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1.

Monotrilho

A Monorail Society (2010) define monotrilho como um tipo de veículo leve sobre
trilho (VLT) que possui como principal característica a circulação por um único trilho ao
contrário dos sistemas ferroviários tradicionais que circulam por dois trilhos.
Este sistema de transporte público já é consolidado no mundo e é implantado em
diversos países, com variadas extensões de linha, composições de carros e capacidades
de passageiros, de acordo com a necessidade de cada local. Os principais fornecedores
para este tipo de sistema são Bombardier, Scomi e Hitachi, com atuação nos 5 continentes
(HAHNER, 2017).

2. Características Técnicas

O monotrilho constitui-se de um Veículo Leve Sobre Trilhos – VLT ou Veículo


Leve Sobre Pneus (VLP), cuja característica básica, no que se refere ao deslocamento, é
a movimentação sobre um único trilho, em oposição às ferrovias tradicionais que
possuem dois carris paralelos, superposta ou sobreposta em casos específicos a uma viga
metálica ou de concreto armado, abraçada pelo sistema de rolagem do trem.
(PASQUALETO; SOUZA, 2014).
Esta característica facilita o processo de intervenção na malha urbana, uma vez
que reduz a ocupação do espaço viário, quando esta se apresenta segundo a modelagem
suspensa do solo. Apesar das aplicações terrestres ou subterrâneas, este sistema é mais
conhecido pelos exemplos suspensos, devido a sua característica de liberação do solo.
Este sistema transpassa barreiras físicas mais facilmente pela facilidade de elevação e
estrutura delgada. Outro atributo fundamental é que as composições não cruzam com
outros modais de transportes, evitando acidentes e podendo integrar-se aos outros modais
de forma objetiva. Há ainda exemplos de integração em edificações elevadas, o que
também rompe com barreiras impostas pelo uso e a ocupação do solo urbano
(PASQUALETO; SOUZA, 2014).
Segundo Zanotelli e Guedes (2007), no que diz respeito aos benefícios ambientais,
em sua grande maioria, os monotrilhos implantados usam como recurso energético a
energia elétrica evitando assim a queima de combustíveis fósseis, o que contribui para a
redução da emissão de gás carbônico no meio ambiente.
As características técnicas pertinentes aos monotrilhos diferem um pouco
dependendo do fornecedor. A velocidade é superior apenas no Monotrilho fabricado pela
Scomi, chegando a 90 km/h, que coincidentemente também transporta menos passageiros
por vagão em relação aos dos outros dois fabricantes. Os sistemas oferecem a
possibilidade similar de vencer greides/rampas de até 6% de inclinação. A estrutura de
postes de apoio são similares nos projetos das três companhias iniciando com 0,8m de
largura e podendo atingir a 1,5m, sem dúvida menos impactante que a infraestrutura muito
mais pesada requerida pelo sistema Metroviário. Finalmente a altura da via pode
variar de 6 a 12 metros em relação ao solo conforme as especificações dos fabricantes e
de acordo com as particularidades de cada projeto. (FREITAS; ARAUJO, 2015).

Tabela 01 - Características técnicas do monotrilho conforme montadoras

Fonte: OLIVEIRA: 2009 p 25.

Figura 1: Esboço dos vagões produzidos pela Bombardier e pela Hitachi.


Fonte: São Paulo: 2010.

3. Vantagens e Desvantagens do Monotrilho

Além das características técnicas listadas anteriormente o monotrilho oferece a


particularidade de um custo menor em relação a outros sistemas de transporte público.
Mais barato que o Metrô e com capacidade para até 50.000 passageiros/hora por sentido,
não sofre interferência do tráfego de veículos, semáforos e cruzamentos chegando à
velocidade de até 90 Km/h, boa relação capacidade/custo/tempo e finalmente, o ruído é
baixo pelo uso do motor elétrico e pneus ao invés dos tradicionais trilhos metálicos.
(OLIVEIRA: 2009).
O sistema já foi testado e aprovado em grandes cidades como Mumbai, Kuala
Lumpur e Las Vegas. Com projetos específicos que levem em conta as projeções de
demanda é possível utilizar o sistema como protagonista do transporte público em
determinada região em consonância com os outros sistemas de transporte através de
integração física e tarifária. Abaixo temos um comparativo de capacidade de transporte
entre os sistemas de ônibus, bonde, VLT (veículo leve sobre trilhos), monotrilhos e Metrô
(FREITAS; ARAUJO, 2015).

Figura 2: Comparação da capacidade dos diferentes tipos de sistema.


Fonte: GARCIA: 2008 p 8.

Como pode ser observado no gráfico acima o monotrilho supera a capacidade de


transporte do Ônibus e do VLT chegando muito próximo à capacidade do sistema de
Metrô com a vantagem de ter menor custo e sua infraestrutura ser construída mais
rapidamente.
Kennedy (2007) define como principais vantagens dos sistemas monotrilho:
1. Adaptabilidade aos espaços urbanos,
2. Reduzida interferência nos sistemas viários existentes por usar em grande parte
os espaços de canteiros centrais das avenidas e calçadas;
3. Baixo nível de ruído (aproximadamente 65 db);
4. Maior capacidade de subir e descer rampas com gradientes de até 15%;
5. Maior capacidade de curva do que os sistemas ferroviários tradicionais com raios
de curva que variam entre 60 a 100m;
6. Menor risco de descarrilamento do que os sistemas tradicionais de dois trilhos em
função dos carros “abraçarem” as vias circulantes;
7. Menor impacto sobre a paisagem urbana do que elevados tradicionais rodoviários
ou ferroviários;
8. Tempo de implantação reduzido se comparado a VLT e metrô;
9. Reduzida emissão de carbono por serem normalmente elétricos;
10. Baixo risco de acidentes por não terem como sofrerem impactos com veículos
automotores e pessoas;
11. Vida média dos carros e via circulante (com manutenção apropriada) maior do
que de ônibus (30 anos contra 10 anos dos ônibus);
12. Os custos de implantação de sistema monotrilho são em média 50% inferiores a
implantação de metrô e podem se tornar equiparados à implantação de sistemas
VLT e corredores de ônibus em função da baixa necessidade de desapropriações.

Ide (2008) informa como principais desvantagens:

1. O maior impacto sobre a paisagem urbana se comparado a sistemas de metrô;


subterrâneos, VLT/BRT de superfície;
2. Normalmente possuem um maior custo inicial de implantação e das instalações se
comparado aos sistemas VLT e BRT;
3. Menor velocidade final se comparado ao metrô;
4. Maiores dificuldades quanto à evacuação dos veículos;
5. Maiores dificuldades para troca de linhas do que os sistemas tradicionais.

A Monorail Society (2010) também ressalta o menor impacto na paisagem visual


das cidades e os menores custos construtivos das vias elevadas do que de sistemas
ferroviários tradicionais ou elevados rodoviários.

HAHNER, Cristiane. Projeto de veículo de monotrilho para Porto Alegre. 2017.

PASQUALETTO, Antônio; DE SOUZA, Fábio. A Tecnologia de Monotrilho para o


Transporte de Passageiros. Revista EVS-Revista de Ciências Ambientais e Saúde, v.
41, n. 1, p. 43-55, 2014.

FREITAS JUNIOR, M.; ARAÚJO, A. M. Considerações a respeito do sistema de


monotrilho: características técnicas, vantagens & desvantagens e projetos em andamento.
Disponível em: http://www.fatecguaratingueta.edu.br/fateclog/artigos/Artigo_50.PDF.
Acesso em: 15 de setembro de 2019.

ZATONELLI, T. P; GUEDES, N. L. S. Integração dos Meios de Transporte com Inser-


ção de Monotrilho na Cidade de Vitória. Concurso de monografias CBTU, São Paulo,
2007.
Monorail Society. Disponível em <http://www.monorails.org>. Acesso em: 15 de
setembro, 2010.
Kennedy, R. R. onsiderando o trânsito rápido do monotrilho para cidades da América do
Norte. The Monorail Society, 41 p, 2007.

Ide, A. A alternativa do monotrilho. New Australian, 18 p, 2008.


Monorail Society. Disponível em <http://www.monorails.org>. Acesso em: 15 de
setembro de 2019.
SÃO PAULO. Monotrilho Jardim Ângela – Santo Amaro: um novo sistema de média
capacidade em São Paulo. São Paulo: SPTRANS, 2010. 238p.
OLIVEIRA, Uarlem José de Faria Proposta de Implantação de Sistema de Transporte de
Passageiros do Tipo Monotrilho na Região Metropolitana de Vitória. Espírito Santo: IFES -
Instituto Federal do Espírito Santo, 2009.

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