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SINOPSE

De inimigos, para melhores amigos, para amantes...

Maddox Coulter.

Era meu inimigo. Agora, meu melhor amigo.

Você o conhece...

Atleta popular, rico o bastante para comprar uma cidade e


um Casanova dos tempos modernos com um sorriso sujo.

Ele é o sonho molhado de toda garota. Mas ele me quer.


Maddox precisa de mim.

Uma noite de paixão selvagem nos deixa à beira de algo


perigoso e pode nos arruinar para sempre.

Nossos corações estão em jogo.

Maddox está guardando segredos.

Eu prometi nunca desistir dele, mas não tenho certeza se ele


é mais o mesmo homem por quem me apaixonei.

Tenho medo de que ele deixe meu coração sangrando a seus


pés.

Mas o pior, e se voltarmos a...

...odiar um ao outro?
PRÓLOGO

Eu estraguei tudo.

Eu sabia que acabaria por estragar tudo. Eu sabia que


acabaria destruindo a única coisa boa em toda a minha vida.
Lila.

Porque essa era a única coisa que eu era capaz. Destruir


vidas.

Arruinando-a. Destruindo-nos.

Tentei protegê-la desde o dia em que fiz aquela maldita


promessa de dedinho pela primeira vez. Implacável em meu
esforço para garantir que ela estivesse sempre feliz, sempre
cuidada, eliminando tudo o que lhe causaria dor... mas eu
esqueci de protegê-la de mim mesmo.

Meus pulmões apreenderam no peito e minha garganta se


fechou. Um som sufocado veio de mim enquanto eu segurava
minha cabeça em minhas mãos, sentindo a queimadura na
parte de trás dos meus olhos.
— Você é a melhor coisa não planejada que já aconteceu
comigo, Maddox, e não posso te perder. Mas você está fazendo
de tudo para me empurrar... para longe de você. — Ela
sussurrou, sua doce voz quebrando no final. — Você tem
contado mentiras e guardado segredos de mim. Desde quando
você começou a mentir para mim, Maddox?

Minha cabeça levantou com as suas palavras. Eu não


tinha uma resposta. Eu queria ter, porra. Mentiras, não importa
quão grandes ou pequenas, era a maneira mais rápida de
arruinar algo bonito – nós. Mentiras e segredos...

Tudo o que eu já fiz, cada decisão que tomei foi para


proteger Lila.

Mas nenhum band-aid seria suficiente para tampar as


feridas abertas e purulentas que deixei para trás.

— Sinto muito. — Eu engasguei.

O tormento em seu rosto me dizimou. — É tudo o que você


tem a dizer?

Minha visão ficou turva - porra - eu tinha que me lembrar


de não perder a cabeça. — Eu sinto muito.

Uma lágrima solitária deslizou por sua bochecha. — Eles


disseram que você era problema. Eu não escutei. Eu me
arrisquei. E agora me arrependo.
— Não me deixe. — Minha voz rouca falhou.

Lila deu um passo para trás. Meu coração dilacerado deu


um pulo e a bile subiu pelo fundo da minha garganta, amarga e
ácida.

— Lila, — eu respirei o seu nome. — Por favor.

Ela balançou a cabeça lentamente, outra lágrima


silenciosa deixando um rastro molhado em sua bochecha. —
Maddox. — Ela parecia ferida e seus lábios tremeram. — Você
quebrou suas promessas.

E agora ela estava quebrando as dela.

Seus pés deram outro passo para trás. — Não, — implorei.


— Lila, não.

Minha voz ficou presa na garganta quando ela se virou e se


afastou, pegando meu coração sangrando na palma da mão e
me deixando... vazio.

Caí de joelhos, incapaz de me conter, engasgando com o


forte gosto de amargura na minha língua. Isto não podia ser o
fim... não podia.

A porta se fechou, mesmo quando chamei o seu nome.


Pateticamente. Porque por ela... eu era um homem fraco.

O amor te deixa fraco.


O amor destrói vidas.

O amor nos arruinou. Ela se foi.

Minha Lila foi embora, quando a dor atravessou meu peito,


tornou-se quase insuportável. Todas as minhas verdades, todas
as minhas mentiras colidiram - meu futuro com Lila agora
trincado, sangrando e mandando fissuras quebradas por toda
parte, enquanto me ajoelhava nos destroços de tudo.

Mais uma vez... sozinho.

Mais uma vez... perdido.

Ela também mentiu.

Ela também quebrou suas promessas.

Você nunca vai me perder.

Promessa de dedinho?

Promessa de dedinho.
CAPÍTULO UM

Quatro meses antes

Não conseguia me lembrar do momento exato em que


percebi que o que eu sentia por Lila era mais do que amizade.

Talvez tenha sido a primeira vez que Lila envolveu seu


pequeno dedo mindinho em volta do meu do lado de fora do
supermercado dos seus avós.

Ou talvez tenha sido a vez em que acordei de um pesadelo


e a encontrei dormindo ao meu lado, a noite em que cuidou de
mim, me puxando para fora da banheira gelada e não deixou
minha bunda bêbada para trás – a mesma noite em que percebi
como era não estar sozinho.

Poderia ter sido a qualquer momento desde a primeira vez


em que a vi, em qualquer momento entre isso, até o nosso
último momento juntos - quando a vi com Lucien e sabia que
estava prestes a perdê-la para sempre.

Eu nunca consegui entender bem meus próprios


sentimentos. Lila não era monocromática no meu mundo preto
e branco, era um caleidoscópio de cores. Ela tornara minha vida
menos monótona.

Eu não sabia se poderia chamar de amor naquela época.

Ou se era amor agora...

O que é o amor?

Quando tinha dezessete anos, Lila invadiu minha vida com


toda a ferocidade de um dragão, ousada e teimosa. Como uma
Branca de Neve com classificação para maiores, com uma
bunda que deveria ser ilegal e uma boca que me tentava a enfiar
meu pau na sua garganta.

Aos vinte anos, percebi que, quando nos conhecemos, Lila


e eu éramos dois adolescentes jovens demais para entender o
que era o amor, até que nos apaixonamos profundamente.

“Apenas amigos” era uma saída fácil, em vez de aceitar


nossos sentimentos cada vez mais forte um pelo outro.

Era por volta das três da manhã quando Lila adormeceu


em meus braços, sem fôlego, dolorida e exausta. Ela se enrolou
em mim, pressionando seu corpo nu e macio contra o meu.

Eu a observei dormir, seus lábios carnudos, seus suspiros


suaves e roncos silenciosos. Todo mundo tem um vício, o meu
era Lila Garcia. A minha melhor amiga.

A mesma melhor amiga que eu fodi ontem à noite.


Não havia como voltar agora; a linha havia sido
ultrapassada, e agora que a provei, não havia como deixá-la ir.

Lila era meu tipo favorito de droga, e ela era tão viciante.

Seu cheiro, seus sorrisos, sua risada.

O jeito que se mexia, o jeito que seu rosto se iluminava


sempre que falava sobre algo que a fazia feliz.

Eu a respirava.

Lila estava tão profundamente debaixo da minha pele,


cavando mais fundo em minha carne, misturada com o meu
sangue e bombeando em minhas veias.

Não havia nada calmo e fácil sobre o que eu sentia por ela.

Meus sentimentos por Lila eram enlouquecedores. Como


uma tempestade que abre o céu, violenta e furiosa...
consumindo tudo.

Eu não podia deixá-la ir, não depois desta noite.

Eu nunca esqueceria o som de seus gemidos, seus


pequenos sussurros enquanto me implorava para transar com
ela com mais força, a visão de sua vagina rosa brilhando com
necessidade – por mim. Eu nunca esqueceria como era a
sensação de tê-la em meus braços, nua e sem restrições.
Não, eu não poderia deixá-la ir. Não agora. Nem hoje ou
amanhã. Nem nunca.

Envolvendo meu braço ao redor de seus quadris, puxei Lila


para mais perto. O seu cheiro estava ao meu redor, em minha
pele, no meu cabelo... nos meus lábios...

Eu ainda podia prová-la em minha língua.

Se conhecia Lila, tanto quanto gostava de pensar que fazia,


então… Amanhã de manhã, ela acordaria e tentaria escapar.
Podíamos estar um pouco bêbados na última noite, mas nós
dois sabíamos muito bem o que estávamos fazendo e as
consequências disso. Ela iria pensar demais e tentar colocar
mais distância entre nós.

Que pena.

Muito ruim, porra.

Ela era minha agora.


Acordei com Lila saindo da cama. Eu olhei para ela através
dos olhos semicerrados, meio adormecido, a observando,
enquanto silenciosamente surtava.

Eu esperei, com esperanças que ela voltasse para a cama.

Eu não estava mais bêbado e podia pensar com uma


mente mais clara. E ela também podia.

Encare-me, Lila. Encare o que fizemos e não me deixe,


caralho.

Ela tropeçou na direção de nossas roupas descartadas e


vestiu o roupão. Lila fungou, me lançando um olhar rápido, mas
não percebeu que eu estava acordado... assistindo-a se afastar
de mim.

Eu esperei que ela mudasse de ideia, esperei que ela


ficasse.

Faça de mim sua primeira escolha.

Quando ela chegou à porta, pulei da cama, meus punhos


cerrando. Foda-se isso. De jeito nenhum.

Enfurecido e decepcionado com a sua escolha, segui em


frente e bati a porta com força. Meu coração batia forte no peito.
Lila engasgou quando agarrei seu braço e a empurrei para longe
da porta, a enjaulando entre a parede e meu corpo nu. Ela era
uma maldita covarde.
Lila empurrou meu peito; os olhos arregalados.

— Onde você pensa que está indo? — Eu perguntei, minha


voz mais dura do que eu pretendia. Minha mandíbula apertou
quando rosnei entre dentes. — De volta a Lucien, para que você
possa transar com ele também? A noite passada não foi
suficiente?

Eu sabia que não estava sendo justo, mas não esperava


isso, embora estivesse lá... a intensa necessidade de reivindicá-
la.

Ela bateu os punhos minúsculos no meu peito, tentando


me empurrar para trás, mas sem sucesso em suas pobres
tentativas. Entrei em seu espaço com um rosnado baixo,
chutando suas pernas, empurrando meu joelho entre suas
coxas, mantendo minha Lila em cativeiro.

Talvez fosse a adrenalina que bombeava em minhas veias,


mas eu estava com muita raiva. Dela. De mim. Por querer que
ela ficasse.

Eu... não conseguia... pensar... direito.

Quando Lila tentou me afastar novamente, minha mão


deslizou por seu pescoço. Seus olhos se arregalaram quando
parou de lutar, seus lábios se separaram com um suspiro
silencioso, e meu aperto se intensificou em torno de sua
garganta.
Ela gozou para mim ontem à noite. Ela me queria tanto
quanto eu precisava dela.

Meu olhar baixou para seus lábios carnudos, implorando


para serem beijados. Minha mão subiu, segurando seu queixo.
Ligeiramente desequilibrado, com uma necessidade feroz de
empurrá-la para além de seus limites cuidadosamente
definidos, eu pisei sobre a linha. — Sua doce boceta é assim tão
gananciosa, Lila?

Sim, eu era um idiota. Mas ela era uma covarde por fugir.

— Solte-me! O que há de errado com você? — Ela cuspiu,


levantando a mão como se quisesse me dar um tapa.
Finalmente, a reação que eu estava esperando.

Antes que ela pudesse me bater, eu apertei seu pulso e


puxei sua mão para baixo, pressionando a palma da sua mão
sobre o meu peito.

Sinta-me.

Ela soltou uma respiração suave, e juro que podia ouvir


seu coração batendo, tão forte quanto o meu. Tum, tum, tum.

Houve um momento, em que o tempo parou, o mundo


parou, antes que eu batesse meus lábios nos dela.

Sinta-me.
No momento em que nossos lábios se encontraram, o
mundo caiu em um profundo silêncio.

Ofegando, beijando... travando uma guerra silenciosa. Ela


me afastou e depois me puxou com mais força contra ela.

Lila gemeu em nosso beijo e abriu a boca para mim. Eu


queria possuí-la - seu coração, seu corpo... sua mente. Merda,
eu devo estar completamente perdido.

Não havia nada de doce ou gentil nesse beijo.

Eu a castiguei com meus dentes e minha língua, ainda


bravo por ela ter pensado em me deixar para trás.

Andando... para... longe... de... mim.

Meus dedos agarraram sua nuca, e ela me deixou


brutalizar sua boca, choramingando, mas não se afastando.
Meus dentes roçaram seu lábio inferior, sentindo-o inchar, e o
gosto metálico do sangue encheu minha boca. Eu devo tê-la
cortado... ou ela me mordeu com força suficiente para tirar
sangue. Eu não sabia. Eu não sabia onde eu começava e ela
terminava.

Suas unhas cravaram na pele sobre o meu coração, e eu


assobiei contra seus lábios machucados. Eu me afastei, apenas
um pouco. O peito de Lila arfava com cada respiração difícil que
ela tomava. Seus lábios estavam inchados e vermelhos,
arrebatados. Lindos. Meus.
Minha respiração demorou sobre seus lábios, antes de
pressionar minha boca contra a dela novamente.

Sinta-me.

Tudo sobre esse beijo foi... doce e terno.

Eu a beijei como se fosse o nosso primeiro beijo – como


deveria tê-la beijado pela primeira vez - quando tínhamos
dezessete anos de idade. Quando éramos jovens e estúpidos.

Lila derreteu em meu abraço, seus braços se curvando em


volta dos meus ombros.

— Eu desafio você a me beijar. — Eu murmurei entre


nossos beijos, jogando suas próprias palavras de volta para ela.
Ela me desafiou ontem à noite, era a minha vez agora.

— Eu te desafio a ficar. — Meus lábios tocaram os dela


novamente. Sinta-me.

Meu coração bateu forte no peito. Lila tremia em meus


braços, mas não era do frio. Ela enfiou os dedos com mais força
na curva dos meus ombros.

— Eu te desafio a nos dar uma chance, — eu disse,


olhando em seus olhos escuros e confusos. — Eu te desafio,
Lila.

Quando reivindiquei seus lábios novamente, não a soltei.


Eu sabia que Lila iria lutar comigo, mas eu tinha que
encontrar uma maneira de convencê-la a ficar. Eu queria que
ela precisasse de mim, da mesma maneira que eu precisava
dela.

As vantagens de ser o melhor amigo de Lila por quase


quatro anos...

Eu sabia como quebrar suas paredes, rasgar os pedaços


cuidadosamente colados do seu coração.

E quebrá-la, eu faria - para que pudesse reuni-la


novamente e fazê-la se apaixonar por mim. Não havia outra
opção.
CAPÍTULO DOIS

Íamos quebrar um ao outro.

Não me arrependia de ontem à noite, porque foi tão bonito


e selvagem como sonhava que fosse. Mas já estava me
arrependendo do que estava por vir. Corações partidos, esse era
o único fim.

Eu o queria. Maddox me queria.

Isso deveria ser fácil.

Mas…

E depois?

Aqui, Paris, era nosso casulo seguro, mas e depois...


quando voltássemos ao mundo real?

Um gemido me escapou, e minha cabeça caiu em minhas


mãos, me sentindo impotente e tão... confusa. Maddox era
simplesmente enlouquecedor e tão teimoso, maldição.

— O café da manhã não agrada você?


Minha cabeça levantou, e meu olhar encontrou o seu.
Minha boca ficou seca enquanto ficava boquiaberta para ele.
Maddox encostou-se à porta que dava para a varanda, onde eu
estava sentada. Ele cruzou os tornozelos e seus lábios se
contraíram com um sorriso. Ele estava com os pés descalços e
de banho tomado, os cabelos ainda molhados e as gotas de
água pairando sobre o peito nu e os braços grossos, como se
não tivesse se dado ao trabalho de se secar.

O jeans pendia frouxamente ao redor dos quadris, meio


fechado, desabotoado e sem cinto. Meus olhos demoraram sobre
seu peito largo por muito mais tempo do que pretendia, seu
piercing no mamilo chamando minha atenção. A barra de prata
era atraente segundo me lembrava da sensação em minha
língua na noite passada, meus dentes roçando seu mamilo e a
ponta da minha língua tremulando sobre seu piercing.

Corei com o lembrete. Meu olhar baixou para seus


abdominais duros e a trilha perfeita de cabelos, um tom mais
claro que os cabelos em sua cabeça, levando do umbigo para
o…

Oh merda, ele não estava usando cueca.

Minha cabeça levantou, mas já era tarde demais. Maddox


me pegou olhando para ele, e agora ele estava me dando um
sorriso sujo. Houve um brilho malicioso em seus olhos azuis
enquanto caminhava para o sol e para a varanda do nosso, seu,
quarto de hotel. Um dos melhores hotéis de Paris, nossa suíte
máster tinha sua própria varanda, com uma pequena área de
café da manhã: um sofá e uma mesa de café ao ar livre, nos
dava a vista perfeita da torre Eiffel. Podia-se comer facilmente
uma baguete 1francesa, enquanto se admira o famoso marco da
França.

Maddox parou ao lado da mesa de café e acenou com a


cabeça em direção à bandeja. — Você ainda não comeu. Não
está com fome?

Como se eu pudesse comer nessa situação.

Ele se sentou à mesa de café, diretamente à minha frente e


praticamente se amontoando no meu espaço pessoal. Maddox
pegou um croissant 2 de chocolate e levou-o à minha boca,
esperando silenciosamente, exigindo silenciosamente. Meus
lábios se separaram e eu dei uma pequena mordida.

Ele assentiu em aprovação. — Boa menina.

Eu mastiguei, o gosto de chocolate rico em minha língua.


Doce e oh, tão bom. Este foi, provavelmente, o melhor croissant
que já comi. Nenhuma surpresa; era uma especialidade
parisiense.

1É uma variedade do pão francês, característico por sua forma alongada e casca crocante. Variando de
05 a 06 centímetros até 01metro. No Brasil é conhecido como: bisnaga, pão de sal, cassetinho,
carioquinha entre outros.
2É um pão de massa folhada em formato de meia-lua, feito de farinha, açúcar, sal, leite, fermento,
manteiga e ovo para pincelar.
— Eu pensei que você iria criar algum apetite depois da
noite passada... — Maddox parou e deu uma mordida no
croissant. — Vigorosamente fodendo. — Terminou, ainda
mastigando.

Eu quase engasguei com a minha saliva quando meu rosto


esquentou. — Maddox!

— Ok, meu erro. Eu quis dizer, vigorosamente fazendo


amor. Está melhor?

Mais uma vez, estávamos de volta a ele me provocando. —


Não. — Eu assobiei.

Ele encolheu os ombros. — É o que é. Nós fodemos a noite


passada. Supere isso, Lila. Não é tão dramático quanto você
está imaginando.

— Tudo é tão fácil para você, não é, Maddox? — Eu disse,


sentando direito. — Dorme com uma garota esta noite, encontra
uma nova conquista amanhã. É isso que você faz, não é? Fode e
vai para a próxima boceta disponível.

Seus olhos escureceram e se inclinou para frente,


aproximando seu rosto do meu. Sua respiração se espalhou
pelos meus lábios. — Quem disse que estou seguindo em
frente...? Você ainda está aqui. Ainda não te expulsei.

Meu coração bateu forte contra a minha caixa torácica,


mas eu ainda estava com raiva. — Você tem que ser um idiota?
Nós, — fiz sinal entre nós. — Somos melhores amigos. O que
aconteceu ontem à noite não pode acontecer novamente. Foi um
momento de fraqueza... para nós dois.

Maddox parecia imperturbável com a minha explosão,


quando ele trouxe o resto do croissant para a minha boca.
Apertei meus lábios, me recusando a dar a ele a satisfação de
me alimentar e efetivamente me calar.

Seus lábios se contraíram em diversão. — Abra sua boca,


Lila. Ou vou forçá-la a comer. Não me tente.

Eu cerrei os dentes, uma vontade forte de socá-lo. Sim, eu


era teimosa, mas ele estava agindo como seu idiota habitual
agora, e não gostei nada disso.

A brisa quente atingiu meu peito nu, e ofeguei, olhando


para baixo. Maddox tinha separado meu robe branco,
desatando o cinto da cintura, sem que eu percebesse.

Bastardo sorrateiro. Por que eu estava surpresa?

A sua mão serpenteou para cima e dentro da minha


túnica, antes que eu pudesse pensar. Malícia brilhou em seus
olhos azuis quando segurou meu seio, roçando
preguiçosamente o polegar sobre meu mamilo duro. O calor
correu através de mim quando meu estômago palpitou e meu
coração disparou.
— Coma! — Ele exigiu, rolando meu mamilo
dolorosamente apertado entre o polegar e o indicador. Maddox
esperou, sua atitude agravante e seu sorriso - tão
assustadoramente irritante.

Abri a boca e dei uma grande mordida, empurrando o


resto do croissant na boca e mordendo os mesmos dedos que
estavam me alimentando. Ele assobiou e afastou a mão dos
meus lábios... e dentes.

Eu levantei uma sobrancelha, inclinando minha cabeça


para o lado. Dois podem jogar este jogo, Maddox.

Ele beliscou meu mamilo com força. Um chiado saiu dos


meus lábios e ele sorriu.

— Não podemos ser amigos depois que eu fodi você como


fiz ontem à noite. — Disse Maddox, de maneira grosseira. Eu
fiquei tensa, meus pulmões apertando com as suas palavras.

Não faça isso, Maddox. Não... por favor.

— Se você acha que podemos voltar a ser apenas amigos,


então Lila, você está mais iludida do que pensava.

Abri minha boca para respondê-lo, mas ele já estava me


empurrando contra o assento. — Maddox, o que...

Ele pairou sobre mim, nossos peitos se tocando, e suas


mãos pousaram em ambos os lados da minha cabeça. Maddox
me enjaulou contra seu corpo. — Dê-nos uma semana, —
murmurou. Seu rosto era o mais sério que já tinha visto, sua
expressão dura e segura. — Nosso tempo em Paris, sete dias.

Uma semana… Com Maddox? Não como amiga, mas como


sua amante? Uma aventura? Um caso…?

Meus olhos se arregalaram e já estava balançando a


cabeça. Meu coração não sobreviveria a um caso de uma
semana. Maddox me destruiria e eu deixaria meu coração
sangrando em Paris.

Seu polegar roçou minha garganta, sobre minha veia


latejante.

— Lila. — Maddox respirou meu nome.

Minha respiração engatou quando meu roupão se abriu.


Ele se ajoelhou à minha frente, seus grandes ombros pousando
entre minhas coxas abertas, as afastando. Inspirei, mas minha
garganta se fechou, quando acabei ofegando silenciosamente.
Eu estava completamente nua sob o meu roupão, e ele tomou
isso como vantagem.

Ele levantou a cabeça, seu olhar quente e escuro. — Sua


boceta parece profundamente bem usada da noite passada, Lila.
— Disse Maddox, satisfação brilhando em seus olhos. Meus
dedos se curvaram em torno do assento e enterrei minhas
unhas nele, sentindo uma onda de calor correndo por mim.
Minha pele ficou tensa e o calor se espalhou pela minha região
inferior, meu sexo ficou úmido. Maldito seja ele e sua boca suja.

Meus olhos se transformaram em fendas enquanto olhava


para o seu ser imponente. Eu não ia me apaixonar por isso; eu
não deixaria ele me influenciar com o sexo.

A mão de Maddox deslizou lentamente pela parte externa


das minhas panturrilhas, pelas minhas coxas... e...

Eu me contorci, minha voz se foi e a luta me deixou. Ele


estava meticulosamente lento, arrastando o suspense e me
forçando a senti-lo.

Centímetro por centímetro, sua mão deslizou para cima,


seu toque queimando minha carne enquanto continuava em
direção ao meu centro.

Sua palma ligeiramente calejada estava áspera contra a


minha pele sensível, mas seu toque era... tão leve que mal
estava me tocando. Provocando e tentando.

Conduzindo-me... à... loucura.

Meu coração bateu tão forte que pensei que iria sair do
meu peito. Seus dedos roçaram minhas dobras, um toque
suave, mas tremi em resposta.

— Você está vermelha e inchada, — murmurou, sua voz


grossa e dura. Seus dedos me abriram, ainda muito gentis.
Maddox inspirou, o lado de seus lábios se curvando em
aprovação. — E úmida.

— O que... você está fazendo? — Eu questionei, um pouco


sem fôlego.

Seu peito vibrou com um rosnado baixo. — Tomando meu


café da manhã. Você não pode negar a um homem faminto,
baby, e ontem à noite, criei um grande apetite.

Arrepios apimentaram minha carne, e meu núcleo se


apertou quando Maddox abaixou a cabeça entre minhas coxas.
Maddox não era o primeiro homem a ir lá em baixo, mas foi o
primeiro a levar o seu doce tempo. Olhando para o meu corpo
como se ele estivesse me devorando, e ainda não seria suficiente
para ele.

Eu doía.

Eu não sabia que podia me sentir assim, essa intensa... e


feroz necessidade dentro de mim. O desejo se acumulou na
boca do meu estômago e minha excitação vazou de mim. No
momento em que sua boca estava em mim, meu corpo ficou
tenso e senti uma onda de umidade entre minhas coxas. Puta
merda!

Maddox tomou seu tempo, lambendo minha boceta


vagarosamente. Ele arrastou a língua sobre minhas dobras
molhadas, antes de circular ao redor do meu clitóris. —
Maddox... — Eu engasguei, minhas coxas tremendo. Um gemido
saiu dos meus lábios antes que pudesse me parar, e minhas
mãos foram para o topo de sua cabeça em uma necessidade
frenética. Meus dedos agarraram seu cabelo, puxando-o para
mais perto e silenciosamente exigindo mais.

Fogo lambeu minhas veias e meus olhos se fecharam.


Maddox estava me matando. Seria uma morte doce e torturante.

Seu toque era ao mesmo tempo atormentador e celestial.


— Maddox. — Respirei.

Sua língua deslizou sobre minhas dobras e seus dentes


roçaram meu clitóris inchado. Minhas costas se arquearam no
sofá e minhas coxas apertaram em torno de sua cabeça. Ele
chupou e lambeu, devorando cada centímetro meu, até meus
gemidos soarem como apelos desesperados.

Eu não estava preparada para isso, quando ele enfiou um


dedo dentro de mim, mas eu apertei a intrusão dura.
Procurando por mais... precisando de mais... doía tanto.

— Oh, Deus! — Eu gritei, quando ele enfiou o dedo dentro


e fora, sua língua simultaneamente trabalhando minha boceta
como sua refeição favorita. Eu acho... que era.

— Ma-Maddox... por favor...

Meu estômago se contraiu, minhas coxas tremeram e os


músculos das minhas panturrilhas estavam com cãibras, à
medida que me aproximava do meu orgasmo. Subi mais alto no
penhasco, me contorcendo e gritando, mas Maddox não me
deixou cair.

Eu pulsava, uma batida intensa que combinava com meu


coração batendo.

Mordi meu lábio, tremendo, engasgando com meus


gemidos e no precipício do orgasmo. Ele arrastou meu prazer.

Eu só precisava...

Apenas... oh...

No mesmo momento em que ele enfiou dois dedos dentro


de mim, seus dentes roçaram meu clitóris, uma pequena
mordida que deixou uma picada aguda para trás. Eu empurrei
contra sua boca e dedos, meus lábios se separando com um
grito.

Meu orgasmo não havia acabado, antes que ele começasse


tudo de novo. — Não... — Eu ofeguei, ainda sensível e tremendo
com o meu orgasmo. — Espere.

Maddox rosnou entre minhas coxas, em aviso, e voltou a


lamber minha umidade, chupando e lambendo. Desta vez, não
havia nada lento e doce.

O primeiro orgasmo foi para mim. Este era para ele. Sua
língua me devastou.
Seus dedos não pararam suas ministrações torturantes,
empurrando e torcendo dentro de mim. Não havia nada gentil
quando me tocou.

Maddox era um homem louco em uma missão.

Desejo fundido, forte e luxurioso, corria em minhas veias


aos sons vindos de sua garganta quando ele me provou, como
um homem faminto, que nunca, jamais iria se cansar de mim.
Seus gemidos profundos e primordiais eram tão pecaminosos
quanto o som da minha boceta molhada... oh, merda!

Meus quadris estremeceram, e seus dedos beliscaram


minhas coxas, deixando suas marcas lá. Seu aperto
contundente era quase doloroso, mas meu cérebro confuso não
parecia se importar nem um pouco.

Pare.

Meus quadris se moveram com seus dedos, empurrando e


moendo contra seu rosto. Bem ali... ali... exatamente ali... droga.
Eu o ouvi gemer meu nome contra o meu sexo tenro quando o
prazer cravou em mim e minhas costas se curvaram.

Não, não pare.

— Maddox... Maddox!

Meu segundo orgasmo me jogou no limite, e um gemido


alto passou pelos meus lábios. Meus olhos reviraram na minha
cabeça quando ele deu uma última lambida na minha boceta
hipersensível.

O quê...?

Atordoada, pisquei meus olhos abertos, meu corpo ainda


tremendo com as consequências do meu orgasmo. Eu não
conseguia... respirar.

Maddox levantou a cabeça entre as minhas coxas e me


olhou, seus olhos azuis escuros e crus. — Você pode ter isso o
tempo todo. Eu, entre suas pernas, adorando sua boceta. Diga
“sim”.

Eu finalmente desci do meu orgasmo, e balancei minha


cabeça, tentando limpar minha mente. — Você está me
subornando com sexo? Maddox! Isso não é sobre sexo...

Os seus olhos endureceram. — Isso é mais. Eu sei, mas


você não está nos dando uma chance, Lila. Do que você tem
tanto medo? — Ele perguntou, beijando o interior da minha
coxa, antes de me dar um beliscão brincalhão.

Perder você…

A incerteza passou por mim, mas eu já estava perdendo


esse argumento.
— Uma semana... — Eu sussurrei. O olhar em seus olhos,
emoções tão cruas, quase como se ele estivesse me implorando,
enfraqueceu minha determinação.

— Uma semana, — afirmou Maddox. — Por enquanto. Eu


posso mudar de ideia mais tarde.

Eu cavei minhas unhas na parte de trás do seu pescoço,


não forte o suficiente para machucar, mas em aviso. — Você
não pode me seduzir.

Os seus lábios se curvaram. — Eu não posso? Eu não


tenho feito isso?

Maddox deixou um rastro de beijos suaves na minha


barriga, dando uma lambida divertida no umbigo, antes que
beliscasse minha carne provocativamente. Ele não parecia estar
prestes a deixar seu lugar entre as minhas coxas tão cedo.

Meus dedos percorreram seu cabelo loiro sujo. — Se bem


me lembro, fiz a sedução ontem à noite.

Nosso olhar colidiu. Seu peito vibrou e eu pulsava com o


som profundo. — E eu estou de joelhos pra você, Lila.

Meu coração deu um pulo, mas tudo isso era bom demais
para ser verdade. Isso não poderia estar acontecendo, não com
Maddox... não depois de anos de amizade... não depois de anos
jogando pelo seguro. Agora, tudo estava complicado.
— Você provavelmente transou com outra pessoa na
semana passada e agora está aqui, dizendo que me quer? Não,
Maddox. — As palavras saíram antes que pudesse me parar, e
minha voz falhou. Mordi o lábio, odiando ter lhe mostrado um
sinal de fraqueza.

Maddox era um predador; ele atacaria minha


vulnerabilidade. Exceto, que fez o completo oposto...

— Eu não fiz. — Seus olhos encontraram os meus,


ardendo com uma intensidade que não pude colocar em
palavras. — Não durmo com ninguém há... semanas.

Eu pisquei, meu peito desmoronando. — Você está


celibatário há meses?

— Meu pau não parece gostar da ideia de outra garota.

Eu balancei minha cabeça, tensa, e tentei fechar minhas


pernas, mas Maddox ainda estava entre minhas coxas, as
forçando a se separarem. — Você acha que me quer...
especialmente depois da noite passada. Não vou mentir, foi
incrível. O que aconteceu ontem à noite...

Eu parei com um suspiro engasgado. Smack.

Meu corpo sacudiu, e um lampejo quente de dor percorreu


minha boceta, antes de desaparecer rapidamente, substituída
por um prazer palpitante que se prolongava. Maddox acabou de
bater em minha...?
Oh Deus! Fiquei tensa e o encarei, mas ele já estava
falando, sua voz quase furiosa. Seu tom continha um aviso
perigoso e minha boca se fechou.

— Isso, — rosnou. — Foi a melhor noite da minha vida.


Então, não me diga o que penso e não me diga como me sinto.

Maddox agarrou meu pulso e colocou minha mão sobre


seu peito, sua pele quente e suave sob o meu toque. Seu
coração estava batendo forte. Tum, tum, tum.

O brilho duro em seus olhos suavizou em uma fração, mas


a intensidade de seu olhar era igualmente feroz. Suas palavras
ondularam através da minha carne, e meu coração titubeou,
antes de ceder dentro do meu peito. — Não me diga como me
sinto. Você não faz ideia, Lila.

Isso foi tão... difícil.

Um som dolorido me escapou, mas eu rapidamente o


sufoquei. Cair na armadilha de Maddox seria perigoso para o
meu coração. Eu acabaria sendo apenas mais uma conquista.

Maddox não era o tipo de homem para se estabelecer. Eu


nunca pensei que ele fosse. Ele era muito selvagem, muito
imprudente, muito... ferido.

Eu sempre soube que Maddox nunca seria o tipo de


homem para fazer um relacionamento de longo prazo.
Não seria uma semana fácil ou um caso simples. Eu já
estava rindo à beira de um penhasco muito perigoso; já estava
correndo o risco de perder meu coração e tê-lo quebrado por
Maddox.

Mas eu já tinha perdido essa luta.

Ele subiu pelo meu corpo e minhas pernas instintivamente


envolveram seus quadris. Seus lábios deslizaram sobre minha
garganta, antes que reivindicasse meus lábios em um longo
beijo.

Maddox Coulter, meu melhor amigo, agora meu amante,


era irritantemente irresistível.

Ele sabia exatamente como torcer meu coração em nós, e


me transformou em massa de vidraceiro em suas mãos.

Uma semana.

Um caso de sete dias.

Sete dias para se apaixonar mais por Maddox Coulter.

Sete dias para ter meu coração... partido por ele.


CAPÍTULO TRÊS

O bar do hotel estava lotado hoje à noite. Havia um grupo


de homens que tentavam parecer elegantes e sérios com seus
ternos de alto padrão e uma bebida na mão, enquanto
examinavam o bar pouco iluminado. Supostos “cavalheiros”,
mas eles estavam zombando das mulheres, e ficou claro como o
dia, não havia nada de bom em seus pensamentos.

Havia outra multidão de pessoas que estavam bêbadas


demais para se importar.

Por fim, tivemos os oportunistas, as mulheres e os homens


que estavam aqui para chamar a atenção de alguém que
provavelmente era tão rico quanto o presidente dos Estados
Unidos, para uma noite de luxo e paixão. Ou, bem... mais de
uma noite.

Este era o melhor hotel de Paris, e o querido papai


provavelmente pagou uma tonelada de merda pela minha
estadia e de Lila aqui. Meu presente de aniversário.
Ele jogou o dinheiro para mim, em minha cara, mesmo
assim, tudo que eu sempre quis foi que ele reconhecesse minha
existência com um simples “Feliz Aniversário”. Eu imaginei que
ele estava muito ocupado para isso. Sim, foda-se, pai.

As conversas giravam em uma nuvem suja de fumaça e


cheiro de cigarro. Meu nariz formigou com o forte cheiro de
perfume ao meu redor, e engoli minha bebida em um gole. O
álcool queimou minha garganta, mas caramba, era quase
reconfortante.

— Se você continuar bebendo assim, logo estará bêbado. E


eu aqui pensando que você me levaria para um encontro.

A doce voz de Lila sussurrou perto do meu ouvido, sua


respiração ventilando na parte de trás do meu pescoço. Meus
lábios se curvaram quando seus dedos lentamente arrastaram
por meus antebraços e bíceps, sentindo cada recuo e curva dos
meus músculos. Sim, minha garota adorava explorar meus
músculos.

Anos gastando vigorosamente meu tempo na academia,


jogando toda a minha agressão em malhar e nos sacos de boxe,
tinham me servido bem.

Vi como as meninas, mais jovens e mais velhas, me


olhavam na academia. Claro, meu ego não precisava de mais
estímulos; meu pau era grande o suficiente para isso.
Mas Lila era a única mulher que eu queria que me olhasse
com fome em seus olhos castanhos escuros.

Eu girei no meu banquinho, e meu braço serpenteou ao


redor de sua cintura, puxando-a para ficar entre as minhas
pernas. Lila fez beicinho, seus lábios vermelhos brilhando na
luz fraca do bar. — A fila do banheiro era muito longa e nosso
quarto está muito longe.

— Seu cabelo parece bem, — eu disse, mais uma vez.


Colocando uma mecha perdida atrás da orelha, meu dedo
permaneceu abaixo dela, roçando contra a coluna de sua
garganta. — Você está bonita,

— Bonita, hein? — Havia um olhar provocador em seus


olhos quando levantou o queixo, quase altivamente.

Ela usava uma minissaia preta de lantejoulas, com uma


pequena fenda na bainha. A saia envolveu sua bunda como
uma segunda pele, e eu quase rosnei com a visão. A blusa de
renda preta estava pendurada em suas curvas, chamando
minha atenção para os seios dela. Essa roupa deveria ser ilegal.

— Sexy, — murmurei, aproximando nossos rostos. —


Deslumbrante. Eu jogaria você no bar e foderia com você até
amanhã, — minha voz baixou, sussurrando nossos segredos
sujos em seus ouvidos. — Até que você me implorasse para
parar porque sua boceta está muito dolorida.
Lila corou e sua respiração estremeceu.

— Mas, novamente, eu não quero que nenhum outro


homem veja seu corpo nu ou ouça seus gemidos desesperados
ou... veja você gozando.

Isso era apenas para os meus olhos.

Minha.

Por uma semana. Até que eu pudesse convencê-la a ficar...


por mais tempo.

Lila era teimosa, muito teimosa para o seu próprio bem.


Eu tinha que jogar esse jogo direito, ou corria o risco de perdê-
la para sempre.

Há quatro anos, joguei um jogo vicioso, para quebrá-la.

Hoje, comecei um perigoso, para conquistá-la.

— Você tem uma mente obsessiva, Coulter.

— Sim. Obcecada em você, Garcia.

Ela revirou os olhos, antes de roçar os lábios nos meus,


um toque provocador. — Eu... sinto que você disse essa linha
para muito mais garotas do que eu. Essa é a sua estratégia?

Se ela soubesse, porra...


Lila não tinha ideia de que eu estava fazendo tudo
exatamente o oposto do que já fiz. Eu nunca persegui uma
mulher, nunca tive que conquistar ninguém, nunca tive que ser
romântico e nunca tive que seduzir.

Eu sorria, e as meninas caiam em cima de mim. Meu


sobrenome e meu pau eram bastante sedutores. Até ela. Minha
melhor amiga: a dor na minha bunda e meu inferno favorito.

— Eu te desafio... — Ela murmurou contra os meus lábios.

— Agora? — Meus dedos apertaram seus quadris. Era a


vez dela de desafiar. Eu usei a minha esta manhã, quando pedi,
desafiei-a a ficar.

— Muito irônico, não é? Este é o mesmo lugar em que você


me desafiou a dormir com Lucien duas noites atrás.

Eu não queria lembrar disso. A mera ideia de Lila


dormindo com aquele francês fazia a raiva correr pelas minhas
veias. Como? Como pensei que não haveria problema em dar a
Lila esse desafio estúpido? Como pensei que isso me ajudaria a
superá-la?

Em vez disso, eu me odiava.

Isso me fez querer transar com ela, reivindicá-la ainda


mais.
A necessidade de arruiná-la para qualquer outro homem
tinha consumido tudo. Sim, esse desafio não funcionou tão bem
quanto eu esperava.

Mas isso me deu outra coisa. Isso me deu Lila, toda ela:
tudo o que eu não tinha antes, mas agora tinha.

— Vá em frente, me dê seu desafio. — Atrevida.

Lila se afastou o suficiente para olhar nos meus olhos. Seu


olhar desviou para os meus lábios, antes que me lançasse um
olhar ilegível. — Lembra da garota que deu em cima de você
quando entramos no bar?

Suspeito de onde ela estava indo com isso, me abstive de


responder. Lila era doce como um anjo e tão desonesta quanto
um demônio. Eu não confiava no brilho em seus olhos de
chocolate.

Ela apontou à minha esquerda e rapidamente olhei nessa


direção. Senhorita Oxigenada estava olhando para mim com
muita atenção. Quando ela me notou encarando, seus lábios de
rubi se abriram em um sorriso completo.

— Lila. — Eu comecei.

Ela me cortou. — Eu te desafio a dançar com ela.

Meu aperto se intensificou. Lila estava brincando com fogo.


— Por quê?
Ela levantou um ombro, dando de ombros. — Porque sim.
Não podemos perguntar o motivo por trás de um desafio,
Coulter.

O que estava acontecendo naquela sua linda cabeça? Sua


expressão não revelou nada, mas não ousei confiar no olhar
indiferente em seu rosto. Seu corpo estava firme como uma
corda de arco e as mãos estavam em punhos ao lado do corpo.

Sim, ela não queria que eu dançasse com a Oxigenada.


Mas então, por que... me dar o desafio?

Eu olhei para ela por mais um segundo, esperando por


uma reação, mas ela não deu nenhuma. Tudo bem, um desafio
era um desafio. Nenhum de nós jogava para perder.

Os dedos de Lila se contraíram no meu peito, como se


quisesse me agarrar e não soltar. Mas, em vez disso, ela saiu de
entre as minhas coxas e ficou ao lado do meu banco, pedindo
um drinque. Maldita teimosa, ela era.

Recostei-me no banquinho, deslizando a língua sobre os


lábios. Minha cabeça inclinada para o lado, torci meu dedo para
Oxigenada, indicando que se aproximasse de mim. O sorriso
dela se alargou e ela se apressou, rápida para agradar. Ela
lançou um olhar rápido para Lila, antes de tomar seu lugar
entre as minhas pernas.
— Olá, bonitão. — Disse ela, com um forte sotaque que eu
não conseguia identificar. A Oxigenada usava um vestido
vermelho apertado que se moldava a cada curva dela. Seu rosto
brilhava sob a luz, e cheirava a lilás e talvez... camomila, mas
seu perfume não era mais tentador que o da Lila.

O de Lila era... intoxicante. Porra, eu ficaria bêbado com o


seu cheiro.

Viciante.

Louco.

Minha.

— Parlez-vous Français? — Eu perguntei à Oxigenada.


Você fala francês?

Lila ficou tensa ao meu lado. Hmm, interessante.

— Un peu3, — ela respondeu com uma risadinha. — Como


você fala francês? Você é americano. Eu posso dizer pelo
sotaque.

Tudo graças aos queridos papai e mamãe. Eles se


certificaram de que eu fosse fluente em pelo menos três idiomas
desde tenra idade. Inglês, francês e alemão. Brad, meu pai,
disse que seria bom para quando eu fosse mais velho, quando

3 Um pouco.
chegasse a hora de assumir o seu império. Fui treinado, como
um bom cachorro, desde criança.

— Comment est-ce que t'appelles, loirinha? — Qual o seu


nome?

Pelo canto do olho, vi Lila apertando o copo. Os nós dos


dedos ficaram brancos e os lábios estavam contraídos em uma
linha dura. Ela olhava para frente, ignorando a mim e a mulher
em meus braços.

— Serena. Et vous?4

— Maddox. — Eu me apresentei, levando a sua mão aos


meus lábios e beijando as costas dela.

— Oh. — Ela corou, mordendo o lábio. — É um prazer


conhecê-lo, Maddox.

Meu nome rolou para fora de sua língua como se estivesse


o saboreando, porra. — Tout le plaisir est pour moi, chérie. — O
prazer é meu, querida.

Serena soltou uma pequena risada ofegante. —


Encantador, eu vejo.

Enrolei um dedo em torno de seus cabelos loiros, a


puxando em minha direção. Seus seios pressionaram contra o
meu peito. Ela não estava usando sutiã, e eu podia sentir seus

4 E você?
mamilos enrugados através de nossas finas camadas de roupa.
— Você... quer dançar?

Lila bateu o copo vazio no bar e Serena se encolheu. Meus


lábios tremeram, sorrindo. Oh sim, minha garota estava furiosa.

— Outra bebida. Forte. — Ela praticamente rosnou para o


barman.

Sorrindo, deixei minha mão vagar pelos quadris da Serena.


Meus dedos se apertaram em torno de suas curvas grossas e
exuberantes nas palmas das minhas mãos, e ela ofegou, seus
lábios se separando. Uma visão tentadora, mas não fez nada a
meu pau.

Claro, ela era atraente. Alguns meses atrás, eu estaria em


sua boceta, provavelmente batendo nela contra as bancadas do
banheiro. Mas não esta noite.

Eu não estava nem um pouco interessado na Oxigenada,


mas se Lila quer jogar...

Ela precisava aprender as regras, e então ela tinha que


jogar melhor do que eu. Ela poderia transformar isso em um
joguinho seu, e eu mostraria como é realmente jogado.

Quando nossos olhos se encontraram, algo faiscou nos


dela, antes que piscasse. Se eu não soubesse melhor, diria que
ela estava um pouco psicótica. Ah, a vida nunca era chata
quando você tinha Lila Garcia nela.
— Essa é uma boa música, — Serena respirou em meu
ouvido. — Devemos?

Ela agarrou minha mão na sua e nos arrastou para o meio


do lugar. Serpenteamos através dos corpos quentes e suados,
encontrando um lugar vazio na pista de dança.

Serena estava mordendo o lábio, me dando o olhar foda-


me agora. Suas mãos pousaram no meu peito e me acariciou
através da minha camisa. Seu polegar roçou meu mamilo, e
agarrei seus pulsos, puxando seus braços em volta do meu
pescoço. Isso era seguro. A Oxigenada fez beicinho, mas
acompanhou o fluxo.

Meus olhos encontraram a Lila, e ela estava com raiva.


Hmm. Eu vejo você, Garcia.

Como se pudesse ler minha mente, seu rosto ficou duro,


sem emoções. Bem jogado.

Segurando os quadris de Serena, a puxei para mais perto


de mim, e dançamos ao ritmo da música. Os corpos ao nosso
redor estavam praticamente sedentos, se esfregando na pista de
dança. O bar estava escuro o suficiente para que ninguém
parecesse se importar.

Mantendo meus olhos em Lila, pressionei um joelho entre


as coxas da Oxigenada, e ela estava praticamente moendo
contra mim. Eu a puxei com força em meu corpo, e ela aceitou
isso como um convite. Seus braços se abriram em volta do meu
pescoço, e suas mãos avançaram para o meu abdômen.

Estávamos perto o suficiente de onde Lila estava, e vi sua


expressão passar de sem emoção para azeda e dolorida.

Eu estava prestes a largar a Oxigenada, era o suficiente


dos jogos estúpidos que Lila e eu estávamos jogando, quando
meu olhar se concentrou em…

Droga!

O que ele estava fazendo aqui?

Lucien se aproximou de Lila, sua atenção voltada para ele.


Ele sorriu para ela e disse algo em seu ouvido, a fazendo sorrir.
Eu quase derrubei Serena ao ver minha Lila sorrindo para ele.
Ele pegou outra bebida para ela, e observei enquanto as suas
mãos subiam pelos braços nus dela, ainda sorrindo.

Lucien acenou com a cabeça em direção à pista de dança,


e o olhar de Lila encontrou o meu, brevemente, antes de colocar
a mão na dele. O calor formigou na parte de trás do meu
pescoço, e fiquei tenso.

Lila colocou os braços em volta do pescoço de Lucien, e as


mãos dele estavam na parte inferior das costas, muito baixas...
os dedos dele estavam provocando a curva superior da sua
bunda.
Uma bunda que me pertencia.

Eu poderia dizer que Lila estava em sintonia comigo e com


minha atenção nela, mas estava propositadamente evitando
olhar em minha direção. Serena me disse algo, mas eu não
estava ouvindo. O bastardo estava segurando Lila muito perto, e
eu jurei que ela sacudiu seus cílios para ele. Onde diabos foi a
sua cautela?

Quando Lucien se inclinou, como se quisesse beijá-la...


estava acabado.

Seguindo em frente, soltei a Serena. Ela chiou,


protestando, mas eu já estava perseguindo Lucien, que ainda
estava segurando minha garota muito perto.

Um ciúme amargo percorreu minhas veias enquanto eu


cortava sua dança íntima, os separando. — Desculpe, talvez
você queira encontrar uma nova parceira de dança, Lucien.
Esta está ocupada.

Lila ofegou quando agarrei seu pulso e comecei a puxá-la


para longe. — O que você está fazendo? — Ela sibilou.

— Estamos saindo. — Eu brinquei, meu coração


martelando no peito.

— Você está causando uma cena!


Eu? Causando uma cena... quando ela começou esse seu
jogo estúpido?

Para quê? POR QUÊ?

Eu a arrastei para o corredor vazio, longe de todos e de


seus olhares indiscretos, a empurrando contra a parede. Eu
pressionei contra seu corpo, enjaulando-a.

— O que há de errado com você, Maddox? — Sussurrou. —


Maddox!

Seus punhos minúsculos bateram contra o meu peito, o


rosto vermelho e os olhos escurecendo de raiva. — O que você
estava fazendo, Lila? — Eu perguntei, enganosamente quieto.

Os seus lábios se curvaram em um sorriso, embora não


houvesse nada quente nisso. — Dançando. Como você estava.
Você tem algum problema com isso?

Ela adorava apertar meus botões. — Cuidado! — Eu avisei.

Os seus olhos brilharam em desafio. — Ou o quê?

Meu polegar esfregou a veia em sua garganta, a sentindo


latejar sob o meu toque. — Você não vai gostar do que posso
fazer com você, baby.

— Você não me assusta, Coulter.

— Eu sei, — disse. — Mas eu deveria.


— Você não vai me machucar.

— Mas eu vou machucá-lo.

O sorriso dela caiu. — Maddox...

Inclinei-me para frente, aproximando nossos rostos. Ela


pegou o lábio entre os dentes, seus olhos brilhando com
incerteza agora. — Com medo pelo garoto amante, seu Francês?
— Eu provoquei.

Suas mãos pousaram no meu peito, como se quisessem


me acalmar. — Foi só uma dança, Maddox. Você não pode lutar
com ele por causa de uma dança!

Com um sorriso sem humor, arrastei meu dedo por sua


garganta e ao longo de sua clavícula. Seu padrão de respiração
mudou, uma inspiração aguda... uma expiração trêmula.

— Por que você me desafiou a dançar com ela? — Eu


perguntei baixinho, mas a ameaça na minha voz não poderia
ser confundida.

— Porque... — Lila sussurrou.

— Porque. — Eu ecoei.

Ela lambeu os lábios, os olhos brilhando com algo feroz.


Lila empurrou contra o meu peito. — Você parecia estar se
divertindo, então por que você se importa? A Oxigenada gostou
muito daquilo, e oh, claro... seu francês foi, de fato, muito
charmoso.

Ah, ah. Bobinha... ciumenta, Lila.

Ela fez uma careta quando percebeu seu deslize, e seus


lábios vermelhos e carnudos pressionaram uma linha firme. —
Você gosta do meu francês?

— É medíocre. — Ela retrucou. — Lucien tem um sotaque


melhor.

Mordi uma risada. Lila realmente estava testando minha


paciência. Engraçado, não sabia se ela estava fazendo isso de
propósito ou se percebeu que estava caminhando em um trajeto
perigoso.

Trazendo meu rosto para mais perto do dela, meus lábios


deslizaram ao longo de sua orelha e mordi seu lóbulo. — Não
vamos jogar jogos infantis, Lila. Você e eu sabemos que isso só
tem um final.

— E qual é? — Ela respirou.

— Você vai ficar em suas costas, comigo entre suas


pernas.

Eu mantive minha mão em volta de sua garganta,


permanecendo sobre seu pulso, enquanto ainda a segurava
firmemente. Minha outra mão viajou para o sul, serpenteando
em sua minissaia.

Os olhos de Lila se arregalaram e ela engasgou, o som


quase inaudível. — Maddox...

Meus dedos provocaram sua fenda através da calcinha.


Ela olhou freneticamente ao nosso redor, enquanto seus dedos
envolviam meu pulso, tentando me parar. — O que... as
pessoas... Maddox, alguém poderia ver!

Eu tracei as dobras molhadas através do tecido fino,


sentindo sua suavidade nas pontas dos meus dedos. Seu rosto
ficou vermelho e seus lábios se separaram, sua respiração
ficando irregular.

— Você está se sentindo... quente? — Eu me senti


compelido a provocá-la. Meu pau endureceu e latejou. De
repente, meu jeans estava muito apertado, e assobiei quando
sua coxa roçou minha virilha.

Satisfação correu através de mim quando senti sua


umidade através da calcinha. — Você não quer que ninguém
veja... mas você parece gostar da ideia de ser pega com a mão
debaixo da sua saia.

— Não. — Lila gaguejou.

Eu mordi seu lóbulo da orelha novamente, e ela respondeu


com um assobio agudo. — Mentirosa. — Disse. Lentamente,
puxei sua calcinha de lado, sentindo sua boceta nua contra o
meu dedo. Meu polegar circulou em torno de seu clitóris, e ela
choramingou, apertando a mão em volta do meu pulso. Em
aviso? Ou, de desejo... querendo mais?

Seu peito arfava quando respirou fundo. Seus quadris


avançaram contra o meu toque, procurando meus dedos.
Necessidade brutal brilhou através de seus olhos escuros,
enquanto eu esfregava suas dobras, usando meus dois dedos
para afastar seus lábios.

Lila era todos os sete pecados capitais, e eu iria,


felizmente, ser um pecador por ela, pelo resto de nossas vidas.

Não havia como esconder o que estávamos fazendo.


Qualquer um que passasse por esse corredor nos veria... minha
mão enfiou profundamente dentro de sua minissaia, o rosto
corado, os lábios entreabertos com gemidos silenciosos,
enquanto ela se esfregava contra a minha mão.

Empurrando um único dedo dentro de seu núcleo


apertado, sentindo suas paredes internas apertarem em torno
dele, eu lentamente a toquei. Lila ficou tensa contra mim,
enquanto enrolava meu dedo dentro dela, atingindo seu ponto
sensível. A sua reação foi instantânea. Um gemido sufocado
escapou de seus lábios, antes de colocar a mão sobre a boca,
abafando o som indecente.
Meus lábios se esfregaram sobre os dela, um toque gentil.
Ela abriu para mim e eu a beijei. Eu a beijei como se fosse um
maldito homem faminto, como se ela fosse o oxigênio que eu
precisava para sobreviver.

Lila ofegou contra o nosso beijo quando belisquei e puxei


seu clitóris, sentindo o pequeno nó pulsar entre meus dedos.

— Uma mentirosa tão bonita, — murmurei contra seus


lábios. — Diga-me, Lila. Por que você fez isso? — Atordoada, ela
parecia ter dificuldade em se concentrar em minhas palavras.
Eu empurrei meu dedo de volta dentro de sua boceta,
arrancando outro gemido dela.

— Eu... Maddox... fiz o quê?

— Por que você me deu esse desafio? — Eu assobiei,


minha voz tão rouca, que eu mal a reconheci. Outro gemido
dela quando me afastei de seu calor apertado.

— Eu... queria ver... oh Deus, Maddox, por favor.

Eu provoquei sua abertura, sentindo seu aperto,


procurando meus dedos. — Conte-me.

— Queria ver como eu me sentiria... — Engasgou, seus


olhos vidrados de prazer. Eu a recompensei com dois dedos
dentro dela.

— Continue.
Seu coração batia forte contra o meu peito, sentindo a
vibração como se fosse meu próprio batimento cardíaco. — Se...
ficaria com ciúmes de te ver com outra… mulher. Eu queria
ver...

— E? — Eu exigi, a palavra soando dura até para meus


próprios ouvidos.

— Eu não gosto. — Ela admitiu, ofegante.

— Não gosta de me ver com outra mulher?

Fiz a pergunta ao mesmo tempo em que empurrei meus


dedos para dentro, os curvando de uma maneira que eu sabia
que a deixaria selvagem. Ela pulsou ao meu redor, sua umidade
pingando e o som de meus dedos a fodendo era quase
escandaloso.

— Sim! — Lila sibilou. — Eu odeio isso.

— Não gosta quando eu falo francês com outra mulher?

Seus olhos reviraram quando o calcanhar da minha palma


pressionou contra seu sexo tenro. — Maddox...

— Responda-me.

Ela olhou com raiva, um brilho vicioso em seu olhar. —


Você nunca falou francês comigo. — Ela cuspiu, antes de soltar
um gemido baixo. Seus olhos se arregalaram, seu rosto ficou
ainda mais vermelho de vergonha, e ela mordeu o lábio com
força.

— Je veux te baiser.5

Lila respirou fundo no meu francês, suas unhas cravando


no meu pulso. Elas deixariam suas marcas para trás, eu tinha
certeza. Doeu, a dor tornando meu pau mais duro. Ela
provavelmente estava tirando sangue agora. Foda-se, eu
sangraria de bom grado por ela.

— O quê? — Ela sussurrou.

As pernas de Lila tremeram e todo o seu corpo tremia no


precipício do seu orgasmo. Ela bateu a mão na boca novamente,
abafando seus gemidos desesperados, enquanto eles
continuavam derramando dos seus lábios. Minha cabeça
abaixou em seu peito, meus lábios pairando sobre seu seio.

— Eu quero te foder. Bem aqui, agora. — Eu disse, minha


voz rouca e grossa. Porra, eu estava prestes a gozar em meu
jeans. Meu pau palpitava, praticamente chorando por uma fatia
do céu... e inferno.

Seus mamilos cutucaram sua blusa. O contorno da ponta


firme e endurecida era tentador. Meus dentes roçaram o
pequeno nó através da fina camada antes de mordê-la, uma

5 Eu quero te foder.
mordida aguda, enquanto enrolava e puxava seu clitóris entre o
polegar e o indicador.

— Você não pode. — Ela gritou, enquanto eu a arrastava.

Lila jogou a cabeça para trás, os olhos fechados. Seu


orgasmo a atingiu, ao mesmo tempo, meu olhar encontrou
Lucien.

No momento ideal.

Seu rosto empalideceu, uma máscara de choque e raiva.


Seus lábios se curvaram quando ele deu um passo ameaçador
em nossa direção. Eu levantei uma sobrancelha para ele.

Lila desceu do alto e ofegou em alarme ao ver Lucien


parado ali, nos observando.

Freneticamente, ela tentou se afastar de mim. Não tão


rápido, dragãozinho.

Puxando meus dedos delicadamente da saia de Lila, levei


minha mão aos meus lábios. — Oh Deus... — Lila sussurrou
horrorizada, como se soubesse o que eu estava prestes a fazer.

Quão pouco Lila sabe...

Ela acendeu uma necessidade possessiva dentro de mim.


Algo feroz, algo perigoso, algo... selvagem.
Seus sucos e seu aroma doce e almiscarado cobriram
meus dedos, enquanto os lambia, mantendo meus olhos em
Lucien.

Ele fez uma pausa, seu peito se expandindo e seu rosto


escurecendo perigosamente. A saia de Lila ainda estava
enrolada até os quadris, as coxas abertas para mim, a calcinha
obscenamente puxada para o lado. Sua vagina era visível o
suficiente para Lucien, vermelha e inchada dos meus dedos.

Porra, eu estava ficando louco.

Eu queria espalhar meu esperma por toda a sua boceta e


fazer Lucien dar uma olhada, mostrando a ele o que era meu e o
que ele não podia ter.

Lila puxou a saia de volta no lugar, afagando rapidamente


os cabelos. Os seus olhos baixaram para o chão de vergonha.
Suas pernas tremiam, ainda fracas de seu orgasmo, e ela
tropeçou para frente, antes de eu passar um braço em volta de
sua cintura, ancorando-a ao meu corpo.

Lambi meus lábios, saboreando o restante dos sucos de


sua boceta. — Minhas desculpas, Lucien. Minha garota e eu
nos empolgamos um pouco. Vamos terminar o que começamos
em nosso quarto. Se você nos der licença.
Lila evitou olhar para Lucien quando passamos por ele,
mas no momento em que estávamos fora de seu olhar, ela se
virou para mim.

Seu punho bateu contra o meu peito, a ação me pegando


tão desprevenido que acabei dando um passo para trás.
Chocado, meus lábios se curvaram. Atrevida, assim como eu
gosto.

— Você... é um idiota!

Lila se afastou, seus saltos vermelhos estalando sobre o


chão de mármore. Ela pegou o elevador, e ainda sorrindo, subi
as escadas para o quarto andar. Ela já estava em nossa suíte
máster quando cheguei lá, andando por toda a extensão.

Seus olhos selvagens encontraram os meus no segundo em


que entrei pela porta.

— Isso foi completamente desnecessário! O que há de


errado com você? Você sabia que ele estava ali, não sabia? Hã,
por quanto tempo? — Foi embora a Lila macia e flexível em
meus braços enquanto ela gozava. No lugar dela estava o meu
inferno favorito. Naquele momento, eu percebi que... Lila não
era frágil como uma flor. Ela era frágil como uma bomba e eu
apenas a cutuquei.
— Maddox! Estou falando com você. Você não pode me
tratar... como uma prostituta paga. Não sou alguém que você
joga contra a parede...

— E fode?

Lila estalou, suas bochechas corando em vermelho.

Puxei minha camisa por cima da cabeça e a deixei cair no


chão, seguindo em frente. — Vamos esclarecer uma coisa.
Contanto que você seja minha, eu vou te foder onde quiser e
como quiser.

Ela me esfaqueou no peito com o dedo. Lila era uma anã,


mas caramba, ela tinha um temperamento e a atitude de um
dragão de fogo. — Você vai me tratar com respeito, Maddox.

Eu arqueei uma sobrancelha para ela. — Vou tratá-la com


respeito, sim. Um perfeito cavalheiro. Abrirei as portas para
você, trarei seu muffin de chocolate com menta favorito e
segurarei sua mão. Eu posso até te dar rosas mortas. Vê?
Cavalheiro perfeito.

Inclinei-me, meu rosto pairando sobre o dela. Sua


respiração ficou presa na garganta com minhas próximas
palavras. — Mas eu também vou te dobrar e te foder como eu
quiser, porque eu amo ver você tentando negar o quão molhada
te deixo. Vou tratá-la como uma princesa, mas vou te foder
como um animal e como o pervertido sujo que sou, porque você
gosta.

Os seus olhos se estreitaram de raiva, mas ela manteve o


rosto enganosamente calmo. Respirando fundo, ela se sentou no
sofá, cruzando as pernas flexíveis. Eu a segui de perto, em pé,
então ela teve que levantar o queixo para me encarar através de
seus cílios grossos. Que posição perfeita. Isso deixou a boca
dela em cima da minha virilha.

Os olhos de Lila se demoraram no meu torso por mais um


segundo, antes que seu olhar colidisse com o meu mais uma
vez. — Você fala com todas as garotas assim? Suas conquistas
apreciam isso... essa grosseria?

— O que você acha? — Eu perguntei, baixo e quieto.

— Eu acho que você é absolutamente desprezível.

— Oh sim, eu fui chamado assim algumas vezes.

— Oh, quando? Depois de deixar uma fila enorme de


soluços das garotas de coração partido?

Eu apertei minha língua para ela, quando ela me


provocou. Minha mão segurou seu rosto e esfreguei meu polegar
sobre seus lábios úmidos e abertos, borrando seu batom. —
Você me conhece tão bem.
— É por isso que você nunca teve uma namorada! Você
obviamente não sabe como não ser um imbecil! — Ela assobiou
exasperada.

— Continue falando, Garcia. Está me tentando a colocar


você por cima do joelho para mostrar exatamente por que eles
me chamam de desprezível.

Lila piscou, seu rosto empalidecendo em choque. — Você


acabou de ameaçar me espancar...?

— Prometi espancar e foder você. Vá em frente, continue


sendo uma pequena tagarela. — Minha voz rouca parecia deixá-
la ainda mais selvagem.

— Isso é algo que você faz com suas outras... amigas


também? — Ela zombou. Ah, tão Pequena Senhorita Lila estava,
na verdade, territorial.

O ciúme não apenas corria pelas minhas veias, mas era


muito aparente nas dela. Eu sabia, e estava provocando-a,
esperando sua reação.

Quando eu apenas sorri, ela ficou ofendida. — Idiota!

Meus lábios tremeram. — Pirralha!

Lila soltou um suspiro chocado e reprimi uma risada.


Somos melhores amigos há quatro anos; eu sabia exatamente
como apertar todos os seus botões.
— Você acabou de me chamar de pirralha? — Sim, chamei.
Especialmente depois daquele golpe que ela puxou no bar.
Desafiando-me a dançar com a Oxigenada quando sabia que era
a única mulher que eu queria em meus braços.

— Você prefere que eu te chame de vadia?

Indignada, ela se levantou e me lançou um olhar que faria


alguém tremer de medo. Eu? Lila zangada apenas fazia meu
pau ficar duro.

Eu conseguia pensar em sessenta e nove maneiras de tirar


a raiva de seu sistema, até que ela estivesse uma bagunça
bonita debaixo de mim.

— Por que estamos fazendo isso? — Ela rosnou, fogo


queimando em seus olhos escuros. Foda-se, ela era uma deusa
tentadora. Tão tentadora. Tão bonita. Minha.

E eu queria colocá-la sobre meus joelhos e bronzear sua


bunda por ser uma maldita teimosa.

Os seus punhos cerrados ao lado do corpo. — Você é uma


pessoa muito chata, Coulter. Por que ainda estou aqui? — Ela
murmurou a última frase para si mesma, mas era alto o
suficiente para eu ouvir.

Eu sorri. — Porque você gosta de como meu pau se sente


dentro de você.
Um batimento cardíaco passou antes que ela explodisse.
Ela jogou a almofada na minha cabeça e errou por pouco.

Eu tremi, sombriamente. — Você não deveria ter feito isso.

Andando para frente, eu a cacei, enquanto ela tentava


escapar. Mas ela era muito lenta e um predador nunca perde de
vista sua presa.

Eu a peguei facilmente e a joguei na cama. Lila pulou no


colchão com um suspiro chocado, e eu ataquei.

Ela emitiu um som no fundo da garganta, algo parecido


com irritação, mas faltava fogo. E ela não me afastou.

De fato, seus dedos se curvaram em volta dos meus


ombros, enquanto empurrava suas coxas e abaixei minha
cabeça entre elas. A saia dela estava enrolada na cintura e eu
estalei as cordas da calcinha, jogando o fio-dental por cima do
ombro.

— O que você está fazendo? — Lila respirou.

Seus olhos arregalados e castanhos estavam enevoados e


atados à necessidade da luxúria.

— Falando francês entre suas pernas, — eu murmurei,


meu peito vibrando com o rosnado baixo. — Sua boceta e eu
estamos prestes a nos familiarizar em um... nível mais pessoal.
CAPÍTULO QUATRO

Acordei nos braços de Maddox, meu corpo dolorido e meu


cérebro... confuso. O calor se espalhou pelo meu corpo, até os
dedos dos pés, e contra a minha vontade, havia um sorriso
estúpido estampado no meu rosto.

Quente e segura.

Feliz e...

Amada?

Não. Meu coração caiu na boca do estômago, um mergulho


repentino e duro que me fez sair do meu sonho. Não era amor.
Não poderia ser. Pelo menos não da parte de Maddox.

— Bom dia. — Eu estava tão perdida em meus próprios


pensamentos, pensando demais, novamente. Mas sua voz, um
timbre profundo, me trouxe de volta para ele.

O mesmo tom baixo que ele usou para falar comigo suas
últimas palavras ontem à noite, antes de adormecer... depois de
algumas vigorosas... rodadas de sexo.
Ou... fazer amor, imaginei. Eu não conseguia decidir o que
fizemos ontem à noite. Maddox tinha sido duro, me tomando
por muito e muito tempo... então ele foi gentil, levando seu doce
tempo. Tocando-me com o máximo de cuidado, como se eu
fosse algo frágil - quebrável. Ele me confundiu.

— Melhor aniversário de todos. — Maddox tinha


sussurrado no meu ouvido, antes de sua respiração se acalmar.
Foi sua resposta para mim, ao desejar-lhe feliz aniversário
quando o relógio bateu meia-noite, enquanto ele estava
enterrado dentro de mim.

Seu vigésimo primeiro aniversário. Nosso quarto


aniversário juntos. Exceto, que comemoramos este de uma
maneira um pouco diferente dos três primeiros.

Eu me virei para o seu lado para encará-lo. Seus olhos


ainda estavam fechados, mas havia um sorriso em seus lábios.
Cruzando os braços sobre o peito largo, descansei o queixo nas
mãos. — Bom dia.

Eu sussurrei, antes de colocar um beijo casto no canto da


sua boca. Eu não sabia por que fiz isso, mas era instinto. Quase
como um hábito que havia adquirido nas últimas vinte e quatro
horas. Eu não conseguia tirar minhas mãos ou lábios dele. — E
feliz aniversário!

— Quando eu abrir meus olhos, é melhor eu te encontrar


nua.
Era impossível não sorrir com sua provocação. Maddox
parecia tão... feliz.

— Abra os olhos e descubra por si mesmo.

Ele cantarolou em resposta, e senti sua mão subindo pela


minha coxa, uma carícia suave. Ele segurou minha bunda nua
e deu um aperto firme. Maddox abriu um olho, seus lábios
preguiçosamente se curvando de lado com um sorriso. — Macia
e nua, eu aprovo. — Disse ele, a voz sonolenta e rouca em meus
ouvidos.

— Você é insaciável. — Eu provoquei.

Seus dedos percorreram meus quadris, e seu braço


circulou em volta da minha cintura, antes de nos virar. Maddox
pairou sobre mim, sorrindo. — São quatro anos de frustração
sexual, Lila. Confie em mim, ainda não acabei com você. Na
verdade, estou apenas começando.

Passei minhas pernas ao redor de seus quadris, puxando-o


para mais perto. Sua ereção matinal pressionada contra o meu
núcleo, e eu podia sentir a viscosidade de onde seu sêmen tinha
secado em mim desde a noite passada.

— Sete dias de sexo, hein? Eu estava esperando algum


romance, mas acho que vou pegar o que posso conseguir. — Eu
só quis dizer isso como uma piada, mas foi embora o olhar
provocador no rosto de Maddox.
Sua expressão ficou séria, como se estivesse realmente
considerando minhas palavras. Droga, eu e minha estúpida
língua solta. Se fosse um caso de sete dias, eu não poderia
deixar isso ficar mais sério do que já estava.

Seus olhos azuis brilharam com algo... eu simplesmente


não conseguia nomear a emoção antes que ela fosse. Ele
levantou a mão e segurou meu rosto, o polegar passando sobre
minha bochecha. — Eu nunca tive que cortejar uma mulher
antes, mas vou tentar. Por você. Não sou muito romântico, mas
vou tentar. Por você.

Soltei uma pequena risada, mas dentro de mim? Eu estava


uma bagunça completa. Estômago agitado, compressão no
peito, coração apertando... puta merda. Maddox Coulter acabou
de dizer que ia me cortejar?

Prazer feminino me encheu, mas rapidamente o empurrei.


— Putz. Eu estava apenas brincando, não precisa levar a sério,
Coulter.

Seu polegar caiu sobre meus lábios, um toque terno.

Pare. Você está dificultando isso.

— Eu estou falando sério. Vou te dar romance, flores e


tudo mais, com um pau para acompanhar tudo isso, claro. —
Um bufo escapou de mim, bastante sem graça, e eu bati em seu
peito.
— Eu sabia! Você não consegue ser romântico nem para
salvar sua vida.

Os olhos de Maddox escureceram. — Isso foi um desafio?

Mordi o lábio para me impedir de dar uma risadinha. Eu,


dando risadinhas. Merda, o charme do Maddox estava me
afetando. — Taaalvez.

Um estrondo profundo veio do seu peito. — Provoque-me.


— Ele rosnou, antes que seus lábios esmagassem os meus, em
um longo e profundo... beijo ardente.

Ele reivindicou meus lábios.

Ele roubou meu fôlego.

Um... simples... beijo.

Maddox capturou meu coração.

Eu esperava que ele quisesse mais, mas terminou o beijo,


se afastando um pouco. — Levante-se. Estou prestes a lhe dar
meu presente de aniversário.

Atordoada, eu pisquei para ele. — Hã? Não é assim que


deve funcionar. É seu aniversário e eu te dou um presente. Não
o contrário.

Maddox sorriu. — Vamos a um encontro. — Ele disse mais


suavemente.
— Um encontro? — Eu repeti.

Ele rolou de cima de mim e observei enquanto ele passava


os dedos pelos cabelos loiros. — Eu vou cortejar você. — Ele
murmurou.

Puta merda, Maddox estava falando sério.

Um encontro... eu estava indo a um encontro com meu


melhor amigo.

Espera... meu amante?

Namorado?

O nervosismo percorreu minhas veias e meu estômago


revirou. Isso não ia acabar bem. Não, tudo isso ficou muito mais
complicado.

Minha respiração parou quando Maddox enrolou um dedo


em torno de uma mecha do meu cabelo e puxou, trazendo
minha atenção de volta para ele. — Você está pensando demais,
Lila. Eu posso praticamente ouvir seus pensamentos.

— Maddox...

— Não, — ele me interrompeu. — Se eu tiver que jogá-la


por cima do ombro e carregá-la em nosso encontro, eu irei. Não
me tente, docinho.

Maddox não faz promessas vazias.


De fato, ele sempre executava suas ameaças, de um jeito
ou de outro.

Saí da cama e rapidamente peguei sua camisa, a puxando


sobre a minha cabeça. — Um encontro casual? Como vou me
vestir? Onde estamos indo?

Ele se virou de lado e apoiou-se em um cotovelo. Os


músculos dos seus bíceps incharam, e o cobertor deslizou até
os quadris, mal cobrindo a virilha. O torso nu e a linha em V
estavam em exibição. Esse simples movimento não deveria
parecer tão sexy, mas Maddox tornou absolutamente
pecaminoso.

Seus olhos azuis do oceano cintilaram nas minhas coxas


nuas, antes que olhasse para cima. — Você fica bem na minha
camisa. — Disse ele, sua voz misturada com algo parecido
com... carinho? Adoração? Algo mais...

— E você faz muitas perguntas, mulher.

— Mas...

Maddox sacudiu a cabeça. — Entre no chuveiro, Lila. Ou


nunca sairemos deste quarto de hotel. — Bufando de volta uma
resposta, pisei no banheiro. Tranquei a porta, para o caso de ele
ter alguma ideia. Eu precisava de um tempo sozinha para
pensar, para me preparar e ao meu... coração para o que
Maddox havia planejado. Porque, independentemente do que eu
disse ou fiz... ou o quanto tentei afastar Maddox e manter meu
coração em uma gaiola, ele me deixou fraca.

Encontrei meu reflexo desgrenhado no espelho e gemi. O


resultado final de uma maratona sexual.

Esfregando a mão no rosto, me encostei na pia. Tudo


estava acontecendo rápido demais. Dois dias atrás... a mera
ideia de dormir com Maddox era proibida, quase um tabu.

Agora, eu estava tão fortemente enredada a ele, que não


havia saída.

Eu nem sabia como voltar atrás, como voltar a ser como


éramos antes. Minha garganta se apertou com um som
sufocado.

Antes do Maddox, eu não sabia como preencher a peça que


faltava. Eu nem sabia que estava faltando uma peça do meu
quebra-cabeça até que ele entrou em minha vida, com um
sorriso sujo. Eu não sabia que estava incompleta até que ele me
fez inteira.

Antes do Maddox... eu realmente não me conhecia.

Cobri meu peito com a mão e minhas cicatrizes


formigavam como um lembrete. Após a morte de meus pais,
continuei com o movimento da vida. Acordei, fui para a escola,
me lembrei de respirar, sorri porque era esperado e dormi
enquanto rezava para que os pesadelos ficassem longe. E repeti
tudo de novo.

Eu respirei. Eu vivi. Mas eu não estava... viva.

Não até ele.

Meus dedos agarraram meu colar, sentindo o seu peso,


perseguindo o mesmo sentimento suave que sempre me trazia.
O pingente, nosso apanhador de sonhos, parecia mais pesado
do que era antes.

Como eu poderia arriscar perdê-lo, nos perder?

Uma batida suave me tirou dos meus pensamentos, e girei,


olhando para a porta. — O quê?

— Eu posso ouvi-la pensando demais, Lila.

— Cale a boca. — Eu murmurei para a porta.

A porta riu, bem, Maddox riu. — Não me faça entrar. Você


sabe muito bem que uma porta trancada não vai me afastar se
eu quiser entrar. É melhor lembrar disso da próxima vez.

— A palavra “privacidade” não está no seu vocabulário? —


Eu atirei de volta.

Maddox ficou em silêncio por um segundo antes de


responder: — Não. Agora, se apresse. Nosso encontro aguarda,
minha dama.
— Eu não sou uma dama ou uma princesa. — E sim, eu
estava sorrindo porque, maldito seja, estava me apaixonando
novamente. O seu charme, as suas tentativas estúpidas de me
cortejar.

Mesmo com uma porta nos separando, eu podia imaginar


Maddox do lado de fora, sorrindo. — Não, você não é,
dragãozinho.

Dragãozinho.

Minhas bochechas esquentam. Droga, eu estava...


corando?

Oh não, eu estava com um grande problema.

Trinta minutos depois, saí do banheiro e encontrei nossa


suíte máster vazia. Maddox não estava em lugar algum, mas ele
me deixou um presente. Na cama, havia um vestido branco.

Com uma única... rosa morta. Uma rosa morta? Que


diabos? E então eu lembrei o porquê.
Maddox e suas brincadeiras estúpidas. A última vez que
ele me ofereceu rosas, rosas mortas, ele estava de joelhos,
fazendo uma grande proposta para a minha bunda.

Essa era sua maneira bagunçada de ser romântico, mas


ainda se mantendo fiel a nós.

Ao lado do vestido, havia um post-it azul. Uma nota


manuscrita, com a caligrafia não tão elegante de Maddox.

Você fica linda de branco. Vista o vestido.

Ah, isso era Maddox. Ele nem se incomodou em me pedir


para usar o vestido ou dizer “por favor”. Ele ordenou que eu o
usasse.

E onde diabos ele conseguiu esse vestido? Era bonito e


elegante. Um simples vestido de seda branco com alças finas.

Peguei o vestido e fui até o espelho, antes de deslizar por


cima da minha cabeça. Desceu às minhas panturrilhas, alguns
centímetros acima dos meus tornozelos. O vestido era sem
costas, com tiras cruzadas para atar um nó.

— Estou começando a pensar que fiz a escolha errada.

Ofeguei com a voz e me virei para encarar o intruso. —


Maddox! Você me assustou!

Ele ficou à entrada da sala e fechou a porta atrás de si. O


meu olhar percorreu o comprimento de seu corpo, absorvendo-o
lentamente. Sim, eu estava levando o meu tempo para apreciar
a vista.

Não havia nada de errado em olhar para o seu melhor


amigo, certo? O mesmo melhor amigo com quem dormi ontem à
noite...

Em vez do seu traje habitual de jeans e camisa, usava


calças pretas, uma camisa branca abotoada e uma gravata
preta. As mangas estavam arregaçadas até os cotovelos, os
antebraços grossos enrolados em músculos. Meu estômago
revirou ao vê-lo... tão elegantemente casual e tão pecaminoso.

Maddox caminhou até mim, seus olhos escuros e intensos.


— Agora que você está vestida, não quero sair do quarto. —
Disse ele com voz rouca.

— Por quê? — Minha voz caiu para um sussurro. — Você


gosta disso?

Ele ficou à minha frente, apenas alguns centímetros de


distância. Tão perto, que podia sentir o seu calor. Ele cheirava
limpo... sua loção pós-barba e colônia favorita misturada com
seu perfume viril. Eu reconheceria seu perfume em qualquer
lugar, mesmo em uma sala cheia.

Maddox deu outro passo, até que nossos corpos estavam


colados um contra o outro. Sua respiração deslizou sobre
minhas bochechas. Eu podia sentir o cheiro de menta no seu
hálito, e aposto que ele tinha chiclete escondido em algum lugar
da boca. — Eu gosto bastante.

Engoli, minha boca estava subitamente seca e minha


língua não parecia funcionar. — Hum... você pode... me ajudar?

Houve um único batimento cardíaco, um breve segundo,


um momento palpitante, antes que sua mão viesse pelos meus
quadris. Maddox me virou, então eu estava de frente para o
espelho. Com as costas contra a sua frente, nos encaramos.

Havia um olhar em seus olhos, a intensidade de seu olhar


azul me enervou. O contato visual era uma coisa tão perigosa.
Ele dizia mil palavras não ditas; palavras que estávamos com
muito medo de falar.

Seus dedos deslizaram sobre minhas costas nuas, e lutei


contra um calafrio. Meus dedos do pé enrolaram ao redor do
tapete macio, e meus olhos se fecharam quando sua cabeça
baixou para o meu pescoço. Seus lábios sussurraram sobre
minha pele e seus dentes roçaram meus ombros bruscamente,
antes de passar a língua sobre a mordida.

Eu o senti inalar, me respirando.

Eu exalei uma respiração trêmula em resposta.

Meu coração pulou no peito quando seus lábios


desapareceram atrás da minha orelha, um beijo carinhoso. Eu
não queria que ele parasse de me tocar. Havia magia em seu
toque, eu estava tonta e bêbada de Maddox.

Seus dedos trabalharam as tiras finas, e ele deu um único


nó, antes de suas mãos pousarem nos meus quadris
novamente. — Preto é a sua cor, mas o branco faz você parecer
um anjo que desceu à terra. Embora, em vez de trazer a paz,
você esteja causando estragos no meu coração.

Tum-tum. Tum-tum, Tum-tum.

Meu coração estava caindo... quebrando... um estalo alto


que ecoou em meus ouvidos. Eu não iria sobreviver aos
próximos cinco dias com Maddox.

Seu aperto aumentou nos meus quadris. — Deixe seu


cabelo solto.

Lambi meus lábios e olhei através do espelho. — Você está


realmente exigente hoje. — Como sempre.

Maddox deu de ombros antes de me dar um sorriso


covarde. — Você gosta disso.

— Diga “por favor”.

— O quê?

— Primeiro passo para me cortejar: pare de ser um idiota


tão arrogante. Diga “por favor”.
Seu polegar roçou meus quadris, movendo-se para frente e
para trás. Era um toque provocador através do tecido fino do
meu vestido.

— Por favor. — Meu ventre formigava com o ruído baixo,


sua voz mais grossa que o normal.

Puta. Merda!

Maddox Coulter acabou de dizer por favor.

— Vamos, dragãozinho?

Eu assenti, simplesmente sem palavras. Ele realmente


estava falando sério sobre me cortejar. Maddox não tinha um
único osso romântico nele, mas estava tentando.

Eu não era forte o suficiente para escapar de suas


tentativas. Eu só sabia...

No final do nosso caso em Paris, eu ia perder meu coração


para Maddox, o destruidor de corações.

Horas depois, meus pés estavam doloridos por andar pelas


ruas de Paris e meu estômago roncava de fome. Eu estava
agradecida por Maddox ter sugerido que eu colocasse minhas
sapatilhas, em vez de saltos, quando deixamos o hotel hoje de
manhã.

Agora, o dia estava lentamente chegando ao fim. E que dia


lindo tinha sido.

Um encontro, um... encontro real... com Maddox Coulter.

Passamos a manhã no Museu de Arte Moderna. É verdade,


era entediante para Maddox, mas ele fez isso por mim. Ele sabia
o quanto eu amava museus e ver coleções de arte ao longo de
centenas de anos. Paris era rica em cultura e nunca me
cansava de explorar o coração da França.

Para o almoço, decidimos fazer um pequeno piquenique no


Champs De Mars 6 , um jardim de 60 acres que costumava
cultivar hortaliças e videiras no século XVI até que fosse
reaproveitado para treinamento militar pela academia vizinha
de Napoleão. Hoje, podíamos apreciar a vista do jardim
enquanto almoçávamos.

Mais tarde, exploramos os jardins do Trocadero7 e tivemos


nossa sobremesa dos vendedores de sorvete. Maddox tinha seu
sabor favorito de manga e eu escolhi chocolate com menta.

6 Em português campo de marte, é uma das maiores áreas verdes em Paris, localizada entre a Torre Eiffel e a Escola Militar. Há uma controvérsia
sobre a origem do nome, para uns seria uma homenagem à Marte, o deus romano da guerra, para outros, sua origem se deve ao capo de marte, uma
região da Roma Antiga. O fato é que direta ou indiretamente, Champ de Mars deve se nome ao deus Marte, já que o campo romano foi batizado em
sua homenagem.
7 Jardins du Trocadéro (Jardins do Trocadero) ou Trocadero gardens é um espaço aberto em Paris, limitado pelo Palais de Chaillot, pelo Sena e pela
Pont d’iena, com a Torre Eiffel na margem oposto do Sena. Sua principal característica é a Fonte de Varsóvia, uma longa bacia, ou espelho d’água,
com doze fontes criando colunas de água de 12 metros de altura; vinte e quatro fontes menores de quatro metros de altura; e dez arcos de água. De
frente para o Sena, estão vinte potentes canhões de água, capazes de projetar um jato d’água de cinquenta metros.
Tudo tinha sido tão... perfeito. Por mais infantil que
parecesse, não queria que o dia terminasse.

Teria sido a mesma cena se tivéssemos explorado Paris


como amigos. Um passeio normal entre dois melhores amigos.
Teríamos ido aos mesmos lugares, comido a mesma comida...
Mas isso era... diferente.

Maddox segurou minha mão. Na verdade, mal me deixou


ir. Ele secretamente sussurrou palavras sujas no meu ouvido,
enquanto explorávamos o museu. Nós compartilhamos beijos
enquanto tomamos nosso sorvete, nossos lábios trêmulos e
dormentes.

Ele estava completamente em sintonia comigo, sempre me


alcançando, me observando de perto, me tocando.

Seu lado romântico estava finalmente aparecendo, e fui a


primeira mulher a vê-lo. Era especial, eu disse a mim mesma.

Mas também era um caso curto, eu me lembrei. — Então,


para onde agora?

Maddox agarrou minha mão, me puxando para ele. Ele


cruzou o braço em volta do meu ombro, me ancorando ao seu
lado. Ele abaixou a cabeça, para que pudesse sussurrar no meu
ouvido: — Sua última surpresa.
— Realmente não é justo. É seu aniversário e você não me
deixa fazer alguma coisa para você. — Murmurei, mesmo que
meu coração estivesse dando cambalhotas no peito.

Maddox deu um beijo rápido no canto dos meus lábios. —


Você já está fazendo.

— Hmm.

— Você está passando o dia comigo. É o bastante.

— Um encontro. — Eu disse atrevidamente.

— Um encontro. — Afirmou, com um sorriso sexy e


melancólico. Isso transformou seu rosto. Maddox parecia feliz, e
de repente, parecia mais jovem do que antes, mais parecido com
a idade dele. Todo casual, despreocupado e jovem.

Ele estava sempre ocupado com a escola e o futebol,


sempre preocupado, sempre tenso. Era um fardo que carregava
enquanto tentava fazer seu pai feliz, mesmo que você o
perguntasse, ele mentiria e diria que não dava a mínima para o
que seu pai pensava dele.

Ele era um bom mentiroso, escondendo sua dor por trás


da máscara que usava, mostrando ao mundo que ele era o
Maddox Coulter: arrogante, convencido, rico, o quarterback
estrela da Berkshire, e agora de Harvard.
Para o mundo, ele tinha tudo. Pais. Dinheiro. Uma bolsa
de estudos. Sua carreira no futebol. Meninas à sua disposição.

Ele era um rei e usava sua coroa, cheia de espinhos, com


uma arrogância incomparável e um sorriso sujo para
acompanhá-la.

Mas no fundo, tudo que Maddox sempre quis foi aceitação


e amor. Então ele trabalhou sem parar por isso... e sempre
terminava desapontado.

Mas agora? A linha tensa usual em sua testa foi


suavizada, seus olhos azuis praticamente vivos, e seu sorriso
era... real.

Oh, droga. Lá vai meu coração de novo.

Estávamos de volta ao hotel, esperando pelo elevador. —


Então, qual é a surpresa? — Eu perguntei novamente, ficando
um pouco impaciente. Ele estava arrastando o suspense por
muito tempo agora.

— Está esperando por nós no telhado. — Maddox piscou,


dando um passo para trás, como se fosse se afastar.

Confusa, peguei sua mão e o puxei para mim. — Você está


me dizendo que está prestes a subir as escadas para o telhado?

Ele olhou para o elevador, e eu praticamente podia senti-lo


suando com o simples pensamento de entrar no recinto
apertado. — Maddox, você não pode subir quinze lances de
escada. Isso é loucura! Não precisamos ir para o telhado. Vamos
voltar para o nosso quarto.

— Não, — retrucou, antes de balançar a cabeça. —


Desculpe. É só que eu os fiz preparar isso especialmente para
nós.

— Maddox...

Ele rangeu os dentes, sua mandíbula ficando dura, tanto


que me perguntei se ela racharia sob a pressão. — Pegue o
elevador, Lila. E eu estarei lá em alguns minutos. As escadas
não são um grande problema.

— Mas...

— Lila, não.

— Você está falando sério?

Sua expressão ficou severa. — Sim. Não discuta comigo


sobre isso, dragãozinho. Você não vai ganhar desta vez.

O elevador tocou e as portas se abriram. Maddox já estava


recuando de mim. — Para o telhado, Lila. Eu te vejo lá.

Entrei no elevador e o vi sair, quando a porta se fechou


mais uma vez. Apertei o botão do último andar, o que me levaria
ao telhado. Eu nem sabia que era permitido ir lá em cima.
O hotel tinha quinze andares e levei alguns minutos para
chegar onde precisava estar. Quando cheguei ao topo, havia um
funcionário do hotel na porta. Ele sorriu gentilmente, antes de
me deixar sair, deslizando as portas de vidro para mim. Pisei no
telhado, que na verdade era um terraço amplo.

Puta merda.

Lentamente, dei alguns passos à frente, absorvendo tudo.


O terraço foi transformado em um arranjo romântico. A
montagem saída de um filme ou de um romance. Ah, sim, eu
definitivamente estava sendo cortejada. Pétalas de rosas e velas
perfumadas no chão, criando um caminho para mim. Havia
uma mesa posta para dois, mas foi a vista que me deixou em
completo espanto.

Oh meu Deus!

Eu devo ter ficado lá, em choque completo, por um minuto


inteiro. — Surpresa! — Ele exalou no meu ouvido.

Eu nem sequer vacilei ou ofeguei. Eu o senti antes que ele


falasse. As mãos de Maddox se enrolaram em volta dos meus
quadris, enquanto me apoiava nas grades de metal do telhado.
Sua respiração estava ficando mais forte, seu peito estava
contra as minhas costas, e eu podia sentir seu coração batendo
forte. Ele subiu quinze lances de escada para isso... para nós.
Ele pressionou seus lábios quentes no meu ombro nu, um
beijo suave. — Pôr do sol, a Torre Eiffel e o jantar.

Minha respiração engatou. — O que você fez? — Eu


sussurrei, ainda em choque.

— Estou cortejando você, — ele respondeu facilmente. —


Prometi a você romance.

Ele prometeu. E cumpriu. Flores... romance... pôr do sol...


Paris... O que mais eu poderia pedir?

Apaixonar-me pelo meu melhor amigo nunca deveria


acontecer, mas ser conquistada pelo meu melhor amigo? Eu
imaginei, não havia como voltar depois disso.

A cidade do amor fez jus ao seu nome. Nem Maddox e eu


podemos lutar contra isso.

Fomos informados de que este hotel tinha a melhor vista


da cidade e bem aqui... no telhado? A vista era absolutamente
mágica quando o sol começou a se pôr atrás da Torre Eiffel e
pudemos ver toda a capital francesa.

Quando o céu ficou amarelo e laranja, o sol se abaixando


no horizonte, eu só pude contemplar e me maravilhar com sua
beleza.

— Devemos? O jantar aguarda.


Maddox agarrou minha mão na sua e me puxou para a
mesa. Ele empurrou minha cadeira e sentou-se à minha frente.
O jantar foi servido pelo mesmo garçom que encontrei na porta.

— Rosas de verdade, hein? — Eu balancei a cabeça em


direção ao vaso em cima da mesa. Essa foi uma ótima adição,
se não uma surpresa total. Eu esperava rosas mortas
novamente.

Seus lábios se curvaram, um sorriso provocador. — Pensei


em mudar um pouco.

Olhei em volta do terraço, admirando a vista. — Como você


planejou isso?

— Eu tenho meus métodos. — Não conseguia imaginar


Maddox indo ao concierge 8 e pedindo que preparassem isso.
Realmente não combinava com ele e seus modos arrogantes,
mas achei... Ele realmente me surpreendeu hoje.

Maddox serviu para nós dois um copo de vinho. Tomei um


gole lento, assentindo com satisfação, quando o vinho tinto
atingiu todo o meu paladar.

— Como você não me deixou te dar um presente de


aniversário, teremos que ir amanhã. — Comecei, cortando meu
bife em pedaços pequenos.

8Concierge é um termo da língua francesa e que pode ser traduzido literalmente como – porteiro–
para o português. O concierge é um cargo comum no ramo hoteleiro, consistindo na função do
profissional responsável por atender as necessidades básicas e especiais dos hóspedes.
Maddox enfiou o garfo na boca, as sobrancelhas franzidas.
— O que você quer dizer? — Ele perguntou com a boca cheia.

— Eu pensei que poderíamos fazer uma tatuagem.

Seus olhos se iluminaram instantaneamente e eu


continuei: — No ano passado, você queria fazer tatuagens
iguais, mas eu não estava pronta. Eu pensei que este ano... nós
poderíamos. Seu presente de aniversário.

Tatuagens combinando... algo que éramos nós. — Lila. —


Ele disse meu nome em um rosnado baixo.

— Sim? — Meu estômago deu outra reviravolta, e


detestava o quanto Maddox poderia me afetar. Isso era mentira.
Eu não odeio o sentimento. Na verdade, eu estava começando a
amar. Demais.

— Se você não estivesse comendo e do outro lado da mesa,


eu teria te virado e transado com você até a próxima semana.

Minha mão voou para a minha boca, enquanto eu tossia o


bife que agora estava preso na minha garganta.
Desajeitadamente, peguei meu copo e tomei um grande gole. Ele
sorriu antes de tomar um pouco de seu próprio vinho.

Eu não sabia que ele ficaria tão feliz com as tatuagens. —


Você tem que parar de fazer isso. — Murmurei, depois do meu
ataque de tosse.
— O quê? Fazer você corar? Você fica fofa, docinho. —
Disse, de maneira arrogante.

Droga, droga Maddox.

O resto do jantar passou com Maddox deixando


comentários casuais sujos e eu revirando os olhos. Ele era
absolutamente impossível.

Mas eu tive quatro anos para me acostumar com todas as


suas travessuras.

Depois que a mesa foi limpa e enquanto esperávamos a


sobremesa, empurrei minha cadeira e fui até o parapeito. O céu
estava escuro agora e a Torre Eiffel iluminava a noite.

Era... de tirar o fôlego.

Pelo canto do olho, notei Maddox se levantando da cadeira


e caminhando em minha direção com um propósito. Ele exalava
confiança e arrogância enquanto me rondava. Seu corpo se
moveu atrás de mim, seu peito largo pressionando minhas
costas. Eu podia sentir a força do seu corpo contra o meu.

Um arrepio ondulou através de mim, enquanto seu dedo


deslizava sobre minhas costas nuas, puxando suavemente o nó
de renda, mas não o suficiente para desfazê-lo. Seu toque
provocador permaneceu, minha pele subindo com arrepios.
Sua mão deslizou, oh, tão devagar. Ele afastou meu cabelo
e seus lábios encostaram contra a minha nuca. Meu coração
bateu forte.

De repente, me senti muito, muito quente. Por toda parte.


Dentro, fora... minhas pontas dos dedos... meu núcleo. Oh,
Deus. Seu toque era uma doce, doce tortura. Uma fatia do céu,
com um toque do inferno. Maddox beijou seu caminho até a
curva dos meus ombros. — Eu sabia que não tinha o direito de
tocar em você, te querer, te desejar como ar, mas eu fiz. Eu
sabia que estava errado, mas não queria parar. Então eu
peguei. E agora estou obcecado.

Um arrepio percorreu minha espinha e quase


choraminguei de necessidade. Meu corpo estremeceu quando
suas palavras me atingiram como uma maré violenta, me
varrendo. Seu peito tremeu com um som gutural baixo. — Eu
sou um homem louco por você, Lila Garcia.

Meu sexo apertou em resposta. — Não é justo, —


sussurrei. — Eu não posso te afastar se continuar dizendo
coisas assim, sussurrando essas palavras... você está tornando
isso muito mais difícil, Maddox.

Seus dentes beliscaram a lateral do meu pescoço. Sua mão


enrolou em volta da minha garganta, e ele virou minha cabeça
para o lado, seus lábios roçando nos meus.

Beije-me.
Esse foi o único pensamento que tive antes que sua boca
estivesse na minha. Ele não parou, não esperou que eu
pensasse, não esperou que eu recuperasse o fôlego...

Macio, mas exigente.

Gentil, mas apaixonado.

Doce, mas que tudo consome.

O fogo lambeu minhas veias e meu corpo ficou mole em


seus braços. Por um breve segundo, meu mundo ficou
desequilibrado, antes de finalmente parecer... certo. Cada parte
de mim ganhou vida, quando os tambores batiam e
retumbavam em meu peito. Minha alma chorou em triunfo,
quando finalmente me permiti... sentir.

Talvez tenha sido esse o momento em que me apaixonei


por ele. Imprudentemente. Irrevogavelmente. Integralmente.
Talvez tenha sido o momento em que percebi que nunca quis
deixar ir.

Nós nos beijamos, como dois amantes se afogando


perdidos no mar, nossos lábios se procurando em meio às
ondas quebrando. Lábios. Língua. Dentes. Nós nos beijamos
como se fosse o fim, e nossos lábios nunca mais se
encontrariam. O ritmo de nossos corações combinava com
nosso desespero enlouquecido. Maddox era como todas as
coisas sagradas e pecaminosas neste mundo; ele tinha gosto de
todo pensamento proibido que eu tinha à noite se tornando
realidade.

Ele tinha gosto de vinho tinto, e eu estava um pouco


inebriada, um pouco bêbada dele. Nossos lábios se separaram
um do outro, quando recuperamos o fôlego, o peito arfando. —
Curve-se. Puxe seu vestido. — Maddox disse no meu ouvido.

Engoli em seco, meu coração disparado e meu estômago


apertando com antecipação. Seus dedos se abriram em volta da
minha garganta, mas eu ainda podia sentir o toque ardente em
minha carne, como se tivesse me marcado. Suas mãos
desceram para a minha cintura e seus dedos agarraram meus
quadris. Maddox roçou o nariz ao longo da minha nuca.

Eu exalei uma respiração trêmula. — As pessoas vão ver.

Os prédios estavam tão próximos um do outro que


qualquer um podia nos ver se olhassem pela janela. E se... o
garçom nos encontrasse?

Seu peito roncou com um som crescente. — Deixe-os. Eu


quero que o mundo me veja possuindo essa doce boceta.
Incline-se, Lila. Agora. Mostre-me como você está molhada para
mim, e eu darei o que você precisa.

Meus olhos se arregalaram com o comando em sua voz, e


meu corpo se curvou à sua vontade, antes que pudesse
realmente processar o que estava acontecendo.
— Estou esperando. — Sua voz endureceu, um leve tom
áspero em seu tom. — Seu vestido, Lila. — Maddox me lembrou,
quando fiquei curvada sobre a grade.

Minhas mãos trêmulas apertaram o tecido do meu vestido


de seda e lentamente o deslizei. Eu não conseguia ver seu rosto,
mas seus olhos estavam praticamente queimando buracos nas
minhas costas.

Caloroso. Intenso. Duro.

Eu puxei meu vestido por cima da minha bunda, e ele


enrolou em volta dos meus quadris, enquanto eu estava
curvada. A calcinha que eu usava mal cobria minha carne.
Minhas bochechas estavam em exibição, minhas pernas nuas
tremendo, enquanto tentava me manter quieta para ele.

Isso era altamente inapropriado.

Mas talvez fosse por isso... o fato de ser inapropriado... me


fez querer mais. Estava úmida entre as minhas coxas, minha
umidade cobrindo minha calcinha. Meu corpo estava apertado
com antecipação.

— Maddox. — Respirei, esperando que ele dissesse algo...


que me tocasse.

Mas ele ficou estranhamente quieto. Eu podia ouvir sua


respiração, podia senti-lo atrás de mim, mas ele não fez um
movimento para me tocar.
Suas pernas roçaram as minhas e meu corpo arrepiou
involuntariamente. O tecido de suas calças parecia mais áspero
contra a minha pele, mesmo sabendo que não era o caso. Eu
apenas me senti mais... em sintonia com Maddox. Meu corpo
estava consciente de cada toque, cada respiração... cada
movimento.

Quando ele finalmente me tocou... eu quase gemi de alívio.

As pontas de seus dedos roçaram minhas costas e suas


mãos deslizaram até minha bunda. Ele segurou quase
possessivamente, antes de se aproximar. Seu corpo moldou
sobre mim, trazendo seu peito firmemente contra as minhas
costas. Maddox chutou minhas pernas abertas, forçando-as
ainda mais afastadas.

A ligeira frieza do corrimão escoou através do meu vestido,


enquanto mantinha meu peito pressionado contra ele. Meus
mamilos se tencionaram e meus lábios se separaram, um
suspiro silencioso escapando.

Ele esfregou as mãos na minha bunda, acariciando os


globos macios. Sua voz baixou para um timbre gutural. — O
que eu vou fazer com você.

Lambi meus lábios. — Isso foi uma pergunta?

— Não, uma declaração. — Dois dedos deslizaram dentro


da minha calcinha e entre a fenda da minha bunda, esfregando
o ponto macio ali. Ali... puta merda! Eu apertei e mordi meu
lábio, com força. — Eu vou fazer muitas coisas para você, Lila.

Eu ofeguei com fingida indignação. — Você não vai... —


Smack.

Foi um toque leve em comparação com a surra que ele me


deu durante a nossa maratona sexual. Depois de me manipular
na noite anterior, isso foi quase gentil. Este foi o suficiente para
picar antes de se sentir mais agradável.

Ele colocou a mão sobre minha bunda novamente, e eu


mordi meus lábios, segurando o gemido que ameaçava escapar.
Meus quadris levantaram por vontade própria, quando ele
esfregou o local imediatamente, me fazendo sentir quente e
excitada.

Smack. Smack.

Ele me bateu com mais força. Dois golpes rápidos que


queimaram lentamente minha carne, e desta vez, não pude
deixar de gemer alto. O calor entre as minhas pernas se
intensificou e eu pulsava.

Era doloroso: doce tortura. Oh, doce céu!

— Maddox. — Minha voz saiu suave e ofegante. Eu só


podia imaginar como seria se alguém nos pegasse. Eu, curvada
com o vestido em volta dos quadris, Maddox me espancando,
enquanto minha umidade escorria pelo interior das minhas
coxas. A imagem era tão... suja... tão... lasciva, não pude deixar
de me sentir ainda mais quente.

Eu arqueei em seu corpo, quando ele bateu em minha


bunda, alternando entre golpes leves e duros. Ele acariciou meu
traseiro arqueado, provocando nós dois.

Eu o senti se ajoelhar atrás de mim, seu rosto nivelado


com a minha bunda agora. Ele deslizou minha calcinha pelas
minhas pernas, e o tecido macio se juntou ao redor dos meus
tornozelos. Tentei fechar as pernas, subitamente me sentindo
oprimida por tudo isso.

— Mostre-me sua boceta, baby.

A pressão no meu peito aumentou. Minhas coxas se


apertaram com suas palavras, mas sua mão pousou na minha
bunda com tanta força que me encolhi, gritando, e minhas
pernas instantaneamente se abriram. — Mostre-me, Lila.
Mostre-me o quanto você me quer.

Maddox cutucou minhas pernas com os joelhos. Suas


mãos esfregaram os globos da minha bunda, enquanto minha
mão se esgueirava entre as minhas pernas. Um leve gemido
saiu dos meus lábios quando me toquei. Inclinei-me mais para
frente, pressionando a parte superior do corpo contra a grade e
arqueando os quadris para cima. Os dedos de Maddox
afundaram em minha carne, e ele puxou minha bochecha,
quando me abri, mostrando a ele minha entrada.
Ele xingou baixinho, e eu fechei meus olhos, sentindo meu
corpo corar sob seu olhar intenso e penetrante. — Você é tão
linda, Lila.

Claro, ele diria isso. Eu estava à sua mercê, totalmente


aberta para ele fazer o que quisesse. Maddox soltou um
grunhido baixo. Senti sua respiração na minha bunda, antes
que ele mordesse suavemente.

Soltei um pequeno grito, meu corpo todo apertando com


força, enquanto ele espetava meu núcleo aquecido com dois
dedos ao mesmo tempo. Eu resisti contra ele, gritando e me
sentindo ficar mais úmida.

Eu pulsava, pulsando com uma intensidade que realmente


não conseguia descrever.

Maddox continuou a enfiar os dedos dentro e fora de mim,


e descaradamente comecei a me mover com ele, moendo contra
ele.

— Maddox... Maddox! — O seu nome era uma oração


ofegante nos meus lábios. Minhas pernas começaram a tremer,
meus joelhos ficando fracos, enquanto ele continuava
implacavelmente me provocando. — Oh... por favor! Por favor.
Por favor.
Ele se afastou lentamente. A sensação de vazio me fez
gritar, e o alcancei cegamente. — Eu estou com você. — Ele
murmurou no meu ouvido.

Não pare agora.

Eu queria tudo o que ele estava me dando e muito mais. —


Não se mexa.

O calor do seu corpo me deixou por um mero segundo. Eu


ouvi o som do seu cinto, o zíper sendo puxado para baixo... e
então ele estava em mim novamente.

Aglomerando-se no meu espaço, pressionando contra mim,


enchendo meus sentidos com seu toque... seu perfume... seu...
tudo.

Seu comprimento duro sacudiu entre nós, e a ponta do


seu pau pressionou contra o meu núcleo. Ele guiou seu
comprimento na minha boceta, esfregando lentamente a cabeça
em volta do meu clitóris.

Meus dedos cavaram com mais força no parapeito de


metal, enquanto Maddox empurrava para dentro lentamente...
tão lentamente, punindo a ambos. Eu o senti, centímetro por
centímetro, até que ele estava dentro de mim. Jesus Cristo! Nos
últimos dois dias, tive Maddox dentro de mim tantas vezes, em
tantas posições, mas toda vez parecia a primeira.
Sua respiração estava irregular, seu peito arfava a cada
respiração. Meus olhos se arregalaram, quando ele revirou os
quadris levemente, me fazendo senti-lo. Todo ele. Não havia
espaço entre nós. E eu não conseguia respirar.

Eu estava completamente esticada, mas o desconforto mal


estava lá. Ele se afastou lentamente e recuou um segundo
depois, com o mesmo movimento lento e torturante.

Meu olhar encontrou a Torre Eiffel iluminada à noite,


enquanto Maddox me fodia por trás. Oh Deus, essa era sua
surpresa.

Romance e pau ao mesmo tempo, ele prometeu. Sim, ele


cumpriu.

Maddox grunhiu meu nome, o som tão primitivo que meu


útero se apertou em resposta. Seu ritmo lento acelerou, seu
impulso se tornou mais estridente. Mais duro. Mais profundo.
Seus dedos envolveram meu cabelo, enrolando seu punho em
torno dele, até que seus nós cravaram no meu couro cabeludo.
— Olhe para a esquerda, olhos para cima. — Maddox rosnou,
sua voz rouca, áspera.

Eu olhei. Meus lábios se separaram em um suspiro


silencioso quando Maddox empurrou de volta para dentro de
mim, seu pau me batendo tão fundo, que meus dedos quase
deixaram o chão. — Você o vê?
Eu choraminguei em resposta.

Alguém, pela silhueta, acho que era um homem, estava


nos observando do prédio ao nosso lado. Todos os prédios
estavam tão próximos, e o homem estava apenas um andar
mais alto que nós, então não havia como negar, ele podia ver
tudo.

Um som estrangulado me escapou. Eu teria pensado que


talvez ele não nos visse. Afinal, estava escuro lá fora, ou talvez
ele estivesse preocupado. Exceto, pela silhueta, era óbvio
quando o homem tirou o pau da calça e começou a se
masturbar.

Enquanto... nos... observava.

— Lila, — Maddox rosnou meu nome. Ele saiu quase


completamente. Seu comprimento duro pressionou contra
minhas dobras, e eu apertei, me sentindo vazia. — Má, garota
má. Você está dando a ele um bom show?

Com um impulso forte, ele bateu de volta para dentro, e


meus lábios se separaram com um grito silencioso. Maddox!

Maddox não parou. Ambos fizemos um som estrangulado,


um suspiro... um gemido. Isso foi rápido, sexy e imundo.

Meu olhar não se desviou do homem. Maddox bateu em


mim novamente, enquanto eu observava o completo estranho se
masturbando ao nos ver fodendo.
Meus gemidos ficaram mais altos; o grunhidos de Maddox
soaram mais severos nos meus ouvidos. — Lila. Lila. Foda-se,
Lila.

A tensão no meu núcleo aumentou, meu ventre


estremeceu e minha boceta convulsionou em torno do pênis de
Maddox. Eu tentei engolir meu grito, mas quando ele bateu
dentro de mim, atingindo aquele ponto doce e sensível... eu me
soltei.

Meus olhos se fecharam, quando gozei tão forte que meus


joelhos enfraqueceram e minhas pernas quase cederam. Ele
gozou também, seu corpo apertando quando convulsionou-se
contra mim.

— Tão. Linda. Porra. — Maddox gemeu.

O estranho gozou também, antes de enfiar o pau dentro da


calça, nos dar um pequeno aceno e se afastar da janela.

Deus, Jesus! Puta merda!

Maddox passou o braço em volta da minha cintura, me


mantendo na posição vertical, enquanto eu balançava contra a
grade do telhado.

O que... nós... acabamos de fazer?

Eu pisquei para longe a imprecisão, mas meu cérebro não


parecia funcionar. Meu coração estava batendo tão forte contra
a minha caixa torácica, que pensei que deixaria uma contusão
desagradável. Meu corpo era uma mole confusão... eu estava
tão...

Eu não conseguia pensar. Não conseguia respirar. Não


podia...

Maddox lentamente saiu de mim e me encolhi com a


súbita sensação de vazio. Seus lábios pressionaram meu ombro
antes que ele me girasse e puxasse para seus braços. Seu terno
estava desarrumado enquanto meu vestido estava amarrotado.
Meu cabelo provavelmente estava uma bagunça também,
aumentando a minha aparência desgrenhada.

— Muito romântico, você não acha? — Maddox raspou no


meu ouvido, enquanto seu esperma escorria pelas minhas
coxas.

— Esse é um significado totalmente novo para o romance,


Coulter. — Eu disse sem fôlego.

Maddox riu, antes de reivindicar meus lábios em um longo


beijo. — Eu vivo para te agradar, Garcia. — Oh sim, eu fiquei
muito satisfeita.

Maddox Coulter podia fazer um romance devasso muito


bem.
CAPÍTULO CINCO

Nosso tempo em Paris chegou ao fim.

Uma semana. Um caso de sete dias.

E agora eu só tinha que convencer Lila a ficar comigo...


para sempre.

Mas para sempre era muito tempo. Para sempre era


apenas um sonho, uma bela fantasia, pensei. Eu achava que
apenas tinha que convencê-la de que éramos bons juntos. Bons
‘pra’ caralho.

Bons o suficiente para funcionarmos com um casal e durar


muito tempo. Por mais extravagante que parecesse
(extravagante não combinava com meu personagem, mas para
Lila, eu seria minha própria versão do romântico extravagante),
pude ver meu futuro com Lila.

Eu não fazia a coisa toda do amor, ou achava que não.


Mas ela era tudo o que eu sempre quis, e isso me assustou
muito. Ela era um pedaço do céu, com fogos infernais.
No final desta noite, Lila Garcia seria minha namorada.

Não importava se eu tivesse que amarrá-la à cama e comê-


la bem o suficiente para a convencer. Se ela queria romance, eu
estava preparado para dar isso a ela também. Isso e tudo mais
que ela quisesse. Lila não ia mais nos manter na zona de
amizade.

Eu já podia sentir sua barreira subindo, me excluindo. Eu


sabia que ela estava preocupada; eu também estava. Quando
saímos do aeroporto, Lila manteve uma distância cuidadosa
entre nós. Uma distância que não existia durante a nossa
estadia em Paris. Claro que não estava lá, eu estava em sua
vagina nos últimos sete dias.

E. Nós. Não. Íamos. Voltar. A. Ser. Somente. Amigos.

Foda-se isso. Meu pau concordava.

— Estou feliz por estar de volta em casa, — disse ela,


erguendo a mala de viagem por cima do ombro. — Estou
preocupada com a Riley.

— Ela vai ficar bem. — Acalmei-a, pegando sua mão. Foi


por hábito, quase como um instinto, que agora estava incutido
em mim. Tocá-la, abraçá-la, beijá-la.

Lila se afastou do meu toque e eu segurei um rosnado.


Droga! Seus lábios estavam pressionados em uma linha firme,
enquanto ela evitava me olhar. Peguei sua mala e a rolei em
direção ao meu Bentley9 preto. — Eu pedi Colton para trazer o
carro para nós.

— Você não precisava fazer isso, — disse ela, colocando a


bolsa no banco de trás. — Nós poderíamos ter chamado um
Uber.

— Eu sabia que você não gostaria disso. — Enfiei nossas


malas no porta-malas, antes de caminhar para o lado do
motorista. Lila se sentou no banco do passageiro.

Ela podia ter superado o medo de carros. Ela estava bem


em dirigir comigo, mas não estava confortável em entrar em um
carro com qualquer pessoa. Ainda não, pelo menos.

Eu provavelmente era um idiota por pensar assim... mas


gostei que ela só entraria em um carro comigo. Que eu era o seu
protetor. Ela confiava em mim. Só eu havia visto todos os lados
de Lila, ela nunca quis que outros vissem.

Eu tinha visto Lila forte e poderosa.

Eu a testemunhei frágil e vulnerável.

Lila me cutucou com o cotovelo, os lábios curvados para o


lado. — Isso foi muito atencioso da sua parte, obrigada!

Sério, Lila? Voltamos a compartilhar gentilezas e a ser...


amigáveis?

9 É uma marca de carro executivo luxuoso. Fabricado por uma automobilística britânica. É famosa por
fornecer carros de luxo à família real britânica.
Quanto mais reservada ela parecia, mais eu queria
provocá-la, sondar seu temperamento e evocar sua paixão.

Quanto mais distância ela colocava entre nós, mais eu


queria devorá-la.

Inclinando-me, segurei seu rosto e roubei um beijo. Seus


lábios se abriram contra os meus e empurrei minha língua em
sua boca, provando-a. Chupei e mordi seu lábio inferior, até que
ela soltou um pequeno gemido que parecia tão carente. O som
viajou até o meu pau.

Bem, merda. Agora não, grandalhão.

Eu me afastei do beijo e lambi meus lábios, saboreando os


restos de seu brilho labial de cereja e o chiclete de hortelã que
ela tinha na boca... o qual... eu agora tinha entre os dentes. Ela
nem percebeu que eu roubei seu chiclete. Seus olhos castanhos
estavam vidrados, suas bochechas estavam pintadas de rosa, e
Lila agitou seus cílios para mim. Sim, eu a peguei bem.

— Por que você fez isso? — Ela respirou, levando os dedos


aos lábios carnudos e bem beijados. Porque você é minha.

Bati minha língua para ela e liguei o carro. — Eu estava


apenas verificando se você se tornaria uma princesa. Mas,
infelizmente, você ainda é um sapo — espere, não. Ainda é um
dragão escamoso e aterrorizante, pelo que vejo.
Lila golpeou meu braço, uma pequena risada ofegante
escapou de seus lábios tentadores. — Como se você fosse um
príncipe. Há!

— Você não é uma princesa, e eu não sou um príncipe


encantado.

Ela revirou os olhos. — O que você é então?

— Seu rei, baby.

A garganta de Lila tremeu em resposta. Ela se virou para a


janela sem um retorno inteligente, como eu esperava. Ela se
escondeu atrás dos cabelos, protegendo o rosto de mim. Se
escondendo de mim, me excluindo...

Corra, Lila. Corra, dragãozinho. Quanto mais rápido ela


fugia de mim, mais duro eu iria persegui-la.

O caminho para a nossa casa foi bastante tranquilo, e eu


dei isso a ela. Eu permiti o silêncio a ela, dei a ela uma última
chance de pensar sobre isso, antes de entrar e virar o mundo
dela de cabeça para baixo.

Quinze minutos depois, entramos no estacionamento. Lila


saiu apressadamente do carro, antes que eu pudesse dizer uma
palavra. Ela estava pensando em ir direto para o apartamento
dela sem sequer me reconhecer?

Que – porra – é – essa?


Lila e eu estávamos saindo do carro, quando Colton entrou
no estacionamento em sua Ferrari amarela. No mês passado,
ele teve o último Jaguar Sport – em verde. Ele gostava de seus
carros, como suas mulheres: chamativos, ousados e
extravagantes. Merdinha arrogante, não admira que fôssemos
melhores amigos.

Assistimos, enquanto ele corria para o lado do passageiro,


abriu a porta e saiu... Riley?

Que merda é...

Ela balançou para fora e fez uma careta quando Colton


passou um braço em volta dos seus ombros, ajudando-a pular
em nossa direção. Ela acenou, com um pequeno sorriso no
rosto. — Lila!

Lila deixou a bolsa cair aos meus pés e correu para Riley,
antes de envolver sua amiga em um abraço apertado. Colton
relutantemente soltou sua carga nos braços de Lila e deu um
passo para trás. Fui até o pequeno grupo e bati os punhos com
Colton. Riley e ele mal toleravam um ao outro, e eu estava
muito curioso como ele a convenceu a deixá-lo ajudar. Olhei
para as sacolas de compras que ele estava segurando. Pude ver
vegetais, chocolates e... absorventes. Sim, essa sacola
definitivamente não pertencia a Colton. Ele parecia ser o
motorista pessoal de Riley e... ajudante?
— Como está a perna? — Inclinei com a cabeça em direção
ao gesso azul de Riley. O lábio dela sobressaltou, uma feição de
tristeza.

— Está tudo bem agora.

Lila emitiu um som estrangulado no fundo da garganta,


parecendo irritada... e fofa com a expressão de indignação no
rosto. — Não acredito que você esperou um dia inteiro antes de
ligar e me contar sobre o seu acidente! Você quebrou sua perna,
que diabos!

— Fraturou, — Colton corrigiu. — Não está quebrada. Ela


teve sorte que eu estava ao lado e ouvi seu grito.

— Você não deveria ter subido aquela escada quando


estava em casa sozinha. Nunca foi estável. — A testa de Lila
enrugou de preocupação pela amiga. — Você poderia ter se
machucado ainda mais!

— Ela podia ter me ligado, e eu teria consertado o armário


quebrado. — Colton murmurou baixinho.

Riley sibilou, seus olhos brilhando com irritação. — Eu


tinha tudo sob controle se não fosse pelo gato pulando na
minha escada. Rory me pediu para cuidar dela, enquanto ela e
Jaxon estavam fora neste fim de semana. — Ela mirou seu
inimigo, encarando-a. — E não... eu não preciso da sua ajuda,
Colton.
— Engraçado. Fui eu quem a levou ao hospital no meio da
noite.

O ombro dela se endireitou e seus lábios se curvaram em


desgosto. — Porque você insistiu.

— Você estava com dor.

— Quem se importa? Eu estava bem sozinha e poderia ter


ligado para o 911!

— Eu me importo. — Colton rosnou.

Riley abriu a boca para responder de volta para ele, mas


parou na confissão de Colton. Ela piscou, abriu a boca
novamente, antes de finalmente fechá-la. Sem retorno,
espertinha? Hmm, interessante.

— Tanto faz, — ela murmurou baixinho. — Como foi sua


viagem, Lila?

O olhar de Lila encontrou o meu, quando ela ficou


vermelha. Ela piscou e soltou uma resposta meia-boca para sua
amiga. — Oh, tudo bem. Foi bem. Tudo estava legal e foi bem.

— Ela disse tudo bem três vezes. — Colton murmurou


para mim, suave o suficiente para as meninas não entenderem.
Riley nunca calava a boca e fazia muitas perguntas o tempo
todo. Surpreendentemente, hoje, ela parecia mais pensativa. Eu
percebi o jeito que ela ficava olhando entre Lila e eu, quase
desconfiada.

— Paris era como tudo que você imaginou? — Colton


empurrou, um sorriso arrogante estampado em seu rosto. O
merdinha pegou facilmente. Claro que ele fez.

Lila soltou uma risada sufocada. — Oh, sim. Tudo foi...

— Tudo bem. — Eu terminei por ela.

Sua cabeça estalou em direção à minha, e seus olhos


escuros arderam mais escuros. — Eu ia dizer que tudo foi
mágico.

— O sexo também foi mágico? — Eu sorri. Lila ofegou,


absolutamente indignada.

Riley recuou e quase caiu em sua bunda, se não fosse por


Colton a agarrando. Colton soltou um assobio, antes de
disfarçar com um acesso de tosse. Seus ombros tremiam com
sua risada silenciosa. — O QUÊ? — Riley gritou.

— Maddox. — Lila assobiou. Suas mãos estavam em


punho ao lado do corpo, e tinha certeza que ela estava
pensando em me evitar. Peguei você, dragãozinho. Não havia
lugar para ela fugir agora.

Eu sorri mais forte. — Meu pau é mágico, baby. Não tenha


vergonha de admitir.
Eu ignorei minha garota, que estava olhando furiosa para
mim, e virei para nossos amigos com um anúncio. — Ela é
minha namorada e está morando comigo.

Riley piscou. Colton sorriu.

Quando Lila começou a protestar, eu me inclinei e


reivindiquei seus lábios, não dando a mínima para que
tivéssemos uma discussão ou que ela iria me matar enquanto
dormíamos. Eu a beijei, foda-se as consequências. — Cala a
boca.

Ela se afastou do beijo, abriu a boca para me repreender,


mas depois fechou novamente. Ela escolheu olhar furiosa.

— Lila? — Riley questionou suavemente.

Minha garota já estava dando um passo atrás, como se


estivesse prestes a fugir. Não vai acontecer, porra. Eu me joguei
para frente e dirigi meus ombros em seus quadris, levantando-a
do chão, a jogando por cima do meu ombro. Uma mão agarrou
sua bunda firmemente, enquanto eu enganchei meu outro
braço atrás dos joelhos dela e os prendi contra meu peito.

Lila soltou um grito e começou a lutar, mas não adiantou;


eu tinha minha carga preciosa por cima do ombro.

Nem Riley nem Colton tentaram me impedir, enquanto eu


marchava para o nosso prédio. Subi as escadas para o terceiro
andar, tomando cuidado para não balançá-la demais. Meu
coração bateu forte no meu peito, e eu sabia que estava
brincando com fogo.

Mas, novamente, eu tinha o hábito de amar coisas


perigosas. Eles me chamavam de destruidor de corações,
caçador de emoções e demônio perigoso.

E Lila?

Ela era um perigo com um grande sinal vermelho. Dane-se


tudo, eu a desejava.

Lila soltou uma série de maldições e esmurrou minhas


costas com seus punhos minúsculos. Quando ela chegou à
conclusão de que não havia sentido em lutar, soltou um grito
suave e ficou mole por cima do meu ombro. Era melhor. Eu
vivia por sua atitude ardente, mas, às vezes, gostava do seu
lado dócil.

Andei pelo corredor. Quando passamos pelo apartamento


dela e de Riley, Lila rosnou. — Meu apartamento fica ao lado.

Entrei no meu apartamento e fechei a porta atrás de nós.


— Este é o nosso apartamento agora.

Eu bati na sua bunda uma vez, porque ela era minha


agora, e Lila engasgou, antes de eu colocá-la de volta em seus
pés. Sorrindo, eu levantei uma sobrancelha.

Ela ficou me encarou boquiaberta. — Não. — Ela cuspiu.


— Dispa-se!

— Desculpe? — Ela cruzou os braços sobre o peito. — Não.


Isso é sequestro, Maddox.

Eu estava em frente à porta, bloqueando a saída do meu


apartamento. — Dispa-se. Agora. Ou eu farei isso por você.

— Maddox, — alertou Lila, dando um passo hesitante para


trás. Suas sobrancelhas franziram, e ela parou, me dando um
olhar desconfiado. — Por quê?

Ela finalmente estava entendendo, garota esperta. Eu dei


um passo à frente; ela deu um para trás. — Porque você não
pode fugir quando está nua. Lógica simples, docinho.

— Maddox, — ela começou, antes de abaixar a cabeça, se


escondendo atrás dos malditos cabelos novamente. Ela
balançou a cabeça lentamente e murmurou para si mesma, tão
baixinho que quase senti falta disso. — Isso não pode acontecer.

Lila parecia com o coração partido, tão perdida... e não


gostei disso. Não gostei do jeito que se escondeu de mim, não
gostei do jeito que ela parecia desistir de nós, antes mesmo de
tentar fazê-lo funcionar.

Raiva e desespero saíram de mim quando segui em frente.


— Do que você tem tanto medo?
— Você. — Lila respirou, quando parei à sua frente,
apenas alguns centímetros de distância. Tão perto que podia
sentir o cheiro de seu xampu de lavanda, tão perto que podia
sentir seu calor, tão perto, porra, que podia provar o seu medo.
Meu coração bateu contra a minha caixa torácica.

— Você está com medo de mim? — Eu arrastei um dedo


pelo seu braço, e ela me deu um pequeno arrepio em troca. —
Eu nunca vou te machucar, você não sabe disso?

Lila lambeu os lábios, ainda mantendo os olhos baixos. —


Não fisicamente.

Tomando o queixo entre os dedos, levantei a sua cabeça.


Ela fechou os olhos e respirou fundo. — Olhe para mim, —
disse a ela, minha voz rouca até para meus próprios ouvidos. —
Olhe para mim, por favor.

Meu aperto em seu queixo aumentou, e ela abriu os olhos,


olhando diretamente nos meus. Miséria gravou sua expressão
por uma fração de segundo, antes que ela piscasse.

Tive um vislumbre de algo tão bom e não queria perder


isso, perdê-la. Eu quebrei minhas regras por Lila Garcia, e este
não era o nosso final. Não éramos uma história incompleta ou
uma página semiescrita. Éramos o maldito livro inteiro, e eu
precisava que ela visse isso.
Eu segurei sua mandíbula, enquanto a observava dizer um
milhão de palavras não ditas para mim com seus olhos tristes.
— Eu coloquei toda a droga do meu coração em suas mãos,
Lila.

Sua garganta tremeu e seus lindos olhos castanhos


ficaram vidrados. Suas próximas palavras, um mero sussurro,
foram minha ruína. — Você me assusta.

Minha doce Lila. Se você soubesse o que faz comigo.

— O sentimento é mútuo. — Uma confissão suave, uma


promessa gentil.

Eu a soltei e rapidamente puxei minha camisa por cima da


cabeça e joguei no chão. Lila lambeu os lábios e sua atenção foi
para o meu torso nu, antes que sua cabeça se levantasse
novamente. Eu podia vê-la tentando lutar comigo, tendo uma
batalha interna consigo mesma.

Ela me queria, mas estava com medo de me aceitar.

— Éramos perfeitos antes, Maddox. Não quero perder isso.

Eu soltei uma risada por sua fraca tentativa. — Sim, baby.


É um pouco tarde demais. Nós paramos de ser apenas amigos
no momento em que você me deixou gozar na sua boceta sem
camisinha.
Lila me lançou um olhar feroz e sorri com mais força. Ela
era tão fácil de provocar. Agarrei sua blusa e comecei a puxar,
mas ela bateu na minha mão. — Maddox!

Fiz uma pausa, vendo sua resolução ficar mais fraca sob o
meu olhar. Eu não a despiria contra a sua vontade. Um
sentimento pesado envolveu meu peito, quando percebi que ela
poderia terminar isso, me empurrar para trás e ir embora.

Tum-tum. Tum-tum. Tum-tum. — Você quer ir embora? —


Perguntei quando minha voz endureceu. — Se é isso mesmo
que você quer, eu deixo você ir.

A incerteza rodou em seus olhos, e minhas mãos ficaram


úmidas.

Tum-tum. Tum-tum. Tum-tum.

Meus dedos apertaram o tecido de sua camisa, esperando.


Minha cabeça abaixou e encostei minha testa na sua. — Vá
embora, Lila. Agora. — Eu respirei contra seus lábios. Sem
tocar, sem beijar... esperei. Eu estava lhe dando uma escolha,
uma saída. Agora ou nunca.

Meu coração se alojou na garganta, enquanto esperava que


ela se decidisse. Tum-tum, tum-tum, tum-tum.

Ela finalmente suspirou suavemente, seus lábios se


separaram e se inclinou para mim, curvando os braços em volta
do meu pescoço. — Maddox.
Meu nome era uma oração sussurrada em seus lábios de
cereja. Eu amei o jeito que meu nome soou, o jeito que rolou de
sua língua, como se estivesse provando um saboroso doce.

Porra, meu peito apertou, e soltei uma expiração irregular.


— O que quer que tivéssemos antes, não era suficiente. Você
sabe disso; eu sei disso. Nós somos perfeitos agora.

Puxei sua blusa por cima da cabeça e ela deixou. O resto


de nossas roupas rapidamente se seguiu até nós dois estarmos
nus. Deixando nossas roupas descartadas no chão da sala, os
braços de Lila foram ao redor do meu pescoço novamente, e eu
a levantei. Ela colocou as pernas em volta dos meus quadris e
nos levei até o meu quarto. Seus lábios encontraram os meus,
quando caímos juntos na cama, e deslizei entre suas coxas,
pairando sobre ela.

Um flash de incerteza surgiu em seus olhos novamente,


antes que ela piscasse. Eu não queria que ela se arrependesse
disso, se arrependesse de não ter ido embora. Esfreguei meu
polegar em sua mandíbula, e o toque pareceu fazê-la se sentir à
vontade. — Eu sempre serei seu melhor amigo, Lila.

A preocupação derreteu lentamente em seu rosto, e havia


um pequeno sorriso tímido em seus lábios, um sorriso que
desceu até o meu pau. — Mas agora você também é meu
namorado?
Meu coração pulou a porra de batida. Namorado. Um
relacionamento…

Eu nunca estive em um relacionamento, nada tão oficial


quanto isso. Meu pau estava feliz o suficiente com todas as
garotas que ansiosamente pousaram nele por um tempo
divertido.

Mas Lila não era apenas uma garota procurando um


momento divertido.

Ela queria um relacionamento, romance... Namorado e


namorada. E foda-se, eu também queria isso.

Eu dei a ela meu sorriso de assinatura, famoso por


derreter qualquer um no local. — Poderia ser pior.

— O que poderia ser pior do que isso? — Ela revirou os


olhos, mas pude ver a preocupação retrocedendo em seu olhar.
Ela ficou mole debaixo de mim, suas mãos deslizando sobre as
minhas costas, arrastando as unhas sobre a minha pele, como
a tentadora sereia que ela era.

— Eu poderia ser seu marido.

Ela bateu no meu ombro com seu punho minúsculo. —


Maddox!
Apertei seu pulso e puxei sua mão para baixo,
pressionando a palma da mão sobre o meu peito. Meu coração
bateu forte com o seu toque e seus olhos se suavizaram.

Sinta-me.

— Eu vivo pela adrenalina, Lila, — eu disse, mantendo a


voz baixa. — Adoro qualquer aventura que faça meu sangue
bombear, meu coração disparar... amo qualquer coisa perigosa,
selvagem, bonita o suficiente para me fazer querer capturá-la.
Você é minha aventura favorita, Lila Garcia.

Ela soltou um suspiro, antes de pegar o lábio inferior entre


os dentes. Seus dedos espalharam-se sobre o meu peito, me
acariciando com seu toque doce e tortuoso. — Você também é
minha aventura favorita, Maddox.

A sua outra mão se enrolou atrás do meu pescoço e os


dedos deslizaram pelos meus cabelos, puxando os fios
enrolados. Meus lábios roçaram os seus, sentindo seu gemido
suave. — Quero acordar todos os dias às 6h da manhã,
enquanto o mundo ainda está dormindo. Olhar ao meu lado e
você está lá. Quero adormecer sabendo que você será a primeira
visão que vejo quando acordar. Eu quero todos os dias comuns
com você. Eu quero seus dias ruins; eu quero suas lágrimas e
sua risada. Dê tudo para mim, Lila. Seja minha namorada.
Ela devolveu meu beijo com ferocidade, antes de se
afastar, apenas o suficiente para sussurrar as palavras: — E se
voltarmos a odiar um ao outro?

Eu sorri para ela. — Então, nós odiaremos, merda.


Problema resolvido.

Suas sobrancelhas franziram, e ela ficou tensa debaixo de


mim. — Não posso te odiar. Meu coração não vai me permitir.
Mesmo que você me quebre um dia, não poderei te odiar. Isso
me assusta Maddox.

— Lila, — murmurei, passando os lábios por sua


bochecha. — Lila... baby, você pode parar de pensar demais por
um minuto? Só por um minuto. Diga-me o que você quer.

A sua testa enrugou com uma linha tensa. Eu beijei sua


garganta, e ela estremeceu involuntariamente. Sua garganta
tremeu, enquanto engolia em seco, então sussurrei sobre as
veias latejantes na lateral de seu pescoço, sentindo seu coração
bater contra meus lábios. — Pare de pensar demais.

Minha cabeça abaixou para o seu peito; seus seios nus


eram uma visão muito tentadora. As linhas irregulares de
branco e rosa entre os dois montes pesados me chamavam.
Toquei levemente suas cicatrizes com a boca, beijando seu
passado com promessas silenciosas.
Eu sabia que Lila estava com medo de sentir demais, com
medo de perder as pessoas que eram importantes para ela. Ela
manteve o coração trancado em uma gaiola de prata atrás do
peito, como uma rainha do gelo.

Tarde demais, porém, eu já havia quebrado suas barreiras.


Eu só precisava que ela aceitasse agora.

Lila choramingou no momento em que meus lábios


tocaram suas cicatrizes, suas unhas cravando em meus
ombros, e eu gemi com a picada aguda. — Não, — disse ela,
deixando escapar um grito suave. — É feio. Pare, Maddox.

Minha doce, doce Lila. Feroz e frágil. Ela não era fraca; ela
nunca foi fraca. Mas ela era vulnerável.

Deixei meu beijo pairar sobre suas cicatrizes, sentindo as


linhas irregulares sob meus lábios. — Você é tão bonita. Você
nem sabe o que faz comigo, Lila.

Seus mamilos endureceram com a minha voz áspera e sua


pele corou. Eu segurei seu seio na minha palma e trouxe minha
boca ao seu mamilo enrugado. Lila soltou um gemido suave,
enquanto meus lábios envolviam o pequeno broto.

— Você é tão perfeita. — Eu respirei contra sua carne. Os


arrepios brilharam por sua pele, e ela tremeu nos meus braços.

Meus dentes roçaram seu mamilo e mordi suavemente.


Lila me recompensou com um suspiro e depois um gemido
febril. Eu sabia que a tinha exatamente onde a queria. Ela
estava tentando se concentrar em seus pensamentos, mas
quando comecei a chupar seus seios, ela arqueou as costas.
Suas mãos vieram à minha cabeça, quase frenéticas em sua
necessidade, e ela puxou meu cabelo, gritando meu nome.

— O que você quer? — Eu perguntei, minha voz cheia de


desejo.

Quando ela não me deu uma resposta verbal, mudei para


o outro seio e dei a mesma atenção. Em minha mordida aguda,
seu mamilo inchou na minha boca, e suas costas se curvaram
para fora da cama.

— Você. — Lila respirou.

Eu sorri, antes de chupar o botão rosa inchado,


afugentando a dor. Eu estava finalmente na sua cabeça. — O
que você quer, Lila? — Eu perguntei novamente.

— Maddox, — ela choramingou. — Depressa, por favor.

— Responda-me.

Suas pernas subiram e seus tornozelos engancharam em


minha bunda. Havia uma urgência em sua voz quando ela
falou. — Você.

Minha cabeça abaixou ainda mais, lambendo e beliscando


seu estômago tenso. Eu girei minha língua em torno de seu
lindo umbigo. Ela apertou a parte de trás da minha cabeça, um
pequeno som impaciente ecoando na parte de trás da garganta.
— O que você quer?

— VOCÊ! — Lila gritou, quase sem fôlego. — Oh, Deus.


Você. Maddox, você. Porra, eu quero você!

Eu sorri, sentindo a vontade de bater no meu peito como


um homem das cavernas. Lila Garcia era oficialmente minha.
Levantando a cabeça, eu a observei com um olhar de triunfo. —
Eu te desafio a ser minha namorada, dragãozinho.

Seus olhos ficaram mais escuros do que antes e brilharam,


como lava derretida, misturada com luxúria, medo e
aborrecimento. — Sim. — Ela assobiou.

Abaixei minha cabeça entre o ápice de suas coxas e


enterrei meu rosto em seu perfume celestial. Ela estava
molhada, quente e pronta. Lambi sua fenda e circulei seu
clitóris latejante.

— Apenas me foda já. — Lila rosnou, seus quadris moendo


no meu rosto, com força. Sua vagina estava praticamente me
sufocando, e eu adorei isso.

— Com prazer.

Minha.
CAPÍTULO SEIS

No momento em que Maddox adormeceu ao meu lado, saí


furtivamente. Não, eu não estava fugindo. Mas precisava
respirar sem que ele roubasse todo o meu fôlego, de pensar,
sem que me distraia com seu toque, sua boca... e seu pau muito
impressionante, que me distraía bastante.

Eu sabia que ele não jogava limpo. Ele nunca fez, mas o
Sr. Coulter era um jogador tão sujo. Usando o sexo para me
deixar suave e distraída cada maldito minuto.

Eu não estava exatamente reclamando... mas precisava de


um tempo longe de Maddox. E precisava da minha amiga. Ela
poderia me ajudar a processar esses últimos sete dias.

Encontrei Riley no sofá quando entrei em nosso


apartamento. Ela ergueu a cabeça com o som e me deu um
olhar curioso. — O pau de Maddox finalmente está dolorido o
suficiente para vocês não aguentarem mais, ou por acaso você
fugiu?
Ela me conhecia muito bem. Eu me sentei no sofá ao seu
lado e roubei pipoca da sua tigela. Sua perna engessada estava
apoiada na mesa de café e You 10 , na Netflix, passava na
televisão. Riley estava levemente obcecada por Joe Goldberg.

— Não é a terceira vez que você assiste a primeira


temporada?

— É a minha quarta agora, — ela murmurou com a boca


cheia de pipoca. — Você passou uma semana fora e não tinha
nada de interessante para fazer. Joe me divertiu.

— Eu acho que Colton é divertido o suficiente. — Eu a


olhei de soslaio, observando sua reação.

Seu rosto endureceu e ela mastigou com raiva sua pipoca.


— Ele é um idiota.

— Um idiota que te ajudou. — Eu lembrei a ela.

Colton não era exatamente o cara mal, mas era muito


idiota. Riley mal o tolerava, e ele estava piorando as coisas para
si mesmo, falando besteira na metade do tempo. Por que ele não
podia apenas dizer algo legal pela primeira vez...?

Eu balancei minha cabeça. Ele era amigo de Maddox,


afinal. Aqueles dois eram absolutamente impossíveis de lidar.

Eu vou te cortejar. Romance com um pau para acompanhar.

10 Série de televisão americana de suspense psicológico.


Ok, talvez Maddox não fosse tão ruim. Ele com certeza
fazia romance muito bem... e ele, claro, era eficiente com seu
membro masculino.

Belisquei-me na perna, me afastando do devaneio. Foi


exatamente por isso que tive que me afastar do Maddox. Eu não
conseguia parar de pensar em como ele se sentia bem entre
minhas coxas, em cima de mim, e em como seus lábios eram
perfeitos contra os meus.

— Quem se importa com Colton? — Riley fez uma pausa,


antes de virar de lado para me encarar. — Eu preciso saber o
que aconteceu em Paris.

Claro, eu estava esperando por essa pergunta. O suspense


provavelmente a estava matando, como teria acontecido se eu
estivesse no lugar dela.

Limpei minha garganta, arrastando minhas unhas pelas


minhas coxas. O olhar ansioso em seu rosto estava me
deixando nervosa. — Paris foi... incrível.

— Você sabe muito bem que não estou falando da cidade.


O que aconteceu entre você e Maddox?

— Ele... bem, nós sucumbimos à tensão entre nós. Isso


meio que aconteceu sem que realmente percebêssemos. Mas já
era tarde demais.
Soltei um suspiro suave e fechei os olhos, encostando a
cabeça no sofá. — Eu o queria; ele me queria. Ambos somos
adultos, acho, que não conseguíamos tirar as mãos um do
outro.

Riley ficou em silêncio por um minuto, absorvendo minhas


palavras. Ela se moveu ao meu lado e eu abri um olho enquanto
ela se aproximava do meu lado. — E agora?

Agora?

Meu coração bateu contra a minha caixa torácica e...


esqueça as borboletas, eu tinha todo o maldito zoológico
flutuando no estômago. — Eu acho que estamos namorando?

Os seus olhos se estreitaram em mim. — Isso foi uma


pergunta ou uma afirmação?

Engoli em seco, sentindo o nó na base da minha garganta.


Eu te desafio a ser minha namorada, pequeno dragão.

— Eu sou a sua namorada. — Eu finalmente confessei em


voz alta.

Puta merda! Eu era a namorada do Maddox Coulter.

A realização finalmente me atingiu, como uma flecha


atravessando meu coração. Minha cabeça nadou, a sala ficou
embaçada e o mundo se inclinou, me deixando sem equilíbrio.
— Lila? Lila! — Riley agarrou meu cotovelo e percebi que
ela estava me sacudindo. — Parece que você está prestes a
desmaiar.

— Maddox é meu namorado. — Eu engasguei.

— Oh. Parece que finalmente atingiu você. — Ela brincou,


com um traço de humor.

— Eu perdi. — Eu murmurei.

— Hã?

— Lembra quando eu o encontrei pela primeira vez em


Berkshire? Eu te disse que não me apaixonaria pelos encantos
dele. Então, basicamente perdi. — Minha cabeça caiu em
minhas mãos e eu respirei fundo.

Quatro anos mais tarde... eu tinha caído com força por


Maddox Coulter. Quarterback estrela, bad boy imprudente,
playboy infame. Que já foi meu inimigo, mas agora era meu
melhor amigo.

Riley recostou-se no sofá, uivando de rir. Lágrimas


derramaram por suas bochechas, e ela engasgou com o riso
maliciosa quando a encarei. — Oh, cale a boca!

— Sinto muito, — ela ofegou. — Mas isso é realmente


hilário. Lembro-me de como você era teimosa. Você estava tão
determinada a não se apaixonar por ele. Lembra daqueles dias?
Ah, os bons e velhos tempos.

Enfiei meu dedo do meio na sua cara e ela riu ainda mais.
Revirando os olhos, dei-lhe uma cotovelada nas costelas.

Ela ofegou e depois sorriu. Malícia brilhava em seus


grandes olhos cinzentos. — Como é o sexo? Por favor, diga-me
que o pau dele é tão bom quanto os rumores.

Corei, sentindo o calor subir pelo meu pescoço e meu


rosto. — Melhor do que o rumores. — Admiti com voz rouca,
meus lábios torcidos em um sorriso pesaroso.

O sexo era... alucinante.

Mas foi a intimidade que apertou meu coração e meu


estômago revirou como uma adolescente boba com uma nova
paixão.

Não era apenas físico com Maddox; não era apenas sexo,
não, era mais. Maddox levou um tempo para aprender como eu
gostava de ser tocada e conhecer meus pontos sensíveis.

Eu estava nua, vulnerável e aberta para ele, corpo,


cicatrizes e tudo, mas ele me fez sentir como se eu fosse a
mulher mais bonita, a mais desejada em todo o maldito planeta.
A intimidade entre nós transcendeu o físico... era tudo sobre a
sensação.
Isso fazia o sexo ser alucinante.

Isso e o seu... muito grosso e muito longo... pau que


distrai.

Meu sexo apertou ao lembrar, e apertei minhas coxas,


sentindo a necessidade pulsante na boca do estômago.

— Bem, pelo menos você está tendo algum, — disse Riley,


pegando sua pipoca novamente. Ela colocou a tigela no colo e
enfiou um punhado na boca. — Minha vagina está tão seca
quanto o deserto do Saara.

— Talvez Colton possa ajudar com isso. — Lancei um


sorriso de merda, sabendo muito bem que isso irritaria seus
nervos.

Riley ficou visivelmente indignada com a minha sugestão


— Colton vai manter essa coisa entre as pernas para si. — Suas
narinas dilataram e ela grunhiu em irritação. — Se ele trouxer
seu polo norte para qualquer lugar perto do meu polo sul, ele
poderá ter que se despedir do fazedor de bebês.

— Polo Norte?

— Sim, porque aponta para cima. — Explicou ela, como se


eu fosse burra.

Eu balancei minhas sobrancelhas para ela. — Eu adoraria


ler uma cena obscena sua.
Riley pigarreou, endireitou os ombros e começou com sua
melhor voz narrativa: — Quando o polo norte dele se aproximou
do meu polo sul, meu centro se acumulou com um líquido
quente e cremoso. Nossa cópula estava suada e difícil. Meus
gemidos rítmicos podiam ser ouvidos por toda a cidade
enquanto a fricção úmida do nosso sexo ficava mais alta. Sua
haste bulbosa pulou dentro do meu túnel sagrado, quando ele
gozou.

Eu gritei. — Eca, não, pare!

Riley piscou, antes de cair na gargalhada. — Acho que me


encolhi tanto que meu rosto está tremendo.

Eu balancei a cabeça em concordância. Isso foi


absolutamente horrível. — Esquece. Não quero ler suas cenas
sujas.

Ela deu um tapinha no meu joelho, antes de voltar para a


TV. — Então, o que você vai fazer?

— Com Maddox? — Eu perguntei, embora já soubesse ao


que ela estava se referindo. — Eu quero nos dar uma chance.
Talvez ele esteja certo; talvez possamos ser bons juntos.

— Duas almas não se encontram por simples acidente, —


Riley murmurou. — Vocês dois foram feitos para se cruzar, Lila.
Como inimigos, como amigos... como amantes.

— Desde quando você é time Maddox?


Seus olhos cinzentos se voltaram para os meus, mas eles
estavam sorrindo. — Ele te faz feliz. Eu acho que isso lhe dá
muitos pontos de bônus.

Maddox me faz feliz. Enrosquei meus pés embaixo de mim


e me recostei no sofá. — Obrigada, eu precisava dessa conversa.

Riley me ofereceu um punhado de pipoca. — O prazer é


meu, querida.

Ela começou o nono episódio de You, e nos instalamos,


terminando a primeira temporada e começando a segunda logo
após.

Cinco horas depois, embora o tempo parecesse voar, houve


uma batida insistente em nossa porta. Riley abaixou o volume e
fui atender a porta. Eu mal a abri antes que alguém se chocasse
comigo.

— Maddox...

Meu pensamento chegou a parar com a expressão crua em


seu rosto. Algo semelhante ao desespero enlouquecido e...
medo. Suas emoções envolveram meu peito e apertaram, até
que eu não consegui respirar.

Seu olhar frenético pousou no meu, e escureceu quase


perigosamente. — Você, — acusou, parecendo sem fôlego. —
Você saiu.
Engoli o nó na garganta. — Vim para ver a Riley.

Ele avançou para frente, seu queixo duro e sua expressão


tensa. Maddox só estava de cueca. Ele nem se preocupou em
usar suas roupas na tentativa de me procurar.

— Eu não estava fugindo. — Sussurrei, pressionando


minhas mãos sobre o seu peito.

Seu coração estava acelerado, muito rápido, muito duro,


muito selvagem. Oh, baby. Eu fiquei na ponta dos pés, e meus
lábios roçaram os dele, na minha tentativa de acalmá-lo. —
Leve-me de volta... para casa.

Maddox soltou um suspiro irregular, como se pudesse


finalmente respirar novamente. Seu braço enrolou em volta da
minha cintura como uma tira de aço, e praticamente me
arrastou de volta para seu apartamento ao lado.

Sua boca se moveu com a minha, e eu o beijei. Tomando o


controle do beijo, mordi seus lábios e deslizei minha língua
dentro de sua boca. Ele me levantou nos braços e fechou a
porta, antes de bater minhas costas contra ela. Ele não foi
cuidadoso ou gentil, e neste momento, eu não conseguia me
importar.

Maddox gemeu em meu beijo, e pude sentir sua espessura


contra o meu estômago. Podia sentir o quão duro... quente,
quão... grosso ele estava.
— Eu não tive um bom sonho. — Ele resmungou como se
as palavras doessem. Meu coração caiu e meus braços se
apertaram ao seu redor.

— Acordei em uma cama vazia. Isso piorou. — Sua


confissão me surpreendeu.

Maddox nunca se deixou ser vulnerável ao meu redor, não


por vontade própria. Claro, eu tinha visto seus lados ruins, seus
piores lados. Eu o tinha visto no seu ponto de ruptura, mas ele
escondia sua dor com uma máscara aperfeiçoada e nunca
admitiria algo assim. Suas defesas firmemente montadas
caíram.

No momento, Maddox Coulter era a versão mais crua e


verdadeira de si mesmo. Aberto para mim e vulnerável em meus
braços.

Meus pulmões se apertaram quando estremeci de volta. —


Eu nunca vou deixar você, baby. — O carinho derramou dos
meus lábios antes que pudesse pensar demais, mas parecia...
certo.

— Lila. — Havia tanta dor contida naquela única palavra,


meu nome em seus lábios, sussurrado como se ele fosse um
marinheiro moribundo no mar, procurando asilo por sua morte
iminente.
— Promessa de dedinho? — Um pedacinho do meu
coração partiu.

Meu Maddox, meu.

Ele sempre quis ser meu protetor... E eu queria retribuir o


favor.

Lábios nos lábios, testa contra testa, corações batendo


juntos, corpos emaranhados, sussurrei: — Promessa de
dedinho.

Quatro anos atrás, eu conheci um idiota arrogante e


egoísta. Ele era tudo que eu desprezava e tudo que pensei não
precisar na minha vida pacífica.

Hoje, eu segurava o mesmo homem... uma versão diferente


dele, em meus braços.

E eu o beijei.

Então, fizemos amor.

Amor cru, apaixonado, louco...

Era tudo o que eu não sabia que precisava até agora.


CAPÍTULO SETE

Dois meses depois

Assistir aos jogos de futebol de Maddox sempre foi


emocionante. Toda vez que o observava atravessar o túnel que
levava ao campo de futebol, com o resto de seu time, ouvia a
multidão enlouquecer, enquanto Maddox andava com seu
arrogante e convencido sorriso típico, meu peito se apertava e
eu podia me sentir tremendo com excitação.

Ele amava a multidão, tanto quanto adorava jogar futebol


e estar em campo. Maddox gostava da atenção de seus fãs. A
energia, os espectadores gritando seu nome, enquanto ele
jogava uma espiral perfeita para um touchdown.11

Era o primeiro jogo em casa da temporada, e nossos


jogadores estavam dando um show infernal. Harvard não perdia
para a Universidade Brown há três anos. Se eles vencessem
esse jogo, que seria a quarta vitória de Maddox... seria um
recorde, e eu queria ser essa namorada que elogiava seu
homem por seu sucesso.

11 Touchdown é o ponto culminante numa partida de futebol americano.


Maddox joga pelo time desde o primeiro ano, e essa seria
sua quarta e última temporada.

Sim, era bobo.

Mas eu estava tão orgulhosa dele. Maddox Coulter era um


jogador excepcional. Ok, sim... estava definitivamente me
gabando, mas esse era meu direito e meu dever como sua
namorada, não era?

Maddox disse que o treinador estava empolgado para


garantir a vitória neste jogo em casa.

Era meu trabalho motivá-lo... negar o sexo até ele vencer


este jogo.

Isso transformou Maddox em um urso mal-humorado nos


últimos dois dias. Eu sou um garoto em crescimento, baby.
Preciso de boceta três vezes por dia, como as pessoas precisam
de comida.

Era difícil negar sexo, já que Maddox podia ser realmente


convincente, ele e seu pau. Mas, se Harvard vencesse, ele teria
uma bela surpresa.

Eu sorri quando a multidão ficou louca, mais uma vez.


Excitação borbulhou dentro do meu peito quando me juntei aos
aplausos. Outro touchdown do meu homem.
Ouvi dizer que a defesa da Brown era fraca, e o placar no
painel, 21-7, provou que esse fato era verdade.

Eu não pude deixar de rir quando Colton marcou um


touchdown e caminhou pelo campo como o imbecil arrogante
que era. Ele parou a alguns metros de onde Riley e eu
estávamos sentadas na primeira fila. E assisti ele e Riley
fazerem contato visual, apenas brevemente... mas foi
monumental.

Colton agarrou sua virilha, piscou e sorriu, antes de se


afastar. Riley corou.

Que merda é essa?

— Há algo que você precisa me dizer? — Eu resmunguei


baixinho. A tensão entre os dois era espessa e intensa, mas eu
gostava de pensar que o acidente de Riley havia levado ela e
Colton a serem civilizados um com o outro. Civil o suficiente
para que todos pudéssemos jantar sem que eles estivessem na
garganta um do outro.

Eles não eram exatamente amigos. Ainda não. Mas Riley


estava começando a tolerá-lo um pouco mais.

Era... alguma coisa, pelo menos.

Ela sufocou uma risada nervosa. — Não. Nada ainda.


Exceto, que vi o pau de Colton ontem.
— Você o quê? — Agarrei seu cotovelo, forçando-a a olhar
para mim.

Ela assobiou com a minha explosão, mas suas bochechas


coraram ainda mais. — Foi um acidente. Eu dei de cara com
ele... você esqueceu de me dizer que ele estava tomando banho
na sua casa.

Minha casa, minha e do Maddox.

Depois de voltar de Paris, Maddox estava convencido de


que tinha que morar com ele. Foi difícil dizer não, então, não vi
sentido em não concordar com sua exigência. Nós nos
conhecíamos há quatro anos e já estávamos praticamente
morando juntos. Tudo que tinha que fazer era mudar minhas
roupas para a casa dele, ao lado, e era isso.

Nada mudou muito.

Só que agora eu ia dormir em seus braços e acordar com


sua cabeça entre as minhas pernas. O que sempre fazia um
bom dia, de fato.

Riley não reclamou muito da mudança, já que eu era


apenas a vizinha ao lado.

Colton teve que se mudar, pois acreditava que Maddox e


eu precisávamos de privacidade... o que era verdade.
Aparentemente, Maddox gostava de sexo na cozinha, enquanto
eu preparava suas refeições.
Riley não tinha mais uma companheira de casa, mas disse
que não precisava de uma. Não que ela tivesse problemas para
pagar o apartamento sozinha. Riley vinha de uma família tão
rica quanto a de Colton e Maddox. Claro, ela odiava usar o
dinheiro deles, mas tinha um fundo fiduciário com vários zeros.

Riley era um pouco reclusa, como eu.

Claro, tínhamos muitas meninas se aproximando de nós,


mas rapidamente percebemos que elas não queriam ser nossas
amigas; o jogo final delas era chegar a Maddox ou Colton.

— O novo local de Colton está sendo reformado. Ele só


ficará com a gente por três dias. — Expliquei. Colton havia se
mudado para uma das mansões de seus pais.

Aparentemente, ele gostava mais do seu novo lugar. Era


muito maior que o nosso apartamento e tinha uma piscina no
quintal, então ele voltou a dar suas festas estúpidas novamente.
Boceta e álcool, ele disse. Melhor. Combinação. Porra.

Minha atenção voltou-se para Riley. — Então, o que


aconteceu depois disso?

Ela fez uma careta. — Algo de que me arrependo.

Ah, Merda. AH, MERDA!

— Você e...
— Não, — ela praticamente gritou. — Nós nos beijamos, é
isso. E então eu saí. Bem, eu o beijei. Você deveria ter visto o
olhar no seu rosto.

— Ele ainda estava nu? Quando vocês dois se beijaram?

Ela assentiu e depois mordeu o lábio, parecendo um pouco


nervosa. — Foi um momento de fraqueza. Eu vi um belo pau, e
minha vagina estava como: Olá, senhor. Como você está hoje?

Tossi de volta uma risada, quando ela me deu uma


cotovelada no estômago, seu lábio inferior sobressaltado em um
beicinho. — Pare de rir de mim. Pelo menos você está tendo
alguma ação.

Eu sorri, minha atenção voltando ao jogo. Vinte minutos


depois, a multidão rugiu e não pude mais reprimir minha
alegria quando pulei da arquibancada e corri em direção a
Maddox. Ele vinha direto para mim, correndo pelo campo com
um sorriso malicioso estampado no rosto.

O placar dizia 42-7. Metade desses pontos foram dos


touchdowns de Maddox.

As líderes de torcida cercaram a ele e seus companheiros


de equipe, como sempre. Mas sua atenção estava toda em mim.
Parei a alguns metros de distância, mas Maddox não me fez
esperar por muito tempo. Ele se afastou do harém e caminhou
até mim. Meu olhar disparou para a multidão; todo mundo
estava assistindo enquanto MC12 - seu quarterback favorito - se
aproximava de mim.

Ele limpou a testa com o polegar e arqueou uma


sobrancelha para mim, parecendo muito arrogante para o seu
próprio bem. Minha barriga ficou quente, e seu olhar
examinador me fez sentir todo tipo de calor.

Sorri quando ele me pegou, me girou uma vez, antes de


esmagar seus lábios contra os meus. Sorri para o beijo, meu
coração parecendo que explodirá a qualquer momento. Maddox
enfiou a língua na minha boca, roubando meu fôlego, enquanto
me beijava longamente e com força.

Esta era a nossa primeira demonstração pública de afeto.


Claro, saíamos para namorar, trocávamos alguns beijos aqui e
ali, mas ninguém estava prestando atenção em nós. Nós éramos
um casal normal, em encontros normais, fazendo coisas
normais de namoro.

Diferente de agora...

A atenção de todos estava em Maddox Coulter.

Eles estavam todos assistindo, e eu podia sentir seus


olhares ardentes nas minhas costas, julgando e curiosos.

Meu coração batia forte no peito quando Maddox segurou


minhas bochechas e me levantou, não me dando escolha a não

12 Iniciais do nome do Maddox - Maddox Coulter.


ser envolver minhas pernas em torno de seus quadris, meus
tornozelos enganchando logo acima de sua bunda.

Esta era uma declaração pública. Uma confissão silenciosa


de Maddox. Eu era a garota dele e ele era meu.

Desculpe, garotas. Maddox Coulter estava oficialmente fora


do mercado.

Meu peito arfava e estava sem fôlego quando ele se afastou


do beijo, apenas tempo suficiente para sorrir para mim, um
sorriso muito feliz, antes que reivindicasse meus lábios mais
uma vez.

Maddox saiu do campo, com nossos lábios ainda presos


em um beijo apaixonado, que estava me deixando totalmente
louca. Uma luxúria faminta mordeu meu estômago, e minhas
coxas apertaram seus quadris, meu clitóris praticamente
pulsando de necessidade.

— Você pode acabar com uma boceta dolorida hoje à noite,


— Maddox murmurou. — São dois dias de tensão sexual.

Eu mordi seu lóbulo da orelha antes da minha boca travar


em sua garganta, mordendo e depois acalmando a picada com a
minha língua. — Estou contando com isso.

Maddox gemeu quando tracei minha língua sobre o pomo


de Adão. Eu sabia que era um ponto sensível dele. Soltei uma
risadinha pequena e ofegante, e seus dedos cravaram nas
bochechas da minha bunda. — Atrevida.

Não voltamos ao nosso apartamento. Na verdade, mal


chegamos ao carro.

Fiquei feliz por estar escuro o suficiente para que ninguém


me visse montando Maddox no banco de trás. Maddox gemeu
contra meus lábios quando se levantou, empurrando dentro de
mim uma última vez antes que se acalmasse. Seu corpo
estremeceu quando ele gozou, e meu sexo apertou em torno
dele. Meu estômago se apertou quando senti jatos grossos de
esperma me enchendo.

Ainda bem que nunca perdi minhas pílulas.

Ele enterrou a cabeça no meu peito, enquanto lutávamos


para recuperar o fôlego. Minha mente era uma completa
bagunça, e meu corpo ainda tremia do meu orgasmo.

Suas mãos desceram para as minhas coxas e ele me


acariciou com o mais suave dos toques. — Dê-me cinco minutos
e eu estarei pronto para gozar novamente. — Ele resmungou,
enquanto circulava minha coxa com o polegar. Ele pressionou a
mão entre nós, onde ainda estávamos conectados.

Seu dedo indicador deslizou sobre o meu clitóris e eu


choraminguei. Eu ainda estava muito sensível após a nossa
primeira rodada.
— Maddox? — Eu respirei.

— Hmm?

— Talvez... devêssemos ir para casa primeiro.

Seu rosto ainda estava enterrado entre os meus seios, e o


senti inalar. Seu comprimento duro se contraiu dentro de mim.
— Estou feliz aqui. Escondido dentro de sua boceta. Não vou me
mexer, baby.

— Nós vamos passar a noite aqui? — Eu questionei com


uma pequena risada.

— Não, — disse, levantando os quadris para me dar um


meio impulso. Apenas o suficiente para me lembrar que ainda
estava dentro de mim, semiduro. — Mas estou muito
confortável agora para me mudar. Foda-se, Lila. Você é
apertada e tão macia, caralho.

Minha mão enrolou em seu pescoço e pressionei meu rosto


na curva de seu ombro. Ele cheirava a suor, almiscarado com o
cheiro fresco de grama. Sua colônia favorita permaneceu em
volta do seu cheiro masculino. Lambi meus lábios e provei os
restos de seus beijos de menta.

Meu estômago deu cambalhotas estúpidas e tolas, e meu


coração apertou.
Deus, eu ainda não conseguia acreditar, ainda não
conseguia entender o simples fato: Maddox era meu.

Eu não sentia mais nenhuma incerteza sobre isso, mas


foda-se, meus sentimentos por ele ainda me assustavam. Eu me
perguntei se ele se sentia da mesma maneira. Mas então eu me
sentia boba. Claro que ele sentia o mesmo. Eu sempre o pegava
olhando para mim, seus olhos azuis sorrindo e calorosos de
carinho.

Claro, nunca dissemos aquelas três pequenas palavras um


para o outro, mas eu gostava de acreditar que não era
necessário. Ainda não, pelo menos.

Embora eu não duvidasse dos sentimentos de Maddox por


mim, ainda éramos tão recentes. Queria que nossa primeira vez
dizendo as três palavras um para o outro, e provavelmente era o
lado romântico em mim falando, mas queria que fosse especial.

Maddox colocou o cabelo solto atrás da minha orelha e


seus lábios acariciaram minha têmpora. — Você é tão linda,
Lila. — Disse ele em sua voz rouca e profunda.

Meu peito palpitou e meus olhos se fecharam enquanto


empurrava meu rosto em seu peito e inalava. Eu era viciada
nele e em seu perfume. Era como se eu quisesse respirá-lo o
tempo todo. Quem sabia que você poderia ficar viciada no cheiro
de alguém? Isso era tão estranho, mas droga, meus hormônios.
Isso me assustou. Ser tão viciada nele. Deus, isso me
assustava profundamente. E foi por isso que... — Maddox?

Ele cantarolou. — O quê?

— Você pode me prometer uma coisa?

— Baby, eu tenho meu pau profundamente dentro da sua


boceta macia. Você pode me perguntar qualquer coisa agora e
direi “sim” antes de você terminar sua frase.

Eu dei a ele um rolar de olhos interno. Claro, eu deveria


saber que ele falaria algo assim. Maddox tinha uma mente
única.

Respirei fundo, me preparando para o que estava prestes a


dizer. Havia um nódulo repentino e duro em minha garganta.

Seus dedos suavizaram nas minhas costas, como se


pudesse sentir minha preocupação. — O que é, Lila? — Eu
amava o jeito que ele falava meu nome.

Eu amava o jeito que ele me tocava.

Amava o jeito...

Eu amava…

Mantendo meus olhos fechados e meu rosto enterrado em


seu peito, falei: — Se você se cansar disso... me diga.

A mão de Maddox parou nas minhas costas. — Isso?


— Nós. — Eu sussurrei.

Ele ficou em silêncio por muito tempo. Meus pulmões


apertaram, até que de repente não conseguia respirar. — Por
que você está tão quieto?

— Estou pensando…

Eu acabei de estragar tudo? — Pensando sobre?

A cabeça de Maddox abaixou, e seu hálito quente roçou


minha bochecha, enviando outra rodada de arrepios em minha
espinha. — Estou pensando... que talvez não tenha fodido você
o suficiente agora se você está duvidando disso... de nós...

Oh, Deus.

Ele levantou a mão e agarrou minha mandíbula,


levantando minha cabeça. Seus dentes arranharam a coluna da
minha garganta. Eu apertei meus olhos fechados. — O que você
quer, Lila?

Essa pergunta de novo... — Você. — Eu ofeguei.

Sua mão avançou até a base da minha garganta. Minha


respiração parou quando colocou os dedos em volta do meu
apanhador de sonhos. O colar que eu nunca tirei. Nosso
apanhador de sonhos.

— Pergunte-me o que eu quero. — Havia um comando


duro em sua voz, grossa e profunda.
Engoli em seco, minha língua estava pesada na boca, e eu
mal conseguia empurrar as palavras. — O que você quer?

— Você. — Maddox murmurou.

Seu pau endureceu dentro de mim, contraindo, e me deu


um impulso lento. — Olhe para mim. — Ele resmungou. Meus
olhos se abriram. A escuridão projetou uma sombra em seu
rosto e, oh, o olhar em seus olhos.

Era absolutamente territorial e predatório. — Pergunte-me


de novo.

— O que você quer, Maddox?

— Você. — Ele disse. — Nunca mais duvide dos meus


sentimentos por você, dragãozinho. Da próxima vez, vou
chicotear sua bunda.

Eu ofeguei, e minha bunda apertou com a ameaça. — Você


não ousaria.

— Tente-me. — Ele desafiou, com um olhar sombrio.

— Eu não duvido de você, Maddox. Mas preciso que você


me prometa uma coisa. — Maddox esperou pacientemente que
eu continuasse. Maldito seja, por ser tão doce... tão
compreensivo... tão paciente com o meu eu exagerado. — Você
nunca mentirá para mim. Você nunca guardará segredos de
mim. — Eu levantei minha mão e mostrei a ele meu mindinho.
— Promete?

O rosto de Maddox escureceu, piscando com uma


expressão ilegível, mas desapareceu rápido demais para eu
considerar. Ele colocou seu mindinho em volta do meu. —
Prometo.

Inclinei-me para a frente e pressionei meus lábios nos dele.


Seu peito roncou com um som profundo em resposta.

Maddox era a pessoa que meu pai me contou. Sempre


escolha a pessoa que faz seu coração bater a mil quilômetros por
hora. Ele me dissera. Lembrei-me que uma vez disse à Maddox
que nunca queria me apaixonar. Porque eu não era forte o
suficiente para perder mais uma pessoa na minha vida. Isso foi
há quatro anos.

E agora…

Papai, eu o encontrei. Aonde quer que você esteja, se estiver


me vigiando... encontrei minha pessoa como você encontrou
mamãe.
CAPÍTULO OITO

Tirei a torta de abóbora do forno, fresca e quente,


enquanto vovó punha a mesa. A torta com crosta de nozes, era
a favorita de Maddox, e me certificava de fazê-la para a
sobremesa sempre que possível.

Você pensaria que vovó estava alimentando um exército


com toda a comida, mas havia apenas quatro de nós. Ela
colocou sua famosa carne de porco desfiada, feita em sua
recém-adquirida panela instantânea no meio da mesa, quando
vovô e Maddox se juntaram a nós. Meu peito se encheu de calor
ao ver os dois juntos. Os dois homens mais importantes da
minha vida. Fiquei feliz que eles se deram tão bem.

Maddox encontrou meu olhar, e a boca do meu estômago


vibrou. Era uma reação cósmica que não conseguia explicar
porque não precisávamos de palavras; nós apenas nos
entreolhamos e sorrimos.

Esta era a minha época favorita do ano. Só porque eu


voltava para casa para visitar meus avós, desde que era
aniversário da vovó. Também era a favorita do Maddox por
causa de duas coisas: comida, e mesmo que nunca admitisse,
ele adorava a sensação de fazer parte da nossa pequena família.

Maddox sentou-se ao meu lado e um sorriso pairou sobre


meus lábios quando ele agarrou minha mão debaixo da mesa.
Depois que vovô disse as graças, e antes que pudéssemos cavar
nossa comida, Maddox pigarreou. — Lila e eu temos algo a
dizer.

Minha cabeça se levantou e deixei cair meu garfo no prato


com um barulho alto. A sala ficou totalmente silenciosa,
enquanto meus avós nos observavam com expressões amplas e
curiosas. Isso não fazia parte do plano! Tínhamos concordado
em contar aos meus avós depois, para podermos passar a noite
em paz. Apertei a mão de Maddox em aviso, mas já era tarde
demais.

Vovô colocou os cotovelos sobre a mesa e se inclinou para


frente, dando a nós dois sua atenção total. Ele estava nos dando
seu famoso olhar militar; duro, inflexível e assustadoramente
sério. — Continue.

Meus joelhos saltaram, e de repente fiquei feliz por Maddox


ter esperado até estarmos sentados. Meu olhar piscou ao redor
da sala, procurando pelo rifle de caça do meu avô que estava na
parede ao lado da lareira. Talvez eu devesse ter escondido
quando voltei para casa. Oh, Deus! Vovó olhou em volta
nervosamente, como se sentisse a crescente tensão ao nosso
redor.

— Talvez devêssemos comer primeiro, — eu gaguejei. —


Temos todo o tempo para conversar depois do jantar, certo? —
Vovô mal me lançou um olhar. Seus olhos duros estavam fixos
no homem ao meu lado, meu namorado. Meu namorado que
está prestes a morrer.

Minhas mãos ficaram úmidas, enquanto a frieza se


infiltrava em meus ossos. Meu estômago começou a ter cólicas,
e era quase pior do que dores menstruais.

Talvez se Maddox e eu fugíssemos...

— Lila e eu estamos namorando, senhor.

Não. Não importa, não temos tempo para fugir.

— Oh. Isso é verdade, Lila? — Vovô perguntou, ainda


olhando Maddox. O chão poderia se abrir e me engolir, por favor?

Senti-me fraca e acabei assentindo silenciosamente, um


pequeno aceno tímido. Vovó veio em meu socorro. — Que
notícia maravilhosa. Vocês dois se complementam muito bem.
— Ela limpou a garganta quando vovô não a apoiou. — Há
quanto tempo vocês namoram?
— Cerca de três meses. — Maddox informou, sua voz
firme. Como não estava cagando nas calças com meu avô
atirando punhais para ele?

— Lila? — Vovô finalmente me nivelou com um olhar, o


mesmo que me dava quando eu era pequena e fazia algo ruim,
enquanto ele esperava que eu confessasse.

Mas eu não era mais uma garotinha.

Embora eu ainda respeitasse meu avô, eu era uma mulher


crescida que estava feliz com seu namorado. Endireitei minha
coluna e engoli o nó na garganta.

Ele me criou para ser confiante e forte, qualquer que fosse


a situação. Claro, minhas pernas ainda estavam fracas como
gelatina, e meus pulmões estavam apertando com tanta força
que me perguntei se estava realmente respirando, mas retornei
o olhar do meu avô com um dos meus.

— O que Maddox disse é verdade. Estamos namorando há


cerca de três meses, — falei. — Vovô, estou muito, muito... feliz.

Seu comportamento mudou no momento em que as


palavras derramaram dos meus lábios. Ele recostou-se na
cadeira e o canto dos lábios se contraiu. Vovô lançou um olhar
para Maddox e eu, um que não conseguia ler exatamente, antes
que ele olhasse para vovó. — Demorou tempo demais, não
acha?
— Merda. — Maddox murmurou baixinho e apertou minha
mão com tanta força que pensei que fosse quebrar meus ossos.
Eu fiz uma careta, e foi então que percebi que ele estava tão
nervoso e assustado quanto eu.

Vovó sorriu. — Sinceramente, pensei que vocês estivessem


namorando há muito tempo. Só estávamos esperando você nos
contar.

Minha respiração foi expelida do meu peito em um alto


bufo, e fiquei largada contra a minha cadeira. A tensão ao redor
da mesa diminuiu e o ar ficou menos sufocante. — Espere,
então vocês... sabiam?

Vovô encolheu os ombros. — Era um palpite antes. Você


confirmou agora.

— Então, você está bem com isso? — Eu questionei


lentamente.

— Você está pedindo nossa bênção? — Vovô levantou uma


sobrancelha para mim, mas ele estava... sorrindo. — Você a
tem. Contanto que você esteja feliz. — Eu fiquei lá, boquiaberta.
Puta merda, meu avô, que era um homem muito difícil de
impressionar, estava sorrindo para o fato de eu estar
namorando Maddox Coulter. Sim, eu devo ter caído em outro
universo.
Ele se virou para Maddox, seus olhos escuros
endurecendo. — Eu não tenho que o avisar, porque você já sabe
o que vai acontecer se machucar minha filhinha. Você pode ser
jovem, saudável e provavelmente mais forte, mas ainda posso
atirar na sua bunda, filho.

Maddox entrelaçou nossos dedos e me deu um aperto


suave. Ele retornou o olhar do meu avô com um dos seus:
confiante e seguro de si, tão Maddox. Se não fosse o quão suada
e úmida estava sua mão, com um leve tremor nos dedos, eu não
seria capaz de dizer se ele estava nervoso ou não.

— Senhor, a felicidade de Lila significa tanto para mim


quanto para você. Eu sei que você sabe disso. Você a criou e
cuidou dela quando mais precisava. Agora é a minha vez. — Ele
disse.

Meu peito palpitava e meu útero formigava com um calor


difuso, enquanto a mesma sensação se espalhava por todo o
meu corpo. Eu fiz um som no fundo da minha garganta, feliz e
em aviso. — Hum, com licença. Eu posso me cuidar, muito
obrigada.

Vovô soltou uma pequena risada e meu peito se expandiu


com emoções que não conseguia identificar. — Boa sorte, filho.
Esta é tão atrevida quanto a avó.

Vovó corou e Maddox riu. — Não se preocupe. Eu posso


lidar com ela.
A preocupação que eu sentia antes, desapareceu quando
voltamos a comer. O resto do jantar foi como qualquer outro Dia
de Ação de Graças. Se pensei que anunciar nosso
relacionamento mudaria alguma coisa, eu estava enganada.

Essa era minha família.

Três horas depois, Maddox e eu nos encontramos no meu


quarto. Ele deveria estar dormindo no sofá, mas nos
escondemos lá em cima, depois que meus avós foram para a
cama.

— Estou tão cheia que sinto que vou explodir. — Bati no


meu estômago, alisando minha barriga como se estivesse com
um bebê. Eu provavelmente ganhei cinco quilos no jantar desta
noite. E então, havia Maddox, ainda parecendo fresco e
pecaminosamente bonito, como se tivesse acabado de sair de
uma revista da Vogue.

Eu me acomodei em minha cama, pulando no colchão,


enquanto o observava tirar a camisa em um movimento rápido.
Ele largou a camisa no chão e ficou lá por um segundo, me
deixando apreciar a vista muito distrativa.
Eu levei um tempo para admirá-lo, realmente olhar para
ele. Seu abdômen ficou tenso quando se aproximou de mim.
Seus piercings nos mamilos chamaram minha atenção, e lambi
meus lábios, lembrando como as hastes de prata se sentiam na
minha língua. Meu olhar foi para os ombros largos que eram
duas vezes o tamanho do meu e depois para o seu rosto.
Mandíbula afiada com a qual você provavelmente poderia cortar
o dedo, lábios carnudos, nariz forte com uma leve curvatura...
Ele me disse que quebrou quando tinha treze anos de idade.
Olhos azuis encapuzados, sobrancelhas grossas, com uma
cicatriz na esquerda – ele foi ferido há dois anos durante um
jogo de futebol.

Quando sorriu, sua covinha apareceu na bochecha direita,


um recuo profundo. Seu sorriso era selvagem, parecendo
faminto, enquanto estava à minha frente. Ele se inclinou para
frente, colocando os braços em ambos os lados das minhas
coxas no colchão. — Admirando a vista, baby?

Seu hálito quente acariciou minha bochecha. Eu estava


admirando a vista, mas também cheguei a uma conclusão.
Maddox não era bonito por definição. Claro, ele era gostoso e
sexy... mas era uma tela imperfeita, cheia de cicatrizes e falhas
invisíveis que ninguém mais podia ver, exceto eu. Isso o fazia
imperfeitamente bonito.

Minha mão se levantou, e passei um dedo ao redor de seu


peitoral esquerdo. Maddox ficou tenso quando meu toque roçou
seus mamilos. Eu conhecia todos os seus pontos sensíveis. Ele
amava sua garganta, especialmente o proeminente pomo de
Adão, para ser beijado e chupado. Ele ficou duro quando
arranhei meus dentes sobre seus mamilos.

— Cuidado, Garcia, — ele gemeu. — Eu posso estar muito


quente para você tocar, você pode acabar com uma queimadura
desagradável.

Revirei os olhos. — Isso foi extremamente extravagante,


Coulter. É quase nauseante.

Maddox me empurrou de costas e rastejou sobre mim. —


O quê? Você prefere meu lado extravagante e romântico? — Eu
gostava de todos os seus lados. O Maddox imbecil; o lado
furioso e feio dele; o lado muito arrogante; e especialmente, seu
lado romântico. Mas eu não estava prestes a dizer isso a ele.

Maddox rolou e me levou com ele. Eu me acomodei contra


o seu lado, enterrando minha cabeça na curva de seu pescoço.
Seu polegar circulou sobre a carne dos meus quadris, onde
minha camisa subia e contornou a cintura da minha calça
jeans. Nos abraçamos pelo que pareceram horas e horas. Ouvi
sua respiração, e senti seu peito subir e descer a cada fôlego
que tomava.

— Você está pronta para o seu exame de direção amanhã?


— Maddox finalmente quebrou o silêncio.
Meu peito apertou e parecia que a carne ao redor das
minhas cicatrizes estavam se contraindo. Havia uma dor
maçante e desconfortável ao redor delas, a dor, um eco
fantasmagórico. Esfreguei a mão no meu peito, mas minha pele
estava pegando fogo.

Respirei fundo e fechei os olhos. — Estou pronta.

— Você tem certeza disso, Lila? — Maddox perguntou


suavemente. Eu sabia que ele estava preocupado, mas ele
também era a mesma pessoa que estava do meu lado, enquanto
eu lutava para entrar no banco do motorista nos últimos seis
meses.

Ele foi implacavelmente paciente comigo, enquanto sofria


ataques de pânico após ataques de pânico. Levei um mês para
finalmente me sentar no banco do motorista e mais três meses
para Maddox me ensinar a dirigir.

Eu disse a mim mesma que poderia fazer isso. Contanto


que ele estivesse ao meu lado. Eu queria enfrentar meus medos,
queria deixar meu passado para trás. Verdadeiramente e
completamente seguir em frente... minhas cicatrizes latejavam
mais forte, e apertei meus olhos com força. Suas mãos alisaram
minhas costas, sempre tão amáveis e gentis.

— Sim, estou pronta. Eu vou passar neste teste.


— Eu não duvido disso nem por um segundo, dragãozinho.
— Dragãozinho…

Apenas Maddox poderia lidar com o meu fogo... minhas


cicatrizes... minha dor... Ele era o espelho da minha alma. Meus
lábios tremeram com um sorriso, e o fogo queimando no meu
peito lentamente se dissipou.

Eu nunca entendi por que eles me convidavam para jantar


quando seria assim. Silêncio gélido e frio... e nem reconheciam
que seu filho estava sentado ali.

Meu querido pai sentou-se à cabeceira da mesa, enquanto


mamãe e eu sentamos um de frente ao outro. Ela mal conseguia
encontrar meus olhos, seu foco no prato, enquanto cortava seu
bife em pequenos pedaços.

Brad, meu pai, nem sequer respirou na minha direção. O


único som que ecoava pelas paredes geladas da sala de jantar,
eram nossos talheres contra nossos pratos extravagantes ‘pra’
caralho.

Minha garganta se fechou e parecia... sufocante.

A diferença entre o jantar de Ação de Graças da minha


família com a família da Lila, era vasta. Eu não sabia por que
ainda tentava. Eu odiava esse lugar. Detestava a ideia de nossa
“família perfeita” para o mundo exterior, enquanto era tudo,
menos isso. Por muito tempo, desisti da ideia de sermos ao
menos um pouco felizes.

O casamento dos meus pais provavelmente também era


tudo, menos feliz. Eu não ficaria surpreso se descobrisse que
eles nem estavam dormindo no mesmo quarto.

Com uma mansão tão grande quanto esta, a distância


entre nós aumentou ainda mais. Quando eu morava aqui, eu
era um estranho e um fardo.

Agora que parti para Harvard, ainda era um estranho.


Para meus pais, quase não existia... exceto que eu era o
herdeiro, e o legado do nome e do império dos Coulter. Essa era,
provavelmente, a única razão pela qual Brad ainda não me
deserdara.

Sim, foda-se eles.

Coloquei minha comida na boca, mal mastigando.


Engolindo com água, eu terminei meu prato antes que eles
estivessem na metade de suas comidas.

Empurrei minha cadeira e me levantei sem dizer uma


palavra. A cabeça da minha mãe levantou e seus olhos
brilharam de surpresa. — Você está indo? — Ela gaguejou,
olhando cautelosamente entre meu pai e eu.

Oh, pelo amor de Deus, onde estava sua maldita espinha


dorsal?

— Maddox. — Ela começou, mas depois parou. Ela estava


olhando para mim como um cachorrinho triste e perdido. Minha
mandíbula endureceu e eu cerrei os dentes.

— O quê?

— Por que você não fica mais um pouco? Seu pai e eu...

Interrompi. — Não perca o fôlego, mãe.

Ela abriu a boca, mas foi cortada quando meu pai


começou a tossir. Os olhos dela se arregalaram, e houve um
lampejo de medo neles quando se levantou e correu para o seu
lado. Ele levou o lenço branco imaculado à boca e continuou
tossindo, o peito sacudindo com os sons ásperos.

— Brad. — Savannah respirou calmamente, parecendo um


pouco aflita.

Meus punhos cerraram ao meu lado, e lutei contra o


desejo de correr, sair desses portões de ferro e nunca mais
voltar. Este lugar não cheirava a conforto ou alegria, era uma
armadilha mortal.

Seu acesso de tosse cessou e ele endireitou as costas. —


Maddox, eu quero falar com você. Venha ao meu escritório. —
Ele disse, em sua voz dura de sempre. Não havia familiaridade
ou calor em suas palavras, como um pai deveria falar com seu
filho. Ele falou comigo como se eu fosse uma das pessoas na
sua maldita folha de pagamento.

Ele se levantou e saiu, sem esperar que eu o seguisse. Eu


já estava dando um passo atrás, me recusando a seguir suas
malditas ordens.

— Por favor. — Querida mamãe, sussurrou.

Meus pés pararam e virei meu pescoço, apertando meus


lábios. Os músculos do meu peito se contraíram, e por vontade
própria, minhas pernas me levaram ao escritório do meu pai.
Entrei para encontrá-lo sentado atrás de sua mesa. Ele
acenou com a cabeça em direção à garrafa de uísque na
bandeja. — Toma uma bebida?

Soltei uma risada pequena e sem humor. Sim, se tivesse


que sobreviver a essa conversa com meu pai, eu definitivamente
precisava de uma bebida. Coloquei um copo cheio e engoli
rapidamente, sentindo a queimação na garganta e meus olhos
lacrimejando.

— Falei com seu treinador na semana passada. — Ele


começou.

— Mantendo o controle sobre mim? — Eu bufei, divertido.

Os seus olhos endureceram. — Ele disse que você era um


dos seus melhores jogadores. É bom saber disso.

Elogio... de Brad Coulter? Hmm. Eu não estava prestes a


cair nessa armadilha. Eu mal conseguia me lembrar da última
vez que meu pai disse algo remotamente agradável para mim.
Eu tinha... talvez cinco ou seis anos? Isso foi há quase duas
décadas.

Ele inclinou a cabeça para o lado. — Ouvi dizer que você


está namorando Lila, — disse. — Você não nos contou.

Coloquei o copo vazio em sua mesa e meus punhos


cerraram. Havia uma razão pela qual nunca trouxe Lila aqui.
Eu queria mantê-la longe da toxicidade que eram meus pais.
Eles não mereciam respirar o mesmo ar que ela. — É por isso
que estamos aqui? Para falar sobre a minha vida amorosa?
Vamos, pai. Isso está abaixo de você.

Meu pai ficou em silêncio por um momento. Não queria


jogar o seu jogo, realmente não queria.

Peguei a garrafa de uísque na minha mão e dei um passo


para trás, levantando a garrafa em uma falsa saudação. — Boa
conversa, Brad.

Suas narinas queimaram com o evidente desrespeito, mas


eu já estava indo embora, sem esperar por sua resposta. Meu
coração batia forte no peito, minha pele se arrepiava e coçava
com a necessidade de me afastar dele, deste lugar sufocante.

Suas próximas palavras me pararam, meus pés parando


repentinamente. — Não a machuque.

Minhas costas ficaram retas, e virei para encará-lo, um


rosnado baixo nos meus lábios. — Eu nunca faria isso, —
assobiei. — Eu não sou você.

Ele se levantou, calmamente, e isso irritou meus nervos.


Eu odiava o olhar pacífico em seu rosto, como se realmente se
importasse.

— Não, Maddox. Você não é como eu. — Meu pai


concordou, quase como se estivesse aliviado com a ideia. — Mas
você também não percebe que está no caminho da
autodestruição. Você acabará machucando Lila no final, filho. E
você sabe em quem vai doer mais? Em você.

A fúria ardia nas minhas veias como ácido. Meu sangue


rugiu furiosamente em meus ouvidos; foi quase ensurdecedor. A
sensação de mal-estar no meu estômago estava de volta, e lutei
contra o desejo de vomitar. No momento, nem percebi que ele
me chamou de filho. Eu estava com tanta raiva, cheio de tanto
ódio pela pessoa que deveria ser meu pai.

Lila era a única coisa boa na minha vida. E ele queria que
eu desistisse dela.

Se, por um segundo, pensasse que meu pai se importava...


essa breve noção se foi, antes mesmo de acontecer.

— Obrigado pela conversa estimulante, pai. Vou manter


isso em mente. — Eu zombei, antes de me afastar.

Minha mãe estava do lado de fora da porta, e quase bati


em seu pequeno corpo ao sair. Seus olhos ficaram borrados, e
ela me alcançou, mas eu a afastei. — Maddox. — Ela chamou.

Não parei, não parei até sair dos portões de ferro.

Eu cansei de ouvir.

Eu cansei de tentar ser o filho que eles queriam.

Eu. Cansei. Porra.


CAPÍTULO NOVE

Maddox estava... quieto. O que era incomum. Sua atitude


arrogante fora substituída por um Maddox silencioso e
pensativo. Parecia que estava perdido em seus pensamentos, e
fazia três dias desde que voltamos para a escola de nossa visita
aos meus avós. Voltamos ao nosso horário e aulas regulares,
mas o Maddox que voltou comigo, não era o mesmo que saiu
para o longo fim de semana há uma semana.

— Eu nunca vi você encarar um livro de negócios com


tanta força. — Eu disse, colocando os cotovelos sobre a mesa e
me inclinando para frente. Estávamos sentados em um canto
quieto da biblioteca, e era uma das nossas sessões de estudo
noturnas. Mas aposto que ele nem estava se concentrando no
texto que deveria estar lendo. Seus olhos mal se moveram entre
os parágrafos, e ele ainda estava na mesma página nos últimos
trinta minutos.

Eu poderia estar pensando demais de novo, mas...

Algo não estava certo. Algo estava acontecendo com ele.


Eu o observei atentamente nos últimos três dias,
esperando para ver meu Maddox por trás da máscara silenciosa
que ele agora usava. Ele me tocou, beijou e me fodeu... mas algo
estava diferente.

O sexo era áspero e rápido. Não havia muito o que


reclamar, já que ele ainda me fazia sentir bem, mas eu sentia
falta do seu toque terno, seus doces beijos, suas palavras
suaves.

Sentia falta dele fazendo amor comigo. Sentia falta do meu


Maddox.

O medo tomou conta quando comecei a pensar demais na


situação. Minha cabeça dizia que ele estava cansado de mim.
Maddox não era o tipo de relacionamento, e talvez, percebeu
que isso era um erro. Meu coração argumentou com esse fato,
se recusando a acreditar que Maddox seria tão descuidado com
meus sentimentos.

Maddox piscou para mim, depois fez uma careta.

— Desculpe, eu não entendo merda nenhuma. — Ele


murmurou, empurrando seu livro e batendo o laptop com força.

Definitivamente não era Maddox. Ele não era um gênio,


mas era um aluno inteligente e estava no topo de suas aulas.
Ele trabalhou incansavelmente para manter sua bolsa de
futebol e suas notas onde precisavam estar.
— Eu ajudaria, mas sou mais uma pessoa química. —
Brinquei, acenando com a cabeça em direção ao meu próprio
livro, que estava cheio de parágrafos e páginas destacadas. Meu
marcador amarelo estava ao lado do meu laptop.

Meu coração murchou quando Maddox mal abriu um


sorriso. Seu pescoço musculoso estava tenso e parecia um
pouco... perdido. Talvez bravo. Algo estava terrivelmente errado,
e eu não sabia o que fazer. — Qual é o problema? — Eu
perguntei lentamente.

Seus ombros ficaram rígidos e sua mandíbula endureceu.


Eu praticamente podia ouvir seus molares rangendo. Seus olhos
azuis, profundos como um oceano no qual poderia me afogar
facilmente, e eu... afogava, estavam fixos nos meus.

— Há algo que você precisa me dizer? — O nó no meu


peito começou a aumentar, ficando cada vez mais apertado em
volta dos meus pulmões.

Fale comigo, baby.

Maddox sacudiu a cabeça. — Não há nada para contar.


Estou muito exausto e estressado com os próximos testes
intermediários.

Mentiras. Ele estava mentindo…

E quando ele mentia... ele não encontrava meus olhos.


— Maddox...

— Maddox? — Eu me virei para encarar a voz que me


interrompeu. Bianca.

O que diabos ela estava fazendo aqui? A última vez que a


vi foi no clube, seis meses atrás, onde ela fez uma birra após
Maddox “terminar” com ela. Não que eles estivessem
namorando, mas ela era um pouco ilusória.

De todas as suas conquistas, Maddox gostou mais de


Bianca. Ou assim eu pensava...

Foi ela quem durou mais tempo, e a única que escapou


contando a universidade inteira que eles estavam namorando, e
ele nunca impediu. Até que deu um pé na bunda da cadela após
seu ataque.

Eu procurei por qualquer sinal de maldade, mas seu rosto


estava suave, e ela realmente parecia chocada ao nos ver.
Portanto, este não era um encontro planejado.

A biblioteca do campus ficava aberta vinte e quatro horas,


mas, como estava tarde, quase não havia ninguém aqui, exceto
alguns alunos espalhados em cada canto.

Eu esperei pelo desdém e drama de Bianca, mas ela não


nos deu nada disso.
Foi então que notei, ela parecia completamente diferente
da sua aparência usual. Bianca sempre parecia ter acabado de
sair da revista Vogue ou pertencer a um outdoor.

Ela usava pouca maquiagem, o cabelo loiro encaracolado,


sempre penteado perfeitamente, estava em um coque
bagunçado e ela estava usando... um suéter folgado e calça de
ioga. Bianca parecia pálida, e era uma combinação estranha, já
que sempre parecia estar no seu melhor.

Seus olhos saltaram entre Maddox e eu, antes que


estampasse um sorriso falso no rosto. — Há quanto tempo. —
Ela definitivamente não estava falando comigo. — Você parece
bem. Você recebeu meu texto?

O texto dela? Ela estava mandando mensagem para ele...?


Um ciúme amargo arranhou seu caminho até minha garganta, e
meu peito ardeu com ele. Era por isso que ele estava tão
distraído nos últimos dias? Como se tivesse outra coisa em
mente e mal... falando comigo.

Eu sabia que Maddox tinha muitas amigas de foda;


embora nenhuma delas tivessem sido suas namoradas, ainda o
tiveram. Se foi brevemente ou não.

Eu tinha decidido ignorar isso... mas eu não estava bem


com elas andando ao seu redor ou mandando mensagens para
ele. Maddox me disse que havia bloqueado a maioria delas.
Bianca olhou para o meu homem, e não gostei de como ela
estava agindo como se eu nem estivesse lá. Eu me convenci de
que não era uma pessoa ciumenta.

Mas eu me senti... amarga e com raiva. O simples


pensamento de Bianca mandando mensagens para Maddox,
mesmo sabendo que ele estava indisponível e depois que
terminaram de um jeito tão ruim, me fez querer arrancar os
seus olhos. O dragãozinho, como Maddox gostava de dizer,
vermelho e feroz, que vivia dentro do meu peito, chacoalhava
contra minha caixa torácica e queria ser libertado.

Eu estava realmente tentando não deixar que


pensamentos negativos chegassem a mim, mas foi difícil, pois o
pequeno dragão ficou cada vez maior dentro de mim, mas ele,
felizmente, segurou seu fogo.

O único alívio que tive foi que Maddox mal a olhou. Ele
olhou para o livro novamente, folheando as páginas. — Recebi
seu texto e não encontrei um motivo para responder. Como você
pode ver, Lila e eu estamos ocupados agora.

A expressão de Bianca caiu e ela finalmente olhou para


mim. — Eu acho, — ela começou, subitamente parecendo
nervosa. — Que eu deveria me desculpar por como agi da
última vez.

Eu pisquei, boquiaberta. Ela estava drogada? Bêbada?


Bianca estava se desculpando, e realmente parecia arrependida.
Eu limpei minha garganta. — Você devia. Você foi má e
extremamente rude.

Ela ofegou, como se não estivesse esperando que eu


concordasse. Eu dei-lhe um rolar de olhos interno. Se ela estava
esperando que eu amenizasse a situação para ela... Ok, certo.
Não ia acontecer.

Seu rosto ficou vermelho e ela mordeu o lábio inferior.


Onde estava a alta e poderosa Bianca? Essa não era nada como
ela.

— Você está certa, — ela admitiu. — Desculpe-me.

Maddox grunhiu em resposta, e eu fiquei lá, sem palavras.


Bianca mexeu as mãos, enquanto esperava que eu desse a ela
algum tipo de reação. Sentei-me à frente na cadeira e a nivelei
com um olhar duro. — Eu não me dou bem com xingamentos, e
se bem me lembro, você me chamou de puta, sem motivo algum.
— Eu disse a ela sem rodeios.

Seu rosto ficou vermelho, e ela abriu a boca como se


quisesse falar, mas eu a interrompi. — A última garota que me
chamou de puta, eu quebrei o nariz dela. — Isso foi no ensino
médio, quando tive que me defender de princesas ricas e
mimadas que pensavam que todo mundo tinha que se curvar
diante delas. Ah, certo.
A garganta de Bianca balançou com um forte gole. Quando
tive certeza de que ela recebeu minha mensagem, meus lábios
se estreitaram com um sorriso. — Desculpas aceitas. Tenha um
bom dia. — Eu a dispensei.

Maddox levantou a cabeça, lançou lhe um olhar final, seus


olhos escureceram e seu rosto brilhou com uma expressão
ilegível. Como se quisesse dizer algo, mas estivesse com muita
raiva para isso. Ele era tão confuso!

Assim que ela se afastou do nosso cantinho, meus nervos


se acalmaram, mas eu ainda estava tensa com... emoções fortes
e vívidas. Ciúmes.

Deus, eu detestava essa palavra. Isso me fazia sentir


insegura. E... pequena. Tipo, como se eu não fosse boa o
suficiente ou... não achasse que fosse boa o suficiente.

Eu odiava, odiava me sentir assim. Especialmente depois


do modo como Maddox vinha agindo ultimamente. — Ela
mandou mensagem para você? — Eu soltei, mas depois
estremeci. Meu aborrecimento tinha sido tão evidente em meu
tom que eu corei. Eu estava agindo de forma irracional, disse a
mim mesma.

— Algumas vezes. Eu não respondi. — Maddox respondeu.


Algumas vezes? Mas por que... por que agora? Ele e Bianca
haviam terminado há muito tempo, e ela havia se mudado para
o próximo homem disponível.

Meu peito apertou. — Oh.

Maddox emitiu um som no fundo da garganta, um


profundo estrondo vindo do peito. Minha cabeça levantou,
quando ele empurrou a cadeira para trás e se recostou. Seus
olhos me exploraram preguiçosamente, e seus lábios se
contraíram com um sorriso arrogante. Todo o seu
comportamento mudou. Foi-se o pensativo Maddox.

Eu estava prestes a enlouquecer com todas as mudanças


de humor dele. — Você está com ciúmes. — Ele brincou.

— Desculpe? — Eu cuspi.

Ele sorriu mais. — Você estava praticamente cuspindo


fogo.

Mesmo que isso possa ser verdade, fiquei indignada que


ele tenha trazido isso à tona. Especialmente depois de agir tão
idiota nos últimos dias. — Eu não estava... com ciúmes. Só não
gosto do fato de que sua ex está mandando mensagens para
você.

— Ela não é minha ex.


— Certo, ela era apenas uma amiga de foda. — Como se
isso melhorasse.

— Então, isso foi você mijando em todo o seu território? —


Maddox sorriu torto e minhas bochechas esquentaram.

Deus, ele tinha que ser tão rude...?

— Não seja um idiota. — Eu assobiei.

— Você fica fofa quando está chateada, Garcia. — Meus


dentes estremeceram com seu tom de provocação, mas escolhi
ignorar a isca. Olhando para o meu livro, folheei as páginas.
Pelo canto do olho, vi Maddox se movendo. Ele arrastou a
cadeira para mais perto e depois se virou para mim. Ótimo,
agora ele queria conversar.

Primeiro, ele agia de maneira estranha nos últimos dias,


me fazendo questionar tudo. Então, aqui estava ele...
provocando e sendo arrogante como se nada mais importasse.
Maddox Coulter era complicado, e eu aceitei esse fato há muito
tempo.

Percebi tardiamente que o assunto havia mudado. Ele


ainda não tinha me dito o que estava errado... eu não sabia se
ele iria admitir alguma coisa, antes que Bianca nos
interrompesse. E agora o momento se foi... e Maddox estava
com vontade de brincar.
Eu queria me perder nisso... suas provocações, seus
encantos, seu lado idiota. Mas eu não conseguia parar a
sensação incômoda no meu peito. A picada de inquietação e
preocupação rastejante se escondeu sob a minha pele.

Pedi-lhe para não guardar segredos, mas sabia que ele


estava escondendo alguma coisa. Eu apenas sabia. Maddox se
estabeleceu ao meu lado, e meu corpo se contorceu com a sua
proximidade. Seu perfume e calor me envolveram, como um
casulo seguro.

Sua perna pressionou contra a minha, e minhas costas se


endireitaram quando sua mão pousou na minha coxa. Seu
hálito quente patinou no meu pescoço quando ele se inclinou
para perto, colocando a boca bem perto da minha orelha. — Por
que você está tão brava, dragãozinho?

— Por que você está mentindo para mim? — Eu retruquei.

Maddox ficou tenso por um breve segundo, antes de seus


dedos começarem a subir, em direção ao ápice das minhas
coxas. — Por que você acha que eu estou mentindo?

— Algo está errado, posso dizer. — Meus olhos o


desafiaram a negar, a mentir na minha cara novamente.
Maddox não respondeu. Ele se inclinou e seus lábios deslizaram
sobre a coluna da minha garganta, sua intenção clara. Sua mão
segurou meu sexo através do meu jeans. Um assobio ofegante
escapou dos meus dentes cerrados. — Estamos... na biblioteca.
Alguém pode ver, Maddox!

— Estar em um lugar público nunca te impediu antes, —


ele resmungou contra a minha pele. Seus dentes arranharam
minha pele e soltei um arrepio involuntário. — Abra suas
pernas para mim, Lila.

Eu realmente não devia; eu realmente, realmente não devia


abrir.

Mas eu fiz. Porque eu precisava dele, porque queria sentir


como se ele fosse meu.

— Essa é uma boa menina. — Elogiou. Seus lábios e


dentes arrastaram ao longo do meu pescoço, chupando e
mordendo a carne macia. Soltei um gemido quando ele
desabotoou meu jeans e enfiou a mão dentro. Estremeci quase
violentamente, enquanto meu olhar varria a biblioteca
silenciosa.

Seus dedos provocaram minha fenda molhada através da


minha calcinha, antes de empurrar o tecido fino para o lado.

— Por que você está fazendo isso? — Eu respirei.

— Diga-me você.

— Porque você gosta de me torturar.


Sua língua lambeu uma trilha tentadora de desejo pelo
meu pescoço e outro arrepio percorreu minha espinha. Meus
dedos do pé enrolaram nos meus sapatos.

— Não, — disse Maddox, sua voz tomando um tom mais


profundo. — Porque você parece fofa ‘pra’ caralho quando está
com ciúmes, e eu só quero te comer e ver você gozar.

Ele enfiou um dedo dentro de mim e eu ofeguei. Minhas


costas arquearam e meus olhos se fecharam com a penetração
repentina. Eu estava molhada e pronta, quando um único dedo
deslizou dentro e fora de mim. Meu sexo apertou em torno da
intrusão, quando ele lentamente empurrou um segundo dedo
em mim. — E é exatamente isso que você vai fazer por mim.
Você vai sentar aqui, com as pernas abertas, e vai me deixar te
foder com os dedos, porque você quer. Porque você gosta de ser
minha garota má e travessa.

Na necessidade frenética, estendi a mão para ele, e meus


dedos cravaram em sua coxa. Ele assobiou e depois riu. — Você
consegue ouvir como está molhada? — Ele provocou no meu
ouvido. — Sinta como você está molhada...

Jesus Cristo!

— Você adora ser fodida em público, como a pequena


atrevida que você é. — A provocação de Maddox não fez nada
além de aumentar minha excitação, causando uma sensação de
calor no estômago e uma poça de desejo se acumulando entre
minhas coxas. — Sua boceta está praticamente implorando pelo
meu pau. Sinta como está apertado em volta dos meus dedos,
como está apertando e procurando algo mais duro e maior.

Encharcada... carente... ofegante... excitada...

Seu polegar circulou em torno do meu clitóris e ele me


esfregou, enquanto eu apertava meu núcleo contra sua mão. Eu
queria ser lembrada de que pertencia a ele, que ele era meu.

Uma necessidade imoral me preencheu, enquanto eu


montava seus dedos, descaradamente, em uma biblioteca
pública onde alguém poderia nos pegar. Maddox me fez perder o
controle e todo o senso de decência. Ele me fez querer coisas
sujas; ele me fez almejá-lo da maneira mais perigosa. Meu
núcleo apertou, e eu fechei os olhos.

Meu coração bateu forte.

A expressão de Maddox era de pura luxúria, seus olhos


azuis brilhando com desejo fundido. Ele olhou para mim como
se eu fosse a coisa mais linda de todas, e quando seu olhar
baixou entre as minhas pernas, soltei um pequeno gemido.

Seus dedos se curvaram dentro de mim, atingindo o ponto


doce e sensível que tinha meus olhos revirando na minha
cabeça. Maddox soltou um grunhido antes que seus lábios
atacassem os meus. — Lila, — murmurou no beijo. — Você. —
Beijo. — Me. — Beijo. — Deixa. — Beijo. — Louco. — Beijo. —
Porra. — O sentimento era mútuo.

O ápice do meu orgasmo foi rápido, e quase gemi de


decepção porque queria que durasse. Eu queria que ele
mantivesse sua mão entre as minhas pernas e seus lábios nos
meus.

Um gemido alto escapou dos meus lábios carnudos


quando ele apertou a palma da mão contra o meu clitóris. Uma
tempestade se formou dentro de mim, quente e intensa. Meus
dedos envolveram seu pulso na mesma mão que ele estava
usando em mim. Minhas unhas cravaram em sua carne com
tanta força que tinha certeza de que havia tirado sangue.

— Oh Deus, Maddox! — Sua boca bateu contra a minha,


engolindo meus gemidos antes que alguém pudesse ouvi-los. Eu
quase mordi sua língua, enquanto estremecia e me contorcia
contra a plenitude de seus dedos dentro de mim. Ele dedilhava
e brincava com todos os nervos do meu corpo como se os
possuísse.

— Goza para mim. — Disse Maddox, sua voz baixa. Uma


onda quente de prazer zumbiu através de mim antes de bater
como uma maré selvagem e violenta.

Seus impulsos eram brutais e implacáveis quando ele me


levou à beira do orgasmo.
Eu caí. Duro. Aterrissei. Mais duro ainda. Eu gritei e chorei
em seu beijo quando gozei, meu corpo inteiro em espasmos. A
intensidade do meu clímax me cegou por meros segundos, antes
que o mundo caísse em equilíbrio novamente.

Voltando do meu êxtase, minha visão embaçada e meu


coração martelando na caixa torácica. Meu corpo ainda estava
se contorcendo após o orgasmo. Maddox gemeu e se afastou do
beijo. Meus lábios estavam macios e inchados.

Ele saiu de mim e acariciou minhas dobras suavemente,


antes de levar a mão à minha boca. Seus olhos estavam escuros
e ousados; ele esperou. Meus lábios se separaram e envolveram
seus dedos molhados e brilhantes. O gosto da minha própria
excitação me pegou de surpresa; meu clitóris inchou e pulsou.
Isso era tão... sujo, mas eu lambi seus dedos.

— Boa menina. — Ele elogiou em voz baixa. Eu cantarolei


em resposta, quando Maddox segurou a parte de trás da minha
cabeça e me beijou. Eu esqueci onde ele começava e eu
terminava, ou qual ar eu estava respirando. O dele ou meu.
Meu coração perdeu as batidas.

Esse beijo foi tão... cru... tão intenso que sangrava através
de nós, afundando sob nossa carne e ossos. Se isso chegasse ao
fim, eu nunca esqueceria a sensação de seus lábios nos meus.
Forte, cheio, carente. Meu.

Meu.
Meu.

Maddox sugou todo o oxigênio dos meus pulmões, até que


eu estava ofegante e sem fôlego. Seu beijo diminuiu, e meu
coração bateu mais rápido, ressoando como um violino furioso,
estridente e alto.

— Eu sou seu, Lila. Cada parte minha pertence a você. —


Ele sussurrou.

Eu queria acreditar nele... e acreditava. Talvez isso tenha


sido tolice da minha parte... eu tinha uma fraqueza por
Maddox. — Você promete me dizer se algo estiver errado? — Eu
perguntei baixinho, minha voz quase inaudível. Ele tinha meu
frágil coração na palma da mão, e podia esmagá-lo facilmente
com um simples aperto.

— Lila. — Meu nome era um sussurro suave em seus


lábios. — Eu nunca vou machucá-la, não voluntariamente, não
intencionalmente.

Quando sua boca reivindicou a minha novamente, senti-o


sussurrar algo nos meus lábios. Mas eu não entendi, e estava
muito perdida em seu beijo para me importar.

Eu acreditei nele. Maddox nunca me machucaria. Não


intencionalmente.

Ele era meu melhor amigo, afinal.


E essa era a razão exata pela qual ele tinha o poder de me
destruir.
CAPÍTULO DEZ

Lila Garcia era uma atrevida, completamente.

Uma sacana e devassa ‘pra’ caralho que adorava me


torturar. Vingança, ela disse. Vingança por provocá-la na
biblioteca, vingança por desafiá-la a gozar em público... Meu
dragãozinho era bastante selvagem.

Lila adorou cada minuto, estava praticamente


encharcando sua calcinha com o simples pensamento de meus
dedos em sua boceta.

E agora ela estava jogando duro para me torturar.

Lembrei-me do sorriso em seu rosto quando ela me


desafiou três dias atrás.

Você não pode me tocar. Não até eu mandar. Eu desafio


você.
Lila me fez correr atrás dela, praticamente implorando
para que meu pau fosse aliviado, mas ela não cedeu. Ela me
deixou em um estado perpétuo de bolas azuis por três dias.

Ela encontrou todas as maneiras de me deixar duro e


doendo por ela. Eu estava me masturbando três vezes por dia,
só para poder lidar com todas as malditas provocações.

Fazendo seus alongamentos matinais em suas calças de


ioga apertadas que se estendiam sobre sua bunda como uma
segunda pele, ela deliberadamente se curvava, tocava os dedos
dos pés e mexia sua bunda suculenta quando eu passava por
ela. Sim, isso quase foi o meu ponto de ruptura.

Ou a vez que ela decidiu limpar o apartamento inteiro


apenas vestindo uma camisa e calcinha que mal cobria sua
boceta rosa e sua bunda. Ah, e sem sutiã. Seus mamilos
estavam cutucando a fina camada de sua camisa o dia inteiro.
Eu quase gozei em minhas calças de moletom.

Lila era muito habilidosa na arte da tortura e, foda-se, eu


vivia para cada parte disso. Amava seu sorriso provocador... e
seu sorriso gentil.

Adorava ela arranhando minhas costas como uma tigresa


quando eu a fodia... amava seus lábios macios no meu peito e
sua doce carícia.
Amava seu cérebro inteligente... amava sua mente
perigosa.

Sua força de vontade, sua determinação inabalável. Como


duas semanas atrás...

Lila Garcia era absolutamente aterrorizada com carros e


dirigir. Mas minha garota? A porra da minha garota tem sua
própria licença. Era uma maneira de superar seu medo, ela
disse.

Ela conseguiu. Lembrei-me com carinho. Com um sorriso


confiante, uma atitude feroz e uma leve oscilação dos quadris
quando ela se aproximou de mim e anunciou que passou no
teste de direção.

Lila era meus bons dias e a razão pela qual meu coração
frio não estava mais tão frio. Ela era a melhor parte de mim, a
combinação perfeita de anjo e demônio. Um maravilhoso caos e
belos olhos castanhos, cabelos pretos e lábios vermelhos.

Talvez Deus, se realmente houvesse um, a tenha criado


apenas para mim. Minha alma gêmea. Minha peça que faltava...

Oh, caramba, ela estava me transformando em um


romântico extravagante e poeta inútil. Mas foda-se, eu estava
tão fraco dos joelhos por ela.

Por ela... eu arriscaria tudo.


Entrei em nosso apartamento e encontrei todas as luzes
apagadas.

— Lila? — Eu chamei.

Tirando os sapatos na porta, deixei minha bolsa de ombro


lá e adentrei no apartamento. A porta do nosso quarto estava
entreaberta e as luzes estavam acesas. Empurrei a porta e
praticamente tropecei com a visão à minha frente.

Eu pisquei, boquiaberto e depois engasguei com meu


gemido.

Lila, a atrevida, estava espalhada em nossa cama com a


porra de um vibrador entre as pernas. As suas costas se
arquearam da cama, e ela soltou um gemido suave. Ao som do
meu rosnado em resposta, seus olhos se abriram e ela me deu
um olhar encoberto. O seu rosto era uma máscara de prazer, no
ápice do orgasmo.

Eu avancei, meu pau já duro. O aroma almiscarado dos


sucos de sua boceta estava pesado no quarto, e me contorci em
meus jeans. Porra, essa mulher seria a minha morte.

Morte por boceta. Sim, seria uma morte doce, com certeza.

— O que você está fazendo, Lila? — Eu perguntei, minha


voz rouca e áspera para meus próprios ouvidos. Ela sorriu para
mim timidamente.
— Gozando.

Parei na beira da cama e meus olhos baixaram entre as


suas coxas. Eu quase rosnei ao ver sua boceta vermelha e
inchada. Ela manteve o vibrador em seu clitóris, movendo-o em
um pequeno movimento circular. Seus sucos escorreram e
cobriram o lençol embaixo dela. — Quantas vezes você gozou?

Seus dentes pegaram seu lábio inferior, e ela mordeu,


segurando outro gemido necessitado. — Uma vez... e... Oh
Deus, estou prestes a... gozar de novo.

Suas pernas estavam tremendo quando levantou os


quadris, moendo contra o vibrador como faria com meu pau. —
Oh, oh... Maddox, Oh Deus... Maddox! — Meu controle quebrou.

Com um rosnado baixo, tirei freneticamente minha blusa e


calça jeans e me arrastei por cima de Lila. — Isso acaba agora
mesmo.

Seus olhos castanhos estavam atados com luxúria e ela


sorriu maliciosamente. — Você não pode me tocar, — disse ela.
— O desafio.

— Foda-se o desafio. — Eu assobiei, mantendo a mão dela


longe de sua boceta gananciosa. Joguei o vibrador no chão e
espalhei suas coxas ao redor dos meus quadris, enganchando
seus tornozelos atrás da minha bunda.

Lila não lutou comigo. Ela apenas... sorriu.


Esfregando meu comprimento duro contra suas dobras,
meu pau ficou coberto com sua doce excitação, e meu olhar
baixou para o ápice de suas coxas. Eu assisti enquanto seus
lábios inchados se abriam, e sua abertura estava praticamente
chorando de necessidade.

Ela estava tão preparada e pronta, porra.

Segurei sua cintura, apertando. Esse foi o único aviso que


recebeu, antes de eu entrar nela, empurrando para dentro em
um movimento rápido, enterrando-me ao máximo.

Lila ofegou. — Porra. — Sim, de fato.

Meu corpo ficou tenso, os músculos das minhas costas


apertando, enquanto eu tentava não gozar do primeiro impulso.
O aperto de sua vagina ia me matar. Ela estava tão macia e
molhada, porra, que eu entrava e saía facilmente.

— Você. Me. Deixa. Louco. — Rosnei, pontuando cada


palavra com um impulso forte. Lila gritou, com os olhos
fechados. — Abra seus olhos.

— Maddox.

— Abra seus olhos, Lila. Olhe para mim. — A ameaça era


pesada e grossa na minha voz.

Seus olhos se abriram e estavam vítreos de luxúria. Meu


pau inchou quando bati dentro dela. Ela enrolou os braços em
volta do meu pescoço e me agarrou fortemente, choramingando
toda vez que me afastava e gemendo com cada impulso
profundo.

Suas unhas arranharam minhas costas, marcando minha


carne. Eu sangrei por ela. Alegremente, porra. Nossos lábios se
encontraram, loucos de paixão, enlouquecidos e desesperados.

Suas coxas apertaram meus quadris e meus dedos


cravaram em sua cintura com tanta força que sabia que
deixariam minhas marcas. Bom. Ela precisava ser lembrada a
quem diabos ela pertencia. E a quem pertenciam os seus
malditos orgasmos.

Meu coração bateu forte no peito, galopando como um


cavalo em uma corrida.

Lila respirou meu nome, gemendo várias vezes. Minhas


bolas apertaram, e ela me deu um aperto mortal, enquanto se
contorcia e tremia debaixo de mim.

Ela jogou a cabeça para trás, gozando com um gemido


baixo. Lila nunca pareceu tão bonita quanto agora.

Eu gozei dentro dela, nossos olhos presos juntos. Meu


esperma vazou de sua boceta, escorrendo entre suas coxas
trêmulas e revestindo o lençol com nossa essência mista.
Lila enterrou o rosto na curva do meu pescoço, e seus
dentes arranharam o local atrás da minha orelha. — Eu ganhei.
— Ela respirou, com uma pequena risada de tirar o fôlego.

Deus, eu a amava.

Eu a amava, porra.

— Eu não quero que você se mexa. — Lila confessou em


meu ouvido.

Também não queria me mexer. Meu pau semiduro estava


muito feliz onde estava. Eu nos rolei e deitamos de lado, nos
mantendo conectados. Ela pulsou ao meu redor, sua vagina
ainda tremendo com as consequências de seu orgasmo.

Lila olhou para mim com olhos castanhos sonolentos e um


sorriso terno. Seu cabelo preto estava grudado na testa suada e
piscou para mim, cansada. Lila ainda estava tão bonita. Minha.

— Você me mata. — Eu sussurrei, meus lábios roçando a


ponta do seu nariz.

— Você me mata também. — Meu peito apertou com sua


confissão ofegante.

Nossas testas se tocaram e meu olhar baixou para onde


seus seios estavam pressionados contra o meu peito. Suas
cicatrizes pareciam vermelhas e irritadas contra sua pele
brilhante e suada. Eu tracei um único dedo sobre as linhas
irregulares e ásperas. Ela se encolheu, mas não me parou. Suas
cicatrizes me chamaram, e senti a necessidade de tocá-las.
Senti-las. Passei meus dedos por seu passado, traçando as
marcas e as bordas ásperas de sua alma.

Seu coração bateu contra o meu toque, e eu senti. Senti a


dor ecoante que ainda persistia em seu coração.

— Dói? — Eu perguntei, embora eu já soubesse a resposta.

— Não mais, — respondeu Lila suavemente. — Às vezes,


parece que dói, mas não é real... meu terapeuta disse que está
tudo na minha cabeça. É como uma dor fantasma. Meu corpo
se lembra disso, mesmo que meus ferimentos não sejam mais
dolorosos.

Seus dedos agarraram meu pulso, mas não puxou minha


mão. Na verdade, ela colocou minha mão sobre o peito, sentindo
seu coração pulsar. Sua pele parecia veludo contra meus dedos
insensíveis, mas eu mantive meu toque macio.

— Você sabe o que dói mais, Maddox? — Ela falou


baixinho, sua voz quase inaudível.

— Diga-me. — Eu murmurei. Conte-me tudo, Lila. Diga-me


um pouco da sua dor e deixe-me carregá-la por você.

Ela soltou uma pequena risada sem humor. A dor na sua


voz era tão pesada que meu peito se apertou em resposta. — É o
fato de que nunca poderei encontrar justiça. Para mim. Para
meus pais. Há muito que aceito esse fato, mas ainda dói.

Minha cabeça abaixou para seus seios, e meus lábios


deslizaram sobre as linhas ásperas, brancas e rosa. — Sinto
muito não estar lá quando você precisou de mim.

Lila arrastou as unhas pelo meu couro cabeludo. — Não


seja bobo.

— Não, eu deveria ter encontrado você mais cedo. — Eu


beijei o comprimento de suas cicatrizes, roçando cada
centímetro de carne levantada e marcada. — Se eu soubesse
que você estava lá fora, eu teria procurado por você.

Lila soltou um pequeno gemido e levantou minha cabeça.


Seus lábios encontraram os meus, e eu provei suas lágrimas
salgadas através do nosso beijo. Não chore, dragãozinho. Não
chore.

Suas lágrimas eram a minha ruína. A sua dor me dizimou.

Meu coração doeu, enquanto ela chorava suavemente


contra meus lábios. Ela me beijou como se eu fosse o oxigênio
que precisava para viver, como se eu fosse o próprio ar que
respirava.

Nosso beijo, cheio de tormento e desespero, queimou


através da minha alma e me marcou por dentro.
Horas depois, fiquei acordado, vendo Lila dormir. Meu
polegar acariciou seus quadris nus, sentindo sua pele macia.
Eu não conseguia parar de tocá-la, não conseguia me afastar e
desconectar nossos corpos.

Meus lábios cruzaram sua bochecha. — Eu sei que você


não precisa de um cavalheiro, — disse, ouvindo-a lentamente
respirar enquanto dormia. — Mas eu quero ser seu cavalheiro.
Há uma necessidade dentro de mim. Uma necessidade feroz de
protegê-la. De mantê-la segura. Uma necessidade intensa que
parece me levar a ser um homem melhor. É a minha força
motriz. Você não é a donzela em perigo, mas ainda quero ser
seu cavalheiro, Lila.

Eu queria protegê-la... mas protegendo-a...

Minha Lila me conhecia muito bem. Ela sabia que algo


estava errado, mas eu não podia dizer a ela. Agora não, ainda
não. Talvez nunca.

Algumas verdades são melhores se omitidas; às vezes, era


melhor se contássemos algumas triviais mentiras para proteger,
e mantermos segredos que deveriam ser mantidos em segredo.

Eu precisava de mais tempo com ela, amá-la por mais


tempo, antes que tudo desmoronasse... porque se ela
descobrisse a verdade, Lila iria me odiar.
CAPÍTULO ONZE

Houve uma batida repentina na porta. Eu olhei por cima


do meu livro, surpresa com a interrupção. Maddox estava na
aula e Riley tinha um teste. Saí do sofá e fui até a porta,
espiando pelo pequeno buraco.

Savannah. Ah Merda! A mãe do Maddox. O que ela estava


fazendo aqui? Meu coração parecia que praticamente ia
estourar no meu peito, enquanto eu afagava meu cabelo
selvagem e abria a porta. Eu não estava apresentável para
receber convidados, mas também não podia manter a mãe dele
esperando na porta.

Savannah me deu um sorriso tímido, e como sempre,


estava vestida de maneira formal e adequada, com um terno
caro e salto alto. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo
apertado, e mantinha o mínimo de maquiagem. Ela estava
absolutamente linda e pronta para as passarelas.

Enquanto eu parecia uma garota de faculdade estressada


que não tomava banho e usava as mesmas roupas por dois
dias. Estremeci, esperando seu olhar crítico, mas ela não me
deu um.

— Hmm, oi? — Eu disse, pressionando minhas mãos


trêmulas contra minhas coxas. Quando percebi que ela ainda
estava na porta e ainda não a havia convidado, meus olhos se
arregalaram e fiquei vermelha de vergonha. Afastando-me da
porta, acenei para ela entrar. — Entre.

Fechei a porta atrás dela e a notei olhando ao redor do


apartamento. — Maddox não está aqui agora.

Seus olhos azuis brilharam, os mesmos olhos de Maddox.


Maddox era uma cópia de seu pai, mas ele tinha os olhos de
sua mãe. — Estou aqui para ver você. — Disse ela.

Minha respiração parou, e eu senti uma sensação de


pânico dentro de mim. — Eu? — O que ela poderia querer
comigo?

— Posso me sentar? — Savannah perguntou, me dando


um pequeno sorriso.

— Claro. Com certeza. — Fiz um gesto em direção ao sofá.


— Aceita algo para beber?

— Água está bom. — Voltei com um copo de água e ela


murmurou um rápido agradecimento quando entreguei a ela.
Savannah parecia um pouco nervosa, mexendo no vestido,
enquanto se sentava.
— Ouvimos dizer que você está morando com Maddox. —
Ela começou.

Ah, então seus pais estavam vigiando-o. — Sim, cerca de


três meses atrás.

Ela olhou ao redor do apartamento com um sorriso tímido.


— Vocês têm um bom lugar.

— Obrigada. — Eu não sabia dizer se ela estava julgando


minha decoração ou apreciando isso. Tudo parecia tão
estranho, nós sentadas... tentando ter uma conversa normal
quando mal falamos mais do que uma frase nos quatro anos
desde que conheci Maddox.

— É muito... acolhedor. — Ela expressou.

— Isso é uma coisa ruim? — Eu soltei, sem pensar.


Maddox adorava nosso pequeno apartamento. Claro, nosso
gosto era bem diferente, mas ele me deu liberdade sobre a
decoração. Deixei um toque de Maddox, as cortinas eram
pretas; nosso quarto estava todo preto... mas adicionei um
pouco de Lila também. Vasos, pinturas e quadros - ele não
tinha quadros nas paredes antes, mas agora tinha. Fotos
nossas, de Colton e seus amigos. Ele chamava de... lar. Nosso
lar.

Savannah estava balançando a cabeça. — Não, de jeito


nenhum. Tenho certeza que Maddox gosta.
Seu olhar pousou na enorme árvore de Natal que havíamos
escolhido juntos. Ela olhou para os presentes debaixo da árvore
que estavam se acumulando lentamente. Era apenas meados de
outubro, mas eu estava pronta para o Natal. Eu era uma pessoa
festiva e não tinha vergonha disso.

— Maddox não gostou de todas as coisas de Natal, —


confessei. — Porque ele realmente não se importa com o feriado,
já que você e Brad nunca foram grandes nisso. Mas como essa é
a minha época favorita do ano, sei que exagerei um pouco, mas
ele me deixa fazer o que quiser. Ele está começando a gostar
das coisas natalinas. Ele diz que finalmente tem um lar.

Ok, talvez eu estivesse sendo um pouco cadela. Eu estava


chateada com a maneira como seus pais o tratavam. E é
verdade que talvez eu estivesse tentando fazer Savannah se
sentir uma merda por ser uma mãe de merda.

Ela engoliu em seco e se escondeu atrás dos cabelos. Vi


um lampejo de vergonha nos seus olhos, antes que olhasse para
os joelhos. — Estou feliz. Você o faz feliz.

Meu coração inchou no meu peito. — Eu faço. — Eu


concordei.

Ela limpou a garganta e vi quando tirou um envelope da


bolsa. Parecia um convite. — O aniversário de Brad é daqui a
dois dias. Ele pensou que seria o momento perfeito para dar
uma gala no início do inverno. Também estamos realizando um
evento de caridade.

Oh. Peguei o envelope dela. — Maddox não me contou.

Ele mal falava sobre seus pais. Na verdade, ele nunca mais
os mencionou. — Porque ele se recusou a comparecer à gala.
Liguei para ele alguns dias e...

Sua mãe parou, parecendo desanimada. Se ela ligou para


ele... isso significava que Maddox ignorou suas ligações e nunca
mais retornou para ela. Há um enorme caos entre Maddox e
seus pais, muita dor e ódio. Eles haviam falhado com ele várias
e várias vezes. E Maddox? Ele era teimoso e escondia seus
verdadeiros sentimentos por trás de uma máscara
cuidadosamente montada. Havia um abismo tão profundo entre
eles, que eu não sabia se conseguiriam atravessá-lo.

— Brad o quer lá, — Savannah disse calmamente. — É o


seu 50 º aniversário, e ele quer a sua família presente. E isso
também inclui você.

— Ele quer?

Ela piscou, parecendo chocada com a minha resposta


petulante. — Desculpe?

— Ele realmente quer Maddox lá? — Eu questionei,


sentindo a raiva aumentar dentro do meu peito, correndo pelas
minhas veias. — Ou ele só quer que a gente apareça, então
pareceremos a família perfeita para a foto... já que Brad está
concorrendo a senador.

Eu me ressentia por terem machucado Maddox do jeito


que fizeram... e se eu tivesse que mantê-lo longe deles, para que
nunca mais o machucassem, eu faria.

Seus olhos se arregalaram e ela já estava balançando a


cabeça. — Não, não. Isso não é verdade. Sim, Brad está
concorrendo para senador, mas ele realmente quer que você e
Maddox participem da gala. Para o seu aniversário, nada mais.

Savannah realmente parecia sincera... e meus pulmões


cerraram. Ela estava me dando um olhar suplicante. Eu não
entendi os seus motivos.

— Por que ele não perguntou ao próprio Maddox? —


Perguntei, meramente em tom de reprimenda.

Ela me deu um sorriso de dor, parecendo tão diferente da


Savannah Coulter que eu conhecia. — Você o conhece melhor
do que nós. Você acha que ele deixaria o pai dizer uma única
palavra?

Não, ela estava certa. Maddox mal falava com o pai, e


sempre que o faziam, brigavam por algo. Não acho que Maddox
e Brad já tenham tido uma conversa real. Savannah estendeu o
braço e segurou minha mão, apertando. Seus olhos implorando
silenciosamente. — Por favor. Maddox precisa estar lá. É muito
importante para Brad, e para mim. Por favor, traga-o para a
gala. Pode ser a nossa última...

O quê? Minhas costas se endireitaram. — Desculpe?

Sua garganta balançou quando ela engoliu em seco. —


Quero dizer, Maddox nunca participa de jantares ou festas para
as quais o convidamos. Talvez você possa convencê-lo a ir a
este. Por favor. — Eu pensei sobre suas palavras, mordendo
meu lábio. Ela estava me pedindo para fazer uma tarefa difícil, e
eu estava preocupada que isso estivesse prestes a atravessar
um limite entre Maddox e eu.

— Maddox é teimoso. O que faz você pensar que posso


convencê-lo?

As sobrancelhas dela se ergueram; um pequeno sorriso


pintado em seu rosto pálido. — Porque você é Lila.

Porque você é Lila. Porque eu era a Lila de Maddox, ela


quis dizer.

Com o coração na garganta e as palmas das mãos suadas,


esperei Maddox voltar para casa. As coisas estavam boas o
suficiente entre nós, depois do tempo na biblioteca. Mas eu
sabia que algo ainda estava errado com a maneira como seus
olhos nublavam. Alguns dias, estava mais calmo que o normal.
Mas não era o silêncio pacífico, o tipo que acalma. Era o tipo de
silêncio que travava guerra dentro dele. Eu poderia dizer que ele
estava lutando contra algo ferozmente, e não estava me
deixando ficar ao seu lado, para lutar com ele.

Eu disse a mim mesma que talvez ele realmente estivesse


preocupado com os testes.

Mas então percebi... Maddox estava distraído. Ele estava


bebendo mais, fumando mais cigarros do que o habitual. Essa
foi a minha primeira pista de que algo estava terrivelmente
errado. Na maioria dos dias, ele andava como se estivesse
carregando o peso do mundo em seus ombros. Não me
intrometi, mas também não empurrei. Eu esperei que ele viesse
até mim, esperei que confessasse seus segredos, quaisquer que
fossem.

O novo Maddox me preocupava e me assustava.

Inalei uma respiração irregular, quando a porta se abriu e


Maddox entrou, parecendo um deus bonito e vingador.

Passando a mão pelo meu vestido de tule verde-oliva, me


levantei e esperei que me notasse.
Ele fez, boquiaberto. Seus olhos se arregalaram e depois se
transformaram em fendas escuras. — Aonde você vai? — Ele
questionou cuidadosamente, apontando para o meu vestido.

Savannah enviou o vestido hoje de manhã quando disse a


ela que não seria capaz de conseguir um dos meus em tão
pouco tempo. Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha e
dei-lhe um sorriso tenso. — Sua mãe nos convidou para a gala.
— Ele sabia... e não precisava que eu elaborasse. Maddox jogou
sua mochila no sofá e com raiva tirou o casaco.

— Você não vai. — Sua voz não deixava brechas para


argumentos.

Engoli seco, mesmo que estivesse esperando essa resposta.


— Por quê? Sua mãe veio pessoalmente nos convidar ontem, e
foi gentil sobre isso. — Falei, tentando acalmá-lo.

Ele levantou a cabeça e me encarou. Deus, esse olhar era


ameaçador. — Você não me disse que ela esteve aqui.

— Não tive chance. Você estava tão ocupado e mal nos


vimos. — Argumentei. Com os nossos testes colidindo nos
mesmos dias, mal nos vimos nas últimas vinte e quatro horas.

Agarrei seu braço. — Maddox, por favor. Só desta vez.


Temos de ir. Nos últimos quatro anos, sua mãe nunca...

Ele me cortou com um rosnado baixo. — Eu não ligo para


o que ela disse. Você. Não. Vai.
Você... eu? Espere, o quê?

Minhas sobrancelhas se uniram em uma careta. — Eu não


entendo.

— Nós não vamos à gala, Lila. Tire esse maldito vestido.

Eu me mantive firme. — Eu quero ir.

Seu olho esquerdo estava tremendo quando fez uma


careta. Eu já tinha visto ele olhar assim para outras pessoas,
mas nunca para mim, até agora. — Por quê?

— Porque seu pai quer você lá e porque sua mãe realmente


parecia sincera quando me pediu. — Meus dedos se curvaram
em torno de seu bíceps, e eu apertei. — Eu sei que eles te
machucaram, mas apenas desta vez... talvez...

Eu disse a mim mesma que não iria empurrá-lo. Se


Maddox se recusasse a ir agora, depois da minha tentativa de
convencê-lo, eu deixaria como estava. Eu tiraria o vestido,
mandaria uma mensagem para Savannah e diria a ela que não
íamos. Então, eu iria para a cama com Maddox.

Só porque Savannah tinha sido educada, eu não iria forçar


Maddox. Mas então…

Maddox arrancou o seu braço e tropecei para trás, quase


caindo de bunda. Ele passou os dedos pelos cabelos e olhou
para mim. — Não é sobre mim. Eu não ligo para a gala! Eu vou,
pelo amor de Deus. Mas eu não quero você lá.

Algo aconteceu.

Algo estalou no meu peito.

— O quê? — Eu respirei. — Maddox, do que você está


falando? Por que não posso ir?

Sua cabeça abaixou e me encarou com um olhar intenso e


enlouquecido. — Porque eu não quero você perto deles! Você
não pertence àquele lugar.

Eu me encolhi, e meu coração caiu aos meus pés, deitado


ali... frio. — Certo. Porque eu não sou obscenamente rica.

Suas costas se retesaram e todo o seu corpo ficou tenso.


Seu rosto endureceu e seu queixo se contraiu, e um lampejo de
arrependimento preencheu seus olhos azuis. — Lila, — gemeu,
como se estivesse com dor. — Não foi isso que eu quis dizer, e
você sabe disso.

Não, eu não sabia o que ele quis dizer. Ele era tão confuso.
Todo dia eu tinha que lidar com as suas mudanças de humor:
sua atitude quente e fria.

Eu estava farta e cansada dele me mantendo no escuro e


tratando-me de maneira diferente do que antes, quando eu era
apenas sua amiga, sua melhor amiga.
Agora que éramos mais, tudo havia mudado. Maddox
havia mudado. E eu não sabia como lidar com isso.

Machucava, assisti-lo lentamente se afastar de mim.

— Sabe o quê, Maddox? — Eu apunhalei um dedo em seu


peito. — Eu não me importo se não pertenço ao seu mundo.
Você é meu, e se eu tiver que enfrentar uma tempestade por
você, eu irei. Mesmo que eu vá e tudo o que receba for olhares
maldosos daquelas pessoas ficando lá e me julgando, eu vou
lidar com isso. Porque você é meu, e eu vou ficar ao seu lado.
Por você.

Maddox estava lá, como uma maldita estátua. Punhos


cerrados, mandíbula tensa, olhos escuros e com dor. Uma dura
realização me ocorreu, e de repente me senti doente. As vozes
em sua cabeça e os demônios que ele carregava em seus ombros
estavam vencendo. Eles estavam roubando Maddox de mim.

O que há de errado com você? Eu queria gritar, mas me


contive.

Peguei minha bolsa e passei por ele. — Sua mãe nos disse
para não nos atrasarmos. É melhor irmos.

Saí, sem esperar por sua resposta. Meu coração batia forte
no peito, enquanto contava os minutos.

Um... Dois... Três... Quatro…


Quinze…

Quinze minutos depois, Maddox entrou no carro, vestido


com o smoking preto que eu havia colocado para ele. Nós não
dissemos uma palavra um para o outro. Nem durante a viagem
de carro de trinta minutos.

Frieza infiltrou-se em mim e ácido correu em minhas veias,


enquanto a tensão entre nós crescia tão espessa que mal podia
respirar.

Quando o carro parou, meu estômago revirou, náusea


crescendo na garganta. Saímos, ainda não conversando um com
o outro. Um pedido de desculpas estava na ponta da minha
língua, por empurrá-lo com mais força do que eu deveria, mas
nunca tive chance.

No momento em que passamos pelas portas duplas de


madeira do local... todos os olhos estavam em nós. Essa era a
coisa sobre os Coulters. Eles sempre eram o centro das
atenções.

Maddox agarrou minha mão e a levou ao seu cotovelo.


Quando finalmente falou, sua voz era suave. — Não saia do meu
lado, por favor.

Com o que ele estava tão preocupado? Sim, isso estava


fora da minha zona de conforto, mas não era a primeira vez que
participava de uma dessas festas chiques. De fato, participamos
de uma gala de caridade há apenas seis meses.

A mesma que nos levou a mergulhar nus no oceano...

Maddox ficou tenso quando seu pai se aproximou de nós.


— Você veio. — Ele disse simplesmente, com um aceno de
reconhecimento em minha direção. Se não me engano, vi um
silencioso obrigado nos seus olhos.

Hoje à noite, Brad Coulter parecia... diferente. Cauteloso,


cansado, como se estivesse carregando um fardo pesado sobre
os ombros.

Logo estávamos cercados por parceiros de negócios e


conhecidos. Todos estavam interessados em Maddox e quais
eram seus planos, ou seja, quando ele ingressaria no negócio da
família. Fomos abordados à esquerda e à direita... fui
empurrada e logo esquecida.

Eu escorreguei dos braços de Maddox, e Savannah estava


ao meu lado imediatamente. Eu dei um suspiro de alívio ao
rosto familiar. Ela agarrou meu braço e me puxou para um
canto calmo, me entregando uma taça de vinho. — Eu era como
você quando tinha mais ou menos a sua idade. Nós raramente
nos encaixávamos em lugares como este. Lembro-me da
primeira vez que assisti a uma gala; foi bastante sufocante. —
Ela deu um tapinha na minha mão. — Não se preocupe, vai
ficar tudo bem.
Hã? Ela não se encaixava? Que diabos?

— Eu não entendo. — Eu disse, tomando um pouco do


vinho branco.

Savannah se virou para mim. — Nem eu e nem Brad


nascemos em uma família rica, — começou, e eu pisquei, meu
queixo caído. — Brad não vivia com uma colher de prata na
boca, como você pensa. De fato, quando adolescente, ele viveu
vários meses na rua. Ele era tão pobre. Tudo o que você vê hoje,
tudo o que ele tem, seu império, seu legado, ele o construiu com
as próprias mãos. Ele não herdou sua riqueza.

Isso era novidade. Que diabos? Eu quase fui chicoteada


por essa nova descoberta.

Meus olhos encontraram Maddox, e vi a careta em seu


rosto, enquanto as pessoas o perseguiam. Ele disse alguma
coisa, e eles riram, alheios ao seu desconforto.

— Eu não sabia disso. Maddox...

— Maddox também não, — ela confirmou. — Ele não sabe


muitas coisas.

Eu estava tão... confusa.

Savannah estava agindo de forma diferente de si mesma,


conversando e compartilhando informações que nunca pensei
que ela faria. Brad reconheceu minha existência pela primeira
vez hoje.

Eles estavam agindo quase como se... se importassem.

Eles chegaram à súbita percepção de que tipo de pais de


merda eram? Savannah deve ter notado o olhar no meu rosto,
porque ela me deu um sorriso tenso.

— Eu sei como isso parece. Mas, Lila, o pai dele o ama.

Ah, essa era a piada do século. Ela quase poderia ter me


enganado se eu não tivesse visto a maneira como Brad tratava
Maddox. Ele não era um pai carinhoso nem amoroso.

— Bem, ele tem um péssimo jeito de mostrar isso. — Dei-


lhe um olhar que dizia que não estava caindo nas suas
besteiras. — Você também. Você é a mãe dele. Você deveria ter
feito um trabalho melhor.

— Eu sei, — ela assentiu solenemente. — Mas agora é


tarde demais, não é?

— Nunca é tarde demais.

— Para Maddox, é. Eu só queria...

— O quê? — Eu perguntei, meu coração tropeçando em si


mesmo quando ela ficou em silêncio. — Eu gostaria de poder
voltar e mudar o passado. Mas então...
— Então?

Ela sorriu e deu um tapinha na minha mão. — Então, ele


provavelmente não teria conhecido você.

Essa era uma maneira estranha de colocar isso e uma


saída fácil para ela. Eu estava prestes a dizer a ela exatamente o
que eu achava de uma desculpa tão ruim, quando outra voz se
juntou a nós.

— Savannah. — Uma voz cantou.

— Aí está você, querida.

Uma mulher se juntou a nós no canto, parecendo tão


educada e adequada quanto a mãe de Maddox. Outra esposa de
elitista.

Ela mal me olhou e ignorou completamente minha


existência. Revirei os olhos internamente, mas estava
começando a me acostumar. Eu não tinha um sobrenome de
família rica associado ao meu primeiro nome, então, não
importava no mundo deles.

Por mim tudo bem. Eu não queria ser amiga dessas


esnobes esposas-troféu de qualquer maneira.

Quando tentei sair despercebida, Savannah agarrou meu


cotovelo e me puxou para trás. Droga, por que ela estava tão
atenta esta noite?
— Lila, conheça Anna Carmichael. Uma grande amiga
minha.

Carmichael.

Anna deu um sorriso falso, mas nem percebi... não


respirei... Carmichael.

— Oh, e aqui estão seus meninos. — Disse Savannah. Ela


acenou para eles e meu mundo inteiro ficou subitamente turvo.

Meu coração parou e depois bateu contra a minha caixa


torácica.

Tudo aconteceu em câmera lenta. Havia uma barreira


frágil sobre meus olhos, e eu estava assistindo tudo através de
lentes embaçadas.

Dois homens se juntaram a nós, de pé à minha frente.

Savannah estava falando, mas sua voz desapareceu, como


se eu estivesse debaixo d'água, e ela estivesse gritando acima de
mim.

Minha carne se arrepiou e o desejo de arranhar e arrancar


minha pele dos meus ossos era forte, muito forte.

— Este é o filho mais novo de Anna, Rion. Ele tem a


mesma idade que você e Maddox. — Ela estava apontando entre
os dois, mas eu realmente não estava prestando atenção.
Respire,

Respire.

Respire, Lila. Respire.

— E este é Christian Carmichael, o irmão mais velho. Eles


são amigos de infância de Maddox. Os três eram parceiros de
crime, naquela época.

Tum, tum. Tum, tum. Tum, tum.

Meu peito doía. Minhas cicatrizes... queimavam como se


alguém estivesse derramando gasolina sobre minha carne
aberta e rasgada.

Eu não conseguia ver nada. Tudo estava tão escuro... tão


vazio...

Lembrei-me do som do vidro triturado, misturado com o


distinto estalo de ossos quebrando. Lembrei-me de minha mãe
gritando e meu pai... lembrei-me... A dor veio a seguir.

Meus ossos e órgãos frágeis pareciam estar sendo


esmagados e desintegrados em uma pequena caixa sufocante.
Eu não conseguia respirar. Doía muito. Meu torso doía e
queimava, a dor quase inacreditável. Havia uma faca cavada,
dolorosamente, no meu peito... não, não uma faca... eu não sabia
o que... mas doía. Parecia um punhal ou um martelo sendo
golpeado no meu peito.

Eu pisquei... me forçando a respirar. Não pude. Meus


pulmões contraíram com tanta força que eu tinha medo que se
dobrassem. Quando tossi, a agonia percorreu meu corpo e meus
lábios rachados se separaram com um grito silencioso.

Mamãe... papai…

Não consegui falar. O zumbido nos meus ouvidos não


parava.

O gosto acobreado do sangue se acumulou na minha boca;


tinha um gosto amargo, e podia senti-lo, encharcando minha
língua e o interior da minha boca. Sangue...?

Não…

Como…

O quê…

Eu me lembro…

A briga... neve lá fora... no carro... mamãe... papai... eu...

Eu lembro dos gritos...

Meus ossos pareciam ter sido mutilados juntos, e meu peito


estava sendo escavado aberto. Eu levantei minha cabeça um
pouco e olhei para o meu peito para ver... sangue. Em toda parte.
Tanto sangue.

Puxei o ar comprimido e tentei gritar, tentei respirar, mas


meus pulmões se recusaram a trabalhar. Não. Não. Não. Por
favor. Não. Oh Deus, não.

MAMÃE, eu queria gritar. PAPAI.

A dor nunca passou. A escuridão nunca desapareceu.

Meu mundo se inclinou, balançando para frente e para


trás e depois caiu.

Christian Carmichael.

Carmichael.

Carmichael.

Meu olhar encontrou o dele e não vi reconhecimento em


seus olhos, enquanto ele olhava para mim com ávido interesse.
Ele não me reconheceu. Claro que não.

Eu não era ninguém. Assim como... oito anos atrás.

Christian Carmichael... amigo de infância de Maddox.

Meu passado... meu presente... minha vida desmoronou ao


meu redor.
Meu coração sangrou aos meus pés... aos pés de
Christian.

Tum, tum. Tum, tum. Tum, tum.

A amargura subiu na minha garganta, e quase engasguei


com isso. O ácido entupiu minhas veias e meu corpo começou a
tremer. Alguém estava dizendo meu nome.

Eu não consigo respirar.

Eu... não consigo... respirar.

O ar estava tão espesso que não conseguia inalar. O nó na


minha garganta ficou cada vez maior, até que ficou difícil de
engolir. Eu sufoquei à vista de todos.

Ninguém percebeu.

Ninguém se importava.

Christian Carmichael ainda estava olhando para mim, e a


bile subiu na minha garganta, um gosto amargo na minha
língua.

Ele me viu?

Ele podia ver quem eu era? Ou ele... esqueceu?

Ele fez…

Ele esqueceu…
Ele não sabia... não lembrava...

Tum, tum. Tum, tum. Tum, tum.

Ele esqueceu…

Uma respiração trêmula me escapou, e meu corpo estava


muito quente e depois muito frio. Meus joelhos fraquejaram e
minha cabeça latejava, uma dor aguda na parte de trás do meu
crânio. Meus olhos tremeram e dei um passo lento para trás.

— Lila.

Era ele. Ele disse meu nome. Maddox disse meu nome.

Desviei o olhar de Christian e meus olhos encontraram


Maddox. O horror em seus olhos me disse tudo o que eu
precisava saber.

O mundo girou e girou, e eu caí do meu eixo.

Respire.

Respire.

RESPIRE, PORRA!

Eu respirei. Maddox deu um passo à frente, estendendo a


mão para mim. — Lila. — Ele disse meu nome novamente, me
implorando, suplicando por mim. Ele parecia tão machucado,
sua expressão crua e em pânico.
Pela primeira vez, não senti nada por ele. Por sua dor.

Não senti... nada.

Era tarde demais.

Meu coração havia murchado e estava morto.

Tum, tum. Tum, tum. Tum, tum.

Eu ainda não conseguia respirar.

Quando Maddox tocou meu braço, minha pele coçou como


milhares de formigas minúsculas rastejando debaixo da minha
carne. Afastei-me de seu toque ardente. Minhas cicatrizes
doíam, não apenas um eco fantasmagórico, como eu costumava
experimentar. Não, a dor era tão brutal que meu corpo quase
sucumbiu a ela.

Eu corri.

De Maddox, de Christian Carmichael... de todos... de mim.

Corri até meus pulmões cederem e tropecei no ar frio.

Corri até minhas pernas pararem de funcionar e deslizei


para o chão, meus joelhos cravando na grama enlameada.

Respire…

Respire…

Respire…
Não... eu não queria respirar... Eu queria ir para os meus
pais.

Eu não queria respirar...

Eu queria que minha mãe me abraçasse; queria que meu


pai beijasse minha testa e me dissesse que tudo ficaria bem.

— Lila.

Ele sussurrou meu nome.

— Lila.

Sua voz falhou.

— Lila.

Ele se aproximou e meu corpo ficou tenso com a sua


proximidade. De pé, sobre minhas pernas fracas, enterrei
minhas mãos trêmulas no vestido e me virei para encará-lo.

Maddox.

Meu amor.

Meu protetor.

Meu erro.

— O seu amigo de infância é o assassino dos meus pais. —


Disse, minha voz morta e vazia. Maddox olhou para mim, seus
olhos azuis brilhavam com culpa e desesperança. Os seus
ombros caíram e ele parecia estar prestes a cair de joelhos. Ele
estendeu a mão para mim, mas eu recuei.

— Lila.

Se foi Christian quem matou meus pais naquela noite,


então foi Maddox quem quebrou meu coração.

— Você mentiu para mim.


CAPÍTULO DOZE

Dizem que as mentiras sempre encontram uma maneira de


alcançá-lo. Mentiras nunca ficam escondidas por muito tempo.
Segredos nunca são realmente enterrados.

Mentiras e segredos podem proteger… mas eles também


podem destruir…

Meus segredos nos destruiu. Meus segredos queimaram


meu amor por Lila até o chão.

Isso nos arruinou.

Eu era o único culpado e Lila foi minha vítima.

Eu cortaria meus malditos braços e pernas se pudesse


voltar a partir deste momento e mudar o final deste capítulo.

Mas a tinta preta nas páginas era permanente. Eu poderia


arrancar as páginas, queimá-las até virar cinzas, mas então...
isso mudaria a nossa história, as páginas ausentes... uma
história incompleta... e arruinada.

O olhar de pura dor no rosto de Lila me dizimou.


Eu tentei alcançá-la. Havia uma necessidade feroz dentro
de mim de confortá-la, de aliviar sua dor, mesmo que eu fosse a
razão disso. Minha boca ficou seca, e um caroço pesado se
instalou dentro da minha garganta, quando Lila tropeçou para
trás, fora do meu alcance.

Longe de mim.

Como se ela não pudesse suportar o meu toque.

Como se eu a enojasse.

A reação cortou através de mim com o poder de uma


espada. Pena que eu não estava usando nenhuma armadura. A
lâmina afiada se conectou com carne e eu sangrei.

Lila olhou para a outra direção, sem dizer uma palavra, e


começou a se afastar. Eu a segui, uma distância cuidadosa
atrás. — Lila, onde você está indo? Está tarde.

Ela não respondeu. Ela continuou andando, andando... se


afastando de mim. Longe e fora do meu alcance.

Acelerei meus passos e a segui. Eu finalmente notei a


direção que ela estava indo e percebi que ela estava andando de
volta para casa. Merda!

— Deixe-me levá-la para casa, por favor. É muito tarde


para voltarmos andando e estamos muito longe. — Ela não
falou. Nem mesmo me repreendeu.
Na verdade, pensei que ela mal estava respirando.

Perdida em seu próprio mundo, em sua cabeça... se


afastando da realidade. Meus dedos circularam em torno de seu
bíceps, e a puxei de volta para mim. Lila se afastou com um
assobio. — Não.

Uma única palavra. Dita com tanto veneno e tormento.

Meu coração batia forte, uma batida violenta na caixa


torácica. Meu peito ecoou com uma dor familiar.

— Por favor, — resmunguei, implorei. Não reconheci minha


própria voz ou tom. Eu parecia tão fraco, porra. Fraco por Lila
Garcia. — Deixe-me levá-la para casa. Eu sei que sou a última
pessoa que você quer ver ou ouvir agora. Eu entendo, mas é
uma loucura andar todo o caminho de volta para casa, agora, a
essa hora. — Tentei argumentar com ela. — Eu não vou tocar
em você. Eu nem vou dizer uma palavra. Porra, você nem
precisa olhar para mim ou dizer qualquer coisa para mim.
Apenas, deixe-me levá-la para casa.

— É uma loucura que pensou que poderia se safar disso. É


loucura que você tenha varrido minha vida bem debaixo dos
meus pés e a tenha visto desmoronar como se você tivesse o
direito de me destruir. — Ela sussurrou.

Eu apertei meus olhos, sentindo a queimadura na parte de


trás das pálpebras. Minha cabeça latejava, uma dor distante
quando Lila voltou a andar. O vestido de tule e penas era
pesado e ela praticamente arrastava os pés atrás dela. Ela
tropeçou algumas vezes. Eu tentei ajudá-la, mas ela se
endireitou antes que eu pudesse fazer algo. Ela continuou
andando. Tropeçou novamente, depois endireitou as costas e
retomou o mesmo ritmo insano.

Era enlouquecedor vê-la desmoronar diante dos meus


próprios olhos. Sabendo muito bem de quem ela foi vítima. Não
Christian Carmichael e sua família. Mas de mim. Sem nem
perceber... eu me tornei seu inimigo. E ela era minha vítima
relutante.

Meus dedos enrolaram no meu cabelo, e puxei até meu


couro cabeludo queimar. A dor me manteve no chão. Eu tinha
que me manter focado, por Lila.

Levamos quase duas horas para chegar em casa. Quando


chegamos ao nosso apartamento, Lila mal conseguia andar. Ela
segurou as paredes em busca de apoio, enquanto esperava o
elevador, em completo silêncio.

Eu olhei para o seu rosto, atrás das cortinas de cabelo


preto. Eu não sabia o que esperava. Talvez lágrimas? Raiva?
Dor? Sobrancelhas apertadas, lábios dilatados, uma expressão
dura?

Mas eu não esperava isso.


Seu rosto estava completamente vazio, desprovido de
qualquer emoção. Lila era a imagem de uma tela vazia. Ela não
mostrou reação externa ou emoção à minha presença ou à sua
realidade.

Eu a observei entrar no elevador, quase como se estivesse


no piloto automático. Movendo-se sem realmente saber o que
estava fazendo.

Então, essa era sensação de morre?

Cair e queimar. Definhar.

Eu me sentia assim. Bem nos meus ossos, profundo até


medula. Eu... morri quando o elevador se fechou e ela se... foi.

Subi as escadas duas de cada vez e amaldiçoei minha


claustrofobia, minha incapacidade de ficar em lugares fechados.
Eu não podia nem pegar o maldito elevador com Lila.

Quando cheguei ao nosso apartamento, o encontrei...


vazio.

Meu coração caiu aos meus pés e senti frio. Meu estômago
se contraiu e a bile subiu em minha garganta. Freneticamente,
bati na porta ao lado. Ela tinha que estar lá. Ela tem que estar.

Riley abriu a porta, o rosto pálido, as sobrancelhas


enrugadas de preocupação. — Oh, Maddox. Você está aqui! Algo
está errado com Lila.
Eu a empurrei, nem mesmo esperando que terminasse sua
frase. Lila tinha que me dar uma chance de explicar, mesmo
que eu não merecesse. Não merecia o seu perdão, mas
imploraria pelo resto da minha miserável vida.

Se ao menos ela me desse uma chance de explicar. Se


apenas…

Lila estava parada no meio da sala, parecendo tão triste...


tão perdida... ela mexeu nas penas do vestido de tule verde-
oliva.

Eu nunca tive a chance de dizer a ela o quão bonita ela


estava hoje à noite.

Requintada. Linda. Impressionante. Encantadora. Angelical.


Arrebatadora. Elegante. Sexy. Celestial. Tão deslumbrante,
porra.

Eu queria contar tudo a ela, envolver meus braços em


torno de seu pequeno corpo e beijar seus lábios vermelhos. Eu
nunca tive a chance de beijá-la antes que nosso mundo
desabasse e se partisse em pedaços fragmentados.

— Há quanto tempo você sabe? — Sua voz cortou o ar e


sugou todo o oxigênio dos meus pulmões. Eu sabia que a
pergunta estava chegando, mas ainda não estava pronto para
isso.

— Lila.
Ela levantou a mão, me cortando. — Eu fiz uma pergunta,
Maddox. Eu quero uma resposta, não suas desculpas. Há.
Quanto. Tempo. Você. Sabe?

Eu não conseguia mais encontrar seus olhos, não podia


mais olhar para ela. Minha cabeça abaixou, meus olhos se
fecharam e lutei para respirar enquanto meus pulmões se
apertavam.

Lila soltou um grito de guerra e minha cabeça se levantou,


bem a tempo de pegá-la, enquanto ela voava para mim. Ela
agarrou minha gola e assobiou na minha cara. — Responda-me,
droga! — Gritou. — Pare de ficar aí como um tolo, como uma
estátua sem emoção. Quando você descobriu sobre Christian?
Há quanto tempo você está mentindo para mim? HÁ QUANTO
TEMPO VOCÊ ESTÁ MENTINDO NA MINHA CARA?

Suas paredes cuidadosamente erguidas caíram, e vi


quando ela estalou, bem a minha frente. Os seus olhos
brilhavam com fogo e mágoa.

Meus segredos me alcançaram e estava me afogando nas


consequências.

— Oito... meses... — Eu resmunguei.

— Oito meses, — repetiu com cuidado. — Oito meses.

Minha mão se levantou, mas parou próximo de sua


bochecha. — Eu não menti.
Lila soltou uma risada sem humor. Uma risada morta e
vazia. Ela riu até que sua risada se transformou em um soluço
alto.

— Uma mentira por omissão ainda é uma mentira, seu


filho da puta. — Seu olhar brilhava com lágrimas não
derramadas, mas ela não deixou que escapassem.

Meu dragãozinho. Ela estava quebrada por dentro, mas se


recusava a chorar. — Todo esse tempo... você sabia, — disse
Lila. — Ele é seu amigo. Seu amigo de infância. — Ela apertou
os dentes. — Seu amigo é um assassino. Seu amigo estava
bêbado naquela noite. Seu amigo se safou com um homicídio.
Seu amigo me traumatizou pelo resto da minha miserável vida.
Seu amigo devia estar na cadeia. Seu amigo MATOU meus pais
e se safou! SEU amigo brincou de Deus, tentou pagar pelo meu
silêncio. Ele segurou todo o meu futuro na palma de suas mãos,
imundas e ricas, e me destruiu. O SEU amigo.

Meu estômago revirou e fiquei enjoado. Náusea amarga se


formando na garganta, e fiquei preocupado que fosse vomitar.

Lila bateu com o punho no meu peito. Não doeu. Eu quase


desejei que doesse. — Diga alguma coisa, Maddox!

— Eu sinto muito.

— Oh, isso é irônico. — Ela riu, quase maníaca. — Isso é


tão irônico, porra. Vá em frente, minta na minha cara e depois
diz que sente muito. Sente muito pelo quê, Maddox? Você sente
muito por manter esse segredo? Ou você sente muito por ter
sido pego? Você sente muito porque seu amigo matou meus
pais naquela noite? Ou você sente muito por ter me destruído e
pisado em meu coração.

Ela espetou um dedo no meu peito, pontuando cada


palavra com uma facada aguda. De novo e de novo. Bem acima
do meu coração batendo.

— Pelo que exatamente você sente muito, Maddox Coulter?


Por ser um namorado de merda ou por esconder os segredos de
seu querido amigo de infância, Christian?

Se você soubesse…

Mas a verdade nem sempre era fácil ou simples. A verdade


continha camadas ocultas, como uma cebola. Quanto mais você
descasca, mais duro você chora. Quanto mais fundo você a
descasca, mais se aproxima do seu núcleo. A verdade. A
realidade disso.

Ácido. Azedo. Amargo. Pungente.

Mas as camadas... a merda das camadas estavam lá para


tornar nossa vida mais difícil.

E bem, assim era a minha verdade.


Minha mão subiu novamente, antes que pudesse me
conter. Minhas pontas dos dedos deslizaram sobre sua
mandíbula. Lila encolheu, mas não se afastou. Ela permitiu-me
este único toque.

— Eu quebrei sua confiança e machuquei você. Sinto


muito por isso. — Eu murmurei gravemente.

— Você não sente muito por quebrar suas promessas? —


Ela sussurrou.

Meu coração falhou uma batida. — Eu não...

Ela sorriu sem humor, um sorriso de crueldade. Um


sorriso de nojo.

Eu balancei minha cabeça. — Prometi te proteger. E eu


pensei que estava fazendo isso.

Ela finalmente se afastou e minha mão caiu ao meu lado.


Instantaneamente, senti falta da sensação de sua pele sob meus
dedos. — Lila... apenas, me escute. Por favor.

Ela deu um passo atrás, seus olhos ficando mais escuros.


Furiosos. Doloridos.

— Guarde suas desculpas para si mesmo. Eu não quero


ouvir isso. Já ouvi e vi o suficiente.
— Não, — rosnei. O medo apertou meus pulmões. Se eu a
deixasse ir embora agora, a perderia. Para sempre. — Você
precisa ouvir o resto. Você não sabe de nada!

Eu a alcancei, desesperado por uma chance de explicar.


Não vi isso acontecer, embora devesse ter esperado. No
momento em que apertei seu pulso a puxando de volta para
mim, Lila se virou com um grito de vingança.

Ela me deu um tapa na cara.

Eu tropecei para trás e ela se desvencilhou do meu aperto.


Havia tanta... Raiva... tanto ódio em seus olhos escuros. — Não
me toque. — Alertou Lila, com a voz embargada pelas palavras.
Ela se inclinou para mais perto, empurrando a cabeça para
trás, para que pudesse olhar nos meus olhos.

Suas próximas palavras me mataram. Mataram qualquer


esperança que eu tinha por nós.

— Quando você me toca, minha pele se arrepia, — ela


praticamente cuspiu, com tanto veneno em sua doce voz. —
Quando você me toca, minhas cicatrizes queimam. Quando você
me toca, eu quero vomitar.

— Não. Pare. — Eu resmunguei. Eu supliquei... implorei.


— Lila, não.
Os seus olhos estavam sem brilho novamente. Minha Lila
se foi. — Não se atreva a me tocar, Maddox. — Todo o ar havia
sido sugado dos meus pulmões e eu estava... sufocado.

— Saia. — Ela apontou para a porta. — Cai. Fora. Você


não é mais bem-vindo aqui. — Meu peito apertou, como se uma
corrente de metal pesado estivesse sendo enrolada em volta do
meu coração já torturado e sangrando.

Se estava doendo tanto em mim... eu me perguntava o


quanto isso doía para ela...

— Eu vou sair e vou esperar por você. Amanhã, você tem


que me ouvir. Por favor, Lila. Você tem que me deixar explicar o
porquê.

— Eu não quero ver seu rosto, — Lila zombou. — Hoje à


noite ou amanhã. — Ela nunca foi tão cruel, mas neste
momento, suas palavras estavam atadas com ácido suficiente
para queimar até a camada mais espessa. Eu? Eu era apenas
um mero mortal. Meu coração se desintegrou.

— Você devia sair. — Riley andou até mim. Eu tinha


esquecido que ela estava lá, nos ouvindo. — Faça o que ela diz,
Maddox. — Lamentou.

O rosto de Lila endureceu e ela se afastou, entrando no


quarto que costumava pertencer a ela. O seu lugar era comigo.
Não mais...
— O que está acontecendo? — Eu deixei minha cabeça cair
contra meus ombros, olhando para o teto quando outra voz se
juntou a nós.

Eu ouvi seus passos quando Colton se aproximou de mim.


— Eu estava na gala. Vi a Lila e você saírem...

Claro que ele estava. Frequentávamos os mesmos círculos.


Claro que ele viu. Todo mundo assistiu o desenrolar, mas
ninguém sabia o porquê.

— O que está acontecendo? — Ele perguntou novamente,


olhando entre Riley e eu, esperando que um de nós
respondesse.

— Pergunte a Maddox. — Riley suspirou. — Lila está


machucada e com raiva agora. É melhor vocês irem embora.

Meu peito doía e esfreguei a dor com o punho.

— Maddox?

— Eu preciso sair daqui. — Murmurei, olhando para a


porta fechada. Minha presença era indesejada. E sabia que
causaria mais dor à minha Lila se ficasse.

— Tudo bem, — disse Colton. — Onde?

Eu arrastei minhas pernas atrás de mim e me afastei. A


cada passo que me afastava de Lila, o frio penetrava em meus
ossos e meu corpo ficava dormente.
— O ginásio. — Era isso ou eu beberia até o esquecimento.
Talvez faça as duas coisas. Descontar toda a minha merda em
um saco de pancadas e depois beber até que eu esqueça que
esta noite aconteceu.

Colton não fez perguntas. Ele nos levou para a academia e


tudo era apenas uma bagunça borrada para mim. Eu não
conseguia pensar direito, não conseguia nem mesmo respirar.

O saco de pancadas se tornou minha salvação.

A dor que percorria meu corpo quanto mais me esforçava,


tornou-se meu único consolo. Eu precisava disso. Precisava da
dor para que pudesse sentir algo.

O rosto de Lila passou pela minha mente, a imagem


queimando em meu cérebro. O olhar atormentado em seu rosto.
Eu quase podia sentir o gosto salgado de suas lágrimas na
minha língua.

Ela me odiava. Eu me odiava. Que par de merda, nós


éramos.

Duas horas depois, todos os meus músculos estavam


mortos e dormentes. Eu mal conseguia sentir meus braços ou
minhas pernas. Afundei no chão, meu corpo muito fraco para
me manter em pé por mais tempo.

— Melhor agora? — Colton perguntou, se juntando a mim


no chão. Ele deitou de costas ao meu lado com um gemido.
— Não. — Eu disse.

Ele suspirou. — Olha, não quero falar sobre seus


sentimentos. Podemos deixar essa conversa de maricas para
algum terapeuta, mas você não parece bem, cara.

Meus olhos se fecharam e respirei pelo nariz. O silêncio


encheu a academia por um longo tempo antes de finalmente
falar. — Eu estraguei tudo.

Ele murmurou: — Sim, isso é óbvio.

— Ela me odeia. — Eu mal conseguia passar as palavras


pela minha garganta entupida.

— Não. Lila não pode odiar você.

— Christian estava dirigindo o carro naquela noite... na


noite do acidente de Lila, a noite em que seus pais...

Colton parou, refletindo sobre minhas palavras. —


Christian Carmichael?

Eu assenti.

Ele xingou baixinho. — Merda. Você sabia?

— Eu descobri alguns meses atrás quando estava


investigando o acidente da Lila. Sempre me incomodou, e queria
saber, queria trazer justiça a ela. Eu descobri que foi o
Christian. — Expliquei.
— Antes de vocês começarem a namorar? — Ele
questionou.

— Muito antes. — Confessei calmamente.

Colton xingou novamente. — Lila descobriu? Oh merda, a


gala! Christian! — Colton finalmente assimilou.

Meu peito apertou, novamente. — Ele estava lá. Lila ficou


cara a cara com a pessoa que matou seus pais, Colton. Você
percebe o que isso significa? Eu fiz tudo para protegê-la da
verdade. — Eu resmunguei, minha voz quase inaudível.

— Merda, Maddox. Eu não sei o que dizer.

— Lila me odeia. — Dizer a palavra em voz alta me fez


quase dobrar de dor. Eu não esperava que doesse tanto, mas
doía. Tudo doía.

— Ela não odeia.

— Você não estava lá. Você não viu o olhar nos seus olhos.
O olhar de dor e desgosto. Traição e confiança quebrada.

— Eu deveria ter lutado mais, deveria tê-la impedido de ir


àquela festa, mas ela foi tão teimosa pra cacete. Eu pensei que
ficaria ao seu lado a noite toda, a mantendo segura e longe de
Christian. Eu pensei que poderíamos sair antes de qualquer
coisa... pensei...
Esfreguei a mão no rosto, tão exausto, tão mentalmente...
esgotado. Eu só queria me aconchegar à Lila e esquecer este
capítulo. Eu queria virar as páginas e começar de novo. —
Pensei em tantas coisas, mas ainda baguncei com tudo.

E a pior parte? Lila nem sabia metade disso.

Todos os meus segredos...

Se ela soubesse o resto...

Não. O simples pensamento disso me deixava doente.

Eu não era forte o suficiente para amá-la... e depois perdê-


la. Não assim.

Lila era um labirinto sem escapatória. Depois que entrei,


perdi de vista a saída e nunca me preocupei em procurá-la
novamente. Eu não queria sair. Eu não queria fugir.

Eu queria ficar e sangrar aos seus pés. Porque foi lá que


encontrei o que precisava.

Minha salvação.
CAPÍTULO TREZE

Dizem que a dor vem em ondas. Seja emocional ou física.

A primeira onda atinge você inesperadamente. Geralmente


é a mais perigosa e mais severa. A segunda onda, você está
pronto para isso, mas ainda dói.

Na terceira onda, você se acostumou a isso. A dor começa


a tomar forma, a se acumular dentro de você. Sob sua pele,
dentro de sua carne, enterrada em seus ossos, profundamente
em sua medula.

E lentamente, seu corpo fica entorpecido. Sua mente fica


entorpecida.

Você vive com a dor; isso se torna parte de você.

A onda veio e se foi. A dor ficou com uma teimosia furiosa.


A ferida apodreceu, transbordando pus. A agonia cresceu.

Eu me afoguei. Flutuei, e me afundei até o fim.

Minha mãe sempre me dizia para honrar a raiva, dar à dor


o espaço necessário para respirar, nunca fugir das minhas
emoções... Viver e respirar. É assim que você aprende a deixar
ir, ela me dizia.

Mas eu não sabia como deixar ir a fúria dentro de mim, a


dor que me perseguia a cada hora de vigília e nos meus
pesadelos.

Uma pulsação maçante se espalhou pelas minhas


cicatrizes e esfreguei meu peito, tentando aliviar a forte pressão.

— Lila, você tem que comer alguma coisa. — Riley


empurrou o prato de macarrão a minha frente. — Apenas
algumas mordidas.

O cheiro da massa fez a bile subir na garganta, e


engasguei com a acidez. Meu estômago revirou com náusea.
Maddox adorava massas. Na verdade, ele adorava o macarrão
que eu fazia, e eu fazia isso por ele sempre que ele se sentia
deprimido.

Afastei o prato e me levantei. — Eu não estou com fome.

— Você quase não comeu nada nos últimos dias! Você já


perdeu peso, querida. Apenas algumas mordidas, pelo menos.
— Ela tentou argumentar comigo. — Você vai ficar doente.

Riley não entendia; ela não podia. Eu não queria comer,


beber... ou dormir. Eu só queria desaparecer, deixar de existir.
A gala foi há quatro dias. Meu mundo desmoronou quatro
dias atrás, e ainda não aceitei esse fato. Como? Por quê? POR
QUÊ? Eu queria gritar com ele.

Mas me recusei a vê-lo, olhar em seu lindo rosto e deixá-lo


me abraçar. Para me alimentar com suas desculpas
esfarrapadas. Eu sabia que o deixaria vencer. Eu sabia que era
fraca por Maddox.

Ele me diria que estava arrependido... e eu o perdoaria. Ele


tinha esse tipo de poder sobre mim e provou ser minha queda.

Maddox Coulter era minha condenação.

Ele foi um erro que não deveria ter cometido quatro anos
atrás. Eu nunca deveria ter pedido a ele para fazer a primeira
promessa de dedinho. Foi o começo do fim para mim. Esse foi o
meu erro. Essa promessa estúpida de dedinho.

Amigos?

Amigos.

Meu telefone tocou, pela quinta vez nos últimos dez


minutos. Eu olhei para ele, mesmo que eu já soubesse quem
seria. Ele me ligava todos os dias.

Mas hoje, ele parecia especialmente persistente.

O nome de Maddox apareceu na tela quando a ligação foi


para o correio de voz. Com um lamento zangado, que parecia
um disco quebrado para meus próprios ouvidos, joguei o
telefone na parede. Ele saltou e bateu no chão, a tela rachando
e ficando preta.

A ligação terminou.

A onda veio novamente. Ela bateu em mim, e mesmo que


meu corpo tenha ficado entorpecido, ainda... doía. Eu ainda me
afoguei, ofegando por ar, ofegante para me manter viva.

Riley soltou um suspiro suave. — Você tem que falar com


ele. Apenas uma vez, Lila. Não por ele, mas por você. Você está
sofrendo e precisa de um encerramento.

— Eu não quero nada dele. — Cuspi. — Não há


encerramento melhor do que não ver seu rosto ou ouvir sua voz.

Riley caminhou até onde meu telefone quebrado estava.


Ela pegou e entregou para mim. — Como é este encerramento?
— Ela perguntou suavemente.

Meus dedos roçaram a tela despedaçada e minha pele


ficou presa em uma das rachaduras. Uma pequena picada: uma
picada aguda, como um corte de papel. Sangue se juntou ao
redor do pequeno corte. Sangrando.

Eu segurei minha mão, escondendo a ferida. Oh, que


ironia.
Riley agarrou meu pulso e lentamente desenrolou meus
dedos. Seu toque suave deslizou sobre o corte. — Isso não é um
encerramento, Lila.

Meu coração disparou e pisquei de volta as lágrimas. —


Não posso odiá-lo. Eu tentei e não consigo. Mas também não
quero perdoá-lo. Não posso perdoá-lo.

A traição de Maddox cortou fundo, tão fundo... que não


havia como alcançar e enrolar um curativo nela. Eu não
conseguia parar o sangramento, não conseguia impedir que a
ferida purulenta se tornasse algo mais desagradável, algo mais
angustiante.

Como uma ferida cicatriza quando não pode ser enfaixada


ou costurada?

A resposta era... não cicatriza.

Eu me encolhi quando o silêncio de repente se encheu com


o toque do celular da Riley. Ela se afastou e depois fez uma
careta. — É Maddox.

Eu me virei e fui embora. De volta ao meu quarto. Meu


santuário

Enrolada em minha cama e afundada no colchão macio,


coloquei meus cobertores ao meu redor. Um casulo seguro. Não
era mais seguro que os braços do Maddox... mas pelo menos,
minha cama não era a razão do meu sofrimento.
Meus olhos se fecharam e tive que me lembrar de respirar.

O som do vidro esmagando encheu meus ouvidos. O eco era


tão alto que era ensurdecedor. Meu mundo girou, balançou e
virou. Minha cabeça bateu em algo, e eu lembrei de sentir que
isso iria explodir.

O som distinto de ossos quebrando veio a seguir.

Então meus gritos. E dos meus pais.

A dor foi a próxima.

A escuridão logo se seguiu.

O zumbido em meus ouvidos não parou e meus lábios se


abriram para falar, mas eu não consegui. Minha voz se foi. Eu
tentei gritar, mas não consegui.

O gosto acobreado do sangue se acumulou na minha boca;


tinha um gosto amargo, e podia senti-lo encharcando minha
língua e o interior da minha boca. Sangue…

Lembrei-me…

O sangue. Tanto sangue. Lembrei-me do sentimento de


morte.

Lembrei-me de desmaiar e acordar de novo, na mesma


posição, com a mesma agonia correndo pelo meu corpo.
Suguei ar comprimido e tentei gritar, tentei respirar, mas
meus pulmões se recusaram a trabalhar.

— Lila? Lila! — Alguém estava chamando meu nome e me


acordando.

Meus olhos se abriram e soltei um suspiro, sentindo o


oxigênio queimar meus pulmões, enquanto eu respirava fundo.
Os pesadelos desapareceram, mas os ecos dos meus gritos
ainda persistiam.

Riley entrou na minha linha de visão e ela parecia


preocupada, sua testa enrugada de tensão e seus lábios
estavam pressionados em uma linha fina.

— O que foi? — Eu me sentei, mantendo meus cobertores


em volta dos meus ombros.

— É Maddox.

Eu fiz uma careta e assobiei, moendo meus molares.


Minha mandíbula apertou.

— Eu não me importo.

Riley balançou a cabeça. — As escadas estão bloqueadas.


Fora de serviço. A manutenção está trabalhando nelas agora.

Meu coração caiu. Não, por favor. Oh Deus, não.


— Maddox precisa pegar o elevador. — Disse Riley
suavemente.

Lembrei-me da época em que Maddox e eu ficamos


trancados no armário, quando estudávamos na Academia
Berkshire.

Foi a primeira vez que vi sua máscara desmoronar. A


primeira vez que vi que Maddox tinha muitas camadas, muitas
rachaduras em sua alma. Ele era um rei com uma coroa torta.

Eu não deveria me importar... eu realmente não deveria


me preocupar...

Mas eu estava fora da cama antes de pensar sobre isso.


Saí correndo do meu apartamento antes que pudesse me
conter. Meu cérebro discutiu comigo, dizendo que ele não
merecia minha ajuda.

Meu coração gritou e chamou por Maddox. Eu percebi


tardiamente as repercussões de minhas ações... O que
significava eu correr para ele quando se encontrava em um
estado tão vulnerável. Percebi que as consequências poderiam
ser piores do que a dor original pela qual passei quando percebi
a traição de Maddox.

Se eu fosse até ele agora... se me deixasse sentir por ele


agora...
Mas era tarde demais. Eu já estava no elevador antes que
pudesse pensar demais.

Ele precisava de mim.

Ele precisava de mim.

Ele precisava de mim.

Tudo aconteceu em câmera lenta. Peguei o elevador até o


saguão e o encontrei lá. Andando de um lado para o outro. Seu
corpo estava visivelmente tenso. Seus dedos puxando seus
cabelos como um homem louco. Ele soltou um pequeno som no
fundo da garganta, um rosnado furioso quando começou a
bater no lado do crânio.

— Porra, porra... PORRA!

Ele desmoronou diante de mim.

— Maddox. — Disse seu nome, antes de perceber o que


estava fazendo.

Ele ergueu a cabeça e olhou para mim, olhos azuis tão


crus, tão profundos... Profundos como o oceano que eu poderia
facilmente me afogar, e... afoguei. Afoguei profundamente até o
fim.

Seu rosto se contorceu de dor. Eu não estava usando


nenhum colete salva-vidas quando ele me pegou em suas marés
poderosas e violentas e me puxou para baixo da superfície, me
arrastando para o fundo do poço.

— Lila, — Maddox disse com voz rouca. Ele olhou para


mim como se eu fosse sua tábua de salvação. Seu peito
estremeceu com respirações irregulares, e pude ver o pânico se
instalando. — O elevador. — Ele resmungou.

O olhar que ele me deu, eviscerou meu coração. Destruiu


meu coração já partido, quebrando-o ainda mais em pedacinhos
que não podiam ser colados novamente.

Fui até ele, dando um pequeno passo até seu corpo


trêmulo. — O... elevador... eu não posso... Lila. — Seu timbre
profundo e quebrado vibrou através dos meus ossos e deslizou
pela minha espinha. Eu tremi, sentindo sua dor como se fosse
minha.

— Você confia em mim? — Eu perguntei, segurando sua


mão na minha.

Maddox entrelaçou nossos dedos, segurando firme. Tão


apertado que quase perdi a sensação na minha mão.

Movendo-me na ponta dos pés, aproximei nossos rostos. —


Você confia em mim?

Maddox me deu um aceno de coração partido. Seus olhos


brilhavam com escuridão e medo.
Ele confiava em mim.

Como eu tinha confiado nele.

A única diferença entre nós é que eu não traí sua


confiança, e nunca o faria.

Eu pensei que Maddox e eu fôssemos iguais. Ele nunca me


machucaria, assim como eu nunca machucaria ele também.
Não de bom grado. Não intencionalmente.

Por fim... eu estava errada.

Errada sobre Maddox. Errada sobre nós.

— Segure minha mão, — disse a ele. Ele segurou minha


mão como se estivesse com medo que eu a soltasse. — Confie
em mim.

Levei alguns segundos para registrar o que estava


acontecendo, para perceber o que estava prestes a fazer. Mas
era tarde demais. Não parei para pensar.

Ele precisa de mim.

Meus lábios encontraram os dele quando apertei o botão


no elevador. Ele se abriu e puxei Maddox em minha direção,
enrolando meus braços em volta do seu pescoço, enquanto nos
arrastava para trás no elevador.
No momento em que meus lábios encontraram os dele,
Maddox ficou rígido. Seus ombros largos enrijeceram e seu
pescoço ficou tenso. Ele gemeu no beijo, um gemido de dor,
medo... choque... e tanta angústia.

— Lila. — Maddox sussurrou contra meus lábios, sua voz


cheia de emoções.

— Beije-me. — Eu puxei sua atenção de volta para mim


quando ele começou a entender o que estava acontecendo e
onde estava, no elevador. Um suspiro engasgado ecoou em seus
lábios carnudos e ele começou a se afastar de mim, seus olhos
arregalados de terror.

— Beije-me. — Eu respirei. Meus lábios se separaram e


tracei as costuras dos seus lábios com a ponta da minha língua.

Sua respiração acelerou, e senti sua luta interior, a dor


que eu sabia que atormentava sua mente. Seu pior pesadelo. No
momento em que ele se abriu para mim, enfiei minha língua em
sua boca. Maddox grunhiu contra meus lábios e suas mãos
foram para minha bunda.

Ele me levantou e envolvi minhas pernas em torno de seus


quadris, enganchando meus tornozelos atrás dele. Seus dedos
cravaram na minha bunda, e ele bateu minhas costas na
parede do elevador.

Está tudo bem, eu peguei você. Sinta-me.


Nosso beijo foi um grito de guerra, um desespero
enlouquecido, tão forte que quase gritei quando seus lábios
brutalizaram os meus. Eu o inalei; no entanto, ele roubou o ar
dos meus pulmões.

Ele pegou minha alma na palma da mão e eu dei-lhe


minha vida. O beijo nos consumiu. Perdemos todo o senso de
tempo e lugar.

Maddox colocou as duas mãos no meu cabelo e passou os


dedos pelos longos fios. Ele puxou minha cabeça para trás, me
beijando com mais força.

Beijo. Ele estava ganancioso. Beijo. Eu estava com raiva.


Beijo. Ele estava desesperado. Beijo. Eu tinha sido voraz. Beijo.
Brutal. Beijo. Frenético.

Eu te odeio, exalei no beijo.

Maddox gemeu e apertou a parte de trás do meu pescoço,


seus dedos flexionando, enquanto me segurava com força. Eu
não te odeio, respirei em seus lábios.

Sinta-me, ele disse.

Meu coração batia violentamente contra minha caixa


torácica. O elevador tocou e as portas se abriram quando
chegamos ao nosso andar. Maddox deixou cair sua testa na
minha e nossos lábios se separaram. Seu peito arfava e respirou
fundo. Minhas unhas se arrastaram por sua nuca. — Está tudo
bem. Estamos aqui.

Ele deu um passo lento para fora do elevador comigo ainda


ao seu redor. Maddox virou as costas para a parede quando as
portas se fecharam novamente. Seus joelhos enfraqueceram e
deslizou para o chão. Eu praticamente estava montando-o,
enquanto sentávamos no corredor vazio do terceiro andar.

Seus demônios foram silenciados. Os meus ainda estavam


bem acordados.

— Lila, — ele murmurou. — Porra, baby.

Eu me afastei dele e fiquei com as pernas trêmulas. —


Não. Eu estava apenas ajudando.

Meus lábios formigavam e minha pele ficou fria, já


sentindo falta do seu toque. Meus pulmões apertaram e
queimaram, enquanto silenciosamente ofegava por ar.

— Por quê? — Maddox manteve o olhar em mim. — Por


que você ajudou?

— Porque eu precisava, — disse com os dentes cerrados.


— Porque mesmo não suportando olhar para você, era a coisa
certa a fazer.

Maddox se levantou, sua mandíbula endureceu. — Por


quê?
Meus punhos cerrados ao meu lado. — Eu tive pena de
você. Foi por isso.

Seu rosto ficou nublado, e soube que havia atingido o alvo.


Maddox Coulter odiava ter pena. — Sua simpatia é
desnecessária. — Ele rosnou, dando um passo ameaçador em
minha direção. — Você sabe por que fiz isso? Por que mantive
essa porra de segredo? Porque. Eu. Queria. Proteger. Você.
Porque eu não queria que você revivesse seu passado.

Ele continuou, avançando em minha direção, me forçando


a dar um passo para trás. — Eu não estava protegendo
Christian como você parece pensar. Na verdade, não quero nada
além de jogá-lo atrás das grades e vê-lo apodrecer no inferno.
Ele. Não. É. Nada. Para. Mim. Além. Da. Pessoa. Que. Machucou.
Você. — Ele bateu o punho no peito. — Minha Lila. Ele
machucou você e eu quero machucá-lo.

Minhas mãos tremiam e meu núcleo estremeceu. O nó em


minha garganta ficou cada vez maior, me forçando a engasgar
com isso.

Maddox agarrou meu cotovelo e me puxou para ele. Eu caí


contra seu peito, e ele abaixou a cabeça, praticamente rosnando
no meu rosto. — Você é tudo para mim, e a última coisa que
queria fazer era te trair. Mas eu precisava, Lila. Eu precisava
para poder protegê-la.
Eu bati meu punho em seu peito e me afastei dele. Pare,
implorei silenciosamente. Só, pare.

Ele não parou. — Lembra o que você me disse na primeira


vez que visitamos seus pais? — Ele perguntou, mas não esperou
que eu respondesse. — Você disse que me odiava antes porque
eu era um lembrete do garoto que te arruinou e roubou sua vida
de você.

Sim, eu disse isso.

Eu o odiava porque o 'Maddox Coulter' que conheci há


quatro anos me lembrava muito Christian.

— Diga-me, Lila, — rosnou, sua voz tensa. Seu olhar voou


para frente e para trás, procurando meu rosto. — Como eu
poderia dizer-lhe a verdade? Como eu poderia, porra? A pessoa
que matou seus pais era o mesmo garoto com quem eu cresci.
Você teria me olhado da mesma maneira que está me olhando
agora.

Foi uma torção doentia da verdade e da nossa realidade.


Tudo o que ele estava dizendo fazia sentido. Mas não podia
aceitar. Eu precisava de um motivo para culpá-lo, odiá-lo.

— Pare... — Eu disse, minha voz tremendo. Tremores


correram pelo meu corpo, e me senti tão... fria.

Maddox me manipulou. Ele agarrou minha mandíbula e


me forçou a olhar para ele, em seus olhos maníacos.
— Por que você me ajudou, Lila?

Cale a boca. Por favor.

Seus dedos cravaram nas minhas bochechas. Não foi


doloroso, mas também não foi gentil. — Por quê? — Ele
respirou; seus lábios tão perto dos meus.

PORQUE EU AMO VOCÊ.

Meu coração gaguejou. Eu me senti tonta... quando me dei


conta da realização.

Eu tropecei para trás, longe dele. Meu intestino torceu, e


havia um fogo infernal dentro de mim. Seus braços caíram para
os lados e ele fechou os olhos contra a minha rejeição. Seus
lábios se separaram e ele sussurrou meu nome... mas eu já
estava fugindo.

Dele.

Da minha verdade.

Da nossa realidade.

De... tudo.

Corri para o meu apartamento e bati a porta atrás de mim,


afundando no chão de madeira. Um soluço alto e sufocado
passou pelos meus lábios.
Eu senti Maddox do outro lado. Ele não bateu... mas eu o
senti. Parado ali, do lado de fora da porta. Batendo a mão na
boca, abafei os sons quebrados que estavam derramando da
minha garganta.

O destino era uma cadela demente.

Engraçado como há quatro anos eu detestava Maddox... e


o odiaria se descobrisse sua conexão com Christian.

E agora que sabia a verdade... eu ainda o amava com


todas as fibras do meu ser.

Eu o amava muito.

Eu o amava sem restrições.

Eu o amava tanto quanto odiava Christian.

Maddox Coulter.

Meu melhor amigo.

Meu amante.

Meu protetor.

Minha queda.
CAPÍTULO QUATORZE

Passei dois dias agonizando sobre Maddox e nossas


consequências.

Dois dias e duas noites...

Era uma batalha com meu cérebro e meu coração. A


ansiedade tomou conta de mim. Minhas emoções estavam em
tumulto e eu não sabia o que fazer... o que pensar... em que
acreditar mais. Eu disse a mim mesma que estava tudo bem se
machucar, me sentir traída. Então, disse a mim mesma que
estava sendo irracional.

Não era Maddox dirigindo o carro naquela noite. Não foi


Maddox quem matou meus pais. Então, por que eu estava
punindo-o? Punindo a nós?

Dois dias e duas noites...

Meu pensamento excessivo sempre foi minha maior falha.

Depois que me acalmei, comecei a ver as coisas


claramente. Tornou-se mais fácil argumentar comigo mesma. Se
havia alguém que merecia todo o chicote do meu ódio e minha
fúria... eram os Carmichaels. Não Maddox.

Sua traição foi profunda, mas agora que tive tempo para
pensar sobre o assunto, entendi por que ele fez isso. Ainda era
uma verdade dura de entender, engolir e aceitar.

Em minha cabeça, Maddox assumiu a forma de Christian.


Eu precisava de alguém para descontar minha raiva, precisava
de alguém para sentir o peso da minha fúria, e direcionei tudo
para Maddox.

Eu precisava de alguém para culpar pela maneira como


minha vida parecia desmoronar sob meus pés.

Maddox estava lá... e eu o culpei.

Agora que tive tempo para realmente pensar sobre isso,


percebi que a gala estava uma bagunça no meu cérebro. Eu
entrei em choque e estava sobrevivendo. Eu não tinha me dado
tempo para lamentar, para chegar a um acordo em ver
Christian novamente, ficar cara a cara com o assassino de meus
pais.

Eu estava revivendo meu passado, sobrecarregada demais


para realmente processar o que estava acontecendo. Meu
terapeuta costumava dizer que o choque emocional é um
mecanismo de desligamento que permite que uma pessoa ganhe
tempo para processar seu trauma.
Machucar Maddox... empurrá-lo para mais longe de mim,
era a minha maneira de lidar com isso. Eu estava vulnerável...
impotente, e foi minha fraca tentativa de desligar e me proteger.

Eu queria acreditar que Maddox nunca iria me machucar


intencionalmente. Eu queria acreditar nele. Depois de tudo o
que passamos, seus sentimentos por mim eram honestos. Eu
sabia disso com tanta segurança que conhecia meu próprio
amor por ele.

Depois de aceitar a minha própria raiva e meu sentimento


de traição, finalmente decidi me encontrar com Maddox. Era
hora de conversarmos.

Eu não estava pronta para deixar tudo isso para trás. A


confiança entre nós estava frágil, um fio fino que poderia
facilmente se romper.

Mas eu estava disposta a tentar.

Porque eu queria Maddox. Precisava dele. Porque nosso


passado não deveria mais ter controle sobre nosso presente...
ou nosso futuro.

Eu queria nos dar outra chance. O perdão era o primeiro


passo. Eu estava disposta a perdoá-lo por manter esse segredo.
Minha mãe me ensinou a nunca desistir tão facilmente, e
Maddox merecia isso.

Ele valia a pena.


Ele merecia meu amor.

Saí da aula com uma determinação renovada. Meu olhar


passou para o meu telefone, agora consertado, mas não havia
novas mensagens ou chamadas recebidas. Mandei uma
mensagem para Maddox uma hora atrás e pedi que ele me
encontrasse em sua casa.

A aula dele terminava antes da minha. Mas não houve


resposta dele.

Está tudo bem, eu disse a mim mesma. Eu posso esperar.

Eu andei pelo caminho que me levava para fora do campus


e em direção à residência da escola. Contei os passos em minha
cabeça, sentindo minhas mãos tremerem de nervosismo.

Eu disse a Maddox que nunca desistiria dele e estava


disposta a manter esse voto. Por ele. Por nós.

Puxando minha jaqueta mais perto do meu corpo, me


protegi do frio. Meu olhar encontrou os casais ao meu redor.
Alguns estavam andando de mãos dadas. Eu peguei um casal
se beijando. Havia outro se abraçando no ponto de ônibus,
rindo... feliz...

Era um lembrete cruel do que eu havia jogado fora... o que


eu tinha perdido. Meu ritmo acelerou, enquanto tentava me
afastar de todos os casais amorosos.
Eu estava quase chegando ao meu prédio... quando algo
mais chamou minha atenção. Um lampejo de cabelo loiro sujo e
familiar. Meus pés diminuíram a velocidade e depois pararam.
Virei-me para a cafeteria à minha esquerda.

A dormência tomou conta e meu corpo congelou no local.

Quando a vida bate na sua cara, ela bate forte o suficiente


para lhe dar uma maldita chicotada. Minha respiração ficou
presa na garganta. Maddox ocupava uma mesa perto da janela.
Ele não estava... sozinho. Bianca estava sentada em frente a ele.
Eu pisquei, enquanto tentava entender o que estava vendo.
Meus olhos baixaram para sua barriga. A visão disso estava me
encarando de volta.

Não, Deus. Por favor, não. Por favor, não seja tão cruel
comigo. Não por favor. Não, não. NÃO.

A última vez que vi a Bianca, ela estava usando um suéter


folgado. Hoje, ela usava uma camiseta preta simples. Estava
moldada ao redor de suas curvas e... sua barriga muito redonda
e muito grávida.

Comecei a tremer, meu corpo inteiro ficando frio... e mais


frio.

Senti a picada de lágrimas no nariz, enquanto pisquei,


desejando que tudo isso fosse uma ilusão. Mas não importa
quantas vezes piscava, a realidade olhou de volta para mim.
A verdade dele. Os segredos dele. As mentiras dele.

Maddox e Bianca pareciam estar discutindo. A sua


expressão era de desamparo, enquanto Maddox balançava a
cabeça. Ela segurou sua barriga de grávida e começou a chorar.
Bianca tentou afagá-lo, mas ele se afastou, como se a mera
ideia do seu toque o queimasse.

Eu assisti, enquanto ele puxava algo do bolso da jaqueta.


O mundo diminuiu a velocidade e as cores desapareceram. Eu
assisti a cena à minha frente, como um filme em preto e branco,
sem som.

Eu ainda estava no mesmo lugar quando Maddox se


levantou para sair. Ele se virou... seus olhos se encontraram
com os meus... Bianca ofegou... Maddox empalideceu e correu
para frente.

Eu dei um passo para trás...

E eu corri. Pela terceira vez em uma semana, corri de


Maddox.
Pressionei uma mão sobre o meu rosto, enquanto Maddox
entrava pela porta, invadindo o seu quarto. Eu nem percebi que
estava vindo aqui.

Eu senti falta dessa sala. Sentia falta de dormir nesta


cama, envolvida em seus braços. Sentia falta do cheiro que
permanecia em nossos travesseiros e colchão.

Maddox estava sem fôlego, enquanto corria em minha


direção. Eu olhei em seus olhos arregalados e aterrorizados. —
Lila, deixe-me explicar. — Disse. Essa se tornou sua frase de
assinatura. Por que ele continuava bagunçando tanto que eu
tinha que lhe dar uma chance de se explicar. O tempo todo?

Engoli de volta o grito que ameaçava derramar da minha


garganta. — Nas últimas semanas, estava tão preocupada, —
confessei, minha voz cheia de emoção. — Tão assustada. Você
estava se afastando de mim. Algo estava errado, poderia dizer.
Eu te dei a chance de se abrir, mas você não o fez. Eu
questionei, mas você escapou das minhas perguntas. A
distância entre nós aumentava, enquanto assistia impotente.
Era apenas uma questão de dias, antes que tudo desmoronasse.

Saí da cama, longe do perfume almiscarado e masculino


que continuava atacando meus sentidos. Agora entendi o
motivo pelo qual Maddox estava agindo de maneira tão
diferente, por que estava tão distante.
— É seu? — Eu perguntei, apesar de já saber a resposta.
— É por isso que ela estava mandando mensagens para você?
— Maddox me deu um único aceno de cabeça. — De quanto
tempo ela está?

Bianca não parecia estar no terceiro trimestre. Sua barriga


de grávida era redonda e firme, mas estava pequena. — Quase
seis meses.

Seis meses.

Minha mão se levantou e esfreguei minha testa, tentando


afugentar a dor de cabeça latejante. Meu queixo e meus lábios
tremiam. Senti a picada de novas lágrimas no fundo dos meus
olhos. Se fiz minhas contas corretamente...

Ela e Maddox dormiram juntos cerca de cinco semanas


antes de Paris.

Ele disse que não tinha estado com ninguém por... meses.
Cinco semanas definitivamente não eram meses. Era apenas
um.

— Você disse que não dormia com ninguém por um longo


tempo. Não sabia que cinco semanas é considerado tanto
tempo. — Falei, quase zombando dele. — Deve ter sido uma
tortura para você ser celibatário por cinco semanas.

Maddox sacudiu a cabeça. — Não me lembro muito


daquela noite. Eu nem sabia que havia dormido com ela, Lila.
Eu não ficava com ninguém havia meses, mas naquela noite...
era a festa... a festa de reencontro do time de futebol.

A que eu não fui com Maddox porque estava doente e


menstruada.

Ele passou a mão pelo rosto, cansado, parecendo mais


abatido do que nunca. — Deus, eu estava bêbado. Tão bêbado,
a noite toda é um borrão.

Engoli em seco e tentei empurrar a bola de emoção pela


minha garganta. — Como você tem certeza que dormiu com ela?

A culpa brilhou em seus olhos azuis, e ele fez uma careta.

— Eu não pensei nisso antes porque não me lembrava


muito daquela noite. Mas quando Bianca se aproximou de mim
e me contou sobre isso... eu vi um lampejo de nós juntos.
Lembrei-me de entrar no quarto com ela. — Maddox
resmungou, o resto de suas palavras quase inaudíveis. —
Quando disse que não dormia com ninguém há meses, não
estava mentindo. Eu não menti, porque juro por Deus, não me
lembrava daquela noite.

Eu não sabia mais no que acreditar.

Há uma hora, eu estava pronta para perdoar Maddox por


Christian.
Eu estava disposta a olhar além do fato de que manteve
um segredo de mim. Tinha estado disposta a seguir em frente...
e perdoar... aceitar... amar novamente.

E agora?

Voltamos à estaca zero.

— Eu não entendo. — Balancei minha cabeça, trazendo


meus dedos trêmulos para minha têmpora, esfregando a dor
latejante. — Por que ela não contou antes? Por que esperar
tanto tempo?

Sua garganta latejou quando engoliu. — Ela não sabia... se


queria ficar com o bebê.

— E você? O que você vai fazer? — Eu perguntei baixinho.


Ele levantou a cabeça; o medo era uma máscara aparente em
seu rosto. Eu tive minha resposta, sem que ele tivesse que dizer
as palavras. Meu coração caiu aos meus pés. Maddox tentou me
alcançar, mas eu me afastei. — Você mentiu para mim sobre
ela. Por que você não me contou no momento em que descobriu
que ela estava grávida do seu bebê?

— Eu não sabia como, — ele respirou. — Eu não queria te


perder.

— Era simples. Você só tinha que me dizer a verdade, é


tudo que já pedi a você.
Suas pernas cederam e ele se sentou na cama, a cabeça
nas mãos, um som sufocado vindo dele. — Você é a melhor
coisa não planejada que já aconteceu comigo, Maddox. E eu não
posso te perder. Mas você está fazendo de tudo para me
empurrar... para longe de você. — Eu sussurrei, minha voz
quebrando no final. — Você tem contado mentiras, guardado
segredos. Desde quando você começou a mentir para mim,
Maddox?

Eu já tinha a resposta para essa pergunta. Meses... e


meses de segredos.

Depois de tudo o que passamos... ele contaminou tudo o


que tínhamos com suas mentiras. — Você disse que não queria
me perder. Mas você já perdeu. — Eu sussurrei, minha voz
vacilante, enquanto falava as palavras mais difíceis da minha
vida.

Ele levantou a cabeça e seus olhos brilharam com


tormento. Ele era decadentemente bonito, um pouco quebrado e
um erro desde o início.

— Sinto muito. — Ele engasgou.

— É tudo o que você tem a dizer?

Havia lágrimas em seus olhos. — Eu sinto muito.

Se isso te machuca tanto, que tipo de amor é esse?


Eu sabia que Maddox partiria meu coração, mas uma
parte de mim esperava que ele não o fizesse. Meu coração
chorou e uma lágrima solitária deslizou pela minha bochecha.
— Eles disseram que você era problema. Eu não escutei. Eu me
arrisquei com você. E agora me arrependo.

— Não me deixe. — Sua voz rouca falhou. — Por favor.

Eu dei um passo para trás. Maddox parecia ferido, e


minha alma sangrou ao ter que vê-lo machucado. Eu tinha que
sair. Por mim. Por ele. — Lila. — Ele respirou meu nome. — Por
favor. — Eu balancei minha cabeça lentamente.

— Maddox. — Doía em mim dizer o seu nome. — Você


quebrou as suas promessas.

Meus pés deram outro passo para trás. — Não. — Ele


implorou. — Lila, não.

Eu me virei e fui embora, deixando meu coração partido


aos seus pés.

Parando à porta, dei-lhe um último olhar por cima do


ombro. — Você vai ser pai, Maddox. — Eu sussurrei, minha voz
grossa com lágrimas não derramadas. — Parabéns.

Ele balançou a cabeça em negação.


— Você já nos quebrou, mas pela primeira vez na vida...
faça a coisa certa, Maddox. Bianca precisa de você. E esse bebê
merece um pai.

Como eu precisava dele. Mas ela precisava dele... mais.

Eu estraguei tudo.

Eu sabia que acabaria por estragar tudo. Eu sabia que


acabaria destruindo a única coisa boa em toda a minha vida.
Lila.

Porque esta era a única coisa que eu era capaz. Destruir


vidas.

Arruinando-a.

Destruindo-nos.

Eu tentei protegê-la desde o dia em que fiz aquela maldita


promessa do dedinho. Eu me assegurei de que ela estivesse
sempre feliz, sempre cuidada, eliminando tudo o que lhe
causaria dor... mas eu esqueci de protegê-la de mim mesmo.

Meus pulmões apreenderam no meu peito e minha


garganta se fechou. Um som sufocado veio da minha garganta,
enquanto eu segurava minha cabeça em minhas mãos, sentindo
a queimadura na parte de trás dos meus olhos.

— Você é a melhor coisa não planejada que já aconteceu


comigo, Maddox. E eu não posso te perder. Mas você está
fazendo de tudo para me empurrar... para longe de você. — Ela
sussurrou, sua doce voz quebrando no final. — Você tem
contado mentiras e guardado segredos de mim. Desde quando
você começou a mentir para mim, Maddox?

Minha cabeça levantou com as suas palavras. Eu não


tinha uma resposta. Eu queria ter, porra. Mentiras, não importa
quão grandes ou pequenas, era a maneira mais rápida de
arruinar algo bonito, nós. Mentiras e segredos...

Tudo o que já fiz, cada decisão que tomei, foi para proteger
Lila.

Mas nenhum band-aid seria suficiente para tampar as


feridas abertas e purulentas que deixei para trás.

— Sinto muito. — Engasguei.

O tormento no seu rosto me dizimou. — É tudo o que você


tem a dizer?
Minha visão ficou turva, porra, tinha que me lembrar de
não perder a cabeça. — Eu sinto muito.

Uma lágrima solitária deslizou por sua bochecha. — Eles


disseram que você era problema. Eu não escutei. Eu me
arrisquei com você. E agora me arrependo.

— Não me deixe. — Minha voz rouca falhou. — Por favor.

Lila deu um passo para atrás. Meu coração dilacerado deu


um pulo e a bile subiu pelo fundo da minha garganta, amarga e
ácida com o pensamento de perdê-la.

— Lila, — espirei o seu nome. — Por favor.

Ela balançou a cabeça lentamente, outra lágrima


silenciosa deixando um rastro molhado em sua bochecha. —
Maddox. — Ela parecia ferida e seus lábios tremeram. — Você
quebrou suas promessas.

E agora ela estava quebrando as suas.

Seus pés deram outro passo para trás.

— Não. — Implorei. — Lila, não.

Minha voz ficou presa na garganta quando ela se virou e se


afastou, pegando meu coração sangrando na palma da mão e
me deixando... vazio.
Caí de joelhos, incapaz de me conter, engasgando com o
forte gosto de amargura em minha língua. Isto não podia ser o
fim... não podia.

A porta se fechou, mesmo quando chamei o seu nome.


Pateticamente. Porque por ela... eu era um homem fraco.

Por ela.

Só por ela. Minha Lila.

O amor te faz fraco.

O amor destrói vidas.

O amor nos arruinou.

Ela se foi. A única coisa que ela prometeu não fazer... ela
prometeu que nunca me deixaria, nunca deixaria o meu lado...
mas lá estava ela. Indo embora.

Minha Lila foi embora, quando a dor atravessou meu peito,


se tornou quase insuportável.

Todas as minhas verdades, todas as minhas mentiras


colidiram, meu futuro com Lila agora estava aberto, trincado,
sangrando e despedaçado, enquanto me ajoelhava nos
destroços de tudo.

Mais uma vez... sozinho.

Mais uma vez... perdido.


Ela também mentiu.

Ela também quebrou suas promessas.

Você nunca vai me perder.

Promessa de dedinho?

Promessa de dedinho.

Todas as promessas que fizemos um ao outro, no final...


nada disso importava.

No final, perdemos o rumo e nosso final feliz se dissipou.


CAPÍTULO QUINZE

Nem todas as decisões corretas parecem ser certas. Às


vezes, elas o estripam por dentro, destruindo você. Decisões
corretas deviam ser fáceis de tomar, mas raramente são assim.

Eu tinha uma escolha, e queria acreditar que fiz a certa.

A boa escolha, a decisão honrada.

Afastar-me de Maddox foi a coisa mais difícil que já fiz na


minha vida, mas tive que fazer…

Não por mim. Mas por ele.

Maddox era meu namorado, mas acima de tudo... era meu


melhor amigo. Eu o conhecia melhor do que ele próprio. Eu
podia ver dentro dele tão claramente, e Maddox, meu Deus,
estava tão perdido naquele momento, e eu precisava que ele
visse as coisas nitidamente.

Eu esperei pela onda de arrependimento que estava


quebrando através de mim desde que me afastei dele. Ela veio, e
foi semelhante à onda de dor. Sempre lá, sempre constante.
Mas ainda assim, eu disse a mim mesma que tomei a decisão
correta.

Nas últimas três semanas, Maddox tentou ligar. Ele bateu


à nossa porta várias vezes ao dia. Ele falou com Riley, tentou
convencê-la a deixá-lo entrar... para deixá-lo falar comigo. Mas
Riley era leal ao extremo. Ela não sabia por que eu tinha que
me afastar, mas sabia o quanto isso me machucou.

Eu nunca fugi dos meus problemas, mas tive que fugir do


Maddox. Ele era minha única fraqueza, e soube no momento em
que olhei para seu olhar quebrado, seus olhos azuis feridos, eu
voltaria a cair nos seus braços. Isso se tornaria um ciclo vicioso
e interminável.

— Ei, Lila! — Eu me afastei dos meus pensamentos e me


virei para o som do meu nome. Minha colega de trabalho
estalou os dedos no meu rosto e me deu um olhar interrogativo.
— Pare de sonhar acordada. Não há tempo para isso.

Limpei minhas mãos molhadas no meu avental. — Vou


servir a próxima mesa. — Fui pegar a bandeja da sua mão, mas
ela a segurou fora do meu caminho.

Amanda pegou algo no bolso da frente do avental. Ela


colocou um post-it azul, dobrado ao meio, em minha palma
aberta. — Ele me disse para te entregar isso.

Meu coração bateu forte. — Ele?


Amanda deu de ombros e se afastou. Desdobrei a nota e
meu coração se partiu, meu peito queimando com sofrimento.

Você nem me deu a chance de te dar um beijo de


despedida.

Eu olhei para cima e peguei os olhos de Maddox pela


janela do restaurante. Seus olhos torturados seguraram os
meus por um único segundo, um momento palpitante, um
doloroso batimento cardíaco, antes que piscasse e se afastasse.
Maddox desapareceu na multidão, apenas com seu bilhete como
um lembrete de que ele estivera aqui.

Nós éramos estranhos, mais uma vez.

Isso era mais do que uma nota sobre o nosso último


adeus. Ele estava me deixando saber que havia desistido.
Maddox não lutaria mais por nós. Quase me matou onde
estava, por um segundo, meu coração parou de bater.

Eu deveria estar feliz com isso, era o que eu queria, afinal.


Eu o evitava havia mais de três semanas, esperando o momento
em que ele iria parar de me ligar e tentar me ver.

Mas ainda assim… doeu. Droga.

Dar a Maddox Coulter meu coração tinha sido um erro.


Mas desta vez... fui eu quem me afastei dele.
— Eu esqueci, quando são seus testes? — Riley se sentou
ao meu lado no sofá, passando um braço em volta dos meus
ombros. Afundei em seu abraço e enrolei meus pés debaixo de
mim.

— Eu tenho dois consecutivos em dois dias e outro no dia


seguinte.

Agora estávamos exatamente a vinte dias do Natal. Minha


vida se desfez em um momento de merda. O período dos testes
estava chegando e a vida ficou ainda mais louca. Eu mal podia
estudar, mal conseguia me concentrar nas minhas revisões
para os meus testes. Minha mente estava uma bagunça, e meu
coração simplesmente não estava nela. Eu estava
constantemente me preocupando com Maddox. Ele nunca
estava ao lado. Pelo que ouvi, ele estava ficando com Colton em
sua mansão. O apartamento que transformamos em nossa
casa, agora estava vazio. Esquecido. Abandonado.

— Como você está se sentindo? — Riley perguntou


cautelosamente.

— Eu me sinto uma merda, — disse, me chocando com a


minha honestidade. — Como está Maddox?
As suas sobrancelhas enrugaram. — Eu não te entendo.
Ele te machucou, você o deixou. Há tanta amargura e mágoa.
Ainda assim, você me pergunta sobre ele todos os dias.
Vigiando-o de longe. Eu não te entendo, baby.

Novas lágrimas arderam no fundo dos meus olhos, mas eu


as pisquei. — Eu ainda o amo.

— Então por que você foi embora?

— Porque às vezes o amor não é suficiente.

Ela apertou meus ombros e soube o que estava por vir. —


Ele não te traiu. Sim, ele mentiu. Ele deveria ter lhe contado
sobre Bianca no momento em que descobriu, mas é realmente
tão ruim assim? Toda essa situação é apenas uma grande
bagunça, mas talvez... não sei. Eu só acho que Maddox nunca
iria machucá-la intencionalmente. Acho que ele estava apenas
tentando protege-la, à sua maneira.

— Você não entenderia. — Porque ela não olhou nos olhos


de Maddox e não viu suas lutas... sua verdade...

— Ajude-me a entender. — Ela torceu o nariz, enquanto


tentava derrubar minhas paredes. Riley era uma boa amiga,
minha única amiga. Meu pequeno feixe de luz.

— Eu não posso. — Eu sussurrei.


Ela soltou um suspiro suave, e sua cabeça caiu contra o
sofá. — Maddox ainda não voltou. Ele está ficando com Colton e
não participa de nenhuma aula desde...

Meus olhos se fecharam e respirei através da picada no


meu nariz. — Ele vai ficar bem. Maddox é forte e capaz de
cuidar de si mesmo.

— Espero que você esteja certa. — Riley sussurrou. Ela


não acreditou em mim.

E... por mais que eu quisesse que minhas palavras fossem


verdadeiras, também não acreditava em mim.

Meu telefone vibrou entre as minhas pernas e espiei a tela,


olhando para um número desconhecido. Eu ignorei a ligação e
fechei os olhos.

— Alguém está ligando de novo. — Disse Riley, perto de


mim. — Eu não reconheço o número.

Cinco ligações consecutivas depois, comecei a ficar


inquieta. Ansiedade puxou os músculos do meu peito, e um
peso se estabeleceu ali. Na sexta ligação do mesmo número, eu
finalmente atendi.

— Olá?

— Oh, Lila. Finalmente. — Uma voz familiar veio à tona e


fiz uma careta.
— Savannah? — Por que a mãe de Maddox estava me
ligando?

Maddox. Oh Deus. Maddox!

Eu pulei do sofá, meu coração se sentindo apertado, como


se algo pesado tivesse se envolvido em torno do frágil órgão,
espremendo a vida de mim. — Ele está bem? O que aconteceu?
O que há de errado? É Maddox?

— O quê? Não... quero dizer, tenho tentado falar com ele


nos últimos cinco dias, mas ele não atende mais minhas
ligações.

Ok, isso não era alarmante. Maddox nunca atendia aos


telefonemas de sua mãe ou do pai, aliás. Ele raramente queria
ouvir o que eles tinham a dizer.

— Eu não entendo. Você parece preocupada. — Disse,


ainda franzindo a testa.

— A última vez que falei com ele, ele desligou na minha


cara. — Ela sussurrou, e então eu a ouvi fungando.

Esfreguei minha testa, sentindo outra dor de cabeça se


aproximando rapidamente. — Savannah, o que você está
tentando dizer? Se você está me ligando tantas vezes, deve ser
importante. É sobre outra festa de gala ou jantar festivo? Não
vou, nem Maddox. Esqueça. Nem se incomode em perguntar.
Savannah ficou em silêncio por um segundo, antes de
começar a chorar e engasgar em suas palavras, meio
resmungando e meio sem sentido. — Não. Não... outra... gala.
Isto... Brad... Maddox... não atende minha... ligação. O seu...
pai…

Andei pela sala, me sentindo tão confusa, tão perdida.


Savannah Coulter estava chorando comigo ao telefone. Nos
quatro anos em que a conheço, ela nunca a perdeu a calma,
mantendo a fachada de plástico.

Ela estava... chorando. CHORANDO!

O mundo estava acabando oficialmente, isso era prova


suficiente. — E Brad?

— Ele está no hospital. — Ela soluçou.

Meus pés pararam e pausei, minha respiração gaguejando.


— O quê?

— Ele está doente, Lila. Muito doente. — Savannah


sussurrou, quase inaudível. — Maddox precisa estar aqui... mas
ele não atende minhas ligações.

Oh, Deus. Não. — Você contou a ele?

— Eu disse, mas ele não falou nada e depois desligou. Isso


foi há cinco dias. Brad... ele quer ver seu filho.
Seu filho, o mesmo que ele não dava a mínima antes. Mas
agora que estava acamado em um leito de hospital, ele
precisava ver seu... filho.

— Eu não sei, Savannah. Não vejo Maddox há semanas.


Nós terminamos.

— Por favor. — Ela implorou com a voz embargada. — Por


favor. Ele precisa estar aqui. Você não compreende. Brad... não
sei quanto tempo ele tem. Por favor, Lila.

Olhei para Riley, e ela me deu um olhar interrogativo. —


Sinto muito, Savannah. Vou ver o que posso fazer, mas não
posso garantir que ele vai me ouvir. Se quiser Maddox lá e eu
não conseguir levá-lo, você precisará encontrar outro caminho.

Savannah respirou fundo. — OK. Obrigada, Lila.

Desligamos e eu caí no sofá ao lado de Riley. — E aí? O


que Savannah queria?

— Brad está... doente.

Sua boca se arredondou com um chocado 'o'. — Ela quer


que você convença Maddox a ir ver o pai?

— Bingo.

— Quão doente ele está?


Dei de ombros. — Eu não sei. Parecia sério, porque ela
estava chorando.

Riley assentiu lentamente. — Eu estava no Instagram de


Colton há duas horas. Eles aparentemente têm uma festa na
casa dele, agora. Vi Maddox em um dos vídeos que ele postou.

— Outra festa? — Durante os testes? Que diabos?

— Pelo que ouvi, foi Maddox quem decidiu fazer a festa. De


novo. Que, a propósito, a última terminou com uma briga.

Isso me lembrou quatro anos atrás. De volta ao ensino


médio, quando Maddox não dava a mínima para nada ou...
ninguém. Ele era todo sobre festas, drogas e álcool... e deixando
seus punhos falarem.

Ele estava em espiral. De novo. Oh, Deus.

Minha cabeça caiu em minhas mãos e respirei fundo.


Talvez isso fosse minha culpa... um sentimento avassalador de
remorso encheu meu peito, e quase engasguei com o gosto de
amargura na língua.

— Você quer esperar até amanhã? — Riley questionou,


esfregando minhas costas.

— Não. Eu tenho que fazer isso hoje à noite. Maddox pode


ser teimoso, mas eu sou mais teimosa do que ele jamais poderia
ser.
CAPÍTULO DEZESSEIS

Riley e eu estacionamos a três casas de distância e


encaramos a mansão do Colton da esquina. Depois de alguns
minutos de silêncio, caminhamos até a varanda e piscamos. —
Puta merda. — Riley respirou.

A festa estava barulhenta e lotada. Eu me encolhi quando


um casal saiu cambaleando, praticamente atacando um ao
outro. Ele a empurrou contra a casa e eles estavam
praticamente transando com suas roupas, bêbados demais para
se importarem com a plateia.

Foi nesse momento que percebi o quão ruim era essa


situação. Eu não deveria ter vindo aqui hoje à noite. Se eu
encontrasse Maddox nos braços de outra mulher...

Oh, meu Deus.

Eu quase dobrei, porque a dor disso era insuportável. Esta


foi a decisão errada. Eu deveria ter esperado até amanhã de
manhã, quando tudo estivesse se acalmado.

Mas e se…
E se ele ainda tivesse uma mulher ao seu lado de
manhã...?

O que eu teria feito então?

Merda. MERDA! Eu não conseguia nem pensar nisso. Eu


segui em frente, subindo as escadas da elegante casa de Colton
e abrindo caminho entre os corpos suados.

Eu o vi instantaneamente. Através da multidão, a muitos


metros de distância. Era como se meus olhos soubessem para
onde olhar, meu coração soubesse onde ele estava, uma corda
invisível puxando meu corpo em sua direção.

Maddox.

Ele estava sentado no sofá; suas longas pernas estendidas


à sua frente. Ele usava jeans preto e uma camisa preta, com
buracos. Parecia não se ter dado ao trabalho de fazer a barba
por muitas semanas, e seu cabelo estava tão bagunçado.
Maddox parecia completamente alheio a tudo isso. Alto e
bêbado.

As duas garotas, uma de cada lado dele, riram. Elas


estavam praticamente salivando por sua atenção, mas os seus
olhos estavam vazios, vidrados. Maddox inclinou a cabeça para
trás e deu um longo trago em seu baseado, inspirando essa
merda e expirando uma fina camada de fumaça. Eu dei um
passo mais perto, meu corpo se movendo por conta própria.
A garota loira à direita enfiou o rosto no pescoço dele e sua
mão se moveu até a virilha dele. Meu coração estava prestes a
cair do meu peito quando os dedos dele circularam ao redor de
seu pulso, parando seu movimento. Ele colocou a mão na coxa
dele, a uma distância segura de seu pau.

Minha mão foi para minha garganta e apertei nosso


apanhador de sonhos. Exalei a respiração que não sabia que
estava segurando.

Ele levantou a cabeça, olhando na minha direção.

Nosso olhar se encontrou.

Eu parei.

Ele fez uma pausa.

O tempo parecia que tinha parado.

Meu corpo estremeceu sob seu olhar.

Ele encarou.

Eu respirei.

O apanhador de sonhos afundou na minha palma,


enquanto meu aperto aumentava ao seu redor. Os lábios de
Maddox se inclinaram de lado e não havia nada de acolhedor
nisso.
Maddox saiu lentamente do sofá e caminhou em minha
direção. Seus olhos estavam com raiva, enlouquecidos. Ele
ainda tinha uma garrafa na mão e estava meio bêbado. Eu
poderia dizer pela maneira como tropeçou em minha direção.
Eu não disse uma palavra quando ele me agarrou pelo cotovelo
e começou a me puxar pelas escadas. Seus dedos estavam
cavando grosseiramente em minha pele, mas não me importei
no momento.

Maddox me puxou para um quarto e me bateu contra a


parede, enquanto chutava a porta. Seu corpo me prendeu na
parede. — Maddox...

Seus lábios bateram contra os meus antes que eu pudesse


respirar seu nome.

O mundo desligou.

O tempo parou de passar.

Tudo parou, e eu estava presa neste momento.

As cores desapareceram.

Eu parei de pensar... apenas senti. Isto. Ele. Seus lábios.

Seus lábios me devoraram, como se estivesse desejando o


meu gosto o tempo todo. Tudo queimava, e com um desespero
enlouquecedor, isso permaneceu em minha pele e pude prová-lo
nos meus lábios, na minha língua. Ele tomou posse da minha
boca como se a possuísse. Como se ele fosse meu dono.

E ele era, porra. Nesse exato momento, ele me possuía.

Minha pele zumbia sob seu toque. Seu braço circulou em


torno dos meus quadris, e ele me puxou para cima, meus dedos
saindo do chão, enquanto me mantinha entre a parede e seu
corpo. Minhas mãos pousaram em seus ombros e seus
músculos se apertaram sob meus dedos. Seu corpo sacudiu
com o meu toque, e ele me mordeu. Mordeu com tanta força,
que consegui provar o gosto metálico do meu sangue na minha
língua.

Não era um reencontro doce.

Era um grito de guerra. Tanta raiva, tanto ódio, tanta...


paixão.

Mordi-o de volta, sentindo seu lábio inchar sob meus


dentes. Maddox gemeu, baixo e profundo, e seu corpo
estremeceu. Quase violentamente. Não sabia por onde ele
começava e eu terminava. Nosso sangue se misturou em nossas
línguas mas não paramos de nos beijar. Não paramos de lutar
pelo domínio. Não paramos de nos tocar.

Esse beijo.

Este momento.
Esse... sentimento. Tormento. Amor. Fúria. Paixão.
Ressentimento. Anseio. Dor. Tanta dor, porra.

O beijo diminuiu e me perguntei se Maddox podia sentir o


quanto eu não queria que esse momento terminasse.

— Você tem gosto de minha... e de mentiras. Você é a


porra de uma mentirosa, Lila.

Ele falou contra meus lábios. Furiosa, me afastei dele e


bati meus punhos em seu peito. Ele estava sofrendo, disse a
mim mesma. Ele não quis dizer isso; sussurrei em minha
cabeça.

Mas a raiva era avassaladora e o fino fio da minha


sanidade se rompeu. Eu apunhalei meu dedo em seu peito,
forte o suficiente para que cambaleasse bêbado para trás. —
Eu? Eu? Eu sou uma mentirosa? — Eu gritei em seu rosto. —
Você viveu comigo por meses e mentiu NA MINHA CARA TODOS
OS DIAS! Você começou nosso relacionamento com uma
mentira. Você. Manteve. Segredos. De. Mim.

Seus olhos escureceram, e seu rosto ficou vermelho de


raiva, quando gritou de volta: — Eu nunca menti para você!

Fiz uma pausa, meu coração martelava na caixa torácica


com tanta força que pensei que fosse sair do meu peito. — Você
ainda acha que está certo? Você ainda acha que o que você fez...
foi a decisão certa?
— Eu nunca menti para você.

Eu balancei minha cabeça, rindo, mas não havia humor


nisso. Minha risada parecia tão morta quanto meu coração. —
Você fez. Você me quebrou, Maddox. Você me quebrou... mais
do que Christian e o pai dele já fizeram. Você tinha o poder de
fazê-lo e o usou.

— Eu nunca menti para você. — Ele disse novamente, no


mesmo tom sem vida. Como se estivesse tentando muito se
convencer.

— O que era então, se não uma mentira?

Maddox se lançou para frente e me empurrou para trás.


Seu peito bateu contra o meu e me prendeu contra a parede
novamente. — Eu estava te protegendo. Não era mentira. Sim,
guardei segredos... mas não menti, Lila. Eu não fiz. Tudo o que
sempre quis foi te proteger. Mantê-la segura. Mantê-la feliz. —
Ele resmungou. — Eu prometi, droga. EU PROMETI. Eu te amei
e isso não era mentira. — Maddox rosnou na minha cara, seus
olhos perturbados, e, oh Deus, nunca quis ver aquela expressão
ferida em seu rosto, nunca mais.

Ele... me... amava.

Lembrei-me de pensar no momento em que


confessaríamos nosso amor um ao outro. Eu pensei que seria
romântico... sonhei que seria mágico. Mal sabia eu... nosso
amor se transformaria em uma zona de guerra.

Suas mãos bateram contra a parede em cada lado da


minha cabeça, tão perto que me encolhi. — Mas você é uma
mentirosa, Lila. Você prometeu que não me deixaria, mas você o
fez. Eu precisava de você... e você não estava lá. Porra, eu
precisava de você, e a única pessoa que alguma vez amei, NÃO
ESTAVA LÁ POR MIM! Então, me diga, Lila. Quem é o
mentiroso?

— Você. — Eu sussurrei. Desculpe-me, eu chorei.

Seu peito arfava.

Meu coração falhou uma batida.

Maddox deu um passo para trás. Meus joelhos


enfraqueceram.

— Você me mata, Lila.

Fechei os olhos e engasguei com um soluço. Eu o matei…

Não, eu estava tentando salvá-lo... protegê-lo... tomar a


decisão certa. Maddox pegou a garrafa novamente e bebeu o
resto, uma pequena careta no rosto.

Eu o matei…
Maddox Coulter era um deus entre os mortais. Ele estava
enfurecido, um deus amargo e ferido. E me perguntei se cometi
um erro ao me apaixonar por um homem como ele.

Eu assisti quando ele terminou a garrafa e começou a


vasculhar o frigobar pegando outra. Deus, ele ia beber até o
esquecimento. Ele ia beber até uma lenta... morte.

Engoli um grito e esfreguei a mão no rosto. Minha língua


estava pesada na boca, mas lambi meus lábios secos e tentei
novamente. — Eu não vim aqui para lutar, Maddox.

— Você veio aqui para foder. — Brincou, sem emoções.

— Não. — Eu respirei através da dor. — Eu descobri...


sobre seu pai. Que ele está... doente.

— Oh, você está com pena de mim? — Maddox jogou


minhas palavras de volta. — Que doce, Lila Garcia se fazendo
de anjinho, vindo em meu socorro.

Eu me encolhi, mas pressionei. — Eu terminei com você,


mas ainda sou sua melhor amiga. Costumávamos cuidar um do
outro, e vim aqui... porque pensei que poderia lhe oferecer
minha amizade.

Ele não respondeu. Mal reconheceu minhas palavras,


exceto por uma pequena contração na mandíbula de granito.
Minhas mãos tremiam tanto que tive que pressioná-las contra
minhas coxas, tentando parar o tremor. — Você... conversou
com seu... pai?

Silêncio.

— Sua mãe me ligou.

Silêncio absoluto... silêncio.

— Por favor, estou tentando. Eu quero estar aqui por você,


agora. Eu posso ter terminado com você, ido embora... Mas não
vou desistir de você ou desistir da nossa amizade. Se você
precisar de mim, estarei aqui. Estou tentando.

Finalmente, ele me deu uma resposta.

O rosto de Maddox ficou sombrio. Ele se aproximou,


aglomerando-se no meu espaço e me empurrando contra a
parede.

— Maddox... — Eu comecei, mas ele me cortou com um


rosnado baixo, seu peito vibrando com o som cruel.

Meu peito rachou, escancarado, e as fissuras do meu


coração partido se espalharam no chão aos nossos pés.

Seus olhos ardiam de raiva e... dor crua. — Estou me


destruindo sempre que olho para você, toda vez que meus olhos
a procuram quando estamos no mesmo lugar. Você faz a
destruição e a melancolia parecerem a porra de um doce
veneno.
Suas mãos subiram, pousando em ambos os lados da
minha cabeça. Seu hálito mentolado sussurrou nos meus
lábios, um toque tentador, mas nossos lábios não se
encontraram. Sua boca se curvou para o lado, um sorriso
irônico.

— Dói porque você não é minha. Dói porque poderíamos


ter sido bons juntos, mas você decidiu desistir de nós.

Não, não, não.

Sua voz estava áspera e dura, enquanto falava, suas


palavras cortando o ar e através de mim como uma espada
afiada. Ele me deixou sangrando no local, e seus olhos me
disseram que ele não se importava. — Então me poupe do
discurso e saia daqui.

Meu coração deu um pulo e sangrou, o órgão tão frágil que


não aguentou o ataque de suas palavras. Seu olhar sombrio foi
para minha garganta, e nós dois paramos de respirar por um
mero segundo.

Havia uma expressão ilegível em seu rosto. Um lampejo de


dor ecoou em seus olhos antes de desaparecer. Eu
choraminguei, quando ele enrolou um dedo em volta do meu
colar.

Nosso apanhador de sonhos.

Crack.
Meus olhos se arregalaram e engasguei com um suspiro.
Uma única lágrima escorreu pela minha bochecha quando ele
arrancou o colar do meu pescoço, segurando-o entre nós.

— Eu vou pegar isso de volta. — Disse Maddox, sua voz


bruta e aguda, atada com o coração suficientemente partido
para que os meus joelhos fraquejassem, e eu deslizei para o
chão.

Ele... pegou... meu colar. Arrancou-o direto do meu


pescoço... e...

Meus pulmões contraíram e um soluço ferido rasgou


minha garganta. Segurando nosso apanhador de sonhos na
palma da mão, ele se afastou.
CAPÍTULO DEZESSETE

Ódio é uma palavra forte. Mas eu odiava meu pai. Eu


odiava a minha mãe.

E a Lila? Eu a odiava tanto quanto a amava.

Isso me devorava, aquele sentimento que consome tudo.


Como pequenos insetos comendo minha carne, me cortando,
enquanto meu sangue derramava. Sem nenhuma porra de
misericórdia.

Eu me perguntava se algum dia pararia de me sentir


entorpecido. O álcool ajudava, na maioria das vezes. Mas
quando ficava sóbrio novamente, me sentia como merda. Então,
bebia de novo, e de novo. Até estar tão bêbado dia e noite.
Insensível a tudo, a todos, a cada merda de emoção dentro de
mim.

Exceto, que o gosto da traição permaneceu. Pesado e


amargo.

Lila fodeu com minha cabeça, e eu a deixei entrar, dei-lhe


o poder de fazer isso comigo. Transformou-me no Maddox de 17
anos que era amargo e enfurecido. Ela prometeu que estaria lá
quando eu precisasse dela. Mas ela não estava. E isso, essa
traição me cortou mais do que a decepção do meu pai ou a falta
de atenção da minha mãe.

Uma dor de cabeça forte me acordou e olhei ao redor do


quarto vazio. O relógio dizia que mais da metade do dia já havia
passado. Merda, dormi a manhã inteira. Minha cabeça doía; e
meu corpo também. Eu precisava de uma bebida, novamente.
Para esquecer, voltar a ficar entorpecido.

Houve uma comoção lá fora antes que a porta do quarto se


abrisse. Eu gemi, puxando um travesseiro sobre a cabeça. —
Cai fora, Colton.

— Não.

Meus músculos ficaram tensos e meu coração pulou.

Aquela voz teimosa.

Aquela voz bela e teimosa.

Droga. O que ela estava fazendo aqui?

As lembranças da noite passada voltaram para mim,


piscando atrás das minhas pálpebras fechadas como fotos
polaroides em preto e branco. Lila esteve aqui ontem à noite.

O beijo.
O maldito beijo que eu ainda podia provar nos meus
lábios.

O apanhador de sonhos.

As batidas em minhas têmporas pioraram.

— Levante-se. — Disse, em sua voz doce cantante. Uma


voz que me assombrava nos meus sonhos e na minha realidade.

Eu mantive o travesseiro sobre o rosto, me recusando a


olhar para ela. Ela era minha única fraqueza, e não podia me
dar ao luxo de olhar para ela e... sentir.

— E você pode ir a merda, Garcia.

Houve um pequeno rosnado, um rosnado de gatinho. —


Não me teste, Coulter.

Ah, então voltamos a ser Garcia e Coulter.

Lila ficou em silêncio por um minuto. Ouvi seus passos se


afastando e respirei. Ela estava indo embora? Já desistindo?
Meus ouvidos se animaram quando ouvi a água correndo do
banheiro. O quê...?

Segundos depois seus passos se aproximaram da minha


cama novamente. Não tive tempo de reagir antes de ser atingido
pelo inesperado.
Água fria congelante. Arfei, tirei o travesseiro do meu
rosto, apenas para ter mais água despejada sobre a minha
cabeça.

— Puta merda! — Sentei-me no colchão molhado e limpei a


água fria do meu peito e rosto. — O que há de errado com você?
Jesus Cristo, você é uma maldita vadia.

Lila deixou cair a jarra no chão, os olhos brilhando de


fúria. — Ouça-me, Coulter. Chame-me de vadia de novo e vou
fazer você comer essa palavra.

— Vadia. — Eu assobiei baixinho.

Seus olhos se estreitaram sobre mim e então ela sorriu.


Um sorriso doce que deveria ter me avisado o que estava por vir,
mas eu me apaixonei por isso. Apaixonei por aquele sorriso
lindo que me possuía.

Eu não vi isso chegando. E quando percebi era tarde


demais.

Lila marchou para o closet, vasculhou o interior


procurando alguma coisa. Trinta segundos depois, ela voltou
com um... taco de beisebol.

Wow. Wow. Espera, caralho.


Os seus olhos brilhavam com algo irreconhecível. Havia ali
raiva e frustração, e algo mais. Lila apareceu na minha janela,
levantou o bastão e…

Paft!

Meu coração pulou na garganta. Eu me arrastei para fora


da cama, olhando boquiaberto para a minha janela. Lila
levantou o bastão novamente e o chocou contra a janela em um
golpe duro, quebrando o que restava dela após seu primeiro
golpe.

— Eu não sou vadia de ninguém. Boa sorte dormindo sem


janela, Coulter.

Eu fiquei boquiaberto com Lila. Seu lado latino estava


obviamente aparecendo. Olhei para a janela quebrada e depois
para seu rosto sorridente, embora não houvesse nada acolhedor
em seu sorriso. — Você é uma psicopata.

Mas eu estava surpreso? Não, não estava. Lila Garcia pode


ser baixinha, mas era um dragão. Um dragãozinho vermelho
capaz de causar o maior dano.

Ela largou o bastão e me encarou, esperando. Meus olhos


correram sobre sua figura, aproveitando a sua visão tentadora.
Hoje, ela usava jeans azul desbotado, rasgados nos joelhos,
uma blusa preta de manga comprida enfiada na cintura e botas
pretas de combate. Seu cabelo estava em uma trança
bagunçada e sua garganta... estava vazia.

Sem colar. Nenhum apanhador de sonhos.

— Guarde seu pau, Maddox.

— Você está no meu quarto. — Respondi, mas ainda


peguei minha boxer do chão. — E se bem me lembro, você gosta
do meu pau. Algumas semanas atrás, você estava engasgando
com ele.

Lila estreitou os olhos no meu rosto; evitou olhar abaixo da


minha cintura, enquanto eu vestia minha boxer. — Você tem
que ser tão grosseiro?

Meus lábios se curvaram. — Esse é o meu charme, Garcia.

Fui até a mesa de cabeceira e agarrei o baseado que havia


deixado lá. O colar na superfície chamou minha atenção. O
olhar de Lila, como se ela pudesse ler minha mente, seguiu o
meu. A mão dela subiu para a garganta nua como se quisesse
pegar o apanhador de sonhos, mas não estava lá.

Acendi a ponta do baseado, rolando-os nos dedos antes de


dar uma longa tragada. Eu o segurei o máximo que pude antes
de expirar lentamente a fumaça.

Eu estendi para Lila. — Não seja tímida. Não é como se


não tivéssemos compartilhado um antes, docinho.
Ela cruzou os braços, os lábios afinando em uma linha
tensa. — O que você está fazendo, Maddox? Apenas olhe para si
mesmo.

Dei outra tragada, passando os dedos pelos cabelos. — Oh,


eu olho. Olho para o espelho e vejo o efeito de Lila Garcia.

Suas bochechas ficaram vermelhas e ela se aproximou de


mim até que ficamos a um simples sopro de distância. Seu peito
roçou no meu. — Eu não quero estar aqui, — ela assobiou na
minha cara. — Mas eu estou porque eu me importo...

Eu zombei, exalando uma nuvem de fumaça em seu rosto.


Ela piscou, o nariz enrugando.

— Acredite no que você quiser, Maddox, mas nossa


amizade não terminou com o nosso relacionamento.

— Você quer agir como um idiota, vá em frente. — Lila me


cutucou no peito, me empurrando para trás um passo. — Mas
estou aqui porque sei que você precisa da sua melhor amiga,
agora. Não uma namorada.

— Eu precisava de você antes. Eu não preciso de você


agora. — Eu gritei na cara dela.

Seu pescoço ficou vermelho e Lila olhou para mim com


olhos tão dolorosos... Porra.
Seus dedos circularam meu pulso e ela levantou minha
mão. O seu polegar roçou minhas juntas inchadas e
machucadas. — Você prometeu que nunca deixaria de ser meu
amigo, e eu jurei que, não importa o quê, não deixaríamos
nossas merdas atrapalhar nossa amizade. Eu não estou aqui
como sua ex. Estou aqui como sua amiga. Então, ou você toma
banho, se veste e toma café da manhã como uma pessoa
normal, ou eu o arrastarei. Entendeu?

Lila soltou minha mão e se afastou, apenas parando à


porta. Ela inclinou a cabeça para o lado, olhando para mim por
cima dos ombros. — E confie em mim, eu posso, e vou. Você
pode ser mais forte que eu, mas lembre-se, você me treinou em
como usar meu peso contra alguém mais pesado que eu.

Droga.

Uma hora depois, me vi enfiando o café da manhã na boca.


Colton bateu os dedos sobre a bancada, olhando para todos os
lugares, menos para o meu rosto. — Por que você a deixou
entrar? — Perguntei, com a boca cheia.
Colton pigarreou. — Eu não deixei. Tentei fechar a porta,
mas ela a abriu.

Deixei o garfo cair no meu prato. Ele estava brincando, ele


tinha que estar. — Você está me dizendo que não conseguiu
impedir uma mulher de quarenta e cinco quilos de entrar em
sua casa?

— Ela ameaçou meu pau, cara. — Sua voz baixou para um


sussurro. — Ela é uma verdadeira psicopata. Não é de admirar
que vocês dois combinem tão bem.

Foda-se isso. Enfiei outra garfada na boca.

— Sua mãe me ligou de novo. — Disse Colton, lentamente.

— A mesma merda?

— Seu pai está doente, Maddox.

— Sim. Então? Isso é provavelmente outro truque dele


para me envolver em seus negócios. Não que eu tenha planos de
assumir.

— Eu não acho que...

Eu mantive meu rosto em branco. — Se ele morrer,


obrigado, porra. Boa viagem. — Meu peito apertou mesmo
quando disse essas palavras. Uma dor da porra cortou através
de mim, e apertei minha mandíbula.
Colton estremeceu com a minha escolha de palavras. —
Você sabe que Lila não vai desistir até que você vá ver seu pai
no hospital.

Eu sabia disso, e para impedi-la de me incomodar


novamente ia brincar junto. Ir para o hospital, visitar meu pai,
ouvir o que eles têm a dizer e cair fora.

— Onde ela está?

Colton acenou com a cabeça em direção à porta. — Lá


fora.

— Vamos acabar com isso.


CAPÍTULO DEZOITO

Estacionei do lado de fora do hospital, mas não saí do


carro. — E agora? — Eu falei, tamborilando com os polegares
sobre o volante.

— Não posso forçar você a conversar com seus pais,


Maddox. Eu já fiz o que me propus a fazer.

— E o que é isso?

Os seus lábios se contraíram. — Tirar você da cama, tomar


um banho, tomar o café da manhã e parar de beber por
algumas horas. Missão cumprida.

— Você é tão va...

— Termine essa frase, eu te desafio. — Ela sorriu, quase


zombando.

— Valente.

Lila revirou os olhos. Deus, ela estava mexendo com a


minha cabeça. Com a gente assim, eu quase podia esquecer o
último mês. Isso me lembrou muito dos velhos tempos.
Eu quase podia esquecer que eu... seria pai... e que Lila
tinha me abandonado quando eu mais precisava dela. Mas eu
não esqueci. E o lembrete cortou através de mim com uma
lâmina enferrujada que adentrou minha ferida já dolorosa.

Saí do carro e bati a porta. Lila me seguiu para dentro do


hospital. Fui instantaneamente atingido pelo cheiro de doença e
morte. Fui ao balcão de atendimento e eles me redirecionaram
para onde Brad Coulter estava hospedado. Um quarto privativo,
no piso superior. Lila e eu subimos as escadas, e quando
entramos no corredor, minha mãe estava lá.

Encostada na parede, esperando. — Maddox. — Ela


respirou, no que parecia um alívio.

— Estou aqui. Agora, o quê? — Eu disse com uma voz


entediada.

Minha mãe se encolheu e depois fungou. — Seu pai quer


falar com você.

Lila tocou minhas costas e seu toque me queimou através


da minha camisa. Mesmo quando a sua mão caiu, eu ainda
podia senti-la na pele. — Eu vou esperar aqui.

Enfiei os punhos no bolso da calça jeans e segui em frente


no quarto privado do hospital. Meus pés pararam a porta e
parei com a visão que me saudava. Meu corpo inteiro congelou e
meu coração pulou na garganta. Merda. Droga.
Eu não sabia o que esperar quando entrei no hospital.
Inferno, eu não sabia o que pensar quando minha mãe me ligou
chorando ao telefone e me dizendo que meu pai estava no
hospital e doente.

Eu não pensei.

Eu não reagi.

Não até agora. Eu não sabia o que esperava, mas não era
isso.

Meu pai, parecendo magro e frágil em uma cama de


hospital que o fazia parecer ainda menor. Várias máquinas
apitando e apegadas a ele. O Brad Coulter que eu conhecia era
forte e confiante, com uma arrogância que combinava com a
minha. Ele estava sempre bem vestido, falava como se fosse o
dono da sala e de todo mundo nela, sempre de cabeça erguida.

Este não era Brad Coulter.

Eu não sabia o que fazer, o que dizer... então, fiquei


paralisado a porta e olhei para o homem que era meu pai. Um
estranho. Meus pulmões se fecharam, uma reação que eu não
esperava.

Eu não me importava, disse a mim mesmo. Mas a breve


dor no meu peito me disse que eu ainda era capaz de sentir
emoções pelo meu pai de merda.
Minha mãe agarrou minha mão, me chocando ainda mais,
enquanto me puxava para dentro do quarto. Ela soltou quando
estávamos ao lado da cama e se sentou na cadeira. Segurando a
mão do meu pai na sua, ela apertou e seus olhos se abriram.

Olheiras, escuras e fundas. Mal havia vida naqueles olhos


que costumavam ter tanto poder. Ele piscou para ela e depois
sorriu, tanto quanto podia. Foi uma pequena contração de seus
lábios.

Minha mãe devolveu o sorriso, um sorriso vacilante. — Ele


está aqui. — Ela sussurrou. — Ele veio te ver. Eu te disse que
ele viria, não disse?

Quem diabos eram essas pessoas, porra? Porque não eram


meus pais, pelo amor de Deus. Quando isto aconteceu... como
isto aconteceu?

Ele olhou para mim e seus lábios secos e rachados se


separaram como se quisessem falar, mas não havia palavras.
Sua garganta se moveu, mas meu pai, pela primeira vez, ficou
em silêncio.

Minha mãe engoliu em seco, emitindo um som sufocado no


fundo da garganta. — Ele se cansa com facilidade e não
consegue falar muito. — Ela pegou a jarra de água e derramou
um copo cheio antes de ajudar o marido a beber.
Esfreguei a mão no rosto e fechei os olhos. Isso não era...
real. Era um maldito pesadelo; tinha que ser.

— Quão doente você está? — Eu perguntei, entredentes.

— Câncer, — minha mãe respondeu, tão baixinho que


quase não ouço.

— Câncer? — Repeti. — Quando? Você estava saudável na


última vez que te vi.

— Ele não estava, mas não queria que ninguém o visse.

— Quando? — Eu rosnei.

— Descobrimos há cerca de quatro meses. — Ela disse,


olhando para longe de mim. Quatro meses. Quatro malditos
meses e eles estavam me dizendo agora.

— Vocês não achavam que eu merecia saber antes? —


Minha mãe estremeceu e teve a audácia de parecer
envergonhada. Lancei a Brad Coulter um olhar. — Por que
agora? Por que me contar agora?

— Porque... — Ele começou, apenas para acabar tossindo.


Minha mãe deu um pulo e o ajudou a levantar a cabeça do
travesseiro. Ele tossiu e tossiu, o som seco sacudindo de seu
peito e ecoando pelos meus ouvidos. Ao ver sangue escorrendo
por seus lábios, minhas mãos começaram a tremer.
Meus punhos cerraram, e tive que desviar o olhar. Este
homem não era meu pai.

Depois de um momento, o ataque de tosse cessou e


comecei a andar pelo quarto do hospital. — Termine sua frase.
— Exigi. Frio, sim. Mas eu não sabia mais como reagir, como
falar com eles.

— Porque... eu quero... consertar... isso... quero uma...


chance.

— Então você não morre com a culpa de que foi um pai de


merda?

— Maddox! — Minha mãe sibilou. Eu me virei e nivelei seu


olhar com o meu.

— O quê? A verdade não é algo que você quer ouvir?

— Eu mereço isso. — Meu pai admitiu cansado.

Foda-se isso. — Estou fora daqui.

Antes de chegar à porta, a voz da minha mãe me parou. —


Eu quero te contar uma história.

— Eu não estou aqui para contar contos de fadas, mãe. —


Eu fervi.

— Nada nesta história é um conto de fadas, Maddox.


Se você me perguntasse por que eu não saí, por que fiquei
a porta e a ouvi, eu não saberia responder. Eu simplesmente
não sabia. Talvez fosse algo em sua voz. A dor, a tristeza, a
culpa. Talvez porque tudo isso pareceu tão real para os meus
ouvidos. Eu senti coisas que não deveria ter sentido.

Virando-me para encará-los, me encostei na porta e cruzei


os braços sobre o peito. — Fale.

Uma palavra. Era tudo o que ela precisava.

Ela agarrou a mão do meu pai, seus olhos vidrados. —


Quando conheci seu pai, ele não tinha comida para comer.

Que... que porra é essa?

Ela continuou falando antes que eu pudesse dizer


qualquer coisa, como se estivesse com medo que perderia a
coragem que tinha para falar. — Lembro-me daquele dia tão
claramente. Nós éramos vizinhos e ele veio bater a minha porta.
Ele perguntou aos meus pais se ele poderia ter um prato de
comida ou até um pedaço de pão para alimentar seu irmão mais
novo.

Irmão mais novo? Meu pai tem um irmão? Eu tenho um


tio? Como diabos eu não soube disso? Minha mente girou e
pisquei várias vezes.

— Você vê, nós viemos de um bairro de merda. Das


favelas. Você poderia descrevê-lo facilmente como uma parte da
favela da cidade de Nova York. Mal tínhamos eletricidade ou
água quente porque não podíamos pagar por isso. Comíamos
enlatados que podíamos obter da igreja da comunidade ou dos
bancos de alimentos. Naquela noite, minha família mal tinha
comida para se alimentar. Minha mãe mandou Brad embora.
Depois que meus pais foram dormir, saí furtivamente do meu
quarto e fui até a sua casa. Levei duas fatias de pão para ele.
Ele desmoronou e chorou. Ele tinha quatorze anos e eu onze.
Ele rapidamente alimentou o irmão e teve apenas duas
mordidas. Descobri que eles não comiam nada há dois dias
inteiros.

Minha mãe parou, enquanto eu afundava no chão, minhas


pernas subitamente se sentindo fracas. Eu queria chamá-la de
mentirosa, mas podia ouvir a verdade em suas palavras, a
crueza em sua voz. Era verdade. Meus pais eram pobres... e eu
nunca soube. Eles nunca me disseram nada sobre o passado ou
a infância deles. Nós nunca... conversamos.

Eu sentei no chão e olhei para os meus pais, finalmente


percebendo que eles eram realmente estranhos para mim.

Minha mãe fez um som sufocado. — Durante quatro anos


escondi comida para ele. Nós dois éramos pobres, mas eu tinha
pais que ainda estavam tentando conseguir comida a nossa
mesa. Brad não. Sua mãe era viciada em drogas e alcoólatra. O
pouco dinheiro que Brad economizava trabalhando meio período
na igreja, sua mãe roubava para drogas. Quando ele tinha
dezoito anos, saiu de casa com o irmãozinho.

— Éramos sem teto. — Meu pai interrompeu com um


sussurro, sua voz embargada. — Durante meses moramos nas
ruas, embaixo de uma ponte com outras pessoas sem-teto. Nós
estávamos... morrendo de fome. Eu estava... desesperado. Eu
roubei a carteira de um homem... e fui... pego. Fui jogado na
cadeia por uma noite. Choveu naquela noite. Meu irmão...
estava... sozinho debaixo da ponte. Ele andou na chuva por
horas, procurando por mim.

Ele respirou fundo e parou com uma tosse. Fiquei feliz por
estar sentado quando minha mãe continuou. — O irmão do seu
pai... seu tio... ele pegou pneumonia.

— Ele não... sobreviveu. — Sussurrei, já sabendo para


onde isso estava indo. Se eu tinha um tio e meu pai nunca
falava dele, isso significava apenas uma coisa.

Ela assentiu. — Eu costumava fugir de casa para


encontrar seu pai. Você vê, nós tínhamos um sonho. Queríamos
um futuro juntos. Trabalhamos nos empregos mais baratos que
conseguimos. Eu de garçonete. E Brad em uma oficina
mecânica. Aos vinte anos, ele finalmente terminou seu diploma
do ensino médio. Então, veio a universidade. Mal podíamos
arcar com isso. — Minha mãe parou, fungando. — Aqueles dias
foram os mais difíceis, mas valeram a pena.
Sua cabeça caiu em suas mãos e ela chorou. —
Savannah... — Eu o ouvi sussurrar. Meu pai continuou em sua
voz fraca. — Conseguimos finalmente comprar um apartamento,
o mais barato que podíamos... pagar, mas era nosso. A vida...
ficou... melhor. Não éramos mais desabrigados ou famintos. Eu
consegui um emprego, um que pagava o aluguel e colocava
comida suficiente na mesa. Vivíamos de salário em salário, mas
estava tudo bem. A vida... era boa. Quando sua mãe descobriu
que estava grávida de você...

— Esse foi o dia mais feliz de nossas vidas, Maddox. —


Minha mãe choramingou. — O mais feliz. Verdadeiramente, o
mais feliz. O melhor dia.

Eu queria chamá-la de mentirosa. Toda a minha vida eles


me fizeram sentir indesejado. Eu tinha sido um erro... ainda
assim, aqui estavam eles, me dizendo que eu era amado antes
mesmo de nascer.

Besteira.

Mas fiquei em silêncio e ouvi. Porque era tudo que eu


podia fazer. Eu estava preso neste momento, suas vozes
ecoando nos meus ouvidos, o passado deles piscando na frente
dos meus olhos. Eu estava... entorpecido e estava... sentindo
tanto.
— Por seis anos tivemos tudo o que queríamos. Claro, não
éramos ricos. Nós ainda lutamos. Mas o que quer que tínhamos,
era o suficiente. Então, a vida... ela... nos derrubou... de novo.

— O quê? — Minha voz se aprofundou, uma bola de


emoções se estabelecendo na base da minha garganta. — O que
aconteceu?

— Você tinha cinco anos quando fui diagnosticado com


câncer de cólon. — Disse meu pai.

Cobri minha boca e depois esfreguei a palma da mão no


rosto. Porra. Não. Isso não é... isso não poderia ser real.

— Estou fora daqui. — Rosnei, levantando-me.

— Por favor... — Ela sussurrou, tão quebrada, eu...


apenas... não podia ir embora.

— O câncer de cólon é um dos mais fáceis de detectar, e


desde que o descobrimos no estágio inicial, era curável, — meu
pai ofereceu. — Mas aquilo foi um verdadeiro teste para nós,
filho.

Ele tossiu no punho uma vez e depois esfregou o peito


como se isso o machucasse. A expressão de seu rosto era de
tristeza. E vergonha. — Foi então que percebi que, se alguma
coisa acontecesse comigo... eu deixaria esposa e filho sem
nenhuma economia. Uma hipoteca, empréstimos estudantis e
nada mais. Sua mãe, nunca terminou o ensino médio. Ela
trabalhou para me colocar na universidade. Ela trabalhou para
que eu pudesse me formar, e se eu morresse... sua mãe e você
não teriam mais nada.

— Quando deixamos as favelas para trás... prometemos


nunca mais voltar — minha mãe interrompeu. — Nunca mais
voltaríamos a ser tão pobres.

Brad Coulter fechou os olhos com um suspiro pesado. —


Fiquei obcecado, Maddox. Tão... obcecado... porra.

— Brad se manteve dizendo que queria o melhor para nós.


E então, ele trabalhou. Ele nunca parou de trabalhar. Nunca
parou para respirar fundo. E ele chegou ao topo. — Ela respirou
fundo. — Ele passou de balconista de escritório, para advogado,
sócio sênior, parceiro de negócios, sócio de advocacia,
proprietário da empresa... continuou subindo a escada... como
um homem obcecado.

Estremeci, sentindo muito calor e depois muito frio. Minha


pele queimava, minha cabeça doía, meu peito... caramba, estava
sendo esculpido. Essa merda não doeu. Isso me matou.

Meu pai... ele abriu os olhos e havia lágrimas neles.


Lágrimas de verdade. Lágrimas que nunca vi antes. — Os anos
passaram e eu não percebi. Anos se passaram e fui de um
homem que vivia de salário em salário, para um homem que
poderia ter tudo o que quisesse com um estalar de dedos. Eu
tinha tudo, mas era tarde demais quando percebi que
perseguindo a segurança financeira, ficando obcecado em ser
rico, esqueci... de você. Mesmo assim, você foi a razão de eu ter
feito tudo o que fiz.

— Eu deveria ter pena de você? — Eu finalmente rosnei,


cortando a pequena história deles. — Eu deveria me sentir mal?

Os dois se encolheram com minhas palavras cruéis. Sim,


bom. Foda-se isso. Foda-se eles.

— Enquanto o papai querido estava atrás de riquezas, o


que você estava fazendo, mãe? — Eu cuspi, me virando para
Savannah Coulter. — Perseguindo seu marido?

Ela teve a audácia de parecer envergonhada. — Eu temia


perdê-lo. Depois de sua experiência com o câncer... foi a única
coisa que me assombrou. Eu não podia... eu não sabia como
lidar.

— Essa desculpa faz você dormir melhor à noite?

— Não. — Ela balançou a cabeça. — Não faz.

— Você se arrepende? — Eu assobiei, a raiva agitando na


boca do meu estômago. — Se você pudesse voltar e mudar as
coisas, você faria?

As bochechas tensas da minha mãe coraram ainda mais, e


ela desviou o olhar, mas não antes que eu visse o flash de dor e
culpa em seu rosto. — Se eu pudesse... teria mudado como as
coisas eram. Eu era uma boa esposa, mas não pude ser uma
boa mãe.

Então, agora, ela se importava. Mas, um pouco tarde


demais. Levantei e me endireitei. — Vocês terminaram?

Silêncio. Ambos pareciam ter envelhecido dez anos desde a


última vez que os vi. Cansados. Frágeis. Fracos.

A história deles explicava o passado, mas não era


suficiente. Eu ainda não entendia muitas coisas. Nada disso
fazia sentido na minha cabeça, e o quarto do hospital balançava
para frente e para trás na minha frente.

— É tarde demais. — Eu disse em voz alta, as palavras


eram mais para mim do que para eles.

Era tarde demais... Dezoito anos tarde demais.

Não havia como consertar isso.


CAPÍTULO DEZENOVE

Saí, fechando a porta atrás de mim. Meu olhar foi


imediatamente para Lila. Ela estava caída em uma cadeira com
a cabeça nas mãos. Ela deve ter me ouvido se aproximando
porque sua cabeça levantou e ela se endireitou.

— Você está bem? — Sussurrou; os olhos arregalados.


Assustada. Preocupada.

— Ele está... doente. Câncer. — No momento em que disse


essas palavras, meus joelhos enfraqueceram e afundei na
cadeira ao seu lado. De repente, parecia... real.

Isso não era um pesadelo.

Isso era real.

Meu pai tinha câncer... tem câncer. Merda. Merda.


MERDA! Senti os nervos das pálpebras pularem, minha veia
pulsava na garganta, latejando. Eu me sinto doente. O gosto
amargo da bile chegou à minha boca. Deus, eu ia vomitar.

— Maddox.
A sua voz.

O meu nome.

Sua doce, e suave voz.

— Respire pelo nariz, baby. — Ela sussurrou, passando a


mão no meu braço. Fechei os olhos com força e fiz como ela
disse. Respirei pelo nariz, como Lila me ensinou. Como o
terapeuta lhe ensinara.

Uma vez que meus pulmões pararam de sentir que


estavam sendo esmagados sob uma pilha de pedras, abri meus
olhos e olhei para os castanhos de Lila. Lila Garcia era a
âncora; eu era o maldito oceano inteiro.

— Você está pensando sobre isso, não é? — Ela questionou


suavemente.

— Pensando sobre o quê?

— Como seria se seu pai estivesse morto? Você está se


perguntando por que se importa e por que seu peito está
doendo. — Ela balançou a cabeça para onde eu estava
esfregando meu peito, fazendo isso inconscientemente até que
ela apontou. Lila me conhecia muito bem. Ela me conhecia
melhor do que eu mesmo. Para ela, eu era um livro aberto.
Deixei minha mão cair na minha coxa.

— Você sabe do que mais me arrependo do meu acidente?


Eu não respondi. Ela pegou minha mão na dela e deslizou
os dedos entre os meus, apertando. — Eu nunca tive a chance
de contar aos meus pais o quanto eu os amava. Nosso último
momento foi brigando... e eu os chamando de pais ruins. Isso é
o que mais dói, Maddox. Se eu pudesse voltar no tempo, gritaria
o quanto os amo. Se eu pudesse voltar no tempo, imploraria
para passar mais um segundo com eles. Só para ver seus
rostos, ver seus sorrisos e ouvir suas vozes.

— Não é sua culpa. O acidente. — Murmurei, olhando para


nossas mãos entrelaçadas. A dela, pequena e pálida, na minha
mão muito maior e mais áspera. Nós éramos perfeitos juntos.
Tínhamos sido perfeitos juntos... até que não éramos mais.

— Eu sei. Mas ainda sinto culpa por nossa discussão e por


nossos últimos momentos juntos.

Eu fiz uma careta e olhei para o rosto dela. — Meu


relacionamento com meus pais não é o mesmo que o seu, Lila.
É uma situação diferente.

— Eu sei, Maddox. Mas confie em mim quando eu lhe


digo... você odeia tanto seu pai, mas no fundo, você só quer ser
amado por ele. Daqui a dez anos, você vai se perguntar... E se?
E se eu desse uma chance aos meus pais? E se... eu tivesse
passado aqueles últimos momentos com ele? E se, Maddox?
Esses últimos momentos não apagam vinte ou mais anos de um
relacionamento ruim, mas pode ser o começo de algo melhor.
Quem sabe? Quem diabos sabe... mas e se?

Ela esfregou o polegar sobre meus dedos. Fiquei paralisado


pelo movimento, o deslizar suave das pontas dos dedos. — Eu
vivo constantemente em arrependimento e culpa, Maddox. Eu
sei como é. Esse fardo sobre os ombros, a dor, nada físico, mas
às vezes, essa dor no coração é a pior. Eu não quero isso para
você. Um de nós vivendo isso é suficiente. Você merece mais. —
Disse ela, abrindo meu peito e apertando meu coração
sangrento com as próprias mãos.

Lila estendeu a mão e tocou o lado do meu rosto,


segurando minha bochecha. — Você é digno de amor, Maddox
Coulter. E você merece tudo o que deseja.

Eu quero você.

Tudo que sempre quis foi ela. Ela era tudo que eu
precisava.

Ainda…

Uma garganta limpou atrás de mim, e me afastei de Lila


como se alguém tivesse puxado minhas cordas e eu fosse uma
marionete. Olhei para o intruso e encontrei um homem alto, de
cabelos grisalhos e vestindo um jaleco branco. Um médico. Deve
ser o do meu pai porque ele estava olhando para mim com uma
familiaridade à qual eu não correspondia.
— Maddox Coulter? — Perguntou com uma sobrancelha
levantada. Eu me levantei.

— Sim. Você é?

— Dr. Fitzpatrick. Devin Fitzpatrick. Um velho amigo de


seu pai e do seu médico.

— Ele está morrendo? — Eu perguntei antes que pudesse


engolir as palavras. Minha voz falhou, mostrando o primeiro
sinal de emoção desde que entrei no hospital.

Devin Fitzpatrick me deu um olhar de pena, e odiei isso.


Ele acenou com a cabeça lentamente. — Seu pai tem um
histórico de pólipos e doença de Crohn13. O câncer de cólon é o
segundo câncer mais mortal. E desta vez, não conseguimos
detectá-lo em um estágio inicial como antes. Os tecidos do
câncer se espalharam. Os pequenos tumores percorreram todo
o seu intestino, e as células cancerígenas continuam se
desenvolvendo e crescendo a uma velocidade quase impossível
para acompanharmos, por isso está se espalhando mais
rapidamente. Seu pai travou uma longa batalha. Ele não tem
muito tempo, Maddox. Eu sugiro que você gaste seus últimos
momentos com ele.

Eu senti Lila se aproximando atrás de mim, seu calor


queimando em mim. Ela colocou a mão na minha parte inferior

13 É uma doença inflamatória intestinal (DII).


das costas, um simples toque, como se quisesse me lembrar que
ela estava aqui. — Quanto tempo?

— Dois meses, no máximo. Ele recusou qualquer forma de


ajuda médica. Seu pai quer que seus últimos dias sejam em
paz. — Sua voz baixou; sua expressão doía. — Sem toda dor
constante, quimioterapia, medicamentos e cirurgias. Ele passou
por isso uma vez. Ele sabe o quão ruim pode ficar.

— Então, você está dizendo... que ele está apenas


esperando sua morte. Sem sequer lutar ou tentar sobreviver?

— É inevitável. — Disse ele gentilmente, como se quisesse


acalmar um animal ferido. — Nesse ponto, mesmo se fizermos
quimioterapia, isso só prolongará sua vida útil em alguns
meses. No máximo, apenas um ano. Mas ele vai sofrer ainda
mais.

Eu balancei minha cabeça. — Brad Coulter nunca desiste.

Ele deu um sorriso amargo. — Todos os homens têm um


ponto de ruptura. Não somos tão invencíveis quanto gostamos
de acreditar.

Devin apertou meu ombro como se quisesse me confortar.


— Eu sinto muito.

Ele se afastou e fiquei com suas palavras e pêsames


vazios.
Meus dedos deslizaram pelos meus cabelos e puxei os fios,
sentindo a queimadura no meu couro cabeludo. O mundo ficou
turvo e o hospital girou.

PORRA.

Joguei água fria no meu rosto e... respirei.

Meu reflexo no espelho me lembrou duma flor murcha.

Cansada. Assustada. Perdida.

Eu odiava hospitais. Detestava isso com todas as fibras do


meu ser. Isso me lembrou muito do passado. E eu estava presa
em um círculo contínuo. Ter que reviver meu passado e me
forçar a manter o foco em Maddox.

Fechei os olhos e pensei no que o médico disse. Brad


Coulter estava morrendo e não havia nada que pudéssemos
fazer.
Não importava o quanto Maddox odiava seu pai... vi nos
seus olhos. Ele se importava. Ele estava preocupado. Ele...
sentia.

Era uma maneira estranha de conectar todos os pontos.


Quem pensaria que o grande e poderoso Brad Coulter um dia
cairia tanto? Ele tinha sido um deus entre nós mortais, e agora,
ele estava... morrendo. Isso era uma ironia do destino.

Fechei a torneira e me encostei na pia, esfregando a mão


no rosto molhado. A porta bateu atrás de mim e pulei, girando
ao redor para ver Maddox entrando. Ele a fechou atrás de mim.
— Você está no banheiro das garo...

Minha boca se fechou quando vi a expressão em seu rosto.


Seus olhos furiosos. Dolorosos. Assustados. Necessitados.
Vulneráveis. Famintos.

Tanta dor crua.

— Maddox. — Eu respirei, sentindo meu coração inchar no


peito.

Ao som do seu nome, ele correu para frente e bateu em


mim. Meus quadris bateram contra a pia e gritei, apenas para
que sua boca capturasse a minha.

Ele me beijou brutalmente. Tão carente. Tão ganancioso.


Um beijo cruel e profundo. Frenético e agonizante. — Eu
preciso de você. — Disse as palavras na minha boca, forçando
sua língua para dentro.

Ele foi tão cruel em seu ato que esqueci de respirar por um
segundo. Maddox segurou meu rosto com uma mão, apertando
minhas bochechas. Engoli em seco em sua boca e sua língua
varreu a minha, me forçando a aceitar seu doce e cruel beijo.

Coloquei meus braços em volta de sua cabeça, meus dedos


mergulhando em seus cabelos loiros encaracolados. Seu beijo
nunca parou quando me levantou, me colocando na superfície
da pia. Ele separou minhas pernas e se forçou no meio, onde ele
pertencia.

Eu aprofundei o beijo, tão louca quanto Maddox. Ele me


intoxicou. Perdi todos os pensamentos de tempo e lugar.

Fogo queimou sob minha carne. Meu estômago apertou.

Maddox gemeu nos meus lábios e seus quadris


empurraram contra os meus. Ele xingou e interrompeu o beijo,
seu punho enrolando em meu cabelo para puxar minha cabeça
para trás antes de atacar minha garganta. Ele mordeu minha
pele e sugou a dor.

Ele me machucou.

Ele me acalmou.
A palma da mão segurou meu peito, apertando os montes
pesado. Havia uma profusão de emoções se formando dentro de
mim. Tão alto, tão insano, tão imprudente.

Eu gritei, enquanto seus dentes afundavam mais na


minha garganta. Isso doeu. Ele beijou a dor, sussurrando
contra a minha pele. — Lila. Lila. Lila. Lila.

Oh Deus, doía de um jeito tão bom.

Minhas unhas cravaram com força em seu couro cabeludo


e ele grunhiu, um som áspero que fez meu núcleo se aquecer.

O som distante da maçaneta girando me tirou dessa


loucura. Meus olhos se abriram e vi a porta do banheiro se
abrindo. Eu ofeguei, empurrando Maddox para longe e tragando
ar.

Ele tropeçou para trás, os olhos arregalados e vidrados.


Tão azul... profundo como o oceano. Queimando com tanta
necessidade. Uma luxúria tão ardente que me assustou.

Pulei do balcão e levei uma mão trêmula aos lábios. Duas


mulheres idosas se juntaram a nós no banheiro e Maddox
passou por elas, indo embora sem uma palavra, sem outro
olhar.

Minha pele formigava com o resultado de nossos beijos,


assim como a frieza se infiltrava em meus poros. As duas
mulheres me deram um olhar conhecedor, mas rapidamente
desviei o olhar e saí do banheiro.

Maddox estava andando pelo corredor. Ele não encontrou


meus olhos quando me acomodei na cadeira, torcendo minhas
mãos no meu colo. Isso... teria me destruído.

Esse beijo, se tivesse ido mais longe, teria me matado.

Eu não era forte o suficiente para parar Maddox porque eu


era tão gananciosa por ele, como ele era por mim. Essa paixão
era perigosa demais para ser testada, para se brincar.

Não havia como balançar essa tentação diante de nós


mesmos e não estalarmos. Não éramos fortes o suficiente para
resistir. Em um único batimento cardíaco estaríamos devorando
um ao outro.

Horas depois, ainda não havia me movido da cadeira.


Maddox e eu não tínhamos falado uma palavra um ao outro. No
entanto, estávamos ambos conscientes da atenção e
proximidade do outro.

Savannah saiu da sala parecendo completamente exausta.


— Devo pedir o jantar? Vocês dois devem estar com fome.

Engoli o nó na garganta. Doeu. Deus, doeu tanto.


Tremendo, levantei-me e evitei olhar para Maddox. — Eu
deveria sair. Está tarde…
Savannah me deu um pequeno sorriso e murmurou,
obrigada.

Ela voltou para dentro, mas deixou a porta aberta desta


vez. Para Maddox. Um convite silencioso. O fundo dos meus
olhos ardia. Estava na hora de ir embora. Eu dei um passo para
longe, meu coração caindo aos meus pés, enquanto saia.

A mão de Maddox levantou e apertou meu pulso. Nossos


olhos se encontraram. Houve um silêncio de partir o coração
entre nós, como se ele pudesse dizer o que eu estava pensando.
Ele me implorou com os olhos pensando. Ele me implorou com
os olhos. Eu supliquei para ele, silenciosamente. O amor era tão
tolo.

— Fique. — Ele respirou.

— Eu não posso. — Eu sussurrei.

Este momento durou tanto tempo.

Durou uma vida.

Este momento foi o começo, o meio e o fim do nosso amor.

Foi a primeira frase, o parágrafo, a página da nossa


história incompleta.

O azul em seus olhos escureceu e eu memorizei cada


mancha neles. Olhos nos quais eu poderia me afogar, e
imagino... que fiz.
Olhos azuis que foram a primeira coisa que notei quando
esbarrei nele naquela cafeteria, quase cinco anos atrás. Foram
seus... olhos. Sempre.

Um segundo.

Maddox soltou.

Eu me afastei.
CAPÍTULO VINTE

Riley guardou o livro quando entrei em nosso apartamento


e me deu um olhar esperançoso. Deve ter sido a expressão no
meu rosto ou as marcas manchadas de lágrimas nas minhas
bochechas, mas Riley, sem palavras, abriu os braços para mim.

Eu afundei em seu abraço e sufoquei um soluço que


ameaçava escapar. — Deus, é tão difícil. Afastar-me dele dói, e
toda vez que faço isso, corta outro pedaço do meu coração.

Ela esfregou meus braços suavemente. — Por que você foi


embora desta vez?

— Eu pensei que poderíamos ser apenas amigos


novamente. — Minha voz revelou minha dor e estremeci,
segurando outro grito. — Eu até me dei uma pequena conversa
animada. Eu disse que não iria me apaixonar por seus
encantos, não iria sucumbir aos seus toques. Mas no momento
em que ele me beijou, esqueci tudo e o beijei de volta.

Limpei as lágrimas e levantei minha cabeça encarando o


rosto de Riley. Suas sobrancelhas estavam comprimidas e ela
me deu um olhar simpático. — Quase transamos no banheiro
do hospital, Riley. Se essas duas mulheres não nos flagrassem
ele teria me fodido contra aquela pia, enquanto seu pai morria a
alguns metros de distância.

— Bem, merda.

— Exatamente. — Eu resmunguei, lamentavelmente. —


Maddox e eu não podemos mais ser amigos. Não quando não
podemos tirar as mãos um do outro. Especialmente quando ele
precisa de mim fisicamente. Veja, Maddox não se dá bem com
apoio emocional. Não é assim que o cérebro dele funciona. Ele
sente através de toques e sexo. Sexo com ódio. Sexo zangado.
Sexo vingativo. É assim que ele lida com suas emoções. Eu...
não posso... fazer... isso.

— Ele precisa de você agora, Lila.

— Eu sei. Mas não posso ser sua amiga de manhã e depois


fazer sexo terapêutico à noite. Isso é tóxico, Riley, e não
podemos voltar a ter um relacionamento...

Riley foi rápida em entender minhas palavras. — Por que


não?

— Tenho meus motivos. — Razões dolorosas. Mas eu


estava fazendo isso por Maddox. Eu não fui embora para me
proteger. Fui embora por Maddox. — Maddox precisa de um
alerta, mesmo entre todas as coisas de merda que estão
acontecendo, eu não posso estar lá para ele o tempo todo. Não
podemos ser tão dependentes um do outro. Isso não é um
relacionamento saudável. Há algumas coisas com as quais
temos que lidar por conta própria.

— E você acha que este é o momento certo para testar


isso? Lila, o seu pai está morrendo!

Eu me acomodei ao lado de Riley, me retirando do seu


abraço. — Você acha que estou sendo uma vadia sem
consideração.

Ela me deu um aceno agudo. — Sim.

Houve uma pontada, uma dor no meu peito. — Putz,


obrigada, você é tão honesta.

— Eu sou quando acho que você merece. Mas acho que há


outra coisa na sua cabeça que você não está me dizendo. — Os
olhos de Riley endureceram e seus lábios se estreitaram. — O
que aconteceu no dia que você descobriu que Bianca estava
grávida?

— Eu deixei Maddox. — Eu resmunguei.

— O que aconteceu antes de você o deixar? — Eu vi o


olhar em seus olhos...

— Estou cansada. Foi um dia longo e preciso dormir um


pouco.
Riley soltou um suspiro profundo e exausto e jogou os
braços no ar, eu desisto.

Ela estava deixando isso por enquanto, mas eu sabia que


não poderia fugir dessa conversa por muito tempo.

Uma semana depois

A campainha tocou atrás de mim, enquanto limpava a


última mesa. Eu olhei por cima do ombro, gritando para o
cliente atrasado. — Estamos fechados!

A placa dizia claramente que estávamos fechados. Por que


as pessoas ainda entravam? Eu nunca entendi isso. Pelo menos
duas vezes por semana tínhamos clientes após o fechamento
que nos implorava para atendê-los.

— Oi, Lila.

Minhas costas tencionaram imediatamente ao som da sua


voz. Fechei os olhos e respirei fundo. Bianca era a última
pessoa que queria ver após a semana de merda que tive.
É difícil ver sua alma gêmea se afastar. Mas é ainda mais
difícil quando você se afasta. Eu nunca achei que deixar
Maddox seria fácil, mas definitivamente não pensei que iria
sofrer tanto assim. Nosso relacionamento nunca foi só flores.
Eram lindas rosas com espinhos afiados e feios. Sim, esse era o
efeito colateral de me apaixonar pelo meu melhor amigo.

A última semana foi pura agonia. Maddox estava sempre


em minha mente. Eu me preocupava incansavelmente com ele.
Todos os dias, cerca de vinte vezes, eu quase desistia. O desejo
de voltar para ele era forte.

Às vezes, eu ligava para ele tarde da noite, quando sabia


que estava dormindo e não atenderia o telefone. Eu colocava
meu identificador de chamadas no privado e deixava a ligação ir
para o correio de voz. Só para ouvir sua voz profunda e de
barítono.

Eu fiz isso uma vez. Eu fiz duas vezes. E então se tornou


um hábito. Eu não conseguia dormir sem ouvir sua voz.

Essa necessidade obsessiva de Maddox crescia a cada dia.


Como eu poderia dizer adeus a ele quando meu coração ainda
estava tentando desesperadamente agarrá-lo?

Enfrentei Bianca, e no momento em que meus olhos


caíram nela, senti uma pontada aguda no peito. Droga, isso dói.
Sua barriga estava inchada e maior do que a última vez que a
vi. Eu conseguia até ver a ondulação sobre seu suéter folgado.
Ela segurou sua barriga de grávida e tentei não vacilar. Este era
o lembrete que não queria. Maddox seria... pai. Mas não o pai
dos meus filhos.

O calor subiu para o meu rosto e meu coração falhou uma


batida em meu peito. A primeira onda que me atingiu foi a
raiva, então, a inveja, ressentimento, e finalmente, ânsia. Uma
onda de emoções se formou dentro de mim, ameaçando
transbordar. Pela primeira vez desde que descobri que Bianca
estava grávida do filho de Maddox, senti uma sensação
avassaladora de... ciúmes.

Cruzei os braços sobre o peito. Como se fosse proteger


meu coração contra a sua presença e de suas palavras. A
última coisa que queria fazer hoje à noite era conversar com a
mamãe do bebê do meu ex.

— Eu não esperava que você me procurasse por conta


própria. — Eu disse com um sorriso amargo no rosto. Parecia
que não conseguia controlar minhas emoções ultimamente.

— Sinto muito. — Ela falou, parecendo bastante


perturbada.

Eu levantei uma sobrancelha. — Você está com medo de


mim, Bianca?

Ela engoliu em seco e olhou ao redor do restaurante vazio,


nervosa. Éramos apenas nós duas na área de jantar. Os outros
dois funcionários estavam na parte de trás, fazendo a limpeza
da noite.

— Não. Sim. Talvez. Você é um pouco intimidante. Às


vezes. Especialmente agora.

— Apenas diga o que você tem a dizer. Eu não tenho tempo


para joguinhos. E por favor, não me dê o olhar sou inocente.
Guarde para alguém que caia nisso.

Bianca começou a esfregar o estômago inchado como se


quisesse acalmar o bebê. Eu tive que me lembrar que ela estava
grávida, e tive que controlar meu lado psicótico.

— Eu não queria ficar entre você e Maddox. Essa não era


minha intenção. — Ela murmurou, mordendo os lábios.

Mas ela fez. Exceto, que eu não poderia realmente culpá-


la. Revirei os olhos, parecendo indiferente. Mas cada célula
dentro de mim estava furiosa, machucada, quebrada. — Por que
você não contou a Maddox quando descobriu que estava
grávida? Por que esperar até os seis meses?

— Eu estava... preocupada e assustada. Eu não sabia...

— Mas você tinha que dizer a ele no momento em que


nosso relacionamento se tornou público. — Alfinetei.
— Não. — Ela gaguejou. Que mentirosa do caralho. — Eu
falei com Maddox. Eu disse a ele que vocês não tinham que
terminar. Nós podemos fazer isso funcionar...

Eu levantei minha mão, interrompendo suas palavras. —


Eu não preciso que você fale com Maddox por mim. Maddox e
eu somos amigos há muito mais tempo do que você o conhece.
Eu o conheço melhor do que ninguém e ele me conhece melhor
do que a si próprio. Se quisermos resolver isso, nós iremos. Não
precisamos que você seja a mediadora.

Bianca assentiu, parecendo com lágrimas nos olhos.

— Algo mais?

Seu olhar passou rapidamente pela minha cabeça e evitou


olhar para o meu rosto. Ela mordeu o lábio, antes de sussurrar:
— Maddox e seus pais estão voltando para Manhattan. Brad
quer estar no conforto de sua própria casa.

O quê…? Oh, meu Deus.

Eu tropecei contra a mesa, meus joelhos ficando fracos.


Ele estava de partida. Maddox estava de partida, e eu não
sabia...

Meus lábios se separaram com um grito silencioso e meus


punhos cerraram.
Bianca colocou o último prego no caixão quando confessou
seu próximo segredo. — Ele me pediu para ir com ele. Disse...
que queria estar presente durante o resto da minha gravidez e
quando eu der à luz.

— E quanto aos... seus testes?

— Ele desistiu pelo resto do ano acadêmico.

Minhas emoções me estrangularam, e arames farpados se


contorceram em meus pulmões. Eu não conseguia... respirar.
Oh Deus. Isso era um inferno. Inferno puro e absoluto.

Como... como chegou a isto? Oh, certo. Eu o deixei.

E agora ele estava de partida, indo para longe e fora do


meu alcance. Meus pulmões cederam, meu estômago caiu... e
as borboletas? Elas simplesmente morreram. O vazio deixou
uma dor oca dentro de mim. O silêncio que veio com as
consequências; ele era mais alto que qualquer som. Engoli um
grito e me afastei de Bianca.

— Sinto muito. — Ela sussurrou. Eu ouvi seus pés se


afastando. A porta se abriu, a campainha tocou novamente, o ar
frio adentrou o restaurante vazio e então ela se foi. Como se ela
nunca estivesse aqui.

Como se ela não tivesse acabado de pisar no meu coração


já quebrado e sangrando.
Eu tinha feito isso; ainda assim, doía ‘pra’ caralho.

Não foi uma decisão fácil, mas era isso que eu queria para
Maddox.

Que ele crescesse, que aceitasse a responsabilidade...

Que este bebê ainda não nascido tivesse um pai decente.

Fui embora por Maddox...

E, por mais que me doesse, não me arrependia.


CAPÍTULO VINTE E UM

Duas semanas depois

Eu dei a ele outra colherada pequena. Ele aceitou


fracamente, mastigando como se fosse necessária toda a sua
força para fazer um ato tão pequeno. Ele perdeu todo o cabelo
em três semanas. Perdeu todo o seu peso até que fosse apenas
pele e ossos. Terrivelmente pálido e enrugado. Suas bochechas
estavam desenhadas e seus olhos haviam perdido suas cores
vibrantes, um olhar oco neles.

Brad Coulter estava frágil, quase fraco demais para se


endireitar e fazer sua própria refeição. Em três semanas sua
saúde se deteriorou ao ponto de precisar, de uma cadeira de
rodas para se movimentar, um de nós para alimentá-lo e ajudá-
lo a entrar e sair da cama. Tomar seu banho sozinho ficou fora
de questão quando desmaiou na banheira há uma semana.

Frágil. Doente. Morrendo.


Minha mãe se recusou a trazer uma enfermeira para casa.
Ela era inflexível quanto a cuidar do marido, mas ficou cansada
com o passar dos dias, então fui forçado a entrar e ajudar.

Se você me perguntasse por que desisti deste ano


acadêmico e fui morar com meus pais, aguardando a morte de
meu pai, eu não tinha resposta.

Eu não queria nada com meu pai ou minha mãe, mas aqui
estava eu.

Cuidando deles como um filho obediente. Afinal, era isso


que Lila queria. Ela me disse que me arrependeria mais tarde se
não passasse esses últimos dias com meu pai. Talvez ela
estivesse certa, eu não sabia.

Eu não sabia de nada.

Tudo que eu sabia era que o pensamento do meu pai


morrendo deixava uma dor pesada e oca no meu peito. Não
gostei nem um pouco, mas foi o que me trouxe até aqui.

De volta à mansão em que passei minha infância, sozinho,


assustado... sem amor.

Meu pai tossiu e rapidamente enxuguei o canto da sua


boca. Ele aceitou outra colherada, antes de balançar a cabeça
indicando que já tinha o suficiente. Coloquei a tigela meio cheia
sobre a mesa. Ele estava comendo cada vez menos com o passar
dos dias.
Minha mãe levantou-se com um suspiro cansado. Ela
esfregou a testa e notei as olheiras sob seus olhos. — Você se
importa em ajudar seu pai a deitar-se? Existem alguns
documentos que tenho que ler.

— Sim. — Eu disse.

Brad me deu um pequeno sorriso cansado. — Você não


precisa fazer isso.

— Você está certo, eu não preciso. — Exceto, que Lila


olharia para mim com decepção nos olhos, se não o fizesse.

E talvez eu estivesse fazendo isso por... mim mesmo.

— Vamos, velho. Hora do seu sono da beleza. — Empurrei


a cadeira de rodas para o quarto de hóspedes no andar de baixo
e ajudei-o a sair dela. Deitei-o na cama e coloquei o edredom em
volta dos seus ombros.

— Maddox, — disse, sua voz pequena e ofegante. — Eu sei


que nunca disse isso antes, mas eu... tenho... orgulho de você,
filho.

Eu congelei e meu estômago revirou, choque correndo


pelas minhas veias. Meus punhos começaram a tremer e a veia
grossa no meu pescoço pulsou. Meu batimento cardíaco ecoou
em meus ouvidos, quase alto demais.
Eu balancei minha cabeça uma vez. — Tarde demais. —
Disse, sorrindo acidamente.

Brad assentiu, como se soubesse que essa seria a minha


resposta. Ele sabia que estava ferrado. — Sua formatura no
ensino médio... sua mãe e eu estávamos lá.

— Não. — Eu assobiei. — Vocês não foram.

O sorriso dele estava desolado. — Fomos. Vimos você com


a Lila, a família dela e seus amigos.

Foda-se isso. Ele estava mexendo com minha cabeça


agora.

— Por que não se aproximou de mim?

— E estragar o seu dia especial?

Ele tinha razão. Eu simplesmente não o entendia... por


quê?

— Você era tão teimoso, Maddox. Ainda é. Perdemos tantos


anos. Você tinha dezoito anos e eu não sabia como me
aproximar do meu filho. Como falar com você, como ser pai
novamente. Eu não sabia... como. Meu relacionamento com você
estava além do reparo, e não sabia por onde começar.

Eu fervi, mesmo quando meus pulmões se apertaram e se


recusaram a me deixar respirar. — E então você tomou o
caminho mais fácil, em vez de tentar?
— Meu jeito de tentar era garantir que você nunca
desistisse... sei que fui duro com você. Duro demais. Mas eu
estava te pressionando porque me preocupava, você
abandonaria a escola ou arruinaria sua vida. De uma forma ou
de outra.

Ele suspirou e seu peito estremeceu. Respirar, um ato


simples, algo que é uma segunda natureza para os seres
humanos, ele se esforçava para isso. — Lembra da última vez
que você saiu do meu escritório. Eu avisei para não machucar a
Lila... porque você machucaria a si mesmo. Eu disse que você
estava no caminho da autodestruição porque eu sabia. Eu sabia
sobre os Carmichaels. Eu sabia que você estava mantendo isso
em segredo, e eu... avisei... você.

Minhas costas ficaram retas e eu olhei para meu pai. —


Como você soube?

Seus lábios se inclinaram para o lado, um sorriso que me


lembrou o meu. Um sorriso Coulter. — Você estava investigando
o passado dela e não foi tão cuidadoso quanto pensou que
fosse. Maddox, você esquece, eu tenho olhos e ouvidos em todos
os lugares. Claro que eu sabia.

Droga.

Seus olhos se fecharam e ele suspirou novamente. —


Desculpe-me, eu nunca disse que estava orgulhoso de você. —
Sua voz ficou mais fraca, até que estava sussurrando essas
palavras.

— Tarde demais. — Eu disse. Mas desta vez, houve menos


raiva, menos rancor.

Havia muita toxicidade entre nós. Muito ódio, muita


frustração e muita negatividade. Nossos mal-entendidos
aumentavam a cada ano, e isso nos deixava cada vez mais longe
um do outro.

Meu pai precisou estar no leito de morte para tentarmos


consertar isso, o que restava desse relacionamento de pai e
filho. E confie em mim, não sobrou muito.

Depois de me certificar de que ele estava confortavelmente


agasalhado, apaguei as luzes. — Boa noite.

Ele murmurou algo incorrigível em troca.

Entorpecido e mentalmente exausto, entrei no meu quarto.


Virando meu pescoço para a esquerda e para a direita, tentei
liberar a tensão ali. Minha pele formigou com algo feroz, muitas
emoções sacudindo dentro de mim.

Puxei minha camisa por cima da cabeça e joguei o resto


das minhas roupas no chão do meu banheiro, antes de entrar
no chuveiro.
Fiquei debaixo d’água por um longo minuto e com a testa
contra a parede do chuveiro, fechei os olhos com força. O que
diabos eu estava realmente fazendo? Aqui, neste lugar estéril
que me lembrava apenas o quão feio era meu relacionamento
com meus pais.

Eles têm tentado, lentamente, se abrir para mim. Tivemos


todas as refeições juntos, tivemos noites de cinema todas as
noites, porra, minha mãe até assou meu bolo de cenoura
favorito. A última vez que comi o bolo de cenoura da minha mãe
foi no meu sétimo aniversário.

Merda. Consertar nosso relacionamento não era uma


tarefa fácil quando tínhamos um limite de tempo. Se ao menos
Lila estivesse aqui...

Não. Não. Porra, NÃO!

Minha mão pousou ao lado da minha cabeça e bati na


parede. Ela era a última pessoa que eu queria pensar agora,
mas, caramba, ela estava em todo lugar. Na minha cabeça, em
todos os meus pensamentos, nos meus sonhos.

Tentei queimar aquele apanhador de sonhos estúpido, mas


parecia que havia arrancado um pedaço do meu coração. Minha
mão esquerda ainda estava dolorida pela queimadura de
quando salvei aquele maldito colar do fogo.
O simples pensamento dela me deixava louco, um
desespero insano por ela. Eu rapidamente ensaboei meu corpo,
esfregando furiosamente minha pele até que coçou e ardeu.
Agora que Lila voltou à minha cabeça, eu não conseguia parar
de pensar nela.

Sua voz.

Seus olhos castanhos.

Seu doce sorriso do caralho. Seu sorriso travesso.

Sua garganta esbelta. Suas cicatrizes...

Sua bunda suculenta. Droga. E agora eu estava duro.

Minha mão desceu para o meu pau. Segurei a base e


apertei meu comprimento antes de me acariciar uma vez, duas
vezes, e então meu pau estremeceu quando adicionei mais
pressão. Minha mão deslizou ao redor do meu pau, facilmente,
e assobiei, à medida que a pressão aumentava, minha ereção
ficando mais densa na minha palma. Apertei meu pau com
força.

Fui agredido com todas as imagens de Lila. Seu sorriso


sexy quando ela deitou na cama, pernas abertas, sua boceta,
vermelha e molhada para mim. Imaginei Lila de quatro, bunda
no ar. Essa era a coisa da imaginação. Você pode transformá-la
em qualquer coisa que você quiser.
Na minha cabeça, eu peguei sua bunda e apertei. Deslizei
meu polegar entre aqueles dois globos pálidos e suculentos e
acariciei seu pequeno e apertado buraco. Minhas bolas ficaram
apertadas e pesadas entre as minhas pernas. Eu bombeei meu
pau latejante com mais força, enquanto evocava a cena mais
suja da minha cabeça.

Ela briga comigo.

Porque ela sabe que eu quero.

Ela geme mais alto. Seus quadris tremem, enquanto belisco


seu clitóris entre o polegar e o indicador. Ela choraminga,
enquanto arrasto sua umidade entre as bochechas da bunda,
revestindo esse buraco com os seus próprios sucos, usando-o
como lubrificação. Ela já gozou uma vez, esguichou por todo os
meus braços e peito, antes de começar a chorar e implorar pelo
meu pau.

— Uma garota tão imunda. — Rosno em seu ouvido. —


Diga-me, baby. Onde você quer meu pau grosso? Você quer
engolir minha porra? Ou você quer isso na sua boceta... ou talvez
você queira que escorra do seu pequeno e apertado traseiro.

— Por favor! — Lila grita mais alto. Seu corpo começa a


tremer, enquanto ela empurra sua bunda contra mim. — Tome-
me, sou sua.
— Foda-se, sim. Você é minha. Sempre foi. Sempre será.

Seu rabo aperta, enquanto eu afasto suas bochechas,


cuspindo para lubrificação. Sua respiração fica áspera e ela
empurra o rosto para o colchão, abafando seus gemidos.

Lentamente, avanço, forçando meu comprimento grosso e


duro para dentro. Lila grita. — Maddox! Oh Deus!

Ela pulsa ao meu redor, apertando mais forte. — Isso dói.


Mas oh, oh... por favor, não pare.

— Bom. Porque não vou parar até que você esteja tão
dolorida que não possa andar amanhã. — Rosno. Meu
comprimento duro palpita e dói com a necessidade de transar
com ela com força e profundidade, mas me lembro de ir
devagar... devagar...

Eu empurro para frente com os dentes cerrados e moldo


meu corpo contra o dela. Eu a envolvo, meu pau inserido
totalmente dentro de seu rabo. Ela está esticada até o limite,
carregando meu comprimento grosso dentro dela. Ela é tão
apertada, caralho, que não consigo respirar. Nós dois estamos
tremendo, suando... e estou tão destruído.

Lila Garcia é tudo que eu sempre quis, e ela é minha. Cada


centímetro dela.
A fantasia se desfez, enquanto jorrava porra por toda a
palma da minha mão, mas rapidamente desapareceu sob a
água. Eu gozei com um assobio, e continuei apertando meu pau
com o punho até que cada última gota foi gasta.

Deus, Lila seria a minha morte. Ela me matou e... ela


ainda me mata agora. Eu rapidamente me lavei e saí, me
secando e enrolando uma toalha ao redor da cintura. Devo ter
desmaiado, sem perceber, porque meu telefone me despertou. O
relógio digital mostrava 23:30. Cegamente, peguei meu telefone.

Bianca. Por que ela estava me ligando em vez de bater a


minha porta? Estávamos, literalmente, dois quartos separados.
O pânico passou por mim e fiquei com frio. Sentei-me em linha
reta e atendi a ligação. — O que foi?

— O bebê está desejando sorvete de chocolate com menta.

Oh.

Seus desejos da meia-noite. — Sorvete?

Ela cantarolou. — Com pedaços de chocolate com menta,


especificamente.

Pedaços de chocolate com menta…

O favorito da Lila…
Esfreguei a mão no rosto. — Dairy Queen14 provavelmente
ainda está aberta. Vou ver se eles têm esse sabor.

— Obrigada. — Eu podia ouvir o sorriso em sua voz. Eu


com certeza não sabia que as garotas grávidas davam tanto
trabalho. Eu não estava preparado para isso. Os desejos,
mudanças de humor, o drama emocional extra.

— Tudo bem. — Eu disse.

Ela ficou em silêncio por um segundo e eu estava prestes a


desligar quando ela gritou baixinho: — Ei, Maddox.

— Sim?

— Obrigada. — Ela sussurrou como se estivéssemos


compartilhando um segredo.

Eu rosnei e desliguei.

14 É uma cadeia multinacional americana de sorvetes e restaurantes de fast food.


CAPÍTULO VINTE E DOIS

— É estranho celebrar o Natal sem Maddox. — Disse vovó.


Ela me entregou uma xícara de chocolate quente, e
relutantemente a peguei. No momento em que ela começou a
falar de Maddox, eu queria subir as escadas e me esconder.
Eles não sabiam que tínhamos terminado... ainda.

Eles sabiam sobre o pai de Maddox. E assim, deixei eles


acreditarem que Maddox estava com seus pais... daí o motivo de
não nos visitar... e eu não ter ido até ele. Ainda.

Só voltei ontem para a casa dos meus avós. Esta noite era
véspera de Natal. Maddox sempre costumava passar a noite
com minha família. Ele dormia no sofá (às vezes entrava
furtivamente no meu quarto) e acordávamos de manhã cedo
para abrir nossos presentes. E então, tomaríamos café da
manhã juntos.

Passar o Natal sem ele era outro lembrete da rapidez com


que nosso relacionamento passou de cem para zero.
Este seria o nosso primeiro Natal como casal. Eu cerrei os
dentes, me sentindo tão desesperada... tão impotente...

Fiquei em silêncio, dando toda a atenção à TV. O filme


terminou. Meus avós se despediram e subiram para o quarto. O
relógio digital marcava 20:00, mas eles tinham o hábito de ir
dormir cedo. Velhice, eles argumentariam.

Meus olhos pousaram na tigela de batatas fritas e a


solidão me arranhou. Maddox sempre separava meu tipo
favorito do restante e as deixava para mim.

São as pequenas coisas…

Era disso que eu mais sentia falta. As pequenas coisas.

Uma batida na porta me tirou dos meus pensamentos.


Quando outra batida veio, me levantei para atender a porta. Eu
não sabia o que esperava, mas definitivamente não era ele.

Boquiaberta, eu cuspi. — Grayson?

Ele parecia diferente. Mais velho, mais sábio... e um pouco


mais bonito. Ele agora tinha barba, ainda usava óculos e
parecia ter ganhado mais músculos. — Ei, posso entrar?

— Hã, sim, claro! — Minha voz saiu estridente. Eu não o


vejo há anos. Depois que ele terminou com Riley, perdemos todo
o contato.
Grayson entrou, mas ficou na porta. Foi então que notei o
arquivo que ele estava segurando. — Tentei ligar para Maddox,
mas ele não está atendendo. Isso é importante e não pode ser
adiado.

— O que é?

Ele olhou para mim. — Você não sabe?

— Saber o quê?

— Bem, merda. — Ele murmurou baixinho. — Isto é


estranho. Eu pensei que já tivesse lhe contado.

— Não falo com Maddox há semanas.

Seus olhos se arregalaram e ele olhou para mim,


boquiaberto. — Você está me zoando, certo?

Coloquei as mãos nos quadris, olhando para ele. — Pareço


estar brincando? — Eu assobiei. Grayson levantou as mãos, em
defesa simulada. Revirei os olhos e esperei ele continuar. Ele se
mexeu, subitamente parecendo menos sério e mais nervoso.

— O que aconteceu?

— Eu não sei exatamente por onde começar...

— Do começo? — Eu solicitei.

Grayson engoliu em seco e assentiu. — Você pode querer


se sentar.
Ele me seguiu até a sala de jantar e nos acomodamos à
mesa. Gentilmente, ofereci-lhe um copo de água. Eu assisti,
enquanto ele esfregava o queixo, olhando para todos os lugares,
menos para mim. Ele tomou um gole lento de água e esperei
pacientemente, enquanto ele lambia os lábios e finalmente fazia
contato visual comigo. — Cerca de oito meses atrás, Maddox se
aproximou de Simon.

Simon Manchester. O pai adotivo de Grayson, que também


acontece de ser um juiz respeitado. Para que ele veria Simon?

— Maddox está investigando o seu acidente. Ele está


tentando reabrir seu caso. — Meu coração disparou e minha
respiração ficou presa na garganta. Meu estômago caiu e o
mundo... deixou de existir. As cores desapareceram.

Preto e branco... e então, fui violentamente jogada na


escuridão.

— Lila? Lila! Ei, Lila!

Grayson estalou os dedos a frente do meu rosto. Engasguei


com o fôlego e arrepios subiram por minha pele, enquanto o
encarava, atordoada demais para me mexer ou falar.

— Merda. — Praguejou Grayson. — Eu não deveria ter lhe


dito isso.

— Por quê? — Eu resmunguei.


— Como assim, por quê?

Eu pisquei para Grayson. Não, isso não era possível. — Por


que ele tentaria reabrir meu... caso... Christian é seu amigo de
infância.

— Essa é uma pergunta que você deveria estar fazendo a


ele, não a mim. Porque eu não tenho uma resposta para você.
Mas posso lhe contar o que sei. — Ele bateu na minha mão, um
gesto reconfortante. — Os Carmichaels são ricos e protegidos
pela lei, de certa forma. Eles têm muito dinheiro e muito poder
em suas mãos. O pai de Christian é um advogado bem
conhecido, embora corrupto. Ele sabe como contornar a lei e
como obtê-la a seu favor e de seu filho. Foi o que ele fez antes.
O juiz que tratou do seu caso? Era o seu melhor amigo. Essas
pessoas, elas correm no mesmo círculo, Lila. Não havia como
você ganhar.

— Eu sei. — Eu sussurrei. — Mas então, qual é o sentido


de tentar reabrir o caso? Nós apenas perderíamos. Novamente.
Maddox perdeu seu tempo.

Grayson balançou a cabeça, me dando um sorriso cheio de


segredos. — O que você acha que ele tem feito nos últimos oito
meses?

Abri a boca, mas fiquei sem palavras. Eu não sabia o que


fazer com essa notícia. Maddox não tinha me dito nada sobre
isso.
Quando descobri sobre Christian... ele nunca disse nada
sobre reabrir meu caso.

Ele nunca disse nada sobre lutar por... mim.

— Maddox passou dois meses tentando convencer meu pai


a trabalhar com ele nesse caso. Então, ele passou mais três
semanas tentando encontrar o melhor e mais confiável
advogado. Depois de tudo isso? Nós precisávamos de provas.
Precisávamos de um motivo para reabrir o caso. Rolland
Carmichael cobriu seus rastros muito bem. Era quase
impossível reunir a prova de que precisávamos. Levamos
meses... e meses para extrair cuidadosamente todas as
informações. E agora, temos um caso sólido.

Grayson empurrou o arquivo a minha frente. — Isso é


tudo. O motorista que assumiu a culpa? Ele está pronto para
falar em tribunal. Os policiais que estavam em cena... Os
amigos de Christian que o viram bêbado naquela noite e
entrando no banco do motorista. Ah, e a câmera de segurança.
Você pode fazer muito quando tem dinheiro à sua disposição.
Maddox jogou algum dinheiro em algumas pessoas... e o
trabalho foi feito.

Não ousei tocar no arquivo com muito medo de me


queimar viva.

O mundo girou e ficou embaçado, pontos correndo pela


minha visão. — Maddox não me disse...
— Falei com ele semana passada. Eu disse a ele que teria
tudo hoje, mas ele não atende minhas ligações.

— Semana passada? Quer dizer, ele ainda estava


trabalhando nisso com você? Todo esse tempo? — Eu me senti
fraca e fria... tão fria.

Grayson parecia confuso. — Sim? Por que isso é


surpreendente?

— Nós terminamos há quase dois meses. — Confessei, sem


fôlego. Meus ouvidos estavam zumbindo e meus pulmões se
apertaram.

Sua boca arredondou com um 'o' e ele assentiu devagar. —


Eu não sei seus motivos para o término, mas Maddox tem sido
muito inflexível em lhe trazer a justiça que você merece.

E isso...

Essa declaração... me dizimou.

Matou-me. Rasgou-me em pedaços.

Maddox queria me trazer justiça, me dar o encerramento


que eu precisava. O tempo todo ele estava do meu lado.

Todo esse tempo ele estava tentando me proteger.


Oh Deus, como fui tola. Quão estúpida eu tinha sido.
Quão descuidada fui com seu coração. Meu olhar pousou na
pasta marrom e engoli um grito. — Obrigada, Grayson.

Ele limpou a garganta. — De nada. Eu saio sozinho.

Fechei os olhos e deitei minha cabeça sobre a mesa,


descansando minha testa na superfície. Grayson se levantou
para sair, mas minha voz o deteve. — Riley está de volta à
cidade para o Natal.

Ele tossiu e bateu no peito. — Eu não precisava saber


disso.

Sem levantar a cabeça, acenei para ele ir embora. — Bem,


agora você sabe. Faça o que quiser com isso. — Disse.

Muito tempo depois que Grayson saiu, me encontrei na


cama com o telefone na mão. Eu debati ligar para Maddox. Não
era tarde da noite e sabia que ele ainda estaria acordado agora.
Se eu ligasse para ele, não iria para o correio de voz, como
sempre.

Se eu ligasse para ele... ele poderia atender.

E talvez fosse por isso que eu queria fazer isso.

Eu queria ouvir a sua voz, não uma gravação. Eu queria


falar com ele, perguntar o porquê. Por que ele não me contou?
Por que ele manteve isso em segredo, outro segredo? Por que me
deixou acreditar no pior... e por que continuou trabalhando no
caso mesmo depois que terminamos?

Eu tinha tantas perguntas e absolutamente nenhuma


resposta.

A dor queimou profundamente no meu âmago. Maddox


estava secretamente cuidando de mim... quando o deixei para
trás, especialmente quando ele mais precisava de mim. Agora,
todas as minhas razões para fazê-lo pareciam discutíveis.

Meus pulmões me negaram a respiração e lágrimas ardiam


na parte de trás das minhas pálpebras. Maddox e eu estávamos
loucamente apaixonados... E agora? Olhe para nós.

Meu polegar pressionou o botão de chamada antes que


pudesse pensar demais. Levei o telefone ao ouvido e depois de
dois toques, Maddox atendeu.

— Olá?

A sua voz. Senhor, tende doce misericórdia de mim. Aquela


voz rouca e profunda de barítono. Eu senti tanta falta disso. Eu
não sabia o quanto precisava ouvir sua voz até agora.

Tentei limpar a garganta porque de repente esqueci como


falar.
— Olá? — Ele disse novamente, seco e irritado. Meus
lábios tremeram. Ele sempre era tão impaciente, assim como me
lembrava. Algumas coisas nunca mudam.

Meu coração trovejou. Meus lábios se abriram para falar.

— Oh, meu Deus! — Houve uma risadinha feliz e então: O


bebê chutou de novo. Ele está literalmente jogando futebol aqui
dentro. Maddox! Aqui, sinta.

Meu peito cedeu.

Meu pulso batia pesado na minha garganta.

Meus dedos giraram em torno do meu telefone, enquanto


eu era assaltada com uma onda de angústia.

Maddox respirou fundo e imaginei sua grande mão na


barriga inchada de Bianca. — Droga. — Ele murmurou.
Imaginei o olhar de reverência em seus rostos quando sentiram
o bebê chutando.

Atormentada, apertei meus olhos com força. — Feliz Natal.


— Eu sussurrei antes de desligar. Rolando na cama, empurrei
meu rosto no meu travesseiro e finalmente... pela primeira vez
desde que terminamos...

Eu deixei as lágrimas caírem.

Eu gritei.
Eu chorei.

Eu fiquei furiosa.

E eu chorei um pouco mais.

Chorei até não ter mais lágrimas.

Eu te amo.

Eu te amo.

Eu te amo.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Passamos a manhã de Natal abrindo presentes, a maioria


para o bebê. Ironicamente, era o primeiro Natal que celebrava
com minha família em mais de dezoito anos... e seria o meu
último.

— Oh! Olhe esse macacão fofo. — Bianca exprimiu e


procurou mais presentes. Sua mãe havia enviado duas dúzias
de pacotes para o Natal. Pressionei meus polegares na parte de
trás do meu pescoço e massageei os músculos tensos ali. Eu
estava entediado.

Minha mãe tomou um gole de chá lentamente, olhando


Bianca com desconfiança. Aquele olhar, novamente. Dizer que
minha mãe não gostava da Bianca era um eufemismo. Na
verdade, ela não escondia esse fato. Ela abertamente desprezava
Bianca, dava-lhe olhares sujos e era rápida em silenciá-la se
Bianca alguma vez dissesse algo sobre nossa família.

Minha mãe mal tolerava sua presença e fazia de tudo para


mostrar a Bianca que ela era uma pessoa de fora e não era
bem-vinda em nossa casa. Eu meio que me senti mal.
Bem, na verdade não.

Eu nunca pensei que Savannah Coulter tivesse a


capacidade de... odiar. Ela sempre era tão suave. Mas Bianca,
aparentemente, aflorava esse lado dela.

O lado não-foda-comigo-e-eu -acho-você-cheia-de-merda.

— Então, você falou com Lila? — Minha mãe perguntou,


tentando parecer inocente. Bianca se encolheu e mamãe
querida escondeu o sorriso atrás da xícara de chá. Aqui vamos
nós novamente.

— Não, não falei. — Resmunguei. — Nós terminamos. Fim.


Pare de perguntar sobre Lila.

Ontem à noite adormeci com Lila em meus pensamentos.

Eu acordei no meio da noite, me masturbei novamente com


ela em minha mente. De manhã, acordei com a lembrança do
gosto dela nos meus lábios.

Bianca pigarreou, tentando desviar a conversa, mas minha


mãe a ignorou.

— Ela nem te ligou no Natal?

— Não.

— E se...

— Não. — Eu lati.
Ela me dava aquela merda falsa de lábio trêmulo toda vez
que perguntava sobre Lila e eu era forçado a calá-la. Quem era
essa mulher? Definitivamente não é minha mãe!

— Eu só estava perguntando... você fica tão tenso sempre


que eu a menciono.

Ela levantou uma sobrancelha zombeteira para mim e


tomou outro gole de seu chá.

— Parece que o pensamento dela ainda o deixa inquieto.


Ela está sempre em sua mente, ao que parece.

Esfreguei a mão no rosto, cansado dessa mesma merda


todos os dias. — Mãe, pare!

A xícara de chá parou a meio caminho dos seus lábios e o


queixo caiu. A mão dela começou a tremer. Ela abriu a boca
para falar, mas fechou-a novamente, parecendo um peixe fora
d’água. Seus olhos ficaram vidrados e foi então que eu percebi...

— Você me chamou de mãe. — Ela murmurou com a voz


embargada.

Meu estômago revirou e senti... algo no meu peito. Uma


sensação de aperto. Eu chamei. A chamei de mãe sem zombar
dela. Pela primeira vez desde...

Eu engoli a bola de emoções presa na minha garganta. —


Sim, eu chamei. — Eu disse, antes de adicionar: — Mãe.
Savannah Coulter me deu o sorriso mais bonito e real que
já vi em seu rosto. E finalmente entendi o que Lila estava
tentando me dizer.

Ela estava certa. Como sempre.

Eu estava em frente a mansão Coulter. A segurança me


deixou entrar pelos portões, mas agora eu debatia se era uma
boa ideia. Entrando aleatoriamente…

Antes, eu fazia isso o tempo todo.

Agora? Bem, as coisas mudaram.

O ano novo chegou e se foi há alguns dias. Não falo com


Maddox há mais de seis semanas. Eu não deveria estar aqui,
mas queria meu colar de volta. Eu lutaria com Maddox, se
precisasse... mas não sairia sem o meu apanhador dos sonhos.
Dois meses era tempo mais que suficiente para ele se acalmar.
Esse colar era meu e ele não tinha o direito de arrancá-lo da
minha garganta.

Eu o soltei antes... porque sabia que ele estava com raiva...


sofrendo. Mas não mais.

Antes que eu pudesse perder qualquer coragem que tivesse


reunido para vir aqui, toquei a campainha. O mordomo, Sr.
Hokinson, abriu a porta e seus olhos se arregalaram ao me ver.
— Senhorita Garcia. — Ele cuspiu. — Faz muito tempo.

Eu balancei a cabeça, sorrindo suavemente para o homem


mais velho. Ele tinha que estar na casa dos cinquenta anos ou
no início dos sessenta. — Maddox está em casa?

— Todo mundo está em casa. — Disse ele, gesticulando


para eu entrar. Eu podia imaginar que ele não soubesse que
Maddox e eu terminamos. O mordomo me levou pela casa,
parando na sala de jantar.

Meu coração galopou com a visão a minha frente, antes de


murchar. Maddox estava lá. Ele ainda parecia o mesmo...

Eu não tinha certeza do que esperava. Ele estar de luto


pelo nosso relacionamento perdido? De coração partido? Talvez
eu pensasse que ele sentiria minha falta... o suficiente para
estar sofrendo...
Como eu tinha estado. Noites sem dormir, solidão que me
arranhava a cada hora acordada, sonhos vazios. Inferno, até
meus orgasmos pareciam vazios.

Mas Maddox parecia tão bonito como sempre. Ele estava


barbeado, e se não me engano, seus músculos pareciam ainda
mais volumosos. Imaginei que ele estivesse se exercitando mais
com todo o tempo livre que tinha agora. Seu cabelo estava mais
comprido e enrolado nas orelhas.

Poodle.

Maddox não estava sozinho, no entanto. Bianca estava ao


seu lado. Ela sorriu e disse algo para ele, suave demais para eu
ouvir. Ele não sorriu de volta, ele parecia qualquer coisa, menos
interessado no que ela estava dizendo. Isso não deveria ter me
feito sentir melhor, mas fez. Eu não queria que ele sorrisse para
ela... Oh Deus, eu parecia mesquinha e ciumenta.

Maddox se virou e seus olhos caíram em mim. Seu olhar


se estreitou, e eu amei que ainda pudesse roubar sua atenção,
mesmo sem uma palavra. Apenas um olhar, e eu o tinha.

Ele me tinha também.

Bianca seguiu sua linha de visão e ofegou quase


dramaticamente.

— Garcia. — Ele cumprimentou friamente.


— Coulter. — Respondi com o mesmo tom. Bianca olhou
para frente e para trás entre nós, antes de rapidamente dar um
passo para trás.

— Hum, vou deixar vocês a sós. Vou tirar uma soneca. —


Ela saiu correndo, deixando Maddox e eu sozinhos.

Nós dois ficamos quietos por um longo momento. Braço


cruzado sobre o peito, uma batalha silenciosa, nenhum de nós
pronto para perder. O silêncio se prolongou até que eu não
aguentei mais. Meus lábios se separaram e a primeira coisa que
saiu da minha boca foi: — Eu quero o meu apanhador de
sonhos de volta.

Maddox sorriu acidamente, seus olhos brilhando com uma


crueldade que nunca tinha visto antes. — Eu joguei fora.

Meu coração trovejou. — Não. — Eu trovejei. — Como você


ousa? Era meu!

Seu rosto ficou sombrio e ele avançou, empurrando para o


meu espaço pessoal. Seus dedos envolveram meu bíceps e me
puxou para mais perto. Eu tropecei nele, nossos peitos roçando
levemente e arrepios salpicaram minha pele com aquele simples
toque. A sua cabeça baixou, a respiração emplumada no meu
queixo antes que sussurrasse no meu ouvido: — E você era
minha.

Eu ainda sou, porra!


Afastei meu braço. — Como você pôde? — Eu assobiei
sombriamente. — Aquele colar...

— Oh, Lila! — A voz de Savannah nos separou. — Eu não


sabia que você estava aqui! Que surpresa adorável.

Respirei fundo, tentando acalmar a raiva fervendo dentro


de mim. Enfrentei Savannah e dei-lhe um sorriso genuíno. Não
era exatamente sua culpa que seu filho estivesse agindo como
um idiota agora.

— Eu queria ver como Brad estava. Estava preocupada


com a sua saúde. Desculpe se estou me intrometendo. Eu
voltarei outra hora.

Ela já estava balançando a cabeça. — Oh. Não, não. Você é


sempre bem-vinda. Tem sido estranho. Ter Maddox aqui, mas
você não. Você faz falta. Agora que você está aqui, fique para o
jantar.

Maddox emitiu um som desagradável e sorri com mais


força. — Oh, eu adoraria. Obrigada, Savannah.

Ele olhou.

Eu pisquei.

Ele não podia me expulsar agora.


O jantar foi estranho, e isso foi um eufemismo. Bianca
parecia estar intimidada pela minha presença. Ela evitou meus
olhos e raramente falou. O rosto de Maddox estava frio e
pedregoso, e ele permaneceu teimosamente quieto. Savannah e
Brad tentaram quebrar a tensão com um pouco de conversa
aqui e ali, mas essas conversas terminaram da mesma maneira.

Uma vez que nossos pratos foram limpos, sobremesas


foram servidas. Eu só tinha uma colher do creme de dupla
camada e mousse de chocolate quando Maddox afastou a
cadeira, as pernas de madeira gritando e se levantou. Seu rosto
permaneceu impassível e seu olhar se fixou no meu. Azul que
ardia com uma ferocidade que me deixou sem fôlego. Os
músculos tremeram em sua mandíbula e seus olhos brilharam
com algo...

Sem palavras, ele se virou e se afastou. Eu o observei, até


que ele desapareceu no andar de cima. Lambi minha colher
lentamente, apreciando minha primeira... e última mordida da
mousse de chocolate. — Com licença, por favor. — Eu disse,
levantando e me afastando da mesa também.

— Por favor, diga ao seu chef que esta foi a melhor mousse
que já comi.
Com um pequeno sorriso, eu segui Maddox. Porque eu
sabia que era o que ele queria. Eu o encontrei em seu antigo
quarto. A porta estava entreaberta, um convite silencioso.
Entrei e lá estava ele, parado no meio do quarto mal iluminado.
Ele estava de costas para mim, e estava tão imóvel. Nem mesmo
uma leve contração. Quase sem respirar. Se eu não soubesse
melhor, acharia que ele fosse uma estátua.

Fechei a porta atrás de mim e dei um passo à frente, mais


para dentro do seu quarto. Mais em seu espaço. Ele sabia que
eu estava aqui. Podia me sentir. Eu sabia, porque suas mãos se
fecharam em punhos.

Compartilhar um espaço com Maddox foi esmagador. Meu


corpo estava ciente de sua presença, sua proximidade. O seu
cheiro. O quarto cheirava a ele. Um perfume forte e almiscarado
e sua colônia. Eu senti falta do seu cheiro. Costumava me
confortar nas noites frias e me fazer suspirar nas quentes.

— Maddox. — Eu respirei.

Em resposta, ele girou. Seu rosto estava escuro e frio. Mas


os olhos dele...

— Você me odeia? — Havia um olhar maníaco em seus


olhos, uma espécie de desespero que nunca antes tinha visto.
Atormentado, bravo, enlouquecido. Angustiado.
Eu balancei minha cabeça, meus lábios tremendo. — Eu te
odeio... porque eu não posso odiá-lo.

Seu peito sacudiu com uma respiração afiada. — Saia,


Garcia.

— Por quê?

— Porque eu te odeio. — Seus lábios pronunciaram as


palavras cruéis, seus brilhantes olhos azuis gritavam algo mais.

— Mentira, — sussurrei. — A mentira se tornou comum


em nosso relacionamento agora, não é? — Ele deu um passo à
frente, como se não pudesse se conter de querer estar mais
perto de mim.

Maddox fez uma pausa e seu peito roncou com um


grunhido.

— Não há relacionamento. Não existe nós mais, não mais.

— Você é um péssimo mentiroso, Coulter. — Eu sorri,


porque sei que estava certa.

— Cai. Fora. Lila.

Eu levantei meu queixo, teimosamente. — Faça-me sair.

Maddox avançou; seu rosto se contorceu de fúria. Ele


agarrou meu braço e me arrastou para fora de seu quarto, me
empurrando para fora da porta. Sua mão me apertou, e sua
cabeça abaixou, nossos olhos nivelados. — Você é o que tem me
matado lentamente... sem piedade, Lila. Você costumava ser a
minha cura. Agora, você é a praga. E eu estou morrendo. Você
me mata, Lila. Seus olhos mentirosos, seu sorriso perverso. Sua
voz traiçoeira. Então saia e me poupe dessa doce e torturante
morte.

Um olhar.

Um segundo.

Uma respiração.

Nosso coração se partiu em uníssono.

Ele bateu a porta na minha cara e foi isso. Ele me deixou


com suas palavras cruéis, arrancando meu coração do peito e o
jogando descuidadamente aos meus pés.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Uma semana depois

Atendi a ligação sem olhar para o identificador de


chamadas, praticamente apunhalando o botão verde. Eu já
sabia quem era. Eu estava esperando a ligação dela há horas,
sentada cautelosamente na minha cama e tentando não parar
de pensar demais em tudo.

A voz ofegante de Riley apareceu. — Você estava certa. —


Ela gritou. — Jesus Cristo, você estava tão certa!

Choque ondulou por todo o meu corpo e esqueci como


respirar. Sentimentos caóticos tomaram conta do centro do meu
peito. — Você conseguiu?

— Sim. Vou enviar por e-mail para você agora. — Houve


um som de farfalhar no fundo, antes de Riley voltar a ligação. —
Pronto.
Abri meu e-mail no meu notebook e lá estava. Tudo que eu
precisava. Toda a prova. — Você fez isso. — Puta merda. —
Existe algo que você não possa fazer, baby?

Ela riu. — Bem, eu tenho muitos contatos.

— Você é um gênio.

Riley soltou um grito feliz e uma risada borbulhou do meu


peito. — Espere, você ainda está desistindo deste semestre?

Restava apenas um semestre. Meu último. Mais quatro


meses e eu terminaria. Teria um diploma de Harvard na mão,
uma prova de que havia cumprido o que me propusera a fazer.

Quatro anos atrás, Harvard era o meu sonho.

Agora?

Maddox era o destino que eu ansiava. — Ele precisa de


mim aqui. — Eu disse.

Há uma semana, Maddox praticamente me tirou da vida


dele. Claro, sim, eu fui embora primeiro. Mas agora? Bem, eu
tinha recuperado a razão.

Chega de mentiras e segredos. Eu estava cansada de me


esconder e me afastar do homem que prometi nunca desistir.
Estava na hora de acabar com isso.
Maddox estava silenciosamente lutando por mim... e eu
estava fazendo o mesmo. Exceto, que éramos muito teimosos
para admitir. Muito orgulhosos.

Todo esse tempo, ele estava me protegendo.

E eu pensei que estava protegendo-o. Mas nós dois


fodemos…

— Riley, você sempre me pergunta por que deixei Maddox.


A razão pela qual eu estava tão inflexível em ficar longe dele...

Ela suspirou. — Sim?

— Eu vi nos olhos dele naquele dia. — Confessei


calmamente, meu aperto no telefone ficando mais severo. —
Aquele olhar. Maddox nunca pensou em ter filhos. Eu sabia que
ele sempre pensou que seria um pai ruim. Ele ia se afastar da
Bianca e do bebê. Eu descobri que ele pagaria a Bianca. Ele não
queria nada com a gravidez ou o bebê. Ele não achava que
poderia ser pai e eu precisava que percebesse que ele era capaz
de ser um. Por conta própria. Sem depender de mim para lhe
mostrar o caminho, para ensiná-lo como fazê-lo.

Maddox Coulter tinha tanto amor para dar, e eu não


queria ser egoísta e levar todo esse amor para mim.

— Você sabe o que me fez ir embora? Não queria que


Maddox me escolhesse ao invés do bebê. Eu sempre fui o
número um dele. A sua única escolha. Não importa o quê, eu
sempre seria a única. Eu vi nos olhos dele, Riley. Então, fiz a
escolha por ele. Eu o desafiei a ser pai, o tipo que o pai dele não
pôde ser.

Eu conhecia Maddox melhor do que ele próprio. Ele estava


com medo de me perder, com Bianca entre nós. Ele entrou em
pânico... e então, ele estava indo para o caminho mais fácil.

Eu não queria ser a razão pela qual essa criança não tinha
pai.

Quanto mais eu o afastava, mais isso o aproximava de


Bianca.

Riley ficou em silêncio por um longo minuto. Ela soltou um


suspiro agudo, sua língua fazendo um som de estalo. — Não sei
o que dizer, Lila. Você tem uma maneira confusa de pensar
sobre as coisas.

Eu soltei uma risada sem humor. — Eu estraguei tudo, eu


sei. Eu pensei que estava fazendo a coisa certa. Por Maddox.

— Você sabe qual é o problema de vocês dois? — Riley


questionou, embora ela não esperasse por uma resposta.

— Maddox fará qualquer coisa para protegê-la. Ele lutará


por você, mesmo que isso signifique se perder no processo. E
você fará o mesmo. Vocês dois estão tão apaixonados, são tão
teimosos, que arriscam a própria felicidade pelo outro. Vi como
te matou se afastar de Maddox, mas você conseguiu... porque
achou que era a coisa certa a fazer. E Maddox? Todo esse tempo
ele estava cuidando de você da sua maneira bagunçada. Todas
as mentiras, todos os segredos... era tudo porque...

— Porque ele me amava e queria me poupar da dor.

— Sim.

Apertei o botão de impressão e observei os documentos


que Riley havia me enviado sendo impressos. — Tão
estupidamente apaixonados, fazendo coisas estúpidas e se
protegendo como uns estúpidos.

— Que par!

Peguei os papéis recém-impressos na minha mão. Estava


na hora de pôr um fim a tudo isso, e esses papéis eram tudo
que eu precisava para fazê-lo.

— O que você vai fazer agora? — Riley murmurou. Eu


podia sentir o sorriso em seu rosto, mesmo que não pudesse vê-
lo.

O que eu vou fazer agora? Bem, isso era simples.

Com uma firme determinação, fechei meu notebook e sorri.

— Lutar pelo meu homem.


Eu me encontrei em frente da casa de Maddox novamente.
Ao contrário da última vez, eu não estava nervosa ou duvidando
da minha decisão. Eu estava na escada do lado de fora da porta
principal e liguei para ele, desta vez, não me incomodei em
esconder minha identidade.

Seu telefone tocou duas vezes, antes dele atender. — O


que você quer?

— Sempre de bom humor, eu vejo. — Provoquei.

— Lila. — Ele avisou.

— Eu preciso falar com você. Venha aqui fora. — Encerrei


a ligação sem esperar por sua resposta. Não queria lhe dar a
chance de dizer não.

Mas acho que esqueci o quão teimoso Maddox poderia ser.

Eu esperei dez minutos no frio.

Trinta minutos depois, eu me sentei na escada...


esperando. Puxando minha jaqueta mais perto do meu pescoço,
enrolei meu xale sobre a boca e o nariz.
Liguei para ele novamente. Ele não atendeu. Andei pela
calçada, para cima e para baixo, esquerda e direita. Quarenta e
cinco minutos se passaram e ainda não havia sinal do Maddox.
Após a décima quarta chamada, ele finalmente atendeu, apenas
para latir uma única palavra. — Saia.

Eu olhei fixamente para o meu telefone quando ele


desligou. Bem... ok, então. Hora do plano B (porque eu já sabia
que Maddox tornaria isso difícil).

Peguei os cobertores e lanches do meu carro e estacionei


minha bunda na sua varanda. Usei um cobertor como
almofada, já que as escadas eram duras e ásperas. Uma hora
depois, todos os meus lanches haviam sumido. O sol havia
desaparecido por trás de nuvens pesadas e eu podia ouvir o
trovão de longe.

Destravei meu telefone e enviei uma última mensagem


para Maddox.

Vai chover... ainda estou do lado de fora. Não vou


embora até conversarmos.

Guardando meu telefone, me aconcheguei debaixo dos


cobertores. Estava ficando mais frio agora, mesmo com meu
pesado casaco de inverno, botas e luvas. Estou esperando.
Venha para mim, Maddox.
O vento aumentou e meus dentes começaram a bater.
Trovões rolaram pelo céu. Estava completamente nublado,
ficando mais escuro. E então, começou a garoar.

Eu sorri.

Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Se...

— Pelo amor de Deus, Garcia!

Eu nem cheguei ao dez. Espiei por cima do ombro com um


sorriso estúpido no rosto. — Não pôde suportar a ideia de eu
estar sentada aqui no frio e na chuva?

Maddox saiu e bateu a porta atrás dele. — O que. Você.


Quer?

— Diga-me... a... verdade. — Eu disse, batendo os dentes.

Ele parou ao meu lado; seus sapatos ao lado das minhas


coxas. Maddox olhou para mim e cruzou os braços sobre o peito
largo. Eu podia ver os músculos tensos através do seu suéter, e
de repente, esqueci o que eu vim fazer aqui.

— Que verdade? — Ele perdeu a cabeça.

— Grayson me disse...

Sua expressão foi estrondosa. — Sim. Então? — Rosnou.


— O que você quer saber?

— Por que você não me contou? — Eu perguntei baixinho.


— Você nunca me deu uma chance.

— Você poderia ter gritado na minha cara. — Eu atirei de


volta, deixando o conforto dos cobertores e me levantando.

Maddox e eu estávamos frente a frente. Sua mandíbula


trancou e seus ombros se apertaram. Um forte vento soprou
sobre nós, e tremi, sentindo o frio do inverno penetrando
através das camadas de roupas que eu usava.

— Por que você não me contou? — Eu perguntei


novamente. — Por que você me deixou acreditar no pior?

Seus olhos azuis brilharam, mas seus lábios se fecharam.


Ele ficou teimosamente quieto. Eu apunhalei um dedo enluvado
em seu peito. — Conte-me! Eu quero saber!

— Porque... — Maddox ladrou. Seu braço serpenteou


bruscamente e ele segurou meu bíceps, me sacudindo. Sua
cabeça baixou, sua respiração fria se espalhando pelos meus
lábios congelados. — Porque prefiro que você acredite no pior de
mim do que te dar esperança apenas para que ela seja
arrancada de você!

Ele me soltou abruptamente e tropecei de volta. Maddox


emitiu um som ferido no fundo da garganta, enquanto passava
a mão sobre a cabeça, os dedos puxando os cabelos. — Eu não
sabia se conseguiria reunir todas as provas de que precisava.
Eu não sabia se poderíamos reabrir e vencer este caso! Eu não
sabia e precisava estar preparado. Eu não queria ver essa
esperança em seus olhos, apenas para ela murchar, se não
pudéssemos... se não pudéssemos... porra, Lila! O QUE VOCÊ
QUER DE MIM?

— Eu quero você. — Eu mal respirei através dos meus


lábios frios e gelados. — Só você.

— Pare. — Ele resmungou.

— Obrigada. — Eu sussurrei. — Por finalmente me dizer a


verdade. Era isso que eu queria ouvir. — Seus lábios se
curvaram com um sorriso de escárnio.

— Saia. Agora.

— Não até você ver isso. — Peguei os papéis que havia


trazido comigo, os empurrando em sua direção.

Maddox pegou os papéis da minha mão e olhou com raiva


para os documentos.

— O que é isso?

— Bianca... ela está mentindo.

As suas sobrancelhas se franziram. Por um longo tempo


tive uma sensação incômoda no peito sobre Bianca e sua
gravidez. No começo, disse a mim mesma que desconfiava dela
porque estava com ciúmes.
Mas então o sentimento cresceu, até que não pude mais
negar.

Então, Riley e eu fizemos algumas pesquisas. Registros


hospitalares, telefonemas... mensagens de texto... Maddox
endureceu.

— Bianca deu à luz ontem à noite.

Oh, bem…

— O bebê teria que ser prematuro, certo? — Eu


lentamente questionei, observando sua reação.

— Ele não era. — Era um menino. Este bebê teria sido


filho de Maddox...

Maddox confirmou o que eu já sabia. Não era surpresa,


pois Bianca estava oficialmente atrasada uma semana. Ela
estava mais longe do que tinha nos dito.

— Você não é o pai. — Eu disse.

Maddox me devolveu os papéis. Seu rosto estava


impassível por um mero segundo, antes de tirar um maço de
cigarros do bolso. Ele colocou um entre os lábios, sem acendê-
lo. Maddox se encostou na parede, esfregando o polegar na
mandíbula.

Eu o observei... finalmente percebendo sua falta de reação


às notícias.
— Você sabia. — Eu acusei, minha voz endurecendo.

Ele soltou uma risada seca e sem humor. — Bingo,


docinho.

Meus olhos caíram nos papéis em minhas mãos, antes de


finalmente encontrá-lo novamente. — Eu não entendo.

— Lila, — ele disse meu nome como uma provocação. —


Eu descobri uma semana depois que você me deixou. Eu não
sou idiota. Fiz minha própria pesquisa porque não confiava em
Bianca. Se você tivesse escolhido ficar... você saberia.

— Todo esse tempo... você sabia?

Ele assentiu, o sorriso em seu rosto era puro ácido.

— Então por que você trouxe Bianca aqui? O que foi tudo
isso?

Maddox manteve o cigarro entre os dentes, rindo. —


Bianca precisava de um lugar para se esconder enquanto estava
grávida. Ah, a propósito... o pai do bebê é o namorado dela. O
filho do motorista do seu pai. Ela se apaixonou... mas o
papaizinho se recusou a aceitar o relacionamento. Ele era o cara
do lado errado da cidade, e não havia como o grande e poderoso
Jonathan aceitá-lo como pai de seu neto. Ele ameaçou deserdar
Bianca, então ela mentiu. Ela disse que o bebê era meu. Ela
precisava de tempo. Dar à luz, esperar até os 21 anos para ter
acesso total ao seu fundo fiduciário.
Puta merda.

Eu pisquei para Maddox, chocada demais para formular


outras palavras. — Ela te contou tudo isso?

— Sim.

— Quando?

Maddox cuspiu o cigarro. — Antes de eu descobrir que


meu pai estava morrendo.

— Por que você não me contou? — Eu não sabia se estava


com raiva ou sobrecarregada demais para sentir qualquer outra
coisa.

— Eu ia te contar... mas então... — Maddox interrompeu,


balançando a cabeça. Ele enfiou as mãos nos bolsos.

Os músculos de sua mandíbula se contraíram. A barreira


caiu de seus olhos e Maddox me mostrou o que estava
escondendo. A dor. O caos em seu coração. Tudo.

— Você não me deixou uma vez, Lila. Você se afastou de


mim três vezes.

Abri minha boca para discutir, mas então vi a máscara de


fúria em seu rosto e sabiamente calei a boca e o deixei
continuar. — Uma vez, quando você descobriu sobre Christian.
Você nunca me deu uma chance de explicar. Você precisava de
mim, mas você me afastou. Você me roubou a chance de ser
seu cavalheiro. Para cuidar de você, enquanto você estava
sofrendo. Na segunda vez que você se afastou, você arrancou
meu coração do meu peito e levou com você. E a terceira vez?

Ele fez uma pausa, me dando um sorriso de dor.

— A terceira vez foi a pior. Meu pai estava morrendo e eu


precisava de você. Mas você foi embora, sem um segundo olhar.

Eu finalmente entendi... o porquê.

Meu coração mergulhou no meu estômago vazio, onde


costumava haver borboletas, deixando meu peito oco... e
doendo.

Minhas cicatrizes coçavam, um eco da verdadeira dor.


Minhas cicatrizes queimavam ferozmente, um lembrete de que
Maddox costumava aliviar a dor... mas não mais.

Apertei meu peito sobre meu casaco de inverno, as


lágrimas queimando meus olhos. — Você estava com raiva de
mim, por partir. Isso foi você me punindo. Essa separação
prolongada foi minha punição por deixar você.

— Por quebrar suas promessas. — Ele murmurou


sombriamente.

O céu se abriu e a chuva caiu sobre nós, molhando-nos.


Maddox mal se encolheu enquanto a tempestade se abateu
sobre nós.
Eu estava com tanto frio, congelada até os ossos... mas
não consegui me importar. Eu me afoguei em seus olhos azuis e
rezei para que ele me salvasse.

— Eu ainda sou apaixonada por você, Maddox. —


Sussurrei, caindo, me afogando. A chuva lavou minha lágrimas.

— Mentirosa. — Ele rosnou, as sobrancelhas franzindo.


Sua expressão era tempestuosa. Dolorida. Trovejante.

Meus lábios tremeram com um sorriso agridoce. — O que


mais você quer que eu faça? Eu tentei. Maddox. Estou
tentando…

Por você. Por nós.

Minha mão foi para o meu pescoço, para agarrar meu colar
como sempre fazia. Minha âncora Meus dedos roçaram minha
garganta nua e minha respiração engatou com o lembrete
amargo.

Nenhum apanhador de sonhos.

Seus olhos escureceram quase furiosamente. Sua


mandíbula se apertou e eu pude ouvir seus molares rangerem.
— Nada. — Ele disse. — Assim como você não fez nada quando
implorei para você ficar. Os portões estão atrás de você, Lila.
Você pode sair agora. Você não é mais necessária.
CAPÍTULO VINTE E CINCO

Eu disse que lutaria por Maddox, mas não poderia lutar


por ele se estivesse acamada com pneumonia. Então, por minha
própria vontade, e porque sabia que não venceria uma luta na
chuva, voltei para casa depois que Maddox bateu a porta na
minha cara. Novamente.

Passei trinta minutos na banheira, enquanto tentava


aquecer meu corpo. Depois, passei mais duas horas em frente à
lareira, e depois de quatro xícaras de chocolate quente,
finalmente estava aquecida novamente.

Minha avó murmurou baixinho, enquanto ela empacotava


cobertores ao meu redor, mas ela não fez nenhuma pergunta.
Talvez fosse o olhar nos meus olhos, mas eu realmente não
tinha energia para lhe dar uma explicação hoje à noite.

Horas depois e tarde da noite... eu finalmente estava na


cama, pensando no meu próximo passo. Eu estava chateada
por Maddox ter jogado comigo? Sim. Eu estava com raiva,
frustrada e... magoada. O Maddox que eu conhecia nunca seria
propositadamente tão... vingativo.
Mas então eu percebi que era por minha causa.

Eu o fiz estalar. Eu o transformei nessa fera feia e furiosa.

Afastando-me dele... quebrando minhas promessas...


virando as costas quando ele mais precisava de mim, eu
maculei nossa amizade.

Eu só queria que voltássemos aos velhos Maddox e Lila.


Equipe MALA, invencíveis e intocáveis. Sem todos os mal-
entendidos, mágoas e falta de comunicação.

Minha missão de voltar a ser a equipe MALA começaria


amanhã. Quanto tempo Maddox pode ficar com raiva de mim?
Outra semana? Outro mês…?

Veremos…

Porque eu estava lutando por ele desta vez.

Eu tinha acabado de dormir quando ouvi algo. O som de


arranhar fora da minha janela. Um baque. Um som mais alto.
Mais arranhões.

Alguém estava tentando invadir? Merda! Olhei


freneticamente ao redor do meu quarto, procurando algum tipo
de arma. Onde diabos estava meu taco de beisebol?

Uma batida na minha janela me fez parar.


Apertei o lençol mais perto do meu corpo e olhei para a
janela.

Mais arranhões. Outra batida, mais alta desta vez. Mais


desespero nisso.

E depois… A sua voz. — Lila.

Oh meu Deus!

— Lila. — Ele gritou mais alto.

Pulei da cama e corri para a minha janela, praticamente


rasgando as cortinas na pressa. Lá estava ele. Maddox.

Parecendo absolutamente bonito e de tirar o fôlego sob o


luar.

Ele se equilibrou no telhado e agarrou a borda da janela,


olhando para mim com um olhar que eu nunca tinha visto
antes.

Maddox estava aqui. Do lado de fora da minha janela.


Exigindo que eu abrisse e o deixasse entrar... horas depois de
me expulsar de sua casa. Oh. A ironia. Por que éramos tão
complicados juntos?

Sem palavras, abri a janela e me desviei para deixá-lo


entrar. Maddox entrou tropeçando e depois se endireitou em
toda a sua altura.
Eu esqueci o quão pequeno ele fazia meu quarto parecer
sempre que estava aqui.

Sua presença era imponente, como uma tempestade


atravessando. Maddox se elevou sobre mim e olhei para os
meus braços nus. Minha pele estava cheia de arrepios.

Seu olhar deslizou sobre mim, absorvendo tudo. Eu estava


vestindo um top e meu short de dormir. Essa era a maior
quantidade de pele que ele estava vendo, desde a nossa
separação.

— O que você está fazendo aqui? — Eu finalmente


perguntei.

Ele inclinou a cabeça para o lado. — Estou me fazendo a


mesma pergunta.

Quando um ar frio jorrou, fechei a janela e me encostei no


peitoril. Ele inspecionou meu quarto, sua atenção caindo em
uma foto nossa na minha mesa de cabeceira. Nossa foto de
formatura. O dia em que ele me deu nosso apanhador de
sonhos. Nós dois ficamos em silêncio por um longo tempo, a
tensão no quarto aumentando.

Eu não estava mais com frio. Minha pele corou sob sua
atenção extasiada e não conseguia desviar o olhar de seu rosto.
Sobrancelhas grossas. Olhos azuis. Nariz forte. Lábios
carnudos. Mandíbula quadrada e o que parecia ser uma barba
de três dias. O rosto bonito e áspero.

Nossos olhos se encontraram novamente. Meu coração


bateu forte.

E então eu senti... as borboletas no meu estômago. As


borboletas que pensei ter perdido antes. Elas nunca foram
embora. Apenas se calaram. Esperando finalmente sair disso.
Esperando por ele...

Ele se aproximou, dando um passo em minha direção.


Segurei o peitoril da janela para não fazer nada estúpido, como
chegar até ele implorando para que me beijasse.

Ele se inclinou para frente, seu peito roçando levemente


contra o meu. Meus mamilos endureceram dentro da minha
blusa e meus seios pareciam mais apertados e pesados.

— Lila.

Estremeci quando meu nome rolou em sua língua, como se


ele estivesse provando melaço. Ele não falou meu nome com
uma provocação. Não, foi um apelo. Meu nome na sua língua
era um sussurro, uma oração sagrada.

Suas mãos se levantaram e eu esperei, com a respiração


suspensa antes que ele segurasse meu rosto em suas palmas
muito maiores. Seu polegar roçou minha mandíbula.
— Diga-me uma mentira. — Maddox murmurou, me
encarcerando. Não havia para onde correr.

— Odeio você.

Seus olhos escureceram com dor, antes que seus lábios


batessem nos meus, roubando minhas palavras e meu fôlego.

Meus braços se enroscaram em sua cabeça. Nossos lábios


se chocaram, lutando, se separando e se encontrando
novamente como uma onda selvagem e furiosa pela costa. O
beijo se aprofundou, ficando desesperado. Furioso. Não havia
nada de doce nesse beijo, mas era enlouquecedor.

O calor entre nós abrasou nossa pele, enquanto eu me


agarrava a ele, o beijando de volta, com tanta frustração e
frenesi.

O beijo durou até que perdêssemos o fôlego. O mundo


girou e balançou sob meus pés, mas eu não me importei. Eu
não queria que meus lábios se separassem dos dele. Eu não
queria que isso acabasse.

Esse beijo.

Seu beijo louco e insano.

Esse toque.

Seu toque louco e insano.


Esses lábios.

Seus lábios loucos e insanos.

Eu sabia que Maddox Coulter era o meu destino, e isso


reafirmou. Esse sentimento no meu peito que não parecia mais
vazio.

Nossa raiva reprimida, semanas de frustração e meses de


mal-entendidos, sangraram por esse beijo. — Estou tão bravo
com você. — Ele rosnou, nos meus lábios.

Meus dedos enrolaram em seus cabelos e eu o puxei com


força, provocando um assobio dele. — Bom. Fique com raiva.

Essa foi toda a afirmação que ele precisava.

Ele enfiou a língua na minha boca, provando cada


centímetro de mim, me forçando a me submeter ao seu ataque.
Maddox atacou minha boca e esse beijo foi puramente
animalesco.

Machuque-me.

Cure-me.

Machuque-me.

Salve-me.

Maddox passou um braço em volta da minha cintura e nos


arrastou para trás. Caímos em minha cama e ele rastejou sobre
o meu corpo. Sem interromper o beijo, ele arrancou minha
blusa. Mordi seu lábio, provando seu sangue, e um rosnado
rasgou sua boca, derramando na minha garganta.

Ele segurou meu peito, apertando e me fazendo ofegar em


seus lábios sangrando. Seus dedos torceram e puxaram meus
mamilos, me machucando com seu toque torturante. O prazer
veio com a dor. Eu gritei; eu o beijei mais forte.

As roupas desapareceram, a pele nua se encontrou, nossos


corpos se chocaram. Nós estávamos brigando; nós estávamos
nos beijando. Isso era loucura total e tudo o que eu desejava.
Maddox finalmente forçou sua boca para longe da minha e nós
dois ofegamos, sem fôlego.

Ele me chocou montando meu peito. A luxúria mascarou


seu rosto, enquanto seus olhos combinavam com a tempestade
furiosa entre nós. Seu pau saltou para a frente, grosso e longo.
Ele agarrou seu comprimento duro e esfregou a ponta nos meus
lábios. O pré-sêmen cobriu a cabeça inchada e lambi meus
lábios, saboreando sua essência escorregadia.

Maddox gemeu. Ele apertou seu pau e eu abri meus lábios.


Seus olhos brilharam mais escuros, e ele forçou seu
comprimento no calor molhado da minha boca e na minha
garganta. Eu engasguei, lágrimas queimando a parte de trás
dos meus olhos. Meu nariz formigou, enquanto eu tentava
respirar e tomar tudo dele.
Esta posição era diferente. Eu estava completamente
vulnerável a Maddox, e isso parecia alimentar aquele animal
estrondoso nele.

Eu não conseguia respirar.

Ele não conseguia respirar.

Maddox grunhiu quando a ponta do seu pau atingiu o


fundo da minha garganta. Fechei meus lábios ao redor do seu
comprimento. Ele pulsou dentro da minha boca. Apertei minhas
coxas com mais força, sentindo o pulso insistente entre elas.
Minhas bochechas esvaziaram quando eu o chupei.

Ele estremeceu, as veias no pescoço inchadas, e me senti


incrivelmente... poderosa. Mesmo que ele estivesse me
dominando.

Seu eixo quente sacudiu na minha boca, enquanto usava


minha língua em seu comprimento grosso e duro. Havia
necessidade em seus olhos.

Um olhar frenético em seu rosto.

Sua mão enrolou em volta do meu pescoço e seus dedos


roçaram minha garganta, sentindo seu pênis duro, enquanto o
afundava em minha garganta. Eu engasguei quando ele
empurrou mais fundo e depois ofeguei quando saiu, sem aviso
prévio. Ele apertou sua dureza, e com um grunhido, ele gozou
por todo o meu pescoço, minha boca e meu peito.
Lambi meus lábios, provando-o. Ele xingou. — Porra.

Eu sorri, perdida nessa euforia. Bêbada e viciada nele. Há


muito tempo mergulhei de cabeça no amor e na luxúria com
Maddox. Esta noite era a prova do quanto o desejava.

— Eu te deixei suja. — Ele rosnou, sua voz enferrujada e


áspera.

Isso foi tudo depravado. Isso foi carnal. Esse foi o nosso
amor louco, insano. Feio e bonito. Desesperado e apaixonado.

Estendi a mão, enrolei meus braços em volta de seus


ombros e o puxei para meus lábios. Eu o beijei com uma
violência própria. Eu abri minhas coxas e Maddox se
estabeleceu entre elas. Eu podia senti-lo esfregando a ponta nas
minhas dobras molhadas. Meus quadris levantaram,
perseguindo mais do seu toque provocador.

Quando me afastei um pouco nossos lábios ainda estavam


um contra o outro. Seu hálito mentolado misturou-se ao meu, e
me vi sorrindo com a familiaridade. Meus lábios caíram em sua
mandíbula antes que eu lambesse um pequeno caminho em seu
pescoço. A sua fraqueza, eu sabia disso.

Maddox soltou um silvo e seu corpo se apertou ao mesmo


tempo em que lambia o proeminente pomo de Adão. Sua
garganta se moveu quando engoliu em seco. — Lila...
Cheguei entre nós e envolvi meus dedos em torno de seu
pau, o empurrando para dentro de mim. Onde eu o queria.
Onde eu precisava dele. Meu núcleo aquecido se apertou e eu
choraminguei, enquanto ele me enchia lentamente.

Seus olhos dilataram.

Sua mandíbula tremeu.

Seu corpo estremeceu.

Eu gemi.

Ele grunhiu.

Eu choraminguei.

Ele rosnou.

Eu enterrei meus dedos em seu peito, bem acima do seu


coração batendo. — Maddox...

Seus quadris empurraram contra os meus e não terminei


minha frase. Minha mente ficou em branco, e um gemido
desesperado escapou de mim.

Maddox mordeu meu lábio, deixando uma picada dolorosa


para trás, enquanto sua mão circulava em volta da minha
garganta. Ele empurrou com força para dentro, me esticando
com cada centímetro grosso dele. — Tome tudo como uma boa
garota. — Disse ele em voz baixa e gutural. Apertei-o em
resposta.

— Foda-se. — Ele grunhiu no meu ouvido. — Assim


mesmo, baby. Aperta-me e me deixa te foder como eu preciso.
Como você quer que eu faça. Sua boceta é uma maldita terapia,
Lila.

Meus olhos se fecharam quando se afastou e empurrou de


volta com a mesma força. Não havia nada gentil ou doce nisso.
Maddox estava me usando, perseguindo desesperadamente seu
orgasmo através do meu corpo, se livrando dessa raiva
reprimida dentro dele... através de mim.

Maddox Coulter era meu inferno e meu paraíso.

Ele me matou. Eu o matei.

Nós éramos a cura e a praga.

O veneno e o antídoto.

As mãos de Maddox deslizaram atrás de mim, segurando


minha bunda, quando ele levantou meus quadris no ar. Ele
encontrou seu ritmo, e nessa posição, seu eixo atingiu cada
ponto doce dentro de mim. Meus olhos reviraram na parte de
trás da minha cabeça. Minhas unhas cavaram mais fundo em
seu peito, permanentemente deixando minha marca em sua
carne.
Seus lábios esmagaram os meus quando gozei com um
grito. Maddox abafou qualquer som que fiz, e ele gemeu na
minha boca, quando encontrou seu próprio orgasmo.

Ele caiu em cima de mim e passei meus braços em volta de


seus ombros. Nossas respirações saíram ásperas e lutamos
para recuperar nosso equilíbrio. Seu coração trovejou contra o
meu e eu queria chorar. Por todos os dias que perdemos.
Porque nós fomos tão estúpidos.

— Maddox.

— Shh, Lila.

— Não vá. — Eu sussurrei, ainda tentando recuperar o


fôlego. — Por favor.

Seus quadris flexionaram e eu senti sua semiereção dentro


de mim.

— Eu não vou. Ainda não.

Maddox enterrou a cabeça no meu pescoço e senti seus


lábios na minha garganta. Um breve beijo. Um sussurro de seus
lábios. Ele esfregou o nariz na minha garganta com tanta
ternura que trouxe lágrimas aos meus olhos.

Eu te amo.

Meus olhos se fecharam. Nossa respiração se igualou, mas


nossos corpos permaneceram conectados. Eu devo ter
cochilado, porque quando abri meus olhos senti um pano
quente esfregando minha pele.

Eu sorri, tola e sonolenta, para Maddox. Ele estava


limpando a bagunça que deixou em mim. Eu me enrolei do meu
lado quando ele puxou os cobertores ao meu redor. Seu polegar
roçou minha mandíbula e seu rosto estava desprovido de toda a
raiva que eu havia experimentado antes.

Ele olhou para mim como meu Maddox costumava fazer. A


mesma expressão terna no rosto. Aquele olhar suave em seus
olhos azuis. Para mim. Sempre para mim.

Seu olhar permaneceu em minha garganta, e


inconscientemente, trouxe minha mão para ela. Meus dedos
deslizaram sobre algo frio...

Meus olhos se arregalaram e ofeguei, me sentando. Nosso


apanhador de sonhos.

Meu coração bateu forte. Apertei o colar na minha mão e


sufoquei um soluço. Maddox forçou meus dedos a abrirem e
deslizou o polegar sobre o apanhador de sonhos.

— Não perca. Não quebre. Porque se eu tomá-lo


novamente, não haverá outra segunda chance. Eu vou queimar.
Eu vou nos queimar.
Maddox não estava falando sobre o apanhador de sonhos.
Ele estava falando sobre... ele mesmo. Segurei seu pulso
quando ele tentou dar um passo para trás. — Não vá embora.

Ele balançou a cabeça devagar. — Vá dormir, Lila. Não


quero que seu avô me pegue aqui de manhã. Desde que acabei
de foder sua neta com força, enquanto ele dormia pacificamente
no corredor.

Oh. Sim. Merda. Nós apenas fizemos... isso.

Uma pequena risada escapou dos meus lábios.

Ele inclinou a cabeça para o lado. — Droga, meu pau deve


ser muito bom. Acabei de fazer você rir.

Observei enquanto ele saía pela minha janela e a fechou


atrás dele. Caindo na cama, fechei os olhos e finalmente...
respirei.

Ainda não tínhamos resolvido todos os nossos dilemas.


Havia muitas coisas que ainda eram muito problemáticas e
ainda precisávamos conversar.

Mas, pela primeira vez em meses, adormeci com um


sorriso e esperança queimando meu peito.
CAPÍTULO VINTE E SEIS

Dois meses depois

Se cinco meses atrás, alguém me perguntasse se essa seria


a minha vida, eu provavelmente teria rido na cara deles. Eu não
sabia exatamente onde a vida me levaria quando saí de
Harvard, quase quatro meses atrás. Lila e eu terminamos e
voltei para Manhattan com meus pais e com poucas
expectativas.

E agora?

Bem... meu relacionamento com meus pais não era


perfeito, mas éramos cordiais e respeitosos. De alguma forma
encontramos um meio termo. Todos os anos de mal-entendidos
e falta de comunicação, toda a dor... de alguma forma se
mesclaram e percebemos que a única maneira de romper esse
ciclo era resolvê-lo.

Então, uma vez por semana, fazíamos terapia familiar.


Meus pais e eu passamos nosso tempo consertando aquele
fio quebrado entre nós.

Minha mãe se tornou minha mãe.

Meu pai? Bem... ele ainda estava morrendo.

E a Lila?

Meu dragãozinho. Feroz e bonito. Corajoso e apaixonado.

Lila não desistiu dessa vez. Oh não, ela lutou comigo,


dentes e garras, até que não tive escolha a não ser deixá-la
entrar na minha vida novamente. Ela lutou por mim.

Ela estava certa. Novamente.

Transformamos algo bonito em algo feio sem sequer


perceber que éramos o motivo de toda a dor. Não era o passado
dela ou o meu. Não era Christian ou Bianca. Era tudo... nós.

Nossa teimosia. Nosso orgulho. Nossa necessidade de nos


protegermos de uma maneira bagunçada. Havia uma fera
zangada dentro de mim, feia e vingativa. Eu a estava
alimentando inconscientemente. E a Lila? Ela tinha uma fodida
forma de racionalizar as coisas.

Eu me arrependi de tudo o que tinha feito. Arrancar aquele


apanhador de sonhos? Esse foi o nosso ponto de ruptura.
Machucando-a deliberadamente por causa de Bianca? Foi aí
que eu estraguei tudo.
Eu ia lhe contar a verdade no hospital... mas quando ela
saiu novamente, foi embora, sem um segundo olhar... algo
estalou em mim. O eco era alto, o som duro em meus próprios
ouvidos quando ela arrancou meu coração do meu peito e levou
com ela.

Eu a machuquei.

Eu me feri.

Devolver-lhe o apanhador de sonhos foi o começo para


consertar o que havíamos quebrado entre nós. Naquela noite,
fui até ela com toda a minha frustração, todos os sentimentos
caóticos dentro de mim. Lila os abraçou... ela me segurou,
enquanto eu a tomava. De novo e de novo.

Quando ela adormeceu comigo ainda dentro dela, fiquei


acordado por horas. Apenas olhando para o seu rosto dormindo.
Tão bonito. Tão confiante.

Eu odiei o que tinha feito com ela...

Então, naquela noite, envolvi meu mindinho em torno do


dela e fiz outra promessa. Um voto solene.

Eu prometo que…

— Oi, baby. — Ela passou o braço em volta da minha


cintura e seus lábios pressionaram contra as minhas
omoplatas.
— Garcia.

Ela me mordeu através da minha camisa. — Coulter.

— Chihuahua.

— Poodle.

Lila deu a volta e me encarou. Havia um sorriso terno no


rosto. Os círculos negros sob seus olhos se foram. Ela parecia
mais saudável de novo... mais feliz. Parecia com o meu dragão
favorito. Meu único dragãozinho.

Deus, como eu estraguei tudo.

— Seu pai quer ir até o lago.

Eu fiz uma careta para isso. — Está um pouco frio hoje.


Eu disse a ele que iríamos dar uma volta no lago amanhã.

Lila pegou minhas mãos nas dela e apertou. — Sim. Mas


ele quer ir hoje.

Lá estava. Aquele olhar que eu estava esperando, mas não


estava pronto. Eu esfreguei uma mão sobre o meu rosto.

— Você acha que…?

Lila balançou a cabeça lentamente. — Eu não sei. Hoje


acordei nos seus braços e não queria pensar nisso. Mas então o
vi naquela cadeira de rodas, pele e ossos, fazendo uma careta
toda vez que engolia e mal conseguia formar uma frase...
Eu xinguei baixinho. Emoções selvagens entupiram minha
garganta.

— Eu não estou pronto, Lila.

— Eu sei. Mas eu estarei aqui, Maddox. Eu estarei bem


aqui. — Ela me mostrou seu dedo mindinho e me deu um
sorriso vacilante.

Enrolei meu mindinho em torno do dela. — Prometo. —


Ela sussurrou.

— Maddox. — A voz doentia do meu pai nos separou. Eu


me virei e vi minha mãe o trazendo em nossa direção. Ele estava
vestido confortavelmente para sair. A primavera chegou no
início deste ano, mas ainda ventava bastante e estava um pouco
frio.

Eu limpei minha garganta. — Pronto?

Ele assentiu e peguei as alças da cadeira de rodas e o


empurrei para fora. O lago ficava em nossa propriedade, a
apenas sete minutos a pé. Lila e minha mãe seguiram atrás de
nós, a uma distância segura.

Depois de uma curta caminhada, chegamos ao banco que


dava para o lago. Coloquei a cadeira de rodas ao lado do banco
e sentei-me.
— Você queria falar comigo? — Eu sabia que havia algo...
eu poderia dizer pelo seu silêncio tenso. E o fato de minha mãe
e Lila ficarem a alguns metros de distância e não se juntarem a
nós. Isso significava, que o que meu pai tinha a dizer para mim,
era entre nós dois.

— Sempre tão perspicaz. — Ele riu, apenas para terminar


em um acesso de tosse. Pacientemente dei um tapinha em suas
costas e lhe dei um minuto para se recompor. Meus olhos
caíram no sangue no canto da sua boca e rapidamente o limpei
com seu lenço.

Sua mão tremia quando ele deu um tapinha gentil nas


costas da minha. Eu olhei para as nossas mãos. As dele,
enrugadas, ossudas e frágeis. A minha, grande, forte e
saudável. A visão de nossas mãos se tocando me fez perceber
até que ponto nosso relacionamento havia chegado.

O tempo não apagou o passado. Mas isso curou um pouco


da dor.

Ele respirou fundo. — Meu maior erro foi fazer você pensar
que eu não estava orgulhoso de você, Maddox.

Eu me encolhi, sem esperar essa conversa. Minha mão


caiu da dele, apertando em um punho.
Ele não parou. — Apesar de tudo, você se tornou o homem
que sempre quis que você se tornasse. Você é capaz de coisas
grandes, filho. Você não é indigno.

Ah, porra.

Abri minha boca para detê-lo, mas ele falou sobre mim
com sua voz doente e trêmula. — Você vale tanto, e fui um pai
de merda por nunca lhe dizer isso.

Meu pai desajeitadamente agarrou minha mão novamente


e me puxou para frente. Eu deixei o banco e me agachei a sua
frente, onde ele me queria. Estávamos no nível dos olhos agora.
Suas mãos fracas apertaram as minhas.

Fechei os olhos, sentindo a queimadura atrás das minhas


pálpebras. — Eu só queria que tivéssemos mais tempo juntos.
— Disse ele.

Passar os últimos quatro meses com meu pai me fez


perceber que também queria isso. Eu queria todo o tempo
perdido e muito mais. Eu queria o amanhã, a próxima semana,
o próximo mês e o próximo ano.

— Sinto muito. — Ele respirou, sua voz embargada.

Inclinei minha cabeça sobre nossas mãos. Ficamos assim


por um longo minuto. Quanto mais tempo eu passava assim,
mais difícil se tornava para eu... respirar.
A dor no meu peito se intensificou. — Sinto muito. — Ele
disse novamente, como se a última vez não fosse suficiente.

— Pai. — Eu murmurei, o vento carregando minha voz.

Seu peito estremeceu com um som sufocado. — Eu sinto


muito.

— Eu também sinto muito, — Eu disse firmemente. — Pai.

Ficamos assim por um longo tempo. Talvez trinta minutos.


Talvez uma hora. Talvez mais. Mamãe e Lila finalmente se
juntaram a nós. Eu finalmente levantei minha cabeça para ver
minha mãe em pé atrás do meu pai, as mãos nos ombros dele.
Lila veio ficar ao meu lado. Depois de um segundo silencioso,
ela me alcançou, aquele fio invisível a puxando para mais perto.
Lila colocou a mão no meu ombro.

Meu peito se expandiu quando finalmente respirei fundo,


sem meus pulmões sentindo como se estivessem sendo
esmagados por um peso.

Meu pai me deu um sorriso fraco. Ele cutucou o queixo em


direção a Lila e me deu um aceno de aprovação. Eu ri, sentindo
a tensão dissipando do meu pescoço.

Esse foi o começo do fim.


CAPÍTULO VINTE E SETEMBRO

Brad Coulter faleceu um dia depois, cercado por sua


pequena família. Eu segurei a mão de Maddox e Savannah
quando ele deu seu último suspiro, em sua própria cama.

O funeral ocorreu no dia seguinte, um dia nublado e


ventoso. O lugar estava lotado. Afinal, Brad Coulter era um
homem respeitado e amado pelo mundo. O culto foi um borrão
para mim e a cerimônia terminou rapidamente. Muitas pessoas
se aproximaram de Maddox, compartilhando suas condolências.

Ele ficou estoico ao meu lado, seus dedos em volta dos


meus. Ele nunca soltou, e eu também não.

Savannah subiu ao pódio. Ela limpou a garganta, pegou o


microfone e se dirigiu à multidão. Eles estavam esperando o
discurso fúnebre dela.

Ela olhou para a multidão por um longo momento,


passando de um pé para o outro. A mão de Maddox apertou a
minha.
Savannah enxugou as lágrimas e respirou trêmula.
Quando ela finalmente começou a falar, sua voz estava
embargada de lágrimas. — Eu nem sei o que devo dizer. Acabei
de perder meu marido e tenho que dizer algumas palavras sobre
amor, família... morte... quando minhas feridas ainda estão
muito frescas. O Brad Coulter que todos conheciam, ele é... era
muito diferente do Brad que eu conhecia. Veja bem, ele veio do
nada. Vinte e oito anos atrás, mal tínhamos um dólar de sobra.
Brad era um homem feito por si mesmo, e até o fim, nunca
perdeu de vista o que era importante para ele.

Savannah olhou para Maddox e eles compartilharam uma


conversa silenciosa.

— Eu me apaixonei por Brad aos onze anos. Ele foi meu


primeiro amor, meu primeiro beijo... Lembro-me da primeira vez
que o vi. Não foi nada romântico. Na verdade, se você ouvisse a
história real por trás do nosso primeiro encontro pensaria que
eu estava mentindo. Eu lembro…

Ela parou, sufocando com os soluços.

— Brad e eu nos casamos em um tribunal. Trocamos os


anéis mais baratos. Anéis que compramos na loja de
conveniência. Foi o casamento mais simples, mas foi o melhor
dia da minha vida, seguido do dia em que dei à luz nosso filho.
Brad me ensinou a ser forte, a sempre perseguir o que quero na
vida. Ele amava incondicionalmente. Ele nem sempre era bom
em mostrar, mas amava. Duro. Ele sussurrava suas realizações
para mim e sussurrava seus arrependimentos.

Os seus olhos se fixaram em Maddox, desesperada para


ele ouvir, entender suas palavras não ditas. — Suas últimas
palavras para mim foi que ele desejava ter mais tempo conosco.

Maddox respirou fundo e segurou minha mão com força.


— Ele não era um humano perfeito, nem o marido perfeito, nem
o pai perfeito, mas enquanto esteve vivo, ele tentou. E isso era
tudo o que importava. Se há uma coisa que minha vida com
Brad me ensinou foi que amor...

Seus olhos procuraram os nossos, e ela nos segurou no


momento, mantendo-nos ainda com seu olhar. — O amor é
bagunçado... o amor é feio. O amor é feito de rosas e espinhos.
O amor é... incondicional. Você não desiste do amor. Você luta e
luta... e luta por isso, porque vale cada lágrima, cada dor... cada
sorriso, cada risada.

Ela sorriu através das lágrimas. — Isto não é um filme. Ou


um livro de romance. É real e vai doer. Veja bem, o amor se
tornará entediante depois que vocês estiverem juntos há anos.
Todo relacionamento atingirá essa fase, em que a “centelha”
desaparecerá por um breve momento no tempo. E é aí que a
maioria das histórias de amor perece, ou onde poucas histórias
de amor florescem. É exatamente nesse momento que você deve
lutar mais. O amor não é apenas um sentimento. É um
compromisso. Você não desiste quando não é mais divertido.
Você não dá as costas quando fica feio. Não, o amor é
complicado e bonito. Você luta. Você ama. Você vive. E foi
exatamente isso que Brad me mostrou. — Concluiu Savannah,
sua atenção nunca deixando Maddox e eu.

Ela não estava falando para a multidão. Savannah estava


falando conosco.

Eu trouxe nossas mãos entrelaçadas à minha boca e


coloquei o beijo mais gentil nas costas dos nós de Maddox. Eu te
amo, eu murmurei.

Ele provavelmente não sentiu, mas não ia confessar meu


amor por ele no funeral de seu pai. Por enquanto, eu o deixaria
sofrer.

Horas depois, Maddox e eu estávamos finalmente


sozinhos. Eu fiquei ao seu lado quando ele se ajoelhou ao lado
do túmulo de seu pai, colocando uma única rosa branca nele. —
Adeus... pai.
A voz de Maddox falhou. Esse era o momento dele. Quando
seu pai deu seu último suspiro, Maddox nem se encolheu. Ele
não chorou. Ele não mostrou absolutamente nenhuma emoção.
Ele se levantou e ligou para as pessoas que deveriam cuidar do
funeral.

Maddox fechou os olhos e inclinou a cabeça.

O trovão berrou alto, e o céu se abriu, derramando sobre


nós.

Eu senti isso, mais do que ouvi seu rugido. Um grito de dor


deixou seu peito, e eu assisti, como o homem que eu amava,
desmoronou, enquanto a tempestade se espalhava ao nosso
redor.

Eu o deixei ter esse momento. Eu deixei-o... sentir.

Sua dor sangrou em mim e fechei meus olhos. As lágrimas


caíram de qualquer maneira, apenas para serem lavadas pela
chuva forte.

Maddox não se moveu da sepultura fresca de seu pai por


um longo tempo. Quando ele finalmente se levantou de novo, ele
tropeçou, e eu o alcancei.

Ele me envolveu e eu o segurei. Ele enterrou o rosto no


meu pescoço e estremeceu nos meus braços. Nós dois
estávamos encharcados, ambos tremendo, mas eu não me
importei.
Eu não sabia como chegamos em casa, mas conseguimos.
Tudo era um borrão, o mundo balançando para frente e para
trás, em frente da minha visão.

Ajudei Maddox a tirar a roupa molhada e me juntei a ele


na cama, nós dois desesperadamente buscando calor debaixo
dos cobertores.

Seus lábios frios encontraram os meus, e o deixei tomar


esse beijo. Suave. Terno. Doce.

Não era desesperado ou enlouquecido. Maddox me beijou


como se quisesse me provar para sempre. Meus lábios se
fundiram com os seus, e meus braços se enrolaram na parte de
trás de sua cabeça quando ele rolou, me prendendo embaixo
dele.

Maddox se estabeleceu entre minhas coxas.

Beijo. Eu te amo.

Beijo. Eu nunca vou te deixar.

Beijo. Eu prometo.

Beijo. Promessa de dedinho.

Beijo. Para sempre, baby.

Eu sussurrei sem palavras todas as minhas promessas a


ele, através dos nossos beijos.
Maddox traçou com carinho minhas cicatrizes, antes que
segurasse meu peito e acariciasse meu mamilo. Engoli em seco
em sua boca e empurrei meus joelhos para cima, envolvendo
minhas coxas em torno de seus quadris para que estivéssemos
alinhados exatamente onde eu o queria. Nossos lábios se
separaram, nossos olhos se encontraram, suas pupilas escuras
e dilatadas, e Maddox lentamente me penetrou.

Foi requintadamente lento e dolorosamente apaixonado.

Eu doía com a ternura em seus olhos. Eu doía com a


adoração em seu rosto.

Ele estava nu e transparente. Maddox me rasgou em


farrapos e pedaços antes de me recompor.

Seus dedos se curvaram ao redor dos meus, antes que


prendesse minhas mãos em ambos os lados da minha cabeça.
Ele começou a entrar e sair. Seu comprimento grosso me
esticou, e meus gemidos derramaram dos meus lábios quando
me encheu com movimentos lentos e profundos, nossos
suspiros e gemidos enchendo o quarto.

Meu corpo corou e o fogo se espalhou pelas minhas veias.


Maddox estremeceu e gemeu, enquanto se aproximava do seu
orgasmo. Meus músculos ficaram tensos, até me esticar como
uma corda de arco, pendurada no precipício do meu orgasmo.
Sua testa tocou a minha e meus olhos se fecharam quando
gozamos. Ele me encheu até a borda, enquanto meus músculos
relaxavam lentamente e eu ficava mole em seu abraço.

Maddox nos rolou, então eu estava deitada em seu peito,


mas nossos corpos permaneceram conectados. Eu amava a
sensação dele dentro de mim.

Sua cabeça bateu contra a minha orelha e eu sorri,


sentindo-me em paz. Isto era... lar. Maddox me manteve
ancorada a ele com um braço firme em volta dos meus quadris.
Nós nos encaixamos perfeitamente; o topo da minha cabeça sob
o seu queixo e meu corpo menor sobre o seu muito maior.

Meus dedos cruzaram seu peito. — Desculpe-me, eu não


estava lá quando você precisou de mim.

Maddox cantarolou baixinho, sua mão desenhando


círculos nas minhas costas. — Você estava.

Sobrancelhas franzidas, eu olhei para ele. — Hã?

Os lábios dele se curvaram com um sorriso. — Você


sempre esteve comigo.

Maddox passou o dedo sobre o nosso apanhador de


sonhos no meu pescoço. — Eu tinha isso no bolso o tempo todo,
então você sempre esteve comigo, Lila. Sempre que tudo parecia
demais, eu procurava dentro do meu bolso e sentia o colar.
Mesmo que eu estivesse com tanta raiva de você, esse
apanhador de sonhos ainda me trouxe... paz.

— Eu nunca deixei você. — Eu sussurrei.

— Não. — Ele concordou. — Você nunca deixou. Você


sempre esteve bem aqui.

Meus lábios roçaram seu peito, seu coração batendo. — Eu


te amo.

Esta foi a minha primeira vez dizendo isso em voz alta.


Mas Maddox já sabia disso... sem eu ter que dizer essas
palavras.

Ele riu. — Eu sei.

Apertei seu mamilo. — Diga de volta.

— Eu amo você, meu lindo, absolutamente louco,


dragãozinho.

Oh, essas borboletas.

— Minha Lila. — Ele murmurou no meu ouvido.

Sempre sua.

Para sempre sua.


CAPÍTULO VINTE E OITO

Um ano depois

— Conseguimos! — Eu corri para Maddox. Eu pulei em


seus braços, envolvendo minhas pernas em volta de sua
cintura. Nós rimos quando ele me agarrou e deu um beijo alto e
molhado nos meus lábios.

— Você está bagunçando meu batom!

— Foda-se. — Ele rosnou, me beijando mais forte.

Enquanto todos os nossos amigos se formaram um ano


antes de nós, Maddox e eu estávamos agora, finalmente,
formados.

— Doce Jesus! Vocês precisam parar com toda essa


demonstração pública de afeto. — Riley gritou.

— Deixe-os pelo menos hoje. — Disse Grayson.


— Eu vi Maddox e Lila fazerem pior. — Colton riu,
referindo-se ao tempo em que ele nos encontrou transando, há
duas semanas.

Revirei os olhos e mexi, deixando Maddox saber que queria


descer. Ele relutantemente soltou, e me acomodei novamente.
Nossos amigos e familiares estavam todos aqui e eu
simplesmente não poderia estar mais feliz...

Savannah estava tirando nossas fotos sem parar.

Vovô e vovó derramaram algumas lágrimas.

Um ano atrás, nossas vidas mudaram. Para melhor,


gostaria de acrescentar. Maddox e eu trabalhamos em fortalecer
nosso relacionamento, enquanto Savannah e seu filho se
aproximavam ainda mais.

Bianca estava oficialmente fora de nossas vidas quando


sacou seu fundo fiduciário, arrumou seu bebê recém-nascido e
seu namorado se tornou noivo e deixou o braço de ferro de seu
pai. Ela deixou o estado e nunca mais tivemos notícias sua.

Exceto que, de vez em quando, eu espiava suas mídias


sociais. Ela estava prosperando e... feliz.

E Christian Carmichael?
Há meio ano, reabrimos o caso. Com todas as provas que
Maddox e Grayson conseguiram reunir, o julgamento foi rápido.
Desta vez, tínhamos a lei e o juiz do nosso lado.

Christian foi considerado culpado pelo crime, dirigir sob a


influência do álcool que resultou na morte das vítimas do
acidente, e foi condenado a seis anos de prisão.

Depois de quase oito anos, meus pais finalmente


conseguiram a justiça que mereciam. Eu finalmente encontrei a
paz.

Eu sempre brinquei que não precisava de um cavalheiro.


Mas Maddox? Mesmo que não estivesse procurando por um, ele
acabou sendo o meu.

Meu Maddox.

O meu melhor amigo.

Meu primeiro amor.

Meu último amor.

Meu cavalheiro.

Maddox e eu voltamos oficialmente ao nosso apartamento


seis meses atrás. A vida voltou ao normal de quando
frequentávamos nosso último semestre em Harvard.

E aqui estávamos nós... nos formando. Finalmente!


Tiramos mais algumas fotos, até Maddox se cansar.
Cercado por nossa família e amigos, Maddox segurou meu rosto
e esmagou seus lábios nos meus. Língua e tudo quando sua
mãe clicou em uma última foto nossa.

Ele se afastou, tempo suficiente para sorrir diabolicamente


para mim, antes de se abaixar e enfiar os ombros no meu
estômago. Ofeguei e depois sorri quando ele me jogou por cima
do ombro e se afastou.

— Maddox! O que você está fazendo?

Ele deu um tapa de amor na minha bunda. — Roubando


você. Você me prometeu uma foda de formatura. — Oh, Deus.
Maddox e suas necessidades insaciáveis.

— De qualquer forma, você tem um casamento para


planejar.

Espere, o quê?

Espere.

O QUÊ?

Eu lutei, batendo nas suas costas com meus punhos.

— Coloque-me no chão. Agora! Coulter! — Maddox riu e


me colocou de pé. Eu apunhalei um dedo no seu peito,
carrancuda. Ele apenas... sorriu. Ugh, típico Maddox.
— O que é que foi isso?

— Um casamento. — Disse ele.

— Maddox Coulter!

Ele agarrou minha mão esquerda na dele e levou-a aos


lábios, colocando um beijo carinhoso nas costas dos meus
dedos. E foi aí que eu vi.

— Oh. — Eu respirei.

— Oh. — Ele murmurou.

— Puta merda.

Maddox Coulter, também conhecido como meu melhor


amigo, conhecido como meu namorado, sorriu.

— Eu te desafio a ser minha esposa, Lila.

Eu não conseguia nem formular uma resposta. Meus olhos


voltaram para minha mão esquerda. Quando ele colocou um
anel no meu dedo?

— Quando eu te beijei.

Disse ele, sem que eu tivesse que fazer a pergunta em voz


alta.

— Você não pediu!

— Eu acabei de pedir.
— Oh, meu Deus! Maddox!

Ele piscou. — Desafio você.

O anel era um diamante simples, lapidado para uma


princesa. Nada muito pesado, nada muito chique. Apenas...
perfeito.

— Diga “sim”, dragãozinho. — Maddox murmurou.

Eu mostrei minha língua para ele.

— Você não pediu, então não posso dizer que sim.

— Você me quer de joelhos para você, baby?

Eu levantei uma sobrancelha, esperando. Maddox riu e


lentamente se abaixou sobre um joelho. Ele abriu os braços. —
Lila Garcia... te desafio a ser minha esposa. Eu te desafio a
passar o resto da sua vida comigo. Eu te desafio a me tornar o
homem mais feliz dizendo sim.

Eu estava rindo... e chorando por sua proposta estilo


Maddox.

— Sim. — Eu gritei. — Seu homem bobo.

— Você me ama. — Disse ele.

— Eu sei. — Murmurei, caindo de joelhos a sua frente.


O mundo deixou de existir, quando caímos um no outro,
nos beijando e ofegando na boca um do outro.

Meu coração continuava sem batimentos.

Meu estômago torceu e puxou quando aquelas borboletas


ficaram selvagens. Meus lábios estavam inchados e queimando
de seus beijos.

Para sempre, baby. Para sempre.

— Então, onde você quer ir primeiro? — Eu me acomodei


ao seu lado no capô do carro e abri o mapa no meu colo.

Maddox e eu decidimos fazer uma viagem ao redor do


mundo, antes de nos estabelecermos para uma vida agitada.

Agora que terminamos a escola, tive que começar a me


candidatar a empregos. No mês passado, Maddox assumiu
'oficialmente' a posição de seu pai. Brad Coulter deixou um
enorme legado para trás e Maddox é responsável por continuar.

Mas primeiro... precisávamos de umas férias.


— Estou pensando em Bali, e você? — Perguntei, pegando
meu telefone para olhar para o marcador em que eu tinha
guardado todos os lugares que queria visitar.

— Não, dragãozinho. Não vou levar sua bunda a lugar


nenhum comigo até que você seja a Sra. Coulter.

Revirei os olhos. Ele apenas pediu ontem. — Você quer


casar? Agora?

Eu brinquei. Seus olhos azuis brilharam com travessuras,


e ele lambeu os lábios lentamente.

— Agora.

— Hmm. Deixe-me pensar sobre isso. Eu quero um vestido


de noiva. Eu quero andar pelo corredor. Eu quero uma primeira
dança. — Olhei para o meu relógio, dando-lhe um olhar
pensativo. — Então, se você conseguir fazer tudo isso em menos
de doze horas, eu me casarei com você hoje. Antes que o relógio
marque meia-noite. E se você puder fazer isso acontecer,
deixarei você ter minha bunda em nossa noite de núpcias, como
recompensa.

— Feito. — Ele disse rápido demais.

— O quê? — Eu gritei. Maddox pulou do capô do carro e


caminhou para trás, me dando um sorriso malicioso.
— Nunca subestime um homem que quer anal em noite de
núpcias.

— Oh meu Deus! Volte aqui, Maddox! Eu estava


brincando!

Ele parou. — Não. No momento em que você começou a


falar sobre sua bunda, eu não estava mais brincando.

Eu fiquei boquiaberta para ele, sem me mexer.

— Entre no carro, dragãozinho. Até o final do dia de hoje,


você será minha esposa... e sim, eu vou foder sua bunda.
Negócio fechado.

Uma risada borbulhou do meu peito. Pulei do capô, peguei


o mapa agora inútil e entrei no carro com ele.

A vida nunca era chata com Maddox Coulter.


CAPÍTULO VINTE E NOVE

Eu fiz acontecer.

Seis horas depois, decoramos o quintal dos Coulter,


adequado para um pequeno casamento. Lila estava com o
vestido. E o corredor que ela queria. Nossas famílias e amigos
estavam aqui.

Tudo estava como ela sempre sonhou que seria neste dia.

Jurei que minha mãe ia me bater quando disse que ela


tinha menos de cinco horas para se preparar para o meu
casamento. Savannah Coulter olhou furiosa, bufou, bufou... e
então sacou sua varinha mágica (seu celular), lançou alguns
feitiços (fez alguns arranjos com as pessoas que conhecia) e fez
acontecer. Magia.

Colton me deu um tapa nas costas. Ele era meu padrinho,


é claro. — Nervoso?

Eu balancei minha cabeça. Nem um pouco.


O piano começou a tocar. Respirei fundo e puxei minha
gravata. Riley caminhou pelo corredor primeiro, em um vestido
roxo. Ela era a dama de honra de Lila. Ela piscou para mim e
enviou um sorriso tímido para Colton.

Mas então esqueci como respirar quando Lila apareceu no


final do corredor, segurando o braço de seu avô. Seu vestido de
noiva sem mangas moldava em todas as suas curvas. Belo e de
seda. Simples e elegante. Eu sabia que o vestido era sem costas
porque ela me provocou quinze minutos antes do nosso
casamento.

Sim, entrei furtivamente no seu quarto, enquanto ela


estava esperando. E as coisas que fizemos... bem, não havia
nada de sagrado nisso.

Nossos olhos se encontraram.

O tempo parou.

Um segundo durou uma eternidade.

Ela caminhou pelo corredor e nós compartilhamos um


sorriso secreto.

Meu coração bateu contra a minha caixa torácica quando


seu avô colocou sua mão na minha. — Ame-a. — Ele
murmurou, com lágrimas nos olhos.

— Eu vou. — Jurei.
Segurei sua mão na minha e Lila me presenteou com um
sorriso que roubou completamente meu fôlego. O ministro
começou a cerimônia, mas tudo em que conseguia me
concentrar era... seus olhos castanhos.

Seus lábios cheios e sorridentes.

Nosso apanhador de sonhos se estabeleceu perfeitamente


no meio do peito.

E o fato de que, agora, escondido debaixo do vestido, meu


esperma provavelmente encharcava sua calcinha e estava
vazando pelas coxas.

Lila piscou, como se pudesse ler minha mente. E fui


jogado de volta há seis anos.

Essa foi a garota que eu encontrei na cafeteria da


Academia Berkshire.

Ela derramou seu café com leite frio em mim e depois


murmurou para mim.

Feroz e atrevida.

O início.

E o fim.
EPÍLOGO

Sete anos depois

Acordei com uma cãibra na parte inferior das costas.


Rolando para o meu lado, tentei encontrar uma posição
confortável, mas era quase impossível. Meu braço se esticou,
buscando o calor de Maddox, apenas para encontrá-lo ausente.
Ah, então ele estava acordado.

Fechei os olhos, desejando voltar a dormir rapidamente.


Mais dez minutos, implorei silenciosamente, apenas mais dez
minutos. Mas um estrondo forte me deixou completamente
acordada. Bem, merda. Parecia não ter mais sono para mim.

Com um gemido, saí da cama. Depois de escovar os dentes


e me aliviar, desci as escadas para caçar meu marido.

Eu o encontrei em nossa cozinha. Ele não estava sozinho.

E a minha cozinha? Bem, era uma bagunça absoluta.

Ele me encarou, enquanto entrava na cozinha, sorrindo. —


Bom dia, senhora Coulter.
Algo pequeno e turbulento bateu nas minhas pernas. —
Bom dia, mamãe!

Nosso filho. A réplica exata de seu pai. Passei meus dedos


pelos cabelos loiros encaracolados. Ele se animou e sorriu, o
famoso sorriso Coulter. Quatro anos atrás, Logan Coulter me fez
mãe. Ele era tudo o que seu pai era. Teimoso. Ousado. Forte. E
aquela atitude Coulter? Oh, sim.

No momento em que a enfermeira o colocou em meus


braços, ele abriu os olhos piscando para mim com um azul tão
familiar que sabia que ele seria um problema. E eu estava certa.

Logan era Maddox 2.0.

— Oi, mamãe. — Outra voz doce se juntou à primeira.

Eu olhei para a mesa, onde meu outro bebê estava sentado


no balcão da cozinha. Ele sorriu para mim; o rosto coberto de
farinha. Ele era meu doce garoto. A versão muito mais calma do
Logan. Tranquilo e perspicaz, ao contrário de seu irmão mais
velho. Brad enfiou o punho minúsculo na boca e lambeu o que
estava em sua mão. Chocolate, provavelmente. Brad Coulter
tinha um gosto por doces, e ironicamente, como seu homônimo,
seu avô também.

— Mãã. — Com o coração cheio, virei-me para Maddox que


tinha nosso bebê soluçando nos quadris.
Levi Coulter, gêmeo de Brad. O brincalhão. Dos três
garotos, Levi definitivamente tinha mais de mim nele do que de
seu pai. Ele gostava de ler, amava a Disney e era o borbulhante
dos três garotos. Embora gostasse de provocar, ele era rápido
em falar sério. Ah, e estava obcecado com muffins de chocolate
com menta.

— Bom dia, bebês. Vocês estão fazendo panquecas para


mamãe? — Deus, estavam todos uma bagunça. Farinha.
Chocolate. Chantilly.

Brad assentiu, empurrando mais chocolate na boca. Oh,


doce Jesus. Adrenalina do açúcar, eu podia ver isso chegando.
Lancei um olhar para Maddox, antes de pegar Brad e colocá-lo
em seu assento, longe da bagunça e do chocolate.

— Panquecas. — Levi concordou.

— Hmm. Como vocês decidiram me fazer panquecas hoje?

Logan me deu um olhar sério. — Porque nós amamos você,


mamãe!

Oh, céus.

Ah, não.

Ah, merda.

Meu nariz formigou e a parte de trás dos meus olhos


queimaram.
— Sim, amamos você. — Levi e Brad concordaram ao
mesmo tempo.

Maddox sorriu. — Amo você, dragãozinho. — Ele


murmurou.

E então... Lila Coulter prontamente explodiu em lágrimas.

— Ah, não.

— Nós fizemos mamãe chorar. De novo.

— Papai, mamãe está chorando!

Maddox colocou Levi em segurança em seu assento e me


alcançou. Ele me envolveu em seu abraço e eu soltei outro
soluço.

— Por que você está chorando?

— Porque... eu estou... tão feliz. Cale a boca, ok!

Essa era minha família. Minha louca e doce família.

Maddox riu, antes de suas mãos descerem para o meu


estômago. Ele segurou minha barriga pesada e inchada, e seus
lábios caíram sobre minha testa com um beijo casto.

— Eu sei. Agora vamos comer. Os meninos trabalharam


duro para fazer panquecas comestíveis para você.
Dei-lhe um selinho rápido nos lábios, antes de beijar todos
os meus três meninos. Eles adoravam beijos da mamãe e eu
queria dar a eles o máximo que conseguisse, antes que se
cansassem.

Meus meninos. As réplicas exatas de seu pai.

Engraçado como, há mais de uma década, nos corredores


da Academia Berkshire... — Lembra que você me disse uma vez
que havia apenas um de você? — Eu perguntei a Maddox. As
sobrancelhas dele se ergueram e me deu seu sorriso de derreter
calcinha.

— Agora olhe para mim! Estou preso com quatro garotos


Coulter!

Assim que eu disse as palavras, meu estômago apertou e o


bebê chutou. Eu apalpei minha barriga de grávida e meus olhos
se arregalaram em percepção...

— Maddox. — Eu sussurrei. — Se este for outro garoto, eu


vou perder a cabeça.

Ele riu, mas eu estava falando sério.

— Não... eu não consigo... eu preciso de uma garota,


Maddox!

Ele estava rindo, e eu estava tão perto de chorar de novo.


Ele deve ter sentido isso acontecer, porque rapidamente
segurou meu rosto e esmagou seus lábios nos meus, me dando
um beijo longo e abrasador, até que parei de surtar.

— Tudo bem se não for uma garota. Podemos continuar


tentando até conseguirmos uma garota para você. — Ele sorriu.

Eu olhei. — Você está tentando me fazer dar à luz um time


de futebol inteiro.

— Eu quero pelo menos sete. — Maddox respondeu


inocentemente.

— E eu vou te matar.

Ele apenas piscou, nem um pouco assustado com a minha


ameaça.

— Mamãe, depressa. Estamos com fome.

Com uma risada, sentamos em volta da mesa e comemos


nossas panquecas muito moles e muito doces. Maddox estava
com a palma da mão grande sobre minha barriga de grávida, e o
bebê estava hiperativo, como se ele ou ela soubesse que seu pai
estava lá.

Eu amava meus bebês, verdadeiramente.

Mas eu também estava cansada de estar grávida.

Logan tinha quatro anos.

Brad e Levi estavam com dois.


E eu estava grávida de sete meses.

Eu literalmente estava grávida há quatro anos.

Por mais que eu adorasse ser mãe em casa nos últimos


anos, eu realmente queria voltar ao trabalho. Eu gostava de ser
química. Depois desse bebê, eu estava pronta para voltar ao
mundo da ciência e da pesquisa. Minha ausência de quatro
anos não foi realmente um problema, já que o chefe do chefe do
meu gerente era meu marido. (Sim, ele comprou o laboratório de
pesquisa em que trabalhei.)

Maddox queria mais filhos e eu não ia contra a ideia. Mas


eu precisava de uma pausa no meio.

Comi minha panqueca e observei enquanto Maddox dava


algumas mordidas em Levi, limpava o rosto bagunçado de Brad
e jogava um pouco de creme na cabeça de Logan. Eles riram e
Logan jogou uma colher de creme de chocolate de volta no pai.
Ele atingiu Maddox bem no meio do peito.

Ele era o pai perfeito que eu sempre soube que seria.

Três anos atrás, Maddox vendeu metade do império


Coulter. Ele não queria isso... nunca quis ser o que seu pai era.
Nunca quis essa vida. Eu nunca tinha visto um olhar tão
aliviado no rosto de sua mãe quando ele disse a ela. Ela estava
esperando, e apoiou Maddox em sua decisão.
E assim, ele diminuiu seu fardo e garantiu que houvesse
pessoas fazendo seu trabalho por ele. Ele só ia ao escritório
quando realmente precisava. Que era, tipo, uma vez por
semana.

Como hobby de meio período, ele treinava o time de futebol


de nossa escola local.

E o resto do tempo dele? Ele passava conosco. Maddox era


um homem de família, completamente. Ele era um pai prático.
Quando estava grávida de Logan, ele jurou que não perderia um
dia na vida de nossos filhos.

E ele não fez.

Ele estava aqui para as primeiras risadas de nossos bebês,


primeiros rastros, primeiras palavras, primeiros passos.
Primeiro tudo.

— Eu te amo. — Eu sussurrei.

Aqueles olhos.

Esse sorriso.

Este rosto.

Meu dedo mindinho se enrolou ao redor do dele sobre


minha grande barriga.

— Promessa de dedinho? Uma última vez?


O mindinho dele apertou o meu.

— Não há nenhuma última vez. Nós somos para sempre,


baby.

Fim
AGRADECIMENTOS

Vivvi, como eu te agradeço? Você é minha rocha e um


pedaço do meu coração. Obrigada por amar meus personagens,
meus bebês, tanto quanto eu, se não mais. Você é a lua da
minha vida.

Minha maravilhosa editora Rebecca - sua paciência é


admirável. Obrigada por não me odiar. Você trabalhou comigo
em um horário tão apertado. É uma loucura, mas você
legitimamente tornou este livro possível. Eu pensei que você me
chutaria para o meio-fio, mas você não o fez. Por isso - sou
eternamente grata. Obrigada por segurar minha mão. Você foi
meu sistema de apoio emocional.

Meus pais, obrigada por seu interminável apoio e amor.

Para minha garota, Cat... sério, o que eu faria sem você?


Suse, você estava lá, apoiando minha loucura, e eu te amo
ainda mais. Você fez meu livro bonito - obrigada!

Sarah Grim Sentz, estou tão feliz por ter confiado em você
com esses gráficos promocionais.

Um agradecimento especial à minha equipe de rua! Estou


tão impressionada com a dedicação de vocês. (Obrigada a
Adriana Brinne, a beta que leu este livro no último minuto!)
Muito obrigado a CANDI KANE PR, você é uma joia, e
estou tão feliz por ter confiado em você com meu livro, baby,
porque você fez mágica!

Maria no Steamy Designs: Você matou esta capa! Tão linda


e tudo o que eu queria!

Para os blogueiros e para todos que se dedicaram a


promover este livro, vocês são demais! Meu grande
agradecimento a vocês. Aos meus belos leitores, um enorme
obrigada a cada um de vocês. Aos meus amores. Seu apoio e
amor sem fim nos levaram a esse caminho. Obrigada por
estarem comigo durante toda a minha loucura.

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