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Cidades inteligentes e urbanização eficaz

PLANETA. N° Edição: 531


Texto: Cristiano Saito
07/08/2017

A população mundial tem um aumento diário de 100 mil pessoas e mais da


metade delas vive em áreas urbanas. As projeções demográficas apontam
para uma urgência nessas discussões e decisões. Projeções da ONU mostram
que a população global deve chegar a 9,3 bilhões de pessoas até 2050, 66%
dos quais morarão em áreas urbanas. Números tão grandes se refletem em
demandas impressionantes em infraestrutura urbana. O rápido crescimento
levou a problemas com locomoção e ao aumento da demanda por
mobilidade. Estudo encomendado pela Federação das Indústrias do Rio de
Janeiro (Firjan) revela que a falta de investimentos em transportes públicos,
com o consequente aumento nos congestionamentos, diminui a qualidade de
vida dos cidadãos e causa prejuízos anuais de R$ 111 bilhões à economia
brasileira.

Além disso, a questão ambiental é premente. As emissões globais anuais do


transporte urbano devem dobrar para o equivalente a quase 1 bilhão de
toneladas anuais de CO2 até 2025, segundo a Agência Internacional de
Energia. Como a energia consumida pelo transporte responde por 23% das
emissões de CO2 do planeta (e de 70% a 90% do CO2 das grandes cidades
brasileiras), é fundamental mitigar a poluição causada pelo transporte para
atingir a meta mundial de limitar o aquecimento da Terra definida no Acordo
de Paris.

Logo, encontrar soluções concretas para a expansão da oferta de transporte


público com qualidade e sem emissão de gases de efeito estufa, que
garantam o bem-estar da população, está no horizonte de todos os agentes
responsáveis por direcionar as discussões em torno do desenvolvimento das
cidades. O conceito de “cidades inteligentes” está diretamente ligado à
infraestrutura e à capacidade do uso de tecnologias para a construção de
serviços e ações sustentáveis. Uma cidade inteligente utiliza as tecnologias
da informação e comunicação como propulsoras e, ao mesmo tempo, suporte
para o aumento de eficiência operacional de seu centro urbano.

A possibilidade de integração dos projetos de mobilidade urbana no contexto


de cidades inteligentes é uma nova porta que se abre. O poder público deve
prever, monitorar e gerenciar as atividades da cidade em tempo real,
buscando problemas que possam comprometer seu desempenho e sanando-
os antes de eles acontecerem. Como mérito disso pode-se citar grandes
projetos e investimentos focados no princípio do espaço público útil,
conectando bairros que antes não entravam no eixo turístico e sempre
buscando boas opções de transporte sustentável.

Um grande passo para isso no Rio de Janeiro foi a implantação do Veículo


Leve sobre Trilhos (VLT). Ele terá, ao final do projeto, 31 estações cobrindo
28 quilômetros. Conectando outros modais de transporte, as linhas do VLT já
auxiliam consideravelmente a redução do trânsito no centro da cidade. Além
disso, o projeto combina inovações tecnológicas importantes. Desenvolver
um planejamento de mobilidade é bastante complexo para a engenharia
urbana e deve se basear em dados reais da cidade para ter sucesso. Há
muitas dificuldades para tornar realidade grandes projetos como o de uma
cidade sustentável.

Fazer vários órgãos compartilharem um mesmo sistema de comando e


monitoramento que seja responsável por serviços públicos, por exemplo, é
uma etapa árdua. No entanto, é extremamente válida a tentativa de se
dissipar o conceito entre formadores de opinião, líderes e pessoas que
realmente queiram fazer a diferença onde vivem. O importante é se pensar
em fatores que possam contribuir para o desenvolvimento ou melhoria da
cidade, que já é ou pode se tornar inteligente.

Cristiano Lopes Saito é diretor de Desenvolvimento de Negócios para Veículos Leves sobre Trilhos na
Alstom América Latina e promove soluções inovadoras de transporte através da integração de modais e
reurbanização das cidades brasileiras

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