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CURSO DE NIVELAMENTO

ESCRITA
ACADÊMICA
PARA QUESTÕES
DISCURSIVAS

Elaine Hoffmann
Luana Ewald
Raquel da Silva Yee
1. APRESENTAÇÃO
Escrever faz parte do dia a dia das pessoas, de suas múltiplas atividades, como no
trabalho, na universidade, na vida social em geral. A escrita cumpre funções comunicativas
importantes, e escrever adequadamente à esfera social, como no âmbito acadêmico,
mercado de trabalho, enfim, é essencial para interação e inserção no mundo.

Sabemos que a escrita de textos adequados e relevantes é uma conquista, uma


aquisição, que requer esforço, supõe orientação e prática constante, como diz Antunes
(2003). Para escrever bem, antes de tudo, é preciso ler e refletir sobre determinado tema,
aprender a pensá-lo para aprender também a organizar esses pensamentos. A leitura é,
sem dúvida, a base para a boa escrita.

Por isso, a UNIASSELVI busca desenvolver, nos estudantes, competências e


habilidades de leitura e escrita para um desempenho satisfatório no Ensino Superior e
nos mais diversos contextos em que a escrita se faz necessária. Nesse sentido, o modelo
de ensino da UNIASSELVI prevê várias atividades de produção textual, dentre as quais
nos deparamos com diferentes gêneros textuais. Só para citar alguns exemplos, podemos
lembrar da produção de: papers/artigos científicos, relatórios, projetos e avaliações
discursivas.

O foco deste e-book recai, mais especificamente, à redação de respostas nas


avaliações discursivas da UNIASSELVI, embora contenha algumas dicas que podem ser
valiosas para o desenvolvimento da sua habilidade escrita de forma global. Este material
foi criado para você compreender melhor como organizar as suas ideias por escrito, como
argumentar de forma objetiva, clara e assertiva nas questões discursivas da UNIASSELVI.

Assim, a partir desta apresentação, em outras três partes diferentes deste material,
vamos (I) explicar alguns elementos importantes sobre como responder avaliações
discursivas, destacando aspectos de objetividade, clareza e originalidade; (II) apresentar
questões comentadas para contribuir com sua compreensão sobre elementos essenciais
na hora de responder sua avaliação, observando o que o comando da questão solicita;
e (III) introduzir algumas dicas adicionais para o aprimoramento das suas habilidades
escritas.

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2. COMO ESCREVER A
RESPOSTA DA PROVA
DISCURSIVA?

Fique atento à leitura!

Enunciado da questão
Textos motivadores
Comando da questão

Fique atento à escrita!

Organização das ideias


Estratégias argumentativas
Resposta objetiva, clara e assertiva
Originalidade
Vocabulário e gramática

A UNIASSELVI possui parâmetros avaliativos para atribuição das notas às respostas


da avaliação discursiva. Nesses parâmetros, procuramos levar em conta a apropriação
conceitual da disciplina, o posicionamento do acadêmico diante dos conceitos mobilizados
e o próprio percurso de aprendizagem a partir da originalidade na escrita. Vamos explorar
cada um desses elementos para você construir sua resposta de forma autêntica e com
segurança.

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2.1 OBJETIVIDADE, CLAREZA E
ASSERTIVIDADE NA RESPOSTA
A resposta atribuída a cada questão do tipo dissertativa precisa atender ao
comando da questão, contemplar o assunto do ponto de vista científico e demonstrar
sua aprendizagem sobre o conteúdo. Para isso, é importante que você, estudante, ocupe-
se de alguns passos relacionados à pré-escrita, demonstrando adequação ao tema
e sendo capaz de estabelecer uma progressão de ideias. É fundamental que haja um
entendimento, em primeiro lugar, daquilo que é solicitado no enunciado.

Quando se trata de uma questão de prova de alguma disciplina que você está
cursando, é comum que se faça uma consulta no livro da disciplina, sempre que possível.
Nesse momento, é preciso que você busque ler e compreender o conteúdo em questão,
bem como, se assim deseja, ler outros textos sobre o mesmo tema. O cuidado para
não acabar apenas replicando o texto lido é importante! Por isso, selecionamos
algumas dicas:

- Leia atentamente a questão e destaque o tema principal.


- Em algumas questões – especialmente questões do modelo ENADE –, é comum
encontrar textos motivadores que podem trazer subsídios a uma reflexão para sua
resposta ou mesmo ter o enunciado extraído de tais textos motivadores. Sublinhe os
pontos mais relevantes e coerentes com o enunciado.
- Pergunte-se qual é o foco da resposta e o que pode deixar de ser mencionado,
tornando a resposta clara e objetiva.
- Você possui conhecimento de leituras anteriores que podem subsidiar suas respostas?
É hora de estabelecer relações refletindo sua compreensão própria do conteúdo,
fazendo intersecções que você encontra e que, a partir da disciplina estudada, pode
defender.

Para deixar mais claro o que estamos abordando, vamos exemplificar a partir de
uma questão ENADE.

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(ENADE 2021)
Texto I
Uma cidade é considerada inteligente quando: i) nela se utiliza a tecnologia
para melhorar a sua infraestrutura e seus serviços, tornando os setores de administração,
educação, saúde, segurança pública, moradia e transporte mais inteligentes,
interconectados e eficientes, beneficiando toda a população; e ii) está comprometida
com o meio ambiente e com sua herança histórica e cultural.
AQUINO, A. L. L. et al. Cidades inteligentes, um novo paradigma da sociedade do
conhecimento. Blucher education Proceedings, v. 1, n. 1, p. 165-178, 2015 (adaptado).

Texto II
A evolução para uma cidade mais inteligente, mais integrada, mais inovadora
pressupõe uma visão holística e sistêmica do espaço urbano e a integração efetiva dos
vários atores e setores. Para tal, é necessário ir além dos investimentos em inovação
tecnológica e inovar também na gestão, no planejamento, no modelo de governança e
no desenvolvimento de políticas públicas.
CAMPOS, C. C. et al. Cidades inteligentes e mobilidade urbana. Cadernos FGV Projetos,
n. 24, 2014 (adaptado).

A partir do conceito de cidade inteligente exposto nos textos, faça o que se


pede nos itens a seguir.

a) Explique de que modo as cidades inteligentes podem contribuir para a melhoria das
questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável. (valor: 5,0 pontos)
b) Apresente uma proposta de intervenção urbana que pode gerar impacto social e
contribuir para a melhoria da vida em comunidade. (valor: 5,0 pontos)

Como você notou, temos dois textos motivadores.

1. Leia-os com atenção e identifique o tema abordado.


2. Observe que ambos os textos motivadores tratam sobre cidades inteligentes, como
destacamos em negrito e sublinhado.
3. Em seguida, podemos destacar aspectos que definem características de uma cidade
inteligente.

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Feito isso, supõe-se que você compreendeu o conceito de cidade inteligente.

O próximo passo é ler o enunciado com atenção. Veja que é solicitado que a sua
resposta, como destacamos, deve ser construída a partir do conceito, exposto nos
textos, de cidade inteligente.

No item A, seria possível dissertar que as cidades inteligentes podem diminuir


os impactos ambientais a partir do uso de recursos tecnológicos. Tais recursos teriam a
finalidade de modernizar infraestruturas e oferta de serviços, bem como criar produtos
sustentáveis, que levem em conta a não produção de resíduos de difícil degradação ou a
contaminação do meio-ambiente durante sua produção.

No item B, pede-se para discorrer sobre como as cidades inteligentes podem


contribuir para o desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, seria possível pensar, por
exemplo, em aplicativos de compartilhamento de transporte (caronas). Já existem alguns
e talvez você até já tenha utilizado e pode mencionar como exemplo. Aplicativos para
oferta de serviços (babá, petsitter, acompanhamento de idosos...), doação de produtos,
alimentos etc., também podem ser mencionados.

De toda forma, o que se espera é que exista, por parte do respondente, uma
reflexão própria, que seja coerente com os conceitos apresentados e com o enunciado
da questão. Entendido isso, como você notou, fomos destacando os aspectos mais
relevantes dos textos motivadores e palavras-chave que nos levam a compreender o que
se pede no enunciado. Junte a isso o desenvolvimento de um raciocínio lógico relacionado
ao tema e, certamente, você será capaz de desenvolver uma boa resposta. Note, ainda,
que os textos motivadores não trazem a resposta daquilo que é solicitado no enunciado,
mas dão um subsídio importante para a compreensão dos conceitos necessários. A
partir desses conceitos, utilizando o seu entendimento sobre eles, o seu conhecimento
de mundo, demonstrando exemplos que você conhece, ou pensando em soluções para
problemas relacionados ao tema, você desenvolverá sua resposta dissertativa, com
autoria própria, isto é, sem que sejam realizadas cópias deliberadas dos textos, enunciado
da questão ou outras fontes de leitura.

Quando é mencionada uma proposta de intervenção, também é válido pensar


em quais órgãos do governo têm autoridade para atuar quanto ao tema em questão e
quais ações poderiam ser desenvolvidas por esses órgãos governamentais. Isso pode
ser depreendido a partir de palavras que destacamos, como governança, administração e
políticas públicas. Enfim, o caminho é a compreensão e a reflexão.

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Quando se trata de provas realizadas durante as disciplinas cursadas na graduação,
a atividade de responder uma questão dissertativa, certamente, é estratégica. Afinal,
como vimos, é necessário planejar o conteúdo a ser escrito de acordo com os conceitos
mobilizados na disciplina, ao mesmo tempo em que a sua própria voz não esteja “apagada”,
configurando a autoria própria. Nesse planejamento, dentre as estratégias de escrita
que você pode adotar, a citação (na forma direta ou como paráfrase), talvez, seja uma
possibilidade, desde que alinhada à sua discussão, à sua forma de interpretar o texto que
usa como fonte. A sua singularidade, que se constitui a partir de vivências locais, situadas
na sua história de vida, de onde você é e com as relações sociais que você constrói,
configuram uma interação particular com o texto, configuram percepções próprias que
devem ser levadas a cabo no momento de discutir, dissertar e debater.

Você, estudante, enquanto autor da resposta dissertativa, desempenha papel


único na atribuição de sentido ao conteúdo da disciplina. São esses aspectos que
conferem a sua autoria. Por isso, “parafrasear não significa necessariamente repetir”
(Souza, 2003, p. 66), uma vez que você precisa se posicionar diante do que apresenta.
Dentro da estratégia de citação, lembre-se também de seguir as normativas ABNT para
citação direta e indireta (paráfrase). Não recomendamos o uso de citações diretas longas
(com mais de três linhas) na resposta dissertativa, uma vez que o espaço de resposta é
limitado e você não pode perder a vez de apresentar a sua interpretação. Ademais, se
utilizar o recurso de citação, utilize-o como voz de autoridade, buscando por textos que
tenham rigor científico-acadêmico e não informativo.

DICAS
Para compreender melhor sobre a necessidade de apresentar originalidade na sua escrita,
verifique o material Plágio e Originalidade produzido pela equipe de revisão do Núcleo de
Educação a Distância da UNIASSELVI:

https://trilhaaprendizagem.uniasselvi.com.br/LET38_
morfologia_da_lingua_portuguesa/materiais/16.e-
book_-_plagio_e_originalidad__1_.pdf

Nesse material, você entenderá que existem diferentes tipos de plágio e observará a
diferença entre a citação e o plágio.

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DICAS
Recomendamos que você assista ao vídeo a seguir para complementar suas reflexões.

Tipos de argumento para redação | Argumento por citação de autoridade -


Brasil Escola

https://www.youtube.com/watch?v=87_nbcz1qQ8

Nesse vídeo, disponível no Canal Brasil Escola da plataforma Youtube, o professor Guga
Valente apresenta a citação de autoridade como uma estratégia argumentativa que
pode ser utilizada em avaliações.

2.2 ORIGINALIDADE
Para a elaboração de uma resposta dissertativa, é natural que o estudante
parta de algum discurso já dito, pois consulta os conteúdos disponibilizados dentro da
disciplina, como livro didático, Trilha de Aprendizagem, Objetos de Estudos, Enquetes,
Leituras Complementares etc. Por isso, de fato, quando você, estudante, escreve sua
resposta dissertativa, apresenta algo que já está dito em outro momento, mas também
produzindo conhecimento sobre essa informação. Logo, isso não significa que você
possa simplesmente copiar algum texto e apropriar-se desse texto como sendo seu, ou
que possa construir uma resposta apenas de citações diretas. No processo dialógico de
aprendizagem, a produção da resposta parte de uma organização própria, na qual você
demonstra a maneira particular que tem de ler, compreender e gerar conhecimento a
partir do que lhe é apresentado nos materiais que tem à sua disposição.

Nesses termos, a originalidade a qual se procura, nesse tipo de avaliação, tem


relação com o seu processo de aprendizagem em buscar pelos conteúdos explicitados
na disciplina, mas a partir de suas próprias frases, a partir de sua competência linguística.
Afinal, como pressupõem teorias relacionadas aos estudos da linguagem, todo falante
de uma língua dispõe de um sistema de regras que lhe permite criar um conjunto infinito
de frases, de modo que podem ser diferentes daquelas que já ouviu e leu, demonstrando
sua apropriação conceitual, sua interpretação do conteúdo com o qual teve contato.

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Nos dois quadros a seguir, observe os exemplos que apresentamos de reposta
mecanizada (que reflete uma apropriação autoral indevida) e de resposta original (que
demonstra seu próprio percurso argumentativo e, por conseguinte, de aprendizagem):

Quadro 1 – Questão dissertativa: o que é uma resposta mecanizada e por que não tiro nota 10
quando copio ou reescrevo uma resposta que encontrei no livro, internet ou outros materiais?

QUESTÃO DISCURSIVA: Há muitos substantivos cujo emprego, mesmo na língua


padrão, apresenta oscilação de gênero. Em muitos casos, pode-se recomendar a
adoção de um dos dois gêneros (masculino ou feminino). Em outros, consideram-se
aceitáveis ambos os usos. Dessa forma, analise o fragmento a seguir:
Numa feira, uma pessoa interessada em comprar um queijo pergunta ao vendedor:

- Quantas gramas tem esse queijo?


O vendedor, brincando, responde:
- Nenhuma, ele é feito de leite.

Considerando o gênero dos substantivos, explique a brincadeira que o vendedor fez


com o comprador.

Gabarito da UNIASSELVI: *O Exemplo de resposta mecanizada:


comprador usa a palavra grama no A palavra grama é usada pelo comprador
feminino (quantas gramas) que indica no feminino (quantas gramas), indicando
a planta, o capim, *ao invés de dizer a planta, o capim. Por outro lado, quantos
quantos gramas (masculino), indicando, gramas (masculino), indica o peso. O
portanto, o peso. *O vendedor, então, comerciante, então, brinca, dizendo que
brinca, dizendo que seu queijo é feito com seu queijo é feito com leite e não com
leite e não com grama (capim). grama (capim).

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Explicação: Observe que o exemplo de resposta mecanizada apresenta exatamente
a mesma sistematização do gabarito de respostas da UNIASSELVI, perdendo sua
originalidade. Ademais, as construções sentenciais são muito próximas, ocorrendo
apenas algumas inversões de posições das expressões na sentença (como a mudança
de voz ativa para passiva em “O comprador usa a palavra grama no feminino (quantas
gramas)”/“A palavra grama é usada pelo comprador no feminino (quantas gramas)”).
A substituição de palavras equivalentes ou sinônimos também reflete a apropriação
do texto como se fosse seu, mesmo não sendo, caracterizando o que a UNIASSELVI
denomina “resposta mecanizada”. Esse tipo de resposta tem baixa ou nenhuma
pontuação justamente porque a apropriação de um texto de outra autoria acaba
deixando o avaliador com pouca materialidade de análise sobre a aprendizagem do
conteúdo por parte do estudante. Lembre-se de que, como já destacamos, a produção
do texto acadêmico (como a resposta de uma questão dissertativa) é avaliada a partir
da reflexão própria do estudante, da sua propriedade conceitual adquirida na disciplina,
do seu posicionamento acadêmico diante dos conceitos mobilizados, e do próprio
percurso de aprendizagem a partir da originalidade na escrita.

Agora, observe como é possível responder a mesma questão corretamente, sem


reproduzir o gabarito de respostas da UNIASSELVI, e contemplar todos os argumentos
esperados:

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Quadro 2 – Questão dissertativa: uma resposta original, com autoria própria, contempla todos os
argumentos esperados sem copiá-los ou reproduzi-los parcialmente.

QUESTÃO DISCURSIVA: Há muitos substantivos cujo emprego, mesmo na língua


padrão, apresenta oscilação de gênero. Em muitos casos, pode-se recomendar a
adoção de um dos dois gêneros (masculino ou feminino). Em outros, consideram-se
aceitáveis ambos os usos. Dessa forma, analise o fragmento a seguir:
Numa feira, uma pessoa interessada em comprar um queijo pergunta ao vendedor:

- Quantas gramas tem esse queijo?


O vendedor, brincando, responde:
- Nenhuma, ele é feito de leite.

Considerando o gênero dos substantivos, explique a brincadeira que o vendedor fez


com o comprador.
Gabarito da UNIASSELVI: *O Exemplo de resposta original:
comprador usa a palavra grama no A brincadeira do vendedor consiste
feminino (quantas gramas) que indica em evidenciar a ambiguidade que a
a planta, o capim, *ao invés de dizer palavra “gramas” assume, embora essa
quantos gramas (masculino), indicando, ambiguidade possa ser desfeita na norma
portanto, o peso. *O vendedor, então, padrão da língua. Os substantivos, na
brinca, dizendo que seu queijo é feito com língua portuguesa, possuem dois gêneros
leite e não com grama (capim). gramaticais: feminino e masculino. No
fragmento textual apresentado na
questão, existe um efeito de humor
causado pelos diferentes significados que
a palavra grama assume, a depender do seu
gênero gramatical. Em “Quantas gramas”,
o comprador emprega o determinante
“quantas” flexionado para o feminino.
No feminino, gramas, dentro da norma
padrão da língua, assume o significado
relacionado ao gramado, à planta que,
convencionalmente, encontramos em
nossos quintais. Como sua intenção era
de utilizar gramas no sentido de peso
(quilogramas), a gramática tradicional
prescreveria o seguinte uso: “quantos
gramas [...]”. 1

1 As diferentes cores, nas respostas, foram usadas justamente para destacar em quais pontos a resposta
original apresenta os argumentos esperados no gabarito de respostas, sem reproduzi-los de forma mecanizada.
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Explicação: Observe que, no exemplo de resposta escrita com originalidade, há uma
sistematização própria, uma organização que não copia o gabarito de respostas (ou
algum texto da internet ou livro didático). Nessa sistematização, a resposta original
apresenta os conceitos trabalhados na disciplina quanto aos gêneros gramaticais e os
aplica à análise do fragmento textual que serviu de base para a resolução da questão.
Há, também, clareza na apresentação das ideias e um posicionamento próprio (que,
diferente do gabarito, apresenta, na sua arguição, a diferença de usos linguísticos com
base na norma padrão da língua portuguesa). Nesse caso, podemos identificar uma
resposta que atende a todos os critérios avaliativos, demonstrando a aprendizagem
acadêmica.

Em suma, podemos dizer que escrever a resposta dissertativa corresponde, de


certo modo, a apresentar algo que já foi dito na disciplina, mas utilizando palavras, frases
e organização textual diferentes. É imprescindível observar que esse processo não
corresponde à mera substituição de termos por outros semelhantes, como sinônimos ou
palavras equivalentes. O processo de responder uma questão dissertativa consiste em
reformular, de maneira própria, o conteúdo expresso no material utilizado como fonte,
organizando suas ideais em construções frasais que são diferentes daquelas usadas no
texto que serviu de fonte de estudos. Esse processo demonstra o raciocínio do estudante
em relação ao conteúdo estudado. É justamente esse raciocínio que passa a ser avaliado
pela equipe pedagógica. Não havendo demonstração de raciocínio próprio, portanto, a
pontuação em termos de nota fica igualmente pouco expressiva.

2.3 VOCABULÁRIO E GRAMÁTICA


ADEQUADOS À NORMA PADRÃO DA
LÍNGUA PORTUGUESA
Ao responder uma questão dissertativa, procure utilizar uma linguagem formal,
clara e direta. A linguagem e o estilo devem obedecer à norma padrão da língua. Evite
a interferência da oralidade na produção escrita, frases incompletas, redundância e o uso
de clichês - expressões muito empregadas que, em geral, reproduzem ideias prontas e
podem passar a impressão de falta de originalidade e desvalorizar a sua resposta.

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Como os linguistas advertem, escrever, obviamente, não é a mesma coisa que falar!
Para o processo de escrita, especialmente o mais planejado, precisamos obedecer “a um
sistema particular de regras que não coincide com a fala em muitos pontos essenciais”,
como a organização textual, construção e articulação de sentenças mais complexas,
acentuação gráfica das palavras, ortografia padrão etc. (Faraco; Tezza, 2010, p. 12).

Dentre as características do texto escrito, para a produção da sua resposta


discursiva, queremos chamar a atenção para como se organiza o conteúdo textual.
Diferentemente de uma conversa informal, no texto escrito, como visto anteriormente,
é preciso mais objetividade. Para isso, você deve manter o foco e ser fiel ao assunto
presente no comando da questão, sem repentinas mudanças de tópicos. A sua
organização textual também deve evitar repetir informações e manter a clareza na
condução do tratamento do assunto, isto é, o leitor deve poder entender “perfeitamente
o que está escrito, contando apenas com o que está escrito” (Faraco; Tezza, 2010, p.
21, grifo dos autores). Você não deve presumir que o seu leitor, também avaliador das
suas respostas, recuperará conteúdos da disciplina, uma vez que ele precisa observar se
você sabe dissertar sobre tais conteúdos e se você consegue organizar textualmente os
debates propostos pelos comandos das questões.

Diante disso, sempre revise a sua resposta dissertativa e observe se todas as


sentenças estão completas, se não há informações pela metade, se não há repetições de
informações (basta dar a informação uma vez!). Verifique se o texto está de acordo com
as normas de pontuação, ortografia, etc.

DICAS
Você já sentiu dificuldade para realizar a revisão do seu próprio texto? Esse sentimento
pode ser bastante comum. Por isso, a professora Dra. Luciana Moraes, em seu canal de
Youtube “lu.dissertese”, fala sobre a importância de realizarmos a revisão dos nossos
textos que passarão por algum tipo de avaliação, apresentando sugestões para a
correção textual no seu dia a dia.

https://www.youtube.com/watch?v=r2SRjXkMvp4

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Além das dicas de revisão, a Dra. Luciana Moraes também fala sobre o uso da vírgula de
uma forma descomplicada, partindo do conhecimento intuitivo sobre a língua que todo
o falante possui. Assista ao vídeo se quiser dicas sobre o processo de pontuação, para
deixar seu texto mais claro:

https://www.youtube.com/watch?v=32bfPTvP8zo

3. QUESTÕES
DISSERTATIVAS
COMENTADAS
Para que você compreenda melhor as orientações discutidas até este momento,
procuramos apresentar, aqui, possíveis resoluções de avaliações discursivas. Para isso,
reunimos quatro questões comentadas, de diferentes áreas do conhecimento, com
explicações contextualizadas sobre o conteúdo e a estrutura das questões, além de
sugestões de resposta.

QUESTÃO 1
Acesse o vídeo sobre a Questão Comentada da disciplina de Antropologia para assistir à expli-
cação do professor Marcio José Cubiak.

QUESTÃO DISCURSIVA - ANTROPOLOGIA

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QUESTÃO 2
Acesse o vídeo sobre a Questão Comentada da disciplina de Comunicação e Linguagem para
assistir à explicação da professora Raquel da Silva Yee.

QUESTÃO COMENTADA - EBOOK - COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM

QUESTÃO 3
Acesse o vídeo sobre a Questão Comentada da disciplina de Computação Forense e Testes
de Invasão para assistir à explicação da professora Simone Erbs da Costa.

QUESTÃO DISCURSIVA - COMPUTAÇÃO FORENSE E TESTES DE INVASÃO

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QUESTÃO 4

Acesse o vídeo sobre a Questão Comentada da disciplina de Gestão Financeira para assistir à
explicação do professor Fernando Eduardo Cardoso.

QUESTÃO DISCURSIVA COMENTADA - GESTÃO FINANCEIRA

4. SAIBA MAIS: DICAS DE


ESCRITA
Nesta parte do material, optamos por dedicar um espaço para algumas dicas de
escrita a fim de auxiliar quanto à coesão e coerência da sua produção textual, seja nas
avaliações discursivas, na produção de papers ou outras atividades textuais das quais
você precisa se engajar. Também deixaremos algumas dicas que abrangem a coerência
no campo acadêmico em si, como a postura de escrita que evita inserção de clichês e
opiniões (sem amparo acadêmico) nas repostas de questões dissertativas.

Primeiramente, reflita: você sabe o que esperamos de um texto em


termos de coesão e coerência?

A coerência é uma propriedade textual caracterizada pela unidade de significado,


pela relação harmoniosa entre os fatos e argumentos apresentados no texto. Ou seja,
um texto só é coerente quando ele “faz sentido”. Por isso, ao elaborar um texto, observe
a sua relevância e credibilidade, a organização, o encadeamento das ideias apresentadas,
a progressão dessas ideias, se ele é claro, de modo a não deixar dúvidas.

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Atente-se, portanto, à coerência externa, ligada à relação pertinente entre fatos,
informações, conceitos, etc., compatíveis com a realidade. Observe, ainda, a coerência
interna do texto, que pressupõe a continuidade, a não contradição e a articulação dos
argumentos (ligada à coesão).

Enquanto a coerência está relacionada à unidade de significado do texto, ao plano


do conteúdo, a coesão está ligada ao plano gramatical, aos recursos da língua usados
para “costurar” o texto, articular suas partes. Um texto é coeso se suas partes não
estão soltas, fragmentadas, mas ligadas, articuladas, formando, junto com a coerência, a
unidade de sentido textual.

A coesão ocorre com o uso adequado dos conectivos (preposições, conjunções


e expressões de ligação), como veremos adiante. O uso adequado dos elementos de
coesão favorece a coerência, a organização das ideias.

4.1 O QUE É COESÃO E QUAL SUA


IMPORTÂNCIA NA ESCRITA?
Coesão, como o próprio nome sugere, remete à ideia de conexão. Nesse sentido,
podemos afirmar que usar recursos de coesão é uma forma de relacionar diferentes
partes do nosso texto, evitando redundâncias e repetições. Assim, compreendemos que
o conhecimento de recursos de coesão adequados nos auxiliará na construção de um
bom texto.

Observe a seguinte sentença: *Os substantivos possuam dois gêneros, de fêmea


e macho, há substantivos que nunca flexionam em gênero (como a criança, a casa, o
hospital etc.).

É bem provável que essa sentença tenha parecido estranha para você de alguma
forma, não é mesmo?

Em primeiro lugar, vamos destacar os termos “fêmea e macho”, que se tornam


incoerentes nessa afirmação. Quando falamos de gêneros, nos estudos formais da
língua, nos referimos a gêneros gramaticais (feminino e masculino). Os termos “fêmea e
macho” não são usados como gêneros gramaticais, mas como gêneros biológicos.

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Se ajustarmos essa coerência textual, será que a sentença poderá ser avaliada
como uma boa sentença? Observe: * Os substantivos possuam dois gêneros, feminino
e masculino, há substantivos que nunca flexionam em gênero (como a criança, a casa, o
hospital etc.).

Sem dúvidas, a sentença já melhorou, mas, no aspecto da coesão, ainda falta


alguma coisa, não é mesmo? Você já conseguiu identificar o que está faltando? Acertou
se observou a ausência de um elemento de conexão: Embora os substantivos possuam
dois gêneros, feminino e masculino, há substantivos que nunca flexionam em gênero
(como a criança, a casa, o hospital etc.).

Você percebeu como já conhece aspectos da coerência e da coesão muito


naturalmente? Pois, então, vamos explorar esse seu conhecimento para que você possa
refletir sobre ele e fazer uso dele para melhorar suas habilidades de produção textual,
inclusive no desempenho da sua avaliação discursiva.

Há diferentes tipos/categorias de procedimentos em relação à coesão, dentre os


quais estão a coesão referencial, repetição, coesão sequencial etc. Não se preocupe com
essa nomenclatura, pois vamos demonstrando a você como a conexão textual ocorre.

Sem alguns recursos de coesão, o texto, às vezes, pode ficar bastante repetitivo,
tirando sua objetividade e desinteressando o leitor. Observe esse fenômeno no
fragmento a seguir:

As palavras podem mudar de classe gramatical, dependendo do seu


emprego na frase. Quando as palavras podem mudar de classe gramatical,
dependendo do seu emprego na frase, pode ocorrer a substantivação, que consiste
em atribuir funções de substantivo a outra palavra, que pode ser um verbo, um adjetivo
ou um advérbio.

Fonte: adaptado do banco de questão do Núcleo de Educação a Distância UNIASSELVI.

Veja que, com um recurso de coesão referencial, podemos retomar algo já


mencionado no texto sem que precisemos fazer a repetição:

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As palavras podem mudar de classe gramatical, dependendo do seu
emprego na frase. Quando as palavras podem mudar de classe gramatical,
dependendo do seu emprego na frase, pode ocorrer a substantivação, que consiste
em atribuir funções de substantivo a outra palavra, que pode ser um verbo, um adjetivo
ou um advérbio.

Fonte: adaptado do banco de questão do Núcleo de Educação a Distância UNIASSELVI.

Existem diferentes formas de evitar repetições textuais desnecessárias, como


a partir de pronomes (esse, aquele, ele, etc.), garantindo o que chamamos de coesão
referencial. Essa coesão ocorre por meio de dois mecanismos básicos:

a) Substituição: implica a substituição de uma palavra ou fragmento textual por


outras palavras gramaticais, como pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos,
indefinidos, interrogativos, verbos, advérbios de lugar e tempo, e numerais.
b) Reiteração: quando um elemento textual é retomado por meio de sinônimos,
hiperônimos, hipônimos, nomes genéricos.

No exemplo anterior, você observou a substituição de todo um fragmento textual


pela referência dada em um pronome (esse). Observe, no exemplo a seguir, que, para não
repetir o nome Labov, utilizou-se um termo equivalente (“o autor”), fazendo-se uso do
mecanismo de reiteração:

Em 1963, Labov publica seu célebre trabalho sobre a comunidade da ilha de Martha’s
Vineyard, no litoral de Massachusetts, em que sublinha o papel decisivo dos fatores
sociais na explicação da variação linguística, isto é, da diversidade linguística observada.
Nesse texto, o autor relaciona fatores como idade [...].

Fonte: ALKMIN, T. M. Sociolinguística: parte 1. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (org.).


Introdução à linguística: domínios e fronteiras. v. 1. São Paulo: Cortez, 2001. p. 32.

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Essa reiteração pode se dar a partir de uma característica do termo referente
(ex.: gato – felino; feminino – gênero etc.), ou, quando se trata de pessoas, podemos nos
referir à função social que exercem. Quando citamos um autor, em nosso texto, é comum
fazermos pelo sobrenome, mas, para não o repetir, podemos pensar justamente nas
funções que ele exerce e que sejam relevantes ao texto (como engenheiro, juiz, filósofo,
linguista, educador etc.). Observe:

Bagno (2011), na obra Gramática do Português Brasileiro, faz uma crítica à organização
das palavras em classes gramaticais. O autor defende que as palavras podem
exercer diferentes funções, conforme o contexto em que são aplicadas. Diante desse
entendimento, o linguista alerta sobre a necessidade de uma nova perspectiva quanto
ao ensino do português brasileiro.

Fonte: as autoras.

Nesse excerto, o sobrenome do autor é retomado duas vezes, substituindo-o por


funções sociais exercidas por ele. Como você pode notar, não se trata apenas de localizar
sinônimos dicionarizados para as palavras que não se quer repetir, mas também analisar
o que pode funcionar como “sinônimo” no contexto enunciativo em questão.

Outro recurso textual que você pode utilizar para manter a objetividade no seu
texto é a omissão de um termo facilmente identificável (o que chamamos de coesão por
elipse). Observe:

Os bancos estão abrindo vagas para estágios; os hotéis, para recepcionistas.


(Os bancos estão abrindo vagas para estágios; os hotéis estão abrindo vagas para
recepcionistas.)

Fonte: KRIECK, L. E.; HOCHSPUNG, V. Língua portuguesa: sintaxe – da frase ao texto.


Indaial: UNIASSELVI, 2022. p. 201.

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Nesse exemplo, omite-se a composição verbal “estão abrindo” e o termo “vagas”,
uma vez que sua repetição é desnecessária ao entendimento do texto.

É claro que devemos evitar repetições desnecessárias em nosso texto, mas como
o professor Dr. Ernani Terra (2022, on-line) ressalta, em seu blog, “A repetição intencional
de um mesmo item lexical também pode favorecer a coesão textual por enfatizar uma
ideia, mantendo-a em foco. Nesse caso, a repetição confere ênfase e força argumentativa
ao enunciado, visando conseguir a adesão do leitor ou do ouvinte”. No excerto a seguir,
temos um exemplo:

- Várias pessoas ao redor do mundo vão para a cama com fome todos os dias. E a fome
mata mais que muita doença grave.

Fonte: COESÃO textual: tipos e exemplos. Clube do Português: Língua Portuguesa,


Literatura e Alfabetização. 13 out. 2021. Disponível em: https://www.clubedoportugues.
com.br/coesao-textual/. Acesso em: 23 jan. 2023.

Veja que a repetição da palavra “fome” é proposital, com a intenção de reforçar o


problema em questão. Sendo assim, é interessante planejar o que queremos dizer em
nosso texto, qual ou quais ideias queremos passar e como, o que queremos enfatizar.
Nesse sentido, a repetição pode demonstrar um descuido com a escrita, mas também
pode funcionar de maneira eficaz para enfatizar determinada ideia ou, ainda, demonstrar
certo estilo de escrita.

Existem outros elementos utilizados para a coesão textual que não foram
mencionados aqui, como os operadores argumentativos que, por meio de recursos
linguísticos, como conjunções, por exemplo, possibilitam a ligação entre termos de uma
frase, entre orações ou mesmo entre frases ou parágrafos.

Vejamos alguns exemplos:

- Compareceu à festa, embora não simpatizasse com algumas pessoas ali presentes.
- Não obteve êxito na sua apresentação, logo o trabalho precisou ser reescrito.
- Ela gostaria de ir à praia, mas a previsão para o fim de semana é de chuva.
- José não veio porque está doente.

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Nesses exemplos, pode-se observar que as conjunções destacadas ligam orações,
cada uma delas trazendo um sentido específico para a frase em que se insere. A conjunção
“embora” passa a ideia de conceção; “logo”, de conclusão; “mas”, de adversidade; e “porque”,
de explicação. Ou seja, temos diferentes tipos de conjunções, nomeadas de acordo com
a função que exercem: concessivas, conclusivas, adversativas, explicativas, aditivas,
etc. Porém, não vamos nos ater a essas nomenclaturas. Aqui, ressaltamos, apenas, a
importância de conhecer esse recurso e lançar mão dele de forma adequada ao sentido
da mensagem que se deseja passar.

Ademais, na figura a seguir, sugerimos que observe os termos utilizados como


operadores argumentativos e organizacionais para sua produção textual:

Figura – Operadores argumentativos

Fonte: Marcuschi (2008, p. 118).

ATENÇÃO! MUDANÇAS NESSAS PALAVRAS PODEM ALTERAR O SENTIDO!

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4.2 ERROS MAIS COMUNS PARA EVITAR
NA ESCRITA/ERROS DE ESCRITA
Neste ponto da sua leitura, você já deve saber o que esperamos de um texto em
termos de coesão e coerência, certo!? A coerência, como vimos, está ligada ao aspecto
lógico do conteúdo, estabelecendo relações sintático-semânticas que unem as partes de
um texto. Um texto é coerente quando não há contradição entre suas partes. A coesão
é complementação disso, sendo responsável, mais precisamente, pela ligação textual, de
natureza gramatical, entre as partes do texto (sentença, parágrafo...).

Quando falamos sobre coerência, esperamos que você compreenda que, ao


responder questões de uma avaliação discursiva da UNIASSELVI, você deve, além de
escrever com clareza, objetividade, originalidade, apresentar uma relação lógica do
conteúdo, evitando clichês, generalizações, redundâncias, incoerências, etc. Para que
você compreenda melhor, preparamos um quadro com os tópicos a seguir:

Quadro 3 – Construções textuais para evitar na hora de elaborar seus argumentos

Clichês: expressões muito empregadas que reproduzem ideias prontas,


desvalorizam o texto por configurar ausência de reflexão sobre o tema proposto no
comando da questão. Exemplos: “ter direito a um lugar ao sol”, “colocar os pingos nos
is”, “isso é uma vergonha”...
Generalização/preconceito/estereótipo: raciocínio que pode conduzir ao
radicalismo, a reproduções de estereótipos e afirmações preconceituosas. Afirmar
que “pessoas com sotaque carregado fazem mal uso da língua”, por exemplo,
revela uma visão preconceituosa, pois se ampara em um olhar purista, que ignora o
tratamento científico dado ao estudo da língua e o fato de que uma língua varia e
muda com o passar do tempo. Existem, ainda, estereótipos culturais, raciais, sexistas,
sociais, etc., tais como a ideia de que "o povo brasileiro é malandro" e a de valoração
negativa às religiões de matrizes africanas (só para citar alguns exemplos).
Redundância: repetição de palavras e de pormenores já ditos no texto, que revela
falta de concisão e objetividade na resposta.
Fuga do tema: ausência de desenvolvimento do tema proposto no comando da
questão (fuga total) ou abordagem incompleta do assunto (fuga parcial) que indica
falta de especificidade nas respostas.
Incoerência: falta de sentido, de lógica. Ausência de conexão entre ideias,
conceitos e fatos, entre as partes do texto.

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Imprecisão sintática: dificuldade de organização textual, falha na progressão
de ideias, frases mal estruturadas, incompletude de ideias, falta de pontuação, de
divisão dos parágrafos, etc.
Vocabulário impreciso: termos mal-empregados, coloquialismo, marcas de
oralidade, uso de gírias, grafia e acentuação incorreta das palavras.
Cópia integral ou parcial: falta de sistematização autoral na resposta; cópia
deliberada de textos de outras autorias, sem o reconhecimento da fonte consultada;
ou ainda, resposta construída, basicamente, com citações diretas, demonstrando
pouca ou nenhuma reflexão do estudante respondente.

FONTE: as autoras.

Antes de encerrarmos este e-book, queremos deixar uma sugestão de leitura de


um material muito especial da Parábola Editorial, cujo propósito é auxiliar, justamente,
em importantes aspectos da escrita, mas que não foram tratados aqui, como o uso dos
termos “onde”, “cujo”, “o qual”, a concordância dos verbos impessoais “haver/ ter/ fazer”, o
uso do “porquê”, etc.

DICA DE LEITURA
No livro “Falsas Elegâncias”, de Marcos Bagno (distribuído de forma on-line pela Parábola
Editorial), você encontrará um conteúdo muito interessante sobre casos de hipercorreção
em textos escritos, com dicas para uma produção escrita mais clara, além de exercícios
para a sua correção textual.

Fonte: BAGNO, M. Falsas elegâncias: como evitar a hipercorreção na escrita formal.


São Paulo: Parábola, 2020. Disponível em: https://www.parabolaeditorial.com.br/
Custom.asp?IDLoja=34487&arq=ebook.htm

DESEJAMOS A VOCÊ MUITO SUCESSO NAS SUAS AVALIAÇÕES DENTRO E


FORA DA UNIASSELVI!

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5. REFERÊNCIAS
ALKMIN, T. M. Sociolinguística: parte 1. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (org.).
Introdução à linguística: domínios e fronteiras. v. 1. São Paulo: Cortez, 2001.

ANTUNES, I. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial,


2003.

BAGNO, M. Gramática Pedagógica do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola


Editorial, 2011.

COESÃO textual: tipos e exemplos. Clube do Português: Língua Portuguesa,


Literatura e Alfabetização. 13 out. 2021. Disponível em: https://www.
clubedoportugues.com.br/coesao-textual/. Acesso em: 23 jan. 2023.

FARACO, C. A.; TEZZA, C. Oficina de texto. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

KRIECK, L. E.; HOCHSPUNG, V. Língua portuguesa: sintaxe – da frase ao texto. Indaial:


UNIASSELVI, 2022.

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São


Paulo: Parábola Editorial, 2008.

SOUZA, O. de. O texto nas atividades escolares, produção de conhecimentos e autoria.


In: SOUZA, O. de; BOHN, H. (org.). Escrita e cidadania. Florianópolis: Insular, 2003. p.
55-74.

TERRA, E. Coesão (elipse, repetição e conexão). Blog do Ernani Terra: um espaço para
falar de língua e literatura. Disponível em: bit.ly/3EDCMt4. Acesso em: 22 nov. 2022.

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