Conversarmos mais um pouco sobre a gravidez e logo


Beatrice mudou de assunto.

— Rob me contou da mensagem ameaçadora que recebeu.

— Ele está meio paranóico com isso, mas não sei se existe
alguma necessidade para temer alguém que não tem nem coragem
de mostrar sua cara.
— Amiga, eu concordo com a paranoia dele. Marco está
querendo também contratar seguranças, pois ele não gostou nada
do que viu.

— Amiga, mas se fosse para essa pessoa tentar algo, ela


não ficaria só enviando mensagens.

— Não quero correr o risco.

— Tudo bem, eu concordo que talvez não esteja dando a


atenção necessária para essa situação, mas acho que é por estar
preocupada pela gravidez.
— Com certeza é por isso, amiga.

O sinal tocou e eu acabei falando para minha amiga:


— Preciso desligar, os alunos estão voltando.

— Tudo bem!
E assim continuei com a aula para os pequenos, que
estavam mais quietinhos naquele dia. Provavelmente era devido ao
clima frio que estava e somente com aquecedor ligado para nos
sentirmos melhor.

Quando a aula finalizou me despedi dos alunos, algumas


meninas até vieram até minha mesa me dar um beijinho e quando o
último saiu, que percebi que estava sendo observada pela porta da
sala de aula.
Levei meus olhos para a pessoa que estava parada ali e
quase sorri, mas eu não podia fazer aquilo, se não quisesse ouvir
toda a sua gabação por eu ter gostado de vê-lo.
— Nós poderíamos ter nos encontrado no consultório da
minha doutora.

Fiz charme, pois era daquela maneira que Roberto conhecia


o meu jeito.

— Achei melhor passar aqui, já que você ainda não aceitou


andar com os seguranças que contratei para você.

— Se eu aceitar, você para de surgir assim, do nada?


Afinal, todos os dias que saía das aulas, Roberto estava me
esperando do lado de fora da escola e eu já estava ficando irritada
com aquilo, mesmo que entendesse que ele estava preocupado
comigo e com o bebê.

— Eu posso tentar, mas ainda ficarei de olho em você, para


não deixar que nada de ruim aconteça a nenhum de vocês.
Roberto apontou o indicador para mim e naquele momento
eu tive que achar um pouco de graça e ao mesmo tempo, um pouco
de fofura vindo daquele homem. Ele realmente estava preocupado
comigo e com o nosso neném.

— Eu me rendo, você venceu.

Acabei concordando, pois se Roberto achava necessário


estar preocupado com toda aquela situação, era porque ele tinha
seus motivos, então acreditaria nele, ao menos daquela vez.já que
era a minha segurança e a do meu bebê que estavam em risco.

— Gosto quando você se rende mais fácil.


Ele tinha um sorriso pervertido em seus lábios e eu fui
obrigada a revirar meus olhos com sua atitude, pois aquele imbecil
sempre levava as coisas para outro lado.

— Roberto, é melhor irmos.

— Então vamos.

Ele me estendeu seu braço e eu coloquei minha mão na


curva do seu cotovelo.
Aquilo estava sendo um martírio, pois quanto mais eu queria
me afastar daquele homem, mais eu sentia vontade de agarrá-lo e
de implorar para que ele tirasse minha roupa.

Aquilo era como uma brincadeira com fogo… e pelo visto eu


queria me jogar naquela chama e me queimar toda.
Já que estava ficando difícil me manter longe de Roberto e
não pedir para que ele me fizesse sua.
Capítulo 17

Estava concentrado no trânsito, mas hora ou outra olhava de


soslaio para a mulher que estava sentada no banco do carona.

O perfume de Penélope tomou todo o meu carro e era quase


uma dose de droga que ela tinha deixado por ali, pois fazia com que
eu tivesse pensamentos pervertidos ao seu respeito.

— Tem alguma pista de quem pode estar te ameaçando?

Enquanto esperava o sinal abrir, olhei para ela e neguei.


— A equipe que contratei ainda não conseguiu descobrir
nada, mas ao menos posso ficar um pouco mais tranquilo tendo
seguranças para nos proteger, pois não sei que inimizade acabei
fazendo para receber esses tipos de mensagens.
— Aposto que é alguma mulher chateada com você,que
provavelmente foi enganada e agora quer vingança.

— Nunca enganei mulher alguma que ficou comigo.


Penélope soltou uma gargalhada e comentou:

— Sempre tem uma exceção e eu fui ela.


Engoli em seco com sua resposta e depois de respirar fundo,
continuei:

— Eu não te enganei, Pen.


— Não adianta me chamar pelo meu apelido para tentar
deixar as coisas mais leves, Roberto. Você disse que queria um
relacionamento comigo e eu te peguei na cama com outra.

Aquilo havia acontecido há muitos anos e mesmo assim ela


não esquecia a pequena burrada que cometi.

— Eu sei que errei dessa vez, mas…

— Não existe “mas”, Roberto.

O sinal abriu e aproveitei para levar minha mão até a dela e


afaguei sua pele, mesmo sentindo que ela estava um pouco
retraída.

— Eu sei, mas um dia você vai tentar me perdoar?

Não encarei Penélope ao fazer a pergunta, pois não queria


tirar os olhos do trânsito, no entanto, também não queria ver sua
resposta, caso fosse o contrário do que eu queria ouvir.

— Acho que não consigo esquecer o que você fez.


— Eu queria que esquecesse.

Estava sendo sincero, pois realmente queria que aquilo tudo


passasse, e que parássemos de ser dois idiotas que discutiam por
tudo.
— Por quê? Só por causa do nosso bebê?

— Não só por isso. Eu queria começar de novo com você,


queria parar de brigar por tudo, para ter mais uma chance e mudar o
que aconteceu.

No momento que disse aquilo, percebi que estava pedindo


mais uma chance para manter um relacionamento com Penélope.

— O que está tentando me dizer, Roberto?

Ela também pareceu entender o que eu quis dizer, porém,


queria uma afirmação mais concreta.

Estacionei o carro em frente ao consultório da obstetra e


daquela vez consegui encarar os olhos de Penélope com mais
intensidade e falei algo que nem eu esperava sair dos meus lábios,
mas acabou sendo revelado para nós dois.

— Eu quero tentar de novo, Pen. Quero tentar ter um


relacionamento, e tentar viver algo que não sei se posso, mas que
pretendo ver se sou capaz.

— Você tem noção do que está me dizendo?


— Tenho e estou com medo.

Ela parecia não acreditar em minhas palavras, e até eu não


estava acreditando que aquilo saía da minha boca, porém, mesmo
que eu lutasse contra, parecia que realmente queria dizer aquilo.

— Não vou começar algo com você, por estar grávida.

Penélope entendia tudo errado quando queria.

— Pen, não estou dizendo isso por estar grávida.


— Roberto, você não é um homem para relacionamentos
sérios. Eu preciso de um homem que queira retribuir o carinho que
estou disposta a dar, que seja fiel ao meu amor. Você não é esse
homem.

Senti como se tivesse levado um tapa, bem no meio da cara,


com suas palavras.

Só que ela estava certa, eu nunca fui um homem que


merecesse sua confiança, então não tinha como aceitar algo
totalmente fora da minha verdade.

— Você está certa — concordei e ao mesmo tempo vi sua


expressão murchar um pouco. — Vamos para a consulta?

— Claro!

Sua resposta parecia meio vaga e eu vi um leve


desapontamento passar por seu rosto. O que aquela mulher queria
de mim?
Penélope abriu a porta do carro e nem esperou que eu
fizesse aquilo para ela. Logo ela começou a caminhar para dentro
do consultório e eu fui obrigado a segui-la o mais rápido que pude.

Olhei para trás e os seguranças que estavam nos seguindo


pelo trajeto, haviam estacionado ao lado do meu carro. Acenei para
eles,que fizeram um gesto para mim.

Assim que entramos dentro do consultório me senti um pouco


perdido. Tinha muitos anos que não vinha a um lugar daquele, então
era como se eu fosse um peixe fora d’água.

Penélope foi até a recepção e informou que havia chegado.


Logo sentamos lado a lado para esperarmos a nossa vez. Não
conversamos sobre nada, pois o papo anterior ainda devia estar
passando por sua mente, igual passava pela minha.

Quando foi chamada, entramos juntos no consultório e a


doutora foi muito educada, explicando cada detalhe para nós do
início da gestação.

O momento mais aguardado tinha chegado, quando


Penélope deitou sobre a cama hospitalar para fazer o ultrassom,
fiquei um pouco nervoso e mesmo sem saber o que fazer, acabei
segurando a mão da mulher que seria a mãe do meu bebê.

Penélope me olhou por um momento e abriu um sorriso.


Parecia que ela tinha esquecido a nossa conversa e eu só pude
fazer o mesmo que ela, pois mesmo cheios de problemas, nós
seríamos pais e naquele momento começaríamos a conhecer o
nosso pequeno ser.

— Prontos, papais?

— Sim… — respondemos em uníssono.


A médica começou o ultrassom e nós começamos a ver algo
que não era muito nítido, mas ali sabíamos que estava o nosso
neném. O garotinho ou garotinha que iríamos amar mais que tudo
naquele mundo.
Senti meus olhos ficarem lacrimejados e aquilo seria algo que
não contaria aos meus amigos, pois eu provavelmente não estaria
pronto para receber a gozação daqueles idiotas.

— Bom, o feto está com boa saúde, mas ainda não dá para
saber o sexo. Agora vamos escutar o coraçãozinho?
— Por favor! — Penélope pediu, chorando.

Aquela mulher, que era mais uma ogra na maioria do tempo,


estava emocionada e aquilo me emocionava ainda mais.

Quando o som descompassado e alto tomou conta do


ambiente, eu também me senti um filho da puta sortudo,porque
mesmo cometendo somente merdas na vida, acabei fazendo algo
bom.

Penélope me encarou com lágrimas escorrendo por seu


rosto, mas com um sorriso radiante em seus lábios. E eu estava da
mesma maneira, pois sentia até minha bochecha doer, pelo sorriso
contagiante que eu direcionava para aquela mulher.
— É o nosso bebê, Roberto.

— É sim, Pen.

E foi naquele momento, sem que eu soubesse o que fez


aquela mulher chegar naquela conclusão, que ela acabou falando:

— Vamos tentar.
Franzi meu cenho e tive que indagá-la:

— Tentar, o quê?

— Tentar ser um casal.


Caralho! Ela tinha aceitado?

Penélope tinha aceitado viver novamente um romance


comigo.
Aquilo seria uma loucura, mas eu voltei a sorrir e assenti, pois
era a única coisa que podia fazer naquele momento.

Pois uma felicidade ainda mais inexplicável tomou conta do


meu corpo.

Daquela vez eu iria fazer dar certo.


Capítulo 18

As coisas estavam completamente insanas em minha mente.

Talvez fossem os hormônios da gravidez, ou não…


Talvez fosse só eu querendo inventar algum tipo de
desculpas, para querer viver novamente, algo que eu sabia que
podia dar muito errado.

Talvez fosse, o meu lado idiota, que ainda acreditava que eu


podia viver um amor… e talvez a bosta do cupido tinha me atingido
com a flecha que também acertou Roberto.

Eu amava aquele homem, que só soube me magoar no


passado e quando ele me fez a proposta de vivermos um romance
novamente, quase que tive um pequeno ataque cardíaco.
Mas claro que ele desistiu rápido da ideia maluca que me
propôs, no entanto, assim que ouvi os batimentos do meu neném,eu
soube que precisava tentar novamente com aquele idiota e por isso
disse que queria novamente ter um relacionamento com ele.

E naquele momento estávamos na sala da casa dele,


novamente ali, só que daquela vez sentindo uma pitada de “talvez
dê certo” no ar.
Roberto me encarava com um sorriso sacana nos lábios e eu
estava sentindo minhas bochechas corarem pelo tamanho da
ousadia daquele homem.

— Vamos ser namorados? — sua pergunta tinha um tom de


risada e eu semicerrei meus olhos para encará-lo.

— Você que disse primeiro.

— Já tinha desistido de tentar, afinal, inicialmente você


negou.
— Percebi que talvez possamos tentar.

— E aí, eu vou poder te chamar de namorada?

Roberto começou a se aproximar lentamente de mim e eu dei


as costas para ele, pois não queria perder o meu foco naquele
momento. Caminhei até a vidraça que proporcionava vista para a
movimentação de Londres.

Ele parou atrás de mim e colocou suas mãos no vidro


impedindo que eu conseguisse escapar dali. Passou seu nariz pelo
meu pescoço e fez minha pele se arrepiar.
— Dessa vez, eu prometo que tentarei ser realmente um
namorado bom, vou ser fiel a você e ao bebê que está dentro do
seu ventre.

Fechei meus olhos com sua confissão.


— Prometo que serei uma pessoa melhor, não quero mais te
chatear e não quero mais ser conhecido como o homem que não dá
valor a uma mulher tão maravilhosa quanto você.

Abri meus olhos e tive que deixar o sorriso tomar conta dos
meus lábios.

— Agora sou maravilhosa?

Roberto soltou uma risada em meu pescoço, fazendo com


que eu me arrepiasse ainda mais.

— De tudo o que disse, isso foi somente o que você ouviu?

— Tenho que prestar atenção nas melhores coisas.

Roberto tirou uma de suas mãos da vidraça e levou até


minha barriga, fazendo meu corpo se grudar ainda mais ao dele.

— Não sou o melhor homem do mundo, só que estou com


vontade de começar a ser para você.

— O que te fez querer isso?

Soltei um gemido, assim que ele levou seus lábios até o meu
pescoço e sugou minha carne com pouca cautela.

— Nunca quis um compromisso sério, mas isso está


passando pela minha cabeça já tem um tempo. Desde a última vez
que fizemos sexo. Sem contar que não deixo de pensar em você,
parece que você se apossou da minha mente e não sai mais.

— Então virei um vício para você?


— Com certeza, Penélope.

Abri um sorriso, pois Roberto parecia estar dizendo tudo o


que eu sentia.
Droga!

Não queria cair muito fácil em seu papinho, mas como não
faria aquilo? Quando estava começando a ficar cega para o mundo
e só conseguia pensar nele, ainda mais depois de estar esperando
um fruto da nossa safadeza.
Sua mão desceu para a barra do meu vestido e a subiu
levemente. Senti minhas bochechas corarem e mordi meu lábio
inferior. O que faríamos ali, seria algo completamente diferente do
que já tinha feito. Ainda mais com aquela vista, correndo o risco de
alguém nos ver daquela maneira.

— Você gosta do proibido, não é mesmo? — Roberto,


questionou.

— Eu adoro — respondi.

Seus dedos grossos passaram por minha coxa e minha pele


voltou a se arrepiar. Roberto chegou à barra da minha calcinha e a
afastou para o lado. Seus dedos começaram a passar por minha
vagina e eu fechei meus olhos, encostando-me em seguida em seu
peito.
Um de seus dedos me penetrou e eu soltei mais um gemido.
Outro foi para o meu clitóris e começou a massageá-lo.

Parecia que o nível do meu tesão havia aumentado mais


depois da última vez que transei com Roberto.

— Vou te dar as estrelas em forma de tesão, Penélope.

O sussurro que ele me ofereceu fez com que meu corpo


perdesse um pouco das forças e eu acabei tendo que me apoiar
mais nele.
Roberto me segurou com sua outra mão e continuou me
masturbando e a cada movimento mais rápido que ele fazia, eu
ficava maluca por mais. Estava desejando gozar com intensidade e
sabia que ele me daria aquilo.

Quando comecei a sentir a sensação de prazer multiplicar,


Roberto começou a sussurrar mais coisas em meu ouvido:
— Isso, amor… goza pra mim.

Aquela palavra, nunca dita antes, fez com que eu me


perdesse e realmente encontrasse as estrelas.

— Ah, Roberto! — gemi seu nome, enquanto soltava alguns


espasmos pelo orgasmo que ele havia me dado.

— Gosto, quando diz meu nome dessa maneira, quase como


um ronronar, minha gatinha.
Engoli em seco, afinal só a sua voz estava me deixando com
mais tesão.

— Você vai me foder? — questionei.


— Vou, bem aqui, minha linda.

Roberto tirou suas mãos do meu corpo, só para descer o


zíper do meu vestido e fazer com que a peça caísse no chão. Logo
desabotoou meu sutiã, a calcinha e foi a última que ele tirou do meu
corpo.
— Espero que dessa vez você não me mande embora do
meu próprio apartamento.

Soltei uma risada com a sua brincadeira e acabei me virando


de frente para ele.

— Dessa vez eu juro que me comportarei.

— É bom ouvir isso.


Levei minhas mãos aos botões de sua camisa e comecei a
ajudá-lo a tirá-la, fizemos o mesmo com a calça e com a boxer.

Logo ele encostou minhas costas no vidro gelado e me pegou


em seus braços, fazendo com que eu entrelaçasse minhas pernas
em sua cintura.

— Vou te foder aqui, minha delícia.

— Vai me fazer gozar muitas vezes? — gemi ao perguntar.


— Prometo que farei você gozar tanto, que irá até esquecer o
caminho de volta para sua casa.

— Adoro esse tipo de promessa.

Roberto sorriu e levou sua boca até a minha, me beijando


com desejo, um pouco de desespero e até mesmo uma
necessidade que eu não sabia que ele sentia tanto por mim.
Sua língua procurava a minha para nos movimentarmos em
sincronia e eu retribuí da mesma maneira necessitada daquele
beijo, que já dizia muita coisa, mesmo que não o colocássemos em
palavras.

Roberto me penetrou de uma vez, sem desgrudar seus lábios


dos meus e começou a se movimentar sem esperar que eu tivesse
tempo para respirar. Ele continuou entrando e saindo de dentro de
mim.

E nossas bocas não se desgrudavam. Enquanto nossas


respirações ficavam ainda mais aceleradas, podíamos ouvir o som
dos nossos sexos sendo tomado por nossa lubrificação.

Cada vez que aquele homem se enfiava dentro de mim, eu


sentia mais prazer, mais desejo e mais tesão.
Eu queria ser fodida mais e mais por ele.

Caralho, eu amava aquele idiota!

Mas não diria aquilo em voz alta, não por enquanto, pois o
medo de me machucar de novo era grande.

Logo senti meu tesão aumentando e novamente gozei, mas


daquela vez no membro de Roberto.

E quando ele me sentiu contraindo toda, afastou sua boca da


minha e murmurou:

— Minha vez.

E eu senti seu líquido quente tomar todo o meu interior. Sua


expressão de prazer ao liberar seu orgasmo me deixou mais
necessitada e eu disse:
— Quero mais.

Roberto sorriu com o sorriso mais safado que tinha e disse:

— E você terá.

Talvez fosse um erro me envolver com aquele maluco, mas


eu tinha certeza de que seria um tempo bem gostoso… ao menos
em sexo.
Só esperava daquela vez não sofrer como da última…

Esperava mesmo que desse certo e talvez a porra do final


feliz existisse.
Capítulo 19

Talvez eu fosse um necessitado que nem sabia esperar


chegar no quarto. Daquela vez estávamos sobre o tapete da sala de
estar e minha boca sugava a boceta de Penélope com força,
enquanto ela gemia enlouquecidamente.

Suas mãos seguravam minha cabeça, enquanto seu quadril


se remexia de maneira ensandecida para que o nível de prazer
aumentasse cada vez mais. Louca, era assim que aquela mulher
estava, pelo prazer que estava lhe oferecendo.

Penetrei dois dedos dentro da sua vagina e comecei a


estocá-los com força para deixá-la ainda mais maluca pelo que
estávamos fazendo.
— Roberto, eu vou gozar — gritou e eu abri um sorriso em
sua vagina.

Quando senti sua boceta se contrair, percebi que realmente o


orgasmo estava chegando e aumentei minhas estocadas e minhas
chupadas em seu clitóris.

Logo o líquido doce saiu em minha boca e em meus dedos.


Suguei-a o quanto pude e assim que me afastei, percebi que ela
estava exausta, mas ainda não havia acabado.

— Está preparada para a próxima?


— Quando eu disse que queria mais estava brincando. — Ela
gargalhou meio ofegante.

— Só que eu não estava, minha safada.


— Roberto — reclamou.

Parei e a encarei, depois questionei:

— Quer mesmo parar?

Ajoelhei-me no carpete felpudo e esperei sua resposta.

— Só para me recuperar.

— Ok! — Levantei minhas mãos, como se estivesse me


dando como vencido.

Sentei-me no carpete e Penélope fez o mesmo. Seus olhos


passaram pelo meu corpo e logo pararam em meu pau, que estava
duro como pedra, querendo uma atenção maior, mas que não podia
receber, já que a mulher que eu queria estava exausta.

— Acho que preciso te ajudar.


Acenou na direção do meu pau.

— Descansa, minha linda. Não precisa se preocupar comigo,


a única coisa que importa é você estar saciada.

Ela se aproximou de mim, engatinhando e fazendo meu pau


ficar mais duro.

— Já ouviu aquela frase de direitos iguais?


Soltei uma risada e murmurei:

— Não quero te forçar a nada, Pen.


— Não vai me forçar, vou fazer o que quero.

Sua mão foi parar em meu pau e eu fui obrigado a engolir em


seco com aquele toque.
Quando começou a movimentar meu membro, fechei os
olhos e deixei um som gutural escapar da minha garganta. Logo
senti sua boca tomar meu pau e abri meus olhos rapidamente.

Levei minhas mãos aos seus cabelos e penetrei meu pau um


pouco mais em sua boca, até sentir sua garganta. Aquilo não
impediu Penélope de continuar e quanto mais ela me chupava, com
mais tesão ela me deixava.

Ela se afastou um pouco, passando sua língua por todo o


meu comprimento e depois sorriu diabolicamente para mim. Cerrei
meus olhos, pois aquilo era quase insuportável para que eu
conseguisse aguentar.

Penélope continuou me masturbando com sua mão macia e


eu já estava quase me libertando. E ela aumentou ainda mais o
ritmo dos seus movimentos, comecei a gemer mais alto e ela sorriu
com minha reação.

Caralho!
Aquela mulher iria me levar à loucura.

Quando cheguei ao meu limite, ela levou sua boca ao


membro e sugou todo o meu orgasmo.
Assim que levantou, limpou os cantos da boca e brincou:

— Acho que agora estamos quites.

— Com certeza.

Sorri para ela e Penélope mordeu o lábio inferior.


— Vamos nos banhar — sugeriu.

— Vamos.

Levantei-me do tapete e a peguei no colo, o que a fez soltar


um gritinho que eu adorei ouvir.

Caminhei para a minha suíte e lá depositei-a sentada na


beirada da banheira e comecei enchê-la para podermos tomar
banho. Assim que estava pronta, ajudei Penélope a entrar na água e
sentei-me atrás dela.
Ela apoiou sua cabeça em meu peito e passando os dedos
sobre as espumas da água começou a dizer:

— Você acha que isso vai dar certo, Roberto?


— Nós podemos tentar e se não der, vamos ao menos parar
com nossas brigas para o bem do nosso bebê.
— Tudo bem! Vou concordar dessa vez com você.

— Talvez hoje tenha um dilúvio, já que você irá concordar


comigo.

— E é por isso que brigamos, por você ser tão idiota.

Gargalhei no mesmo momento que ela me deu um tapa na


coxa. Ela se virou pra mim e sentou-se com as pernas enganchadas
em minha cintura. Aproveitei minha posição e levei meu pau para
dentro da sua boceta, já que não podia perder a oportunidade de
estar ali.

— Você é insaciável, sabia? — Penélope, indagou.

— Sabia — respondi, enquanto comecei a me movimentar


vagarosamente dentro de Penélope.
— Eu quero conversar com você e você não sabe pensar em
outra coisa a não ser sexo.

— Linda, nós podemos conversar, só me deixa ficar aqui


onde eu amo.

— Safado!

— Pode confessar que você ama meu lado pervertido.


— Amo mesmo.

Sorri para ela e disse:

— Penélope, eu nunca disse isso para ninguém, mas vou


dizer a você, pois eu realmente quero isso. Ok?

— Estou com medo — gemeu, quando começou a se


movimentar junto comigo.
— Eu também estou, mas mesmo assim vou dizer. Eu quero
namorar você, provar o que tem de bom em relacionamentos, quero
viver uma nova aventura ao seu lado e ser um homem melhor.

Levou suas mãos aos meus ombros e começou a aumentar o


ritmo em que estávamos.
— Promete que não vai ser o canalha de sempre.

— Prometo.
— Promete que vai ser fiel a mim.

— Mesmo já tendo prometido, eu prometo de novo.


— Então, eu vou ser a sua namorada, Roberto.

Sorri e levei minhas mãos à sua cintura, fazendo-a subir e


descer do meu pau, com força, desespero e desejo.
Caralho!

Eu amava foder aquela mulher.


— Talvez logo eu diga a palavra que sempre achei proibida
para mim — gritei, enquanto aumentava os meus movimentos
dentro dela.

— Quando você disser, eu também direi as minhas.

E foi aí que gozamos juntos e grudamos nossas bocas para


mais um beijo delicioso.

Ficamos mais um tempo ali, tentando recuperar o nosso ar,


até que enjoamos da água e ela também ficou fria. Vesti um roupão
e dei outro a Penélope.
— Acho que vou preparar algo para comermos.

— Eu também acho que é uma boa ideia.

Peguei a mão da mulher ao meu lado e caminhamos em


direção à cozinha, quando passamos pela sala, peguei o seu celular
e o meu, para caso alguém nos ligasse nós conseguíssemos ver.

Logo fomos para cozinha e antes de começar a fazer algo,


chequei o aparelho e a tarde gostosa que estava passando com
Penélope foi destruída pelo que havia recebido.

“Seu tempo acabou, agora os jogos vão começar”

Senti um calafrio percorrer meu corpo e daquela vez, mais do


que das outras, eu percebi que a ameaça era verdadeira. Afinal, a
mulher que sempre desejei estava ao meu lado e ela poderia ser
afetada por aquele maluco que me enviava mensagens e que era
uma completa incógnita.
Droga!

O que eu faria?

Não tinha resposta para aquilo, mas sabia que novamente


prometeria proteger as duas pessoas que se tornaram
extremamente importantes para mim.

Penélope e nosso bebê, seriam minha prioridade e quando


eu encontrasse quem me ameaçava, eu acabaria com aquela
pessoa.
Para proteger quem eu amava, eu faria de tudo, até matar se
fosse preciso.
Capítulo 20

As coisas estavam estranhas.

Agora tinha segurança para onde fosse, e até mesmo em


minha casa, tinha homens estranhos para me proteger.

Havia passado alguns dias desde que Roberto tinha recebido


a última mensagem de ameaça e aquilo fez com que ele ficasse
realmente paranoico.

Ele continuava achando que era alguém tentando brincar


com ele, mas à medida que ele foi ficando ainda mais preocupado,
tive que entender seu lado, e cedi na minha rabugice.

Afinal, nós não sabíamos do que as pessoas por trás das


mensagens seriam capazes, então era melhor ficar segura, ainda
mais que esperava um bebê, que eu já amava mais que tudo.

Estava me observando em frente ao espelho e tive que sorrir


ao olhar meu reflexo e ver que minha barriga já apontava. Iria
almoçar fora, com Beatrice, então queria estar bem apresentável,
ainda mais que a mídia já sabia que Roberto e eu estávamos
juntos.

Meu celular tocou e eu corri para atender. Estava parecendo


uma adolescente idiota, e mesmo que tentasse evitar, já havia me
rendido a Roberto e estava pronta para entregar meu coração
completamente a ele.

Assim que vi seu o nome no visor, eu tive que abrir um


sorriso.

Sempre jurei que não me deixaria levar por aquele homem,


mas ali estava eu, a mesma mulher completamente encantada por
quem ele estava se mostrando ser.

— Oi! — atendi um pouco eufórica.

— Como está a grávida mais linda desse mundo?

— Estou bem!

Ontem ele tinha participado de uma reunião até tarde da noite


e não deu para nos vermos, mas já tínhamos combinado que
sairíamos naquela noite.

— Fiquei sabendo que vai almoçar com a Beatrice.


Abri um sorriso e revirei os olhos ao mesmo tempo.

— O que você não fica sabendo, não é mesmo?


— Sou muito bom em descobrir as coisas.

— Ah, sei. Senhor detetive.

— Vou começar a querer ser chamado assim.

— Pelo amor de tudo que é mais sagrado, eu não te darei um


apelido, igual às mulheres dos seus amigos. Não sou assim,
Roberto.
Do outro lado da linha, aquele idiota soltou uma risada e eu
tive que acompanhá-lo, pois nós achávamos ridículos aqueles
apelidos que os amigos tinham.

— Pode deixar que não faço questão desses apelidos.

— Ainda bem.

— Mas o que quero mesmo, é que você tome cuidado nesse


seu passeio.

— Vou tomar, e vou estar acompanhada com meus


seguranças, então nada de ruim vai me acontecer.

— Fico mais tranquilo ao saber disso.

Cerrei o cenho, pois se ele estava parecendo mais


preocupado era porque alguma coisa tinha acontecido.

— Recebeu outra mensagem?

— Não. — Ele estava mentindo.

— Roberto, você sabe que não adianta mentir para mim.

— Amor, sério não estou mentindo, só estou preocupado com


você.
— Tenho certeza de que você está mentindo e eu vou ficar
chateada se você não falar nada.

Ele soltou um suspiro pelo outro lado e murmurou:


— Linda, eu recebi uma encomenda aqui na empresa. Só
não quero te falar para não te assustar, pode ser?

Entendia que ele estava tentando me proteger, mas eu não


gostava de mentiras, por isso, respondi:
— Eu posso até não saber agora, mas depois vou querer que
me conte.

— Tudo bem! Pode deixar que vou te falar tudo.

— Que bom! — Fiz uma pausa. — Preciso ir.

— Tudo bem, bom almoço.


— Obrigada! E Roberto… eu…

Segurei-me para não dizer as palavras, pois não queria


estragar aquele conto de fadas que eu estava vivendo.

— Você?

— Nos vemos mais tarde.


— Até, linda.

Desliguei o telefone, peguei minha bolsa e caminhei para fora


do meu apartamento.

Estava na hora de curtir o meu dia com a minha amiga.

Assim que cheguei ao restaurante que Beatrice me


aguardava, ela abriu um sorriso ao me ver.
— Cadê a grávida mais linda?

Estendeu os braços para mim e me abraçou com força. Eu


retribuí seu gesto e logo nos sentamos. Minha amiga, também
estava andando acompanhada de seguranças, pois Marco também
estava extremamente preocupado com a situação pela qual meu
namorado estava passando.
— Estou bem, e você?

— Me sentindo sufocada por estar sendo acompanhada por


esses armários.

— Eu também — Revirei os olhos. — Mas se for para deixar


o Roberto com menos paranoia, prefiro andar assim do que não
andar com ninguém.

— A mesma coisa com o Marco.


Depois que fizemos o nosso pedido minha amiga voltou a
falar:

— E como está sendo essa nova fase com meu irmão?

— Ah, amiga… eu sempre pensei que nós éramos como


água e óleo, mas parece que agora estamos nos dando tão bem
que eu sinto até um pouco de medo, de algo ruim acontecer, sabe?

Beatrice segurou minha mão por cima da mesa e assentiu.


— Eu sei bem, porque foi a mesma coisa comigo e com o
Marco.

— Será que seu irmão está realmente falando a verdade,


sobre me querer como namorada dele?
— Amiga, pelo tanto que ele está preocupado com você, eu
tenho absoluta certeza de que sim. Mas por via das dúvidas,
ameacei cortar o pau dele, caso ele te fizesse sofrer de novo.

— Sabia que você é a melhor amiga do mundo?


— Eu só tento ser a melhor.

Assim que nossos pratos chegaram, senti algo estranho,


como se fosse um pressentimento. Olhei para os lados e logo
encontrei uma mulher me encarando e nos seus olhos eu só podia
ver raiva, ódio e talvez revolta.

Ela estava sentada a umas quatro mesas da nossa e eu


voltei a olhar Beatrice.

— Amiga, tem uma mulher tão estranha nos encarando.


Ela tinha o cabelo preto e usava uma roupa preta também.

Beatrice olhou para os lados, mas no mesmo momento que


voltei a encarar na direção da mulher, ela havia sumido.

— Onde?

Eu provavelmente estava ficando completamente paranoica,


igual ao meu namorado.
— Acho que estou vendo coisas.

— Você está sob muita pressão.

— Sim, provavelmente é isso.

Na verdade, no fundo eu sabia que não era coisa da minha


cabeça, mas não daria muita importância para aquilo, senão
acabaria não curtindo a minha vida da forma certa.
Era só tomar cuidado que tudo correria bem.

Só que no fundo eu tinha certeza de que algo muito ruim iria


acontecer.
E eu só pedia a tudo que era mais sagrado, para que fosse
só uma loucura da minha mente e que nada acontecesse.

Não estava preparada para ter o meu momento feliz


estragado.

Tudo daria certo!

Eu acreditava que sim.


Capítulo 21

Estava com a merda da encomenda que recebi naquele dia,


na parte da manhã. Subia pelo elevador de Penélope com o coração
na mão, pois não queria lhe mostrar aquela atrocidade, mas sabia
que se não fizesse o que ela queria, as coisas ficariam ruins para
mim.

Por isso, assim que cheguei, cumprimentei os seguranças e


entrei em seu apartamento com a chave que ela havia me dado.

Tínhamos avançado em tão pouco tempo para um nível de


relacionamento que nunca pensei que teria com uma mulher.

Assim que cheguei, encontrei a mulher que estava fazendo


meus dias serem melhores. Ela estava com um vestido preto, uma
bota que ia até o meio de suas canelas e um casaco felpudo por
cima da roupa, já que iríamos sair e estava um pouco frio.

— Uau! — Foi o que consegui dizer em um primeiro


momento.

— Oi, lindo!

Ela se aproximou de mim e me deu um leve selinho.

— Como você tá? — perguntei.

— Estou bem, só um pouco cansada por ter saído hoje.


— Se quiser, podemos sair outro dia. — Fiquei um pouco
preocupado, pois não queria que ela se cansasse.

— Claro que não, lindo. Eu quero sair, só comentei mesmo.

Seus olhos se desviaram dos meus rapidamente e logo


pararam na caixa.

— Essa foi a encomenda assustadora que recebeu? — Ela


apontou para a caixa em minhas mãos e eu assenti. — Ela não
parece nada assustadora.

Por fora a caixa parecia algo lindo. Era rosa, com alguns
desenhos de ursinho, completamente infantil, mas no interior tinha
algo horrível.

— Já a levei mais cedo para a equipe de segurança achar


alguma prova, ou digital, mas não acharam nada, então resolvi
trazer para você ver.

Penélope tomou a caixa das minhas mãos e a abriu, no


mesmo momento que ela viu o seu interior, jogou-a longe com um
grito. Eu sabia que aquilo aconteceria, aproximei-me o mais rápido
que pude dela e a abracei.

Senti que Penélope chorava, e eu tive que controlar as


minhas lágrimas, pois não estava me sentindo nada bem por ter
visto aquilo mais cedo e ainda mais fazer com que ela visse
também.

— Eu não queria te mostrar — sussurrei.

— A culpa não é sua, você insistiu para que eu não visse.

— Desculpa por ter feito você ver.

— Não se culpe, eu que insisti e você ficou sem saída.

Assenti e ela se afastou de mim, com o rosto banhado em


lágrimas.

— Mesmo assim, eu sinto muito.

Enxuguei suas lágrimas e Penélope indagou:

— Quem poderia enviar uma monstruosidade dessa?

Eu entendia, já que no interior da caixa, havia um macacão


de recém- nascido e nele estava escrito, com tinta vermelha, a
palavra morte.

Só de me lembrar o quão assustador foi, ao abrir a caixa e


ver aquilo, nunca vou esquecer e a pessoa que estava fazendo
aquilo estava passando de todos os limites aceitáveis.

— Não sei, Pen. Mas eu vou descobrir e vou acabar com ela.

Ela olhou para mim por cima do ombro e murmurou:


— Também não quero que estrague a sua vida, por causa de
um ser terrível como esse.

Aproximei-me de Penélope e a abracei com toda a força que


eu possuía.

— Coloquei em minha vida, você e nosso bebê como


prioridade, então eu não vou medir esforços para acabar com quem
anda nos colocando medo.

Penélope não argumentou mais, só apoiou sua cabeça em


meu peito e continuou ali por muito tempo, até se sentir mais calma.
Quando se afastou, enxugou as lágrimas e me encarou.

Seus olhos vermelhos denunciavam o quanto estava


destroçada por ter passado pelos segundos aterrorizantes ao ver
aquela roupa de bebê.

— Você me perdoaria se eu desistisse do nosso passeio?


— Claro que sim, depois do que vi, nem eu queria mais sair
de casa.

Ela segurou minha mão, depois me conduziu até o sofá, fez


com que eu sentasse e em seguida deitou em meu colo. Levei uma
de minhas mãos aos seus cabelos e comecei a afagá-los.

— Eu tentei levar na boa toda essa história — Penélope


começou a falar: — Só que agora estou realmente com medo e
principalmente receosa. Não sei o que poderia fazer se alguém
tentasse fazer mal ao nosso bebê.

— Não vou permitir que façam. É por isso, que você está com
esses seguranças, para que nada de ruim aconteça com você, meu
amor.

Penélope ficou em silêncio, depois de assentir, mas logo se


moveu e ficou com a cabeça em minha direção para poder me
encarar, enquanto ficava deitada em meu colo.

— Roberto?

— Sim!
Ela colocou sua mão em sua barriga, que já estava um
pouquinho iminente e eu levei a minha por cima da dela. Já tinha
virado algo corriqueiro fazer aquilo. E estava realmente gostando
daquela proximidade que tínhamos conquistado em relação àquele
nosso envolvimento.

— Por que você usa a palavra amor para se referir a mim?


Senti meu coração disparar com sua pergunta e talvez eu
não soubesse responder aquilo com clareza, mas já sabia a
verdadeira resposta em relação às palavras que estava usando para
chamá-la.

Será que estava na hora de revelar algo que eu nem mesmo


sabia que podia existir, mas que sentia como se realmente fosse
verdade?

— Penélope, por muito tempo, acreditei que não podia ter


sentimentos por uma mulher, como via meus amigos tendo.
Acreditava que amor era coisa de idiota e que isso nunca me
afetaria.

— E te afetou? — Ela parecia um pouco ansiosa com a


minha resposta, por isso, decidi ser sincero com a mulher que a
cada dia me deixava mais realizado.

— Sim!

Penélope levantou-se do meu colo e me encarou como se


não tivesse acreditando no que eu disse.

— Você está apaixonado por mim? — Sua pergunta foi


eufórica demais e eu decidi ser ainda mais claro.
— Penélope, não sei o que pensar do sentimento que cresce
a cada dia por você dentro do meu peito. Só sei explicar que meu
coração dispara, sinto o ar me faltar, meu corpo fica arrepiado
quando te vê e uma ansiedade me bate, e parece que se eu não te
tiver nos meus braços, eu vou ser a pessoa mais infeliz do mundo.
Não sei como denominar isso, mas como nunca senti nada parecido
por alguém, só posso ter a certeza de que isso seja amor.

Vi quando os olhos azuis daquela mulher se arregalaram e


voltaram a se encher de lágrimas, daquela vez não eram de tristeza
e sim de emoção.
— Roberto, não me engane — pediu.

Levantei-me do sofá, para me ajoelhar à sua frente. Assim


que o fiz, segurei suas mãos nas minhas e voltei a dizer:
— Sei que não tem motivos para acreditar em mim, porém
aproveite esses dias que estamos juntos e tente acreditar nessa
nova versão de Roberto. Eu tô sendo menos puto, olhando somente
para uma mulher e acreditando que talvez eu a queira para o resto
da minha vida.
— Droga! Eu não queria dizer, Roberto. Só que com isso
você não me dá escolha a não ser dizer que eu te amo. Muito,
demais e não sei o que vou fazer se você pisar na bola de novo.

Penélope tinha um sorriso nos lábios e as lágrimas


começaram a descer por seu rosto.
— Você me ama?

Aquela revelação vinda da mulher mais dura que já conheci,


fez com que eu sentisse um pouco de alívio e ao mesmo tempo que
eu enxergasse melhor o mundo.
— Amo, seu idiota.

Soltei uma gargalhada e logo levantei e a puxei para os meus


braços.

— Eu também te amo, gata.

Beijei os lábios da mulher que me estava dando um sentido


novo para a vida e me considerei o homem mais realizado naquele
momento.
Talvez eu só precisasse da mulher que eu mais temia ao meu
lado, para perceber que a porra do amor existia mesmo e que eu
não passava de um clichê ambulante.

Estava apaixonado e não podia negar mais.

Então que o amor tomasse meu coração, eu não me


importava, estava feliz e era isso que valia a pena.
Capítulo 22

Os dias foram se passando e eu não podia negar, que talvez


eu estivesse vivendo em um livro de conto de fadas.

Estava apaixonada, sendo correspondida e só não estava


cem por cento feliz, pois ainda não havia encontrado quem
ameaçava o meu namorado.

Mas mesmo assim, não deixava aquele fato prejudicar


nossos momentos. Ainda mais que agora tínhamos resolvido deixar
claro o nosso amor um pelo o outro.

Segurei a mão de Roberto assim que saímos do carro e


caminhamos para a casa dos meus pais.
Tinha resolvido que era a hora de revelar à minha família que
estava grávida e namorando um homem que eles conheciam tão
bem.

Entrei na casa deles e logo os encontrei na sala de estar. Ao


menos desde a última vez que estive na casa deles, meu pai
pareceu aceitar um pouco da minha profissão, o que estava ao
menos fazendo eu responder as mensagens que eles me
mandavam raramente.

— Ah, que bom te ver, querida.

Mamãe se aproximou de mim e me abraçou. Não sei se eles


já desconfiavam que estava grávida, mas ao menos nenhum dos
dois me olharam com reprovação. Meu pai, sempre foi mais
reservado, mas naquele dia acabou me abraçando forte.
— Fico feliz que tenha vindo nos visitar — papai comentou no
mesmo momento que encarou minha mão e a de Roberto
grudadas.

Ele elevou sua sobrancelha e deu um leve sorriso para meu


companheiro e estendeu a mão para cumprimentá-lo.

Assim que as honras foram feitas, sentamos um de frente


para o outro e eu fiquei um pouco nervosa, mas acabei tomando a
iniciativa para falar com meus pais.

— Bom, vim aqui hoje anunciar que estou namorando com o


Roberto e que vamos ter um bebê.

— O quê? — Meu pai foi o primeiro a esboçar uma reação.


— Como assim, bebê? — Minha mãe se levantou no mesmo
momento.

Pelo que parecia eles não sabiam que eu estava grávida e eu


fiquei um pouco receosa com a reação deles. Olhei para Roberto
pedindo socorro e ele tomou a frente do assunto.

— Isso mesmo que vocês ouviram, nós estamos esperando


um bebê e depois que sairmos daqui, vamos tentar mais uma vez
descobrir o sexo, pois ainda não sabemos e gostaríamos que
ficassem contentes com a notícia,porque vocês são os únicos avós
vivos dessa criança que está vindo e eu me sinto a pessoa mais
feliz por estar podendo vivenciar ao lado da Penélope. Então, se
forem falar alguma coisa desagradável, eu vou pedir para que se
calem, pois não aceitarei que digam algo desrespeitoso para a
mulher que amo e além do mais a mãe do meu bebê.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas e eu tinha que


culpar os hormônios da gravidez, por me fazerem parecer uma
idiota. Por qualquer situação eu chorava e aquilo estava me
deixando frustrada e ao mesmo tempo feliz.

Olhei para os meus pais e os dois tinham uma expressão


alegre no rosto deles. O que achei estranho, já que Roberto acabou
falando coisas que eles não costumavam ouvir, eram para estarem
completamente revoltados com ele.

— Filha, acho que você escolheu o cara certo para ser o pai
do seu bebê. — Mamãe que tomou a iniciativa de voltar a falar.
— Meu medo sempre foi que você escolhesse errado o
homem que passaria ao seu lado pelo resto da vida.
— Papai, vamos com calma, pois Roberto e eu estamos
iniciando.

— Estou vendo a calma de vocês,até jáestão esperando um


bebê.

Nós gargalhamos com a brincadeira do meu pai e eu tinha


que concordar com ele. Já que de calma Roberto e eu não
parecíamos ter nada.

E o momento que pensei que seria péssimo, foi ótimo e eu


fiquei feliz novamente por estar ao lado dos meus pais. Eles
estavam melhorando e aquilo me deixava feliz.

As pessoas tinham que mudar, já que o mundo estava em


constante mudança, não podíamos achar que nossa mentalidade
deveria ser a mesma.

Talvez aquele dia marcasse um novo começo em minha vida


e eu ficasse ainda mais feliz por estar podendo viver um momento
de paz com meus pais.
Quando deu a hora de sairmos, eles disseram:

— Podemos ir com vocês?

— Para o ultrassom? — indaguei.

— Claro, querida — mamãe respondeu. — Vamos ter um


neto ou uma netinha, queremos dividir esse momento importante
com vocês.
— Vocês sempre podem, eu amo vocês, só fico chateada
quando não aceitam minhas escolhas — respondi.
— E eu vou te pedir desculpas pelo resto da vida, filha. Você
tem que fazer o que sempre quis e não seguir um sonho idiota meu.

Meu pai me puxou para um abraço e depois de eu sentir que


estava acolhida na família Lancaster, eu percebi que realmente
minha vida estava se encaixando. Meus olhos se grudaram nos de
Roberto e eu sorri para ele.
Ele retribuiu da melhor forma que pôde e eu soube que dali
em diante nada poderia estragar nossa felicidade…

Ao menos foi aquilo que pensei naquele momento…

***
Estávamos todos dentro da sala da médica e ela estava com
um sorriso bobo, por ver que até os pais de Penélope quiseram nos
acompanhar para tentarem descobrir o sexo do nosso bebê.

Minha mão estava gelada e eu sentia que ela suava frio.


Segurei na mão da mulher que amava e ela me olhou por um
momento, até voltar seus olhos para a tela do aparelho de
ultrassom.
Não que nós fôssemos ver algo, se a doutora não nos
mostrasse, mas mesmo assim, era como se conseguíssemos nos
sentir mais perto do nosso bebê.

— Bom, parece que os avós trouxeram sorte aos papais.

— A senhora conseguiu ver, doutora? — Penélope indagou.

— Sim.
— Pelo amor de Deus, fala logo.

A doutora sorriu para mim, mas entendeu que eu estava


quase tendo algum ataque cardíaco, por estar tão ansioso para
saber o sexo do meu neném.

— Vocês terão um menino, que com certeza será lindo,já que


o casal é maravilhoso.

O mundo congelou…
Tudo parou…

Eu tinha certeza de que se um mísero mosquito passasse na


minha frente, eu conseguiria vê-lo em câmera lenta naquele
momento.
Eu teria um filho. Um garotinho, para chamar de meu menino,
meu moleque, meu pequeno.

Era um menininho, meu bebê era um menino, um


rapazinho…
Meus olhos se encheram de lágrimas e eu não tentei
escondê-las em nenhum segundo, estava muito emocionado por
estar vivendo aquilo.

Era um sentimento radiante, que tomava meu peito e quase o


explodia de emoção.
Olhei para Penélope e ela não estava diferente de mim.
Chorava, sorria, e estava repleta de felicidade.

— É um menino, amor — sussurrei e a abracei em seguida.

— Nosso bebê, Roberto.

Beijei seus lábios rapidamente, e ela retribuiu da melhor


forma que pôde. O senhor Jackson e a Janny chegaram próximos a
nós e nos deram um abraço desajeitado.
— Não podíamos estar mais felizes. Mal descobrimos que
temos um neto vindo aí e já queremos paparicá-lo.

A mãe de Penélope brincou e eu enxuguei minhas lágrimas.

— Parabéns, filha e parabéns, Roberto.

Jackson também estava emocionado e naquele momento eu


achava que tinha ganhado uma nova família e talvez fosse a mais
pura verdade.
Afinal, Penélope até podia falar que não sabíamos se iríamos
passar o resto da vida juntos. Só que eu faria aquilo acontecer, eu
queria aquela mulher por toda a vida, queria que ela fosse o meu
para sempre.

E eu agradecia muito por ninguém conseguir ouvir meus


pensamentos, já que estava tão piegas, que seria motivo de
gozação entre meus amigos.

Peguei meu celular, e mandei uma mensagem no grupo que


tinha com os meninos.

Vou ser pai de um menino.

Logo eles começaram a me parabenizar e eu agradeci,


enquanto Penélope foi se limpar para irmos embora.

Em seguida percebi que minha secretária havia me enviado


uma mensagem e tive que revirar os olhos assim que vi o que
estava escrito.

Senhor, temos uma reunião de última hora. Será que o


senhor podia retornar, pois o senhor Marco está em outra
reunião fora da empresa.

Mesmo não querendo que Penélope ficasse sem mim


naquele momento, eu sabia que tinha que ir para aquela merda de
reunião, senão poderia sujar o nome da empresa.

Quando saímos da clínica, murmurei:

— Querida, você se importa de ser acompanhada pelos


seguranças e seus pais?

— Por quê?
— Preciso voltar à empresa.

Penélope fez uma careta, mas concordou e eu beijei seus


lábios um pouco mais forte do que o normal, quando estávamos em
público, já que eu estava indo contra a minha vontade.

— Te amo — sussurrei.

— Eu também te amo.

Depois de me despedir dos seus pais, caminhei para o meu


carro e ainda esperei que Penélope entrasse nos dos pais. Eles
iriam levá-la em casa e ela seria acompanhada pelo carro dos
seguranças.

Parti para a Amarílis, já que não tinha escolha de ficar com a


minha mulher.

Esperava que não demorasse muito, pois queria voltar logo


para ela.
Capítulo 23

Cheguei a empresa e subi até o andar da presidência, e


assim que cheguei à mesa de Ema, questionei:

— Boa tarde, Ema. Qual é a reunião de última hora, que você


não me disse quem é o cliente.
Ema franziu o cenho e respondeu:

— Boa tarde, senhor. Mas, que reunião?


Engoli em seco com aquela pergunta.

— Ema, eu havia saído mais cedo para ir a um exame com a


Penélope e você me mandou uma mensagem avisando que tinha
uma reunião de última hora para acontecer e que Marco não estava
aqui.
No mesmo momento o meu amigo apareceu, saindo de sua
sala e chegando próximo à mesa da minha secretária.

— Eu estou aqui. — Ele sorriu e deu uma piscadela para


mim, mas naquele momento eu não estava para brincadeira.

— Senhor Valente, desculpe, mas acho que se enganou.

— Eu não me enganei — gritei, assustando tanto ela quanto


Marco.

Peguei meu celular e mostrei para ela. A moça no mesmo


momento, abriu sua bolsa que ficava dentro de um armário ao lado
da sua escrivaninha e começou a procurar seu celular.

E depois de alguns minutos sem achar nada, ela também se


assustou.
— Meu celular não está comigo.

Senti minhas pernas fraquejarem, mas eu não podia perder


tempo. Naquele instante comecei a discar o número de Penélope. E
claro, que para me deixar com os nervos à flor da pele, ela não
atendia.

— Rob, o que está acontecendo? — Marco perguntou,


enquanto me via desesperado.

Corri até a sala de Beatrice e abri sua porta com tudo, ela
digitava algo no seu notebook, mas parou no mesmo momento que
viu o meu estado.
— O que aconteceu? — Levantou-se de sua cadeira e veio
até mim.
— Ela sumiu, eu tenho certeza de que ela sumiu, Beatrice —
gritei de novo.

— Mano, calma, quem sumiu?

— A Penélope, ela não me atende e Ema me mandou uma


mensagem falando que tinha uma reunião e eu cheguei aqui…

Não consegui pronunciar mais nenhuma palavra, caí de


joelhos no chão e comecei a chorar como um desesperado, que era
exatamente o jeito que eu estava, que não dava conta de fazer
nada. Se soubesse que algo de ruim tivesse acontecido com minha
mulher, eu sinceramente não teria ideia do que fazer.

Marco começou a contar o que estava acontecendo e minha


irmã pegou o celular de minha mão e começou a ligar para alguém.
Marco aproveitou para ligar para a segurança, já que estávamos
trabalhando com a mesma empresa e eu estava derrotado, no chão,
sem conseguir nem mesmo me mover por pensar que algo ruim
pudesse se passar com minha mulher.

— Eles vão rastrear o telefone dela.

Marco abaixou-se ao meu lado e apoiou uma de suas mãos


em meu ombro.

— Levanta daí, nada deve ter acontecido com ela. Você não
pode ficar assim.

— Não consigo falar com ela, nem com seus pais. Já liguei
para a casa dos Lancaster, mas Eva me disse que não chegaram
lá.
— Alguma coisa aconteceu. Eu sinto que fui enganado para
estar aqui e deixar minha mulher à mercê daquela pessoa que
estava me ameaçando.

— Não vamos pensar isso, Rob — Beatrice pediu, mas eu já


podia ver que sua entonação havia mudado e que estava quase
chorando.
Para nosso desespero, meu celular, que estava na mão de
Beatrice, começou a tocar. E logo percebemos ser o telefone de
Penélope.

— Viu, eu sabia que nada tinha acontecido.

Beatrice estendeu o aparelho para mim e eu o atendi


rapidamente.

— Amor, onde você tá?


Ninguém respondeu por um momento e eu podia ouvir uma
respiração pelo outro lado da linha.

— Amor? — chamei mais uma vez.

— É tão bonitinho ver a forma que você a chama.

Aquela voz não me era estranha, mas não sabia identificar de


quem era com exatidão.
No mesmo momento coloquei no viva-voz, pois as pessoas
ao meu redor poderiam saber de quem se tratava.

— Quem está falando?

— Me sinto ofendida por você não se lembrar da minha voz,


Roberto Valente.
— Puta que pariu! — Beatrice sussurrou e eu olhei para ela
com o cenho franzido sem entender o que aquele xingamento
poderia significar.

— Vou te dizer somente uma coisa, eu vou matar a sua


namoradinha, o seu bebê e os pais dela. Será lindo e vou filmar tudo
e te mandar.
Beatrice tomou o telefone das minhas mãos e começou a
gritar.

— Você vai soltar a minha amiga e os pais dela agora,


Jaclyn, senão eu que vou te matar. Como ousa fazer isso, quem
você acha que é para ameaçar meu irmão dessa forma e acabar
sequestrando a namorada dele?

No momento que ouvi o nome da ex-funcionária da empresa,


fechei meus olhos. Claro que era alguém que conhecia minha rotina,
sabia onde eu morava e o quanto eu não valorizava
relacionamentos.

Claro que ela atingiria a mulher que me encantei de primeira,


pois era assim que ela descobriu como me afetar, sem contar que
ela havia prometido para minha irmã que acabaria com a gente. Só
que eu pensei que era somente uma promessa da boca para fora.

— Beatrice, que saudade de ouvir sua voz. Por sua sorte,


achei melhor não matar sua filha, e sim, a amiga e namorada do seu
irmão. Assim eu me vingo de vocês dois em uma cajadada só.

— Jaclyn, você está descontrolada, se quer dinheiro a gente


tem. Podemos te dar e…
— Cala a sua boca, ninguém da Amarílis manda em mim. E
eu só quero vingança, dinheiro não seria vingança. Adeus! O meu
próximo contato será o vídeo de assassinato dessas pessoas aqui.
— Não! — gritei, mas Jaclyn já havia desligado e Beatrice pareceu
perder seu fôlego.

Ela me olhou, começou a chorar desesperadamente e eu…


eu estava completamente em choque. Até Marco que sempre era
mais centrado, não conseguia se mover para consolar minha irmã.
Eu tinha transado com aquela funcionária algumas vezes. Ela
tinha trabalhado no RH da empresa há algum tempo. Demiti-a, pois
ameaçou minha irmã e ela prometeu vingança. Só não acreditava
que fosse realmente corajosa para fazer aquilo.

Enxuguei minhas lágrimas depois de um tempo, levantei-me


do chão e encarei minha irmã.
— Vou atrás da minha mulher, nem que seja para encontrá-la
com um último resquício de vida, mas eu vou tirá-la das mãos dessa
desgraçada.

Saí do escritório de Beatrice pronto para matar qualquer um


que tentasse me impedir de acabar com Jaclyn. Eu teria que
descobrir onde Beatrice estava…

Antes que fosse tarde demais.

Antes que eu perdesse o amor da minha vida e o meu filho…


Meu pequeno menino nem havia nascido e já estava
sofrendo as consequências do mundo.

Mas eu os encontraria com vida…


Ao menos eu esperava que sim.
Capítulo 24

Estava meio tonta, mas consegui abrir meus olhos e não


reconhecia o lugar em que eu estava. Ao longe conseguia ouvir a
voz de algumas pessoas e tentei ficar quieta para tentar entender o
que falavam.

— Já paguei os seus serviços e consegui o que queria, agora


podem ir. — Era uma mulher que falava aquilo.

— Não quer que matemos também?

— Claro que não, eu quero ter esse gostinho.

Fechei meus olhos no momento que ouvi aquilo e as


lembranças do que aconteceu tomaram minha mente.
Estávamos indo para a casa dos meus pais, pois preferi ir
para lá, passar mais um tempo na paz daquele lugar maravilhoso,
quando surgiram dois furgões pretos, um deles bateu no carro dos
seguranças — que eu nem havia tido tempo de explicar para os
meus pais o motivo de estarem atrás da gente.

E o outro fez com que nosso carro parasse. Homens


armados desceram e fizeram com que saíssemos do carro e logo
em seguida colocaram alguma coisa em um pano, que fez com
que desmaiássemos e por fim acabei acordando ali.

Antes que a mulher pudesse voltar, abri meus olhos e olhei


para os lados para ver se encontrava meus pais. No entanto, estava
tão escuro que eu não conseguia ver nada um palmo à minha
frente.

Só que minha audição estava mais atenta, por isso, consegui


identificar quando alguém entrou no lugar que eu estava. Imaginei
ser a mulher, pois pelo que tinha ouvido ela queria ficar sozinha
com a gente.

Logo a luz do lugar que estava foi acesa e a claridade me


obrigou a fechar ainda mais os olhos. E claro que com o movimento
brusco da pessoa que havia acendido a luz, acabei me assustando
e entregando que já havia acordado.

— Que bom que a bela adormecida acordou.

Sem ter muito o que fazer, abri meus olhos lentamente e


levantei minha cabeça, quase em câmera lenta para ver quem era a
pessoa por trás daquilo. Primeiramente parecia que estava em um
prédio abandonado, pois era um lugar praticamente destruído e
assim que consegui voltar a enxergar com clareza, foquei meus
olhos na mesma mulher que eu tinha visto no restaurante no dia que
saí para almoçar com Beatrice.

— Quem é você? — Consegui perguntar, pois estava com a


boca liberada.

Aproveitei para olhar para os lados e não encontrei meus


pais.

— Claro que você não me conhece, porque eu não fui


importante o suficiente para ser lembrada pelo Rob. Aquele idiota,
que me fez de palhaça e ainda me demitiu.

Meu cenho franziu e eu fiquei um tempo sem entender o que


ela dizia e percebendo a minha falta de compreensão a mulher
acabou continuando.

— Eu sou, Jaclyn, ex-funcionária da Amarílis, que saiu


humilhada daquele lugar pelo seu namorado e sua amiguinha.
Então resolvi me vingar.
A mulher tinha um cabelo preto, reluzente, mas se reparasse
bem parecia ser mais uma peruca do que algo real. E seus olhos
estavam congestionados, o que fazia parecer que ela estava com
efeitos de drogas no organismo.

— O que eu tenho a ver com essa história? — perguntei de


forma raivosa, pois era o que sentia.

Lembro-me de Beatrice comentar comigo de uma funcionária


que estava dando problema na empresa, mas nunca passaria por
minha cabeça, que uma pessoa pudesse fazer as atrocidades que
aquela mulher estava fazendo, só por causa de um emprego
perdido e de um relacionamento não correspondido com Roberto.

— Ah, querida! Você é tudo que eu precisava. Já que não


gostei da humilhação que o seu namoradinho me fez passar, então
eu precisava me vingar.

Fechei meus olhos e soltei um suspiro, pois aquilo não era


motivo suficiente para uma pessoa cometer tantos crimes. No
entanto, existia doido pra tudo, não era mesmo? E pelo jeito aquela
mulher era somente uma desequilibrada que não dava conta de
controlar suas atitudes e começou a fazer alguma merda, para
tentar se sentir útil.

— Onde estão meus pais? — indaguei, pois estava realmente


preocupada com eles.

Sem contar que se tudo o que aquela mulher mandou para


Roberto, fosse ao menos o início da merda de sua vingança, ela
poderia fazer algo bem pior comigo, então teria que tomar cuidado
para não irritá-la.

— Na sala ao lado, estão lá esperando que eu vá matá-los.


Foquei meus olhos nos dela e percebi que não existia um
resquício de blefe em suas palavras.

— Moça…
— Meu nome é Jaclyn.

— Claro. Jaclyn, por favor, solta a gente, eu juro que não vou
à polícia e nem nada. Nós não temos culpa do que aconteceu no
seu passado com os Valente. Eu juro, que não desejo mal a você
e…

Fui obrigada a me calar assim que ela se aproximou de mim


e tirou um canivete de sua cintura, colocando-o próximo à minha
garganta.
— Cala a sua boca. Aqui não terá nenhuma troca. Eu vou
matá-los hoje e farei um vídeo especial da sua morte, para o Rob.
Assim ele perceberá o quanto foi idiota de não me dar uma chance.
Eu que deveria ser a mulher que carrega um bebê dele.

Instintivamente tentei levar minhas mãos à minha barriga, no


entanto, como estava amarrada à cadeira em que estava sentada,
foi impossível fazer aquilo.

— Por favor, não faça nada com a gente — pedi, sentindo


minha voz ficar meio embargada, já que estava sentindo medo,
muito medo do que aquela maluca poderia fazer comigo e meu
filho.

Meu pequeno menino, que não tinha nada a ver com aquela
história e que talvez pudesse sofrer as consequências, por algo que
nem eu e nem meus pais havíamos feito. Na verdade, nem Roberto
e muito menos Beatrice eram culpados.

A única que parecia ter perdido o controle dos seus próprios


atos, foi a tal Jaclyn que me olhava com um sorriso diabólico na
boca. E a cada segundo que a encarava ficava ainda mais
amedrontada com o seu olhar.

— As coisas serão assim, primeiro vou matar seus pais e


farei com que você escute, não vou te mostrar a morte deles, pois
quero que você sofra ainda mais ouvindo seus gritos. Depois que
terminar com eles, começarei as filmagens da tortura que preparei
para você, ok?

— Por favor, podemos entrar em um acordo. Podemos te dar


todo o dinheiro do mundo…
Fui interrompida com um tapa que estalou forte em meu
rosto, e fez com que minha cabeça girasse para o outro lado
deixando minha bochecha ardendo assim que a mulher afastou sua
mão da minha pele.

— Não quero dinheiro, quero mortes, corpos


ensanguentados… quero vingança.

Comecei a chorar, pois não conseguia enxergar algum tipo de


escapatória daquele lugar. Não conseguia achar uma brecha onde
eu pudesse convencer a mulher que estava realmente disposta a
matar meus pais e e a mim.

Droga!
Eu ainda tinha dito a Roberto, que deveria ser alguma mulher
que ele havia enganado, mas não imaginei que estaria certa. Até
porque era somente uma brincadeira que não era para ter um fundo
de realidade.

Jaclyn começou a se afastar e eu gritei, pois sabia que se ela


saísse dali, meus pais receberiam algo que não queria presenciar.
— Espera, podemos conversar, eu posso deixar o Roberto…

Ela olhou para mim, por cima do ombro, e soltou uma


gargalhada. Provavelmente não esperava que eu implorasse tão
rápido para que não fizesse nada do que estava planejando.

— Bobinha, eu não quero aquele imundo. Eu quero o


sofrimento dele.
Dizendo aquilo, percebi que provavelmente eu não veria mais
meus pais, muito menos o homem que aprendi a amar de novo. Não
teria mais um futuro e nem conheceria meu bebê, pois nós
perderíamos a batalha para uma pessoa completamente
descontrolada mentalmente.

As lágrimas começaram a cair e Jaclyn ainda disse:


— Pode gritar se quiser, mas ninguém vai te escutar.
Estamos longe o suficiente para você não ser achada.

Ela saiu do lugar em que estava, trancou a porta e me deixou


sozinha . Ao menos a luz ficou acesa.

Ouvi a porta ao lado rangendo e chorei por saber que meus


pais estavam ali e que perderiam suas vidas.

— Olá, casal! Vou tirar a faixa que está cobrindo a boca de


vocês, para que sua filha possa saber o quanto irão sofrer.

Eu conseguia ouvir tudo do outro lado da parede e só pedi


que aquilo fosse um pesadelo, pois não queria sofrer daquela
forma.

Queria somente acordar e perceber que não passava de algo


assustador, mas que não tinha acontecido.

Fechei meus olhos e quando ouvi o grito da minha mãe,


soube que talvez eu não resistisse tempo suficiente nem para sofrer
nas mãos daquela psicopata. Eu não aguentaria ouvir o sofrimento
das pessoas que eu amava.

Só que eu tive uma leve esperança, quando escutei um


estouro em alguma parte daquele lugar.

O que será que tinha acontecido?


Capítulo 25

— Eu não me importo com o que vocês estão fazendo. Eu


quero que achem a minha mulher e os pais dela, senão terão que
lidar com as consequências.

Estava quase soltando fogo pela minha boca. Senti uma mão
pesada em meu ombro e sabia que deveria ser Marco, que estava
ao meu lado.

Ele tinha me seguido assim que saí da empresa e claro que


estava nítido para onde eu iria. Atrás das pessoas que teriam que
cuidar da minha mulher.

— Senhor, estamos tentando achar a conexão do celular da


dona Penélope na última vez que ele foi usado.
— Deveria ter dado algo com rastreador para ela, tipo o
Joca.

Olhei para Marco, mas nem me dei ao trabalho de responder,


não estava para conversa naquele momento.

Tentei ligar mais uma vez para o celular de Penélope, para


tentar fazer com que Jaclyn atendesse, mas não, ela era esperta, ao
menos era aquilo que parecia.

Olhei para minhas mãos e mais uma vontade de chorar me


bateu, mas eu não poderia ser aquele fraco que desistia da sua
mulher tão fácil.

— Senhor, conseguimos ao menos encontrar a localização de


onde nossos homens foram abordados. Infelizmente, todos foram
assassinados, no entanto, estamos procurando para tentar
encontrar o celular da dona Penélope.

Realmente Jaclyn não estava para brincadeira. Ela matou


todos os seguranças, como uma única mulher poderia ter
conseguido aquele feito? Ela só podia estar tendo alguma ajuda
para conseguir agir tão precisamente.

Demorou mais tempo que o necessário, mas logo um dos


comandantes da equipe de segurança chegou próximo a mim e
disse:

— Conseguimos localizar o último lugar que o telefone foi


usado, senhor.

— Então vamos.
— Não sabemos ao certo se é a localização exata, mas ao
menos é uma pista.

— É muito longe daqui?

— Fora da cidade, senhor. Em uma zona rural, quase não


habitada por ninguém.

— Como chegaremos lá a tempo?


— Vamos de helicóptero, senhor.

Assenti, e peguei o colete à prova de balas que me


estenderam.
— Tem certeza de que quer ir, Roberto?

Olhei para Marco e só rosnei em sua direção:


— Vá cuidar da minha irmã, que da minha mulher eu sei bem
como cuidar.

Marco sabia que eu estava irritado, então não mediria as


palavras para ofender ninguém. Quando encontrasse Penélope eu
pediria desculpa, pela forma que o estava tratando, no momento só
queria minha mulher e meu bebê, que ela carregava, em meus
braços.

Saí junto com diversos homens, que não contei sequer


quantos iam, mas era perceptível que muitos estavam a caminho.
Pelo que entendi, iríamos em dois helicópteros o que me deixava
com ainda mais esperanças de encontrar minha Penélope
intocável.
Não tinha nem uma hora que eu havia recebido a ligação do
celular dela, então ainda tinha esperanças de que a maluca da
Jaclyn não tivesse feito nada com a minha mulher.

Sobrevoamos por algum tempo, até começar a enxergar


campos e campos, abandonados pela região que Joel, um dos
comandantes, falou que foi a última vez que localizaram o celular.
Assim que o helicóptero pousou, desci rapidamente e olhei
para todos os lados. Pelo jeito não era bem ali que Jaclyn estava
mantendo minha mulher, pois não havia uma casa à vista.

Somente árvores e pastos e mais pastos.

Andei até a estrada de chão e tentei ver se via algo. Os


homens fizeram o mesmo e ficaram assim por um tempo. Olhei para
o céu e pedi pela misericórdia de Deus para que fizesse com que eu
encontrasse onde Penélope poderia estar.

Foi aí, como um milagre divino, que ao longe eu vi uma


fumaça sair por entre as árvores, como se fosse uma chaminé.
— Joel? — Chamei o homem que se voltou para mim no
mesmo instante.

Apontei a direção e o homem viu o mesmo que eu.

— Senhor, vamos lá verificar e acho melhor que fique aqui


com os outros homens, não sabemos o que podemos enfrentar.

— Não vou ficar aqui.


Fui ríspido em minha resposta, mas ao menos fiz aquele
homem entender que eu não ficaria em lugar nenhum, sabendo que
talvez minha mulher estivesse naquela direção.
Depois de algumas reclamações, ele aceitou que eu fosse
junto, e começamos a caminhar na direção do lugar. Antes que
pudéssemos ficar cara a cara, Joel parou e me estendeu uma
pistola.

— Ao menos tente se proteger.


— Pode deixar.

Quando saímos detrás das árvores, percebemos que no lugar


tinha uma van preta e que parecia abandonado,como se fosse uma
pousada, pois possuía várias janelas, o que fazia parecer que
funcionou há muito tempo como algo para hospedagem, ainda mais
que havia um lago mais ao fundo.

No entanto, devido à pintura gasta, era perceptível que


estava há muito tempo sem uma reforma e provavelmente
esquecida ali no meio daquele lugar.

Foi ao ouvir um grito, que tudo mudou e eu saí correndo, nem


esperei que alguém me seguisse. Só fui em direção à porta e atirei
na fechadura, pois não tinha tempo a perder para arrombar algo.
Escutei alguns homens reclamando que deveriam usar
alguma estratégia, mas foda-se, não era a mulher deles que estava
dentro daquele lugar, que parecia mais uma casa mal-assombrada.

— Penélope — gritei.
E quando ouvi sua voz, eu senti como se meu mundo tivesse
voltado a girar, se meu coração tivesse voltado a bater, se tudo
tivesse tomado forma de novo.

— Tô aqui.
Subi as escadas e ouvi alguns homens subindo comigo. Não
estava me importando se me machucasse, só queria encontrá-la
bem.

Assim que cheguei no segundo andar, gritei novamente:


— Onde você tá, amor?

Mas dessa vez eu não obtive uma resposta rápida.


— Ela está na sala ao lado com essa maluca. — Foi a voz de
Jackson que tomou o corredor que possuía diversas portas.

Quando pensei em dar um passo à frente, Joel segurou em


meu braço e fez com que eu ficasse atrás dele.
Fiz o que o homem pediu e parei de ser tão irresponsável,
pois precisava estar intacto para cuidar da minha mulher, quando
ela saísse daquele lugar.

— Fale com a mulher para ver se ela te responde.

Assenti e respirei fundo. Não queria falar com Jaclyn, mas se


aquela era a forma que Joel achava certo, eu tentaria.

— Jaclyn, estou aqui. Vim para ficar no lugar da Penélope,


você pode me ter, não precisa machucá-la, para me atingir. Só de
ficar comigo, você pode se vingar de mim.
— Acha que é fácil assim, Rob?

Ela parecia meio ofegante. Provavelmente, pois não


esperava que nós encontrássemos onde estava.

— Eu sei que você não quer fazer isso.


Cada passo que nós dávamos em direção ao corredor, a voz
dela ficava mais próxima.

— Quero sim, quero te ver sofrer.


— Eu posso sofrer de outras formas. Você acha que eu me
importo com a Penélope? Eu nem a amo. — Blefei, pois talvez
daquela maneira conseguisse fazer com que Jaclyn mudasse de
ideia.

— Você a chama de amor.

— É só um jeito de fazer com que ela pare de encher o meu


saco. Você sabe que não suporto estar com uma mulher por muito
tempo. Na verdade, quando fico com ela, acabo pensando em
você.

Se ela estava tão descontrolada, talvez acreditasse um pouco


na minha mentira.

— Você está falando sério?

— Claro, saI desse lugar e vem embora comigo.


Paramos em frente à porta e Joel pediu para que eu
continuasse.

— Posso entrar aí?

— Pode! — Ela aceitou rápido demais.

Mas eu abri a porta e entrei, com Joel na frente para que não
acontecesse nada.

Assim que fiquei dentro do cômodo, junto com Jaclyn e


Penélope, meus olhos grudaram nos da mulher que eu amava. Ela
estava chorando, enquanto Jaclyn segurava uma arma na direção
de sua cabeça e eu tentei transmitir tranquilidade para Penélope,
pois não queria que ela se desesperasse.

— Vamos Jaclyn, deixe essa garota aí. — Estendi a mão em


sua direção e ela abriu um sorriso.

— Você acha mesmo que vou cair nesse seu papinho, Rob?
Não sou idiota de acreditar nas suas palavras, como antes, que jurei
que você me daria uma chance. Só deixei que entrasse para ver a
sua amada morrer.

— Oh, meu Deus! — Penélope começou a chorar mais e


Jaclyn destravou a arma que tinha na cabeça de Penélope e eu…
bom, eu fiquei sem reação.
Por que eu realmente veria a mulher que demorei tanto para
assumir que amava perder a vida na minha frente e ainda levaria
meu filho junto, pois tinha uma maluca que não soube aceitar as
consequências da vida.

— Eu te amo, Penélope — sussurrei e fechei meus olhos.


Talvez eu fosse um covarde, mas não queria ver a cena de
perder a minha paz, por causa de Jaclyn.

Quando ouvi o tiro, pressionei ainda mais meus olhos e ouvi


o barulho do corpo caindo no chão. E foi naquele momento que abri
meus olhos, pois se fosse Penélope, ela não teria caído, já que
estava em uma cadeira e ainda por cima amarrada no lugar.

Abri meus olhos e vi o corpo de Jaclyn no chão com uma bala


no meio da testa e o sangue começando a escorrer por sua pele.
Olhei para Joel e ele murmurou:
— Obrigado por tê-la distraído.

Voltei a encarar Penélope, que ainda chorava muito e pelo


visto não acreditava, assim como eu que havia sido salva. Mas eu
tive que sair do meu estado catatônico, para chegar perto da minha
mulher.

Ajoelhei-me em sua frente e soltei seus braços amarrados e


logo ela se jogou em meus braços.

— Desculpe por não ter te protegido da forma que você


merecia — pedi enquanto a abraçava com força e deixava que as
lágrimas, só que daquela vez de felicidade, caíssem.

— Não tem problema, meu amor. A culpa não foi sua. Estou
tão feliz por te ver aqui.

Deixei que minha mulher desabasse em meu braço,


enquanto chorávamos juntos. Acabei evitando olhar para o corpo
estirado da louca que fez minha Penélope de refém por um tempo.

Quando percebi que Penélope estava mais calma, peguei-a


em meus braços e segui para fora daquele lugar. Não cheguei a
olhar a sala que os pais dela estavam, mas provavelmente os outros
homens deveriam tê-los tirado dali.

Assim que saímos daquele local que parecia mal


assombrado, encontrei os pais de Penélope, sentados em um dos
carros que haviam chegado, enquanto estávamos lá dentro.

A equipe médica da segurança estava cuidando da mão da


mãe de Penélope, que parecia ter se ferido.
E eu fiz questão de caminhar até lá para que eles ficassem
próximos. Quando Penélope desceu dos meus braços e abraçou os
pais, todos choravam, e eu não estava muito diferente.

Só que de uma coisa eu tinha absoluta certeza, de agora em


diante, nós teríamos paz para viver o nosso amor.

Penélope me olhou ainda chorando e respondeu:

— Eu também te amo.
Epílogo

Ajeitei-me na cama e olhei para o lado, onde Henry, meu


pequeno menino de dois meses estava deitado, dormindo como um
anjinho. Ele era branquinho, com as bochechas rosadas, cabelos
claros como os meus e olhos azuis como os do seu pai. Meu filho
era o príncipe que sempre sonhei e tive a honra de gerar e ser mãe
dele.

Depois de tudo que aconteceu há alguns meses, decidi que o


melhor lugar para morar era no apartamento de Roberto, claro que
ele adorou a ideia e fez de tudo para que eu me sentisse bem ali.
E hoje em dia eu já considerava aquele lugar a minha casa e
não queria sair dali de jeito nenhum. Ainda mais que eu vivia cada
vez melhor com Roberto e tinha absoluta certeza que ele era o meu
grande amor.

Assim que pisei fora da cama, a pessoa que não saía dos
meus pensamentos, apareceu no quarto.

— Bom dia para a mulher mais linda. — Roberto sussurrou.

— Bom dia, meu amor.

Roberto se aproximou de mim e beijou meus lábios da


maneira que ele sabia fazer melhor. Do jeito que eu ficava louca por
ele, mas naquele momento não podia prolongar, já que nosso bebê
estava em nosso quarto e também daqui a pouco nossos amigos
iriam chegar para passar o dia em nossa casa.

Assim que nos afastamos eu senti uma felicidade imensa


tomar meu peito. Havíamos passado por alguns terrores, mas o
importante era que estávamos bem e que eu tinha certeza de que
ficaria tudo bem para o resto das nossas vidas e que o felizes para
sempre realmente tinha chegado.

— Se arruma que vou ficar de olho no Henry.

— Obrigada, meu amor.

Assim que Roberto foi para a cama ficar perto de Henry eu


ainda o observei um momento com o nosso menino e depois fui
para o banheiro, precisava de um banho e fazer minha higiene
pessoal.

Quando voltei, meu namorado já não estava mais no quarto,


e Henry também havia sumido, no entanto, pela algazarra que ouvia
vindo em direção da sala, sabia que nossos amigos haviam
chegado.

Henrique e Joca, haviam vindo do Brasil para nos visitar,


então aproveitamos para marcar aquele encontro em nossa casa.
Arrumei-me rapidamente e depois segui na direção de onde
vinha o barulho.

— Ah, a nova mamãe está linda. — Mari comentou quando


me viu e me abraçou em seguida.

Logo foi a vez de Ashley e Joca me cumprimentarem e em


seguida Henrique, Marco e por fim, minha amiga. As crianças já
estavam entretidas com o pequeno parque de diversão que Roberto
havia montado para Henry.

— Amiga, parece que a cada dia que passa, você fica mais
linda.

— Até parece, não é mesmo, dona Beatrice?

Passei a mão em sua barriga, dali viria mais um neném,


seria novamente uma menina, e daquela vez Marco poderia
participar de todo processo de criação da filha, depois de perder a
de Sofia.
— Te amo, amiga.

— Eu também te amo.
Depois que Beatrice se afastou, eu olhei para aquele
apartamento cheio de gente, os amigos que levaríamos para a vida,
meu bebê em seu carrinho e sorri, realmente aquela era a vida que
eu sempre quis e teve uma época em que pensei que nunca iria
conseguir, mas consegui.

— Amigos e amigas. — Roberto chamou a atenção de todos


e eu o encarei. — Aproveitei que estão aqui hoje para fazer um
comunicado.

Roberto se aproximou de onde eu estava, ajoelhou-se à


minha frente e tirou uma caixinha vermelha do seu bolso.

— Oi, linda. Sei que você nunca gostou muito de exposição,


mas eu queria dividir esse momento com as pessoas que são
importantes para mim. Meus amigos, minha irmã, minha sobrinha e
até os meus sobrinhos, afinal considero os filhos desses putos,
meus sobrinhos e claro o nosso bebê. Pois eu queria te provar o
quanto eu te amo e quero gritar para quem quiser ouvir o quanto
quero você em minha vida. Não me importo com a zoação desses
idiotas, que devem estar rindo atrás de mim, pois eu sempre dizia
que nunca iria me prender a uma mulher. Só que para tudo tem uma
primeira vez e eu quero viver todas as primeiras vezes que puder ao
seu lado. Obrigado por ter me dado um caminho melhor na vida,
obrigado por ter me feito um homem melhor, por ter me dado o meu
filho, e por ser o amor da minha vida. Você aceita casar comigo,
Penélope?
Meu coração se encheu de amor ao ouvir as palavras de
Roberto. Eu nunca imaginei que a pessoa mais improvável poderia
me provar que o amor realmente existia e que ele era o meu felizes
para sempre.

— Eu aceito, Roberto. E eu te amo muito, você provou a cada


dia que nasceu para ser o homem da minha vida. Obrigada por ser
o meu amor.

Quando ele colocou o anel de noivado em meu dedo, que


possuía um diamante enorme, que achei exagerado, Roberto se
levantou e selou aquele momento com um beijo.

Ali começava mais um passo em nossa vida.

E acabou que o idiota, mulherengo, que nunca pensava que


iria se juntar a ninguém se apaixonou perdidamente por mim e eu…
ah, eu só podia agradecer ao destino, pois depois de tantos anos,
fez com que eu vivesse feliz para sempre ao lado do homem que
sempre amei.

Fim

E foi assim que os quatro CEO’s de uma empresa chamada


Amarílis, terminaram suas histórias… ou melhor, elas estavam
apenas começando, afinal, quando se encontra o amor, uma nova
jornada se inicia e tudo se torna melhor, mais lindo e mais perfeito.

Henrique, Joca, Marco e Rob… viveram felizes para sempre com


suas amadas esposas, que eles tinham a leve mania de chamarem
de minha...
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