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LUCAS CAMARGO
MARCOS VINICIUS LUCENA
1. GLOSSÁRIO.................................................................................................................3
2. IDENTIFICAÇÃO DE DÚVIDAS (ELABORAR QUESTÕES QUE NÃO
PUDERAM SER FACILMENTE ESCLARECIDAS OU QUE NÃO FICARAM
SUFICIENTEMENTE CLARAS)...............................................................................4
3. ELABORAR QUESTÕES POR PARÁGRAFO OU GRUPO DE PARÁGRAFOS
ACERCA DO CONTEÚDO/CONCEITOS RELEVANTES E RESPONDER ÀS
QUESTÕES...................................................................................................................5
4. TEXTO-REUMO/RESENHA
CRÍTICA.......................................................................................................................8
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GLOSSÁRIO
Ademais: além disso, além do mais
Aforismo: máxima, ditado, texto curto
Border Thinking: busca construir uma redefinição da cidadania e da democracia, dos direitos
humanos, das relações econômicas para tudo aquilo que foi imposto como definição universal
pela modernidade. “É uma resposta transmoderna decolonial do subalterno perante a
modernidade eurocêntrica”
Devires: tornares, transformares, mudares, modificares, devenires
Epistemológica: ramo da filosofia que estuda como o ser humano ou a própria ciência adquire
e justifica seus conhecimentos
Exógeno: que provém do exterior
Incipientes: se localiza no início de
Mormente: em primeiro lugar
Necrocapitalismo: a expressão máxima da soberania reside em definir quem deve viver ou
morrer, é o controle da mortalidade como manifestação de poder, definindo quem é e quem
não é descartável
Ontológica: ramo da metafísica que analisa as coisas existentes no mundo, a natureza do ser e
a realidade
Paroquialismo: tendência a limitar interesses, atividades, pensamentos, opiniões etc. a uma
esfera puramente local, sem atenção a fatores externos ou mais amplos
Perspectivismo: visão filosófica que toda percepção e pensamento tem lugar a partir de uma
perspectiva que é alterável
Práxis: união dialética entre teoria e prática
Profícuo: que dá proveito; de que resulta o que se esperava
Third Spaces: refere-se ao ambiente social separado dos dois ambientes sociais usuais de casa
e local de trabalho
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De acordo com o texto, quais foram os períodos (em anos) escolhidos pela autora
que melhor retratam as narrativas da interrelação dos temas EO e História no
Brasil?
ideológica dominante, que tende a excluir o passado ou o contexto das teorias e práticas
organizacionais.
Grande parte dos estudos internacionais de memória na área de Gestão foca seu
uso no instrumental, sendo a memória organizacional compreendida como um
repositório de informações sobre o passado passível de ser acessado e usado pelos
gestores de empresas no processo de tomada de decisão. Pode-se afirmar que em
relação ao desenvolvimento de pesquisas brasileiras em EO, o tema “memória”
acompanha a mesma vertente metodológica da grande parte dos estudos
internacionais?
Resposta: Para além das demandas por mais história e memória nas pesquisas, a partir
dos anos 2010, inicia-se um movimento mais sistematizado e formal de atribuir relevância
à pesquisa histórica como procedimento teórico-metodológico. Surgem, em periódicos e
eventos da área, publicações, painéis e oficinas de trabalho sobre como fazer pesquisa
histórica em EO.
Com base no tema: “Anos 2010: Por mais conhecimento acerca dos
procedimentos teórico-metodológicos da pesquisa histórica “. Cite como
universidades como UNIGRANRIO, PUC-Rio e Positivo puderam contribuir na
prática, para a difusão e estimulação do conhecimento em pesquisas históricas de EO
para a sociedade brasileira.
RESENHA CRÍTICA
Lucas Camargo
Marcos Vinicius Lucena
Sem a pretensão de servir como narrativa única, mas abrindo diálogo entre diversas
perspectivas científicas, Da Costa e Wanderley apresentam ao leitor o artigo intitulado:
“PASSADO, PRESENTE E FUTURO DE HISTÓRIA (CRÍTICA) DAS ORGANIZAÇÕES
NO BRASIL” que constrói uma narrativa acerca da trajetória da incorporação da história, da
memória e do passado nas pesquisas de estudos organizacionais (EO) no Brasil.
Da Costa atua como Professora Associada da Área de Estudos Organizacionais do
Departamento de Administração (IAG) e, juntamente com Wanderley, Professor do Programa
de Pós-Graduação em Administração (PPGA) dissecam, nas três subseções do artigo,
particularidades evolutivas do tema, separadas em três períodos mais relevantes, escolhidos
arbitrariamente pelos autores: os anos 2000; os anos 2010; e os anos 2020.
A obra busca a todo momento apoio em pesquisadores/historiadores brasileiros que
articulam e dialogam com teses e pensamentos que extrapolam o território nacional,
mostrando que no Brasil, desde os primórdios, não houve semelhanças com o processo
estrangeiro de aproximação entre as áreas de História e EO. Diferenças que ficam explicitas
quando citado o fenômeno de transferência de acadêmicos/historiadores para escolas de
administração, em países com teorias administrativas “globalmente aceitas”, restando aqui aos
pesquisadores brasileiros de diferentes matrizes teórico-metodológicas da área de Gestão e de
EO, a árdua tarefa de articular e publicar ideias a respeito dos temas.
Para resgatar os primeiros vestígios de uma interação entre as duas áreas no país,
recorrem para a tese de Fischer (1984) que, posteriormente é contemplada por uma série de
pesquisas nacionais, ressaltando que os primeiros conceitos analisados à época, se coincidem
e partem essencialmente de uma abordagem histórica e memorial de temas relacionados a
Administração Pública no Brasil. No decorrer da cronologia das subseções da obra, também
são sintetizados os principais interesses dos pesquisadores nacionais, que são baseados
essencialmente na reflexão do práxis social do pesquisador e das dificuldades da adaptação de
olhares exógenos para amostras locais e particulares, por meio de citação de Costa (2010) e
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Vizeu (2008, 2010). À época, notava-se uma semelhança de interesses em comum, por parte
de autores brasileiros que se esforçavam para desenvolver teses próprias e articulá-las com
teorias globais.
A minuciosidade na distinção entre os cenários nacionais e internacionais chama a
atenção a cada parágrafo, principalmente na explicação de como a memória, a memória
coletiva e as perspectivas biográficas relacionadas com fontes orais e narrativas
memorialísticas (biografias, autobiografias, história oral e histórias de vida), foram se
tornando importantes formas de representação do passado e sendo englobadas no arcabouço
pátrio de informações a serem consideradas a respeito dos temas. Contrapondo a vertente
metodológica de pesquisas internacionais em EO sobre a memória, que é utilizada como
“banco de informações”, enriquecido pelas lembranças organizacionais de antigos gestores e
que serve na prática como um “manual”, auxiliando quem busca por conceitos e soluções já
aplicadas antes, mas que possam servir para situações organizacionais atuais.
Os autores são enfáticos ao destacarem que, a partir dos anos 2010, no Brasil, os
estudos adquirem mais legitimidade e representatividade, segmentando um movimento mais
sistematizado de procedimentos teóricos-metodológicos de pesquisa histórica em EO, período
contemplado também pelo crescimento do número de teses e dissertações que incorporam a
temática, contribuições notáveis de pesquisadores/historiadores como Lima (2009), Barros
(2013), Lopes (2019) e Joaquim (2014). Além do iminente desenvolvimento de novos
métodos para responder questões cruciais no avanço de pesquisas, outro indício do
aglutinamento de convicções por parte da classe de pesquisadores/historiadores foi a criação,
em 2011, do tema “História e memória em organizações” pela Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD), chancelando, ressaltando e difundindo
ainda mais a apreciação nacional sobre o tema. Também é destacado e pautado em
observações de Alcadipani & Bertero (2018) e Tonelli (2017, 2018), o início paulatino da
criação de uma linha historiográfica de História da gestão organizacional no Brasil. Um
conjunto de pesquisadores investigam tanto a história da Administração no Brasil quanto o
papel de periódicos na construção do campo, e a história do ensino de Administração no
Brasil por meio da análise da histórica de organizações específicas.
O texto também credita reconhecimento às universidades UNIGRANRIO, PUC-Rio e
Positivo pela criação de disciplinas específicas nos cursos de pós-graduação em
Administração sobre pesquisa histórica em EO. Há o compromisso dos autores com o
detalhamento do foco dessas disciplinas, possibilitando o leitor a imaginar o manuseio prático
possibilitado pelas aulas, que vão desde como trabalhar com documentos históricos em
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arquivos físicos e digitais até como recolher e manusear fontes orais em pesquisas de história
oral e histórias de vida.
Por diversas vezes o artigo convida o leitor a entender que o maior desafio proposto é
conseguir, ao mesmo tempo, exercer uma opção por autores/teorias, conceitos e temas
nacionais e manter o diálogo e a relevância com o público internacional, de forma que exista
uma articulação entre os dois mundos, essa intenção é contemplada por exemplos como:
investigação do financiamento da Fundação Ford para a EAESP/FGV para ilustrar uma
possível história global do ensino de Administração Cooke e Alcadipani (2015), resgate do
conceito de redução sociológica de Guerreiro Ramos para sua investigação sobre a circulação
do conhecimento em Administração na periferia Alcadipani (2017) e articulação do conceito
de populismo de Francisco Weffort para investigar os fenômenos trumpism e Brexit,
explicado por Barros e Wanderley (2019).
O rechaço a “concorrência” estrangeira é nítido na conclusão dos autores, deixam
claro que a difusão da perspectiva brasileira acerca do tema também se torna importante para
o enriquecimento da literatura global, pois existe a necessidade de “explorar as implicações da
virada histórica nos estudos de gestão e organizações com base em múltiplos aportes teóricos,
epistemológicos, culturais e localizações geográficas”.
Talvez todas as principais afirmações levantadas pelo texto, estejam condensadas na
seguinte síntese dos autores, desfrutando sabiamente do riquíssimo material intelectual
fornecido pelos principais pesquisadores citados ao longo da obra:
“O que nos parece aqui se delinear é a articulação de um autor/teoria, conceito
(Alcadipani, 2017; Barros & Wanderley, 2019) ou tema nacional (Barros & Taylor, 2020;
Cooke & Alcadipani, 2015; Quelha-de-Sá & Costa, 2019; Wanderley & Barros, 2020) com
uma abordagem teórica ou metodológica internacional (Alcadipani, 2017; Barros & Taylor,
2020; Quelhade-Sá & Costa, 2019; Wanderley & Barros, 2020) para que nossas diversas
origens tupis possam adentrar e sentar à mesa da casa do conhecimento (anglo-saxão) e
dialogar.”
Lançando mão de diversas referências no decorrer do texto, é perceptível a
preocupação dos autores com a procedência e compromisso das teorias e articulações
expressas, ao mesmo tempo, obriga o leitor a absorver conhecimentos prévios para uma
compreensão satisfatória do texto, talvez sendo necessário, a releitura do artigo por diversas
vezes, devido a presença de expressões de teor mais técnico e previamente não óbvias, como:
“third Spaces, border thinking, necrocapitalismo e virada histórica em EO”.
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