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Rio de Janeiro
2021
DANIEL ISIDORO GONÇALVES
PAULO VÍTOR MACIEL VIEIRA
Rio de Janeiro
2021
CICLO COMPLETO DE POLÍCIA NO ÂMBITO DA POLÍCIA MILITAR.
RESUMO
O modelo de ciclo de polícia auxilia no sistema de segurança pública sendo uma
peça importante no combate aos crimes, mas, se estiver em um sistema desatualizado não
colabora para diminuição dos índices de violência. Além disso, o avanço da Polícia Militar
sobre a feitura do termo circunstanciado (ciclo completo de Polícia Mitigado), como da
realização do auto de prisão em flagrante (ciclo completo de polícia eficiente) também são
assuntos de extrema importância e marcam uma evolução, quebra de barreiras e sinaliza
para onde precisamos caminhar (ciclo completo de polícia). Nosso objetivo, neste trabalho,
foi analisar o modelo adotado pelo Brasil no ciclo de polícia e, para isso, nos debruçamos
sobre artigos e livros que abordam o tema em bases de dados físicas e online. Por fim,
concluímos que a maioria das polícias de todo o mundo possuem algo em comum, o ciclo
completo de polícia, com exceções, desses três países, um deles sendo o Brasil. E que, o
melhor modelo é aquele que se adéqua a necessidade de cada país.
ABSTRACT
The study under analysis aimed to demonstrate the inefficiency of the current police
cycle model adopted in our country. The present work focused on researches and books on
the mentioned subject, both in physical databases and online. The police cycle model is an
important piece in the fight against crimes and helps in the public security system, since an
outdated system does not contribute to reducing the levels of violence and seeking social
peace. The advance of the military police on the elaboration of the detailed term (complete
cycle of Mitigated Police) as the execution of the arrest report in action flagrante (complete
cycle of efficient police) is also a matter of extreme importance and marks an evolution and
breaking of barriers and signals where we want to walk (complete police cycle). We
understand that the best model is the one that fits the needs of each country, and most
police forces around the world have something in common, that is, the complete police cycle,
with exceptions, in three countries, one of them being the Brazil.
Introdução ........................................................................................................................................... 6
Unificação das polícias militares com as civis, dando origem a polícias unificadas de ciclo
completo, militares ou civis. ........................................................................................................... 11
Considerações finais....................................................................................................................... 19
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo abordar o Ciclo Completo de Polícia do Brasil
e realizar um estudo comparado dos modelos adotados pela República do Cabo Verde e
República Guiné-Bissau em relação ao modelo dicotômico do Brasil. Desse modo, faremos
um breve contexto histórico do desenvolvimento do modelo de segurança pública do Brasil,
desde a vinda da família real, que busca responder a questão: como melhorar e moldar o
sistema de segurança do Brasil?
BREVE HISTÓRICO.
precípua era a garantia da ordem pública. Este sistema se tornou “perfeito e completo” com
o advento da nova república federativa, quando os estados passaram a gozar de autonomia
política, administrativa e econômica, dando a criação das polícias judiciárias, chamadas de
polícia civil.
Neste cenário que estamos vivendo, onde de maneira mais perceptível, nos estados,
temos uma polícia com características mais administrativas, realizando o trabalho de polícia
ostensiva (as polícias militares), e uma polícia de característica mais judicial, realizando o
trabalho de polícia investigativa (as polícias civis), onde em grande parte dos casos essa
segunda apenas ratifica o trabalho da primeira. Logo, temos duas polícias atuando em um
mesmo território, fato é que isso poderia não ser um problema se cada uma das polícias
pudessem desenvolver o seu trabalho por completo e conseguissem se comunicar
diretamente com os órgãos judiciais, mais isso é assunto para tratarmos mais à frente em
nosso trabalho.
ABORDAGEM INICIAL.
Primeiramente, não existe um modelo ideal de ciclo de polícia, cada modelo atende
as necessidades e culturas de seus locais e nações, um modelo que atua de maneira
perfeita para um país pode não necessariamente funcionar em um outro se este possui
características completamente diferentes. O que se pretende aqui é demonstrar que se o
Brasil se utilizasse de um outro modelo de ciclo de polícia poderia funcionar de forma melhor
que o atual, e para isso buscaremos diversos modelos e comparações para se chegar a
uma conclusão, volto a dizer que não existe um modelo perfeito e sim aquele que melhor
se adéqua a realidade de cada situação e cultura local. Fato é que o nosso atual modelo
se encontra em completo desuso no mundo, e apenas 03 países o utilizam, e isso serve de
alguma forma para demonstrar que não é dos melhores modelos, e também, como
vivenciamos esse sistema policial, sabemos que o mesmo não funciona como deveria
funcionar, e por esse motivo que o atual trabalho de conclusão de curso foi desenvolvido.
Adentrando ao nosso modelo dicotômico, vamos começar o trabalho tentando
superar os preceitos de polícia administrativa como sendo a polícia militar e polícia judiciária
como sendo a polícia civil, nessa pobre discussão foi deixada de lado características muitos
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importantes de ambas polícias, como por exemplo: o fato da polícia militar possuir uma
agência de inteligência e investigar denúncias, se utilizar de viaturas descaracterizadas e
infiltrar agentes em determinados locais para colherem informações. Ao passo que a polícia
civil lança mão de grupos uniformizados em patrulhamento ostensivo; seria a polícia militar
querendo ser civil e a civil querendo ser militar. Existe um silêncio na doutrina no tocante
até onde pode ir a competência de cada instituição, no final tudo se trata de competência e
uma briga tola de poder e importância.
VISÃO PROCESSUALISTA.
Numa visão processualista sobre o tema, alguns doutrinadores dizem ser a polícia
civil a responsável pela condução das investigações e a polícia militar apenas responsável
pela comunicação do fato criminoso, neste sentido a polícia militar informa o crime e a
polícia civil, esta investigaria, dizem as más línguas que: “a polícia militar informa e a polícia
civil prova”. Agora vamos analisar esta frase que por certo se encontra superada. Quando
um policial militar se depara com um fato criminoso e de pronto prende o indivíduo em
flagrante delito, no clássico flagrante propriamente dito3, neste caso além de informar a
autoria de um fato criminoso o policial militar também realiza a prova da autoria do fato,
pois neste momento o policial militar entrega o criminoso na delegacia com todos os indícios
de autoria e materialidades formalizados, e a polícia civil só tem o trabalho de autuar e
encaminhar o auto de prisão em flagrante para o Ministério Público.
Nesta situação, o policial militar realizou o processo de “investigação” do fato
criminoso, também apurou o crime e entregou solucionado para a polícia civil dar
andamento nos procedimentos, e se formos mais além e nos debruçarmos sobre as
estatísticas de criminalidade e soluções de inquéritos policiais que tratam de homicídios,
veremos que apenas de 8% a 10% dos inquéritos policiais que versam sobre homicídios
são solucionados, e dentro deste universo, sua grande maioria assim o são porque são
frutos de flagrantes delitos. Portanto, podemos concluir, que a participação da polícia militar
no desvendar dos crimes é logo de maior importância, uma vez que esta instituição é a que
3 Art. 302, I, CPP – Considera-se em flagrante delito quem: I) está cometendo a infração penal; II) acaba de
cometê-la.
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mais desvenda os crimes e não a polícia civil, visto que em sua maioria os fatos delituosos
quando são encaminhadas as unidades da polícia civil já o chegam com o criminoso
identificado e o crime desvendado, não restando mais grandes coisas para polícia civil
realizar, senão o encaminhamento dos autos para o Ministério Público.
Esta solução eu presumo ser das mais difíceis e complexas e vou explicar o motivo.
A essência de cada instituição é completamente diferente, suas origens, as razões e
motivos para o qual foram criadas, seus servidores públicos são formados de maneira
completamente diferentes. Se decidíssemos que essa nova polícia unificada seria militar,
iria se gerar um descontentamento enorme na ala dos até então policiais civis, e se fosse
decidido o inverso teríamos o mesmo problema.
Outro fator a se considerar são os problemas frente ao direito administrativo,
estamos lidando com regimes administrativos completamente diferentes, teríamos de
considerar servidores civis militares ou militares civis, mesmo o Supremo Tribunal Federal
decidindo que não existe direto adquirido a regime previdenciário, estaríamos diante de
uma enorme confusão a se resolver, sem contar como se dariam as equiparações de cargos
e funções, um inspetor de polícia civil seria o mesmo que um sargento de polícia militar?
Ou um delegado de polícia seria o mesmo que um coronel? Teríamos que levar em conta
as progressões de classes dentro de cada cargo na polícia civil para se fazer esses
comparativos. Podemos perceber que não seria função nada fácil solucionar esse problema.
As duas instituições são bem diferentes, como podemos perceber claramente, elas
possuem regras e regramentos próprios, possuem estatutos próprios, a polícia civil é
dividida em um regime de progressões dentro do próprio cargo e a polícia militar é
organizada com base na hierarquia e disciplina.
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Neste modelo, não teríamos os problemas de ter que unificar as polícias e suas
complicações que foram abordadas no título anterior, aparentemente parece ser uma tarefa
menos complicada.
Neste modelo as duas polícias, da mesma forma como hoje existem, permaneceriam.
A única mudança se daria em suas áreas de atuação, seriam determinadas pelo local da
infração, suas competências ficariam determinadas de acordo com o local onde se deu o
fato criminoso, o que delimitaria a competência de cada instituição seria o critério geográfico.
Este cenário é um tanto confuso, como poderíamos dizer que crimes em um determinado
local seria da polícia militar e em outro local seria da polícia civil, sendo que ambas atuam
em um mesmo estado, ficaria algo muito teratológico, ocorreriam diversos conflitos de
competências e acredito que as confusões permaneceriam. Não é tarefa fácil estabelecer
onde seriam as competências de cada instituição, por este motivo acredito que esta opção
também não seria uma boa alternativa.
Desta forma, o ciclo completo de polícia eficiente, a partir da prisão captura do autor
da infração, em flagrante delito com a lavratura do termo circunstanciado ou auto de prisão
em flagrante pela agência policial, que realizar a detenção do infrator, é um arranjo
institucional que se enquadra no sistema policial brasileiro especialmente por não requerer
mudança na legislação, nem grande investimento financeiro, dispensando ainda a utopia e
dispendiosa tentativa de unificação das agências policiais, seja estadual entre as polícias
militares e civis ou mesmo no âmbito federal, tendo em vista a autoria do delito já ser
conhecida, sendo a Polícia civil responsável pelas ocorrências necessárias a investigação
de autoria e materialidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que se pretendeu aqui é demonstrar que nosso país precisa estar atento as
inovações que ocorrem no mundo, isso em todos as áreas e na segurança pública não se
faz diferente, o Brasil precisa atualizar seu sistema policial e modernizar suas instituições,
aparelhá-las com o melhor e selecionar os melhores profissionais, “fazer segurança pública”
não é tarefa fácil e para isso temos que evoluir e estar em constante avanço para as
melhores soluções.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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Dissertação de Mestrado. 2006. < Acesso em: 09 set. 2021.
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em: 09 set. 2021
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2021
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