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Disponibilização: Amarílis Gerbera

Tradução: Ella Morningstar


Revisão Inicial: Ella Morningstar
Revisão Final: Flor de Liz
Leitura Final: Nita Oliver
Verificação: Flor de Liz
Formatação: Amarílis Gérbera

Abril/2018
Damaged
The Voyeur Series, Part #4
Elena M. Reyes
N. Isabelle Blanco

—Agora eu vou arruinar você.

Eu encontrei a saída.

Mas Ivy não sabe disso. Ainda não fui capaz de dizer a ela.

Meu plano está incompleto. Possivelmente é falho. A saída desta


sala está quase na palma da minha mão.

Mas não sei o que verdadeiramente se encontra do outro lado


dessas paredes.

Como diabos nós vamos sobreviver escapando deste lugar?

O quão danificado nós estaremos?

A vida da Jamie está em nossas mãos, um movimento errado


nosso será o seu fim, e ainda assim, não posso deixar que isso me
pare.

Claro que não.


Eu tiraria suas vidas em um piscar de olhos para nos tirar daqui.
Eu vou vestir com orgulho seu sangue em minhas mãos.

Para sobreviver eu vou matar cada um deles.

É hora de finalmente escaparmos.

Nós vamos morrer se não o fizermos.

Aviso: Esta história não é para todos. Cuidado. 18 +


Vinte e oito

Noah

—É ela... é Valerie.

A aprovação do nosso desempenho quase engole as palavras que


Ivy diz. Seu sussurro consegue atravessar o nevoeiro da ira que
atravessa meu córtex mental.

Tudo o que eu quero fazer nesse momento é gritar. Destruir.


Matar aquela puta.

Meu corpo vibra em cima de Ivy.

Não consigo conter o tremor em meu corpo, nem a maneira que


eu seguro ela com uma fúria maníaca. Cada célula do meu corpo se
contrai, meus braços a envolve mais apertado enquanto minha mente
processa a verdade muito difícil de admitir.

—É ela... é Valerie.

A risada. A resposta negativa automática para tudo o que minha


boneca faz.

Um desdém tão palpável que sufoca tudo em seu caminho.

—É ela... é Valerie.
Deveria ser simples: ela sempre odiou Ivy.

—Sinto muito. — Eu sussurro mais uma vez em seu cabelo. Ela


está tremendo. Mais uma vez foi reduzida a temperatura do ambiente.
A maldita cadela fará qualquer coisa para nos ver sofrer.

—Muito frio. — Os dentes de Ivy estão batendo enquanto eu a


pego e nós andamos de volta para a cama. Não espero por permissão.
Em vez disso, tomo conta da minha menina da melhor forma que
posso. Ela deita com cuidado, e eu pego o cobertor descartado e enrolo
em volta do seu corpo agitado. Deitando ao lado dela, eu tento deixar o
calor que irradia do meu corpo escoar em seus ossos.

—Eu dei a você...

—Recompensa. Recompensa. Recompensa.

É um cântico. Uma demanda daqueles idiotas depravados que


assistiram eu machucar minha boneca. Que gemeram ao ver eu tomar
a bunda virgem de Ivy.

Retumbando, eles começam a pisar no chão debaixo dos seus


pés, batendo palmas em intervalos de três antes de cantar mais uma
vez recompensa.

Uma parte de mim quer rir. Eu posso imaginá-la agora, rangendo


os dentes com raiva e nos encarando através das câmeras. Com um
ódio sangrento porque seu amado público parece gostar de nós.

Eles não estão prontos para nos ver morrer. Nós somos o
entretenimento, seu sujo e pequeno prazer, e eu não estou
descartando usar isso para o nosso benefício.
Vou ganhar tempo.

Isso me ajudará a formular um plano melhor e sair.

E matar aquela fodida puta.

—O que eles merecem? — Valerie ri, o som agudo irritante


batendo em meus ouvidos. É forçado e tão falso como ela sempre foi.
Me lembra do seu patético discurso cada vez que eu ia visitar minha
boneca na agência.

Merda, como eu não coloquei isso junto antes?

Raiva autodepreciativa desliza pelas minhas veias e Ivy se


encolhe, estou segurando ela muito apertado. —Sinto muito. — É a
única coisa que eu disse a ela desde que tirei meu pau da sua bunda.
Involuntariamente, meu pau empurra na lembrança do céu que deixei
para abraçar o inferno em que nós estamos.

—Estou bem. — Ela sussurra. Os olhos dela, arregalados e


cheios de amor, olham para mim. —Apenas me abrace.

—Nunca peça ou implore por conforto, amor. É meu trabalho


cuidar de você.

—Eu amo você. — Ivy desloca-se no meu peito, pressionando-se


mais perto, ao mesmo tempo ignorando meu pau semiduro se
contorcer contra seu quadril. Mesmo enquanto sente o desconforto, ela
ainda tenta aliviar minha crescente culpa.

Nunca vou me arrepender de reclamar todos os buracos dela


como meu, mas eu queria que as circunstâncias tivessem sido
diferentes. Então eu poderia ter cuidado dela. Mostrado a ela o quão
profundo meu amor corre sem esses idiotas fodidos ao nosso redor.
Assistindo.

Vários gritos invadem o quarto e meus olhos voam para o alto-


falante maior. Está caótico. Uma bagunça completa.

—Comida! — Uma pessoa grita.

—Tempo sozinho! — Outro diz.

—Deixe ele dar um banho nela. Ela já sofreu demais e


merece um pouco de mimo.

Este último pedido vem de uma voz masculina distorcida. Mesmo


com o tom robótico, ele está confiante e exigente. A voz dele soa acima
de todos os outros e o quarto fica tranquilo.

—Você não concorda, querida?

Nem um pio sangrento.

Eu olho para a plateia lotada, é impossível não ver esse homem,


ele é grande e está em pé na parte de trás com os braços cruzados
sobre o peito, seu olhar diretamente sobre nós.

No entanto, não consigo distinguir nenhuma das suas


características. O rosto está coberto por uma máscara similar as que
os outros estão usando. A metade inferior é tudo o que é visível a olho
nu.

Ele está vestido com um terno caro, um que parece familiar,


assim como o sorriso que ele lança sobre nós através do vidro.

Como se ele estivesse nos provocando. Ou empurrando nossa


captora.

Valerie não diz nenhuma palavra.

—Um banho seria bom. — Ivy sussurra, o som alto dentro do


quarto silencioso.

—Ninguém te perguntou...

O homem de pé na parte de trás do auditório interrompe ela. —


Eu perguntei. Ivy sabe que eu estava falando com ela.

Valerie rosna para isso.

—Ela merece morrer.

—Basta! — Com seu rosnado, movo meu corpo para a frente de


Ivy, querendo protegê-la de tudo e qualquer coisa. Não confio neste
homem. Não confio em qualquer um destes animais para não atacar.

Tudo é um jogo. Sobrevivência.

De repente a porta desliza aberta, aquela porta escondida, mais


uma vez mostrando-me a saída. Agnes e Clarice estão em pé fora do
limite, suas mãos e roupas manchadas de sangue.

Sangue fresco.

—Oh, Deus. Não. Não. Não. — Minha boneca grita e meu peito
aperta.
Nós dois pensamos a mesma coisa. Jaime.

—Acalme ela, Noah. Eu cansei desse teatro. — Valerie rosna.

—Shhhh, baby. Não podemos pensar o pior.

—Não seja um bebê chorão, Sr. ª Reid. Ninguém gosta desse


tipo de pessoa. — Clarice se aproxima, o vestido infantil balançando
ao redor de suas pernas. As manchas ainda não secaram, e ela toca os
dedos onde parece que se formaram pequenos coágulos. —Além do
mais, isso não é da sua amiga. Mal começamos a nos divertir
com a doce e pequena Jamie. Raoul está cuidando muito bem
dela... — Ela ri, o som cruel e demoníaco. —...por enquanto.

—Ouça ela, criança. Não nos tente a agir. — Agnes entra e eu


tenho que morder o interior da minha bochecha para não gritar. Sua
máscara inteira e as mãos com luvas brancas estão embebidas em
sangue. Brilhante. Vermelho. Muito dele por todo o lado, como se ela
tivesse tomado banho com ele. —Ela está viva e o tempo depende de
você. Então comporte-se, levante-se e nos siga até o banheiro. A
mestre quer que você fique limpa.

Ivy move-se para ir até a borda da cama, mas eu a puxo de volta.


Medo dispara através de mim, minha pele vibra com a necessidade de
escondê-la.

Essas duas mulheres são sádicas e não há dúvida em minha


mente que vão machucá-la, cortar sua pele bonita para seu prazer
doentio.

—Ela não vai a qualquer lugar sozinha. — Eu estalo, ao mesmo


tempo que o homem dentro da plateia diz. —Não. — Ambas as nossas
vozes com raiva, não deixando espaço para discutir.

—Seja razoável. Eu não confio neles juntos. — Isso é uma leve


queixa no tom da Valerie?

—Noah vai cuidar dela. Ninguém mais. — Seu desejo de lutar


por nós me faz parar. Faz alarmes soarem por todo o meu corpo.

Ele está com eles.

Ele é o inimigo.

Esse cretino está fodendo com a minha cabeça.

—Não me sinto muito bem. — Ivy choraminga do meu lado e


imediatamente os meus olhos voam para ela.

Um baixo “Merda” deixa os meus lábios.

Seu rosto está pálido, suas mãos estão tremendo, seus olhos
vermelhos e um pouco fora de foco. Ela está tendo alguma reação das
drogas.

—Agnes e Clarice? — Valerie pergunta.

—Sim, senhora. — Elas respondem em uníssono.

—Deem alguma privacidade aos pombinhos.

Com uma pequena reverência, elas viram e saem, desaparecem


na escuridão. As armas estão apontadas para nós, mas não consigo
distinguir seus corpos ou qual é o tipo de segurança.
—Noah. — O homem me chama e viro meus olhos para o vidro
que nos separa. Dou um aceno para que ele saiba que tem a minha
atenção. —Você terá uma hora sozinho para cuidar de qualquer
necessidade que você possa ter. Faça valer a pena. Cuide da
nossa pequena Ivy “amor”.

Minha garota endurece e tenta olhar para ele, confusão


estragando suas feições delicadas. Suas palavras me fazem parar
também, mas eu preciso fazer alguma coisa antes que eles entrem e
nos forcem a sair. A última coisa que preciso é que eles encontrem a
minha única razão para ter esperança.

—Responda ele, Noah. Mostre apreço pelo seu presente. — A


mordida no tom da Valerie, o desgosto puro, faz com que Ivy
choramingue no seu estado de crise. Eu estou grato que meu foco nela
me impede de rebater.

Ela não pode controlá-lo mais do que eu posso, mas o corpo dela
foi usado, e o seu emocional vai acelerar o efeito das drogas.

É o olhar perdido no seu rosto que faz com que a palavra


“Obrigado” passe pelos meus lábios enquanto nos arrasto para a borda
da cama. Com pouco esforço eu a levanto em meus braços,
aninhando-a no meu peito enquanto caminho em direção a única
porta aberta no corredor escuro. Está brilhante, a luz iluminando o
caminho para nós.

Quando chegamos mais perto, vejo as silhuetas dos guardas, um


único rifle nos mirando desta vez. Está apontado para nós, os outros
prestem atenção, mas não movem nenhum músculo.
Outros três passos e nós estamos dentro do banheiro todo
branco. A última vez que estivemos aqui eu não prestei muita atenção
no cômodo. Esta sala parece estéril.

Pureza. Branco. Imaculado.

—Por favor, ligue a água, Noah. Deixe ela aquecer.

Beijo o topo da sua cabeça. —Claro, amor. — Estico a mão e viro


o registro para deixar a água correr.

Em poucos segundos o vapor começa a escoar para fora e


equilibra a temperatura do ambiente. Sinto prazer e Ivy geme em
acordo.

Eu a ajudo a descer. Ela entra embaixo do chuveiro com minha


ajuda e me puxa atrás suavemente.

A água quente alivia imediatamente meu corpo, os músculos que


estavam tensos relaxam.

—Porra, eu precisava disso. — O gemido de Ivy não é perdido por


mim e meus olhos devoram a visão diante de mim. Vamos dividir o
chuveiro, nossos corpos juntos.

Os olhos lindos que eu tanto amo estão fechados e sua cabeça


está jogada para trás. Essa mulher é linda. Minha perfeição.

Dando um passo para trás, admiro ela, da cabeça ao dedo do pé


e fecho a cortina de plástico transparente. Isso não nos dá muita
privacidade, mas ajuda a ilusão.
—Não se mexa. — Eu rosno baixo, me esforçando para lutar com
a excitação que corre pela minha espinha. Ao som da minha voz, os
olhos dela se abrem e se concentram no meu. Eles se arregalam, mas
atrás da surpresa há um pouco de fome. Uma montanha-russa das
drogas que foram injetadas em nós.

Alto e baixo. Querer e precisar. Amor e luxúria.

—Noah, eu acho que nós deveríamos...

—Vire-se, querida. Deixe-me cuidar de você. — Ela atende meu


pedido sem um segundo de hesitação, ficando em pé de costas para
mim. Meus olhos comem cada centímetro da sua imagem pecaminosa.
—Incline a cabeça para trás.

O pequeno espaço dentro da parede contém um frasco de


shampoo, condicionador e sabonete corporal. Eu pego o primeiro e
despejo uma quantidade generosa na palma da minha mão.

Esfregando minhas mãos juntas, ando até ficar atrás dela, meu
pau duro aninhado contra a parte inferior das suas costas. Da sua
raiz até as pontas, eu passo meus dedos através dos longos fios duas
vezes. Crio uma espuma espessa e me concentro em seu couro
cabeludo, massageando sua cabeça. Pressionando apenas o suficiente
para fazer ela gemer. E ela faz. Porra, o som é como música para os
meus ouvidos.

—Está muito bom.

—Eu te amo, querida. — Eu empurro sua cabeça embaixo do


chuveiro, lavando a espuma e me pressionando mais perto. Ivy treme
com a sensação do meu corpo, virando para mim. —Como você se
sente?

—Estranha, mas isso vai e vem. Eu estou supondo que é da


porcaria que eles injetaram em nós.

Me abaixando, minhas mãos deslizam por suas costas e param


na onda do seu traseiro. —E aqui?

—Dói, mas está tudo bem. Eu estou bem, eu juro. — Com meu
olhar duvidoso, ela pega minha mão e aperta. —Eu não me arrependo,
Noah. Eu sou sua e queria isso tanto quanto você.

—Obrigado. — Eu digo e abaixo meus lábios para colocar um


pequeno beijo no pescoço dela. Ela sempre soube o que dizer para me
acalmar, me fazer ver além das minhas frustrações. Pressiono meus
lábios em sua clavícula e compartilho minha própria revelação.

Entregar a ela a esperança de que ela precisa lutar.

—Clarice deixou cair o controle remoto que abre a entrada


principal para o nosso quarto ao lado de uma mesa. Temos uma saída.
Vamos sair dessa fodida merda.
Vinte e nove

Ivy

Eu fico tensa em seus braços, e ainda assim o meu corpo se


sente leve.

Noah não tem ideia do que essas palavras fizeram a minha


mente. O barulho em meu cérebro chega a uma parada abrupta. Nada
importa. Nada se registra. Nada além dessas palavras.

Temos uma saída. Vamos sair dessa fodida merda.

Era isso o que ele estava olhando no chão.

Ele me deu esperança.

Nunca houve dúvida em minha mente que nós sairíamos, a


questão sempre foi como? Nada, nem um erro foi cometido.

Estas pessoas são meticulosas. Doentes. Psicóticas.

Mais inteligentes que o ser humano médio.

Aqueles que têm almas corruptas tendem a ver o que o resto da


população não faz. Não é falta de inteligência que faz um assassino ser
apanhado, mas sim a sua arrogância.

Todos os detalhes do nosso sequestro e tempo aqui, as drogas


que eles usaram, as pessoas que mataram para nos quebrar... foi tudo
calculado. Não há dúvida em minha mente que Valerie tem a ajuda de
alguém que eu conheço. Como ela saberia tudo que nos disse?

Lugares que visitamos.

Horários e datas.

Quem eram as pessoas que gostávamos mais.

Jesus. É como se nós vivêssemos sob um microscópio sem saber


que éramos experimentos de laboratório.

Então, outra pergunta me atinge de todos os ângulos.

Quantos outros existiram? Quantas vítimas sem rosto?

—Tem certeza? — Pergunto, minha voz baixa. Minhas mãos


apertam ao meu lado, quase com medo de me mover e isto não ser
nada mais do que uma falsa esperança. —Por favor, Noah. Diga que
você está cem por cento...

—Shhhh. — Ele sopra no meu ouvido, suas mãos deixando meu


cabelo para apertar meus quadris. —Por favor, não chame atenção,
amor.

Eu aceno, deixando ele saber que eu ouvi. Noah coloca um beijo


suave no meu ombro antes de esticar uma mão e pegar o sabonete na
parede.

Trazendo a garrafa até a nossa frente, ele a abre e permite um


grande fluxo cair sobre meu peito e no meio do meu estômago. Porra,
essas mãos. Seu toque forte e firme me faz esquecer tudo o que ele
disse e me concentrar em nada além de seu toque.

Excitação pulsa através de mim novamente, uma corrente


vibrante de necessidade.

Desta vez é mais difícil que a anterior. Desliza em todos os


lugares do meu corpo e me torno sensível ao toque mais suave.

—Como? — Pergunto, meu gemido alto. —Eu ainda estou muito


dolorida, mas quero você novamente. Quase me sinto demente com
esta crescente urgência.

—Injetaram em nosso corpo um coquetel de drogas que nos deixa


em um interminável ciclo de altos e baixos. — Enquanto fala, suas
mãos vagueiam sobre meu peito e seguram um seio em cada mão. Ele
os aperta antes de puxar os picos duros, aumentando a pressão até
minha bunda que empurra para trás em seu pau duro. —Eles
aproveitaram os nossos desejos reprimidos e os amplificaram. O
controle é inexistente e há pouco que possamos fazer para parar nosso
desejo neste momento.

Deus. O rugir no meu ouvido.

—Noah... — Estou ofegante e ele solta um abafado gemido em


meu pescoço. Belisca a pele enquanto manipula minha carne e me
limpa. Ele está em todos os lugares ao mesmo tempo, massageando
minha carne enquanto seu pau desliza entre as bochechas da minha
bunda. Seu pré gozo se mistura com a umidade ao longo da minha
boceta. —Deus, a maneira como você me faz sentir. Só você me deixa
assim.
—Somente eu. — Ele concorda. Um gemido alto ressoa do seu
peito enquanto a cabeça do seu comprimento desliza na minha bunda.
—Eu vou fazer isso direito, Ivy. Da próxima vez que eu te levar aqui...
— Noah dá um pequeno empurrão e eu relaxo o suficiente para que a
metade da cabeça deslize para dentro. Fazemos uma pausa. Não
respiramos. Só sentimos. —Da próxima vez, vai ser só você e eu em
algum lugar muito longe daqui. Sem interrupções. Apenas nós…

—Amando um ao outro. — Termino por ele.

A respiração de Noah é dura contra minha pele e o seu domínio


sobre meus seios é quase doloroso, eu sinto uma ligeira lembrança da
nossa realidade.

Agora não é o momento de ceder.

—Precisamos de foco, amor.

—Eu sei.

—Vocês têm quinze minutos.

Valerie novamente.

Esperamos mais alguns segundos para ver se ela iria dizer algo
mais, mas apenas o som da água corrente nos cumprimenta.

E nossas respirações duras, carentes.

Com seus músculos tensos, ele desliza a cabeça para fora e


termina de me lavar em silêncio. Seus dedos ágeis me acariciam e
diminuem um pouco a minha tensão, sem se importar com a dele.
Seus dedos deslizam mais para baixo, para o lugar que eu estou
inchada e sedenta por ele. Sua mão me lava com toques firmes.

—Goze para mim, amor. Dê isso para mim. — Noah empurra um


único dedo dentro da minha boceta e eu imediatamente o aperto. Nada
mais era necessário. Eu gozo rapidamente. É silencioso e doloroso e
oh, muito delicioso.

Acalma minha luxúria feroz em um tremor maçante.

Agora posso respirar.

—Baby, você precisa relaxar também. Deixe-me ajudá-lo. —


Virando para cair de joelhos, eu paro no meio do caminho e nossos
olhos se encontram. Do canto do meu olho eu vejo Agnes na porta.
Não dentro do banheiro, mas dois passos fora da porta.

Com um rosário na mão, ela murmura, como se estivesse orando


enquanto toca cada pedra.

Sua máscara branca e as mãos dela ainda estão com sangue.

—O quê? — Noah sibila, me puxando para cima e para atrás


dele. Cobrindo-me da cabeça aos pés. —Precisa de alguma coisa?

—Não. Nada disso, Noah. — Agnes inclina a cabeça para o lado,


nos avaliando. —Eu sou apenas seu lembrete. Um minuto atrasado
e eu vou fazer você lembrar o que a sua desobediência causa.
Sangue irá fluir mais uma vez.

A mandíbula do Noah aperta. —Entendido. Agora saia da porta


para que possamos terminar.
—Tic tac... tic tac. — Ela dá um passo trás, e depois outro, até
que não vemos mais nada dela, mas ainda ouvimos a sua voz.
Repetindo as mesmas duas palavras. Tic tac.

—Eu vou fazer isso...

—Pegue uma toalha e saia. Agora, Ivy. — O tom dele me diz que
ele está na borda. Saindo do chuveiro, tropeço na direção de onde
estão as toalhas.

Atrás de mim, seu gemido alto parece ecoar.

O som é o suficiente para mandar mais um pulso de excitação


através de mim. Eu tremo, seguro uma toalha até o meu peito e viro.

Noah ainda está onde eu o deixei, um lado apoiado contra a


parede do chuveiro enquanto a água cai em suas costas. A outra mão
está enrolada em torno do seu pau, acariciando lentamente.

Não posso evitar. Mordendo meu lábio, eu choramingo


suavemente.

Sua cabeça cai para trás, outro gemido é arrancado dele. Uma
estocada. Outra. Seus eixo deslizando no seu punho.

Minhas mãos apertam em um punho de ferro em volta da toalha.


—Oh Deus, Noah. Não aguento isso.

Minhas palavram fazem ele rosnar. Sua mão aperta em torno do


seu pau latejante, o acariciando enquanto seu gozo dispara da ponta.
—Ivy. — Esse gemido quebrado o deixa quando seu esperma jorra na
parede.
Nossas respirações irregulares e a água são mais uma vez os
únicos sons dentro do banheiro por alguns segundos.

—Tic-tac.

—Desgraçados fodidos. — Noah murmura irritadamente, virando


para se enxaguar com pressa. Ele desliga o chuveiro e sai, sua
expressão escura. Seus olhos vagam por cima de mim e seu pau ainda
duro pulsa.

Nunca vamos descer disso.

Caminhando em minha direção ele pega a segunda toalha da


prateleira e a coloca em torno de seus quadris. Depois disso, ele se
certifica que a minha está envolvida confortavelmente em torno de
mim.

Como se isso importasse. Assim que o público me quiser nua


novamente, nós não vamos ter nenhuma escolha além de dar a eles
isso.

Embora sua expressão permaneça grave, Noah inclina para baixo


e me beija suavemente antes de agarrar a minha mão. Juntos, saímos
do banheiro, ficando cara a cara com os guardas de antes.

Parece que o nosso chuveiro privado não era tão particular,


afinal. Eu deveria estar indignada por ser ouvida, mas não tenho mais
isso em mim.

É engraçado como alguns dias de exposição forçada podem


roubar a modéstia de uma pessoa.
Caminhamos os poucos passos de volta para a nossa prisão.
Meus olhos começam a saltar ao redor, mas lembro-me de não
mostrar nada. Eu tenho uma ideia de onde o controle remoto pode
estar, por lembrar para onde Noah estava olhando.

Forçando o meu olhar para frente, vejo uma bandeja em cima da


cama com dois copos e uma garrafa cheia de água. O calor do corpo de
Noah está perto, ele não pode estar mais do que alguns centímetros
atrás de mim. Juntos, nós chegamos mais perto...

—Merda.

Sua maldição baixa envia uma onda fresca de adrenalina através


de mim. Parando, eu viro.

A grande parede ainda está aberta. Do outro lado do vidro, a


plateia agora está vazia.

Exceto por uma figura.

Sentado no meio do auditório, com seu traje elegante, preto,


misturando-se com os bancos pretos e as paredes, está o homem de
antes. O que tem a voz culta, estranhamente familiar e a máscara
preta cobrindo metade do rosto.

Ele me pega olhando para ele. Lentamente seus lábios se enrolam


em um sorriso divertido.

Um que me parece familiar.

E por que diabos não seria? Valerie é a sádica no comando da


nossa degradação. Deus sabe quem mais está com ela.
O pensamento é quase o suficiente para trazer lágrimas aos meus
olhos.

—Por favor. — Ele estende uma mão para a cama. —Me


ignorem.

Sim, ok.

Não nos movemos.

O homem ri, se apoiando em seu assento em uma exibição


perfeita de descontração. —Bebam a água. Vocês dois precisam
dela depois de todos os seus esforços e todas as... bem,
substâncias químicas em seus corpos.

Noah pega minha mão, seus dedos se entrelaçando nos meus, só


que nenhum de nós se move. É quase como se aquele homem, a
familiaridade dele, nos deixasse fascinados.

A mandíbula do homem barbeado aperta. —Eu realmente não


quero ter que ordenar, mas eu não tenho nenhum problema em
fazer isso se for preciso.

Tudo bem. Ponto feito.

Quando Noah toca minha cabeça delicadamente, permito que ele


me leve para a cama. Paramos ao lado dela e ele se abaixa para encher
um copo para mim.

Eu pego e dou a ele um pequeno sorriso. —Obrigada.

A expressão dele derrete momentaneamente. —De nada, baby.


O primeiro gole de água atinge a minha língua. A frieza dela é
incrível. Não tinha ideia de quanta sede eu estava. Eu bebo toda a
água em três goles e o estendo a Noah.

Ele termina sua própria bebida e pega o meu copo. —Com sede,
Ivy?

—Deus, sim.

Seus lábios se contorcem. Ele enche o copo para mim, me


entrega e enche o dele também.

Quando nós dois terminamos nossas bebidas, uma estranha


calma cai sobre mim. Noah pega meu copo novamente e move a
bandeja com tudo para o chão.

Eu balanço levemente nos meus pés, assistindo Noah se


endireitar. Ele balança a cabeça, piscando, e eu posso ver que ele está
sentindo a mesma coisa.

—É hora de vocês dois descansarem um pouco. Temos


grandes planos amanhã. — O homem do auditório diz.

Nossos olhos se encontram, arregalando com a realização.

Eles nos drogaram novamente! Algum tipo de sonífero.

Suspirando, Noah parece perceber a mesma coisa e segura


minha mão. Eu a aperto e juntos caminhamos em direção ao lado da
cama. A sonolência afunda em minha mente a cada passo. Quando
Noah puxa para trás os lençóis para mim, eu estou quase dormindo.
Eu deito, ainda segurando a toalha em volta de mim, e me
arrasto para a ponta para deixar espaço para Noah.

Ele se junta a mim, me puxando para ele imediatamente.

Assim que eu coloco minha cabeça em seu peito, todas as luzes


se apagam. A escuridão é como um amplificador para o meu cansaço.
Meus ouvidos se esforçam para ouvir, pegar qualquer som.

Pouco tempo depois o sono me leva, e o último som que registro


são as lentas e fortes batidas do coração do Noah.
trinta

Noah

Meu corpo inteiro se sente pesado. Mal consigo me mover. A


pressão em minha mente sussurra para mim, me diz para ficar
deitado. Para permanecer na mesma escuridão opressiva de antes.

Antes de acordar e perceber que tínhamos sido sequestrados.

O pensamento é o suficiente para enviar um pouco de foco ao


meu cérebro. Gemendo, tento me mover na cama, forçando minhas
pálpebras inacreditavelmente pesadas a se abrirem. Todo o meu corpo
parece estar coberto de cimento, fazendo impossível eu me mover.

Ivy. Preciso verificar Ivy.

Eu arrasto meu corpo para o lado da cama, minha mão na


superfície enquanto procuro por ela.

Ela não está aqui.

Ela.

Não.

Está.

Porra.
Aqui.

Puro pânico explode através de mim. Disparo em uma posição


sentada, minha visão embaçada, virando para onde ela estava ontem à
noite.

Ela se foi.

SIMPLESMENTE SUMIU.

Um grito se constrói no meu peito, fazendo seu caminho até a


minha garganta. Assim que estou prestes a perder o controle, registro
o abismo vazio na minha frente.

A parede principal está aberta. Nada além de escuridão pode ser


vista do outro lado. Não dá para ver o contorno dos soldados ou de
qualquer um. Sem som. Apenas nada.

Eles levaram a Ivy.

Flashes disparam em minha mente. Uma memória fodida. Jamie


presa, seminua, abusada. Sendo cortada.

Oh Deus, o que estão fazendo com a Ivy?

Eu me arrasto para fora da cama, minhas pernas enrolando nos


lençóis. Levo algumas tentativas para me libertar, mas assim que eu
faço, estou correndo em linha reta para a entrada vazia. Eu sei que o
controle remoto está, provavelmente, ainda no chão, que alguém pode
entrar aqui enquanto eu estou fora e o pegar.

Mas não me preocupo com isso. Claro que não. Ivy é tudo que
importa.

Como uma bala, eu voo para fora do quarto. Em linha reta em


nada além de escuridão até onde os olhos podem ver. Eu tropeço
alguns passos, meu coração batendo forte, apertando os olhos para
tentar ver na minha frente. Paro apenas alguns segundos nesse
esforço antes de sair em uma corrida novamente.

A pura raiva do meu ódio por Valerie me paralisa por um


momento. —Cadê ela? — Grito para a escuridão.

Nada.

—Responda-me!

Finalmente a puta responde. —Ela está viva e isso é tudo que


você precisa se preocupar neste momento.

Essa puta pode parecer mais triste por esse fato? Ela quer minha
Ivy morta mais do que tudo.

Vermelho começa a cobrir a minha visão.

—Ivy está presa e não é a sua maior preocupação no


momento. Você deveria ser mais...

—Traga ela de volta ou eu vou queimar este lugar. — Meu


maxilar dói com a força que eu estou rangendo os dentes. Até mesmo
eu não posso negar o perigo volátil em minha voz.

—Isso foi uma ameaça, Sr. Barker? Você não está em


nenhuma posição para...
—É uma promessa, sua puta.

Não há resposta.

Ainda não consigo ver o que está diante de mim, mas não posso
deixar isso me impedir. —Ivy... baby, eu estou chegando para você! —
Por favor deixe ela me ouvir. Deus por favor.

O sangue pulsa em meus ouvidos, eu empurro meu corpo até seu


limite, bombeando minhas pernas com mais força. Uma sensação
estranha está caindo sobre minha cabeça. Uma que torna ainda mais
difícil para mim registrar alguma coisa na escuridão. Cada batida dura
do meu coração parece amplificar a sensação estranha nas minhas
veias.

Mais drogas. Quando eles injetaram em mim, não sei.

Não posso deixar isso me impedir.

De repente, eu bato direto em uma parede. —Foda-se! —


Gemendo eu me preparo, me esforçando para ouvir algo além do
barulho do meu coração.

Nada ainda.

O desespero é uma presença aguda e agonizante. —Ivy! Baby,


cadê você? — Eu grito a plenos pulmões, sabendo que eles
provavelmente não vão deixá-la responder, mas também frenético para
não parar. Decido ir para o meu lado direito, e começo a correr
naquela direção novamente. —Ivy!

Eu corro como se minha vida dependesse disso, porque isso é


verdade. Perder Ivy será o meu fim. Não vai haver nenhuma razão para
eu viver depois da morte dela. Uso toda minha força para correr, a
sobrevivência exigindo que eu encontre ela.

Que eu mate qualquer um que tocar nela.

De repente, luzes vermelhas acendem, momentaneamente me


cegando, e quase tropeço nos meus pés. A luz é tão brilhante que eu
tenho que fechar os olhos por um momento para me ajustar. Quando
abro os olhos, vejo a imensidão do corredor em que estou.

Paredes de concreto, lisas.

Pisos brilhantes, pretos.

As luzes de LED vermelhas de emergência.

Sem janelas. Sem portas. Nada mais que o longo corredor diante
de mim.

—Ivy! Baby, onde quer que você esteja, estou indo para você! Não
vou deixar eles te machucarem! — Provavelmente é uma mentira,
Deus me ajude, eles provavelmente já a machucaram.

Não posso pensar assim. Eu vou ficar louco.

Eu corro mais rápido ainda, meus olhos saltando por todo o lado
a procura de uma porta. As luzes piscam repetidamente, talvez quatro
ou cinco vezes, me confundindo ainda mais. As drogas estão a todo
vapor, fazendo com que minha visão fique embaçada.

Minhas emoções estão loucas.


As luzes se estabilizam, permanecendo acesas, mas ainda não há
abertura.

Pelo canto do meu olho direito vejo algo.

Uma figura no final do próximo corredor.

Ela.

A porra da freira. Agnes.

Virando, encaro ela.

E então tudo fica escuro novamente.

Fodido inferno. —Ivy! Está me ouvindo, amor? Me dê um sinal!


Qualquer coisa!

Obviamente fico sem resposta. Sem fôlego, eu me esforço para


correr mais rápido.

Tudo fica vermelho de novo.

A minha esquerda, pela minha visão periférica, vejo Agnes


novamente, de pé no final do corredor, com um rosário na mão.
Mesmo a esta distância, ouço ela cantando. Rezando novamente.

Uma fodida zombaria.

Sem pensar duas vezes, vou atrás dela, mesmo quando tudo fica
escuro mais uma vez. —Venha aqui sua fodida puta! O que você fez
com a Ivy? Ivy! — No último grito, minha voz quebra, um eco perfeito
do meu medo frenético.
Eu corro pelo o que parece ser uma eternidade, em linha reta,
sem me importar o suficiente sobre isso para parar, mas espero não
bater em outra parede. Eventualmente meu coração começa a bater
muito rápido e não tenho nenhuma escolha além de fazer uma pausa
por alguns segundos, engolindo em bocados o ar. —Ivy! Por favor,
baby, onde você está?

As luzes acendem por uma fração de segundo. Tempo suficiente


para que eu veja Agnes novamente.

A cadela sangrenta está a apenas dez passos de mim,


permanecendo perfeitamente imóvel, o rosário branco apertado nas
mãos dela. —Qual é o problema, criança? Com medo de eu já ter
acabado com ela?

Suas palavras são ácidas. Ácido puro. Logicamente, eu sei que


elas têm que ser uma provocação, mas elas estão muito perto dos
meus medos. Raiva, como eu nunca senti antes golpeia dentro de
mim. —Eu vou matar todos vocês se algo aconteceu a Ivy!

Agnes ri baixinho.

Eu corro direto para ela, mas é claro, que assim que eu começo a
fazer isso as luzes apagam mais uma vez. Esses desgraçados estão
vendo isto em suas câmeras. Me usando como entretenimento.
Provavelmente rindo do meu estado emocional fora de controle.

A risada de Agnes percorre o corredor novamente. Desesperado


por ar, não tenho escolha senão parar por alguns segundos.

De repente uma luz acende ao meu lado. Eu pulo, percebendo


que estava encostado em uma janela de acrílico. Do outro lado há uma
sala toda preta, igual a que Robert foi morto. E assim como Robert, há
uma mulher amarrada a uma maca, o rosto dela virado para longe de
mim. Sangue desliza para fora de várias feridas em seu corpo e um
homem em uma roupa de látex preta de corpo inteiro desliza entre as
pernas dela.

O cabelo dela...

Porra, as luzes vermelhas distorcem a cor, mas tenho certeza que


é loiro morango.

Ele está estuprando ela. Quebrando ela, a machucando, e seu


pênis está dentro do que é meu.

Lanço-me contra o vidro, batendo nele freneticamente. —IVY!


Saia de perto dela, seu idiota fodido!

Nenhum deles viram para mim.

O homem empurra mais fundo nela, girando seus quadris, a faca


em sua mão descendo para fazer um corte profundo em seu abdômen.
Sangue brota instantaneamente, como uma torrente grossa e escura
que desliza para baixo do lado dela.

Jogo todo o meu peso no vidro, batendo nele até que minha pele
rompe e as minhas mãos começam a sangrar. —Pare de machucá-la
seu desgraçado de merda! Ivy! Oh Deus, querida, me desculpe!

O homem estuprando Ivy lança sua cabeça para trás e de repente


uma risada masculina preenche o espaço ao meu redor. Pegando o
rosto dela, ele o vira.
Os olhos pretos e cheios de lágrimas se concentram em mim.

Deus me perdoe, mas eu tropeço para trás em alívio ao perceber


que não é Ivy. Olho para o quarto escuro através da janela, assistindo
enquanto o homem na roupa de látex empurra dentro da mulher uma
última vez, seu corpo ficando tenso quando ele goza.

O pau dele ainda está dentro dela quando ele se inclina e corta a
garganta dela com uma faca.

O mundo gira em torno de mim, tornando-se distorcido. Tonto,


caio de volta contra o vidro quando as luzes se apagam mais uma vez.
Minha mente está correndo e tudo parece estar girando. Fecho meus
olhos, tentando o meu melhor para segurar o vômito fazendo o seu
caminho até a minha garganta.

Inútil. Meu maxilar aperta e não posso deixar de vomitar perto


dos meus pés.

Leva apenas alguns segundos, considerando que só comi uma


vez em poucos dias. Tremendo, me endireito. Com as mãos na parede,
eu faço meu caminho pelo corredor, meu corpo inteiro trêmulo. O
alívio que sinto é apenas momentâneo. Tudo que consigo pensar é que
Ivy está em algum lugar e que a levaram.

Que a mesma coisa que aconteceu com aquela mulher pode estar
acontecendo com ela.

Lágrimas enchem os meus olhos. Eu juro por tudo que é sagrado,


antes de sairmos daqui, vou acabar com Valerie por nos fazer isto. Por
ser um desperdício de ser humano. Não posso acreditar durante todo o
tempo que pensei que ela era apenas uma pequena boceta
desagradável, ela fazia parte disso nos bastidores.

Uma parte desta operação que sequestra pessoas para ganhos


sexuais, e também para assassinar.

Assim que a maior parte da náusea recua, eu começo a correr


novamente, mentalmente me esforçando para ignorar o efeito
estonteante das drogas. Eu corro por mais cinco, talvez dez minutos,
antes das luzes vermelhas piscarem ao meu redor.

E, no final do corredor está Agnes novamente. Ela ri baixinho e


minhas emoções sugerem para eu segui-la antes de virar à esquerda.

Desta vez, as luzes permanecem acesas.

Não poupando sequer um segundo, eu corro atrás dela, meu


coração gritando por Ivy todo o caminho.
Trinta e um

Ivy

Três horas antes...

Consciência se aproxima das bordas da minha mente. Ela está


me chamando. Exigindo que eu tome nota de que algo não está certo.

Alguma coisa está fora.

Lentamente eu desperto... e meus sentidos pegam algumas


mudanças sutis.

O quarto parece pesado, consumido por uma nuvem escura que


sinto à minha volta.

É estranho. Minha pele arrepia, a atmosfera dentro destas quatro


paredes é sufocante. Como se alguém estivesse me observando.

Nos observando.

Não que não estamos sempre sob vigilância, mas isto é diferente
de alguma forma. Mais invasivo.

Literalmente eu sinto a presença do mal sentado aos nossos pés.


Invadindo nosso sossego para seu prazer doentio.

Então isso me bate outra vez.


Como fomos levados. Como eles nos apagaram com uma droga
dentro da nossa água.

Todas as vezes que fomos drogados foi uma demonstração de


poder sobre nós. De certa forma, eles querem mostrar que nós não
somos nada mais do que propriedades deles. Um objeto.

Mas desta vez...

Jesus, eu choramingo internamente. Aperto meus olhos


enquanto desejo que meu corpo não se mova. Não quero que eles
saibam que eu estou acordada.

Alguém faz um som baixo em sua garganta e está mais perto do


que eu imaginava. Correntes chocalham e ouço um movimento de
arrastar os pés. Mais perto. Uma cadeira raspa no chão e depois para.

Um dedo estala.

Porra. Porra. Porra.

Novamente as correntes fazem barulho contra o chão e depois o


silêncio.

Não consigo respirar. Meu peito sente como se ele estivesse


desabando sobre si mesmo e os lençóis fazem barulho com meus
movimentos exagerados. Não importa quanto ou quão profundo
inspiro, não consigo ar em meus pulmões.

Ao meu lado, Noah se desloca. Ele remove sua perna das minhas
coxas e deita de barriga para baixo. Perto o suficiente que eu posso
sentir cada exalação sua no meu pescoço, mas o homem desconhece
nosso entorno. Os monstros a meros passos de distância.

Eles estão mais ousados. Eles não estão mais nos dando a ilusão
de um limite entre nós.

Quase invejo que ele está dormindo, mas prefiro que seja eu do
que ele. Ele reagiria violentamente, como uma cobra encurralada
pronta para atacar qualquer coisa dentro de alguns pés de distância
de mim.

Outro movimento e uma garganta sendo limpa, o som é áspero.


Abrasivo. Como se a pessoa não tivesse usado sua voz há muito
tempo.

Quem é? Jacques ou Clarice?

Ambos parecem sair dos meus medos. Focar mais em mim do


que Noah.

—Por favor, pare. — Oh Deus, eu conheço essa voz. Está baixa e


rouca, mas é a Jamie e ela está aqui. Esse som não vem de um alto-
falante ou uma TV.

Imediatamente eu sento, procurando ela. Porém, minha alegria


se transforma em terror no momento que nossos olhos se encontram.

—Jaime. — Eu sussurro engolindo o caroço em minha garganta


com a visão dela. Sangrando e de joelhos, ela está usando uma coleira
em seu pescoço, e uma corrente de metal em torno da sua mão. E há
uma mão descansando no seu pescoço com uma adaga rústica.

Ele está pressionando, não cortando, mas como um aviso.


Alguns hematomas pontilham a parte superior do seu braço e
pescoço. Jaime pisca para mim, tentando sinalizar para atrás dela
com o movimento rápido dos olhos. Estou com medo de olhar.

Novamente, alguém limpa a garganta e puxa a coleira com a mão.


O homem escava a ponta da faca em sua bochecha, fazendo algumas
gotas de sangue rolarem para baixo e parar na borda do lábio dela.

—Por favor, pare. — No meu apelo a mão faz uma pausa e retoma
seu lugar com a coleira e o punhal sobre a pele dela.

A outra mão vai até sua coxa. Ele sacode seus dedos duas vezes,
em seguida, aponta para cima. Ele quer minha atenção em seu rosto.
Deus nos ajude.

Eu olho para a máscara de Raoul. O recorte dos olhos é um


buraco negro. Sinistro.

Me faz lembrar o vazio do olhar intenso de Jacques.

Ninguém se move ou faz um som por alguns minutos. Apenas


nos olhamos. Seu foco está em mim enquanto eu tento não hesitar.

Lute ou fuja, meu corpo exige que eu escolha.

Raoul acena para eu chegar mais perto com um dedo e eu


balanço a cabeça. Ele tenciona, mas permanece quieto. Não tenta
machucar Jaime na minha recusa também.

Novamente o silêncio paira.

Minha pele parece corada, gotas de suor pingam no meu pescoço


e eu jogo meu cabelo sobre meu ombro. Com o movimento Noah abre
um pouco as pálpebras e sorri para mim.

—Venha me abraçar. — Ele faz beicinho com seus lábios,


pedindo por um beijo. Apenas um. Dou um pequeno beijo rápido em
sua boca e ele deita com a cabeça perto da minha coxa. Ele está fora
mais uma vez.

Ele ainda não percebeu que temos companhia.

O que diabos eles nos deram para nos deixar inconscientes? Por
que eu reagi de uma forma diferente?

—Não é doce? — Clarice diz por trás de Raoul. Quando ela


entrou aqui?

Ao som da sua voz, Jaime começa a tremer, a corrente da sua


coleira faz barulho, forçando os meus olhos para baixo e para longe
dessa boneca demoníaca. A dor nos olhos dela, o medo cru na sua
expressão faz com que eu me desloque e me arraste até a cabeceira da
cama. Tudo o que eles fizeram com ela não é nada comparado com o
que eles vão fazer comigo.

O ódio da Valerie não conhece limites e ela vai me cortar em


pedaços antes de me usar para alimentar os seus cães. Literalmente.

—Olhos em mim, fedelha. Não temos muito tempo. — Minha


reação não é rápida o suficiente para Clarice e eu assisto em horror
quando Raoul movimenta o pulso e corta uma linha no ombro da
minha amiga. Um piscar de olhos e o sangue flui para baixo no braço
dela. Jaime pressiona os lábios juntos, mordendo o grito de dor.
Ela está coberta de sangue seco, a maioria de suas feridas já tem
uma crosta.

—Devemos adicionar outro tão cedo? Olhos, Ivy. — Clarice


cospe entre os dentes.

—O que precisa de mim para fazer isso parar? — Eu vou fazer de


tudo para não causar a minha amiga mais dor. Mesmo que o Noah me
mate depois, eu não posso ficar sentada e não fazer nada.

—Qualquer coisa? — Seu sorriso faz com que eu vacile, algo que
ela acha divertido e aplaude. —Você vai fazer como eu disser sem
qualquer luta? Se comportar como todas as boas crianças?

—Sim. — Essa palavra tem um gosto amargo na minha língua.

—Então se levante da cama e venha comigo.

Isto é o purgatório. Eu deslizo para a borda e sento com meus


pés balançando fora do colchão. Clarice me observa, a máscara dela se
movendo para cima e para baixo enquanto ela me observa, mas posso
dizer que ela está aproveitando meu desconforto.

Ela está rindo, seus ombros tremem, ao mesmo tempo Raoul


permanece uma estátua com seu brinquedo a seus pés.

Apenas esperando a ordem da sua mestra. Machucá-la.

Com vergonha, deslizo para baixo e fico em pé. Estou nua e


completamente à sua mercê.

—Rápido, criança. Sairemos agora antes que ele acorde e


comece a verdadeira diversão.

Oh Deus, meu pobre Noah. Ele vai ficar louco quando acordar e
eu não estiver aqui.

—Mexa-se ou vou cortá-la mais uma vez... desta vez eu vou


enfeitar seu olho direito, um corte rápido e ela vai ser perfeita
como eu.

Com um último olhar na direção de Noah, eu ando em direção a


meu destino. Silenciosamente, digo a ele que eu o amo e pego a mão
estendida da Clarice.

—Boa garota. — Ela sussurra e arrasta o meu corpo tremendo


por um corredor escuro. Nós não paramos até alcançar uma curva. —
Vista isso.

—Por quê? — Pergunto, pegando a túnica preta dela e a


colocando. Por que diabos eles estão me cobrindo agora? Depois de
tudo?

—Porque nós não devemos tentar o mestre. Nossa mestra


ficará muito chateada se permitirmos isso. — Sua voz é sombria,
ela parece chateada por isso. Como se ela própria tivesse estado no
lado receptor da ira da Valerie por minha causa. Ou aquele homem.

O mesmo homem que nos deu a chance de tomar banho em paz.


Ele mostrou a mão dele e o poder que ele detém neste jogo.

Quem é ele?

E por que ele é tão familiar para mim?


Estou tão perdida em meus pensamentos, na memória desse
homem me chamando de pequena Ivy “amor” que eu não vi quando
entramos através de um conjunto de portas. Não é até que o bloqueio
se encaixa que saio dos meus pensamentos.

Clarice e Raoul ficam no meio... vendo cada movimento meu


enquanto eu olho ao redor da sala estéril. É branca. Toda branca,
exceto pelo tubo solitário com algemas suspensas que está
diretamente no centro. Abaixo da haste de metal, o chão é todo de
azulejo e tem um ralo enorme no centro.

Gotas de água ainda decoram a área ao redor do buraco.

Como se eles tivessem limpado recentemente.

Um duro arrepio percorre minha espinha no pensamento e eu


dou um passo para trás.

Clarice fala. —Chegue mais perto. — Ela acena e eu olho em


sua direção.

Eu olho para o meu lado, esperando encontrar Jaime, mas ela


está longe de ser encontrada. Que diabos?

—Não preocupe sua pequena e linda cabeça com ela... ela


está ocupada fazendo suas orações da noite com Agnes. Elas vão
demorar um pouco.

—Onde ela está? Chega de enigmas e jogos... — Eu sou cortada


com o som de um grito áspero, desumano. Noah.

Ele está gritando meu nome como um lunático. Seu desespero


ecoa nos pequenos alto-falantes colocados estrategicamente em cada
canto desta sala. Meu homem está desesperado.

—Cadê ela? — Noah grita e ele está animalesco, perturbado. —


Responda-me.

—Ela está viva e isso é tudo que você precisa se preocupar


no momento. — Responde Valerie, mas eu posso ouvir a infelicidade
do fato evidente. —Ivy está presa e não é a sua maior preocupação
no momento... você deveria ser mais...

—Traga ela de volta ou eu vou queimar este lugar.

—É uma ameaça, Sr. Barker? Você não está em nenhuma


posição para fazê-la.

—É uma promessa sua filha da puta. — Silêncio segue sua


ameaça e nenhum deles diz uma palavra. Tampouco os dois dentro do
quarto comigo. Na verdade, ficamos todos enraizadas no nosso lugar,
esperando.

Minutos passam e minha preocupação se transforma em medo.


Preciso voltar para o Noah.

—Por favor me leve de volta. — Eles balançam a cabeça em


uníssono e meus ombros caem. Foda-se, eu dou um passo em direção
a porta e eles me seguem. Minha mão está sobre a maçaneta, a
girando, quando o crepitar vem através dos alto falantes, mais uma
vez.

—Ivy... baby, eu estou chegando para você!


Trinta e dois

Ivy

Noah está chateado.

Ele é uma besta em sua busca para encontrar sua companheira.


A mulher dele.

Cada célula do meu corpo vem à vida no desespero em seu tom.


Não há como escapar da raiva que vem do outro lado, em suas
palavras. O quão perto de perder o último fio de sanidade que ele está.

Nós dois estamos.

Isto é o que eles querem. Por que eles empurram os nossos


corpos e estado mental de um extremo ao outro.

Isso nunca foi apenas sobre nos sequestrar e nos matar. Não.
Sempre foi muito mais... e eu vejo isso agora. Eles precisam nos
separar completamente até que nosso estado mental esteja dilacerado.

—Baby, pode me ouvir? — Noah grita novamente, o som alto


dentro da minha nova cela.

Todos os quatro alto-falantes ampliam seu grito e eu choramingo.


—Deixe-me sair daqui, por favor. — Nenhuma quantidade de pedidos
os move. Nenhuma reação. Nada. Nem uma contração de um dedo.
Em vez disso, o que tenho diante de mim são dois monstros que
vieram à vida com uma necessidade de sangue. Não se importam com
de quem é, desde que essa necessidade demoníaca seja servida.
Saciada.

Ambas as suas cabeças inclinam para o lado de repente como se


ouvissem alguma coisa. Algo na minha intuição me diz para me mover
e correr. Para aproveitar talvez os trinta segundos de vantagem.

Minha mão lentamente torce a maçaneta, está quase aberta,


quando a voz do meu homem ecoa no corredor. Ele está perto. Tão
perto que minha pele fica arrepiada. Fome queima em minhas veias...
e mais uma vez deixo escapar um ruído deplorável.

Esta batalha dentro de mim é quase mais do que posso suportar.


Eu estou lutando com meus instintos para manter algum controle das
minhas ações.

Eles fizeram isso para nós. Eles nos colocaram em um ciclo


interminável de querer e desejo, drogas que criam uma amplificação
química para os sentidos de prazer.

Um minuto eu posso respirar, e no próximo tudo que posso ver e


sentir é o Noah. Somente ele.

—Baby... boneca... onde está você? Grite e eu vou atrás de você!


— Foda-se, sua sombra parece perto da única janela nesta sala, mas
se afasta quando ele não recebe nenhuma resposta.

Na minha pressa de sair, eu ignoro os outros dois ocupantes


dentro da sala e Raoul cuida desse lembrete. Assim que minha boca
abre para gritar, ele está atrás de mim, uma de suas mãos carnudas
cobrindo minha boca enquanto um braço envolve minha cintura e me
levanta do chão.

Eu estou aqui! eu tento gritar, mas não adianta quando ele está
cobrindo mais da metade do meu rosto. Jesus, é difícil respirar... e
quanto mais eu me esforço mais apertado seu domínio se torna.

Dói. Seus dedos estão me apertando, forçando o ar dos meus


pulmões, até eu não ter nenhuma escolha além de parar de me
debater.

Eu fico mole em seus braços, e é então que eu percebo a mais


nova adição na sala. Na parede mais distante agora está uma grande
televisão com uma tela azul. Nenhuma imagem ou som.

Meus olhos estão colados à tela.

Estou com medo, mas me recuso a desviar o olhar.

Eu sei o que está por vir. Eles vão machucar alguém que eu amo,
e mesmo com o quão egoísta isso pode me tornar, rezo que não seja
Noah.

Jaime, por favor me perdoe.

A tela cintila e as luzes dentro da sala se apagam. Raoul carrega


meu corpo mole ao centro da sala e me coloca sobre o dreno no chão.

Os meus membros tremem, meus dentes batem, mas eu


mantenho minha compostura, o melhor que eu posso. Tem que haver
uma saída, só preciso encontrá-la. Manter a cabeça fria fará isso por
mim.

Se os picos de ansiedade ou de adrenalina correrem por mim de


todos os lados, eles ganham. Na maior parte a minha respiração não
está muito dura e a inevitável queda que seguirá de tantas drogas em
nossos corpos ainda não começou.

Não há tempo. Merda, tem que haver uma forma de encontrar


Noah e Jamie. Temos que dar o fora deste manicômio.

Clarice pressiona um botão na tela e ela vem à vida com duas


figuras ocupando a tela. Sãos eles. Nossos captores.

O homem está sentado atrás de uma mesa em seu terno caro


com Valerie no colo dele. É inconfundível a identidade dela agora,
mesmo com uma máscara.

Uma intrincada corrente de ouro com um medalhão que um


parceiro de negócios do meu pai deu a ela está no seu pescoço. Ele me
pediu para ajudar a encontrar algo bom para ela, alegando que
precisava de algo mais pessoal do que dinheiro ou um cartão de
presente.

O que diria o Sr. Racy sobre toda essa merda? Se ele a visse
agora, ele ficaria enojado. Eu disse a ele e ao meu pai que algo estava
errado com ela.

Raoul remove sua mão da minha boca e coloca seus grandes


dedos em volta do meu pescoço. Aperta um pouquinho, o impacto do
medo é instantâneo e eu agarro às mãos dele.

Eu estou tossindo. Me debatendo no seu domínio enquanto


minhas unhas o arranham. Elas cortam a sua pele e ainda assim ele
não afrouxa nem um pouco.

Em vez disso, eu sinto duas das minhas unhas se quebrarem.


Líquido quente escoa da ferida.

Eu suspiro enquanto os dois na tela continuam a assistir em


silêncio. Eles bebem um copo de líquido âmbar que compartilham.
Curtindo minha miséria.

—Ivy! — Noah grita novamente, sua voz maníaca, a beira do


desespero, agora se transformando em terror pulsante.

Um grande estrondo, os sons de um punho conectando com algo


duro enchem o ar e eu luto com mais força. Tento usar meus pés e
chutar este idiota no joelho ou canela. Em vez de fazer qualquer dano,
o aperto do Raoul apenas se intensifica e manchas pretas surgem em
minha visão.

—Por favor. — Eu ofego, saliva desliza do canto da minha boca.

—Você vai parar de lutar e começar a ouvir, mocinha? Seus


pais te criaram melhor do que isso. — Nosso captor masculino
pergunta enquanto sua própria mão aperta o pescoço da Valerie. Ele
aperta e ela geme. Sua outra mão está fora de vista.

Jesus, eu não quero saber o que ele está fazendo.

—Responda nosso mestre. — A picada de uma mão conectando


com o lado do meu rosto puxa minha atenção em direção a Clarice.
Em uma pose infantil, ela fica com uma mão no ar como se fosse me
golpear novamente e a outra na cintura. Ela está batendo seus pés
pequenos em aborrecimento. —Bem?

—Pare, Clarice. Chega de violência.

—Sim, mestre. Me desculpe.

Enquanto eles argumentam, sinto a perda de oxigênio por todo o


meu corpo e meus dedos começam a ficarem dormentes. Duas unhas
quebraram na minha luta para respirar e o sangue escorre das pontas.
Eu estou apagando, e ainda assim meu coração está batendo muito
rápido dentro do meu peito.

Os sons estão ampliados.

Minha pele arrepia e se sente muito sensível ao toque.

Estou com medo e presa.

—Liberte ela. — Em seu comando, sou libertada, e como um


peso morto meu corpo cai no chão. —Olha aqui, pequena boneca.
Seus olhos precisam estar nesta tela em todos os momentos ou...

A ameaça não é perdida em mim, e eu considero isso. A imagem


dentro da tela quebra em duas e a cena diante de mim traz lágrimas
aos meus olhos. Faz o meu coração apertar dolorosamente.

Ar não alcança meus pulmões rápido o suficiente, eles queimam


e eu tusso, mas mantenho o meu foco onde tem que estar.

—Merda, baby. Onde você está, amor? — Ah, Deus. Ele está outra
vez no final de um corredor. É quase como se ele estivesse andando
em um círculo gigante.
A televisão muda para outra imagem do Noah. Ele corre pelo
corredor, banhado em uma luz vermelha. Sua cabeça se move para a
esquerda e para a direita enquanto olha em volta, seus olhos
enlouquecidos e o peito subindo rápido com cada respiração dura que
ele toma. Ele vira a direita e outra câmera capta o seu rosto
angustiado e desesperado, ele está vivendo um pesadelo sem saber
onde estou.

—Ah sim, o pombinho ainda está perdido. — O mestre fala


mais uma vez, e meus olhos desviam em sua direção por um segundo,
tempo suficiente para perceber o seu sorriso, vejo Valerie rir e virar
para beijar o pescoço dele. Observo as mudanças sutis do corpo dela
sobre seu colo.

Os idiotas estão ligados com este jogo doentio.

Um flash de branco chama minha atenção e eu olho para longe


deles e em direção a Noah. Ele corre até um quarto no meio de um
corredor e desaparece dentro enquanto Agnes sai das sombras. Ela
segura suas contas em uma mão enquanto a outra, ainda revestida de
sangue seco, está levantada aos lábios em um movimento de shhh.

Noah corre para fora do quarto e direto para outro, não


percebendo o perigo iminente. Não vendo o brilho de metal que ela
esconde em sua cintura.

—Por favor, pare. Pare.

—Me dê uma boa razão pela qual deveríamos parar? —


Valerie geme, seus olhos estão fechados e a cabeça jogada para trás.
—Torne isso bom, puta. Um sinal meu e Agnes ataca.
—Eu vou trocar de lugar com ele. — Oferecer minha vida pela
dele não é uma decisão difícil de tomar. Ele sempre virá primeiro. —
Meu sangue pelo dele.

—Eu já tenho você, Sra. Reed. Hoje, amanhã ou na próxima


semana... — Ela olha para a câmera, seu sorriso perverso. —...não
faz diferença. Eu vou me banhar em seu sangue em breve e
cuspir no seu cadáver.

—Então o que mais você quer de mim? Como você disse, você me
tem.

—Ver você quebrada aos meus pés. Ver você perceber que
todos ao seu redor morreram por sua causa. Suas mortes estarão
em suas mãos. Cada. Uma. Delas. De Robert até seus pais.

Ela não menciona o Noah, só meus pais.

—Não! — As implicações dessas palavras me atingem como um


soco e não consigo respirar. Não. Claro que não. Ela não pode... —
Você está mentindo. Você, sua fodida puta. Você está mentindo.

—Tsk, tsk. — Seu companheiro adverte, mas mal posso ouvir o


que se segue através do zumbir em meus ouvidos. Ele está falando,
meus olhos estão na TV, e ainda assim não consigo ouvir nenhuma
palavra em meu choque.

Clarice vem em minha direção, mas para a poucos passos de


distância. Eu estou sendo puxada por meu cabelo, mãos estão
cavando na minha carne, mas a dor não parece se conectar com o meu
cérebro.
Novamente, a tela muda. Agora eu vejo um corredor vazio e um
quarto que eu conheço como a palma da minha mão.

O quarto dos meus pais.

É macabro. Sangrento. A cena de um crime, dois corpos estão


deitados lado a lado perto da porta da varanda.

Eu não posso ver a parte superior de seus corpos, mas não


preciso. Minha alma reconhece eles.

Mãe.

Pai.

—Não! — Um grito alto preenche o quarto e leva um momento


para eu perceber que ele está vindo de mim. Dor consome cada
respiração minha até que não posso me manter em pé e colapso no
aperto do Raoul. —Não é verdade. Não é verdade.

Valerie ri. Ela matou seu chefe e sua esposa, minha mãe e meu
pai! E ela está rindo disso. —Eles se foram, Ivy. É uma pena.

—Você está mentindo. Você, sua puta fodida. Você está


mentindo!

—Ivy, você pode me ouvir? — Noah grita novamente.

Eu posso, mas minha boca não vai cooperar o suficiente para eu


gritar uma resposta. Meus olhos se deslocam para o lado da tela, mas
da minha visão periférica ainda posso ver o sangue vermelho
respingado nas paredes.
—Deseja ver ele, Ivy? Precisa dele para dar a você algum
conforto em seu momento de necessidade? — O homem mascarado
na tela pergunta.

—Por favor. — Eu engasgo, engolindo o caroço na minha


garganta, sua pergunta me pegou desprevenida.

—Então me chame de mestre. Peça com educação, e vou dar


a você de presente este pequeno adiamento.

—Por favor, deixe-me vê-lo, m-mestre? Deixe-me ir com ele.

—Raoul e Clarice?

—Sim, mestre. — Clarice responde enquanto Raoul grunhe.

—Abram a porta e deixe nosso cordeiro encontrar a besta. —


Em seu comando a porta estala e cada um deles dá um passo para
trás e me deixam no meio da sala. A porta destrava e abre. Eu ando
em direção a ela, e ninguém me para. Mais um passo e eu me viro,
ficando de costas para eles. É um erro, e percebo isso antes de sentir a
queimadura de uma faca cortando a parte de trás do meu braço.

Foi a minha penitência.

—Corra.
Trinta e três

Noah

Novamente as luzes piscam.

Desta vez, porém, é em uma rápida sucessão. Cinco vezes e


depois param. Conto trinta segundos na minha cabeça e elas ligam
mais uma vez na mesma sequência. Então, mais uma, e mais uma
vez, e mais uma vez.

Eles estão mexendo comigo, mas eu tenho uma coisa ao meu


lado. Eu vi onde Agnes entrou e eu a sigo. Com uma mão na parede
para apoio, eu ando no escuro e assim que as luzes acendem, faço o
mesmo caminho que ela fez.

É outro longo corredor sem portas. A única iluminação na sala


vem de uma lâmpada de potência baixa no final do corredor.

Meus pés batem sobre o cimento. Um irritante click, clack, click


que eu abomino e agradeço a cada divindade acima de mim.

Na metade ela faz uma pausa de costas para mim. Agnes inclina
a cabeça. Ela está ouvindo alguma coisa. Pelo menos isso é o que
parece ser.

Eu ando dois passos mais perto e a mão dela me para. O brilho


de sua faca pega um pequeno pedaço de luz e eu posso ver um toque
de vermelho perto da ponta.

Não há dúvida em minha mente que é sangue.

—Nem mais um passo, Noah. Os mestres ainda não estão


prontos para você. Paciência, meu filho.

—Onde ela está? Traga ela para mim. — Não me importando com
seu pedido para ficar onde estou, corro para a frente. Se necessário,
eu vou socar essa boceta sem um pingo de remorso.

Me ensinaram por toda a minha vida que um homem de verdade


nunca bate em uma garota, mas ela não é inocente, nem um pouco,
então foda-se as regras de merda.

Agnes é uma besta. Um demônio. Uma alma insensível que não


merece misericórdia depois do que fez. As vidas tiradas por uma
fantasia de alguém doente e perturbada.

Por um segundo eu fecho meus olhos e flashes daquela pobre


mulher corre pela minha mente. Eu vejo ela, em seguida, Anne, que se
transforma em Ivy.

Meu pior pesadelo.

Eles contaminaram, mutilaram, quebraram esse indivíduo pobre


sem motivo. Esses idiotas não se importam.

Com determinação estalo meus olhos abertos e ela agora está no


final do corredor sob a lâmpada. As mesmas contas na mão. A mesma
rotina onde ela canta em uma oração baixa.
Como é que ela está se movendo tão rápido?

—Tsk, tsk, Sr. Barker. Não force nossas mãos tão cedo no
jogo. — Assim que essas palavras passam dos seus lábios a lâmpada
acima dela apaga. Quebra em pequenos pedaços e eu sou banhado por
escuridão. Nenhum piscar de nenhuma. —Não queremos que a
pobre e pequena Ivy pague. Queremos? — Agnes ri, sua risada me
puxa para a frente alguns passos, mas depois a próxima risada vem de
trás de mim. Depois de algum lugar bem longe.

Mas. Que. Porra?

Eu giro em um círculo, estendo a mão e toco o ar. Nada. É como


se ela estivesse por toda parte.

—Mostre-se. — Eu exijo, andando para a frente, mantendo uma


mão nas paredes para não bater em nada. —Com medo de mim? De
quão desigual o campo de jogo pode ser cara a cara?

É uma provocação. Estúpida, mas eu não tenho nada mais a


perder se não chegar a Ivy a tempo.

—Sua tenacidade é uma das coisas que minha mestra ama


em você. Muito corajoso. — Tecido esbarra na minha panturrilha e
me viro de costas contra a parede. Com as duas mãos eu tento tocar
em algo, mas não acho nada. Não há nada, apenas a risada irritante
dela encontra meus ouvidos mais uma vez.

Agnes está perto, mas a adrenalina e o medo batendo através de


mim é o que torna difícil identificar a localização dela. Ela está fora de
alcance.
—Chega de jogos. — Isso sai do meu peito em um rosnado
furioso, o som diferente de tudo que fiz antes. —Chega de se esconder.
Fique cara a cara comigo.

—Palavras sábias, Noah. Nem tudo é como parece. — De


repente uma dor ardente rasga a minha perna e eu sinto algo molhado
gotejando para baixo. —É muito pior.

Com a mão trêmula me abaixo e toco o corte na minha perna.


Sangue escorre da ferida em um ritmo constante, mas felizmente não é
profundo. Nada mais que um corte superficial.

Um aviso.

Vou retribuir o favor em dez vezes quando eu colocar minhas


mãos nela.

—Não! — Um grito enche o ar e é impossível não reconhecer de


quem é. A voz de Ivy está cheia de dor e pânico, o que faz meus joelhos
cederem, batendo no concreto com um baque silencioso. O frio da
superfície se infiltra nos meus ossos, mas não é nada como o gelo
subindo em minhas veias com seu grito cheio de dor.

—Droga, baby. Onde você está, amor? — Eu grito quando um


sinal de emergência acende e um flash de látex branco aparece no
canto do meu olho.

Agnes está a poucos passos de mim o tempo todo. Fodida boceta.

—Você está mentindo. Você, sua fodida puta. Você está


mentindo! — Ivy grita.
Sua dor é como ácido em minhas veias. —Ivy, você está me
ouvindo? — Minha voz ecoa, mas nada vem dela. Levantando, eu
recupero o equilíbrio e ando alguns metros pelo corredor. Outra vez é
um beco sem saída com uma porta no centro.

Uma porta que está aberta.

Sem um único pensamento para o perigo que poderia me esperar


no outro lado, eu entro. Em sucessão, uma fileira de luzes acende e
me encontro em um longo corredor com portas de ambos os lados.
Algumas estão abertas, enquanto outras mostram o brilho de uma luz
branca forte através de uma janela pequena.

—Ivy!

—Você está mais perto do que pensa, Noah. Resta saber o


quão perto?

Ignorando Agnes, eu empurro e abro a primeira porta à minha


direita. O estrondo da porta batendo na parede ecoa alto. Causando
uma dor acentuada no centro da minha cabeça e eu vacilo.

Dentro da sala há uma maca de hospital com um par de algemas


penduradas no corrimão. Um pequeno conjunto de armários está na
parede do outro lado com alguns frascos cheios de bolas de algodão,
compressores e uma caixa de luvas de látex. Uma pequena pia está
perto da borda da parede dentro da sala e a cuba está cheia até a
borda com ataduras brancas, não utilizadas e dentro da embalagem.

Eu saio da sala como se minha bunda estivesse em chamas,


correndo até o fim do corredor para a próxima porta. Esta aberta e o
quarto está vazio. Paredes brancas com piso de azulejo branco. Cheira
a amônia e água sanitária. Como se eles tivessem acabado de limpar.

Virando e saindo dela, fico cara a cara com Agnes encostada na


parede. —Tic tac, tic tac.

O tempo está passando, eu sei. Foda-se, foda-se. —Por favor, me


diga.

Um choramingar alto preenche o ar e leva um momento para eu


perceber que posso ouvi-lo sem o auxílio dos alto-falantes. Porra, ela
está perto. O mais provável que ela esteja do outro lado do corredor.

Eu viro, meus pés me levam para o outro lado, em direção as


salas no final. Minha pele vibra. Todo o meu corpo visivelmente treme
ao saber que estou a tempo.

Nós estaremos juntos novamente.

Estou a cinco portas da extremidade quando todas as luzes são


apagadas de uma vez. Fica tudo escuro como breu. Não há qualquer
fonte de luz.

As portas abrem ao meu redor e eu viro em um círculo completo.


Em um efeito simultâneo, elas rangem abertas e depois fecham.

Outra tentativa de foder minha mente.

Ouço barulho de pés, passos leves, o som tornando-se mais


suave, como se quem quer que seja esteja se afastando. É incrível o
quão em sintonia você se torna com seu entorno quando você perde
um dos seus sentidos. Quase diria que minha audição é sensível agora
que eu não posso ver nada.

—Você está ficando mais frio. Muito frio. — Agnes diz isso e
as luzes piscam. Há quatro portas à minha frente e eu acho que elas
estão abertas. —Que tal um desafio para tornar isto interessante?
O que você diz, Noah?

Eu ignoro ela e entro na primeira sala. Esta é a última, mas é um


quarto todo vermelho com um tema BDSM por toda parte.

Tem uma cruz de Saint Andrew.

Armário com portas abertas, desde chicotes até grampos estão


ordenadamente arrumados.

Um banco acolchoado com restrições em todos as partes

Jesus.

—Se você encontrar ela na próxima meia hora vou conceder


a você alguma brincadeira nesta sala. — Agnes está do lado de
fora da porta, e eu viro rapidamente para ficar de frente para ela —Só
você e ela, sem plateia.

Inspire. Expira. Repita.

Tomar a vida dela antes de Ivy estar segura é uma coisa que eu
não posso fazer. Eles matariam minha menina antes que eu a
encontrasse.

A próxima sala está vazia exceto por uma única caixa no centro.
Nada demais, é do tamanho de uma pequena lâmpada. Ela está
amarrada e tem uma etiqueta de envio branca na parte superior.

Não vou chegar perto dela. Tenho medo de sequer considerar o


que está dentro.

A próxima sala parece ser de armazenamento e não perco mais


do que dois minutos lá dentro. Apenas o suficiente para garantir que
minha boneca não está nocauteada por trás das pilhas de lixo lá.

—Vinte minutos e contando.

—Foda-se. — Eu estalo, tendo o suficiente de suas provocações.


Me empurrando. Tentando me quebrar mentalmente.

Faz horas que eles a levaram. Horas onde Deus sabe que tipo de
tormento eles tem infligido a ela.

—Sua penitência a observará sangrando por mim... Cada


gota lavará seus pecados.

No último quarto, percebo que a porta não está aberta. Não é


como os outros e as minhas mãos começam a suar, meu coração
querendo bater fora do peito.

Algo na minha intuição me diz que ela estava aqui. Esta é a sala
onde eles... não. Não pense isso.

Eu viro a maçaneta, abrindo a porta com mais força do que é


necessário. O barulho parece um tiro no meio da noite.

Está escuro, e sinto a parede ao meu lado se mover. Eu vou até


ela e a agito, desejando imediatamente que eu não tivesse.
Meu estômago revira, mas não sai nada. Horror profundo, medo
de esmagar o coração pulsa através de cada terminação nervosa
quando eu processo o que eu vejo.

Sangue, manchado e em gotículas, decora os azulejos brancos.


As gotas formam uma linha, sigo e vejo pegadas de pés pequenos para
o outro lado e em direção à porta.

Não há nenhuma dúvida em minha mente, é dela.

Minha Ivy.

Ela é brilhante o suficiente para me deixar um sinal.

Meu nome está escrito com o líquido vermelho escuro com uma
seta apontando para fora.
Trinta e quatro

Ivy

As drogas tomaram conta de mim, completamente.

O mundo ao meu redor pulsa.

Eu sei que eu ainda estou pingando sangue do corte na parte de


trás do meu braço. Como eu poderia esquecer? Usei meu próprio
sangue para deixar uma mensagem para o Noah na sala vazia atrás de
mim.

Onde está ele?

Ouço vozes longe, o que parece ser uma mulher. Também, com
certeza, ouço a voz do Noah. Mas as vozes estão distorcidas pela
distância, é quase impossível de entender. Minha visão embaça com
cada batida do meu coração.

Não ajuda que eles continuam brincando com as luzes. Fizeram


isso com meu Noah por horas, e agora que estou sozinha no corredor,
eles parecem ter mais prazer com isso.

As luzes desligam assim que eu chego a uma curva no corredor.


Com as mãos na parede, eu sigo o caminho para a esquerda.

De repente as luzes acendem.


Duas lentes douradas enormes estão bem na minha cara.

Jacques.

As luzes desligam assim que registro esse pensamento.

Medo primal, mais poderoso do que qualquer um que já senti


antes, dispara através da minha coluna vertebral. Meus lábios se
abrem em um grito estridente.

—IVY! — Noah grita, soando mais perto do que antes.

Tão rápido quanto elas desligaram, as luzes acendem de volta.

Jacques está longe de ser visto.

Meus joelhos quase cedem em alívio. Tremendo da cabeça aos


pés, encosto na parede, lutando para recuperar o fôlego.

—Ivy!

—Noah? — Eu grito, mesmo que meu coração ainda está batendo


tão forte que mal posso respirar. —Estou aqui!

—Eu estou indo até você, baby!

A angústia em seu tom traz lágrimas aos meus olhos. Elas vazam
em torrentes quentes. Me afastando para longe da parede, eu limpo o
meu rosto com minhas mãos trêmulas, olhando para a esquerda e
para a direita.

Noah aparece da curva que eu acabei de fazer.

Meu suspiro ecoa no corredor.


Ele faz uma parada, seus olhos descrentes olhando para mim.

De repente, começo a chorar novamente, meu corpo tremendo


mais ainda. —Noah.

—Ivy. — Meu nome parece ser rasgado para fora dele por pura
força. Um som de anseio, dor. Ele balança a cabeça, como se
esperasse que eu desaparecesse. Quando ele percebe que ainda estou
aqui, que ainda sou eu, ele grunhe e corre direto para mim.

Não consigo me mexer, meu corpo parece pesado com uma


torrente de emoção. Sussurrando seu nome, estendo meus braços.

Noah me puxa contra ele, me batendo contra seu peito. Uma


grande mão segura minha cabeça, me apoiando em seu coração
acelerado. O outro braço me aperta tanto que quase não consigo
respirar.

Eu estou me sufocando em pura gratidão. Amor.

Ele é quase muito grande para eu colocar meus braços em torno


dele, mas eu o aperto com toda a força que me resta.

Nossos corpos tremem, o calor entre nós explodindo em uma


onda pulsante. —Noah.

Seus quadris me empurram, sinto sua ereção dura contra mim e


outro gemido o deixa. Ele me aperta ainda mais forte. —É você. Oh
Deus, baby, é você. — Seu pau pulsa forte contra mim.

A excitação que explode através de mim é puramente demoníaca.


Profana. Mais poderosa do que qualquer coisa que já senti. Não me
lembro de me mover, mas de repente eu estou roçando contra a coxa
dele.

Me movendo contra ele.

Minha boceta pulsa com o atrito. —Oh, Deus!

—Foda-se. — Esse som monstruoso me faz suspirar. Antes que


eu possa reagir, Noah me empurra para trás, em direção a parede.
Quando ele se pressiona contra mim, ele levanta a cabeça, uma
expressão furiosa entrando em modo de exibição.

Não. Não furiosa. Ele me empurra contra a parede, mais duro do


que ele deveria, e um pequeno gemido de fome me deixa. A fome louca
e psicótica em seus olhos faz meu corpo pulsar com a necessidade de
tê-lo.

Suas mãos vão para os meus ombros, segurando o material do


meu roupão. Com apenas um único puxão de cada mão ele rasga o
material do meu corpo.

Eu arqueio contra a parede de concreto, mal sentindo o arranhão


dela ao longo das minhas costas.

Os olhos de Noah caem para meus mamilos duros, e se estreitam


com fome. Ele joga o roupão atrás dele e envolve suas mãos em torno
das minhas costas, me puxando para cima em direção a ele.

Minhas mãos deslizam em seu cabelo, meus olhos estão nele


enquanto ele abaixa a cabeça no meu peito.

Sem espera. Sem hesitação.


O calor de sua boca, envolvendo em torno do meu mamilo, é
como uma explosão de pura sensação por todo o meu corpo. Eu aperto
minhas coxas, meus quadris se contorcendo. Gemendo
descontroladamente, já à beira do orgasmo. —Noah. Noah. Por favor,
baby. Por favor.

Ele suga forte meu mamilo, grunhindo e se abaixa para me


levantar. Com a boca fechada ao redor do meu peito, ele me obriga a
enrolar minhas pernas ao redor dele, me batendo contra a parede.

Sinto a pele das minhas costas arderem quando ele desliza para
dentro de mim com seu pau.

Profundo.

Duro.

Rápido.

Com minhas coxas tremendo, eu explodo ao redor dele, vindo


instantaneamente. —Ohhhhhh DEUS.

Noah libera meu mamilo, seus dentes mordendo meu pescoço.


Meu corpo se arrepia, seu pau latejante pressionando profundamente
dentro de mim. Cada pulso faz minha boceta contrair, mandando mais
prazer através de mim.

Eu estou sem duas unhas e ainda assim não consigo parar de


cavar meus dedos nas costas dele. —Foda-se, baby. Porra. Seu pau.

—Tão molhada. E muito foda de apertada! — Noah assobia em


torno da pele do meu pescoço, lutando para se segurar. Eu posso
sentir a sua necessidade de me encher com seu gozo. Ele precisa
foder, foder duro, foder sujo, me destruir com a força de sua fome.

Ele está se segurando, lutando para não ceder ainda.

Eu gemo seu nome, o som mais uma vez ecoando pelos


corredores vazios. Meu corpo aperta ao redor dele, fazendo com que o
movimento fique ainda mais delicioso. Com cada estocada, ar deixa os
meus lábios, um sopro superficial no ar.

Noah solta meu pescoço, levantando a cabeça. No brilho das


luzes vermelhas eu vejo as manchas escuras em torno de seus lábios.
Meu sangue.

Perdida, eu agarro seu cabelo, batendo meus lábios sobre os dele.


Seu gosto, a sensação de seus lábios, tudo aumenta minha fome
animal. A língua dele desliza diretamente dentro de mim, sem
hesitação, sem permissão necessária.

Sinto o quão molhado o pau dele está com minha umidade, ouço
a cada mudança de seus quadris.

As luzes desligam ao nosso redor, nos mergulhando escuridão.


Tudo que faz é foder ainda mais com minha cabeça. Eu não posso vê-
lo, mas eu posso senti-lo ao meu redor. Os sons da nossa foda
frenética parecem cercar nós dois.

Noah me pressiona contra a parede outra vez, o pau dele


latejando mais rápido. Não se movendo, ele me beija mais forte, sua
língua possessiva. Ele puxa para trás apenas o suficiente para falar. —
Fale para mim como meu pau parece dentro de você, baby.
Sua voz está áspera, rouca.

Seu sotaque.

Ele não espera pela minha resposta, assumindo o controle de


mim com seus lábios perfeitos. As nossas línguas se enrolam e eu
gemo entre beijos. —Muito grande. Está muito duro. Oh Deus, muito
grosso.

Perdendo o controle de seu corpo, seus quadris se movem para


frente e para trás.

Eu grito em nosso beijo, me contorcendo. —Por favor. Por favor.


— Meus quadris se movem, minhas coxas estão trêmulas. Apertando
para mantê-lo no lugar.

—Mmmm. — A pele do seu peito arrepia contra mim. Ele me


deixa, apoiando as mãos na parede de cimento em cada lado da minha
cabeça. Ele empurra em mim e eu salto em seu pau.

O som molhado da nossa pele batendo juntas, de meus sucos


cobrindo toda sua virilha, faz meu clitóris palpitar.

Noah libera os meus lábios, sua respiração ofegante, como se ele


tivesse terminado de correr. Cada exalação é acompanhada de um
grunhido baixo, masculino, e outro pulsar do seu pau.

Deixo minha cabeça cair para trás, meus quadris movendo-se em


círculos. Ordenhando o pau dele contra a sua vontade. —Por favor,
baby. Por favor. Por favor. Por favor.

Sua cabeça cai, sua testa está apoiada contra meu pescoço
exposto, gemendo de angústia. Ele finalmente perde um pouco do seu
controle, seus quadris movendo-se em golpes pequenos, mas rápidos.
—Porra, querida. O que você sente no meu pau. Puta merda, Ivy. Isso
é tão bom, baby. Tão. Foda-se. Bom.

Meus lábios abrem e eu tomo uma respiração rápida.

Noah perde todo o controle, batendo em mim em estocadas


selvagens, descoordenadas.

Minha respiração fica presa e eu grito quando um orgasmo


poderoso dispara através dos meus nervos. A eletricidade queima
através da minha pele enquanto Noah vem em minha boceta
encharcada, o meu nome o deixando em gemidos altos e aflito.

—Jesus-fodido-Cristo, Ivy. Sinto sua boceta me apertando, baby.


Cada centímetro. Me fazendo, merda... — Ele bate em mim, rugindo
como um animal ferido, o pau dele estocando mais rápido na minha
boceta.

Tomo cada gota, meus quadris se contorcendo, absorvendo todo


seu gozo.

Noah estremece contra mim, o corpo dele tremendo em pequenos


movimentos involuntários. Está muito molhado entre nós agora, e seu
pau ainda semiduro desliza para fora de mim. Tropeçando, ele me
coloca contra a parede, todo o seu peso pressionando em mim.

Ele perdeu a força do seu corpo. Mal pode se manter.

Eu não me importo. Não me importo que minhas costas ainda


estão raspando na parede. Eu enrolo minhas pernas ao redor dele,
abraçando ele o mais apertado que eu posso.

Eventualmente, ele deve perceber a posição que ele me tem.


Gemendo, ele me abaixa lentamente, até que meus pés tocam o chão.

Eu me recuso a deixá-lo ir, meus braços ainda estão enrolados


no seu pescoço.

Noah me abraça com força, me apertando em seus braços


grandes e grossos. Movendo-se para longe da parede, ele enfrenta o
corredor novamente, nós dois ainda abraçados.

—Eu te amo, querida. — Ele sussurra, sem fôlego.

—Eu também te amo. — Choramingo, muito grata por tê-lo de


volta. —Eu pensei que eles iam te matar.

—Eu pensei que tinha perdido você, Ivy. — Sua voz treme nas
últimas palavras, e tudo o que eu quero fazer é rugir com a injustiça
da nossa situação.

O fato de que eles estão fazendo isso conosco. Usando nosso


amor para nos atormentar.

E seu objetivo final é a nossa morte. Não há nenhuma ilusão


sobre isso. Depois que eles tiverem o suficiente do nosso sofrimento,
eles vão matar nós dois.

Assim como mataram os meus pais.

A lembrança explode através de mim e eu não posso segurar o


soluço que me deixa.
—Ivy? — Os braços de Noah apertam, me abraçando ainda mais
apertado.

—E-eles os mataram, Noah. Eu v-vi. — Eu me esforço para falar


entre soluços.

Ele afasta seu rosto de mim, mesmo que não possamos ver um
ao outro nesta escuridão. A tensão nele não pode ser confundida. O
coração dele já está quebrando, querendo saber quem morreu por este
pequeno jogo desta vez. —Quem, Ivy?

—Meus... meus... Ah, Deus. Meus pais! Me mostraram uma


imagem da sua casa. Havia sangue por todo lado. Não tem como eles
terem sobrevivido.

—Foda-se! — Noah me puxa contra ele, me segurando. Tentando


me confortar da única maneira que ele pode. —Eu sinto muito, Ivy.
Sinto muito. Oh Deus, baby. Sinto muito.

Eu me desloco para que minha cabeça fique apoiada no ombro


dele, tentando me concentrar apenas no sentimento dele. No
conhecimento que ele ainda está comigo. Ele, o homem que eu amo
mais do que qualquer coisa, e eu era estúpida demais para admitir
para mim mesma, até recentemente.

Não sei quanto tempo passa com a gente assim, abraçados. Nós
somos tudo que temos neste momento. As únicas âncoras nos
mantendo no lugar. Eventualmente, as minhas lágrimas diminuem o
bastante para eu me perder no perfume de sua pele novamente.

A sensação do seu atrito contra meus mamilos.


Com um baixo gemido, eu o abraço mais forte, meu coração
pulando uma batida no gemido baixo que ele dá.

As luzes acendem novamente, me cegando, dessa vez são as


potentes luzes brancas. Depois de passar tanto tempo com a luz
vermelha, demora alguns instantes para a minha visão se ajustar.

Sinto Noah enrijecer em torno de mim. De repente, seus braços


me apertam até um ponto doloroso, como uma serpente se enrolando
protetoramente em torno de sua presa. Um som de aviso o deixa, um
que faz a minha adrenalina disparar rapidamente.

Atrás de Noah, diretamente na minha linha de visão, uma forma


aparece, se aproximando rápido.

É Raoul.

E ele está indo direto para o Noah.

Sua mão direita está levantada, uma adaga afiada e perfeita em


seu punho.
Trinta e cinco

Noah

Fúria bombeia em minhas veias. Adrenalina me consome e


aumenta os meus sentidos. Eu posso sentir minhas pupilas se
expandindo para ver a ameaça diante de mim. Todos os seus 1,98 de
altura com um bisturi na mão, excessivamente vestido, parecendo um
lunático.

Ele quer levá-la. Machucá-la.

O canto do meu lábio ondula para cima quando um grunhido


ressoa em meu peito. Meus olhos estreitam na direção de Jacques
enquanto meu corpo aperta em torno de Ivy, cada músculo preparado.
Pronto para defender o que é meu.

Ele começa a vir em nossa direção. Eu não tenho que ver o rosto
desse fodido para saber que ele está focado em Ivy. Que ele a quer.

Liberto Ivy para empurrá-la para trás de mim.

—Noah, atrás de você!

Seu aviso vem tarde demais.

Um braço enorme desliza em meu pescoço, me puxando contra


um corpo igualmente grande. Eu grito, meus braços apertando em
torno de Ivy, meus olhos em Jacques enquanto ele se aproxima dela.

Ele puxa o cabelo dela, levando minha boneca para longe de mim
com um puxão forte.

—IVY!

—Noah. — Ela luta contra o aperto de Jacques, seus braços


estendidos em minha direção, suas pequenas mãos tentando me
agarrar.

Eu lanço meu cotovelo para trás, sentindo ele conectar com o


plástico.

Uma máscara.

O braço em volta da minha garganta aperta, cortando minha


respiração, mesmo que eu me esforce. Meus olhos desviam para baixo
por uma fração de segundo e reconheço o padrão da manga. Raoul.
Grunhindo, jogo meu peso para trás, lançando meu cotovelo.

Ivy grita meu nome novamente, Jacques arrasta ela sem piedade
no corredor. Seu corpo nu está coberto com manchas secas de sangue.
Eu não sei se é todo é dela.

Eu nunca verifiquei se ela estava ferida. Estava perdido em minha


necessidade de ter ela primeiro.

Eu tento gritar para ela, mas o braço em volta da minha garganta


aperta mais. O ar começa a falhar. Eu jogo meus pés para trás,
usando todo o peso do meu corpo para tentar me libertar.
Um flash branco aparece no canto da minha visão. De repente,
um pano é pressionado em meu rosto, sobre minha boca e meu nariz.
Tarde demais eu prendi a minha respiração. O cheiro químico forte,
ligeiramente doce, já invadiu meu nariz.

Não! IVY!!! Minha mente grita por ela. Minha alma. Não. Não. Ele
vai tirar ela de mim. Ele está morrendo para machucá-la. Matá-la.
Uma explosão final de pânico bate em meu coração.

Se eles levarem ela agora, eu nunca vou vê-la novamente.

Com raiva, eu rujo por trás do pano, tentando chegar até ela. Me
esforçando.

A escuridão me supera, mais forte que o meu amor por ela,


minha necessidade de mantê-la segura.

A última coisa que eu vejo é Jacques ainda arrastando Ivy,


lutando e gritando no corredor, para longe de mim.

Acordar lentamente se tornou familiar agora. Me drogaram tantas


vezes nos últimos dias que aprendi a reconhecer esse sentimento.

Quando minha consciência lentamente volta, a primeira coisa


que sinto é as correias em torno das minhas pernas, braços e parte
superior do tórax.

Eu estou sentado em uma cadeira com braços e eles fizeram um


grande trabalho de me deixar preso.

Tentando engolir com minha boca seca, abro minhas pálpebras


lentamente. Já posso ver o brilho forte das luzes atrás dos meus olhos
fechados, e quando eu abro meus olhos, fico quase cego com ela.

Telas. Várias telas, todas retratando cenas semelhantes.

Ivy, amarrada, sendo abusada, torturada e morta por uma


variedade de personagens cruéis.

Assim quando um grito maníaco desliza até minha garganta, um


pouco de lógica surge em mim. Não há nenhuma maneira que todas
elas possam ser Ivy. As mulheres estão colocadas em posições
estratégicas, escondendo os rostos de mim, mas não posso negar que
são diferentes mulheres sendo mortas.

Todas com a mesma cor de cabelo e corpo da minha boneca.

Mulheres inocentes escolhidas simplesmente por causa de sua


semelhança. Escolhidas para serem estupradas e mortas. E eu serei
obrigado a vê-las morrer, ao mesmo tempo me perguntando se alguma
delas é ela.

Meus olhos saltam de tela em tela. Uma parede inteira delas,


muitas para contar. Oh meu Deus, ela é uma dessas mulheres? Lutar
contra minhas restrições é inútil, eu sei disso antes de começar a
tentar.
Não existe ajuda para isso. Tudo que consigo pensar é que uma
dessas mulheres é Ivy. Uma dessas mulheres é o amor da minha vida,
e eles estão prestes a levá-la de mim.

Pelo o que deve ser horas, estou sentado aqui, lutando e


gritando, meus olhos indo de tela em tela em uma frenética tentativa
de localizar qual delas é Ivy. As drogas ainda estão no meu sistema,
ambas, os estimulantes e os sedativos, e é apenas uma questão de
tempo antes que eu esteja exausto demais para continuar lutando.

—Hmm, olhe para você. Como sempre, tão desesperado para


chegar a sua boneca.

Valerie.

Mil maldições quase saem da minha boca. Insultos diretos que


deixariam ela ciente de que eu sei a verdade.

Eu sei quem ela é.

A pequena voz da lógica me lembra de não desistir. Informação é


poder, e ainda há uma chance que eu possa usar isso.

—Onde está a Ivy? — Eu estalo.

—O quê? Não conseguiu localizá-la na tela? Não conseguiu


ver qual é a morte dela?

Nunca odiei nada da maneira que eu odeio essa maldita boceta.


—O que você quer de mim agora?

—Sua obediência, como sempre. A única coisa que você


parece ter tanta dificuldade em me dar.

Jogos. Mais jogos. Constantes truques enquanto meu corpo luta


contra um coquetel de drogas e o terror de não saber o que está
acontecendo com a Ivy. —Você sabe que eu vou fazer tudo que você
quiser! Mostre-me que Ivy está a salvo.

Uma das telas pisca com estática antes de mudar para um local
diferente.

Ivy. Em um quarto igual ao meu. Amarrada a uma cadeira igual


a mim.

Sua expressão horrorizada quebra o que resta do meu coração.


Estão matando um monte de sósias meus e forçando ela a assistir?

Mais ódio ferve, crescendo cada vez mais poderoso. Mais escuro.

Então, tão rápido quanto eles me mostraram, a imagem


desaparece.

—Pronto para se comportar agora? Vejo que sim. Finalmente


é a hora do seu ato final.

Seu comentário tem o efeito esperado. A realização que é isso,


que eles estão se preparando para nos matar, é puro gelo em minhas
veias.

—Gostaria de ver sua preciosa Ivy uma última vez antes de


vocês dois morrerem? — A alegria no tom dela é inconfundível.

—Sim! — Eu grito, superando cada grama da lógica do instinto


de sobrevivência. Se eu puder chegar a Ivy, se eu puder vê-la, talvez
ainda possamos encontrar uma saída. Talvez ainda possamos escapar.

Ou talvez nos permitirão a bondade de morrer juntos, nos braços


um do outro.

Meu coração racha.

—É hora de uma pequena festa. Nossos patronos estão


morrendo de vontade de conhecer vocês dois de perto. Se você
quer ver Ivy antes de você ser deixado com os convidados, você
terá que sentar lá e ser um bom menino enquanto preparam você.

Em um momento claro como cristal, minha mente corre para a


conclusão mais distorcida ainda.

Os “patronos” querem colocar suas mãos sobre nós. Eles querem


nos ter antes de nos matarem.

Vamos ser estuprados e torturados antes das luzes se apagarem.

Preciso sair. Preciso sair. Eu engulo cada onda de terror e luta


para manter algum nível de calma. —Ok. O que você quiser. Só quero
ver Ivy.

—Bom garoto.

Atrás de mim, eu ouço uma porta ser aberta. Não demora muito
para um grupo de homens em pé com duas bandejas com rodas, e o
que parece ser um armário portátil, surgir. Os homens estão todos
adequados como os guardas de antes. Uniforme preto. Capacetes
pretos que cobrem seus rostos.
Não há como adivinhar as suas identidades.

Nada disso importará se você não fugir.

Mais urgência. Mais pânico.

Outra rodada de repulsa e raiva escura.

Eu me sinto mudar. Me transformar. Eu nunca senti esse tipo de


raiva antes. Esta necessidade de causar dor. Ver os outros sofrerem.

Todos deixam os itens perto de mim e saem, só um homem fica


para trás. Rápido e silencioso, ele começa a trabalhar, agarrando um
pote de creme branco fora da bandeja.

Não. Não é creme. É maquiagem.

Ele começa rapidamente e eficientemente a aplicar ela no meu


rosto. Não tenho nenhum indício do que esses desgraçados estão
fazendo, mas permaneço perfeitamente parado, o deixando fazer o que
quiser. Não olho para ele, apenas olho para frente, perdido nas
imagens vívidas, manchadas de sangue em minha mente.

Não faço ideia de como vou pegar uma arma, mas eu vou. Antes
deles me liberarem no meio da multidão com fome, eu vou ter certeza
de encontrar algo, qualquer coisa, que eu possa usar.

E se eu não encontrar nada, eu vou usar minhas próprias mãos.

Se eu não conseguir nos tirar daqui eu vou me certificar de


derrubar tantos desses monstros sem alma quanto eu puder antes de
eu ir.
Passa uma quantidade interminável de tempo. É aplicada tinta
de corpo branca. Então ele trabalha com tinta preta. Eu quase não
registro nada disso na fúria assassina, induzida por drogas, em que
estou. Eventualmente, ele termina, e não toma tempo para olhar para
sua obra.

A porta se abre atrás de mim e os homens voltam, levando


embora as bandejas. O que aplicou a maquiagem fica para trás, para
abrir o armário portátil. Um par de jeans escuros e um casaco com
capuz preto são removidos de dentro.

Ele os deixa dobrado aos meus pés. Então, ele também vai
embora, empurrando para fora o armário portátil.

Silêncio me rodeia.

Vazio.

O estalo das minhas restrições soltando me assusta. Eu pulo no


meu banco, observando elas caírem.

Elas são controladas remotamente.

Mais uma prova do tamanho e custo desta operação.

Ninguém fala pelos alto-falantes para me dar as instruções. Elas


não são necessárias. As roupas em meus pés são, claramente, para eu
usar.

Fico de pé sobre as minhas pernas trêmulas, demora alguns


minutos para que alguma força volte para minhas extremidades. A dor
nas minhas pernas é mais uma prova de quanto tempo eles me
mantiveram amarrado à cadeira. Horas, desde que Ivy foi literalmente
arrancada dos meus braços pelo maldito Jacques.

Ajoelhando, eu pego o jeans primeiro e faço o trabalho rápido de


escorregar nele. Claro que eles se encaixam perfeitamente. Por que
não? Afinal de contas, Valerie fez questão de invadir completamente a
privacidade de nossas vidas antes de ter levado a gente.

Eu abotoo o jeans e pego o casaco com capuz em seguida. O


quarto já pouco iluminado escurece ainda mais, as poucas luzes que
permaneceram acesas começam a apagar.

Continuem. Continuem com sua tentativa de foder minha mente,


idiotas. Eu vou atrás de vocês. Toda a minha vida, eu fui um homem
pacífico. É claro, eu tinha um temperamento forte, mas nunca tive
fantasias de realmente tirar uma vida.

Agora, estou praticamente salivando com a ideia de matar toda


as pessoas aqui, exceto Ivy. De terminar violentamente a existência de
qualquer pessoa doente o suficiente para fazer parte dessa merda, ou
os mais doentes. Os que são ruins para pagar essa forma de
entretenimento sádica e assassina.

Os que criaram a demanda por isso em primeiro lugar.

Ignorando a escuridão que se espalha em torno de mim, eu fecho


o casaco com capuz e levanto lentamente o capuz na minha cabeça.
Quando ele está no lugar, estou imerso na escuridão cheia de tinta de
novo.

Não por muito tempo.


Na minha frente, uma linha de lâmpadas vem à vida. Quatro
pequenas lâmpadas estrategicamente colocados em cima de um
espelho.

O rosto do ceifador me encara. Todo branco. Olhos rodeados por


preto.

Aquele homem transformou meu rosto em um esqueleto vivo.

Meus olhos azuis claros parecem brilhar com malícia das


profundezas escuras em torno deles. A arte é notável, até os dentes
esqueléticos e o sorriso que ele desenhou no meu rosto.

Em essência, eles trouxeram para fora a representação perfeita


da minha nova alma. O sanguinário que ajudaram a trazer a vida.

Acabaram de criar a sua própria morte.

Lentamente, um sorriso se liberta, e a criatura do mal, sinistra


no espelho, com puro sangue nos olhos, sorri de volta para mim
cruelmente.
Trinta e sete

Ivy

Os restos de puro terror sussurram para mim, me chamando


mais uma vez para fora da escuridão. Como de costume ultimamente,
acordar é nada menos que uma tortura. Encontrar força onde não há
nada para ser encontrada, minha mente já bloqueada em Noah.

Meu lindo Noah.

Eu nunca vou esquecer o olhar no seu rosto enquanto ele lutou


contra Raoul para chegar até mim. O puro horror e amor brilhando em
seus olhos azuis.

Quando estou totalmente acordada, minha posição afunda.


Sentada. Amarrada. Por trás de minhas pálpebras fechadas, vejo o
brilho das luzes. Uma tela de televisão? Lutando com as drogas, eu
abro os olhos. Não. Não é uma tela de televisão. São múltiplas telas.

Um grito aloja em minha garganta quando percebo o que estou


vendo.

—Noah! — Em algum lugar no fundo da minha mente, ainda


sobrou o bastante de racionalidade para eu processar o som do seu
grito, bárbaro em seu medo, animalesco em sua dor. Meu corpo, no
entanto, se desconectou de um raciocínio superior. Eu balanço de um
lado para o outro em minhas restrições, indiferente da dor, quando
elas machucam minha pele. —Oh Deus! Noah, nãooooooo!

Tristeza me sufoca. Tudo o que sinto é a dor. A pressão. Como


ser submersa por uma onda de vinte toneladas. Exceto, que o meu
corpo não está sendo destruído por fora. Não. A destruição está vindo
de dentro da minha mente, meu coração entrando em colapso sob a
tensão.

Meus pais.

Agora levaram meu Noah.

Outro grito é arrancado do fundo do meu peito. Não sei quanto


tempo fico assim, chorando, gritando, me debatendo em uma tentativa
patética de me soltar. Tudo que sei é que em um momento, o turbilhão
de emoções escuras me tem em suas garras.

E no próximo, toda a energia sai de mim. Todas as coisas. Minha


vontade de gritar. Minha vontade de lutar.

Minha vontade de viver.

Eu caio na cadeira, arfando em respirações. Através da névoa de


lágrimas, eu vejo que as telas ainda estão mostrando imagens.

Mais fotos da... morte do Noah?

Meus olhos disparam abertos, saltando de tela a tela. Demora


alguns segundos para a realidade penetrar totalmente o nevoeiro de
desespero.
Não é apenas uma cena. Não. São muitas delas, todos são
homens com cabelos negros com o porte do Noah. Homens que estão
amarrados, virados para longe de mim, então não consigo ver suas
características faciais.

Homens sendo abusados e mortos.

Meu coração grita que talvez um deles seja o Noah. Que já o vi


morrer. A lógica, no entanto, me lembrando dos jogos que esses
fodidos jogam, me diz que não há nenhuma razão pela qual eles
estariam me torturando com a possibilidade de um deles ser Noah se
ele estivesse realmente morto.

Sensação começa a retornar para minhas extremidades. Inspiro


uma respiração trêmula, sentando mais reta. As cenas na minha
frente são além de horríveis, sim, mas eu empurro isso de lado,
enquanto eu tento ver algum tipo de detalhe sobre os homens. Uma
pista que vai me dizer se um deles realmente é o Noah.

Enquanto eu estou procurando, um outro pensamento deplorável


afunda, estes vídeos são definitivamente reais. Homens sendo mortos
só para me torturar.

E Noah...

Querido Deus, eles têm ele trancado em algum lugar, fazendo a


mesma coisa com ele? Forçando ela a assistir mulheres morrerem
simplesmente por sua semelhança comigo?

Meu instinto me diz que é exatamente isso o que está


acontecendo.
Duas lágrimas vazam dos meus olhos quando penso sobre esses
homens e mulheres que morreram, tudo por causa de uma
semelhança conosco.

Uma eternidade se passa comigo presa assim. Tentar tirar as


restrições grossas de couro é inútil. Dou uma pequena olhada para
baixo em meus pulsos e vejo sangue nas bordas das restrições. Mais
uma vez, a histeria tenta me consumir. Como não poderia? Eu posso
sentir o pedágio no meu sistema nervoso de todas as drogas e tortura
mental.

A ansiedade constante de pensar se vamos continuar a viver.

Minha mente pisca de volta para o quarto dos meus pais.


Fechando meus olhos, cerro os dentes e rezo por força. Não pense
nisso agora, Ivy. Noah precisa de você. Esse lembrete é tudo que tenho
a meu favor agora.

Abrindo meus olhos, viro meu pescoço para olhar ao redor da


sala. Deve ser enorme, porque além do brilho das telas, não vejo nada
além de escuridão. Não importa o quanto eu me esforce, não consigo
ver nada além das luzes das telas.

Então, de repente, uma por uma, as telas começam a mudar as


cenas. Em vez dos sósias do Noah, estou assistindo a uma repetição
da morte de Anne e de Robert.

De todos os ângulos.

O sangue. As feridas. O alívio de Noah ao meu lado no final.

Minha rocha.
Se recomponha. Mantenha a calma e encontre uma maneira de
sair.

Tudo que posso fazer é respirar fundo e fechar os olhos, me


esforçando para recuperar uma calma que eu perdi há muito tempo.
Esperando por Valerie fazer uma aparição e mover seu joguinho
fodido.

Eu vou fazer você pagar, puta. Um dia eu vou fazer você pagar. Eu
não sou tola. Eu sei o que quer dizer estes pensamentos que estou
tendo.

Retribuição.

Vingança.

Dias atrás, antes de me levarem, eu nunca pensei em machucar


alguém, a não ser que fosse em legítima defesa. Mas Valerie tem que
morrer. Muitas pessoas têm de morrer. Nós não vamos sair daqui de
outra maneira.

Como? Não sei, mas a resolução é forte dentro de mim. Nova,


inquietante, mas inegável, no entanto.

—Não tem coragem de olhar, eu vejo.

Sabia que era uma questão de tempo. Claro que ela viria para me
provocar.

Lentamente, eu abro meus olhos, praticamente uma estátua. Não


apenas para ameaçá-la, mexer com ela, mas porque meu novo
caminho está afundando em mim. A realidade irrefutável que essa
mulher vai morrer pelas minhas mãos antes que tudo acabe.

—Me ignorando?

Eu olho fixamente para frente.

—Hmm... devo trazer Noah aqui e fazê-lo gritar para


chamar sua atenção?

Meu peito treme com a próxima respiração. Ela está mexendo


comigo. Brincando com a minha mente. Ainda assim, as palavras dela
me fazem quase ter um colapso histérico novamente de medo.
Engolindo, eu me esforço para manter minha voz calma. —Onde ele
está?

—Você poderá vê-lo em breve. Ou seja, se eu não decidir


matar você agora e finalmente livrar o mundo de uma puta tão
irritante.

É engraçado como nos sentimos da mesma maneira uma sobre a


outra. Anseio ver seu sangue manchar o chão. —O que tenho que fazer
para vê-lo?

—Realmente quer vê-lo? Você realmente quer vê-lo? —


Mordendo o interior da minha bochecha, eu aceno. Não responder a
ela como eu quero, quase leva mais força de vontade do que eu tenho,
especialmente agora que eu sei que é a Valerie. —Faria qualquer
coisa por isso? — Droga, ela sabe que eu faria. Novamente, tudo o
que eu posso fazer é acenar. —Você não deve querer o
suficientemente desde que você não vai nem me respeitar o
suficiente para falar em voz alta.
Deus, eu a odeio. Odeio. O ódio praticamente me sufoca e não me
surpreendo quando minha mente se fixa imediatamente nas imagens
da sua morte em minhas mãos.

—Ok, esqueça. Você não deve se importa com ele no...

—Espere! Sinto muito. — Ninguém nunca saberá o quanto custa


proferir essas palavras para ela. —Sim. Eu vou fazer de tudo para ver
o Noah novamente.

—Ok.

Assim que essa palavra deixou a sua boca, a tela diretamente na


minha frente muda.

De repente, eu estou olhando para Noah, amarrado a uma maca,


a câmera focada nas feridas sagrando no seu peito.

Marcas de perfurações.

Profundas, como se ele tivesse sido apunhalado com uma chave


de fenda.

Não posso ver o topo do seu rosto, só vejo do queixo para baixo,
mas é inconfundível como seus lábios estão separados enquanto ele
luta para respirar. Seu peito convulsiona e eu quase vomito na
percepção de que os pulmões estão em colapso.

Perfuraram os seus fodidos pulmões!

Enquanto sou forçada a ficar sentada e ver, eles ficam inundados


com sangue, sufocando a vida dele.
Então, antes que ele tenha uma chance de lutar pelo próximo
fôlego, uma mão enluvada aparece do nada, agarrando uma faca
firmemente.

Em um único movimento, a faca corta o pescoço do Noah, assim


como o de Robert quando Agnes o matou.

Minha boca abre, preparando para gritar.

A câmera muda de repente, me mostrando o rosto de Noah.

Leva uma batida ou duas para eu perceber os olhos que eu estou


olhando, os olhos rapidamente perdendo a vida, são verdes, não azul.

Ele não é o Noah.

—Oops. Me enganei um pouco, não foi?

Fico sem palavras. Não há palavras para abranger a loucura


torcida dessa mulher.

Acho que ela está me infectando com essa loucura. Posso sentir o
desejo de ferir, matar, se espalhando como lodo negro dentro do meu
peito.

Ofegante, aperto minhas mãos e engulo todas as ameaças


maliciosas que eu quero lançar nela. Com a voz tremendo, eu
pergunto. —Onde ele está? Onde está Noah?

—Sendo preparado. Assim como você.

É demais pedir que ela me desse uma resposta direta.


Novamente, outra coisa que aprendi neste inferno cruel nos últimos
dias. —Ok, então eu estou sendo preparada. Para quê?

—Eu lhe dei permissão para falar? Me questionar?

Não tenho nenhuma escolha além de morder minha bochecha


mais uma vez, engasgada com tudo que eu quero dizer a ela. Todos os
danos que eu queria poder fazer nela.

—Responda-me. Eu dei?

Esqueça o ódio. Esqueça a repugnância. Isso é algo muito além


disso. Um mal em meu coração tão cruel que eu não posso deixar de
ter medo. Eu quero seu sangue em minhas mãos quase mais do que
eu quero ficar com o Noah agora. —Não.

—Então por que insiste em falar, puta? Você quer que o


Noah morra?

Desta vez, não há nenhuma hesitação. Essa vadia quer minha


obediência total e eu não estou em posição para negar a ela. Ainda
não. —Não, eu não quero. Sinto muito.

—O quanto você sente? — Seu tom não é nada mais que


regozijo. Satisfação.

Minha pele queima com essa selvagem necessidade de machucá-


la. —Eu realmente, realmente sinto muito. Por favor, não machuque
ele.

Valerie ri. —Oh, querida. Esse sempre foi o fim de tudo.


Achou que qualquer um de vocês ia sair vivo? Que nós matamos
tantas pessoas só para deixar vocês dois irem?
—Não. — Eu digo honestamente, meu tom uniforme. —Nós
sempre soubemos que isso acabaria com a gente morrendo. — E eu
não duvidaria que a puta não me deixaria vê-lo uma última vez.
Desespero ameaça me consumir novamente.

—Você quer? Gostaria de ver seu precioso Noah uma última


vez?

E Jamie, mas tanto quanto eu amo minha amiga e eu estou


morrendo para salvá-la disso, Noah é minha prioridade. Ele sempre vai
ser a minha prioridade. —Sim. Por favor.

—Adoro quando você implora.

Aposto que ela faz.

Antes que eu possa responder, eu ouço o som de uma porta se


abrindo atrás de mim e passos vindo em minha direção. O que
também soa como carrinhos sendo empurrados sobre rodas. Virando
meu pescoço, eu olho para trás de mim como eu posso.

São os guardas, em suas roupas pretas e capacetes protegendo


sua identidade.

Carrinhos cheios do que parece ser maquiagem são deixados


perto de mim, assim como um guarda-roupa sobre rodas. Quase
pergunto a Valerie o que é isso tudo, mas me lembro que é inútil. Ela
detesta ser questionada, e vai me avisar em seu próprio tempo.

—Eu finalmente estou treinando bem essa puta. Sem


perguntas indevidas, apenas paciência respeitosa. Se ao menos
eu pudesse ter feito essa lição afundar a mais tempo. Muitos
problemas teriam sido evitados.

Eu escondo minha expressão antes que ela possa pegar qualquer


reação do seu pequeno deslize. A puta só admitiu a verdadeira razão
por trás de nos escolher. Não duvido que ela tenha estado envolvida
nisso por um longo, longo tempo, mas é por isso que fomos escolhidos.

Ela sempre desprezou minha existência.

E mais do que isso. Ela sempre odiou a conexão de Noah comigo,


desde o primeiro dia.

—Silêncio de você. Você tem alguma ideia de quão belo isso


é? Não responda. Não quero ouvir a sua voz. É a hora de nos
prepararmos para nosso baile espetacular, o ato final, seu e do
Noah.

Um baile? Nosso último ato?

Nossa morte, ela quer dizer.

Mas um baile também significa que nós estaremos reunidos. Lá


fora, com os monstros que ajudaram a fazer isso conosco. Nós vamos
ter alguma chance de fazer alguns deles pagar.

Meu coração acelera com excitação da recém-descoberta,


esperança e sede de sangue, mas como da última vez, a minha
expressão permanece uniforme.

Todos os homens deixam a sala exceto um, e ele para na minha


frente para começar imediatamente a minha maquiagem.
Eu fico olhando para o espaço, deixando ele trabalhar, minha
mente correndo.

Provavelmente Noah e eu vamos morrer nesse evento. Eles


provavelmente vão ser muitos para nós conseguirmos vencê-los.

No entanto, talvez possamos encontrar uma maneira de levar


alguns para baixo com a gente. Ter alguma vingança.

Meu coração bate com mais força.

O homem que trabalha em mim inclina a minha cabeça enquanto


aplica a minha maquiagem. Ele se inclina para baixo, para mais perto,
focando em seu trabalho. Claramente eles precisam de mim
perfeitamente pronta para os frequentadores da festa.

Os mesmos homens e mulheres que provavelmente querem


abusar sexualmente de Noah e de mim antes de sermos mortos.

A fome da morte fica quase insuportável com esse pensamento.

Eu ainda estou olhando para o espaço, perdida nas minhas


fantasias de derramamento de sangue quando um som atinge meus
ouvidos.

Uma voz.

Um sussurro.

Puxando minha atenção de volta para o presente, eu me esforço


para esconder minha reação, tentando ouvir melhor.

O homem fazendo minha maquiagem está falando comigo.


—Eu preciso que você fique calma e me escute muito bem.

Oh Deus. Minhas mãos quebram em um suor frio e tenho quase


medo de ter esperança.

Então, eu ouço. Um grupo de palavras que eu nunca esperava


ouvir de alguém aqui.

—Estou aqui para ajudar você a sair.

Continua

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