Você está na página 1de 594

Tradução: Manu E.

Ghost

Revisão inicial: Juuh Allves

Revisão final: Regina C.

Leitura final: Ana V., Suhsuh

Verificação:

Formatação: LoLa

Verificação Final: Anna Azulzinha


Quando a nova garota da cidade, Eliza – Izzy –

Forrester decide chegar ao bar local, ela não está pronta

para conhecer o cara bom e sólido da cidade. Ela

definitivamente não está preparada para se envolver

em sua primeira conexão com ele.

Então Izzy acorda na manhã seguinte na cama de

Johnny Gamble e a boa menina Izzy descobre que ela

gosta de ser ruim para Johnny.

Mesmo assim, Izzy o sente mantendo distância. Mas

Johnny deixa claro que quer mais e Izzy já sabe que ela

o quer tanto quente na cama quanto doce fora dela.

Flutuando no ar pensando que isso está indo em

algum lugar, Izzy rapidamente descobre porque Johnny

está distante.

Ele está apaixonado por outra pessoa. Alguém que o

deixou e fez isso deixando-o quebrado. Quem quer que

fosse a próxima seria a vice, a segunda melhor. Sabendo

das apostas, Izzy levará o que puder do cavalheiro que é

Johnny Gamble. E mesmo sabendo que seu coração


nunca poderia curar, Johnny não consegue ficar longe

de Izzy.

Até que do nada, seu amor perdido volta para a

cidade. Ele não vai voltar para ela, mas Johnny ainda

sabe que a coisa certa a fazer é deixar Izzy ir.

E Izzy sabia dos riscos, então ela facilita e ele

escorrega por seus dedos.

Mas isso é antes de Johnny perceber que Eliza

mudou-se para a cidade para escapar do perigo que a

estava rondando.

E é por isso que Johnny decide entrar.

Isso e o fato de que Eliza Forrester faz o café da

manhã com um canário cantando no ombro e preenche

os vestidos apertados de uma maneira que Johnny

Gamble não consegue tirá-la da cabeça.


Calcinha

Izzy
Acordei com o som de um ventilador de teto.

Eu não tinha um ventilador de teto.

Obviamente, isso me fez abrir os olhos rapidamente.

O que trouxe meu cérebro para o fato de que estava


deitada em lençóis cor de canela levemente brilhantes e
macios. Eles pareciam e se sentiam caros.

Mas não eram meus lençóis.

O travesseiro onde minha cabeça estava não era o meu


travesseiro e o criado-mudo ao lado da cama tinha três
camisinhas usadas e enroladas, algum dinheiro, um telefone,
relógio e um abajur; e não era meu criado-mudo, telefone,
relógio ou abajur.

Estupidamente, encaro o relógio.

Eu ainda tinha o mesmo relógio que minha mãe


comprou para mim quando fui para a faculdade. Era
quadrado, rosa claro e com um espelhinho. Mesmo que
tivesse mais de uma década e custado super barato, ainda
era legal e melhor ainda, era feminino. E acima de tudo,
ainda funcionava.

O relógio que eu estava encarando parecia moderno,


complicado e caro.

Eu não estava na minha cama, na minha casa com o


meu relógio.

Me apoiei em uma mão, percebendo que estava pelada


(eu nunca durmo pelada). Arranquei o lençol para me cobrir e
tudo começou a fazer sentido, mesmo antes dos meus olhos
varrerem o interessante (tão interessante que até em meu
estado dava para notar) espaço, até parar em uma parede
com portas para a sacada no lado oposto a cama, onde estava
parado um homem.

Johnny.

Johnny Gamble1.

Meu estômago contraiu num jeito agradável somente


com sua visão.

Mas vê-lo também trouxe de volta memórias da noite


anterior.

O nome dele era impossível. Nenhum homem na vida


real tinha um nome desses.

Esse era o nome de um super-herói em seu dia a dia,


quando não estava combatendo o crime. Ou um vigarista
que, eventualmente, se apaixona pela mocinha e desiste

1
Do inglês, —gamble— pode significar jogar, apostar ou arriscar.
desta vida. Ou um gatuno assaltante que sorri olhando em
seus olhos enquanto rouba seu anel de diamantes.

Mas aquele era seu nome.

Ainda mais, aquele homem parado lá não era um John


com um "ny".

Entretanto, foi assim que ele se apresentou para mim.

—Eu sou Johnny. Gamble. Johnny Gamble —, ele disse


ontem à noite no bar, sorrindo em meus olhos, mas não
roubando meu anel de diamantes, por que eu não tinha um
anel de diamantes, mas ele simplesmente não era esse cara.

Aquele homem lá fora poderia ser um John, ou Dirk,


Clint ou Adonis.

Johnny, não.

Exceto que, tendo olhado para ele e dito seu nome


repetidamente enquanto ele estava dentro de mim (entre
outras coisas), ele era absolutamente um Johnny.

Ele estava lá fora, com um café na mão.

Não, ele estava lá fora, parado na sacada usando nada


além de calças de moletom, tão compridas que se
amontoavam em seus calcanhares, a bainha solta e com
algumas fendas ao lado. Apoiado em seus antebraços
segurando uma caneca branca entre as mãos, parcialmente
virado em seu quadril definido, então eu tinha uma clara
visão de seus ombros musculosos.

Eu também tinha uma vista perfeita de seu rosto.


Ele tinha cabelos escuros, uma grande quantidade deles
– grosso, com ondas e cachos – e neste momento muito dele
estava encobrindo sua testa. Ele também tinha uma barba
escura, não era espessa, mas arrumada. Não era aparada
curta ou bem cuidada, porém não era no estilo lenhador sexy
ou ZZ Top2. Ele era um homem que usava barba antes de
virar uma tendência e continuaria a usá-la quando não fosse
mais.

Eu não consegui enxergá-los de onde estava, mas ele


também tinha olhos escuros. Negros como alcatrão.

A barba não escondia sua mandíbula forte. E nada


escondia seu largo, reto e agressivo, mas de alguma forma
clássico, nariz. Ou as fortes sobrancelhas que sombreavam
seus olhos, o tipo espesso que dava um aspecto perigoso. Mas
se você falasse dez palavras com ele, saberia que ele era tudo
menos isso.

Ele era alto, musculoso, com ombros amplos,


antebraços com veias saltadas, estômago rígido, coxas
volumosas.

Por último, ele era o homem mais lindo que eu já vi em


minha vida. O tipo de homem que você só espera encontrar
na TV. O tipo que você toparia com ele num teatro e pareceria
muito maior que na tela. Que você abriria uma revista e o
encontraria usando roupas chiques na ponta de uma lancha
elegante no Mediterrâneo.

2
Banda de rock norte-americana onde os integrantes possuem barbas longas, estilo papai Noel.
Não o tipo de homem parado em um balcão de madeira
atrás do qual girava uma roda d’água.

Uma roda d’água!

Este fato, o dele ser lindo, e não o dele viver em um


lugar com a impossibilidade de uma roda d’água funcionar,
não era a razão para eu estar em sua cama, em sua casa no
meio do nada, que tinha uma roda d’água.

Para ser honesta isso foi parte da razão.

Mas não toda.

Resumindo, eu não fazia este tipo de coisa.

Eu não era o tipo de garota que tinha uma noitada.

Eu não franzia a cara para isso. Minha mãe me ensinou


que não era o meu lugar para julgar. —Você nunca sabe, Izzy,
qual é a história—, ela me disse uma vez. —Você nunca sabe o
que está profundamente em uma alma. Apenas não sabe, e
desde que não sabe, você nunca, nunca está em posição de
julgar.

Então sim, eu aprendi a não julgar.

Mas eu não fazia este tipo de coisa, conhecer um


homem em um bar, tomar alguns drinks com ele e então ir à
sua casa para fazer sexo (muito sexo), dormir pelada com ele
e acordar em sua cama enquanto ele estava lá fora vestindo
muito pouco e aproveitava uma xícara de café.

Eu frequentemente desejava ser esse tipo de garota.


Na verdade, minha mãe era esse tipo de garota, e até ela
se casar, minha irmã também. Eu simplesmente não era,
muito tímida.

Para ser honesta, eu também era um pouco puritana.


Eu tentei tirar isso de mim, essa vontade de ser apropriada,
boazinha, modesta. Entretanto, eu aprendi desde pequena o
que ser "má" poderia trazer a você e minha inerente timidez
não me deixavam fazer nada mais.

Eu também aprendi desde pequena como os homens


poderiam ser, cair em uma armadilha que com a minha
história (e a de minha mãe) eu deveria ter visto a quilômetros
de distância.

Então eu não era só tímida com homens, ultimamente,


eu era estranha.

Mas não com Johnny.

Não Johnny Gamble.

E não só por ele ser tão bonito, ou por ter pago meus
drinks, apesar de ter sido parte do por que, entre o drink três
e quatro (todos, a propósito, que ele pagou), ele chamou a
garçonete e disse, — Você poderia trazer um copo de água
para a minha garota aqui? —. Isso dizia que ele não queria me
deixar embriagada para depois me pegar. Ele não se
importava em me ter relaxada e solta. Mas ele não queria
tirar vantagem.

Isso dizia muitas coisas boas sobre ele, mas não foi só
por isso também.
E não era só por que ele era um bom ouvinte. Ele não
falava muito, mas escutava e de um jeito atencioso, fazendo
perguntas enquanto eu falava sobre meu emprego, minha
mãe e irmã, meus bichinhos de estimação, minha casa. Ele
estava interessado. Ele estava ouvindo tudo o que eu dizia.
Seu olhar não passou para outras mulheres no bar ou para o
jogo na TV.

Sua atenção estava toda em mim.

Também não era por ele ter uma ótima risada e um


sorriso ainda melhor. Sua risada era quebrada, amarrada em
um canto, enrugando um lado de sua face de um jeito que
fazia seus olhos negros brilharem.

Seu sorriso era ainda melhor. Grande, brilhante e


branco naquela barba escura, curvando aqueles lábios
cheios, doce e sexy ao mesmo tempo.

Ele me deu muito de ambos, suas risadas e sorrisos,


que eram também outra razão do por que eu estava nua em
sua cama. Ele pensou que eu fosse engraçada e gostei disso.
Eu me senti bem com suas risadas e sorrisos.

Adicionando tudo isso, após o drink quatro, quando ele


se inclinou para mim e perguntou em sua voz profunda:

— Quer ir para outro lugar? — Eu disse sim.

Não hesitei.

Balancei a cabeça e verbalizei o meu acordo com um


tímido, um tanto ofegante, mas ainda definido,

— Sim.
Isso me ganhou outro sorriso. Eu descobriria depois
disso que só ficaria melhor.

Começou com o fato de que ele abriu a porta de sua


caminhonete para mim e depois que eu entrei ele a fechou.

Então começou a dirigir e me bateu que aquilo talvez


não fosse a coisa mais inteligente a se fazer, entrar no carro
de um estranho para ir à sua casa, olhei para seu perfil na
luz do painel, a timidez me atingiu junto com algum pânico, o
que me fez deixar escapar,

— Eu estou... uh, voltando para casa hoje à noite?

Ele não perguntou minha opinião no assunto. Também


não hesitou.

Simplesmente disse,

— Não.

Naquele ponto, experimentei um tremor espinha abaixo.


Eu puxei meu telefone para fora da bolsa e falei
hesitantemente,

— Eu só... preciso mandar uma mensagem para minha


amiga. Tenho cachorros, alguns gatos, uh... E outros
animais. Ela vive perto de mim. Eu quero perguntar se ela
pode passar por lá pela manhã para alimentá-los, passear
com os cachorros.

— Primeiro, eu acho que é legal você se preocupar com


seus animais, segundo, penso que seria estupidez não avisar
uma amiga onde você está e com quem.
Essa foi a resposta dele. Ele sabia que eu estava ligando
para Deanna e não só por causa de meus animais de
estimação. E assim como o copo de água entre os drinks, isso
me mostrou que ele estava pensando em mim.

Então sim, definitivamente sim, ele começou bem e só


foi ficando melhor.

Enviei uma mensagem para Deanna com essa


informação e embora a ansiedade se afastou com seu
comentário anterior, ela voltou por que estávamos saindo da
cidade. Eu vivia fora da cidade na direção oposta, três acres
de terra e minha casa, um pequeno estábulo, meus dois
cachorros, três gatos, dois pássaros e dois cavalos, mas não
vivia tão longe da cidade quanto ele.

Deanna poderia ter minha mensagem, mas ela não


saberia quem ele era ou onde estava me levando. Ele virou
em uma estrada suja totalmente cercada por árvores e eu me
perguntei onde havia me metido.

Assassinos em série, eu tinha certeza, viviam em


estradas sujas cercadas por árvores.

E maníacos que te forçavam a entrar em bunkers3


subterrâneos e te mantém cativa enquanto te forçam a fazer
bebês para que eles possam construir exércitos (ou seja o que
for), com certeza também viviam em estradas sujas cercadas
por árvores.

3
É uma estrutura ou reduto fortificado, parcialmente ou totalmente construído embaixo da terra, feito
para resistir a projéteis de guerra. Alguns tipos podem ser considerados sinônimos de casamata.
Quando seus faróis finalmente encontraram uma
clareira que tinha uma casa de dois andares, feita de pedras
com diferentes tons de creme, caramelo e marrom (a roda
d’água estava do outro lado, então eu ainda não a tinha
visto), flanqueada por um grande riacho, eu não sentia nada
além de pânico, pois estávamos no meio da floresta, sem
nada em volta e eu teria que correr um longo caminho para
encontrar qualquer coisa se precisasse fugir.

E Johnny era alto e em forma, com pernas bem longas,


então eu tinha o nítido sentimento que se tivesse que correr,
ele me pegaria.

Ele saiu, deu a volta e abriu minha porta


(principalmente por que eu estava congelada no assento). Ele
também pegou minha mão, e quando virei a cabeça,
conseguia senti-lo me encarando no escuro.

Foi aí que ele disse suavemente,

— Izzy, baby, tem uma boa possibilidade de que eu vá


mordê-la. Mas só para dizer, confie em mim, você vai sair da
minha caminhonete, por que posso garantir que vai gostar.

Um formigamento se espalhou entre minhas pernas que


deveria ser bem mais forte do que eu percebi, por que as
forçou para o lado.

Johnny saiu da minha frente enquanto eu deixava sua


caminhonete. Me guiou entre algumas árvores e degraus no
lado da casa e parou na metade do caminho para me beijar.

O resto foi nada além de gostosura.


Durante essa gostosura, em mais do que uma ocasião,
ele me mordeu.

E foi verdadeiro em suas palavras.

Eu gostei.

E depois de três vezes fazendo sexo (mas quatro


orgasmos para mim), eu cai no sono nua em seus braços.

Agora aqui estava eu, ainda pelada em sua cama, e ele


estava em contemplação profunda para o lago e floresta que
cercavam sua casa, fechado na natureza, parecendo à parte
de seu visual homem-barbudo-usando-calças-de-moletom,
bebendo-café casualmente em seu espaço.

Desviei o olhar e notei minha calcinha enrolada junto


com minha calça no chão, perto da cama dele; e não muito
longe, estava a camiseta que ele usou na noite passada.

Me agachei até o fim da cama, segurando o lençol em


meu peito e continuei agachando e esticando, enquanto
estendia uma perna o máximo possível, com os dedos
tocando sua camiseta.

Consegui, me inclinando, agarrar sua camiseta e colocá-


la sobre minha cabeça. Só depois me levantei.

Eu era alta. Ele era mais alto, mas eu era alta. Ele tinha
ombros bem amplos, então a camiseta se embolava em mim e
descia pelo meu peito, mas mal cobria meu quadril. Essa não
foi a única razão pela qual eu me inclinei e peguei minha
calcinha.
Eu a vesti, sorrateiramente olhando para a sacada,
somente para descobrir que Johnny se moveu, mas apenas
para levantar sua caneca até os lábios. Seus olhos ainda
fitavam a distância, suas costas parcialmente torcidas em
minha direção.

Assim eu encarei o ambiente, que era um grande quarto


(gigantesco na verdade) com uma cozinha, área de jantar e de
descanso, um local para leitura e uma cama. Mas havia uma
abertura para um corredor à direita da cozinha.

Fui naquela direção encontrando três portas no


corredor, duas para a direita e uma para a esquerda. A
primeira da direita estava aberta, olhei de relance e vi um
quarto longo cheio de coisas, uma fornalha, aquecedor de
água e a estrutura do wifi, mas também havia um monte de
coisas masculinas. Jaquetas e casacos em ganchos. Botas e
tênis de corrida em uma pilha desorganizada no chão. Um
armário para rifles com espaço para quatro, porém só dois
deles estavam lá, o que parecia ser uma barraca de acampar
dobrada, e algumas cadeiras dobráveis em um canto junto
com um fogão de acampamento, lanternas, varas de pesca,
anzóis e uma mochila gigante.

Eu dei alguns passos no corredor e olhei para o quarto


na esquerda. O banheiro. Eu entrei e fiquei abismada.

A sala da frente eu não vi completamente. O teto,


entretanto, era de madeira, as paredes de pedra. Era um
espaço que você esperaria ser feito com pedras de cores
creme, caramelo e marrom e que houvesse uma roda d’água.
O banheiro fora completamente refeito, e até mesmo
meus olhos inexperientes notaram que foi recente. E não
parecia como se pertencesse a esta casa.

Tudo branco.

Tudo.

Branco brilhante, azulejos retangulares nas paredes.


Um chuveiro enorme (na verdade, gigantesco, com cinco
duchas, duas inclinadas nas laterais superiores, uma no teto
e mais duas nas paredes.) Uma bancada de mármore cinza e
branca continha duas pias e um espelho iluminado. Um vaso
atrás de uma divisória que escondia a maior parte da vista e
uma grande (enorme na verdade) banheira no canto com uma
plataforma estreita que encontrava a parede, onde uma
mulher colocaria velas, plantas, jarras decorativas e sais de
banho.

A última eu sabia por que estava lá. A única coisa na


plataforma estreita. Uma jarra de vidro decorativa com lindos
entalhes e cheia até a metade com sais de banho.

Isto não era de Johnny.

Era de outra pessoa.

Naquele momento eu não queria pensar na possibilidade


de "outra pessoa".

Eu desviei o olhar dos sais de banho e do fabuloso,


enorme, limpo, lindo banheiro que era o sonho de qualquer
mulher e tão incoerente com a fornalha/aquecedor de água
do outro quarto que era uma bagunça masculina de coisas
para acampamento. Então usei as instalações, lavei minhas
mãos, abri as gavetas de Johnny até encontrar pasta de
dente e usei meus dedos para escovar os dentes, enxaguei a
boca e encarei o espelho com olhos que realmente precisavam
de um removedor de maquiagem e o mais rápido e não
invisivelmente eu procurei por produtos faciais que poderiam
acompanhar os sais de banho.

Não havia nenhum.

Porém, havia algum líquido para limpeza bucal, assim


eu usei isso.

Eu queria sair do banheiro, mas depois de vê-lo em toda


a sua glória, a curiosidade me dominou, levando-me para a
porta na parte de trás, entre a banheira e o chuveiro. Uma
porta que estava fechada.

Mas não consegui.

Johnny Gamble me comprou quatro margaritas. Me


trouxe para sua casa. Então me deu quatro orgasmos e me
segurou em seus braços enquanto eu caía no sono (isto não
levou muito tempo, mas de novo, eu bebi quatro margaritas e
tive quatro orgasmos).

Eu lhe devia privacidade.

Se ele me oferecesse um tour pela casa eu aceitaria.

Mas a despeito dos sais de banho, não havia nenhuma


indicação de que eu deveria bisbilhotar, caso ele estivesse
escondendo algo.
Ele talvez tivesse uma mulher que estava fora em um
fim de semana com as amigas, ou viajando a trabalho e ele se
sentiu seguro em ir às espreitas e fazer isto, sendo como ele
era, parecendo como ele o fazia, sabendo que se daria bem,
escondeu as evidências e se esqueceu dos sais de banho.

Mas se ele tivesse uma mulher que usava sais de banho,


teriam muitas evidências para esconder e não havia nem uma
escova de dentes extra, muito menos um tubo de rímel que
ele poderia ter deixado passar. Não que eu tenha visto em
minha procura o-mais-rápida-e-não-invasiva-possível.

Talvez ele fosse um homem que gostasse de sais de


banho, ou os tivesse ganho após uma massagem, quando
você sabia que jogar alguns sais de Epsom4 ajudaria a se
livrar de toxinas.

Talvez ele gostasse de cheirar bem.

Ele incorporava e desafiava o nome Johnny. Era um


homem que sabia precisamente o que queria na cama, então
ele fazia, e se tivesse que arrastar, posicionar, alongar,
flexionar ou abraçar, ele o fazia.

Ele poderia ter quantos sais de banho quisesse.

Eu saí e o vi ainda em sua sacada. Ele estava com as


costas retas agora, mas com uma das mãos no parapeito,
segurando a caneca de café no ar, perto de sua boca, mas
sem beber, os olhos ainda contemplando a vista.

4
O Sal de Epsom é um composto mineral constituído por magnésio e sulfato, que pode ser
adicionado ao banho, ingerido ou diluído em água para relaxar o organismo. Assim, o sal de
Epsom ajuda a regular os níveis de magnésio no corpo, levando à produção de serotonina, que
é um hormônio que acalma e ajuda a relaxar.
Rapidamente eu entrei em seu quarto com móveis no
estilo Mid-Century5. Nada de coisas que ele teria ganhado
quando se mudou. Lindos. Com linhas claras. Quadrados.
Sem bobagens. Em couro e madeira clara. Tudo, incluindo a
cama, a abundante estante de livros (cheia de livros) e a
cadeira em um canto eram esparsos e elegantes. Como se
Johnny fosse a um leilão dos móveis de Mad Men6 e
decorasse sua casa com o que encontrou por lá.

Era inacreditavelmente legal.

A cozinha combinava com o resto do jeito que era. Não


havia nada da moda. Nenhuma bancada de cimento, granito
ou mármore. Nenhum armário moderno e chique. Havia
bancadas de madeira que eram velhas e lisas em todos os
lugares, deformadas em alguns lugares, onduladas em pontos
frequentemente usados. Armários de frente dura e prateleiras
abertas

Embora ele tenha substituído os eletrodomésticos, com


uma máquina de lavar louça, geladeira e fogão de aço
inoxidável que eram de alta qualidade e caros, se não o topo
de linha

Eu espiei o café. Vi as canecas brancas em uma estante


aberta acima da cafeteira e um frasco de creme no balcão.

Entrei lá e fiz uma caneca para mim.

5
Móveis Mid-Century se caracterizam por ser de estilo minimalista e normalmente são de
madeira de cor de mogno, sendo geralmente, móveis funcionais e práticos, que podem ser ou
de época ou de estilo mais retrô.
6
Série norte-americana sobre agências de publicidade nos anos 60, exibida entre 2007 e 2015.
Enquanto eu me movia em direção a bancada, eu vi que
Johnny não estava mais em pacífica contemplação do verde
que cercava sua casa com roda d’água, móveis brilhantes e
banheiro de morrer.

Ele devia ter notado minha movimentação, talvez até


notado que eu saí da cama e fui ao banheiro.
Independentemente disso, sua concentração agora estava
voltada para as portas de vidro da sacada.

Em mim.

Eu abri as portas de vidro e andei até lá, fechando-as e


olhando de volta para Johnny, apenas para parar por que ele
estava olhando para sua camiseta em meu corpo.

Talvez a intimidade daquilo, e eu me servindo café (e o


banheiro, pasta de dente, enxágue bucal) não fossem bem-
vindos.

Eu nunca tive uma noitada de sexo. Nunca em minha


vida. Eu tive encontros e uma firme regra de cinco deles
antes mesmo de dar uns amassos (isto mais por conta da
minha timidez, e prudência, a qual eu tinha razões para
acreditar, que eu me segurava porque isso me ajudava a ser
tão tímido), então eu obviamente nunca dormi com um
homem horas depois de conhecê-lo.

Eu não sabia qual era o protocolo quando se acorda na


cama de um homem desconhecido. Não importa quão bonito,
gentil e bom ouvinte ele fosse.
— Apesar de eu apreciar a vista destas lindas pernas,
sem mencionar esse cabelo, eu preferia que você trouxesse
sua bunda até aqui Izzy.

Este comando divertido me tirou da minha apreensão e


eu lentamente movi meus pés descalços através da manhã
fria de domingo de verão em direção a Johnny Gamble.

Ele não tirou sua mão do parapeito, mas largou a


caneca lá para poder passar o braço pela minha cintura. Ele
fez isso me puxando apertado para si e abaixando a cabeça
para me olhar.

Eu gostei daquilo, sendo alta eu não tinha muito desta


oportunidade. Um homem olhando para baixo para mim,
tendo que abaixar tanto a cabeça.

Isto significava que Johnny tinha 1,87m talvez 1,90m de


altura.

Sim, eu gostava muito daquilo.

Eu também gostava do calor de seu corpo, notei isso


ontem na cama e isto ajudou em certas coisas (o talento dele
não precisava de nenhuma ajuda, mas mesmo assim), e
ajudou de jeitos legais.

E por último, eu gostava da solidez dele e isso não vinha


somente de sua boa forma. Vinha dele olhar diretamente em
meus olhos, tomando conta de mim, me fazendo sentir
acolhida ali, como se estivesse feliz que eu usei sua pasta de
dente, seu enxaguante bucal (apesar de ele não saber
disto...ainda), me fiz uma caneca de café, e acordei pelada em
sua cama.
Ele não iria me enfiar em sua caminhonete, me levar de
volta até meu carro na cidade e acabar comigo sem olhar
para trás.

Isto era algo mais.

Isto era...

Era o começo de algo.

Eu relaxei em seu abraço.

— Hey, — eu sussurrei.

Sua boca engatou um:

— Hey. — Ele colocou sua mão em meu quadril e


perguntou: — Dormiu bem?

Eu acenei por que o movimento de sua mão em meu


quadril tomava toda minha atenção e eu não conseguia falar.
Tomou mais atenção quando sua mão encontrou o fim da
camiseta e a subiu.

Consequentemente, saiu um pouco estridente quando


perguntei:

—Você? Dormiu bem, quero dizer.

Senti minhas bochechas ficando quentes e Johnny não


deixou escapar. Eu sabia disso quando seus olhos escuros
começavam a brilhar e a ponta de seus dedos encontrava o
elástico da minha calcinha.

— Eu dormi muito bem, — ele murmurou e então não


hesitou em dizer, — calcinha?
— Desculpe-me? — Perguntei confusa com sua questão,
talvez por que seus dedos estavam se arrastando ao longo do
item de roupa que estávamos discutindo e parecia muito
bom.

— Calcinha, — ele repetiu, não em forma de questão


desta vez.

— Sim, esta é, uh...minha calcinha, — eu confirmei.

Isto me ganhou um sorriso branco e brilhante.

— Baby, por que colocou sua calcinha?

Eu pisquei para ele.

Seus dedos passaram por dentro do meu elástico para


levemente segurar minha bunda.

Meus lábios se abriram.

— Doce, tímida Eliza, — ele murmurou como se


estivesse falando de mim para outra pessoa, mesmo que
olhasse diretamente em meus olhos. —Vamos ter que tirar
você disto.

Sim.

Oh Deus, por favor, sim.

Isto era o começo de algo.

— Está com fome? — Ele perguntou casualmente.

Eu acenei, sem realmente saber se fora um sim ou não.


Principalmente sabendo que eu gostava do calor e
possessividade de sua mão dentro de minha calcinha.

— Quer foder antes ou depois de eu alimentá-la?


Minhas pernas balançaram.

Ele percebeu, e eu sabia por que isto me rendeu outro


sorriso, esse menos doce e oh-tão-mais-sexy.

— Ambos, — ele sussurrou, sua cabeça vindo em minha


direção. —Começando com o antes.

— Johnny, — eu sussurrei de volta, mas com meus


lábios pressionados contra os dele.

Seus olhos estavam abertos e bem perto dos meus, mas


de novo, ele estava com lábios contra os meus, quando
respondeu:

— Sim?

— Meu café, — eu pedi estupidamente.

Tristemente, seus lábios se afastaram.

Então meu café foi posto no parapeito ao lado do dele.

E aí seus lábios voltaram.

— Eu não tinha nem tomado um gole, — anunciei,


novamente olhando em seus olhos tão perto que eu poderia
contar seus cílios abundantes.

— Vou te fazer três canecas depois que te fizer gozar, —


ele resmungou e então se moveu mais perto.

— Johnny, — eu disse urgentemente, parando o beijo


novamente por razão nenhuma.

Ele beijava bem. Muito bem. O melhor beijo que já tive.

De longe.

Mesmo assim, ainda era eu.


Então eu estava nervosa.

— Izzy, — ele respondeu.

— Sim? — Eu perguntei.

— Fique quieta.

Eu fiquei quieta.

Então, finalmente, ele me beijou.

A senha do telefone dele

Izzy
Fui eu que troquei de posição.

Fui eu que o fiz me deixar assumir.

Eu não sabia por que fiz isso. Não sabia que tinha isso
em mim. Nem pensei neste tipo de coisa.

Eu simplesmente o fiz.
Na noite anterior, Johnny me arrastou, puxou, agarrou
e outras coisas que ele quis, onde quis. Em minhas costas,
em meus joelhos, em seu rosto.

Naquela manhã, começou da mesma maneira, como se


fosse uma continuação da primeira vez na noite anterior.

A primeira vez foi rápida e faminta, urgente e


espetacular.

O resto foi lento e quente, sem pressa e sensacional.

Nesta manhã, foi o segundo tipo.

Até eu trocar as posições.

Até eu tomar as rédeas.

Foi quando estávamos nus.

Quando eu estava encharcada e ele duro como pedra.

Quando cada centímetro de mim zumbia e aquele


zumbido retumbava mais profundo com qualquer coisa que
ele fazia – um toque, um beijo, uma lambida, um beliscão –
mas também só de olhar para ele, seu rosto com uma
expressão dura, suas pupilas dilatadas, ardentes.

Foi então que o empurrei para suas costas e, a


princípio, ele permitiu, pois eu poderia dizer que ele queria,
porque estava disposto, naquele momento, a seguir meu fluxo
para me levar ao seu novo fluxo.

Mas quando eu segurei seus ombros para baixo,


escarranchando-o, sentindo seu pau duro roçar os cachos
entre minhas pernas e olhei em seu rosto, ele se acalmou.
Eu não.

Me inclinei para ele, passando meus lábios em seu


pescoço até sua clavícula e ombro, excitada com a pele suave
e quente sobre seus músculos duros.

Encontrei sua mão, enlacei seus dedos nos meus e a


puxei para longe de seu corpo.

Depois disto, eu trilhei meus lábios pelo seu braço,


parando para beijar seus bíceps e a fina pele na parte interior
de seu cotovelo.

Então me sentei abruptamente, levando sua mão


comigo.

Eu desenlacei nossos dedos para poder colocar sua mão


em meu peito, meus olhos nos dele. Lentamente, eu arrastei
sua mão para baixo, entre meus seios e abdômen.

E ele continuou a olhar em meus olhos.

Não para sua mão ou para meu corpo.

Johnny olhou em meus olhos.

Deus, eu amei que ele continuou olhando em meus


olhos.

No meu destino final eu girei nossas mãos, curvando a


dele. Meu dedo médio em cima do dele, então levei ambos
para dentro de mim.

Minha cabeça caiu para trás.

Seus quadris empurraram.

— Izzy, — ele rosnou.


Meus olhos estavam fechados e eu não os abri quando
sua outra mão tocou meu seio, seu dedão calejado se
arrastando pelo meu mamilo.

Eu comecei a arquejar, sentindo seu dedo mover os


nossos que estavam dentro de mim, levantando minha outra
mão para cobrir a sua em meu seio, sentindo seus
movimentos enquanto ele usava seus outros dedos para
apertar meu mamilo.

— Deus, — eu suspirei, cavalgando em nossos dedos,


sentindo a parte de trás da minha mão pressionada contra
seu pau duro.

— Olhe para mim, — ele ordenou grosseiramente.

Eu não olhei para ele.

Me sentia tão bem, tudo, me arqueei para sua mão em


meu seio enquanto rodava seu dedo dentro de mim.

Ele parou de mover os dedos e eu escutei,

— Eliza, olhe para mim.

Eu baixei minha cabeça e lentamente abri os olhos.

— Eu estou dentro de você Iz, e quando estiver dentro


de você em qualquer forma, olhe para mim, — ele demandou
densamente.

— Okay, Johnny, — eu forcei.

— Monte-me, — ele comandou. — Mostre-me.

Eu o montei, e mostrei para ele. Eu o ajudei a me foder


com seu dedo e a puxar meu mamilo até que aquilo tudo me
fizesse choramingar, meus movimentos desesperados, meus
olhos flutuando fechados.

Ele pressionou seu dedo junto ao meu mais


profundamente, plantando-os lá, me fazendo abrir os olhos
rapidamente.

— Olhos em mim, — ele grunhiu.

— Sim, — eu sussurrei, afundando nele enquanto seu


dedo se movia novamente, o desespero se tornando violência,
o forçando a me foder brutalmente com nossos dedos, algo
que ele fez, esfregando meu clitóris na palma de sua mão.

— Cristo, doce, tímida Izzy, impaciente como uma


gatinha, escondendo uma gatinha sexy e selvagem, — ele
murmurou.

— Eu sou uma puritana, — eu falei sem sentido algum.

Eu estava quase sem capacidade (mas eu o fiz,


principalmente porque cada um e todos eles eram muito bom)
para pegar o flash de seu sexy sorriso branco, antes dele
responder,

— Me lembre disso para eu poder rir quando meu pau


não estiver prestes a explodir assistindo você gozar em meu
dedo.

Eu captei aquilo também, muito mal, não o suficiente


para me embaraçar por que eu estava gozando em seu dedo.

Eu me arqueei. E gritei alto. Rebolei em nossos dedos,


ofegante e choramingando.
No meio disto, eu os perdi e estava novamente com
minhas costas na cama.

Eu ouvi uma gaveta abrir, e o som de uma embalagem


sendo rasgada, então ele voltou.

Não seus dedos.

Seu pau.

A primeira vez na noite anterior foi faminta, urgente e


espetacular.

Desta vez nós começamos lentamente, quente, sem


pressa e maravilhoso.

Mas ali mesmo, estava queimando, selvagem e


totalmente incontrolável.

E espetacular.

Circulou meus pulsos com suas mãos e as puxou para


cima de minha cabeça, imobilizando-as na cama com seu
peso para me segurar e ao mesmo tempo dar vantagem para
ele. Johnny me penetrou. Afundou dentro de mim.
Pressionando a base de seu pau em meu clitóris, me
enviando acima do limite, mas, novamente eu não tinha
escolha, além de apertá-lo com tudo que eu tinha, me segurar
a ele com minha vida, gritando seu nome enquanto pedia
para não parar, nunca parar.

E eu o fiz enquanto meu orgasmo me levava, até me


sobrecarregar completamente, até não conseguir falar. Só
conseguia me segurar e sentir o clímax magnífico me
preencher – nos preencher – enquanto ele grunhia em meu
pescoço com as suas investidas finais.

Quando eu estava declinando e ele terminou, colidiu em


mim, com todo o seu peso, seus dedos prendendo meus
pulsos, ainda pressionando-os na cama.

E eu não me importei.

Segurei seu peso, seu calor, seu cativeiro por que ele era
um homem que tinha um sorriso maravilhoso.

Que tinha um jeito com design de interiores que era


masculino e confiante, interessante e legal.

Que tinha uma roda d’água. Que abria a porta do carro


para me deixar entrar e a fechava atrás de mim. Que não
olhava para lindas garotas passando por perto enquanto me
escutava. Que me fazia sentir tão desnorteada com todo o
peso que eu carregava, que me fez tomar o controle para
deslizar seus dedos dentro de mim e montá-los enquanto ele
assistia. Que me deixou tomar o controle e levá-lo dentro de
mim enquanto ele assistia. Que foi carregado por isso tão
intensamente que me levou duro, prendendo-me a cama.

Eu era este tipo de garota com ele.

Aquela garota que poderia flertar com um homem lindo


e usar quatro camisinhas com ele. Aquela garota que ele não
poderia esperar nem por um gole de café para levar de volta a
cama.

Eu era livre, fácil, sexual, desejável, divertida e eu valia


algo.
Eu não era Eliza Forrester, a filha certinha de uma
hippie, a empertigada, responsável e apropriada irmã mais
velha de uma criança selvagem.

Eu era Izzy Forrester, livre, fácil, sexual e desejável que


poderia ter uma noite de sexo com um homem lindo em sua
casa fabulosa no meio da floresta, que não conseguia ter o
suficiente dela, e depois de uma noite em um bar bebendo
margaritas e cervejas, eles estavam começando algo novo.

Enquanto eu me encantava com tudo isso, lentamente


se tornou claro que ele não estava se movendo.

Isso era estranho e em um flash de pânico eu pensei que


era o meu tipo de azar simplesmente matar o homem mais
lindo que eu já vi e dormi logo após um sexo maravilhoso e
intenso.

Será que eu o fiz enfartar?

— Johnny, — eu o chamei experimentalmente, e um


pouco sussurrando considerando que eu estava segurando
todo o seu peso.

Instantaneamente, ele se moveu. Não deixando de


segurar meus pulsos, mas levantando um pouco os braços,
tirando seu peso de mim.

Seu rosto estava em meu pescoço, mas ele moveu os


lábios para perto do meu ouvido enquanto perguntava.

— Você está bem?

— Sim, — eu sussurrei.
Ele finalmente levantou a cabeça e eu gostei que seu
rosto agora estava relaxado após o sexo, mas ele ainda tinha
a expressão um pouco preocupada.

— Eu te fodi duro querida, — murmurou.

— Sim, — eu concordei.

Seu olhar percorreu meu rosto.

— Estou bem, — eu disse baixinho e dei um pequeno


sorriso ao mesmo tempo que o abraçava da única maneira
que podia, amarrando minhas pernas em volta de suas coxas.

Eu não o conhecia de maneira alguma (bem,


biblicamente, alguém poderia dizer que eu o conhecia
relativamente bem), mas de qualquer outra forma eu não o
conhecia. Ainda assim, eu poderia jurar que vi um flash de
desconforto em seus olhos antes dele resmungar, — tenho
que dar um jeito nesta camisinha.

Depois disto, ele retirou seu pênis, soltou meus pulsos,


sem mais delongas, se livrou de mim, saiu da cama e andou
nu em direção ao corredor.

Nenhum beijo.

Nenhum carinho.

Sem afagos ou murmúrios.

Eu continuei deitada encarando o teto e assim fiquei


enquanto ele desaparecia no banheiro, sentindo uma pontada
de frio começar. Começando como nos filmes, quando coisas
ruins aparecem e os arrepios vem com elas, no começo
entrando pela janela, fazendo-a tremer, até tomar a casa
toda.

Exceto que este frio tomou meu corpo.

Levou segundos para que eu me desse conta de que


talvez eu não tivesse muito experiência na área, mas não
levava muito tempo para alguém se livrar de uma camisinha.

E por essa razão, eu me sentei rapidamente na cama,


procurando por algo para cobrir meu corpo.

Eu vi minha calcinha em um dos lados da cama, no


outro estavam sua camiseta, calça de moletom e o resto das
nossas roupas da noite passada.

Eu não tinha tempo para me vestir completamente,


então eu rolei em direção a sua camiseta vestindo-a e dando
a volta na cama para colocar minha calcinha.

Eu as estava subindo pelo meu quadril quando Johnny


reapareceu no corredor.

Ele foi direto para sua calça de moletom e eu tentei levar


na boa enquanto ele relanceava o olhar em mim, sem me
evitar, minha presença ou mesmo contato visual.

Ele vestiu a calça enquanto perguntava:

— Você gosta de ovos e bacon?

— Minha mãe era vegana.

Ele parou no processo de amarrar o cordão abaixo do


seu umbigo e me encarou.
O cabelo dele estava ainda mais bagunçado agora,
caindo pela sua testa perto de seus olhos.

Fê-lo parecer desgrenhado e ainda mais bonito,


principalmente pelo meu conhecimento em primeira mão e
participação em como ele ficou assim.

— Eu não sou, — prossegui.

Ele continuou me encarando.

— Vegana quero dizer, — eu compartilhei — Eu tentei.


Cerca de sete vezes. Até mesmo vegetarianismo não colou.
Então uh...sim. Eu gosto de ovos e bacon.

Ele lentamente terminou de ajustar o cordão em sua


calça de moletom enquanto perguntava:

— Tem alguma história por traz de toda essa


informação?

— Não, só que minha mãe não era só vegana, ela era


uma militante vegana, — respondi.

— Ah, — foi tudo que ele disse em resposta, mas


levantou um pouco o canto da boca.

— E minha irmã foi vegetariana por muitos anos, até


encontrar um cara que pensava que aquilo era estúpido e a
introduziu a um cheeseburger. — Eu encolhi os ombros. — O
resto é história. A muito tempo que sou uma causa perdida,
mas minha mãe nunca superou o assunto.

Eu estava tagarelando, principalmente de alívio por ele


ter perguntado se eu gostava de ovos e bacon, o que
significava que a estranheza que senti após nós terminarmos
não significava que ele ia me pedir para tirar sua camiseta e
vestir minha roupa para que me levasse de volta à cidade e se
ver livre de mim.

— Não tenho certeza se há um vegetal na casa, a menos


que você conte um pacote de milho congelado, — ele disse.

Eu não conseguia me controlar em parecer alarmada.

Johnny é claro, não perdeu minha expressão e qualquer


resquício do frio e estranheza sobre como ele me deixou na
cama derreteu quando ele explodiu em uma risada.

Eu ouvi seus risos abafados, eram guturais e amáveis.

Sua risada era mil vezes melhor.

Mas ainda assim, havia algo nela que soava...

Rústico.

— Vou pegar as canecas, — falei para não fazer mais


nada estúpido, como ficar encarando-o rir igual a uma
adolescente vendo sua boyband preferida.

Eu fui em direção a sacada, mas me virei quando ele


chamou,

— Iz.

Meus olhos encontraram os seus.

— Você come muitos vegetais? — Perguntou.

— Três quartos do seu prato deveriam ser de vegetais, —


respondi.

— Ela come muitos vegetais, — murmurou em meio a


um sorriso.
— Eu realmente preciso de café, — eu soltei.

— Então pegue nossas canecas, baby. Eu vou começar o


café.

Ele se moveu em direção a cozinha.

Eu me movi em direção a sacada.

Voltei com as canecas e o vi perto do fogão, mas sabia


que ele me ouviu voltar quando ordenou de lá,

— Jogue esse fora, vou fazer café novo para nós.

O dele tinha só um gole talvez, mas o meu estava


completamente cheio.

— Está tudo bem, eu aqueço café no micro-ondas o


tempo todo.

E eu o fazia. Encontrava jeitos criativos de usar sobras.


Batia meus frascos de loção contra os balcões para forçar as
últimas gotas.

O que eu não fazia era desperdiçar, parcialmente porque


eu era uma ambientalista, mas principalmente porque cresci
recebendo auxílio alimentar do governo. Quando você não
tem muito, nunca se desperdiça o que tem.

— Esteve lá fora por quase uma hora, — ele atestou.

— Ainda está bom, — respondi.

Eu fui até a cozinha, vendo que ele tinha um micro-


ondas muito chique. Estava indo até lá quando as canecas
sumiram das minhas mãos.
Assisti enquanto Johnny despejava ambos os cafés na
pia, as enxaguou, secou e foi para perto da cafeteira.

— Como você gosta do seu? — Perguntou.

— Só com creme.

— Pouco, muito ou equilibrado?

— Pouco, — respondi.

Ele serviu o café enquanto eu assistia e então colocou


ambas as canecas perto do fogão. Depois disso, ele se virou,
veio até mim, colocou ambas as mãos em minha cintura e me
deslocou de lugar. Finalmente, eu tive que conter um grito de
surpresa quando ele me levantou (sem nem grunhir com o
esforço) e plantou minha bunda na bancada próxima as
canecas, mas separada do fogão, onde já havia alguns bacons
fritando.

Uma vez que ele me estabeleceu, buscou minha caneca


e me entregou. Pegou a dele, tomou um gole e a colocou de
volta no balcão. Foi então até uma gaveta e achou um garfo
para virar as fatias de bacon.

Parecia que eu estava bebendo café fresco, sentada no


balcão enquanto ele cozinhava, fazendo-lhe companhia.

— Você colocou sua calcinha de novo, — ele notou


enquanto eu engolia o primeiro gole de café.

— Uh... — Eu balbuciei, sem dizer mais nada.

Sua boca foi em direção a frigideira antes dele abaixar o


garfo e ir para o refrigerador.

Eu tomei outro gole de café enquanto olhava em volta.


Foi aí que notei que a TV gigante estava pendurada na
parede oposta à da cama, mas o sofá, a mesa do café e as
cadeiras tinham as costas viradas para a TV.

Parecia que ele assistia TV da cama. Ou simplesmente


não assistia, considerando a quantidade de livros
amontoados na estante e cobrindo a mesa próxima a cadeira
no canto ao lado de um abajur supercaro.

— A quanto tempo você vive aqui? — Perguntei.

O silêncio que essa questão recebeu, fez meus ombros


tensos e meu olhar se voltar para Johnny.

Ele pegou os ovos e estava tirando uma tigela das


prateleiras. O que aparentemente ele não faria era responder
o que eu pensava ser uma pergunta não importuna.

Então me veio à mente nossa conversa na noite


passada.

Uma conversa que, até agora eu não notei que foi


unilateral.

Eu era nova na cidade. Tinha me mudado para lá por


razões que não gostava muito de lembrar. Mas me mudei por
que Deanna estava aqui, ela veio três anos antes. Logo depois
de casar com Charlie e estava sempre falando sobre quão
legal era aqui. Como a comunidade era amigável. Além disso,
os valores das propriedades eram bem mais baratos do que
na cidade. Você poderia conseguir um terreno bem maior por
muito pouco.
O lado ruim era que o caminho até a cidade era longo e
poderia ficar incrivelmente congestionado. Mas eu aprendi
nos dois meses que me mudei para cá que o tráfico de uma
hora (geralmente mais) valia a pena.

Isto dito, Deanna e Charlie eram as únicas pessoas que


eu conhecia na cidade e então decidi, com a primavera se
tornando verão, que já era tempo de socializar, conhecer
meus vizinhos.

Então eu fui para único bar local, On My Way Home,


conhecido como Home. Era um estabelecimento de bebidas
como qualquer outro, com um bar retangular no meio, mesas
ao redor, TVs por todo o lado. Eu ouvi que às vezes eles
tinham bandas, mas na maioria das vezes era apenas um
lugar tranquilo para assistir a um jogo ou encontrar amigos,
ou jogar conversa fora.

Eu na verdade, vi Johnny entrar no estacionamento


enquanto terminava de estacionar e até vi de relance seu
rosto magnífico pela janela da caminhonete, e escutei sua
porta bater enquanto eu entrava no bar.

E eu mal me sentei quando Johnny veio para meu lado.

Ele não olhou para mim, só sentou no banco ao lado e


recebeu atenção instantânea da bartender a quem ele disse:

— O de sempre, Sally, e o que quer ela esteja bebendo.

Não foi a cantada mais original.

Mas a melhor já usada em mim, unicamente porque foi


Johnny que a usou.
Isso seguiu com ele perguntando meu nome.

— Eliza, Eliza Forrester. Mas todo mundo me chama de


Iz ou Izzy.

Compartilhar isso me levou ao primeiro sorriso.

E pelas próximas horas eu compartilhei muito.

Johnny fez perguntas. Mas quando eu as fiz, ele se


desviava e trazia a conversa de volta para mim.

Sentada em sua bancada tomando café, depois de fazer


sexo com ele quatro vezes em onze horas, me ocorreu bem
tardiamente, que eu não sabia qualquer coisa sobre ele além
de seu nome, que ele dirigia uma caminhonete, vivia em uma
casa com uma roda d’água no meio da floresta e era um
amante excepcional.

Desconfortável, continuei a beber meu café, buscando,


freneticamente, em minha cabeça por uma conversa que
funcionasse.

No meio, do fracasso desses pensamentos ele


respondeu:

— Três anos.

Olhei para ele, não porque respondeu, mas porque soou


um pouco rasgado.

— É um ótimo lugar, Johnny, — eu disse calmamente.

— Esteve na família por gerações, — ele compartilhou,


quebrando ovos na tigela.
— Papai a manteve para que o pessoal que visitasse
tivesse seu próprio espaço. Mas não era desse jeito. Quando
me mudei, limpei um pouco e reformei algumas merdas.
Agora é um lar.

— É bem atrativo, — disse a ele. — E pacífico.

— Sim, — ele concordou.

— A roda d’água é legal, — eu observei.

— Sim, — ele repetiu.

— Ainda é usada para algo?

— O lugar era um moinho de grãos. Agora não é mais.


— Ele respondeu em um jeito que dizia, isto é tudo.

Hora de tentar outra coisa.

— Você não tem bichinhos de estimação, — observei.

— Não.

E isto foi tudo.

Ele virou o bacon. Pegou outra frigideira, colocou no


fogo. Andou até a despensa do outro lado e trouxe um monte
de pão, colocou no balcão onde eu estava e tirou uma
torradeira pendurada na parede.

— Você quer fazer as torradas? — Perguntou, seu olhar


finalmente voltado para mim.

Eu acenei.

— Acho que consigo fazer isso.

Sua cabeça se inclinou para o lado.


— Você sabe cozinhar?

— Eu fui a criança responsável pela casa. Minha mãe


trabalhava e eu era a mais velha. Então sim, sei cozinhar. —
Sorri para ele. — E definitivamente sei fazer torradas.

Seu rosto impassível amoleceu um pouco, antes dele


pegar um prato, faca e manteiga para mim.

Eu peguei o pão.

— Quantos pedaços você quer? — Perguntei.

— Dois. — Ele respondeu.

Ele pegou a manteiga, despejou uma grande parte na


frigideira e me devolveu. Eu passei em dois pedaços de pão,
quando um celular tocou em algum lugar perto da cama.

— Esse é meu toque, — eu disse.

— O meu também.

Outro pedaço de informação sobre Johnny, ele tinha um


iPhone.

Ele foi até o quarto e eu o vi tirar sua calça de cima da


minha bolsa que estava tocando e trazê-la para mim.

Ele me entregou e procurei por meu telefone. Tirou a


bolsa de mim e colocou na ilha da cozinha enquanto voltava
para o fogão.

A ligação era de Deanna.

— Olá, — eu atendi.

— Onde você está? — Ela respondeu.


— Eu estou, bem... ainda com... uh... Johnny, — eu
gaguejei.

— Okay, então, só para você saber, fui até sua casa e


cuidei da baia. Todos estão alimentados, incluindo Serengeti
e Amaretto.

Serengeti e Amaretto, respectivamente, meus cavalos


Palomino7 e baio.

— Eu ainda estou aqui, — ela continuou. — Deixando


os cachorros passearem um pouco. Vou trazer eles de volta
quando sair, mas você poderia me ligar quando chegar em
casa?

Eu imaginei que, como isso não era algo que eu fazia e


que ela me ajudou pelo meu último pesadelo (entre outras
coisas), ela só queria ter certeza que eu estava Okay e que
cheguei em casa.

— Claro, — respondi. — E obrigada.

— Sem problema querida, até mais, — ela respondeu e


então desligou, o que eu achei um pouco estranho.

Quer dizer, ela sabia que eu estava com Johnny então


não poderia haver uma conversa de garotas naquele exato
momento sobre a minha paquera, mas ela pareceu até um
pouco grosseira.

Talvez fosse um problema eu ter perguntado se ela


poderia cuidar dos meus bichinhos em um domingo.

7
Raça de cavalo originária dos Estados Unidos, tem corpos compactos e geralmente tem pelagens tom
de areia.
Eu fiz uma nota mental para levar algum presentinho
com forma de gratidão em algum momento daquela semana e
definitivamente, ligar para ela quando chegasse em casa.
Enquanto eu abaixava meu telefone, vi as notificações.

Três textos de Deanna que passaram despercebidos


durante as atividades da noite passada (ou desta manhã).

Me liga.

Querida, me liga.

Assim que você puder, me ligue.

Oh Deus, talvez ela realmente não pudesse cuidar dos


meus bichinhos, mas teve que, por que eu não a respondi.

Eu comecei a digitar um texto para ela: Me desculpe, eu


não li seus textos. Se foi uma inconveniência cuidar do meu
zoológico, me desculpe. Eu fiquei presa em algumas coisas.
Significa muito para mim que você o fez, de qualquer forma,
não posso agradecer o suficiente e eu totalmente vou te
recompensar.

Eu enviei meu texto e Johnny perguntou, — Tudo certo?

— Eu acho que sim, — respondi sem certeza.

— Qual parte você não tem certeza? — Questionou.

— Eu não sei, talvez Deanna tivesse algo acontecendo e


eu não vi as mensagens dela ontem à noite, então ela foi lá,
mas mesmo assim parece que tem algo rolando.

Meu telefone tocou e eu imediatamente olhei para


encontrar a resposta de Deanna, Não, não, está tudo certo.
Tudo bem. Não se preocupe. Só me ligue quando você vier para
casa, sem problemas, só queria conversar.

Eu me acalmei.

— Tudo bem? — Johnny perguntou.

Eu olhei para ele e acenei. — Entendi errado. Ela está


bem.

— Bom, — ele murmurou, virando sua atenção para os


ovos na frigideira.

As torradas ficaram prontas e Johnny terminou os ovos


e bacons. Ele serviu as coisas e eu fui jogar o telefone na
bolsa e esquentar nossos cafés. Ele levou os pratos para uma
pequena mesa de jantar redonda que tinha um círculo
giratório no meio e era cercada por quatro cadeiras.

Minha mente protestou quando ele não pegou um jogo


americano antes de colocar os pratos na mesa, mas me
mantive calada. Eu trouxe as canecas e ele retornou da
cozinha com as torradas, um frasco de ketchup e um pote
com geleia de uva.

— Sente, — ele ordenou, colocando tudo aquilo na mesa


e voltando para a cozinha.

Ele colocou os pratos na curva da mesa, próximos uns


aos outros e dispostos de forma igual, então eu escolhi um
lugar aleatório.

— Não, Iz, o outro lugar, — ele disse, voltando com os


talheres.
— Desculpe, — eu murmurei, trocando para a outra
cadeira.

— A vista é melhor, querida, — Johnny sussurrou perto


do meu ouvido, enquanto colocava uma faca e garfo ao lado
do prato branco.

Eu olhei dos talheres para o cômodo e percebi que


estava virada para as portas da sacada, então ele estava
certo.

Era uma vista melhor.

Senti meu peito aquecer enquanto ele se sentava.

Johnny pegou o ketchup e despejou por cima de todos


os seus ovos.

Eu peguei meu garfo e comecei a comer. Alternando


entre olhar o meu prato para pegar comida e encarar as
folhas caindo na luz do sol.

— Quieta, — ele observou súbita e suavemente.

Eu olhei para Johnny.

— Como?

— Você está quieta, — ele notou.

— Os ovos estão muito bons, — disse a ele.

Os cantos de sua boca subiram. — Ovos são ovos, gata.

Eu concordei com a cabeça, apesar de eles estarem


realmente bons. Fofos, leves e bem temperados.

Então eu disse,

— Obrigada por me deixar ter a cadeira com vista.


— Peguei uma cadeira com vista também, — ele
respondeu com os olhos em mim, me dizendo qual era sua
vista. — E a minha é melhor.

Senti minhas bochechas ficarem quentes e olhei para


meu prato.

— Olhar você andar para o Home ontem à noite, não...


sendo honesto com você, olhar sua bunda ir até o Home
ontem à noite, meus planos de ter alguns drinks para relaxar
ao fim da semana viraram fumaça. Sentei por perto e você me
olhou, apesar de estar entrando em parafuso. Fiquei chocado
que me disse seu nome quando perguntei, — ele declarou
enquanto eu voltava minha atenção para ele. — Talvez as
margaritas te deram coragem para continuar onde estava,
mas apenas no começo. Agora você está aqui e continua
recolocando sua calcinha quando sabe que vou tirá-la, o que
significa que deve saber que estou a fim de você e mesmo
assim não consegue ouvir um elogio.

— Me desculpe, — sussurrei.

Ele balançou a cabeça devagar, sem tirar os olhos de


mim.

— É o seu jeito e você não tem nenhuma pista, e não


tenho certeza se deveria te dar uma, mas vou. Funciona, Izzy,
então não se desculpe por isso.

Eu abaixei minha cabeça e peguei um pedaço de


torrada.

Johnny soltou um riso abafado.


— É, é o seu jeito. — Ele murmurou.

Eu arranquei um pedaço de torrada, olhos na mesa,


mastiguei, engoli e anunciei,

— Usei sua pasta de dente.

— Beijei você depois disto, então meio que percebi.

Meu olhar flutuou para o dele enquanto ele mordia um


pedaço de bacon.

— Eu não usei sua escova, entretanto.

Ele engoliu antes de dizer,

— Iz, você passou um tempo sentada em meu rosto,


acha que eu ligo se usar minha escova?

Eu estava chocada.

— Isso é um pouco nojento.

— Sentar em meu rosto? — Perguntou, embora eu


pudesse dizer, pelo brilho em seus olhos que ele só estava me
testando.

— Não, — respondi rapidamente.

— Desde que você não usou eu não preciso ficar


enojado.

— Verdade, — eu murmurei, colocando minha torrada


no prato e pegando um pouco de bacon.

— Eu entendo, — ele disse tranquilamente e eu o olhei


novamente enquanto mastigava meu bacon. — que você teve
que procurar entre minhas coisas para achar a pasta de
dente. Você não quer ser intrometida, mas eu não tenho nada
a esconder, Izzy.

Eu assenti.

Isso tudo parecia muito estranho, complicado com uma


boa dose de contraditório, mas pelo menos era bom saber
aquilo.

— Seu banheiro é bem legal, — eu observei e a mesma


coisa aconteceu de novo.

Ele se desligou, olhando para o prato.

Me deixou de fora.

A Izzy de sempre ignoraria isso provavelmente, acharia


algum jeito de contornar a situação, mas algo me fez
perguntar,

— Desculpe, eu... você... estou tocando em algum


assunto que não deveria?

Seus olhos vieram em minha direção e não estavam


completamente impassíveis. Havia alguma coisa ali,
profundamente. Eu só não consegui saber o que.

Mas surpreendentemente, ele me disse.

— Vendi o lugar onde cresci, arrumei esse lugar e me


mudei depois que meu pai morreu.

— Oh, Deus, Johnny, eu sinto muito.

— Tem merdas da minha vida que não sou muito fã de


falar. Eu era próximo do meu pai, então essa é uma delas.

Eu acenei.
— É claro, sinto muito, mesmo.

Ele pegou outro pedaço de bacon.

— Você não sabia então não tem motivos para se


desculpar.

— Certo. Ok, — Respondi rapidamente.

Mas apesar disso ser uma explicação, era algo


mesquinho, porque se ele ainda estava tão afetado pela morte
do pai, por que então escolheu um lugar que a cada dia,
hora, ou segundo que estivesse nele, o lembraria tão bem
disso.

Eu sabia como era perder um pai por que eu perdi


ambos. Como isso aconteceu foi algo em que não tive escolha
além de deixá-los ir. Os perdi de maneiras diferentes, mas
igualmente agonizantes.

Eu sabia como era difícil. Doloroso. Não importando de


que maneira você os perdeu.

Eu também sabia que fugir de qualquer coisa que o


lembrasse dessa dor era um bom mecanismo.

Então me perguntei, não importando quão lindo fosse


esse lugar, por que ele não usou aquele mecanismo.

Eu não perguntei para ele por que parecia que, mesmo


se eu o fizesse, provavelmente ele não responderia.

Isto esclarecia outra coisa.

Aquilo não era um conhecer-melhor-seu-encontro.

Isso não era um encontro de forma alguma.


Era só sexo.

Não era o começo de algo.

Não somente era sexo, mas algo que eu nunca encontrei


antes.

E por mais lindo que ele fosse e legal o bastante para me


dar seu assento (e tudo mais) mesmo se eu quisesse ser esse
tipo de garota (e na verdade, eu queria) eu simplesmente não
era assim.

Eu sempre queria mais.

Sentada lá, eu me dei conta de que isto doía mais do


que deveria, talvez por que eu quisesse mais especialmente
com Johnny.

— Querida.

Isto veio de forma gentil e eu virei minha atenção para


ele.

— Não tenho certeza de que gosto desse olhar em seu


rosto. Parece que foi a uma vida a trás, mas também parece
que foi ontem. Na maior parte do tempo eu só vivo com isso.
Mas as vezes eu tenho dias ruins. Esse é um deles.

Esse era um desses dias.

Uma manhã ensolarada em sua casa... comigo.

— Minha mãe morreu de câncer, Johnny, então eu


entendo.

Ele me encarou.
— Comeu ela viva. Ela morreu em seis meses, —
compartilhei.

Ele piscou.

— Eu sinto falta dela todos os dias, e se eu deixasse


sentiria sua falta a todo segundo.

— Iz, — ele sussurrou, ao dizer meu nome parecia que


estava dizendo que aceitava e compreendia, para o seu bem
em um dia ruim eu estava compartilhando aquilo, mas isso
não me fazia sentir melhor.

Eu não foquei muito naquilo.

— Mas isso não era o porquê da expressão em meu


rosto, — eu disse a ele, surpreendendo a mim mesma com
minha franqueza.

— O que era então? — Perguntou.

Eu não sabia o que estava acontecendo, o que era isso,


para onde isso levava.

Eu só sabia que gostava muito dele por muitas razões, a


mais recente por ele ser atencioso o suficiente para me dar
seu assento na mesa de jantar, em sua própria casa, que
tinha a melhor vista.

Mas parecia que ele gostava de mim principalmente


porque podia fazer sexo comigo, e eu o divertia com meus
modos tímidos enquanto fazia muito sexo com ele.

Ele me deixou falar sobre mim e escutou porque isto era


mais fácil do que compartilhar sobre ele, o que ficou claro
que não pretendia fazer, ou pelo menos não sem uma boa
quantidade de esforço da minha parte e muito pouco em
troca.

Embora ele tivesse compartilhado seu corpo e talentos


na cama sem problema algum.

Então eu poderia não ter muita experiência com


noitadas de sexo, mas um e um eram iguais a um nessa
equação, e não tinha um caminho para talvez haver um dois.

— Eu preciso ir para casa. Deanna tomou conta dos


meus bichinhos, mas eu tenho algumas coisas para fazer
hoje, — declarei.

Isto era uma mentira. Eu só tinha uma coisa para fazer


hoje, que tomaria cerca de dez minutos.

Ele colocou seu garfo no prato, e se sentou reto na


cadeira, olhos em mim.

— Então, você se importa de depois que eu ajudar com


os pratos me levar de volta para meu carro? — Perguntei.

Ele me estudou pensativamente enquanto respondia, —


Você não precisa me ajudar com os pratos.

— Não quero ser mal-educada.

Ele não respondeu aquilo.

Ele apontou para o meu prato e perguntou,

— Você comeu o bastante?

— Sim, obrigada.

— Você está pronta para ir agora? — Perguntou, mesmo


que nenhum de nós tivesse limpado os pratos.
Foi difícil responder isso, mas eu o fiz.

— Sim, isto provavelmente seria melhor.

— Certo, Eliza, — ele disse com um aceno de cabeça. —


Vou colocar os pratos de molho enquanto você se veste.

— Eu posso ajudar, — ofereci.

Seus olhos vieram para mim.

— Vá se vestir.

Aquilo doeu. Não deveria. Era eu quem colocava um fim


a tudo.

Mas realmente doeu.

Eu levantei e fui pegar minhas coisas, as levei para o


banheiro e me vesti.

Quando eu voltei os pratos já estavam de molho, mas a


geleia e ketchup continuavam na mesa.

— Estarei lá fora em um segundo, — Johnny


murmurou, se movendo perto de mim para ir até o corredor.
Ele desapareceu no banheiro.

Eu senti uma intensa vontade de chorar.

Em vez disso eu fui até as portas da sacada, encostando


um ombro contra o vidro e olhando para fora.

Foi então que eu entendi o porquê dele não ter desistido


deste lugar, mesmo que lembrasse de seu pai.

O riacho era largo e com pequenas curvas. Algumas das


árvores cresciam bem ao lado, seus troncos robustos
servindo como uma ribanceira. Mesmo tão no começo do
verão já havia muita folhagem, o sol tinha dificuldade para
chegar até ali, mas a paisagem que formava tinha um poder
esplêndido, com o brilho contra as folhas e troncos e a água
do riacho sendo clareada, parecia mágico.

Eu poderia ficar ali com meu copo de café da manhã por


quinze minutos, meia hora, décadas, só deixando a paz da
roda d’água me acalmar.

Eu não teria aquela oportunidade, nem agora nem


nunca.

Johnny chamou atrás de mim:

— Pronta?

Eu olhei para ele para encontrá-lo usando uma camiseta


diferente e outro jeans, e me perguntei (conhecimento que eu
nunca teria também), onde ele pegou suas roupas, então
assenti.

Eu fui até a ilha da cozinha para buscar minha bolsa,


verificando se meu celular estava realmente lá e então andei
até a porta.

Ele não olhou para trás, para mim.

Eu me movi atrás dele em direção à sua caminhonete,


sentindo a melancolia se instalar quando ele passou pela
porta do passageiro.

Ele a abriu.

Eu passei em volta dele para poder subir, mas parei


quando ele bateu a porta com força e se virou para mim.
Colocando um braço em volta da minha cintura, me puxou
em uma volta, pressionou sua mão em meu estômago até eu
estar com as costas encurraladas contra seu carro.

Meu coração começou a bater forte enquanto eu erguia


minha cabeça para olhar para ele.

— Você já está cheia ou o que? — Perguntou friamente.

— Desculpe-me? — Sussurrei ansiosa.

— É essa a sua jogada? — Ele demandou agora, com os


olhos gelados.

— Minha...jogada?

— Deixa de babaquice Eliza. Que merda está


acontecendo?

Eu o encarei.

— Eu não sei, não sou uma mulher, — ele continuou. —


Só conheço as diferentes razões pelas quais um homem entra
num bar sozinho. A razão pela qual eu fui para o Home
ontem à noite não era a que acabou se tornando. Mas eu
imagino que uma das razões de eu ir sozinho também é uma
das quais o por que as mulheres vão. Então é isso? Você foi
para achar um pau? Encontrou um, teve sua diversão e agora
está pronta para ir?

Senti meus olhos arregalarem.

— Você não me deve porra nenhuma, — ele continuou


— Eu tive um bom tempo, então não estou reclamando. Mas
só esclareça minha curiosidade. Que porra foi essa?

— Eu nunca...jamais... — Eu gaguejei, sem saber se


estava ofendida, magoada, com raiva ou os três.
— Você nunca o que? — Ele insistiu.

— Isto, — eu disse jogando um braço para o lado.

Suas sobrancelhas franziram.

— Você está tentando me dizer que era uma virgem?

— Claro que não, — respondi rapidamente.

— Então o que? — ele pressionou.

— Sexo casual, — eu disse a ele.

— Você nunca teve uma noitada, — ele declarou,


claramente não acreditando em mim.

— Bem eu já dei uns amassos, mas nunca uns


amassos, amassos. Tipo, sabe, como fizemos. Conhecer um
cara, e aí, sair do lugar com ele, e bem... o que veio depois
disso.

Ele me encarou.

— Eu não sei o protocolo, — soltei.

Aquele olhar ameaçador vacilou quando ele perguntou:

— O protocolo?

— Eu não sei como agir. O que fazer. Quero dizer, o que


você faz quando uma noite de sexo está obviamente chegando
ao fim?

— Jesus, — ele suspirou, agora me encarando como se


nunca tivesse visto uma mulher em sua vida.

— Eu... lá dentro... você estava.... Você foi...— Eu


gaguejei e então mudei de abordagem, — Isto não é como um
vamos-conhecer-seu-encontro. Eu sei como fazer nesses
casos. Mas, isto, eu não sei o que fazer.

— Você quer uma dica?

Pelo olhar em seu rosto eu sabia que não queria.

Mesmo assim, eu confirmei com a cabeça, sendo a única


resposta que eu poderia dar, considerando o olhar em seu
rosto.

Eu estava errada, aquela testa franzida e as


sobrancelhas juntas, poderiam sim ser ameaçadoras.

— Quando um homem que você fodeu incrivelmente por


quatro vezes se abre o bastante para falar que está tendo um
dia difícil por que o pai dele morreu três anos atrás, neste
mesmo dia, isto sendo a razão de ele ter ido a um bar tomar
alguns drinks na noite anterior, você não diz imediatamente
que precisa ir embora e continuar com seu dia.

— Oh meu Deus, — eu sussurrei.

— Pois é, — ele respondeu.

— Eu não sabia, — retruquei gentilmente (e devo dizer,


desde que aquele olhar ainda estava lá, o fiz com cuidado).

— E isso faz tudo ficar certo? — Perguntou.

— Bem, humm... não. Mas em minha defesa...

— Você nunca teve uma noite de sexo e não sabe o


protocolo, — ele terminou por mim.

Certo então, aquilo soava totalmente sem


convencimento.
Eu pressionei meus lábios juntos.

Ele me estudou por alguns segundos antes de


perguntar,

— Honestamente, você nunca pegou um cara em um


bar e o fodeu antes?

Eu sacudi minha cabeça lentamente.

— Você é uma puritana, — ele anunciou.

— Bem, não recentemente, mas, uh... sim, — confirmei.


— Minha mãe não era e minha irmã definitivamente não era,
então alguém tinha que estar por perto, você sabe, para
alimentar os cachorros, e ir de carro buscá-las quando se
metiam em alguma situação e, ah... outras coisas. Mas, dito
isso, realmente já nasci assim, até então, mas como disse,
você estava lá por isso já sabe.

— Por que eu estou bravo com você, mas mesmo assim


tenho vontade de rir para caralho? — Perguntou
curiosamente.

— Por que eu estou sendo uma idiota? — Perguntei de


volta.

— Sim, isso é o porquê, — ele concordou.

Tudo ficou em silêncio.

Johnny não quebrou o silêncio.

Eu não aguentei então sugeri.

— Eu posso cozinhar, como te disse, não quero me


gabar, mas sou realmente muito boa nisso. Então para
compensar por ser uma idiota, se você quiser, pode me levar
até meu carro e eu vou comprar coisas para te fazer um
jantar e você pode ir até minha casa. Conhecer os bebês. Eu
vou te alimentar e talvez fazer algumas outras, você sabe,
coisas, para uh...compensar por ser uma idiota quando você
estava tendo um dia ruim.

— Então, o que você está dizendo é que vai me


alimentar, me introduzir aos seus bichinhos de estimação e
então foder meus miolos fora?

Eu senti um arrepio na espinha que estava começando a


parecer familiar, olhei para sua garganta e sussurrei,

— Tipo isso.

— Iz.

Eu olhei em seus olhos.

— Eu tenho uma tradição para hoje à noite que faço


sozinho. Mas amanhã, eu passarei lá.

Meu coração acelerou e meus lábios formaram a


palavra,

— Sério?

Ele segurou em minha cintura novamente, me afastou


da caminhonete, abriu a porta e depois que eu me instalei,
jogou seu telefone para mim.

Eu me desequilibrei, mas consegui segurá-lo enquanto


ele dizia:

— A senha é oito, nove, um, dois. Adicione seu número e


ligue para seu celular. Me adicione, eu vou ligar mais tarde.
Então ele bateu a porta e começou a andar em volta do
capô.

Eu não sabia com o que ele trabalhava.

Mas eu sabia a senha de seu telefone.

Eu abaixei minha cabeça, fazendo um esforço hercúleo


para não sorrir a ponto de rasgar meu rosto.

Ele entrou no carro, ligou o motor e eu olhei para cima


para vê-lo colocando um braço em meu assento para poder
ver onde ele estava indo, enquanto dava ré no carro saindo da
parte de trás de sua casa.

Johnny Gamble então começou o caminho até o meu


carro.

Nós descemos pela estrada suja e eu terminei de salvar


meu número quando disse suavemente:

— Sinto muito por ter pisado na bola tão feio.

— Não se preocupe com isso, — ele respondeu.

— Eu perdi minha mãe, então sei...

Seus dedos apertaram meu joelho e ele cortou minha


fala.

— Esqueça isso. As únicas coisas que quero que você


pense é o que vai cozinhar para mim e o que vai fazer depois
disto.

— Você gosta de enxilhadas de frango?

— Sim.

— Você gosta de azeitonas?


— Sim.

— Você gosta de creme de nata?

— Sim.

— Em uma escala de pouco queijo até fanático por


queijo, onde você se encontra?

— Fanático.

Tínhamos algo em comum.

— Você quer cerveja, vinho ou outra coisa?

— Cerveja.

— Bem, isso define o jantar, — eu murmurei.

Ele riu alto, desceu sua mão até minha coxa e a


manteve ali.

Eu deixei um suspiro de alívio sair.

Johnny parou, olhou para os lados e então saiu da


estrada suja em direção a pavimentada e me levou até meu
carro.
Deixar Acontecer

Izzy
Quando cheguei na porta de casa, meus cachorros me
atacaram.

Isso não foi uma surpresa, exceto quando eu ia


trabalhar ou ocasionalmente em algum evento, eles
geralmente me tinham para si o tempo todo.

Depois que eu fiz carinho neles, deixei que passeassem e


fui à procura dos meus gatos.

Eles estavam bem menos felizes em me ver.

Eu dei carinho para eles de qualquer forma.

Cuidei dos meus passarinhos e então fui em direção a


varanda, tirei minhas sandálias fofinhas que usei no bar na
noite passada, e coloquei minhas botas de borracha que eram
pretas com flores rosas e amarelas e folhas azuis.

Então fui em direção ao estábulo com meus cachorros


ao lado e o telefone na mão.

Eu agora tinha três coisas para fazer durante o dia.


Ligar para Deanna. Trocar os lençóis da cama e ir até a
cidade comprar as coisas para o jantar com Johnny na noite
seguinte.

Minha agenda estava livre, com tempo para aproveitar,


porque eu vivi uma infância desorientada, com uma mãe que
trabalhava e saía muito, isso me ensinou que estabilidade se
dava em pessoas, não em lugares ou coisas.

O jeito que a minha mente funcionava rejeitava


completamente essa ideia. Então quando deixei de viver com
minha mãe eu busquei por ordem e estabilidade em todos os
aspectos da minha vida.

Ao longo do tempo, atingi a forma perfeita de


organização em minha vida, após ler um artigo sobre como
usar o tempo inútil, a fim de liberar o tempo útil, torná-lo
não-estressante, mas acima de tudo, livre.

Para isto, uma noite por semana eu tirava o pó, na outra


eu usava o aspirador e em outras limpava o banheiro. Lavava
um pouquinho de roupa todo dia até terminar. E a cada duas
semanas passava as roupas. E se tivesse tarefas fora de casa
eu as dividia para antes e depois do meu trabalho. Exceto por
comprar flores, que eu fazia toda sexta à noite no mercado de
flores Macy’s, para ter flores frescas durante toda a semana.

A única coisa que eu deixava para sábado era trocar os


lençóis, depois à noitinha, eu tomava uma longa ducha ou
ficava imersa na banheira, fazia o pé e a mão e aplicava um
creme facial, poderia comer um jantar extravagante enquanto
lia, pintava ou assistia um filme e depois deitava em uma
cama geladinha e com lençóis limpos.
Para uma pessoa que buscava por ordem, ter uma
agenda livre era como atingir o nirvana. O único período
durante o sábado que eu tinha tempo ocupado era pela
manhã por conta dos estábulos, e então eu estava livre.

Livre para ser desordenada.

Livre para cuidar do meu jardim com minhas flores no


começo do verão.

Livre para assar pãezinhos e fazer gelatinas de vodca ou


gim com sabor de fruta.

Livre para ir até um shopping na cidade e comer uma


adorável refeição ou um jantar.

Livre para fazer meu tratamento de pele, a única coisa


que minha mãe sempre reforçava para nós (quando ela não
estava trabalhando) dizendo:

— Se vocês não se importam com nada, minhas


princesas, se importem com suas peles.

É claro que na época nossa máscara consistia em aveia,


mel, pólen e abacates, cuidadosamente esmagados e
guardados para depois.

Mas nós tínhamos um momento de garotas a cada


sábado à noite, quando ela não estava trabalhando, e
ocasionalmente quando tínhamos dinheiro ela comprava
esmaltes novos para nós também.

E isto significava que quando ela morreu, aos quarenta


e seis anos, antes da dor e dos tratamentos a envelhecerem,
ela parecia ter trinta. No máximo.
Isto era o porquê de seu namorado na época ter só trinta
e dois anos.

Me perguntei quantos anos Johnny tinha.

Talvez uma pergunta que ele responderia amanhã à


noite.

Eu cheguei aos estábulos. Os cachorros começaram a


correr em volta e cheirar as coisas como se nunca tivessem
ido lá, mesmo que eles fossem todo dia. Me assegurei que o
portão estivesse fechado atrás de mim e então fui até
Serengeti para deixá-la ir pastar, enquanto ligava para
Deanna.

— Izzy? — Ela atendeu.

— Hey, já estou em casa, — disse a ela.

— Okay, bem, como você está?

Como eu estava?

O estranho comportamento de Johnny foi explicado pelo


triste fato de que era o aniversário de morte do seu pai e ele
estava vindo para jantar na próxima noite, sem mencionar
que foi depois de ficar distante (exceto quando me colocou
sentada no balcão da cozinha) após a última vez que tivemos
sexo, ele compensou ao me beijar na porta do meu carro, por
um longo e feliz tempo. Eu estava ótima.

— Eu estou ótima, — disse a ela abrindo a porta da


cocheira de Serengeti e a movendo, coloquei uma mão em seu
pescoço enquanto ela passava o focinho em meu pescoço e
soprava meu cabelo.
— Droga, — Deanna murmurou.

Minha mão parou no pescoço de Serengeti e eu foquei


em Deanna.

— O que? — Perguntei.

— Droga, — ela repetiu.

— Droga o que?

— Bom, só para você saber, Johnny Gamble é o Johnny


Gamble.

Uma área específica do meu coração apertou quando ela


compartilhou aquela informação, ainda que eu não estivesse
entendendo completamente.

— O que isso significa? — Perguntei.

— Ele é Johnny Gamble das Garagens Gamble. Ele te


contou isso?

Não, ele não me contou.

E subitamente eu estava com vergonha de algo que não


tive durante o todo este tempo.

Mas era pior saber que Deanna tinha mais informações


sobre o homem com quem eu dormi do que eu.

Serengeti estava ficando inquieta, então eu usei minha


mão para guiá-la fora do estábulo e uma vez no corredor, ela
trotou sozinha até seu pasto.

Eu me movi até Amaretto, enquanto falava para


Deanna:
— Não, ele não me disse nada sobre isso. Quero dizer,
nós falamos algumas coisas, mas também estávamos fazendo
outras. — Eu deixei aquela mentira se assentar. E fiz
somente por que estávamos nos falando por telefone, então
eu continuei. — Eu não sei o que isso significa.

Mesmo que parecesse que eu sabia. Algo parecia


familiar sobre isso.

— Você não tem vivido por aqui há muito tempo, — ela


murmurou enquanto eu abria a cocheira de Amaretto e o
acariciava um pouco antes de enviá-lo para o pasto, Deanna
disse, — Você conhece a estação de gás na cidade?

Oh sim.

Isso era onde eu tinha visto.

— Ele é dono daquilo?

— Aquele e mais sete espalhados pelo país. Nenhum nas


cidades, só em campos, alguns são como pequenas
conveniências. Todos eles vendem gás e fazem reparos em
carros.

Wow.

Aquilo era impressionante.

— Ele herdou do pai, que herdou do avô, — Deanna me


disse.

Ainda impressionante.

Segui Amaretto até o pasto e parei encostada na parede


do estábulo, observando meus cavalos, reunidos, tocando o
focinho um no outro de forma familiar.
— Eu ainda não tenho certeza do por que você achar
isso uma droga, — compartilhei.

— Por que Johnny também faz parte de Johnny e


Shandra.

Eu paralisei.

Johnny e Shandra.

Os sais de banho em minha mente, tão claros como se


estivessem na minha frente.

— Como? — Sussurrei.

— Coisa de filme romântico, mas não teve um final feliz.

Oh Deus.

— Ele é lindo, ela era um nocaute. — Deanna


continuou. — Quando eles começaram a namorar ninguém
ficou surpreso. Ele estava caidinho por ela. E ela por ele.
Quero dizer realmente caidinhos. Estamos falando como
Romeu e Julieta, Lancelot e Guinevere, Scarlet e Rhett.

Meu estômago afundou.

— Mas alguma merda acabou com o casal, — ela


continuou.

— O que aconteceu? — Perguntei sussurrando.

— Ninguém sabe, em um dia simplesmente acabou. Ela


foi embora e ele ficou. Ninguém a viu depois disso. Mas só
para dizer, todo mundo surtou. Este não foi o fim que alguém
imaginasse. Todo mundo, incluindo eu, tinha certeza de que
haveria mini-Johnnys correndo pela garagem e que
cresceriam para colocar calcinhas de garotas em chamas. E
mini-Shandras, que ele trataria como princesas, que
cresceriam para ser rainhas do baile e quebradoras de
corações. Quando isso não aconteceu eu acho que até o
Pastor Thomas pensou que Deus pisou na bola.

Meu estômago estava agora perto das minhas botas,


meu coração começou a bater forte.

— Desde aí, de novo nenhuma surpresa, não houve


mais ninguém para ele. Todas as mulheres em Matlock
tentaram. Não é comum ele ir atrás de alguém para esquecer
as feridas. Algumas tentaram, achando que podiam curar seu
coração partido, mas saíram feridas.

Saíram feridas.

Eu acabei de ser seriamente ferida, mas não por um


cara como Johnny e sim por um como meu pai.

Eu não tinha aquela experiência, mas acreditava que


acontecer com um cara como Johnny seria ainda pior.

Muito pior.

— Você disse que foi a anos? — Eu perguntei.

— Querida...

— Talvez ele...

— Querida, me escute, — ela sussurrou com força. —


Depois do que aconteceu com Kent, se você encontrar alguém
eu vou estar do seu lado, torcendo por você, feliz por você
estar de volta no jogo, esperando pelo melhor por que você
merece. Eu não tenho certeza se conheço alguém que a
mereça, então essa conversa é difícil.

— Você acha que ele...

— Eu acho que você é doce como açúcar, linda como


uma flor e ele é um homem. Ele teve uma amostra sua e não
vai pensar, "Melhor eu ser cuidadoso e não fazer bagunça com
essa aí. Ela é doce e sensível e como eu fui queimado pela
minha ex, tanto que nunca vou me recuperar, deveria deixá-la
em paz". Ele não vai ligar que você é sensível, então só vai
conseguir o que quer de você.

— Ele virá para jantar amanhã à noite. — Eu soltei.

— Como?

— Ele virá jantar aqui amanhã à noite, eu vou fazer


enxilhadas de frango.

— Você está fazendo enxilhadas, o que significa que está


a fim dele, e que ele é bom de cama.

Ele era muito bom de cama.

Eu também realmente estava a fim dele.

— Elas são fáceis de fazer Deanna só parecem que são


difíceis.

— Elas são o que qualquer garota como você faria,


qualquer cara normal pensaria "Caramba, esta mulher sabe
cozinhar. Eu tenho toda essa doçura na minha cama e ainda
posso comer isso? Melhor agarrar esta menina para mim e
rápido". Mas só para dizer Izzy, este cara não é qualquer um.
Ele foi a destruição de várias garotas ruivas com pernas
longas e seios grandes tão doces como você querida, mas só
estou dizendo isso por que eu e você só o conhecemos de
passagem. Ele sempre estará caidinho por outra ruiva,
mesmo quando ele for obrigado a sossegar para manter a
linhagem. A próxima será a número dois. Vice-campeã.
Segundo lugar.

Vice-campeã.

Segunda melhor.

Eu não tinha cabelos ruivos.

Eu era loira, mais ou menos, era um loiro escuro. Como


um tom de âmbar meio marrom.

Mas eu não era ruiva.

Porém eu tinha seios relativamente grandes e pernas


longas.

— Eles estavam tão apaixonados assim? — Eu perguntei


silenciosamente, minha voz apertada.

— Eu amo Charlie com meu coração e alma, você sabe


disso querida, mas toda vez que eu via aqueles dois juntos,
eles pareciam tão felizes, íntimos, tão doces, eles eram algo
que eu queria ter também. Então sim, eles estavam muito
apaixonados, — ela respondeu gentilmente, com a voz
amistosa.

Eu olhei para minhas botas.

— Izzy? — Ela chamou.

— Eu gosto dele, — eu disse para minhas botas.


— Eu só o conheço de vista também, mas eu ainda sei
que ele é esse tipo de cara. O cara que você não consegue
evitar de gostar. Ele é sólido. Independente. Boa pessoa. Seu
irmão saiu da cidade antes de eu e Charlie nos mudarmos,
mas ouvi que ele é mais selvagem. Mas eu conheço o cara e o
pai de Johnny também era assim. Eles são o tipo de cara que
consertam seu carro mesmo que você não possa pagar e te
deixam parcelar em várias vezes. Eles patrocinam o pessoal
que joga softball na cidade. Ouvi dizer que tinha um ex
presidiário que ninguém confiava, mas eles o empregaram
mesmo assim e o homem ainda trabalha para eles,
provavelmente por lealdade para quem lhe deu uma chance.

Ela parou.

Eu esperei.

E depois de respirar audivelmente, ela continuou.

— E talvez ele goste de você também. Pode ser aquele


momento em que ele decidiu que precisa seguir em frente e
esquecer o amor da vida dele, encontrar alguém para
sossegar. Mas eu não sou amiga de Johnny Gamble. Eu sou
sua amiga. E você merece ser o amor da vida de alguém. Não
aquela que segue depois do primeiro ato e que será feliz por
que pegou um bom homem, mas você não terá tudo o que
merece.

Eu fitei o pasto sem realmente ver.

— Ele tinha sais de banho no banheiro.

— Ele tinha o que?


— Ele realmente é, você sabe, um cara. E ele tinha essa
jarra linda com sais de banho azuis no banheiro.

Deanna não disse nada.

— Você acha que são dele?

— Eu acho que isso é.... quando você descobrir, e vai


descobrir, só é um saco que tenha que ser eu a dizer... o tipo
de questão que você irá se perguntar bastante é se essa coisa
for além do jantar de amanhã com Johnny Gamble.

— Eu deveria... você acha que eu deveria dizer para ele


que sei tudo isso e conversar sobre?

— Eu não sei. Vocês só fizeram sexo ou se conectaram?

Eu sabia o que ela estava perguntando e respondi


honestamente:

— Eu não sei.

— Você sabe sim, Izzy, — ela disse suavemente.

Eu sabia.

Eu saberia.

Ele me contou sobre seu pai, me deu a senha de seu


celular e ficou bravo quando achou que eu o estava
abandonando.

Mas ele também falou sobre eu não usar calcinhas mais


de uma vez e naquele momento soava sexy, excitante e
lisonjeiro, mas também poderia significar que ele não queria
nenhuma obstrução quando estivesse pronto para voltar a
razão do por que ele passaria um tempo comigo.
— Honestamente, Izzy, — ela disse cuidadosamente, —
Eu esperava que você lesse meus textos ontem à noite e que
nada acontecesse. Eu já vi o cara. Tenho meu próprio
chocolate e não quero nada além dele, mas mesmo assim eu
poderia dizer que o cara parecia bom. E se eu achasse que
você é o tipo de garota que pode ter uma noite de sexo e não
se conectar eu não teria enviado textos ou me preocupado.
Mas você não é esse tipo de garota, você pode até tentar, mas
isso não combina com você. Como eu e jeans skinny, eles
parecem apertados em outras pessoas, em mim só fico
parecendo uma salsicha.

Eu queria sorrir.

Mas com tudo que ela estava me dizendo, não havia


nem uma chance.

— Então eu só vou dizer, seja cuidadosa, — Deanna


continuou. — Você é uma garota doce, mas não é estúpida.
Verá como as coisas são, especialmente agora que tem toda a
informação necessária. Só observe o que vai acontecendo, e
mais importante, se cuide. Tem um homem para você aí fora,
Izzy, que vai ser o seu Charlie, ele irá te tratar como a rainha
que você é, e nunca aceite nada menos que isso. Se eu estiver
errada sobre Johnny Gamble, ficarei feliz em colocar molho
de churrasco nas minhas palavras e engoli-las. Só... seja
cuidadosa.

— Eu serei.

— Você quer que eu vá aí?


Eu era doce, mas Deanna era ainda mais, ela gostava de
dizer que eu era um chocolate branco, tenha uma mordida e
será tão doce que seus dentes doeriam, e ela dizia que era
chocolate amargo, uma mordida e já dava para se intoxicar
de cafeína.

Mas ela não era.

Ela era a melhor trufa que você poderia ter. O tipo que
derrete na boca, enquanto você deseja que nunca pare de
derreter.

— Não, eu estou bem, eu só... bem, com Kent fazendo o


que fez e eu não sendo o tipo de garota que faz essas coisas e
agora isso, eu não sei. Quero dizer, nós tivemos uma noite
juntos, ele me fez café da manhã e virá para o jantar amanhã,
nós trocamos os números, mas ele não me pediu para ser a
mãe de suas crianças ou jurou sua vida a mim. Não
passaram nem 24 horas desde que o conheci.

— Você também não é uma garota que toma riscos.


Levou cinco segundos para decidir adotar Dempsey, mas seis
meses para comprar um carro. Porém você terá Dempsey por
muito mais tempo do que aquele Nissan. Eu espero que
entenda o que estou dizendo, mas vou repetir, seja
cuidadosa. Trate Johnny Gamble como o seu Nissan. Não o
adote como um dos membros do seu zoológico só porque eles
ficam felizes por ter uma casa, alguém que ama e ter alguém
que os ame. Não tenho certeza se é isso que Johnny Gamble
está em busca, mas isso não é o que você deveria procurar.
Meus olhos estavam no boxer que eu adotei um ano
atrás. Dempsey. Ele tinha patinhas brancas e um pedaço do
peito branco que subia até seu focinho, o resto de sua
pelagem era vermelho raposa. Ele estava crescido agora,
lindo, todo meu, e uma das razões pelas quais Kent
enlouqueceu, oito meses atrás, e quebrou a porta da minha
casa.

As outras razões eram porque Kent era estranho,


perseguidor, patologicamente possessivo e possivelmente
insano.

Eu adotei Dempsey quando estava com Kent, então


quando terminamos ele colocou na cabeça que Dempsey era
dele e então decidiu que o levaria.

Triste para Kent, mas não para mim, Dempsey não


gostou muito da quebra da porta, latindo pela casa (coisa que
ele sempre fazia), mas evidentemente naquela noite Dempsey
se encheu disso e por isso, ele mastigou o braço de Kent
enquanto meu outro cachorro, Swirl, atacou sua perna, tudo
isso enquanto eu conversava freneticamente com o operador
do 911.

Depois do "ataque", Kent tentou me convencer a


sacrificar os cachorros.

Felizmente, os policiais viram Kent pelo que ele era, e


levando em conta a derrubada da porta, decidiram que
Dempsey e Swirl eram só os protetores e se recusaram a
continuar a discussão.

Infelizmente, Kent contratou um advogado.


Felizmente, o juiz acreditou na versão dos policiais (e
minha).

Infelizmente, Kent continuou a ser uma dor na bunda e


eu tive que vender minha pequena casa e me mudar para
Matlock.

Felizmente, isso possibilitou que meus cavalos ficassem


bem pertinho de casa e não num estábulo qualquer.

Infelizmente, tudo isso me levou até o Home na noite


passada e a Johnny Gamble que poderia tanto ser alguém
especial em minha vida ou só uma boa memória.

— Izzy, você está aí? — Deanna perguntou.

— Eu não acho que sou feita para uma vida de noitadas


de sexo, — murmurei.

— Oh, querida, — ela disse baixinho. — Você tem


certeza que não quer que eu vá aí?

— Não, mas quem sabe sábado que vem você e Charlie


possam vir e farei algo bem melhor que enxilhadas para
agradecer por vocês terem tomado conta do meu zoológico.

— Você não precisa fazer isso.

— Sim, eu preciso.

Ela deixou aquilo de lado e disse:

— Sim, você sempre precisa.

Deanna e eu trabalhávamos juntas e nos conhecemos


no escritório, subimos juntas na carreira e agora éramos
diretoras de departamentos diferentes.
Eu estava no hospital com ela quando sua mãe teve um
derrame. Ela veio para o hospital comigo enquanto minha
mãe morria de câncer.

Eu também estava lá quando Deanna conheceu Charlie,


e fiquei ao seu lado quando ela casou com ele.

Ela estava lá quando eu conheci Kent e ficou do meu


lado quando ambas estávamos atrás de Charlie que segurava
um bastão de baseball contra Kent e dizia que se ele
aparecesse em minha casa mais uma vez a cabeça dele
afundaria naquele taco.

Deanna era negra, alta e linda. E mesmo que eu


adorasse minha irmã caçula de sangue, Deanna era a irmã
mais velha que eu sempre quis ter.

Desnecessário dizer que com minha obsessão por


controle, havia muitos jantares de agradecimento no passado
e provavelmente haveria ainda mais no futuro.

— Te vejo amanhã no trabalho e estarei aí no próximo


sábado para suas delícias culinárias, — ela me disse.

— Ótimo querida, te vejo amanhã.

— Sim, até amanhã.

— Tchau, Deanna.

Nós desligamos, mas eu não me movi, olhei meus


cavalos caminhando pelo pasto e meus cachorros com eles, o
meu Bernese misturado foi resgatado cerca de um ano após o
fim da minha faculdade.
Eu vim para Matlock pensando que, após perder minha
mãe, de minha irmã ter se casado com um perdedor e o que
aconteceu com Kent, finalmente acertei com essa casa e três
acres.

Johnny e Shandra.

Bem, aí estava. Johnny provavelmente foi embora não


só por estar tendo um dia difícil, com o aniversário de morte
do seu pai, mas por que ele estava decidido a não deixar
ninguém chegar perto, em minha visão ele era esse tipo de
cara. Ele até poderia ter se aproveitado de algumas mulheres
depois de Shandra, mas ele sabia que se sentiria culpado por
isso no futuro. Eu só podia supor que aquilo era verdade,
mas com suas maneiras gentis, acho que era um bom palpite.

Então era o que era. Eu tive minha primeira noitada de


sexo, que não seria só de uma noite. Isso acalmava a boa
garota em mim, mas devastava a sonhadora em quem eu nem
ousava pensar agora.

Comecei a trazer meus cachorros e cavalos para dentro.

Este era meu sonho.

Isto era meu.

Isto aqui era meu paraíso.

Era ordenado e era bonito e cheio de amor. Me lembrava


do que eu tive com minha mãe e irmã, mas sem todas as
outras partes ruins misturadas.

Seria melhor com Johnny ou alguém como Johnny por


aqui?
Talvez.

Mas isto era o que eu tinha por agora.

E era algo lindo.

Então eu pegaria.

E faria o que minha mãe sempre me aconselhou a fazer.

Ser feliz.

Eu já havia passado o esfoliante, tirado o adesivo anti-


cravos do meu nariz e estava prestes a retirar a máscara
facial quando meu telefone tocou.

Olhei para o balcão do meu banheiro onde estava meu


celular e vi o que a tela dizia, Johnny chamando.

Atendi e coloquei o telefone em minha orelha.

— Hey.

— Sem enrolações com você, tocou duas vezes e eu


ganhei um "Hey"’, — foi a resposta dele.

Eu encarei os meus acessórios no balcão do banheiro.

— Desculpe?

— Nada, Iz, — ele disse, parecendo se divertir. — Teve


um bom dia?

Eu andei do meu banheiro direto para minha cama com


cabeceira de ferro, longa colcha branca e outra manta verde
sálvia disposta no final do colchão, almofadinhas brilhantes
junto com os travesseiros com fronhas de flores escuras, subi
nela enquanto respondia.

— Fiz uma missão de reconhecimento na cozinha por


que você irá ganhar sobremesa amanhã também. Então foi
necessária uma viagem até o mercado na cidade. Voltei,
cavalguei Serengeti. Arrumei minhas floreiras de morango e
tomate e plantei algumas ervas. Pesquisei por galinheiros,
eles não são tão caros, mas os que são baratos só comportam
duas galinhas ou quatro galos, então eu acho que preciso
pesquisar mais sobre, considerando que quero no mínimo 6
delas. Talvez oito e eu quero um cercadinho para elas. Agora
eu tenho uma lasanha no forno e estou no meio da minha
máscara facial de domingo à noite. Então juntando tudo, foi
um dia muito bom.

Johnny não disse nada.

— Então, bem... estou hesitante em perguntas, — eu


preenchi o silêncio, — mas como foi o resto do seu dia?

— Floreiras de morango?

— Elas são como potes grandes cheios de buracos de


onde os morangos crescem, — eu expliquei e quando ele não
respondeu nada, compartilhei idiotamente, — as minhas são
de cerâmica azul escura, tenho cinco delas.

A voz dele soou divertida, firme, como se estivesse


chocado quando perguntou:

— Galinheiro?
— Nós tínhamos galinhas quando estávamos crescendo.
Minha mãe não as comia, mas eu e minha irmã sim, e ovos
frescos são difíceis de encontrar. Além disso, galinhas tem
personalidades engraçadas. O cérebro delas é do tamanho de
uma ervilha e mesmo assim elas têm personalidade.

Johnny estava novamente em silêncio.

Ele ficou assim por tanto tempo que eu chamei:

— Johnny?

— Parece que você teve um dia cheio, — ele notou.

— Acho que sim.

— Você acha?

— Bem, quero dizer foi só um dia.

— Canteiros de morango, galinheiros, cavalgadas,


compras e lasanha, — ele enumerou desordenadamente.

— E os meus tomates, minha máscara facial e é claro,


teve o café da manhã e, uh... outras coisas com você.

Ele soltou uma risada rosnada, soou tão bem que


desceu me arrepiando da orelha ao pescoço e até algumas
partes do sul.

— O que é engraçado? — Perguntei suavemente.

— Olhar você sair daquele lustroso Murano8 bordô, sem


um pedacinho de poeira, com aqueles jeans e top fofo e todo
aquele cabelo; nunca teria imaginado você como uma mulher
que quisesse galinheiros e plantasse ervas.

8
Tipo de carro da Nissan.
— Era o dia de lavar o carro ontem, — eu o informei. —
Meu Murano geralmente é cercado por uma camada de poeira
e lama.

— Só acredito quando vir.

— Bom, isso seria tipo agora, desde que ele ficou o dia
todo na frente da casa e por aqui tem muita poeira. Eu não
tenho uma garagem.

— Provavelmente seria melhor considerar isso antes do


galinheiro, querida, — ele aconselhou.

— Talvez, — murmurei.

Ele riu.

Aquilo também desceu pelo meu pescoço.

Desde que ele estava rindo, eu não queria perguntar,


mas já me segurei de manhã naquele dia, então perguntei.

— Você está bem?

— Não faço minha tradição até mais tarde. Estou saindo


em cerca de uma hora.

— Okay, — eu respondi e não insisti sobre o que sua


"tradição" era.

— A que horas você quer que eu chegue amanhã?

Eu encarei minha linda colcha bordada.

Geralmente, eu saía do trabalho as cinco e andava um


pouco em volta para ter certeza que o pessoal alcançou as
metas do dia. O trânsito era de uma hora, se o tráfego
cooperasse. O frango foi cozido hoje e agora era só questão de
separar e adicionar algumas coisas e cozinhar mais um
pouquinho.

Ele vivia próximo à cidade e tinha uma oficina lá (não


que tivesse compartilhado essa parte comigo).

E ele era o cara da cidade pequena com um trabalho


manual. Ou pelo menos ele era dono de lugares com
trabalhos manuais, se talvez ser o dono o fizesse não mexer
tanto nas coisas.

Talvez ele quisesse o jantar na mesa por volta de cinco e


meia, o que era impossível.

— Seis e meia?

— É você que tem que estar pronta para mim, Iz, então
não sei o porquê de isso estar vindo como uma questão. Seis
e meia te dá tempo o suficiente?

— Eu trabalho na cidade.

— Novamente, esse horário te dá tempo suficiente?

— Provavelmente seria melhor por volta das sete.

— Que tal você me ligar quando estiver pronta. Se for


mais cedo, eu irei mais cedo. Se for mais tarde, eu irei mais
tarde.

— Isso soa como um plano.

— Me mande uma mensagem com seu endereço e eu


levarei as camisinhas. Você não precisa se preocupar com
isso.

Eu pisquei para a minha colcha.


Ele estava vindo para jantar?

Ou para ter sexo?

— Ok? — Ele perguntou.

— Eu te envio uma mensagem com o meu endereço, —


respondi.

— Ótimo, querida. Agora vou deixar você ir terminar sua


máscara facial, comer sua lasanha e ler de A até F em uma
enciclopédia.

— Como?

— Izzy, você faz mais em um dia que a maioria das


pessoas em um ano.

— Hmm...— Eu murmurei por que nunca realmente


pensei sobre isso, mas provavelmente era verdade.

Minha mãe me ensinara aquilo. Mesmo quando vivíamos


em apartamentos, ela tinha jardins de ervas na janela da
cozinha, canteiros de tomate no balcão, o máximo de animais
que o senhorio permitisse (e alguns que ele não permitiria), e
em raras ocasiões que tivéssemos dinheiro extra, ela
cozinhava uma refeição vegana usando tofu, lentilha e feijão
que fazia minha boca salivar só com a memória.

Nossa casa nunca estava bem arrumada, mas sempre


que ela tinha tempo arrumava um pouquinho. Ela também
tricotava colchas. Recortava coisas de qualquer lugar possível
para fazer livros de recorte para nós (que agora estavam na
estante do meu escritório). Ela meditava, lia jornais e
qualquer outra coisa, as vezes escrevia poemas ou músicas
que cantava para gente. Frequentemente colocava músicas e
nos fazia dançar com ela, ou algumas vezes só nos levava
para passear em algum lugar e nos deitava em um cobertor
velho para olhar as estrelas.

Eu sempre pensei que era por que não tínhamos


dinheiro para uma TV.

Mas estava começando a me perguntar se, mesmo que


pudéssemos, será que ela teria comprado uma?

— Você acampa? — Johnny perguntou no meio dos


meus pensamentos.

— Isto é se eu já fui ou se iria? — Perguntei de volta.

— Se iria, — ele esclareceu.

— Bem, só para dizer, é um sim para os dois.

— Vou te levar para acampar.

Meu coração saltou.

— Você está livre fim de semana que vem? — Perguntou.

Meu coração saltou mais alto.

Então meu cérebro apareceu.

— Alguns amigos virão jantar aqui sábado à noite.

— Tudo bem, talvez outra hora.

— Eu posso ver se eles conseguem vir sexta-feira. —


Ofereci.

— Se você quiser ir, nós podemos sair sábado de


manhã.
Nós sairíamos sábado de manhã.

E eu tinha certeza de que ele levaria camisinhas.

Mas se você vai acampar com alguém, não seria só por


um lugar alternativo para sexo.

Você o fazia para passar tempo na natureza.

E com quem quer que estivesse junto de você.

— Eu mudarei o dia do jantar, — disse a ele.

— Ótimo, querida. Agora vou te deixar ir.

— Ok. Eu espero, bem... o que quer que você vá fazer,


espero que te traga um pouco de paz.

Ele não disse nada por um longo período antes de


responder:

— Nunca acontece, mas isso foi doce, Izzy.

— Desculpe, Johnny, — eu sussurrei sabendo que ele


queria que eu desligasse, então falei: — Se cuide e te vejo
amanhã.

— Te vejo amanhã, Iz. Até.

— Tchau.

Ele desligou e eu encarei minha colcha.

Nós jantaríamos juntos amanhã e iriamos acampar no


fim de semana.

Eu me perguntei se ele me deixaria levar Dempsey e


Swirl.
Ainda tinha que perguntar a Deanna e Charlie se eles
poderiam cuidar do resto para mim.

Outro jantar de agradecimento.

Isto não seria difícil.

E Johnny queria me levar para acampar.

Ele provavelmente acampava com Shandra.

Mesmo assim, no próximo fim de semana ele estaria


acampando comigo.

Talvez eu fosse uma idiota.

Mas eu não ligava.

Ele não me pediu para ser a mãe de suas crianças ou


feito qualquer promessa, exceto de que viria amanhã e sobre
acampar.

Eu poderia viver conforme o momento.

Eu tinha as informações de que precisava.

Poderia me aproveitar de Johnny.

E poderia deixá-lo se aproveitar.

Eu era Eliza "Izzy" Forrester, filha para Daphne, irmã


para Adeline e se minha mãe e irmã me ensinaram alguma
coisa (e elas me ensinaram muito, bom e ruim, mas em
maioria bom), elas me ensinaram a aproveitar tudo que eu
pudesse.

Então precisava parar de ser obsessiva, ordenada,


pensando sobre tudo.

Eu precisava só deixar as coisas... acontecerem.


Unicórnio

Izzy
— Então você pode vir na sexta no lugar de sábado?

Eu estava no escritório de Deanna e acabei de contar


sobre os planos de acampar com Johnny.

E depois que terminei de falar, observei o rosto dela. Ela


era alguns anos mais velha que eu, mas naquele momento
ela parecia décadas mais sábia e eu estava tentando ver o
que ela achava destes últimos acontecimentos.

— Aquele garoto não está jogando, — ela disse, ao invés


de responder minha questão.

— Como? — Perguntei.

— Charlie disse a mesma coisa ontem, quando eu contei


o que estava acontecendo. Digamos que esse cara estivesse
brincando com você, ele não viria para um jantar. Ele só
ligaria dois dias depois, por volta das nove e meia da noite e
arrumaria um encontro para sexo. Agora ele ligou para você e
combinou um fim de semana inteiro juntos, além de um
jantar. Então sim... esse garoto não está jogando.
— Não tenho certeza de que entendi, — disse a ela.

— Isso porque você teve uma longa seca depois de Kent,


também por que Kent tinha sucesso em ser um psicopata
disfarçado, então quando você o conheceu, nenhuma de nós
percebeu o que ele realmente era e só pensamos que ele
estava caidinho por você. Mas você lembra, nós conhecemos
Charlie em um bar e eu dei meu número para ele, e ele me fez
esperar três dias antes de ligar. Quando Charlie o fez, eu não
atendi. Esperei dois dias para retornar a ligação e quando ele
atendeu, a primeira coisa que eu fiz foi dizer que se fizesse
aquela merda de novo nós nem teríamos um primeiro
encontro. Ele não fez aquilo de novo. Ele era um jogador e
admitiu isso no nosso primeiro encontro. Mas Charlie viu o
que queria em mim e o jogo parou. Este Johnny não está
brincando com você.

Eu queria que isso me fizesse sentir bem.

Em vez disso, falei:

— Não acho que isso importa.

— Uh... o que?

— Ele me quer para sexo.

Ela me encarou.

— E eu estou de bem com isso.

Ela continuou olhando para mim, mas agora parecendo


assustada.

— Quero dizer, não me entenda errado, — continuei. —


Ele gosta de mim, mas eu pensei nisso e Johnny deixou bem
claro que isso talvez seja sobre passar um tempo comigo, mas
realmente é sobre o sexo. Johnny não está me dando a
impressão errada. Ele disse para não me preocupar sobre
hoje à noite, que levaria as camisinhas. Não me perguntou se
poderia levar uma garrafa de vinho ou se talvez eu quisesse
alugar um filme para vermos após o jantar. Ele me assegurou
que levaria as camisinhas. Então eu conheço o terreno e
estou bem com isso.

Seus olhos se estreitaram e ela perguntou:

— Você tem certeza?

Eu acenei.

— Total.

Ela me encarou de novo e não escondeu que não


acreditava naquilo, e ela o fez ao parecer alarmada.

— Eu não estou me sentindo bem sobre isso, — ela


compartilhou.

— Eu estou, — respondi. — Porque, escute, como eu


disse, estive pensando sobre e depois de Kent, isso é perfeito.
Quero dizer, posso passar um tempo com alguém que me faz
sentir linda e engraçada e que não é um maníaco, e que não
precisa ser meu melhor amigo no mundo todo. Eu também
posso fazer sexo incrivelmente bom. Quando for a hora, ele
vai superar isso e talvez nós ainda possamos ser amigos e
talvez me dê descontos na troca de óleo ou algo assim.
— Johnny Gamble colocou um invasor alienígena em
você durante o sexo incrivelmente bom no fim de semana? —
Perguntou.

Eu sorri para ela.

— Não.

— Esta não é a Izzy Forrester que eu conheço.

— É a Izzy Forrester que minha mãe criou e que se foi


quando aconteceu tudo aquilo com Kent... e com meu pai, —
mas Deanna sabia tudo sobre isso então não tinha que
lembrá-la, só a mim, para que eu não encontrasse outro
Kent, ou outro como meu pai. — Isto pode ser a melhor coisa
que aconteceu comigo.

Quando parecia que ela ia dizer alguma coisa, eu me


apressei e falei baixinho.

— Eu irei encontrar o cara certo para mim, e não será


um lunático como Kent ou um perdedor como o marido da
Addie. E também não será um cara que se contentará em me
ter, ou se apaixonará por mim do jeito que ele puder, mesmo
que a maior parte de seu coração pertença a outra pessoa.
Mas eu tenho trinta e um anos Deanna. Desde que me
lembro, fiz tudo do jeito certo. Pesquisei tudo, tirando Kent,
ao ponto em que eu não errava em nada, nenhum erro,
nunca fiz uma cagada tão ruim que estragasse tudo o que eu
tinha. Agora é a hora de me divertir um pouco. Fazer algo só
por que me sinto bem. Eu sei como as coisas são com
Johnny. Mas eu gosto dele e ele gosta de mim. Gosto de ter
sexo com ele e Johnny quer ter sexo comigo. Então sei em
que pé a situação está e estou tranquila com isso.

— Ok então, querida. — Ela levantou dois dedos com


unhas cor de coral até seus olhos e então os apontou para
mim. — Mas eu estarei de olho.

Eu sorri para ela de novo.

— Não esperaria nada menos. Então tudo bem para


vocês irem sexta?

— Completamente. E cuidar dos seus bichinhos


enquanto você estiver acampando. E enquanto estivermos
almoçando sexta, quero saber tudo sobre esse sexo
incrivelmente bom.

Eu ainda estava sorrindo quando respondi:

— Você irá saber. — Encarei a porta e disse: — Tenho


que voltar ao trabalho. Almoçamos juntas amanhã?

— Estou dentro.

Acenei para ela, saí de seu escritório e voltei ao trabalho.

Estraguei tudo.

Estava dirigindo para minha casa naquele fim de tarde,


vendo Johnny sentado na cadeira de balanço da minha
entrada, um joelho dobrado, dois engradados de cerveja ao
lado dele, sua caminhonete estacionada a esquerda, então eu
tinha uma vista limpa dele, todo o meu entendimento sobre a
situação com Johnny voou pela janela e meus nervos
atacaram.

Eu estava atrasada.

E o fiz esperar.

O que era rude.

Mantive meus olhos nele em um estado em que eu não


poderia filtrar o quão lindo ele parecia ao levantar da minha
cadeira de balanço, no pequeno deck de entrada com alguns
sinos de vento pendurados em volta e os canteiros de flores,
além do meu telhado ornamentado que foi uma das razões de
ter comprado esta casa.

Eu tive que estacionar, desligar o carro, pegar minha


bolsa e praticamente mergulhar embaixo do banco do
passageiro para encontrar o meu telefone.

Eu liguei para ele quando estava a trinta minutos de


distância, dizendo que ele poderia aparecer em cerca de
quarenta e cinco minutos e também falei que estava quase
em casa, mas teria que parar para comprar cerveja.

Ele me disse que levaria a cerveja e que estaria em


minha casa daqui a quarenta e cinco minutos.

E então tudo foi para o espaço, parte disso porque meu


celular caiu debaixo do banco, então eu não pude ligar para
ele e dizer que iria me atrasar.
Eu achei meu celular, o guardei e saí do carro batendo a
porta atrás de mim. Habilmente andei, pela trilha que levava
até a entrada da minha varanda com meus saltos altos até
ele, que estava me olhando de cima encostado em uma das
minhas floreiras.

Eu o fiz enquanto falava.

— Eu sinto muito, mesmo, mesmo. Depois que te liguei,


algum idiota ao telefone entrou na minha pista e eu tive que
trocar de pista para evitá-lo e meu telefone caiu embaixo do
banco. Isto foi o porquê de eu não te ligar para avisar que
chegaria atrasada por que havia alguma construção na 32
hoje e o tráfego estava de matar. Então peguei um desvio que
deveria me atrasar em cinco minutos, mas levou trinta
minutos em vez disso, e agora estou atrasada e você ficou me
esperando.

Eu conseguia ouvir os cachorros latindo dentro de casa


e subi os degraus da varanda, mas parei assim que meu
discurso terminou e percebi que Johnny estava me dando
uma olhada dos pés à cabeça.

— Garota de escritório, — ele murmurou tão baixo que


quase não o escutei.

— Como?

Seus olhos vieram dos meus sapatos de volta aos meus


olhos.

— Você é uma advogada? — Ele perguntou.

Olhei para ele.


Eu contei a ele onde trabalhava durante as margaritas
no Home.

— Eu trabalho na Milo-Corporações, no setor de


gerenciamento e segurança de dados, pensei que disse isso
no Home.

— Você disse. Você trabalha como uma advogada para


eles?

— Não, eu sou a diretora do departamento de


gerenciamento e segurança de dados.

Ele sorriu.

— Isso explica tudo.

Eu estava usando calças pretas sob medida que eram


simples e clássicas. No cós eu tinha um cinto cor de ouro
vintage que comprara por quase nada, mas pareciam valer
muito.

Também estava usando uma blusa escura com um corte


que caía de ambos os lados do pescoço, mas era amarrada
em um grande arco no colarinho, que tinha que dizer, era
fabulosa, principalmente porque eu a consegui em uma
promoção (o único jeito que comprava roupas).

Eu também usava um par de saltos pretos e simples.


Sapatos que custaram uma fortuna (mesmo em promoção),
mas eu tomava conta deles melhor do que algumas mães
cuidam de seus filhos.

Na minha vida eu tinha três estilos de roupa: casuais


para o dia a dia, para trabalhar em volta da casa e nos
estábulos, e aquelas para ir ao emprego. Eu gastava o
mínimo possível em todas elas, mesmo quando buscava por
peças que fariam me sentir fofa, ou quando eram para o
trabalho, me sentiria estilosa, profissional e séria, e mesmo
estas eu tentava achar de um jeito que me fizesse sentir fofa e
jovem.

Eu subi mais um degrau e murmurei:

— Sinto muito por ter me atrasado.

— Iz, seu lugar é quase um paraíso de tão linda a vista,


então não foi difícil sentar aqui e apreciar isso, — ele me
disse. — Exceto que eu me senti mal por seus cachorros
terem enlouquecido quando estacionei a caminhonete.

Eu adorei que ele pensou o mesmo que eu sobre a casa


(apesar de que sua casa tinha uma vista bem melhor, elas
tinham mais ou menos o mesmo espaço, mas a minha ficava
em um terreno mais alto).

Com isso em mente, soltei um palavrão por baixo da


minha respiração e corri até a porta.

Dempsey e Swirl correram para fora em uma fúria de


pelos, felizes por mamãe estar em casa.

Eu não me preocupei por Johnny estar lá. Ambos meus


cachorros não tinham muitos problemas com estranhos a
menos que eu tivesse um problema, e geralmente eles só
agiam protetores e alertas até os deixar saber que poderiam
ser amigáveis.
Isto obviamente, não incluía Kent, a quem eles odiavam;
mas eles estavam livres para fazer isso por razões óbvias.

Dito isto, nenhum deles foram amigáveis com Kent, nem


mesmo antes dele mostrar seu lado psicopata (Dempsey,
mesmo quando era um filhotinho não gostava dele e ainda
mais depois que cresceu), mas eu já tinha feito uma nota
mental para levar em consideração a opinião deles em ordem
de fazer uma escolha melhor sobre com quem eu passava
tempo.

Eles giraram em volta de mim, me batendo com as


patinhas e lambendo, balançando o rabo e quando viram
Johnny fizeram o mesmo com ele.

Aparentemente, ele ganhara o selo de aprovação.

— Amigáveis, — Johnny murmurou, se curvando para


eles e os acariciando o máximo que podia no meio de toda
aquela euforia canina.

— O do tamanho de uma montanha é Swirl e o boxer é


Dempsey.

— Hey, garotos, — ele falou, alto, rouco, muito doce.

Ele não tinha bichinhos de estimação.

Mas ele gostava de cachorros.

Aquele arrepio desceu novamente pelo meu pescoço.

Se tornou claro para mim no mesmo momento que se


tornou para Johnny, que os cachorros estavam ignorando o
chamado da natureza só para receber carinhos de um
estranho, enquanto voltavam para dizer oi para a mãe deles,
difícil para eles irem fazer suas necessidades enquanto
estavam recebendo toda essa atenção.

Mas antes que eu o fizesse, Johnny levantou um braço,


estalou os dedos, apontou para o gramado e comandou:

— Vão.

Eles olharam para ele, orelhas apontadas enquanto


desciam os degraus e foram à procura do lugar perfeito para
cuidar de seus negócios.

— Vamos entrar, — eu disse, me abaixando para pegar


um dos engradados de cerveja.

— Gata, nem pense nisso.

Na metade do caminho me virei para olhar para ele.

— Desculpe-me?

Isto me ganhou um grande sorriso branco, antes dele


dizer: — Deixe aí, eu as levarei, só leve sua bunda para
dentro.

Eu acenei, me endireitando enquanto entrava na casa.

A porta fechou atrás de mim enquanto Johnny entrava e


eu joguei minha bolsa e chaves na mesinha de entrada.

Espiei minha gata gorda com pelagem ruiva andando


pela entrada.

Ela parou, me olhou e então me ignorou completamente


e foi até Johnny, esfregando o lado de seu corpinho contra a
perna dele e então exibindo seu traseiro.
— Esta é Kelly, ela é uma namoradeira. Jill e Sabrina
estão em algum lugar por aqui. Sabrina é magrinha e com
pelagem cinza. Jill é desgrenhada com pelo cinza e barriga
branca, ela é pequenina e tímida, você provavelmente não a
conhecerá.

A menos que ele viesse novamente. Jill ficava mais


ousada quando se acostumava.

Eu senti seu olhar em mim, então parei de olhar Kelly,


que não estava nada feliz por ele ignorar seu convite de
acariciar o traseiro dela, mas então, ela não entendia o
conceito de carregar dois engradados de cerveja, e olhei para
ele.

— Você nomeou suas gatas em homenagem as


Panteras9? — ele perguntou.

— Elas não combatem o crime, geralmente só derrubam


as coisas, comem, tiram sonecas e me fazem sentir inferior,
mas ainda são lindas.

Um sorriso apareceu em meio a sua barba, enquanto ele


acenava.

Eu virei em direção ao corredor e disse:

— Siga-me. Podemos colocar essas cervejas no


refrigerador e então eu começarei a cozinhar o jantar. Ai,
sinto muito, vou ter que me trocar e ir cuidar dos cavalos.
Mas depois disso darei conta de fazer uma guacamole para a
gente ter algo para lanchar enquanto a comida fica pronta.

9
Filme de ação com três detetives (Jill, Sabrina e Kelly) que resolvem casos de mistério. Charlie’s Angels
no original.
— Eu posso cuidar dos seus cavalos.

Eu estava no balcão da cozinha, abrindo uma gaveta


para pegar alguns garfos, mas parei e olhei para ele perto da
geladeira com as cervejas.

— Isto é legal de sua parte, Johnny, e Amaretto é um


amorzinho, mas ele também é muito protetor em relação a
Serengeti, que é uma diva encarnada e as vezes ela só não
quer se comportar. Então, se ela o fizer ele ficará do lado
dela. O que significa que pode ser complicado cuidar deles.

— Cresci com cavalos, Izzy. Nós o tínhamos com meu


pai. Meu avô também os tinha. O último do pai morreu seis
meses depois dele, uma semana antes, eu vendi a casa dele e
ele viria para a casa do moinho comigo. Vou conseguir lidar
com eles, e se não conseguir, vou voltar e pegar você.

Estar tranquila em só ter uma relação de cunho sexual


com Johnny Gamble parecia bem mais fácil quando eu
conversava com Deanna.

Era bem mais difícil com Johnny aqui. Especialmente


enquanto eu aprendia mais e mais sobre quão maravilhoso
ele era.

Quero dizer, ele nem me deixara carregar um engradado


de cerveja.

— Isto seria ótimo. E significa que posso começar a


guacamole mais rápido. Minhas enxilhadas de frango são
famosas, mas minha guacamole é reverenciada.
Ele me deu um sorrisinho e murmurou: — Ansioso por
isso. — Sua atenção se voltou para a porta dos fundos, voltou
para mim, e então disse, —Volto daqui a pouco.

Vi-o desaparecer enquanto ia buscar o frango desfiado,


mas não comecei a separá-lo imediatamente.

Olhei pela janela e observei Johnny andar em seus jeans


desbotados que ficavam soltos nele, escondendo toda aquela
gostosura, botas empoeiradas, mas ele havia colocado uma
camiseta jeans, o que era legal. Dizia que ele fez o esforço de
se arrumar para vir à minha casa.

Também assisti quando ele parou para receber meus


cachorros com carinhos quando eles o encontraram, e
continuei olhando enquanto ele ia em frente com meus cães
dançando a sua volta até o estábulo.

Eu o fiz pensando que me levava de quinze a trinta


minutos para cuidar dos cavalos e os arrumar para a noite,
dependendo de quão cooperativa Serengeti fosse.

Então imaginei se houvesse uma pessoa como Johnny


em minha vida, seria muito legal.

Eu amava meus cavalos e nunca pensei, nem por um


segundo, sobre o tempo que me tomava para cuidar deles.

Mas ter alguém me ajudando seria muito bom.

Nunca vivi com Kent. Talvez meu subconsciente


soubesse que havia algo errado sobre ele, e Charlie falou, dois
meses depois que o relacionamento começou, "Desculpe, Iz,
tem algo errado sobre este cara", o que me fez ser cautelosa.
Mas mesmo que tivéssemos ficado juntos por mais de um
ano, nunca me passou pela mente morar com ele.

Eu nunca morei com nenhum cara, nem Kent, ou os


outros dois com quem namorei por um tempo relativamente
longo.

Talvez eu encontrasse alguém como Johnny que


soubesse cuidar de cavalos.

Talvez eu encontrasse alguém que não se importasse em


lavar a roupa e passá-la e dobrá-la também.

Ou alguém que passasse o aspirador.

O que quer que fosse, mesmo antes de eu ir viver


sozinha, com minha mãe trabalhando o tempo todo e minha
irmã sendo uma pessoa louca, era eu que cuidava de todas as
tarefas de casa e dos animais.

Seria super legal ter alguém para ajudar com isso.

Johnny e os cachorros já tinham desaparecido dentro do


estábulo quando eu percebi que ficar imaginando essas
coisas não estava me ajudando a fazer o jantar.

Felizmente o frango estava bem desfiado e a massa das


tortilhas já estava separada, o cheddar Inglês já estava
grelhado e as azeitonas estavam drenadas, então eu poderia
tostá-las e finalizar tudo.

Tirei os feijões pretos da geladeira, os abri e coloquei no


forno junto com o frango e fui para o segundo andar para
trocar de roupa, enquanto Johnny não voltava.
Nós poderíamos conversar enquanto ele comia a
guacamole, mas depois de me atrasar, não queria fazê-lo
esperar enquanto trocava de roupa.

Eu já tinha planejado minha roupa, então não me


tomou muito tempo para tirar as que eu estava usando e
colocar um par de calças de moletom com uma blusinha
verde.

Tirei meus brincos e relógio, os deixei na penteadeira e


desci descalça pelas escadas, levantando meu cabelo para
fazer um coque desarrumado.

Cheguei na cozinha e olhei pela janela, sem ver Johnny.


Considerei ir lá ver como ele estava indo, mas decidi dar
tempo para ele e busquei os abacates.

Comecei a retirar o miolo, meus olhos indo para a janela


frequentemente, então vi quando ele, cinco minutos depois,
veio para fora dos estábulos com meus cachorros.

Foi então que percebi como gostava do jeito dele andar.


Era confiante, masculino, mas gracioso. Só era como era.
Parecia do jeito que parecia. Se movia do jeito que o fazia. O
fato de que ele fazia tudo isso de uma forma incrível não era
notado por ele.

Ele só era...

Ele.

Retirei o miolo dos abacates, coloquei um pouco de sal e


estava misturando as cebolinhas e pimentas quando Johnny
e os cachorros entraram.
— Serengeti decidiu se fazer de diva, — eu adivinhei,
olhando por cima do meu ombro para ele, no meio do
processo de misturar tudo e pressionar minha perna contra
meus cachorros para dizer oi.

— Seus cachorros gostam de estranhos, seu Palomino,


não tanto, — ele respondeu.

— Não, ela não gosta, quando ela sente vontade de fazer


isso. Ela só está sendo uma diva hoje.

Ele me deu um olhar divertido e foi até a geladeira. —


Você quer uma cerveja?

— Eu não bebo cerveja. Mas tem uma garrafa de vinho


aberta aí dentro. Se você puder servir um pouco para mim.
Taças de vinho estão por ali. — Eu acenei com minha cabeça
para o lado oposto da parede.

— Entendi, — ele murmurou.

— Isto não vai levar muito tempo, e então podemos


sentar na varanda da parte de trás e comer guacamole
enquanto as enxilhadas ficam prontas.

— Você vai me fazer comer vegetais? — Perguntou.

Eu sorri para ele. — Você é um garoto crescido, duvido


que possa te obrigar a fazer qualquer coisa, mas farei uma
salada. Se você não quiser comê-la não irei me ofender.

— Vamos testar e ver se meu corpo consegue aceitar ser


alimentado com algo saudável.

Ri suavemente, decidindo não zoar a cara dele porque


eu sabia que, de alguma forma, ele tomava conta daquele
corpo, ou não seria daquele jeito e voltei-me para a
guacamole.

Estava espremendo o limão na mistura, quando Johnny


disse atrás de mim. — Cozinha legal.

Olhei por cima do ombro para ele enquanto se apoiava


na ilha da cozinha, uma cerveja em uma das mãos, a outra
apoiada no balcão, atenção voltada para mim.

— Felizmente, a maioria já veio assim. Eu troquei a pia e


consegui um bom negócio com os balcões de mármore porque
uma senhora os encomendou e depois decidiu que não os
queria. Além disso, eu só pintei, comprei algumas coisas e
voilá.

— É encantadora. Doce. Como você. Mas eu sinto


minhas bolas encolherem só de ficar aqui.

Meu corpo sacudiu e eu soltei uma risada alta, olhando


para os protetores de copo cor de creme, os puxadores
verdes, sabendo que embaixo da pia tinha uma cortina creme
com rosas. Havia mais cortinas com flores nas janelas acima
da pia. Havia prateleiras ao redor da pia com vidros verdes
que herdei da minha mãe (que herdou da minha avó), junto
com outras coisas que encontrei ao longo dos anos, algumas
na cor rosa, mas até o meu mixer era verde menta. Todo o
resto era creme. E definitivamente tudo era feminino.

— Eu vou terminar em um segundo, e então vamos te


tirar da zona de perigo e ir até a varanda.
— Gata, sua varanda parece mais confortável que minha
sala de estar. Tem mais almofadas no seu sofá de lá do que
em minha cama. Tem até uma lâmpada lá.

— Eu gosto de ficar confortável, — falei enquanto


encarava a guacamole.

— Tenho um palpite que você foi bem-sucedida nisso,


com todas aquelas almofadas.

Ri suavemente de novo e então me movi para pegar um


prato para as batatinhas e um para o molho.

— Você pode ir lá para fora, — disse a ele. — Só vou


lavar isso e arrumar as batatinhas, estarei lá fora em dois
segundos.

— Estou levando seu vinho, — ele respondeu.

— Obrigada.

Eu lidei com os pratos e batatinhas, e para brincar com


ele peguei os guardanapos rosa choque que encontrei em
uma loja de antiguidades. Eu os estava guardando para uma
ocasião especial, uma festa ou algo assim, mas decidi que
agora era a hora perfeita para usá-los.

Os localizei e coloquei junto com o resto.

Johnny estava no meu sofazinho, ambos os cachorros


andando ao redor dele na varanda, decidindo-se onde sentar
enquanto eu me acomodava ao seu lado, colocando os
guardanapos para baixo e arrumando os potinhos na mesa a
nossa frente.

— Jesus, — ele murmurou, olhando os guardanapos.


Eu ri.

Dempsey chegou perto e encarou as batatinhas


esperançoso.

— Não, bebê, — eu murmurei.

Ele me deu um olhar adorável e Swirl veio também para


encarar a comida.

— Não para você também, lindinho, — disse a ele.

Ele grunhiu e então rodeou a mesa e deitou a barriga


em meus pés.

Dempsey escolheu Johnny, parcialmente porque com


Swirl ali não havia muito mais espaço. Mas principalmente
por que Swirl era mais velho e já aprendeu que não
significava não. Johnny era uma entidade desconhecida, e
talvez pudesse lhe dar algumas batatas.

— Eles vão ganhar ossinhos depois, mas nada de


batatinhas, — disse a Johnny.

— Certo, — Johnny respondeu, se inclinando para


passar uma batatinha pela guacamole enquanto olhava para
Dempsey, murmurando: — Desculpe, camarada.

Dempsey pareceu desolado.

Johnny se arrumou na cadeira da mesma forma de


antes.

Foi aí que ele me tocou pela primeira vez naquela noite.


Ele fez isso ao colocar um braço nas minhas costas, o
calor da sua pele penetrando a minha, viajando desde minha
espinha para o resto do corpo.

— Cristo, Iz, essa é a melhor guacamole que eu já comi,


— ele atestou.

Fiquei feliz.

Também fiquei feliz pelo lembrete que me trazia sobre o


que éramos, com seu toque em minhas costas.

Não pensei sobre isso, mas ele não me beijou quando


nos encontramos na entrada. Não tocou em mim ou chegou
perto. Em minha cozinha, também não se aproximou. Mesmo
sendo um cômodo pequeno, ele ficou parado perto da ilha. De
fato, não houve nenhum toque, uma mão em meu rosto, um
beijo no pescoço. Nada.

Não havia nenhuma intimidade ou afeição.

Nós iríamos comer agora e fazer sexo depois.

Ele talvez nem passasse a noite.

Isto era o que éramos. Quem éramos. O que estava


acontecendo aqui.

E Johnny ajudando com os cavalos e me fazendo rir na


cozinha, não mudava nada disto.

Eu me inclinei para trás, comendo minha batatinha e


ele soltou o contato comigo para pegar a comida.

Depois de engolir eu disse:

— Fico feliz que você tenha gostado.


— Preciso dessa receita, — ele me disse.

— Desculpe. Só irei dá-la para minhas filhas, e só


depois delas jurarem entregar somente para as filhas dela.

Johnny virou sua cabeça para o lado e me deu um olhar


brincalhão.

Então retornou para a guacamole.

Me inclinei para frente e busquei meu vinho.

Depois que ele bebeu sua cerveja e se endireitou


novamente, me virei para o canto, colocando uma perna em
cima do sofá, o que significava que meu joelho esta
pressionada contra sua coxa, algo ao qual ele não reagiu,
mas pareceu perceber.

E agora era o momento de colocar algumas coisas para


fora do caminho.

— Posso conversar com você sobre algo embaraçoso?

Dempsey estava sentado perto dele, inclinado contra


aquele lado do assento, e a atenção de Johnny foi do
movimento de acariciá-lo para mim.

Ele olhou cuidadosamente, mas disse:

— Claro.

Eu segurei minha taça de vinho em frente a mim e


continuei com a decisão que tomei após conversar com
Deanna naquela tarde.

— Eu me mudei para cá faz pouco tempo. E o fiz por que


tenho alguns amigos que já moravam aqui e adoravam. Eles
estão aqui cerca de cinco anos. Eles são um casal Deanna e
Charlie. Deanna, na verdade, é minha melhor amiga. Foi ela
que veio aqui cuidar dos meus bichinhos.

— Ok, — ele disse quando parei de falar.

— Bem, eu disse a ela que estava com você e Deanna me


disse que você é o dono da Gamble Garagens.

Ele pareceu relaxar e se inclinou novamente para


buscar uma batatinha e mergulhá-la no molho, dizendo, —
Eu sou.

— Ela me disse que há muitas delas. — Disse a ele.

Ele colocou a batatinha na boca, mastigou e se reclinou


no assento para olhar em minha direção.

Ele engoliu e respondeu:

— Depende do que você considera muitas. Nós temos


oito garagens. A Círculo K tem mais de mil.

A resposta dele não foi defensiva, só informativa.

Mesmo assim foi estranho.

— Não, o que quero dizer é que isso é bem


impressionante.

— Meu avô tinha uma esposa e três crianças para


alimentar, um garoto e duas meninas, — Johnny
compartilhou. — Naquela época só havia uma garagem, a de
Matlock. Ele percebeu que nunca conseguiria ter algo para
entregar aos filhos se não expandisse. Ele começou a vender
e comprar mais gás, trocar mais filtros, encontrar peças mais
baratas e acordos com revendedores, aí foi a hora de
diversificar e conseguir mais formas de renda. Então ele abriu
mais duas garagens. Meu pai elevou o número total para sete
e eu adicionei mais uma.

Eu acenei.

— Mas eu sou um mecânico, — ele anunciou. — Eu


tenho um gerente administrativo que lida com toda essa
merda porque fico muito entediado só de pensar nisso. Eu
olho os arquivos dele e nos encontramos uma vez por semana
para que eu possa tomar decisões. E sou o único que pode
assinar cheques, porque não sou um completo idiota. No
resto do tempo eu reparo transmissões e arrumo freios.

— Eu... você está bravo? — Perguntei, porque pelo seu


rosto eu realmente não conseguia dizer se ele estava bravo ou
não.

— Não estou bravo. Estou me perguntando por que você


achou que essa seria uma pergunta estranha.

— Esta não é a parte constrangedora. — Eu disse


cuidadosamente.

— Então, que tal chegarmos logo nesta parte, — ele


falou prontamente.

Eu decidi ir rápido e terminar logo com isso.

— Minha amiga também me contou sobre Shandra, —


falei baixinho.

Também o observei cuidadosamente.

Mas nada mudou em seu rosto sem emoções, exceto,


talvez a pele envolta de sua boca tenha tensionado um pouco,
mas eu não poderia dizer com certeza, considerando que esta
pele estava coberta pela barba.

— Matlock basicamente e todo mundo que estava em


volta, quando eu estava com Shandra, decidiu o que havia ou
não acontecido conosco, mas só Shandra e eu realmente
sabemos. Então não escute essas merdas.

— Eu só queria dizer que, se ela é a razão pela qual...

— Eu perdi meu pai três anos atrás, na data em que te


conheci Eliza. Isto era o porquê de eu estar daquele jeito
ontem. Não dê ouvidos a estas porcarias.

— Ok, — disse hesitante. — Mas posso só dizer... bem,


pensei que você deveria saber. Você deveria saber que alguém
me contou isso. Saber que sei. Eu não queria que... quero
dizer, você não vive numa bolha e nem eu, então imagino que
você pensou que eu falaria sobre isso com minhas amigas.
Mas também acho que não é legal falar sobre você, descobrir
coisas sobre você, sem te dizer que eu sei.

Ele não disse nada sobre isso.

Então terminei meu discurso.

— É só isso, esta era a parte constrangedora. — Eu girei


uma mão em um movimento que era tão desconfortável
quanto eu me sentia. — Está feito.

— Eu a amava. — Ele disse.

Agora fui eu que não disse nada sobre isso.

— Pensei que teríamos bebês e passaríamos o resto da


vida juntos. Isto não aconteceu. Nós terminamos faz muito
tempo. Ela não está em nenhum local próximo de Matlock e
não vai voltar. Isto ferrou com minha cabeça? Sim. Quando
um homem decide que vai passar o resto de sua vida com
uma mulher e então tudo acaba, isto tende a acontecer. Mas
já foi. Ela se foi. E agora está feito.

— Sinto muito que isso tenha acontecido. — Falei


gentilmente.

— Você não era uma virgem antes de nos conhecermos,


então imagino que não sou o único sentado aqui com um
histórico.

— Eu nunca estive apaixonada, — compartilhei


baixinho.

— Evite, — ele avisou, resoluto. — É uma droga.

E novamente...

Aí estava.

— Odeio que você se sinta desse jeito, — disse a ele,


ainda com a voz baixa. — Meu pai foi alguém difícil de amar.
Não da mesma forma, imagino, mas ele era. Minha mãe
nunca se recuperou. Ela tentou, muito. Então, mesmo que eu
nunca tenha sentido algo assim, entendo um pouco o que
você quer dizer, vendo ela procurar por algo que não ia
encontrar. Porque as vezes eu gostaria que ela tivesse
procurado outro modo de ser feliz.

— Você mudou, — ele declarou.

Senti minha cabeça virar levemente, surpresa pelo


comentário.
Mas suspeitei que ele disse isso só para mudar de
assunto.

— Sim, eu fui lá em cima enquanto você estava no


estábulo e mudei minha roupa, — confirmei.

— Não, — ele disse firmemente. — Ontem, você estava


nervosa e insegura, a menos que te tivesse na cama. Doçura,
antes você estava deixando seus nervos tomarem conta de
você, o que a levou a fazer coisas estúpidas, mas tímida para
caramba. Agora você não está assim.

— Estou no meu espaço, — expliquei.

— Não é isso, — ele respondeu.

— Eu também fui uma completa idiota, de uma forma


bem ruim, então quebrei o selo nisso, assim você não ficará
tão surpreso, ou com raiva, se eu fizer de novo. Mas só para
dizer, eu posso ser muito confiante quando estou servindo
minha famosa guacamole, porque, como você pode perceber,
— eu movi minha taça de vinho em direção a tigela, — é
digna de confiança. Já no resto da noite, só para avisar,
qualquer coisa pode acontecer.

Ele não disse nada novamente.

— E acampar, o que eu assumo que será de sábado


para domingo, já avisando, com essa quantidade de tempo,
eu poderia causar um mini apocalipse no estilo Johnny-Izzy.

A boca dele contraiu.

— Mas vai ficar tudo bem durante as enxilhadas, porque


estas também são de matar, — eu assegurei.
— Você tem planos para quarta-feira? Ele perguntou.

Meu coração pulou.

— Não.

— Vai ser minha vez de te ofuscar com minha culinária.

Um sorriso lento se espalhou pelo meu rosto.

— Está combinado.

Ele se inclinou novamente em direção a guacamole,


enquanto dizia.

—Só para dizer, baby. — Ele molhou uma batatinha, se


sentou para trás e me olhou nos olhos. — Eu aprecio, você
ser honesta comigo. Você está certa. Eu não ficaria legal, se
você soubesse alguma merda sobre mim e não
compartilhasse. Então, obrigado por isso.

Ele então colocou a batatinha na boca.

— De nada, Johnny.

Ele apontou com a cabeça para a tigela.

— Vou comer tudo aquilo sozinho?

Eu sorri para ele e balancei minha cabeça, inclinando-


me em direção a tigela e buscando uma batatinha, disse:

— Não.

Me sentei novamente e coloquei a comida na boca.

Quando eu estava engolindo meu primeiro gole de vinho,


a mão dele se acomodou no meu joelho, que estava
pressionado contra sua coxa.
Eu senti aquele arrepio e engoli o vinho gelado.

— Agora, — ele murmurou, e olhou para mim. — Você


honestamente vai me fazer pedir por um beijo?

Ele queria um beijo.

— Não, — eu sussurrei, me inclinando em sua direção,


colocando minha própria mão em sua coxa e meu rosto
próximo ao dele.

Ele colocou os dedos pelo meu cabelo enquanto a outra


mão segurava meu pescoço, me puxando para perto dele.

Eu o beijei, mas ele me beijou também.

E então ele me soltou, eu me sentei ereta e nós


comemos toda a guacamole e batatinhas.

Mais tarde, depois das enxilhada e de Johnny declarar


que minha torta de maçã era ainda melhor que a guacamole,
ele me ajudou a limpar tudo, depois que o deixei dar ossinhos
para os cachorros, eu o levei para o segundo andar e o guiei
até o meu quarto.

Parei de andar, porque senti ele parando.

As enxilhadas foram muito bem, apesar de Johnny


concordar com isso, ele gostou mais da guacamole (antes de
provar a torta).
E a metade do prato dele que foi servida com salada,
não fez nenhum mal ao seu corpo.

Além disso, as coisas estavam relaxadas, fáceis. Nós


estávamos nos conhecendo, talvez não compartilhando nada
muito profundo, mas agora eu tinha a informação,
confirmando o que Deanna me disse, que ele tinha um irmão,
e também sabia que ele teve um cachorro chamado Ranger, e
mais tarde eu descobri que ele tinha trinta e quatro anos e
nunca foi para a universidade. Ele foi para a escola técnica de
mecânica, mas já sabia quase tudo o que eles ensinavam por
lá, pois já trabalhava com seu pai na época (e com seu avô
também, antes dele morrer). E não tinha problema algum em
levar Swirl e Dempsey para acampar conosco.

Durante tudo aquilo, eu não fiz papel de idiota.

Porque Johnny não escondeu o que iríamos fazer depois


de arrumar a cozinha e dar ossinhos para os cachorros, e ele
o fez ao olhar para mim e dizer:

— Agora, Iz, onde fica o seu quarto?

Então agora, nós estávamos prestes a fazer sexo.

E eu estava nervosa como um gato.

Eu olhei para ele e o vi encarando o lustre antigo e cheio


de cristais que encontrei em uma venda de garagem e
comprei por muito pouco, porque estava estragado. Mas eu
arrumei e limpei e agora, era fabuloso.

— Johnny?

Ele sorriu enquanto seus olhos encontravam os meus.


— Você tem um lustre no seu quarto?

Eu ri, os nervos começando a se acalmar um pouco.

Eu também me arrepiei.

— Eu vou acordar amanhã em sua cama, coberto de


glitter? — Ele perguntou.

Meu coração acalmou e o nervoso sumiu.

Ele iria passar a noite.

— Eu acho que não, — respondi.

— Melhor começar a te foder antes que eu vire um


unicórnio ou algo assim, — ele murmurou.

Eu soltei uma risada alta.

Parei de rir quando Johnny me fez uma proposta, esta


proposta terminando com ambos deitados na cama, ele em
cima de mim.

E então ele começou a me foder.

Descobri que ele trouxe cinco camisinhas.

Mas antes de eu desmaiar, nua em seus braços, nós só


usamos três delas.

Ainda assim, foi bom que ele veio preparado.

— Iz.
Eu me virei da pia e olhei para Johnny.

Ele estava parado na entrada da cozinha, o cabelo todo


bagunçado, com os jeans abotoados, mas sem o cinto, camisa
posta, mas não abotoada, pés descalços, com as botas na
mão.

Seus olhos estavam preguiçosos e focados em meu


ombro.

— Você está acordado, — eu disse.

— Querida, — ele respondeu.

— O que? — Foi minha resposta.

— O que é isso no seu ombro?

Eu olhei para baixo, para o canário cor laranja pêssego


em meu ombro.

Aquele canário estava cantando.

Olhei de volta para Johnny.

— Esse é o Wesley.

Ele me encarou.

Eu apontei para o canário amarelo, pendurado no


balcão.

— Aquele é o Copinho de Manteiga.

— Jesus, — Johnny murmurou.

— Eles me fazem companhia enquanto faço café da


manhã, — disse a ele, me movendo até a cafeteira. — Você
quer café?
— Querida, — ele disse.

— O que? — Perguntei, olhando novamente para ele,


vendo que seus olhos estavam mirando o chão.

— O que é isso em seus pés?

Me concentrei nos meus pés, depois voltei minha


atenção para ele.

— Botinhas de borracha.

— Por que? — Indagou.

— Por que? — Repeti para ele.

— Por que você vestiu botas de borracha junto com seu


pijama?

— Eu tive que ir alimentar os cavalos e soltá-los um


pouco.

Seus olhos desceram da minha camisa do pijama até


minha calça, que eu tive que enrolar no calcanhar para pôr
minhas botinhas.

— Se eu estiver aqui, você tira a minha bunda da cama


e me manda cuidar dos cavalos.

Minha barriga virou do avesso.

— Ok, — sussurrei.

— Eu não sei que horas são, mas sei que não quero
saber que horas são. Você levanta tão cedo assim todo dia?

— Eu tenho muitas coisas para fazer de manhã e o


trânsito demora.
Ele derrubou suas botas no chão, entrou na cozinha e
veio em minha direção.

Ele não me beijou ou me tocou.

O que ele fez foi levantar um dedo.

Wesley pulou nele.

Johnny virou sua mão para próximo de seu ombro e


Wesley foi para lá.

Meu mundo inteiro estremeceu, porque apesar disto ser


passível de argumentos, aquilo podia ter sido até melhor que
um beijo.

Eu senti aquilo.

E também ignorei.

Então Johnny pegou a jarra da cafeteira ao mesmo


tempo em que pegava uma das canecas penduradas nos
ganchos embaixo de uma prateleira.

— Vá fazer o que você faz para se transformar em garota


trabalhadora. Eu irei fazer o café da manhã.

— Mulher trabalhadora, — eu o corrigi.

Seus olhos sonolentos e lindos vieram em minha


direção.

— Não aperte meus botões as três da manhã.

— São cinco e meia, Johnny.

Suas sobrancelhas atrativas e grossas subiram.

— O que eu disse sobre não apertar meus botões?


Eu sorri para ele.

— Vá, — ele disse ruidosamente.

Eu continuei sorrindo, me virei em minhas botinhas e


fui até a porta de trás.

Tirei minhas botas, as sacudi e voltei para casa, mas


parei na porta da cozinha.

Johnny, com Wesley ainda em seu ombro, estava


espreitando a geladeira com a porta aberta, uma mão no
puxador, a outra segurando a caneca de café com seus dedos
fortes e longos.

— Johnny? — Chamei.

Ele virou para mim, mas não fechou a geladeira.

— Você não se transformou em um unicórnio, —


observei.

— Eu ainda tenho o equipamento para perfurar você,


então se você não quiser se atrasar para o trabalho é melhor
parar de ser tão fofa, enquanto está sendo uma espertinha e
ir se transformar em mulher trabalhadora.

— Mensagem recebida, — eu respondi, com um grande


sorriso.

— Izzy, nenhum ser humano normal sorri tanto assim


as três da manhã, ele resmungou.

— São cinco e meia, — repeti.

— Querida? — Ele chamou.

— Sim, — respondi.
— Suba as escadas.

Continuei sorrindo para ele.

Depois que eu fiz isso pelo máximo de tempo que achei


que ele ia aguentar, me virei e corri escada acima.
Capitão

Johnny
Ele atendeu mesmo sem saber quem estava ligando.

Ele não devia ter atendido.

Depois que ele atendeu, ela falou em seu ouvido.

— Johnny?

Ele fechou os olhos.

Três anos.

Aquela voz estava de volta depois de três anos.

Cristo, isto nunca teria fim?

— Johnny, — ela disse suavemente.

— Não, — ele ordenou.

— Eu estou voltando para Matlock.

— Não, — ele repetiu.

— Preciso te ver.

— Três anos, — ele afirmou.

Ela não tinha nada a dizer para ele.


— E você me liga e diz que está vindo para cá, e que
quer me ver?

— Precisamos conversar.

— Você fez sua decisão.

— Tem coisas que eu preciso te dizer.

— Eu não dou a mínima.

— Aquilo estava fora do meu controle.

— Não estava.

— Você não entende.

— Eu entendi. Entendi que você saiu pela porra da


porta uma semana depois da morte do meu pai.

— Você sabe o porquê, não tive escolha.

— Eu te falei quais eram suas escolhas, você só


escolheu errado.

— Você não poderia me pedir para fazer aquilo.

— Você não está lembrando direito. Eu poderia. Eu pedi.


E você me deu sua resposta ao sair pela porta.

— Ele é meu irmão. O que eu deveria ter feito?

— Definitivamente, não ir se esconder com ele.

— Você sabe como era entre a gente, — ela disse


suavemente.

— Eu sabia. Então...o que? Agora você está ligando e


quer conversar, me diga que ele fez a coisa certa, se entregou,
ele está cumprindo sua pena e você está livre dessa merda
toda?

— Ele... eu não sei onde ele está.

Johnny fechou os olhos novamente, murmurando:

— Certo.

— Eu... acabou.

Johnny abriu os olhos e repetiu:

— Certo.

— Eu estou farta dele. Ele teve sua última chance.

— Você precisa de dinheiro? — Johnny perguntou.

— Não, — ela soou ferida. — Claro que não.

— Então, por que você está ligando Shandra?

Ela voltou a sussurrar:

— Johnny.

— Você me destruiu.

Ela não sussurrou.

Ela não disse coisa alguma.

— Papai morreu. Toby estava sendo o Toby de sempre.


Seu irmão de merda estava cometendo crimes como
usualmente. Ele precisava de você. Eu precisei de você. E
você escolheu ele.

— Eu pedi para você vir conosco. — Ela o lembrou.

— Fugir e me esconder, com um babaca que roubou um


banco? — Ele perguntou sem acreditar.
— Você poderia ter colocado alguma razão na cabeça
dele. Ele te escutava.

— Ele não escutava ninguém, Shandra, Talvez a voz na


cabeça dele que o levava a fazer essas merdas estúpidas, atos
idiotas de um retardado.

— Ele era tudo o que eu tinha.

Cristo.

Cristo.

Por que aquilo ainda queimava?

— Sim, no fim ele era, porque você fez a situação assim.

Ela soou machucada.

— Johnny, você sabe o que eu quero dizer.

Oh, ele sabia o que ela queria dizer.

— Então você não consegue me perdoar, — ela soou


triste agora.

— Eu te perdoei cinco semanas depois, no dia em que


eu tive que sacrificar Lace. Que também aconteceu de ser o
dia em que eu terminei aquele banheiro de merda que você
desenhou, que você amava tanto e não conseguia esperar
para usar. Você colocou aquela jarra lá para iniciar a
decoração, antes mesmo de eu terminar a maldita coisa. Foi
então que tudo ficou claro para mim, seu pai era um babaca,
sua mãe não valia nada, e enquanto crescia, tudo o que você
tinha era seu irmão. Até você me conhecer. Mas quando foi a
hora de decidir, a sua lealdade estava no sangue. Eu
entendo. Eu ainda tenho que aguentar as merdas do Toby,
então entendo. Isto não muda o fato de que a escolha que
você fez me deixou entender onde eu estava. E pela sua
escolha, de onde eu estava, não havia chance nenhuma.

— Você teve que sacrificar a Lace? — Ela perguntou,


sem esconder que essa notícia a irritava, como deveria. Ela
amava aquele cavalo. Todos o faziam.

Ele se lembrou dela, com o cabelo vermelho esvoaçando


atrás, o sorriso que ela dava para ele por baixo do boné,
montada em Lace enquanto ele e seu pai sentavam na
varanda da casa, sorrindo como idiotas porque Johnny tinha
feito o que seu pai não conseguiu.

Ele encontrou uma boa mulher que o amava mais do


que tudo.

Foi bom seu pai ter morrido antes dela ir embora.

Ele nunca soube que aquilo não era verdadeiro.

— Ele morreu e ela adoeceu tão rápido, era como se ela


soubesse e não quisesse ficar em um mundo sem ele.

— Oh Deus, Johnny, — ela disse gentilmente.

— Podemos terminar com isso?

— Eu... ainda estou com Ranger. Ele está bem.


Saudável e feliz... Mas, eu acho que ele ainda sente sua falta.

Isto era fora do normal dela. Isto estava próximo de fazê-


la uma vadia.

Ele falou para ela levar o cachorro. Ele não poderia estar
lá para protegê-la de qualquer coisa em que seu irmão se
metesse. Mas ele poderia deixá-la com Ranger.
Ela chorou, soluçou, falou que me queria junto, e se eu
não pudesse ir, ela não levaria um cachorro para longe de
seu dono. Ela não poderia fazer isso com Ranger. Ela não
poderia fazer isso com ele.

Mas ele disse que se ela tivesse que ir, ela iria com
Ranger, e ela o conhecia bem, para ser sincero, o conhecia
até a alma. Ela sabia que ele a deixaria ir, se fosse isso o que
ela queria, mas ele não iria deixá-la sair pela porta sem
alguém para protegê-la.

Então ela levou o cachorro.

— Nada legal, — ele murmurou.

Novamente, com a voz ferida.

— Eu achei que você gostaria de saber.

— Agora eu sei.

Ela esperou um pouco antes de dizer:

— Eu quero ir ver você.

— Com que propósito?

— Você sabe.

— Eu sei, então a pergunta continua a mesma, para que


propósito?

E novamente, a voz machucada.

— Podemos só conversar?

Ele tinha uma desculpa para não ir "só conversar".

Ele estava vendo Izzy.


"Vendo" era um termo perdido, após o pequeno tempo
que eles tiveram juntos, mas eles tinham planos para fazer
esse tempo ficar mais longo e ele foi quem fez esses planos.

Eles foderam muito e tiveram um encontro, mas ele


ainda sabia que se algum dia houvesse outro alguém para
ele, seria aquela mulher.

Mas ele já tinha encontrado seu alguém e não poderia


haver dois desses.

Para Johnny, porque ela foi embora três anos antes, não
haveria outro primeiro alguém.

O que significava que uma decisão precisava ser


tomada, ele não iria fazer aquilo com uma mulher como Izzy.

Não, uma mulher como Izzy, com suas almofadas em


demasia e um sofá na varanda de trás, e seus passarinhos
cantando em seu ombro, e sua guacamole e honestidade, e
suas histórias sobre a mãe falecida precisava de um homem
inteiro que poderia se entregar completamente para ela, não
um homem pela metade, que deu metade dele para a mulher
errada.

Shandra não teria nenhuma parte de Izzy.

Izzy sabia sobre Shandra.

Mas Johnny poluiria tudo que Izzy era com a bagunça


que Shandra fez com ele.

— Não, — ele respondeu.

— Meu pai está doente, — ela falou.


— Não conheço um homem que mereça isso mais do que
ele.

— Eu entendo o porquê de você se sentir assim. É difícil


para eu fazer meu dever como uma filha, quando entendo o
que você sente melhor do que todos. Eu ainda tenho que ir
vê-lo.

— Depois da escolha que você fez com seu irmão, se


você acha que isso me surpreende, realmente não.

— Eu posso estar me mudando de volta para casa, —


ela comentou.

Merda.

— Eu gostaria que você não fizesse isso.

— Eu posso não ter uma escolha.

— Então me evite.

— Johnny...

— Shandra, só não.

Ela esperou um tempo.

Mas Shandra era Shandra.

Gentilmente, ela disse:

— Ok, eu não irei aí. Eu tenho que voltar para casa,


mas vou te evitar, Johnny.

— Obrigado.

— Me diga uma coisa, você está feliz?

Ele não estava feliz.


Sua felicidade andou porta a fora para fugir com o irmão
dela, uma semana depois da morte do pai dele.

"Você não se transformou em um unicórnio".

— Sim, — ele respondeu.

— Eu... ok, — ele quase podia escutá-la engolir. — Bom.

Ela não perguntaria, não sobre outra mulher. Não


porque não queria saber. Mas porque ela era Shandra. Ela fez
algo horrível com ele e isso a machucou só um pouco menos
do que o machucou.

Ela não o colocaria nessa posição.

Não estragaria o que ele tinha com outra mulher.

Ela não faria isso.

Mas ela poderia se perguntar.

E Johnny sabia que ela estava se perguntando.

— Se cuida, — Johnny disse.

— Você também, — ela sussurrou.

— Adeus Shandra.

— Tchau, Johnny.

Ele não hesitou em desligar.

Também não hesitou em fazer o próximo movimento,


algo que ele sabia que não deveria fazer após falar com
Shandra pela primeira vez em três anos.
Ele foi para suas mensagens, procurou um número
específico e digitou: Você se lembra de como se chega à minha
casa do moinho?

Ele foi até o carro em que estava trabalhando, mas não


teve uma chance de começar porque Izzy enviou de volta.

É dirigir para fora da cidade até você chegar em uma


estrada de terra e aí é só dirigir até encontrar uma casa feita
de pedras com uma roda d’água?

Sim, ele não deveria ter enviado uma mensagem para


ela após falar com Shandra pela primeira vez em três anos.

Isto porque o sorriso que a mensagem dela provocou


nele parecia errado, corrompido.

Ele tinha que sair da vida dela.

Ele tinha que fazer isso amanhã à noite durante o


jantar.

Droga, ele deveria pedir para ela encontrá-lo no Home e


falar lá mesmo, não fazê-la vir até o moinho só para ele dizer
que o que nem começou nunca poderia acontecer.

Ele não mudou os planos.

Você perdeu cerca de três entradas, ele enviou de volta.

Ooops, ela respondeu.

Sim, ele tinha que sair da vida dela.

Me salve de esbarrar em um lunático que vai ter um


bunker subterrâneo e que vai me sequestrar, me manter cativa
e me obrigar a fazer bebês para que ele possa ter um exército,
me mande direções. Ela continuou.

Porra sim.

Ele tinha que sair da vida de Eliza.

Johnny enviou direções.

E então ele mandou outra mensagem: Vá para lá


quando puder. Eu farei algo para nós que funcione com isso.

Eu tenho que ir em casa soltar os cachorros e cuidar dos


cavalos.

Deixe uma chave embaixo do seu tapete amanhã e eu vou


aí depois que terminar tudo aqui na garagem. Seus polegares
pararam, e então se moveram sem permissão, e eu pego Swirl
e Dempsey e os levo para o moinho.

Jesus.

O que ele estava fazendo?

Ótimo, eu estarei aí por volta das seis ou seis e trinta, ela


retornou.

Traga uma escova de dentes.

Jesus.

Que merda ele estava fazendo.

Entendido, Capitão.

O sorriso que isso arrancou dele não parecia


corrompido.

Mas ainda era errado.


Espertinha, ele respondeu.

Ela enviou um emoji de sorrisinho e um texto: Vou levar


o vinho.

Eu cuido do vinho, só venha.

Eu sou meio enjoada para escolher um vinho.

Eu vou comprar vários e então você pode escolher.

Eu posso só levar um que gosto, Johnny.

Querida, nós não iremos enviar mensagens até a hora


que você vier na minha casa amanhã, só... traga... você. Eu
vou pegar o maldito vinho.

Entendido.

Vá trabalhar.

VOCÊ vá trabalhar.

Vou te dar umas palmadas amanhã.

Nenhum texto veio por um longo período, e ele sabia que


ela voltou para sua forma tímida quando eles estavam
totalmente vestidos e o sexo não era eminente. Este é o meu
voto por mensagem, afirmo que serei boazinha daqui por
diante.

A mulher não poderia ser ruim nem se uma arma


estivesse apontada para sua cabeça.

A menos que ela estivesse nua.

Aí ela era qualquer coisa que ele quisesse.

Jesus.
Te vejo amanhã, Iz.

Pode apostar, Johnny.

Ele colocou o telefone no bolso de trás e foi para baixo


do carro.

Ele não viu o motor.

Ele viu Izzy em sua pia, usando uma camiseta lilás tão
pequenina que grudava em seus seios, a calça do pijama roxa
com verde, as botas de borracha mais ridículas que ele já viu,
uma confusão de cabelo enrolado no topo de sua cabeça e um
passarinho laranja no ombro.

Então ele a viu naquelas calças pretas apertadas e com


aquela camisa social que a fazia parecer perigosa, usando
aqueles saltos que o faziam querer fodê-la, arruinando toda
aquela aparência profissional com aquele longo cabelo loiro
escuro, a fazendo parecer uma stripper numa fantasia de
trabalhadora.

E então ele a viu em sua sacada, usando sua camiseta,


segurando uma caneca de café, parecendo desconfortável e
tímida, sonolenta e satisfeita com todo aquele sexo, e tão
linda que ele não sabia como teve forças para não fazê-la se
ajoelhar e levar seu pau até a garganta dela.

Esta visão se tornou realidade na noite passada,


enquanto ela se segurava na cabeceira da cama de ferro, com
o pescoço torcido, aqueles olhos azuis mirando nos dele
parecendo excitados para caramba, os lábios inchados dos
beijos dele enquanto ela levava seu pau por trás e pedia para
ele ir mais forte.
A visão final dele foi bem diferente.

Anos atrás, Shandra sentada na mesa de seu pai, seu


lindo rosto rindo, o som do riso dela misturado com o do pai
dele, no meio da sala de jantar do seu velho.

Ele queria odiá-la.

Nunca conseguiu.

Ele queria deixá-la para trás.

Nunca conseguiu também.

Ele precisava sair da vida de Izzy.

Ela sabia sobre Shandra e ele diria que ela estava


voltando para a cidade.

Então ele faria o jantar para ela amanhã à noite e a


levaria para acampar no fim de semana, e aí diria como as
coisas eram.

Ela parecia entender muito disso tudo. Até parecia


entender sobre Shandra.

Talvez ele não a perdesse.

Talvez eles pudessem ser amigos.

Talvez ele fosse visitá-la quando ela estivesse fazendo


uma festa com outros amigos, ele poderia comer a guacamole
dela e ainda ter sua companhia sabendo que era de uma
forma saudável para ambos, o que era algo que deveria
acontecer. Algo que ele conseguiria viver com, ao invés de não
tê-la em sua vida de alguma forma.

E talvez ele fosse a porra de um egoísta idiota.


Mas de qualquer forma, ele explicaria tudo enquanto
eles acampassem.

Depois disso, era sua escolha e isso era o melhor que ele
poderia fazer.

Sempre seria.
Apertado

Izzy
— Saia daí.

Eu ouvi Johnny grunhir, mas decidi ignorar.

E eu o fiz porque ele tinha as costas contra uma


montanha de travesseiros em sua cama, seus joelhos
afastados, as coxas bem espalhadas, ambas as mãos em meu
cabelo e seu pau em minha boca.

Ele parecia incrível assim, aberto para mim, se


oferecendo para mim. Seus ombros largos, o peito com
cabelos negros, seu abdômen contraindo como se ele
estivesse fazendo flexões em vez de ganhando um boquete, os
pelos em seus braços e coxas.

Ele tinha uma textura maravilhosa em minha boca,


seda em cima de aço.

Com um gosto incrível, de almíscar e homem.

E eu amava quem eu era naquele momento, ajoelhada


entre suas pernas, chupando-o, sentindo o que eu estava
fazendo com ele enquanto seus quadris se mexiam
incansavelmente, os barulhos que subiam por seu peito e
saíam de sua boca, seus dedos fortes enrolados no meu
cabelo.

Eu era a mulher que poderia fazer esse homem reagir


assim, sentir o jeito em que ele estava se segurando por estar
em minha boca, mas eu sabia do que Johnny precisava e que
se segurar estava custando muito para ele, porque gostava do
que eu estava fazendo, tanto que queria mais.

E eu era a mulher que estava pingando, de tão molhada,


entre minhas pernas, lutando contra as sensações que
tentavam me dominar porque gostava do sabor dele, o jeito
que ele parecia, como se sentia, o conhecimento de quanto
ele gostava do que eu estava fazendo com minha boca, o
poder de tudo aquilo vibrava em mim, em meu clitóris,
sabendo que, naquele instante, ele era meu.

Eu queria levá-lo lá, queria me inclinar entre suas


pernas e assisti-lo explodindo para mim. Nos momentos que
eu já vi, ele era lindo durante o orgasmo quase agonizante.

E eu queria aquilo, espalhado para mim, oferecido para


mim... todo meu.

Eu continuei nele, chupando forte, adicionando uma


mão para apertá-lo forte.

— Iz, me tira, — ele grunhiu.

Eu continuei chupando ele.

— Eliza, porra, me tira daí.


Eu levantei meus olhos para ele, o tirei da minha boca,
mas o apertei forte com minha mão e senti o choque chegar
até mim enquanto sua face ficava raivosa.

Subitamente, eu estava de barriga para baixo na cama.


Um arrepio correu por mim quando seus joelhos
pressionaram o interior das minhas coxas, abrindo tanto elas
que eu senti o puxão em meus músculos.

Eu escutei o som de alumínio rasgando e então suspirei.

— Johnny.

Seus dedos foram em direção ao meu quadril enquanto


ele me sondava.

Eu comecei a me ajoelhar, mas Johnny plantou a mão


no meio das minhas costas, me empurrou de volta para cama
e rosnou:

— Deita.

Aquilo não causou um arrepio.

Aquilo me levou para uma tremedeira.

E levou o meu sexo a ficar encharcado.

Ele então segurou o meu cabelo, o segurou em seu


punho e puxou minha cabeça enquanto eu ia em sua direção,
agora oferecida a ele.

E amando aquilo.

— Mantenha seus joelhos separados, — ele ordenou,


puxando meu cabelo forte, mas gentil enquanto entrava em
mim.
Meu pescoço arqueou, eu gemi alto e instantaneamente
comecei a gozar.

— Gosta do meu pau? — Perguntou ofegante, indo mais


fundo e mais rápido.

— Sim, — murmurei, no meio de um orgasmo.

Eu senti seu dedão circular meu ânus e minhas pernas


paralisaram, minhas mãos segurando os lençóis e meu
clímax engasgado.

— Johnny, — sussurrei.

— Não, querida?

— Não.

Seu dedão saiu dali e sua mão virou para alisar a


bochecha da minha bunda. Ele segurou meu quadril,
continuou entrando e saindo e meu clímax voltou mais forte
ainda, eu estava desmaiando nos lençóis.

— Arqueie suas costas, — ele comandou.

Eu fiz o que ele queria.

— Dê-me mais, — ele grunhiu, o som da nossa pele


colidindo ficando mais alto e rápido.

Eu me inclinei para ele, separando ainda mais as coxas,


deixando-o me ter duro, me sentindo exposta e toda dele.

Toda do Johnny.

E aquilo era o melhor.

Outro orgasmo estava começado a crescer em mim e eu


sussurrei para ele.
— Sim, — Johnny rosnou, soando excitado e satisfeito e
perto de gozar ele mesmo.

Ele veio mais rápido, girou a mão em meu cabelo.

— Agora levanta, Izzy.

Eu me levantei nos joelhos e mãos, minha cabeça para


trás, minha espinha arqueada na cama, meu corpo batendo
no dele, meu clímax ainda queimando, me deixando cheia de
tremores.

— Deus, porra, Izzy, porra, — ele rosnou.

Eu o olhei de volta, para encontrá-lo observando seu


pau entrando em mim e outro tremor me tomou.

Ele soltou meu cabelo, segurou meu quadril e o forçou a


se conectar com o dele enquanto gozava, seu grunhido
ressoando no quarto.

Eu gritei no meio do meu orgasmo, uma série de


pequenos choros, até ele diminuir o ritmo, se esvaindo, até
que finalmente ele parou e eu caí na cama com a bochecha
contra seus lençóis macios.

Eu senti quando ele deslizou um dedo nas minhas


costas entre meus ombros, e continuou descendo até minha
bunda. Meu quadril recuou e seu dedo se afastou enquanto
ele deitava ao meu lado.

Eu virei meus olhos em sua direção. Ele olhou para mim


e então saiu da cama, jogando um lençol em meu corpo.

Eu assisti ele ir até o banheiro, só Dempsey o seguiu


(Swirl já tinha se acomodado em algum lugar) e eu estava
muito exausta para pensar no bife que ele fez para nós dois
mais cedo, com um pouco de alho e ervas finas que o fizeram
ficar delicioso. Ou o fato de que ele trouxe dez garrafas de
vinho para eu escolher, quatro tintos, cinco brancos e uma
cidra, todos os brancos gelados no refrigerador.

Eu também não pensei no olhar que ele me deu logo


antes de deixar a cama. Não pensei sobre o fato de que ele
não disse uma palavra, após termos compartilhado a coisa
mais íntima que um homem e uma mulher podiam
compartilhar antes dele sair para cuidar da camisinha.

Este último detalhe, era como ele sempre fazia.


Aconteceu quando ele foi na minha casa.

Apesar de que em minha casa, quando ele voltou,


começou a me provocar sobre o meu banheiro feminino,
focando nas prateleiras rosas cheia de coisas de garota e as
roupas, as esponjas naturais e os algodões cor de rosa.

Eu tinha uma intuição de que não poderia provocá-lo


sobre os sais de banho.

Assisti enquanto ele voltava, ainda meio ereto, sem a


camisinha e lindo. Ele apertou um interruptor no seu
caminho que desligou as luzes da cozinha, luzes que ele
diminuiu antes de me levar para a cama.

Dempsey o seguiu e Johnny acariciou sua cabeça


distraidamente, enquanto me olhava. Quando ele chegou na
cama, eu me movi para o lado. Ele levantou os lençóis e se
deitou.

Dempsey foi para outro lugar.


Johnny soltou os lençóis, se sentou contra os
travesseiros, com seus ombros na cabeceira da cama, e só
depois ele procurou por mim, me puxando para ele até eu
estar com uma bochecha descansando em seu peito.

Eu passei um braço em volta do seu estômago e me


acomodei.

Eu não fiz carinho nele, Johnny não era meu para


acariciar.

Mas quando ele me puxava para ele, eu me permitia


relaxar em seu corpo.

— Você está bem? — Eu perguntei suavemente.

— Se eu digo para você parar de chupar meu pau


querida, você para de chupar.

Eu pisquei para seu peito.

Seus dedos estavam traçando a parte de baixo das


minhas costas, leve e suavemente, mas a voz dele estava
marcada e firme.

E continuou dessa forma enquanto ele falava.

— Eu fui para sua bunda. Eu senti antes mesmo de


você dizer não. Eu perguntei, você disse não. Eu parei. Se
digo para você parar, você para.

— Eu sinto muito, — sussurrei, sem sentir seus dedos


suaves me traçando. Só sentindo a humilhação queimar por
meu corpo como uma bola em chamas.
Eu não sabia o que fazer. Nunca fiz algo tão errado na
cama para ter minha atenção chamada por aquilo. Eu não
sabia como proceder.

E pior ainda, eu amei o que estava fazendo e pensei que


ele estava gostando também.

Mas, aparentemente, ele não estava.

Eu comecei a me afastar de seu peito, em busca das


minhas roupas no chão e sussurrei:

— Talvez eu devesse...

— Você está pensando em ir embora e eu só estou


dizendo como as coisas são. Não precisa ficar sensível sobre
isso. Só não faça isso novamente.

— Ok, sinto muito. — Eu estava me afastando. — Mas


ainda acho que é melhor eu ir embora.

Johnny parou de traçar seus dedos pelas minhas


costas, me levantou de seu peito, olhou para meu rosto e
ficou completamente parado.

— Eu realmente... — parei e comecei novamente. — Eu


não pensei sobre, mas tenho que acordar ainda mais cedo
para chegar em casa, cuidar dos cavalos e me arrumar para o
trabalho, então talvez não devesse passar a noite.

— Cristo, Iz, — ele murmurou, ainda me encarando.

— Então eu só vou fazer isso, ir para casa quero dizer.


— Eu disse, me esforçando para me afastar dele.
Eu vi sua mão vindo em minha direção como se ele fosse
acariciar meu rosto, ao mesmo tempo em que vi a gentileza
em sua expressão.

Mas agora eu tinha um plano, que era uma missão que


não incluía deixar Johnny ser gentil comigo, de deixá-lo tocar
o meu rosto de um jeito que ele nunca fez antes e não era
permitido fazer por conta do que éramos. Então levantei uma
mão e afastei a dele no mesmo momento em que saía da
cama, passando por cima dele.

Mas, no meio disto, eu de alguma forma, me encontrei


deitada de costas, com Johnny em cima de mim, e aquela
mão que afastei estava acariciando meu rosto suavemente.

— Izzy, querida, eu sinto muito. Eu deveria ter


encontrado um jeito de dizer aquilo mais gentilmente. — Ele
sussurrou.

— Não, tudo bem. Quero dizer, não... você deveria se


sentir livre para ser franco comigo. Mas só para dizer, você
sabe... novamente, que eu realmente deveria ir embora.

— Aquilo foi espetacular, — ele disse suavemente.

—Fico feliz que você pense assim. Agora, sei que você
fica bravo quando me comporto assim, mas dessa vez, eu
realmente preciso ir.

—O jeito que você me tomou, Izzy, foi tão bonito,


observar meu pau afundar na sua boceta tão molhada. O seu
rosto, Cristo. O seu rosto. Você é tão linda, mas quando você
fica assim para mim, fica mais linda ainda. Eu queria possuir
tudo isso. Eu queria estar dentro de você de todas as formas
que eu pudesse. Então fui para sua bunda.

— Está tudo bem. Quer dizer, isso é muito bom e


obrigada por isso, isso significa muito e significa muito
também que você me ouviu durante... você sabe... o que faria
com o polegar e sentiu que eu não estava lá. Me desculpe,
não te dei isso quando você estava se comunicando sobre o
que você não queria, mas agora preciso...

Johnny me cortou.

— Você engole?

A questão foi tão bizarra, que por um segundo eu


esqueci minha vergonha e o encarei.

— Como?

— Porra. Você engole?

Oh, Deus amado.

—Um...

Seus olhos ficaram ainda mais suaves.

— Eu achava que não, — ele murmurou.

— Johnny eu...

— Dez segundos a mais da sua boca, querida, e você


não teria uma escolha além de engolir.

Eu senti meus olhos ficando maiores.

— Oh.
— Pois é, — seus lábios subiram, — Oh. Você sabe que é
isso o que acontece quando você faz um boquete fenomenal?
— Ele perguntou.

— Fenomenal? — Soltei e seus olhos brilharam.

— Querida, você se ajoelhou entre minhas pernas e


venerou meu pau. Você estava tão a fim daquilo, que eu
nunca tive nada assim em minha vida toda. Foi lindo. No
topo de tudo isso, você tem talento. Então, sim. Mas talvez
fenomenal não seja o bastante. Excepcional. Superior.
Esplêndido. Inacreditável para caralho. Escolha.

— Eu queria assistir, — sussurrei.

— O que? — Ele perguntou.

— Eu queria... não, um, com minha boca. Eu ia


terminar com minha mão, e eu queria assistir.

Seus olhos aqueceram de uma forma diferente, seu


corpo se afundou no meu e sua voz soou meio gutural
quando ele perguntou:

— Você queria me assistir gozar para você?

Eu acenei.

— E quem ia cuidar de você? — Perguntou.

— Eu não tinha... bem, pensado nessa parte, mas


parecia que iria, um... acontecer naturalmente.

Ele me deu seu sorriso sexy antes de inclinar a cabeça,


tocar minha orelha com seu nariz, beijar meu pescoço,
levantar sua cabeça e me olhar novamente, mas dessa vez ele
estava ainda mais perto.
— Você acha que poderia gozar só em me assistir gozar?

— Evidências estavam sugerindo isso, — disse a ele,


desconfortável.

Outro sorriso sexy.

— Que tal, se fizermos isso de novo, você se inclina para


o lado para que eu possa por uma mão lá e te ajudar com
isso?

— Eu acho que isso soa... possível, — respirei alto.

Foi então que algo desceu por seu rosto, e que não
parecia sexy, ou suave, ou doce, mas sim alerta, como se ele
tivesse acabado de lembrar de algo. E então ele se colocou de
lado, e se eu entendi certo, ele parecia sentir remorso, antes
de tocar os lábios nos meus e se afastar.

— Os cachorros precisam passear antes de irmos


dormir? — Perguntou baixinho.

— Eu acho que Swirl está dormindo já, mas Dempsey


poderia ter uma caminhada, — respondi, e então tentei sem
sucesso me movimentar. A falta de sucesso se devia ao fato
de que ele estava deitado em cima de mim.

— Eu cuido disso.

— Deixe que eu vou, — Johnny disse, passando seu


dedo em minha bochecha antes de levantar.

Ele colocou sua calça jeans e nada mais e olhei em volta


do quarto para ver Swirl levantar a cabeça de onde estava
acampado no sofá de Johnny, mas fora isso ele não se
moveu, mas Dempsey trotou em direção à Johnny.
Homem e cachorro saíram pela porta e eu os ouvi
descerem as escadas.

Eu puxei o lençol por cima de meus seios e pensei sobre


a incerteza e remorso no rosto de Johnny mais cedo.

Então joguei o lençol para o lado, saí da cama, achei


minha calcinha e a coloquei. Eu também peguei a camiseta
com cores rústicas que Johnny tirou, ela tinha tons pálidos
desenhados para parecerem antigos, dos anos cinquenta e na
frente dizia: No Meu Caminho Para Casa, o único lugar para se
estar.

Com isto feito, fui até minha bolsa e a levei comigo para
o banheiro.

Tirei minha escova de dentes de lá e a usei. Então eu


achei o removedor de maquiagem que trouxe e o usei.
Finalmente, encontrei o pequeno hidratante e o usei também.

Coloquei tudo de volta em minha bolsa e voltei para


encontrar Johnny e Dempsey dentro da casa.

Seus olhos foram para a camiseta e seus lábios agora


ostentavam um sorriso.

— Você só não consegue evitar não é? — Ele disse.

— Eu não posso escovar meus dentes pelada Johnny, —


respondi.

Seu olhar veio para o meu.

— Sim, você pode.

Eu rolei meus olhos, joguei minha bolsa na ilha da


cozinha e fui para a cama.
Dempsey veio em minha direção e se encostou na minha
perna então parei para fazer carinho nele antes de voltar a
andar em direção a cama onde Johnny estava, sem tirar seu
jeans, observando a mim e meu cachorro.

Mas quando cheguei mais perto, ele me pegou pela


barriga e me posicionou de frente para ele.

Ele então colocou os braços em volta de mim.

Eu coloquei minhas mãos em seu peito e levantei minha


cabeça para olhar para ele.

— Eu sou um cara que gosta de controlar as coisas na


cama.

Meu corpo tremeu com esse anúncio e seus braços me


apertaram mais.

— Eu acho que você já percebeu isso, — ele continuou.


— E talvez você também tenha percebido que eu tenho
regras. Você goza. Depois eu gozo. Isto não era como as
coisas estavam acontecendo. Eu ia gozar antes de você e isso
não é aceitável para mim. Eu gostei do que você estava
fazendo. Muito. Estava tirando a minha mente de onde
deveria estar, em você. Fiquei um pouco chateado sobre isso
e não me comuniquei muito bem. Eu fui sem querer um
babaca, mas ainda assim, um babaca e isso não foi legal.
Sinto muito e quero que você saiba isso, Izzy, que eu sinto
muito.

Aquilo me tocou muito.

E talvez fosse por isso que ele parecia sentir remorso.


Isto me aliviou muito também.

— Obrigada, Johnny, — disse suavemente.

— Você pode acordar em seu horário normal. Vou te


seguir até em casa e cuidar de Serengeti e Amaretto, passear
com os cachorros, alimentar seus gatos e te fazer café da
manhã, assim você não tem que dormir menos.

Eu relaxei no corpo dele.

— Você não precisa fazer isso.

— Eu sei, mas vou.

Eu sorri para ele, e minha mão, contra minhas ordens,


subiu para acariciar seu queixo, meus pés levantando para
poder beijá-lo, mas parei ambos.

Eu terminei apertando o lugar onde seu pescoço


terminava e o ombro começava, ao invés de tentar algo mais
carinhoso, familiar, algo que não combinaria com o que
éramos e o que fazíamos.

— Você está dizendo que não vamos mais transar hoje?

Ele retornou meu sorriso.

— Fui para a academia malhar hoje, querida, e você me


deu uma segunda malhação aqui. Então estou esgotado.

Apertei seu ombro novamente.

— Então você faz coisas saudáveis.

— Esse corpo não é um milagre da natureza.

— Você come vegetais?


— Shakes de proteína, mas ocasionalmente uma
vitamina verde, — ele admitiu.

— Eu sabia.

Ele riu.

Então me soltou, me colocou na cama gentilmente e


tirou o jeans.

Entrei debaixo das cobertas vestindo sua camiseta.

Ele entrou na cama e desligou o abajur do seu lado


enquanto eu fazia o mesmo no meu.

Eu me acomodei sem ter tempo de pensar se ele iria me


abraçar durante a noite, sendo que dessa vez não desmaiei
em seus braços devido ao sexo inacreditavelmente bom.

Ele me puxou para ele, aconchegando minhas costas em


seu peito.

— Você precisa que eu configure o alarme? —


Perguntou.

— Já não está configurado?

— Está, mas para seis e meia e não cinco.

Eu geralmente já estava a caminho do trabalho às seis e


meia.

— Eu tenho um alarme interno, — disse a ele.

Ele continuou me segurando com seu braço, mas rolou


para longe. Eu escutei um beep e então ele voltou.

— Só para garantir, — ele murmurou.


Eu odiei o fato de que poderia me apaixonar
completamente por este homem..., mas não podia.

Eu odiava que ele era todo meu, e eu era toda dele...


mas só enquanto estávamos fazendo sexo.

Eu odiava saber que ficaria triste quando isso


acabasse..., mas preferia tê-lo por um pequeno tempo do que
nunca tê-lo.

E eu o tinha por agora, e era lindo.

Eu também estava começando a entender o que deveria


procurar para o futuro.

Mas o problema nisso é que poderia ser que o que eu


procurava para o futuro só existisse ali, naquele momento em
sua cama, e em nenhum outro lugar.

Eu não odiei aquilo.

Não me permiti pensar sobre.

Se pensasse, não saberia o que fazer.

Eu não sabia o que me acordou.

Eu só acordei.

Eu também não sabia, como instantaneamente sabia


que Johnny não estava comigo.

Mas, sabia.
Eu rolei na cama, tentando colocar um braço no seu
lado do colchão.

Ele não estava ali.

Escutei um barulho e meus olhos se ajustaram a


escuridão, vi Dempsey nas portas da sacada.

Ele estava lá fora, quase não conseguia vê-lo na posição


em que estava, o rosto estava encoberto e seu cabelo escuro
se misturava com as sombras da noite.

Ele estava virado para o riacho, como da primeira vez


em que acordei em sua casa.

Rolei de volta e olhei para o relógio.

Era só um pouquinho depois das duas da manhã.

Não sabia o que fazer.

Entretanto, meu corpo sabia.

Saí para o lado da cama, e com experiência, meus pés


encontraram o caminho. Sabendo que Swirl estava dormindo
por ali, tive que encontrar um jeito de ir até lá sem pisar nele.

Eu o senti levantar a cabeça e murmurei:

— Shh, bebê. Só estou indo cuidar de Johnny.

Ele se acomodou de novo e eu saí da cama.

Dempsey veio até mim. Dei alguns carinhos para ele e


então fui em direção a porta.

Vi Johnny mais claramente de perto, enquanto eu abria


a porta e sua cabeça se virou para mim.
Passei meu corpo pela pequena abertura da porta para
que Dempsey não viesse comigo e perguntei suavemente:

— Você está bem?

— Venha aqui.

— Eu não quero interromper, se você precisa...

— Vem aqui, Eliza.

Mantendo Dempsey dentro da casa, fechei a porta e me


movi até ele.

Eu só ia me posicionar mais perto dele, para ter uma


conversa, mas, estranhamente, quase que violentamente, no
instante em que cheguei perto o bastante para ele poder me
tocar, ele o fez, me cercando com seus braços e me
abraçando apertado.

Não solto.

Não casualmente.

Nem sexualmente.

Apertado.

Oh meu Deus.

— Você está bem? — Sussurrei, segurando-o com meus


braços também.

— Eu sou um babaca.

— O que?

— Eu sou um babaca.
— Johnny, se você está falando sobre o que aconteceu
mais cedo, está tudo bem...

— Shandra ligou ontem.

Meu corpo se transformou em pedra.

— Do nada, não falava com ela em três anos e ela ligou.

Novamente, sem meu consentimento, minhas mãos


subiram de suas costas até cada lado de seu pescoço.

Aquele pescoço dobrou, então agora ele estava olhando


para meu rosto ao invés de por cima da minha cabeça.

—O pai dela está doente, ela vai voltar para Matlock.

A explosão que isto causou, após dois cafés da manhã,


dois jantares, uma ligação, uma troca de mensagens e muito
sexo, foi bem maior do que eu teria imaginado.

Mas eu me mantive firme, sem deixar transparecer o


que isso fazia comigo.

E eu fiz isso por ele.

— Ok, — sussurrei.

— Eu devia ter mudado nossos planos e encontrado


você no Home. Compartilhado isso com você. Deixar você
voltar para casa sabendo em que pé as coisas estavam. Eu
não devia ter feito você trazer seus cachorros aqui, feito você
vir aqui, te alimentar, te foder e agir como um babaca
deixando você ser toda fofa e doce, tudo isso me faz um
completo babaca.

— Você a quer de volta, — eu atestei.


— Porra, não, — ele disse fortemente.

As pontas dos meus dedos afundaram em seu pescoço.

— Não?

— Querida, ela me deixou por razões que não posso


explicar e levou meu cachorro junto. A razão pela qual ela me
deixou ainda está por aí, mesmo que ela diga que não está.
Eu não vou deixá-la me machucar de novo.

— Ela roubou seu cachorro? — Perguntei sem acreditar.

— Eu a deixei levá-lo, ela precisava de alguém para


protegê-la.

Deus.

O que eu ouvi, isto era tão Johnny.

— Me arrependi disto no momento em que ela saiu pela


porta. Ranger era um cachorro maravilhoso. Sinto muita falta
dele, nunca tive outro. Mas ainda assim, foi a coisa certa a se
fazer.

— Ok.

— Eu não posso te dar o que você merece.

Eu aguentei aquilo sem deixar meu corpo reagir, sem


deixar aparentar o que aquilo causou.

Em vez disso, falei gentilmente:

— Eu sei. Eu sabia desde o começo. Só entendi depois


que Deanna me disse sobre Shandra. Mas eu sabia, Johnny.
Você não é um babaca. Você me fez entender, sem dizer
nada, onde estávamos, e eu gosto de você, então tomei a
decisão de dizer isso para que você não se sentisse mal. Eu
entendo. Entendo completamente. Sempre entendi. Sabia
onde estávamos. Então por favor, não se sinta mal por isso.

Seus braços me abraçaram ainda mais apertado e ele


descansou a cabeça na minha.

— Você é uma mulher incrível.

Agora eu entendia o que aquelas mulheres queriam


dizer, sobre quando homens terminavam com elas e diziam
que elas eram incríveis, e se esse era o caso, por que eles
terminavam com elas em primeiro lugar?

Ninguém nunca terminou comigo. Eu sempre terminei


porque sempre escolhi mal.

Acho que, de uma forma diferente, eu ainda estava


fazendo isso.

Eu apertei seu pescoço e fiquei na ponta dos pés para


me encostar melhor nele.

— E você é um cara maravilhoso.

— Sinto muito que eu tenha continuado as coisas hoje à


noite.

Eu me afastei dele e forcei um sorriso.

—E me privar de sua comida incrível e sexo fabuloso?


Agora, se você tivesse feito isso, aí sim você seria um babaca.
— Eu brinquei com ele.

— Porra. — Seus braços tremeram a minha volta.

Minha voz ficou suave novamente.


— Está tudo bem Johnny.

A voz dele estava suave também.

— Eu queria ter te conhecido antes dela ter me ferrado.

— Não aconteceu desta forma. Aconteceu como tinha


que ser. E como você está falando, foi bom para ambos.
Então vamos ficar por aqui e não trazer nada de ruim no fim.
Foi o que foi e nós tivemos o que tivemos. Eu vou embora, e
se um dia você quiser uma ótima guacamole ou passar um
tempo com Wesley, você sabe meu número, e talvez me dê
um desconto na minha próxima troca de óleo.

— Eu ainda queria te levar para acampar.

Derreti em seus braços.

— Mas não vou te levar para acampar, — ele sussurrou.

Ele não iria me levar para acampar.

Por que depois de dois cafés da manhã, dois jantares,


uma ligação, uma troca de mensagens e muito sexo, isto soou
como alguém cancelando o natal para sempre?

Eu o puxei para mim, o beijei, pressionando meus lábios


levemente contra os seus, forte, abrindo minha boca. A dele
se abriu, deslizei minha língua para dentro. Ele me sugou
mais profundamente antes de deslizar sua língua para fora e
dentro da minha boca.

Nós nos beijamos assim, gentilmente, sem fúria, no frio


de uma noite de verão perto de um riacho, com uma roda
d’água girando perto de nós.
Depois que terminamos, ele me levou para cama e me
segurou perto dele, e eu queria que ele fizesse amor comigo,
mas ele não era esse tipo de cara. Ele iria me segurar, mas
não iria tirar nada mais de mim.

Eu caí no sono antes dele.

Mas eu acordei antes dele.

E o mais silenciosamente que eu pude, me vesti.


Encontrei um pedaço de papel. Escrevi uma nota para ele. Me
recusei a olhar para ele dormindo na cama. Peguei meus
cachorros, entramos no carro e eu dirigi até em casa.

Não foi até que Copinho de Manteiga estivesse em meu


ombro, Wesley em meu balcão, meu telefone também no
balcão com um texto que eu olhei quando seu nome apareceu
na tela.

Você também.

Minha nota para ele dizia: Você é o melhor. Obrigada por


isso.

Eu terminei de fazer café da manhã e de comer, e fiz


tudo isso em silêncio e gentilmente, chorando sem parar.

Depois do trabalho naquela tarde, andei até o deque da


entrada da casa, decidida a pôr em dia as tarefas que deixei
para trás por conta de Johnny. Tomei essa decisão no
caminho de volta para casa.

Eu estava encarando com certo temor minha cadeira de


balanço na entrada.

Quando cheguei até a cadeira, parei em meus saltos e


encarei o assento.

Em cima da almofada florida, havia um jarro quase


trasbordando de água e com peônias rosas dentro.

Eu notei, vagamente, na noite anterior quando estava


indo para a casa de Johnny, que atrás de sua roda d’água ele
tinha um pequeno jardim cheio de peônias desabrochando.

E elas eram todas de um tom claro de rosa.

Na frente do jarro havia um tecido colorido dobrado, eu


o peguei e um pedaço de papel caiu dali.

Era a camiseta em que eu dormi na noite anterior.

Eu me abaixei e peguei o papel no chão.

É uma boa memória.

Eu espero.

Para mim é, Izzy.

Sempre.

~J.

Ele não teve a intenção de ser cruel, eu sabia disso. Ele


teve a intenção do que eu esperava que isso se tornasse um
dia.

Uma doce memória.


E quando puxei a camiseta até meu nariz e senti
somente cheiro de amaciante, eu sabia que ele só teve a
intenção de ser doce.

Mas eu gostaria que ele não a tivesse lavado.

Eu me permiti deixar uma lágrima cair e se alojar no


material.

Então eu funguei, tirei a camiseta de perto do rosto, e


abri a porta para deixar meus cachorros saírem.
Margot

Izzy
Foram exatamente duas semanas e dois dias após
Johnny e eu termos terminado o que nunca começou.

Eu cheguei em casa, deixei os cachorros saírem, troquei


meus saltos por botinhas, cuidei dos cavalos, mas os deixei
em suas cocheiras, coloquei meus saltos de volta, peguei
minha chave e bolsa, mas também meu diário e algumas
canetas coloridas para levar junto.

Eu iria ao Estrela. Um restaurante muito legal, mas não


chique (pelo que me disseram) que ficava alguns quilômetros
fora da cidade, e que Charlie e Deanna falaram sobre ele,
durante anos.

Deanna demandava que todos os seus aniversários


fossem no Estrela e Charlie monopolizava o aniversário dela,
só deixando as pessoas celebrarem com ela no fim de semana
(ou no próximo fim de semana, caso o dela caísse em um),
então eu nunca estive lá.

E em vez de ficar remoendo o fato de que eu nunca seria


como minha irmã ou mãe, sendo capaz de me agarrar na vida
e pegar o que quisesse, sem dar muito em troca, eu iria
simplesmente aproveitar um tempo sozinha e o que a vida me
reservou, sem esperar nada, iria comer um filé maravilhoso.

Em outras palavras, continuar a remoer o fato de que


Johnny e eu terminamos algo que nunca começou.

Ou mais precisamente, remoer o fato de que o que eu


queria ter com Johnny nunca existiria.

Que o último filé que eu comi, Johnny preparou.

Eu não me permiti pensar sobre isso.

Assim, eu sabia que parte de mim tinha que quebrar


esse selo, ou nunca mais comeria filé em minha vida.

Minha mãe teria sorrido com esse pensamento.

Mas por mais que eu não quisesse isso, amava carne.

Então precisava quebrar o selo.

Depois do que aconteceu, eu também não me permiti


passar muito tempo na cidade.

Eu já morava em Matlock há meses, mas o começo do


verão acordou a cidade.

As pessoas estavam saindo e fazendo programas,


Deanna e Charlie me explicaram que nos próximos dias
haveria uma espécie de festival com cantores, barraquinhas e
tudo mais (eu já tinha ido a alguns shows no passado, e o
festival do Memorial Day10 deles, aconteceria este fim de
semana). E se fosse aquele tipo de coisa em que toda a cidade
iria, eu não queria encontrar com Johnny.
10
Feriado Nacional nos Estados Unidos, para homenagear militares mortos em combate.
Em vez disso, eu terminei minhas tarefas atrasadas,
plantei coisas em meu jardim e desisti da ideia do galinheiro,
porque Johnny estava certo. Eu deveria salvar dinheiro para
construir uma garagem. Eu ficaria feliz com uma garagem
por vários motivos, enquanto que galinhas só ofereciam ovos
frescos.

Eu estava próxima ao restaurante, quando tocou no


rádio.

E foi sorte minha que tenha tocado.

Bonnie Raitt, "I Can’t Make You Love Me".11

Entrei no estacionamento do Estrela, meus dedos no


rádio, tentando mudar de estação ou só silenciar a coisa
toda.

Algo me fez não silenciar o volume.

Em vez disso, eu estacionei e fiquei sentada em meu


assento, com arrepios nos braços, olhando sem realmente ver
os meus limpadores de vidro, fiquei ao lado do Estrela até a
música acabar.

Quando acabou, eu desliguei o carro e disse para o


limpador de vidros:

— Foram dois cafés da manhã, dois jantares, uma


ligação, uma troca de mensagens e muito sexo. Supere isso.

Com isto dito, peguei minha bolsa, meu diário e saí do


carro.

Entrei no restaurante.
11
“Não Posso Fazer Você Me Amar.”
Pedi por uma mesa.

Ganhei uma.

Escolhi uma cadeira que deixava minhas costas


voltadas para a porta, assim poderia me concentrar em meu
diário e não nas pessoas entrando.

Eu passei o olho pelo menu e pedi uma taça de vinho.

Coloquei meu diário na mesa e peguei algumas canetas.

Eu abri em uma página cheia de rabiscos e letras tortas.


Pequenas notas e pensamentos, desenhos de flores, balões ou
o que quer que viesse a mente.

Meu diário era a única coisa que eu permitia ser


desorganizado em minha vida.

O diário da minha mãe parecia assim também. Deste


mesmo jeito. Exceto pelas canetas coloridas porque as únicas
canetas que tínhamos eram aquelas que ela pegava em
qualquer lugar que eles oferecessem, e ela não teve o luxo de
trazer cores para seus pensamentos mais íntimos.

O vinho foi servido, eu pedi o meu filé sem batata, ao


invés disso pedi com brócolis no vapor e aspargos fritos,
tinha voltado para meu diário por cerca de dois minutos
quando ouvi uma voz familiar dizer: — Izzy?

Minha cabeça virou para trás e eu dei de cara com os


olhos escuros de Johnny em seu lindo rosto, me olhando e
parecendo acometido, procurando por algo, gentil e lindo.

Aquelas olhos foram para a cadeira vazia na minha


frente e então de volta para mim, ele perguntou:
— Você está sozinha?

Ele estava?

Oh Deus.

Ou ele estava ali com Shandra? Ela voltou e eles


estavam celebrando o reencontro com filé no Estrela.

— Eu... uh... — gaguejei.

— Quem é essa?

Minha atenção se voltou para uma mulher que apareceu


ao lado de Johnny.

Ela estava na casa dos sessenta, talvez setenta. O cabelo


pintado mais claro, se tornando ruivo e estilizado e de um
jeito adorável, suave e que combinava com ela. Ela estava
maquiada, mesmo que a batalha contra as rugas estivesse
perdida, mas me parecia que ela lutou com bravura. A
maquiagem dela era sutil e agradável. Estava usando um
longo vestido acinturado com um padrão verde e branco,
junto com uma bolsa retangular.

E ela estava usando pérolas, reais, pelo que meus olhos


inexperientes podiam dizer. Uma linha delas em seu pescoço,
outra no pulso e mais algumas nas orelhas.

Seus olhos estavam me encarando.

— Só você mesmo para encontrar a moça mais linda do


recinto.

Isto veio de um homem atrás da mulher. Ele era careca


no topo, seu cabelo cinza cortado bem curto nos lados. Ele
estava usando uma linda camisa azul de golfe e calça social
elegante. Ele também estava na casa dos sessenta ou setenta,
bem alto e muito bonito. Para dizer a verdade, se tirássemos
uma década ou duas dele, seria de parar o trânsito.

E por falar em parar o trânsito, Johnny estava usando


roupas que eu nunca imaginaria que ele tinha. Preto em cima
de preto, uma camiseta social preta, deliciosamente moldada
em seu corpo e calças sociais pretas que fizeram minha boca
se encher de água mais do que qualquer coisa que eu vi no
menu (bem mais).

— Johnathon, querido, quem é essa elegante criatura?


— a mulher perguntou.

— Margot, Dave, esta é Eliza.

— Iz ou Izzy, meus amigos me chamam, — sussurrei,


soando como se alguém estivesse me sufocando.

O olhar gentil de Johnny voltou-se para mim.

Primeiro Bonnie Raitt, e agora isso?

Bonnie não era nada, mas Johnny naquela camisa (e


aquelas calças) podiam me matar.

Estava decidido.

Eu nunca mais deixaria minha propriedade novamente.

— Izzy, agora, isso é uma doçura. Diferente, mas doce.


— Margot declarou.

— Você conhece essa beleza? — Dave perguntou a


Johnny.

— Sim, nós... — Johnny começou.


— Nós somos amigos, — eu disse firmemente, sentando
mais ereta e encontrando minha Daphne interior, o pedaço
que ela me deixou e que sobreviveu. — Eu meio que sou nova
na cidade, nós nos conhecemos no Home algumas semanas
atrás, e Johnny me fez companhia no bar local.

Ambos Margot e Dave, viraram os olhos


especulativamente na direção de Johnny.

Infelizmente, Margot superou sua especulação muito


cedo e se voltou para mim.

E quando ela o fez, declarou: — Nenhuma garota tão


linda quanto você, usando um vestido maravilhoso como
esse, come sozinha. Você se juntará a nós no jantar.

Oh, Deus.

Não.

— Eu já fiz meu pedido. — Disse a ela.

Ela virou diretamente para o homem alto atrás dela.

— David. Ache alguém e peça para guardar o jantar dela


e servir junto com o nosso. — Ela virou de volta para mim. —
Se você estiver com fome querida, iremos te pedir um
aperitivo.

— Eu... Eu... — a encarei.

Mas Margot agora tinha sua atenção voltada para a


garçonete, que estava por perto segurando o menu deles.

— Você pode nos levar para nossa cabine agora, — a


atenção dela se voltou de novo para mim. — Nós sempre
pegamos uma cabine. Elas são espaçosas.
— Você também pode pedir para o chefe segurar o
pedido desta moça, por favor, — David disse baixinho para a
garçonete enquanto Margot falava.

— É claro, — a garçonete murmurou.

O que estava acontecendo?

Eu tive um sentimento de que Margot sempre conseguia


o que queria, mas eu sabia que seria muito mal-educado de
minha parte se não me juntasse a eles agora, mesmo sendo a
última coisa que eu quisesse fazer.

Seria mais educado sentar em uma mesa com Johnny e


seus olhos gentis, camiseta preta e aquela calça.

Parecia que eu não tinha escolha, então fechei meu


diário, coloquei minhas canetas na bolsa e deslizei para fora
da minha cadeira, somente para dar de cara com Johnny.

— Você não tem que fazer isso Izzy, — ele sussurrou em


minha orelha, enviando aquele odioso arrepio pela minha
espinha.

E só ficava pior.

Ele estava usando colônia, e era uma colônia


maravilhosa, então ele cheirava muito bem.

Eu virei minha cabeça e olhei em seus olhos.

— Tudo bem, querido.

Seus olhos derreteram com calor, arrependimento e


compaixão, tudo aquilo parecia muito bom nele até ele se
abaixar e pegar o meu diário na mesa.
Ele entregou para mim, se abaixou de novo e pegou meu
vinho, então colocou sua mão livre em meu cotovelo e me
guiou atrás de Margot e David.

— Ela parece ser difícil de lidar, — eu murmurei para


Johnny.

— David e Margot. Os melhores amigos do meu pai.


Dave começou a trabalhar para meu avô por volta dos
dezessete anos. Foi assim que meu pai e ele se conheceram.
Dave é cerca de uma década mais velho que meu pai, e ele
acolheu meu pai na época. E o que quer que tenha
acontecido desde então, os tornou inseparáveis até que
fossem obrigados a se separar. Meu pai tinha quinze anos
quando foi padrinho no casamento de Dave. Dave fez o
discurso no funeral do meu pai.

Que lindo.

E triste.

— Certo, — eu disse suavemente.

— Margot é uma arma e eu não lembro de uma época


em que ela não fosse assim. Ela é a única mãe que eu
realmente tive. Ela era durona, mas o melhor tipo de mãe que
uma criança poderia ter.

Minha cabeça virou e eu encarei seu rosto em choque


enquanto ele dava esta notícia sobre Margot e sua falta de
uma mãe biológica, enquanto ele me guiava pelo resto do
caminho.
Ele me parou e eu vi Margot entrar na cabine, ela mal
tinha se acomodado quando levantou a mão para nós.

— Entrem, entrem. Johnny sabe melhor do que deixar


uma senhorita do lado de fora da cabine para ser incomodada
por garçons e garotos de entrega toda vez que eles passarem,
— ela anunciou.

Então Margot foi a responsável por eu ter ganhado a


cadeira com vista na casa de Johnny.

Eu entrei na cabine e coloquei minha bolsa e diário de


encontro a parede atrás de mim enquanto Johnny entrava.

— Seu diário? — Margot perguntou de um jeito que soou


mais como uma demanda, porque parecia que ela já sabia a
resposta.

— Sim, — eu disse a ela. — Nunca escrevi em um até


que minha mãe faleceu. Ela fazia, escrever em diários, quero
dizer, e depois que ela se foi, eu continuei a tradição. Eu não
sei por que, mas me sinto mais próxima dela por isso.

O olhar penetrante de Margot se dissolveu


completamente e sua voz de comando ficou suave quando ela
perguntou:

— Você perdeu sua mamãe?

Eu acenei.

— Câncer.

— Sinto muito, querida, — Margot murmurou.

— Eu também, — David disse.


Eu balancei a cabeça para ele e dei um pequeno sorriso.

A cabeça de Margot virou em direção a David, e então


ela bateu levemente, mas repetidas vezes em seu braço. —
Encontre aquele garoto. Nós precisamos de pão. Izzy precisa
de um aperitivo visto que atrasamos a comida dela.

Os olhos de David procuraram por "aquele garoto",


enquanto Margot olhou de volta para mim.

— Nós vamos pedir os cogumelos recheados deles. São


divinos. Você já esteve no Estrela antes?

Eu olhei para o interior que não combinava com o


exterior sem acabamento. Era prioritariamente decorado em
tons de vermelho o ouro, clássico e agradável. E então eu
olhei de volta para Margot.

— Essa é minha primeira vez aqui, — compartilhei.

O lindo rosto dela se dividiu em um sorriso.

— Que maravilha podermos compartilhar isso com você.

Eu senti a mão de Johnny em minha coxa rapidamente,


compartilhando que ele sentia muito e que sabia que essa
não era uma experiência tão boa assim para mim.

— Então, você é uma advogada?

Esta questão, que eu já tinha escutado antes, veio de


David.

— Não. Eu trabalho para uma empresa de segurança e


gerenciamento de dados. — Respondi.
— Que divertido! — Margot declarou enquanto batia
palmas elegantemente.

Eu sorri para ela.

— Acho que você e eu somos as únicas que achamos


dados uma área divertida.

— Você pode usar esse vestido no trabalho, e esses


sapatos, querida, eles são fabulosos. Qualquer trabalho em
que você possa se vestir assim tem que ser divertido. — Ela
retornou.

— Tenho que dizer, é um vestido e tanto, — Dave


murmurou.

Johnny fez um som em sua garganta baixinho, mas foi o


tipo que só ouvi quando estava na cama com ele.

Isto me surpreendeu tanto que virei a cabeça para olhar


para ele, mas eu estava quase atingindo meu objetivo quando
Margot perguntou:

— Agora, você disse que é nova em Matlock, de onde


você veio?

— Da cidade, — compartilhei.

— Então, não muito longe, — ela replicou.

Balancei minha cabeça. — Não.

—Aposto que você gosta mais daqui do que de lá. Toda


aquela sujeira, barulho e grafite, e todas aquelas pessoas, —
ela afirmou, como se ‘pessoas’ significasse formas de vida
lamacentas e sujas.
— Eu realmente gosto mais daqui, — acenei. —
Consegui comprar um pedaço de terra e posso ter meus
cavalos por perto, além disso meus cachorros adoram a
calmaria. Então, sim. Eu gosto muito daqui.

Seus olhos foram para Johnny quando mencionei meus


cavalos e cachorros, mas voltaram para mim antes de eu
terminar.

— Você tem parentes por perto? — Dave perguntou e


olhei para ele. — Você disse que perdeu sua mãe, criança,
mas espero que tenha alguns parentes por perto.

— Eu tenho uma irmã, mas ela se casou e mudou-se


mais para o sul. Ela mora cerca de cinco horas de carro,
então não muito longe, mas mais longe do que eu gostaria.
Nós éramos próximas, mas depois que ela teve meu sobrinho
ficamos mais ainda.

— Oh, um sobrinho, que adorável, quantos anos ele


tem? — Margot perguntou.

Eu olhei para minha bolsa e enquanto respondia,


busquei meu celular,

— Ele tem sete meses agora. É adorável. O nome dele é


Brooklyn. — Eu encontrei meu telefone. — Eu o chamo de
Brooks.

— Vou chamá-lo assim também, — Margot murmurou


suavemente, compartilhando sem dizer nada, que ela
também desaprovava o nome do meu sobrinho.
Eu virei meu telefone, fui para a galeria e encontrei uma
foto de Brooks que eu tirei. Virei e mostrei para Margot.

— Este é ele há alguns meses atrás. Eu terei que


mandar uma mensagem para Addie e conseguir uma mais
recente. Mas eu amo essa foto. É a minha favorita dele. Ele é
um bobinho risonho desde o nascimento, e aí ele está assim.

Ele estava rindo tanto que suas bochechas rosas


tomaram conta do seu rosto e ele parecia ser só bochechas
gordinhas e rosas e um cabelo loirinho de bebê.

Seus dedos com unhas pintadas em dourado vieram em


minha direção e roubaram meu celular.

— Oh, Oh meu Deus. Ele é Adorável. — A cabeça dela


virou para Dave. —David, meu amor, encontre um garçom e
me traga um Martini. Eu não sei o que os está fazendo
demorar tanto, mas Izzy vai ficar com uma impressão ruim
do Estrela se eles não se ajeitarem logo. — Ela olhou de volta
para o meu celular, como se não estivesse acabado de
interromper os elogios ao meu sobrinho para dar ordens ao
seu marido.

— Daria para comê-lo com uma colherinha, — ela


declarou.

Eu comecei a rir.

Eu parei de rir quando Johnny colocou um braço na


parte de trás do assento em que eu estava.

Sem um convite, Margot, começou a olhar minhas fotos


a passar um dedo pela tela do celular.
— Vejo seus cavalos, eles são maravilhosos. E esse
gatinho é Adorável. Agora, quem é esse? Talvez o marido da
sua irmã?

Ela virou o telefone e me mostrou uma foto de Kent.

Eu fiquei tensa instantaneamente.

Johnny também.

— Não, — eu me forcei a dizer.

— Então, seu irmão? — Ela perguntou, sacudindo meu


telefone na minha frente. — Você tem um irmão?

— Não, — disse novamente.

— Margot, — Johnny murmurou ao mesmo tempo que


Dave.

O rosto dela mudou, a mão com meu celular se moveu


lentamente, e ela sussurrou um desapontamento.

— Oh.

Eu não gostei do desapontamento em seu rosto, então


expliquei:

— Esse é Kent. Meu ex namorado.

Este não foi uma boa coisa a se dizer.

Não mesmo.

E só ficava pior.

Ela se abrilhantou um pouco, mas olhou para mim e


perguntou:
— Se ele é seu ex querida, porque você ainda tem a foto
dele? Eu sempre digo, se você está superando ele, supere, e
deixe as cinzas para trás e comece de novo.

Isto não pareceu ser dirigido só para mim, mas mesmo


que seus olhos não tivessem ido para Johnny como quando
eu estava falando de meus bichinhos, ninguém deixou de
perceber, que aquilo era dirigido para outra pessoa.

— Margot, — Dave disse, e Johnny se moveu


desconfortavelmente ao meu lado.

Mas para me confortar, ele enrolou uma mão na parte


de trás do meu pescoço.

O que não me confortou de forma alguma.

— Bem, eu...— comecei a dizer.

— Você quer que eu exclua isso? — Ela perguntou


esperançosamente, o dedo posicionado.

— Margot, — David disse.

— Não! —Eu gritei.

Um silêncio se espalhou pela mesa.

— Eu não posso excluir, é evidência, — eu disse


gentilmente e senti outra coisa se espalhar pela mesa, vindo
de todas as direções, mas especialmente de Johnny.

Eu comecei aquilo, e pela obvia atenção que estava


recebendo de todos, tive que continuar.

— A polícia me mandou salvar, aquele vidro opalino que


ele está segurando era da minha mãe. Na verdade, era da
mãe da minha mãe. Ele entrou na minha casa, roubou e me
enviou essa foto, e então a próxima, onde ele quebra o vidro.

Margot trocou para a próxima foto e eu assisti seu rosto


embranquecer.

— Eu deveria ter posto na nuvem, mas não tive muito


tempo para isso. Mas, hum... ele é uma das razões de eu me
mudar para Matlock, — terminei fracamente.

Enquanto eu falava, a mão de Johnny em meu pescoço


foi ficando mais apertada.

— Evidência, — Margot suspirou, encarando meu


telefone.

— Ele meio que não queria que eu terminasse com ele,


— disse a ela.

— Oh, criança, — Dave murmurou.

Mas os olhos de Margot se voltaram para mim.

— O que mais ele fez com você? — Ela perguntou.

— Com licença, — Johnny grunhiu.

E eles não tiveram escolha nenhuma além do nos dar


licença, porque em um segundo Johnny estava fora da
cabine, sua mão segurando a minha e me arrastando, o que
significava que eu tinha que sair da cabine também.

Uma vez que eu levantei, ele virou nossas mãos para


que estivessem presas na frente de seu peito, o que
significava que eu não tinha escolha alguma a não ser ficar
próxima a ele enquanto saíamos do restaurante, passamos
pela porta de entrada, caminhamos para a parte lateral, onde
ele me girou, deixou minha mão livre e segurou em minha
cintura, me pressionando contra a parede e se movendo mais
perto, até que o mundo todo desapareceu e tudo se tornou
sobre Johnny.

Ele então fez um barulho que eu nunca ouvi sair de um


ser humano, um som baixo e retumbante que só poderia ser
reconhecido como um rugido.

Meus olhos subiram para encarar os seus enquanto ele


dizia:

— Kent?

— Você simplesmente me arrastou para fora de um


restaurante? — Sussurrei.

— Seu ex entrou na sua casa sem permissão, roubou


algo que significava muito para você, só para poder quebrar?

Eu virei minha cabeça para olhar para baixo, e pensei


comigo mesma que ele fez isso, ele me arrastou.

Para fora do restaurante.

— Olha para mim, Izzy.

Meus olhos voltaram para os seus com o som de sua voz


em tom de comando.

— Por que você não me contou sobre essa merda? — Ele


exigiu.

— Eu...

— Você está segura agora?

— Bem...
— Você disse que a polícia sabe. Eles fizeram algo sobre
isso?

— É meio comp....

— Seus amigos sabem? Aqueles que você disse que


vivem perto.

Ele estava em um estado de espírito em que eu não


consegui me conter.

Me inclinei para ele, colocando ambas minha mãos em


suas bochechas e sussurrei:

— Johnny.

Um olhar de fogo escuro continuou a me sondar antes


dele fechar os olhos.

Eles se abriram e ele perguntou, bem menos tenso


agora.

— Ele te machucou?

Baixei minhas mãos de seu rosto.

— Ele só era meio sem noção.

— Um sem noção não entra na casa dos outros, rouba e


destrói coisas, um psicopata faz isso.

Eu decidi não contar a ele que Kent quebrou a minha


porta da frente para roubar Dempsey.

Ou qualquer outra coisa.

— Os policiais sabem. Eu tenho uma ordem de restrição


contra ele. Deanna e Charlie também sabem. Da última vez
que eu o vi, Charlie estava na minha porta da frente com um
taco de baseball na mão, explicando para Kent que se ele o
visse de novo, Charlie iria entortar a cabeça dele com aquele
taco. Eu acho que acreditou em Charlie, o que é bom porque
acho que Charlie estava falando sério e eu não o quero em
problemas. Mas não ouvi ou vi Kent desde então. Eu nem
tenho certeza se ele sabe aonde vivo. Isso já foi há meses.
Está acabado.

Johnny encarou meus olhos antes de desviá-los para o


letreiro do restaurante.

— É muito doce da sua parte ficar preocupado, mas...

Seu olhar voltou para o meu e interrompeu meu


discurso.

Chocante e de tirar o fôlego.

— Você está linda. Você cheira muito bem também. Esse


vestido é tão lindo que eu quero te virar de costas, subir a
saia até sua cintura, rasgar sua calcinha e te foder contra o
Estrela.

Minha boca se abriu.

Johnny ainda não terminou.

— Jantar com você, sabendo que sua calcinha está no


meu bolso enquanto você come filé e se sente satisfeita.

—Johnny, — eu respirei alto, repentinamente ficando


molhada.

— Eu pensei em te dar algum tempo e então voltar,


construir algo diferente com você, mas eu não acho que essa
coisa de amigos vá funcionar Izzy.
— Por favor, não diga isso, — eu implorei.

Sua testa se encostou na minha, uma mão encostada na


parede atrás de mim e a outra posicionada no tecido branco
suave do meu vestido que cobria meu corpo de forma
apertada desde meu pescoço até o joelho, ele não tinha
mangas e lembro de me perguntar se era apropriado para
usar no trabalho (perece que eu acabei de descobrir).

— Se ele voltar, você chama a polícia e depois me liga. —


Ele ordenou.

— Não posso prometer isso. Charlie já me fez prometer


que depois da polícia a minha primeira ligação seria para ele.

— Então você chama esse tal de Charlie e depois me


chama.

— Ele não vai voltar Johnny, — eu assegurei a ele.

— Você liga para a polícia, Charlie e eu. Diga, Izzy.

Eu encarei seus olhos de perto.

— Eu chamo a polícia, Charlie e depois você, Johnny.

Ele não se moveu.

Eu também não.

Mas eventualmente minha boca disse.

— Ela está de volta?

— Oh, não. Inferno que não, — Ele fez um movimento


negativo que pensei entender, mas quando ele continuou
falando, percebi que não. — Ela não vai ter isso. Ela não vai
nos ter. O que nós falamos sobre ela foi a única vez em que
fizemos isso. Ela não vai ter uma parte do que quer que seja
que estamos nos tornando.

Minha respiração ficou presa.

O que aquilo significava?

— Como estão os cachorros? — Ele perguntou.

— Eles estão bem, — respondi.

— Os cavalos?

— Também.

— Wesley ainda está cantando?

Ele estava me matando.

Acenei com a cabeça.

— Que bom, querida, — ele sussurrou, seu olhar não


mais focado no meu.

Baixou para minha boca.

Oh Deus, ele ia me beijar.

Oh Deus, eu ia beijar ele.

Isto não poderia acontecer.

Eu queria isso, e como queria.

Mas me tomou um grande esforço para sobreviver após


dois cafés da manhã, dois jantares, uma ligação, uma troca
de mensagens e muito sexo.

Se houvessem mais beijos, mais sexo ou qualquer coisa


dessas, eu talvez não sobrevivesse.

Nós precisávamos ser amigos.


Nós não poderíamos ser amantes.

— Oh merda, filho, me desculpe. — Ambas nossas


cabeças viraram (e eu notei que fizemos isso sem nossas
testas se desconectarem) para ver David na lateral do prédio
com as mãos para cima.

— Percebemos que você ficou abalado com as notícias


de Izzy. Margot me enviou aqui para ver como você estava,
mas, bem... Só voltem ao que estavam fazendo.

Johnny fez outro barulho, parecido com seu rugido de


antes, mas esse não demonstrava fúria e sim frustração.

Depois disso, ele levantou a cabeça e disse:

— Nós já estamos voltando, Dave. Diga para Margot que


está tudo bem e que eu espero que vocês tenham pedido os
cogumelos.

— Pedi uma cerveja para você, garoto, os cogumelos já


estão vindo, tome o tempo que precisar, — Dave respondeu,
movendo-se rapidamente para a entrada do restaurante.

Havia um casal do lado de fora olhando para nós.

— Hey, uh... Johnny, — o homem disse.

— Trev, — Johnny retornou e soou como um grunhido


baixinho.

A mulher que estava com Trev acenou hesitantemente.

Johnny a ignorou.

Eu acenei hesitantemente de volta.

Aquilo me fez receber um sorriso hesitante.


Eu sorri hesitantemente de volta.

— Querida, — Johnny chamou.

Olhei de volta para ele, percebendo que ele poderia ter


levantado a cabeça, mas ainda estava bem próximo.

— Aquela era Francine e ela é a maior fofoqueira de


Matlock, — ele compartilhou.

— Oh, Deus, — murmurei.

— Sim, — ele concordou. — Ela é uma boa pessoa, mas


uma boa pessoa com uma boca enorme.

— Hmm, — eu murmurei, sem querer ser a próxima


fofoca da cidade ligada com Johnny quando Shandra voltasse
(isso se ela já não estivesse aqui).

— Acho que precisamos ter outra conversa sobre onde


estamos.

— Johnny, isso é o homem protetor que você é, mas não


deixe a situação com Kent mudar o que nós...

— Kent é o que quer que seja, este vestido é o motivo de


precisarmos ter outra conversa.

Era de se notar o quanto eu amava o fato de que ele


gostava do meu vestido.

Mas ainda, eu não podia levar isso a frente.

Eu tinha que dizer a ele onde eu estava nesta situação


toda.

— Eu não tenho certeza se posso ter só sexo, —


sussurrei.
— Certo, — ele murmurou.

Continuei sussurrando.

— Eu poderia ter só uma amizade.

— Certo, — ele repetiu.

— Então, talvez você possa me tirar da parede e nós


podemos voltar para dentro e jantar com Margot e Dave, —
sugeri.

Sua mão que estava em meu quadril subiu e eu pensei


que ele ia me soltar, mas ela só chegou na minha cintura,
que ele apertou antes de me soltar.

Parecia que ele não iria tentar o negócio de amigos.

Aquilo me devastou.

Não deveria.

Mas ele segurou a minha mão e me levou de volta para a


mesa, achei muito estranho que Johnny segurasse minha
mão agora, quando éramos amigos, mas não o fazia quando
éramos amantes.

Ele esperou pacientemente enquanto eu entrava na


cabine e então me seguiu, mas Margot não perdeu tempo.

— Você tem a situação com o desagradável ex namorado


da Izzy sobre controle, Johnny?

— Está tudo certo, Margot. Izzy está segura e nós temos


um acordo para caso algo aconteça. Então você pode relaxar.
— Johnny respondeu.

Seus olhos enfurecidos se voltaram para mim.


— Eu não poderia te dizer o número de vezes em que
falei para Johnathon e seu irmão Tobias que eu nunca,
nunca, vou relaxar. Se uma mulher está chateada eles
deveriam fazer de tudo para conter a situação e não causar
problema para elas. Não simplesmente dizer para elas
relaxarem.

— Eu meio que tenho a situação sobre controle, Margot,


— disse a ela.

— Meio que não é sobre controle, Eliza. — Ela disse de


um jeito que me fez querer lutar de volta, porque pelo seu
tom de voz parecia que me conhecia por toda minha vida, não
por talvez trinta minutos, como se ela tivesse o direito de
mandar em mim.

— Bem, Kent provou ser um cara que faz o que faz, mas
agora ligarei para Johnny se ele aprontar algo, então eu acho
que ficarei bem, você não acha? — Assegurei, sem mencionar
os policiais ou Charlie, porque parecia que ela pensava que
Johnny poderia lidar sozinho com praticamente qualquer
coisa e isto talvez a acalmasse.

— Bem, então. — Ela disse, segurando sua taça de


Martini tão gelada que parecia prestes a congelar, junto com
três azeitonas gordas no topo, o que me fez desejar não estar
dirigindo. Naquele momento eu realmente precisava de uma
bebida. — Vejo que está tudo certo.

— Seu Martini foi feito com vodca ou gim? — Perguntei


enquanto pegava meu vinho.

— Vodca, — ela respondeu.


— Se você gosta de infusões de vodca, eu as faço, e são
realmente boas. Se você quiser tentar, eu faço algumas e
entrego para você.

Ela tomou um gole com seus olhos em mim o tempo


todo, e quando eu terminei de falar, ela deslizou meu telefone
pela mesa com uma das mãos, a outra mão colocando o
Martini no lado da mesa, como uma daquelas atrizes dos
anos 60.

Só que mais legal ainda.

— Então é bom que eu já programei meu número em


seu celular. Eu também liguei para mim mesma, assim tenho
seu número. Então não haverá nenhum atraso em você me
convidar para uma degustação de vodca.

Eu não a convidei para uma degustação de vodca, mas


não falei sobre porque meio que adorei a ideia. Deanna
também iria gostar. E ela acharia que Margot era uma
gostosa.

— Arrumarei algo para a gente o quanto antes.

— Excelente. — Ela respondeu, levantado sua taça em


minha direção.

Eu levantei a minha e ambas tomamos um gole.

— Neste momento, garoto Johnny, você acabou de


testemunhar. Sua garota ali acabou de participar do ritual
para entrar no Coven12, — Dave declarou.

Johnny gargalhou.

12
Espécie de reunião de bruxas.
Margot virou seus olhos afiados para seu marido.

— Gostaria que você parasse de se referir ao meu círculo


de amigas como "O Coven", — ela declarou.

Ele curvou seu rosto para mais perto do dela com um


sorriso.

— O tipo de mágica que você faz, meu amor, estou


viciado a quarenta e oito anos. Isto não foi um insulto. Mas
eu sou um homem enfeitiçado por quase cinco décadas.
Johnny aqui nem viveu tanto tempo, então foi um aviso. E
nós dois sabemos que quando sua mágica se espalhar para
suas seguidoras, ele vai precisar desse aviso.

Johnny colocou seu braço atrás do meu assento de


novo.

Eu senti um arrepio de novo.

Eu também suspirei.

Os olhos de Margot suavizaram enquanto ela olhava


para seu marido.

O garçom chegou na nossa mesa com os cogumelos.

Margot olhou para ele.

— Bem, finalmente.

Eu gargalhei.

A mão de Johnny se curvou em volta do meu pescoço de


novo.

Eu soltei outro suspiro.

Margot olhou para mim.


— Agora, Eliza, me diga onde você conseguiu esse
vestido e sapatos, porque estou pensando que primeiro
vamos a este lugar e então voltamos para sua casa e
provamos vodcas. Não se preocupe, Dave é um motorista
designado muito experiente. Ele vem me buscar após muitas
atividades do Coven, como ele se refere, não eu. Então
podemos nos divertir.

Eu sorri para ela.

Ela sorriu de volta, seus olhos azuis brilhando.

Johnny se inclinou para os cogumelos e me serviu


primeiro, colocando quatro deles no meu prato de aperitivos,
depois de entregá-lo para Dave que colocou quatro cogumelos
no prato de Margot, e só depois disso ele pegou alguns para
ele e os entregou para Johnny.

Eu peguei meu garfo.

E fiz planos de ir ao shopping e beber vodca com a única


mulher que foi uma mãe para Johnny.
Mais Importante

Izzy
— Deixe-me ver se entendi direito, — Deanna disse.

Era a manhã seguinte no trabalho, e eu não tinha


certeza se queria que ela entendesse direito. Em qualquer
situação que Deanna decidisse "entender direito" algo, este
algo emergia em uma lógica clara que sua mente não havia
descoberto até ela falar sobre, e as vezes aquilo não era uma
boa coisa.

Eu tinha a sensação de que se ela entendesse essa


situação em particular, isso sendo o que aconteceu na noite
passada com Johnny, não seria de jeito algum uma boa
coisa.

Porque se isso realmente não fosse uma coisa boa, seria


horrível.

— Deanna... — eu tentei.

— Então, — ela falou por cima de mim. — Três anos


agonizantes, com o coração partido e Johnny Gamble recebe
uma ligação da ex, a Julieta dele, sua Guinevere, sua Scarlet,
mas ele tinha um encontro combinado com você. Depois
dessa ligação, ele sabe que vocês dois não tem chance
alguma e ele ia terminar com você, mas por algum motivo
isso não acontece, ele vai em frente com o encontro de
qualquer forma. Ele também compra dez garrafas de vinho
para você poder escolher durante o tal encontro, só para você
poder escolher.

Ele, é claro, fez aquilo, pareceu muito doce na época.

Parecia mais doce ainda agora.

Eu continuei a encará-la da minha cadeira enquanto ela


sentava em frente à minha mesa no lado oposto e tentei de
novo.

— Deanna...

— Durante esse encontro, ele faz sexo com você, sabe


que foi errado, de fato, sabe tanto que foi errado que ele se
sente extremamente mal e não consegue dormir. Você acorda
e ele te dá todo um discurso sobre como ele agiu errado com
você e como a ex dele o estragou tanto que ele não pode ser o
que você precisa se as coisas forem em frente. Vocês dois
decidem ser amigos, mas ele não te leva até o carro, arruma
seus cachorros e te dá um beijo na bochecha, te dizendo para
dirigir com cuidado. Ele beija você e então te leva até a cama
dele onde vocês dormem abraçados.

Ele fez aquilo. E também soou doce na época, mas bem


mais agora.

E enquanto ela falava, me dei conta de que, por mais


que eu a amasse, talvez eu não devesse compartilhar tanto da
minha vida.
— De...— eu comecei, mas isso foi o mais longe que
consegui chegar.

—Você não o vê ou escuta algo sobre ele, então ele


aparece no Estrela e não passa direto por você, te dá espaço e
encontra outro lugar para ele, seu segundo pai e a única mãe
que ele já teve se acomodarem, levantando o queixo para você
caso o visse lá, daquele jeito que caras bonitos fazem quando
não querem falar nada. Ele para na sua mesa e não diz algo
com "Hey", "tudo bem?". Do nada, ele pergunta se você está
sozinha.

Eu senti meu coração começar a bater mais forte porque


eu não tinha pensado nisso.

Então desisti em tentar interrompê-la. Deanna estava


entendendo algo e eu deveria saber há muito tempo que o
melhor era só deixá-la chegar lá.

— O que significa, obviamente, que ele pensou que você


poderia estar em um encontro e alguém poderia dizer que
talvez ele não gostou muito dessa ideia. — Ela continuou. —
De jeito nenhum. — Ela salientou.

Sim, alguém poderia dizer isso.

— Então... — Ela foi em frente. — A única mãe que ele


já teve te convida para jantar com eles...

— Ela não me convidou, Deanna. Ela basicamente me


disse que estava indo comer com eles. — Cortei a sentença
dela para dizer aquilo.
Deanna continuou falando como se eu não tivesse dito
nada.

— E Johnny Gamble, todo aquele Johnny Gamble,


poderia ter encontrado um jeito de prevenir isso, mas não o
fez. Ele nem mesmo tentou lutar. Ele diz que somente se você
estiver muito incomodada com a situação, aí sim ele faria
algo... mas só assim. Além disso, ele não diz nada sobre.

Eu mordi meu lábio.

Ele fez isso também.

Deanna continuou falando.

— A situação com Kent vem à tona, Johnny perde a


cabeça, te arrasta para fora do restaurante, te faz prometer
que se algo acontecer você irá ligar para ele e então, diz que
quer fazer sexo com você contra a parede do Estrela e levar
sua calcinha como uma lembrança.

Meu clitóris pulsou com essa memória.

É, eu definitivamente deveria compartilhar menos com


Deanna.

— E quando você traz ela à tona... — ela foi em frente,


— Ele nem mesmo permite que você fale sobre ela. Não
porque ele não quer falar sobre ela, mas porque ele se recusa
a deixar ela se meter no meio do que quer que vocês dois
sejam.

Meu coração bateu mais forte com aquilo.

— Sim, — eu disse, quando ela parou de falar e me


encarou.
Neste ponto, ela voltou a falar.

— E você mal passou pela porta de casa quando ele te


enviou uma mensagem.

Eu passei.

Na noite passada, eu acabei de passar pela porta


quando Johnny enviou uma mensagem.

— Sim, — eu repeti.

E então ela disse.

O diagnóstico.

E o que aquilo me causou foi como um choque passando


pelo meu corpo.

— Esse cara está a fim de você.

— Deanna...

— Eu não queria ter que dizer isso, — ela falou. —


Cristo, eu nunca nem pensei que diria isso. Mas estou
dizendo. Johnny Gamble está a fim de você. Não, não é isso.
Aquele homem está gamado em você.

— Shandra está voltando, ou já voltou... — eu comecei.

Ela balançou a cabeça, levantando uma mão e me


interrompeu.

— Não se engane, aquele garoto está uma bagunça. Ela


o deixou meio quebrado e ele ainda não está completamente
bem. Mas essa agonia não é tudo. Ele foi enganado por uma
mulher tão estúpida, a ponto de jogar fora a melhor coisa que
ela poderia ter. Mas então ele te conheceu.
Eu estava me sentindo aquecida por dentro. Tão
aquecida, que senti em todos os lugares e estava começando
a me queimar.

— Eu disse a ele que eu não poderia fazer só sexo e ele


concordou com isso, Deanna, — eu disse a ela. — Então é
claro que ele só quer sexo sem se comprometer, e também
não quer ser só um amigo.

— Sim, de forma não verbal ele concordou. Também, de


forma não verbal ele segurou sua mão no caminho de volta
para a mesa, te serviu os cogumelos primeiro, continuou te
tocando durante todo o jantar, te levou até seu carro e te
mandou uma mensagem no minuto em que você entrou em
casa.

Definitivamente precisava parar de compartilhar tanta


coisa com Deanna.

— Não significa nada, — eu disse suavemente.

— Eu tenho amigos homens e nenhum deles aperta meu


pescoço, descansam seu braço na parte de trás da minha
cadeira, toca minha coxa, brinca com o bracelete em meu
pulso ou me leva até o carro, mesmo antes de eu ter Charlie
em minha vida, que quebraria o pescoço de qualquer um que
tentasse isso comigo.

O primeiro toque em minha coxa não foi o último na


noite passada.

E o negócio de brincar com meu bracelete aconteceu


depois que Margot disse que gostou dele. Eu disse que foi da
minha mãe e cerca de dez minutos depois, depois que os
pratos do jantar foram retirados, mas antes da sobremesa
que Margot insistiu que tivéssemos (e quando disse que já
estava satisfeita, ela disse que eu poderia compartilhar com
Johnny e quando o prato dele chegou, ela comandou que eu
comesse, então comi) Johnny ficou fascinado com o bracelete.

O que significou que eu tive que me esforçar para não


parecer fascinada com o fascínio de Johnny.

Só para dizer, eu falhei nisso.

E só para dizer, Margot não perdeu essa interação.

As maquinações de Margot não eram difíceis de


detectar. Ela alongou o jantar até o ponto em que o
restaurante já estava fechando e o fez para me conhecer
melhor e me fazer passar mais tempo com Johnny.

Dave não interferiu, porque Dave amava tanto aquela


mulher que não somente jogaria seu lenço em uma poça
d’água por ela, não, ele jogaria o corpo inteiro lá por ela.

Dito isso, Dave estava totalmente a bordo com o plano


de me fazer passar tempo com Johnny.

Johnny não resistiu por razões que eu me recusava a


pensar sobre.

Quer dizer, ele não resistiu até ficar claro que Margot
pretendia ficar ali até o dia seguinte se ela conseguisse.

Mas aí eu bocejei.

Eu tentei passar despercebida com isso, mas Johnny


acabou vendo.

Em menos de dois segundos, a noite acabou.


Não, eu me recusava a pensar em suas razões.

Até agora, porque Deanna estava me obrigando a pensar


sobre elas.

— Você precisa pegar esse para si, — Deanna


aconselhou rapidamente.

— Querida... — Eu comecei.

— Boneca, de jeito nenhum eu te mandaria para esse


cara se não acreditasse que ele vale todos os riscos.

— Três semanas atrás, você estava me dizendo para


tomar cuidado e não ir muito longe com Johnny Gamble, —
eu a lembrei.

— Isto foi antes das dez garrafas de vinho e o


comunicado dele sobre fazer sexo com você na parede lateral
do Estrela.

Realmente, foi antes disso tudo.

Ela ainda não terminou.

— E três semanas atrás, Shandra ainda não ligou para


ele, o que o forçou a perceber as coisas que ele tem na vida
agora. Você passou as últimas duas semanas chateada por
algo que nunca aconteceu. Eu acho que, ontem à noite, só
confirmou o fato de que Johnny passou as últimas duas
semanas fazendo o mesmo.

— Eu não posso pensar nisso desse jeito. Nós somos


amigos. Pode ser trabalhoso até chegarmos nesse lugar, mas
nós vamos ser só amigos — eu afirmei. — Ele ouviu sobre
Kent e ficou protetor porque é esse tipo de cara. — Eu parei
de falar e então adicionei:— E eu estava usando um vestido
muito bonito.

— Querida, aquele vestido é lindo, e você fica linda nele,


e Johnny Gamble até poderia querer um pedaço daquilo, mas
se fosse só por isso você sabe que ele não faria nada. Por você
e por sua paz de espírito, para manter as coisas onde
estavam entre vocês dois, ele controlaria isso, colocaria para
longe de sua mente e continuaria com a noite. Talvez, ele não
pensou conscientemente em te deixar saber que queria fazer
sexo com você contra o Estrela, mas acho que ele sabe que
você passou metade do jantar pensando sobre isso.

— Isto não é algo que Johnny faria, ele não é assim. —


Eu disse a ela de forma meio acalorada, esse calor vindo do
instinto de defender Johnny.

— Exatamente. — Ela disse, sabendo de onde aquilo


veio.

Algumas vezes, eu ficava com muita raiva quando


Deanna entendia as coisas direito.

— Meu conselho para você não mudou, — ela anunciou.


— Tome cuidado. Se proteja. Mas mudou de certas formas,
porque eu sei, Izzy. Eu sei quão linda você é. Sei que todos
percebem isso. Não conheço Johnny Gamble bem o bastante,
mas sei que ele não é estúpido. Ele já entendeu o quão
especial você é. Entendeu que você é doce e honesta e
entendeu que é gentil o bastante para compreender a
situação em que ele se encontrava, para terminar as coisas
de um jeito legal, para tentar salvar uma parte do que vocês
dois tiveram. Novamente, eu não conheço Johnny Gamble e
também não sei o que aconteceu entre ele e Shandra. Mas
como qualquer um em Matlock, eu prestei atenção porque era
uma daquelas coisas que não dá para perder.

Ela prestou atenção porque era intrometida.

Eu não a interrompi para dizer isso. Também não tive


uma chance porque ela ainda não tinha terminado.

— E pelo que eu ouvi desse homem, pelo que você me


disse, ele é um cavalheiro. Não iria brincar com você. Ele teve
um jantar com você e com a única família que ele tem só para
começar essa amizade entre vocês. Mas ele nunca, nunca, Iz,
iria confundir as coisas como fez na noite passada. Ele ainda
pode estar afetado, mas não está jogando. O coração dele está
dizendo algo e me parece que ele está escutando.

— Não posso fazer isso. — Sussurrei.

— Então não faça, — ela respondeu. — Se Johnny se


decidir e fizer uma jogada, a única coisa que estou dizendo é,
deixe ele fazer.

Eu decidi não responder a isso.

Mas meu coração estava batendo rápido, aquecendo


meu corpo inteiro.

— Eu amo você, mas preciso parar de pensar sobre isso


e voltar ao trabalho. — Disse a ela.

Ela concordou.

— Te entendo, mas você me entende?

Eu acenei.
Ela me deu um sorriso gentil e se levantou, mas então
colocou uma mão na minha mesa e me encarou com seus
olhos castanhos.

— Só para terminar, eu estava errada sobre outra coisa.


Você tem suas mãos em um desgarrado, querida. Perdido e
sozinho, talvez deixado de lado, definitivamente tratado mal.
E você é Izzy Forrester. Ninguém é melhor do que você para
encontrar um desgarrado e cuidar dele. E também, Scarlet13
queria Ashley. Ele escolheu Melanie. E Melanie era o melhor
personagem naquele livro. Até mesmo Rhett adorava Melanie.
Scarlet ganha toda a atenção porque é uma diva do começo
ao fim. Mas não há nada errado em ser Melanie. Longe disso.
Ela era tão forte quanto Scarlet, mas bem mais quieta, o que
mostra força em si mesma. Johnny não é Ashley, mas acho
que ele também não é nenhum Rhett. Eu acho que Johnny
está se dando conta disso, e também está se dando conta de
que Scarlet não era a pessoa certa para ele. Ele está
pensando só sobre Melanie agora.

— Você precisa parar com isso. — Eu disse a ela


baixinho.

— Então eu vou. — Ela sorriu, se afastando da minha


mesa. — Mas só para dizer, acho que isso tudo vai ser
divertido de assistir. — Ela continuou sorrindo enquanto
acenava com a cabeça. — Não se preocupe, eu ainda vou

13
Referência a personagem principal do livro —E o Vento Levou. — Basicamente, Scarlet é apaixonada
pelo marido de sua prima Melanie, mas ele a rejeita em várias ocasiões e nunca deixa Melanie. Scarlet
acaba casando com Rhett (e outros dois caras durante o livro), mas no fim fica sozinha.
manter um olho em você e estou aqui se você precisar. Mas
isso ainda vai ser divertido de ver.

— Não de onde eu estou vendo. — Murmurei.

— Então, Izzy, comece a prestar atenção.

Com isso, ela saiu do meu escritório.

Então, estupidamente, eu olhei meu telefone, peguei-o e


comecei a procurar.

Fui até as mensagens de Johnny.

Rolei para cima e comecei a ler.

Você também, Johnny mandou, semanas atrás.

Você chegou bem em casa? Johnny enviou essa ontem à


noite.

Sim, Johnny, obrigada. E obrigada pelo jantar. Eu enviei


de volta, porque Johnny e Dave entraram em uma pequena
briguinha sobre quem pagaria o jantar. Foi longe o bastante
que eu peguei minha carteira de dentro da bolsa, eles nem
perceberam que eu fiz isso, me ignorando tão completamente
que só pude colocá-la de volta na bolsa, sem uma segunda
chance para falar.

Esta briga acabou, sem surpresas, quando Margot se


meteu, dizendo:

—Dividam a conta, garotos. Desta forma, Dave, você


está pagando pela minha parte e Johnny paga por Izzy.

Johnny pagou por Izzy.

Eles concordaram imediatamente.


Deus, eu odiava quando Deanna entendia as coisas
direito.

Sem problemas, querida. Você vai ao festival? Johnny


enviou.

Sim. Meu primeiro compromisso como uma moradora de


Matlock. Respondi. E então por causa da noite que tivemos
com a única família que ele tinha, e sem pensar direito sobre
isso, eu adicionei, Apesar de eu já ter ido antes com Deanna e
Charlie.

É muito divertido, mas vá e saia cedo, o pessoal de fora


da cidade vem no fim da tarde e o tráfego fica um horror.

Obrigada pela dica. Você está em casa?

Sim.

Como? Você tinha bem mais para dirigir do que eu.

Eu te segui, Iz. Você precisa de umas lições em como


dirigir com Margot. Dave a chama de AJ Foyt14. Você dirige
como se estivesse na direção de um Buick e acabando de
voltar da celebração de seu aniversário de noventa anos.

Eu ri dessa piada, andando pela minha casa, deixando


os cachorros saírem, checando as gatas, arrumando os
passarinhos para a noite, trocando de roupa para dormir,
com o telefone na mão, e enviando mensagens para Johnny
Gamble.

Não estou surpresa que Margot dirige como um motorista


indiano, disse a ele.

14
Ex-piloto norte americano de corridas de carro.
Você está sendo legal. É mais parecido com uma bola de
demolição. Seu carro passa mais tempo na minha oficina do
que com ela, e não porque ela é cuidadosa com as trocas do
óleo.

Aquilo me fez rir de novo.

Certo, você tem que trabalhar amanhã, então vou te


deixar ir. Os cachorros estão com você? Ele perguntou.

Aquilo fez minha barriga virar do avesso e eu respondi:


Vou buscá-los agora.

Tranque a porta depois que voltar, janelas também,


querida.

Querida.

Eu senti falta disso.

Dois cafés da manhã, dois jantares (agora três) e eu


sentia falta dele.

Muito.

E agora eu estava tendo mais dele.

Muito mais.

E eu estava gostando.

Mais do que devia.

Eu vou, Johnny, respondi. Durma bem.

E ele terminou do jeito que terminou na outra vez.

Mas dessa vez, não parecia um término, de jeito algum.

Você também.
Eu encarei a tela do meu telefone, passando para cima e
para baixo com a ponta do meu dedo, lendo e relendo, tão
perdida naquilo, que deixei um sorriso se espalhar por meu
rosto e quase pulei da cadeira quando o telefone tocou.

A tela mudou da conversa com Johnny, para anunciar


que Johnny estava ligando.

Oh Deus, o que eu fiz?

Minha mente não sabia.

Mas antes de tocar duas vezes, minha mão decidiu e eu


atendi a ligação.

— Hey. — Atendi.

— Hey, tem um segundo? — Ele perguntou.

Eu não tinha, eu mal fiz algum trabalho naquele dia.

— Claro. — Respondi.

— Tenho um amigo que é dono de um cavalo. Ele e a


família estão indo tirar férias e a pessoa que costumava
tomar conta do cavalo para ele está fora da cidade. Ele fica
muito longe da minha casa, cerca de quarenta minutos de
carro, ou eu mesmo olharia para ele. Eu notei que você tem
algumas baias vazias. Me perguntei se você talvez pudesse
cuidar dele. Você não vai ter nenhum trabalho adicional, Iz.
Eu vou lá e cuido dele.

Eu me sentei, encarando todo o trabalho em minha


mesa, que deveria estar fazendo, mas não estava porque
estava falando com Johnny e eu fiz isso pensando em
Johnny, vindo a minha casa todo dia para cuidar do cavalo.
Este foi um bom pensamento.

— Então? — Ele perguntou quando eu não falei nada. —


Serengeti pode se familiarizar com mais uma companhia?

— Eu... bem, eu tenho que cuidar de Serengeti e


Amaretto de qualquer forma, então você não precisa vir...

— Enquanto Mist estiver lá, eu tomo conta de Serengeti


e Amaretto também.

Ele tomaria conta dos meus cavalos também.

— Johnny...

— Você o ajudaria. Ele está sem solução. Qualquer um


que ele encontra está cobrando o olho da cara. Ele te pagaria,
traria o próprio feno, para ter certeza que você tem forragem e
tempo de sobra. Mas eu lido com o resto.

Minha boca falou por minha mente.

— Acho que não há nenhum problema nisso.

— Fantástico, spätzchen, vou contar para ele.

— Spätzchen?

— O que?

— Você me chamou de spätzchen.

Johnny não respondeu nada.

Meu coração bateu mais rápido.

O que quer que aquilo fosse, ele a chamava assim


também.
— Ok, tanto faz, só me deixe saber quando... — Eu
comecei.

— Meu avô chamava minha avó assim. Ema era alemã.


Ele a conheceu lá, quando estava servindo no exército. Casou
com ela lá.

— Isto é muito doce. — Me forcei a dizer.

— Ela tinha um apelido para mim também. Ela me


chamava de häschen, — ele continuou falando.

— Isto é... Doce? — Era uma questão dessa vez porque


eu não sabia o que aquilo significava.

Ele gargalhou.

— Significa pequena lebre. Ela chamava meu irmão de


mäuschen. Isto quer dizer pequeno rato.

— Sim, doce. — Eu murmurei.

— Spätzchen, significa pequeno pardal e não, eu nunca


a chamei assim, — ele afirmou sem rodeios, lendo meus
pensamentos e minha respiração ficou presa. — Iz? — Ele
chamou enquanto eu me concentrava em respirar.

— Eu estou aqui.

— Eu não faria isso com ela. — Ele disse.

É claro que não.

— Certo. — Eu sussurrei.

— Mais importante, eu não faria isso com você.

Minha respiração ficou presa de novo.

Mais importante?
— Nós estamos claros nisso? — Ele quis saber, soando
irritado.

— Você está com raiva? — Eu perguntei.

— Eu não faria isso com você.

— Ok. — Eu disse suavemente, me dando conta que ele


realmente não faria aquilo.

— Eu não a chamava de nada que herdei de minha avó.

— Ok, Johnny.

— Nós esclarecemos isso? — Ele repetiu, definitivamente


querendo ter certeza.

— Nós esclarecemos isso. — Disse a ele.

— Então, isso não vai acontecer de novo. — Ele


declarou.

— Como?

— Esse tipo de merda não vai tomar conta de seus


pensamentos.

— Johnny, eu não acho que...

— Diga, querida. Deixe essa merda ir embora. — Ele


falou gentilmente, definitivamente querendo que eu fizesse
aquilo.

— Não vai entrar na minha cabeça. — Eu sussurrei.

— Bom. — Ele afirmou. — Eu vou falar com meu colega,


te ligo para falar sobre Mist.

— Ok.
— Se divirta no festival. — Ele disse.

— Você, hum... vai?

— Eu sempre passo por lá. A oficina patrocina uma


barraca que arrecada fundos para a Pop Warner15. Eu acho
que esse ano é uma barraca de cachorro quente. Ou
costelinhas. Ou algo assim. Meu Administrador cuida disso,
mas eu tenho que fazer uma aparição.

Isto foi tudo que ele disse. Não que ele me encontraria
lá. Não que a gente poderia se encontrar e passar um tempo
lá, quem sabe depois ir para o Home e passar um tempo lá, e
depois talvez, ir para minha casa, ou a dele, e fodermos um
ao outro até desmaiarmos.

Então, ele me chamar por um apelido que ele aprendeu


com sua avó, e que Shandra não recebeu, talvez não fosse o
que parecia ser, especialmente para Deanna, se ela soubesse
sobre isso (o que ela não iria, eu estava aprendendo).

E de qualquer forma, acabei de prometer que não


deixaria isso mexer com minha cabeça.

Não era meu lugar para me meter.

Eles eram o que eram e iria ser o que quer que se


tornassem.

E nós éramos o que éramos e iríamos ser o que quer que


nos tornássemos.

E Johnny, claramente, não pretendia que as duas coisas


colidissem.
15
Organização sem fins lucrativos que treina crianças e adolescentes em futebol americano. Foi
nomeada em homenagem ao jogador Pop Warner.
— Oh, Ok. — Eu respondi.

— Tenha um bom dia de trabalho e falarei com você


depois.

— Você também, Johnny.

— Até mais, querida.

— Tchau, Johnny.

Nós desligamos. Nossos textos voltaram a aparecer na


tela. E eu encarei a tela, confusa com tudo o que acabou de
acontecer.

Deanna resolveria tudo.

Mas eu não contaria aquilo para ela.

Também não seguiria o conselho dela, apesar de que


parte dele eu iria.

Eu não prestaria atenção. Não ficaria analisando as


coisas para ver se Johnny tentaria alguma jogada, e então
deixá-lo fazer, possivelmente alimentando esperanças, só
para vê-las serem esmagadas.

O que eu faria era ser cuidadosa, cuidar de mim mesma


e fazer o que eu disse que faria, semanas atrás, quando tudo
isso começou.

Eu só deixaria acontecer.
Enquanto eu dirigia para casa naquela noite, encarei o
Ford Focus Amarelo estacionado em frente à minha casa,
meu coração começando a pulsar em uma batida desregrada.

Os cachorros estavam fora da casa e saíram de perto


quando comecei a estacionar, mas voltaram para perto de
mim quando saí do carro.

Eu amava meus bebês.

Mas só dei alguns carinhos rápidos para eles, antes de


correr em direção a porta da frente, a tela estava fechada,
mas a porta, aberta.

Eu, Swirl e Dempsey mal demos dois passos dentro da


casa antes de eu gritar.

— Addie!

Minha irmã apareceu no hall, vindo da cozinha, meu


sobrinho em seu quadril.

— Jesus amado, quanto drama. — Ela falou.

Eu corri pelo hall e coloquei meus braços em volta dela e


de Brooks.

Ela só estava com um braço livre, mas o enlaçou em


volta de mim e me segurou apertado.

Brooks começou a puxar meu cabelo.

Eu me afastei só um pouco, sem soltá-la e falei feliz:

— Não acredito que vocês estão aqui!

— Bem, nós estamos, em carne e osso. — Ela disse.


Sorri para ela, virei para Brooks e dei um beijo molhado
em seu pescoço. Ele virou a cabeça em minha direção e
gargalhou. Voltei meu olhar para Addie.

— Onde Perry está? — Perguntei por meu cunhado.

O rosto dela se fechou.

Oh não.

O entusiasmo da visita dela começou a se dissipar.

— O que aconteceu? — Perguntei gentilmente.

— Nada. — Ela respondeu, se separando de mim, mas


colocando Brooks em meus braços antes de voltar para a
cozinha. — Brooklyn e eu só precisávamos de umas férias.
Nós não podemos pagar um hotel cinco estrelas, então viemos
para o segundo melhor lugar. — Ela parou na ilha da minha
cozinha e se virou para mim. — Aqui.

— E Perry não pode vir para essas férias? — Perguntei.

Ela levantou um ombro.

Brooks começou a atacar meu colar.

Virei minha atenção para ele, levando uma mão para


cuidadosamente tirar a sua de lá.

— Não, bebê. Isto é delicado e era da vovó. — Sussurrei.

Ele olhou para meu rosto como se entendesse tudo,


então começou a gargalhar tanto, que seu corpinho roliço se
remexeu em meus braços, mas sua atenção foi para o chão
quando Swirl apareceu por ali.

Brooks guinchou e tentou alcançar meu cachorro.


— O frango está marinando. — Addie declarou e eu olhei
para ela. —Vou fazer meu famoso frango à parmegiana.

— É o meu famoso frango à parmegiana. — Corrigi.

— Mesmo que alguém roube algo, agora que eles a tem,


então é dele. — Ela respondeu.

— Mas eu ainda tenho, então é minha receita.

— Nós podemos compartilhar. — Ela disse de volta.

Eu não queria falar sobre frango à parmegiana.

Eu queria falar sobre o porquê minha irmã e seu filho


estavam em minha casa sem avisar, e sem Perry.

— Addie... — Eu comecei.

— Coloque ele no chão. Os cachorros o amam e ele gosta


deles também. Ele vai ficar bem. — Ela ordenou, se movendo
em direção a geladeira.

— Addie... — Tentei de novo.

— E vá se trocar. Eu trouxe duas garrafas de tequila e o


mixer para fazer minhas famosas margaritas, e essa é minha
receita, mesmo que você tenha roubado e não tente
desmentir.

Ela estava certa. Aquela era dela, e eu roubei, as


margaritas dela eram maravilhosas.

— Nós vamos comer, colocar Brooks para dormir e


encher a cara. — Ela terminou.

Eu decidi voltar ao assunto de Perry depois que ela


tivesse uma margarita ou duas.
— É o festival de comida em homenagem ao Memorial
Day aqui em Matlock, amanhã. — Compartilhei.

Ela sorriu em minha direção.

Um sorriso que não era o seu usual diabinha Adeline


Forrester.

— Maravilha. — Ela declarou.

— Acho que você vai querer ir. — Disse-lhe enquanto me


abaixava para pôr Brooks no chão.

Dempsey se moveu para perto dele instantaneamente,


com Swirl logo atrás.

— Sol, quantidade inimaginável de comida, meu bebê e


minha irmã? Cristo, é claro que quero ir.

— Ótimo boneca. — Murmurei. Mais alto disse: — Vou


me trocar e já volto.

— Certo.

— Você trouxe suas coisas para dentro?

— Já estamos arrumados. — Ela respondeu, quebrando


ovos em uma tigela.

— Ok. Vou cuidar das margaritas quando voltar.

— Combinado.

Eu saí da cozinha e estava tirando minha bolsa do


ombro e colocando na mesa do hall, quando meu telefone
tocou.

Eu puxei meu telefone de lá e vi que era Johnny ligando.


Eu deixei tocar mais de uma vez, porque não queria que
Addie me escutasse.

Ela me contaria sobre Perry, eu a faria contar.

Eu não contaria sobre Johnny. Se ela soubesse sobre


Johnny, drogaria minha margarita, me levaria para o moinho
e me colocaria na cama dele.

— Hey. — Eu respondi, na metade das escadas.

— Você está dirigindo? — Perguntou.

— Não, eu estou em casa e minha irmã está aqui. Visita


surpresa.

— Ela trouxe Brooks?

Ele perguntou sobre Brooks como se o conhecesse e


tivesse ajudado a criá-lo.

— Sim.

— Bom para você, querida. — Ele murmurou.

— Sim. — Concordei, e realmente era bom. Eu amava


minha irmã. Odiava que ela vivesse tão longe. O que não
amava era saber que algo estava acontecendo. Algo que ela
não queria me contar.

— Eu não vou tomar muito o seu tempo então. — Ele


disse enquanto eu entrava em meu quarto. — Falei com Ben.
Eles vão viajar sábado que vem. Eu vou pegar Mist e levá-lo
para você nesse dia, se estiver tudo bem para você.

— Tudo certo por mim. — Respondi distraidamente,


tirando meus saltos.
— Tem certeza? — Johnny perguntou.

— É claro. — Respondi.

— Vou trazer feno e as outras coisas da casa dele, e ele


deve voltar no próximo sábado.

Eu coloquei meu telefone na curva do meu ombro com o


pescoço, para poder abrir o cinto em minha calça.

— Está tudo certo Johnny. Serengeti e Amaretto


costumavam ficar em um lugar com vários outros cavalos
antes de nos mudarmos para cá. Eles gostam de companhia.

— Fantástico, gatinha. Agora, vou te deixar voltar para


sua irmã.

Com meu cinto aberto. Tirei minhas calças. Sentei na


cama e despejei,

— O marido dela não está aqui.

— Repita isso? — Johnny demandou.

— Perry. O marido dela, de quem eu quero gostar, de


quem tentei gostar, mas não consigo gostar porque ele é um
perdedor, não está aqui. Ela está aqui. E Perry não está. Ela
não está me dizendo o porquê. Está me escondendo alguma
coisa.

— Merda. — Ele murmurou.

— Pois é. — Concordei.

— Que tipo de perdedor esse cara é? — Perguntou.


— Ele não consegue se manter em um emprego porque
colocou na cabeça de que é o próximo Chris Robinson16, e
tem que ficar disponível para os shows que vão aparecer, mas
que nunca aparecem porque nem em uma banda ele está
mais. Mas ele está bem se estiver olhando TV, bebendo
cerveja e saindo com seus amigos enquanto ela segura as
pontas e faz horas extras. Eles tiveram Brooks, e para Perry
foi como dar a ele algo para brincar. Nada da
responsabilidade de criar uma criança e tudo o que vem com
isso como trocar fraldas, levantar no meio da noite, cuidar
dele porque ele não consegue se defender sozinho, e talvez,
oh eu não sei... contribuir nas despesas para manter a casa
em pé.

— Merda. — Johnny repetiu em um murmúrio.

— Pois é. — Repeti minha concordância.

— Onde você está? — Ele perguntou, estranhamente.

— Em casa.

— Não, spätzchen. — Ele disse baixinho e com humor.


— Onde você está que ela não consegue te ouvir?

— Eu estou em meu quarto. Ela está na cozinha.

— Então você pode falar sem ela te ouvir?

— Sim, Johnny.

— Ela precisa largar esse cara.

16
Vocalista da banda The Black Crowes.
Eu pisquei em direção aos meus pés descalços por conta
de seu decreto franco e inflexível, depois de tão pouca
informação que compartilhei sobre Perry.

— Ele é o marido dela e o pai de seu bebê. — Eu o


lembrei.

— Não dou a mínima. Ela está aí, isso é bom. Algo está
errado na casa dela, ela está no melhor lugar em que poderia
estar. Com sua irmã. Com sua família. Com alguém que vai
tomar conta dela, olhar por ela e tudo mais. Tem uma escala
de babacas até completos merdas. Assassinos e estupradores
estão no topo da escala. Mas homens que não tomam conta
de sua esposa e filhos não estão no fim da escala. Eles estão
no topo. Ela precisa se livrar dele, e desde que você vai cuidar
dela, precisa guiá-la para isso.

— Ela o ama. — Compartilhei.

— Amor não é tudo. Quando se trata desse tipo de coisa,


amor não significa nada. Eu consigo entender aquelas
pessoas que ficam juntas porque amam seus filhos e querem
trabalhar para dar um bom lar a eles. Eu não consigo
entender pessoas que ficam com alguém que não serve para
nada só porque amam.

— Isto faz sentido. — Murmurei, mesmo que toda essa


declaração dele sobre "amor não é tudo" fosse um pouco
alarmante.

— Izzy, gatinha, há caras bons por aí. Ela se livra desse


e vai encontrar um dos bons.

— Minha mãe não encontrou. — Disse a ele.


— Minha mãe deixou meu pai, ele nunca encontrou
outra pessoa também. Mas ele se divertiu tentando. E ela deu
a ele duas coisas que significaram tudo para ele. Seus filhos.
Então sua irmã, ela vai ficar bem. Ela tem você e o filho, o
que quer que venha depois disso, vai vir. Nós todos temos que
nos alegrar com o que temos e agradecer se a vida nos der
mais ou melhor ainda. Ela tem mais, tem seu filho, então ela
tem o melhor.

Eu queria saber sobre sua mãe. Eu queria saber sobre


seu pai. Eu queria saber sobre seu irmão. Eu queria saber, o
porquê de parecer que ele tinha todo o tempo do mundo para
dar conselhos e escutar sobre os problemas da minha irmã
que nem sequer a conhecia.

E queria dizer-lhe o quanto significava para mim, que


ele tivesse escutado e dado conselhos, mas também que ele
era o tipo de homem que iria dizer os tipos de coisa que
estava dizendo.

Mas sendo cuidadosa e cuidando de mim, eu não diria


nada daquilo.

— Nós vamos ter uma noite de margaritas, então talvez


eu consiga arrancar algo dela e dar seus conselhos honestos.
— Disse.

— Minha experiência com você me diz que noites de


margaritas levam a boas coisas, então estou torcendo por
você, gatinha.

Eu novamente encarei meus pés, enquanto essas


palavras em particular faziam os meus dedos se enrolarem.
— Agora vou te deixar com sua irmã. Se cuida, Iz.

— Você também, Johnny. Tchau.

— Até mais, spätzchen. — Ele murmurou e então


desligou.

Foi então que eu percebi que ele não disse ‘tchau’, ele
disse ‘até mais’ e isso era uma versão de ‘tchau’, mas também
poderia significar algo completamente diferente.

Depois de perceber isso, eu vi que estava prestando


atenção e desmembrando tudo o que Johnny me disse, ao
invés de só deixar o que estávamos nos tornando, acontecer.

De qualquer forma, eu tinha que mudar de roupa e ir


até minha irmã. Ela não vivia por perto, então eu não tinha
contato o bastante com ela.

E ela não estava falando, mas eu sabia que minha irmã


precisava de mim.
Um Reencontro

Izzy
— Vamos encontrar um pedaço de grama, marcar e
então podemos voltar e começar a comprar coisas. — Sugeri
para Addie, enquanto andávamos pelo festival de Matlock
naquela manhã.

Ela estava empurrando Brooks em seu carrinho e


fizemos intermináveis voltas para olhar todas as tendas e
carrinhos.

O festival desse ano era maior do que o outro em que eu


estive, barraquinhas enfileiradas sem fim e uma das ruas foi
fechada para que os food Truck’s pudessem se estabelecer.

Havia incontáveis escolhas de comida, mas também


havia vendedores de outras coisas, sem mencionar as
pinturas faciais, tranças no cabelo, venda de balões em
formato de animais, entre outros.

O lugar ainda não estava lotado, mas tinha muitos


visitantes felizes.

Mas eu estava no inferno.


Meu inferno era composto por três razões. Ter bebido
margaritas demais na noite anterior. Ter ficado acordada até
as quatro da madrugada, falando com minha irmã. E o fato
de que ela evitou falar qualquer coisa sobre Perry, mas
percebi que ela encheu o porta malas e o banco de trás
inteiro de seu carro, principalmente com coisas do Brooks, e
trouxe tudo para minha casa.

Eu não tinha um bebê, mas eu sabia que quando você


tem um, não há a opção de viajar com poucas coisas.

Mas ela também não precisava trazer tudo aquilo só


para passar alguns dias com sua irmã.

Ela trouxe um berço portátil, uma cadeirinha alta para


alimentá-lo, uma pilha das roupas dele (e dela também),
várias bolsas com fraldas, lencinhos e tudo mais, o que
parecia ser todos os seus brinquedos e comida suficiente para
um mês.

Então, enquanto perambulávamos, eu estava cansada,


de ressaca e muito preocupada, e para pôr no topo daquilo
tudo, o sol estava brilhando forte. Aquele dia era o mais
quente do ano, até agora, e eu me senti com vontade de
deitar na grama para uma soneca ou sacudir minha irmã e
obrigá-la a me dizer o que estava acontecendo.

Mas eu conhecia minha irmã. Ela não era de segurar


coisas para sempre, ela falaria quando fosse a hora certa. Eu
só tinha que esperar.

Eu não gostava disso, mas era minha única escolha.


— Que tal por aqui? — Perguntei, apontando para um
pedaço de grama sombreado por uma grande árvore, as áreas
em volta sendo tomadas rapidamente por outros
frequentadores do festival.

—Por mim tudo bem. — Addie respondeu, parecendo


descansada e alerta, algo que eu achava irritante, mas então,
ela era uma mãe e garçonete em restaurante noturno. Ela
estava acostumada a ficar acordada até tarde e a perdas de
sono.

Eu larguei nossa cesta de piquenique que tinha


guardanapos, copos de plástico, garfos de verdade, colheres,
facas, lenços umedecidos, comidinhas para Brooks e um
frasco de protetor solar. Coloquei o cobertor na grama,
desdobrei e o arrumei no lugar.

— Não acredito que você tem uma cesta de piquenique


dessas. — Addie falou.

Eu olhei para minha cesta de portas duplas, rosa e com


forro de pano branco e então olhei para minha irmã.

— Eu comprei em uma venda de garagem por trinta e


cinco centavos. Estava suja, mas em perfeitas condições.
Exceto o forro, que eu tive que substituir e esse material eu
comprei em uma venda de quintal por cinco centavos.

Ela se ajoelhou no cobertor e se virou para um Brooks


dorminhoco em seu carrinho, dizendo:

— Essa é minha Iz. Se há um acordo ou barganha, ela


acharia.
Eu não disse nada porque considerava aquilo um elogio
e tanto.

Addie olhou para mim.

— Exceto por comida para cachorros, gatos e


passarinhos, você já pagou o preço normal por qualquer
coisa?

— Não. — Respondi, e não tinha problema algum com


aquilo.

— Certo. — Ela murmurou, virando-se para Brooks e


tirando-o de seu carrinho, ainda falando: — Eu culpo nosso
pai por muitas coisas e essa é uma delas.

— Como? — Perguntei.

Ela colocou Brooks no cobertor e imediatamente, mas


sonolento, ele veio em minha direção, então me ajoelhei para
quando ele me alcançasse.

— Você sempre quis coisas. Isto é quem você é, e tudo


bem porque a maioria das pessoas é assim. Nossa mãe queria
paz na terra e uma manicure no fim de semana. Eu queria
ele. — Ela mencionou em direção a Brooks. — E mais como
ele. Você queria coisas.

— Eu não queria coisas. — Disse, me sentindo atacada.

— Você gosta de roupas, e sapatos, bolsas e aquelas


coisas de cabelo e seu espaço do jeito que é. Mamãe
comprava aquelas taças de plástico para você em um
aniversário e eu juro, por meses, você só bebia naquelas
coisas.
—Eu era uma garotinha e aquilo era chique. —
Expliquei.

Seus olhos me encararam.

— Nós temos o direito de possuir coisas e não só


merecê-las, trabalhar por elas, lutar por elas, mas ter alguém
que de vez em quando nos dê algo porque eles nos amam e
querem que a gente tenha o que deseja.

Eu fiquei em silêncio e segurei seu olhar, deixando-a


desabafar.

Ela então falou mais.

— Nossa mãe teria laçado a lua e nos dado se estivesse


no poder dela, e nós queríamos isso. Não me surpreende que
ela morreu tão jovem. Eu penso muito nisso, todo dia, e eu
acho que o câncer que ela tinha era o papai e esteve sempre
lá, mesmo antes de encontrarem, comendo-a viva a cada vez
que ela não podia comprar algo para nós. Toda vez que
tínhamos que ficar sem algo que queríamos, para ela poder
comprar o que precisávamos, não o que queríamos, o
necessário. Ela tinha que aguentar tanto daquilo, não é uma
surpresa que isso a queimou, a desvaneceu.

—Não pense nisso assim. — Sussurrei, levantando


Brooks e o segurando apertado, mas sem tirar os olhos dela.

Ela olhou para Brooks em meus braços antes de olhar


para longe e declarar: — Vou comprar um souvlaki17.

— Vou com você.


17
Comida de origem grega, geralmente servida em barraquinhas, consiste em um espetinho com
pequenos pedaços de carne e vegetais.
Ela virou para mim. — Você fica, guarde nosso lugar.

— A barraquinha grega não fica na África. Estaremos


aqui por muito tempo. Nossas coisas estarão bem aqui.

— Iz, odeio ter que ser a pessoa a explicar isso a você. —


Ela disse, mexendo um braço. — Mas coisas ruins, realmente
ruins, acontecem. Mesmo aqui em Mayberry18.

Eu não pensava em Matlock como Mayberry.

Com o gazebo na esquina, as lojas bonitinhas e os


prédios bem cuidados em volta, eu pensava que parecia mais
com Stars Hollow19.

— Ninguém vai roubar uma cesta de piquenique velha.


— Disse a ela.

— As pessoas são capazes de qualquer coisa. Eles não


sabem que você a limpou e arrumou, e se você tivesse que
substituir por uma nova não conseguiria, porque você tem
cavalos para alimentar. Eles só querem porque querem e eles
não vão pensar por um segundo que significa algo mais para
outra pessoa, e que não é deles para ter em primeiro lugar.

— Addie...

— E de qualquer forma, eu o amo mais do que minha


vida, mas não seria ruim fazer uma caminhada no sol e
comer um souvlaki sem ter que empurrar o meu menino.

Eu sabia que ela tinha muito pouco disso. Ela tinha


uma vizinha que possuía uma pequena creche na vizinhança

18
É uma comunidade fictícia que foi cenário de duas comédias de TV americanas populares, onde não
tem nada.
19
Cidade fictícia do seriado Gilmore girls.
e que amava Addie e Brooks, então ela cuidava dele porque
Perry não poderia se importar menos. Mesmo quando ele não
estava trabalhando.

Mas se Addie não estivesse trabalhando, tudo que


englobava cuidar no meu sobrinho, sobrava para ela.

Eu segurei seu menino mais perto de mim.

— Brooks e eu vamos ficar aqui.

—Essa é minha Izzy. — Ela murmurou, novamente


olhando em meus olhos. — Se o que aconteceu com a mãe
acontecesse com você, em segundos você se perderia, incapaz
de dar às pessoas que você ama tudo o que elas querem.

— Addie. — Eu sussurrei.

Ela ficou em pé.

— Voltarei logo.

Eu descansei em meus joelhos e a assisti ir embora,


vendo-a desaparecer na multidão que crescia cada vez mais.

Ela estava em minha mente e todas as coisas que ela


disse. Eu também tinha um Brooks dorminhoco em meus
braços. Era hora da soneca para garotos pequenos, e Brooks
dorminhoco me lembrou o quanto eu precisava de uma
soneca.

Com tudo isso, no começo eu não notei.

Mas então eu o fiz.

As pessoas estavam me olhando e quando eu olhava em


seus olhos, eles não desviavam.
Alguns sorriam. Alguns levantavam o queixo. Uma
mulher até acenou. Então eu tentei acenar de volta.

Eu pensaria que isso era amigável, mas eles não


estavam fazendo com as outras pessoas.

Era só eu.

Era por causa de Francine.

E era por causa dela, por conta do que ela viu no


Estrela, entre mim e Johnny.

Merda.

Eu caí sentada e curvei minhas pernas, embalando e


acarinhando Brooks em meus braços, tentando ignorar a
atenção que eu estava recebendo.

— Ok, bem. — Comecei a falar para meu sobrinho,


enquanto o embalava. — A boa notícia é que parece que eu
tenho a aprovação da cidade no que diz respeito a Johnny. A
má notícia, é que parece que a cidade acha que há algo para
aprovar.

Os olhos de Brooks estavam fechando, mas essa não foi


a única razão pela qual ele não respondeu.

O sol tocou o nosso cobertor, a grande árvore atrás de


nós oferecendo sombra e friozinho, que não era encontrado
nos caminhos com sol. Eu decidi colocar Brooks no cobertor
para ele poder se aconchegar melhor.

Eu também decidi ter um pouco de descanso eu mesma.


Eu não menti, o souvlaki não era na África e Addie não
demoraria.
Então coloquei Brooks de barriga para baixo no
cobertor. Tomei cuidado para arranjar a saia do meu vestido
de verão preto com flores vermelhas, laranjas e amarelas,
mangas curtas e colarinho em V (então, Okay, a possibilidade
de encontrar Johnny passou pela minha mente enquanto eu
me vestia, me processe). Eu curvei minhas pernas em minhas
botas de caubói empoeiradas e segurei Brooks perto. Nesta
posição, vi meu sobrinho cair no sono.

Eu pensei em tirar uma soneca, Brooks estava dormindo


e Addie voltaria logo.

E não continuei a pensar sobre isso, porque caí no sono,


mas esse foi o último pensamento que tive antes de apagar.

Eu acordei praticamente na mesma posição.

Mas com diferenças profundas.

Abri meus olhos e vi o corpinho de Brooks deitado em


cima de uma camiseta amarelo ouro. Essa camiseta, era no
que a minha cabeça estava deitada também. Embaixo da
camiseta, eu senti tudo forte e suave. E mais para baixo,
havia um pedaço da camiseta coberto com meu braço. Mais
para baixo ainda, havia uma calça Jeans masculina muito
desbotada, com um corpo masculino dentro dela, uma perna
dobrada e a outra reta, com uma das minhas ali no meio.

O que aconteceu?

Para poder suportar meu peso, tirei meu braço de onde


estava, preso entre mim e um calor sólido e virei minha
cabeça para olhar direto nos lindos olhos escuros de Johnny
Gamble. Olhos que estavam sombreados por um boné velho
de basebol.

Brooks estava morto para o mundo, com sua cabeça


enfiada na curva do pescoço de Johnny, no lado oposto de
onde minha cabeça estava, com minha cabeça sendo
suportada pelo seu braço.

Nunca....

Nunca....

Nunca....

Ele foi tão lindo como agora.

— Hey. — Ele sussurrou.

— O que está acontecendo? — Perguntei.

— Você estava dormindo. — Ele começou.

Pisquei em sua direção.

— Ele estava dormindo também, mas ele é um fujão. —


Ele me disse, gentilmente arrumando Brooks que nem mexeu
um cílio. — Mantive meus olhos em vocês dois, ele saiu
debaixo de seu braço, você não sentiu. Então pensei que seria
melhor me mover para cá e garantir que tudo estava certo.
— Então você deitou em meu cobertor e me abraçou? —
Perguntei.

— Não, eu sentei em seu cobertor, até que você me


abraçou. Aí eu deitei. — Ele respondeu.

Oh cara.

Ele estava perto, muito perto, meu corpo ainda


pressionado em seu lado, meu braço ainda enrolado em volta
de seu estômago, minhas pernas ainda enroladas nas dele e
subitamente, eu perdi contato com a conversa.

— Você fica muito bonito com esse boné de basebol. —


Eu disse a ele, o que provocou seu sorriso.

— E você fica muito bonita nesse vestido, spätzchen.


Mas só para dizer, você fica bem melhor nesse vestido do que
eu nesse boné.

— Não tenho certeza se isso é verdade. — Respondi.

— Eu tenho. — Ele retornou.

E então veio o arrepio pela minha espinha.

— Noite de margaritas saiu do controle. — Compartilhei


e ganhei um sorriso pelo meio de sua barba.

— Isto tende a acontecer com você.

Isto também ganhou um arrepio, e não na minha


espinha.

— Eu precisava de uma soneca. — Me defendi.


— Eu meio que notei que você gosta de voltar para cama
depois que você faz certas coisas nela após algumas
margaritas.

Aquilo ganhou uma tremedeira.

Johnny sentiu e se compadeceu de mim, gentilmente


acariciando Brooks.

— Ele é fofo. — Ele notou.

Movi minha atenção para meu sobrinho, tirei meu braço


de sua cintura, coloquei minha mão em Brooks e sussurrei:

— Ele é o mundo todo.

Uma mudança se sentiu em Johnny. Eu sabia porque a


senti, desde que não estava olhando para ele.

Então eu vi quando voltei meus olhos para ele e o


mundo todo virou outra coisa, e aquela coisa começava e
terminava nos olhos escuros de Johnny Gamble.

— Você quer um desses? — Ele sussurrou.

— Sim. — Eu sussurrei de volta imediatamente.

— Quantos? — Perguntou, ainda sussurrando.

— Quinze, mas vou me contentar com um se ele for


saudável e feliz.

Seus olhos se aqueceram de forma diferente.

— Quinze é uma quantidade difícil de realizar,


spätzchen.

— Por isso eu seria feliz com um só.


Seus olhos baixaram para minha boca e sua voz se
tornou gutural.

— Porra, eu quero beijar você.

Alguma sanidade retornou e eu comecei a me afastar,


mas sua mão veio de debaixo de sua cabeça, para que ele
pudesse me amarrar em seu braço e me manter ali.

— Johnny. — Eu disse.

— Nós precisamos conversar. — Ele declarou.

— Eu não tenho certeza...

— Isto é o porquê de precisarmos conversar. Vai me dar


tempo de te fazer ter certeza.

Oh cara!

— Johnny...

— Depois que sua irmã for embora.

— Jo...

Eu parei daquela vez porque ele mencionou Addie.

— Mas eu gostaria de conhecê-la enquanto ela está


aqui. — Ele continuou.

Eu não estava escutando.

Minha cabeça olhou em volta e percebi que o festival


cresceu bastante durante a minha soneca. E também notei
que eu – eu e Johnny agora – ainda estávamos recebendo
muita atenção.

O que eu não notei foi minha irmã em lugar algum.


Eu sentei rapidamente enquanto o pânico me tomava.

Johnny sentou também, segurando Brooks apertado em


seu peito.

— Iz?

—Addie. — Eu sussurrei.

— Izzy. — Ele falou, obviamente sentido a mudança em


meu humor e meus olhos foram para os dele.

— Por quanto tempo eu dormi? — Perguntei.

— Eu não sei. — Ele respondeu.

— Há quanto tempo você está aqui?

— Te olhei por cerca de cinco minutos. Estive com você


e Brooks por quinze, talvez trinta.

— Eu já estava dormindo quando você me viu pela


primeira vez?

— Sim.

— O cara do souvlaki não fica tão longe assim.

— Como?

Eu me apoiei nele, levantando uma mão para pressionar


seu peito, as pontas dos meus dedos na base de sua
garganta, e disse:

— Addie. Ela foi comprar souvlaki. E disse que já


voltaria. Talvez levasse quinze minutos para conseguir
souvlaki, mas não leva tanto tempo assim.

— Talvez ela esteja passeando. — Johnny sugeriu.


— Ela estava de mau humor quando saiu. Não brava,
só... O que quer que esteja acontecendo, acho que a atingiu.

— Ligue para ela. — Johnny ordenou.

Essa era uma boa ideia.

Eu me virei para a cesta de piquenique, que era onde


meu telefone estava, esse movimento exigiu que eu tirasse
minhas pernas de perto das de Johnny. Eu procurei por ele.
Olhei para Johnny e ele segurou meus olhos e meu sobrinho
enquanto eu ligava para minha irmã.

Ela não atendeu.

— Onde você está? — Eu disse no correio de voz. — Me


ligue.

Então desliguei, quebrei o contato para olhar para meu


telefone e mandar uma mensagem.

— Sem resposta? — Johnny perguntou.

Eu balancei minha cabeça e mandei uma mensagem.

Quando o olhei, ele disse:

— Mostre-me uma foto dela, me dê seu telefone. Você


cuida desse carinha enquanto vou procurar por ela.

— Você faria isso? — Perguntei.

— Porra, claro. — Ele respondeu.

— Ok, eu vou... Ok. — Eu murmurei, a cabeça virada


para meu telefone de novo, tentando encontrar uma foto de
Addie. Eu virei a foto que achei para ele e disse: — Essa é ela.
— Quase tão bonita quanto você. — Ele murmurou,
pegando o telefone e se movendo como se fosse entregar
Brooks para mim, mas eu não fui para Brooks.

Eu estava tão aliviada que Johnny estava lá e que eu


poderia ficar no cobertor e esperar por Addie, que ele
procuraria por ela, que nem pensei.

Eu só fiz.

E o que fiz foi me inclinar e pressionar meus lábios


contra os dele, forte.

Eu o fiz segurando apertado o lado de seu pescoço e


quando terminei, tirei minha mão dali.

— Obrigada. — Disse com sentimento, dando um aperto


em sua nuca.

— Bem, Mayberry parece ter um bom efeito em minha


irmã. Eu fui buscar um souvlaki e ela buscou um gostosão
para si.

Virei minha cabeça, minha mão em Johnny ficando ali,


vi minha irmã com um folheto em mãos, um copo gigantesco
com um canudo na outra, parada na ponta do cobertor.

— Onde você se meteu? — Eu perguntei, finalmente


deixando minha mão cair do pescoço de Johnny.

Eu posso ter feito isso, mas ele colocou um braço em


volta do meu quadril.

Addie não perdeu aquele movimento.

Ela também ignorou minha pergunta, desviando sua


atenção para seu filho e então de volta para mim.
— Ele ficou bem?

— Onde você estava? — Repeti, meu pânico se


dissipando e meu foco voltando.

E o que eu estava focando era que seu cabelo estava em


um rabo de cavalo quando ela saiu, mas agora estava tão
desarrumado que nem parecia mais um rabo de cavalo,
conhecendo-a com conhecia, eu já sabia a verdade.

Ela não queria provar o souvlaki.

Quando passamos pela tenda grega pela primeira vez,


ela olhou para o homem atrás do balcão e ele olhou para ela.

Ela foi provar o grego na tenda do souvlaki.

Ela sempre foi selvagem, mas nunca traiu Perry. Eu


sabia. Ela o amava, o adorava, contra todos os meus
conselhos, casou-se com ele. E Addie me contava tudo
(eventualmente). Se ela alguma vez o traísse (o que não faria,
não simplesmente porque não tinha tempo), teria me
contado.

A menos que houvesse uma razão para trair e que a


traição tivesse ocorrido momentos antes e ela ainda não
tivesse uma chance de me contar.

— Addie. — Eu falei.

Ela se ajoelhou, colocou sua bebida na grama, caiu


sentada e olhou para o garfo de plástico na bandeja dela, mas
não comeu.

Ela olhou para Johnny.

— E você é? — Perguntou.
— Johnny Gamble. — Ele falou.

— Eu achei que você responderia Super Gostosão, mas


isso funciona também. — Ela falou, finalmente comendo sua
comida. — Então, eu conheço minha irmã e ela não
encontraria um gostosão qualquer e se pegaria com ele em
meus trinta minutos de ausência, então meu palpite é que
alguém não foi completamente honesta na noite de
margaritas. — Ela notou ocasionalmente.

— Isto faz duas de nós. — Eu retornei.

Ela pegou um pedaço de comida e então levou a boca.

Ela mal engoliu antes de responder:

— Há quanto tempo vocês estão se vendo?

— Nós não estamos... — Eu comecei.

— Três semanas. — Johnny declarou.

Eu olhei para ele e percebi que seu foco estava


inteiramente em Addie.

— Vou me contentar com a resposta dele. — Addie falou,


e eu olhei para ele, percebendo que seu foco estava em mim.
— Você não põe a língua na boca de alguém se não estiver
vendo-o por um tempo.

— Nós não estávamos colocando a língua em lugar


nenhum.

— Garota, se você o segurasse um pouquinho mais


apertado, seus dedos se fundiriam com o pescoço dele. —
Addie retornou.
Eu senti minhas bochechas ficarem quentes e me voltei
para ela.

— Vamos parar de falar sobre Johnny e eu.

Ela arqueou as sobrancelhas.

— Então há um "Johnny e você"?

Eu ignorei aquilo.

— Vamos falar sobre onde você esteve.

— U... — Ela apontou com seu garfo para o prato de


papel. — Souvlaki?

— Comprar souvlaki te deixa com seu cabelo pós sexo?


— Perguntei afiada.

Johnny riu alto, fazendo isso enquanto usava seu braço


para me trazer para mais perto de si, me deixando mais perto
ainda dele.

Os olhos de Addie se estreitaram.

— Nós não vamos falar sobre isso na frente do seu


namorado.

— Ele não é meu namorado.

O braço de Johnny sofreu um espasmo e Addie


percebeu.

Ela olhou para Johnny.

— Só Izzy estaria negando um cara gostosão. Ela


praticamente não teve encontros durante o ensino médio
inteiro, e se convenceu de que era porque ela era feia, quando
na verdade os caras estavam putos com ela por não querer
namorar com eles.

— Addie, pare de compartilhar essas coisas com


Johnny. — Eu disse.

Desta vez, Addie me ignorou.

Espalhando mais carne com o garfo, ela falou:

— Ela provavelmente se convenceu de que você só está


por perto porque quer ser amigo dela.

— Nós fizemos sexo oito vezes, Addie. — Eu a informei,


de nariz erguido.

Seus olhos se viraram para mim.

— Oito? Você está contando? — Ela olhou para Johnny


de novo. —Parabéns. Três semanas, oito vezes. Ela
geralmente faz os caras esperarem quase um ano antes de
começar a distribuir o doce.

Johnny engasgou de tanto rir e eu olhei para ele.

— Pare de rir!

— Certo, spätzchen. — Ele apertou minha cintura, seu


corpo continuou se mexendo, mas ele segurou a risada.

Então agora era para ele que eu estava olhando de cara


feia.

— Spätzchen? O que isso significa? — Addie perguntou.

— Nada. — Respondi.

— Pardalzinho. — Johnny respondeu.


— Fofo. — Addie disse, por meio de uma boca cheia de
carne e um sorriso. — Como você. — Ela adicionou, olhando
para mim.

— Eu não faço os caras esperarem por um ano. — Disse


a ela.

Ela apontou com seu garfo para Johnny.

— Não mais, aparentemente. Mas, de novo, por tudo


isso... — Ela balançou o garfo para cima e para baixo. — Eu
não esperaria cinco minutos.

— Oh meu Deus, alguém me mate. — Eu disse olhando


para as folhas da árvore.

— Sem chance. — Addie respondeu animada.

Então me virei para Johnny, cuidadosamente puxando


Brooks de seus braços para os meus, e declarei:

— Vou caminhar e vou levar Brooks comigo.

— Não leve Johnny. Nós temos várias coisas divertidas


para falar sobre você. — Addie disse.

Eu dei um olhar afiado para ela.

Ela sorriu com a boca cheia de carne para mim.

E foi então que o labrador branco mais adorável trotou


em nossa direção, invadindo o cobertor e pulando sobre
Johnny.

Para que o cachorro gigante não acordasse Brooks, eu


me afastei um pouco, mas então fiquei paralisada.

Completamente.
Porque Johnny estava paralisado.

O cachorro dançou em volta de Johnny, lambendo seu


pescoço, sua barba e bochechas, batendo nele com sua cauda
e voltando para pôr o focinho em sua mão, e Johnny só o
encarou.

Eu também encarei ele.

Subitamente, Johnny tirou o braço que estava em volta


de mim, levantou a mão e segurou o cachorro, segurando a
cabeça do labrador entre suas mãos. Homem e cachorro se
encaram até que o labrador lambeu Johnny do queixo até a
têmpora.

Este era Ranger.

Este era o cachorro dele.

Este era o retorno de seu bebê.

Um reencontro.

Um reencontro feliz.

— Garoto. — Johnny murmurou com um imenso


sentimento, meu estômago se torceu em um doloroso nó e se
aqueceu mesmo entre a dor.

A cauda de Ranger estava balançando tão forte que seu


corpo inteiro balançava junto.

Finalmente, Johnny levantou os olhos e os meus foram


na mesma direção dos dele.

E lá estava ela.

Talvez há uns 15 metros de distância do nosso cobertor.


Alta.

Curvilínea.

Uma juba selvagem, linda, de cabelos ruivos.

Uma roupa de matar que parecia muito com a de


Johnny, uma camiseta apertada com a estampa do que
parecia ser uma carta de baralho, jeans desbotados, botas de
caubói e muitas coisas de prata, braceletes, anéis, brincos e
colares.

E um rosto que poderia iniciar guerras e terminá-las.

Ela era tão linda, eu a invejei com tanta intensidade que


parecia que ela estava sentada ao lado de Johnny no
cobertor. Me senti encolhendo até ficar com dois centímetros
de altura.

O rosto dela estava arrasado, com dor, torturado.

E então ela correu. Como uma heroína em um filme de


romance, com uma graça e beleza que eram só dela, ela virou
e correu em meio à multidão, com o cabelo dançando atrás
dela, capturando a luz do sol com um brilho de rubi.

Eu a estava observando, então não vi como aconteceu,


mas Ranger decidiu segui-la.

Ele parou no meio do caminho. Olhou para trás, para


Johnny, e com o que parecia ser um "Vamos lá!", balançou a
cabeça e as orelhas na direção de Johnny, se virou e foi atrás
dela.

E eu fiquei paralisada em agonia, em um cobertor de


piquenique num dia de verão, segurando meu sobrinho
enquanto senti o movimento súbito atrás de mim, sem uma
palavra, Johnny Gamble ficou em pé e correu atrás dos dois.
Uma Memória

Izzy
Eu estava na varanda traseira, colocando minhas
botinhas de borracha, na manhã seguinte quando a porta
para a casa se abriu.

Olhei para cima e vi minha irmã parada ali com o cabelo


desgrenhado, vestindo pijamas, parecendo recém acordada e
cansada, com uma expressão em seu rosto que eu tinha
certeza de ter usado na noite em que ela chegou e na manhã
seguinte quando olhei para ela.

— Hey. — Ela disse gentilmente.

— Hey. — Eu falei.

— Você está bem? — Ela perguntou.

Não.

Não, eu não estava.

— Eu estou bem. — Menti.

Ela levantou uma mão que segurava meu telefone.

— Ele está ligando de novo. — Ela disse.

Ela tirou do silencioso.


Eu desejei que ela não tivesse feito aquilo.

Nem olhei para o telefone.

— Vou alimentar os cavalos e deixá-los passear um


pouco. Eu não consegui limpar as baias deles ontem de
manhã, então vou voltar, fazer café para vocês, me trocar,
mas depois tenho que voltar para lá.

— Eu te ajudo depois.

— Não precisa.

— Vou ajudar. — Ela atestou firmemente.

— Alguém tem que cuidar de Brooks. — Lembrei.

— Ele pode passear nos estábulos. Crianças tem andado


em volta de cavalos e comido terra por milênios, ele vai
sobreviver. Ainda por cima, seu lugar favorito no mundo é
com sua mãe e sua tia Izzy, e é ai que ele vai estar.

Eu encolhi meus ombros, me curvei em direção as


minhas botinhas terminando de colocá-las, dizendo: — Se
está tudo bem com você, tudo bem comigo.

Eu encarei a tela da porta de trás quando ela chamou


meu nome.

Me virei para ela.

— Você deveria falar com ele. — Ela disse baixinho.

Não ia acontecer.

Ela gostava dele. Uma breve conversa em um cobertor


de piquenique e ela gostava dele.

Isso não era uma surpresa.


Ele era Johnny.

Acenei, murmurando:

— Talvez mais tarde. — E saí.

Fui em direção aos estábulos, tentando não pensar no


fato de que Johnny ligou enquanto estávamos no carro
saindo do festival ontem.

E nós saímos do festival cerca de dez segundos depois


de ele ir correndo atrás da bunda de Shandra.

Pior ainda, nós arrumamos as coisas cercadas por


olhares de pena e simpatia vindos dos vários espectadores do
reencontro de Johnny e Shandra, um reencontro poucos
minutos depois dele estar me abraçando em um cobertor.

Um reencontro onde ele correu atrás dela, sem olhar


para trás.

Eu não atendi aquela chamada porque sabia o porquê


dele estar ligando.

Ele era Johnny. Ele era atencioso. Um cavalheiro. No


momento dos acontecimentos, ele poderia ter esquecido de
mim. Mas ele lembraria quando chegasse em casa, e ele seria
um coração mole, e tentaria explicar o jeito que as coisas
precisavam ser.

Mas eu não precisava disso.

Eu sabia onde me encontrava, mesmo antes disso.

Era legal e tal, mas desnecessário.


Eu tinha que admitir, o texto que veio segundos depois
de eu não atender sua ligação foi uma surpresa.

Eu também tinha que admitir, as ligações e textos


repetidos, nenhum dos quais eu atendi ou olhei, foram uma
surpresa também.

De qualquer forma, depois que eu liguei para Deanna e


Charlie e menti o que pude sobre estar de ressaca, que não
poderia aguentar a multidão, os barulhos, cheiros e o calor,
então fomos embora para não encontrá-los lá mais tarde
como planejado, eu coloquei meu celular no silencioso para
que não tivesse que lembrar o tempo todo quão esperta fui
em não pensar que poderia ter Johnny para mim.

Mas sabendo agora, sem dúvida alguma, que eu não


poderia ter Johnny para mim, ainda doía muito, muito mais
do que deveria.

Addie tentou me persuadir a atender o telefone uma vez


e falar com ele. Mas quando eu me recusei, ela parou de
tentar. Faça para os outros, o que você gostaria que eles
fizessem para você, nossa mãe nos ensinou esse provérbio
antigo e ela o dizia frequentemente. Addie vivia assim, e eu
também.

Cheguei nos estábulos, passei pelo portão, o fechei atrás


de mim e fui alimentar os cavalos.

Eu estava extremamente cansada. Dormi ainda menos


do que na noite passada. Ainda estava de ressaca, mas
principalmente com dor no estômago pelo que ocorreu, sem
mencionar que a cidade inteira (bem, parte dela),
testemunhou tudo. Pensando (não exatamente) que era algo
que não era. Sem saber que eu não me permiti cair muito
nisso (mesmo que, se fosse honesta, eu tinha). Pensando que
era mais uma que caiu por Johnny e se queimou no
reencontro dos dois.

Eu seria o objeto de compaixão, estava certa disso. E


isso não seria divertido, vendo que seria um lembrete, toda
vez que eu fosse até a floricultura ou ao mercado, ou se
algum dia (o que provavelmente não ocorreria, pelo menos
não por um tempo) eu fosse no Home de novo.

Mas eu aguentaria.

Eu superaria isso.

E continuaria em frente.

Como minha mãe, nas muitas e variadas formas em que


a vida poderia me deixar de joelhos, eu só iria me levantar e
continuar andando.

Principalmente porque eu não tinha outra escolha.

Depois que alimentei meus bebês, decidi checar como


estavam os suprimentos. Eu sempre calculava
cuidadosamente o que eles precisavam, porque comprava em
promoções de leve dois e pague um, e também sempre
comprava para os dois porque a loja entregava em casa, não
importava quanto você comprasse.

Eu estava com pouca comida, mas tinha bastante


forragem.
Eu poderia empilhar um pouco a mais e colocar uma
lona em volta, usar primeiro para não ter que ficar rebocando
para dentro da sala e depois para fora de novo.

Depois de fechar a porta da sala do feno, eu me virei


para Serengeti, conferindo se ela já terminou de comer e
estava pronta para ir no pasto, mas parei do nada.

Johnny estava parado na frente do portão fechado, seus


olhos em mim.

Isto não poderia acontecer, e não poderia acontecer por


várias razões.

Primeiro, eu não conseguiria lidar com isso. Ainda não.


Eu precisava de no mínimo, um dia, mais como um milhão
deles.

Segundo, isso não era justo. Eu sabia que ele queria


acertar as coisas comigo, acabar tudo de um jeito fácil,
explicar que a cabeça dele estava mexida, isto sendo o porquê
dele ter ido atrás de mim, tentar me fazer entender para que
ele se sentisse melhor.

Mas nesse cenário em particular, eu tinha que escolher


o dia em que aconteceria, se algum dia acontecesse.

E por último, com o coração partido e de forma


estúpida, eu me recusava a lidar com o fato de que, após três
jantares, dois cafés da manhã, várias ligações e mensagens
de texto, mas não anos juntos e um caminho de promessas
quebradas, eu fui dormir com a camiseta dele.
Por isso, naquele momento, eu estava parada na frente
dele usando aquela camiseta, e uma calça de moletom velha
que cortei na altura dos joelhos para ir aos estábulos, e claro,
minhas botinhas de borracha.

Meu cabelo estava uma bagunça.

E eu sabia que parecia cansada e como se estivesse


usando meu coração (na verdade o dele) em minha manga.

Então isso não era só muito cedo e injusto.

Era um desastre.

Tirei meus olhos dele, imediatamente comecei a me


mover para a selaria, por razões desconhecidas, desde que
não tinha que ir lá, eu tinha que ir até Serengeti, fiz isso
balançando minha cabeça.

— Você não precisa fazer isso, Johnny.

Eu senti que ele se moveu, mas não olhei para trás.

— Izzy, você precisa me escutar.

Eu continuei balançando minha cabeça enquanto o


avisava:

— Está tudo bem. Eu entendo. Você sabe que entendo.


Não precisa fazer isso.

—Izzy querida, pare por um segundo e me escute.

E cheguei até a porta da selaria, parei e me virei


levemente, me permitindo olhar para seu peito, uma visão
que eu tive porque ele chegou mais perto.
Ele estava com outra camiseta hoje, desbotada e com a
estampa da bandeira americana na frente.

Era fabulosa.

— Honestamente, está tudo bem. Eu estou bem.


Esperava que isso fosse acontecer. — Disse a ele, apesar de
que não pensei que testemunharia.

— O que fosse acontecer? — Ele perguntou.

Eu ignorei aquilo.

— E eu ainda estou bem com Mist vindo para cá, se você


estiver. Vou buscá-lo também e cuidar dele. Não será um
problema. Não se preocupe. Só me mande uma mensagem
com o endereço. Eu conheço alguém que vai me deixar usar
seu trailer para cavalos e Charlie tem uma picape capaz de
puxá-lo.

— Iz...

— Obrigada por vir, Johnny. — Comecei a abrir a porta


da selaria. — Foi doce da sua parte. — Eu levantei meus
olhos para sua barba e queria me chutar porque minha voz
estava começando a quebrar, então terminei. — Seja feliz.

Eu ia desaparecer pela porta, mas não aconteceu.

A porta que abri cerca de três centímetros, bateu


fechada na minha frente, e então fui virada por uma mão em
meu braço e me encontrei com as costas contra a parede da
selaria, com uma mão em minha barriga.

Olhei para Johnny.

Ele estava com raiva.


Senti meu coração ferido começar a bater forte.

— Preciso que você cale a boca, gata, e me escute. — Ele


grunhiu.

— Você realmente não precisa fazer isso. — Sussurrei.

— Você realmente precisa calar a boca. — Ele retornou.

Encarei seus olhos raivosos.

Ele estava me dizendo para calar a boca.

E ele estava bravo.

Ele estava invadindo a minha terra, meu estábulo, meu


espaço, com a desculpa de fazer a coisa certa, sem nem
pensar em como eu talvez fosse me sentir sobre isso, e ele
estava ficando bravo que eu não o deixaria falar.

E aquilo me fez ficar brava.

— Não me mande calar a boca. — Eu disse de volta.

— Izzy, vou repetir mais uma vez, você precisa me


escutar.

Eu fiquei na ponta dos pés para deixar meu rosto mais


perto do dele e retornei. — Eu não preciso fazer nada.

— Certo. — Ele respondeu.

Então sua mão não estava mais em minha barriga.

Agora havia um braço em volta da minha cintura, sua


outra mão agarrou meu cabelo e segurou apertado, e sua
boca desceu na minha.

Ele me beijou.
Fiquei paralisada por um segundo antes de tentar me
soltar dele.

Minhas mãos encontraram ombros largos e fortes, e foi


isso.

Eu não era mais Izzy.

Não estava em meus estábulos.

Não sentia raiva de Johnny.

Eu não estava de coração partido por causa dele.

Minha irmã não estava em minha casa com meu


sobrinho, lidando com o que quer que ela estivesse lidando,
ao mesmo tempo em que se preocupava comigo.

Shandra Qualquer-Que-Fosse-Seu-Sobrenome nem


existia.

Ela nem tinha nascido.

Eu era algo mais, em outro lugar, algo completamente


diferente.

Mas ele era Johnny.

Johnny me segurando e me beijando.

E eu me tornei pura necessidade.

Abri minha boca, a língua dele entrou com um grunhido


que me deixou mais faminta ainda, chegando em meus ossos,
em minha alma e eu não conseguiria me impedir mesmo se
tentasse.
Minhas mãos deixaram seus ombros e foram em direção
a minha calça. Eu a puxei e o material caiu em meus
tornozelos.

Então fui em direção ao seu cinto.

Ele rompeu o beijo, levantou seus olhos e me encarou


profundamente.

Então ele fez um barulho, aquele seu rugido que agora


não era raivoso ou frustrado, mas voraz.

Se eu já não estivesse molhada entre as pernas, aquilo


bastaria.

Mas ao em vez disso me fez ficar encharcada.

Trabalhei para abrir seu cinto enquanto ele levantava


minha camiseta e colocava um dedo no lado da minha
calcinha, sua outra mão indo para trás dele.

Ele puxou minha calcinha para baixo, a unha de seu


dedo se apertando em minha pele, a sensação daquilo
reverberando em minha vagina, enquanto ele puxava sua
carteira do bolso de trás.

Eu abri seu cinto e fui para o botão da calça.

Escutei sua carteira cair no chão, antes dele puxar uma


camisinha entre os dentes e tirar minha mão do caminho.

Foquei em minha calcinha, tirando-as do meu calcanhar


e deixando-as junto à minha calça.

Johnny arrastou seu jeans para baixo e a camisinha


desapareceu de seus dentes.
Em segundos, suas mãos estavam em minha bunda, as
minhas em seus ombros, e eu pulei para ele.

Ele me segurou, dando um passo para frente, me


pregando na parede.

Então ele estava dentro de mim.

Eu arquejei.

Ele gemeu.

E entre tudo isso, nossos olhos continuaram


conectados.

Ele começou a se mover e eu circulei seu quadril com


minhas pernas, usando meu calcanhar para me segurar, me
dando vantagem, ondulando em suas estocadas. Minhas
mãos se moveram, uma segurando apertado na parte de trás
de seu pescoço, a outra agarrando firme seu cabelo grosso.

Ele me segurou com um braço, sua outra mão


agarrando o meu cabelo e puxando no pescoço.

Sua respiração forçada se misturando com a minha


agitada, enquanto ele me encarava e me fodia.

Não havia mais nada enquanto ele fazia isso.

Nada para mim no mundo inteiro além de seus olhos,


seu pau, seu aperto em mim, e as maravilhosas, lindas,
assombrosas coisas que ele estava me fazendo sentir.

Minha respiração veio mais forte, choramingando e seus


grunhidos ficaram mais pesados enquanto ele aumentava a
força e velocidade.
Minha mão em seu pescoço segurou mais apertado,
quando tudo que eu sentia, tudo o que ele estava me dando
me fez começar a gemer alto.

— Você está quase? — Ele grunhiu.

Meus braços o apertaram mais, circulando sua cabeça,


o puxando para mim, colocando sua cabeça em meu pescoço
e eu gritei alto em seus braços quando cheguei ao clímax, me
deliciando na pureza, intensidade e magnitude de sua beleza
através de mim.

— Você gozou. — Eu vagamente o escutei sussurrar


antes dele me morder rápido e forte, e segundos depois eu
senti e ouvi o ribombar de seu longo, profundo grunhido
contra meu pescoço.

Ele deslizou para dentro e ficou lá, tremores descendo


por seu corpo longo, e me manteve prensada contra a parede,
empalada em seu pênis.

Segurei sua cabeça em meus braços, seu rosto


escondido em meu pescoço, minhas pernas apertadas em seu
quadril.

Nos braços de Johnny Gamble. Conectada com ele. O


único lugar em que me sentia segura. O único lugar que
parecia certo. O único lugar em que me sentia livre para ser o
que quer que eu quisesse.

E então o mundo veio abaixo.

Eu acabei de foder com o homem de outra mulher.


Eu estava tão mortificada e completamente horrorizada
que fiz isso, que nem me ocorreu que ele fodeu outra mulher
que a dele.

Era só eu.

Eu fazendo a coisa errada. Eu machucando uma igual.


Sem nem ter pensado nas consequências. Eu tomando o que
não era meu.

Soltei meus braços de sua cabeça e os coloquei em seus


ombros.

— Me solta.

— Izzy. — Ele sussurrou contra o meu pescoço.

Eu virei minha cabeça para o lado, longe dele, sem


conseguir lidar com isso, sem mesmo conseguir ficar em
minha própria pele.

Era sujo. Errado. Revoltante.

— Isto não foi certo.

— Gata...

— Me solta.

Seus lábios encontraram minha orelha.

—Spätzchen, você precisa me escutar.

—Isto não foi certo. Você não é meu. Você é dela.

Seu corpo ficou paralisado em volta de mim.

— O que?

— Você correu atrás dela.


— Eu corri atrás do meu cachorro.

Eu pisquei para o chão coberto de poeira do estábulo.

Ele tocou os lábios em minha orelha e então os manteve


ali, dizendo gentilmente.

— Eu sabia que você pensaria isso, mas fica difícil te


corrigir quando você não atende a porra do telefone.

Lentamente, eu virei minha cabeça em sua direção, e


lentamente, ele virou a dele para olhar em meus olhos.

— Você... correu atrás... do seu cachorro?

— Ranger está na minha casa. — Ele atestou.

Pisquei para ele.

Ele gentilmente me tirou de seu pênis e eu peguei a


dica, desenrolando minhas pernas de seu quadril. Ele me
colocou em pé, mas me segurou por perto, ainda me
pressionando contra a parede até ter certeza de que estava
estável neles.

Ele se moveu o suficiente para poder pegar seu jeans,


então se abaixou e pegou minha calcinha.

Eu automaticamente levantei minha mão para pegá-la,


mas ele não a ofereceu para mim.

Ele enfiou no bolso de trás de sua calça.

Meus lábios se abriram.

Ele se abaixou de novo e pegou a calça do meu pijama.


Balançou ela para tirar a sujeira, suas sobrancelhas
franziram juntas enquanto ele olhava para a calça, então ele
a entregou para mim.

Me esfregando em Johnny repetidamente, porque ele


continuava muito perto, coloquei minha calça.

Eu estava amarrando o cordão quando ele disse.

— Lixo.

Foi uma fala que formou uma pergunta.

— Selaria.

Essa foi minha resposta.

Ele pegou minha mão e nos mudou para a selaria,


abrindo a porta. Ele andou com seu jeans aberto, me
arrastando junto.

Ele então depositou a camisinha usada na latinha de


lixo.

Havia algo sobre isso, algo grande, algo poderoso. Uma


guinada em nosso relacionamento, onde o véu caiu e agora
não era mais importante guardar segredos até você saber se
seria seguro compartilhá-los, ou só começar a conhecer o
outro um pouco melhor.

Era sobre se encaixar na vida um do outro.

Ele arrumou seu jeans e cinto e então olhou em volta.

— Jesus. — Murmurou.

A selaria era organizada em duas paredes opostas, de


um jeito moderno que não era só organizado e ordenado, mas
atrativo. O chão tinha um tapete limpo e oval nele. Nos dois
cantos, em ângulos idênticos, haviam sofazinhos. Um cinza
desbotado que eu comprei em uma venda de quintal por dois
dólares. E uma fabulosa poltrona cor de mogno em couro que
eu comprei em um leilão por trinta e cinco dólares. As
luminárias eram pequeninas, antigas, usadas e fabulosas e
me custaram cinquenta dólares em uma loja de antiguidades,
e uma noite de margaritas mais guacamole para uma amiga
que era eletricista para arrumá-las para mim.

Na parede de trás haviam quatro fotos arrumadas


precisamente, duas em cada lado de uma grande janela, e eu
paguei uma pequena fortuna para ter ambas
profissionalmente enquadradas na mesma moldura.

Todas elas possuíam manchas características de fotos


tiradas em cabines baratas de quando nossa mãe nos levou a
um parque estadual e nós andamos de cavalo. Uma foto de
Addie e nossa mãe. Uma minha e da mamãe. E duas de nós
todas juntas, paradas na frente de um cavalo, sorrindo,
brincando e parecendo felizes.

— Só você para ter uma selaria mais legal que muita


sala de estar. — Johnny murmurou.

Eu olhei da sala para ele.

— Johnny.

Ele olhou para mim e disse firmemente.

— Certo. — Então pegou minha mão e me arrastou para


a poltrona de couro.

Ele sentou.
Então ele me sentou, em seu colo.

—Encontrei com ela e meu cachorro. — Ele começou a


contar.

Sentei em seu colo, e sem ter certeza de que eu


quisesse, sem certeza de nada, escutei.

— Desde que eu queria meu cachorro de volta, disse a


ela que precisávamos encontrar um lugar mais privado para
conversar. Ela queria ir ao moinho. Eu concordei porque
assim, quando terminássemos, eu poderia simplesmente
deixar Ranger em sua nova casa e eu não queria ficar
discutindo sobre onde iríamos discutir. Ela me seguiu no
carro dela. Te liguei no caminho para lá. — Sua expressão
ficou irritada. — Você não atendeu.

— Um... — Murmurei.

— Não precisa dizer, que quando cheguei lá e disse a ela


que queria meu cachorro de volta, o negócio não foi muito
bem. Eu disse que não iríamos voltar, o que acabou, acabou,
mas aparentemente aquilo não entrou na cabeça dela. Mas
quando disse que queria Ranger de volta, entrou. Ela estava
chateada e eu não poderia simplesmente mandá-la embora e
deixar meu cachorro. Mas eu encontrei tempo para te ligar e
enviar mensagens enquanto ela estava chateada. Mas
novamente, você não respondeu.

— Uh... — Eu balbuciei.

— As coisas pioraram, porque ela conseguia ver que eu


estava tentando te ligar e enviar mensagens então ela quis
saber sobre você, e desde que eu não daria isso a ela, pulou
para a conclusão de que Brooks era nosso filho. Assegurei de
que aquilo não era verdade, mas não assumir que eu e você
não éramos o que ela pensou também não saiu muito bem.
Quando ficou claro que eu e você só nos conhecíamos a
poucas semanas e que ela ligou bem quando nos
conhecemos, as coisas pioraram ainda mais com muitas
perguntas da parte dela sobre se ela tivesse ligado alguns
dias antes. E novamente, não correu muito bem quando disse
que encontrei alguém, que nossa conexão era forte, nós
pretendíamos continuar juntos e que eu estava dentro desse
relacionamento.

Eu o encarei, não mais me sentindo incerta sobre


escutá-lo.

Eu estava escutando atentamente cada palavra que ele


dizia.

Ele continuou falando.

— Acabaria por aí e eu teria vindo até você, exceto que a


cidade fala, e eles estavam falando, então quando Margot e
Dave chegaram ao festival, o que aconteceu com nós três
naquele cobertor já corria solto. Margot escutou sobre,
Shandra não é a pessoa preferida de David também, então
eles decidiram ir ao moinho e dizer a Shandra o que
pensavam.

—Oh, cara. — Eu sussurrei.

— Sim. — Ele concordou. — Margot fez picadinho dela.


Ela a moeu. Eu tentei ser o mais legal possível com ela, mas
naquela situação não tinha jeito dela pensar que eu estava
sendo legal. Então Shandra já estava meio mal por minha
causa, com Margot ela ficou muito mal.

—Nossa. — Murmurei, começando a sentir pena de


Shandra.

Eu torci para que Margot nunca tivesse que fazer


picadinho de mim, parecia que ela tinha talento para isso.

— Sim. — Ele concordou de novo. — Mas Margot ainda


não tinha terminado, porque ela pulou para a conclusão de
que Shandra e eu estávamos juntos no moinho e ela tinha
algumas coisas para dizer para mim. Sobre Shandra e sobre
você. Shandra teve que escutar de Margot a profundidade dos
destroços que ela deixou para trás, o que a fez pensar que
poderia ser a única a me consertar, e ainda disse que tentou
isso. Eu e Margot a dissuadimos dessa ideia, dizendo que
agora você estava na jogada. Ela ficou brava, foi embora e eu
passei a tarde e um pedaço da noite procurando por ela, para
ter certeza que no estado em que ela estava não fizesse
alguma bobagem. A encontrei mais tarde, a levei para seus
pais e decidi procurar por você essa manhã. Você sendo você
nos fez acertar as coisas do jeito que fizemos, que, spätzchen,
não estou reclamando desde que o que fizemos contra aquela
parede foi quente para caralho. E aqui estamos agora.

Aqui estávamos.

Aquilo foi muito definido vindo de Johnny, e tudo o que


ele disse foi iluminador e, se eu me permitisse, esperançoso.

Mas mesmo se estivesse certa sobre onde estava, não


sabia onde nós estávamos.
— Onde nós estamos? — Perguntei.

Suas sobrancelhas se franziram e novamente se


transformaram de masculinas e atrativas para sinistras.

Então ele olhou em volta da minha selaria, para mim,


ambos seus braços enrolados a minha volta e me sacudiu
firmemente, perguntando:

— Onde porra você acha que estamos?

Eu não sabia.

Isto era porque perguntei.

Mas dei um palpite.

— Não tenho certeza se posso fazer isso. — Disse


cuidadosamente.

— Fazer o que? — Ele perguntou com raiva.

— Vir depois dela, eu não quero ser....

— Não diga isso, porra! — Ele grunhiu.

Fechei minha boca.

— Ela aconteceu três anos atrás, Eliza. Eu a amava.


Este fato não muda. Eu a amava e ela me destruiu quando foi
embora, porque isso era o tanto que eu a amava. Não vou me
desculpar por isso, negar ou andar em cascas de ovo com
você enquanto descobrimos o que temos e porque é tão bom e
intenso e tudo.

Pisquei para ele de novo.

Ele pensava que éramos...

Tudo?
Ele continuou falando.

— Eu acho que você quer isso. Eu acho que você quer


saber se o homem em sua vida poderia sentir algo tão
profundo pela mulher com que ele decidir passar o resto da
vida. Mas com ela, isso não aconteceu. Ela foi embora. Eu não
era a Bela Adormecida, inconsciente e sem me mover,
esperando por ela. A vida acontece, e aconteceu. Eu conheci
você. Ela é uma memória agridoce que agora está de volta em
minha esfera, mas infelizmente, desde que você firmou
residência, minha esfera agora é sua. Mas o fato é o mesmo,
ela é uma memória.

— Ela é linda. — Disse a ele algo que com certeza ele


sabia.

— E? — Perguntou.

— Eu... bem, ela se veste como você. Vocês... vocês


dois... — Engoli e terminei. — Combinam.

— O que você quer que eu diga? — Ele questionou. — O


estilo caubói dela é quente. Sempre foi. Mas não estou
fodendo-a. Eu estou fodendo uma garota que usa um vestido
que me lembra o quanto eu amo seus peitos com aquele
decote, gata, o que não é só quente, é de soltar fumaça. Um
vestido que tem a porra de passarinhos nele, mas ainda
assim só me bastou olhar uma vez e eu queria subir a saia
dela até sua cintura, ou melhor ainda, o vestido inteiro no
chão ao lado da cama, minha cama, sua cama, não me
importa. Mas só para dizer, não é desse jeito que vai ser,
onde tenho que ficar te relembrando que estou com você
porque quero estar com você e não estou com ela porque ela é
passado. Eu não estou com ela porque quero estar com você.

Eu me afastei um pouco sem perceber e sabia pelo olhar


irritado de Johnny (ou ainda mais irritado) que ele sentiu.

Mesmo assim, eu não conseguia evitar.

— Então você quer me foder. — Eu disse, e não pude


manter a injúria fora do meu tom.

— Bem, sim. — Ele soltou. — Você é a melhor foda, de


bar ou não, Iz, que eu já tive. Ninguém nem chega perto. Você
não está no nível mais alto. Você está reinventando o nível
mais alto.

Bem, esse foi um elogio e tanto.

— Eu também quero mais da sua guacamole. — Ele


declarou. — E acordo todo santo dia agora as cinco da manhã
porque não consigo dormir sabendo que você está acordada
por aqui. — Ele usou um braço para indicar os estábulos. —
Tomando conta desses cavalos sozinha. Eu vou para cama de
noite, toda noite, Eliza, segurando meu pau pensando em
você e se você está se tocando enquanto pensa em mim.
Exceto aquela noite depois do Estrela. Eu não dormi naquela
noite, sem conseguir parar de te imaginar sozinha aqui e
algum desgraçado vindo atrás de você. Não consigo te dizer
quão aliviado fiquei de sua irmã ter vindo para cá. Por você,
porque sei que você a ama, e porque você não está sozinha
aqui sem ninguém para cuidar de você.

Fiquei parada em seu colo, olhando em seus olhos e


esqueci de respirar.
Johnny não esqueceu.

Ele tomou uma respiração e continuou.

— Eu passei muito tempo nas últimas duas semanas


puto com Shandra, não porque ela foi embora, mas porque
ela ligou e fodeu com tudo antes que eu pudesse te levar para
acampar. E passei muito tempo pensando se você pegou as
peônias e a camiseta que deixei, me perguntando se eu
deveria ter feito isso mesmo ou se tornou as coisas piores e
precisando falar com você sobre isso. Então, para terminar,
eu passei muito tempo só pensando sobre você e, sim, algum
desse tempo foi pensando no que gostaria de fazer com você
para te fazer gozar, mas o resto não era.

— Então você gosta de mim. — Sussurrei pesadamente.

Ele me fuzilou com os olhos como se quisesse me


estrangular, então deitou a cabeça no encosto da poltrona e
olhou para o teto.

— Vou tomar isso como um sim. — Murmurei.

Seus braços se apertaram a minha volta, tão apertado


que agora eu era uma bola de Izzy em seu peito, sua cabeça
abaixou e ele disse:

— Sim, eu gosto de você, porra.

— Ok então. — Murmurei.

— Sei que sua irmã está aqui, mas quero passar um


tempo com você hoje, então quero que você volte para o
moinho comigo para passar a noite.
— Ela está mal, Johnny, e ela sempre teve que cuidar de
tudo sozinha com Brooks.

Algo fechou em seu rosto, eu não entendi, mas essa não


foi a razão pela qual falei.

Falei porque não terminei ainda.

— Mas ela vai entender. Ela está cansada de tentar me


fazer falar com você, então ela vai ficar, uh... feliz que nos
acertamos. Mas preciso ficar com ela amanhã. Cada vez que
troco uma fralda em Brooks, eu juro, parece que ela vai me
beijar.

O que quer que tenha anuviado seu rosto, clareou, ele


me puxou mais perto e perguntou:

— Você está livre amanhã?

Acenei.

— Sua irmã e Brooks podem vir para o moinho e vou


fazer um churrasco para vocês.

— Isto seria adorável. — Disse com um sorriso.

Ele olhou para meu sorriso, então seus olhos foram


mais para baixo e ele afrouxou o aperto.

— Eu... bem, gostei da camiseta, uh... obviamente. —


Compartilhei. — E também das peônias. — Adicionei.

Seu olhar voltou para mim.

— A calça? — Ele perguntou.

— Como? — Perguntei de volta.

— De quem são?
Uh – oh.

— Uh...

Ele me deu outra sacudida e avisou:

— Iz.

— Elas não são de Kent. — Senti segurança para dizer.

— Então de quem elas são?

Eu poderia dizer a ele que eu tinha calças de pijama


masculinas porque as achava confortáveis.

Mas aquilo seria uma mentira.

— O cara antes de Kent.

— Ok. Então você pode usá-las para voltar para casa,


mas depois, jogue elas fora, Izzy. E com isso quero dizer que
prefiro que você as queime, mas jogá-las no lixo vai
funcionar.

O encarei novamente.

Ele me encarou de volta e declarou:

— Certo, nós vamos fazer isso, então nada de ferrar as


coisas de novo. Sou esse tipo de cara. Eu tenho uma ideia
para o tipo de mulher que você é, seria difícil não ter. Você
construiu tudo isso. Você mantém tudo isso em pé. Você se
veste como quer. Mantém tudo certo. Consegue se cuidar e
cuidar de tudo o que tem. Você é inteligente, afiada, bem-
sucedida e independente. Eu gosto de tudo isso, ou não
estaria aqui. Mas ainda sou esse tipo de cara e você precisa
saber disso. E parte desse cara, quer dizer que sua mulher
não vai usar a calça de pijama de outro homem, mesmo se
esse cara for história. Se você quiser uma, vou encontrar uma
das minhas para você. Mas estas têm que ir embora. Agora,
você tem algum problema com isso?

— Não realmente.

Ele relaxou a minha volta. — Bom.

— Posso dizer uma coisa? — Perguntei.

— Posso perguntar por que você perguntaria se pode


dizer algo? — Ele perguntou de volta.

Senti uma gargalhada passar por mim antes de ficar


séria de novo.

—Sinto muito que você teve que passar por tudo aquilo
ontem, querido. Soa como um dia puxado, e eu me sinto mal
por ter feito pior ao não falar com você.

Seu rosto ficou mais suave e ele se aproximou.

— Foi uma bagunça total. — Afirmou. — Agora não é.


Obrigado por dizer isso, spätzchen, mas acabou e estamos
indo em frente. Você está comigo?

Eu concordei e perguntei:

— Você vai devolver minha calcinha?

— Porra, não. — Ele respondeu.

Senti minhas sobrancelhas se franzirem juntas.

— Por quê?

— Gata, você entende pelo menos um pouco, quão


quente é você estar sentada em meu colo depois de ter fodido
como fizemos e eu saber que você não está usando uma
calcinha porque eu a tenho em meu bolso?

Eu me contorci em seu colo.

Seu rosto ficou diferente quando ele grunhiu.

— Sim.

Levou um segundo enquanto ambos aproveitávamos o


momento antes dos lábios dele se abriram, e devia ter me
preparado, mas não o fiz.

Então ele disse.

— Você pensou que deixei você e foi dormir com minha


camiseta?

Meus olhos se estreitaram em sua direção.

Aquilo me fez ganhar um sorriso brilhante no meio de


sua barba.

Tentei me afastar murmurando.

— Preciso fazer café da manhã e então limpar os


estábulos.

Seus braços se apertaram de novo e ele retornou.

— Você pode fazer café da manhã, gata, para três. Eu


cuido dos estábulos para você.

Parei de me mexer.

— Eu posso cuidar dos meus próprios estábulos,


Johnny.

— Sem dúvida. Só que hoje sua irmã está aqui e eu


também, então vou limpar aqui e você vai passar um tempo
com sua irmã. Então você vai me alimentar. Depois disso,
vou para casa, tomar um banho e voltar. Passamos o dia
juntos e depois do jantar, vou te levar para casa comigo então
vou poder te foder sem você se preocupar se alguém vai nos
escutar e te trago de volta pela manhã. Vou sair e comprar as
coisas para o churrasco e vocês podem me encontrar no
moinho. Combinado?

Esqueci minha irritação porque gostei tanto daquele


plano que só sorri para ele e concordei.

— Combinado.

O rosto de Johnny mudou para como estava antes, meu


corpo respondeu a essa mudança e então começamos a nos
beijar.

Quando ele levantou a cabeça, disse:

— No momento em que sua irmã for embora, vamos ter


um encontro e você vai usar aquele vestido do festival, porque
eu não tive o suficiente dele, spätzchen.

— Ok. — Ofeguei.

Ele levantou do assento, me levando com ele e me


colocando em pé.

Pés que ele olhou enquanto tirava o braço do meu


ombro.

Pés que ele ainda estava olhando quando murmurou.

— Não acredito que te fodi enquanto você usava essas


botas.

Calor tomou conta das minhas bochechas.


Seu braço foi para baixo e ele colocou uma mão em
minha bunda para me puxar para ele, me encarou e grunhiu.

— Você ter deslizado meus dedos para dentro de você foi


realmente quente, gata, mas você ter tirado a calça após meio
beijo foi muito mais quente.

E agora eu conseguia sentir minhas bochechas ficarem


ainda mais rosadas.

— Podemos não ficar repetindo essas coisas em voz


alta? — Pedi.

— Por que não? — Ele me testou.

— É...

— Quente.

— Sim, e também...

— Para caralho.

Bati em seu braço.

— Johnny.

Ele trouxe seu lábios para mim.

— Okay, spätzchen, vou ficar repetindo só mentalmente.

Eu olhei fixamente para ele enquanto derretia.

Ele me beijou de novo. O que se tornou uma pequena


sessão de amassos. Então ele me guiou com seu braço em
volta do meu ombro pela porta, e me empurrou gentilmente
pelo portão.

— Café. — Ele ordenou.


— Certinho. — Respondi.

Saí pelo portão e olhei para trás para ver que Johnny já
foi até Serengeti, deixando-a pronta para ir até o pasto.

Eu não pensei sobre o quanto gostava do visual.

Eu não pensei sobre tudo o que acabou de acontecer e


quão importante era.

Eu não pensei sobre o fato que minha vida poderia ter


acabado de mudar em muitas formas, em quantas
possibilidades agora estavam ao meu dispor, todas
conectadas com Johnny.

Fui para minha casa, deixei minhas botas do lado da


porta (e fiz tudo isso sorrindo), e entrei em casa.

Meus cachorros vieram me encontrar.

Meu sobrinho estava sentado em sua cadeira de bebê


perto da ilha com um babador e minha irmã curvada sobre
ele, empurrando cereal para bebês em sua boca.

Sua cabeça virou para mim.

— Você talvez tenha visto que Johnny veio aqui e... —


comecei.

Ela se endireitou.

Brooks guinchou quando sua comida se afastou.

Addie falou.

—Sim. Ele veio pela porta. Eu disse a ele que você


estava nos estábulos. Ele não disse uma palavra, virou em
suas botas fodonas e se encaminhou para lá. E só para dizer,
o homem consegue perseguir. Eu assisti com o que vou
admitir, foi ávida fascinação até ele desaparecer no canto e eu
não consegui ver mais. Ele parecia irritado e preocupado. Eu
fui com a preocupação primeiro, depois fiquei preocupada
com a irritação. Então eu fui lá para ver se estava tudo bem.
E só para dizer, você sendo fodida por um cara gostoso contra
uma parede, em um estábulo, é algo que nunca vou poder
"esquecer".

Meu peito inteiro afundou.

— Apesar disso... — Ela se abaixou para Brooks de


novo, enfiando mais cereal em sua boca. — Depois que meus
olhos pararam de queimar, objetivamente eu pude perceber
que o negócio estava realmente bom, fico feliz por você.

— Ele está limpando os estábulos e vai passar o dia


conosco. — Eu disse baixinho.

Ela virou a cabeça para mim de novo.

— Bom. — Ela disse fortemente.

— Não era a mulher. Era seu cachorro. — Disse a ela.

— Você tem até ele voltar dos estábulos para me


atualizar sobre todas as coisas que você não queria falar
sobre ontem à noite, e que você escondeu de mim na noite
anterior. Mas só para dizer, não deixei de notar quão
caidinho por você ele estava. Só você não percebeu, até ele te
perfurar contra aquela parede. Ainda assim, eu quero saber
todos os podres, então vá começar o café, Iz, e joga para fora.
— Você acha que ele vai querer panquecas ou ovos? —
Eu pensei por um segundo e adicionei mais opções. — Ou
waffles ou torradas?

— Quando eu tirei seu telefone do silencioso hoje, vi que


ele ligou onze vezes e mandou doze mensagens. Eu acho que
aquele homem comeria sujeira, se fosse o que você servisse
para ele.

Doze mensagens.

Onze ligações.

Tão intenso, tão bom e tão tudo.

Parecia que Addie poderia estar certa.

Sorri para ela.

Ela rolou os olhos.

— Me poupe da felicidade pós sexo, cozinhe e me diga


tudo. Homens como aquele conseguem limpar dois estábulos
inteiros em menos de trinta minutos.

Isto poderia ser verdade.

Então comecei a cozinhar (escolhi panquecas).

E eu contei tudo para minha irmã sobre o que estava


acontecendo.

Mas eu não pude parar ou mesmo esconder minha


felicidade.
Johnny
Johnny saiu do chuveiro e agarrou uma toalha.

Quando fez isso, seus olhos caíram no jarro perto da


banheira.

Estava lá a tanto tempo que ele nem via mais.

Mas agora ele viu.

Ele esfregou seu cabelo, passou rapidamente a toalha


pelo corpo e então a enrolou no quadril.

Ele a prendeu e foi até o jarro.

Ranger levantou de onde estava, no tapete em frente a


uma das pias e veio até ele.

Johnny agarrou o jarro, mas se abaixou para acariciar a


cabeça do cachorro com a mão livre.

Ele então caminhou com seu cachorro em seus


calcanhares até a cozinha. Abriu a porta que escondia a lata
de lixo e jogou o jarro lá.

Fechou o armário e se abaixou para o cachorro.

Segurou sua cabeça e perguntou:

— Quer ir lá na Izzy comigo?

Ranger tentou lamber seu rosto.

Johnny sorriu para ele.


— Vou ligar para ela. Ver se Dempsey e Swirl são bons
com companhia.

Ele acariciou a cabeça do cachorro e foi de volta para o


banheiro, para buscar seu jeans no chão. Tirou seu telefone
de lá, ligou para Iz e não se surpreendeu com a resposta.
Então passou um pente pelo cabelo, colocou desodorante,
cueca limpa, camiseta e jeans, colocou as meias e as botas e
pegou sua carteira, celular e chaves.

Então ele e Ranger passaram pela porta, até sua


caminhonete para poder chegar até Izzy.
Você

Izzy
Escutando um ventilador de teto, abri meus olhos e vi
lençóis cor de canela.

Rolei e vi Johnny em calças de moletom e nada mais, em


seu deck segurando uma caneca de café.

Ranger estava deitado em seus pés.

Cachorro e homem pareciam confortáveis em seu


repouso matutino.

Isto é, cachorro e homem pareciam confortáveis em seu


repouso matutino, até Johnny virar a cabeça e olhar para
mim através do vidro.

Ele então levantou sua mão livre e enganchou um dedo,


em minha direção.

Como se eu estivesse hipnotizada, joguei as cobertas


para o lado e coloquei minhas pernas para o lado, saindo da
cama. Andei como se estivesse em um sonho (porque,
basicamente eu estava) até a porta e por ela.
Ranger levantou e veio até mim, dei a ele alguns
carinhos distraídos enquanto caminhava até Johnny.

Ele levantou o braço.

Andei bem em sua direção, pressionando meu corpo no


lado do seu.

Seu braço me envolveu, mas sua mão continuou se


movendo, levantando a camiseta dele que eu coloquei ontem
antes de cair no sono, seus dedos foram para baixo até
minha calcinha.

Eu me arrepiei.

Ele colocou sua caneca na grade.

— Você desmaiou ontem, spätzchen. — Ele murmurou,


ao invés de dizer bom dia.

— Eu não dormi bem nas duas últimas noites. —


Expliquei.

— Você dormiu bem ontem?

O dia antes de eu aprender muito sobre Johnny


Gamble.

Eu aprendi que ele pensava rápido e conseguia


responder aos gracejos de Addie, muitas vezes melhor do que
ela.

Eu aprendi que ele não somente limpava estábulos, ele


lavava pratos, enchia nossos copos sem nem mesmo termos
que pedir, e se provou ser um excelente ajudante quando se
está cozinhando.
Eu aprendi que ele sabia trocar fraldas.

Eu aprendi que quando ele não estava com a cabeça


ferrada, ele enviava mensagens para que seu coração não
ficasse partido, ele era excepcionalmente afetivo, doce e
provocativo, mas havia mais.

Ele sabia apreciar.

Com seus olhos e expressões faciais, algumas vezes com


toques, algumas vezes com palavras murmuradas, ele me
mostrava que gostava do jeito que eu me movia. Ele gostava
de minhas pernas. Do meu cabelo. Da minha bunda. Ele
gosta de me escutar falando. Gostava de me ouvir rir. De me
ver provocando minha irmã. De escutar ela respondendo as
minhas provocações. Ele gostou do vestidinho que coloquei
(Johnny ia passar o dia então eu absolutamente fiz um
esforço) que era azul e branco com um top solto, mangas
curtas e saia solta.

Ele gostava de mim e não escondia.

Em fato, eu nunca tive a admiração de um homem


mirada em mim como Johnny o fazia. Era casual,
espontânea, mas definitiva. Era parte de quem ele era e de
como se sentia sobre mim, não um caminho que estivesse
percorrendo para conseguir o que queria.

Depois do jantar e dos drinks após o jantar, que ambos


envolveram vinho, e Johnny me levando de volta para sua
casa, eu mal subi as escadas e dei um passo para dentro
quando seus lábios em meu pescoço disseram:
— Leve sua bunda para a cama, gata, antes que você
caia no sono no chão.

Virei sonolentamente para ele, olhos em seu peito e


murmurei:

— Camiseta.

Ele tirou sua camiseta.

Eu tirei meu vestido e sutiã e a coloquei.

Então subi em sua cama e caí no sono.

E tendo o dia que tive antes com Addie e Brooks e


Johnny, aprendendo tanto sobre Johnny, dormi como um
bebê.

— Dormi muito bem. — Sussurrei.

Ele inclinou a cabeça, colocou os lábios contra os meus


e se endireitou de novo.

— Mesmo? — Ele perguntou.

— Eu não tive as melhores noites de sono nos últimos


dias, então sim, foi uma boa noite.

Fiz carinho nele com meu nariz, virei minha cabeça,


coloquei minha bochecha em seu peito e encarei o reflexo do
sol na água do riacho.

Eu senti o pelo de Ranger encostar em mim enquanto


ele deitava em nossos pés.

Ele não parecia sentir falta de Shandra.

Mas quando as coisas se acalmassem, e ele percebesse


que aquela era a realidade permanente, ele iria.
Eu suspirei.

—O que está pensando? — Johnny perguntou, a ponta


de seus dedos lentamente traçando a curva da bochecha de
minha bunda.

— Nada.

— Nós não fazemos isso, gata. — Ele disse gentilmente.

Levantei minha bochecha de seu queixo para capturar


seu olhar.

— Não fazemos o que? — Perguntei.

— Especialmente não com o começo que tivemos, que foi


de arrasar. — Ele continuou.

— O que?

— Tem algo te incomodando? — Ele perguntou.

— Não. — Respondi.

— Você fez um barulho, como se algo estivesse


passando por sua mente. — Ele declarou.

— Não está me incomodando.

— E eu perguntei o que você estava pensando. Você


disse nada quando era algo. E temos que ficar abertos um
com o outro para que merda nenhuma aconteça.

Coloquei minha mão em seu peito.

— Eu só estava pensando que Ranger provavelmente


não percebeu que as coisas mudaram e que ele vai sentir
falta de Shandra quando perceber.

Sua mão cobriu minha bunda.


— Então você estava pensando sobre ela.

— Não, eu estava pensando sobre Ranger.

— E Shandra.

— Bem, mais ou menos. — Deixei passar.

— Não mais ou menos. — Ele retornou.

— Um cachorro não se comunica do mesmo jeito que


nós, mas eles se comunicam e eles tem sentimentos e
mudanças são difíceis para eles assim como para nós.

— Ele vai ficar bem. — Johnny assegurou curtamente.

— Sei que sim. — Respondi, curta também.

— Você precisa tirá-la de sua cabeça. — Ele ordenou.

Senti o frio me penetrar e me afastei um pouco, parando


só quando suas mãos me puxaram de volta.

— Não. Me parece que você precisa tirá-la da sua


cabeça.

— Eu não a trouxe para a sacada, Izzy.

— Eu também não, Johnny.

— Temos que nos assegurar de que isso não afetará o


que temos, ou o que temos não vai continuar sendo bom.

— Estou dentro dessa, mas só para dizer, você também


precisa me deixar ficar preocupada com seu cachorro, porque
ele é fofo, doce e te ama, e ele ficou amigo de Dempsey e Swirl
e ele acha que Brooks é incrível e eu gosto dele e essa sou eu.
Sou uma louca por animais. Se eu vir fotos de bichinhos que
foram abusados em algum lugar, eu não serei capaz de
dormir. Uma vez eu roubei a gata de uma vizinha e a levei até
o veterinário, porque a dona dela continuava a deixando sair,
ficar grávida e ter bebês, e ela só levava os gatinhos para o
abrigo, toda vez, e isso não estava certo.

Johnny me encarou.

— Não se preocupe. — Disse a ele. — Eu a devolvi


depois que ela se recuperou. Disse que ficou presa em minha
garagem. A gatinha ficou com sua barriga raspada e ela
provavelmente descobriu, mas nunca disse nada. Para ela,
veterinário grátis. Para mim, eu não queria ficar com vontade
de atirar nela toda vez que a via encher uma caixa com
gatinhos e colocar no carro.

Ele continuou me encarando.

Eu continuei falando.

— Você sabe, era melhor quando você estava sendo doce


e poderia pensar em quanto eu gostava do fato de que você
não se importa em trocar fraldas. Então podemos ter uma
boa manhã, e para ter isso, posso te pedir para parar de me
irritar?

— Trocar fraldas? — Indagou.

— Homens não entendem. Se eles soubessem o quanto


as mulheres gostam quando eles tomam conta de bebês, as
mamães não conseguiriam nem chegar perto das crianças.

Ele sorriu.

— Você gosta quando eu troco as fraldas de Brooks?

Eu acenei.
A mão dele, ainda em minha calcinha, se moveu até
meu quadril.

— Do que mais você gosta? — Ele murmurou, sua voz


mudando completamente.

Mas eu ainda estava irritada.

— Eu gosto que você não deixa Addie te falar merda.

— Ela é divertida. — Ele disse.

— Ele é uma espertalhona.

Sua mão mudou para o osso do meu quadril e a minha


atenção em nossa conversa diminuiu.

Ele colocou sua cabeça mais perto e perguntou:

— Do que mais você gosta?

Tentei manter o foco ao mesmo tempo que me


perguntava onde sua mão iria em seguida.

— Eu... Eu, uh... gosto de como é fácil cozinhar com


você.

— É? — Murmurou, seus olhos caindo para minha boca


e sua mão indo ainda mais longe.

— É. — Sussurrei, meus olhos caindo para sua boca


também.

Sério, eu realmente amava a barba dele.

E seus lábios.

— Do que mais você gosta, gata?


Assisti seus lábios sussurrarem de volta, seus dedos
passeando nos cachos entre minhas pernas.

— Hmm... — Balbuciei.

— Hmmm? — Ele murmurou contra meus lábios


enquanto seus dedos roçavam sobre meu clitóris e meu
quadril estremeceu. — Você gosta disso? — Perguntou.

—Sim — Ofeguei.

Ele repetiu o gesto e minha mão em seu peito subiu


para segurar seu pescoço enquanto me pressionava nele.

— Quanto você gosta? — Ele perguntou.

— Muito.

Ele me afagou entre as pernas, mal tocando meu clitóris


e eu comecei a ofegar.

— Seu homem sempre vai ter que pedir para você beijá-
lo quando ele quer um beijo ou você vai aprender a seguir as
pistas? — Ele indagou.

— Vou aprender a seguir as pistas. — Sussurrei, mas


estava tão fascinada com ele que não me movi.

— Então me dê essa boca, Izzy. — Ele demandou.

Eu o beijei.

Ele me puxou para mais perto, dando a sua mão mais


espaço para se mover e seus dedos pressionaram firmemente
contra meu quadril antes dele se curvar para mim, para
poder colocar um dedo dentro.

Eu choraminguei em sua boca.


Ele separou seus lábios dos meus e tirou seu dedo.

— Vá para dentro. — Ele rosnou. —E fique nua.

—Ok. — Disse.

Ele me deixou ir.

Eu me virei imediatamente e me movi com pernas de


gelatina para dentro da casa.

Johnny me seguiu.

Ranger veio conosco.

Mas eu não estava pensando em Ranger.

Fui para meu lado da cama e tirei sua camiseta.

E assisti numa confusão erótica enquanto ele ia para


seu lado da cama e tirava a calça.

Assisti seu pênis duro se libertar e parecia que dez anos


se passaram até eu conseguir tirar minha calcinha.

Ele se inclinou para a cama, colocou os travesseiros


contra a cabeceira e subiu.

Eu observei.

Ele sentou com sua cabeça na cabeceira, uma perna


esticada, uma dobrada, mas virada para o lado e então...

Então...

Então ele começou a acariciar seu pau lentamente


enquanto olhava em meus olhos.

— O que você vai fazer comigo, Izzy?

Oh meu Deus.
OhmeuDeus!

Se eu estivesse completamente no controle de meus


membros, o que absolutamente eu não estava, engatinharia
pela cama e tomaria seu pênis em minha boca tão rápido
quanto um borrão.

Em vez disso, eu estava tremendo com a antecipação,


então, deliberadamente, meu olhar nele, coloquei minhas
mãos e depois joelhos na cama e engatinhei até ele.

Ele me observou fazer isso e escutei seu ruído sexy,


desta vez lento, duro, se entalhando em mim, me deixando
aberta, exposta, querendo, precisando.

Eu me posicionei entre suas pernas e parei.

Seus olhos estavam queimando com fogo negro, eu


estava novamente hipnotizada por Johnny.

Mas eu não perdi quando ele parou de afagar seu pênis


para segurar suas bolas, usando a outra a mão para esquivar
seu pau de seu estômago e o oferecer em minha direção.

Oh... meu... Deus.

— Você vai encará-lo, linda, ou vai chupá-lo? — Johnny


perguntou grosseiramente.

Minha atenção foi de seu eixo em oferenda para seu


rosto.

Por um segundo.

Então eu me movi, coloquei uma mão em seu peito,


traçando para baixo enquanto abaixava minha cabeça, me
ajoelhando a sua frente, posicionada para adorar seu pau.
Meus lábios fechados tocaram a ponta, eu os abri
lentamente e então mergulhei mais profundamente.

Johnny deixou uma respiração sibilada sair.

Tirei-o para fora e o engoli de novo.

Encontrei seu mamilo com um dedão, esfreguei,


sentindo-o se apertar embaixo do meu toque, mas meu foco
estava no que minha boca estava fazendo, quão longe eu
poderia levá-lo, quão forte poderia chupar, quão rápido
poderia ser.

Sua mão estava em meu cabelo, puxando-o para trás,


gostando, se tornando agitado e tenso com os meus
movimentos.

Dei uma trégua a ele, soltei-o, apertei-o com minha mão


livre enquanto lambia a ponta gentilmente.

Então voltei, sugando forte, me movendo rápido.

Senti ele começando a se tensionar a minha volta, seu


grande corpo se apertando mais e mais.

Mais.

Então ele quebrou e começou a confiar em mim e eu


gostei tanto que não coloquei um dedo entre minhas pernas
do jeito que precisava, porque não queria perder nada.

Senti suas bolas apertarem e instintivamente soube.

Soltei-o, levantei e coloquei minha testa na sua,


curvando minha mão em volta de seu pau e o pressionando
apertado.
Seu olhar grudou no meu, sua respiração pesada, ele
enrolou sua mão ao redor da minha e guiou o caminho, solto
na base, mas apertado e forte no topo.

Minha boca se abriu, minha respiração vindo em


golfadas rápidas, cobri sua mão em suas bolas.

— Aperta. — Ele grunhiu.

Gentilmente, apertei sua mão ali.

— Porra sim. — Ele rosnou, seus olhos se fechando.


Eles se abriram de novo e estavam em chamas. — Com as
duas, gata.

Apertei com as duas mãos.

— Não perca, Iz. — Ele avisou.

Deixando minha testa na sua, inclinei minha cabeça,


olhado para baixo e assisti a nós dois trabalhando nele, seu
quadril estremecendo, meio empurrando, meio se
contorcendo.

Sua mão em si apertando mais e mais, sua outra mão


estava na parte de fora, então eu estava apertando suas bolas
pele com pele.

— Deus, que lindo. — Eu respirei reverentemente, meu


quadril imitando o seu, minha vagina molhada, tão molhada
que estava pingando em minha coxa.

— Porra. — Ele grunhiu. — Porra.

E então ele explodiu.


Seu corpo poderoso se esticou e seu jato veio até seu
peito. Sua mão manipulando a minha de um jeito forte,
apertado, feroz de uma forma que nunca foi com ele, parecia
que ele estava forçando o esperma para fora de seu corpo,
apertando suas bolas, enquanto eu encarava em esplendor.

— Você é.... simplesmente... lindo. — Arquejei.

Mal falei aquilo quando minhas mãos foram puxadas


para longe e Johnny ficou embaixo de mim, me derrubando
de meus joelhos.

Me inclinei nele e deslizei por seu gozo enquanto ele me


erguia em seu peito. Quando ele pode, pegou meus quadris e
me ergueu mais alto.

Arquejei enquanto ficava de joelhos, exposta em cima


dele, e agarrei a cabeceira quando suas mãos seguravam meu
quadril e ele me plantou em sua boca.

Minha cabeça caiu para trás e eu afundei em seu rosto


de um jeito que talvez fosse considerado forte demais, exceto
que suas mãos em meu quadril estavam me obrigando a isso.

Ele estava me fodendo com a língua, sugando meu


clitóris, o mordendo e eu estava rolando em cada movimento,
sem fôlego, cavalgando em seu rosto como se estivesse
sentada em seu pau.

Minha mão se moveu para a dele em meu quadril, e


como ele fez comigo, eu o mostrei o caminho, puxando para
trás, até que a ponta de seu dedo do meio encontrou meu
ânus.
Ele grunhiu bem em minha vagina e então eu estava
fora, nos quatro membros atrás dele na cama.

Mas só por meio segundo.

Ele me puxou de volta para seu rosto, mas comigo


encarando a outra direção, uma mão entre minhas omoplatas
me empurrando para baixo.

Seu pau ainda estava duro.

Eu o enfiei em minha boca.

Ele rosnou em minha vagina, me puxou para sua boca e


eu senti um dedo molhado pressionando gentilmente contra
meu ânus.

Eu o perdi em minha boca enquanto meu pescoço


arqueava para trás, um choro me escapou antes de forçar
para fora com uma respiração.

— Deus, sim! — E quando ele começou a retirar seu


dedo, eu voltei para seu pênis e suguei fundo.

Ele me comeu forte, fodeu minha bunda gentilmente e


eu suguei seu pau forte, apertando suas bolas, sentindo seus
grunhidos enquanto os ouvia, sentindo sua confiança quando
ele começou a pressionar mais fundo em minha boca,
moendo minha vagina em sua boca.

Eu só tive a consideração de enrolar minha mão à sua


volta quando meu corpo arqueou para trás, afogando seu
rosto em mim.

Eu gemi, alto e longamente, e depois baixinho enquanto


ele enfiava o dedo em mim no meio de um orgasmo
avassalador que me transpassou da cabeça aos pés, me
deixando cega para tudo enquanto eu arquejava por ar,
caindo nele, perdida.

Vagamente me tornei ciente de que sua mão estava


novamente em volta da minha em seu pênis e ele estava
bombeando e eu estava, felizmente, ciente disso porque o fiz
em tempo de assisti-lo gozar de novo em sua barriga.

O jato começou a enfraquecer, ele estava usando ambas


nossas mãos para se apertar, e foi aí que eu caí nele, minha
bochecha na junção de sua coxa e osso do quadril, meu
cabelo caindo em todo lugar, meu nariz tocando suas bolas,
um som suave escapou da minha boca quando ele
gentilmente saiu da minha bunda.

Johnny tirou meu cabelo de minha bochecha e


continuou passando os dedos ali enquanto corria os lábios
pela parte interna da minha coxa.

Eu estremeci em cima dele.

Ele afundou seus dentes no interior da minha coxa.

Eu me sacudi e então afundei nele.

— Iz?

Eu virei só o suficiente para que meu nariz tocasse a


área entre seu pau e bolas.

— Iz. — Aquilo soou áspero, mas também divertido.

— Mm?

Mais divertido que áspero.


— Você vai dormir?

— Mm.

— Por mais que eu goste de sua linda boceta e de que


possa cair no sono em meu rosto, você quer sair daí?

Tive que me esforçar, mas rolei de cima dele.

Ele me trocou de lugar e agora eu estava com a cabeça


no lado certo da cama.

Eu olhei para seu lindo, satisfeito, maravilhoso rosto.

Ele estava sorrindo.

— Ok. Bom saber que você pode ser ainda mais safada
do que ao pular em meu pau em um estábulo. — Ele
declarou.

— Eu não pulei em seu pau. — Murmurei, mentalmente


incapaz de oferecer algo mais que um murmúrio.

— Gata, você saltou bem no lugar certo, quase se


plantando em meu pau.

— Tanto faz. — Murmurei, encontrando energia para


traçar meus dedos para cima e para baixo em suas costas,
então fiz isso.

Seu divertimento não se esvaiu, mas ficou mais quente e


doce.

Sua voz ficou quente e doce também, quando ele


perguntou:

— Você quer saber do que eu gostei?

— Posso adivinhar? — Perguntei de volta.


— Diga. — Ele ofereceu, ainda sorrindo.

Expandi meu esforço para levantar minha cabeça e


tocar minha boca com a sua e descobri que tomou tudo em
mim, então deixei minha cabeça cair nos travesseiros e
enrolei meus braços a sua volta.

— Você gostou de gozar para mim.

— Oh sim, eu gostei disso. — Ele concordou.

— Eu gostei também. — Compartilhei.

— Notei. — Ele respondeu.

— Tipo... muito. — Disse a ele.

Senti ele gargalhar.

— Sim. Eu notei.

— Muito, muito, muito, muito. — Confirmei sem


necessidade.

Ele sorriu de novo.

— Você quer saber o que mais eu gostei?

— Eu em seu rosto.

Seu sorriso ficou maior.

— Sim, querida, definitivamente. Quando você se solta e


vira uma gatinha sexy, balança o meu mundo.

— Bom. — Murmurei.

— Iz. — Ele chamou.

— Sim? — Perguntei.
— Você está coberta na minha porra, gata. — Ele
sussurrou.

— Hmm. — Balbuciei, decidindo fazer mais um esforço


para levantar minha cabeça e correr meu nariz ao longo do
lado de seu pescoço.

Então deixei minha cabeça cair de volta.

Seu dedão começou a fazer círculos em minha têmpora.

— Você ainda não adivinhou, spätzchen. — Ele me


disse.

— Adivinhei o que?

— Do que eu gostei.

— Eu pensei que você tinha gostado de gozar para mim.

— Eu gostei.

— E de ter cavalgado seu rosto.

Sua voz tremeu com uma risada.

— Isso também. Mas não é tudo.

— Você gosta da minha guacamole.

— Sim. — Ele sussurrou, e a forma que ele sussurrou


fez minha névoa sexual se afastar.

Olhei em seus olhos e vi humor lá, de certeza, calor e


doçura, definitivamente.

Mas algo a mais.

Não.

Tudo mais.
— Do que mais você gostou? — Perguntei suavemente.

— Você. — Ele disse simplesmente.

Eu.

— Johnny. — Eu arquejei.

Seu rosto desapareceu em meu pescoço e ele disse:

— A gatinha sexy em você que faz carinho no meu pau


com o nariz depois de eu ter gozado para ela duas vezes, e eu
não fiz isso desde, talvez, os treze anos. E a mulher
trabalhadora. A que toma conta de sua irmã. E a que sente
falta de sua mãe. E a que pensa que Margot é doce ao invés
de mandona e controladora. E a que ama seus cachorros,
meu cachorro, seus gatos, seus cavalos e que deixa
passarinhos pularem em você. Você naquele vestido azul de
ontem, naquele jeans em que te conheci, naquele vestido
branco no Estrela, e você com minha camiseta nos estábulos.

Seu dedão ainda estava desenhando círculos em minha


têmpora do lado oposto de onde seu rosto se encontrava em
meu pescoço, então virei minha cabeça e beijei seu pulso.

Ele levantou sua cabeça e virou a minha de volta.

— Eu não me importo em trocar fraldas, gata. — Ele


sussurrou.

— Fico feliz. — Sussurrei de volta.

— Mas eu me importo que meu esperma esteja secando


em você.

— Está tudo bem. — Disse a ele.


— Não está.

Eu o apertei.

— Realmente não me importo.

— Eu sim, porque te limpar vai me dar uma desculpa


para ir no chuveiro com você.

Meus olhos ficaram arregalados.

Os olhos dele ficaram quentes.

E então ele estava longe de mim e eu estava sendo


arrastada pela cama até ficar em pé e tempestuosamente
sendo empurrada pelo corredor até o chuveiro.

Eu estava escovando meus dentes na pia que Johnny


não ocupava em seu banheiro, usando sua camiseta, sem
calcinha (eu tentei colocá-la, mas Johnny a arrancou dos
meus dedos, a jogou no meio da cama e balançou a cabeça
para mim, dizendo:

— Gata, quando você vai reconhecer as pistas? Seu


homem gosta de acesso fácil. — Depois disso ele saiu
andando com nada além de uma toalha na cintura e
desapareceu no banheiro).

Nós obviamente tivemos nosso banho.


Depois, e após eu ter posto sua camiseta de volta,
quando me juntei novamente a ele no banheiro e procurei
minha escova na bolsa que trouxe, descobri o que "acesso
fácil" significava.

Isto não significava que ele me fodeu apoiada na


bancada da pia.

Significava era ele me oferecendo uma nova nuance de


si e de como podia ser apreciativo.

Começou comigo escovando os dentes, Johnny veio por


trás de mim, levantou minha camiseta (então parei de
escovar os dentes porque congelei) e então passando as mãos
no meu traseiro enquanto ele observava suas mãos se
moverem e eu o observava mexer as mãos, pelo espelho.

Se eu adorava seu pau, ele estava certo em adorar


minha bunda.

Foi sexy para caramba.

Também foi muito adorável.

Quando ele terminou, passou uma mão pelo meu


quadril, depois por minha barriga coberta por sua camiseta,
me enlaçando com seu braço para poder beijar meu pescoço.
Ele levantou a cabeça e olhou em meus olhos pelo espelho.

— Melhor bunda e não só porque ela gosta que a fodam.


— Ele murmurou. Beijou meu pescoço de novo, me deu um
aperto e então disse: —Vou te trazer um café.

Saiu pela porta com sua toalha, Ranger o seguiu.


Levou um tempo para eu começar a escovar meus
dentes de novo, mas então aconteceu.

Eu vi.

Ou eu não vi.

E parei de escovar os dentes.

O jarro bonito com sais de banho sumiu.

Escutei um celular tocar, e desde que Johnny e eu


tínhamos o mesmo toque, poderia ser qualquer um dos dois,
então cuspi a pasta, enxaguei e limpei minhas mãos quando
Johnny entrou, usando só sua toalha, telefone na orelha,
caneca de café na mão, cachorro em seu calcanhar.

Ele veio até mim, colocou o café apoiado na pia,


descansou o quadril contra o balcão e disse no celular: —
Não tenho certeza, vou ter que perguntar.

Só para dizer, ele fez tudo isso, do segundo em que


entrou no banheiro, olhando para mim.

— Tudo o que posso fazer é perguntar Margot. — Ele


continuou.

Oh Deus.

Margot estava envolvida.

Johnny continuou falando.

— Sim, está bem. — Uma pausa e então... — Sim, como


eu disse, tudo bem. — Seus lábios sorriram para mim. —
Está bem. — Outra pausa entre uma gargalhada. — Você
quer perguntar para ela? Ela está parada em meu banheiro
usando nada além da minha camiseta.

Eu instantaneamente gritei, mortificada.

— Johnny! — Exclamei, batendo em seu peito.

Ele capturou minha mão e a segurou aberta em seu


peito.

— Sim, isto está bem. — Ele atestou. — E sim, a irmã


dela está aqui, e ela e sua criança vão vir para passar um
tempo conosco hoje e vou fazer um churrasco para eles de
noite. Mas não, você não pode vir a menos que eu pergunte
para Iz e tenha certeza de que está tudo bem.

Senti meus olhos se arregalarem.

Johnny viu e sorriu enquanto falava:

— Certo. Te ligo de volta. — Pausa, e então... — Não,


ainda não fiz compras, então se Izzy disser que sim eu
compro o suficiente para você e Dave. — Outra pausa e
então... — Margot, Cristo, eu amo você. Levaria um tiro por
você. Te daria meu rim. Mas não, não faça sua torta de
cerejas agora, porque eu não sei se você virá para eles
poderem comer. — Ele escutou por um segundo e então disse
suavemente. —Ich liebe dich auch, mein liebling.20

Depois disso, ele desligou.

Eu estava sentindo um calor residual e uma nova


adoração pela língua germânica quando perguntei:

— Você fala alemão fluente?


20
Eu também te amo, minha querida. Em alemão.
— O suficiente para ir na Alemanha e não me perder.

Aquilo era impressionante.

Deixei aquilo ir e continuei meu questionário.

—Você sabe em que tipo de inferno estaríamos se


Margot e Addie ficarem no mesmo lugar?

Ele deixou minha mão ir, ambas as dele vieram para


meu quadril, elas me viraram, puxaram para ele e só quando
eu estava descansando contra ele com minhas mãos em seu
peito ele respondeu.

— Conseguiremos aguentar.

— Johnny, sua casa só tem um cômodo. Eu não sei se


consigo estar no mesmo cômodo que Margot que é o mesmo
quarto onde fizemos tudo aquilo de manhã. — Pausei e
adicionei: — E das outras vezes que estive aqui.

— Margot ama Dave mais do que ele a ama, e eu sei que


isso soa impossível, mas acredite em mim, ela o faz. Eles
tiveram três crianças. Eu acho que ela sabe o que um homem
e uma mulher fazem juntos quando se gostam.

— Especialmente agora que você disse a ela que eu


estava com sua camiseta e nada mais.

Ele sorriu.

— Às vezes, terapia de choque é o jeito para lidar com


Margot.

Por que eu não me surpreendi com aquilo?

— Johnny...
Ele me puxou mais perto.

— Izzy, querida, não podemos escolher o jeito que


nossas vidas vão se desenrolar e merda vai acontecer quando
sua irmã estiver aqui e Margot ficar buzinando porque se
preocupa comigo. Como eu fiquei quando Shandra me deixou
não passou despercebido por ela. Como me comportei com
você naquele jantar também não. Ela pensou que pela
história, como qualquer um que ouviu sobre, que deixei você
por Shandra. Ela quer ter certeza de que estou bem, mas é
mais que isso, ela quer ter certeza de que você está bem. E
você pode dizer não e vou falar com Dave, que talvez seja o
único capaz de impedi-la de vir de qualquer jeito. Mas eu não
sei porque faria isso desde que sua irmã te ama, Margot me
ama, ela gosta muito de você, ela vai se sentir do mesmo
modo sobre Addie e vai adorar Brooks. Então vai ser uma
grande refeição de Memorial Day. E provavelmente vai ser
fantástico para caralho.

— Se Addie ofender Margot, a ponto de que ela tente


fazer você terminar comigo, tem que me prometer agora
mesmo que vai se manter forte.

Ele me puxou ainda mais perto.

— Eu posso prometer isso.

Meu olhar abaixou para seu ombro e eu murmurei:

— Eu vou dizer para Addie se comportar.

— Ela vai fazer isso?

Olhei para ele novamente.


— Absolutamente não.

Ele explodiu em risadas, me puxando para ele.

Sim, quando Johnny não estava se segurando, ele era


muito atencioso.

Eu me encaixei nele e envolvi meus braços a sua volta.

Quando ele parou de rir, perguntou suavemente:

— Então, posso ligar para ele e dizer que ela pode fazer
a torta de cereja?

— Eu ia fazer minha torta de chocolate. — Disse a ele.

— Nós vamos comer ambas. — Ele decretou.

Perfeito.

Eu sorri.

— Melhor eu ligar para ela e então te levar para sua


irmã.

Concordei.

Johnny me beijou.

Depois que ele terminou de fazer aquilo, ligou para


Margot. Nós nos vestimos.

E ele me levou para casa, para minha irmã.

Eu fiz torta de chocolate francesa, me arrumei, coloquei


meus cachorros e minha família no carro.

E retornamos para casa de Johnny.


Olhe para ela

Johnny
Ranger se animou enquanto Johnny temperava a carne
para marinar.

Ele assistiu seu cachorro correr para a porta, então ele


se virou para a pia, lavou e secou suas mãos e então se
moveu para lá.

No momento que ele abriu a porta, Ranger correu para


fora e desceu os degraus.

Johnny foi bem mais lentamente e não porque não


quisesse chegar ao Murano cor de vinho estacionado a alguns
metros de seus degraus (ela não mentiu, estava coberto de
lama agora), mas porque ir devagar o dava a oportunidade de
aproveitar o show.

Como sempre, Izzy não desapontou.

Ele assistiu enquanto ela saía do carro.

Naquele dia, ela estava usando um vestido creme com


flores lilases nele, que tinha mangas longas, uma curta e
esvoaçante saia, que alcançava até o meio da coxa, e um
decote baixo em formato de v que oferecia uma bela visão de
seus seios.

Com isso, ela estava usando um par de sandálias baixas


e simples que tinha uma faixa acima de seus dedos, mas
mostrava sua gatinha sexy interior com a fita que subia por
sua canela.

Outro vestido que ele queria subir a saia até sua


cintura.

Mas isso só depois de levá-la a algum lugar. Para um


hambúrguer. Para drinks no Home. Para Margot e Dave.
Algum lugar para jantar com seu amigo Ben e sua esposa
Cait.

Sentar ao lado dela naquele vestido. Andar ao lado dela


enquanto usava aquele vestido. Tê-la em seus braços de
qualquer forma que ele pudesse, enquanto estivesse naquele
vestido.

Quando ele estava sentado na frente de Dave no Estrela,


finalmente entendeu. Ele finalmente entendeu porque,
durante toda sua vida, parecia que toda vez que Dave estava
com Margot, ele sentava ereto, andava com orgulho.

Porque foi assim que Johnny se sentiu ao lado de Eliza


no Estrela.

Ela não era exatamente dele na época, mas qualquer um


que os visse pensaria que era.
E ele se sentou mais ereto, moveu-se com mais orgulho,
como o homem que ganhou a atenção daquela mulher. O
homem que ela deixou fazer parte de sua vida.

Ela virou sua cabeça, com seus óculos de sol gigantesco,


estilo anos 70 em cima dos olhos, e sorriu.

Ele começou a sorrir de volta, mas terminou em uma


risada suave quando ela quase caiu sobre seus cachorros que
pularam atrás dela.

Essa era Izzy. Sexy para caramba e adorável demais.

Swirl e Dempsey cumprimentaram Ranger com


abandono e saíram dançando em volta um do outro, indo em
direção ao riacho.

Johnny foi até Izzy.

Ela fechou sua porta e se encontrou com ele na metade


do caminho, segurando uma torta em uma das mãos, algum
tipo de feltro colocado embaixo, uma pequena bolsa com uma
longa alça pendurada em seu ombro.

Ele a abraçou com um braço e se maravilhou com quão


fofa ela ficava com aqueles óculos ridículos.

Do mesmo jeito com aquelas botas ridículas dela.

Ele se inclinou e tocou a boca dela com a sua,


murmurando:

— Hey.

— Hey. — Ela murmurou de volta.


Ele deu-lhe um sorriso e a soltou, então se moveu até
Addie.

— Hey. — Ele disse. — Bem-vinda.

— E aí, Super Gostosão. Casa legal. — Ela respondeu.

Ele balançou a cabeça, ainda sorrindo, e desde que ele


chegou onde ela estava puxando Brooks para fora do carro
em seu assento traseiro, ele pegou a criança. Então pegou a
bolsa que ela segurava no ombro. Ele colocou Brooks em seu
quadril e o menino foi direto para sua barba. Ele então
colocou a alça da bolsa dela em seu ombro.

Ele se virou para ela.

—Tem algo mais?

Ela estava o encarando.

— Addie? — Perguntou.

— Só a cadeirinha de comer dele. — Ela respondeu


baixinho.

— Deixe aí. Vou voltar e buscar quando precisarmos.

Com isso, ele virou em direção aos degraus para ver Izzy
parada no início deles, agora usando um chapéu mole que
era tão adorável e tão ridículo, que ele sentiu seu pau
começar a ficar duro ao mesmo tempo em que seu estômago
se esquentava com a vontade de explodir em risadas.

Ela também estava sorrindo tanto que ele pensou que


seu rosto fosse estourar.
— Os cachorros ficarão bem, leve sua bunda para
dentro. — Ele ordenou.

— Sim senhor, Capitão! — Ela retornou.

Com isso, ele riu.

Ele colocou todos para dentro, colocou a bolsa de


fraldas em uma das poltronas, manteve o bebê perto de si e
foi até a cozinha, dizendo:

— Acho que peguei tudo o que você precisa para fazer


sua guacamole, spätzchen, então comece a fazer.

Ele virou a cabeça para os ingredientes que deixou na


ilha, as coisas que a viu usar quando fez o molho.

Ela virou para ele, com a porta de sua geladeira aberta,


colocando a torta lá, e tirou seu chapéu e óculos de sol.

Ela olhou para a ilha, de novo para ele e então sorriu.

O sorriso dela, mirado para ele, parada na porta da


geladeira, o atingiu como um foguete.

Cristo, se havia a definição do pacote completo em


algum lugar por aí, ela seria isso.

A torta que ela colocou na geladeira, ele não tinha


dúvida alguma de que seria fantástica. Ela nunca falhou em
fazê-lo querer fodê-la em qualquer roupa que usasse, mesmo
se fosse a calça de pijama de outro homem. Ela arrumou sua
casa sozinha, a estampando com tudo que era dela de um
jeito confiante e impressionante. Para ter isso, tinha que ser
boa no que fazia no trabalho. A irmã dela era amável e leal e
a relação delas era tangivelmente próxima e forte. Ela tratava
seus animais melhor do que muita gente trata seus filhos. O
sorriso dela conseguia iluminar até as profundezas de uma
mina. E ela era uma mulher que o deixava foder sua bunda,
enquanto comia sua boceta e ela chupava seu pau, se
perdendo tanto naquilo, que depois dele tê-la feito gozar, ela
acariciou seu pau com o nariz com o mesmo tipo de adoração
que o chupou. Ela fez aquilo, e quando eles não faziam
aquelas coisas, ela era tímida e puritana.

Ele quase perdeu sua chance com ela.

Ele quase ferrou com tudo.

E segurando o sobrinho dela e recebendo seu sorriso,


Johnny jurou para si que não faria nada que a deixasse
escapar por seus dedos de novo.

Ele jurou aquilo e jurou que levaria sua mulher para


acampar na primeira oportunidade que tivesse.

Ele se forçou a virar contra aquele sorriso, segurou


Brooks perto de si enquanto a criança tentava arrancar sua
barba pela raiz e colocou as tampas nos potes com a carne e
os colocou na geladeira.

— Antes que ele arranque sua barba, dê ele para mim.


Nós vamos checar a fabulosa roda d’água. Assim, você pode
sugar o rosto da minha irmã e eu não tenho que
testemunhar. Quando isso terminar, podemos seguir o dia. —
Addie declarou, puxando Brooks de seus braços e dando a
sua irmã um aceno de cabeça antes de andar pelo espaço, até
a porta e em direção a roda d’água.
Ele estava assistindo sua irmã, mas essa não foi a única
razão que Izzy o pegou de surpresa quando o encurralou no
canto do balcão da cozinha. A principal razão foi que ele não
pensou que ela poderia fazer isso.

Outra parte do pacote completo.

Eliza Forrester era cheia de surpresas.

Ele estava sorrindo para ela e acariciando sua cintura


até sua bunda, quando ela segurou sua cabeça com ambas
as mãos, se pressionou nele, ficou na ponta dos pés e deu um
beijo molhado e pesado em sua boca.

Johnny tomou o controle, puxando-a para mais perto


dele e mais para cima, usando sua bunda para isso. Ele
escutou o barulhinho doce que ela fez em sua garganta e o
beijo ficou mais sério.

Ele estava meio duro, mas completamente ciente que


não tinha nem lugar nem tempo para oferecer uma foda
rápida quando ele puxou sua boca da dela.

— O que quer que fiz para receber isso, você tem que me
dizer, gata, para que eu faça de novo. — Ele murmurou.

Ela o encarou nos olhos e respondeu:

— Você é o melhor, Johnny Gamble.

Ele tinha a sensação de que sabia sobre o que aquilo se


tratava, então ele subiu os braços para abraçá-la pela
cintura, mas continuou segurando-a perto quando
sussurrou:

— Eu só o carreguei pelos degraus, Iz.


Ele sabia que adivinhou quando ela falou:

— Os ombros dela estão destruídos de tanto andar com


as coisas dele por aí, querido. Algo pequeno para você é algo
gigantesco para ela e ela é minha irmã, então é gigantesco
para mim também.

Ele apertou sua cintura.

— Você pode me recompensar com sua guacamole.

— Oh, eu vou te recompensar, mas a guacamole vai ser


só parte disso.

Isto a fez ganhar outro apertão e ele colocou seus lábios


nos dela.

— Estou ansioso para ver o que você planejou,


spätzchen.

— Ok, ugh. Seu tempo acabou. — Addie anunciou, e ele


olhou por cima de Izzy para vê-la entrando pela porta. — E só
para dizer, é dia de lavar os cachorros, desde que aquelas
bestas decidiram brincar no riacho.

— Oh, não. — Izzy murmurou.

Ele a apertou mais uma vez antes de soltá-la


empurrando-a gentilmente e dizendo:

— Não se preocupe, gata. Vou limpá-los quando eles


terminarem de fazer bagunça.

Ela lhe deu um olhar grato e se moveu em direção a ilha


da cozinha.
— Eu preciso de uma tigela, uma faca, uma colher e
uma tábua de cortar. — Ela declarou.

Ele pegou o que ela precisava e mais uma tigela grande.


Segurou o saco de batatinhas que também estava na ilha, o
abriu e as jogou lá.

— Este lugar é um arraso. — Addie falou, e ele a olhou


para ver que Brooks estava engatinhando pelo chão de
Johnny e ela estava na ilha. — Sem querer questionar sua
masculinidade, como você tem não somente os melhores
móveis que eu já vi, mas também... — Ela apontou para a
tigela com as batatinhas. — Os melhores utensílios?

— Os móveis fui eu. As outras merdas, Margot apareceu


um dia e declarou que as coisas de plástico que eu tinha
comprado na Wal-Mart, quando me mudei da casa do meu
pai, aos dezenove tinham que ir embora, e não tive escolha já
que ela jogou tudo fora e substituiu por essas daqui.

Addie pegou uma batatinha, enfiou na boca, e enquanto


mastigava olhou para Izzy.

— Eu já gosto dessa guria.

Izzy deu um olhar para ele e ele respondeu com um


sorriso.

— Quer beber algo? — Johnny perguntou para Addie.

— É su casa mi casa? — Ela perguntou de volta.

— Hoje é. — Ele respondeu.

— Então eu mesma me sirvo. — Ela disse, movendo-se


em direção a geladeira.
— Iz, querida? — Ele perguntou.

— Vou pegar algo quando terminar aqui. — Ela disse,


tirando o miolo do abacate.

Johnny decidiu deixar Izzy fazer suas coisas, Addie as


dela, e ele se moveu pela casa até a porta e foi procurar os
cachorros.

Eles estavam encharcados e perseguindo uns aos outros


em volta do grande gramado perto do moinho.

Ele os deixou brincando e descobriu na volta que Brooks


o seguiu até a porta e se abaixou para pegá-lo.

Então ele deitou no chão com Brooks guinchando e


rindo. Colocou a criança em seu peito, fazendo coceguinhas
nele e Brooks riu mais ainda, se arqueando, torcendo e
rastejando em Johnny.

— Que merda. Ele é seu e eu quero muito pegá-lo. —


Addie atestou alto.

Johnny sorriu para o filho dela.

— Tem o pequeno fato de que você é casada. — Izzy


disse.

— Huh. — Addie balbuciou.

Johnny virou seu pescoço para olhar para Izzy, que


olhava para ele.

Ela levantou o nariz para ele.

Sem palavra alguma, o movimento com o nariz revelou


que a razão de Addie estar ali ainda seria revelada.
Ele sorriu de novo, desta vez a assegurando.

A porta da frente se abriu.

Seu olhar foi para lá e ele viu Margot entrando, Dave


atrás dela carregando uma torta.

Ela parou, fez uma varredura do local com os olhos,


parou em Izzy em sua cozinha e a expressão dela mudou de
séria para feliz.

— Eliza! — Ela gritou. — Minha querida garota! Poderia


ser mais adorável nesse vestido?

Enquanto Johnny se levantava segurando Brooks perto


dele, Margot andou até Izzy e a abraçou como se ela fosse sua
filha preferida que casou com um russo que a levou para a
Sibéria, e ela não a via há décadas.

— Realmente... gostei... dessa guria. — Addie


murmurou.

Johnny se moveu para elas quando Margot soltou Izzy,


assediou Addie, e Dave moveu-se para perto de Iz e lhe deu
um grande abraço, murmurando: — Ótimo te ver de novo,
criança.

— Você também, Dave. — Ela respondeu.

— Você deve ser a irmã. — Margot decretou.

— Isto eu sou. — Addie respondeu. — E você deve ser a


maravilhosa Margot.

Margot arqueou uma sobrancelha.

— Maravilhosa?
— Izzy acha que você é o máximo.

— Ela usou essa linguagem?

— Não, ela disse: "Mal posso esperar para você conhecer


Margot. Ela é a classe em pessoa".

O rosto de Margot ficou emocionado e ela mirou seu


olhar para Izzy, murmurando humildemente:

— Querida.

Izzy estava enrubescendo.

Johnny entrou em ação.

— Vamos terminar isso. Dave, esta é Addie, a irmã de


Izzy. E pessoal, este é Brooks. — Ele levantou o bebê alguns
centímetros. — O menino de Addie.

— Oh… Meu… Deus! Olhe para essa criança linda! —


Margot levantou ambos os braços em sua direção. — Dê ele
para mim imediatamente, Johnathon.

Johnny o deu para ela e então se virou para Dave.

— Vou colocar os móveis do deck e as cadeiras de


acampamento perto do riacho. Izzy está fazendo guacamole, e
você pode me agradecer pelos ingredientes e venerar a tigela
de batatinhas em agradecimento a ela. Os cachorros estão
uma bagunça. Eles estiveram no riacho então tenho que lavá-
los com a mangueira. Vou cozinhar mais tarde.

— Parece bom para mim, filho. Te ajudo com a cadeira e


os cachorros.
— Obrigado, Dave. — Ele respondeu e se virou para Izzy.
— Já volto, gata.

Ela estava misturando ingredientes.

— Certo, querido.

— Quem é lindo? Quem é adorável? Quem é um menino


precioso? — Margot arrulhou, balançando Brooks de um lado
para o outro.

Brooks bateu em seu rosto e caiu na risada.

— Quem é um monstrinho safado? — Margot perguntou


no meio de um sorriso, capturando sua mão e fingindo
mordê-la.

Brooks se arqueou e gargalhou, então deu um tapinha


em seus lábios quando ela parou de fingir mordê-lo.

— Só para dizer, classuda. — Addie falou suavemente.


— Nós tentamos não deixá-lo estapear ninguém.

Margot virou seus olhos para Addie e quando ela o fez


Johnny sabia que a irmã de Izzy tinha a aprovação dela.

— Certo, querida. — Ela sussurrou.

Margot sorriu.

Addie sorriu de volta.

Izzy espremeu limão na guacamole.

E Johnny e Dave foram colocar as coisas perto do


riacho.

Ele estava na grelha no fim do deck e as mulheres


estavam sentadas nas cadeiras, com Izzy deitada no mesmo
cobertor que ela usou no festival, ela disse a ele que ainda
estava no carro então ele buscou e arrumou para ela.

Ela estava novamente de óculos e chapéu e parecia


adorável, ridícula, e o fazia ter vontade de fodê-la.

A tigela de batatinhas estava vazia, assim como a tigela


da guacamole, ambas agora na pia.

Margot ainda estava com Brooks. Mas novamente,


exceto por deixá-lo engatinhar um pouco na grama, Margot
não soltou Brooks.

Os cachorros estavam cansados. Dempsey deitado de


lado perto de Izzy, Swirl de barriga para baixo perto dos pés
de Margot, mas Ranger estava enrolado no pé da grelha com
Johnny.

Dave estava caminhado até a varanda.

— Precisa de ajuda? — Ele perguntou quando chegou ao


deck.

— Está tudo bem. Mais tarde, você pode me ajudar a


levar as coisas para baixo quando isso acabar. — Ele indicou
a grelha com a cabeça.

— Faremos isso. — Dave retornou e chegou mais perto.

Sua atenção não estava em Johnny, nem na grelha.

Estava nas mulheres na grama.

— Ela é uma ótima garota. — Dave murmurou,


referindo-se, Johnny sabia, a Izzy.

— Sim. — Johnny concordou.


Dave finalmente olhou para ele.

— Você parece... bem.

— Você provou a guacamole dela. Você viu o vestido


dela. A irmã dela é hilária. E você e Margot estão aqui. O que
não há de bom?

— Você sabe...que com esta... — Dave não terminou.

Johnny sentiu a parte de trás do seu pescoço começar a


coçar.

— Dave...

— Ela é uma lutadora, posso notar. Eu posso ver porque


ela lutou contra tanta coisa durante sua vida, que está
marcado nela. Ela não consegue esconder. Não a faça lutar
mais, filho.

Johnny se controlou para não ficar chateado.

— Você sabe que eu não levaria as coisas neste nível se


não pretendesse ficar com ela assim.

— Seu velho conseguiu algumas boas... — Dave


começou.

— Não sou meu pai. — Johnny retornou.

Dave segurou seu olhar.

— Sua mãe, aquela mulher... ela era algo. Lance pensou


que ganhou o Super Bowl, o World Series e o NCAA21 quando
a ganhou.

— Dave...

21
Campeonato de Basquete masculino.
— Ela o destruiu.

Johnny ficou calado.

— E eu amava aquele homem mais do que meu próprio


irmão, então foi difícil vê-lo destruir todas as mulheres que
passaram por sua vida depois dela.

— Isto não está acontecendo aqui. — Johnny disse.

— Johnny meu garoto. — Dave murmurou.

— Minha mãe deixou meu pai com dois filhos pequenos


e nunca olhou para trás, Dave. Ela nunca olhou para trás.
Nenhum de nós a viu outra vez. E eu não sei porque. Você
sabe o porquê?

Dave lentamente balançou a cabeça e deu a Johnny a


resposta que ele já sabia.

— Eu não sei porque, Johnny. Seu pai também não


sabia, ele só veio para casa um dia e encontrou uma nota
dizendo que vocês estavam na sua avó e todas as coisas dela
tinham sumido. Acho que isso é uma parte do porquê ela o
assombrava. Ele nunca soube o motivo.

— Shandra fez uma escolha. — Johnny respondeu. —


Na minha opinião, foi a escolha errada. Mas ela me deixou
por uma razão e eu sabia qual era. O que aconteceu com
minha mãe não é o que está acontecendo aqui. Não estou
assombrado, pensando sobre os porquês. Eu deixei Izzy ir,
quando Shandra me disse que estava voltando, porque não
tinha terminado meu luto sobre o que pensei que seria minha
vida. Mas finalmente percebi que aquilo não foi o que a vida
planejou para mim. Agora eu não sei se esse tempo todo ela
não tinha o plano de me fazer encontrar uma garota que
consegue usar um vestido daqueles, que faz meu sangue
ferver com a vontade de livrá-la das coisas ruins que
aconteceram em sua vida. O que sei é que Izzy está em minha
vida agora e enquanto estiver, vou tomar conta dela.

Dave só continuou a olhá-lo nos olhos.

— Quero dizer, olhe para ela, Dave. — Johnny disse


baixinho.

A cabeça de Dave virou então ele pode ver Izzy.

— Não sei o que estava na cabeça de meu pai quando


ele fez o que fez depois de nossa mãe deixá-lo. Se ele estava
procurando por ela de novo e nunca a encontrou. Se algum
lugar dentro dele precisava estar livre caso ela voltasse. Mas
Shandra está de volta e Izzy está em meu gramado com
Margot, e saber que ela está bem ali para comer a comida que
fiz para ela me deixa feliz.

Dave olhou de volta para ele.

— Você tem um longo caminho para percorrer com essa,


Johnny.

Johnny sentiu suas sobrancelhas franzirem.

— O que quer dizer com isso?

— Todo mundo na cidade pensa que...

Johnny olhou para a carne na grelha, dizendo:

— Todo mundo na cidade pode ir se foder.


— Garoto. — Dave disse lentamente.

Johnny olhou para ele.

— Não me importo com o que eles pensam.

Dave levantou suas sobrancelhas.

— Você acha que ela talvez se importe?

— Eu sei que Izzy teve que passar por muito mais do


que só perder sua mãe e um ex namorado assustador. Ela
ainda não me contou o que é, mas você está certo. Ela usa
isso como uma marca. Então meu palpite, ela consegue viver
com algumas fofocas na cidade sobre o romance da década
porque eles sempre pensaram que Johnny e Shandra
terminariam juntos. Mas a única pessoa com quem quero
estar agora é Izzy. Se ela estiver sobre meus cuidados, vou
fazer com que ela não se importe também.

— Sem ofensas, mas um filho tende a seguir os passos


do pai. — Dave disse.

— Não me ofendi, Dave, mas algumas vezes esse filho


toma cuidado para não seguir pelo caminho errado.

Dave acenou.

— Tenho que dizer por mais que doa tê-lo perdido, fiquei
feliz que ele não teve que assistir você perder Shandra. Agora
me dói que ele não vá ver você do outro lado da história, com
Izzy.

Johnny olhou para a carne e se entristeceu.

— É, isso dói.
— Ele teria gostado dela. — Dave disse suavemente.

Johnny novamente virou seus olhos para ele.

— Uma pessoa teria que ser insana para não gostar


dela.

Dave sorriu.

— Está quase pronto aqui, Dave. Você pode conferir se


as mulheres têm vinho o suficiente? — Johnny perguntou.

— Vou fazer isso agora mesmo, filho. — Dave


respondeu.

Ele foi até as escadas e desceu.

Johnny assistiu.

Então ele virou o frango que estava pronto para a fileira


de cima e colocou os bifes.

Margot, Dave e Addie estavam nas cadeiras do deck.

Brooks estava dormindo no meio da cama de Johnny,


cercado por travesseiros.

E Johnny estava sentado no cobertor de Izzy. Ela estava


entre as pernas dele, descansando suas costas contra o peito
dele. Ele tinha um braço em volta dela e a outra mão no meio
das dela e enquanto ela brincava com sua mão. A roda d’água
estava rodando gentilmente ali por perto e Ranger estava
deitado no cobertor de um lado, Swirl aos pés deles, Dempsey
no outro lado.

O homem que Margot criou sabia que estava sendo um


anfitrião ruim, já que grande parte dos seus convidados
estavam na casa e ele não.

Com Izzy logo ali, brincando com sua mão, ele não se
importava.

Mas ele imaginou Izzy e ele ali, o resto das pessoas


também não se importavam.

— Tem planos para o próximo fim de semana,


spätzchen? — Ele perguntou.

— Eu vou hospedar um cavalo em meu estábulo. — Ela


respondeu.

— Merda. — Ele murmurou.

Ele esqueceu.

Ela enrolou os dedos de uma das mãos em volta da dele


e as colocou em seu peito, virando-se levemente em seu
abraço para olhá-lo.

— Por que?

— Nós perdemos um encontro para ir acampar.

Ela estava relaxada, vinho, comida, boa companhia.

Ainda assim, ele a sentiu ficar mais solta contra ele.

— Sim. — Ela disse suavemente.

— Mist vai embora no fim de semana depois do próximo,


pela manhã. Cerca de vinte milhas daqui, conheço um lugar
bom para acampar e pescar. Nós levamos Mist de volta e
vamos para lá.

Ela colocou sua mão livre em seu peito e subiu,


descansando-a em sua garganta.

— Isto soa maravilhoso.

— Você pode ir no Home comigo amanhã, tomar uns


drinks depois de jantar com sua irmã? — Ele perguntou.

Ela acenou.

Johnny a puxou para cima, abaixou sua cabeça e deu


um beijo leve nela.

Quando terminou não foi muito longe antes dela


perguntar.

— Quer ir jantar lá em casa algum dia da semana que


vem?

— Absolutamente.

Ele pegou o sorriso dela na luz da lua minguante.

— Hoje foi ótimo, Johnny. — Ela disse a ele.

Começou espetacular, mas foi discutível, mas após isso


só ficou melhor.

— Sim.

— Você tem talento na cozinha. — Ela disse.

Ele gargalhou.

— Bem, você tem. — Ela afirmou.


— Eu sou um homem criado por Margot, gata. Estou
tentando não ser grosseiro.

Isso a desapontou e ela murmurou:

— Oh.

Ele a afastou e deu outro beijo suave.

Então ele a puxou de volta, virando-a para que suas


costas estivessem completamente apoiadas em seu peito
novamente, enrolou ambos os braços em volta dela.

— Provavelmente vamos ter que ir logo. — Ela disse


como se não quisesse ter que dizer.

— É. — Ele disse isso como se também não quisesse


dizer.

— Que tal o jantar na quarta? — Ela perguntou.

— Por mim tudo bem. — Ele respondeu.

Ela ficou em silêncio.

Johnny a segurou em seu peito.

Em meio à paz, ela disse hesitantemente.

— Você não perguntou.

— O que?

Levou um minuto para ela dizer.

— Nada.

Ele a apertou e lembrou.

— Querida, nós falamos sobre isso de manhã.

Ela não respondeu.


— Izzy, o que eu não te perguntei? — Ele pressionou.

— Sobre sexo.

— O que?

— Drinks no Home e jantar na minha casa, bem... você


não perguntou onde vamos encaixar o sexo.

E novamente, Johnny lutou contra o impulso de ficar


com raiva.

— Você pode entender que quero isso de você a qualquer


hora que tivermos uma oportunidade, Eliza. Mas desde que
parece que eu não me fiz claro ainda, vou ser agora. Isto não
é tudo o que quero de você.

— Certinho. — Ela respondeu rápido.

Eles ficaram em silêncio enquanto Johnny tentava não


se enraivecer.

— Uh... Johnny?

— Sim. — Ele grunhiu.

— Então, um... bem, só para dizer, eu gosto de saber


onde vamos encaixar o sexo.

Por um segundo ele ficou paralisado.

Então explodiu numa gargalhada.

Ela se virou em seus braços, se puxou para cima e


olhou em seus olhos.

— Isto não é uma resposta. — Ela declarou.

Johnny continuou rindo.


Ela começou a se afastar.

Ele a puxou de volta e respondeu.

— Depois dos drinks, vamos voltar para minha casa e


vou foder você para caramba. E depois do jantar na sua casa,
vou passar a noite e seremos silenciosos.

Ela o encarou a luz da lua.

— Combinado? — Ele perguntou, tentando não soar


maravilhado e falhando.

— Combinado. — Ela respondeu, sem tentar esconder


sua irritação.

— Agora, preciso te levar até a casa antes que eu te leve


para a floresta e te foda lá.

Ela não soou irritada, parecia quase desapontada


quando disse:

— Ok.

Johnny lhe deu outro beijo. Se demorou nesse. Então


levantou os dois, pegou o cobertor e andou com ela até a
varanda com os três cachorros os seguindo.

Depois de um dia como aquele, as despedidas


demoraram também. Mas Brooks ter caído no sono
significava que eles tinham que terminar, eventualmente, o
que significou que com nada além de um selinho nos lábios,
Johnny teve que ficar na varanda com Ranger e assistir Izzy
dirigir para longe.

Quando ele não conseguia mais ver o carro, olhou para


seu cachorro.
Ranger olhou para cima e inclinou a cabeça para o lado.

— Você gosta dela, garoto? — Perguntou.

Ranger levantou, balançou o rabo e lambeu a mão de


Johnny.

— É, eu também.

Ele bateu em sua coxa e se moveu pelas escadas com


seu cachorro do lado.

Eles entraram na casa. Johnny pegou uma cerveja,


pegou seu livro e leu com seu cachorro deitado no pé da
cadeira até a hora de dormir.

Ele foi para cama e não bateu uma pensando em Izzy.

Porque ele teria a coisa real amanhã à noite.


Óleo de motor e pelo de gato

Izzy
— Uh... o que?

Estas duas últimas palavras Deanna disse tão alto e


rápido que eu rapidamente saí de minha cadeira, andei pelo
espaço e fechei a porta do meu escritório.

Me voltei para ela.

Era a manhã depois do Memorial Day. Nós estávamos de


volta ao trabalho.

E eu acabei de atualizar Deanna sobre o que acontecera


nesse fim de semana.

Ela ainda não se sentou.

Eu provavelmente deveria ter esperado ela sentar.

— Deanna... — Eu comecei.

— Você me disse que estava de ressaca, Iz. E só para


dizer, nós fomos ao festival. Escutamos a fofoca rolando. Eu
sabia que você não estava de ressaca. Mas quando você
precisa pôr ordem nos pensamentos, eu te conheço. Você
precisa de espaço para se ordenar. E de qualquer forma,
Addie estava com você então pensei que ela cuidaria de você
até o ponto em que você estivesse pronta para me contar.

— Eu realmente estava de ressaca. — Disse a ela. E


adicionei: —Também. — Quando seus olhos se estreitaram
em mim.

— Tudo aquilo aconteceu e você não me ligou? — Ela


perguntou, seu tom ficando cada vez mais alto.

— Eu estava meio ocupada. — Disse a ela.

— Meio ocupada com Johnny Gamble fazendo carne


para a família dele e sua irmã, mas e quanto ao resto de sua
família, Izzy?

— Vocês estavam na mãe do Charlie. — Lembrei a ela.

— A mãe do Charlie me deixa louca, você sabe. Uma


desculpa para dar um furo nela no Memorial Day, escutando-
a falar que eu não coloquei açúcar mascavo o suficiente em
meus feijões e que talvez eu devesse trabalhar menos e
passar mais tempo cuidando dos bebês que falhei em dar ao
seu filho, eu pegaria essa chance.

Eu sabia disso e imediatamente me senti mal.

Ela cruzou os braços sobre o peito.

— Como estão as coisas?

— Elas estão... — Eu abri um sorriso — ótimas.

Ela acenou com a cabeça uma vez.

— Mm-mmm. E o que está por vir com você e Johnny


Gamble?
— Nós vamos nos encontrar no Home para alguns
drinks hoje à noite. E ele virá jantar lá em casa amanhã à
noite. Eu vou cuidar do cavalo de um amigo dele começando
no sábado e Johnny virá para cuidar dele toda manhã, assim
como Serengeti e Amaretto. E quando levarmos Mist de volta,
vamos acampar no fim de semana.

— Bem, minha nossa! — Ela murmurou. — Aquele


garoto tomou uma decisão, ele não perde tempo.

Eu sorri.

— Eu acho que ele gosta de mim.

— Bem, garota, vai para cima porque Matlock inteira já


percebeu isso.

Pisquei para ela.

— Como?

Ela não me fez esperar.

— Agora, a divisão entre Shandra e Izzy está se


formando, garota, mas pelo que sei, você está ganhando.

Meu peito começou a ficar estranho.

— Como? — Repeti.

Ela botou as mãos no quadril e um pé para fora, pronta


para me enfrentar.

— Aparentemente, Johnny conheceu Brooks. — Ela


disse.

— Sim. — Confirmei.
— Agora, veja só, você, Johnny e Brooks abraçadinhos
ganharam alguns corações moles. Aquela garota nova que
tem alguns acres no norte operou milagres, eles dizem. Ela
curou o coração partido de Johnny Gamble.

— Wow! — Sussurrei.

— Sim, wow. Então Shandra aparece e Johnny corre


atrás dela, a cidade toda está fofocando. Um pouco menos da
metade acha que é assim que deveria ser, e um pouco mais
ficou bravo com Johnny por deixar essa coisa doce que você é
comendo poeira para correr atrás da mulher que quebrou o
coração dele.

— Ele foi atrás do cachorro. — Eu disse a ela.

— Eu sei disso e você sabe disso, eles não.

— E isso importa? — Perguntei.

Ela me encarou.

— Quero dizer, eu sei o que está acontecendo e Johnny


também e você sabe, então o que me importa se eles sabem?

Ela continuou a me encarar.

— Deanna, uma das minhas primeiras memórias é


escutar barulhos assustadores vindo do quarto dos meus
pais, ir até lá e ver meu pai batendo para caramba nela. Você
acha que me importo se as pessoas querem ou não que eu e
Johnny fiquemos juntos?

— Izzy, você cresceu na cidade grande. Isto aqui é um


lugar pequeno. As coisas são diferentes. Você não consegue
escapar das mesmas coisas que numa cidade grande. — Ela
explicou.

— Ele disse, "se livre dela". E o nariz dela estava


sangrando, a cara inchada e molhada com lágrimas, ela
olhou para mim e disse: "Bebê, volte para cama. Vou estar
com você em um minuto".

O rosto de Deanna ficou gentil.

— Ela deixou ele terminar, se limpou e veio me ver. —


Terminei.

— Garota. — Ela suspirou, a voz grossa.

— Se as coisas funcionarem entre mim e Johnny, eles


vão se acostumar. Se não, eu não me importo. Enquanto isso,
não me importo. Ele gosta de mim, Deanna. Ele deita no chão
com Brooks e faz cócegas nele, ele rebate as críticas de Addie
quando ela fala coisas ruins, e Addie o adora, e ele olha para
mim como se eu fosse a coisa mais linda que já viu. Isto é
tudo com que me importo.

— Você está feliz? — Ela perguntou baixinho.

— Estou assustada e em êxtase. — Respondi.

Ela me estudou por um tempo e então levantou a


bochecha e me avisou:

— É melhor eu conhecer esse garoto e logo, Iz.

Eu sorri.

— Vou falar com ele, mas que tal no sábado?


— Não vou falar com Charlie. Vou dizer a ele para estar
em sua casa no sábado, e não para uma refeição grátis. Ele
vai ter um trabalho. Avaliar seu novo garoto.

Charlie irá amar Johnny. Duas peras em um pote, só de


cores diferentes.

— Isto seria ótimo.

— Se você está feliz, estou feliz por você. — Ela me


disse.

Sorri para ela de novo.

— E se eu ouvir qualquer um dizendo alguma coisa, vou


contar a história certa.

Parei de sorrir.

— Você não precisa fazer isso.

— Mas vou.

Balancei minha cabeça.

Ela levantou um dedo com a unha cor de cereja e


apontou para mim.

— Agora, daqui em diante, não vou ganhar notícias com


um atraso de quarenta e oito horas. Estamos entendidas?

Voltei a sorrir.

— Sim, Deanna.

— Certo. Vamos ser demitidas se as coisas não se


acertarem com Johnny Gamble, nunca fazemos nada.

Olhei para meu relógio e então disse a ela:


— São oito e meia Deanna, estamos prontas com a
atualização e já limpei meus e-mails.

— Isto porque você é organizada. — Eu achei que ela


estava no meio de uma explanação, mas descobri que não
pelo jeito súbito que ela olhou para mim. — Você não ganhou
muito de seu pai, mas mesmo com toda a adversidade, ele te
deu motivos para encontrar algo melhor na vida. Isto é seu.
Você trabalhou por isso. Você merece isso. Mas ele te deu
isso. Não estou dizendo que você deveria ser grata. Você não
agradece um estuprador por te ensinar a ter mais cuidado ao
andar à noite. Mas você tem a força que tem por ter passado
por tudo o que teve que passar. Ele tem parte em fazer a Izzy
que existe hoje, e você deveria se orgulhar de quem se tornou
quando poderia ter ido por um caminho completamente
diferente.

— Pare de me fazer querer chorar quando minha


maquiagem está fresca. — Retornei.

— Tanto faz. — Ela murmurou e então perguntou: —


Almoço?

Concordei.

— E só para dizer, você está me afastando de Addie e


Brooks.

— Vou pedir para ela trazer Brooks na cidade para o


almoço amanhã.

— Huh. — Ela bufou (o que significa, no jeito meio


enjoado de Deanna, um "ok").
Com isso, ela saiu do meu escritório.

Assisti sua saída e então peguei meu celular na mesa.

Deanna quer te conhecer. Enviei para Johnny.

Quase imediatamente ele respondeu: Sabia que isso


estava por vir.

Ela é uma boa pessoa. Compartilhei.

Imaginei. Ele enviou.

Sábado na minha casa? Perguntei.

Estarei lá. Ele disse.

Vejo você mais tarde.

Você absolutamente verá.

Sorri para meu celular.

Então voltei ao trabalho.

Me apressei pela porta de trás do Home e vi que havia só


um punhado de pessoas, Johnny uma delas, sentado no
mesmo banquinho da noite em que nos conhecemos.

Não me passou despercebido que eu tinha a atenção de


todos voltada para mim quando abri a porta.

Só ignorei enquanto ia rapidamente até Johnny.


— Desculpe. — Disse, passando entre ele e o banquinho
onde sentei quando nos conhecemos. — Você está esperando
há muito tempo?

— Querida, eu estou no bar com um jogo passando. Não


é um trabalho difícil sentar aqui e beber cerveja.

Sorri para ele.

Ele me encarou.

— Está tudo certo? — Perguntei, colocando minha bolsa


no bar e sentando no banquinho.

— Você realmente não está seguindo o plano. — Ele


murmurou.

— Como?

— Querida, me beije. — Ele ordenou.

Aquilo enviou um arrepio pelas minhas costas.

Me inclinei para ele e toquei minha boca na sua, só para


que ele colocasse a mão no meu pescoço, fazendo o beijo mais
longo, doce, mas leve.

Ele me deixou ir e murmurou:

— Teve um bom dia?

Acenei.

— O que você quer? — Ele perguntou.

Meus olhos foram para longe enquanto balbuciava... —


Um...

— Sally, você tem uma carta de vinhos? — Johnny


chamou.
Sally, a bartender, olhou para ele como se fosse louco.

Johnny olhou para mim.

— É o da casa branco ou tinto, talvez se você estiver


com sorte, o rose da casa.

— Branco. — Eu disse.

Johnny se virou para Sally.

— Pode conseguir uma taça de vinho para minha


garota?

— Para já, Johnny. — Ela disse e se moveu para as


taças de vinho suspensas de cabeça para baixo acima do bar.

Johnny tomou um gole de cerveja.

Depois que ele engoliu, perguntei:

— Você teve um bom dia?

Ele estava posicionado encarando o bar nesse tempo só


então ele virou no banquinho em minha direção, colocando
um braço no bar, os dedos ainda enrolados em volta da
cerveja.

— O objetivo de ter uma oficina é que pessoas trazem


carros. Eu os conserto. Sei que eles não vão gostar de quanto
custa, então posso diminuir. Eles vão embora com algo
consertado. Eu trabalho no próximo carro. Em outras
palavras, ter que diminuir o preço é a única merda que tenho
que aguentar, não tenho que lidar com mais nada. Então,
spätzchen, é raro que eu tenha um dia ruim.

Sorri para ele.


— Que bom. — Sally colocou a taça de vinho na minha
frente e virei meu sorriso para ela. — Obrigada.

— De nada. — Ela murmurou e se moveu para longe.

— Novidades sobre Addie? — Ele perguntou.

Tomei um gole, abaixei minha taça e disse a ele:

— Ela ainda não falou nada.

— Por quanto tempo ela vai ficar? — Perguntou.

— Talvez para sempre? — Respondi e vi suas


sobrancelhas subirem. — Ela não disse por quanto
tempo vai ficar, mas já está arrumando suas coisas no meu
quarto de hóspede e arrumou as coisas de Brooks no meu
escritório. E ela trouxe muitas coisas, Johnny. Ela é uma
garçonete. É uma profissão que não paga tão bem, então ela
sobrevive das gorjetas. Mas ela é paga por horas. Não recebe
férias.

— Isso não está melhorando. — Ele murmurou.

— Não. — Eu concordei.

— Você está bem com ela ficando para sempre? —


Perguntou.

— Totalmente. — Respondi.

Seus lábios sorriram.

— Imaginei que essa era uma pergunta estúpida.

Me inclinei em sua direção, puxando minha taça de


vinho para mais perto e sorrindo.
— Você fala sobre sua mãe, Izzy, se dá bem com sua
irmã, e o seu pai? — Questionou.

Me inclinei de volta, puxando minha taça para longe e


meu sorriso morreu.

—Iz? — Chamou enquanto eu levantava minha taça de


vinho e tomava um gole.

Engoli e perguntei:

— Podemos manter as coisas leves hoje à noite?

— Claro. Mas só para dizer, gata, gostaria de te


conhecer melhor e falar sobre a possível desintegração da sua
irmã, o possível casamento em chamas acabado e talvez já
acontecendo, também não é um assunto muito leve.

— Eu não o vejo. — Declarei.

— Seu pai? — Perguntou.

— Sim. — Respondi.

— Sua escolha? — Persistiu.

— Absolutamente. — Disse. — Entretanto, há o pequeno


fato de nossa mãe nos levar embora, fugir dele, e depois de
fazer a vida dela miserável por cerca de dois meses, nós
nunca escutamos sobre ele de novo, então foi uma escolha
dela primeiro.

A mão de Johnny veio descansar em minha coxa, o calor


dela imediatamente derreteu por meu jeans.

Me deu forças.

Então eu compartilhei:
— Isto provavelmente porque ele encontrou outra
mulher para bater até sair sangue.

Eu vi uma luz em seus olhos antes dele escondê-la e


dizer:

— Spätzchen.

— Meu avô odiava meu pai, disse para minha mãe não
casar com ele, e ela se rebelou. Ela tinha dezoito anos, estava
apaixonada, e grávida, a última parte meu avô realmente não
estava de acordo. Ela fugiu para ficar com o amor de sua
vida. Mas as coisas aconteceram de outra forma, eu acho.
Portanto, quando nossa mãe nos levou até meu avô, ele
fechou a porta em seu rosto. Aparentemente, ele era esse tipo
de cara. Eu não sei. Não lembro realmente dele e ela nunca
falava sobre ele. Mas pelo que sei, principalmente pelo jeito
que minha avó se comportava, mesmo que eu não a
conhecesse tão bem, minha mãe encontrou um cara igual ao
pai e se casou.

— Porra. — Johnny disse.

— Minha avó nos achou antes de sairmos da cidade e


deu a ela um vaso de vidro opalino. Mandou vender. Ela
nunca vendeu. Era a única coisa que ela tinha de sua mãe.
Então ela guardou. E nossa avó mandava dinheiro sempre
que podia, mas não era comum. Ainda assim, éramos tão
pobres que qualquer ajuda era imensa.

— Izzy. — Ele sussurrou.

— Queijo do governo. — Eu disse.


Ele se inclinou para mim, seus dedos me apertando.

— Izzy. — Ele assobiou.

— Ela trabalhava o tempo todo. Ela encontrava lugares


perto da escola para que eu e Addie pudéssemos ir sozinhas
caso ela não conseguisse nos levar. Toda vez que nos
mudávamos quando éramos mais novas, ela nos levava várias
vezes. "Lembrem-se disso garotas. Não vão por uma rota
diferente, minhas rainhas", ela dizia. "E não falem com
estranhos, nunca. Cheguem em casa, rápido e seguras, e
então vocês ligam para a mamãe para avisar que estão bem".

Johnny não disse nada.

— Ela abria latas de sopa para que pudesse esquentar


para Addie e eu, se eu tivesse que fazer jantar. Sopa e
sanduíches de queijo. Todas as noites. Tudo o que eu podia
fazer, mas também tudo que ela podia pagar. Ela ligava para
ter certeza que desliguei o fogão. Eu tinha sete anos.

Sua mão subiu em minha coxa quando ele chegou mais


perto, mas não disse nada.

— Eu me formei em sanduíches de queijo grelhado aos


nove. Você gosta da minha guacamole, deveria experimentar
meu sanduíche. É de morrer.

— Não torne isso leve, Izzy. — Ele disse gentilmente.

— Nós éramos felizes.

Seu queixo tremeu levemente.

— Tínhamos uma a outra e no começo eu e Addie só


sabíamos que ela estava a salvo sem ele, então estávamos
bem porque ela estava. Quando descobrimos que havia mais
que aquilo, já tínhamos aprendido que não significava nada,
então continuamos felizes porque tínhamos uma a outra. E
então ela morreu, e sendo honesta com Deus, Johnny, esta
foi a única vez, depois que o deixamos, que eu não estava
feliz.

Seus olhos abaixaram, ele colocou meu vinho para o


lado e puxou minha mão para a dele.

Eu estava usando a pulseira da minha mãe de novo.

— É barata. — Sussurrei.

Ele não olhou para cima.

— Essas pulseirinhas, Addie e eu comprávamos para ela


todo aniversário com o dinheiro que ganhávamos de nossa
avó. Eu peguei o bracelete quando a perdemos. Addie tem os
braceletes que dizem "Melhor Mãe do Mundo" e "#Mãe número
1". Eu comprei um desses para Addie quando ela teve Brooks
e o entreguei no pulso dele.

Ele brincou no penduricalho com cabeça de cavalo na


pulseira.

— Ela nos fazia dançar com ela na sala de estar. E


tentava ficar de folga todo domingo para que de noite
pudéssemos fazer nossas máscaras faciais com mel e aveia, e
ela nos levava para olhar as estrelas. Ela inventou um jogo
quando tínhamos que ir para a lavanderia, e ela escondia
muito bem que o aluguel estava chegando, mas o pagamento
dela não, então estávamos sem nada. Ela era luz do sol e da
lua e mel e amor. E eu a tive por um momento e então Deus
precisou dela e tive que deixá-la ir.

Seus olhos se viraram para mim e a dor neles, a dor por


mim, cavou profundamente em mim.

E se assentou lá.

E eu a queria.

Eu precisava.

Era um tesouro.

— Ela era de ferro. — Sussurrei. — Ferro e aço e granito


e tudo de forte junto com penas de ganso e pelo de gato e
tudo de suave. Ela era o presente mais precioso que já recebi
e vai ser até que eu tenha meus próprios bebês.

— Pare de falar. — Ele ordenou.

Eu fechei minha boca.

— Não posso apagar isso. — Ele afirmou e meu sangue


começou a cantar em minhas veias. — Não posso tornar
melhor.

Oh meu Deus.

— Johnny...

— Nós lutamos guerras por poeira e óleo e ego quando


deveríamos lutar contra homens que forçam mulheres a viver
esse tipo de vida com suas filhas.

— Nós éramos felizes. — Lembrei.

— Vocês poderiam ter sido mais felizes. — Ele me disse.

Eu fechei minha boca novamente.


Johnny não quebrou o silêncio, então perguntei:

— Você terminou de me conhecer melhor agora?

— Agora? — Ele perguntou.

— Sim.

— Terminar? Não por um longo tempo.

Meu sangue começou a ferver.

— Você... um... quer falar sobre sua mãe? — Eu


perguntei cautelosamente.

— Ela foi embora quando eu tinha cinco anos, Toby


tinha três. Ele não se lembra dela. Eu sim. Ela era
incrivelmente linda. E ela era egoísta até a alma. Nunca a vi
depois disso. Meu pai também nunca a viu. Ele também
nunca a superou. Eu odiava isso por meu pai, mas ela ter ido
embora significou que eu e Toby ganhamos Margot, então
ficamos melhor do que se ela tivesse ficado, imagino. E isso é
tudo.

— Isto foi muito sucinto. — Notei cuidadosamente.

— Então se aplica a descrição dela como mãe. — Ele


retornou.

— Querido. — Murmurei.

— Eu não sinto falta dela e não acho que tê-la perdido


me fez ter algo a menos. Não sinto uma perda. Eu tive meu
pai e ele foi ótimo. O melhor. Eu tive Margot. Dave. Toby. Meu
irmão é um selvagem, mas não por sentir falta de uma mãe
ou fazendo cena, se perguntando por que ela não se importou
o bastante para ficar. Nosso pai não o mimou e Deus sabe
que Margot não fez. Ninguém iria dizer em seu rosto, mas é o
que pensamos. Ele tem um pouco dela em si. Mas ele
também tem muito do nosso pai, então mesmo que ela ainda
não tenha se encontrado, ele vai.

— Espero que sim. — Disse suavemente.

— Ele vai. — Ele respondeu.

— Onde ele está? — Perguntei.

— Guiando expedições de pesca na Flórida? — Ele


perguntou, como se eu pudesse responder. — Treinando para
ser um atirador no Alasca? — Levantou outra questão que eu
não poderia responder. — Empregado como um instrutor de
voos em Phoenix? Quem que sabe?

— Ele consegue pilotar aviões?

— Toby pode fazer qualquer coisa.

— Mas ele pode, bem... realmente pilotar aviões?

— Sim. E fala alemão fluentemente desde que ele


passou mais tempo com nossa avó, porque eu estava no
jardim de infância quando nossa mãe foi embora e logo
depois em tempo integral na escola, então ele teve mais
tempo com ela e ela falava alemão o tempo todo e continuou
até morrer. Eu teria perdido grande parte do que aprendi se
Toby não ficasse me sacaneando em alemão. Nosso pai falava
também, desde que nossa avó o ensinou, então ele
incomodava Toby também. Toby era capitão do time de
futebol americano, quarterback, e foi pego fodendo a rainha
da formatura em um armário depois de um jogo. O treinador
o tirou do time. A cidade enlouqueceu. Então acabaram só
suspendendo ele por dois jogos. Os únicos dois jogos que
Matlock perdeu naquela temporada. — Ele pausou e então
disse: — Garoto de ouro.

Ele balançou a cabeça e o que quer que estava sentindo


no momento foi embora quando ele tomou um gole de cerveja
e sorriu.

— Não importava o quanto ele fodesse com tudo, e ele


era um mestre nisso, ele saía de tudo cheirando a rosas.

— Você jogava futebol?

Ele acenou com a cabeça.

— Tight end22.

— Mas não capitão? — Perguntei cautelosamente.

Ele pareceu confuso.

— Bem... sim. — Então ele sorriu de novo. — E eu


estava namorando a rainha da formatura e fodendo ela, então
não precisava me esconder em armários.

Rolei meus olhos e procurei por meu vinho.

Depois que tomei um gole, ele disse:

— Nosso pai foi um problema.

Eu coloquei minha taça de volta e perguntei


ponderadamente.

— Sim?

22
Último homem na linha defensiva, posição de futebol americano.
— Ele não era luz do sol e brilho da lua e pelo de gato,
spätzchen. Ele era óleo de motor, cerveja e corridas da
NASCAR. Ele não perdia nenhum de nossos jogos. Ele nos
deu a conversa e disse que quebraria nossos pescoços se
desrespeitássemos uma mulher. Então ele nos deu
camisinhas. Ele também nos deu Margot e Dave, e os filhos
deles eram mais velhos que nós então ele nos deu três irmãos
mais velhos, grandes jantares de Ações de Graças, Natais e
Páscoas. Ele derramou algumas lágrimas quando seu pai
morreu e chorou para valer quando sua mãe faleceu, mas
antes disso ele nos disse que só homens estúpidos escondem
suas emoções. Há força em ser quem você é e sentir o que
sente e não dar a mínima sobre o que outros pensam. Ele
disse uma vez que a pior coisa que um homem pode ser é
inautêntico. Ele disse para nunca quebrarmos
completamente o coração de uma mulher, porque um dia
uma mulher quebraria o nosso e nós sentiríamos o que a
fizemos sentir e não seríamos capazes de viver com a culpa.
Ele nos amava, se orgulhava de nós e demonstrava.

Ele olhou para meu pulso e colocou seu dedo indicador


entre minha pele e a pulseira virando sua mão e curvando o
dedo em volta da pulseira.

— E eu chorei quando ele morreu, e todo ano no


aniversário de morte, eu levo um pouco de suas cinzas para o
primeiro lugar que ele levou Toby e eu para pescar e as coloco
no riacho e alimento os peixes na luz da lua, — ele terminou.

— Isto é lindo, Johnny. — Disse suavemente.


Ele virou sua cabeça para mim.

— Eu deveria ter levado você comigo. Ele iria gostar de


te conhecer.

Enquanto minha mão se movia sem permissão, meu


corpo fez o mesmo e inclinei para frente, enrolei meus dedos
na pele quente e firme do seu pescoço e pressionei meus
lábios contra os dele.

Me reclinei, mas não fui longe.

— Então eu gostaria de ter conhecido sua mãe, e que


você tivesse conhecido meu pai. — Ele murmurou.

— Em vez disso, nos encontramos. — Murmurei de


volta.

— Sim. — Ele disse.

— Ela teria gostado de você, mas não gostaria de te ver


grelhando um peito de frango e bifes para cinco pessoas. —
Informei.

O branco de seus dentes apareceu pela barba.

— Não sei como grelhar tofu, querida.

— Infelizmente você nunca terá a chance de comer um


hambúrguer de vegetal dela. Você poderia se esquecer de
carne pelo resto da vida.

— Não acho que isso seja verdade.

— Eles eram realmente bons.

— Você não se esqueceu de carne. — Ele apontou.

— Mm. — Murmurei.
Ele começou a gargalhar.

Acariciou o lado da minha cabeça, beijou minha boca e


se inclinou para longe, então minha mão caiu.

Ele tomou um gole de cerveja.

Eu tomei um gole de vinho.

Quando eu engoli ele disse:

— Agora é a hora de manter as coisas leves.

Dei um pequeno sorriso para ele.

— Concordo.

— Então, qual sua cor favorita?

Comecei a rir.

Então disse a ele.

— O arco íris.

Ele me encarou por um momento antes de explodir


numa gargalhada alta.

Quando a risada diminuiu, ele perguntou:

— Por que será que adivinhei isso?

Virei minha cabeça para o lado e ri.

Ele balançou a cabeça e tomou outro gole de cerveja,


então tomei outro gole de vinho.

Quando sua garrafa e minha taça estavam de volta no


bar, eu comecei:

— Me deixe adivinhar, vermelho.

Ele olhou para mim e negou com a cabeça.


— Azul? — Tentei de novo.

Ele acenou.

— Apesar de haverem dúvidas.

Minhas sobrancelhas subiram.

— Dúvidas sobre sua cor preferida?

— Sim. — Ele respondeu e continuou. — Caminhões,


preto. Motocicletas e ATVs23, amarelo. Snowmobiles24, preto.
Camisetas, tem que ser coloridas e fodonas. Joias, eu dou
ouro para uma mulher. Calcinhas de renda e cinta liga, preto
ou vermelho. Sutiãs, pretos e vermelhos e talvez rosa, o que,
gata, é o único jeito que eu gosto de rosa.

— Acho que preciso ir comprar lingerie. — Murmurei.

— Isto seria muito apreciado. — Ele respondeu.

Eu afastei meus olhos e tomei outro gole de vinho.

Ele gargalhou de novo.

Quando eu coloquei minha taça de volta no bar ele


perguntou:

— Já andou de moto?

— Não.

— Quer tentar?

— Sim.

— ATV?

— Não.

23
Quadriciclos.
24
Moto de neve.
— Quer tentar?

— Sim.

— Snowmobile?

Balancei a cabeça.

— Tentaria?

Acenei positivamente.

Ele sorriu.

— Você tem todas essas coisas? — Perguntei.

— Embaixo do moinho é onde elas ficam durante o ano


quando não estou usando.

— Ah. — Disse, sem ter começado a me preocupar para


o que era usado aquele espaço e agora não precisava.

— Você vai beber esse vinho até morrer? — Ele


perguntou.

— Com pressa?

— Você vai para casa de noite depois que eu terminar


com você?

Meus mamilos começaram a formigar, mas eu disse:

— Eu deveria, querido. Se Addie ainda estiver acordada,


ela talvez queira companhia.

— Então sim, estou com pressa.

Tomei um grande gole de vinho e meus olhos ficaram


grandes quando engoli.
Ele gargalhou de novo, se inclinou e beijou meu
pescoço.

Voltou a sua posição.

— Você não precisa engolir tudo de uma vez, gata.

— Temos que ser silenciosos amanhã. — Lembrei.

— Sim. — Ele confirmou.

— Então eu tenho que engolir.

Outro sorriso.

Tomei outro gole.

E quando o fiz, Johnny gargalhou alto.

Johnny me montou.

Eu estava em minhas mãos e joelhos e ele estava


curvado sobre mim, um braço reto na cama, dedos ligados
aos meus. Um braço dobrado em meu ombro e passando por
meu peito, sua mão acariciando meu seio. Ele tinha seu rosto
escondido em meu cabelo que caiu sobre meu ombro e
pescoço. Ele ordenou que eu me tocasse, algo que eu estava
fazendo. E ele estava dentro de mim.

Eu me senti bem, como sempre quando estava com


Johnny. O melhor.
Mas foi mais que isso, cercada por Johnny, sua força,
sua segurança, seu poder, tudo isso me cobrindo, me
penetrando.

Eu tinha minha cabeça inclinada para trás, pressionada


contra seu ombro, meus olhos fechados, meus lábios abertos,
minha respiração pesada, embarcada por tudo que ele estava
me dando, deixando que me levasse para longe, deixando-o
me levar lá.

Meu clímax estava se aproximando rápido.

Abri meus olhos, pronta para gritar o nome dele.

E foi então que eu nos vi refletidos na janela da varanda.

Estávamos perpendiculares a cama, de frente para as


janelas.

Não notei antes.

Mas agora eu não conseguia tirar meus olhos de lá.

Conseguia ver os músculos do ombro dele se movendo


com suas estocadas. Conseguia ver sua cabeça negra enfiada
contra meu cabelo mais claro. Conseguia ver minhas coxas
separadas para poder tomá-lo dentro de mim. Conseguia ver
meu rosto duro do sexo, preenchido com necessidade.

Nós éramos lindos.

Deus, nós éramos lindos.

Johnny deve ter sentido que meu clímax diminuiu


enquanto eu o assistia me foder, continuou, mas sua cabeça
se levantou.
E seus olhos se fixaram nos meus pelo reflexo.

Instantaneamente, um ruído saiu de seu peito, tão


profundo que senti em minhas costas, explodindo entre
minhas pernas.

— Porra, você é linda. — Ele grunhiu.

Não.

Ele era.

Subitamente, eu estava apoiada só nos joelhos e


totalmente exposta para meus olhos, os olhos dele, me
observando tomar seu pênis enquanto ele movia a mão para
cobrir meu púbis em um V e então subir por minha barriga,
por meus seios, onde ele me segurou na junção entre ombro e
pescoço de cada lado, me segurando parada enquanto me
fodia.

Isto foi ainda mais lindo.

Eu gemi e comecei a me mover mais desesperadamente


perto dele, encontrando seu quadril, meus seios balançando
com meus movimentos.

— Olhe para minha gatinha selvagem. — Johnny


grunhiu, seus olhos em nosso reflexo. — Ela ama levar meu
pau.

— Sim. — Eu disse ofegante.

Suas mãos desceram, uma em meu seio, dedos em meu


mamilo, a outra puxando minha mão para o lado para
esfregar meu clitóris.
Eu choraminguei, e por mais que eu não quisesse
perder a vista de nós, não pude evitar de deixar minha
cabeça cair para trás quando meus movimentos se tornaram
frenéticos.

— Olha para você. — Johnny grunhiu. — Porra. Cristo.

Ele apertou meu mamilo e eu gemi.

— Olhe para você.

Senti meu cabelo em meu peito, tremores começando a


flutuar em mim, e forcei meus olhos de volta para nosso
reflexo, vendo meu corpo se movimentar selvagemente contra
o dele, meus joelhos bem separados, meu sexo exposto, tudo
exposto, sendo empalada em suas estocadas, assistindo seu
pau entrar, sair e entrar, de novo e de novo.

— Johnny. — Eu suspirei.

— Sim, gata. — Ele rosnou. — Sim. Você ama levar meu


pau né?

— Deus, sim. — Choraminguei.

— Goze para mim, Izzy. — Ele ordenou grosseiramente.

Eu estava tentando, mas comecei a me esforçar mais.


Por mim. Por Johnny. Por momentos como esse, eu faria
qualquer coisa.

Minhas costas arquearam, se inclinando mais


profundamente, e eu chorei alto de novo.

— Porra. — Johnny gemeu seu rosto estava escurecido


com o sexo, mas agora ficou cruel com ele. Cruel e lindo. — É
isso ai, gatinha selvagem, goze para o seu homem.
— Só para você. — Eu me forcei a dizer.

— Só eu. — Ele disse, seus dedos em meu seio


apertando quase dolorosamente.

— Só você. — Gemi. — Só com você. Eu só sou assim


com você.

Mal registrei o olhar em seu rosto mudando antes da


minha cabeça cair de novo, atingindo seu ombro, minha
coluna inclinada em um ângulo impossível, e então eu gozei.

Gozei de forma forte, sabendo que Johnny estava


assistindo, sabendo que ele podia ver tudo, as ondas elétricas
de um orgasmo maravilhoso me enviando para bater meus
quadris contra os dele enquanto ele soltava um rugido alto e
suas estocadas aumentaram a violência.

E ele completou a tarefa de acabar comigo.

— Te vejo amanhã à noite.

Nós acabamos de terminar nossa sessão de amassos,


com Johnny me pressionando contra a porta do meu carro
quando ele disse isso.

Eu estava indo para casa.

Eu não queria ir para casa.

Mas minha vida era assim, eu tinha que ir.

— Te vejo amanhã à noite. — Respondi.


Ele me soltou ao dar um passo para trás e eu estava
virando para abrir a porta quando ele disse: — Só um
segundo, spätzchen.

Eu me virei.

Ele se moveu de volta.

Eu olhei para ele.

Sua mão pousou gentilmente em meu pescoço e foi para


o lado, acariciando minha jugular.

— Tenho que saber. — Ele murmurou.

— Tem que saber o que? — Perguntei quando ele não


elucidou.

— O que "Só você" significa.

Parei de olhar para ele, mas agora estava olhando para a


orelha dele, então tecnicamente eu ainda estava olhando para
ele, só não para ele.

— Gata. — Ele sussurrou, apertando gentilmente meu


pescoço.

— Eu não sou daquele jeito. — Disse para sua orelha.

— Que jeito? — Ele pressionou.

— Na cama. — Meus olhos passaram pelos dele até


pararem na outra orelha. — Eu não fui assim na cama com
ninguém além de você.

Ele não disse nada sobre isso, e isso durou por tanto
tempo que relanceei para seus olhos.
No instante em que meus olhos se encontraram com os
dele na luz da lua, ele perguntou:

— Como você não é daquele jeito?

— Eu não me solto. — Sussurrei, lutando contra o calor


que queria tomar conta das minhas bochechas.

— Você não se solta. — Ele murmurou.

— Daquele jeito... como... uh, uma gata selvagem. Eu


não... isto só... — Eu respirei fundo. — Você é o único com
quem me senti... que me fez... — Eu soltei o ar pesadamente.
— Que me deixa daquele jeito.

— Desde o começo? — Ele perguntou.

— Como?

— Gata, você foi quente e selvagem comigo desde nossa


primeira noite.

— Sim. — Disse suavemente. — Desde o começo.

Havia uma tensão em suas feições, até mesmo no jeito


que sua mão estava em meu pescoço, e eu senti algo extremo
na forma em que ele estava olhando para mim.

— Então a gatinha selvagem é toda minha. — Ele


atestou.

— Eu não sou realmente uma gatinha selvagem,


Johnny. — Disse a ele honestamente.

— Izzy, você assistiu seu próprio show. Você é para


caralho.

— Não... não, bem... não tipo, agora.


— Ainda bem, porra.

O encarei.

— O que?

— Sempre me perguntei quão sábio era ter isso junto


com tudo que você é, mas por você Iz, eu lutaria. Desde que
você não tem um pau, você não tem ideia do que homens
fariam por esse corpo. — Sua outra mão veio para descansar
em minha cintura. — Este homem sendo eu, posso ter a Izzy
doce e fofa que você deixa o mundo conhecer, e quando te
tenho na cama você se acende para mim daquele jeito.
Assistindo eu te foder. Deixando-me foder sua bunda.
Assistindo-me gozar para você. E todas as outras coisas que
você me dá quando está nua e se solta para mim.

Seu rosto se aproximou e ele continuou a me encarar


nos olhos.

— É uma honra. — Ele sussurrou.

— Uma honra? — Sussurrei de volta.

— Que você me dá isso. Que você se sente segura assim


comigo. — Seus olhos mudaram na luz da lua. — Desde o
começo.

Havia algo profundo naquilo, eu sabia desde aquela


época.

Ele não sabia.

Até agora.

E ele definitivamente sabia agora.


E ele definitivamente gostava do que sabia.

Eu sabia disso porque ele me beijou.

Repetidas vezes.

Não de um jeito profundo ou molhado.

Beijos suaves. Algumas vezes invadindo minha boca só


para tocar minha língua. Algumas vezes só esfregando minha
boca na sua. Algumas vezes puxando meu lábio inferior.

De novo e de novo.

Eu estava me segurando em seus ombros, minha cabeça


para trás, minha boca oferecida para ele. Era dele e ele
poderia tê-la, me beijar assim até o sol raiar, até que as
folhas se tornassem marrons, até que o mundo parasse de
girar.

O problema era que ele realmente não podia.

Eu tinha que ir para casa, para minha irmã. Dormir. Ir


para o trabalho no próximo dia.

E ele tinha que me soltar.

Ele sabia isso melhor do que eu porque parou de me


beijar e murmurou contra meus lábios:

— Amei esta noite, spätzchen. Me mande mensagem


quando você chegar em casa. E te vejo amanhã.

Acenei, minha testa batendo contra a dele e vi seus


olhos sorrirem.
Meu corpo ficou fluído, não inteiramente pelo sexo, mas
por seus beijos suaves e doces palavras, quando ele se moveu
para longe de mim e eu virei e subi em meu carro.

Liguei o motor e acenei para ele, sem me importar por


parecer uma tonta.

Eu era a tonta dele.

A tonta de Johnny Gamble.

Sua gatinha selvagem.

Sua mulher.

Então eu poderia acenar como uma retardada se


quisesse.

Acenei de novo enquanto dirigia para longe, olhando


pelo espelho para ele, parado e me assistindo ir embora,
Ranger sentado ao seu lado.

E eu dirigi para casa pensando que ainda estava


extasiada sobre o que aconteceu com Johnny.

Mas não estava mais assustada.


O véu caiu

Izzy
— Bem, certo.

Olhei de meu computador para a porta e vi Deanna


entrando depois de dizer isso.

Ela fechou a porta atrás dela.

Relanceei de volta para o computador e novamente para


Deanna antes de dizer:

— Addie e Brooks só vão chegar para o almoço daqui a


meia hora.

— Sei disso, querida, mas só para dizer, escutei umas


coisas. — Deanna respondeu.

— Que coisas?

— De Sally, bartender do Home, que disse para Norma,


que é a dona do Home, que fez o cabelo essa manhã com uma
guria que não conheço, mas no meu salão de beleza, o Image,
minha cabelereira, Crystal, trabalha lá. E Crystal sabe que eu
e você somos próximas. Crystal também escutou Norma
dizendo que Sally era totalmente do time de Shandra, até
você fazer o que quer que tenha feito com Johnny, sendo toda
doce e então o fazendo rir alto. Agora Sally se converteu, e
por essa história, Norma trocou de lado e Crystal também.

Soou vagamente bom o fato de eu estar ganhando a


disputa de Matlock.

Mas principalmente, eu não me importava.

— Isto não importa, Deanna. — Lembrei.

— Só vim para dizer parabéns pelo trabalho bem feito.


— Deanna respondeu.

— Não é um trabalho. Eu estava bebendo com meu


homem.

— Seu homem?

Sorri para ela.

— Bem, ele me chama de "sua mulher" então acho que é


seguro chamá-lo de meu homem.

Seus olhos começaram a brilhar.

— É, eu diria que é seguro.

Tinha a impressão de que meus olhos estavam


brilhando também.

Nós sorrimos uma para outra por um momento antes


dela dizer:

— Você sabe, Johnny Gamble não é o Senhor-Sorrisos


desde que Shandra o largou.

Senti o brilho em meus olhos se apagar.

— Como?
— Isto foi o que Norma disse para Crystal. Ele é um
cliente regular no Home. Não está sempre lá, mas vai para
assistir os jogos. Tomar uma cerveja. É o único bar da cidade
então até eu e Charlie somos clientes regulares lá, apesar
deles não terem taças de Martini, então não é realmente meu
estilo. É só minha única escolha a menos que eu queira fazer
meus drinks e algumas vezes, garota, eu só não estou no
clima.

— Eles também não têm uma lista de vinhos. —


Compartilhei algo que ela provavelmente sabia.

— Terrível. — Ela murmurou. — De qualquer forma, —


continuou, — Johnny Gamble não tem exatamente o hábito
de escolher qualquer uma e se afeiçoar com ela no Home,
mas é seguro dizer que ele definitivamente não explodia em
risadas, estas foram as palavras de Norma para Crystal,
absolutamente. Nunca. Por três anos.

Achei isso alarmante.

— Ele não... ria? — Perguntei para confirmar.

— Eu não sei. Provavelmente ninguém sabe. Ninguém


tem passado todos os dias com ele. Visto ele. Quando eu o
fazia, ele parecia normal, não melancólico, mas nada feliz e
agradável também. Ele só parecia meio... desgarrado. Como
se só estivesse passando pela vida.

Senti meu corpo paralisar enquanto memórias da nossa


primeira manhã juntos voltavam.

Johnny, parado em seu deck, mergulhado em


pensamentos, bebendo café.
Afastado.

E então quando estávamos falando sobre vegetais e eu


estava sendo uma boba, ele estourou em risadas.

Foi a primeira vez que o ouvi rir em nosso pequeno


tempo.

Lembrei de pensar que era lindo.

Mas enferrujado.

Não soava mais enferrujado agora.

— Iz? — Deanna chamou.

Foquei nela.

— Talvez eu seja uma milagreira. — Sussurrei.

Um lento sorriso se espalhou pelo lindo rosto dela.

— Garotinha, eu sabia disso há muito tempo. — Ela


respondeu.

E como era de seu jeito, com uma despedida breve, ela


saiu do meu escritório.

Eu estava deitada na cama do meu lado, a coberta


cobrindo meu quadril, meus olhos no pequeno divã na alcova
levantada no lado do meu quarto onde as janelas ficavam.
Naquele divã haviam três pares de calças de moletom
masculinas. Elas não estavam surradas, mas estavam
amaciadas pelo uso.

Senti um movimento atrás de mim e rolei para minhas


costas para assistir Johnny emergir do banheiro, usando
outro par de calças de moletom.

Descobrimos que tínhamos um novo talento na cama.

Poderíamos ser silenciosos e ainda assim seria


espetacular.

Seus olhos vaguearam em mim usando uma camisola


rosa claro apertada, com lacinhos, que coloquei depois de
terminarmos e ele foi ao banheiro. Seus lábios sorriram antes
dele pôr um joelho na cama, puxando as cobertas e espiando
a calcinha branca com laços que coloquei de volta depois dele
tirar.

Ele se acomodou nas cobertas ao meu lado e então me


reivindicou, me puxando para ele, colocando uma mão em
minhas costas, na minha bunda e entre minhas pernas pelas
costas de um jeito que eu não tinha escolha alguma além de
grudar minha frente na dele e colocar minha perna sobre seu
quadril.

Olhei para seus olhos.

— Eu não posso ficar sem calcinha com minha irmã e


Brooks na casa, à menos que, é claro, eu esteja fazendo sexo.

Um sorriso apareceu por sua barba e ele murmurou:

— Baby.
Ele acariciou levemente o tecido no meio das minhas
pernas e eu me contorci.

Também sussurrei:

— Vamos fazer amor de novo?

O sorriso continuou em sua barba e ele respondeu:

— Não. Só gosto de sentir quão molhada você fica para


mim.

— Oh.

Suas sobrancelhas subiram.

— Você não pode nem aguentar isso sem se excitar para


mim?

Escondi meu rosto na garganta dele.

Ele me acariciou entre as pernas e disse:

— Ok, spätzchen.

Acariciei sua garganta com meu nariz.

— Seu alarme interno te acorda e você me acorda, Iz.

Puxei minha cabeça para trás de novo:

— Como?

— Vou cuidar dos animais, te fazer café da manhã. Você


só precisa cuidar do que quer que tenha que fazer para se
arrumar para o trabalho.

— Você não precisa fazer isso Johnny.

— Certo. — Ele disse, mudando sua mão do meio das


minhas pernas, para cima e para baixo dentro da minha
calcinha, onde ele acariciou uma das bochechas da minha
bunda. — Estamos aqui de novo, então vou te dizer. Eu sou
este tipo de cara. Você tem uma hora de trânsito. Eu tenho
dez minutos. Você leva seis vezes a mais de tempo para ficar
pronta do que eu. Não que tomar conta dos animais seja um
trabalho para homens, o que, gata, só para dizer, eu sou esse
cara também, então para mim é. Mas para mim, como o
homem na vida da mulher que você é, é sobre fazer merdas
que não me importo em fazer para você ter meia hora a mais
de sono ou só uma manhã mais fácil. Então quando eu
acordar nessa cama, Iz, eu tomo conto dos animais e do café
da manhã. Você toma conta de si.

Encarei.

— Estamos acertados sobre isso? — Ele perguntou.

Acenei.

— Você está bem com isso? — Ele continuou.

Acenei de novo.

— Bom. — Ele disse. — Amanhã à noite, vou te deixar


ficar com sua irmã. Talvez se você tiver algum tempo
concentrado nela, ela vai se abrir sobre o que está
acontecendo.

Eu não queria tempo concentrado em minha irmã.

Eu queria, é claro que queria.

Mas ainda assim queria tempo com Johnny.

— Talvez. — Eu disse.
— Talvez. — Ele repetiu depois de mim. — Nós podemos
ter esperança. — Ele olhou profundamente em meus olhos. —
Ela está piorando.

Fiquei surpresa.

— Você notou? — Perguntei.

— Toda faíscas e fogo, só para esconder que ela está


morrendo por dentro. Agora, ela não esconde mais.

Me pressionei mais perto dele amando que ele percebeu


isso, mas odiando o fato dele estar certo.

Addie estava caindo num estado de desespero a cada


dia. Ela estava se tornando menos como ela, mais afastada.
As únicas vezes que ela se acendia era para Brooks. O resto,
para ela, estava escurecendo.

— Estou mais preocupada sobre ela agora do que


nunca. —Disse a ele.

— É, você não esconde isso, ela só não está


respondendo.

— Talvez mais tempo juntas vá resolver.

— Isto e eu estou levando vocês duas para uma pizzaria


em Bellevue sexta à noite. Se você ainda não foi, tem que ir
lá. Se você foi, vai querer voltar. Vou perguntar para Margot e
Dave se eles podem cuidar de Brooks e se Addie estiver bem
com eles fazendo isso, vamos deixá-lo lá e ir comer pizza. Não
sei o que ela está fazendo enquanto você trabalha, mas muito
tempo sozinha andando por sua casa com nada além de
pensamentos e sem contato com o mundo exterior não está
ajudando. Ela precisa sair. Viver a vida. Comer uma boa
pizza. Ser uma mulher sem uma criança acoplada no quadril.
Eu sei que ela ama o filho, mas todo pai precisa de um tempo
livre. Vamos voltar para a cidade, ir ao Home, beber algumas
doses, ficar soltos. Tentar colocar alguma vida de volta nela.

Voltei a encará-lo.

— Combinado? — Perguntou.

Concordei e disse a ele:

— Ela veio para a cidade almoçar comigo e Deanna hoje,


Johnny. E isso não ajudou.

— Bem, ela vai ganhar uma dose da irmã dela amanhã à


noite e mais de nós mostrando que a apoiamos na sexta. Ela
é a ponta afiada da sua suavidade. Ela é quase tão linda
quanto você, vocês se parecem, mas ela não poderia ser mais
diferente. Mas bem lá no fundo, ela tem aquele ferro que você
falou sobre, que sua mãe deu para ambas. Só temos que
encontrar formas de lembrá-la disso.

— Sim. — Concordei rapidamente.

— Fale com ela amanhã sobre a pizza e sobre Margot e


Dave tomarem conta de Brooks.

Acenei novamente.

— Eu vou.

— Vou estar aqui com Mist por volta das dez horas no
sábado de manhã. Não limpe as baias de Serengeti e
Amaretto. Depois que eu arrumar ele, faço isso.

— Johnny...
— Você precisa ficar com sua irmã.

Não disse nada porque estava novamente encarando seu


lindo rosto em sua linda cabeça, descansando em meu
travesseiro branco com babados.

— Quando terminar nos estábulos, levo Brooks para


casa comigo. Ele pode dormir lá. Vou alimentá-lo. Vamos
passar um tempo juntos. Voltaremos para o jantar com seus
amigos. Você cuida da sua irmã. Faça seu creme facial. Faça
ela beber. Tanto faz. Só tente quebrá-la sem ter que se
preocupar em cuidar do menino dela.

— Obrigada pela margarita. — Eu soltei.

Sua expressão ficou perplexa.

— O que?

Puxei ele para mim, então ele estava de costas e eu


estava em cima dele. Fiquei apoiada em meus braços para
segurar seu rosto de ambos os lados.

— Obrigada pela margarita. — Repeti, minha voz rouca.

Suas mãos estavam descansando em meu quadril e ele


encarou meus olhos de um jeito que sabia que ele entendia o
que eu estava dizendo.

— Foi o melhor drink que já tive. — Sussurrei.

— Spätzchen. — Ele sussurrou de volta.

— Eu com certeza vou foder com você de novo agora,


Johnny. — Compartilhei, abrindo minhas pernas e puxando
meus joelhos para poder me acomodar nele.
Ele sorriu e ambas suas mãos foram para a parte de
trás da minha calcinha.

— Você vai conseguir ficar quieta?

— Veremos.

Ele novamente colocou a mão entre minhas pernas por


trás.

Tremi em cima dele.

— Minha Izzy, doce e molhada boceta. — Ele


murmurou, me acariciando.

Rebolei gentilmente em sua mão.

— Preciso do meu jeans, gata, a menos que você tenha


uma camisinha mais perto. — Ele disse.

— Estou tomando pílula. — Respondi.

Seus olhos negros derreteram.

—Sem camisinha? — Ele perguntou baixinho.

— Quando você gozar, quero tudo aquilo. — Respondi.

Ele emitiu seu rugido baixinho e colocou dois dedos


dentro de mim.

Arqueei meu pescoço e rebolei.

— Porra. — Ele murmurou, e eu senti sua outra mão


trabalhando entre nós, desamarrando o cordão do pijama,
abaixando-o e então seu pênis duro estava pressionado
contra mim e sua mão.

Ele retirou seus dedos.


Eu subi um pouco.

Ele colocou minha calcinha para o lado e guiou seu


pênis para dentro.

Eu me abaixei nele.

Ele gemeu.

Eu me abaixei nele.

Ele sibilou uma respiração.

Eu sentei, tomando-o profundamente.

Olhos meio fechados, vagina preenchida por Johnny,


olhei para ele e disse:

— Aproveite o show, querido.

Então eu me movi.

Johnny ajudou meus quadris e o fez enquanto começava


a se mover para me tomar. Ele nem foi para meu clitóris, mas
não precisava desde que eu dei isso a ele, me tocando
enquanto montava em seu pau e ele assistia.

Quando eu gozei, arqueei minhas costas e gemi com os


lábios fechados.

Quando ele gozou, seu rosnado ficou preso entre os


dentes.

Eu caí em cima dele e seus braços me circularam


imediatamente.

Levei algum tempo antes de dizer:

— Vou me limpar.
Seus braços se apertaram.

— Não se mova, porra.

Eu não me movi então, e só me movi quando, muito


tempo depois ele rolou para o lado, me segurando com ele
enquanto apagava as luzes.

Ele me manteve próxima no escuro. E me manteve


próxima quando comecei a escorrer nele.

— Johnny...

— Vá dormir spätzchen.

— Você consegue dormir assim? — Perguntei.

— Você consegue? — Ele perguntou de volta.

— Sim. — Disse a ele a verdade.

— Então sim.

Relaxei nele.

Senti algo atingir a cama e olhei pelo escuro enquanto


aquele algo se tornava uma bola de pelos enrolada contra o
braço de Johnny.

— Jill. — Murmurei. — Ela se acostumou com você,


então ficou mais amigável.

— Ela vai ficar ainda mais acostumada.

Obrigada, Deus.

Sorri em seu pescoço.

Jill começou a ronronar.

Johnny me segurou.
Eu caí no sono.

Johnny
Depois de cuidar das baias no sábado de manhã,
tirando suas luvas e colocando-as no bolso de trás do jeans,
Johnny foi para a pequena pia no canto da frente da selaria
que ele viu quando jogou a camisinha que usou com Izzy
fora.

Quando ele terminou de lavar as mãos, se virou em


direção a porta e seus olhos foram para as quatro fotos na
parede de trás que ele notou na última vez que estava lá, mas
não teve tempo para observá-las bem.

Ele se moveu e encarou as duas fotos à direita da janela.

Parado ali, ele viu pela primeira vez a mãe de Izzy.

E essa primeira vez fez seu mundo tremer.

Se ele não soubesse a história, ele não teria ideia


alguma da vida que ela levava por seu rosto, sua postura, o
sorriso brilhante que ela apontou para a câmera na foto de
cima, aonde ela estava em uma pose admirável, cabeça
jogada para trás, corpo arqueado, uma perna para trás. Seus
braços em volta de uma adorável garotinha Izzy que estava
parada reta, segurando apertado a cintura de sua mãe,
deslumbrando a câmera com um sorriso.

Um cavalo cor de noz estava atrás delas.

Elas pareciam do jeito que Izzy disse que ela eram.

Felizes.

Não como pessoas que precisavam de queijo do governo.

A foto de baixo era com todas elas: não vejo (Addie com
ambas as mãos cobrindo os olhos), não escuto (a mãe de Izzy
com as mãos nas orelhas) e não falo (Izzy com as mãos em
cima da boca). E o mesmo cavalo estava atrás delas.

Ele se moveu para as outras duas fotos, Addie com sua


mãe, ambas em uma pose boba. As três juntas na foto de
baixo. A mãe de Izzy no meio com os braços nos ombros de
suas garotas, ambas com os braços em volta da cintura da
mãe, todas encarando a câmera, parecendo como se estivesse
rindo.

Aquela mulher não estava amargurada.

Aquela mulher não estava quebrada.

Ela fez dois seres preciosos e ela estava bem onde queria
estar, feliz.

Ele encarou seu rosto sorridente e soube sem nunca tê-


la conhecido que ela deixou aquele homem para salvar as
filhas. Ela deixou aquele homem para ter momentos como
aqueles com as filhas. Para mostrar o caminho de suas vidas
e que não era sobre coisas materiais, era sobre tomar conta
de si e dos que ama, mesmo se significasse sacrificar tudo,
tudo naquele momento significava nada quando você podia
segurar o mundo em seus braços.

Ele nunca viu uma mulher mais linda em toda sua vida.

Somente ao olhar mais de perto, Johnny percebeu as


sandálias de plástico baratas das meninas. As imperfeições
nas camisetas das garotas, desbotadas de tanto lavar. Os
cortes de cabelo feitos em casa que não importavam muito,
desde que elas tinham o cabelo comprido, grosso, amarelo-
acastanhado da mãe. Mas ainda assim, os cabelos delas não
estavam estilizados, com camadas, como o de Izzy era agora.
Só cortados retos no final e saudáveis.

Ele encarou as sandálias de Izzy e suas palmas


começaram a coçar, sua garganta começou a queimar, seu
estômago a se apertar.

Então ele forçou o olhar para o rosto dela.

Seu sorriso.

Ela se segurando em sua mãe.

As fotos estavam desbotadas, quadradas, pequenas, de


uma câmera antiga que usava filmes menores.

Mas as molduras eram caras.

Ele deu dez passos para trás e encarou o ambiente.

O tecido na poltrona florida estava desvanecido,


desgastado.

O couro da outra estava velho, haviam arranhões em


todo lugar e um pequeno rasgo no couro da parte lateral,
embaixo do braço.
Ele olhou para cima, para as luzes, que eram
maravilhosas naquele lugar junto com as poltronas.

Mas embaixo do véu que Izzy jogou sobre tudo, era um


pedaço de merda.

Imagens colidiram em seu cérebro enquanto o véu caía.

O lustre no quarto dela provavelmente foi como as luzes


da selaria um dia, exceto que Izzy fez algo a mais com seus
cuidados.

"Fiz um acordo pelas bancadas de mármore porque uma


senhora as ordenou e então decidiu que não as queria", ela
disse sobre o mármore em sua cozinha.

Johnny não tinha dúvidas de que ela era ótima no que


fazia no trabalho. A terra dela valia dinheiro. A casa era
sólida. Tinha espaço. Três quartos. Dois banheiros e mais um
pequenino na parte de baixo. Os estábulos adicionavam
valor. Ela tomava conta de tudo e mais os animas, incluindo
dois cavalos. Você não conseguia ter tudo isso a menos que
quisesse.

Ela fez tudo mágico usando magia.

Você só não podia saber o que ele sabia ou olhar muito


perto, porque uma vez que o véu caía, tudo se tornava claro.

Ele era um cara, mas não estava morto, cego ou


estúpido então tinha ouvido do conceito chique puído.

Izzy teve talento.

Ainda tinha.
Ela se cercava com pedaços de merdas, o lixo de outras
pessoas, porque era o melhor que ela podia fazer para ter o
que precisava e se sentir feliz e segura.

— Esta merda acaba agora. — Ele grunhiu para a foto


dela com sua mãe.

Johnny era rico.

Ele tinha seis milhões de dólares em investimentos,


poupanças e propriedades. Ele também tinha oito oficinas
com pequenas conveniências próprias, com preços bons e
clientela fiel por gerações, então eles se viravam bem.

Ele escolheu seus móveis do moinho e arrumou o lugar


sozinho, mas escolheu tudo por uma designer de interiores
que cobrou uma fortuna. O tempo dela e os móveis. A mesa
de jantar dele provavelmente custava mais do que tudo no
primeiro andar da casa de Izzy, incluindo a varanda da frente
e a de trás.

Ele vivia de forma simples, porque esta era a vida que


seu pai o ensinou e o pai de seu pai antes dele também.

Mas se importava para ele, ele pegava o melhor.

E Izzy importava para ele. Nela, ele encontrava o melhor.

Então ela teria o melhor, porra.

Addie se animou na noite anterior com pizza e muita


cerveja no Home. Ela se recarregou.

Mas com os olhares preocupados que Izzy deu para ela,


assim como Johnny, ele sabia que ela ainda não se abriu.

Eliza e Adeline Forrester ainda estavam comendo merda.


— E esta porra tem que acabar. — Ele disse.

Ele se virou em suas botas e foi para a casa,


encontrando Izzy e Addie na varanda de trás, tomando um
café da manhã tardio.

Os olhos de Izzy nele estavam brilhantes, doces e ainda


com problemas.

Os olhos de Addie estavam enfadados e mortos.

Ele pegou Brooks, sua bolsa de fraldas, seu lanche que


vinha em garrafas, sua programação por sua mãe, e colocou
o menino na cadeirinha do carro que Addie disse a ele como
arrumar na parte de trás de sua caminhonete.

Ele dirigiu para longe com ambas as irmãs no espelho


retrovisor e Brooks balbuciando em seu assento traseiro.

E Johnny dirigiu para longe sabendo que mudaria o


curso da vida de duas irmãs.

Com uma, ele sabia como isso aconteceria.

Com a irmã dela, ele não tinha nenhuma pista.


Se Izzy quiser ir, absolutamente

Johnny
Mais tarde naquele dia, depois de retornar para Izzy,
Johnny parou no jardim da parte de trás da casa dela.

E ele encarou.

Havia uma longa e grande mesa de madeira embaixo da


árvore. A mesa estava coberta com uma toalha chique. Tinha
três pequenos vasos cheios de flores e quatro tipos de
copinhos com velas pequeninas reluzindo numa fileira no
meio.

No fim, cercado por aqueles copinhos com velas, havia


um tipo de balde cheio de gelo, água, três garrafas de vinho e
seis de cerveja. Um guardanapo ao lado. Havia um abridor de
garrafas e um saca rolha postos discretamente na parte de
trás.

A mesa estava cercada por cadeiras com almofadas fofas


em todas elas, algumas de madeira com a pintura
descascada, outras de ferro.

Quando ele se sentou, foi para uma de madeira.


A árvore acima da mesa agora tinha uma grande
quantidade de luzes de natal nos galhos, longas fileiras que
terminavam em cristais balançando ao vento.

Desnecessário dizer, enquanto ele estava com Brooks, as


irmãs não fizeram máscaras faciais.

Ele a sentiu vindo atrás dele e a viu carregando pratos


de plástico verdes com flores rosas, um pacote de
guardanapos rosa no topo.

Naquele momento havia uma coisa sobre a qual ele não


estava irritado.

Ela estava usando o mesmo vestido do festival.

E sabendo que havia uma boa possibilidade dele tirá-lo


naquela noite foi a única coisa certa por ali.

— De onde a mesa veio? — Ele perguntou.

— As pernas abrem e fecham, eu a mantenho no quarto


do feno e tiro de lá quando quero fazer uma festa ao ar livre.

— Quão pesada é?

Ela percebeu o caminho que a pergunta levava,


arregalou os olhos e pressionou os lábios juntos.

Certo.

— As cadeiras? — Ele pressionou.

— Há um galpão depois dos estábulos. Não dá para ver


daqui. Eu mantenho as cadeiras lá e minhas decorações de
natal. Minhas decorações de Halloween. As decorações de Dia
de Graças e, um... — Ela hesitou um pouco, — Tudo mais.
Aquele galpão tinha que estar a pelo menos de 27m a
36m de distância.

Sim.

Irritante.

— As luzes? — Ele continuou pressionando.

— Eu tive a ideia e peguei as luzes e os cristais semanas


atrás, só não tive tempo para arrumar ou a ocasião certa.
Hoje, eu e Addie fizemos.

— Você não poderia ter me pedido para arrumar a mesa,


trazer as cadeiras e subir na árvore com as luzes antes de eu
sair? — Ele perguntou.

— Eu tinha Addie para me ajudar. Normalmente, eu as


arrasto sozinha.

Ele sentiu seu maxilar se apertar.

Ela se apressou falando:

— E as vezes Charlie e Deanna vem para ajudar.

Ele fez uma careta para ela.

— Você pode me ajudar a dobrar a mesa e guardá-la. —


Ela ofereceu.

— Você precisa de outra conversa sobre o tipo de cara


que eu sou? — Ele perguntou.

Ela deu um olhar para ele e murmurou:

— Não mais.

— Certo. — Ele grunhiu. — O que mais precisa ser feito?


— Sei que você ficou com Brooks o dia todo, mas você
pode manter um olho nele enquanto Addie e eu arrumamos o
resto das coisas?

— Resposta errada. — Ele atestou.

Imediatamente ela ajustou o pedido.

— Você pode trazer o resto das coisas até a mesa


enquanto eu e Addie cuidamos de Brooks?

— O que você precisa que eu traga?

— Está tudo no balcão, querido.

Ele se virou em suas botas e foi para dentro.

No balcão ele viu taças de vinho, copos de água,


talheres, um jarro opalino rosa com pontinhos pretos que
estava cheio de gelo e água.

Ele também viu, embaixo de uma doma de vidro, um


bolo milagrosamente rico, grosso e com cobertura branca.

Addie estava na cozinha, Brooks em seus braços, e ela


estava acariciando ele quando Johnny entrou, mas seu olhar
estava em Johnny quando ele foi até ela.

— Estas são todas as coisas que vão lá para fora? — Ele


perguntou, virando sua cabeça para as coisas no balcão.

— Sim. — Ela respondeu.

— Você tem certeza que não há uma estátua de um


unicórnio, grinaldas cheias de glitter ou ninhos de pétalas de
rosas para pendurar que vão cair quando Izzy puxar uma
corda?
Seus lábios subiram, mas isso foi tudo que ele ganhou
dela antes que dissesse:

— Nós não tivemos tempo para isso.

Ele acenou e foi pegar as coisas de Izzy.

Demorou quatro viagens para colocar tudo lá fora, e


enquanto ele ia e voltava com três cachorros o seguindo, Izzy
arrumou a mesa.

Addie foi para fora com Brooks, enquanto Izzy terminava


e Johnny abria uma garrafa de vinho.

— Se você está servindo, estou bebendo. — Addie


declarou.

— Estou servindo. — Ele confirmou.

Ela acenou para ele, seu rosto majoritariamente sem


expressão. Não uma mulher que estivesse ansiosa para jantar
com os amigos. Não uma mulher que estivesse ansiosa por
qualquer coisa.

Então ela olhou para sua irmã.

— A comida já está borbulhando, Izzy. — Addie disse a


ela. — Vou diminuir o forno e deixar as azeitonas prontas.

— Obrigada, boneca. — Izzy respondeu enquanto os


cachorros corriam para a entrada, só Ranger latindo.

Johnny viu os olhos de Izzy virarem para lá e ela


imediatamente foi de confiante, arrumando uma festa ao ar
livre, para afobada.
Ela estava preocupada que seus amigos não fossem
gostar dele.

Ele terminou de abrir o vinho, enfiou a garrafa de volta


no gelo e se moveu para ela, colocando um braço em seus
ombros.

Ele então começou a se mover, murmurando de forma


tranquilizadora.

— Não se preocupe, spätzchen. As pessoas gostam de


mim.

— Você é fácil de gostar. — Ela disse, seus olhos


grudados no espaço coberto de grama ao redor de sua casa.
— Mas eles são família.

Ele a apertou.

— Vai ficar tudo bem.

Ele viu um casal Afro Americano emergindo de uma


caminhonete grande e preta bem parecida com a dele, exceto
que a dele era uma Ram e a deles uma Ford.

Eles eram vagamente familiares, ele já os viu pela


cidade.

O homem era bonito, alto, barrigudo, cabelo cortado


curto dos lados, alto no topo.

Ele estava vestido como Johnny. Jeans. Camiseta legal.


Botas.

A mulher era linda e saindo de sua saia curta ele viu


pernas quase tão lindas quanto as de Izzy, mas a pele escura
estava brilhando, isto era algo que a fez tão atraente, ele
quase não conseguiu mover os olhos para seu rosto. Quando
ele o fez, ele viu que ela tinha características fortes e
marcantes embaixo de um cabelo curto bagunçado
propositalmente, com pedaços em sua bochecha e pescoço.

Ela não estava vestida como Izzy. A saia dela, como ele
notou, era curta. Também era apertada e acoplada ao resto
de um vestido amarelo brilhante que era mais solto no topo e
caía de um de seus ombros. Ela estava usando saltos finos
com tramas complicadas sobre os tornozelos e andando pela
grama com aqueles saltos sem afundar, porque ele suspeitava
que ela nunca usou nada diferente de saltos como aqueles
então ela podia andar em qualquer lugar com eles.

A amiga de Izzy, Deanna não escondeu que o estava


observando.

Seu marido também não.

Ele sentiu Addie vir de trás dele, Izzy começando a se


movimentar para seus amigos, se separando dele, e viu
Deanna começar a abrir a boca, quando outro veículo entrou
na estrada de Izzy.

Os cachorros que estavam dançando em volta dos novos


visitantes, olharam para aquela direção e foram para lá, desta
vez, os três latindo.

— Oh, não. — Izzy sussurrou enquanto Deanna e


Charlie se viravam para ver um Mustang azul claro, velho e
abatido estacionar a um centímetro da caminhonete de
Charlie, levantando cascalho e poeira.

Ele sentiu algo de Izzy.


Ele sentiu algo mais batendo em suas costas.

Ele virou para ver Addie com o rosto pálido, os olhos


grudados no Mustang e ela estava segurando Brooks como se
alguém estivesse tentando tirá-lo de seus braços.

Instantaneamente, Johnny soltou Izzy e espreitou


enquanto um homem alto e esguio com um cabelo castanho
escuro bagunçado e uma barba malfeita, usando jeans
desbotados com ambos os joelhos rasgados, uma banda de
rock estampada na camiseta e um par de botas de
motoqueiro, saiu do Mustang sem esconder seus movimentos
agitados e agressivos.

O marido de Addie.

Perry.

— Sua porra de vadia estúpida! — Ele gritou, os olhos


em Addie.

Johnny sentiu Charlie vir para perto dele, mas Perry


estava se movendo e foi com se os dois homens, ambos
maiores que Perry, não estivessem entre ele e sua esposa,
bloqueando seu caminho.

Ele também ignorou os cachorros que estavam atrás


dele, mas alertas, um alerta hostil, todos mostrando os
dentes.

Porra.

— Ranger, quieto! — Johnny chamou. — Dempsey,


Swirl, sentem!
Os cachorros o olharam, mas não fizeram o que ele
disse.

Mas também não pularam em Perry.

Porém o seguiram, os ombros abaixados.

— Sua vadia estúpida! — Perry repetiu em um grito,


avançando rapidamente.

— Pare de se mover. — Johnny grunhiu, movendo-se


para parar seu avanço.

O olhar de Perry foi para o dele enquanto ele tentava


passar por Johnny.

— Saia do meu caminho, cara.

Johnny se moveu, com Charlie flanqueando o marido


raivoso de Addie.

— Eu disse para parar de se mover. — Johnny avisou.

Perry parou e olhou para ele.

— E eu disse, saia do meu caminho, cara!

— Você precisa se acalmar. — Johnny disse a ele.

— Você precisa se mandar. — Perry retornou.

— Me escute... — Johnny começou.

— Vá se foder! — Perry respondeu.

Johnny continuou como se ele não tivesse falado.

— Você tem um minuto para se virar, voltar para seu


carro, ir para algum lugar e se acalmar e então se encontrar
com Addie quando estiver em um humor diferente.
— E se eu não fizer isso? — Perry perguntou
cinicamente.

— Vou te segurar enquanto Eliza chama a polícia. —


Johnny respondeu.

— Vá se foder. — Ele disse, se inclinando para o lado,


gritando: —Addie!

Johnny foi para o lado e Charlie se moveu com ele,


ambos encurralando Perry e o movendo para trás.

— Jesus, se mandem! — Perry gritou, tocando seu peito


em Johnny.

Um barulho baixo e irritado rolou do peito de Johnny,


por sua garganta até sua boca.

— Não será assim que as coisas vão acontecer.

Uma nova voz na conversa fez todos os homens se


calarem.

Addie os rodeou pelo lado livre.

A boa notícia é que ela não estava mais segurando


Brooks.

A má notícia foi que ela os rodeou pelo lado livre.

— Vá para trás, querida. — Johnny murmurou,


tomando um passo para longe de Perry e perto dela.

— Estou bem, Johnny. — Ela retornou, mas os seus


olhos estavam no marido.

Perry se lançou para frente.


— Você está falando sério com toda essa merda que
jogou para cima de mim?

— Sério que você está me perguntando isso? — Ela


disse.

— Você não me deu uma chance para explicar. — Ele


disse.

— Explicar? Explicar como eu cheguei em casa do


trabalho com uma enxaqueca e encontrei nosso filho no berço
sem nem mesmo um brinquedo para passar o tempo,
chorando e assustado, e você em minha cama fodendo uma
vadia qualquer? — Ela perguntou.

Johnny se sentiu ficar paralisado, algo novo o atingindo.

Ele sabia que Izzy estava por perto, mesmo que não
pudesse vê-la. Charlie estava bem ali. Mas ele tinha o palpite
de que Deanna desapareceu com Brooks.

Ele não olhou.

Ele encarou Addie, evitando olhar para Perry para não


ter o instinto de quebrar o pescoço do cara.

— Precisamos conversar. — Perry decretou.

— Não iremos fazer mais nada. — Addie retornou.

— Você levou minha criança. — Ele atestou.

— Desculpe-me, deixa eu explicar isso para você, Perry.


— Addie começou. — Entenda, quando um doador de
esperma goza, esse é o começo e o fim da coisa.
— Eu não sou a porra de um doador de esperma. —
Perry disse quando Johnny sentiu que eles tinham mais
companhia.

Ele olhou para a estrada e viu outra caminhonete no


estacionamento que estava se formando rapidamente.

Um Chevy vermelho velho com painéis pratas.

Johnny conhecia aquela caminhonete.

Jesus Cristo.

Era Toby.

Ele não tinha nenhuma pista que Toby estava vindo


para a cidade ou que sabia onde encontrá-lo.

Naquele momento, ele não conseguia pensar sobre isso


também.

— Você aparentemente também não é uma boa babá. —


Addie notou casualmente, tão vidrada no que estava
acontecendo que não percebeu Toby chegando ou estava
determinada a focar em Perry.

Perry também estava assim quando disse: — Eu não sou


uma babá. Sou o pai de Brooklyn.

— Um pai dá banho em seu filho, Perry. — Ela disse


para ele polidamente. — Ele o alimenta e balança para
dormir. E oh, outra coisa, ele paga pelo menos algumas
contas.

Depois que Toby saiu de seu caminhão, Johnny acenou


para ele com a cabeça antes de retomar a atenção para a
situação.
— Você sabe que estive procurando por bicos. — Perry
apontou.

— Não tenho certeza de como vai encontrar bicos


acampado no sofá com um engradado de cerveja ou fodendo
alguma garota em minha cama.

— Addie não jogue esta merda em mim. Você não me


dava nada há meses.

— Isto é porque eu estou cansada, Perry. Eu estou


exausta. Sou uma mãe solteira de um menino com um pai
sem serventia que vive comigo. — Ela jogou de volta, e
Johnny sabia que ela estava se perdendo pelo tom de sua voz
se tornando arranhado.

— Eu amo minha criança. — Perry disse de volta.

— Ele é um brinquedo, como eu era um brinquedo antes


de perder o brilho e a vida ficar dura, mas você não me jogou
fora. Você só me deixou de lado e procurou por um brinquedo
novo, do mesmo jeito que sei que você vai fazer com Brooks
quando ele não for mais divertido. — Ela respondeu.

Johnny viu Toby se aproximar, sem chegar perto


demais, mas perto o suficiente para ouvir.

As sobrancelhas de seu irmão subiram.

Johnny deu outro aceno para ele e olhou para Addie.

— Isto não é verdade, querida. — Perry estava agora


coaxando. — Eu te amo. Eu amo Brooklyn. Você sabe disso.
Só que foi duro desde que a banda se separou e...
— Deus, me poupe. — Addie continuou. — Você é tão
clichê e eu sou tão idiota por ter caído nessa.

— Nós começamos bem, só temos que voltar para aquela


parte. — Perry disse.

— Você estava bem porque tinha alguém pagando suas


contas e fazendo todo o trabalho, tomando conta do seu filho
para ele ficar bem, limpo e alimentado para quando você
quisesse brincar com ele. Eu não estava bem. E mesmo
depois de ter dito isso cerca de sete milhões de vezes, não
entrou em sua cabeça que talvez você pudesse dar mais para
sua mulher e filho. Eu sei disso porque nada mudou. Eu
também sei disso porque te encontrei fodendo outra mulher.

— Vou entrar em outra banda logo e então...

— Não tente essa comigo de novo, Perry. Eu acreditei


dois anos atrás. Você honestamente acha que vou acreditar
agora?

— Então, certo. — Perry disse, a voz fina, ele voltou ao


humor irritado. — Agora você tomou a decisão de que estava
farta e limpou o apartamento, a conta no banco e foi embora?

Os olhos de Johnny se viraram para Charlie e ele sorriu.

Charlie sorriu de volta.

— Você me traiu e nós estávamos terminados então me


mudei, Perry. Levei minhas coisas. Deixei as suas. As minhas
coisas incluem o que estava no banco desde que cada centavo
lá fui eu quem ganhou. — Addie explicou.
— Quando eu voltei, não tinha nada no lugar além das
minhas roupas, — ele retornou.

— Que é o que você trouxe para este casamento e tudo


com o que contribuiu, então isso é tudo que você ganha.

— Me levou duas semanas para poder vir aqui porque


tive que ganhar dinheiro para a gasolina desde que você
cancelou nossos cartões de crédito. Perry reclamou.

— Meus cartões de crédito. Seu nome estava neles. Eu


pagava por eles.

Perry subitamente levantou sua mão até a testa,


batendo os dedos contra, dizendo: — Você não consegue ver
como é completamente fodido que alguma vadia tira tudo de
um apartamento, tira a criança de um homem e então se
manda sem nem deixar a porra de um bilhete?

Johnny se manteve quieto.

— Você estava dentro dela. — Addie sussurrou.

Para aquilo, Johnny se virou mais em direção a Addie.

Izzy se tornou visível enquanto ficava mais próxima do


grupo e das costas da irmã.

Toby estava ainda mais perto.

— Gata, podemos por favor falar sobre isso em um lugar


sem plateia? — Perry pediu.

— Ela olhou para mim. Você olhou para mim. Você


olhou bem nos meus olhos enquanto estava conectado com
outra mulher. — Addie disse, a voz repleta de dor.
— Eu tentei ir atrás de você.

— Com o seu pau molhado de outra mulher.

Perry ficou quieto.

— Isto é como as coisas vão acontecer. — Ela disse


suavemente. —Estou me mudando para cá. Tenho um
trabalho no mercadinho. Começo na segunda.

Johnny virou os olhos para Izzy que olhou para ele.

Isto respondia o que ela estava fazendo quando Izzy


estava trabalhando.

Ele olhou de volta para Addie quando ela continuou


falando.

— Eu já contatei uma advogada. Ela vai começar os


procedimentos do divórcio. Você vai pagar pensão alimentícia.
Vai ter responsabilidades financeiras para com a criança que
você teve tanto prazer em fazer. Vamos ver em que parte da
vida dele você vai ficar, mas isso sou eu quem decido. Ele
estará aqui comigo e com Izzy. E você estará em algum lugar
com suas promessas quebradas e sonhos ridículos.

— Meus sonhos não são ridículos. — Ele disse,


obviamente chocado, o egoísta.

— Você quer ser o líder de uma banda de rock e não,


isto não é ridículo. A parte ridícula é que você pensa que isso
vai acontecer enquanto você fica sentado no sofá, bebendo
cerveja.

— Você não vai tirar meu filho de mim. — Ele tentou.


— Tarde demais, já fiz isso, mas só para dizer, Perry,
você nunca o teve, porque você nunca o reivindicou.

— Vamos ver como isso vai acabar. — Ele rosnou.

Johnny se tensionou quando Addie invadiu o espaço


dele.

— Eu sei como vai acabar então me escute. — Ela


sibilou. — Eu vou trabalhar até morrer para lutar pelo que é
certo por meu filho. Vou vender meu corpo se precisar, para
dar a ele não só o que precisa, mas pelo menos um pouco do
que quer. E eu vou sangrar até a última gota antes de te
deixar foder com ele. Você me conhece, Perry. — Ela afirmou.
— Você sabe o que me faz. Você sabe que cada palavra que
eu digo é verdade. E você sabe que não tem o suficiente para
lutar contra isso. Vou fazer o que quer que seja necessário
para te derrubar, para dar ao meu filho o que ele merece. Fui
ensinada como fazer, todos os dias por minha mãe, então sei
o caminho. E vou aguentar se você fizer algo e vou morrer
sabendo que fiz meu filho feliz.

— Você vai ter que lutar. — Perry arremessou para ela.

— Só porque você pretende provar quão babaca é e vai


me obrigar. — Ela retornou.

Perry olhou fixamente para sua esposa. Ele então olhou


para Izzy, Johnny, Charlie e se virou, pisou em falso quando
viu Toby, mas se recuperou rapidamente e começou a sair.

— Só para você saber. — Addie chamou atrás dele. —


Minha advogada já tem três encontros marcados para
declarações juramentadas na próxima semana. E aquela
vadia que você estava fodendo enquanto meu filho estava no
quarto ao lado, ganhou uma intimação, então ela é uma
delas.

— Vá se foder, Addie. — Ele gritou em direção ao carro,


sem quebrar o passo.

— O tempo que você ganhava isso de mim, querido,


partiu há muito tempo. — Ela retornou em uma pronuncia
lenta.

Todos eles assistiram Perry bater a porta do carro, ligá-


lo e então sair com uma nuvem de cascalho e fumaça.

— Addie... — Izzy começou gentilmente.

Mas Addie se virou e correu para o lado da casa,


desaparecendo na parte de trás.

Izzy correu até ela.

Johnny olhou para Charlie e então para Toby.

— Bem-vindo de volta, irmão. — Ele disse.

Dentro de sua grossa barba negra, os lábios de Toby


subiram.

— Eu sou Johnny. — Johnny disse a Charlie.

— Charlie. — Charlie respondeu, levantando a mão.

Johnny a sacudiu, soltou e apresentou:

— Esse é meu irmão, Toby.

— Toby. — Charlie disse, oferecendo a mão para o irmão


de Johnny.

— Charlie. — Toby respondeu, pegando sua mão.


Quando os dois terminaram o comprimento, os três
hesitaram, então quando Johnny começou o caminho até a
casa, os outros dois o seguiram com só um cachorro perto
deles, desde que Dempsey e Swirl foram atrás de Izzy.

Eles passaram pela porta de trás, escutando Addie


dizer:

— Não, Iz. Só pegue a comida e vamos iniciar essa festa.

Mas os olhos dela encontraram os de Johnny quando ele


entrou e então foram para trás dele quando a porta ficou
livre, e os dois outros homens encheram a pequena cozinha.

Ela estava novamente segurando Brooks apertado, mas


agora pairando com ele em um dos cantos da cozinha já que
Izzy e Deanna bloquearam seu caminho, mas ambas
mantendo uma distância.

Foi então que Addie disse:

— Ótimo. Como se não fosse suficiente o drama


acontecer na presença do Grande Gostosão, — ela indicou
para Charlie com uma mão, — e o Super Gostosão, — ela
indicou para Johnny com um aceno de cabeça, — Não era
ruim o suficiente, agora nós temos Super Alto Gostosão aqui
para aproveitar o show.

Ela estava fazendo piadas.

Johnny pensou que aquilo era bom.

— Talvez devêssemos ir lá para cima conversar,


garotinha. — Deanna disse suavemente.
— Sobre o que? — Addie perguntou. — Sobre como
Johnny trocou mais fraldas de Brooks em uma semana do
que Perry fez em sete meses?

Deanna fechou sua boca e olhou para Izzy.

— Boneca, que tal você deixar Johnny e Charlie


cuidando de Brooks e nós garotas pegamos uma garrafa de
vinho e... — Izzy tentou.

— Eu vi vocês dois. — Addie disse, a voz rouca, e


Johnny ficou alerta. — Nos estábulos. Eu vi Johnny te
fodendo contra aquela parede.

— Oh Deus. — Deanna murmurou.

— Merda. — Charlie murmurou.

— Inferno. — Toby resmungou.

Johnny só assistiu Addie mais de perto.

— Ele nunca me deu aquilo, o que vocês dois tinham


naquele momento, — Addie disse para sua irmã. — Eu
poderia ter passado por vocês e nenhum dos dois teria me
visto. Eu não existia, nada existia. Nada além dele para você
e você para ele. Ele nunca me deu isso, Iz. Como nunca
percebi?

E ali eles tinham a resposta do porquê Addie estar se


apagando, tirando o fato de que ela descobriu que seu marido
era um idiota sem serventia.

Ela teve que assistir enquanto Johnny e Izzy construíam


tudo que estavam construindo ao mesmo tempo em que
entendia que ela nunca teve algo assim, não importa quão
novo fosse para Izzy e Johnny, ou pior, precisamente por
conta disso.

Ela nunca nem chegou perto.

— Addie, querida. — Izzy sussurrou.

— Ele me deu isso. — Ela acariciou Brooks. — Isto foi


tudo que ele me deu. Mas ele me deu só para conseguir um
orgasmo e sendo honesta com Deus, isto era tudo o que ele
queria.

— Addie, por favor, vamos lá para cima. — Izzy disse.

Addie virou a cabeça como uma égua teimosa e disse:

— Não. Isto é uma festa. Vamos ter uma festa.

Ela passou por Izzy, por Johnny, direto para a porta


onde Toby estava.

— Saia do caminho, Alto. — Ela ordenou.

— O nome é Toby. — Ele disse gentilmente, mas não se


moveu.

Addie estava encarando o peito do irmão de Johnny,


mas sua cabeça foi para trás.

— Você é o irmão dele, não é?

— Sim, querida. — Ele respondeu.

— É claro. Você é perfeito, então é claro. Você


provavelmente já tem dona também, não é?

— Eu...
— Não são para mim. — Ela o cortou. — Homens como
você. Homens como Johnny. Como Charlie. Não são para
mim.

— Querida. — Toby sussurrou. — Que tal você...

Ela jogou seu cabelo e olhou sobre o ombro para a irmã.

— Eu fiz, Iz. Eu fiz. O que eu jurei para mim mesma que


nunca ia fazer. Não o mesmo, mas uma versão parecida. Eu
encontrei nosso pai. Eu encontrei um homem que não era
bom para nada além de partir meu coração.

E foi aí que ela começou a cair.

— Toby. — Johnny grunhiu, se movendo, mas Toby


tinha tudo sobre controle.

Ele a pegou em seus braços e afundou no chão com ela.


A bunda de Addie atingiu a coxa dele com a perna de Toby
em um ângulo ruim, e Johnny o viu fazer uma careta, mas
não fazer nada além de colocar os braços em volta dela e de
Brooks.

Ela soluçou no pescoço dele.

Brooks se agitou nos braços dela.

Toby levantou o olhar para Izzy.

— Onde você a quer, querida?

— Meu quarto, — Izzy sussurrou. — Lá em cima. Te


mostro o caminho.
Toby acenou, levantou com Addie e Brooks em seus
braços, andando atrás de Izzy enquanto ela se apressava pelo
hall.

Johnny, Deanna e Charlie os assistiram ir.

Quando escutaram pés subindo as escadas, Johnny se


virou para Deanna.

— Prazer em te conhecer, sou Johnny Gamble e aquele


era meu irmão Toby.

Ela o encarou.

E então, lentamente, sorriu.

Johnny sentou na cadeira de madeira na ponta da mesa


no jardim de trás, encarando as janelas do quarto de Izzy.

— Você precisa de outra cerveja, grandão? — Deanna


perguntou.

A que ele pegou dois segundos depois de entregar uma


para Charlie, enquanto Charlie servia vinho para Deanna, e
depois que ele jogou uma em Toby, terminou em cerca de três
goles.

Então sim.

Ele precisava de outra.

Ele não compartilhou aquilo.

Ele olhou para ela.


— Ele tinha que saber. Ele tinha que saber pelo que elas
passaram. Então o que eu quero saber é, como um babaca
pode saber tudo isso e se casar com ela, engravidá-la e então
foder alguma vadia em sua cama.

— Eu não sei a resposta para essa questão, mas sei que


você deveria tomar outra cerveja, que pode servir para te
acalmar. — Deanna disse suavemente, estudando-o de perto.

— Isto vai ficar no caminho dela. — Johnny atestou.

— No seu humor, vou tomar isso como uma ameaça e


compartilhar com você de que se um dia as autoridades me
questionarem, eu não te escutei fazer tal ameaça, e então vou
dizer de novo, calma, grandão, para que você não cometa
nenhum crime. — Deanna respondeu.

Johnny virou seu olhar dela para seu irmão.

Toby também estava em uma cadeira de madeira


(Deanna era a única naquelas de ferro com flores) e os olhos
dele também estavam mirados no quarto de Izzy.

Johnny olhou de Deanna para Charlie, levantando de


seu assento, perguntou:

— Desculpem-me por um segundo.

O olhar de Toby veio para o dele enquanto Charlie


murmurava: — Sem problemas.

E Deanna murmurou:

— Vinho não vai dar conta, vou precisar de um Martini.


— O que Johnny decidiu tomar como um sim.
Toby se levantou e se moveu para andar ao lado de
Johnny enquanto iam até uma árvore que possivelmente era
longe o bastante de ouvidos alheios.

Enquanto ele andava por esse pequeno caminho, o


atingiu que ele sempre viu, mas agora ele notou que Izzy
tinha um terreno enorme. Por todo lado por cerca de 50
metros ao redor da casa dela havia grama grossa até uma
linha de árvores que dava na floresta que cercava a casa.

Ele esperou que tivesse feito todos os trâmites legais


para tudo isso.

Ele também esperou que ela não o incomodasse demais


quando lhe dissesse que era ele que ficaria na linha de fogo
agora.

Johnny parou e se virou para o irmão que parou com


ele.

Ele então começou.

— Você sabe que estou feliz de te ver então não tenho


que dizer. Mas ainda quero saber porque está aqui.

— Bryce me ligou. Me disse que Shandra voltou para a


cidade. — Seu irmão disse.

Não essa merda.

— Toby... — Ele começou.

Toby balançou a cabeça.

— Só estava preocupado com você, Johnny. Ela


voltando, perto do aniversário de morte do pai, pensei que
seria uma surpresa legal vir e talvez te levar para pescar, ter
certeza de que você está bem. Fui até o moinho, você não
estava lá. Decidi ir até o Home tomar uma cerveja e comer
uns petiscos até voltar de novo. Fui até o Home, escutei um
monte de coisas.

Johnny apostava que ele tinha.

— E eles te falaram sobre Izzy. — Johnny adivinhou.

Toby sorriu.

— Muitas pessoas disseram muitas coisas. Incluindo me


dizer onde ela vivia. Não sabia que chegaria no meio de um
drama. Pensei que poderia passar e jogar umas merdas no
seu colo, e se você não estivesse por perto, conhecer a nova
garota.

Johnny suspirou.

Foi aí que Toby sorriu antes de perguntar:

— Irmão, uma ninfa da madeira vai se materializar para


a gente e fazer uma dança mais tarde ou o que?

— Izzy tem um certo estilo. — Johnny murmurou.

— Não perderia isso. — Toby respondeu, ainda sorrindo.


— Não perdi aquele vestido que ela estava usando também.
Poderia lidar com cristais pendurados de uma árvore se
minha mulher usasse um vestido daqueles.

— Não dá para não notar o vestido dela, mas daqui em


diante que tal manter a boca fechada sobre merdas como
essas? — Johnny avisou.

Johnny não exatamente escondeu sua preocupação.


Ele perguntou:

— Então podemos falar sobre você fodendo-a contra a


parede?

— Não. — Johnny grunhiu.

— Você está de volta. — Toby disse, subitamente quieto.

— O que? — Johnny perguntou.

— Isto foi o que eles disseram. — Toby compartilhou. —


No Home. Eles disseram que você estava de volta e eu vejo.
Você se importa com algo. Você se importa com ela. Importa-
se com a irmã dela. Pensei que você fosse quebrar o pescoço
daquele babaca. Desde que papai morreu e Shandra foi
embora, você vai para o trabalho, faz o que precisa ser feito.
Volta para casa no moinho. Vai pescar, principalmente por
hábito. Você vai acampar pelo mesmo motivo. Mas você deu
um passeio de ATV em três anos?

— Provavelmente.

Toby balançou a cabeça.

— Antes de perdermos o pai, aquela mulher já sabia que


você estava aos pés dela, e mesmo assim.... ela te esvaziou,
você trabalhou pesado, jogou pesado. Tinha planos para abrir
mais oficinas. Queria voltar para o Havaí. Queria comer pizza
na Itália. Já deixou o estado do Kentucky desde que Shandra
foi embora?

— Sim, para ir até Tennessee para te tirar de lá quando


aquela garota roubou sua caminhonete. — Johnny o
lembrou.
Toby ignorou aquilo.

— Você vai levar essa garota para a Itália?

Se Izzy quisesse ir, absolutamente.

— Ela é doce, ela é tímida, é divertida... — Johnny


começou.

— Ela gosta de cristais e consegue usar aquele vestido.


— Toby o cortou.

Desta vez Johnny o ignorou e jogou sua grande cartada.

— E Margot a ama.

— Jesus Cristo. — Toby disse, seus olhos se


arregalando. — Shandra levou dois anos para ganhar Margot.
E ela nunca gostou de nenhuma das minhas namoradas.

—Toby, isso porque você nunca namorou. Você dormia


com mulheres até elas ficarem entediadas da sua
incapacidade de comprometimento com algo com, não sei...
um encontro. Então elas te largavam e você continuava em
frente como se não tivesse desperdiçado dois, três, quatro
meses com elas.

— Nenhuma delas reclamou. — Toby retornou.

— Não ao seu alcance. — Johnny o informou. — Mas na


cidade você era conhecido como "Toby Pegue e Devolva".

— Não fiz promessas para nenhuma mulher e não


escondia como ia ser comigo, então elas não têm nada para
reclamar. — Toby disse de volta, não mais em um modo
humorístico. — Agora, o que quero saber é, como estamos
falando sobre isso quando tenho um irmão que não conseguia
superar a ex e que nunca ia superá-la e agora estou no
quintal de uma mulher que está cuidando do cavalo de Ben,
seu melhor amigo desde o ensino médio. E até Sally, que a
irmã era a melhor amiga de Shandra, e pelo que eu sei ainda
é, está falando sobre quão maravilhosa esta Eliza é.

Johnny olhou para a casa, a mesa onde Deanna e


Charlie estavam sentados ao sol e de volta para seu irmão.

— Estou me apaixonando por ela, Toby.

Toby deu um olhar para ele e então seu olhar se tornou


mais duro.

— É melhor você estar.

A cabeça de Johnny se virou rapidamente.

— Desculpe?

— Ela só falou algumas palavras comigo, mas sei que


você não iria só brincar com uma mulher como ela. Você
disse que Margot a ama, isso selou o acordo. Agora, odeio
contradizer as pessoas que estão falando merda sobre mim,
mas a coisa é.... você é você. Esteve ligadão em Shandra por
anos. E mesmo eu sei que se pelo menos uma pequena parte
disso ainda está ai então, você precisa evitar qualquer
mulher.

— Ok, neste momento o que eu quero ouvir, Toby, é


nada mais sobre Shandra. Shandra é história. Todo mundo
tem que superar Shandra, porra, porque eu o fiz e era o único
que tinha que fazê-lo em primeiro lugar.
— Você já passou por algumas mulheres, irmão. — Toby
respondeu cuidadosamente.

— Eu não fiz promessas e não escondi como as coisas


iam ser. — Johnny retornou.

Toby o deu um olhar antes de dizer:

— Já escutei isso.

Johnny procurou no bolso de seu jeans por sua chave.

— Enquanto você estiver aqui, talvez queira ir até a


cabana e ver se tudo está certo por lá.

Seu irmão estava pegando a chave e seu sorriso


desapareceu.

— Pensei que você estivesse cuidando das coisas.

— Eu estou, mas é a quarenta milhas de distância,


então não posso ir lá todo dia.

— Vou até lá. — Toby murmurou.

Johnny olhou para a casa quando sentiu um movimento


e viu Izzy saindo pela porta. Seus cachorros correram para
cumprimentá-la. Ranger deitado na grama onde ficou. Toby e
ele não se moveram.

Ele assistiu enquanto ela procurava por ele, quando o


encontrou ele acenou para ela.

Então olhou de volta para Toby.

— Não acho que essa seja uma boa hora para você
aparecer na festa, Toby.
— Entendo. — Toby concordou. — Só vim para conhecê-
la, vou dizer oi e ter certeza de que a irmã dela está bem, vou
dizer esse oi e irei embora.

Johnny acenou antes de sorrir.

— Vou terminar isso dizendo algo que acho que não


preciso. É bom te ter em casa, irmão.

Toby sorriu de volta. Então se moveu para tocar o ombro


de Johnny com o seu e ambos voltaram para a mesa.

Ele viu que Deanna e Charlie levantaram para fazer


algo, Izzy ia na direção deles.

O sorriso para seu irmão foi brilhante, mas não


escondia sua preocupação.

— Toby, certo? — Ela perguntou, levantando uma mão


em direção a Toby antes de chegar até eles. — Estou muito
feliz em te conhecer e que você está aqui. — Ela disse quando
parou, e Toby pegou sua mão. Ela então começou a
balbuciar. — Quero dizer, obviamente, o que aconteceu com
Addie e Perry foi triste para todos, especialmente para Addie,
e sinto muito que você teve que presenciar. Mas minha irmã é
minha irmã. Ela vai se levantar, vai limpar o rosto e se juntar
a nós. Espero que você também.

— Não quero incomodar. — Toby disse, apertando e


soltando a mão dela.

Foi então que Johnny se moveu para o lado dela, passou


um braço em seus ombros e a reivindicou.
Ele viu os olhos do irmão se encherem de humor com a
manobra, mas felizmente ele não disse nada.

— Família nunca incomoda. — Ela respondeu.

Como se ela soubesse. Pelo que Johnny podia dizer, ela


só tinha dois membros que prestavam na família, e do jeito
que as coisas eram, elas precisavam uma da outra para
sobreviver e se impedir de virarem amargas.

— As coisas foram meio dramáticas. — Toby disse


suavemente. — Está tudo bem, eu vou agora e outro dia
compartilhamos uma cerveja ou algo assim.

— Podemos compartilhar uma agora. Honestamente. —


Izzy assegurou. — Addie deixou sair e agora está bem. Este é
o jeito que nós mulheres Forrester somos. Nos deixe de
joelhos, só vamos nos levantar e continuar indo.

Ele sentiu seu maxilar ficar duro com as palavras e os


olhos de Toby foram para Johnny e de volta para Iz.

— De verdade, fique. — Ela continuou, apontando com


um braço para a mesa. — A única coisa que irritaria Addie é
se você não ficasse porque pensou que ela estava
desconfortável. — Ela sorriu para ele. — E eu sou uma boa
cozinheira.

— Ela realmente é. — Johnny disse.

Toby olhou novamente para seu irmão mais velho,


procurando saber se podia aceitar o convite.

Quando ele viu que sim, virou a atenção de volta para


Izzy. — Então, obrigado. Adoraria provar sua comida.
Izzy sorriu.

Foi aí que Johnny olhou para ele de um jeito que dizia


para ir mais longe.

Toby entendeu aquilo, sorriu para Izzy e então se moveu


em direção à mesa.

Izzy começou a se mover também, mas Johnny a


segurou.

— Ela realmente está bem? — Perguntou quando ela


olhou para ele.

— Aparentemente, o inútil foi pego no flagra há duas


semanas. Addie e Brooks ficaram com alguns amigos
enquanto ela fazia planos e conversava com uma advogada.
Quando tudo estava arranjado, ela teve a ajuda dos amigos
para tirar as coisas do apartamento, guardar tudo em um
depósito e então vir aqui.

— Ela sempre teve a intenção de vir para cá? — Johnny


perguntou.

Iz balançou a cabeça.

— Ela só precisava de um tempo e ficar longe de tudo


aquilo para decidir algumas coisas. Ela veio para cá e essa foi
sua decisão, mas ela não pode fazer nada se não puder se
alimentar e ao filho. Então ela arrumou um emprego e uma
creche para Brooks na cidade, ela vai começar na segunda.

— Margot pode tomar conta de Brooks e ela ficaria


ofendida se Addie tentasse pagar. — Johnny disse a ela, mas
ela balançou a cabeça.
— Ela provavelmente amaria se Margot cuidasse de
Brooks, mas nunca deixaria acontecer de graça.

— E Margot enlouqueceria se colocasse ele numa creche


quando ela não tem nada para fazer o dia todo além de
planejar reuniões do Coven e mandar em Dave, e ela
enlouqueceria só um pouco menos se Addie tentasse pagar.

— Johnny...

Ele usou seu braço envolta dos ombros dela para puxá-
la a sua frente.

— Deixe-me falar com ela para ver se estou certo e ela


está disposta a isso. Daí podemos levar as coisas. Mas pelo
menos por enquanto, até Addie se ajeitar de novo, ela deveria
deixar alguém com o coração gentil ajudar.

Ela concordou antes de dizer hesitantemente.

— Ela vai ficar comigo por um período indeterminado.

Isto não era o melhor cenário e Johnny sabia que era


um babaca por pensar isso, e não era nem próximo das
mesmas circunstância, mas quando ele finalmente encontrou
uma mulher que ele queria em sua vida e cama no que
poderia vir a ser de um jeito permanente, ele desejou que ela
não tivesse um parente problemático que tirasse seu tempo e
atenção do que eles estavam construindo.

— Sinto muito, sei que... — Ela começou olhando para


ele com preocupação.

Johnny a cortou.

— Não há nada para se desculpar.


— É só isso, ela tem um pouco de dinheiro guardado
mas a advogada vai custar bastante, e o mercado não paga
tanto quanto ela recebia em gorjetas então ela vai precisar de
ajuda.

Ela conseguiria ajuda.

Isto ia começar com Johnny pagando o advogado, se ele


pudesse negociar, toda a conta. Se ela não pudesse aceitar
aquilo, então um empréstimo pague-quando-puder. Ele
também a colocaria e Brooks em uma de suas propriedades
quando alguma vagasse. Ele tinha duas casas de aluguel
bonitas e pequenas na cidade, perto do mercado, grande o
bastante para Brooks crescer, e quando aquilo acontecesse,
ambos teriam seu próprio espaço.

Mas isto não era agora. Eles teriam essa discussão mais
tarde, depois de provar a comida incrível.

— Ela é sua irmã, querida, e se machucou feio. Eu


quero você toda para mim? Sim. Vou conseguir isso? — Ele a
puxou para mais perto e colocou seu rosto próximo do dela.
— Sim.

Ela encarou seus olhos e os dela estavam repletos de


gratidão.

— Obrigada, Johnny.

— Não agradeça, Iz. — Ele murmurou, indo tocar seus


lábios nos dela antes de se afastar, mas parou quando as
mãos dela que estavam em sua cintura o abraçaram.
— Obrigada, por intervir... quero dizer, quando Perry
apareceu, você foi direto para ele e...

Ele a interrompeu.

— Não agradeça por isso também.

— Eu... Johnny, aquilo significou muito. Você nem sabia


quem ele era. Você só sentiu a vibe e foi para lá. Então
realmente significou muito, querido. Para mim e Addie.

— Fico feliz, mas espero que você preste atenção, Iz,


porque sou este tipo de cara também. Por você e por Addie.

Os olhos dela ficaram redondos.

Então começaram a piscar.

— Oh, não, acho que vou chorar. — Ela sussurrou, e


verdadeira as suas palavras, seus olhos começaram a ficar
brilhantes com lágrimas.

Ele a puxou ainda mais perto e sussurrou de volta.

— Não chore. A comida está quase pronta, tem vinho


para beber, meu irmão para encantar e seus amigos estão
aqui para que eu os faça me amarem como todo mundo o faz.

Ele viu a umidade desaparecer quando ela começou a


sorrir.

Então ele continuou falando.

— Aconteceu. Acabou. Como você disse, querida, você é


uma Forrester que quando cai de joelhos, só levanta e
continua indo. É hora de continuar indo com boa companhia,
comida e bebida, mesmo com o perigo de alguém ter o olho
perfurado por um cristal.

A cabeça dela se virou e ela arfou.

— Oh, não! Eles estão pendurados muito para baixo?

Ele colocou a mão no queixo dela e a virou de volta para


ele.

— Só estava te provocando, spätzchen.

— Oh. — Ela respirou.

Ele a beijou. Não o beijo que queria dar a ela, mas não
foi só um toque nos lábios.

Então ele a virou em direção à mesa, mas como Charlie


e Deanna convidaram Toby para ir com eles, Toby indo para o
galpão, provavelmente para buscar uma cadeira, Izzy e
Johnny foram para a casa.

Izzy terminou de arrumar a comida.

Johnny agarrou outro fardo de cervejas do freezer para


levar para fora e colocar as garrafas no gelo.

— E então... então... então ele disse, "Este é o jeito das


coisas quando um texugo está envolvido". — Addie cuspiu o
fim de sua história por meio de risadas e todo mundo
gargalhou alto.

Incluindo Johnny.

— Um texugo envolvido! — Deanna gritou e riu alto.

Mas desta vez Johnny não riu.

Porque bem ali, o atingiu como um pedregulho no peito.

O sol foi embora.

As luzes de natal, velas e a luz da lua estavam dançando


nos cristais. Charlie arrastou uma mesinha de arabescos
para fora e colocou os baldes de bebidas lá, então eles tinham
mais espaço para a comida.

Talvez porque ele sentou lá depois do drama, ou pelo


design, o que parecia mais provável desde que Izzy, Deanna e
Addie o manobraram para lá, Johnny estava na ponta da
mesa. Flanqueado por Izzy e Toby. Charlie sentou no pé da
mesa, ladeado por sua esposa e Addie.

As mulheres terminaram quatro garrafas de vinho e


estavam na quinta.

Os homens, dois deles iriam dirigir, estavam só no


terceiro engradado.

Eles passaram por uma torta de queijo, seguida por


quatro diferentes sabores de tacos com milho mexicano, feijão
preto e salada, agora a mesa estava cheia de pequenos pratos
rosa claro cheios de creme na borda, cobertos por bolo de
chocolate com baunilha.

Os cachorros estavam deitados na grama, cansados.


Brooks caiu no sono nos braços de Deanna, mas agora
estava dormindo em seu berço.

Havia vagalumes piscando ao redor na escuridão


periférica e velas pequenas estavam brilhando na varanda de
trás, mas não havia luzes por fora para distrair das falas dos
amigos, comida e a mágica que Izzy criou.

Johnny entendeu tudo naquele momento.

Não importava que Perry estava em algum lugar por aí,


bravo e pensando em fazer algo contra Addie.

A mãe delas as ensinou que aquilo era o importante.

Esta era a beleza da vida.

Não se contentar.

Era encontrar alegria em tudo o que você tinha e se


pudesse pôr um pouco de brilho com alguns cristais
pendurados em uma árvore ou só alinhados lado a lado,
encarando as estrelas, você conseguiria.

Com esse pensamento, ainda rindo suavemente, Iz,


virou olhos brilhantes para ele.

— Queria que Margot e Dave estivessem aqui.

Sim, era encontrar alegria em tudo o que você tinha,


guardando memórias, o máximo possível, rindo e usando
sandálias baratas na frente de um cavalo ou sentado embaixo
de uma árvore cheia de luzes de natal.

— Podemos convidá-los da próxima vez, spätzchen. —


Ele murmurou.
Ela o atingiu com um sorriso deslumbrante e então
olhou de volta para a mesa quando Charlie começou a falar.

Toby se inclinou para ele e Johnny se apoiou nos braços


em ordem de não ficar tentado a bater em seu irmão se ele
decidisse provocá-lo verbalmente ao invés de só jogar olhares
para ele, como fez todas as vezes que Johnny chamou Izzy de
spätzchen.

Toby sabia que Shandra nunca ganhou aquilo.

Toby, como Johnny, sabia o que significava que Izzy


ganhou isso.

Assustou-se da primeira vez que disse.

Mas desde aquela vez, veio fácil.

Ele olhou para seu irmão na hora em que Toby disse por
baixo da respiração.

— Queria que o pai estivesse aqui.

Eles trancaram o olhar.

Não haveria fim as provocações que Lance Gamble faria


sobre cristais em uma árvore.

Mas ele amava bolos de chocolate.

E ele pensava que não havia jeito melhor de passar o


tempo, nem mesmo pescar, do que com os amigos.

Por último, ele ficava feliz quando seus filhos estavam


felizes.

— Eu também. — Johnny murmurou.


— ... Então minha garota Dee fica apoiada nas mãos e
joelhos... — Charlie estava dizendo.

— Eu não fiz isso! — Deanna chorou. — Eu só me


inclinei.

Johnny e Toby olharam para a ponta da mesa.

— ... em saltos finos e na menor saia que vocês já


viram... — Charlie falou por cima dela.

— Charlie! — Ela gritou.

— ... Ela puxa o telefone, liga a lanterna e aponta para a


escuridão.

— Uma lady nunca ficaria de joelhos na rua.


Especialmente em uma saia.

— Então ela olha para mim...

— Pare!

— ... e diz, "Querido, você tem que ir depois disso", como


se eu fosse entrar no esgoto para pegar o brinco dela.

— Era meu brinco favorito! — Deanna exclamou pelas


risadas da mesa.

Ele olhou para sua esposa.

— Como pode ter favoritos quando tem duas gavetas


deles?

— Não tenho duas gavetas deles! — Ela negou.

Ele arqueou as sobrancelhas.

— Ok, mas elas são gavetas pequenas. — Deanna


murmurou.
Todos caíram na risada de novo.

Johnny agarrou sua cerveja gelada, se reclinou na


cadeira e aproveitou a companhia.
Completamente a bordo

Johnny
Na manhã seguinte, depois de alimentar os cavalos e
soltá-los no pasto, Johnny andou de volta até a varanda
traseira, seu olhar em Izzy e Addie sentadas no sofá.

Ele andou pela porta e viu que Addie tinha suas longas
pernas esticadas, em cima da mesa de café a frente dela, e ela
estava usando uma camiseta velha e shorts de pijama. Seu
cabelo era uma massa desorganizada. Os olhos ainda
escurecidos de sono. Tudo isso fez Johnny pensar sobre que
tipo de babaca Perry era. Ela tinha uma caneca de café,
segurando-a com ambas as mãos, como se fosse o elixir da
vida.

Izzy estava usando a camiseta dele do Home junto com


um par de pijamas cortados no final e seu cabelo também
estava uma bagunça que tinha a ver com o sono, mas com
algo mais também.

Sem necessidade de dizer, a garrafa de vinho número


cinco foi substituída pela sexta e na metade da sétima, a
noite ficou ainda mais divertida.
Depois da garrafa sete, mais a metade de outra, e depois
de todos irem embora, Johnny pode tirá-la de seu vestido, e
com Izzy embriagada, eles provavelmente não foram tão
silenciosos quanto deveriam.

Ou pelo menos Izzy não foi.

Mas então, Addie provavelmente estava desmaiada,


desde que Izzy fez o mesmo depois que ele a fez gozar, ela
retornou o favor, então caiu direto no sono, completamente
nua e sem nem ir ao banheiro se limpar.

Agora, Izzy parecia mais alerta que sua irmã,


provavelmente por sua prática de acordar cedo toda manhã,
então ela tinha Brooks nos braços e estava dando uma
mamadeira para ele.

Vendo-a ali, parecendo fofa, mas totalmente fodível, e


dando uma mamadeira ao seu sobrinho, Johnny sentiu a
terra desaparecer sob seus pés e ele despencou somente para
parar em pé novamente.

Este não era um sentimento inquietante. Era só a


primeira vez que ele o percebia, mesmo que estivesse
acontecendo por semanas enquanto continuava caindo mais
e mais, cada vez mais profundo, mesmo quando ela não
estava por perto.

Não, não era inquietante.

Esta era uma queda que ele estava feliz por tomar.

—Você quer que eu te traga café? — Izzy perguntou.


É claro que ela se ofereceria para pegar café, mesmo
sentada com a irmã e alimentando o sobrinho.

— Eu consigo pegar. — Ele respondeu, se movendo em


direção a ela.

Ele se abaixou e beijou o topo da sua cabeça.

Então hesitou, se perguntando se essa era a coisa certa


a fazer, ou se seria bem recebido, mas então ele decidiu fazer
de qualquer forma.

Então se moveu para Addie e fez a mesma coisa.

Quando ele terminou, a cabeça dela foi para trás, e


havia questões em seus olhos azuis que eram um pouco mais
escuros do que os da irmã, e como tudo mais, quase tão
lindos quanto.

— Precisa de um refil? — Ele perguntou.

Ela balançou a cabeça sem dizer nada.

Ele se virou para Iz, vendo o copo dela cheio na mesa de


café.

Ela deu um sorriso doce para ele.

Foi a coisa certa a se fazer.

Ele entrou, pegou seu café e voltou, vendo que nesse


meio tempo uma gata cinza se juntou a elas e estava
descansado entre as duas mulheres, os olhos fechados, os
dedos de Addie no pelo das costas dela e ela estava
ronronando alto.

Sabrina decidiu se juntar as garotas.


Johnny foi para a porta de tela, colocou um ombro
contra e olhou para o jardim.

A mesa foi limpa, mas ainda estava lá junto com as


cadeiras.

Ele tomou um gole e decidiu que ia cuidar disso.

— Sei que estou impedindo seu estilo. — Addie


anunciou.

Os olhos de Johnny foram para os dela, assim como os


de Izzy.

Ela estava olhando para Johnny.

Mas foi Izzy que perguntou:

— Desculpe-me?

— Eu lembro como é, as primeiras semanas, todas


aquelas coisas boas, — Addie disse, agora falando para a
mesa de café. Ela tomou um gole e se virou para a irmã. —
Mas eu meio que gosto desse menininho. — Ela indicou para
Brooks com a cabeça e deu um pequeno sorriso para a irmã.
— Gosto de passar tempo com ele. É um saco que para mim,
eu achava que tinha um marido e ele, um pai. Mas estamos
sozinhos. Era assim com Perry. Não era sobre tomar conta do
meu filho. Eu adoro fazer isso.

— É claro que sim. — Izzy respondeu baixinho.

— Então vocês dois deveriam fazer o que querem.


Saiam. Divirtam-se. Passe a noite na casa do Johnny. Estou
acostumada a tomar conta de Brooks sozinha. Então, não é
um território novo, só, — ela sorriu, — em um lugar diferente,
em um território familiar.

— Agora você tem a nós. — Johnny disse, e os olhos de


ambas vieram para ele.

— Você não tem que... — Addie começou.

Isto não era Shandra e o irmão de merda dela.

Isto era Izzy e sua irmã forte, inteligente, divertida e


adorável.

Então ele não a deixou terminar.

— Não. Agora você tem a nós, não precisa mais fazer


tudo sozinha. — Ele disse.

Addie balançou a cabeça.

— Realmente eu me sentiria melhor se vocês só fossem


fazer o que quiserem.

— Nós vamos. — Johnny disse a ela. — Nós estamos. —


ele atestou.

— Não é a mesma coisa. — Addie pressionou.

— É a vida. — Johnny disse.

Ela o encarou por um tempo antes de dizer:

— Ok. Não me importo de vocês ajudarem, mas só


quando necessário. Mas se vocês não forem acampar porque
estou mal e alguém tem que cuidar de Brooks, esqueçam. A
creche abre aos sábados e Deanna disse que me ajudaria até
eu me arrumar. E agradeço a oferta de você ir falar com
Margot por mim, mas eu não a conheço tão bem, e não seria
legal descarregar minha criança nela.

Johnny ia dizer que Margot não veria as coisas dessa


forma, mas antes que pudesse, Izzy entrou na conversa.

— Não é ruim, ou é, que cuidamos de você por um


tempo?

Addie olhou para sua irmã com uma expressão firme.

— Como quando você esquentava sopa para mim? —


Ela inqueriu.

— Ad... — Izzy começou.

— Ou quando você me ajudou naquele trabalho sobre O


Chamado Selvagem? — Addie continuou.

— É o que...— Izzy tentou de novo.

— Ou quando você e a mãe me fizeram ficar dentro de


casa enquanto vocês enterravam nossa gata que tinha
morrido?

O rosto de Izzy ficou triste.

— Boneca...

— Vá com seu cara acampar, Iz. — Addie ordenou.

— Nós podemos...

Addie se inclinou para ela.

— Vá com seu cara acampar, Iz. — Ela repetiu.

— Tenho tudo sob controle. Estou bem. Você está nos


dando uma casa. Você sabe como aprecio isso. Mas quando
estamos aqui, nós adicionamos em sua vida, não tiramos
nada.

— Você nunca me tira nada. — Izzy retornou.

— Eu venho tirando coisas de você desde que nossa mãe


nos colocou naquele carro, no meio da noite, e deixou nosso
pai. — Addie retornou.

Iz ficou quieta.

Addie olhou para baixo, para Brooks e de volta para sua


irmã.

— Ele não é um trabalho. — Ela sussurrou.

— Não. — Izzy sussurrou de volta.

Mais sussurros quando Addie disse:

— Eu te amo, Iz.

— Te amo também, Addie. — Izzy respondeu.

— Vá ficar com seu cara. — Addie instigou.

— Ok. — Izzy concordou.

Johnny olhou de volta para fora, levantando sua caneca


e tomando um gole para poder abrir a garganta que fechou.

Quando ele terminou e mais nada foi dito pelas irmãs,


ele falou.

— Vou desmontar a mesa e colocar ela e as cadeiras de


volta no lugar, e mesmo que vocês duas só pareçam que vão
oferecer ajuda, vou torcer o pescoço de vocês.

Houve um momento de silêncio.


E então ele escutou as duas mulheres explodindo em
risadas.

— Preciso de novas taças de vinho. — Izzy murmurou.

Johnny virou seu olhar do programa que eles estavam


assistindo na televisão, deitados na cama dele, com ela ao
lado dele.

— E talvez uma viagem para a América do Norte. — Ela


continuou.

Ele olhou de volta para a televisão.

Eles estavam assistindo —Big Little Lies. — Era


divertido. Uma viagem. Reese Witherspoon estava incrível. E
o suspense, excelente.

Como Izzy tirou taças de vinho disso, ele não tinha ideia.

A América do Norte ele poderia conseguir.

Ele retornou o olhar para ela.

— Do que você está falando?

— Nada. — Ela murmurou.

Ele não olhou de volta para a tela quando notou a


mudança nela.
Era um programa incrível.

Mas não era isso.

Eles estavam ambos em travesseiros, Johnny em seu


lado da cama, Izzy no dela.

A cabeça dele apoiada nos travesseiros e as pernas


estendidas a sua frente, os pés cruzados na altura do
tornozelo, com uma garrafa de cerveja na mão, descansado
em seu abdômen.

Ela estava em seu lado, curvada em uma posição de S,


com a cabeça um pouco mais para baixo nos travesseiros,
sua taça de vinho na cabeceira atrás dela.

E havia um espaço vasto entre eles.

Depois de uma ótima noite e uma manhã doce, Johnny


sentiu essa distância se expandindo depois que as cadeiras e
a mesa foram guardadas, eles tomaram café da manhã e
então Izzy tomou um banho e vindo para baixo só para Addie
chutá-los para fora da casa.

Izzy se arrumou para passar a noite e se arrumar pela


manhã na casa dele. Eles embarcaram Ranger e foram para o
moinho. Ele mostrou-lhe como dirigir um ATV e eles
passearam por toda a propriedade dele. Mas antes deles
voltarem e comerem um almoço tardio, ela parecia um pouco
fraca então ele sugeriu que ela tirasse uma soneca.

Ela aceitou aquilo com uma impaciência que o


assustou.
Parecia que ela estava buscando um jeito de escapar
dele na sua casa de (essencialmente) um cômodo.

Ela dormiu profundamente e por um longo tempo,


acordou grogue e comeu a comida que ele preparou para ela
como se estivesse em um sonho, e não um bom, e quando
eles decidiram assistir um programa deitados na cama, ela
deitou longe dele. Mesmo que ela estivesse virada para ele,
não o tocou ou chegou mais perto.

Ela também não convidou Johnny para mais perto.

No começo, Johnny pensou que ela ainda estava grogue


ou talvez pensado sobre tudo que descobrira no dia anterior
sobre o que estava acontecendo com sua irmã.

Mas a estudando deitada ali, vendo TV, ele sabia que


havia algo mais.

Ele não sabia o que era, mas tinha um sentimento ruim


subindo pela parte de trás de seu pescoço e ele não gostava.

— O que está acontecendo, spätzchen? — Ele


perguntou.

— Humm? — Ela murmurou distraída.

— Você está bem?

Ela levantou só os olhos para ele, não a cabeça.

— Desculpe?

— Você está bem? — Ele repetiu.

— É claro. — Ela respondeu, olhando de volta para a


TV.
— Quer chegar mais perto? — Ele inqueriu.

— Estou bem. — Ela disse.

— Eu não. — Ele retornou.

Ela levantou os olhos de novo.

— Johnny, estou assistindo isso.

Não, ele realmente não gostava.

Foi então que ele levantou o controle remoto.

Ele apertou no pause e ela olhou da TV para ele, agora


com pequenas linhas entre as sobrancelhas.

— O que está acontecendo? — Ele perguntou de novo.

— Só estou interessada nesse programa. É bom. — Ela


mentiu.

Eles nunca assistiram TV juntos.

Talvez ela não gostasse de abraçar.

Por contrapartida, ela caiu no sono em cima dele com a


porra dele escorrendo de dentro dela.

Ela gostava de abraçar.

— Querida...

— Este é um show legal. Estou interessada. E talvez


ainda um pouco de ressaca.

— Você dormiu por duas horas e meia essa tarde e


bebeu mais água que um time de basquete durante um jogo.

Ela se apoiou no braço.

— Sim, mas eu bebi muito vinho ontem à noite.


— Sim. — Ele concordou.

— Então ainda estou com um pouco de ressaca.

— Estar de ressaca significa que você não pode chegar


mais perto e assistir um programa comigo?

— Eu estou assistindo um programa com você.

— Há metros de distância entre a gente.

Ela olhou para a cama, mas voltou-lhe os olhos quando


ele continuou falando.

— Você está preocupada com sua irmã? — Ele


perguntou.

— Um pouco. — Ela respondeu. — Principalmente


aliviada. Perry sempre foi um perdedor. Odeio como ela
descobriu isso, mas fico feliz que essa parte da vida dela
esteja no final e ela pode começar de novo sem ele
arrastando-a para baixo.

Ele acreditou naquilo.

— Está preocupada com o dinheiro que vai ser preciso


para ela se livrar daquele cara? — Ele continuou.

Ela negou com a cabeça.

— Nós sempre damos um jeito.

É, ele apostava que sim.

— Então, o que é? — Ele pressionou.

— Não é nada, Johnny. Só estou com um pouco de


ressaca e interessada no programa.

— Iz, nós conversamos. Este é o acordo, lembra?


— Seu acordo. — Ela retornou.

As sobrancelhas dele se juntaram.

— O que?

Ela virou os olhos para a TV.

— Nada.

—Izzy. — Ele rosnou.

Os olhos dela voaram para ele e ela se apoiou em uma


mão na cama.

— Okay, então, estou aprendendo o tipo de cara que


você é, talvez você devesse aprender o tipo de mulher que eu
sou. — Ela disse.

— Manda ver. — Ele convidou.

— Às vezes eu preciso de tempo para arrumar as coisas


em minha cabeça.

— Este espaço precisa ser físico? — Ele perguntou.

— Eu... — Ela olhou em volta e de novo para ele. —


Desculpe?

— Você não pode organizar as coisas em sua cabeça


abraçada comigo?

— Eu... eu... — Ela parou ali, como se não soubesse a


resposta para essa questão.

Ele tentou outra coisa.

— O que você quis dizer com "seu acordo"?


— O que? — Ela perguntou, começando a parecer em
pânico.

— Você disse que foi meu acordo que falamos sobre. O


que você quis dizer com aquilo?

— Quis dizer que, uh...

— Desembucha. — Ele incitou.

— Se acalma! — Ela gritou, o pânico sumido, agora ela


estava irritada.

Johnny fechou a boca e a encarou.

A única vez que ele lembrava dela o interromper foi


quando ele enlouqueceu logo antes de fodê-la contra a parede
do estábulo e quando ela ficou levemente brava na varanda
por ele ter falado sobre Shandra.

Ela só não era assim.

Mas talvez ela devesse ser mais assim.

Talvez ela devesse se sentir livre para ficar brava de vez


em quando, parar de lidar com os socos e socar de volta.

E talvez agora fosse o momento de mostrar isso a ela,


que ela estava segura para fazer aquilo com ele.

— Você poderia ter me abraçado. — Ela notou com


raiva.

— Você estaria bem com isso? — Ele perguntou.

— Eu... não sei. — Ela disse. Então voltou atrás e disse:


— Não.
— Então você precisa de espaço para organizar as
coisas, precisa ser físico, mas você pode me deixar saber que
coisas são essas?

— Essa é a parte de tê-las para mim, para me organizar


sozinha, então não.

— Você já teve alguém para resolver essas coisas com


você?

— É claro. Minha mãe. Addie, Deanna.

— Um homem. — Ele esclareceu.

— Por que isso importa?

— Iz...

— Ela é minha irmã, você sabe. — Ela declarou


subitamente.

Johnny fechou a boca novamente.

Izzy não.

— Ontem, quando você estava perguntando se sempre


foram os planos de Addie vir para cá e ficar comigo, e eu
disse que não, mas que ela ficaria comigo por um tempo, você
pareceu infeliz.

Ele colocou sua cerveja de lado, se virou para ela e


tentou de novo.

— Iz...

Ela o cortou.

— E ela é minha irmã. Nós somos... Nós... Isso é bom. O


que eu e você temos. É novo, mas é bom. E não é um hábito,
eu cuidando dela. É o que famílias fazem. Ela precisa de
mim. Então preciso estar lá por ela. Ela faria o mesmo por
mim.

— Eu te disse ontem que estava tudo bem.

— Sim, mas primeiro você pareceu chateado.

— Porque isso é novo e bom e quero mais disso. — Ele


disse vagamente.

Era mais do que isso. Ele só não queria trazer para sua
cama com Izzy lá.

— Isto é amável e tudo mais, mas você estava lá. Perry


não só provou que é um perdedor, ele se provou ser um
completo babaca. Ela vai ser uma mãe solteira, uma de
verdade agora, em um lugar novo e eu quero mais de nós
também. Quero dizer, você tem que saber isso. Odeio que seja
verdade o que Addie disse, ela está nos atrapalhando. Mas é
verdade, e odeio que ela se sinta assim e odeio que você se
sinta assim e estou presa no meio, sem dar o melhor para
nenhum de vocês.

Era hora de acabar com aquilo e só havia uma maneira


de fazer.

Ele não gostava.

Mas era o único jeito.

— Shandra me deixou por causa do irmão.

Por isso, Izzy calou a boca.

— Não posso dizer o porquê, mas posso dizer que


porque eu não fui na polícia e reportei as merdas que ele fez,
sou cúmplice nisso. Então desde que prefiro não estar
encarcerado, seria bom se você não dissesse nada para
ninguém, incluindo Addie.

Os olhos dela agora estavam arregalados.

Johnny não parou.

— A situação inteira era fodida. Então foi uma decisão


fodida que ela fez. Ela não tinha o porquê ir com ele. Mas ela
sentiu como se alguém tivesse que cuidar dele e ela era tudo
o que ele tinha. Então ela o escolheu e me deixou.

— Eu... Não sei o que dizer. — Ela sussurrou.

— Não tem nada para dizer. — Ele respondeu. — Eu


fiquei puto no início. Ferido e bravo. Não demorou muito para
entender e isso terminou minha raiva, só me deixando
machucado. Eles eram próximos. Tinham que ser assim com
os pais que tinham. Ela sentiu os laços do sangue e da
obrigação, e mesmo que o que ela estivesse fazendo fosse
perigoso e completamente estúpido, ela não era forte o
bastante para quebrar aquele laço. Então ela se foi.

— Addie não é uma criminosa fugitiva. — Ela disse a


ele.

— Sei disso. E sim, você me viu reagir a outra situação


que é tão boa, é maravilhosa, se sente certo, sei que há um
futuro nisso e eu o quero, e também estou no meio de uma
situação com a irmã da minha mulher. Mas não menti para
você antes, Eliza. Entendo a diferença e estou bem com isso.
Mas isto não me deixa menos desapontado quando estamos
em sua casa e não consigo te foder e ter que esconder o
quanto estou gostando, e não posso escutar os sons que você
faz quando goza que eu gosto tanto. Que você não se sente
totalmente livre para estar comigo quando quer e é puxada
por outro caminho. Sei que é egoísta, mas isso é tão bom.
Quero tudo de você. Agora, não posso ter. Mas eu quero,
então vou pegar o que posso.

— Gosto que você queira tudo de mim, quero tudo de


você também. — Ela disse suavemente. — Só não posso te
dar isso agora. Ou ao menos, não me sentia como se pudesse
antes de Addie falar conosco de manhã.

— E essa manhã foi quando me dei conta de onde


estava com isso tudo. Com você. Com ela. Com Brooks. Se eu
quiser explorar isso com você, tenho que estar
completamente a bordo. Não posso me segurar como talvez
faria no início de uma situação normal, sem drama, testando
a água, vendo quão fundo eu quero ir. Isto não é mais sobre
construir o que temos. Agora, é sobre a vida, aprender a ter
tudo o que há, juntos. E eu estou completamente a bordo.
Com você, ela vem junto. Brooks. Deanna. Charlie. Comigo,
vem Toby. Margot. Dave. Ben e Cait, e tudo mais.

Liz estava completamente parada, encarando-o


intensamente, mas ele ainda não tinha terminado.

— Dizer-lhe sobre isso não é porque fui machucado por


Shandra e ainda estou lambendo minhas feridas. Bem aqui e
agora com essa conversa, desde que já estou dentro, é sobre
mim, tendo uma reação genuína a algo, demonstrando-a,
você internalizando e não compartilhando. Fiquei
desapontado porque é o que é. A vida te atinge com isso
muito frequentemente. Mas no fim, você ser próxima de Addie
e Brooks e estar lá por eles, não iria te querer de qualquer
outra forma. É só que eu tenho a honra de fazer isso com
você.

— Johnny. — Ela sussurrou, admiração em seus olhos,


do mesmo jeito de quando estavam virados para sua irmã
pela manhã.

Exceto que agora era mais doce.

Ainda.

— Agora você precisa explicar "seu acordo". — Ele


demandou.

A admiração começou a ser substituída pelo pânico.

— Foi só que você fez aquele acordo e eu quero dizer


que, às vezes, preciso de espaço para me organizar. — Ela
explicou.

— Então você acha que não falar comigo sobre isso,


remoendo isso, vai terminar bem?

— Sim. — Ela respondeu imediatamente.

Aquilo era completamente implausível.

— Você está me dizendo que vai resolver tudo sozinha.


— Ele disse, com claro ceticismo.

— Estou dizendo que eventualmente teria falado com


você sobre, quando estivesse pronta.

— Tem certeza disso? — Ele pressionou.


— Por que não teria?

— Querida, mulheres fazem isso.

— Não é assim, só estou resolvendo.

— Palavras diferentes, o mesmo significado. — Ele


retornou.

— Isso não é verdade.

— Então sei que algo está passando por sua cabeça e


tenho que ficar calado, sabendo que algo está te
incomodando, sem saber o que é, ou como isso pode me
afetar, nos afetar, e esperar até você me dar uma resposta?

— Assim você não faz soar bem. — Ela murmurou.

— Isto porque não é, Eliza,

— Não sou assim.

— Você acabou de gritar comigo.

— Você estava me pressionando.

— Para que pudéssemos superar isso e assistir a porra


de um programa de TV sem nada pesando entre nós.

— Não sou assim. — Ela disse de volta. — Eu falo sobre


as coisas. Sempre digo no final e tudo fica bem quando eu o
faço.

— E você pode me garantir isso. — Ele atestou.

— É claro.

— Você tem certeza. — Ele pressionou.

— Sim!
Ela estava gritando de novo, o rosto ficando franzido.

Era adorável.

Mas ele ainda não acreditava.

— E se essa organização não for ao meu encontro e eu


não posso dizer nada sobre? — Ele perguntou.

— Eu vou ao seu encontro. — Ela respondeu afiada.

— Certo.

— Certo. — Ela respondeu.

— Agora, devo acreditar nisso tudo? — Ele perguntou


incrédulo.

— Sim! — Ela gritou de novo.

— Como?

— Porque estou me apaixonando por você!

Johnny ficou paralisado.

Izzy não.

— Você é a melhor coisa que já me aconteceu e não sou


estúpida. Não vou estragar isso ficando brava sobre algo e
deixando nos afetar antes de falar com você. Quero dizer...
mais ou menos.

Mais ou menos?

Ele não tinha tempo para apreciar o adorável "mais ou


menos".
Ele se aproximou dela, virando para o lado e indo para
baixo, colocando um braço em volta da cintura dela e
puxando-a contra ele.

Então ele a beijou.

No começo, rolou para suas costas, puxando ela para


cima de si querendo o peso dela nele, querendo-a ancorada
em sua cama.

Então ela gemeu em sua boca daquele jeito que ele


sempre sentia no pau e ele rolou de novo, Johnny em cima
dela, colocando nela o máximo de peso que ele pensava que
ela podia aguentar, pressionando-a contra a cama.

O beijo começou profundo e continuou naquela direção


enquanto eles tiravam as roupas um do outro, tocando a pele
um do outro de qualquer forma que conseguissem.

Na hora que ele conseguiu pôr a boca entre as pernas


dela, ela estava tão molhada e Johnny pronto para ela, tudo o
que ele podia fazer era sugar o clitóris dela forte antes de
voltar para cima, a mão no pênis, guiando-o, encontrando-a e
deslizando para dentro.

— Johnny. — Ela arquejou quando foi completamente


preenchida por ele.

Johnny se impulsionou, encarando-a, sua selvagem,


sua gatinha selvagem, o rosado nas bochechas dela, o
nevoeiro em seus olhos, os lábios inchados.

Ela levantou os braços atrás da cabeça, dobrando os


joelhos e abrindo mais as pernas.
Porra.

Dele.

Aberta para ele. Os quadris ondulando para encontrar


suas estocadas, O corpo sacudindo quando ele a tomou. O
cabelo espalhado por toda a cama. O corpo dela todo dele,
para fazer o que quisesse.

Ela confiava nele tanto assim.

E em mais ninguém.

Ela nunca deu aquilo para mais ninguém.

Mas ele teve isso dela desde o início.

Ele fez um barulho que só fazia para ela e puxou para


fora, virou-a para deitar de barriga para baixo e voltou para
dentro. Forçando as pernas dela mais abertas com uma dele.
Guiando as mãos para o lado dos braços dela, os mantendo
sobre a cabeça dela, enrolando os dedos em seus antebraços,
assistindo-a, uma bochecha pressionada nos travesseiros, os
lábios inchados abertos, a respiração vindo rápido, o rosto
corado, ele entrou de novo, pressionando-a contra a cama.

Conectado com ela.

Cobrindo-a.

Dando a ela o que estava na cara, ao mesmo tempo que


ele era o escudo dela contra as coisas ruins da vida, o
cobertor para mantê-la aquecida, o abrigo para mantê-la
segura.
Isto era dele para saber, para dar, para compartilhar
com ela mais tarde, quando ela não estivesse tomando o pau
dele.

Mas a cabeça dela se arqueou para trás, ela pressionou


a testa contra o queixo dele e sussurrou com a voz tremendo:
— Johnny.

E ele sabia que ela sabia.

Ele sabia que não precisava dizer uma única palavra.

Mas ele tinha que dizer algo mais.

Ele passou uma mão por baixo da pele suave do braço


dela, pelo seu lado, por sua barriga e quadril.

Ele tocou o clitóris dela, pressionou, rolou, ela arquejou


e ele disse: — Estou me apaixonando por você também.

Ela gritou, a boceta se apertando ao redor de seu pau, o


corpo tremendo embaixo do dele, a bunda pressionada
apertada conta o quadril dele. Era demais, bom demais, ele
não podia montá-la pelo orgasmo então ele escondeu o rosto
no pescoço dela, entrou mais fundo e gozou dentro de sua
Izzy, grunhindo contra a pele dela.

Quando ele voltou de onde ela o levou, de volta para o


quarto, ele pressionou o rosto mais forte em seu pescoço e
manteve as pernas dela abertas enquanto a fodia
gentilmente, deliberadamente, memorizando cada centímetro
do interior dela, de novo e de novo trazendo seu pau para fora
de sua maciez molhada até só ter a ponta dentro e então
deslizando gentilmente para dentro de novo.
Ele sentiu a respiração dela em seu cabelo, a
tranquilidade do corpo suave dela embaixo do dele. Ele
retirou a mão do meio das pernas dela, para cima em seu
seio.

Ele ouviu a mão dela percorrer o travesseiro e


pressionar contra a dele.

Finalmente, Johnny se enterrou dentro dela e ficou lá,


traçando a linha do seu pescoço com seus lábios.

O corpo dela virado e a cabeça virada para o lado como


se quisesse apertá-lo para fora.

Ele começou a sair, mas ela disse suave e urgentemente:

— Não. Só faz cócegas. Sua barba. Mas eu gosto.

Ele traçou de novo a linha no pescoço dela.

Ela tremeu embaixo dele.

E foi então que ele soube.

Era isto.

Isto era tudo que ele teria.

Izzy.

O corpo dela. A boceta dela. Seu cabelo. Seu pescoço.


Seus seios. Seu cheiro. Seu gosto.

A barriga dela incharia com os bebês que ele plantasse


lá.

A pele dela iria enrugar.

Os cabelos dela ficariam brancos.


Ele ficaria de luto por ela quando ela partisse e não
haveria ninguém mais por ele.

Ou ele deixaria essa terra sabendo o mesmo.

Era isto.

O resto da vida dele.

Simples.

E inacreditavelmente lindo para caralho.

Ele terminou sua confissão e o resultado foi ele fodendo


Izzy selvagemente em sua cama.

Mas pensou que isso se encaixava, considerando como


eles começaram.

Ele acariciou a orelha dela com o nariz, a beijou e


perguntou:

— Quer se limpar?

Ela não falou nada, só acenou.

Ele beijou o pescoço dela. O ombro. Saiu e a rolou de


volta só para puxá-la para si e beijar sua boca.

Quando ele terminou, ela olhou em seus olhos, os dela


piscando lentamente e quando os abriu de novo, eles estavam
sorrindo.

—Já volto. — Ela sussurrou.

Ela acenou.

Ela se levantou e ele a assistiu andar nua em volta,


procurando pelo chão.
Ela encontrou o que ele sabia que ela estava
procurando, quando se abaixou e pegou a camiseta dele, se
levantando e movendo-se para o hall, puxando-a pela cabeça.

Ela não se incomodou em pôr a calcinha.

Ranger a seguiu para o banheiro.

Johnny sorriu.

Eles deixaram Dempsey e Swirl com Addie e Brooks


porque Izzy queria eles lá para proteger a irmã.

Então agora era só Ranger.

E não passou despercebido por ele que, mesmo em sua


ausência, Ranger sempre foi o seu cachorro. Ele não parecia
triste ou confuso por Shandra não estar mais em sua vida.

Ele só estava em casa.

Dito isso, sendo de Johnny, seu cachorro ainda não se


ligou a Izzy. Ele gostava da atenção que ela dava a ele. Ele era
um cachorro. Aquilo acontecia.

Mas ele nunca a seguiu para qualquer lugar e deixou


Johnny para trás.

Agora, ele estava no banheiro com a mulher de Johnny.

Ainda sorrindo, Johnny saiu da cama, encontrou sua


cueca, jeans, os colocou e foi até a taça de vinho de Izzy.

Ele a pegou, levou até a cozinha, tirou a garrafa da


geladeira, tirou a rolha e encheu a taça. Pegou outra cerveja
para si, e quando se moveu de volta para a cama, colocou a
taça dela junto com sua cerveja na cabeceira.
Ele acabou de deitar na cama quando ela e Ranger
voltaram. Ela veio para seu lado. O abraçou, colocando o
quadril ao lado do dele e caiu em cima dele, perto.

Ele colocou uma mão em seu quadril, puxando sua


camiseta e segurando a bunda nua dela enquanto encontrava
o controle com a outra mão e apertava play.

Ranger colocou a cabeça na cama.

Johnny colocou o controle na cabeceira, baixou a mão e


acariciou o cachorro.

Num pedaço do programa onde não parecia que ela


perderia muita coisa, ele murmurou:

— Se precisa de espaço, querida, tenha.

Ela se afastou dele, virou a cabeça e beijou seu peito e


então descansou a bochecha lá, murmurando:

— Obrigada, querido.

— Você tem isso, sinta-se segura. — Ele disse a ela. —


Mas só para dizer, você precisa desabafar, mesmo que esteja
brava comigo e tivermos algo para resolver, desabafe comigo.
Estou aqui. Estou escutando. Se você estiver falando comigo,
gritando ou me interrompendo, vou escutar. E vamos
superar.

Por aquilo, ela não o beijou.

Ela virou a cabeça e passou o nariz em sua pele como


um gato preguiçoso ou um recém-nascido.

O peito de Johnny se contraiu e só o fez mais quando


ela colocou a bochecha de volta e sussurrou:
— Ok, häschen.

Ela se lembrou.

Ela se lembrou de como a avó dele costumava chamá-lo.

E ela o deu aquilo de volta.

Ele estava encarando a TV sem enxergar nada, só


tentando se lembrar de como respirar.

Quando Ranger lambeu seu punho e Johnny voltou


para o mundo, murmurando:

— Certo, garoto. Para baixo.

Sem tardar, Ranger deitou ao lado da cama com um


grunhido de cachorro e desapareceu.

— Quer seu vinho? — Johnny perguntou a Izzy.

— Em um segundo. — Ela respondeu.

Ele começou a traçar padrões em seu quadril e bunda.

Ela suspirou e se aproximou.

Isto era mais como ela.

Johnny sorriu para a TV.

Então, ele assistiu um programa incrível abraçado na


cama com sua mulher.
Um novo membro

Johnny
— Você vai fazer o que?

Johnny não estava completamente lá.

Era a manhã seguinte e ambos precisavam sair. Ele,


para lidar com os cavalos, ela, para ir ao trabalho.

Dez minutos atrás ele escutou os saltos dela em seu


piso enquanto ela andava pelo hall para aparecer em sua
cozinha completamente vestida para o trabalho.

Ele se virou dos ovos que fritava para ela e a viu em um


vestido azul marinho com mangas curtas que ia até seus
joelhos.

O negócio sobre o vestido era que abraçava o corpo dela


apertado e tinha duas faixas transparentes, uma acima dos
seios e a outra mais próxima da bainha, transformando o
clássico em algo sexy.

Ela também estava em sapatos beges de salto alto que


pareciam profissionais, mas ainda o faziam querer fodê-la.
Mesmo que ele tivesse esse desejo gritando nas veias,
desde que eles tinham que sair, ele ao invés disso se lançou
para os planos que tinha para a irmã dela enquanto colocava
os ovos em um prato com torradas e bacon, entregou-lhe e foi
fazer o seu próprio, e então ficou parado lá, comendo e
falando a ela como as coisas aconteceriam.

Ela segurou seu prato a sua frente enquanto ele falava,


os olhos nele se arregalando mais e mais e ele notou
vagamente que ela desistiu de comer na metade do discurso.
Ela só estava parada lá, segurando seu prato e olhando para
ele. Mas ele precisava que ela aceitasse isso para que eles
pudessem falar com Addie sobre, e quando o fizessem, ambas
poderiam tirar algum peso das costas.

O problema era, por tudo isso, tudo o que ele conseguia


ver era Izzy naquele vestido e sapatos e no fundo de sua
mente, estava pensando sobre o que faria com ela neles,
então ele não estava prestando atenção o suficiente aos olhos
dela ficando cada vez maiores e nela não comendo.

— Vou pagar pela advogada. — Ele respondeu a questão


dela.

— Ela não vai te deixar fazer isso, Johnny. — Ela disse a


ele.

— Vamos falar com ela sobre, vou dizer meu caso e


veremos. — Ele disse, comendo o último pedaço de sua
torrada.

— Não, realmente. Ela só não vai deixar você fazer isso.


— Disse.
— Se ela recusar, então será um empréstimo. Podemos
trabalhar em um cronograma de pagamento depois que ela
estiver confortável. Mas no meio tempo, ela não precisa se
preocupar sobre.

— Ela pode ter um problema com isso também. — Izzy


respondeu.

Ele pegou seu último pedaço de bacon e disse: — É ai


que você entra.

— Eu nunca fui bem-sucedida em convencer Addie a


fazer algo que ela não quer. Exemplo, eu disse a ela para
terminar com Perry cerca de setecentas e dez vezes antes dele
pedi-la em casamento. E eu pedi a ela novecentas e dez vezes
para não casar com ele. Você pode ver aonde isso foi parar.

— Vamos só tentar. — Ele sugeriu.

— Você tem propriedades?

Ele adivinhou que com a súbita mudança de assunto,


eles iram tentar, então ele assentiu, mastigando o último
pedaço de bacon e colocando o prato na pia para lavá-lo.

— Plural? — Ela perguntou, soando estranhamente


chocada.

Estando virado contra o visual sexy dela, a mente dele


voltou ao trabalho e lentamente se virou para vê-la parada ali
com metade do prato cheio segurando-o em frente a ela.

— Sim. — Ele disse deliberadamente, se perguntando o


porquê dela estar olhando para ele daquele jeito – como se
uma segunda cabeça tivesse saído de seu ombro e ela não
sabia se ficava e gritava em terror ou se corria o mais rápido
possível.

— Quantas? — Ela perguntou.

— Duas. — Ele respondeu. — Bem, três. Contando o


moinho. Atualmente, quatro, mas é mais como três e meia,
desde que Toby e eu somos donos da cabana. Dito isso, nós
realmente dividimos. Ele ficou com a cabana. Eu fiquei com o
moinho. Então é realmente dele. Mas ele nunca está por perto
então quando preciso vou até a cabana.

— Cabana?

— Uma cabana de pesca que temos na margem do


Shanty Hollow Lake.

— É uma cabana de verdade?

— De certo modo.

— Como pode ser uma cabana de certo modo?

— Foi cuidada só por caras pelos últimos quarenta e


cinco anos.

— De que modo não é uma cabana?

— São cento e vinte metros quadrados. — Ele


respondeu.

Ela olhou para seu prato, mas não pegou o garfo.

— Izzy, tem algo te incomodando?

A cabeça dela se levantou e ela olhou nos olhos dele.

— Quão rico você é?


Por alguma razão, essa questão parecia ter uma
resposta errada, e esta resposta errada era do tipo que
nenhuma outra mulher pensaria como errada.

— Isto é relativo. — Ele respondeu.

— Bem, eu já sei que você não tem tantas oficinas


quanto Círculo K. — Ela retornou.

— Eu tenho dinheiro. — Disse.

Ela subitamente olhou em volta. Para tudo.

E seus olhos caíram na mesa de jantar dele.

— Querida, você quer me dizer por que isso parece ser


um problema para você?

O olhar dela voltou para ele.

— O pai do meu pai morreu em um acidente de caça


quando meu pai tinha dezessete anos. Ele herdou quinze
lojas de ferramentas. Ele não as administrava, nem mesmo
trabalhava em uma. Ele era um músico. Seria grande como
Johnny Cash, mas ele levava garotas para qualquer lugar que
o enviassem.

Johnny sentiu sua garganta se fechando.

— Seu pai era rico? — Ele perguntou.

— Sim. — Respondeu.

— Seu pai era rico. — Ele atestou dessa vez.

— Tínhamos uma casa gigante quando éramos


pequenas. Esta foi a única vez, até que crescemos e nos
mudamos, que Addie e eu tínhamos quartos diferentes. As
vezes só tínhamos um quarto e nossa mãe dormia na sala.

Ele não conseguia processar aquela última parte.

Não agora.

Ele tinha que se concentrar.

— Seu pai tinha dinheiro. — Ele estava grunhindo de


novo.

— S–sim. — Ela tremeu, subitamente ficando paralisada


e olhando para ele, não como se tivesse duas cabeças, mas
fosse uma cascavel prestes a dar o bote.

E ele era.

Ele deu dois passos na direção dela, tirando o prato de


sua mão e jogando na pia com pedaços de torrada, bacon e
ovo, voando por ali.

Ranger, que sentou ao lado de Izzy enquanto ela comia,


levantou, deu dois passos para trás e latiu.

— Johnny. — Ela sussurrou.

Ele se virou para ela.

— Você tinha sandálias de plástico. — Ele grunhiu.

— Desculpe? — Ela perguntou baixinho.

— Naquelas fotos no estábulo. Você com sua mãe. Você


estava usando sandálias de plástico baratas.

Ela balançou a cabeça.

— Eu... eu não me lembro.


— Você estava. — Ele confirmou.

— Ok. — Ela disse tentando conciliar as coisas.

— Ele era rico e você tinha uma porra de sandálias de


plástico baratas? — Ele demandou.

—Nós... nós estávamos melhores sem ele.

Havia uma tradução para aquilo e Johnny a fez.

— Ela não poderia pedir auxílio na justiça porque se o


fizesse, ele acabaria com ela. — Ele declarou.

— Sim. — Ela sussurrou.

— Tentaria te levar ou ao menos passar tempo com


você, só para provocá-la, não porque se preocupava com você,
desde que ele provou isso pela ausência em suas vidas e não
foi nem homem o bastante para enviar um pouco de dinheiro
para vocês. E ela não poderia deixar isso acontecer. — Ele
disse.

Ela assentiu.

— Ele nunca te machucou? — Ele perguntou.

— Não, Johnny. Não. Não a mim. Nem Addie. Só nossa


mãe. — Ela o assegurou.

— Mas ela estava preocupada que chegaria a isso.

Ela balançou a cabeça.

— Eu não sei. Talvez. Não falávamos muito sobre ele.


Nós só...

— Continuaram em continuar. — Ele disse, terminando


por ela.
— Sim. — Ela falou suavemente.

— E agora você tem um problema comigo tendo


dinheiro. — Ele atestou.

— É... Admito, um choque.

— Você parece prestes a enlouquecer, Iz.

— Meu, bem... Kent também... ele, bem...

O ex assustador dela, Kent, era rico também.

— Jesus, porra. — Ele chiou.

— Eles não são você. — Ela disse rapidamente a ele. —


Eu deveria ter colocado tudo junto. Você sabe, que você é,
um.... Confortável. Com tudo que aconteceu eu não percebi,
então foi um choque.

Ele viu o medo nos olhos dela e disse: — Eu nunca te


machucaria, Eliza.

— Você jogou um prato na pia. — Ela falou baixinho.

— Porque se um homem faz duas lindas filhas, ele


trabalha até sangrar porra, para ter certeza que elas não
precisam usar sandálias de plástico barato. E se ele não
puder fazer isso acontecer, ele ainda está lá para cuidar dos
machucados delas, tirar fotos delas quando forem para a
formatura e levá-las pela igreja até o marido. Mas mesmo
quando isso acontece, ele não as deixa ir. Ele nunca as deixa
ir. Você e sua mãe e sua irmã aguentaram essas merdas por
toda a vida primeiro porque ele é um babaca abusador, e
segundo ele não resolveu as coisas quando vocês foram
embora. Ele deixou vocês irem.
— Sim. — Ela concordou, uma luz de incerteza em seus
olhos mudando para algo inteiramente diferente.

Johnny não conseguia processar aquilo também.

— E você tem feito tudo desde então.

Ela não respondeu nada.

E nem precisava.

Ele tomou a decisão dois dias atrás de que aquela


merda acabou.

Agora ele a deixaria saber sobre.

— Sua irmã vai pegar esse maldito dinheiro de mim,


Eliza, — Ele a informou. — E como eu te disse, ela irá para
uma de minhas propriedades quando uma delas vagar. São
boas casas. O pessoal que aluga não sai facilmente. Ela não
está pronta para isso ainda. Mas quando alguém for, ela
ganha a casa, vai ficar segura, seu filho também, e você não
vai dizer a ela que estou dando um desconto no aluguel.

A luz nos olhos dela mudou completamente para algo


diferente.

Mas ainda assim, ela respondeu:

— Eu não iria gostar que você ficasse amarrado nisso,


Johnny.

— Sou o único dono delas, Iz, então vou fazer funcionar.

— Falamos com ela hoje à noite. — Ela disse


rapidamente, provavelmente só para apaziguá-lo.

Ele estava feliz por ela querer fazer aquilo.


Mas ele não se sentia muito apaziguado.

— Você deveria encontrá-lo. — Ele respondeu.

As sobrancelhas dela subiram.

— Quem? Meu pai?

Ele não respondeu aquela questão.

Ele anunciou:

— Você deveria encontrá-lo. Deveria andar até a casa


dele nesse vestido e bater na porta, e quando ele atendesse,
deveria dizer quem você é. E deveria dizer que, desde que ele
não estava por perto para tirar fotos suas na formatura, ele
não vai andar com você na igreja. Ele não verá seus netos.
Ele vai morrer sabendo que a mulher que lhe deu suas filhas
e os bebês preciosos que ele fez viveram uma vida mais feliz
sem ele.

— Johnny, querido, foi a muito tempo atrás e nós


éramos mais felizes sem ele. — Ela tentou acalmá-lo.

— Você entendeu o que aconteceu quando eu estava


dentro de você ontem à noite?

Ela o encarou.

— Você entendeu, Izzy? — Ele pressionou.

— Acho que sim. — Ela sussurrou.

— Esse é o cara que eu sou. Seu. Simples. É isso. E você


é minha. Minha, Iz. E tomamos conta um do outro. E
cuidamos daqueles em nossos corações e vidas. Então o
clube das Garotas Forrester tem um novo membro, querida.
E ele tem um pau.

A tensão nos ombros dela se esvaiu, seus lábios


levantaram e ela perguntou:

— Posso pedir nada de arremesso de pratos no futuro?

— Você pode, mas não posso garantir que não irá


acontecer porque parece que tenho muito ainda para
aprender sobre seu pai e Kent, então qualquer coisa pode
acontecer.

— Então, posso pedir que se você aprender algo em


minha casa, que não jogue nenhum dos meus pratos?

— Você tem pelo menos um prato que comprou novo? —


Ele demandou saber.

Ela pareceu confusa subitamente.

— Eu... Realmente não sei.

— Adivinhei. — Ele disse.

— Provavelmente não. — Ela disse.

— Então não, não posso prometer isso também. O que


posso prometer é que, se eu escutar mais merdas sobre o que
aconteceu e algum prato voar, vou substituí-lo com a melhor
porcelana chinesa que se pode comprar.

Foi então o que o rosto dela ficou mais suave.

— Eu não preciso de porcelana fina, Johnny.

— Então você vai ganhar o que quer que seja e vai ser
novo. — Ele retornou.
Ela ignorou aquilo e disse:

— Eu só preciso de um cara que seja meu e que se


importe o suficiente comigo para jogar pratos.

Cristo, ela era tão doce, ele queria fodê-la o tempo todo.

— Gata. — Ele rosnou. — Você vai ficar muito


encrencada se chegar atrasada ao trabalho?

As bochechas dela ficaram vermelhas e ela respondeu:


— Eu nunca me atraso.

— Certo, então pegue sua bolsa e vamos dar o fora.

— Você precisa limpar...

— Spätzchen, estamos dando o fora.

As sobrancelhas dela franziram. — Você deveria deixar


aquele ovo...

— Eliza. — Ele disse.

A expressão dela mudou.

— Você quer que eu seja honesta com você? — Ela


perguntou azeda.

— Sim. Você tem cerca de cinco segundos para fazer


isso.

— Você pode ser extremamente irritante quando fica me


pressionando. E ficar me chamando de "Eliza" quando eu te
irrito me irrita mais ainda.

— Anotado. — Ele respondeu. — Agora pegue sua bolsa.

Ela rolou os olhos antes de anunciar:


— Preciso de uma caneca de viagem com café.

— Vou pegar o café, você pega sua bolsa.

Ela apontou para a ilha da cozinha, que estava a um


metro dela.

—Minha bolsa está bem ali.

Johnny olhou para o teto.

— Ah, puta que pariu.

Ela se empertigou naqueles saltos e foi até a cafeteira,


dizendo: — Se tivermos filhos e você ficar dizendo nomes
desse jeito na frente deles, vou ser eu quem jogará pratos.

Ele ignorou aquilo porque eles teriam crianças e ele não


xingaria na frente deles (ao menos não das garotas, os
garotos, quando atingissem certa idade...) e ela já sabia disso
(provavelmente).

Ao invés disso, ele perguntou:

— Sua mochila está no banheiro?

— Sim. — Ela respondeu, pegando uma caneca para


viagem.

— É para pegar ou você vai deixá-la?

— Para pegar. Tenho que substituí-la hoje de noite.

— Venha preparada hoje à noite, spätzchen.

— Copiado, capitão. — Ela retornou ironicamente


enquanto colocava creme na caneca.

Sim.
Ele queria fodê-la o tempo todo.

Johnny conseguiu não atacá-la perto da cafeteira e ele e


Ranger foram ao banheiro pegar a mochila dela.

Então ele e Ranger andaram com ela até o carro.

Ele colocou a mochila no assento de trás.

Isto feito, ele se permitiu algum tempo para beijá-la,


quente e pesado ao lado da porta do carro.

Então ele e Ranger entraram em sua caminhonete e a


seguiram para longe do moinho.

— Vou ficar.

Não era necessário dizer que Johnny ficou


impressionando quando seu irmão disse isso.

Contudo, no instante em que ele o fez, na tarde em que


ele descobriu que o pai de Izzy não era somente um épico
perdedor, mas um babaca de proporções massivas, enquanto
eles estavam na primeira baia da Gamble Oficinas (esta
sendo a única com só uma baia, as outras tinham pelo
menos duas, algumas tinham quatro), ele pensou em Toby
sentado na mesa do jardim de Izzy olhando para a janela do
quarto dela.
Então ele não compartilhou sua emoção.

Ele sentiu suas sobrancelhas se unirem e perguntou:

— Por quê?

Toby encolheu os ombros.

Merda.

— Toby...

— Eu posso não estar me estabelecendo. Não sei meus


planos. Só sei que vou ficar por um tempo.

— Você está encrencado em algum lugar? — Johnny


perguntou.

— Não. — Toby respondeu, e Johnny o assistiu de perto


quando ele o fez.

Quando ele viu que seu irmão não estava mentindo,


perguntou:

—Sentindo-se com humor para consolar uma não – tão


– subitamente mãe solteira depois que o marido dela provou
quão babaca é?

O rosto de Toby mudou, uma nuance, uma nuance que


só o pai deles, Margot e Johnny conseguiam perceber, e ele
respondeu:

— Não.

Agora, aquilo era uma mentira.

— Deixe as mãos longe dela, irmão. — Johnny declarou.


Foi então que Toby ficou bravo. — Não vou por esse
caminho. — Ele avisou. — Cristo, que tipo de babaca você
pensa que eu sou?

— Não acho que você seja um babaca. Acho que você é


um jogador e o jeito que joga não tem nada a ver comigo. A
menos que estejamos falando de Addie.

— Ela é linda.

— Ela está fora dos limites.

— Só estou dizendo que ela é linda.

— Sei que ela é linda. Só estou dizendo que ela está fora
dos limites.

— Não vou por aí, Johnny. — Ele repetiu.

— Sei que você não vai.

— Quero conhecer Izzy melhor porque acho que essa é a


decisão certa, visto como parece que vocês estão um com o
outro. E pelo que parece que vocês são, eu também preciso
conhecer a irmã dela, e não preciso de você respirando em
meu pescoço ou me tratando como um babaca completo que
vai fazer uma jogada na mulher que desmaiou em meus
braços porque o marido é um completo babaca.

— Se é só isso então ótimo, maravilha, estou


emocionado que você vai ficar por aqui. — Johnny disse
verdadeiramente.

— Você sabe, a época em que eu precisava de um irmão


mais velho terminou a uma década atrás. — Toby declarou.
— Toby, você precisa superar isso porque eu vou ser seu
irmão mais velho até morrer, e isso é como as coisas são.

— Ótimo. — Toby murmurou, virando sua cabeça para


encarar o carro que Johnny levantou.

— Você tem planos para quando estiver em Matlock ou


quer ir pescar, encantar as mulheres e aborrecer Margot
porque você parece imune a encontrar uma relação saudável?

Toby olhou de volta para ele.

— Quero trabalhar com você aqui, na garagem.

Johnny ficou paralisado e o encarou.

Toby era bom com motores. Ele não era melhor que
Johnny porque Johnny esteve enfurnado na oficina como seu
pai e avô.

Mas Toby poderia fazer um ótimo trabalho.

Mas Toby também podia se distrair e ir embora.

Johnny não se importava. Ele já estava acostumado e


seu irmão era um adulto. Ele ganhava seus cheques das
oficinas. Ele fazia suas coisas. Ele não se envolvia mais em
problemas (muito). Era a vida dele para viver e não era da
conta de Johnny para se envolver.

Exceto para implicar com ele e o manter longe de Addie.

Mas ele amaria ter seu irmão em casa, trabalhando com


ele, como antigamente.

Como antes do pai deles morrer.


— Se você quiser ficar aqui, quero você aqui. — Johnny
disse a ele. —Por quanto tempo quiser, para sempre ou por
uma semana, não me importo. Mas não tenho que dizer isso.
É seu do mesmo jeito que é meu.

— Isso pode ser verdade no papel, mas não é na prática,


e penso que isso não está certo.

Johnny o encarou de novo.

Uma relação saudável com uma mulher não era do


estilo de Toby.

Responsabilidade também não.

— Preciso fazer minha parte. — Toby atestou. — Eu não


quero gerenciar nenhum mercado. Mas posso trocar óleo e
cuidar de reparos.

— Então comece quando quiser. — Johnny respondeu.


— Mas se você está aqui, eu gerencio essa baia, irmão. Você
quer gerenciar uma oficina, podemos fazer acontecer, e com
isso quero dizer, você ganha uma quando um dos caras que
faz isso desistir. Temos ótimos trabalhadores nas oficinas. Se
isso mudar, você entra. Mas eu assumi essa aqui, então é
minha.

— Não quero gerenciar nada. Só quero plantar raízes


por um tempo.

— Além de contribuir, tem mais algum motivo para você


querer fazer isso? — Johnny perguntou.

— Nossa avó está morta. Nosso avô também. O pai


morreu. E Margot e Dave não vão estar aqui para sempre. Já
vi muita coisa. Fiz muita coisa. Aprendi muito. E a maior
coisa que aprendi foi que o único lugar que parece certo é
Matlock.

— Então é realmente um "bem-vindo ao lar". — Johnny


disse baixinho.

— É. — Toby respondeu.

— Vou falar com Izzy para ver uma noite boa para você
passar lá e jantar, assim você pode passar mais tempo com
ela. — Johnny ofereceu.

Toby sorriu.

— Isso seria ótimo.

Eles se encararam por outra batida de coração.

Johnny terminou, dizendo:

— O pai ficaria feliz.

Toby continuou encarando-o.

E então respondeu:

— Sim.

— Claro. — Addie disse.


Foi depois do jantar na casa de Izzy. Eles estavam na
sala de estar, um lugar que Johnny queria sair o mais rápido
possível considerando o tempo passado com os móveis
brancos, almofadas com capa de flores, abajures e uma gaiola
de passarinho rosa em cima da mesinha de café branca dela
o estavam deixando preocupado de que no futuro, ele mesmo
pudesse parir uma criança.

Ele acabou de ser recusado ao se oferecer para pagar a


advogada completamente.

Então ele tentou o empréstimo.

E essa foi a resposta de Addie.

Johnny olhou dela para Izzy, que estava encarando a


irmã como se esta tivesse se transformado em outra coisa, e
de volta para Addie.

— Ótimo. — Ele respondeu. — Me dê as contas da


advogada. Vou cobri-las. Vamos nos manter atualizados. Isto
feito podemos falar sobre um plano de pagamento.

— Feito. — Addie concordou, dando um grande sorriso


para ele.

— Você está bem? — Izzy perguntou a Addie.

O sorriso de Addie se esvaiu e ela olhou para a irmã.

— Sim. Por quê?

— Não está com febre? — Izzy inqueriu.

Johnny gargalhou.

— Ponha uma pedra nisso. — Addie ordenou.


— Não, realmente. — Izzy disse. — Tem certeza de que
quer fazer isso?

Addie olhou para ele.

— Você vai ferrar com a minha irmã?

— Não. — Johnny respondeu.

O olhar dela retornou para Iz.

— Então sim, tenho certeza. — Ela se levantou do divã


branco de Izzy, se moveu até Johnny, colocou Brooks em seu
colo, Brooks ignorou a barba e agarrou a orelha dele e Addie
foi até a cozinha, perguntando: — Alguém quer o que sobrou
do bolo?

— Sim. — Johnny disse atrás dela.

— Iz? — Ela perguntou.

— Ok. — Izzy disse.

Brooks gemeu enquanto se puxava para cima no ombro


de Johnny.

Johnny o segurou com uma das mãos e ele se arrastou


atrás do pescoço de Johnny.

A criança atingiu seu outro ombro, se jogou por cima e


desceu pelo peito de Johnny até seu colo, gargalhando.

Johnny então o levantou, o balançou em volta e o


plantou em seus ombros, as perninhas gordas do bebê
balançando em cada lado do pescoço de Johnny.

Ele segurou os braços dele.

Brooks agarrou seu cabelo.


— Se tivéssemos ficado com ele, eu não teria te
conhecido.

A atenção de Johnny se voltou para Izzy, que tinha uma


expressão suave em seu rosto, os olhos no sobrinho, mas ele
tinha um sentimento de que aquela expressão não era só
para Brooks.

— O que, querida?

Ela baixou o olhar para ele.

— Se ele tivesse se acertado. Lutado por nós. Se ele nos


tivesse feito ficar por perto, eu nunca teria te conhecido.

— Isto é doce, Iz. — Ele disse suavemente.

— Mas isto não apaga...

Enquanto ele falava, os olhos dela se desviaram e então


voltaram para ele quando ela o cortou.

— Passaria por tudo de novo se me levasse até você.

Ele sentiu seu peito começar a queimar.

Brooks tentou se lançar por cima da cabeça de Johnny.

Então ele o girou e o colocou sentado em seu colo.

Brooks gritou.

Izzy sorriu e sussurrou:

— Você pode me atacar quando voltarmos para o


moinho.

— Obrigado pela permissão. — Ele grunhiu ao invés de


compartilhar que não precisava.
O sorriso dela ficou maior.

Ela sabia que ele não precisava.

— Sorvete, pessoal? — Addie gritou da cozinha.

— Sim! — Johnny disse de volta.

— Sim! — Izzy gritou.

Brooks soltou um gritinho e então caiu em seu próprio


colo, gargalhando.

— O quarto secreto se revela. — Izzy murmurou em


admiração.

Johnny acabou de guiá-la até o closet pela porta na


parte de trás do banheiro.

Ele ligou as luzes, que estavam em nichos nas paredes e


na ilha do meio. Ele então entrou e derrubou a mochila dela
(que estava bem mais pesada do que ontem) sem cerimônias
no topo da ilha com painel de vidro deslizante que protegia a
bandeja de joias com fundo em veludo.

Todas vazias.

— O que era segredo? — Ele perguntou.

Ela estava vagando do lado oposto do closet ao dele


como ele imaginava que ela vagaria por um castelo. Ela
levantou a mão e passou a ponta do dedo indicador ao longo
de uma estante vazia, que foi projetada para colocar sapatos,
mas agora estava vazia.

— Izzy. — Ele chamou quando ela não disse nada.

Ela parou e se virou para ele.

— Sempre me perguntei o que havia aqui. Quase olhei


naquela primeira manhã. Mas não queria ser bisbilhoteira.

— É só um closet. — Ele disse.

— É o maior, mais lindo closet na história da


humanidade. — Ela respondeu, olhando por cima dele para
as únicas estantes no topo que tinham roupas. — Apesar de
você precisar de mais jeans.

Seus lábios subiram.

— Eu não preciso de mais jeans.

Ela olhou em seus olhos.

— Você construiu isso para Shandra, não é?

O sorriso dele desapareceu.

— Iz...

A cabeça dela virou para o lado quando ela o


interrompeu.

— Você não gosta de falar sobre ela.

— Não gosto que ela seja parte de nós. — Ele a corrigiu.

Ela deu um sorriso pequeno para ele e começou a andar


em sua direção.
Quando ela o atingiu, colocou uma mão em seu peito e
jogou a cabeça para trás para poder olhá-lo nos olhos.

— Ela foi parte de sua vida. — Ela notou baixinho.

— Sei disso. — Ele respondeu.

— E estava em sua vida quando você consertou as


coisas aqui. — Ela adivinhou.

Ele colocou a mão no quadril dela.

— Iríamos viver juntos. Mas não fizemos isso, Izzy.

— Você construiu isso para ela. Você construiu o


banheiro para ela.

— Sim, mas ela nunca usou nenhum dos dois, Iz.

Ela oscilou em sua direção e perguntou:

— Isso é para mim?

Ele estava confuso.

— O que é para você?

— Todas essas garantias, são para mim?

Ele deu a resposta óbvia.

— Bem... sim.

— Ok. — Ela começou. — Então me deixe esclarecer


uma coisa, você não está me dando nenhuma indicação de
que ainda gosta dela. Eu nem mesmo penso sobre, até você
tomar minhas dores para garantir que não gosta dela. Nosso
começo foi intenso, querido. Depois ficou mais suave. Sem
contar, é claro, Perry aparecendo em meu jardim e depois
saindo furioso. Mas aquilo não era sobre nós. Era só algo que
tínhamos que lidar com. — Ela pressionou a mão em seu
peito. — Você pode falar sobre ela. Você pode falar sobre esse
tempo em sua vida. Pode parar de tentar tão forte me
proteger de algo que aconteceu quando eu nem estava na
cidade.

Ela veio ainda mais perto, então seus seios estavam


encostados no peito dele.

— Eu estava lá ontem, quando você estava dentro de


mim. — Ela disse a ele. — E eu entendi o que aquilo queria
dizer, Johnny. Você continua tentando me explicar, mas eu
sabia exatamente que tipo de cara você era desde o momento
em que te conheci. Então eu sabia que você não era o tipo de
cara que me deixaria entrar e começar algo intenso se seu
coração e mente estivesse em outro lugar. Shandra é história,
mas essa história é sua história, e eu quero saber tudo sobre
você.

— Eu amo isso, gata. — Ele disse suavemente. — E sou


eu tentando te reassegurar sobre isso, mas também porque
sei que todo mundo na cidade está escolhendo lados, como se
Shandra ainda tivesse uma chance, coisa que ela não tem, e
sabendo disso, quero ter certeza de que você sabe, mas eles
não sabem. E eu não quero que você chegue na cidade e
escute merda que te faça duvidar sobre onde estamos. Quero
que você saiba onde estamos e se escutar alguma merda,
pode continuar forte sabendo que é só isso. Merda.

— Não me importo com o que eles pensam. — Ela


retornou. — Eles não estão aqui. Eles não sabem. Esse closet
não é deles. É seu. O banheiro não é deles. É seu. E ela não é
sua. Eu sou.

Ele sentiu aquelas palavras por todo o lugar.


Absolutamente por tudo.

Mas com ela tão perto, esfregando os seios nele, ele


sentiu principalmente em seu pênis e bolas.

Isto significava que o seu, "Eliza", foi um rugido.

Ela ignorou seu tom e ordenou.

— Então pare de se preocupar sobre isso. — Ela então


saiu de seu abraço, deu um passo para longe, virou as costas
para ele e disse: — Agora, eu quase desloquei um ombro
tentando fechar esse vestido hoje de manhã. Você pode me
fazer o favor de abri-lo?

Se não houvesse mais nada no mundo que Johnny


pudesse fazer, ele poderia fazer aquilo.

Então ele deu um passo na direção dela e abriu o zíper.

Ela deu um passo para longe de novo, tirando o vestido


dos ombros e o deixando cair até os tornozelos.

Johnny assistiu ao show maravilhado.

Ela se virou, usando um sutiã preto com laços e


calcinha preta de renda e com saltos e deu a ele um olhar.

Ele levantou as sobrancelhas.

— Você está tentando me seduzir, spätzchen?

— Você ainda não me atacou. — Ela sussurrou.

Ele não tinha.


Johnny não hesitou em retificar aquele erro.

Ele se lançou para ela.

E Izzy nem tentou lutar.


Lua na Quinta Casa

Johnny
— Você sabe as constelações?

— Não. Minha mãe sabia. Ela sempre estava apontando


para elas. Nunca as percebi de verdade. Você sabe?

— Não.

— Então é bom que nós não somos marinheiros.

Johnny gargalhou.

Eles estavam deitados em um cobertor sob as estrelas.


Iz estava levemente inclinada para ele e tinha a cabeça
apoiada em seu estômago. Ele estava passando uma mão
pelo cabelo dela que caiu para um lado. Os dedos de sua
outra mão estavam entrelaçados com os dela e ela os tinha
pressionados na lateral do seio.

Do lado oposto a Izzy, Ranger estava deitado com o


corpo pressionado contra a perna de Johnny, a cabeça em
seu quadril.

A barraca de Johnny estava montada a alguns metros


de distância deles. Era uma barraca feita para um homem,
mas ele colocou os sacos de dormir dos dois colados, eles
estavam apertados, mas confortáveis, e ele adivinhou que não
haveria problema algum com o espaço limitado.

A fogueira estava estalando a alguns metros deles, na


direção oposta à tenda.

Era a primeira e única noite da viagem de acampamento


deles e a experiência fez Johnny dizer que eles viriam muitas
vezes.

Mas mesmo assim, ele achava que não ia precisar


comprar uma barraca nova.

Foi a primeira vez em muito tempo que ele se lembrou


que os dois não estavam juntos por tanto tempo assim.

Principalmente porque Izzy passou o dia o


surpreendendo.

O que ele aprendeu provavelmente não deveria tê-lo


surpreendido. Ela não reclamava muito normalmente. Ela só
ia junto.

E o "junto" foi tudo e um pouco mais. Não só as coisas


que ela fazia com suas plantas e amigos, irmã, seus animais
e sua terra.

Naquele dia, ela o ajudou a embarcar Mist e então o


ajudou a tirar o cavalo de Ben do trailer antes deles irem
embora.

O lugar onde ele acampava ficava a 2,5km da estrada.


Ele arrumou a mochila, que tinha metade do peso da dele.
Desde que ela não fazia esse tipo de coisa, ele adivinhou que
poderia ter a possibilidade dele ter que arrumar algumas
coisas, levar um peso extra com algumas das coisas dela na
própria mochila.

Ela colocou a mochila nas costas e não disse uma


palavra.

Ela então andou 2,5km com a mochila nas costas e não


disse uma palavra, exceto para falar sobre como aquilo era
legal e que eles teriam um tempo ameno, ou perguntar se ele
queria que ela carregasse a caixa de bebidas, ou apontar para
flores selvagens e dizer o nome delas.

— Olha, Johnny ali tem "uma milenrama"... tem "capim


dos pampas" em todo lugar... Impressionante, "papoula de
milho"... "Há “tremoceiro"25... Este lugar está cheio de flores. É
incrível.

Ele acampou naquele lugar tantas vezes que perdia a


conta, e nunca reparou nas flores.

Agora ele podia dizer que gostava mais dos tremoceiros.

Enquanto ele arrumava a barraca, ele pediu para ela


reunir gravetos para a fogueira e ela fez isso, pegando alguns
pequenos, tirando as folhas, carregando eles de volta para o
lugar da fogueira que ele criou anos atrás e que ele sabia que
outros usavam além dele.

Ela os empilhou ordenadamente, mas longe o bastante


para que não houvesse muitas labaredas.

25
O tremoceiro é a planta fabácea cuja semente são os tremoços.
E então eles foram para lá. Se alojaram. No meio disso,
eles não tiveram brigas ou discussões. Iz só ia junto com
tudo.

E gostava de tudo.

O único problema que eles tiveram foi quando ele a


levou para a margem do rio para ensiná-la a pescar.

Ela pareceu gostar de pescar e não ficou com nojo da


isca. Os peixes gostaram dela também, e ela pegou dois
perca-sois de guelra azul antes dele pegar seu primeiro. Eles
eram muito pequenos para comer então ele mostrou a ela
como tirar o gancho e jogá-los de volta.

Ela não ficou com nojo daquilo também, até o ponto que
ela assistiu seu segundo perca-sol nadar para longe, se virou
para ele e disse:

— Isso é divertido!

Ele sorriu para ela.

Ela imediatamente foi colocar uma isca nova no anzol.

Cinco minutos depois, ele pegou seu primeiro bagre e


era grande o suficiente para o jantar deles. Então ele
imediatamente se moveu para matar e sangrá-lo.

Quando ele jogou para o lado e olhou para ela, ela


estava pálida e encarando o peixe.

Os olhos dela foram para ele.

— Um... você disse que trouxe cachorros quentes para


caso de não termos sorte no lago?
Ele tentou não rir em voz alta.

Mas o cooler que ele tinha não permitia que ela


trouxesse seus sanduíche de carne e queijo para o almoço,
um engradado de cervejas para ele, uma garrafa de vinho
para ela, molho tártaro para o peixe, creme para o café da
manhã, leite, ovos e manteiga para as panquecas e um pacote
de cachorros quentes, mesmo com a remota possibilidade de
que ele não conseguisse pegar o jantar para ela.

— Eu acabei de te aproximar do vegetarianismo? — Ele


perguntou.

Ela engoliu e concordou.

Ele decidiu contra provocá-la ao lembrá-la do que estava


dentro de um cachorro quente e ao invés disso se inclinou
para ela, encostou seus lábios nos dela e se moveu para trás.

— Tenho cachorros quentes.

— Certo. — Ela sussurrou.

Ela desistiu de pescar depois disso, mas não o deixou lá


e não falou nada sobre.

Ela andou até o acampamento deles e voltou com um


livro e canetas que trouxe junto.

Então sentou perto dele, com os joelhos dobrados, o


livro apoiado neles, e escreveu lá, alternando entre três
canetas e de vez em quando parava para acariciar Ranger.
Que ficou entediado com a pescaria e estava deitado ao lado
dela com a cabeça em seu colo.
Johnny não bisbilhotou enquanto ela estava escrevendo.
Ele também não disse nada quando ela colocou o livro para
longe, alongou as pernas no short e virou a cabeça para o sol,
focando em acariciar Ranger e nada mais, claramente feliz só
por poder sentar ao lado dele enquanto ele pescava e... ficar
ali.

Margot nunca foi acampar ou pescar. Ela cozinhava um


peixe limpo depois que eles pescavam, mas ela não queria
saber sobre e odiava caminhar, com roupas de caminhada
que eram − não femininas o bastante, então qual era o ponto?
− e mosquitos, dormir no chão e não estar perto de um
shopping.

De acordo com seu pai, a mãe dele se sentia do mesmo


jeito que Margot.

Shandra fazia caminhada e acampava, mas ficava


entediada facilmente, e uma viagem não poderia durar mais
do que o tempo até ela precisar de outro banho (a estimativa
dela, trinta e quatro horas) ou eles tinham que estar em uma
área de camping com chuveiros e banheiros, e esses lugares
não eram para Johnny.

Era sobre estar na natureza. A quietude. A vida


desacelerando e seu cérebro fazendo o mesmo. Não estar na
natureza com um bando de pessoas, famílias barulhentas,
crianças ou só para ficar bêbado e festejar, e muitas pessoas
que não acampavam frequentemente faziam merdas
perigosas que deixavam Johnny bravo.
Eliza não mostrava sinal algum de estar entediada. Ela
não disse nada quando ele pegou seu segundo peixe,
empalou e sangrou ou quando limpou ambos (entretanto, ela
não assistiu, principalmente porque ele os levou para um
lugar onde ela não precisasse ver).

Ela o ajudou a construir uma fogueira. Assou os


cachorros quentes. Ele colocou os peixes em papel alumínio e
os pôs para assar. Eles esquentaram uma lata de feijão e a
compartilharam, comendo direto da lata.

Depois que limparam tudo, fizeram um pouco mais.

Fizeram tudo isso perto um do outro, Izzy encostada


nele, uma perna de cada um entrelaçadas.

Eles trocaram histórias. Riram. Beijaram muito.

Foi Izzy quem levantou primeiro e colocou o cobertor


para eles encararem as estrelas.

Mas Johnny não disse nada contra.

Foi o melhor dia que ele teve em um longo tempo.

O que o tornou melhor ainda foi perceber que este seria


o primeiro de muitos.

Izzy o trouxe de volta ao presente quando compartilhou:

— Ela era uma pessoa de Mercúrio retrógrado.

— O que isso significa? — Ele perguntou.

— Não tenho ideia. Mas ela sabia. Ela sempre falava


sobre quais planetas estavam alinhados e o que aquilo
significava. Ela costumava dizer coisas como, "Vênus está na
décima segunda casa!" Isto, em particular, significava que ela
conheceu algum cara de quem gostava. Ou "Claramente,
Marte está na terceira casa." Isto ela dizia quando Addie ou
eu, agíamos como sabichonas.

Johnny gargalhou de novo, encarando as estrelas e


mexendo no cabelo dela em volta de seus dedos.

— Eu deveria pesquisar sobre o que significa. — Ela


sussurrou. —Deveria traduzir minha mãe.

— Sim. — Ele sussurrou de volta.

Ela ficou em silêncio.

Johnny também, encarando as estrelas, segurando a


mão de Izzy.

— Odeio ele. — Ela disse ainda sussurrando, mas desta


vez com força.

As estrelas se embaçaram e Johnny sentiu seu corpo se


tensionar.

— Quem, querida? — Ele perguntou gentilmente.

— Meu pai. — Ela respondeu. — Odeio ele.

Ele enrolou o cabelo dela em volta do punho como se


estivesse a reassegurando e começou: — Iz...

— Eu menti. — Ela começou.

— Spätzchen...

— Não éramos felizes. Éramos pobres. Mamãe


trabalhava demais. Ela namorava caras de quem gostava e
talvez pudesse vir a amar, mas eles não queriam uma mulher
com crianças ou só queriam o corpo dela ou bebiam demais e
viravam babacas. Ela queria encontrar amor de novo. Ela
queria alguém que a ajudasse. Queria estabilidade, por ela,
por nós. Ela queria mais. E Addie e eu, tínhamos que assistir
enquanto ela passava por isso. Por causa dele.

O tom dela era baixo, mas forte e quando ela parou de


falar, Johnny não disse nada. Ele não se moveu. Não a
apressou.

Ele só deitou ali e esperou por ela.

Ela disse.

— Addie estava certa sobre o que disse em minha


cozinha. Eu entendi antes dela. Eu vi. O que ela encontrou
em Perry foi o que nossa mãe via em nosso pai. Ele tocava
guitarra e era realmente bom. Era um ótimo cantor. Ou tão
bom quanto sei, sendo pequena na época. Ele ainda parecia
bom. Era um cantor maravilhoso. Tinha uma voz linda.
Lembro dessa época. Lembro que foi a única época boa com
ele. Como ele entendia. Como era amoroso e sonhador. Como
ele colocava sua guitarra de lado e puxava nossa mãe para o
colo e a beijava. Ou pegava uma de nós e nos girava e fazia
coceguinhas dizendo, "Eu fiz bebês lindos!" Mas então ele não
conseguiu um acordo com uma gravadora ou foi descoberto e
ficou frustrado e amargo. Ele nem tinha trinta anos ainda.
Não houve tempo para aquilo. Era só como ele era. Era só
quem ele era.

Os dedos dela nos dele estavam se apertando, como um


elástico, mas Johnny só a segurou.
— Eu acho que foi a parte sonhadora dele. — Ela
declarou. — Eu acho que ela queria estar lá para assisti-lo
construir seu sonho. Vivê-lo. Eu acho que ela gostava de ser
a musa dele. Que ele saía da estrada e vinha para nós e
seríamos seu santuário contra a vida na estrada e as fãs
loucas. Então quando ele estava em turnê, ele subia no
microfone e dizia, "Esta é uma música que escrevi para o amor
da minha vida. Para Daphne". Eu acho que ela queria plantar
tomates e vagem e criar as filhas e andar ao lado delas até
premiações, linda e orgulhosa e as pessoas diriam, "Olhe para
ela. Sua serenidade. Sua beleza. Não é de se admirar que ele
escreve músicas tão boas". Acho que esse era o sonho dela.
Acho que esse era o sonho que ele alimentou e que ela
engoliu. E acho que quando não aconteceu, quando tudo
ficou escuro e feio, a quebrou de uma forma que nunca
poderia ser consertada.

Johnny deixou ela contar sua história para ele e para as


estrelas em silêncio.

— Eu acho que ela escapou de meu avô. — Ela


continuou. — Acho que meu pai era o oposto dele. Um
espírito livre. Romântico. Ela queria paz. Ela queria aventura.
Ela queria amor. Ela encontrou um inferno.

Ela encontrou isso com certeza.

Izzy continuou falando.

— Alguns anos depois que o deixamos, a mãe dele,


minha avó, apareceu na porta. Esta foi a única vez em minha
vida em que vi minha mãe ser ruim. Ela abriu a porta para
aquela mulher e o veneno correu solto. Ela gritou com nossa
mãe em seu rosto. "O que você está fazendo? Como você ousa
manter os bebês dele longe dele? Como você ousa fugir? Ele só
é problemático! Você fica ao lado de seu homem! Você nunca
foge!"

Izzy respirou e continuou.

— Mamãe a encarou e gritou de volta, "Ser problemático


não é atingir sua mulher no rosto com o punho só para
derrubá-la no chão e continuar chutando-a no estômago, sua
vadia. Isto não é ficar ao lado do seu homem. Isto é cair por um
merda. Isto é ensinar suas rainhas a serem fracas e isso não é
o que elas vão aprender de mim"! Ela bateu a porta na cara
dela, virou-se para nós e disse, "Se vocês virem aquela mulher
de novo, corram. Corram para longe o mais rápido que
puderem. E me encontrem". Minha avó batia na porta e gritava
por minha mãe, ela nos colocou em nosso quarto e chamou a
polícia. Escutei as sirenes. Não sei o que aconteceu, mas
aquela mulher nunca tentou nos encontrar de novo. Ela
desistiu. E foi isso.

Ela ficou em silêncio e então começou de novo, devagar.

— Ela chorou naquela noite, minha mãe. Naquela noite


em que minha avó veio gritar em seu rosto. Eu a escutei.
Acordei como se soubesse o que ela estava fazendo e fiquei na
pequena cama que eu dividia com minha irmã porque não
podíamos comprar outra. Uma ficava com a cabeça na
cabeceira e a outra nos pés da cama, para podermos nos
mover melhor. E eu a escutei chorar. Muito. E me perguntei
desde aquele dia, por que ela estava chorando. Se sentia falta
dele. Se estava de coração partido porque ele destruiu seu
sonho. Se duvidava ter feito a escolha certa ao não ficar do
lado dele. Se pensava que talvez pudesse ter tentado mudá-
lo. Se só estava com raiva e foi assim que deixou sair. Ou se
só estava cansada de tudo e sabia que tínhamos que nos
mudar de novo no próximo dia e ela não poderia aguentar
isso, que foi o que fizemos.

— Você nunca vai saber, querida. — Ele sussurrou.

— Não. — Ela concordou. — Nunca vou saber.

Ela respirou fundo e Johnny esperou.

Então ela deu mais para ele.

— Então eu odeio ele. O odeio pelas sandálias baratas e


porque ele batia em minha mãe no rosto com seu punho até
ela cair e então a chutava. Eu o odeio porque tinha que
esquentar sopa para minha irmã e eu, porque nossa mãe não
poderia estar lá para cozinhar para a gente e porque tudo o
que tínhamos era sopa. Eu o odeio por não estar em volta
quando tivemos que enterrar nosso gato, e eu e minha mãe
tivemos que fazer, com lágrimas caindo por nosso rosto.
Odeio que ele não tirou fotos de mim em minha formatura,
odeio o fato de que parece que ele nem liga que perdeu
nossos aniversários de dezesseis anos ou quando ganhei
minha bolsa de estudos, ou quando Addie quebrou o punho
se exibindo num skate do namorado. Eu o odeio porque ele
continuou quebrando-a mesmo depois de termos o
abandonado.
Ele a escutou respirar fundo de novo e Johnny se
tensionou esperando pelas próximas palavras.

— Não éramos felizes. Era falso. Nós fingíamos


felicidade. Minha mãe morreu depois de uma vida que a
devastou porque ela trabalhava demais, e uma das coisa na
qual ela trabalhava muito era fingir felicidade.

Nas últimas duas palavras a voz dela quebrou, então


Johnny soltou sua mão e cabelo, pegou-a pelos braços,
virando-a até que seu torso estivesse em cima dele.

Ele a abraçou, deitado.

Izzy colocou o rosto em seu pescoço e chorou.

Johnny encarou as estrelas e a deixou desabafar,


segurando-a perto com um braço, acariciando o cabelo dela
com o outro.

Ele deu tempo a ela.

Então ele disse o que sabia. O que ele viu naquelas fotos
da selaria.

— Vocês na verdade eram felizes, spätzchen. Você sabe


disso, certo?

Ela assentiu com o rosto ainda em seu pescoço.

— Eu... Eu... se-sei. — Ela disse. — Só estou sendo


dramática.

— Você só está sendo honesta. — Ele respondeu.

— Eu não... Eu não vou arruinar nosso acampamento.


— De jeito nenhum, Izzy. Você já compartilhou isso com
mais alguém? — Ele perguntou.

Ela negou com a cabeça dessa vez, mas não disse nada.

— Então você acabou de me dar algo lindo, querida.


Precioso. Vou lembrar para sempre. Então você não está
arruinando nada.

As estrelas desapareceram quando ela levantou sua


cabeça, os olhos nos dele.

— Tem certeza? — Ela perguntou.

Ele desceu uma mão para o lado da cabeça dela e


esfregou seu dedão na bochecha molhada dela.

— Sim. — Ele respondeu.

Ela ficou ali sob a luz da lua, passou a mão na outra


bochecha e então colocou a cabeça contra o peito dele.

Johnny passou as mãos no cabelo dela de novo.

Eles deitaram em silêncio por um tempo antes dela


dizer.

— Nossa mãe dizia que nunca deveríamos odiar


ninguém. Mas não posso evitar, Johnny. Eu o odeio.

— Eu o odeio também e não passei por isso, Iz. Então dê


uma folga para si mesma, certo?

Ela acenou, a bochecha e o cabelo se movendo em seu


peito.

— Você já... quero dizer, você fala sobre os pais de seu


pai, mas não os de sua mãe. Você os tem? — Ela perguntou,
virando o assunto para ele, ele suspeitou que era para sair de
onde eles estavam.

Ele decidiu que ela já disse o suficiente, então


respondeu.

— Quando ficamos mais velhos perguntamos ao nosso


pai, ele nos disse que a casa onde ela cresceu não era das
melhores e que ela foi embora assim que podia e nunca
voltou. O pai nunca nem os conheceu. Ele perguntou se
queríamos que ele os encontrasse para nós, e Toby e eu
tomamos uma decisão, dizendo que se a tivemos por todo
aquele tempo e eles não deram a mínima para tentar
encontrá-la, ou a nós, então não pensávamos que nosso pai
deveria perder tempo com isso. Pensei que aquilo soava lógico
então concordei com Toby e nosso pai honrou aquilo.

— Soa lógico. — Ela disse.

— É.

Ela respirou fundo, virou o rosto e o esfregou em seu


peito do jeito dela que era tão adorável, então se estabeleceu
de novo.

— O que você faria se ela voltasse? — Ela perguntou.

— Escutaria-lhe e faria minha decisão. — Ele respondeu


e então se virou para ela. — O que você faria se ele voltasse?

— Perguntaria se eu tenho mais irmãos, e se sim,


perguntaria onde eles estavam e então fecharia a porta na
cara dele. — Ela respondeu.

Johnny sorriu para as estrelas, murmurando:


— Essa é minha garota.

Ela soou como se estivesse sorrindo quando respondeu:

— Sim.

Eles caíram em seus próprios pensamentos até Iz se


virar, colocando o queixo em seu peito. Levantando a cabeça,
ele tirou a mão do cabelo dela, colocou atrás da cabeça e
capturou seu olhar.

— Sinto muito por ter falado dele... — Ela começou.

— Shh. — Ele a silenciou.

— Com Perry aparecendo e você arremessando pratos...

— Gata, você não me ouviu dizer o que isso significa


para mim?

—Você me faz feliz e eu... agora que sei como se sente


quando é real, eu acho que só...

Naquele momento, ele se levantou para colocá-la em seu


colo.

— Você terminou com as estrelas e a lua ou quer foder


aqui embaixo delas? — Ele perguntou.

O corpo dela tremeu de surpresa com a questão.

Ele esperou impaciente até ela responder.

— Eu... bem...— Os olhos dela foram de um lado a outro


até voltarem para ele. — Tem alguém em volta de nós?

— Não faço ideia.

— Bem, se há, acha que eles dariam uma caminhada


noturna?
— Barraca. — Ele decidiu, ficando em pé e levando-a
quando ela o fez também.

Ele tinha a mão dela na dele e a estava arrastando para


a barraca.

Ranger os seguiu.

Ranger teria que esperar lá fora por um tempo.

— Podemos voltar e olhar as estrelas depois? — Ela


perguntou quando Johnny estava se inclinando para entrar
na barraca.

Ele virou o pescoço para olhar para ela.

— Depois, se você ainda puder se mover, faremos


qualquer coisa que queira.

Ele poderia jurar que viu o rosto dela corar na luz da


lua.

Johnny só a puxou para dentro da tenda atrás dele.

Ela não conseguiu se mover quando eles terminaram,


então foi Johnny quem teve que se mover para lidar com o
fogo e deixar Ranger entrar.

Então ele colocou a si e sua mulher nos sacos de


dormir, ela enrolada nele, Ranger se arranjou aos pés deles, e
Johnny Gamble e sua mulher dormiram em uma tenda
debaixo das estrelas.
Naquela noite, Daphne Forrester teria dito que a lua da
filha estava na quinta casa.

E ela teria acertado.

Johnny sentou na grama ao lado de Izzy na manhã


seguinte enquanto eles comiam panquecas que ele fez na
fogueira.

Ela estava encarando o fogo em silêncio.

Ele chutou o pé dela coberto com uma meia com o dele.

Ela virou a cabeça para ele.

— Feliz? — Ele perguntou.

— Tenho panquecas e Johnny, você precisa perguntar?


— Ela respondeu.

Ele sentiu seu rosto suavizar e se inclinou para beijá-la.

Quando ele virou a atenção de volta para as panquecas,


ela sussurrou,

— É só que... Eu estava pensando... Não é que estou


triste mesmo que isso seja triste, mas é uma tristeza com a
qual já me acostumei. Isto é, eu queria algo para ela. Algo que
ela não conseguiu. Um longo tempo onde não precisasse
cuidar de nós. Em que ela pudesse ser só Daphne. Tempo em
que eu e Addie pudéssemos nos preocupar sobre as crianças
em nossas vidas e ela poderia só mimá-los. Tempo para
encontrar um homem e não se preocupar se ele queria ou
não uma família junto com ela, só saber em seu coração que
ele queria Daphne. Tempo para andar em meus cavalos e
colher os tomates dela. Tempo para ajudar a Addie mostrar
para Brooks como ser um bom homem e tempo para ensinar
minhas filhas como fazer máscaras faciais. Tempo para que
ela pudesse ser só feliz.

Johnny não olhou para ela.

Mas ele entrelaçou uma das pernas com as dela.

Ela continuou sussurrando.

— Ela não deveria ter procurado por um sonhador. Ela


deveria ter encontrado um homem que soubesse a diferença
entre todos os óleos de motor.

Cristo, eles tinham feito sexo antes dele fazer panquecas


para ela e agora ele precisava dela de novo.

— Iz? — Ele chamou.

— Sim, Johnny.

— Para que eu tenha forças e não sair daqui, pare de ser


adorável.

Havia um sorriso na voz dela quando disse:

— Mensagem recebida, Capitão.

Ele riu suavemente.

— Johnny? — Ela chamou.

— Sim, Iz.
— Podemos acampar mais vezes?

Ele a olhou nos olhos.

— Absolutamente.
Vodca com infusão de frutas

Johnny
— Bom Deus, mulher! O que é isso em seu rosto? —
Dave perguntou meio segundo depois de entrar na sala de
jantar de Izzy.

Johnny o seguiu, Charlie atrás de Johnny, Toby vindo


atrás de Charlie.

Uma vez que entrara, viram Iz, Addie, Margot e Deanna


ao redor da mesa branca redonda de Izzy, sentadas em
cadeiras brancas. Haviam duas portas de celeiro
descansando contra uma parede por algum motivo e um
lustre gigantesco quase maior que a mesa, pendurado baixo e
que você tinha que olhar cuidadosamente para perceber que
alguns cristais estavam faltando.

Johnny olhou cuidadosamente.

Haviam quinze cristais faltando.

Ele se moveu ao redor da mesa para dar espaço aos


outros homens entrarem, mas também para chegar até sua
mulher, e ele fez isso com os olhos em Izzy, um grande
sorriso em seu rosto.
O rosto dela estava coberta com uma gosma.

Uma gosma branca com pedacinhos.

— Isto, garotas, é porque a mágica acontece sem os


homens de nossas vidas em volta para testemunhar. —
Margot falou pausadamente para as mulheres ao redor da
mesa. Ela se virou para Dave. — E David, por favor, te peço
pela quinquagésima quinta vez em nosso casamento, não
diga o nome do Senhor em vão.

— Isto não é uma resposta sobre o que está em sua


cara, Margot. — Dave respondeu.

Ela varreu uma mão no ar ao redor de seu rosto, como


se fosse uma modelo mostrando um produto.

— É uma máscara facial feita por Addie que sua mãe a


ensinou a fazer e que já posso sentir operando milagres.

Johnny chegou até Izzy e se inclinou para ela enquanto


ela virava o pescoço para olhar para ele, sentindo cheiro de
iogurte e mel quando chegou perto.

Então ele falou algo em voz alta que sempre pensava.

— Não sei se te dou um beijo ou se te como.

Ela rolou os olhos.

Ele decidiu beijá-la no topo da cabeça.

Depois disso, ele olhou para ela de novo.

— Estou gosmenta e você está sujo. — Ela murmurou.

Faziam três sábados desde a viagem de acampamento


deles.
Três sábados com três boas semanas entre família e
amigos, e eles só ficando juntos pontuados pela necessidade
de dormir para conseguir ir trabalhar e comprar comida (ou o
trabalho de Izzy era isso, Johnny era rico para caramba e
poderia ter se demitido, mas ficaria entediado e trabalhando
em carros de qualquer forma, então ele poderia muito bem
fazer isso em sua garagem e ganhar mais dinheiro).

Addie estava de folga naquele dia então as garotas


decidiram ter um dia só delas, o que significava que os
homens poderiam ter um dia só para garotos.

Eles começaram ao se encontrar na casa de Izzy, se


separando ali e fazendo planos para voltarem na hora do
jantar.

Brooks foi o único deixado de fora, considerando que ele


não alcançava no controle de um ATV, então teve que ficar
com as mulheres.

— Pena que com toda essa companhia não possamos ir


tomar um banho. — Ele murmurou de volta.

— Johnathon, por favor. Nada de sugestões sexuais na


mesa de jantar das garotas. — Margot o repreendeu. — É
grosseiro.

Johnny se endireitou e olhou para ela.

— Não foi uma sugestão, Margot. Foi só sexual.

Toby caiu na risada. Charlie gargalhou. Dave balançou a


cabeça para ele, mas não sorriu. Deanna e Addie sorriram
uma para a outra.
Os olhos de Margot se estreitaram.

— Estamos experimentado as infusões de vodca


excelentes de Izzy e estou em um humor alegre. Te
agradeceria por não estragar isso.

— Eu te agradeceria. Minha mulher vai se sentir bem


sobre sua pele e ficar bêbada, isso é o presságio de coisas
boas. — Dave disse sua própria sugestão sexual, se
inclinando para a mesa, pegando a garrafa que estava
fechada e parecia ter morangos e menta dentro, colocando
uma dose saudável em um copo na frente de Margot, então se
endireitou e bebeu tudo.

— David, você tem que tomar pequenos goles. — Margot


disse.

Dave colocou o copo para baixo, ignorou sua esposa e


piscou para Izzy,

— Nem sei o que aquilo era, mas você tem minha


aprovação, criança.

Izzy sorriu para ele.

— Espero que todos vocês tenham roupas para trocar,


pois parece que todos precisam de um banho antes de
alimentá-los. — Margot declarou. Ela então se virou para
Izzy. — Tome notas, querida. Caso você não saiba, ATV que
dizer para terrenos sujos26, e quando eles estão em um, eles
tentam descobrir todo tipo de terra que existe, quanto mais
lamacenta, melhor.

26
All-terrain vehicle em inglês.
Izzy, aparentemente sem se afetar por seu homem ter
lama até os quadris, só acenou e respondeu:

— Então está anotado, Margot.

— Vou para casa tomar um banho. — Charlie disse e se


inclinou para beijar Deanna atrás da orelha. — Vou voltar
para o jantar.

— Iz, posso usar seu chuveiro? — Toby perguntou.

— Claro. — Izzy respondeu com um grande sorriso.

Ele balançou a cabeça para ela e saiu, Charlie o seguiu.

Dave pegou uma cadeira que estava contra a parede e


começou a virá-la para a mesa.

— Parado! — Margot gritou.

Dave congelou.

— Você acha que vai sentar na cadeira de Eliza com seu


jeans imundo? — Ela perguntou.

— É velha, amassada e não tem nem uma almofada. —


Ele atestou.

— É Shabby chic27. — Margot retornou com ênfase nas


palavras que Dave não entendia e mesmo se o fizesse, ele não
daria a mínima.

— Está tudo bem, realmente. Tenho gatos, cachorros e


essas cadeiras me custaram quatro dólares cada. — Izzy
entrou na conversa. — Exceto a que Deanna está sentada,
que tem uma perna faltando, então ganhei essa de graça. De

27
Estilo de decoração para coisas gastas.
qualquer forma, um lar é um lar, não um estúdio. Todo
mundo é bem-vindo, com jeans enlameado e tudo.

— Ouviu? — Dave perguntou a sua esposa.

— Você continuará de pé até que tome um banho. —


Margot retornou.

— Ambos os chuveiros foram tomados, porque Toby não


tem respeito nenhum pelos mais velhos. — Dave respondeu.
— E vou me sentar, — declarou, terminando de virar seu
assento e então sentando.

Margot se virou para Izzy.

— Você deveria tomar nota disso também, minha linda


garota. Ele está certo. Toby deveria ter deixado Dave ir
primeiro. Ele também está demonstrando que não me
respeita ao sentar nessa cadeira. Não deixe isso começar. Se
você deixar, nunca vai acabar.

— Te respeitei o bastante quando paguei seu cartão de


crédito ontem, — Dave retornou e olhou para Johnny. —
Tome notas, filho. Sapatos de setecentos dólares. Não estou
nem brincando.

Ele sentiu o olhar de Izzy e abaixou a cabeça para ela.

— Nunca comprei um sapato de setecentos dólares a


menos que eles estivessem numa liquidação muito boa. —
Izzy disse a ele.

— Quando vier a época em que vou pagar nosso cartão


de crédito, sinta-se livre para comprar quantos sapatos de
setecentos dólares quiser. — Ele respondeu.
— Eu o amo. — Deanna declarou.

— Fácil para ele dizer, é milionário. — Dave murmurou.

Os olhos de Izzy no meio da gosma ficaram grandes.

Porra.

— Você é milionário? — Ela sussurrou.

Droga.

— Sim. — Ele grunhiu.

— Oh... meu... Deus! — Addie disse. — Eu retiro o que


disse! Estou deixando você pagar minha conta com a
advogada!

Brooks, no colo da mãe gargalhou em alegria.

— Iz? — Ele chamou quando ela só o encarou.

— Eu sempre quis um par de Louboutins. — Ela disse


suavemente.

Ele sorriu, inclinou-se e a beijou forte.

Ele ficou com gosma por toda a boca e queixo.

Mas ela tinha um gosto muito bom.

Depois do jantar, Johnny parou na porta de trás da


cozinha, olhando para fora.
Izzy estava na varanda, parada também, na direção
oposta a ele e assistindo o que estava acontecendo no quintal
de trás pela tela.

Ela tirou a gosma do rosto, usava um vestido de verão


bonito, braços e pernas bronzeados, sem sapatos, sem
maquiagem, o cabelo em um rabo de cavalo na base do
pescoço caindo por suas costas, e ele só a via de perfil, mas
dava para perceber um pequeno sorriso em seu rosto.

Ele olhou além dela para ver o que a estava fazendo


feliz.

No jardim, embaixo da árvore que ainda estava cheia de


cristais e luzes de natal desligadas porque o sol ainda estava
alto, começando a se estabelecer, Toby estava segurando
Brooks e o balançando, abaixando e levantando, como se ele
estivesse voando.

O bebê tinha um olhar no rosto como se estivesse


congelado em uma risada, experimentando a alegria.

Addie estava sentada na grama por perto, um frisbee em


uma mão, o jogando para Swirl, Dempsey e Ranger
buscarem.

Mas ela não estava vendo qual cachorro iria pegar o


frisbee.

Ela estava olhando para Toby e seu filho.

Merda.

— Não sei quem está se apaixonando mais rápido. Ela


por ele ou ele por aquele bebê. — Margot disse ao seu lado.
Johnny se virou para ela.

— Ou ele por ela. — Ela terminou. — É difícil de dizer.

— Ela está no meio de um divórcio, que pelo que eu sei,


ela ainda o ama. — Johnny a informou.

— O tempo passa, meu doce Johnathon. — Ela


respondeu. — E o amor nunca realmente morre, mas
desvanece, como você bem sabe.

Ele olhou de volta para Izzy.

— E quando desvanece, a parte que continua nos ensina


a amar melhor da próxima vez. — Ela disse suavemente,
colocando a mão em seu antebraço.

Ele se puxou para longe, mas só para pegar os dedos


dela e levantá-los para pressioná-los contra seu peito.

Mas ele não respondeu.

Ele moveu os olhos de volta para o jardim.

— Toby não consegue ter relacionamentos. — Ele disse.

— As pessoas mudam.

Johnny olhou de volta para ela.

— Ele não vai ter seu primeiro teste com Adeline.

O olhar dela se mudou para a janela.

— Ele vai fazer o que Toby sempre faz. O que quer que
ele queira.

— Margot...

Ela olhou de volta para ele.


— Meu amor, ele arrancaria o próprio coração antes de
fazer algo que pudesse machucar o seu. — Os dedos dela
apertaram os dele. — Você não tem nada a temer.

— Eu não gosto disso. — Ele compartilhou.

— Bem primeiro, é seu trabalho como irmão mais velho


não gostar de nada que ele faça até que ele te prove que pode
fazer isso bem. Vocês dois são assim, eu temo, e não há
escapatória. E segundo, está tão cego de amor por Eliza que
toma todo o seu alto controle para não construir uma parede
de ferro protetora em volta dela. E algo que possa machucar a
irmã dela vai machucá-la também. Então você tem o dobro de
coisas para superar quando aquilo, — ela inclinou a cabeça
para o jardim, — criar raízes.

— Ele nem sabe se vai ficar em Matlock. — Johnny


disse.

Ela levantou uma sobrancelha.

— E ele não pode levá-la e Brooks se decidir ir embora?

— Isso devastaria Izzy. Ela ama ter sua irmã por perto.

Ela sorriu.

— Ah, ai está, a parede de ferro.

Johnny sentiu um sorriso começar a se formar, mas


balançou a cabeça e olhou de volta para o jardim mesmo
enquanto pressionava a mão dele mais perto de seu coração.

Depois de uma volta pelo jardim, provavelmente só para


conseguir algum tempo a sós desde que eles não se viram na
maior parte do dia e Johnny notou que eles não eram só um
casal casado, eles eram um casal, Deanna e Charlie estavam
chegando perto de Toby. Deanna tinha novamente usado
saltos naquele dia, mas ela estava andando de pés descalços
na grama agora, as tiras de sua sandália balançando nas
mãos do marido.

Johnny tomou nota daquilo.

Dave estava trancando o portão dos estábulos. Ele


acabou de trazer os cavalos de Izzy enquanto Margot e
Johnny lavavam a louça e o resto Margot ordenou: — Já fez o
suficiente... então vá.

Isto, mesmo que Margot não admitisse. Ela mandava


todos embora para que pudesse cozinhar, exceto por Johnny
que tinha que ajudar a limpar tudo.

Ninguém disse nada. Mesmo se a maioria deles a


conhecesse a pouco tempo, eles sabiam que este era o jeito de
Margot.

Toby agora tinha Brooks em volta do pescoço, andando


em direção a Dave e Charlie.

Addie estava observando o irmão de Johnny e seu filho


se afastarem.

Izzy estava passando pela porta de trás.

Ele sentiu quando Margot se moveu para mais perto


dele e sentiu quando ela enrolou os dedos da outra mão nos
dele.

— Vai ficar tudo bem.


— Quando estávamos acampando, ela me disse muito
sobre seu pai e mãe. Eu já sabia que ele batia na mãe dela e
o que seus avós maternos não as deixaram voltar para casa,
então elas estavam fugindo e não tinham nada. Elas nunca
conseguiram nada também, não importa o quanto a mãe de
Izzy trabalhasse. Elas só tinham uma a outra. Daphne, Izzy e
Addie. Isto era tudo que elas tinham.

— Que horrível. — Margot murmurou, o timbre dela


mostrando quão triste ficava por aquilo.

— Obrigado Deus, por você. — Ele sussurrou.

— Desculpe?

Ele virou a cabeça e olhou direto para ela.

— Obrigado Deus, por você. Dave e você. Obrigado Deus


que nosso pai tinha você para dar para nós. Se ele não
tivesse, eu não teria muitas coisas, Margot. Muitas para
nomear. Levaria uma semana só para citar etiquetas à mesa.
Mas há uma nova agora. E essa seria, se eu não tivesse você,
eu não saberia como amá-la do jeito que ela precisa.

Os olhos de Margot brilharam com lágrimas e ela tentou


tirar sua mão para longe, porque Margot era o tipo de mulher
que saía de um lugar para ir sentir suas emoções em outro
mais privado, provavelmente porque ela passou a maior parte
da vida rodeada de homens e ela achava que eles não sabiam
como lidar com isso.

Exceto que estes homens a entendiam, então ela estava


errada sobre isso.
Em outras palavras, Johnny só apertou mais a mão dela
para que não fugisse.

— Ela perdeu a mãe e mantém a tristeza como se tivesse


acontecido ontem. Ela desabrocha quando está em algum
lugar perto de mim. Você tenta agir como uma diva, querida,
mas não consegue evitar de se doar. Obrigado por retribuir
isso para Izzy.

— Pare. — Ela sussurrou.

Ele não parou.

— Dança de mãe e filho28. — Ele disse suavemente.

Os olhos dela se arregalaram.

— Você já o fez três vezes, está a fim de uma quarta? —


Ele perguntou.

Ela engoliu.

Fungou.

Encolheu os ombros.

Então declarou com um aperto na mão dele.

— Certamente.

Ela o deu isso e não foi a primeira vez que ela deu algo
que ele agradeceria pelo resto da vida.

Mas ela era Margot.

Então ainda não terminou.

28
Tradição em casamentos norte-americanos, Johnny nesta parte convida Margot para um futuro
casamento entre ele e Izzy.
—Entretanto, desde que pretendo ficar por aqui para
outro papel, é melhor você preparar Izzy. Porque todo mundo
sabe, o casamento de uma mulher não é realmente o dela. É
o casamento dos sonhos que a mãe dela sempre quis, e se
não for isso, é o casamento que a mãe dela determinou que
ela deveria ter. E eu dei à luz a três garotos e ajudei a criar
mais dois. As primeiras três mulheres tiveram mães. Agora é
minha vez.

Para isso, Johnny gargalhou alto.

O sol se pôs.

As luzes de natal na árvore estavam ligadas.

As infusões de vodca foram degustadas.

Um cobertor foi pego e estendido na grama.

Para que eles sentassem sob a luz da lua, luzes de Natal


e cristais, um casal em cada cobertor, trocando as vodcas,
falando e rindo, e quietos porque Addie estava alimentando
seu filho.

Johnny estava mostrando uma carranca para seu irmão


que se alongou no cobertor de Addie com ela, assistindo-a
alimentar seu filho como se nunca visse algo mais lindo.
— Johnny, querido, você pode me passar a garrafa com
gengibre e pêssego? — Izzy perguntou suavemente.

Ele pegou a garrafa que imaginava ser a de gengibre


com pêssego porque tinha pêssegos dentro e algo parecido
com alho (uma garrafa que estava com ele até ela dizer
aquilo, sendo evitada porque ele pensou que pêssego e alho
não eram uma boa combinação).

Ele se virou e entregou para ela.

Ela a pegou com um:

— Obrigada, häschen.

Ele não disse nada.

Ele só encarou o rosto de Izzy na luz da lua e nas de


natal, vendo bem ali, perto dele no cobertor, com seu pessoal
a sua volta, e estava feliz.

Ela era o que pensava que sua mãe queria.

Ela estava em sua casa.

Ela estava onde queria estar.

Ela estava serena.

Ele pensou que nunca viu uma mulher mais linda do


que a que ele viu naquelas fotos no estábulo.

Mas aquilo mudou bem ali.

Eliza colocou a garrafa na grama perto do cobertor e


levantou os olhos.

Ela inclinou a cabeça para o lado.

— Você está bem?


— Melhor do que nunca, gata.

Ela sorriu.

E aí estava a felicidade.

Então Johnny esqueceu de seu irmão no cobertor de


Addie.

Izzy estava feliz.

Por isso, Johnny também estava.

Eles aproveitaram aquilo no outro dia, Domingo, quando


ele embarcou Izzy e seu cachorro pela manhã e passou o dia
todo com ela na cama, no moinho.

E continuaram aproveitando, caindo no sono juntos e


acordando juntos na manhã seguinte.

Não seria até segunda de tarde, quando a serenidade de


Izzy foi abalada, quando o mundo dela de luz da lua, cristais
e vodca com infusão de frutas e boas pessoas em volta, que
Johnny descobriu que ela trabalhou a vida toda para acabar
destruída.

E quando aconteceu, todos naqueles cobertores


entraram direto em um inferno.
Podemos ir mais rápido?

Johnny
Segunda de manhã, Johnny estava lavando graxa das
mãos quando seu celular em seu bolso tocou.

Normalmente ele ignoraria.

Com Izzy em sua vida, ele não o fez.

Ele agarrou algum papel toalha, se secou rapidamente, e


com as mãos ainda um pouco molhadas, pegou o telefone.

Era Izzy.

Ele atendeu, colocou o celular na orelha e respondeu:

— Hey, spätzchen.

— Johnny.

Um ferro quente parecia ter encostado em suas costas


quando seu olhar foi para Toby debaixo de um carro.

Como se ele tivesse sentido, sentido o que Johnny ouviu


na voz de Izzy, a cabeça do irmão se levantou e eles se
encararam.

— Iz, o que está acontecendo? — Ele grunhiu.


— Johnny. — Ela repetiu em uma voz terrível.

— Fale comigo. — Ele demandou enquanto Toby saía


debaixo do carro.

— Eu...Eu... — Ela estava se perdendo.

— Dê para mim, querida. — Ele ouviu Deanna dizer.

Deanna.

Deanna estava com ela.

Elas trabalhavam juntas.

Mas ele gostou e não gostou de saber que Deanna


estava com ela enquanto ela soava assim.

A parte boa era que Deanna estava com ela.

A parte ruim é que ela soava daquele jeito.

Johnny pensou que sua cabeça explodiria enquanto


esperava e escutava o telefone se mover enquanto assistia
Toby vir em sua direção.

— Johnny? — Deanna perguntou.

— Deanna, o que está acontecendo? — Ele disse.

— Ok, agora, Ok, droga. — Ela respondeu, soando


assustada e torturada ao mesmo tempo.

— Deanna. — Ele disse em um aviso.

— Ok, não tem jeito de dizer isso de forma melhor então


vou ser rápida. Alguém levou Brooks da creche onde ele
estava.
Johnny arrancou a manga retirável de seu macacão com
botões e tudo.

— Era hora da soneca. — Ela continuou. — A senhora


cuidando deles recebeu uma ligação fora do quarto dos
bebês. Quando ela voltou, não notou de início. Mas então o
fez. Eles olharam em volta por ele, mas a mulher que cuida
do lugar ligou para os policias na hora porque todos os bebês
estão em berços e não deveriam ser capazes de sair de lá
sozinhos. Eles ligaram para Addie na mercearia. Ela veio
rapidamente. Ele... ele... Johnny. — A voz dela diminuiu. —
Ninguém sabe onde ele está.

Ele ouviu Izzy chorando no fundo enquanto tirava as


mangas de seu macacão e o tirava.

— Onde Addie está agora?

— Porra. — Toby assobiou.

— É por isso que estamos ligando, estamos tentando


chegar lá, mas estamos presas no trânsito e ela está perdida,
Johnny. Ela está acabada. Você tem que ir até a creche.

— Já estou indo. — Ele disse saindo da baia, sentindo


Toby em seu encalce. — Diga a Izzy que estou a caminho.
Vou chegar lá em cinco minutos, certo?

— Vou dizer a ela, Johnny.

— Te vejo daqui a pouco. — Ele disse.

— Até. — Ela respondeu, a voz quebrando.

Merda.
Deanna não era durona, mas era forte e era uma das
mulheres mais bem estruturadas que Johnny já viu. Ela não
quebraria em nenhuma situação.

Exceto essa.

Ele enfiou o celular no bolso de trás e pegou sua chave.

— Johnny! — Toby gritou perto dele.

Ele parou perto de sua caminhonete e se virou para o


irmão.

— Diga a Ray que vamos fechar a baia. Os Meyers não


vão conseguir o carro deles hoje. Então feche a baia, entre em
sua caminhonete e me encontra na creche.

O rosto de Toby, já alerta, ficou branco e preparado para


receber as piores notícias.

— Brooks está bem?

— Brooks está desaparecido.

Então, ele viu o rosto de Toby ficar pesado.

Johnny não hesitou mais.

Ele abriu a porta de sua caminhonete, entrou, ligou o


motor e foi embora.
Addie correu para ele no momento em que o viu entrar
pelas portas da creche, chorando em agonia.

— Johnny!

Quando ele chegou até ela, Addie o atingiu com tanta


força que ele quase caiu e para evitar isso teve que dar um
passo para trás.

Ele colocou os braços em volta dela, os dela já estavam


em volta dele, mas ela os soltou e os colocou em volta do
pescoço dele, tão apertado que suas unhas entraram na pele
dele. Addie colocou a cabeça para trás e o primeiro olhar para
o rosto dela o cortou com uma faca.

— Alguém levou meu bebê. — Ela sussurrou.

— Ok, mäuschen. — Ele murmurou. — Já sei. Aguente


firme.

— Eu deveria... Deveria ter deixado Margot tomar conta


dele. — Ela disse.

— Isto não é culpa sua. — Ele retornou firmemente.

— Eu não queria me aproveitar dela.

— Addie, isto não é culpa sua.

— Eu não queria... as coisas estavam indo tão bem


entre você e Iz, não queria que sua família pensasse que sou
uma sanguessuga.

Cristo, as garotas Forrester.

— Adeline, me escute. — Ele demandou. — Não é culpa


sua.
— Eles disseram, a equipe disse... que eles acham que
ele veio e se escondeu. Esperou por uma chance.

Merda.

— Veja, querida, não é sua culpa. — Disse a ela. Ele


levantou seus olhos para os policiais vindo em sua direção. —
O que está acontecendo? — Ele perguntou.

— Esta é sua garota, Johnny? — Cary, um dos policiais


e alguém que Johnny conhecia e gostava desde o ensino
médio, perguntou com surpresa em sua voz, mas também
algo mais profundo.

— A irmã dela. — Ele disse. — Agora, o que está


acontecendo?

Cary assentiu.

— Ok, só para te assegurar, temos homens lá fora


procurando.

— Procurando pelo que? — Johnny demandou.

— Um homem foi visto entrando na creche. Do jeito que


ele fez, a mulher que o viu pensou que era um pai. Mas
quando entrevistamos os empregados, ninguém reconheceu
sua descrição. Também ao entrevistá-los, ninguém o viu. Em
lugar nenhum. Mas esta mulher, a senhora que vive do outro
lado da rua, ela estava na varanda. Ela o viu entrar, e trinta
minutos depois, o viu sair com um menino pequeno. Um
bebê. Ela pensou que era estranho porque ele não tinha,
bem... — o olhar dele se virou para Addie, —uma cadeirinha
de bebê no carro.
As unhas de Addie se afundaram mais e gelo preencheu
as veias de Johnny com o pensamento de Brooks solto no
carro.

— E esse homem? Como ele parecia? — Johnny


perguntou mas não esperou pela resposta. Ele olhou para
baixo na direção de Addie. — Você falou para eles sobre
Perry?

Ela assentiu.

— Kent? — Ele perguntou.

Ela piscou.

— Kent?

— O ex de Izzy.

— Oh meu Deus. — Ela arquejou, tirou suas mãos dele


e olhou para os policiais. — Kent. Kent é louco. Kent tem
uma ordem de restrição. Kent é o ex da minha irmã. Ele é
alto. Não tão alto quanto Johnny. Loiro. Loiro escuro, não
claro. Como, quase ruivo, mas não ruivo. Loiro.
Majoritariamente. E... E...

— Envie uma mensagem para sua irmã, querida. — Ele


murmurou. —Peça para ela mandar uma foto de Kent.

Ela assentiu e procurou pelo telefone na bolsa.

— O cara era ruivo. — Zach, o outro policial,


murmurou. Ele era um homem que Johnny conhecia por
estar no Home tomando uma cerveja ocasionalmente, mas ele
era mais novo, mais novo que Toby, então ele não o conhecia
tão bem.
Jesus, o ex assustador de Izzy sequestrou o sobrinho
dela.

Jesus, agora ele teria que se impedir de matar o ex de


Izzy que sequestrou Brooks.

— Johnny, posso ter um segundo? — Cary perguntou.

Johnny olhou para ele atentamente.

O que ele viu o fez se virar para Addie.

— Vou ter uma conversa, querida. Você consiga aquela


mensagem e mostre para esse homem, certo? Já volto.

Ela assentiu de novo.

Ele colocou os dedos na parte de trás do pescoço dela,


apertou, e esperou por Cristo que Toby chegasse rápido para
alguém que não fosse um policial ficasse com ela.

Então ele seguiu Cary pelo hall com o olhar dos


empregados neles, a maioria dos olhos vermelhos, todos
aterrorizados.

Quando eles estavam longe dos ouvidos de todos, Cary


parou e se virou para Johnny de um jeito que ele não gostou
porque agora estava de costas para Addie.

Cary não esperou.

— Por causa da preocupação dela sobre o assento do


carro, a senhorinha anotou o modelo do carro e um pedaço
da placa. Nós pesquisamos tudo o que ela achou e o carro
que apareceu foi roubado em Missouri duas semanas atrás.

Merda.
O ex assustador de Izzy era tão louco assim?

— Também, Johnny, — ele continuou, — a descrição do


homem que recebemos bate com Stu.

Johnny sentiu suas entranhas caírem, seu coração


parar, sua garganta fechar e suas mão formarem punhos.

Mesmo que pudesse ver a maioria disso, Cary não


perdeu nada.

— Aguente firme, Johnny. — Ele avisou.

Stu.

Stuart.

Stuart Bray.

O Irmão de Shandra.

— Você teve notícias dele? — Cary perguntou.

— Não. — Johnny se forçou a dizer.

— O viu recentemente? — Cary continuou.

— Não. — Johnny repetiu.

— Shandra? — Ele perguntou.

Johnny balançou a cabeça negativamente.

— O cara sempre foi problemático.

— Resgate. — Ele conseguiu dizer e viu Cary se alertar.

— Diga de novo?

— Ele sabe que eu tenho dinheiro. Mais de uma vez


Shandra veio até mim para tirar ele de algum aperto. Eu não
o vi, mas isso não significa que ele não está por aí, me
observando. Na maior parte do tempo, antes de pisar em
cima, você não vê a cobra na grama. É só quando chega perto
demais é que você recebe um aviso.

— Esta é a irmã da sua garota. O filho dela...

— O filho dela vai crescer sendo meu sobrinho. —


Johnny o cortou. — Então sim, ele significa algo para mim.
Ele é da família. Isso seria difícil de perder. Nós todos saímos
juntos. Fomos no Jerry Jack’s Dinner para hambúrgueres
quinta passada, eu, Toby, Iz, Addie e Brooks.

Eles foram.

Toby ficou com Brooks na maioria do tempo para que


Addie pudesse comer.

Mas Johnny e Izzy pegaram ele também.

Ele não era passado em volta. Ele engatinhava em volta


porque poderia se safar sendo um bebê com quatro adultos
que o adoravam.

Os olhos de Cary mudaram de foco e Johnny virou a


cabeça para ver que Toby estava ali e tinha Addie apertada
contra si, o rosto dela enterrado no peito dele.

— Eu vejo. — Cary murmurou.

— Ela precisa chegar em casa e nós precisamos sair por


aí para procurar por ele. — Johnny atestou, e o olhar de Cary
voltou para o dele.

— Johnny, a leve para casa e nos deixe cuidar disso.

— Se seu sobrinho fosse sequestrado, você ficaria em


casa com a mãe dele?
— Sou um policial. — Cary apontou.

— E mesmo assim, você não poderia trabalhar em um


caso pessoal, mas faria de qualquer forma, não faria?

Cary deu um olhar afiado para ele e então murmurou:

— Porra.

Johnny se virou em suas botas e andou até seu irmão e


Addie.

— Você a leva para casa. Vou ligar para Iz e Deanna e


dizer para elas irem para lá. Então vou pedir para Dave e
Margot irem lá também.

— Quer me informar? — Toby formou uma pergunta que


era uma demanda.

— Na casa de Izzy. Vamos levá-la para um lugar seguro


e familiar.

Toby deu um olhar furioso para ele antes de assentir e


começar a se mover com Addie.

Ela ficou paralisada e agarrou a camisa de Toby.

— E se eles o trouxerem de volta para cá?

— Eles não vão trazê-lo de volta para cá, querida. —


Toby sussurrou. — Quando ele voltar, ele virá para casa,
então vamos levar você para casa. Certo?

Ela o encarou, procurando algo e encontrando, Johnny


achou que ela diria algo mais, mas ela só disse:

— Sim, Toby.

Toby olhou para Johnny e então a levou dali.


Johnny pegou o telefone do bolso e os seguiu.

Ele fez suas primeiras duas ligações rapidamente, na


estrada, chamando Toby e Addie.

A última ligação que ele fez, já estava fora da cidade,


perto de Izzy, e ele colocou o telefone no ombro para essa.

Ela respondeu depois de dois toques.

— Johnny?

— Os policiais na creche onde o sobrinho de Eliza foi


sequestrado esta tarde dizem que o sequestrador parece com
Stu.

— Mãe de Jesus. — Ela sussurrou.

— Você tem que segurar a porra do seu irmão, Shandra,


e o faça trazer aquela criança para mim.

— Stu não iria....

— Ele iria.

— Não um bebê.

— Ele iria.

— E não você. Ele não iria te machucar.

— Eu não sou para você o que eu era antes.

— Ele ainda te ama e sabe que eu também, então nunca


iria...
— Ele precisa de dinheiro e está desesperado e vai fazer
qualquer coisa para ter certeza que uma pessoa fique bem.
Stu. Agora, porra, ligue para ele, Shandra, e pegue de volta
meu garoto.

— Vou ligar para ele, Johnny. Agora mesmo.

Ele não a agradeceu e não disse tchau.

Ele desligou, checou os espelhos, saiu da estrada para a


casa de Izzy.

— Você vai encontrá-lo?

— Vou encontrá-lo.

— Vai trazê-lo de volta?

— Vou trazê-lo de volta, spätzchen.

Eliza se segurou nele quase do mesmo jeito que sua


irmã, exceto que as mãos dela estavam agarrando sua cabeça
bem atrás das orelhas e o corpo dela estava pressionado
apertado contra o dele.

O rosto dela estava pálido. Os olhos assombrados. E seu


aperto era tão forte, que se ela tivesse essa força, esmagaria o
crânio dele.
Ele tinha que contar a ela. Ele não tinha escolha.
Quando isso terminasse, isto era algo que ele não poderia
manter dela e ainda tê-la. Então enquanto Margot e Deanna
cuidavam de Addie na cozinha, ele a levou para fora e contou
para ela. A decisão de compartilhar ou não era dela.

Mas Eliza, com Toby e Dave, ambos com quem ele falou
antes dela chegar em casa, sabiam que ele suspeitava do
irmão de Shandra.

Isso não a abalou ou a fez olhar para ele com raiva.

A fez visivelmente se encher de esperança.

Mas mesmo que ela pudesse passar por isso, quando ele
encontrasse Stu e batesse nele até tirar sangue, ele ganharia
alguns socos extras só porque ele teve que contar a sua
mulher que o irmão de sua ex sequestrou seu sobrinho.

Ela puxou a cabeça dele para baixo, para poder tocar a


testa dele com a sua.

Encarando-o nos olhos, os dela queimando, ela forçou


para fora um,

— Vá.

Então ela o soltou.

Ele se inclinou para tocar a boca na dela rapidamente e


então se virou.

Seus olhos passando por Toby, Dave e Charlie, que


chegaram cinco minutos mais cedo, todos parados perto de
Johnny e Izzy no hall de entrada dela, ele grunhiu:

— Vamos lá.
Eles o seguiram para fora da porta de Izzy, pela varanda
e descendo os degraus.

— Charlie, venha comigo. Dave, vá com Toby. — Johnny


ordenou.

— Podemos nos separar, vamos cobrir mais áreas se


cada um for em seu próprio carro. — Toby retornou.

Ele parou e olhou para seu irmão.

— Você o conhece. Antes dele ficar assim, você era


amigo dele. Você sabe onde ele vai, os amigos dele, as
mulheres com quem ele esteve, eles não. Você cobre os
pedaços a norte e a leste. Vamos cobrir ao sul e oeste. Se
suas opções acabarem, me ligue e te digo mais. Ben está indo
para a cabana de caça que o pai de Shandra costumava ter.
Mas nessa situação, é melhor dois homens contra um do que
um sozinho contra o que quer que esteja passando na cabeça
dele. Seja esperto. Deixe Dave dirigir. Você diz o caminho.
Agora vamos.

O que ele não disse foi que seria melhor se eles o


encontrassem. Só Deus sabe o que Stu Bray faria se fosse
encurralado por policiais, e Johnny não queria Brooks em
lugar algum perto dessa situação. Ele já estava tendo
dificuldades para lidar com a situação do jeito que estava.
Stu preso e desesperado e Brooks com ele, Johnny não
poderia se deixar nem pensar nisso.

Toby respirou fundo antes de assentir e então ir até a


caminhonete de Dave, onde Dave já estava e tinha ligado o
motor.
Johnny se virou para Charlie.

— Você dirige.

— Certo, — Charlie grunhiu, sem esconder que ele


estava aguentando tudo por um fio e que aquele fio estava
prestes a estourar.

Eles correram para a picape de Charlie e ambos


entraram.

Charlie já estava levantando poeira quando perguntou:

— Sul ou Oeste primeiro?

— Sul. — Johnny disse a ele. — Toby te disse onde


pretendemos procurar?

— Sim.

— Certo, tem um bar de estrada ao sul que Stu costuma


frequentar.

— Ele levaria um bebê sequestrado a um bar de


estrada?

— Ele teve um caso com a dona do bar. Ela vive em


cima do bar e ele poderia ter levado Brooks lá.

— Certo.

Charlie saiu da entrada de Izzy.

Quando eles chegaram na estrada, ele virou para o sul.


— Jesus Cristo, sério?

O nome dela era Sharlane. Ela ainda era dona do bar


local. E como Johnny pensou praticamente toda vez que a
via, ela seria muito linda se não fosse tão afiada quanto
pregos.

— Eu brincaria sobre uma merda dessas? — Johnny


grunhiu.

— Os policias vieram antes de você, mas eles não


disseram o porquê. Merda. — Ela terminou e então ficou em
silêncio.

— Sharlane, a mãe dele sabe que ele sumiu por cerca de


duas horas agora. Se você sabe qualquer coisa sobre Stu... —
Johnny disse.

Ela pegou seu telefone.

— Me dê seu número. Se eu o vir, te ligo, Johnny.

— Quando eu sair daqui, posso confiar em você? —


Johnny perguntou.

Ela o espetou com um olhar.

— Ele me deixou sem dinheiro e com um bebê na


barriga, uma conta da clínica de aborto para pagar e roubou
setenta e três dólares da minha carteira. Ele não vai voltar
aqui. Mas se ele for estúpido o suficiente para isso, vou dar
um lugar para ele se esconder. Então minha primeira ligação
vai ser para você. Você terá cinco minutos, Johnny. Porque
minha segunda ligação vai ser para os policiais.
Certo.

Ele poderia confiar nela.

E Johnny se perguntou se Stu engravidar Sharlane foi o


motivo para ele ter roubado um banco três anos atrás.

Se fosse, ele a levaria com ele e não Shandra, ou pelo


menos teria deixado algum dinheiro para ela cobrir as contas
médicas.

Então Stu só estava fazendo o que fazia.

Foder as coisas de um jeito especial que só ele


conseguia.

Ele deu seu número para ela e disse:

— Obrigado, Sharlane.

— Se acontecer assim, será meu prazer, Johnny.

Johnny deu um olhar para Charlie e ambos saíram.

— Ele estava vendo uma mãe solteira que trabalhava no


banco em Bellevue, — Johnny disse a ele quando entraram
na picape. Ele não contou sobre Stu estar saindo com ela
para ganhar informações para poder roubar um banco. —
Vamos para lá.

— Jesus, quantas garotas estúpidas esse cara fodeu? —


Charlie perguntou, saindo do estacionamento.

— Vamos só dizer que essa pode ser uma noite longa. —


Johnny respondeu.

— Temos um problema, — Charlie respondeu.

Johnny olhou em sua direção.


— Um problema maior do que o desaparecimento de
Brooks?

— Não, mas veja, se nós realmente encontrarmos o


babaca antes da polícia, não tem jeito de eu manter minhas
mãos longe dele e você também. Acho que a mesma situação
está acontecendo na caminhonete de Dave. Dave é um cara
velho, mas ainda acho que ele dá conta se alguém machucar
uma pessoa que ele ama. Ainda por cima, ele é um pai. Ele se
importa com Brooks e Addie e sente a dor deles. Então temos
que fazer um pacto e esperar que eles façam um no carro de
Dave também. Mas do jeito que Toby age perto daquele
garoto, não acho que isso vai ajudar. Mas podemos pensar
nisso. Temos que ter um plano. Para se eu chegar lá
primeiro, você tem que me impedir de matar ele. Se você
chegar, eu te impeço.

— Não me impeça muito rápido. — Johnny disse.

— Oh, eu não iriei. — Charlie prometeu.

Eles dirigiram.

O celular de Johnny tocou.

Ele o puxou para fora e sua boca se apertou com o nome


na tela.

Ele atendeu e colocou o celular no ouvido.

— Norma. — Ele começou. — Não tenho certeza do que


isso se trata, mas...

— Eu sei. — Ela o cortou. — Todo mundo sabe, fofocas


sobre o que aconteceu se espalharam pelo Home como fogo,
acredito que o mesmo esteja acontecendo por Matlock. Então
vou ser rápida, filho.

— Obrigado. — Ele murmurou.

— Estou em meu carro. Sally está no dela, estamos a


caminho da casa de sua mulher.

Johnny não gostou nem um pouco daquilo.

— Norma...

Ela falou por cima dele.

— O pessoal está pensando que a melhor maneira de


ajudar é ir para as estradas procurar por Stu. Não posso
impedir isso. Outros pensam que o melhor jeito é ir ver sua
mulher. Sally e eu discordamos e só para avisar, estamos
indo até a propriedade de Eliza e vamos bloquear a estrada
com nossos carros para não deixar ninguém passar. Garantir
que eles tenham privacidade enquanto passam por isso.

Johnny não pensou sobre a notícia se espalhar ou o que


aquilo significaria.

Mas agora, ele decidiu que Sally ganharia gorjetas bem


maiores até o último drink que ele bebesse no Home, e ele
não sabia o que faria por Norma, mas faria algo.

— Agradeço por isso, Norma. — Ele respondeu. — Mas


se você escutar alguém dizendo que encontrou Stu, me ligue
primeiro. Não sei o que está passando pela cabeça dele, mas
acho que ele reagiria melhor se me visse primeiro ou se eu
ligasse para Shandra e ele a escutasse.
— Entendo. — Norma respondeu. — Vou avisar sobre. O
encontre, Johnny. Agora vou te deixar ir.

E ela o fez, desligando.

Quando Johnny abaixou o telefone, Charlie perguntou:

— O que foi isso?

— O pessoal de Matlock está entrando na procura o que


não posso pensar sobre agora. Mas alguns também estão
pensando em ir até a casa de Eliza para ver se ela e Adeline
estão bem. Norma, a mulher que é dona do Home, está indo
para lá com a bartender para fechar a estrada de Izzy.

— Bom. — Charlie murmurou.

Ele dirigiu.

Johnny sentou perto dele, tentando manter seus


pensamentos em ordem.

Seu telefone tocou.

Johnny o levantou e seu coração apertou com o nome


que apareceu na tela.

Ele atendeu a ligação.

— É melhor isto ser o que eu quero ouvir.

Milagrosamente, Shandra disse a ele o que ele queria


ouvir.

— Me encontre na cabana. Eu estou com o bebê. Sinto


muito, Jo...

Ele a cortou.

— Minha cabana?
— Sim. — Ela disse suavemente.

— Stu o levou para minha cabana?

— Eu sinto muito, Jo...

— Ele está aí?

— Não.

Isto provavelmente era uma coisa boa.

— Chegamos aí em vinte minutos. — Ele disse a ela.

— Ok.

Ele desligou.

— Dê a volta pela esquerda na primeira entrada de


Bellevue. Shandra está com Brooks. Vou ligar para Dave e
Toby, mas não vou ligar para Izzy ou a polícia até estarmos
com Brooks.

— Jesus. Cristo amado. Deus, Deus, Deus. — Charlie


sussurrou.

Johnny fechou seus olhos e se focou em acalmar o


coração.

Quando isso falhou ele abriu os olhos e disse:

— Você consegue ir mais rápido?


Charlie era maior do que ele e estava dirigindo, então
mesmo que ambos tivessem corrido para fora, Johnny abriu
sua porta antes mesmo do carro parar completamente e
estava fora da picape, o que o ajudou a chegar primeiro na
entrada.

Ele notou vagamente que o vidro da janela da cabana


estava quebrado.

Ele só correu para dentro.

Shandra estava a um metro e meio de distância,


segurando um Brooks afligido.

Johnny foi direto para ela e o tirou de seus braços.

Brooks olhou para ele, colocou um bracinho em um dos


lados de seu pescoço e enterrou o rosto no outro.

Ele poderia ter só oito meses, mas não era burro.

Johnny enrolou ambos os braços em volta dele e o


segurou perto.

— Você está seguro, bebê, está tudo bem. — Ele


murmurou.

Brooks aninhou seu rosto no pescoço de Johnny como


Izzy fazia em seu peito.

E só então o coração de Johnny desacelerou.

Charlie estava parado atrás dele e Johnny se virou para


ele.

— Ligue para eles. Diga que ele está seguro e que vamos
para casa.
Charlie assentiu, deu um olhar escuro para Shandra e
saiu.

— Johnny. — Ela disse.

Ele se virou para ela.

— Isto não é culpa sua. — Ele disse.

— Eu ainda sinto...

— Mas juro por Cristo, Shandra, se você não o fizer


entender que eu, Izzy, Addie, Toby, Margot, Dave, qualquer
um que tenha pelo menos um pouco a ver comigo, assim
como toda a porra de Matlock está fora dos limites para ele,
vou caçá-lo eu mesmo e ter certeza de que a mensagem foi
recebida e então vou entregá-lo para a polícia.

— Ele está passando por algumas coisas.

Ela estava falando sério?

— Eu não dou a mínima.

— Não estou defendendo ele. — Ela retornou. — Te disse


que estou farta. Esta não foi a última palha no palheiro. Já
aconteceu. Já chamei a polícia e disse a eles o que aconteceu
e onde eu achava que ele estava. Ele me entregou o bebê e foi
embora. Se eu achasse que poderia manter o bebê seguro e o
reter aqui, eu faria para que eles o prendessem. Mas eu tinha
que cuidar do bebê e ele te conhece. Ele decidiu não ficar.

—Seu irmão sequestrou um bebê para resgate.

Os olhos dela se encheram de lágrimas.


— Saia de Matlock, Shandra. Não por mim. Não só para
não ter que assistir o que vai acontecer entre mim e Izzy. Por
você. Deixe seu irmão para trás, seus pais e encontre algo
para si. Se você não fizer isso, eles vão continuar
encontrando maneiras de te arrastar para baixo enquanto
arrancam pedaços de você, e você vai ser enterrada nessa
merda com nada mais.

— Eu nunca deveria ter ido embora com ele. — Ela


sussurrou, lágrimas se derramando dos olhos.

— Não, você não deveria. — Johnny concordou.

E ainda segurando Brooks perto, ele se virou e andou


para fora da cabana.

Norma os viu chegando então correu para sua


caminhonete enquanto Sally fazia o mesmo, tirando os carros
do caminho para que ele pudessem passar.

Toby e Dave já estavam lá.

Todos estavam parados na varanda da frente, mas só


Addie veio correndo até a caminhonete de Charlie.

Charlie parou subitamente um pouco mais longe dos


outros veículos para não se chocar com ela.
Brooks fez exatamente o que fez com Johnny para sua
mãe, enquanto ela acariciava a parte de trás de sua cabeça,
balançando-o de um lado para o outro, os lábios nos cabelos
fininhos de bebê dele, lágrimas caindo pelas bochechas.

— Vamos querida, vamos criança. — Margot levantou os


olhos para Johnny. Alívio e orgulho estampados ali.

Eles andaram para a casa e Izzy tocou os cabelos da


irmã quando Addie passou por ela.

Johnny fechou sua porta, andou até sua mulher e


parou.

Ele olhou para baixo, para o rosto dela.

Lágrimas estavam caindo pelas bochechas dela também.

— Eu te amo. — Ele disse.

Luz do sol e da lua, mel, música e amor brilharam nos


olhos dela.

— Eu sei. — Ela respondeu.

Naquele momento, um carro de polícia estacionou na


entrada.

—Ok. — Cary disse para o rádio em seu ombro.


Ele olhou de volta para Johnny.

Eles estavam sozinhos do lado de fora da casa de Izzy.

— Eles o pegaram na 36. Fuga de alta velocidade. Ele


perdeu o controle e acabou em uma vala, tentou correr por
um campo, eles o pegaram. Ele está em custódia. E para
voltar ao que estávamos falando, vai ser acusado de
sequestro, roubo de veículo além do banco, Johnny. Mas ele
vinha fazendo esse último antes de você compartilhar o que
compartilhou. Nós sabíamos.

Johnny olhou em seus olhos.

— A caixa de banco com quem ele estava dormindo veio


um dia depois. Ela não tinha certeza, mas desde que ele
escreveu um bilhete para ela, ela pensou que ele só
desapareceu, mas então reconsiderou, ficou com suspeitas.
Shandra foi embora, te deixou, procuramos umas coisas,
reunimos evidências, e isso aquele idiota deixou o suficiente,
nós sabíamos. — Cary continuou.

Johnny levantou o queixo.

— Mas estou feliz que você me contou. — Cary disse


baixinho, se referindo a conversa que Johnny teve com ele
antes do seu rádio transmitir. —Não teria significado nada.
Boatos. Você não tem nenhuma evidência física. Só teria
selado o contrato com uma cara que já está condenado.
Apesar de que queria que você tivesse revelado isso antes.

— Shandra vai se ferrar no meio disso? — Ele


perguntou.
— Isto é com a promotoria. Ela acobertou e ajudou no
assalto a um banco. Mas ninguém foi ferido durante o assalto
e todo mundo sabe quão ferrada a família dela é. Shandra é a
única decente por ali. Todo mundo pensou que ela tinha se
livrado deles quando ficou com você. Todo mundo entendeu
quando Stu desapareceu, ela também, que ele a arrastou
junto.

— Se vale alguma coisa, ela tentou fazer com que ele se


entregasse.

Cary assentiu.

— Vou falar com o chefe e com a promotoria. Nosso


chefe vivia em Matlock por trinta anos a mais do que eu.
Acredito que ele conheça a história de Shandra e Stu Bray.
Ela talvez pegue algo, no máximo, serviço comunitário. Mas
duvido, desde que ela pegou Brooks Forrester e nos chamou,
desistindo do irmão. Dois errados não equivalem a um certo.
Mas um certo e um errado te deixam empatado.

Foi Johnny quem assentiu então.

Cary olhou para a casa.

— Fico feliz que isso terminou bem.

— É, eu também. — Johnny murmurou, mesmo que


"feliz" não fosse a palavra que ele usaria.

Cary olhou de volta para ele.

— Não, Johnny. Por aquele bebê, não é necessário dizer,


fico feliz que ele esteja seguro em casa. Mas também estou
falando sobre outro final feliz.
Johnny só o encarou.

Cary sorriu.

— Ela é tão adorável quanto eles dizem?

— Ela é meu mundo todo.

Cary piscou. Sorriu. Então bateu no braço de Johnny e


foi em direção ao seu carro.

Johnny o assistiu entrar e dirigir para longe.

E ele assistiu as terras vazias de Izzy, colocando um


pouco de calma no coração, tendo certeza de que ainda
estava lá.

Ele sentiu o braço dela se enrolar em sua cintura e seu


peso se apoiar nele. Então levantou um braço para colocar
nos ombros dela e manteve os olhos em suas terras.

— Você contou a ele, não é? — Ela perguntou.

Porra, sim. Ele contou. Se significasse um mês a mais


na sentença, Johnny jogaria tudo para fora.

— Sim.

— Você vai entrar em problemas?

— Não.

— Está com raiva porque não pôde bater nele?

— Sim.

— Eu também. — Ela sussurrou.

Foi então que ele olhou para baixo em sua direção.


Ela levantou os olhos azuis para ele e deu um apertão
em sua cintura.

— Está tudo bem, häschen, vamos entrar.

— Certo, querida.

Ela não se moveu.

Ela chamou:

— Johnny? — Como se não estivesse o encarando.

— Sim? — Ele respondeu de qualquer forma.

— Ich liebe dich auch.29

Ele continuou olhando-a. Então gargalhou alto.

Mas enquanto ria, segurou sua Eliza e a beijou.

29
Eu também te amo, em alemão.
Sou um Sonhador

Johnny
Tomou muito de Johnny assistir o homem andar pelo
ambiente em um macacão laranja.

E a bile subiu pela sua garganta vendo a excitação no


rosto dele, quando seus olhos relancearam para frente e para
trás entre Johnny e a mulher parada atrás dele.

Ele se sentou em seu assento do lado oposto do vidro e


levantou o telefone ao seu lado.

Lentamente, Johnny sentou na cadeira à sua frente e


levantou o telefone do seu lado.

Ele o colocou em sua orelha e Stu disse imediatamente:

— Vocês reataram?

Cristo, foi como se o cara não se lembrasse de ter


sequestrado Brooks uma semana e meia atrás e como
insanamente errado aquilo era.

Johnny não foi por aquele caminho.

— Faça a coisa certa. — Ele disse.

Stu piscou na sua direção.


Então o rosto dele mudou.

— Johnny, eu estava numa cilada. Você me conhece.


Entendo que aquilo foi extremo. Mas eu não tinha escolha. Se
tivesse outro jeito eu...

Ele não escutaria aquela merda.

— Faça a coisa certa. — Ele repetiu.

Stu se inclinou para o vidro e sussurrou


desesperadamente no telefone.

— Estou morrendo aqui, irmão.

— Faça a coisa certa, Stu.

— Estive preso minha vida inteira, meus pais, a merda


deles. Não posso ficar encarcerado, cara.

— Stu, faça a porra da coisa certa.

Subitamente, como era com Stu quando ele não estava


conseguindo o que queria, seu humor mudou.

Ele se inclinou para trás e adotou um tom zombeteiro.

— Você não entende. — Ele disse. — Johnny Gamble


das Oficinas Gamble. Figurão. Grande homem. Dinheiro para
torrar. O pai pensava que sua merda não fedia. Você nunca
se sentiu preso. Você nunca foi ferrado na vida inteira.

— Deixe-a ser livre.

Stu ficou em silêncio.

— Ela é a testemunha principal em seu caso. — Johnny


disse a ele algo que ele já sabia. — Ela não pode deixar a
cidade. Ela não pode ficar livre. E você a está forçando em
uma situação em que ela tem que testemunhar contra o
próprio irmão.

Ele estava.

Stu se declarou inocente de todas as acusações.

Ele fez isso mesmo que houvesse testemunhas em todo


lugar. A senhora do outro lado da rua na creche. Uma
balconista em uma Oficina Gamble, de todos os lugares, onde
ele foi comprar comida de bebê, segurando um Brooks em
lágrimas, isto foi pego pela câmera de segurança.

Também haviam suas digitais na cabana. E se envolver


numa perseguição em alta velocidade com um carro roubado.
Sem mencionar, terminar um relacionamento com uma caixa
de banco, numa cidade onde ele não vivia, mas com algo bom
o suficiente em si (e estúpido o suficiente) para escrever a
porra de uma nota que dizia - Sinto muito, querida - antes de
ferrá-la e sua criança, roubar o banco dela e fugir da cidade.

Por fim, havia sua irmã, que ele forçou a ser uma
testemunha por tudo isso... e mais que provavelmente nem
Johnny ou os policiais ficariam sabendo sobre.

Shandra ficou parada atrás de Johnny para um


propósito.

Para incentivar seu irmão a fazer a coisa certa.

Pelo menos uma vez.

— Você luta essa, eu falo com Cary. Eles estão putos


com a sua alegação, Stu. — Johnny disse a ele. — Você está
usando defensoria pública, você vai perder e o juiz vai jogar
sua bunda na cadeia com uma sentença que vai significar
que ficará preso pela porra de um bom tempo.

— Estou enlouquecendo aqui, Johnny. — Stu


choramingou.

— Então você não deveria ter roubado um banco, um


carro e um bebê, Stu. — Johnny apontou o óbvio.

Stu passou os olhos novamente entre Johnny e Shandra


parada atrás dele e disse:

— Eu te ferrei. Você e ela. Mas ela é a única coisa que


eu tenho.

— Ela era a única coisa que você tinha, mas do mesmo


jeito que você fez comigo, você a perdeu.

Stu entendeu a coisa errada e se inclinou de novo,


ansioso, feroz.

— Ela te ama. — Ele sussurrou no telefone. — Ela


nunca deixou de te amar.

— Não vamos falar sobre isso.

— Pelo menos posso cair sabendo que consertei uma


coisa que quebrei.

Johnny sentiu sua mandíbula se tensionar, ele deu um


segundo, e só quando se recuperou falou novamente.

— Este mundo, Stu, não gira em torno de você e você


machuca, e faz merda e fica bravo e ferra mais ainda com
tudo. Isto não é sobre você. Isto é sobre sua irmã. Ela precisa
sair dessa cidade. Ela precisa sair de debaixo da sua merda,
da sua história e da sua raiva. Ela tem que sair de perto
daqueles dois predadores que se auto titulam pais. Uma vez
em sua vida miserável, pense sobre outra pessoa. Pense
sobre alguém que arriscou tudo por você.

Stu se reclinou.

— Então você quer que eu pense que tudo isso. — Ele


girou a mão na frente dele para indicar Johnny com Shandra.
— Não é sobre o novo pedaço de bunda que você está
fodendo.

Johnny apertou mais a mandíbula e disse:

— Não, você está aí e vai cair quer lute ou não, e o


pesadelo pelo qual os fez passar acabou. O seu está só
começando, e como usualmente, você está arrastando sua
irmã junto. Agora você tem uma escolha e vou dizer isso em
termos que entenda. Cary disse que se mudar sua apelação,
eles ainda estão abertos a barganhar com você. Significa que
sua sentença vai ser reduzida. Você tem uma hora para fazer
essa ligação. Quando essa hora terminar, vai a julgamento e
os policiais estão tão putos, Stu, eles vão vir com tudo que
tem e eles tem muito. Eles me disseram que o sequestro vai
te custar vinte anos. A acusação de roubo, desde que você
usou uma arma, vai te custar trinta e cinco anos. E vão
empurrar por não ter sido um caso sem antecedentes, o que,
sem contar o carro que você roubou, significa que você vai
sair só quando tiver setenta e sete anos.

Horror estampou o rosto de Stu, mas Johnny ainda não


terminou.
— E não que você se importe, mas eles estão tão bravos,
que estão considerando prender Shandra com você desde que
ela não só recebeu, mas escondeu o dinheiro de um banco
roubado, e ela vai a julgamento e encarar anos de cadeia.

Stu tremeu em seu assento tão violentamente, que o


policial na porta ficou em alerta, colocando a mão no cinto.

— Eles não podem fazer isso! — Ele gritou.

— Uma hora, — Johnny disse. — Sua decisão.

Ele começou a abaixar o telefone, mas escutou Stu


gritar agressivamente:

— Johnny! Johnny! Johnny!

Ele colocou o telefone de volta na orelha.

— Me deixe falar com minha irmã. — Ele exigiu.

— Ela está farta de você.

— Por favor, irmão, me deixe falar com minha irmã.

Johnny o encarou nos olhos.

— Você está desperdiçando tempo.

Stu o encarou de volta, ele o fez quase que desesperado,


como se olhar para Johnny pudesse fazer tudo o que cometeu
ir embora.

Então disse:

— Vou mudar minha alegação.

Obrigado Cristo.

Johnny assentiu.
Ele abaixou o telefone.

Levantou da cadeira.

Virou para Shandra, colocou uma mão em seu cotovelo


e a guiou para fora da cadeia.

Eles pararam nos degraus da entrada e se viraram um


para o outro.

— Ele vai mudar sua alegação. — Ele disse a ela.

Os ombros dela cederam e ele tinha um sentimento de


que aquilo não era porque ela estava livre, mas porque Stu
sofreria menos.

Ele entendia aquilo. Ele amava Toby daquele jeito, se


Toby tivesse se tornado como Stu, ele se sentiria da mesma
forma.

Aquelas horas de desespero sem saber onde Brooks


estava, o faziam não entender ao mesmo tempo.

— Tenho que ir. — Ele disse a ela.

Ela endureceu e pareceu se inclinar na direção dele.

— Johnny.

— Quando isso se resolver, Shandra, saia da cidade.


Encontre sua felicidade.

Ela balançou a cabeça e disse solenemente:

— Você tem que saber quão arrependida estou por tudo


isso. Realmente tudo, Johnny. — O rosto dela começou a
desmoronar, mas ela era Shandra. Ela passou por muita
coisa, coisas demais. Ela não caía fácil. Então ela fungou pelo
nariz, e sussurrou: — Tudo.

— Sei disso, Shandra. — Ele disse suavemente.

— Eu realmente te amei. — Ela disse a ele.

— Sei disso também. — Ele respondeu.

— Não que... quero dizer, sei que você seguiu em frente,


então para não tornar isso ainda mais estranho do que já é, o
que soa impossível, mas aqui vai. Eu sempre vou. Sempre
vou amar você, Johnny Gamble.

Ele abaixou o queixo e sussurrou:

— Você sai debaixo de tudo isso, comece de novo,


encontre felicidade. Vai encontrar outra pessoa para amar.

— Talvez.

— Definitivamente. Só... — Ele respirou fundo e colocou


o rosto mais perto do dela. — Use o que tivemos e faça
melhor da próxima vez.

Ela esfregou os lábios juntos e assentiu, e ele se


lembrou que costumava pensar que aquilo era adorável. Se
ele tivesse uma chance, sempre a beijava depois que ela fazia
aquilo.

Ainda era adorável.

E ele espera que o próximo cara pensasse assim


também.

— Fique segura e seja feliz, querida. — Ele murmurou.

— Você também, querido. — Ela murmurou de volta.


Ele olhou nos lindos olhos dela, que a muito tempo
atrás ele pensou que veria até o dia de sua morte.

Então ele sorriu e andou para longe.

Trinta minutos depois ele entrou nas terras de Izzy para


encontrá-la na cadeira de balanço da varanda da frente com
três cachorros aos pés dela.

Ela tinha um vidro, com alguma coisa dentro. Perto


dela, suas canetas coloridas espalhadas e um livro nos
joelhos.

Ele conhecia aquele livro.

Sua Izzy estava desenhando.

Essa era Izzy. Ela não ficava ansiosa enquanto esperava


por ele, preocupada sabendo o que ele iria fazer, o esperava
em silenciosa reflexão, desperdiçando tempo quando poderia
estar usando-o, mesmo que ela estivesse usando para colorir
algo.

Ela tinha que estar fazendo algo.

Os cachorros correram para ele, Ranger na frente,


enquanto ele parava sua caminhonete atrás do Murano
empoeirado dela.

Ele saiu, acariciou os cachorros, e andou lentamente


com os olhos nos dela.
Ela não se moveu da cadeira e também não moveu o
olhar dele.

Quando ele estava parado na varanda, a dois passos de


distância, olhando para ela, ela perguntou: — Como foi?

— Ele está mudando a apelação.

Ela sorriu para ele.

Agora aquilo....

Aquilo era adorável e o dava vontade de beijá-la.

— Tem algo que não consiga fazer, Johnny Gamble? —


Ela perguntou.

Ele só balançou a cabeça e sorriu.

O rosto dela ficou mais sério.

— Como Shandra está?

— Se ela for inteligente, perceberá que finalmente está


livre.

Ela assentiu.

Então sua cabeça se virou para o lado.

— Nós tivemos um drama, quinze minutos atrás,


quando Brooks decidiu que ele preferia o pelo de Kelly fora do
corpinho dela e Kelly decidiu que gostava de seu pelo onde
estava, então ela o atacou com uma pata. O arranhão tem
cerca de meio centímetro então não é tão ruim, mas ela tirou
sangue. Brooks não ficou feliz. Addie o lavou e disse para ele
que algumas lições precisam ser aprendidas do jeito difícil.
Tenho a sensação que Brooks não pode nos entender, mas ele
entendeu aquilo. Kelly ainda está ofendida.

— Addie está certa. — Johnny declarou.

— Sim. — Izzy concordou.

— Iz?

— Sim?

— Vai demorar até termos oitenta e quatro anos para


você entender o plano?

Ela pareceu confusa por um segundo antes de colocar o


livro de lado, levantar da cadeira, mover o corpo até ele e
deslizar os braços ao redor do pescoço dele.

— Às vezes você poderia me beijar quando chega em


casa, você sabe, — Ela sussurrou, os olhos nos lábios dele.

— Você está certa. — Ele respondeu.

E então ele fez justamente aquilo.

Izzy
— Isto tem cem por cento de chance de não funcionar.
— Disse decisivamente.
— Está falando sério? — Johnny respondeu, sem
esconder que estava ficando bravo.

Levantei minhas mãos.

— Sim, estou falando sério. — Me inclinei na direção


dele, em frente ao seu sofá em sua sala/quarto/cozinha/sala
de jantar (parte do ponto!) e o lembrei: — Eu tenho cavalos,
Johnny.

— Isto não me passou despercebido, Izzy. — Ele


retornou.

— E eu meio que gosto deles. — Continuei. — Eu


também gosto de tê-los ao lado da minha casa, não a milhas
de distância.

— Iz, você tem três acres. Eu tenho vinte e sete.

Senti meus olhos aumentarem com a notícia.

— Você tem vinte e sete acres?

— Querida. — Ele grunhiu. — Você tem que superar o


fato de que tenho dinheiro.

Senti meus olhos se estreitarem.

— Não tive problema algum com você ser rico semana


passada, quando cheguei em casa e você me entregou uma
caixa com um par novo em folha de Louboutins nude dentro.

Sua cabeça se inclinou e suas sobrancelhas franziram.

— Você chama aquele bege de nude?

— Sim.

— É bege. — Ele respondeu.


— É nude, Johnny.

— Cristo! — Ele explodiu. — Não vamos brigar sobre a


cor de seus sapatos quando já estamos brigando sobre onde
vamos viver quando formos morar juntos.

Isto era o que estávamos fazendo.

Mal passei pela porta depois do trabalho e já estávamos


brigando sobre onde iríamos morar.

Não sabia quando aquilo aconteceria, não tomamos uma


decisão ainda.

Mas estávamos brigando sobre isso de qualquer forma.

Era outubro. Oficialmente estávamos namorando a


cinco meses (eu estava contando desde o dia de nossa
noitada, que eu considerava nosso começo).

Alguns poderiam dizer que ainda era muito cedo para


discutir planos de viver juntos.

Mas minha mãe não pensaria assim.

E Addie também não pensava assim, pelo que me disse.

Nem Deanna (ela me disse também).

E Margot, na noite passada enquanto jantávamos no


Estrela, disse:

— Vocês crianças neste vai e vem arrumando mochilas


para ir e voltar. É ridículo. Vocês precisam se acomodar, pelo
bem de todos.

Então eu tinha a sensação de que ela não pensava


assim também.
Mas Johnny acabou de declarar de que de jeito nenhum
viria morar em minha casa.

Minha resposta, como ele notou, foi decisiva.

— Eu preciso de estábulos, Johnny. — Apontei,


decidindo não citar o fato de que talvez eu precisasse de mais
quartos, decidi deixar esse argumento guardado em meu
arsenal.

— Tenho vinte e sete acres, Iz. Posso construir estábulos


para você comprar mais cavalos ainda. Quando estávamos
passeando com eles ontem, parecia que mal tínhamos saído
de casa e já voltamos. Precisamos de um estábulo e um lugar
para guardar os ATV, veículos de neve e as motos, e uma
garagem desde que você não vai estacionar seu carro ao ar
livre quando estiver frio ou chovendo. Quando tudo isso for
resolvido, podemos terminar o primeiro andar para as
crianças que teremos, e uma sala de estar para que eles
tenham seu próprio espaço e longe o suficiente para que eu
possa te foder do jeito que você gosta. Vamos reconstruir na
parte de cima para uma área comum da família e um closet
gigante para você colocar seus vestidos e sapatos e com
espaço suficiente para que eu possa te foder no chão caso te
veja se vestindo, ou o contrário, das duas formas.

Fiquei paralisada, encarando a perfeição que era Johnny


Gamble.

Johnny continuou.

— Você tem três quartos e quer quinze crianças. Eu


quero duas. Estou disposto a trazer isso para quatro, mas
quatro crianças e dois adultos em sua casa significa que
vamos viver um em cima do outro, e não é isso que eu quero
para nossa família. Quero espaço o suficiente para quatro
quartos e banheiros para meninas e meninos e uma sala da
família. E só para dizer, spätzchen, quando chegar o tempo
em que vou pôr bebês em você, minha contagem de espermas
não pode baixar por viver em um lugar que tem paredes
rosas, travesseiros floridos e a porra de uma gaiola de
passarinho com o teto rosa na mesa de café.

— Nós... Nós vamos... viver juntos ou nos casar? —


Perguntei sem ar.

As sobrancelhas dele se franziram daquele jeito sinistro


que ele tinha.

— Nós vamos viver juntos e então nos casar depois.

Parei de respirar completamente.

— E, querida. — Ele avisou. — Já escolhi o anel. É foda


para caramba. O cara disse que tem um efeito de halo e
Cushion Cut30. Não tenho ideia do que isso significa, mas é
um arraso. É de quatro quilates também. Se você desistir só
porque dá para comprar a porra de uma caminhonete com o
dinheiro que aquilo custou, vou ficar puto.

Quatro quilates.

Um anel de noivado que custava o mesmo que uma


caminhonete.

30
Anel com uma pedra em formato quadrado no centro, rodeada por outras menores, cushion cut é
literalmente ‘corte de almofada’ em inglês.
— E enquanto estamos lutando, — Johnny continuou,
— posso compartilhar que Margot já está planejando o
casamento. Quando fui lá no outro dia porque Dave precisava
de ajuda para instalar a nova pia que Margot pediu online,
ela tinha revistas de noivas com cerca de setecentos post-it
colados e saindo para fora no balcão da cozinha. Ela disse
que ou você teria o casamento que ela sempre quis ou o que
ela determinar que você vai ter. Com Margot, tenho certeza de
que vai ser o último, mas eles dão na mesma. Então se
acostume, spätzchen, porque é garantido que qualquer
casamento que Margot se envolva vai sair da linha.

— Você está bem com quatro crianças? — Eu sussurrei.

Ele girou uma mão.

— Se quiser puxar isso para cinco. Vou considerar. Mas


vamos garantir que não haja nenhum Toby com os quatro
primeiros.

— Seu irmão é maravilhoso, Johnny. — Eu disse.

— Basicamente todas as mulheres pensam isso, Izzy,


então não me surpreende que você pense.

Eu não tinha nada a dizer sobre isso, então não disse


nada.

Nesse ponto, Johnny pareceu notar meu humor


mudando e a ira com a qual ele estava me olhando se
desvaneceu.

— Iz? — Ele chamou.

— Eu gosto da gaiola de pássaros.


— Iz. — Ele sussurrou, com o canto da boca levantado.

Deus, eu amava aquele sorriso.

— Mas se você não gosta, vou pôr na venda de quintal


que parece que terei.

— Sua irmã e Brooks podem deixar lá. Eles a amam. —


Johnny me disse.

— Sim. — Concordei.

— E esse lugar era do meu pai.

— Eu sei, häschen.

O rosto dele ficou mais suave, e Deus, oh Deus, ainda


mais lindo.

— Você vai ter o casamento dos sonhos que quiser,


querida, vou intervir com Margot. — Ele me disse
gentilmente.

— Tenho a sensação de que meu casamento dos sonhos


vai ser exatamente o que Margot preparar.

— Sim. — Ele concordou.

— Minha mãe amaria sua roda d’água. — Compartilhei.

— Bom. — Ele respondeu.

— Ela te amaria mais.

Seu rosto suavizou ainda mais, e Deus, oh Deus, ficou


mais lindo ainda.

— Bom. — Ele sussurrou.

— Posso te atacar agora? — Perguntei.


Ele sorriu.

— Venha, querida. — Ele convidou.

Eu fui.

E Johnny caiu sem lutar.

— Iz.

Eu o tirei da minha boca, enrolei minha mão a sua volta


e apertei forte, enquanto me levantava entre as pernas dele e
o olhava deitado em diagonal na sua cama, os músculos
flexionados, pés fora da cama, longas e poderosas pernas
caindo para os lados, seu pênis duro como pedra distendido,
a veia que sentia pulsando em minha boca e agora em minha
mão.

— Eu quero assistir. — Sussurrei.

Ele levantou a cabeça dos travesseiros, as mãos se


movendo, uma tirando a minha de seu pênis, a outra indo
para suas bolas, e ele grunhiu:

— Então se acomode para o show, querida.

Eu me acomodei para o show, ofegante, com as palmas


das mãos suando e coçando, querendo tocá-lo enquanto eu o
assistia gozar para mim, massageando suas bolas, puxando
seu pênis, barulhos subindo para o seu peito, seus quadris
subindo de encontro a sua mão.

Eu choraminguei juntamente com o grunhido dele


enquanto ele caía no colchão, expondo a linha forte de sua
mandíbula através da barba, as cordas vocais de sua
garganta tensas, e o creme saindo de seu pau e caindo em
seu corpo.

Ele ainda estava se masturbando quando eu não pude


mais aguentar.

Engatinhei para cima dele, me posicionando e coloquei


minha língua em sua boca, mesmo em meio a sua respiração
alta.

Ele se recuperou o suficiente para me beijar de volta e


forçou seus braços para fora de onde eu os prendi entre nós,
ele deixou uma mão lá e a outra em volta do meu quadril, me
segurando parada enquanto sua outra mão trabalhava entre
minhas pernas, dois dedos entrando em mim.

Gemi em sua boca enquanto ele tirava os dedos de


dentro e acariciava meu clitóris.

Levou, talvez, dez segundos antes de eu afundar meus


dentes em seu lábio inferior, o ouvir grunhir, sentir seu braço
em volta do meu quadril se apertar, descendo a mão, ele
novamente lubrificou os dedos com meus líquidos e colocou
um em minha bunda.

Libertei seu lábio quando minha cabeça caiu para trás e


gritei quando gozei.
Ele acariciou meu clitóris no meio do clímax e continuou
fodendo minha bunda gentilmente, enquanto os solavancos
se tornavam arrepios e tremores e caí em cima dele, meu
rosto no lado de seu pescoço.

Johnny tirou seu dedo, guiando aquele braço para as


minhas costas e a mão que estava no meio das minhas
pernas saiu para que ele pudesse enrolar o outro braço ao
redor da minha cintura.

Respirei contra a pele dele.

Depois que eu estava saciada e caída em cima de meu


homem, ele começou a traçar os dedos para cima e para
baixo na parte de trás da minha coxa.

— Quando decidirmos fazer bebês, spätzchen, estou


pensando que minha porra vai precisar ficar dentro de você, e
não quero dizer você a absorvendo pela pele. — Ele me
provocou.

— Você goza dentro de mim o suficiente. — Murmurei, e


ele realmente o fazia.

Alguém poderia dizer que cinco meses depois nada


mudou na intensidade de nossa atração um pelo outro.

De fato, alguém poderia dizer o exato oposto.

—Quando decidirmos fazer bebês, Iz, vamos fazer isso


da forma certa e nos concentrar no jogo.

Aquele comentário forçou minha cabeça a se levantar de


onde estava para que eu pudesse olhá-lo.

— Mais sexo? — Perguntei incrédula.


Ele sorriu.

— Definitivamente. Muito mais sexo.

— Já temos muito sexo agora.

— Sou o tipo de cara que sempre faz um trabalho


minucioso, Iz, mas com esse trabalho, vou ser meticuloso.

Rolei meus olhos e deixei minha cabeça cair de novo.

Johnny gargalhou embaixo de mim e continuou


acariciando a parte de trás da minha coxa.

Deitamos juntos por um período agradável até ele dizer


baixinho:

— Agora que decidimos isso, quando quer se mudar?

— Amanhã?

O braço dele ao meu redor se apertou e sua mão na


minha coxa a apertou forte.

O jeito de Johnny dizer que gostou da resposta.

— Apesar de que eu provavelmente deveria falar com


Addie. — Continuei. — E arrumar algumas coisas. Então que
tal na semana depois da próxima?

Ele colocou a mão na parte interna e superior da minha


coxa e me segurou enquanto respondia:

— Funciona para mim. Vou começar a cuidar das coisas


por aqui. Ver alguns planos para o estábulo.

Levantei minha cabeça, olhei em seus olhos e comecei:

— O custo disso Johnny...


A mão dele deixou minha coxa e segurou meu lábio
inferior.

— Nunca. — Ele grunhiu. — Nunca mais mencione isso,


Izzy. Não sou estúpido com dinheiro e Deus sabe que você
não é. Eu não faria se não pudesse ou quisesse, mesmo que
seja algo que eu queira fazer porque você quer. Mas eu gosto
de cavalos e você tem cavalos dos quais eu gosto e quero que
nossas crianças sejam criadas ao redor de animais, incluindo
cavalos, então agora é a hora. Vamos ter estábulos. E vou
comprar sapatos para você e te dar um diamante gigante e
transformar esse moinho em uma casa que você ame. Sabe
que faço isso porque posso pagar e porque quero. E sei que
você passou por muita merda, mas isso acabou na noite em
que me conheceu. Não vai ser sobre mesas de quatro dólares
e pegar as coisas que alguém não quer mais e fazer em algo
que funcione. E se você tem um problema com isso, agora
mesmo, saiba em sua alma que eu sei na minha, fui posto
nesta terra para fazer exatamente isso por você. Então vou
fazer e Izzy, você vai me deixar fazer.

— Quero um jardim. — Sussurrei, minha voz grossa


com a emoção que eu estava guardando, junto com tudo que
Johnny disse, então ele moveu a mão de meus lábios.

— Vamos escolher o lugar este fim de semana e vou


arrumar a terra na primavera.

É claro que ele iria.


— E vou comprar taças de vinho novas antes de me
mudar, — compartilhei. — As suas são legais e tal, mas elas
são meio... utilitárias.

Ele sorriu para mim:

— Vá em frente.

— Eu traria as minhas, mas elas são meio... femininas


demais para o moinho.

— Acho que o moinho poderia jogar aquelas taças longe


com raiva se você tentasse. — Ele brincou.

Eu não estava brincando quando perguntei:

— Se você foi posto nessa terra para cuidar de mim, eu


fui posta nesta terra para fazer o que por você?

Suas sobrancelhas franziram.

— Para me fazer feliz. — Ele disse, como se eu já não


tivesse feito isso.

— Johnny...

— Para me fazer rir.

Fiquei quieta.

— Para me ajudar a ter bebês.

Comecei a desenhar círculos em seu pescoço com meu


dedão e fiz isso em esforço para me distrair da vontade de
chorar.

— Para dar a eles uma boa mãe porque você aprendeu


com a melhor. — Ele continuou.

Certo, agora ele realmente me faria chorar.


E ainda assim, ele não terminou.

— Para me dar uma esposa feita de ferro, aço e tudo que


há de forte junto com penas, pelo de gato e tudo que é macio.
Uma que sempre vou saber que me ama. Que eu sei que
nunca vai me abandonar. O caminho vai ser pesado, e você
vai ficar. Vamos brigar, e você vai ficar. Nosso mundo pode
cair aos pedaços, Eliza, e há uma coisa da qual estou certo,
você ficará ao meu lado.

A lágrima que caiu de meus olhos foi parar em sua


barba.

Johnny moveu o dedão para minha bochecha para


limpar a trilha úmida deixada para trás.

— Já mencionei a gatinha selvagem que me deixa fazer o


que eu quiser com ela e não se importa de deitar em mim,
coberta na minha porra? — Ele perguntou baixinho.

Engoli e respondi com a voz rouca.

— Não, você não mencionou.

Ele me deu um sorriso gentil.

— Bem, tem isso também. — O sorriso desapareceu e


ele sussurrou: —Ele não voltou para você porque ele é um
imbecil imenso, e não porque você não valia a pena voltar. E
se me levar até morrer, querida, e se me levar o último
centavo, vou fazer tudo o que puder para que você morra
sabendo quão incrível é e isto vale tudo e muito mais.

Não poderia aguentar nada mais, então enfiei meu rosto


em seu pescoço.
Johnny passou os dedos em meu cabelo e acariciou a
parte de trás da minha cabeça.

Levou algum tempo, mas quando tudo que ele disse se


estabeleceu, perguntei:

— Você comprou o anel?

— Oh não, Spätzchen, vou fazer isso de forma grandiosa.


Você não vai saber quando ou como. Pode ser durante um
jantar à luz de velas e com champanhe, e até posso ficar de
joelhos. Poderia ser na cabana quando eu voltasse da
pescaria, trazendo um jantar que você não vai comer. Poderia
ser depois que eu te fizesse gozar e você estaria toda solta e
molhada e doce para mim. Poderia ser no café da manhã.
Pode ser a qualquer momento, mas você não vai saber a hora.
Só posso prometer que vai ser o tempo perfeito. Um tempo em
que posso ter certeza de que vou me lembrar do olhar em seu
rosto para que eu possa contar a história para nossas
crianças. Então agora, você sabe que é meu mundo e sempre
vai ser, mas não vai saber quando vou te pedir para casar
comigo.

— Estou bem com isso. — Murmurei.

A voz dele soou encantada quando ele respondeu.

— Bem, isso é bom. Agora, acha que deveríamos tomar


um banho e comer algo?

Levantei minha cabeça.

— Podemos tomar um banho de banheira ao invés?


Ele olhou em meus olhos e continuou a ser a única
coisa que podia.

Tudo que Johnny era.

— Podemos fazer o que quer que você queira, Izzy.

Sorri para ele.

E ele sorriu de volta.

Então saímos da cama e fomos para a banheira.

Fui morar com Johnny uma semana e dois dias depois.

Addie e Brooks continuaram em minha casa sem pagar


aluguel pelo próximo mês, e o mês depois desse, quando a
advogada que Johnny pagou encontrou Perry, ela então
começou a pagar a hipoteca.

Perry poderia visitar um fim de semana por mês.

Ele veio e pegou Brooks duas vezes e nunca mais voltou.

Ele também pagou pensão alimentícia duas vezes e


nunca mais.

Durante esse tempo, Addie escondeu muito mal que


estava se apaixonando por Toby.
Da parte dele, Toby escondeu muito mal que estava se
apaixonando por Addie.

Brooks, entretanto, não escondeu que adorava os


irmãos Gamble.

E só para dizer, tudo aquilo foi muito divertido de


assistir.

Deanna e Margot pensaram assim também.

Apesar de Johnny não concordar com elas.

Johnny não ficou de joelhos.

Mas houve champanhe e rosa na mesa de jantar e o filé


que ele fez com alho, ervas e queijo foi maravilhoso.

Ele me enganou.

Primeiro, ele cozinhou o tempo todo. Ele cozinhou


porque chegou em casa primeiro e disse que estava com
fome.

Mas eu sabia que ele fez por mim.

Os filés foram especiais, mas tudo que ele fazia era


fantástico.
Também, quando me mudei, ele descobriu que ia na
floricultura toda sexta. Então ele começou a ter flores sendo
entregues em casa toda quinta.

Esse era Johnny Gamble.

Sim.

Esse era meu Johnny Gamble.

Eles começaram o estábulo naquele dia. O dia em que


ele propôs. Nós aprovamos os desenhos e ele encontrou uma
construtora. Eles não tinham muito tempo antes do chão
congelar no inverno então Johnny estava pagando o dobro
por mais mão de obra para que Serengeti e Amaretto
pudessem ficar comigo.

Eu não disse uma palavra.

Eu deveria ter adivinhado quando cheguei em casa e


havia uma caixa de sapatos rosa na ilha da cozinha que
continha um par de sandálias Alexandre Birman com tiras,
que eu pesquisei no notebook uma semana atrás quando
Deanna veio.

Ele estava tentando me desorientar ao ser mais


generoso ainda.

Funcionou.

Depois que eu abaixei minha nova taça de vinho e


estava prestes a pegar meu garfo e faca para comer meu filé,
ele murmurou:

— Me dê sua mão, spätzchen.

Olhei para ele e estendi minha mão direita.


— A outra, Izzy.

Minha respiração ficou presa e dei a ele minha mão


esquerda.

Ele estava certo.

O anel era extraordinário.

Eu amei.

Tanto, que não terminamos o jantar.

Naquela noite do anel, não sabia o que me acordou.

Mas acordei.

Percebi que estava sozinha na cama instantaneamente.

Me virei.

Johnny estava do lado de fora, banhado pela luz da lua,


usando calças de moletom e um casaco.

Ele estava parado na grade, encarando o riacho negro.

Abaixei as cobertas e andei até o closet com três


cachorros me seguindo (Toby deu a Addie e Brooks um
cachorro resgatado, metade rottweiler, metade algo que não
sabíamos. Vê? Escondendo muito mal a coisa do amor).
Vesti um par das meias grossas de Johnny, me movi
para uma gaveta diferente e peguei outro de seus casacos
para cobrir a camiseta que eu já estava usando.

Então eu e nossos cachorros voltamos, até a porta.

Também saímos por lá para ver Johnny olhando em


nossa direção, carrancudo.

— Eliza, suas pernas.

Estava frio, com certeza.

Assumo.

Não senti.

Foi então que descobri que o anel dele tinha poderes


mágicos.

Me aquecia.

Acabei de andar até ele, colocando meus braços a sua


volta, sentindo a sensação estranha do meu anel se movendo
em meu dedo devido ao peso da pedra.

Gostei daquela sensação.

Ele enrolou os braços a minha volta.

— Por que você não consegue dormir? — Murmurei em


seu peito.

— Estou muito feliz.

Eu não sabia qual seria sua resposta, mas não esperava


por essa.

Minha cabeça foi para trás.


— O quê?

— Vou me acostumar. — Ele disse para o riacho.

— Você não consegue dormir porque está muito feliz? —


Demandei uma confirmação.

Ele olhou para mim e balançou a cabeça.

— Você ainda não entendeu o plano.

— Eu sempre quero te beijar, Johnny, mas agora quero


saber mais do porquê estar aqui no frio ao invés de comigo na
cama.

— Este não é o plano do qual estou falando.

Fechei minha boca.

— Nunca sei quando te informar. — Ele murmurou.

— É sempre a hora certa de me informar. — Disse.

— Sou um sonhador.

Encarei-o.

— Sempre fui um sonhador. Sempre. — Ele pausou e


então me atingiu com suas palavras. — Desde que ela foi
embora. Ela sendo minha mãe.

Continuei o encarando, mas agora sentia meu peito se


apertar.

— Você quer saber com o que eu sonhava, Izzy?

Sem conseguir falar, assenti.

— Sonhava em ganhar uma linda mulher e fazê-la amar


só a mim. Sonhava em viver com ela nesse moinho e o encher
de crianças. Em manter as oficinas fortes para meus filhos as
assumirem quando fosse a época. Sonhei em viver minha
vida sabendo que as coisas viriam e iriam. Minhas crianças
nasceriam, minha mulher e eu os criaríamos e os amaria, e
então eles seguiriam suas próprias vidas e seriam felizes. Mas
essa linda mulher, minha linda mulher, sempre estaria
comigo. Agora me diga, spätzchen, como um homem pode
dormir quando seu sonho vira realidade?

— Eu... eu honestamente não sei. — Respondi.

— Obviamente, eu também não. — Ele disse.

— Eu consegui dormir. — Compartilhei.

Ele me encarou.

Então ele fez aquele barulho, seu rugido baixinho.

Depois disso, Johnny estava me beijando.

Não sei como voltamos para a cama.

Não sabia como eu fui capaz de cair no sono


instantaneamente depois que Johnny terminou.

Então eu obviamente não sabia que ele não caiu no


sono.

Ele também não foi ficar em pé, sob as estrelas,


encarando o riacho.

Ele deitou na cama, me segurando.

E encarou o teto na escuridão.

Sorrindo.

Você também pode gostar