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Sustentável 2014
Guia da Mobilidade
Sustentável 2014
Foto: Mirian Fichtner/Pluf Fotografias
M
uitos acreditam que desde o ano passado Os BRTs com seus atributos, como a rapidez na im-
o Brasil mudou o futuro. As manifestações, plementação, o custo reduzido de construção comparado
a indignação latente e a oportunidade das a outros modais, o menor tempo de viagem, realizada por
eleições deste ano trazem a mensagem de corredores exclusivos, e com estações totalmente aces-
novos caminhos, nova agenda para o País. síveis, devem ser ampliados para abranger todo o arco
Tivemos, segundo o professor e filósofo Renato Ja- metropolitano. Afinal, merecemos todos um transporte
nine Ribeiro, três agendas democráticas bem sucedidas: público de massa e com serviço de qualidade adotado
a derrubada da ditadura, da inflação e a inclusão social em 168 cidades de países tão diferentes quanto Estados
em larga escala. Agora entra em pauta a quarta: transpor- Unidos e Índia, México e Austrália, Peru e Colômbia.
te, educação, saúde e segurança pública de qualidade. É E não por acaso. Cada ônibus articulado que passa
esta agenda que marcará o fim do apartheid entre quem no corredor exclusivo tira três ônibus das ruas. Como
paga ao setor privado pela qualidade dos serviços e quem cerca de mil articulados vão operar os quatro BRTs –
ainda depende daqueles de qualidade inferior oferecidos TransOeste, TransCarioca, Transolímpica e Transbrasil –,
pelo Estado. 2500 ônibus deixarão de circular pela cidade do Rio de
Tal agenda ganha mais relevância quando se sabe que Janeiro até 2016. As vantagens, só para citar algumas,
85% dos brasileiros moram em cidades quando, em outros incluem um trânsito menos caótico e um meio ambiente
países, 50% da população residem em áreas urbanas. Além mais preservado. E, especialmente, provam que o sistema
disso, o Brasil tem 16 municípios com mais de um milhão integrado de transporte público começa a ser realidade. A
de habitantes nas áreas metropolitanas, pessoas que não estação com mais movimento no corredor Transcarioca
são assistidas por políticas públicas integradas. é a de Vicente de Carvalho, ponto de ligação com o metrô.
O caso do Rio de Janeiro é exemplar. Com 92 municí- Recebeu 66 mil passageiros em um mês.
pios, que reúnem mais de 16 milhões de habitantes, inclui A quarta agenda é viável. É possível e urgente a in-
a segunda maior região metropolitana do país, terceira da tegração entre os modais (ônibus, trens, metrô, barcas
América do Sul e 20ª maior do mundo. Os 21 municípios e VLT) a partir da adoção de uma política unificada de
do Grande Rio abrigam 75% da população fluminense e transporte público urbano que englobe todas as cida-
produzem 66% do PIB estadual. des da metrópole e beneficie seus habitantes. Gente que
Este Rio Metrópole exige um planejamento urbano in- sabe que, quanto melhor o serviço de transporte, melhor
tegrado por um Plano Diretor de Transporte Metropolita- a qualidade de vida.
no para oferecer serviços de qualidade a 12 milhões de
moradores do Estado. A ampliação da infraestrutura de
transporte coletivo, em ação no Município do Rio de Janei-
ro – e um dos grandes legados da Olímpiada 2016 – tem Lélis Marcos Teixeira
de beneficiar também os vizinhos da Região Metropolitana. Presidente Executivo da Fetranspor
Introdução............................................................ 6
Impactos da mobilidade............................ 34
Encontrando soluções................................ 57
Mobilidade nos
Foto: Mirian Fichtner/Pluf Fotografias
grandes eventos............................................ 86
Perspectivas.................................................... 90
6 Gui a da M o bi lidad e Su s t e ntáve l 201 4
Introdução
O
atendimento às necessidades econômicas e características de seus terrenos, vias e calçadas, das
sociais da população pressupõe um desloca- redes regulares de transporte público, da disponibili-
mento eficiente. Segundo estudo da ONU, “a dade e qualidade de seus serviços e do preço. Este
mobilidade urbana é essencial para o desen- conjunto de fatores irá determinar a cidade em que
volvimento social e econômico e permite às pessoas ter vivemos: uma cidade socialmente inclusiva, voltada
acesso a serviços, oportunidades de trabalho, de educa- para as pessoas; ou exclusiva, centrada no automó-
ção, de relações sociais e de desfrutar plenamente da ci- vel? Vamos ter um espaço urbano democrático ou se-
dade”. Em outras palavras, uma boa estratégia de mobili- gregado?
dade urbana é fundamental para garantir os mecanismos O Brasil, particularmente, experimentou rápida urba-
de inclusão social a todos. nização na segunda metade do século XX, porém sem
A mobilidade é, assim, um elemento essencial para investimentos compatíveis em infraestrutura de trans-
todas as atividades urbanas e, como tal, pode influenciar porte para garantir a mobilidade de uma população ma-
benéfica ou prejudicialmente os indivíduos e as atividades joritariamente de baixa renda, que tinha no transporte
econômicas de um local. Além disso, uma mobilidade de público sua única opção motorizada.
qualidade é fator determinante para o desenvolvimento O crescimento econômico trouxe consigo um ganho
econômico e para a qualidade de vida, promove a inclu- real na renda e, aliado às políticas federais de estímulo
são social e a equidade no uso do espaço urbano e de à aquisição do automóvel, tem-se um cenário favorável
todos os serviços públicos. ao aumento contínuo da taxa de motorização nas cida-
Isso porque as condições de mobilidade são afe- des brasileiras. Nunca foi tão fácil, nunca foi tão barato
tadas diretamente pelo espaço urbano, em função das comprar um carro.
Entretanto, um padrão de deslocamento baseado tringindo o uso indiscriminado do automóvel. Com isso, o
no transporte individual é basicamente insustentável. resultado é a redemocratização do ambiente urbano, in-
A opção política pelo transporte individual tem efeitos cluindo a aplicação social de seus equipamentos de saú-
perversos para os seres humanos no que diz respeito de, educação, cultura, esporte e lazer.
à segurança e à qualidade de vida, exigindo uma pos- É importante salientar que uma postura de não prio-
tura política firme e consistente para a quebra desse rização do transporte individual motorizado não signifi-
paradigma. Grandes congestionamentos, saturação das ca impedir que as pessoas possuam automóvel – que
vias, aumento no tempo de deslocamento e na emissão se trata de uma aspiração legítima. A questão reside, na
de poluentes, além de acidentes de trânsito, são con verdade, na intensidade desse uso, pois ele se torna noci-
sequências graves da falta de políticas de mobilidade vo quando ocorre de forma indiscriminada (por exemplo,
dos últimos anos. É preciso reverter essa tendência, para a realização de viagens diárias por motivos de tra-
investindo em transporte público, para salvar nossas balho e estudo, que poderiam ocorrer em modos coleti-
cidades do caos gerado pela priorização e pelo uso vos ou não motorizados). Fato que demonstra que o pro-
indiscriminado do automóvel. blema não está na quantidade de veículos por si só, mas
Nesse contexto, a mobilidade urbana sustentável sim em seu uso, é que os países europeus, considerados
surge como uma proposta de nova cultura, que promo- referência em transporte público de qualidade, apresen-
va a utilização equitativa do espaço público, priorizando o tam taxas de motorização mais elevadas do que as de
transporte coletivo e o transporte não motorizado e res- qualquer estado brasileiro.
MOBILIDADE | O sistema de mobilidade urbana de pas- Estamos dispostos a dar nossa contribuição para uma ci-
sageiros é, assim, um conjunto organizado e coordenado dade mais econômica e ambientalmente sustentável ou
de meios, serviços e infraestruturas que garante o deslo- vamos aguardar passivamente as consequências desse
camento de pessoas de uma forma segura, confortável e processo perverso?
eficiente.
O gerenciamento dessa mobilidade – entendido como Desejamos uma cidade com um ambiente amigável, onde
função pública destinada a garantir o acesso de todos as pessoas prefiram os espaços públicos, ou com um am-
– exige obediência às normas e atenção às prioridades biente intimidador, onde as pessoas se confinem em seus
correspondentes às diferentes necessidades de desloca- espaços privados?
mento, contribuindo para a redução dos efeitos negativos
provocados pelo uso predominante do automóvel.
Pode-se dizer que a mobilidade urbana é um siste-
ma complexo, composto por infraestrutura urbana, nor-
mas jurídicas, organizações e procedimentos de fisca-
lização e controle do uso da infraestrutura, serviços de
transporte de passageiros e cargas e por mecanismos
institucionais, regulatórios e financeiros de gestão es-
tratégica. Este sistema deve ser estruturado de modo a
garantir a toda e qualquer pessoa autonomia nos deslo-
camentos desejados dentro do espaço urbano, respeita-
da a legislação em vigor.
Para se ter uma ideia, os 22.500 ônibus do Estado do “No Brasil urbano, embora o
Rio de Janeiro transportam, por dia, aproximadamente 8,1
milhões de passageiros, que, em um mês, ocupam uma
transporte coletivo seja o mais
área de 655 mil metros quadrados. Para transportar esse demandado pela população, os
mesmo volume de pessoas, seriam necessários 4,9 milhões
de automóveis (considerando uma média de 1,64 passagei-
governos gastam 14 vezes mais
ro por veículo), os quais ocupariam 35 milhões de metros em despesas relacionadas ao
quadrados, o equivalente a 4,8 mil campos de futebol.
transporte individual! “
Essa priorização do transporte individual, conside-
Sérgio Magalhães, 2014.
rando a desigualdade na ocupação do espaço viário entre
ônibus e automóveis, tem como resultados a imobilidade
urbana, o caos no trânsito e os congestionamentos, que
batem recordes a todo momento, levando ao estresse e à
perda da qualidade de vida das pessoas.
1
Municípios que compõem a RMRJ: Belford Roxo, Cachoeiras de Macacu, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Itaguaí, Japeri, Magé, Maricá, Mesquita, Nilópolis,
Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, Rio Bonito, Rio de Janeiro, São Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá.
Nilópolis 100,51 min./dia 158.288 até duas viagens num intervalo de três horas, sendo uma
Itaboraí 98,85 min./dia 225.263 delas entre municípios distintos, por ônibus, trem, metrô,
Magé 98,67 min./dia 232.419 barcas ou vans regularizadas. Este benefício proporcio-
Rio de Janeiro 95,05 min./dia 6.429.923
100 min./dia
População 2013: Estimativa IBGE
12 municípios
92 (Rio de Janeiro,
(todos os 4 municípios
Duque de Caxias,
Municípios
municípios
do Estado do
(Rio de Janeiro, 1 município
Guapimirim
Nova Iguaçu,
Niterói, Mangaratiba (Rio de Janeiro) Nilópolis, Mesquita,
Rio de Janeiro) e Angra dos Reis) Queimados,
São João de Meriti,
Belford Roxo, Japeri,
Paracambi e Magé)
60 terminais
Estações (intermunicipais e 8 estações 36 estações 102 estações
municipais)
suas atividades.
nesse contexto, diversos atores podem coexistir e se 81% das viagens realizadas pelo transporte
coletivo são feitas por ônibus
complementar, estruturando esse sistema urbano, como
é o caso, por exemplo, dos diferentes modos de transpor- Cada habitante realiza em média 1,9 viagem por dia.
te coletivo.
Nas viagens a pé gastam-se em média 15 minutos.
TRANSPORTE COLETIVO | o transporte coletivo é um ele-
mento essencial quando se fala de mobilidade sustentá- No transporte coletivo são gastos 42 minutos,
vel. com ele é possível reduzir a necessidade de utilização
do automóvel para os deslocamentos corriqueiros, pro- enquanto o tempo gasto no transporte individual é de 33 minutos.
porcionando também a inclusão social.
no caso da região Metropolitana do rio de Janeiro,
60% das viagens com motivo de trabalho são realizadas
utilizando o transporte público
o transporte coletivo é utilizado por 49% das pessoas
Consórcios 5
Linhas 697
Frota 8.718
Terminais 27
fonte: fetranspor/rio ônibus
Sistema de ônibus
do Estado do Rio de Janeiro (2013)
De acordo com o PDTU-RMRJ, entre 2003 e 2013
houve redução da participação do transporte público Passageiros 8,1 milhões
nas viagens motorizadas – de 76% para 71%. A ques- transportados por dia (pagantes e gratuitos)
tão da redução de passageiros transportados em meios
Quilometragem
públicos é um sério obstáculo à mobilidade sustentá-
percorrida por mês 151 milhões
vel, podendo até mesmo inviabilizar investimentos pri-
vados, além de prejudicar a frequência do serviço e ter
impacto direto sobre o aumento das tarifas.
Frota 22,5 mil ônibus
Entre as razões que contribuem para esse cenário,
incluem-se a falta de política de incentivo, a modifica-
Idade média da frota 4,0 anos
ção do comportamento do uso do solo, o avanço tecno-
lógico, o crescimento da frota de veículos particulares
Empregos diretos gerados 112,5 mil
e a concorrência do transporte irregular, entre outros. fonte: fetranspor
variação
RMRJ 2004 2014
2004 a 2014
Paracambi
9,14
9,19
4,03
3,45
escritórios e os
outros 55%, de
45%
Queimados 14,48 4,98 garagem.
São Gonçalo 9,45 4,21
São João de Meriti 8,89 3,89
Seropédica
Tanguá
14,76
13,69
4,60
4,60 55%
RMRJ 5,23 3,03
Estado do Rio
de Janeiro
5,19 2,90
Fonte: Denatran e iBge
exclusividade ao ciclista em determinadas faixas da via. existem dois principais equipamentos: os paraciclos e os
Já nas ciclovias é proibida a circulação de carros, motos bicicletários. Os primeiros são estruturas mais simples,
e também de pedestres. em geral sem cobertura, que exigem menos espaço para
A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, possui atual- instalação, pois normalmente comportam um número re-
mente mais de 300 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas duzido de bicicletas estacionadas na horizontal. Os bici-
de tráfego, distribuídos nas Zonas Sul e Oeste, segundo o cletários, por sua vez, são estruturas maiores, geralmente
Instituto Pereira Passos. Por essa infraestrutura ocorrem com acesso controlado (mediante cadastro, por exemplo),
em torno de um milhão de viagens por dia. onde, além do espaço para armazenamento das bicicle-
Outra condição é a oferta de estacionamentos para tas (usualmente na vertical), podem ser disponibilizados
bicicletas, principalmente em locais próximos a aces- serviços auxiliares que ajudam a facilitar o dia a dia do
sos a meios de transporte coletivo, possibilitando uma ciclista (como café e água gelada, sanitários, compressor
integração fácil e rápida, além de sustentável. Para isso, de ar, oficina, empréstimo de bicicletas, etc.).
União
• Assistência técnica e financeira a projetos estruturantes
• Capacitação de agentes e entidades públicas
Estados
• Integração dos serviços em aglomerados urbanos e regiões metropolitanas
• Política tributária de incentivos
Municípios
• Planejamento e execução da Política Nacional de Mobilidade Urbana
• Prestação direta ou indireta dos serviços de transporte público
• Capacitação de agentes
• Gestão do transporte público urbano
Esses investimentos são fundamentais para que a –, segundo suas competências definidas na Constituição
bicicleta seja empregada, cada vez mais, não apenas Federal. E dois de seus principais pilares são a eficiência e
como uma forma de lazer, mas também como um modo a eficácia dos serviços de transporte urbano.
de transporte de fato, integrado ao sistema urbano, prin- Um dos principais objetivos da Política Nacional de
cipalmente enquanto alimentador do transporte coletivo. Mobilidade Urbana é aumentar a participação dos trans-
portes coletivos e não motorizados na matriz de desloca-
GESTÃO DO TRANSPORTE PÚBLICO URBANO | Para se alcan- mentos da população. Esta política deve integrar o plane-
çar uma mobilidade sustentável, é primordial contar com jamento urbano, o transporte e o trânsito, observando os
uma gestão de transporte público adequada e inteligente, princípios de inclusão social e sustentabilidade ambiental.
que priorize os modos coletivos e não motorizados. A gestão eficiente da mobilidade urbana deve, as-
Nesse contexto, a Política Nacional de Mobilidade sim, dispor de mecanismos não só para dimensionar e
(PNM) vem estabelecer diretrizes para a melhoria do pla- otimizar a oferta do serviço de transporte público coleti-
nejamento e da gestão dos sistemas de mobilidade urba- vo, como também para influir no comportamento da de-
na no Brasil, bem como atribuições aos diferentes entes manda pelo transporte individual, que tem reflexos diretos
federativos – União, estados, Distrito Federal e municípios na capacidade do sistema viário e nos níveis de poluição
Fonte: Firjan
42 GUI A DA M
Moo BI
BILI
LIDAD
DAD E SUST E NTÁVE L 201 4
TRANSPORTE ILEGAL | o transporte irregular é um caso
particular da desordem urbana por provocar grave perda
de demanda do transporte legalizado, além de produzir
outros efeitos nocivos relacionados à natureza do próprio
serviço e à informalidade.
as principais causas para o crescimento desse tipo
de transporte são, em sua maior parte, as carências
próprias de países em desenvolvimento: a precarieda-
de e degradação das redes de transporte existentes, a
falta de investimentos em infraestrutura, a ausência de
marcos regulatórios e a ineficiência da fiscalização. As
• retirar passageiros pagantes do transporte regular;
consequências da inexistência de política são desastro-
sas, aumentando as mortes em acidentes relacionados • contribuir para a saturação das vias públicas;
2
Este item é baseado no documento “TOD Standard”, publicado pelo ITDP (2013).
PRINCIPAIS OBJETIVOS DO TOD | A criação de um padrão • Examinar até que ponto os empreendimentos já exe-
de desenvolvimento urbano envolve a concepção de uma cutados facilitam e promovem os deslocamentos a pé
ferramenta de avaliação, de reconhecimento e de políticas e de bicicleta, bem como sua orientação em termos de
públicas com foco na adoção de estratégias de planeja- transporte público.
mento urbano e no uso do solo, de modo a proporcionar a
• Avaliar os empreendimentos nas fases de planejamen-
integração dos meios sustentáveis de transporte.
to ou projeto para identificar lacunas e oportunidades
Seus usos principais incluem:
de melhoria.
• Estabelecimento de metas ambientais: redução no con- • Incorporação de metas de segurança, por meio da re-
sumo de energia, da emissão de poluentes locais (me- dução de vítimas, especialmente das mais vulneráveis,
lhoria da qualidade do ar) e de gases de efeito estufa. como idosos e crianças.
Oportunidade de articular as Políticas nacionais de Mo-
• Articulação com o planejamento urbano: incorporação
bilidade Urbana e Mudança Climática e demais políticas
dos princípios de Transit Oriented Development (TOD),
ambientais.
Public Transport Planning (PTP) e People Oriented Deve-
• Controle social sobre a implantação da política de mo- lopment (POD), no planejamento das cidades.
bilidade, por meio da disponibilização de informações
• Institucionalização do Plano, a fim de que seja referência
e da estruturação de canais efetivos de participação da
para atuação de sucessivas gestões municipais.
sociedade.
Pedágio urbano: desde 2003, Londres adotou o pedágio urbano como forma
de restringir o acesso do automóvel às áreas centrais e investe a receita arrecadada
no sistema de transporte público. Outras cidades também adotaram essas medidas
de restrição ao uso do automóvel, como Cingapura (1974) e Oslo (1990).
Restrição a caminhões: Diversas cidades, inclusive Rio de Janeiro e São Paulo, já implantaram medidas de restrição
à circulação de caminhões em áreas específicas. No Rio de Janeiro, a restrição de circulação e operações de carga e descarga de
caminhões ocorre de segunda a sexta-feira, entre 6h e 10h e entre 17h e 20h, exceto caminhões de socorro e emergência, trans-
portes de valores e serviços de utilidade pública.
INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA SOBRE OS CUSTOS DOS SERVIÇOS DE TRANSPORTE POR ÔNIBUS NO ESTADO DO RIOD E JANEIRO |
Ações que ainda podem ocorrer para que a desoneração sobre o setor seja completa, a seguir listamos as inci-
dências.
• Sobre o ICMS que incide sobre insumos: • Sobre a isenção da Contribuição Social
ICMS sobre Lubrificantes 19,0% (9% sobre o lucro)
ICMS sobre Peças 19,0% • Sobre a Isenção de PIS/PASEP e COFINS sobre a receita para li-
ICMS sobre Pneus 17,0% nhas intermunicipais não metropolitanas (3,65% sobre a receita),
ICMS sobre Chassis e Carrocerias 12,0% a saber: a solicitação para que a Lei 12.860/2013 atenda com-
pletamente todos os serviços de transporte coletivo de caráter
• Sobre o IPI que incide sobre insumos:
urbano existentes, inclusive daqueles municípios fora de regiões
IPI sobre Peças 8,0% metropolitanas.
IPI sobre Pneus 2,0%
• Sobre a Isenção de PIS/PASEP e COFINS sobre insumos, a saber:
• Sobre a Isenção de Contribuição Previdenciária (2,00% sobre
Pis/Pasep e Cofins sobre Combustível 10,21%
a receita): foi prorrogada por tempo indeterminado no dia 27 de
Pis/Pasep e Cofins sobre Veículo 6,02%
maio de 201, pelo Governo Federal.
Pis/Pasep e Cofins sobre Pneu 1,43%
• Sobre a isenção de Imposto de Renda
(25% sobre o lucro) • Sobre a isenção da Folha de Pagamento / Tributos Sociais
(20,64% sobre a folha de pagamento).
INFRAESTRUTURA
• Vias segregadas e exclusivas (pistas dedicadas a ônibus, separadas fisicamente das demais);
• Acessibilidade total;
• Computador de bordo;
• Veículos com mais de duas portas, permitindo Velocidade média comercial: 23 km/h a 39 km/h
4 20
Custo de implantação: a vezes menor que o do VLT
47
Poluentes Locais*
• Prioridade para os ônibus em interseções, através dos semáforos atuados ou passagens em desnível;
• Sistema de gerenciamento eficiente por controle centralizado, utilizando aplicações de Sistema de Tráfego
Inteligente (ITS) para monitoramento da operação;
• Informações em tempo real, inclusive dentro das estações, divulgando todos os serviços do corredor;
• Circuito interno de câmeras dentro dos veículos e nas estações, para garantir maior segurança aos
passageiros.
• centralização no
planejamento e controle da
operação;
UMA LIÇÃO DO BRASIL PARA O MUNDO | o Brt, sistema de BRT NO RIO | a preparação da cidade para a copa do Mun-
alta capacidade, hoje reverenciado mundialmente por seu do FiFa de 2014 e para os Jogos olímpicos rio 2016, bem
feito em prol da mobilidade urbana, surgiu em curitiba. como para um novo contexto de mobilidade urbana, com
a cidade paranaense estruturou seu crescimento a partir inclusão social e sustentabilidade de longo prazo, levou a
da integração do transporte público ao desenvolvimento Prefeitura do rio de Janeiro, juntamente com os operado-
urbano na década de 70, quando sua população soma- res de ônibus, a investir em infraestrutura e na criação de
va cerca de 500 mil habitantes. hoje, chega a 1,8 milhão soluções inteligentes e sustentáveis.
e a cidade continua sendo um modelo internacional de entre elas, destaca-se o sistema de Brt – consti-
soluções em transporte sustentável. De curitiba, o Brt tuído por quatro grandes corredores exclusivos de ôni-
ganhou o mundo e hoje está em funcionamento em 168 bus (transoeste, transcarioca, transolímpica e trans-
cidades de todos os continentes, com 324 corredores ex- Brasil) que se integram aos demais transportes da
clusivos para circulação dos ônibus. cidade. a Prefeitura é responsável pela implantação e
BHLS (Bus With High Level of Service) • Seus elementos (estações fechadas, pagamento
adiantado, veículos articulados, etc.) são com-
O BHLS é uma das possíveis soluções para oferecer um binados holisticamente por meio de tecnologias
serviço de ônibus de mais qualidade, com investimentos apropriadas de modo a produzir um impacto po-
geralmente menores do que nos sistemas de BRT ou VLT, sitivo global no sistema, e não apenas melhorar
constituindo-se, portanto, de uma solução intermediária aspectos individuais;
quanto a esse aspecto. Além de organizar as linhas, re-
• Devido às suas características distintas, o BHLS
duzir a frota e escalonar os pontos, pressupõe a implan-
é geralmente apresentado como um conceito
tação de pontos de parada mais modernos e a melho-
claramente orientado a um mercado alvo (captar
ria na informação em tempo real. Estas características
usuários de automóvel);
representam chamarizes para os usuários de carro, que
seriam atraídos por um sistema com mais confiabilidade • Geralmente faz parte de uma estratégia de políti-
e suporte ao cliente. Por isso, aliada a uma boa estratégia cas urbanas e de transporte, não se constituindo
de marketing para o sistema, esta alternativa apresenta apenas de melhorias técnicas ou operacionais
grande potencial para atrair usuários de automóveis, con- de efeito isolado.
tribuindo para a tão importante transformação da divisão
modal nos deslocamentos urbanos. No contexto fluminense, o BHLS surge como uma
Com o pré-pagamento (como no metrô e no BRT), há evolução natural às faixas BRS já implantadas, ao mesmo
mais eficiência na operação. Uma frota dedicada e de alto tempo em que complementa e dá permeabilidade à rede
padrão contribui para aumentar tanto a demanda quanto BRT planejada para o Rio de Janeiro. O Município de Niterói
a qualidade do serviço oferecido. Uma demanda maior será pioneiro na implantação desse conceito inovador no
reduz os custos marginais do sistema de transporte co- Brasil. O BHLS de Niterói, denominado TransOceânica, ao
letivo por ônibus, tornando-o mais sustentável e menos longo de seus 9,3 quilômetros e com 13 estações, fará a
dependente de subsídios. O resultado final esperado é o ligação entre a Região Oceânica e o bairro de Charitas.
Rio
Na busca por soluções viáveis para a melhoria da mo- Elementos de um sistema de BRS
bilidade urbana, uma das alternativas é o chamado BRS
– Bus Rapid Service –, que consiste numa das opções
mais eficazes (e baratas) para a priorização do transporte
público por ônibus.
Trata-se de um sistema que se caracteriza pela im-
plementação de faixas preferenciais, aliada ao conjunto
de medidas que possibilitam melhoria na qualidade do
serviço do transporte público por ônibus, incluindo a ra-
cionalização de linhas, o escalonamento dos pontos de
parada, a fiscalização eficiente e um eficaz sistema de
informação ao usuário.
Uma das questões mais interessantes sobre essa al-
ternativa é o fato de o BRS poder ser introduzido na rotina
da cidade rapidamente, por não serem necessárias gran-
des intervenções viárias nem desapropriações, uma vez
que são utilizadas as próprias faixas já existentes na via e
a infraestrutura de pontos de parada.
BRS
Botafogo Voluntários
São Clemente
Carioca-Estácio Carioca
Estácio
Meier 24 de Maio
Mal. Rondon
Tijuca Tijuca
R. Voluntários da Pátria
em 02/08/2014
R. Voluntários da Pátria: 3,3 km
BRS Botafogo
R. São Clemente: 3,5 km
R. São Clemente em 09/08/2014
como é de conhecimento geral, hoje vivemos a chamada Por isso, quando se fala de transporte público, não
era da informação – uma era que se caracteriza especial- basta mais oferecer serviços de qualidade, veículos mo-
mente pelo dinamismo. tudo é muito rápido e o tempo, dernos ou mesmo baixas tarifas para cativar usuários.
nesse contexto, é um recurso escasso e extremamente É preciso mais! É preciso mostrar que é vantajoso, sim,
valorizado. trata-se de um novo paradigma social. especialmente frente às opções tradicionalmente vistas
nessa visão, a sensação geral é de que cada minuto como mais eficientes e confortáveis – que é o caso do
faz diferença e, com isso, tudo precisa ser feito de modo automóvel, por exemplo.
ágil, eficiente e com o mínimo de contratempos possível. e um dos itens essenciais para se alcançar isso é o
isso leva a uma questão primordial: a rapidez. e o des- oferecimento de informações adequadas e de qualidade,
locamento diário passa a ser visto, mais do que nunca, de modo fácil, ágil e, de preferência, intuitivo. Fornecendo
como uma “perda de tempo” – esse recurso tão precioso os “recursos” necessários para a rápida identificação da
– já que, por si só, não constitui uma atividade “útil”. melhor opção de deslocamento, economiza-se o tempo
Demais conselheiros
alexandre antunes de andrade
amaury de andrade
Domênico emanuelle siqueira lorusso
Florival alves
Francisco José gavinho geraldo
generoso Ferreira das neves
Joel Fernandes rodrigues
José carlos cardoso Machado
Marcelo traça gonçalves
narciso gonçalves dos santos
suplentes
isidro ricardo da rocha
Jacob Barata Filho
João carlos Felix teixeira
Manoel João Pereira
Manoel luis alves lavouras
Marco antônio Feres de Freitas